Você está na página 1de 368

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS

Expediente do IFAM
Reitor
Jaime Cavalcante Alves

Pró-Reitor de Administração
Adanilton Rabelo de Andrade

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional


Carlos Tiago Garantizado

Pró-Reitora de Ensino
Lívia de Souza Camurça Lima

Pró-Reitora de Extensão
Maria Francisca Morais de Lima

Pró-Reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação


Jucimar Brito de Souza

Diretor Geral do Campus Manaus Distrito Industrial


Francinete Soares Martins
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS

Expediente da Diretoria de Educação


a Distância
Diretor de Educação a Distância Gustavo Galdino Rodrigues Bernhard

Coordenador Geral de Cursos EaD Fabio Serra Ribeiro Couto

Pedagoga do Núcleo de Tecnologia de


Bianca Santos Bento da Silva
Materias Didáticos em EaD

Técnica em Assuntos Educacionais Maria Zelinda de Souza Lima

Expediente do Programa EJA-Integrada

Diretora de Desenvolvimento da Rosângela Santos da Silva


Educação Básica e Superior

Coordenação Geral Clisivânia Duarte de Souza

Coordenação Geral Pedagógica Bianca Santos Bento da Silva

Designer Instrucional e Gráfico Fabio Serra Ribeiro Couto


MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS

Expediente de produção
Autores Márcia Maria Costa Bacovis
Daniel Nascimento e Silva

Avaliação Pedagógica Bianca Santos Bento da Silva

Diagramador Fabio Serra Ribeiro Couto

Revisores de Texto Iracema Ramos Martins


Harrison Corrêa Lopes
LISTA DE ÍCONES

Iniciando o diálogo...
Problematiza os conteúdos que serão tratados no capítulo, motivando o(a) estudante-lei-
tor(a) a tentar buscar, na sua experiência, dados de conteúdos científicos que serão abor-
dados no capítulo, criando, dessa maneira, um paralelo significativo e motivador para a
aprendizagem.

Fique Alerta!

Destaca trechos, expressões e conceitos importantes abordados no texto.

Conhecendo um pouco mais!

Indica fontes de estudos para aprofundar o tema em material impresso, em entrevistas,


em material audiovisual, em aplicativos, em hiperlinks e em outros meios.
SUMÁRIO

COMPONENTE CURRICULAR 1 – INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA


(20H) 10

Unidade 1 – A Logística e seus significados 11


Unidade 2 – Competências e Habilidades do Administrador 22
Unidade 3 – Estratégias Logísticas 33
Unidade 4 – Log’stica na Amazônia 38

COMPONENTE CURRICULAR 3 – INFORMÁTICA APLICADA À


LOGÍSTICA (40h) 166

Unidade 1 – Introdução às Tecnologias 167


Unidade 2 – Sistema para Gestão de Armazéns e Sistemas de
Gerenciamento de Transportes 172
Unidade 3 – Intercâmbio Eletrônico de dados (Electronic Data
Interchange), Código de Barras e Identificação por Rádio Fre-
quência 177
Unidade 4 – Sistemas Integrados de Gestão (ERP, VMI e ECR) 181
Unidade 5 – Logística 4.0 188

COMPONENTE CURRICULAR 5 – PROCESSOS LOGÍSTI-


COS(40H) 303

Unidade 1 – Parte Introdutória 304


Unidade 2 – Logística Interna 315
Autora
MÁRCIA MARIA COSTA BACOVIS

Olá!! Meu nome é Márcia Maria Bacovis venho aqui fazer


uma breve apresentação para vocês. Eu tenho gradua-
ção em Engenharia Elétrica e Pós-Graduação (mestrado
e doutorado) em Engenharia de Produção. Trabalhei em
algumas empresas do Polo Industrial de Manaus (Gillet-
te do Brasil Ltda, Philco e Philips) na área de Engenharia
de Qualidade e produção e também na área de Planeja-
mento e controle de produção – PCP. Depois me tornei
professora no CEFET-AM (Centro Federal de Educação
Tecnológica do Amazonas) que atualmente é Instituto Fe-
deral do Amazonas (IFAM) atuando em diversos cursos,
com turmas do Ensino médio, subsequente, Educação de
Jovens e Adultos e Graduação. Tenho experiência na área
de Engenharia de Produção, com ênfase em Garantia de
Controle de Qualidade e Logística atuando principalmen-
te nos seguintes temas: Sistemas de Gestão da Qualidade
e Ambiental, Logística, Logística Reversa, Empreendedo-
rismo, modelos de negócios sustentáveis e Economia cir-
cular. Gosto muito de estudar e ensinar sobre as áreas que
citei, principalmente logística, pois é uma área dinâmica
que interage com todas as demais áreas da empresa. Es-
pero que você mergulhe neste mundo da Logística!
Mas o nobre projeta coisas nobres
e na sua nobreza perseverará

Isaias 32:8
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Componente
Curricular 1
INTRODUÇÃO À LOGÍSTICA (20H)

10
EJA-INTEGRADA - EPT

UNIDADE 1 – A LOGÍSTICA E SEUS SIGNIFI-


CADOS

Olá, estudante!

Como falei em minha autoapresentação, espero que você mergulhe neste


mundo da Logística. Então, para iniciar nossa conversa vamos conhecer o que é
logística.

A logística corresponde a um conceito multifacetado que tem evoluído ao


longo do tempo e de forma mais acentuada nos últimos anos. Atualmente, dev-
ido à popularização do comércio eletrônico, mais o advento de novos produ-
tos, serviços, tecnologias e negócios, o cenário logístico nacional e internacional
se alterou estrategicamente para atender às necessidades existentes e desejos
apresentados pelos novos mercados e clientes.

Esta unidade tem como objetivo proporcionar a você o conhecimento e a


compreensão do conceito de logística, histórico, a missão da logística, as ativi-
dades primárias e secundárias e também serão abordados problemas da logísti-
ca na Amazônia (entraves logísticos). Aproveito para te convidar a mergulhar
neste universo da logística e entender sua importância para sua aplicação práti-
ca no seu dia a dia.

Para melhor orientação dos seus estudos, fizemos uma divisão dos conteú-
dos das unidades em aulas que precisam de cerca de duas (2) horas de estudo.
A seguir serão apresentados os conteúdos para cada aula. Na Unidade 1 serão
trabalhados:
• Aula 01: 1.1 Conceituando Logística
• Aula 02: 1.2 Missão da Logística
• Aula 03: 1.3 Abordagem histórica: origem da Logística
• Aula 04: 1.4 Escopo das atividades da Logística
• Aula 05: 1.5 O profissional de logística

1.1 Conceituando Logística:

Desde a antiguidade que o conceito de logística tem mudado, sensivelmente,


de modo que, aquilo que o termo significa hoje – tanto para os governos, como para
os agentes econômicos e para o mundo dos negócios – é bem diferente do uso que,
por exemplo, os filósofos gregos lhe conferiram inicialmente. Para estes, logística era
raciocínio lógico baseado em algarismos e símbolos matemáticos, a arte de calcular.

11
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Dias (2005) afirma que ainda hoje o significado de lógica se associa facilmente
ao desenvolvimento terminológico do que representa a logística enquanto sistema
lógico (racionalizado, coerente, eficiente) de abastecimento (prestação de serviço) às
atividades de criação de valor, de gestão dos recursos considerados estratégicos, de
sustentabilidade de atividades e ações de caráter militar.

No Quadro 1 apresenta conceitos para o termo Logística mais presentes na


literatura.

Autor Definição de Logística


Ballou (2010) É o processo de planejamento, implementação e
controle do fluxo eficiente e economicamente eficaz
de matérias-primas, estoque em processo, produtos
acabados e informações relativas desde o ponto de origem
até o ponto de consumo, com o propósito de atender às
exigências dos clientes.

Conselho de Ad- Logística é o processo de planejar, implementar e con-


ministração Logísti- trolar de maneira eficiente o fluxo e a armazenagem de
ca – Council of Ma- produtos, bem como os serviços e informações associa-
nagement (1999) dos, cobrindo desde o ponto de consumo, com o objetivo
de atender aos requisitos do consumidor.
O processo de gerenciamento estratégico da compra,
do transporte, da armazenagem de matérias-primas, pe-
C h r i s t o p h e r ças e produtos acabados (e fluxos de informações) através
(2007) da organização de seus canais de marketing, de modo a
poder maximizar as lucratividades presentes e futuras por
meio de atendimento dos pedidos a baixo custo.
Quadro 1: Definições de Logística
Fonte: Elaborado pelos autores

Existe uma série de variantes para a logística. A seguir vamos conhecê-las:


Logística de abastecimento: é responsável pela administração do transporte
de materiais desde os fornecedores, até a empresa. Corresponde também ao
recebimento, ao descarregamento, e ao armazenamento das matérias-primas.
Além disso, visa a estruturação dos modelos de abastecimento e embalagem de
materiais.
Logística de distribuição: é responsável pela administração do centro de dis-
tribuição, que corresponde a localização de unidades de movimentação nos
seus endereços, abastecimento da área de separação de pedidos, controle da
expedição, transporte de cargas entre fábricas e centro de distribuição e coorde-
nação dos roteiros de transporte urbanos.
Logística de manufatura: é a atividade responsável pela administração dos pos-
tos de conformação e montagem, conforme cronograma estabelecido pela área
de produção. Realiza também o deslocamento dos produtos acabados no final

12
EJA-INTEGRADA - EPT

das linhas de montagem para os armazéns.


Logística organizacional: responde por toda a área de organização, planeja-
mento, controle e execução do fluxo de produtos, desde o desenvolvimento e
aquisição até a produção e distribuição para o consumidor final.
Logística reversa: surgiu devido à preocupação das empresas e da sociedade
com os aspectos ambientais. Ela está ligada, diretamente, à reciclagem de pro-
dutos consumidos, a reutilização e substituição de materiais, o descarte dos
resíduos, as reformas, os reparos e as remanufaturas.
Atualmente é comum percebermos que as empresas estão migrando do mode-
lo tradicional de funcionamento, para o ambiente web, com objetivo de atender
maiores demandas e vender para os seus clientes produtos e serviços, vinte e
quatro horas por dia.

1.2 A missão da Logística:

De acordo com Ballou (2010), a logística empresarial tem uma missão: “colocar as
mercadorias ou os serviços certos no lugar e no instante corretos e na condição de-
sejada, ao menor custo possível”, pois a logística associa estudo e administração dos
fluxos de bens e serviços e da informação associada que os põe em movimento. Caso
fosse viável produzir todos os bens e serviços no ponto onde estes são consumidos ou
caso as pessoas desejassem viver onde as matérias-primas e a produção se localizam,
então a logística seria pouco importante. Mas isso não ocorre numa sociedade mo-
derna. Uma região tende a especializar-se na produção daquilo que tiver vantagem
econômica para fazê-lo e obter ganhos através das exportações.

Figura 1: A missão da Logística

Em outras palavras, a logística é responsável por agregar os valores de tempo e lu-


gar a seus produtos diante de seus consumidores, o que pode ser traduzido como au-
mentar a acessibilidade do produto, no tempo exigido pelo consumidor. Isto porque a
Logística visa a circulação dos bens e serviços concreta e efetivamente demandados
pelos clientes, com os menores custos econômico-financeiros e de tempo possíveis e
com qualidade pré-determinada.

13
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Todas as atividades envolvidas na movimentação de bens para o lugar certo no


momento certo podem ser descritas dentro dos termos gerais de “logística” ou “distri-
buição”. O ato de supervisionar ou gerenciar esta atividade é conhecido como “gestão
logística”.

Os componentes de um sistema de logística típico são: atendimento ao cliente,


previsão da demanda, comunicação da distribuição, controle de inventário, ges-
tão de materiais, processamento de ordens e partes, suporte de serviço, seleção
de planta e armazém, compras, embalagem, gestão de bens devolvidos, disposição de
sobras e rejeitos, armazenagem, transporte e tráfego. Uma posição em uma empresa
pequena pode envolver todas estas atividades, enquanto o trabalho em uma grande
corporação pode significar estar envolvido com uma única ou algumas poucas áreas
(BOWERSOX; CLOSS, 2007).

Conhecendo um pouco mais!

O custo logístico – soma dos gastos com transporte, estoque, armazenagem e serviços adminis-
trativos – consome 12,7% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, que corresponde ao total das
riquezas produzidas pelo país. O índice cresceu no ano passado, frente aos 12,1% registrados
em 2014, e equivale a R$ 749 bilhões. Os números são elevados e impactam na competitividade
da produção brasileira. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, o custo logístico corresponde
a 7,8% do PIB. Os dados são do estudo Custos Logísticos no Brasil, do Ilos (Instituto de Logística
ebSupply Chain).

Fonte: https://www.cnt.org.br/agencia-cnt/custo-logistico-consome-12-do-pib-do-brasil

1.3 Evolução da Logística:

De acordo com diversos autores (FIGUEIREDO; ARKADER, 2000; NOVAES, 2001), o


processo de evolução da logística pode ser dividido em cinco fases ou eras:

a) Era “do campo ao mercado”: (início do século XX até 1940): preocupação com
o transporte das mercadorias produzidas e que necessitavam ser levadas até
seus mercados consumidores, surgiu no início do século XX com o incremento
das atividades agrárias. Figueiredo (2000) afirma que “a principal preocupação,
no caso, era com questões de transporte para escoamento da produção agríco-
la”.

b) Era das “funções segmentadas”: (1940 até início de 1960): Por volta de 1945,
com a necessidade de abastecimento das tropas em diversos lugares do mundo,
surgidas durante a segunda guerra mundial, foi desenvolvida a visão da logísti-
ca militar, surgindo como um pontapé inicial para a utilização dos conceitos de
logística nas empresas (ROCHA, 2001, p.29). Somente depois de muito tempo é
que esse exemplo militar conseguiu influenciar as atividades logísticas das em-
presas comerciais.
14
EJA-INTEGRADA - EPT

c) Era das “funções integradas”: (De 1960 a 1970 ): Até os anos 1950 a logística
das empresas estava voltada apenas para as atividades de transporte e arma-
zenagem. Nas décadas seguintes o quadro mudou; as empresas começam a
perceber a importância da distribuição física dos produtos. Este foi o período de
decolagem entre a teoria e a prática da logística. Aconteceram diversos fatores
que vieram propiciar o desenvolvimento das práticas logísticas. Esses fatores
foram, segundo Ballou (2010), “as alterações dos padrões dos consumidores, a
pressão por redução de custos provocada pela recessão do período pós-guerra,
os avanços na tecnologia da computação e as influências do trato com a logística
militar”.

d) Era do “foco no cliente”: (início de 1970 a 1980): Aqui o foco é o consumidor,


enfatizando questões relacionadas a produtividade e custos de estoque. Passar-
am a dar ênfase na aplicação de métodos quantitativos às questões logísticas.
É exatamente neste período que se identifica uma intensificação do interesse
pelo ensino e pesquisa da Logística nas escolas de administração (FIGUEIREDO,
2000). As empresas passaram a utilizar os recursos da logística como vantagens
competitivas.

e) Era da “Integração Estratégica (Supply Chain Management- SCM)”: A ino-


vação da logística nas empresas aconteceu com a combinação do surgimento
de tecnologias de informação e de pressões econômicas, não só regionais, mas
também mundiais. O advento da globalização derrubou barreiras nacionais, am-
pliou o mercado e consequentemente, a concorrência mundial. Esta era tem ên-
fase estratégica, como indica o rótulo que lhe foi atribuído: “a logística como el-
emento diferenciador”. As empresas passaram a preocupar-se com a integração
externa, ou seja, as empresas passam a se preocupar com funções de integração
entre fornecedores e clientes finais.

Em alguns países industrializados a logística já está na sexta fase através do e-sup-


ply chain, que representa a integração de toda a cadeia, desde o produto rural até o
consumidor final, pela internet.

Figura 2: Cadeia de Abastecimento ou Suprimentos


Fonte: Elaboração própria

15
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

1.4 Escopo das atividades da Logística: atividades primárias e Secundárias:

Para Ballou (2010), o transporte, a manutenção de estoques e o processamento


de pedidos são as atividades primárias para o atingimento dos objetivos logísticos,
as quais são consideradas atividades-chave na logística pois, ou contribuem com a
maior parcela do custo total da logística ou são essenciais para a coordenação da ta-
refa logística.

Outrossim, existem também as atividades de apoio, ou secundárias, que contri-


buem para que as atividades primárias alcancem o nível de serviço visado – armaze-
nagem, manuseio de materiais, embalagem de proteção, obtenção, programação de
produtos e manutenção de informação.

Figura 3: Atividades primárias e Secundárias da Logística


Fonte: Elaboração própria

Atividades primárias da Logística:

São as atividades com importância fundamental para a obtenção dos objetivos


logísticos de custo e nível de serviço que o mercado deseja e contribuem com a
maior parcela do custo total ou são essenciais para a coordenação e para o cum-
primento da tarefa logística.

Transportes: consiste na distribuição efetiva do produto, ou seja, refere-se


aos vários métodos utilizados para movimentar produtos e, de acordo
com Ballou (2001), é geralmente o elemento mais importante nos custos
logísticos, para a maioria das empresas. O transporte é essencial numa
empresa, pois ela não pode operar sem providenciar a movimentação de
suas matérias primas ou produtos acabados de alguma forma.

Controle de Estoques: Dependendo do setor que a empresa atua e da sa-


zonalidade temporal, é necessário manter estoque que aja como amorte-
cedor entre a oferta e a demanda. Enquanto o transporte adiciona valor
de “lugar” ao produto, o estoque adiciona valor de “tempo”. Para agregar
este valor dinâmico, o estoque deve ser posicionado próximo aos con-
sumidores ou aos pontos de manufatura. A administração de estoques

16
EJA-INTEGRADA - EPT

envolve manter seus níveis tão baixos quanto possível, ao mesmo tempo
que provê a disponibilidade desejada pelos clientes.

Processamento de Pedidos: Determina o tempo necessário para a en-


trega de bens e serviços aos clientes. Este item é considerado atividade
primária, pois deriva do fato de ser um elemento crítico em termos do
tempo necessário para levar bens e serviços aos clientes.

Figura 4: Representação das atividades primárias da Logística


Fonte: Elaboração própria

Atividades secundárias da Logística:

São aquelas, adicionais, que dão suporte ao desempenho das atividades


primárias, para que possamos ter sucesso na tarefa organizacional, que é manter
e criar clientes com pleno atendimento do mercado e satisfação total do acioni-
sta em receber seu lucro. As atividades consideradas secundárias são apresenta-
das a seguir:

Armazenagem: De acordo com Ballou (2001), a armazenagem “Ref-


ere-se à administração do espaço necessário para manter es-
toques”. Envolve as questões relativas à localização, dimensionamen-
to da área, arranjo físico, recuperação do estoque e configuração do
armazém. administração de espaços busca a otimização, transitando, em
consequência, em discussões que envolvem problemas de: localização, dimen-
sionamento de área, arranjo físico, configuração de armazéns, entre outros. Com
a antiga missão de “guardar estoques”, o que representava um custo a mais no
negócio, a armazenagem depara-se com sua nova e imprescindível missão, que
é “gerenciar o fluxo físico e de informações”.
Os dois papéis da Armazenagem são:
O papel operacional (visão interna): conjunto de processos voltados para esto-
cagem, movimentação e processamento de produtos e informações.
O papel estratégico (visão externa): Elo e coordenação no canal de distribuição:
atender de forma eficaz mercados geograficamente distantes, procurando criar
valor para os clientes.

Manuseio de Materiais: referem-se à movimentação dos produtos no local de


armazenagem. O processo envolvido no manuseio vai desde o recebimento no

17
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

depósito, sua movimentação até o local de armazenagem e, por fim, a movimen-


tação do ponto de armazenagem até o ponto de despacho.

Embalagem de Proteção: função de proteger o produto; assegurar a integridade


física do produto, permitindo que a mercadoria chegue em perfeitas condições
ao consumidor final e, em uma única operação, podem ser utilizados tipos, tama-
nhos e formatos de embalagens diferentes.

Programação de Produtos: Refere-se primariamente às quantidades agregadas


que devem ser produzidas e quando e onde devem ser fabricadas, ou seja, ga-
rante suporte ao fluxo de saída da cadeia de suprimentos (BALLOU, 2010). Pro-
gramar a necessidade de produção e seus respectivos itens da lista de materiais;

Manutenção de informação: São as‫ٶ‬informações‫ٶ‬necessárias de custo, procedi-


mentos e desempenho essenciais para o correto planejamento e controle‫ٶ‬logísti-
co. Tal base de dados deve ser mantida na empresa e envolve, entre outros, os
seguintes seguimentos:‫ٶ‬informação‫ٶ‬sobre clientes, volume de vendas e níveis de
estoque.

1.5 O profissional de logística:

O profissional de logística encontra-se hoje em plena evidência, tendo em vista


a importância desse setor para a sobrevivência das empresas. É o profissional re-
sponsável por lidar com diversas atividades no setor, desde a produção, passando pelo
armazenamento e distribuição dos produtos.

As empresas passam a exigir profissionais mais bem qualificados e capacitados


para interagir com os diversos setores, direta ou indiretamente, relacionados com
atividade de logística, tais como: fiscal, compras, comercial e vendas. Vejamos algu-
mas características que compõem um(a) profissional de logística.
Características de um profissional de logística:
• Boa formação acadêmica - Este profissional precisa estar continuamente se
capacitando (fazer uma graduação, especialização, mestrado, entre outras);
• Conhecimentos estatísticos e facilidade em trabalhar com números.
• Um segundo idioma (inglês e/ou espanhol);
• Habilidades em computação e negociação.
• Conhecimentos tributários e do negócio pelo qual atua.
• Proatividade e visão sistêmica do processo.
• Busca por melhorias nos processos e redução de custos.

Considerações da Unidade:
• A conscientização da importância da logística tem crescido devido ao impacto

18
EJA-INTEGRADA - EPT

que a mesma causa na lucratividade empresarial;


• Maior ênfase do gerenciamento de todo o processo logístico assumindo maior
controle sobre as ações dos fornecedores, distribuidores e clientes a fim de combi-
nar as taxas de produção com a demanda do usuário final.
Bem, aqui chegamos ao final da unidade 1, onde você pôde conhecer os principais
conceitos de logística, a sua origem e missão, a divisão das atividades da logística
e as principais características do profissional de logística. Nada complicado, não é
mesmo?
Agora vamos verificar o que você conseguiu assimilar. Vamos lá, tenho certeza de
que você vai responder facilmente todas as questões!

19
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Atividade de Fixação e Avaliação da Unidade 1

1. Coloque (V) para Verdadeiro ou (F) para Falso


A. ( )Embora o termo “logística” seja novo, a atividade é muito antiga, ela já é
praticada há séculos nas guerras.
B. ( )O processo de “integração logística”, em seu conjunto de atividades, é um
fenômeno antigo;
C. ( ) A Logística não tem um papel de muita relevância nas atividades da
empresa;
D. ( ) A logística passa a ser vital para a economia e para a empresa, sendo
também fator chave para incrementar o comércio regional e internacional.
E. ( ) O “processamento de pedidos” e a “Armazenagem” são os elementos
mais importante nos custos logísticos, para a maioria das empresas.
F. ( ) A missão da logística é colocar o produto certo, no local certo, na quan-
tidade esperada, ao menor custo possível;
G. ( ) As competências essenciais para um profissional de Logística são: proa-
tividade e visão sistêmica do processo, busca por melhorias nos processos e
redução de custos, saber um segundo idioma.
H. ( ) As atividades secundárias da logística são: transportes, processamento
de pedidos e controle de estoques.

2. Responda:
1) Liste e explique as atividades primárias da logística:
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_________________________________________

2) Liste e explique as atividades secundárias da logística:

_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_________________________________________

3) A Logística passou por diversas Eras ou fases. Quais são as Eras da Logística?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
________________________________________

20
EJA-INTEGRADA - EPT

Conhecendo um pouco mais!

Sites com conteúdo atualizado sobre logística:


https://www.ilos.com.br/web/
https://tecnologistica.com.br/
https://www.sitedalogistica.com.br/

21
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

UNIDADE 2 – LOGÍSTICA DE TRANSPORTES

Caro aluno nesta segunda unidade iremos aprofundar um pouco mais sobre
uma das atividades principais da Logística, os meios de transportes ou também
chamados de Modais de Transporte. O transporte é um dos elementos com opor-
tunidade para reduzir os custos de operações da empresa na área de logística.

Você aprenderá informações importantes sobre os modais de transporte e


canais de distribuição. Os modais de transporte estão divididos em três grandes
grupos: terrestre, aeroviário e aquático. Cada modal possui suas especificidades,
proporcionando diferentes alternativas para o transporte de cargas. O objetivo
desta unidade é permitir que você identifique os principais modais de trans-
portes e reconheça os canais de distribuição. Assim, os conteúdos que serão
abordados na Unidade 2 são:
• Aula 06: Modais de Transporte
• Aula 07: Modal Ferroviário e Rodoviário
• Aula 08: Modal Aéreo
• Aula 09: Modal Aquaviário
• Aula 10: Modal Dutoviário, Intermodalidade e Multimodalidade

Desenvolvimento dos Conteúdos:

O transporte consiste na distribuição efetiva do produto, ou seja, refere-se aos


vários métodos utilizados para movimentar produtos e, de acordo com Ballou
(2010), é geralmente o elemento mais importante nos custos logísticos, para a
maioria das empresas. O transporte é um processo de locomoção de pessoas
e cargas existente desde o princípio da humanidade, tendo como finalidade
ser o elo entre os centros consumidores e fornecedores com o menor custo
e tempo (DEIMLING et al., 2016).

Dentre as atividades primárias, o transporte tem papel fundamental na


economia. O sistema de transporte forma bases para o comércio, um sistema
mais eficiente que gera ganhos que podem ser repassados aos consumidores,
contribuindo para a melhoria no padrão de vida da população, e a manutenção
de um alto padrão de vida nos países.

Desde os primórdios, o transporte de mercadorias tem sido utilizado para dis-


ponibilizar produtos onde existe demanda potencial, dentro do prazo adequado
às necessidades do comprador.

22
EJA-INTEGRADA - EPT

2.1 Modais de transporte:

São basicamente cinco os modais de transporte de cargas:


• Rodoviário,
• Ferroviário,
• Aquaviário- Marítimo, Fluvial e Lacustre,
• Dutoviário,
• Aéreo.

Cada um possui custos e características operacionais próprias, que os tornam mais


adequados para certos tipos de operações e produtos. Os critérios para escolha de
modais devem sempre levar em consideração aspectos de custos por um lado, e ca-
racterísticas de serviços por outro. Em geral, quanto maior o desempenho em servi-
ços, maior tende a ser o custo do mesmo.

Figura 5: Modais de transportes


Fonte: Elaboração própria

a) Modal Ferroviário: Transporte efetuado por vagões puxados por locomotivas sobre os
trilhos (Trajetos devidamente definidos, pouca flexibilidade e eventuais atrasos nas entre-
gas).

As ferrovias mostram-se um modo de transporte dos mais baratos, mas com


níveis de serviço inferiores, apresentando juntamente com o modal hidroviário,
baixa mobilidade e flexibilidade, necessitando quase sempre de carregamento
e descarregamento, além de uma complementação com o modal ferroviário. A
ferrovia é, basicamente, um transporte lento de matérias-primas (carvão, madei-
ra) ou manufaturados de baixo valor (papel, produtos de madeira) para longas
distâncias. Apesar de ser um transporte lento, existe a possibilidade de garantir
o prazo de entrega, priorizando um determinado pedido na programação dos
trens. Existem também serviços expressos, que garantem a entrega dentro de
um prazo limitado; privilégios de parada, permitindo carga ou descarga parcial
entre origem e destino e, flexibilidade para variação de roteiros ou alteração do
destino quando ainda em trânsito.
• Transporta em geral produtos de baixo valor específico e baixo valor, vol-
ume: produtos químicos, siderúrgicos, petróleo, plástico, etc.
• Velocidade lenta, usado para grandes distâncias, cargas completas.
• Dos custos:

23
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

• Altos custos fixos – em equipamentos, terminais e vias férreas, etc...


• Baixo custo variável;

O custo do transporte ferroviário é bem menor do que o transporte rodoviário,


porém não é amplamente utilizado no Brasil, por motivos de problemas com a
infraestrutura e a falta de investimentos nas ferrovias.
Vantagens:
• Transportam grande quantidade de carga por viagem.
• Percorre longas distâncias.
• Flexível quanto às mercadorias.
• Custo menor em relação ao rodoviário para grandes volumes de mercado-
ria.
• A velocidade é boa para longas distâncias.
• Não são prejudicadas pelo tempo ou tráfego competitivo.
• Pode utilizar o vagão ou o próprio container para o transporte.

Desvantagens:
• Tem custos altos e baixa segurança (Brasil) para produtos de alto valor
agregado e pequenos.
• Tem frequências de saídas menores em relação ao rodoviário.
• Seu tempo de trânsito é maior.
• Ineficiente para curtas distâncias.
• Os custos de manuseio são altos.
• Não serve para serviço à domicílio.
• É ineficiente para alguns produtos.

b) Modal Rodoviário: “Ideal para rotas de curta distância de produtos acabados


ou semiacabados, o modal rodoviário apresenta custos bastante elevados, con-
centrando, portanto, cargas de alta relação valor-preço” (ROCHA 2001). As vanta-
gens inerentes do uso de caminhões são: (1) sua mobilidade e flexibilidade com
o serviço porta-a-porta, de modo que não é preciso carregamento ou descarga
entre origem e destino, como frequentemente ocorrem com os modos aéreo e
ferroviário; (2) a frequência e disponibilidade dos serviços e (3) sua velocidade e
conveniência no transporte porta-a-porta. Outra vantagem, é que o transporte
rodoviário é capaz de manipular menor variedade de cargas, devido principal-
mente às restrições de segurança rodoviária, que limita tamanho e peso de car-
regamentos (BALLOU, 2010). Apesar de razoavelmente seguro, o transporte ro-
doviário é afetado pelas condições do tempo e das grandes distâncias do nosso
território. De todas as modalidades de transporte no Brasil, o rodoviário é o que
mais tem respondido ao mercado.

O modal Rodoviário não é recomendado para produtos agrícola a granel, pois


seu custo é muito baixo para esse modal. Esse transporte é dividido em:
• Transportadores regulares.
• Frota própria.
• Transportadores contratados (que são utilizados por um número limitado

24
EJA-INTEGRADA - EPT

de usuários com contratos de longa duração.


• Autônomos.
• Dos custos:
• Custos Fixos Baixos: Rodovias estabelecidas e construídas com fundos pú-
blicos e privatizadas.
• Custos Variáveis Médio: Combustível; manutenção; mão de obra; pedágio.

Vantagens:
• Possibilidade de transporte integrado porta a porta, adequação aos tem-
pos pedidos, assim como a frequência e disponibilidade dos serviços.
• Flexibilidade do serviço em áreas geográficas dispersas.
• Manipulação de lotes relativamente pequenos.
• Serviço extensivo e adaptável.
• Serviço rápido.
• Entrega à domicílio ou “porta a porta”.

Desvantagens:
• Transporta somente cargas pequenas e médias;
• Custos elevados para longas distâncias.

c) Modal Aéreo: O transporte aéreo tem tido uma demanda crescente pela
vantagem da velocidade, principalmente para longas distâncias. A disponibili-
dade do serviço aéreo pode ser considerada boa sob condições normais de op-
erações. A variabilidade do tempo de entrega é baixa, apesar de o tráfego aéreo
ser bastante sensível a falhas mecânicas, condições meteorológicas e conges-
tionamentos. Keedi (2004) enfatiza que este tipo de modal mostra-se ideal para
produtos que necessitam de extrema rapidez na entrega, de valor elevado/peso
ou altamente perecíveis, com distâncias maiores que 1.000 Km, sendo que neste
último caso, o modal aéreo sofre uma grande concorrência do modal rodoviário.

Utilização: Nos transportes de cargas de alto valor unitário (artigos eletrônicos,


relógios, alta moda etc.) e perecíveis (flores, frutas nobres, medicamentos, pe-
quenos animais, etc…);

Tipos: Serviços regulares, contratuais e próprios (BALLOU, 1993).

Classificação:
• linhas-tronco domésticas regulares.
• cargueiros (somente carga).
• locais (principais rotas e centros menos populosos, passageiros e cargas).
• suplementares (charters, não tem programação regular).
• regionais (preenchem rotas abandonadas pelas domésticas, aviões meno-
res).
• táxi aéreo (cargas e passageiros entre centros da cidade e grandes aero-
portos).
• internacionais (cargas e passageiros).

25
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Vantagens:
• Velocidade elevada; distância alcançada, segurança (roubos, danos e ex-
travios); redução de custo com estoque.

Desvantagens:
• Custo alto de frete, tempos de coleta e entrega, manuseio no solo e di-
mensões físicas dos porões de transporte dos aviões.

d) Modal Aquaviário: É a denominação moderna do setor em que está inseri-


do o transporte marítimo, fluvial e lacustre (transportes por grandes lagos, por
isso é pouco conhecido e bastante restrito). Conforme as normas brasileiras, a
navegação pode ser enquadrada numa das seguintes formas:

Cabotagem: é a navegação entre portos do mesmo país, e se contrapõe à


navegação de longo curso, que é realizada entre portos de diferentes países.

Lacustre ou navegação interior: realizada em hidrovias interiores, em percurso


nacional ou internacional.

Navegação de longo curso: realizada entre portos brasileiros e estrangeiros.

O modal hidroviário pode ser dividido em:

I) Fluvial: No Brasil o transporte realizado em rios ainda tem utilização muito


pequena, se considerado o potencial de suas bacias hidrográficas. A maior
parte das mercadorias transportadas por esse meio são: carvão, minério, cas-
calho, areia, ferro, aço e atualmente também produtos agrícolas; entretanto,
na Bacia Amazônica também ocorre o transporte de mercadorias manufat-
uradas oriunda do Polo Industrial de Manaus (PIM), aí o transporte se realiza
de forma internacional, ligando diversos portos brasileiros no Amazonas, Pará,
Amapá, Roraima a portos no Peru e Colômbia.

O Brasil conta com sistema hidroviário distribuído por 8 bacias hidrográficas,


totalizando 48 mil km de rios navegáveis (cerca de 25% dos rios deixam de ser
navegáveis durante os períodos de seca). Isso envolve, pelo menos, 16 hidro-
vias e 20 portos fluviais.

Principais bacias hidrográficas brasileiras:


• Bacia Amazônica (dividida em ocidental e oriental).
• Bacia do Tocantins-Araguaia.
• Bacia do Nordeste.
• Bacia do São Francisco.
• Bacia do Paraná.
• Bacia do Paraguai.

26
EJA-INTEGRADA - EPT

• Bacia do Sul.

II) Marítimo: Keedi (2004) definem que o transporte marítimo é aquele rea-
lizado por navios a motor, de grande porte, nos mares e oceanos. O meio de
transporte mais utilizado no momento para movimentação no comércio in-
ternacional é o marítimo. Os navios cargueiros apresentam-se em várias for-
mas: os convencionais, de carga geral, os de carga frigorífica, graneleiros, na-
vios-tanque, roll-on roll-of, porta-contêineres, entre outros, para adaptação
dos mais variados tipos de carga. Ainda de acordo com Keedi (2004), o trans-
porte marítimo é o mais utilizado internacionalmente para deslocamento de
mercadorias no planeta. A operação eficiente de navios mercantes está inti-
mamente associada à existência de portos e terminais adequados, tanto do
ponto de vista físico como sob o aspecto operacional. Estas embarcações po-
dem apresentar-se nos mais diversos tipos, podendo ser divididos em navios
de carga geral, especializados, multipropósitos e porta-contêineres. O mesmo
autor classifica a navegação como sendo de “longo curso”- envolve mais de
um país, e a “cabotagem” - apenas dentro do próprio país, entre portos nacio-
nais. O transporte marítimo é o modal mais utilizado no comércio internacio-
nal.

Vantagens:
• Possibilidade de navegação interior através de rios e lagos.
• Maior capacidade de carga.
• Carrega qualquer tipo de carga.
• Menor custo de transporte.

Desvantagens:
• Necessidade de transbordo nos portos.
• Distância dos centros de produção.
• Maior exigência de embalagens.
• Menor flexibilidade nos serviços aliados à frequentes congestionamen-
tos nos portos.

III) Lacustre: De acordo com Keedi (2004), este modal tem as mesmas carac-
terísticas do fluvial, porém consiste no transporte em lagos, podendo ser con-
siderado incipiente, não tendo importância relativa no transporte de cargas
no comércio internacional. As suas rotas são determinadas por vias adequa-
das, providas pela própria natureza e estabelecidas pelo homem.

Utilização:
• Transporte de granéis líquidos, produtos químicos, areia, carvão, cereais
e bens de alto valor (nos operadores internacionais) e em contêineres.

Tipos: Navios dedicados; navios contêineres e navios bidirecionais para veícu-

27
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

los.

Dos custos: Este é o modal com o mais baixo custo.

• Custo Fixo Médio: Navios e equipamentos.


• Custo Variável Baixo.

Vantagens:
• Capacidade de transportar grande quantidade de tonelagem.

IV) Dutoviário:

Modal ideal para transportar líquidos ou gases, especialmente para longas


distâncias, onde se mostra bastante vantajoso. No Brasil, existem algumas ex-
periências bem-sucedidas na utilização de dutos para sólidos em suspensão,
como é o caso de um miniproduto existente entre Minas Gerais e o Espírito
Santo, operando a cerca de 25 anos.

2.1 Multimodalidade e Intermodalidade:

O setor de transportes passou por mudanças significativas nas últimas décadas. Já


entendemos que a logística de transportes precisa ser bem trabalhada, pois é um dos
mais importantes para redução de custos e como estratégia competitiva. Os proble-
mas são muitos quando se referem a pequenos volumes ou cargas fracionadas. Logo,
para resolver este problema as transportadoras buscaram se especializar.

Quanto à forma, a logística de transporte está dividida em: Unimodal: envolve ape-
nas uma modalidade de transporte; Intermodal: envolve mais de uma modalidade;
Multimodal: envolve mais de uma modalidade, porém, regido por um único contrato.

Se operadores de modal único oferecem serviços utilizando apenas um único mo-


dal de transporte, operadores intermodais utilizam vários modais, aproveitando os be-
nefícios que cada um tem a oferecer, proporcionando um serviço que chamamos de
integrado. De acordo com Bowersox e Closs (2007, p.298), “as ofertas de transportes
intermodais tornaram-se comuns na década de 50, com o advento do transporte ro-
doviário e ferroviário integrados, de carretas com cargas fechadas sobre vagões (co-
mumente chamado de piggyback).

O Operador de Transporte Multimodal (OTM), também conhecido como Operado-


res logísticos, é a pessoa jurídica contratada como principal, e não como agente, para
a realização do Transporte Multimodal de Cargas da origem até o destino, por meios
próprios ou por intermédio de terceiros. O OTM é um fornecedor de serviços especiali-
zados em gerenciar e executar toda ou parte das atividades logísticas nas várias fases
da cadeia de abastecimento de seus clientes, agregando valor aos produtos e que

28
EJA-INTEGRADA - EPT

tenha competência para prestar simultaneamente serviços nas atividades básicas de


controle de estoques, armazenagem, gestão de transportes e indicadores de desem-
penho.

Exemplos de transporte multimodal ou intermodal são: rodofluvial, rodoferroviário,


rodoaéreo, entre outros.

Figura 1: Os diversos modais de transporte: Rodoviário, Ferroviário, aéreo e marítimo


Fonte: Elaboração própria

Conhecendo um pouco mais!

O Agente de Carga é um prestador de serviços logísticos que desenvolve solu-


ções personalizadas para os usuários do transporte de carga em qualquer mo-
dal (aéreo, marítimo ou terrestre). Dessa forma, ele é o profissional que trata de
toda a parte documental e física do embarque internacional de cargas.

As tarefas oferecidas pelos intermediários entre embarcadores e transportadoras


abrangem essencialmente três classes: os agentes de fretes (freightforwarders), as
associações de embarcadores e os corretores. Vamos conhecer um pouco sobre esses
agentes:

2.2.1 Agentes de frete:

O papel dos agentes de frete é de oferecer serviços de consolidação de cargas.


A partir de cargas fracionadas de vários clientes, eles montam uma carga cheia ou
maior e, após esse processo, buscam uma transportadora rodoviária ou aérea. A van-
tagem é na consolidação da carga.

2.2.2 As associações de embarcadores:

Trabalham também com a consolidação de cargas. A diferença entre agentes de


fretes e associações de embarcadores é que estas são entidades sem fins lucrativos,
cujos envolvidos pertencem ao mesmo setor da economia.

2.2.3 Corretores:

Para Bowersox e Closs (2007), os corretores coordenam o transporte para os embar-

29
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

cadores, destinatários e transportadoras. Eles também repassam cargas para trans-


portadoras isentas e para operadores autônomos.

Considerações da Unidade:

Nesta aula apresentamos sistemas, formas e modais de transporte. Há cinco modais


mais importantes: Rodoviário, ferroviário, aeroviário, aquaviário e dutoviário, com suas
características e algumas vantagens e desvantagens. Vimos também sobre os trans-
portadores especializados e qual seu papel na gestão de transportes. Este conteúdo
é muito importante para quem trabalha na área de logística, devido à sua grande
complexidade. Escolher o modal de transporte correto para cada tipo de carga é de
suma importância, principalmente para reduzir custos. Vamos verificar o que você
aprendeu?

30
EJA-INTEGRADA - EPT

Atividade de Avaliação da Unidade 2

1) Em relação aos modais de transporte, marque (V) para as afirmativas verda-


deiras e (F) para as falsas.
a) ( ) O transporte ferroviário é muito utilizado para grandes cargas, como
minério, mas tem um alto custo de construção de vias.
b) ( ) O transporte rodoviário é o modal mais simples de ser utilizado, entretanto
essa facilidade de transporte se opõe ao elevado consumo de combustível.
c) ( ) O meio de transporte mais rápido e econômico é o aeroviário.
d) ( ) O transporte por Hidrovias (aquaviário) vem sendo um meio muito utiliza-
do para produtos de alto custo, como ferro, cimento e vários outros.
e) ( ) O transporte tem papel fundamental na economia, representando cerca
de 60% das despesas logísticas.
f) ( ) Os critérios para escolha dos modais de transportes devem levar em consid-
eração apenas os aspectos de custos;
g) ( ) O termo logística é novo, mas a atividade é antiga, ela já era praticada há
séculos nas guerras.

2) Pesquise sobre as principais características e vantagens do modal rodoviário.

3) Pesquise sobre as vantagens e desvantagens do modal ferroviário.

4) Quantas e quais são as principais bacias hidrográficas brasileiras?

5) O que é um OTM e qual sua função?

31
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Conhecendo um pouco mais!

Você pode aprofundar seu conhecimento sobre os modais de transportes aces-


sando o site do Ministério de infraestruturas e outros sites que tratam de logís-
tica:
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transporte-terrestre
https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transporte-aquaviario
https://tecnologistica.com.br/categoria/infraestrutura/porto-de-itaguai-tera-
-novo-terminal-de-minerio-de-ferro.html

32
EJA-INTEGRADA - EPT

UNIDADE 3 – ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS

Caro aluno você já percebeu que a Logística tem um papel estratégico? O


planejamento‫ٶ‬das atividades da logística‫ٶ‬precisa utilizar-se de métodos efi-
cazes para distribuir itens e manter um alto nível de serviço. Além disso, com
a‫ ٶ‬logística estratégica‫ ٶ‬é possível realizar uma movimentação eficiente dos
materiais sem gerar custos operacionais.
Nesta unidade iremos apresentar quais são as operações logísticas de supri-
mentos, logística de manufatura e a logística de distribuição. Assim, as aulas
na Unidade 3 serão:

• Aula 11: Logística de Suprimentos


• Aula 12: Logística de Manufatura
• Aula 13: Logística de Distribuição

Figura 6: Divisões da Logística Empresarial


Fonte: Elaboração própria

As empresas precisam ser ágeis para melhorar a velocidade e a confiabilidade da


resposta. As empresas precisam de uma estratégia clara e definida para manter-se
competitiva, de forma a alcançar desempenho superior para que possa competir
tanto no âmbito nacional quanto no ambiente global;

Quando não há planejamento, os responsáveis pela organização perdem muito


tempo reagindo às crises em vez de antecipar estratégias de mudanças e desenvolvi-
mento para lidar com esses problemas. A empresa deve definir estratégias para at-
ingir os objetivos desejados, cujos fatores mais importantes para alcançar esses obje-
tivos são: qualidade, pontualidade e produtividade.

Para Ballou (2001) os objetivos principais de uma estratégia são:


• Redução de custos: custos associados a movimentação e à estocagem, pela
escolha de diferentes localizações de armazéns ou seleção de modais alter-

33
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

nativos de transportes, mantendo o nível de serviço.


• Redução do capital: minimizando o investimento no sistema logístico e max-
imizando o retorno sobre o investimento.
• Melhoria no serviço – reconhecer que as receitas são derivadas do nível de
serviço oferecido.

Para Christopher (1997), para obter vantagem competitiva pode-se dividir estraté-
gia em dois vetores, sendo:
• Vantagem em produtividade: em que a empresa diminui os custos de pro-
dução com um aumento na produção, ou através de um maior volume de
vendas.
• Vantagem em valor: em que a organização deve buscar maneiras de propor-
cionar um valor adicional ao produto ou serviço prestado que a torne difer-
ente da concorrência.

Conhecendo um pouco mais!

Você sabe qual a diferença entre “eficiência” e “eficácia”?


Eficiência: conceito que relaciona os meios e os métodos. Mede a proporção
dos recursos utilizados para alcançar os objetivos. Pode se referir ainda à ca-
pacidade de seguir rotinas e manuais (fazer as coisas da maneira certa). Efi-
cácia está relacionada ao atingimento de objetivos, por meio da qualidade
dos resultados alcançados.

3.1 Operações Logísticas:

É um conjunto de atividades que devem ser executadas para atender a uma parte
da cadeia de suprimentos. Uma cadeia de suprimentos pode ser dividida, em quatro
grandes grupos:
• Grupo de fornecedores.
• Grupo de empresas manufatureiras, que transformam as MP em produtos
acabados.
• Grupo dos Centros de distribuição: recebem, acondicionam e entregam os
produtos aos clientes.
• Grupo de consumidores finais.

As operações logísticas são divididas em três grandes grupos: suprimento, ma-


nufatura e distribuição. As operações logísticas deverão, em cada um dos grandes
grupos, encontrar respostas para algumas questões.

3.1.1 Operações logísticas de Suprimentos:

Os suprimentos são os atores principais de toda a cadeia, uma vez que é com base
nas características dos suprimentos que a logística define seus parâmetros (lead
34
EJA-INTEGRADA - EPT

time, tipo de embalagem, característica dos equipamentos de movimentação, mo-


dais etc).
• Suprimento é o item administrado, movimentado, armazenado, processado
e transportado pela Logística.
• A logística de Suprimentos trata das atividades de compras, seleção de for-
necedores, transporte dos materiais e produtos adquiridos.
• A logística é a principal responsável por assegurar a disponibilidade do item
dentro do prazo e das quantidades estabelecidas pelas áreas de compras e
Planejamento de Controle da Produção (PCP).
• Por meio da atividade de suprimentos a organização obtém os diversos ma-
teriais necessários ao seu funcionamento, estando conectada aos vários for-
necedores com os quais mantem contato e relacionamentos comerciais de
parceria. É a atividade que precede o processo de fabricação.

3.1.2 Operações Logísticas de Manufatura:

A manufatura surgiu durante a Revolução Industrial, em pequenas oficinas já com


produção em série, porém com trabalho praticamente manual, enquanto as fábricas
ou indústrias tinham porte e mecanização muito maior.

Atualmente não existe mais esta distinção, o termo manufaturado é sinônimo


de industrializado. A manufatura inclui decisões sobre: onde produzir (onde instalar
fábricas), quanto e quando produzir de determinado produto.
• É a partir das decisões acerca da manufatura que poderá ser definida toda a
política de compras, de estoques, armazenagem e distribuição da organização.
• Resumindo, a manufatura refere-se ao processo de produção de bens em
série padronizada, ou seja, produzir muitos produtos iguais e em grande vo-
lume, por meio de máquinas, ferramentas e trabalho.

3.1.3 Operações Logísticas de Distribuição:

É o processo das operações logísticas responsável pela administração dos


materiais a partir da saída dos produtos acabados até a entrega do mesmo no
destino final.
• Após o produto pronto, ele é encaminhado ao distribuidor que vende o pro-
duto para um varejista e em seguida aos consumidores finais.
• A distribuição é um processo crítico para a área de Marketing, pois problemas
como o atraso na entrega são refletidos diretamente no cliente.
• Operações de distribuição trata de decisões de “como” e “onde” se devem ar-
mazenar os produtos acabados, as peças de reposição e em que quantidade
armazenar. Neste caso, a maior preocupação da empresa é com o nível de
serviço a ser repassado ao consumidor.

As operações de distribuição podem ser divididas em outros sub processos tais

35
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

como:
• Movimentação da linha de produção.
• Expedição.
• Gestão de estoques.
• Gestão de transportes.
• Logística Reversa (reciclagem e devolução).

Apesar das empresas estarem terceirizando as atividades relacionadas às opera-


ções de distribuição e focando suas atividades no seu negócio principal, a mesma ain-
da tem grande importância dentro da empresa por ser uma atividade de alto custo. O
alto custo refere-se ao peso da carga, volume, preço, lead time, estado físico do mate-
rial. Estes aspectos influenciam na escolha do modal de transporte, dos equipamen-
tos de movimentação, da qualificação e quantidade pessoal envolvido na operação,
pontos de apoio, seguro, entre outros.

Considerações da Unidade:

Nesta unidade foram apresentados a divisão das operações logísticas e sua impor-
tância estratégica. Vimos que os objetivos principais das estratégias nas operações
logísticas é melhorar o nível de serviço logístico, reduzir custos e minimizar o capital
investido (investimento em todo o sistema logístico). Agora podemos verificar o que
você aprendeu!

36
EJA-INTEGRADA - EPT

Atividade de Avaliação da Unidade 3

1) Como estão divididas as operações logísticas?

2) Quais atividades estão relacionadas à Logística de suprimentos?

3) Qual operação logística trata da aquisição dos insumos para a produção?

37
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

UNIDADE 4 – LOGÍSTICA NA AMAZÔNIA

Costuma-se dizer que o grande problema da região amazônica é de logísti-


ca, especificamente de infraestrutura e transporte. Se o estado das rodovias,
ferrovias e hidrovias brasileiras é precário ou tem o seu potencial subutilizado,
na região norte do país a situação é ainda mais grave. Manaus, ainda é muito
dependente de insumos importados ou mesmo de insumos produzidos em
outras regiões do país. Enquanto em muitos lugares as empresas já passaram
a trabalhar com estoque mínimo, na Amazônia o estoque médio é de vários
dias, ocasionando custos de manutenção. A não existência de um sistema
eficiente de logística integrada, capaz de compensar em muito as limitações
impostas pelo posicionamento geográfico desfavorável do Polo industrial de
Manaus, isolado no meio da floresta amazônica, representa um elevado risco
às estratégias de crescimento e de competitividade das empresas instaladas.

4.1 Polo Industrial de Manaus:

O Polo Industrial de Manaus (PIM) é um modelo de concentração industrial, em


que a principal dinâmica econômica é apoiada pelo Modelo Zona Franca de Manaus
(ZFM), política do Governo Federal efetivada a partir de 1967, com enfoque geopolítico
(ocupação econômica do território amazônico) e baseado em incentivos fiscais à ativ-
idade empresarial pertinente aos três setores (Industrial, Comercial e Agropecuário),
como meios de compensação das desvantagens logísticas inerentes à região da
Amazônia Ocidental.

Os benefícios fiscais do PIM para as empresas aqui instaladas (IPI-imposto sobre


produto industrializado, II-Imposto de Importação e ICMS) estendem-se, segundo re-
gimes diferenciados, pelos Estados do Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e Áreas de
Livre Comércio de Macapá e Santana, no Amapá.

Este modelo, administrado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (SU-


FRAMA) há mais de 40 anos, atraiu para o PIM mais de 600 empresas instaladas, mui-
tas delas portadoras de marcas internacionalmente conhecidas, que, juntas, repre-
sentam algo em torno de US$ 30,1 bilhões em investimentos fixos acumulados até
o presente e geram mais de 100 mil empregos diretos e mais de 400 mil indiretos,
estando distribuídas em vários subsetores fabris, dos quais os principais são o eletroe-
letrônico, informática, veículos de duas rodas (bicicletas e motocicletas), químico, ter-
moplástico, relojoeiro entre outros (SUFRAMA, 2022).

A estratégia logística do PIM é caracterizada por:

38
EJA-INTEGRADA - EPT

a) Entrada de Insumos: modo marítimo e aéreo (insumos importados, oriundos


da Ásia, seguidos pela Europa, e Estados Unidos) e, rodofluvial (insumos nacion-
ais, vindos em sua maioria da região Sudeste do Brasil).

b) Saída de produtos acabados: é realizada através de: Modo rodofluvial, com


distribuição a partir de Manaus, via Belém (via fluvial) e entrega em São Paulo/
Rio de Janeiro em Centros de Distribuição (via rodoviária). Modo marítimo (cabo-
tagem), que está ganhando espaço no cenário nacional, mesmo com todos os
problemas de infraestrutura portuária presente no país. Há ainda o envio de pro-
dutos acabados via modo aéreo, direto para a Região Sudeste. Aqui, o custo de
frete, e a falta de companhias aéreas em voos cargueiros, são limitantes para o
envio de produtos acabados via aérea.

c) As Estratégias logísticas: são definidas por cada empresa individualmente,


de acordo com as suas próprias necessidades de mercado, tipos de negócio bem
como, prazos de entrega. Neste modelo de aglomerações industriais, como ex-
istem empresas globais, multinacionais, locais e de pequeno porte, as estraté-
gias logísticas também podem ser globais ou locais, por exemplo. Não há ainda
iniciativas de se definir uma ou algumas estratégias logísticas para todo o PIM, e
se considerarmos a diversidade de empresas instaladas, será fácil identificar que
muitas delas, não têm produtos em comum ou mercados comuns, o que dificul-
ta a definição de uma melhor estratégia logística que atenda ao Polo Industrial
como um todo.

Uma das consequências da falta de estratégias definidas, por exemplo, é a não pri-
orização das obras de infraestrutura, tais como aeroportos, portos, portos secos, etc.

Tipologia de regimes aduaneiros especiais no Amazonas para atender o Polo Indus-


trial de Manaus:

1) Entreposto Aduaneiro: pode ser utilizado na importação e na exportação de


matéria-prima e produtos acabados. Este regime é o que permite a armazenagem
de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado de uso público (Portos Secos),
com suspensão de pagamento de impostos incidentes na importação. O tempo de
permanência das mercadorias neste regime é de um ano, podendo ser prorrogado
por mais um ano, ou em situações especiais, prorrogável por até três anos. Os recin-
tos alfandegados podem ser de importação e/ou exportação (armazenagem com
suspensão de tributos), de uso público ou privativo em portos, aeroportos e portos
secos. Quando o recinto alfandegado é credenciado para atividades de industrial-
ização denomina-se aeroporto industrial, plataforma portuária industrial (porto ou
instalação portuária) ou porto seco industrial.

2) Portos Secos: são terminais aduaneiros de uso público, que prestam serviços pú-
blicos de movimentação e armazenagem de mercadorias que estejam sob controle
aduaneiro. A principal função de um Porto Seco é receber mercadoria importada

39
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

ou exportar sob controle fiscal, utilizando um dos regimes especiais para os quais
está habilitado. O controle dos Portos Secos, bem como o licenciamento de novos
usuários, é feito no Brasil pela Secretaria da Receita Federal.

3) EIZOF – Entreposto Internacional da Zona Franca de Manaus: regime criado pela


Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), nos moldes dos entre-
postos aduaneiros, com vistas ao atendimento exclusivo das empresas instaladas
no Polo Industrial de Manaus (PIM), a fim de que estas gozassem do benefício de
flexibilizar a entrada de insumos destinados à produção no PIM. A ideia foi garantir
às empresas do PIM, uma alternativa de armazenagem mais barata, bem como
a possibilidade de ter o insumo importado disponível em território nacional, sem
ônus para o estoque do contratante.

Considerações da Unidade:

Nesta unidade apresentamos o Polo Industrial de Manaus (PIM): os benefícios fis-


cais disponibilizados às empresas, como chegam os insumos para as empresas pro-
duzirem e as ações para saída de produtos acabados os principais desafios enfren-
tados pelas empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus. Encerramos aqui a
primeira parte do conteúdo sobre Logística empresarial. Espero que tenham gostado
e continuem “mergulhando” no mundo da Logística!

40
EJA-INTEGRADA - EPT

Respostas das atividades:


Unidade 1

Questão Resposta
1 V, F, F,V, F, V, V, F

2 As atividades primárias da Logística são: Transporte, processamento de pedi-


do e estocagem;
3 AS atividades secundárias são: Armazenagem, manuseio de materiais, Em-
balagem de proteção, programação de produtos, manutenção de informa-
ção
4 As Fases ou Eras da Logística são cinco: Era do Campo ao mercado, Era das
funções segmentadas, funções integradas, Era do Foco no cliente, Era da
integração estratégicas (Supply Chain management- SCM)

Unidade 2

Questão Resposta
1 V, V, F, V, V, F, V

2 Principais características e vantagens do Modal rodoviário são Possibilida-


de de transporte integrado porta a porta, adequação aos tempos pedidos,
assim como a frequência e disponibilidade dos serviços; Flexibilidade do
serviço em áreas geográficas dispersas

Manipulação de lotes relativamente pequenos, Serviço rápido


3 Principais características e vantagens do Modal ferroviário:
4 São 7. Bacia Amazônica, Bacia do Tocantins-Araguaia, Bacia do Nordeste,
Bacia do São Francisco, Bacia do Paraná, Bacia do Paraguai, Bacia do Sul

Referências:
BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: Transporte, Administração de Materiais e
Distribuição Física.‫ٶ‬São Paulo: Editora Atlas. 2010.

BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística empresarial: o processo de inte-


gração da cadeia de suprimento. In:‫ٶ‬Logística empresarial: o processo de integração
da cadeia de suprimento. 2007. ‫ٶ‬p. 594-594.

BALLOU, R. H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: Planejamento, organização


e logística empresarial. 4ed. Porto Alegre: Bookman, 2001

41
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

CHRISTOPHER, Martin. Logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos: criando


redes que agregam valor. São Paulo. Thomson Learning. 2007.

DEIMLING, Moacir Francisco et al. Análise da influência da logística de transportes ro-


doviários no custo Brasil.‫ٶ‬Revista de Administração do UNIFATEA, v. 13, n. 13, 2016.

KEEDI, S. Logística de Transporte Internacional: veículo prático de competitividade.


São Paulo: Aduaneiras, 2o.edição, 2004.

NAZÁRIO, P. O Papel do transporte na Estratégia Logística. In: FLEURY, P.; WANKE, P e


FIGUEIREDO, K.. Logística Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000.

ALEGRIM, E. ERP. Disponível em <http://www.infowester.com/erp.php> Acesso


em: 25 mai. 2022.

ACKERMAN, K. 350 dicas para gerenciar seu armazém: almoxarifado, depósito,


centro de distribuição. São Paulo: Imam, 2004.

ANAND, A.; WAMBA, S, F. Business value of RFID-enabled healthcare


transformation projects. Business Process Management Journal, v. 19, n. 1, p.
111-145, 2013.

BRUM, P. Sistemas ERP na gestão da cadeia de suprimentos. Revista


Organização Sistêmica, v. 7, n. 4, p. 1-16, 2015.

CAXITO, F. Logística: um enfoque prático. São Paulo: Saraiva 2011.

ERDEBILLI, B.; ERKAN, T. E. ERP System Selection By AHP Method: Case


Study From Turkey. International Journal Of Business And Management Studies, v.
3, n. 1, p. 39-48, 2011.

FESTA, E.; ASSUNÇÃO, M. P. Uso da tecnologia da informação e desempenho


logístico na cadeia produtiva de eletrônicos. Ciência & Tecnologia, v. 17, n. 33,
p. 7-23, 2012.

LAUDON, K.C; LAUDON, J.P. Sistemas de informação gerenciais. 11ª. ed. Rio de Janeiro:
Pearson, 2014.

NORTON, P.. Introdução à informática. Tradução Maria Cláudia Santos Ribeiro Ratto.
São Paulo: Pearson, 2011.

SILVIA, M. G. da. Informática terminologia básica: Win-


dows XP, Word, Excel XP, access XP, PowerPoint XP. 5ª Ed..
São Paulo: Érica, 2011.

42
EJA-INTEGRADA - EPT

RETTIG, C. The trouble with enterprise software. MIT Sloan Management Review,
v. 49, n. 1, p. 21-27, 2007

SALGADO, T. T. Logística: práticas, técnicas e processos de melhorias. São


Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

SUFRAMA. Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus. Disponível em:


https://www.gov.br/suframa/pt-br/publicacoes/indicadores/caderno_indicadores_ ja-
neiro_fevereiro_2021__gerado_26-04-2021_.pdf. Acesso em 28 de junho de 2022.

43
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

UNIDADE CURRICULAR 2 - TÓPICOS EM LO-


GÍSTICA I

Materiais, Estoque e Transporte

Objetivos:
Habilitar alunos em acompanhar processos da cadeia logística referentes à
distribuição de Materiais, a processo de Estocagem e movimentação de pro-
dutos e matéria prima.

Ementa:
Introdução à Administração de Estoques, tipos de estoques, classificação
ABC; Administração de Materiais, classificação de materiais; Técnicas de esto-
cagem. Armazenagem. Tipos de transportes. Modais e intermodalidade.

44
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 1: O QUE É ADMINISTRAÇÃO?


OBJETIVOS:

Geral

Conhecer o conceito universal de administração que é utilizado para o gerencia-


mento de estoques e de materiais.

Específicos

Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:


a) explicar a visão científica de Administração;
b) expicar a visão prática de Administração.

INTRODUÇÃO:

A Administração é um fenômeno universal e universalizante. É universal porque


praticamente todo o mundo, todo o planeta Terra, é movido por ela, de maneira que
o estágio atual de desenvolvimento planetário representa também o estágio atual de
pensar e fazer Administração. É universalisante porque cada prática, cada avanço no
conhecimento, tem sempre a intenção de valer para todo o planeta, para todo e qual-
quer espaço planetário.

A Administração está em tudo. Está nas finanças, com a Administração Financei-


ra, no meio ambiente, com a Gestão Ambiental, nas empresas, com a Administração
Empresarial, no governo, com a Administração Pública, e até no interior da sua resi-
dência, do seu lar, com a Administração Doméstica. E como a Administração também
está na logística, é fundamental que conheçamos como ela funciona. Afinal, Logística
também é Administração. Sempre que se falar em Administração, também se está
falando de Logística, porque é através da Logística que a Administração cumpre uma
de suas funções mais nobres, que é a de suprir.

Não é por acaso, portanto, que a primeira aula de todo e qualquer curso sobre Lo-
gística comece sempre com o conhecimento essencial do que é Administração. É
apenas com o conhecimento desse fenômeno universal e universalizante que pode-
remos compreender não apenas a Logística, mas qualquer ação humana feita de for-
ma associada. É da compreensão do que é Administração que vem o entendimento
do que é Administração de Materiais, Administração de Estoques e Administração de
Transporte. Vamos lá.

45
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

VISÃO DA CIÊNCIA:

A visão da ciência sobre Administração é diversa e variada. São inúmeras respostas


que se obtém, cada uma enfocando variados aspectos da realidade administrativa. Na
tabela 1 podemos ver que a primeira e a terceira respostas dizem que Administração é
um processo (BITAR; VICENTE, 2021; CARNEIRO; SALGADO JÚNIOR; MACORIS, 2016). O
que é um processo, você poderia perguntar? Um processo é um conjunto de etapas,
mas com duas características essenciais.

A primeira característica é que essas etapas precisam estar ordenadas, em sequên-


cia desde a primeira até a última. Precisamos, portanto, saber qual é a primeira, a
segunda, a terceira, enfim, todas elas, na sequência. É como aquelas receitas de bolo,
que dizem o que tem que ser feito, passo a passo, para que a gente possa ter um bolo
bonito e gostoso, no final da execução de todas as etapas.

A segunda característica é que depois que todas as etapas forem executadas um


determinado produto apareça. Novamente, é como no nosso exemplo da receita de
bolo que aparecem em muitas revistas femininas, daquelas que a gente encontra nos
salões de beleza. Nas receitas, o produto é o bolo. Mas esse esquema é universal, como
dissemos na introdução. Ele serve para fazer tudo. É no passo a passo que cozinhamos
(o produto é o almoço ou jantar), lavamos roupa (o produto é a roupa lavada), construí-
mos estádio (o produto é o estádio construído), transportamos cargas (o produto é a
carga transportada) e assistimos filmes no cinema (o produto é o prazer que o filme
nos proporciona naquele ambiente).

Ainda olhando as respostas da tabela 1 podemos ver que a segunda resposta diz
que Administração é utilização (RAGONESI, 2017). Utilização de quê? De recursos. Mas
veja que coisa interessante. Essa segunda resposta é diferente das demais porque as
outras dizem que Administração é um processo. Mas veja que a segunda resposta se
concentra justamente sobre os recursos, que é o que a primeira resposta também faz,
quando diz que Administração é utilização de recursos.
Tabela 1. Administração: visão da ciência

Autores Respostas
Bitar e Vicente Administração pode ser definida como o processo de planejar, orga-
(2021) nizar, dirigir e controlar as atividades de uma organização, p. 377
Ragonesi Administração pode ser definida como a utilização mais eficiente e
(2017) eficaz dos recursos da organização por meio dos processos de planejar,
organizar, liderar e controlar afim de alcançar seus objetivos estabeleci-
dos, p. 15
Carneiro, Sal- Administração pode ser definida como um processo composto por
gado Júnior e quatro etapas interdependentes e cíclicas (planejamento, organização,
Macoris (2016) direção e controle), que visa levar as organizações a utilizarem seus re-
cursos da melhor maneira possível, tornando-as eficientes, para que
consigam atingir seus objetivos, tornando-as eficazes, p. 342

46
EJA-INTEGRADA - EPT

Fonte: dados coletados pelos autores.

Isso quer dizer, então, que o foco de toda Administração é lidar com recursos. Mas
o que são recursos? Agora você vai entender bem: recursos são tudo aquilo de que a
gente precisa para fazer alguma coisa. Se quero fazer um bolo, os recursos são os ovos,
manteiga, açúcar, farinha de trigo, a forma, as batedeiras, energia, forno e muito mais.
São os recursos que precisamos manusear para que, no final, aquilo que a gente quer
fazer aconteça. É assim não apenas com o bolo, mas com tudo no universo. Tudo con-
some recursos, como mostraremos ao longo deste curso.

Já sabemos que Administração é um processo e que lida com recursos. Se Admi-


nistração é um processo e processo é uma sequência de etapas, quais são as etapas
do processo de Administração? Veja nas respostas da tabela 1. Todas apontam para 1)
planejar, 2) organizar, 3) dirigir ou liderar e 4) controlar. Veja de forma mais atenciosa.
Perceba que são através dessas quatro coisas que a Administração lida com os recur-
sos. Dito de outra forma, os recursos são planejados, organizados, dirigidos, liderados
e controlados em sua utilização.

Para não nos alongarmos muito, veja que tudo o que a Administração faz está vol-
tado para o alcance de objetivos. O que é um objetivo? É toda situação futura deseja-
da. A gente chama dessa forma para tudo o que a gente quer fazer. Se queremos fazer
um churrasco no final de semana, esse churrasco é uma situação futura desejada. Se
queremos fazer uma viagem de férias no final do ano, essa viagem também é outra
situação futura desejada.

Sintetizando, sob o ponto de vista da ciência, Administração 1) é um processo, 2)


composto pelo planejamento, organização, direção ou liderança e controle, 3) utiliza-
do sobre os recursos e 4) para alcançar objetivos. Agora vejamos como as pessoas que
trabalham com Administração veem esse fenômeno.

VISÃO DA PRÁTICA:

Os profissionais da Administração veem as coisas um pouquinho diferente da for-


ma como a ciência vê. A primeira resposta (MARCONDES, 2020) é muito parecida com
a visão científica. Por essa razão, vamos nos concentrar nas outras duas.

A segunda resposta diz que Administração é uma tarefa. Uma tarefa é todo traba-
lho obrigatório que temos que fazer. É por isso que dizemos que as tarefas A e B são
do fulano e C e D são de Ciclano. Esse trabalho obrigatório é que faz com que objetivos
sejam alcançados. Veja, aqui, que a finalidade da Administração também é alcançar
objetivos. Mas o que difere é justamente o foco sobre a eficiência. O que é eficiência?
Essa palavra significa, em Administração, “fazer da melhor maneira possível”. Aquela
pessoa que faz as coisas da melhor maneira possível é uma pessoa eficiente. Agora,
uma surpresa: como é que as pessoas conseguem ser eficientes? Simples: planejando,
organizando, dirigindo ou liderando e controlando os recursos que utilizam. Surpre-

47
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

so? Exatamente. A eficiência só é possível com o uso das etapas do processo gerencial.

Tabela 1. Administração: visão da prática

Autores Respostas
M a rc o n - Administração pode ser definido como sendo‫ ٶ‬o processo de planejar,
des (2020) organizar, dirigir e controlar o uso de recursos com a finalidade de alcançar
os objetivos definidos para uma organização.
Moreira Administração pode ser definida como a tarefa que possibilita alcançar
(2009) os objetivos previamente definidos, com menor dificuldade e maior rapi-
dez, isto é, com maior eficiência.
Paciello Gestão pode ser definida como‫ ٶ‬o atingimento de metas e objetivos com
(2018) recursos limitados com e através das pessoas.
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta dá muita ênfase aos objetivos e metas. Metas são um tipo muito
especial de objetivos. Elas têm sempre um número e uma data para acontecer. Por
exemplo, o objetivo “Vender picolés” pode ser traduzido em metas assim “Vender 200
picolés no próximo domingo”. Veja o número 200 sinalizando a quantidade do objeti-
vo “vender picolés” e a data de quando isso deve acontecer. Mas objetivos e metas são
impossíveis sem que consumam recursos. E como eles são limitados, precisam ter o
seu uso planejado, organizado, dirigido ou liderado e controlado. Exatamente! Nova-
mente aqui aparecem as etapas do processo gerencial. Mais do que isso, as pessoas
são extremamente importantes na Administração porque tudo é feito por elas e com
elas.

Só para terminar. O que Administração tem a ver com Gestão? Nada. As duas pa-
lavras querem dizer absolutamente a mesma coisa. Administração de Materiais é a
mesma coisa que Gestão de Materiais. Administração de Estoque é a mesma coisa
que Gestão de Estoque. Administração Ambiental é a mesma coisa que Gestão Am-
biental. Simples assim.

RESUMINDO...

Qual é a visão científica de Administração? É aquela que diz que Administração é


o processo de planejar, organizar, dirigir ou liderar e controlar recursos para alcançar
objetivos.

Qual é a visão da prática de Administração? É aquela que diz que Administração é


o alcance de objetivos e metas de forma eficiente e com pessoas.

48
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Administração é um processo, para a ciência.
( ) Planejar, organizar, comandar e dirigir são as etapas do processo de Admin-
istração.
( ) Administração é uma coisa e Gestão é outra.
( ) A visão prática da Administração se concentra no alcance de objetivos e me-
tas.
( ) Um objetivo é uma situação futura desejada.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Afinal, o que é administração?


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9KIcp6HfaTQ

Vídeo: O que é administração: conceitos iniciais


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VQALpq2HsT8

49
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
BITAR, Alan Barros; VICENTE, Kyldes Batista. A EDUCAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO.‫ٶ‬Hu-
manidades & Inovação, v. 8, n. 50, p. 377-385, 2021.

CARNEIRO, Murilo; SALGADO JUNIOR, Alexandre Pereira; MACORIS, Lucas Serrão.


Avaliação da eficiência bancária por meio da abordagem de intermediação: uma aná-
lise comparativa de instituições financeiras brasileiras.‫ٶ‬REAd. Revista Eletrônica de
Administração, Porto Alegre, v. 22, p. 336-359, 2016.

MARCONDES, José Sérgio. Administração: o que é, conceitos, definições, funções e


princípios. 2020. Blog Gestão de Segurança Privada. Disponível em https://gestaode-
segurancaprivada.com.br/conceito-de-administracao/.

MOREIRA, Bruno Leonardo C. Funções do gestor. 2009. Blog Funções dos Gestores.
Disponível em http://funcoesdosgestores.blogspot.com/.

PACIELLO, Marcelo. Uma análise da gestão esportiva no Brasil. 2018. Blog The 360.
Disponível em https://the360.com.br/blog/62/uma-analise-da-gestao-esportiva-no-
-brasil.

