Você está na página 1de 112

MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA

EM

GESTÃO AMBIENTAL

Manual de Responsabilidade Socioambiental

2022
Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade da Universidade Aberta ISCED (UnISCED), e contém reservados


todos os direitos. É proibida a duplicação, reprodução parcial ou total deste manual, sob
quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Aberta ISCED (UnISCED).

A não observância do acima estipulado, o infractor é passível a aplicação de processos


judiciais em vigor no País.

Universidade Aberta ISCED (UnISCED)


Vice-reitoria Académica
Rua Paiva Couceiro, Macuti
Beira - Moçambique
Telefone: +258 23 323501
Cel: +258 82 3055839

1
Fax:233235501

Agradecimentos

A Universidade Aberta ISCED(UnISCED) e o autor do presente manual agradecem a


colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela Coordenação Vice reitoria da UnISCED

Pelo design Direção de Qualidade e Avaliação da


UnISCED

Financiamento e Logística Instituto Africano de Promoção da


Educação a Distancia (IAPED)

Pela Revisão

Elaborado Por:Prof. Doutor André Camanguira Nguiraze.

2
Contents
Bem vindo à Disciplina/Módulo de Responsabilidade Socioambiental 1
Objectivos do Módulo 1
Quem deveria estudar este módulo 2
Como está estruturado este módulo 2
Ícones de actividade 3
Habilidades de estudo 4
Precisa de apoio? 6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 6
Avaliação 7
Introdução 9
Sumário 17
Exercíciosde AUTO-AVALIAÇÃO 19
Sumário 48
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 48
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 49
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 72
Sumário: 90
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 90
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 100

3
4
Visão geral

Bem-vindo à Disciplina/Módulo de Responsabilidade


Socioambiental

Objectivos do Módulo

Ao terminar o estudo deste módulo de Responsabilidade


Socioambientaldeverá ser capaz de: discutir na medida do possivel
a responsabilidade social e ambiental, ampliando e revigorando as
organizações como papel da administração e sua importância
estratégica para legitimar sua actuaçãona gestão empresarial e
interesse sócio-ambiental.

• Propocionar o conhecimento acerca da importância das


organizações empresariais, no concernente ao desenvolvimento
sustentável, mostrando que deveria ser economicamente eficaz,
ecologicamente compatível e socialmente justo.

▪ Definir o conceito de Responsabilidade social desdobrado em


três vectores: Estado; mercado e terceiro sector.

▪ Conhecer o compromisso sobre a realidade socioambiental;


Objectivos Específicos
▪ Conhecer as ações de Responsabilidade social;

▪ Identificar novo modelo de desenvolvimento alternativo ao


modelo vigente;

▪ Desenvolver a visão critica sobre a Responsabilidade social,


desenvolvimento sustentável e sustentabilidade empresarial;

▪ Desenvolver competênciase habilidadesna gestão


socioambiental.

1
Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de


licenciatura em Gestão Ambiental da UnISCED. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar
seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o
manual.

Como está estruturado este módulo

Este módulo de, para estudantes da Responsabilidade


Socioambiental 2º ano do curso de licenciatura em Gestão
Ambiental, à semelhança dos restantes da UnISCED, está
estruturado como se segue:
Páginas introdutórias

▪ Um índice completo.
▪ Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta
secção com atenção antes de começar o seu estudo, como
componente de habilidades de estudos.
Conteúdo destaDisciplina / módulo

Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente
unidades,Cada unidade temática se caracteriza por conter uma
introdução, objectivos, conteúdos.
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só
depois é que aparecem os exercícios de avaliação.
Os exercícios de avaliação têm as seguintes caracteristicas: Puros
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e
actividades práticas algunas incluido estudo de caso.

2
Outros recursos

A equipa dos académicos pedagogos da UnISCED, pensando em si,


num cantinho, recóndito deste nosso vasto Moçambique e cheio
de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem,
apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu
módulo para você explorar. Para tal a UnISCED disponibiliza na
biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos
relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos,CD,
CD-ROOM, DVD. Para elém deste material físico ou electrónico
disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital
moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus
estudos.

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresantam duas caracteristicas:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes.
Segundo,exercícios que mostram apenas respostas.
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação,
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das terefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exrcícios de avaliação é uma grande vantagem.
Comentários e sugestões

Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados


aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza
diadáctico-Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar
apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em
goso de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo
venha a ser melhorado.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas


margens das folhas. Estes icones servem para identificar diferentes
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
3
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança
de actividade, etc.

Habilidades de estudo

O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a


aprender. Aprender aprende-se.

Durante a formação e desenvolvimento de competências, para


facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar.
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que
caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos,
procedendo como se segue:

1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de


leitura.

2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida).

3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e


assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR).

4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua


aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão.

5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou


as de estudo de caso se existirem.

IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo,


respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si:
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor
à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana?
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada
hora, etc.

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; Deve

4
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior.

Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler


e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos
conteúdos de cada tema, no módulo.

Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por


tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso
(chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que
durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos
das actividades obrigatórias.

Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalhjo intelectual


obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo,
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto, mas não aprende, cai
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente
incapaz!

Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma


avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda
sistemáticamente), não estudarapenas para responder a questões
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo,
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área
em que está a se formar.

Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que


matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos,
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a
margem para colocar comentários seus relacionados com o que

5
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
não conhece ou não lhe é familiar;

Precisa de apoio?

Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página
trocada ou invertidas,etc). Nestes casos, contacte os seriços de
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR),
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo umacarta
participando a preocupação.
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua
aprendizagem com qualidade e sucesso.Daia relevância da
comunicação no Ensino a Distância (EAD), ondeo recurso as TIC se
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor,
estudante – CR, etc.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central da UnISCED
indigetada para acompanhar as sua sessões presenciais.Neste
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza
pedagógica e/ou admibistrativa.
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30%
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida
em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficar’a a saber se
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade
temática, no módulo.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


auto−avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
duas semanas antes dassessões presenciais seguintes.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
6
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da
disciplina/módulo.
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plágio1é uma viloção do direito intelectual do (s) autor (es).Uma
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade
científica e o respeito pelos direitos autoriais devem caracterizar a
realização dos trabalhos e seu autor (estudante da UnISCED).

Avaliação

Muitos perguntam: Como é possível avaliar estudantes à distância,


estando eles fisicamente separados e muito distantes do
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja
uma avaliação mais fiável e concistente.
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os
conteúdos do seu módulo.Quando o tempo de contacto presencial
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento de
avaliação.
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudose
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e
decorrem durante as sessões presenciais. Os examespesam no
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência,
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)
trabalhos e 1 (um) (exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados
como ferramentas de avaliação formativa.

1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização.
7
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências bibliográficas
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de
Avaliação.

8
TEMA – I: CONSIDERAÇÕES GERAIS

Unidade 1.1. Introdução, Noções Gerais à Responsabilidade


Socioambiental: natureza, objectivos e Princípios.
Unidade1.2. Entidade de Terceiro Sector
Unidade1.3. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema.

UNIDADE Temática 1.1. Introdução, Noções Gerais à Responsabilidade


socioambiental: natureza, objectivos e Princípios.

Introdução

A EVOLUÇÃO E O PAPEL DA RESPONSABILIDADE SOCIAL

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL = é a ciência social que visa


adotar individual ou coletivamente, práticas em benefícios da
sociedade e do meio ambiente, melhorando a qualidade de vida das
pessoas. Trata-se de práticas para o desenvolvimento
sustentávelalçado no projecto social, com menos danos ao meio
ambiente e mais igualdade social, para isso é preciso criar nas
empresas uma política corporativa de responsabilidade
socioambiental.

O principal objectivo da Responsabilidade social é permitir a definição


de política, as práticas da empresa que devem estar em consonância
com os seus valorese necessidades internas do mercado, da sociedade
e do meio ambiente. Estas medidas de responsabilidade
socioambiental agrega valor no negócio.

A Responsabilidade Socioambiental abrange vários aspectos: social,


ambiental, cultural, económico, todos interligados. A nova ordem
mundial de relacionamento observa-sea aproximação dos interesses
das organizações e os da sociedade resultante em esforços múltiplos
para o cumprimento de objetivos compartilhados.

Afunção social da empresa, deve firmar-se em equilíbrio ao direito da


propriedade e a efetivação do fim social da atividade econômica;
respeitando os preceitos legais e principios lógicos, proporcionando
benefícios individuais e coletivos. A empresa tem uma função
social, mas não uma função de assistência social

9
É importante que o aluno tenha ideia da importância de estudar
responsabilidade social, pois o estudo dessa ciência fornece
informações de utilidade para a tomada de decisão dentro e fora de
uma empresa.
Ela abrange todas as atividades não ligadas ao objeto social, mas que
gera benefícios para a comunidade, tanto a comunidade interna da
empresa, que são aqueles que trabalham na empresa, como
investimento em higiene, cursos de atualização, quanto a externa, que
seriam as demais pessoas da sociedade, como patrocínio a eventos
culturais.
A partir dos estudos da Responsabilidade sociaambiental na UnISCED,
caro estudante será capaz de entender o conceito de responsabiildade
social, bem como os seus componentes. Será capaz também de
visualizar a ferramenta de gerenciamentosocioambiental.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

▪ Registar: todas as premissas de responsabilidade socioambiental;


Objectivos ▪ Demostrar atraves de acções concretas a aproximação dos interesses das
específicos
organizações e os da sociedade para o cumprimento de objectivos
compartilhados na empresa;

Identificar a função social da empresa em equilibrio ao direito da propriedade;

▪ Entender a ferramente de gerenciamento da socioambiental da empresa;

▪ Compreender a aplicabilidade das actividade, tanto da comunidade interna


bem como da comunidade externa.

10
Partindo de pressupostoresponsabilidade que a ordem social mundial
processa inúmeras transformações de ordem econômica, política e
cultural que, por sua vez, se adaptam aos novos modelos de relações
entre instituições, mercados, e organizações. No âmbito desta nova
ordem social mundial de relacionamento observa-se a aproximação
dos interesses das organizações e os da sociedade resultante em
esforços múltiplos para o cumprimento de objetivos compartilhados.
Daí, a RESPONSABILIDADE deve serentendida necessariamente como
um respaldo econômico, legal e ético, concentrando-se, em principio,
na questão dos custos no envolvimento social da empresa, seja com os
empregados, com as pessoas que estão ligadas tecnicamente à
empresa ou com a sociedade, a grande questão e mesmo quanto custa
à adoção de comportamentos socialmente responsáveis e não o
simples facto de adotar-se como entidade filantrópicas.

RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

É o conjunto amplo de ações que beneficiam sociedade e as


corporações que são tomadas pelas empresas, levando em
considerações a economia, educação, meio ambiente, saúde,
transporte, moradia, atividades locais e governo, essas acções
otimizam ou criam programas sociais, trazendo benefícios mútuo entre
a empresa e a comunidade, melhorando a qualidade de vida dos
funcionários, quando da sua actuação da empresa e da própria
população.

PRINCÍPIOS BASICOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

São Princípios da responsabilidade social:


● Governança corporativa;
● Relatório de sustentabilidade;
● Inclusão social
● Mão-de-obra
● Meio ambiente
● Geração de renda
● Projetos sociais
● Ética e transparência
● Critérios tradicionais

11
PRINCÍPIO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

A adoção das melhores práticas de Governança Corporativa tem se


expandido tanto nos mercados desenvolvidos quanto em
desenvolvimento, disseminando as práticas e atraindo investimentos
aos negócios e aos países.
São 8 as principais características da “boa governança“, veja:

1. Participação;
2. Estado de direito;
3. Transparência;
4. Responsabilidade;
5. Orientação por consenso;
6. Igualdade e inclusividade;
7. Efetividade e eficiência;
8. Prestação de conta (accountability).

PRINCIPIO DESUSTENTABILIDADE

Este principios observa-se, que a empresa publique ou não Relatório


de Sustentabilidade, de forma a analisar a relevância, clareza e, se
possível, a veracidade das informações. Caso a empresa não publique
Relatório de Sustentabilidade, tem que se estabelecer a meta para o
próximo ano sua publicação. A existência de Relatório deve valorizar a
análise da empresa.

PRINCÍPIO DE INCLUSÃO SOCIAL

Neste caso, verificar, através do Relatório de Sustentabilidade ou de


informação da empresa, se há políticas claras ao compartilamento com
a comunidade interna e externa da empresa, em relação ao
gênero,políticas que valorizam a engenharia social.

PRINCÍPIO DE MÃO-DE-OBRA

Apesar do uso de mão-de-obra infantil e do trabalho compulsório


serem proibidos por lei, solicitar à empresa declaração de não
utilização desse tipo de mão-de-obra em suas operações.A empresa
propicia condições de igualdade de tratamento (salários, benefícios,
etc.) entre seus funcionários, caso haja muita diferença de tratamento

12
entre eles, a empresa deve ser orientada a buscar condições de
igualdade.

PRINCÍPIO DE MEIO AMBIENTE

É importante averiguar autuações ambientais desenvolida pela


empresa, para agregar mais valores ao negócio. Para isso, tem que se
verificar, através de informações pela empresa, situação dos
programas de prevenção de poluição, tratamento de resíduos,
minimização de uso de recursos naturais e programas de reciclagem.
Empresas com preocupação ambiental devem ser valorizadas.

PRINCÍPIO DE GERAÇÃO DE RENDA

Avaliar se a empresa tem programas de desenvolvimento de pequenos


fornecedores ou se emprega profissionais das localidades onde estão
instaladas suas operações. Avaliar se há programas outros que
objetivem gerar trabalho e renda para comunidades locais.

PRINCÍPIO DE PROJETOS SOCIAIS

A empresa deve apresenta um programa consistente de investimentos


sociais. Neste contexto,Iisso pode ser verificado através da análise do
Relatório de Sustentabilidade, quando apresentado pela empresa.

PRINCÍPIO DE ÉTICA E TRANSPARÊNCIA

A empresa possui Código de Ética estruturado e disseminado pela


organização? A empresa, caso faça doações para campanhas políticas,
apresenta os valores doados e quem são os beneficiários?

PRINCÍPIO DE APRESENTAÇÃO DA POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

Uma vez que princípios de responsabilidade social constem dessas


políticas,devem ser explicitamente indicados no Relatório de
sustentabilidade.

PRINCÍPIO DE CRITÉRIOS TRADICIONAIS

Agregar aos critérios já tradicionalmente utilizados nos indicadores de


investimentos,por exemple, ambientais, sociais e de governança para
definição das empresas a investir na responsabilidade social.

VISÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL


13
Uma organização voltada para o desenvolvimento sustentável ela
planeia nos seus negócios um horizonte multidimensional, que
engloba e assegura os direitos civis, políticos, econômicos, sociais,
culturais e ambientais, na medida em que todos fazem parte de um
sistema de obtenção de uma economia solidária.

Tabela 1: Visões de Responsabilidade social

Nº FORMAS DE RESP. INDICADOR DE ACTUAÇÃO


SOCIAL
● Assume a postura
1 transparente, responsávele
Resp. Social X atitude e ética em relação ao seu
comportamento
público (governo, cliente,
fornecedores ee
comunidade).

● Melhoria de qualidade de
2 Resp. Social X Estratégia relacionamento;
de relacionamento ● Acção social que gera
retorno positivo aos
negócios;

3 ● Foco na melhoria da imagem


institucional da empresa;
● São os ganhos institucionais
Resp. Social X
da condição de empresa;
Markenting institucional
● Investimentos em acções
sociais encetadas pela
empresa.

4 ● Valores de mercado de uma


Resp. Social X agregação empresa dependem de seus
de valor resultados financeiros e da
reputação no mercador.

5 ● Acções focadas nos


Resp. Social X estratégia colaboradores e nos seus
de recursos humanos

14
dependentes, com
objetivosde satisfazê-los;
● Reter seus principais talentos
e aumentar a produtividade;

6 Resp. Social X ● Proporcionar o status de


Valorização de “socialmente correcta”.
produtos/serviços
7 ● Vista comoresponsabilidade
ambiental;
● A empresa investe em
Resp. Social X exercício
programas de educação e
de consciência ecológica
preservação do meio
ambiente;
● Torna uma difusora de
valores e práticas ambientais;

8 Resp. Social X estratégia ● A organização passa a


social de assumir papel de agente de
desenvolvimento na desenvolvimento local.
comunidade
9 ● Visão de capacitação
Resp. Social X exercício profissional dos membros
de capacitação dacomunidade e
colaboradores da empresa.

10 ● Criar condições para que se


Resp. Social X Integração atinja a efectiva inclusão
social social no país.

11 ● Este esforço resulta num


Resp. Social X melhorar constante fortalecimento que
a comunicação aumenta e esforça o seu
conceito junto dessa mesma
sociedade.

Fonte: Neto & Fores (2001).

Depreende-se que dentre variedade de posições, as empresas que


investem no social e acompanham a moda tanto mercadológica
quanto legal, estão alterando seus próprios conceitos, pois a qualidade

15
de vida dos seus funcionários, da colectividade e, como resultado, tem
maior produtividade e aceitação social.

1.2. Unidade de Terceiro Sector

No cenário mundial o oitavo Objectivo de Desenvolvimento do Milénio


– “Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento” – indica
a relevância do conceito de cooperação para a Responsabilidade
social, e nessa teia de colaboração o papel do Terceiro Sector, a
sociedade civil organizada em associações dos mais diversos perfis, é
fundamental.

No seu quarto principio que “Serão essenciais as parcerias com os


governos e também com as organizações da sociedade civil e do sector
privado”, aclarando o papel e as responsabilidades comuns e
individuais de cada uma dessas partes-chaves ao processo.

Tal compromisso é, sem dúvida, um poderoso exemplo de rede de


integração global no século XXI, quando cada vez mais precisamos
compreender gestão pública como um conceito mais amplo que estão
estatal. Tanto que, a gestão pública implica articular os três grande
modelos de coordenação dos indivíduos e suas acções na sociedade
moderna: Estado, Mercado e Sociedade Civil.

As antigas opções monísticas de desenho institucional, que davam


exclusividade ou primazia a um desses três princípiosda ordem social
estão obsoletas. Para isso, deve-sereservar a cada sector um papel
importante um arranjo institucional complexo e composto, a conjugar
criativamente os chamados primeiro, segundo e terceiro sectores, em
modelagens adequadas a cada questão social a ser enfrentada.

O Terceiro Sector e o Desafio da sustentabilidade

Em Moçambique, ainda são incipientes as formas de associação


interpessoal com o objectivos de desenvolver atividades sociais e de
interesses público, representando somente uma pequena parte dos
estudos na área, tendo crescido, sobretudo, nos anos 1990, quando o
conceito de cidadania adquirir importância.

O Banco Mundial, que é o principal responsável pela disseminação


desse termo, as organizações que compõe o Terceiro Sector são
organizações privadas que realizam atividades para reduzir o
sofrimento humano, promover o interesse dos pobres, proteger o
ambiente, prover serviços sociais básicos e desenvolver as
comunidades.

16
Não obstante, o Terceiro Sector representa uma maneira diferente de
pensar a comunidade e o seu desenvolvimento e uma forma de
trabalhar que deve ser um misto de ciência e arte, racionalidade e
intuição, ideia e visão, sensibilidade social e programatismo
responsável, utopia e realidade, força inovadora e praticidade.

empreendedorismo social surge num contexto caracterizado por


redesenho da relação entre comunidade, governo e setor privado;
mudança de paradigmas de actuação em beneficio de comunidades
menos privilegiadas; oferta de oportunidades concretas de
transformação a sectores tradicionais excluídos das principais
agendas nacionais; mudança de padrões da sociedade;
estabelecimento de novas parcerias com os demais sectores da
sociedade; novos processos de geração de riquezas e de valores em
forma de vida digna; fortalecimento do espaço público que garante o
acesso a todos e que contemple melhoria da qualidade de vida dos
actores.

1.3. FORMAS DE ACTUAÇÃO: PROGRAMAS SOCIAIS PARA AS


EMPRESAS

Entre as iniciativas que visam pôr em o desenvolvimento sustentável


está o exercício da responsabilidade social empresarial (SER), aqui
entendida como forma de gestão que se define pela relação ética,
transparente e solidária da empesa com todos os públicos com os
quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais
compactiveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade,
preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras,
respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades
sociais.

Empresa desenvolve acções sociais por meio de outro organização sob seu
controle:

Adicionalmente, é preciso ressaltar a importância da dimensão


comunitária, e compreender não somente a realização de
17
investimentos em projectos sociais, mas também o desenvolvimento
de atividades de relacionamento comunitário, associadas aos objetivos
dos negócios. As empresas durante o processo de concepção de suas
politicas de investimento social privado apropriam-se de
conhecimentos inerentes à gestão social, buscando envolver nas ações
sociais, através da participação cidadã, seus colaboradores.

A filantropia tradicional refere-se às doações monetárias ou não


monetárias, efectivadas pelas empresas, as entidades estreitamente
filantrópicas, enquanto na nova filantropia as entidades receptoras do
capital filantrópico empresarial desenvolvem ações sociais voltadas
para populações menos favorecidas e seus gestores são obrigados a
prestar contase deles são exigidos resultados mensuráveis.

Sumário

Nesta Unidade temática 1.1, em termos de considereções gerais da


disciplina de Responsabilidade Socioambiental estudamos e
discutimos os seguintes itens:
1. Noções gerais da Responsabilidade Socioambiental;
2. Natureza;
3. Objectivos;
4. Principios.

