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O Prof. Me. Joaquim Ribeiro tem ampla experiência em treinamento em programas realizados nas mais diversas
empresas do Brasil e no exterior. Possui mestrado em Tecnologia Nuclear na USP; pós-graduação lato sensu em Gestão
Estratégica na Unopec; pós-graduação lato sensu em Administração de Marketing na Universidade São Judas Tadeu e
pós-graduação lato sensu em Qualidade & Produtividade na FEI.
Possui experiência industrial envolvendo processos de usinagem e implantação de sistemas de qualidade, além
de experiência na gestão de marketing com foco no desenvolvimento de produtos. Desenvolve pesquisas de clima
organizacional, satisfação em treinamento, pesquisas de audiência televisiva e pesquisas de intenção de voto,
fornecendo mais de 100 treinamentos in company em conceituadas empresas, entre elas: Sew Eurodrive, Abbot, Budai,
Lumen Química, Madis Rodbel, Pilkington Blindex, General Motors, Macaferri. Possui ainda mais de 80 turmas treinadas
no Master Mind e no Dale Carnegie Training. Além disso, já proferiu mais de cem palestras motivacionais.
Ministra aulas para várias turmas no MBA do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP e no MBA das
Faculdades Oswaldo Cruz e Unimódulo. Possui diversas turmas divididas em várias faculdades e universidades, no ensino
presencial e EaD, com foco principalmente nas disciplinas ligadas à negócios, marketing, logística, e gerenciamento
de pessoas.
Alexandre Laurindo Fernandes é natural de São Paulo – SP. É graduado em Administração de Empresas com
habilitação em Comércio Exterior pela Unibero, com MBA em Marketing pela Universidade Anhembi Morumbi e Gestão
Empresarial pela FIA – Fundação Instituto de Administração.
Trabalhou em empresas de grande porte na área de Gestão Empresarial, Marketing, Análise Financeira e Tecnologia.
Atualmente, é consultor de empresas em uma grande instituição e professor da Universidade Paulista – UNIP. Também
leciona e ministra palestras em outras instituições de ensino.
CDU 658.3
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Janandréa do Espírito Santo
Sumário
Gerenciamento de Pessoas
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................8
Unidade I
1 O HOMEM INTEGRADO AO TRABALHO....................................................................................................11
1.1 Motivação: necessidades humanas e teorias motivacionais............................................... 14
1.1.1 Maslow: teoria de hierarquia das necessidades.......................................................................... 15
1.1.2 Hezberg: teoria de higiene................................................................................................................... 17
1.1.3 McClelland: teoria das necessidades adquiridas......................................................................... 18
1.1.4 McGregor: teoria da participação..................................................................................................... 19
1.1.5 Vroom: teoria da expectativa ............................................................................................................ 20
1.1.6 Stacy Adams: teoria da equidade..................................................................................................... 21
1.1.7 Edwin Locke: teoria do estabelecimento de objetivos.............................................................. 21
1.1.8 Teoria do reforço...................................................................................................................................... 22
1.2 Ciclo motivacional................................................................................................................................ 22
1.3 Barreiras para a motivação............................................................................................................... 24
1.4 Fatores nocivos da frustração.......................................................................................................... 27
2 COMPETÊNCIA, COMPROMETIMENTO E IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES
NO TRABALHO....................................................................................................................................................... 29
2.1 Desempenho individual e metas organizacionais.................................................................... 32
Unidade II
3 MOTIVAÇÃO E PRODUTIVIDADE................................................................................................................. 39
3.1 Como aumentar a produtividade pela motivação................................................................... 41
3.2 O salário motiva..................................................................................................................................... 43
3.3 O papel do líder na motivação das pessoas............................................................................... 46
3.4 O trabalho em equipe.......................................................................................................................... 49
4 TOMADA DE DECISÃO, DELEGAÇÃO E NEGOCIAÇÃO......................................................................... 57
4.1 Delegação................................................................................................................................................. 57
4.2 Negociação.............................................................................................................................................. 57
4.2.1 Separar os indivíduos do problema.................................................................................................. 59
4.2.2 Focar os interesses................................................................................................................................... 59
4.2.3 Buscar formas de ganho mútuo........................................................................................................ 59
4.2.4 Buscar critérios objetivos..................................................................................................................... 60
Unidade III
5 FATORES E DIMENSÕES DO CLIMA ORGANIZACIONAL.................................................................... 66
5.1 Metodologia............................................................................................................................................ 67
5.1.1 Objetivos de uma pesquisa de clima organizacional................................................................ 70
5.2 Análise dos resultados quantitativos.............................................................................................71
5.3 Análise dos resultados qualitativos................................................................................................ 73
5.4 Conclusão e plano de ação............................................................................................................... 74
5.5 Eficácia do processo............................................................................................................................. 78
5.6 Implementação e manutenção dos planos de melhoria....................................................... 79
6 RELAÇÃO ENTRE O CLIMA ORGANIZACIONAL E O DESEMPENHO INDIVIDUAL E
ORGANIZACIONAL............................................................................................................................................... 81
Unidade IV
7 SISTEMAS DA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS........................................................... 86
7.1 Subsistema de provisão de recursos humanos......................................................................... 87
7.1.1 Processo de recrutamento................................................................................................................... 88
