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Didática do

Ensino Superior NC
A disciplina pretende mostrar a definição do que é didática
e suas abordagens, Técnicas e estratégias didáticas, Pós PP 12
Comentários da LDB, O escopo do trabalho docente, Núcleo Comum
Avaliação, a Didática e suas tecnologias.
Elaboração:

Equipe técnica ABRACE

Avaliação e Revisão:

Ailton Alves Pereira Junior


Didática do Ensino Superior - ABRACE

Apoio:

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SUMÁRIO
ABRACE ....................................................................................................................... 4
Associação Brasileira de Centros Educacionais .................................................... 4
Uso Do Material ............................................................................................................ 5
Núcleo Comum ............................................................................................................. 6
Capítulo I ...................................................................................................................... 8
Definição De Didática ......................................................................................................... 8
Capítulo II ................................................................................................................... 10
o ensino superior e a ldb .................................................................................................. 10
Comentários À Ldb........................................................................................................... 16
Capítulo III .................................................................................................................. 20
Abordagens Didáticas ...................................................................................................... 20
Texto Complementar .................................................................................................. 22
NÃO HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA ........................................................................... 22
Capítulo IV .................................................................................................................. 24
Escopo Do Trabalho Docente .......................................................................................... 24
Dos Objetivos Didáticos ................................................................................................... 25
Dos Conteúdos ................................................................................................................ 26
Avaliação ......................................................................................................................... 28
A Didática E A Tecnologia ................................................................................................ 31
TEXTO COMPLEMENTAR ......................................................................................... 34
Formação/Ação de Professores: A Urgência de uma Prática Docente Mediada .............. 34
Capítulo V ................................................................................................................... 38
(Re)significando as aulas no Ensino Superior .................................................................. 38
TEXTO COMPLEMENTAR ......................................................................................... 40
Docência Universitária com Profissionalismo ................................................................... 40
Didática do Ensino Superior -

Capítulo VI .................................................................................................................. 44
Novos Paradigmas ........................................................................................................... 44
O Professor Universitário ................................................................................................. 45
Considerações Finais ....................................................................................................... 49
Atividade de Fixação................................................................................................... 50
Trabalho Mensal .............................................................................................................. 50
Referências Bibliográficas .......................................................................................... 51

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ABRACE
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CENTROS EDUCACIONAIS

Foi formada para atender as necessidades:

 Dos Alunos

Assegurando um atendimento de qualidade e cursos aprovados e/ou


reconhecidos pelos órgãos competentes como MEC, Secretaria Estadual de
Educação e Diretoria de Ensino. Prestando Consultoria gratuita sobre cursos e
profissões com foco na projeção do futuro da sua carreira.

 Dos Associados

Capacitando e preparando os Gestores para captar e orientar os alunos de


nossos parceiros (Instituições de Ensino).

 Das Instituições Parceiras

Captando alunos para os nossos parceiros e auxiliando no atendimento


Didática do Ensino Superior - ABRACE

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USO DO MATERIAL
Seja Bem Vindo ao estudo da disciplina: Didática do Ensino Superior.

A apostila foi construída para contribuir para o processo de ensino aprendizagem da


sua Pós-Graduação Presencial. Ampliando seu conhecimento referente ao tema
proposto, fazendo com que reflita sobre a profissão de Educador e sua nuances.

Esta servirá de apoio as aulas presenciais para que se informe sobre o conteúdo a ser
estudado, os objetivos da disciplina e a organização dos temas.

Foi construída por uma equipe multidisciplinar que pretende mostrar de forma prática e
eficiente o melhor processo de aprendizagem para sua especialização.

Além do conteúdo de aprendizagem contém exercícios e atividades de fixação que


podem ser: Atividades de sala de aula e trabalho mensal.

Ícones utilizados no material didático:

Discussões e Atividade de Sala de Aula.

Textos de leitura complementar.

Trabalho Mensal.
Didática do Ensino Superior -

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NÚCLEO COMUM
Dos 20 títulos de Pós-Graduação na área da Educação, existem as matérias que são
comuns a todos os cursos e serão estudadas nos quatro primeiros módulos do curso.
Está forma de estudo poderá proporcionar algumas vantagens como, por exemplo:

Você só concluirá o núcleo comum uma única vez fazendo o aproveitamento deste
estudo para a conclusão de outros cursos de Pós-Graduação em menos tempo;

Ao terminar o núcleo comum você poderá solicitar um certificado de Extensão


Universitária fazendo mais uma atividade complementar. O mesmo poderá ocorrer na
conclusão do núcleo especifico. Os certificados poderão ter de 30 a 180 horas.
Verificar valores com o consultor.

Núcleo Comum

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3 4
Didática do Ensino Superior -

Núcleo Especifico

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Didática do Ensino Superior -
CAPÍTULO I
DEFINIÇÃO DE DIDÁTICA
D IDÁTICA É A CIÊNCIA QUE ESTUDA O PROCESSO DE ENSINO -
APRENDIZAGEM EM TODOS OS SEUS ÂMBITOS .

Sabendo que o processo educativo consiste em uma atividade social que, tem

por objetivo à obtenção dos conhecimentos e experiências humanas

acumuladas no decorrer da história, tem em vista a formação dos indivíduos

enquanto ser social cabe ao pedagogo intervir nesse processo de assimilação,

orientando-o para finalidades sociais e políticas e criando um conjunto de

condições metodológicas e organizativas para viabiliza-lo no âmbito escolar.

O objetivo de qualquer ser humano deve ser o de tornar-se cada vez mais

competente e profissional, ampliando seus horizontes.

O desenvolvimento contínuo de nossa atuação docente passa pela análise que

fazemos de nossa prática e dos eventuais contrastes que podemos observar


Didática do Ensino Superior - Capítulo I

no confronto interdisciplinar que mantemos com outras práticas.

Se faz mister ré(significarmos) a formação deste profissional, pois até bem

pouco tempo, o ensino superior ocupava-se mais com a formação de

pesquisadores do que a de docentes, subtendendo-se que quanto melhor

pesquisador fosse, mais competente professor seria. Excluindo, assim a

dicotomia pesquisa – docência.

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O professor universitário precisa ter uma visão de mundo, de ser
humano, de ciência e de educação compatível com as características de
sua função.

Quando um aluno não aprende, a responsabilidade é de quem?

A quem compete a condução eficaz do processo de aprendizagem?

Qualquer professor, não importando a sua formação deve ter amplo domínio

sobre conteúdo de sua disciplina, todavia, isso não garante que ele

compreenda o processo de aprendizagem de seus alunos.

Dentro de sala de aula, mesmo sem se dar conta, todo professor é orientado

por um viés teórico. É possível que ele priorize apenas a transmissão ou a

construção de conhecimentos. Saber qual caminho ou mesmo as estratégias

adotadas é parte fundamental para o sucesso deste processo de ensino-

aprendizagem.

Didática do Ensino Superior - Definição De Didática

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CAPÍTULO II
O ENSINO SUPERIOR E A LDB

ANTES DE DARMOS CONTINUIDADE COM A EXPOSIÇÃO SOBRE


DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR , VAMOS À LDB VER COMO A MESMA
TRATA A QUESTÃO DESTE ENSINO E SUAS AMPLITUDES NO DIA - A- DIA
DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO :

Art. 43. A educação superior tem por finalidade:

I. Estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e


do pensamento reflexivo;
II. Formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a
inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação
contínua;
III. Incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao
desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da
cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do
meio em que vive;
Didática do Ensino Superior - Capítulo II

IV. Promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos técnicos


que constituem patrimônio da humanidade e comunicar saber através do
ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação;
V. Suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional
e possibilitar a correspondente concretização, integrando conhecimentos
que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do
conhecimento de cada geração;
VI. Estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em
particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados
comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade;
VII. Promover a extensão, aberta à participação da população, visando à
difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultura e da
pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição.
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Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e
programas:

I. Cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis de


abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos
estabelecidos dos pelas instituições de ensino;
II. De graduação, abertos a candidatos que tenham concluído o ensino
médio ou equivalente e tenham sido classificados em processo
seletivo;
III. De pós-graduação, compreendendo programas de mestrado e dou·
torado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e outros, abertos
a candidatos diplomados em cursos de graduação e que atendam às
exigências das instituições de ensino;
IV. De extensão, abertos a candidatos que atendam aos requisitos
estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino.

