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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

3º Ano
Disciplina: PROCURIMENT E GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS E PATRIMÓNIO NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Código:
Total Horas/1o Semestre:
Créditos (SNATCA):
Número de Temas: 6

INSTITUTO SUPER

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED


1

Direitos de autor (copyright)


Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém
reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros),
sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância
(ISCED).
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor
no País.

Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED)


Direcção Académica
Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839
Fax: 23323501
E-mail: isced@isced.ac.mz
Website: www.isced.ac.mz

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Agradecimentos
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes
indivíduos e instituições na elaboração deste manual:
Autor Dr. Cláudio Alexandre Nhapimbe
Coordenação
Design Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância ( ISCED)
Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia
Revisão Científica (IAPED)
Revisão Linguística XXXXX
Ano de Publicação XXXXX
Local de Publicação ISCED – BEIRA
XXXXX

Direcção Académica do ISCED


Elaborado por:
Dr. Cláudio Alexandre Nhapimbe – Bacharel e Licenciado em Administração Pública pelo Instituto
Superior de Relações Internacionais – Maputo e Mestrado do Master in Business Administration
(Human Resource Management & Marketing) pela Indhira Ghandi National Open University – New
Dealhi, Índia.

Visão geral

Benvindo à Disciplina/Módulo de Procument e Gestão de Recursos Materiais e Património na


Administração Pública

Objectivos do Módulo
A administração de bens públicos exige do Administrador público um cuidado
especial, como ocorre com toda administração de coisa alheia. A Administração
pública, não possui a titularidade dos bens e interesses públicos, a titularidade
pertence ao Estado, competindo ao administrador o dever de administrá-los
segundo a finalidade a que estão adstritos.

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Assim, o ensino e aprendizagem da disciplina de Procuriment Recursos Materiais
e Património na Administração Pública visam proporcionar aos estudantes
conhecimentos teóricos e práticos para o exercício de funções de investigação,
análise, concepção e adequação de métodos e processos técnico-científicos
atinentes ao Procuriment, Logística integrada e Gestão de Recursos Materiais e
Património na Administração pública, mais precisamente do Estado aos níveis
Central e Local, das Autarquias Locais, Empresas Públicas, Fundos Públicos,
Institutos Públicos, empresas municipais na área de Administração Patrimonial; e
visa ainda alavancar a cultura de cidadania visionária capaz de contribuir para a
ética na gestão da coisa pública, boa governação e desenvolvimento económico
e social local.

 Capacitar o estudante a utilizar as técnicas de administração de


materiais e patrimoniais sob a óptica do moderno modelo
de logística integrada.
Objectivos  Criar uma cultura de cidadania visionária capaz de contribuir para
Específicos a ética na gestão da coisa pública
 Desenvolver habilidades específicas que qualifiquem os alunos
ao exercício da profissão de administrador, especificamente,
para a gestão de recursos materiais e patrimónios.
 Proporcionar conteúdos relacionados às ferramentas
operacionais de logística, armazenagem e condições físicas
ótimas de estoques em administração de materiais.
 Dominar o uso de técnicas de gestão de stocks em recursos
materiais e património;

 Certificar necessidade de preservar o património da


organização, zelando pela sua conservação e manutenção.
Estabelecer sustentação para reflexões sobre a acção e o
pensamento administrativos.

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Quem deveria estudar este módulo
Este Módulo foi concebido para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em
Administração Pública. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se
actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem
vindos, não sendo necessário para tal se inscrever.
Mas poderá adquirir o manual.

Como está estruturado este módulo


Este módulo de Procuriment Recursos Materiais e Património na Administração
Pública, para estudantes do 3º ano do curso de licenciatura em Administração
Pública, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue:
Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-
chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo,
como componente de habilidades de estudos.
Conteúdo desta Disciplina / módulo
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo
número de unidades temáticas ou simplesmente unidades,. Cada unidade
temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o
sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de
avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros exercícios
teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algunas
incluido estudo de caso.

Outros recursos
A equipa dos académicoa e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho,
recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu
processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais
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ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do
seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para elém deste material físico
ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação


Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação
apresntam duas caracteristicas: primeeiro apresentam exercícios resolvidos
com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem
mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do
processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das terefas de
avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos
tutores/doceentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota.
Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer
todos os exrcícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer
de natureza científica, quer de natureza diadáctico-Pedagógica, etc, sobre como
deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações
que, em goso de confiança, classificamolas de úteis, o próximo módulo venha a
ser melhorado.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas.
Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de
aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade
ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

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Habilidades de estudo
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender
aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar
a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e
disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias
eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa
rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue:
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura.
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos
(ESTUDAR).
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere
ou não com a dos colegas e com o padrão.
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de
caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste
item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de
estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar?
Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de
intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc.
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um
determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em
profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior.
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que
saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber
com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo.
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a
uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze)
minutos de descanso (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que
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durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades
obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalhjo intelectual
obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da
aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em
termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos,
perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz!
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda
a ser estudante de facto (aquele que estuda sistemáticamente), não estudar apenas
para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre
tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que
está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir
como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e
a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois
será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que
seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões,
exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem
para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura
para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de
uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo
significado não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de
estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns
erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade,
páginas trocadas ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os seriços de atendimento
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se
tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação.

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Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e
Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e
sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso
as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR,
etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a
oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte
da equipa central do ISCED indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais.
Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou
admibistrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de
estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em
termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira
ficar’a a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos,
constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto avaliação),
contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As
tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos
prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente
que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final
da disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos
ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser
devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor.

O plágio1 é uma viloção do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de
mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A

1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
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honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem
caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED).

Avaliação
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles
fisicamente separados e muito distantes do docente/turor!? Nós dissemos: Sim é
muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e concistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de
90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando
o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo
do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentado de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam
25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante
as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25%
da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um)
(exame).
Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de
avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a
apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos
assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas,
o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

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TEMA I: ADMINISTRAÇÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO DE MATERIAIS UNIDADE TEMÁTICA I:
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1.1. Noção de Administração de Recursos Materiais


1.2. Objectivos da Administração de Materiais
1.3. Gestão de recursos Materiais
1.4. Noção de Recursos Materiais
1.4.1. Tipos de recursos Materiais
1.5. Classificação e Codificação dos recursos materiais
1.6. Ciclo de Gestão de recursos materiais

Tema II: NOÇÃO DA LOGÍSTICA E PROCUREMENT UNIDADE TEMÁTICA II: NOÇÃO DE LOGÍSTICA
EMPRESARIAL

2.1. Noção de Logística empresarial versus logística reversa


2.1.1. Objectivos da Logística
2.1.2. Funções da Logistica empresarial
2.2. Actividades da logística
2.2.1. As actividades primárias da logística
2.2.2. As actividades secundárias da logística

TEMA III: NOÇÕES DE GESTÃO DE STOCKS EM RECURSOS MATERIAIS UNIDADE TEMÁTICA III: GESTÃO
DE STOCKS EM RECURSOS MATERIAIS

3.1. Noção de Gestão de stocks


3.1.1. Objectivos da Gestão de Stocks
3.1.2. Requisitos para uma Eficiente Gestão Física de Stocks
3.1.3. Classificação dos Custos de gestão de Stocks
3.2. Técnicas de Previsão de Compras
3.2.1. Técnicas qualitativas de previsão de compras
3.2.2. Técnicas quantitativas de previsão de compras
3.3. Gestão de compras
3.3.1. Objectivos de Gestão de compras
3.3.2. A importância da área de compras para a organização
3.4. Gestão da Armazenagem
3.4.1. A função logística da armazenagem

TEMA IV: ABORDAGENS TEÓRICAS DE GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS UNIDADE TEMÁTICA IV:
MODELOS DE GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS

4.1. Outsourcing
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4.2. Mass Customization ou Customização em Massa
4.3. Postponement
4.4. Just in Time
4.4.1. Objectivo do Just in time
4.4.2. Báses filosóficas do modelo Just in Time
4.5. Engenharia de Valor ou Value engeneering
4.5.1. Objectivo da Engenharia de Valor
4.5.2. Bases Filosóficas da Engenharia do Valor

TEMA V: ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÓNIO PÚBLICO UNIDADE TEMÁTIVA V: ADMINISTRAÇÃO DO


PATRIMÓNIO PÚBLICO

5.1. Noção da Administração do Património Público


5.1.1. Noção de património público
5.1.2. Gestão do Património do Estado
5.1.3. Funções dos órgãos de Gestão do Património do Estado
5.2. Ciclo de Vida do Património do Estado
5.2.1. Planificação do Património do Estado
5.2.2. Procuriment público do Património do Estado
5.2.3. Registo, inventariação, classificação do Património do Estado;
5.2.4. Aplicação e manutenção dos Bens do Estado
5.2.5. O abate do Património do Estado
5.3. Elementos Básicos do Património do Estado
5.3.1. Bens do Estado
5.3.2. Direitos do Estado
5.3.3. Obrigações do Estado

TEMA VI: PROCEDIMENTOS DE PROCUREMENT PARA AQUISIÇÕES GOVERNAMENTAIS UNIDADE


TEMÁTICA VI: PROCURIMENT PÚBLICO EM MOÇAMBIQUE

6.1. Noção do procuriment público


6.2. Regimes Jurídicos da Contratação pública (Procurement público)
6.3. Concurso Público
6.3.1. Fases do Concurso Público
6.3.2. Critérios de Avaliação e Decisão (Adjudicação) do Concurso Público
6.4. Regime Excepcional da Contratação pública (Procurement público)
6.4.1. Concurso com Prévia Qualificação
6.4.2. Concurso Limitado
6.4.3. Concurso em Duas Etapas
6.4.4. Concurso por Lances
6.4.5. Concurso de Pequena Dimensão
6.4.6. Ajuste Directo
6.4.7. Concurso por Cotações

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TEMA I: ADMINISTRAÇÃO DA CADEIA DE ABASTECIMENTO DE MATERIAIS UNIDADE TEMÁTICA II:
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1.1. Noção de Administração de Recursos Materiais 1.2. Objectivos da Administração de


Materiais 1.3. Gestão de recursos Materiais 1.4. Noção de Recursos Materiais
1.4.1. Tipos de recursos Materiais
1.5. Classificação e Codificação dos recursos materiais 1.6. Ciclo de Gestão de recursos materiais

Introdução
A diferença entre os países ricos e pobres assenta na maneira como esses dois tipos
de paises exploram e fazem o uso dos recursos postos a disposição, e mais
precisamente, assenta na forma como concebem e executam as políticas dos
recursos humanos, materiais e financeiros ao seu alcance. Nesta unidade
exploramos as noções chave da administração, e mais precisamente, da
administração de recursos materiais eos os processos de gestão de recursos
materiais. O estudante nesta unidade passará a ter conhecimento do objecto de
estudo da Administração de recursos materiais para posteriormente perceber a
razão de existência desta ciência da administração de materaisi na organização e
funcionamento do processo produtivo ou de prestação de serviços das
organizações. Assim, ao completar esta unidade, você será capaz de:
 Explicar a noção de administração de recursos materiais;
 Descrever as funções da Administração de Recursos Materiais no processo
produtivo ou de prestação de serviços;

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Objectivos  Descrever os objectivos da Administração de Recursos Materiais no processo
Específicos
produtivo ou de prestação de serviços;  Explicar a noção de recursos
materiais;
 Exlicar os processos de classificação e codificação de recursos materais e sua
importância;
 Descrever as etapas do ciclo de vda dos recursos materiais;

1. ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E PATRIMÓNIO


O termo administrar tem as suas origens na expressão latina 2 , administer, que
provém ad (direcção ou tendência para…) + minister (subordinação ou obediência)
e significa realização de uma função abaixo do comando de outrem, i.é, prestação de
serviço a alguém3. No entanto, a palavra administração sofreu uma radical
transformação em seu significado original.

A tarefa da administração passou a ser focada no pensamento estratégico (identificar


as necessidades, definição da missão, da visão, dos valores, dos objectivos e metas,
das políticas, dos programas, etc.) e na liderança da organização da organização como
um todo visando a condução da organização para o desenvolvimento económico e
social equilibrado e sustentável.

Segundo Mary Follet, gerir não é mais do que produzir bens ou serviços utilizando
pessoas. Gestão é o processo de se conseguir que as coisas sejam feitas por meio de
pessoas com vista a obter resultados (bens ou serviços) pré-determinados. A Gestão
tem como função interpretar os objectivos (ideias) propostos pela administração e
transformá-los em acção organizacional por meio de planificação, organização,
direcção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas e em todos os
níveis da organização, a fim de alcançar tais objectivos sejam alcançados de maneira
eficiente e eficaz e garantir a competitividade no mundo de negócios altamente
concorrencial e complexo.

2 Oswaldo Aranha Bandeira de Mello apresenta duas versões para a origem do vocábulo administração. A primeira é que esta vem de ad
(preposição) mais ministro, as, are (verbo), que significa servir, executar; já a segunda indica que, vem de ad manus trahere, que envolve
idéia de direção ou gestão. Nas duas hipóteses, há o sentido de relação de subordinação, de hierarquia. 3 CHIAVENATO, Teoria Geral da
Administração, São Paulo, 2002, 6ª Edição.
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A gestão está focada nos recursos materiais, recursos tecnológicos, recursos
financeiros, recursos humanos, recursos mercadológicos, e na operação que irá
transformar os objectivos (ideias) em produtos para satisfazer as necessidades,
procura manter os recursos sob sua alçada.
O objecto de estudo da administração tem variado de acordo com a escola de
pensamento e época, mas considerando sempre empresas os fenómenos e factos
que afectam a eficiência e eficácia das eas variáveis como - tarefas, estrutura,
pessoas, ambiente interno e externo, tecnologia e competitividade.

Para Marcello Caetano, administração compreende o conjunto de decisões e


operações por meio das quais, alguém procura satisfazer as necessidades humanas,
obtendo e empregando racionalmente os recursos adequados. Administração
envolve a colecção, combinação e utilização de recursos (financeiros, materiais,
humanos) da melhor maneira possível para o alcance de certos resultados ou
objectivos pré-determinados. Assim, administrar é agir ao serviço de certos fins com
vista a sua realização.

Segundo Jucélio Paiva (2011:12), "Administrar é o processo de dirigir acções de


utilização racional de recursos para atingir objectivos previamente definidos. A
aplicação racional de recursos e a satisfação das necessidades humanas são a
principal razão para o estudo da administração. A forma como as organizações são
administradas, as tornam mais ou menos capazes de os objectivos correctos".

A administração é uma ciência social aplicada, fundamentada em um conjunto de


normas e funções elaboradas para disciplinar os elementos de produção. A
administração estuda os empreendimentos humanos com o objectivo de alcançar
um resultado eficaz e retorno financeiro de forma sustentável e com
responsabilidade social, ou seja, é impossível falar em Administração sem falar em
objectivos, como lucro relevante na expansão do negócio, modernização da
tecnologia, e nos dividendos dos stakeholders.

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Em síntese, o administrador é a ponte entre os meios (recursos financeiros, recursos
materiais, tecnológicos e humanos) e os fins (objectivos). Como elo entre os recursos
e os objectivos de uma organização, cabe ao administrador combinar os recursos na
proporção adequada e para isso é necessário tomar decisões constantemente num
contexto de restrições, pois, nenhuma organização por melhor que seja dispõe de
todos os recursos e também a capacidade de processamento de informações do ser
humano é limitada. Administrar envolve a elaboração de planos, pareceres,
relatórios, projectos, arbitragens e laudas, em que é exigida a aplicação de
conhecimentos inerentes às técnicas de Administração. A Administração se divide,
modernamente, em cinco áreas: finanças, marketing, vendas ou produção, recursos
humanos e recursos materiais.

1.1. Noção de Administração de Recursos Materiais


A escassez de recursos (materiais, patrimoniais, financeiros, humanos e
tecnológicos) e a existência ilimitada das necessidades e desejos humanos aliados
ao desejo da busca da eficiência e eficácia no processo produtivo ou no processo de
prestação de serviços, é que está na base do estudo da Administração de materiais
e património visando a optimização na utilização desses recursos. Mas que é
administração de materiais e património como ciência?

Administração de materiais e património é o ramo da administração que estuda a


concepção dos métodos, estratégias, mecanismos, técnicas, políticas e
procedimentos de optimização da utilização dos recursos, bens, direitos e
obrigações em face das necessidades ilimitadas. A administração de materiais e
património focaliza-se na formulação do pensamento político estratégico das
empresas no que diz respeito às políticas de materiais e património, mormente:
 a política de aquisição de materiais e património (Procuriment de bens e
serviços);
 a política de distribuição, transporte, armazenamento e registo de materiais e
património (logística);
 a política de manutenção e utilização de materiais e património;

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 a política de amortizações, desintegrações e depreciações; e
 a política de abate ou de liquidação de materiais e património;

A administração de materiais e património é a actividade responsável pela


concepção do conjunto de políticas que orientam as actividades desenvolvidas
dentro de uma empresa destinadas a suprir as diversas unidades, em recursos
materiais e património necessários ao desempenho normal das respectivas
atribuições, funções e missões. A administração de materiais e património é um
sistema integrado de órgãos e decisões que garantem:

• o suprimento de materiais e património da organização, no tempo oportuno,


na quantidade necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo -
aquisição de materiais e património (compra de bens e serviços);

• a distribuição, transporte, armazenamento e registo de materiais e património;


• utilização e manutenção de materiais e património - amortizações,
desintegrações e depreciações;

• abate ou de liquidação de materiais e património;

A administração de recursos materiais e patrimoniais engloba todo o pensamento


político estratégico (métodos, estratégias, modelos, técnicas, procedimentos) da
empresa, instituição pública ou privada que orienta a sequência de operações que
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vão desde a identificação as necessidades em recursos materiais, a identificação do
fornecedor, compra de bens ou serviços, o seu recebimento, transporte interno e
acondicionamento, registo e armazenamento, o uso no processo produtivo, a
armazenagem como produto acabado, e a distribuição ao consumidor final.

A gestão de recursos materiais e património envolvem o conjunto de decisões e


operações ligadas às actividades do fluxo de materiais e património a partir do
fornecedor até o consumidor final, tais actividades incluem planeamento, a compra,
o transporte, o registo, o armazenamento, a utilização e manutenção, o controle da
produção e a distribuição física. Arnold (1999:273).

Dentro de um processo produtivo ou de prestação de serviços, a Administração de


Materiais precisa controlar a quantidade (para que se evite a falta ou os excessos
de materiais), o tempo (o momento em que os materiais estarão disponíveis) e a
localização (não basta o material estar disponível, o material precisa estar disponível
no local certo).

“Administração de materiais e património é a actividade de concepção de políticas


de (a) planeamento e aquisição de materiais e património, (b) de registo e de
utilização de materiais e património e (c) controlo de materiais e património, e (d)
liquidação de materiais e património nas condições mais eficientes”.

1.2. Objectivos da Administração de Materiais e Património


A administração de materiais e património visa colocar os materiais e património
necessários ao processo produtivo ou prestação de serviços na quantidade certa,
no local certo e no tempo certo, e por essa via:
 Aumentar a produtividade através da busca pela eficiência e eliminação do
desperdício;
 Aumentar a qualidade dos bens e serviços sem preocupação em prejudicar
outras áreas da Organização;
 Manter óptimos níveis de stocks no processo produtivo ou de prestação de
serviços;

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 Garantir a plena satisfação das necessidades dos clientes na quantidade certa,
no momento certo;
 Atender a demanda antecipada dos clientes;
 Protecção contra atrasos nas entregas dos fornecedores;
 Tirar vantagens dos ciclos económicos;
 Manter independência das operações;
 Estabilizar o nível de produção;
 Proteger a empresa de possíveis aumentos de preços.
 Assegurar a disponibilidade do produto correcto, na quantidade correcta, na
condição correcta, no lugar certo, na hora certa, para o consumidor correcto por
um custo ideal;

 Assegurar que as quantidades físicas ou existentes no almoxarifado estejam de


acordo com as listagens e os relatórios contábeis dos estoques e de património;

A administração de materiais e património visa criar políticas que orientam as


actividades que garantem a empresa abastecer, de modo contínuo, os sectores
produtivos ou de prestação de serrviços da empresa com material e património de
qualidade que seja necessário para as suas actividades de produção de bens ou de
prestação de serviços, isto é, o abastecimento do material deve ser feito na
quantidade necessária, no prazo de entrega acordado, ao preço justo e nas
condições de pagamento aceitáveis.

O material deverá apresentar qualidade tal que possibilite sua aceitação dentro e
fora da empresa (mercado) e deverá ser estritamente suficiente para suprir as
necessidades da produção e stock, evitando a falta de material para o
abastecimento geral da empresa bem como o excesso de stocks.

O material deverá ser entregue no menor prazo de entrega possível, a fim de levar
um melhor atendimento aos consumidores e evitar falta do material e o preço do
produto deverá ser tal que possa situá-lo em posição de concorrência no mercado,
proporcionando à empresa um lucro maior, quanto às condições de pagamento,

18
deverão ser as melhores possíveis para que a empresa tenha maior flexibilidade na
transformação ou venda do produto.

A Administração de recursos materiais e de património não pode ser tratada de


maneira isolada, está profundamente integrada às seguintes áreas do conhecimento
administrativo, designadamente:

 Aos planos de investimento ou planos estratégicos de desenvolvimento;


 Orçamento da instituição e projecto de desenvolvimento de novos produtos
(bens e serviços);
 Planeamento das vendas e o consumo de bens e serviços – controle da
produção;
 Logística de abastecimento e da manufactura;
 Gestão do activo fixo e circulante;

1.3. Gestão de recursos Materiais


A preocupação de todos os gestores está ligada à actividade produtiva das
empresas, o que requer a gestão dos diversos tipos de recursos colocados a sua
disposição. Recurso é tudo aquilo (material ou imaterial) que gera ou tem a
capacidade de gerar riqueza, no sentido económico, através da sua participação no
processo de produção de bens ou no processo de prestação de serviços. Esses
recursos são, nomeadamente, os recursos materiais, recursos patrimoniais,
recursos financeiros (capital), recursos humanos e recursos tecnológicos.

● Recursos financeiros (capital) – em forma de numerário, são os recursos que


apresentam maior liquidez, podendo ser utilizados, inclusive, na aquisição de
outros recursos.
● TERRA – fornece insumos necessários à produção (matéria-prima)
● Recursos humanos (trabalho) – é conjunto dos empregados ou dos
colaboradores de uma organização responsáveis pela mão-de-obra que
transforma os insumos em produtos acabados ou serviços prestados que fornece
o imput de produção.
● TRABALHO – fornece os recursos humanos.

19
● Recursos materiais – São todos os recursos que fornecem condição para o
processo produtivo, nomeadamente, insumos, ferramentas, materiais
auxiliares, etc;
● Recursos patrimoniais – conjunto de bens, valores, direitos e obrigações que
pode ser avaliado monetariamente e que tem relação directa com os objectivos
organizacionais. (prédio, instalações, equipamentos).
● Recursos tecnológicos – garantem o diferencial, por meio do conjunto de
conhecimentos da Organização, em relação à concorrência transformando o
menor custo ou a inovação em uma vantagem económica (ferramenta de
efectividade).

A Gestão de materiais compreende o conjunto de decisões e operações (actividades)


relativas àaquisição, registo, guarda, controle, movimentação, preservação,
incorporação e inventário de bens materiais móveis e imóveis, provenientes de
aquisição no mercado interno e externo, ou de doações, que integram o acervo
patrimonial móvel de uma unidade gestora responsável pelo processo produtivo.

Enquanto a administração de materiais focaliza-se na formulação do pensamento


estratégico da empresa no que diz respeito à formulação de políticas de aquisição
de materiais, políticas de condições de utilização dos materiais, às políticas de
controlo de materiais e às políticas das condições de liquidação de materiais, a
gestão de materiais focaliza-se no conjunto de decisões e operações ligadas à
execução dessas políticas de aquisição, ligadas à execução dessas políticas das
condições de utilização de materiais, ligadas à execução dessas políticas decontrolo
de materiais e ligadas à execução dessas políticas das condições de liquidação de
materiais.

A gestão de recursos materiais engloba a sequência de decisões e operações que


tem seu início na identificação das necessidades, identificação do fornecedor, na
compra do bem, no recebimento e registo do bem, transporte interno e
acondicionamento, utilização adequada no processo produtivo, em armazenamento

20
como produto acabado e, finalmente em sua distribuição ao consumidor final, em
observância da política de património vigente da empresa.

A gestão de materiais e património é a parte do processo da cadeia de suprimentos,


que implementa e controla o fluxo de materiais, armazenamento, à jusante e
reverso, eficientes e eficazes dos bens e serviços, bem como, as informações
relacionadas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito
de atender às exigências dos clientes.

Dentro de um processo produtivo de qualquer empresa haverá, em determinados


momentos, materiais que serão empregados para a produção de mercadorias e
serviços. Estes materiais terão que ser adquiridos, armazenados, trabalhados
(modificados), transportados, dentre uma infinidade de outras tarefas, sendo que,
em todos estes momentos, a administração de materiais deverá estar presente.

As actividades da gestão de recursos materiais são: previsão de necessidades de


materiais, compras, programação de entrega para fábrica, transportes, controle de
estoque de matérias-primas, controle de estoque de componentes, armazenagem de
matérias-primas, armazenagem de componentes, controle de estoque nos centros
de distribuição, processamento de pedido de clientes, administração dos centros de
distribuição, planeamento dos centros de distribuição, planeamento de atendimento
a clientes.

1.4. Noção de Recursos Materiais


A gestão de recursos materiais visa garantir de existência contínua de um stock
organizado de modo a que nunca falte nenhum dos itens que compõem o processo
produtivo de bens ou de prestação de serviços, sem tornar excessivo o investimento
total. Assim, o grande objectivo da gestão de recursos materiais é eliminar o excesso
de custos na produção através da compra de todos os itens que não tem
rotatividade nos stocks, ou seja, eliminar a compra de itens que estão inertes nos
stocks, sem muita demanda, transferindo, portanto o investimento que ficaria sem
movimentação por um período mais longo, por recursos materiais com alta
21
rotatividade. Reduzir custos em recursos materiais sem rotatividade e sem demanda
é uma atitude crucial para que as empresas consigam manter-se no mercado. Mas
o que são recursos materiais?

Os recursos materiais são recursos económicos de natureza tangível que colocados


à disposição de uma determinada organização para desenvolver uma actividade
(produção de bens ou de prestação de serviços) são capaz de gerar riqueza e
promover o bem estar material e qualidade de vida. Os recursos materiais incluem
as máquinas, equipamentos, utensílios utilizados pela organização no processo de
geração de riqueza, através da produção de bens ou prestação de serviços a ser
consumidos ou vendidos.

Recursos materiais é designação genérica de bens consumíveis, equipamentos,


componentes, acessórios, veículos em geral, matérias-primas e outros itens
empregados nas actividades das organizações.

Recursos materiais críticos são materiais de reposição específica de um


equipamento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja demanda não é
previsível e cuja decisão de estocar é tomada com base na análise de risco que a
empresa corre, caso esses materiais não estejam disponíveis quando necessário.

