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Corporativa de TI
Autor: Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto
Colaboradora: Profa. Christiane Mazur Doi
Professor conteudista: Antônio Palmeira de Araújo Neto
Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista – UNIP (2013). Especialista em Gestão da Tecnologia
da Informação pelo Centro Universitário Uninassau, em Pernambuco (2010). Engenheiro de Telecomunicações pela
Universidade de Pernambuco (2008). Professor e coordenador geral do curso superior em Tecnologia em Gestão da
Tecnologia da Informação na UNIP, lecionando também em outros cursos na modalidade presencial e a distância.
Professor e coordenador do curso Técnico em Telecomunicações da Fundação Instituto de Educação de Barueri. Tem
mais de dez anos de experiência em gestão e governança de TI, bem como na prestação de serviços de TI a empresas
do segmento financeiro e a concessionárias de serviços de telecomunicações.
CDU 658.011.56
U512.06 – 21
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Elaine Pires
Willians Calazans
Sumário
Governança Corporativa de TI
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO......................................................................................................................................................... 10
Unidade I
1 GOVERNANÇA CORPORATIVA..................................................................................................................... 11
1.1 Introdução, histórico e evolução da governança corporativa............................................ 11
1.1.1 Definição de governança corporativa..............................................................................................11
1.1.2 Fundamentos da governança corporativa..................................................................................... 13
1.1.3 Surgimento da governança corporativa........................................................................................ 14
1.1.4 Outros processos históricos que aperfeiçoaram a governança corporativa.................... 16
1.1.5 Stakeholders............................................................................................................................................... 19
1.2 Estrutura de poder, controle e administração........................................................................... 20
1.2.1 Estruturas e mecanismos da governança corporativa............................................................. 20
1.2.2 Assembleia geral e conselho fiscal.................................................................................................... 22
1.2.3 Conselho de administração................................................................................................................. 22
1.2.4 Comitê de auditoria, auditoria independente e auditoria interna...................................... 25
1.2.5 Direção executiva.................................................................................................................................... 26
2 PANORAMA DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NO BRASIL E NO MUNDO.............................. 29
2.1 Marcos da governança corporativa............................................................................................... 29
2.1.1 Influências de Robert Monks.............................................................................................................. 29
2.1.2 Relatório Cadbury.................................................................................................................................... 31
2.1.3 Princípios da OCDE.................................................................................................................................. 32
2.1.4 Lei Sarbanes-Oxley.................................................................................................................................. 35
2.1.5 Impactos da SOX na área de tecnologia da informação......................................................... 38
2.2 Modelos de governança corporativa............................................................................................. 41
2.2.1 Modelos de governança corporativa utilizados no mundo.................................................... 41
2.2.2 Governança corporativa no Brasil.................................................................................................... 43
2.2.3 IBGC............................................................................................................................................................... 45
2.2.4 Governança corporativa em empresas familiares...................................................................... 47
Unidade II
3 GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI......................................................................................................... 56
3.1 Conceitos básicos de governança corporativa de TI............................................................... 56
3.1.1 Diferenças entre governança de TI e gestão de TI..................................................................... 56
3.1.2 Definição e objetivos da governança de TI................................................................................... 58
3.1.3 Histórico da governança de TI............................................................................................................ 60
3.1.4 Motivadores da governança de TI..................................................................................................... 62
3.2 Fundamentos da governança corporativa de TI....................................................................... 66
3.2.1 Ciclo da governança de TI.................................................................................................................... 66
3.2.2 Papéis, funções e responsabilidades relacionados à governança de TI.............................. 67
3.2.3 O alinhamento estratégico da TI....................................................................................................... 69
3.2.4 Planejamento estratégico de TI.......................................................................................................... 70
4 A GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI E A TOMADA DE DECISÃO............................................... 73
4.1 Decisões em governança corporativa de TI................................................................................ 73
4.1.1 Tomada de decisão.................................................................................................................................. 73
4.1.2 Decisões em TI: princípios de TI e arquitetura de TI.................................................................. 76
4.1.3 Decisões em TI: infraestrutura de TI e necessidade de aplicações de negócios............. 77
4.1.4 Decisões em TI: investimentos e priorizações.............................................................................. 79
4.2 Arquétipos decisórios e ferramentas de tomada de decisão............................................... 81
4.2.1 Arquétipos de governança de TI........................................................................................................ 81
4.2.2 Matriz de arranjos da governança de TI......................................................................................... 83
4.2.3 Mecanismos para implementar a governança de TI................................................................. 85
4.2.4 Implementação do processo decisório e dos mecanismos de governança de TI.......... 86
Unidade III
5 MODELOS E PRÁTICAS DE GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI.................................................... 93
5.1 Modelos e frameworks de governança de TI............................................................................. 93
5.1.1 Modelo e melhores práticas de governança de TI desenvolvidos pelo CISR do MIT...............93
5.1.2 Modelo baseado no ciclo de governança de TI........................................................................... 96
5.1.3 Modelo baseado na norma ISO 38500:2018..............................................................................101
5.1.4 Princípios e práticas da norma ISO 38500:2018.......................................................................103
5.2 Modelos que suportam a governança de TI.............................................................................104
5.2.1 A relação entre modelos de governança de TI e de suporte à governança de TI........104
5.2.2 Modelo Babok®.......................................................................................................................................105
5.2.3 Modelo BPM CBOK®.............................................................................................................................108
5.2.4 Modelo Togaf...........................................................................................................................................109
5.2.5 Modelos para a gestão de projetos de TI..................................................................................... 110
5.2.6 Modelos para a gestão de serviços de TI...................................................................................... 113
6 MODELO COBIT®.............................................................................................................................................115
6.1 Histórico e introdução ao Cobit®.................................................................................................116
6.1.1 Contexto histórico do Cobit®...........................................................................................................116
6.1.2 Evolução do Cobit®...............................................................................................................................117
6.1.3 Características do Cobit®....................................................................................................................119
6.1.4 Aplicação e benefícios do Cobit®................................................................................................... 120
6.2 Cobit® 4.1 e Cobit® 5.........................................................................................................................121
6.2.1 Cobit® 4.1..................................................................................................................................................121
6.2.2 Estrutura do Cobit® 4.1...................................................................................................................... 122
6.2.3 Cobit® 5.................................................................................................................................................... 124
6.2.4 Estrutura do Cobit® 5......................................................................................................................... 126
Unidade IV
7 COBIT® 2019: INTRODUÇÃO GERAL AO MODELO.............................................................................135
7.1 Princípios e práticas...........................................................................................................................135
7.1.1 Introdução............................................................................................................................................... 135
7.1.2 Princípios.................................................................................................................................................. 137
7.1.3 Componentes do sistema de governança.................................................................................. 138
7.1.4 Áreas de foco.......................................................................................................................................... 138
7.2 Fatores de desenho, cascata de objetivos e gerenciamento do desempenho............139
7.2.1 Fatores de desenho.............................................................................................................................. 139
7.2.2 Cascata de objetivos do Cobit® 2019........................................................................................... 144
7.2.3 Gerenciamento do desempenho do Cobit® 2019................................................................... 147
8 COBIT® 2019: OBJETIVOS DE GOVERNANÇA E GESTÃO.................................................................148
8.1 Objetivos de governança e gestão...............................................................................................148
8.1.1 Introdução............................................................................................................................................... 148
8.1.2 Propósitos dos objetivos de governança e gestão.................................................................. 149
8.1.3 Estrutura dos objetivos de governança e gestão..................................................................... 152
8.1.4 Componentes dos objetivos de governança e gestão........................................................... 153
8.2 Exemplos de objetivos de governança/gestão, desenho e implementação................156
8.2.1 Exemplo de objetivos de governança........................................................................................... 156
8.2.2 Os objetivos de governança/gestão e a cascata de objetivos............................................. 160
8.2.3 Desenhando um sistema de governança customizado..........................................................161
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
A Tecnologia da Informação (TI) tem se configurado cada vez mais como um importante recurso
estratégico para praticamente todas as empresas. Muitos negócios foram totalmente transformados
com a chegada da TI e hoje não sobrevivem mais sem as ferramentas tecnológicas digitais e as facilidades
por elas proporcionadas.