Parágrafo único - Os resultados do processo seletivo referido no inciso do

Didática do Ensino Superior - o ensino superior e a ldb


caput deste artigo serão tornados públicos pelas instituições de ensino
superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nominal dos classificados,
a respectiva ordem de classificação, bem como do cronograma das chamadas
para matrícula, de acordo com os critérios para preenchimento das vagas
constantes do respectivo edital.

Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de ensino


superior, públicas ou privadas, com variados graus de
abrangência ou especialização.

Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o


credenciamento de instituições de educação superior, terão
prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após
processo regular de avaliação.

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§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente
identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá
reavaliação, poderá resultar, conforme o caso, em desativação de cursos e
habilitações, em intervenção na instituição, em suspensão temporária de
prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento.

§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por sua


manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá
recursos adicionais, se necessários, para a superação das deficiências.

Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, independente do ano


civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho acadêmico
efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando
houver.

§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes de cada período


letivo, os programas dos cursos e demais componentes curriculares, sua
duração, requisitos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e
critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as respectivas condições.

§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos,


demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação
Didática do Ensino Superior - Capítulo II

específicos, aplicados por banca examinadora especial, poderão ter


abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos
sistemas de ensino.

§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo nos programas


de educação a distância.

§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, no período noturno,


cursos de graduação nos mesmos padrões de qualidade mantidos no
período diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições
públicas, garantida a necessária previsão orçamentária.

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Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quando
registrados, terão validade nacional como prova da formação
recebida por seu titular.

§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias


registrados, e aqueles conferidos por instituições não-universitárias
serão registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional
de Educação.

§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras


serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do
mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos
internacionais de reciprocidade ou equiparação.
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades
estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que
possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma
área de conhecimento e em nível equivalente ou superior.

Didática do Ensino Superior - o ensino superior e a ldb


Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a transferência
de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de
existência de vagas, e mediante processo seletivo.

Parágrafo único - As transferências ex officio dar-se-ão na forma da lei.

Art. 50. As instituições de educação superior, quando da ocorrência de


vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos a alunos
não regulares que demonstrarem capacidade de cursá-las com
proveito, mediante processo seletivo prévio.

Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas como


universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de seleção e
admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses
critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se com
os órgãos normativos dos sistemas de ensino.

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Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação
dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de
extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se
caracterizam por:

I. Produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático


dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista
científico e cultural, quanto regional e nacional;
II. Um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de
mestrado ou doutorado;
III. Um terço do corpo docente em regime de tempo integral.

Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às


universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições:

I. Criar, organizar e extinguir em sua sede, cursos e programas de


educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da
União e, quando for o caso, do respectivo sistema de ensino;
II. Fixar os currículos de seus cursos e programas, observadas as
diretrizes gerais pertinentes;
Didática do Ensino Superior - Capítulo II

III. Estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa científica,


produção artística e atividades de extensão;
IV. Fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as
exigências do seu meio;
V. Elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância
com as normas gerais atinentes;
VI. Conferir graus, diplomas e outros títulos;
VII. Firmar contratos, acordos e convênios;
VIII. Aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos
referentes a obras, serviços e aquisições em geral, bem como
administrar rendimentos conforme dispositivos institucionais;
IX. Administrar os rendimentos e deles dispor na forma prevista no ato de
constituição, nas leis e nos respectivos estatutos;

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X. Receber subvenções, doações, heranças, legados e cooperação
financeira resultante de convênios com entidades púbicas e privadas.

Parágrafo único – Para garantir a autonomia didático-científica das


universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir,
dentro dos recursos orçamentários disponíveis sobre:

I. Criação, expansão, modificação e extinção de cursos;


II. Ampliação e diminuição de vagas;
III. Elaboração de programas de cursos;
IV. Programação das pesquisas e das atividades de extensão
V. Contratação e dispensa de professores;
VI. Planos de carreira docente.

Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público gozarão, na


forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às
peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento
pelo Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e

Didática do Ensino Superior - o ensino superior e a ldb


do regime jurídico do seu pessoal.

§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições asseguradas


pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão:

I. Propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e administrativo,


assim como um plano de cargos e salários, atendidas as normas
gerais pertinentes e os recursos disponíveis;
II. Elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade com as
normas gerais concernentes;
III. Aprovar e executar planos, programas e projetos de investimentos
referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo com os
recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor;
IV. Elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais;

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V. Adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas
peculiaridades de organização e funcionamento;
VI. Realizar operações de crédito ou financiamento, com aprovação do
Poder competente, para aquisição de bens imóveis, instalações e
equipamentos;
VII. Efetuar transferências, quitações e tomar outras providências de
ordem orçamentária financeira e patrimonial necessárias ao seu bom
desempenho.

§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser estendidas a


instituições que comprovem alta qualificação para o ensino ou para a
pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder Público.

Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orçamento


Geral, recursos suficientes para manutenção e desenvolvimento
das instituições de educação superior por ela mantidas.

Art. 56. As instituições públicas de educação superior obedecerão ao


princípio da gestão democrática, assegurada a existência de
órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os
segmentos da comunidade institucional, local e regional.
Didática do Ensino Superior - Capítulo II

Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o professor


ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas.

COMENTÁRIOS À LDB

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Iniciamos os estudos de LDB e Educação Superior vendo que logo no início,
no artigo 43, a LDB, em seus sete incisos, descreve os objetivos a serem
alcançados pela educação superior brasileira.

Preocupa-se, também, a LDB que não ocorra monopólio da oferta de


educação superior tanto pelas instituições públicas quanto pelas privadas,
desta forma, garante a coexistência entre ambas.

Passa também a LDB por caminhos do reconhecimento, credenciamento e

avaliações das instituições de ensino superior pública e privada, e ao se

identificarem possíveis deficiências, as instituições receberão um prazo legal

para sanar tais deficiências e se não cumprido o saneamento de tais

deficiências, o órgão competente poderá desativar os cursos em andamento,

intervir na instituição suspendendo-a de autonomia universitária ou até mesmo

descredencia-la.

Didática do Ensino Superior - Comentários À Ldb


A LDB também trata do cotidiano do ensino superior, que, assim como nos

ensinos fundamental e médio, determina que na educação superior o ano

letivo terá no mínimo duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo. Há uma

probabilidade de os legisladores não terem tido a atenção de que há

diferenças entre o ensino fundamental médio e superior e que o mais

importante não reside no número de dias letivos considerados de forma

simples e isolados, mas a relação existente entre hora/aula e créditos

correspondentes.

A LDB também abre um novo horizonte quando põe à disposição dos alunos

do ensino superior a possibilidade extraordinário aproveitamento de estudos,


17
que, como toda novidade, ainda causa certo estranhamento, especialmente

entre professores - ou por algum tipo de preconceito, não conseguindo

imaginar que os alunos possam se enquadrar em situações como essa, ou por

uma questão de fundo cultural acostumada a esse tipo de procedimento.

A LDB aborda, de forma bastante clara o ensino noturno na educação

superior e para tanto exige os mesmos padrões de qualidade para os cursos

de graduação, independente da oferta diurna ou noturna, o que resvala na

relação professor-aluno quando o professor deverá se adequar a uma nova

realidade de alunos distintos, mas que necessitem de uma qualidade idêntica

na prestação dos serviços educacionais.

Encontramos também, na Lei, uma preocupação com a democratização do

ensino superior público sendo que cada vez mais o aluno egresso do ensino

médio público ingresse numa universidade pública, democratizando assim o


Didática do Ensino Superior - Capítulo II

acesso à educação superior pública brasileira, o que refletirá de uma forma

importante na atuação do docente e em seu posicionamento.

Abre-se a definição de Universidade como instituições pluridisciplinares de

formação de quadros profissionais de nível superior, de pesquisa de extensão

e de domínio e cultivo do saber humano. Para tanto há de se ter uma produção

intelectual institucionalizada; um terço do corpo docente com titulação de

mestrado ou doutorado e um terço do corpo docente com dedicação integral.

Por fim vemos que a Lei trata da gestão democrática da escola concedendo à

categoria dos docentes, o percentual de "setenta por cento assentos em cada

órgão colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem elaboração e


18
modificações estatutárias e regimentais, bem como da esc. de dirigentes".

