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APOSTILA

CURSO TÉCNICO DE LOGÍSTICA


E. E. “PROF. ASTOR VIANNA”
PROFESSORA GESSYKA S. P COUTO
2019

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EMENTA DA DISCIPLINA

 Canais de distribuição reversos e suas tipologias.

 Características do processo reverso da Logística.

 Objetivo econômico, ecológico e legal na logística reversa de pós-consumo.

 Objetivos estratégicos da logística reversa de pós-venda.

CONCEITUANDO LOGÍSTICA REVERSA

De acordo a visão detalhada de Leite (2003) a logística reversa é a atividade que:


“planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas
correspondentes, de retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao
ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, através dos canais de
distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas:
econômico, ecológico, legal. Logístico. De imagem, corporativo, entre
outros. ”
O conceito do Reverse Logistic Executive Conucil (RLEC), o órgão de referência mundial sobre
esse tema (2007), logística reversa ou “verde” (como preferem alguns autores) é mais
precisamente o processo de movimentação de bens para destino final com o objetivo de
recuperar o valor dos bens ou, senão, elimina-los adequadamente.
Podem ser incluídas na LR as seguintes atividades:
 o processamento dos materiais retornados em função de dados, estoques sazonais,
destinação de equipamentos obsoletos (leilões, sucateamento etc.);
 as atividades de remanufatura e recondicionamento;
 os programas de reciclagem, tratamento de produtos perigosos e a recuperação do
recurso.

QUESTÃO DE CONCURSO (IBGE/2008) Dado o seguinte comentário: “Existe um


aumento constante do nível de descartabilidade dos produtos devido principalmente à redução do
ciclo de vida dos produtos e maior giro dos estoques. O avanço da tecnologia também acelera a
obsolescência dos produtos. Ora com o aumento do descarte, há um desequilíbrio entre as
quantidades descartadas e as reaproveitadas, tornando o lixo urbano um dos mais graves
problemas ambientais. Estes resíduos, gerados na maioria das vezes pelas indústrias e pelos
armazéns, constituem materiais que podem ser reaproveitados e reintegrados no processo
produtivo, mas para que isso ocorra de forma eficiente, são necessários sistemas que gerenciem
esse fluxo”. Uma área da logística que vem atuando de maneira significativa nesses problemas é:

A. Logística de demanda puxada.


B. Logística reversa.
C. Processos ambientais.

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D. Outsourcing de armazéns.
E. Não há área na logística que atua nesses problemas.

Nesse contexto, é importante ressaltar que, embora as atividades de redesenho de embalagens


para utilizar menos materiais, a redução do consumo energético e da poluição dos transportes
sejam importantes questões ambientais, estas não podem ser incluídas como atividades de LR.
Ou seja, se nenhum bem ou material estiver sendo movimentado a montante (“para trás”)
na cadeia de suprimentos “a atividade não é provavelmente uma atividade de logística
reversa”, de acordo com RLEC (2007).
Porém, discordante desse conceito, alguns autores como Leite (2003) entendem que existe sim a
possibilidade de as matérias ser direcionado para outra cadeia produtiva ou para mercados
secundários dentro de uma mesma cadeia, sem que haja necessariamente, a movimentação a
montante para ser considerada atividade da LR.

Figura 2 – Representação da Cadeia de Suprimentos com movimentação a Jusante e Montante. Fonte - Adaptado de STK Zero.

RELEMBRANDO: De acordo com Christopher (2007), o conceito de gerenciamento da cadeia de


suprimentos é o seguinte: “a gestão das relações a montante e a jusante com fornecedores e clientes, para entregar
mais valor ao cliente, a um custo menor para a cadeia de suprimentos como um todo”.

Assim pode-se inferir, como afirma Bronoski (2003), que a “logística reversa se aplica tanto como
um fator de redução de custos na cadeia produtiva e como um meio de preservação ambiental”,
pois apresenta foco em um melhor aproveitamento dos produtos, o que concilia os
interesses organizacionais e socioambientais das empresas, ao possibilitar uma menor
degradação ecológica e ganhos monetários para as organizações que a adotam.