A TI agregou muito valor aos negócios, e, de forma bem concreta, é possível citar diversos benefícios
entregues. Entre eles, podemos citar: a integração dos processos por meio dos sistemas Enterprise
Resource Planning (ERP); a melhoria no relacionamento com os clientes por meio dos sistemas Customer
Relationship Management (CRM); a adequada gestão da cadeia de suprimentos por meio de sistemas
Supply Chain Management (SCM); o suporte à tomada de decisão por meio de Sistemas de Informação
Gerencial (SIG); a infraestrutura de negócios otimizada a partir da infraestrutura de TI etc.
Com o olhar voltado para as tecnologias emergentes, podemos observar um grande favorecimento
a uma nova revolução industrial que gerou o que conhecemos por Indústria 4.0. Entre essas tecnologias
podemos mencionar: realidade virtual; realidade aumentada; Internet of Things (IoT); Internet of
Services (IoS); Big Data; Cloud Computing; Virtualização; Machine Learning, entre outras. Tomando
uma dessas tecnologias, podemos citar a Cloud Computing, também conhecida como Computação em
Nuvem, que revolucionou a forma de enxergar a infraestrutura de TI apresentando-a como um serviço
e com desdobramentos para plataformas e softwares.
Todo esse cenário associado a novas tecnologias e outras questões – como segurança da informação
e regulamentações de mercado – resultou em um aumento da preocupação com a TI por parte da
alta direção de muitas empresas. A atenção dos dirigentes começou a se voltar para o desempenho
da TI criando as bases do surgimento de um sistema de governo para ela por entregar mais valor e
competitividade aos negócios.
É importante também destacar que, antes mesmo da percepção da necessidade de governar em TI,
existe, desde o século passado, todo um processo de despertar para a chegada de uma governança
corporativa na empresa como um todo. Essa governança corporativa, uma vez implementada, tem como
consequência um desdobramento de práticas de governo para todos os ativos principais do contexto
organizacional. Um desses ativos é representado pela informação e por suas tecnologias relacionadas.
Boa leitura!
9
INTRODUÇÃO
Esta disciplina tem como objetivo apresentar as práticas de governança corporativa de Tecnologia da
Informação (TI) aplicadas nas organizações. Como desdobramento desse objetivo principal, conheceremos
um pouco sobre governança corporativa, mencionando o panorama da governança corporativa no Brasil e
no mundo, os seus modelos, as suas práticas e as suas estruturas.
Ao ler este livro-texto, espera-se que você compreenda os fundamentos da governança corporativa e
da governança corporativa de TI, apresentando os seus motivadores e as práticas utilizadas no mercado,
bem como os frameworks mais comuns.
Este livro-texto foi dividido em quatro unidades. Na primeira unidade serão apresentados uma
introdução, histórico e evolução da governança corporativa. Ainda nessa unidade apresentaremos as
estruturas de poder e os marcos da governança corporativa, com ênfase na Lei Sarbanes-Oxley.
A segunda unidade tem como foco a governança corporativa de TI, apresentando os motivadores,
os fundamentos e o seu relacionamento com a estrutura de tomada de decisão relacionada à TI. Serão
apresentados, ainda, mecanismos de tomada de decisão em governança de TI.
Na quarta unidade daremos continuidade à apresentação do modelo Cobit® por meio dos seus
princípios, práticas e forma de implementação na sua versão mais atual, que é de 2019.
Esperamos que você tenha uma boa leitura e se sinta motivado a ler e conhecer mais sobre governança
corporativa de TI.
10
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Unidade I
1 GOVERNANÇA CORPORATIVA
Já passou o tempo em que a área da TI era considerada uma estrutura organizacional isolada
das outras existentes em uma empresa. Há pelo menos três décadas, a TI tem feito um caminho de
aproximação dos negócios, por meio de práticas de alinhamento estratégico, de forma que as estratégias
corporativas cada vez mais foram assimiladas e desdobradas em estratégias de TI.
Todo esse processo de alinhamento estratégico tem ocorrido não somente na área de TI, mas em
diversas outras áreas (financeira, recursos humanos, comercial, operacional, dentre outras) graças à
ideia de Governança Corporativa (GC). Em um primeiro momento, pensou-se que a GC seria mais um
modismo que dominaria temporariamente o mundo da administração moderna. No entanto, desde a
década de 1980, o que observamos é um crescimento da relevância do tema e forte disseminação das
suas práticas nas empresas.
Neste primeiro capítulo, apresentaremos as bases da GC, passando pelo seu histórico e pela sua
evolução, além de apresentar os conceitos introdutórios que permitem entender como funcionam
os sistemas de governo nas empresas. Apresentaremos também as estruturas de poder, controle e
administração das organizações.
Para compreendermos bem o conceito de GC, vamos partir de duas definições, sendo uma nacional,
oriunda do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e a outra internacional, originada na
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
11
Unidade I
Guardando semelhanças com a definição anterior, a segunda pode ser encontrada nos princípios da
OCDE. Ela apresenta a GC como um sistema de direção e controle de forma a estabelecer os direitos de
decisão e responsabilidade nas organizações, envolvendo conselho de administração, direção executiva,
acionistas e diversas outras partes interessadas. Ainda a partir dos princípios da OCDE, é possível
compreender que a GC oferece o lastro para o estabelecimento dos objetivos empresariais, bem como a
forma de atingi-los (OCDE, 2004).
Observação
Outros organismos multilaterais – organizações formadas por governos de diversos países – e diversos
autores acadêmicos apresentam muitas outras definições para a GC. Por isso, Silva (2016) agrupou essas
definições em quatro grandes grupos ou abordagens conceituais.