Assim o sendo, temos uma questão muito interessante que repousa nas

atribuições docentes assim como nas responsabilidades que trazem consigo o

ser docente, podemos inferir que na educação superior, assim como sugere a

LDB, a o ser docente, não apenas expõe aulas, mas atuam fortemente, na

relação Universidade-aluno, aluno-comunidade e Universidade-Órgãos

Públicos.

Didática do Ensino Superior - Comentários À Ldb

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CAPÍTULO III
ABORDAGENS DIDÁTICAS

O FENÔMENO EDUCATIVO CONSTITUI - SE A PARTIR DE DIRETRIZES


QUE ORIENTAM A PRÁTICA PEDAGÓGICA. O PROCESSO DE ENSINO
APRENDIZAGEM É SEMPRE ORIENTADO POR UMA CONCEPÇÃO DE
MUNDO .¹

Para fazer uma escolha que seja adequada e coerente com a sua visão de

mundo, o educador precisa conhecer as diferentes abordagens do ensino para

determinar, entre as possibilidades que se apresentam, aquela que expressa

seu modo de pensar e seus desejos no que se refere à formação dos alunos

assim como acontece com os alunos também.

Parece que ainda existem professores centrados em si mesmos, ou seja, não

há diálogo entre professor / aluno, mas sim a relação que existe a relação

professor – professor. As aulas contam com pouca ou nenhuma participação

do aluno, adotando a metodologia que recebeu nos meios escolares.


Didática do Ensino Superior - Capítulo III

No Brasil, a década de 1980 foi marcada pelo restabelecimento da democracia

após um longo período de ditadura militar. Os movimentos sociais ganharam

força e destaque.

As palavras deste período giravam em torno de ideologia, poder, alienação,

conscientização, reprodução, contestação do sistema capitalista, classes

sociais, emancipação, resistência, relação teoria-prática, educação como

prática social, o educador como agente de transformação, articulação do

processo educativo. No mundo cada vez mais globalizado, a década de 1980

em diante, foi marcada pelo ressurgimento do neoliberalismo, pela

20
internacionalização da cultura e pela crise de paradigmas no âmbito das

diferentes ciências, além da globalização.

O neoliberalismo 1 passou a ser questionado pelos educadores que tentavam


buscar as condições estratégicas favoráveis ao desenvolvimento do ensino da
massa trabalhadora. Na Pedagogia, auxiliada pelas outras áreas afins, havia
um movimento para enxergar o aluno como um ser global, considerando o
desenvolvimento tecnológico que despontava e trazia para o cenário, novas
exigências para os professores e consequentemente para a formação
continuada dos docentes.

A preocupação com a formação e profissionalização docente, no meado da


década de 90, consiste em um dos pontos fortes no cenário educacional
brasileiro, tendo em vista que nesse período há uma mobilização do MEC para
a elaboração do projeto denominado “Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério”. Vale a
pena ressaltar, também, que nesse período encontrava-se em tramitação a
aprovação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a qual apresenta

Didática do Ensino Superior - Abordagens Didáticas


algumas modificações em relação à formação dos profissionais da educação.

É preciso considerar que a atividade profissional de todo docente possui uma


natureza pedagógica, isto é, vincula-se a objetivos educativos de formação
humana e a processos metodológicos e organizacionais de construção e
apropriação de saberes e modos de atuação.

Enquanto professores universitários precisaram negar a superficialidade que


poderia nos levar a uma dimensão equivocada da importância histórica da
trajetória da Didática.

No seu trabalho cotidiano, o professor precisa permanentemente desenvolver a

capacidade de avaliar os fatos, os acontecimentos de forma crítica, os

conteúdos da matéria de um modo mais abrangente, mais globalizante.


1
Suas raízes teóricas mais remotas encontram-se na chamada escola austríaca - reconhecida por sua
ortodoxia no campo do pensamento econômico - que se centralizou em torno do catedrático da Faculdade
de Economia de Viena, Leopold von Wiese, na segunda metade do século XIX e que ficou conhecido por
seus trabalhos teóricos sobre a estabilidade da moeda.

21
TEXTO COMPLEMENTAR

NÃO HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA


(FREIRE, 2001)

O que me interessa agora, repito, é alinhar e discutir alguns saberes


fundamentais à prática educativo-crítica ou progressista e que, por isso
mesmo, devem ser conteúdos obrigatórios à organização programática
da formação docente. Conteúdos cuja compreensão, tão clara e tão lúcida
quanto possível, deve ser elaborada na prática formadora. É preciso,
sobretudo, e aí já vai um destes saberes indispensáveis, que o formando,
desde o princípio mesmo de sua experiência formadora, assumindo-se
como sujeito também da produção do saber, se convença definitivamente
de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua produção ou a sua construção.

(...)

Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.


Quem ensina ensina alguma coisa a alguém. É por isso que, do ponto de
vista gramatical, o verbo ensinar é um verbo transitivo-relativo. Verbo que
pede um objeto direto - alguma coisa - e um objeto indireto - a alguém. Do
ponto de vista democrático em que me situo, mas também do ponto de
Didática do Ensino Superior - Texto Complementar

vista da radicalidade metafísica em que me coloco e de que decorre


minha compreensão do homem e da mulher como seres históricos e
inacabados e sobre que se funda a minha inteligência do processo de
conhecer, ensinar é algo mais que um verbo transitivo-relativo. Ensinar
inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que,
historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível
ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos
mulheres e homens perceberam que era possível - depois, preciso -
trabalhar maneiras, caminhos, métodos de ensinar. Aprender precedeu
ensinar ou, em outras palavras, ensinar se diluía na experiência realmente
fundante de aprender. Não temo dizer que inexiste validade no ensino de
que não resulta um aprendizado em que o aprendiz não se tornou capaz
de recriar ou de refazer o ensinado, em que o ensinado que não foi
apreendido não pode ser realmente aprendido pelo aprendiz.
(...)

Às vezes, nos meus silêncios em que aparentemente me perco,


desligado, flutuando quase, penso na importância singular que vem
sendo para mulheres e homens sermos ou nos termos tornado, como
constata François Jacob, "seres programados, mas, para aprender"." É
que o processo de aprender, em que historicamente descobrimos que era
possível ensinar como tarefa não apenas embutida no aprender, mas
perfilada em si, com relação a aprender, é um processo que pode
deflagrar no aprendiz uma curiosidade crescente, que pode torná-lo mais
22
e mais criador. O que quero dizer é o seguinte: quanto mais criticamente
se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e desenvolve
o que venho chamando "curiosidade epistemológica", sem a qual não
alcançamos o conhecimento cabal do objeto.

É isto que nos leva, de um lado, à crítica e à recusa ao ensino "bancário",


de outro, a compreender que, apesar dele, o educando a ele submetido
não está fadado a fenecer; em que pese o ensino "bancário", que deforma
a necessária criatividade do educando e do educador, o educando a ele
sujeitado pode, não por causa do conteúdo cujo "conhecimento" lhe foi
transferido, mas por causa do processo mesmo de aprender, dar, como
se diz na linguagem popular, a volta por cima e superar o autoritarismo e
o erro epistemológico do "bancarismo".

O necessário é que, subordinado, embora, à prática "bancária', o


educando mantenha vivo em si o gosto da rebeldia que, aguçando sua
curiosidade e estimulando sua capacidade de arriscar-se, de aventurar-
se, de certa forma o "imuniza" contra o poder apassivador do
"bancarismo". Neste caso, é a força criadora do aprender de que fazem

Didática do Ensino Superior - NÃO HÁ DOCÊNCIA SEM DISCÊNCIA


parte a comparação, a repetição, a constatação, a dúvida rebelde, a
curiosidade não facilmente satisfeita, que supera os efeitos negativos do
falso ensinar. Esta é uma das significativas vantagens dos seres
humanos - a de se terem tornado capazes de ir mais além de seus
condicionantes. Isto não significa, porém, que nos seja indiferente ser um
educador "bancário" ou um educador "problernatizador".

23
CAPÍTULO IV
ESCOPO DO TRABALHO DOCENTE

N A ESCOLA A IDEOLOGIA É
TRANSMITIDA, POR EXEMPLO , NOS LIVROS
OU MATERIAIS DIDÁTICOS QUE APRESENTAM IDEIAS E IMAGENS
ESTEREOTIPADAS .

