Você está na página 1de 45

Gerenciamento

de Projetos
Autor: Prof. Fernando Gorni Neto
Colaboradores: Prof. Fábio Ricardo Brandão dos Santos
Prof. Maurício Felippe Manzalli
Professor conteudista: Fernando Gorni Neto

Cursando mestrado em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista (UNIP). Graduado e pós-graduado
(2004) em Marketing pela Universidade Nove de Julho (Uninove). Pós-graduado (2006) em Agronegócios pela
Universidade Federal do Paraná (2006) e em Formação em Educação a Distância pela UNIP (2015). Foi professor da
Universidade Paulista.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

G671g Gorni Neto, Fernando.

Gerenciamento de Projetos / Fernando Gorni Neto. – São Paulo:


Editora Sol, 2022.

208 p., il.

Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e


Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.

1. Gerenciamento. 2. Projeção. 3. Gerente. I. Título.

CDU 658.012.2

U514.84 – 22

© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor

Profa. Sandra Miessa


Reitora em Exercício

Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez


Vice-Reitora de Graduação

Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo


Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini


Vice-Reitora de Administração

Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia


Vice-Reitor de Extensão

Prof. Fábio Romeu de Carvalho


Vice-Reitor de Planejamento e Finanças

Profa. Melânia Dalla Torre


Vice-Reitora de Unidades do Interior

Unip Interativa

Profa. Elisabete Brihy


Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli

Material Didático

Comissão editorial:
Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
Profa. Dra. Angélica L. Carlini
Profa. Dra. Ronilda Ribeiro

Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista
Profa. Deise Alcantara Carreiro

Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto

Revisão:
Vitor Andrade
Talita Lo Ré
Sumário
Gerenciamento de Projetos

APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8

Unidade I
1 PROJETOS...............................................................................................................................................................9
1.1 Conceito e características de um projeto.................................................................................... 11
1.2 A necessidade e os benefícios de projetos nas organizações.............................................. 14
1.3 Sucesso de um projeto: conceito e fatores críticos................................................................ 15
1.4 O ciclo de vida de um projeto.......................................................................................................... 16
1.5 Estruturas organizacionais para projetos.................................................................................... 20
1.6 O PMI e o Guia PMBOK....................................................................................................................... 22
2 PROCESSOS E ÁREAS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS............................................................ 25
2.1 Processos do gerenciamento de projetos.................................................................................... 25
2.1.1 Fase de iniciação...................................................................................................................................... 25
2.1.2 Fase de planejamento............................................................................................................................ 29
2.1.3 Fase de execução e controle............................................................................................................... 38
2.1.4 Fase de encerramento............................................................................................................................ 39

Unidade II
3 PRINCIPAIS ÁREAS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS................................................................. 46
3.1 Gerenciamento de integração......................................................................................................... 46
3.2 Gerenciamento do escopo................................................................................................................. 50
3.3 Gerenciamento do cronograma do projeto................................................................................ 53
3.4 Gerenciamento de custos.................................................................................................................. 65
3.4.1 Estimar os custos..................................................................................................................................... 70
3.4.2 Determinar o orçamento...................................................................................................................... 73
3.5 Gerenciamento da qualidade........................................................................................................... 86
3.6 Gerenciamento dos recursos do projeto....................................................................................108
3.7 Gerenciamento das comunicações..............................................................................................122
3.7.1 Sistemas de informações de gerenciamento de projetos.................................................... 139
3.8 Gerenciamento dos riscos................................................................................................................139
3.9 Gerenciamento das aquisições......................................................................................................143
4 ANÁLISE DE VIABILIDADE DE PROJETOS...............................................................................................156
4.1 Análise de alternativas de projetos: fatores a serem considerados................................156
4.2 Fatores a serem considerados: viabilidade econômica e financeira...............................160
4.3 Projeção de receitas...........................................................................................................................161
4.4 Projeção de custos e despesas.......................................................................................................161
4.5 Projeção dos fluxos de caixa...........................................................................................................162
4.6 Valor presente líquido (VPL)............................................................................................................162
4.7 Taxa interna de retorno (TIR)..........................................................................................................163
4.8 Payback....................................................................................................................................................163
4.9 Ciclo de vida de um projeto............................................................................................................163
4.9.1 A seleção entre as alternativas........................................................................................................ 165
4.10 Análise de custo-benefício............................................................................................................165
4.11 Custo de oportunidade...................................................................................................................165
4.12 Técnicas de orçamento de investimento................................................................................166
4.12.1 Ranking de projetos.......................................................................................................................... 166
4.12.2 Técnicas de parametrização........................................................................................................... 166

Unidade III
5 O PAPEL DO GERENTE DE PROJETOS......................................................................................................172
5.1 O perfil de um gerente de projetos..............................................................................................172
5.2 As interfaces do gerente de projetos..........................................................................................172
5.3 Ética e responsabilidade profissional..........................................................................................175
6 PROJETOS ÁGEIS.............................................................................................................................................176
6.1 Métodos ágeis.......................................................................................................................................177
6.2 Princípios por trás do Manifesto Ágil.........................................................................................178
6.3 O que é metodologia Ágil................................................................................................................179

Unidade IV
7 NOVAS SOLUÇÕES NO GERENCIAMENTO DE PROJETOS................................................................184
7.1 O que é o Manifesto Ágil?...............................................................................................................185
7.2 Visão geral do Scrum.........................................................................................................................186
7.3 Scrum e planejamento estratégico..............................................................................................186
7.4 O que é a Metodologia Scrum.......................................................................................................186
7.5 Visão geral da Metodologia Ágil Scrum.....................................................................................187
7.5.1 Scrum e planejamento estratégico............................................................................................... 190
7.5.2 Quando usar Scrum............................................................................................................................. 196
7.5.3 Como funcionam os sprints............................................................................................................. 196
7.5.4 Etapas........................................................................................................................................................ 197
7.6 Kanban.....................................................................................................................................................198
8 OS TRÊS PILARES DA METODOLOGIA SCRUM....................................................................................200
8.1 Ferramentas para o Scrum..............................................................................................................200
APRESENTAÇÃO

Você já pensou como foram construídas as pirâmides do Egito? Feitas há milênios, as pirâmides
ainda continuam a nos impressionar devido as suas enormes estruturas e aos mistérios que envolvem
as suas construções.

Figura 1 – Pirâmides do Egito

Fonte: https://bit.ly/3hzneLK. Acesso em: 2 mar. 2022.

As grandes pirâmides de Gizé foram construídas como mausoléu dos faraós Quéops, Quéfren e
Miquerinos. Datam de aproximadamente 2700 anos a.C., desde o início do antigo reinado até perto do
período ptolomaico.

A maior delas, a de Quéops, com cerca 160 metros de altura (cerca de 50 andares de um prédio
atual), é conhecida como a Grande Pirâmide e possui aproximadamente 2,3 milhões de blocos de rocha,
cada um pesando em torno de 2,5 toneladas, totalizando por volta de 6,5 milhões de toneladas.

Estima-se que o número de pessoas envolvidas na construção das pirâmides tenha girado em torno
de 100 mil, as quais trabalharam durante os 20 anos que demoraram a construção.

Ainda hoje é possível ver-se, em uma pedreira abandonada, como antigos egípcios especializaram-se
na extração e transporte desses enormes blocos de pedra que constituem as pirâmides. Em Assuã, há um
obelisco inacabado, com mais de mil toneladas de peso, que tem servido como fonte de informações das
técnicas utilizadas na extração de blocos de granito.

Até hoje, ainda não sabe ao certo como os blocos de pedra, usados nas construções das pirâmides,
foram transportados e colocados em seus respectivos lugares.

Os engenheiros que elaboraram os planos de construção guardavam os segredos da composição


das pirâmides, além de planejarem acessos falsos dentro delas. Tudo era pensado para que o corpo
mumificado do faraó e seus pertences não fossem acessados e roubados. A matemática foi muito

7
empregada na construção das pirâmides, pois os egípcios eram grandes conhecedores desta ciência, e
os arquitetos concebiam as construções de forma a obter o máximo de perfeição possível.

Um fato interessante é que a pirâmide de Quéops foi construída para se alinhar à direção norte. Ela
é, na verdade, o alinhamento mais preciso na direção norte do que qualquer outra estrutura no mundo.

Agora responda: dá para imaginar como foi o projeto da construção?

O objetivo desta disciplina é fazer com que o aluno entenda os principais conceitos acerca de projetos
e gestão de projetos, destacando os principais modelos, seus métodos, técnicas e ferramentas. A ideia é
que eles possam adquirir, produzir e aplicar os conhecimentos necessários para analisar projetos, a fim
de decidir sobre a sua viabilidade, planejamento, execução e controle.

Ao ler este livro-texto, espera-se uma compreensão do significado, da relevância e dos fatores
críticos de sucesso do gerenciamento de projetos nas organizações, bem como sua importância
prática no contexto empresarial, demonstrando os conceitos e temas relacionados ao gerenciamento
de projetos. Outro objetivo tem a ver com o conhecimento da metodologia e das ferramentas de
planejamento e controle de projetos, tendo em vista pré-requisitos como tempo, custo e qualidade.
Por fim, um último objetivo relaciona-se à compreensão do papel e das inter-relações do gerente de
projetos nas organizações.

Bons estudos!

INTRODUÇÃO

Antes de elaborar um projeto, é necessário saber a sua definição. Projeto é um processo formado
por um grupo de atividades que são coordenadas e controladas com datas de início e fim; ou seja, ele
é temporário, visando atingir um objetivo claro e definido, ou seja, o projeto é único, tem um resultado
exclusivo, tendo como aspecto relevante as limitações de tempo, custo e recursos envolvidos; então, a
sua elaboração é progressiva. Também é conveniente lembrar que o projeto é um empreendimento não
repetitivo, caracterizado por uma continuidade lógica de eventos, que se destina a alcançar uma meta,
sendo conduzido por pessoas dentro de padrões predefinidos, abrangendo também a qualidade.

Diante do exposto, serão vistos, primeiramente, o conceito e características de um projeto, os


processos e as áreas do gerenciamento de projetos, as principais áreas do gerenciamento de projetos e
a análise de viabilidade de projetos, incluindo o ciclo de vida de um projeto. Serão abordados o papel
e o perfil do gerente de projetos, os projetos e métodos ágeis e o que é metodologia ágil. E, por fim,
serão estudadas as novas soluções no gerenciamento de projetos, abordando a visão geral do Scrum e o
planejamento estratégico, a metodologia Kanban e quais são as ferramentas para utilização do Scrum.

Desejamos a você uma boa leitura e sucesso em seus empreendimentos!

8
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Unidade I
1 PROJETOS

A palavra projeto vem da palavra latina projectum, do verbo em latim proicere, “algo lançado à frente”,
que, por sua vez, vem de pró, que denota precedência, algo que vem antes de qualquer outra coisa no
tempo, e iacere, “fazer”, portanto, a palavra “projeto” significa “algo a ser feito antes de uma ação”.