Sistema de
relações
Governança
Guardiã de corporativa Estrutura de
direitos Visão poder
conceitual
Sistema
normativo
A GC pode ser compreendida primeiro como uma guardiã de direitos de todos os stakeholders de
uma organização. Assim, a GC é responsável por garantir o ajuste dos interesses dos proprietários e da
direção executiva, zelando pela justiça e transparência nas ações dentro do contexto corporativo.
12
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Observação
Partindo para o terceiro grande grupo de definições, a GC pode ser entendida como aquela que
lastreia os mecanismos e as estruturas de poder percebidas dentro das organizações. Essas estruturas
de poder exercem a liderança e a tomada de decisão, zelando pela perenidade dos negócios e pela
maximização dos benefícios esperados pelos proprietários.
Chegando ao último grande grupo de abordagens conceituais, a GC e as suas boas práticas apresentam‑se
a um sistema normativo responsável por gerir as relações internas e externas da organização.
Alguns conceitos e definições já mencionados em GC podem parecer pouco claros e outros até bem
distantes dos profissionais que têm pouca experiência com termos utilizados na administração moderna.
Algumas palavras-chave mencionadas nas definições de GC (por exemplo: relações) podem ter significados
diferentes em outras áreas do conhecimento. Por isso, convém conhecermos bem cada um desses termos
importantes. O quadro a seguir apresenta algumas expressões-chave mencionadas anteriormente.
Expressão-chave Conceito
Valores Sistema de valores que rege as corporações em suas relações internas e externas.
Sistema de gestão que visa preservar e maximizar o retorno total de longo prazo dos
Direitos proprietários, assegurando justo tratamento aos minoritários e a outros grupos de
interesse.
Práticas de relacionamento entre acionistas, conselhos e direção executiva que têm como
Relações objetivo maximizar o desempenho da organização.
Sistema de governo, gestão e controle das empresas que disciplina suas relações com
Governo todas as partes interessadas em seu desempenho.
Sistema e estrutura de poder que envolve a definição da estratégia, as operações, a
Poder geração de valor e a destinação dos resultados.
Conjunto de instrumentos, derivados de estatutos legais e de regulamentos, que tem
Normas como objetivo a excelência da gestão e a observância dos direitos dos stakeholders
afetados pelas decisões dos gestores.
13
Unidade I
Observação
Os princípios da GC são:
• Equidade: também chamada pelo termo em inglês fairness, pode ser compreendida como senso
de justiça na tratativa com os acionistas, respeitando os direitos dos acionistas minoritários.
• Prestação de contas: também conhecida pelo termo em inglês accountability, está relacionada
à necessidade de prestação de contas alinhada às melhores práticas contábeis e de auditoria.
Saiba mais
14
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
O primeiro processo histórico que cooperou com o estabelecimento das ideias de GC foi a evolução
concomitante do capitalismo e das corporações. Essa evolução deu-se a partir de pelo menos oito
momentos marcantes na formação do sistema capitalista e no desenvolvimento das corporações, e
estão apresentados no quadro a seguir.
15
Unidade I
Todos esses fatos e contextos mencionados em cinco séculos de capitalismo contribuíram para que
as corporações alcançassem grande importância na dinâmica econômica dos países e nos mercados.
Essa importância acarretou grande preocupação em administrar e governar as corporações, fazendo
nascer no século XX a governança corporativa, que evoluiu e se aperfeiçoou a partir de outros processos
históricos que se sucederam nesse mesmo século.
Conforme mencionado anteriormente, o primeiro processo histórico que fez surgir a GC foi a evolução
do capitalismo e das corporações. A partir dele se sucederam mais cinco processos: o gigantismo e o
poder das corporações; a dispersão do capital de controle; o divórcio entre a propriedade e a gestão;
conflitos na relação de agência; e o despertar da governança corporativa.
16
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
A figura a seguir apresenta uma pequena ideia desse agigantamento das corporações, especificamente
nos Estados Unidos, em um corte temporal que vai de 1955 até 2013.
Todo esse gigantismo e o poder das corporações cooperaram para uma grande correlação entre o
mundo corporativo e as economias locais e mundial. Comprovamos isso quando observamos a figura
anterior, por exemplo, no ano de 2010, e verificamos que as quinhentas maiores corporações dos EUA
tinham propriedade sobre uma receita líquida equivalente a, pelo menos, 73% do Produto Nacional
Bruto do país.
Em última análise, esse cenário nos leva a crer que, necessariamente, problemas nas corporações
(por exemplo fraudes financeiras ou falências) podem ser propulsores de grandes problemas nas cadeias
produtivas globais. Tudo isso confere importância ainda maior na definição, difusão e adoção de boas
práticas de GC para prevenir problemas que poderiam atingir os mercados.
17
Unidade I
O divórcio gerou a figura do proprietário passivo, ou seja, aquele que se interessava apenas pelo
usufruto do lucro da companhia e do aumento do seu valor de mercado. É interessante perceber
que a propriedade foi se afastando cada vez mais da gestão devido também à morte de muitos
proprietários-fundadores das empresas e porque havia grande pressão para que as empresas
estivessem integradas ao mercado de capitais.
Esse afastamento entre propriedade e gestão fez com que as atenções se voltassem para a relação
de agência e os seus conflitos. Na relação de agência, de um lado temos os proprietários acionistas, e,
do outro, temos os gestores (que não detêm propriedade da corporação), e cada um deles (proprietários
e gestores) tem os seus próprios interesses, às vezes distintos.
A figura a seguir apresenta a ideia do conflito na relação de agência, que é considerado um dos
processos históricos que cooperou com a evolução das práticas de GC e consagrou a teoria de agência.
Acionistas
• Principais • Recursos para capitalização
• Focados em: • Remuneração pelos serviços
– Decisões financeiras
– Alocação de recursos
– Máximo retorno
– Riscos e diversificação
Gestores
• Agentes
• Focados em:
– Decisões empresariais
• Serviços de gestão – Domínio do negócio
• Informações sobre oportunidades, – Conhecimento de gestão
resultados e riscos – Estratégia, operações
Andrade e Rossseti (2012) mencionam que as razões para os conflitos de agência são duas:
inexistência de contrato completo e a inexistência do agente/principal perfeito.
18
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Especificamente sobre a razão inexistência do contrato completo, podemos dizer que há,
normalmente, nas corporações, grande número de ocorrências imprevisíveis e uma multiplicidade
de reações a cada nova ocorrência. Tudo isso impossibilita um contrato de grande abrangência que
considere as situações de conflito em sua totalidade.
Sobre a inexistência de agente/principal perfeito, podemos afirmar que essa razão se sustenta em
dois pilares: o primeiro nos remete à força do interesse próprio, que as pessoas normalmente possuem;
e o segundo, à natureza humana e racional, que dificilmente faz os objetivos alheios moverem, em
primeiro lugar, as suas ações.
Chegamos, enfim, ao último processo histórico, o momento em que houve, de fato, o despertar
da GC que conhecemos nos dias de hoje. O quadro 3 apresenta as razões, de forma resumida, que
contribuíram para o despertar da GC em um contexto mais moderno.
