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Princípios de Sistemas

de Informação
Autor: Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto
Colaboradores: Prof. Ricardo Sewaybriker
Profa. Christiane Mazur Doi
Professor conteudista: Antônio Palmeira de Araújo Neto

Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista – UNIP (2013). Especialista Lato Sensu em Gestão
da Tecnologia da Informação pelo Centro Universitário Uninassau em Pernambuco (2010) e em Formação Pedagógica
para Graduados não Licenciados pelo Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza (2017). Bacharel em
Engenharia Elétrica com habilitação em Telecomunicações pela Universidade de Pernambuco – UPE (2008).

Professor e coordenador geral do curso superior de Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação na UNIP
na modalidade presencial e em EaD. Também coordena na mesma universidade os cursos de pós-graduação em TI de
Estratégia dos Negócios e Gestão e Governança de TI. Professor e coordenador do curso técnico de Telecomunicações
da Fundação Instituto de Educação de Barueri – FIEB.

Tem experiência na área de tecnologia da informação e telecomunicações em empresas dos mais diversos ramos,
além de ter trabalhado para concessionárias de serviços de telecomunicações. Possui experiência de mais de 10 anos
na docência em cursos de pós-graduação, ensino superior e ensino básico. Trabalha como conteudista em cursos de
graduação e pós-graduação desde 2012 em diversas instituições de ensino superior espalhadas pelo país.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A663p Araújo Neto, Antônio Palmeira de.

Princípios de Sistemas de Informação / Antônio Palmeira de


Araújo Neto. – São Paulo: Editora Sol, 2022.

200 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Banco. 2. Sistemas. 3. Aplicativos. I. Título.

CDU 658.011.56

U514.53 – 22

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
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permissão escrita da Universidade Paulista.
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Vice-Reitora de Unidades do Interior

Unip Interativa

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático

Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Kleber Souza
Bruna Baldez
Sumário
Princípios de Sistemas de Informação
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................9

Unidade I
1 FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO......................................................................... 11
1.1 Conceitos básicos de TI e sua evolução........................................................................................ 11
1.1.1 Evolução da tecnologia na sociedade..............................................................................................11
1.1.2 Evolução da computação..................................................................................................................... 16
1.1.3 Evolução da TI nas organizações....................................................................................................... 19
1.1.4 Conceito de dado, de informação e de conhecimento............................................................ 21
1.2 A tecnologia da informação e as organizações........................................................................ 23
1.2.1 Papel da TI................................................................................................................................................... 23
1.2.2 A informação e a tecnologia nas organizações.......................................................................... 25
1.2.3 Recursos de TI............................................................................................................................................ 27
1.2.4 Administração da TI................................................................................................................................ 28
2 INFRAESTRUTURA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO.................................................................... 30
2.1 Hardware e software............................................................................................................................ 31
2.1.1 Hardware..................................................................................................................................................... 31
2.1.2 Software...................................................................................................................................................... 33
2.1.3 O computador........................................................................................................................................... 35
2.1.4 Tipos de computadores......................................................................................................................... 36
2.2 Banco de dados e redes de computadores................................................................................. 38
2.2.1 Banco de dados........................................................................................................................................ 38
2.2.2 Os dados e a tomada de decisão....................................................................................................... 42
2.2.3 Redes de computadores e as telecomunicações........................................................................ 44
2.2.4 Internet........................................................................................................................................................ 46

Unidade II
3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO........................................................................................................................ 54
3.1 Conceitos e classificações dos sistemas de informação........................................................ 54
3.1.1 Conceitos de sistemas............................................................................................................................ 54
3.1.2 Desempenho e propriedade dos sistemas..................................................................................... 56
3.1.3 Sistemas de informação........................................................................................................................ 57
3.1.4 Classificação dos sistemas de informação.................................................................................... 59
3.2 Sistemas ERP........................................................................................................................................... 61
3.2.1 Sistemas de processamento de transações (SPT)........................................................................ 61
3.2.2 Falta de integração e existência de silos........................................................................................ 63
3.2.3 Conceito e histórico do ERP................................................................................................................ 65
3.2.4 Operação de um ERP.............................................................................................................................. 66
4 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E TOMADA DE DECISÃO...................................................................... 68
4.1 Tomada de decisão............................................................................................................................... 68
4.1.1 Decisão: conceitos e tipos.................................................................................................................... 68
4.1.2 Processo de tomada de decisão......................................................................................................... 71
4.2 Sistemas de informação apoiando as decisões......................................................................... 73
4.2.1 Sistemas de informação gerencial.................................................................................................... 73
4.2.2 Aspectos funcionais do SIG................................................................................................................. 76
4.2.3 Sistemas de apoio à decisão............................................................................................................... 81

Unidade III
5 TECNOLOGIAS EMERGENTES E GESTÃO DO CONHECIMENTO....................................................... 89
5.1 Sistemas de informação especialistas e tecnologias emergentes..................................... 89
5.1.1 Inteligência artificial............................................................................................................................... 89
5.1.2 Tecnologias em nuvem.......................................................................................................................... 93
5.1.3 Internet das coisas e Big Data............................................................................................................ 97
5.1.4 Realidade virtual e realidade aumentada...................................................................................... 98
5.2 Gestão do conhecimento.................................................................................................................100
5.2.1 Conhecimento.........................................................................................................................................100
5.2.2 Conceitos básicos de gestão do conhecimento........................................................................102
5.2.3 A conversão do conhecimento.........................................................................................................103
5.2.4 Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento....................................105
6 UTILIZAÇÃO E GESTÃO DE SISTEMAS E TECNOLOGIAS...................................................................108
6.1 Utilização de ferramentas e aplicações em computadores...............................................108
6.1.1 Introdução aos sistemas operacionais..........................................................................................108
6.1.2 Utilizando o sistema operacional....................................................................................................109
6.1.3 Navegadores da internet.................................................................................................................... 114
6.1.4 Aplicativos em smartphones.............................................................................................................121
6.2 Gestão de sistemas e tecnologias.................................................................................................122
6.2.1 Administração dos sistemas e tecnologias da informação................................................. 122
6.2.2 Gerenciamento de serviços de TI.................................................................................................... 123
6.2.3 Modelo ITIL®............................................................................................................................................. 124
6.2.4 Governança de TI.................................................................................................................................. 126

Unidade IV
7 APLICATIVOS PARA ESCRITÓRIOS (PARTE 1).......................................................................................136
7.1 Planilhas eletrônicas..........................................................................................................................136
7.1.1 Utilização de planilhas eletrônicas................................................................................................ 136
7.1.2 Componentes da planilha eletrônica............................................................................................ 139
7.1.3 Outros componentes do Excel®....................................................................................................... 145
7.1.4 Pastas, planilhas e células................................................................................................................. 147
7.1.5 Dados e células.......................................................................................................................................151
7.1.6 Fórmulas................................................................................................................................................... 154
7.1.7 Funções..................................................................................................................................................... 157
7.2 Processadores de texto.....................................................................................................................163
7.2.1 Word®......................................................................................................................................................... 163
7.2.2 Configuração de fontes, parágrafos e estilos............................................................................ 166
7.2.3 Grupos de comandos para configurar página.......................................................................... 169
7.2.4 Configurações da guia Revisão....................................................................................................... 169
7.2.5 Lista de comandos rápidos................................................................................................................171
8 APLICATIVOS PARA ESCRITÓRIOS (PARTE 2).......................................................................................172
8.1 Gerador de apresentação.................................................................................................................172
8.1.1 Guias, grupos e comandos do PowerPoint®............................................................................... 172
8.1.2 Inserção de slides e configuração do design............................................................................. 173
8.1.3 Configuração de slide mestre.......................................................................................................... 175
8.1.4 Inserção de tabelas, gráficos, imagens e formas..................................................................... 176
8.1.5 Transições de slides e animações................................................................................................... 179
8.2 Software de e-mails e gestão de compromissos....................................................................180
8.2.1 Outlook®.................................................................................................................................................... 180
8.2.2 Escrevendo um e-mail e criando catálogo de endereços no Outlook®........................... 183
8.2.3 Elaboração de assinatura e de respostas automáticas no Outlook®................................ 184
8.2.4 Criação de pastas no Outlook®........................................................................................................ 186
8.2.5 Outras opções de navegação no Outlook®................................................................................. 187
APRESENTAÇÃO

Prezado aluno,

Vamos começar nossa jornada na área de tecnologia da informação (TI), a qual envolve a compreensão
dos princípios de sistemas de informação, que fundamentam o uso da TI pelas organizações e pessoas
de forma geral.

O nosso principal objetivo é apresentar o funcionamento de um sistema de informação e as suas


aplicações nos negócios. Para isso, precisaremos identificar alguns conceitos básicos e introdutórios de
TI, bem como terminologias e ferramentas relacionadas ao uso dos sistemas de informação, incluindo
os recursos computacionais disponíveis em hardware e software.

O conjunto de competências e habilidades formadas a partir do estudo desta disciplina é de


fundamental importância para profissionais de gestão da tecnologia da informação, análise e
desenvolvimento de sistemas, redes de computadores, jogos digitais, segurança da informação,
automação industrial, entre diversos outros que atuam e dependem dos sistemas de informação e da
TI em seu cotidiano.

INTRODUÇÃO

A TI tem exercido ao longo dos anos intensas mudanças na forma como trabalhamos, estudamos,
consumimos produtos e serviços, enfim, como vivemos. Os sistemas de informação e as ferramentas
tecnológicas têm tido um papel decisivo na metamorfose pela qual a sociedade passa.

Hoje sequer conseguimos imaginar a vida sem os aparatos tecnológicos presentes ao nosso redor.
Afinal, eles trouxeram inúmeras melhorias e benefícios que reinventaram os processos do cotidiano,
inserindo-nos em um mundo digital nunca antes visto.

É sobre essa reinvenção, a partir dos sistemas e das tecnologias da informação, que vamos tratar
neste livro-texto. Ele está dividido em quatro unidades, apresentando um conteúdo introdutório do
mundo da TI e suas aplicações práticas de ferramentas, tecnologias e sistemas de informação.

Na primeira unidade vamos apresentar uma introdução geral da TI, contemplando aspectos
históricos, conceitos básicos e sua infraestrutura, composta de aspecto tecnológico pelos recursos de
hardware, software, armazenamento de dados (banco de dados) e redes de computadores ou
telecomunicações. O lastro teórico-prático construído nela é fundamental para compreendermos o
funcionamento dos sistemas de informação.

A segunda unidade terá como principal temática os sistemas de informação, apresentando conceitos
básicos, terminologias e classificações. A ênfase vai recair sobre dois tipos: planejamento de recursos
empresariais (Enterprise Resource Planning – ERP) e sistemas que suportam a decisão.

9
Na terceira unidade continuaremos com o foco nos sistemas de informação e demais tecnologias,
agora mencionando os sistemas especialistas, as tecnologias emergentes e os sistemas de gestão
do conhecimento. Finalizaremos a unidade abordando questões voltadas para a gestão e utilização de
recursos e sistemas computacionais.

Na quarta unidade serão apresentados os principais aplicativos utilizados na automação de processos


de escritório.

Bom estudo!

10
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Unidade I
1 FUNDAMENTOS DA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Para iniciarmos bem os nossos estudos voltados para os sistemas de informação, precisamos
compreender que eles estão situados no contexto da tecnologia da informação (TI). Assim, neste tópico,
apresentaremos a TI e a tecnologia de forma geral, contemplando primeiro o seu histórico e a sua
evolução até chegarmos ao papel estratégico que ela exerce nos dias de hoje.

Vamos ainda neste momento mencionar os conceitos e fundamentos básicos de TI, envolvendo a
compreensão sobre dado, informação e conhecimento. Abordaremos também uma visão geral sobre os
recursos de TI e como eles são utilizados no cotidiano das pessoas.

Não temos a pretensão de fazer abordagens conceituais profundas sobre TI, mas apenas formar a
base de conteúdos que vai possibilitar a compreensão do funcionamento dos sistemas de informação e
suas tecnologias derivadas nas organizações e na vida das pessoas.

1.1 Conceitos básicos de TI e sua evolução

1.1.1 Evolução da tecnologia na sociedade

Antes de entendermos a TI e o seu surgimento, convém compreendermos o conceito de tecnologia.


Nem sempre TI e tecnologia representam a mesma coisa. Algo pode ser considerado tecnologia e não ter
qualquer relação com o aparato computacional e de informática que observamos hoje em dia.