Ao veicular modelos idealizados no lugar da realidade os livros didáticos

inculcam sutilmente na mente dos alunos a ideia de que eles são excluídos de

um modelo social conveniente à sociedade.

A qualificação educacional refletirá as características de personalidades que os

empregadores procuram nos seus futuros empregados.

Os autores sugerem que o importante para o empregador sobre a educação do

trabalhador não é que ela forneça preparo técnico, mas ao contrário, forneça

uma socialização ao trabalhador para uma melhor adaptação na hierarquia

industrial e burocrática, característica determinante do modelo produtivo


Didática do Ensino Superior - Capítulo IV

exigido pelo sistema capitalista.

Assim, a escola tem uma função social, dentro do modo de produção

capitalista, de capacitar os trabalhadores dando-lhes qualificações não

cognitivas. Trabalhadores de origem social mais baixa são socializados na

escola para serem dóceis e acatar ordens, pois a estes cabe ocupar cargos da

base da hierarquia dentro de cada empresa. Por outro lado, trabalhadores de

origem social elevada e que ocupam posições no topo da hierarquia da firma

serão socializados para ter auto direção, facilitando assim o comando sobre os

outros e a tomada de decisões.

24
DOS OBJETIVOS DIDÁTICOS

Sabemos que o conhecimento é construído pelo aluno nas suas relações com

o meio em que vive, com os outros e com os próprios objetos do conhecimento.

Para que essa tarefa tenha êxito, é necessário mediarmos a relação professor-

aluno e a relação aluno-aluno, adotando no processo ensino-aprendizagem

objetivos e conteúdos adequados à concepção metodológica – pedagógico-

didática em curso.

Ao adotarmos em nossas aulas uma determinada proposta metodológica,

adotamos, de forma consciente ou não, uma concepção de ensino e,

consequentemente, de aprendizagem.

Tal concepção de ensino, por sua vez, reflete determinada concepção de

homem e de sociedade desenvolvida num contexto histórico específico e

Didática do Ensino Superior - Dos Objetivos Didáticos


relacionada aos interesses e atividades de determinado grupo social.

Trazendo isso para o Ensino Superior, muitas universidades — apesar de

declararem o contrário em seus princípios — ocupam-se em fornecer aos seus

alunos o tão almejado diploma, muitas vezes aguardado como sinônimo de

garantia de emprego e/ou prestígio por ultrapassar a barreira de conquista de

mais um grau de ensino.

Ao adotarmos uma posição é necessário levarmos em consideração que tipo

de profissional pretendeu formar para atuar na nossa sociedade; que condição

ele terá para superar os problemas e empecilhos que surgirão em todos os

campos (pessoal, social e profissional); qual será o papel adotado por ele na

sociedade: será membro ativo e coparticipe em sua configuração? Pelas

25
razões citadas emerge a necessidade de uma reflexão constante e profunda

quanto ao significado da condição de cidadão e de cidadã, bem como as

características da sociedade em que irão viver.

DOS CONTEÚDOS

O termo “conteúdos” normalmente foi utilizado para expressar aquilo que se

deve aprender, mas em relação quase exclusiva aos conhecimentos das

matérias ou disciplinas clássicas e, habitualmente, para aludir àqueles que se

expressam no conhecimento de nomes, conceitos, princípios, enunciados e

teoremas.

Assim, pois, se diz que uma matéria está muito carregada de conteúdos ou que

um livro não tem muitos conteúdos, fazendo alusão a este tipo de

conhecimento. Este sentido, estritamente disciplinar e de caráter cognitivo,

geralmente também tem sido utilizado na avaliação do papel que os conteúdos

devem ter no ensino, de forma que nas concepções que entendem a educação
Didática do Ensino Superior - Capítulo IV

como formação integral se tem criticado o uso dos conteúdos como única

forma de definir as intenções educacionais.

E a partir deste ponto, vale a pena destacarmos dois tipos distintos de

conteúdos, os factuais e os atitudinais.

Por conteúdos factuais se entende o conhecimento de fatos, acontecimentos,

situações, dados e fenômenos concretos e singulares: a idade de uma pessoa,

a conquista de um território, a localização ou altura de uma montanha, os

nomes, os códigos, os axiomas, um fato determinado num determinado

momento.

26
Quanto ao aprendizado de partilha de material e o gosto pela leitura,

certamente foram apreendidos através do exemplo, da oportunidade de

vivência com outras pessoas que serviram como modelos. Esse aprendizado é

chamado de atitudinal.

O termo conteúdos atitudinais engloba uma série de conteúdos que por sua

vez podemos agrupar em valores, atitudes e norma.

Entendemos por valores os princípios ou ideias éticas que permitem às

pessoas emitir um juízo sobre as condutas e seu sentido. São valores:

solidariedade, o respeito aos outros, a responsabilidade, a liberdade, etc.

As atitudes são tendências ou predisposição relativamente estáveis das

pessoas para atuar de certa maneira. As normas são padrões ou regras de

comportamento que devemos seguir em determinadas situações e que obrigam

a todos os membros de um grupo social.

As normas constituem a forma pactuada de realizar certos valores

Didática do Ensino Superior - Dos Conteúdos


compartilhados por uma coletividade e indicam o que se pode fazer e o que

não se pode fazer nesse grupo.

Para acertarmos uma bola ao cesto ou aprender a andar de bicicleta,

necessitamos de muito exercício, da repetição, tantas e tantas vezes, até que

adquirimos o conhecimento em questão. Esse tipo de conhecimento se dá

através da aquisição de um conteúdo do tipo procedimental:

Um conteúdo procedimental – que inclui entre outras coisas as regras, as

técnicas, os métodos, as destrezas ou habilidades, as estratégias, os

27
procedimentos – é um conjunto de ações ordenadas e com um fim, quer dizer,

dirigidas para a realização de um objetivo.

O trabalho com conteúdos factuais e conceituais auxiliam a desenvolver

competências de saber aprender. Conteúdos atitudinais auxiliam, a saber, ser e

saber conviver, conteúdos procedimentais servem para aprender a saber fazer.

Quando damos aulas queremos sair da classe com a certeza de que os alunos

entenderam os conceitos trabalhados, que saibam defini-los e, sobretudo, que

consigam aplicá-los e justificar seus usos.

AVALIAÇÃO

Na ação de avaliar pensa-se o passado e o presente para poder construir o

futuro. Nesta concepção de educação, portanto, a avaliação é vivida como

processo permanente de reflexão cotidiana.

É neste sentido que o ato de avaliar é processual. Acontece no processo

permanente de rever, refletir o passado para se reconstruir o futuro no


Didática do Ensino Superior - Capítulo IV

presente.

Aprender a avaliar é aprender a modificar o planejamento. No processo de

avaliação contínua o educador agiliza sua leitura de realidade podendo assim

criar encaminhamentos adequados para seu constante planejar.

A avaliação, tal como é empregada nas escolas têm raízes numa ideologia

classificatória e excludente. Ela pontua o que o aluno errou e pronto.

28
Para que serve a avaliação?

Para indicar que os alunos fracassaram?

Para servir de instrumento de coerção dos alunos?

Respostas positivas a essas perguntas indicariam uma visão reducionista do

processo de avaliação.

Nessa perspectiva, o desempenho dos alunos é avaliado por meio de

atribuição de notas ou conceitos e os alunos ficam sem saber onde, como e

porque errou.

Desse modo, a avaliação não contribui para o processo de ensino e

aprendizagem e, em geral, é tratada como final ou finalidade do processo,

quando, na verdade, deveria fazer parte dele. Em outras palavras, a avaliação

deveria ser vista como parte do processo de formação dos alunos: a avaliação

formativa.

A avaliação deve estar atrelada aos objetivos e à metodologia utilizada. A

Didática do Ensino Superior - Avaliação


coerência neste aspecto se expressa pela harmonia no processo e ao mesmo

tempo fornece elementos para que o professor possa rever seu plano e

adequá-lo às necessidades dos alunos. Neste caso a flexibilidade é

fundamental.

Avaliação tem que servir ao propósito de desenvolver capacidades e

habilidades nos alunos. O aluno deve ser capaz de compreender seus erros e

aprender com eles. A metodologia de avaliação utilizada pelo professor deve

prever este item e estimulá-lo.