7.1.2 Processo de seleção................................................................................................................................ 91
7.1.3 Coleta de informações sobre o cargo.............................................................................................. 92
7.1.4 Etapas da seleção..................................................................................................................................... 93
7.2 Subsistema de aplicação de recursos humanos....................................................................... 94
7.2.1 Para promover a socialização............................................................................................................. 95
7.2.2 Integração e a socialização ao ambiente de trabalho.............................................................. 96
7.2.3 Administração de cargos...................................................................................................................... 98
7.2.4 Benefícios da avaliação de cargos.................................................................................................... 98
7.2.5 Avaliação de desempenho................................................................................................................... 99
7.2.6 Metodologias...........................................................................................................................................101
7.2.7 Tendências para avaliações de desempenho..............................................................................101
7.2.8 Etapas de uma avaliação de desempenho..................................................................................102
7.2.9 Métodos de avaliação de desempenho........................................................................................103
7.3 Subsistema de desenvolvimento de recursos humanos......................................................104
7.3.1 Objetivos do treinamento...................................................................................................................106
7.3.2 Métodos de treinamento e desenvolvimento............................................................................106
7.3.3 Etapas de um programa de treinamento e desenvolvimento.............................................107
7.4 Subsistema de manutenção de recursos humanos...............................................................109
7.4.1 Tendência da remuneração salarial.................................................................................................111
7.4.2 Benefícios sociais...................................................................................................................................112
7.4.3 Segurança, saúde e qualidade de vida no trabalho................................................................. 113
7.5 Subsistema de monitoração de recursos humanos............................................................... 114
7.5.1 Sistemas de informações....................................................................................................................114
8 DIFICULDADES BÁSICAS NA ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS............................ 117
8.1 Função de Staff da ARH................................................................................................................... 118
8.2 Centralização e descentralização da ARH................................................................................. 119
APRESENTAÇÃO
Assim, precisamos compreender que as pessoas são parceiras da organização e assim devemos tratá-
las. Parceiros não são somente os clientes e fornecedores, mas também os acionistas/investidores e os
seus trabalhadores. Optamos por utilizar o termo trabalhador por ser uma classificação mais abrangente,
visto que envolve tanto as pessoas que possuem vínculo empregatício com a organização como as que
não possuem, além de abranger todos os níveis hierárquicos. Vale lembrar que algumas organizações
preferem outras terminologias, como: funcionários, empregados, parceiros, colaboradores, associados,
entre outros. Entretanto, acreditamos que a terminologia adotada não representa, na maioria dos casos,
a forma como as organizações tratam seus trabalhadores.
Nas empresas tradicionais – estamos nos referindo às empresas que não se adaptaram às
mudanças – a área de Gerenciamento de Pessoas é vista como uma área que só dá despesas, sem
muita influência na gestão da organização. Entretanto, as empresas modernas, preocupadas com
sua sobrevivência no mercado e seu aperfeiçoamento contínuo, veem a área de Gerenciamento
de Pessoas como uma importante aliada, adotando estratégias de atuação compartilhada. Por
exemplo, se é necessário fazer uma mudança na disposição dos equipamentos e móveis do
escritório visando a aperfeiçoar o espaço e reduzir gastos com energia, não se vislumbra apenas
a redução de despesas, mas o impacto que isso gerará no comportamento das pessoas que serão
submetidas a tal mudança.
Para tratar desses conceitos, a disciplina de Gerenciamento de Pessoas tem como objetivos:
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• Unidade III: Fatores e dimensões do clima organizacional.
• Unidade IV: Sistemas da Administração de Recursos Humanos.
Bom estudo!
INTRODUÇÃO
Certamente você já ouviu muito falar em mudança de paradigmas e globalização. Pois bem, esses
processos fazem parte de nossas vidas e a eles não podemos fechar os olhos. Primeiro, vamos definir
o que é paradigma: trata-se de uma ideia que adotamos como um ponto de apoio, a qual, muitas
vezes, não estamos muito receptivos a mudar. Por exemplo: fazer sempre o mesmo caminho de casa ao
trabalho e vice-versa.
Entretanto, mudar paradigmas é preciso. Continuemos com nosso exemplo: com os perigos que a
vida urbana nos trouxe no final do século XX e no início de século XXI, sabemos que esse paradigma
(percorrer sempre o mesmo caminho de casa ao trabalho e vice-versa) pode nos expor a riscos, como
sermos observados por pessoas mal-intencionadas; portanto, os especialistas em segurança alertam:
“Mudem sempre de caminho!” E nós complementamos: mudar alguns paradigmas é necessário. Diante
disso, você consegue lembrar alguma mudança de paradigma necessária para sua segurança ou
crescimento profissional? Lembre-se: paradigma não é necessariamente algo negativo, todos nós temos,
apenas não podemos nos “fechar” para as possibilidades de mudança. Sabe aquele ditado: “Em time que
está ganhando não se mexe?”, pois bem, esqueça.
Nas modernas organizações, inovar é preciso, mesmo que tudo esteja indo bem. Se você ainda
tem resistências às mudanças, lembre-se da significativa letra de música do cantor e compositor
Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada
sobre tudo”.
Globalização: o que você entende por esse termo tão utilizado na mídia, nas organizações e em
nossa vida? Muitas vezes, parece algo que surge de repente, pega-nos de surpresa e do qual temos que
“corremos atrás” para não sermos atropelados. Já teve essa sensação? A globalização nada mais é do
que um processo que visa a amenizar as barreiras econômicas e protecionistas dos países, objetivando,
com isso, facilitar o acesso a produtos, bens e serviços. Entretanto, não podemos nos esquecer de que
a globalização também influencia os aspectos sociais e culturais, por exemplo, em nossos hábitos de
vestimenta e alimentação.
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Gerenciamento de Pessoas (GP), Gestão de Pessoas, Administração de Recursos Humanos,
Desenvolvimento Humano, Gestão do Capital Humano e Relações Humanas, são algumas das
terminologias utilizadas para definir a área que foca a relação entre as pessoas e a organização. Claro que
em todos os ambientes da organização encontraremos essa relação, entretanto, a área de Gerenciamento
de Pessoas é o segmento organizacional especializado em tornar essa relação mais produtiva, eficiente
e gratificante para todos os envolvidos.