UNIDADE Temática 1.3. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)


1. O que entende por responsabilidade socioambiental?
2. Enuncie o principal objectivo da Responsabilidade social.
3. Quais são os objectivos específicos da Unidade em referência?
4. Descreva os pressupostos da Responsabilidade social na ordemsocial
Mundial.
5. O que entende por Responsabilidade social corporativa?
6. Enuncie, pelo menos, 4 principios da Responsabilidade social.
7. Indique as diferentes visões da Responsabilidade social.
8. O que entende por Terceiro sector? E qualé o seu principal desafio para a
Sustentabilidade?
9. Fale das formas de actuação do Terceiro Sector?

Respostas:
18
1. Rever o 1º parágrafo da página 15 (Introdução desta Unidade):
2. Rever o 2º parágrafo da página 15 (Introdução desta Unidade);
3. Rever o 8º parágrafo da página 16 (Introdução desta Unidade);
4. Rever os pressupostos constantes da página 17;
5. Rever parte mediana da página 17;
6. Rever parte final das páginas 17 a 19;
7. Rever a página 20 à 21;
8. Rever os conteúdos das páginas 21 à 22;
9. Rever a material final das páginas 21 à 22.

Exercíciosde AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)


● O comportamento das empresas, (Socialmente responsável)
● Administrar com essa nova agenda de responsabilidades social;
● Qualidade total e gestão ambiental;
● Justiça social e ganhos tangíveis;
São:
Só uma das seguintes respostas é correcta.
a) Mercado competitive;

19
b) Gera valor;
c) Conscientação da sociedade;
d) Os stakeholder’s internos e os stakeholders’ externos.

2. As mudanças instituicionais, decorrentes da evolução tecnologica, que estão


levando à intensificação do fluxo internacional e à internacionalização dos
mercados, bem como novos marcos regulatórios.

Só uma das seguintes respostas é correcta.


a) Lucro do capitalismo.
b) Comportamento ético;
c) Desfalse em questões ambientais e sociais;
d) Para ganhar a mais-valia;

5. Só um dos seguintes elementos pertence àsCaracterísticas de “boa


governação” no âmbito de Responsabilidade social
____ Participção;
____ Critérios tradicionais;
____Geração de renda;
____Apresentaçao de investimento.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

1. O que entende por princípio de governança coporativa, na


responsabilidade social?
2. Enuncie 4 caracteristicas da “boa Governança”, no ambito de
responsabilidade social?
3. Quais são os horizontes multidimensionais, no concernete as visões de
responsabilidade social?
4. Fale dos indicadores de actuação da responsabilidade social versus
agregação de valor?
5. Descreva com mais detalhe o Terceiro Sectore os seus desafios de
sustentabilidade, no nosso País (Moçambique).
6. Escolha, pelo menos, dois Princípios da responsabilidade social e
desenvolva-os com base no seu coitidiano.

20
TEMA II:RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Unidade 2.1. Evoluição Histórica da responsabilidade ambiental


Unidade 2.2. Desenvolvimento sustentavel
Unidade 2.3. As causas e os efeitos dos actuais problemas ambientais
Unidade 2.4. Actividade humanas e a poluição;
Unidade 2.5. Plano de Protecção ambiental
Unidade 2.6. Os indicadores ambientai
Unidade 2.7. Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
Unidade 2.8. Custos ambientais empresarial
Unidade 2.9. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tema.

Registar: as questões inerente a responsabilidade ambiental;

21
● Apresentaro debate sobre a responsabilidde ambiental e individual, com realce
ao desenvolvimento sustentavel, partindo de pressuposto histórico,
objectivose os seus principios e valores na sociedade;
● Demostrar com logica as causas e os efeitosdos actuais problemas ambientiais
e sua relaçao com as mudanças no ambiente instituicional;
● Entender as actividades humanasque se relaciona com a poluiçao;
● Demostrar os planos de protecção ambiental;
● Compreender os indicadores ambientais no âmbito de responsabilidade;
● Identificar as medidas metigadorasde impactos ambientais
Objectivos ● Demostrar as Avaliaçãde impacto Ambiental.
específicos

RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Responsabilidade Ambiental é um conjunto de atitudes, individuais ou


empresarias, voltadas para o desenvolvimento sustentável do planeta.
Ou seja, estas atitudes devem levar em conta o crescimento
económico ajustado à protecção do meio ambiente na actualidade e
para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade. Exemplos de
atitudes que envolvem a responsabilidade ambiental empresarial:

● Criar e implantarsistema de gestão ambiental na empresa;


● Tratar e reutilizar a água dentro do processo produtivo;
● Criar produtos que provoquem o mínimo possível de impacto
ambiental;
● Dar prioridade para o uso de sistemas de transporte não
poluentes ou com baixo índice de poluição. Exemplos:
transporte ferroviário e marítimo;
● Criar sistema de reciclagem de resíduos sólidos dentro da
empresa;
● Treinar e informar os funcionários sobre a importância da
sustentabilidade;
● Dar preferência para a compra de matéria-prima de empresas
que também sigam os princípios da responsabilidade
ambiental;
● Dar preferência, sempre que possível, para o uso de fontes de
energia limpas e renováveis no processo produtivo;
● Nunca adoptar acções que possam provocar danos ao meio
ambiente como, por exemplo, poluição de rios e
desmatamento.

Responsabilidade ambiental individual

22
Na actuação da Responsabilidade ambiental individual, o indivíduo
deve pensar e actuar de forma coerente com a preservação do meio
ambiente, isto é, agir de forma que utilize o meio ambiente de uma
maneira que satisfaça a sua necessidade, mas, preservando o
meiovisando o bem-estar não somente de si próprio, mas de toda
colectividade.

Em suma, a Responsabilidade ambiental individual consiste em


atitudes individuais reiteradas para uma melhor preservação do nosso
meio. Lembrando que nessa parte do nosso trabalho iremos
ater-nossomente a pessoa física como responsável ambiental
individual.

Unidade Tematica 2.1. HISTÓRICO DE RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

A partir da Revolução Industrial, no final do século XIX, a utilização de


materiais, dos recursos naturais e a emissão de gases poluentes foram
desenfreados. Por outro lado, no início do século XX alguns estudiosos
e observadores já se preocupavam com a velocidade da destruição dos
recursos naturais e com a quantidade de lixo que a humanidade estava
produzindo.

Todavia, o movimento ambientalista iniciou-se na década de 1920,


chegando ao ápice da luta ambiental por volta dos anos 70, quando
organizações não governamentais ganharam força e influência no
mundo, e tornou-se obrigatório na vida de cada cidadão no momento
actual.

Observe-se abaixo a evolução histórico-cronológica do conceito de


Responsabilidade Ambiental:

● 1929- Constituição de Weimar (Alemanha) – Função Social da


Propriedade;
● 1960- Movimentos pela Responsabilidade Social (EUA);
● 1971- Encontro de Founex (Suíça)
● 1972- Conferência de Estolcomo;
● 1972- ONU – resolução 1721, do Conselho Econômico e Social
– estudos sobre o papel das grandes empresas nas relações
internacionais;
● 1973- PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (Genebra);

23
● 1992- ECO 92 ou CNUMAD (Conferencia das Nações Unidas
para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) – Criação do
Projecto Agenda 21;
● 1997- Protocolo de Quioto (Japão);

● 1999- Criação do Selo “Empresa Cidadã”;


● 1999- 1ª Conferência Internacional do Instituto Ethos;
● 2000- ONU e o Pacto Global;
● 2009 - Conferência sobre mudanças climáticas (Copenhague).

Objectivos

O principal objectivo é de utilizar os recursos naturais, da melhor


maneira possível, reduzindo ou evitando possíveis riscos e danos, sem
redução nos lucros, promovendo o chamado desenvolvimento
auto-sustentável do planeta, das empresas e das pessoas em geral.

Para tanto, podemos citar como exemplos de programas e projectos


de Responsabilidade Socioambiental: inclusão social, inclusão digital,
programas de alfabetização, ou seja, assistencialismo social, colecta de
lixo, reciclagem, programas de colecta de esgotos e dejectos,
reflorestamento.

Por fim, vale salientar que o êxito deste conceito depende da


conscientização, ou seja, consciência acção, de toda a sociedade, e
principalmente, investindo em educação das crianças que são o futuro
de nosso planeta e da espécie humana.

Unidade Tematica 2.2. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A Assembleia Geral do ONU de 1983 criou a Comissão Mundial sobre


Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida por Gro Harlen
Brundtland, cujo relatório conhecido porNosso Futuro Comum2, tinha
como objetivo: “propor estratégias ambientais de longo prazo para se
obter um desenvolvimento sustentável, de modo a recomendar
maneiras para que a preocupação com o meio ambiente se traduza em
maior cooperação entre os país em desenvolvimento e entre países
em estágios diferentes de desenvolvimento econômico e social e leve
à consecução de objetivos comuns e interligados que considerem as
interligações de pessoas, recursos, meios ambiente e
desenvolvimento”.

2
CMMAD. (1988). Nosso FuturoComum. Rio de Janeira: Ed: FGV.
24
Desenvolvimento Sustentável é um processo em que estão integradas
e equacionadas as dimensões económicas, ambientais e sociais, e tem
sido considerado chave para a Sustentabilidade da vida no planeta.

Até o início dos anos 1960, não se sentiu muito a necessidade de


distinguir desenvolvimento de crescimento económico, pois as poucas
nações desenvolvidas eram as que haviam se tornado ricas pela
industrialização.

O conceito desenvolvimento sustentável deu-se no início da década de


1970, a partir do discurso dos movimentos ambientalistas e dos
debates acerca do ecodesenvolvimento. A partir daí começou-se a
trabalhar com a ideia de um modelo de desenvolvimento que
atendesse à necessidade da população presente, garantindo recursos
naturais e boa qualidade de vida à população futura.

O conceito de ecodesenvolvimento, lançado por Maurice Strong em


Junho de 1973, consistia na definição de um estilo de desenvolvimento
adaptado às áreas rurais do Terceiro Mundo, baseado na utilização
criteriosa dos recursos locais, sem comprometer o esgotamento da
natureza.

Entre as condições para tornar o conceito operacional, destaca-sea


necessidade do amplo conhecimento das culturas e dos ecossistemas,
sobretudo em como as pessoas se relacionam com o ambiente e
como elas enfrentam seus dilemas cotidianos, bem como o
envolvimento dos cidadãos no planejamento das estratégias, pois eles
sã os maiores conhecedores da realidade local.

A crise socioambiental fez surgir uma discussão acerca dos limites do


crescimento e a conservação dos recursos necessários ao seu
desenvolvimento, bem como acerca da construção de um novo
modelo de desenvolvimento que equilibrasse estes dois elementos
sem por em risco nenhum deles, muito menos, a própria existência do
homem. De acordo com Veiga (2005) existem três correntes de
discussão sobre desenvolvimento sustentável:

● Desenvolvimento como crescimento económico, que é


considerada uma visão simplista, porém dominou a ideia de
desenvolvimento por um longo período;

● Desenvolvimento como ilusão, crença, mito, ou manipulação


ideológica, que parte de uma visão mais antropológica e de
uma discussão o papel do mito nas sociedades
contemporâneas e;

25
● O chamado caminho do meio, que segundo o autor seria a
alternativa mais difícil de explicar, e que de forma simplificada
entende o desenvolvimento como crescimento económico
aliado a um projecto social subjacente.

O desafio de definir um modelo de desenvolvimento sustentável que


compatibilize crescimento económico, conservação dos recursos
naturais e um projecto de sociedade produziu uma série de definições
e adjectivos relacionados a sustentabilidade, dos quais podem ser:

1- Sustentabilidade ecológica- base física do processo de


crescimento e tem como objectivo a conservação e o uso
racional do estoque de recursos naturais incorporados às
actividades produtivas;

2- Sustentabilidade ambiental- relacionada à capacidade de


suporte dos ecossistemas associados de absorver ou se
recuperar das agressões derivadas da acção humana (acção
antrópica), implicando um equilíbrio entre as taxas de emissão
e/ou produção de resíduos e as taxas de absorção e/ou
regeneração da base natural de recursos;

3- Sustentabilidade demográfica - revela os limites da capacidade


de suporte de determinado território e de sua base de recursos
e implica cotejar os cenários ou as tendências de crescimento
económico com as taxas demográficas, sua composição etária e
os contingentes de população economicamente activa
esperados;

4- Sustentabilidade cultural - necessidade de manter a


diversidade de culturas, valores e práticas existentes no
planeta, no país e/ou numa região e que integram ao longo do
tempo as identidades dos povos;

5- Sustentabilidade social - objectiva promover a melhoria da


qualidade de vida e a reduzir os níveis de exclusão social por
meio de políticas de justiça redistributiva;

6- Sustentabilidade política - relacionada à construção da


cidadania plena dos indivíduos por meio do fortalecimento dos
mecanismos democráticos de formulação e de implementação
das políticas públicas em escala global, diz respeito ainda ao
governo e a governabilidade nas escalas local, nacional e
global;

26
7- Sustentabilidade institucional- necessidade de criar e fortalecer
engenharias institucionais e/ou instituições cujo desenho e
aparato já levem em conta critérios de sustentabilidade.

Os princípios de desenvolvimento sustentável

Desenvolvimento sustentável foi definido pela Comissão Mundial


sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento como sendo o
“desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes sem
comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas
próprias necessidades”, e continua citando os nove princípios para se
alcançar o desenvolvimento sustentável:

Princípio fundamental:

1. Respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos.


2. Melhorar a qualidade de vida humana.
3. Conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra.
4. Minimizar o esgotamento de recursos não-renováveis.
5. Permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta
Terra.
6. Modificar atitudes e práticas pessoais.
7. Permitir que as comunidades cuidem de seu próprio
ambiente.
8. Gerar uma estrutura nacional para integração de
desenvolvimento e conservação.
9. Constituir uma aliança mundial.

O uso racional, o não desperdício, a preocupação com a qualidade de


vida das próximas gerações são os princípios básicos da
sustentabilidade; e termos comodesenvolvimento sustentável,
economia sustentável, sociedade sustentável e uso sustentávelsão
tidos como sinónimos.

A sustentabilidade trata- se portanto de uma sociedade sustentável,


que não coloca em risco os recursos naturais como o ar, a água, o solo
e a vida vegetal e animal dos quais a vida(da sociedade) é dependente.
O desenvolvimento sustentável é aquele que melhora a qualidade
davida do homem na terra e respeita a capacidade de produção dos
ecossistemas.

O crescimento das cidades nas últimas décadas tem sido responsável


pelo aumento da pressão das actividades antrópicas sobre os recursos
naturais. Em todo o planeta, praticamente não existe um ecossistema

27
que não tenha sofrido influência directa e/ou indirecta do homem,
como por exemplo, contaminação dos ambientes aquáticos,
desmatamentos, contaminação de lençol freático e introdução de
espécies exóticas, resultando na diminuição da diversidade de habitats
e perda da biodiversidade. O que se observa é uma forte pressão do
sistema produtivo sobre os recursos naturais, através da obtenção de
matéria-prima, utilizada na produção de bens que são utilizados no
crescimento económico.

Unidade Tematica 2.3. AS CAUSAS E OS EFEITOS DOS ACTUAIS PROBLEMAS


AMBIENTAIS

A essa dimensão da problemática tem contribuído muitas causas,


destacando-se as seguintes: o elevado crescimento demográfico, o
desenvolvimento e a difusão da tecnologia industrial, os avanços da
medicina e da saúde e seus efeitos sobre a população, o avanço nas
comunicações e a crescente urbanização e a grande difusão de idéias
que tem possibilitado o desenvolvimento dos meios de comunicação
social.

Por todo o lado ouvimos falar dos problemas ambientais, inclusive das
suas consequências em todo o mundo. Hoje um simples gesto como
ligar a televisão dá-nos a noção de muitos problemas que acontecem
um pouco por todo o mundo; um exemplo recente, foram as cheias
que ocorreram na Madeira, que deixaram a ilha praticamente
destruída.

Causas:
● Poluição Sonora;

● Poluição Luminosa;
● Poluição Atmosférica;
● Poluição da Água;
● Poluição do Solo;
● Efeito de Estufa;
● Aquecimento Global;
● Buraco da camada de ozono;

28
Consequências:

● Chuvas ácidas;
● Desflorestação;
● Aumento do nível da água do mar;

● Destruição dos ecossistemas;


● Extinção de espécies animais e vegetais;
● Poluição do solo e das águas subterrâneas;
● Aumento do buraco da camada de ozono;
● Efeito de estufa;
● Mudanças climáticas;

Poluição

É qualquer alteração das características físicas, químicas ou biológicas


do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia,
para cuja existência. A actividade humana contribuí, quer directa ou
indirectamente, e que cause dano à saúde, à segurança ou ao
bem-estar da população, cause danos à flora, à fauna, crie ou possa
criar condições inadequadas para fins públicos, domésticos,
industriais, comerciais, agro-pecuários, recreativos e outros meios
lícitos e benéficos à comunidade.

Poluente é qualquer forma de matéria ou energia que cause ou possa


causar poluição no meio ambiente. Fonte poluidora é toda instalação
ou actividade, através das quais se verifique a emissão de poluentes
ou a probabilidade dessa emissão.

Classificação da Poluição
A poluição pode ser classificada de diferentes maneiras de acordo com
o tipo de poluente. Assim temos:

29
● Poluição atmosférica

A que consiste na introdução na Atmosfera de substâncias nocivas a


esta camada que envolve o nosso planeta. Os seus efeitos são já
conhecidos desde os primeiros anos da escolaridade.

● Poluição hídrica

É a introdução de elementos tóxicos ou prejudiciais a vida do homem e


dos animais podendo causar a sua morte ou alterações no
funcionamento dos seus organismo assim como doenças de diversa
ordem. Aqui encontramos por exemplo o lançamento de petróleo nas
águas do alto mar pelos barcos que pode causar a morte da
biodiversidade marinha.

● Poluição do solo

A colocação no solo de substâncias que podem causar alterações


maléficas no crescimento das plantas ou interferir na cadeia alimentar
provocando actos maléficos a saúde das pessoas ou animais de
diversos tipos. Exemplo os agro-tóxicos

● Poluição sonora

Frequente nas cidades e em ambientes aeroportuários onde os aviões


que sobrevoam o espaço produzem barulho com os seus reactores o
que pode de certa forma provocar doenças diversas nas pessoas ou
perturbações nos animais.

● Poluição térmica

Acção causada por reactores nucleares ou indústrias termonucleares


que consistem na colocação no espaço de substâncias reactivas que
podem provocar efeitos negativos a atmosfera

Consequências da poluição do meio

A introdução de substâncias poluentes nos corpos aquáticos, ao


modificar as características do meio, altera a relação entre produtores
e consumidores. Se diminuir o oxigénio dissolvido, as espécies que
realizam fotossíntese têm tendência a proliferar, enquanto as que
necessitam do oxigénio na respiração, podendo resultar numa situação
de Hipóxia.

30
Esta alteração da relação entre produtores e consumidores pode levar
igualmente à proliferação de algas e organismos produtores de
produtos tóxicos. A inserção de compostos tóxicos pode ser absorvida
pelos organismos, ocorrendo bioacumulação, compostos esses que
entrando na cadeia alimentar pode causar sérios danos ao ser
humano. Pelo menos 2 milhões de pessoas, principalmente crianças
com menos de 5 anos de idade, morrem por ano no mundo devido a
doenças causadas pela água contaminada, segundo a Organização
Mundial da Saúde.

Unidade Tematica 2.4. ACTIVIDADES HUMANAS E A POLUIÇÃO

As alterações causadas pelas actividades humanas ao meio ambiente


são as mais diversas. Nas cidades, algumas dessas alterações são mais
caracterizadas devido às concentrações populacionais. Dentre os
efeitos ambientais destas actividades podemos destacar o
desmatamento, inevitável para qualquer ocupação humana, porém,
ocorre de forma desordenada e descontrolada tem efeitos nocivos
tanto para o meio ambiente como para o homem; a terraplanagem,
cujas alterações na topografia tem efeitos em cadeia que vão desde a
alteração dos sistemas de drenagem natural até o assoreamento de
corpos d’água e as enchentes; podemos citar ainda as erosões, aterros,
impermeabilização do solo, modificações em ecossistemas e as
diversas formas de poluição.

Em suma, passam a ocorrer alterações no próprio ambiente urbano,


cujos impactos reflectem-se não somente no ambiente natural, mas no
mesmo ambiente construído, tais como adensamento de áreas e
poluição sonora e visual. Dessa forma, além dos impactos iniciais, as
cidades passam a sofrer de seus próprios males, sob a forma de
diferentes tipos de poluição que se inter-relacionam e interagem e que
reflectem, principalmente, na saúde do homem.

Para efeito didáctico, podemos dividir os principais tipos de poluição


em: poluição do solo, do ar, da água, acústica e visual. Didáctica, pois
de facto, dificilmente estes tipos de poluição ocorrem de forma
isolada, geralmente ocorre conjuntamente, com várias relações de
interdependência entre elas. Por exemplo, a disposição inadequada de
lixo em terrenos baldios pode causar, simultaneamente a poluição do
solo e da água, através do líquido gerado pelo resíduo que percola
pelas camadas do solo, podendo atingir o lençol freático, do ar, através

31
da queima e dos gases gerados e, visual, pelo aspecto desagradável
dos resíduos.