Recursos tecnológicos é o corpo de conhecimentos relevantes ao processo


produtivo com o qual a empresa conta para produzir produtos ou serviços. Esse
corpo de conhecimentos importante no processo produtivo é adquirido, é
aprimorado, é transmitido, aplicado e preservado.

1.4.1. Tipos de recursos Materiais

 Matérias-primas são aqueles materiais que normalmente são obtidos dos


chamados fornecedores, são aqueles materiais básicos e necessários para o
processo produtivo, seu volume está directamente ligado à quantidade de
produtos acabados.

22
 Materiais em processamento são aqueles que já não são mais matérias-primas,
mas que ainda não são um produto acabado, são materiais que ainda estão
sendo utilizados na confecção de produtos, estão em uma fase intermediária,
e desta forma, já não se encontram no almoxarifado.
 Materiais auxiliares e de manutenção - Como o próprio nome diz, estes
materiais são aqueles auxiliares, que dão apoio à produção, são as também
chamadas peças de manutenção ou de reposição. De nada adianta uma
empresa dispor de matérias-primas se, por exemplo, as máquinas não podem
funcionar por problemas de manutenção, “o mesmo risco incorrido com a falta
de matéria-prima pode ocorrer com as peças de reposição”.
 Materiais semi-acabados são aqueles que estão em um estágio um pouco mais
avançado do que os materiais em processamento, estão parcialmente
acabados, faltam poucas etapas do processo produtivo para tornarem-se
produtos acabados.
 Materiais acabados (ou componentes) são peças isoladas que serão
componentes do produto final.
 Produtos acabados são aqueles que já passaram por todo processo produtivo,
estão prontos e acabados. São os produtos que são oferecidos aos clientes.

1.5. Classificação e Codificação dos recursos materiais


Os materiais, necessários à manutenção, aos serviços administrativos e à produção
de bens e serviços, formam grupos ou classes que comummente constituem a
classificação de materiais.

Segundo Fernandes (1981:141)3, a classificação de materiais surge por necessidade


de permitir uma armazenagem adequada, um controle eficiente dos stocks e uma
operacionalização correcta do almoxarifado, uma vez que com o aumento da
industrialização e da introdução da produção em série, foi necessário, para que não
ocorressem falhas de produção devido à inexistência ou insuficiência de peças em
stocks. A classificação de materiais é o processo de agrupamento de recursos

3 FERNANDES, José Carlos de F. - Administraçao de Material. Rio de Janeiro: Livros Ténicos e Científicos S.A., 1981.
23
materiais por características semelhantes, segundo a sua forma, dimensão, peso,
tipo e modo de uso.

A classificação dos recursos materiais consiste em ordenar e agrupar os mesmos


segundo critérios adoptados, tais como as suas semelhanças, suas peculiaridades e
funções visando facilitar a codificação (dar-lhes um código) que os identifique
quanto aos seus tipos, usos, finalidades, datasde aquisição, propriedades e
sequência de aquisição.

A codificação é a representação por meio de um conjunto de símbolos alfabéticos e


ou numéricos que traduzem as características dos materiais, de maneira racional,
metódica e clara, formando assim linguagem universal de materiais na empresa. A
codificação de recursos materiais consiste em ordenar os materiais da empresa
segundo um plano metódico e sistemático, dando a cada um deles determinado
conjunto de caracteres.

Vantagem da codificação dos recursos materiais


 Facilitar a comunicação interna na empresa no que se refere a materiais e
compras;
 Evitar a duplicidade de itens no estoque;
 Permitir as atividades de gestão de estoques e compras;
 Facilitar a padronização de materiais;
 Facilitar o controle contábil dos estoques.

Métodos de Codificação

 Sistema de Codificação de barras - é a tecnologia de identificação automática


aplicável aos objectos, visando a identificação e localização de produtos em nível
industrial e comercial.

24
 Sistema de Codificação alfabética- representa os materiais por meio de letras.
Foi muito utilizado na codificação de livros (Método Dewey), com a
implementação da imprensa no mundo. Após, agregou números a sua
codificação (alfanumérico), conseguindo com isto codificar a grande variedade
de edições em suas categorias e classificações de assuntos, autores e áreas
especificas.

 Sistema de codificação alfanumérico - agrupa números e letras. As quantidades


de letras e de números são definidos pelo órgão ou empresa a qual adotou o
sistema, não havendo uma regra específica. É o sistema utilizado na codificação
de placas de automóveis.
 Sistema de codificação sequencial - é, normalmente, um código composto por
caracteres numéricos com a regra de sequencia “soma 1”. A cada novo item a
ser identificado um novo código é dado, somando-se 1 ao último código dado.
Para se definir um código sequencial basta determinar-se o primeiro código e a
regra de sequencia.
 Sistema de codificação sequencialem grupos - quando o código é dividido em
grupos e a cada grupo se associa um significado. Exemplo: os códigos 30-12-347
e 30-13-523, em que 30 = materiais elétricos; 30-12 = fios e cabos nus e 30-13 =
fios e cabos isolados.
Sistema de codificação sequencialem faixas - quando, numa codificação sequencial,
certas faixas de códigos possuem um significado tal como o dos grupos do código
em grupos. Exemplo: 101 a 299 = matérias primas; 301 a 599 = semiacabados; 601
a 999 = acabados.

25
 Sistema de codificação mnemónica - quando possui caracteres que permitem
associação fácil de ideia com o elemento a ser codificado. Exemplo: as siglas das
províncias moçambicanas AFB – 665 - MC.
A codificação do bem material, além das peculiaridades de tamanho, medida de
peso, comprimento, altura e funções, permite ter um registo que nos informará todo
o seu histórico, tais como preço inicial, localização, vida útil esperada, valor
depreciado, valor residual, manutenção realizada e previsão de sua substituição.

1.5.1. Atributos da Classificação dos recursos Materiais


Para Viana (2000) são três os atributos de um bom sistema de classificação:

a) Practicidadeconsiste no facto de a classificação de recursos materiais serem


simples e directa, sem demandar do gestor de recursos materiaisprocedimentos
complexos;

b) Abrangênciaconsiste no facto de a classificação de recursos materiais


abordarem uma série de características dos materiais de forma abrangente.
Aspectos físicos, financeiros, contábeis, o foco é a apresentação de diversas
facetas de um item de material;

c) Flexibilidade consiste no facto de ter um sistema de gestão de recursos


materiaisflexíveise que permite interfaces entre diversos tipos de classificação,
de modo a obter uma visão ampla da gestão de stocks.
A flexibilidade da classificação de recursos materiais refere-se a comunicação entre
os tipos de classificação, isto é, o inter-relacionamento entre outras classificações,
permitindo uma visão ampla da gestão de stocks bem como a possibilidade de
adaptar e melhorar o sistema de classificação sempre que desejável.

1.5.2. Etapas da Classificação dos Recursos Materiais


A classificação dos itens é composta de diversas etapas, tais como a catalogação,
simplificação, especificação, normalização e padronização rumo à codificação de
todos os materiais que compõem o stock da empresa.

26
1.5.2.1. Catalogação dos recursos materiais
Catalogação dos recursos materiais é o arrolamento de todos os itens de material
existentes em stocks ou no alomoxarifado da empresa de modo a que nenhum item
seja omisso, permitindo uma ideia geral do conjunto. A catalogação consiste em
ordenar, de forma lógica, todo um conjunto de dados relativos aos itens
identificados, codificados e cadastrados, de modo a facilitar a sua consulta pelas
diversas áreas da empresa.
Vantagens da Catalogação de recursos materiais:
 A catalogação proporciona uma ideia geral da colecção;
 Facilita a consulta por parte dos usuários;
 Facilita a aquisição de materiais;
 Possibilita a conferência e evita duplicidade de compras;

1.5.2.2. Simplificação dos recursos materiais


Simplificação dos recursos materiais consiste na redução da grande diversidade de
itens utilizados para uma mesma finalidade. Quando duas ou mais peças podem ser
usadas para o mesmo fim, recomenda-se a escolha pelo uso de uma delas;
Simplificar material é, por exemplo, reduzir a grande diversidade de um item
empregado para o mesmo fim. A simplificação dos recursos materiais é uma etapa
que antecede a padronização, e favorece a normalização.

1.5.2.3. Especificação dos recursos materiais


A especificação dos recursos materiais consiste no acto ou efeito de descrever as
características dos materiais, sendo relevante uma norma para fixar-se condições
exigíveis para aceitação e/ou recebimento de matérias-primas, produtos semi-
acabados ou produtos acabados tendo-se a finalidade de identificar e distinguir dos
similares.

Especificação dos recursos materiais é a descrição minuciosa do material


possibilitando sua individualização em uma linguagem familiar ao mercado de modo

27
a possibilitar melhor entendimento entre consumidor e o fornecedor quanto ao tipo
de material a ser requisitado.

Especificação consiste na descrição detalhada de um item, isto é, na indicação das


suas medidas, formato, tamanho, peso etc. Quanto mais detalhada for a
especificação de um item, menos dúvida se terá a respeito de sua composição e
características, e por isso mais fácil será a sua compra e inspecção no recebimento.

A especificação dos recursos materiais tem como objectivo propiciar facilidades às


actividades de colecta de preços, negociação proposta pelo comprador para com o
fornecedor, cautela no transporte, identificação, inspecção, armazenamento e
preservação dos materiais, mostrando um conjunto de condições destinando-se
fixar requisitos e características exigíveis no processo de fabricação e fornecimento
de materiais.

1.5.2.4. Normalização de recursos materiais


A normalização de recursos materiais consiste na prescrição precisa das normas a
ser observadas na montagem e uso dos recursos materiais; portanto significa a
maneira pela qual o material deve ser utilizado em suas diversas aplicações;
A normalização de recursos materiais é a classe de norma técnica que constitui um
conjunto metódico e preciso de preceitos destinados a estabelecer regras para
execução de cálculos, projectos, fabricação, obras, serviços ou instalações,
prescrever condições mínimas de segurança na execução ou utilização de obras,
máquinas ou instalações, recomendar regras para elaboração de outras normas e
demais documentos normativos.

Em suma, a normalização consiste no estabelecimento de normas técnicas para os


itens de material em si, ou para seu emprego com segurança.

Vantagens da normalização dos recursos materiais:


 Menor tempo utilizado no planeamento;

 Economia de tempo para o processo técnico de produção;


28
 Adoção racional de símbolos e códigos;

 Maior segurança e menor possibilidade de diferenciações pelo uso de produtos


normalizados;  Simplificação nos entendimentos entre os projetistas,
montadores e engenheiros de produção;  é necessária para a consecução da
padronização em sua completude.

1.5.2.5. Padronização
A padronização consiste na fixação de padrões idênticos no que diz respeito ao
peso, medidas e formatos para os recursos materiais, de modo que não existam
muitas variações entre eles. Por exemplo, a padronização evita que centenas de
parafusos diferentes entrem em estoque.

A padronização consiste na classe de norma técnica que constitui um conjunto


metódico e preciso de condições a serem satisfeitas, com o objectivo de uniformizar
formatos, dimensões, pesos ou outras de elementos de construção, materiais,
aparelhos, objetos, produtos industriais acabados, ou ainda, de desenhos e
projectos.

Vantagens da padronização dos recursos materiais


 Possibilita a simplificação de materiais;
 Facilita o processo de normalização de materiais;
 Aumenta poder de negociação;
 Reduz custos de aquisição e controle;
 Reduz possibilidade de erros na especificação;

 Facilita a manutenção e possibilita melhor programação de compras;


 Maior rapidez na aquisição;
 Evita diversificação de materiais para a mesma aplicação;
 Obtenção de maior qualidade e uniformidade
 Permite reutilização e permutabilidade

29
1.6. Ciclo de Gestão de recursos materiais
A gestão integrada dos recursos materiais se destina a dotar a administração da
empresa dos meios necessários ao suprimento de materiais imprescindíveis ao
funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade necessária, na
qualidade requerida e pelo menor custo.

A gestão integrada dos recursos materiais é responsável pela efectividade produtiva


(eficácia alcançar os objectivos e eficiência económica de recursos) da empresa. O
mau planeamento pode acarretar excesso de produção, gerando assim, aumento de
custo para produção e stockagem. Também pode gerar uma produção em
quantidade não suficiente para suprir as necessidades da demanda, ocasionando o
custo por falta (ausência do produto requerido pelo cliente), que ameaça a imagem
da organização e pode gerar a busca do produto em outra organização.

A gestão integrada dos recursos materiais é responsável pelo planeamento e fluxo


de materiais na Empresa. A gestão integrada dos recursos materiais possui hoje uma
visão estratégica, ou seja, busca para ser a melhor através da inovação e não
baseado na melhor em coisas já existentes, característica da visão operacional. Uma
nova abordagem da gestão integrada dos recursos materiais está na substituição da
visão top-down, onde a alta directoria definia os objectivos a serem alcançados, pela
visão participativa, onde tanto os gerentes e clientes participam do processo de
tomada de decisões.

Gestão de stocks ou Administração de stocks é uma área crucial à boa administração


das empresas, pois o desempenho nesta área tem reflexos imediatos nos resultados
comerciais e financeiros da empresa.

1.6.1. Atribuições da gestão de Materiais e Património:


 Abastecer, a empresa dos materiais necessários ao seu funcionamento;
 Avaliar outras empresas como possíveis fornecedores;
 Supervisionar os almoxarifados da empresa;

30
 Controlar os stocks;

 Aplicar um sistema de reaprovisionamento adequado, fixando stocks Mínimos,


Lotes Económicos e outros índices necessários à gestão dos stocks, segundo
critérios aprovados pela direcção da empresa;
 Manter a interligação com as demais áreas da Empresa;  Estabelecer sistema
de estocagem/manutenção adequado;  Coordenar os inventários rotativos.

1.6.2. Etapas do Ciclo de Recursos Materiais


Na análise do ciclo de gestão de recursos materiais podemos considerar,
cronologicamente, as seguintes operações no circuito material dos stocks:

 Pesquisa das necessidades de compras consiste na Identificação das


necessidades de bens, recursos materiais ou equipamentos;
 Procuriment dos recursos materiais consiste na Identificação do fornecedor dos
bens materiais e patrimoniais: consiste em encontrar fornecedores potenciais,
emitir solicitações para cotações, receber e analisar cotações e seleccionar o
fornecedor correcto (mínimo de três cotações);

 Compra dos bens materiais e patrimoniais consiste em determinar o preço


correcto e emitir pedidos de compra e aprovar a factura para o pagamento do
fornecedor;
 Seguimento de recursos materiais consiste num acompanhamento para
garantir que os prazos de entrega sejam cumpridos e que as especificações da
demanda estão a ser devidamente observadas;

31
 Recebimento dos bens materiais e patrimoniais consiste em receber
mercadoria, analisar as requisições de compras e verificar se o que foi entregue
está de acordo com o pedido;
 Registo dos bens materiais e patrimoniais consiste no registo no cadastro e
inventário da empresa conforme o sistema de classificação e codificação
adoptado pela empresa;
 Armazenagem de recursos materiais consiste na guarda e acondicionamento de
acordo com as especificações de cada produto no que respeita a temperatura
ambiente;
 Aplicação de recursos materiais consiste na montagem e utilização,
conservação, manutenção dos bens materiais e patrimoniais;

 Abate de recursos materiais consiste na retirada do armazém, do inventário e


do cadastro da empresa por venda (alienação dos bens materiais e patrimoniais),
doação ou desintegração;  Avaliar a performance do fornecedor para decidir
pela continuidade ou eliminação.

Sumário

Esta unidade lida com questões relacionadas com a Administração de Recursos


Materiais, mais precisamente, a gestão da demanda dos recursos materiais
necessários ao processo de prestação de serviços e ou ao processo de produção de
bens nas empresas e demais organizações incluindo o Estado.

Considerando o facto de que os recursos materiais são perecíveis com o tempo e


apresentam um alto nível de flutuação da demanda passível de provocar grandes

32
problemas nos processos de prestação de serviços e ou de produção de bens nas
empresas, apresentamos objectivos da Administração de Materiais.

O processo de administração de recursos materiais distingue-se da gestão de


recursos materiais, na medida em que a administração de recursos de materiais
concentra-se nos processos ligados ao pensamento estratégico da empresa, e mais
precisamente, na concepção de políticas de recursos materiais, nomeadamente, as
políticas de procuriment, a aquisição, registo, armazenamento, transporte,
distribuição, utilização, manuetenção de recursos materiais.

A gestão de recursos materiais concentra os seus esforços nas decisões e operações


que tem por finalidade a operacionalização das politicas de recursos materiais, nos
diferentes estágios do ciclo de vida dos recursos materais.

Finalmente, apresentamos a noção de recursos materiais como factor essencial ao


processo produtivo ou de prestação, os tipos de recursos materiais, os processos
de classificação de recursos materiais e métodos de codificação dos recursos
materiais.

Exercícios
1. Distinga a “administração de Materiais e patrimómio” da “gestão de recursos
materais e património”
2. Explique os objectivos do estudo da administração de Materiais e
patrimómio.
3. Explique as operações relativas ao ciclo de vida de recursos materiais.
4. Distinga a “codificação” da “classificação” dos recursos materiais.
5. Explique as etapas da classificação dos recursos materiais nas empresas.
6. Distinga a “especificação” da “normalização” dos recursos materiais.
7. Explique os atributos de uma boa classificação de recursos materais.
8. Distinga a “simplificação” da “padronização” dos recursos materiais.
9. Explique os métodos da codificação de recursos materiais.

33
Tema II: NOÇÃO DA LOGÍSTICA E PROCUREMENT UNIDADE TEMÁTICA II: NOÇÃO DE LOGÍSTICA
EMPRESARIAL

2.1. Noção de Logística empresarial versus logística reversa


2.1.1. Objectivos da Logística
2.3. Funções da Logistica empresarial
2.4. Actividades da logística
2.4.1. As actividades primárias da logística
2.4.2. As actividades secundárias da logística

34
Introdução
Ao longo da história do homem as guerras têm sido ganhas e perdidas através do
poder e da capacidade da logística, ou a falta deles. Enquanto os generais dos
tempos remotos compreenderam o papel crítico da logística, estranhamente,
apenas num passado recente é que as organizações empresariais reconheceram o
impacto vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da vantagem
competitiva. Em parte, deve-se esta falta de reconhecimento ao baixo nível de
compreensão dos benefícios da integração logística.

A distribuição física das mercadorias é um problema distinto da criação de demanda,


com grandes falhas das operações de distribuição devido à falta de coordenação,
entre a criação da demanda e o fornecimento físico, sendo pois uma questão que
deve ser enfrentada e respondida antes de começar o trabalho de distribuição.

Entretanto, a logística não se refere apenas à distribuição física e sim, a gestão de


estoques, armazenagem, distribuição, gestão de compras e transporte, além das
actividades de apoio. Ao longo do tempo, a logística vem evoluindo, passando de
acções isoladas para acções sinérgicas, ou seja, à logística integrada e, actualmente,
supply chain management (gerenciamento da cadeia de suprimentos), aspectos
estes que serão aqui abordados.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


 Explicar a noção de logística empresarial;
 Descrever as funções da logística empresarial no processo produtivo
ou de prestação de serviços;
Objectivos  Descrever os objectivos da logística empresarial no processo produtivo ou de
Específicos prestação de serviços;
 Descrever as actividades primárias e secundárias da logística
empresarial;
 Descrever as etapas do ciclo de vda dos recursos materiais;

35
2. NOÇÃO DE LOGÍSTICA EMPRESARIAL
A palavra “logística” provém do francês “Logistique, como a parte da arte da guerra
que trata do planeamento e da realização de projecto e desenvolvimento, obtenção,
armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e transferência de
material para fins operativos ou administrativos”.
Outros historiadores defendem que a palavra logística vem do antigo grego “LOGOS”
, que significa razão, cálculo, pensar e analisar. O dicionário Oxford English define a
Logística como “o ramo da ciência militar responsável por obter, dar manutenção e
transportar material, pessoas e equipamentos.”

Na Grécia, Roma e no Império Bizantino: os militares com o título de “Logistikas”


eram os responsáveis por garantir recursos e suprimentos para a guerra. Carl Von
Clausewitz dividia a Arte da Guerra em dois ramos: a táctica e a estratégia. Não falava
especificamente da logística, porém reconheceu que, “...em nossos dias, existe na
Guerra um grande número de atividades que a sustenta... mas devem ser
consideradas como uma preparação para a mesma”.

Antoine-Henri Jomini, ou Jomini,foi quem uso pela primeira vez, palavra "logística",
definindo-a como: “a acção que conduz à preparação e sustentação das campanhas”,
enquadrando-a como “a ciência dos detalhes dentro dos Estados-Maiores”.

2.1. Noção de Logística empresarial versus logística reversa


A logística empresarial estuda como a administração da empresa pode prover os
recursos materiais ou produtos com um melhor nível de rentabilidade empresarial no
processo de atendimento às necessidades do Mercado e satisfação completa do
cliente, com retorno garantido do capital investido ao empreendedor através do
planeamento, organização e controlo efectivos para as actividades de armazenagem,
programas de produção e entregas de produtos e serviços com fluxos facilitadores do
sistema organizacional e mercadológico.

A logística empresarial trata de todas actividades de movimentação e armazenagem


de recursos materiais que garantem à empresa a produção de bens ou prestação de
36
serviços e o consequente o fluxo desses produtos (bens e serviços) desde o ponto de
aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, e bem assim os fluxos de
informações que acompanham o movimento dos produtos, visando óptimos níveis
de satisfação das necessidades dos clientes.

A parte da gestão da cadeia de abastecimento que planifica, implementa e controla


eficiente e eficazmente o fluxo de saída e de entrada, o armazenamento dos
produtos, os serviços e informação entre o ponto de origem e o ponto de consumo,
com a finalidade de satisfazer as necessidades dos clientes, designa-se por logística
empresarial.

A gestão da logística é uma função de integração que coordena e optimiza todas as


actividades de logística e integra as actividades de logística com as outras funções,
incluindo marketing, produção, finanças e tecnologias de informação.

A gestão da cadeia de abastecimento inclui a planificação e gestão de todas as


actividades envolvidas na procura e aquisições e todas as actividades de gestão da
logística. De realçar que também inclui a coordenação e colaboração com provedores
de serviços, que podem ser fornecedores, intermediários, provedores de serviços a
terceiros e clientes. Na essência, a gestão da cadeia de abastecimento integra a
gestão da oferta e procura no seio e entre as empresas.

CHRISTOPHER (1997:34) entende a logística como o processo de gestão estratégica


da aquisição, da movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos
acabados e os fluxos de informações correlatas através da empresa e seus canais de
marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através
do atendimento dos pedidos a baixo custo.

A logística tem como função a optimização dos recursos de suprimento, stocks e


distribuição4 de produtos e serviços vendidos no mercado. A visão da logística abarca

4 A distribuição é um sector de actividade económica que assegura uma função essencial de intermediação entre produtores e consumidores.
37
o fluxo tanto físico como de informação, considerando desde as matérias primas até
à distribuição do produto final.
Mat érias-Primas e
Componentes

Depósitos
Locais

Centros de Pontos de
Fábrica
Depósito Distribui ção Venda Cliente
Central Retalhistas Retalhistas Final

Grossistas

Processamento
inicial

Fluxo Físico

Fluxo de Informação

Logística – Integra fluxos físicos e de informação

Segundo Carvalho (2002:3)5, Logística é a parte da gestão da cadeia de abastecimento


de recursos materiais que planea, organiza, coordenada e controla o fluxo e
armazenamento eficiente, e económico de matérias-primas, materiais semi-
acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o
ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências
dos clientes.

Em suma, a Logística é o processo estratégico de planeamento, implementação e


controlo dos fluxos de materiais/produtos, serviços e informação relacionada, desde
o ponto de origem ao ponto de consumo.

A evolução logística também pode ser estudada do ponto de vista de suas


subdivisões, como apresentado na Figura .

5 CARVALHO, José Meixa Crespo de - Logística. 3ª ed. Lisboa: Edições Silabo, 2002;
38
Chamamos de fluxo normal de materiais aquele que compreende o ponto inicial de
aquisição de matéria prima até o ponto final do consumo do produto acabado. O
fluxo reverso de materiais é aquele que por algum motivo (reaproveitamento) volta
ao processo produtivo.

A logística reversa é um ramo da logística que remete para a movimentação de um


determinado produto, desde o ponto onde foi consumido até o ponto onde foi
produzido. A recolha de alguns tipos de lixo reciclável (como garrafas de plástico) é
um dos exemplos de logística reversa. Outro exemplo de logística reversa pode ser
verificado no serviço dos Correios, mais concretamente na remessa de documentos
e mercadorias em devolução.

Retornar ao fornecedor

Revender
Materiais
secundári Recondicionar Expedi Embal Colect
os
Reciclar

Descarte

Processo logístico reverso

39
A logística reversa (LR) tem como objectivo reaproveitar alguns resíduos sólidos,
diminuindo a necessidade de utilizar matéria prima, reduzindo consequentemente o
impacto ambiental.

2.1.1. Objectivos da Logística


Segundo a SOLE (Society of Logistics Engineers), as finalidades da logística podem ser
compreendidas nos “8Rs” a seguir6: right material (materiais justos), right quantity
(na quantidade justa), right Quality (de justa qualidade), right place (no lugar justo),
right Time (no tempo justo), right method (com o método justo), right cost (o custo
Justo), e right impression (com uma boa impressão)

Em suma, o objectivo primordial da logística empresarial, é criar valor para o cliente,


criar valor para o accionista e criar valor para a empresa pela entrega de produtos
justos (bens ou serviços) ao consumidor, no tempo certo, na quantidade certa, na
qualidade certa, ao custo certo, nas condições de transporte certas, no lugar certo e
com uma boa impressãoe nas condições previamente acordadas.

2.1.2. Funções da Logistica empresarial


Funções logísticas consistem nas actividades de concentração (disponibilização de
variedade de produtos para venda em um dado local ou ponto de vendas),
armazenamento (manutenção e preservação de estoques), organização (composição
de stocks em termos de produtos e quantidades orientadas para o consumidor),
distribuição física (movimentação física de bens da produção ao consumo) e a
administração destes processos de forma integrada e eficiente;

Bowerssox define a missão de logística de maneira sucinta como sendo o


balanceamento das expectativas em relação ao serviço e dos custos, de tal maneira
que os objectivos do negócio sejam alcançados.

6 BALLOU, Ronald H. Logística empresarial: transportes, administração de materiais e distribuição física. São Paulo: Atlas, 1993.
40
Redução de custos,
assegurando os objetivos
de logística

Gestão, seleção e Funções Processamento do


contingenciamento de pedido, recebimento,
transporte. da administração, envio.
Logística

Gestão de programação
Just-in-time Armazenagem, gestão de
(planeamento, estoque, distribuição.
qualidade, período, etc.)