É possível definirmos a tecnologia como um arcabouço de técnicas, ferramentas, procedimentos


que expandem as aptidões e competências das pessoas. Já a TI nos remete aos recursos de
hardware, software, banco de dados e redes de computadores que possibilitam o processamento e o
armazenamento de dados, informação e conhecimento, que por sua vez podem ampliar também as
capacidades humanas.

Consequentemente, toda TI é tecnologia, mas nem toda tecnologia é de fato uma TI. Por exemplo,
um simples relógio antigo de corda que funciona sem bateria é uma tecnologia (diga-se de passagem,
bem inovadora quando do seu surgimento). Outro modelo pode ser encontrado na pintura, em que
a combinação de cores e o uso de pincéis também podem ser uma tecnologia. Outro exemplo
que nada tem a ver com TI é o surgimento do tear mecânico, criado em 1767, como uma máquina
de fiar, quando nem se vislumbrava a criação de um simples computador, que tem o seu desenho
apresentado na figura 1.

11
Unidade I

Figura 1 – Tear mecânico

Fonte: Sacomano et al. (2018, p. 19).

Partindo agora para a evolução tecnológica (que a princípio não tem relação direta com TI), Veloso
(2011, p. 32) menciona que:

A era da tecnologia, em que vivemos, é resultante do conjunto de


inovações e descobertas que a ciência já produziu ou vem produzindo. As
consequências das novas tecnologias são inúmeras, e seu poder multiplicador
tem se voltado a quase todos os campos da esfera humana, seja no lar, na
escola, na indústria, no comércio, na fábrica, na igreja, na cultura ou no
lazer. Em todas essas áreas, a tecnologia tem trazido novas linguagens, novas
possibilidades, novos conhecimentos, novos pensamentos, novas formas de
exploração e sua intensificação aumenta com o incremento tecnológico;
por outro lado se pode afirmar que a humanidade passa a ter condições para
uma melhora da qualidade de vida, resultando, por exemplo, em uma média
de vida muito maior quando comparada ao início do século XX.

Com uma contribuição direta das inovações e descobertas, a tecnologia tem sido desenvolvida
ao longo da história, muitas vezes impulsionada por guerras (Primeira e Segunda Guerra Mundial,
Guerra Fria, entre outras) e motivada também por questões econômicas, principalmente envolvendo o
acirramento entre o capitalismo e o socialismo no século passado. Observamos grandes evoluções nas
mais variadas áreas, desde a saúde, passando pela educação, até a prestação de serviços públicos etc.

Há de se destacar também a importância das revoluções industriais pelas quais as sociedades


passaram. Sacomano et al. (2018) menciona pelo menos quatro delas. A figura 2 apresenta uma ideia
das revoluções com tópicos marcantes em cada uma delas.

12
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

1ª 2ª 3ª 4ª
Mecânica, energia a Eletricidade, produção Uso de sistemas Sistemas ciberfísicos (CPS),
vapor, hidráulica em massa, linha de computacionais internet das coisas (IoS),
montagem e da robótica na descentralização dos
manufatura. processos de manufatura
Avanços da eletrônica.
Controladores lógicos
programáveis (CLPs)

Figura 2 – Revoluções industriais

Fonte: Sacomano et al. (2018, p. 28).

A Primeira Revolução Industrial se firmou com o surgimento da máquina a vapor no século XVIII
e a utilização dos teares mecânicos e hidráulicos. Tudo isso marcou o início da tecelagem industrial
no mundo mais desenvolvido. Sobre esse período, Tigre (2006, p. 15) menciona que a Primeira
Revolução Industrial:

se caracteriza pela substituição da habilidade e do esforço humano pelas


máquinas, pela introdução de novas fontes inanimadas de energia e pelo
uso de matérias‑primas novas e muito mais abundantes, sobretudo a
substituição de substâncias vegetais ou animais por minerais. Além dessas
inovações técnicas, ocorreram importantes inovações organizacionais, a
exemplo da divisão de trabalho. Cabe lembrar que as inovações dessa época
não eram ainda produtos da ciência, mas sim de observações, especulações
e experimentação prática. Adam Smith e David Ricardo foram pioneiros na
análise das causas e consequências da automação da manufatura, tendo
em vista suas preocupações em identificar a origem da riqueza das nações
e seus impactos sobre renda e trabalho. A identificação da tecnologia como
fator de dinamismo econômico contrasta com o pensamento dos fisiocratas,
que sustentavam que somente a terra ou a natureza seria capaz de produzir
algo novo. As demais atividades, como a indústria e o comércio, não fariam
mais do que transformar os produtos da terra.

A Segunda Revolução Industrial, ocorrida no século XIX, tem como grande marco o surgimento
da eletricidade, principalmente para fins manufatureiros. Também é possível afirmar que há enorme
aumento da produção de aço e modernização do maquinário industrial, além do surgimento e da
expansão das estradas de ferro, que contribuíram para o processo logístico integrado à indústria.

13
Unidade I

A Terceira Revolução Industrial ocorre ao final da Segunda Guerra Mundial, quando da chegada da
produção enxuta, automação e uso intensivo da TI no período pós-guerra, por volta da década de 1960.
Nessa época a TI começa a ser percebida com importância considerável para a indústria e a sociedade
de forma geral.

A Quarta Revolução Industrial apresenta a ideia de Indústria 4.0 e ocorre no século XXI. Nela as
tecnologias baseadas na internet das coisas, na inteligência artificial e demais tendências de TI começam
a ser utilizadas de forma mais intensa. Segundo Sacomano et al. (2018, p. 29), a Indústria 4.0 é:

um sistema produtivo, integrado por computador e dispositivos móveis


interligados à internet ou à intranet, que possibilita a programação,
gerenciamento, controle, cooperação e interação com o sistema produtivo
de qualquer lugar do globo em que haja acesso à internet ou à intranet,
buscando, assim, a otimização do sistema e toda a sua rede de valor, ou seja,
empresas, fornecedores, clientes, sócios, funcionários e demais stakeholders.

Saiba mais

A obra a seguir, coordenada pelo professor Sacomano, apresenta um


panorama sobre as revoluções industriais nos seus capítulos iniciais. Vale a
pena conferi-la.

SACOMANO, J. B. et al. Indústria 4.0: conceitos e fundamentos. São


Paulo: Blucher, 2018.

A figura 3 apresenta a ideia de Indústria 4.0, na qual sistemas ciberfísicos associados à computação,
à comunicação e ao controle auxiliam no fluxo da informação.

Computação
Fís
er
Cib

ico

Informação
Co
mu

le
ro

Sistemas
nic

nt
Co

ão

Figura 3 – Indústria 4.0

Fonte: Sacomano et al. (2018, p. 29).

14
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Alguns autores apresentam inúmeros elementos que formam a Indústria 4.0. Sacomano et al. (2018)
exibem um agrupamento desses itens não de forma definitiva, mas em uma perspectiva didática para
facilitar a nossa compreensão. Assim, encontramos a Indústria 4.0 constituída por três elementos:

• Elementos base ou fundamentais: base tecnológica fundamental de apoio à Indústria 4.0.

• Elementos estruturantes: tecnologias utilizadas na construção de aplicações da Indústria 4.0.

• Elementos complementares: elementos ampliadores de possibilidades na Indústria 4.0.

Em todos esses elementos encontramos as tecnologias da informação que favoreceram a


transformação digital nas empresas e na sociedade e fomentaram as ideias também de Agricultura 4.0,
Serviços 4.0, Educação 4.0, entre outros. Na figura 4, a seguir, constam esses elementos formadores.

Indústria 4.0

Elementos complementares

Realidade Realidade
Etiquetas Manufatura
QR code aumentada virtual
de RFID aditiva
(RA) (RV)

Elementos estruturantes

Comunicação Inteligência
máquina a Análise de Computação Integração Segurança
Automação artificial
máquina Big Data em nuvem de sistemas cibernética
(AI)
(M2M)

Elementos base ou fundamentais

Internet das coisas (IoT) Sistemas ciberfísicos (CPS) Internet de serviços (IoS)

Figura 4 – Elementos formadores da Indústria 4.0

Fonte: Sacomano et al. (2018, p. 39).

15
Unidade I

1.1.2 Evolução da computação

Tendo compreendido o contexto tecnológico em que se deu a evolução recente da humanidade,


podemos adentrar no processo histórico que fez surgir a TI. Primeiramente, nosso ponto de partida
é compreender o surgimento do computador. Ele que é a forma mais tangível de enxergar a TI
em nosso meio.

Comecemos, então, entendendo o termo computador, que nos remete automaticamente, pela raiz
da palavra, à ação de calcular. Assim, podemos dizer que ele nada mais é que um dispositivo que efetua
cálculos. Por isso, é comum afirmarmos que as calculadoras iniciais foram os computadores originais
(carentes de características dos tempos atuais). Eles foram criados para atender à necessidade de
efetuar cálculos rápidos e precisos.

Interligando o termo computação à ideia de calcular, contar e estimar, Turing (2019, p. 6) menciona que:

Historicamente, computar era resolver problemas, principalmente quando


esses problemas envolviam cálculos científicos complexos. A computação
costuma ser considerada um aspecto da matemática, já que a computação
antiga era, em geral, aritmética. Às vezes a aritmética se resume à
contagem, mas contar é apenas um aspecto da computação. Esse é o
problema. Tudo bem saber que em meu campo há 12 animais de pasto,
mas preciso de mais informações, especificamente se há carneiros no
campo além de ovelhas, quantos cordeiros há e quando nasceram e assim
por diante; essas informações não vêm prontamente com a contagem.

Encontramos como primeiro dispositivo computacional o ábaco, desenvolvido em 2500 a.C., seguido
de diversas outras ferramentas utilizadas para efetuar cálculos. Aproximando-se um pouco mais dos dias
atuais, há a calculadora do matemático Blaise Pascal em 1642. Esse invento era utilizado em operações
de cálculos com soma e subtração e recebeu o nome de pascalina, referenciando o nome do seu inventor.

No século XIX, após um período em que conhecemos as mais arcaicas e rústicas ferramentas
computacionais, chegamos a Charles Babbage. Ele foi um grande engenheiro e matemático que criou
a máquina diferencial, com o objetivo de operar cálculos envolvendo funções de até 3º grau. Tudo isso
ocorreu em 1832 e não parou por aí. Babbage ainda elaborou o projeto da máquina analítica (operando
com uma programação), que infelizmente não foi totalmente implementada, mas é considerada (no
quesito projeto) uma grande precursora dos computadores com caráter mais moderno que surgiriam
mais adiante.

Além de Babbage, outros grandes nomes foram de fundamental importância para a chegada das
tecnologias computacionais do nosso cotidiano. Entre eles, podemos citar:

• Ada Augusta Lovelace (1815-1852): interpretadora das concepções da máquina analítica de


Babbage e a primeira programadora do mundo.

16
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

• Herman Hollerith (1860-1929): inventor de um dispositivo que tabulava e automatizava


processos de classificação por meio do uso de cartões perfurados.

• George Boole (1815-1864): criador da álgebra de Boole, muito utilizada quando manipulamos
números binários.

• Alan Mathison Turing (1912-1954): grande e famoso matemático com expressivas


contribuições e influências no desenvolvimento da TI em sua época, colaborando com a
criação dos atuais computadores.

Observação

Esse momento da evolução dos computadores é conhecido como


Geração Zero, na qual surgiram máquinas como dispositivos mais voltados
para o cálculo ou incipientes no processamento de dados.

Por volta da década de 1950, inicia-se uma nova era na evolução da computação, conhecida como
Primeira Geração, marcada pela utilização das válvulas (dispositivo eletrônico semicondutor). Surgem aí
os primeiros computadores eletrônicos ainda com uma construção um pouco rudimentar, mas com o
objetivo de processar dados de forma um pouco mais apurada.

O Electronic Numerical Integrator and Calculator (Eniac) é o primeiro computador dessa geração
e foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia e especialistas do Laboratório
de Pesquisas Balísticas do Exército dos EUA. Ele foi criado com a finalidade de ser um dispositivo
computacional que favorecesse os norte-americanos no período que se deu a Segunda Guerra Mundial
(mais especificamente nos cálculos balísticos).

Logo depois da criação do Eniac, outros computadores foram projetados e comercializados em escala
considerável, sendo utilizados em aplicações civis, nas grandes corporações e no mundo acadêmico de
forma geral, em especial nos Estados Unidos.

Observação

A evolução na fabricação de computadores é creditada ao desenvolvimento


da engenharia eletrônica e dos dispositivos eletrônicos.

A Segunda Geração dos computadores ocorre por volta do final da década de 1950 e é conhecida
como a geração do transistor, que praticamente substituiu as válvulas na construção dos circuitos
eletrônicos computadorizados. O transistor possibilitou a redução do tamanho das máquinas e o
consequente aumento de unidades fabricadas por corporações de destaque na área de TI para o período,
como IBM e DEC.