LOGÍSTICA REVERSA COMO VANTAGEM COMPETITIVA

Segundo Lacerda (2002 apud GARCIA, 2006):


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“Logística reversa pode ser entendida como um processo complementar
à logística tradicional, pois enquanto a última tem o papel de levar
produtos de sua origem dos fornecedores até os clientes intermediários
ou finais, a logística reversa deve completar o ciclo, trazendo de volta os
produtos já utilizados dos diferentes pontos de consumo a sua origem.
No processo da logística reversa, os produtos passam por uma etapa de
reciclagem e voltam novamente à cadeia até ser finalmente descartado,
percorrendo o percorrendo o “ciclo de vida do produto”.
Pelo estudo da logística tradicional fica claro que os clientes não compram apenas produtos ou
serviços. Eles geralmente desejam um conjunto de valores associados à essa aquisição, que
genericamente denomina-se nível de serviço logístico (ex. tempo, lugar, uso, variedade,
quantidade, qualidade, etc). Como processo complementar da logística tradicional, vemos que a
LR também tem papel de criar valor por meio de seus serviços com o menor custo possível, ou
seja sendo estratégica para o negócio.
Com o crescimento cobrança pela sociedade em relação à responsabilidade social e ambiental as
organizações consegue conciliar suas preocupações com os custos operacionais e com o
meio ambiente são aquelas empresas que, de alguma forma, obtêm vantagem competitiva
sobre seus concorrentes, integrando os diferentes elos da cadeia de suprimento e distribuição.
Observa-se que essas organizações elaboram um processo no qual o ciclo de vida de seus
produtos é corretamente compreendido, e dessa maneira conseguem desenvolver soluções
tanto para uma reciclagem dos seus materiais, para uma eventual revenda de sobrar ou sucatas
e para a devida destinação final de resíduos (lixos).

FLUXOS LOGÍSTICOS E OS FLUXOS REVERSOS

SUBDIVISÃO DOS FLUXOS LOGÍSTICOS

São subdivididos em três segmentos principais:


 O fluxo físico – que movimenta os materiais;
 O fluxo financeiro – gerado pela necessidade de pagamento dos materiais;
 O fluxo de informações – que dinamiza os dois anteriores.

Sob a perceptiva dos fluxos logísticos, os produtos podem seguir três caminhos distintos:
 da fábrica até o armazém ou do centro de distribuição;
 do centro de distribuição até o autosserviço ou varejo;
 do autosserviço ou varejo, até o consumidor.

Além disso, o grande desafio é considerarmos o quarto caminho, ou fluxo: o da logística


reversa, pois depois da sua venda ou consumo, os produtos podem precisar fazer, por algum
motivo qualquer, o caminho inverso (reverso), no sentido consumidor-varejo-indústria.

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OS DESAFIOS DA LOGÍSTICA REVERSA

Segundo Razzolini Filho e Berté (2016), o quarto fluxo, de LR:


“trata-se de um grande desafio (quase impossível de ser alcançado), em
função do número de pontos de coleta a serem atingidos no processo,
porém, as organizações que conseguirem realizar essa integração com
um mínimo de efetividade, obterão ganhos em relação a seus
concorrentes”.
Porém a definição atual de logística, segundo autores, “inclui todas as formas de
movimentos de produtos e informações”. Assim, “fluxos diretos e reversos ocorrem entre as
estruturas internas da organização (gerenciadas tanto pela própria organização quanto por uma
empresa fornecedora de serviços logísticos), ou entre a estrutura interna e uma externa – por
exemplo cliente e um fornecedor” (Donier et. Al.,2000).

Figura 3 – Comparação de agentes envolvidos dos processos da Logística comum e reversa. Fonte: Autora.