RAGONESI, Guilherme Palombo.‫ٶ‬Avaliação das melhorias de uma proposta de mu-


dança de layout de uma indústria de filtro de água por gravidade. 2017. 65 f. Mono-
grafia (Graduação em Engenharia de Produção). Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Medianeira, 2017.

50
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 2: O QUE É ESTOQUE?


OBJETIVOS:

Geral
Saber conceitualmente o que é estoque.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar a visão da ciência sobre o que é estoque;
b) explicar a visão da prática logística sobre o que é estoque.

INTRODUÇÃO:

Na aula anterior conhecemos o que é Administração. Vimos que a razão de ex-


istência da Administração é a racionalização do uso dos recursos. Aprendemos que
recurso é tudo aquilo que é necessário para que alguma coisa seja produzida. Vimos
o exemplo do bolo, que para ser produzido consome ovos, farinha de trigo, açúcar etc.
Ovos, farinha de trigo, açúcar e tudo o que for utilizado para fazer o bolo é chamado
de recurso. O bolo é o produto. Assim, todo produto consome recursos.

E o que estoque tem a ver com isso? Simples: estoques são recursos. E como tal,
precisam ser planejados, organizados, dirigidos e controlados. Isso significa que é so-
bre os estoques que aplicamos o processo gerencial para que a logística funcione. Foi
por isso que dissemos na aula anterior que a Logística está na Administração e a Ad-
ministração é Logística. Por isso é muito, muito importante estudar os estoques. Mas
a primeira coisa que devemos saber com exatidão é o que é estoque. Que coisa é essa
que justifica a existência da Logística e da Administração? Vejamos como a ciência e
a prática da logística o veem.

VISÃO DA CIÊNCIA:

Quando olhamos as respostas contidas na tabela 1 para a pergunta o que é esto-


que, percebemos que a primeira (SANTOS, 2022) e a terceira respostas (FERREIRA et
al., 2021) são praticamente a mesma. A diferença é que a primeira dá uma explicação
a mais, enquanto a terceira é bem sintética. Vamos olhar de perto essa forma de ver
os estoques.

Estoque é uma acumulação. Acumular é o mesmo que juntar, unir. No caso do es-
toque, é uma acumulação armazenada. Acumular de forma armazenada quer dizer

51
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

uma série de coisas que são típicas da logística, como vamos explicar depois, sobre
armazenagem. Mas, por enquanto, saiba que o termo “acumulado” quer dizer que o
estoque é cadastrado, registrado, acondicionado e colocado em um lugar adequado,
esperando o momento de ser usado.
Tabela 1. Estoque: visão da ciência

Autores Respostas
Santos (2022) Estoque pode ser definido como a acumulação armazenada de re-
cursos materiais em um sistema de transformação, ou seja, é qualquer
recurso que pertence a uma organização, que, por algum motivo, é ar-
mazenado, p. 3.
Souza, Miranda Estoque pode ser definido como todos e quaisquer bens destinados à
e Cavalcante venda ou produção, os quais possuem referência direta com os objetivos
(2021) das empresas, p. 60236
Ferreira et al. Estoque pode ser definido como acu-
(2021) mulação armazenada de recursos materiais
em um sistema em transformação, p. 3
Fonte: dados coletados pelos autores.

Continuando a interpretação das respostas de Santos (2022) e Ferreira et al. (2021),


há a ideia de recursos materiais. Recursos materiais são tudo aquilo que é feito de
matéria. Um ovo é feito de matéria, assim como a farinha de trigo, o açúcar, a forma
e tudo mais que for utilizado para fazer um bolo. É essa mesma situação que ocorre
com os estoques. Parafusos e grãos são recursos materiais porque são utilizados para
fazer alguma coisa. Os parafusos são utilizados para unir madeiras, enquanto os grãos
de feijão são usados para produzir alimentos.

A ideia de estoque dos autores termina com a obrigatoriedade de que a acumu-


lação armazenada desses bens materiais sejam direcionadas para produzir alguma
coisa. Espera aí. Não falamos que tudo o que fazemos consome recursos? Então tudo
o que é consumido para produzir alguma coisa é chamado de estoque? A resposta
é “não”. Apenas em duas situações vamos chamar os recursos materiais de estoque:
quando forem acumulados para vender e quando forem acumulados para a produ-
ção.

VISÃO DA PRÁTICA:

Agora vamos analisar as respostas obtidas junto a profissionais que lidam com es-
toques. Veja na tabela 2 que as respostas de Casa (2022) e Vhsys (2022) dizem que es-
toques são acumulação, da mesma forma que a ciência diz. A resposta de Vhsys (2022)
acrescenta ainda outros itens, além dos materiais, desde que utilizados diretamente
na produção ou na venda ou itens que não estejam vinculados à produção, mas que
a logística venha a utilizar. Perceba o foco centrado na ideia de produção, operações e
venda. Isso é muito importante para que possamos entender os estoques.
Tabela 2. Estoque: visão da prática

52
EJA-INTEGRADA - EPT

Autores Respostas
Casa (2022) Estoque pode ser definido como a acumulação de‫ٶ‬recursos materiais‫ٶ‬em
um sistema de operações ou produção.
Vhsys (2022) Estoque pode ser definido como um acúmulo de materiais e itens que
podem ser usados como matéria-prima na produção, produto direto para
venda, ou até mesmo para uso interno dentro da logística da empresa.
Nutrição Estoque pode ser definido como o somatório de materiais armazenados
e Gestão em uma organização, que permanece reservado para uso oportuno.
(2018)

Fonte: dados coletados pelos autores.

A visão de Nutrição (2018) é só aparentemente diferente, ou seja, apenas dá a im-


pressão de ser diferente das duas primeiras. É utilizada a palavra “somatório” no lugar
de acúmulo. Mas a palavra somatória vem de soma, de adicionar. E o que é adicionar,
na prática? Exatamente! É a mesma coisa que acumular. Veja o que acontece com o
bolo. Vamos adicionando uma, duas, três, quatro colheres de açúcar na forma. E o que
vai acontecendo? Justamente! O açúcar vai se acumulando, se aglomerando na vasi-
lha. Daí vem a prática da logística que apresenta a mesma ideia de estoque.

E o que podemos dizer que é estoque, levando em consideração as duas visões?


Poderíamos sintetizar assim: Estoque é o 1) acúmulo de 2) materiais que vai ser 3)
utilizado em algum 4) sistema de operações ou produção. Isso reforça a conclusão
de que é preciso acumular para que não faltem os materiais ao longo do processo de
produção ou operações para que os pedidos dos clientes possam ser atendidos. Suprir
é a razão de existência da Logística.

RESUMINDO...

O que é estoque para a ciência? Em linhas gerais, é o acúmulo armazenado de re-


cursos materiais para serem utilizados em algum sistema de transformação.

O que é estoque para os profissionais de logística? É o acúmulo de materiais que


vai ser utilizado em algum sistema de produção ou operação.

53
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Estoque é acúmulo desordenado de materiais.
( ) Acúmulo armazenado envolve uma série de operações tipicamente logísticas,
como cadastro e registro de materiais.
( ) Se os materiais não forem utilizados para venda, produção ou operações não
podem ser considerados estoques.
( ) Um sistema de transformação transforma os estoques em produtos ou
serviços.
( ) Os estoques são consumidos em sistemas de transformação.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: O que é estoque?


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=4NGkCv3QoZY

Vídeo: O que é estoque virtual?


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=vEJ3maUiXxU

54
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
CASA DA CONSULTORIA. O que é estoque: veja como organizar a sua empresa. 2022.
Disponível em https://casadaconsultoria.com.br/o-que-e-estoque/.

FERREIRA, Anna Marys Saraiva et al. Estudo do estoque de uma prestadora de servi-
ços.‫ٶ‬Research, Society and Development, v. 10, n. 13, p. e476101321478-e476101321478,
2021.

NUTRIÇÃO E GESTÃO. Como funciona o controle de estoque. 2018. Disponível em


https://nutricaoegestao.wixsite.com/ufpr/post/como-funciona-o-controle-de-estoque.

SANTOS, Ivysson Guimarães dos. Implementação de melhorias no sistema de ges-


tão de estoques: estudo de caso em uma empresa do setor industrial. 2022. 63 f. Mo-
nografia (Graduação em Engenharia de Produção). Universidade Federal Fluminense,
Petrópolis, 2022.

SOUZA, Carlos Victor Lopes; MIRANDA, Taylor de Souza; CAVALCANTE, Zuila Paulino.
Auditoria para o controle do estoque/Stock control audit.‫ٶ‬Brazilian Journal of Devel-
opment, v. 7, n. 6, p. 60225-60247, 2021.

VHSYS. Sistema de controle de estoque online. Disponível em https://www.vhsys.


com.br/controle-de-estoque. Acesso em junho de 2022.

55
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 3: O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE ESTO-


QUES?
OBJETIVOS:

Geral
Conhecer as técnicas de armazenagem mais comuns.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar a visão da ciência sobre gestão de estoques;
b) explicar a visão dos profissionais de logística sobre gestão de estoques;
c) explicar a diferença entre essas duas visões.

INTRODUÇÃO:

Já vimos o que é Administração e conhecemos o que é estoque. Agora estamos


prontos para darmos um passo adiante e entendermos o que é Administração de
Estoques. Só para lembrar, Administração de Estoques é a mesma coisa que Gestão
de Estoques. Nunca esqueça disso. Por essa razão, vamos utilizar esses dois termos
constantemente, sempre com o mesmo sentido, para que você se acostume com eles
e não veja nenhuma diferença prática entre eles.

Administração é um processo colocado em prática através das etapas de planeja-


mento, organização, direção ou liderança e controle. Estoques são acúmulos arma-
zenados de materiais para serem utilizados em algum sistema de transformação. Isso
já sabemos. Então basta juntar uma coisa com a outra que teremos a gestão de es-
toques? Sim e não. Sim, porque se é gestão é processo. Não, porque as etapas do pro-
cesso diferem. E diferem justamente para que possam dar conta da particularidade
do estoque. Vamos ver isso bem de perto.

VISÃO DA CIÊNCIA:

A primeira resposta (MOTTA; MARINS, 2012) diz que gestão de estoques é um con-
junto de atividades, a segunda (HARMEN; YUNIASIH, 2017) mostra que é uma soma de
atividades e a terceira (MUFUTAU, 2013) aponta para um processo. As duas primeiras
se referem a atividades. Vamos olhar essas duas com mais detalhes. O que é um con-
junto de atividades? O que é uma soma total de atividades? Perceba que um conjun-
to é a soma total de alguma coisa, de maneira que, de forma diferente, as duas visões
apontam para o mesmo fenômeno: uma série de coisas que precisam ser feitas. Uma
atividade é algo que é necessário que seja feito.

56
EJA-INTEGRADA - EPT

Agora vejamos a terceira, que diz que é um processo. Já sabemos que um proces-
so é um sequenciamento lógico de etapas. Etapas nada mais são do que conjuntos
de atividades. Para fazer um suco de limão, posso dividir as etapas em preparação,
realização e reserva. Na fase de preparação é feita a escolha dos limões, a compra dos
limões, a compra dos ingredientes, a preparação da cozinha, a reserva dos utensílios
e assim por diante. O mesmo acontece com as outras duas etapas. Não fica difícil
perceber, então, que “conjunto de atividades”, “soma total de atividades” são pratica-
mente a mesma coisa que processo, que poderia ser escrito em forma de “sequência
de atividades”.

A primeira resposta destaca aspectos importantes da gestão de estoques. A primei-


ra é a necessidade de políticas de estoque. Uma política é uma declaração simples
daquilo que se pretende fazer. Por exemplo, a afirmativa “Nosso estoque terá um ciclo
máximo de 15 dias” significa que todo material estocado tem que ser utilizado em no
máximo 15 dias. Políticas servem para orientar o que deve ser feito, são um tipo espe-
cial de objetivo a ser alcançado.

Essa política, ainda seguindo a segunda resposta, tem que estar voltada para o at-
endimento das necessidades da empresa, o que quer dizer que a empresa não pode
ficar sem material para vender, fabricar seus produtos ou prestar os seus serviços. E o
estoque não pode ser utilizado de qualquer jeito. Tem que ser aproveitado ao máximo
(eficiência) para que o dinheiro investido nele (capital) possa retornar aos seus donos.

Tabela 1. Administração de estoques: visão da ciência

Autores Respostas
Motta e Ma- Gestão de estoques pode ser definida como um conjunto de atividades
rins (2012) que visa, por meio de respectivas políticas de estoque, o atendimento das
necessidades da empresa, com a máxima eficiência e ao menor custo, por
meio de maior giro possível para o capital investido em materiais, p. 3
Harmen e Gestão de estoques pode ser definida como a soma total das atividades
Yuniasih necessárias para a aquisição, armazenamento, venda, descarte ou uso de
(2017) materiais, p. 93.
Mufutau Gestão de estoques pode ser definida como um processo de aquisição
(2013) econômica do material necessário para uma organização e a manuten-
ção eficaz desses materiais nos vários níveis de operações da organização,
garantindo uma utilização eficiente dos materiais de forma a aumentar a
lucratividade da organização, p. 8
Fonte: dados coletados pelos autores.

A segunda resposta foca a gestão de estoques nas etapas do processo logístico,


incluindo a logística reversa. Primeiro ela aponta a aquisição, que é a ligação da em-
presa que compra com os seus fornecedores, atividade logística essencial, porque é
na compra que se ganha dinheiro, e não na venda. A segunda é o armazenamento,
que tem toda uma série de detalhes que veremos mais tarde. A terceira é a venda (no
caso de comércio) ou uso de materiais (no caso de indústrias, governos e empresas

57
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

de serviços), que é o aproveitamento econômico do material. E a última é o descarte,


que já faz parte da logística reversa, voltada para a remanufatura, reaproveitamento
ou acondicionamento final.

A terceira resposta mostra que a gestão de estoques se concentra em duas frentes.


A primeira é a aquisição, sempre vantajosa, dos materiais que serão utilizados pela
organização; e a segunda é a manutenção desses materiais em um nível que garanta
que a organização opere sem maiores problemas. Por exemplo, não pode faltar ma-
terial e os materiais disponíveis sempre devem estar em condições de serem usados,
não podem ter falhas nem danos. Também diz que cabe à gestão de estoques o al-
cance da eficiência e a garantia de que a organização vai ter um lucro suficiente para
alcançar os seus objetivos.

Em síntese, gestão de estoques, para a ciência é o processo de aquisição, ma-


nutenção e uso eficiente de materiais em seus processos de transformação. As etapas
do processo são aquisição, manutenção e uso dos materiais, que devem ser planeja-
das, organizadas, dirigidas ou lideradas e controladas, como exige todo processo de
gestão. E veja também que a definição de estoque que aprendemos na aula anterior
está contida na definição de gestão de estoques.

VISÃO DA PRÁTICA:

A visão dos profissionais de logística é muito parecida com a visão da ciência. A


tabela 1 mostra algumas das respostas obtidas junto a eles. A primeira (SINDI, 2019)
diz que gestão de estoques é uma tarefa. Já vimos que uma tarefa é um trabalho que
precisa ser feito em determinado período de tempo. Isso quer dizer que na gestão de
estoques as coisas têm um tempo para acontecer. E a coisa mais importante que pre-
cisa acontecer é o equilíbrio entre compras, armazenagem e entregas de materiais.
Uma tarefa é executada a partir de um conjunto de atividades, também logicamente
ordenadas, de maneira que esse equilíbrio necessário é o resultado de um processo. E
esse processo termina com a venda (e a entrega, naturalmente) do produto ou serviço
ao consumidor final. Também aqui gestão de estoques é um processo.

As outras duas respostas dizem explicitamente que gestão de estoques é um pro-


cesso (FABRIMETAL, 2021; CASA, 2021). Na visão da Fabrimetal (2021), o grande foco
da gestão de estoques é a aquisição dos materiais junto com o armazenamento por-
que são essas duas atividades que garantem que as quantidades ideais de materiais
vão ser obtidas para que possam sustentar as atividades da empresa. Na visão de
Casa (2021), o processo tem etapas bem definidas: planejamento, execução e controle
dos recursos. Neste caso, a gestão de estoques está limitada a executar esse processo
apenas para os estoques que já estão na empresa. Todas as atividades anteriores, de
compra, por exemplo, não competem à gestão de estoques, tampouco as atividades
posteriores da logística, chamadas de distribuição.

58
EJA-INTEGRADA - EPT

Tabela 1. Administração de estoques: visão da prática

Autores Respostas
Sindi (2019) Gestão de estoques pode ser definida como a tarefa de equilibrar com-
pras, armazenagem e entregas para que haja uma perfeita sincronia desde
o momento em que chega uma matéria-prima até o momento de venda do
produto para o consumidor final.‫ٶ‬
Fabrimetal Gestão de estoques‫ٶ‬pode ser definida como o processo que garante o
(2021) armazenamento das quantidades ideais para sustentar as atividades da sua
empresa.
Casa (2021) Gestão de estoques‫ٶ‬é o processo que garante planejamento, execução
e‫ٶ‬controle‫ٶ‬dos recursos armazenados dentro de uma empresa.

Fonte: dados coletados pelos autores.

O que se pode depreender dessas visões dos profissionais de logística é que o ge-
renciamento de estoques está restrito ao interior das organizações. E não poderia ser
diferente, já que estoque é acúmulo armazenado de materiais e os armazéns são di-
mensões internas das organizações e das empresas. Mas todas as etapas de planeja-
mento, execução e controle é responsabilidade do gestor dessa área.

RESUMINDO...

Qual é a visão da ciência sobre gestão de estoques? Gestão de estoques é o proces-


so de aquisição, manutenção e uso eficiente de materiais em seu processo de trans-
formação.

Qual é a visão dos profissionais de logística sobre gestão de estoques? Gestão de


estoques é o processo de planejamento, execução e controle dos materiais para sus-
tentar suas atividades.

Qual é a diferença entre essas duas visões? A visão da ciência engloba as atividades
de compras, enquanto a visão dos profissionais de logística vê a gestão de estoques
restrita ao armazém.

59
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Ciência e profissionais de logística têm a mesma percepção do que seja gestão
de estoque.
( ) Para a ciência, gestão de estoque é um processo.
( ) Para os profissionais de logística, gestão de estoque é tomada de decisão.
( ) A gestão de estoque também tem responsabilidade sobre os materiais que
não estão destinadas à produção, como materiais de expediente.
( ) Planejamento, execução e controle dos materiais são responsabilidades da
gestão de estoques.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: O que é gestão de estoques?


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-9b4TV4sqeg

Vídeo: Gestão de estoque


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=jnFA_P69bQA

60
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
CASA Magalhães. Gestão de estoques: o que é, como fazer e principais métodos. 2021.
Disponível em https://www.casamagalhaes.com.br/blog/gestao-de-estoque/gestao-
-de-estoque/.

FABRIMETAL Sistemas para Armazenagem. Entenda a gestão de estoque e armaze-


nagem. 2021. Disponível em https://www.fabrimetalarmazenagem.com.br/blog/ges-
tao-estoque-armazenagem/.

HARMEN, Ferry Andika; YUNIASIH, Rafika. Inventory management analysis and im-
provement of inventory control procedures: Case study in the secretariat of the tax
court. In:‫ٶ‬6th International Accounting Conference (IAC 2017). Atlantis Press, 2017. p.
93-98.

MOTTA, Sinuê Coelho Santos; MARINS, Cristiano Souza. Análise da aplicação da fer-
ramenta MASP no controle de estoque de uma usina siderúrgica.‫ٶ‬In: IX Simpósio de
Excelência em Gestão e Tecnologia, Resende, 24 a 26 outubro 2012.

MUFUTAU, Gbadamosi Olaniyi. Integrated inventory management key to organiza-


tional profitability and efficient delivery. Industrial Engineering Letters, v. 3, n. 9, p.
8-17, 2013.

SINDI Investimentos Imobiliários. Conheça a importância da gestão de estoque


para sua empresa. 2019. Disponível em https://sindinvest.com.br/blog/conheca-a-im-
portancia-da-gestao-de-estoque-para-sua-empresa/#:~:text=A%20gest%C3%A3o%20
de%20estoque%20pode,produto%20para%20o%20consumidor%20final.

61
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 4: ETAPAS DO PROCESSO DE GESTÃO DE


ESTOQUES.
OBJETIVOS:

Geral
Conhecer as etapas do processo de gestão de estoques.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) identificar as etapas de gestão de estoques sob o ponto de vista da ciência;
b) identificar as etapas de gestão de estoques sob o ponto de vista de profissio-
nais da logística.

INTRODUÇÃO:

Vimos que a gestão de estoque é o processo de planejar, executar e utilizar os re-


cursos materiais para alcançar os objetivos de produção e operações de uma organi-
zação. Essas são grandes atividades que sintetizam toda a responsabilidade da gestão
de estoques e, por extensão, do gerente dessa área. Para que serve isso? Para que os
pretendentes a essa posição na hierarquia saibam que conjuntos de conhecimentos
e habilidades eles precisam ter para almejá-la e conquistá-la.

Mas como você pode ver, isso é coisa muito ampla. Realmente, para que esses co-
nhecimentos e habilidades sejam obtidos geralmente são necessários anos e mais
anos de estudos e práticas. Para que se tenha uma ideia do que isso significa, é possí-
vel planejar todo um curso de graduação apenas com aquelas três grandes atividades
típicas da responsabilidade gerencial de estoques. Mas na prática imediata, é neces-
sário que a gente saiba com exatidão o que precisa ser feito para que se faça de fato
gestão de estoques. Dito de outra forma, que coisas são necessárias para que a gestão
realmente aconteça e alcance os resultados logísticos desejados?

Vejamos novamente as duas visões, da ciência e dos profissionais especialistas em


gestão de estoques.

VISÃO DA CIÊNCIA:

Só encontramos dois estudos que detalhavam as etapas do processo de gestão


de estoques. O primeiro é o estudo de Marques (2020), que prevê quatro etapas. A
primeira etapa é o planejamento do estoque, que começa com o levantamento das
necessidades de materiais junto à área de produção (indústria), vendas (comércios) e
operações (serviços) e termina com a entrega desses materiais aos demandantes. A

62
EJA-INTEGRADA - EPT

segunda etapa é a gestão da demanda, que consiste no conhecimento dos materiais


e suas características que cada demandante necessita e o estabelecimento de um
cronograma sincronizado de aquisição e entrega. A terceira etapa é consequência
da segunda, que começa com a recepção dos materiais, registros, cadastros, codifi-
cações, endereçamentos e todas as atividades típicas de armazenamento, e termi-
na com o atendimento dos pedidos. E a quarta etapa é a avaliação do desempenho
gerencial, com indicadores relativos a diversos aspectos dos próprios materiais e dos
serviços que a gestão de estoques presta aos demandantes, que são seus clientes da
linha de produção.

O estudo de Gomes et al. (2018) mostra um conjunto de etapas nominalmente dife-


rente para descrever praticamente as mesmas etapas do estudo de Marques (2020). A
diferença essencial é que Gomes et al. (2018) detalham a operacionalização do proces-
so, como ele acontece toda vez que é necessário reabastecer o estoque. O estudo de
Marques (2020) apresenta os nomes das etapas, não as atividades que dentro dela são
executadas. Por exemplo, na etapa de planejamento do estoque, é preciso que sejam
executadas pelo menos as atividades de a) definição do que comprar, b) quanto com-
prar, c) quando comprar, d) qual é o espaço disponível para estocagem e; e) as formas
de acondicionamento do material no armazém.
Tabela 1. Etapas da gestão de estoques: visão da ciência

Autores Respostas
Marques 1) Planejamento do estoque.
(2020) 2) Gestão da demanda.
3) Controle dos estoques.
4) Avaliação de desempenho.
Gomes et al. 1) Compras: sistema indica os produtos em falta, quantidade a ser com-
(2018) prada e giro da loja.
2) Faturamento: fatura, emite as notas, envia por e-mail às lojas e dá en-
trada no sistema.
3) Recebimento: confee, dá baixa, estoca e disponibiliza para consulta no
sistema.
4) Armazenamento: conforme o tipo, de acordo com o espaço disponível.
5) Reposição – os materiais ficam disponíveis para reabastecimento.
Fonte: dados coletados pelos autores.

As etapas do processo apresentadas por Gomes et al. (2018) começam com as com-
pras, prosseguem com o faturamento, continuam com a recepção dos materiais com-
prados, em seguida são armazenados e terminam com a reposição dos materiais para
o setor de produção. Para que esse sincronismo exista, é necessário que as compras
sejam planejadas, a demanda seja conhecida, os estoques sejam controlados e o de-
sempenho seja continuamente medido e avaliado, exatamente como descrito no es-
tudo de Marques.

VISÃO DA PRÁTICA:

63
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Enquanto faltam estudos científicos que descrevam as etapas do processo de ges-


tão de estoques, o mundo da prática é extremamente fértil. E tanta fertilidade re-
dunda em inúmeras possibilidades de etapas para que o gerenciamento de estoques
aconteça com adequação. Como mostram as respostas contidas na tabela 2, não há
consenso entre os profissionais acerca de quais são as etapas de fazer gestão de esto-
ques. A resposta apresentada por Casa (2021) tem apenas três etapas, enquanto a de
Hoinaski (2022) tem seis e a de Santana (2020) tem cinco. E o mais estranho é que ne-
nhuma delas coincide em grande parte com as demais. Pelo menos não nos nomes
das etapas.
Tabela 2. Etapas da gestão de estoques: visão da prática

Autores Respostas
Casa (2021) 1) Saber o que suprir.
2) Definir em que quantidade suprir.
3) Determinar em que momento suprir.
Hoinaski 1) Cadastro de todos os itens armazenados: descrição e codificação.
(2022) 2) Desenvolvimento de processos: recepção, inspeção, forma de armaze-
namento, reposição na loja e novos pedidos.
3) Esboço de fluxo de entrada e saída de mercadorias.
4) Registro de todas as movimentações de produtos.
5) Definição das datas de compras.
6) Fazer auditorias frequentes de estoques.
Santana 1) Fazer o inventário de estoques.
(2020) 2) Automatizar o controle de estoques.
3) Capacitação dos colaboradores.
4) Estabelecer limites de perdas e danos.
5) Escolher a metodologia de gestão (PEPS, UEPS, Just in time ou Curva
ABC).

Fonte: dados coletados pelos autores.

Para Casa (2021), para se fazer gestão de estoques basta saber que material suprir,
a quantidade e quando o suprimento deve acontecer. Se essas três coisas forem feit-
as adequadamente, adequada estará a gestão de estoques. Naturalmente que uma
série de atividades deve ser executada em cada etapa. Mas, em síntese, é isso.

Hoinaski (2022) apresenta uma sequência mais longa e mais operacional. Quan-
do dizemos operacional estamos nos referindo a algo que pode ser operacionalizado,
colocado em prática. É diferente de algo conceitual, que tem um nível muito alto de
abstração. Esta segunda resposta mostra coisas que são passíveis de serem feitas.
Veja a primeira: cadastrar todos os itens que estão no armazém. O que é preciso fazer?
Descrever os itens e colocar um código nele. E pronto. A mesma coisa acontece com
a segunda etapa: desenvolver processos. Como se faz isso? Simples: dizendo, passo a
passo, como receber os materiais, como inspecionar para ver se eles não têm falhas ou
danos, quais são as formas de armazenamento para cada material e como fazer esse
armazenamento, como fazer a reposição de material na loja, como fazer novos pedi-

64
EJA-INTEGRADA - EPT

dos. Esses mesmos procedimentos operacionais continuam a ser listados até o final,
que é a necessidade de auditorias de estoques.

O estudo de Santana (2020) é uma lista diferente da de Hoinaski (2022). Ela é


bastante conceitual. Veja: fazer o inventário de estoques é uma etapa que pode ser
feita de várias formas e durante vários intervalos de tempo, uma vez que inventari-
ar é saber quanto de material existe, em que situação se encontram e qual é o seu
valor monetário. O mesmo acontece com automatizar o controle de estoque, para
que ele não aconteça mais manualmente. Esse mesmo procedimento é utilizado para
apresentar as outras três etapas do gerenciamento: capacitar os colaboradores, esta-
belecer limites de perdas e danos e escolher uma metodologia de gestão dentre as
quatro elencadas.

O que se pode concluir é que a falta de estudos sobre as etapas do processo ger-
encial de estoques talvez tenha distanciado a ciência dessa realidade e necessidade
logística. Por outro lado, a prática do gerenciamento logístico tem produzido uma
fertilidade elevada de etapas gerenciais, o que pode representar, talvez, a necessidade
de ordenamento e classificação que quase sempre a ciência faz com bastante ade-
quação e consistência.

Em termos de etapas de gestão de estoques, as três etapas de Casa (2021) parecem,


sim, estar em sintonia com as apontadas por Hoinaski (2022) e Santana (2020). Essas
atividades podem ser sintetizadas em a) preparação para o suprimento (cadastros,
inventários, registros, conhecimento da demanda etc.), b) obter os materiais, que é
a compra em suas diversas etapas, c) armazenar os materiais, seguindo as séries de
atividades nesse sentido, d) manter o estoque, como acondicionamento, inspeções,
mensurações, avaliações e; e) fazer os suprimentos, que é a entrega dos materiais e a
avaliação dos serviços prestados pela gestão.

RESUMINDO...

Quais são as etapas do processo de gestão de estoques sob o ponto de vista da


ciência? De forma conceitual são o planejamento do estoque, gestão da demanda,
controle dos estoques e avaliação do desempenho; de forma operacional são com-
prar, faturar, receber, armazenar e suprir.

Quais são as etapas de gestão de estoques sob o ponto de vista de profissionais de


logística? Preparação para o suprimento, b) obtenção dos materiais, c) armazenar os
materiais, d) manter o estoque e fazer os suprimentos.

65
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( ) As etapas do processo de gestão de estoques são exatamente as mesmas
tanto para a ciência quanto para os profissionais de logística.
( ) Na visão da ciência há a etapa de aquisição dos materiais.
( ) Na visão dos profissionais de logística não há a etapa de aquisição de mate-
riais.
( ) Avaliar o desempenho é uma etapa que aparece apenas na visão da ciência.
( ) Fazer os suprimentos é uma etapa que aparece tanto na visão da ciência
quanto dos profissionais de logística.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Controle de estoque: como fazer uma planilha para gerenciar seu esto-
que de maneira simples
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lLN0-GdTVjk

Vídeo: Gestão estratégica de armazéns: dicas para melhorar sua produtivida-


de
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2lLqjzOgUBE

66
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
CASA Magalhães. Gestão de estoques: o que é, como fazer e principais métodos. 2021.
Disponível em https://www.casamagalhaes.com.br/blog/gestao-de-estoque/gestao-
-de-estoque/.

GOMES, Vanessa et al. Gestão de estoque e armazenagem: uma análise em um super-


mercado no noroeste fluminense. Rev. Lat.-Am. Inov. Eng. Prod. [Relainep], Curitiba,
v. 6, n. 9, p. 175-188, 2018. https://doi.org/10.5380/relainep.55555.

HOINASKI, Fábio. 6 passos para fazer uma gestão de estoque eficiente. 2022. Dispo-
nível em https://www.ibid.com.br/blog/6-passos-para-fazer-uma-gestao-de-estoque-
-eficiente/.

MARQUES, Carollyna David dos Santos. Análise da gestão de estoque de matéria-


-prima em uma indústria de semijoias de pequeno porte em Goiânia-GO. 2020. 236
f. Monografia (Graduação em Engenharia de Produção). Pontifícia Universidade Cató-
lica de Goiás, Goiânia, 2020.

SANTANA, Asdra. Gestão de estoque: aprenda o que é e como fazer em seu negócio.
2020. Disponível em https://econsult.org.br/blog/gestao-de-estoque-aprenda-o-que-
e-e-como-fazer-em-seu-negocio/.

67
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 5: TIPOS DE ESTOQUES


OBJETIVOS:

Geral
Conhecer os diferentes tipos de estoques.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) reconhecer os diferentes tipos de estoques, segundo a visão da ciência;
b) reconhecer os diferentes tipos de estoques, segundo a visão da ciência, sob a
ótica dos profissionais de logística;
c) avaliar as diferenças e semelhanças entre a visão da ciência e a dos profission-
ais de logística sobre os diferentes tipos de estoques.

INTRODUÇÃO:

Na aula anterior aprendemos sobre as etapas do processo gerencial de estoques.


Vimos que há pouca diferença entre as etapas descritas pelos estudos científicos e
as praticadas pelos profissionais de logística. Aliás, a diferença fundamental é justa-
mente na forma como as etapas são percebidas. Os profissionais de logística se con-
centram no detalhamento das etapas, enquanto a ciência vê as coisas de modo mais
abrangente, global. De certa forma, a visão dos profissionais da logística é com a práti-
ca da gestão de estoques, de maneira que as pessoas saibam exatamente o que têm
que fazer quando estiverem com a responsabilidade gerencial.

Também aprendemos que a forma como os estoques são gerenciados e suas eta-
pas dependem do tipo de material que vai ser gerenciado. Uma coisa é gerenciar todo
o estoque disponível no armazém, que é a responsabilidade central da gestão; mas
outra coisa diferente e importante é saber como lidar com cada tipo de material em
particular. Por exemplo, produtos químicos como matéria-prima para determinados
produtos exigem tratamento diferente de madeiras como matéria-prima. Muitas vez-
es as diretrizes e políticas de gestão de estoques dependem, em primeiro lugar, dos
tipos materiais que vão ser estocados. É por isso que é muito importante saber como
os estoques são classificados, ou seja, quais são os seus tipos. É sobre isso que essa
aula vai trabalhar. Vamos lá.

VISÃO DA CIÊNCIA:

A tabela 1 apresenta as respostas obtidas com estudos científicos para a pergunta


sobre quais são os tipos de estoques que existem. A primeira (FIGUEIREDO et al, 2020)
68
EJA-INTEGRADA - EPT

e a terceira (FRANKLIN, MASCARENHAS; ISSA JUNIOR, 2018) respostas são muito pare-
cidas. O raciocínio utilizado para essa classificação foi o de pensar os diferentes está-
gios do processo de produção. Tudo começa com a matéria-prima, que é o que vai ser
utilizado para ser transformado em produto final, que é a última etapa do processo.
Muitas vezes, depois que a matéria-prima recebe o primeiro processamento, ela é es-
tocada, guardada, armazenada, que é quando recebe o nome de estoque em proces-
so ou material em processo. Quando esses materiais em processo têm finalizada a sua
transformação, são produtos finais, prontos para serem enviados aos clientes.

Contudo, para que essa lógica seja aplicada (matéria-prima transformada em ma-
teriais em processo transformado em produto final), são necessários os usos de outros
materiais, outros tipos de materiais. Um deles são os materiais de manutenção. Óleos,
graxas, impermeabilizantes e outros produtos podem ser considerados desse tipo
porque são destinados à manutenção de máquinas e equipamentos utilizados na
produção. Os materiais auxiliares muitas vezes são chamados de materiais indiretos
de produção porque, mesmo não fazendo parte do produto, são usados na sua fabri-
cação. Materiais de limpeza e equipamentos de proteção individual são dois exemplos
desse tipo de materiais que precisam ser estocados.
Tabela 1. Tipos de estoque: visão da ciência

Autores Respostas
Figueiredo Estoque de matéria-prima.
et al. (2020) Estoque de materiais auxiliares da produção.
Estoque de materiais de manutenção.
Estoque de materiais em processo ou intermediário.
Estoque de materiais acabados.
Soares, Melo Estoque de segurança: compensa incertezas de demanda e fornecimen-
e Ferreira to.
(2022) Estoque de ciclo: quando só um produto pode ser produzido por vez.
Estoque de desacoplamento: cada processo produtivo se faz indepen-
dente.
Estoque de antecipação: lidar com sazonalidade previsível.
Estoque no canal: fica estocado até o cliente pedir.
Franklin, Estoques de matérias-primas e componentes: itens para a produção.
Mascare- Estoques de material em processo: itens em processamento, em fase de
nhas e Issa produção.
Jr (2018) Estoques de produtos acabados: itens prontos para venda.
Estoques de materiais MRO (manutenção, reparo e operação): itens de
apoio à produção.

Fonte: dados coletados pelos autores.

Os tipos de estoques apresentados pelo estudo de Soares, Melo e Ferreira (2022),


apresentados na segunda linha da tabela 1, têm outro esquema lógico. Eles foram
agrupados de acordo com a função que o material desempenha no processo geren-
cial de estoques, diferentemente da visão de produção contidas na primeira e terceira

69
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

respostas da tabela. A visão gerencial está sempre revestida de responsabilidade pelo


uso de recursos para o alcance de determinados objetivos, como você aprendeu na
lição sobre o que é gestão de estoques.

Estoques de segurança, como o nome diz, servem para garantir que a produção
não vai parar por falta de material. Os estoques de ciclo são aqueles que permitem
que mudanças na linha de produção não vão parar o processo produtivo global, ou
seja, enquanto as máquinas estão sendo utilizados para a produção do produto A, a
produção do produto B continua porque tem estoque para isso. Os estoques de de-
sacoplamento permitem que os processos produtivos sejam independentes, isto é, a
linha de produção do produto A é planejada para que tenha os materiais necessários
para a geração do produto final de maneira desconectada com as outras linhas de
produção. Os estoques de antecipação são aqueles materiais que são produzidos ou
comprados a mais para que o processo produtivo não pare quando não houver ma-
terial disponível no mercado para abastecer normalmente as linhas de produção. E
os estoques de canal são representados pelos produtos acabados, que estão prontos
para ser enviados aos clientes, bastando apenas a chegada dos pedidos.

A visão da ciência, portanto, pode ser assim resumida: há os tipos de estoques ao


longo da linha de produção (matérias-primas, produtos em processo e produtos aca-
bados) e agregados (estoques de manutenção e auxiliares) e os tipos de estoques de
acordo com a responsabilidade gerencial (segurança, de ciclo, desacoplamento, ante-
cipação e de canal). Vejamos, agora, a visão dos profissionais de logística.

VISÃO DA PRÁTICA:

Olhando-se a lista de tipos de estoques da tabela 2, chama a atenção a variedade,


assim como a relativa falta de consenso sobre esses diferentes tipos, como mostram
algumas poucas coincidências. E isso pode ser relativamente fácil de entender. Uma
das finalidades da ciência é organizar as coisas que vê, de maneira que as classifica-
ções e os seus tipos lhes são um produto natural. Os cientistas são grupos de estudio-
sos que têm a mesma finalidade e dialogam entre si com esse intuito. É diferente do
que acontece com os profissionais de gestão e de logística. Apesar de muitas vezes
eles dialogarem, suas preocupações estão sempre com o que acontece com suas em-
presas e os estoques sob suas responsabilidades. E não poderia ser diferente. Além
disso, é muito raro o caso de esses profissionais procuraram apoio científico para or-
ganizar e fazer acontecer o gerenciamento de suas empresas e estoques. Quase sem-
pre eles precisam raciocinar rápido e encontrar uma solução quase que imediata para
os seus problemas. E, como consequência, surgem os diferentes e variados tipos de
estoques. Vamos entender alguns deles.

Os tipos de estoques descritos por Marquez (2019) são uma mistura de responsa-
bilidade gerencial, logística e de produção. A responsabilidade gerencial é vista nos
tipos de estoques de antecipação ou sazonal, de segurança, consignado (que é aquele
que está sob o poder ou guarda de terceiros), inativo (que são os que fracassaram nas
70
EJA-INTEGRADA - EPT

vendas) e cíclico (também chamado de econômicos porque buscam reduzir os custos


de suprimento e manutenção). Os estoques de tipo logístico são o dropshipping (os
vendidos pela internet), isolador (compensam os pedidos a mais e são mais urgentes
que o tempo de suprimento), regulador (os voltados para minimizar os riscos e incer-
tezas do mercado) e em trânsito (que estão sendo transportados). Os de produção são
os estoques mínimo, médio e máximo que devem ser produzidos, conforme decisões
técnicas.
Tabela 2. Tipos de estoque: visão da prática

Autores Respostas
Marquez Estoque de antecipação ou sazonal.
(2019) Estoque de segurança.
Estoque consignado.
Estoque inativo.
Estoque cíclico.
Dropshipping.
Estoque isolador.
Estoque regulador.
Estoque em trânsito.
Estoque mínimo.
Estoque médio.
Estoque máximo.
Sindi (2019) Estoque de antecipação.
Estoque de ciclo.
Estoque máximo.
Estoque mínimo.
Estoque de proteção.
Mecalux 1) De acordo com a função: segurança, alerta, sazonal, inativo, em trânsito
(2019) e especulativo.
2) De acordo com a data de validade: perecível, não perecível e com data
de validade.
3) De acordo com as operações: adequado, físico, líquido, disponível, mí-
nimo e máximo.
Fonte: dados coletados pelos autores.

Os tipos previstos por Sindi (2019) são mesclas de tipos de responsabilidade geren-
cial do sistema de estoques, como o estoque de antecipação, de ciclo e de proteção,
com estoques de um ponto de vista da produção, como os estoques mínimo e máx-
imo. Como se pode perceber, essa tipologia está contida na visão apresentada por
Marquez (2019), o que é uma feliz coincidência, demonstrando uma certa unidade de
percepção dessas duas respostas.

Já a tipologia elencada por Mecalux (2019) é muito interessante porque é baseada


em funções. Uma função nada mais é do que o papel que o estoque ou conjunto de
estoques desempenha ao longo do processo produtivo para o alcance dos objetivos de
produção predeterminados. A primeira função é de natureza gerencial, com quase to-

71
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

dos os tipos de estoques listados também contidos na lista de Marquez (2019). A difer-
ença é o aparecimento do estoque especulativo, que é aquele que é feito para aprove-
itar alguma oportunidade de descontos ou preços baixos em relação ao preço normal
de mercado. A segunda função está vinculada ao prazo de validade dos produtos,
com os tipos perecíveis, não perecíveis e com data de validade (produtos vencidos). A
terceira é a função relativa à organização das operações, com os tipos adequado (que
atendem bem a demanda), físico (aqueles que estão disponíveis no armazém), líquido
(são os estoques físicos menos os pedidos dos clientes), disponível (são os estoques
líquidos mais os pedidos feito aos fornecedores que ainda não chegaram), mínimo e
máximo (que são os quantitativos previstos de produção para a operação racionaliza-
da e eficiente).

RESUMINDO...

Quais são os diferentes tipos de estoques, segundo a visão da ciência? Sob a ótica
da produção, estoque de matéria-prima, produtos em processo, produtos acabados,
materiais auxiliares e de manutenção. Sob a ótica gerencial, de segurança, de ciclo,
desacoplamento, antecipação e de canal.

Quais são os diferentes tipos de estoques, segundo a visão da ciência, sob a ótica
dos profissionais de logística? Sob o ponto de vista gerencial, de antecipação, segu-
rança, consignado, inativo, cíclico e especulativo. Sob o ponto de vista logístico, drop-
shipping, isolador, regulador, em trânsito, adequado, físico, líquido e disponível. Sob a
ótica da produção, mínimo, máximo, médio e adequado.

Quais as diferenças e semelhanças entre a visão da ciência e a dos profissionais de


logística sobre os diferentes tipos de estoques? Semelhança na classificação de tipos
de estoque sob a ótica gerencial e de produção. A diferença é que a visão prática en-
globa o que se pode chamar de tipos de estoques sob a visão logística.

72
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) Estoque de matéria-prima e de produtos em processo são tipos de estoque
apresentados pela ciência.
( ) Estoques máximo e mínimo são tipos de estoques comuns na visão prática.
( ) O estoque de segurança visa a garantir a segurança do processo de produção,
para que não falte material.
( ) O estoque líquido é o estoque físico menos os pedidos que os clientes fizeram.
( ) O estoque mínimo é o mínimo que deve ter para que a produção não pare.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Tipos de estoque


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=zZitLZI_roQ

Vídeo: Tipos de estoque: conheça 8 diferentes classificações para o conceito


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fRMXVsyQnNY

73
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS
FIGUEIREDO, André Luiz Maciel et al. Aplicação Das Ferramentas De Gerenciamento
E Controle De Estoque Em Uma Distribuidora De Autopeças.‫ٶ‬South American Devel-
opment Society Journal, v. 5, n. 15, p. 135, 2020. https://doi.org/ 10.24325/issn.2446-5763.
v5i15p135-163.

MARQUEZ, Gabriel. 12 tipos de estoque: como usar cada um deles para um gerencia-
mento otimizado. 2019. Blog NF-e. Disponível em https://nfe.io/blog/gestao-empre-
sarial/tipos-de-estoque/.

MECALUX. Quais são os diferentes tipos de estoque. 2019. Disponível em https://


www.mecalux.com.br/blog/tipos-de-estoque.

SINDI Investimentos Imobiliários. Conheça os principais tipos de estoque para a lo-


gística empresarial. 2019. Disponível em https://sindinvest.com.br/blog/conheca-os-
-principais-tipos-de-estoque-para-a-logistica-empresarial/.

SOARES, Cilene Rodrigues; MELO, Ana Cristina Inácio; FERREIRA, Leonardo Rodrigues.
Controle interno: um estudo analítico do estoque no posto de combustíveis Rodrigão
em Serra Talhada-PE.‫ٶ‬Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo, v. 7,
n. 4, p. 230-267, 2022.

FRANKLIN, Marcos Antonio; MASCARENHAS, Sidnei Augusto; ISSA JR, Eduardo Neder.
Melhorias no Desenvolvimento do Negócio–Santo Grão.‫ٶ‬Caderno Profissional de Ad-
ministração da UNIMEP, v. 9, n. 1, p. 188-216, 2020.

74
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 6: CLASSIFICAÇÃO DE ESTOQUES.


OBJETIVOS:

Geral
Conhecer as técnicas de armazenagem mais comuns.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é uma técnica de armazenagem;
b) identificar as principais técnicas de armazenagem utilizadas.

INTRODUÇÃO:

Na aula anterior conhecemos muitos tipos de estoques. Vimos que os tipos de es-
toques variam muito, tanto na maneira como são vistos pela ciência quanto pela ma-
neira como eles são utilizados na prática. De uma certa forma, quando falamos de
tipo de estoque estamos falando de uma forma de organização deles. Veja o caso das
matérias-primas, que são estoques assim denominados porque é como elas iniciam
o processo de produção, é dessa maneira que elas entram no processo de produção.
A mesma coisa acontecem com os estoques chamados materiais em processo. Eles
são assim chamados porque vão ter que voltar ao processo de produção para serem
completados. A organização da produção é organizada assim e cada parte dessa or-
ganização dá nome ao estoque. Essa é uma das lógicas que são utilizadas para saber
o tipo de estoque.

Nesta aula vamos tratar da classificação de estoques, que é uma coisa muito dife-
rente. Para que essa diferença fique clara, vejamos alguns tipos de classificações que
usamos no dia a dia. Quando dizemos que a família do nosso amigo é da classe alta,
estamos também dizendo que existe pelo menos outra classe que não é alta, e que
podemos chamar de baixa ou média. Se eu digo que a estatura de Maria é baixa, estou
querendo dizer também que existe pelo menos outra estatura que não é baixa, que
poderia ser chamada de alta ou mediana. Mais alguns exemplos: quando digo que
meu time de futebol é campeão e o do meu pai é vice-campeão, estou me referindo
a um tipo de classificação, da mesma forma que é um tipo de classificação organizar
os clientes de uma loja em bons e maus pagadores.

Classificação é uma palavra que vem do verbo classificar. E classificar, na prática da


gestão e da logística, significa apenas organizar em classes. Há as classes sociais alta,
média e baixa. Há estaturas alta, mediana e baixa. A classificação dos times de futebol

75
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

em um campeonato pode ser feita como campeão (primeiro colocado), vice-campeão


(segundo colocado) e assim por diante. Os clientes podem ser classificados de inúme-
ras formas (por qualidade de cumprimento de seus pagamentos, por bairro, por renda
familiar etc.).

A administração e a logística classificam os estoques de várias formas. Elas fazem


isso porque seus agrupamentos em classes indicam muita coisa e facilitam o proces-
so de tomada de decisão em relação ao estoque, armazenamento e às gestões de es-
toques e, por extensão, à própria estratégia logística da organização. Vamos ver, então,
quais são as maneiras mais comuns de classificar os estoques, mas apenas concei-
tualmente, porque os cálculos e procedimentos utilizados para criar as classes são um
tanto quanto complexas, com exceção das classificações ABC e PQR. A classificação
ABC será ensinada mais adiante.

VISÃO DA CIÊNCIA:

A análise da tabela 1 mostra seis maneiras diferentes de se fazer classificação de es-


toques sob o ponto de vista da ciência. A classificação ABC foi citada por todos os au-
tores pesquisados, sendo, portanto, a forma mais comum. Também, cada autor apre-
sentou pelo menos um modelo diferente dos demais. O estudo de Fernandes, Araújo
e Oliveira (2020) descreve o modelo PQR, além da classificação ABC. O estudo de Ne-
ves (2022) apresenta as classificações BCG e de Kraljic, além da classificação ABC. E
o estudo de Pavéglio (2018) traz a classificação XYZ e a classificação ABC. Vamos ver
cada uma dessas maneiras de classificar materiais de forma sintética.

Tabela 1. Classificação de estoques: visão da ciência

Autores Respostas
Fernandes, ABC: classes A, B e C.
Araújo e Olivei- PQRS: Classer P (Popular), Q (Mediana), R (Raro) e S (sem demanda).
ra (2020)
Neves (2022) Classificação ABC: classes A, B e C.
Classificação BCG: ponto de interrogação, estrela, vaca leiteira e abacaxi.
Matriz de Kraljic: Itens de alavancagem, itens estratégicos, itens não
críticos e itens de gargalo.
Pavéglio (2018) Classificação ABC: classes A, B e C.
Classificação XYZ: “X” são de aplicação não importante, com possibilida-
de de uso similar na empresa e não acarretam prejuízo para a organi-
zação; materiais “Y” tem uma importância de nível médio, com ou sem
similar na empresa e, os materiais classificados como “Z”, são os consi-
derados mais importantes e imprescindíveis e sem similar na empresa,
são vitais e sua falta gera paralisação de uma ou mais fases operativas,
como também resulta em riscos.
Fonte: dados coletados pelos autores.

76
EJA-INTEGRADA - EPT

A classificação ABC é uma técnica de organização de estoques em três classes dis-


tintas. A primeira classe é chamada de A porque é composta pelos itens com maior
valor agregado em relação à totalidade de estoques de uma organização. Os estoques
de classe A são os que têm os preços mais altos. A segunda classe ou classe inter-
mediária é chamada de B. Na prática, essa classe é composta por maior quantidade
de itens do que a classe A, mas muito menos tipos diferentes de estoques do que
os componentes da classe C. Itens tipo B também são os segundos maiores valores
agregados em relação ao estoque total. Finalmente, os estoques tipo C são em gran-
de quantidade, e seus valores agregados são os mais baixos dentre todos os itens em
estoque. As classes são formadas relacionando-se quantidade de estoques e seus res-
pectivos valores, como mostra a curva padrão contida na figura 1 (COVIC et al., 2022).
A classificação ABC é nitidamente financeira.
Figura 1. Exemplo de classificação ABC

Fonte: Covic et al. (2022, p. 752).

Em termos práticos, a classificação é feita da seguinte forma: Os estoques classe


A são aqueles em que a quantidade de itens chega a 20% em quantidade e até 80%
no valor de estoque investido. Os de tipo B representam até 30% da quantidade física
em estoque e até 15% dos investimentos financeiros em estoque. Os de tipo C são 50%
da quantidade física total de estoques, mas o valor financeiro deles é de no máximo
5% do total investido. Existe, portanto, uma relação entre a quantidade de produtos
estocados fisicamente e o valor desses produtos. É essa relação que é utilizada para
determinar as classes dos estoques.

A classificação PQR tem o mesmo princípio da classificação ABC, ou seja, está ba-
seada nas quantidades de estoques que são movimentados (entrada e saída), toman-
do sempre como base um determinado período de tempo. Ela classifica a demanda a
partir da popularidade do estoque no tempo, que pode ser semanal, mensal, bimen-
sal etc. A classe P é formada pelos itens que têm maior quantidade de entradas e saí-
das, chamados de populares, porque os clientes compram muito e a empresa repõe
muito o estoque. A classe R é formada de produtos que saem raramente, com saídas
ocasionais. A classe Q é de estoque com média popularidade e por isso são conside-

77
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

rados produtos normais. Uma forma de determinar as classes dos estoques é utilizar
o mesmo esquema de cálculo da curva ABC. A figura 2 exemplifica essa classificação.

Figura 2. Exemplo de Classificação PQR

Fonte: https://www.danielgasnier.com/post/2016/08/26/taxonomia-dividir-para-conquistar.

Essa classificação é muito útil para a organização do estoque nos espaços dos ar-
mazéns, por exemplo. Produtos que têm muita saída, como é o caso dos estoques
classe P, devem ser colocados de forma que facilite o constante manuseio, enquanto
os produtos classe R, que saem apenas raramente, devem ser colocados mais dis-
tantes. Quando utilizados os cálculos da classificação ABC, os produtos classe P são
os que representam até 5% da quantidade em estoque, mas respondem por 80% da
saída; os classe Q têm até 15% da quantidade estocada, mas alcançam 15% das saídas;
os de classe R são 80% de tudo o que está estocado, mas têm apenas 5% das saídas;
finalmente, os classe S não têm demanda.

A classificação BCG é um tipo de classificação de estoques muito utilizada no pro-


cesso decisório logístico baseada no ciclo de vida dos produtos. Toma como referência
três coisas, chamadas parâmetros: volume, participação e crescimento de mercado.
De forma sintetizada, o resultado do processo de classificação mostra o desempenho
de cada produto no mercado, fato que representa o sucesso ou fracasso de cada item
por parte do consumidor. A partir da classe a que o produto pertence, os gestores po-
dem tomar as decisões mais adequadas para sua continuidade ou descontinuidade,
auxiliando a empresa a atualizar e recompor o seu mix de produtos, que é um termo
que significa carteira de produtos ou itens com os quais a empresa trabalha para su-
prir as necessidades de seus clientes.

Como funciona a Matriz BCG?

A matriz BCG é feita por meio de quadrantes. Em cada um deles são dispostos os produtos

78
EJA-INTEGRADA - EPT

correspondentes às categorias pré-estabelecidas. Confira a seguir quais são elas.

Figura 3. Exemplo de matriz BCG

Fonte: https://www.resultadoemfoco.com.br/blog/gestao-estrategica/matriz-bcg-ciclo-de-vida-do-produto/

Vaca leiteira:

Tanto a geração de renda quanto os lucros envolvidos nos produtos são altos. Por
isso eles são chamados assim, porque dão, de fato, o sustento e representam o
básico do negócio. Embora o crescimento de mercado desses produtos não seja
significativo, o investimento também não é. Isso faz a relação compensar.

Estrela:

No quadrante das estrelas estão os líderes do mercado. Embora eles apresentem


um crescimento meteórico geralmente e geração de muita receita, eles também
pedem altos investimentos.

Assim, o equilíbrio entre fluxo de caixa acontece, enquanto a participação no


comércio precisa se manter ativa. A explicação é simples: caso não haja queda no
mercado, esses produtos podem se tornar vacas leiteiras.

Abacaxi:

O produto abacaxi (também chamado de cachorro) precisa ser analisado com


muita atenção, pois geralmente pedem planos de recuperação. Nem sempre
compensa investir na tentativa de ascender elementos como esse. Sendo assim,
pode ser mais interessante descontinuar ou desistir antes que os prejuízos se
tornem significativos.

79
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Criança:

O quadrante das “crianças”, produtos problema ou em questionamento, são


também conhecidos como incógnita. Isso porque eles tem um lugar não muito
bom no fluxo de caixa, exigindo altos investimentos, tendo baixa participação de
mercado e baixo retorno sobre ativos.

Ele é um ponto de interrogação justamente porque se ações não forem tomadas


para explorar o potencial e aumentar a participação no mercado, o produto pode
custar um alto investimento e se tornar um abacaxi.

Entretanto, ao adentrar um mercado de alto crescimento, um produto em ques-


tionamento pode se tornar uma estrela (e posteriormente vaca leiteira).

VISÃO DA PRÁTICA:
Tabela 1. Classificação de estoques: visão da prática

Autores Respostas
Areco (2017) Curva ABC: classes A, B e C.
Economy (2022) De acordo com o preço: classes alto, médio e baixo preço.
Totvs (2021) ABC: classes A, B e C.
Fonte: dados coletados pelos autores.

80
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( )
( )
( )
( )
( )

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Classificação de estoques


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-X5GgRMG-SA

Vídeo: Classificação de materiais


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=g51IavVezAE

81
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
ARECO. Curva ABC na gestão de estoque: entenda o conceito. 2017. Disponível em
https://site.areco.com.br/curva-abc-na-gestao-de-estoques-entenda-e-aplique-o-
conceito/.

COVIC, Anderson et al. A importância da acurácia no controle de estoques.‫ ٶ‬Revista


Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, v. 8, n. 6, p. 747-766, 2022.

ECONOMY Pedia. Estoque (estoque). Disponível em https://pt.economy-pedia.


com/11030975-stock-stock. Acesso em junho de 2022.

FERNANDES, Guilherme Siqueira; ARAÚJO, Matheus Soares de; OLIVEIRA, Rodrigo


Dourado de. A importância do inventário cíclico para aumento da acuracidade do
estoque. 2020. 39 f. Monografia (Graduação em Logística). Faculdade de Tecnologia
de Jundiaí, Jundiaí, 2020.

NEVES, José Lucas de Souza. Análise para implementação da gestão de estoque em


uma microempresa no ramo de ferragens. 2022. 74 f. Monografia (Graduação em
Engenharia de Produção). Universidade Federal Fluminense, Petrópolis, 2022.

PAVÉGLIO, Alisson Rodrigues. Controle de medicamentos em estoque: estudo de caso


em um hospital da Região das Missões-RS. 2018. 79 f. Monografia (Graduação em Ad-
ministração). a Universidade Federal da Fronteira Sul, Cerro Largo, 2018.

TOTVS. Curva ABC: como funciona e suas principais aplicações. 2021. Disponível em
https://www.totvs.com/blog/negocios/curva-abc/.

82
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 7: A CLASSIFICAÇÃO ABC.

OBJETIVOS:

Geral
Saber como fazer a classificação ABC de estoques.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) identificar as etapas do sistema ABC de classificação de estoques;
b) saber interpretar os itens das classes criadas.

INTRODUÇÃO:

Vimos que a classificação ABC é muito conhecida e difundida, tanto no meio cien-
tífico quanto na prática gerencial logística. As duas principais razões para essa difu-
são e intimidades são a facilidade de aplicação e a precisão que ela proporciona aos
gestores, para que executem esquemas gerenciais capazes de alcançar efetivamente
os objetivos organizacionais e empresariais. Embora essa técnica possa ser aplicada a
todo tipo de material, é recomendado que ela fique restrita aos estoques, para que se
possam conhecer o comportamento dos principais indicadores gerenciais e operacio-
nais de interesse da logística.

Através do conhecimento de cada etapa da aplicação dessa técnica você deve ser
capaz de entender, na prática, a razão de se providenciar o uso de outras técnicas de
gestão de estoques, como o registro e cadastro dos itens, codificação e realização de
inventários periódicos. A finalidade de todo e qualquer esquema classificatório é qua-
se sempre o de permitir a tomada de decisão com base na realidade mais efetiva pos-
sível, a mais precisa que se conseguir alcançar (PEREIRA; BERTEGES, 2022; OLIVEIRA
et al., 2022). Quando registros e cadastros são realizados e atualizados, se a codificação
identificar com precisão cada item e se os inventários forem feitos, provavelmente a
classificação ABC será de uma utilidade sem igual. Agora vejamos como ela é feita.

COMO FAZER A CLASSIFICAÇÃO ABC:

Para facilitar o seu entendimento do processo classificatório ABC, decidimos iden-


tificar cada etapa. Para isso, nomeamos cada uma delas, depois descrevemos como
cada uma é executada e em seguida mostramos o resultado da aplicação do modo
de execução. Esse procedimento fará com que você não apenas entenda e domine
a técnica, mas é fundamental que você seja capaz de ensiná-la aos seus colegas de

83
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

trabalho ou de estudo.

PRIMEIRA ETAPA: FAÇA UMA LISTA DE TODOS OS ITENS DO ESTOQUE

A lista que você precisa fazer tem que ter os seguintes dados do item em estoque:
código, preço unitário e quantidade em estoque. O código do item, como você sabe,
é o nome do material e o número da carteira de identidade dele, como consta nos
registros e como foi cadastrado. O preço unitário é aquele mais atual, também em
conformidade com os registros mais recentes. Finalmente, a quantidade é aquela que
foi gerada a partir do confronto dos dados dos registros atuais com os registros físicos
feitos com o uso de inventários. Veja como são importantes essas três atividades de
gestão logística. Sua lista tem que ficar parecida com os que aparecem na tabela 1.

Tabela 1. Lista de itens de estoque

Item em estoque Preço unitário (R$) Quantidade em Valor do item em


estoque estoque
M-001 50,00 200 1.000,00
M-002 32,00 5.000 160.000,00
M-003 100,00 10 1.000,00
M-004 0,30 200.000 60.000,00
M-005 200,00 100 20.000,00
M-006 0,02 100.000 2.000,00
M-007 16,00 1.000 16.000,00
M-008 4,00 20.000 80.000,00
M-009 140,00 10 1.400,00
M-010 10,00 60 600,00
VALOR TOTAL DE 342.000,00
ITENS EM ESTOQUE

Fonte: adaptado de Almeida, Silva e Souza (2014).

Veja a identificação do material com o seu código. O valor do item em estoque é o


resultado da multiplicação do valor do item pela quantidade estocada. Por exemplo,
para o material M-010, multiplicou-se o preço unitário (R$ 10,00), que é quanto custa
um único item daquele material, pela quantidade desse mesmo item estocado (60), o
que deu como produto o total de R$ 600,00 desse material em estoque. Somando-se
todos os valores totais de cada item, obtém-se o valor investido em estoque que, no
nosso exemplo inventado, foi de R$ 342.000,00. Note que devem entrar nessa lista
apenas os materiais que realmente existem fisicamente em estoque.

SEGUNDA ETAPA: CÁLCULO DA CORRESPONDÊNCIA % DE CADA ITEM EM RE-


LAÇÃO AO VALOR TOTAL EM ESTOQUE

Nessa etapa queremos saber o quanto cada item representa, em percentual, do


valor total em estoque. Dito de outra forma, nossa intenção é saber com quanto o

84
EJA-INTEGRADA - EPT

valor total de cada item colabora para a composição do total estocado. Isso é a mes-
ma coisa que saber o quanto cada item representa em dinheiro investido. Isso é feito
através da técnica de regra de três. O valor total de itens em estoque vai ser o 100% (R$
342.000,00) e o valor vai ser a incógnita, que é o valor que queremos saber. Aplicando
esse procedimento a cada item, temos os resultados constantes da tabela 2.

Tabela 2. Lista de itens de estoque com %

Item em estoque Preço unitário Quantidade em Valor do item em % do item


(R$) estoque estoque
M-001 50,00 200 1.000,00 0,3
M-002 32,00 5.000 160.000,00 46,8
M-003 100,00 10 1.000,00 0,3
M-004 0,30 200.000 60.000,00 17,5
M-005 200,00 100 20.000,00 5,8
M-006 0,02 100.000 2.000,00 0,6
M-007 16,00 1.000 16.000,00 4,7
M-008 4,00 20.000 80.000,00 23,4
M-009 140,00 10 1.400,00 0,4
M-010 10,00 60 600,00 0,2
Fonte: Fonte: adaptado de Almeida, Silva e Souza (2014).

TERCEIRA ETAPA: ORDENAR OS VALORES PERCENTUAIS, DO MAIOR PARA O


MENOR

Essa etapa é bem simples de se fazer. Basta colocar o maior valor percentual na
primeira linha, que no nosso caso é o material M-002, o segundo material com maior
valor na segunda linha e assim sucessivamente, até o final. O resultado desse procedi-
mento está apresentado na tabela 3 abaixo.

Tabela 3. Lista de itens de estoque com % organizado

Item em estoque Preço unitário Quantidade Valor do item em es- % do item


(R$) em estoque toque
M-002 32,00 5.000 160.000,00 46,8
M-008 4,00 20.000 80.000,00 23,4
M-004 0,30 200.000 60.000,00 17,5
M-005 200,00 100 20.000,00 5,8
M-007 16,00 1.000 16.000,00 4,7
M-006 0,02 100.000 2.000,00 0,6
M-009 140,00 10 1.400,00 0,4
M-001 50,00 200 1.000,00 0,3
M-003 100,00 10 1.000,00 0,3
M-010 10,00 60 600,00 0,2
Fonte: Fonte: adaptado de Almeida, Silva e Souza (2014).

Veja que interessante. Com essa primeira organização já podemos ver bastante coi-

85
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

sa. Por exemplo, o item M-010 tem uma participação insignificante na composição
dos investimentos em estoque, com apenas 0,2%. Isso significa que, para cada um real
investido em estoque, apenas dois centavos seriam destinados a esse item. É diferen-
te do que acontece com o item M-002. Aqui, para cada um real investido, praticamen-
te 47 centavos seriam destinados para ele.

QUARTA ETAPA: SOMAR CUMULATIVAMENTE OS VALORES PERCENTUAIS

Essa etapa é ainda mais fácil de ser feita. Na primeira célula da coluna “% acumu-
lado”, deve-se repetir o primeiro valor da coluna “% do item” (46,8). Depois, soma-se
esse valor (46,8) com o segundo valor da coluna “% do item” (23,4), o que deu o total
de 70,2, que deve ser colocado na segunda célula da coluna “% acumulado”. Esse pro-
cedimento deve ser repetido até o final. Veja como ficou o nosso exemplo na tabela 4.

Tabela 4. Lista de itens de estoque com % organizado cumulativamente

Item em es- Preço uni- Quantidade Valor do item % do item % acumulado


toque tário (R$) em estoque em estoque
M-002 32,00 5.000 160.000,00 46,8 46,8
M-008 4,00 20.000 80.000,00 23,4 70,2
M-004 0,30 200.000 60.000,00 17,5 87,7
M-005 200,00 100 20.000,00 5,8 93,5
M-007 16,00 1.000 16.000,00 4,7 98,2
M-006 0,02 100.000 2.000,00 0,6 98,8
M-009 140,00 10 1.400,00 0,4 99,2
M-001 50,00 200 1.000,00 0,3 99,5
M-003 100,00 10 1.000,00 0,3 99,8
M-010 10,00 60 600,00 0,2 100,0
Fonte: Fonte: adaptado de Almeida, Silva e Souza (2014).

QUINTA ETAPA: IDENTIFICAR OS ITENS A, B e C

Nesta etapa é preciso muita atenção. A teoria diz que os produtos A geralmente
representam 50% dos valores dos itens em estoque e que os produtos C contribuem
com apenas 5%. Disso vem que, olhando a coluna % acumulado, percebemos que o
produto M-002 tem quase 50% do valor total estocado. Ele será o único item A. Ago-
ra vamos para o final da coluna de % acumulado e percebemos que os itens M-007,
M-006, M-009, M-001, M-003 e M-010 estão todos acima dos 95%. Isso significa que
temos 6 itens C. Os outros itens não são nem A e nem C. Então, só podem ser B, que
são M-008, M-004 e M-005. A tabela 5 mostra os itens classificados.

Tabela 5. Itens em estoques classificados

Item em es- Preço uni- Quantidade Valor do % do % acu- Classes


toque tário (R$) em estoque item em item mulado
estoque

86
EJA-INTEGRADA - EPT

M-002 32,00 5.000 160.000,00 46,8 46,8 A


M-008 4,00 20.000 80.000,00 23,4 70,2
M-004 0,30 200.000 60.000,00 17,5 87,7 B
M-005 200,00 100 20.000,00 5,8 93,5
M-007 16,00 1.000 16.000,00 4,7 98,2
M-006 0,02 100.000 2.000,00 0,6 98,8
M-009 140,00 10 1.400,00 0,4 99,2
C
M-001 50,00 200 1.000,00 0,3 99,5
M-003 100,00 10 1.000,00 0,3 99,8
M-010 10,00 60 600,00 0,2 100,0
Fonte: Fonte: adaptado de Almeida, Silva e Souza (2014).

Aqui está o resultado da classificação ABC. Note que classificar significa organizar
em classes. Descobrimos com esses procedimentos que produtos pertencem a cada
classe. Produtos classe A são os itens em estoque com mais valor agregado, como se
pode ver na tabela 5. Já os itens C têm pouca contribuição, mas isso não quer dizer
que eles não sejam importantes.

RESUMINDO...

Quais são as etapas do sistema ABC de classificação de estoques? 1) Elaborar a lista


de materiais, 2) calcular o % de representação de cada item em relação ao valor total
de estoque, 3) ordenar do maior para o menor valor o % de representação de cada
item, 4) organizar cumulativamente o % de representação e 5) ver quais itens repre-
sentam 50% do total e criar a classe A com eles, ver quais representam menos de 5% e
criar a classe C com eles e criar a classe B com os demais itens.

Como interpretar os itens das classes criadas? A classe A representa os itens com
maior valor agregado e por isso precisar ser constantemente monitorados; a classe
C representa os itens de menor valor agregado, que podem ter monitoramento com
tempo mais alargado; a classe B representa os itens com valores agregados impor-
tantes, mas que podem ser monitorados com tempo maior que os itens A.

87
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( ) O sistema de classificação ABC é importante ferramenta de gestão logística.
( ) A classificação ABC organiza os itens em estoque em classes iguais.
( ) A classificação ABC toma como base de cálculo o valor total do estoque e os
valores totais de cada item estocado.
( ) Não colocamos no cálculo itens com estoque zerado.
( ) A classe A é composta por itens com alto valor agregado.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Curva ABC para gestão de estoques


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=WMeYTyHHONw

Vídeo: Curva ABC no Excel com classificações automáticas


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cn8yjrEl_tI

88
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
PEREIRA, Jenifer Cristina dos Santos; BERTEGES, Luiz Felipe Caramez. Análise de cur-
va ABC: revisão de estudos de casos.‫ ٶ‬Revista Ibero-Americana de Humanidades,
Ciências e Educação, v. 8, n. 6, p. 385-399, 2022.

OLIVEIRA, Gilberto Francisco et al. Curva ABC e Kanban, Ferramentas De Gestão De Es-
toque: Estudo de Caso em uma Empresa Multinacional de Sistemas de Fixação.‫ٶ‬Jour-
nal of Technology & Information (JTnI), v. 2, n. 2, 2022.

ALMEIDA, Douglas Santos; SILVA, Juliano Domingues; SOUZA, Adalberto Dias. Análise
da Gestão de Estoque de uma micro empresa de autopeças de Campo Mourão-PR:
uso da classificação ABC dos materiais.‫ٶ‬IX EPCT – Encontro de Produção Científica e
Tecnológica, Campo Mourão, 27 a 31 de Outubro de 2014.

89
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 8: O QUE É ADMINISTRAÇÃO DE MATE-


RIAIS?
OBJETIVOS:

Geral
Saber o que é administração de materiais.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é uma técnica de armazenagem;
b) identificar as principais técnicas de armazenagem utilizadas.

INTRODUÇÃO:

Uma técnica é uma maneira específica de fazer alguma coisa. Utilizamos muitas
delas no nosso

VISÃO DA CIÊNCIA:
Tabela 1. O que é administração de materiais: visão da ciência

Autores Respostas
Cazella (2019) A administração de materiais pode ser definida como um conjunto de
atividades que integram um circuito de reaprovisionamento (compras,
recebimento, armazenagem e produção), ou ainda uma gestão total do
controle de estoques, garantindo a existência contínua do mesmo, p. 1.
Moraes, Du- a administração de materiais pode ser definida como a atividade que
tra e Soares planeja, executa e controla o fluxo de material, desde os produtos a se-
(2018) rem comprados, até a entrega do produto ao cliente, p. 218.
Olanrewaju, A gestão de materiais pode ser definida como um processo de planeja-
Olatunya mento, execução e controle da fonte certa de materiais com a qualidade
e Okedare exata, no momento certo e local adequado para o processo de constru-
(2021) ção de custo mínimo, p. 22.
Fonte: dados coletados pelos autores.

90
EJA-INTEGRADA - EPT

VISÃO DA PRÁTICA:
Tabela 1. O que é administração de materiais: visão da prática

Autores Respostas
Sá (2022) Administração de materiais pode ser definida como um conjunto de ati-
vidades que integram um circuito de reaprovisionamento (compras, recebi-
mento, armazenagem e produção).
M i d a s Administração de materiais pode ser definida como parte do processo da cadeia
(2020) de suprimento que planeja, programa e controla, de modo eficiente e eficaz, os fluxos
adiante e reverso e a estocagem de bens, serviços e informações, do ponto de ori-
gem ao ponto de consumo, a fim de entender as necessidades dos clientes.
Ensino Administração de Materiais é definida como um conjunto de atividades
(2022) desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, des-
tinada a suprir as diversas unidades de materiais necessários para o bom
desempenho das funções.
Fonte: dados coletados pelos autores.