Coyle (1992) citado por COELHO (2011:45) 7 definiu a missão da logística como:
“garantir a disponibilidade do produto certo, na quantidade certa, nas condições
certas, no local certo, no tempo certo, para o cliente certo, e a um custo certo”. Pode-
se afirmar que, um dos objectivos da logística é aumentar o grau de satisfação do
cliente e, para atingir essa meta, é necessário aplicá-la às áreas funcionais e em
campos de actividades:
 Função de projecto e tecnologia consistem na unificação dos componentes;
projecto orientado à facilidade de manutenção; sincronização da vida útil dos
componentes de montagem; projecto de produtos facilmente transportáveis;
modularização da embalagem; projecto orientado à segurança, com economia dos
componentes de matérias-primas, recuperação e reutilização das mesmas;
 Função de abastecimento de materiais e componentes: abastecimento
sincronizado com a produção; com um Lead Time (tempo de controle da produção)
breve; abastecimento de materiais e componentes de qualidade elevada;
abastecimento a custos limitados; respondendo com flexibilidade às variações da
produção;
 Função de produção: permitir a manutenção de uma excelente qualidade;
comprimir o stock e o que existe na produção;

7 Leandro C. Coelho, Ph.D., é Professor de Logística e Gestão da Cadeia de Suprimentos na Université Laval, Québec, Canadá
41
 Função de distribuição física: breve Lead Time entre o recebimento dos pedidos e
a expedição; distribuição física com expedições sem erros, respeitando os tempos
de entrega desejados pelos clientes, custos reduzidos, em condições de responder
aos picos da demanda;
 Função de marketing e de venda: reorganização dos canais distributivos até os
clientes; modalidades dos empenhos de distribuição física entre os encarregados
das vendas, modalidades relativas aos serviços de entregas, ideais do after service
(após a oferta do serviço), exposições e amostra dos produtos nas lojas.

2.2. Actividades da logística


As actividades de logística como uma componente operacional da gestão da cadeia
de abastecimento, incluem a quantificação, aquisições, gestão de inventário,
transporte, gestão de frota, recolha de dados e reporte. A gestão da cadeia de
abastecimento inclui as actividades de logística e também a coordenação e
colaboração dos trabalhadores, níveis e funções.

A cadeia de abastecimento inclui fabricantes internacionais e a dinâmica de


abastecimento e procura; a logística tende a focalizar mais em tarefas específicas de
um determinado sistema de programa de saúde.

Segundo a American Marketing Association citada por Strehlau e Telles (2006:58), a


distribuição física ou logística é o deslocamento efectivo de bens e serviços
envolvendo o transporte, armazenagem, gestão de stocks e processamentos de
pedidos. A logística em termos mercadológicos, parte das demandas identificadas no
mercado alvo, planifica o procuriment os bens e serviços, assegura a efectiva
distribuição física, e coordena a cadeia de suprimento através do transporte e
armazenagem (gestão de stocks).

O produto deve estar no local certo, no tempo certo, na quantidade certa. A logística
envolve o mapeamento das necessidades identificadas, o planeamento, a
implementação (construção de relacionamentos que atendam às demandas) e
controlo dos fluxos físicos dos recursos materiais e produtos finais entre os pontos
42
de origem e os pontos de uso ou consumo, com o objectivo de atender as
necessidades do cliente e lucrar com esse atendimento.

Logística é a parte da gestão da cadeia de abastecimento que planifica, implementa


e controla o fluxo e armazenamento eficiente e económico de matérias-primas,
materiais semi-acabados e produtos acabados, bem como as informações a eles
relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de
atender às exigências dos clientes, Carvalho (200:31). Assim, o processo da logística
é dividido em dois tipos de actividades primárias da logística e actividades
secundárias da logística ou de actividades de apoio logístico.

2.2.1. As actividades primárias da logística


As actividades primárias da logística são aquelas que concorrem para obtenção dos
objectivos logísticos de custo e nível de serviços que o mercado deseja e que são
importantes para a coordenação e para o cumprimento da tarefa logística.

As actividades primárias da logística compreendem:

 Planeamento de compra e comunicação consiste nas actividades relativas à


previsão da procura, procuriment, gestão e processamento de ordens de
encomenda, e controlo logístico;

 Constituição e gestão de stocks consistem nas actividades relativas à gestão de


stocks (matérias primas, ferramentas, produtos, acabados)para se atingir um grau
razoável de disponibilidade de produto, é necessário manter stocks, que agem
como regulador entre a oferta e a demanda controla de inventários e compra;

 Movimentação de Materiais/Produtos consiste nas actividades relativas à gestão


da movimentação de materiais ou produtos, embalagem, picking e transporte
(escolha do modo de transporte, escolha de frota, etc)

As actividades primárias são primordiais para atingir os objectivos logísticos de custo


e nível de serviços, já que, ou elas contribuem com a maior parcela do custo total da
logística, ou elas são essenciais para a coordenação e o cumprimento da tarefa
logística.
43
2.2.2. As actividades secundárias da logística
As actividades secundárias da logística são as actividades que dão o suporte
indispensável às actividades primárias, para que seja atendido, na plenitude o
objectivo da redução de distâncias entre a demanda e a produção, para a perfeita
satisfação dos clientes. As actividades secundárias da logística estão relacionadas
com a gestão das infra-estruturas de armazenagem dos produtos na empresa.

A Gestão das infra-estruturas de armazenagem dos produtos na da empresa


consiste nas actividades relativas à gestão do espaço (Layout) de armazéns, centros
de distribuição, localização óptima de fábricas, depósitos, pontos de venda; opção
externalização/exploração própria de depósitos, armazéns, centros de distribuição e
gestão da informação logística e seus suportes agrega valor de tempo ao produto.

A Gestão das infra-estruturas de armazenagem dos produtos na da empresa


compreendem:
 Armazenagem refere-se à gestão do espaço necessário para manter stocks,
envolve problemas como a localização, dimensionamento da área, arranjo físico,
configuração do armazém;

 Manuseio de materiais está associado à movimentação do produto no local de


estocagem com a armazenagem e também apoia a manutenção de stocks;

 Embalagem de protecção seu objectivo é movimentar bens sem danificá-los além


do economicamente razoável;
 Programação do produto consiste na distribuição (fluxo de saída) e às
quantidades agregadas que devem ser produzidas, quando e onde devem ser
fabricadas.
 Manutenção de informação consiste na manutenção duma base de dados com
informações necessárias de custo e desempenho – por exemplo: localização dos
clientes, volumes de vendas, padrões de entregas e níveis de stocks – apoia a
gestão eficiente e efectiva das actividades primárias e de apoio.

44
Sumário

Nesta unidade, a presentamos a noção de logística empresarial, os objectivos da


logística empresarial como uma função da gestão de recursos materiais nas
organizações.

A logística empresarial de recursos materiais é vital para o sucesso de qualquer


organização e para a gestão eficiente do processo de prestação de serviços ou de
produção de bens, sendo de destacar as seguintes funçõesː (a)redução de custos,
assegurando os objectivos de logística, (b) processamento do pedido, recebimento,
administração, envio (c) armazenagem, gestão de stock, distribuição (d) gestão de
programação Just-in-time (planeamento, qualidade, período, etc.) e (e) gestão,
selecção e contingenciamento de transporte.

A logística compreende duas categorias de actividades, as actividades primárias da


logística e as actividades secundárias explicadas em detalhe no texto.

Finalmente, é apresentada a evolução histórica da logística destacando o estágio


inicial da logística, o estágio da integração funcional, o estágio da integração interna,
o estágio de integração externa, e o estágio da logística integrada.

Exercícios

1. Explique a noção de logística


empresarial;
2. Explique os objectivos da
logística empresarial; 3.
45
Explique as actividades da
logística empresarial.
4. O que entende por logística reversa.
5. Descreve as funções da logística empresarial;
6. Traça o percurso histórico da logística empresarial.

TEMA III: NOÇÕES DE GESTÃO DE STOCKS EM RECURSOS MATERIAIS UNIDADE TEMÁTICA III: GESTÃO
DE STOCKS EM RECURSOS MATERIAIS

3.1. Noção de Gestão de stocks


3.1.1. Objectivos da Gestão de Stocks
3.1.2. Requisitos para uma Eficiente Gestão Física de Stocks
3.1.3. Classificação dos Custos de gestão de Stocks
3.2. Técnicas de Previsão de Compras
3.2.1. Técnicas qualitativas de previsão de compras
3.2.2. Técnicas quantitativas de previsão de compras
3.3. Gestão de compras
3.3.1. Objectivos de Gestão de compras
3.3.2. A importância da área de compras para a organização
3.4. Gestão da Armazenagem
3.4.1. A função logística da armazenagem

Introdução
As organizações procuram atender seus clientes imediatamente, disponibilizando a
quantidade desejada, a fim de superar a concorrência, implicando, por vezes, em um
volume demasiado de produtos em stocks. A má administração dos stocks pode
ocasionar investimentos de capital desnecessários e consequentemente a perda de
mercado consumidor. O stock compreende desde a matéria-prima, produtos e peças
46
em processo, embalagem, produto acabado, materiais auxiliares, de manutenção e
de escritório, até os suprimentos.

Dessa forma, as empresas vêm buscando a redução da quantidade de produtos em


stocks e, para um maior controle e gestão dos mesmos, as empresas utilizam
sistemas cada vez mais sofisticados, a fim de determinar o nível de segurança dos
stocks, a qualidade do bem ou serviço, além da quantidade ideal a ser comprada.

Os stocks devem ser monitorados e avaliados constantemente, pois a gestão dos


mesmos depende cada vez mais de parâmetros para mensurar e controlar os
produtos que são mantidos em stocks, isto porque os stocks detêm grande parte dos
custos logísticos, em função de envolver os custos de pedido, manutenção, falta de
produtos, além de apólices de seguros, obsolescência, perdas e pessoal
especializado. O problema da gestão económica dos stocks não se centra na
aplicação de métodos de gestão, mas na selecção do melhor método para cada
artigo, conforme a sua identidade, as suas características de consumo, de preço e de
prazo, e os custos associados à armazenagem, reabastecimento e ruptura.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


 Explicar a noção de gestão de stocks;
 Descrever as funções da gestão de stocks no processo produtivo ou de
prestação de serviços;
Objectivos  Descrever os objectivos da gestão de stocks no processo produtivo ou de
Específicos prestação de serviços;
 Descrever as actividades da gestão de stocks;
 Descrever as técnicas de previsão de compras de recursos materiais;

47
Gestão de stocks é o conjunto de decisões e operações ligadas à (i) identificação das necessidades em
recursos materiais, (ii) ao planeamento da aquisição desses recursos materais na quantidade certa e
qualidade certa, (iii) pesquisa e desenvolvimento dos fornecedores desses recursos materiais
(procuriment), à compra (contrato de fornecimento), transporte para a empresa, recebimento,
registo, armazenamento, utilização (consumo), manutenção e abate.

48
A gestão de stocks controla aquisição, registo, guarda, controle, movimentação, preservação,
incorporação e inventário de bens materiais móveis e imóveis, provenientes de aquisição no mercado
interno e externo, ou de doações, os fluxos de informação e fiabiliza os dados recolhidos, ao mais baixo
custo, através da gestão eficiente do processo de recepção, do registo correcto e funcional das
movimentações, do controlo do inventário permanente, a gestão eficiente do processo do
reaprovisionamento, do controlo contabilístico dos stocks.

A gestão de stock consiste no conjunto de actividades tais como decisões de planeamento,


organização, coordenação e controlo de esforços dos intervenientes no processo logístico e operações
de que vão desde a identificação das necessidades dos recursos materiais, a identificação dos
fornecedores, a compra, o transporte, armazenagem, distribuição (venda ou consumo) dentro da
empresa.

A gestão dos stocks gira em volta de decisões e operações seguintes:


 Previsão da demanda (quanto e quando encomendar),
 Pesquisa e desenvolvimento dos fornecedores (procuriment);
 Compra de materiais (contrato de fornecimento de bens e serviços);
49
 Movimentação dos recursos materiais (transporte, recebimento e registo de materiais);
 Utilizações, manutenções, vendas e liquidações dos recursos materiais;

Segundo Ballou (1993) “Os tocks são acúmulos de matérias-primas, insumos, componentes, produtos
em processo e produtos acabados que aparecem em numerosos pontos por todos os canais logísticos
e de produção na empresa”.

3.1.1. Objectivos da Gestão de Stocks


A gestão de Stocks preocupa-se, por um lado, com a aquisição de stocks, organização do espaço físico
ocupado pelo stock, a conservação e movimentações necessárias desde a recepção dos materiais, até
à sua entrega aos utilizadores internos ou clientes externos. Gestão de stocks é uma área crucial à boa
administração das empresas, pois o desempenho nesta área tem reflexos imediatos nos resultados
comerciais e financeiros da empresa.

O objectivo da função de gestão de stocks reside em "pôr à disposição" do utilizador interno os bens
ou serviços de que ele carece para o exercício da sua actividade produtiva ou de prestação de serviços,
respondendo aos requisitos pretendidos quanto ao prazo necessário, aos aspectos qualitativos e
quantitativos desejáveis e aos custos envolvidos.

O conhecimento das existências, em quantidade e em valor, responde a várias necessidades da


empresa, servindo para alimentar a contabilidade, gerir a tesouraria e gerir os reaprovisionamentos.

Assim, o objectivo da gestão de stocks é a eficiência e eficácia no atendimento das necessidades dos
clientes, na protecção contra as incertezas (procura aleatória, imprevistos), na cobertura antecipada
das flutuações da procura ou do fornecimento, na manutenção do nível de rentabilidade da actividade
da empresa através da minimização dos custos de posse e de passagem, da redução dos materiais e
equipamentos obsoletos e da redução das rupturas de stocks.

Necessidade de existência de stocks


 Protecção contra as incertezas (procura aleatória, imprevistos)
 Stocks de segurança
 Produção e encomendas de acordo com critérios económicos
50
 Lotes de fabrico e lotes de encomenda (descontos de quantidade);
 Cobrir antecipadamente flutuações da procura ou do fornecimento (sazonais);
 Cobrir necessidades de trânsito dos produtos;

 Produtos em vias de fabrico (entre postos de trabalho);


 Melhorar o Serviço ao Cliente
 Economia de escala
 Proteção contra mudanças de preço

 Proteção contra incertezas na demanda e no tempo de entrega (Lead Time) 


Proteção contra contingências;

A gestão de stocks deve assegurar que se saiba o que se deve encomendar, quanto
deve se encomendar, quando se deve encomendar, de quem se deve encomendar,
para que fim se deve encomendar, o custo da encomenda, etc;

A gestão dos stocks controla os fluxos de informação e fiabiliza os dados recolhidos,


ao mais baixo custo, através da gestão eficiente do processo de recepção, do registo
correcto e funcional das movimentações, do controlo do inventário permanente,
da gestão eficiente do processo do reaprovisionamento, e do controlo contabilístico
dos stocks.

As funções de stocks são várias, por exemplo, no domínio (a) de Produção, o stock
assegura a suavidade e eficiência da produção, (b) no domínio de Marketing o stock
assegura o serviço ao cliente, (c) no domínio de Finanças o stock assegura que
fundos sejam alocados aos inventários.

O objectivo da gestão de stocks envolve a determinação de quatro decisões


principais, quanto encomendar, quando encomendar, de quem encomendar e
determinar a quantidade de stock de segurança que se deve manter para que cada
artigo assegure um nível de serviço satisfatório para o cliente.

A gestão de stock de recursos materiais é vital para o sucesso de qualquer


organização e para a gestão eficiente do processo de prestação de serviços ou de
51
produção de bens, sendo de destacar que garante a efectividade, eficiência e a
eficácia económica das decisões de marketing de bens ou de serviços que se traduz
(a) no alcance da excelência na provisão quantitativa e qualitativamente de bens e
serviços, (b) no alcance da excelência no nível de satisfação do consumidor e (c) no
alcance da excelência no nível de lucratividade das empresas provedoras dos bens
e serviços com redução de custos.

3.1.2. Requisitos para uma Eficiente Gestão Física de Stocks


Uma boa gestão física de stocks deve obedecer aos seguintes requisitos:
 Proporcionar uma eficiente recepção dos materiais;
 Dispor de meios adequados de movimentação e transporte interno;
 Dispor de meios e espaço devidamente adequado ao armazenamento e guarda;
 Possibilitar e facilitar a saída rápida dos artigos do armazém;  Prever,
organizar e montar a segurança de pessoas e bens;

3.1.3. Classificação dos Custos de gestão de Stocks


O conhecimento das existências, em quantidade e em valor, responde a várias
necessidades da empresa, servindo para alimentar a contabilidade, gerir a
tesouraria e gerir os reaprovisionamentos.

Segundo PLOSSL (1985:231)8 a manutenção dos stocks requer o suporte de custos


que podem ser classificados da seguinte maneira:
a) Custos de aprovisionamento de stocks: consiste no conjunto de custos de
processamento da encomenda, que poderá ser a compra feita a um fornecedor,
mas também aos custos associados à inspecção e transferência do material,
assim como os custos relativos à produção;

b) Custos de posse de stocks são os custos directamente relacionados com a


manutenção dos artigos em stock, poderão ser de obsolescência, de
deterioração, impostos, seguros, custo do armazém e sua manutenção e custos
do capital;

8 PLOSSL, George W. Production and inventory control: principles and techniques. Englewwod, NJ: Prentice-Hall, 1985.
52
c) Custos de ruptura de stocks são os custos que surgem quando não há material
disponível para fazer face ao(s) pedido(s) do(s) cliente(s). Com isso, não só são
gastas mais horas e trabalho na elaboração de novos pedidos, como em casos
extremos poderá levar à perda do(s) cliente(s);

d) Custos associados à capacidade técnica são os custos relacionados com


questões laborais como horas extraordinárias, subcontratações,
despedimentos, formações e períodos de inactividade por parte do trabalhador.

3.2. Técnicas de Previsão de Compras


A previsão de compras é a arte, técnica e a ciência de predizer eventos futuros
relativos a compras de recursos materiais, recursos tecnológicos, bens e serviços
necessários ao processo produtivo e ou de prestação de serviços, utilizando-se de
dados históricos e sua projecção para o futuro, de factores subjectivos ou intuitivos,
ou ambos combinados.

A previsão inclui os processos de:


• Projecção: aquelas que admitem que o futuro será repetição do passado ou as
vendas evoluirão no tempo; segundo a mesma lei observada no passado, este
grupo de técnicas é de natureza essencialmente quantitativa.

• Explicação: procuram explicar as vendas no passado mediante leis que


relacionem as mesmas com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou
previsível. São basicamente técnicas de regressão e correlação.

• Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas


vendas e no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras.

A previsão de compras é uma declaração sobre o futuro no que tange às


necessidades de recursos materiais, recursos tecnológicos, bens e serviços
inerentes ao cumprimento da missão, visão e metas da empresa, mais
precisamente à produção e comercialização de bens ou prestação de serviços.

53
A previsão de compras é um prognóstico do que se espera que aconteça em termos
de compras de recursos materiais, recursos tecnológicos, bens e serviços
necessários ao processo produtivo e ou de prestação de serviços.

A previsão da demanda é aplicação de estratégias, métodos, técnica e


procedimentos para fazer o prognóstico em termos de necessidades de recursos
materiais, bens, serviços para o funcionamento normal da empresa. A previsão da
demanda é a base para o desenvolvimento de uma cadeia de abastecimento
eficiente. Uma boa previsão permite à organização integrar os processos de
produção, distribuição e gestão de stocks de forma a responder rapidamente às
mudanças na demanda do mercado.

Factores ser equacionados ma previsão de compras:

 Orçamento disponível (cabimento orçamental) para a aquisição de recursos


materiais, recursos tecnológicos, bens e serviços necessários ao processo
produtivo e ou de prestação de serviços.
 Os planos de investimento e de gestão corrente aprovado pela empresa;

 A evolução tecnológica e as ambições da empresa no que tange à missão, visão,


objectivos e metas da empresa;
 As tendências de mudança das preferências e gostos dos consumidores;
 O incremento da competitividade no sector da indústria e no mercado;

Estimar condições futuras ao longo de intervalos de tempo, normalmente maiores


do que um ano, são importantes para sustentar decisões estratégicas a respeito do
planeamento de produtos, processos, tecnologias e instalações.

Estimar as condições futuras no decorrer de intervalos de tempo que variam de


alguns dias 9 a diversas semanas. Essas previsões podem abranger períodos de
tempo curtos sobre os quais ciclos, sazonalidade e padrões de tendências têm

9 Planeamento operacional
54
pouco efeito. O padrão de dados que mais afecta essas previsões é a flutuação
aleatória.

Existem Técnicas Qualitativas e Quantitativas. Cada uma tendo o seu campo de


ação e sua aplicabilidade. Alguns factores merecem destaque na escolha da Técnica
de Previsão:
 Decidir em cima da curva de troca “custo-acuracidade”;
 A disponibilidade de dados históricos;
 A disponibilidade de recursos computacionais;
 A experiência passada com a aplicação de determinada técnica;
 A disponibilidade de tempo para colectar, analisar e preparar os dados e a
previsão;  O período de planejamento para o qual se necessita da previsão.

Existem uma série de técnicas disponíveis, com diferenças substanciais entre elas.
Porém, cabe descrever as características gerais que normalmente estão presentes
em todas as técnicas de previsão, que são:

 Supõem-se que as causas que influenciaram a demanda passada continuarão a


agir no futuro;
 As previsões não são perfeitas, pois não somos capazes de prever todas as
variações aleatórias que ocorrerão;
 A acuracidade das previsões diminui com o aumento do período de tempo
auscultado;
 A previsão para grupos de produtos é mais precisa do que para os produtos
individualmente, visto que no grupo os erros individuais de previsão se anulam.

3.2.1. As técnicas qualitativas de previsão de compras


As técnicas de previsão de compras classificam-se em duas grandes categorias:

a) As técnicas qualitativas de previsão de compras são aquelas que privilegiam


dados subjectivos, isto é, são baseadas na opinião e no julgamento das pessoas
chave tais como especialistas em compras de produtos, especialistas dos
produtos e especialistas nos mercados em esses produtos são produzidos,
vendidos e consumidos. Técnicas Qualitativas são utilizados quando:
55
 Há pouco tempo para colecta de dados, introdução de novos produtos, cenário
político/económico instável;
 Quando as questões estratégicas o determinarem – em conjunto com modelos
matemáticos e técnicas quantitativas;
Ex: O Presidente do conselho da empresa solicita que você determine as
quantidades de alimentação necessária a servir numa conferência internacional
sobre a pesquisa, o ensino e extensão em Administração Pública com 1000
participantes por 5 dias;

As técnicas qualitativas de previsão de compras apresentam as seguintes


subcategorias baseadas na avaliação subjectiva:
 Método de Comité Executivo ou Júri de opinião executiva – consiste no
agrupamento de opiniões dos gestores de alto nível no que tange à
determinação das necessidades em recursos materiais com base nos seus
conhecimentos, na sua experiência de gestão de recursos materiais e na
combinação com modelos estatísticos.

 Método de pesquisa de compra consiste numa pesquisa dirigida aos gestores


de compras de recursos materiais de um determinado mercado geográfico para
que estes indiquem a projecção em termos das necessidades de recursos
materiais a ser consumidos num projecto ou num processo de produção de bens
ou de prestação de serviços;
 Método de pesquisa do mercado consumidor consiste numa pesquisa dirigida
aos consumidores finais (unidades departamentais) para que estes indiquem os
itens de recursos materiais necessários para o pleno cumprimento da sua
missão incluindo a projecção em termos de quantidades necessárias;
 Método Delphi é baseado no princípio que as previsões por um grupo
estruturado de especialistas são mais precisas se comparadas às provenientes
de grupos não estruturados ou individuais. O método delphi consiste no
agrupamento de especialistas de compras que exercem as funções de
tomadores de decisão de compras para que cada um deles dê o seu parecer no
que refere à demanda de recursos materiais até que haja consenso entre eles;

56
Trata-se de uma técnica que pode ser usada para obter consenso a respeito dos
riscos de um projecto.

Vantagens do método delphi


 Óptimo método para lidar com aspectos inesperados de um problema
 Previsões com carência de dados históricos
 Interesse pessoal dos participantes
 Minimiza pressões psicológicas
 Não exige presença física

3.2.2. Técnicas quantitativas de previsão de compras


As técnicas quantitativas de previsão de compras são aquelas que envolvem a
análise numérica dos dados passados de recursos materiais, isentando-se de
opiniões pessoais ou palpites. As técnicas quantitativas de previsão de compras
empregam modelos matemáticos para a previsão da demanda futura em recursos
materiais. As técnicas quantitativas de previsão de compras podem ser
subdivididas em dois grandes grupos:
 As técnicas baseadas em séries temporais consistem no uso de modelos
matemáticos na determinação da demanda futura relacionando dados
históricos de vendas do produto com o tempo;
 As técnicas baseadas em séries temporais partem do princípio de que a
demanda futura será uma projecção dos seus valores passados, não sofrendo
influência de outras variáveis. É o método mais simples e usual de previsão, e
quando bem elaborado oferece bons resultados.Para se montar o modelo de
previsão, é necessário plotar os dados passados e identificar os factores que
estão por trás das características da curva obtida (Previsão final = composição
dos factores). Uma curva temporal de previsão pode conter tendência,
sazonalidade, variações irregulares e variações randômicas (há técnicas para
tratar cada um destes aspectos).

57
70 Sazonalidade Tendência
60
50
40
30
20
10 Variação irregular
Variação randônica
0
Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez.

 As técnicas baseadas em séries temporais de Modelo Fixo (Fixed-Model Time-


Series) – apresentam equações definidas baseadas em avaliações a priori da
existência de determinadas componentes nos dados históricos (Mais simples,
séries históricas não muito grandes);

 As técnicas baseadas em séries temporais de Modelo Aberto (Open-Model


Time-Series) – analisam as séries temporais de modo a identificar quais
componentes realmente estão presentes, para então criar um modelo único
que projecte tais componentes, prevendo os valores futuros (Mais elaboradas,
maior quantidade de dados).

 Método do último período: este modelo mais simples e sem base matemática
consiste em utilizar como previsão para o período o valor ocorrido no período
anterior. Se colocarmos em um gráfico os valores ocorridos e as previsões,
obteremos curvas exatamente iguais, porem deslocadas de um período de
tempo.
 Método da média móvel: este modelo é uma extensão do anterior, em que a
previsão para o próximo período é obtida, calculando-se a média dos valores de
consumo nos n períodos anteriores. A previsão gerada por um modelo é
geralmente menor que os valores ocorridos se o padrão de consumo for
crescente. Inversamente, será maior se os valores forem decrescente.

CM = Consumo médio
C = Consumo dos
períodos anteriores
58
n = Números de
períodos
 As técnicas causais (Mais conhecidos: Regressão Simples e Múltipla) consiste em
associar dados históricos de compras e consumo de recursos materiais com uma
ou mais variáveis relacionadas à demanda;

3.3. Gestão de compras


O sucesso da gestão de compras está relacionado à gestão dos pedidos, visando à
satisfação do cliente. Com base em informações estratégicas de seus clientes
potenciais a organização identifica as necessidades dos mesmos, desenvolvendo
um relacionamento de parceria. Essa parceria é desenvolvida não só com clientes,
mas com fornecedores, que são de extrema relevância na obtenção de baixos níveis
de stocks e o ressuprimento contínuo.

