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Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
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2
Índice
Apresentação .................................................................................................................... 5
Objetivo do Curso............................................................................................................. 5
Objetivos de Aprendizagem ............................................................................................. 5
Principais Tópicos ............................................................................................................ 6
Metodologia ...................................................................................................................... 6
Docentes ........................................................................................................................... 7
Agenda .............................................................................................................................. 8
Autodiagnóstico de Competências Essenciais ................................................................ 11
Educação de Adultos: Fundamentos Teóricos e Práticos ............................................... 13
Teoria de Aprendizagem Experiencial de Kolb ............................................................. 27
Estilos de Aprendizagem de Kolb .................................................................................. 31
DI e a Modelagem de Cursos e Programas de Capacitação ........................................... 39
Abordagem Sistêmica do Desenho Instrucional: O Modelo DSI ................................... 45
1ª Fase do DSI (Análise): Prospecção e Análise de Necessidades de Capacitação ....... 49
Mapeamento de Competências e Desenho Instrucional ................................................. 54
Vantagens e Deficiências dos Procedimentos de Coleta de Dados ................................ 69
2ª Fase do DSI (Desenho): Construção de Objetivos de Aprendizagem ........................ 73
Atividade Individual: Redação de Objetivos de Aprendizagem .................................... 80
2ª Fase do DSI (Desenho): Seleção e Organização do Conteúdo................................... 81
3ª Fase do DSI: Desenvolvimento .................................................................................. 85
4ª Fase do DSI: Implementação.................................................................................... 103
5ª Fase do DSI: Avaliação ............................................................................................ 115
Plano de Ação de Aprendizagem ................................................................................. 123
Referências Bibliográficas ............................................................................................ 127
Bibliografia Recomendada ........................................................................................... 130
Anexo I: Lista de Verbos Indicados para Objetivos do Domínio Cognitivo ............... 132
Anexo II: Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV) ................................................... 134
Anexo III: Do mestre com carinho... Uma lição de Peter Drucker .............................. 139
3
Glossário de Ícones
4
Apresentação
Prezado(a) Participante,
Objetivo do Curso
Objetivos de Aprendizagem
5
Principais Tópicos
Metodologia
Exposições dialogadas
Exercícios individuais e em grupos
Análise de modelos
Simulações
Dessa maneira, pretende-se que todos devolvam à sua prática cotidiana os conceitos e o
resultado das análises dos modelos e simulações vivenciadas no curso.
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Docentes
Marcia Csik
Docente com experiência no ensino presencial e a distância, possui bacharelado e
licenciatura em Matemática, pela PUC de São Paulo (1980), e Mestrado em
Educação, com concentração em Estado, Políticas Públicas e Gestão da Educação,
pela UnB (2004). Atualmente, presta serviços de instrutoria, tutoria e consultoria
educacional em organizações públicas e privadas. Na Enap, desde 2002, atua na área
da didática, com destaque para o trabalho na equipe de desenvolvimento do Curso
Didática para Facilitadores de Aprendizagem, ministrado em Moçambique e no
Brasil, e para a revisão e elaboração do roteiro de atividades de ensino (RAE) e dos guias do facilitador e
do coordenador. Colabora também com as áreas de formação de facilitadores para diversos cursos, e de
modelagem de eventos de aprendizagem, tendo trabalhado na equipe de desenvolvimento do curso Desenho
Instrucional: Modelagem de Programas de Capacitação, ministrado em Moçambique, em que também foi
docente. Elaborou com a equipe da Enap o curso Desenho de Cursos e Programas de Capacitação, em que
atua como docente.
Paulo Marques
Docente com graduação em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de
Campinas (1989), Mestrado em Educação (2001) e Doutorado em Educação (2008)
pela mesma Universidade, com concentração na área de políticas e sistemas
educacionais. É integrante da Carreira de Especialistas em Políticas Públicas e
Gestão Governamental do Ciclo de Gestão da Administração Pública Federal
brasileira. Atualmente é professor do Centro Universitário do Distrito Federal –
Brasil e Diretor de Educação Continuada da Escola Nacional de Administração Pública (Enap). É membro
do Conselho Editorial da Revista Avaliação de Políticas Públicas e da Coleção Políticas Públicas: teoria e
métodos. Tem experiência na área de Educação e Políticas Públicas, com ênfase em capacitação, avaliação
de políticas públicas e programas de treinamento. Atuou na equipe de desenvolvimento do Curso Desenho
Instrucional: Modelagem de Programas de Capacitação, realizado em Moçambique, em que também foi
docente, e na elaboração dos cursos Didática para Facilitadores de Aprendizagem e Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação, em que atua como docente.
Correio Eletrônico: paulo.marques@enap.gov.br
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Agenda
Curso Desenho de Cursos e Programas de Capacitação
Dia 1 Dia 2 Dia 3 Dia 4 Dia 5
8
Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
Prezado(a) Participante,
1
Malcolm Shepherd Knowles (24/08/1927 – 13/11/1997) foi um educador norte-americano que
desenvolveu a partir do conceito de andragogia, cunhado pelo estudioso alemão Alexander Kapp, um
vasto campo de estudos sobre estratégias de ensino voltadas para o adulto. Dentre as suas obras,
publicadas em língua portuguesa, destaca-se Aprendizagem de Resultados.
2
Há diversas e variadas definições para o conceito de competência. No léxico português, compreende a
qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto. No senso comum é tratada, geralmente,
com o sentido do fazer algo em função da obtenção de um resultado. No campo jurídico, é o poder ou
autoridade para se realizar um ato e, no caso específico de um juiz, apreciar e julgar pleitos e contendas.
No universo das organizações e no ambiente empresarial refere-se ao desempenho de uma pessoa e pode
também estar associada com a capacidade do sujeito agregar valor aos processos de trabalho da
organização. Para estabelecermos um conceito de referência, no contexto deste curso, utilizaremos a
conotação admitida pela Organização Internacional do Trabalho que se encontra na página 56 desta
apostila.
3
Optamos por nomear o curso como Desenho de Cursos e Programas de Capacitação, tendo em vista as
polêmicas sobre o uso do termo Desenho Instrucional no Brasil. Porém utilizaremos a expressão
desenhista instrucional no sentido de quem programa o aprendizado, quem define como o conteúdo será
tratado nos cursos presenciais.
4
Metodologia é o estudo dos métodos. Método quer dizer caminho para se chegar a um fim. É o caminho
para se atingir um objetivo. Método é um conceito mais amplo que técnica. O facilitador, ao estimular o
processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos, utiliza intencionalmente um conjunto de
ações, procedimentos e técnicas logicamente ordenados.
9
Os integrantes de um grupo compartilham seu saber individual, formando um conteúdo
grupal ainda embrionário, por vezes caótico e contraditório, que designamos como
síncrese.
Esta abre caminhos para a percepção de relações estruturais e dinâmicas, que vão
possibilitar a síntese, um novo saber grupal estruturado que ultrapassa a mera soma de
contribuições individuais que lhe deram origem.
A síntese nascida da síncrese compara-se ao cosmos saído do caos. Mas, no caso do saber,
a conversão do caos em cosmos nunca é completa, de modo que o movimento da síncrese
para a síntese, por meio da análise, é um processo contínuo jamais esgotado. Porém, caso
esse ciclo permaneça fechado em si mesmo, a reflexão corre o risco de distanciar-se de
sua contraparte, que é a ação. Por isso, as novas sínteses devem renovar a ação, que, por
sua vez, realimenta a reflexão.
10
Autodiagnóstico de Competências Essenciais5
5
Adaptado de Diagnóstico de Competências Essenciais e Guia de Planejamento (KNOWLES; HOLTON;
SWANSON, 2009, p. 295-302).
11
12. Habilidade para planejar experiências de aprendizagem e
executar uma variedade de propostas que levem em
0 1 2 3 4 5
consideração as diferenças individuais entre os aprendizes.
6
Eficácia: alcançar os resultados planejados; alcançar os objetivos.
12
Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
Esses dois aspectos são em verdade elementos cruciais no contexto de um curso sobre
desenho instrucional e, portanto, a respeito deles discorreremos in extenso. Abordaremos
inicialmente os princípios e fundamentos da aprendizagem do adulto, mas antes de fazê-
lo, é importante recuperarmos o significado do ser adulto. Do ponto de vista etimológico,
o vocábulo se origina no latim – adultus – que significa crescer. Por essa razão, muitos
estudiosos que se debruçam sobre a maturidade humana tendem a definir, ou a identificar
a pessoa adulta, quando ela atinge a idade em que é possível a reprodução e a capacidade
de assumir responsabilidades em assuntos inerentes à sua vida social, profissional e
familiar, desempenhando papéis como o de trabalhador em tempo integral, cônjuge, pai
ou mãe, entre outros.
13
Uma Teoria de Aprendizagem de Adultos: a Andragogia
Observe que a pedagogia pode ser definida como um conjunto de princípios e métodos
destinados a ensinar. Ela remete a uma reflexão global sobre a ação educativa,
vislumbrando todas as variáveis que interferem no processo de ensino-aprendizagem.
O termo pedagogia tem origem na junção de dois conceitos gregos: paidós (criança) e
agogé (condução). O sentido helênico do termo não se confunde com aquele que será
admitido na modernidade. Em sua origem ele designa o escravo preceptor ou guia que
conduzia os meninos até o paedagogium (uma espécie de escola). O conceito como o
conhecemos atualmente tem origem no conjunto de pressupostos sobre aprendizagem e
estratégias de ensino desenvolvido na Europa, a partir do século VII, quando as escolas
estavam organizadas para o ensino de crianças e, especialmente, preparando meninos para
o sacerdócio.
14
melhorar a qualidade da aprendizagem” (p. 497). O desafio agora é dar
mais estrutura à arte da aplicação profissional da andragogia em
diferentes contextos. (Knowles; Holton; Swanson, 2009, p. 257)
Observamos que, muitas vezes, uma atividade educacional se caracteriza pelos dois
aspectos que se seguem.
Aparentemente, isso caracteriza uma situação de domínio: de um lado aquele que sabe,
do outro aquele que não sabe. Mas devemos estar atentos ao fato de que alguém não saber
algo que sabemos significa muito pouco, particularmente quando nos referimos ao
aprendiz adulto.
Basta refletirmos sobre os múltiplos papéis que uma pessoa adulta desempenha – na
família, na comunidade, na organização em que trabalha -, e nas experiências que
acumula com esse desempenho, além de conhecimentos e informações adquiridas em
outras situações de formação e/ou capacitação (universidades, escolas especializadas,
centros de capacitação profissional). Assim, os aprendizes não são tabulas rasas 8, mas
detentores de um conhecimento válido.
Por tudo isso, devemos considerar o aprendiz adulto como corresponsável por sua própria
aprendizagem, isto é, o aprendiz adulto deve participar ao máximo na obtenção dos
resultados da capacitação. Portanto, quando falamos em andragogia, estamos nos
referindo a um tipo de ensino muito particular, porque se apoia no uso de métodos e
técnicas de trabalho que levam em consideração as características de idade, cultura e
motivação dos aprendizes.
Precisamos investigar: quem é o aprendiz? Como convive, como percebe o seu mundo,
como elabora o seu pensar? Reconhecer o estágio atual da sua estrutura cognitiva, ou seja,
aquilo que ele já sabe.
7
Knowles, M. S. The Modern Practice of Adult Education: From Pedagogy to Andragogy. Englewood
Cliffs, NJ: Cambridge, 1980.
8
Do latim: folha em branco - tabula se refere a uma superfície de pedra para se escrever e rasa - feminino
de rasus - significa apagada, isto é, em branco.
15
Em uma turma de adultos, a experiência do aluno conta tanto quanto o
conhecimento do professor. Ambos são intercambiáveis. Em algumas
das melhores turmas de alunos adultos, às vezes é difícil perceber quem
está aprendendo mais, o professor ou os alunos. Essa aprendizagem de
mão dupla também está refletida na autoridade compartilhada. Na
educação convencional, os alunos se adaptam ao currículo oferecido,
mas na educação de adultos os alunos ajudam a elaborar os currículos.
(Knowles; Holton; Swanson, 2009, p. 43)
1. A necessidade de saber. Os adultos precisam saber por que precisam aprender algo
antes de começar a aprendê-lo. Tough (197911) verificou que, quando os adultos
decidem aprender algo, sozinhos investem energia considerável para investigar os
benefícios que serão obtidos com essa aprendizagem e as consequências negativas de
não aprendê-la. Consequentemente, um dos novos princípios na educação de adultos
é que a primeira tarefa do facilitador da aprendizagem é ajudar os aprendizes a se
conscientizarem da necessidade de saber. Os facilitadores podem defender que o
valor da aprendizagem consiste em aumentar a eficácia da performance dos
aprendizes ou sua qualidade de vida. Algumas ferramentas para aumentar o nível de
conscientização ou a necessidade de saber são as experiências reais ou simuladas em
9
Knowles, M. S. Andragogy Revisited II. Adult Education, Fall, 1979, 52-53.
10
Texto adaptado de Knowles, Holton e Swanson Knowles, Malcolm S., Elwood. Hoton III e Ricard A.
Swanson. Aprendizagem de Resultados: uma abordagem prática para aumentar a efetividade da
educação corporativa. Rio de Janeiro. Campus, 2009 (p. 70-78).
11
Tough, A. The Adult’s Learning Projects. Toronto: Ontario Institute for Studies in Education, 1979.
16
que os aprendizes descobrem por si mesmos os gaps12 entre onde eles estão no
momento e onde eles desejam estar. Exemplo: sistemas de avaliação de
desempenho13.
12
Gap: termo muito utilizado no meio corporativo que significa o espaço entre o que se espera
profissionalmente e os pontos a serem desenvolvidos.
13
Pesquisas em treinamento organizacional sugerem que há três aspectos para a necessidade de aprender: a
necessidade de saber como a aprendizagem será conduzida, o que será aprendido e por que isso terá valor.
Pesquisas indicam que a necessidade de aprender afeta a motivação para aprender, os resultados da
aprendizagem e a motivação pós-treinamento para usar a aprendizagem. (Knowles; Holton; Swanson,
2009, p. 217)
14
Alguns pesquisadores relevantes nessa área são Argyris, Schön e Senge. (Knowles; Holton; Swanson,
2009, p. 218).
17
5. Orientação para a aprendizagem. Os adultos estão dispostos a aprender quando
percebem que a aprendizagem os ajudará a executar tarefas ou lidar com problemas
que vivenciam na sua vida. Deste modo, em comparação com a orientação para a
aprendizagem de crianças e jovens, centrada nas disciplinas, os adultos são centrados
na vida prática quanto à sua orientação para a aprendizagem. Assim, assimilam novos
conhecimentos, percepções, habilidades, valores e atitudes de maneira mais eficaz
quando são apresentados a contextos da vida real.