91
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( )
( )
( )
( )
( )

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Gestão de materiais: conceitos, objetivos, funções e atividades


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CByPRvgPdZA

Vídeo: Logística e gestão de materiais: revisão


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0jq97pXmx6I

92
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
CAZELLA, Carla et al. diagnóstico da gestão de materiais da empresa Rotoline.‫ٶ‬Anuá-
rio Pesquisa e Extensão Unoesc Chapecó, v. 4, n. esp., p. e20159-e20159, 2019.

ENSINO. Curso grátis online de administração de recursos materiais. Blog Ensino


Guia de Educação. Disponível https://canaldoensino.com.br/blog/curso-gratis-online-de-ad-
ministracao-de-recursos-materiais. Acesso em junho de 2022.

MIDAS. O que sua empresa perde sem uma boa administração de materiais. 2020.
Blog Midas Solutions. Disponível em https://midassolutions.com.br/blog/administra-
cao-de-materiais/.

MORAES, Wallace Gomes; DUTRA, Edvaldo Silva; SOARES, Cristhiane Rodrigues. A im-
portância da administração de estoques no ambiente corporativo.‫ٶ‬Revista Multidis-
ciplinar do Nordeste Mineiro–Unipac, v. 2178, p. 51-62, 2018.

OLANREWAJU, Sharafadeen Babatunde Owolabia; OLATUNYA, Deji Alfred; OKEDARE,


David Kolawole Olufemi. Appraisal of the factors that affect the material management
strategies of construction works in Ekiti State Nigeria. Journal of Humanities And So-
cial Science, v. 26, n. 9, p. 21-29, 2021.

SÁ, André Albuquerque de. Administração de materiais: noções e ferramentas. Blog


Portal da Administração. Disponível em https://www.portal-administracao.com/2013/12/ad-
ministracao-de-materiais-conceito.html. Acesso em junho de 2022.

93
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 9: ETAPAS DO PROCESSO DE GESTÃO DE


MATERIAIS

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer as técnicas de armazenagem mais comuns.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é uma técnica de armazenagem;
b) identificar as principais técnicas de armazenagem utilizadas.

INTRODUÇÃO:

Uma técnica é uma maneira específica de fazer alguma coisa. Utilizamos muitas
delas no nosso

Tabela 1. Etapas do processo de gestão de materiais: visão da ciência

Autores Respostas
Cazella (2019) A administração de materiais pode ser definida como um conjunto de
atividades que integram um circuito de reaprovisionamento (compras,
recebimento, armazenagem e produção), ou ainda uma gestão total do
controle de estoques, garantindo a existência contínua do mesmo, p. 1.
Moraes, Du- a administração de materiais pode ser definida como a atividade que
tra e Soares planeja, executa e controla o fluxo de material, desde os produtos a se-
(2018) rem comprados, até a entrega do produto ao cliente, p. 218.
Olanrewaju, A gestão de materiais pode ser definida como um processo de planeja-
Olatunya mento, execução e controle da fonte certa de materiais com a qualidade
e Okedare exata, no momento certo e local adequado para o processo de constru-
(2021) ção de custo mínimo, p. 22.

Fonte: dados coletados pelos autores.

94
EJA-INTEGRADA - EPT

VISÃO DA PRÁTICA:
Tabela 1. Etapas do processo de gestão de materiais: visão da prática

Autores Respostas
Sá (2022) Administração de materiais pode ser definida como um conjunto de ativi-
dades que integram um circuito de reaprovisionamento (compras, recebi-
mento, armazenagem e produção).
Midas Administração de materiais pode ser definida como parte do processo da
(2020) cadeia de suprimento que planeja, programa e controla, de modo eficien-
te e eficaz, os fluxos adiante e reverso e a estocagem de bens, serviços e
informações, do ponto de origem ao ponto de consumo, a fim de entender
as necessidades dos clientes.
Ensino Administração de Materiais é definida como um conjunto de atividades
(2022) desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, des-
tinada a suprir as diversas unidades de materiais necessários para o bom
desempenho das funções.
Fonte: dados coletados pelos autores.

95
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( )
( )
( )
( )
( )

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Gestão de materiais: conceitos, objetivos, funções e atividades


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CByPRvgPdZA

Vídeo: Logística e gestão de materiais: revisão


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0jq97pXmx6I

96
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
CAZELLA, Carla et al. diagnóstico da gestão de materiais da empresa Rotoline.‫ٶ‬Anuá-
rio Pesquisa e Extensão Unoesc Chapecó, v. 4, n. esp., p. e20159-e20159, 2019.

ENSINO. Curso grátis online de administração de recursos materiais. Blog Ensino


Guia de Educação. Disponível https://canaldoensino.com.br/blog/curso-gratis-online-de-ad-
ministracao-de-recursos-materiais. Acesso em junho de 2022.

MIDAS. O que sua empresa perde sem uma boa administração de materiais. 2020.
Blog Midas Solutions. Disponível em https://midassolutions.com.br/blog/administra-
cao-de-materiais/.

MORAES, Wallace Gomes; DUTRA, Edvaldo Silva; SOARES, Cristhiane Rodrigues. A im-
portancia da administração de estoques no ambiente corporativo.‫ٶ‬Revista Multidis-
ciplinar do Nordeste Mineiro–Unipac, v. 2178, p. 51-62, 2018.

OLANREWAJU, Sharafadeen Babatunde Owolabia; OLATUNYA, Deji Alfred; OKEDARE,


David Kolawole Olufemi. Appraisal of the factors that affect the material management
strategies of construction works in Ekiti State Nigeria. Journal of Humanities And So-
cial Science, v. 26, n. 9, p. 21-29, 2021.

SÁ, André Albuquerque de. Administração de materiais: noções e ferramentas. Blog


Portal da Administração. Disponível em https://www.portal-administracao.com/2013/12/ad-
ministracao-de-materiais-conceito.html. Acesso em junho de 2022.

97
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 10: O QUE É CLASSIFICAÇÃO DE MATE-


RIAIS?

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer as técnicas de armazenagem mais comuns.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é uma técnica de armazenagem;
b) identificar as principais técnicas de armazenagem utilizadas.

INTRODUÇÃO:

Uma técnica é uma maneira específica de fazer alguma coisa. Utilizamos muitas
delas no nosso

VISÃO DA CIÊNCIA:
Tabela 1. Classificação de materiais: visão da ciência

Autores Respostas
Cazella, Dalbosco e Classificação de materiais é um modo de ter uma padronização geral
Martins (2018) de todos os materiais em estoque na empresa
Silva et al. (2021) Classificação de materiais é a atividade responsável por identificar,
codificar e catalogar os materiais de uma organização
Cantizani e Berto- Classificação de materiais é catalogar, simplificar, especificar, normali-
luci (2021) zar, padronizar e codificar todos os materiais componentes do estoque
da empresa
Fonte: dados coletados pelos autores.

VISÃO DA PRÁTICA:

98
EJA-INTEGRADA - EPT

Tabela 1. Classificação de materiais: visão da prática

Autores Respostas
Carvalho (2016) Classificação de materiais é o processo de aglutinação de materiais
por características semelhantes.
Qconcursos Classificação de materiais é a atividade responsável pela identificação,
(2018) codificação e catalogação de materiais e fornecedores, dando apoio às
demais atividades de suprimento.
Estude (2022) Classificação de materiais é o processo de aglutinação de materiais
por características semelhantes, e determina grande parte do sucesso
no gerenciamento de estoques.
Fonte: dados coletados pelos autores.

RESUMINDO...

99
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( )
( )
( )
( )
( )

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Classificação de materiais: conceitos, atributos, etapas


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Oq2i2A-P1Zs

Vídeo: Etapas da classificação de materiais


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=98QxDsbGFpI

100
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
CANTIZANI, Everton Aparecido; BERTOLUCI, Evandro Antonio. Proposta de implanta-
ção controle de estoque e venda da tabacaria Hookah Vikings Proposal for implemen-
tation stock control and sale of Hookah Vikings tobacco store.‫ ٶ‬Brazilian Journal of
Development, v. 7, n. 12, p. 111742-111755, 2021.

CARVALHO, Luiz Antonio de. Classificação de materiais. 2016. Disponível em https://


docplayer.com.br/9367421-Classificacao-de-materiais.html.

CAZELLA, Carla; DALBOSCO, Inocencia Boita; MARTINS, Vagner Pereira. Diagnóstico


da gestão de armazenagem em uma empresa do setor de distribuição.‫ٶ‬Anuário Pes-
quisa e Extensão Unoesc Chapecó, v. 3, 2018.

ESTUDE. Questões de concursos. Blog Estude Grátis. Disponível em https://www.estu-


degratis.com.br/questao-de-concurso/8730. Acesso em junho de 2022.

QCONCURSOS. Questões de concursos. 2018. Blog Q Concursos. Disponível em ht-


tps://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/questoes/51bec1da-7f.

SILVA, José Carlos Guedes et al. Almoxarifados arcaicos. In: CAMPELO, M. L. C. Logís-
tica: contribuições para a melhoria na produção e nos resultados. Guarujá: Científica
Digital, 2021.

101
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 11: TÉCNICAS DE ESTOCAGEM

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer as técnicas de armazenagem mais comuns.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é uma técnica de armazenagem;
b) identificar as principais técnicas de armazenagem utilizadas.

INTRODUÇÃO:

Uma técnica é uma maneira específica de fazer alguma coisa. Utilizamos muitas
delas no nosso

VISÃO DA CIÊNCIA:
Tabela 1. Técnicas de estocagem: visão da ciência

Autores Respostas
Garcia Carga unitária: unitização, transportada com o uso de paletes
(2022) Caixa ou gavetas: para materiais de pequenas dimensões, como parafusos
e botões.
Prateleiras: materiais de tamanhos diversos.
Raques: para materiais longos e estreitos, como canos.
Empilhamento: podem conter caixas ou paletes com materiais, um sobre
o outro.
Contêiner flexível: saco de tecido resistente emborrachado para transpor-
tar grãos e líquidos.
Andrade et Carga unitária (pallet): unitização, transportada com o u so de paletes.
al. (2015) Caixas e gavetas: para materiais de pequenas dimensões.
Prateleiras: materiais de tamanhos diversos.
Raques: para materiais longos e estreitos.
Fonte: dados coletados pelos autores.

102
EJA-INTEGRADA - EPT

VISÃO DA PRÁTICA:
Tabela 1. Técnicas de estocagem: visão da prática

Autores Respostas
IMAM Itens não paletizáveis: Armários modulares, Estanterias dinâmicas, Estan-
(2020) terias deslizantes e Estanterias metálicas leves.
Sistemas de Itens paletizáveis: Blocagem; Estruturas de braços em balanço (cantilever);
estocagem Estruturas porta-paletes convencionais; Estruturas porta-paletes conven-
cionais com empilhadeira trilateral; Mezaninos; Estruturas porta-paletes de
trânsito interno; Estruturas autoportantes; Estruturas porta-paletes desli-
zantes; Estruturas porta-paletes tipo “push back”; Estruturas porta-paletes
de dupla profundidade.
Souza (2012) Carga unitária: unitização e paletes
Caixas ou gavetas: para materiais de pequenas dimensões, como pregos
Prateleiras: com o uso de caixas e gavetas
Raques: peças longas e estreitas
Empilhamento: aproveitamento de espaço vertical com caixas ou paletes
Contêiner flexível: saco resistente e emborrachado
Fonte: dados coletados pelos autores.

RESUMINDO...

103
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( )
( )
( )
( )
( )

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Critérios de estocagem de materiais


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sIuCuZ7ZTJs

Vídeo: Como fazer um controle de estoque eficiente


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=P68CpNkCIbA

104
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
ANDRADE, Gabriela Borges et al. Proposta de melhoria da gestão de estoques de uma
organização. In: X SAEPRO, Simpósio Acadêmico de Engenharia de Produção, Viço-
sa, 27 a 29 de agosto 2015.

GARCIA, Anderson Abreu. Logística de suprimentos: um estudo de caso sobre o con-


trole de abastecimento de mercadorias da empresa V. S. Garcia. 2022. 52 f. Monografia
(Graduação em Administração). Universidade Federal do Amazonas, Benjamin Con-
stant, 2022.

IMAM. Estocagem. 2020. Blog IMAM. Disponível em https://blog.imam.com.br/esto-


cagem/.

SOUZA, Cláudia Rodrigues de. Técnicas de estocagem. 2012. Blog Miscelânea Concur-
sos. Disponível em http://miscelaneaconcursos.blogspot.com/2012/03/tecnicas-de-es-
tocagem.html#:~:text=%C3%89%20a%20t%C3%A9cnica%20de%20estocagem,u-
ma%20distribui%C3%A7%C3%A3o%20equitativa%20de%20cargas.

105
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 12: O QUE É ARMAZENAGEM?

OBJETIVOS:

Geral
Entender os limites conceituais e operacionais da armazenagem.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é armazenagem sob o ponto de vista da ciência;
b) explicar o que é armazenagem sob o ponto de vista da prática logística;
c) perceber as diferenças e semelhanças desses dois pontos de vista.

INTRODUÇÃO:

Uma técnica é uma maneira específica de fazer alguma coisa. Utilizamos muitas
delas no nosso

VISÃO DA CIÊNCIA:
Tabela 1. Armazenagem: visão da ciência

Autores Respostas
Silva e Mar- A armazenagem pode ser definida como o conjunto de atividades para
tins (2020) manter fisicamente estoques de forma adequada, p. 4
Ferreira (2021) A armazenagem pode ser definida como o processo onde ocorrem três
funções principais: receber produtos de uma fonte, armazenar os produ-
tos durante o tempo necessário até que sejam solicitados por um cliente
(interno ou externo) e retirar os produtos quando são requisitados, p. 11
Detofol, Rau- Armazenagem pode ser definida como sendo o conjunto de atividades
ta e Winck para manter fisicamente estoques de forma adequada, p. 5
(2017)
Fonte: dados coletados pelos autores.

106
EJA-INTEGRADA - EPT

VISÃO DA PRÁTICA:
Tabela 1. Armazenagem: visão da prática

Autores Respostas
CargoBR A‫ٶ‬armazenagem pode ser definida como‫ٶ‬o armazenamento de produtos
(2022) prontos.
Garret (2014) Armazenagem pode ser definida como o conjunto de atividades para
manter fisicamente o estoque de forma adequada.
Machado Armazenagem‫ٶ‬é a denominação genérica e ampla que inclui todas as
(2015) atividades de um ponto destinado à guarda temporária e à distribuição
de materiais (depósitos, almoxarifados, centros de distribuição etc.).
Fonte: dados coletados pelos autores.

RESUMINDO...

107
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( )
( )
( )
( )
( )

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Logística de Armazenagem


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cP9DOOSPKus

Vídeo: Logística de armazenagem: conceito, importância e como obter bons


resultados
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=E8FgcPBwHQs

108
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
CARGOBR. Conheça a diferença entre armazenagem e estocagem. 2022. Blog da
CargoBR. Disponível em https://blog.cargobr.com/armazenagem-e-estocagem/.

DETOFOL, Daiana Fatima; RAUTA, Jamir; WINCK, César Augustus. Logística aplicada
no processo de produção de ovos comerciais.‫ٶ‬Revista de Administração Dom Alber-
to, v. 4, n. 2, p. 1-20, 2017.

FERREIRA, Carla Sofia Carujo.‫ٶ‬Warehouse Management System (WMS) como fator


de competitividade: estudo de caso do centro de distribuição do grupo Editorial Plá-
tano. 2021. 62 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Empresárias). Instituto Politécnico
de Setúbal, Setúbal, 2021.

GARRET, Enio. Armazenagem: função importante para os custos logísticos. 2014. Blog
do Enio Garret Consultor. Disponível em https://logistica-empresarial3.webnode.page/
news/armazenagem-fun%C3%A7%C3%A3o-importante-para-os-custos-logisticos/.

MACHADO, Ricardo. Entenda o que é armazenagem. 2015. Blog Bluesoft. Disponível


em https://blog.bluesoft.com.br/entenda-o-que-e-armazenagem/.

SILVA, Fábio Bruno; MARTINS, Caroline Miriã Fontes. Armazenamento de materiais de


consumo no setor público: estudo exploratório em uma IFES.‫ٶ‬Revista Interdisciplinar
Científica Aplicada, v. 14, n. 3, p. 42-61, 2020.

109
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 13: TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer as técnicas de armazenagem mais comuns.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é uma técnica de armazenagem;
b) identificar as principais técnicas de armazenagem utilizadas.

INTRODUÇÃO:

Uma técnica é uma maneira específica de fazer alguma coisa. Utilizamos muitas
delas no nosso dia a dia, apesar de muitas vezes nem termos ideia de que elas são
chamadas assim. Por exemplo, temos nossa maneira própria de escovar os dentes,
limpar a casa e cozinhar. Cada uma dessas maneiras pode ser chamada de técnica. De
uma forma geral, uma técnica pode ser chamada também de procedimento.

Quando falamos de técnicas de armazenagem estamos nos referindo às maneiras


através das quais as empresas e seus profissionais fazem o armazenamento de seus
materiais. Para que isso seja feito de forma racional, otimizada, elas aplicam métodos,
que são sequências de etapas com regras específicas para que cada uma delas se-
jam executadas; ferramentas e equipamentos, que permitem a movimentação dess-
es materiais de um lugar para o outro; e outros tipos de recursos, principalmente os
de tecnologia de informação e comunicação, a cada dia mais utilizados no cotidiano
logístico.

TÉCNICAS DE ARMAZENAGEM:

Como você já sabe, o desafio da armazenagem é fazer bem feita a sequência de re-
ceber, estocar e expedir materiais. Na verdade, essa sequência sintetiza o que chama-
mos de logística interna. Nesta aula vamos mostrar as principais técnicas de armaze-
nagem comumente utilizadas pelos mais variados tipos de empresas e organizações.
As técnicas de armazenagem que serão apresentadas buscam justamente cumprir a
missão de acondicionar adequadamente os materiais e tê-los disponíveis a qualquer
momento ao longo do processo de produção.

110
EJA-INTEGRADA - EPT

PALETIZAÇÃO:

A paletização, como o próprio nome sugere, é a disposição de determinados ma-


teriais em paletes. Um palete é um tipo de estrado, geralmente feito de madeira, mas
que também pode ser de plástico ou metal, sobre os quais são empilhados os mate-
riais. Eles servem também para serem manuseados por empilhadeiras.
Figura 1. Paletização

Fonte: https://www.tflogistica.com.br/paletizacao/.

A paletização também é uma forma de unitização. Chamamos de unitização ao


processo de agrupamento de materiais para que formem um único volume, daí o ter-
mo “unitização”. Através dessa técnica, grandes quantidades de materiais podem ser
manuseados em um único volume.

ENDEREÇAMENTO DE ESTOQUE:

Para você compreender bem essa técnica, lembre-se do seu endereço, da casa
onde você mora. Ela tem um número, está situada em uma rua, em uma quadra, de
um bairro, em uma região, de uma determinada cidade. De forma semelhante, os
armazéns são organizados como se fossem uma pequena cidade, com uma pequena
diferença: ao invés de casas, geralmente os armazéns raciocinam com prédios. Isso
quer dizer que o endereçamento de estoque tem ruas, que são os corredores opera-
cionais. Essas ruas são identificadas com números.
Figura 2. Endereçamento de estoque

Fonte: https://seculos.com.br/index.php/arquivos/460.

111
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Agora pense nos prédios. Todos eles têm um número, como a sua casa também
o tem. Da mesma forma, no endereçamento dos armazéns os espaços recebem um
número, exatamente como na sua casa. Por outro lado, como os armazéns raciocinam
com prédios, edifícios, há uma outra numeração, que corresponde à dimensão verti-
cal, como se fossem os andares dos prédios. Geralmente utilizam-se os procedimen-
tos do tipo RPA (Rua, Posição e Altura) e ARMNV (Área, Rua, Módulo, Nível e Vão).

Sintetizando, o endereçamento é composto por ruas com letras, espaços e andares


com números. Imagine o endereço 5-8-6. Isso significa rua 5, posição 8, do andar 6.
Há inúmeras formas de se fazer o endereçamento. Os mais comuns são por área, por
corredor, por módulo, por vão e por nível, dentre outros.

OPERAÇÕES “FIFO” OU “PEPS”:

Essa técnica tem seu nome original do inglês First In, First Out (FIFO), que foi ver-
tido para o português como Primeiro que Entra é o Primeiro que Sai (PEPS). Ela con-
siste na elaboração de um esquema de armazenamento que permita que o primeiro
material que foi estocado seja o primeiro a sair. Essa técnica é muito útil para lidar com
determinados tipos de produtos que não podem ficar muito tempo estocados, sob
pena de perdas, como é o caso de frutas e verduras.
Figura 3. Operações FIFO/PEPS

Fonte: https://www.openk.com.br/blog/estoque-fifo-e-fefo/.

Essa técnica também é muito utilizada para controlar o prazo de validade dos pro-
dutos em estoque. Como se sabe, quanto mais perto do prazo de validade, maior é a
tendência de os consumidores não o comprarem. Por essa razão, as empresas bus-
cam aplicar um monitoramento e controle mais rigoroso sobre eles. Além disso, essa
técnica é aceita legalmente para avaliação de estoque, mantém o preço de custo dos
produtos atualizados e permite reduzir os custos com a redução dos níveis de esto-
ques.

OPERAÇÕES “LIFO” OU “UEPS”:

Esta técnica também tem origem no inglês Last in, First Out (LIFO), que foi traduz-
ida para o português como Último que Entra é o Primeiro que Sai (UEPS). Aqui, há
uma inversão em relação às operações FIFO/PEPS: os primeiros materiais que entram
na armazenagem têm que ser os primeiros a sair. Essa técnica é muito usual e intuiti-

112
EJA-INTEGRADA - EPT

va. Tanto que é mais ou menos assim que gerenciamos os estoques de nossa casa: a
gente consome primeiro o açúcar e o feijão que foram comprados primeiro, para que
não estraguem.
Figura 4. Operações LIFO/UEPS

Fonte: https://lashkar.in/apa-itu-metode-fifo-dan-lifo.

No caso das empresas, essa técnica é muito importante quando o volume de pro-
dutos vendidos em curto período de tempo é elevado, ou seja, quando a rotativida-
de é grande. Também pode ser aplicado quando os materiais têm prazo de validade
mais dilatados (como nos casos de alimentos não perecíveis) ou muito longos (como
eletrônicos, materiais de construção, peças automotivas etc.) porque não correm risco
elevado de perda.

SISTEMAS DE INFORMAÇÕES:

Os softwares de gestão de estoques estão tomando conta de praticamente todas


as atividades e rotinas de armazenagem. Quando aliados à automatização, que con-
siste no uso de mecanismos inteligentes como robôs, e inteligência artificial, os retra-
balhos e erros têm diminuído enormemente, o que gera aumento de produtividade,
controle mais preciso do processo de produção e redução de custos de operações, o
que muitas vezes culmina no aumento da satisfação dos clientes, finalidade de todo
esforço inovativo.
Figura 5. WMS

Fonte: https://maplink.global/blog/exemplos-de-wms/.

113
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Os softwares de gestão de armazéns e armazenagem, chamados de WMS, do in-


glês Warehouse Management System, são programas que usam bancos de dados
para integrar e conectar de forma imediata todas as informações sobre as movimen-
tações de materiais em um armazém. Eles podem localizar um item no estoque, con-
trolar entradas e saídas de materiais, elaborar relatórios simultâneos e até mesmo
dar suporte à tomada de decisão sobre que itens comprar e o que não comprar. É a
chamada Logística 4.0 na prática.

CURVA “ABC”:

Essa técnica é tanto utilizada para a armazenagem quanto para classificar os ma-
teriais de um armazém. Ela parte do princípio que há estoques mais importantes do
que outros, de maneira que há os extremamente importantes, chamados de A, e os
menos importantes, chamados de C. Os produtos intermediários, que têm importân-
cia mediana, são classificados como B. Essa importância é derivada do quão o item
agrega valor ao suprimento das necessidades dos clientes. E isso é medido tanto pelo
volume de vendas quanto pela rentabilidade que eles proporcionam às empresas.
Figura 6. Curva ABC

Fonte: https://www.ccaexpress.com.br/blog/curva-abc-para-estoque-e-vendas-como-fazer/.

Essa técnica segue o princípio de Pareto, que diz que 80% dos lucros de uma em-
presa provêm de 20% de seus itens. Por essa razão, esses 20% de materiais são clas-
sificados como categoria A. Os materiais que fazem parte da classe C somam apro-
ximadamente 50% de todo o estoque, enquanto que os que se enquadram na faixa
B representam 30% do total. Em termos de responsabilidades logísticas, o controle
maior precisa ser feito sobre os materiais classe A, com inventários periódicos curtos.
Os materiais classe B podem ser inventariados com prazos mais dilatados, como men-
salmente ou até mesmo trimestralmente. Já os materiais classe C podem ser inventa-
riados menos vezes ao ano.

UNITIZAÇÃO DE ESTOQUE:

Como já mencionado na técnica de paletização, unitizar cargas é transformar vários


produtos ou embalagens em uma só. É um processo de agrupar produtos para que o
seu transporte e movimentação sejam facilitados, mas, principalmente, aproveitar de

114
EJA-INTEGRADA - EPT

forma mais racionalizada os espaços do armazém.

Figura 7. Unitização de estoque

Fonte: http://cinternacionaluni.blogspot.com/2020/07/caso-1-unitarizacion.html,

Imagine ter que transportar diversas caixas de suco de frutas de um lugar para o
outro, individualmente. Se houver 10 mil caixas, será necessário que se façam 10 mil
movimentações de ida e 10 mil movimentações de volta. Com a unitização é possível
reduzir a movimentação para 100 viagens, se cada embalagem tiver 100 caixas ou ap-
enas 50, se cada embalagem unitizada contiver 200 caixas. A paletização é o tipo mais
comum de unitização praticado pelas empresas.

RESUMINDO...

O que são técnicas de armazenagem? São maneiras específicas que as empresas


praticam para armazenar os seus materiais, os seus estoques.

Quais são as técnicas de armazenagem mais comuns? Unitização de estoques,


Curva ABC, WMS, Operações LIFO/UEPS, Operações FIFO/PEPS, Endereçamento de
estoques e Paletização.

115
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) Uma técnica de armazenagem é uma maneira específica de armazenar ma-
teriais.
( ) A paletização consiste no uso de paletes para unitizar vários volumes de ma-
teriais.
( ) O endereçamento de estoque segue o esquema dos CEP dos correios.
( ) WMS são softwares que auxiliam no gerenciamento de armazéns.
( ) FIFO/PEPS consiste na técnica de armazenagem que diz que o primeiro que
entra é o primeiro que sai.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Logística de armazenagem


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cP9DOOSPKus

Vídeo: Estocagem e armazenagem: qual a diferença?


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VeDypX8jmPQ

116
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2012.

MILAN, Celso Flávio. Operador de empilhadeira: transporte, movimentação e arma-


zenagem de cargas. São Paulo: Érica, 2003.

RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, controle e distribuição. Curitiba: Ibpex, 2009.

VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas,
2002.

117
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 14: INSTRUMENTOS DE ARMAZENAGEM

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer os instrumentos de armazenagem mais comuns.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é um instrumento de armazenagem;
b) identificar alguns dos principais instrumentos de armazenagem mais utiliza-
dos.

INTRODUÇÃO:

Vimos que as técnicas de armazenagem são maneiras através das quais os ar-
mazéns gerenciam e manuseiam os seus estoques. Cada técnica é executada a partir
de um conjunto de procedimentos, realizados por pessoas ou máquinas. Para que as
etapas sejam executadas, é necessário o manuseio de determinados instrumentos,
máquinas e equipamentos, que são fundamentais para que os itens sejam transpor-
tados e movimentados com segurança e adequação. Esses instrumentos facilitam as
atividades mais comuns de armazenagem, como descarregar, movimentar, estocar,
separar os pedidos, organizar os espaços internos, colocar os materiais nos veículos e
assim por diante.

Como mostrado antes, os armazéns estão cada vez mais utilizando softwares e me-
canismos inteligentes no processo de armazenagem e gerenciamento. Isso tem re-
duzido os acidentes de trabalho, os riscos de perdas de materiais, a substituição do
esforço humano pelas máquinas nas tarefas que exigem mais esforços físicos, dentre
inúmeras inovações. Cada vez mais os próprios equipamentos estão sendo integrados,
conectados, trocando informações entre si, configurando o que se chama de internet
das coisas. Nesta aula, vamos conhecer um pouco sobre alguns desses instrumentos.

INSTRUMENTOS DE ARMAZENAGEM:

Os instrumentos de armazenagem não apresentam a mesma eficiência e eficácia


em todos os tipos de armazéns e todo tipo de materiais. Isso significa que devem ser
escolhidos de forma adequada. Essa adequação leva em consideração as necessida-
des de movimentação e transporte dentro do armazém, o tipo e o volume dos mate-
118
EJA-INTEGRADA - EPT

riais, a maneira como os materiais são estocados, a quantidade de movimentação por


período de tempo, dentre outros fatores importantes. O que importa, no final, é que as
operações de armazenagem alcancem os objetivos logísticos determinados.

1. Veículos Industriais:

Esses instrumentos têm a missão de movimentar os materiais de um lugar para


outro. Transportam cargas de vários tamanhos e pesos. Não são propriamente auto-
móveis, como o nome sugere. Empilhadeiras, são um exemplo muito comum desses
instrumentos, assim como os diversos tipos de carrinhos, motorizados ou movidos por
esforço humano, como mostra a figura 1.
Figura 1. Veículos industriais

Fonte: https://unipac.com.br/produto/veiculos-eletricos-industriais.

2. Equipamentos de Elevação:

Esses equipamentos possibilitam o aproveitamento de áreas e espaços de arma-


zéns que sem o seu uso não seria possível. Eles permitem, por exemplo que materiais
sejam estocados verticalmente, aproveitando as áreas acima do piso, como se pode
ver na figura 2. Eles podem tanto elevar os materiais, alcançando esses espaços supe-
riores, quanto transferir os estoques de uma área para outra.
Figura 2. Equipamentos de elevação

Fonte: https://qualidadeonline.wordpress.com/category/logistica/.

Esses equipamentos geralmente são fixos e são utilizados para o transporte e mo-
vimentação de cargas muito pesadas, que são praticamente impossíveis de serem
movimentadas internamente por outros instrumentos. Seus trajetos são fixos, prede-
terminados. Seus principais exemplos são os guindastes fixos, pontes rolantes, pórti-
cos, semipórticos e talhas.

119
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

3. Transportadores Contínuos:

De uma forma geral, os transportadores contínuos são tipos de esteiras movimen-


tadas por um esquema mecânico. Eles mantêm um movimento constante, superfi-
cial, que levam produtos de tamanhos e pesos diferenciados de um lugar para outro.
Podem ou não ser motorizados ou movidos por energia elétrica, como mostra a figura
3. Os tipos não motorizados mais comuns são os de rodízios e de roletes. Os dois tipos
de transportadores contínuos motorizados mais comuns são de correias e de roletes.
Figura 3. Transportador contínuo

Fonte: https://www.tecwaysistemas.com.br/transportador-continuo.

Esses instrumentos são similares aos de elevação porque são utilizados para traje-
tos fixos, horizontais, verticais ou diagonais. Mas são diferentes em relação ao trajeto
porque conseguem alcançar distâncias mais distantes que os de elevação. Outra dife-
rença é o local onde é colocado o produto para o transporte, que é em forma de leito,
movimentado por correntes ou por meio de polias. Correias planas e côncavas, corren-
tes, taliscas, elevadores de caçamba contínuo e elementos rolantes são exemplos de
transportadores contínuos.

4. Paletes:

Um palete é um estrado feito de madeira, metal ou plástico. A figura 4 mostra um


feito em madeira. Ele tem duas finalidades: empilhar e transportar materiais. Esse é,
talvez, o instrumento logístico mais utilizado e conhecido por praticamente
todas as empresas que tenham o desafio de armazenar de médias para grandes
quantidades de materiais. É utilizado tanto por empresas de varejo quanto por
indústrias e governos.
Figura 4. Palete

Fonte: https://www.stokki.com.br/es/2020/12/07/o-que-e-um-palete/.

Seu uso universal é facilitado devido à sua padronização. O palete padrão mede

120
EJA-INTEGRADA - EPT

1,20 x 1,0 metro. Essa medida é a utilizada no Brasil, Estados Unidos e Europa. Essa
dimensão permite a otimização dos espaços que os paletes vão ocupar. Dentre os
seus inúmeros benefícios estão a possibilidade de empilhar vários volumes, mexer em
determinada carga sem deslocar as outras, permitem empilhamento sem provocar
danos, libera o esforço físico humano e facilita enormemente a gestão do estoque a
elaboração de inventários.

5. Empilhadeiras:

As empilhadeiras, depois dos paletes, talvez sejam os instrumentos logísticos mais


conhecidos. Muitas empresas consideram-na obrigatória para a realização da movi-
mentação de seus materiais porque são extremamente versáteis e podem fazer tra-
balhos de transporte que seriam muito difíceis de serem feitos manualmente. Muitas
delas são elétricas, enquanto outras são manuais. Há as movidas a diesel como tam-
bém as que são alimentadas por gás liquefeito. Há uma grande variedade de tipos.
Vejamos sinteticamente alguns tipos de empilhadeiras.

Empilhadeira retrátil:

Esse tipo de empilhadeira se caracteriza por retrair o seu mastro, como mostra
a figura 5. Geralmente é elétrica e deslocam o seu centro de gravidade quando
realizam o seu deslocamento e manobras de giro.
Figura 5. Empilhadeira retrátil

Fonte: https://www.mecalux.com.br/manual-de-armazenagem/empilhadeiras/empilhadeira-retratil.

Empilhadeira patolada:

Esse instrumento se caracteriza por conjugar uma transpaleteira com um ele-


mento de elevação. As patolas, que são parecidas com duas pontas de garfos ou
garras, entram pelos vãos inferiores dos paletes, permitindo sua elevação, como
mostra a figura 6. Tem tamanho reduzido, grande versatilidade de operação e
custo de aquisição reduzido. Geralmente são elétricas.
Figura 6. Empilhadeira patolada

121
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Fonte: https://www.mecalux.com.br/manual-de-armazenagem/empilhadeiras/empilhadeiras-eletricas-patoladas.

Empilhadeira contrabalançada:

Esse equipamento se caracteriza por apresentar um contrapeso de ferro em sua


parte traseira, como se pode ver na figura 7. Como carregam e transportam os
materiais na sua parte à frente de seu ponto de apoio, provocam um contraba-
lanço entre os materiais carregados e o contrapeso, daí o seu nome. Podem ser
elétricas ou a combustão.
Figura 7. Empilhadeira contrabalançada

Fonte: https://www.solucoesindustriais.com.br/empresa/empilhadeiras_paleteiras_e_outros_veiculos/portomaq-equipamen-
tos-e-servios-porturios-ltda-/produtos/empilhadeiras-paleteiras-e-outros-veiculos/empilhadeira-contrabalancada-glp

6. Paleteiras:

As paleteiras também são conhecidas como porta-paletes. Como o próprio nome


sugere, são equipamentos utilizados para transportar e movimentar paletes. A maio-
ria é composta por uma roda no meio, logo abaixo da alavanca principal de operação,
e outras duas nas extremidades opostas do garfo. São, portanto, formas diferentes de
empilhadeiras, que conseguem transportar de 2.000 kg a 3.000 kg. Vejamos alguns
dos tipos mais comuns.

Transpalete manual:

Esse equipamento é o mais utilizados nos armazéns de todos os tipos de em-


presas, principalmente por ser o mais simples. Opera no carregamento e descar-
regamento de caminhões, movimentação de materiais de um lugar para outro
e dependem, naturalmente, do esforço físico de um único operador. A figura 8
mostra um modelo desse equipamento.
Figura 8. Transpalete manual

122
EJA-INTEGRADA - EPT

Fonte: https://lynus.com.br/produto/pml-685-paleteira-manual-hidraulica.

Transpalete elétrico:

Essa outra versão tem acionamento elétrico e o operador precisa manuseá-la


em pé, andando. É bastante utilizado para movimentar materiais para distâncias
médias. Tanto a versatilidade quanto seus custos fazem com que esse instru-
mento seja bastante comum nos armazéns dos diversos tipos de empresas. A
figura 9 mostra um modelo bem típico desse equipamento.
Figura 9. Transpalete elétrico

Fonte: https://www.comercialvedovati.com.br/transpalete-eletrico-te18.

Transpalete com balança:

Esse instrumento é praticamente o mesmo das versões manuais e elétrico. A


diferença é que permite o controle do peso da carga, o que imprime melhor sus-
tentação dos materiais e facilita a organização dos produtos nos locais de arma-
zenamento. A figura 10 mostra um modelo contemporâneo desse equipamento.
Figura 10. Transpalete com balança

123
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Fonte: https://b2b.nowak.com.br/transpaletes/transpalete-paletrans-carrinho-hidraulico-manual-balanca/transpalete-manu-
al-balanca-e-impressora-integrada-2000-kg-tm-2000-ref-28411

Transpalete em aço inox:

Essa versão se caracteriza pela alta resistência e durabilidade, além de resistir a


cargas pesadas. Tem sido muito utilizada em ambientes refrigerados, com tem-
peraturas muito baixas, como frigoríficos. A figura 11 mostra um exemplar bas-
tante comum desse equipamento.
Figura 11. Transpalete em aço inox

Fonte: https://lista.mercadolivre.com.br/paleteira-inox.

7. Guindastes:

Esses equipamentos são utilizados e planejados para movimentar os materiais no


interior dos armazéns. Os materiais transportados são aqueles extremamente pesa-
dos, que precisam de locomoção rápida, eficiente e com segurança. São muito utili-
zados em na construção civil, naval, aeroportos, portos e em todo ambiente que ne-
cessita de movimentação de materiais de pesos elevados. Sua variedade apresenta
diferentes denominações. Vejamos algumas delas.

Grua:

As gruas são equipamentos utilizados para o transporte vertical de materiais. É


composta por uma torre e um ganho suspenso por cabos, como mostra a figura
12. Suas principais modalidades são as gruas ascensionais, que vai crescendo à
medida que uma obra vai crescendo em altura; grua com torre fixa, cuja estru-
tura vertical em treliça é fixa, e grua com torre móvel, que se movimenta com o
auxílio de rodas.
Figura 12. Grua

Fonte: https://brasmetal.com/2020/09/28/mini-grua-ascensional-saiba-tudo-sobre-esse-equipamento/

124
EJA-INTEGRADA - EPT

Pinça ou multiangular:

Esse instrumento apresenta uma extremidade composta por uma pinça eleva-
tória e outra com um contrapeso o suficiente para estabilizar o equipamento e
evitar que desabe, como pode ser visto na figura 13. É muito utilizado na cons-
trução civil e em toda indústria pesada para que possa movimentar materiais de
pesos extremos.
Figura 13. Guindaste pinça ou multiangula

Fonte: https://www.lubrimatic.com.br/materias-diversas/1702-2/

Pórticos:

Esses equipamentos são muito utilizados em portos para manobrar e descarre-


gar cargas muito pesadas, como contêineres e contentores. São constituídos por
pilares (barras verticais) e vigas (barras horizontais), o que lhe garantem extrema
estabilidade e resistência a diversos tipos de esforços. As cargas podem ser mo-
vimentadas nos eixos longitudinais, verticais e laterais, como é bastante visível a
partir da figura 14..

Figura 14. Pórticos

Fonte: https://www.hndfcrane.com/pt/posts/gantry-crane-parts-diagram-list/.

Munk:

Esse equipamento também é conhecido como guindaste articulado e caminhão


guindaste. Possui uma carroceria conectada a uma lança articulada, o que lhe
permite operar em locais fechados e alturas limitantes. É uma máquina hidráu-
lica utilizada para transportar equipamentos pesados, como mostra a figura 15.
Apesar do seu tamanho reduzido em relação aos outros tipos de guindastes, tem
a vantagem de ter mais mobilidade, executando operações que os outros tipos
não conseguem fazer.

125
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Figura 15. Munk

Fonte: https://www.ontruck.com.br/noticia/8560/o-caminhao-munck-conheca-mais-sobre-o-popular-caminhao-guindaste.

8. Comboio:

Esses equipamentos são muito parecidos com trens, como se pode perceber a
partir da figura 16. Eles têm vários compartimentos apropriados para o transporte de
cargas. São utilizados em muitos tipos de armazéns para o transporte de materiais va-
riados, que são acondicionados nos vários vagonetes que os compõem. Há diferentes
tipos e formatos de comboio, dependendo essa variedade dos tipos de materiais que
serão transportados.
Figura 16. Comboio

Fonte: https://www.actio-consulting.pt/post/log%C3%ADstica-interna-mais-eficiente-e-segura

9. Esteira Transportadora:

Esse equipamento é composto de duas ou mais polias que movimentam uma de-
terminada superfície que contêm materiais a serem transportados de um lugar para
outro. Facilitam enormemente a movimentação de materiais, matérias-primas e insu-
mos em diversos tipos de produção, principalmente na indústria da mineração. Con-
seguem transportar com muita eficiência materiais como areia, minérios em grãos
ou em pó, volumes variados, embalados ou não. São muito difundidas e por causa
disso sua variedade é muito grande, como se pode perceber a partir da figura 17. Há
as esteiras transportadoras curvas, esteiras de roletes livres, esteiras motorizadas (com
motor, com rollerdrive e com roletes adicionados) e esteiras de manta.
Figura 17. Esteira transportadora

Fonte: https://daido.com.br/industrial/conheca-os-tipos-de-esteiras-transportadoras-para-industrias/

126
EJA-INTEGRADA - EPT

10. Monovias:

As monovias são equipamentos suspensos, que ligam pontos predeterminados,


com a finalidade de transportar materiais muito pesados, como mostra a figura 18. Os
pesos desses materiais são tão extremos que representam um perigo muito grande,
se transportados apenas com o esforço humano. São comumente encontrados em
empresas de grande porte, podendo ser curvas ou retas, e operam em espaços redu-
zidos e com grande movimentação de pessoas.
Figura 18. Monovia

Fonte: http://www.stahl-talhas.com.br/monovias.

11. Transportador de Roletes:

Esse equipamento é muito parecido com uma esteira transportadora. Ele funciona
com roletes, que são similares a cilindros, conectados a uma esteira, como se pode
perceber a partir da figura 19. Os cilindros giram acionados pela gravidade ou energia
elétrica, fazendo com que a esteira se movimente e transporte os materiais de um
lugar para outro. São encontrados em vários tipos de armazéns, principalmente de
empresas de bebidas, varejos e fábricas.
Figura 19. Transportador de roletes

Fonte: https://www.kawdemi.com.br/esteira-transportadora-roletes

12. Transelevadores:

Esses equipamentos são utilizados quando os espaços são muito reduzidos e a mo-
vimentação é difícil. Servem para a movimentação interna de materiais, principal-
mente para fazer a acomodação e retirada de materiais de estantes, eliminando a
necessidade de deslocamento humano. São automáticos, acionados por computador

127
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

e deslocam materiais pesados a alturas de algumas dezenas de metros, geralmente


até 40 metros. Os principais tipos que se pode encontrar são os utilizados para trans-
portar materiais em paletes (unit road) e os que armazenam produtos embalados,
de peso e tamanho reduzidos (mini load). A figura 20 mostra um exemplo bastante
comum desse equipamento.
Figura 20. Transelevador

Fonte: https://www.mecalux.com.br/armazens-automaticos-para-paletes/transelevadores

RESUMINDO...

O que é um instrumento de armazenagem? É qualquer tipo de equipamento utili-


zado em algum procedimento de armazenagem.

Quais são os principais instrumentos de armazenagem mais utilizados? Veículos


industriais, Equipamentos de elevação, Transportadores contínuos, Paletes, Empilha-
deiras, Paleteiras, Guindastes, Comboio, Esteira transportadora, Monovias, Transporta-
dores de roletes e Transelevadores.

128
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Um instrumento de armazenagem é qualquer equipamento utilizado para
movimentar e transportar materiais.
( ) Há equipamentos de armazenagem, terrestres, aéreos e aquáticos.
( ) Paletes, transpaletes e transportadores contínuos são exemplos de instru-
mentos de armazenagem.
( ) Há instrumentos de armazenagem manuais, elétricos e a combustão.
( ) A escolha do instrumento de armazenagem precisa levar em consideração o
peso e o volume do material a ser transportado.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Equipamentos de movimentação nos armazéns


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oMreYr5Ntu0

Vídeo: Equipamentos de movimentação de materiais


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=BUqzvWQ14sw

129
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2012.

MILAN, Celso Flávio. Operador de empilhadeira: transporte, movimentação e arma-


zenagem de cargas. São Paulo: Érica, 2003.

RUSSO, Clovis Pires. Armazenagem, controle e distribuição. Curitiba: Ibpex, 2009.

VIANA, João José. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas,
2002.

130
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 15: TIPOS DE TRANSPORTES E MODAIS

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer os tipos de transportes e modais.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é transporte e os seus tipos;
b) explicar o que é um modal e os seus tipos.

INTRODUÇÃO:

Se tem uma coisa “que tem a cara” da logística é o transporte. Pode ver. Quan-
do você ouve falar em logística, a primeira coisa que vem à sua mente é a imagem
de transporte. Isso acontece mesmo que você não pense na palavra transporte. Por
exemplo, quando você coloca na mente a imagem de alguém lhe entregando algu-
ma coisa, nesse exato instante você está tendo uma imagem de transporte, porque
alguém só lhe entrega alguma coisa se fez algum tipo de transporte com ela, se a
transportou.

Isso também explica porque em praticamente toda e qualquer disciplina ou cur-


so sobre logística sempre vai aparecer alguém insistindo em falar em transporte. Se
você estuda custos logísticos, lá vai estar o transporte nos itens relacionados aos cus-
tos de transporte. Se você estuda armazenagem, também lá vai aparecer a ideia de
transporte sob o título de movimentação de materiais porque na maioria das vezes
movimentar é transportar. Então, se acostume com isso: transporte é um fenômeno
que faz parte do corpo e da alma da logística. E por isso está em toda parte e em todo
momento.

Na lição de hoje vamos conhecer o que é transporte e entender por que é impor-
tante saber bem sobre esse fenômeno, se queremos fazer logística com profissionalis-
mo e qualidade. Em seguida, vamos apresentar sinteticamente a ideia de modal, que
é outro termo muito utilizado (talvez muito mais do que transporte) no universo lo-
gístico. A razão dessa brevidade no tratamento do modal nesta lição é que as demais
lições vão aprofundar bastante os conhecimentos sobre os diversos tipos de modais.

131
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

O QUE É TRANSPORTE?

Em primeiro lugar, transporte é um ramo especializado da logística. Os outros ra-


mos podem ser sintetizados em acondicionamento e armazenamento de materiais e
gestão do suprimento. Essa distinção é apenas didática, para que você compreenda
bem a logística como um todo, uma vez que, na prática, não é possível fazer somente
o transporte. Na prática, todas as vezes que se fizer o transporte há que se pensar no
acondicionamento do material e na gestão (saber quem é o fornecedor ou cliente,
quais são as características dos pedidos, o tempo de entrega, as pessoas envolvidas,
objetivos e metas a serem alcançados e assim por diante).

Em segundo lugar, o transporte pode ser definido como o deslocamento de pes-


soas e materiais de um lugar para outro. Por essa razão, envolvem o conhecimen-
to de técnicas e instrumental técnico utilizados para fazer esse deslocamento. Cada
tipo de deslocamento define as técnicas que lhes são mais adequadas, assim como
o instrumental técnico específico para que ele aconteça. Cada tipo de deslocamento
é chamado de modal. Vamos conhecer com profundidade cada um deles nas aulas
seguintes.

Os instrumentos técnicos ou veículos utilizados nos transportes definem o seu tipo.


Por exemplo, aviões definem o tipo de transporte aéreo, enquanto os veículos chama-
dos trens determinam o tipo de transporte ferroviário. Navios, por outro lado, definem
o tipo de transporte marítimo, se realizado no mar, ou lacustre, se é feito em lagos,
mas ambos podem ser sintetizados em um tipo mais amplo, chamado de aquático,
aquaviário ou hidroviário (note que as palavras aquático e aquaviário vem de água,
assim como a palavra hidro, ambas originárias do latim). Como consequência, existem
inúmeros e diversificados tipos de transportes, tão numerosos e diversificados quanto
os tipos de veículos por meio dos quais eles são realizados. É isso que queremos que
você compreenda: há inúmeros tipos de transportes porque há inúmeros veículos que
fazem transporte. E nada mais. E o modal? O que é? O que tem a ver com transporte?
Vamos ver.

O QUE É UM MODAL?

Em primeiro lugar, modal é uma palavra técnica do campo logístico. E como toda
palavra técnica, seu uso é mais ou menos disciplinado, definido, científica e tecnologi-
camente. Por essa razão, um modal pode ser definido como uma maneira através da
qual uma logística é realizada. Note bem: a logística. Então quando falamos em modal
não estamos falando apenas e simplesmente de movimentar ou locomover materiais
e pessoas. Estamos falando de muito mais coisas. Que coisas? Aquelas dos ramos da
logística: acondicionamento e armazenagem, transporte e movimentação e gestão
do suprimento. É exatamente isso o que você vai aprender nas lições seguintes.

Em segundo lugar, os modais não poucos e bem definidos. Na verdade, um modal

132
EJA-INTEGRADA - EPT

sintetiza todas as possibilidades de logística por um determinado meio ou maneira. E


é aqui que queremos chegar: uma maneira, um jeito de se fazer logística. Há maneiras
aquáticas de logística (novamente, logística envolve transporte, acondicionamento e
armazenagem e gestão de suprimentos), terrestres, aéreas e infoviárias. Mas essa clas-
sificação pode ser mais detalhada em modais rodoviário, ferroviário, hidroviário ou
aquático, aéreo ou aeroviário, dutoviário e infoviário, que é como geralmente é encon-
trado em livros e estudos científicos. E é essa que será utilizada nas lições seguintes.

O que queremos que você perceba é que quando falamos em transporte estamos
falando apenas de deslocamento de pessoas e cargas. Quando falamos em logística
estamos nos referindo ao deslocamento e a outras duas coisas: acondicionamento e
armazenagem e gestão de suprimentos. A logística não apenas transporta: ela cuida
de tudo o que é transportado. Por exemplo, pessoas precisam ter conforto e atenção,
materiais precisam ser embalados e acondicionados, dentre inúmeros outros fatores,
que dependem do veículo, distância de deslocamento e assim por diante. Além disso,
é preciso garantir se são as pessoas certas que vão ser deslocadas, se cumprem as
exigências legais, se foram avisadas dos horários de chegada e saída, dos pontos de
paradas e inúmeros outros aspectos que vão além do mero ato de deslocar.

RESUMINDO...

O que é transporte? Quais são os seus tipos? Transporte é todo tipo de deslocamen-
to de pessoas e cargas. São tão variados e diversificados quantos os tipos de veículos
utilizados para fazer os deslocamentos.

O que é um modal? Quais são os seus tipos? Um modal é uma maneira através da
qual uma logística é feita. Os tipos de modais mais comuns são o rodoviário, ferroviá-
rio, aquaviário ou hidroviário, aéreo ou aeroviário, dutoviário e infoviário.

133
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) Transporte é apenas deslocamento de pessoas e cargas.
( ) Existem cinco tipos de transporte: rodoviário, ferroviário, eletroviário, dutoviá-
rio e lacustre.
( ) Um modal é uma maneira específica de fazer logística.
( ) O número de tipos de modais é menor do que os tipos de transporte.
( ) Um modal envolve o transporte e mais acondicionamento e armazenagem e
gestão do suprimento.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Conheça quais são os principais tipos de transporte


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=hOaW0MnSg4E

Vídeo: O que são modais de transporte


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=iKmzcwiQjvs

134
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALBANO, J. F. Vias de transporte. Porto Alegre: Bookman, 2016.

BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

FERREIRA, L.; LEITE, A. C. Logística internacional e engenharia de tráfego. Londrina:


Educacional, 2017.

HOEL, L. A. Engenharia de infraestrutura de transportes: uma integração multi-


modal. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitivi-


dade. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e a logística


internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2008.

ROSA, R. A.; RIBEIRO, R. C. H. Estradas de ferro: projeto, especificação & construção.


Vitória: EdUFES, 2016.

SENNA, L. A. S. Economia e planejamento dos transportes. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014.

135
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 16: OS TIPOS DE MODAIS

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer os diferentes tipos de modais logísticos.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) citar os tipos de modais logísticos;
b) explicar as principais características dos modais logísticos.

INTRODUÇÃO:

Vimos que transporte e modal são fenômenos diferentes, são coisas distintas. Um
modal é muito mais do que um simples transporte, como aprendemos na aula anteri-
or. Os modais são maneiras específicas de se fazer logística. E logística, por sua vez, é a
somatória de gestão do suprimento, armazenagem e acondicionamento e transporte.
Isso quer dizer que quando a gente pensar ou falar em modal tem que levar em con-
sideração essas três coisas.

Nesta aula vamos ver exatamente as formas através das quais a logística é feita, que
comumente são chamadas de modais ou modais de transporte. Para isso, resolve-
mos classificar os modais de acordo com o meio sobre o qual cada um acontece. Por
exemplo, trens, dutos e rodovias foram chamados de modais terrestres porque acon-
tecem na terra, no chão, dentro ou na sua superfície. Esse procedimento foi utilizado
justamente para você raciocinar a partir desse esquema lógico: que a logística se faz
em determinado meio e esse meio define o tipo de modal que é utilizado. Vamos lá.

MODAL RODOVIÁRIO:

Esse é um modal terrestre que acontece em rodovias, estradas e ruas. São inúme-
ros os veículos utilizados nesse modal, variando desde bicicletas e motos, para a entre-
ga de encomendas locais, até gigantescos comboios de trens, para transporte inter-
continental. É o modal mais utilizado no Brasil, que conta com uma frota de mais de
100 milhões de veículos registrados, que trafegam em mais de 80 mil quilômetros de
malha rodoviária, de norte a sul do país. A região norte é a mais pobre em modais ro-
doviários devido, principalmente, às pressões internacionais, cujos agentes principais

136
EJA-INTEGRADA - EPT

são os grandes concorrentes exportadores brasileiros.

Esse é muito importante para o Brasil. É através dele que são transportados qua-
se todos os tipos de cargas e pessoas, tanto para pequenas quanto para longas dis-
tâncias. O predomínio da malha rodoviária denota um erro gravíssimo de gestão do
transporte nacional, provavelmente premeditado, porque o transporte rodoviário é
geralmente muito mais oneroso do que os aquaviários e ferroviários para o transporte
de cargas pesadas para longas distâncias. É o que acontece para o transporte de pro-
dutos agropecuários, minerais, combustíveis industriais entre as regiões brasileiras,
muito distantes geograficamente.

MODAL FERROVIÁRIO:

Esse é um modal terrestre feito em malhas ferroviárias, tanto para transportar car-
gas quanto pessoas. Os trens utilizam locomotivas, vagões e carros de passageiros
para executar o transporte. No caso brasileiro, o modal ferroviário é o segundo mais
utilizado, principalmente porque cresceram bastante os investimentos governamen-
tais e privados nos últimos anos nesse setor, que foi praticamente abandonado nas
décadas anteriores, em favor da malha rodoviária.

Esse modal é indicado para o transporte de cargas pesadas e para longas distân-
cias, como é o caso do imenso território brasileiro. Apesar desse gigantismo, nosso
país tem pouco mais de 30 mil quilômetros de malha ferroviária, através das quais
cerca de 3 mil locomotivas realizam o transporte de mais de 900 mil passageiros por
ano e cerca de 500 milhões de toneladas de cargas, especialmente minério de ferro e
produtos agrícolas em grãos.

MODAL DUTOVIÁRIO:

Esse é um modal terrestre que é realizado por meio de dutos. Um duto é uma es-
pécie de cano, tubo, cilindro, por meio do qual materiais como líquidos e gases (assim
como minerais, como o ferro e a bauxita) são transportados. Eles podem ser instalados
na superfície, no subterrâneo do solo ou no mar, como os dutos submarinos, aparen-
tes ou não.

O uso desse modal tem crescido lentamente no Brasil. O país tem, atualmente,
uma malha dutoviária de quase 2 mil quilômetros, com destaque para os gasodutos,
minerodutos e oleodutos. É o caso, por exemplo, do gasoduto de Coari-Manaus, que
transporta o gás produzido no campo de Coari para a capital amazonense.

MODAL HIDROVIÁRIO OU AQUAVIÁRIO:

Esse modal é dividido em três subtipos. O primeiro é o marítimo, que acontece nos
mares; o segundo é o lacustre, executado em lagos; e o terceiro é o fluvial, que ocorre

137
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

ao longo da calha dos rios. São inúmeros os veículos utilizados, assim como são muito
diversificados os tipos deles. Por exemplo, navios são utilizados nos modais marítimos,
lacustres e fluviais, tendo diversos tipos, como pesqueiros, frigoríficos, petroleiros, gra-
neleiros e assim por diante.

Esse modal tem um enorme potencial de uso no Brasil, uma vez que o litoral brasi-
leiro é imenso, assim como a sua malha fluvial. Contudo, dadas as pressões pelo trans-
porte rodoviário, esses modais são subutilizados para o transporte de cargas e pas-
sageiros internamente. Ele é mais intensamente utilizado na Amazônia, de maneira
que seus rios se transformaram em verdadeiras rodovias fluviais ou hidrovias. Por esse
meio são transportados minérios de ferro, bauxita, grãos, produtos da zona franca de
Manaus e passageiros, dentre outros.

MODAL AÉREO OU AEROVIÁRIO:

Esse modal é feito no ar, como o próprio nome sugere. Dentre os veículos utilizados,
predominam os aviões, que transportam passageiros e cargas simultaneamente ou
apenas cargas, como é o caso dos aviões cargueiros. Esses veículos são chamados de
aeronaves, classificadas como privadas (TPP), experimentais (PET/PEX) e táxi aéreo
(TPX), dentre outras categorias. Por esse meio são transportados frutas, verduras e
produtos perecíveis, assim como medicamentos e produtos de pouco volume e peso
reduzido, mas com alto valor agregado, como é o caso de joias.

Os helicópteros são veículos ainda pouco utilizados no transporte de cargas no Bra-


sil. Os transportes de materiais com essas aeronaves geralmente são realizados por
organizações militares ou governamentais, especialmente em casos de acidentes,
quando também transportam pessoas. Nas grandes cidades, contudo, como é o caso
de São Paulo e Rio de Janeiro, já há uma frota considerável de helicópteros que fazem
o transporte de pessoas, e também de materiais, em escala menor.

Está tomando corpo a criação do modal droneviário. Esse modal está sendo de-
senvolvido para operar através de drones, aeronaves guiadas remotamente, principal-
mente para o transporte de materiais de pequeno volume e peso reduzido. Seus usos
experimentais estão consistindo em transportar alimentos e correspondências.

MODAL INFOVIÁRIO:

Esse é um tipo de modal semifísico. Está assim sendo chamado porque o meio
através do qual o transporte é realizado existe fisicamente, mas o que é transportado
não é propriamente físico. Ele usa satélites de comunicação, os meios digitais e vir-
tuais, assim como fibra ótica, que são os meios. Mas o que é transportado são informa-
ções. É como se disséssemos que o “material” são informações, que são coisas que se
podem ver (através de textos ou imagens) e ouvir, mas não se pode tocar.

138
EJA-INTEGRADA - EPT

Os produtos transportados por esse modal são dados e informações. São exemplos
os serviços de telefonia, internet e televisão por assinatura. Esse setor tem crescido
muito no Brasil nas últimas décadas devido ao forte investimento do setor privado.
Estima-se que mais de um trilhão de reais foram investidos nesse tempo, fazendo do
nosso país um dos que têm as maiores infraestruturas infoviárias do mundo, tanto
que o setor financeiro e bancário é um dos mais avançados neste sentido em todo o
planeta.

O QUE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO NA ESCOLHA DO MODAL?

Todo transporte logístico precisa ter em conta pelo menos o espaço, produto, es-
trutura viária, recursos viários e particularidades do modal. De posse disso, é preciso
que seja elaborado um plano logístico, tanto para a aquisição de materiais (logística
de suprimento), quanto para a entrega dos produtos aos clientes da empresa (logís-
tica de distribuição). A etapa seguinte consiste na roteirização das cargas (ou de pes-
soas), escolhendo-se os trajetos e horários mais adequados para executá-los, desde a
expedição dos fornecedores até a chegada na sua recepção (logística de suprimento)
e desde sua expedição até a recepção pelos seus clientes (logística de distribuição).

Completam a escolha dos modais de transporte os serviços ao cliente. Esses servi-


ços precisam ser pensados e planejados desde o pré-transporte até tempos depois de
realizado. Isso configura o que chamamos de serviços prévios, simultâneos e após a
logística de transporte. A finalidade, sempre, é garantir a integridade do que foi trans-
portado e fundamentalmente a conquista da satisfação dos clientes. Quanto mais
adequado for a escolha do modal, maior tende a ser a possibilidade de satisfação dos
clientes.

RESUMINDO...

Quais são os tipos de modais logísticos? Rodoviário, ferroviário, dutoviário, aqua-


viário ou hidroviário, aéreo ou aeroviário e infoviário.

Quais são as principais características dos modais logísticos? Rodoviário e fer-


roviário: transportam cargas e pessoas por veículos terrestres; dutoviário: transportam
cargas por dutos terrestres e aquáticos; hidroviário ou aquaviário: transportam cargas
e pessoas com veículos aquáticos; aéreo ou aeroviário: transportam pessoas e cargas
em aviões e helicóptero e materiais em drones; e infoviário: transportam informações
e dados por meios virtuais ou digitais.

139
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) Resumidamente, os modais são terrestres ou aéreos.
( ) Navios, lanchas e balsas são exemplos de veículos utilizados nos modais ter-
restres.
( ) O modal rodoviário é o menos utilizado no Brasil devido à sua extensão terri-
torial.
( ) O modal aquático ou hidroviário é muito utilizado na Amazônia.
( ) Infovias são modais que transportam dados e informações.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Modais de transporte: rodoviário, ferroviário, hidroviário, aeroviário, du-


toviário e intermodais
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=dP43ZTBd7dQ

Vídeo: Entenda os modais de transportes logísticos


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_WVgMYiuKPI

140
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALBANO, J. F. Vias de transporte. Porto Alegre: Bookman, 2016.

BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

FERREIRA, L.; LEITE, A. C. Logística internacional e engenharia de tráfego. Londrina:


Educacional, 2017.

HOEL, L. A. Engenharia de infraestrutura de transportes: uma integração multi-


modal. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitivi-


dade. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e a logística


internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2008.

ROSA, R. A.; RIBEIRO, R. C. H. Estradas de ferro: projeto, especificação & construção.


Vitória: EdUFES, 2016.

SENNA, L. A. S. Economia e planejamento dos transportes. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014.

141
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 17: MODAIS TERRESTRES

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer os modais logísticos terrestres.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) Explicar o que é o modal rodoviário e quando deve ser usado;
b) Explicar o que é o modal ferroviário e quando deve ser usado;
c) Explicar o que é o modal dutoviário e quando deve ser usado.

INTRODUÇÃO:

Nas aulas anteriores vimos as diferenças entre transportes e modais e em seguida


conhecemos, de forma panorâmica, todos os tipos de modais logísticos. A intenção
anterior era que ficasse bem marcado o fato de que modais são um fenômeno logísti-
co, com suas peculiaridades vinculadas à prática logística, ou seja, ao armazenamen-
to e acondicionamento de materiais, gerenciamento do suprimento e transporte e
movimentação de materiais. Estamos repetindo constantemente essa trilogia como
recurso de alocação desse esquema lógico no cérebro do aprendiz e estudioso de lo-
gística. Vimos que uma das categorias são os terrestres, que é o que vamos mostrar
em detalhes nesta lição.

Como o próprio nome sugere, esses modais acontecem na superfície ou no interior


do solo, do chão. Os que são realizados na superfície são o rodoviário e o ferroviário.
Mas veja que interessante: há trens que andam no subterrâneo, no interior da terra,
assim como rodovias. Mas a maioria das rodovias é construída sobre a superfície ter-
restre, razão pela qual a ciência agrupou esses modais em terrestres. A mesma coisa
acontece com os dutos. Dutos, geralmente, acontecem no interior do solo, como é o
caso dos encanamentos de água que abastecem a sua casa. Mas certamente você já
viu dutos (como as próprias adutoras) e encanamentos na superfície da terra. Veja-
mos cada um deles com certa profundidade.

O MODAL FERROVIÁRIO:

O modal ferroviário é constituído por trens, no transporte de cargas e passageiros,


e metrôs, para o transporte de pessoas. Um trem é a junção de locomotivas e vagões.

142
EJA-INTEGRADA - EPT

As locomotivas são a parte motriz do trem, que o fazem se movimentar. As cargas são
comportadas nos vagões, enquanto que as pessoas são transportadas nas cabines
especialmente projetadas para isso.

Esse tipo de modal é especializado em cargas de baixo valor agregado. O que isso
quer dizer? Quer dizer simplesmente que os materiais desse tipo geralmente são mui-
to volumosos, mas seus preços são relativamente baixos. É o caso do minério de ferro,
por exemplo, em que uma tonelada custa cerca de 130 dólares em junho de 2022, e da
soja, que custa pouco mais de 1.700 reais. Essa é a primeira característica desse tipo
de modal.

A segunda característica é que ele é muito mais efetivo quando utilizado para per-
correr distâncias médias e longas. Um dos motivos para isso é que o custo de opera-
ção de um trem é muito menor do que o custo de caminhões, no caso do modal rodo-
viário. Vejamos um comparativo simples. Em um vagão de trem cabem 100 toneladas
de carga, contra 28 de um caminhão. Se um vagão tiver 100 vagões, o transporte que
ele faz equivale ao de 357 caminhões.
Figura 1. Malha ferroviária brasileira

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/647462883910960996/.

Quais são as vantagens desse modal? Primeiro, a capacidade de carga. Um vagão


comporta, em média, 90 toneladas, contra 35 do caminhão mais possante. O maior
avião que existe, por exemplo, garante 250 toneladas, o que dá em apenas três vagões.
Há trens que conseguem deslocar até 100 vagões. A segunda é o custo, que só não é
menor do que os custos do modal aquaviário. A terceira é a segurança, que diz res-
peito aos riscos que a carga pode sofrer durante o deslocamento e também a pouca
possibilidade de roubos e furtos ao longo do trajeto, diferente, por exemplo, dos rou-
bos de caminhões e atentados a aviões. A quarta é o tempo de trânsito, que é o tempo
gasto para que o produto seja entregue ao cliente, que não está atrelado à velocidade
de deslocamento, mas à própria operação ferroviária de recargas e transbordos. E a
quinta é a disponibilidade, que é a quantidade, infraestrutura e meios de locomoção
necessárias para o transporte.

143
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

MODAL RODOVIÁRIO:

Esse modal é especializado em curtas distâncias, por mais incrível que isso possa
parecer, porque a realidade brasileira distorce completamente a lógica de transportes.
Diversas razões justificam essa especialização. Primeiro é o custo, que é muito eleva-
do, tanto em combustível quanto em manutenção; segundo são os riscos, que são
muito grandes, especialmente na nossa realidade; e terceiro é a pouca capacidade de
carga, uma vez que há a limitação de 35 toneladas, que é o máximo que um caminhão
pode carregar.

Outra especialidade desse modal é o alto valor agregado que ele deve focar. Isso
quer dizer que, na prática, é uma irracionalidade transportar em caminhões grãos
em enormes quantidades, assim como minérios, que são produtos com baixo valor.
Com o perdão do exagero, o modal rodoviário deveria transportar produtos caros e em
quantidade máxima à comportada por alguns caminhões.
Figura 2. Malha rodoviária brasileira

Fonte: https://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/transporte-rodoviario-no-brasil

Outro tipo de carga que é típica do modal rodoviário são produtos perecíveis, desde
que, naturalmente, a sua especialidade não seja ferida, que são as curtas distâncias.
Em resumo, o modal rodoviário é utilizado para entregas rápidas, de produtos que
têm alguma probabilidade de perdas, danos, roubos, furtos e outros incidentes dessa
natureza. Também são o modal ideal quando se exige flexibilidade de tráfego, facilida-
de de adaptação a outros modais e facilidade e rapidez de contratação.

O modal rodoviário só não é mais caro do que o aeroviário, razão de por que deve ser
evitado. Outras desvantagens são o limite de carga, riscos elevados (roubo do produto
e do próprio veículo), acidentes, congestionamentos, poluição, tempo de vida curto
e inviabilidade para longas distâncias. Os veículos utilizados são os caminhões (com-
postos de apenas uma unidade), carretas (com duas unidades), bitrem (com duas ou
três unidades) e treminhão (com três unidades).

MODAL DUTOVIÁRIO:

De uma forma geral, esse modal é feito por dutos e tubos, razão de por que tam-
bém é chamado de tubular. Funciona através da gravidade ou pressão e é aplicado no

144
EJA-INTEGRADA - EPT

transporte de líquidos, gases e produtos químicos. Podem ser subterrâneos, abaixo da


terra; aparentes, quando são visíveis, como são os casos de adutoras que abastecem
as residências com água potável; aéreos, cuja suspensão é feita para compensar aci-
dentes de relevo e atravessar rios, pontes e vales; e submarinos, quando são submer-
sos em rios, lagos e mares, como são os casos dos emissários submarinos que levam
resíduos para os mares e os dutos das plataformas de petróleo.
Figura 3. Mapa dutoviário brasileiro

Fonte: https://calhambequi.wordpress.com/2013/05/14/modal-dutoviario/

Dependendo do tipo de produto que é transportado, os dutos recebem nomes es-


peciais. Os gasodutos, por exemplo, transportam gases e similares; os oleodutos trans-
portam combustíveis; os minerodutos são utilizados para o transporte de minérios,
como ferro, bauxita e caulim; carbodutos são dutos especializados no transporte de
carvão mineral; os polidutos transportam diversos tipos diferentes de produtos. Essa
tipologia compõe o que é chamado de dutovias, que são uma espécie de conjunto de
dutos disponíveis para o transporte logístico.

Dentre as várias vantagens do modal dutoviário estão o fato de transportarem gran-


des quantidades de materiais, dispensam armazenamento, não usam embalagens,
carga e descarga são simplificadas, pouca e especializada mão de obra e redução de
custos de transportes. Por outro lado, dentre as desvantagens podem ser apontadas o
fato de ser um transporte muito lento, pouca flexibilidade de destinos e limitada ape-
nas a alguns poucos produtos.

RESUMINDO...

O que é o modal rodoviário e quando deve ser usado? É o modal executado por
caminhões e seus derivados, que deve ser utilizado para curtas distâncias para trans-
portar material de alto valor agregado ou perecíveis.

O que é o modal ferroviário e quando deve ser usado? É o modal executado por
trens, que deve ser usado para transportar grandes quantidades de material de baixo
valor agregado para longas distâncias.

O que é o modal dutoviário e quando deve ser usado? É o modal executado por
tubulações, que deve ser usado para transportar materiais líquidos, gasosos ou quí-
micos.

145
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) Os modais terrestres, como o nome diz, são os executados na superfície da
terra.
( ) O modal rodoviário deve ser utilizado para curtas distâncias.
( ) O modal ferroviário deve transportar produtos com baixo valor agregado.
( ) O modal dutoviário recebe nomes especiais, dependendo do tipo de produto
que transportam.
( ) Os modais terrestres apresentam vantagens e desvantagens.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Entenda os modais de transportes logísticos


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_WVgMYiuKPI

Vídeo: Modais de transporte: conceito, tipos, importância e características


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=w1b3IIjM9Ns

146
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
ALBANO, J. F. Vias de transporte. Porto Alegre: Bookman, 2016.

BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

FERREIRA, L.; LEITE, A. C. Logística internacional e engenharia de tráfego. Londrina:


Educacional, 2017.

HOEL, L. A. Engenharia de infraestrutura de transportes: uma integração multi-


modal. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitivi-


dade. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e a logística


internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2008.

ROSA, R. A.; RIBEIRO, R. C. H. Estradas de ferro: projeto, especificação & construção.


Vitória: EdUFES, 2016.

SENNA, L. A. S. Economia e planejamento dos transportes. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014.

147
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 18: MODAIS HIDROVIÁRIOS OU AQUAVI-


ÁRIOS

OBJETIVOS:

Gerais
Conhecer os modais logísticos aquaviários ou hidroviários.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) Explicar o que é o modal hidroviário ou aquaviário;
b) Explicar quando o modal hidroviário ou aquaviário deve ser usado;
c) Identificar os tipos de transporte do modal hidroviário ou aquaviário.

INTRODUÇÃO:

Nesta aula vamos conhecer com certa profundidade os tipos e as formas de funcio-
namento do modal logístico que é executado nas águas. Esse modal é chamado de
aquaviário ou hidroviário justamente por isso. Se você lembrar que a maior parte do
planeta é coberta por água, já começa a ter uma ideia da importância desse modal
não apenas para a logística, mas para o desenvolvimento econômico e social de toda
a população do planeta. Vamos refletir sobre isso por um instante.