17
Unidade I

A Terceira Geração inicia-se na década de 1965, ao mesmo tempo que são utilizados os circuitos
integrados. Esses dispositivos de microeletrônica possibilitaram a miniaturizada de centenas de
transistores, contribuindo, assim, para a diminuição no consumo de energia, a redução do tamanho
dos computadores, o crescimento das capacidades computacionais, levando-nos para a concepção dos
sistemas computacionais que temos nos tempos mais modernos.

Os computadores pessoais com tamanhos reduzidos são criados nessa geração. Os principais deles
e que merecem destaque são: Kenbak-1, Micral, Altair 8800 e Apple I. Desses, destacamos o Kenbak-1,
construído em 1971 e considerado o primeiro computador pessoal que operava sem processador. Outro
interessante computador pessoal, considerado o primeiro com processador, foi o Micral, desenvolvido
em 1973. O Altair 8800 e o Apple I tiveram maior destaque e comercialização mais voltados para a
segunda metade da década de 1970.

A Quarta Geração dos computadores surge na década de 1980, sendo conhecida como a geração
da integração em larga escala. Nesse período os circuitos integrados tiveram aumento considerável na
capacidade elevada de integrar transistores em um único chip. A escala de integração era tão alta que
chegava à ordem de milhares de transistores, possibilitando fabricação em massa e comercialização
de computadores.

Saiba mais

O livro a seguir apresenta boas histórias acerca do desenvolvimento


da computação.

TURING, D. A história da computação: do ábaco à inteligência artificial.


São Paulo: M. Books, 2019.

O quadro 1 mostra a relação entre as gerações de computadores, as tecnologias de eletrônica


(válvula, transistor e circuito integrado) e suas respectivas velocidades de operação dadas em operações
por segundo.

Quadro 1 – Gerações de computadores

Tecnologia Computadores de
Geração Velocidade de operação Período
eletrônica destaque
Primeira Válvula 40.000 operações por segundo 1945 até 1955 Eniac
Segunda Transistor 200.000 operações por segundo 1955 até 1965 TX0 e PDP-I
Terceira Circuito integrado 1.000.000 operações por segundo 1965 até 1980 Família System 360 da IBM
Quarta Circuito integrado 1.000.000.000 operações por segundo A partir de 1980 IBM-PC e Macintosh

Adaptado de: Stallings (2017, p. 27).

18
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

1.1.3 Evolução da TI nas organizações

No período que engloba a Segunda e Terceira Gerações dos computadores, as organizações começam
a perceber a importância das ferramentas de tecnologia da informação, fato que contribuiu para a
adoção, ainda meio tímida, da TI pelas empresas.

Tudo começou com a chegada dos mainframes, que eram computadores de grande porte com
considerável performance no processamento centralizado. Eles começaram a ser instalados por volta
da década de 1960 por empresas como IBM, Control Data, GE, Honeywell, NCR, RCA e Burroughs
(hoje conhecida como Unisys). Algumas delas logo se transformaram em grandes corporações e
dominaram durante anos o mercado de mainframes, vendendo milhões de unidades nas mais diversas
partes do mundo.

Nesse momento são estabelecidos os primeiros centros de processamento de dados nas grandes
organizações, fazendo com que a área de TI fosse conhecida como CPD.

Além de ser o nome dado à área de TI, CPD é o conjunto de infraestruturas responsável pelo
processamento de dados por meio dos mainframes e do trabalho dos operadores e programadores de
computadores. Suas aplicações tinham praticamente como objetivo o auxílio nas tarefas manuais nas
empesas. É importante destacar que no período citado o desenvolvimento das aplicações não se dava
por meio de metodologias estruturadas, mas de forma muito rústica e até mesmo artesanal.

É possível citar ainda como características da década de 1960: mão de obra especializada muito
insuficiente; processos com menor importância, quando comparados com as tecnologias; poucas
soluções tecnológicas; e altos custos associados às ferramentas computacionais.

Chegando na década de 1970, percebemos o desenvolvimento dos primeiros sistemas de informação


com cunho mais moderno. Tal fato provocou a mudança no nome da área de TI, que até então era
chamada de CPD, para área de sistemas. Associado a esses fatos, temos o surgimento dos primeiros
computadores pessoais e das novas soluções em software. Próximo ao fim da década de 1970 a TI passa
a ganhar importância na estrutura das empresas.

Outros fatos interessantes incluem: predomínio do processamento centralizado; surgimento dos


primeiros programas de banco de dados com características modernas; chegada de profissionais com
mais especializações na área de TI; administração dos recursos tecnológicos deficitária; ausência de
práticas e metodologias de gestão de TI.

Passando para a década de 1980, percebemos dois fatos interessantes que marcam a evolução da TI
nas empresas. O primeiro é a comercialização em larga escala dos computadores pessoais, já mencionado
no tópico anterior. O segundo são o crescimento das redes de computadores e o estabelecimento da
internet, que começa a tomar uma forma mais definida.

19
Unidade I

Observação

Na década de 1980, a TI deixa de ser chamada de área de sistemas.

Na referida década, percebe-se também o estabelecimento de forma ainda meio incipiente das boas
práticas no gerenciamento da infraestrutura de TI e no desenvolvimento de software. Outro destaque
reside nas ideias de terceirização e integração que começam a se estabelecer. A integração foi possível
graças aos sistemas de planejamento de recursos empresariais (Enterprise Resource Planning – ERP),
que por meio dos seus módulos favoreceram a melhoria nos processos organizacionais. Partindo para
a terceirização da TI nos negócios, verifica-se que eles ganharam muito espaço ao perceberem que as
questões tecnológicas não compunham o core business.

Na década de 1990, a área de TI passou a ganhar um caráter estratégico, e as áreas de negócios


perceberam que a TI poderia ser uma grande aliada na busca da vantagem competitiva. Aqui propaga-se
a ideia de alinhamento estratégico da TI, conferindo grande importância ao desdobramento dos planos
empresariais em estratégias de TI para atender às necessidades do negócio.

Considerando aspectos importantes, ainda referentes a esse período, podemos citar diversas outras
ferramentas de tecnologia que começaram a surgir; em contrapartida, as demais se tornaram obsoletas.
Uma delas é a computação centralizada, que começa a dar espaço para as arquiteturas cliente-servidor.

Assim, os mainframes passaram a ser gradativamente substituídos por servidores, e os antigos


terminais burro cederam o seu lugar aos computadores de mesa (desktops). Outra questão importante
foi a visão de que o software deve ser compreendido como um serviço, bem como as suas metodologias
de desenvolvimento ganham grande profissionalização. Frameworks (modelos) de gestão de TI surgem
na época. Dois deles são o Information Technology Infrastructure Library (ITIL®) e o Control Objectives
for Information and Related Technologies (COBIT®).

Observação

O ITIL® e o COBIT® são, respectivamente, modelos de gestão de serviços


de TI e de governança de TI mundialmente utilizados na administração do
ambiente tecnológico.

Voltando-nos agora para os dias de hoje, percebemos um crescimento explosivo da internet, que
modificou toda a nossa vida em sociedade e a forma como as empresas desenvolvem e operam os seus
negócios. As mudanças habilitadas por TI são tantas que até nos espantamos com o protagonismo
assumido pela área.

20
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Consequentemente, as tecnologias da informação se configuram cada vez mais como uma fonte de
oportunidades e de vantagens competitivas. Elas se estabelecem como um fator crítico para o sucesso
das empresas e contribuem de maneira decisiva para as estratégias de negócio.

1.1.4 Conceito de dado, de informação e de conhecimento

É imprescindível compreender os conceitos de dado, de informação e de conhecimento para bem


navegar no mundo da TI. Isso se dá porque as ferramentas e sistemas dela utilizam como insumo básico
e produzem justamente esses três importantes elementos que são considerados ativos organizacionais.

O mais básico dos três elementos é o dado. Segundo Stair e Reynolds (2015, p. 5), “os dados consistem
em fatos brutos, como o número de funcionários, horas totais trabalhadas em uma semana, números
de peças no estoque ou pedidos de vendas”. Eles formam a base para criação de valor, mesmo que por
si só eles nada revelem, porque é deles que extraímos a informação utilizada pelas pessoas. O quadro 2
apresenta os tipos de dados mais comuns encontrados e a sua forma de representação.

Quadro 2 – Tipos de dados

Tipos de dados Formas de representação


Dados alfanuméricos Números, letras e outros caracteres
Dados em áudio Sons, ruídos ou tons
Dados de imagem Imagens gráficas e figuras
Dados de vídeo Imagens ou figuras em movimento

Adaptado de: Stair e Reynolds (2015, p. 5).

Quando agrupamos os dados e estabelecemos uma relação entre eles, geramos as informações.
Assim, podemos dizer que informação é o conjunto de dados que entrega um valor e é dotado de uma
significância. Fazendo uma analogia com um quebra-cabeça, poderíamos dizer que cada peça seria um
dado e a junção organizada individual delas apresentaria a informação.

Observação

O processo de transformação de dados em informação é executado


pelos sistemas de informação, mais especificamente por aqueles que
processam transações.

Recorrendo a outro exemplo, podemos observar a figura 5, que apresenta os dados meteorológicos
da cidade de São Paulo, coletados no site do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Encontramos
como dados a variação da temperatura (mínima de 14 ºC e máxima de 22 ºC) e a umidade do ar (mínima
de 40% e máxima de 95%). Ao relacioná-los, podemos obter uma informação que nos remeta a um
tempo ameno na cidade de São Paulo, sem extremos de calor ou frio.

21
Unidade I

Figura 5 – Dados e informações sobre o tempo

Disponível em: https://portal.inmet.gov.br/. Acesso em: 3 dez. 2021.

Em relação ao significado de conhecimento, podemos recorrer à definição de Stair e Reynolds (2015, p. 6),
que dizem: “conhecimento como a consciência e compreensão de um conjunto de informações e maneiras
como essas informações podem ser úteis para apoiar uma tarefa específica ou para chegar a uma decisão”.

Voltando ao exemplo em que utilizamos os dados meteorológicos da cidade de São Paulo, colhidos no
site do Inmet, chegamos à interessante informação que temos uma temperatura amena. O conhecimento
desta informação nos ajuda a tomar a melhor decisão sobre a vestimenta mais adequada e a necessidade
de maior ou menor ingestão de líquidos, devido aos percentuais de umidade.

Assim, podemos afirmar que de um conjunto de dados relacionados extraímos a informação,


enquanto a partir da compreensão e consciência dessa última encontramos o conhecimento. A figura 6
apresenta um pouco dessa ideia evolutiva.

Contexto
Conhecimento
Outras informações
Tomada de decisão
Aparato psíquico
Finalidade
Informação

Contexto Significado

Dado Carga subjetiva

Figura 6 – Linha evolutiva do dado ao conhecimento

Adaptada de: Carvalho (2012, p. 11).

22
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Portanto, podemos entender que há uma relação hierárquica como se fosse uma pirâmide, na qual
temos o dado na base e o conhecimento no topo. A figura 7 apresenta essa relação hierárquica.

Conhecimento

Informação

Dados

Figura 7 – Relação hierárquica do dado, da informação e do conhecimento

Adaptada de: Costa et al. (2012, p. 2).

De forma resumida, podemos encontrar as características dos dados, da informação e do conhecimento


descritas na figura 8.

Dados Informação Conhecimento


Registro de um evento Conjunto de dados com Resultado de ações e
significado para o sistema interações entre sujeitos e
Objetivo objetos e sujeitos e sujeitos
Contextual/relacional
Assignificativo Informação devidamente
Significativo tratada que muda o sistema
Contextual/relacional
Significativo
Existe em função de uma
ação e justifica a crença
pessoal em relação à verdade

Figura 8 – Resumo das características dos dados, da informação e do conhecimento

Adaptada de: Carvalho (2012, p. 12).

1.2 A tecnologia da informação e as organizações

1.2.1 Papel da TI

Hoje observamos que grande parte das organizações considera a TI como aquela que exerce um papel
extremamente estratégico para os negócios. Já outras empresas, em número menor, não conseguem
perceber o valor da TI entregue por meio dos sistemas de informação e pela sua infraestrutura, além de
não enxergar a forte dependência que a operação dos negócios tem do ambiente tecnológico nestes
tempos de utilização da internet de forma mais intensa.
23
Unidade I

Laurindo (2008) apresenta um grid estratégico organizando as empresas de acordo com a visão que
elas têm do papel da TI e os seus impactos nos negócios em duas perspectivas distintas. A primeira está
relacionada ao longo prazo, a partir da compreensão da visão de futuro e do caráter estratégico da TI.
A segunda nos remete ao curto prazo, quando observamos o papel e os impactos da TI nos dias de hoje,
com um caráter mais operacional.