15
Referência: texto adaptado de CUEEP - Centre Université-Economie d’Education Permanente (2011).
18
No entanto, o caminho andragógico permitiu a evolução dos conceitos de aprendizagens
para abarcar as especificidades da maturidade física e intelectual do sujeito. A questão
não se reduz à contraposição de dois universos e de dois momentos – o da infância e o da
vida adulta -, mas da compreensão de como se aprende em cada fase da vida. A
andragogia é uma resposta, não excludente, à necessidade de se levar em conta o contexto
de aprendizagem e o interesse de apoiar os ambientes socioprofissionais dos aprendizes
como suporte ao ato de aprender.
16
Referência: texto adaptado de Zemke, Ron & Susan (2011). Innovation Abstracts. Vol VI, n. 8 - Mar
1984. Disponível em
http://honolulu.hawaii.edu/intranet/committees/FacDevCom/guidebk/teachtip/adults-3.htm.
19
5. Adultos motivados a buscar uma experiência de aprendizagem fazem isto
principalmente porque têm em que usar os conhecimentos ou habilidade que
pretendem adquirir. A aprendizagem é um meio para um fim e não um fim em si.
Desenho do Currículo
2. Os adultos precisam integrar novas ideias ao que já sabem para reter e usar novas
informações.
7. Adultos tendem a se deixar abater por erros, pois a probabilidade de erros afetarem
a sua autoestima é maior. Portanto, eles tendem a aplicar soluções testadas e
confirmadas, assumindo menos riscos.
10. Um conceito precisa estar ancorado ou ser explicado a partir de vários conjuntos
de valores e ser atraente para mais de um estágio de desenvolvimento da vida.
20
11. Os adultos preferem projetos de aprendizagem autodirigidos e autoconcebidos,
pois selecionam mais de um meio de aprendizagem e gostam de controlar o ritmo
e a hora de iniciar e parar uma atividade.
Na Sala de Aula
2. Os adultos têm algo real a perder em uma situação de sala de aula: podem sentir-se
ameaçados em sua autoestima e ego quando são solicitados a tentar adotar um novo
comportamento na frente de pares e colegas. Experiências negativas com a
educação tradicional, ressentimentos com pessoas em posição de autoridade e
preocupações com eventos externos afetam a experiência na sala de aula.
4. Os adultos trazem uma grande experiência de vida para a sala de aula, um trunfo
inestimável para ser reconhecido e utilizado. Os adultos podem aprender bem e
muito dialogando com pares respeitados.
5. Educadores que têm a tendência de falar sem parar em vez de facilitar uma aula
devem manter esta tendência sob controle - ou compensá-la concentrando-se no uso
de perguntas abertas para extrair conhecimentos e experiências relevantes dos
aprendizes.
21
6. Novos conhecimentos devem ser integrados a conhecimentos anteriores. Os
aprendizes devem participar ativamente do processo de aprendizagem. Eles
precisam receber feedback do educador para as habilidades que pratiquem e o
educador tem necessidade de receber feedback de seus aprendizes sobre o currículo
e o seu desempenho na sala de aula.
22
Outros Teóricos da Educação de Adultos
Benjamin Samuel Bloom (21/02/1913 –
13/09/1999): estudioso norte-americano que se
dedicou ao estudo da psicologia da aprendizagem.
Em 1950, desenvolveu a taxonomia dos objetivos
educacionais como forma de classificação
coadunada com os níveis de complexidade da
cognição. Desde então, a taxonomia de Bloom tem
sido utilizada no planejamento do ensino e, não
obstante a evolução das teorias da aprendizagem, permanece como um modelo de
referência entre estudiosos e educadores. Dentre as suas principais obras, destaca-
se Taxonomy of Educational Objectives publicada em 1956.
17
De acordo com Pimentel (2007, p.160), a aprendizagem experiencial parte da premissa de que “todo
desenvolvimento profissional prospectivo decorre da aprendizagem atual, assim como o desenvolvimento
já constituído é imprescindível para o aprendizado. Aprender pela experiência não significa que qualquer
vivência redunda em aprendizagem. Esta aprendizagem é, sobretudo, mental. Assim sendo, apropriar
(tornar próprios) os saberes procedentes da experiência demanda processos contínuos de ação e reflexão”.
23
Donald L. Kirkpatrick (15/03/1924-09/05/2014): professor norte-americano da
University of Wisconsin (EUA) e presidente da American Society for Training and
Development (ASTD), que se dedicou, desde 1959, ao estudo dos modelos de
avaliação dos processos de capacitação profissional. Seus principais artigos foram
publicados no US Training and Development Journal, dentre eles o Evaluating
Training Programs (1975). É conhecido por ter desenvolvido um modelo de
avaliação baseado em quatro níveis: reação do aluno (o que pensam e sentem
sobre a capacitação), aprendizagem (aquisição de conhecimentos e habilidades),
comportamento (melhoria da capacidade de aplicação) e resultados (efeitos da
capacitação sobre o desempenho no ambiente de trabalho).
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Suas Anotações
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Suas Anotações
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Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
Já estudamos que as pessoas adultas apresentam vivências muito diversas. De acordo com
as suas experiências e aprendizagens acumuladas, têm paradigmas preestabelecidos,
valores éticos, morais, sociais e individuais sedimentados...
Para uma prática de ensino criativa, estimulante e eficaz, precisamos em primeiro lugar
conhecer essas diferenças. É crucial conectar os novos conceitos aos que os aprendizes
trazem, pois:
reconhecemos as suas experiências;
evidenciamos que o que eles sabem é importante;
propiciamos o entendimento do quanto eles podem aprender uns com os outros; e
integramos novas questões e estruturas aos saberes existentes, possibilitando o
estabelecimento de níveis mais profundos de compreensão.
Assim, tanto o papel dos aprendizes como o dos desenhistas de cursos e dos facilitadores
de aprendizagem são fundamentais para a construção do conhecimento. Neste processo,
aprender é uma atividade que se aprimora pela colaboração e pela troca constante dos
mundos ali presentes. Cabe ao desenhista promover situações em que haja desafios, de
tal maneira que o aprendiz se sinta encorajado a experimentar e vivenciar novas
possibilidades dentro do processo de ensino-aprendizagem.
27
Mas, como podemos criar esse processo de grande interação, em que os sujeitos da ação
aprendem juntos, numa troca constante de saberes que se entrelaçam e assim constroem
a própria história com os diversos significados que se apresentam ao longo do caminho?
Para iniciarmos a nossa conversa, lembramos que, por meio do modelo andragógico de
Knowles, percebemos que os adultos preferem uma orientação de aprendizagem voltada
para a resolução de problemas do contexto da vida real, em vez de centrada em um tema.
Na figura que se segue, veja as quatro fases para o ciclo de aprendizagem experiencial
apresentadas por Kolb.
18
Kolb, D. A. Experiencial Learning: Experience as the Source of Learning and Development. Englewood-
Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1984.
19
Esse modelo deu origem a termos relacionados como a teoria da aprendizagem experiencial (ELT) e o
inventário de estilos de aprendizagem de Kolb (Learning Style Inventory - LSI).
20
Kolb baseia o modelo de aprendizagem experiencial no modelo pesquisa-ação de resolução de problemas
de Lewin, que é amplamente aplicado ao desenvolvimento organizacional (Cummings, T. G. e Worley,
C. Organization Development and Change, 6ª ed. Cincinatti, OH: Southwestern Publishing, 1997). Ele
defende que o modelo é bastante semelhante aos de Dewey e Piaget. (Knowles; Holton; Swanson, 2009,
p. 213).
28
Ciclo de Aprendizagem Experiencial de Kolb
Experiência
Concreta
Experimentar
Experimentação Observação
Ativa Reflexiva
Fazer Refletir
Conceitualização
Abstrata
Pensar
Fonte: http://www.businessballs.com/freepdfmaterials/kolblearningstylesdiagram.pdf
29
Ciclo de Aprendizagem do Adulto21
Às vezes, quando as peças não encaixam, ideias antigas precisam ser analisadas e
reformuladas. A compreensão aumenta por meio do diálogo com os outros, na medida
em que se validam teorias por meio da resolução ativa de problemas.
Estilos de Aprendizagem
Outros consideram que os estilos de aprendizagem fazem parte de um fluxo contínuo que
é influenciado por muitos fatores. Variáveis como motivação, experiências anteriores de
aprendizagem, estilos de tomada de decisão, valores, preferências emocionais,
personalidade, temperamento, gênero e raízes culturais influenciam a maneira como o
aprendiz adquire e processa informações.
21
Texto adaptado de Honsberger, J.; George, L. Facilitando Oficinas: da teoria à prática. São Paulo:
Graphox Caran, 2002, p. 21-23/24.
30
consideração mais importante é estar ciente de que as pessoas veem o mundo de formas
diferentes. Um único método de aprendizagem não permite que todos estejam à vontade
ou que sejam produtivos nele.
No decorrer de uma capacitação, para uma prática de ensino criativa, estimulante e eficaz,
uma variedade de atividades e técnicas precisa ser ofertada para permitir que os
participantes possam experimentar, refletir, pensar e fazer.
Em seu modelo da teoria da aprendizagem experiencial (ELT), Kolb definiu três estágios
de desenvolvimento de uma pessoa e sugere que a nossa propensão a conciliar e integrar
os quatro diferentes estilos de aprendizagem aumenta à medida que amadurecemos, ao
percorrer os nossos estágios de desenvolvimento.
22
O conceito em língua inglesa é accommodating. Para evitar o sentido negativo que a tradução para o
português acarretaria, caso utilizássemos o conceito acomodativo, optamos pelo termo adaptativo, que,
em nossa concepção, estaria mais próximo do sentido original estabelecido por David Kolb.
23
Adaptado de Canada School of Public Service. Oficina de Compartilhamento de Bases Teóricas e
Abordagens Metodológicas em Desenho Instrucional. Módulo 3-8/10, que utilizou o texto: David Kolb's
Learning Styles Model and Experiential Learning Theory (ELT). Disponível em
http://www.businessballs.com/kolblearningstyles.htm>.
31
Independentemente do que influencia a escolha do estilo de aprendizagem, a própria
preferência por um estilo é, na verdade, o produto de dois pares de variáveis, ou de duas
escolhas em separado que fazemos, as quais Kolb apresentou como linhas de um eixo,
cada uma com modos “conflitantes” em cada extremidade:
Experiência Concreta Conceitualização Abstrata
(Experimentar) (Pensar)
O que Kolb quis dizer com isso é que não podemos fazer as duas coisas ao mesmo tempo
e, até certo ponto, a nossa vontade de querer fazer as duas coisas cria um conflito, que
solucionamos por uma escolha que fazemos ao nos depararmos com uma nova situação
de aprendizagem. Decidimos internamente se desejamos fazer ou refletir e, ao mesmo
tempo, decidimos se vamos pensar ou experimentar.
O resultado dessas duas decisões produz, e ajuda a moldar ao longo de nossas vidas, o
nosso estilo de aprendizagem.
Nós escolhemos uma maneira de “entender a experiência”, que define a nossa forma de
abordá-la, e escolhemos uma maneira de “transformar a experiência” em algo
significativo e útil, que define a nossa resposta emocional à experiência.
32
E, ao mesmo tempo, escolhemos como transformar emocionalmente a experiência em
algo significativo e útil, optando por 2(a) ou 2(b):
2(a) – adquirindo novas informações, pensando, analisando ou planejando
(Conceitualização Abstrata - Pensar) ou
2(b) - experimentando as qualidades concretas, tangíveis e sentidas do
mundo (Experiência Concreta - Experimentar).
Fazer Refletir
(Experimentação Ativa) (Observação Reflexiva)
Experimentar
Adaptativo24 Divergente
(Experiência Concreta)
Pensar
(Conceitualização Convergente Assimilativo
Abstrata)
24
Verificar nota 22.
33
pessoas preferem assistir a conferências, exposições, explorar modelos analíticos e dedicar
certo tempo analisando profundamente as coisas.
Resumo
34
Para referências sobre a teoria da aprendizagem experiencial de
David Kolb e sobre recursos para o mapeamento de estilos de
aprendizagem, indicamos abaixo uma relação de endereços
eletrônicos como fontes de consultas. É conveniente ressaltar que
os testes para a definição de estilos de aprendizagem variam
segundo as bases teóricas que os orientam. Portanto, busque
sempre que possível identificar a natureza dessas bases.
http://www.businessballs.com/kolblearningstyles.htm
http://www.infed.org/biblio/b-explrn.htm
http://www.simplypsychology.org/learning-kolb.html
http://www.metamath.com/lsweb/dvclearn.htm
http://www.ncsu.edu/felder-public/ILSpage.html
http://gse.gmu.edu/assets/docs/forms/mirs/mi_inventory_adults.pdf
http://www.learningpaths.org/questionnaires/lrquest/lrquest.htm
25
Texto reproduzido na íntegra dos Referenciais Orientadores da Proposta Educacional da Enap (ENAP,
2010), p. 21/23.
35
Essa concepção se baseia nas crenças fundamentais sobre a educação de adultos, que
enfatizam a responsabilidade dos adultos por sua própria aprendizagem; a importância de
respeitar os diferentes estilos de aprendizagem; o envolvimento integral da pessoa (física,
intelectual, emocional e espiritual) nos eventos de treinamento e desenvolvimento; a
importância do compartilhamento de experiências que deve se dar em um ambiente de
confiança, respeito, abertura e autenticidade e que leva em consideração a necessidade de
tempo para reflexão e para tradução da aprendizagem em aplicações práticas. Dessa
forma, os conhecimentos teórico-científicos e a experiência própria disponibilizados pelo
facilitador, em interação com os conhecimentos e experiências do educando, mediados
por processos de discussão grupal, propiciam reflexão coletiva sobre a atuação dos
servidores como agentes dos processos sociais em que se envolvem, estando aí um
diferencial para a melhoria da administração pública.
A opção pela educação centrada nas especificidades do aprendiz adulto faz com que a
prática pedagógica assuma características próprias, incentivando o uso de simulações,
casos e jogos que reproduzam a realidade do setor público e a combinação da
aprendizagem individual com a aprendizagem coletiva, através de atividades em grupo
que favoreçam a troca de experiências. Nessa perspectiva, a Escola distingue-se dos
centros acadêmicos tradicionais, aliando a preocupação com o conhecimento teórico e a
pesquisa com a vocação para a ação prática e o interesse pela transformação dos setores
mais diversos do Estado, adaptando-se às novas e variáveis circunstâncias.