Saiba mais
1.1.5 Stakeholders
Em administração, de forma geral, utilizamos o termo stakeholders para designar uma pessoa, uma
área ou um grupo com interesses legítimos nas empresas. Eles podem ser classificados de quatro formas
diferentes. Veja a seguir.
19
Unidade I
• Internos: este segundo grupo é integrado pelo conselho de administração, direção executiva e
demais funcionários da empresa. Têm os seus interesses voltados para a remuneração, bonificações,
participação nos lucros, reconhecimento e eventuais oportunidades que venham a surgir dentro
do contexto corporativo.
• Externos: são formados pelos credores, fornecedores e clientes. O interesse dos credores reside
nos resultados positivos da empresa de forma que as dívidas sejam liquidadas. Já os fornecedores
desejam a regularidade nas relações comerciais e o desenvolvimento conjunto. Os clientes querem
preço justo e produtos de qualidade, em conformidade com o solicitado.
• Entorno: integram este grupo as organizações não governamentais (ONGs), o governo, a sociedade
e as comunidades locais.
Observação
Observação
De forma geral, podemos dividir os ambientes dentro do governo de uma empresa em quatro:
ambiente de propriedade; ambiente de controle; ambiente de auditoria e fiscalização; e ambiente de
administração. É comum encontrarmos pessoas que transitam por mais de um ambiente, favorecendo o
vínculo entre as partes interessadas e contribuindo para a redução dos conflitos na relação de agência.
20
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
A figura 5 apresenta esses ambientes interligados e os seus mais diversos componentes, tais como
assembleia geral, conselho de administração, conselho fiscal e direção executiva.
Propriedade
Auditoria e
Acionistas fiscalização
preferenciais – Supervisão
– Pareceres
– Orientação
Acionistas
minoritários
Acionistas Controle
controladores
Conselho fiscal
Assembleia geral
ordinária/extraordinária Conselho fiscal
"turbinado"
Administração
Auditoria
independente
Conselho de administração
Comitê de
auditoria
Unidades Unidades de
de serviços negócios
compartilhados
O ambiente de propriedade é composto pelos acionistas, que são aqueles que possuem ações da
empresa, ou seja, são os proprietários. Eles se dividem em:
• Acionistas minoritários: têm posse de um número pequeno de ações, sem poder suficiente nas
decisões das organizações. Dividem-se entre aqueles que têm ações ordinárias (com direito a
voto) e ações preferenciais (sem direito a voto).
Mencionando os outros ambientes, podemos dizer que o ambiente de controle dentro das empresas
favorece a aderência das ações e os objetivos estratégicos às expectativas dos proprietários. Já o
ambiente de auditoria e fiscalização atua nos mais diversos níveis da corporação, principalmente na
área financeira, com o intuito de analisar os resultados e a sua integridade.
A assembleia geral é um dos principais órgãos nas estruturas de GC, sendo considerado soberano em
suas decisões e deliberações. O poder é exercido de forma máxima por essa assembleia, que é formada
exclusivamente pelos acionistas da empresa, responsáveis por outorgar poderes para outras áreas e
pessoas dentro da organização.
De forma ordinária, uma vez por ano (até o dia 30 de abril, no máximo), a assembleia geral é
convocada com a responsabilidade de analisar a prestação de contas do ano anterior por meio de
relatórios e demonstrações financeiras. Quando ocorre lucro ao fim do resultado, os membros da
assembleia deliberam sobre o uso dele. É também na convocação ordinária que se dá a eleição dos
membros do conselho de administração e do conselho fiscal.
De forma extraordinária, a assembleia geral se reúne para deliberar sobre quaisquer outros assuntos
não relacionados aos anteriores, ou em algum momento de crise, em que cabe a ação dos proprietários
em assembleia. Ainda de forma extraordinária, é possível reformar o estatuto social da empresa, transferir
controles e remover membros da administração.
O conselho fiscal é outro órgão da GC de grande importância. Ele é normalmente composto de três
ou cinco membros, em sua maioria acionistas, eleitos pela assembleia geral. A sua responsabilidade
reside em examinar, fiscalizar e avaliar as ações da administração, principalmente no que tange às
questões financeiras e seus desdobramentos.
• Conselho envolvido: tem grande envolvimento com a alta direção, atuando como parceiro da
diretoria executiva.
• Conselho operador: atua de forma plena e envolvida na gestão, tomando as decisões e deixando
a diretoria executiva apenas executá-las.
23
Unidade I
O número de conselheiros deve ser sempre ímpar, com, no mínimo, três membros. Em tese não existe
um número máximo de conselheiros, no entanto, é comum encontrar nove conselheiros, no máximo. Os
membros do conselho de administração devem ter um envolvimento construtivo, focado em resultados
e comprometido com a corporação.
É de grande importância que todos os conselheiros sejam íntegros, éticos e com comprovada
experiência para exercer as suas funções. Eles devem ter abertura para ouvir considerações e capacidade
de analisar contextos, expressando de forma fecunda e franca os seus pontos de vista.
Andrade e Rossetti (2012) apresentam uma síntese das boas práticas do conselho de administração
de empresas no quadro a seguir.
24
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Também é possível encontrar, especificamente para o Brasil, um conjunto de boas práticas para os
conselhos de administração, apresentado pelo IBGC (2015). A seguir, algumas dessas recomendações.
• Conselheiros com mandato de, no máximo, dois anos e sem reeleição automática.
• A assembleia geral deve eleger, no mínimo, três membros, podendo destituí-los a qualquer momento.
• Recomenda-se fortemente que existam apenas conselheiros externos e independentes para dar
maior isenção na atuação do colegiado.
Exemplo de aplicação
Tomemos como exemplo a Petrobras, com suas estruturas de poder e controle que podem ser
vistas em Petrobras (2020). Nela encontraremos o conselho de administração da empresa, composto
de 11 membros, eleitos em assembleia geral ordinária para um mandato de até dois anos, admitidas,
no máximo, três reeleições consecutivas. De todos os membros do conselho de administração, o
presidente do conselho, o CEO e o representante dos empregados são não independentes. Todos os
outros são membros independentes não executivos.
O conselho fiscal da Petrobras é formado por cinco membros, com mandato de um ano, permitida
reeleição, sendo um indicado pelos acionistas minoritários, um indicado pelos acionistas titulares de
ações preferenciais e três indicados pela União, sendo um indicado pelo ministro da Economia, como
representante do Tesouro Nacional.
Tomando uma empresa de outro ramo da economia, pesquise sobre como é a composição do
conselho de administração.
25
Unidade I
O comitê de auditoria é a estrutura mais tradicional no mundo corporativo nos Estados Unidos e na
Europa. Os seus membros são indicados pelo conselho de administração e recebem a incumbência de
supervisionar se as práticas contábeis e as demonstrações financeiras são íntegras. Com a autoridade
que lhe cabe, é sua a responsabilidade de verificar a legalidade dos atos da administração.