Quadro 1 - Principais impactos ambientais das actividades humanas

Actividades impactos ambientais Actividades impactos ambientais


● Aumento do escoamento das águas
Impermeabilização do solo ● Redução da infiltração da água
Aterros de rios, riachos, lagoas, etc. ● Problemas de drenagem
● Inundações
● Problemas de drenagem
● Assoreamento
● Inundações
● Prejuízos económicos e sociais

Aterros de rios, riachos, lagoas, etc. ● Problemas de drenagem


● Assoreamento
● Inundações
● Prejuízos económicos e sociais
● Danos á fauna e flora
● Desfiguração da paisagem
● Problemas ecológicos
● Prejuízos às actividades do homem
● Danos sociais e económicos
● Danos á fauna e flora
Destruição de ecossistemas ● Desfiguração da paisagem
● Problemas ecológicos
● Prejuízos às actividades do homem
● Danos sociais e económicos
Poluição ambiental:
● Prejuízos à saúde do homem
Emissão de resíduos ● Danos à fauna e flora
● Danos materiais
● Prejuízos às actividades
● Danos económicos e sociais
Alterações de carácter global:
● Efeito estufa (aumento da
temperatura; elevação do nível de
Emissão de gás carbono, oceanos, alterações na precipitação;
clorofluorcarbono, metano, desaparecimento de espécies animais
Etc. e vegetais)
● Destruição da camada de ozónio
(aumento da radiação ultravioleta;

32
riscos à diversidade genética; câncer
de pele, catarata)

Fonte: Mota (1999)

Assim, torna-se importante conhecer as diversas formas de poluição, e


como ocorrem, seus factores e processos, para poder fazer o devido
planeamento ambiental, de forma a prevenir e minimizar os impactos
das actividades humanas no meio ambiente.

A Figura-2:Apresenta de forma esquemática alguns reflexos das


actividades humanas ao meio ambiente e ao homem.

ACTIVIDADES HUMANAS NO MEIO URBANO

Modificações no Utilização de Disposição de


Ambiente terrestre Recursos Resíduos
naturais

POLUIÇÃO DO MEIO AMBIENTE


● Poluição do solo
● Poluição do ar
● Poluição da água
● Poluição acústica
● Poluição visual outras modalidade

CONSEQUÊNCIAS SOBRE O HOMEM


● Prejuízos à saúde
● Danos aos bens materiais
● Prejuízos às actividades

Depreende-se que os resíduos gerados por estes agentes podem


atingir os aquíferos que servem de fonte para o abastecimento de água
das comunidades.

Poluição do solo

33
O solo atua frequentemente como um filtro, tendo a capacidade de
depuração e imobilizando grande parte das impurezas nele
depositadas. Esta propriedade tem sido utilizada, mesmo quando não
percebemos, pelo homem há muito tempo e é extremamente
importante também no ciclo da água.

No entanto, essa capacidade é limitada, podendo ocorrer alteração da


qualidade do solo, devido ao efeito cumulativo da deposição de
poluentes. Com a concentração da população e o crescimento das
cidades esta capacidade vem sendo cada vez mais comprometida. A
poluição do solo se dá basicamente sob duas formas: actividades
humanas que provocam alterações em suas características e
lançamento de resíduos no solo. As principais fontes de poluição do
solo são:

● Aplicação de agentes químicos


● Presença de dejectos oriundos de animais despejos de resíduos
sólidos
● Lançamento de resíduos líquidos, domésticos ou industriais
● Actividades que possam resultar na erosão do solo.

É importante notar a relação directa que a poluição do solo tem com a


contaminação de águas subterrâneas.

Figura 3 – Poluição do solo

Fonte: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB)


(S.d.)

Dentre as fontes citadas acima, umas das grandes preocupações para


as cidades é a questão dos resíduos sólidos, principalmente por que
até bem pouco tempo, e ainda hoje em algumas cidades, a prática
mais comum é a disposição dos resíduos sólidos urbanos em lixões a
céu aberto, geralmente nos arredores das cidades. Dos impactos

34
negativos desse tipo de disposição inadequada dos resíduos podemos
citar:

● Aspecto estético desagradável;


● Maus odores, resultantes da decomposição dos detritos;
● Proliferação de insectos e roedores, transmissores de doenças;
● possibilidade de acesso de pessoas, podendo ocasionar
doenças por contacto directo;
● Poluição da água subterrânea ou superficial, através da
infiltração de líquidos e carreamento de impurezas por
escoamento superficial;
● possibilidade de queima dos resíduos, como incómodos a
população e causando poluição do ar;
● Desvalorização de áreas próximas ao depósito de resíduos
sólidos.

Uma fonte de poluição do solo é o lançamento de resíduos líquidos,


domésticos ou industriais, no solo. A poluição do solo por esta fonte
de poluição pode ocorrer em duas condições: falta de um sistema
adequado de esgotamento sanitário, favorecendo a prática não correta
de dispor os dejectos humanos ou resíduos industria directamente
sobre o solo ou em processos de tratamento de esgoto, quando o
líquido é disposto em lagoas de estabilização ou utilizado em práticas
de irrigação. Além da poluição do solo, há o perigo de contacto das
pessoas como organismos patogénicos, lançados no solo.

Poluição da água
A poluição da água ocorre principalmente pelo lançamento de
resíduos líquidos e pelo carreamento das impurezas do ar e do solo
para os corpos de águas superficiais e subterrâneas.

Mota (1999) classifica as fontes de poluição da água em localizadas e


não localizadas. As fontes localizadas são:
● Lançamento de esgotos domésticos (sanitários);
● Lançamento de esgotos industriais;
● Lançamento de águas pluviais, através de galerias.

35
E as não localizadas são:

● Água do escoamento superficial (“runoff”);


● Água de infiltração;
● Lançamento directo de resíduos sólidos e outras impurezas;
● Intrusão de água salgada.
Os principais impactos da poluição da água podem ser vistos no
Quadro .

Quadro 2 - Fontes de poluição da água, poluentes e impactos


qualitativos.

Fontes de poluição da água Poluentes Impactos qualitativos


● Bactérias, vírus e ● Prejuízos à saúde
● Descarga de esgotos pública
outros organismos
domésticos ● Redução do
● Descarga de esgotos patogénicos oxigénio dissolvido
industriais na água
● Compostos
● Descarga de galerias de ● Danos ecológicos à
água pluviais orgânicos vida aquática
● Águas de escoamento prejuízos aos usos
● Cor e turbidez
superficial definidos param a
● Águas de infiltração ● Odor água
● Intrusão de água ● Assoreamento
● Temperatura
salgada ● Eutrofização
● Lançamento directo de ● Sólidos dissolvidos e ● Aspecto estético
detritos desagradável
em suspensão
● Reflexos
● Fertilizantes e económicos
defensivos agrícolas
Fonte: Mota (1999).

Os poluentes apresentados no (Quadro 2), tornam a água imprópria

para uso, comprometendo assim a saúde do homem, além dos efeitos


negativos citados sobre o meio ambiente.

A Poluição da Água – suas Formas de Defesa e Conservação


A água pode ser contaminada de diversas maneiras: pela acumulação
de lixos e detritos junto de fontes poços e cursos de água; Pelos
esgotos domésticos que aldeias, vilas e cidades lançam nos rios ou nos
mares.

Figura 4 - Representação da acção poluidora das águas

36
Fonte:foto do Rio Tiête – São Paulo, 2014.

● Pelos resíduos tóxicos que algumas fábricas lançam nos rios;


● Pelos produtos químicos que os agricultores utilizam para
combater as doenças das suas plantas e que as águas das
chuvas arrastam para os rios e para os lençóis das águas
existentes no subsolo; Pela lavagem clandestina ou seja não
autorizada, de barcos no alto mar, que largam combustível;
● Pelos resíduos nucleares radioactivos depositados no fundo do
mar;
● Pelos naufrágios dos petroleiros, ou seja acidentes que causam
o derrame de milhares de toneladas de petróleo, sujando as
águas e a costa e matam toda a vida marinha (maré negra).

Figura 5 - Aspecto de crude derramado nas águas oceânicas

Fonte: Imagem retirada da SAT, 2008.

A poluição de água tem sido um problema para a nossa sociedade, as


indústrias que cada vez faz mais poluição sem qualquer medida
proteccionista contribuem fortemente para o problema.

A maior parte dos poluentes atmosféricos reage com o vapor de água


na atmosfera e volta á superfície sob forma de chuvas, contaminando
pela absorção do solo, os lençóis subterrâneos. Nas cidades e regiões
agrícolas são lançados diariamente cerca de 10 bilhões de litros de
esgotos que poluem rios, lagos, lençóis subterrâneos e águas de
37
mananciais. Os oceanos recebem boa parte dos poluentes dissolvidos
nos rios além de lixo dos centros industriais e urbanos localizados no
litoral.

O excesso de material orgânico no mar leva à proliferação


descontrolada de microrganismos, que acabam por formar as
chamadas "marés vermelhas" - que matam peixes e deixam os frutos
do mar impróprios para o consumo do homem. Anualmente 1 milhão
de toneladas de óleo se espalham pela superfície dos oceanos,
formando uma camada compacta que demora para ser absorvida.
Desde há muito que os peritos marinhos e aquáticos argumentam que
todos os novos compostos introduzidos no nosso mar e rios deveriam
ser considerados potencialmente letais.

Os navios que derramam impunemente petróleo e poluentes químicos


na água dos oceanos. Mas embora as descargas e derrames de
petróleo no alto mar tenham efeitos locais importantes, estas águas
encontram-se livres dos piores efeitos da poluição.

As principais áreas de preocupação são as que se encontram próximo


de terra e de aglomerados humanos. É aqui que a poluição se
concentra, é também aqui que se encontra a maioria de vida marinha,
nas plataformas continentais.

O lixo da sociedade tornou-se uma praga para a vida marinha. As


tartarugas marinhas e as baleias ingerem sacos de plástico, que tomam
por medusas, provocando-lhe a morte por asfixia. Uma vez,
encontrou-se um cachalote com 50 sacos de plásticos entalados na
garganta. As aves marinhas ingerem pequenas bolas de polietileno que
flutuam à superfície do mar; as aves sentem-se fartas e isso impede-as
de se alimentarem adequadamente. Não conseguem engordar e,
assim, a sua aptidão para sobreviverem é reduzida.

As fraldas descartáveis demoram mais de cinquenta anos para se


decompor, e os plásticos levam de quatro a cinco séculos.
Ao longo do tempo, os mares, oceanos e mangais vêm servindo de
depósito para esses resíduos. Resíduos radioactivos – Entre todas as
formas de lixo, os resíduos radioactivos são os mais perigosos.
Substâncias radioactivas são usadas como combustível em usinas
atómicas de geração de energia eléctrica, em motores de submarinos
nucleares e em equipamentos médico-hospitalares.

Mesmo depois de esgotarem sua capacidade como combustível, não


podem ser destruídas e permanecem em actividade durante milhares
e até milhões de anos. Despejos no mar e na atmosfera são proibidos
desde 1983, mas até hoje não existem formas absolutamente seguras

38
de armazenar essas substâncias. As mais recomendadas são tambores
ou recipientes impermeáveis de concreto, à prova de radiação, que
devem ser enterrados em áreas geologicamente estáveis.

A reciclagem é empregada na recuperação de uma parte do lixo sólido.


Os objectos mais comuns são o papel, latas de alumínio e aço, vidro,
plástico e restos de jardim. Uma vez reciclados, esses materiais são
reaproveitados, podendo ser encontrados em produtos como livros,
fitas de áudio e vídeo, lâmpadas fluorescentes, concreto, bicicletas,
baterias e pneus de automóvel. O gerenciamento do lixo sólido por
meio da reciclagem, além de ajudar na preservação dos recursos
primários existentes na natureza, permite a redução do volume do lixo
e a diminuição da poluição do ar e da água. Traz também economia de
energia e de água na produção.

O papel reciclado, por exemplo, requer cerca de 74% a menos de


energia e 50% a menos de água do que o papel obtido de madeira
virgem.
Por outro lado, a reciclagem pode contribuir para a poluição do ar e da
água se os produtos químicos empregados no reprocessamento dos
materiais não forem usados de forma apropriada.

Poluição do ar

Poluição do ar é o resultado da alteração das características físicas,


químicas ou biológicas deste meio, de forma a causar danos ao
homem, à fauna e à flora, aos materiais, ou que possa restringir o uso
da propriedade, ou ainda afectar negativamente o bem-estar da
população.

Outra forma de poluição cujos reflexos sobre homem urbano são os


mais desastrosos é a poluição do ar. Característica de zonas urbanas, a
poluição do ar depende das fontes de emissão e também de factores
ambientais como as condições climáticas e topográficas do sitio onde
se localizam estas fontes.

As fontes de emissão da poluição do ar estão sob controle directo do


homem e delas depende o tipo de poluente, períodos de emissão e as
quantidades. Já os factores ambientais podem influir positivamente ou
não nos efeitos destes poluentes. As características climáticas do
ambiente contribuem para dispersar, transformar e remover os
poluentes gerados pelas actividades urbanas, enquanto as condições
topográficas do meio influem na circulação do ar.

As principais fontes de poluentes atmosféricos são as indústrias, os


meios de transporte, a incineração de resíduos sólidos e processos de

39
queima de combustíveis para diversos fins. Dentre os efeitos
desagradáveis causados no meio ambiente pelos poluentes
atmosféricos podemos citar:

● Dano à saúde humana, contribuindo para maior incidência de


doenças respiratórias, irritações nos olhos e pulmões, podendo
causar até a mortes. É importante salientar que os efeitos da
poluição do ar na saúde humana nem sempre são imediatos,
podendo ocorrer em longo prazo, em conjunto com outras
causas;
● Redução da visibilidade, causada, principalmente, pela
presença de material particulado na atmosfera;

● Danos aos animais


● Prejuízos aos materiais, tais como: corrosão do ferro, aço,
mármore; deterioração da borracha, produtos sintéticos e
tecidos, sujeira de roupas, prédios e monumentos;
● Danos aos vegetais.

Chuvas ácidas (precipitação de águas com pH inferior a 5,6), as quais


se forma devido a presença, principalmente, de dióxido de enxofre e
óxidos de nitrogénio, originando ácido nítrico, ácido sulfúrico e ácido
nitroso. As chuvas ácidas têm efeito directo no abastecimento humano
e outros usos, bem como no meio ambiente de uma forma geral, como
navegetação, fauna aquática, no solo, corrosão de monumentos,
edificações, etc.

É importante também citar que os poluentes atmosféricos lançados


em um determinado lugar podem causar impactos em outras áreas,
principalmente pela acção dos ventos que podem carrear estes
resíduos para áreas adjacentes.

Os principais objectivos de um monitoramento da qualidade do ar são:

● Fornecer dados para activar acções de emergência durante


períodos de estagnação atmosférica quando os níveis de
poluentes na atmosfera podem representar risco à saúde
pública;
● Avaliar a qualidade do ar à luz de limites estabelecidos para
proteger a saúde e o bem estar das pessoas;
● Acompanhar as tendências e mudanças na qualidade do ar
devido às alterações nas emissões dos poluentes.

O padrão de qualidade do ar define legalmente o limite máximo para a


concentração de um componente atmosférico que garanta um certo
nível de protecção da saúde e do bem-estar das pessoas. Os padrões

40
de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos
produzidos por poluentes específicos, e são fixados levando em
consideração factores sociais, económicos, políticos e ambientais.

A poluição do ar vem sendo um tema extensivamente pesquisado nas


últimas décadas e actualmente caracteriza-se como um factor de
grande importância na busca da preservação do meio ambiente e na
implementação do desenvolvimento sustentável, pois esta poluição
afecta de diversas formas a saúde humana, os ecossistemas e o
património da sociedade.

Unidade Tematica 2.5. PLANO DE PROTECÇÃO AMBIENTAL

Os Planos de Protecção Ambiental podem ter carácter regional,


estadual ou local e constar de medidas para a protecção dos recursos
naturais e antrópicos de uma determinada área. Estes planos são
elaborados a partir do diagnóstico dos meios físico, biótico e
antrópico, através do qual são levantadas as condições existentes do
ambiente e identificadas as principais causas de sua degradação. O
Plano de Protecção Ambiental deve constar de:

● Propostas de medidas de controlo da poluição: correctivas e


preventivas;
● Propostas de medidas de protecção dos recursos naturais, tais
como: controle do desmatamento, controle da erosão;
● Faixas de protecção de recursos hídricos, controle de qualidade
do ar, preservação da paisagem, entre outros;
● Padrões de qualidade ambiental a serem alcançados;
● Identificação das áreas a serem preservadas ou utilizadas de
forma restrita; propostas de controlo para essas áreas;
● Directrizes para o uso, parcelamento e ocupação do solo.

Impacto ambiental

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do


meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das actividades humanas que, directamente ou
indirectamente afecta a saúde, a segurança e o bem estar da
população interessada.

Entende-se por impacto ambiental, qualquer alteração significativa no


meio ambiente, em um ou mais de seus componentes provocada pela
acção antrópica.
41
A resolução no 1 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA)
definiu impacto ambiental como qualquer alteração das propriedades
físicas,químicas e biológicas do meio ambiente, causado por qualquer
forma de matériaou energia resultante das actividades humanas que,
directa ou indirectamente,afectam:

● A saúde, a segurança e o bem-estar da população;


● As actividades sociais e económicas;
● A biota;
● As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
● A qualidade dos recursos ambientais.

Impacto ambiental produz alterações bruscas em todo meio ambiente


ou apenas em alguns de seus componentes. De acordo com o tipo de
alteração, pode ser ecológico, social ou económico.

Atributos do impacto ambiental

Os impactos ambientais possuem dois atributos principais:


1. A magnitude
2. A importância
A magnitude refere-se à grandeza do impacto em termos absolutos,
podendo ser definido como a medida da alteração no valor de um
factor ou um parâmetro ambiental, em termos quantitativos ou
qualitativos. Para o cálculo da magnitude devem ser considerados: o
grau da intensidade, a periodicidade e a amplitude temporal do
impacto, conforme o caso.

A importância é a ponderação do grau de significância de um impacto


em relação ao factor ambiental afectado comparado com outros
impactos. Pode ocorrer que um determinado impacto, apesar da sua
magnitude – que pode ser alta, não seja importante se comparado
com outros impactos, dentro do contexto de avaliação de impactos
ambientais.

Características do impacto ambiental

● Características de ordem

Há dois grandes tipos de impactos ambientais: os impactos directos e


os indirectos de uma dada acção. Impactos directos são as
modificações ambientais que exibem uma relação inicial, de primeira
ordem, com um factor importante (Bisset, 1984). Uma mortalidade de
peixes, devido a um derrame de produto tóxico num rio, é um exemplo
de impacto directo.

42
Muitas vezes, uma acção induzida por um projecto desencadeia uma
sequência de modificações, envolvendo uma variedade de
componentes interrelacionados.

Os impactos que atuam através de uma série de componentes


intermediários do ambiente físico e biológico, são denominados de
indiretos (Wathern, 1984). Como exemplo poderíamos lembrar as
chuvas ácidas, decorrentes de poluição atmosférica, por óxidos de
enxofre, de nitrogénio, por flúor.

Cada situação exige uma lista própria e determinada de factores ou


parâmetros a serem estudados.

a) Identificação dos impactos


Consiste na identificação dos impactos que serão objecto de pesquisas
mais detalhadas. Essa etapa, de maneira geral, é mais complexa devido
à variedade de impactos sobre os sistemas ambientais que podem
ocorrer na área de estudo.

b) Previsão e medição dos impactos

Nessa actividade pretende-se prever as características e prognosticar a


magnitude dos impactos anteriormente identificados. A magnitude
pode ser expressa em termos quantitativos, por meio de valores
numéricos que representam a alteração a ser produzida pela acção em
um determinado parâmetro ou factor ambiental, ou em termos
qualitativos expressados a provável variação de qualidade a ser
observada no factor ambiental. Algumas vezes pode ser definida por
uma combinação de valores quantitativos e qualitativos.

c) Interpretação e valoração dos impactos

Relacionada com a definição de importância dos impactos, essa


actividade consiste em duas operações diferentes. A primeira chamada
interpretação dos impactos, trata de estabelecer a importância de
cada um dos impactos em relação aos factores ambientais afectados. A
segunda é denominada de valoração dos impactos e se refere à
determinação da importância relativa de cada impacto. A importância
de um impacto significa sua resposta social.

d) Definição das medidas mitigadoras

43
As medidas mitigadoras são aquelas destinadas a corrigir impactos
negativos ou a reduzir sua magnitude. Deve-se estudar quais são os
mecanismos capazes de cumprir essa função.

e) Comunicação dos resultados

Os resultados do EIA devem ser postos a disposição do público para


que estes o examinem e formulem comentários nas audiências
públicas.

f) Indicadores de impacto ambiental

São sinais que servem para indicar a presença ou a ausência de boas


condições ecológicas, de saúde e sociais. Reflectem a situação de um
sistema como um todo. Podemos usá-los como um retrato das
condições do momento ou como instrumentos permanentes de
monitoramento.

Podem ser considerados como ferramentas de acompanhamento de


estratégias de acção sobre o meio ambiente através de análise
sistemática dos desvios temporais e/ou espaciais de uma situação de
referência., dai que temos os seguintes indicadores:

Os principais indicadores são:

● Indicadores do meio ambiente natural: mudanças na qualidade


do ar, da água, do solo, da flora e da fauna;

● Indicadores do desenvolvimento sustentável: medem a


velocidade com a qual as actividades humanas pressionam os
recursos naturais nas cidades, através do consumo e do tipo de
destino final do lixo, das necessidades de transporte, dos
processos industriais e do uso do espaço;

● Indicadores do impacto na saúde humana: medem os impactos


da qualidade ambiental no bem-estar humano, monitorando
níveis de saúde física, relaxamento, segurança, ruído e
educação ambiental.

Unidade Tematica 2.6. OS INDICADORES AMBIENTAIS

Os indicadores ambientais podem ser classificados da seguinte


maneira:
44
● Indicadores de pressão: avaliam a pressão exercida por
actividades humanas sobre meio ambiente (emissões de CO2 e
poeiras (parâmetros) no ar (critério);

● Indicadores de estado: oferecem uma descrição da situação


ambiental (concentração em nitratos na água de um rio);

● Indicadores de resposta: avaliam os esforços para resolver um


problema ambiental (financiamentos destinados à despoluição
de solos).