36
Suas Anotações
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38
Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
Tendo em vista esse fato, podemos afirmar que vivemos na era do conhecimento, ou na
sociedade do conhecimento. Mas, cabe destacar que o ingresso na era do conhecimento
também é atribuído como consequência das transformações tecnológicas, particularmente,
da Internet, que permite o acesso a qualquer tipo de informação de qualquer lugar do
planeta, transformando profundamente o modo como a sociedade se organiza.
39
de suas competências, diretamente relacionado com o patrimônio de conhecimento
gerenciado pela própria organização.
A ENAP (201027) toma como referências para sua ação as linhas de educação definidas
no Relatório Jacques Delors e, para isso, reproduz um trecho que sintetiza o principal:
Para poder dar respostas ao conjunto de suas missões, a educação deve
organizar-se em torno de quatro aprendizagens fundamentais que, ao
longo de toda a vida, serão de algum modo para cada indivíduo, os
pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os
instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre
o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e
cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. É claro
que estas quatro vias do saber constituem apenas uma, dado que
existem entre elas múltiplos pontos de contato, de relacionamento e de
permuta.
A visão geral sintetizada na expressão “educação ao longo da vida” aponta que já não
podemos associar a educação a um período particular da vida ou a uma finalidade
demasiado circunscrita. Ou seja, não há uma oposição geral entre a educação dos adultos
e a de crianças e jovens, assim como a formação profissional não pode ser separada da
formação geral.
Mais do que aprender a fazer, o ser humano de nossos dias deve ser formado para aprender
a aprender. E esse aprendizado precisa realizar-se de maneira coletiva, com uma visão
ampla e não fragmentada dos processos organizacionais. A cooperação, a participação, a
responsabilidade, a capacidade decisória e de intervenção são atributos a serem
assimilados e praticados por este novo tipo de profissional: um novo trabalhador, com
uma boa formação geral, com capacidade para perceber fenômenos em processo,
formular análises e propor soluções, com maior autonomia e senso de responsabilidade
organizacional.
27
Texto reproduzido na íntegra dos Referenciais Orientadores da Proposta Educacional da Enap (ENAP,
2010), p. 20/21.
40
Para Não Esquecer
Assim, capacitar não significa apenas suprir deficiências do sistema formal de ensino, ou
dar às pessoas condições de atingir níveis de desempenho de acordo com o seu potencial.
Significa, também, capacitá-las para entender e operacionalizar ações decorrentes de
mudanças ambientais. É auxiliar as pessoas a pensar criticamente e a agir em termos dos
objetivos e diretrizes estratégicos.
Notamos que cada vez mais várias organizações, com a consciência de que o seu principal
capital são as pessoas, passam a investir em educação corporativa.
41
A realidade corporativa passou a exigir muito mais do que certificados
e especializações. Temos percebido com base em nossa experiência
que, nas empresas foca-se muito no tema a ser abordado e pouco na
forma de construção do conhecimento, escolha de técnicas de
aprendizado ou modelo de educação corporativa que a organização
acredita ser mais adequado aos valores e necessidades estratégicas.
(Knowles; Holton; Swanson, 2009, Prefácio à Edição Brasileira).
O DI pode ser definido como o processo em que o conhecimento sobre como as pessoas
aprendem é aplicado para traçar estratégias que atendam às necessidades dos aprendizes
e aos resultados almejados na capacitação.
O desenhista instrucional dedica-se a tornar a instrução efetiva e, para tanto, lança mão
de teorias educacionais, métodos e recursos que possam garantir a identidade entre os
objetivos de aprendizagem e as necessidades dos aprendizes. Dentre as suas atribuições
mais conhecidas, destacam-se:
analisar as necessidades e sistematizar os processos de aprendizagem;
desenvolver métodos para facilitar o ensino e a aprendizagem à luz das teorias,
ferramentas e recursos didáticos;
aplicar métodos e técnicas que garantam a efetividade do processo de ensino e
aprendizagem;
avaliar a efetividade do processo de ensino-aprendizagem.
Para Rothwell e Kazanas (1998, p. 3), o DI não deve ser concebido apenas como um
processo de criação da instrução, particularmente em se tratando de uma situação que
envolva a capacitação profissional.
28Esse conceito é equivalente ao estabelecido na língua inglesa – performance -, cujo sentido não se refere
ao comportamento observável do sujeito, mas à obtenção de resultados orientados por um propósito. Na
dimensão do trabalho, há ações não observadas que resultam em resultados, assim como é possível o
registro de desempenho que não se circunscreve ao indivíduo (desempenho de grupos, de equipes ou
mesmo de organizações). Em se tratando do desempenho humano, o conceito envolve conhecimentos,
habilidades e atitudes, geralmente estabelecidos como dimensões de uma competência. Diversos fatores
podem afetar o desempenho: no plano individual, por exemplo, o contexto do trabalho, a motivação e a
aptidão. No plano dos grupos ou equipes, a influência dos papéis, das normas, do status, da coesão e da
liderança. E, por fim, no plano da organização, o ambiente, a estrutura e a cultura. (Oliveira, 2011, p.1).
42
Em outras palavras, o DI não prescinde da análise ou do diagnóstico mais amplo dos
aspectos que afetam a atuação do profissional além da fronteira da capacitação, a exemplo
da estrutura organizacional, das relações no ambiente de trabalho, da definição de
processos e tarefas ou dos programas de incentivo e motivação.
Suas Anotações
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Suas Anotações
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44
Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
29
José M. Oliveira. Subsídios para Formulação de um Curso de Desenho Instrucional. Brasília: ENAP, 2011
(Texto de referência produzido para a Coordenação Geral de Projetos de Capacitação).
30Os modelos de DI são menos abrangentes que os modelos sistêmicos e podem se concentrar apenas na
análise de necessidades e no desenho instrucional, ao passo que os modelos mais abrangentes visam o
processo educativo em sua totalidade, ressaltando-se, inclusive, a aplicação das avaliações formativa e
somativa como meios para assegurar a correção do processo e o alcance dos objetivos.
31
A sigla ADDIE refere-se às fases de acordo com a língua inglesa: Analysis, Design, Development,
Implementation e Evaluation.
45
Fonte: Subsídios para Formulação de um Curso de Desenho Instrucional
Cada fase do DSI inclui diversas atividades e resultados que subsidiam as fases seguintes
de forma integrada. A eliminação de uma fase pode comprometer as demais no que se
refere à visão sistêmica e terá implicações nos resultados do processo educacional. A
complexidade de cada fase dependerá dos problemas a serem enfrentados e do nível de
capacitação exigido.
Fase 1: Análise
A primeira fase compreende o diagnóstico da situação ou identificação dos problemas de
desempenho que poderão demandar, ou não, uma intervenção de capacitação. Nessa fase,
são observados, dentre outros, os seguintes aspectos:
natureza dos problemas de desempenho;
contexto no qual as necessidades de capacitação se originam;
desempenhos que devem ser objeto da capacitação;
modalidade de processo educacional (presencial, educação a distância –
EaD, híbrida ou blended) 32 e tipo de evento de aprendizagem – por
exemplo, curso, oficina, palestra33 – a serem adotados;
definição do público-alvo;
cronograma e custos do projeto de capacitação.
32
Prioritariamente a modalidade será presencial para processos educacionais que contenham atividades
vivenciais, para auxiliar o autoconhecimento, a aprendizagem de novos comportamentos/ atitudes; e/ou que
simulem o aprendido. Na modalidade educação a distância online é preciso contar com uma plataforma
Web, com uma tutoria (ou monitoria realizada, inclusive, por professores) virtual permanente e sistemática,
para realizar a mediação virtual de conteúdos e aprendizagem. Também poderemos apontar a modalidade
educação a distância - EaD utilizando outros meios digitais que possibilitem o compartilhamento de
conhecimentos, como por exemplo, o e-mail. A modalidade híbrida, também denominada blended,
aplica-se a processos educacionais em que podemos colocar a carga teórica na EaD e utilizar os momentos
presenciais para atividades vivenciais.
33
Curso - consiste em um processo de ensino e aprendizagem, de caráter teórico ou prático, presencial,
semipresencial ou a distância, planejado e organizado de modo sistemático, que requer avaliação e registro
de participação; palestra - é uma exposição sucinta de curta duração, presencial ou a distância, sobre
determinado assunto, para um público variado que pode ou não ter familiaridade com o tema, objetivando
informá-lo e/ou atualizá-lo sobre a matéria; Workshop/Oficina: o termo em inglês workshop define uma
oficina de trabalho, que visa aprofundar determinado assunto de modo mais prático. O evento é presencial,
podendo contemplar algumas atividades teóricas a distância. Em geral, os participantes pertencem à mesma
área ou segmento de trabalho e reúnem-se para debater, praticar e buscar soluções para o tema proposto.
46
Fase 2: Desenho
Na segunda fase, são definidos os objetivos de aprendizagem, os conteúdos e sua
sequência e estrutura lógica. Destacam-se os seguintes aspectos nessa etapa:
objetivos da aprendizagem;
conteúdos adequados aos desempenhos desejados;
pré-requisitos para a aprendizagem;
sequência da aprendizagem.
Fase 3: Desenvolvimento
A fase de desenvolvimento envolve o momento da definição, dentre outros elementos,
das estratégias de ensino, dos recursos didáticos, das ferramentas e tecnologias, das
modalidades de avaliação, da preparação dos docentes que deverão atuar no processo das
atividades do aprendiz, além da finalização e da análise da coerência do que foi concebido
nas fases anteriores. Observam-se nessa etapa os seguintes aspectos:
caracterização das atividades educacionais;
seleção dos recursos didáticos;
revisão do material existente;
formatação do programa de capacitação (currículo do curso);
seleção dos conteudistas;
definição do corpo docente e de suas atribuições;
teste de validação da capacitação.
Fase 4: Implementação
A fase de implantação é o momento de execução da capacitação e, para tanto, é necessário
prover os elementos de infraestrutura necessários. Essa etapa envolve, além da
capacitação propriamente dita, a estrutura física e administrativa exigida pela proposta
pedagógica. O coordenador responsável deve observar a adequação desses recursos às
exigências do processo educacional para garantir a fluidez das atividades e o alcance
adequado dos objetivos.
Fase 5: Avaliação
A quinta e última fase é, em verdade, uma constante em todo o processo educacional. A
avaliação permite rever cada fase e analisar a eficácia da capacitação. Essa fase pode
envolver, inclusive, avaliações formativas e somativas, que permitam averiguar a
adequação dos conteúdos, dos recursos didáticos e o grau de aprendizagem dos alunos.
Por intermédio da avaliação é possível corrigir desvios ou estabelecer novos roteiros que
sejam mais adequados aos objetivos de aprendizagem. Em suma, a avaliação permite o
aperfeiçoamento contínuo do processo de ensino ou capacitação.
47
Modelo DSI34
NECESSIDADES DE
CAPACITAÇÃO
34
Adaptado de http://www.nwlink.com/~donclark/hrd/learning_environment_framework.html.
48
1ª Fase do DSI (Análise): Prospecção e Análise de Necessidades de Capacitação
Este é o caso do modelo apresentado por Rothwell e Kazanas (1998, p. 54), que abrange
dez passos, conforme mostra a imagem a seguir.
Um dos aspectos mais interessantes desse modelo refere-se à compreensão do que seja a
necessidade de capacitação. Os autores definem essa necessidade em termos das lacunas
de desempenho estabelecidas entre o que as pessoas sabem, fazem ou sentem e aquilo que
elas deveriam saber, fazer ou sentir. A avaliação de necessidades compreende a
identificação e hierarquização das lacunas em ordem de prioridade para que possam ser
reduzidas ou eliminadas.
Entrevistas
As entrevistas podem ser estruturadas ou incluir conversações não estruturadas
com pessoas cuja posição na organização e percepção dos processos de trabalho
favoreça a obtenção de informações relevantes sobre as lacunas de desempenho.
A percepção de líderes e gerentes estratégicos, por exemplo, pode ser significativa
para a caracterização dos problemas e definição de alternativas de solução.
50
Exame Indireto de Realização ou Medidas de Produtividade
Os exames indiretos ou medidas de produtividade dispensam a presença do
pesquisador in loco e circunscrevem-se à análise de indicadores de resultados, a
exemplo dos registros de produção e índices de controle de qualidade. Nesse caso,
o desenhista instrucional pode estruturar sua análise estabelecendo uma lista de
conferência com parâmetros que permitam identificar a necessidade da
capacitação, ou apenas orientar-se por sua percepção sobre o conjunto dos
indicadores coletados (impressão qualitativa).
Questionários
Os questionários são recursos geralmente utilizados em pesquisas do tipo survey,
cujo propósito é identificar a opinião ou a percepção dos respondentes sobre
lacunas de desempenho e necessidades de capacitação. Eles podem ser
estruturados ou não estruturados (questões abertas). Esse tipo de pesquisa permite
identificar grupos de pessoas que compartilham de uma mesma opinião ou
percepção.
Análise de Tarefas
A análise de tarefas envolve um conjunto de técnicas para averiguar os
procedimentos de trabalho ou os métodos que são utilizados pelas pessoas no
trabalho. Esta análise compreende o exame intensivo de como as atividades são
executadas e, também, a identificação dos elementos mais importantes para que o
desempenho seja considerado competente. Em outras palavras, observa-se o que
a pessoa deve saber, fazer e sentir para executar da forma mais produtiva e
satisfatória determinada tarefas ou conjunto de tarefas.
51
Técnica de Grupo Nominal (NGT)
O grupo nominal (NGT) é outro recurso de pesquisa que envolve a formação de
pequenos grupos, geralmente integrados por gerentes estratégicos da organização,
que são convidados a discutir os problemas de desempenho e as soluções de
capacitação. Os desenhistas instrucionais podem organizar o NGT por intermédio
de painéis em que cada membro registra em folha de papel suas opiniões sobre
necessidades de capacitação. Estas opiniões são posteriormente organizadas em
quadro, inclusive por similaridade, discutidas, acatadas ou rejeitadas de acordo
com a concordância dos participantes.
Procedimento Delphi
O método Delphi é semelhante ao NGT. O nome advém da ideia do oráculo e
consiste na formação de pequenos grupos com o propósito de coletar informações
sobre as necessidades de capacitação. O desenhista instrucional deve:
1. formar um painel com as pessoas do grupo alvo;
2. desenvolver um questionário baseado nas necessidades de capacitação ou
problemas de desempenho que pretende investigar;
3. enviar o questionário para os participantes do painel;
4. compilar os resultados desse levantamento inicial;
5. preparar um segundo questionário e enviá-lo com os resultados do
primeiro para os participantes do painel;
6. compilar os resultados do segundo questionário;
7. continuar o processo de envio até alcançar a convergência de opiniões.