Veja o caso do Brasil. Temos um litoral imenso, com mais de sete mil quilômetros
de extensão. Mas se forem computadas todas as reentrâncias, que são os contornos
dos mares nas partes de terra, esse total sobe para mais de nove mil quilômetros de
possibilidades de utilização desse modal. Apenas os rios interiores navegáveis contam
com 30 mil quilômetros de águas navegáveis. No total, têm-se próximo de 40 mil qui-
lômetros de possibilidades de uso logístico desse modal no Brasil.

Contudo, o transporte aquaviário ou hidroviário é muito pouco aproveitado para o


transporte interno de cargas e passageiros. No caso da logística de cargas, isso tem
contribuído em muito para o encarecimento dos nossos produtos e reduzido a sua
competitividade em relação aos produtos dos concorrentes estrangeiros. Acrescente
a isso o fato de que mais de 50 milhões de brasileiros vivem nas faixas costeiras.

Mas para usar é preciso conhecer. É por isso que nessa lição vamos lhe mostrar as-
pectos fundamentais do modal aquaviário ou hidroviário para que você possa saber
com adequação como aproveitar as inúmeras oportunidades que esse modal apre-

148
EJA-INTEGRADA - EPT

senta. Vamos lá.

O MODAL HIDROVIÁRIO OU AQUAVIÁRIO:

Esse modal se caracteriza pelo uso de embarcações para executar o transporte de


cargas e passageiros. Ele é feito através de lagos, rios e oceanos. Como consequência,
sua viabilidade depende de alguns fatores ambientais, como a navegabilidade do cur-
so d’água, largura do rio, componentes do fundo do rio (se pedras ou bancos de areia,
por exemplo), a própria profundidade do curso d’água, sinalizações, ventos, corrente-
zas e meandros, dentre inúmeros outros. Esses fatores é que determinam o desenho
da rota a ser seguida, elemento fundamental para a consolidação desse modal.

Esse modal é o que apresenta o menor custo dentre todos os outros modais logísti-
cos. Além disso, tem o fator positivo de ajudar a descongestionar as limitadas e inade-
quadas rodovias nacionais e a redução da poluição ambiental. É o meio de transporte
mais limpo que existe. Tudo isso faz dele o mais adequado para o transporte de cargas
para longas distâncias, principalmente onde as estradas de ferro não estão presentes.
O Brasil tem uma riqueza aquaviária incomensurável para aproveitar, mas, por incrível
que pareça, esse é o modal menos utilizado no nosso país. Menos de 10% do que pro-
duzimos é escoado por esse modal.

Do ponto de vista logístico, o modal aquaviário ou hidroviário é o mais barato que


existe e tem alta capacidade de transporte de volume e peso de cargas. Sua especiali-
dade é o transporte para longas distâncias, como de Manaus para Belém ou de Porto
Velho para o Rio de Janeiro, por exemplo. Em termos operacionais, o modal aquaviário
ou hidroviário apresenta três modalidades distintas: o transporte fluvial, o lacustre e o
marítimo. Vejamos um pouco de cada um deles.

Transporte Fluvial:

Como o próprio nome indica, é feito nos rios. A logística o utiliza para o transporte
de cargas e passageiros, através de embarcações de diversos calados. Um calado é a
profundidade em que se encontra a quilha da embarcação em relação à linha d’água.
Embarcações que têm grandes calados tendem a ser mais largos. E quanto mais lar-
gos forem, maiores as suas capacidades de transportes de cargas. Por outro lado, em-
barcações com grandes calados exigem cursos de água de rios, lagos e regiões costei-
ras com mais profundidade.
Figura 1. Malha hidroviária interior brasileira

149
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Fonte: https://www.brasil-turismo.com/mapas/hidrovias.htm.

Uma das características das embarcações é que elas não são tão rápidas quanto os
caminhões e aviões, mas não são tão vagarosas quanto os dutos, para o transporte de
cargas. São mais parecidas com a velocidade dos trens. E por isso servem para o trans-
porte de longas distâncias. Como apresentam baixo consumo de combustível, seus
custos operacionais são muito mais baixos que os demais modais. Na região amazô-
nica, por exemplo, quase tudo é transportado por rios. Infelizmente, as embarcações
amazônicas não se comunicam com os cursos d’água de outras regiões, como a re-
gião pantaneira.

Transporte Lacustre:

São os realizados em lagos ou lagoas, como o nome também indica. São os tipos
de transporte menos utilizados no Brasil, principalmente porque são poucos os lagos
e lagoas existentes e porque quase todas as que existem são de pequeno porte. Os
transportes feitos nos lagos com algum aproveitamento econômico são de transpor-
tes de passageiros, principalmente turistas, como é o caso dos lagos de represas, ou
de transporte de pescados, como são os casos de regiões pesqueiras.

Transporte Marítimo:

Esse é o modal que transporta quase toda a produção mundial de bens, o que cor-
responde a cerca de 90% de tudo o que é produzido. E não é por acaso. Basta ver que
a maior quantidade de água que cobre a superfície do planeta é de oceanos, que cor-
responde a mais de 70% do total. Esse modal é tão desenvolvido quanto diversificados
são as embarcações, destacando-se os navios e os transatlânticos. As embarcações
transportam cargas e pessoas para distâncias curtas, médias e longas porque seus
custos operacionais são mais baixos que os custos de outros modais. Essa alta compe-
titividade é percebida e aproveitada há muito tempo. Na verdade, há milênios que o
modal é praticado e desenvolvido, tendo sido decisivo para o próprio desenvolvimen-
to atual do comércio mundial.

Há uma classificação internacionalmente aceita dos transportes marítimos, depen-


dendo do itinerário que for feito. Se o itinerário for de um porto a outro do mesmo país,
ele é chamado de cabotagem ou transporte costeiro, porque é feito de costa a costa.

150
EJA-INTEGRADA - EPT

É constituído por transportes domésticos, ligando vários portos de um mesmo país.


O outro tipo é chamado simplesmente de internacional ou transporte de longo curso
porque as distâncias são muito maiores e conecta um porto de um país a outro porto
de outro país

Especificamente, o transporte marítimo apresenta como principais vantagens o


fato de ser especializado no transporte de cargas em grandes quantidades, para lon-
gas distâncias e a custos muito mais baixos do que os outros modais, principalmente
quando comparado com os modais aéreos. Suas principais desvantagens são o longo
tempo de dispensado no percurso, demora nos desembaraços aduaneiros e portos,
além de possibilidades de danos e avarias aos produtos transportados.

De uma forma geral, o modal hidroviário ou aquaviário tem como vantagens o fato
de poluir muito pouco o meio ambiente, ter custos mais baixos que os outros modais,
transportar grandes quantidades de cargas e segurança devida ao rigor de fiscaliza-
ção das autoridades. Como desvantagens principais podem ser citados o fato de que
há pouca oferta desses serviços no Brasil, depende das condições ambientais dos cur-
sos d’água e é lento em relação aos outros modais.

RESUMINDO...

O que é o modal hidroviário ou aquaviário? É o modal de transporte realizado em


cursos d’água.

Quando o modal hidroviário ou aquaviário deve ser usado? Deve ser usado quando
houver grande quantidade de carga de baixo valor agregado, precisar ser transporta-
do para longas distâncias, a custo menor que o de outros modais e tempo de entrega
dilatado.

Quais são os tipos de transporte do modal hidroviário ou aquaviário? São os trans-


portes fluviais (executados em rios), lacustres (praticados em lagos e lagoas) e maríti-
mos (operados nos oceanos).

151
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) O modal aquaviário ou hidroviário tem custos maiores do que os outros mo-
dais.
( ) O modal aquaviário ou hidroviário deve ser usado para transporte de longa
distância.
( ) O transporte fluvial é praticado intensamente em todos os rios brasileiros.
( ) O transporte lacustre é o que menos é praticado no Brasil.
( ) O transporte marítimo transporta quase toda a produção mundial de bens.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Transportes aquaviários


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kGEptGOE_0o

Vídeo: Modal aquaviário: sistema de transportes


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Gk7J84ap7aU

152
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ALBANO, J. F. Vias de transporte. Porto Alegre: Bookman, 2016.

BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

FERREIRA, L.; LEITE, A. C. Logística internacional e engenharia de tráfego. Londrina:


Educacional, 2017.

HOEL, L. A. Engenharia de infraestrutura de transportes: uma integração multi-


modal. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitivi-


dade. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e a logística


internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2008.

ROSA, R. A.; RIBEIRO, R. C. H. Estradas de ferro: projeto, especificação & construção.


Vitória: EdUFES, 2016.

SENNA, L. A. S. Economia e planejamento dos transportes. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014.

153
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 19: MODAIS AÉREOS OU AEROVIÁRIOS

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer os modais logísticos aéreos ou aeroviários.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) Explicar o que é o modal aéreo ou aeroviário;
b) Explicar quando o modal aéreo ou aeroviário deve ser usado;
c) Identificar os tipos de transporte do modal aéreo ou aeroviário.

INTRODUÇÃO:

O modal logístico aéreo ou aeroviário acontece no ar. Pessoas e cargas são trans-
portados em aeronaves, cujas características fundamentais são a rapidez, comodi-
dade, pontualidade e segurança. É isso mesmo. Por mais estranho e surpreendente
que possa parecer, o transporte aéreo é o mais seguro do mundo. Esse modal tem se
desenvolvido com muita rapidez e intensidade nos últimos anos, fazendo do planeta
uma grande teia global. Um aspecto positivo que esse modal traz é a proximidade
entre os povos; um negativo é a possibilidade de disseminação rápida de doenças
endêmicas de uma região, constituindo as chamadas pandemias, como é o caso do
Coronavírus.

Nesta lição, vamos aprender um pouco mais sobre esse modal com dois focos prin-
cipais. O primeiro é saber como ele acontece, quais são os seus tipos; o segundo diz re-
speito a quando ele deve ser utilizado, quais são suas principais características. Esses
conhecimentos são necessários para que você o compreenda como recurso logístico
fundamental, principalmente quando integrado a outros modais, nas chamadas in-
termodalidades, que será o foco da nossa próxima e última lição. Vejamos de perto o
modal aeroviário ou aéreo.

O MODAL AÉREO OU AEROVIÁRIO:

Esse é o mais veloz e dinâmico dentre todos os modais logísticos. É realizado atra-
vés de uma gama cada vez maior e constantemente diversificada de aeronaves, como
aviões e helicópteros, inclusive com as experimentais naves inteligentes, que dispensa
154
EJA-INTEGRADA - EPT

o uso de pilotos, que são chamadas de drones. Há aeronaves que são especializadas
em transportes de cargas e/ou de passageiros. Quando o transporte é apenas de pas-
sageiros, é chamado de full pax, o que significa que o andar de cima é destinado aos
passageiros e o de baixo, para as suas bagagens. Se o transporte for apenas de cargas,
é chamado de full cargo ou all cargo, com os dois andares (decks) destinados apenas
a elas. Contudo, se o transporte for tanto de passageiros quanto de cargas, é chamado
de combi.
Figura 1. Malha aeroviária de carga brasileira

Fonte: https://censoagro2017.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/32525-estudo-mostra-retra-
to-do-setor-aereo-nacional-e-impactos-da-covid-19

Esse modal é especializado no transporte de cargas com três características: alto


valor agregado, urgência e muito perecíveis. Joias de alto valor, por exemplo, devem
ser transportado por esse meio, assim como toda entrega urgente, como órgãos para
transplantes, e produtos que podem estragar com facilidade, como frutas e verduras.
Além dessas razões, são indicados para a locomoção por grandes distâncias, com ra-
pidez e segurança.

A realidade brasileira mostra que esse modal ainda é muito pouco utilizado, princi-
palmente para o transporte de cargas, com aproximadamente 4% do total nacional.
A maior parte do transporte de passageiros é feita por rodovias (com mais de 60% do
total), com exceção da Amazônia, onde predominam os rios. O argumento para essa
baixa demanda são os elevados custos de operação aeroviária no país. Contudo, há
apenas 22 terminais de cargas nos aeroportos brasileiros e há somente cinco aeropor-
tos de cargas: Guarulhos, Viracopos, Manaus, Galeão e Brasília.

Esse modal apresenta os mais elevados custos de transporte dentre todos os mo-
dais. Por essa razão, apenas determinadas cargas podem se dar ao luxo ou à necessi-
dade de serem transportadas por esse meio. Quais são elas? Como já mencionamos,
as perecíveis, principalmente se sua validade for inferior a 72 horas; seres vivos, como
bovinos e caprinos, desde que com a devida anuência dos órgãos de inspeção; as frá-
geis, como pinturas e patrimônios arqueológicos; as de alto valor, como obras de arte
e jóias; as controladas, como remédios, armas e drogas apreendidas; as perigosas, que
podem significar riscos para a saúde; e as secas, que são as cargas comuns.

O TRANSPORTE POR DRONES:

155
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Chamamos de drones os veículos aéreos não tripulados (do inglês unmanned ae-
rial vehicle). Geralmente são aeronaves muito pequenas, compostas de quatro a oito
hélices, comandadas a distância, com o auxílio de GPS e câmeras. Esses veículos não
são tripulados, mas não significa que sejam autônomos, uma vez que sempre há um
condutor humano para direcionar suas rotas, ainda que sejam utilizados aplicativos
capazes de fazer com que eles sigam determinadas rotas preestabelecidas. Os drones
têm, mais popularmente, imitado os formatos e funcionamento de aviões e de heli-
cópteros, pairando no ar.

Essas aeronaves têm sido muito utilizadas como equipamento militar, tanto em
combate quanto em missões específicas, como o socorro em situações de acidentes
ambientais e desastres. A aplicação militar tem sido bem sucedida porque não colo-
ca em risco a vida de combatentes e nem os caríssimos aviões, helicópteros e outros
veículos de combate.

Além do uso militar, os drones têm se mostrado equipamentos valiosos no campo


da energia e infraestrutura para serviços de monitoramento, especialmente em áreas
de difícil acesso; na agricultura e reflorestamento eles conseguem detectar plantas
defeituosas ou com algum tipo de doença, situações em que também são utiliza-
dos para aplicação de medicamentos apenas para aquela planta ou região doente;
na construção civil seu uso tem se dado na inspeção de falhas e danos nos edifícios;
nas situações de acidentes e desastres, para a busca e auxílio a pessoas soterradas e
acidentadas; e no cinema e vídeos, que se tornaram muito populares para tomadas
aéreas e de diversos ângulos.

O primeiro uso documentado de drones no Brasil aconteceu em 2018, com a en-


trega experimental de pedidos de produtos farmacêuticos. Anteriormente, porém, a
Amazon desenvolveu modelos eficientes para fazer suas entregas em um raio de ação
predeterminado: voos de até 30 minutos e distâncias de até 24 quilômetros. Essas e
outras experiências permitiram compreender alguns aspectos muito importantes so-
bre o uso de drones como modal logístico. Vejamos alguns deles.

A efetividade de entrega de mercadorias pode ser considerada um sucesso. A varie-


dade de produtos capazes de serem entregues por esse meio é muito variada, desde
medicamentos e alimentos a produtos de alto valor agregado. Através desse meio
ganha-se em agilidade e na redução de custos.

Outra aplicação é no monitoramento de operações. Aqui a gama também é varia-


da, indo desde as operações de cargas e descargas, passando pela mensuração e ava-
liação de níveis de ocupação de docas, movimentação de materiais, armazenagem,
acondicionamento, estocagem e inúmeros outros aspectos das cadeias logísticas in-
ternas e externas. Naturalmente que todo esquema de monitoramento faz parte do
processo de controle, tanto para evitar quanto para lidar com os problemas existentes.

Uma terceira aplicação é na busca da garantia da satisfação dos clientes. Aqui entra

156
EJA-INTEGRADA - EPT

em cena o que é chamado de last mile, que representa a última etapa do transporte
de cargas, quando sai da empresa fornecedora e se encaminha para a entrega ao
consumidor final. Através dos drones o fornecedor terá a garantia da qualidade do
produto, do cumprimento do tempo da entrega e da entrega no lugar correto. Tam-
bém pode ser utilizado, mas com menos frequência, nas outras partes da trajetória de
entrega: a first mile (primeira milha ou primeira etapa) e middle mile (milha interme-
diário ou etapa intermediária).

O gerenciamento de inventários é uma quarta aplicação. Aqui esses equipamentos


são sempre auxiliares e não substituidores dos profissionais humanos. Como conse-
guem sobrevoar e pairar no ar, podem, portanto, ver com câmeras e por sistemas de
rastreamentos, como RFID, tanto produtos defeituosos quanto ler etiquetas de iden-
tificação de mercados com códigos de barras ou QR Code. Essas informações são
repassadas por meios do tipo wireless para os sistemas de gestão de materiais e esto-
ques para as atualizações de bancos de dados e uso no processo decisório.

Há inúmeras vantagens do uso de drones na logística. Os principais têm sido a rapi-


dez nas entregas, redução de custos com transportes e distribuição de mercadorias,
alcances de consumidor e clientes que de outra forma seria muito difícil e/ou onerosa,
segurança contra roubos e são ambientalmente saudáveis. As desvantagens princi-
pais são o fato de que todos os aplicativos ainda são muito limitados em operações,
limitação de peso a transportar, que é de aproximadamente 10 a 30 quilos e limitações
de espaço de operações, que geralmente estão relacionadas com o tempo de autono-
mia de suas baterias e combustíveis.

De forma geral, as principais vantagens do modal aeroviário ou aéreo (aviões, heli-


cópteros e drones) é o transporte para longas distâncias, rapidez, comodidade, pon-
tualidade e segurança, como mostrado anteriormente. Como desvantagens, apare-
cem os custos elevados, limitação de capacidade de carga, limitação de peso.

RESUMINDO...

O que é o modal aéreo ou aeroviário? O modal aéreo ou aeroviário é aquele que é


feito pelo ar através de aeronaves.

Quando o modal aéreo ou aeroviário deve ser usado? Quando é necessário entre-
gar cargas de alto valor agregado ou perecível, com rapidez e segurança.

Quais são os tipos de transporte do modal aéreo ou aeroviário? Transporte por


aviões e helicópteros e transporte por drones.

157
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) O modal aéreo ou aeroviário tem o custo mais elevado dentre todos os tipos
de modais.
( ) O modal aéreo ou aeroviário deve ser utilizado para transportar produtos de
alto valor agregado com rapidez e segurança.
( ) O transporte por aviões tem sido a forma mais utilizada do modal aéreo ou
aeroviário.
( ) Os drones são aeronaves que podem ser utilizadas para transporte para locais
de difícil acesso por outros meios.
( ) Os drones podem ser utilizados no gerenciamento de armazéns.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Modal aéreo


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5-0YELxXqvo

Vídeo: Drone para entrega de delivery e transporte de cargas


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9bJyb_koZzI

158
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
ALBANO, J. F. Vias de transporte. Porto Alegre: Bookman, 2016.

BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

FERREIRA, L.; LEITE, A. C. Logística internacional e engenharia de tráfego. Londrina:


Educacional, 2017.

HOEL, L. A. Engenharia de infraestrutura de transportes: uma integração multi-


modal. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitivi-


dade. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e a logística


internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2008.

ROSA, R. A.; RIBEIRO, R. C. H. Estradas de ferro: projeto, especificação & construção.


Vitória: EdUFES, 2016.

SENNA, L. A. S. Economia e planejamento dos transportes. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014.

159
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 20: INTERMODALIDADE E MULTIMODALI-


DADE

OBJETIVOS:

Geral
Conhecer o fenômeno da intermodalidade na logística de transporte.

Específicos
Ao final da aula, o aluno deverá ser capaz de:
a) explicar o que é intermodalidade em logística;
b) explicar o que é multimodalidade em logística.

INTRODUÇÃO:

Chegamos à nossa última aula. Conhecemos um pouco sobre administração de


materiais e gestão de estoques. Vimos as diferenças conceituais e operacionais de
materiais e estoques e nos acostumamos com essas diferenciações ao longo de todo
o curso. Depois adentramos no universo dos transportes e suas diversas formas de se
transportar materiais e estoques, chamadas de cargas. E aprendemos que o transpor-
te é apenas uma parte de um modal, palavra técnica que em logística está vinculada
a armazenagem e acondicionamento e ao gerenciamento do suprimento. Vimos os
modais isoladamente, operando do início ao fim pelo mesmo tipo de transporte. Ago-
ra é a hora ver a combinação de dois ou mais modais.

Para que você compreenda bem tanto a intermodalidade quanto a multimodalida-


de, é necessário que você entenda bem cada uma dessas palavras da forma como as
pessoas comuns a entendem, sem o ponto de vista técnico e científico. Modalidade
ou modal você já conhece. Você sabe que um modal (e, portanto, uma modalidade) é
uma forma através da qual uma logística é praticada. Basta, portanto, conhecer aque-
las duas partes que vêm antes da palavra modalidade para que possamos entender
os seus significados.

Intermodalidade começa com o termo “inter”. É possível que quando você ouça
essa palavra lhe venha à mente outras palavras que comecem da mesma forma,
como o nome do time do Internacional, do Rio Grande do Sul, o turno Intermediário,
de trabalho, ou até mesmo a ação de Intervenção, como o governo faz muitas vezes.

160
EJA-INTEGRADA - EPT

Em todas essas palavras o termo “inter” significa “entre”. Vejamos. Internacional quer
dizer “entre nações”, intermediário significa “no meio ou entre dois” e intervenção
quer dizer “se colocar no meio”. Se aplicarmos esse significado a intermodalidade, ela
passa a significa “entre modais”.

Já a palavra multimodalidade tem o termo “multi” no começo. Outras palavras


em português também começam assim, como multiplicação, multifuncionalidade e
multicores. Todas as palavras que começam com “multi” sempre significam “muito”,
pluralidade. Veja. Multiplicação quer dizer aumentar muitas vezes a quantidade de
alguma coisa. Multifuncionalidade significa muitas funções. Multicores é uma palavra
com o significado exato de muitas cores. Então multimodalidade quer dizer apenas
muitos modais.

Agora estamos prontos para entender essas duas estratégias modais logísticas.

INTERMODALIDE E MULTIMODALIDADE:

Vamos começar com a intermodalidade. Sob o ponto de vista técnico, o transporte


intermodal é aquele que é feito através de dois ou mais modais. Então, todas as vezes
que uma carga começa com um modal e depois utiliza outro, está praticando a inter-
modalidade. Desde que, anote bem isso, a responsabilidade do transporte seja ape-
nas do transportador de cada modal. Vamos esclarecer isso com um exemplo. Imagi-
ne que uma carga precise sair de Manaus para Porto Alegre. No primeiro trecho, ela
vai de balsa (modal hidroviário ou é transporte fluvial) até Belém e da capital paraense
até a capital gaúcha, vai de caminhão (modal rodoviário). Se a responsabilidade do
transporte (danos, avarias, acidentes etc.) até Belém for da empresa dona da balsa
e a responsabilidade do transporte até Porto Alegre for apenas da empresa dona do
caminhão, aqui se tem a prática da intermodalidade.

Com essa explicação é possível entender bem o conceito e a prática da intermodali-


dade. É o transporte feito por mais de um modal cuja responsabilidade pelo transpor-
te em cada trecho é apenas do transportador que fizer o transporte naquele modal e
naquele trecho.

Vamos um pouco além, para que isso fique muito bem compreendido. No caso do
nosso exemplo, para que a intermodalidade realmente acontecesse, é obrigatório que
haja um primeiro contrato de transporte entre a empresa contratante e a empresa
de transporte hidroviário para que a carga saia de Manaus e seja entregue em Belém.
Outro contrato, agora com outro transportador e a mesma empresa contratante, tem
que ser feito para o trecho rodoviário que sairá com a carga de Belém para ser entre-
gue em Porto Alegre. Resumindo, a intermodalidade exige um contrato para cada
trecho ou modal.

Quando a intermodalidade precisa ser praticada? Sempre quando os custos (e ou-


tros fatores, como segurança e tempo de entrega) forem menores do que a contrata-

161
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

ção de um único transportador ou modal do início ao fim. A intermodalidade busca


encontrar o transporte mais barato (mas com qualidade) para cada trecho. Mas não
apenas os custos devem ser considerados, mas uma combinação de fatores, como se-
gurança, tráfego, desembaraços, tempo de transbordo, qualidade dos serviços, ques-
tões ambientais etc.

Para finalizar a parte sobre intermodalidade, vejamos algumas questões operacio-


nais fundamentais. A primeira é em relação à documentação da carga, que precisa
de Conhecimentos de Transportes (CT) separados, um para cada contrato com cada
transportador de cada modal. A segunda é a divisão de responsabilidade entre os
transportadores de cada trecho, que precisa ser especificada e detalhada nos con-
tratos. E a terceira é a necessária consideração das especificidades de cada tipo de
transporte nos contratos, o que força a existência de cláusulas contratuais diferentes
entre os modais, assim como valores e obrigações distintos.

Agora vejamos a multimodalidade. Na prática, ela é a mesma coisa que a intermo-


dalidade. Mas com uma diferença fundamental: há um único contrato de transporte.
Parece esquisito isso, mas é simples e fácil de entender. Vejamos um exemplo para
esclarecer isso. Certa vez precisei transportar um automóvel de passeio de Manaus
para Florianópolis. Fui a um transportador na capital amazonense, negociei e assinei
um contrato. Nele estava previsto, dentre inúmeras outras coisas, que eu receberia o
carro em Florianópolis, em determinado endereço, a partir de determinado dia. E era
tudo o que eu sabia previamente. Certo dia recebi uma ligação e fui buscar o automó-
vel e o recebi perfeito como eu o tinha entregue. Conversando com o gerente, ele me
disse que o carro foi transportado de balsa de Manaus para Belém, depois seguiu de
rodovia até Goiânia, da capital goiana até São Paulo, foi de trem, da capital paulista até
Florianópolis, novamente de rodovia. Foram utilizados quatro modais, mas eu assinei
apenas um contrato. Toda a responsabilidade pelos trechos e modais eram da trans-
portadora contratada em Manaus.

Quando a multimodalidade é mais interessante, um único contrato entre a empre-


sa contratante e o Operador de Transporte Multimodal (OTM) reduz em muito a buro-
cracia e o trabalho que se tem para completar todos os trechos necessários para que
a carga seja transportada. Um único documento disciplina, orienta e dá sentido legal
para todo o transporte porque só é emitido um Conhecimento de Transporte Multi-
modal de Carga (CTMC) e não vários CT, não importando com que modal vai começar
e tampouco com qual vai terminar. Outra vantagem é que aqui não há a divisão de
responsabilidade por trecho transportado, o que facilita tanto o monitoramento do
transporte quanto o acionamento jurídico, caso isso seja necessário. É um mesmo
transportador que planeja, executa, monitora e se responsabiliza por tudo.

RESUMINDO...

162
EJA-INTEGRADA - EPT

O que é intermodalidade em logística? Intermodalidade é a conjugação de dois


ou mais modais para a realização de transporte de carga, cuja responsabilidade é de
cada transportador de cada modal, com um Conhecimento de Carga (CT) e um con-
trato de transporte para cada transportador de cada trecho.

O que é multimodalidade em logística? Multimodalidade é a conjugação de dois


ou mais modais para a realização de transporte de carga, cuja responsabilidade é de
um único transportador, com um único Conhecimento de Transporte Multimodal de
Carga (CTMC) e um único contrato com o Operador de Transporte Multimodal (OTM)
para todos os modais.

163
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Analise as afirmativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F, as falsas.


( ) Intermodalidade e multimodalidade usam diferentes modais para o trans-
porte de cargas.
( ) A intermodalidade exige um único contrato com um único transportador
para todos os tipos de modais.
( ) A multimodalidade é feita com o uso de um único CTMC assinado por um
OTM.
( ) A intermodalidade deve ser praticada quando houver sensível redução de
custos e outros benefícios no transporte de cargas.
( ) A multimodalidade é menos burocrática que a intermodalidade.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Transporte intermodal


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lzkduttPsxs

Vídeo: Transporte intermodal e multimodal


Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KKjG8_g9juo

164
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
ALBANO, J. F. Vias de transporte. Porto Alegre: Bookman, 2016.

BALLOU, R. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 2008.

FERREIRA, L.; LEITE, A. C. Logística internacional e engenharia de tráfego. Londrina:


Educacional, 2017.

HOEL, L. A. Engenharia de infraestrutura de transportes: uma integração multi-


modal. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

KEEDI, Samir. Logística de transporte internacional: veículo prático de competitivi-


dade. 4. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007.

RODRIGUES, P. R. A. Introdução aos sistemas de transporte no Brasil e a logística


internacional. São Paulo: Aduaneiras, 2008.

ROSA, R. A.; RIBEIRO, R. C. H. Estradas de ferro: projeto, especificação & construção.


Vitória: EdUFES, 2016.

SENNA, L. A. S. Economia e planejamento dos transportes. Rio de Janeiro: Elsevier,


2014.

165
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Componente
Curricular 3
INFORMÁTICA APLICADA À
LOGÍSTICA (40H)

Caro (a) estudante,

A partir de agora abordaremos conteúdos sobre a Informáti-


ca aplicada à Logística. Você irá descobrir o quanto a In-
formática e o avanço das Tecnologias, principalmente a tec-
nologia da informação, são importantes para as questões
logísticas, gerando vantagem competitiva para uma empre-
sa do ramo de logística que investe em tecnologias.

166
EJA-INTEGRADA - EPT

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ÀS TECNOLO-


GIAS
Atualmente as empresas não sobrevivem sem o uso de Tecnologias - sem o uso de
computadores, softwares, banco de dados e Telecomunicações. As tecnologias provo-
caram profundas alterações na organização do processo de trabalho: automação dos
processos, disponibilização do conhecimento, coordenação e novas formas de gestão.
A aplicação de tecnologia no setor logístico cresceu em ritmo acelerado em diver-
sos países. Técnicas já existentes estão sendo aprimoradas e muitas novas surgem a
cada ano. O Big Data, IoT (Internet das Coisas), robôs autônomos colaborativos, reali-
dade aumentada, entre outras, fornecem vantagem competitiva a milhares de organ-
izações da área ao redor do mundo.

É importante o uso da tecnologia aplicada a logística, pois permite a in-


tegração e colaboração entre os setores, aumentando e facilitando a
capacidade de alimentação de informações na cadeia logística. Todos os setores de
uma organização estão ligados por um sistema, organizando os dados o que facilita
a tomada de decisão pelos gestores. Cada área da empresa, ligada a logística recebe,
processa armazena e gera informações que podem ser processadas manualmente,
por planilhas eletrônicas, ou estar integradas por um sistema, um programa de com-
putador, que compartilhe os dados com as demais áreas.

A logística é uma atividade complexa que exige velocidade e precisão nas decisões,
tornando a TI indispensável para tal. De acordo com Carvalho (2006), o mundo se dep-
ara com a Revolução da Informação, no qual o volume e a velocidade das informações
estão em níveis inimagináveis décadas atrás. Esta revolução da informação tornou-se
possível em função da evolução da informática, uma vez que os computadores pas-
saram a ter preços mais acessíveis e capacidade de processamento adequadas ao
nível de complexidade exigido.

A logística possui o desafio de disponibilizar os materiais necessários, nos lo-


cais solicitados dentro de um prazo especificado. Para isso é necessário o
gerenciamento da cadeia de suprimentos, onde os diferentes elos da cadeia
devem se comunicar para que esta se torne competitiva, através da
minimização dos estoques gerados a partir das incertezas. Vale ressaltar que a
informação compartilhada entre os diferentes níveis da cadeia de suprimentos
não é algo simples, porém, essencial para o bom desempenho, não só da
organização, mas também de seus fornecedores a montante e clientes a
jusante.

1. Definições de tecnologia e de informação:

167
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

a) Definições de tecnologia: Conjunto de conhecimentos, processo e métodos


usados num determinado ramo de atividade (Dicionário Aurélio da Língua Por-
tuguesa). Define-se tecnologia como o know-how (conhecimento), os equipa-
mentos e procedimentos para fabricar produtos e prestar serviços. Know-how é
o conhecimento e o julgamento de como, quando e porque empregar equipa-
mentos e procedimentos.

b) Definição de informação: “Fato ou acontecimento que é levado ao conheci-


mento de alguém ou de um público através de palavras, sons ou imagens; ele-
mento susceptível de ser transmitido e conservado graças a um suporte ou um
código” (Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).

Conhecendo um pouco mais!

A Era da Informação ou‫ڑ‬Era Digital, também denominada de Terceira Revolu-


ção Industrial, teve início em meados do século XX, momento em que a eletrô-
nica se tornou o marco de modernização e avanços tecnológicos na indústria,
agricultura, pecuária, comércio e na prestação de serviços. Reconhecendo a
importância da‫ڑ‬era digital, pode-se dizer que todos os setores da economia
se beneficiaram e pelas perspectivas atuais ainda temos muito a aproveitar.
Fonte: https://transformacaodigital.com/tecnologia/era-digital-entenda-o-que-e-isso-e-como-impacta-os-negocios/

A integração da área de TI (tecnologia da informação) com as outras áreas da em-


presa é sem dúvida o fator chave para o sucesso de qualquer planejamento e execução
de projetos dentro da empresa!

1.1 Classificação das Tecnologias:


1) Tecnologia de produto - serve para transformar ideias em novos produ-
tos e serviços. São desenvolvidos novos conhecimentos e maneiras de fazer as
coisas. Requer cooperação e atuação muito próxima com o pessoal de mar-
keting.

2) Tecnologia de processo – as tecnologias de processo são as máquinas,


equipamentos e dispositivos que ajudam a produção a transformar materiais,
informações e consumidores de forma a agregar valor e atingir os objetivos
estratégicos da empresa. O gestor precisa saber responder: o que ela faz, quais
as vantagens da nova tecnologia e quais restrições impõe.
Exemplos de tecnologias de processo: Máquinas CNC.

3) Tecnologia da informação: é um conjunto de atividades e soluções


providas por recursos de computação, composto por sistemas ou práticas
utilizadas pelas empresas para melhorar seu desempenho, como redução
do custo operacional, processos logísticos inteligentes e integração com
fornecedores e clientes.

168
EJA-INTEGRADA - EPT

A “Era da Informação” teve início nos anos 2000, devido ao avanço da informática e
do uso da internet, o processamento de grandes volumes de dados ficou mais veloz
permitindo uma melhor gestão dos processos. Uma das áreas mais beneficiadas por
esse avanço foi a de Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. O Gerenciamento da
Cadeia de Suprimentos, Supply Chain Management, é peça fundamental para a re-
dução de custos e para a excelência no atendimento ao cliente.

A Era da informação ficou marcada por uma série de características:


4) Produtos com vida mais curta.
5) Maior variedade de produtos.
6) Maior competição entre as empresas.
7) Maior custo da mão-de-obra, custo de infraestrutura e do capital humano.
8) Maior preocupação com a saúde e a segurança das pessoas.
9) Maior uso da tecnologia de informação.
10) Menores inventários (estoques).

1.2 Tecnologias de processamento de informações:

Como a Tecnologia da informação (TI) pode influenciar as estratégias adotadas pe-


las empresas e consequentemente seus objetivos globais?

Se você já possui a resposta a esta questão, possivelmente já está no caminho certo


no que diz respeito aos investimentos em tecnologia da informação. Considerar a TI
como instrumento para se atingir os objetivos de uma organização é o primeiro passo
para se obter sucesso em um projeto de implementação.

A seguir são elencados e exemplificados alguns dos motivos para se utilizar tecno-
logia no setor logístico:

11) Atingir a excelência operacional: agilizando a entrega de bens e serviços.


12) Melhorar o atendimento ao cliente: estreitando o relacionamento e aumen-
tando a transparência nas transações.
13) Melhorar a tomada de decisão: coletar, armazenar e distribuir melhor.
14) Promover a vantagem competitiva: atingindo a liderança do mercado.

Um dos fatores mais relevantes ao desenvolvimento dos processos administrativos é


a aplicação de tecnologia de informação, proporcionando um grande aumento de eficiên-
cia nos processos e fluxo de informações. Tais sistemas abrangem todas as ferramentas
que a tecnologia disponibiliza para o controle e gerenciamento do fluxo de informação de
uma organização (BALLOU, 2010). Incluem qualquer dispositivo que colete, manipule,
armazene ou distribua informação.

A presença de tecnologia da informação em quase todos os tipos de operações e o


ritmo intenso do desenvolvimento tecnológico fazem com que esta seja particularmente

169
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

importante.

Conhecendo um pouco mais!

Os computadores usados, inicialmente, para propósito gerencial eram gran-


des e centralizados. As diferentes partes (departamentos) da empresa aces-
savam o computador com processamento batch ( as tarefas não eram pro-
cessadas à medida que eram originadas, eram acumuladas até o momento
do processamento programado). Com o advento dos microcomputadores, os
programas aplicativos passaram a ser projetados para necessidades especí-
ficas de cada organização, e serem instalados no próprio microcomputador
e, atualmente, em sistemas em Rede.

O quadro 1 apresenta uma comparação entre o Fluxo de matérias e o Fluxo de in-


formações nas atividades logísticas. As figuras 1 e 2 ilustram como a tecnologia está
presente nas questões logísticas.

Quadro 1: Elementos da Cadeia de Abastecimento

Fluxo de Materiais Fluxo de Informações


A. Espaços (Edifícios, Armazéns, etc.); • Tecnologia da Informação.
B. Equipamentos de Movimentação (veí- • Softwares de Planejamento.
culos, transportadores, etc.). • Softwares de Gestão.
C. Equipamentos de Estocagem (estante- • Softwares de Supervisão.
rias, mezaninos, etc.); • Hardwares para coleta e transmissão de
D. Embalagens e Unitizadores. dados.
E. Diversos (balanças, equipamentos de • Mapeamento de Processos.
segurança, etc.); • Gerenciamento de Processos (“Workflow”),
entre outros.

Figura 1: Tecnologias da informação nas atividades logísticas

170
EJA-INTEGRADA - EPT

Figura 2: Importância da Tecnologia da Informação no transporte de Carga

A seguir vamos apresentar alguns sistemas e tecnologias para a área de logística


que são utilizadas nas grandes empresas.

171
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

UNIDADE 2 – SISTEMA PARA GESTÃO DE AR-


MAZÉNS E SISTEMAS DE GERENCIAMENTO
DE TRANSPORTES

2.1 Sistema para gerenciamento de Armazéns (Warehouse Manage-


ment System – WMS):

O Sistema de Gerenciamento de Armazéns, chamado de WMS, é uma tecnologia


utilizada em armazéns com o objetivo de integrar e processar as informações de lo-
calização de material, controle e utilização da capacidade produtiva de mão-de-obra,
além de emitir relatórios para os mais diversos tipos de acompanhamento e gerenci-
amento.

O Software WMS é uma ferramenta informatizada, que tem a função de geren-


ciar por meio da automação as tarefas habituais de um centro de distribuição logísti-
co (VIERA, 2012; ACKERMAN, 2004). O WMS é a união de hardware (computadores,
máquinas, leitor de código de barras) e software (programas e aplicativos), buscan-
do o eficiente controle de estoques, espaços físicos de forma a facilitar as atividades
desempenhadas pelos colaboradores do armazém. O WMS, traz vários benefícios ao
gestor que precisa administrar um armazém, como: melhorar o aproveitamento do
espaço, agilidade nos pedidos, redução de perdas, erros de processos de armazen-
agem e dependência do fator humano (CAXITO, 2011). O WMS traz benefícios como:
aumento da produtividade e ajuda na organização dos armazéns, principalmente em
inventários no qual as empresas têm grande dificuldade.

Podemos listar uma série de problemas enfrentados pelas organizações que não
possuem um correto gerenciamento dos seus armazéns, entre os mais comuns estão:

1) Perda de mercadorias em função da validade.


2) Necessidade de tempos elevados para a localização das mercadorias.
3) Desconhecimento das quantidades armazenadas.
4) Formação excessiva de estoques.
5) Falta de produtos.
6) Dificuldade de localização.
7) Envio de produtos errados para o cliente.
8) Centralização do conhecimento.

Com o aumento das quantidades e variedades dos itens que as empresas


costumeiramente têm que armazenar, estes problemas são potencializados, sendo

172
EJA-INTEGRADA - EPT

necessária à utilização de uma ferramenta computacional que auxilie os processos


decisórios da organização. O WMS possui a finalidade de proporcionar uma facilidade
dos processos logísticos da organização, mediante a uma gestão eficaz das infor-
mações referentes ao estoque. Os principais benefícios obtidos através da implan-
tação de um sistema de WMS são listados a seguir:

 Melhoria da acuracidade dos estoques.


 Redução dos estoques.
 Controle de validade dos lotes das mercadorias.
 Melhoria na ocupação dos espaços físicos.
 Redução de tempo no inventário.
 Redução no prazo de entrega.
 Facilidade de localização das mercadorias.
 Melhoria no recebimento de mercadorias.

Segundo a Próton (2004), os fatores primordiais para o sucesso na implantação do


WMS são:

 Cadastro correto das normas de paletização e regras de movimentação


de mercadorias.
 Treinamento profundo da equipe responsável por operar o WMS e os
processos físicos no armazém.
 Simulação do armazém.
 Plano de contingência.
 Correto inventário inicial.
 Projeto de logística e armazenagem.

É de grande importância o cadastro único de materiais no WMS, no qual


é inaceitável duplicidade de nomes para um mesmo produto. A grande par-
te dos softwares WMS permite o acesso a uma série de informações que
dão subsídios a tomada de decisões. A seguir serão relacionadas as principais
funcionalidades com um breve descritivo de sua funcionalidade:

Mercadorias: efetua a consulta das mercadorias contidas no armazém, bem como


as suas respectivas características físicas, lotes, validade, local de armazenamento,
preço, etc.

Locais: permite a verificação da capacidade e estrutura de um determinado lo-


cal do armazém.

Normas de Paletização: possibilita que os funcionários consultem as normas


básicas de paletização definidas pela empresa em questão.

Ocupação: realiza a consulta da ocupação do armazém, possibilitando a identi-


ficação de áreas livres por endereço.

173
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Visões Virtuais: permite o acesso virtual do armazém, sendo possível a visualização


do mesmo através de animação 2D ou 3D (a depender da configuração do software
WMS).

Histórico de Movimentações: possibilita que haja rastreamento das mercado-


rias, permitindo que seja visto em etapa do processo logístico, a mercadoria se
encontra para um maior controle.

Pedidos: permite que sejam consultados ou realizados pedidos de materiais ou


mercadorias, que se encontram armazenados.

Gráficos de Ocupação: possibilita que a ocupação das estruturas de armazena-


mento possam ser visualizadas através de gráficos.

Recebimento: contribui no processo de recebimento através da visualização da


quantidade de produtos recebidos no dia, bem como a programação para os
demais dias.

Expedição: visualiza a quantidade de produtos a serem expedidos no dia, bem


como a programação de expedição para os demais dias.

Além de disponibilizar uma série de informações, os softwares WMS fornecem uma


série de relatórios para serem analisados pelos gestores. Outro fator comum nos soft-
wares de WMS é a possibilidade de integração com as tecnologias EDI (Eletronic Data
Interchange), ERP (Enterprise Resources Planning), Coletores de Dados, Código de
Barras, RFID, entre outras tecnologias.

2.2 Transportation Management Systems (TMS):

O Transportation Management Systems (TMS) monitora e controla frotas e cargas,


apoiando tanto a negociação quanto o frete, planejamento e execução de tarefas,
tendo como principais benefícios: redução de custos dos transportes, do tempo ne-
cessário para planejar a distribuição e montagem de cargas; além de disponibilizar as
informações de forma on-line. O TMS auxilia a gestão da cadeia de suprimento, nos
níveis táticos e operacionais, apoiando a tomada de decisões por meio das informa-
ções transacionais, com alto nível de detalhe, propiciando o controle das operações,
apoiando também nas negociações de contratos e capacidade das instalações, essas
são características do TMS.

As operações de transportes têm um “grande impacto nas organizações,


principalmente financeiro; pois estima-se que um terço dos custos logísticos se refe-
rem ao custo com transporte; principalmente quando é um produto de baixo custo,
pois neste, o custo do frete tem grande representação”.

174
EJA-INTEGRADA - EPT

Considerações da Unidade:

Aqui chegamos ao final da unidade 1 e 2. Agora você já sabe a definição de tec-


nologia de produto, processo e informação e sua importância na área de logística. A
adoção das tecnologias de produto, processo e informação, por parte das empresas,
proporcionam maior competitividade para elas. Para cada atividade da logística exis-
tem diversas tecnologias envolvidas. Parece um pouco complicado, mas não é; hoje
as tecnologias fazem parte da nossa vida, tanto nas atividades cotidianas quanto nas
atividades profissionais.

Agora vamos verificar o que você conseguiu assimilar. Vamos lá, tenho certeza que
você vai responder facilmente todas as questões!

175
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Atividade de Avaliação da Unidade 2

1. Coloque “V” para as questões verdadeiras e “F” para as falsas.


( ) Na implantação do WMS deve acontecer o cadastro correto das normas de
paletização e regras de movimentação de mercadorias.
( ) Na implantação do WMS não é necessário haver um Treinamento profundo
da equipe responsável por operar o WMS e os processos físicos no armazém.
( ) O WMS possibilita que a ocupação das estruturas de armazenamento possa
ser visualizadas através de gráficos.
( ) O WMS possibilita a Melhoria da acuracidade dos estoques.
( ) O WMS não permite a redução dos estoques e o Controle de validade dos
lotes das mercadorias.
( ) O WMS possibilita Melhoria na ocupação dos espaços físicos no Armazém.

Responda:

1. As tecnologias estão classificadas em Tecnologia de produto, tecnologias de


processo e tecnologias da informação. Faça um pequeno resumo de cada uma
destas tecnologias.

2. Liste algumas tecnologias de processo e tecnologias da Informação estuda-


das aqui.

Conhecendo um pouco mais!

Sites com conteúdo atualizado sobre Tecnologias aplicadas à logística:


https://cargox.com.br/blog/internet-das-coisas-na-logistica-veja-como-ela-
-impulsiona-o-setor/
https://bloglogistica.com.br/mercado/o-edi-e-os-beneficios-para-logistica/
https://www.totvs.com/blog/atacadista-distribuidor/wms/

176
EJA-INTEGRADA - EPT

UNIDADE 3 – INTERCÂMBIO ELETRÔNICO DE


DADOS (ELECTRONIC DATA INTERCHAN-
GE), CÓDIGO DE BARRAS E IDENTIFICAÇÃO
POR RÁDIO FREQUÊNCIA

3.1 Intercâmbio Eletrônico de dados (Eletronic Data Interchange):

O EDI (Eletronic Data Interchange), intercâmbio eletrônico de dados, é uma tec-


nologia crucial para o relacionamento entre diferentes empresas na cadeia de supri-
mentos. O EDI promove a eliminação de algumas tarefas inerentes ao processo de
relacionamento, através da integração dos diferentes elos de uma cadeia de supri-
mentos, tornando as parcerias entre diferentes organizações algo com maior consoli-
dação e menores custos.

Segundo a ECR BRASIL (1998, pg. 23):

“O EDI é uma troca automatizada, computador a computador, de infor-


mações de negócios estruturadas, entre uma empresa e seus parceiros com-
erciais de acordo com um padrão reconhecido internacionalmente”.

O EDI é responsável pelo fluxo de informações dentro de uma determinada cadeia


de suprimentos. Segundo Coronado (2007), atualmente os gestores estão buscando
um melhor gerenciamento das informações, com intuito de assegurar o atendimento
do consumidor final. A figura 1, apresenta o fluxo de informações dentro da cadeia de
suprimentos.

É um sistema que auxilia diretamente a rotina dos vendedores, pois agiliza o pro-
cesso de comunicação com a empresa na transmissão de dados. Todas as informações
que um vendedor precisa coletar e transferir para a empresa em um segundo mo-
mento, ele faz de forma on-line evitando assim a demora no input do pedido e ele
ainda tem a possibilidade de consultar o estoque da empresa e informar ao cliente a
possibilidade de disponibilizar a mercadoria. A implantação desse sistema, com suces-
so, permite detectar imensuráveis benefícios trazidos por ele à sua empresa. O EDI
permite redução de custos administrativos, redução de estoque (considerando que
estoque parado é capital improdutivo), reduzir custos e desgastes com o cliente com
os itens faltantes, pois se a tecnologia permite transmissão de dados on-line temos a
informação acurada e instantânea da posição de estoque. O EDI é uma tecnologia
chave para o comércio eletrônico, permitindo a troca de informação como, documen-

177
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

tos padrões de transações, conhecimentos de embarque ou pedidos de compra em


duas organizações, entre computadores.

Tem-se, portanto, que o uso do EDI otimiza o trabalho, reduzindo o tempo de oper-
ação do funcionário, em relação à análise das informações, o que, por consequência,
representa uma maior independência nos processos, com uma atuação mais efetiva
da tecnologia, em prol de uma ação mais indireta dos recursos humanos, para o envio
de dados. Em geral o EDI é usado entre duas empresas, como por exemplo, entre uma
montadora/fábrica e um fornecedor, com o intuito de otimizar o tempo dos processos
e gerar níveis mais eficientes nas transações entre as mesmas, bem como nos proces-
sos diretamente relacionados com o cliente.

Figura 1: Intercâmbio eletrônico de Dados

3.2 Código de Barras:

Você sabe quando surgiu o código de barras e qual sua função?

O código de barras foi desenvolvido para atender as necessidades de indústrias


específicas e, em seguida, foram padronizados para usar em diferentes áreas das
empresas e mercado. Os códigos de barras têm por finalidades, identificar produtos,
caixas de embarque, locais de armazenagem, pallets retornáveis, documentos, contêi-
neres etc. O sistema surgiu da ideia de se criar um mecanismo de entrada de dados
mais rápida e eficiente, vendo que com o passar do tempo mais microcomputadores
estavam sendo fabricados com um grande potencial em armazenamento e proces-
samento de dados. A leitura de código de barras exige que sejam utilizados alguns
aparelhos específicos e que são adotados conforme a necessidade da empresa. Al-
guns desses aparelhos são os leitores (caneta ótica, leitor CCD, pistola laser, scanner
omnidirecional e o leitor automático de documentos), os decodificadores (decodifi-
cador para teclado, decodificador para interface serial e decodificador para joystick) e
impressoras especiais (software para impressão e impressoras profissionais).

O código de barras EAN 13, é utilizado na identificação de produtos comerciais e


codifica o país de origem, o fabricante, e o código do produto; este código foi de-
senvolvido pela International Article Numbering Association (EAN) na Europa. A uti-
lização deste código é regida pela GS1 cujas normas são internacionais. Sendo esta
simbologia considerada ponto inicial para aplicações comerciais. A simbologia EAN

178
EJA-INTEGRADA - EPT

13 também é conhecida pelos termos GS1-13, EAN/UCC-13, GTIN-13, European Article


Number 13 (termos originais em inglês).

Figura 1: Exemplo de Leitores Ópticos

O código de barras EAN 13 é representado por 12 dígitos principais mais 1 dígito ve-
rificador. Que tipo de dado pode ser codificado com a simbologia EAN 13?
Figura 2 : Código de barras

Fonte: GS1 Brasil (www.gs1brasil.org.br)

O código de barras é uma forma de representar a numeração, que viabiliza a cap-


tura automática dos dados por meio de leitura óptica nas operações automatizadas.
O Sistema EAN.UCC reconhece três simbologias de código de barras para representar
as estruturas de numeração padronizada: EAN/UPC; ITF-14 e UCC/EAN-128. (GS1 BRA-
SIL, 2006, p. 1). Não é qualquer scanner que consegue ler qualquer tipo de código de
barras, os leitores ópticos devem estar habilitados para leitura a fim de poderem inter-
pretar um código de barras.

Desta forma, o Sistema EAN.UCC indica os tipos de simbologias, que podem ser
reconhecidas nos diferentes ambientes, conforme (GS1 BRASIL, 2006, p.1):

EAN/UPC - Símbolos EAN/UPC – código de barras linear numérico, que repre-


senta os 13 dígitos do GTIN EAN/UCC-13; os 12 dígitos do GTIN UCC-12 e os 8 dígi-
tos do GTIN EAN/UCC-8. Pode ser interpretado por toda cadeia de suprimentos
sendo a simbologia mais utilizada para captura de dados na frente de loja do
varejo.

Diversas aplicações estão cobertas pelo Sistema EAN.UCC e incluem os itens com-
erciais, unidades logísticas, ativos e localizações. Essas aplicações dependem de estru-
turas de numeração padronizadas, por meio das quais podem ser identificados todos
os itens envolvidos e seus dados.

179
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

3.3 Rádio-Frequency Identification (RFID):

RFID é a denominação dada a Radio Frequency Identification ou Identificação por


Rádio-Frequência. Essa tecnologia de compartilhamento de informações em tempo
real é composta de equipamentos (como leitores, antenas) e tags (etiquetas) que se
comunicam através da rádio frequência, enviando informações através de um soft-
ware para o usuário final. Enquanto a tecnologia de código de barras utiliza-se do feixe
de luz para a captura dos dados, essa tecnologia utiliza a frequência de rádio.

O Radio-Frequency Identification (RFID) tem sido amplamente utilizado nos


últimos anos e vem ganhando popularidade nas indústrias de transformação
e varejo no decorrer dos anos. RFID é uma tecnologia de controle que permite
a rastreabilidade dos bens por meio de todas as etapas da cadeia de produção.
Tal tecnologia ganhou importância no cenário logístico por ser seguro quando
pensa em rastreabilidade por ser: versátil em contextos operacionais (exemplo:
à prova de água, antimagnético, suportando altas temperaturas); versátil no
contexto logístico, permitindo um leque muito diferente de distâncias de leitu-
ra; ter longa vida útil, etc.

As etiquetas inteligentes são capazes de armazenar dados enviados por transmis-


sores. Elas respondem a sinais de rádio de um transmissor e enviam de volta infor-
mações quanto a sua localização e identificação. Santana (2005) descreve da seguinte
forma o funcionamento do sistema:

“O microchip envia sinais para as antenas, que capturam os dados e os retransmi-


tem para leitoras especiais, passando em seguida por uma filtragem de informações,
comunicando-se com os diferentes sistemas da empresa, tais como sistema de ges-
tão, sistema de relacionamentos com clientes, sistemas de suprimentos, sistema de
identificação eletrônica de animais, entre outros. Esses sistemas conseguem localizar
em tempo real os estoques e mercadorias, as informações de preço, o prazo de vali-
dade, o lote, enfim, uma gama de informações que diminuem o processamento dos
dados sobre os produtos quando encontrados na linha de produção”.

Conhecendo um pouco mais!

“Radiofrequência é a faixa de frequência que abrange aproximadamente de


3 KHz a 300 GHz e que corresponde à frequência das ondas de rádio”.
Saiba mais em (https://pt.wikipedia.org/wiki/Radiofrequ%C3%AAncia).

180
EJA-INTEGRADA - EPT

UNIDADE 4 – SISTEMAS INTEGRADOS DE


GESTÃO (ERP, VMI E ECR)

4.1 Planejamento dos Recursos empresariais– Enterprise Resource Plan-


ning (ERP):

O ERP, conhecido no Brasil como Sistema Integrado de Gestão, é uma tecnologia


da informação que possui a finalidade de integrar todas as informações inerentes a
uma organização em um único sistema, permitindo maior velocidade e confiabilidade
nas tomadas de decisões estratégicas, táticas e operacionais. O ERP é um pacote de
software de negócios que planeja recursos empresariais combinando uma série de
módulos que atendem todos os requisitos de uma organização, estruturando, autom-
atizando e combinando tarefas de todo o negócio, como: compras, vendas, controle
de estoque, recursos humanos, produção planejamento e finanças. O Sistema ERP
permite integrar, de forma eficaz, todos os sistemas operacionais da empresa. Por ser
um sistema que abrange toda a parte gerencial da empresa, a implantação dele não
é simples exigindo da empresa uma série de modificações prévias.

O ERP se divide em módulos conforme a necessidade da empresa, sendo os prin-


cipais: financeiro, contabilidade, recursos humanos, ativo fixo, processos, projetos e
jurídicos, podendo ser complementados se necessário com os módulos estoques,
distribuição de produtos, frota, comercio exterior, gestão do conhecimento, controle
de materiais, automação comercial, análise de risco. O ERP satisfaz a demanda da
gestão empresarial, unindo todos os departamentos da empresa, oferecendo solução
para avaliar, programar e gerir os negócios. O ERP oferece ferramentas para a gestão
compartilhada, integrando e otimizando processos de negócios, sendo flexíveis o su-
ficiente para adaptar-se às necessidades futuras das organizações (RETTIG, 2007).

O sistema ERP é uma evolução dos sistemas MRP (Planejamento dos recursos ma-
teriais, informa “o que será produzido”) e MRP II (Planejamento dos recursos de man-
ufatura, recursos que serão usados para produzir os produtos, ou seja, informa “como”
e “quando” serão os recursos serão utilizados), abrangendo o nível de informações
para outros setores da organização, e não só para o setor produtivo, auxiliando a or-
ganização nos processos de gestão das importantes fases do seu negócio. o cálculo
das necessidades de materiais realizado no sistema MRP evoluiu, passando a analisar
a capacidade dos recursos envolvidos, dando assim origem ao sistema MRP II. Visan-
do a diversificação de produtos vendidos, as empresas fornecedoras de sistemas de-
senvolveram módulos adicionais, que ultrapassavam a fronteira de decisões na pro-
dução, mas, que de forma integrada permitia a gestão dos processos da organização
de modo consolidado.

A seguir serão apresentados os principais módulos do ERP, destacados por Corrêa

181
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

et al (2008):

Previsões/Análises de Venda: este módulo fornece uma série de modelos ma-


temáticos que permitem uma previsibilidade da demanda futura, sendo entra-
da para diversas decisões a serem tomadas.
Listas de Materiais (Bom- Bill of material): a função deste módulo é apresen-
tar os componentes contidos no produto.
MPS (Master production scheduling) e RCCP (Rought cut capacity planning):
este módulo disponibiliza os dados de entrada para o MRP, mediante a elabo-
ração do plano de produção de produtos finais.
Compras: a função do módulo de compras é viabilizar o suprimento na em-
presa, através do controle das ordens de compra, definindo as programações
de entrega, abertura de ordens, emissão e acompanhamento dos pedidos e
fechamento das ordens de compra.
SFC (Shop floor control): este módulo é responsável pela operacionalização
dos planos de produção, preocupando-se com o sequenciamento das ordens
produtivas e pelo acompanhamento e controle da produção.
Controle de Estoques: a função deste módulo é realizar a gestão do estoque,
no qual são verificadas as transferências, giro de estoque, ponto de pedido, etc.
Engenharia: este módulo visa auxiliar a engenharia de produto, subsidiando
informações a respeito do projeto do produto, e a engenharia de processo, qual
descreve a forma de fazer o produto, ou seja, as etapas que devem ser seguidas
para a conclusão de um determinado produto.
Distribuição Física: este módulo, conhecido pela sigla DRP, possui a finalidade
de gerir os itens de demanda independente, ao contrário do MRP, que possui a
função de gerir os itens de demanda dependente.
Gerenciamento de Transportes: como o próprio nome diz, este módulo possui
função de auxiliar a tomada de decisões no transporte de materiais.
Gerenciamento de Projetos: módulo com maior aplicabilidade para as em-
presas que possuem os sistemas produtivos por projetos, no qual cada produto
possui características únicas.
Apoio a Produção Repetitiva: Empresas que possuem os sistemas produtivos
repetitivos, no qual os produtos são feitos em larga escala, e possuem caracte-
rísticas padronizadas, utilizam este módulo com maior aplicabilidade.
Apoio a Gestão de Produção em Processos: este módulo é utilizado em em-
presas que possuem os sistemas produtivos contínuos, no qual os produtos
que são feitos não são diferenciados individualmente, sendo o foco nos proces-
sos, de modo que a produção não seja interrompida.
Apoio à Programação com Capacidade Finita de Produção Discreta: função
auxilia no sequenciamento das ordens produtivas, priorizando os resultados es-

182
EJA-INTEGRADA - EPT

perados pela organização.


Configuração de Produtos: este módulo possui a finalidade de disponibilizar
as estruturas do produto.
Contabilidade Geral: possui a função habitual da contabilidade, abrangendo
as necessidades principais. Ex: contabilidade de custos, contabilidade geren-
cial, orçamento, contas a pagar e a receber, faturamento, etc.
Custos: este módulo analisa os custos inerentes a produção, permitindo, por
exemplo, a análise de Pareto.

4.2 Estoque Administrado pelo Fornecedor (Vendor Managed Invento-


ry-VMI):

O VMI ou Estoque Administrado pelo Fornecedor, é uma ferramenta muito impor-


tante principalmente para a cadeia de suprimentos que pretende ou já trabalha com
o sistema Just-in -Time (JIT). O principal objetivo desta técnica é fazer com que o seu
fornecedor, através de um sistema de EDI, verifique a sua real necessidade de produ-
to, no momento certo e na quantidade certa. Este recurso tem uma maior funciona-
lidade para as empresas que possuem muitos fornecedores e possui um amplo mix
de produtos. O VMI é uma técnica que permite o acompanhamento pela indústria,
das vendas de seus produtos no varejo e repor automaticamente os estoques quando
necessário, reduzindo o tempo de análise e coleta dos dados.

Vendor Managed Inventory – Primeiro Estágio:

Este estágio, que denominaremos aqui como VMI, o fornecedor é responsável pela
verificação do nível de estoques, pela colocação do pedido internamente e reabaste-
cimento, em suma, pela gestão do estoque. Neste primeiro estágio, tem-se verificado
que fornecedores utilizam diversas ferramentas para receber as informações de esto-
que, que são o que geram o início do ciclo de pedido, como:

1. Preposto: alguns fornecedores possuem prepostos dentro de seus clientes


ou os enviam com frequência, para verificarem o nível dos estoques.
O Preposto‫ٶ‬é aquela pessoa que administra, dirige ou responde por uma em-
presa, entidade ou negócio por delegação do proprietário ou daquele que tem
poderes estatutários ou regimentais.
2. Telemetria: sensores captam os níveis de estoque e alarmes (e-mail, SMS,
etc.) são gerados quando níveis pré-definidos são alcançados.
A telemetria tem sido bastante utilizada, em razão de custos acessíveis e, em
conjunto com a internet, possibilita acesso às informações de nível a qualquer
momento e em qualquer lugar.

183
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

3. Cliente: o próprio cliente verifica diariamente (normalmente, uma vez por


dia) o nível dos estoques e informa ao fornecedor – sim, algumas empresas con-
sideram esta forma como VMI, a partir do recebimento da informação do nível
de estoque, o fornecedor é responsável pelo reabastecimento.

Vendor Managed Inventory – Segundo Estágio:

É o que está sendo chamado de “eVMI” (Vendor Managed Inventory eletrônico).


Neste segundo estágio, o conceito de o fornecedor ser o responsável pelo gerenci-
amento do estoque continua, entretanto, todo o ciclo de pedido está automatizado
e integrado, entre fornecedor, cliente e, possivelmente, operador logístico. Além da
gestão do estoque, o fornecedor pode gerir os pedidos.

Quando há a necessidade de reabastecimento, indicada pelos sensores, um pedido


é criado diretamente no sistema (ERP) do fornecedor. O estágio de cada pedido pode
ser compartilhado entre fornecedor e cliente, como ordem registrada, despachada,
entregue.

Algumas literaturas afirmam que a maior parte dos benefícios do VMI é encontra-
da no segundo estágio (eVMI), pois o fornecedor gerencia toda a política de estoque
(ordens, limites de estoque, quantidades de entrega, otimização do transporte, etc.),
uma vez que no primeiro estágio (VMI) o fornecedor é responsável somente pelo rea-
bastecimento, não tendo liberdade sobre a política de estoque do cliente.

4.3 Efficient Consumer Response (ECR) ou Resposta Rápida ao Cliente:

O ECR não é um sistema e nem é uma técnica, é um conjunto de práticas desenvol-


vidas em conjunto com fabricantes, distribuidores e varejistas com o objetivo de ob-
ter ganhos por eficiência nas atividades comerciais e operacionais entre as empresas
prestando assim um serviço de qualidade ao consumidor final.

As grandes redes de varejistas como Wall Mart, por exemplo, têm centenas de for-
necedores, bem como uma infinidade de produtos diferentes; logo, precisa de uma
cadeia de suprimentos totalmente integrada para poder oferecer aos seus clientes o
produto sempre presente na prateleira. Para isso acontecer, é necessário que a rede
adote algumas práticas de reengenharia de processos e benchmarking, inclusive uti-
lizando-se da tecnologia de informação.

Os requisitos para se pôr em prática a filosofia do ECR é fazer os check-outs na


saída das mercadorias das lojas (PVs) e permitir o controle do estoque no fornecedor.
Como o volume de produtos é muito grande, tanto o fornecedor quanto o varejista,
precisam utilizar uma coleta de informação que seja acurada e rápida tendo a sua

184
EJA-INTEGRADA - EPT

disposição o código de barras. Para o controle do estoque do ponto de venda, é usada


a ferramenta VMI com transmissão de dados via EDI, onde temos precisão e rapidez
na operação.

A cadeia produtiva ideal passa por alguns sistemas de informação em uma ordem
lógica:
Figura 1: Fluxo de informações na Cadeia produtiva com apoio do EDI e ECR

Entrada de Intercâmbio Resposta


Dados Eletrônico de Eficiente ao
Dados Cliente

4.4 Comércio Eletrônico - “E-business” e “E- Comm”:

Comércio eletrônico ou e-commerce é um tipo de transação comercial feita espe-


cialmente através de um equipamento eletrônico, como, por exemplo, um computa-
dor. Comércio eletrônico ou “E-commerce” é uma modalidade de comércio em que
transações de compra e venda são feitas pela internet. Nele todo o processo é digital:
desde a oferta do produto ou serviço até a finalização da compra com o pagamento.
Nesse tipo de negócio, a estrutura inteira é digitalizada, e as únicas coisas que existem
no mundo físico são o estoque onde o produto está, e o processo de entrega para os
compradores. Em alguns casos, nem isso: jogos online são comprados em e-com-
merce, por exemplo, e baixados direto no videogame ou computador, sem nenhum
produto físico a ser entregue.

No comércio eletrônico existem duas modalidades: o B2B (Business to Business) e


o B2C (Business to Consumer). A diferença entre B2B e B2C é o público-alvo:‫ٶ‬as em-
presas B2B (Business to Business) vendem para outras empresas, enquanto as B2C
(Business to Consumer) vendem para o consumidor final. Ou seja: B2B significa “de
empresa para empresa” e B2C “de empresa para consumidor”, representando os prin-
cipais modelos de negócio.

Vantagens do E-commerce:1’

1) Inserção instantânea o mercado.


2) Relações mais ágeis.
3) Redução da falta de informação sobre o produto.
4) Redução da burocracia.
5) Análise mercadológica facilitada.
6) Rapidez na troca de informações, resultando em mais negócios fechados.
7) Melhoria da imagem da empresa junto aos clientes.
8) Agilidade na comunicação com fornecedores e consumidores.
9) Mercado globalizado, teoricamente sem fronteiras.

185
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Considerações da Unidade:

A logística e a TI estão intimamente ligadas podendo maximizar a


produtividade, os lucros, minimizar erros humanos, gastos da organização, podendo
armazenar as informações para ajudar o empreendedor na tomada de decisão, sendo
um dos principais benefícios que os sistemas de informação logísticos podem ofere-
cer.

Que tecnologias você costuma utilizar no seu trabalho? E no seu dia a dia? Você
conseguiria trabalhar ou “viver” sem estas tecnologias? Agora que você já tem um
panorama geral dos softwares importantes para as atividades da Logística, iremos
aprofundar, na próxima unidade, os conteúdos de softwares voltados para o controle
de atividades rotineiras no processo produtivo e nas atividades logísticas, como as
planilhas eletrônicas.

Vamos verificar o que você aprendeu?

186
EJA-INTEGRADA - EPT

Atividade de Avaliação da Unidade

1. Coloque V (Verdadeiro) e F (Falso) nas alternativas abaixo:

a) ( ) o EDI ocorre apenas quando há a troca de informações relativas a um do-


cumento comercial, em formato previamente especificado, entre as empresas.
b) ( ) Em um sistema de ERP, a troca de documentos pode ser realizada pelo
EDI.
c) ( ) O RFId é composto por 3 elementos: O transponder, o Leitor, a antena.
d) ( ) O RFID faz a identificação do objeto através de sinais de rádio, mas, não
recupera informações e dados armazenados remotamente.
e) ( ) A Tecnologia da Informação inclui qualquer dispositivo que colete, mani-
pule, armazene ou distribua informação.
f) ( ) B2C e B2B são tipos de comércio Eletrônico.
g) ( ) B2B é o comércio eletrônico associado a operações de compra e venda
entre produtores, vendedores e o consumidor final, através da internet.

Responda:

1. Quais os códigos de barras mais utilizados no VAREJO e em quais produtos


são utilizados?

2. Que outras tecnologias são utilizadas junto com o WMS (Software de geren-
ciamento de Armazéns) para monitoração eficiente do fluxo de produtos?

3. Quais as vantagens da Tecnologia R-Fid sobre o código de Barras?

4. Quais os objetivos e as Vantagens do E-commerce?

187
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

UNIDADE 5 – LOGÍSTICA 4.0


Existem diversas tecnologias emergentes que estão ganhando destaque dentro da
Indústria 4.0. Elas refletem diversas modificações no modelo de negócio das empre-
sas, combinando tecnologias da internet e trazendo digitalização para as fábricas. Não
existe um consenso de todas as tecnologias que definem a Indústria 4.0, contudo, há
diversos avanços tecnológicos fundamentais que regem a transformação e evolução
das tecnologias da manufatura inteligente (RÜßMANN et al., 2015).

O Big Data, IoT (Internet das Coisas), robôs autônomos colaborativos, realidade au-
mentada, entre outras, fornecem vantagem competitiva a milhares de organizações
da área ao redor do mundo.

Big Data and Analytics: A tecnologia Big Data surgiu nos países desenvolvidos
e está relacionada com grandes conjuntos de dados, buscando aperfeiçoar a
qualidade da produção. Ela atua como um suporte na tomada de decisões em
tempo real e avalia dados de muitas fontes de equipamentos distintos, siste-
mas de produção, sistemas de gestão empresarial e de clientes (RÜßMANN et
al., 2015). É caracterizada por três elementos básicos: volume, variedade e velo-
cidade. O volume diz respeito à quantidade de dados gerada diariamente, dada
a sua alta quantidade produzida atualmente. A variedade é mostrada como
uma solução de análise de grandes volumes de dados considerando todos os
tipos de formatos, já que, atualmente, são geradas muitas bases complexas e
em multiplicidade. Por fim, a velocidade leva em consideração a rapidez com
que as informações são geradas, segundo certo volume e dimensão de varieda-
de (ZIKOPOULOS et al., 2015).
Robôs autônomos: Os robôs autônomos são como máquinas inteligentes ca-
pazes de executar tarefas de forma independente, sem controle humano explí-
cito (BEKEY, 2005). Com capacidade de se comunicar entre si e trabalhar com
humanos de forma segura, os robôs estão se tornando cada vez mais autôno-
mos, independentes e cooperativos (RÜßMANN et al., 2015).
Simulação: É definida como a imitação da operação de um processo ou sis-
tema da vida real ao longo do tempo. Seu uso é essencial para garantir a qua-
lidade e eficiência no desenvolvimento de produtos, pois permite que dados
em tempo real sejam utilizados para espelhar o mundo físico em um modelo
virtual, que pode incluir máquinas, produtos e humanos. A demanda por pro-
dutos com mais qualidade exigiu técnicas de simulação e modelagem, permi-
tindo a flexibilidade e a rápida inovação de produtos (BRETTEL et al., 2017).
Sistemas integrados: Com os sistemas de tecnologia da informação cada vez
mais integrados na Indústria 4.0, os dados evoluem em formato de redes e per-
mitem cadeias de valor verdadeiramente automatizadas (RÜßMANN; LORENZ;
GERBERT; WALDNER et al., 2015). Seu objetivo é gerenciar o fluxo de bens e
informações dentro da cadeia de valor, gerando uma interligação entre a in-
188
EJA-INTEGRADA - EPT

dústria e os processos de produção (BRETTEL et al., 2017).