Diagnóstico ambiental

O diagnóstico ambiental consiste na elaboração de uma descrição e


análise dos recursos ambientais e suas interacções. O diagnóstico
deverá caracterizar: o meio físico, o meio biológico, o meio
socioeconómico e o potencial de uso dos recursos naturais e
ambientais da região. Para determina que um diagnóstico ambiental
terá que ter a completa descrição e análise dos recursos ambientais e
suas interacções, tal como existem, de modo a caracterizar a situação
ambiental da área, considerando:

a) o meio físico - o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os


recursos minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos
de água, o regime hidrológico, as correntes marinhas, as correntes
atmosféricas;

b) o meio biológico e os ecossistemas naturais - a fauna e a flora,


destacando as espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor
científico e económico, raras e ameaçadas de extinção e as áreas de
preservação permanente;

c) o meio sócio-econômico- o uso e ocupação solo, os usos da água e a


sócio economia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos,
históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência
entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização
futura desses recursos.

Qualidade ambiental

Trata-se de manter as condições e qualidades do meio ambiente em


um estado que favoreça o desenvolvimento da vida e a riqueza da
biodiversidade.

45
Entende-se que o consumo dos recursos naturais pode se sustentar
através do tempo, sem esgotar as existências de seus elementos
componentes, dentro de padrões desejáveis e possíveis. Por sua vez, a
taxa de geração de rejeitos não deverá exceder a capacidade de
assimilação do ambiente.
O conceito de qualidade ambiental está directamente associado ao
conceito de qualidade de vida, compreendendo as condições de vida
da população no que se refere ao saneamento, à habitação, promoção
social, recuperação e preservação do meio ambiente, ao transporte, à
educação, saúde, vitalidade cultural, economia urbana e rural, e à
prosperidade (Braga Tento, 2003).

O desenvolvimento sustentável abrange e harmoniza as diversas


dimensões da vida social, cultural, económica, política, ambiental e
tecnológica de um povo. Falar em medidas para a melhoria
daqualidade ambiental significa abordar os diferentes aspectos
políticos institucionais, econômicos, socioculturais e tecnológicos que
têm impactos ambientais no meio ambiente.

Medidas mitigadoras de impacto ambiental

O diagnóstico é a base inicial de dados a partir dos quais serão


desenvolvidas as fases seguintes, abrangendo o prognóstico dos
prováveis impactos positivos ou negativos. Uma vez estabelecidos, os
negativos são alvo de medidas mitigadoras, que visam a diminuir os
seus efeitos; no caso dos positivos, as medidas visam a amplificá-los.

As medidas mitigadoras -são aquelas que objectivam minimizar os


impactos previstos pela implantação do empreendimento, sejam
originadas por acções directa ou indirectamente praticadas ou
provocadas pelo empreendedor. Encontram-se englobadas neste item,
as medidas maximizadoras que tem por função potencializar os efeitos
positivos provocados ou induzidos pelo empreendimento. As medidas
compensatórias, por sua vez, são aquelas que buscam dar ao ambiente
afectado compensações por impactos não mitigados parcial ou
totalmente.

Unidade Tematica 2.7. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA)

A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) pode ser definida como uma


série de procedimentos legais, institucionais e técnico-científicos, com
o objectivo caracterizar e identificar impactos potenciais na instalação
futura de um empreendimento, ou seja, prever a magnitude e a
importância desses impactos.

46
O Instrumento de Avaliação de Impacto Ambiental deve ser elaborado
para qualquer empreendimento que possa acarretar danos ou
impactos ambientais futuros, sendo executado antes da instalação do
empreendimento. Com este enfoque, tem sido utilizado
principalmente nos seguintes empreendimentos: minerações,
hidroeléctricas, rodovias, aterros sanitários, oleodutos, indústrias,
estações de tratamento de esgoto e loteamentos.
Como vimos anteriormente, são 4 as etapas de um Estudo de Impacto
Ambiental (E.I.A.), sendo que o instrumento AIA corresponde à
segunda etapa de elaboração (Bitar & Ortega, 1998).

Unidade Tematica 2.8. CUSTOS AMBIENTAIS EMPRESARIAL

Custos ambientais são representados por todos os custos dos recursos


utilizados pelas actividades desenvolvidas com a finalidade de
controlo, preservação e recuperação ambiental (RIBEIRO, 1998).
Custos ambientais compreendem os gastos referentes ao
gerenciamento de maneira responsável dos impactos no
desenvolvimento da actividade empresarial no meio ambiente. Ou
seja, qualquer custo decorrente de alguma acção voluntária ou
incorrido para atender os objectivos e exigências ambientais dos
órgãos reguladores, reconhecidas no momento da identificação.

Os custos ambientais são decorrentes da protecção ambiental,


compostos por actividade de redução de poluição e resíduos,
monitoração da avaliação ambiental, estas actividades vem crescendo

47
com o aumento da regulamentação ambiental, e visível preocupação
da sociedade.

Custos ambientais nas empresas que compõem o Índice de


Sustentabilidade Empresarial (ISE) impactos no desenvolvimento da
actividade empresarial no meio ambiente, são custos ambientais,
decorrentes de alguma acção voluntária ou incorridos para atender os
objectivos e exigências ambientais dos órgãos reguladores,
reconhecidas no momento da identificação. (BERGAMINI, 2000).

A evidenciação das informações ambientais tem por objectivo


“identificar mensurar e esclarecer os eventos e transacções
económico-financeiros que estejam relacionados com a protecção,
preservação, e recuperação ambiental, ocorridos em um determinado
período, visando à evidenciação da situação patrimonial da entidade.
As actividades relacionadas a protecção, preservação, e recuperação
ambiental, geram custos para as organizações.

A exigência no ambiente empresarial promove simultaneamente, a


responsabilidade social, reduz o uso de recursos naturais, reduzindo
consequentemente, os impactos negativos sobre o meio ambiente,
preservando a integridade do planeta para as futuras gerações, sem
deixar de lado a rentabilidade esperada pelo investidor. Em meados de
2005 foi criado o índice de acções para servir de referência aos
investidores socialmente responsáveis, surgindo assim o Índice de
Sustentabilidade Empresarial.

O índice tem como objectivo ser composto por empresas que se


destacam em responsabilidade social, com sustentabilidade no longo
prazo, ser um referencial do desempenho das acções desse tipo de
empresa, ser percebido como tal pelo mercado (credibilidade), ser
replicável, e estimular boas práticas por parte das demais.
Com relação aos custos ambientais, a Tabela apresenta os custos
referentes ao meio ambiente divulgados pelas empresas do ISE em
2006.

Quadro 3 – Categorias e subcategorias de custos ambientais


evidenciadas pelas empresas

Categorias e Subcategorias de Custos Ambientais


Custos ambientais para controlar ● Custos de prevenção de poluição (ar, água e solo)
Ocorrência de impactos ambientais ● Custos de conservação global ambiental
● Custos para gestão de resíduos
Custos de conservação em ● Custos com pesquisa e desenvolvimento ou custos
actividades de pesquisa e ● Para planejar impactos ambientais de produtos
desenvolvimento.

48
Custos ambientais em actividades ● Custos para protecção da natureza, reflorestamento,
sociais ● Embelezamento e melhorias para o meio ambiente
● Custos para distribuição de informações ambientais
● Custos para contribuição e apoio de grupos ambientais
● Custos com recuperação de contaminação ambiental
Custos correspondentes a danos ● Custos com indemnizações e penalidades ambientais
Ambientais

Sumário

Nesta Unidade temática 2.2 estudamos e discutimos


fundamentalmente a Responsabilidade ambiental:
● Histórico da Responsabilidade ambiental
● Desenvolvimento sustentável versus ecodesenvolvimento
● Actividade humana e a polução;
● Plano de proteção ambiental: Indicadores ambientais
● Avaliação impacto ambiental (AIA);
● Custos ambientais empresarial

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)


10. O que entende por Responsabilidade ambiental?
11. Enuncie o principal objectivo de Responsabilidade ambiental.
12. Fale das etapas históricas da Responsabilidadeambientais?
13. Fale do desenvolvimento sustentável vs ecodesenvolvimento?
14. Indique as causas e os efeitos dos actuais problemas ambientais.
15. Enuncio os indicadores ambientais.
16. Fale da importância da Avaliação de Impactos Ambientais.

Respostas:
10. Rever o 1º parágrafo da página 21 (Introdução desta Unidade):
11. Rever o 5º, parágrafo da página 23 (Introdução desta Unidade);
12. Rever o 3º parágrafo da página 23 (Introdução desta Unidade);
13. Rever 8º paragrafos da pagina 23;
14. Rever os conteúdos da pagina 27;
15. Rever os conteúdos da página 44;

49
16. Rever os conteudos da página 46;

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)


● Todas as empresas (independentemente do tamanho);
● Todas as entidades filantrópicas como Ong´s, Fundações, Igrejas, etc.;
● Cooperativas;
● Pessoa Física;
São:
Só uma das seguintes respostas é correcta.
a) Razão
b) Caixa
c) Entidades
d) Lalur
e) Diário

2. Um “desenvolvimento sustentado” segue o princípio, segundo o quala


sociedade não mais se organiza “de cima para baixo”, de forma centralizada e

50
autoritária, mas sim conforme a pluraridade social, por meio de um processo
dinâmico de tomada de decisões.

Só uma das seguintes respostas é correcta.

a) Nas empresas ;
b) espaço aos cidadãos;
c) Auto-regulação;
d) Auto-organização
e) Parciais autônomos

3. Os dados abaixos define a sustentabilidade relacionado à:


a) Uso racional do estoque de recursos naturais;
b) Capacidade de suporte do ecossistema;
c) Os limites da capacidade de suporte de determinado territórios;
d) Integram aolongo do tempo as identidades dos povos;
e) Política de justiças redistributivas;
f) Necessidade de criar e fortalecer a engenharia institucional.

___sustentabilidade institucional,
____ Sustentabilidade social,
____ Sustenbabilidade cultural,
____ Sustenbabilidade demografica.
____ Sustenbabilidade ambienta
____ Sustenbabilidade ecologia.

4. Caro estudante, apenas uma das afirmações que corresponde o Plano de


Protecção Ambiental:
- Abiotica
____Quadro de fonte de poluição da água;
____ As condições esteticase sanitárias do meio ambiente;
____Directrizes para o uso, parcelamento e ocupação do solo;
____ Calculos de custos ambientais empresal;
____ Abordagem para integrar novas ideiais de auto sustentado.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

7. O que entende por ecodesenvolvimento?


8. Fale da mudança de paradigma da responsabilidade social das grande
corporações a economia para a ecologia?
9. Mencione, a relevância de ter o instrumentode Avaliação de Impacto
Ambiental (AIA)
10. Enuncie os custos ambientais decorrentes da queimadas descontrolada
em Moçambique

51
11. Escolha, um exemplo de responsabilidade socioambientalcom base em
casos concretos, que se observam no dia a dia ou no seu local de
trabalho3.

TEMA III: CRISE DE PARADIGMA


Unidade 3.1. Racionalidade ambiental e a educaão ambiental
Unidade 3.2. ética e o papel do voluntáriado
Unidade 3.3. ética e a responsabilidade social
Unidade 3.4.ética e lucro: conflito entre valores
Unidade 3.5. ética e as qualidades nas relações
Unidade 3.6. aspectos conceituais e evolutivos do balanco social
Unidade 3.7. Indicadores de responsabilidade social
Unidade 3.8. Responsabilidae social de governos
Unidade 3.9. inovação social sustentavel
Unidade 3.10. Promoção na responsabilidae social
Unidade 3.11. A inovação e responsabilidade social
Unidade 3.12. A política e estreatégia de desenvolvimento local
Unidade 3.13. EXERCÍCIOS INTEGRADOS das unidades deste tem

3. CRISE DE PARADIGMA SOCIOAMBIENTAL

Introdução

Nessa conjuntura a ética ambiental (ética, em seu sentido geral) vem


para tentar esclarecer às verdadeiras causas de tal crise, para
desmistificar a visão preconcebida acerca da problemática. Logo, a
ética como ciência da moral vem para ajudar a esclarecer as questões
aqui levantadas.

3
Parte de exercícios do TC a serem entregues no seu Centro de Recursos, até duas
semanas antes das próximas sessões tutoriais.
52
Portanto, o estudo da crise de paradigma ambiental tem como
objectivo conhecer, analisar e interpretar as visões da ética ambiental
em relação à crise ambiental e as mudanças de paradigmas.
No actual contexto, três desafios básicos envolvem as mudanças de
paradigmas do século XXI.

Registaros cenariosconceptuais e as teorico da crise paradigma socioambiental.

● Apresentar o debate da crise de paradigma socioambiental


● Descrever a ideia de racionalidae ambiental e a educação ambiental
● Entender a ética nas diferentes perspectivas da responsabilidade social
● Debater os aspectos conceituais e evolutivos do balanço social;
● Analisar os indicadores da responsabilidade social;
● Discutira aplicabilidade dos diferentes estagios de ética;
Objectivos
● Apresentar diferentes cenários da promoção na responsabilidade social;
específicos ● Discutira política e estrategia de desenvolvimento local

Primeiramente tem-se o declínio do sistema patriarcal, com a ascensão


dos movimentos feministas (os quais possuem semelhanças com a luta
pela defesa do meio ambiente), posteriormente o declínio da era dos
combustíveis fósseis, fontes de energia que impulsionaram o
desenvolvimento d as indústrias na era moderna, que “cederiam” lugar
para a era das fontes de energias limpas e renováveis, e por fim, a
grande mudança de paradigma, uma remodelagem no pensamento,
nos padrões, na percepção e nos valores que formam a visão mais
fundamental da realidade.

Entretanto, esse factor está intimamente ligado a uma mudança de


paradigma na história da humanidade, e para se começar uma troca de
informações, conceitos e interpretações da consciência acerca do que
é paradigma e qual é o fenómeno que essa palavra revela na realidade
de nossa percepção, é necessário definir de que entendimento se fala
acerca do fenómeno paradigmático, de qual degrau o fenómeno é
contemplado.

O paradigma é a forma com que o ser-humano lida com a experiência


da vida, a sua forma pessoal de enxergar o mundo, influenciada pela
cultura, pelo momento, mas que fará ele ser quem ele é, fazer o que
faz, compreender o que compreende, e relacionar o que relaciona,
enfim, manifestar o que manifesta. Sua actuação biopsicossocial
depende de seu entendimento com a vida e si próprio, depende de sua
autoconsciência e de sua consciência acerca dos fenómenos que nos
rodeiam.
53
O paradigma é o filtro com que interpretamos os fenómenos e
construímos nossos entendimentos acerca do viver. Nesse momento é
fascinante perceber que autores, conhecidos por manifestarem idéias
que compõem um novo paradigma na história do conhecimento
humano, trazem uma contribuição no sentido da inovação dos modos
de viver e agir do ser-humano, modos esses que conduziram a
humanidade até onde ela está hoje. É uma contribuição no sentido dos
paradigmas emergentes do conhecimento. De acordo com estudo
científico existência dois estilos de gestão, baseados em dois
paradigmas diferentes:

Paradigma Actual Novo Paradigma


● Certeza ● Incerteza
● Previsibilidade ● Mudanças rápidas
● Hierarquia ● Redes não-hierárquicas
● Divisão de trabalho e fragmentação ● Esforço integrado /holístico
de funções
● O poder vem do centro ou do topo ● O poder vem de vários
centros
● Empregados passivos ● Empregados sócios
● Uma maneira correta ● Vários pontos de vista
● Competição ● Compartilhar
● Controle burocrático ● Estruturas flexíveis
● Eficiência ● Relacionamento
● Operação de cima para baixo ● Operação de baixo para
(reativa) cima (experimental)
Visão Dualista Visão Holográfica
● O átomo é indivisível; ● Estruturas subatômicas;
● Objectos são sólidos; ● Impermanência da forma;
● O mundo físico é estável; ● Transformação constante;
● O universo é mecanicista; ● Probabilidades;
● existe causalidade e determinismo; ● Universo das incertezas e
● A relação sujeito versus objecto; paradoxos;
● A realidade é percebida pelos ● Inter-relação dos campos;
sentidos; ● Análise dos efeitos;
● A observação é indirecta; ● Interacção do observador;
● Afirma a verdade absoluta da ● Correlação com a
forma; experiência;
● O conhecimento é fragmentado; ● O todo é maior que a soma
● A consciência depende da estrutura das suas partes;
cerebral fixa; ● Expansão da consciência e
● A relação básica é ou/ou suas alterações;
● Relação com ambos: Ying e
Yang

Nossa organização social actual, bem como nossos entendimentos


acerca de como devemos agir com relação à natureza provém das duas
54
colunas da esquerda, enquanto o paradigma emergente de
conhecimento é composto pelos elementos das duas colunas da
direita.

Unidade Tematica 3.1. RACIONALIDADE AMBIENTAL E A EDUCAÇÃO


AMBIENTAL - OS NOVOS PARADIGMAS DE ACÇÃO

Desse modo, fica claro que a expectativa da humanidade é darfim à


crise ambiental, e porque não, na crise de valores que nos aflige, é o
abarcamento dos novos elementos de entendimento da vida que
compõe o paradigma emergente.

Talvez o principal elemento, o diferencial entre os dois paradigmas


expostos, é o entendimento que o todo não é somente o resultado da
soma das partes, mas sim que todas as partes estão contidas e contém
o todo. Portanto no estudo científico sobre a responsabilidade sócio
ambiental, deve ter em conta este dois estilos de paradigma.

Uma vez entendida a necessidade da construção de novos paradigmas


educacionais em matéria ambiental, se faz imprescindível relacioná-los
à sociedade de risco da actualidade, bem como viabilizar soluções para
os problemas destas, a partir de novos modelos de acção,
principalmente no âmbito não formal.

Ao se elaborar novas metodologias, Barcelos (2008) propõe que as


mesmasa partir de problemas atuais, não apenas “copiadas” ou
“adaptadas” de problemas anteriores, uma triste herança arraigada na
cultura brasileira. Tal pensamento vislumbra o que Leff (2006) já
ensinava acerca da adopção da racionalidade ambiental, isto é, ele
defendia a construção de uma nova racionalidade, haja vista a
contradição entre economia e ecologia, imposta pelos próprios
homens.

A construção de uma racionalidade ambiental é um processo de


produção teórica e de transformações sociais, o qual orienta para uma
economia global sustentável (Leff, 2006). Tal processo, gera novas
perspectivas epistemológicas e métodos para a produção do
conhecimento, bem como para a integração prática de diversos
saberes no tratamento de problemas socioambientais.

55
Unidade Tematica 3.2. ÉTICA E O PAPEL DO VOLUNTARIADO

A ética é a ciência da conduta humana, tendo como objecto de estudo


a moral. Esse objecto é formado por diferentes actos humanos,
conscientes e voluntários, que possam a afectar outros indivíduos,
determinados grupos sociais ou a sociedade de um modo geral.

O papel do voluntariado só passa a existir efectivamente quando o


homem mantém relações sociais com os demais. Sendo elas um
conjunto de normas aceitas livremente e conscientemente, regulam o
comportamento individual e colectivo.

Toda moral como conjunto de norma está susceptível a mudança e a


passagem do tempo. Ela adquire novas conotações de acordo com a
época e a sociedade que a constrói, se adapta as necessidades do
momento. Desta forma, não se pode dizer que uma moral é superior
ou melhor do que outra.

Em seu sentido amplo a ética “encara a virtude como prática do bem e


esta como a promotora da felicidade dos seres, quer individualmente,
quer colectivamente, mas também avalia os desempenhos humanos
em relação às normas comportamentais pertinentes”. A ética como
ciência da conduta humana busca adequar-se ao contexto
sócio-políticocultural da sociedade a qual esta inserida.

Desta forma, diversas vertentes da ética passam a surgir para se


adaptarem a determinado factor que exige sua contribuição. Como por
exemplo, as éticas ecológicas (aqui também chamadas de éticas
ambientais) que trazem em seus domínios pensamentos acerca das
questões socioambientais. A seguir serão expostas duas linhas de
pensamento que buscam explicar os problemas e os desafios da actual
crise ambiental, a ecologia profunda e o ecofeminismo.

Unidade Tematica 3.3. ÉTICO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

A ética é um padrão moral não governado por lei que focaliza as


consequências humanas das acções, frequentemente requerer um
comportamento que atinja padrões mais altos que os estabelecidos
por lei, acima de acções calculadas para produzirbenefícios tangível. A
ética trata de juízos de valores, qualificando a conduta humana do
ponto de vista do bem, do mal, seja relativamente a determinada
sociedade, seja de modo absoluto.
56
A categoria utilitarista advoga que todos os afectados pela acção ou
decisão devem ser levados em conta: utilitarismo é a doutrina moral
segundo a qual se deve sempre agir para produzir o melhor balanço
possível do bem sobre o mal, para todos afectados pela acção.

Com base na argumentação de que a lealdade de grupo, muitas vezes,


diz respeito a realização do auto interesse, mas frequentemente pode
estar em conflito com interesse de outras agentes, fazendo emergir
outro tipo de dilema estico.

Unidade Tematica 3.4. ÉTICA E LUCRO: CONFLITO ENTRE VALORES INDIVIDUAIS


E ORGANIZACIONAIS

Há a percepção de que alguns princípios desenvolvidos na actuação


como voluntário se contrapõem à rotina da empresa, na medida em
que surgem conflitos nas parcerias entre empresas e ONGs. Estes
conflitos sugerem que há uma duplicidade moral entre o exercício das
actividades na ONG e na empresa. A questão da ética empresarial
merece discussão mais detalhada.