52
4. comparar os relatos e identificar temas comuns referente ao que os peritos
devem saber para atuar de forma competente;
5. utilizar essas informações para identificar necessidades de capacitação.
Centro de Avaliação
O centro de avaliação não deve ser confundido com um lugar físico, pois constitui
um método para reunir informações. A organização de um centro envolve as
seguintes etapas:
1. análise das categorias de emprego a ser avaliadas;
2. identificação das atribuições ou responsabilidades vinculadas a cada
categoria;
3. desenvolvimento de jogos ou simulações baseadas nos conhecimentos e
habilidades necessárias a uma atuação de sucesso no trabalho;
4. treinamento de pessoas para observar e julgar o desempenho dos
participantes do centro;
5. providenciar canal para feedback aos participantes sobre as necessidades
de capacitação.
Entrevistas de Saída
As entrevistas de saída compreendem conversas, que podem ser estruturadas ou
não, com membros de uma organização para registrar as percepções sobre
insuficiência de desempenho e necessidades de capacitação nas categorias de
emprego ou grupos de trabalho onde atuam. O desenhista instrucional que optar
pela utilização deste método deve precaver-se para não ser influenciado por
opiniões tendenciosas dos entrevistados. Para tanto, convém contatar diversos
segmentos da organização e confrontar os discursos registrados.
De qualquer forma, frente aos vários métodos que podem ser selecionados, é importante
que o desenhista observe aqueles que são mais apropriados aos problemas enfrentados,
considerando as vantagens e desvantagens, os custos e os procedimentos exigidos para
que sua pesquisa tenha êxito.
53
Mapeamento de Competências e Desenho Instrucional
Antes de aprofundarmos a relação entre mapeamento de competências e desenho
instrucional, vamos abrir parênteses para apresentarmos, ainda que de forma breve e
despojada, o conceito de competências aplicado ao mundo do trabalho.
Conceito de Competência
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que não existe uma definição única e consensual
para esse conceito. Não se trata, portanto, de um constructo formal e universal como
aqueles que acontecem no campo das ciências. Entretanto, pode-se destacar, dentre as
múltiplas definições encontradas na literatura e nas experiências organizacionais, duas
acepções comuns à maioria dos casos:
35
O capital intelectual engloba o capital humano, o capital estrutural e o capital dos clientes (ou usuários).
No primeiro caso, são consideradas as competências propriamente ditas (conhecimentos, habilidades,
valores), as experiências acumuladas e também o potencial criativo das pessoas. No segundo, os recursos
ou ativos intangíveis da organização que apoiam o capital humano. No terceiro caso, o valor gerado na
interação com clientes ou usuários no que se refere à satisfação e reconhecimento dos serviços prestados
pela organização.
36
No entanto, a possibilidade de as organizações definirem suas competências, e até mesmo estabelecerem
inventários de competências apropriados aos seus planos estratégicos, não impede a identificação de
ocorrências comuns entre elas. Essas ocorrências não são suficientes, e talvez nunca venham a ser, para
estabelecer conceitos formais de ampla aplicação, mas têm viabilizado a formulação de glossários e
dicionários muito úteis, particularmente para a construção de modelos de competências gerenciais. Nessa
direção, pode-se citar como exemplo o trabalho publicado por Martha Alicia Alles: Dirección Estratégica
de Recursos Humanos, Gestión por Competencias: El Diccionario. Buenos Aires. Ediciones Granica,
2005.
54
A aplicação da noção de competências demanda em primeiro lugar que
a organização denomine o que é competência e qual o alcance de sua
aplicabilidade ao modelo de gestão. A partir daí, parte-se para a
identificação das competências, que pode ser alcançada por diferentes
caminhos, dependendo da abordagem metodológica utilizada.
(Rodrigues, 2006, p.26)
Ainda que marcadas pela inflexão da oficialidade, essas definições não diferem
substancialmente daquelas observadas na literatura e apresentam, como você pode
observar, pelo menos uma das acepções mencionadas anteriormente. Para consolidar essa
percepção, compare-as com as definições a seguir.
37
Definição apresentada por Jacques M. Pelletier, Vice-Presidente da Comission de la Fonction Publique
du Canada, na Oficina Gestão Baseada nas Competências, realizada na Enap, em março de 2004.
55
Competencies are components of a job which are reflected in behaviour
that are observable in a workplace. The common elements most
frequently mentioned are knowledge, skills, abilities, aptitudes,
personal suitability behaviour and impact on performance at work.
There are various definitions with little difference in them. However,
the common denomination is ‘observable behaviour’ in the workplace.
The criteria of competency are superior performance and effective
performance. (Sanghi, 2007, p. 12)
56
Embora não se possa admitir rigorosamente
o arranjo hierárquico desses atributos, tendo
em vista que eles concorrem em conjunto
para um mesmo propósito (o desempenho
elevado), alguns autores recorrem à
construção metafórica e os dispõem na forma
de uma árvore de competências38. Nessa
construção figurativa, as raízes
correspondem às atitudes; o tronco aos
conhecimentos e a copa as habilidades. No
modelo proposto por Herbert Kellner
(2012)39, autor do Sales Tales Assessment
Review (STAR), inclui-se uma terceira dimensão: a motivação. Embora Kellner não a
relacione com a seiva, a imagem sugere essa correspondência e realça a importância
vivificadora e estimulante da motivação na mobilização de competências. A árvore de
competências é, portanto, um recurso expressivo, que pode servir de maneira muito
didática à compreensão do papel de cada atributo na construção das capacidades, bem
como à configuração ou disposição resultante de um processo de mapeamento
organizacional.
38
O modelo da árvore de competências é destacadamente utilizado por Maria Rita Gramigna. Essa autora
se refere ao CHA como blocos de indicadores. No entanto, optamos por defini-los atributos com a
finalidade de realçá-los na condição de sinais distintivos das competências. Para conferir a abordagem de
Gramigna consulte: Modelo de Competências e Gestão de Talentos. 2ed. São Paulo. Pearson, 2007, p.50.
39
Herbert Kellner é fundador e presidente da United States Online University and Institute of Training and
Development. Ele desenvolveu um instrumento de Avaliação de Talentos em Venda (STAR), que define
competências essenciais nessa área (confira em http://www.usou.edu/).
57
Na dimensão do querer-fazer [atitudes]: deverá estar motivada e aberta às
iniciativas que poderão potencializar o seu aprendizado, tais como interação com
professores, com colegas e, principalmente, com os cidadãos da cidade de Berlim,
desfrutando de forma construtiva o cotidiano social e cultural da cidade.
O pressuposto para que nossa pessoa imaginária tenha sucesso, além das condições
favoráveis e de seu próprio envolvimento, estará na dependência do programa de
capacitação escolhido. Esse programa deve corresponder, em termos dos objetivos de
aprendizagem e dos conteúdos, às expectativas do nosso aprendiz e de sua organização.
Voltaremos a essa questão ao abordarmos, mais à frente, a definição dos objetivos de
aprendizagem.
Tipificação de Competências
40
Esse conceito é adotado por Gary Hamel e C.K. Prahalad para a definição das competências estratégicas,
únicas e distintivas das organizações empresariais. Conferir: Gary Hamel e C.K. Prahalad. The Core
Competence of the Corporation. Harvard Business Review, May-June 1990.
41
Essa definição está de acordo com a adotada pelo Management Charter Initiative (MCI). O MCI é uma
entidade independente, criada em 1988 e mantida pelo governo britânico, cuja missão é promover o
desenvolvimento de organizações e indivíduos baseado em competências.
58
e) Competências coletivas: referem-se ao conjunto organizado das competências
individuais, que convergem na formação de equipes geralmente
multidisciplinares, entrosadas em torno de um mesmo objetivo. As competências
coletivas, quando bem conduzidas, são muito úteis às organizações, porque
podem potencializar o enfrentamento de desafios de forma criativa e produtiva42.
Além do aludido alinhamento, outro aspecto importante, a ser considerado por quem
trabalha com a gestão de competências, é a visão diacrônica dos processos
organizacionais. Ainda que se possa descrever a estrutura de uma organização segundo
uma perspectiva sincrônica, a abordagem das competências requer a observação da
dinâmica do ambiente organizacional e das próprias competências. Nesse caso, é
necessário adotar, como acentuam Paul R. Sparrow & Mario Bognanno (2001, Chapter
5), um referencial de análise flexível, capaz de detectar a maneira pela qual a relevância
das competências se mantém ou se altera ao longo do tempo. Esse movimento constitui o
que esses autores denominam ciclo de vida das competências. De acordo com esse ciclo,
as competências se inserem em quatro categorias:
a) Estáveis: são aquelas que permanecerão tão importantes no futuro quanto são
hoje, uma vez que traduzem a razão de ser da organização. Essas competências
devem ser mantidas para assegurar a existência e continuidade da organização.
42
Para os conceitos de competências individuais e coletivas, tomamos como referência as definições
apresentadas em Roberia César Souto Maior. As Pessoas e suas Competências no Desenvolvimento das
Organizações in Anais do XVIII Encontro Brasileiro de Administração. Natal, 2004. O texto está também
disponível na Biblioteca online do SEBRAE (www.biblioteca.sebrae.com.br).
59
b) Declinantes: são aquelas que já tiveram grande importância na vida
organizacional, mas que estão perdendo a relevância em função de mudanças
tecnológicas, da natureza do trabalho ou mesmo das estratégias da organização.
60
Porém, o mapeamento não é um recurso restrito ao cálculo de deficiências. Como
acentuam Rothwell & Kazanas (1998, p. 67), uma das vantagens dessa estratégia é a
possibilidade do desenvolvimento de competências ideais e não só daquelas que são
requeridas para resolver problemas de desempenho específicos e imediatos.
61
Essas etapas mais operacionais podem, por sua vez, envolver diversos passos. Yuvaraj
(2011, p.4), em trabalho destinado a orientar o mapeamento de competências em
indústrias indianas, sugere dez passos:
1. Identificar o departamento para o mapeamento.
2. Identificar a estrutura da organização e selecionar os graus e níveis.
3. Descrever as atividades dos departamentos e dos indivíduos.
4. Realizar entrevistas semiestruturadas.
5. Sistematizar os dados das entrevistas.
6. Classificar as competências requeridas.
7. Identificar os níveis de capacidades.
8. Validar as competências identificadas e níveis com os superiores
imediatos e outros chefes dos departamentos envolvidos.
9. Preparar a estratégia de mapeamento.
10. Mapear as competências.
Aliprandini et ali (2008, p. 9), baseando-se em orientação proposta por Ruzzarin (2002),
sugerem cinco passos definidos nos seguintes termos:
Temos aqui dois exemplos e vários outros podem ser encontrados na literatura sobre o
assunto. Na impossibilidade de fazer menção a todos, e com o intuito de facilitar a
compreensão e estabelecer uma referência para este curso, apresentamos a seguir uma
tabela com os passos mais comuns ou recorrentes em processos de mapeamento de
competências.
62
Processo de Mapeamento de Competências
63
Descrição de Competências
64
Observe mais dois exemplos de descrições retirados de Gramigna (2007, p.45):
Nome da Competência
Planejamento e Organização
Descrição
Visão Sistêmica
Descrição
A diferença entre a forma de descrição que abordamos até agora e essa direcionada para
a avaliação é apenas de finalidade, não há alterações essenciais na definição das
competências, mas há distinção quanto ao foco e ao tempo de ocorrência da observação.
43
Joel Dutra observa que apenas o domínio de conhecimentos e habilidades não é suficiente para garantir
esse desempenho. Ele associa ao conceito de competências o conceito de entrega, ou seja, a agregação
de valor ao patrimônio de conhecimentos da organização. Essa agregação não significa atingir metas de
faturamento ou de produção, mas melhorar os processos ou introduzir tecnologias. Para aprofundar o
conhecimento sobre o assunto consulte: Joel Souza Dutra. Competências: Conceitos e Instrumentos para
a Gestão de Pessoas na Empresa Moderna. São Paulo. Atlas, 2004.
65
Ela agora retornou ao Brasil e às suas tarefas de trabalho, que incluem o uso corrente do
idioma e o contato permanente com organizações germânicas. Em dado momento, a
organização de nossa pessoa imaginária resolve fazer uma avaliação de desempenho com
caráter promocional e destina um especialista para realizar esse procedimento. O
propósito é indicar uma pessoa para assumir a gerência de um escritório em Berlim. O
requisito básico, além das competências de gestão, é o domínio da língua. Certamente a
nossa pessoa imaginária pretende candidatar-se, mas para ser selecionada ela deverá se
submeter a um processo de observação no trabalho. O especialista indicado pela
organização estará observando o seu desempenho e fazendo registros em uma ficha ou
instrumento construído para essa finalidade. Ele estará, portanto, considerando o
comportamento no trabalho, pautado por algum critério e alguma condição. Vamos
ilustrar esse procedimento utilizando a competência “língua estrangeira”, descrita
anteriormente.
Observe que o verbo no presente é imperativo ou categórico, portanto não se trata de uma
possibilidade nem de uma descrição. É uma condição. Esteja atento, porque, não raras às
vezes, esse tipo de enunciado é tomado como descrição de competências. Em verdade,
trata-se de um desdobramento da descrição para processos avaliativos. Os especialistas
dedicados ao tema não costumam cometer esse tipo de equívoco. Ainda que façam
desdobramentos da competência visando níveis de complexidade ou o destaque das
dimensões da matriz CHA, eles preservam a descrição como base de orientação. Eis dois
exemplos:
Capacidade Negocial44
Capacidade de se expressar e de ouvir o outro, buscando o equilíbrio de soluções
satisfatórias nas propostas apresentadas pelas partes.
Habilidades
Prepara antecipadamente os planos de negociação.
Informa-se sobre o conteúdo da negociação.
Ouve os argumentos da outra parte com tranquilidade e argumenta com propriedade.
Age com persuasão (ouve, percebe as nuances e acha a chave para ligar os fatos).
Reage com tranquilidade a argumentos combativos.
Diante das objeções, indica os benefícios da negociação.
Obtém a melhor negociação para a empresa, com postura de empatia.
Conhecimentos
Básicos das técnicas de negociação.
Acerca do produto ou do serviço a negociar.
Sobre o mercado e os concorrentes.
44
Fonte: Gramigna (2007, p.59).