A figura 9 descreve o grid estratégico em quatro quadrantes, classificando o papel da TI das


organizações em geral como: fábrica, estratégico, suporte e transição.
Alto

Fábrica Estratégico

Impacto presente

Suporte Transição

Baixo
Baixo Alto
Impacto futuro

Figura 9 – Grid estratégico da TI

Fonte: Laurindo (2008, p. 35).

A partir da observação do grid estratégico, encontramos um primeiro grupo de empresas cuja TI


exerce o papel de suporte. Aqui a área de TI é quase sempre terceirizada e exerce pouco impacto em
questões operacionais e estratégicas. Observamos que, nessas organizações, a utilização dos sistemas
de informação não é crucial para o cotidiano dos negócios, ou seja, caso ocorra algum problema
(indisponibilidade, por exemplo), a operação do negócio não é imediatamente afetada.

Partindo para o próximo quadrante, encontramos as companhias cuja área de TI exerce o papel de
fábrica. Nelas os sistemas e as tecnologias são decisivos para o cotidiano do negócio, ou seja, uma parada
em um sistema de informação pode acarretar a parada automática no negócio. Outra característica
desse tipo de empresa reside na pouca importância atribuída à TI nas estratégias de negócio, fazendo
com que os impactos da TI em longo prazo sejam extremamente baixos.

O próximo quadrante é conhecido como transição. Nele encontramos organizações que atribuem
grande importância à TI no delineamento das suas estratégias. No entanto, observando por uma
perspectiva mais operacional (curto prazo), as influências e os impactos da TI no negócio dessas
empresas são baixos.

24
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

O último quadrante é ocupado por empresas cuja área exerce um papel estratégico. Nelas tanto a
operação quanto a estratégia, passando ainda pelas táticas, dependem das ferramentas de TI. Nessas
organizações, uma indisponibilidade geral dos sistemas e das tecnologias da informação leva a uma
parada imediata nos negócios e a grandes impactos estratégicos.

1.2.2 A informação e a tecnologia nas organizações

A informação sempre ocupou um papel importante nas organizações, seja nas mais simples operações
dos processos de negócios, seja na tomada de decisão mais complexa executada pelos administradores.
Tudo isso favoreceu a busca pela qualidade da informação, na qual critérios precisam ser considerados
para o atendimento das necessidades de negócio.

O quadro 3 apresenta os critérios contidos em ITGI (2007) ainda hoje valorizados pelas organizações.

Quadro 3 – Critérios de qualidade da informação

Critério de qualidade da informação Descrição


Está relacionada às informações com alto grau de importância para os processos de
Efetividade negócio entregues no tempo e modo corretos, de forma consistente e utilizável.
Eficiência Define a entrega da informação com o uso mais produtivo possível dos recursos.
Relaciona-se à segurança de informações no que tange ao aspecto
Confidencialidade confidencialidade para evitar a divulgação indevida.
Remete à fidedignidade, inteireza e totalidade da informação, além da sua validade,
Integridade quando comparada aos requisitos de negócios solicitados.
Trata-se da disponibilidade da informação quando exigida pelo processo de negócio
Disponibilidade atual e futuro.
Está relacionada ao cumprimento de questões de compliance ao qual os processos
Conformidade de negócios estão sujeitos.
Confiabilidade Remete à entrega da informação apropriada solicitada pelo negócio.

Adaptado de: ITGI (2007, p. 12-13).

A informação tem ganhando papéis de destaque nos últimos anos e se tornado ao mesmo tempo
um recurso, um ativo e um produto. Como recurso, ela pode ser comparada a um insumo utilizado
nos processos produtivos de uma empresa, por exemplo, as informações sobre demandas dos
clientes que podem disparar gatilhos de aumento ou diminuição na linha de produção. Como
ativo, a informação pode representar a propriedade da companhia, por exemplo, as listas de
contatos e necessidades dos principais clientes. Como produto, a informação pode ser algo a
ser comercializado pela própria instituição, por exemplo, as instituições de comunicação cujo
conteúdo vendido é a informação (GORDON; GORDON, 2013).

Stair e Reynolds (2015) mencionam que, para agregar valor aos negócios, as informações precisam
ser dotadas de certos aspectos. Do contrário, os prejuízos serão grandes ao utilizar a base de informação
disponível. O quadro 4 apresenta as características da informação valiosa.

25
Unidade I

Quadro 4 – Características da informação valiosa

Característica Definição
A informação deve ser facilmente acessada pelos usuários autorizados, de forma que
Acessível possam obtê‑la no formato e tempo corretos para atender às suas necessidades.
Uma informação precisa ser livre de erros. Em alguns casos, uma informação imprecisa é
Precisa gerada por conta de dados incorretos inseridos no processo de transformação. Geralmente,
isso é chamado de entra lixo, sai lixo.
A informação completa contém todos os fatos importantes. Por exemplo, um relatório de
Completa investimento que não inclua todos os custos relevantes não é completo.
A informação deve ser relativamente econômica para produzir. Os tomadores de decisão
Econômica precisam sempre balancear o valor da informação com o custo para produzi-la.
A informação flexível pode ser usada para variadas finalidades. Por exemplo, a informação
sobre quando o estoque está disponível para uma peça em especial pode ser utilizada por um
Flexível representante de vendas para fechar um negócio, por um gerente de produção com o objetivo
de determinar se é necessário repor o estoque e pelo executivo financeiro a fim de indicar o
valor total que a companhia investiu no estoque.
A informação relevante é importante para o tomador de decisões. Uma informação que mostra
Relevante que os preços da madeira devem cair pode não ser relevante para um fabricante de chips.
A informação confiável pode dar confiança ao usuário. Em muitos casos, a confiabilidade da
informação depende da confiabilidade do método de coleta de dados. Em outros momentos,
Confiável ela precisa da fonte da informação. Rumores de uma fonte não confiável de que o preço do
óleo pode subir não devem ser considerados garantidos.
A informação deve estar segura para não ser acessada por usuários
Segura não autorizados.
A informação deve ser simples, não complexa. Uma informação sofisticada e detalhada pode
não ser necessária. De fato, o excesso de informações pode causar sobrecarga de informações,
Simples situação na qual o tomador de decisões tem dados em excesso e se vê incapaz de determinar
quais delas são realmente importantes.
A informação atualizada é fornecida quando necessário. Conhecer as condições climáticas da
Atualizada semana anterior não irá ajudá-lo a escolher o casaco que usará hoje.
A informação deve ser verificável. Isso significa que é preciso checar para certificar-se de que
Verificável ela é correta, talvez verificando a mesma informação de várias outras fontes.

Fonte: Stair e Reynolds (2015, p. 7).

Com a chegada da TI nas empresas, a preocupação com qualidade, processamento, segurança,


armazenamento e demais ações envolvendo a informação aumentou de forma considerável. Isso se
deu devido à reinvenção do fluxo da informação no ambiente organizacional e à automatização dos
processos, itens que foram favorecidos por todo o aparato de tecnologias digitais utilizadas.

Esse cenário de preocupações foi construído porque as informações vitais das organizações, utilizadas
nos processos de negócio, estão contidas nos sistemas de informações, que por sua vez funcionam a
partir de uma infraestrutura de TI instalada e operante na empresa. A figura 10 retrata essa ideia.

26
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Relatórios e informações

Processos de negócio automatizados

Sistemas de informação

Infraestrutura de TI

Figura 10 – Relações entre a informação e a tecnologia

1.2.3 Recursos de TI

A TI é formada por componentes que integram um grande mecanismo conhecido como infraestrutura
de TI, que sustenta as aplicações de negócio envolvendo toda a cadeia produtiva das organizações.
A figura 11 apresenta a ideia de relacionamento entre a infraestrutura de TI e os processos de negócio.

Aplicações
de negócio

Infraestrutura de TI

Aplicações de TI compartilhadas
e padronizadas

Serviços compartilhados de
tecnologia da informação

Recursos humanos

Componentes de TI

Figura 11 – Aplicações de TI e infraestrutura de TI que sustentam os negócios

Fonte: Weill e Ross (2006, p. 38).

27
Unidade I

Os recursos tecnológicos que formam a infraestrutura de TI são: hardware, software, banco de dados
e redes de computadores. Esses quatro itens têm as suas peculiaridades e suportam as aplicações de
negócios utilizadas nas empresas.

Lembrete

A TI é o conjunto de ferramentas que permitem o processamento e


o armazenamento de dados, informação e conhecimento, no intuito de
ampliar as capacidades humanas.

Em uma visão mais moderna, a infraestrutura de TI pode ser percebida como um serviço. Por isso,
Weill e Ross (2006, p. 37) mencionam que:

Os serviços de infraestrutura de TI de uma empresa incluem, frequentemente,


os serviços de rede de telecomunicação; a provisão e o gerenciamento
de computação em larga escala (como servidores e mainframe); o
gerenciamento da base de dados compartilhada de clientes; a expertise
em pesquisa e desenvolvimento, com o fim de identificar a utilidade de
tecnologias emergentes para o negócio; e uma intranet para toda a empresa.
Esses serviços podem ser prestados internamente ou por companhias
terceirizadas, como a IBM Global Services, a Accenture e a HP. A infraestrutura
interna da empresa frequentemente conecta-se a infraestruturas externas da
indústria (como o sistema de pagamentos bancário) e a infraestrutura públicas
(como a internet e as redes de telecomunicações). O conceito de serviços
de infraestrutura de TI é muito poderoso, uma vez que os administradores
podem valorizar mais prontamente um serviço, do que um componente
técnico como um servidor ou um pacote de software. Além disso, o serviço
de prover o acesso de um computador laptop à internet e a todos os sistemas
da empresa pode ser especificado, mensurado e controlado através de um
acordo de nível de serviço.

1.2.4 Administração da TI

A TI, como qualquer outro recurso organizacional, precisa ser bem administrada, sob pena de não
atender às necessidades da empresa, quando for requisitada. Essa compreensão sobre a forma de
administrar a TI evoluiu ao longo de décadas desde o seu surgimento.

Em um primeiro momento, a TI, que era conhecida como CPD, era gerenciada como uma provedora
de tecnologia. A característica marcante da época era a falta de profissionalização da gestão, formada
por profissionais essencialmente técnicos e sem formação de gestão.

28
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Lembrete

O centro de processamento de dados (CPD) era um ambiente


formado por uma infraestrutura que tinha como objetivo processar de
forma centralizada os dados utilizando computadores de grande porte,
conhecidos como mainframes.

Algumas décadas depois, a área de TI evoluiu e estabeleceu a ideia de que não há mais apenas a
entrega de uma infraestrutura, mas de um serviço. Essa quebra de paradigma propiciou o entendimento
de que a TI precisava ser gerenciada como um serviço.

Nos dias atuais, com a forte propagação das ideias de governança corporativa e do caráter mais
estratégico da TI, estabeleceu-se a necessidade de se governar por meio da TI. Isso se deu com o
surgimento das boas práticas de governança de informação e de tecnologia, como as descritas no
modelo COBIT®.

A figura 12 apresenta a administração da TI em uma perspectiva evolutiva, a qual deixa no passado


a antiga área de provedora de infraestrutura, passando a ser uma área prestadora de serviços e, em uma
perspectiva mais moderna, uma parceira estratégica.

Gerenciamento de Gerenciamento de Governança de TI


infraestrutura de TI serviços de TI

Provedor de Provedor de Parceiro


tecnologia serviços estratégico

— TI considerada custo — TI considerada investimento


— Administrador da TI é o melhor técnico — Administrador da TI com visão de negócio
— TI entrega uma infraestrutura — TI entrega serviços e é parceira estratégica

Figura 12 – Evolução da administração da TI

Adaptada de: Magalhães e Pinheiro (2007, p. 37).

Conforme essa nova perspectiva, a gestão da tecnologia tornou a área de TI uma parceira estratégica
da empresa, sendo que o alinhamento estratégico entre a TI e as áreas de negócios configurou-se como
uma necessidade de primeira ordem. Dessa forma, o alinhamento estratégico transformou-se em uma
das ações fundamentais para a TI moderna.

Toda a evolução na administração da TI se deu também a partir da aplicação de modelos e


metodologias de gestão que abrangem os seus mais variados escopos. O quadro 5 apresenta uma relação
desses modelos e metodologias.