Através da parceria com fornecedores, as organizações conseguem negociar o


volume de pedidos, fraccionando o fornecimento em menores quantidades,
reduzindo assim, seus stocks e satisfazendo seus clientes.

Actualmente, a gestão de compras é tida em conta como um factor estratégico nos


negócios das empresas, focalizando o volume de recursos, sobretudo, financeiros.
A função desta actividade que compactua com todos os departamentos, tem como
objectivo de eficiência a obtenção dos materiais certos, das quantidades correctas,
das entregas atempadas e dos preços mais vantajosos.

Relativamente aos produtos ou serviços finais são necessários gastos nas compras
de componentes para a produção dos mesmos. Mas o que é gestão de compras?

Gestão de compras é conjunto de decisões e operações que visam tornar


disponíveis os recursos materiais no sistema logístico da empresa, através de
actividades como a pesquisa da compra dos recursos materiais, a selecção dos
fornecedores, da programação de compras e da forma pela qual o produto é
comprado.
59
A gestão de compras abrange desde a escolha do fornecedor até a entrada dos
suprimentos na organização, assim, o pedido deve atender às necessidades e
exigências dos clientes, no que se refere à qualidade, quantidade, prazos, custos,
entre outros requisitos, além de envolver elevado volume de recursos. O
responsável pelas compras na organização responde pela aquisição de materiais na
quantidade e qualidade desejadas, no tempo necessário ao melhor preço possível,
do fornecedor adequado.

A gestão de compras envolve duas categorias de actividades:

 O Procuriment é a parte da gestão de recursos materiais, que é responsável


pela pesquisa e desenvolvimento de novos fornecedores de bens, serviços ou
obras a partir de uma fonte externa por meio da licitação; A obtenção
(Procurement)está orientada à aquisição de produtos e serviços necessários ao
processo produtivo ou de prestação de serviços da empresa, tais como a
matéria prima, peças e ingredientes para a produção, suprimentos para reparos
e manutenção.

 A compra de recursos materiais é uma troca em que o dinheiro é a forma de


intercâmbio, no qual o vendedor “troca” os seus produtos com o comprador por
dinheiro. As operações de compra e venda ocorre no âmbito do mercado, uma
instituição social através do qual os vendedores (oferta) e os compradores
(procura) estabelecem uma relação comercial para concretizar a transacção.

A gestão de compras envolve detalhes de procedimento, tais como:


 gestão dos investimentos em compras através da manutenção do catálogo de
recursos materiais necessários ao processo produtivo ou de prestação de
serviços;
 a gestão das requisições na determinação das quantidades de recursos
materiais a ser utilizados num dado período;
 a selecção de fornecedores;
 a negociação de preços;
 celebração de contratos de fornecimento;
60
 a facturação, recebimento e pagamento;
 e avaliação de fornecedores;

3.3.1. Objectivos de Gestão de compras


Segundo Arnold (1999) “a função compras é responsável pelo estabelecimento do
fluxo dos materiais na organização, pelo segmento junto ao fornecedor, e pela
agilidade da entrega.” A área de compras é responsável pelos processos de
aquisição, que vão desde a compra de bens de consumo a contratação de serviços.O
Objectivo primordial da área de compras é realizar tais aquisições com a máxima
eficiência possível, ou seja, atingindo a melhor relação possível entre a qualidade
produto, preço, a praça (local de distribuição), prazo de entrega e as condições de
pagamento, quer dizer:
 Obter um fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de
produção;
 Coordenar o fluxo de recursos materiais de maneira que seja aplicado um
mínimo de investimento que afecte a operacionalidade da empresa;

 Comprar materiais e insumos aos menores preços, obedecendo aos padrões de


quantidade e qualidade;
 Procurar sempre as melhores condições para empresa, principalmente de
pagamento.
 Estocar em níveis adequados
 Racionalizar o processo produtivo através da redução dos custos;

 Verificar potencialidade do fornecedor, instalações e produtos, cotações de


preços feitas semestralmente.

A área de compras é composta por uma equipe normalmente composta por


assistente de compras, compradores ou (analista de compras), coordenadores e
gestores de compras.

3.3.2. A importância da área de compras para a organização


A correcta gestão de compras é vital para a sobrevivência e competitividade das
empresas, já que cada vez com as margens de lucro mais apertadas, comprar bem
61
e gerenciar bem os stocks, além de desenvolvimento de uma relação solida com
fornecedores torna-se obrigatório para as empresas.

A eficiência na gestão de compras está directamente relacionada à relação


estabelecidana cadeia de suprimentos entre os pedidos, as necessidades dos
clientes, selecção de fornecedores, administração do fluxo e a capacidade
produtiva. Ou seja, uma cadeia de suprimentos eficaz e eficiente procura estar
atento aos pedidos e necessidades dos clientes, a seleção criteriosa de uma base
pequena de fornecedores, e o estabelecimento de parcerias que permitam
sincronizar a gestão do fluxo de caixa das empresas e a capacidade produtiva dos
fornecedores.

Com um bom ritmo entre demanda programada e o fornecimento, seria eliminada


a necessidade de stocks no processo produtivo do lado das empresas, e uma
produção praticamente por encomenda do lado dos fornecedores. Para gerir bem
sua cadeia de suprimentos, as empresas precisam conhecer bem e saber influenciar
positivamente a logística de seus fornecedores.

Rede de suprimentos é a expressão usada para designar todas as unidades


produtivas que estão ligadas para prover o suprimento de bens e serviços para uma
empresa, e para gerar demanda por bens e serviços até os clientes finais. Podem
haver várias centenas de ramos de unidades produtivas ligadas, através dos quais
fluem bens e serviços, para dentro e para fora da organização. Esses ramos são
denominados cadeias de suprimentos, SLACK (1996).

Cadeia de suprimentos é o grupo de fornecedores que supre as necessidades de


uma empresa na criação e no desenvolvimento dos seus produtos. A cadeia de
suprimento pode ser entendida também como uma forma de colaboração entre
fornecedores, retalhistas e consumidores para a criação de valor. Para gerir bem
sua cadeia de suprimentos, as empresas precisam conhecer bem e saber influenciar
positivamente a logística de seus fornecedores.

62
Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem actividades
de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Parâmetros de avaliação de fornecedores


A eficiência de um Departamento de Compras está directamente ligada ao grau de
atendimento e ao relacionamento entre comprador e seus fornecedores, assim
sob ponto de vista de comprador, há eficiência económica, sem que haja:
 Maior oferta de preço pela outorga;
 Menor tarifa ou preço a ser praticado junto aos utili-zadores;
 Melhor qualidade dos serviços ou dos bens postos à disposição do público;
 Melhor atendimento e satisfação da procura; e
 Ser titular de certificado válido do selo “Orgulho Moçambicano.Made in
Mozambique;
 Condições de pagamento;
 Condições de embalagens e transporte.
 Prazos de entrega;
 Manutenção dos padrões de qualidade através da assistência Técnica;  Política
de preço determinada;
Poucos Fornecedores Muitos Fornecedores

63
Vantagens Melhor qualidade Redução de preço por força do mercado
Relações fortes e duráveis Mudança de fornecedor por falhas de
Maior dependência fornecimento
Melhor comunicação Maiores fontes de conhecimento e
Cooperação mais fácil especializações.
Economia de escala
Maior confidencialidade

Desvantage Maior vulnerabilidade Dificuldade de encorajar fornecedor


ns Dificuldades com demanda Maior dificuldade de garantir padrões d
Pressão do fornecedor qualidade
Maior esforço de comunicação
Fornecedor investem menos em novos pro
Dificuldade em obter economia de escala

3.4. Gestão da Armazenagem


A estratégia de Armazenagem a ser adotada por uma empresa está muito ligada a
Estratégia de Distribuição praticada pela empresa. A localização de pontos de
armazenagem, formas de manuseio e movimentação de materiais são dependentes
do tipo de distribuição adotado pela empresa. Mas o que é a gestão da
armazenagem?
A armazenagem trata de procedimentos que visam à conservação e controle das
mercadorias estocadas para posterior utilização e distribuição. Os itens, após
recebimento, são armazenados em depósitos ou centros de distribuição, os quais
são escolhidos de acordo com o produto a ser estocado e sua quantidade, além da
distância do cliente e o transporte, relacionando o melhor custobenefício para
todos os envolvidos.

Os centros de distribuição podem ser em depósitos próprios, administrados pela


empresa, em depósitos públicos ou em depósitos contratados, os quais aliam
características dos primeiros (BOWERSOX e CLOSS, 2001). A gestão de
armazenagem, se bem administrada, proporciona à empresa maior vantagem no
que se refere à redução de custos, tempo de deslocamento e maior agilidade em
atender seus clientes com qualidade.

64
Gestão de armazenagem é conjunto de decisões e operações que tem por objecto
a planificação (do espaço, equipamentos, mão de obra), organização, execução e
controlo das actividades relativas de armazenagem de recursos materiais. A gestão
de armazenagem é a actividade que compreende o planeamento, coordenação,
controle e desenvolvimento das operações destinadas a abrigar, manter
adequadamente stocks e em condições de uso, bem como expedir no momento
oportuno, os materiais necessários.

Armazenagem são todas as actividades administrativas e operacionais de


recebimento, armazenamento, distribuição dos materiais aos usuários e controle
físico dos recursos materiais em stocks. (Barbieri, Machline)

3.4.1. A função logística da armazenagem


A armazenagem está relacionada directamente com a localização das instalações,
fontes de matérias-primas;mercado consumidor e vias de acesso. As funções de
armazenagem consistem na recepção, descarga, separação, inspecção
movimentação, expedição e carregamentos de materiais, empacotamento,
montagem de kits, integração final de produtos, organização dos materiais no
espaço e picking. Assim, as funções de um armazém podem ser resumidas nas
seguintes:
 Função de Consolidação: quando grandes quantidades de vários produtos são
levadas para um armazém central. Aí os produtos são misturados e consolidados
num carregamento só, para entrega ao cliente.

 Função de Desmembramento (Break-Bulk): armazéns que recebem grandes


quantidades de material de um fornecedor e o repartem em lotes mais
pequenos de acordo com as necessidades dos clientes.

 Função de Cross-Docking e/ou de Distribuição: semelhante ao anterior mas


com encomendas aleatórias do cliente, de acordo com o tipo de produtos
disponíveis.

65
 Função de Merge-in-Transit: um tipo de armazém especializado na
consolidação de um determinado tipo de produto. Associado á distribuição de
produtos de alto valor adicionado.

Características a procurar nos espaços de armazenagem


 Dimensionar espaços de forma eficaz, em 3D (largura, comprimento e altura)
 Minimizar os custos das operações de armazenagem, mantendo o nível de
serviço desejado;
 Especificar equipamentos e soluções técnicas no contexto planeado Maximizar
a utilização efectiva de todo o espaço disponível
 Optimizar fluxos físicos e de informação

O armazém tradicional era de estocagem passiva para variedade estratégica,visto


como local para armazenar e manter stocks na produção baseada na estratégia
66
push (produção empurrada), que tem como principais actividades: receber os
materiais, armazenagem, distribuição dos materiais aos clientes internos ou
externos.
.
Armazém contemporâneo consiste na combinação da saída de stocks para atender
às necessidades do cliente na produção baseada na estratégia pull (produção
puxada) que tem como principais actividades: receber os materiais, armazenagem,
distribuição dos materiais aos clientes internos ou externos.

Armazenagem contemporâneaé justificada com base no custo e no nível de serviço,


porque o armazém passa a desempenhar a função de centro de distribuição, como
assegurar a redução do tempo ocioso ou de espera de materiais e peças, assegurar
o reabastecimento pontual e económico para os varejistas que possibilita:
 Estoques cada vez menores;
 Controles cada vez mais acurados;
 Variedade cada vez maior;
 Tempo de resposta cada vez menor;

 Giro de estoque cada vez maior;  Custo cada vez menor.

3.5. Gestão do serviço ao cliente


A gestão do serviço ao cliente é conjunto de actividades envolvendo todas as áreas
de negócio que se ajustam para facturar e disponibilizar os produtos (bens e
serviços) ao cliente ao mínimo custo.

Serviço ao Cliente é o conjunto de actividades envolvendo todas as áreas de negócio


que se ajustam para entregar/disponibilizar e facturar os produtos/serviços da
empresa de forma perceptível pelo cliente e que este classifique, no mínimo, como
satisfatória.

67
Elementos de Pr é - Transac ç ão
Politica de Servi ç o ao Cliente documentada
Acessibilidade
Estrutura organizacional
Flexibilidade do Sistema

Elementos de Transac ç ão
Tempo do Ciclo de encomenda
Servi ç o
Disponibilidade de Stocks
ao Cliente
Taxa de Satisfa ç ão das Encomendas
Informa ç ão sobre Encomendas

Elementos de P ó s - Transac ç ão
Disponibilidade de pe ç as de substitui ç ão
Garantia do produto
Reclama ç ões do Cliente, queixas, retornos
Repara ç ão do produto

O Serviço ao Cliente é determinado pela interacção de todo um conjunto de


factores que tornam os produtos e serviços disponíveis para os mercados de
destino: (a) frequência e fiabilidade das entregas; (b) níveis de Stocks e (c) tempo
consumido no Ciclo de Encomenda.

3.6. Gestão do Transporte


Gestão do transporte é conjunto de decisões e operações que tem por objecto a
planificação dos meios de transporte, equipamentos, mão de obra, organização,
execução e controlo das actividades relativas de transporte de recursos materiais.

O transporte engloba as diferentes formas de movimentar os materiais ou


produtos, seja interna ou externamente. A escolha do transporte adequado está
directamente relacionada à qualidade dos serviços junto ao cliente, variando de
acordo com o produto, com a distância e com os custos.

68
Transporte é a actividade responsável pelo movimento de mercadorias entre os
locais de produção, empacotamento, processamento ou venda com os locais do
consumo.

Função do transporte dos recursos materiais


A movimentação de materiais pode ser considerada como tendo a função de
movimento, lugar, tempo, quantidade e espaço.
 Movimento: deslocamento de peças, materiais e produtos acabados, de
maneira mais eficiente;

 Lugar: responsabilidade de verificar se o material desejado está entregue no


lugar certo;
 Tempo: os materiais devem chegar ao local de trabalho, fábrica ou cliente no
momento exato;
 Quantidade: providenciar para cada operação, a quantidade exata dos materiais
necessários;
 Espaço: espaço de armazenagem é um dos elementos mais importantes em
qualquer fábrica.

O transporte envolve as infra-estruturas das redes de transporte rodoviária,


ferroviária, aérea, fluvial, tubular, veículos e operações comerciais11 e terminais
como estradas, aeroportos, estações ferroviárias, portos, terminais de autocarro. O
transporte de produtos ou matérias-primas ocorre através de modais que podem
ser rodoviários, ferroviários, aéreos, dutoviários ou navais, cuja escolha considera
o custo, o tempo de entrega e as possíveis variações de adaptabilidade dos
respectivos modais à carga e destino.

Actualmente, em Moçambique, o transporte rodoviário vem sendo o mais utilizado,


com participação de 63% proporcionando a entrega de forma ágil e precisa, no local
e condições desejadas pelo cliente, além de ser confiável e estar disponível em todo
o território nacional.

69
Leury (2000) classifica os modais de transporte de acordo com a estrutura de custos,
sendo que o modal ferroviário possui altos custos fixos e um custo variável baixo; o
modal rodoviário possui custos fixos baixos e um custo variável médio; o aquaviário
possui um custo fixo médio e um custo variável baixo; o modal dutoviário possui
um custo fixo mais elevado e um custo variável mais baixo; já o modal aeroportuário
possui um custo fixo e um custo variável alto.

Tipos de transporte, quanto aos meios de transporte

3.7. Distribuição
O processo de distribuição não se refere apenas ao transporte de matérias-primas
ou produtos, trata-se de uma actividade que engloba os procedimentos adoptados,
os serviços, o transporte de materiais e produtos, a fim de satisfazer as
necessidades e desejos dos clientes com qualidade, agilidade, ao menor custo.

70
Segundo Cavalcante (2006:7) “O canal de distribuição é compreende as estruturas
responsáveis pela forma como o vendedor comercializa o produto ao consumidor
ou usuário. O meio de distribuição deve ser definido de acordo com o produto, o
público-alvo e o fornecedor do negócio.” O canal de distribuição é o caminho
existente na trajectória directa ouindirecta da transferência de propriedade de um
determinado produto, do fabricante até os consumidores finais ou clientes
industriais.

As etapas que compõem os canais de distribuição dos produtos e materiais iniciam-


se com o pedido do cliente, que é transmitido e processado, posteriormente o
mesmo é separado e transportado até o cliente para ser entregue,
consequentemente se o cliente sentir-se satisfeito, formar-se-á um ciclo, ou seja,
uma relação de fidelidade entre o fornecedor e cliente.

Sumário

Nesta unidade, a presentamos a noção de gestão de stocks nas empresas e de mais


organizações incluindo as entidades da administração pública tais como o Estado e
as autarquias locais, as empresas públicas, institutos públicos, fundos públicos.

A gestão de stock consiste no conjunto de actividades tais como decisões de


planeamento, organização, coordenação e controlo de esforços dos intervenientes
no processo logístico e operações de que vão desde a identificação das necessidades
dos recursos materiais, a identificação dos fornecedores, a compra, o transporte,
armazenagem, distribuição (venda ou consumo) dentro da empresa.
A gestão de stock de recursos materiais é vital para o sucesso de qualquer
organização e para a gestão eficiente do processo de prestação de serviços ou de
produção de bens, sendo de destacar que garante a efectividade, eficiência e a
eficácia económica das decisões de marketing de bens ou de serviços que se traduz
(a) no alcance da excelência na provisão quantitativa e qualitativamente de bens e
serviços, (b) no alcance da excelência no nível de satisfação do consumidor e (c) no

71
alcance da excelência no nível de lucratividade das empresas provedoras dos bens
e serviços com redução de custos.
A gestão de stock de recursos materiais compreende uma gama de categorias de
actividades, nomoeadamente, a identificação das necessidades de recursos
materiais, a previsão de compras, a gestão de compras (pesquisa e desenvolvimento
de fornecedores, a compra de recursos materiais e avaliação dos fornecedores),
gestão da armazenagem, gestão do serviço ao cliente, gestão do transporte e gestão
da distribuição, explicadas em detalhe no texto.

Exercícios

1. Explique a noção de Gestão de stocks.


2. Descreve as funções da gestão de stocks no processo produtivo ou de prestação
de serviços;
3. Descreve os objectivos da gestão de stocks no processo produtivo ou de
prestação de serviços;
4. Descreve as actividades da gestão de stocks;
5. Explique as funções da armazenagem na gestão de stocks.
6. Descrever as técnicas de previsão de compras de recursos materiais;
7. Distinga as “técnicas qualitativas” das “técnicas quantitativas” de previsão de
compras. 2.0 valor
8. Explique 4 técnicas qualitativas de previsão de compras.

TEMA IV: ABORDAGENS TEÓRICAS DE GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS UNIDADE TEMÁTICA IV:
MODELOS DE GESTÃO DE RECURSOS MATERIAIS

4.1. Outsourcing
4.2. Mass Customization ou Customização em Massa
4.3. Postponement
4.4. Just in Time
4.4.1. Objectivo do Just in time
4.4.2. Báses filosóficas do modelo Just in Time
4.5. Engenharia de Valor ou Value engeneering
4.5.1. Objectivo da Engenharia de Valor
4.5.2. Bases Filosóficas da Engenharia do Valor

72
Introdução
Ao longo dos anos têm surgido vários modelos de gestão10dos recursos materiais
nas organizações, cada um baseado num conjunto de objectivos principais, que se
resume na maior eficiência, efectividade, eficácia e produtividade empresarial e
satisfação plena das necessidades, desejos e demandas dos clientes, em contra
posição ao modelo tradicional.

É que o modelo tradicional da logística tem se revelado bastante dispendioso e


incapaz de sustentar a sobrevivência, crescimento e desenvolvimento das empresas
nos mercados altamente competitivos, devido aos custos ligados à gestão de stocks,
mais precisamente, custos com transporte, custos de armazenagem, e desperdícios
de stocks, que sufocam-nas.

O outro viés da logística tradicional é caracterizado pelo crescimento insustentável


dos custos associados às incertezas na procura e oferta e cada vez menores ciclos de
vida dos produtos, o que obriga as empresas a manter altos custos fixos ligados ao
pessoal, infra-estruturas, e demais serviços ligados a manutenção.

É nisto que várias escolas de pensamento se propõem modelos de gestão de stocks


ou de recursos materiais visando um ajuste e adaptação da estratégia da cadeia de
abastecimento às necessidades do mercado e dos clientes. As estratégias para lidar
com a incerteza da procura e da oferta são as seguintes: outsourcing, mass
customization, postepoiment, just in time e value engineering.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


 Identicar os modelos alternativos aos custos gerados pelo modelo tradicional da
logística;

 Distinguir o postpoinement da customização em massa;

10A gestão “é a prossecução colectiva e conjugada de determinados objectivos organizacionais, isto é, a tentativa de obter resultados úteis na
empresa ou nas organizações em geral, através das pessoas e com as pessoas que aí labutam”.
73
Objectivos  Explicar valor do Outsoucing de equipamento do processo produtivo;
Específicos
 Explicar as bases filosóficas, objectvos do Just in time no produtivo ou de
prestação de serviços;
 Explicar as bases filosóficas, objectvos da engenharia de valor no produtivo ou de
prestação de serviços;
 Descrever as actividades da gestão de stocks;

4.1. Outsourcing
O outsuorcing é uma abordagem da gestão de empresas proposta pelos teóricos do
modelo gestionário que advogam que as empresas que não tem regras que estimulam
a eficiência e eficácia, não poderão enfrentar com sucesso o desafio do incremento da
concorrência caracterizado pelas incertezas na procura e oferta e cada vez menores
ciclos de vida dos produtos. Assim, advogam que o alcance da eficiência e eficácia das
empresas em mercados altamente competitivos, passa pela privatização ou introdução
da terciarização das actividades de apoio no produto ampliado e distribuição física.

VANTAGENS DESVANTAGENS

 Permite à empresa concentrar-se no seu  Perda de controlo sobre as

core-business actividades logísticas e do nível de

 Liberta capital para investimento noutras serviço

áreas (os custos logísticos tornam-se  Perda de algumas


competências
variáveis)
logísticas
 Permite operações logísticas mais eficazes
 Menor feedback sobre os mercados e
(maior nível de serviço) e eficientes (a um
requisitos dos clientes
custo menor)
 Por vezes não existem 3PLs com a
 Maior e melhor cobertura geográfica qualidade de serviço requerida
 Consolidação de cargas
 A partilha conduz a custos mais baixos

Outsourcing é processo de gestão pelo qual a empresa que assume a produção e venda
como principais executadas internamente e a gestão de stocks (transporte e
armazenamento de recursos materiais ou de itens e serviços) como actividades
secundárias, que podem ser transferidos para fornecedores, por meio de uma
contratação, permitindo que a empresa fique com a liberdade acção da capacidade
74
interna para as actividades-fim, visando reduzir os custos com a gestão de equipes de
pessoal, equipamento e infra-estruturas de armazenagem, e incrementar efectividade,
a eficiência, eficácia, qualidade dos produtos ou serviços.

Outsourcing ou externalização ou tercialização consiste na transferência por contrato


de certas actividades logísticas (transporte, armazenagem e gestão de stocks) de uma
empresa proporcionando maior disponibilidade de recursos para sua actividade-fim
(core business), reduzindo a estrutura operacional, diminuindo os custos,
economizando recursos e desburocratizando a administração para as empresas. O
outsourcing visa mover actividades e responsabilidades de decisão internas da empresa
para entidades externas. Está sempre subjacente um contrato. Os operadores logísticos
(3PL – third party logistics) oferecem tipicamente serviços integrados de transporte,
armazenamento e gestão de stocks.

4.2. Mass Customization ou Customização11 em Massa


Sievänen (2002) descreve que a customização em massa consiste no processo de
diferenciação de produtos, os quais devem ser produzidos tendo em vista atender às
necessidades específicas e desejos individuais do maior número de consumidores
possível.

A Customização em Massa é definida como a produção em massa de bens e serviços


que atendam aos anseios específicos de cada cliente, individualmente, a custos
semelhantes aos dos produtos não customizados12. Dessa forma a Customização em
massa oferece produtos únicos a baixo custo e com prazo de entrega relativamente
curto, em um ambiente de produção em massa.

Algumas empresas, para realizar a customização em massa, utilizam de uma rede de


células de trabalho. Estas células possuem certa autonomia. Cada um recebe uma
operação ou uma série de operações e ficam responsáveis por essas operações. Elas

11 Customização significa que a empresa é capaz de oferecer produtos, serviços, preços e canais de entrega diferenciados para cada cliente em
uma base individual.
12 PINE II, B.J. Mass Customization: the new frontier in business competition. Cambridge, MA: Harvard University Press; 1993a

75
não possuem uma ordem como na produção em massa, pois suas actividades são feitas
conforme o que o cliente desejou.

Para que a Customização em massa funcione algumas características organizacionais


são importantes:
 Projectar o produto em módulos independentes, para facilitar a montagem sem
aumentar os custos;
 Layout de produção em módulos independentes para serem realocados com
facilidade;
 A cadeia de suprimentos: disponibilizar os produtos básicos de maneira efectiva
racionalizando os custos;

 Flexibilidade para atender aos clientes desde o momento do pedido até a entrega
do produto acabado;

 Competência da empresa para entregar produtos e serviços customizados para os


diferentes clientes;

 A chave da mass customization é adiar as tarefas que diferenciam o produto para


um cliente específico para o mais tarde possível na cadeia de abastecimento;

4.3. Postponement
O postponement ou adiamento ou postergação é um conceito de gestão da cadeia de
abastecimento, onde o fabricante produz um produto genérico, que pode ser
modificado nas fases posteriores antes do transporte final para o cliente.
Postponement ou adiamento ou postergação é uma estratégia de negócio que visa
maximizar o benefício possível e minimiza o risco de atrasar ainda mais o investimento
em um produto ou serviço até o último momento possível.

O postponement ou adiamento ou postergação consiste numa estratégia de negócio


na qual as actividades ligadas à cadeia de suprimentos são adiadas até que uma
demanda seja posta, visando reduzir incertezas e custos e satisfazer as necessidades
dos clientes com algum detalhe13.

13 Alderson, W., Marketing efficiency and the principle of postponement, Cost and Profit Outlook, Vol. 3, 1950.
76
O postponement ou adiamento ou postergação tem o potencial para melhorar
respostas, reduzindo ao mesmo tempo o inventário, transporte, armazenamento e
obsolescência dos custos. Alderson argumentou que os custos globais poderiam ser
reduzidos por adiar a fase de diferenciação da produção. 1965 - Bucklin ampliou o
conceito de postergação por considerá-la como uma oportunidade de transferir o risco
de possuir bens a partir de uma posição na cadeia de suprimentos para a outra.1999 -
Van Mieghem e Dada apresentam o conceito de postergação de preço e compara com
os mais comummente conceitos estudados de postergação da produção.
A postergação de preço exige a postergação da decisão sobre o preço até que a
incerteza da demanda seja resolvida.