Caso atue em parceria com a área de Gerenciamento de Pessoas, a organização tomará essa
decisão – fazer modificações na área do escritório – somente se tal mudança for avaliada como positiva
para os envolvidos. Nas empresas modernas, a área de Gerenciamento de Pessoas é compreendida
como um centro de lucro cujos indicadores, como: absenteísmo (ausência no trabalho), rotatividade
(entrada e saída de pessoas nos cargos), horas de treinamentos, entre outros, representam importantes
aliados da gestão empresarial, pois darão um direcionamento de como a empresa deve ou não atuar.
Ao retomar o tema inicial – sobre paradigmas –, você sabia que o novo paradigma das organizações
na maneira de gerenciar pessoas é privilegiar a busca pelo bem-estar? Os aspectos enfatizados são:
praticidade, ética, prazer intelectual e autoconhecimento. As organizações que primam por esses
aspectos conseguem reter e manter motivados os seus trabalhadores.
9
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GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Unidade I
1 O HOMEM INTEGRADO AO TRABALHO
Dale Carnegie
Você já se deu conta de que o trabalho só existe para financiar nosso tempo livre? Que se não
precisássemos de dinheiro para passeios, comida, casa, remédios, médicos etc., poucos de nós ainda
assim buscariam trabalho? Acontece que, sem nos darmos conta, o que era para ser uma ocupação
secundária acaba se tornando o elemento central na vida de muitas pessoas. Algumas nem sequer
aposentam-se para desfrutar dos benefícios que buscaram no trabalho. O que torna esta reflexão ainda
mais grave é a conclusão de que pouquíssimos gozam de satisfação em seu labor e, por isso, tornam seu
trabalho um verdadeiro e interminável martírio.
Exemplo de aplicação
Pergunte aos seus amigos e familiares a respeito de sua satisfação no trabalho, a nova escolha que
faria se tivessem outra chance de recomeçar e, ainda, se pretendem que seus filhos sigam seus passos
na mesma profissão.
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Unidade I
O homem que coloca toda sua motivação a favor de seu trabalho encontra o melhor de si nas tarefas
a que se dedica. Essa é, no entanto, uma missão quase impossível de se manter por todo o tempo e em
todas as circunstâncias. É comum ouvir que “a faculdade quem faz é o aluno”, isso por quem considera
que a faculdade nada poderá fazer por alguém que nada, ou muito pouco esteja disposto a fazer
por si. Esse exemplo muito simples remete também à questão do trabalho. O pensamento que abre
este capítulo trata da concentração naquilo que se faz hoje, com toda a nossa imaginação e o nosso
entusiasmo, afinal, só no tempo presente é que podemos nos empenhar.
Homem e trabalho estão, no entanto, destinados à interação, já que precisam conviver uma grande
porção do tempo um com o outro. Sem as pessoas, não haveria organizações. Sem organizações, não
haveria empregos em número suficiente para o mundo contemporâneo.
Duas ou mais pessoas que se juntam para um trabalho cooperativo e compartilham os mesmos
objetivos já caracterizam uma organização. As organizações podem e costumam ser estudadas para que
se tornem mais prósperas e integradas ao homem e justamente pelo homem é que a função recursos
humanos se justifica.
Observação
Toledo (apud Jacques, 1988) nos diz que o trabalho não se converte em trabalho propriamente
humano a não ser quando começa a servir para a satisfação não só das necessidades físicas,
circunscritas à vida animal, como também do ser social, que tende a conquistar e realizar
plenamente a sua liberdade.
Já de acordo com Zavattaro (1999), o trabalho é essencialmente uma ação própria do homem,
mediante a qual transforma e melhora os bens da natureza, com a qual vive historicamente em
insubstituível relação. O primeiro fundamento do valor do trabalho é o próprio homem, o trabalho está
em função do homem e não o homem em função do trabalho. O valor do trabalho não reside no fato
de que se façam coisas, mas em que coisas são feitas pelo homem e, portanto, as fontes de dignidade
do trabalho devem ser buscadas, principalmente, não em sua dimensão objetiva, mas em sua dimensão
subjetiva.
A nova relação entre o homem e o trabalho determina que esse homem possua uma identidade
e que responda por ela, que essa identidade leve-o a almejar e a responder às suas necessidades,
principalmente em relação ao trabalho. O fato de o homem dedicar a maior parte do seu dia útil ao
trabalho denota a força que essa relação apresenta, o trabalho chega a ser mais importante que a
família, pois o fracasso no trabalho acarreta em fracasso familiar. A identidade serve como um mediador
que permite ao homem se ajustar a cada fase – trabalho, família – evidenciando as múltiplas identidades
e a necessidade de saber usá-las, de saber renová-las e mantê-las.
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GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Observe a importância e a dimensão que o trabalho passa a exercer sobre o homem. É necessário que
o indivíduo mobilize todas as suas energias para que possa manter o vínculo com o trabalho, alcançar
o equilíbrio, a estabilidade, viver a sua identidade, para que possa se ver como ele verdadeiramente é. O
trabalho é um ponto de conexão entre o homem e sua identidade, entre o homem e o eu.
Lembrete
Segundo Bom Sucesso (2002, p. 12), a história de vida, as características pessoais, os valores, os
anseios e expectativas configuram no nível individual uma forma de viver e de sentir, definindo fatores
básicos para a satisfação. Mais que o trabalho em si, as expectativas individuais e as situações de
vida específicas determinam a percepção sobre o trabalho. Freitas (1999, p. 80) destaca ainda que a
empregabilidade é a capacidade de tornar-se necessário ou de possuir o conhecimento raro e reciclável
de que as empresas hoje necessitam. Mais que a profissão, valoriza-se um elenco de repertórios variados
que habilitem o indivíduo a lidar com esse mundo complexo e mutável.