29
A avaliação formativa, contrariamente à avaliação tradicional, funciona como

um elemento de verificação da atuação do professor, por meio do qual ele pode

checar se os seus objetivos e metodologia adotada foram apropriados aos seus

alunos.

Desse modo, a avaliação deve ocorrer no início, durante e no fim do processo

de ensino e aprendizagem para que seu desenvolvimento seja documentado e

todas as informações sejam registradas e analisadas pelo professor ou pelos

próprios alunos.

Ela é um instrumento de investigação, um termômetro da mudança. Sendo

assim, pede uma relação colaborativa entre professor e aluno.

O grande desafio consiste em problematizar a ação pedagógica em todo o

contexto, seja na elaboração do plano de ensino, na metodologia empregada,

na ação-reflexão e, consequentemente, na avaliação.

Apesar de que se disse muitas vezes, convém não perder de vista que, dado
Didática do Ensino Superior - Capítulo IV

que a avaliação é um ele-mento-chave de todo processo de ensinar e

aprender, sua função se encontra estreitamente ligada à função que se atribui

a todo processo. Neste sentido, suas possibilidades e potencialidades se

vinculam à forma que as próprias situações didáticas adotam.

Ir além da burocratização, superar o desafio de transformar a avaliação em

uma ação libertadora, que rompa com um autoritarismo historicamente

construído em relação a avaliação, constituindo-a como formativa e reguladora,

caracterizando a ação pedagógica como dialógica. Eis o convite para a sua

docência em sala de aula, é sob estes parâmetros que profissionais

comprometidos com a mudança atuam.


30
A DIDÁTICA E A TECNOLOGIA

Sabemos que o conhecimento não é algo estanque, mas ele nunca foi

atualizado, revisitado ou revisado com tanta rapidez. Portanto, a questão que

formulamos é como essa velocidade de informações tem entrado nas escolas e

universidades?

Com certeza a sociedade caminha para um novo tempo. Hoje temos os

analfabetos e os analfabetos digitais, uma vez que a fluência digital é uma

exigência cada vez maior, nas empresas, nos bancos e na sociedade de modo

geral.

A Didática em seu propósito de revisitar melhores formas de ensinar deve rever

o papel destas tecnologias no cenário educacional. Vamos nos limitar ao

espaço das Faculdades e Universidades, para focar a discussão.

Didática do Ensino Superior - A Didática E A Tecnologia


Uma das reclamações generalizadas de escolas e universidades é de que os

alunos não aguentam mais nossa forma de dar aula. Os alunos reclamam do

tédio de ficar ouvindo um professor falando na frente por horas, da rigidez dos

horários, da distância entre o conteúdo das aulas e a vida.

Colocamos tecnologias na universidade e nas escolas, mas, em geral, para

continuar fazendo o de sempre – o professor falando e o aluno ouvindo – com

um verniz de modernidade. As tecnologias são utilizadas mais para ilustrar o

conteúdo do professor do que para criar novos desafios didáticos.

O cinema, o rádio, a televisão trouxeram desafios, novos conteúdos, histórias,

linguagens. Esperavam-se muitas mudanças na educação, mas as mídias

sempre foram incorporadas marginalmente. A aula continuou

31
predominantemente oral e escrita, com pitadas de audiovisual, como ilustração.

Alguns professores utilizavam vídeos, filmes, em geral como ilustração do

conteúdo, como complemento. Eles não modificavam substancialmente o

ensinar e o aprender, davam um verniz de novidade, de mudança, mas era

mais na embalagem.

A ideia não é fazer um uso técnico das ferramentas multimídias, mas trazer

instrumentos que tragam novas possibilidades para uma relação pedagógica

dialógica e reflexiva.

Dentre as possibilidades podemos destacar:

A utilização de filmes e curtas podem ilustrar a aula, sensibilizar para uma boa

discussão. Como toda ação educativa, esta também dever ser planejada, o

professor deve assistir ao filme, saber quais serão os pontos que serão

abordados na discussão. Na Universidade a maioria dos alunos vem estudar

após um dia de trabalho; por mais que eles queiram assistir a um filme longo
Didática do Ensino Superior - Capítulo IV

pode cansá-los, a solução poderia ser passar em capítulos e a cada passagem

distribuir pontos de observação para os alunos e construir um registro reflexivo

do filme que culminará em uma discussão coletiva, ou escolher o trecho do

filme que mais se adequa a proposta.

A internet está trazendo novos hábitos, e incentivando o autodidata, é possível

aprender sobre vários assuntos na grande rede, claro que é preciso aprender a

selecionar boas informações, e a veracidade das fontes.

A instituição escolar tem o compromisso de refletir sobre esses impactos

trazendo para as escolas novas dinâmicas, novos recursos em pró de uma

metodologia que não se faz inovadora somente porque usa tecnologia, mas
32
porque dá outro tipo de acesso aos alunos, o acesso ao pensar, ao questionar,

ao criticar e o de vislumbrar novas possibilidades para a sociedade, que

humaniza e minimiza gradativamente as injustiças. É preciso usar a tecnologia

para o benefício da Didática, eis nosso desafio.

A Didática nesta perspectiva utiliza as ferramentas tecnológicas a serviço da

construção do conhecimento, a conexão que se constitui neste aspecto

engrandece a figura dos atores do processo educativo, pois o espaço de

interação é ampliado pelo uso contextualizado das tecnologias. Assim a

mediação pedagógica é fortalecida pela Didática que procura estimular e

convidar o aluno a ser também protagonista do processo.

Didática do Ensino Superior - A Didática E A Tecnologia

33
TEXTO COMPLEMENTAR
FORMAÇÃO/AÇÃO DE PROFESSORES: A URGÊNCIA DE UMA PRÁTICA
DOCENTE MEDIADA
(Kenski, 2009)
O contato com propostas curriculares de ensino online e o uso
indiscriminado de tecnologias digitais em aulas trouxeram-me mais
perplexidade do que entusiasmo. Muitas dessas propostas podem ser
vistas como retrocesso no processo de ensino-aprendizagem pretendido.

Predomina nas aulas virtuais a utilização de longas apresentações


expositivas, descontextualizadas. É o ensino massivo, iniciado com
palestras de professores titulados, mas não comprometidos com o
processo educacional em desenvolvimento e muito menos ainda com os
alunos ouvintes, presentes em indistintos locais de "recepção". Há uma
evidente desarticulação entre o discurso e a prática pedagógica nesses
cursos. O foco metodológico se reduz à "entrega" de conteúdo e ao uso
de recursos tecnológicos (ainda que sofisticados) como
videoconferências e ambientes virtuais (LMS), sem maiores cuidados
sobre o aproveitamento pedagógico dos mesmos. Essas utilizações
equivocadas do potencial dessas tecnologias para ação pedagógica
contribuem para o aumento do preconceito em relação às mesmas.
Didática do Ensino Superior - TEXTO COMPLEMENTAR

Existem especificidades na decência online que nos encaminham para


outra realidade de ação educacional. Há urgência que professores se
apropriem dessas práticas, utilizando as muitas potencialidades das mais
novas tecnologias com metodologias adequadas aos objetivos
pretendidos.

(...)

Não basta, portanto, a utilização das tecnologias avançadas como


repositórios de conteúdos. Não basta também a ação distante e
indiferenciada do professor, em broadcasting, sem o estabelecimento de
vínculos que estimulem e desafiem os estudantes a avançar nos estudos
e superar desafios. É preciso garantir aos alunos que acessam as aulas
online condições favoráveis para o seu envolvimento. Criar entre eles, o
sentimento de pertencimento ao grupo e a busca de colaboração entre
todos os participantes (professores e alunos) do mesmo processo de
ensino-aprendizagem.

Ao contrário do que muitos imaginavam, no atual momento da sociedade


digital, não há o desaparecimento da escola, em todos os níveis e
objetivos. Muito menor ainda é a preocupação com a extinção da função
do professor. Ao contrário, a escola como instituição social é o espaço
privilegiado para a formação das pessoas e para a sistematização
contextualizada dos saberes. Assim também o professor é o principal

34
agente responsável pelo alcance e pela viabilização da missão da escola
diante da sociedade. O que a escola e a ação dos professores necessitam
é de revisão crítica e reorientação dos seus modos de ação.