Assim, enquanto houver mais-valia há trabalho não-pago, sendo que a


actividade voluntária propõe ideal humanista, mas reitera a lógica da
expropriação do Trabalho. Assim, pode-se afirmar que, do ponto de
vista ético, a proposta do voluntariado é contraditória com a lógica de
acumulação de riqueza.

O voluntariado atua nas bordas do sistema (Antunes, 1999), visando


minimizar os impactos da destrutividade do Capital, conforme visto
nos depoimentos. A preocupação maior das empresas concentra-se
em realizar programas de RSC que não entre na discussão central do
lucro. Alguns voluntários denunciam a competitividade como “falta
ética”, trazendo que a busca de bens materiais é a produtora dos
problemas contemporâneos.

Quanto à percepção da ética empresarial, notou-se nos discursos dos


voluntários corporativos, tanto da EMPRESA A como da EMPRESA B,
que estes parecem possuir uma imagem positiva da empresa na qual
trabalham. Os relatos foram permeados pelo receio de lesar a empresa
ao serem voluntários, por temerem não cumprir acordos estabelecidos
no contrato de trabalho.

57
Unidade Tematica 3.5. ÉTICA E QUALIDADE NAS RELAÇÕES

A actuação baseada em princípios éticos elevados e a busca de


qualidade nas relações são manifestações da responsabilidade social
empresarial. Numa época em que os negócios não podem mais se dar
em segredo absoluto, a transparência passou ser a alma do negócio:
tornou-se um factor de legitimidade social e um importante atributo
positivo para a imagem pública e reputação das empresas.

É uma exigência cada vez mais presente a adopção de padrões de


conduta ética que valorizem o ser humano, a sociedade e o meio
ambiente. Relações de qualidade constroem-se a partir de valores e
condutas capazes de satisfazer necessidades e interesses dos
parceiros, gerando valor para todos.

Empresas socialmente responsáveis estão preparadas para assegurar a


sustentabilidade a longo prazo dos negócios, por estarem
sincronizadas com as novas dinâmicas que afecta a sociedade e o
mundo empresarial. O necessário envolvimento de toda a organização
na prática da responsabilidade social gera sinergias, precisamente com
os públicos dos quais ela tanto depende, que fortalecem seu
desempenho global.

Ética e qualidade empresária é socialmente responsável quando vai


além da obrigação de respeitar as leis, pagar impostos e observar as
condições adequadas de segurança e saúde para os trabalhadores, e
faz isso por acreditar que assim será uma empresa melhor e estará
contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa.

Ética da responsabilidade social revela-se internamente na


constituição de um ambiente de trabalho saudável e propício à
realização profissional das pessoas. A empresa, com isso, aumentasua
capacidade de recrutar e manter talentos, factor chave para seu
sucesso numa época em que criatividade e inteligência são recursos
cada vez mais valiosos.

A empresa demonstra sua responsabilidade social ao comprometer-se


com programas sociais voltados para o futuro da comunidade e da
sociedade. O investimento em processos produtivos compatíveis com
a conservação ambiental e a preocupação com o uso racional.

58
Unidade Tematica 3.6. ASPECTOS CONCEITUAIS E EVOLUTIVOS DO BALANÇO
SOCIAL

Partindo de pressuposto que o termo balanço tem sido utilizado na


contabilidade, tanto para designar o período em que se faz o
levantamento dos fatos de natureza contável da entidade, como,
também, para denominar todas as demonstrações económicas
financeiras de uma empresa, numa determinada data, ou somente
uma delas: o balanço patrimonial.

Em repostas as numerosas pressões sociológicas influenciadas pela


acção de sindicatos, de organizações de consumidores, pelo
movimento ecológicos, cada vez mais estabelecida a ideia de que a
entidade empresa não era somente um agente económico na missão
de produzir riqueza, mas um ente social que devera prestar contas do
seu impacto sobre a sociedade em geral.

As definições de balanço social é conjunto de informações económicas


e sociais, que têm como objectivo demonstrar a um número maior de
usuários o desempenho económico e financeiro da empresa e sua
actuação em benefícios da sociedade.

A demonstração consiste basicamente em reunir e sistematizar a


informação da área social num documento público, onde se possa
quantificar dados, mediante o elemento básico do balanço social, que
são os indicadores sociais. Foi esse passo inicial para o crescimento da
concretização de que as empresas não podem agir livremente,
produzindo bens e serviços sem respeitar os homens e o meio
ambiente natural.

Não obstante essas iniciativas, muitas empresas vem divulgando


voluntariamente o resultado de suas práticas de responsabilidade
social, utilizando estrutura e conteúdo específicos, haja vista a
inexistência de modelo e regras únicas de elaboração a serem
seguidas, como nas demonstrações financeiras obrigatórias.

Nesse aspecto, algumas instituições tem tido contribuições


importantes, a destacar-se a base que lançou um modelo para
elaboração do balanço social, do qual um número crescente de
empresa vem-se utilizando.

Lanços sociais ressaiam-se:

59
a) Comunicar, em conjunto com as demais demonstrações
contabeis, as acções desenvolvidas como estratégicas de
sobrevivência e crescimento da organização.
b) Evidenciar, seja de forma qualitativa como através de
indicadores as contribuições da entidade para com a qualidade
de vida da população
c) Abranger o universo das interacções sociais entre clientes,
fornecedores, accionistas, investidores, governo etc,
d) Ampliar o grau de confiança da sociedade parta com a
entidade,
e) Clarificar os objectivos e as politicas adoptadas, julgando a
administração não apenas em função do despenho económico,
mas também dos resultados socais.

Em função dos diversos instrumentos de responsabilidade social


existente e dos diferentes aspectos focalizando por cada um deles é
importante que as empresas tornem publicas as actividades que
desenvolvem para melhorar a qualidade de vida – entre colaborares e
comunidade – evidenciando a responsabilidade social em, valores
monetários direccionados as acções sócias.

Esses conjuntos de informações sobre projectos, benefícios e


investimento social planejado pelas organizações são demonstrados
por meio do balanço social. O balanço social não é o inicio, mas o fim
de todo um processo de gestão, que começa com o conhecimento e
com a consciencialização sobre a responsabilidade social da
organização, para depois ser colocada na sua missão e servir como
norte da gestão empresarial:

a) Definição e internalização dos valores éticos e atitudes


socialmente responsáveis a serem adoptados pela organização;
b) Aderência desses mesmos valores o estratégico e práticas
empresariais;
c) Definição dos programas e iniciativas e serem desenvolvidas,
bem como os resultados a serem atingidos;
d) Elaboração de panejamentos específicos com a definição de
recursos – humanos materiais e financeiras – necessárias ao
cumprimento dos programas predefinidos;
e) Utilização ou construção de indicadores para aferir a execução
das iniciativas e prática de responsabilidade social;
f) Avaliação da eficiência das acções implementadas, reformulado
e redireccionado as actividades/ iniciativas, quanto a
necessário;
g) Elaborações do balanço social serão elencado todos as
iniciativas adoptadas, demonstrados os valores investidos e os
benefícios das acções implementadas;

60
h) Validação das informações apresentadas;
i) Publicação aos diferentes públicos, através do balanço social.
j) Outra análise é apresentada por Carvalho (apud Kroetz 2000),
que identifica na implementação do balanço social o
desenvolvimento de quatro fases:
● Fase política;
● Fase operacional;
● Fase de gestão;
● Fase de avaliação.

É oportunidade salientar que o balanço social somente poderá ser


elaborado seorganização for responsável socialmente por aquilo que
produz e o resultado além de financeiro for para beneficiar a
sociedade como um todo.

Unidade Tematica 3.7. INDICATIVOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

Os indicativos de responsabilidade social são instrumentos que a


organização pode-se utilizar para direccionar as suas estratégias
também avaliar a eficácias das metas e iniciativas planejadas para a
parceria e transformação de seu entorno. Através dos indicadores,
identificar necessidades e apontar deficiências das iniciativas de
responsabilidade sociais.

Segundo Melo Neto & Froes (1999), o processo de desenvolvimento


sustentável requer a formação de alianças intersectoriais, ideias e
acções desenvolvidas por diferentes organizações, sejam essas,
organizações do Primeiro, Segundo e Terceiro Sector, a fim de
beneficiar a sociedade como um todo.

No que se refere à Responsabilidade Social, tais padrões são


importantes no que diz respeito aos activos tangíveis e intangíveis na
mensuração dos projectos e acções, embora os estudos e
comprovações sejam, em sua maioria, empíricos.

Assim, os indicadores sociais deixaram de figurar apenas os


diagnósticos e relatórios governamentais ganhando modelos que
avaliam e divulgam informações sociais, económicas e ambientais,
perfazendo o tripé do desenvolvimento sustentável.

No tocante, para a pesquisa em estudo, os indicadores de


Responsabilidade Social são vistos como um elo entre os modelos

61
explicativos da teoria e a evidência empírica dos estudos sociais em
observação.
Em um olhar mais pragmático, pode-se dizer que o indicador de
Responsabilidade Social é um instrumento operacional para monitorar
a realidade social, para fins de reavaliação e intervenção na política de
gestão da organização em estudo. Os indicadores de Responsabilidade
Social Empresarial podem ser descritos como uma ferramenta de
avaliação e gestão das práticas de Responsabilidade Social no
posicionamento estratégico da organização.

Estes indicadores possibilitam comparar o desempenho da empresa


com as demais organizações do seu segmento, analisando os pontos
fortes de gestão e as oportunidades de melhoria dentro dos temas de
avaliação. Criado em 2000 pelo Instituto Athos, os indicadores Athos
são actualizados anualmente e podem ser aplicados por qualquer
empresa, distribuído em sete dimensões de avaliação.

O autodiagnóstico da Responsabilidade Social nas empresas abrange


dilemas e peculiaridades de cada sector, sendo que existem versões de
Indicadores Athos para sectores específicos, como: mercado
(Financeiros, Mineração; Papel e Celulose; Construção Civil; Transporte
de Passageiros Terrestres; Petróleo e Gás; Panificação; Restaurante e
Bar; Varejo), não existindo ainda indicadores específicos para
Responsabilidade Social

Quadro – 4: As dimensões e indicadores Ethos empresariais


Responsabilidade Social

Dimensões Ethos Indicadores Athos


● Compromissos Éticos
● Enraizamento na Cultura
Organizacional
Valores, Transparência e ● Governança Corporativa
Governança ● Relações com a Concorrência
● Diálogo com Partes
Interessadas (Stakeholders)
● Balanço Social

● Relações com Sindicatos


● Gestão Participativa
● Compromisso com o futuro
das crianças.
● Compromisso com o
desenvolvimento infantil
● Valorização da diversidade

62
Público Interno ● Compromisso com a
Equidade Racial
● Compromisso com a
Equidade de Género
● Política de remuneração,
benefícios e carreira.
● Cuidado com saúde,
segurança e condições de
trabalho.
● Compromisso com o
desenvolvimento
profissional e a
empregabilidade.
● - Comportamento frente a
demissões Preparação para
aposentadoria

● Compromisso com a
melhoria da qualidade
ambiental
Meio Ambiente ● Educação e conscientização
ambiental
● Gerenciamento do impacto
no meio ambiente e do ciclo
de vida de produtos
● Minimização de entradas e
saídas de materiais

● Critérios de selecção e
avaliação de fornecedores
● Trabalho infantil na cadeia
Fornecedores produtiva
● Trabalho forçado (ou
análogo ao escravo) na
cadeia produtiva
● Apoio ao desenvolvimento
de fornecedores

● Política de comunicação
comercial
Consumidores e Clientes ● Excelência de atendimento
● Conhecimento e
gerenciamento dos danos
potenciais dos produtos e

63
● Serviços

● Financiamento da acção
social
Comunidade ● Envolvimento com a acção
social
● Gerenciamento do impacto
da empresa na comunidade
de entorno
● Relações com organizações
locais

● Contribuição para
campanhas políticas
● Construção da cidadania
pelas empresas
Governo e Sociedade
● Práticas anticorrupção e
antipropina
● Liderança e influência
social
● Participação em projectos
sociais governamentais

Os indicadores Athos são aplicados por meio de questionários de fácil


preenchimento e entendimento pelo autor participante, sendo
também um importante momento de participação e diálogo interno
que quando bem aproveitado, pode ser uma grande oportunidade de
homogeneização dos conceitos de Responsabilidade Social e exercício
da gestão participativa.

Unidade Tematica 3.8. RESPONSABILIDADE SOCIAL DE GOVERNOS

Uma boa actuação neste sentido envolve a participação da empresa


em organizações e associações empresariais, buscando soluções
inovadoras que possam beneficiar, não só a comunidade em geral,
como clientes, parceiros e a própria empresa. A orientação da
responsabilidade social corporativa para o governo se refere ao
cumprimento de suas obrigações legais.

64
Esta é fundamental no sentido de dar um retorno para a sociedade
que depositou confiança nas empresas socialmente responsáveis.
É importante que a empresa procure assumir seu papel, enquanto
construtora da cidadania. Segundo Ethos (2007), para que a empresa
possa dar um passo adiante com vistas a alcançar um papel de
liderança no que concerne a discussão de temas como participação
popular e corrupção, é preciso que se estabeleçam programas de
conscientização para a cidadania e importância do voto, tanto para seu
público interno, como a comunidade de entorno.

A ideia de desenvolvimento social, a qual busca reflectir as acções


empresárias com intuito de responsabilidade social, no sentido de
garantir a qualidade de vida de determinada sociedade, seja de forma
regional ou globalizada.

O compromisso formal com o combate à corrupção explícita a posição


contrária da empresa no recebimento ou oferta, aos parceiros
comerciais ou a representantes do governo, de qualquer quantia em
dinheiro ou coisa de valor, além do determinado em contrato. Esta
proibição se aplica às ofertas directas e indirectas, dentro ou fora do
país. (ETHOS, 2007).

A busca de participação em associações, sindicatos e fóruns


empresariais, cabe a empresa socialmente responsável também, como
factor impulsionador na elaboração conjunta de propostas de
interesse público e carácter social.
Actualmente, a intervenção dos diversos atores sociais exige das
organizações uma nova postura, calcada em valores éticos que
promovam o desenvolvimento sustentado da sociedade como um
todo. A questão da responsabilidade social vai, portanto, além da
postura legal da empresa, da prática filantrópica ou do apoio à
comunidade. Significa mudança de atitude, numa perspectiva de
gestão empresarial com foco na qualidade das relações e na geração
de valor para todos. É importante ressaltar que a responsabilidade
social é, ainda, um processo em crescimento em vários países do
mundo.

A questão da participação das empresas privadas na solução de


necessidades públicas está nas pautas das discussões actua. Embora
alguns defendam que a responsabilidade das empresas privadas na
área pública limita-se ao pagamento de impostos e ao cumprimento
das leis, crescem os argumentos de que seu papel não pode ficar
restrito a isso, até por uma questão de sobrevivência das próprias
empresas. Outro argumento é o fato de que adoptar posturas éticas e
compromissos sociais com a comunidade pode ser um diferencial

65
competitivo e um indicador de rentabilidade e sustentabilidade no
longo prazo.

Unidade Tematica 3.9. INOVAÇÃO DE SUSTENTABILIDAESOCIAL

As inovações podem ocorrer de diversas formas, conforme abordado


na literatura da área, que indica os conceitos e principais pressupostos.
A questão da inovação, apontando para discussões conceitua e seus
efeitos no contexto organizacional. “Uma inovação é uma nova
combinação de conhecimentos para gerar o novo, porém um novo
conhecimento que tenha valor de troca e não só valor de uso (...) a
inovação é a solução técnica economicamente viável do problema”
(Zawislak, 1995, p. 138).

As inovações incrementais são realizadas de forma contínua e


geralmente apresentadas como adaptações e melhoramentos. Elas são
mais periféricas, pois não tratam todo o conteúdo da técnica ou da
tecnologia em um único momento. Já a inovação radical é aquela que
gera alterações significativas na técnica ou tecnologia, de uma forma
aparentemente, não gradual.

No entanto,a inovação radical vem antecedida de uma série de


inovações incrementais, de forma que a inovação radical acabe
representando a transposição para outro degrau. Há também a
importante distinção sobre as inovações no que se refere à inovação
deprocesso ou de produto. Nem sempre a inovação de um produto
significa um progresso técnico e, geralmente, indica uma inovação
radical.

O progresso das técnicas em geral deve incluir todo e qualquer tipo de


inovação (radical e incremental, de produto e de processo), mas o
desenvolvimento tecnológico será principalmente influenciado pelos
avanços no “modo de fazer”. Os produtos têm um papel de estímulo às
inovações de processos. Portanto, uma empresa que investe na
constituição de capacitação tecnológica, investe, antes de mais nada,
na capacidade de adequar o seu processo produtivo às normas e às
exigências de qualidade, competitividade e produtividade.

Tendo em vista que a inovação é uma contribuição para o


desenvolvimento em um contexto que envolve a perspectiva do
Desenvolvimento Sustentável, as práticas inovadoras têm significativo
espaço e relevância.
A relação entre a inovação e o Desenvolvimento Sustentável,
apontando para a necessidade de inovação radical para a aplicação de
66
tecnologias limpas. A seguir, são apontados pressupostos de DS como
estratégia nas organizações.

Inovação sustentabilidade social representa sistemas abertos e não


podem ser compreendidas isoladamente. São consideradas
organismos vivos, pois estabelecem trocas contínuas com o seu
ambiente, relacionando-se com infinitas variáveis. Como qualquer ser
vivo possui um previsível ciclo de vida: nascimento, crescimento e
morte.

A morte para alguns pode representar o fim, mas pode também


representar o recomeço de um novo ciclo, uma transformação, a
mudança de algo que precisa se renovar.Pode-se dizer também que tal
ciclo não se apresenta de forma tão linear, podemos ter os três
estágios permeando-se. A cada estágio, a empresa, lida com diferentes
desafios para se manter viva e se perpetuar, contudo, isto só é possível
com uma cultura organizacional que permita a inovação e gere
aprendizado contínuo para se recriar e se adaptar as transformações
do seu ambiente.

Como um sistema aberto de interacção e relacionamento, as empresas


afectam ou são afectadas por outros grupos chamados de stakeholders
que constituem seus públicos de interesse são os empregados, os
accionistas, os clientes, os fornecedores, os consumidores, os
concorrentes, a comunidade, a média, a sociedade e o governo, ou
seja, todos os públicos que se relacionam com ela directa ou
indirectamente.

Os consumidores estão cada vez mais exigentes, optando por produtos


de empresas socialmente e ambientalmente corretas. Uma empresa
socialmente responsável está preocupada não só em gerar lucro para
seus sócios e accionistas, ou em cumprir suas obrigações legais, mas
está preocupada em promover a construção de uma sociedade mais
humana e justa.

A responsabilidade social se apresenta como um caminho que levará


as empresas ao equilíbrio dos três pilares da sustentabilidade:
equilíbrio ambiental, justiça social e viabilidade económica, já que
busca valorizar as relações com os seus públicos de interesse.

A empresa que não dialoga com seus stakeholders, que não busca
ouvir quais os anseios e demandas da sociedade tem sua perenidade
comprometida porque provavelmente tem suas operações focadas em
resultados de curto prazo, se perdeu em sua estratégia.

67
Desta forma, a responsabilidade Social se apresenta com uma
oportunidade de inovação, no sentido em que as empresas se
destacarão no mercado por ter sua marca valorizada e terão um
diferencial no mercado.

A inovação deve ser a palavra de ordem de toda e qualquer empresa,


não focando a inovação somente para as áreas técnicas e de produção,
mas para a gestão como um todo, de forma a questionar o modelo de
negócio em relação às transformações e necessidades do mercado.

Certamente a veia assistencial presente em acções de


Responsabilidade Social Empresarial, desenvolvidas pelas
denominadas empresas cidadãs, também não pode ser negada.
Porém, a possibilidade de presença do ideário humano nos
constructos da lógica da competição pode vir a significar um caminho
menos desumano no desenvolvimento capitalista.

Além disso, a incorporação dos preceitos da sustentabilidade na esfera


empresarial implica que a noção de responsabilidade social
empresarial não significa apenas investimento privado em acções de
promoção social ou preservação ambiental, mas sim a incorporação do
ideário da sustentabilidade como parte de todas as actividades que a
empresa desenvolve.

O desenvolvimento económico não representa mais uma opção aberta


com possibilidades amplas para o mundo. A aceitação geral da ideia de
desenvolvimento sustentável indica que se fixou voluntariamente um
limite (superior) para o progresso material.

Nesse sentido, questiona-se em que medida as empresas, em especial


na realidade nacional, se vêem como agentes co-responsáveis pela
construção de um desenvolvimento que considere não apenas o
crescimento económico, mas também com os devidos cuidados com o
meio ambiente e a qualidade de vida da população em geral.

É nessa direcção que as práticas de responsabilidade social


empresarial tornam-se um elemento aliadas do desenvolvimento, na
medida em que podem promover efetivações e capacidades (Sen,
1993), não importa em que escala na vida dos beneficiários de suas
acções. Isto fortalece ainda a incorporação da noção do local como
espaço de realização do desenvolvimento.

Ao pensar o desenvolvimento local sustentável como mudança social,


com equidade social, responsabilidade ecológica, respeito à
diversidade cultural e democrática em sua construção, incorporando
ainda a noção de expansão das capacidades e liberdades das pessoas

68
(Sen, 2002), demanda-se ao poder local o estabelecimento das
condições de sua realização e ao poder público a responsabilidade de
induzi-lo.
A governança local neste contexto de diversidades e adversidades
funciona como uma instância articuladora na construção de eixos
comuns para acções propositivas e interventivas, referenciadas tanto
no campo das políticas públicas estatais, quanto das políticas de
responsabilidade social empresarial.