Existem diversos significados para essa palavra; um deles nos diz que projeto é uma vontade, desejo
ou intenção de realizar algo. É muito comum que relacionemos com algo futuro como, por exemplo,
uma viagem ou a compra de um imóvel. Mas podemos também dizer que projeto é um plano para a
realização de um ato e também pode significar desígnio, intenção, esboço.

Esta é uma palavra oriunda do termo em latim projectum que significa “algo lançado à frente”. Por
esse motivo, projeto também pode ser uma redação provisória de uma medida qualquer que vai ser
realizada no futuro.

Assim, um projeto pode ser um plano geral de uma determinada obra, sendo constituído por
um conjunto de documentos que contêm as instruções e determinações necessárias para definir a
construção de um edifício ou outra obra, no qual constam as peças desenhadas, memória descritiva,
medições, orçamento e caderno de encargos. Um projeto final deve conter todos os documentos técnicos
necessários para a construção de um edifício ou a execução de uma obra.

Mas, afinal, qual é o motivo pelo qual um projeto deve ser gerenciado? Para evitar surpresas durante
a execução dos trabalhos, para desenvolver diferenciais competitivos e, assim, agilizar o retorno sobre o
investimento e a tomada de decisões sobre o planejamento e controle do projeto, melhorar a utilização
dos recursos envolvidos e gerar conhecimento para projetos futuros.

O Project Management Institute (PMI) define o conhecimento em gerenciamento de projetos (PMBOK)


como um termo que descreve o conhecimento no âmbito da profissão de gerenciamento de projetos.
O conhecimento em gerenciamento de projetos inclui práticas tradicionais comprovadas amplamente
aplicadas, bem como práticas inovadoras que estão surgindo na profissão.

Os projetos são instrumentos fundamentais para o sucesso e a mudança organizacional. Uma


eficiente gestão desses projetos é fator crítico de sucesso não somente para a empresa como um todo,
mas para todas as áreas da corporação.

Vamos falar um pouco sobre as mudanças ocorridas da quinta para a sexta edição do guia
das melhores práticas do Project Management Institute – PMI (traduzido como Instituto de
Gerenciamento de Projetos), o PMBOK – Project Management Body of Knowledge (traduzido como
Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos), lançado em 6 de setembro de 2017.

9
Unidade I

Um pequeno número das atualizações é relativa a mudanças de linguagem e a terminologia


utilizada, bem como a harmonização de grupos de processos, ferramentas e técnicas.

Os três primeiros capítulos foram reescritos, um novo capítulo sobre o papel do gerente de projeto
foi adicionado para se concentrar em liderar projetos de forma eficaz – competências, experiência e
habilidades necessárias.

Duas áreas de conhecimento foram renomeadas para refletir mais precisamente quais elementos
podem ser gerenciados e quais não podem: gerenciamento de tempo agora é gerenciamento de
cronograma (Schedule) e gerenciamento de recursos humanos tornou-se gerenciamento de recursos.

Toda área de conhecimento possui quatro novas seções:

• Conceitos-chave.

• Tendências e práticas emergentes.

• Considerações de adaptação (tailoring, traduzido literalmente como alfaiataria, ou seja, o fato de


o projeto ser adaptado a qualquer situação).

• Considerações para Ambientes Ágil/Adaptativos.

De 47, agora serão 49 processos, sendo que três novos processos foram adicionados:

• Gerenciar o conhecimento do projeto.

• Controlar recursos.

• Implementar respostas a riscos.

Um processo foi removido:

• Encerrar aquisições (essa funcionalidade foi agregada a Encerrar projeto ou Fase).

Alguns processos foram renomeados:

• Realizar a garantia da qualidade para gerenciar qualidade

• Planejar gerenciamento de recursos humanos para planejar gerenciamento de recursos.

• Mobilizar equipe do projeto para adquirir recursos.

• Controlar comunicações para monitorar comunicações.

10
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

• Controlar riscos para monitorar riscos

• Planejar o gerenciamento das partes interessadas para planejar o envolvimento das partes
interessadas

• Controlar o gerenciamento das partes interessadas para monitorar o envolvimento das partes
interessadas.

Cabe salientar que o guia amadureceu em termos de conteúdo e consistência, e há um maior


alinhamento com a norma ISO 21500:2012, com orientações sobre gerenciamento de projeto, um padrão
internacional desenvolvido pela Organização Internacional de Normalização, e outras normas da ISO.

1.1 Conceito e características de um projeto

Mas, afinal, o que é um projeto? Conforme a sexta edição do Guia PMBOK (2017, p. 4): “Projeto é um
esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado único”. Já na quinta edição
do Guia PMBOK (2013, p. 3) a definição é a seguinte: “Projeto é um esforço temporário empreendido
para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo. A natureza temporária dos projetos indica que
eles têm um início e um término definidos”.

Contudo, podemos definir um projeto como um empreendimento não repetitivo, caracterizado por
uma sequência clara e lógica de eventos, com início, meio e fim, que se destina a atingir um objetivo
claro e definido, sendo conduzido por pessoas dentro de parâmetros predefinidos de tempo, custo,
recursos envolvidos e qualidade para criar um produto, serviço ou resultado.

Assim, temos pelo menos três características inerentes à definição de projeto. São elas:

• Temporal: denota a limitação de tempo inerente a um projeto; ou seja, ele tem dia e hora para
iniciar e para acabar.

• Exclusividade: o entregável, seja produto, serviço ou resultado, produzido por um projeto, é algo
único, exclusivo, diferente de qualquer outro produto ou serviço já visto.

• Objetivo: um projeto sempre tem uma meta ou objetivo definidos.

A explicação de Vargas (2005, p. 7) para projetos é a seguinte:

São atividades caracterizadas por uma sequência clara e lógica de eventos


para atingir objetivos dentro de um tempo, custo e recursos prévios definidos,
combinam recursos organizacionais e necessitam de uma coordenação para
controle de prazos, custos e desempenho, pois atingem todos os níveis de
uma organização e as partes interessadas externas à instituição, assim como
os clientes, fornecedores, parceiros, governo etc.

11
Unidade I

Na interpretação de Kerzner (2006, p. 15):

Um projeto trata de um empreendimento com objetivo bem definido, que


consome recursos e opera sob pressão de prazos, custos e qualidade, sendo,
em geral, atividades exclusivas em uma empresa. Assim, a gestão de projetos
pode ser definida como o planejamento, a programação e o controle de
uma série de tarefas integradas, de forma a atingir seus objetivos com êxito.
Uma gestão de projetos bem-sucedida exige planejamento e coordenação
extensivos. Dessa maneira, o fluxo de trabalho e a coordenação do projeto
devem ser administrados horizontalmente, e não mais verticalmente, como
ocorria na gerência tradicional.

Já na sexta edição do Guia PMBOK (2017, p. 4) temos:

Produto, serviço ou resultado único. Projetos são realizados para cumprir


objetivos através da produção de entregas. Um objetivo é definido como
um resultado a que o trabalho é orientado, uma posição estratégica a ser
alcançada ou um propósito a ser atingido, um produto a ser produzido
ou um serviço a ser realizado. Uma entrega é definida como qualquer
produto, resultado ou capacidade único e verificável que deve ser produzido
para concluir um processo, fase ou projeto. As entregas podem ser tangíveis
ou intangíveis.

Complementando a ideia da citação anterior:

O cumprimento dos objetivos do projeto pode produzir uma ou mais das


seguintes entregas:

– um produto único que pode ser um componente de outro item, um


aprimoramento ou correção de um item ou um novo item final (por
exemplo, a correção de um defeito em um item final);

– um serviço único ou uma capacidade de realizar um serviço (por


exemplo, uma função de negócios que dá suporte à produção
ou distribuição);

– um resultado único, como um produto ou documento (um projeto


de pesquisa que, por exemplo, desenvolve o conhecimento que pode
ser usado para determinar se uma tendência existe ou se um novo
processo beneficiará a sociedade); e

– uma combinação única de um ou mais produtos, serviços ou resultados


(por exemplo, um aplicativo de software, a documentação associada
e serviços de centrais de atendimento) (GUIA PMBOK, 2017, p. 4).
12
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Quadro 1 – O que é um projeto

Projeto é um esforço temporário, empreendido para criar


um novo produto, serviço ou resultado único
Temporário: Entregas exclusivas: Exemplos de projetos:
- Início - Produto - Reforma de sua casa
- Término - Serviço - O seu casamento
- Resultado - Implantação de um sistema
de software na empresa

Adaptado de: PMI (2017).

O sucesso de um projeto é medido pela qualidade do produto, ou do serviço, e do projeto, pela


pontualidade, pelo cumprimento do orçamento e pelo grau de satisfação do cliente.

As principais características dos projetos são a temporariedade, a singularidade do produto ou


serviço a ser desenvolvido pelo projeto, a complexidade e a incerteza.

• Temporariedade: todo projeto apresenta um início e um fim bem definidos; não significa
necessariamente curta duração. Podemos dizer que um projeto teve fim quando seus objetivos
foram atingidos ou quando estes não são alcançados e, assim, por algum motivo, ele for encerrado.

• Individualidade do produto ou serviço produzido pelo projeto: criar algo que não tinha sido
realizado anteriormente.

• Complexidade: é um conjunto de coisas ligadas por um vínculo entre circunstâncias e que


contenha várias ideias.

• Incerteza: é não conhecer os fins ou as consequências; significa não ter controle sobre as coisas,
que é o contrário do processo.

Exemplo de aplicação

Um projeto sempre remete à criação de algo nunca visto. Esta é até uma de suas características.
Pense em quatro projetos que uma empresa pode executar e reflita sobre qual é o entregável desse
projeto. Atente para o detalhe de que esse entregável pode ser um produto ou um serviço.

Quando falamos de projetos, pensa-se logo em algo de grande importância ou grandeza, e isso é
um erro, pois um projeto pode estar envolvido com pequenas atividades do dia a dia. Podemos citar
alguns exemplos como a entrega de produtos aos clientes, a implantação de sistemas de informação na
empresa, a construção de um estádio de futebol, entre outros.

Lembre-se sempre da diferença que existe entre processo e projeto. O processo é uma sequência
coordenada de atividades, com o objetivo de produzir um dado resultado. Ele é permanente e corresponde
13
Unidade I

à forma pela qual a organização funciona, agrega valor a seus clientes e cumpre sua finalidade como
organização, rotineiramente. É repetitivo e padronizado em passos, gerando o mesmo produto várias vezes.
Já o projeto acontece em um período determinado de tempo para gerar um produto e um resultado
único em um período de tempo único; é conduzido com fim específico, tendo início e fim determinados.
É executado para produzir ruptura com o status quo (expressão do latim que significa “estado
atual”). Os projetos são pontuais e buscam, em última análise, melhorar os processos de rotina.

A gestão adequada dos projetos traz benefícios para a organização, podendo ser utilizada em
resoluções de problemas em que se definem as tomadas de decisões e identificam-se causas e efeitos.
O gerenciamento de projetos possibilita à empresa desenvolver uma visão do futuro, estabelecendo
estratégias e motivando os esforços da equipe, trazendo, posteriormente, aquele gosto da vitória. Dessa
forma, o gerenciamento de projetos eficaz, eficiente e efetivo deve ser considerado uma competência
estratégica nas organizações.