Internet das coisas (Industrial Internet of Things): A Internet das coisas é
uma extensão da Internet atual, proporcionando capacidade computacional e
de comunicação aos objetos de se conectarem à Internet (SANTOS et al., 2016).
Permite uma rápida geração de dados, contribuindo com o fluxo de informa-
ções dentro de uma organização.
Segurança Cibernética (Cybersecurity): O aumento da conectividade faz com
que a Indústria 4.0 precise proteger sistemas e linhas de fabricação contra as
ameaças de segurança cibernética. Dessa forma, a Segurança Cibernética en-
volve a segurança e confiabilidade na comunicação através de gerenciamento
de máquinas e usuários, mediante firmas atreladas por parcerias ou aquisições
(RÜßMANN et al., 2015).
Computação em nuvem (Cloud Computing): Sua importância para a indús-
tria 4.0 está lincada com a prestação de serviços que pode ser acessada glo-
balmente através da Internet assim como com a capacidade de produção em
escala (SCHMIDT et al. 2015). Para o âmbito da Indústria 4.0, a própria nuvem é
implementada na Internet das Coisas e dos Serviços.
Manufatura Aditiva ou Impressão 3D (Additive Manufacturing): A Manufa-
tura Aditiva é vista como uma conversão direta de dados CAD 3D em objetos
físicos através de uma técnica automatizada que utiliza uma série de aborda-
gens (GIBSON et al. 2010). Possui diversas aplicações que envolvem desde a
produção de protótipos, maquetes, peças de substituição, coroas dentárias,
membros artificiais e até mesmo pontes. Por meio do uso dessa tecnologia
inserida há uma melhora da logística, pois o produto pode ser fabricado a partir
do momento em que o pedido é gerado, reduzindo seus estoques e agilizando
a produção (SANTOS et al., 2018).
Realidade aumentada (Augmented reality): A Realidade Aumentada pode
trazer mais embasamento para a tomada de decisões através da incorporação
de novas 25 interfaces homem-máquina. Com ela, é possível fazer a exibição de
KPIs (Key Performance Indicators), a fabricação de aplicações e dar feedbacks
em tempo real sobre os processos de fabricação (GORECKY, 2014). Os operado-
res podem aprender a interagir com máquinas controlando operações remota-
mente através de um mundo virtual (RÜßMANN et al., 2015).

189
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Referências:
BRETTEL, Malte, et al. “How virtualization, decentralization and network building
change the manufacturing landscape: an industry 4.0 perspective.” FormaMente
12 (2017).

CORRÊA, Henrique; GIANESI, Irineu; CAON, Mauro. Planejamento, programação e


controle da produção: MRP II / ERP. 5. ed. São Paulo: Atlas 2008.

ECR BRASIL. EDI aplicado à cadeia de abastecimento. São Paulo, 1998.

REZENDE, B. Código de Barras e identificação por radiofreqüência: um comparati-


vo para auxiliar no processo decisório de implantação. Monografia – Faculdade de
Tecnologia SENAI Cimatec: Salvador, 2009.

http://www.rfidbrasil.com/tecnologia-rfid/o-que-e-rfid.php

SANTANA, Sandra Regina Matias. RFID – Identificação por rádio frequência.


Monografia apresentada à Faculdade de Tecnologia da Baixada Santista. 2005.
Disponível em: http://www.wirelessbrasil.org/wire-
lessbr/colaboradores/sandra_santana/rf id_01.html.
Acesso em: 03 jun. 2022.

RÜßMANN, Michael et al. Industry 4.0: The future of productivity and growth in
manufacturing industries.‫ٶ‬Boston consulting group, v. 9, n. 1, p. 54-89, 2015.

SANTOS, Beatrice Paiva et al. Indústria 4.0: desafios e oportunidades. Revista Produ-
ção e Desenvolvimento, v. 4, n. 1, p. 111-124, 2018.

TAVARES, Gabriela Oliveira. A relação dos indicadores de desempenho da logística


portuária com os indicadores de desempenho da logística internacional. Revista
Eletrônica de Estratégia & Negócios, v. 11, n. 0I, p. 80-107, 2018.

ZIKOPOULOS, Paul et al. Understanding big data: analytics for enterprise class ha-
doop and streaming data. New York: McGraw Hill, 2015. 141 p.

190
EJA-INTEGRADA - EPT

UNIDADE CURRICULAR 4 - GESTÃO E EM-


PREENDEDORISMO EM LOGÍSTICA

Objetivos:

Habilitar os alunos com conhecimentos das ferramentas auxiliares em acompan-


har ações de gestão ou processos gerenciais em execução de planos de negócios, de
produtos ou de serviços.

Ementa:

Análise de mercado. Construção da visão de negócio: trabalhando a ideia. Con-


strução da rede de relações (network). Empreendedorismo e o empreendedor: con-
ceitos e definições. Metas e objetivos na ação empreendedora. Elaboração e apre-
sentação de um plano de negócios simplificado.

Aula 1: O que é um mercado?


Aula 2: O que é análise de mercado?
Aula 3: O que é visão de negócio?
Aula 4: Como se constrói uma visão de negócios?
Aula 5: O que é networking?
Aula 6: Como se constrói uma rede de relações?
Aula 7: O que é empreendedorismo?
Aula 8: O que é um empreendedor?
Aula 9: Características empreendedoras.
Aula 10: O que é um objetivo?
Aula 11: O que é uma meta?
Aula 12: O que é um plano de negócios?
Aula 13: Partes de um plano de negócios?
Aula 14: Plano de negócios no modelo Canvas.
Aula 15: Como se faz um Canvas?
Aula 16: O que fazer: proposta de valor.
Aula 17: Como fazer: parcerias, atividades e recursos principais?
Aula 18: Para quem fazer: segmentos de clientes, relacionamento com clientes

191
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

e canais.
Aula 19: Quanto custa fazer: estrutura de custos.
Aula 20: Quanto vai gerar de receita: fontes de receitas.

192
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 01: O QUE É UM MERCADO?

Objetivos:

Geral
Compreender o que é um mercado.

Específicos:
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) compreender que o mercado é dialógico;
b) identificar os atores que constituem os mercados;
c) entender qual é a finalidade dos mercados.

INTRODUÇÃO:

Você certamente já ouviu falar muito de mercado. Você mesmo já pronunciou mui-
to essa palavra. É quase certo que você já foi ao mercado público de sua cidade, que
geralmente é conhecido simplesmente pelo nome de mercado.

Quando você liga a televisão para assistir aos noticiários, em um determinado mo-
mento o locutor fala do mercado. Ele se refere, por exemplo, ao mercado de ações,
mercado imobiliário, mercado de capitais, mercado internacional e assim por diante.
Em algum momento você parou para pensar no que é um mercado?

É justamente para lhe dar uma ideia clara e precisa sobre mercado que planejamos
esta aula. No final, você será capaz de dizer o que é um mercado, como a gente sabe
que está diante de um mercado e qual é a finalidade dos mercados. Vamos fazer isso
mostrando duas formas de ver as coisas. Uma delas é o que a ciência diz que seja o
mercado; a outra é a visão prática das empresas, que são grandes forças atuantes no
mercado.

VISÃO DA CIÊNCIA:

Com base nas respostas à pergunta “O que é um mercado?”, contidas no quadro 1,


podemos perceber que a ciência não tem uma única resposta. Você vai ver ao longo
deste curso que a ciência nunca tem uma única resposta para a mesma pergunta.
Isso pode ser percebido nas quatro respostas do quadro. Vejamos cada uma delas em
detalhes.

A primeira diz que um mercado pode ser definido como contato. Contatar é buscar

193
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

dialogar, se relacionar com alguém. Mas não é qualquer tipo de contato que pode ser
considerado um mercado. Esse contato tem que ser feito entre vendedores e com-
pradores, senão não podemos ter um mercado. Mas não basta que compradores e
vendedores se contatem, se comuniquem. É preciso que eles tenham um objetivo
em comum, que é trocar bens ou serviços por dinheiro. Se eles quiserem apenas tro-
car um celular por um violão, não haverá mercado. Mas se quiserem trocar o celular
por dinheiro e o violão por dinheiro, aí haverá um mercado.

Vejamos a segunda resposta. Aqui o mercado é uma configuração. Digamos que


uma configuração seja a maneira como alguém ou alguma coisa se apresenta. Se
Maria se emboneca toda para se encontrar com João, ela tem uma configuração; se
ela se veste de outra forma para ir à praia, tem outra configuração. Mas não é qualquer
forma de apresentação que é igual a mercado. É preciso que haja pessoas que de-
sempenham determinados papéis, como se fossem atores de cinema e teatro. Mas
também não pode ser qualquer papel. Só podem ser papéis em que uns vendem e
outros compram produtos ou serviços. Em um momento, certos atores são vende-
dores e em outros eles são compradores. Quer um exemplo? Se João vende suco de
limão para os seus vizinhos, neste momento ele é vendedor. Mas para ele fazer o suco
de limão, precisa comprar açúcar, gelo e outros ingredientes utilizados, fazendo o pa-
pel de comprador. Note, portanto, que todas as pessoas que compram ou vendem
alguma coisa são atores do mercado. Então, você, inclusive, é um desses atores. E a
maneira como você se apresenta é um mercado.

Quadro 1. O que é um mercado: visão da ciência

Resposta 1

Um mercado pode ser definido como o contacto entre vendedores e compradores com
o objetivo de trocar bens ou serviços por dinheiro (DUARTE, 2021, p. 20).
Resposta 2

Um mercado pode ser definido como uma configuração de atores interdependentes


que, de maneira dinâmica e performática, moldam práticas e objetos por meio de trocas
comerciais (DALMORO; FELL, 2020, p. 48).
Resposta 3

O mercado pode ser definido como uma instituição ou mecanismo onde compradores
(que necessitam adquirir) e vendedores (que produzem) se encontram e trocam conjun-
tamente bens e serviços (MANSYUR, 2021, p. 95).
Resposta 4

O mercado pode ser definido como uma arena institucionalizada para trocas (TERAJI et
al., 2021, p. 75).

Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta diz que o mercado é uma instituição ou mecanismo. Instituição


é um tipo de costume, coisa que a gente faz ou ideia que a gente aceita, quase sem-
pre sem contestar. Escolas são instituições, assim como o casamento. Um mecanismo

194
EJA-INTEGRADA - EPT

é um conjunto de engrenagens que produz alguma coisa. Relógios são mecanismos,


assim como os aplicativos de celulares. O mercado é algo assim. Só que o mercado é
um mecanismo ou instituição que permite que compradores e vendedores se encon-
trem para realizar trocas. Pode ver: o seu celular é um mecanismo porque ali tem a
OLX, o MarketPlace e os aplicativos de empresas para lhes vender alguma coisa. Eles
são os vendedores e você é o comprador. Mas quando você quer se desapegar da sua
bicicleta velha e a vende pela OLX, você mudou de lado e é agora o vendedor.

A quarta etapa diz que o mercado é uma arena. Agora você deve estar imaginan-
do as arenas de MMC, aquelas lutas sangrentas que muita gente adora. O mercado é
muito parecido com uma arena. Veja na internet como funcionavam antigamente as
bolsas de valores. Você vai ver gente gritando, saltando, berrando querendo vender e
outros querendo comprar. Como no MMC, essa arena tem regras e juízes para que as
coisas que acontecem ali não gerem conflitos. Como tem regras e juízes, seu funcio-
namento é institucionalizado, quase ninguém o contesta.

Apesar de diferentes respostas, a gente pode construir uma lógica entre elas. A
primeira é que o mercado é algo que as pessoas parecem aceitar sem muita contes-
tação (tem gente que faz isso). O mercado é uma espécie de espaço físico, como os
mercados e feiras, ou extrafísico, como as vendas e compras pela internet. No merca-
do as pessoas compram e vendem bens e serviços. Então a gente pode dizer que o
mercado é um espaço onde as pessoas compram e vendem bens e serviços em troca
de dinheiro. Vender é trocar algo por dinheiro.

Agora vejamos como é a visão empresarial, que é a forma como as pessoas que
lidam todo dia com o mercado pensam sobre ele.

VISÃO DA PRÁTICA:

A primeira resposta diz que mercado é um ponto de encontro. É isso mesmo. Um


ponto de encontro é um lugar marcado para duas ou mais pessoas se contatarem,
como os casais de namorados fazem. O cinema é um ponto de encontro, o shopping
é outro. Só que quem se encontra nesse ponto de encontro são compradores e ven-
dedores. Eles se encontram, portanto, com a única intenção de vender ou comprar
seus produtos ou serviços. Quando a manicure marca com você às quatro da tarde
na sua casa, a sua casa é um mercado. Quando você marca uma consulta médica no
consultório do médico, o consultório se transformou em outro mercado. A compra de
produtos é chamada demanda, enquanto a venda é chamada de oferta.

A segunda resposta diz que mercado é um local de negociação. Novamente aqui


aparece a ideia de um lugar, um ponto no espaço. Mais uma vez, esse espaço pode ser
físico, como o shopping, ou extrafísico, como o WhatsApp. Só que, para ser mercado,
nesse local tem que haver negociação. Negociar é trocar produtos e serviços por di-
nheiro de uma forma que seja vantajoso para o vendedor e para o comprador. É por
isso que o preço é fundamental, assim como as informações sobre o produto e serviço,

195
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

especialmente a qualidade deles.

Quadro 1. O que é um mercado: visão da prática

Resposta 1

Um mercado é‫ٶ‬o ponto de encontro entre os produtores e os vendedores de um dado


produto, isto é, entre a oferta e a procura desse bem (INFOPEDIA, 2022).
Resposta 2

Um mercado é‫ٶ‬um local de negociação onde as pessoas compram e vendem


produtos e serviços, e onde os preços são acordados e comunicados (CAPITAL.COM,
2022).
Resposta 3

Um mercado é‫ٶ‬um grupo de compradores e vendedores de um dado bem ou serviço


(FERNANDES, 2022).
Resposta 4

Um mercado é‫ٶ‬um grupo de compradores e vendedores de um bem ou serviço


específico (CADERNO, 2022).

Fonte: dados coletados pelos autores.

As respostas 3 e 4 são muito parecidas. Poderíamos dizer que elas são quase iguais.
Há pouquíssimas diferenças entre elas. Aqui o mercado é um grupo. Um grupo é uma
reunião de pessoas. O menor grupo de pessoas é composto de duas pessoas. Isso sig-
nifica que o menor mercado é do tamanho de duas pessoas. Simples assim. Mas esse
grupo tem que ter uma finalidade específica para ser considerado um mercado, que
é comprar e vender pelo menos um bem ou um serviço.

Podemos resumir assim a visão prática do mercado. O mercado é um lugar onde as


pessoas compram e vendem produtos e serviços. E todo aquele que vende ou compra
alguma coisa também faz parte do mercado, é um agente de mercado, porque ven-
der ou comprar é agir.

RESUMINDO...

a) O que é um mercado? É um lugar físico ou extrafísico.


b) Quais são os atores que constituem os mercados? Vendedores e comprado-
res.
c) Qual é a finalidade dos mercados? Permitir que as pessoas comprem e ven-
dam bens e serviços.

196
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Busque pela memória alguma vez que você vendeu alguma coisa. Qual
foi o lugar onde você realizou a venda? Quem foi o comprador?

2) Agora busque pela memória a última vez que você comprou alguma coi-
sa. Qual foi o lugar onde você realizou a compra? Quem foi o vendedor?

3) Compare os dois lugares. Veja as semelhanças e diferenças entre eles.

4) Reflita sobre a sua experiência e o conteúdo desta aula.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo O que é mercado?


https://www.youtube.com/watch?v=m6VRXZv_e8Y

Vídeo O que é mercado de carbono?


https://www.youtube.com/watch?v=Q8gGQXAwIHo

197
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
CADERNO de anotações. Oferta e demanda: equilíbrio de mercado. Disponível em
https://caderno.medium.com/oferta-e-demanda-equil%C3%ADbrio-de-mercado-
-e4f347834927. Acesso em 20 de abril de 2022.

CAPITAL.COM. Mercado. Disponível em https://capital.com/pt/mercado-definicao.


Acesso em 20 de abril de 2022.

DALMORO, Marlon; FELL, Guilherme. Dimensões artesanal e massificada na constru-


ção do mercado cervejeiro.‫ٶ‬Revista de Administração de Empresas, v. 60, p. 47-58,
2020. http://dx.doi.org/10.1590/S0034-759020200106.

DUARTE, Júlio Luís Oliveira. Gestão de repartição e transação de valor em comuni-


dades de energia renovável. 2021. 133 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Eletro-
técnica e de Computadores). Universidade do Porto, Porto, 2021.

FERNANDES, Raul. Teoria da oferta e demanda. Disponível em https://administrado-


res.com.br/artigos/teoria-da-oferta-e-demanda. Acesso em 20 de abril de 2022.

INFOPEDIA. Estruturas de mercado. Disponível em https://www.infopedia.pt/$es-


truturas-de-mercado#:~:text=Um%20mercado%20%C3%A9%20o%20ponto,v%C3%A-
1rios%20produtos%20objeto%20de%20troca. Acesso em 20 de abril de 2022.

MANSYUR, Umar. Sustainable traditional market development in Bogor District, West


Java, Indonesia.‫ٶ‬Applied Environmental Studies, v. 2, n. 2, p. 94-103, 2021. https://doi.
org/ 10.33751/injast.v2i2.2195.

TERAJI, Shinji et al. Entrepreneurship, discovery and search.‫ ٶ‬Journal of Behavioral


Economics for Policy, v. 5, n. S1, p. 73-81, 2021.

Bibliografia básica:

AULLIRAUX, H; CLEMENTE, R.; PAIM, R. Gestão de Processos. Porto Alegre: Bookman,


2009.

HALL, Richard H. Organizações: estruturas, processos e resultados. São Paulo: Pren-


tice-Hall, 2004.

NASCIMENTO-E-SILVA, Daniel. Gestão e empreendedorismo. São Paulo: Atlas, 2014.

198
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 02: O QUE É ANÁLISE DE MERCADO?

Objetivos:

Geral
Compreender o que é análise de mercado.

Específicos:
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) explicar o que é análise de mercado;
b) quais são os focos da análise de mercado.

INTRODUÇÃO:

Vimos que o mercado é tanto um ponto de encontro quanto um grupo de pessoas.


Esse ponto de encontro e esse grupo de pessoas têm algo em comum, que é com-
prar e vender produtos ou serviços. Concluímos que um mercado é um local em que
pessoas se encontram para comprar e vender produtos. Não devemos esquecer que
só há venda ou compra se houver dinheiro no meio, ou seja, se quem vende receber
dinheiro pelo produto ou serviço que está vendendo e quem compra entregar dinhei-
ro pelo produto ou serviço que está comprando.

Na lição de hoje vamos conhecer uma coisa extremamente importante para todos
os que querem ser empreendedores e desejam empreender, que é a análise de mer-
cado. Mas, antes, é preciso ter uma ideia do ponto central de todo empreendedoris-
mo: os produtos e serviços. Vamos fazer isso de forma bem simples, mas com a maior
exatidão possível. Vamos chamar de produto a todo bem físico ou revestido de algum
aspecto físico, enquanto serviço é tudo aquilo que satisfaz à necessidade humana
sem assumir a forma física.

Um celular é um produto porque tem uma forma física. É pegando nele que
fazemos com que ele funcione e faça ligações, mande mensagens, assistimos a víde-
os e assim por diante. Um software, que é uma coisa que a gente não vê e portanto
não tem forma física, também é um produto porque ele é revestido de alguma forma
física (como pen drive ou cartão acionador).

Um produto é bem diferente do que os cinemas e o hospitais fazem. No cinema


não há algo físico a ser tocado quando vamos assistir a um filme. A gente simples-

199
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

mente paga o ingresso e assiste ao filme. Mas não é o ingresso que queremos e mui-
to menos ver o que se passa na tela, que são coisas físicas, mas o prazer que aquele
ambiente e aquilo tudo que nos é proporcionado nos causa. A mesma coisa acontece
com os hospitais. A gente não paga para estar na cama, enfermaria ou apartamento
do hospital. O pagamento é para uma série de coisas que são feitas que redundam no
prazer desejado, que é a cura de algum mal ou a prevenção dele.

Mas por que estamos falando tanto de produtos e serviços logo na introdução da
aula? Simplesmente porque eles são fundamentais para você compreender o que é
uma análise de mercado. Afinal, são produtos e serviços que são vendidos e compra-
dos no mercado. Lembra? Sem produtos e serviços não há mercado. Sem produtos e
serviços também não há vendedores e tampouco compradores.

Agora, vamos lá. Vamos mostrar apenas o que é análise de mercado porque fazer
análise de mercado é tarefa tão complexa que apenas especialistas conseguem fazê-
lo a contento. Mas, por incrível que pareça, qualquer pessoa pode aprender a fazer à
sua maneira. E essas maneiras diferentes acabam sendo parecidas com o que a ciên-
cia fala.

Só para finalizar. Todas as vezes que você ouvir a palavra análise ou analisar, é pre-
ciso que venha na sua cabeça a ideia de quebrar em partes. É que analisar é somente
quebrar uma coisa em partes. Por isso, análise de mercado significa pegar o mercado
e quebrar em partes. Assim, analisar o mercado é saber o que acontece com cada
parte dele.

VISÃO DA CIÊNCIA:

A primeira resposta do quadro 1 diz que a análise de mercado é uma descrição. De-
screver é perceber e dizer quais são as coisas mais importantes daquilo que a gente
está olhando. Neste sentido, na análise de mercado a gente diz quais são as coisas
mais importantes de três coisas: o mercado-alvo, a indústria e a concorrência.

Um mercado-alvo é aquele ponto de encontro e grupo de pessoas que vendem e


trocam um mesmo produto ou serviço. Por exemplo, se quero vender tambaqui as-
sado, o meu mercado-alvo são todos os lugares e pessoas que compram e vendem
tambaqui assado em determinado bairro, cidade, estado, região ou país.

Indústria é um conjunto de mercados em torno de um mesmo produto. Por exem-


plo, há pessoas que compram e vendem tambaqui assado, outras compram e ven-
dem tambaqui cozido, outras comercializam (compram e vendem) carne moída de
tambaqui, outras comercializam as vísceras do tambaqui para produzir adubos e as-
sim por diante.

Os concorrentes são todas as pessoas e organizações que vendem ou compram


o mesmo produto ou serviço. Muita atenção aqui. Se você vende canetas, todas os

200
EJA-INTEGRADA - EPT

vendedores de canetas da sua área de atuação (que é chamada de ambiente de oper-


ações) são seus concorrentes. Mas, se você é comprador de canetas para uma escola,
por exemplo, seus concorrentes são todos os compradores de canetas. Então, do pon-
to de vista do mercado, concorrentes são realmente todas as pessoas e organizações
que concorrem comigo para ter os mesmos produtos e serviços que eu desejo ter.

A segunda resposta diz que análise de mercado é uma coleta. Coletar é catar, recol-
her alguma coisa. Neste caso, o que é catado, recolhido, coletado são informações. Que
informações? Todas aquelas que são necessárias para que sejam tomadas decisões
sobre a compra e a venda de um produto. Note bem: informações de um produto.
Embora seja possível fazer análise de mercado de vários produtos, o recomendável é
fazer apenas de um por vez.

E que informações são coletadas? Agora é que vem a importância daquela expli-
cação sobre o que é produto e serviço. Veja: é preciso saber quem são os compra-
dores do produto, onde eles moram, onde eles compram, que preços eles pagam,
que quantidades eles compram, quando eles compram, quantas vezes eles compram
periodicamente, quem são os vendedores, quais são as margens de lucros dos vende-
dores, quantos vendedores existem e assim por diante. Note: cada detalhe desse é
uma parte. É por isso que análise de mercado é quebrar o mercado em parte e saber
tudo o que for possível sobre ele.

Quadro 1. O que é análise de mercado: visão da ciência

Resposta 1

Análise de mercado é a parte que fornece a descrição e análise do mercado-alvo, indús-


tria, concorrência em mercados semelhantes (SIAHAAN et al., 2022, p. 233).
Resposta 2

A análise de mercado é definida como uma coleta sistemática, análise e interpretação de


informações para facilitar as decisões adequadas sobre a comercialização de um produ-
to (Ushewokunze, 2016, p. 55).
Resposta 3

A análise de mercado é uma estratégia para analisar e descobrir como estão as condi-
ções atuais do mercado, partindo da condição dos concorrentes, parceiros de negócios,
clientes e tendências atuais (PARAMITA et al., 2022, p. 9).
Resposta 4

A análise de mercado diz respeito à pesquisa sobre a tendência atual do mercado, con-
correntes e base de clientes (KHARAT; NAGARE, p. 999).

Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta diz que a análise de mercado é uma estratégia. Essa palavra tem
mais de dez significados diferentes em gestão e empreendedorismo. Mas, aqui, ela
tem um sentido, digamos, bem brasileiro: é uma inteligência esperta. Essa esperteza
não é sinônima de desonestidade, mas um jeito especial, inteligente, que é utilizado

201
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

para sabermos o que queremos saber. Saber o quê? As condições do mercado.

Essas condições são sempre contrárias umas às outras, ou seja, favoráveis ou desfa-
voráveis. Se valer a pena, são favoráveis; se não valer, são desfavoráveis. Simples assim.
No empreendedorismo, as coisas têm sempre que ser simples, apesar de, na prática,
elas serem complexas. São pelo menos quatro as condições que precisamos ver. A
primeira é se a concorrência é favorável ou desfavorável: será favorável se houver es-
paço para o nosso empreendimento e desfavorável, se não houver. Se houver parcei-
ros para o nosso negócio, como fornecedores com condições especiais de entrega e
pagamento, o mercado será favorável; se não houver, será considerado desfavorável.
Os clientes serão considerados favoráveis, se ficarem satisfeitos com o nosso produ-
to ou proposta de valor (depois mostraremos o que é isso), será desfavorável se não
ficarem satisfeitos. As tendências são outros aspectos fundamentais para o sucesso
das nossas compras ou das nossas vendas, dependendo do papel que queremos de-
sempenhar. Alta tributação pode ser uma condição desfavorável, créditos bancários
facilitados podem ser uma condição favorável, mão de obra especializada disponível
pode ser outra condição favorável e assim por diante.

A quarta resposta diz que análise de mercado é uma pesquisa. Uma pesquisa é
uma forma de saber o que não sabemos. É um tipo de estratégia, para utilizar a pala-
vra aprendida na resposta anterior. Mas pesquisar o quê? Novamente: as tendências
atuais do mercado, os concorrentes e os clientes. Veja que essa resposta é muito pa-
recida com a anterior.

O que podemos concluir sobre a visão da ciência? Primeiro, que analisar o merca-
do significa quebrar o mercado em suas partes fundamentais. Segundo, essas partes
fundamentais são os concorrentes, os parceiros de negócios, os clientes e as tendên-
cias que todo mercado apresenta. Terceiro, a análise de mercado se completa quando
conhecemos cada uma dessas partes em detalhes. E, quarto e último, utilizamos es-
ses conhecimentos para tomarmos decisões sobre o produto e serviço que queremos
colocar no mercado melhorar o seu posicionamento (vamos ver o que é isso mais
tarde).

VISÃO DA PRÁTICA:

O quadro 2 apresenta algumas respostas para a mesma questão respondida por


especialistas de mercado. A primeira resposta diz que analisar o mercado é conhecer
melhor duas coisas. A primeira é o público de interesse da empresa (do produto). Aqui
se busca saber quem é esse público, qual é a faixa etária dele, o nível de escolaridade,
o estado civil, a renda mensal e assim por diante. A segunda coisa é o setor de merca-
do onde desejamos colocar nosso produto ou serviço. Aqui é preciso saber quem são
os concorrentes, qual o tamanho deles, qual é o faturamento dele, quais são as con-
dições de venda que eles oferecem, que serviços pós-vendas praticam, dentre outras
questões importantes.

202
EJA-INTEGRADA - EPT

A segunda resposta diz que análise de mercado é um processo. Um processo é


todo sequenciamento lógico, uma sequência de etapas, que ao final produz alguma
coisa como resultado. Isso significa que para fazer a análise de mercado é preciso
seguir várias etapas para que, ao final, tenhamos as informações e os dados de que
precisamos. Assim, analisar o mercado é obter dados e informações sobre o mercado
do nosso produto.
Quadro 2. O que é análise de mercado: visão da prática

Resposta 1

A‫ٶ‬análise de mercado é uma forma de conhecer melhor o público‫ٶ‬de interesse da sua


empresa e também o setor de mercado que ela pretende atuar (HI GESTOR).
Resposta 2

A‫ٶ‬análise de mercado é‫ٶ‬o processo de obtenção de dados e informações relevantes sobre


o mercado em que seu negócio está inserido (INVESTOR).
Resposta 3

Uma‫ٶ‬análise de mercado é uma avaliação quantitativa e qualitativa de um mercado


(LEADS).
Resposta 4

Análise de mercado é‫ٶ‬a reunião de informações sobre clientes, concorrentes e


fornecedores para basear tomadas de decisão (BLUESOFT).

Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta considera análise de mercado uma avaliação. Avaliar é a com-


paração de duas coisas. Em termos empresariais, compara-se o que é planejado com
o que é executado. Na prática, compara-se uma situação desejável, planejada, com a
situação real, retratada pela análise de mercado. O resultado de toda avaliação é sem-
pre “favorável” ou “desfavorável”. Imagine que a renda desejada dos seus clientes seja
de no mínimo dois mil reais por mês e a análise de mercado revelou que essa renda é
de cinco mil. Essa seria uma avaliação favorável. Agora se a avaliação desejada do seu
produto por parte dos seus clientes fosse favorável e a análise tivesse revelado o con-
trário, que eles não são favoráveis, você seria forçado a fazer alterações no seu negócio.

A quarta resposta diz que a análise de mercado é reunião de informações. Veja no-
vamente como analisar é quebrar em partes. Neste exemplo, o mercado foi quebrado
em três partes: clientes, concorrentes e fornecedores. É preciso reunir informações
detalhadas sobre os clientes (faixa etária, escolaridade, sexo, estado civil, renda etc.),
concorrentes (quem são, quantos são, como operam, onde operam, que vantagens
oferecem, que valores entregam etc.) e fornecedores, que são empresas e pessoas
que vão fornecer para você o produto que você pretende vender ou as matérias-pri-
mas que você vai utilizar para produzir alguma coisa.

O que aprendemos com a visão dos especialistas em mercado? Primeiro, que ana-
lisar mercado é ter conhecimentos. Segundo, os focos desses conhecimentos são
clientes, concorrentes, fornecedores e tendências específicas. Terceiro, o resultado da

203
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

análise de mercado é sempre uma situação favorável ou desfavorável, não existe meio
termo. E, quarto, as situações favoráveis e desfavoráveis são utilizadas para tomar de-
cisões sobre o produto que se pretende operar no mercado.

RESUMINDO...

O que é análise de mercado? É o processo de conhecimento sobre as condições


que um mercado oferece ao produto que se pretende nele operar.

Quais são os focos da análise de mercado? Clientes, fornecedores, concorrentes e


tendências atuais.

204
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Pense em um determinado produto ou serviço que você gostaria muito


de colocar no mercado. Agora, com poucas palavras, mas com a maior exa-
tidão possível, tente responder às seguintes questões:
a) Quem seriam os seus clientes potenciais? Considere a faixa etária, escolari-
dade, renda e sexo.
b) Quem seriam os seus três principais concorrentes? Considere o nome deles,
o tamanho deles e as condições que eles oferecem aos seus clientes.
c) Quem seriam os seus três principais fornecedores? Considere o nome deles,
onde está localizado o empreendimento deles e as condições que eles ofere-
ciam a você.
d) Depois veja que decisão você tomaria: colocaria ou não o seu produto no
mercado?

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: O que compõe uma análise de mercado?


https://www.youtube.com/watch?v=bYxMVoDySno

Vídeo: Como fazer uma análise de mercado?


https://www.youtube.com/watch?v=BvhK6aOkGZM

205
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
BLUESOFT. Análise de mercado: o que é e como fazer. Disponível em https://blog.
bluesoft.com.br/analise-de-mercado/. Acesso em 20 de abril de 2022.

HI GESTOR. O que é análise de mercado: fatores, como fazer e exemplos. Disponível


em https://higestor.com.br/blog/o-que-e-analise-de-mercado/. Acesso em 20 de abril
de 2022.

INVESTOR Avaliações. Análise de mercado: o que é e tipos. Disponível em https://


investorcp.com/gestao-empresarial/analise-de-mercado/. Acesso em 20 de abril de
2022.

KHARAT, Pramita P.; NAGARE, M. R. Business Development-B2B and B2C Ecom-


merce.‫ٶ‬International Journal of Research Publication and Reviews, v. 2, n. 8, p. 999-
1002, 2021.

LEADS Blog. Análise de mercado: aprenda como fazer em 5 passos. Disponível em


https://leads2b.com/blog/analise-de-mercado/. Acesso em 20 de abril de 2022.

PARAMITA, Putu Wila Pradnya et al. Implementation of offline travel agent promotion
model to increase room occupancy. International Journal of Travel, Hospitality and
Events, v. 1, n. 1, p. 7-14, 2022.

PIOTROWSKI, Jakub et al. A Multi-Loop Development Process for a Wearable Com-


puting System in Autonomous Logistics. In:‫ٶ‬Handbook of Research on Mobility and
Computing: Evolving Technologies and Ubiquitous Impacts. Hershey: IGI Global,
2011. p. 738-758.

SIAHAAN, Sabda Dian Nurani et al. The Business Plan training and mentoring for Bu-
disatrya vocational high school in Medan, North Sumatera, Indonesia. In:‫ٶ‬2nd Inter-
national Conference of Strategic Issues on Economics, Business and, Education
(ICoSIEBE 2021). Atlantis Press, 2022. p. 230-235.

USHEWOKUNZE, Elizabeth Tendai.‫ٶ‬Developing a viable commercialization strategy


for a research based idea: the case study of literate AS in academic entrepreneurship.
2016. 112 f. Dissertação (Mestrado em Business Creation and Entrepreneurship). The
Arctic University of Norway, Tromsø‫ٶ‬2016.

206
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 03: O QUE É VISÃO DE NEGÓCIO?

Objetivos:

Geral
Compreender o que é uma visão de negócio.

Específicos:
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) explicar o que é visão de negócio;
b) saber qual é a lógica da visão de negócio;
c) quais são os sinônimos da visão de negócio.

INTRODUÇÃO:

Na aula anterior aprendemos sobre análise de mercado. Finalizamos dizendo que


ela serve para os empreendedores tomarem decisões sobre se colocam ou não o seu
produto no mercado. Se as condições forem favoráveis, é recomendável que o produ-
to seja colocado; se forem desfavoráveis, é melhor esperar ou analisar outro mercado,
outro produto. Agora vamos ver uma aplicação interessante da análise de mercado,
que é o que os cientistas chamam de visão organizacional e os empreendedores cha-
mam de visão de negócio.

Pense um pouquinho sobre a palavra visão. É isso mesmo, ela se refere aos seus
olhos e a tudo aquilo que eles conseguem ver. Tudo o que você consegue ver ao seu
lado e além é a sua visão de onde você está. Se você está deitado na sua cama, a sua
visão abrange determinados limites, que provavelmente é o seu quarto. Se você sair
para a rua, a sua visão aumenta, você consegue ver mais longe. Se você subisse em
um morro elevado ou um prédio alto, a sua visão conseguiria vislumbrar coisas mais
distantes. É exatamente isso o que você precisa entender sobre visão.

Agora vamos ver o que é um negócio. Isso pode ser visto de duas formas comple-
mentares. A primeira é sinônima daquilo que uma pessoa faz para se sustentar. Se ela
vende produtos, os seus produtos são os seus negócios; de forma mais precisa, a ven-
da desses produtos é o seu negócio. A segunda forma é sinônima de empresa ou em-
preendimento, com os vários produtos ou serviços que são ofertados. É por isso que a
visão de negócios é a mesma coisa que visão de uma empresa, visão organizacional,
visão corporativa e assim por diante. Agora estamos prontos para compreender o que

207
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

a ciência e empreenderes nos ensinam sobre visão de negócios.

VISÃO DA CIÊNCIA:

A primeira resposta para a questão que procurou saber o que é visão de negócios
sob o ponto de vista da ciência diz que é um tipo de promoção. O que é promoção?
Promoção é divulgação, é um esforço de fazer com que alguma coisa seja conheci-
da. Promoção não é sinônimo de queima de estoques, como muita gente imagina
(o nome disso é liquidação). E o que deve ser conhecido? A missão, objetivos, pontos
fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças da empresa. Ter visão de negócios é
conseguir ver longe no tempo como essas coisas poderão se desenrolar. Veremos de-
pois, que tudo isso é sintetizado em uma frase, também conhecida como declaração
de visão.

A segunda resposta diz que a visão de negócios é um documento. É isso mesmo:


um documento, que pode ser em papel, digital ou em ambas as formas. E o que tem
nesse documento? As necessidades explícitas dos clientes e de todos os que vão ad-
quirir e/ou utilizar os produtos e serviços de uma empresa ou organização. Ao lerem
esse documento, os clientes e todos os demais públicos conhecem aonde a empresa
quer chegar, que é onde ela consegue se ver e que é também como ela quer ser con-
hecida.
Quadro 1. Visão de negócios segundo a visão da ciência

Resposta 1

A visão de Negócio é a promoção de uma visão geral e estratégica da organização e


descreve elementos, tais como: a missão e os objetivos da organização, os pontos fortes e
fracos, as oportunidades envolvendo áreas de crescimento potencial, as ameaças e con-
dições que podem afetar negativamente a empresa (SOUZA, 2012, p. 23-24).
Resposta 2

A visão de negócio é um documento que contém as necessidades expressas por clientes


e usuários (VASQUES et al., 2019, p. 1).
Resposta 3

A visão do negócio é a fixação de dois estados da situação organizacional: a análise do


processo atual e a comparação da estrutura e eficiência existentes com o objetivo que a
organização deseja alcançar ou desenvolver (KHAN et al., 2018, p. 15).
Resposta 4

A visão de negócios é uma meta imaginada, o futuro organizacional desejado (JANA-


TYAN; KARAVAND; RAJABI, 2021, p. 6).

Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta considera a visão de negócios a determinação de dois momen-


tos da organização: a atual e a futura. Note que coisa interessante. Como mostramos
antes, o momento atual é onde a empresa está agora e o momento futuro é onde ela
quer estar depois, para onde ela pretende se mover. Ela procura destacar como ela

208
EJA-INTEGRADA - EPT

opera hoje e como ela quer operar no futuro, como é a estrutura dela hoje como essa
mesma estrutura deve estar no futuro e qual é o nível de eficiência que alcança hoje e
qual será o nível de eficiência que ela pretende alcançar no futuro. Tudo isso compõe
sua visão de negócios.

A quarta resposta diz que a visão de negócios é uma meta imaginada. Veja que
imaginar é criar imagem na mente. Cada imagem é feita de partes. Uma parte pode
ser a eficiência, outra pode ser o processo produtivo, outra pode abarcar as necessida-
des dos clientes e assim por diante. O que importa é que essa imagem seja resultado
da realidade. Se não estiver baseada na realidade, essa visão será apenas um sonho.
Aquela meta imaginada é o futuro que a organização deseja construir.

VISÃO DA PRÁTICA:

A primeira resposta dos empreendedores, contidas no quadro 2, mostra que a visão


de negócios é um tipo de resposta. Você pode estar surpreso com essa descoberta.
Mas que tipo de resposta? Resposta para que pergunta? Duas respostas, para ser mais
exato. A primeira é onde a empresa quer chegar no futuro, de maneira que a visão
aponta o caminho a ser seguido. A segunda é o que ela quer ser. Não se surpreenda,
é isso mesmo. É parecido com aquela brincadeira de criança, quando perguntavam o
que a gente queria ser quando crescêssemos. A ideia é exatamente essa: o que a em-
presa quer ser quando chegar aquele futuro que ela consegue ver hoje.

A segunda resposta mostra que visão de negócios é um tipo de visão do estrat-


egista. Quem é o estrategista? Simples: é o empreendedor. É o empreendedor que
precisa ver a empresa como um todo, agora e no futuro. Ele vê os objetivos, missão,
visão, valores e cultura da empresa agora e também consegue ver esses mesmos ob-
jetivos, missão, visão, valores e cultura no futuro. Daí ele traça um caminho evolutivo
do presente para o futuro, o que lhe permite saber o caminho de cada uma dessas coi-
sas. Esse caminho também é chamado de estratégia. Foi por isso que dissemos que
estratégia é uma palavra com muitos significados em gestão e empreendedorismo.

Quadro 2. Visão de negócios segundo a visão dos empreendedores

Resposta 1

A‫ٶ‬visão de uma empresa‫ٶ‬procura responder onde a‫ٶ‬empresa quer chegar e o que deseja
ser no futuro (SÊNIOR).
Resposta 2

Visão de negócio é a forma como o estrategista vê a empresa como um todo. Dos objeti-
vos, missão, visão e valores, bem como da cultura organizacional e como isso influencia a
forma como a empresa se posiciona no mercado (MODULAR).
Resposta 3

A visão de uma empresa responde onde a empresa quer chegar e o que deseja ser no
futuro. A visão deverá ser e conter o sonho de todos (TODAS).

209
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Resposta 4

A visão de uma empresa representa um estado futuro para o negócio, onde ela deseja
chegar, o que quer alcançar (PAULA, 2015).

Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta é muito, muito parecida com a anterior. A diferença é que ela
considera que a visão de negócios é um tipo de sonho. É claro que a palavra sonho
aqui está em sentido figurado. Não é aquele sonho que a gente sonha quando está
dormindo. É um sonho acordado. E todo sonho acordado tem sempre uma base de
realidade, de fatos concretos. É justamente isso o que essa resposta contém: a pro-
jeção da realidade atual para o futuro. A recomendação é que essa projeção, o ma-
nuseio dos dados da realidade atual, não seja feita apenas por uma pessoa ou pelo
empreendedor, mas por toda a coletividade, sempre que isso for possível.

A quarta resposta é muito parecida com a terceira. Ela diz que a visão de negócios é
um estado, enquanto a terceira diz que é um sonho. Mas, como dissemos que o sonho
está em sentido figurado, a palavra estado tem o mesmo sentido prático de sonho.
Um estado é uma situação, com suas características peculiares. Veja o caso do estado
de sonolência, cujas características são vontade de dormir, cansaço no corpo, olhos
fechando e assim por diante. A visão de negócios, então, é o estado que se pretende
alcançar como desenvolvimento do estado atual.

O que a visão da ciência e a visão dos empreendedores têm em comum? Primeiro,


que a visão de negócios tem vários sinônimos, como visão empresarial, visão orga-
nizacional e visão corporativa. Segundo, que todas elas se referem ao futuro como
evolução do presente. Terceiro, que a visão de negócios é como a organização quer
ser no futuro. Quarto, que a visão de futuro sinaliza possíveis caminhos que podem ser
trilhados para a empresa seguir.

RESUMINDO...

a) O que é uma visão de negócios? É como a empresa quer ser no futuro.

b) Qual é a lógica da visão de negócios? Ela é uma forma de projeção da reali-


dade atual para um futuro distante possível de ser construído.

c) Quais são os sinônimos de visão de negócios? Visão corporativa, visão orga-


nizacional, visão empresarial, visão da empresa, visão empreendedora, apenas
visão, dentre outros.

210
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Procure na internet exemplos de visão de negócios. Entre na página de em-


presas como Petrobrás, Banco do Brasil, Magazine Luiza e Havan.

Veja como essas visões são escritas. Procure identificar o que elas têm em comum
e no que elas são diferentes.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Desenvolvimento da visão de negócios.


https://www.youtube.com/watch?v=hMlxjoCyJbE

Vídeo: Como ter uma visão empreendedora?


https://www.youtube.com/watch?v=50Hur50UQ7I

211
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
JANATYAN, Nassibeh; KARAVAND, Abbas; RAJABI, Mojtaba. Studying the effect of
strategic thinking dimensions on the implementation of the EFQM excellence model.
Journal of Production and Operations Management, v. 11, n. 23, p. 95-114, 2021. http://
dx.doi.org/10.22108/jpom.2022.128989.1378.

KHAN, Md Ashikul Alam et al. Data-driven process reengineering and optimization


using a simulation and verification technique.‫ٶ‬Designs, v. 2, n. 4, p. 42, 2018. https://doi.
org/10.3390/designs2040042.

MODULAR. Como ser um estrategista de marketing digital. Disponível em https://


modularcursos.com.br/como-ser-um-estrategista-de-marketing-digital/. Acesso em
20 de abril de 2022.

PAULA, Gilles B. de. Missão, visão e valores: a forma mais simples e poderosa de inspi-
rar, motivar e engajar todos em sua empresa. Disponível em https://www.treasy.com.
br/blog/missao-visao-e-valores/. Acesso em 20 de abril de 2022.

SÊNIOR Blog. Missão, visão e valores de uma empresa: entenda o que é e como de-
vem ser definidos. Disponível em https://www.senior.com.br/blog/missao-visao-e-va-
lores-de-uma-empresa-entenda-o-que-e-e-como-devem-ser-definidos. Acesso em
20 de abril de 2022.

SOUZA, Elayne Ferreira de. ProSoftware: uma extensão da modelagem de proces-


sos de negócio voltada para o desenvolvimento de software. 2012. 154 f. Dissertação
(Mestrado em Ciência da Computação). Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2012.

TODAS as respostas. Como definir a visão? Disponível em https://todasasrespostas.


pt/como-definir-a-visao. Acesso em 20 de abril de 2022.

VASQUES, Dildre G. et al. An Educational Process for Requirements Extraction and


Use Case Modeling Based on Problem-Based Learning and Knowledge Acquisition.
In:‫ٶ‬Proceedings of the XV Brazilian Symposium on Information Systems. , Aracaju,
Brazil, May 20-24, 2019, p. 1-8. https://doi.org/10.1145/3330204.3330276.

212
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 04: COMO SE CONSTRÓI UMA VISÃO DE


NEGÓCIO?

Objetivos:

Geral
Saber redigir uma visão de negócio.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) compreender que há diferentes formas de se fazer visão de negócios;
b) identificar os elementos mais comuns em toda visão de negócios;
c) construir visão de negócios com os elementos mais comuns.

INTRODUÇÃO:

Já sabemos o que é um mercado e quais são os seus componentes. Também já


compreendemos o que é uma visão de negócios e sua importância para o empreen-
dedorismo e a gestão de empreendimentos. Trabalhamos esses assuntos do ponto
de vista compreensivo. A finalidade foi de fazer você compreender a lógica dessas
duas coisas: mercado e visão de negócios. Há outro ponto de vista muito importante
no aprendizado, que é chamado pelas pessoas de prática. Tecnicamente, a prática é
chamada de técnica. Uma técnica é uma maneira de se fazer alguma coisa. Esta aula,
vai seguir outro esquema lógico, um esquema prático.

A finalidade é que você saiba construir uma declaração de visão em conformidade


com o que a ciência e a prática empreendedora recomendam. Como temos mostrado
até aqui, a ciência e a prática têm formas distintas e variadas de fazer a mesma coisa.
Da mesma forma que não há consenso na ciência, também não há consenso na prá-
tica. Isso é uma coisa natural que não pode constranger e nem magoar ninguém. O
motivo é simples: ninguém consegue colocar em prática tudo o que a ciência explica,
da mesma forma que é impossível colocar em prática todas as orientações dos em-
preendedores.

VISÃO DA CIÊNCIA:

O quadro 1 foi construído com a resposta de três estudos científicos que apresen-
taram a resposta para a seguinte pergunta: como se constrói uma visão de negócios?

213
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

A primeira resposta apontou quatro etapas. A primeira está centrada no tempo em


anos, a segunda está focada nos produtos, a terceira se concentra no mercado e a
quarta, a mudança dos clientes. Poderíamos fazer uma declaração de visão com esse
esquema: Ano – Produto – Posição no mercado – Clientes. Exemplo: Ser a empresa
que causa a maior satisfação de seus clientes com a venda de cosméticos na cidade
de Manaus até dezembro de 2027. Vejamos: Ano: 2027, Produto: cosméticos, Posição
no mercado: primeiro lugar, Mudança nos clientes: satisfação deles.

A segunda resposta apresenta três etapas. Cada etapa segue uma pergunta com as
palavras “quem”, “qual” e “como”. A lógica é dizer qual é o negócio da empresa, quem
a está executando e como os serviços geram valor. Seguindo essas orientações uma
declaração poderia ser “Ser, até dezembro de 2025, a escola com mais aprovações nos
processos seletivos, com professores de elevada capacidade de ensino, cujas avalia-
ções são realizadas constantemente. Visão de negócios: ser a escola com mais apro-
vações; Executores: professores de elevada capacidade de ensino; Operação: testes
constantes para aferir a aprendizagem e a qualidade do ensino docente.
Quadro 1. Etapas para a construção da visão de negócios segundo a ciência

Resposta 1

1) Onde queremos estar daqui a cinco anos? 2) Que novos produtos e serviços devemos
oferecer? 3) Qual é a posição da indústria que queremos alcançar? 4) Quais são as mudan-
ças em nossos clientes-alvo - em quais novos grupos de clientes-alvo devemos nos con-
centrar? (BORA; BORA; CHUNGYALPA, 2021).
Resposta 2

A arquitetura de negócios aborda as questões “Qual”, “Quem” e “Como”: Qual é a visão de


negócios, a estratégia e os objetivos da organização que orientam a criação de serviços ou
recursos de negócios? Quem está executando serviços ou recursos de negócios definidos?
Como os serviços ou recursos de negócios definidos anteriormente são implementados?
(SETIYOWATI; ZEMMY; AGUNG, 2021).
Resposta 3

1) Ideias de produtos/serviços, 2) definição da estratégia competitiva, 3) definição dos ob-


jetivos, 4) inserção na cadeia produtiva e 5) definição dos fatores de produção (DE MORI,
2005).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta tem cinco etapas ou elementos. A própria estrutura já mostra


o que a declaração de visão deve conter. Uma possível proposta de declaração de
visão seria “Tornar-se a empresa que mais produz farinha de mandioca no estado do
Amazonas até dezembro de 2026, a partir da utilização das raspas das cascas de co-
paíba e mandioca tipo XPTO, com elevada qualidade e preços baixos, com atualização
anualizada de tecnologias inteligentes no processo produtivo e elevação constante
da qualidade, fazendo prosperar o setor de alimentos amazonense”. Vejamos: Produ-
to: farinha de mandioca; Estratégia competitiva: qualidade e preços baixos; Objetivos:
elevar gradativamente a qualidade e atualizar tecnologias todo ano; Inserção na ca-
deia produtiva: setor de alimentos; Fatores de produção: raspas da casca de copaíba e

214
EJA-INTEGRADA - EPT

mandioca tipo XPTO.

VISÃO DA PRÁTICA:

O quadro 2 mostra as respostas coletadas para a mesma pergunta fornecida por


especialistas em empreendedorismo e negócios. A primeira resposta mostra três eta-
pas. A primeira é o horizonte temporal da visão, a segunda é os objetivos a serem al-
cançados e a terceira é a frase. Bem simples. Veja como poderia ficar “Ser a empresa
líder no mercado de Manaus com a venda de produtos artesanais indígenas até de-
zembro de 2025”. Vejamos: Horizonte de tempo: dezembro de 2025; Objetivo: ser líder
em vendas de produtos artesanais em Manaus. A frase é a união de tempo e objetivo.
Bem simples mesmo.

A segunda resposta já é mais complexa porque tem mais coisas para fazer. São
seis etapas: desejo, tempo, construção, esperança, mercado e impacto nos clientes.
Uma declaração de visão poderia ficar assim “Ser o escritório que mais resolve ações
judiciais em Manaus até dezembro de 2026, auxiliando na concretização do sonho de
justiça por termos os advogados com melhor formação do mercado, atuando na área
trabalhista e previdenciário, tornando nossos clientes felizes”. Vejamos: Desejo: ser o
escritório que mais resolve ações judiciais; Tempo: dezembro de 2026; Construção:
realizar o sonho de justiça de todos; Esperança: termos os melhores advogados; Mer-
cado: área trabalhista e previdenciária em Manaus; e Impacto nos clientes: felicidade
deles.
Quadro 2. Etapas para a construção da visão de negócios segundo os empreendedores

Resposta 1

1) Determine onde a sua empresa deve estar em 2 ou 5 anos; 2) Com base nos objetivos
definidos na etapa anterior, elenque indicadores de avaliação e metas numéricas para
acompanhar o desenvolvimento da empresa; 3) Elabore uma frase ou declaração que
abranja os objetivos a serem alcançados de forma que inspire a todos os envolvidos (ELE-
VON).
Resposta 2

Para a definição da visão, responda às perguntas: 1) O queremos nos tornar? 2) Em quan-


to tempo queremos isso? 3) O que estamos ajudando a construir? 4) O que esperam de
nós? 5) Em que abrangência queremos atuar? 6) Que impacto queremos ter na vida de
nossos clientes? (SCHULTZ).
Resposta 3

Faça as seguintes perguntas: 1) O que nós objetivamos? 2) O que nos impulsiona? 3)


Quais são os nossos principais valores? 4) O que desejamos realizar de tão grandioso?
5) No que nos destacamos perante a concorrência? 6) O que pretendemos mudar que
agregaria valor para os clientes? (LINKLAB).
Fonte: dados coletados pelos autores.

215
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

A terceira resposta também é complexa, proposta em seis etapas. Veja: objetivo,


impulso, valores, realização grandiosa, diferenciação da concorrência, agregação de
valor aos clientes. Uma declaração de visão poderia ser “Tornar nossa empresa a mais
rentável do Amazonas porque o lucro nos motiva enormemente, mas sempre agindo
com ética e resultados visíveis, para que possamos construir um estado rico, a partir
da elevada competência investidora de nossos especialistas, fazendo com que nos-
sos clientes ganhem mais dinheiro e aumentem sua capacidade financeira”. Vejamos:
Objetivo: tornar-se a empresa mais rentável do Amazonas; Impulso: o lucro; Valores:
ética e visibilidade; Realização grandiosa: construir um estado rico; Diferenciação
da concorrência: elevada competência de seus investidores; Agregação de valor aos
clientes: mais dinheiro e capacidade financeira.

As respostas da ciência são diferentes entre si da mesma forma que as visões dos
especialistas. Mas pelo menos quatro coisas a gente pode ver ou deduzir de todas es-
sas formas diferentes de construir visão de negócios. A primeira é o desejo da empre-
sa de ser diferente do que é agora em um determinado futuro. O segundo é o próprio
tempo em que esse desejo vai se realizar. O terceiro é o produto, serviços ou grupos
de produtos e serviços que a empresa vai operar. E o quarto é o mercado de operação.
Outros aspectos importantes podem ser incorporados a esse núcleo comum. Veja-
mos um exemplo com o núcleo comum: “Ser a empresa terceirizada que mais clien-
tes tem na cidade de Manaus até dezembro de 2028”. Veja: Desejo: ter mais clientes;
Tempo: dezembro de 2028; Serviço: serviços terceirizados; Mercado: Manaus. A visão
de negócios é uma frase.

RESUMINDO...
a) Só existe uma forma de se fazer visão de negócios? Não. Há muitas e variadas
formas.
b) Quais são os elementos mais comuns em toda visão de negócios: desejo, tempo,
produto/serviço e mercado.
c) Como construir uma visão de negócios? Utilizar as repostas para cada um dos
elementos mais comuns e fazer uma frase com elas.

216
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Imagine que você pretende empreender no ramo de padarias. Crie uma vi-
são de negócios com os quatro elementos do núcleo comum: desejo, tempo,
produto/serviço e mercado.

2) Imagine que você pretende empreender no ramo de coleta seletiva de lixo.


Crie uma visão de negócios com os quatro elementos do núcleo comum: de-
sejo, tempo, produto/serviço e mercado.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Como definir a visão de futuro para a empresa.


https://www.youtube.com/watch?v=EP_XxGX1Ngs

Vídeo: Desenvolvimento da visão de negócios.


https://www.youtube.com/watch?v=hMlxjoCyJbE

217
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
BORA, B.; BORA, S.; CHUNGYALPA, W. Crafting Strategic Objectives: Examining the
Role of Business Vision and Mission Statements. Entrepren Organiz Manag, v. 6, n. 1, p.
1000205, 2017. https://doi.org/10.4172/2169-026X.1000205.

DE MORI, Flavio. Modelo para o desenvolvimento da visão de negócio numa perspec-


tiva de inserção mercadológica e de identificação de competências necessárias para
a validação de idéias. 2005. 164 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção). Uni-
versidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005.

ELEVON Gestão do Conhecimento. Visão da empresa: o que é e como defini-la. Dis-


ponível em https://www.elevon.com.br/visao-da-empresa/. Acesso em 20 de abril de
2022.

LINKLAB Acate. Como definir propósito, missão, visão e valores do seu negócio. Dispo-
nível em https://linklab.acate.com.br/como-definir-proposito-missao-visao-e-valores-
-do-seu-negocio/. Acesso em 20 de abril de 2022.

SCHULTZ, Felix. Missão, visão e valores: como criar para a sua empresa. Disponível em
https://blog.bomcontrole.com.br/missao-visao-valores/. Acesso em 20 de abril de 2022.

SETIYOWATI, Rianti; ZEMMY, M.; AGUNG, P. J. Collaboration Holistic Enterprise Archi-


tecture and Asset Management System for Power Generation. In:‫ ٶ‬IOP Conference
Series: Materials Science and Engineering. IOP Publishing, 2021. p. 012118. https://doi.
org/10.1088/1757-899X/1096/1/012118.

218
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 05: O QUE É NETWORK?

Objetivos:

Geral
Compreender o que é networking.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) explicar o que é networking;
b) distinguir as duas formas de networking;
c) caracterizar a finalidade da rede de relacionamento.

INTRODUÇÃO:

Até agora aprendemos o que é mercado, o que é e como fazemos uma visão de
negócios. Agora vamos dar um passo além no mundo do empreendedorismo e da
gestão de negócios entendendo o que é networking, essa palavrinha esquisita, mas
que é muito pronunciada por aí. Comecemos pela sua origem. Essa palavra era muito
utilizada no dia a dia em alguns países de língua inglesa para designar a quantidade
de pessoas com que alguém tinha contato de trabalho. Essa palavra é a junção da
palavra “net”, que significa rede, e da palavra “working”, que significa trabalhando,
ambas do inglês. A gente pronuncia né-ru-ôr-ken., mas os brasileiros geralmente pro-
nunciam netiuôrqui.

Ainda hoje as pessoas que não são empreendedoras, nem empresárias, nem ges-
toras a utilizam com o sentido original. Contudo, essa prática tem se ampliado muito,
adentrando o universo empresarial. Tanto é assim que a ciência apresenta diversas
formas de usos práticos, assim como os especialistas de gestão e empreendedorismo.
Vejamos isso mais de perto.

VISÃO DA CIÊNCIA:

O quadro 1 mostra as resposta obtidas de estudos científicos para a pergunta “o


que é networking?”. A primeira diz que são redes de organização, não de pessoas.
Como é uma rede, essas organizações estão conectadas, relacionadas, interligadas.
Elas se ligam assim para que possam trocar informações, produtos, serviços e outras
coisas com mais eficiência. Veja o caso de uma venda de cachorro quente. A venda
219
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

está ligada aos fornecedores de pão, legumes, verduras e tudo o mais que é preciso
para produzir os sanduíches e fazer funcionar a venda. Esses contatos, ligações, cone-
xões, enfim, essa rede é o que é chamado de networking. Quanto maior for a quanti-
dade de organizações unidas nessa rede, maior o networking.

A segunda reposta mostra um aspecto bem técnico do networking. Vamos enten-


der isso. Não sei se você já viu uma rede de pesca, uma rede de trave de futebol ou
uma rede de voleibol. Todas elas são feitas com nós. Esses nós permitem que as partes
das linhas se unam. Cada união de nós forma uma espécie de quadrado, com quatro
nós. A rede é a soma de todos os quadrados, que representam a multiplicação dos
nós. Quanto maior a rede, mais nós terá. No caso das empresas, essa resposta diz que
os nós são feitos por pessoas individualmente, pessoas em grupos e pessoas compo-
nentes de organizações. É preciso pelo menos três deles para fazer um nó, uma rede.
A finalidade dessa rede de pessoas, grupos de pessoas e organizações é alcançar um
determinado objetivo que eles planejaram juntos.
Quadro 1. Networking segundo a visão da ciência

Resposta 1

Netwotking são redes constituídas por organizações independentes, porém inter-


relacionadas, cujas trocas diádicas e relacionamentos interorganizacionais podem ser
analisados no nível de uma rede (PETERSEN, 2022, p. 179).
Resposta 2

Uma rede pode ser definida como uma coleção de três ou mais nós (por exemplo, indiví-
duos, equipes e/ou organizações) que trabalham juntos para atingir um objetivo coletivo
(KU; HAN; LEE, 2021, p. 4).
Resposta 3

Uma rede pode ser definida como um acordo de cooperação e colaboração entre orga-
nizações (SHIMBO; JAVED; KOHDA, 2021, p. 93).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta diz que networking é um tipo de acordo. Só que esse acordo é
feito entre organizações, não entre pessoas. A finalidade desse acordo é que as orga-
nizações que dele fazem parte cooperem entre si e colaborem para a realização de
determinado objetivo. Neste caso, o networking é a soma de esforços de organizações
para que alcancem algum objetivo que, sozinhas, dificilmente elas conseguiriam. É o
caso, por exemplo, da construção de um prédio. Empresas de engenharia, arquitetura,
cimento, aço, vidro e inúmeras outras cooperam entre si para que o prédio seja cons-
truído, fazendo uma rede de colaboração e cooperação.

VISÃO PRÁTICA:

O quadro 2 mostra as respostas obtidas por pessoas que lidam com gestão e em-
preendimentos. A primeira delas reafirma o caráter original da palavra. Na prática, o
networking é uma rede de relacionamentos pessoal. São relacionamentos de uma

220
EJA-INTEGRADA - EPT

pessoa. Esses relacionamentos podem ser esporádicos ou permanentes, pelo que dá


para entender aqui. Nesse aspecto é diferente do original em inglês, que configura
rede de relacionamento efetivo, permanente. No sentido brasileiro, o networking se
parece mais com lista de contatos do que efetivamente com relacionamentos, com
que se trava contato constante e permanente.

A segunda resposta diz exatamente a conclusão que fizemos em relação à primeira


resposta. O networking praticado pelos empreendedores pode ter esses dois senti-
dos. O primeiro é o original inglês, de relacionamento de trabalho, constante e perma-
nente. O segundo é o sentido brasileiro, de simples nomes em uma lista de contato.
É claro que esses nomes podem ser acionados a qualquer momento, mas esses mo-
mentos são eventuais, não são constantes.
Quadro 2. Networking segundo a visão empreendedora

Resposta 1

Networking é uma palavra em inglês bastante utilizada para se referir à rede de relacio-
namento de uma pessoa. Assim, quando alguém participa de um evento corporativo e
conhece outras pessoas da mesma área de atuação e com interesses em comum, diz
que fez networking (LOJA).
Resposta 2

Network‫ٶ‬é um termo que vem do inglês (“net” é rede e “work” é trabalho) e significa
rede de relacionamentos ou rede de contatos. O que é networking, então: trata-se de
uma rede de pessoas que‫ٶ‬trocam informações e conhecimentos‫ٶ‬entre si, e que pode ser
muito mais poderosa do que você pensa (NA PRÁTICA).
Resposta 3

Na prática, o network é uma rede de relacionamentos, da qual faz parte as pessoas com
as quais você mantém contato com alguma regularidade e, além disso, possa ser uma
relação que agregue valor mutuamente. Por exemplo, quando vamos a um restaurante
e gostamos do serviço e indicamos para algum amigo ou colega, essa indicação foi
viabilizada pelo network (COUTINHO).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta se aproxima mais do original em inglês. Ela mostra que a rede
de relacionamentos, para ser networking, exige regularidade nos contatos. Isso quer
dizer que se sua lista de contatos tiver 100 pessoas, você precisa entrar em conta-
to com elas pelo menos mensalmente. E não basta apenas ligar e conversar com as
pessoas de sua lista. É necessário que você faça alguma coisa por elas, que agregue
valor a elas ou aos negócios com os quais elas operam. Indicar um novo contato, como
exemplificado, é uma forma de agregar valor ao relacionamento.

O que podemos aprender com as lições da ciência e dos empreendedores? Primei-


ro, que o networking é relacionamento de trabalho. Segundo, que esse relacionamen-
to pode ser intenso ou apenas ocasional, o que configura uma rede de contato. Ter-
ceiro, a finalidade de toda rede de relacionamento é a de agregar valor a cada pessoa
de nossa networking.

221
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

RESUMINDO...

O que é networking? É uma rede de relacionamentos de uma pessoa ou organiza-


ção.

Quais são as duas formas de networking apontadas pela ciência e pelos empreen-
dedores? Há o networking como meros contatos e o que se configura como relacio-
namentos intensos efetivos.

Qual é a finalidade da rede de relacionamento? Agregar valor a cada um dos no-


mes da nossa lista de relacionamento.

222
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Faça uma lista das dez pessoas com que você mais se relaciona, com quem
você mais troca mensagens, com quem você mais conversa.

2) Dessa lista, aponte quem são aquelas que agregam valor ao seu trabalho,
que lhe ajudam a melhorar o seu desempenho, que lhe ensinam coisas que
você aplica ao seu trabalho. Essas são a sua rede de relacionamentos.

3) Dessas pessoas que compõem sua rede de relacionamentos, veja que valor
você agrega a elas, que ajuda você dá ao trabalho delas, que ensinamentos
você repassa para elas.

4) Depois pense no que você pode fazer para aumentar a sua rede de relaciona-
mentos e agregar valor a ela.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Entenda de uma vez o que é networking.


https://www.youtube.com/watch?v=Q-nz_Kp3x3k

Vídeo:
Networking: o que é (o que significa?)
https://www.youtube.com/watch?v=HL2IXPmz3rs

223
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
COUTINHO, Thiago. Entenda o que é network e monte uma excelente rede de con-
tatos. Disponível em https://www.voitto.com.br/blog/artigo/network. Acesso em 20 de
abril de 2022.

KU, Minyoung; HAN, Ahreum; LEE, Keon-Hyung. The Dynamics of Cross-Sector Col-
laboration in Centralized Disaster Governance: A Network Study of Interorganiza-
tional Collaborations during the MERS Epidemic in South Korea.‫ٶ‬International Jour-
nal of Environmental Research and Public Health, v. 19, n. 1, p. 18, 2021. https://doi.
org/10.3390/ijerph19010018.

LOJA Virtual. Rede de relacionamento: o que é e como fazer networking. Disponível


em https://www.dlojavirtual.com/dicas-marketing/redes-sociais/rede-de-relaciona-
mento-saiba-como-fazer-um-bom-networking-e-gerar-oportunidade-de-negocios/.
Acesso em 20 de abril de 2022.

NA PRÁTICA. Networking: saiba como criar uma boa rede de contatos e interagir com
ela. Disponível em https://www.napratica.org.br/networking/. Acesso em 20 de abril de
2022.

PETERSEN, David. Automating governance: Blockchain delivered governance for busi-


ness networks.‫ٶ‬Industrial Marketing Management, v. 102, n. 4, p. 177-189, 2022. https://
doi.org/10.1016/j.indmarman.2022.01.017.

SHIMBO, Aki; JAVED, Amna; KOHDA, Youji. The O-Bento Principle for Successful
Multi-sector Collaboration: A Case Study of DMO Roppongi.‫ٶ‬Journal of Creating Val-
ue, v. 7, n. 1, p. 90-102, 2021. https://doi.org/10.1177/23949643211012130.

224
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 06: COMO SE CONSTRÓI UMA NE-


TWORKING?

Objetivos:

Geral
Aprender a construir uma networking (rede de relacionamentos).

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) saber que tipo de networking a ciência foca;
b) saber que tipo de networking os empreendedores focam;
c) construir sua rede de relacionamentos.

INTRODUÇÃO:

Vimos na aula anterior que networking é uma palavra inglesa muito utilizada no
Brasil. Essa palavra tem dois significados distintos. O primeiro é sinônimo de lista de
contatos, que são pessoas que se conhecem em algum evento. O segundo é igual a
uma lista de pessoas que agregam valor ao nosso trabalho, que nos ajudam a melho-
rar cada vez mais e nos oferecem oportunidades diversas. Embora as listas de con-
tatos sejam importantes, a rede de relacionamentos é fundamental para qualquer
empreendimento. Esta aula tem caráter técnico. Isso significa que, ao final, você deve
ser capaz de fazer uma rede de relacionamentos que lhe ajuda a ter sucesso em seus
empreendimentos.

VISÃO DA CIÊNCIA:

O quadro mostra dois exemplos de como redes de relacionamentos são construí-


das, sob o ponto de vista da ciência. O primeiro exemplo é relativo à construção de
uma rede de organizações e pessoas com o intuito de alavancar as atividades turís-
ticas em determinadas comunidades portuguesas. Aqui, então, a rede de relaciona-
mentos não é pessoal, mas composta por organizações. Ela foi construída assim: 1)
fizeram uma lista das organizações que poderiam constituir a rede, 2) entraram em
contato com elas para incluí-las na rede, 3) listaram as necessidades de cada organiza-
ção, 4) elencaram o que cada organização poderia fazer pela rede e 5) elaboraram um
projeto com objetivos comuns. Um objetivo comum conectou todos os participantes

225
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

da rede.
Quadro 1. Como se faz uma rede de relacionamentos, segundo a ciência

O projeto CREATOUR visa catalisar ofertas de turismo criativo em pequenas cidades e


zonas rurais em Portugal, informar e aprender através destas iniciativas, e ligá-las entre
si através do desenvolvimento de uma rede nacional. O desenho do projeto incorpora
atividades de construção de rede, entre os próprios pilotos (numa base regional e nacio-
nal) e para se conectar com órgãos públicos relevantes. O CREATOUR funciona mais do
que simplesmente uma rede para comercializar ofertas turísticas criativas, mas também
para ajudar seus projetos-piloto, oferecendo oportunidades para construir e compartilhar
conhecimento, interagir com outras pessoas, melhorar suas ofertas turísticas e criar estra-
tégias para aumentar o benefício da comunidade. O projeto inclui pesquisa e articulação
de opções de sustentabilidade pós-projeto, com pesquisadores trabalhando com as or-
ganizações participantes para projetar e criar uma rede que continua após o término do
projeto (DUXBURY; BAKAS; PATO DE CARVALHO, 2021).

Ao aplicar uma abordagem sistêmica para entender a inovação dentro de uma cidade,
os atores que compõem o sistema são as instituições acadêmicas, políticas e econômicas
da cidade. As atividades dentro do sistema incluem, mas não se limitam a, pesquisa e
desenvolvimento, despesas de capital, desenvolvimento de recursos humanos, desenvol-
vimento de mercado e formulação de políticas. As ligações incluem todas as interações
entre os atores e podem ser evidenciadas na forma de contratos, parcerias, concessões,
compartilhamento de conhecimento, além de muitos outros tipos de interações. Esse sis-
tema em rede de atores, atividades e interações fornece uma visão sistêmica da economia
da cidade, que por sua vez fornece uma base para medição estatística e análise de setores
econômicos que ajudam a explicar o que acontece na rede de inovação da cidade (SA-
BOL, 2021, p. 9-10).

Fonte: dados coletados pelos autores.

O outro exemplo também é organizacional, uma vez que são raros os casos de ne-
tworking pessoal na ciência. A intenção foi construir uma rede de inovação em de-
terminada cidade. De forma semelhante, foram identificadas as organizações inte-
ressadas na constituição da rede e depois desenvolveram cada uma delas para que
pudessem participar efetivamente da rede, estabeleceram diferentes formas de rela-
ções, como contratos, parcerias, compartilhamentos e outras. Note que cada organi-
zação beneficia as outras organizações e é beneficiada por elas. E todos juntos traba-
lham para o alcance de um objetivo comum.

VISÃO DA PRÁTICA:

O quadro 2 sintetiza as respostas obtidas junto a empreendedores, em páginas es-


pecializadas da internet. A primeira mostra a construção de uma rede de contatos,
ainda que haja referência a profissões e profissionais. O importante, aqui, é conhecer
pessoas e pegar o contato delas. Há um contato primeiro, naturalmente, mas não há
nenhuma referência à agregação de valor mútua ou intensão em relacionamentos

226
EJA-INTEGRADA - EPT

periódicos. Uma pessoa nova conhecida é um contato, assim como aquelas que co-
nhecemos no bar, restaurante ou na praia. Todos podem fazer parte dessa rede, basta
pegar o nome, contato e o ramo de atividade que a pessoa desenvolve.

A segunda resposta é bem precisa sobre como se faz uma rede de contatos. Par-
ticipar de grupos sociais na internet (como WhatsApp, LinkedIn, Facebook etc.), de-
senvolver uma marca própria, uma página própria da internet, participar de palestras
e cursos, enfim, estar onde houver pessoas com a possibilidade de obter seu nome,
contato e saber sua área de atuação profissional.
Quadro 2. Como se faz uma rede de relacionamentos, segundo os empreendedores

Para aumentar a rede de contatos, é importante estar aberto a fatores novos, conhecer
novas pessoas, frequentar lugares. Antes de ser uma troca de contatos com profissionais
do seu mesmo patamar, a Network deve ser uma troca com profissionais de competên-
cias e esferas diferentes das suas. Desta forma, temos muito a trocar (THOMAS CASE).
Participar de redes sociais profissionais (LinkedIn), branding pessoal (marca própria),
qualidade dos contatos, palestras e seminários (CH).
Comece pelos contatos pessoais e profissionais que você já tem, invista em encontros
presenciais, frequente locais que incentivam o compartilhamento, utilize as redes sociais
de forma positiva, o poder das instituições de ensino, compartilhe sua experiência e ali-
mente sua rede de contatos (PUC)
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta é bem didática. Ela começa dizendo que se deve fazer uma aná-
lise dos contatos profissionais que já temos. Em seguida, marcar algum encontro pre-
sencial com quem está nessa lista. Também é importante aumentar o tamanho da
lista frequentando lugares e redes sociais, fazendo cursos e compartilhando experiên-
cias, que pode ser feito pela internet. Novamente, aqui, o importante é ter uma lista de
nomes, contatos e áreas de atuação profissional bem robusta.