Saiba mais
Segundo Chiavenato (2002), para que se estabeleça um processo de interação entre pessoas e
organização, devemos ver:
13
Unidade I
• As pessoas como seres humanos – dotadas de personalidade própria, com uma história particular
e diferenciada, possuidoras de conhecimentos, habilidades e capacidades para a adequada gestão
dos recursos organizacionais.
Saiba mais
Figura 2 – Motivação
Motivação é a arte de fazer as pessoas fazerem o que você quer que elas
façam porque elas o querem fazer.
Dwight Eisenhower
Você já parou para observar as pessoas em um ambiente de trabalho muito amplo, onde há muitas
pessoas? Note que há pessoas que estão sorrindo, como se estivessem à beira da praia numa roda
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GERENCIAMENTO DE PESSOAS
de amigos. Há outras compenetradas, envolvidas naquilo que fazem com total concentração (será
trabalho?). Cada uma tem um nível diferente de entrega para o seu labor... E o seu? Quanto é que você
dá de si para o trabalho, os estudos e a família?
Para tornar-se merecedora da contribuição total de seus membros, uma organização precisa
entendê-los e, nesse caso, ambas as partes desfrutam do benefício de se conhecerem. Caso fosse uma
tarefa fácil, isso tudo nem precisaria ser objeto de nosso estudo. Acontece que a complexidade é maior
a cada dia, pois as organizações assumem novas características que trazem consigo novas variáveis. As
teorias sobre motivação resultam de estudos consagrados, entendidos e aceitos por diferentes culturas.
No âmbito organizacional e segundo Kwasnicka (1995), são as citadas a seguir.
Lembrete
Maslow estudou a motivação e considerou que a todo momento alguém está motivado. No entanto,
uma motivação mais sublime só se manifestará quando motivações mais básicas estiverem satisfeitas,
confirme descreve a figura. Assim, é necessário que uma pessoa pense primeiramente em alimentação,
moradia, conforto físico, descanso, lazer etc., para que possa pensar no nível de cima, a segurança,
compreendendo amparo legal, orientação precisa, segurança no trabalho, estabilidade, remuneração
etc. Só com tais necessidades satisfeitas é que uma pessoa pode motivar-se por questões afetivas, de
autoestima e, por fim, ligadas à sua autorrealização.
Para o autor, ainda, há certos pontos básicos que caracterizam essa hierarquia:
• Necessidades fisiológicas
Segundo Hersey e Blanchard (1986), as necessidades fisiológicas são consideradas básicas e referem-
se à sobrevivência do homem, ou seja, alimento, sono, sexo. Para Maslow, se essas necessidades não
forem satisfeitas, as outras oferecerão pouca motivação. Por exemplo, uma pessoa com fome ou
sono não consegue produzir direito, aprender, porque a necessidade básica está “falando” mais alto.
Nas organizações, podemos atender a essas necessidades por meio de melhor salário, intervalos para
descanso (DSR), férias, cafezinho etc.
• Necessidade de segurança
Maslow nos diz que, quando a necessidade fisiológica é atendida, surge a necessidade de segurança.
Necessidade de estar livre do medo do perigo físico e da privação das necessidades básicas. Se essa
necessidade não for satisfeita, não surgirão outras. Nas organizações, essas necessidades estão
relacionadas à segurança dos colaboradores, tanto física quanto psicológica, tais como: equipamentos
de segurança, prevenção de acidentes e estabilidade no emprego.
• Necessidades sociais
• Necessidade de estima
A partir do momento em que a pessoa pertence a um grupo, ela deseja ser reconhecida por esse
grupo ou ser estimada. O atendimento dessa necessidade faz com que a pessoa sinta-se confiante, útil,
com poder e prestígio. Quando um colaborador recebe um elogio, é promovido ou reconhecido pelo seu
trabalho, ele experimenta esses sentimentos.
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GERENCIAMENTO DE PESSOAS
• Necessidade de autorrealização
Devemos entender a hierarquia das necessidades como algo cíclico, na qual as necessidades se
revezam continuamente, pois, à medida que uma necessidade não é satisfeita, ela prevalecerá em
detrimento de outra.
Exemplo de aplicação
Questione as pessoas que você conhece a respeito daquilo que as motiva no que fazem: academia,
cursos, artesanato, cuidados com os filhos, família. Ouça com atenção e avalie suas motivações para
aquilo que você faz.
Autor-
realização
Fatores
motivacionais
Estima
Associação
Fatores
higiênicos Segurança
Fisiológicas
Baseado nos estudos de Maslow, Herzberg realizou seu trabalho focado na motivação. O pesquisador
considera que a motivação vai além da busca por atender às necessidades básicas, ela busca o alcance
de metas positivas. Hezberg chamou os dois primeiros níveis de “fatores higiênicos”, de acordo com a
figura e, somente aos níveis superiores ele creditou a motivação. Segundo o autor, os fatores higiênicos
não são capazes de motivar, mas, pelo contrário, possuem extrema capacidade desmotivadora caso não
se processem minimamente.
17
Unidade I
Segundo Robbins (2004), Herzberg partiu da ideia de que a relação de uma pessoa com o seu
trabalho é básica e que essa atitude pode muito bem determinar o sucesso ou o fracasso. Para isso,
investigou com a seguinte questão: “O que as pessoas desejam do seu trabalho?” Ele pediu para que
as pessoas descrevessem com detalhes situações nas quais se sentiriam excepcionalmente bem ou
mal a respeito de seu trabalho. Assim, Herzberg identificou que algumas características tendiam
a estar relacionadas com a satisfação do trabalho e outras, com a insatisfação. A figura anterior
(figura 4) mostra-nos os fatores intrínsecos que parecem estar ligados à satisfação denominados
fatores motivacionais, e os fatores extrínsecos, ligados à insatisfação e denominados fatores
higiênicos.