29
Unidade I

Quadro 5 – Modelos de suporte à governança de TI

Modelo Escopo do modelo


Control Objectives for Information and Related Modelo para governança da informação e tecnologia.
Technologies (COBIT®)
Business Analysis Body of Knowledge (BABOK®) Guia de conhecimento para a prática de análise de negócio.
Business Process Management Body of Knowledge Corpo de conhecimento para o gerenciamento de processos de negócio.
(BPM CBOK®)
The Open Group Architecture Framework (TOGAF®) Modelo que trata do desenvolvimento e da evolução de arquiteturas de TI.
PRojects IN Controlled Environments (PRINCE2 ) ®
Metodologia de gerenciamento de projetos.
Project Management Body of Knowledge (PMBOK ) ®
Base de conhecimento em gestão de projetos.
Serviços de TI, segurança da informação, gerenciamento da
Information Technology Infrastructure Library (ITIL®) infraestrutura, gestão de ativos e aplicativos etc.
Capability Maturity Model Integration (CMMI®) Desenvolvimento de produtos e projetos de sistemas e software.
Melhoria de Processo do Software Brasileiro (MPS.br) Modelo brasileiro para a melhoria do processo de software.
ISO 31000:2018 Trata dos princípios e guias para o gerenciamento de riscos às organizações.
Norma que aborda requisitos e melhores práticas para o gerenciamento
ISO 20000:2018 de serviços de TI.
ISO 27001:2013 e ISO 27002:2013 Requisitos e código de prática para a gestão da segurança da informação.
eSourcing Capability Model (eSCM®) Outsourcing em serviços que usam TI de forma intensiva.
Organizational Project Management Maturity Model Modelo de maturidade para o gerenciamento de projetos.
(OPM3)
SCRUM Método ágil para o gerenciamento de projetos.
Balanced Scorecard (BSC) Metodologia de planejamento e gestão da estratégia.
Six Sigma Metodologia para melhoria da qualidade de processos.
Statement on Auditing Standards (SAS) n. 70 Regras de auditoria para empresas de serviços.

2 INFRAESTRUTURA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

O primeiro tópico deste livro-texto favoreceu a compreensão geral da TI e da tecnologia, inclusive


sob aspectos históricos e a sua chegada nas organizações. Neste segundo, abordaremos os principais
elementos que constituem a infraestrutura de TI.

Essa infraestrutura é formada pelos recursos de TI: hardware, software, bancos de dados, redes
de computadores e telecomunicações. Em uma concepção mais ampla, podemos incluir como seus
integrantes: as pessoas, os procedimentos e os serviços. No entanto, considerando uma perspectiva
puramente tecnológica, compreendemos como integrantes apenas os recursos de TI mencionados.

Assim, primeiramente trataremos acerca das questões envolvendo hardware e software,


justamente por serem eles os componentes integrantes do computador, peça-chave no uso da TI nas
empresas e na vida das pessoas. Na sequência, veremos os recursos de banco de dados, com ênfase
no modelo relacional.

Por fim, apresentaremos um estudo geral sobre as redes de computadores e as telecomunicações,


contextualizando inclusive a chegada e o uso da internet nos dias de hoje.
30
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

2.1 Hardware e software

2.1.1 Hardware

O hardware é o elemento da infraestrutura de TI utilizado para nos referir ao conjunto de


equipamentos (elementos físicos) e a suas tecnologias, que possibilitam o funcionamento dos
sistemas computacionais. Segundo Laudon e Laudon (2013), essas tecnologias englobam funções de
processamento, armazenamento, entrada e saída de dados em um computador.

Observação

Embora o computador seja formado por partes física (hardware) e


lógica (software), é comum nos referirmos a ele como hardware. Logo,
corriqueiramente utilizam-se ambas as palavras como sinônimos. Não
obstante, ao fazer esse tipo de afirmação, incorre-se em uma imprecisão
nos conceitos.

A figura 13 apresenta os elementos básicos que compõem o hardware de um computador. Quando


integrados e interligados, eles possibilitam a execução das funções de processamento de dados e o
consequente armazenamento, além da coleta (entrada) e disponibilização (saída) de dados.

Memória de Memória Armazenamento de


acesso direto massa

Dispositivo Unidade de controle Dispositivo


periférico de periférico de
entrada Unidade lógica e aritmética saída
Unidade central
de processamento Registradores

Barramentos

Figura 13 – Elementos do hardware de um computador

Adaptada de: Marçula e Benini Filho (2019, p. 51).

A figura anterior mostrou a arquitetura de um sistema computacional que exibe como os elementos
de hardware estão organizados. São eles: unidade central de processamento (UCP), memórias,
dispositivos periféricos de entrada, dispositivos periféricos de saída e barramentos.

O primeiro componente é a UCP, também conhecido como processador ou pelo seu termo em
inglês, Central Processing Unit (CPU). Ela é considerada o coração do sistema computacional e tem
como função processar os dados e comandar todos os circuitos eletrônicos que formam o hardware do
sistema computacional.

31
Unidade I

A CPU está dividida em três componentes: unidade de controle, unidade lógica e aritmética, e
registradores. A unidade de controle é responsável por coordenar as partes do sistema computacional
a fim de que as instruções sejam efetivamente executadas e o fluxo de dados seja ordenado.
A unidade lógica e aritmética prima pela execução dos cálculos e manipulação de dados por
meio de operações lógicas e aritméticas. Por fim, os registradores são pequenos bancos de memória
de altíssima velocidade e reduzida capacidade de armazenamento, que agregam mais agilidade na
operação de tarefas específicas da CPU.

Observação
O processador é formado por circuitos eletrônicos lógicos digitais que
estão confinados em um circuito integrado. Os processadores da Intel e da
AMD estão entre os mais conhecidos.

O segundo componente da arquitetura do sistema computacional é a memória, que tem como função
básica o armazenamento de dados e instruções executadas pelo computador. Ela pode ser classificada
em memória primária e memória secundária. Na primária, encontramos um tipo de acesso direto por
parte do processador, no intuito de armazenar (mesmo que temporariamente) dados. Já as memórias
secundárias têm por finalidade a armazenagem permanente de dados em grandes quantidades, por isso
são também chamadas de memória de armazenamento de massa.

O terceiro componente é o conjunto de dispositivos periféricos de entrada. Ele tem a responsabilidade


de permitir a entrada de dados no sistema computacional. Podemos citar como exemplos: mouse,
scanner, leitor de código de barras, sensor de RFID, teclado, entre outros.

O quarto componente é o conjunto de dispositivos periféricos de saída. Ele atua entregando a


informação ou dado para o usuário do computador. Podemos citar como exemplos: monitores, impressoras,
alto-falantes, entre outros.

Observação
Alguns periféricos exercem a função de dispositivo de entrada e de
saída ao mesmo tempo. Podemos citar como exemplos: monitores touch
screen, multifuncionais, unidades de disco e fita, entre outros.

O quinto componente da arquitetura do sistema computacional é o conjunto de barramentos. O seu


objetivo é fornecer as trilhas elétricas internas ao computador, de forma a interligar os componentes
de hardware, seja no intuito de melhor controlar o sistema, seja apenas para transferir dados. Um bom
exemplo de barramento é o barramento serial universal (Universal Serial Bus – USB).

As configurações utilizadas em cada um dos componentes são de fundamental importância para que o
computador trabalhe de forma eficiente e atenda às expectativas do usuário. Especificamente na memória
e no processador, encontramos as principais preocupações para o funcionamento adequado do sistema.
32
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

2.1.2 Software

O software é o segundo recurso integrante da infraestrutura de TI, consistindo em um agrupamento


de instruções (também conhecido como programa) que permitem o funcionamento do sistema
computacional. Junto ao hardware (parte física), ele (parte lógica) integra o computador.

A evolução do software se deu mais durante o final da segunda metade do século passado, quando
do surgimento das primeiras aplicações estruturadas. Ele experimentou forte disseminação por meio dos
modelos web e mobile utilizados nos dias de hoje nos notebooks, desktops e smartphones.

Na literatura voltada para computação, encontramos diversas classificações atribuídas ao software.


A mais comum divide-os em software de sistemas e aplicativos. Os softwares de sistemas, também
conhecidos como software básico, têm por objetivo comandar, gerenciar e coordenar o hardware,
servindo como uma interconexão com os aplicativos (também chamados de software de aplicação).
Os sistemas operacionais são considerados softwares de sistemas, sendo que um dos mais conhecidos
deles é o Windows.

Os softwares de aplicação objetivam suportar o usuário em suas atividades de negócios, ou seja, eles
atendem às expectativas específicas com finalidades gerais e singulares. Por exemplo, quando o usuário
deseja escrever um texto, ele utiliza um processador de texto, o Word®.

No quadro 6 encontramos algumas características dos softwares de sistemas e de aplicação.

Quadro 6 – Relação entre os softwares de sistemas e de aplicação

Caraterística Software de aplicação Software de sistemas


Tarefa Satisfazer necessidades do negócio Administrar o ambiente computacional
Usuários Profissionais do negócio Profissionais do negócio e profissionais de computação
Processadores de texto, planilhas, geradores
Subtipos Sistemas operacionais, utilitários etc.
de apresentação etc.

Fonte: Stair e Reynolds (2015, p. 123).

É possível encontrar também uma subdivisão dos softwares de aplicação em software vertical e
horizontal. Os softwares verticais são utilizados em processos específicos de um ramo de negócio.
Os softwares horizontais são aqueles utilizados em quase todos os tipos de negócio, automatizando
tarefas desempenhadas em todas as organizações. Podemos citar como exemplo o software de
correio eletrônico (Outlook®), compreendido como software horizontal pelo simples motivo de que
toda e qualquer organização o utiliza na comunicação via e-mail. Não obstante, um aplicativo
usado para controle de produção agrícola parece ser um software vertical empregado em empresas
do ramo do agronegócio.

Outra subdivisão dos softwares de aplicação apresenta aqueles que são customizados e disponíveis
em prateleira. O software customizado é desenvolvido internamente (pelos profissionais de TI) ou por
33
Unidade I

empresas terceirizadas exclusivamente, em vista de uma necessidade específica da empresa. Entre os


benefícios do software customizado, podemos apresentar a obtenção exata daquilo que se deseja e
maior facilidade na eventual modificação de algumas características. No entanto, é bom destacar que o
software customizado leva certo tempo para ser desenvolvido e tem um custo maior, além de haver
o risco potencial de desempenho limitado.

Já os softwares de prateleira são aqueles que podem ser comprados diretamente no fornecedor na
forma de soluções em um padrão e previamente formatados com as melhores práticas e costumes das
organizações para apoio às suas tarefas. Seus benefícios são o baixo custo inicial para o desenvolvimento
e a considerável qualidade. Mas é importante destacar a desvantagem do pagamento por características
não requisitadas e a ausência de aspectos importantes necessários para atender ao usuário.

Observação

Os softwares de aplicação também são chamados popularmente de app.

Seja qual for a classificação do software de aplicação, é necessário que ele sempre agregue valor às
atividades do cotidiano do usuário. Para tanto, diversos fatores precisam ser levados em consideração a
fim de mensurar o valor do software. O quadro 7 apresenta quais são eles.

Quadro 7 – Principais fatores de avaliação do software

Fator Descrição
O software constitui um sistema bem desenvolvido de instruções de computador ou objetos que não
Eficiência utilizam muita capacidade de memória ou tempo de processamento?
Flexibilidade Ele consegue lidar facilmente com tarefas de processamento sem precisar de grandes modificações?
Segurança Ele fornece procedimentos de controle para erros, defeitos e uso inadequado?
Ele é habilitado para rede de forma a poder acessar facilmente a internet, a intranet, a extranet e
Conectividade outras redes de modo autônomo, ou acessá-las por meio de operação com navegadores ou outro
software de rede?
Ele é escrito em uma linguagem de programação que seja utilizada por nossos próprios
Linguagem programadores (da empresa contratante)?
Documentação O software é bem documentado? Ele inclui instruções úteis ao usuário?
Hardware O hardware existente possui as características exigidas para utilizar da melhor forma esse software?
Quais são suas características de desempenho, de custo, de confiabilidade, de disponibilidade, de
Outros fatores compatibilidade, de modularidade, de tecnologia, de ergonomia, de adaptabilidade e de suporte?

Fonte: Oliveira (2008, p. 27).

Exemplo de aplicação

Verifique em seu computador quais são os principais softwares de aplicação em utilização.

34
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

2.1.3 O computador

Utilizando um computador, seja ele um desktop, seja um notebook ou o próprio smartphone,


provamos da experiência mais concreta de uso da TI. Ele é a principal ferramenta utilizada, pelas empresas
e pelos indivíduos de forma pessoal, na resolução dos problemas que vão desde os mais básicos até os
mais complexos.