Observação
A empresa de auditoria externa não deve ter vínculo comercial com a empresa auditada, de
forma a existir uma isenção nos seus trabalhos. Assim, a auditoria independente deve verificar as
demonstrações financeiras geradas pela alta direção e fazer recomendações à administração sobre
problemas e erros. Deve também proceder a uma avaliação dos controles corporativos internos,
atestando ou não a sua confiabilidade.
Ainda sobre a auditoria independente, é importante mencionar a relação desta com a auditoria
interna da organização, que deve prestar todo suporte à empresa contratada quando necessário o
conhecimento sobre as estruturas de controles internos.
Observação
A direção executiva é a responsável pela gestão da organização, e os seus membros são escolhidos
pelo conselho de administração. Os diretores têm a obrigação de prestar contas e dar satisfações ao
conselho de administração, porque recebem dele o poder para tomar as decisões.
26
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
27
Unidade I
Exemplo de aplicação
Tomemos como exemplo a Petrobras, com a sua direção executiva, que pode ser encontrada em
Petrobras (2020). A direção executiva é composta por um presidente e oito diretores executivos, eleitos
pelo conselho de administração, com mandato de até dois anos, permitidas, no máximo, três reeleições
consecutivas, podendo ser destituídos a qualquer tempo. Entre os membros da diretoria executiva, apenas
o presidente da companhia é membro do conselho de administração, sem, no entanto, presidir o órgão.
Escolha uma empresa de outro ramo da economia e pesquise sobre como é a composição da sua
direção executiva.
Espera-se dos principais executivos da direção que sejam extremamente comprometidos, com
capacitações técnicas, íntegros, além desempenhar uma liderança com inteligência emocional. Eles
precisam ter capacidade de escuta, tomar decisões assertivas e gerenciar adequadamente as pressões
do cargo que ocupam.
Saiba mais
Exemplo de aplicação
A Renner é considerada a primeira corporação do Brasil. Tem sua origem no ramo industrial com
a criação do Grupo Renner, em 1912, em Porto Alegre. Em 1940 ela se transforma em uma loja de
departamentos, tornando-se Lojas Renner S.A. em 1965, com capital aberto na Bolsa de Valores brasileira
em 1967, quando a Bovespa não tinha nem sido criada. Como primeira corporação brasileira, criou um
manual de assembleia geral, que se configurou como um exemplo para outras companhias. Esse manual
foi indispensável para a Renner, devido ao fato de ter o seu capital muito pulverizado.
Para complementar os seus conhecimentos, pesquise mais um pouco sobre o histórico das Lojas
Renner S.A.
28
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Saiba mais
Vimos parte considerável da base conceitual da GC e, sob uma perspectiva histórica, acompanhamos
a sua chegada nas organizações. Apresentamos também a estrutura de governo das organizações,
enfatizando o papel da assembleia geral, do conselho de administração e da direção executiva.
O primeiro marco moderno da GC que abordaremos será a influência exercida por Robert Monks.
A compreensão dos desdobramentos do ativismo de Monks remete a dois dos princípios da GC vistos
anteriormente: equidade (no que tange ao senso de justiça) e conformidade (no que diz respeito à
conformidade legal).
Lembrete
Robert Monks nasceu em 1933 e teve uma vida inteira dedicada ao mundo corporativo. Ainda bem
novo começa a trabalhar nos negócios da família e constrói o seu tino para negócios. Formou-se em
Direito pela Universidade de Harvard e acumulou considerável conhecimento prático em administração
financeira, fruto das vivências nas empresas da família.
29
Unidade I
Acumulou também certa experiência na vida pública, presidindo por um breve período o programa
de fundos de pensão do Departament of Labor do governo norte-americano (equivalente ao Ministério
do Trabalho no Brasil). A experiência no governo acumulada à da vida corporativa privada formou uma
mentalidade voltada para um ativismo em favor das boas práticas de governança corporativa.
Ao deixar a sua função pública no Departament of Labor, Monks mergulhou mais em negócios
privados, tornando-se um acionista combativo. Fortalecido pela convicção de que a presença do acionista
agrega valor aos negócios, ele defendia que o traçado estratégico de muitas corporações modernas era
cada vez mais transferido do proprietário para a direção executiva, gerando deturpações nos papéis
dentro dos sistemas de governo das empresas.
A ideias de Monks foram propagadas por alguns livros que ele escreveu. Dentre eles é possível citar
o Power and accountability (1992), que trata das ações dos proprietários no intuito de monitorar as
empresas, e outra obra de destaque foi Corporate governance (1995), publicada como um manual de
boas práticas de GC, apresentando casos práticos ocorridos nos Estados Unidos.
30
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
É interessante perceber que, por experiência própria, Monk vivenciou situações em que conseguiu
demonstrar a importância dos acionistas nas organizações. Sobre isso, um fato curioso da biografia de
Monks é contado por Andrade e Rossetti (2012, p. 166):
Saindo dos Estados Unidos da América e “atravessando” o Oceano Atlântico, chegamos a um outro
marco recente para as práticas de GC: o Relatório Cadbury. A sua versão final foi publicada em 1992 e
as suas práticas guardam forte relação com os princípios de transparência e prestação de contas da GC.
O Relatório Cadbury foi fruto de um trabalho desenvolvido a partir de uma iniciativa do Banco da
Inglaterra em criar um comitê elaborador de um código de melhores práticas de GC. Esse trabalho teve
a sua coordenação confiada ao Sr. George Adrian Hayhurst Cadbury, que foi presidente da Cadbury
Schweppes (1965-1989) e conselheiro do Banco da Inglaterra (1970-1994).
Observação
31
Unidade I
De forma prática, o Relatório Cadbury faz uma série de recomendações com o objetivo de separar
as responsabilidades do conselho de administração e da direção executiva. Dentre as recomendações, é
possível citar:
• Alguns conselheiros podem exercer cargos de direção, com remuneração claramente divulgada,
papéis e responsabilidades definidos, além da avaliação de desempenho previamente acordada.
• Os conselheiros que não têm cargo na direção executiva devem predominar em número no
conselho de administração e exercer julgamento independente sobre estratégia, desempenho e
destino de recursos.
32
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Mobilização do mercado
de capitais
Crescimento Desenvolvimento
das corporações das nações
O resultado desse trabalho foi a criação de princípios, que seriam um suporte para os países-membros
sobre as boas práticas de GC. Em um primeiro momento, os princípios da OCDE aplicam-se a empresas
de capital aberto na Bolsa, mas podem se estender para empresas que não negociam ações no
mercado de capitais.
33
Unidade I
Os princípios passaram por diversas revisões desde que foram criados, em 1999, e podem ser
sintetizados em oito pontos:
Lembrete
34
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Antes de entender a Lei Sarbanes-Oxley, é necessário conhecer bem todo o contexto em que se deu
a sua criação, nos Estados Unidos, no início dos anos 2000. Esse contexto caracterizou-se pela existência
de uma série de escândalos e fraudes envolvendo grandes empresas com ações abertas no mercado de
capitais, como a Enron, a Parmalat, a WorldCom e a Xerox, além de uma empresa de auditoria conhecida
como Arthur Andersen.