Como o gerenciamento de projetos é adaptado para atender às necessidades do projeto, as práticas


são descritivas e não prescritivas. Prescritivo é quando algo se apresenta de uma determinada forma
como a única admissível, como se fosse uma norma, uma lei, devendo ser seguido à risca, sugere como
se deve agir. Descritivo diz respeito à descrição da realidade ou da experiência, sem a rigidez da forma
normativa, aquela que estabelece e determina regras. O gerenciamento de projetos pode ser definido
como uma disciplina descritiva e dinâmica, dentro de uma espiral progressiva.

Os gestores devem ficar alertas aos motivos que demonstram a necessidade de uma boa gestão de
projetos, iniciando pela análise da competitividade, verificando se a margem de lucro está dentro do patamar
das estratégias, analisando as exigências dos clientes, os progressos tecnológicos e outros fatores que trazem
a possibilidade de implantar e gerenciar um projeto, para trazer os benefícios para o progresso da empresa.

A elaboração e a análise de projetos exigem, cada vez mais, que os administradores que carregam um
grupo de conhecimentos em gestão de projetos sejam capazes de compreender as particularidades dos
custos, comunicações, recursos humanos, integração, aquisições, riscos, qualidade e tempo em projetos.

Há também a necessidade de uma visão multidisciplinar, além das distinções entre projetos e
operações, em todas as suas características.

1.2 A necessidade e os benefícios de projetos nas organizações

A gestão dos projetos de forma correta traz benefícios para a organização, podendo ser utilizada em
resoluções de problemas nos quais se definem as tomadas de decisões e ainda identificam-se os efeitos
e causas dos problemas, possibilitando à organização desenvolver uma visão do futuro estabelecendo
estratégias, tendo como resultado a motivação e inspiração dos esforços de toda a sua equipe de
colaboradores. Contudo, não podemos esquecer-nos de citar que, na medida em que os desafios se
tornam maiores, maiores também serão as vitórias. E quais os benefícios de projetos nas organizações?
Podemos citar alguns:

• aumentar as suas chances de sucesso;

• cumprir os objetivos principais do negócio;


14
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

• entregar os produtos ou serviços certos no momento correto;

• equilibrar a intervenção de restrições do projeto;

• gerenciar melhor as mudanças que podem ocorrer;

• gerenciar as restrições;

• identificar, recuperar ou eliminar projetos que apresentem problemas;

• otimizar o uso dos recursos organizacionais;

• resolver problemas e questões que aparecem no dia a dia;

• responder a riscos em tempo hábil;

• satisfazer as expectativas das partes interessadas (os stakeholders);

• ser mais previsível.

O gerenciamento de projetos eficaz, eficiente e efetivo deve ser considerado uma competência
estratégica nas organizações, permitindo que estas:

• concorram com mais eficácia nos seus mercados;

• executem os projetos da maneira correta;

• respondam ao impacto das mudanças de ambiente de negócios nos projetos, ajustando os planos
de gerenciamento de projetos;

• sustentem a organização;

• vinculem os resultados do projeto com os objetivos do negócio.

1.3 Sucesso de um projeto: conceito e fatores críticos

Um projeto é uma ação realizada com o intuito de criar uma ideia, produto ou serviço e obter os
melhores resultados que ele pode oferecer. Assim, as etapas como aprofundamento do conhecimento,
compartilhamento de ideias e definição de roteiros são partes integrantes de uma boa gestão. Mas
lembre-se de que os projetos são ações pontuais, desenvolvidas em um período de tempo determinado.

A seguir apresentaremos os fatores críticos para o sucesso em gestão de projetos segundo Kerzner
(2006, p. 43), em que “(...) os fatores críticos de sucesso identificam aqueles aspectos indispensáveis para
atender às necessidades do cliente”, como o cumprimento da programação, do orçamento, da qualidade
e do processo de controle de mudança. As fases são as seguintes:

15
Unidade I

• Fase de aceitação pela gerência executiva: normalmente, é feita pela gerência executiva, a qual
deve considerar as recomendações dos funcionários; reconhecer que a mudança é necessária; e
entender a participação dos executivos na gestão de projetos.

• Fase de aceitação pelos gerentes de área: é feita pelos gerentes de área, os quais tenham a
disposição de colocar os interesses da empresa acima dos interessas pessoais; vontade de aceitar
responsabilidades; e ainda o entusiasmo de aceitar o progresso de colegas.

• Crescimento: reconhecer a necessidade de uma metodologia empresarial; apoiar um padrão de


monitoramento e de relatório; identificar a importância do planejamento efetivo.

• Maturidade: discernir que a programação e os custos são inseparáveis; rastrear os custos reais;
desenvolver treinamento em gestão de projetos.

Kerzner (2002, p. 46) afirma que “a maturidade em gestão de projetos é o desenvolvimento de


sistemas e processos que são por natureza repetitivos e garantem uma alta probabilidade de que cada
um deles seja um sucesso”. O mesmo autor afirma que “processos e sistemas repetitivos não são, por si,
garantia de sucesso. Apenas aumentam a sua probabilidade” (KERZNER, 2006, p. 25).

1.4 O ciclo de vida de um projeto

O ciclo de vida do projeto é uma série de fases pelas quais um projeto transita, do início à conclusão.
Em todas as fases temos um conjunto de atividades relacionadas de maneira lógica que se encerra na
conclusão de uma ou mais entregas. As fases podem ser sequenciais, iterativas ou sobrepostas. Os nomes,
a quantidade e a duração das fases do projeto são determinados pelas necessidades de gerenciamento e
controle das organizações envolvidas no projeto, pela natureza do projeto em si e sua área de aplicação.
As fases têm prazo definido, com um ponto de início, fim ou controle (às vezes denominado como
revisão de fase, ponto de verificação, marco ou outro termo semelhante). No ponto de controle, o termo
de abertura do projeto e os documentos de negócios são reexaminados com base no ambiente atual. Na
ocasião, o desempenho do projeto é confrontado com o seu plano de gerenciamento para determinar se
o projeto deve ser alterado, encerrado ou continuado conforme planejado. O ciclo de vida fornece uma
estrutura básica para o gerenciamento do projeto, independentemente do trabalho específico envolvido.
Embora os projetos variem em tamanho e complexidade, um projeto típico pode ser mapeado para a
seguinte estrutura de ciclo de vida:

• início do projeto;

• organização e preparação;

• execução do trabalho;

• encerramento do projeto.

Em um ciclo de vida, há, geralmente, uma ou mais fases relacionadas com o desenvolvimento do
produto, serviço ou resultado. Elas são chamadas de ciclo de vida de desenvolvimento e podem ser
16
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

preditivas, iterativas, incrementais, adaptativas ou um modelo híbrido. Todos os projetos podem


ser mapeados na estrutura genérica de ciclo de vida mostrada na figura a seguir.
Ciclo de vida do projeto

Início do Organização e Execução do Terminar


projeto preparação trabalho o projeto

Fases genéricas

Figura 2 – Ciclo de vida em projetos

Fonte: Guia PMBOK (2017, p. 548).

Os projetos têm vários componentes-chave, os quais, quando gerenciados de forma eficaz,


resultam numa conclusão bem-sucedida. É possível identificar e explicar esses elementos, pois eles se
inter‑relacionam durante o gerenciamento de um projeto.
Ciclo de vida do projeto

Início do Organização e Execução do Terminar


projeto preparação trabalho o projeto

Grupos de processos
Processos
Processos Processos de Processos de Processos de
de iniciação planejamento de execução monitoramento encerramento
e controle

10 áreas de conhecimento

Chave: Revisão de Fase do Uso potencial Linha de


fase projeto tempo

Figura 3 – Inter-relação dos componentes-chave do Guia PMBOK em projetos

Fonte: Guia PMBOK (2017, p. 18).

17
Unidade I

Na figura a seguir também é possível verificar o que apresenta a variação de níveis de custo e pessoal
em toda a estrutura genérica do ciclo de vida de um projeto.

Fases do ciclo de vida do projeto


Fase 1 Fase 2 Fase 3 Fase 4
Iniciar o Organização e Execução do trabalho Encerramento
projeto preparação do projeto
Custos e necessidades de pessoal

Tempo

Termo de Plano de Aceite das Documentação e


abertura do gerenciamento do entregas arquivamento
projeto projeto

Figura 4 – Níveis típicos de custo e pessoal em uma estrutura genérica do ciclo de vida de um projeto

Adaptada de: Guia PMBOK (2013).

A estrutura genérica do ciclo de vida apresenta as seguintes propriedades:

• Os níveis de custo e de mobilização (e da desmobilização) de recursos são baixos no início,


aumentam à medida que o trabalho é executado e caem aceleradamente de acordo com a
finalização do projeto.

• O risco é maior no início do projeto. Esses elementos reduzem-se ao longo do ciclo de vida do
projeto, à medida que as deliberações são tomadas e as entregas são aceitas.

• A capacidade das partes interessadas para influenciar as características finais do produto do


projeto, sem afetar significativamente os custos e o cronograma, é mais alta no início do projeto
e diminui à medida que o projeto progride para o seu término.

A figura a seguir ilustra o custo das mudanças e correções de erros, que geralmente aumenta
significativamente à medida que o projeto se aproxima do término.

18
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Alto
Risco

Grau
Custo das mudanças

Baixo
Tempo do projeto

Figura 5 – Impacto de variáveis ao longo do tempo

Fonte: Guia PMBOK (2017, p. 549).

O Guia PMBOK (2017, p. 19) afirma que “o ciclo de vida do projeto precisa ser flexível o suficiente
para lidar com a variedade de fatores incluídos no projeto”. É da natureza dos projetos evoluir na medida
em que informações mais detalhadas e específicas são disponibilizadas. Essa capacidade de evoluir e
se adaptar é mais relevante em ambientes com alto grau de mudança e de incerteza ou com ampla
variação da interpretação e expectativas das partes interessadas.

O nível de atividade, o custo e número de membros da equipe do projeto são relativamente baixos na
etapa de início do projeto, que envolve os seus primeiros passos e a definição de questões fundamentais
para a realização de qualquer plano, aumentando durante o planejamento, em que a organização e
preparação do projeto envolvem a montagem da equipe e o planejamento da jornada de trabalho,
orientada para o atingimento dos objetivos mapeados, alcançando seu ápice na etapa de execução,
quando é iniciada a fase de realização do trabalho, em que os entregáveis são construídos e apresentados
aos clientes, diminuindo novamente na etapa de encerramento do projeto, que é a entrega do produto
final ao cliente, com a consolidação da documentação do projeto, desmobilização da equipe de trabalho
e encerramento dos contratos com fornecedores.

Os ciclos de vida do projeto podem ser preditivos ou adaptativos. Em um ciclo de vida do projeto, há
geralmente uma ou mais fases associadas com o progresso do produto, serviço ou resultado. Elas são
chamadas de ciclo de vida de desenvolvimento. Tais ciclos podem ser preditivos, iterativos, incrementais,
adaptativos ou um modelo híbrido, sendo detalhados a seguir:

• Preditivo: o escopo, prazo e custo do projeto são determinados nas fases iniciais do ciclo de vida.
Quaisquer alterações no escopo são cuidadosamente gerenciadas. Os ciclos de vida preditivos são
também chamados de ciclos de vida em cascata.