66
Atitudes
Valoriza o planejamento e a organização de informações antes de iniciar a negociação.
Demonstra flexibilidade.
Interessa-se em conhecer estratégias e táticas de negociação.
Valoriza resultados ganha-ganha.
Inspira confiança.
Orientação para Resultados45
Capacidade para atuar com velocidade e sentido de urgência quando se deve tomar
decisões importantes e necessárias para superar os competidores, responde as
necessidades do cliente ou melhorar a organização. É a capacidade de administrar
os processos estabelecidos para que não interfiram com a consecução dos
resultados esperados.
A: Cria ambiente organizacional que estimula a melhoria contínua dos serviços e a
orientação para a eficiência. Promove o desenvolvimento e/ou mudança dos processos
para que contribuam para a melhoria da eficiência da organização. Considera-se uma
referência nessa competência.
B: Atua para lograr e superar padrões de desempenho e prazos estabelecidos, fixando para
si e/ou outros os parâmetros a alcançar. Trabalha com objetivos claramente
estabelecidos, realistas e desafiantes. Utiliza indicadores de gestão para medir e
comparar os resultados obtidos.
C: Não está satisfeito com os níveis atuais de desempenho e faz mudanças específicas nos
métodos de trabalho para conseguir melhorias. Promove o melhoramento da
qualidade, da satisfação dos clientes e das vendas.
D: Pretende que todos realizem o trabalho bem e corretamente. Expressa frustração ante
a ineficiência ou perda de tempo, porém não encara as melhorias necessárias. Marca
o tempo de realização dos trabalhos.
Comunicação46
Capacidade para escutar, fazer perguntas, expressar conceitos e ideias de forma
efetiva, expor aspectos positivos. Habilidade para saber quanto e a quem perguntar
para levar adiante um propósito. Capacidade para escutar o outro e compreendê-
lo. Compreender a dinâmica de grupos e o desenho efetivo de reuniões. Incluiu a
capacidade de expressar-se na forma escrita com concisão e claridade.
A: É reconhecido por sua habilidade para identificar os momentos e as formas adequadas
para expor diferentes situações nas políticas da organização e chamado por outros para
colaborar nessas situações. Utiliza ferramentas e metodologias para desenhar e
preparar a melhor estratégia de cada comunicação.
B: É reconhecido em sua área de incumbência por ser um interlocutor confiável e sua
habilidade para compreender diferentes situações e manejar reuniões.
C: Comunica-se sem ruídos evidentes com outras pessoas tanto na forma oral como
escrita.
D: Há situações em que suas respostas orais ou escritas não são bem interpretadas.
45
Fonte: Alles (2005, p. 34).
46
Fonte: Alles (2005, p. 54).
67
Os objetivos de aprendizagem são, em verdade,
a expressão de capacidades em construção47,
que devem resultar na aquisição de
competências. Esse processo é ilustrado na
figura do triângulo apresentado ao lado48. O
resultado, cumpridas as expectativas, são
sujeitos capacitados, potencialmente aptos a
colocar suas competências em ação.
Você pode estar se perguntando se o mapeamento de competências não seria algo muito
complexo ou sofisticado para subsidiar desenhistas instrucionais na fase de diagnóstico.
É provável que você tenha razão se os problemas a serem enfrentados forem muito
localizados e pontuais. Talvez, nessas circunstâncias, apenas o uso de uma técnica como
a NGT (Técnica de Grupo Nominal) ou a realização de Grupo Focal com os gerentes seja
o suficiente para orientar a escolha de uma solução de capacitação. Embora isso não
exima os especialistas, como já sublinhamos anteriormente, de observar os fundamentos
estratégicos da organização.
De qualquer forma, tendo em vista os procedimentos da fase de análise do DSI, que requer
estratégias, e obviamente escolhas de métodos e técnicas para a prospecção das
necessidades de capacitação, apresentamos a seguir uma tabela com vantagens e
deficiências de diferentes alternativas para a coleta de dados.
47
Há muita controvérsia em torno do conceito de capacidade. No campo das Ciências Jurídicas, o conceito
possui duplo sentido: de um lado, refere-se à aptidão para ser sujeito de direitos e obrigações e, do outro,
a aptidão para a ação. Nessa segunda acepção, a capacidade é estabelecida em graus, admitindo-se a
possibilidade de sujeitos plenamente capazes e outros relativamente incapazes, não obstante a aptidão
desses indivíduos para a condição de sujeitos de Direito e obrigações. Esse seria o caso das crianças e
adolescentes até a obtenção da maioridade. Na medicina, mais especificamente no campo da psiquiatria,
o conceito está associado à capacidade de tomar decisões e pô-las em prática, condição que falta ao
incapaz a exemplo de um doente mental. No campo dos estudos sobre gestão de pessoas há quem
estabeleça relação sinonímica entre os conceitos de competência e capacidade, e outros que estabelecem
diferenciações. Para esses últimos, a competência é a qualidade ou estado de quem demonstra suficientes
conhecimentos, habilidades e atitudes, ao passo que capacidade é o poder de apreender, receber ou
acomodar (por exemplo: conhecimentos e habilidades), ou seja, é um conceito que se refere à quantidade
e volume (conferir Vincent, 2008). O sentido que estamos atribuindo ao conceito neste curso é mais
prosaico: refere-se ao potencial para o desempenho.
48
A imagem é uma adaptação do triângulo de hierarquia de resultados apresentado no Report of The
National Pstsecondary Education elaborado pelo Council of the National Pstsecondary Education
Cooperative (NPEC, 2002, p. 8).
68
Vantagens e Deficiências dos Procedimentos de Coleta de Dados49
Critérios
Métodos Envolvimento Envolvimento Dados
Tempo
do da Custo Quantificáveis
Necessário
Responsável Administração Relevantes
Entrevistas
Alto Baixo Alto Alto Moderado
Observação
Direta do
Processo de Moderado Baixo Alto Alto Moderado
Trabalho
Exame
Indireto de
Realização de
Baixo Moderado Baixo Baixo Alto
Medidas de
Produtividade
Questionários
Alto Alto Moderado Moderado Alto
Análise de
Tarefas Baixo Baixo Alto Alto Alto
Grupos
Focais Alto Moderado Moderado Moderado Moderado
Técnica de
Grupo
Nominal Alto Moderado Moderado Moderado Moderado
(NGT)
Procedimento
Delphi Baixo Moderado Moderado Moderado Moderado
Método de
Incidente
Moderado Moderado Baixo Baixo Baixo
Crítico
Centro de
Avaliação Alto Baixo Alto Alto Alto
Entrevistas
de Saída Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo
49
Tabela adaptada de Canada School of Public Service. Oficina de Compartilhamento de Bases Teóricas e
Abordagens Metodológicas em Desenho Instrucional. Módulo 6-5 (Tabela adaptada de Newstorm, J. e
Lilyquist, J. The American Society for Training and Development. Training and Development Journal,
Copyright 1979, p. 56).
69
Prospecção de Necessidades de Capacitação:
A Experiência da Enap
A Escola Nacional de Administração Pública (Enap) tem utilizado
o mapeamento de competências como recurso para a prospecção
de necessidades de capacitação.
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Suas Anotações
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Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
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Definição de Objetivo
A sua redação deve ser clara e precisa, informando à organização e ao aprendiz o que se
pode esperar da capacitação, facilitando a escolha de técnicas e estratégias de ensino e
fornecendo bases para a avaliação do processo.
50
Competência em ação, ou seja, o desempenho esperado na situação de trabalho em decorrência da
capacitação.
74
Atente para não confundir desempenhos que podem ser apresentados ao longo ou ao final
da capacitação em decorrência da aprendizagem realizada com aqueles que só podem ser
observados na situação do trabalho.
Mas, atente também para o fato de que a competência em ação não pode estar totalmente
dissociada dos objetivos de aprendizagem. O vínculo entre desempenho pretendido e
objetivo de aprendizagem auxilia, inclusive, na avaliação sobre a pertinência da
capacitação como solução para os problemas detectados durante o diagnóstico ou
mapeamento de necessidades.
No exemplo, é razoável esperar-se que a pessoa “se expresse no idioma alemão na forma
oral e escrita, com fluência e desenvoltura, respeitando as regras gramaticais e o uso
adequado do léxico” na situação de trabalho (competência em ação), ou seja, demonstre
esta capacidade.
Entretanto, não parece ser adequado restringir a sua efetividade aos objetivos da
aprendizagem, porque o uso corrente do idioma no contato permanente com organizações
germânicas não pode ser verificado no contexto da capacitação. A capacitação pode
favorecer o comportamento observável na medida em que traços qualificadores da
competência são trabalhados em curso, mas a efetividade do comportamento favorável
ao desempenho só pode ser observada na ação do sujeito. Em outras palavras, uma coisa
é instruir o sujeito para expressar-se adequadamente no idioma alemão – indicando-lhe
as formas e os meios mais apropriados -, outra é observá-lo em ação ou colocando em
prática o seu aprendizado.
75
2. Objetivos Específicos de Aprendizagem
51
Importante: Quem aprende? O aprendiz. Embora óbvia, esta simples menção nada significará se o
facilitador de aprendizagem não tiver em mente que todas as atividades de ensino são para o aprendiz,
que é o centro da situação e, como tal, todos os esforços a ele se dirigem. Os resultados a serem obtidos
no contexto da sala de aula, antes de serem do facilitador, serão do aprendiz.
76
Para auxiliar a construção desses objetivos, podemos utilizar a mesma matriz que
indicamos na quinta seção, quando abordávamos a descrição de competências. No
entanto, se naquele momento falávamos sobre comportamento observável e, portanto, o
verbo designador da ação era incisivo, agora nos referimos a uma ação pretendida no
futuro, resultando de uma capacidade adquirida ou desenvolvida. Nesse caso, o verbo de
ação é apresentado no infinitivo.
Exemplo
Elaborar dois objetivos de em um prazo de dez após o estudo desse texto.
aprendizagem, minutos,
Taxonomia de Bloom
Entretanto, para fins didáticos, é possível estruturar-se uma série de ações encandeadas,
observando os níveis de aprendizagem que se alinham num sentido hierárquico do
conhecimento. Essa hierarquização desempenha um importante papel quando lidamos
com a definição de objetivos de aprendizagem. Entre as várias classificações, optamos
por adotar a Taxonomia de Bloom, que classifica os objetivos em três domínios:
1. Cognitivo: abrange conhecimentos e habilidades intelectuais.
2. Afetivo: abrange interesses e atitudes.
3. Psicomotor: abrange habilidades motoras a serem adquiridas.
77
Domínio Cognitivo52
Para este domínio, a taxonomia de Bloom prevê uma hierarquia de complexidade dos
processos intelectuais em seis níveis.
52
Veja o anexo I: Lista de Verbos Indicados para Objetivos do Domínio Cognitivo.
78
Domínio Afetivo
Para este domínio, a taxonomia de Bloom prevê uma hierarquia no grau de internalização
de determinados valores em cinco níveis.
1. Recepção – O nível afetivo mais baixo começa com o aprendiz meramente recebendo
o estímulo e passivamente atendendo a ele. Ou seja, o aprendiz percebe a exigência de
um dado valor, dirige sua atenção para ele de modo seletivo e intencional. Verbos
indicados: aceitar; acumular; atender.
2. Resposta – O aprendiz progride para atender mais ativamente ao estímulo. Assim, ele
responde ao estímulo com alguma ação. Verbos indicados: apontar; aprovar; escrever.
Domínio Psicomotor
Este domínio classifica as habilidades motoras a serem adquiridas. Verbos indicados:
acionar; ajustar; calibrar; conduzir; construir; controlar; manusear; montar; operar;
regular. A seguir, alguns exemplos.
Categoria: Percepção
Identificar quais os sons que geram maior irritação nos participantes, durante o
exercício de relaxamento.
79
Atividade Individual: Redação de Objetivos de Aprendizagem
Para auxiliar a fixação dos conteúdos referentes à construção dos
objetivos de aprendizagem, vamos fazer um pequeno e breve
exercício. O intuito é permitir que você possa testar a sua
capacidade de elaborar objetivos específicos. Escolha qualquer
campo de aprendizagem, pode ser referente ao seu universo de
trabalho ou aos campos do conhecimento acadêmico que você
conheça ou domine. Esboce o objetivo geral de um evento de
aprendizagem que desenvolva o tema escolhido. Em seguida,
elabore dois objetivos específicos de aprendizagem, utilizando as
contribuições teóricas de Robert Mager e a taxonomia de Bloom. Esteja atento para o fato
de que os objetivos se alicerçam em verbos de ação no infinitivo. Procure seguir a
estrutura abordada anteriormente, ou seja, verbo + critério + condição, considerando que
o seu exemplo se refere a um aprendiz adulto e tenha em mente os princípios da
andragogia. Vamos lá?
Suas Anotações
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80
Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
81
Sequência e Estrutura Lógica do Conteúdo
Para o autor, seria bastante cômodo, por exemplo, que uma pessoa pudesse progredir até
a capacidade de organizar frases em uma língua estrangeira, sem ter aprendido
anteriormente a utilizar palavras separadamente. Mas, na realidade, este salto não pode
ser feito e, se o tentarmos, pode resultar em sério bloqueio que poderá permanecer por
longo tempo.
53
As teorias de Robert Gagné são comumente aplicadas com Tecnologias de Informação e Comunicação –
TIC, sigla que designa a informática e a sua potencialização com os recursos de comunicação.
82
Suas Anotações
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Suas Anotações
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Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
Conceito de Estratégia
Por essa razão, as suas derivações sofrem, ainda hoje, a influência do sentido primitivo,
a exemplo de estratagema, que originalmente significava ardil de guerra. No contexto do
planejamento estratégico, como o conhecemos na atualidade, a palavra tornou-se um
conceito funcional e essencial para distinguir, regra geral, a ação tencionada ou projetada.
85
Estratégia como um padrão ou processo de decisões coerentes, consensuais e
integradas.
Estratégia como investimento nos recursos tangíveis e intangíveis da organização para
desenvolver as capacidades que assegurarão a sustentabilidade da vantagem
competitiva.
Estratégia como forma de pensar o futuro, integrada no processo decisório, com base
em procedimentos formalizados e articuladores de resultados.
Estratégia de Ensino
54
Para os mais curiosos e interessados no assunto, que se sentirem frustrados com a brevidade da
abordagem, indicamos a leitura do livro Safari de Estratégia - MINTZBERG, Henry; AHLSTRAND,
Bruce; LAMPEL, Joseph. Safári de Estratégia: um roteiro pela selva do planejamento estratégico. Porto
Alegre: Bookman, 2000.