Assim, a concepção inicial do uso de computadores é a mesma que perdura até os dias de hoje.
A ideia consiste no estabelecimento de um sistema (formado por uma parte física e uma parte lógica)
capaz de executar tarefas (braçais ou mais refinadas) até então cumpridas apenas pelos seres humanos.

Lembrete

O computador consiste no conjunto formado por hardware (parte


física) e software (parte lógica).

Para atender, então, às necessidades dos seres humanos na execução de tarefas, os computadores
têm o seu funcionamento baseado no princípio do programa (software) armazenado em suas memórias
(item de hardware) e executado pelo processador (outro item de hardware). Sobre isso, Marçula e Benini
Filho (2019, p. 49) mencionam que o:

Computador é uma máquina que recebe e trabalha os dados de maneira a


obter um resultado. Para realizar isso, ele é programável, ou seja, responde
a um grupo de comandos específicos (instruções) de uma maneira bem
definida e pode executar uma lista pré-gravada desses comandos. Essa lista
é chamada de programa.

Outra informação de destaque relacionada aos computadores é que eles somente manipulam dados
no formato binário (base de numeração binária). Essa visão difere da nossa (dos seres humanos), que foi
largamente condicionada (desde a mais tenra idade) a perceber o mundo no formato decimal (base de
numeração decimal).

Desta forma, a base de numeração compreendida pelos computadores inclui apenas dois números:
0 (zero) e 1 (um). Eles representam aquilo que conhecemos por dígitos binários ou, de forma simplificada,
bits, e a lógica de programação no mais baixo nível (nível de máquina) envolve um conjunto de instruções
formadas por eles.

Os bits e os bytes (que representam um conjunto de oito bits) são as quantidades utilizadas para
medir diversas grandezas na informática. Por exemplo, a capacidade de memória de um dispositivo
é dada normalmente em MB (Mega Bytes) ou GB (Giga Bytes). Recorrendo às redes de computador,
observamos outro exemplo, no qual a velocidade em um canal de comunicação é dada em kbps (quilo
bits por segundo), Mbps (Mega bits por segundo) ou Gbps (Giga bits por segundo).

35
Unidade I

Observação

Os computadores tratam e processam todas as informações, dados,


imagens e sons em formato digital em bits e bytes.

2.1.4 Tipos de computadores

Considerando o conceito de sistema computacional, encontramos diversos tipos de computadores


no nosso cotidiano. Entre eles, é possível citar: mainframes, supercomputadores, servidores, desktops,
computadores portáteis (notebooks, tablets, smartphones).

Comecemos pelo mais antigo deles: o mainframe. Ele surgiu por volta da década de 1960 e teve
a sua fabricação e venda controladas por grandes empresas de informática da época, como a IBM e a
Burroughs (que posteriormente se fundiu com a empresa Sperry e formou a gigante de informática da
década de 1990, conhecida como Unisys).

Os mainframes eram conhecidos como computadores de grande porte para processamento de


enormes massas de dados oriundas das mais diversas aplicações. A sua lógica de operação reside no
processamento e armazenamento centralizado a partir de dados coletados e disponibilizados por
terminais burros.

Observação

Os terminais burros eram as máquinas compostas de teclado, monitor


e um gabinete contendo pouquíssimos recursos computacionais. Eles não
tinham capacidade de processamento e armazenamento (daí o nome) e
operavam como um ponto de acesso ao mainframe para que o usuário
entrasse com dados ou recebesse informações em sua tela.

Com o passar dos anos, as empresas foram substituindo o mainframe e a arquitetura centralizada por
outro tipo de computador, chamado de servidor. O servidor é um componente central do funcionamento
e da operação das aplicações em uma arquitetura de TI. Seus objetivos são: controlar, armazenar e
compartilhar recursos tecnológicos por meio de uma rede de comunicação de dados.

Guardando sutis semelhanças com os mainframes e servidores, temos os supercomputadores,


utilizados em tarefas específicas que possuem como premissa a exigência de capacidades
computacionais extensas e rápidas. Eles precisam ter um altíssimo desempenho e potência, sendo esse
um dos motivos do seu uso na área militar, na previsão de catástrofes naturais, na previsão do tempo e
em pesquisas nas áreas de saúde, entre outras.

36
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

A Cray Research foi uma das pioneiras no desenvolvimento de supercomputadores, tendo


permanecido por um tempo como a principal fabricante deste tipo de tecnologia. Não obstante, após
alguns anos, ela perdeu espaço para outras empresas, como IBM e Dell, entre outras.

Saiba mais

Com o objetivo de conhecer quais são os supercomputadores mais


potentes do mundo, acesse o site a seguir:

TOP500.ORG. TOP500 List – November 2021. 2021. Disponível em:


https://bit.ly/3GkevqY. Acesso em: 3 dez. 2021.

O outro tipo de computador é o desktop, também conhecido como computador de mesa.


O grande motivador do seu surgimento foi a evolução das tecnologias de semicondutores, que
contribuiu com a diminuição do tamanho dos componentes do sistema computacional e com o
aumento da sua performance.

Os desktops popularizaram-se e tiveram altíssima comercialização na década de 1990, tanto


nas empresas (em geral e de todos os portes) como na vida pessoal. Tudo graças ao crescimento e à
disseminação da informática na sociedade.

Observação

Como a relação custo-benefício no uso dos desktops ainda atrai diversos


usuários, a sua comercialização continua.

Não obstante, percebemos que alguns anos depois os desktops foram perdendo espaço para os
computadores portáteis, principalmente devido à redução de preços de notebooks, tablets e smartphones.
Tudo isso por causa do desejo de mobilidade que todo usuário de plataformas computacionais tem.

Os notebooks têm a sua história iniciada no início da década de 1980, com o Osborne 1, que pesava
mais de 10 kg. A primeira versão do Osbone não utilizava bateria, mas a posterior possuía uma bateria
fabricada por terceiros, com autonomia extremamente baixa quando ele estava desligado da tomada.

De forma similar aos desktops e auxiliados pela microeletrônica, os notebooks foram diminuindo de
tamanho e aumentando em eficiência, passando a preencher espaços antes ocupados pelos desktops
nas atividades do cotidiano das empresas. É importante destacar também que o desenvolvimento de
tecnologias de acesso à rede sem fio cooperou com a popularização dos notebooks.

Surgiram algumas variações do conceito de notebook e uma delas foi caracterizada por versões ainda
menores, com um número reduzido de recursos. Eles eram conhecidos como netbooks e apareceram por

37
Unidade I

volta de 2007, mas, por diversos motivos, não conseguiram encontrar uma boa aceitação por parte dos
usuários. Alguns desses fatos incluíam suas dimensões (monitor e teclado muito pequenos) e a carência
de recursos tão usados no período, como, por exemplo, o número diminuído de conexões USB.

Em se tratando dos tablets, encontramos as suas primeiras versões lançadas na década de 1990, pela
Acorn Computers. O primeiro recebeu o nome de Newspad. Em 2010, os tablets conseguem alcançar
uma boa fatia de mercado com o lançamento do iPad da Apple e do Galaxy Tab da Samsung. Além da
mobilidade, a tela touch screen era um dos grandes atrativos.

Por fim, partindo para uma ideia mais avançada de mobilidade no uso de recursos computacionais,
chegamos ao uso do smartphone. A IBM criou em 1994 o primeiro smartphone, o Simon. Ele não obteve
sucesso comercial, mas marcou o início da utilização dos smartphones.

Observação

Podemos traduzir o termo smartphone por telefone inteligente. No


entanto, ele exerce, nos dias de hoje, mais do que funções de um telefone.

A utilização de smartphones passou por um aumento exponencial, devido ao desenvolvimento da


telefonia móvel celular no mundo, mais especificamente com o surgimento das tecnologias 4G e 5G.
Todo esse cenário influenciou na redução da comercialização dos tablets, resultando em uma prática de
uso de computadores restritos a um notebook e a um smartphone.

2.2 Banco de dados e redes de computadores

2.2.1 Banco de dados

Voltamos a vivenciar uma era dos dados, um pouco diferente daquela das décadas de 1960 e 1970,
quando falávamos nos centros de processamento de dados. O novo momento apresenta o dado como
ativo corporativo de grande importância, considerado por alguns especialistas como o novo petróleo.

Observação

A comparação entre dado e petróleo nos faz pensar que o primeiro


(semelhante ao segundo) em sua forma bruta não possui valor, mas quando
refinado pode ser fonte de riqueza e de poder.

Ainda sobre os dados e as organizações, Stair e Reynolds (2015, p. 170) mencionam que:

Uma organização não pode concluir com sucesso a maior parte das
atividades do negócio sem dados e sem a capacidade gerenciá-los. Ela não
poderia pagar os funcionários, enviar contas, solicitar pedidos ao estoque ou
38
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

produzir informações para auxiliar os gerentes na tomada de decisão. Os dados


são constituídos de fatos brutos, como o número de funcionários e números
de vendas. Para que os dados possam ser convertidos em informações úteis,
devem ser organizados de forma que tenham um significado.

Esses dados são assim agrupados de forma organizada em arquivos e tabelas que integram o
recurso da infraestrutura de TI, conhecido como banco de dados (BD). O BD é de grande importância
nas corporações para auxiliar na melhor gestão financeira, operacional, comercial e das demais áreas de
negócios, além de ser fundamental no fornecimento de subsídios para a tomada de decisão.

A ideia de BD, sem as características modernas, surgiu com o estabelecimento da TI nas organizações.
No início, os BDs eram armazenados em fitas magnéticas e cartões perfurados e depois foram
substituídos pelos discos rígidos.

Entre os mais diversos benefícios dos bancos de dados é possível mencionar: aprimoramento na
utilização estratégica dos dados; eliminação da redundância de dados; preservação da integridade
dos dados; facilidade na modificação e atualização dos dados; favorecimento da independência dos
programas; melhoria no acesso aos dados e às informações; padronização no acesso de dados; adequada
estrutura para desenvolvimento de software; melhoria na proteção dos dados e compartilhamento do
recurso de dados.

A fim de compreender a ideia de funcionamento do BD, precisamos entender os conceitos de campo


e registro. A tabela 1 apresenta, em formato matricial, um exemplo de fragmento de um BD para melhor
explicar os conceitos.

Tabela 1 – Exemplo de uma tabela de um BD

Número do cliente Nome do cliente Cidade do cliente Bairro do cliente


0001 Maria José da Silva São Paulo Lapa
0002 André Luiz de Souza São Paulo Itaquera
0003 João Felix Guedes Osasco Bela Vista
0004 Carlos José Coelho São Paulo Bela Vista
0005 Fabio Souza Filho Barueri Alphaville

Perceba que a tabela 1 exibe uma matriz de linhas e colunas. As linhas nos remetem à ideia
de registros e trazem dados relativos à entidade armazenada nesta pequena tabela de um BD.
Nela encontramos cinco registros. A entidade localizada no BD é o cliente de uma determinada
organização. As colunas nos remetem à ideia de campos e representam um atributo (característica)
específico do registro da entidade. Na tabela constam cinco campos.

Ainda, a partir da observação da tabela anterior, percebemos a existência de um campo utilizado


na identificação exclusiva de um registro: trata-se do número do cliente. Chamaremos esse campo da

39
Unidade I

tabela de campo-chave, chave primária ou simplesmente chave. Por exemplo, o cliente Carlos José
Coelho tem uma identificação única de número 0004.

Para que um banco de dados funcione de forma adequada, é necessária a instalação de um software
para criar, armazenar, organizar e acessar os dados, além de disponibilizá-los para as aplicações. Trata‑se
do chamado sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD), que permite e gerencia o acesso
simultâneo aos dados e é responsável pela execução de comandos de leitura e gravação no banco
de dados por meio de uma linguagem padrão. A figura 14 apresenta o SGBD no contexto de uso em
aplicações e no banco de dados.

Aplicação 1 Aplicação 1 Aplicação 1

SGBD

Banco
de dados

Figura 14 – Sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD)

Adaptada de: Stair e Reynolds (2015, p. 185).

Um dos mais interessantes tipos de BD é conhecido como banco de dados relacional, que por ser mais
didático será abordado nesta disciplina. O BD relacional organiza os dados em tabelas bidimensionais
com colunas e linhas. Os dados ali armazenados são representados por valores relacionados.

A tabela 2 apresenta a tabela de um BD relacional, contendo quatro registros e quatro campos.