A estrutura atual das escolas se orienta ainda por momentos sociais


anteriores, em que o acesso à informação era raro, caro, difícil e

Didática do Ensino Superior - Formação/Ação de Professores: A Urgência de uma Prática Docente


demorado. A formação do cidadão e a garantia de sua ação no âmbito da
sociedade, como profissional e como pessoa, eram definidas pela sua
"bagagem intelectual", o acervo de informações e conhecimentos
adquiridos e cumulativamente incorporados durante sua longa trajetória
no processo de escolarização. Da escola e dos ensinamentos dos
professores emanavam os saberes que orientavam a formação para a
atuação plena do ser no mundo. E o que é possível ensinar em um
momento em que as informações estão tão disponíveis, pulverizadas,
múltiplas, fragmentadas, acessíveis por diferenciados meios (e mídias) e,
sobretudo, oferecidas?

Não é mais a pessoa que sai em busca de informações. É a informação


que se oferece sem ser buscada. Informação fácil e disponível sobre
tudo. Informação que invade a nossa privacidade, ocupa nossos tempos
e espaços do pensamento, transforma nossas intenções, manipula
nossos desejos. Informação que nos surpreende ao acordar e nos
acompanha em todos os momentos, todos os dias. Rádios, jornais,
celulares, televisores e seus múltiplos canais, todos os meios vindos das
e pelas redes digitais: e-mails, listas, grupos, comunidades reais e
virtuais e tantos outros ...

(...)

Essa sensação de impotência diante da avalancha de dados que nos caça


e nos consome precisa ser vista de forma inversa. Olhamos os dados
com as mesmas posturas aprendidas em nossos antigos e duradouros
processos de escolarização. Olhamos as informações com os mesmos
sentimentos e valores dos tempos em que elas eram escassas. Com a
mesma disposição de consumo do tempo em que havia maior
permanência dos conhecimentos.

A pretensão é ainda a de reter em nós esses dados, articulá-los aos


nossos saberes já adquiridos, incorporar a informação, transformá-la em
acervo interior e pessoal, como as antigas teorias pedagógicas nos
ensinaram.

O mundo mudou. A informação que buscamos é múltipla, mutante,


fragmentada, com várias nuança, que nos coloca diante da impotência em
retê-la, com o máximo possível de profundidade. O conhecimento tornou-
Mediada

se algo fugidio, em meio a tantos dados e tanta atualização, que só os


pretensiosos podem garantir conhecer plenamente, seja o que for. A
proposta pedagógica precisa ser não mais a de reter em si a informação.

35
Novos encaminhamentos e novas posturas nos encaminham para a
utilização de mecanismos de filtragem, seleção crítica, reflexão coletiva e
dialogada sobre os focos de nossa atenção e busca de informação.
Avançar mais ainda e não protagonizar apenas a condição de ávidos
consumidores de informação, mas a de produtores e leitores críticos e
seletivos do que merece mais cuidadosamente a nossa atenção e
reflexão.

(...)

Discutir propostas em que convergem princípios educacionais que


privilegiam não mais a aquisição de conteúdos descontextualizados e
rígidos; não mais o próprio processo regrado e fragmentado de
disposição de temas em disciplinas, arranjadas em estruturas fechadas
que não dialogam entre si. Significa discutir currículos e propostas
educacionais que têm no acesso e uso fluente dos múltiplos meios de
comunicação, a possibilidade de transpor os limites físicos e temporais
das salas de aula e alcançar as pessoas que querem, têm interesse e
estão conectadas no mesmo desejo de aprender, independente do tempo
e do espaço em que se encontram.

(...)

O que se precisa aprender em um momento em que a informação é


Didática do Ensino Superior - TEXTO COMPLEMENTAR

farta e o tempo das pessoas é escasso? O que se precisa aprender em


um mundo do trabalho em que a atualização é valorizada e a formação
precisa garantir não apenas as bases do conhecimento, mas também
suas mais novas facetas, inovações, ao devir anunciado e imediatamente
ultrapassado?

(...)

Professores em rede construindo colaborativamente seus programas,


apresentando suas propostas de ação docente, oferecendo e recebendo
informações, atualizações e auxílios vários. Professores e alunos em
rede, conscientes da necessidade de refletir, discutir, selecionar e filtrar
informações recebidas de fontes diferenciadas - livros, revistas, vídeos,
Internet, depoimentos e experiências vividas - sobre os mais diferentes
temas. Professores que contribuem para a formação de redes de
aprendizagem com outros pesquisadores e alunos dos mais
diferenciados pontos do país, ou do mundo.

Relações e mediações entre professores e alunos, mediadas pelas


tecnologias, para que possam discernir, em meio à profusão de ofertas de
informações, o que é realmente importante para o aprendizado, as bases
da ciência que permanecem e as inovações, que podem revolucionar todo
o conhecimento, em outras bases. Que reflitam e discutam sobre o que é
realmente importante para o desenvolvimento de novos conhecimentos,
habilidades e atitudes. Que identifiquem quais posturas teóricas e
36
práticas irão auxiliar no desempenho de ações e na realização de
atividades em determinadas áreas de atuação. Que saibam explorar as
especificidades dos mais novos meios em que as informações são
disponibilizadas – texto, imagens, vídeos, sons etc. - para oferecer
melhores condições de ensino e de aprendizagem para estes novos
tempos.

Didática do Ensino Superior - Formação/Ação de Professores: A Urgência de uma Prática Docente


O maior desafio nessas relações é garantir as aprendizagens de todos
como pessoas melhores. Que possam convergir suas atenções e
interesses em aprender a lidar com as informações com segurança e
crítica e com as demais pessoas com respeito, civilidade, atenção,
cortesia e colaboração.

Mediada

37
CAPÍTULO V
(RE)SIGNIFICANDO AS AULAS NO ENSINO SUPERIOR

Nas instituições de Ensino Superior, as formas mais comuns de relação

aluno professor se dão por meio de aulas expositivas, lembrando que a

aula é a forma predominante de organização do processo de ensino.

Podemos afirmar que o processo de ensino, por meio das aulas, possibilita o

encontro dos alunos e a matéria de ensino, preparada didaticamente no plano

de ensino e nos planos de aula.

Mesmo que a aula expositiva possa ser empregada para atingir uma ampla

gama de objetivos educacionais, normalmente está voltada à transmissão de

conhecimentos. Buscando, fundamentalmente, a aquisição e compreensão de

novos conhecimentos por parte dos alunos.


Didática do Ensino Superior - Capítulo V

Assim, o aluno fica privado do “pensamento crítico” de ordem mais complexa,

como aplicação, análise, síntese e julgamento. Estas e outras críticas têm sido

dirigidas à aula expositiva, sendo ela uma forma excessivamente passiva e

tradicional de ensino.

Hoje, a aula expositiva só é viável quando o docente assume a posição de

diálogo, pois, na exposição aberta ou dialogada, o professor dialoga com a

turma, ouvindo o que o aluno tem a dizer, fazendo perguntas e respondendo às


38
dúvidas dos alunos. A aula expositiva, quando dialogada, favorece a

participação dos alunos e estimula sua atividade reflexiva.

Assim, para que a aula expositiva preencha os requisitos de uma boa

exposição didática, recomenda-se que o professor prepare a aula com

antecedência, considerando as características dos alunos e adaptando a aula

ao seu grau de desenvolvimento e competências, assim o sendo, o professor

deverá estabelecer com clareza os objetivos da exposição; procurar manter os

Didática do Ensino Superior - (Re)significando as aulas no Ensino Superior


alunos em atitude reflexiva, propondo, de tempo em

tempo, questões que exijam raciocínio, com apresentação de situações

problemáticas, relacionadas ao tema; promover exercícios rápidos e objetivos;

explorar as vivências dos alunos para enriquecer ou comprovar a exposição;

É óbvio que ao planejar uma aula expositiva o professor deverá dominar a

matéria de ensino; lançar mão da oratória; dominar, de forma condizente com

sua formação, todos os alunos e suas respectivas necessidades.

39
TEXTO COMPLEMENTAR
DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA COM PROFISSIONALISMO
(MASETTO, 2012)

A docência universitária, desde seu início até hoje, vem sendo marcada pela
formação de profissionais até nas universidades onde se cultiva a pesquisa.

(...)