86
sistematização das atividades considerando-se, além do perfil dos participantes, as
variáveis de contexto (recursos disponíveis, conhecimentos prévios e tempo
disponível);
articulação adequada entre teoria e prática de acordo com a natureza dos conteúdos
abordados;
prospecção e utilização de metodologias diversificadas, que respondam aos objetivos
pretendidos e facilitem o processo de ensino-aprendizagem;
flexibilidade e criatividade para a adequação do plano frente a situações imprevistas;
revisão a atualização periódica do plano.
Ao planejar as estratégias de ensino, não é suficiente fazer uma listagem de técnicas que
serão utilizadas, como, por exemplo, aula expositiva, leitura comentada, painel simples.
87
É preciso prever como utilizar o conteúdo selecionado para atingir os objetivos propostos.
As técnicas estão incluídas nessa descrição.
As estratégias de ensino, portanto, não são apenas coletâneas de técnicas isoladas. Elas
têm uma abrangência bem mais ampla, pois envolvem a filosofia que preside o processo
de aprendizagem e todos os passos do desenvolvimento da atividade de ensino
propriamente dita55.
Técnicas de Ensino56
Observe que você pode combinar algumas técnicas para criar uma atividade. Lembre-se
de fazer as perguntas listadas acima, para verificar a sua viabilidade à capacitação que
está planejando.
55
Sugerimos que você veja novamente o modelo do ciclo de aprendizagem experiencial de David Kolb na
terceira seção e observe atentamente o Anexo II: Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV), modelo
teórico que tem sua origem nos estudos de Kolb.
56
Referências: Bordenave (2001); Canada School of Public Service (2009); Gil (1997); Oliveira (2003);
Veiga (1995).
88
1. Aula Expositiva
89
Durante a exposição, o facilitador faz uso de recursos didáticos, frequentemente de
quadro, flip-chart e projetor de multimídia. É importante observar que não é a quantidade
de recursos nem a sofisticação que interessam e, sim, o seu uso adequado, levando-se em
conta os objetivos estabelecidos e procurando sempre obter dos participantes uma
reflexão. Assim, o facilitador de aprendizagem precisará tomar alguns cuidados
específicos, como:
definir com clareza os seus objetivos;
fazer com que os aprendizes conheçam os seus objetivos;
identificar o nível de conhecimentos e as expectativas dos aprendizes;
organizar as ideias;
elaborar a mensagem de forma clara, precisa e concisa, a partir das características
e necessidades dos aprendizes;
planejar a sequência dos tópicos;
imprimir certo colorido emocional à mensagem;
incluir, quando oportuno, fatos pitorescos;
propor situações problemáticas para manter os aprendizes em atitude reflexiva;
apresentar as ideias mais importantes de formas diversas, para não provocar
monotonia;
evitar a tentação de expor o tempo todo: convém entremear a exposição com
breves discussões, exercícios e realizações de experiências simples;
cuidar para que o tom de voz, a altura e o ritmo não desagradem aos aprendizes;
desenvolver a empatia;
manter-se atento para as reações dos aprendizes;
criar em sala de aula um clima de apreço, aceitação e confiança;
desenvolver nos aprendizes uma atitude permanente de curiosidade em relação ao
assunto;
criar condições para que os aprendizes ofereçam retroalimentação, utilizando
perguntas orientadoras.
Princípios
A criatividade é um elemento fundamental para se obter novas ideias ou propostas.
Todas as pessoas são criativas, e num ambiente encorajador e sem críticas essa
criatividade aflora com menos dificuldades.
Um grupo de pessoas tem um potencial criativo expressivamente maior do que
um indivíduo.
Potencial criativo aumenta quando se estimula o grupo a produzir uma grande
quantidade de ideias num pequeno intervalo de tempo.
90
O brainstorming pode ser feito de maneira estruturada ou não estruturada. No
brainstorming estruturado, todos os integrantes darão uma ideia quando chegar a sua vez
na rodada, ou passarão a vez até a próxima rodada. Isso evita a preponderância dos
integrantes mais falantes, dá a todos os participantes uma oportunidade igual para
contribuir com ideias e promove um envolvimento maior de todos, mesmo os mais
tímidos. O brainstorming termina quando nenhum dos integrantes têm mais ideias e todos
passam a vez numa mesma rodada.
No brainstorming não estruturado, qualquer integrante lança ideias à medida que vão
surgindo na mente. Tende-se a criar uma atmosfera mais relaxada, mas também há o risco
dos integrantes mais falantes dominarem o ambiente. Essa técnica termina quando
nenhum integrante tem mais ideias e todos concordam em parar.
Procedimentos
Escreva a questão em um flip-chart.
Verifique se a questão está clara para todos os participantes.
Proporcione alguns minutos de silêncio para que os integrantes gerem algumas
ideias.
Decida que método de brainstorming usar (estruturado ou não). É comum
começar estruturado e prosseguir não estruturado
Escreva no flip-chart uma ideia de cada vez, exatamente como foi enunciada. Não
interprete.
Estimule que os participantes peguem carona nas ideias dos outros.
Não discuta, questione ou critique as ideias alheias, apenas as registre da mesma
forma, boas ideias não devem ser elogiadas. Qualquer julgamento de valor deve
ser suspenso nesta fase.
Após registrar as ideias, reveja a lista e clarifique o conteúdo.
Permita composições, modificações e eliminações, priorizando as ideias.
3. Discussão/Debate
É uma técnica didática que responde a vários objetivos, tais como:
favorecer a reflexão acerca de conhecimentos obtidos mediante leitura ou
exposição;
desenvolver novos conhecimentos mediante a utilização de conhecimentos e
experiências anteriores;
favorecer o enfoque de um assunto sob diferentes ângulos;
dar oportunidade aos aprendizes para formular princípios com suas próprias
palavras e sugerir aplicações para os mesmos;
ajudar os aprendizes a se tornarem conscientes dos problemas que aparecem na
informação obtida a partir de leituras;
facilitar a aceitação de informações ou teorias contrárias às crenças tradicionais
ou ideias prévias.
Uma discussão bem-sucedida pode ser bastante agradável tanto para os aprendizes como
para o facilitador, pois se torna um verdadeiro divertimento intelectual, constituindo-se
em importante exercício de liberdade.
91
A discussão em aula apresenta também algumas limitações. As discussões não podem ser
eficientes quando os membros do grupo não dispõem dos conhecimentos necessários
como requisitos prévios; a velocidade de transmissão de informação é baixa – como em
alguns cursos o tempo disponível é restrito, nem sempre a discussão se torna uma
estratégia eficiente.
Vem sendo adotada como a principal alternativa à aula expositiva, pois à medida que as
discussões sejam bem-sucedidas o facilitador passa a reconhecê-las como estratégia mais
adequada para a formulação de problemas e desenvolvimento do pensamento crítico dos
aprendizes.
Assim, convém que as discussões sejam precedidas por alguma outra atividade, como a
leitura de um bom texto, uma preleção, demonstração ou dramatização. Colocar no
quadro problemas propostos pelos aprendizes, ou respostas a um problema que o
professor propôs, é também um meio eficaz de favorecer a discussão.
É interessante que as questões numa discussão sejam formuladas como problemas que
tenham algum significado para os aprendizes e sejam estruturadas para analisar relações,
implicações ou causas de fatos ou fenômenos. Em lugar de uma pergunta do tipo: “qual
a definição de ...?”, formule-se uma assim: “como a ideia ... se aplica a ...?”.
Para isto, o facilitador precisa, logo no início, demonstrar a importância da discussão para
que os objetivos do curso sejam alcançados. E ao longo do processo esforçar-se no sentido
de estimular a participação dos aprendizes. Algumas ações são eficazes nesse sentido:
dispor os aprendizes em círculo;
solicitar a participação dos aprendizes nas áreas que tenham reconhecida
competência;
chamar os aprendizes pelo nome;
reforçar a participação dos aprendizes mediante agradecimentos, sorrisos ou sinais
de aquiescência;
demonstrar respeito pelas opiniões pessoais dos aprendizes.
92
4. Estudo de Caso
No estudo de caso, o que se pretende é exercitar a análise de situações reais (ou simuladas)
em sala de aula. Visa à aplicação em uma situação concreta dos conceitos aprendidos,
buscando transferi-los para o dia-a-dia do participante. Podem ser conduzidos dois tipos
de estudos de casos:
caso-análise, para desenvolver a capacidade analítica;
caso-problema, no qual se busca a solução-síntese, ou a melhor solução possível
dentro dos dados fornecidos pelo caso.
No caso-análise, é importante que o facilitador não se deixe levar pela tendência natural
dos participantes em chegar a conclusões únicas, já que não se buscam soluções de
consenso.
5. Dramatização
Finalidades
Desenvolver empatia e consequentemente uma maior compreensão do papel
desempenhado.
Trazer para o grupo a realidade social de fora, de forma viva e sincera, para ser
analisada e discutida pelos participantes do grupo.
Desenvolver a desinibição e a liberdade de expressão.
Aplicação
A dramatização pode ser planejada ou espontânea. A diferença entre as duas maneiras é
que na dramatização planejada o facilitador escolhe o assunto e os papéis e os distribui
entre os participantes, instruindo-os sobre como atuar.
93
6. Estudo Dirigido
Para a educação de adultos, a busca de solução de uma situação é a mais indicada. Uma
situação-problema é aquela em que nem todos os dados são conhecidos. A procura destes
dados é que caracteriza um estudo dirigido, que pode ser aplicado individualmente ou em
pequenos grupos.
7. Grupo do Cochicho
Consiste em dividir a turma em duplas para discussão de um tema qualquer. É uma técnica
bastante informal, de fácil organização, aplicável a grupos grandes e que favorece a
participação total da turma.
Procedimentos
O facilitador divide os participantes em dois grupos concêntricos.
Grupo de Observação
Grupo de Verbalização
94
Em seguida, define claramente para o Grupo de Verbalização uma situação-problema ou
um texto para discussão e esclarece que o grupo terá um tempo determinado para discutir
e apresentar conclusões.
9. Leitura Comentada
A leitura comentada é uma técnica que poderá ser utilizada para comunicações curtas e
apresentações de textos informativos e de conhecimento técnico, cuja compreensão
necessite de orientação adicional do educador. O educador poderá:
distribuir o texto e informar sobre a técnica;
pedir aos participantes que leiam alternadamente parágrafo por parágrafo,
comentando ou solicitando que eles comentem sobre o que foi lido;
ao final, sintetizar as principais informações contidas no texto.
Observe que cada grupo analisará um aspecto ou parte de um determinado texto ou todos
analisaram o mesmo texto ou situação-problema.
95
Para a análise de texto, o facilitador de aprendizagem precisará ter o cuidado para que
todos leiam (e entendam) o texto por inteiro. Isso se aplica mesmo quando o grupo estudar
apenas parte desse texto, no caso de o facilitador tê-lo fracionado em partes e as
distribuído pelos grupos, visando discuti-lo com mais profundidade e ganho de tempo.
Convém, nos dois casos, que o grupo escolha, logo no início da discussão, um
representante para proceder ao relato final das conclusões.
O facilitador cuidará para que cada um dos grupos apresente suas conclusões em plenário,
permitindo a participação dos demais.
1ª Fase
Inicialmente, o facilitador divide os participantes em pequenos grupos que, nessa primeira
fase, se reúnem para estudar um texto, responder questões ou propor a solução de um
problema. Nesse momento, desenvolve-se um trabalho quase igual à discussão em
pequenos grupos, com uma diferença formal: não se escolhe um único relator de
conclusões. Todos, sempre a partir da decisão grupal, elaboram uma síntese que lhes dará
condição de atuar na fase seguinte.
Outro detalhe significativo é que cada integrante assume uma letra, o que nos leva ao
diagrama que se segue, ao considerarmos uma turma de dezesseis pessoas no total,
dividida em quatro grupos.
AB AB AB AB
CD CD CD CD
96
2ª fase
Nessa fase, todos os membros dos grupos iniciais buscam a integração com representantes
dos outros grupos, ou seja, todos os da letra "A" formam um novo grupo, todos os da letra
"B" também, e assim por diante, criando-se a seguinte configuração:
AA BB CC DD
AA BB CC DD
O novo grupo escolhe um único relator e cada participante expõe o sentido geral do texto
ou tarefa do seu grupo original e as conclusões a que se chegou, detalhando pontos
pendentes ou antagonismos conceituais que impediram um consenso.
Esse material é rediscutido pelo novo grupo, sendo a base para a elaboração de uma
síntese das sínteses, integrando ideias e posições.
3ª fase
A última fase é o plenário, em que cada relator exporá a síntese do seu grupo, realizando-
se, pela discussão, uma conclusão final mais ampla, integrada e enriquecida.
97
Guia para Elaboração de uma Atividade
Propósito e objetivos
Qual o propósito desta atividade? O que desejamos que os participantes realizem no fim
da atividade?
Introdução
Como iremos introduzir esta atividade aos participantes? Há alguma ligação com
qualquer atividade previamente programada? Onde ela se enquadra em termos de
sequência da oficina?
Teoria
Qual é a teoria que sustenta ou fornece o fundamento para esta atividade? Como iremos
apresentar o conceito teórico?
Atividade
Com que ação ou atividade os participantes estarão envolvidos? O que eles irão descobrir
durante a atividade?
Resumo
Como iremos concluir a atividade? É possível relacionar ou ligar esta atividade com o
próximo segmento do evento de aprendizagem?
Recurso didático é todo e qualquer recurso físico utilizado no contexto de uma estratégia
ou técnica de ensino, a fim de auxiliar o facilitador de aprendizagem a transmitir a sua
mensagem ao aprendiz, e este a realizar a sua aprendizagem mais eficientemente.
Exemplos: flip-chart, quadro, cartazes, textos, objetos, filmes, projetor multimídia, lousa
digital interativa, softwares e aplicativos.
Importante lembrar que os recursos não substituem o facilitador. Eles devem ajudá-lo a
manter uma atitude de diálogo com o grupo e uma comunicação mais efetiva com os
aprendizes, concretizando o ensino, tornando-o mais próximo da realidade e, assim,
facilitando a aprendizagem. Para que os recursos didáticos realmente colaborem no
sentido de melhorar a aprendizagem, deve-se ter em vista:
98
o conteúdo a ser apresentado: alguns conteúdos exigem maior utilização de
recursos audiovisuais que outros;
as condições ambientais, que podem facilitar ou, ao contrário, dificultar a
utilização de certos recursos;
o tempo disponível: a preparação e a utilização dos recursos exigem determinado
tempo e, muitas vezes, não se dispõe desse tempo.