Com base nos dados coletados, Herzberg nos diz que o oposto de satisfação não é a insatisfação.
A eliminação de características de insatisfação não levaria necessariamente à satisfação. Observou
que, quando as pessoas sentiam-se insatisfeitas com o seu trabalho, estavam preocupadas com
o ambiente em que trabalhavam. Por outro lado, quando se sentiam bem no trabalho, tratava-se
do trabalho em si.
Herzberg propõe que as organizações trabalhem com uma estratégia que chamou de enriquecimento
do cargo, ou seja, as organizações devem oferecer incentivos e tornar o trabalho mais desafiador, no
qual a pessoa possa dar um sentido a ele, mas, ao mesmo tempo, devem cuidar dos fatores higiênicos
para não gerar insatisfação.
Segundo Vecchio (2008), McClelland utilizou-se de “Testes de A percepção Temática” (TAT), que
consistiam na narração de histórias para revelar as próprias necessidades, as necessidades predominantes,
e encontrou um conjunto de necessidades específico: a necessidade de realização, a de associação e a
de poder.
— Poder pessoal: a influência e o controle têm como único propósito confirmar seu domínio sobre
eles.
— Poder social: as pessoas fazem uso desse poder para resolver os problemas organizacionais.
Há uma leitura muito predominante, segundo McGregor, de que as pessoas entendem a outra parte
como se o seu sistema de comunicação e de valores fosse idêntico. Segundo o pesquisador, ao pé da
letra, uma pessoa tenderia a utilizar morangos e chocolate como isca e pensar que os peixes adorariam
essa oferta, uma vez que é isso que ele mais gosta em detrimento das horrorosas “minhocas” que
costumam atrair os peixes...
Kwasnicka (1995) descreve ainda que McGregor divide em dois pontos de vista as pessoas e seus
comportamentos:
• Teoria X – Concepção tradicional: o ser humano médio ou padrão tem aversão pelo trabalho
e o evitaria, se pudesse. Por isso, a maioria das pessoas deve ser obrigada, controlada, dirigida
ou intimidada com punição para ser levada a empregar esforço adequado na realização dos
objetivos organizacionais. O ser humano médio prefere ser dirigido, evita responsabilidade, tem
relativamente pouca ambição e deseja segurança acima de tudo.
• Teoria Y – A integração dos objetivos: é característica pouco explorada das pessoas a
capacidade de exercer a imaginação, talento, espírito criador, na solução de problemas
organizacionais. O empenho em alcançar objetivos é função das recompensas associadas
à sua realização. O homem exercerá autodireção e autocontrole para alcançar os objetivos
organizacionais, pois emprega no trabalho o mesmo nível de energia que emprega em
atividades recreativas ou de repouso.
De acordo com Robbins (2004), McGregor, após observar a maneira como o executivo tratava seus
funcionários, descobriu premissas para suas teorias. Na teoria X, as quatro premissas dos executivos são:
• O homem, por natureza, não gosta de trabalhar e, sempre que puder, vai evitar o trabalho.
• Como não gosta de trabalhar, ele precisa ser coagido, controlado ou ameaçado com punições para
que cumpra as metas.
19
Unidade I
Ainda segundo Robbins (2004), McGregor considerava as premissas da teoria Y mais válidas do
que as da teoria X, e propôs ideias como processo decisório participativo, tarefas desafiadoras etc. Não
existem evidências de que a aceitação da teoria Y e a alteração do comportamento individual de acordo
com elas resultem em um trabalhador mais motivado.
Segundo Maximiano (2000), a teoria da expectativa procura explicar como as crenças e expectativas
das pessoas combinam-se com os estímulos para produzir algum tipo de força motivacional. A teoria
estabelece que:
Ainda segundo o mesmo autor, a teoria da expectativa procura explicar a cadeia de causas e efeitos
que vai desde o esforço inicial até a recompensa final.
Chiavenato (1997) afirma que a motivação está diretamente ligada a três fatores:
• Expectativa: esse fator está relacionado aos objetivos individuais e à força do desejo de
atingir tais objetivos, bem como à percepção de que poderá atingi-los, e isso dependerá das
possibilidades individuais e das condições externas. Esses objetivos têm valoração diferente
para as pessoas.
• Valência: refere-se ao grau de importância que tem o objetivo para o indivíduo.
• Instrumentalidade: possibilidade da ação de se atingir o objetivo ser recompensadora.
20
GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Com o objetivo de esclarecer os conceitos, podemos dizer que o indivíduo se pergunta: “Consigo
atingir esse objetivo? Ao atingi-lo, serei recompensado? A recompensa vale o esforço despendido?” Se
achar que é capaz e que a recompensa vale a pena, ele se mobilizará.
De acordo com Robbins (2004), a teoria da equidade diz que os trabalhadores avaliam o esforço que
dedicaram a uma atividade (entrada) e o que obtiveram com isso (resultado). E então, comparam sua
proporção de entrada e o resultado com a proporção de outros funcionários que consideram relevantes.
Ao fazer a comparação, se as proporções são iguais, diz-se que existe um estado de equidade, ou seja,
a pessoa entende como justa a situação. Quando essas proporções são desiguais, tem-se a sensação de
iniquidade ou injustiça.
Robbins (2004) ainda nos diz que o indivíduo pode se utilizar de três categorias para estabelecer
o seu processo de comparação: o outro, o sistema e ele próprio. Na primeira categoria, o indivíduo se
compara com outros em empregos similares e estabelece a comparação entre a sua remuneração com
a dos outros. Na segunda categoria, considera o sistema de remuneração da empresa e atribui se ela é
justa ou não. Na terceira, é influenciado por critérios como experiências profissionais ou compromissos
familiares.