Dessa forma, a construção de novas perspectivas de desenvolvimento


necessita de materialização quotidiana e contínua, sendo necessário
incentivar discussões que tratem da definição mais concreta das
acções necessárias à sua efetivação nas práticas das empresas e da
governança local.
Não é possível negar que o ideário do livre mercado e a crescente
autonomia que o capital privado adquire na sociedade actual são
factores de difícil conciliação com a perspectiva do desenvolvimento
sustentável.

Por outro lado, os dados relativos à responsabilidade social


empresarial matem-se sempre em ascendência, o que demonstra ao
menos a possibilidade de um direccionamento, por parte das
empresas, para decisões que avancem rumo a um desenvolvimento
local sustentável.

Em síntese, estas reflexões contribuem para desmistificar a


globalização como geradora de um modo homogéneo de vida, bem
como abrem espaços para a manifestação de relações democráticas e
republicanas nos diversos níveis de convivência, o que permite
visualizar uma outra sociabilidade possível, induzida pelo agir
multifacetado dos atores participantes da dinâmica local envolta em
todos os seus constructos sociais, económicos, culturais e políticos em
função do bem comum.

Unidade Tematica 3.10. PROMOÇÃO NA RESPONSABILIDADE SOCIAL

Promoção é qualquer acta que venha a elevar o status de um produto,


individuo, situação, empresa, etc. Promoção na responsabilidade social
se tornou o ponto de partida para o estabelecimento do compromisso
das empresas e organizações privadas com o ambiente em que se
inserem e com a comunidade que directas ou indirectamente se
apresentam como demanda social.

69
Promoção na responsabilidade social socialmente é antes de tudo o
despertar da consciência colectiva de indivíduos que assumem a
postura de comprometimento com os destinos da geração futura. Isto,
aparentemente, pode não significar muito para um observador
desatento, entretanto, traduz o próprio significado da solidariedade
humana e da capacidade das organizações assumirem um papel para
além de uma simples acção de ajuda emergencial ou táctica de
marketing social para maximizar ganhos às custas da exploração da
ignorância de determinada parcela da sociedade.

O propósito neste debate é entender os meandros da


Responsabilidade Social e seu impacto dentro e fora das organizações,
como a questão se insere no campo da iniciativa privada com
finalidade lucrativa, faremos um recorte histórico e apontaremos os
pontos de aproximação e distanciamento das acções de
Responsabilidade Social que uma empresa pode desenvolver no
cenário actual. Entretanto, quem deve assumir as acções de
Responsabilidade Social.

A primeira vista, tendemos a seguir a lógica histórica de formação do


Estado e apontar o poder público como principal agente promotor da
cidadania e da garantia do melhor atendimento às causas sociais.
Entretanto, a limitação das políticas públicas de protecção e
seguridade social fez emergir um novo actor neste contexto: as
organizações civis e comunitárias, sem finalidade lucrativa, qualificadas
como organizações não-governamentais, em oposição às instituições
governamentais.
Para evitar qualquer conflito conceitual vale ressaltar que as
organizações civis e comunitárias ou não governamentais, sem
finalidade lucrativa, são legítimas esferas institucionais que se
constituíram para:

● Reforçar o processo de democratização da sociedade;


● Potencializar a garantia de direitos sociais civis;
● Ocupar espaços esvaziados de protecção e assistência social
deixado pelo poder público;
● Acompanhar acções de intervenção social das políticas de
seguridade social;
● Implementar projectos de complementaridade dos serviços
difusos e de pouco impacto desenvolvido pelo poder público e;
● Desenvolver tecnologia social capaz de propor soluções
inovadoras e criativas para os problemas sociais de carácter
local, maximizando o uso de recursos e minimizando custos
operacionais.

70
Estas organizações são as responsáveis pelas acções sociais de
intervenção na realidade concreta, objectivando legitimar e promover
os direitos de inclusão em seus diversos segmentos comunitários. Com
isso, podemos entender que a comunidade é o ambiente de realização
tanto da cidadania, como do impacto do comprometimento e
envolvimento com a causa social.

Para diferenciar, a causa social é o trabalho social estabelecido pelas


organizações civis e comunitárias, sem finalidade lucrativa, já as
políticas sectoriais básicas, são acções públicas desenvolvidas pelo
poder público. Podemos denominar como Responsabilidade Social a
gestão e controle do impacto produzido pela acção interventiva das
organizações civis sem finalidade lucrativa na comunidade local.

O segmento social de intervenção é desta forma, o ambiente de


manifestação e expressão da causa social. A estes segmentos podemos
também denominar de problema social. E o que é um problema
social? Para compreender o problema social devemos, em primeiro
lugar, identificar o que vem a ser a necessidade básica não satisfeita de
um determinado colectivo.

A necessidade básica é toda função humana que preserve a vida,


desde a alimentação, educação, trabalho, saúde, moradia, lazer, até a
consciência política e social. O problema social resulta da ausência de
solução no campo das necessidades básicas de uma comunidade. Com
isto, o problema social está directamente relacionado com o
desenvolvimento local, uma vez que este é a substância da causa
social. No esquema a seguir resumimos este sistema que expressará a
Responsabilidade Social.

Unidade Tematica 3.11. A INOVAÇÃO E RESPONSABILIDADE SOCIAL

A inovação é uma componente crucial para responsabilidades


social.Desenvolvem-se iniciativas socioeconómicas que, não sendo da
esfera privada nem da iniciativa pública, promovem um novo conceito
de empreendedorismo com finalidades sociais.

A inovação e responsabilidade social caracteriza-se por acções


colectivas com objectivo de solucionar problemas de cariz social,
estando associado ao desenvolvimento de projectos de indivíduos ou
de comunidades, não necessariamente envolvidos numa organização,
e visando alcançar o interesse geral, o bem comum, ou responder a
necessidades sociais não satisfeitas.

71
A inovação e responsabilidade social é visto como agente de mudança
social, tanto em áreas de preocupação social como das políticas
públicas. A inovação e responsabilidade social e o seu papel
fundamental no reforço da coesão social e económica.

O modelo de criação de valor a partir da conduta socialmente responsável:

Fonte: Adaptado de Fombrun, 2000.

Estas empresas apostam no desenvolvimento de novos serviços e


actividades diversas como resposta a situações de desemprego e
baixos rendimentos e promovem o processo de inclusão social. Uma
empresa social tem objectivos primariamente sociais, cujos excedentes
são principalmente reinvestidos com essa finalidade na empresa ou na
comunidade, não se orientando para a maximização dos lucros dos
accionistas ou proprietários.

As estruturas de apoio são cruciais para o incentivo ao


empreendedorismo, à inovação e à manutenção de boas práticas
relativamente às estratégias de emprego na economia social.

Unidade Tematica 3.12. A POLÍTICA E ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO


LOCAL

A política e estratégia de desenvolvimento local propõe-se a alcançar


quatro objectivos:
i) Estabelecer como a RSE no sector extractivo de recursos
minerais pode contribuir para a redução da pobreza e
desenvolvimento sustentável;
ii) ii) Estabelecer o enquadramento no qual a indústria
extractiva de recursos minerais e todas as partes
interessadas podem desenvolver programas de RSE práticos

72
e realistas, que reflictam os objectivos de desenvolvimento
do governo de Moçambique;
iii) Assegurar maior harmonização entre os planos de
desenvolvimento local definidos pelo governo e o
investimento social realizado pelas empresas no âmbito da
sua RSE;

iv) Associar a prática da RSE no sector extractivo de recursos


minerais em Moçambique às melhores práticas
internacionais (Mirem, 2013, pp. 2-3);

Estes objectivos são movidos pelo grande potencial da RSE do sector


extractivo e reflectem o interesse de o governo aliar-se ao sector
privado para gerar desenvolvimento. De acordo com o Presidente da
República Armando Guebuza, “uma empresa pode estar em condições
de financiar a construção de uma escola e outras podem se ocupar da
construção do lar dos alunos, do apetrechamento das infra--estruturas
(...) todas estas empresas beneficiam o povo e depois uma parceria
entre essas empresas e o governo vai permitir que haja uma melhor
resposta ao Plano Social e Económico” (Noticias, 26/08/2008).

Nesta Unidade temática 3.1, faz abordagem de crise de paradigma


socioambiental

UNIDADE Temática 3.13. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)


17. O que entende por crise de paradigma?
18. Mensione as diferentes formas de ética da respansabilidade social.
19. Mencione os tipos de laços sociais que aprender?
20. Descreva o sentido da ética e o seu papel no voluntariado.
21. O que entende por inovação e responsabilidade socal?
22. Indique o papel de balanço social.
23. O que entende por promoção na responsabilidade social?
24. Descreva as estrategias para o desenvolvimento sustentavel local?

Respostas:

73
17. Rever o 4º parágrafo da página 54 (Introdução desta Unidade):
18. Rever os conteúdos das páginas 56 a 58;
19. Rever os conteúdos das páginas 59 a 60 ;
20. Rever os pressupostos constantes da página 56;
21. Rever parte final da página 65;
22. Rever parte mediana de pagina 59;
23. Rever a página 69;
24. Rever os conteúdos da página 72;

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-2 (Com respostas sem detalhes)


● Paradigma é o filtro com que intrepretamos os fenómenos e construimos
nossos entendimentos acerca do viver;
● Paradigma é a forma com que o ser humano lida com a experiência da
vida;
● Paradigma é o sentido de invoção dos modosde viver e agir do ser
humano;

74
● É uma contribuição no sentido dos paradigmas emergente do
conhecimento;
São:
Só uma das seguintes respostas é correcta.
No novo paradigmapredomina a operacionalidade de baixo para cima
a) Na divisã de trabalho e fregmentação de funções ;
b) Previsibilidade;
d) O poder vem do centro ou do topo;

C) O poder vem de vários centros;

2. A Racionalidade ambiental e a educação ambiental constituiem os novos


paradigmas de acção, uma vez entendida a necessidade da construçõ de novo
paradigma educacionais educacionais em materia ambiental.

Só uma das seguintes respostas é correcta.


a) Produção teorica e de transformação sociais;
b) Encarar a virtude como ética ecologica;
c) Necessidade de lucros nas corporações;
d) Contrução de ilusão de racionalidade ambiental;

5. Racionalidade ambiental e educacional


____ Ética e o papel do voluntariado;
____ Terceiro sector
____ Lógica de acumulação de riqueza;
____Voluntariado contraditorio.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

12. Enuncie 4 (quatro) modelo para elaboração do balanço social na


empresa?
13. Quais as 4 fases apresentado por Carvalho 2000 que identifica na
implementação do balanço social?
14. Define os indicativos de responsabilidade social?
15. Estabelece a diferente entre Dimensões indicadores Athos?
16. Como que é queos indicadores Athos são aplicados por meio de
questionarios de fácil preenchimento?
17. A política e estratégia de desenvolvimento local propoes alcançar quatro
objectivos. Quais são os objectivos traçados para promover o
desenvolvimento.

75
TEMA IV:RESPONSABILIDADE SOCIAL DE EMPRESAS

Unidade 4.1. As práticas sobre responsabilidade social empresarial


Unidade 4.2. Do assistencialismo ao investimento social
Unidade 4.3.Indicadores de R.S. x ferramente de gestão
Unidade 4.4.Elementos normativos e suas intrepretações

RESPONSABILIDADE SOCIAL DE EMPRESAS

Introdução

O desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental pelas empresas


deveu-se, sobretudo, à necessidade de resposta às crescentes dúvidas
suscitadas pelos mais diversos segmentos da sociedade, em escala
global – organismos internacionais, governos e sociedade civil – sobre
76
o que se estava fazendo com o meio ambiente, haja vista a premência
de se conjungar desenvolvimento económico com a disponibilidade e
uso dos recursos naturais.

No entanto, o crescente nível de informação e conscientização da


sociedade está alterando a gestão das empresas e impelindo-asa
assumirem novos compromissos que vão além daqueles definidos pela
ordem económica centrada no mercado, onde a minimização de custos
e a primazia do lucro são objectivos unicos.

Registar: os suportes conceptuais e as teorico – prático da responsabilidadesocial


empresarial;

● Entender os conceitos de Responsabilidade social empresarial ou corporativo.


● Analisar a ética como indicador de bons resultados;
● Entender as actividades humanas que se relaciona com a poluiçao;
● Debater a política deos investimentos social privado, como elemento
estruturante.
Objectivos
● Conhecer a teoria de stakeholders no debate de responsabiliade social
específicos empresarial;
● Identificar os indicadores de responsabilidade social versus ferramenta de
gestão;
● Entender a pertinencia das normas social accountability SA8000.

77
Unidade Tematica 4.1. AS PRÁTICAS SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL
EMPRESARIAL

Responsabilidade social empresarial (SER), aqui entendida como a


formade gestão que se define pela relação ética, transparente e
solidaria da empresa com todo o público com os quais ela se relaciona
e pelo estabelecimento de metas empresariais compactáveis com o
desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos
ambientais e culturaispara a geração futuras respeitando a diversidade
e promovendo a redução das desigualdades sociais (Instituto Ethos –
(Ethos, 2007).
Adicionalmente, é preciso ressaltar a importância da dimensão
comunitária, e compreender não somente a realização de
investimentos em projectos sociais, mas também o desenvolvimento
de atividades de relacionamento comunitário, associado aos objetivos
denegócios
De acordo com Melo Neto (2004), apresenta uma tipologia da prática
da responsabilidade social empresarial que distingue as modalidades
de filantropia tradicional e da nova filantropia e investimento social
privado.
A Filantropia tradicional refere-se às doações monetárias ou não
monetárias, efectivadas pelas empresas, as entidades estreitamente
filantrópicas, enquanto na nova filantropia as entidades receptoras do
capital filantrópico empresarial desenvolvem acções sociais
voltadaspara a populaçãomenos favorecidas e os seus gestores são
obrigados a prestar contas e deles são exigidos resultados
mensuráveis.

As práticas de responsabilidade ou cidadania empresarial expressam a


convicção de que a empresa tem de exercitar sua função interativa na
sociedade, influenciando, de maneira proativa e com sentido de
equidade a comunidade que está em eu entorno.
As organizações que internalizam a responsabilidade social em suas
estratégias- do planejamento à acção – e passam a ter uma gestão
socialmente responsável estabelecem padrões éticos no
relacionamento para com os seus diferentes públicos, os stakeholders,
criando valor para sociedade.
Actualmente, já é notório a criação de vínculos entre a sociedade e as
grandes corporações do segmento do mercado. Tanto que a liderança
empresarial refere-seà liderança e ao apoio a objetivos de interesses
social, da comunidade que habita o seu interior, especificamente
sócios, dirigentes e colaboradores, e da comunidade do seu ambiente
externo.

78
De acordo com Karkotli &Aragão (2012), as suas atitudesse organizam
com o planejamento, com determinação de estratégicas e com as
condutase valores da administração para a consecução dos objetivos
empresarial predefinidos. Para efeito, questões éticas e de
responsabilidade social se entrelaçam, umas não podem ser
concebidas sem a existência das outras, havendo mesmo uma relação
de interdependência.
De realçar que existe outras condutas éticas e socialmente responsável
que dão visibilidadeao público externo e se expressam através de
parcerias duradouras com fornecedores, utilização sustentada de
recursos naturais, adoção de medidas para proteção e preservação do
meio ambiente, contabilidade honesta e coleta justo de tributos;
saúde e satisfação de consumidores, envolvimento com a comunidade
próxima.
A maior parte das empresas, independentemente de porte, pode
desenvolver iniciativas de responsabilidade social que contribuam para
a satisfação dos seus colaboradores internos. Para citar, alguns
exemplos, tais iniciativas podem ser expressas através do
planejamentodas atividades que internamente são desenvolvidas da
adequação das instalações e equipamentos, da qualidade e
transparência da comunicação interna, das oportunidades de
desenvolvimento pessoal e de carreia que a organização oferece.
Incluem-se, também nestas iniciativas o planejamento de atividades
culturais ou recreativas; de educação continuada e benefícios ao
emprego e familiares; de programas de conscientizaçãoe educação
ecológica, dentre tantos outros.
O relacionamento da organização com todas as partes interessadas
necessita se desenvolver com base num comportamento ético, de
maneira que isso resulte em reciprocidade no tratamento. De frisar
que este principio se aplica todos os aspectos de negociação e
relacionamento com cliente e fornecedores, incluindo os funcionários.
Na área de prestação de serviços comunitários pelos funcionários
encorajado, apoiado e reconhecido pela organização. A titulo de
exemplo,a organização e seus funcionários podem influenciar a
adoção de padrões mais elevados na educação, mediante a
comunicação de requisitos de ocupacionalidade para escolas e outras
entidades educacionais pertencente à comunidade onde está inserida.
As acções filantrópicas originam-se de vontades e desejo individuais de
empresários, que através de doações a outras entidades contribuem
para a sobrevivência de grupos sociais menos favorecidos. Não
necessitam de planejamento, cronograma, organização,
acompanhamento, monitoramento e avaliação. Não buscam retorno
algum, apenas o confronto pessoal e moral de quem as praticam.

79
Opostamente, acções de responsabilidade social exigem frequência e,
principalmente, gestão efectiva por parte das empresas cidadãs. Elas
promovema sustentabilidade e a autos sustentabilidade da
comunidade onde a empresa se insere e pode ser chamadas de
“acções transformadoras”.
São novas formasde inserção e intervenção social direita, que buscam
soluções de problemas sociais. É uma atitude coletiva, soma de
vontades individuais que se efectivaram através de um consenso,
compreendendo acções de empregados, diretores e gerentes,
fornecedores e acionistas e até
mesmo clientes e demais parceiros.

Quadro4 -As diferenças entre a filantropia e a Responsabilidade social

FILANTROPIA RESPONSABILIDADE SOCIAL

● Acção individual e ● Acção colectiva


voluntário

● Fomento da caridade ● Fomento da cidadania

● Base assistencialista ● Base estratégia

● Restrita a empresários ● Extensiva a todos


filantrópicos e abnegados.

● Prescinde de ● Demanda gerenciamento


gerenciamento

● Decisão individual ● Decisão consensual

Quadro 5 - Diferenças entre os tipos de acções sociais

TIPOS DE FILANTRÓPIA NOVA INVESTIMENTO


ACÇÕES FILANTROPIA
CRITÉRIOS TRADICIONAL SOCIAL
PRIVADO

Modalidade Doação Doação Investimento

Problemas sociais
e segmentos
Alvos Entidades Causas sociais
populacionais em
filantrópias de entidades
filantrópicas

80
situação de risco
social

Forma de Individual Individual Parcerias


actuação estratégicas

Gerenciamento Inexistente Ênfase no Ênfase no


monitoriamente planejamento,
monitoramento e
avaliação.

Retorno Nenhuma Ênfase no Ênfase nos


preocupação retorno social múltiplos
com o retorno benefícios sociais

Natureza das Acções Acções Acções


acções esporádicas continuadas permanente
baseadas num
compromisso
social

Estratégia Indireta Indireta Direta

Fonte:MELO, N. 2010.

De acordo com Melo (2010), o que interessanão apenas a entidade


filantrópica a ser beneficiada com a transferência de recursos. Mas as
causas que defende. Portando, existem critério de seleção dessas
entidade e uma avaliação previa da sua actuação, reputação e
imagem. De facto, empresas que adotam a “nova filantrópia” como
modelo de sua actuação social focalizam suas acções em “causas
sociais” que tenham sinergia comseus negócios, mercado e
público-alvo, dai a necessidade de monitoramento e calculo do retorno
social adotado.

Ética como indicador de bons resultados

Uma empresa é considerada ética se adotar uma postura ética como


estratégia denegócios, ou seja, agir de forma honesta com todos
aqueles têm algum tipo de relacionamento com ela, os stakeholders
A aplicação da ética empresarial e de evidências demostra uma
conduta ética que está baseada nos padrões de manutenção de bons
negócios, de forma mais duradoura.
Não obstante,muitos empresários o fazem de maneira equivocada, e
em dois aspectos. Primeiro, porque pensam que com a simples doação
81
de recursos, sejam materiais, financeiros ou humanos, a titulo de
exemplo, incentivando à pratica de voluntariado de seus colaboradores
para causas sociais, já estão actuando com a responsabilidade social.
No livro Responsabilidade social e uma contribuição á gestão
transformadora das organizações, de Karkotli &Aragão (2012), enaltece
que empresários inteligentessabem que o sucesso nos negócios e as
práticas éticas se inter-relacionam e sabem que que as relações
duradouras são aquelas baseadas na confiança e no respeito mútuos.
Um produto só é bom ou merece a preferencia, quando satisfaz a
necessidade ou o desejo do cliente.
Lembrando que a lucratividade, em outras palavras, advém dos tipos
de julgamento que os stakeholders fazem sobre as maneiras como as
empresas conduzem os seus negócios.
A percepção que se tem é que a falhas éticas levam as empresas a
perderem clientes e fornecedores importantes, dificultando o
estabelecimento de parcerias. Na hora de estabelecer
relacionamentos, além de levantar as afinidades culturais e comerciais,
também se verificam as condutas éticas.
A titulo de exemplo, a Nestlé impõe um código básico de ética para
balizar as suas ações em alguns temas, como relações da empresa com
os consumidores,a proteção ambiental, não se utilizar de trabalho
infantil, manter ambiente de trabalho sem descriminações, relações
éticas com fornecedores e parceiros comerciais. Essa premissas
devem ser seguidas por todas as filiais no mundo. Para efeito, existem
princípios básicos de conduta definidos noâmbito da matriz que
devem ser seguidos.
Tem que se levar em conta que a reputação de uma empresa é um
fator primário nas relações comerciais, formais ou informais, quer
estas digam respeito a publicidade, ao desenvolvimento de produtos
ou a questões ligadas aos recursos humanos.