4.4. Just in Time


O Just in time surgiu no Japão nos meados da década de 70 (Toyota Motor Company) –
buscando coordenar a produção com a demanda específica de diferentes modelos e
cores de veículos com o mínimo de atraso. O just in time é uma filosofia de trabalho e
abordagem de gestão de recursos materiais que se opõe ao modelo tradicional da
logística, visto como dispendioso em virtude de agregar custos de stocks, transporte e
armazenagem. O Just in time é baseado em valores que a Toyota assumia como básicos
para o sucesso do produtivo e eficiência logística como o senso de organização14, o

14SEITON 整頓 = Ordenação
Baseia-se no “senso de organização”, ou seja, deixar tudo em ordem para evitar o desperdício de tempo. Quando cada coisa está em seu devido
lugar, permite que as tarefas sejam cumpridas com maior pontualidade além de aumentar a produtividade do indivíduo.
77
senso de utilização15, o senso de limpeza16, o senso de saúde e higiene17, e o senso de
disciplina18 como esseciais na eliminação de custos da logística tradicional.

O just in time representa uma abordagem revolucionária face à problemática de custos


gerados pelo modelo tradicional da logística e inclui os seguintes aspectos:
 Actividades administrativas
 Gestão da Qualidade
 Arranjo físico
 Projecto de lançamento de produto ou de construção;
 Organização do trabalho e gestão de recursos humanos;

Problemas Causados pela Existência de Stocks do Modelolo tradicional da Logística


 Custo financeiro elevado – redução da oportunidade de investimentos;
 Demora de atendimento e custo de gestão de stocks
 Necessidade de espaço físico maior que o normal
 Omite a real gravidade de problemas relacionados ao produto ou serviço
(qualidade, custo...) – stocks utilizados para evitar a descontinuidade do processo.

 Problemas da qualidade consistem nos problemas de quebra de máquina,


reprocessos e falhas humanas; tempo de setup elevado.

15 ➦SEIRI 整理 = Utilização
Baseia-se no “senso de utilização”, ou seja, remover itens desnecessários e descartá-los adequadamente. Ao separar o que é realmente
necessário daquilo que é supérfluo, conseguimos evitar o desperdício, além de deixar o ambiente mais “clean” e liberar espaço para coisas
novas.
16 SEISO 清掃 = Limpeza Baseia-se no “senso de limpeza”, ou seja, manter o ambiente de trabalho organizado e limpo, assim como

também as ferramentas utilizadas no trabalho. Desta forma, o local de trabalho torna-se mais seguro, organizado e prazeroso. E isso ajuda
a aumentar a criatividade e produtividade.
17 SEIKETSU 清潔 = Saúde e Higiene Baseia-se no “senso de saúde e higiene”, ou seja, cada pessoa deve fazer sua parte, cuidando de sua

saúde e higiene pessoal e assim, contribuindo para uma melhor qualidade de vida. Com isso, o ambiente de trabalho torna-se mais sadio,
produtivo e harmônico.
18 SHITSUKE 躾 = Disciplina

Baseia-se no “senso de disciplina”. Na verdade, Shitsuke engloba uma série de características pessoais como a busca pelo
autodesenvolvimento, a ética, o respeito pelas normas, a educação, a paciência, a responsabilidade e o comprometimento em realizar todas
as tarefas determinadas.

78
4.4.1. Objectivo do Just in time
Segundo Kaisen “O que não agrega valor ao produto é desnecessário, portanto,
eliminável.” O Justin in time se propõe a aliminar as 7 categorias de desperdícios em
produção:
● Desperdício de superprodução – antecipação da demanda;
● Desperdício de Espera – Refere-se ao material que espera para ser processado e que
acarreta custos de armazenagem.
● Desperdício de Transporte – o transporte e a movimentação dos materiais não
agregam valor ao produto.
● Desperdício de processamento – decorrente da Falta de optimização de recursos
materiais
● De Movimento – refere-se às movimentações do operador de máquinas durante o
processo produtivo.
● Desperdício de produção de produtos defeituosos – gerados por problemas de
qualidade.
● Desperdício de stocks – quando este é utilizado de forma não efectiva.

O Just in time busca a eliminação de tudo que não agregue valor ao produto ou serviço,
visando reduzir ou eliminar funções ou sistemas desnecessários para o processo global
de produção, incentivar a melhoria contínua da qualidade dos bens e serviços, entender
e responder às necessidades do cliente.

Por meio do JIT deseja-se chegar a um sistema balanceado, mantendo um fluxo suave
e veloz de materiais através do sistema de manufatura. Assim, o objectivo fundamental
do Just in time é a melhoria contínua do processo produtivo, através de mecanismo de
redução dos stocks os quais tendem a camuflar problemas, através de acções que
levam à melhores índices da qualidade, maior confiabilidade de seus equipamentos e
fornecedores, maior flexibilidade de resposta e lotes menores e mais adequados a
demanda do mercado.

O JIT visa o combate ao desperdício pela eliminação de actividades que consomem


recursos, mas não agregam valor ao produto, tais como osdesperdícios de estoques,

79
transporte interno, paradas intermediárias (decorrentes de esperas no processo),
refugos e retrabalhos, etc.

Assim, os objectivos operacionais fundamentais são a qualidade e a flexibilidade,


alcançadas por meio da melhoria contínua e redução do desperdício, através de acções
como:

• Tornar o sistema flexível (ser capaz de operar com um mix diário de produtos de
forma a lidar com um certo grau de incerteza mantendo um fluxo suave de
materiais);
• Diminuir os tempos de setup e os lead times (estes tempos prolongam o processo
sem adicionar qualquer valor ao produto final além de reduzir a flexibilidade do
sistema);
• Eliminar paralizações (geradas por quebras de equipamentos, atrasos no
fornecimento, mudanças na programação, problemas de qualidade);

• Minimizar o estoque (estoques são recursos ociosos no JIT, ocupam espaço, elevam
o custo do sistema e escondem os problemas da produção).

Just In Time 19 é um sistema de gestão da produção e de recursos materiais que


determina que nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes da hora
exacta. Pode ser aplicado em qualquer organização, para reduzir stocks e os custos
decorrentes. O Just in time é um sistema de gestão de recursos materiais que garante a
provisão de recursos materiais na quantidade certa, na hora exacta que atenda
necessidades, desejos e demandas dos clientes com o mínimo de stocks.

4.4.2. Báses filosóficas do modelo Just in Time


Com o Just in Time, o produto ou matéria prima chega ao local de utilização somente
no momento exacto em que for necessário, ou seja, os produtos somente são fabricados
ou entregues a tempo de serem vendidos ou montados.

19 Just in time é um termo inglês, que significa literalmente “na hora certa” ou "momento certo
80
Nas fábricas onde está implementado, o stock de matérias primas é mínimo e suficiente
para poucas horas de produção. Para que isto seja possível, os fornecedores devem ser
treinados, capacitados e conectados para que possam fazer entregas de pequenos lotes
na frequência desejada, para a garantia da qualidade.

A melhor maneira de prevenir esta situação é seleccionar cuidadosamente os


fornecedores e arranjar uma forma de proporcionar credibilidade dos mesmos de modo
a assegurar a qualidade e confiabilidade do fornecimento Cheng et. Al (1996:106) 20.
Assim, os mentores do Just in time advogam, a gestão de recursos materiais baseadas
nos seguintes princípios:
• Entregas parceladas
• Linha de produção sem gargalos
• Inspecção e embalagem na própria linha de produção;
• Envio directo do produto final ao cliente sempre que possível;
• Melhoria continua da qualidade dos bens e serviços;
• Redução dos custos de produção;
• Agilidade do prazo de entrega;
• Cada funcionário ou posto de trabalho é tanto um cliente como um fornecedor;
• Clientes e fornecedores são uma extensão do processo de manufactura;
• Procurar continuamente simplificar procedimentos;
• É mais importante prevenir problemas do que resolvê-los.
• Obter ou produzir algo somente quando for necessário

4.4.3. Pré-requisitos para implantação do sistema Just in time:


a) Projecto do produto
• Peças padronizadas: resulta em um menor número de componentes,
processamentos mais padronizados com consequente redução nos tempos e custos.

20As modernas fábricas de automóveis são construídas em condomínios industriais, onde os fornecedores just in time estão a poucos
metros e fazem entregas de pequenos lotes na mesma frequência da produção da montadora, criando um fluxo contínuo. O sistema de
produção adapta-se mais facilmente às montadoras de produtos onde a demanda de peças é relativamente previsível e constante, sem
grandes oscilações.

81
• Projectos modulares: simplificam o processamento, a compra, o manuseio dos
materiais, o treinamento, e as estruturas dos produtos.

• Qualidade: a qualidade deve ser assegurada ao produto final nas diversas etapas.
(no JIT uma paralisação local pode causar uma paralisação no processo inteiro,
devido aos níveis reduzidos dos estoques).
b) Projecto de processo

• Redução nos tempos de setup: lotes pequenos requerem setups frequentes e estes
devem ser rápidos para não serem dispendiosos. Cada trabalhador é treinado para
fazer seu próprio setup e
os procedimentos para tal devem ser simples e padronizados.

• Utilização de pequenos lotes: o tamanho ideal para o processamento é de um lote


de apenas uma unidade (one-piece-flow). Isso reduz o nível de estoques em
processo, os custos de armazenagem, inspeção e retrabalho. Os problemas tornam-
se mais visíveis, a flexibilidade é aumentada, o balanceamento das operações é
facilitado.

• Utilização de células de manufatura: cada célula contém as máquinas e as


ferramentas necessárias para processar famílias de peças, ou seja, peças com
características semelhantes de processamento. Com a célula os tempos de troca de
ferramentas são reduzidos, o treinamento é facilitado e o grau de utilização de
máquina elevado.

• Melhoria da qualidade: Visa a identificação e a eliminação das causas dos


problemas para que não ocorram novamente. Defeitos são detectados
automaticamente (automação) quando ocorrem durante a produção e esta é
interrompida para se corrigir as causas dos defeitos. Problemas na produção são
vistos como oportunidade para a melhoria de todo o sistema.
• Flexibilidade na produção: a ocorrência de vários gargalos produtivos reflete
inflexibilidade na manufatura. Como no JIT o nível de estoques em processo é baixo,
há programas de manutenção preventiva para minimizar a incidência de quebras.
Os trabalhadores são com frequência, os responsáveis pela manutenção de seu
próprio equipamento.

82
• Utilização de baixos níveis de estoques: no JIT os estoques reduzidos gradualmente
a fim de que os problemas apareçam, uma vez identificados e resolvidos, o sistema
remove mais estoques e assim sucessivamente.
c) Elementos Organizacionais no Just In Time

• Força de trabalho vista como um activo: o ponto central para o funcionamento da


filosofia JIT são os colaboradores, que são motivados e bem treinados. A estes é
dada mais autoridade (empowerment) que nos sistemas tradicionais, com a
expectativa de que realizem mais.

• Treinamento multifuncional: quando há ocorrência de gargalos no processo, os


trabalhadores são capazes de ajudar uns aos outros e substituir os ausentes.

• Melhoria contínua: Há uma maior responsabilidade dos trabalhadores pela


qualidade do que nos sistemas tradicionais. Treinamento em controle estatístico de
processos, melhoria da qualidade e resolução de problemas. A resolução de
problemas, direcionada aos objetivos do sistema tornase um modo de vida, uma
cultura que integra o pensamento da alta administração ao modo de pensar dos
trabalhadores.

• Contabilidade de Custos: a alocação de despesas indirectas (overhead) é feita


através do custeio por atividade (Custeio ABC), ou seja, as despesas são alocadas
por tarefa com base na participação percentual de cada actividade na tarefa
considerada (ex. de atividades: setup de máquina, movimentação de materiais, etc.)

• Gestão de projectos: O JIT incentiva a comunicação bilateral e existe a expectativa


de que os gerentes sejam líderes e facilitadores e não simplesmente chefes. Os
gerentes de projecto têm plena autoridade sobre todas as fases de um projecto do
início ao fim sem necessitar da cooperação de outros gerentes para os objetivos
estabelecidos.
• Carregamento nivelado de capacidade: ênfase em uma programação diária estável
para o mix de produtos estabelecidos com base em volume de produção horária,
mantendo-se uma carga nivelada compatível com a capacidade do sistema.

83
4.4.3.1. Planeamento e controle da produção
Relacionamentos de parceria com fornecedores: no JIT existe a expectativa de que o
fornecimento seja realizado em pequenos lotes, com elevada frequência de entregas e
alta qualidade nos produtos. A tarefa de assegurar a qualidade é de responsabilidade
dos fornecedores (para o JIT, a tarefa de inspeção não agrega valor ao produto). O
comprador negocia com poucos fornecedores qualificados (certificados) e os auxilia a
alcançar os níveis de qualidade desejados pelas empresas.

Redução no número de transações: no JIT mapeia-se o sistema com o objetivo de


reduzir ao máximo o número de transações que não adicionam valor ao produto final
(mapeamento do fluxo de valor):
• Transações logísticas: custos associados a fretes, pessoal no recebimento de
estoque, entrada e processamento de dados.
• Transações de balanceamento: custos associados a previsões de demanda,
planeamento e controlo da produção, compra, programação e processamento de
pedidos.
• Transações de qualidade: custos associados a avaliações, prevenções, falhas
internas e externas (refugo, retrabalho, devoluções, etc.).
• Transações de mudança: custos de mudanças de engenharia, especificações,
programação, etc.

4.5. Engenharia de Valor ou Value engeneering


A Engenharia do Valor é uma técnica foi desenvolvida por Lawrence Delos Miles, na
empresa General Eletric, nos EUA, durante a II Guerra Mundial21, quando a escassez de
recursos incentivou os esforços para busca de soluções criativas para possibilitar o
suprimento de produtos apesar da falta de determinadas matérias primas e acabou
mostrando-se uma excelente técnica para reduzir-se custos de produtos.

21A partir da segunda guerra passou a ser mais usada na indústria e em 1959 foi criada a Sociedade Americana de Engenharia do Valor. A
partir de1977 a técnica começou a ser utilizada nos países europeus.

84
Segundo Lawrence Delos Miles 22 , engenharia de valor é uma abordagem criativa
organizada que tem por finalidade a identificação eficaz dos custos desnecessários para
a sua consequente eliminação visando a melhoria da eficiência, efectividade, eficácia e
produtividade empresarial e satisfação plena das necessidades, desejos e demandas dos
clientes. O custo que não prevê qualidade, nem o uso, nem a vida, nem aparência, nem
recursos dos clientes, deve ser eliminado.

A Engenharia do Valor é um processo sistemático de análise de um produto, projecto,


sistema ou serviço sob a óptica das funções a que se destina, de maneira a estimular a
busca de alternativas que cumpram estas funções com menores custos de investimento
e operação.

A Análise do Valor é um método sistemático para aumentar o valor de um produto,


sistema ou serviço por meio da identificação e avaliação das funções necessárias para o
fornecedor e consumidor ou usuário, permitindo o desenvolvimento de alternativas
para maximizar a relação.

A Análise do Valor usa a criatividade, o conhecimento e a experiência das pessoas em


busca de produtos que atendam às necessidades dos consumidores sem faltas e sem
excessos.

A engenharia do valor (VE) é um método sistemático para melhorar o "valor" de


produtos (bens ou serviços) por meio de um exame da função dos recursos materiais,
do valor que acrescentam para a qualidade do produto, para a estética, para o conforto
do cliente, confiabilidade, facilidade de manutençãoa relação entre a função de custo.
O valor pode, portanto, ser aumentado por melhorar a função ou reduzindo o custo. É
um princípio fundamental da engenharia de valor que as funções básicas devem ser
preservadas e não ser reduzida em consequência de buscar melhorias de valor.

22PEREIRA FILHO, Rodolfo Rodrigues (1998). Análise do Valor: Prática de Melhoria Contínua. São Paulo: Nobel. SARTORI, Eloi.(2008).Gestão
pelo Valor moldando a Estratégia.
85
4.5.1. Objectivo da Engenharia de Valor
A Engenharia do valor não deve ser tratada como uma mera técnica de redução de
custos ou barateamento do produto, mas um modelo de gestão de recursos materiais,
que propõe a redução de custos a partir da análise do valor, de modo que a melhoria
no valor seja alcançada sem qualquer sacrifício em qualidade, confiabilidade, facilidade
de manutenção, disponibilidade, estética, etc.

A Engenharia do Valor/ Análise do Valor tem como objectivo estabelecer um equilíbrio


de rendimento, qualidade e funcionalidade do projecto, produto ou serviço, ao mais
baixo custo de construção, operação e manutenção. Quer dizer, que os engenheiros da
produção deverão esforçarse no sentido de obter produtos que sejam tecnicamente,
esteticamente, ergonômica e economicamente satisfatórios, isto é, com custos
acessíveis.

A análise de valor é uma técnica de redução de custos, que dá ênfase às funções e


características dos recursos materiais de que dispomos e consumimos na realização das
actividades.

4.5.2. Bases Filosóficas da Engenharia do Valor


Segundo Miles (1961)23 “as organizações que desejarem garantir sua sobrevivência no
mercado competitivo deverão mudar seu comportamento em relação aos seus custos24
relativos aos recursos materiais, em vez de repassá-los aos consumidores, deverão
desenvolver esforços para contê-los e optimizá-los”27.

Os produtos devem ser tecnicamente, esteticamente, ergonômica e economicamente


satisfatórios. Desse modo, o engenheiro deve pensar tanto em custo quanto em
desempenho quando está projectando qualquer produto (bens ou serviços). A isso se
dá o nome de “valoração”.

23 Miles, D. Lawrence, (1961), Techniques of Value Analysis and Engineering, McGraw Hill Co. publishers
24 O custo é a quantificação financeira dos recursos consumidos para a produção de um bem ou prestação de um serviço.
27 Cooper, R. and Slagmulder, R. (1997): Target Costing and Value Engineering.

86
A acção dos gestores de recursos materiais deve ser sobre aqueles recursos materiais
que possuem maior peso na formação de custos e sobre aqueles que oferecem maiores
condições de serem optimizados.

4.5.3. Funcionamento da Análise da Engenharia do Valor


A movimentação interna de materiais, também conhecida como intralogística, não se
resume unicamente aos equipamentos, pois assim como a armazenagem, os controles
e outros processos não agregam valor ao produto final, seja numa fábrica, centro de
distribuição, terminal ou em qualquer outro lugar. Portanto, quanto menos quantidade
de material houver no fluxo e quanto mais ágil e directo for esse processo, melhor será
para a empresa. Destaca-se que só as actividades que contribuem para a evolução do
produto acabado é que irão agregar valor aos produtos, ou seja, apenas aquelas
actividades em que o cliente final irá sentir e dar valor por elas.

Engenharia de Valor é aplicação sistemática, consciente de um conjunto de técnicas,


que identificam funções necessárias e desnecessárias, estabelecem valores para as
mesmas e desenvolvem alternativas para desempenhá-las ao mínimo custo.

A análise de valor procura aumentar o valor das peças e componentes e do produto


como um todo, sem comprometer suas funções, baseando-se nas seguintes etapas:
 Identificar as funções de um produto;  Estabelecer valores para estas funções; 
Procurar realizar essas funções ao mínimo custo, sem perda da qualidade;

Classificação das funções do produto:


a) Quanto a Hierarquia das funções do produto:
 Principal: Explica a própria existência do produto sob a ótica do consumidor;

 Básicas: aquela que faz funcionar o produto. Sem ela o produto perderá o seu valor
e em alguns casos até a identidade;
 Secundárias: suportam, ajudam, possibilitam ou melhoram a função básica;

87
b) Quanto a finalidade do produto

 Valor do uso: são as propriedades e qualidades que o produto pode realizar um


propósito útil ou serviço; possibilita o funcionamento do produto e podem ser tanto
básicas como secundárias; são funções mensuráveis;

 Valor de estima: as propriedades, características ou atratividade que nos levam a


querer ou ele próprio; Características que tornam o produto atrativo e excitam o
consumidor, aumentando o desejo de possuí-lo. São de natureza subjectiva e não
mensuráveis;

 Valor do custo é a soma do trabalho, material e outros custos necessários para


produzi-lo;
 Troca Valor são as propriedades ou qualidades que nos permitem trocá-lo por outra
coisa que queremos.
O Valor de um produto é determinado pelo consumidor e representa a quantidade de
dinheiro que o consumidor está disposto a pagar pelas funções que contém.

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DO VALOR


Para estabelecer um valor para cada função utiliza-se a seguinte fórmula:

Valor do componente
Valor da função: Menor custo obtido na comparação entre produtos semelhantes;
Custo do componente: Custo do componente que está sendo analisado;
A análise de valor procura aumentar o valor do componente de duas formas:
Aumentando o valor de sua função: Acrescentar características consideradas
desejáveis pelos consumidores. Ex. Em um carro colocação de vidros elétricos, ar
condicionado, etc;
Reduzindo os custos: Reduzir custo de matéria prima, por exemplo;

88
Sumário

Ao longo dos anos têm surgido vários modelos de gestão dos recursos materiais nas
organizações, cada um baseado num conjunto de objectivos principais, que se
resume na maior eficiência, efectividade, eficácia e produtividade empresarial e
satisfação plena das necessidades, desejos e demandas dos clientes, em contra
posição ao modelo tradicional.

Nesta unidade, a presentamos os modelos teóricos de gestão de stocks alternativos


ao modelo da logística tradicional passíveis de ser utilizados nas empresas e de mais
organizações incluindo as entidades da administração pública tais como o Estado e
as autarquias locais, as empresas públicas, institutos públicos, fundos públicos.

No rol dos modelos teóricos de gestão de stocks alternativos ao modelo da logística


tradicional, destacamos o Outsourcing (a terciarização), Mass Customization ou
Customização em Massa, o Postponement, o Just in Time e a Engenharia de Valor ou
Value engeneering.
89
Exercícios

1. Indique os modelos de gestão de recursos materiais alternativos ao Modelo


tradicional da logística.
2. Explique as báses filosóficas do Just in time.
3. Distinga a “postpointment” da “customização em massa”
4. Explique os objectivos do Just in time.
5. Explique as báses filosóficas da Engenharia de valor.
6. Discuta com base em exemplos a aplicação prática da engenharia do valor na
prestação dos serviços na administração pública.
7. Explique o modelo de gestão de recursos baseados no fornecedor preferencial.

TEMA V: ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÓNIO PÚBLICO UNIDADE TEMÁTIVA V: ADMINISTRAÇÃO DO


PATRIMÓNIO PÚBLICO

5.1. Noção da Administração do Património Público


5.1.1. Noção de património público
5.1.2. Gestão do Património do Estado
5.1.3. Funções dos órgãos de Gestão do Património do Estado
5.2. Ciclo de Vida do Património do Estado
5.2.1. Planificação do Património do Estado
5.2.2. Procuriment público do Património do Estado
5.2.3. Registo, inventariação, classificação do Património do Estado;
5.2.4. Aplicação e manutenção dos Bens do Estado
5.2.5. O abate do Património do Estado
5.3. Elementos Básicos do Património do Estado
5.3.1. Bens do Estado
5.3.2. Direitos do Estado
5.3.3. Obrigações do Estado

90
Introdução
A administração pública existe para realizar em termos concretos o interesse geral
(interesse público) definido pela função política, ou seja, a administração pública tem
pelo contrário a natureza executiva de pôr em prática as orientações tomadas a nível
político - materializa as decisões políticas.

O objecto da administração pública é a satisfação regular e contínua das


necessidades colectivas de segurança, cultura, bem-estar económico e social. A
administração pública tem como função assegurar a administração do país, garantir
a integridade territorial, velar pela ordem pública e pela segurança e estabilidade
dos cidadãos, promover o desenvolvimento económico, implementar a acção social
do Estado, desenvolver e consolidar a legalidade e realizar a política externa do país.

Em Moçambique a administração pública existe para garantir a realização em


concreto a) da defesa da independência e da soberania; b) da consolidação da
unidade nacional; c) da edificação de uma sociedade de justiça social e da criação do
bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos; d) da promoção
do desenvolvimento equilibrado, económico, social e regional do país; e) da defesa
e da promoção dos direitos humanos e da igualdade dos cidadãos perante a lei; f) do
reforço da democracia, da liberdade, da estabilidade social e da harmonia social e
individual; g) da promoção de uma sociedade de pluralismo, tolerância e cultura de
paz; h) do desenvolvimento da economia e o progresso da ciência e da técnica; i) da
afirmação da identidade moçambicana, das suas tradições e demais valores sócio-
culturais; j) do estabelecimento e desenvolvimento de relações de amizade e
cooperação com outros povos e Estados (Art. 11 da CRM).

Assim, a administração pública para conseguir realizar o interesse público necessita


do capital humano, o capital financeiro e o capital físico (património público).

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

91
 Explicar a noção do património público e sua função na prossecução do interesse
público;

 Explicar os elementos constitutivos do património do Estado;


Objectivos  Explicar valor do Outsoucing de equipamento do processo produtivo;
Específicos
 Descrever as principais decisões e as etapas do ciclo de vida dos bens do
Estado;
 Descrever as diferentes categorias de Bens do Estado;
 Descrever as actividades da gestão de stocks;
5.1. Noção da Administração do Património Público
A administração do património da administração pública é o processo de
formulação do sistema uniforme e harmonizado de normas, políticas e
procedimentos sobre as modalidades, métodos e técnicas de gestão (aquisição,
registo no tombo 25 , utilização e conservação, concessão de exploração,
inventariação, fiscalização e alienação) de bens, valores, créditos e obrigações das
entidades do direito público, nomeadamente:
 as instituições e serviços da administração directa do Estado (a administração
central do Estado, a administração local do Estado, a administração local do
Estado, a administração dos órgãos independentes, e administração da
representação do estado no estrangeiro);

 as instituições e serviços da administração indirecta do Estado (o Banco de


Moçambique, os institutos públicos, as fundações públicas, os fundos públicos
e o sector empresarial do Estado);
 as instituições e serviços do poder local (autarquias locais e empresas
municipais);

 as instituições e serviços do ensino superior público (Universidades, escolas


superiores e institutos politécnicos);

 as instituições e serviços de investigação científica;  as instituições e serviços


das associações públicas.

25 Tombo é o registo de todos os bens móveis e imóveis do Estado do domínio privado de uso especial
92
5.1.1. Noção de património público
Património Público é o conjunto de bens (tangíveis ou intangíveis, onerados ou
não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas
entidades do sector público), direitos (valores e créditos) e obrigações
pertencentes ou que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente
ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração económica
por entidades do sector público.

Segundo FILHO (2005:127) Património público ou da administração pública é o


conjunto de bens, valores, créditos e obrigações de conteúdo económico
pertencentes às entidades da administração pública avaliáveis em moeda que o
tesouro público possui e utiliza na consecução do interesse público.

Em Moçambique, a análise da noção de administração do património da


administração pública levanos a concluir que o património da administração
pública, não é no todo pertencente apenas ao Estado, mas sim o património
pertencente a várias pessoas colectivas públicas incluindo o Estado, já que o
património público é conjunto de bens, direitos e obrigações das pessoas colectivas
públicas da administração pública.