O que se pode concluir dessas diferentes formas de construção de redes de relacio-


namentos e redes de contatos? Primeiro, que a ciência foca redes de relacionamentos
organizacionais, enquanto a prática se concentra nas redes de contato. Segundo, que
o interesse das redes de relacionamentos organizacionais é agregar valor aos mem-
bros da rede a partir da busca do alcance de algum objetivo em comum, coisa que
não é citada na visão dos empreendedores. Terceiro, o que vale na visão da ciência não
é a quantidade de integrantes da rede, mas o quanto cada um pode colaborar para
fazer os outros progredirem, coisa que também não é citada entre os praticantes do
empreendedorismo.

Como você pode unir as lições da ciência e da prática empreendedora para a cons-
trução de uma rede de relacionamentos de verdade? Seguindo os seguintes passos.
Primeiro, fazer uma análise dos contatos que você já tem, procurando saber quem
tem lhe ajudado no desenvolvimento de suas capacidades de trabalho e realização.
Segundo, procurando saber de que forma você pode retribuir as ajudas que tem rece-
bido. Terceiro, estabelecer um determinado tempo para entrar em contato com cada

227
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

um da sua rede de relacionamentos, para você se fazer presente na vida de cada um


deles, saber o que eles precisam e saber no que você pode ajudar. E quarto, atualizar
constantemente a sua rede de relacionamentos com o acréscimos de novos integran-
tes. A quantidade da rede não é importante, mas a qualidade dela.

RESUMINDO...

Que tipo de networking a ciência foca? A rede de relacionamentos.

Que tipo de networking os empreendedores focam? A rede de contatos.

Como se pode construir uma rede de relacionamentos? Em quatro etapas: 1)


identificar os contatos atuais que lhe têm ajudado, 2) saber como retribuir a aju-
da recebida, 3) mapear as necessidades de quem lhe tem ajudado e procurar
supri-las e 4) atualizar a rede com novos relacionamentos.

228
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Construa a sua rede de relacionamentos atual. Utilize o esquema abaixo.


Acrescente a quantidade de linhas para abranger todos os nomes da sua rede
de relacionamentos.

Nome No que tem me Do que ele pre- Como posso aju-


ajudado cisa dá-lo

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Como fazer networking?


https://www.youtube.com/watch?v=jB-z37Wo1-s

Vídeo: Dicas de Alexandre Caldini para fazer um bom networking.


https://www.youtube.com/watch?v=20bScBwD174

229
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
ALEENAJITPONG, Natdanai; LEEMAKDEJ, Arnat. Venture Capital Networks in South-
east Asia: Network characteristics and cohesive subgroups.‫ٶ‬International Review of
Financial Analysis, v. 76, n. 7, p. 101752, 2021. https://doi.org/10.1016/j.irfa.2021.101752.

AZEVEDO, Fábio. 10 passos para construir uma excelente rede de relacionamen-


tos. Disponível em https://administradores.com.br/artigos/10-passos-para-constru-
ir-uma-excelente-rede-de-relacionamentos. Acesso em 20 de abril de 2020.

CH Digital. Rede de relacionamento profissional: saiba como construir a sua. Dis-


ponível em http://www.consultinghouse.com.br/rede-de-relacionamento/. Acesso em
20 de abril de 2022.

DUXBURY, Nancy; BAKAS, Fiona Eva; PATO DE CARVALHO, Cláudia. Why is research–
practice collaboration so challenging to achieve? A creative tourism experiment.‫ٶ‬Tour-
ism Geographies, v. 23, n. 1-2, p. 318-343, 2021. https://doi.org/10.1080/14616688.2019.16
30670.

PUC Carreiras. Networking: 6 dicas para construir sua rede de contatos. Disponível
em https://carreiras.pucminas.br/https-carreiras-pucminas-br-networking/. Acesso
em 20 de abril de 2022.

SABOL, Misty A.‫ٶ‬Human Capital and Connectedness in a Municipal Innovation Eco-


system. 2021. 110 f. Tese (Doutorado em Administração de Empresas). University of
Dallas, Dallas, 2021.

THOMAS CASE. Networking: como construir e manter uma eficiente rede de rela-
cionamentos. Disponível em https://thomascase.com.br/2014/08/25/networking-co-
mo-construir-e-manter-uma-eficiente-rede-de-relacionamentos/. Acesso em 20 de
abril de 2022.

230
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 07: O QUE É EMPREENDEDORISMO?

Objetivos:

Geral
Compreender o que é empreendedorismo.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) saber do que trata o empreendedorismo;
b) identificar os requisitos do empreendedorismo;
c) saber quem pode praticar o empreendedorismo.

INTRODUÇÃO:

O que já aprendemos até agora? Já sabemos que mercado é um espaço onde


vendedores e compradores agem comercializando seus produtos e serviços. Depois
aprendemos sobre a importância de se saber como o nosso negócio vai estar no fu-
turo e aprendemos a fazer declaração de visão de negócios. Por último, vimos o quão
importante é construir uma rede de relacionamentos, ao invés de uma simples rede
de contatos, para alavancar nossas potencialidades e aumentar nossas capacidades
de sucesso empreendedor.

Agora estamos prontos para adentrarmos o universo do empreendedorismo. Essa


é outra palavra que provavelmente você já ouviu bastante. Ela está presente em pra-
ticamente todos os meios de comunicação. Muitos gostam tanto dela e do que ela
representa que sempre que podem estão lhe fazendo elogios e colocando suas quali-
dades para todo mundo saber. Como tudo na vida, é claro que tem gente que não su-
porta o empreendedorismo, quase sempre por puro desconhecimento. A partir desta
aula, garantimos que você verá o empreendedorismo de uma forma nova. E muito
provavelmente você vai se ver como um empreendedor.

VISÃO DA CIÊNCIA:

O quadro 1 mostra as respostas obtidas da ciência sobre o que é empreendedoris-


mo. A primeira resposta diz que o empreendedorismo pode ser três coisas. A primeira
é um tipo de estudo, equivalente a pesquisa, para que se obtenha determinados co-
nhecimentos. A segunda é um tipo de descoberta, algo que estava encoberto, desco-
nhecido, e que a gente descobre. A terceira é igual a exploração, aproveitamento, uso,

231
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

aplicação. Mas estudo, descoberta e exploração de quê, você poderia perguntar. A res-
posta é: de novas oportunidades de negócios. O empreendedorismo descobre novos
produtos, aprende sobre como fazer novos serviços, explora com mais racionalidade
as oportunidades de mercado, dentre inúmeras outras coisas que só ele é capaz de
fazer.

A segunda resposta mostra que a palavra empreendedorismo significa capacidade


desenvolvida. Capacidade é algo que diz se alguém é capaz ou não de fazer alguma
coisa. Se for capaz, essa capacidade está desenvolvida. Segundo essa visão da ciência,
essa capacidade é demonstrada na prática quando a gente cria e aperfeiçoa projetos,
serviços e negócios. Um projeto é um tipo de plano que tem como intenção fazer al-
guma coisa, produzir algum produto. Serviços são sempre um bem não material que
satisfaz alguma necessidade. Negócios são todos os esforços de suprimento de deter-
minadas necessidades, com ou sem contraprestação financeira, monetária.

Quadro 1. O que é empreendedorismo, segundo a ciência

Resposta 1

O empreendedorismo pode ser definido como o estudo, descoberta e exploração de no-


vas oportunidades (produtos, serviços, mercados, processos etc.) com o objetivo de criar
um negócio (FONTANA et al., 2021, p. 2).
Resposta 2

O termo empreendedorismo pode ser definido como uma capacidade desenvolvida


para realizar ações, nos âmbitos gerencial e assistencial, para criar e aperfeiçoar projetos,
serviços e negócios (AMARAL et al., 2021, p. 2).
Resposta 3

Empreendedorismo pode ser definido como um processo no qual um indivíduo detecta


uma oportunidade, busca inovação, aprimoramento, administração e coordenação de
uma situação ou um negócio (CINEGLAGLIA et al., 2021, p. 59).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta torna o empreendedorismo equivalente a processo. Isso signifi-


ca que ele é feito em etapas. Algumas delas são a detectação de uma oportunidade,
a busca por inovação, aprimoramento, administração e coordenação. Em termos es-
quemáticos sintetizados, esse processo começa com a descoberta de uma oportuni-
dade, continua com o levantamento de formas de aproveitá-la, escolha daquela que
for mais satisfatória e execução propriamente dita do aproveitamento, geralmente fei-
ta com o auxílio de um plano de negócios, como vamos aprender a fazer futuramente.

VISÃO DA PRÁTICA:

Quando perguntado aos especialistas, foram obtidas as respostas contidas no qua-


dro 2. A primeira diz que empreendedorismo é disposição. Quem não tiver disposição
não pode praticar o empreendedorismo. Essa disposição é bem específica e se aplica
na identificação de problemas e oportunidades de investimento. O empreendedo-

232
EJA-INTEGRADA - EPT

rismo lida com investimentos e por isso precisa descobrir necessidades possíveis de
serem supridas e oportunidades possíveis de serem aproveitadas. Quando essas opor-
tunidades são descobertas, é necessário criar um plano para que elas sejam aprovei-
tadas com o menor risco possível de perda dos investimentos. O impacto que a execu-
ção do plano deve provocar deve ser o mais positivo possível, porque essa positividade
aumenta as chances de sucesso e de retorno dos investimentos feitos.

A segunda resposta sintetiza exatamente o que a primeira detalhou. Só que come-


ça considerando o empreendedorismo como uma competência. Esse termo é utili-
zado geralmente para designar alguém que tem conhecimentos, sabe colocar em
prática esses conhecimentos e está disposto a utilizá-los sempre que uma oportuni-
dade aparecer. Isso significa, portanto, que o empreendedorismo é essa capacidade
que poucas pessoas têm de criar um empreendimento do zero e fazer com que ele
tenha sucesso. O sucesso é sempre a satisfação dos clientes e usuários e a realização
do retorno dos investimentos feitos.

Quadro 2. O que é empreendedorismo, segundo especialistas em empreendedorismo

Resposta 1

Empreendedorismo é a disposição para identificar problemas e oportunidades e inves-


tir recursos e competências na criação de um negócio, projeto ou movimento que seja
capaz de alavancar mudanças e gerar um impacto positivo (ENDEAVOR).
Resposta 2

Empreendedorismo é a competência de criar um negócio do zero e gerenciar essa em-


presa de forma a gerar retorno positivo (valor) (FIA).
Resposta 3

Empreendedorismo é a capacidade para idealizar, criar e, acima de tudo, realizar um


negócio (JESUS).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta confirma novamente a síntese apresentada pela segunda res-


posta. Só que, aqui, é ressaltada apenas uma parte da competência, a habilidade, que
é a capacidade prática de se fazer algo. Essa habilidade se manifesta de três formas.
A primeira é como idealização, que significa ser capaz de criar uma imagem agora de
algo que vai ser realizado no futuro. A segunda é a criação, que corresponde ao ato de
tirar da imagem, do papel, uma ideia e torná-la realidade. Realização é justamente a
terceira habilidade, de fazer funcionar uma coisa da forma como ela foi idealizada. O
empreendedorismo é essa habilidade formidável que, infelizmente, poucas pessoas
têm, mas que, felizmente, qualquer um pode adquirir. Basta querer e se dedicar.

O que podemos aprender com as lições da ciência e dos especialistas? Primeiro,


que o empreendedorismo trata do aproveitamento de oportunidades. Segundo, es-
sas oportunidades são sempre no sentido de suprir alguma necessidade. Terceiro, é
preciso ter conhecimentos, capacidade e habilidades para fazer esse aproveitamento.
Quarto, esses aproveitamentos são sempre decorrentes de investimentos com o intui-

233
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

to de algo em troca, que pode ou não ser de ordem financeira, monetária ou econômi-
ca. Quinto, os conhecimentos, capacidades e habilidades são perfeitamente possíveis
de serem aprendidas por qualquer pessoa.

RESUMINDO...

Do que trata o empreendedorismo? Do aproveitamento de oportunidades.

Quais são os requisitos do empreendedorismo? Vontade e disposição para conhe-


cer, adquirir capacidade e habilidades empreendedoras.

Quem pode praticar o empreendedorismo? Qualquer um que esteja disposto a


aprender e ter vontade de adquirir capacidade e habilidades empreendedoras.

234
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Procure alguém por perto de sua residência que tenha um pequeno empreen-
dimento. Converse com ele sobre o que o levou a criar o empreendimento. Se
você trabalha em uma empresa privada, tente conversar com o dono dela para
saber os motivos que o levaram a criar o empreendimento. Você vai se sur-
preender com as respostas que vai obter.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: o que é empreender?


https://www.youtube.com/watch?v=ryISEgXkCac

Vídeo: Você sabe o que é empreendedorismo?


https://www.youtube.com/watch?v=24lyMv6BrbY

235
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
AMARAL, Thayza Mirela Oliveira et al. Raciocínio pedagógico de professores acerca do
ensino do empreendedorismo na enfermagem.‫ ٶ‬Revista Renome, v. 10, n. 1, p. 01-12,
2021. https://doi.org/10.46551/rnm23173092202100101.

CINEGLAGLIA, Maria Natalina et al. Desafios do empreendedorismo feminino.‫ٶ‬Lex Cult


Revista do CCJF, v. 5, n. 3, p. 57-74, 2021. https://doi.org/10.30749/2594-8261.v5n3p59-76.

ENDEAVOR Brasil. O que é empreendedorismo: da inspiração à prática. Disponív-


el em https://endeavor.org.br/desenvolvimento-pessoal/o-que-e-empreendedoris-
mo-da-inspiracao-a-pratica/. Acesso em 20 de abril de 2022.

FERREIRA, Lívia. Aprenda o que é empreendedorismo e como ele funciona na


prática. Disponível em https://www.nuvemshop.com.br/blog/o-que-e-empreende-
dorismo/. Acesso em 20 de abril de 2022.

FIA. Empreendedorismo: o que é, vantagens e como se tornar um empreendedor.


Disponível em https://fia.com.br/blog/empreendedorismo-2/. Acesso em 20 de abril de
2022.

FONTANA, Darah de Mathias et al. Contribuições do uso de redes sociais virtuais para
o empreendedorismo feminino.‫ٶ‬Revista Ciências Administrativas, v. 27, n. 1, p. 11161,
2021. http//doi.org/10.5020/2318-0722.2020.27.1.11161.

JESUS, Vagner. Você sabe o que é empreendedorismo? Disponível em https://www.


whow.com.br/voce-sabe-o-que-e-empreendedorismo/. Acesso em 20 de abril de 2022.

236
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 08: QUEM É UM EMPREENDEDOR?

Objetivos:

Geral
Compreender o que é um empreendedor.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) explicar o que faz de alguém empreendedor;
b) quais são os tipos de empreendedores que existem;
c) quem pode ser empreendedor.

INTRODUÇÃO:

Vimos na aula anterior que o empreendedorismo é aproveitamento de oportuni-


dades. Agora vamos dar um passo a mais, procurando conhecer com profundidade
quem é o empreendedor. A própria palavra já dá uma pista. Empreendedor é aquela
pessoa que pratica o empreendedorismo. Isso é óbvio. Mas o que é praticar o em-
preendedorismo? Será que só existe um tipo de empreendedorismo?

Você vai ver nesta aula, que um empreendedor não é necessariamente alguém
que visa o lucro financeiro com as coisas que faz. Por isso, gostaríamos que você pres-
tasse bastante atenção nas explicações para entender que há inúmeras formas de
empreender, o que implica em admitir a existência de inúmeros tipos de empreende-
dores. Vamos ver isso mais de perto.

VISÃO DA CIÊNCIA:

A primeira resposta obtida para a questão que procurou saber o que é um em-
preendedor diz que é aquele que abre ou cria uma empresa. Uma empresa, quase
sempre, é um empreendimento que faz coisas com a intenção de ter um lucro finan-
ceiro. Se alguém cria uma empresa, quase sempre sua intenção é suprir necessidades
para que, em troca, seus investimentos retornem com um lucro. Nesta primeira res-
posta, o empreendedor é o dono ou o responsável por uma empresa. Empregado, por
exemplo, não pode ser empreendedor.

A segunda resposta sinaliza outro tipo de empresa, uma indústria. Basta ver as ca-
racterísticas do empreendedor, que é aquela pessoa que decide o que, como e quan-
to produzir de um determinado produto. Só indústrias produzem produtos. O em-
237
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

preendedor industrial detecta uma oportunidade em forma de necessidade e produz


o produto que está faltando no mercado para suprir aquela necessidade detectada.
Com raras exceções, quase todas as indústrias visam lucros financeiros.
Quadro 1. O que é um empreendedor, segundo a ciência

Resposta 1

O empreendedor pode ser definido como aquele que cria/abre uma nova empresa, sen-
do proprietário ou principal responsável por ela (FONTANA et al., 2021, p. 2).
Resposta 2

O empreendedor pode ser definido como um indivíduo que toma a iniciativa de orga-
nizar um empreendimento para se beneficiar de uma oportunidade detectada, deci-
dindo o que, como e quanto de um produto deva ser produzido (OLIVEIRA; OLIVEIRA;
SANT’ANNA, 2021, p. 30).
Resposta 3

Um empreendedor pode ser definido como um indivíduo que usa seus recursos para
criar produtos ou serviços e reemprega todo o seu capital para criar um negócio susten-
tável (SAMAME, 2021, p. 3).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta também vê o empreendedor como um indivíduo que cria em-


presa com a intenção de lucro. O lucro é necessário porque é através dele que o di-
nheiro empregado na criação da empresa volta para o seu dono. O lucro não é algo
ruim, como tem gente que pensa. Sem o lucro, todas as empresas deixariam de existir
porque o dinheiro empregado não voltaria. E são os lucros que permitem que as em-
presas se desenvolvam, se expandam. O empreendedor é aquela pessoa que tem a
coragem de pegar o seu dinheiro e o dinheiro que consegue emprestado dos outros
e se aventurar na criação de uma empresa. Se o negócio não der certo, ele perde tudo
e ainda fica com as dívidas contraídas perante terceiros. Um indivíduo desse deveria
ser louvado. É sua coragem que permite que tenhamos todos os produtos e serviços
que usufruímos.

VISÃO DA PRÁTICA:

A primeira resposta obtida junto aos especialistas em empreendedorismo diz que


o empreendedor é alguém que identifica e aproveita uma oportunidade. Ele faz isso
investindo o seu dinheiro e dos outros, assumindo os riscos de perder tudo e ficar com
dívidas, coisas comuns em todas as atividades empresariais. Essa resposta é muito
parecida com as três apresentadas pela ciência.

A segunda resposta é diferente da primeira. Aqui ela não cita dinheiro, lucro, empre-
sas. Ela diz que empreendedor é quem enxerga, promove e aproveita novas oportuni-
dades de negócios. Veja que negócios são as transações que sustentam um empreen-
dimento. Produzir sapatos é o negócio de uma fábrica de sapatos. Vender sapatos é o
negócio de uma loja de sapatos. Consertar sapatos é o negócio de serviços de sapata-

238
EJA-INTEGRADA - EPT

ria. Saciar a fome de mendigos pode ser o negócio de uma organização de caridade,
assim como curar doenças é de um hospital de caridade. É claro que tudo isso pode
ser feito com a intenção de lucro, mas essa resposta abre espaços para outros
tipos de empreendedores e de empreendedorismo.
Quadro 1. O que é um empreendedor, segundo especialistas em empreendedorismo

Resposta 1

O empreendedor é quem identifica uma oportunidade e cria um meio para aproveitá-la,


assumindo os riscos que qualquer atividade empresarial oferece (ZERO).
Resposta 2

Empreendedor é aquela pessoa que enxerga, promove e aproveita as novas oportuni-


dades nos negócios, se arriscando para colocar em prática seus sonhos, planos e ideias
(HOTMART).
Resposta 3

O‫ٶ‬empreendedor‫ٶ‬é aquele que se utiliza de ideias inovadoras para promover mudanças


em processos ou até mesmo na vida de um grupo de pessoas (MEU BOLSO).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta vai mais a fundo em outros tipos de empreendedores que não
os empresariais, mas que também se aplica para os empreendimentos que visam lu-
cro. É muito importante que essa observação seja feita. Há pessoas que inovam com
a intenção de provocar mudanças sociais, ambientais, legais, dentre outras, utilizan-
do todos os esquemas e práticas empreendedoras, mesmo não sendo empresários,
sem visar lucro. Alguns são chamados de empreendedores sociais, para diferenciar
dos empresariais. Eles colocam muitas vezes suas vidas em risco, como é o caso dos
Médicos Sem Fronteiras e da Cruz Vermelha, organizações compostas de milhares de
empreendedores.

Perceba que a pergunta o que é um empreendedor tem respostas que vão além da
ideia comum de que ser empreendedor é ser empresário. Isso não é verdade. No setor
público, por exemplo, há empreendedores fantásticos, que provocam revoluções que
beneficiam milhares e milhões de pessoas, mas nenhum deles pode ser considerado
empresário. Alguns empreendem dentro das organizações públicas ou dentro das
empresas privadas, e por isso são chamados de endoempreendedores; outros em-
preendem para além das fronteiras dessas organizações, e por isso são chamados de
exoempreendedores.

Indo um pouco além, todas as vezes que alguém percebe uma oportunidade de
fazer alguma coisa interessante para outras, de certa forma também está empreen-
dendo. Todos os que aproveitam as oportunidades de fazer serviços voluntários tam-
bém são empreendedores pela extensão do conceito, de que empreender é aprovei-
tar oportunidade de suprir necessidades.

239
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

RESUMINDO...

O que faz de alguém empreendedor? Sua capacidade de aproveitar oportunidades


de suprimento de necessidades.

Quais são os tipos de empreendedores que existem? Basicamente, dois: empreen-


dedores empresariais e empreendedores não empresariais (sociais, ambientais, legais
etc.). Há também os endoempreendedores e os exoempreendedores.

Quem pode ser empreendedor? Qualquer pessoa que esteja disposta a aprender e
adquirir as habilidades e capacidades de perceber oportunidades e supri-las.

240
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Veja se você é um empreendedor ou se já empreendeu alguma vez. Procure


lembrar de alguma vez que você percebeu e aproveitou alguma oportunidade
de suprir necessidades. Tente lembrar como você percebeu a oportunidade e o
que você fez para supri-la. Que resultados você obteve?

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: O segredo dos maiores empreendedores do Brasil.


https://www.youtube.com/watch?v=RG6nwSNpa1o

Vídeo: O que é um empreendedor?


https://www.youtube.com/watch?v=PnJy9mPr8ZI

241
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
FONTANA, Darah de Mathias et al. Contribuições do uso de redes sociais virtuais para
o empreendedorismo feminino.‫ٶ‬Revista Ciências Administrativas, v. 27, n. 1, p. 11161,
2021. http//doi.org/10.5020/2318-0722.2020.27.1.11161.

HOTMART. O que é ser um empreendedor? Disponível em https://hotmart.com/pt-


-br/blog/o-que-e-ser-um-empreendedor. Acesso em 20 de abril de 2022.

MEU BOLSO em dia. Empreendedor ou empresário: qual é a diferença? Disponível


em https://meubolsoemdia.com.br/Materias/empreendedor-ou-empresario-qual-e-a-
-diferenca. Acesso em 20 de abril de 2022.

OLIVEIRA, Larissa Costa de; OLIVEIRA, Otávio Henrique Ferreira de; SANT’ANNA, An-
tônio Genilton. Modelo de competência intraempreendedora para uma gestão mu-
nicipal efetiva.‫ٶ‬Revista Livre de Sustentabilidade e Empreendedorismo, v. 6, n. 4, p.
22-51, 2021.

SAMAME, Luis Felipe Monsalve.‫ٶ‬Business plan for afro-brazilian start-up company,


Aylah. 2021. 56 f. Dissertação (Mestrado em Information Management). Universidade
Nova de Lisboa, Lisboa, 2021.

ZERO, Arethuza Heleza. Quem é empreendedor? Disponível em https://www.educa-


financeira.com.br/quem-e-empreendedor/. Acesso em 20 de abril de 2022.

242
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 09: AS CARACTERÍSTICAS DOS EMPRE-


ENDEDORES

Objetivos:

Geral
Saber quais são as características mais comuns entre os empreendedores.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) compreender que não há uma lista consensual de características empreende-
doras;
b) perceber que as características empreendedoras dependem de situações e
desafios;
c) saber se há alguma lógica entre as características empreendedoras apontadas
pela ciência e pela prática empreendedora.

INTRODUÇÃO:

Aprendemos até aqui que o empreendedorismo é um tipo de esforço que as pes-


soas fazem para aproveitar oportunidades de suprimento de necessidades. Muitos
fazem esse aproveitamento para gerar lucros e riquezas, enquanto outros o fazem
para desenvolvimento de sociedades e comunidades. Há, portanto, empreendedoris-
mo empresarial e social em suas diversas vertentes. Vimos que os empreendedores
são as pessoas que ousam construir empreendimentos, são indivíduos que praticam
o empreendedorismo.

Mas surge aquela pergunta tão natural: “o que uma pessoa deve ter para ser em-
preendedora?”. Dito de outra forma, quais são as características de um empreende-
dor? Mais tecnicamente, qual é o perfil de um empreendedor? Se você algum dia
pensou em empreender, construir negócio, provavelmente já se deparou com essa
pergunta. Vamos ver o que a ciência e a prática empreendedora têm a nos dizer sobre
isso.

VISÃO DA CIÊNCIA:

A primeira resposta obtida em estudo científico apresenta 16 características em-


preendedoras, como mostra os dados contidos no quadro 1. Isso não quer dizer que
todos os empreendedores na face da terra tenham todas essas qualidades. Signifi-

243
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

ca apenas que os empreendedores pesquisados tinham algumas dessas qualidades;


quando somadas todas as qualidades particulares dos empreendedores pesquisados
deu um total de 16. Mas há uma lógica dentre os itens dessa lista. Veja, os empreende-
dores conseguem ver uma oportunidade, construir uma visão de negócios para apro-
veitar a oportunidade, planejam o aproveitamento e executam o plano de aproveita-
mento com riscos calculados. A lista grande de 16 itens se transformou em quatro.

A segunda resposta listou apenas cinco características. Note que, de certa forma,
todas elas estão de acordo com aquelas quatro que listamos no parágrafo anterior
como organização da lista de 16 itens. O empreendedor, aqui, é aquele que procura
fazer coisas, que é suprir necessidades, de forma inovadora e planejada, com intenção
de construir empresa e essa é a sua motivação pessoal, seu grande prazer na vida,
ainda que tenha que correr riscos, só que o faz de forma calculada.

Quadro 1. Características empreendedora, segundo a ciência

Resposta 1

Visionários; saber tomar decisões; são indivíduos que fazem a diferença; sabem explorar
ao máximo as oportunidades; são determinados e dinâmicos; são dedicados; são otimis-
tas e apaixonados pelo que fazem; são independes e constroem o próprio destino; ficam
ricos; são líderes e formadores de equipe; são bem relacionados; são organizados; plane-
jam, planejam e planejam; possuem conhecimento; assumem riscos calculados e criam
valor para a sociedade (COSTA et al., 2022, p. 12-13).
Resposta 2

Orientação para realização, inovação e planejamento, intenção empresarial, motivação


pessoal, propensão ao risco (CALIARI; VIANA; HOFF, 2021, p. 229).
Resposta 3

Características empreendedoras das mulheres: a busca por informações; independência


e autoconfiança; exigência por qualidade e eficiência, resultando no investimento em ca-
pacitação para elaboração e desenvolvimento de estratégias que as ajudam a conquistar
uma carreira de sucesso; e o empenho para criar valor para o cliente, com criatividade,
qualidade e inovação (COELHO; SOUSA, 2021, p. 115).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta foi construída com um estudo sobre o empreendedorismo femi-


nino. Será que as características delas diferem das características masculinas? Apesar
da lista extensa de atitudes empreendedoras, pode-se dizer que, no fundo, o que as
empreendedoras têm que saber fazer são praticamente as mesmas dos empreende-
dores. A razão disso é que o comportamento empreendedor parece ser ditado pelo
empreendimento que quer construir e as condições do ambiente de operações, o
mercado. Os desafios de construir uma fábrica de calçados para um mercado pobre
é diferente de construir a mesma fábrica para um mercado muito rico. Se os desafios
são diferentes, os conhecimentos, habilidades e atitudes também vão mudar. E são
os conhecimentos, habilidades e atitudes que formam o comportamento empreen-
dedor.

244
EJA-INTEGRADA - EPT

VISÃO DA PRÁTICA:

As respostas obtidas junto aos especialistas em empreendedorismo gerou listas


diferentes, mas com muitos aspectos em comum. A primeira resposta apresenta oito
características empreendedoras. Ela mescla atitudes exclusivamente empreendedo-
ras, como visão empreendedora e iniciativa, com comportamentos que deveriam ser
normais para todo ser humano, como capacitação e busca de informações. No caso
dos empreendedores, a capacitação é sempre no sentido de se tornar melhores em-
preendedores e serem mais bem informados sobre o que se passa no seu mercado.
Grande parte dos empreendedores não estão muito interessados em compreender
esquemas lógicos sobre outros aspectos da realidade que não seja seu negócio e seus
compromissos empresariais.

A segunda resposta apresenta características que são aparentemente comuns a


todo ser humano – pelo menos deveriam ser. Saber se comunicar é fundamental, in-
clusive para a sobrevivência; persistir significa se levantar todas as vezes que sofremos
uma derrota; liderança é a capacidade que todo ser humano tem de influenciar as
pessoas, não em mandar nelas; flexibilidade é a arte de buscar diferentes formas de
fazer alguma coisa; e curiosidade é aquela vontade que temos de entender, aprender
alguma coisa. A diferença com as pessoas “normais” é que os empreendedores fazem
tudo isso voltado apenas ou quase que exclusivamente par o seu negócio.

Quadro 2. Características empreendedora, segundo a prátic empreendedora

Resposta 1

Iniciativa, persistência, planejamento, autoconfiança, liderança, busca por informações,


visão empreendedora, capacitação (CONTABILIZEI).
Resposta 2

Comunicação, persistência, liderança, flexibilidade, curiosidade (EXAME).


Resposta 3

Iniciativa, curiosidade, resiliência, planejamento, gestão do tempo, liderança, comunica-


ção, pensamento estratégico, networking e eficiência (ESEG).
Fonte: dados coletados pelos autores.

A terceira resposta apresenta muitos pontos em comuns com as duas anteriores.


É como se fosse uma mistura delas. Por isso é possível ver um esquema lógico por
trás de todas as características empreendedoras listadas. O empreendedor é aquela
pessoa curiosa, que quer saber o que o mercado precisa, encontra uma oportunidade,
planeja o suprimento daquela necessidade e elabora um esquema de ação capaz de
continuamente aproveitar a oportunidade percebida. Note que colocando as caracte-
rísticas empreendedoras em certa ordem é possível deduzir que elas são aquilo que
a própria atitude empreendedora exige. Dito de outra forma, as características em-
preendedoras dependem de cada estágio do processo empreendedor.

O que podemos aprender com as lições da ciência e a prática do empreendedoris-

245
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

mo sobre os comportamentos empreendedores? Parece ter uma lógica que determi-


na e orienta a construção do comportamento empreendedor. Essa lógica envolve os
conhecimentos, habilidades e atitudes que o empreendedor tem para perceber opor-
tunidades e aproveitá-las. Assim, é possível até construir um passo a passo de onde
elas devem se inserir: 1) percepção de oportunidade, 2) estudo sobre as características
da oportunidade, 3) decisão sobre a oportunidade, 4) planejamento do aproveitamen-
to da oportunidade, 5) execução do plano de aproveitamento da oportunidade, 6) mo-
nitoramento e controle.

Concluindo, há características para cada fase do processo empreendedor. Por


exemplo, a pessoa precisa saber como perceber as oportunidades do mercado. Ela
pode fazer isso calculando, conversando, lendo, manuseando documentos e informa-
ções e assim por diante. Só neste exemplo teríamos as seguintes características ou
habilidades do empreendedor: calcular, comunicar, aprender e pesquisar. Entendido?
Isso significa que é a situação que determina o comportamento para que a pessoa
saiba lidar com ela e, com isso, aumentar suas chances de ser bem sucedida.

RESUMINDO...

Há uma lista consensual de características empreendedoras? Não. Cada estudo


científico apresenta características diferentes e cada especialista aponta elementos
diferentes dos outros.

As características empreendedoras dependem de situações e desafios? Tudo leva a


crer que sim. O empreendedor tem certas posturas que fazem com que ele enfrente a
situação, aprenda com ela e use o que sabe para ser bem sucedido. Ele aprende tam-
bém que tem coisas que ele não sabe e que precisa aprender. E geralmente ele busca
aprender esse novo aprendizado.

Há alguma lógica entre as características empreendedoras apontadas pela ciência


e pela prática empreendedora? Tudo leva a crer que sim. As características dependem
da situação e dos desafios que o empreendedor encontra ao longo de sua caminhada
empreendedora.

246
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Você é empreendedor(a)? Pegue uma das listas apontadas pela ciência ou


pela prática e veja quais delas você tem. Apresente um exemplo de como você
já colocou cada uma delas em prática.

2) Entre em contato com um empreendedor de perto de sua casa, dono de


empresa ou setor público onde você trabalha. Procure saber quais são os três
grandes desafios que eles enfrentam na sua prática empreendedora. Depois,
pergunte que conhecimentos e habilidades eles utilizam para superar esses de-
safios. Em seguida, compare esses conhecimentos e habilidades com as listas
dos quadros 1 e 2.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: 10 características dos empreendedores de sucesso.


https://www.youtube.com/watch?v=Jz3SNBtMcKE

Vídeo: características do empreendedor.


https://www.youtube.com/watch?v=kpjwWSojRic

247
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
COSTA, Claudio Luiz de Oliveira et al. O Empreendedorismo Corporativo na Atividade
de Estágio Interno não Obrigatório da Universidade Federal Fluminense.‫ ٶ‬Extensão
em Foco, n. 26, 2022. http://dx.doi.org/10.5380/ef.v0i26.77003.

CALIARI, Leonardo; VIANA, João Garibaldi Almeida; HOFF, Debora Nayar. Característi-
cas empreendedoras e desempenho da vitivinicultura na região da campanha gaú-
cha do brasil.‫ٶ‬Revista Alcance, v. 28, n. 2, p. 225-241, 2021. https://doi.org/10.14210/alcan-
ce.v28n2(mai/ago).p225-241.

COELHO, Talita de Sousa; SOUSA, Milena Nunes Alves de. Empreendedorismo femi-
nino: perfil, características empreendedoras e fatores motivacionais em município do
sertão da Paraíba.‫ٶ‬Bioethics Archives, Management and Health, v. 1, n. 1, p. 115-126,
2021.

CONTABILIZEI. 8 características de um empreendedor: aprenda como desenvolvê-


-las. Disponível em https://www.contabilizei.com.br/contabilidade-online/caracteristi-
cas-de-um-empreendedor/. Acesso em 10 de maio de 2022.

ESEG. 10 características de um empreededor que você precisa desenvolver. Dispo-


nível em https://blog.eseg.edu.br/caracteristicas-de-um-empreendedor/. Acesso em
10 de maio de 2022.

EXAME. Estas são as cinco características dos empreendedores de sucesso. Dis-


ponível em https://exame.com/pme/caracteristicas-do-empreendedor-de-sucesso/.
Acesso em 10 de maio de 2022.

248
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 10: O QUE É UM OBJETIVO?

Objetivos:

Geral
Saber definir um objetivo.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) definir um objetivo;
b) definir objetivos estratégicos;
c) definir objetivos táticos;
d) definir objetivos operacionais.

INTRODUÇÃO:

A partir de agora, nosso curso entra em nova fase. Já temos os conhecimentos ne-
cessários para que possamos dar esse salto em direção à prática do empreendedoris-
mo e da gestão de empreendimentos. Em outras palavras, já estamos prontos para
começar a colocar em prática os conhecimentos vistos até aqui. A partir desta aula
vamos deixar um pouco a teoria de lado e nos concentrar apenas nos entendimentos
que permitam compreender a prática que será ensinada logo em seguida.

Já sabemos o que é e como se faz análise de mercado, o que é e como se faz visão
de negócios, o que é e como se constrói uma networking, o que é empreendedorismo,
o que é um empreendedor e quais são as principais características empreendedoras.
Agora vamos conhecer o que é um objetivo e como eles são definidos. Você vai se
surpreender com a lógica que une os objetivos e os diferentes esquemas e níveis de
gestão de empreendimentos.

OS DIFERENTES TIPOS DE OBJETIVOS:

Duas coisas são necessárias de ser compreendidas para que você possa saber de-
finir um objetivo. A primeira é o que é um objetivo; a segunda, que existem basica-
mente três tipos de objetivos. Vamos proceder da seguinte maneira. Primeiro vamos
explicar o que é um objetivo e depois vamos mostrar os tipos de objetivos primários,
ao mesmo tempo em que ensinaremos a como definir cada um deles.

Um objetivo pode ser definido como um resultado desejado (GILLEBAART; YBEMA;


RIDDER, 2022), nível de desempenho desejado (MADOU et al., 2021) ou um estado

249
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

futuro desejável (JOHANNESSON; PERJONS, 2021). Note que a palavra “desejado” está
presente em todas as definições apresentadas pela literatura científica citada. De pos-
se dessas três formas diferentes de dizer a mesma coisa, trazida da ciência, podemos
dizer que um objetivo é uma situação futura desejada. Assim, um objetivo é um dese-
jo que a gente quer realizar no futuro. Pode ser amanhã, porque amanhã é futuro, da
mesma forma que pode ser daqui a pouco, porque daqui a pouco também é futuro.
Só não pode ser agora e nem ontem, porque agora e ontem não são futuro.

Como falamos, em empreendedorismo as coisas não são muito difíceis de entender.


São desafiadoras para serem implementadas. Às vezes são muito, muito desafiadoras.
Por isso é preciso muita, muita força de vontade para ir em frente e implementar.
Desejo e futuro são as palavras-chaves de todo objetivo. Os desejos vão mudar, assim
como vão mudar o tamanho do futuro em que queremos realizar aqueles desejos. E o
que é um desejo? É simplesmente ter o que a gente não tem. Se a gente tivesse, não
desejaríamos. Não é mesmo? Você deseja ter o que já tem?

O tamanho do futuro e do desejo dependem do tamanho da organização ou da po-


sição em que está aquele que tem o desejo. Vamos esclarecer isso. Empreendimentos
gigantescos, como a Petrobrás e o governo de um estado, não conseguem ter desejos
que se concretizam em alguns dias ou semanas. Imagine o desejo da Petrobrás de
construir uma nova refinaria na Amazônia. Esse desejo leva muito tempo para se rea-
lizar. Imagine agora o desejo de um governo de acabar com o analfabetismo (não sei
por que nenhum governo se propõe a isso). Isso também não é possível ser feito em
alguns dias e meses. Leva tempo. Muito tempo.

É por essa razão que as ciências gerenciais e organizacionais dividem os desejos


futuros (os objetivos) em três tipos: estratégico, tático e operacional. Os objetivos es-
tratégicos são aqueles que provocam mudanças em toda a organização. Além disso,
eles só podem ser concretizados em um período de tempo longo, distante. É o caso
da construção de uma nova refinaria pela Petrobrás ou erradicar o analfabetismo em
um estado amazônico.

Tomemos o seguinte exemplo de objetivo estratégico: “Capacitar continuamente


todo o quadro de pessoal ao longo da próxima década”. Não está escrito aí, mas dá
para a gente suspeitar de várias coisas. Veja. É provável que essa empresa tenha mui-
ta gente, tanto que é preciso dez anos para capacitar todo mundo. A segunda coisa
é decorrente da palavra “continuamente”: as coisas devem mudar muito rápido para
que o tempo todo sejam necessárias novas capacitações. A terceira coisa é que não dá
para saber quais pessoas serão capacitadas primeiro, nem em quê e nem quando. Se
a empresa tem muita gente, ela obrigatoriamente terá que ser uma empresa muito
grande, porque a quantidade de pessoas determina o tamanho de uma organização.

Vejamos agora o segundo tipo de objetivos, que são chamados de táticos. Esses
objetivos são uma espécie de tradução dos objetivos estratégicos. Também são con-
siderados uma forma de esclarecimento de como os objetivos estratégicos serão apli-

250
EJA-INTEGRADA - EPT

cados em uma parte da organização. Por exemplo, a diretoria de produção poderia


dizer que pretende 1) capacitar os servidores em tecnologias RAMI de produção, 2)
capacitar os servidores em análise, interpretação e projeção de dados e 3) capacitar os
servidores em ambientes virtuais de trabalho. Tudo isso nos próximos seis anos. Veja
que todos os objetivos apresentam um verbo no infinitivo (capacitar) e um foco. Esse
foco é aquilo que queremos realizar, é o desejo daquela diretoria.

O terceiro tipo de objetivo é chamado de operacional. Como o próprio nome diz, é


um objetivo que tem a finalidade de ser colocado em prática, operacionalizado. Veja
esses exemplos: “Capacitar 200 servidores em tecnologias RAMI, capacitar 600 ser-
vidores em análise, interpretação e projeção de dados e capacitar 2.700 servidores
em ambientes virtuais de trabalho”. Com esse tipo de objetivo é possível partir para a
prática. A prática é feita definindo a) as etapas da capacitação, b) quem fará cada eta-
pa, c) quando cada etapa será realizada, d) como cada etapa será feita, e) onde cada
etapa será realizada, f) por que cada etapa tem que ser realizada e g) quanto custa
cada etapa.

Os objetivos estratégicos e táticos são executados com o auxílio de planos, enquan-


to os objetivos operacionais contam com o auxílio de projetos para saírem do papel.
Mas o que queremos lhe mostrar é que há um esquema lógico entre os três tipos de
objetivo. Veja o quadro 1.

Quadro 1. Relações entre os tipos de objetivos

Objetivo estratégi- Objetivos táticos Objetivos operacionais


co
Capacitar continua- Capacitar servidores em Capacitar 200 servidores em tecnolo-
mente o quadro de tecnologias RAMI de pro- gias RAMI.
pessoal ao longo da dução.
Capacitar 50 servidores em gestão de
próxima década.
tecnologias RAMI.
Capacitar servidores em Capacitar 600 servidores em análise, in-
análise, interpretação e terpretação e projeção de dados.
projeção de dados.
Capacitar 20 servidores em gestão de
ciência de dados.
Capacitar servidores em Capacitar 2.700 servidores em ambien-
ambientes virtuais de tes virtuais de trabalho.
trabalho.
Capacitar 100 servidores em gestão de
ambientes virtuais.
Fonte: elaborado pelos autores.

Perceba a sincronia que deve haver entre os diferentes tipos de objetivos. Os objeti-
vos operacionais estão contidos e previstos nos objetivos táticos que, por sua vez, são
a interpretação de como a “ordem” estratégica será obedecida.

Para finalizar, vamos entender a ideia de futuro. Ela está presa à ideia de tamanho.

251
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

A Petrobrás é uma empresa gigante, assim como a Honda. O longo prazo dessas em-
presas vai facilmente a algumas dezenas de anos, talvez até um século. Os objetivos
estratégicos delas são, digamos, de 50 anos. Os objetivos táticos são feitos em partes
desse tempo, como décadas. Haveria objetivos estratégicos para ser concretizados
em cada década. Os objetivos operacionais são quase sempre anuais para empresas
com esse tamanho.

Agora imagine aqueles supermercados de bairro, onde trabalham 200 pessoas. Es-
ses tamanhos são considerados médios. Os objetivos estratégicos dessas empresas
variam de cinco a dez anos. Se forem cinco, seus objetivos táticos são especificados
por ano. Haveria objetivos a serem realizados ano a ano. Seus objetivos operacionais
cobrem no máximo o tempo de um ano.

Imagine um minimercado ou mercantil, como são chamados em partes da Ama-


zônia. Seus objetivos estratégicos não passam de três anos. Seus objetivos táticos são
contados em semestres, quadrimestres ou trimestres e seus objetivos operacionais
são mensais ou semanais.

Pense agora em um micronegócio, como um salão de beleza residencial. Seu obje-


tivo estratégico não passa de um ano, seus objetivos táticos geralmente são mensais e
seus objetivos operacionais são, no máximo, semanal, mas quase sempre são diários.

Interessante, não é?

RESUMINDO...

O que é um objetivo? É toda situação futura desejada. É definido descrevendo-se a


situação desejada. Exemplo: fazer um churrasco no final de semana.

O que são objetivos estratégicos? São situações futuras que se realizam no longo
prazo. São definidos descrevendo-se a situação desejada e o tempo. Exemplo: elevar
a capacidade produtiva.

O que são objetivos táticos? São interpretações dos objetivos estratégicos. São de-
finidos apontando-se o foco da situação futura desejada. Exemplo: aumentar a capa-
cidade produtiva anualmente até 2030.

O que são objetivos operacionais? São operacionalizações dos objetivos táticos. São
definidos apontando-se quantitativos aos focos dos objetivos táticos. Exemplo: au-
mentar a capacidade produtiva para 20% no ano de 2023.

252
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Imagine que você quer montar um pequeno negócio. Crie um objetivo estra-
tégico e depois faça o desdobramento dele em objetivos táticos e em seguida
desdobre os objetivos táticos em operacionais. Utilize o quadro abaixo.

Objetivo estraté- Objetivos táticos Objetivos operacionais


gico

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Como definir objetivos para a minha empresa?


https://www.youtube.com/watch?v=Qw-QFbPlzmI

Vídeo: 3 dicas para definir os seus objetivos.


https://www.youtube.com/watch?v=P7KBPlX0VqI

253
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
GILLEBAART, Marleen; YBEMA, Jan Fekke; RIDDER, Denise T. D. Make it a habit: how
habit strength, goal importance and self-control predict hand washing behaviour over
time during the COVID-19 pandemic.‫ٶ‬Psychology & Health, p. 1-19, 2022. https://doi.org
/10.1080/08870446.2022.2036740

JOHANNESSON, Paul; PERJONS, Erik. An introduction to design science. Cham:


Springer, 2021.

MADOU, Tom et al. Assessment and Prediction of Swimming Performance Using the
SWOLF Index.‫ٶ‬International Journal of Kinesiology in Higher Education, p. 1-10, 2021.
https://doi.org/10.1080/24711616.2021.1946452.

254
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 11: O QUE É UMA META?

Objetivos:

Geral
Saber definir uma meta.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) dizer o que é uma meta;
b) identificar os elementos obrigatórios de uma meta;
c) construir metas estratégicas táticas e operacionais.

INTRODUÇÃO:

Na nossa aula passada vimos os diferentes tipos de objetivos existentes. Agora va-
mos avançar um pouco, mostrando as metas. Você verá que existe um esquema lógi-
co que une as metas com os objetivos, de maneira que a cada objetivo se faz corres-
ponder pelo menos uma meta. E não será difícil você perceber a necessidade de se ter
metas para todo tipo de objetivo. E um dos motivos para essa necessidade é que sem
metas não há clareza acerca do que os objetivos querem dizer.

Na verdade, as metas são quase sempre estudadas simultaneamente com o estu-


do dos objetivos. Fizemos a separação, aqui, apenas para que fique bem nítida a dife-
rença de objetivos e metas, tanto conceitual quanto operacionalmente.

OS DIFERENTES TIPOS DE METAS:

A ciência considera que as metas são todos os tipos de resultados esperados (HEI-
ZER et al., 2021). Isso pode ter sido confuso para você porque está muito parecido com
o que dissemos sobre os objetivos, que eram toda situação futura desejada ou todo
futuro desejado. Vamos já retirar essa dúvida e deixar tudo muito transparente.

Vamos começar novamente com os objetivos, que se concentram em desejos. Um


desejo é aquilo que a gente quer que aconteça. Por exemplo, eu posso desejar um
país mais feliz, um povo mais valorizado. Transformando isso em objetivo poderia ser
“Fazer do Brasil um país feliz” e “Valorizar o povo brasileiro”.

Agora vamos ver as metas. As metas focam resultados. Um resultado é tudo aquilo
que é consequência do esforço humano. Um resultado não é um desejo. Poderíamos

255
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

até dizer que um resultado é um desejo realizado, mas isso não caberia bem. Vejamos
o porquê através desses dois exemplos: “Aumentar a renda média da população bra-
sileira em 500 reais até dezembro de 2023” e “Divulgar a arte de 50 artistas brasileiros
em 15 países europeus durante o ano de 2023”. Percebeu a diferença? As metas lidam
com resultados que uma organização ou empresa pretende alcançar.

É por isso que a ciência diz que uma meta é um tipo de objetivo de determinada
ação especificada quantitativamente em um determinado período de tempo (MUNA-
RETTO; DELLARMELIN; ROSIN, 2019; RIBEIRO, 2017). Uma meta é uma expressão
numérica, para ser mais exato, com um tempo definido para acontecer. Se não tiver
número, não há meta; se não tiver um tempo determinado, também não. Dessa for-
ma, uma meta é um objetivo quantitativado e temporalizado. Parece meio esquisito,
mas é assim.

Ora, se uma meta é um objetivo especificado, deve haver diferentes tipos de metas.
Isso é verdadeiro. Em conformidade com os tipos de objetivos, também há tipos de
metas. Como três são os tipos de objetivos, três também são os tipos de metas. Veja-
mos.

Objetivos estratégicos são globais, envolvem toda a organização, e só se realizam


no longo prazo. Igualmente, uma meta estratégica envolve toda a organização e só se
realiza muito tempo depois. Exemplo: o objetivo estratégico “Aumentar a carteira de
clientes da empresa” pode ter a meta estratégica “Aumentar a carteira de clientes da
empresa em 20% até dezembro de 2024 em relação a dezembro de 2022”.

Os objetivos táticos ou setoriais são desdobramentos dos objetivos estratégicos,


envolvem uma parte ou setor da empresa e se realizam no médio prazo. Exemplo: o
objetivo tático “Aumentar a carteira de clientes classe A” poderia ter a meta tática de
“Aumentar a carteira de clientes classe A em 30% até dezembro de 2024 em relação a
dezembro de 2022”. Veja que os clientes foram quebrados em classe A, B, C etc.

Os objetivos operacionais são desdobramentos dos objetivos táticos, envolvem


uma parte específica da empresa e se realizam no curto prazo. Exemplo: o objetivo
operacional “Aumentar a carteira de clientes classe A na região de Manaus” poderia
ter como meta operacional “Aumentar a carteira de clientes classe A na região de Ma-
naus em 10% no primeiro semestre de junho de 2023 em relação a dezembro de 2022”.

RESUMINDO...

O que é uma meta? É um objetivo quantitativado e temporalizado.

Quais são os elementos obrigatórios de uma meta? Quantidade e tempo do resul-


tado pretendido.

256
EJA-INTEGRADA - EPT

Como são construídas as metas estratégicas, táticas e operacionais? Basta acres-


centar a quantidade e o tempo ao resultado pretendido.

257
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AGORA É COM VOCÊ

1) As metas ajudam muito a realizar sonhos porque elas os transformam em


resultados. Aplique esses conhecimentos na sua própria vida. Veja quais são os
seus sonhos. Faça uma lista de pelo menos três deles. Depois, transforme-os
em objetivos de vida. Em seguida, transforme cada objetivo em meta. Você terá
dado um passo importante para transformar a sua vida, se você aprender a co-
locar em execução uma meta.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Qual é a diferença entre objetivo e meta?


https://www.youtube.com/watch?v=rmJSnnJSKRQ

Vídeo: Como planejar e executar as suas metas em seis passos.


https://www.youtube.com/watch?v=j7giAKXPIuo

258
EJA-INTEGRADA - EPT

REFERÊNCIAS:
HEIZER, Ionara Houry et al. Desdobramento de metas e o método hoshin kanri: um
estudo em uma empresa de mineração de minas gerais.‫ٶ‬Revista Latino-Americana
de Inovação e Engenharia de Produção, v. 9, n. 16, p. 65-84, 2021.

MUNARETTO, Lorimar Francisco; DELLARMELIN, Sabrine; ROSIN, Régis Bortolin. Pro-


posta de metodologia de planejamento estratégico para pequenas propriedades ru-
rais de base familiar.‫ٶ‬COLÓQUIO-Revista do Desenvolvimento Regional, v. 16, n. 1, p.
25-54, 2019.

PONTES, Joana Inês Moreira. Concepção de um modelo de gestão de desempenho


numa organização industrial. Dissertação (Mestrado em Economia e Gestão de Re-
cursos Humanos). Universidade do Porto, Porto, 2021.

RIBEIRO, A. S. O processo estratégico na marinha.‫ٶ‬Cadernos Navais, v. 46, p. 3-98, 2017.

259
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 12: O QUE É UM PLANO DE NEGÓCIOS?

Objetivos:

Geral
Saber o que é um plano de negócios.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) explicar por que um plano de negócios é um documento;
b) saber para que servem os planos de negócios;
c) entender por que uns planos de negócios são volumosos e outros não são.

INTRODUÇÃO:

Esta é a última aula teórica do nosso estudo. As demais são todas práticas, que é ou-
tra forma de se dizer “aulas técnicas” ou aprendizado técnico. Ela trata do documento
mais importante que os empreendedores elaboram para detalhar de forma raciona-
lizada o seu empreendimento nos seus aspectos mais importantes. Por essa razão,
gostaria que você ficasse atento a cada detalhe dessa parte teórica porque todas as
aulas práticas vão se referir a cada uma delas.

Mas, antes de tratar especificamente do plano de negócios, é fundamental que


seja relembrado o processo empreendedor. Ele começa com a percepção de uma
oportunidade do mercado, passa pela análise dessa oportunidade, de onde são elabo-
radas alternativas de aproveitamento, dessas alternativas é escolhida a mais promis-
sora, que é chamada de estratégia, prossegue com a elaboração de um plano onde
esses objetivos e estratégias são detalhadas e logo em seguida o plano é colocado em
prática. É justamente esse plano que é o tema da aula de hoje. E veja o quanto ele é
importante: ele sintetiza todo um conjunto de esforços mentais e de obtenção de re-
cursos e orienta a prática do negócio. Se ele não for bem feito, as chances de fracasso
aumentam. É por isso que é necessária muita atenção de agora em diante para que
você saiba fazê-lo com precisão.

O QUE É UM PLANO DE NEGÓCIOS?

A ciência considera um plano tanto um documento (SILVA et al., 2021) quanto ativi-
dades variadas logicamente ordenadas (PAES, 2021; MARTINS, 2021; CAMARGO; SAN-
TOS; SANTOS, 2021). Vamos entender isso em detalhes. Comecemos pelo documento.

260
EJA-INTEGRADA - EPT

Um plano é um documento. Alguns têm apenas uma página, como é o caso do mo-
delo Canvas, enquanto outros chegam a ter centenas ou milhares de páginas. Mas
isso não importa por enquanto. O que importa é saber que um plano tem que estar
escrito, ainda que seja em meio digital.

A segunda coisa é que esse documento não é redigido de uma hora para outra.
Não é possível que um empreendedor sério se sente em uma determinada hora do
dia e escreva todo um plano, assim, do nada. Pelo contrário, um plano chega a exigir
muitos e muitos estudos, alguns na casa de vários meses, apenas para entender a
oportunidade do mercado. Às vezes é necessário que se criem vários grupos de traba-
lho apenas para realizar a análise do ambiente externo, para que todas as ameaças e
oportunidades sejam identificadas, mensuradas e projetadas.

No papel, o plano parece simples e fácil de entender. Essa é a finalidade do docu-


mento: permitir compreensão da complexidade de todo negócio. Além disso, um pla-
no auxilia demais na transformação dos seus objetivos em realidade. É isso mesmo:
todo plano se concentra no desafio de transformar os objetivos em resultados.

Em termos gerais, um plano de negócios descreve as metas e todas as etapas que


devem ser percorridas para que elas se transformem em resultados efetivos. Como as
metas são quantitativadas e temporalizadas, as quantidades vão crescendo ou dimi-
nuindo ao longo do tempo até que aquele número previsto aconteça. E não é só isso.
No documento é apresentado o grau de risco e de incerteza que cada meta corre. É
isso mesmo. Não se engane: toda atividade humana tem risco de fracasso e coisas
que não são certas, que não são claras. E isso também tem que estar no plano.

É por isso que a honestidade é uma atitude fundamental na redação do plano de


negócios. Essa honestidade tem que estar presente desde a primeira ideia do negócio
(chamado de conceito) até o momento de cada etapa da execução do documento.
Precisa apontar com clareza a oportunidade de negócio, o contexto competitivo, os
riscos e benefícios que devem ser obtidos e que pessoas e parcerias serão necessárias.

Os planos de negócios têm várias utilidades, servem para vários fins. Um deles,
como já dissemos, é para sintetizar a complexidade que todo negócio é. No docu-
mento escrito, fica mais fácil de entender o que se pretende fazer. Outra coisa é que
os planos auxiliam na execução da ideia porque eles detalham como as coisas vão
ser feitas. Uma terceira utilidade é a obtenção de recursos e financiamentos, como os
bancários e financeiros. Se a ideia for boa e apresentar riscos baixos, provavelmente os
financiadores vão querer fazer parte do negócio. O plano também ajuda a convencer
as pessoas a fazerem parte da empresa, se ele apresentar realmente uma ideia inte-
ressante com futuros promissores.

Para finalizar, é preciso considerar que negócios arriscados e complexos exigem


documentos mais volumosos. Esses volumes são decorrentes do acréscimo de estu-
dos e mais estudos, avaliações diversas, testes e retestes, enfim, muitas atividades pré-

261
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

vias que depois serão consolidadas com simplicidade e clareza por escrito, perfazendo
o documento que todos chamamos de plano de negócios.

Na próxima aula conheceremos as partes de um plano de negócios.

RESUMINDO...

Por que um plano de negócios é um documento? Porque as ideias colocadas no


papel são mais racionalizadas e tornam mais compreensíveis a complexidade do ne-
gócio.

Para que serve um plano de negócios? Para vários fins, como sintetizar a comple-
xidade da oportunidade que vai ser aproveitada, facilitar a execução, obter financia-
mentos, parcerias e recursos.

Por que uns planos de negócios são volumosos e outros não? Negócios muito com-
plexos exigem muitos estudos e decisões, sempre por escritos, que se vão acumulan-
do. Quanto menos complexo, menos volumoso o documento.

262
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Procure na internet algum exemplo real de plano de negócios. Apenas dê


uma olhada na estrutura do documento, atentando para as várias partes, e a
quantidade de páginas. Registre o que você achou de interessante.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: O que é um plano de negócios?


https://www.youtube.com/watch?v=t2czdo6cx-k

Vídeo: Como montar um plano de negócios em 8 passos simples.


https://www.youtube.com/watch?v=Vo58KINaPaA

263
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
CAMARGOS, Izabela Giovanini; DOS SANTOS, Naiara Dias Ferreira; SANTOS, Jacyara
Aline Moreira. Contador empreendedor.‫ٶ‬LIBERTAS: Revista de Ciênciais Sociais Apli-
cadas, v. 11, n. 2, p. 480-504, 2021.

MARTINS, Pedro Miguel de Noronha.‫ٶ‬Indicadores Financeiros chave e as entidades


de ajuda ao investimento Relatório de Estágio TPC Consultores. 2021. 60 f. Disser-
tação (Mestrado em Gestão Financeira). Instituto Superior de Gestão, Lisboa, 2020.

PAES, Mário Alberto Dinis.‫ٶ‬Plano de negócios para uma escola de patinagem. 2021.
59 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Empresariais). Universidade de Lisboa, Lisboa,
2021.

SILVA, Lorraine Mendonça Oliveira et al. Plano de negócios para uma clínica de estéti-
ca adaptada e voltada para deficientes físicos.‫ٶ‬InterfacEHS, v. 16, n. 2, p. 83-108, 2021.

264
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 13: AS PARTES COMPONENTES DE UM


PLANO DE NEGÓCIOS

Objetivos:

Geral
Identificar as partes de um plano de negócios do tipo Business Plan Model.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) explicar o que é um business plan;
b) identificar as partes de um business plan.

INTRODUÇÃO:

Na aula anterior aprendemos que um plano de negócios é um documento que


sintetiza a complexidade de um negócio e facilita o aproveitamento da oportunida-
de percebida. Nesta aula serão apresentados os principais componentes desse do-
cumento no modelo mais universalizado que existe, chamado de Plano de Negócios,
em português, mas que comumente, nas comunidades empreendedoras, é utilizado
o termo em inglês, Business Plan (pronunciado Bíznes plén).

Vamos descrever sintetizada cada um dos componentes de cada parte, apenas para
que você tenha conhecimento e compreenda a lógica deles. Você deve perceber que
realmente ele sintetiza todas as etapas do processo empreendedor, como estudamos
ao longo deste curso. Não vamos mostrar como cada parte é feita porque demandaria
muito tempo e exigiria conhecimentos extremamente sofisticados de outras áreas,
como você vai perceber.

Neste curso vamos utilizar outro modelo de plano de negócios, o Canvas. A razão é
porque o Canvas ao mesmo tempo em que é fácil de fazer e entender, tem se mostra-
do muito eficiente para planejar e fazer operar novos empreendimentos mundo afora.

Mas, agora, vamos conhecer as partes de um Business Plan.

AS PARTES DE UM BUSINESS PLAN:

A ciência mostra inúmeros exemplos de Business Plan, como os constantes nos es-
tudos de Silva et al. (2021), Paes (2021), Martins (2021), Camargo, Santos e Santos (2021),

265
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Mindelo (2021), Fonseca (2021) e inúmeros outros. Contudo, é possível fazer uma lista
de cada parte desse tipo de documento e os componentes de suas partes, como mos-
tra a tabela 1, que é o modelo utilizado no Brasil pelo SEBRAE (2021).
Tabela 1. Estrutura básica de um business plan

Parte Componente da parte Aspectos


Capa Capa Nome da empresa.

Logomarca da empresa.

Nome dos autores do plano.


Sumário execu- Dados dos empreendedores Quais suas experiências profissionais?
tivo
Quais são suas atribuições?
Missão da empresa Para que a empresa existe?
Setores de atividades Em que setores ela atua?
Forma jurídica É MEI, Eireli, limitada etc.?
Enquadramento tributário Que tributos está obrigada a pagar?
Capital social Como é a estrutura de seu capital?
Fonte de recursos Quais são suas fontes de recursos?
Estudo dos clientes Quais são as características de seus
clientes?
Análise de mer-
cado Estudo dos concorrentes Quem são seus concorrentes?
Estudo dos fornecedores Quem são seus fornecedores?
Principais produtos e serviços Lista de produtos e serviços

Plano de marke- Preços Preços praticados


ting Estratégias promocionais Como os produtos são tornados co-
nhecidos?
Estrutura de comercialização Como os produtos chegam aos clien-
tes?
Localização do negócio Onde o negócio está localizado?
Layout de produção Planta das linhas de produção

Plano operacio- Capacidade de produção De projeto, real e efetiva


nal Processos operacionais Como funciona a produção, venda,
serviço?
Necessidade de pessoal Quantas pessoas tem e quantas pre-
cisam?

266
EJA-INTEGRADA - EPT

Estimativa de investimentos Qual o montante a ser investido?


fixos
Capital de giro Qual é o montante necessário?
Investimentos pré-operacio- Qual é o montante necessário?
nais
Investimento total Soma dos investimentos
Estimativa mensal de fatura- Quanto vai gerar de receita mensal?
mento
Plano financeiro
Estimativa de custo unitário Matéria-prima, materiais diretos e ter-
ceirização.
Estima de custo de comercia- Qual o montante de custos?
lização
Apuração do CMV e/ou CMD Qual o montante de custos?
Estimativa de custos de mão Qual o montante de custos?
de obra
Estivamativa de custos de de- Qual o montante de custos?
preciação
Estimativa de custos fixos de Qual o montante de custos?
operação
Demonstrativo de resultado Como o lucro é gerado?
Ponto de equilíbrio financeiro Quando os custos igualam as recei-
tas?
Lucratividade Qual é a taxa de lucro mensal?
Rentabilidade Qual é a taxa de retorno do capital?
Prazo de retorno do investi- Em quanto tempo o investimento vol-
mento ta?
Cenários futuros Como poderá ser o futuro próximo e
distante?
Avaliação estra- Matriz SWOT Forças, fraquezas, ameaças e oportu-
tégica nidades.
Fonte: Sebrae (2021, p. 2-4)

Esse documento tem a seguinte estrutura lógica. O sumário executivo resume tudo
o que está detalhado no documento. Geralmente o sumário tem apenas uma página.
Com a leitura do sumário é possível entender todo o plano.

A segunda parte é a análise de mercado. Essa parte tem como finalidade fazer o
leitor entender o contexto mercadológico e sua dinâmica, para que possa entender
como a empresa vai fazer o aproveitamento da oportunidade descrita no plano. Os
focos centrais do mercado são os clientes, fornecedores e concorrentes, como mostra-
mos nas duas primeiras aulas.

A terceira parte é o plano de marketing. Aqui a empresa mostra os produtos e ser-

267
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

viços que vai fornecer para aproveitar a oportunidade, os preços que serão praticados,
como vai colocar seus produtos e serviços nas mãos dos clientes, como vai tornar os
produtos conhecidos e a distância que está de seus fornecedores e clientes.

A quarta parte é o plano operacional. Aqui o documento detalha como os produtos


e serviços vão ser gerados, o fluxo de produção, as diversas capacidades de produção
e o pessoal que vai utilizar para realizar a produção.

A quinta parte é o plano financeiro. Veja a quantidade de detalhes que essa parte
tem. O motivo é que as finanças, o fluxo de dinheiro, são medidas precisas sobre a si-
tuação e o andamento do negócio. O detalhamento de todos esses aspectos permite
compreender três coisas que levam à decisão de investimento: 1) lucratividade, 2) ren-
tabilidade e 3) tempo de retorno do investimento.

Quadro de cenários futuros e avaliações estratégicas são recomendáveis para com-


plementar o documento porque permitem compreender o futuro próximo. Geral-
mente esses documentos são anexados ao business plan.

Veja que, apesar de simplificado, o modelo do Sebrae não é fácil de ser elabora-
do. Tanto que eles criaram um aplicativo para ajudar no planejamento de pequenos
empreendimentos. Empreendimentos maiores precisam de equipes de profissionais
para isso.

RESUMINDO...

O que é um Business Plan? É um modelo de plano de negócios muito utilizado no


mundo todo, inclusive no Brasil.

Quais são as partes de um Business Plan? Tomando como base o modelo do Se-
brae, são cinco: sumário executivo, análise de mercado, plano de marketing, plano de
produção ou operação e plano financeiro.

268
EJA-INTEGRADA - EPT

AGORA É COM VOCÊ

1) Procure na internet outros modelos de Business Plan. Veja o que eles têm
em comum com o modelo do Sebrae e o que têm de diferente. Você vai se sur-
preender com a variedade que vai encontrar.

Conhecendo um pouco mais!

Vídeo: Passo a passo para fazer seu Business Plan.


https://www.youtube.com/watch?v=cib3xet_5Gc

Vídeo: Crie hoje mesmo seu plano de negócios.


https://www.youtube.com/watch?v=2B0u9ycmp5c

269
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REFERÊNCIAS:
CAMARGOS, Izabela Giovanini; SANTOS, Naiara Dias Ferreira dos; SANTOS, Jacyara
Aline Moreira. Contador empreendedor.‫ٶ‬LIBERTAS: Revista de Ciências Sociais Apli-
cadas, v. 11, n. 2, p. 480-504, 2021.

FONSECA, Brunelli Maria.‫ ٶ‬Empreendedorismo estrangeiro em Portugal: A im-


portância do plano de negócios. 2021. 97 f. Dissertação (Mestrado em Estratégia de
Investimento e Internacionalização). Instituto Superior de Gestão, Lisboa, 2021.

MARTINS, Pedro Miguel de Noronha.‫ٶ‬Indicadores Financeiros chave e as entidades


de ajuda ao investimento Relatório de Estágio TPC Consultores. 2021. 60 f. Disser-
tação (Mestrado em Gestão Financeira). Instituto Superior de Gestão, Lisboa, 2020.

NOBRE, Juari.‫ٶ‬O Plano de Negócios da Associação de Mutualismo de Santo Antão


(AMUSA). 2021. 90 f. Dissertação (Mestrado em Gestão das Instituições Financeiras). o
Instituto Superior de Ciências Económicas e Empresariais, Mindelo, 2021.

PAES, Mário Alberto Dinis.‫ٶ‬Plano de negócios para uma escola de patinagem. 2021.
59 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Empresariais). Universidade de Lisboa, Lisboa,
2021.

SEBRAE. Como elaborar um plano de negócios. Brasília: Sebrae, 2021.

SILVA, Lorraine Mendonça Oliveira et al. Plano de negócios para uma clínica de estéti-
ca adaptada e voltada para deficientes físicos.‫ٶ‬InterfacEHS, v. 16, n. 2, p. 83-108, 2021.

270
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 15: O PLANO DE NEGÓCIOS NO MODELO


CANVAS

Objetivos:

Geral
Entender a lógica do modelo Canvas de planos de negócios.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) identificar os componentes do modelo Canvas;
b) saber do que trata cada um dos componentes do modelo Canvas;
c) identificar as lógicas internas do modelo Canvas.

INTRODUÇÃO:

Vimos que o plano de negócios no modelo Business Plan é bastante complexo e


exige conhecimentos técnicos e científicos especializados, principalmente quando
queremos criar empreendimentos grandes. Esses empreendimentos exigem uma
quantidade de dinheiro muito grande e, consequentemente, envolvem muitos riscos.
Em outras palavras, são muito arriscados. E por serem muito arriscados, requerem
cálculos muito precisos para que se possa saber, com antecedência, se o futuro em-
preendimento será ou não promissor.

Agora imagine um pequeno negócio. Vamos imaginar alguém que queira abrir um
salão de beleza em um bairro de periferia. Muito certamente esse empreendedor não
teria dinheiro para pagar os serviços altamente especializados dos profissionais que
elaboram planos de negócios no modelo Business Plan. Para esses casos e inúmeros
outros, foi criado um modo de fazer bem mais simplificado, mas que apresenta uma
certa precisão para a tomada de decisão dos empreendedores. Esse modo tem sido
cada vez mais utilizado porque é facilmente compreendido visualmente e é muito
intuitivo para ser elaborado. Ele é chamado de Canvas. Vejamos como ele funciona.

A LÓGICA DO MODELO CANVAS DE PLANO DE NEGÓCIOS:

O modelo Canvas tem um esquema lógico facilmente compreendido. Essa lógica


sintetiza tudo o que vimos até agora sobre empreendedorismo e gestão. Essa lógica é
distribuída em cinco partes interligadas, como mostra a figura 1. Vejamos como essas
partes se relacionam. O ponto de partida é sempre a decisão daquilo que o empreen-

271
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

dimento se propôs a fazer. Se é uma indústria, o que ela vai produzir; se é um comér-
cio, o que ele vai vender; se é uma empresa de serviços, o que ela vai fazer e assim por
diante. Acontece que aquilo que ela vai fazer tem que ser visto como algo de valor
pelos clientes, como mostraremos depois. É isso o que está assinalado na cor escura,
no centro da figura.

Definida a proposta de valor, que é a soma do produto e serviços que vão ser ofere-
cidos aos clientes, a próxima etapa é preencher a parte da direita, marcada na figura
em cor azul. É preciso saber com certa exatidão quem é que vai receber os valores
(produtos e serviços) que nossa empresa vai fazer. Assim, a lógica fica assim: a nossa
empresa vai sempre fazer coisas para entregar para alguém. Quem é esse alguém? É
isso que é preciso colocar no lado direito do plano.

Depois que foi definido quem vai receber os valores que a nossa empresa vai pro-
duzir, é hora de pensarmos com exatidão os procedimentos que vamos seguir para
realizar a produção. A pergunta que tem que ser respondida é “Como iremos fazer a
produção?” Se quero vender sapatos, a venda de sapatos é uma produção (tecnica-
mente chamada de operação). É preciso detalhar como essa produção de sapatos vai
acontecer. Se quero prestar serviços jurídicos, é preciso detalhar “Como cada serviço
vai ser realizado”. A lógica é sempre esta: toda produção tem que ter sempre uma for-
ma definida para ser produzida.

Veja que coisa interessante na figura 1. As três partes de cima mostram o funcio-
namento do empreendimento. Tudo começa com a produção, no centro, para suprir
necessidades, na direita, a partir de um determinado esquema de produção, no lado
esquerdo. Agora vejamos a parte de baixo, que tem dois esquemas lógicos interessan-
tes.
Figura 1. Estrutura do modelo Canvas de plano de negócios

Fonte: elaborado pelo autor.