• Iterativo (repetição de uma ou mais ações): o escopo do projeto geralmente é determinado


no início do ciclo de vida, mas as estimativas de prazo e custos são normalmente modificadas
à medida que a equipe do projeto compreende melhor o produto. As iterações desenvolvem

19
Unidade I

o produto por meio de uma série de ciclos repetidos, enquanto os incrementos acrescentam
funcionalidade do produto.

• Incremental: a entrega é produzida por meio de uma série de iterações que continuadamente
acrescentam funcionalidade em um prazo correto. A entrega contém a capacidade suficiente para
ser considerada completa somente após a iteração final.

• Adaptativos: são ágeis, iterativos ou incrementais. O escopo detalhado é definido e aprovado


antes do início de uma iteração. Eles também são chamados de ágeis ou de ciclos de vida
orientados às mudanças.

• Híbrido: é uma combinação de um ciclo de vida adaptativo e um preditivo. Os elementos do


projeto que sejam conhecidos ou que tenham requisitos estabelecidos seguem um ciclo de vida
de desenvolvimento preditivo, e os elementos que ainda estiverem em evolução seguem um
ciclo de vida de desenvolvimento adaptativo.

Cabe à equipe de gerenciamento do projeto determinar o melhor ciclo de vida de cada projeto. Este
precisa ser flexível o suficiente para lidar com a variedade de fatores incluídos no projeto. A flexibilidade
de ciclo de vida pode ser realizada por meio da identificação dos processos que precisam ser executados
em cada fase; execução dos processos identificados na fase apropriada; e ajuste das várias características
de uma fase (como, por exemplo, nome, duração, critérios de saída e critérios de entrada).

Os ciclos de vida do projeto são independentes dos ciclos de vida do produto que possa resultar de
um projeto. O ciclo de vida de um produto é a série de fases que representam a evolução de um produto,
da sua concepção à entrega, crescimento, maturidade e descontinuação.

1.5 Estruturas organizacionais para projetos

Maximiano (2008) diz que em uma estrutura organizacional se definem as responsabilidades, a


autoridade e o sistema de comunicação na empresa. Uma estrutura organizacional é a representação
da distribuição das pessoas pelas atividades da empresa. O autor ainda apresenta os critérios para
estruturar a equipe do projeto, a saber:

• Estrutura e análise do projeto: organiza a equipe do projeto de acordo com a sua estrutura
analítica, ou seja, atribui as entregas às pessoas.

• Fases de um projeto: através desse critério a equipe é organizada de acordo com a fase do projeto.

• Organização funcional do projeto: é a utilização da própria estrutura da empresa como critério


para compor a equipe do projeto.

• Partes do produto: têm como base o escopo do produto.

20
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Veja, no quadro a seguir, as influências das estruturas organizacionais nos projetos:

Quadro 2 – Influências das estruturas organizacionais nos projetos

Características do projeto
Tipos de Quem Pessoal
estrutura Grupos de Autoridade Papel do gerente Disponibilidade gerencia o administrativo de
organizacional trabalho do gerente do projeto de recursos orçamento do gerenciamento
organizados por do projeto projeto? de projetos
Em tempo parcial;
Orgânico ou Flexível: pessoas Pouca ou pode ou não Pouca ou Proprietário ou Pouco ou
simples trabalhando lado nenhuma ser um nenhuma operador nenhum
a lado papel designado,
como coordenador
Em tempo parcial;
Funcional Trabalho realizado Pouca ou pode ou não ser Pouca ou Gerente Em tempo
(centralizado) (ex.: engenharia, nenhuma um papel nenhuma funcional parcial
fabricação) designado, como
coordenador

Multidivisional Um grupo de:


(pode replicar produto; processos Em tempo parcial;
funções de produção; Pouca ou pode ou não Pouca ou Gerente Em tempo
para divisão portfólio; nenhuma ser um papel nenhuma funcional parcial
com pouca programa; região designado, como
centralização) geográfica; tipo de coordenador
cliente
Função, com Moderada a Função designada Gerente do
Matriz – forte gerente do projeto alta em tempo integral Moderada a alta projeto Full-time
como uma função
Em tempo parcial;
feito como parte
Matriz – fraca Função Baixa de outro trabalho e Baixa Gerente Em tempo
não uma função funcional parcial
designada, como
coordenador
Em tempo parcial;
incorporado nas
Matriz – Baixa a funções como uma Baixa a Em tempo
equilibrada Função moderada habilidade e pode moderada Misto parcial
não ser um papel
designado, como
coordenador
Orientado
a projetos Projeto Alta a quase Função designada Alta a quase total Gerente do Em tempo
(composto, total em tempo integral projeto integral
híbrido)
Estrutura de rede Poderia ser em
Virtual com nós nos pontos Baixa a Em tempo integral Baixa a Misto tempo integral
de contato com moderada ou parcial moderada ou parcial
outras pessoas
Híbrido Mix de outros tipos Mista Misto Mista Misto Misto

EGP* Mix de outros tipos Altatotal


a quase Função designada
em tempo integral Alta a quase total Gerente do
projeto
Em tempo
integral
* Escritório de Gerenciamento de Projetos

Fonte: PMI (2017, p. 47).

21
Unidade I

São inúmeros os fatores que a organização considera para inclusão em sua estrutura organizacional.
Cada fator pode ter um nível diferente de importância na análise final. A combinação do fator, seu valor
e importância relativa fornecem aos tomadores de decisão da organização as informações certas para
inclusão na análise.

1.6 O PMI e o Guia PMBOK

O Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos, conhecido também como PMI Book,


fornece orientações, regras e características do gerenciamento de projetos. Como esses padrões são
amplamente aceitos e aplicados de forma consistente, eles ajudam a obter a excelência profissional.

O termo “PMI” refere-se ao Project Management Institute Inc. Em sua sexta edição, cada área
de conhecimento tem uma seção com abordagens para ambientes ágeis, iterativos e adaptativos,
descrevendo como essas práticas se integram nas configurações do projeto. O guia também tem mais
ênfase no conhecimento estratégico e de negócios, incluindo a discussão de documentos de negócios
em gerenciamento de projetos e as habilidades essenciais para o sucesso no mercado atual.

Saiba mais

Você pode obter mais informações sobre o PMI e o PMBOK acessando


os links a seguir:

http://www.pmi.org (em inglês)

https://brasil.pmi.org (em português)

A seguir, veja o quadro com as diferenças entre a edição anterior (5ª edição) e a edição atual (6ª edição).

Quadro 3 – Diferenças entre a 5ª edição e a 6ª edição do Guia PMBOK

5ª edição 6ª edição
Gerenciamento da integração do projeto Gerenciamento da integração do projeto
4.1 Desenvolver o termo de abertura do projeto 4.1 Desenvolver o termo de abertura do projeto
4.2 Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto 4.2 Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto

4.3 Dirigir e gerenciar o trabalho do projeto 4.3 Dirigir e gerenciar o trabalho do projeto

4.4 Monitorar e controlar o trabalho do projeto 4.4 Gerenciar o conhecimento do projeto


4.5 Realizar o controle integrado de mudanças 4.5 Monitorar e controlar o trabalho do projeto
4.6 Encerrar o projeto ou a fase 4.6 Realizar o controle integrado de mudanças
4.7 Encerrar o projeto ou a fase

22
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

5ª edição 6ª edição
Gerenciamento do escopo do projeto Gerenciamento do escopo do projeto
5.1 Planejar o gerenciamento de escopo 5.1 Planejar o gerenciamento de escopo
5.2 Coletar requisitos 5.2 Coletar requisitos
5.3 Definir o escopo 5.3 Definir o escopo
5.4 Criar EAP 5.4 Criar EAP
5.5 Validar o escopo 5.5 Validar o escopo
5.6 Controlar o escopo 5.6 Controlar o escopo
Gerenciamento do tempo do projeto Gerenciamento do cronograma do projeto
6.1 Planejar o gerenciamento de tempo 6.1 Planejar o gerenciamento do cronograma
6.2 Definir atividades 6.2 Definir atividades
6.3 Sequenciar atividades 6.3 Sequenciar atividades
6.4 Estimar recursos da atividade 6.4 Estimar duração da atividade
6.5 Estimar duração da atividade 6.5 Desenvolver o cronograma
6.6 Desenvolver o cronograma 6.6 Controlar cronograma
6.7 Controlar cronograma
Gerenciamento dos custos do projeto Gerenciamento dos custos do projeto
7.1 Planejar o gerenciamento do custo 7.1 Planejar o gerenciamento do custo
7.2 Estimar custos 7.2 Estimar custos
7.3 Determinar o orçamento 7.3 Determinar o orçamento
7.4 Controlar custos 7.4 Controlar custos
Gerenciamento da qualidade do projeto Gerenciamento da qualidade do projeto
8.1 Planejar o gerenciamento da qualidade 8.1 Planejar o gerenciamento da qualidade
8.2 Realizar a garantia da qualidade 8.2 Gerenciar a qualidade
8.3 Realizar o controle da qualidade 8.3 Realizar o controle da qualidade
Gerenciamento de recursos humanos do projeto Gerenciamento dos recursos do projeto
9.1 Planejar o gerenciamento de recursos humanos 9.1 Planejar o gerenciamento dos recursos
9.2 Obter a equipe 9.2 Estimar os recursos das atividades
9.3 Desenvolver a equipe 9.3 Obter os recursos
9.4 Gerenciar a equipe 9.4 Desenvolver a equipe
9.5 Gerenciar a equipe
9.6 Controlar os Recursos
Gerenciamento das comunicações do projeto Gerenciamento das comunicações do projeto
10.1 Planejar o gerenciamento das comunicações 10.1 Planejar o gerenciamento das comunicações
10.2 Gerenciar as comunicações 10.2 Gerenciar as comunicações
10.3 Controlar as comunicações 10.3 Monitorar as comunicações
Gerenciamento de riscos do projeto Gerenciamento de riscos do projeto
11.1 Planejar o gerenciamento de riscos 11.1 Planejar o gerenciamento de riscos
11.2 Identificar riscos 11.2 Identificar riscos
11.3 Realizar análise qualitativa de riscos 11.3 Realizar análise qualitativa de riscos
11.4 Realizar análise quantitativa de riscos 11.4 Realizar análise quantitativa de riscos
11.5 Planejar respostas aos riscos 11.5 Planejar respostas aos riscos

23
Unidade I

5ª edição 6ª edição
Gerenciamento de riscos do projeto Gerenciamento de riscos do projeto
11.6 Controlar riscos 11.6 Implementar as respostas aos riscos
11.7 Monitorar os riscos
Gerenciamento de aquisições do projeto Gerenciamento de aquisições do projeto
12.1 Planejar o gerenciamento de aquisições 12.1 Planejar o gerenciamento de aquisições
12.2 Conduzir aquisições 12.2 Conduzir aquisições
12.3 Controlar aquisições 12.3 Controlar aquisições
12.4 Encerrar aquisições
Gerenciamento de stakeholders Gerenciamento de stakeholders
13.1 Identificar os stakeholders 13.1 Identificar os stakeholders
13.2 Planejar o gerenciamento de stakeholders 13.2 Planejar o gerenciamento de stakeholders
13.3 Gerenciar o engajamento de stakeholders 13.3 Gerenciar o engajamento de stakeholders
13.4 Controlar o engajamento de stakeholders 13.4 Monitorar o engajamento de stakeholders

Nenhuma mudança ocorreu nos cinco grupos de processos, que continuam sendo Iniciação,
Planejamento, Execução, Monitoramento e Controle e Encerramento.