Tabela 2 – Exemplo de BD relacional

Número_ Nome_ Cidade_ Estado_


Fornecedor Fornecedor Fornecedor Fornecedor
0001 Papelaria Correia São Paulo SP
0002 BKL Informática Osasco SP
0003 Turin Infraestrutura Barueri SP
0004 Atacadão Silva Santo André SP

40
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

O BD relacional é criado a partir da construção e interligação de tabelas por meio de


relacionamentos. Na figura 15 consta um exemplo de relacionamentos em um BD relacional, que
contém duas tabelas, sendo a primeira relativa a fornecedores de uma empresa e a outra referente
a produtos comercializados por esses fornecedores. Na tabela de fornecedores encontramos quatro
registros e cinco campos, sendo o campo “Número_Fornecedor” a chave-primária. Na tabela de
produtos, há quatro registros e quatro campos, sendo o campo “Número_Produto” a chave‑primária.

Número_ Cidade_ Estado_


Nome_fornecedor Endereço_fornecedor
fornecedor fornecedor fornecedor
0001 Papelaria Correia Avenida Paulista, 335 São Paulo SP
0002 BKL Informática Avenida dos Autonomistas, 200 Osasco SP
0003 Turin Serv. de Infraestrutura Rua Grupo Bandeirantes, 23 Barueri SP
0004 Atacadão Silva Avenida São José, 190 Santo André SP

Número_ Preço Número_


Descrição_produto
produto unitátio fornecedor
130 Resma de papel sulfite 13,00 0001
141 Cartucho para impressora 25,00 0002
156 Pastas plásticas para documentos 5,00 0001
160 Kit de limpeza 35,00 0004

Figura 15 – Relacionamentos em um BD relacional

Na figura anterior também encontramos a relação das tabelas por meio do campo “Número_
Fornecedor”, sendo ele chamado de chave estrangeira na tabela de produtos. A chave estrangeira é um
campo comum nas duas tabelas interligadas.

No modelo que utiliza BD relacional podemos encontrar três tipos de relacionamentos. São eles:

• Relacionamento um para um: ocorre quando temos um registro de uma tabela se relacionando
apenas com um registro de outra.

• Relacionamento um para muitos: ocorre quando temos um registro de uma tabela se


relacionando com muitos registros de outra.

• Relacionamento muitos para muitos: ocorre quando temos muitos registros de uma tabela se
relacionando com muitos registros de outra.

O relacionamento encontrado na figura 15 é classificado como um para muitos, porque temos a


relação de um fornecedor para muitos produtos.

41
Unidade I

2.2.2 Os dados e a tomada de decisão

Com o crescimento da cultura data driven, os dados e os BDs começaram a ser mais observados
como de fundamental importância para a tomada de decisão corporativa. Pensando, por exemplo, em
uma grande rede varejista, a massa de dados gerada diariamente tem grande potencial para auxiliar os
administradores no delineamento das suas estratégias de oferecimento de novos produtos, na melhoria
de relacionamento com o cliente, redução de custos etc.

A partir dessa compreensão, as organizações podem trabalhar com um ferramental utilizado na


extração, processamento, análise e gestão dos dados brutos armazenados em seus bancos de dados.
Entre essas ferramentas, encontramos: Data Warehouse (DW); Data Mart (DM); Business Intelligence (BI);
tecnologias de Big Data etc.

A figura 16 apresenta uma evolução das tecnologias de dados e outras utilizadas no apoio à tomada
de decisão corporativa. Observe que esse processo evolutivo abrange desde as ferramentas como os
sistemas de informação para apoio à decisão até as atuais tecnologias de Big Data.
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Anos 1970 Anos 1980 Anos 1990 Anos 2000 Anos 2010

Sistemas de apoio à decisão SI empresarial/executivo Inteligência de negócios Data Warehouse Big Data ...

Figura 16 – Tecnologias de dados e sistemas para tomada de decisão

Fonte: Sharda, Delen e Turban (2019, p. 12).

Primeiramente, comentaremos a respeito do DW, que nada mais é que um grande conjunto de
dados armazenados com potencial interesse estratégico para a tomada de decisão empresarial. Trata-se
de um subconjunto do BD da organização utilizado para efetuar consultas e fazer análises estratégicas
envolvendo dados.

Poderíamos nos perguntar: por que devemos estabelecer um DW na organização se já temos um BD?
Não seria um trabalho adicional?

Para responder a esses questionamentos, é importante compreender que a função do BD da


organização é suportar processos transacionais. Pense, por exemplo, em uma empresa do ramo varejista,

42
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

na qual o BD é utilizado nas operações do dia a dia, como o registro da venda de um produto, controle
da entrada/saída no estoque, controle do acesso de funcionários etc.

Já o DW tem um cunho estratégico em vez de transacional e operacional. Tomando o mesmo exemplo


(empresa do ramo varejista), o DW serve para a geração de um relatório de produtos mais vendidos em
determinado dia da semana, por exemplo.

Quando executamos essas duas tarefas (operações transacionais do cotidiano e geração de


relatórios/tomada de decisão) em um mesmo BD, é normal a ocorrência de considerável lentidão nas
aplicações. A partir disso, compreendemos o quanto um DW é importante.

Ele pode ser dividido em pequenos BDs, chamados de Data Mart (DM). Assim, um DM é um
subconjunto do DW. Consequentemente, os dados que foram coletados e disponibilizados no DW e
DM podem ser utilizados na tomada de decisão estratégica da organização. Para isso, há uma série de
técnicas e ferramentas conhecidas como Inteligência de Negócios ou Business Intelligence (BI).

O BI é um ferramental que auxilia os usuários no processo de tomada de decisão a partir da


consolidação, análise e acesso a grandes massas de dados. Uma das técnicas de BI é o Data Mining,
pouco conhecido pela sua tradução para português como Mineração de Dados.

O Data Mining é uma interessante ferramenta utilizada para fornecer percepções dos dados
corporativos que, com dificuldade, são obtidas com o processamento analítico on-line. Ele é totalmente
orientado à descoberta, encontrando padrões de dados e relacionamentos ocultos em grandes BDs
corporativos, auxiliando na inferência de regras que contribuem na previsão de comportamentos futuros.

Na verdade, o Data Mining opera por meio de um conjunto de tecnologias emergentes que
auxiliam na exploração de uma grande massa de dados, extraindo dela o conhecimento para
estabelecer hipóteses.

Em se tratando de tecnologias mais atuais, falaremos agora sobre o Big Data. Fernandes, Diniz e
Abreu (2019) apresentam o Big Data como um arcabouço de tecnologias e ferramentas utilizadas na
rápida e veloz coleta, armazenamento e processamento de grandes massas de dados, de forma que
elas sejam analisadas. Entre as tecnologias de Big Data, podemos citar: data lakes, soluções de análise
preditiva, hadoop, spark, visual analytics etc.

Saiba mais

Para conhecer outros aspectos a respeito das tecnologias Big Data, leia
a primeira parte do seguinte livro:

PEREIRA, M. A. et al. Framework de big data. Porto Alegre: Sagah, 2019.

43
Unidade I

2.2.3 Redes de computadores e as telecomunicações

Chegamos agora ao último recurso integrante da infraestrutura de TI, que é representado pelas
redes de computadores e telecomunicações, fundamentais para os negócios e a vida das pessoas nas
sociedades atuais. Esse recurso (redes de computadores e telecomunicações) ressignificou inclusive a
utilização dos outros, por exemplo, o software, que hoje somente encontra lógica quando está em uma
conexão em rede.

As telecomunicações, mais antigas que as redes de computadores, representam o conjunto de


ferramentas que permitem a comunicação a distância. Elas surgem com caráter um pouco mais moderno
quando aparecem o telégrafo e o telefone no século XIX e caminham para uma maturidade durante as
descobertas da comunicação por meio de ondas eletromagnéticas (comunicação sem fio).

As telecomunicações ocorrem a partir do estabelecimento de um sistema básico formado por


três elementos fundamentais: emissor, canal de comunicação e receptor. O emissor tem a finalidade de
gerar o sinal a ser transmitido. O receptor é responsável pela recepção do sinal. O canal de comunicação
é o meio físico encarregado pela condução da informação que vai do emissor até o receptor. Esses
componentes estão descritos na figura 17.

Canal de
Emissor comunicação Receptor

Figura 17 – Sistema básico de telecomunicações

Adaptada de: Medeiros (2012, p. 12).

Todos os sistemas de telecomunicações têm a sua constituição baseada na ideia dos componentes
mencionados na figura 17. Entre os mais diversos sistemas, podemos citar:

• Comunicação via satélite: grande sistema que utiliza um repetidor de sinal, chamado de satélite,
que com os seus transponders amplifica os sinais de diferentes frequências.

• Comunicação por fibras ópticas: sistema que utiliza os cabos de fibra de vidro extremamente
transparentes no transporte das informações via sinais de luz.

• Telefonia fixa: um dos mais antigos sistemas e opera em grande parte por meio de cabos de
pares metálicos na transmissão de sinais de voz através de uma rede comutada por circuitos. Seu
meio físico também é utilizado para a transmissão de dados.

• Comunicação móvel celular: sistema que opera por meio da transmissão de ondas eletromagnéticas
para o envio e a recepção de sinais de voz e dados. Todo o processo se dá por meio da comunicação
entre a estação móvel celular (telefone) e a Estação Rádio Base (ERB).

44
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

• Comunicação por rádio broadcasting: sistema responsável pelas transmissões de TV e rádio AM


e FM, funciona por meio da transmissão em radiofrequência em broadcast (transmissão de um
para todos).

• Linha de comunicação de força: sistema que transporta o sinal de comunicação de dados


por meio dos cabos da rede elétrica. Muito conhecido pelo seu nome em inglês e seu acrônimo,
Power Line Communication (PLC).

• Sistema de transmissão em radiovisibilidade: sistema que transporta um sinal de


radiofrequência entre duas antenas, uma delas obrigatoriamente percebe a outra.

Por volta da segunda metade do século XX, quando surgem os primeiros computadores, estabelece‑se
a necessidade de interligá-los em rede, para prover o compartilhamento de recursos e a comunicação
entre os usuários. As primeiras redes de computadores de cunho arcaico se estabelecem, com um
grande crescimento observado entre as décadas de 1980 e 1990 devido ao surgimento da internet.

As redes de computadores são um conjunto de elementos interligados que favorecem a transmissão


de informações e o compartilhamento de recursos computacionais. O objetivo principal delas é criar uma
infraestrutura para a transmissão de dados entre computadores utilizando ferramentas de hardware e
software, além de um conjunto de regras.

São elementos das redes de computadores: protocolos, meios físicos, dispositivos e mensagens.

• Protocolo: representa o conjunto de regras e padrões que regem o processo de comunicação.


Trata-se de um grupo de padrões que organiza a transmissão de dados e estabelece os modelos
que favorecem a conectividade. Podemos citar como exemplos: protocolos Transmission Control
Protocol (TCP) e Internet Protocol (IP).

• Meio físico: utilizado para interligar dispositivos. Ele pode ser confinado ou não confinado. Na
forma confinada, temos os cabos de pares metálicos, os cabos de fibra óptica e os cabos coaxiais.
Na forma não confinada, temos os meios sem fio e conexão wireless e não temos a utilização de
cabos para a transmissão de sinais.

• Dispositivos: são classificados em dispositivos finais e intermediários. Os finais são aqueles


utilizados pelos usuários, por exemplo: computadores, smartphones, impressoras ligadas em rede,
entre outros. Os intermediários interligam dispositivos finais, por exemplo: roteadores, modens,
switches, entre outros.

• Mensagens: significam aquilo que desejamos transmitir entre a origem e o destino. A formação,
codificação e formatação da mensagem obedecem a regras que, como já vimos, são chamadas
de protocolos.

45
Unidade I

Observação

Os protocolos TCP e o IP formam a base de padrões da internet


que utilizamos.

2.2.4 Internet

Para conhecermos a história da internet, é necessário voltarmos para o final da década de 1960,
quando a Agência de Projetos e Pesquisas Avançadas do Departamento de Defesa dos Estados Unidos
criou a Arpanet. Ela é considerada a precursora da internet, interligando um número bem pequeno
de computadores.

No início da década de 1980, a Arpanet foi dividida em duas redes: uma para fins exclusivamente
militares e a outra destinada à pesquisa e interconexão do ambiente acadêmico. Ainda, na mesma
década, mais redes foram interligadas à Arpanet, tanto dentro quanto fora dos EUA, e acabaram por
formar o que conhecemos hoje como internet.

Poucos anos depois houve o crescimento exponencial da internet, que se configurou como o maior
e mais importante fato tecnológico atual, sempre em constante expansão à medida que cada vez mais
empresas, organizações, usuários, computadores e redes aderem a ela.