Podemos dizer que o indivíduo vai se comparar e, se ele considerar injusta a sua remuneração
– seja porque considera que trabalha mais que outros e ganha menos, seja porque a política de
remuneração da empresa não é justa ou porque ao assumir muitos compromissos financeiros sua
remuneração não é suficiente – ele poderá produzir menos, aumentar o absenteísmo, reduzir a
qualidade etc.
De acordo com Robbins (2004), as intenções expressas como metas podem ser fonte de motivação
para o trabalho. Objetivos específicos aprimoram o desempenho e objetivos difíceis, quando aceitos,
acarretam melhor desempenho do que as metas mais fáceis de serem alcançadas.
Nessa teoria, não podemos concluir que a participação dos funcionários no estabelecimento dos
objetivos seja sempre desejável, ela será preferível quando articuladas em termos de objetivos específicos
e difíceis, tornando-se uma poderosa fonte motivacional.
Observação
21
Unidade I
Saiba mais
Você já notou que há pessoas que parecem estar ligadas em 220 volts? Que estão a todo tempo
motivadas, espalhando energia e puxando as pessoas consigo? Pois bem, de onde vem essa energia que
não acaba? O que move essas pessoas? Você já é uma dessas pessoas ou começou a pensar nisso agora?
Que bom que ainda há tempo, pois essas pessoas é que aceleram a evolução de todos nós e você está
se tornando uma delas...
22
GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Chiavenato (2004) descreve o ciclo motivacional como um círculo virtuoso que se origina em uma
necessidade, uma força dinâmica e persistente que estimula o comportamento. Ela rompe o estado de
equilíbrio de um organismo tirando-o de sua rota, estabelecendo nova dinâmica. A figura demonstra
que haverá um estado de tensão a partir da necessidade e o organismo só retornará ao estado de
equilíbrio quando a necessidades for satisfeita.
Equilíbrio
Satisfação Estímulo
Comportamento Necessidade
Tensão
Observação
Por meio desse ciclo entende-se que, sem novas necessidades, uma pessoa poderia viver muito bem
e em estado de equilíbrio, situação utópica. A chave para o equilíbrio reside, desta forma, na habilidade,
na prontidão que uma pessoa é capaz de manter para a satisfação de suas necessidades. Para Silva
(2002), o ciclo da motivação é uma sequência de eventos que se inicia com necessidades insatisfeitas e
termina depois que o indivíduo analisa as consequências da tentativa de satisfazer aquelas necessidades
e se constitui de seis estágios:
2. A pessoa procura alternativas por meio de um comportamento dirigido que poderiam satisfazer a
determinada necessidade.
4. A pessoa é motivada a tomar uma ação para obter os elementos que podem satisfazer essa
necessidade.
23
Unidade I
6. Dependendo dos resultados destes esforços, a pessoa pode ou não ser motivada de novo pelo
mesmo tipo de necessidade ou satisfação da necessidade.
Saiba mais
Há dias em que você sente mais motivado(a) do que outros, não há? Ou
algumas horas do dia... O que é que o(a) faz sentir-se assim, de maneiras tão
distintas sem razões mais significativas? Quais são as razões que iniciam
este processo em você?
<http://www.virtual.epm.br/material/tis/curr-bio/trab2003/g3/
disturbios.html>.
Ainda não se levantaram as barreiras que digam ao gênio: daqui não passarás.
Você já percebeu que há pessoas, clubes de futebol, empresas, organizações não governamentais,
partidos políticos e outras organizações que passam por imensas dificuldades e tornam-se, depois
dessas, ainda mais fortes do que antes? O que será que alimenta essas pessoas e empresas? Será que a
derrota pode fortalecer alguém?
Observação
24
GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Outro
comportamento
derivativo
Uma vez que nem sempre a necessidade pode resultar em satisfação, há três obstáculos que podem
substituir negativamente a satisfação, de acordo com Maximiano (2000):
• Frustração: ser derrotado por um adversário numa competição, esquecer as respostas das questões
de uma prova, não ter habilidades e conhecimentos necessários para ser aprovado num teste,
perder a hora.
• Conflito provocado por comportamentos simultâneos incompatíveis: decisões conflitantes, como
a escolha entre família e trabalho, ou entre trabalho e estudo.
• Ansiedade resultante da ameaça ao bem estar ou tranquilidade pessoal: em geral, resultante de
competição, pressão exercida pelo próprio trabalho, pelos chefes, ou más condições, como baixo
salário.
A barreira é o caminho para a frustração e a satisfação poderá ser obtida por outro comportamento
derivativo que substitua o interesse primário e reduza ou suprima a tensão.
Exemplo de aplicação
Converse com algumas pessoas que já estão no mercado de trabalho há mais de 20 anos e procure
saber se elas perderam boas oportunidades profissionais. Em caso afirmativo, procure explorar as razões
e investigue quais foram as barreiras. Procure entender se foram barreiras que se relacionavam à sua
motivação.
A figura a seguir exprime os fatores que podem levantar-se como barreiras para que uma necessidade
possa ser atendida e que colocam em risco, portanto, a satisfação de alguém.
25
Unidade I
Pressões do
superior
Estados de Influência dos
energia colegas
Programas de
treinamento e Mudanças na
desenvolvimento tecnologia
Demandas da
família
Um indivíduo irá se deparar com um grande número de situações em que barreiras naturais
trabalharão contra a satisfação de suas necessidades. Vejamos caso a caso, tomando como exemplo a
motivação para assumir um cargo de liderança e os exemplos de barreiras em cada caso.
• Sistemas pessoais
Crenças de que é melhor trabalhar como empregado, desejo de tempo livre junto aos familiares e
amigos, receio de assumir responsabilidades, tendência a deixar as coisas como sempre estiveram etc.