Das empresas envolvidas, a que ganhou maior destaque foi a Enron, que no início do ano 2001 era
considerada uma das maiores empresas do setor de energia do mundo e a sétima maior empresa dos
Estados Unidos. Sediada no Texas, a Enron tinha grande relação com o mundo privado e com o poder
público. Os seus negócios se espalharam por mais de quarenta países, inclusive no Brasil, especificamente
no Gasoduto Brasil-Bolívia e na Usina Termelétrica de Cuiabá.
O aumento vertiginoso do valor de mercado da Enron ocorreu devido à alta de preços no mercado
de energia e aos processos de desregulamentação incentivados pelo governo norte-americano nos EUA.
No entanto, próximo ao final do ano 2001, a Enron pediu concordata e, posteriormente, foi descoberta
uma série de fraudes cometidas pelos seus executivos nos balanços contábeis.
Observação
Sobre o momento em que se deram os escândalos, Giacomelli (2017, p. 385) menciona que:
35
Unidade I
Todas as fraudes e escândalos cometidos pela Enron foram acobertados pela empresa responsável
pela auditoria: Arthur Andersen. Poucos meses depois, a Arthur Andersen, considerada uma das maiores
do mundo em seu setor, encerrou suas atividades e foi condenada pela Corte Federal de Houston no
Texas devido à obstrução de justiça no caso da Enron.
Saiba mais
Todo esse contexto gerou uma crise de confiança nos investimentos no mercado de capitais,
tradicionalmente considerado o mais desejado pelos investidores na sociedade dos EUA. Assim,
preocupado com essa situação, o Congresso norte-americano aprovou, em menos de um ano após o
início da crise, a Lei Sarbanes-Oxley, também conhecida como SOX, que marcou a história recente da GC.
A SOX recebeu esse nome porque foi assinada pelo senador democrata Paul Sarbanes, do estado de
Maryland, e pelo congressista republicano Michal Oxley, do estado de Ohio. A lei foi sancionada pelo
presidente George W. Bush, justamente um dos presidentes mais próximos da Enron e oriundo do estado
do Texas. George W. Bush foi governador do Texas no final da década de 1990. A lei promulgada abrange
os quatro valores da GC (conformidade, prestação de contas, transparência e equidade) e estabeleceu
uma extensa regulação na vida corporativa baseada em boas práticas de governança.
Considerando o valor conformidade da GC, a SOX estabeleceu que as empresas precisavam adotar um
código de ética para a alta direção, de forma a nortear a sua conduta em diversas situações envolvendo
conflitos de interesses e divulgação de informações. Uma cópia desse código deve estar em poder da
Securities and Exchange Commission (SEC).
Observação
Relacionado ao valor prestação de contas, a SOX estabelece que o Chief Executive Officer (CEO) e
o Chief Financial Officer (CFO) devem atestar que as informações financeiras são legítimas, além da
obrigatoriedade da existência de um comitê de auditoria. Esse comitê tem o objetivo de verificar os
números financeiros e o trabalho dos auditores.
36
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Relativo ao último valor, que é a equidade, a SOX estabelece que o conselho de administração deve
determinar a remuneração do CEO. Sobre esse valor, a SOX também determina penas rígidas para as
fraudes que vierem a ocorrer nas corporações.
• Título 2: apresenta toda a ideia que cerca a independência que o auditor deve ter em seu trabalho.
• Título 4: está relacionado às regras que contribuem para o crescimento do nível de divulgação de
informações financeiras pertinentes.
• Título 6: atribui autoridade à SEC (entidade que regula o mercado de capitais nos EUA) para
suspender empresas e profissionais de auditoria.
• Título 8: estabelece regras e penalidades rígidas nos casos em que haja prestação de contas
fraudulentas.
• Título 10: estabelece que o CEO deve assinar o imposto de renda da pessoa jurídica.
Observação
37
Unidade I
Já está bem claro para nós que um dos objetivos da SOX é estabelecer uma proteção dos investidores
no mercado de capitais americanos. Os mecanismos da SOX se fundamentam na implementação de
uma estrutura de controle interno sobre os relatórios e as informações financeiras. É justamente aí que
encontramos a relação e os impactos dessa regulamentação na área de TI.
Existem duas seções específicas da SOX que nos encaminham nesse entendimento das relações dos
sistemas de controle interno com a TI. A primeira seção é a 302, que menciona a responsabilidade do
CEO e do CFO na tratativa das informações financeiras, bem como o seu uso. A segunda seção é a 404,
bem mais clara sobre a importância dos relatórios de controle interno que contêm as informações.
O quadro a seguir apresenta um pequeno resumo das seções 302 e 404 que pode facilitar o nosso
entendimento.
É possível observar em trechos das seções 302 e 404 reproduzidos no quadro anterior uma
grande preocupação com as informações financeiras e os seus sistemas de controle, bem como as
responsabilidades sobre eles. Essas informações, conforme preconiza a SOX, devem ser apropriadas e
devem ter alta disponibilidade, integridade, além de ser as mais atualizadas possível e acessíveis às
partes interessadas.
Todos esses requisitos e necessidades impactam diretamente a área de TI. Isso ocorre porque as
informações financeiras, que são utilizadas pelos processos de negócios, estão inseridas e são trabalhadas
pelos sistemas de informação (sistemas de processamento de transações, sistemas ERP, sistemas de
informação gerencial, dentre outros).
É importante lembrar também que a maioria dos processos de negócio é executada a partir de
uma infraestrutura de TI (hardware, software, banco de dados e redes de computadores) estabelecida,
gerenciada e utilizada por toda a corporação.
38
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Dessa forma, temos a infraestrutura de TI, que é a base para o funcionamento dos sistemas de
informação. Estes auxiliam na automatização dos processos de negócio, que fornecem os relatórios e
as informações financeiras. A figura a seguir apresenta essa ideia.
Relatório e informações
financeiras
Processos de negócio
automatizados
Sistemas de informação
Infraestrutura de TI
Assim, a qualidade da informação entregue pelos sistemas de informação vai influenciar direta
ou indiretamente nos processos de TI, que precisam estar adequados ao atendimento dos requisitos
estabelecidos pela SOX. O próximo quadro apresenta uma relação entre os requisitos de qualidade da
informação (estabelecidos pelo SOX) e os processos de TI que são influenciados.
39
Unidade I
Conforme visto no quadro anterior, são muitos os processos da TI impactados quando uma empresa
resolve adotar a SOX. E não só processos, mas outros habilitadores de TI também são influenciados,
fazendo com que a forma como a TI é governada seja também moldada a essas necessidades. Dentre os
aspectos de governança da área de TI impactados pelo SOX, podemos destacar:
Saiba mais
40
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
A partir desses fatores, encontramos pelo menos seis modelos de governança corporativa espalhados
pelo mundo. São eles:
41
Unidade I
• Modelo alemão: retrata as práticas de GC na Alemanha, que possui cruciais diferenças quando
relacionado ao modelo anglo-saxão. A primeira reside no tipo de financiamento, que, no modelo
alemão, é predominantemente bancário. Essa característica faz com que as relações entre empresas
e bancos sejam grandes e duradouras. Outra grande diferença é o capital acionário, que é muito
concentrado e tem os bancos controlando parte do capital. O modelo alemão é conhecido por ser
um modelo bank oriented, ou seja, orientado a Bancos.