Assim, o património público ou da administração pública compreende:

 O património do Estado – Administração, enquanto a principal pessoa colectiva


da administração – o património da administração directa do Estado
compreende o conjunto de bens, valores, créditos e obrigações da
administração central do Estado, a administração local do Estado, a
administração local do Estado, a administração dos órgãos independentes, e
administração da representação do estado no estrangeiro;

 O património da administração indirecta do Estado compreende o conjunto de


bens, valores, créditos e obrigações do Banco de Moçambique, do instituto
público, da fundação pública, dos fundos públicos e do sector empresarial do
Estado (empresas públicas, empresas estatais, sociedades mistas);

93
 O património do poder local ou património das autarquias locais compreende
o conjunto de bens, valores, créditos e obrigações das autarquias Locais;
 O património do ensino superior público locais compreende o conjunto de
bens, valores, créditos e obrigações das instituições do ensino superior público
(universidades, institutos superiores politécnicos);

 O património das instituições autónomas de investigação científica locais


compreende o conjunto de bens, valores, créditos e obrigações das Academias
e demais instituições de investigação;
 O património das associações públicas locais compreende o conjunto de bens,
valores, créditos e obrigações das.

Nos termos da alínea l do Art. 1 do Decreto nº23/2007, Património do Estado é o


conjunto de bens do domínio público e privado, dos direitos e obrigações de que o
Estado é titular, independentemente da sua forma de aquisição, designadamente:
(i) Bens móveis, animais e imóveis, sujeitos ou não a registo; (ii) Empresas,
estabelecimentos, instalações, direitos, quotas e outras formas de participação
financeira do Estado; (iii) Bens adquiridos por conta de projectos, quando não haja
reserva de titularidade a favor de terceiros;

Património Autárquico é o conjunto de bens do domínio público e privado, dos


direitos e obrigações de que a autarquia local é titular, independentemente da sua
forma de aquisição, designadamente: (i) Bens móveis, animais e imóveis, sujeitos
ou não a registo; (ii) Empresas, estabelecimentos, instalações, direitos, quotas e
outras formas de participação financeira da autarquia; (iii) Bens adquiridos por
conta de projectos, quando não haja reserva de titularidade a favor de terceiros;

5.2. Gestão do Património do Estado


A gestão do património é um conjunto de actividades relacionadas com os
processos previsão, de aquisição, afectação, inventariação, guarda, conservação,
movimentação, valoração, amortização, transferência e abate. A gestão de
património focaliza-se no conjunto de decisões e operações ligadas à execução
dessas políticas de aquisição, ligadas à execução dessas políticas das condições de
94
utilização de bens, direitos, obrigações, ligadas à execução dessas políticas de
controlo de património e ligadas à execução dessas políticas das condições de
liquidação de património.

A gestão do património é um conjunto de actividades relacionadas com os


processos de aquisição, afectação, inventariação, guarda, conservação,
movimentação, valoração, amortização, transferência e abate. A gestão do
património do Estado tem como objecto o tratamento do conjunto de bens,
valores, créditos e obrigações pertencentes ao Estado de avaliação pecuniária e
não pecuniárias capazes de gerar rendimentos, e permitir a sua valoração e
reflexão do seu resultado económicofinanceiro relativo à gestão de cada instituição
do Estado.

A boa gestão do património mantém os recursos físicos disponíveis e em boas


condições de uso, além de ser também um indicador de vários outros aspectos
relacionados com a boa gestão, tais como a capacidade de planificar, orçamentar
e executar políticas públicas.

Nos termos do Art. 122 do Decreto nº 17/2002 de 27 de Junho, a gestão do


património do Estado incide sobre os bens do domínio público e privado e bem
assim sobre os direitos e obrigações com conteúdo económico de são titulares
entidades da administração pública. E a gestão do património do Estado obedece
aos princípios:

 princípio de regularidade financeira que se baseia na execução do orçamento


e plano de aquisições patrimoniais mediante o cumprimento dos prazos
estabelecidos;

 princípio da legalidade diz respeito à observância das normas legais vigentes


na previsão, execução e controlo do património do Estado;
 princípio da economicidade que diz respeito à utilização racional dos recursos
disponibilizados, bem como uma melhor gestão de tesouraria na aquisição e
rentabilização do património do Estado;

95
 princípio da eficiência que diz respeito à minimização dos desperdícios para a
obtenção dos objectivos delineados no que respeita aos investimentos em
bens, valores, créditos e obrigações pertencentes ao Estado;
 princípio da eficácia que é relativo à obtenção dos resultados ou efeitos
desejados com a medida adoptada procurando a maximização do um impacto
no desenvolvimento económico e social e na conta do património do Estado;

5.2.1. Funções dos órgãos de Gestão do Património do Estado


Em Moçambique, a gestão do património do Estado e a gestão específica dos bens
do património do
Estado, nos seus domínios público e privado, bem como dos bens do património
cultural na posse do
Estado é feita pela intervenção integrada da (a) Unidade Gestora Executora, (b) da
Unidade Intermédia do Subsistema do Património do Estado e (c) da Unidade de
Supervisão do Subsistema do Património do Estado.

5.2.1.1. Unidade de Supervisão do Subsistema do Património


do Estado
Nos termos do Art. 5 do Decreto nº 23/2007 de 9 de Agosto, a Unidade de
Supervisão do Subsistema do Património do Estado, que compreende a direcção
nacional do Património do Estado do Ministério de Economia e Finanças, no que
concerne à gestão patrimonial, tem por função:

 Orientar e coordenar a elaboração e a actualização do inventário, bem como


assegurar a criação do sistema informático do cadastro e inventário do
património do Estado.
 Coordenar o processo de elaboração e consolidação do inventário;
 Supervisionar as actividades relacionadas com a gestão do património;

 Identificar e harmonizar as necessidades em bens patrimoniais e emitir parecer


sobre a sua aquisição e distribuição;

 Organizar, coordenar e supervisionar a realização dos inventários anuais e


gerais nos anos que terminem por “0” ou “5”;
 Organizar a capacitação e formação no âmbito da gestão patrimonial

96
 Organizar, coordenar e supervisionar a alienação de bens patrimoniais e
contratação pública;

5.2.1.2. Unidade Intermédia do Subsistema do Património do Estado


Nos termos do Art. 6 do Decreto nº 23/2007 de 9 de Agosto a Unidade Intermédia
do Subsistema do Património do Estado, em cada nível territorial, tem como
função:
 Coordenar o processo de elaboração e consolidação do inventário;
 Identificar e harmonizar as necessidades em bens patrimoniais;
 Organizar e coordenar a alienação de bens patrimoniais, nos termos da
legislação específica;

5.2.1.3. Unidade Gestora Executora do Subsistema do


Património do Estado
Nos termos do Art. 7 do Decreto nº 23/2007 de 9 de Agosto, a Unidade Gestora
Executora do Subsistema do Património do Estado de cada sector, tem como
função:
 Identificar as necessidades em bens patrimoniais;
 Emitir parecer sobre a aquisição de bens inventariáveis;
 Propor a afectação de bens patrimoniais;
 Elaborar o inventário, o cadastro e o tombo dos bens sob sua responsabilidade;
 Fazer o seguro dos bens do Estado, nos termos da legislação específica;
 Participar às entidades seguradoras as ocorrências cobertas por seguro;

 Conferir, em cada renovação contratual, os valores pelos quais se encontram


segurados os elementos patrimoniais;
 Verificar a ociosidade dos bens;
 Propor a declaração da incapacidade dos bens;
 Propor a transferência e abate dos bens;
 Propor a alienação dos bens nos termos da legislação específica.

97
5.3. Elementos Básicos do Património do Estado
O Património do Estado é o conjunto de bens, direitos e obrigações de que o Estado
é titular, nomeadamente, bens móveis, animais e imóveis sujeitos ou não a registo,
empresas, estabelecimentos, instalações, direitos, quotas e outras formas de
participação financeira do Estado, e bens adquiridos por conta de projectos, com
financiamento externo, quando não haja reserva de titularidade a favor de
terceiros.
“Património é o conjunto de bens, direitos e obrigações que uma pessoa física ou
jurídica que possa ser avaliado monetariamente.” Património é o conjunto de bens,
direitos e obrigações de uma pessoa que possam ser avaliados pecuniariamente
(em dinheiro) pertencentes a uma pessoa física.

Segundo FILHO (2005:127) património do Estado é o conjunto de bens, direitos


(créditos e valores) e obrigações de contéudo económico e avaliáveis em moeda
que o tesouro público possui e utuliza na consecução dos objectivos do Estado,
nomeadamente, a criação do bem-estar material, espiritual e de qualidade de vida
dos cidadãos e a promoção do desenvolvimento económico e social equilibrado e
regional do país.

Assim, os elementos constitutivos do património do Estado são: Bens, Valores,


Créditos e Obrigações.

5.3.1. Bens do Estado


Bens do Estado é o conjunto de meios pelos quais o Estado desenvolve actvidades
de prestaçaode serviços (educação, segurança e ordem pública, assitência
sanitária, defesa de soberania, etc.) à comunidade.

Bens considerados em si mesmos


• Bens corpóreos - são coisas que tem existência materiais coisas que podem ser
tocadas: um carro, uma casa. Em suma, são o objecto do direito; ou incorpóreos
de existência abstracta (produção artística ou intelectual). Ou seja, não tem
coisa tangível e são relativos aos direitos que as pessoas físicas ou jurídicas têm
98
sobre as coisas, sobre os produtos de seu intelecto ou contra outra pessoa,
apresentando valor econômico, tais como: os direitos reais, obrigacionais,
autorais.
• Bens móveis - podem ser removidos ou transportados de um lugar para outro,
por força própria (semimoventes) ou estranha, sem sua destruição, alteração
de sua essência, fim para o qual se destina; ou imóveis - não podem ser
removidos ou transportados de um lugar para outro sem
sua destruição, alteração de sua essência, fim para o qual se destina, salvo
aviões ou navios quem contem matricula sendo considerados exceções.
• Bens consumíveis - são bens móveis cujo uso importa na destruição imediata
da própria coisa; ou inconsumíveis - proporcionam reiterados usos, permitindo
que se retire toda sua utilidade, sem atingir sua integridade (ex.: casa, carro,
roupas etc.)
• Bens fungíveis - podem ser substituídos por outros do mesmo gênero,
qualidade e quantidade (ex.: saco de arroz, etc.); ou infungíveis não pode ser
substituídos por outros do mesmo gênero, qualidade e quantidade (ex.:
imóveis, quadro de pintor famoso, carro)
• Bens dingulares - são os que, embora reunidos, consideram per si, independem
dos demais. (ex.:
um livro, um selo); ou coletivos (ou universais) são as coisas que se encerram
agregadas em um todo (ex.: biblioteca, coleção de selos)
• Bens divisíveis - podem ser partidos em porções reais e distintas, formando
cada qual um todo perfeito, ou seja, permanece suas funções, sem
desvalorização considerável. Ex.: saca de milho; ou indivisíveis (se fracionados,
perdem sua substância, por exemplo: uma máquina).

Nos termos do Art. 98 da CRM, os recursos naturais situados no solo e no subsolo,


nas águas interiores, no mar territorial, na plataforma continental e na zona
económica exclusiva são propriedade do Estado. Constituem domínio público do
Estado: a) a zona marítima; b) o espaço aéreo; c) o património arqueológico; d) as
zonas de protecção da natureza; e) o potencial hidráulico; f) o potencial energético;

99
g) as estradas e linhas férreas; h) as jazidas minerais; i) os demais bens como tal
classificados por lei.

Bens do domínio público do Estado é o conjunto de bens da propriedade do Estado,


impenhoráveis e imprescritíveis, nomeadamente: (i) Zona marítima; (ii) Espaço
aéreo; (iii) Património arqueológico; (iv) Zonas de protecção da natureza; (v)
Potencial hidráulico; (vi) Potencial energético; (vii) Estradas; (viii) Linhas férreas,
incluindo os bens imóveis inerentes a actividade, nomeadamente, estações, pontes
e apeadeiros; (ix) Jazidas minerais;(x) Caminhos; (xi) Aeroportos e aeródromos; (xii)
Pontes; (xiii) Linhas telefónicas e telegráficas; (xiv) Portos e cais; (xv) Barragens,
represas, valas e canais; (xvi)
Redes de distribuição de água e energia eléctrica; (xvii) Nascentes de águas
minerais e termais; (xviii) Monumentos, museus nacionais e obras de arte; (xix)
Demais bens como tal classificados por lei.

Os bens do Estado podem ser classificados em 3 categorias:

a) Bens do Estado de uso comum são bens que se destinam ao uso comum do povo
e que podem ser utilizados livremente por todos os indivíduos. Segundo FILHO
(2005:127), bens do Estado de uso comum são imóveis de domínio público e não
são apropriados contabilmente ao património Estatal, constituindo assim o
património comunitário ou social.

Os bens do Estado de uso comum são aqueles postos à disposição do povo de


forma gratuita ou remunerada, conforme dispuser a legislação específica. São
aqueles destinados ao uso directo e imediato da colectividade em virtude de uma
destinação formal, quer seja por resultado de factos natural. Os bens de uso
comum podem ser:
 Naturais: praias, rios, lagos;
 Construídos pela acção do homem: ruas, estradas, pontes, praças.

Características dos bens do Estado de uso comum:


 Não permanecem contabilizados após a entrega ao domínio público;
100
 Não são inventariados ou avaliados;
 São impenhoráveis e imprescritíveis;
 O uso pode ser oneroso (remunerado) ou gratuito;  Estão excluídos do
património da instituição.

b) Bens de uso especial ou indisponíveis é o conjunto de bens afectos ou sob tutela


de um órgão ou instituição do Estado, indispensáveis para a realização e
prossecução das suas atribuições específicas sendo, por isso, inalienáveis e
impenhoráveis;

Segundo FILHO (2005:128), Os bens do estado do uso especial são destinados ao


uso das repartições públicas, como instrumento do Estado para a prestação de
serviços públicos, são denominados assim por estarem a serviço público e
constituírem uma utilidade pública, sempre dependente de interferência de
pessoas que administram o serviço público.
Bens de uso especial são os lugares usados pela Administração para que se consiga
atingir seus objetivos (repartições públicas).

Em outras palavras, são bens nos quais são prestados serviços públicos, tais como
hospitais públicos, escolas e aeroportos. (São bens patrimoniais indisponíveis, pois
não podem ser alienados pelo Poder Público). Possuem essa característica, de uso
especial, por estarem destinados à prestação de um serviço público, e só
conservarem esse carácter enquanto têm essa destinação. Estes bens são
declarados inalienáveis, isto é, não podem ter a sua posse transferida por qualquer
das formas de alienação. São bens de uso duradouro e apropriáveis ao património,
dividindo-se em:
 Bens móveis: mobiliários, utensílios, equipamentos, veículos, etc.;

 Bens semimóveis: animais destinados à produção, ao trabalho, à reprodução,


etc.;  Bens imóveis: terrenos urbanos, propriedades rurais, prédios, etc.

Características dos bens do Estado de uso especial:

101
 São contabilizados;

 São inventariados e avaliados;


 São inalienáveis quando empregados no serviço publico;
 nos demais casos são alienáveis, mas sempre nos casos e na forma que a lei
estabelecer;  Estão incluídos no património da instituição.
Bens de Uso Especial ou do Património Administrativo - são bens com uma
destinação especial, porque se destinam a instrumentalizar o serviço público. São,
por essa razão, indisponíveis (ex:
máquinas, veículos, etc.).

c) Bens dominiais ou dominicais ou Bens do domínio privado do Estado é o


conjunto de bens e direitos sobre móveis e imóveis que se encontram sob
administração ou tutela de órgãos e instituições do Estado;
Bens dominicais constituem o património do Estado – pertencem ao Estado na sua
qualidade de proprietário, são bens disponíveis, sem destinação pública definida.
Assim, podem ser aplicados para a obtenção de renda, ou seja, desde que
obedecidas as determinações legais, tais bens podem ser alienados. Exemplo(s):
terras devolutas e prédios públicos desativados e sem destinação pública
específica.

Bens dominicais são os que integram o domínio público com características


diferentes, pois podem ser utilizados em qualquer fim ou, mesmo alienados, se a
administração julgar conveniente. Os bens dominiais ou dominicais são aqueles
que interessam à contabilidade pública, pois são os que merecerão registos e
escrituração contábil.
Características dos bens dominicais:
 Estão sujeitos a contabilização;
 São inventariados e avaliados;
 Podem ser alienados nos casos e na forma que a lei estabelecer;
 Estão incluídos no património da instituição;  Dão e podem produzir renda.

102
5.3.2. Direitos do Estado
Direitos do Estado são os valores que representam créditos realizáveis a curto ou
longo prazo, provenientes de depósitos bancários de diversos devedores, e créditos
relativos a fornecimentos e serviços prestados, e inscrição da divida activa. Direitos
do Estado são os valores a receber registados pela prestação de um serviço ou
fornecimento de um produto pelo Estado.

Direitos do Estado são os recursos que o Estado tem a receber e que gerarão
benefícios presentes ou futuros. Pode ser, por exemplo, o valor que o Estado
receberá decorrente de uma venda a prazo, duplicatas a receber, rendimentos a
receber, aluguéis a receber, contas a receber, títulos a receber, etc.

Direitos do Estado são valores que representam créditos realizáveis a curto ou


longo prazo, provenientes de depósitos bancários de diversos devedores, e créditos
relativos a fornecimentos e serviços prestados, e inscrição da divida activa. São os
valores a receber registados pela prestação de serviços ou fornecimento de um
produto.

Os direitos do Estado
esao em forma de: a)
Valores do Estado
Segundo FILHO (2005:129), Valores do Estado são os stocks de materiais não
permanentes, isto é, com menos de 2 anos de vida, destinados ao consumo,
tranformaçãao, venda ou revenda, acções, títulos de créditos, documentos
representando valores como as apólices de seguro, joias, debêntures, títulos da
dívida pública, moedas e outros objectos pertencentes à entidade ou a terceiros
recolhidos à caixa de valores;

b) Créditos do Estado: são representados pelos resíduos financeiros, pela dívida


activa, pelos empréstimos concedisos, bem como pelos direitos a receber por
responsabilidades impostas a servidores da entidade e por motivo de extravio,
danificação, furto ou roubo de valores.

103
Segundo FILHO (2005:129), o crédito do Estado podem assumir as seguintes
formas:

o Resíduos financeiros são créditos a receber que tem uma origem de receitas
extra-orçamentais em forma de débitos de agentes arrecadadores, depósitos
bancários não-creditados, pagamentos efectuados a mais ou indevidamente
efectuados – no património integra o activo financeiro.

o Divida activa do Estado é um crédito não financeiro oriundo de triputos de


natureza tributária (impostos e taxas) e de natureza tributária (taxas, multas,
autos de infracção não contestados), lançados e não arrecadados dentro do
exercício económico a que diz respeito, podendo ser cobrados no exercício
seguinte. A dívida activa está sujeita a cobrança judicial acrescida de encaros
financeiros e honorários advocatícios, a sua arrecadação constitui receita
orçamental do exercício e que se efectivar por receita por mutações e no
património integra o activo permanente.

o Empréstimo não financeiro concedido é um crédito não financeiro, que


consiste no acto de financiamento pelo Estado de benefícios ou serviços para
terceiros para que estes paguem as amortizações de tais empréstimos a longo
prazo. Exemplo, o crédito educativo em que o Estado financia por meio de
bolsas de estudo, a formação dos seus cidadãos no território nacional ou no
estrangeiro, para que a longo prazo reembossem os valores.

5.3.3. Obrigações do Estado


Nos termos do Art. 56 da Lei nº 9/2002, a dívida pública compreende o conjunto
das obrigações assumidas em virtude das leis, de contratos, acordos e realização
das operações de crédito. Assim, as obrigações do Estado é o montante global dos
activos financeiros de terceiros (empresas ou outros Estados) que o Estado detém
em virtude das leis, de contratos, acordos e realização das operações de crédito.

Segundo FILHO (2005:130), as dívidas do Estado podem ser divididas em:

104
o Dívida flutuante é uma obrigação extra orçamental do Estado que compreende
o montante global dos activos financeiros de terceiros (resto a pagar) que o
Estado detém em virtude de empréstimos por atencipação da receita (débito
de tesouraria) e depósitos recebidos ou consignados.

A dívida futuante não está sujeita a encargos financeiros, com excepção dos
empréstimos por antecipação de receita orçamental, sua inscrição constitui receita
extra orçamental e seu resgate como despesa extra orçamentária.
A dívida Flutuante (de curto prazo) resulta de empréstimos temporários de curto prazo, contraídos
geralmente para suprir défices momentâneos de tesouraria. Engloba também os saldos credores de
contas correntes do Estado e das entidades descentralizadas e noutras instituições financeiras.

o Dívida fundada ou dívida consolidada é uma obrigação orçamental do Estado


que compreende o montante total, apurado sem duplicidade das obrigações
financeiras duma entidade do Estado, assumidas em virtude de leis, contratos,
tratados e da realização das operações de crédito 26 , para amortização num
prazo superior a um exercício económico.

A dívida fundada compreende os compromissos com exigibilidade superior a 12


meses e pode ser, tanto quanto o respectivo emprestimo, perpétua, consolidada
ou temporaria.

A dívida fundada ou consolidada é fonte de receita orçamental creditícia, a sua


amortização ou resgate está sujeita a encargos financeiros, a sua amortizaçao pode
transceder mais de um exercício económico e no património integra o passivo
permanente.

5.4. Ciclo de Vida do Património do Estado


O Ciclo de Vida do Património do Estado corresponde ao trajecto que os Bens,
valores, créditos e obrigações pertencentes ao Estado como organismos vivos

26É um compromisso financeiro assumido em razão de abertura de crédito, emissão e aceitação de títulos de crádito, aquisição financiada de bens,
recebimento antecipado de valores provenientes da venda, arrendamento mercantil, etc;
105
passam do "ventre ao túmulo", isto é, passam por fases de planeamento, aquisição
da titularidade do património do Estado, inventariação, classificação e registo do
património do Estado, aplicação e manutenção (afectação de bens, guarda,
conservação e utilização) e por obsolescência tecnológica, ociosidade – abate
(doação, alienação, transferência, incapacidade; substituição, furto; etc.).

Assim, o Património do Estado, tal como de quaisquer outras entidades, tem um


ciclo de vida que compreende as seguintes operações: a planificação da aquisiçao
do património do Estado, procuriment público do património do Estado, a compra,
classificação e registo do património do Estado, aplicação, amortizaçao e
manutenção do património do Estado, e o abate do do património do Estado.

5.4.1. Planificação do Património do Estado


A planificação do Património do Estado consiste na identificação das necessidades
em bens, valores, créditos, obrigações, serviços ou obras pelas UGEAS, sua inscrição
nos planos de investimentos e a previsão dos encargos a inscrever no orçamento
do para a consequente a decisão de aquisição;

5.4.2. Procuriment público do Património do Estado


O Procuriment público do Património do Estado consiste na pesquisa e
desenvolvimento de fornecedores de bens, serviços ou obras. O procuriment
público na República de Moçambique é baseado no concurso público. O Regime
Geral para a contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento de bens,
prestação de serviços ao Estado e concessões é o Concurso Público.

Aquisição da titularidade do Património do Estado de através um processo de


contratação de empreitadas de obras públicas, fornecimento de bens e prestação
de serviços ao Estado e aquisição da titularidade do património do Estado por
compra, transferência, troca ou permuta, expropriação, doação, herança, legado
ou perda a favor do Estado, dação em cumprimento, construção, produção,
reversão, etc (vide Art. 8 do Decreto nº 23/2007 de 9 de Agosto)

106
5.4.3. Registo, inventariação, classificação do Património do Estado;
Todo o património do Estado sujeito a registo é inscrito nas respectivas
Conservatórias em nome deste, pelo Ministério que superintende a área das
Finanças e, os pertencentes às autarquias locais, empresas do Estado, institutos e
fundos públicos dotados de autonomia administrativa, financeira e patrimonial,
pelos respectivos órgãos. Quando se trate de bens de domínio público ou de uso
especial para o serviço a que estão afectos, será igualmente inscrito um ónus de
impenhorabilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade.

Nos termos de Art. 12 do Decreto nº 23/2007 de 9 de Agosto, o património do


Estado deve ser identificado mediante afixação de etiquetas, chapas ou placas,
contendo o número do tombo, cadastro ou do inventário e a expressão
“PATRIMÓNIO DO ESTADO”, sempre que aplicável e conforme os casos. Os dois
instrumentos de administração do Património do Estado são o cadastro e o
inventário.

5.4.3.1. O cadastro
O Cadastro é o instrumento utilizado para a especificação, classificação e registo de
bens que compõem o domínio público do Estado; O objectivo do Classificador Geral
(CG) é de uniformizar a classificação de todo o Património do Estado no país,
facilitando assim o seu registo e valoração. O Classificador Geral está dividido em
3 categorias:

a) Bens móveis - categoria que também inclui os livros e as publicações, animais e


outros bens móveis, agrupados por Tipo/Função;
Veículos – categoria que inclui os rodoviários, os ferroviários, os aéreos e os
marítimos, agrupados por tipo de Combustível, Tipo e Cilindrada. As viaturas do
Estado classificam-se em:

 Viatura potocolar é aquela que se destina ao transporte de titulares dos órgãos


de soberania do Estado, de individualidades nomeadas pelo Presidente da
República e dos demais órgãos definidos por lei, quando em deslocação em
serviço;

107
 Viatura de afectação individual é aquela que se destina ao uso permanente das
individualidades e dos titulares de órgãos e dos demais cargos de direcção e
chefia abrangidos por legislação específica;
 Viatura de serviço é aquela que se destina ao transporte dos funcionários do
Estado em serviço ou a executar tarefas específicas do sector a que estão
afectas.
b) Bens imóveis – categoria que inclui toda a infraestrutura, agrupados por
Localização, Tipo e Domínio (publico/privado).
O Classificador Geral de bens do património do Estado contempla a classificação
económica da despesa (CED), grupo de bens e as taxas de amortização anuais. O
classificador geral é um número composto por 8 dígitos, sendo os três primeiros
referentes à CED, os três seguintes ao grupo do bem e os dois últimos referentes
ao bem em questão. Ex: Computadores portáteis (laptop) - 212 001 17.

5.4.3.2. O Inventário
Compete à Unidade Gestora Executora (UGE) do Subsistema do Património do
Estado (SPE): (i) proceder e manter actualizado o inventário de todos os bens sob
sua responsabilidade, (ii) afixar em lugar visível de cada departamento a relação de
bens nele existente, e (iii) orientar as UGB para executarem procedimentos
similares em suas áreas de responsabilidade.
Os bens devem ser quantificados e valorados (Decreto 23/2007, Artigo 3, ponto i).
O Inventário é o instrumento utilizado para o registo, acompanhamento e controlo
dos bens que compõem o
Património do Estado ou que estejam à sua disposição. A palavra inventário vem
do latim inventarium, que significa uma lista onde se encontram registados bens
de propriedade de alguém, e suas características. O inventário dos bens do
património do Estado deve ser organizado na base de alguns documentos, a saber:
(i) o Classificador Geral, (ii) a Ficha de Inventário, (iii) as Facturas ou Recibos de

108
aquisição, (iv) as Escrituras de Compra e Venda, (v) os Contratos ou Acordos, (vi)
outros documentos pertinentes.