A Teoria dos stakeholders

Em artigo intitulado “The Politics of Stakeholders Theory: Same Future


Directions”, de Freeman (1984: 89), ele sugere a divisão dos
stakeholder em dois grupos: os primeiros (acionistas e credores), que
são aqueles que possuem bem estabelecidos os direitos legais sobre os
recursos organizacionais e os secundários (comunidade, funcionários,
consumidores, entre outros), que tem esses direitos menos
estabelecidos em lei e/ou são baseados em critérios de lealdade ou
ética.
82
Baseando se na teoria dos stakeholders, a gestão passa a envolver a
alocação de recursos organizacionais levando em consideração, no
resultado final da atividade, os impactos e retornos desta alocação em
vários grupos de interesses dentro e fora da organização, ou seja, não
somente em seus acionistas ou proprietários, mas em todos os
stakeholders envolvidos.

Fonte: Freeman, 2000.

As acções sociais estão inseridas na visão da teoria de stakeholders, de


que as empresas possuem responsabilidades sociais par com um
amplo conjunto de agentes, entre os quais as comunidades que
podem se beneficiar de acções sociaisporparte de organizações. A
tabela2, apresentaum quadro resumo das oportunidades de ganhos ou
minização de riscos de acordo com os stakeholders envolvido, a partir
da acção de responsabilidade social.

Tabela 2 - Efeitos acções de responsabilidade social de acordo com


stakeholders

STAKEHOLDERS OPORTUNIDADES MINIMIZAÇÃO DE


RISCOS
(GANHOS DE
REPUTAÇÃO

comunidade Criação de legitimidade Minimização de risco


de má
aceitação/conflitos

83
Media Cobertura favorável Minimizar risco de
cobertura desfavorável

Activistas Colaboração/imagem Minimizar risco de


baicote
Favorável

Consumidores Fedelização Minimizar risco de Má


aceitação

Parceiros comerciais Colaboração Minimizar risco de


defecção.

Agente reguladores Acção legal favorável Minimizar risco de


acção legal
desfavorável

Investidores Geração de valor Minimizar risco de fuga


de investidores

Funcionários Aumento de Minimizar risco de


comprometimento promoção de greves

Fonte: Fombrun (2000).

A mesma ideia é corroborado por Karkotli & Aragão (2012),a principal


ideia da responsabilidade social corporativa é que empesa e sociedade
são individualidades interligadas, de modo que a coletividade sempre
espera algo quanto a conduta e resultados das organizações.
É importante referir que a comunidade no âmbito dessa teoria dá o
direito à organização de se instalar na área que residem, contribuindo
seus parques industriais, seus escritórios, e recebem em troca os
benéficos dos tributos e contribuições da empresa, além do cuidado
que a organização deve oferecer para minimizar ou não causar
impactos negativos à comunidade. Freeman (2000, citado por Karkotli
& Aragão) vai mais longe, propondo que, além de procurar maximizar
os ganhos para todos os seus stakeholders, os gestores deveriam ter
obrigações fiduciárias para com todos os protagonistas.
Para Melo Neto(2001), diz que as acções de responsabilidade sócia nas
empresas adquiriram inesperadamente dimensões, escopo e
complexidade.
(i) No meio interno, elas aumentama produtividade no
trabalho, criam maior motivação, autoestima e orgulho
entre os funcionários. Transformam-se em acções
(ii) estratégicas com focos definidos, centrados nos
clientes, na economia e no mercado. Se bem
84
administrado melhoram significativamente o ambiente
e a qualidade de vida do trabalho.
(iii) Externamente, as ações sociais corporativas geram
retornos social, institucional, tributários fiscais, de mídia
e econômico para a empresa que as prática. Também
melhora a relação que mantém com os seus
stakeholders e fomentam o desenvolvimento local e
regional.
Essa mensuração dos ganhos ou perdas nos exercícios da
Responsabilidade social corporativa ainda é ponto controvertido. No
entanto,a pratica de acções socialmente responsáveis por parte das
corporações implica programas, projectos e campanhas constantes
(regularidade) e ferramentas com foco e objetos claramente definidos
(intensidade), dispondo de acçõesde responsabilidade social e de
sustentabilidade.

Unidade Tematica 4.2. DO ASSISTENCIALISMO AO INVESTIMENTO SOCIAL

O pacto global de responsabilidade Global compact originou-se da


iniciativa do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annam, em
janeiro de 1999, quando conclamou as empresas de todo o mundo a
auxiliar na criação de uma estrutura social e ambiental para apoiare
asseguar a continuidade de mercados livres e abertos, e possibilitar
que um número maior de indivíduos, em todo o mundo, tenham a
oportunidade de compartilhar os benefícios da nova economia global.
Não obstante, as empresas que adotam um comportamento
socialmente responsável constituem-secomo protagonistas de
mudanças. Deste modo, uma empresar é socialmente responsável
implica em contribuir para o desenvolvimentosustentável das
comunidadese o meio ambiente.
É preciso ressaltar a importância da dimensão comunitária, e
compreender não somente a realização de investimentosem projectos
sociais, mas também o desenvolvimento de atividades
derelacionamento comunitária, associadas aos objetivos do negocio.
As empresas durante o processo de concepção de suas politicasde
investimento social privado apropriam-se de conhecimentos inerentes
à gestão social buscando envolver nas ações sociais, através da
participação cidadã, seus colaboradores.
Outra dimensão importante da Responsabilidade social empresarialé a
participação cidadã dos trabalhadores nas discussões de interesse
social que envolvem as dinâmicas organizacionais de uma empresa.

85
Para Vidal (2008), a gestão participativa é indutorada nova dinâmica de
gerenciamento através do qual o homem é contextualizado como ser
como ser eminentemente social que deseja participar, expor ideias e
sentir-se parte do processo criativo da organização a qual pertence.
Uma empresa socialmente responsável tem por basea administração
participativaque contempla a liderança na quala perspectiva integrada
requerdo gestor uma postura mais interativa, humana e criativa.
A gestão participação pode ser compreendida como uma efetivação de
poder dado ao colaborador, em qualquer nível da organização, para a
tomada de decisõese o acesso às informações organizacionais,
recompensas pelo desempenho e habilidades técnicas e sociais.A
participação consiste basicamente na criação de oportunidades para
que as pessoas influenciem decisões as decisões que as afectarão.
Na gestão das atividades de Responsabilidade Social Empresarial (RSE)
emerge a perspectiva da participação cidadã dos trabalhadoresatravés
do envolvimento dos mesmos em projectos comunitários, seja através
de ações voluntárias ou de desenvolvimento de práticas sociais nos
próprios espaços organizacionais das empresas.
De acordo com Bordenave (citado D’angelo, 1995, p.41), a participação
nas empresas é mais intensa quando se vincula o interesse do
individuo ao do grupo, desde que seus integrantes se conheçam e haja
canais confiáveis de comunicação. A participação cidadã dos
trabalhadores em uma empresa também envolve:

● A discussão de ideias sobre políticasde gestão de


pessoas adotada, e o alinhamento da mesma aos
princípios da Declaração Universal dos Direitos
Humanos;
● O efeito respeito às diferenças e à diversidade no
ambiente de trabalho;
● A formulação de diretrizes e premissas de actuação
comunitária;
● O saber dialogar, o poder de levar a um acordo
satisfatório as apreciações dos diferentes grupos na
empresa, proporcionandomaior envolvimento de seus
integrantes.

Ainda, tem que se ter em conta a política de investimento social


privado constitui-se dos seguintes elementos estruturante:

86
● definição do público participante na perspectiva da
promoção integral dos direitos social;
● foco de actuação dos investimentos pela empresa
(saúde, educação, capacitação profissional, direito
da criança e do adolescente, geração de trabalho e
renda etc).
● Área geografia de abrangência dos investimentos
sociais;
● Dotação de recursos (definição do orçamento e
percentual do comprometimento do faturamento
ou lucro da empresa);
● Critérios de seleção de projectos;
● Metodologia referente ao diagnostico,
planejamento e execução dos projectos sociais (em
sintonia com o direcionamento estratégico da
empresa);
● Procedimentos de Monitoramento e Avaliação dos
Projectos Sociais financeiros;
● Mensuração d Retorno do Investimento Social;

Dos aspectos abordados acima, podemos colher algumas lições que


somos relatados por Nhancombe:
compromisso social começa em casa, ou melhor, na sua própria
empresa, proporcionando melhores condições de trabalho aos seus
funcionários, incentivando-os à qualificação profissional e, mais que
isso, construindo os meios necessários para que meninos tenham
oportunidades de exercer sua cidadania e de melhor competirem no
mercado.
Para isso, o caminho escolhido é o investimento em educação, evitando
o comum assistencialismo ou a benemerência, opção comum quando
normalmente se temboa vontade, mas pouco conhecimento
estratégico sobre o que o trilho percorrer para o exercício da
responsabilidade social. Neste caso, todas as experiências apontam o
investimento em educação, como uma das estratégias mais arrojadas
para o desenvolvimento social e humano.
Depreende que enquanto acreditarmos que a Responsabilidade Social
não tem a ver com cada um de nós, que deve ser apenas um
compromisso dos governos, ou no máximo das grandes empresas que
auferem vultosos lucros, a solução dos graves problemas sociais que
enfrentamos ficará ainda mais distantes. E se você é um pequeno

87
empresário talvez esteja na hora de assumir, também seu
compromisso,por onde começar?... basta olhar ao seu redor!
Enfim, quando aempresa se preocupa com as questões ambientais e
de bem-estar social – preocupações evidentemente éticas – de acordo
com Karkotli & Aragão (2012, p. 43), “aumentam suas chances de
sobrevivência, pois a sociedade desenvolve uma imagem positiva em
relação a esse tipo de organização”.
As instituiçõese a efectividade do enforcement(fazer valer)
determinam os custos de transação entre agentes em um determinado
mercado. Machado Filho (2011) assevera que quando os custosde
transação, instituições efectivas reduzem os custosde funcionamento
do sistema econômico (trocas), aumentando os ganhosdo comércio.
Para efeito, as instituições positivas, formais e informais, propiciam
relaçõesde confiança entre os agentes, valorizam o mérito, o esforço
empreendedor e o senso de comunidade. Em síntese, as instituições
positivas seriam aquelas que motivam a conduta ética das empresas,
por serem redutoras de custos de transação.
Quando passam a actuar de forma menos predatória e selvagem,
todos saem ganhando, embora muitas vezes as interações que estão
por trás desta atitude não passam ser consideradas verdadeiramente
altruístas. Pois, as instituições como regra de jogo são essencialmente
mecanismos sociais que usam regras e princípios éticos, econômicose
legais para coordenar “comportamentos”, para definir as acçoes
estratégicas das corporações. A mesma ideia é corroborado por
Zylbersztajn ( 2000a, p. 3), ao afirmar que se “o comportamento não
ético adiciona custos às transações, uma vez que a cooperação
voluntária nem sempre é alcançada”.
No estágio de viabilidade econômica para o desenvolvimento de
actividadeé preciso que as informações sociais sejam avaliadas da
mesma maneira que as de natureza econômica.

Unidade Tematica 4.3. INDICADORES DE RESPONSABILIDADE SOCIAL VERUS


FERRAMENTA DE GESTÃO

Os indicadores de responsabilidade social são instrumentos que a


organização pode-se utilizar para direcionar as suas estratégias,
também avaliar a eficácia das metas e iniciativas planejadas para a
parceria e transformação do seu entorno.
A seguir apresentamos os indicadores de responsabilidade social
empresarial de maior evidência, e que podem auxiliar os
administradores na diagnose, implementação, acompanhamento e

88
avaliação das práticas que a organização deseja adotar, para que não
se transformem em acções filantrópicas isoladas.

Norma Social AccountAbility - SA 8000

De acordo comKARKOTLI & ARAGÃO (2012),ser uma organização


socialmente responsável significa dizer “não” às condições de trabalho
desumanas. Assim, o Social AccountAbility Internacional – SAI
concebeu um programa SA8000, que possibilita às organizações os
meios para assegurar aos seus clientes de que seus produtos serão
produzidos sob condições de trabalho adequadas.
Partindo de pressuposto que as organizações têm objetivos específicos
e atuam em diferentes segmentos, o programa SA8000 estabelece
duas formas distintas para a adesão às normas do Código SA8000.
A titulo de exemplo, se o empreendimento atua no ramo de vendas
num distrito, ao tornar membro do SA8000, poderá anunciar
publicamente sua determinação em buscar fornecedores socialmente
responsáveis, como também em assistir aos seus próprios
fornecedores a atender aos padrões internacionais de ética e
responsabilidade social.
Para tornar-se membro do SA8000, a empresa, com assistência do SAI,
ao preencher um modulo de auto avaliação e outros instrumentos,
formulará o seu próprio programa para a implementação a política de
responsabilidade social. Também notificará seus fornecedorese seus
próprios empregados sobre a sua intenção de implementar as medidas
propostas pelo programa SA8000. Também incentivará seus
fornecedores a adotar os padrões internacionalmente reconhecidos
pra locais de trabalho onde não existem ocorrência antissociais.
Assim que a empresa passa a ser operacionalizado, a empresa slicitará
uma pré-avaliação da auditoria. Se acções correctivas for necessárias, a
empresa disporá de tempo suficientemente para ajustar e aprimorar
as políticas de recursos humanos, segurança e manutenção aos
padrões do SA8000.
As organizações membros do SA8000 publicam anualmente um
relatório comunicando seus objetivos relativamente às preposições do
programa e o que estão realizando para alcança-las.
A seguir serão apresentadas as principais especificações da Norma
SA8000:

1. Objetivos e escopo: essa norma estabelece requisitos para a


responsabilidade social visando capacitar a empresa a:

89
a) Desenvolver, manter e reforçar políticas e procedimentos
para gerenciar assuntos sobre os quais ela possui controle
ou influência.
b) Demostrar as partes interessadas que suas políticas,
procedimentose práticas estão em conformidade com os
requisitos da norma SA8000;
c) As regras dessa norma devem aplicar-se de forma universal
a qualquer organização que deseje implementar práticas de
responsabilidade social, visto que a adesão à norma
independe da localização geográfica do segmento do
mercado e do tamanho da empresa.

Unidade Tematica 4.4. ELEMENTOS NORMATIVOS E SUAS INTERPRETAÇÕES:

A norma SA800 requer empresa o cumprimento das leis nacionais ede


outras que lhes sejam aplicáveis. Quando as leis nacionais, bem como
outras leis aplicáveis a essa norma, dispuserem sobre o mesmo
assunto, prevalecerá a cláusula mais forte.
A empresa deverá também respeitar os princípios dos seguintes
documentos internacionais: Declaração Universal dos
DireitosHumanos;Convenção das Nações Unidas dos Direitosda
Criança; Organização Internacional de Trabalho – OIT, através das: OIT
– convenção29 e 105 ( Abolição do trabalho forçado); OIT – Convenção
98 (Direito a negociação colectiva e a proteção ao direito de
sindicalização); OIT – Convenções 100 e 111 (Remuneração igualitário
para homens e mulheres com trabalhos de igual valor; discriminação
em matéria de emprego e ocupação); OIT – Convenção 135
(Representação dos trabalhadores); OIT – Convenção 138 &
Recomendação 146 ( Sobre a idade mínima no emprego); OIT –
Convenção 155 & Recomendação 164 (Saúde e Segurança
Ocupacional); OIT – Convenção 159 (Reabilitação ocupacional e
emprego de pessoas portadoras de deficiência); OIT – Convenção 177
(trabalho domiciliar).
Depreende-se que o cumprimento às leis nacionais, no caso de
Moçambique, uma nação jovem dotada de leis da constituição,
consagrando a lei do trabalho, bem como aos instrumentose
convenções editados por organismos internacionais, constitui a base
ou requisitos para a empresa se adequar à norma SA8000 e obter a
respectiva certificação.
AccountAbility– AA 1000

90
Outra ferramenta de gestão que poderá auxiliar a organização na
identificação, aperfeiçoamento e comunicação das praticas de
responsabilidade social é o AA 1000 (AccountAbility– AA1000).
Pois, trata-se um padrão desenvolvido pelo Institute of Social and
Ethical Accountability (Isea), organização não governamental sediada
em Londres, no Reino Unido, que tem como missão promovere dar
suporte às organizações nas atividades de implementaçãode sistemas
de gestão éticos e socialmente responsáveis.
A versão preliminar foi elaborada tendo por base projectos de várias
empresas que realizavam seu planejamento estratégico e se
gerenciamento norteados por uma política de responsabilidade sócia e
ética.
De acordo com KARKOTLI & ARAGÃO (2012), assegura que na
actualidade a cultura das organizações com enfoque da
sustentabilidade social, do meio ambiente e da ética está crescendo, o
que determina a necessidade de se criarem padrões e modelos
específicos.
O AccountAbility AA1000 representa um instrumento para estimular a
gestão baseada em princípios de qualidade e ética, que garantem aos
stakeholder confiabilidade e transparência as demonstrações e
relatórios produzidos e divulgados pela organização. Poderá ser
empregado de duas formas:
1) Como base comum para definir a qualidade de
padrõesespecializados de responsabilidade social;
2) Como sistema independente para gerire comunicar o
desempenho da organização na área de responsabilidade social
e ética.
Ao orientar-se pelo AccontAbility AA1000, a organização beneficia-se
com o próprio gerenciamento de sua responsabilidade social e ética, e,
ainda, obtém outras vantagens tais como:
● Permite a avaliação por indicadores-chave do desempenho
social;
● Promove o relacionamento com trabalhadores;
● Melhora a gestão da qualidade nos relacionamentos com os
stakeholders;
● Melhora a confiança de stakeholders externos;
● Melhora a ajuda a manter boas relações de parceria;
● Proporciona suporte de gestão à organização;

91
● Auxilia nos relacionamentos com instituições organizações
públicas;
● Promove identificação e treinamento de fornecedores de
serviços qualificados;
Em suma, o AccountAbility AA1000 estabelece os passos para adoção
de um processo de melhoria contínua no gerenciamento ético e
socialmente responsável da organização, tendo por base a
comunicação e inter-relacionamento com as partes interessadas – os
stakeholders.

Indicadores Ethos de responsabilidade social


O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade sociaL, fundado em
1998, por iniciativa de um grupo de empresários, foi criado para
auxiliar as empresas a compreender e incorporar o conceito de
responsabilidade social no cotidiano de sua gestão, como prática
caracterizada pela permanente preocupação com a qualidade das
relações para com seus diferentes públicos ou stakeholders: os
colaboradores, os fornecedores, os consumidores, o meio ambiente, o
governo e as comunidades onde estão inseridas.
O Instituto Ethos desenvolveu um conjunto de indicadores que quando
adotados e avaliados permite que a empresa identifique sua
performance em relação a prática socialmente responsável.
Não obstante, a acção da mídia eos riscos de acções judiciais tem
levado as organizações a adotarem códigos de conduta, a fim de evitar
eventuais perdas de valor reputacionais, causadas por escândalos ou
acções judiciais. A responsabilidadesocialnesse contexto, serviria para
restaurar parcialmente a abalada imagem das empresas que
praticaram atos ilegais.
Ainda, o Instituto Ethos orientam as empresas na elaboração de seus
balançossociais, publicações empresarial com informações e
indicadores de investimento eacções realizadas por elas no
cumprimento de sua função social com funcionários, governo e
comunidade com as quais interagem.
De acordo com o Instituto Ethos, o voluntariado empresarial é um dos
mecanismos quepossibilitam a participação cidadã dos trabalhadores e
consiste em conjunto de acções realizadas por empresas para
incentivar e apoiar o envolvimento dos seus funcionários em
atividades voluntários na comunidade.
O engajamento de trabalhadores em programas de voluntariados deve
ocorrer livre e espontânea vontade. E a liberdade para escolher como

92
actuar e se actuar um aspecto-chave, caso contrário estar-se-á
tratando de uma diversificação das responsabilidades profissionais do
funcionários e não de voluntário.

Sumário:

GRUPO-1 (Com respostas detalhadas)

Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas detalhada)


1- O que entende por Responsabilidade social empresarial?
2- Quais são os factores que poderão acaretar na falha de ética de
responsabilidade social?
3- O que entende por teoria de stakeholders?
4- Mencione os efeitos das acções de responsabilidade social de acordo
com stakeholders?
5- Enuncie as caracteristica de assistencialismo ao investimento social
6- Indique 4 (quatro) política de investimento social privado que constitui
elemente estruturante.
Respostas

1. Rever o 1º parágrafo da página 77 (Introdução desta Unidade):


2. Rever os conteúdos de parte medianos da página 78;
3. Rever os conteúdos da página 82;
4. Rever os pressupostos constantes da página 56;
5. Rever parte final da página 84;
6. Rever parte mediana de pagina 86;

Grupo 2 (Com respostas detalhada)

2- A participação nas empresas é mais intensa quando se vincula o interesse do


individuo ao do grupo.
Só uma das seguintes respostas é correcta.

● a)A discussão de ideias sobre políticas de gestão de pessoas adotadas;


● b) A area geografia de abrangência dos investimentos social;
● c) Dotação de recursos;
● d) Critérios de selecção de projectos;

93
● e) Mensração de retorno do investimento social.
3- A norma SA800 requer empresa o cumprimento das Leis nacionais e de outras
que lhes sejas aplicáveis. E a empresa deverá respeitar os princípios dos
seguintes documentos internacionais:

a) O tratado de versalhes;
b) O Acordo de dos Direitos Humanos;
c) Declaração Universal dos Direitos Humanos;
d) O tratado de Quito;
e) Ethical AccountAbility;
f) Convenção 235.