Lembrete
O Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos, conhecido
também como PMI Book, fornece orientações, regras e características do
gerenciamento de projetos.

Os capítulos iniciais, de 1 a 3 no Guia PMBOK 5ª edição, passam a ser um único capítulo no Guia
PMBOK 6ª edição, com o nome “Elementos Fundamentais”. Já nas áreas de conhecimento tivemos
algumas alterações. Dos 47 processos existentes na 5ª edição do Guia PMBOK, três novos foram criados
e um foi excluído, a saber:

• 4.4 – Gerenciar o conhecimento do projeto, que oficializa a gestão das lições aprendidas nos projetos;
• 9.6 – Controlar recursos;
• 11.6 – Implementar respostas aos riscos.

O processo excluído foi o 12.4 – Encerrar as aquisições, o que, novamente, reflete a realidade da
maioria dos gerentes de projetos que não possuem a efetiva autoridade para encerrar um contrato,
apenas pontuando o término de suas entregas.

Um ponto bastante interessante na 6ª edição do Guia PMBOK é a inclusão de menções aos enfoques
ágeis na gestão de projetos. Cada uma das áreas de conhecimento recebeu uma nova seção que trata
de abordagens para ambientes ágeis e sua integração às configurações do projeto, o que, na prática, se
traduz em mais ferramentas à disposição do gerente de projetos.

24
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

De maneira geral, estas são as alterações mais significativas que temos na publicação oficial da
6ª edição do Guia PMBOK. Além disso, para cada área de conhecimento foi criada uma seção chamada
“conceitos-chave” que explica os seus fundamentos.

2 PROCESSOS E ÁREAS DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS

O gerenciamento de projetos é um tema bem crítico dentro de uma organização. Caso esse processo
não seja realizado de forma correta, todos os investimentos podem ser perdidos ou não apresentarão o
retorno esperado.

Cada projeto desenvolvido dentro de um negócio tem seus próprios desafios e é preciso que o gestor
domine várias áreas de conhecimento para realizar um bom gerenciamento de todos esses pontos.

2.1 Processos do gerenciamento de projetos

A gestão de projetos, apesar de ser um tema antigo, ganhou forças recentemente. A gestão é uma
especialização da administração e também do gerenciamento. Logo, o gestor não faz a mesma coisa que
o administrador e o gerente; a única diferença é que ele deve exercer o papel de forma mais criativa e
habilidosa, deixando de lado o arcaico.

A gestão possui princípios fundamentais como incentivar a participação, estimular a responsabilidade


e autonomia dos funcionários, mas tudo feito com o foco gerencial e com um processo administrativo.
O propósito principal é atingir todos os objetivos da empresa de modo a valorizar o conhecimento e as
habilidades das pessoas que fazem parte do negócio.

Já a administração tem a função de criar soluções para os problemas típicos de uma organização. Ela
cuida, portanto, de recursos financeiros, patrimoniais e humanos, bem como do marketing, da produção,
da concorrência, do mercado etc., tendo como finalidade atingir os objetivos da organização.

De forma geral, podemos classificar a administração como o macro do negócio; afinal, o objetivo
é levar em conta a empresa como um todo, para guiá-la para o melhor caminho. Para ser um bom
administrador, é necessário saber negociar, tomar decisões, estabelecer metas, liderar pessoas e
organizar recursos.

2.1.1 Fase de iniciação

Ao elaborar o termo de abertura do projeto e, em seguida, o plano de gerenciamento do projeto,


premissas e restrições precisarão ser identificadas e distribuídas entre todos os envolvidos. Porém,
muitas dúvidas ocorrem e certa desordem pode se mostrar quando se trata de premissas e restrições.
Vamos ver, de uma maneira fácil, como entender quando cada um deles deve ser aplicado.

Muitas vezes omitida no gerenciamento de projetos e definição do escopo do projeto é a identificação


das premissas e restrições do projeto. Teoricamente, premissa é tudo aquilo que se considera essencial
para o desenvolvimento do projeto.

25
Unidade I

Premissas são os fatores que, para fins de planejamento, são considerados verdadeiros, reais ou certos
sem prova ou demonstração. Ao iniciar um projeto, não temos todas as informações de forma clara e direta.
Existem algumas situações nas quais precisamos levantar hipóteses por não saber com 100% de certeza que
determinado evento vai ocorrer. Por isso usamos as premissas que irão descrever esse tipo de situação.

Exemplos de aplicação

Imaginemos que faremos um projeto de uma festa de casamento ao ar livre e que podemos
considerar que no dia da festa não irá chover. Como não temos 100% de certeza, isso se torna uma
premissa. Repare que a partir dessa premissa pode-se gerar um risco e, então, devemos pensar em como
lidar com esse risco.

Neste caso, podemos pensar que caso venha a chover, devemos desenvolver um plano a ser executado.
Esse é um risco com impacto negativo, vale lembrar que um risco nem sempre apresenta uma ameaça
ao projeto, eles podem ter um impacto positivo no projeto.

As premissas são utilizadas para o planejamento inicial e para se estabelecer as condições iniciais de
viabilização de um projeto. Um projeto em que não existem condições iniciais e tudo pode acontecer
está sujeito a escapar do controle.

A questão é: como identificar uma premissa no projeto?

Vamos exemplificar: imaginemos o projeto de construção de uma casa. Ao esboçá-lo, podemos


considerar que a casa terá o alvará de construção aprovado. Assim, estaremos assumindo que a parte
de documentação estará validada, não consideraremos a possibilidade de qualquer atraso ou negação
que possa impactar no projeto. Supondo que o alvará não seja aprovado, o projeto não poderá se
iniciar na data prevista.

Observação

Sempre que tivermos uma premissa, necessariamente, teremos um


risco atrelado.

Então, por que é necessário estabelecer premissas? Não bastaria apenas gerenciar os riscos? Vejamos
exemplos de premissas:

• trabalharemos com “estoque zero” e o fornecedor nos atenderá em até 24h;

• é assumido que a construção irá enfrentar três meses de chuvas no ano que vem;

26
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

• condições geográficas não serão um impedimento para a passagem de linhas de transmissão de


energia elétrica;

• obteremos as licenças legais até março;

• o dólar vai variar entre R$ 3,65 e R$ 3,75;

• é assumido que a documentação de liberação das obras estará disponível até o final de fevereiro;

• é admitido que vamos conseguir iniciar os trabalhos técnicos com a equipe de técnicos contratados
até dezembro.

Restrição é o estado, ou a qualidade, de estar restrito a uma determinada ação ou ociosidade. É uma
limitação aplicável, interna ou externa a um projeto, a qual prejudicará o seu desempenho.

Existem limites nas definições de um projeto que não podem ser ultrapassados por imposição
de um patrocinador do projeto. As restrições podem ter origem interna ou externa ao projeto;
consequentemente, muitas vezes são condições que estão fora da autoridade do gerente de projetos, ou
seja, ele deve incluí‑las no projeto de forma obrigatória.

Observação

Restrições ajudam a evitar riscos.

Alguns exemplos de restrições podem ser vistos a seguir:

• A equipe de projeto será limitada ao máximo de quatro projetistas.

• A obra deverá ser executada somente das 8:00h as 17:00h, de segunda a sexta-feira; portanto,
ela não poderá ser executada durante sábados, domingos e feriados. Se a equipe não respeitar o
horário permitido, o projeto poderá levar uma multa. Então existe um risco de ser multado, o que
afetaria o orçamento do projeto. A restrição de trabalhar somente no horário permitido evita
que o risco da multa aconteça.

• O ambiente da empresa sofre manutenção aos finais de semana, então esses dias não poderão
ser considerados.

• Necessidade de licenças legais para execução do projeto.

• O orçamento do projeto é de R$ 200.000,00.

• Deverão ser respeitadas as legislações de uso e ocupação do solo.

27
Unidade I

Conforme já vimos, premissas estão no campo da incerteza e restrições estão ligadas às obrigações
do projeto (e, por consequência, no campo das certezas). Aqui começa a confusão quando falamos
de premissas e restrições. A consideração de determinados fatores como certos ou incertos está
profundamente ligada à predisposição dos comprometidos com o projeto em correr riscos.

Se os comprometidos com o projeto têm baixa predisposição para assumir riscos, os fatores serão
limitados e haverá uma procura pela eliminação das incertezas do projeto através da criação de
restrições. Contudo, se os envolvidos no projeto são mais arrojados e têm uma tendência mais alta para
admitir riscos, é possível que os fatores incertos sejam declarados como tal e sejam conduzidos para o
gerenciamento de riscos. É natural que ambos tratem as restrições fortes como restrições e os fatores
realmente incertos como premissas. Por exemplo, ambos os cenários respeitarão as legislações como
restrições e os fatores climáticos (chuvas, por exemplo) como premissas.

Apesar disso, existe uma zona na qual os fatores podem flutuar, novamente, de acordo com a
predisposição para assumir riscos. Um exemplo é a premissa exemplificada anteriormente: é assumido
que o dólar irá variar entre R$ 3,65 e R$ 3,75. Se a organização não puder assumir o risco de o dólar
variar fora deste limite, esse fator deverá ser tratado como uma restrição e ações adicionais deverão ser
tomadas. A premissa é retirada e é criada uma restrição do tipo: a variação do dólar deverá ser restrita
entre R$ 3,65 a R$ 3,75, e, invariavelmente, uma operação de hedge deverá ser realizada, garantindo a
faixa de flutuação de dólar aceitável para o projeto.

Observação

Hedge significa proteção. É um contrato de risco cambial devido às


possíveis mudanças inesperadas na taxa de câmbio de uma moeda em
relação à outra para mitigar esses riscos.

Zona de - Premissas
incertezas - Riscos
Predisposição ao risco
Zona
cinza Aversão ao risco

Zona das - Restrições


certezas - Fatos

Figura 6 – Premissas e restrições: distribuição das zonas

Assim, as premissas e restrições são fundamentais para permitir a execução do projeto, sendo que as
restrições criam os limites para realizar o projeto e as premissas nos preparam para superar os eventos
que podem afetar o progresso do projeto.

28
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

2.1.2 Fase de planejamento

Planejar é criar um plano para alcançar um determinado objetivo. Assim, vamos falar do planejamento
estratégico, que é todo o processo de criação e execução de um padrão estratégico entre os objetivos e
capacidades da empresa com relação às mudanças das oportunidades no mercado.

A estratégia empresarial visa adaptar a organização para aproveitar as oportunidades das mudanças
do ambiente em que a empresa atua.