• Mudanças na tecnologia
Falta de adaptação a sistemas computadorizados, dificuldade para lidar com aparelhos portáteis,
qualidade das apresentações utilizando os computadores, sistemas de busca, sistemas de localização,
sistemas de segurança, inteligência etc.
• Demandas na família
• Condições ambientais
Situação geral de desemprego, péssimo momento para correr riscos, empresa em dificuldades
financeiras, ameaça de concorrentes de peso, ameaças de mudanças na legislação etc.
26
GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Má disposição por problemas de saúde, perda recente de pessoa ou bem de valor pessoal ou financeiro,
desilusão pessoal, ameaça de perda em processo na justiça, falta de dinheiro etc.
• Pressões do superior
Colegas que cobiçam a mesma posição, que dizem coisas contrárias à promoção, que maldizem a
estrutura ou os superiores, que solicitam a manutenção do colega junto a eles no mesmo nível e com
os mesmos programas etc.
Saiba mais
Confúcio
Quando você se depara com uma desilusão, com uma meta que tenha sido frustrada, você já
reparou que outros problemas parecem ter feito um acordo para chegarem ao mesmo tempo? E
mais, que atolamos o pé de tal forma nesta hora e que sair dali parece ser alguma coisa quase
impossível de se fazer sem ajuda? Esta seção trata deste assunto.
27
Unidade I
Figura 9 – Frustração
Chiavenato (2004) aponta que a satisfação de certas necessidades é temporal e passageira, ou seja,
a motivação humana é cíclica: o comportamento é um processo contínuo de resolução de problemas
e satisfação de necessidades à medida que vão surgindo. Pensando assim, é fácil imaginar que a
frustração também é cíclica, pois novas necessidades surgem a cada momento aumentando o número
de oportunidades de nos frustrarmos.
As organizações precisam estar atentas ao estabelecer seus objetivos, pois, se os mesmos forem
facilmente alcançáveis, não mobilizarão as pessoas ou, por outro lado, o bloqueio ou impedimento de
alcançar um objetivo faz com que a pessoa se frustre. Ao se frustrarem, as pessoas apresentam alguns
mecanismos de defesa, como os listados a seguir.
• Agressão: a frustração pode crescer até o ponto em que a pessoa se torne agressiva por não ter
conseguido atingir seus objetivos.
• Racionalização: a pessoa não consegue atingir seu objetivo e inventa desculpas, responsabilizando
outras pessoas por isso ou questionando a realidade do objetivo.
• Regressão: adota comportamentos imaturos, não apropriados para sua idade.
• Fixação: continua a apresentar o mesmo padrão de comportamento, embora as experiências
tenham mostrado sua inutilidade.
• Resignação: ocorre quando a pessoa perde a esperança de atingir o objetivo, apatia.
Lembrete
28
GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Saiba mais
Victor Hugo
Você se considera uma pessoa competente naquilo que faz? Na vida pessoal e no trabalho? Você está
comprometido com os resultados que sua organização precisa alcançar? E mais, como você avalia sua
identidade com as atividades que realiza ou precisa realizar no trabalho?
Etimologicamente, competência vem do verbo latino competere, que indica uma ação de aproximar-
se, de encontrar-se, que resulta em ”responder a, corresponder”, que dá lugar ao adjetivo competensentris,
que vem a ser “competente, convincente”, e ao substantivo competio-onis, com o sentido de “rival”
(Tejada Fernández, 1999, p. 3).
29
Unidade I
Hoje, muito se ouve: “você precisa adquirir novas competências”, “o processo de seleção
da empresa é por competência”, “gestão por competência”. Esse conceito pode ser atribuído
a diferentes elementos, como pessoas – com um conjunto de competências – e organizações
– que também apresentam um conjunto de competências. Faz-se necessária a definição de
competências da empresa e das pessoas que nela trabalham para que ambas possam atingir
resultados satisfatórios.
Estamos vivendo uma época de profundas transformações, e as últimas décadas foram marcadas por
mudanças substanciais nas relações capital–trabalho, patrão–funcionário, organização, sociedade. As
mudanças decorrentes e intensificadas pela emergência de novas tecnologias estão provocando impactos
sobre os diversos segmentos da sociedade. A economia está se tornando cada vez mais complexa e as
informações rapidamente tornam-se obsoletas. O progresso e a criação de riqueza dependem do uso da
informação e do conhecimento.
Do ponto de vista empresarial, é a prática que interessa: é o conhecimento aplicado que gera
capacidade de produzir resultados, ou seja, competência. Segundo Fleury e Fleury (2000), cada indivíduo,
cada equipe, cada área precisa ser competente de modo a agregar valor econômico para a organização
e valor social para o indivíduo. O indivíduo deve ser competente, isto é, deve atender às expectativas
da organização e a organização deve valorizar essa competência. Nesse sentido, podem existir pessoas
competentes em uma empresa incompetente, mas não pode haver uma empresa competente sem
pessoas competentes.
Pode-se observar que os modelos de processos internos e de relações humanas possuem foco
interno, em contraste com os modelos de metas racionais e de sistemas abertos que possuem
foco externo. Os modelos de relações humanas e sistemas abertos definem-se pela flexibilidade,
enquanto os modelos de processos internos e metas racionais compartilham o controle. Os autores,
por entenderem que as organizações devam ser tanto adaptáveis e flexíveis quanto estáveis e
controladas e, portanto, precisem ter um foco interno e um externo, não consideram que esses
modelos sejam mutuamente excludentes.