NO PROCESSO DE ENSINO
Da preocupação total e exclusivamente voltada para a transmissão de
informações e experiências iniciou -se o processo de:

Buscar o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos;


Aperfeiçoar a capacidade de pensar;
Dar significado àquilo que era estudado;
Perceber a relação entre o que o professor tratava em aula e sua atividade
profissional;
Desenvolver a capacidade de construir seu próprio conhecimento' desde
Didática do Ensino Superior - TEXTO COMPLEMENTAR

coletar informações até produzir um texto que revele esse conhecimento.

(...)

NA PARCERIA E COPARTIClPAÇÃO ENTRE PROFESSOR


E ALUNO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Embora essa parceria seja apresentada de forma iniciante, pois na maioria das
situações ainda são encontrados professores no papel de transmissor de
informações, e mesmo atuando só com aulas expositivas, um número razoável
de docentes tem se preocupado em chamar o aluno para se envolver com a
matéria que está sendo estudada.

Essa atitude tem que ver com a compreensão mais abrangente do processo de
aprendizagem e sua valorização no ensino superior, com a ênfase dada ao
aprendiz como sujeito do processo, com o
incentivo à pesquisa na graduação e com as mudanças na forma de
comunicação. A docência existe para que o aluno aprenda.
(...)

40
Trabalhar com pesquisa, projetos e novas tecnologias, como comentado, são
caminhos interessantes que incentivam a pesquisa ao mesmo tempo que
facilitam o desenvolvimento da parceria e a coparticipação entre professor e
aluno.

(...)

A DOCÊNCIA EM NÍVEL DE ENSINO SUPERIOR DO PROFESSOR


EXIGE, ANTES DE MAIS NADA, QUE ELE SEJA COMPETENTE EM
DETERMINADA ÁREA DE CONHECIMENTO

Essa competência significa, em primeiro lugar, um domínio dos conhecimentos


básicos em determinada área, bem como experiência profissional de campo,
domínio este que se adquire, em geral, em cursos de bacharelado que se
realizam nas universidades e/ou faculdades e com alguns anos de exercício
profissional.

Didática do Ensino Superior - Docência Universitária com Profissionalismo


No entanto, esse domínio cognitivo é muito pouco. Exige-se de quem pretende
lecionar que seus conhecimentos e suas práticas profissionais sejam
atualizados constantemente por intermédio de participações em cursos de
aperfeiçoamento, especializações, participação de congressos, simpósios e
intercâmbios com especialistas, em acompanhamento de revistas e periódicos
de sua especialidade etc.

Exige-se de um professor, ainda, domínio de uma área de conhecimento


específico mediante pesquisa. É importante se dar conta de que o termo
"pesquisa" abrange diversos níveis.

Trata-se de pesquisa aquela atividade que o professor realiza mediante


estudos e reflexões críticas a respeito de temas teóricos ou experiências
pessoais que reorganizam seus conhecimentos, reconstruindo-os, dando-lhes
novo significado, produzindo textos e papers que representem sua contribuição
ao assunto e possam ser lidos e discutidos por seus alunos e seus pares.

(...)

Na área de competência já foi vislumbrado o nível de conhecimento que se


pretende de um docente que almeje de fato participar do processo de ensino-
aprendizagem com profissionalismo.

(...)

41
INTERAÇÕES DO PROFESSOR
É importante para o bom desenvolvimento do processo de aprendizagem que o
professor de uma disciplina entre em contato com os colegas que lecionam a
mesma disciplina naquele serpestre ou em outros para que juntos possam
discernir melhor o que é necessário que os alunos de determinado curso
aprendam com aquela disciplina para sua formação profissional.

A área de conhecimento de uma disciplina é muito extensa e bastante


profunda. Não se trata de o aluno vir a conhecer tudo que ela pode oferecer,
mas as informações próprias para o curso que frequenta. Juntos, os
professores dessa disciplina poderão identificar melhor o que é necessário que
o aluno aprenda naquele curso e como fazer para que a aprendizagem daquela
disciplina seja significativa.

Assim procedendo, o professor, embora seja único no comando da aula, levará


para sua ação docente a experiência de todo um grupo de especialistas na
matéria.

Além disso, seria igualmente importante que os professores das diversas


disciplinas lecionadas no mesmo semestre, ou em anteriores ou posteriores,
Didática do Ensino Superior - TEXTO COMPLEMENTAR

pudessem se encontrar para analisar as possibilidades de integração entre


elas, uma vez que todas cooperam para a formação do profissional. Por vezes,
assuntos podem se complementar, temas poderiam não se repetir, situações e
experiências profissionais poderiam ser exploradas conjuntamente, cases
estudados com a participação de diversas disciplinas, projetos realizados com
a participação de várias cadeiras, visitas técnicas preparadas, executadas e
debatidas com mais de um professor. Esses são exemplos de interação entre
professores que facilitam e promovem aprendizagem.

A interação professor-aluno, tanto individualmente quanto com o grupo, se


destaca como fundamental no processo de aprendizagem e se manifesta na
atitude de mediação pedagógica por parte do professor, na conduta de parceria
e corresponsabilidade pelo processo de aprendizagem entre aluno e professor
e na aceitação de uma relação entre adultos assumida por professor e aluno.
.
Por mediação pedagógica se entende a atitude, o comportamento do professor
que se coloca como um facilitador e incentivador ou motivador da
aprendizagem, que se apresenta com a disposição de ser uma ponte entre o
aprendiz e sua aprendizagem.

42
A forma de apresentar e tratar um conteúdo ou tema é o que de fato ajuda o
aprendiz a coletar informações, relacioná-las, organizá-las, manipulá-las,
discuti-las e debatê-las com seus colegas, com o professor e outras pessoas
(interaprendizagem), até chegar a produzir um conhecimento que seja
significativo para o aprendiz, que se incorpore ao seu mundo intelectual e
vivencial e o ajude a compreender sua realidade humana e social, e mesmo a
interferir nela.

Certamente não está dentro da concepção deste livro a apresentação de um


tema ou conteúdo pronto e completo para ser assimilado pelo aprendiz, por ser
esse talvez um caminho mais fácil ou menos trabalhoso ou mais rápido para
deter algumas informações.

A mediação pedagógica coloca em evidência o papel de sujeito do aprendiz,


fortalecendo-o como ator de atividades que lhe permitirão aprender e alcançar
seus objetivos. Dá também um novo colorido ao papel do professor e aos
novos materiais e elementos com que ele deverá trabalhar para crescer e se
desenvolver.

Didática do Ensino Superior -

43
CAPÍTULO VI
NOVOS PARADIGMAS
Hoje, há um consenso de que "aprender a aprender" (a capacidade de o
universitário refletir sobre a sua própria experiência de aprender e
identificar os procedimentos necessários para o ensino/aprendizagem é o
papel mais importante de qualquer instituição educacional).

Para repensar nossas aulas universitárias, não podemos deixar de refletir,

analisar e discutir o paradigma que as orientará.

A sala de aula dos cursos de graduação de Ensino Superior se constitui como

um espaço físico e um tempo determinado durante o qual o professor

universitário transmite seus conhecimentos e experiências aos universitários.

Não podemos nos esquecer também das aulas práticas, ora demonstrativas,

quando o professor assume o papel de mostrar o fenômeno, ora de aplicação

de conceitos aprendidos nas aulas teóricas nos laboratórios ou em estágios.

É preciso compreender que onde quer que possa haver uma aprendizagem

significativa buscando intencionalmente objetivos definidos, aí encontramos


Didática do Ensino Superior - Capítulo VI

uma "aula universitária".

Assim sendo, podemos apontar alguns caminhos para a transformação e novo

paradigma das aulas universitárias, e o professor deverá lançar mão de:

organizar a sequência de uma aula que coloque o universitário e o professor

trabalhando juntos durante o tempo de aula e em tempo extraclasse; utilizar a

aula expositiva como técnica; utilizar situações reais de atuação profissional.

Pensar e repensar a docência universitária focalizada na transformação da

aula no Ensino Superior produz reflexões que apontam para a necessidade de

substituir o paradigma de ensino por um "novo paradigma" que permita e dê

fundamentação às inovações que queremos fazer em nossas aulas.