O processo de planejar envolve a parte criativa, de análise e decisão, bem como questionamentos
sobre o que fazer, quando fazer, como fazer, quanto custará, para quem será feito, por que será feito,
por quem e onde será feito. Toda atividade de planejamento nas empresas deverá resultar de decisões
presentes, tomadas a partir do exame do impacto delas no futuro, o que lhe possibilita uma dimensão
de alto significado.

Durante o planejamento de projetos também é aconselhável seguir normas como ISO 9001 –
Modelo para garantia de qualidade em projeto, desenvolvimento, produção, instalação e manutenção
– 1994: normas 4.4 e 4.7, e ISO 9000-3 – Diretrizes para a aplicação da ISO 9001 ao desenvolvimento,
fornecimento e manutenção de software – 1994: normas 5.4.1a, 5.3, 5.5.2a, 5.1,5.4.2, e 5.4.3

No planejamento de um projeto, os resultados devem ser descritos detalhadamente enquanto


produtos e subprodutos, as fases de realização e os critérios de aceitação dos produtos e serviços devem
ser negociados previamente e acordados, para avaliação futura e aceitação de resultados.

Saiba mais

Veja o vídeo “De onde vêm as boas ideias”, de Steven Johnson, no link a
seguir, para entender como as ideias e as inovações surgem.

DE ONDE vêm as boas ideias. 2017. 1 vídeo (17m10s). Publicado pelo


canal TEDGlobal 2010. Disponível em: https://bit.ly/3IHbJO8. Acesso em:
2 mar. 2022.

Observação

Sobre o processo de planejar, utilizamos o famoso 5W1H. A expressão é


originária de seis palavras em inglês: What (O quê?), When (Quando?), Who
(Quem?), Why (Por quê?), Where (Onde?) e How (Como?).

29
Unidade I

Também devemos considerar que o fato de o planejamento ser um processo de determinação de


um horizonte desejado e uma demarcação dos meios efetivos de torná-lo realidade justifica que o
planejamento anteceda à decisão e à ação.

Através do planejamento estratégico a empresa espera conhecer e utilizar melhor seus pontos fortes;
compreender e eliminar seus pontos fracos; saber das oportunidades externas; e conhecer e evitar as
ameaças. Além disso, para garantir uma melhor eficiência do plano devemos conhecer:

• as premissas básicas que devem ser consideradas no processo;

• as possibilidades de situações aspiradas pela empresa;

• os caminhos, inclusive as opções, a serem seguidos pela empresa;

• a aplicação do 5W e 2H:

— what: o que será feito nas etapas;

— why: por que será feito, que é a justificativa;

— where: onde será feito, ou seja, em que local;

— when: quando será feito e em qual tempo;

— who: por quem será feito e de quem é a responsabilidade;

— how: como será feito o método que será utilizado;

— how much: quanto custará fazer; ou seja, qual é o custo.

• onde alocar recursos.

Como resultado desse trabalho, o planejamento estratégico deverá apresentar as seguintes


consequências:

• direcionar os esforços para pontos coletivos;

• entendimento, por todos os colaboradores, da missão, dos propósitos, dos aspectos estratégicos,
dos objetivos gerais, dos objetivos funcionais, das metas, das políticas e dos projetos da empresa;

• estabelecimento de um compromisso de trabalho por um período de tempo que permita à empresa


trabalhar considerando as prioridades estabelecidas e as restrições justificadas.

30
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Vale lembrar que o planejamento estratégico possui três dimensões operacionais:

• Delineamento: abrange a construção do processo de planejamento estratégico.

• Elaboração: inclui a identificação das oportunidades e ameaças no ambiente da empresa (neste


caso, a análise SWOT é bem pertinente) e o uso de estimativas de risco para as alternativas.

• Implementação: envolve assuntos da empresa, os sistemas de informações, os incentivos, a


habilidade operacional, o treinamento e a liderança essencial ao progresso do processo.

Resumindo, o planejamento estratégico possui quatro aspectos de atuação:

• O que a empresa pode fazer no ambiente externo.

• O que a empresa é apta para fazer em termos de capacidade e competência.

• O que a alta administração da organização quer fazer, consideradas as possibilidades pessoais e


das equipes.

• O que a empresa deve fazer, considerando as restrições sociais e éticas.

2.1.2.1 Diagnóstico estratégico

Nesta fase do planejamento estratégico é preciso determinar como a empresa está na atualidade, e
este diagnóstico é realizado através de pessoas exclusivas de várias fontes de informações, que verificam
todos os tópicos próprios à realidade externa e interna da empresa.

A fase do diagnóstico estratégico pode ser dividida em três etapas:

• Identificação da visão: um dos principais momentos do planejamento estratégico. Nela,


identifica-se quais são os desejos dos acionistas, conselheiros e elementos da alta administração
da empresa, considerando que esse ponto de vista proporciona o grande esquema do planejamento
estratégico. Mostra aonde a empresa quer chegar e traz seus objetivos de longo prazo. É também
o que orienta suas ações e aspirações para o futuro. Motiva os colaboradores e líderes a irem
além e ajudar a empresa a conquistar grandes realizações, devendo ser uma meta palpável e
realista. Seria como um sonho a ser alcançado, mas que não estabelece prazos para tal. A visão
é considerada como um dos limites que os principais executivos da empresa conseguem
enxergar dentro de um período de tempo mais longo. A visão representa como a organização
se vê em longo prazo.

• Definição dos valores: os valores são ideias fundamentais em torno das quais a organização foi
construída. Se uma organização não cultiva valores socialmente éticos, dificilmente conseguirá
alcançar resultados positivos no longo prazo. Representam as convicções dominantes, as crenças
31
Unidade I

básicas, aquilo em que a maioria das pessoas da organização acredita. São elementos motivadores
que direcionam as ações das pessoas na organização, contribuindo para a unidade e a coerência
do trabalho. Sinalizam o que se persegue em termos de padrão de comportamento de toda a
equipe na busca da excelência. Por exemplo, temos: melhor produtividade; redução de custos;
processos de negócio mais simples; automação de tarefas; habilidade de fazer novas funções ou
tarefas; atendimento a padrões exigido pelo mercado ou pela lei; melhor usabilidade.

• Missão da empresa: aqui deve ser estabelecida a razão de ser da empresa, o que a empresa deve
fazer. Essa fase do processo de elaboração e implementação do planejamento estratégico é de
elevada criatividade, em que os executivos das empresas têm que explicitar as atividades atuais
da organização. A missão integra a identidade da empresa, em que procura-se determinar qual o
real negócio dela, por que ela existe ou, ainda, em que atividades a empresa deve concentrar seus
esforços no futuro.

Isso é de fácil compreensão na análise da situação de uma empresa fabricante de sabão em pó que
tenha como missão vender sabão em pó para empresas, enquanto outra empresa, do mesmo ramo, tenha
a missão de atender às necessidades das famílias na facilitação do processo lavagem de roupas. Assim, se
verifica que a primeira empresa identifica seu ramo básico de atividade, e a segunda vai muito além,
considerando a natureza de seus propósitos básicos.

Na realidade, a missão da empresa representa um futuro no qual ela pretende atuar, se vai
trabalhar nos negócios que aparecem nesse ponto de vista, desde que seja viável em relação aos vários
pontos ponderados. São considerados como os compromissos que a empresa se impõe no sentido de
cumprir sua missão.

Para Kotler (1991), a missão não deve ser colocada em termos de oferecer algum produto ou serviço para
satisfazer alguma necessidade do ambiente externo. Talvez seja correto dizer que a Totvs entrega serviços
em computação, a Ford monta e vende veículos e a Lacta fabrica e vende chocolates. Essas empresas,
realmente, fabricam e vendem esses produtos e serviços, mas o consumidor obtém mais do que o resultado
físico, adquire a reputação, credibilidade e a imagem que a empresa emprega em seus produtos.

2.1.2.2 Instrumentos prescritivos

Nesta fase, a análise é a de como chegar à situação que se deseja com o estabelecimento de metas
e objetivos:

• Objetivo estratégico: aqui se determina para onde a empresa deve dirigir seus interesses.

• Objetivo funcional: está relacionado com as áreas funcionais, devendo ser atingido com o
propósito de chegar aos objetivos da empresa.

• Meta: representa os passos ou etapas, quantificados e com prazos para atingir os objetivos.

32
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Os objetivos estratégicos consistem no que queremos alcançar. Assim, a razão de se traçar as metas
e os objetivos do negócio é orientar o caminho a ser utilizado para que a empresa cumpra sua missão
em direção à sua visão. Nas organizações, os objetivos estratégicos são ajustados em pelo menos um dos
seguintes itens: crescimento, lucro e prestígio. Vejamos cada um deles a seguir:

• Crescimento: podem pertencer aos fatores geográficos, aos mercados e às próprias linhas de
produtos e serviços. Por exemplo, dispor de filiais em todos os países da América Latina.

• Lucro: tem a ver com o desempenho financeiro e é, para as empresas, um dos critérios definitivos,
se não o maior, do sucesso da organização

• Prestígio: diz respeito à imagem da própria organização junto aos seus acionistas e de suas
marcas, produtos e serviços quando observados pelo mercado. Exemplos de objetivo de prestígio:
alcançar níveis de excelência na qualidade dos sistemas de atendimento ao cliente pela empresa.

As metas são etapas perfeitamente quantificadas, com prazos definidos, coerentes com uma
determinada estratégia para que os objetivos estratégicos sejam alcançados. A principal diferença entre
metas e objetivos é que as metas são as ações mensuráveis que estabelecem as etapas para se atingir
os objetivos. Já os objetivos indicam as intenções da empresa, é o caminho para chegar ao destino
que ela deseja.

A missão da empresa descreve o que ela é, e as suas metas são a forma de coordená-la em direção a
sua visão. Vejamos algumas características que podem estar presentes nas metas de empresas:

• Objetivos financeiros: como a contribuição para o lucro ou produtividade proporciona o retorno


sobre o investimento;

— são metas mensuráveis e específicas;

— estão ligadas à missão e visão da empresa;

— focam nos resultados;

— são desafiantes, porém realistas;

— são passíveis de controle;

— têm tempo limitado;

— são estratégicas;

— enfatizam o crescimento do negócio.

33
Unidade I

Pode-se definir as metas financeiras de uma empresa com frases como, por exemplo: atingir retorno
do investimento em agosto de 2020 ou atingir o ponto de equilíbrio em 12 meses.

Metas são resultados com os quais a empresa assume um compromisso definitivo; para atingi-las, a
empresa deve estar preparada com os recursos necessários para alcançar os resultados desejados.
As metas definidas para a empresa devem impor as opções de negócio, conduzindo as decisões em
toda a organização. Elas devem criar uma aliança indestrutível entre as ações da empresa e sua
missão, por exemplo:

• Objetivo: disponibilizar novos cursos de nível superior e tecnológico em EaD e aumentar o número
de vagas nos cursos de graduação existente.

• Meta: elevar em 25% o número de vagas dos cursos de graduação já existentes em um ano.