• Modelo japonês: é muito parecido com o modelo alemão e é muitas vezes chamado de modelo
nipo-germânico. Ele é utilizado em empresas japonesas e se consolidou após a Segunda Guerra
Mundial, no processo de crescimento econômico japonês. A diferença em relação ao modelo
alemão reside na estrutura de propriedade e gestão (geralmente sobrepostas), na constituição e
na efetividade dos conselhos de administração (normalmente numerosos e com diversas funções)
e em questões centrais de governança (raros conflitos de agência, por exemplo).
• Modelo da Ásia emergente: é o praticado por corporações na Índia, em Taiwan, na Coreia do Sul,
na Malásia e na Indonésia. Diferentemente do Japão, que é caracterizado por práticas fortemente
distintas das adotadas no mundo ocidental, nos países da Ásia emergente encontramos
processos e sistemas de governança mais próximos dos europeus. As principais características
observadas nesses países são: conselhos de administração reduzidos; ausência de exigência
legal de separação entre os papéis de CEO e presidente do conselho de administração; e
nomeação de conselheiros independentes.
O quadro a seguir apresenta um pequeno resumo das características dos modelos de governança
já mencionados.
42
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Abrangência
dos modelos Baixa Alta Alta Mediana Em transição
de governança
corporativa
Adentrando agora o contexto brasileiro, encontramos uma GC com práticas que começaram a se
disseminar no final da década de 1980, fortemente influenciadas por questões macroeconômicas e pela
cultura nacional. Esse movimento também se deu a partir dos crescentes investimentos de empresas de
fora do país e por meio dos processos de privatização das empresas estatais.
Observação
Outra característica histórica bem marcante nos sistemas de governo das empresas brasileiras é a
forte estrutura de propriedade familiar, favorecendo uma presença forte do acionista controlador na
administração da empresa. Em algumas situações, esse cenário resultou em gestões não profissionais
e em prejuízos na utilização de boas práticas de governança. No entanto, observou-se entre a década
de 1990 e início dos anos 2000 esforços na busca por boas práticas de GC. Dentre eles, é possível citar:
o surgimento do IBGC; a criação do Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo; a influência do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); a grande atuação da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM); e a nova Lei das Sociedades Anônimas.
43
Unidade I
Dos esforços mencionados, vale a pena ressaltar o papel do Novo Mercado da Bolsa de Valores de
São Paulo, criado em dezembro de 2000 com segmento especial dedicado a empresas comprometidas
com a adoção de práticas efetivas de GC. O intuito era justamente relacionar a adoção séria de práticas
de GC ao aumento de valor de mercado da empresa.
As regras para que as empresas integrem o Novo Mercado são bem mais exigentes que a legislação
em vigor, além de categorizá-las em três níveis distintos: Nível 1; Nível 2; e Novo Mercado. Os primeiros
dois níveis (1 e 2) preparam as corporações para as empresas aderirem ao nível máximo de Novo Mercado.
O quadro seguinte apresenta as características de cada um desses níveis.
44
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Saiba mais
Convém também destacar o papel do BNDES e da CVM e as suas influências na governança corporativa.
O BNDES foi decisivo desde o ano 2000 para as pequenas e médias empresas por meio de operações com
capital de risco, estimulando a utilização de práticas de GC. Já a CVM, com uma capacidade ampliada de
intervenção, incentivou de forma diferenciada as melhores ações de GC nas empresas.
2.2.3 IBGC
Impossível abordar a temática da GC no Brasil e não falar no IBGC, que teve, ao longo dos últimos
25 anos, decisiva participação na adoção de boas práticas de GC. O IBGC é uma entidade sem fins
lucrativos com abrangência no território nacional que foi fundada em 1995, chamada inicialmente de
Instituto Brasileiro de Conselheiros de Administração (IBCA). Inicialmente, o IBCA tinha por finalidade
promover a formação de profissionais para atuar em conselhos de administração, de forma a contribuir
para o desenvolvimento dos negócios e da gestão das companhias.
Com o intuito de promover as melhores práticas para os sistemas de governo das corporações, o IBGC
lançou, em 1999, o primeiro código de melhores práticas de governança produzido no Brasil. Em sua
primeira versão, o foco foi dado nas recomendações importantes para os conselhos de administração, mas
uma revisão, em 2001, possibilitou estender as recomendações para proprietários, alta administração,
auditorias e conselho fiscal. Hoje o código encontra-se em sua quinta edição, publicada em 2015.
Este Código não tem o intuito de ser um modelo rígido de boas práticas de
governança, mas sim uma referência de consulta visando a uma reflexão e
aplicação em cada caso, sempre levando em conta o arcabouço regulatório
(compulsório e facultativo) a que a organização está submetida. Não se
trata de um conjunto de práticas a ser adotado exaustiva e mecanicamente.
A estruturação do texto em “fundamento” e “práticas” tem por fim estimular
o exercício de reflexão das práticas a serem adotadas, de maneira tal que se
adaptem à estrutura, à realidade e ao estágio do ciclo de vida da organização.
As motivações para adoção ou não de determinada prática devem estar
devidamente claras e fundamentadas pelos tomadores de decisão, de tal
modo que permitam avaliação por suas partes interessadas.
45
Unidade I
Sócios
Auditoria Conselho de
administração Conselho fiscal
independente
Secretaria de
Auditoria governança
interna
C. auditoria Comitês
Diretor-Presidente
Diretores
Administradores
Partes interessadas
Meio ambiente
46
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Saiba mais
Percebemos que é uma realidade inerente ao Brasil e em muitos outros países do mundo a presença
de empresas consideradas familiares. Elas são caracterizadas por ter o controle e, muitas vezes, a gestão
executados pela família proprietária do negócio. No Brasil, bons exemplos de empresas familiares são:
Grupo Sílvio Santos; Grupo Votorantim; e Casas Bahia.
Moura (2020) menciona que uma das realidades mais desafiadoras nessas empresas é ter perenidade
diante da sucessão de gerações no comando e demais turbulências naturais que ocorrem nas famílias.
Estudos desde a década de 1980 mostravam que só 13% das empresas familiares duravam até a terceira
geração, configurando-se assim um desafio para as famílias proprietárias de empresas.
Adentrando especificamente a governança das empresas familiares, o IBGC conduziu uma pesquisa
em 2020 com um estudo qualitativo no qual é possível verificar várias temáticas presentes, tais como a
necessidade de transparência, o conflito de interesses e o plano de sucessão.