Os bens do Estado devem ser inventariados pela Unidade Gestora Executora do


Subsistema do Património do Estado considerando, entre outros, os seguintes
elementos: código; número; designação do bem; tipo de aquisição; dimensões;
valor; data de aquisição; localização institucional e geográfica.
O Inventário do Património do Estado é uma parte integrante da Conta Geral do
Estado (CGE). A Conta Geral do Estado é um documento que evidencia a execução
orçamental e financeira e deve conter informações completas sobre: as receitas
cobradas e as despesas pagas pelo Estado, o financiamento ao défice orçamental,
os fundos de terceiros, o balanço do movimento de fundos entrados e saídos na
Caixa do Estado, os activos e passivos financeiros e patrimoniais do Estado e os
adiantamentos e as suas regularizações (vide Art. 47 da Lei nº 9/2002).

O inventário abrange bens de utilização permanente: com vida útil superior a um


ano (duradouro), com valor de aquisição igual ou superior a 350,00 MT (2011) e
que não se destinem à venda. Compete ao Ministério que superintende a área de
Finanças a actualização deste valor através de um despacho do Ministro.Os bens
patrimoniais cujo valor de aquisição seja inferior ao definido são arrolados e
contabilizados, para efeitos de consolidação da informação.

5.4.4. Aplicação e manutenção dos Bens do Estado


A aplicação dos Bens do Estado consiste na decisão e operação de afectação de
bens, guarda, conservação e utilização do bem no processo de prestação de
serviços ou de produção de bens económicos. A manutenção dos bens do Estado
é o conjunto de actividades (decisões e operações) que permitem maximizar o ciclo
de vida de um bem, manter o valor do investimento inicial, manter o bem seguro e
assegurar o funcionamento de um bem nas melhores condições de uso e com o
melhor conforto para o utente, evitando a sua degradação através de um conjunto
de actividades rotineiras. Qualquer objecto tem um ciclo de vida médio e a duração
109
desse ciclo varia em função do objecto e em função da actuação e influência do
meio sobre ele: por exemplo, as forças da natureza, o homem que o usa e os
cuidados a ele dispensados.

 Nos edifícios e no mobiliário, a manutenção é tanto preventiva (para evitar


problemas) como correctiva (para corrigir problemas). Ela inclui pequenos
consertos e exclui reabilitações.
 Nos equipamentos técnicos, maquinarias e veículos a manutenção tende a ser
predominantemente preventiva. A maioria das actividades correctivas e de
consertos já não são consideradas como actividades próprias da manutenção.

A manutenção compreende dois tipos de actividades:

 Actividade de manutenção preventiva consiste na revisão do estado do


bem, limpeza, lubrificação, afiação, visando evitar o desgaste de objectos;
Portanto, a manutenção preventiva (ou de rotina) de um bem compreende
actividades que obedecem a periodicidades variadas, e que podem ser
programadas.
 Actividade de manutenção correctiva consiste nas decisões e operações
realizadas visando a reposição de peça gasta e corrigir defeitos detectados.
 A manutenção correctiva não é completamente programável. No entanto,
as correcções podem ser executadas, ou detectada a sua necessidade, no
âmbito da manutenção de rotina.

Os principais desafios para a manutenção são:


 Falta de entendimento do conceito de manutenção;
 Estado precário dos bens públicos;
 Escassez de recursos financeiros;
 Dificuldades de organização;
 Dificuldades na compra e transporte de materiais;  Recursos humanos
limitados na gestão e implementação;  Falta de serviços profissionais.

110
Para a organização prática dos vários tipos de manutenção é necessário que exista
uma boa coordenação entre os vários actores. Quando chegar ao momento da
execução física, é importante ter essencialmente: mão-de-obra, materiais e
ferramentas.

Materiais e ferramentas
Na maioria dos casos, as pessoas indicadas precisarão de ferramentas ou
instrumentos para poderem executar actividades específicas de manutenção. Por
exemplo, um medidor de corrente eléctrica ou uma vassoura. Para além das
ferramentas e instrumentos, muitas vezes será necessário algum material de
reposição. Por exemplo, o carpinteiro que faz o conserto de um móvel irá precisar
de pregos ou parafusos, para além do martelo ou da chave de fenda.

Armazenamento
O armazenamento é um aspecto da organização muito importante na manutenção.
Convém manter algumas ferramentas (martelo, chave de fenda, alicate, escada) e
instrumentos de limpeza acessíveis e num local próprio, no edifício.

Também convém manter armazenados os materiais sobressalentes e de uso


frequente, cuja necessidade é previsível (por exemplo: lâmpadas, pregos,
parafusos, linha, cola de madeira). É necessário saber quais são os itens que
respondem às necessidades de uma determinada infraestrutura e estabelecer um
sistema de armazenamento com responsabilidades atribuídas, mantendo um
registo de entrada e saída para materiais e peças sobressalentes.

Amortização do património do Estado consiste na operação contabilística que visa,


simultaneamente, a imputação do custo da utilização dos bens imobilizados pelos
diversos exercícios económicos, e a actualização do valor desses bens por
imputação da depreciação ocasionada por aquela utilização;

Não estão sujeitos ao regime de amortizações os seguintes bens: bens de natureza


cultural, tais como obras de arte, documentos, bens com interesse histórico e bens
111
integrados em colecções e antiguidades; Livros e publicações; Veículos antigos com
relevância histórica; e Bens que se valorizem pela sua raridade.

5.4.5. O abate do Património do Estado


O abate do Património do Estado ou extinção da titularidade do património do
Estado consiste na perda da titularidade do património do Estado por abate
quando padeça de obsolescência tecnológica, ociosidade, incapacidade, furto, ou
quando a sua permanência já não é justificada quanto à economicidade, eficiência
e eficácia na prestação de serviços.

Nos termos do Art. 45 do Decreto 23/2007, o abate de um bem com fundamento


na inacapacidade do bem do Estado (imóveis, máquinas, ferramentas, material de
transporte ou eléctrico ou instrumentos de precisão) considera-se justificál no que
respeita a economicidade, eficiência e legalidade, nomeadamente:
 Quando o bem não seja mais necessário ao serviço ou sector a que está afecto;
 Quando tenham sido alteradas as formas ou o sistema de trabalho por evolução
da técnica ou razão semelhante;

 Quando a avaria do bem em serviço, requeira uma reparação de cujo custo


exceda 50% do seu valor líquido;
 Quando o defeito de construção que o bem do Estado tenha não permita a sua
utilização; e
 Quando o bem do Estado inutilizado por acidente, uso intensivo ou outras
razões;

Compete à Unidade Gestora Executora do Subsistema do Património do Estado


propor, fundamentadamente, o abate de bens do património do Estado, devendo
tal proposta indicar o motivo do abate, e anexar o respectivo auto indicando, a)
Designação, número do Tombo, Cadastro ou Inventário, valor e ano de aquisição
ou construção, estado de conservação e o valor líquido do bem a abater; b) Valor
comercial aproximado ou interesse histórico, artístico ou de curiosidade; c)

112
Informação sobre a necessidade de substituição do bem julgado incapaz; e d)
Informação sobre a substituição do bem.

O abate 27 do património do Estado pode ser feito por doação a terceiros,


alienação, transferência, troca, destruição; substituição, furto, etc. (vide Art. 9 do
Decreto nº 23/2007 de 9 de Agosto).

Sumário

Os órgãos da administração pública moçambicana tem como função assegurar a


administração do país, garantir a integridade territorial, velar pela ordem pública e
pela segurança e estabilidade dos cidadãos, promover o desenvolvimento económico,
implementar a acção social do Estado, desenvolver e consolidar a legalidade e realizar
a política externa do país.

Assim, a administração pública para conseguir realizar o interesse público, que assenta
a edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar material,
espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos necessita do capital humano, o capital
financeiro e o capital físico (património público).

Nesta unidade, a presentamos a noção de património da administração pública,


distinguindo o com o Património do Estado com o património das autarquias locais, o

27 Abate é o acto administrativo que consiste em retirar do inventário de um órgão ou instituição do Estado um determinado bem;
113
património das empresas públicas, o património dos institutos públicos, o património
fundos públicos.

No rol das entidades da administração pública com património próprio, apresentamos os elementos
constitutivos do património do Estado, sendo de destar (a) os bens do Estado (bens comuns, bens de
uso especial e bens dominicais ou Bens do domínio privado do Estado), (b) direitos do Estado (valores
e créditos do Estado) e obrigações do Estado (dívida flutuante e dívida consolidade).

Finalmente, discorremos as diferentes etapas do ciclo de vida do património do Estado,


designadamente, a planificação do património do Estado, o procuriment do património do Estado,
registo e inventariação do património do Estado, aplicação e manutenção do património do Estado e
abate do património do Estado.

Exercícios

I. Os elementos básicos constitutivos do Património Público são bens, valores, créditos e obrigações.
1. Distinga “património público” do “património do Estado”.
2. Explique em que circunstâncias é que o Estado deve recorrer a emprástimos.
3. Distinga a “Dívida activa do Estado” da “Dívida pública fundada”.
4. Distinga “operações financeiras activas do Estado” das “operações financeiras
passivas do Estado”.
5. Explique os processos de registo de bens móveis e imóveis do Estado.
6. Explique as etapas e decisões do ciclo de vida dos Bens do Estado.
7. Distinga a “Dívida Flutuante” da “Dívida pública fundada”.
8. Discuta a noção de autonomia patrimonial.

114
TEMA VI: PROCEDIMENTOS DE PROCUREMENT PARA AQUISIÇÕES GOVERNAMENTAIS UNIDADE
TEMÁTICA VI: PROCURIMENT PÚBLICO EM MOÇAMBIQUE

6.1. Noção do procuriment público


6.2. Regimes Jurídicos da Contratação pública (Procurement público)
6.3. Concurso Público
6.3.1. Fases do Concurso Público
6.3.2. Critérios de Avaliação e Decisão (Adjudicação) do Concurso Público
6.4. Regime Excepcional da Contratação pública (Procurement público)
6.4.1. Concurso com Prévia Qualificação
6.4.2. Concurso Limitado
6.4.3. Concurso em Duas Etapas
6.4.4. Concurso por Lances
6.4.5. Concurso de Pequena Dimensão
6.4.6. Ajuste Directo
6.4.7. Concurso por Cotações
115
Introdução
Hoje em dia, a problemática da contratação pública ou do procuriment público
assenta na forma como os órgãos da administração pública seleccionam os
forncedores de bens ou de serviços necessários à consecução eficiente do interesse
público a seu cargo, falamos da contratação legal, transparente, com observância
estrita dos princípios da legalidade, de regularidade, da eficiência, etc.

Objectivos  Explicar a noção do procuriment do património público e sua função na


Específicos
prossecução do interesse público;
 Explicar os regimes do procuriment público de bens, serviços e obras
públicas na administração pública;
 Explicar os procedimentos do procuriment público de bens, serviços e
obras públicas;
 Descrever as principais decisões das etapas do processo de procuriment de
bens, serviços e obras na administração pública;
 Descrever os critérios de selecçao de fornecedores de bens, serviços e obras do
Estado;

6.1. Noção do procuriment público


Procurement é uma palavra inglesa, cuja tradução mais próxima para o
português é aquisição. A noção de "Procurement" é a função primordial da
logística, que descreve as actividades e os processos de aquisição de produtos e
serviços por pessoa jurídica de direito público ou privado de acordo com critérios

116
pré-estabelecidos. O processo de “Procurement” envolve a sincronização dos
stakeholders internos com os stakeholders externos.

Procurement é o processo de aquisição de bens, serviços e obras, desde o


aparecimento da necessidade até à sua completa satisfação, incluindo, a
especificação das necessidades, a definição da estratégia de fornecimento, a
negociação do fornecimento, a elaboração e negociação do contrato, sua gestão
e encerramento.

O processo de “Procurement” envolve início, projecto, desenvolvimento, teste,


contratação, produção, implementação, apoio logístico, modificação e outros
sistemas, suprimentos ou serviços28.

Segundo Dias (2005:151), Procurement, apresenta-se como um conceito cada


vez mais integrado, que vai desde a identificação do fornecedor, a contratação,
e a gestão de todo o processo de abastecimento, tanto para os produtos em
curso, como para os que se encontram em fase de projecto.

Procurement público se refere a um conjunto de actividades (decisões e


operações) realizadas pelos órgãos da administração pública, visando a
aquisição da titularidade de bens ou visando identificar o forncedor de serviços
(e soluções) para cumprir as metas de uma determinada unidade orgânica na
administração pública.

O Procurement público envolve as actividades executadas conforme


fundamentos legais e directivas pré-estabelecidas, as quais se iniciam com o
pensamento estratégico (missão, visão, valores, planos e metas) até chegar ao
pensamento táctico (planos de produção e prestação de serviços e identificação
de recursos materiais necessários) e operacional, tais como: pesquisa de
fornecedores (inteligência), avaliação de fornecedores (auditorias), e

28 Defense Acquisition University (julho 2005)


117
negociação de contratos (cost models), entre outras, inclusive as actividades de
"Compras" necessárias para encomendar e receber bens29.

Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou


estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
actividades de produção, montagem, criação, construção, transformação,
importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços. O fornecedor é aquele agente que exerce sua atividade,
sendo mentor e executor do fornecimento que chega ao consumidor.

Contratação pública (Procurement público) é o procedimento formal de


contratação (procura) de empreitada de obras públicas, aquisição de Bens e
Fornecimento de Serviços para a Administração Pública, com vista a prossecução
do interesse público.

Nos termos do Art. 3 do Decreto nº5/2016, o procuriment público deve observar


os princípios da legalidade, finalidade, razoabilidade, proporcionalidade,
prossecução do interesse público, transparência, publicidade, igualdade,
concorrência, imparcialidade, boa-fé, estabilidade, motivação,
responsabilidade, boa gestão financeira, celeridade e os demais princípios de
direito público aplicáveis.

6.2. Regimes Jurídicos da Contratação pública (Procurement público)


Segundo Mackenzie (2007: 60) os principais métodos de Procurement são os
seguintes:

 Compra directa de fabricantes, atacadistas ou varejistas diretamente de


seus estabelecimentos, por catálogos ou por negociações;

 Comprar por catálogo de um intermediário que agrega vários catálogos


de vendedores;

 Comprar de um catálogo interno que agrega os catálogos de fabricantes


aprovados pela empresa, incluindo preços pré-estabelecidos;

29 Helio Ernesto Setti Jr Purchasing - Procurement - Foreign Trade Management & Supply Chain Lead Auditor
118
 Uma concorrência ou sistema de licitação (leilão reverso) de modo que
os fornecedores possam competir uns com os outros;
 Comprar em sites de leilão privado ou públicos nos quais a organização
participa como um comprador único;

 Unir-se a sistemas de compra em grupo. O grupo negociará ou


participará, então, de um processo de concorrência.
Aquisição da titularidade do Património do Estado de através um processo de
contratação de empreitadas de obras públicas, fornecimento de bens e
prestação de serviços ao Estado e aquisição da titularidade do património do
Estado por compra, transferência, troca ou permuta, expropriação, doação,
herança, legado ou perda a favor do Estado, dação em cumprimento,
construção, produção, reversão, etc (vide Art. 8 do Decreto nº 23/2007 de 9 de
Agosto).

O procuriment público em Moçambique é baseado nos seguintes regimes


jurídicos:
a) O Regime Geral da contratação de empreitada de obras públicas,
fornecimento de bens, prestação de serviços e concessões ao Estado e
demais entidades públicas é o Concurso Público.
b) O regime especial da contratação pública é aplicável na (i) contratação
decorrente de tratado ou de outra forma de acordo internacional entre
Moçambique e outro Estado ou organização internacional, que exija a
adopção de regime específico; e (ii) Contratação realizada no âmbito de
projectos financiados, total ou substancialmente, com recursos provenientes
de financiamento ou doação oriundos de agência oficial de cooperação
estrangeira ou organismo financeiro multilateral, quando a adopção de
normas distintas conste, expressamente, como condição do respectivo
acordo ou contrato.

c) Regime excepcional da contratação pública é aplicável (i) Sempre que se


mostre conveniente ao interesse público e estejam presentes os requisitos
fixados no Regulamento, devendo a Unidade Gestora Executora das
119
Aquisições fundamentar, em face à Autoridade Competente, a opção pela
aplicação de Regime Excepcional para contratação de empreitada de obras
públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado.

6.3. Concurso Público


O Concurso Público é a modalidade de contratação na qual pode intervir todo e
qualquer participante interessado, desde que reúna os requisitos estabelecidos
nos Documentos do Concurso. A comunicação sobre a abertura de concurso
pública, é feita por meio da imprensa, designadamente no jornal de maior
circulação no País e edital, podendo ser utilizado outro meio de comunicação
adequado e de fácil acesso para o público-alvo.

6.3.1. Fases do Concurso Público


O Concurso Público processa-se de acordo com um encadeamento lógico de
fases. As fases do processo são as seguintes:

a) Preparação e Lançamento: consiste na identificação da necessidade de


contratação da empreitada ou de fornecimento de bens ou serviços pela
entidade contratante, a vefificação da existência do cabimento orçamental,
a nomeaçao do júri 30 do concurso, a preparaçao dos documentos do
concurso, nomeadamente, o objecto de licitação, os prazos, programa do
concurso público, cadernos de encargos, os projecto e requisitos de
qualificação dos concorrentes; a preparação inclui todas as operações
preparatórias que antecem o lançament do cuncurso, tais como o despacho
que autoriza o lançamento do concurso; O lançamento do concurso público
consiste na divulgação no jornal de maior circulação do país da decisão de
licitação, ou que convida os concorrentes interessados a apresentar as suas
propostas face a um objecto de licitação;

30Júri: órgão colegial que zela pela observância de todos os procedimentos atinentes à contratação pública. O Júri é composto por um
mínimo de três (3) membros, qualificados na matéria objecto do concurso, dos quais pelo menos um (1) é funcionário ligado à Unidade
Gestora Executora das Aquisições.
120
A aquisição dos Documentos de Concurso não é condição para participar no
Concurso Público, podendo a Entidade Contratante cobrar, para seu
fornecimento, apenas o valor correspondente ao custo de reprodução gráfica.

Os Documentos do Concurso podem exigir, como condição de aceitabilidade da


proposta, a prestação de garantias. As referidas garantias podem ser definitivas
ou provisórias, e o seu valor encontra limites máximos estipulados no
Regulamento. Serão, normalmente, aceites pela Entidade Contratante as
seguintes formas de garantia: (i) garantia bancária; (ii) caução em dinheiro; (iii)
cheque visado; (iv) títulos de divida publica; e (v) seguro-garantia. Porém, os
Documentos do Concurso podem prever outras formas de garantia.

Nos termos do nº2 do Art. 47 do Decreto nº 5/2016, nos Documentos de


Concurso público evem constar:
 Identificação do concurso e o objecto da contratação e sua especificação;
 As fases do concurso;

 Endereço e data limite para solicitação dos esclarecimentos necessários à


boa compreensão e interpretação de todas as normas e elementos que
integram os Documentos de Concurso;
 Os requisitos de qualificação dos concorrentes;
 Exigências de entrega de amostras, se for o caso;

 Modo de apresentação das propostas, com indicação dos elementos e


documentos que devem acompanhá-las;

 O local de visita da obra, bem como os respectivos dias e horários, na


contratação de empreitada de obras públicas;
 A moeda em que deve ser expresso o preço e as condições de pagamento;
 Local, dia e horário para entrega das propostas e docu-mentos de
qualificação e para abertura das propostas;
 Prazo de validade das propostas, durante o qual o concorrente fica obrigado
a manter a proposta;
 Possibilidade de apresentação de propostas com variantes, quando for o
caso;
121
 As garantias que sejam exigidas;
 Critérios para avaliação de propostas e de decisão;
 Sanções aplicáveis, incluindo os casos de Cancelamento ou Invalidação do
concurso, com a indicação da responsabilidade das partes;
 Prazo de execução do Contrato;
 Especificações Técnicas e/ou Termos de Referência que observem
prioritariamente as normas moçam-bicanas;
 Fórmulas e/ou critérios para revisão dos preços de mercado, se for o caso;

Os Documentos de Concurso relativos a contratação de empreitada de obras


públicas, devem estabelecer a exigência de certificação dos materiais e
apresentação do controlo de qualidade das obras, feita pelo Laboratório de
Engenharia de Moçambique, bem como a respectiva previsão financeira.

b) Recepção das propostas e dos documentos de qualificação: consiste no acto


de disposição do contratante para receber os documentos dos concorrentes
que desejam partciapar do concurso, caso estes sejam incompletos, a
entidade deverá notificar os concorrentes para sanar as irregulares. Os
documentos de qualificação e a proposta devem ser apresentados num
único invólucro opaco, fechado, selado ou lacrado, com identificação
completa do concorrente e do objecto de concurso, no seu exterior.

Nos termos do Art. 21 do Decreto nº 5/2016, são elegíveis a concorrer na


contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento de bens ou
prestação de serviços, pessoas singulares e/ou colectivas, nacionais e/ou
estrangeiras, que demonstrem possuir qualificações jurídica,
económicofinanceira, técnica, regularidade fiscal, e que preencham ainda outros
requisitos definidos nos Documentos de Concurso.

Nos termos do Art. 23 do Decreto nº 5/2016, a qualificação jurídica afere-se pela


apresentação dos seguintes documentos: i) Declaração do concorrente de que
não se encontra no caso de condenação disciplinar, judicial ou que tenha

122
defraudado o Estado; ii) no caso de pessoas singulares, formulário devidamente
preenchido, acompanhado de fotocópia autenticada do documento de
identificação; iii) no caso de pessoas colectivas, formulário devidamente
preenchido, acompanhado de certidão de registo comercial ou documento
equivalente.

Nos termos do Art. 24 do Decreto nº 5/2016, a qualificação económico-


financeira afere-se pela apresentação dos seguintes documentos: no caso de
pessoa singular, declaração periódica de rendimentos; e no caso de pessoa
colectiva: declaração periódica de rendimentos; declaração de informação
contabilística fiscal; e iii. Declaração de que não há pedido de falência ou
concordata.

Nos termos do Art. 25 do Decreto nº 5/2016, a Qualificação Técnica afere-se pela


apresentação dos seguintes documentos: a) Certidão emitida por pessoa de
direito público ou privado, comprovativa do registo ou inscrição em actividade
profissional compatível com o objecto da contratação; b) Declaração do
concorrente comprovativa das instalações e equipamentos adequados e
disponíveis para a execução do objecto da contratação, com indicação de todos
os dados necessários à sua verificação; c) Declaração do concorrente
comprovativa da equipa profissional e técnica disponível para execução do
objecto da contratação, acompanhada dos respec-tivos currículos; d) Declaração
emitida por pessoa de direito público ou privado comprovativa de que o
concorrente adquiriu experiência em actividades com características técnicas
similares às do objecto da contratação, com indicação dos dados necessários à
sua verificação; e) Certificado de habilitações literárias e profissionais dos
responsáveis pela execução do objecto do contrato, se for o caso; f) Certificado
de qualidade emitido por pessoa de direito público ou privado, nacional ou
estrangeira, ou declaração de compromisso da empresa de adopção do sistema
de qualidade, homologada pela instituição responsável pela normalização e
qualidade; e Alvará ou documento equivalente.

123
Nos termos do Art. 25 do Decreto nº 5/2016, a regularidade fiscal do concorrente
afere-se pela apresentação dos seguintes documentos: a) Certidão válida de
quitação emitida pela Administração Fiscal; b) Declaração válida emitida pela
instituição responsável pelo sistema nacional de segurança social; e c)
Documento válido emitido pelo Instituto Nacional de Estatística que comprove
que a empresa presta informação regular, nos termos da legislação estatística
vigente.

Assim considera-se que um concorrente é elegivel quando este tenha


apresentado documentos que comprovem ter a qualificações jurídica,
económico-financeiro, técnica e a regularidade fiscal.

c) Abertura das propostas e dos documentos de qualificação: nos termos do


Art. 54 do Decreto nº5/2016, a abertura das propostas é feita pelo Júri em
acto público e nele podem participar as pessoas que o desejarem,
previamente registadas. O acto público de abertura das propostas inicia-se
com a identificação do concurso e leitura da lista de concorrentes, elaborada
de acordo com a ordem de recepção dos invólucros. São abertos os
invólucros contendo os documentos de qualificação e as propostas, os quais
devem ser rubricados pelos membros do Júri. No acto da abertura das
propostas, o Júri deve anunciar o nome dos concorrentes, os preços cotados,
e, quando exigido nos Documentos de Concurso: a) Existência ou não de
Garantia Provisória; b) Presença de proposta com variante; c) Declaração de
descontos oferecidos; e d) A presentação de amostras.
d) Avaliação, classificação e recomendação do Júri: O Júri procede de seguida,
em sessão reservada, a análise das propostas e dos documentos de
qualificação apresentadas pelos concorrentes, de acordo com os critérios
fixados nos Documentos de Concurso. Após a conclusão da análise das
propostas e documentos de qualificação apresentadas pelos concorrentes, é
124
feito o anúncio do posicionamento dos concorrentes em sessão pública pelo
Júri, podendo os concorrentes e demais interessados participarem.

6.3.2. Critérios de Avaliação e Decisão (Adjudicação) do Concurso Público


Nos termos do Art. 35 do Decreto nº5/2016, a contratação de empreitada de
obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços deve ser decidida
com base no critério de menor preço avaliado.

Será seleccionada a proposta que apresente o Menor Preço Avaliado, dos


concorrentes apurados, que tenham observado as especificações técnicas e/ou
termos de referência e requisitos de qualificação estabelecidos nos Documentos
de Concurso. A decisão com base no Menor Preço Avaliado deve propiciar a
escolha das propostas que garantam os níveis de qualidade e de qualificação do
concorrente necessários à realização do interesse público, de acordo com os
Documentos de Concurso. Na avaliação do preço devem ser levados em
consideração as especificações técnicas e/ou termos de referência e requisitos
de qualificação, estabelecidos nos Documentos de Concurso.

Excepcionalmente, não sendo viável decidir com base no critério de menor preço
avaliado, a
Entidade Contratante pode fazê-lo com base no critério conjugado na avaliação
técnica, no preço e outros factores de ponderação, fundamentando.