Olhando para os dias de hoje, percebemos praticamente o mundo todo conectado por meio de
ferramentas de redes. Elas são cada vez mais utilizadas, principalmente as plataformas mobile (telefonia
móvel celular).

Há diversas tecnologias de conexão à internet e comunicação de longa distância que podemos usar
em nossas residências e nas empresas que trabalhamos, como, por exemplo, a tecnologia Linha Digital
Assimétrica para Assinante (Asymmetric Digital Subscriber Line – ADSL), as tecnologias de conexão via
fibras ópticas, entre outras. As tecnologias ADSL trabalham com um processo de transmissão de sinais
no mesmo cabo de cobre utilizado no sistema de telefonia fixa. As tecnologias de conexão por fibras
ópticas, por exemplo, Fiber to the Home (FTTH), utilizam a fibra óptica para a transmissão de sinais,
sendo essas as que alcançam maiores velocidades.

Observando os serviços oferecidos pelas concessionárias de serviços de telecomunicações,


encontramos as mais diversas soluções com as velocidades que vão de simples 10 Mbps até 1 Gbps.
No entanto, convém destacarmos que a velocidade comercializada nem sempre corresponde à real de
transmissão, uma vez que os circuitos normalmente não são dedicados, mas trabalham com processos
de comutação e compartilhamentos de meios físicos ao longo do trajeto que a informação utiliza para
chegar até o destino.

46
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Resumo

Nesta unidade apresentamos de forma bem abrangente os conceitos


de tecnologia da informação (TI) e de infraestrutura de TI. Primeiramente,
mencionamos a evolução tecnológica da humanidade com uma visão que
parte da perspectiva das revoluções industriais, que ocorreram ao longo da
história, culminando no surgimento da ideia da Indústria 4.0.

Na sequência, atentamo-nos ao processo histórico da TI, observando a


descrição da chegada dos computadores nas empresas, desde as primeiras
calculadoras, passando para a era das válvulas e dos transistores, até
chegarmos aos circuitos integrados, que oportunizaram o estabelecimento
dos microcomputadores. Logo depois, apresentamos a evolução da TI nas
organizações, que experimentou forte amadurecimento nos últimos anos.

Conceituamos ainda dado, informação e conhecimento, destacando


exemplos que facilitaram a compreensão e a relação com a TI. Complementamos
o primeiro tópico relacionando a TI às organizações, exibindo primeiro o
seu papel nos negócios, avançando no entendimento dos seus recursos e
da sua administração.

No segundo tópico, demonstramos por completo os recursos utilizados


na infraestrutura de TI. Iniciamos com uma compreensão sobre hardware
e software como elementos básicos de um computador. Mencionamos
a constituição do hardware, que é formado por: processador, memórias,
periféricos de entrada, periféricos de saída e barramentos. Sobre software,
apresentamos seus conceitos e suas classificações.

Por fim, a temática estava voltada para os bancos de dados e o recurso


formado pelas redes de computadores e telecomunicações. Em relação aos
bancos de dados, por questões didáticas, mantivemos o foco no relacional.
Acerca das redes de computadores, apresentamos conceitos e elementos
básicos, finalizando com uma ideia geral do surgimento da internet.

47
Unidade I

Exercícios

Questão 1. Leia o texto a seguir.

Computação moderna

A computação moderna pode ser definida pelo uso de computadores digitais, que não utilizam
componentes analógicos como base de seu funcionamento, podendo ser dividida em várias gerações.

Primeira geração (1946-1959)

A primeira geração de computadores modernos tinha como principal característica o uso de


válvulas eletrônicas com dimensões enormes e que utilizavam quilômetros de fios, chegando a atingir
temperaturas muito elevadas, o que frequentemente causava problemas de funcionamento. A maioria
dos programas era escrita na linguagem de máquina.

Eniac

Em 1946, ocorreu uma revolução no mundo da computação com o lançamento do Electronic


Numerical Integrator and Calculator (Eniac), desenvolvido pelos cientistas norte-americanos John Eckert
e John Mauchly. Essa máquina era em torno de mil vezes mais rápida que qualquer outra da época.

Figura 18

A principal inovação foi a computação digital, muito superior aos projetos mecânicos-analógicos
desenvolvidos até então. Com o Eniac, a maioria das operações era realizada sem a necessidade de
movimentar peças de forma manual, e sim pela entrada de dados no painel de controle.

Essa máquina era muito grande, com aproximadamente 25 metros de comprimento por 5,5 metros
de altura, com peso total de 30 toneladas. O valor representa algo como um andar inteiro de um prédio.
48
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Segunda geração (1959-1964)

Na segunda geração, houve a substituição das válvulas eletrônicas por transistores, o que diminuiu
muito o tamanho do hardware. A tecnologia de circuitos impressos também foi criada, evitando que
fios e cabos elétricos ficassem espalhados. É possível dividir os computadores dessa geração em duas
grandes categorias: supercomputadores e minicomputadores.

IBM 7030

O IBM 7030, também conhecido como Strech, foi o primeiro supercomputador lançado na segunda
geração, desenvolvido pela IBM. Seu tamanho era bem reduzido se comparado com máquinas como o
Eniac, podendo ocupar somente uma sala comum. Ele era utilizado por grandes companhias, custando
em torno de 13 milhões de dólares na época.

A máquina executava cálculos em microssegundos, o que permitia até 1 milhão de operações por
segundo; dessa maneira, um novo patamar de velocidade foi atingido.

Várias linguagens foram desenvolvidas para os computadores de segunda geração, como Fortran,
Cobol e Algol; assim, softwares podiam ser criados com mais facilidade. Muitos mainframes (modo
como as máquinas da época são chamadas) ainda estão em funcionamento em várias empresas, como
na própria IBM.

Terceira geração (1964-1970)

Figura 19

49
Unidade I

Os computadores dessa geração foram conhecidos pelo uso de circuitos integrados que permitiram
que uma mesma placa armazenasse vários circuitos que se comunicavam com hardwares distintos
ao mesmo tempo. Dessa maneira, as máquinas se tornaram mais velozes e com um número maior de
funcionalidades. O preço também diminuiu consideravelmente.

Um dos principais exemplos da terceira geração é o IBM 360/91, lançado em 1967, um grande
sucesso em vendas na época. Essa máquina já trabalhava com dispositivos de entrada e saída modernos,
como discos e fitas de armazenamento, além de poder imprimir todos os resultados em papel.

O IBM 360/91 foi um dos primeiros a permitir programação da CPU por microcódigo, então as
operações usadas por um processador qualquer podiam ser gravadas através de softwares, sem a
necessidade de projetar todo o circuito de forma manual.

No final desse período, houve preocupação com a falta de qualidade no desenvolvimento de


softwares, visto que grande parte das empresas estava focada em hardware.

Quarta geração (1970 até hoje)

A quarta geração é conhecida pelo advento dos microprocessadores e computadores pessoais, com a
redução drástica do tamanho e do preço das máquinas. As CPUs atingiram o incrível patamar de bilhões
de operações por segundo, permitindo que muitas tarefas fossem implementadas.

Os circuitos acabaram se tornando ainda mais integrados e menores, o que possibilitou o


desenvolvimento dos microprocessadores. Quanto mais o tempo foi passando, mais fácil foi comprar um
computador pessoal. Nessa era, os softwares e sistemas se tornaram tão importantes quanto o hardware.

De alguns anos para cá, cada vez mais computadores móveis são lançados no mercado, os quais
podem ser carregados dentro do bolso — por isso o seu nome. Entre esses dispositivos, podemos
citar os celulares, que cada vez mais executam funções existentes nos computadores, tendo sistemas
operacionais completos, além de palmtops, pendrives, câmeras fotográficas, TVs portáteis etc.
Disponível em: https://bit.ly/3pzg6SS. Acesso em: 3 dez. 2021. Adaptado.

Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas.

I – Os computadores de primeira geração eram muito grandes, esquentavam e utilizavam válvulas


eletrônicas e quilômetros de fios.

II – Os computadores de segunda geração eram menores dos que os computadores de primeira


geração, usavam transistores (em válvulas eletrônicas) e circuitos impressos (em vez de fios de ligação).

III – Os computadores de terceira geração empregavam circuitos integrados, o que gerou maior
grau de compactação, aumento de velocidade de processamento e diminuição de custos em relação à
geração anterior.
50
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

IV – Os computadores de quarta geração experimentaram aperfeiçoamentos tecnológicos, o que


implicou elevação de miniaturização, confiabilidade e velocidade em relação à geração anterior.

É correto o que se afirma em:

A) I, III e IV, apenas.

B) I, II e IV, apenas.

C) II, III e IV, apenas.

D) I e II, apenas.

E) I, II, III e IV.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa correta.

Justificativa: de acordo com o texto, “a primeira geração de computadores modernos tinha como
principal característica o uso de válvulas eletrônicas com dimensões enormes e que utilizavam
quilômetros de fios, chegando a atingir temperaturas muito elevadas, o que frequentemente causava
problemas de funcionamento”.

II – Afirmativa correta.

Justificativa: de acordo com o texto, “na segunda geração, houve a substituição das válvulas
eletrônicas por transístores, o que diminuiu muito o tamanho do hardware”. Além disso, “a tecnologia de
circuitos impressos também foi criada, evitando que fios e cabos elétricos ficassem espalhados”.

III – Afirmativa correta.

Justificativa: de acordo com o texto, “os computadores de terceira geração foram conhecidos
pelo uso de circuitos integrados que permitiram que uma mesma placa armazenasse vários circuitos
que se comunicavam com hardwares distintos ao mesmo tempo”. Além disso, “dessa maneira, as
máquinas se tornaram mais velozes e com um número maior de funcionalidades” e “o preço também
diminuiu consideravelmente”.

IV – Afirmativa correta.

Justificativa: de acordo com o texto, “a quarta geração é conhecida pelo advento dos microprocessadores
e computadores pessoais, com a redução drástica do tamanho e do preço das máquinas”. Além

51
Unidade I

disso, “as CPUs atingiram o incrível patamar de bilhões de operações por segundo, permitindo que
muitas tarefas fossem implementadas”.

Questão 2. Leia o texto a seguir.

Como funcionam os componentes da infraestrutura de TI?

Os componentes da infraestrutura de TI são feitos de elementos interdependentes, e os dois grupos


principais de componentes são o hardware e o software. O hardware usa software como um sistema
operacional para trabalhar. E, da mesma forma, um sistema operacional gerencia recursos do sistema de
hardware. Os sistemas operacionais também fazem conexões entre aplicativos de software e recursos
físicos usando componentes de rede.

Hardware

Os componentes de hardware podem incluir o que segue.

Computadores desktop, servidores, data centers, hubs, roteadores, comutadores e instalações.

Software

Os componentes de software podem incluir o que segue.

Content management systems (CMS), gerenciamento do relacionamento com o cliente (CRM),


planejamento de recursos corporativos (ERP), sistemas operacionais e servidores da web.

Disponível em: https://ibm.co/3lEnvj0. Acesso em: 3 dez. 2021.

Com base na leitura e nos seus conhecimentos, avalie as afirmativas e a relação proposta entre elas.

I – Os principais componentes da infraestrutura de TI são o hardware e o software, elementos


independentes, visto que um sistema operacional gerencia exclusivamente recursos do sistema.

porque

II – Os servidores e os roteadores são componentes de hardware, e os sistemas operacionais e o


planejamento de recursos corporativos (ERP) são componentes de software.

Assinale a alternativa correta.

A) As afirmativas I e II são verdadeiras, e a afirmativa II justifica a afirmativa I.

B) As afirmativas I e II são verdadeiras, e a afirmativa II não justifica a afirmativa I.

52
PRINCÍPIOS DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

C) As afirmativas I e II são falsas.

D) A afirmativa I é falsa, e a afirmativa II é verdadeira.

E) A afirmativa I é verdadeira, e a afirmativa II é falsa.

Resposta correta: alternativa E.

Análise das afirmativas

I – Afirmativa verdadeira.

Justificativa: de acordo com o texto, “os componentes da infraestrutura de TI são feitos de elementos
interdependentes, e os dois grupos principais de componentes são o hardware e o software”. Além disso,
“o hardware usa software como um sistema operacional para trabalhar” e “um sistema operacional
gerencia recursos do sistema de hardware”.

II – Afirmativa falsa.

Justificativa: de acordo com o texto, os componentes de hardware podem incluir os servidores e os


roteadores, e os componentes de software podem englobar os sistemas operacionais e o planejamento
de recursos corporativos (ERP).

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