2.1.2.3 Estabelecimento de políticas funcionais e estratégias

A política é o alicerce da organização. É a definição dos níveis de delegação, faixa de valores e de


abrangência das estratégias e ações para o alcance dos objetivos. Corresponde à toda base de sustentação
para o planejamento estratégico. As políticas são diretrizes que expressam os limites dentre os quais as
ações dos funcionários da empresa devem se desenvolver, na busca dos seus objetivos estratégicos e
suas metas. Devem ser coerentes com os limites éticos estabelecidos pelos valores compartilhados pela
empresa; por exemplo, o cliente pode não ter sempre razão, mas é sempre o mais importante.

A estratégia é o caminho mais adequado a ser executado para alcançar os objetivos e as metas.
É importante procurar subdelegar estratégias para facilitar as alterações das ações de acordo com
as necessidades. As estratégias podem ser estabelecidas por área funcional da empresa, em que são
desenvolvidos os planos de ação, os quais são consolidados através de um conjunto de projetos.

As estratégias podem ser corporativas, de negócios, funcional ou operacional:

• Corporativa: orienta e conduz a corporação em seu ambiente econômico, social e político.


Consiste das mudanças feitas para estabelecer posições comerciais em diferentes indústrias e
abordagens usadas para gerenciar o grupo de negócios da empresa.

• Negócios: a estratégia do negócio é o plano geral de jogo para um único negócio, sendo
apresentada no padrão de mudanças elaboradas pela gerência para produzir um desempenho
bem-sucedido numa linha de negócio específica.

• Funcional: a estratégia funcional diz respeito ao plano gerencial de um departamento ou funcional


que seja a chave dentro do negócio. Cada função do negócio precisa de uma estratégia
funcional que conduz as suas ações no âmbito do negócio. Nesta ocasião, o ambiente da função
inclui, em particular, o negócio em que se insere.

34
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

• Operacional: as estratégias operacionais estão voltadas para a execução de tarefas e


compromissos cotidianos do negócio, e suas abordagens são restritas para o gerenciamento
de unidades operacionais-chave, como as fábricas e os centros de distribuição, por exemplo, e
para o tratamento de tarefas operacionais diárias que tenham significado estratégico, como as
campanhas de propaganda, a compra de material, o controle de estoque e a logística. Através
das estratégias operacionais saem as ações traçadas pelo nível tático para atingir os objetivos das
decisões estratégicas. As estratégias operacionais são planos bem mais detalhados que as etapas
anteriores, especificando as pessoas envolvidas. A responsabilidade principal pela estratégia
operacional normalmente é atribuída para os gerentes da linha de frente, mas estão sujeitas à
aprovação de seus chefes.

Segundo diversos autores, as estratégias corporativas podem ser:

Para Ansoff (1990):

• Penetração no mercado: exploração de produtos tradicionais em mercados tradicionais.


• Desenvolvimento de mercado: colocação de produtos comuns em novos mercados.
• Desenvolvimento de produto: são os novos produtos em mercados tradicionais.
• Diversificação: são os novos produtos em novos mercados.

Para Porter (2005):

• Diferenciação: identidade forte do produto faz com que a empresa invista pesado em imagem,
assistência técnica, distribuição, pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos, tecnologia e
qualidade com a finalidade de criar diferenciais para o consumidor.
• Liderança do custo: a empresa centra seus esforços na busca de eficiência produtiva, na ampliação
do volume de produção e na redução drástica de gastos com propaganda, distribuição, pesquisa
e desenvolvimento, tendo no preço um dos principais atributos valorizados pelo consumidor.
• Foco: significa definir um alvo limitado, em que a firma atende necessidades específicas de um
determinado grupo.

Para compreender melhor a função dessas três estratégias é preciso conhecer ainda as cinco forças
(definidas como uma análise da competitividade entre as empresas). Os cinco fatores que complementam
as estratégias competitivas são:

• rivalidade dos concorrentes;


• poder de negociação dos clientes;
• poder de negociação dos fornecedores;

35
Unidade I

• ameaça de entrada de novos concorrentes;


• ameaça de produtos substitutos.

Para Miles e Snow (2003):

• Defesa: permanência no mesmo mercado;


• Prospecção: busca de novas oportunidades;
• Análise: atuação em dois tipos de mercados;
• Reação: incapacidade de fazer ajustes.

Para Certo e Peter (2010):

• Estabilidade: permanência no mesmo mercado;

• Crescimento: busca de novas oportunidades;

• Redução de despesas: eliminação de desperdícios.

As estratégias competitivas que comumente se destacam nas empresas são:

• Liderança de custo baixo: empenhar-se para ser o detentor de baixo custo de um produto ou
serviço atraente para uma grande faixa de clientes, o que exige um esforço muito grande de
toda a empresa, pois esta busca obter uma vantagem competitiva, oferecendo ao mercado suas
mercadorias com custo mais baixo em relação ao seu concorrente.

• Grande diferenciação: procura diferenciar o produto investindo mais em fatores como imagem,
tecnologia, serviços, pesquisa e qualidade em relação ao mesmo produto oferecido pela concorrência
de maneira a atrair compradores com o objetivo de criar diferenciais para o consumidor.

• Fornecedor de melhor custo: oferece aos clientes mais valor pelo dinheiro, combinando o realce
de custo baixo com o destaque de diferenciação. A meta é obter os mais baixos custos e preços
em relação aos produtores de produtos semelhantes.

• Enfoque ou nicho de mercado: concentrar em um segmento mais estreito de compradores


e superar a concorrência dos rivais na base de menor custo para servir os membros do nicho,
oferecendo produtos e serviços estritamente destinados àqueles clientes inclusos em seu nicho de
atuação, não buscando atingir outros nichos.

• Enfoque ou nicho de mercado baseado na diferenciação: elege um segmento ou o grupo


de segmentos a serem servidos, para oferecer aos membros desse nicho um produto ou serviço
personalizado de acordo com suas necessidades.

36
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

2.1.2.4 Estabelecimento dos planos de ação

Aqui devem ser estabelecidas, a partir das estratégias e respeitando as políticas, os aspectos para o
plano de ação, valendo salientar que existem variados tipos de planos de ação, cabendo ao gerente do
projeto selecionar o que mais se adapta ao projeto em questão.

Os projetos são as tarefas a serem feitas com responsabilidades de execução, resultados com
quantificação de benefícios e prazos para execução predeterminados, considerando os recursos humanos,
financeiros e de materiais, bem como as áreas envolvidas no seu desenvolvimento. Já os programas
dizem respeito ao grupo de projetos similares quanto ao seu objetivo maior. Os planos de ação são os
grupos das partes comuns dos diversos projetos quanto ao assunto que está sendo analisado.

Quando se consideram as ferramentas determinadas, ocorre o momento mais adequado para a


definição da organização empresarial, pois somente dessa maneira se pode criar uma estrutura privada
de falhas e de divergências entre seus colaboradores, pois todos estão com seus esforços direcionados
para os propósitos estabelecidos.

2.1.2.5 Controle e avaliação

Nesta fase avalia-se como a empresa está indo para a situação pretendida.

O controle pode ser determinado como a ação necessária para garantir a realização das estratégias,
objetivos, desafios, metas e projetos estabelecidos. Esta função envolve processos de:

• avaliação do desempenho;
• comparação do desempenho real com os objetivos, metas e projetos estabelecidos;
• análise de desvios dos objetivos;
• a tomada de ação corretiva a partir das análises realizadas;
• supervisão para calcular a eficiência da ação corretiva;
• incorporação de informações ao processo de planejamento para os ciclos futuros das atividades
administrativas.

Até hoje, há poucos livros que tratam especificamente do assunto de gerenciamento de projetos.
Existem muitos manuais que apresentam formulários para licitações de projetos em órgãos públicos ou
determinam como os relatórios de desenvolvimento devem ser elaborados. Esses manuais não passam
de receitas para casos específicos de como fazer o planejamento do projeto e estão longe de tratar dos
aspectos mais relevantes, como o porquê fazer e como controlar.

Outra categoria de livro se reporta às técnicas como o Program Evaluation and Review Technique –
Critical Path Method, conhecido como PERT/CPM, que podemos traduzir como Técnica de Avaliação e

37
Unidade I

Revisão de Projetos – Caminho Crítico, aliado às técnicas de trabalho em equipe e em rede (workgroup –
grupo de trabalho; e network, rede de contatos).

2.1.3 Fase de execução e controle

Conforme o Guia PMBOK (2017, p. 179): “Planejar o gerenciamento do cronograma é o processo de


estabelecer as políticas, os procedimentos e a documentação para o planejamento, desenvolvimento,
gerenciamento, execução e controle do cronograma do projeto”. O principal benefício deste processo é
que ele fornece orientação e instruções sobre como o cronograma será gerenciado ao longo de todo o
projeto. Esse processo é realizado uma vez ou em pontos predefinidos no projeto. As entradas e saídas
deste processo estão ilustradas na figura a seguir:

Entradas Saídas

1. Termo de abertura do projeto 1. Plano de gerenciamento do projeto


2. Saídas de outros processos
3. Fatores ambientais da empresa
4. Ativos de processos organizacionais

Figura 7 – Planejar o gerenciamento do cronograma: entradas e saídas

Fonte: Guia PMBOK (2017, p. 571).

Conforme o Guia PMBOK (2017, p. 183):


Definir as atividades é o processo de identificação e documentação das
ações específicas a serem realizadas para produzir as entregas do projeto.
O principal benefício deste processo é a divisão dos pacotes de trabalho
em atividades que fornecem uma base para estimar, programar, executar,
monitorar e controlar os trabalhos do projeto. Este processo é realizado ao
longo do projeto.

Ainda segundo o Guia PMBOK (2017, p. 187):


Sequenciar as atividades é o processo de identificação e documentação dos
relacionamentos entre as atividades do projeto. O principal benefício deste
processo é definir a sequência lógica do trabalho a fim de obter o mais alto
nível de eficiência em face de todas as restrições do projeto.

O Guia ainda complementa (2017, p. 195):


Estimar as durações das atividades é o processo de estimativa do número
de períodos de trabalho que serão necessários para terminar atividades
individuais com os recursos estimados. O principal benefício deste processo
é fornecer a quantidade de tempo necessária para concluir cada atividade.
38
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Por fim, temos a seguinte definição (2017, p. 205):

Desenvolver o cronograma é o processo de analisar sequências de


atividades, durações, requisitos de recursos e restrições de cronograma
para criar o modelo de cronograma para execução, monitoramento e
controle do projeto. O principal benefício deste processo é a geração de
um modelo de cronograma com datas planejadas para a conclusão das
atividades do projeto. Este processo é realizado ao longo do projeto.