Assim, por exemplo, utilizar um filme pode ser um recurso excelente para introduzir um
assunto novo ou ilustrar um tema em discussão, mas se utilizado apenas para preencher o
tempo ou porque algum colega educador já o utilizou com sucesso pode ser um desastre.
A utilidade de cada recurso didático existe na proporção em que contribui para o estímulo
dos aprendizes e cumprimento do planejamento.
Além disso, o planejador do processo de ensino e o docente devem estar atentos para o
fato de que o material instrucional constitui um importante recurso didático, cuja
qualidade pode desempenhar um papel decisivo quando se trata de garantir a atenção dos
aprendizes.
57
Para aprofundar o tema recomendamos a leitura do livro de Rothwell e Kazanas listado nas referências
bibliografias. Em particular o capítulo doze.
99
Administração do Tempo
Assim, para que possa contribuir com a construção de competências técnicas, sociais,
políticas e culturais, a avaliação não pode ser um ato mecânico. Nesse sentido, é
necessário investigar, indagar, avaliar a todo instante o trabalho e a ação educativa.
O ser humano é uma totalidade que envolve saber, ser/conviver e saber fazer. Todas essas
dimensões devem ter igual importância em sua formação. Portanto, a avaliação precisa
considerar essa totalidade e não apenas o aspecto cognitivo, como habitualmente acontece
na maioria dos processos avaliativos.
100
O processo de avaliação deverá ser, portanto, coerente com a missão e as intenções
estratégicas da organização e com o fato de que existem muitas formas de avaliar um
processo de aprendizagem.
A avaliação deve ser realizada em função dos objetivos propostos, isto é, verificar em que
nível as mudanças cognitivas e comportamentais foram alcançadas. Portanto, ela deve:
ser contínua;
possibilitar tomadas de decisão em relação ao planejamento;
utilizar técnicas e instrumentos variados;
prever a participação dos aprendizes.
Nessa perspectiva, Bloom, Hastings e Madaus (1983) apresentam quatro fases para um
sistema de avaliação, conforme o que se segue.
1. Diagnóstica
Determinar a presença ou ausência de habilidades que são pré-requisitos para
efetivação das tarefas de ensino (diagnósticos dos programas).
Determinar o nível inicial de conhecimentos dos aprendizes em relação ao
conteúdo que será desenvolvido (pré-teste).
3. Somativa
Verificar em que medida o aprendiz atingiu os objetivos propostos (pós-teste).
4. Reação
Verificar sentimentos e/ou satisfação após a conclusão da capacitação.
Verificar se os elementos do curso (metodologia, facilitador, material etc.)
corresponderam às expectativas iniciais.
101
Validação de Cursos e Programas:
A Experiência da Enap
Para a validação de seus cursos e programas de capacitação,
a Escola Nacional de Administração Pública - Enap tem
utilizado o conceito de turma piloto.
A turma piloto reúne docentes, coordenadores, especialistas
e amostra do público-alvo, definida dentre aqueles que se
destacam no domínio e aplicação dos conteúdos dos temas abordados no evento.
Esse grupo assiste às aulas como se desempenhasse o papel de aprendizes, porém são
orientados para manter a perspectiva crítica e apreciativa com relação às várias facetas do
processo de ensino-aprendizagem - construção dos objetivos, definição das estratégias,
material e recursos didáticos, sequência lógica de conteúdos e performance dos docentes
-, as quais deverão ser avaliadas no sentido da adequação necessária para garantir a
efetividade da capacitação.
Suas Anotações
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102
Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
A Gestão Escolar
No campo da educação convencional, a gestão escolar constitui um conceito estratégico.
Ele envolve a mobilização articulada dos recursos materiais e das capacidades humanas
em função da efetividade dos processos socioeducacionais De acordo com Heloísa Lück,
a gestão escolar pode ser entendida nos seguintes termos:
A gestão escolar constitui uma dimensão e um enfoque de atuação que
objetiva promover a organização, a mobilização e a articulação de todas
as condições materiais e humanas necessárias para garantir o avanço
dos processos socioeducacionais dos estabelecimentos de ensino,
orientados para a promoção efetiva da aprendizagem pelos alunos, de
modo a torná-los capazes de enfrentar adequadamente os desafios da
sociedade globalizada e da economia centrada no conhecimento. Por
efetiva, entende-se, pois, a realização de objetivos avançados, de acordo
com as novas necessidades de transformação socioeconômica e
cultural, mediante a dinamização da competência humana,
sinergicamente organizada. (...). Compete à gestão escolar estabelecer
o direcionamento e a mobilização capazes de sustentar e dinamizar a
cultura das escolas, de modo que sejam orientadas para resultados, isto
é, um modo de ser e de fazer caracterizado por ações conjuntas,
associadas e articuladas. (Lück, 2000, p. 7)
103
Em se tratando de escolas de governo, embora os propósitos não sejam necessariamente
os mesmos, os aspectos acadêmicos, físicos e organizacionais são igualmente
importantes. As escolas de governo também enfrentam desafios com ressonância social,
cultural e política, ao responsabilizar-se pela capacitação dos servidores públicos, que
exigem competências técnicas e gerenciais.
Para que possam viabilizar seus projetos de ensino em consonância com os anseios e
necessidades do Estado, é imprescindível que sejam eficientes na mobilização de
capacidades administrativas e humanas, essenciais à sua própria sustentabilidade.
58
Adaptado de Diagnóstico de Competências Essenciais e Guia de Planejamento (KNOWLES; HOLTON;
SWANSON, 2009, p. 301-302).
104
a) Compreensão do desenvolvimento e manutenção organizacional
A Gestão do DSI
105
Do ponto de vista operacional, é uma fase que requer um plano logístico, porém sem
abandono da perspectiva estratégica e sistêmica de todo o processo, tendo em vista que
constitui o momento de confluência das fases anteriormente desenvolvidas.
A implementação mal pensada e mal gerida pode colocar em risco a efetividade de todo
o projeto de desenho instrucional. Daí a necessidade de um plano de gestão que permita
ao coordenador de ensino e demais atores envolvidos no processo verificar a coerência e
efetividade da solução de capacitação.
É imprescindível não esquecer a relação dessa fase do DSI com a fase de análise, ou seja,
o produto final conversa (e deve conversar) com as necessidades ou problemas de
desempenho diagnosticados, que orientam o desenho instrucional. O processo deve
concorrer integralmente para essa finalidade.
Portanto, a fase de implementação não deve exaurir-se na logística, mas, sobretudo,
contemplar o valor estratégico da entrega da capacitação no contexto do DSI. Por
conseguinte, de acordo com a concepção de Rothwell & Kazanas (1998, p. 306), o plano
de gestão do DSI deve ser definido como forma de controle, revisão e manutenção das
várias fases do desenho instrucional. Assim, podemos compreendê-lo em termos da ação
circular que envolve três momentos: planejamento, agenda e controle.
106
Visto por esta perspectiva, o próprio plano de gestão do DSI pode ser objeto da avaliação
final da capacitação. Cabe ao planejador instrucional, além da realização da avaliação de
impacto, perguntar-se: como foi planejado e monitorado o DI? Como foi estabelecido o
sistema de controle? Ele foi efetivo? Ele contribuiu para a manutenção do projeto e o
alcance dos objetivos?
Planos Logísticos
Os planos logísticos envolvem a perspectiva do planejamento de
detalhes, que contribuem para a regularidade ou tranquilidade da
execução da capacitação. Dizem respeito aos materiais necessários,
equipamentos, espaços físicos, mobilização de profissionais, dentre
outros aspectos. Estes planos estão diretamente relacionados com a
operacionalização da capacitação. Embora instrumentais, os planos
logísticos não são dispensáveis, porque auxiliam a gestão de
elementos que efetivamente afetam a qualidade e os resultados do
processo de ensino-aprendizagem. Ambientes inadequados,
ausência de equipamentos, mobílias disfuncionais, aclimatação ou iluminação deficiente,
podem comprometer significativamente o sucesso da capacitação. A maior parte das
providências mais operacionais acontece, em verdade, em momentos preliminares à
realização do evento e, portanto, deve ser planejada tendo como base o próprio desenho
instrucional. Em alguns casos, é necessário inclusive prever aspectos como acesso ao
local de realização da capacitação, espaços em estacionamento e, não raras às vezes,
condições adequadas para portadores de necessidades especiais.
Entrega da Capacitação
A entrega da capacitação pressupõe os arranjos operacionais já mencionados, mas,
sobretudo, a execução do plano de ensino. Esta é uma fase em que a interação entre
coordenador de ensino, planejadores e docentes é fundamental (em alguns casos esses
papeis são desempenhados por uma única pessoa). As estratégias, métodos e técnicas de
ensino, estabelecidos no contexto do desenho instrucional, são levados à prática e devem
ser observados rotineiramente e cotejados, com intuito avaliativo, com os objetivos
instrucionais. A correção do plano de ensino é um procedimento de extrema importância
para a efetividade do ensino, caso sejam detectadas inadequações de estratégias, métodos
e técnicas. Portanto, a entrega da capacitação constitui também um momento de
implementação e avaliação da coerência e efetividade do DSI. Falhas na entrega da
capacitação prejudicam os objetivos traçados, assim como diagnósticos malconduzidos
na fase de análise comprometem todo o processo.
107
Operacionalização da Capacitação
O adequado, certamente, é a interação entre todos os atores, ainda que parte do serviço
seja adquirida no mercado, mas, em sua impossibilidade, é de extrema importância que
pelo menos a coordenação de ensino e os educadores possam manter a perspectiva global
do processo.
Para que estes fatores de sucesso sejam minimamente garantidos é necessário um sistema
de gerenciamento da capacitação. Este sistema compreende procedimentos-padrão de
verificação periódica das atividades de tal forma que os condutores do processo possam
justificar ou explicitar suas decisões.
108
Eis alguns aspectos que podem ser considerados em termos deste checklist desde a etapa
inicial da capacitação:
No entanto, essas listas são incapazes por si só de garantir a eficiência dos procedimentos.
É necessário que os coordenadores saibam analisar as condições preexistentes e os
recursos que precisam ser alocados.
Em outras palavras, a operacionalização não deve ser vista como ação autômata ou
irreflexiva, porque requer dos responsáveis por sua condução a capacidade de observar
as definições estabelecidas no DSI e fazer as perguntas certas sobre o que é necessário,
em termos de recursos e infraestrutura, para consubstanciar o processo de ensino.
109
Recursos que Concorrem para a Efetividade da Capacitação59
Recursos Condições Acadêmicas Condições Operacionais
Quanto tempo é necessário em Qual o tempo disponível dos
cada curso, módulo ou unidade estudantes: podem ser liberados por
para o estudante apreender o uma hora, meio período ou durante
conteúdo? todo o dia?
Há tempo suficiente para que o É possível estabelecer um contrato
docente possa planejar e fazer os ou acordo sobre o uso do tempo?
nivelamentos necessários para as O processo requer a repetição de
aulas? sessões? Como você lidará com o
Tempo
trabalho em turnos garantindo a
continuidade?
Há tempo suficiente para o
planejamento?
Aprendizagem experiencial requer
mais tempo que leituras, o que é
possível fazer no tempo disponível?
Os espaços são adequados para as Qual o grau de dificuldades para
atividades de ensino? reservar os espaços (salas,
Há a possibilidade de reserva de laboratórios etc.)?
Espaço espaços adicionais se Há flexibilidade para a
necessários? movimentação do mobiliário?
Qual o espaço ideal para a
capacitação?
O que é necessário (projetor, tela, O que é possível colocar no espaço
computador, vídeo, impressoras disponível? É possível equipamento
etc.)? de projeção, por exemplo?
Materiais Os recursos estão disponíveis ou O que pode ser providenciado para
você precisará adquiri-los? substituir materiais indisponíveis ou
inadequados para o espaço
existente?
Que capacidades são necessárias Que capacidades são necessárias
(referente aos conteúdos, (referente aos conteúdos, facilitação
Capacidades facilitação etc.)? etc.)?
(Expertise) Quais capacidades encontram-se Quais capacidades encontram-se
disponíveis? disponíveis?
Pagamentos de honorários são Serão necessários recursos
requeridos? financeiros para pagar pessoal de
Será necessária a compra de apoio, contratar especialistas,
materiais? comprar material, alugar salas e
adquirir outros recursos necessários?
Finanças Há recursos orçamentários e
financeiros? Há recursos orçamentários e
financeiros?
Qual o recurso financeiro disponível
e quem poderá prover o que ainda for
necessário?
59
Educator’s Resource: Integration of Best Practice Guidelines. Nursing Best Practice Guidelines Program
(RNAO, 2012, p.41). Disponível no sítio: http://www.rnao.org. Embora voltada para a área de saúde,
mais especificamente para a capacitação de enfermeiros, a publicação é uma fonte rica para exemplificar
os procedimentos referentes ao desenho e execução de cursos de capacitação.
110
A análise deste quadro reitera integralmente o plano logístico previsto dentro da fase de
implementação do DSI, inclusive no que se refere ao papel estratégico da gestão
operacional da capacitação. A fase requer a preparação da estrutura física e
administrativa, além da alocação dos recursos didáticos exigidos pela proposta de ensino,
de forma reflexiva e planejada.
Deste modo, a definição do local para o ensino deve ser compatível com a metodologia
utilizada na capacitação. Cursos que utilizam dinâmicas com a movimentação dos
aprendizes, ou a formação de equipes, devem ocorrer em espaços favoráveis de maneira
a preservar o bem-estar do aprendiz e potencializar o seu rendimento na aprendizagem.
Tem-se como pressuposto que a definição dos recursos didáticos necessários para cada
atividade, adequados à natureza do conteúdo, exige espaços adequados para que possam
ser aplicados. Da mesma forma, é importante verificar a disponibilidade dos próprios
recursos, pois eles podem não estar à mão no momento necessário.
Caso isso ocorra, e o professor não tiver acesso fácil a um projetor multimídia, por
exemplo, precisará ser orientado a buscar outras maneiras de apresentação que viabilizem
o cumprimento dos objetivos traçados. Isto é, na definição das estratégias, é importante
considerar a necessidade das adequações conjunturais.
Em suma, os coordenadores de ensino devem pensar o processo que conduzem e, por essa
razão, não podem, na melhor das hipóteses, distanciar-se da compreensão das fases do
DSI. O sistema de gerenciamento da execução, em verdade, deve contemplar todas as
fases do desenho e a análise da coerência entre elas.