Entre as abordagens citadas por Dutra (1996), salientaram-se duas. Uma é aquela defendida na
década de 1990 por Lê Bortef, Zarifian e Elliot Jacques: competência é colocar em prática o que sabemos
em determinado contexto, contexto esse geralmente marcado por relações de trabalho, cultura da
empresa, imprevistos, limitações de tempo, de recursos etc. Portanto, podemos falar de competência
nessa abordagem apenas quando há competência em ação, o que se traduz em saber ser e saber
mobilizar conhecimentos em diferentes contextos. Na segunda abordagem, associa-se competência
com a atuação da pessoa em áreas de conforto profissional, em que são usados seus pontos fortes e,
portanto, têm maior possibilidade de realização e felicidade.
Zarifian (2001, p. 68) propõe uma “definição que integre várias dimensões, assim, a competência é
‘o tomar iniciativa’ e ‘o assumir responsabilidade’ do indivíduo diante de situações profissionais com as
quais se depara”. Assim, entende-se que as mudanças fundamentais do trabalho nas organizações são
a abertura de espaço para a autonomia e a automobilização do indivíduo, de forma que a competência
”seja assumida”, resultante de um procedimento pessoal do indivíduo, que aceita assumir seu trabalho
e ser responsável por ele.
Assim como não é adquirida como algo acabado, a competência deve ser mantida em constante
construção, por meio da aprendizagem profissional e pessoal. Por esse motivo, a competência configura‑se
como um processo de evolução do saber necessário ao trabalho, não sendo possível afirmar que uma
pessoa atingiu o nível máximo de competência definitivamente. A aprendizagem é um processo pelo
qual as pessoas adquirem um conhecimento derivado de uma experiência, treino ou prática, que conduz
a um comportamento repetitivo (Ortega, 1998, p. 62).
Do ponto de vista empresarial, é a prática que interessa: é o conhecimento aplicado que gera
capacidade de produzir resultados, ou seja, competência. Adotaremos, então, como definição de
competência: capacidade de transformar conhecimentos, habilidade e atitudes em resultados.
31
Unidade I
Observação
3. Afetivo: vinculado aos sentimentos desenvolvidos pela organização que pode, por exemplo,
desempenhar um papel social e de sustentabilidade que ele gosta de associar à sua imagem.
4. Calculativo ou instrumental: relaciona-se ao soldo que o recompensa por manter-se membro, aos
benefícios associados ao seu bem-estar.
5. Comportamental: algo que mantém o colaborador vinculado por seus atos que se afinizam com as
ações da organização. Algo como tomar uma atitude e desejar permanecer para colher os frutos
de sua iniciativa.
Saiba mais
Arthur Schopenhauer
32
GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Pense bem: se todas as pessoas em sua organização passassem a ter um desempenho idêntico
ao seu, sua empresa seria bem melhor ou bem pior do que é hoje? Como você avalia as metas em
sua empresa: fáceis, difíceis? Você tem conhecimento daquilo que a empresa espera de você?
Cada pessoa se comporta de uma maneira nas organizações. Segundo Bergamini (1990), as
variáveis individuais e ambientais estão entre as que afetam o comportamento dos indivíduos na
organização. A infância, a adolescência e a fase adulta de cada um são as variáveis individuais.
Das ambientais, fazem parte grupos sociais, cultura, fatores do ambiente físico etc.
Essa é uma exigência da nova sociedade e das organizações em geral. Exigência de que o
indivíduo tenha um papel participativo no caminho a ser seguido, nas decisões que pretende
assumir e nas consequências que estas acarretam, o que confirma a necessidade de uma identidade
maleável, mas estável. Freitas (1999) acrescenta que, se antes era a figura do superego, como
instância da crítica e do medo do castigo, que compelia o indivíduo a trabalhar mais, agora é
o ideal de ego, daquele que almeja realizar um projeto e receber os aplausos e as gratificações
indispensáveis aos seus anseios narcisísticos.
Observação
A obediência passiva dá lugar ao ativo investimento amoroso, o corpo dócil dá lugar ao coração
ativo e cativo. O medo de fracassar se alia ao desejo de ser reconhecido, e quanto mais o indivíduo
acredita que ele e a empresa são partes do mesmo projeto nobre, mas essa aliança tende a se fortalecer.
O indivíduo inventa, cria e recria a sua própria realidade no momento em que se percebe um ser social
com o poder de transformar. Chanlat (1992) diz que, em todo sistema social, o ser humano dispõe de
uma autonomia relativa. Marcado pelos seus desejos, suas aspirações e suas possibilidades, o indivíduo
dispõe de um grau de liberdade, sabe o que pode atingir e que preço está disposto a pagar para consegui-
lo no plano social.
33
Unidade I
Saiba mais
Resumo
34
GERENCIAMENTO DE PESSOAS
Exercícios
Questão 1. Antônio José é o novo gerente de Recursos Humanos (RH) da empresa Enetec Ltda. Ao
implantar um programa de avaliação organizacional na Enetec Ltda., Antônio José decidiu aplicar um
questionário que pudesse identificar itens que deveriam ser implementados na empresa com a intenção
de melhorar a motivação dos seus funcionários. Na formulação do referido questionário, Antônio José
considerou como necessidades básicas: sociais, salariais, de segurança, de desenvolvimento, de status,
de autorrealização e de autoavaliação.
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Unidade I
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
C) Alternativa incorreta.
D) Alternativa incorreta.
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GERENCIAMENTO DE PESSOAS
E) Afirmativa correta.
I. Nenhuma empresa treina os seus empregados para isso, mas a atitude do funcionário mostra o
nível de comprometimento dele com o seu trabalho.
II. Se um colaborador tem como importante objetivo aumentar seu salário e se é remunerado por
produção, terá uma forte motivação para produzir sempre mais, segundo Vroom (apud Chiavenato,
2000).
III. Segundo Maslow (apud Chiavenato, 2000), à medida que o indivíduo controla as necessidades
básicas (fisiológicas) e de segurança, surgem gradativamente necessidades mais elevadas.
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