A avaliação baseada na conjugação das propostas técnica e preço, é feita de


acordo com os critérios de ponderação, por meio de uma fórmula matemática
que contemple, de forma objectiva, as variáveis definidas nos Documentos de
Concurso, tais como a) Condições de pagamento; b) Cronograma de
pagamentos; c) Prazo de entrega; d) Cronograma de entrega; e) Custos
operacionais; f) Custo de transporte e seguro até ao local especificado; g)
Eficiência e adequação do equipamento;
h) Disponibilidade de peças de reposição e serviços de manutenção; i) Condições
de garantia; j) Treinamento; k) Segurança; l) Benefícios ambientais; m)

125
Disponibilidade de equipamentos e qualificação da equipe técnica, nos casos em
que represente vantagem para a Entidade Contratante; e n) Ser titular de
certificado válido do selo “Orgulho Moçambicano. Made in Mozambique.”

e) Classificação ou Anúncio do posicionamento dos concorrentes: no


Concurso Público a avaliação das propostas e a qualificação dos concorrentes
deve ser realizada em etapa única. O Júri avalia as propostas dos
concorrentes, de acordo com o critério fixado nos Documentos de Concurso,
o que significa que na avaliação de propostas não deve ser considerada
qualquer vantagem não prevista nos Documentos de Concurso, sendo
obrigatória a observância de todos os requisitos neles fixados.

f) Recomendação do Júri e Adjudicação, Cancelamento ou Invalidação: o Júri


elabora o relatório, no qual recomenda a Entidade Contratante a melhor
proposta apurada no Concurso, para efeitos de decisão ou adjucação e o Júri
deve fundamentar a avaliação, classificação, desclassificação e
recomendação de Adjudicação, de acordo com a ordem de pontuação obtida
pelos concorrentes.

O júri de acordo com o decurso dos procedimentos em face da observância do


princípio da legalidade e do interesse público, a situação da elegibildade dos
concorrentes, a qualidade das propostas, o pode recomendar ao órgão decisor
da entidade contratante:

 Desclassificação de Concorrentes: Caso não sejam sanadas as falhas ou


omissões notificadas nas diligências de saneamento, o Júri procede à
desclassificação fundamentada do concorrente, caso a) Não cumpra com as
exigências previstas nos Documentos de Concurso; b) Apresente condições
inexequíveis ou abusivas; e c) Não apresente Garantia Provisória, nos termos
do artgo 102 ou, caso os Documentos de Concurso exijam a entrega de
amostras, ou ainda caso tenha sido alvo a reprovação em testes e análises
das mesmas determina a desclassificação da respectiva proposta.

126
 Cancelamento do Concurso: no caso de existência de eventos ocorridos após
o Anúncio de Concurso que comprovadamente modifiquem o interesse
público na contratação, nomeadamente, nos casos de revisão orçamental e
demais circunstâncias, devidamente, fundamentadas e, previamente,
estabelecidas nos Documentos do Concurso, e notificará a todos os
concorrentes das razões de facto e de direito nas quais baseie a sua
pretensão, para que estes se manifestem no prazo de três (3) dias úteis.
 Invalidade do Concurso: caso no acto da verificação da legalidade dos actos
praticados no procedimento administrativo de concurso, previamente à
tomada de decisão de Adjudicação, se verifique a existência de qualquer
ilegalidade à luz das normas da contratação, que implique a Invalidade do
Concurso, e no caso notificará a todos os concorrentes das razões de facto e
de direito nas quais baseie a sua pretensão, para que estes se manifestem
no prazo de três (3) dias úteis.
 Adjudicação: caso a Entidade Contratante não cancele nem invalide o
concurso, deve tomar a decisão de Adjudicação, de acordo com a
recomendação do Júri e deverá comunicar a todos os concorrentes da sua
decisão de Adjudicação no prazo não superior a três (3) dias úteis, contados
a partir da data da decisão;

 Decisão e notificação aos concorrentes: caso a Entidade Contratante não


cancele nem invalide o concurso, deve tomar a decisão de Adjudicação, de
acordo com a recomendação do Júri. g) Reclamação e recursos:
h) Celebração do Contrato: é a celebração de contrato entre a entidade
contratante e o fornecdor adjucado, o qual está sujeito ao visto do tribunal.

6.4. Regime Excepcional da Contratação pública (Procurement público)


Sempre que se mostre conveniente ao interesse público e estejam presentes os
requisitos fixados no regulamento da contratação pública, a Unidade Gestora
Executora das Aquisições pode, fundamentando, propor à Autoridade
Competente a aplicação de Regime Excepcional para contratação de empreitada
de obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado.

127
A decisão que declara verificados os requisitos de contratação em Regime
Excepcional e que determina a aplicação deste regime para contratação de
empreitada de obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços
deve ser registada por escrito pela Autoridade Competente.

6.4.1. Concurso com Prévia Qualificação


Concurso com Prévia Qualificação – é adoptado quando a competitividade por
meio de Concurso Público possa ser restringida em face da complexidade dos
requisitos de qualificação e da onerosidade na elaboração das propostas.

O concurso com prévia qualificação decorre em duas fases:


 Uma fase preliminar de pré-qualificação, com indicação do prazo de
apresentação de documentos de qualificação não inferior a vinte (20) dias
contado a partir da data do Anúncio do Concurso; e
 Uma fase subsequente de apresentação de propostas, exame e classificação,
com indicação do prazo de apresentação das propostas dos concorrentes
qualificados na fase preliminar, que não pode ser inferior a vinte (20) dias
contado a partir da data de solicitação da proposta aos concorrentes pré-
qualificados ou a partir da data de disponibilização dos Documentos de
Concurso, prevalecendo o que ocorrer mais tarde.
Assim só pode participar na fase de apresentação de proposta, exame e
classificação o concorrente que tenha sido pré-qualificado.

6.4.2. Concurso Limitado


Nos termos do Art. 69 do Decreto nº5/2016, o Concurso Limitado pode ser
adoptado quando o valor estimado da contratação não for superior a: Cinco
milhões de meticais (5.000.000,00 MT) para empreitada de obras públicas; e
Três milhões e quinhentos mil meticais (3.500.000,00 MT) para fornecimento de
bens e prestação de serviços. O Concurso Limitado é a modalidade de
contratação baseada no valor, e destinado às pessoas singulares, micro,

128
pequenas e médias empresas, inscritas no cadastro único na data definida para
entrega de propostas e documentos de qualificação.

6.4.3. Concurso em Duas Etapas


O Concurso em Duas Etapas é a modalidade de contratação em que os
concorrentes oferecem, na primeira fase, proposta técnica inicial e, na fase
seguinte, proposta técnica definitiva e a proposta de preço.

Nos termos do Art. 73 do Decreto nº5/2016, Concurso em Duas Etapas: pode ser
realizado quando:
a) a natureza das obras, bens ou serviços não permita à Entidade Contratante
definir previamente e de forma precisa as especificações técnicas mais
satisfatórias e adequadas ao interesse público a contratar; e b) O interesse
público possa ser satisfeito de diversas maneiras.

O concurso por duas etapas sendo a primeira destinada a concepção técnica do


projecto (definir de forma clara e precisa, o interesse público prosseguido pela
Entidade Contratante, as características fundamentais da obra, bens e serviços,
as alternativas técnicas admitidas para o objecto do concurso) e a segunda
etapa, que destina a execução do projecto.

6.4.4. Concurso por Lances


O Concurso por Lances é a modalidade de contratação para aquisição de bens e
serviços comuns de disponibilidade imediata, na qual a disputa entre
interessados é feita por meio de propostas de lances sucessivos em acto público.
Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujas normas de desempenho e
qualidade podem ser objectivamente definidas nos Documentos de Concurso
por meio de especificações usuais no mercado.

A apresentação de lances é feita através de novas e suces-sivas propostas verbais


pelos concorrentes que o desejarem, até à proclamação de um vencedor.

129
Enquanto houver concorrentes interessados não pode ser impedida a
apresentação de novos e sucessivos lances.

6.4.5. Concurso de Pequena Dimensão


Concurso de Pequena Dimensão é a modalidade de contratação cuja estimativa
de preço seja inferior a quinze por cento do limite estabelecido quando o valor
estimado da contratação não for superior a: Cinco milhões de meticais
(5.000.000,00 MT) para empreitada de obras públicas; e Três milhões e
quinhentos mil meticais (3.500.000,00 MT) para fornecimento de bens e
prestação de serviços, e restrita às pessoas singulares, micro e pequenas
empresas.

6.4.6. Ajuste Directo


Nos termos do Art. 69 do Decreto nº5/2016, o Ajuste Directo é a modalidade de
contratação aplicável sempre que se mostre inviável a contratação em qualquer
das outras modalidades definidas no regulamento da contratação pública, nas
seguintes circunstâncias:

 Se o objecto da contratação só poder ser obtido de um único empreiteiro de


obras, fornecedor de bens ou prestador de serviços ou se a Entidade
Contratante já tiver anteriormente contratado a aquisição de bens ou
prestação de serviços de uma entidade e se justifique a manutenção da
uniformidade de padrão;

 Em situação de emergência, que possa causar danos irreparáveis ou de difícil


reparação ao Estado ou à sociedade e apenas para satisfazer o objecto da
emergência e pelo prazo da sua duração;
 Em período de guerra ou grave perturbação da ordem pública;

 Se em concurso anterior, o mesmo ficou deserto por falta de comparência


de concorrentes, e não possa ser repetido sem prejuízo do interesse público;

 Se o objecto da contratação respeitar à defesa e segurança nacional,


especialmente na execução de obras militares sigilosas, fardamento e seus

130
complementos, aquisição, reparação e manutenção de equipamento militar
e de uso exclusivo das Forças Armadas e Policiais;
 Se o objecto da contratação se destinar ao abastecimento de navios,
embarcações, unidades aéreas militares ou tropas e seus meios de
deslocação, quando em estadia eventual e de curta duração em portos,
aeroportos ou localidades diferentes dos da sua nacionalidade e apenas o
objecto da emergência e pelo prazo da sua duração;
 Se a Entidade Contratante for o Serviço de Informações e Segurança do
Estado; e  Na contratação de arrendamento.

6.4.7. Concurso por Cotações


Nos termos do Art. 90 do Decreto nº5/2016, Concurso por Cotações é a
modalidade de contratação aplicável: a) Quando o valor estimado de
contratação for igual ou inferior a dez por cento (10%) de Cinco milhões de
meticais (5.000.000,00 MT) para empreitada de obras públicas; e Três milhões e
quinhentos mil meticais (3.500.000,00 MT) para fornecimento de bens e
prestação de serviços; b) Se em concurso anterior o mesmo ficou deserto, por
desclassificação de todos os concorrentes, e não possa ser repetido sem prejuízo
do interesse público; e c) Nas contratações realizadas por Missões Diplomáticas
e Consulares.

As Cotações são solicitadas por carta dirigida e/ou por meio de convite público,
através de edital ou outro meio de comunicação adequado e de fácil acesso para
o público alvo, com a indicação da Entidade Contratante que o promove, Termos
de Referência, modalidade de contratação, objecto de contratação, local, dias e
horários para a entrega e recepção das cotações. As cotações devem ser
apresentadas, no prazo de cinco (5) dias, a contar da data de recepção da carta
dirigida, ou data da publicação do convite público, ou outro meio de
comunicação utilizado pela Entidade Contratante; em envelope fechado, com a
identificação completa do concorrente e do objecto da contratação.

131
Sumário

Os órgãos da administração pública moçambicana tem como função assegurar a


administração do país, garantir a integridade territorial, velar pela ordem pública e
pela segurança e estabilidade dos cidadãos, promover o desenvolvimento
económico, implementar a acção social do Estado, desenvolver e consolidar a
legalidade e realizar a política externa do país.

Assim, a administração pública para conseguir realizar o interesse público, que


assenta a edificação de uma sociedade de justiça social e a criação do bem-estar
material, espiritual e de qualidade de vida dos cidadãos necessita do capital
humano, o capital financeiro e o capital físico (património público).

A problemática da contratação pública ou do procuriment público assenta na forma


como os órgãos da administração pública seleccionam os forncedores de bens ou de
serviços necessários à consecução eficiente do interesse público a seu cargo,
falamos da contratação legal, transparente, com observância estrita dos princípios
da legalidade, de regularidade, da eficiência, eficácia, economicidade, etc.

Nesta unidade, a presentamos a os regimes de contratação para fornecimento de


bens, serviços e obras de empreitada, direitos, obrigações na administração pública
no geral, e nas instituições do Estado em especial, sendo de destacar o regime de
concurso público no regime geral, o regime especial de contratação pública e o
regime excepcional de contratação pública.

No rol dos procedimentos do procuriment pública destacamos a qualificação da


eligibilidade dos concorrentes, as etapas do processo do concurso público e as
modalidades de contratação pública, nomeadamente, concurso com prévia
qualificação, concurso limitado, concurso em duas etapas, concurso por ances,
concurso de pequena dimensão, concurso por cotações e ajuste directo.

132
Exercícios

1. Explique a noção do procuriment do património público e sua função na


prossecução do interesse público;
2. Explique os regimes do procuriment público de bens, serviços e obras públicas
na administração pública;
3. Explique os procedimentos do procuriment público de bens, serviços e obras
públicas;
4. Descreve as principais decisões das etapas do processo de procuriment de bens,
serviços e obras na administração pública;
5. Descreve os critérios de selecção de fornecedores de bens, serviços e obras do
Estado.
6. Distinga a “contratação por cotações” do “contratação por lançes” na
contratação pública.

7. Distinga a “concuso com qualificação prévia” do “concurso com duas etapas” na


contratação pública.

Exercícios
1. Os recursos materiais e o património constituem um dos principais recursos
necessários na prestação de serviços e na produção de Bens tanto na
administração pública quanto na administração privada.
a) Distinga “Administração património público” e “da Gestão do património
público”. 2.0 valores

b) Explique as bases filósicas da engenharia de valor como estratégia


alternativa ao modelo tradicional da logística. 2.0 valores

2. Os elementos básicos constitutivos do Património Público são bens, valores,


créditos e obrigações.
a) Distinga a “Dívida Flutuante” da “Dívida pública fundada”. 2.0 valores
b) Explique os estágios do ciclo de vida dos bens móveis do Estado. 2.0 valores
133
Parte II: Assinale com ® a opção mais correcta em cada pergunta.

1. A teoria da administração de recursos materiais afirma que as empresas estão


sujeitas ao denominado “ciclo da administração de materiais”. A sequência
correcta de operações é, respectivamente:
A – cliente, transporte, compra de materiais, expedição transporte, recebimento
e armazenagem; B – clientes, identificação de demanda, identificação de
fornecedores e compra de materiais, transporte, recebimento e armazenagem;
C – clientes, compra de materiais, identificação de fornecedores e expedição;
D – requisição do produto final, expedição, identificação de demanda e clientes
transporte, recebimento e armazenagem;

2. As lindas praias, os maravilhosos rios e lagos são exemplos acabados de:


A – bens de uso comum resultantes da construção humana; C – bens
de uso especial; B – bens de uso comum de origem natural; D
– bens dominicais;

3. O jardim zoológico da Cidade de Maputo está despovoado, por isso sem


condições que atraiam mais visitantes, e, por conseguinte, representa um
fardo para as contas da Administração Pública. A alternativa com vista à sua
rentabilização passa pela:
A – venda ao sector privado; C – adopção das técnicas do Just in
time;
B – concessão da sua gestão; D – adopção da análise do valor;

4. A padronização de materiais em uma organização é uma forma de


normatização e constitui um conjunto de métodos e de condições a serem
alcançadas. Um dos objetivos da padronização é: A – permitir a aquisição de
pequenos lotes de materiais com preço fixo, independentemente da quantidade
comprada;
B – adquirir materiais de diversos fornecedores e com níveis de qualidade variáveis;
C – proporcionar o aumento do número de concorrências e de fornecedores;

134
D – permitir o aumento do custo de estocagem, possibilitando maior variabilidade
no arranjo físico do almoxarifado;
E – diminuir a variedade de materiais de mesma classe, racionalizando o número
de itens no estoque;

5. Património do Estado é o conjunto de bens do domínio público e privado, e dos


direitos e obrigações de que o Estado é titular, independentemente da sua
forma de aquisição, designadamente:
A – bens móveis, animais e imóveis, sujeitos ou não a registo;
B – empresas, instalações, direitos, quotas e outras formas de participação
financeira do Estado;
C – bens adquiridos por conta de projectos de cuja titularidade está reservada ao
Estado; D – todas as aternativas anteriores são correctas;

6. Num concurso público de empreitada é elegível o empreteiro que:


A - demonstre possuir qualificações jurídica, económico-financeira e técnica e a
regularidade fiscal;
B – seja apenas o empreteiro nacional;
C – Maior oferta de preço pela outorga e menor tarifa a ser praticado junto aos
utilizadores; D – todas as alternativas anteriores são correctas;

7. A modalidade do concurso chamada “ajuste directo” está intimamente ligada:


A – ao Modelo Gestionário; B – ao fornecedor preferencial;
C – à nova administração pública; D – Engenharia do valor;

8. Os modelos que regem a gestão de recursos materiais e património são os


seguintes:
A – o modelo tradicional, o Just in time e engenharia de valor;
B – fornecedor preferencial, outsoucing, o Just in time, engenharia de valor;
C – o modelo tradicional, o Just in time, engenharia de valor, fornecedor
preferencial e outsoucing;
D – Modelo de Qualidade Total de Gestão e a Nova Administração pública;

135
9. Uma viatura adquirida 1.200.000, 00 Mts sofrendo uma depreciação a taxas
constantes de 20%.
No fim de 5 anos a viatura terá o valor residual de:
A – 314.572,8 Mts B – 768.000 Mts
C – 614.400 Mts D – 393.216 Mts E–
nenhuma alternativa é correcta;

10. Admitindo uma subida significativa dos recursos materiais consumíveis na


Administração Pública. Então, é de esperar que:
A – a oferta de serviços públicos se expanda e, no novo equilíbrio, o preço seja
mais baixo enquanto houver capacidade financeira para subsidiar a oferta.
B – a oferta de serviços públicos se contraia e, no novo equilíbrio, o preço seja
mais baixo enquanto houver capacidade financeira para subsidiar a oferta.
C – a oferta de serviços públicos se contraia e, no novo equilíbrio, o preço seja
mais alto enquanto houver capacidade financeira para subsidiar a oferta.
D – a oferta de serviços públicos manter-se-ão constantes enquanto houver
capacidade financeira para subsidiar a oferta;

11. O sistema just-in-time é um método de gestão de estoques destinado a reduzir


a probabilidade de desabastecimento do sector produtivo em função da
maximização dos volumes em estoque.

Esta afirmação é:
A – Verdadeira; B – Falsa;

12. A etapa em que o órgão de compras assegura-se de que a entrega do material


será feita dentro dos prazos estabelecidos e na quantidade e qualidade
negociadas denomina–se por:
A – análise das requisições;
C – recebimento de materiais.
B – análise de valor;

136
D – pesquisa e seleção
de fornecedores; E –
seguimento de
pedidos.

13. Na gestão de recursos materiais, a logística é a parte da gestão de recursos


materiais, que é responsável pela:
A – totalidade do fluxo de materiais de uma empresa; B–
movimentação e armazenagem de produtos acabados e sua distribuição;
C – programação de compras de uma empresa; D–
programação das quantidades a serem usadas no processo produtivo;
E – pesquisa e desenvolvimento de novos fornecedores;

14. Na gestão de recursos materiais, o procuriment é a parte da gestão de recursos


materiais, que é responsável pela:
A – totalidade do fluxo de materiais de uma empresa;
B – movimentação e armazenagem de produtos acabados e sua distribuição;
C – programação de compras de uma empresa; D – pesquisa
e desenvolvimento de novos fornecedores;

15. Considera-se que há eficiência, economicidade e eficácia na gestão de


materiais, sempre que haja um equilíbrio entre:
A – acesso a crédito e qualidade de serviço;
B – taxa de lucro esperada e nível de STOCK;
C – capacidade de endividamento e demanda efectiva.
D – necessidade de financiamento e nível de oferta.
E – disponibilidade de capital de giro e nível de serviço.

16. A movimentação interna de materiais, mesmo quando necessária, em nada


contribui para a agregação de valores ao produto final, podendo, apenas, se
realizada de modo eficaz, minimizar os custos que impactam no custo final. Esta
proposição traduz a posição assumida pelos:
A – pelos teóricos do Just in time; D – pelos teóricos da Administração
Científica;

137
B – pelos teóricos do Modelo Gestionário; C – pelos teóricos da Engenharia
do valor;

17. Há relação directamente proporcional entre o custo de armazenagem e a


quantidade de produtos existente em estoque. No entanto, quando o estoque
estiver zerado, ainda assim haverá um mínimo de custo de armazenagem. Esta
afirmação é:
A – Verdadeira; B – Falsa;

18. Os materiais que devem permanecer em estoque, o volume de estoque que


será necessário para um determinado período e quando os estoques devem
ser reabastecidos são pressupostos que fundamentam:
A – o sistema de produção contínua do Modelo tradicional. B–
o dimensionamento de estoques da Engenharia do Valor;
C – a classificação de materiais. D –o
sistema de produção em lotes do Just in time.

19. Quando o almoxarife tem a intenção de esclarecer ao fornecedor os motivos


da devolução, quanto aos aspectos qualitativo e quantitativo do material
entregue, ele deverá utilizar, dentre os documentos técnicos disponíveis,
A – a comunicação de irregularidade; B – guia de
remessa com o formulário de registro de ocorrências de processo;
C – Ficha de controlo de stcock com o relatório técnico de inspeção; D – guia
de devolução de material com comunicação de irregularidade.

20. Quando o gestor do stock adopta uma gestão de materiais em stock que
privilegia a saída dos materiais que deram entrada mais recentemente, ele
utiliza o método:
A – First in first out; C – Next in next out;
B – First in Last out; D – Last in First out; E – Next in
First out;

138
21. Ao conjunto de decisões e operações que tem por objecto a planificação dos
meios de movimentação, equipamentos, mão de obra, organização, execução
e controlo das actividades relativas a mobilidade de recursos materiais,
designa-se por:
A – Gestão de compras; B – Gestão de stock
C – Gestão de armazenagem; D – Gestão de
transporte

22. O levantamento físico dos materiais e património existentes na organização


para efeito de confrontação periódica com os dados indicados nos fichários ou
banco de dados de estoque e controle patrimonial denomina-se por:
A – ponto de pedido; D – inventário físico;
B – follow -up físico; C – curva ABC;
23. Os combustíveis de veículos como a gasolina, a querosene, o diesel são
derivados petróleo bruto. Assim, esses derivados capazes de ser usados
igualmente em processos produtivos, designam-se por:
A – matéria em processamento; C – matéria-prima.
B – matéria em acabamento; D – matéria acabada.

24. No processo de avaliação de estoque, quando a saída do estoque é feita pelo


preço do último lote a entrar no almoxarifado o método de avaliação utilizado
denomina-se:
A – custo ajustado. C – LIFO.
C – FIFO D – custo médio. E – custo de
reposição.

25. A técnica de programação de materiais e património que permite entregá-los


na quantidade certa, no tempo certo e no ponto certo denomina-se:
A – Just-in-time. B – stock mínimo.
C – estoque de segurança. E – qualidade total de
gestão.
D – kaizen .

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26. Os créditos a receber, oriundos da receita tributária ou não tributária, exigíveis
por transcurso de prazo para pagamento, após o apuramento de sua liquidez
e certeza, são registados como:
A – dívida flutuante; C – dívida consolidada;
B – dívida fundada; D – dívida activa;

27. O património público é constituído por:


A – Bens, valores, créditos e obrigações pertecentes somente ao Estado-
administração;
B – Bens, valores, créditos e obrigações pertecentes ao Estado e administração
privada;
C – Bens, valores, créditos e obrigações pertecente à Administração Pública;
C – Bens, valores, créditos e obrigações pertecentes somente ao Estado e às
autarquias locais;

28. Os hospitais, museus, bibliotecas, prédios escolares, integram items de:


A – bens de uso comum resultantes da construção humana; C – bens de
uso especial;
B – bens de uso comum de origem natural; D – bens
dominicais;

29. O resultado patrimonial é calculado pela diferença entre:


A – activo real e o passivo real; B – receitas e despesas orcamentais;
C – aactivo e passivo financeiro; D – variações activas e passivas;

30. As técnicas qualitativas de previso de compras são:


A – juri de opinião executiva, método delphi, pesquisa do consumidor e pesquisa
do mercado; B – juri de opinião executiva, método delphi, pesquisa do consumidor
e pesquisa de mercado de compras;
C– juri de opinião executiva, método delphi, pesquisa do consumidor e pesquisa do
mercado e; D – juri de opinião executiva, método delph, pesquisa do consumidor,
pesquisa do mercado, técnicas causais e séries temporais

Bom trabalho!
140
Docente: Cláudio Alexandre Nhapmbe/ MBA (RH &Marketing)

Bibliografia
1. ARNOLD, J. R. Tony, Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.
2. ASSAF NETO, Alexandre; e SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do
capital de giro. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

3. BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial: Transportes, Administração de


Materiais e Distribuição Física. São Paulo: Atlas, 1993.

4. BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística empresarial: o processo de


integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001.

5. CHASE, Richard B. Administração da produção para a vantagem competitiva.


10ª ed. Porto Alegre: Bookman, 2006.
6. CHENG, T. C. E.; PODOLSKY, S. - Just-in-time manufacturing: an introduction, 2ª
ed. London:
Chapman & Hall, 1996.

7. CHING, Hong Yuh. Gestão de Estoques na Cadeia de Logística Integrada: Supply


Chain. São Paulo: Atlas, 1999;
8. CHRISTOPHER, Martin. O Marketing da Logística. São Paulo: Futura, 1999.
9. DIAS, Marcos Aurélio P. Administração de Materiais. Uma abordagem logística.
4ª .ed. São Paulo: Atlas, 1993.

10. FERNANDES, José Carlos de F. - Administraçao de Material. Rio de Janeiro: Livros


Ténicos e Científicos S.A., 1981.
11. FILHO, João Eudes Bezerra, Contabilidade Pública, 4ª edição, São Paulo, Elsevier,
2005.

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12. FRANCISCHINI, Paulino G, GURGEL, Floriano do A. Administração de Materiais e
do Patrimônio.
São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.
13. GONÇALVES, Paulo Sérgio. Administração de Materiais. São Paulo: Campus,
2004.
14. KOHAMA, Heilio, (2003) Contabilidade Pública: Teoria e Prártica, 9ª Edição, São
Paulo.

15. LIKER, Jeffrey K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante


do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005.
16. MARION, José Carlos, Contabilidade Básica, 10ª Edição, São Paulo2009.

17. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de


Materiais e Recursos Patrimoniais. São Paulo: Saraiva, 2009.
18. NOVAES, Antônio Galvão. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Distribuição:
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19. POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma


abordagem logística. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
20. SCHONBERGER, Richard J. Técnicas Industriais Japonesas: Nove Lições Ocultas
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21. VIANA, João José. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo:
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22. WOMACK, James P., A mentalidade enxuta nas empresas, Rio de Janeiro:
Editora Elsevier, 2004

Legislação Pertinente
1. Constituição da República, de 16 de Novembro de 2004;
2. Lei n°1/2008, de 16 de Janeiro: Define o regime financeiro, orçamental e
patrimonial das autarquias locais e o sistema tributário autárquico e revoga a
Lei n°11/1997, de 31 de Maio.
3. Lei nº7/2012 de 8 de Fevereiro, Aprova a lei de Base da Organização e
Funcionamento da Administração Pública, I Série BR nº 6;
4. Lei nº9/2002 de 13 de Fevereiro, aprova o Sistema de Administração
Financeira do Estado, BR nº7 I Serie.
5. Decreto nº 5/2016, de 8 de Março, Regime de Contratação de Bens, Serviços
e Obras públicas;
6. Decreto 23/2007, Regulamento do Património do Estado.
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