Por esta razão, é possível encontrar na bibliografia especializada e nos manuais do ramo,
listas de verificação que não se restringem à mera checagem dos recursos mais
instrumentais60. Neste caso, o sistema de gerenciamento da execução contribui para o
processo avaliativo e o checklist faz indagações sobre fases preliminares do desenho
instrucional.
Exemplo retirado de uma publicação do Intrahealth International (2012) pode tornar essa
ideia um pouco mais clara. Para tanto, analise a lista de verificação que se segue.
60
Para abordagem sobre vantagens e desvantagens de recursos instrucionais e problemas com a logística
sugerimos consultar o livro Training for Dummies (Laird, 2003), particularmente os capítulos 10 e 12,
arrolado na bibliografia.
111
Checklist de Padrões de Ensino-Aprendizagem61
Área 1: Planejando as Intervenções de Ensino-aprendizagem
61
Adaptado de Training and Learning Standards: A checklist and Tool for Developing and Implementing
High-quality Training and Learning Interventions. IntraHealth International (2012). O título original da
lista de verificação é Training and Learning Standards Checklist. Optamos por utilizar a expressão
processo de ensino-aprendizagem por julgarmos que ela responde adequadamente, em língua portuguesa,
ao sentido que a expressão training and learning assume no texto.
112
Área 3: Preparando a Implementação das Intervenções de Ensino-aprendizagem
14. Preparativos logísticos para a intervenção são providenciados com antecedência
15. Recursos de aprendizagem (impressos, modelos, equipamento audiovisual, etc.) estão
prontos para o uso.
16. Um plano de seleção e preparação dos facilitadores é posto em prática.
113
Nota-se que esta lista de verificação responde de forma significativa ao conceito de gestão
da implementação prevista no DSI. Ela é, em verdade, mais que um checking pontual de
recursos. A linha de orientação, nesse caso, é justamente a verificação da coerência entre
os recursos necessários, objetivos almejados e estratégias delineadas.
No entanto, este procedimento, ainda que ideal e aconselhável, não impede a alternativa
de um sistema que atenda exclusivamente aos aspectos administrativos da execução. Por
conseguinte, é possível encontrarmos planilhas de controle restritas a essa dimensão.
Suas Anotações
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Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
115
Os Quatro Níveis de Avaliação de Kirkpatrick62
Segundo este modelo, a avaliação sempre deve começar pelo nível um e, em seguida,
dependendo da disponibilidade de tempo e orçamento, avançar sequencialmente pelos
níveis dois, três e quatro. As informações de cada nível anterior servem como base para
a avaliação do próximo nível. Portanto, cada nível sucessivo representa uma medida mais
precisa da eficácia do programa de capacitação, mas, ao mesmo tempo, exige uma análise
mais rigorosa e demorada.
Como o próprio termo indica, a avaliação nesse nível mede as reações dos participantes
ao programa de capacitação, buscando responder perguntas relacionadas às percepções
dos participantes, tais como:
Gostaram do curso?
O material era relevante para o seu trabalho?
Ferramentas de avaliação
Folhas de avaliação do programa
Entrevistas pessoais
Comentários dos participantes durante a capacitação
Capacidade do curso em manter o interesse do aprendiz
Percepção dos participantes quanto ao valor e à possibilidade de aplicação ao local
de trabalho
Este tipo de avaliação é barato e fácil de administrar, desde que se estabeleça a interação
com os participantes e a adoção de formulários impressos ou online.
62
Adaptado de Canada School of Public Service. Oficina de Compartilhamento de Bases Teóricas e
Abordagens Metodológicas em Desenho Instrucional. Módulo 9-2/5, que utilizou os textos: Winfrey,
E.C. (1999). Kirkpatrick’s Four Levels of Evaluation. Em B. Hoffman (Ed.), Encyclopedia of Educational
Technology.
116
Avaliação de Nível 2 – Aprendizagem
Este nível de avaliação vai além da satisfação do participante, tentando avaliar o grau de
evolução de suas habilidades, seu conhecimento ou sua atitude. A medição neste nível é
mais difícil e trabalhosa que no nível um. Os métodos variam de testes formais e informais
a avaliações e autoavaliações do grupo. Se possível, os participantes devem fazer um teste
ou avaliação antes da capacitação (pré-teste) e após a capacitação (pós-teste) para
determinar a quantidade de aprendizagem que ocorreu.
Ferramentas de avaliação
Testes individuais pré e pós-capacitação para fins de comparação
Avaliação de aprendizagem baseada em ação, como projetos baseados no trabalho
e representação de papéis
Observações e feedback por parte dos colegas, professores
Para muitos facilitadores, este nível representa a avaliação mais objetiva da eficácia de
um programa. Entretanto, a medição nesse nível é difícil, porque muitas vezes é
impossível prever quando a mudança de comportamento ocorrerá. Portanto, isso exige
decisões importantes em termos do que avaliar, com que frequência e como.
Ferramentas de avaliação
Testes ou pesquisas individuais pré e pós-capacitação.
Entrevistas pessoais.
Observações e feedbacks de terceiros.
Grupos focais para colher informações e compartilhar conhecimentos.
117
Exemplos de Análises Avaliativas após a Capacitação
63
No campo da capacitação profissional há uma clara tendência, defendida por muitos autores, de que os
estilos de aprendizagem impõem o desafio de prover meios para o ensino personalizado, donde surge a
concepção do aconselhamento ou coaching como alternativa mais efetiva frente o ensino tradicional.
118
Relação entre as Fases do DSI e os Quatro Níveis de Avaliação de
Kirkpatrick
É importante que você tenha sempre em mente que a avaliação não constitui um momento
estanque nem se situa necessariamente após a execução da capacitação.
Para tanto, pode buscar respostas para quatro questões essenciais, destacadamente durante
a fase do desenho instrucional:
Quais são os objetivos almejados (no ambiente do trabalho)?
O que os profissionais precisam fazer para atingir esses objetivos?
Que atividades ou experiências podem ajudá-los?
O que poderá motivá-los a aprender e agir (transferência do aprendizado)?
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Fases do DSI e Níveis de Avaliação
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Suas Anotações
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Desenho de Cursos e
Programas de Capacitação
Felicidades!
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Adaptado de Diagnóstico de Algumas Diretrizes para o Uso de Contratos de Aprendizagem (KNOWLES;
HOLTON; SWANSON, 2009, p. 287-290).
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Passo 2: Plano de Ação
Importante
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129
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131
Anexo I: Lista de Verbos Indicados para Objetivos do Domínio Cognitivo
Nível 1 Conhecimento
Nível 2 Compreensão
Nível 3 Aplicação
132
Nível 4 Análise
Nível 5 Síntese
Nível 6 Avaliação
133
Anexo II: Ciclo de Aprendizagem Vivencial (CAV)
O Ciclo de Aprendizagem Vivencial – CAV65 tem sua origem nos estudos do psicólogo
americano David Kolb.
Desse modo, Pfeiffer & Jones (1980) consideram que a aprendizagem vivencial
ocorre quando uma pessoa se envolve numa atividade, analisa a
atividade criticamente, extrai algum insight útil dessa análise e aplica
seus resultados. A aprendizagem pode ser definida como uma mudança
relativamente estável do comportamento. Um exercício estruturado
provê um referencial em cujo contexto o processo pode ser facilitado.
A partir desses conceitos, os autores criaram um modelo teórico que propõe um ciclo de
cinco fases, pelas quais passam o exercício estruturado de técnicas vivenciais, que, no
Brasil, são chamadas de Ciclo de Aprendizagem Vivencial – CAV.
Ressaltamos que o CAV deve ser aplicado numa sequência de fases que não devem ser
alteradas nem suprimidas: inicia-se com o envolvimento dos participantes em uma
atividade. Depois sucede-se o relato sobre a experiência, compartilhado por todos os
membros do grupo, a análise crítica e a discussão sobre o que aconteceu, para se
completar com as conclusões válidas e aplicáveis à vida real.
65
O texto referente a esse anexo foi adaptado de Sebrae - MG (2011, p. 60/62).
134
1ª Fase: Vivência
Por vivência caracteriza-se a atividade inicial, que pode ser: exercício estruturado,
simulação, dramatização, atividade de autoavaliação e interação interpessoal, dentre
outras.
Nessa fase serão gerados os subsídios, ou seja, os conceitos e técnicas a serem trabalhados
nas fases seguintes.
2ª Fase: Relato
Não conduzir o momento por meio da discussão livre pode facilitar o trabalho. Como as
pessoas estão em estágios diferentes de aprendizagem e, por conta disso, experimentam
de maneiras distintas a vivência, a discussão livre dificulta a troca espontânea e autêntica,
principalmente dos sentimentos, os quais normalmente se tem mais dificuldade de
expressar.
135
Enquanto conteúdo entendam-se aspectos gerais, e não apenas emocionais. É
um momento para contar as experiências e, inclusive, as emoções vivenciadas.
Não privilegie exclusivamente o esvaziamento das emoções; elas são parte do
processo, mas não são todo o processo.
3ª Fase: Processamento
Embora para os participantes a vivência tenha sido real, ela também é artificial, pois
acontece num processo de laboratório. A atividade foi pensada, estruturada e escolhida
para gerar um determinado efeito no grupo e provocar reflexões para uma aprendizagem
específica.
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4ª Fase: Generalização
5ª Fase: Aplicação
Nessa fase, os participantes devem descobrir o quê de prático pode ser feito com o que
foi aprendido: vivemos, compartilhamos, analisamos, comparamos e, agora, o que
faremos?
137
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Resumindo
O Ciclo de Aprendizagem Vivencial - CAV é um modelo teórico que busca explicar
como a aprendizagem vivencial se dá de modo a se tornar significativa.
Cada fase do ciclo tem um objetivo específico e elas não são estanques nem estáticas.
Elas compõem um processo dinâmico, complementar e interdependente, que deve ser
planejado como um conjunto, e não como fases separadas.
As duas últimas fases - generalização e aplicação-, dependendo da situação em estudo,
podem ser incluídas na fase de processamento.
A proposição das cinco fases de Pfeiffer & Jones contempla os aspectos referenciais
da aprendizagem vivencial: ação, emoção, reflexão, análise e ação transformada.
O facilitador pode propiciar ao grupo a oportunidade de percorrer esse caminho,
integrando as cinco fases num roteiro prazeroso e rico de significado, que tem como
destino a aprendizagem de todos.
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Para Fela Moscovici (1995), não se pode afirmar que o processo vivencial
é o melhor caminho para desenvolver a aprendizagem. Mas as
probabilidades de se chegar a mudanças nas áreas cognitiva e
comportamental tendem a ser maiores, tendo em vista a abordagem
conjunta de ideias, sentimentos e atitudes.
138
Anexo III: Do mestre com carinho... Uma lição de Peter Drucker
Quando ouvi "you've just arrived", na voz feminina e programada do GPS do carro, não
pude acreditar. Estava a poucos minutos de um sonho. Iria, finalmente, encontrar-me com
Peter Drucker (...).
Entrei na rua onde mora o professor e comecei a procurar pelo número. Somente me dei
conta de que estava bem diante da casa quando fui advertido pela máquina. Tudo muito
lúdico, muito mágico. O que eu não sabia é que a magia e as muitas surpresas daquela
noite estavam apenas começando. Havia uma razão para não reconhecer rapidamente a
casa. É que ela era simples demais para abrigar tamanha celebridade. Na garagem, um
Corolla preto batido. Depois de tocar a campainha, nada de empregados. Quem abre a
porta é um homenzarrão de óculos de lentes grossas, voz firme e doce sorriso, o próprio
pai da administração moderna: Peter Drucker.
Já sentado em sua sala, com livros por todos os lados, experimentei uma viagem de sonho.
Não há assunto que ele não trate com fluência: política norte-americana, novos
paradigmas dos negócios, gestão do conhecimento, altos salários dos executivos norte-
americanos, além de múltiplos temas sobre diversos países, como Brasil, Austrália, Japão
e China. O mais impressionante é que discorre sobre cada assunto com grande
profundidade.
Ao falar de Brasil, Drucker não se limita ao eixo Rio-São Paulo. Nem trata apenas dos
políticos de Brasília. Faz uma digressão sócio-antropológica e arquitetônica, ao afirmar
que nossa cultura "mediterrânea" resultou em cidades muito apinhadas, com casas
grudadas umas às outras, num movimento que lembra a faixa litorânea de países como
Espanha, Portugal ou Itália. Ainda que o País tenha grandes extensões de terras, não há
reflexo dessa abundância em sua arquitetura e seu perfil urbanístico (...).
Ao falar sobre a Austrália, não se limita a Sidney ou Melbourne, mas comenta também
sobre a importância do porto de Perth para o escoamento dos minerais da Austrália
ocidental.
O saboroso jantar teve entrada e prato principal, com bom vinho do Napa Valley, num
ambiente de elegante cortesia. Tudo montado carinhosamente pela esposa do mestre.
Doris é Ph. D. em Física e nem parece ter 92 anos. À mesa, a diversidade cultural nas
conversas despertou-me uma grata percepção: o mundo era algo bem diferente do que eu
imaginava.
Confesso que fiquei também intrigado. Afinal, eu pensara estar ali para aprender um
pouco mais sobre negócios e gestão. No entanto, acabara recebendo algumas aulas: como
receber bem, como ser feliz na vida a dois e como envelhecer com dignidade sem parar
de aprender. Ao deixar a casa do professor, recebi mais uma surpreendente e inesquecível
lição. Quero dividi-la com você, leitor. Já nas despedidas, perguntei a meu anfitrião:
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Fonte: Portal HSM On-line, 04/12/2007.
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- Professor, acreditei que o conhecia bem por sua obra, mas agora vejo que pouco sei.
Estou maravilhado com sua diversidade cultural e, confesso, não posso deixar sua casa
sem fazer uma última indagação: como é que o senhor consegue saber tanto, com tanta
profundidade, sobre tantos assuntos diferentes, de gestão empresarial a história das artes
orientais (matéria que Drucker leciona atualmente em Claremont)?
- Easy, Júlio, fácil, Júlio... Até já escrevi sobre isso. Quando eu tinha vinte e poucos anos,
resolvi eleger um tema, preferencialmente fora de minha área profissional, e estudá-lo a
fundo durante cinco anos. Hoje, com mais de 90, posso dizer que conheço relativamente
bem mais de 14 temas. Ninguém conhece tudo sobre um tema, mas é possível aprender
muito.
- Sabe Júlio, quando tomei essa decisão, há 70 anos, levava mais tempo para encontrar o
conteúdo do que para estudá-lo e absorvê-lo. Hoje, com a internet, grandes livrarias e
bibliotecas, recomendo que você eleja dois temas a cada três anos.
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