44
Só a partir dessa concepção de aula universitária é que poderemos falar em

mudança, em dinamizar as aulas, em tornar nossas aulas "vivas", em fazer das

aulas um espaço privilegiado de aprendizagem, de formação de profissionais

competentes e compromissado.

O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO

Para o professor tornar efetiva a sua atuação profissional enquanto docente,

não há como ignorar o fato de que o centro de toda e qualquer ação didático-

pedagógica está sempre no aluno e, mais precisamente, na aprendizagem que

esse aluno venha a realizar.

Durante o curso de graduação é provável que você tenha se apropriado

Didática do Ensino Superior - O Professor Universitário


de objetivos, conceitos de profissional e de profissão, conteúdos

específicos, objetivos sociais, regulamentação profissional, código de

ética, reconhecimento profissional e de códigos de representação de

classe referentes à área de sua formação. Mas, provavelmente, o estudo

desses componentes voltados à sua profissão, de uma forma geral, não

foram voltados à docência.

A Didática, disciplina que estuda as tarefas da instrução e do ensino, cuida de

extrair dos diversos campos de conhecimento humano aqueles conhecimentos

e habilidades que devem constituir o saber escolar para fins de ensino. Para

isso, é fundamental ter em conta o campo de conhecimentos de cada matéria e

seus métodos de investigação e estudo. No entanto, a lógica da matéria de

estudo é insuficiente para determinar a estruturação do ensino, sendo

necessário recorrer à Didática, que investiga os elementos do processo de

45
ensino comuns a todas as matérias. Entre esses elementos citamos: objetivos

sociais e pedagógicos, conforme exigências da sociedade e tarefa de

escolarização, características de cada grau de ensino conforme idades, níveis

de conhecimentos prévios dos alunos; condições psicológicas e sociais do

processo de assimilação dos conteúdos por parte dos alunos; conexões entre

ensino e aprendizagem, momentos ou passos do ensino que asseguram

melhores resultados na assimilação dos conhecimentos e no desenvolvimento

das capacidades cognoscitivas dos alunos.

Para cumprir adequadamente nosso papel de professor, não é possível deixar

de cumprir funções inerentes ao exercício de uma docência produtiva:

 Dar ao aluno o conhecimento de seus limites e fazer cumprir as regras

previamente estabelecidas;

 Selecionar os conteúdos que serão desenvolvidos em cada período

(mesmo que algumas alterações sejam, por sugestão dos próprios

alunos, introduzidas);
Didática do Ensino Superior - Capítulo VI

 Apresentar aos alunos a programação da disciplina, incluindo as formas

de avaliação por ele privilegiadas, avaliação esta que deve ser contínua,

visando proporcionar eventuais correções de rumo tanto por parte dos

alunos, como do professor;

 Planejar suas aulas, prevendo técnicas, materiais e conteúdos;

 Ouvir seus discentes e acatar, quando adequadas, as sugestões por

eles oferecidas, justificando quando não for aceitá-las;

 Considerar as experiências específicas de seus alunos, incorporando-as

ao conteúdo da disciplina, lembrando-se de que a significação é um dos

requisitos para que a aprendizagem seja efetivada;


46
 Ser competente e atualizado, tanto no domínio do conteúdo a ser

ministrado como nas formas de apresentá-lo;

 Não hesitar diante de situações que exijam sua firmeza e decisão;

E, acima de tudo, não esquecer que seu aluno é seu parceiro e, como tal, tem

voz no desenvolvimento de seu curso, dando-lhe ritmo próprio.

Devemos pensar nosso trabalho como docente com ênfase na aprendizagem,

as relações entre professor e aluno e entre aluno e aluno deverão alterar-se

substancialmente. O aluno deverá exercer ações para que sua aprendizagem

ocorra: buscar e trabalhar as informações, produzir conhecimentos, adquirir

habilidades, mudar atitudes e adquirir valores. Só haverá condições para isso

através da interação entre os sujeitos envolvidos no processo de

aprendizagem.

Didática do Ensino Superior - O Professor Universitário


A organização curricular: apresenta-se integrando atividades e disciplinas que

colaboram para a formação, com o conhecimento sendo tratado de forma

integrada. Uma organização curricular aberta, flexível, atualizada,

interdisciplinar, facilitando e incentivando os mais diversos modos de integrar a

teoria e prática, universidade e situações profissionais, disciplinas básicas e

profissionalizantes.

O corpo docente: formado por profissionais, também pesquisadores em suas

áreas de conhecimento, que também desenvolvem formação continuada em

sua área de competência profissional. Um corpo docente que assume seu

papel de mediador pedagógico entre o conhecimento e seus alunos e que

entende que a aprendizagem se faz com colaboração dos alunos, respeito

mútuo e trabalhos em conjunto.

47
A metodologia: que busque a redefinição dos objetivos das aulas e de seu

espaço, uso de técnicas diferenciadas e processo de avaliação como feedback

motivador da aprendizagem.

Todo docente deve buscar redigir artigos e trabalhos que reflitam as suas

reflexões pessoais (ex: comunicação em revista, capítulos de livros, trabalhos

em congressos, apostilas e até críticas de seus pares ou mesmo de seus

alunos sobre eles).

Para acontecer, toda aprendizagem deve ser significativa para o aluno, isto é,

deve envolvê-lo como pessoa (ideias, inteligência, sentimentos, cultura,

profissão, sociedade, etc.).

Quando se coloca o aluno em contato com a realidade profissional, a

aprendizagem se realiza mais facilmente e com maior compreensão e retenção

do que nas aulas tradicionais.

Colocar os alunos em situações em que possam “aprender a aprender”, ou


Didática do Ensino Superior - Capítulo VI

seja, situações em que reflitam sobre sua própria experiência de aprender,

identificando os procedimentos necessários para aprender, suas melhores

opções, suas potencialidades e suas limitações.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

É na universidade que o aluno pode desenvolver plenamente sua capacidade

de argumentação, seu senso crítico, sua curiosidade, seu desejo de aprender,

compreender e de intervir na realidade. Tais ações auxiliam a desenvolver uma

atitude positiva para com sua própria formação, colocam o aluno no papel de

protagonista envolvendo-o no processo ensino-aprendizagem, auxiliando na

aquisição de procedimentos que garantam a importância e forneçam sentido a

sua formação acadêmica.

Um curso universitário é uma oportunidade ímpar para o crescimento pessoal,

desenvolvimento de valores de solidariedade, cooperação, respeito e

valorização das diferenças, e para a obtenção de uma formação sólida que

contribua para a futura participação do indivíduo no progresso e melhoria

social. Esse deve ser um dos objetivos essenciais de nosso trabalho.

Didática do Ensino Superior - Considerações Finais

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ATIVIDADE DE FIXAÇÃO
TRABALHO DE SALA DE AULA

Tema do Trabalho:

“Faça a relação entre os artigos 43 ao 57 da L.D.B. (Lei de Diretrizes e

Bases da Educação – 9394/96) com a atuação do Professor Universitário,

comparando com a sua prática docente atual.”


Didática do Ensino Superior - Atividade de Fixação

50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALARCÃO, ISABEL. ESCOLA, REFLEXIVA E NOVA RACIONALIDADE. PORTO ALEGRE:


ARMED, 2001.
COLL, CESAR E MONEREO, CARLES. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO VIRTUAL. PORTO
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HARGREAVES. ANDY. O ENSINO NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO: EDUCAÇÃO NA ERA
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KENSKI, VANI M. FORMAÇÃO/AÇÃO DE PROFESSORES: A URGÊNCIA DE UMA PRÁTICA
DOCENTE MEDIADA. IN: ALMEIDA, MARIA I.; PIMENTA, SELM G. PEDAGOGIA
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MASETTO, MARCOS T. COMPETÊNCIA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO. SÃO
PAULO: SUMMUS, 2012
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GÊNESE E CRÍTICA DE UM CONCEITO. SÃO PAULO: CORTEZ, 2002.
TOGNETTA, L.R.P E VINHA, T.P. QUANDO A ESCOLA É DEMOCRÁTICA. CAMPINAS,
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ZABALA, ANTONI. ENFOQUE GLOBALIZADOR E PENSAMENTO COMPLEXO: UMA PROPOSTA
PARA O CURRÍCULO ESCOLAR. PORTO ALEGRE: ARTMED, 2002.

Didática do Ensino Superior - Trabalho de Sala de Aula

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