2.1.4 Fase de encerramento

Encerrar o projeto ou a fase é o processo de finalização de todas as atividades do projeto, da fase


ou do contrato. Os principais benefícios são o arquivamento das informações do projeto ou da fase, a
conclusão do trabalho planejado e a liberação dos recursos empresariais para utilização em novos
empreendimentos. Esse processo é realizado uma vez ou em pontos predefinidos no projeto. As entradas,
ferramentas e técnicas, e saídas do processo são mostradas na figura a seguir:

Entradas Ferramentas e técnicas Saídas

1. Termo de abertura do projeto 1. Opinião especializada 1. Atualizações de documentos


2. Plano de gerenciamento do projeto: 2. Análise de dados: do projeto:
– Todos os componentes – Análise de documentos – Registro das lições aprendidas
3. Documentos do projeto: – Análise de tendências 2. Transição do produto, serviço
ou resultado final
– Registro de premissas – Análise de variação
3. Relatório final
– Bases das estimativas 3. Reuniões
4. Atualizações de ativos de
– Registro das mudanças processos organizacionais
– Registro das questões
– Registro das lições aprendidas
– Lista de marcos
– Comunicações do projeto
– Medições de controle da qualidade
– Relatórios de qualidade
– Documentação dos requisitos
– Registro dos riscos
– Relatório de riscos
4. Entregas aceitas
5. Documentos de negócios:
– Business case
– Plano de gerenciamento de
benefícios
6. Acordos
7. Documentação de aquisições
8. Ativos de processos organizacionais

Figura 8 – Encerrar o projeto ou a fase: entradas, ferramentas e técnicas, e saídas

Fonte: Guia PMBOK (2017, p. 121).

39
Unidade I

Durante o encerramento do projeto, o gerente do projeto deve revisar o plano de gerenciamento do


projeto para garantir que todo o trabalho esteja concluído e que o projeto cumpriu os seus objetivos.
As atividades necessárias para o encerramento administrativo do projeto ou fase incluem, entre outras:

• Ações e atividades necessárias para atender aos critérios de conclusão ou encerramento


para a fase ou projeto, como:

— certificar-se de que todos os documentos e as entregas estão atualizados e que todas as


questões foram resolvidas;

— confirmar a entrega e a aceitação formal das entregas pelo cliente;

— assegurar que todos os custos estão lançados no projeto;

— encerrar as contas do projeto;

— liberar o pessoal;

— lidar com o excesso de material do projeto;

— liberar as instalações, equipamentos e outros recursos do projeto;

— elaborar os relatórios finais do projeto conforme exigido pelas políticas organizacionais.

• Atividades relacionadas à conclusão dos acordos contratuais aplicáveis ao projeto ou à


fase dele, como:

— confirmar a aceitação formal do trabalho do vendedor;

— finalizar reivindicações pendentes;

— atualizar registros para refletir resultados finais;

— arquivar as informações para uso futuro.

• Atividades necessárias para:

— coletar registros do projeto ou fase;

— auditar o sucesso ou a falha do projeto;

— gerenciar o compartilhamento e a transferência de conhecimento;

40
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

— identificar lições aprendidas;

— arquivar as informações do projeto para uso futuro da organização.

• Ações e atividades necessárias para transferir os produtos, serviços ou resultados do


projeto para a próxima fase ou para produção e/ou operações:

— coletar sugestões para aprimoramento ou atualização das políticas e procedimentos da


organização e enviá-las à unidade organizacional apropriada;

— avaliar a satisfação das partes interessadas.

Segundo o Guia PMBOK (2017, p. 123):

O processo encerrar o projeto ou a fase também estabelece os procedimentos


para investigar e documentar os motivos de ações realizadas se o projeto
for encerrado antes da sua conclusão. Para que isso seja conseguido com
sucesso, o gerente do projeto precisa envolver todas as partes interessadas
apropriadas no processo.

As reuniões são usadas para confirmar se as entregas foram aceitas, validar se os critérios de
encerramento foram cumpridos, formalizar a conclusão dos contratos, avaliar a satisfação das partes
interessadas, reunir lições aprendidas, transferir conhecimento e informações do projeto e comemorar
o sucesso. Entre os participantes incluem-se membros da equipe do projeto e outras partes interessadas
envolvidas ou afetadas pelo projeto. As reuniões podem ser presenciais, virtuais, formais ou informais.
Os tipos de reunião incluem, entre outros, aquelas para emissão do relatório de encerramento, de
finalização com o cliente, de lições aprendidas e de comemoração.

Segundo o Guia PMBOK (2017, p. 125):

As entregas aceitas podem incluir especificações de produto aprovadas,


recibos de entrega e documentos de desempenho do trabalho. As entregas
parciais ou temporárias também podem ser incluídas para projetos
faseados ou cancelados.

Os critérios de aceitação devem ser suficientemente específicos e mensuráveis, de forma a não haver
dúvidas em uma revisão para aceite. Além do objetivo do projeto, é fundamental saber sua abrangência,
a situação atual, os prazos e os custos estimados. Se houve outros projetos semelhantes anteriormente,
se falharam e por que falharam, e quais realmente são os requisitos do cliente.

Seguindo a estratégia de definir os objetivos durante o planejamento de projetos, a abrangência,


os produtos e subprodutos, e só então estabelecer as atividades e os controles, a ação seguinte mais
importante de um projeto é o faseamento, que é o particionamento e a organização lógica/coerente das
atividades do projeto com vistas nos resultados.
41
Unidade I

Qualquer projeto deve transformar-se em uma série de fases, em que o gerente possa visualizar o
começo, o meio e o fim de cada uma delas.

O Guia PMBOK (2017, p. 615) determina que:

Monitorar e controlar o trabalho do projeto é o processo de


acompanhamento, análise e relato do progresso geral para atender aos
objetivos de desempenho definidos no plano de gerenciamento do projeto.
O principal benefício deste processo é permitir que as partes interessadas
entendam a situação atual do projeto, reconheçam as ações adotadas para
abordar quaisquer problemas de desempenho e tenham visibilidade sobre
a situação futura do projeto, com previsões de custos e cronograma.

Este processo é realizado ao longo do projeto. A figura a seguir oferece uma visão macro desse
processo apresentando ainda todas as entradas, ferramentas e técnicas, e saídas:

Entradas Ferramentas e técnicas Saídas

1. Plano de gerenciamento 1. Opinião especializada 1. Relatórios de desempenho do


do projeto: trabalho
2. Análise de dados:
– Qualquer componente 2. Solicitações de mudança
– Análise de alternativas
2. Documentos do projeto: 3. Atualizações do plano de
– Análise de custo-benefício gerenciamento do projeto:
– Registro de premissas – Análise de valor agregado – Qualquer componente
– Bases das estimativas – Análise de causa-raiz 4. Atualizações de documentos
– Previsões de custos – Análise de tendências do projeto:
– Registro das questões – Análise de variação – Previsões de custos

– Registro das lições aprendidas 3. Tomada de decisões – Registro das questões


4. Reuniões – Registro das lições aprendidas
– Lista de marcos
– Registro dos riscos
– Relatórios de qualidade
– Previsões do cronograma
– Registro dos riscos
– Relatório de riscos
– Previsões do cronograma
3. Informações sobre o
desempenho do trabalho
4. Acordos
5. Fatores ambientais da empresa
6. Ativos de processos
organizacionais

Figura 9 – Fase de monitorar e controlar o trabalho do projeto

Fonte: Guia PMBOK (2017, p. 105).

42
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Lembrete

Os processos do gerenciamento de projetos tem quatro fases: fase de


iniciação, planejamento, execução e controle, e, por fim, a fase de encerramento.

Qualquer alteração no plano de gerenciamento do projeto passa pelo processo de controle de


mudanças da organização através de uma solicitação de mudança. Qualquer componente do plano
de gerenciamento do projeto pode ser atualizado como resultado deste processo.

Resumo

Foram vistos o conceito e as características de um projeto, os seus


benefícios nas organizações e o ciclo de vida de um projeto. Vimos que a
gestão de projetos e processos é uma das partes fundamentais para que as
empresas alcancem o sucesso em suas atividades.

Os processos e projetos são ações que constroem a rotina e o funcionamento


da organização. Eles dão sustentação ao trabalho e o propósito da equipe,
independentemente do ramo ou do porte da empresa. Alguns são de curtíssima
duração, como empreendimentos que duram apenas alguns dias e utilizam
mínimos recursos. Mas, por outro lado, também temos os projetos de médio e
longo prazos, que merecem e exigem um montante de recurso materiais e na
área financeira e necessitam de uma proposta de viabilidade bem elaborada,
pois o objetivo é levar em conta a empresa como um todo, para guiá-la para
o melhor caminho.

Abordaram-se os processos do gerenciamento de projetos que envolvem


as fases de iniciação, planejamento, execução e controle e o encerramento,
das premissas e restrições que são fundamentais para permitir a execução
do projeto, sendo que as restrições criam os limites para realizar o projeto
e as premissas nos preparam para superar os eventos que podem afetar o
progresso do projeto.

43
Unidade I

Exercícios

Questão 1. (Funece/CEV 2018) O ciclo de vida de um projeto é a divisão da Gestão do Projeto em fases
menores, pelas quais ele deve passar de seu início até seu término. As fases do ciclo de vida de projetos
são definidas pela organização ou pelo gerente de projetos, conforme aspectos específicos da organização,
setor ou tecnologia empregada. No entanto, é possível mapear quatro fases genéricas a todos os ciclos de
vida, quais sejam:

A) Análise da demanda, estudo preliminar, execução e encerramento.

B) Iniciação, plano de riscos/ajustes, execução e encerramento.

C) Iniciação, organização/preparação, execução e encerramento.

D) Planejamento, execução, ajustes e alterações e encerramento.

E) Execução, ajustes e alterações, encerramento e avaliação.

Resposta correta: alternativa C.

Análise da questão

O ciclo de vida do projeto é uma série de fases pelas quais um projeto transita, do início à conclusão.
Fornece uma estrutura básica para o gerenciamento do projeto, independentemente do trabalho
específico envolvido, sendo que um projeto típico tem a seguinte estrutura em seu ciclo: início,
organização e preparação, execução e, por fim, o encerramento. Considerando a estrutura do ciclo,
apenas a alternativa C apresenta as fases corretamente.

Questão 2. De acordo com Vargas (2005), os projetos correspondem a atividades caracterizadas por
uma sequência clara e lógica de eventos para que atinjamos objetivos com tempo, custos e recursos
prévios definidos.

Com base no exposto e nos seus conhecimentos, avalie as asserções a seguir e a relação proposta
entre elas.

I – Os projetos integram diversos recursos organizacionais e precisam de uma coordenação que faça
o monitoramento e a gestão de itens como de prazos, custos e desempenho.

porque

II – O escopo dos projetos abrange os variados níveis organizacionais e, também, atores externos à
instituição, fornecedores, clientes e parceiros, por exemplo.

44
GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Assinale a alternativa correta:

A) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II justifica a asserção I.

B) As asserções I e II são verdadeiras, e a asserção II não justifica a asserção I.

C) As asserções I e II são falsas.

D) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa.

E) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira.

Resposta correta: alternativa A.

Análise da questão

No livro-texto, vimos que, segundo Vargas (2005, p. 7), os projetos

são atividades caracterizadas por uma sequência clara e lógica de eventos


para atingir objetivos dentro de tempo, custo e recursos prévios definidos,
combinam recursos organizacionais e necessitam de uma coordenação para
controle de prazos, custos e desempenho, pois atingem todos os níveis de
uma organização e as partes interessadas externas à instituição, assim como
os clientes, fornecedores, parceiros, governo etc.

45

Você também pode gostar