No retângulo vermelho a gente tem que responder à pergunta: quanto vai custar
produzir o que iremos produzir. Note que tudo o que a gente faz tem um custo por-

272
EJA-INTEGRADA - EPT

que consome recursos. Precisamos saber com exatidão quanto custa cada valor que
vamos produzir e entregar aos clientes. Então tem custos de produção e custos da en-
trega aos clientes. Em outras palavras, tem custos no retângulo amarelo e tem custos
no retângulo azul.

Agora vejamos o retângulo verde. Ele precisa ser preenchido com respostas à per-
gunta: quanto o empreendimento vai gerar de receita? Dito de outra forma, é preciso
fazer todos os cálculos para saber quanto de dinheiro (bens e direito, na linguagem
contábil) vai entrar ou estar disponível para a empresa. Daí vem outro esqueminha
lógico: o total de receitas precisa ser maior do que o total de custos, a partir de deter-
minado momento de funcionamento da empresa, para que ela seja sustentável.

RESUMINDO...

Quais são os componentes do modelo Canvas? Proposta de valor (o que será feito),
Clientes (para quem será entregue), Processo de Produção/Operação (como será fei-
to) e Desempenho financeiro (quanto vai custar e quanto vai gerar de receita).

Do que trata cada um dos componentes do modelo Canvas? Proposta de valor,


Clientes, Processo de Produção/Operação e Desempenho financeiro.

Quais são as lógicas internas do modelo Canvas? Primeira lógica: tudo o que é pro-
duzido é produzido para suprir necessidades a partir de um processo de produção.
Segunda lógica: tudo o que é produzido tem um custo que deve ser menor do que as
receitas que vão ser geradas.

273
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Avalie cada afirmativa abaixo, se pode ser considerada falsa ou verdadeira.


( ) O modelo Canvas de plano de negócios é muito difícil de ser compreendido.
( ) O modelo Canvas só se aplica a grandes empreendimentos.
( ) A proposta de valor é aquilo que o empreendimento pretende entregar aos
seus clientes.
( ) É preciso definir com exatidão quem vai receber o que o empreendimento vai
produzir.

274
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DORNELAS, José Carlos Assis. Plano de negócios com o modelo Canvas: guia prático
de avaliação de ideias de negócio a partir de exemplos. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

FINOCCHIO JÚNIOR, José. Project model Canvas: gerenciamento de projetos sem


burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation: inovação


em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

275
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 16: MODELO CANVAS: PROPOSTA DE VA-


LOR

Objetivos:

Geral
Saber como preencher a parte de proposta de valor no modelo Canvas.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) diferenciar produto/serviço de valor;
b) saber como se cria uma proposta de valor.

INTRODUÇÃO:

Já conhecemos a estrutura (as partes) do modelo Canvas e as suas duas lógicas in-
ternas. Agora é a hora de começarmos a conhecer com certa profundidade cada uma
dessas partes e como elas são feitas. A finalidade é que você saiba elaborar um plano
de negócios com o modelo Canvas. Nesta aula é preciso que se conheça bem o que
os empreendedores e cientistas chamam de valor.

Muita gente tem muito preconceito contra os empreendedores porque acham que
eles são gananciosos e que só pensam em dinheiro. Mas essa é uma visão muito,
muito equivocada do que realmente é empreendedorismo e sobre quem são efetiva-
mente os empreendedores. Isso não quer dizer que não haja pessoas gananciosas e
que só pensam em dinheiro. Mas a experiência e a ciência têm mostrado que pessoas
gananciosas e que só fazem as coisas por dinheiro não vão longe porque os clientes
e usuários não querem apenas comprar produtos e serviços. As pessoas não pagam
pelo produto ou serviço: elas pagam pelo valor que o produto ou serviço que elas ad-
quirem lhes proporciona.

É preciso que você compreenda bem isso. É claro que os empreendedores ven-
dem produtos e serviços, mas eles o fazem para entregar, através desses produtos e
serviços, um determinado bem. Quando os empreendedores escolhem vender um
produto ou prestar um serviço eles pensam com carinho sobre como os seus clientes
vão ficar ou se sentir com o uso daquele produto ou serviço. Pessoas gananciosas não
pensam no bem dos seus clientes. Os empreendedores têm esse diferencial.

276
EJA-INTEGRADA - EPT

DEFININDO A PROPOSTA DE VALOR:

Sabe qual é a diferença entre as empresas que têm sucesso e as que fracassam?
Sabe por que um empreendedor é bem sucedido e inúmeros outros fracassam? Ago-
ra vejamos com atenção qual é o grande segredo de todos os empreendedores: em-
bora eles vendam produtos e serviços, na verdade o que eles estão fazendo é entre-
gando valor às pessoas. O que é um valor? É aquilo que as pessoas valorizam. Isso
parece óbvio, mas não é. Vejamos isso mais de perto para que fique bem entendido.

Quando alguém vai comprar um carro, pode estar querendo apenas um veículo
para ele ir de um lugar para outro. O produto carro lhe foi entregue para suprir a sua
necessidade de locomoção. Mas o produto carro toda loja de automóvel pode vender.
Pode acontecer de o cliente querer apenas o carro e nada mais. Mas isso é muito,
muito raro. Geralmente as pessoas querem o carro e outras coisas mais, como ser
bem atendido, um produto de qualidade, a garantia de que o carro não vai quebrar
com facilidade, que vai ter como consertar, se quebrar, e assim por diante. Cada uma
dessas coisas a gente chama de valor. Resumindo: a primeira coisa que temos que
pensar é exatamente quais são os valores que podemos garantir que vamos entregar
aos nossos clientes.

Quando alguém decide comprar alguma coisa, ela está pensando nos benefícios
que aquela coisa vai lhe proporcionar. Esses benefícios são valores que ela levará em
consideração quando for comprar. Se quer um celular rápido, a rapidez é um valor;
se deseja que o celular seja barato, o preço baixo é prezado por ela. O desafio do em-
preendedor é conhecer essas coisas que as pessoas valorizam e criar produtos e servi-
ços com esses valores para lhes entregar.
Figura 1. Proposta de valor no modelo canvas

Fonte: elaborado pelo autor.

Como fazer isso? Geralmente os empreendedores organizam seus empreendimen-


tos em segmentos especializados, que são chamados negócios. Por exemplo, quando
trabalham com alimentação, podem dividir em negócios especializados, como enla-

277
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

tados, grãos, frutas, verduras etc. Sempre tendo em mente o que os seus clientes de-
sejam (os valores por eles prezados), escolhem os produtos de cada negócio. Quando
dizem, por exemplo, que suas frutas “são todas sem agrotóxicos”, é porque sabem
que seus clientes só vão comprar suas frutas se for comprovado que elas apresentam
aquele valor, que é consumir frutas saudáveis.

A proposta de valor, portanto, são segmentos de negócios que compõem o em-


preendimento escolhido planejadamente para entregar aos clientes de cada um des-
ses segmentos de negócios os valores que os clientes exigem. São esses valores em-
butidos ou que acompanham o produto e serviço que realmente os clientes desejam.

RESUMINDO...

a) Qual é a diferença entre produto/serviço e valor? Produto e serviço é aquilo que o


cliente paga; valor é o que o cliente recebe. Exemplo: eu pago por um sapato (produto)
para ter conforto para os meus pés (valor).

b) Como se cria uma proposta de valor? Escolhe-se uma linha de produto ou servi-
ço e adiciona-se-lhe os valores que os clientes desejam.

278
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Avalie cada afirmativa abaixo, se pode ser considerada falsa ou verdadeira.


( ) Valor é o quanto um produto ou serviço vale.
( ) Um valor é aquilo que o cliente preza.
( ) Um valor é o que é pago pelo produto.
( ) Valor é aquilo que o cliente recebe quando paga pelo produto.

279
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DORNELAS, José Carlos Assis. Plano de negócios com o modelo Canvas: guia prático
de avaliação de ideias de negócio a partir de exemplos. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

FINOCCHIO JÚNIOR, José. Project model Canvas: gerenciamento de projetos sem


burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation: inovação


em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

280
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 17: MODELO CANVAS: PROCESSO DE PRO-


DUÇÃO E OPERAÇÃO

Objetivos:

Geral
Saber como preencher o processo de produção do modelo Canvas.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) identificar os componentes do processo de produção;
b) explicar as funções dos componentes do processo de produção.

INTRODUÇÃO:

Vimos que há um esquema lógico utilizado pelos empreendedores para saber com
relativa precisão o que os clientes querem e o que eles prezam naquilo que eles dese-
jam comprar. Por essa razão as mente dos empreendedores estão ligadas ao mesmo
tempo no produto e naquilo que eles têm que ter para que sejam exatamente o que
os clientes querem. Chamamos a isso de proposta de valor.

Vimos que para facilitar a entrega exata do que os clientes querem, os empreende-
dores organizam seus empreendimentos em segmentos de negócios. Um segmento
de negócio é um agrupamento de produtos ou serviços que têm alguma coisa em
comum. Por exemplo, maçã, pera, uva e laranja são produtos do agrupamento frutas,
da mesma forma que costela, picanha e filé mignon são produtos do agrupamento
carnes. Mas não é propriamente a carne e as frutas que os empreendedores produ-
zem e vendem, mas o que os clientes querem que elas tenham e que eles possam
desfrutar, que são os valores. Agora vamos ver como os empreendedores fazem isso.

PARCERIAS, RECURSOS E ATIVIDADES PRINCIPAIS:

Os empreendedores organizam seus negócios (aqueles agrupamentos de produ-


tos e respectivos valores) a partir de um sequenciamento lógico chamado processo
de produção, para o caso de indústrias, e processo de operações, no caso de empresas
de serviços e a maior parte dos órgãos públicos. Os comércios se organizam de forma
parecida com os serviços.

Um processo é um sequenciamento lógico, ordenado, que diz como uma coisa vai

281
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

ser feita. Para fazer suco de limão, é preciso comprar as frutas, lavá-las, cortá-las e as-
sim sucessivamente até que o suco esteja pronto. É claro que para comprar as frutas
diversas coisas têm quer ser feitas, coisas essas que chamamos atividades. Isso quer
dizer que cada etapa é executada através de atividades. Por exemplo, a etapa de cor-
tar os limões é feita pelas atividades 1) pegar o limão com a mão esquerda, 2) colocar
o limão sobre um plano fixo, 3) pegar a faca com a mão direita etc.

No caso do processo de produção do modelo Canvas, só elencamos as atividades


principais nos seus respectivos grupos. Por exemplo, as fábricas têm seus processos
de produção para cada linha de produto. No modelo Canvas listamos só as principais.
Por exemplo: 1) fabricação de portas e janela, 2) fabricação de aglomerado e 3) produ-
ção de tábuas envidraçadas. A mesma coisa acontece com os outros agrupamentos
de atividades de marketing e financeira, do nosso exemplo contido na figura 1. Essas
atividades principais variam muito de empreendimento para empreendimento. Note
que são essas atividades que vão gerar o produto e os respectivos valores garantidos
aos clientes. O que colocamos na figura são apenas exemplos de grupos de atividades.

Figura 1. Processo de produção no modelo Canvas

Fonte: elaborado pelos autores.

Outra coisa que precisa ser pensada e colocada no plano de negócios são as parce-
rias. A razão disso é que nenhum empreendimento funciona sozinho. Comércios pre-
cisam das fábricas ou de outros comércios para lhes fornecerem produtos; empresas
de serviços precisam de fornecedores de materiais e de serviços; e governos precisam
também de produtos e serviços de terceiros. Há parcerias com fornecedores, bancos,
cartões de crédito, sindicatos de empregados, empresas transportadoras, dentre inú-
meras outras. As parcerias são as grandes auxiliares no processo de produção. Esses
parceiros principais precisam ser identificados e listados aqui.

Finalmente, o terceiro componente do processo de produção são os recursos. Mui-


to importante: não confundir recurso com dinheiro. Dinheiro é apenas um tipo de
recurso. Recursos são tudo aquilo de que precisamos para fazer ou produzir alguma
coisa. No comércio, as mercadorias são um tipo de recurso, assim como a energia elé-
trica que alimenta as vitrines iluminadas e climatizadas. São a otimização do uso dos
recursos que garantem a geração de valor prometida aos clientes. Os principais recur-

282
EJA-INTEGRADA - EPT

sos (aqueles que consomem mais dinheiro) precisam ser listados e colocados aqui.

RESUMINDO...

Quais são os componentes do processo de produção do modelo Canvas? Parcerias


principais, Recursos principais e Atividades principais.

Quais são as funções dos componentes do processo de produção? Parcerias prin-


cipais: auxiliar no processo de produção; recursos principais: geração do valor aos pro-
dutos e serviços; e atividades principais: gerar o valor prometido aos clientes.

283
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Avalie cada afirmativa abaixo, se pode ser considerada falsa ou verdadeira.


( ) As atividades principais geram o valor para os clientes.
( ) As parcerias principais auxiliam na geração do valor aos clientes.
( ) Um recurso é toda quantidade de dinheiro necessário para produzir algum
produto.
( ) O processo de produção não precisa estar comprometido com a geração de
valor.

284
EJA-INTEGRADA - EPT

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DORNELAS, José Carlos Assis. Plano de negócios com o modelo Canvas: guia prático
de avaliação de ideias de negócio a partir de exemplos. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

FINOCCHIO JÚNIOR, José. Project model Canvas: gerenciamento de projetos sem


burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation: inovação


em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

285
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

AULA 18: MODELO CANVAS: CLIENTES

Objetivos:

Geral
Saber como preencher a parte de clientes do modelo Canvas.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) dizer quais são as partes da dimensão clientes do modelo canvas;
b) explicar a finalidade de cada parte da dimensão clientes.

INTRODUÇÃO:

Toda organização existe para suprir alguma necessidade. Empreendedores são es-
pecialistas em fazer isso através do estabelecimento de esquemas de entregas de
valores que chamamos de empreendimentos. Uma empresa é, portanto, uma entida-
de especializada na entrega desses valores, seja através de produtos, seja através de
serviços. Isso quer dizer que são os produtos e serviços que entregam aos clientes os
valores de que precisam. Produtos e serviços são meios. Valores são o fim. Os clientes
são todas as pessoas que recebem esses valores.

Nunca é demais dizer que o conhecimento dos clientes é fundamental para o su-
cesso de qualquer empreendimento. Nesta altura do nosso curso isso já deve ser mais
do que óbvio para você. Várias razões respondem por essa obviedade, mas todas elas
estão concentradas e são convergentes para as necessidades dos clientes. É por isso
que nenhuma empresa se fortalece e se perpetua sem que haja uma adequada vin-
culação dos valores que ela gera com as necessidades de seus clientes. É sobre isso
que essa lição vai tratar.

CLIENTES: RELACIONAMENTOS, CANAIS E SEGMENTOS

Na prática, os clientes são a razão da existência de todo empreendimento. Toda


análise de mercado, proposta de valor, planos de negócios, enfim, todos os proce-
dimentos para a criação de um empreendimento só têm sentido se voltados para
os clientes. Quando se analisam os concorrentes, queremos entender mais sobre os
clientes; quanto estudamos os preços do mercado, estamos querendo melhorar nos-
so entendimento sobre os clientes; quando queremos saber por que uma empresa
vende mais do que outras, na verdade estamos querendo entender os clientes. Faze-
mos tudo para conquistar e manter os clientes.

286
EJA-INTEGRADA - EPT

É por essa razão que os clientes são a outra parte fundamental do modelo Can-
vas de plano de negócios. A prática do empreendedorismo tem mostrado que três
grandes questões ou decisões precisam ser definidas com adequação para o sucesso
empreendedor. Em última análise, o que essa parte precisa deixar claro é a) o que os
clientes querem e b) como entregar isso a eles.

A primeira decisão é relativa aos segmentos de clientes. Um segmento de cliente


nada mais é do que um agrupamento de pessoas com uma mesma característica.
Essa característica pode ser geográfica (clientes de Manaus, Itacoatiara, São Paulo de
Olivença etc.), por faixa etária (crianças, adolescentes, adultos etc.), renda (classe A, B,
C etc.) e inúmeras outras formas de fazer isso, principalmente quando combinados as
características, como é o caso de faixa etária com classe econômica (adolescentes de
classe alta ou crianças de classe baixa). A necessidade de segmentar é decorrente do
fato de que não se pode suprir a necessidade de todos os clientes. Quanto mais sabe-
mos sobre as particularidades dos nossos clientes, menos dificuldades teremos em
criar os segmentos e atendê-los melhor.

A segunda decisão diz respeito ao relacionamento com os clientes. A experiência


tem mostrado que os relacionamentos empreendedores são muito parecidos com os
casamentos. Há clientes tão fiéis que chegam a se fazer de advogados das empresas
que lhes entregam valor; inversamente, há empresas tão abnegadas em entregar va-
lor que se sentem humilhadas quando falham. Conhecemos casos de restaurantes,
por exemplo, que pelo fato de errarem o pedido, bonificaram o cliente (que amaram a
comida entregue errada) com o não pagamento da conta. Veja isso: esse é o verdadei-
ro empreendedorismo praticado pela maioria dos empreendimentos e empreende-
dores que se prepararam tecnicamente para empreender. Eles sabem que a continui-
dade de seu sucesso dependem de conquistar novos clientes e manter todos aqueles
que foram conquistados.
Figura 1. Clientes: relacionamentos, canais e segmentos

Fonte: elaborado pelos autores.

E a terceira decisão relativa aos clientes diz respeito aos canais que serão utilizados
para se manter sempre próximo dos clientes e lhes entregar os valores. Quando uma
empresa lhe manda uma mensagem de feliz aniversário, está fazendo uso de um ca-
nal, da mesma forma quando outra lhe diz que está no prazo de fazer a revisão do au-
287
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

tomóvel prevista na franquia. Muitas e muitas empresas, por exemplo, dizem que se
algum de seus produtos apresentar falhas, basta levar a uma das lojas que eles serão
substituídos, enquanto outras, no máximo, apontam a lista de serviços autorizados
para fazer os consertos pagos pelos próprios clientes. O que queremos mostrar é que
muitos e muitos dos valores são entregues depois, com o uso dos produtos e serviços.
Quando o médico liga para saber se a cirurgia foi bem sucedida está fazendo isso, da
mesma forma que o advogado age, lhe informando constantemente sobre o anda-
mento de sua ação.

RESUMINDO...

Quais são as partes da dimensão clientes do modelo canvas? Segmentos de clien-


tes, Canais e Relacionamento com os clientes.

Qual é a finalidade de cada parte da dimensão clientes? Segmentos de clientes:


agrupar os clientes para melhor atendê-los; Canais: saber a forma mais adequada de
chegar até os clientes para lhes entregar o valor; e Relacionamento com os clientes:
conquistar e manter os clientes.

288
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Avalie cada afirmativa abaixo, se pode ser considerada falsa ou verdadeira.


( ) Clientes são todas as pessoas que gostam dos produtos de uma empresa.
( ) Um canal é um meio através do qual a empresa chega até seus clientes.
( ) É através do relacionamento com os clientes que as empresas conquistam
novos clientes.
( ) Os segmentos de clientes são grupos de pessoas que têm alguma carac-
terística em comum.

289
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DORNELAS, José Carlos Assis. Plano de negócios com o modelo Canvas: guia prático
de avaliação de ideias de negócio a partir de exemplos. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

FINOCCHIO JÚNIOR, José. Project model Canvas: gerenciamento de projetos sem


burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation: inovação


em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

290
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 19: MODELO CANVAS: ESTRUTURA DE


CUSTOS

Objetivos:

Geral
Saber como preencher a estrutura de custos no modelo Canvas.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) identificar os tipos de custos no modelo Canvas;
b) perceber a importância do conhecimento dos custos para o sucesso do em-
preendimento.

INTRODUÇÃO:

É muito conhecido um ditado que diz que não há almoço grátis. Isso quer dizer,
literalmente, que todo almoço tem um preço, mesmo que aqueles que com ele se
deliciem não desembolse nenhum centavo por ele. A razão disso é que carnes, peixes,
frangos, arroz, macarrão, tomate, temperos e tudo o mais que compõem um almoço
foi comprado por alguém. Ainda que tenha sido doado, e há quem faça isso, essa pes-
soa que doou teve que pagar para produzir. O que queremos que você compreenda
é que mesmo que tudo isso tenha sido doado pela natureza, alguém foi lá e pegou os
ingredientes do almoço. E mesmo que ele tenha pego gratuitamente, ele despendeu
alguma energia, algum recurso, ainda que esse recurso tenha sido a sua força de tra-
balho.

A percepção dos custos é fundamental não apenas para que seja valorizado o pa-
pel do empreendedor em qualquer sociedade, mas essencialmente para que todos
possam empreender de forma racional, não emocional. Vejamos duas consequências
diferentes da compreensão do papel do empreendedor e dos custos de todo em-
preendimento. Um indivíduo lançou um livro (lançar um livro é um tipo de empreen-
dimento, que isso fique claro). Durante a divulgação, muitas pessoas, conhecidas e
desconhecidas, depois de manusearem o exemplar utilizado para apresentação, per-
guntavam ao escritor “Você me dá um livro desse de presente?”. Para aquele em-
preendedor, a pergunta soava parecida com alguém indagando a um construtor de
iate de luxo “Você me dá um iate desse de presente?”. Noutra região do país, as coisas
aconteceram diferente. Os clientes faziam filas para encomendar e pagar ali, na hora,
pelos livros. As perguntas que faziam era “Posso encomendar e pagar 100 livros ago-

291
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

ra?”. Sociedades ricas valorizam os empreendimentos porque têm noção relativamen-


te precisa de custos; sociedades pobres, no máximo, têm uma mínima ideia deles.

Vejamos isso mais de perto.

CUSTOS NO MODELO CANVAS:

Pense em qualquer coisa que você tenha feito. Pode ser um almoço, uma viagem
de carro, enfim, qualquer coisa. Agora liste tudo aquilo que você usou para fazer essa
coisa. Se foi um almoço, teve os ingredientes do prato principal, da sobremesa, os ape-
ritivos etc; se foi um passeio de carro, teve o consumo de combustível, alimentação,
hospedagem, diversão etc. Se você pensar com mais profundidade, você vai chegar a
uma conclusão interessante: tudo o que é feito, de uma forma ou de outra, usa algu-
ma coisa para ser feito.

Em linguagem gerencial e empreendedora dizemos que toda produção consome


recursos. Um almoço é uma produção, da mesma forma que a obturação de um den-
te por um dentista. Uma festa de aniversário é uma produção, como também é a
fabricação de vassouras com garrafas pet recicladas. Tudo consome recursos. E todo
recurso tem um preço. Melhor dizendo, todo recurso tem um custo.

De uma forma geral, podemos dividir os custos de qualquer empreendimento em-


presarial, que é o que nos interessa aqui, em dois grandes grupos. O primeiro são os
custos que estão diretamente ligados com a produção. Por exemplo, se minha empre-
sa produz alimento, todos os recursos utilizados na produção desses alimentos, como
carnes, frangos, peixes, legumes, frutas, temperos e assim por diante são classificados
como custos variáveis. A razão desse nome é que eles variam à medida que varia a
quantidade produzida. Por exemplo, se são necessários cinco ovos para produzir um
bolo, serão necessários 500 ovos para produzir 100. Quando um aumenta, o outro au-
menta.

O outro grupo são os custos fixos. Na verdade, poucos são os custos verdadeira-
mente fixos. Mas aqui são enquadrados, por exemplo, custos com energia elétrica,
água, aluguel, honorários de contadores, enfim, todo pagamento feito periodicamen-
te para que o empreendimento possa funcionar. Os aluguéis são relativamente fixos,
porque aumentam em prazos longos, mas os custos com energia muitas vezes so-
bem e diminuem com o aumento ou diminuição de seu consumo durante o tempo
de produção. Mas, ainda assim, são considerados fixos, se não estiverem diretamente
ligados à produção.

292
EJA-INTEGRADA - EPT

Figura 1. Custos no modelo Canvas

Fonte: elaborado pelos autores.

Mas não são apenas os custos de produção que o empreendedor tem que levar em
consideração. Há inúmeros outros. Na verdade, a palavra custo não é a mais adequada
nem científica, nem tecnicamente, para representar a realidade. Talvez o termo mais
adequado seja gasto. Há gasto com marketing, por exemplo. Propaganda é atividade
de marketing que não está diretamente ligada à produção e também não é um custo
fixo. Muitos dizem que propaganda é investimento, e em muitos casos realmente é.
Há os gastos com impostos, taxas e outras formas de tributos, muitos deles ligados
não à produção, mas à venda, como é o caso do imposto sobre circulação de merca-
dorias e serviços (ICMS).

O que queremos mostrar é que todas as atividades da parte de cima do modelo


canvas (Processo de Produção, Geração de Valor e Clientes) consomem recursos. Até
a própria geração de recursos consome recursos. Extrapolando essa ideia, é lícito di-
zer que para ganhar dinheiro é preciso gastar recursos, o que é praticamente a mes-
ma coisa que dizer que para ganhar dinheiro é preciso gastar dinheiro. Esse gasto de
dinheiro que gera dinheiro é chamado de investimento, como será mostrado mais
adiante. De forma semelhante, todo gasto com empreendimentos empresariais são
também um tipo de investimento porque empreendimentos empresariais existem
para gerar lucros para serem novamente reinvestidos indefinidamente.

Assim, nessa parte do modelo Canvas é necessário que sejam listados pelo menos
os principais custos do empreendimento para que a empresa e o empreendedor te-
nham a ideia mais exata possível da estrutura de custos que têm que prover. É a partir
dela que a matriz de receita pode ser elaborada e decidida sobre a viabilidade do em-
preendimento. Sem o conhecimento adequado dos custos, dificilmente um sucesso
poderá progredir.

RESUMINDO...
293
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Quais são os tipos de custos no modelo Canvas? Os principais geralmente são os de


produção, marketing, financeiros, tributários, mão de obra e pré-operacionais.

Qual é a importância do conhecimento dos custos para o sucesso do empreendi-


mento? Sem o conhecimento dos custos o empreendimento e o empreendedor não
saberão se estão tendo ou não o lucro necessário para que o empreendimento possa
se consolidar e expandir.

294
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Avalie cada afirmativa abaixo, se pode ser considerada falsa ou verdadeira.


( ) Toda empresa consome recursos para produzir valor.
( ) Todos os recursos de produção têm um custo.
( ) Sem o conhecimento dos seus custos, dificilmente uma organização poderá
se consolidar e expandir.
( ) Os investimentos são um tipo de gasto que trazem dinheiro.

295
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DORNELAS, José Carlos Assis. Plano de negócios com o modelo Canvas: guia prático
de avaliação de ideias de negócio a partir de exemplos. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

FINOCCHIO JÚNIOR, José. Project model Canvas: gerenciamento de projetos sem


burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation: inovação


em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

296
EJA-INTEGRADA - EPT

AULA 20: MODELO CANVAS: FONTES DE RECEI-


TAS

Objetivos:

Geral
Saber como preencher as fontes de receitas no modelo canvas.

Específicos
No final da aula o discente deverá ser capaz de:
a) identificar as diversas fontes de receitas dos empreendimentos;
b) entender a necessidade do lucro nos empreendimentos empresariais.

INTRODUÇÃO:

As receitas são o retorno financeiro de todos os esforços das entregas de valor aos
clientes feitas pelo empreendedor. Há também, naturalmente, os retornos não finan-
ceiros, como a satisfação de ver os clientes contentes, a felicidade de alcançar metas, a
alegria de enfrentar e vencer desafios, dentre inúmeros outros. Mas o que mede efeti-
vamente o sucesso de um empreendimento é o retorno financeiro. Tanto é assim que
existem inúmeras formas de medir isso, como são os casos da taxa interna de retorno
e taxa de lucratividade.

O lucro, o dinheiro que retorna, tem se transformado na demonstração mais explí-


cita de sucesso empreendedor. Ainda que se possa contestar a moralidade do em-
preendimento, como é o caso das músicas sexuais que circulam na internet e que
fazem seus cantores ser milionários, o fato é que o dinheiro só retorna porque tem
quem queira pagar por aquilo que eles estão recebendo. E estão pagando justamente
porque estão recebendo aquilo que eles prezam, que eles valorizam. Se os negócios
são lícitos, se são permitidos por lei, a moralidade passa a ser questão de foro íntimo.

Mas o que precisa ser compreendido é que o retorno é apenas um aspecto da di-
nâmica empreendedora. O que importa é conhecer a qualidade desse retorno. Não
basta constatar que está havendo a volta do dinheiro investido, mas se essa volta está
acontecendo conforme o previsto. Esse monitoramento e avaliação só são possíveis se
as fontes de receitas forem conhecidas. É do que trata esta última aula do nosso curso.

AS FONTES DE RECEITAS NO MODELO CANVAS:

297
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

A expressão “fontes de receitas” é muito sugestiva. Ela traz à imaginação as fontes


de água, como as cachoeiras e cascatas – ou mesmo as torneiras de casa. Cachoei-
ras, cascatas e torneiras jorram águas enquanto houver uma fonte abastecedora. Por
exemplo, as cachoeiras e cascatas podem ser abastecidas por rios ou geleiras, enquan-
to as torneiras podem ter seu abastecimento em caixas d´águas ou o fornecimento
da empresa de saneamento municipal. Mas a dinâmica é a mesma: elas jorram conti-
nuamente. É exatamente essa a ideia que tem que ser aplicada ao modelo Canvas e a
todo tipo de planos de negócios.

Quando os empreendimentos são desenhados com o auxílio do modelo Canvas, é


necessário que sejam identificadas todas as fontes de receitas. Geralmente as fontes
de receitas são em número menor do que as fontes de custos. Tanto os custos quan-
to as receitas são fenômenos contínuos, que parecem com as cascatas, cachoeiras e
torneiras: eles não param de jorrar. Pelo menos os custos não param. Por essa razão,
as receitas não apenas precisam jorrar, mas também jorrar com a quantidade, inten-
sidade e no tempo certo. Quando há descompasso entre a quantidade de receitas,
sua intensidade e tempo, a consequência quase que imediata é a doença financeira
conhecida por déficit, que é quando os custos são maiores do que as receitas.

A figura 1 mostra algumas fontes de receitas que podem ser listadas no Canvas. As
receitas de vendas constituem a principal fonte de quase todo tipo de empreendi-
mento. Empresas comerciais tendem a ganhar mais dinheiro com as vendas dos seus
produtos do que com aplicações no mercado financeiro. Da mesma forma, empresas
industriais têm mais retornos produzindo e vendendo sua produção do que investin-
do em mercado de ações.
Figura 1. Fontes de receitas no modelo Canvas

Fonte: elaborado pelos autores.

Mas a prática empreendedora e os conhecimentos científicos sobre empreende-


dorismo mostram que é preciso diversificar as fontes de receitas para que os em-
preendimentos se consolidem e ganhem força. As diversificações podem ser dentro

298
EJA-INTEGRADA - EPT

de uma mesma prática empreendedora, como é o caso das vendas, que podem ser
feitas à vista e a prazo; as vendas a prazo podem ser diversificadas em dias, semanas,
meses e até ano para pagamento; vendas no débito ou no cartão de crédito; se parce-
lado ou não, dentre inúmeros outros.

As outras formas são diversificação de fontes. Além das vendas, há as receitas de


encargos, que é quando os clientes pagam seus boletos ou notas com multas e juros;
as receitas de investimentos, que tanto pode ser a participação em outras empre-
sas quanto no próprio mercado financeiro; as receitas de honorário, que são aquelas
oriundas da prestação de algum tipo de serviço; as receitas de licenciamento, quando
algum direito da empresa é cedido a outro mediante pagamento, como é o caso do
uso de algum aplicativo, dentre várias outras.

O que você precisa compreender é que a diversificação de fontes tem o desafio de


fazer com que o empreendimento tenha mais receitas do que custos. O lado direito
do Canvas tem que ter um quantitativo monetário maior do que o quantitativo mone-
tário do lado esquerdo. E quanto maior, melhor, porque é daí que vem o lucro. O lucro
é a quantidade de dinheiro que sobra depois que todos os compromissos são pagos,
depois que todos os custos são liquidados. E quanto maior o lucro, maior a possibilida-
de de consolidação e expansão do empreendimento.

Consolidar um empreendimento é torná-lo sólido no mercado, de maneira que ob-


tenha a fidelidade de um número de clientes que lhe proporcione a quantidade de
receitas que cubram os seus custos. Expandir um empreendimento é aumentar a
quantidade de sua produção e operações, que é o caso de um comércio que abre
novas filiais ou aumenta o seu tamanho físico. O desafio é fazer a consolidação e a
expansão apenas com o dinheiro que vem do lucro.

Duas outras coisas geralmente os empreendedores e empreendimentos fazem


com os lucros, além do reinvestimento no negócio. A primeira é a bonificação, que é
o pagamento dos sócios, muitas vezes chamado de pró-labore; a segunda é o inves-
timento na competência de seu quadro de pessoal, porque é justamente o conheci-
mento (sobre os clientes, concorrentes e produtos) que permite que novos desafios
sejam enfrentados e superados para realizar mais e melhor o suprimento das neces-
sidades dos seus clientes.

RESUMINDO...

Quais são as fontes de receitas dos empreendimentos? São várias. Essa variedade
depende do tipo de empreendimento e pode ser classificada como receitas de ven-
das, encargos, financeiras, investimentos, honorários etc.

Qual é a necessidade do lucro nos empreendimentos empresariais? O lucro é o que


permite que os empreendimentos e empreendedores tenham seu dinheiro de volta,

299
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

consolidem e expandam o empreendimento, invistam na capacidade de seus colabo-


radores e novas tecnologias.

300
EJA-INTEGRADA - EPT

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Avalie cada afirmativa abaixo, se pode ser considerada falsa ou verdadeira.


( ) Os empreendimentos geram retornos financeiros e não financeiros para os
empreendedores.
( ) É preciso diversificar as fontes de custos.
( ) As receitas têm que superar os custos para poder gerar o lucro dos empreen-
dimentos.
( ) Os custos é que permitem que os empreendimentos se consolidem e se ex-
pandam.

301
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
DORNELAS, José Carlos Assis. Plano de negócios com o modelo Canvas: guia prático
de avaliação de ideias de negócio a partir de exemplos. Rio de Janeiro: LTC, 2016.

FINOCCHIO JÚNIOR, José. Project model Canvas: gerenciamento de projetos sem


burocracia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013.

OSTERWALDER, Alexander; PIGNEUR, Yves. Business model generation: inovação


em modelos de negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários.
Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.

302
EJA-INTEGRADA - EPT

Componente
Curricular 5
PROCESSOS LOGÍSTICOS (40H)

303
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

UNIDADE 1 – PARTE INTRODUTÓRIA

Olá!
Nesta unidade iremos trabalhar com os conceitos pertinentes
a processo, logística, processo logístico e tipos de processos
logísticos. Aqui a ideia é conhecer primeiro as definições gerais
para em seguida compreender cada tipo de processo logístico
existente. Estes conhecimentos são importantes para que mais
adiante você tenha sucesso no entendimento dos próximos te-
mas a serem trabalhados nesta apostila.

304
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 01 - O que é processo?


Certamente você já ouviu falar alguma vez na vida em processo. Eis alguns exem-
plos: processos jurídicos, processos de expansão, processos cirúrgicos, processos sele-
tivos, e por fim, processos logísticos. Mas, afinal, o que é processo?

Para que haja a devida compreensão sobre processos logísticos, é oportuno conhe-
cermos o que é processo. Conforme os conceitos presentes em Nascimento e Silva
(2011) e Silva (2019), os processos são atividades sequenciais formadas por partes en-
cadeadas entre si, as quais ao serem realizadas corretamente irão, de forma inevitável,
gerar um resultado. Um exemplo de processo existente é o de gestão. Por sua vez,
gestão é o processo que consiste em planejar, organizar, dirigir e controlar recursos
para viabilizar os objetivos organizacionais (SILVA et al., 2019).

Cada uma destas etapas que integram o processo deve ser feita na sequência cor-
reta. Tendo como exemplo o processo de gestão, não se pode fazer a etapa de contro-
le sem que as demais fases que integram o processo não terem sido executadas. Seria
como começar a construção de uma casa pelo seu telhado.

A lógica dos processos está vinculada com o entendimento de cada parte que inte-
gra a sua estrutura. A ideia a ser entendida aqui é: cada fase que compõe o processo
tem que ser feita com qualidade e adequação. O entendimento desta lógica fica mais
viável mediante o seguinte exemplo: o da contratação de um colaborador da área de
Logística, mais precisamente um operador de empilhadeira.

Para a contratação deste profissional, as seguintes etapas devem ser obedecidas: a)


anúncio da vaga; b) recebimento e seleção dos currículos; c) agendamento das provas;
d) entrevista com o supervisor da área de Logística; d) exames admissionais; e) entre-
ga de documentos; f) contratação do novo empregado. Ao ler esta sequência de fase,
o que isso te lembra? Sim, é isso mesmo: isto é um processo.

Agora perceba o seguinte detalhe: não seria errado contratar este novo colaborador
sem que ele fizesse os exames admissionais? Outro exemplo de situação que poderia
retardar o processo de contratação deste indivíduo seria o fato de ele não possuir con-
ta bancária, o que iria demandar mais tempo para a sua admissão.

Então, ao mencionarmos sobre processo, estamos falando sobre os seguintes as-


pectos:

1. Necessidade de se cumprir com cada parte que integra o processo;


2. A ocorrência de erros ou falhas compromete o andamento do processo;
3. A execução correta de cada fase do processo colabora com o seu sucesso.

O exemplo da contratação de mão-de-obra ajudou a ilustrar sobre aspectos básicos


do processo. Conhecido este primeiro item, nossa próxima missão é entender o que é
305
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

logística.

Caso queira conhecer mais sobre processos nas organizações, recomendamos que
você assista a estes dois vídeos. Seguem os links abaixo:

O que é um processo?

https://www.youtube.com/watch?v=lPMAoa23Uo4

O que é processo?

https://www.youtube.com/watch?v=s367V2qo_QA

306
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 02 - O que é logística?


A palavra logística vem ganhando destaque por conta de sua relevância para o de-
senvolvimento das nações. Durante muito tempo, imaginou-se que logística era um
termo que se referia somente a atividades de transporte e armazenagem. Atualmen-
te, há o entendimento de que estas são apenas duas das muitas atividades que são
relacionadas com o campo da logística.

Logística pode ser considerada como o processo que envolve os seguintes elemen-
tos: a) planejamento do fluxo dos materiais; b) suprimento das necessidades existen-
tes; c) entrega dos materiais na quantidade certa e no prazo acordado (PAURA, 2012).
Nesta aula 02 vamos entender cada um deste itens que integram a logística em seu
aspecto conceitual.

O primeiro entendimento aqui a ser destacado diz respeito ao planejamento do flu-


xo dos materiais, Silva (2019) esclarece que planejamento é uma ação decisória toma-
da pelas organizações com a intenção de alcançar um estado futuro melhor do que o
atual. Por sua vez, a palavra “fluxo” indica algo que necessita sair de um determinado
ponto para chegar ao seu destino. Assim, a prática da Logística envolve este ato de de-
cidir qual o melhor fluxo que um material ou um conjunto de materiais deve cumprir
até chegar ao seu destinatário.

Para tornar mais fácil esta ideia do fluxo, vamos imaginar que você esteja na sua
casa num fim de semana e precise se deslocar até a casa de um parente para ir a um
evento de família. Você pede um veículo pelo seu aplicativo e ele irá lhe mostrar na
tela do celular o valor da corrida da sua casa até o destino pretendido. O fluxo neste
exemplo representa o caminho a ser percorrido do seu endereço até a residência do
seu parente. O próprio aplicativo busca o melhor caminho para evitar que o trajeto
seja demorado.

O fluxo de materiais deve ser planejado para que eles possam chegar ao seu desti-
natário de forma correta. Aqui vamos a mais um exemplo do cotidiano: imagine que
você comprou um livro sobre logística numa livraria virtual. Você escolheu o livro, pa-
gou o boleto e agora está esperando sua encomenda chegar até a sua casa. Os dias se
passam e nada do seu livro chegar. Você pega o código de rastreamento do material
nos Correios e descobre que o seu material foi entregue em outro endereço. Aqui a
logística não foi planejada adequadamente.

A partir deste exemplo, outros dois aspectos da logística podem ser considerados.
O primeiro deles é o atendimento das necessidades. Voltando ao exemplo do livro de
logística: se ao invés da entrega no endereço errado ocorresse a entrega no endereço
certo, teríamos aí o atendimento da necessidade do consumidor do produto.

Outro ponto a ser trabalhado na logística é a certeza das informações prestadas.

307
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Se a encomenda é de 01 livro, então é este o material a ser entregue, nem a mais,


nem a menos. Já vimos em exemplo anterior o que aconteceria se o livro de logística
não fosse entregue. Da mesma forma, não seria correto a entrega de 02 livros sendo
que só foi adquirido um exemplar. As operações logísticas são movidas não somente
por pessoas e processos, mas também por informações, as quais devem garantir que
cada tarefa seja realizada da forma correta.

E por que há esta necessidade de se planejar o fluxo de materiais? Simples: para


atender necessidades existentes. Perceba que a logística sempre possui uma parte
que necessita ser atendida e outra que é a responsável por este atendimento. Em re-
gra, quem demanda as necessidades é chamada de cliente. Já quem assume o papel
de suprir a esta necessidade é denominado como fornecedor. A logística é o caminho
que faz com que a relação entre estes dois atores seja a melhor possível. Quando você
vai a um supermercado, todas as mercadorias ali expostas nas prateleiras só chega-
ram até lá por que os fornecedores dos produtos atenderam a uma encomenda do
supermercado. Se este fluxo não for planejado, há o risco tanto da escassez de produ-
tos como também da elevação dos preços por conta desta situação específica.

Nesta aula vimos o que é logística. Caso tenha interesse em saber mais sobre o as-
sunto, recomendamos os vídeos abaixo.

O que é logística?

https://www.youtube.com/watch?v=rcKdHm28ta0

O que é logística? – conceitos e aplicações

https://www.youtube.com/watch?v=63o70UWJthM

Na nossa próxima aula vamos conhecer o que é processo logístico.

308
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 03 - O que é processo logístico?


Olá! Tudo bem?

Já vimos o que é processo e o que é logística. Agora vamos avançar em nosso con-
teúdo conhecendo o que é processo logístico. Apenas para relembrarmos rapidamen-
te o que já foi visto até aqui. Já sabemos que: a) processos são atividades feitas de
forma sequencial, as quais ao seu final irão gerar um resultado, e; b) logística envolve o
planejamento do fluxo de materiais para fazer com que eles cheguem na quantidade
e no prazo corretos até o seu destino (PAURA, 2012; SILVA, 2019).

Numa primeira leitura, com base no que já foi visto nesta apostila, os processos lo-
gísticos tem a ver com as etapas do fluxo de materiais de maneira que eles cheguem
em tempo hábil até o cliente. Se ao falarmos de processo, usamos o termo “encadea-
mento” para dizer que as etapas que integram o processo são dependentes uma da
outra, ao abordarmos sobre processos logísticos o termo que melhor se adequa a esta
realidade é integração.

Esta necessidade de integração entre as atividades desenvolvidas nos processos


logísticos é necessária por dois motivos. O primeiro deles tem a ver com a própria ideia
de gestão integrada, onde as atividades desenvolvidas por uma organização não são
isoladas, mas integradas entre si (BARBOSA; LIMA; CHAGAS, 2012). O segundo moti-
vo tem a ver com a necessidade destas tarefas serem desenvolvidas com qualidade
(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Isso significa dizer que além de estarem inte-
gradas entre si, as atividades que integram os processos logísticos devem ser execu-
tadas com elevado nível de excelência, preferencialmente de forma correta para evitar
possíveis retrabalhos.

Quando mencionamos o termo “processo logístico”, não estamos fazendo menção


somente a empresas privadas. As organizações públicas também demandam servi-
ços de logística dos seus respectivos fornecedores. Para exemplificar: um hospital não
funciona se não tiver os equipamentos de proteção individual (EPI) para que seus
profissionais possam atuar com segurança. Uma escola para poder receber os alunos
necessita de todo o aparato de materiais, sejam eles carteiras, computadores para
laboratório, materiais de expediente e limpeza, dentre outros. Um tribunal de justiça
demanda uma quantidade considerável de papéis e impressões. Isto só para citar al-
guns exemplos para facilitar o seu entendimento sobre o assunto.

O que queremos dizer com isso é que os processos logísticos não são uma exclu-
sividade das empresas da iniciativa privada. Até mesmo organizações sem fins lucra-
tivos que dependem de doações, como, por exemplo, asilos ou orfanatos também
precisam que de alguma forma os materiais necessários para o seu funcionamento
cheguem ao seu destino. Assim, alimentos, materiais de limpeza, remédios e demais
itens se enquadram neste contexto.

309
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Nas organizações privadas, principalmente nas indústrias, os processos logísticos


possuem uma importância estratégica. Vamos de exemplo? Então imagine um carro
de fórmula 1 que necessita trocar de pneu no meio de uma corrida. É o chamado pit
stop. Note que cada ação é feita de forma coordenada e no menor tempo possível
para evitar que o piloto perca muitas posições e volte para a pista de corrida em con-
dições de disputar as primeiras posições.

Com os processos logísticos a lógica é a mesma. As organizações necessitam que


estes processos sejam feitos em tempo hábil. Um dos principais fatores a serem con-
siderados no desenvolvimento de processos logísticos é o fator tempo. Da mesma
forma que uma equipe automobilística que compete na Fórmula 1 não pode perder
tempo nas suas operações, as empresas, principalmente as indústrias devem primar
pela eficiência e eficácia dos seus processos logísticos.

Assim, os processos logísticos tem a ver com as etapas necessárias para fazer com
que um material chegue de forma correta e segura até o seu respectivo destino. En-
tendido isso, torna-se necessário compreender quais são os tipos de processos logísti-
cos e as atividades contidas em cada tipo. Mas isso é assunto para as nossas próximas
aulas.

Caso queira saber mais sobre processos logísticos, recomendamos assistir ao vídeo
abaixo.

Processos logísticos.

https://www.youtube.com/watch?v=CiRCpmNXe3c

Em nossa próxima aula iremos conhecer sobre os tipos de processos logísticos.

310
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 04 – Tipos de processo logístico


Olá!

Vamos a mais uma aula deste material. Já vimos o que é processo logístico, agora
vamos conhecer os tipos de processo logístico existentes. O primeiro tipo a ser consi-
derado neste sentido é o processo logístico interno. Pode-se dizer que este processo é
mais visto em almoxarifados, estoques e centros de distribuição (SANTOS, 2006).

De acordo com Santos, Cruz e Pacheco (2013) e Capital Reality (2020), as atividades
principais desempenhadas no processo logístico interno são as seguintes:
- Recebimento: atividade esta que consiste em receber os materiais e produtos que
chegam no depósito;

- Movimentação de materiais: após o recebimento, o passo seguinte é a movimen-


tação correta dos materiais, a qual consiste no ato de colocar as mercadorias em
estoque.

- Armazenagem: atividade na qual os materiais são organizados e ficam retidos


aguardando pela demanda de uso. Uma das formas de se organizar os itens é por
ordem alfabética, por exemplo.

- Separação: esta atividade também é conhecida na literatura pelo termo em inglês


picking e consiste no momento em que os materiais são separados para atender a
demanda do cliente.

- Expedição: na etapa de expedição os materiais devem ser devidamente conferi-


dos, pesados para transporte e acompanhados da sua respectiva documentação.

Veja que cada etapa é desenvolvida em sequência de modo que o objetivo final das
atividades desenvolvidas é o envio da mercadoria demanda para os clientes. Estas são
características típicas de um processo, conforme visto em aula anterior.

É necessário esclarecer as duas possibilidades existentes com relação ao processo logístico


interno. A primeira delas é a que vimos na descrição acima e que pode ser exemplificada pelas
lojas de material esportivo que vendem seus produtos na internet. Por exemplo: um consumidor
compra um par de tênis da marca “X”, na cor preta. Ao efetuar a compra pelo site da empresa
que vende este produto, o consumidor na maioria das vezes não atenta para este de-
talhe, mas este produto possui um código de identificação. Quando o pagamento é
confirmado, o centro de distribuição recebe o pedido e já separa um exemplar deste
par de tênis para ser expedido. Junto ao produto, em regra vai uma nota fiscal. Este
produto após passar por separação é expedido e cabe ao transportador providenciar
a entrega junto ao endereço do cliente. Geralmente o passo a passo da mercadoria
desde a confirmação do pedido até o envio ao cliente é registrado por notificações via
e-mail ou pelo aplicativo da loja em que o cliente comprou o seu item.

311
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

A outra situação possível do processo interno de logística acontece nas fábricas. Os


materiais são demandados pelos setores da empresa para o almoxarifado da organi-
zação. Vejamos dois exemplos para facilitar o entendimento sobre este fluxo:
- Há materiais que são exclusivos para uso nos processos produtivos. A natureza
destes itens depende muito do que é o produto a ser montado. São os chamados
componentes que integram o produto final. Por exemplo: a montagem de uma
motocicleta irá demandar os itens que a compõem, desde a parte mecânica com o
motor, o câmbio e a transmissão e a parte ciclística que é composta pelos freios, as
rodas e a suspensão. Todos estes itens são devidamente montados para que então
a motocicleta esteja pronta.

-Há também os matérias não produtivos, os quais são chamados de indiretos. São
os materiais de limpeza e expediente e demais itens que são solicitados pelos de-
partamentos da fábrica, mas que não são usados diretamente na fabricação de
produtos.

Além do tipo de processo interno, há também o fluxo logístico externo. Para expli-
car como funciona este tipo de processo logístico, vejamos o conteúdo da Figura 1:
Figura 1: Processo logístico externo – Clientes e Fornecedores

Fonte: EaD Evolução (2022).

Quando tratamos sobre os processos logísticos externos, há de se considerar duas


possibilidades. A primeira delas é sob o ponto de vista dos fornecedores. No processo
logístico, os fornecedores possuem a responsabilidade de atender as demandas dos
clientes. Para isso, a entrega dos itens demandados com qualidade, segurança e res-
peito aos prazos acordados é primordial.

No esquema lógico representado na Figura 1, o papel dos fornecedores consiste em


receber os pedidos, manter o cliente informado sobre o status do pedido e providen-
ciar a entrega. Conforme visto na Figura 1, o demandante do material pode ser uma

312
EJA-INTEGRADA - EPT

organização privada ou pública.

Quando se discute sobre os processos logísticos externos na perspectiva dos forne-


cedores, as principais atividades a serem desempenhadas são: a) abastecimento, e; b)
compras (HEIZER; SOUZA; OLIVEIRA, 2021). Se tomarmos como exemplo um super-
mercado, itens de primeira necessidade como arroz, feijão, frango e carne são itens
que sempre são comprados com mais frequência se comparados com outros itens
mais específicos, como, por exemplo, produtos destinados para quem é alérgico a
lactose.

A responsabilidade dos fornecedores é cumprir com aquilo que prometeram en-


tregar. Este é um dos requisitos a serem atendidos para que se construa uma relação
de confiança com os clientes. Além disso, este compromisso em cumprir com o que
foi acordado representa uma forma de fortalecer a marca do fornecedor junto a sua
clientela, inspirando neles a credibilidade necessária.

A segunda possibilidade a ser vista com relação aos processos logísticos diz res-
peito a perspectiva dos clientes. As principais atividades a serem desempenhadas no
processo logístico externo voltado para os clientes são: a) logística de distribuição; b)
gestão de transporte; c) checagem e expedição de mercadorias, e; d) controle de fre-
te (ROSA, 2007). Nas próximas aulas iremos compreender como acontece cada uma
destas etapas.

O papel do cliente no processo logístico externo é fazer o acompanhamento do seu


pedido junto ao fornecedor. Imagine que você comprou uma televisão de 50 polega-
das e a loja promete entregar no seu endereço em até 48 horas. Passado este prazo, a
loja não entra em contato e você fica aguardando por um item que já é seu. A mesma
coisa acontece com as organizações: ao adquirirem um produto ou serviço, elas que-
rem se certificar do cumprimento do que foi combinado.

Nas próximas aulas veremos com mais detalhes cada atividade que integra o pro-
cesso de logística interna.

Considerações da Unidade:

Até aqui vimos os conhecimentos de base referentes a processo, logística e proces-


sos logísticos com seus respectivos tipos. Estes conceitos são importantes pois repre-
sentam a base necessária para o entendimento das aulas seguintes deste material. Na
logística, os processos são dinâmicos e a execução com qualidade destas tarefas é ne-
cessária para atender as demandas dos clientes e evitar possíveis atrasos na entrega
dos materiais. Esta noção de processo deve ser entendida com clareza neste primeiro
momento para que em seguida os conteúdos das próximas aulas sejam compreen-
didos com mais facilidade.

313
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Atividade de Avaliação da Unidade

Observe as questões abaixo e escolha entre as opções verdadeiro ou falso

01. Logística é o processo que consiste em planejar, organizar, dirigir e controlar


recursos para viabilizar o alcance dos objetivos logísticos.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

02. Processos são esforços temporários voltados para a criação de produtos ou


serviços exclusivos.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

03. No que se refere aos tipos logísticos, é possível afirmar que só há um tipo de
processo, chamado de processo logístico interno.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

04. As atividades que integram os processos logísticos internos são: a) rece-


bimento; b) movimentação de material; c) armazenagem; d) separação, e; e)
expedição.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

05. Quando falamos em tipos de processos logísticos, mais precisamente so-


bre processos externos, deve-se considerar tanto a perspectiva do cliente como
também a do fornecedor.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

314
EJA-INTEGRADA - EPT

UNIDADE 2 – LOGÍSTICA INTERNA

Olá!
Nesta unidade vamos nos concentrar na compreensão das
atividades que integram a chamada logística interna. Ao todo,
são cinco atividades principais desempenhados nesta cate-
goria de processo logístico. Num primeiro momento, vamos
abordar esta temática num aspecto mais geral para em segui-
da conhecer cada uma das funções que integram este tipo de
processo logístico.

315
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 05 - Conhecendo a Logística Interna


Imagina que você vai a uma loja de eletrodomésticos com a intenção de comprar
uma geladeira. Você já pesquisou os preços, conversou com o vendedor e já decidiu
qual o modelo de geladeira que atende as suas necessidades, tanto que a sua vontade
é comprar a geladeira e já levar ela no mesmo dia fretando um carro para transporte.
Tomada esta decisão, você compra a geladeira e o vendedor providencia a liberação
do material junto ao depósito da loja.

Agora vamos olhar esta mesma situação, mas agora com um olhar mais voltado
para a logística. Esta geladeira recém-adquirida passou por todo um processo até ser
disponibilizada para o cliente. É neste processo chamado logística interna que vamos
nos concentrar ao longo desta aula.

A logística interna acontece com mais frequência nos almoxarifados, estoques e


centros de distribuição (SANTOS; CRUZ; PACHECO, 2013). A logística interna é assim
chamada porque todas as atividades são realizadas no interior do armazém, desde a
chegada do material na doca do depósito até a sua saída rumo ao destino do cliente.
Conforme já vimos anteriormente na aula sobre processo, cada uma das etapas prin-
cipais que integram o processo deve ser realizada de maneira assertiva, ou noutras
palavras, feita da forma certa para evitar possíveis retrabalhos.

A execução da logística interna para ser bem-sucedida depende que alguns fato-
res condicionantes sejam devidamente atendidos. O primeiro deles diz respeito ao
pessoal que trabalha no armazém. Estes profissionais devem demonstrar domínio
teórico e prático da execução de suas funções, as quais devem ser desempenhadas
com qualidade (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Dentre os colaboradores que
cumprem expediente nos depósitos, pode-se mencionar, além da figura do gerente,
os estoquistas, os operadores de empilhadeira, os conferentes, os auxiliares de almo-
xarifado e o pessoal administrativo (assistentes, analistas, etc). A depender das polí-
ticas de gestão de pessoas da empresa que lidera o depósito, menores aprendizes e
estagiários também podem integrar o quadro pessoal do almoxarifado.

Estes profissionais devem ser bem treinados porque estão lidando com dinheiro. A
razão para esta informação ser feita é que todo material possui o seu valor financeiro.
Por exemplo: uma fábrica que produz placas eletroeletrônicas de televisão possui em
seu estoque centenas de componentes que são necessários para a montagem das
placas. Alguns destes itens possuem elevado valor de mercado. Por esta razão, um
dos principais itens a serem observados nas operações dos estoques é a segurança. A
Figura 2 demonstra um exemplo de almoxarifado visto por dentro.
Figura 2: Exemplo de almoxarifado

316
EJA-INTEGRADA - EPT

Fonte: Reis (2018)

Veja este exemplo de almoxarifado visto por dentro. Perceba a forma como os itens
são acondicionados nas prateleiras. Este espaço entre uma prateleira e outra é cha-
mado de rua. Cada um destes materiais está alocado em seu respectivo endereço.
Assim, quando um determinado item é demandado, o almoxarife ou estoquista con-
sulta o sistema de informação para saber em qual endereço o material está situado.

Veja que cada um dos itens em suas embalagens está apoiado sobre um suporte
de madeira. A este suporte dá-se o nome de pallet. A razão para o uso dos pallets é
evitar que o material fique alocado no chão e porventura acabe sofrendo alguma ava-
ria. Além da integridade dos materiais, a execução dos trabalhos na logística interna
também exige que as pessoas trabalhem com segurança. Por esta razão, quando um
novo empregado é admitido para trabalhar num estoque como este aí da Figura 2,
um dos itens que lhe é disponibilizado é a bota de segurança para evitar acidentes.
Lembre-se: a segurança é fundamental em todo e qualquer trabalho de logística.

Conforme já mencionado anteriormente, um dos principais itens a serem obser-


vados na logística é a confiabilidade das informações. Para que um estoque funcione
adequadamente, um dos itens principais a serem atendidos é a sua acurácia (SILVA
et al., 2017). Isso significa dizer que o que está registrado no sistema de informação e
o material na sua contagem física devem apresentar rigorosamente a mesma quan-
tidade. Não havendo esta fidelidade, o estoque automaticamente está “furado”, como
se diz no linguajar popular.

Esta comparação entre os itens com relação a suas quantidades no físico X sistema
de informação é uma das rotinas que integram o cotidiano da logística interna. Um
estoque acurado é resultado do trabalho comprometido de todos os integrantes da
equipe logística. Por esta razão, os processos logísticos internos devem ser executados
corretamente.

Para exemplificar: imagine que o almoxarifado recebeu um lote contendo 5.000


parafusos. Este lote é formado por 10 caixas de 500 parafusos cada. O lote é recebido,

317
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

movimentado e armazenado. Ao passar por este processo, no sistema de informação


a entrada de 5.000 parafusos da marca “Y” é registrada. Feito este procedimento, uma
loja de material de construção resolve fazer um pedido deste almoxarifado de 2.500
parafusos. Quando esta quantidade que corresponde a 5 caixas de parafusos é vendi-
da ao cliente, há o processo de separação seguido da expedição da quantidade solici-
tada acompanhada de sua nota fiscal. Quando esta nota é faturada, é feita a baixa de
2.500 parafusos no estoque. Aqui a conta é simples: 5.000 – 2.500 = 2.500 parafusos no
estoque.

Agora vamos imaginar a seguinte situação: se porventura o responsável por regis-


trar a entrada dos 5.000 parafusos se distrai e acaba digitando a quantidade de 50.000
parafusos. Seria registrado um montante de material que não condiz com a realidade.
Por esta razão que em todo processo logístico as informações devem ser cem por
cento verdadeiras. Um eventual erro entre a quantidade física e o que está registrado
no sistema de informação gera diversos problemas para o armazém. Por esta razão,
é recomendável antes de cada registro em sistema conferir mais de uma vez se as
quantidades estão corretas e aí sim proceder com o registro. Lembre-se: em logística
tudo deve ser devidamente registrado.

Aqui nesta aula buscamos lhe proporcionar uma visão geral da rotina e do traba-
lho desempenhado na logística interna. Caso queira saber mais sobre o assunto reco-
mendamos que assista o vídeo abaixo.

Otimizando a logística interna.

https://www.youtube.com/watch?v=IZE5YrN3WTE

Nas próximas aulas vamos conhecer uma por uma as atividades que integram a
logística interna.

318
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 06 – Recebimento de Mercadorias


Olá!

Vamos agora conhecer em detalhes cada uma das atividades que integram a logís-
tica interna. Mas antes de iniciar aqui a exposição do conteúdo sobre o recebimento
de mercadorias, cabe aqui fazer uma pergunta: por que estas atividades de logística
interna são feitas todas num único local, geralmente um depósito ou armazém? A
resposta é dada por Santos (2006), a qual diz que as organizações perceberam que era
mais fácil e prático consolidar todas estas atividades num local específico para elas.
Daí a relevância dada aos centros de distribuição no âmbito da logística.

A logística interna inicia com o processo de recebimento de mercadorias. Dá-se o


nome de recebimento as atividades voltadas para receber de forma ordenada os pro-
dutos e materiais que chegam na doca do depósito (SANTOS; PACHECO; CRUZ, 2013).
Para ajudar no entendimento da dinâmica do recebimento, vamos utilizar aqui como
exemplo um centro de distribuição de uma loja virtual de materiais esportivos que
atende todo o Brasil.

Imagine que no centro de distribuição desta loja todos os dias chegam diversos
materiais: pares de tênis, blusas e camisetas das marcas esportivas como Nike, Puma
e Adidas, bolas, mochilas, e demais materiais. A razão para estes materiais chegarem
no centro de distribuição é simples: a empresa que vende estes itens necessita tan-
to repor o estoque dos produtos mais vendidos como também expor em seu site os
lançamentos de cada marca. Assim, todos estes materiais foram comprados pela loja
para manter ativo o seu portfólio de produtos.

O recebimento destes itens deve ser feito de forma ordenada. Isso significa que os
caminhões que chegam até o centro de distribuição devem ser atendidos por ordem
de chegada. A depender do volume de pedidos que a loja fez, os materiais podem vir
agrupados em lotes maiores ou, se for o caso, em lotes menores. Quando o volume de
material a ser transportado não é grande, a entrega pode ser feita por meio de mo-
toboys até o centro de distribuição.

Quando os lotes de produtos são consolidados em um único pallet, eles são agru-
pados por meio de um filme plástico que envolve estes materiais para evitar que no
transporte alguma caixa acabe caindo e se perdendo no meio do caminho. Isto acon-
tece geralmente quando todas as caixas que estão acondicionadas no pallet se re-
ferem a um único produto. Uma das partes mais importantes no que se refere ao
recebimento de mercadorias diz respeito a conferência das informações a serem con-
sideradas.

Aqui o responsável por receber as mercadorias deve estar atento ao que está regis-
trado na nota fiscal. Se neste documento está declarado que a carga a ser recebida é

319
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

composta por 40 caixas contendo cada uma delas um par de tênis modelo “AG235-X”,
então é exatamente isso que deve vir no físico: nem a mais, nem a menos. A conferên-
cia no recebimento de mercadorias consiste em checar se as informações contidas na
nota fiscal estão de acordo com o físico.

Agora observe a Figura 3 para continuarmos a explicar a dinâmica de processo do


recebimento de mercadorias.
Figura 3: Exemplo de recebimento de mercadorias

Fonte: Onblox (2020)

Veja que na Figura 3 há um lote de caixas envolvido num filme plástico e que está
sendo movimentado com a ajuda de um matrim. O recebimento de mercadorias deve
ser feito com precisão, posto que toda situação envolvendo troca de mercadorias ou
ainda produtos cuja quantidade não é a mesma da nota fiscal geram prejuízos e per-
da de tempo e dinheiro.

Por esta razão, recomenda-se que o processo de recebimento de mercadorias seja


feito com rigor e qualidade. Ainda na Figura 3, este espaço em que o lote está situado
é chamado de doca. Recomenda-se que as docas do armazém estejam sempre livres
para facilitar o fluxo de materiais que por ali passam (CAPITAL REALITY, 2020).

Caso queira conhecer mais sobre recebimento de mercadorias, recomendamos


que assista o vídeo abaixo.
Como fazer recebimento e conferência de mercadorias?
https://www.youtube.com/watch?v=BFyPEMWRpuM

Conhecido o processo de recebimento, o próximo passo a ser executado no pro-


cesso logístico interno é o da movimentação de materiais, mas este é assunto para a
próxima aula.

320
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 07 – Movimentação de Materiais


Olá!

Vamos seguindo com o nosso estudo sobre as etapas que integram o processo
interno de logística. Agora que você já conhece a dinâmica e a importância da ativida-
de de recebimento de mercadorias, vamos agora ao próximo item a ser observado: a
movimentação de materiais. Se no ato de receber as mercadorias o principal cuidado
é se certificar que as informações estão todas corretas, no ato da movimentação do
material o principal item a ser observado é a segurança, tanto do material que será
alocado no estoque como também das pessoas que estão envolvidas neste trabalho.

Para que isto fique bastante claro para o seu entendimento, vamos de exemplo?
Então, repare bem: imagine que um lote de cargas semelhante ao que você viu na
Figura 3 da aula anterior chegou na doca do centro de distribuição. O conferente viu
que a quantidade do material está correta com o que está declarado na nota fiscal.
Feita esta parte, um operador de empilhadeira resolve tirar o pallet com o lote de ma-
teriais da doca e levar para outro local dentro do centro de distribuição. Porém, por
descuido, ele acaba batendo de frente com outro pallet que estava no meio de um
dos corredores de acesso as ruas do centro de distribuição. Resultado: dois lotes de
material avariados e o operador de empilhadeira com sua reputação manchada por
este episódio.

Por esta razão, a movimentação de materiais deve ser feita por pessoal treinado e
capacitado. Vejamos aí na Figura 4 um exemplo de movimentação segura de mate-
riais.
Figura 4: Exemplo de movimentação de materiais

Fonte: RD Soluções Logísticas (2022).

Repare que o operador logístico da Figura 4 está conduzindo umas caixas de mate-
riais até o seu respectivo destino. Ele está usando botas de segurança, luvas e capace-
te. Por conta do período pandêmico do novo Coronavírus, o colaborador também está
usando máscara facial. Note que o instrumento que ele está usando permite trans-

321
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

portar até 3 caixas de material. Como este dispositivo conta com duas rodas na sua
frente, isto facilita a movimentação da carga. Caso o colaborador tivesse de levar uma
por uma as caixas contando com a força dos seus braços, levaria muito mais tempo
para concluir a movimentação.

Nesta mesma Figura 4 é possível ver outro instrumento que auxilia neste processo
de movimentação de materiais: o matrim. Se você observar com mais atenção, cada
produto no estoque conta com uma etiqueta branca de identificação. Além disso, os
locais nas prateleiras também estão identificados. Isto é necessário para facilitar a lo-
calização de cada item quando eles forem demandados.

A Figura 4 retrata um funcionário que está movimentando uma quantidade pe-


quena de itens de um local para o outro. Entretanto, nem sempre isto é possível de se
fazer porque como já sabemos os estoques possuem alocações cuja altura é elevada.
É por este motivo que é comum nos centros de distribuição utilizarem como equipa-
mento de movimentação de cargas as empilhadeiras, conforme exemplo na Figura 5.
Figura 5: Uso de empilhadeira no centro de distribuição

Fonte: Cargox (2020).

É necessário esclarecer que a operação de empilhadeiras só pode ser feita por pessoal
devidamente capacitado para isso. As empilhadeiras permitem que tanto os materiais sejam
alocados em locais mais altos nas prateleiras do estoque como também lotes de material sejam
retirados, transportados e disponibilizados para utilização.

A movimentação de materiais ao ser feita sem os devidos cuidados pode gerar di-
versos prejuízos. Voltado ao exemplo do acidente com a empilhadeira, além do ope-
rador e dos materiais, a própria empilhadeira ficou danificada e precisará passar por
reparos. Veja quantos problemas acontecem quando não há o devido zelo pela segu-
rança na realização destas atividades.

Com relação aos equipamentos utilizados para transportar materiais, é necessário


que eles passem por manutenção periódica. Isto evita, por exemplo, de um operador
deste equipamento emitir um comando, como, por exemplo, acionamento do freio
e a empilhadeira não responder de imediato. Além disso, as pessoas que trabalham
322
EJA-INTEGRADA - EPT

com esta movimentação de materiais devem ter ciência de que este trabalho deve ser
feito com bastante atenção, não somente para garantir a integridade dos materiais,
mas também para preservar a saúde e segurança dos colaboradores que trabalham
neste processo.

Se você curtiu esta aula e deseja saber um pouco mais sobre movimentação de
materiais, recomendamos que assista estes vídeos abaixo:
Princípios da movimentação de materiais.
https://www.youtube.com/watch?v=bce0gLM7X0g
Equipamento de movimentação de materiais.
https://www.youtube.com/watch?v=NeSpXXVJLto
Movimentação de materiais.
https://www.youtube.com/watch?v=ViKTPVJiNTI

Nesta aula conhecemos mais sobre os principais aspectos do processo de movi-


mentação de materiais. Nossa saga na logística interna continua na próxima aula
onde vamos saber mais sobre o processo de armazenagem.

323
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 08 – Armazenagem
Olá! Tudo bem?

Vamos dar prosseguimento a nossa trilha de aprendizagem sobre logística interna.


Nesta aula o nosso enfoque é entender mais sobre as atividades de armazenagem. Só
para não perdermos o fio da meada: até agora vimos sobre recebimento de materiais
e movimentação de mercadorias. Agora vamos estudar de que maneira o processo de
armazenagem deve ser realizado.

Armazenar materiais significa estocar estes itens e deixar eles disponíveis para uso
futuro (SANTOS; CRUZ; PACHECO, 2013). Aqui podem ocorrer duas situações. A primei-
ra é a do centro de distribuição de uma determinada empresa em que seus produtos
ficam armazenados até serem demandados pelos clientes, separados e expedidos.
Numa aula anterior mencionamos sobre o exemplo da loja virtual de materiais es-
portivos, o que cabe perfeitamente neste cenário descrito. Mas há também os casos
das fábricas cujas instalações possuem em suas instalações um estoque, do qual são
demandados os mais diversos materiais, desde caneta e pincel até materiais produ-
tivos para uso nas linhas de produção. Em ambas as situações a armazenagem é um
processo fundamental a ser trabalhado. Na Figura 6 um exemplo de processo de ar-
mazenagem.
Figura 6: Processo de armazenagem

Fonte: Ideal Storage (2022).

Dentre as razões que tornam o processo de armazenagem relevante dentro da lo-


gística interna, é necessário destacar a questão da facilidade de localização dos itens
demandados. Por exemplo: os itens que costumam ser comprados com mais fre-
quência ou aqueles materiais que a produção sempre solicita, como, por exemplo,
parafusos ou placas eletrônicas lisas (sem nenhum componente inserido nela) devem
estar alocados em lugar de fácil acesso.

Entenda que não faz sentido inserir um material com estas características no local
mais alto das prateleiras do estoque. Este é o tipo de espaço que deve ser ocupado por
itens que apesar de serem importantes, não são demandados com muita frequência

324
EJA-INTEGRADA - EPT

(CAPITAL REALITY, 2020). Quando falamos em logística, estamos fazendo menção a


dois itens primordiais: tempo e dinheiro. Agora imagine que um item que a produção
sempre pede do estoque está alocado na última rua, no último endereço e no local
mais alto das prateleiras? Até que venha um operador de empilhadeira fazer todo o
trabalho de transporte do item com segurança, um tempo será demandado para isso.
Por este motivo, itens que são movimentados com maior frequência devem ser arma-
zenados em locais de fácil acesso.

Processos logísticos como, por exemplo, o de armazenagem se caracterizam por


serem dinâmicos. Um dos instrumentos que tornam esta atividade mais fácil diz res-
peito aos sistemas de informação. Estes sistemas se tornaram mais presentes nas em-
presas a partir da Terceira Revolução Industrial e são soluções tecnológicas que visam
integrar os processos numa organização, tornando os processos decisórios mais acer-
tados. Na logística, este tipo de solução recebe um nome específico voltado para o
gerenciamento de armazéns: Warehouse Management System - WMS, ou traduzido
para o português, Sistema de Gerenciamento de Armazéns (TRINDADE; BRITO; SILVA,
2022).

Estes sistemas auxiliam no processo de armazenagem da seguinte forma: sempre


que um item chega ao centro de distribuição, ele precisa ter a sua entrada no estoque
registrada. Este registro é feito via sistema de informação pelo setor de recebimento.
Feito isto, o passo seguinte é a alocação deste material dentro de um endereço es-
pecífico no estoque, processo este feito por um almoxarife ou estoquista. Feito isto,
qualquer pessoa que tiver acesso ao sistema de informação ao consultar este item no
estoque, irá saber em tempo real a quantidade do material no estoque.