4- Caro estudante, faça a correspondência dos agrupamento abaixo descrito:


No estagio de viabilidade econômica para o desenvolvimento de atividade é
preciso que as informações sociais sejam avaliadas da mesma maneira que as de
natureza econômica, a partir dos efeitos de acções de responsabilidade social de
acordo com stakeholders.
a) Criação de legitimidade.
b) Fedelização;
c) Colaboração favorável;
d) Minimizar os risco de baicote por colaboradores;
e) Aumento de compromentimento.

● Consumidor;
● Media;
● Comuidade;
● Activista
● Agente Reguladores.

5. Só um dos seguintes elementos pertence às Característicasde


Responsabilidade social.

____ Acção individual e voluntária


____ Fomeno de caridade;
____Acção colectiva;
____ Decisão individual;
____ Prescindencia degerenciamento.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

94
18. De acordo com Melo Neto (2001) afirma que as acções de
responsabilidade socialnas empresas adquirem inesperadamente
dimensões e escopo complexo. Dê exemplo?
19. Define os indicadores de responsabilidade social ou farramento de gestão
na empresa?
20. As organizações membros do SA8000publica anualmente um relatório
comunicando seus objectos relativamente às preposiçõe do programa e o
que estã realizando para alcançar-la. Indique as normas de especificações
de Normas SA8000
21. Quais são as vantagens orientadas pelo Accountability, na organização de
responsabilidade social e ética?
22. Descreva os indicadores desenvolvidos pelo Instituto Ethos nas questões
ligadas a resposnabilidade social.
23. Explique como é que o comportamento não ético numa corporação
poderá aumentar o custo de transação.
24. Estabeleça a diferença entre a filantropia tradicional e nova filantropia
dentro da nova ordem mundial.

TEMA V:RESPONSABILIDADE SOCIAL: A QUESTÃO DE CONSUMO


CONSCIENTE

Unidade 5.1. Consumo consciente


Unidade 5.2. A subjectividade de consumo
Unidade 5.5. EXERCICIO INTERGRADO das unidades deste tema.

Introdução

95
De acordo com o diretor do Instituto Akatu, Helio Mattar, o consumo
mundial, além de estar mal distribuído, está descontrolado: cerca de
20% da população mundial concentra o consumo de 80% de todos os
produtos e serviços do planeta. E, a cada ano, entram mais de 150
milhões de novos consumidores no mercado. Essa estimativa mostra
que, nos próximos 20 anos, teremos três bilhões de pessoas
desperdiçando alimentos, demorando demais no banho, idolatrando
vitrines dos shoppings, esperando nas filas das lojas e comprando pela
internet.

Esse paradigma comportamental de consumo imediatista, que busca


uma satisfação rápida sem considerar as consequências, precisa ser
alterado. Caso contrário, os danos provocados no meio ambiente
assumirão proporções absurdas e irreversíveis. O consumo sustentável
pode ser uma das soluções

O consumo sustentável nada mais é do que o consumo responsável e


consciente, sendo o oposto do consumo imediatista.
Segundo estudo publicado nos Cadernos Ebape da Fundação Getúlio
Vargas, a ideia de consumo sustentável surgiu gradualmente ao longo
das gerações.

E, nesse percurso histórico, três fatores atuaram conjuntamente para o


surgimento do conceito do consumo sustentável: o
ambientalismopúblico da década de 1970, a ambientalização do setor
público da década de 1980 e a emergência da preocupação
empresarial sobre o

impacto que os estilos de vida e hábitos de consumo têm no meio


ambiente da década de 1990.

Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:

Registar o quadro teoricos e conceptual da responsabilidade social e questão ligada ao


consumo consciente

● Analisar o sentido lato de consumo consciente e sustentável;


● Caracterizar o consumo sustentável ou consciente no âmbito local e global;
● Classificar as dimensões de consumo como objecto de satisfação;

96
● Levantar discussão analisando o consumo consciente e sua relação com o
comportamento do consumidor;
Objectivos ● Compeendera responsabilidade social e os processos de consumo, nas duas
específicos deminsões;
● Identificar a subjectividade entre o consumo e a cidadania;
● Caracterizar as práticas mais sustentavel de reponsabilidade social no que
conserne ao consumo.

Unidade Tematica 5.1 CONSUMO CONSCIENTE

Para o entendimento do conceito do consumo consciente faz-se


necessário explicitar outros dois conceitos importantes, que são o
consumo verde e o consumo sustentável .
De acordo com Portilho (2005 citado por Silva, 2012), o consumo verde
reflete uma preocupação do consumidor além da variável preço e
qualidade no processo de tomada de decisão de compra, passando a
incluir variáveis ambientais por uma agressão ao meio ambiente neste
processo decisório.
O consumo consciente sugere uma mudança no comportamento do
consumidor, não mais apenas preocupado com o ambiente, e sim
englobando variárival mais colectivas e responsáveisno consumo. De
acordo com o Instituto Akatu (2010) o consumo consciente acontece
ao ser levado em consideração os impactos provocados pelo consumo
buscando maximizar os positivos e minimizar os negativos de acordo
com princípios de sustentabilidade.
Depreende-se que o consumo consciente pode ser considerado o acto
ou decisão de compra ou uso de serviços, de bens industriais ou
naturais, praticado por um individuo levando em conta o equilíbrio
entre a satisfação pessoal as possibilidadesambientais e os efeitos

sociais de sua decisão. Assim, o consumidor percebe sua


responsabilidade como ator na sociedade por meio do consumo
socialmente responsável, equivalente ao consumo consciente.

Consumo sustentável

De acordo com o consumo sustentável, o foco não está apenas nas


escolhas do individuo como acontece com no consumo consciente,
mas o foco está em todos os actores sociais envolvidose na real
aplicação do conceito de desenvolvimento sustentáveldesde o inicio
de cada cadeia produtiva, passando pelo uso consumo até descarte.

97
O consumo sustentável como sendo o padrão de consumo resultante
da inter-relação de actores sócias, numa perspectiva de interação
politica, direcionado ao alcance do desenvolvimento sustentável,
pressupondo a existência de uma consciência individual, de um
alinhamento organizacional direcionado aos aspectos socioambientais,
por uma actuação governamental activa, bem como de outros actores
pertencentes ao contexto social, por meio da coordenação das práticas
e relações existentes na dinâmica do consumo sustentável.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), da


ONU, considera que o consumo sustentável é aquele em que há o uso
de serviços e produtos que correspondem às necessidades básicas de
toda população, além de trazer qualidade de vida e reduzir os danos
provocados ao meio ambiente. Isso significa que o consumo
sustentável pressupõe sobretudo, a redução do uso dos recursos
naturais e da produção de lixo e outros materiais tóxicos.

Já para o Instituto Akatu, o consumo sustentável é aquele que valoriza:

● Os produtos duráveis mais do que os descartáveis ou de


obsolescência a acelerada;
● Produção e o desenvolvimento local mais do que a produção global;
● O uso compartilhado de produtos mais do que a posse e o uso
individual;
● A publicidade sustentável e não a consumista;
● As opções virtuais mais do que as materiais;
● O não-desperdício de alimentos, promovendo o seu aproveitamento
integral e o prolongamento da sua vida útil;

● A satisfação pelo uso dos produtos e não pela compra em excesso;


● Os produtos e as escolhas mais saudáveis;
● As emoções, as ideias e as experiências mais do que os produtos
materiais;
● A cooperação mais do que a competição.

Por fim, podemos entender que o consumo sustentável é uma questão de


atitude do consumidor, que não leva em consideração apenas a aquisição do
produto, mas também a produção que antecedeu a aquisição, o uso e o
descarte. Esse é o consumidor que não se ajusta aos padrões de consumo
impostos e que não coloca o meio ambiente a serviço da sua satisfação
pessoal. O consumo verde, traria uma visão limitada em termos de grau de
comprometimento e responsabilidade do consumidor.

98
Unidade Tematica 5.2. A SUBJECTIVIDADE DE CONSUMO

O termo consumo tem sido incorporado ao discursocotidiano e


acadêmico para explicar o conjunto de práticas sociais em que se
realizam aquisições, trocas e usos de produtos e serviços. É bastante
comum notar que o consumo é muito facilmente confundidocom o
consumismo.

A ideia de sociedade de consumo vai surgir depois dos


desdobramentos da industrialização na modernidade, com a produção
dos bens numa perspectiva de larga escala, a qual resulta numa
quantidade imensa de artigos seriados e padronizados postos em
circulação entre nós.
A modernidade vai se estabelecer com uma promessa de felicidade
aos homens a partir de dois imperativos bastantes fortes: o exercício
da razãoe a busca continuada de novo, consolidando as dimensões da
técnica e da ciência como organizadores privilegiados da vida. Além,
do aparecimentoda categoria de progresso, norteadora da acção
individuaise colectivas.
Assim, depreende-se quea escolha de produtos de empresas
comprometidas com o desenvolvimento socioambiental é uma forma
de consumo consciente, tanto quanto economizar água, luz papel,
gasolina.
A responsabilidade social de pessoas, empresas, instituições e
governos representa um desafio de grandes proporções neste caldo de
cultura de indiferença coletiva.

Resgatar valorescomo a busca de bem, a prática de atos justos no


dia-a-dia, a utilização de bons meios para atingir bons fins – é essencial
à mudança de atitudes, de comportamento social e político.
É possível notara melhoria no bem estar subjectivo queacaba sendo
muito associado à aquisição de mercadorias, dando-se preferência
aqueles objetos que possam trazer máxima de satisfação.
O processo de consumo pode ser, então, compreendido em duas
dimensões: a significação e o pertencimento. A primeira nos ajuda a
entender que aquilo que se compra não nos interessa tanto enquanto
produto, mas enquanto significado simbólico social. Ou seja,
adquirimos não a mercadoria em si, mas aquilo que ela representa.
E a segunda explica que o consumo é praticado como meio de
pertencimento a um grupo, tribo ou classe social. Escolhemos o que
possuir em virtude de uma tentativa elevação social ou de participação
em determinado grupo.
Esse excesso de atividade de consumo para além da necessidade, pode
ser observado na intensa compra de produtos, Sarlo (2001), nos relata

99
que o consumidor hoje é um colecionador às avessas, pois estaria
muito menos colecionando os objetos do que os actos de compra. Ou
seja,o consumidor consome mais a compra e menos o que é
comprado. A ênfase estaria muito mais no processoque no produto
comprado.
Outro aspecto que chama atenção é a valorização que as pessoas
possam ter socialmente pela sua capacidade de consumo, e outra não
como se a dimensão da cidadania estivesse ao lado de quem tem
maispoder de compra, o que ocasiona a existência de duas sociedades,
sendo de sociedade sustentável e sociedade:

Tabela 3 - A diferença na subjectividade entre a sociedade


sustentável e de consumo

Tema Sociedade sustentável Sociedade de


consumo
Estar junto as pessoas Comprar presentes
Afectividade de quem gosta para agradar as
pessoas de que gosto
Quero contar com água Usa água à vontade,
Água abundante e limpa, sem precisar me
sem poluição; preocupar com conta;
Alimentos práticos,
Alimento Alimento saudável, que não dão trabalho
frescos e nutritivo; para preparar;
Produtos que seja fácil
Durabilidade Produto que e barato substituir,
durembastante e que mesmo que ainda
seja fácil; funcione
Reduzir os impactos Quero ter certeza que
Energia sociais e ambientais da não faltará energia;
geração de energia;
Quero me deslocar Quero ter o meu
Mobilidade pela cidade com próprio carro;
rapidez, segurança,
conforto e
flexibilidade;
Resíduos Quero reduzir a Quero que o volume
quantidade de lixo crescente de lixo possa
produzido. ser coletado e tratado;

É urgente analisar a enfermidade e descartabilidade dos processos,


valores e produtos do nosso tempo, imersos numa renovação
precipitada em todos os sentidos. E mesmo sendo difícil perceber uma
mudança de cenário pelo ritmo que a sociedade tem demostrado, é
possível propor algumas ideias para a reflexão e operacionalização,
aproximando consumo e cidadania:
100
● Repensar/ valorizar o ideal de permanência;
● Cultivar valores que estão fora do circulo de compra e venda;
● Alterar o currículo da escola para um ensino radical de
compreensão; cuidado e intervenção no meio ambiente;
● Efectivar formas urgentes de desenvolvimento sustentável;
● Incentivar o compartilhamento e troca de bens e serviços entre
pessoas e organizações;
● Estimular o processo de reciclagem;
● Priorizar a escolha por marcase produtos de empresas
socialmente responsáveis.

Muitas pessoas acreditam que consumo consciente ou sustentável é


uma prática que diz respeito somente à aquisição de produtos cuja
fabricação teve um baixo impacto ambiental e que, por essa razão, são
muito caros.

Conhecer bem as marcas de sua preferência, atentar para o rótulo dos


produtos, planejar bem as suas compras, a fim de evitar o consumismo
excessivo são,segundo o Instituto Akatu4, práticas de um consumidor
sustentável No entanto, ao contrário do que se imagina, o consumo
sustentável ou consciente vai além disso e pode ser praticado a partir
de mudanças de comportamento.

Tem que se compreender que escolher produtos de empresas


comprometidascom o desenvolvimento socioambiental é uma forma
de consumo consciente, tanto quanto economizar água, luz papel e
entre outro produto.

Por exemplo, não demorar no banho é uma atitude de consumo


sustentável. Assim como são também outras atitudes, como reciclar o
lixo doméstico, poupar energia elétrica, optar por frutas, verduras,

Legumes orgânicose praticar o upcycle com objetos desfasados e


usados.

Por isso, é importante que as pessoas entendam que consumo não é


só compra de algum objeto na loja. Consumo é também a água que
você gasta, a energia que você usa e os alimentos que você ingere.

4
Uma Organização Não-Governamental que defende o consumo consciente, onde
soube que a humanidade já consome 25% mais recursos naturais do que a
capacidade de renovação da Terra para atender nossas necessidades.
101
Vale a pena colocar em prática dicas simples como essas apresentadas
no guia:

1. Para lavar o carro, use um balde ao invés vez da


mangueira;
2. Tente limitar o seu banho a pelo menos 5 minutos e
feche a torneira enquanto se ensaboa;
3. Ao lavar a louça, use uma bacia para deixar os pratos e
talheres de molho por alguns minutos antes da
lavagem, isso ajuda a soltar a sujeira. Depois, use água
corrente somente para enxaguar;
4. Se tiver máquina de lavar, use-a sempre com a carga
máxima e tome cuidado com o excesso de sabão, para
evitar um número maior de enxágues;
5. Evite abrir a porta da geladeira em demasia ou por
tempo prolongado;
6. Na hora de comprar, dê preferência a lâmpadas
fluorescentes, compactas ou circulares. Além de
consumir menos energia, essas lâmpadas duram mais
que as outras;
7. Na hora da compra de um ar condicionado, escolha um
modelo adequado ao tamanho do ambiente em que
será utilizado. Prefira os aparelhos com controle
automático de temperatura e dê preferência às marcas de
maior eficiência;
8. Escolha a compostagem como método de descarte do
seu lixo orgânico (é seguro, eficiente e não causa
contaminação alguma - cria um novo e fértil adubo para
suas plantas).

Em suma, no que se refere à sustentabilidade, Moçambique ainda


precisa traçar um longo caminho rumo à conscientização, vê la, da

próxima vez em que você for às compras ou tomar banho, lembre-se


de que tudo que for feito hoje repercutirá até a posteridade.

UNIDADE Temática 5.3. Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

102
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO

GRUPO-1 (Com respostas sem detalhes)

1- Defina o que entende por consumo sustentavel, segundo Programa das


Nações para o meio Ambiente (PNUMA).
2- Mencione quatro premissas que define o consumo sustentavel para o
Instituto Akau?
3- Fale da subjectividade de consumo consciente
4- Explique as duas dimensões: o significado e pertencimento.
5- Enuncie 4 quatro dicas de operacionalização de consumo e cidadania.
Respostas:

1. Rever o 3º parágrafo da página 97 (Introdução desta Unidade):


2. Rever os conteúdo da página 98;
3. Rever os conteúdos da página 99 ;
4. Rever os pressupostos constantes na parte final da pagina 99;
5. Rever parte final da página 102;

Grupo 2 .
Só uma das seguintes respostas é correcta (consumidor consciente)
a) Dar presente caro ao seu familiar
b) Colecionador avessa
c) Objecto de máxima satisfação
d) Estimular o processo de reciclagem

2 - Uma das ferramente de gestão que poderá auxiliar a organização na identificaç


aperfeiçoamento e comunicação das praticas de responsabilidade social é AA1000

So uma resposta que é correta


a) Como sistema independente para gerir e comunicar o desempenho da
organização;
b) Area geográfica de abrangência dos investimentos sociais;
c) Dotação de recursos;
d) A discussãode ideia sobre politica de gestão de pessoa;
e) Definição de público participante.

GRUPO-3 (Exercícios de GABARITO)

25. Diga os três factores que teriam contribuído para para o surgimento de c
consumo sustentável?

103
26. Mencione 5 cinco dicas que poderia servir de processo de aprendizagem?
27. Fale da importância de Instituto de Akatu para a responsabilidade social co
28. Explica qual tem sido a ideologia da modernidade para estimular o consum
29. Por que se afirma que a responsabilidade social de pessoas, empresas, in
governos representa um desafio de grande porporção caldo de grande
colectiva. Dê exemplos.
30. Indique as diferenças entre sociedade de consumo e sustentável?

104
REFERENCIAS BIBLIOGRAFIA

BERGAMINI, J. C. (2000). Gestão Ambiental Empresarial: conceitos,


modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva.

BITAR . C. (1998). Introdução à gestão ambiental: a avaliação do ciclo


de vida de produtos. Portugal: Lisboa.

BISSET, F. (1984). O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro:


Nova Fronteira,

BRAGA, J. (2003). “Desenvolvimento Sustentável e a Gestão


Sustentável Empresarial: Uma Contribuição da Academia”, Projecto de
Iniciação Científica. Universidade FederalFluminense, Niterói.

BUCKE, R. M. (1982). Consciência cósmica: estudo da evolução


da mentehumana. 1ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Renes.

CAPRA, F. (2003. Idéias ecológicas. São Paulo. (www.fritjofcapra.net).

CAPRA, F. (2002). As conexões ocultas: ciência para uma vida


sustentável. Tradução: Marcelo B. Cipolla. São Paulo: Editora Cultrix.

D’ÂNGELO, H. (1995). Introdução à gestão participativa. São Paulo:


Editora STS.

FREEMAN, R.E. (2000). A Stekeholders Theory of the Modern


Corporation. In DIENHART, J. W. Business, Institutions and Ethics, Nova
York: Oxford University Press.

FORMBRUN, C. et al. opportunity platforms and safety nets: corporate


citizenship and reputation risk. Business and Society Reviev, Malden,
MA: Blackwell Publishers, v. 105, n.1, p 85-106, 2000.

FREEMAN, R.E. (1984). Strategic managment: A stakeholders


approach. Boston: Pitman.

GIANSANTI, R. (1999).O Desafio do Desenvolvimento Sustentável. 2ª.


ed. São Paulo: Atual.

INSTITUTO AKATU. (2010). Responsabilidade social das empresas


(Percepção do consumidor Brasileira), Universidade Amazônia.

105
SILVA, M. (2012). Consumo sustentável: a articulação de um construto
sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável. RECADM, vol. 11,
n. 2, jul/dez.

INSTITUTO ETHOS. Relatório de pesquisa Ethos/valor. Elaborado pela


Indicator Opinião Pública. Disponível em: http://www.ethos.org..br.
Acesso em 14 maio 2014.

KARKOTLI, G & ARAGÃO, D.S (2012). Responsabilidade social: uma


contribuição à gestão transformadora das organizações. 5ª ed.
Petrópolis: RJ

LEFF, E.(2001). Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade,


Complexibilidade, poder. Rio de Janeiro: Vozes.

MELO, N. F. (2001). Responsabilidade social & cidadania empresarial: a


administração do Terceiro Sector. RJ: Qualitymark.

MELO N. 2010. Empresas socialmente sustentável: o novo desafio da


gestão moderno. RJ.

MOTA, S. (1999). Urbanização e meio ambiente. Rio de Janeiro: ABES.


SARLO, B. (2000). Cenas da vida pós-moderna: intelectuais, arte e
vídeocultura na Argentina, Rio de Janeiro: UFRJ.

VIDAL, F. (2008). Abordagem conceitual: do assistencialismo ao


investimento social, in Fascículo – Responsabildade Social das
empresas: o investimento social privado e a participação cidadã dos
trabalhadores. Universidade Aberta do Nordeste, Ceará.

WILBER, K. (2008). A visão integral: uma introdução à revolucionária


Abordagem Integral da Vida, de Deus, do universo e de tudo mais.
Tradução: Carmen Fischer. São Paulo: Editora Cultrix.

WATHERN,L. (1984). Delineamento e problemas da comunidade. 1


Edição, editor silva, Lisboa.

VEIGA, E. (2005). Saber Ambiental: Sustentabilidade, Racionalidade,


Complexibilidade, poder. Rio de Janeiro: Vozes.

ZOHAR, D.& MARSHALL, I. N. O ser quântico: uma visão revolucionária


da natureza humana e da consciência baseada na nova física.
Tradução: Maria Antônia van Acker. Editora Best-seller, 1990.

ZYLBERSZTAJN, D. (2000a). A Organização ética: um ensaio as relações


entre ambiente economico e o comportamento das organizações
(Working paper), Faculdade de economia: São Paulo.
106
107

Você também pode gostar