Pela imagem acima, fica ainda mais evidente a complexidade da aplicação da LR pelas
empresas, uma vez que, com muito mais agentes envolvidos, há um aumento de todo o trabalho
nos três fluxos logísticos: de bens, financeiros e principalmente de informação.
Em contrapartida, é necessário considerar que as atuais legislações estão trazendo o
conceito de responsabilidade ampliada dos produtos, ou seja, a obrigação do fabricante não
termina no momento da venda, do consumo ou da utilização do produto. Ela somente se encerra
quando o produto é reintegrado ao ciclo produtivo ou se dá ao mesmo uma destinação adequada.
Quando uma organização consegue empregar um processo de logística reversa de
maneira ainda lucrativa, ela está alcançando a sustentabilidade econômica e ambiental de seu
negócio.

RELAÇÃO
GANHA X GANHA
(EMPRESA) (SOCIEDADE/
MEIO AMBIENTE)

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Fabricantes de produtos como Geladeiras, pilhas e computadores, dentre outros, já são
responsáveis pela LR de seus produtos de acordo com a Lei 12305/2018, ou seja, já é uma
OBRIGAÇÃO.
Uma vez que a logística tradicional, é um conjunto de estratégias e ações para produzir e
entregar produtos da forma mais barata e ágil possível às lojas e consumidores, logo, pode-se
dizer que a logística reversa, é o conjunto de estratégias e ações para recolher esses
produtos utilizados, com defeitos ou (ou seus resíduos) da forma mais barata e ágil
possível.
Portanto, é fundamental que as organizações comecem a considerar os fluxos reversos no
planejamento dos seus canais de distribuição, pois tem apresentado crescimento significativo o
montante (fluxo) de produtos no sentido reverso dos canais de distribuição, em virtude de
devoluções, trocas ou mesmo reciclagem e recuperação de produtos, que leva à necessidade de
conhecermos a:
significância do fluxo informacional para o funcionamento do sistema
logístico, uma vez que o mesmo é responsável pela sustentação dos
outros dois fluxos, além disso, pode oferecer as características de
flexibilidade e rapidez de respostas, tão necessárias ao bom desempenho
dos sistemas logísticos (Razzonili Filho, 2000)

ESTRATÉGIAS PARA EVITAR PROBLEMAS COM A LR

As empresas podem melhorar seus processos reversos criando o reconhecimento entre


funcionários, fornecedores,vendedores e consumidores de que a LR é importante e merece
atenção.
Entre as divesas estratégica gerais e especificas encontradas na literatura a serem adotadas para
que se possa obter sucesso nos programas de LR, Stock (2001ª) destaca as seguintes:

 alocar recusos suficiente para a LR e para as

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CANAIS REVERSOS: PÓS-CONSUMO E PÓS-VENDA

O processo de logística reversa gera materiais reaproveitados que retornam ao processo


tradicional de suprimento, produção e distribuição.
Existem variantes com relação ao tipo de reprocessamento que os materiais podem ter,
dependendo das condições em que estes entram no sistema de logística reversa. Os materiais
podem retornar ao fornecedor quando houver acordos neste sentido. Podem ser revendidos se
ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Podem ser recondicionados,
desde que haja justificativa econômica. Podem ser reciclados se não houver possibilidade de
recuperação. Todas estas alternativas geram materiais reaproveitados, que entram de novo no
sistema logístico direto. Em último caso, o destino pode ser a seu descarte final (figura 1).

Figura 1 – Atividades Típicas do Processo Logístico Reverso

O canal de distribuição reverso de pós-venda se caracteriza pelo retorno de produtos com


pouco ou nenhum uso que apresentaram problemas de responsabilidade do fabricante ou
distribuidor ou, ainda, por insatisfação do consumidor com os produtos. Já o canal reverso de
pós-consumo se caracteriza por produtos oriundos de descarte após uso e que podem ser
reaproveitados de alguma forma e, somente em último caso, descartados (ROGERS; TIBBEN-
LEMBKE, 1999).

Canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo (CDR-PC)

CDR-PC: diferentes formas de processamento e comercialização dos produtos de pós-consumo


ou seus materiais constituintes, desde a coleta até sua reintegração ao ciclo produtivo como
matéria-prima secundária.
Diferentes formas de CDR-PC:
• Reuso ou reutilização: quando não há remanufatura. Ex: carro usado
• Desmantelamento ou desmanche: desmontar o produto e destinar as partes. Ex: lixo
eletrônico.
• Reciclagem: quando os componentes extraídos são utilizados como matérias-primas
secundárias

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• Disposição final: quando o produto torna-se resíduo e vai para lixões, aterros ou
incineradores. Ex: lixo hospitalar.

Canais de distribuição reversos de bens de pós-venda (CDR-PV)

CDR-RV: são os produtos devolvidos que fazem a rota reversa sem terem sido consumidos:
• Excesso de estoque • Problemas de qualidade
• Prazo de validade • Danos no transporte
• Consignação • Defeitos etc.
Podem ser destinados a:
• Mercados secundários
• Desmanche
• Reciclagem
• Disposição final

EXEMPLOS DE CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO REVERSOS

 PÓS-CONSUMO
Canal Reverso de Reuso: Leilões de Empresas (móveis, equipamentos usados, máquinas) –
Trata-se de um canal reverso de grande importância, com características econômicas e logística
de realce, pelo volume de comércio envolvido.
Canal Reverso de Embalagens Descartáveis: Esse canal tem importância crescente, pois as
embalagens descartadas têm uma ‘visibilidade ecológica’ negativa, sejam elas primárias
(condenação de produtos), secundárias (contenção das primárias ou unitizadas para transporte).
Esse segmento representa um dos mais importantes canais reversos, mediante a revalorização
pelo sistema de reciclagem de seus constituintes. Representa um potencial de atividade reversa,
desde que seus canais sejam equacionados para atender os fatores logísticos restritivos, bem
como, com custo desses processos.
 PÓS-VENDA
Canal Reverso de E-commerce: esse canal, assim como o de vendas por catalogo são
chamados de “canais direto de vendas, e são caracterizados por um nível de devoluções por não-
conformidade às expectativas do consumido da ordem de 25 a 30% do total de vendas, sendo
assim um dos mais importantes canais de distribuição reversos de bens de pós venda. No e-
commerce, os produtos a serem entregues são de pequeno porte, em embalagens individuai,
normalmente os clientes são desconhecidos e a demanda é instável e pouco previsível.
Dado o alto volume de retorno, esse canal reverso tem exigido mais empenho das empresas
desse setor em suas redes logística reversas exigindo as mesmas tecnologias, bem como o
equacionamento das redes diretas e reversas simultaneamente.
Canal Reverso de Lojas de Varejo: Por diversos motivos os clientes realizam devoluções de
produtos ao varejista. Os canais reversos de varejo podem ser de diferentes tipos, como os de
liquidação de estoques em fim de estação ou fim de moda, redistribuição dos produtos em

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mercados diversos, permitindo aumento do giro de estoque nos pontos de venda e melhorando o
valor residual dos produtos, entre outras possibilidades.
É de suma importância que os varejistas adotem estratégias de distribuição reversas de maneira
que gerenciem as devoluções de toda a rede de varejo e assim equacionem corretamente o
retorno dos produtos com agregação de valor a destinos mais indicados.

LOGÍSTICA REVERSA DE PÓS-CONSUMO – INTRODUÇÃO

Figura 1 – Ciclo da Logística Reversa – Fonte: Blog 2 Engenheiros

Tornar empresas e indústrias dos mais variados segmentos responsáveis por todo o ciclo de
vida útil de um produto, promovendo a reutilização ou o descarte correto dos bens de consumo
é a essência da Logística Reversa de pós-consumo.
Além de representar um processo vital para o desenvolvimento sustentável do planeta, o
processo de restituição dos resíduos sólidos ao setor industrial é mais do que uma orientação e
está previsto em lei.
 QUESTÕES PARA REFLEXÃO:

Mas por que aplicar a Logística Reversa? Quais os impactos que a atividade industrial
tem trazido para o meio ambiente e a sociedade em geral? Essa preocupação com os
recursos naturais provém apenas para ser considerado “politicamente correto”?

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