Vamos a um exemplo de como isto funciona. A Figura 7 exibe a imagem de um


dos sistemas de informação mais conhecidos no meio empresarial conhecido como
SAP. Nesta Figura 7 primeiramente estamos destacando a entrada no estoque de 10
capacetes da marca ZUM. Nesta tela, podemos verificar a presença dos seguintes ele-
mentos:
- Pedido: neste trecho da tela é descrito o número do pedido de compras refer-
ente a 10 capacetes para motocicletas da marca ZUM;

- O documento de referência: é a nota fiscal por meio da qual o material teve o


seu registro de entrada efetuado no estoque;

- Centro: esta parte da tela diz respeito ao centro de custo do setor demandante
do material adquirido;

- Fornecedor: nesta tela aparece o código numérico de identificação da empresa


fornecedora dos capacetes;

- Material: assim como os demais materiais, o capacete do nosso exemplo possui


um código de identificação;

- Um Registro: é a quantidade de capacetes adquirida neste processo;

325
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

- Depósito: é o local onde os capacetes se encontram endereçados;

- Empresa: diz respeito ao código da empresa que adquiriu os capacetes;

- Exercício: diz respeito ao ano contábil em que a transação comercial foi feita.

Figura 8: Recebimento de capacetes no estoque

Fonte: Evo Educação (2022).

Agora vamos ver o saldo de estoque dos capacetes. Na Figura 8 é possível ver que
há três locais diferentes onde o item “Capacete para motocicletas ZUM” está alocado.
Vamos ver cada um deles?
- BestRun Brazil: pelo nome, imagina-se que este local é uma loja matriz onde
são vendidos acessórios para motocicleta. O saldo de capacetes neste lugar é de
20 unidades;

- Centro São Paulo: pelo nome, pode-se presumir que se trata de uma loja filial,
aonde segundo o SAP também há 20 unidades deste capacete, e;

- Depósito 001: este depósito foi mencionado na Figura 7 e é onde foi registrada
a dos 10 capacetes que chegaram até o estoque. Pela quantidade de 20 capacet-
es, podemos constatar que já haviam anteriormente 10 unidades que somadas
com as outras 10 do pedido que foi registrado e exemplificado na Figura 7 re-
sultam em 20 unidades.
Figura 8: Consulta de estoques SAP

326
EJA-INTEGRADA - EPT

Fonte: Evo Educação (2022).

É oportuno lembrar que em logística tudo, simplesmente tudo deve ser registra-
do. Embora os sistemas de informação auxiliem bastante no processo de armazen-
agem, é preciso que cada registro seja feito com precisão para evitar que quanti-
dades erradas sejam lançadas no sistema.

Assim, conforme os resultados da Figura 8, temos 60 capacetes da mesma marca,


distribuídos em 3 endereços diferentes. O processo de armazenagem visa não somen-
te disponibilizar no menor tempo possível como também tornar o processo logístico
mais confiável e dinâmico.

Se você gostou deste conteúdo e quer saber mais sobre ele, dê uma olhadinha nes-
tes vídeos que separamos a seguir:
Armazenagem e movimentação de materiais.
https://www.youtube.com/watch?v=dVZkXVqeT8s
Logística – Movimentação e Armazenagem – Aula 01
https://www.youtube.com/watch?v=ViKTPVJiNTI
Logística – Movimentação e Armazenagem – Aula 02
https://www.youtube.com/watch?v=4UmZ26I-9Os

Aqui nesta aula vimos os principais aspectos sobre armazenagem de materiais. Nosso
próximo passo é entender como se dá o processo de separação de materiais, mas isto
é assunto para a próxima aula.

327
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 09 – Separação de materiais


Olá!

Nesta aula vamos conhecer mais sobre separação de materiais. No processo logís-
tico interno, todas as atividades são importantes e devem ser feitas com qualidade
e responsabilidade. Entretanto, o trabalho de separação de materiais é um dos que
mais impacta na satisfação final do cliente, pois é neste momento que o pedido é se-
parado e enviado para o processo de expedição (SANTOS; CRUZ; PACHECO, 2013). Na
Figura 9 temos um exemplo de separação de materiais no estoque.
Figura 9: Separação de materiais

Fonte: Butta (2021).

Vamos aqui imaginar que neste estoque retratado na Figura 9, há um pedido de 30


buzinas para motocicleta. O estoque recebe este pedido e checa se há disponibilidade
deste item para venda. O sistema de informação diz que há 50 buzinas disponíveis.
Diante desta informação, o estoquista se dirige ao endereço do estoque onde estão
alocadas as buzinas, mas ao chegar lá percebe que não há caixa nenhuma no local
indicado. Já imaginou o trabalho que dá ter que fazer todo um rastreamento até lo-
calizar as 50 buzinas que o sistema de informação diz haver disponível em estoque?

O sucesso da separação de materiais depende que todas as etapas que lhe ante-
cedem (recebimento, movimentação e armazenagem) sejam feitas com qualidade
(SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Para que este problema do “sumiço” das bu-
zinas no estoque acontecesse, alguém em um dado momento falhou em algum mo-
mento do processo.

A qualidade e a assertividade das informações devem estar presentes em todo o


processo logístico. Vejamos na Figura 10 um exemplo que tem a ver com o que esta-

328
EJA-INTEGRADA - EPT

mos abordando nesta aula.


Figura 10: Camisa com estoque esgotado

Fonte: Reebok (2022).

Veja esta camisa de uma famosa marca de roupas esportivas. O site da loja desta
marca afirma que este produto está esgotado. Isso significa que não há nenhuma
peça deste modelo no centro de distribuição desta marca. Esta informação precisa
estar disponível para o cliente pela seguinte razão: não se pode pagar por um produ-
to que não existe fisicamente. A separação de materiais, assim como toda atividade
logística, exige atenção e cuidado na sua realização. O fator informação é importante
para que as necessidades do cliente sejam atendidas com qualidade.

Recomendamos a você o seguinte vídeo caso queira saber mais sobre este tema.

Separação de mercadorias.

https://www.youtube.com/watch?v=s4sjdqrqeQU

Na nossa próxima aula vamos finalizar o processo logístico interno com o processo
de expedição.

329
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 10 – Expedição
Olá!

Nesta aula iremos finalizar o processo logístico interno entendendo como funciona
o processo de expedição. Nesta atividade é caracterizada por: a) conferência do pe-
dido; b) pesagem da carga, e; c) preparação da documentação que irá acompanhar
a carga enviada (SANTOS; CRUZ; PACHECO, 2013). Assim como deve acontecer nas
demais etapas que integram o processo logístico interno, a realização da expedição
deve ser feita com precisão, qualidade e atenção. Na Figura 11, um exemplo de um ca-
minhão esperando na doca do centro de distribuição os materiais a serem expedidos
Figura 11: Caminhão aguardando embarque de materiais para expedição

Fonte: Freepik (2022).

Dentre os cuidados a serem tomados com relação a expedição, é oportuno des-


tacar a checagem da quantidade correta a ser expedida para a entrega do pedido.
Outro ponto a ser destacado diz respeito ao cuidado na movimentação dos materiais,
principalmente aqueles que são mais frágeis. Este zelo é necessário para evitar que
aconteça alguma avaria no processo de transporte até a expedição. Os dados do pedi-
do são importantes porque é a partir deles que o responsável por emitir a nota fiscal
irá proceder com esta ação. Além da quantidade a ser expedida, é preciso também in-
formar o peso e as dimensões da carga. Estes informes deverão constar na nota fiscal
que é um dos registros do processo de expedição.

Consoante Patrus (2017), os documentos que devem acompanhar uma carga expe-
dida são:

- Nota fiscal: documento que é emitido quando um determinado item é vendido


para o seu respectivo cliente e detalha o tipo de operação, bem como os impos-
tos que serão recolhidos;

330
EJA-INTEGRADA - EPT

- Documento Auxiliar da Nota Fiscal Eletrônica (DANFE): este documento visa


facilitar o acesso aos dados da operação efetuada entre cliente e fornecedor, mas
não substitui a nota fiscal, mas uma via física da DANFE acompanha a mercado-
ria. Entretanto, para fins de recebimento da mercadoria, o cliente pode assinar a
DANFE, que serve como um comprovante da operação comercial efetuada;

- Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e): este documento se refere a


prestação do serviço de transporte da mercadoria expedida e a sua validade se
estende por todo o país;

- Documento Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico (DACTE): a


lógica do DACTE é a mesma da DANFE e serve para apresentação nos postos de
fiscalização;

- Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (MDF-e): este documento reúne


diversas informações num único lugar com a intenção de detalhar os aspectos
referentes tanto a carga como também ao transporte realizado, e;

- Documento Auxiliar do Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais (DAMD-


FE): a lógica deste documento é a mesma do DACTE e da DANFE, onde uma
cópia física acompanha a mercadoria, mas não substitui o MDF-e.

A atenção a todas estas documentações é importante para evitar algum problema


num posto de fiscalização. Outro ponto a ser observado diz respeito aos profissionais
que irão fazer o transporte da carga até o cliente. Por exemplo: o motorista deve ser
devidamente habilitado e ter todos os cursos e atualizações necessários para poder
exercer a função que lhe é devida.

Se você gostou deste tema, não deixe de assistir aos dois vídeos que lhe sugerimos
a seguir:
Expedição de Mercadorias (As 3 funções principais).
https://patrus.com.br/blog/gestao-fiscal-os-principais-documentos-utilizados-
-para-o-transporte-de-cargas/
Evite erros na conferência de expedição de mercadorias.
https://www.youtube.com/watch?v=713GAaYgsFQ

Considerações da Unidade:

Nesta unidade vimos como se dá o funcionamento de cada uma das cinco prin-
cipais funções do processo logístico interno. Note que cada atividade que integra o
processo deve ser feita com qualidade para não comprometer todo o processo. Espe-
ramos que tenha gostado dos conteúdos e lhe convidamos a participar da atividade
proposta a seguir.

331
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Atividade de Avaliação da Unidade

Observe as questões abaixo e responda para cada uma delas verdadeiro ou


falso.

01. No processo de recebimento de mercadorias, a quantidade física do materi-


al pode ser diferente daquela que está declarada na nota fiscal.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

R= FALSO

02. No processo de movimentação de materiais, a segurança é um item que


pode ser deixado de lado, com cada um transportando os itens da forma que
bem entender.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

R= FALSO

03. No processo de estocagem dos materiais, aqueles itens que são deman-
dados com mais frequência devem ser alocados em local de fácil acesso para
facilitar o fluxo deste material.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

R= VERDADEIRO

04. No processo de separação dos materiais, os itens que são considerados


mais frágeis podem ser movimentados de qualquer forma, pois o que importa
é entregar o item ao cliente.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

R = FALSO

05. No processo de expedição, além da atenção com a carga, é preciso que haja
atenção para a documentação que deve acompanhar o material do pedido a
ser expedido.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

R = VERDADEIRO.

332
EJA-INTEGRADA - EPT

GABARITO:
1. FALSO
2. FALSO
3. VERDADEIRO
4. FALSO
5. VERDADEIRO

REFERÊNCIAS:
Todas as fontes citadas nesse componente, de acordo com as normas da ABNT.

333
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 11 – Logística Externa (Clientes)


Até aqui vimos os principais elementos que integram a logística interna, a qual é
muito utilizada em almoxarifados, armazéns e centros de distribuição. Vamos agora
conhecer mais sobre a logística externa, com o foco nos clientes.

Conforme já foi falado em aula anterior, quando se menciona o termo “logística


externa”, há de se considerar duas possibilidades. A primeira delas diz respeito aos
clientes. Estes, por sua vez, podem ser tanto órgãos públicos como também empresas
privadas.

No caso dos órgãos públicos, há toda uma legislação que rege o processo de com-
pras públicas, mais precisamente a Lei n° 14.133 (BRASIL, 2021) e até que a empre-
sa vencedora do processo de licitação seja declarada, há toda uma série de trâmites
a serem realizados. Por exemplo: imagine que uma secretaria de esportes comprou
junto a uma distribuidora um total de 100 kimonos para treinos de artes marciais. A
empresa que venceu a concorrência prometeu entregar o pedido em até 7 dias úteis.
Porém, duas semanas já se passaram e até o presente momento, nada do material
chegar. O cliente tem razão em reclamar o direito de receber o direito que lhe é devi-
do? Resposta: sim.

No caso das compras públicas, um dos maiores gargalos diz respeito a fiscalização
de obras contratadas. Vamos a mais um exemplo: uma empresa de construção civil é
contratada junto a uma universidade para fazer serviços de reformas no campus prin-
cipal, onde ficam os prédios onde funcionam cursos como Administração, Contabili-
dade, Logística, dentre outros. O prazo dado pela construtora para a reforma era de 90
dias. Porém, sempre que a construtora faturava os serviços, vinha um valor a mais que
o acordado, o qual segundo o engenheiro responsável pela obra era referente a horas
extras. Como a fiscalização da universidade é falha, ela aceita pagar o valor a mais para
evitar problemas futuros com a justiça.

Quando falamos dos processos de logística voltados para os clientes, estamos nos
referindo basicamente ao cumprimento do acordo feito junto aos fornecedores. Isto
vale para todo e qualquer item, desde a compra de canetas até itens importados que
levam mais de 60 dias para chegar na doca da fábrica e cujo valor financeiro é elevado.
Nos processos logísticos externos sob a perspectiva do cliente, o comando das opera-
ções, bem como a responsabilidade de fiscalizar todo o andamento dos processos é
do cliente.

Logística é uma ciência que lida constantemente com dois fatores importantes:
tempo e dinheiro. No caso dos clientes, um terceiro elemento deve estar presente e
ser considerado: a informação. A responsabilidade dos clientes é deixar o fornecedor
ciente de todas as informações possíveis sobre o seu pedido. Nisto, devem estar clara-
mente definidos:

334
EJA-INTEGRADA - EPT

- Quantidade a ser entregue;


- Especificação do produto;
- Data de entrega;
- Criticidade do pedido.

A palavra criticidade vem de crítico: quando um item está neste estado, significa
dizer que ele precisa chegar na doca da empresa sem falta, posto que um eventual
atraso pode causar prejuízos para a organização demandante do material. Para que a
lógica entre fornecedores e clientes seja entendida com mais clareza, observe a Figura
12.
Figura 12: A relação entre clientes e fornecedores

Fonte: Platt (2015).

Observe na Figura 12 o fluxo entre fornecedores e clientes. Aos clientes compete


fornecer todas as informações possíveis sobre os itens a serem comprados. O fornece-
dor, por sua vez, precisa deixar o cliente ciente das suas condições de fornecimento.
Na melhor das situações, a entrega de todos os itens demandados seria imediata,
com o fornecedor tendo os itens a pronta entrega, mas nem sempre isso acontece.
Isto porque nem todos os fornecedores irão comprar itens para ficarem armazenados,
podendo ser vendidos para outros clientes e assim movimentar o seu fluxo de caixa.

A lógica da Figura 12 nos ajuda a entender o papel de cada parte que integra o pro-
cesso logístico. Enquanto o cliente deve comunicar todas as informações possíveis, o
fornecedor deve dizer se tem condições de atender ou não o pedido e, em caso posi-
tivo, atender a demanda que lhe é apresentada.

Nesta aula buscou-se apresentar uma visão mais geral sobre os processos externos
voltados para os clientes. A partir da próxima aula vamos conhecer cada parte que
integra o processo logístico externo voltado para clientes.

335
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 12 – Processo Logístico de Distribuição


Olá!

Nesta aula nosso objetivo é entender os aspectos principais da logística de distri-


buição. O entendimento sobre esta temática é relevante, pois é justamente por meio
das tarefas que integram a logística de distribuição que se torna possível prover a che-
gada do produto demandado no local correto, no tempo acordado e com qualidade
(ABREU; ARMOND-DE-MELO; LEOPOLDINO, 2011). Quando abordamos sobre a logís-
tica na perspectiva dos clientes, todos estes aspectos são importantes e devem ser
considerados para que o processo flua de forma harmônica e sem maiores problemas.

Pode-se dizer que o grande desafio da logística de distribuição é oferecer aos clien-
tes um nível de serviço satisfatório com um custo que seja o menor possível (BOWER-
SOX; CLOOS; COOPER, 2006). Isto influencia diretamente na lucratividade da empresa
que presta serviços logísticos para seus clientes. Aqui a lógica é: quanto mais eficiente
for a logística de distribuição, melhor será o suprimento das demandas da clientela e,
por conseguinte, o desempenho organizacional (TOSO, 2014). Na Figura 13, é exibida
uma imagem que faz referência ao processo de logística de distribuição.
Figura 13: Logística de Distribuição

Fonte: Dara (2021).

Quando mencionamos o termo “logística de distribuição”, estamos nos referindo


ao agrupamento de atividades que abarcam desde o momento em que um produ-
to é expedido de uma fábrica até o endereço do cliente. Como este processo deve
acontecer de forma eficaz e eficiente, é recomendável adotar estratégias para que a
operacionalização desta logística seja feita de forma segura e ao menor custo possível
(DESCARTES LOGÍSTICA, 2022).

A questão da segurança tem a ver, conforme o próprio nome sugere, com a garan-
tia de que o produto expedido irá chegar até o cliente sem extravios. Nem sempre
isto é possível, principalmente quando as cargas são expedidas e transportadas em
caminhões. Já a questão do custo envolve uma série de fatores que podem influenciar
no valor dos serviços logísticos, mas nossa intenção nesta aula é apresentar de forma
introdutória a lógica da logística de distribuição. Na Figura 14, mais uma imagem que
336
EJA-INTEGRADA - EPT

faz menção a este processo.

Figura 14: Logística de distribuição II

Fonte: IGI Logística (2021).

Você ainda lembra o que é um processo? Se acompanhou nossas aulas anteriores,


deves saber que os processos são atividades desenvolvidas de forma sequencial com
vistas ao alcance dos objetivos organizacionais. Isso implica reconhecer que os pro-
cessos são formados por etapas que se complementam entre si. Na logística de dis-
tribuição, as fases que integram este processo são as seguintes, consoante Descartes
Logística (2022).

- Gestão de Transportes: nesta fase a principal decisão a ser tomada diz respeito a
forma como a carga vai ser transportada, bem como a melhor rota a ser seguida
para assegurar que a entrega do material seja feita com qualidade;

- Checagem e expedição de mercadorias: em aulas anteriores foi mencionada a


importância do fator informação é relevante na logística? Esta máxima também
se repete aqui no processo de checagem. Vamos a um exemplo – uma fábrica
que produz geladeiras recebeu um pedido de 200 geladeiras de uma grande loja
de eletrodomésticos, na cor branca, capacidade de 400 litros cada uma. Então,
a checagem da expedição tem que assegurar que o pedido a ser entregue na
doca do centro de distribuição do cliente seja exatamente este, sem mais, nem
menos.

- Controle de frete: este controle é feito com base em informações importantes,


como, por exemplo: O que transportar? Qual rota seguir? Qual o preço médio
para levar a carga até o seu destino? Todas estas informações são necessárias
para que seja pago um preço justo no serviço de frete da fábrica até o cliente.

Nesta aula a intenção foi propor a você, aluno(a) do nosso curso, uma visão geral
sobre a logística de distribuição e as partes que integram este processo.

Caso tenha se interessado e queira saber mais sobre a temática abordada nessa
aula, recomendamos que assista os vídeos abaixo:
Supply Chain – O que é Logística de Distribuição.
https://www.youtube.com/watch?v=UqFJS7hQQNA
Logística da distribuição.

337
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

https://www.youtube.com/watch?v=7vDnyGWY4xA

Nas nossas próximas aulas iremos ver cada uma das 3 etapas que fazem parte da
logística de distribuição.

338
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 13 – Gestão de Transporte


Olá!

Na aula passada nosso objetivo foi lhe propiciar um contato inicial com a temática
da logística de distribuição. A partir de agora vamos acompanhar as etapas que in-
tegram este processo. A primeira delas é referente a gestão de transporte. Pode-se
considerar que gestão de transporte é a administração da movimentação física, seja
ela de pessoas ou de bens entre locais diferentes (GOMERO; ARAÚJO; JUNGER, 2016).
Aparentemente, a ideia de levar um determinado produto de um lugar para outro
parece simples, mas não é. Há uma série de decisões a serem tomadas e cuidados a
serem observados para que este processo aconteça em segurança.

A primeira decisão que deve ser tomada quando se aborda a temática da gestão
de transportes é referente ao seguinte aspecto: De que forma a carga será transpor-
tada? Neste sentido, há diversas possibilidades a serem consideradas, tais como, por
via aérea, estradas (modal rodoviário), aquaviários, ferroviários ou dutoviários (DES-
CARTES LOGÍSTICA, 2022). Na Figura 15, dois exemplos de formas de se transportar
mercadorias – avião e caminhão, além da empilhadeira que auxilia na movimentação
de matérias conforme visto em aulas passadas.
Figura 15: Exemplos de modais de transporte de mercadorias

Fonte: Forbiz (2022).

Falar sobre gestão de transportes implica buscar a melhor solução possível para o
cliente. Assim, a decisão sobre de que forma a carga será transportada irá depender
das informações do cliente. Seja o produto a ser entregue uma caixa de dimensões
pequenas ou um caminhão contendo 5 lotes de material agrupados em pallets e em-
balados com filme plástico, a ideia a ser entendida aqui é que cada caso deve ser ana-
339
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

lisado individualmente.

Isto acontece porque cada entrega está relacionada ao atendimento de necessi-


dades específicas. Para que isto se torne algo fácil de entender, vamos aqui a dois
exemplos de entrega da fábrica até o centro de distribuição de uma grande loja de
eletrodomésticos.

Situação 1: imagine que uma grande rede de lojas que vende eletrodomésticos fez
o pedido de uma fábrica de aparelhos de ar condicionado. A compra é de 500 apare-
lhos e todos são do modelo split, 7.500 BTUs. A entrega é considerada crítica porque
a intenção da loja é fazer uma promoção em cima destes aparelhos de ar. Note aqui
a expressão que exige a sua atenção: entrega crítica, pois o estoque de aparelhos de
ar condicionado no centro de distribuição da loja de eletrodomésticos está baixo. O
acordo entre o cliente e o fornecedor prevê a entrega destes aparelhos de ar no dia 05
de agosto de 2022. No calendário anual de entregas que existe entre a fábrica e a loja
de eletrodomésticos este pedido não existia, mas foi acordado entre as partes devido
a boa aceitação dos aparelhos de ar junto aos clientes. Isso significa dizer que até esta
data a entrega dos 500 aparelhos de ar condicionado deve ser realizada. Pela parte da
fábrica, além de produzir e entregar ao setor de expedição 500 aparelhos de ar condi-
cionado, deve-se providenciar a pesagem da carga, bem como a sua documentação.
O veículo a ser utilizado irá depender de quantos lotes o baú do caminhão comporta.
Além disso, os aparelhos devem estar bem embalados para evitar alguma avaria no
trajeto do transporte.

Situação 2: Esta mesma empresa fez um pedido de 300 notebooks da marca “XYZ”
a uma fábrica que produz itens de informática. A empresa que demandou este pedi-
do informou para esta fábrica que o pedido não é crítico e pode ser entregue até 19
de agosto de 2022. É um pedido que já estava previsto calendário de entregas exis-
tente entre a fábrica “XYZ Informática” e a loja de eletrodomésticos. Embora não seja
um pedido considerado crítico, as mesmas decisões que fazem parte da gestão de
transporte devem ser observadas, bem como os cuidados com a documentação e a
embalagem segura dos produtos.

Aqui podemos chegar a uma conclusão: o grau de esforço a ser empregado numa
gestão de transporte irá depender da criticidade da demanda a ser atendida. Em re-
gra, demandas mais críticas tendem a exigir mais atenção e energia dos profissionais
envolvidos no processo de transporte de mercadorias. Com relação ao translado dos
produtos, há a possibilidade de a fábrica lidar com transporte próprio ou, como acon-
tece na maioria das empresas, a utilização de transporte terceirizado (DESCARTES LO-
GÍSTICA, 2022).

Outra decisão a ser tomada com relação a gestão de transporte é a rota a ser cum-
prida para a entrega dos produtos demandados (DESCARTES LOGÍSTICA, 2022). Aqui
mais uma vez vale a máxima “cada caso é um caso”. Perceba o seguinte: se o volume
a ser entregue é uma caixa pequena, semelhante as embalagens de aparelho celular

340
EJA-INTEGRADA - EPT

e o local de entrega é no perímetro urbano da cidade, não faz sentido usar um cami-
nhão para esta entrega, posto que o trabalho de um motoboy já resolveria atenderia a
nossa demanda. Da mesma forma, pallets de grandes volumes cujo material é frágil
não podem ser transportados de qualquer forma. Note que na gestão de transporte
cada decisão é tomada conforme a criticidade e o contexto em que cada entrega deve
ser realizada. Entregas mais críticas devem primar pelo cumprimento do prazo com
qualidade.

Se voltarmos ao exemplo da entrega dos 500 aparelhos de ar condicionado, ima-


gine que durante a conferência na hora de expedir a carga houve um equívoco e na
verdade foram embarcados 497 aparelhos? Ou ainda: os materiais foram embarcados
com tanta presa que a documentação (nota fiscal e demais itens) foi esquecida na
sede da fábrica: já pensou o tamanho do problema que seria chegar na doca da loja
de eletrodomésticos sem estes documentos? Lembre-se: na logística não há espaço
para excessos ou faltas. Daí a máxima que sintetiza com precisão os processos de lo-
gística: nem a mais, nem a menos.

Assim terminamos mais uma aula do nosso curso. Sugerimos os vídeos abaixo caso
queira ampliar seus conhecimentos sobre gestão de transporte.
Aula On Line – Gestão de Transportes Part 1.
https://www.youtube.com/watch?v=X-SkDZTCJN0
Logística de Transportes I O que você precisa saber!
https://www.youtube.com/watch?v=VlI_E1HKLvA

Na nossa próxima aula iremos abordar sobre checagem e expedição de mercado-


rias.

341
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 14 – Checagem e Expedição de Merca-


dorias
Olá! Tudo bem?

Se tem uma coisa que as atividades de logística demandam constantemente é a


questão da atenção. Os profissionais que atuam na área de logística lidam o tem-
po todo com informações. Elas são fundamentais para que cada atividade possa fluir
bem e com isso atender as necessidades dos clientes. Com as atividades de checa-
gem e expedição de mercadorias não é diferente.

O setor de expedição é o responsável por despachar as cargas que devem chegar


na quantidade certa, no prazo previsto e com qualidade aos clientes (VICENTE; SU-
CEGAN, 2022). Aqui a lógica é simples: checar se os dados referentes ao pedido a ser
atendido corresponde com a realidade da carga física a ser transportada. As cargas
devem ser verificadas e carregadas corretamente. Um processo muito importante a
ser realizado no ato de checagem e expedição das mercadorias é a contagem. Na
maioria dos casos, ela envolve somente a conferência da quantidade de embalagens
as ser expedida. Mas há também casos mais específicos, nos quais questões como
a marca e o tamanho das peças devem ser verificados para evitar eventuais falhas
(BOWERSOX; CLOSS; COOPER, 2007). Na Figura 16 temos um exemplo de carga sendo
expedida e alocada num contêiner.
Figura 16: Expedição de mercadorias

Fonte: Haas Madeiras (2018).

Lembre-se que em logística todas as atividades demanda atenção. Assim, a fun-


ção principal da checagem e expedição das mercadorias é atender as informações
do pedido do cliente. Este cuidado é necessário para evitar a ocorrência de retraba-
lhos, devoluções e outros problemas que só atrasam o processo logístico voltado para
clientes. É necessário conferir atentamente se o atendimento de todas as informações
da carga a ser transportada está correto.

342
EJA-INTEGRADA - EPT

Além do fluxo de processos, a checagem e expedição de mercadorias lida com um


item que reforça a necessidade de atenção na execução destas atividades: a parte fis-
cal. Ao ser emitida, uma nota só pode ser cancelada no prazo de 24 horas a partir da
sua emissão. Passado este prazo, multas junto a Receita Federal podem ser aplicadas.
Portanto, assim como as demais atividades, a checagem e expedição de mercadorias
deve ser feita com o máximo de atenção para evitar este e outros tipos de transtorno.

Caso queira saber mais sobre este assunto, recomendamos que assista os vídeos
abaixo.
Problemas na expedição? Saiba como monitorar a conferência e qual é a por-
centagem de erro aceitável.
https://www.youtube.com/watch?v=JuZ16tvkfrc
Logística: Cuidados com a expedição e de cargas de mercadorias.
https://www.youtube.com/watch?v=iuoHS4imbxc

Na nossa próxima aula vamos conhecer a última etapa do processo logístico exter-
no na perspectiva dos clientes: o controle de frete.

343
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 15 – Controle de frete


Olá!

Vamos nesta aula concluir a parte referente aos processos logísticos na perspectiva
do cliente com o controle de frete. Assim como as demais atividades descritas nas
Aulas 13 e 14, o controle de frete é uma atividade essencial para que o produto chegue
até o cliente com assertividade, qualidade e segurança.

Para explicar a lógica do controle de frete, vamos a um exemplo. Imagine que você
está acessando um site de produtos esportivos e deseja comprar a camisa oficial do
time de futebol para o qual você torce. O produto no preço normal é vendido por
R$ 199,00 reais, mas a loja de produtos esportivos resolveu fazer uma promoção de
alguns itens, incluindo esta camisa que você já vinha “paquerando” há tempos. No
valor promocional, a camisa sai por R$ 149,00. Você preenche os dados de compra e
seu endereço e verifica que para este produto o valor do frete é grátis. Legal, né? Isso
acontece porque a maioria das lojas só cobra o valor do frete se a mercadoria for de
baixo valor ou se o produto for de uma loja terceirizada.

Na Figura 17, temos um exemplo de um material esportivo, mais precisamente a


camisa oficial do Paysandu Sport Club de Belém do Pará. Veja que o item anunciado
está com desconto e que o frete é grátis.
Figura 17: Exemplo de item esportivo com frete grátis

Fonte: Adaptado de Nethshoes (2022).

Ainda tomando como exemplo a compra desta blusa esportiva, podemos verificar
mais aspectos relevantes que são conexos com a questão do frete. Em regra, estas lo-
jas costumam oferecer mais de uma opção de frete ao cliente. Uma delas é a padrão,
a qual leva mais tempo e custa mais barato. Já a opção mais cara de frete possui este
valor mais elevado porque ao ser adquirida, o produto chega em menos tempo. Cabe
ao cliente avaliar qual das opções melhor atende as suas necessidades.

344
EJA-INTEGRADA - EPT

O controle de frete é necessário para assegurar que o produto chegue até o cliente
sem maiores problemas. Isso engloba desde a escolha do tipo de modal (aéreo, rodo-
viário, etc) por meio do qual o item será transportado, bem como o volume de merca-
dorias a ser enviado ao cliente e o preço a ser pago por estas operações. Neste sentido,
é essencial destacar um elemento sem o qual não se pode conceber um controle de
frete eficiente: a confiança (D’ÁVILA, 2016). Esta confiança entre o demandante do
frete e a transportadora deve existir para que haja o pagamento do preço justo pelos
serviços contratados e, em contrapartida, os produtos sejam entregues com qualida-
de no endereço dos clientes (DESCARTES LOGÍSTICA, 2022).

Com esta aula encerramos a parte de logística interna focalizada na perspectiva


dos clientes. Não deixe de responder ao exercício proposto contendo questões sobre
as temáticas vistas nas últimas aulas. A partir da nossa próxima aula vamos continuar
abordando sobre a logística externa, mas desta vez com o enfoque voltado aos forne-
cedores.

345
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Observe as perguntas abaixo e para cada uma delas responda “Verdadeiro” ou


“Falso”.

01. Na logística externa focalizada na perspectiva dos clientes, é papel do clien-


te fornecer todas as informações possíveis ao fornecedor para que este consiga
entregar o pedido na quantidade correta, no prazo acordado e com qualidade.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

02. No controle de frete, as relações entre o cliente e a transportadora não de-


vem ser pauta da na confiança.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

03. Na checagem e expedição de mercadorias, todas as informações do pedido


a ser expedido devem ser checadas para evitar trocas, devoluções e problemas
com a Receita Federal.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

04. O que irá determinar o grau de esforço a ser empregado na gestão de trans-
porte é a complexidade e criticidade da entrega a ser realizada.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

05. Na expedição de mercadorias, os produtos podem ser encaminhados ao


cliente sem nota fiscal.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

346
EJA-INTEGRADA - EPT

GABARITO:
1. VERDADEIRO
2. FALSO
3. VERDADEIRO
4. VERDADEIRO
5. FALSO

347
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 16 – LOGÍSTICA EXTERNA (FORNECEDO-


RES)
Olá!

A partir desta aula vamos conhecer mais sobre a logística externa, tendo como en-
foque a perspectiva dos fornecedores. A responsabilidade das empresas que pres-
tam fornecimento, seja de produtos ou serviços, é muito grande. Um dos elementos
responsáveis por consolidar a relação entre fornecedor e cliente é a capacidade de
entregar o que foi pedido na quantidade correta e no prazo estabelecido. A ausência
de cumprimento deste acordo acaba arranhando a imagem do fornecedor junto aos
seus clientes. Isto não é uma situação boa, posto que além da repercussão negativa,
há também a questão dos direitos do consumidor, os quais podem ser exigidos numa
relação entre quem compra e quem vende (SILVA; BATISTA, 2016).

Quando se aborda a temática da logística externa focalizadas na perspectiva dos


fornecedores, um dos temas principais cujo entendimento sobre ele é necessário diz
respeito a logística de abastecimento. Pode-se considerar que logística de abasteci-
mento tem a ver com a gestão do transporte de materiais, cujo trajeto costumeira-
mente é da doca do fornecedor até as dependências da empresa que comprou estes
produtos (MEIRELES, 2018).

Para facilitar aqui o entendimento sobre como funciona este processo, vejamos
aqui um exemplo. Imagine uma empresa que atua no ramo de eletroeletrônicos e
que fabrica aparelhos celulares. A ela vamos chamar de fábrica “Celulares da Amazô-
nia Ltda”, situada na Zona Franca de Manaus. Um dos itens que integram este produto
final é a bateria. Acontece que a bateria não é montada nas dependências da empre-
sa Celulares da Amazônia: este item é comprado junto a um fornecedor que produz e
entrega as baterias conforme as demandas dos clientes. A esta empresa fornecedora
vamos chamar de Baterias BRL Ltda. Toda semana, pelo menos entre 3 a 4 vezes por
semana, o fornecedor Baterias BRL Ltda realiza entregas de bateria a pedido da fábri-
ca Celulares da Amazônia Ltda. A este percurso que vai da doca da Baterias BRL Ltda
para as dependências da fábrica Celulares da Amazônia Ltda, chamamos de logística
de abastecimento.

Quando mencionamos o termo “logística de abastecimento”, há 3 possibilidades a


serem consideradas, segundo Mecalux (2021):

- A primeira delas foi ilustrada a pouco no exemplo do fornecimento de baterias


para uma fábrica que produz aparelhos celulares. Aqui o principal aspecto a ser
visto é a aquisição da mercadoria. Neste caso, o foco é voltado para a compra de
itens que são necessários para suprir um processo produtivo ou comercial. As-
sim, aspectos como o preço, a qualidade, as condições de pagamento e o prazo
de entrega devem ser considerados;

348
EJA-INTEGRADA - EPT

- Outro ponto a ser observado é a armazenagem. Aqui pode-se considerar tanto


os insumos que o setor de produção irá consumir como também os produtos já
acabados para envio aos clientes, e;

- Gerenciamento do estoque: a intenção deste gerenciamento abarca não só a


garantia de que os estoques estejam acurados como também o atendimento
com qualidade das demandas a serem atendidas de modo a evitar que um item
ou outro se torne crítico quanto ao seu abastecimento.

Conforme já visto noutras aulas desta apostila, o fator informação é fundamental


para que os processos logísticos sejam bem-sucedidos. Na Figura 18 há um esquema
lógico de fluxo de informação voltado para a área da agricultura.
Figura 18: Fluxo de informação em processo logístico de produção de arroz

Fonte: Patrocínio (2020).

No exemplo acima evidenciado na Figura 18, é necessário observar o fluxo de infor-


mações que deve existir entre o fornecedor e a empresa onde acontece o processo
de produção. Ai neste esquema lógico temos um fornecedor de grãos que abastece
uma fábrica de produtos alimentícios. Esta interação constante é necessária para que
todos os envolvidos no processo saibam com exatidão a situação de cada pedido. Isto
faz com que os processos possam fluir normalmente, além de prevenir eventuais pa-
radas de produção por conta de informações desencontradas.

Nesta aula o objetivo foi prover uma visão geral referente ao processo de logística
externo focado nos fornecedores, mais precisamente sobre a dinâmica da logística de
abastecimento. Na nossa próxima aula vamos conhecer melhor sobre o processo de
aquisição de materiais.

349
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 17 – LOGÍSTICA EXTERNA (FORNECEDO-


RES)
Olá!

Nesta aula vamos conhecer sobre o processo de compra de materiais. Quando


mencionamos o termo “compra”, estamos fazendo menção a uma relação comercial
entre o comprador e o vendedor. No cotidiano, quando você vai a um supermercado,
padaria, restaurante ou outro local comercial, a relação de compra é feita entre você
(pessoa física) e a empresa que fornece o produto ou serviço demandado (pessoa ju-
rídica). O comprovante desta transação comercial é a nota fiscal que o vendedor ou
balconista lhe entrega no ato do pagamento da compra.

Entendido isto, vamos agora entender como acontece o processo de compras entre
pessoas jurídicas, mais precisamente entre o fornecedor e a empresa que demanda
os produtos. Conforme Mecalux (2021a), quando focalizada na aquisição de mercado-
rias, a logística externa deve estar atenta a qualidade da operação, o preço dos itens,
o prazo de entrega, as condições de pagamento, dentre outros detalhes. Vamos pri-
meiro observar o conteúdo da Figura 19, a qual mostra o fluxo de compra de materiais
para então descrever como acontece cada etapa deste processo.

Figura 19: Processo de compra de materiais

Fonte: CPT Cursos (2022).

Em toda empresa, seja ela comercial ou industrial, existe um profissional ou um


departamento responsável por efetuar as compras da organização. No exemplo da
Figura 19, estamos considerando a realidade de uma companhia atuante no ramo
da indústria. Toda fábrica, independente do seu porte, possui o seu departamento de
Compras. Trata-se de um dos setores mais relevantes na estrutura organizacional de
uma fábrica, posto que são as pessoas que trabalham neste departamento que irão
decidir quais são as melhores opções de fornecimento de materiais e serviços.

350
EJA-INTEGRADA - EPT

Para que o setor de compras desenvolva seu trabalho, é preciso que exista uma
demanda. Em regra, estas demandas são registradas por meio das requisições de
compra, as quais são emitidas pelos diversos setores da empresa. Em nosso exemplo,
vamos imaginar que o setor de Planejamento emitiu uma requisição de compras re-
ferente a 50.000 parafusos. Se você vem acompanhando nossas aulas, deve ter visto o
quão importante é a questão da informação nos processos logísticos. Aqui as informa-
ções sobre o que comprar devem partir do requisitante. Além da quantidade, ele deve
especificar todas as informações possíveis para que os parafusos do nosso exemplo
sejam comprados corretamente.

Estas requisições são analisadas pelos profissionais que atuam no setor de Com-
pras. Dentre os cargos existentes neste setor, pode-se mencionar o Auxiliar de Com-
pras, o Comprador Júnior, Comprador Pleno, Comprador Sênior, Analista de Compras
e o Gerente de Compras. As decisões mais estratégicas ficam a cargo do gerente. Aos
demais profissionais compete, dentre outras funções, analisar as requisições e traba-
lhar junto aos fornecedores o atendimento das necessidades da fábrica.

No caso de itens que são comprados para suprir a produção, em regra já há um


fornecedor homologado para fornecer estes itens. Já nos casos em que a requisição
é sobre itens que não são utilizados pela produção, bem como a aquisição de presta-
ção de serviços, o ideal é que o comprador tenha 3 propostas de orçamento e escolha
aquela que melhor atende as necessidades do requisitante. Isto remete a uma das
etapas retratadas na Figura 19: a seleção de fornecedores. Este é um processo em que
o comprador deve não somente decidir qual das propostas recebidas é a melhor, mas
também evitar que sejam feitas transações com fornecedores problemáticos ou que
não cumprem o prazo prometido de entrega.

No caso de itens para a produção, onde os fornecedores já estão homologados, o


comprador analisa a pertinência da requisição de compras e prossegue com a criação
e envio do pedido de compras. Em comparação com as compras de itens não produ-
tivos e de serviços, consiste num processo mais rápido, já que o comprador não irá
perder tempo esperando propostas de fornecedores. O passo seguinte é a emissão e
envio do pedido de compras para o fornecedor do item demandado. No caso do nosso
exemplo, vamos imaginar que a fábrica que demanda as entregas atua na fabricação
de motocicletas e o pedido feito é de 1.000 assentos do modelo BRZ-YUP500.

A partir daqui inicia uma etapa muito importante do processo de aquisição de ma-
teriais: o monitoramento de entrega do pedido. No nosso exemplo do pedido dos
assentos, vamos considerar que o fornecedor possui estes itens a pronta entrega. Mas
nem sempre isto acontece: há casos em que o item precisa ser primeiramente fabri-
cado para em seguida ser entregue. Há também situações em que o fornecedor pos-
sui uma parte do pedido já disponível para entrega: havendo acordo entre as partes,
primeiro efetua-se uma entrega parcial para que em seguida o saldo restante seja
entregue. A meta principal no nosso exemplo é garantir que o pedido seja entregue
com segurança e qualidade e assim suprir a necessidade da linha de produção.

351
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Neste sentido, o pior dos cenários seria uma eventual parada de produção. Den-
tre os motivos que podem fazer com que isto aconteça, pode-se mencionar falha de
comunicação entre cliente e fornecedor; indisponibilidade de matéria-prima no mer-
cado; quebra de uma máquina ou equipamento nas dependências do fornecedor,
dentre outros. Por esta razão, o monitoramento de pedidos deve ser feito de forma
constante para evitar uma possível parada de linha de produção.

No nosso pedido de 1.000 assentos para motocicleta, o fornecedor tem os itens


a pronta entrega e já vai programar o envio do material para a fábrica. Este envio é
acompanhado da nota fiscal. Ela é o comprovante financeiro e fiscal da realização da
operação entre cliente e fornecedor, além de trazer em seu teor as informações sobre
os impostos que incidem nesta venda de mercadorias.

O envio é programado para a data acordada. O fornecedor fatura a nota fiscal de


1.000 assentos e providencia a entrega até a doca do cliente. No ato da entrega, o
conferente se certifica que está tudo certo entre a quantidade física e a nota fiscal.
Feito este recebimento, os assentos são movimentados e endereçados no estoque da
fábrica e a nota fiscal é encaminhada ao setor financeiro para pagamento. Em regra,
o prazo de pagamento mais comum no setor industrial é de 30 dias após a emissão
da nota fiscal.

No nosso exemplo, tudo deu certo. Mas nem sempre isso acontece na prática. Pro-
blemas com entrega, atraso na chegada de matéria-prima, greve dos funcionários
da Receita Federal, tudo isso pode, em maior ou menor grau, impactar o processo de
aquisição de materiais. A depender do contexto em que se dá a compra, o item adqui-
rido pode ser considerado crítico, o que eleva ainda mais a importância do acompa-
nhamento de entrega do pedido de compras.

Caso tenha gostado e queira saber mais sobre este conteúdo, recomendamos que
veja os vídeos abaixo:
Logística e Gestão de Materiais – Gestão de Compras
https://www.youtube.com/watch?v=DvhUodT5v68
Departamento/setor de compras (o que é e como funciona o compras)
https://www.youtube.com/watch?v=9e2peq4nYOQ

Na nossa próxima aula iremos abordar sobre um tema muito importante: os tipos
de abastecimento.

352
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 18 – TIPOS DE ABASTECIMENTO


Olá!

Esperamos que esteja gostando de conhecer os aspectos da logística externa na


perspectiva dos fornecedores. Em aulas anteriores vimos como funciona a logística
de abastecimento, bem como o processo de compras de materiais. Nesta aula vamos
conhecer mais sobre os tipos de abastecimento existentes na logística externa.

Antes de descrever essas categorias de abastecimento, é oportuno esclarecer por-


que elas existem. A razão é simples: isto depende da própria dinâmica do abasteci-
mento, bem como da antecedência com que os suprimentos são entregues na fábri-
ca. Por esta razão, há mais de uma opção de abastecimento para que o cliente decida
qual delas melhor atende a sua necessidade.

Consoante Mecalux (2021a), os tipos de abastecimento existentes neste contexto


são estes abaixo em destaque.

JUST IN TIME:

O primeiro tipo a ser destacado aqui recebe o nome de uma expressão em inglês:
Just in Time, ou simplesmente, JIT. Traduzido para o português, Just in Time significa
algo como Apenas no Tempo ou A tempo. É justamente esta a ideia do JIT: produzir
apenas o que for necessário, sem excessos para que não sobre, nem falte para que não
haja escassez de material (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Esta é uma forma
de reduzir custos e tornar o processo de abastecimento mais dinâmico e eficiente.

Na teoria, o JIT representa uma forma das organizações adquirirem somente o ma-
terial necessário para o suprimento dos seus processos produtivos. Todavia, confor-
me Mecalux (2021a), a prática do JIT possui seus lados positivos e negativos. O lado
positivo diz respeito a ausência da necessidade de se manter em estoque por muito
tempo os materiais que são fornecidos no sistema JIT, mas por outro lado, há o risco
constante de eventual falta de material, bem como a dependência em excesso dos
fornecedores.

Mais uma vez aqui nesta apostila é necessário destacar um item fundamental para
o bom andamento dos processos logísticos: o fluxo da informação. Os fornecedores
devem comunicar de imediato para seus clientes qualquer imprevisto que possa im-
pactar o ritmo de entrega dos materiais. Assim, havendo esta comunicação fluída, o
cliente não fica contando com uma entrega que na prática pode não se realizar. Além
disso, a programação de entregas deve ser revisada de forma constante para evitar
que o fornecedor faça entregas e por algum motivo interno da fábrica os materiais
não sejam consumidos. Outro ponto a ser observado é a previsão de entrega para os
meses seguintes, o que na literatura é chamado de forecast. Isto é necessário para

353
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

que numa eventual elevação das metas de produção o fornecedor possa se preparar
adequadamente para atender a esta demanda específica.

Conforme se pode observar, o funcionamento do JIT necessita ser constantemente


monitorado para que os problemas sejam conhecidos e resolvidos adequadamente.

SINCRONIZADO COM A PRODUÇÃO:

Conforme o próprio nome sugere, a lógica do abastecimento sincronizado com a


produção implica reconhecer que é a produção que irá definir quais demandas se-
rão atendidas e quais os materiais que deverão ser comprados. Para que este tipo
específico de abastecimento possa funcionar e gerar os resultados esperados, faz-se
necessário o estabelecimento de um cronograma. Por sua vez, este cronograma deve
informar com clareza as datas de entrega dos produtos para os fornecedores (MECA-
LUX, 2021).

Aqui novamente deve-se chamar a atenção para o fator informação. Tanto neste
sistema como também no JIT, o cliente deve disponibilizar as informações de entrega,
incluindo os prazos a serem respeitados pelos fornecedores. Estes, por sua vez, devem
comunicar e tornar conhecida qualquer situação que porventura possa impactar ne-
gativamente o cronograma de entregas.

Um item a ser mencionado na operacionalização deste tipo de abastecimento é o


planejamento (SILVA, 2019). Em síntese, planejar é decidir no agora qual situação se
deseja alcançar em tempo futuro. Assim, no contexto do abastecimento sincronizado
com a produção, o cliente deve enviar e atualizar sempre que possível o cronograma
de entregas para que de fato haja a sincronia desejada no processo de entrega de ma-
teriais. Esta é uma forma de se reduzir custos e manter a produção atendida.

ESTOQUE DE SEGURANÇA:

Este é o terceiro tipo de abastecimento que na logística externa na perspectiva dos


fornecedores. Neste cenário, é estabelecido um estoque de segurança com a inten-
ção de ter material extra disponível. A lógica aqui é simples: para evitar a escassez de
um determinado item, faz-se um estoque de segurança dele para ter ao menos uma
frente deste material e assim evitar possíveis paradas de produção. Aqui há de se re-
conhecer a elevação nos custos de armazenagem. Em contrapartida, a possibilidade
de falta de material é reduzida consideravelmente (MECALUX, 2021).

Para que o estoque de segurança possa ser bem-sucedido, é preciso que haja a
atenção para uma das atividades básicas no processo de gestão: o controle (SILVA,
2019). Isto é necessário para evitar que os materiais que até então formariam um es-
toque de segurança se acumulem e acabem resultando em desperdícios (SLACK;
CHAMBERS; JOHNSTON, 2009). Novamente deve-se fazer menção ao fator informa-

354
EJA-INTEGRADA - EPT

ção. Para tanto, vamos a um exemplo que ajuda a entender o porquê disto.

Imagine que uma fábrica de aparelhos celulares opte por adotar um estoque de
segurança de baterias. O estoque de segurança funciona sem maiores problemas.
Mas acontece que para os próximos meses está programada uma atualização nos
modelos de aparelho celular fabricados pela empresa. Com isso, é preciso avaliar se
as baterias que estão no estoque de segurança serão utilizadas para evitar um possí-
vel caso em que este material se torne obsoleto. A questão do controle na prática do
estoque de segurança é fundamental para evitar não somente isso, mas também um
possível não uso dos materiais, o que pode comprometer na sua qualidade em oca-
siões de uso futuro.

Chegamos ao final de mais uma aula. Aqui o intuito foi ensinar sobre os tipos de
abastecimento na logística externa sob a perspectiva dos fornecedores. Caso tenha
se interessado e deseje saber mais sobre este tema, sugerimos os vídeos abaixo para
aprofundar o seu conhecimento.
Just In Time: o que é “just in time? Como funciona o “just in time”?
https://www.youtube.com/watch?v=Lg6uS8oGec0
Entenda o que é Just In Time?
https://www.youtube.com/watch?v=W7qTIf7fGp0
Sistema de produção tradicional e sincronizado, qual a diferença?
https://www.youtube.com/watch?v=G0HM5Ke-uW8
Vídeo aula 11- Estoque de segurança.
https://www.youtube.com/watch?v=cQLFnhEq2Xc

Em nossa próxima aula iremos abordar sobre os fatores que são determinantes
para o processo de logística de abastecimento.

355
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

Aula 19 – DETERMINANTES DO ABASTECIMEN-


TO
Olá!

Nesta aula o nosso objetivo é abordar sobre os determinantes do abastecimen-


to. Conforme já visto em aulas passadas, a lógica da prática da logística de abaste-
cimento depende diretamente das informações passadas pelo cliente. É isto que irá
permitir ao fornecedor dimensionar o grau de esforço a ser empregado no atendi-
mento dos pedidos. Para os fornecedores, há aqueles pedidos mais comuns que são
demandados frequentemente e cujo atendimento é feito sem maiores problemas. Há
também os pedidos mais esporádicos, os quais apesar de não serem tão frequentes
são importantes para atenderem demandas específicas do cliente. E há os pedidos
considerados críticos, os quais demandam um esforço especial do fornecedor para o
cumprimento do prazo de entrega. Assim, nesta aula iremos destacar 6 fatores deter-
minantes que influenciam diretamente na qualidade da logística de abastecimento.

Consoante Mecalux (2021a), os fatores que são determinantes para o abastecimen-


to são:

- Fluxos de abastecimento: este item engloba a gestão dos estoques, as quan-


tidades de material a serem disponibilizadas ao cliente e a frequência com que
as mercadorias serão entregues ao cliente. Aqui o recomendável é analisar caso
a caso para que a frequência de entregas adotadas possa suprir a demanda dos
clientes de forma segura e confiável;

- Tipo de estoque: outra decisão a ser tomada diz respeito ao tipo de gestão de
estoques a organização irá adotar para tornar o atendimento ao cliente mais efi-
ciente e eficaz. Aqui recomendamos que seja feita a leitura da apostila “Tópicos
em Logística”, na qual a temática da gestão de estoques é explicada de forma
mais aprofundada;

- Demanda: aqui as decisões podem ser tomadas com base em estimativas da


demanda futura do cliente por meio da análise de dados históricos. Há casos em
que a relação entre cliente e fornecedor é mais profissionalizada, a ponto de pe-
riodicamente o cliente enviar ao fornecedor uma previsão de demanda para que
em casos de elevação da demanda a ser atendida, o fornecedor está ciente e se
preparar adequadamente.

- Fornecedores: aqui a organização demandante dos produtos que são neces-


sários para abastecer a sua produção deve selecionar criteriosamente seus for-
necedores para garantir que as suas demandas sejam atendidas. Há empresas
em que os fornecedores são desenvolvidos e escolhidos a partir de um processo
de homologação. Nisto, são analisados pontos relevantes, como, por exemplo, a

356
EJA-INTEGRADA - EPT

capacidade produtiva do fornecedor, a sua reputação fornecendo material junto


a outras empresas, dentre outros. Conforme já dito anteriormente, para itens que
são utilizados no processo produtivo, as indústrias já fazem esta homologação
para que cada material já tenha o seu fornecedor fixo.

- Recebimento dos materiais: Assim como todas as demais atividades em logís-


tica, o recebimento de mercadorias deve ser feito com o máximo de atenção. Da
parte de quem envia os materiais (fornecedores), isto deve se aplicar ao trabalho
da expedição. A lógica aqui é simples: o que está declarado na nota fiscal deve
corresponder exatamente ao material físico. A assertividade destas informações
é necessária para evitar trocas, devoluções e demais problemas que só atrasam
o fluxo logístico de materiais.

- Unidade de carga: Outra decisão a ser tomada e que é determinante para o


abastecimento diz respeito a unidade de carga a ser adotada no envio das mer-
cadorias. Aqui é válido analisar caso a caso. Há materiais que podem ser trans-
portados embalados em caixas de papelão. Há também aqueles materiais que
podem ser paletizados e embalados com filme plástico. Outra situação é o em-
barque dos materiais em contêineres. A decisão por qual unidade de carga deve
ser adotada irá depender de cada caso específico. Dentre as variáveis que in-
fluenciam nesta situação, há a frequência com que o material é expedido, a pró-
pria natureza do material, pois itens mais frágeis demandam mais cuidado no
transporte, a dimensão da carga, dentre outros itens.

Na Figura 20, um exemplo de carga sendo inspecionada.


Figura 20: Carga sendo inspecionada

Fonte: Mecalux (2021a).

Todas estas variáveis apresentadas nesta aula devem ser consideradas, posto que

357
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

cada uma delas influencia na dinâmica de atendimento das necessidades do cliente.


É oportuno que todos estes pontos sejam definidos e monitorados constantemen-
te. Vejamos, por exemplo, a demanda. Na maioria das indústrias, como, por exemplo,
aquelas atuantes no polo eletroeletrônico, entre os meses de agosto e dezembro ha-
ver um aumento na produção, o que leva estas empresas a contratarem mão-de-obra
temporária para dar conta dos pedidos de fim de ano. Esta demanda elevada irá im-
pactar o fluxo de abastecimento.

Vejamos aqui um exemplo para ilustrar esta situação: imagine que uma linha de
produção de uma fábrica que produz baterias de celular funciona em horário comer-
cial, de segunda a sexta feira, das 07 horas da manhã até as 17 horas da tarde. Com os
pedidos de final de ano, houve a necessidade de fazer com que esta linha também
operasse num segundo turno. Assim, a nova configuração da linha ficou assim defi-
nida: um primeiro turno das 07 horas da manhã até as 15 horas da tarde e o segundo
turno das 15 horas da tarde até as 23 horas da noite, de segunda a sábado.

Esta mudança irá no mínimo dobrar o consumo de itens utilizados na produção.


Com isso, toda a cadeia de fornecimento é impactada. Se uma empresa que fornece
os cabos USB que são acoplados nas baterias de celular fazia uma média de 3 entre-
gas por semana, agora com a nova linha do segundo turno deverá definir quantas
entregas será suficiente para suprir a demanda da produção do seu cliente.

Na próxima aula iremos abordar sobre um tópico interessante no campo da logís-


tica externa focada nos fornecedores: os sistemas e tecnologias para abastecimento.

358
EJA-INTEGRADA - EPT

Aula 20 – SISTEMAS E TECNOLOGIAS PARA


ABASTECIMENTOS
Olá!

Nesta aula iremos abordar uma temática interessante e oportuna no campo da


logística de abastecimento: os sistemas e tecnologias utilizados neste processo. Se
você acompanhou as aulas passadas aqui nesta apostila, deve ter percebido que con-
stantemente há a chamada de atenção para o quão importante é a informação para o
bom andamento dos processos logísticos. O papel dos sistemas e tecnologias utiliza-
dos na logística de abastecimentos é a de, por meio de informações precisas, tornar os
processos mais robustos e confiáveis.

Quando mencionamos o termo “sistema”, estamos fazendo menção ao Sistema


de Informação. Já falamos deles aqui nesta apostila, mas não custa nada relembrar:
a intenção destes sistemas é fazer com que as áreas atuantes numa companhia te-
nham acesso a informações confiáveis a respeito dos seus processos. Vejamos aqui
um exemplo:

- Imagine que o setor de planejamento de uma fábrica de motocicletas está es-


tudando uma ampliação dos turnos de uma linha de montagem. A ideia que a
linha que atualmente funciona em 2 turnos passe a funcionar em 3 turnos de
segunda a sábado. Para isso, ela precisa verificar como está o estado de forneci-
mento de todos os itens que são necessários para a montagem do modelo TY-
V-680W. Para tanto, os planejadores rodam relatórios no sistema de informação
simulando o consumo dos itens para 3 turnos. Nisto é considerado o estoque
atual de cada item. Por esta razão, é necessário que a acurácia de estoques seja
uma realidade nas organizações. Se algum item estiver com informações no sis-
tema que não correspondem a realidade, automaticamente a análise feita pelos
planejadores não será assertiva.

É necessário esclarecer que, em regra, os sistemas de informação possuem diver-


sos módulos, cada um deles voltado a uma finalidade específica. Assim, o setor de
Compras possui um módulo de operação, assim como o Planejamento, a Expedição,
o Recebimento e demais setores da fábrica. Com exceção dos profissionais de Tecno-
logia da Informação, os quais possuem acesso a todos os módulos dos sistemas de in-
formação, os demais colaboradores só conseguem acessar o módulo correspondente
a sua rotina de trabalho.

No caso específico da Logística, uma das tecnologias mais utilizadas é o chamado


Warehouse Management System – WMS, que traduzido para o português significa
Sistema de Gerenciamento de Armazém. Trata-se de um sistema de informação cujo
propósito é reunir num só lugar todas as principais informações referentes aos pro-
cessos logísticos de uma organização. Além disso, a utilização do WMS visa otimizar

359
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

a utilização dos recursos da companhia, tornando assim os processos logísticos mais


eficientes. Isto impacta positivamente a separação dos pedidos, o giro dos estoques
e o sistema de distribuição de materiais da fábrica (PORTOGENTE, 2017). Além disso,
estando as informações que constam no sistema de informação devidamente corre-
tas, isto torna o processo decisório da companhia mais assertivo. Na Figura 21, uma
imagem que ilustra a amplitude de alcance dos sistemas WMS.
Figura 21: Warehouse Managemente System

Fonte: Portogente (2017).

Como se pode observar, as informações do WMS são relevantes e impactam o pro-


cesso decisório de outras áreas, como, por exemplo, o setor comercial, o qual é res-
ponsável por comercializar os produtos que uma fábrica produz. Outra vantagem do
WMS é a questão do gerenciamento dos inventários. Com um trabalho constante e
profícuo, a companhia pode assegurar que os seus estoques estejam devidamente
acurados.

Outra tecnologia associada aos processos logísticos é chamada de slotting. Este


é um termo em inglês utilizado para se referir a distribuição dos estoques nos mais
diversos armazéns de uma companhia com o objetivo de tornar mais eficientes as ati-
vidades de reposição, recebimento de mercadorias e preparação dos pedidos (MECA-
LUX, 2021b). Ficou complicado? Sem problemas, vamos aqui facilitar o entendimento.

A tecnologia slotting é utilizada para facilitar a localização dos itens no estoque.


Lembre-se que um armazém possui muitos endereços que são os locais onde os ma-
teriais são armazenados. Seria muito difícil localizar estes itens sem o auxílio de um
sistema de informação. O que a tecnologia slotting faz é que cada endereço no esto-

360
EJA-INTEGRADA - EPT

que tenha o seu respectivo número, facilitando assim a localização dos materiais. A
Figura 22 demonstra um exemplo disto na prática.
Figura 22: Slotting

Fonte: Mecalux (2021b).

Perceba no exemplo da Figura 22 que cada item possui o seu endereço devida-
mente numerado. Com isso, o abastecimento de mercadorias do estoque para a pro-
dução se torna mais produtivo, gerando mais eficiência e eficácia neste processo de
abastecimento e atendimento das demandas da fábrica.

Caso queira saber mais sobre estas temáticas, sugerimos que assista os vídeos
abaixo:
Slotting (Atividade da Armazenagem)
https://www.youtube.com/watch?v=iziZW2x-hqg
WMS – Sistema de Gerenciamento de Armazém
https://www.youtube.com/watch?v=iXy2FBkdtLk

Assim, encerramos a série de aulas que integram esta apostila. Esperamos que os
conteúdos aqui demonstrados tenham agregado valor aos seus conhecimentos so-
bre os processos logísticos. Não deixe de responder as atividades sugeridas sobre as
temáticas das últimas aulas. Um grande abraço e sucesso.

361
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO

Observe as perguntas abaixo e para cada uma delas responda “Verdadeiro” ou


“Falso”.

01. Na tecnologia Slotting, o principal objetivo é facilitar a localização dos ma-


teriais com cada endereço no estoque tendo o seu respectivo código de iden-
tificação.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

02. Com relação ao WMS (Warehouse Management System ou Sistema de Ge-


renciamento de Armazém), É INCORRETO afirmar que qualquer pessoa na or-
ganização tem acesso as informações deste sistema.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

03. Com relação ao processo de compra de materiais, o comprador pode fechar


o pedido verbalmente com o fornecedor, sem a necessidade da emissão e envio
de um pedido de compras.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

04. Com relação a adoção do tipo de abastecimento Just in Time, é correto dizer
que ele permite que os materiais sejam entregues na quantidade que o forne-
cedor quiser.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

05. No que se refere ao tipo de abastecimento Estoque de Segurança, é correto


afirmar que apesar da elevação nos custos de armazenagem, este sistema re-
duz consideravelmente a escassez de materiais para a produção.
( ) Verdadeiro
( ) Falso

362
EJA-INTEGRADA - EPT

GABARITO:
1. VERDADEIRO
2. FALSO
3. FALSO
4. FALSO
5. VERDADEIRO

REFERÊNCIAS:
ABREU, J.C.A.; ARMOND-DE-MELO, D.R.; LEOPOLDINO, C.B. Entre fluxos e contra-flu-
xos: um estudo de caso sobre logística e sua aplicação na responsabilidade socioam-
biental. RECADM¸ v.10, n.1, p. 84 – 97, 2011.

BARBOSA, J.E.C.; LIMA, E.L.; CHAGAS, E.L. Estudo sobre a evolução dos processos logís-
ticos no Brasil. E-Locução, v.2, n.1, p. 115 – 123, 2012.

BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J. e COOPER, M. B. Gestão da cadeia de suprimentos e


logística. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007

BOWERSOX, D. J., CLOSS, D. J. e COOPER, M. B. Gestão da cadeia de suprimentos e


logística. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

BRASIL. Lei n° 14.133, de 01 de Abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos Administra-


tivos. Brasília: Senado Federal, 2021.

BUTTA, F. Separação de pedidos (picking). SAC Logística, 25 de fevereiro de 2021. Dis-


ponível em: https://saclogistica.com.br/separacao-de-pedidos-picking/. Acesso em: 20
jul. 2022.

CAPITAL REALITY. 5 principais etapas do processo logístico. Capital Reality, 14 de no-


vembro de 2020. Disponível em: https://capitalrealty.com.br/blog/etapas-do-processo-
-logistico.html. Acesso em: 11 jul. 2022.

CARGOX. Movimentação de materiais no almoxarifado: quais equipamentos usar?


Cargox, 02 de dezembro de 2020. Disponível em: https://cargox.com.br/blog/movi-
mentacao-de-materiais-almoxarifado/. Acesso em: 16 jul. 2022.

CURSOS CPT. Como administrar pequenas e médias indústrias – aquisição de mate-


riais. CPT Cursos, 2022. Disponível em: https://www.cpt.com.br/cursos-gestaoempre-
sarial/artigos/como-administrar-pequenas-e-medias-industrias-aquisicao-de-mate-
riais. Acesso em: 19 jul. 2022.

DARA, C. Logística de distribuição: entenda o que é e como funciona. Go Find, 26 de

363
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

maio de 2021. Disponível em: https://www.gofind.online/blog/logistica-de-distribui-


cao/. Acesso em: 17 jul. 2022.

DESCARTES LOGÍSTICA. O que é Logística de Distribuição? Descartes Lo-


gística, 2022. Disponível em: https://www.descartes.com/br/resources/blo-
g/o-que-e-logistica-de-distribuicao#:~:text=Quais%20s%C3%A3o%20as%20eta-
pas%20principais,mercadorias%20e%20controle%20de%20frete. Acesso em: 10 jul.
2022.

EAD EVOLUÇÃO. Processo logístico. EaD Evolução, 2022. Disponível em: http://gru-
poevolucao.com.br/livro/Logistica_Empresarial/processo_logstico.html. Acesso em: 20
jul. 2022.

EVO EDUCAÇÃO. O que é SAP MM? Evo Educação, 2022. Disponível em: https://evoe-
ducacao.com.br/artigos/o-que-e-sap-mm/. Acesso em: 18 jul. 2022.

FORBIZ BUSINESS SOFTWARE. Como reduzir custos e ganhar eficiência na Gestão


de Transportes. Forbiz Business Software, 2022. Disponível em: https://forbiz.com.br/
gestao-de-transportes/. Acesso em: 20 jul. 2022.

FREEPIK. Embarcação de carga de mercadorias de expedição de caminhão no ar-


mazém. Freepik, 2022. Disponível em: https://br.freepik.com/fotos-premium/embar-
cacao-de-carga-de-mercadorias-de-expedicao-de-caminhao-no-armazem_6957855.
htm. Acesso em: 19 jul. 2022.

GOMERO, A.G.F.; ARAÚJO, M.B.; JUNGER, A.P. Desenvolvimento do módulo web para
dispositivos móveis do Sistema de Gestão de Táxis da empres Claro do Perú. Revista
de Casos e Consultoria, v.7, n.1, p. 1 – 23, 2016.

HAAS MADEIRAS. O que é expedição logística e como funciona? Haas Madeiras, 7 de


dezembro de 2018. Disponível em: https://www.haasmadeiras.com.br/o-que-e-expedi-
cao-logistica-e-como-funciona/. Acesso em: 17 jul. 2022.

HEIZER, I.H.; SOUZA, A.F.; OLIVEIRA, M.H.S. Processo de compras nas organizações:
um estudo sobre suas características. REASU¸ v.6, p. 1 – 19, 2022.

IDEAL STORAGE. Armazenagem e movimentação de materiais. Ideal Storage, 2022.


Disponível em: https://www.infoestoque.com.br/armazenagem-e-movimentacao-de-
-materiais. Acesso em: 20 jul. 2022.

IGI SOLUÇÕES LOGÍSTICAS. Quais são as etapas principais da logística de distribui-


ção? IGI Soluções Logísticas, 27 de janeiro de 2021. Disponível em: https://www.igilog.
com.br/2021/01/27/quais-sao-as-etapas-principais-da-logistica-de-distribuicao/. Aces-
so em: 18 jul. 2021.

MECALUX. Logística de abastecimento, essencial na cadeia de suprimento. Mecalux,

364
EJA-INTEGRADA - EPT

19 de março de 2021. Disponível em: https://www.mecalux.com.br/blog/logistica-de-


-abastecimento. Acesso em: 10 jul. 2022.

MECALUX. Slotting: produtividade para as localizações do armazém. Mecalux, 29 de


janeiro de 2021. Disponível em: https://www.mecalux.com.br/blog/slotting. Acesso em:
19 jul. 2022.

MEIRELES, E.A. Logística. Cuiabá: Universidade Federal do Mato Grosso, 2018.

NASCIMENTO-E-SILVA, D. Compreendendo o processo gerencial. Manaus: IFAM,


2011.

NETSHOES. Camisa Paysandu Sport Club. Netshoes, 2022. Disponível em: https://www.
netshoes.com.br/camisa-paysandu-i-2223-sn-torcedor-lobo-masculina-azul+bran-
co-J76-0227-117?campaign=gglepqpla&gclid=Cj0KCQjwof6WBhD4ARIsAOi65agXaoI-
58TBEfYDEX5-Vzgb8qbP3fI3f8QNUZHZaM4hb8kcrxYZrQrAaAtf_EALw_wcB&gclsr-
c=aw.ds. Acesso em: 19 jul. 2022.

ONBLOX SOFTWARE LOGÍSTICO. 9 dicas para otimizar o seu recebimento de merca-


dorias. Onblox, 30 de junho de 2020. Disponível em: https://onblox.com.br/otimizar-re-
cebimento-de-mercadorias/. Acesso em: 19 jul. 2022.

PATROCÍNIO, C. O que são fluxos logísticos? Portogente, 6 de março de 2020. Dis-


ponível em: https://portogente.com.br/portopedia/111223-o-que-sao-fluxos-logisticos.
Acesso em: 19 jul. 2022.

PATRUS TRANSPORTES. Gestão fiscal: os principais documentos utilizados para o


transporte de cargas! Patrus Transportes, 25 de abril de 2017. Disponível em: https://
patrus.com.br/blog/gestao-fiscal-os-principais-documentos-utilizados-para-o-trans-
porte-de-cargas/. Acesso em: 18 jul. 2022.

PAURA, G.L. Fundamentos da Logística. 1 ed. Curitiba: Instituto Federal do Paraná,


2012.

PLATT, A.A. Logística e cadeia de suprimentos. Florianópolis: Departamento de Ciên-


cias da Administração, UFSC, 2015.

PORTOGENTE. WMS – Warehouse Management System (Sistema de Gerenciamen-


to de Armazéns). Portogente, 24 de maio de 2017. Disponível em: https://portogente.
com.br/portopedia/95323-wms-warehouse-management-system-sistema-de-geren-
ciamento-de-armazens. Acesso em: 20 jul. 2022.

RD SOLUÇÕES LOGÍSTICAS. Como receber mercadorias do jeito certo e evitar prejuí-


zos. RD Soluções Logísticas, 7 de fevereiro de 2022. Disponível em: https://rdcoeslo-
gisticas.com.br/como-receber-mercadorias-do-jeito-certo-e-evitar-prejuizos/. Acesso
em: 20 jul. 2022.

365
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas

REEBOK. Camiseta Classics Grafismo. Reebok, 2022. Disponível em: https://www.ree-


bok.com.br/camiseta-classics-grafismo/FJ3256.html. Acesso em: 20 jul. 2022.

REIS, T. Estoque: um tema essencial para a gestão de uma empresa. Suno Artigos,
Gestão de Empresas, 24 de fevereiro de 2018. Disponível em: https://www.suno.com.br/
artigos/estoque/. Acesso em: 17 jul. 2022.

ROSA, A.C. Gestão do transporte na logística de distribuição física: uma análise da


minimização do custo operacional. Dissertação (Mestrado em Gestão em Desenvolvi-
mento Regional). Universidade de Taubaté, 2007.

SANTOS, A. Centros de distribuição como vantagem competitiva. Revista de Ciências


Gerenciais, v.10, p. 24 – 40, 2006.

SANTOS, A.; CRUZ, R.; PACHECO, D.A.J. Análise das implicações do layout de um cen-
tro de distribuição logístico. In: VIII SIMPÓSIO ACADÊMICO DE ENGENHARIA DE PRO-
DUÇÃO. Anais...Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 21 a 23 de novembro de 2013.

SILVA. R.O. Proposta de autocapacitação para coordenadores de graduação. Dis-


sertação (Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica). Instituto Fe-
deral de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, Manaus, 2019.

SILVA, M.G.; BATISTA, D.F.D. Responsabilidade civil do fornecedor nas relações jurídi-
cas de consumo. REGRAD, v.9, n.1, p. 269 – 285, 2016.

SILVA, R.O. et al. O ciclo PDCA como proposta para uma gestão escolar eficiente. RE-
GAE, v.8, n.17, p. 1 – 13, 2019.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 3 ed. São Pau-
lo: Atlas, 2009.

TOSO, M.R. Proposta de configuração de operação logística em centros de distri-


buição. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Universidade Federal de
São Carlos, Sorocaba, 2014.

TRINDADE, U.B.; BRITO, L.P.; SILVA. A.M. Uso do sistema WMS na Logística Interna e
no Gerenciamento de Estoques em uma fábrica do ramo metalúrgico. REFAS, v.8, n.5,
p. 1 – 14, 2022.

VICENTE, A.A.; SUCEGAN, P.H. Análise dos aspectos da logística de distribuição. Revis-
ta de Gestão e Estratégia¸ v.1, n.4, p. 5 – 16, 2022.

366

Você também pode gostar