O IBGC também aponta – por meio de seu Caderno 15, que fala sobre a governança da família
empresária – desafios e recomendações para essas empresas. Encontramos em IBGC (2015) instruções
sobre o conselho de família. Esse conselho é perfeitamente reconhecido como parte integrante
da governança corporativa e é formado quando uma ou mais famílias tiverem propriedade sobre
a corporação.
47
Unidade I
Seja qual for a forma de atuação, o conselho de família deve se consolidar sempre no processo
sucessório e na perenidade da empresa familiar. Pode-se dizer também que o conselho de família precisa
zelar pela administração do patrimônio familiar relacionado à empresa.
Conselho de Conselho
administração de família
Diretoria
executiva
Em IBGC (2015, p. 36) encontramos algumas boas práticas para o conselho de família que podem ser
aplicadas em empresas brasileiras.
48
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Saiba mais
Resumo
49
Unidade I
50
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
Exercícios
O conceito mais difundido de governança corporativa no Brasil é definido pelo IBGC (Instituto
Brasileiro de Governança Corporativa).
Segundo o IBGC, governança corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários, conselho de
administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança corporativa convertem
princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar
o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade (IBGC,
2015, p. 19).
Os conflitos de agência são um dos fatos que levam as empresas a discutir a necessidade
de implementação da governança corporativa. Os problemas de agência ocorrem quando os
executivos/gerentes tomam decisões com a intenção de maximizar sua utilidade pessoal, e não a
riqueza dos parceiros (SILVEIRA, 2005).
Andrade e Rossetti (2009) também destacam outros fatores que requerem mudanças nas práticas
de gerenciamento, como no caso da relação acionista-empresa, em que é possível destacar o abuso de
poder dos acionistas majoritários e a baixa participação dos acionistas minoritários.
Por outro lado, a governança trata da aquisição e distribuição de poder na sociedade, enquanto a
governança corporativa diz respeito à forma como as corporações são administradas. A governança
corporativa no setor público, por sua vez, refere-se à administração das agências do setor público, por
meio dos princípios de governança corporativa do setor privado, que são totalmente aplicáveis no setor
geral do Estado, em que as agências de serviços não públicos são agrupadas (BHATTA, 2003, p. 5-6).
51
Unidade I
Os fundamentos da governança pública estão apoiados nos estudos desenvolvidos no âmbito das
ciências econômica e política. A governança (governance), sob a ótica econômica, tem como foco o
estudo das modalidades de coordenação dos sistemas de negócios (WITHLEY, 1996). As pesquisas mais
relevantes da governança sob a perspectiva econômica estão apoiadas na teoria de custos de transação
(WILLIAMSON, 1991) e na teoria institucional (MEYER; ROWAN, 1992).
Na ótica da ciência política, a governança pública está associada a uma mudança na gestão política.
Nesse sentido, o enfoque da ciência política está orientado para as formas de interação nas relações de
poder entre o Estado, o governo e a sociedade, dedicando especial atenção aos processos de cooperação
e aos mecanismos para estimular as relações entre os principais atores envolvidos nesse esforço: governo,
setor privado e terceiro setor (MATIAS PEREIRA, 2009).
JESUS, M. R.; DALONGARO, R. C. Governança corporativa na administração municipal: uma análise do resultado
econômico da Secretaria de Fazenda de Ijuí (RS) – Brasil. Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/34eOrws. Acesso em: 25 maio 2021. Adaptado.
I – A aplicação das boas práticas de governança corporativa possibilita que ideais sejam efetivados
em indicações práticas, relações entre gestores e agentes externos sejam harmonizadas e interesses
diversos sejam alinhados.
II – A implantação dos princípios da governança corporativa tende, por exemplo, a resolver questões
relativas a problemas de desempenho dos conselhos administrativos e a solucionar impasses oriundos
de excessos praticados por acionistas de maior participação.
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
52
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
I – Afirmativa correta.
Justificativa: segundo o texto, de acordo com o IBGC, “governança corporativa é o sistema pelo
qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre
proprietários, conselho de administração, diretoria e órgãos de controle. As boas práticas de governança
corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade
de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para
sua longevidade (IBGC, 2015, p. 19)”. Além disso, Silveira (2005) define a governança corporativa como
“o conjunto de mecanismos internos e externos que buscam harmonizar a relação entre gerentes e
acionistas, dada a separação entre controle e propriedade”.
II – Afirmativa correta.
Justificativa: segundo o texto, “os conflitos de agência são um dos fatos que levam as empresas a
discutir a necessidade de implementação da governança corporativa. Os problemas de agência ocorrem
quando os executivos/gerentes tomam decisões com a intenção de maximizar sua utilidade pessoal, e
não a riqueza dos parceiros (SILVEIRA, 2005)”. Além disso, “Andrade e Rossetti (2009) também destacam
outros fatores que requerem mudanças nas práticas de gerenciamento, como no caso da relação
acionista-empresa, em que é possível destacar o abuso de poder dos acionistas majoritários e baixa
participação dos acionistas minoritários”. Adicionalmente, “outro conflito é identificado na constituição
dos conselhos de administração, em que há baixa eficiência e conflito de interesses (as escolas arbitram
para seu próprio benefício) e em que as competências desses diretores não são critérios para sua eleição”.
Justificativa: segundo o texto, “na ótica da ciência política, a governança pública está associada
a uma mudança na gestão política”. Além disso, “nesse sentido, o enfoque da ciência política está
orientado para as formas de interação nas relações de poder entre o Estado, o governo e a sociedade,
dedicando especial atenção aos processos de cooperação e aos mecanismos para estimular as relações
entre os principais atores envolvidos nesse esforço: governo, setor privado e terceiro setor (MATIAS
PEREIRA, 2009)”.
De acordo com o código de boas práticas de governança corporativa, existem quatro princípios
básicos de governança corporativa, mostrados a seguir.
53
Unidade I
JESUS, M. R.; DALONGARO, R. C. Governança corporativa na administração municipal: uma análise do resultado
econômico da Secretaria de Fazenda de Ijuí (RS) – Brasil. Revista Observatorio de la Economía Latinoamericana, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/34eOrws. Acesso em: 25 maio 2021. Adaptado.
I – De acordo com o princípio da equidade, cada um dos participantes das tarefas vinculadas à
governança corporativa responde por seus atos e por suas eventuais negligências.
II – De acordo com o princípio da transparência, a organização deve oferecer às pessoas o que lhes
é devido em termos de informações.
III – De acordo com o princípio da responsabilidade corporativa, a clareza com que a organização
define seus princípios e seus valores assegura-lhe estabilidade e tende a prolongar sua existência.
A) I, apenas.
B) II e III, apenas.
C) III, apenas.
D) I e II, apenas.
E) I, II e III.
54
GOVERNANÇA CORPORATIVA DE TI
I – Afirmativa incorreta.
Justificativa: conforme o texto, segundo o princípio da prestação de contas, “todos os envolvidos nas
atividades relacionadas à governança (conselho de administração, conselho fiscal e auditores) devem ser
responsáveis por suas ações, assumindo as consequências de suas ações e de suas omissões”.
II – Afirmativa correta.
55