Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e Avaliação na
Educação Profissional
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 4
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................... 5
Introdução...................................................................................................................................... 7
Unidade i
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS............................................................................ 9
Capítulo 1
Fundamentos do planejamento......................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
Origem histórica e significado atual.............................................................................. 16
CAPÍTULO 3
Dimensões técnica e político-social
do planejamento............................................................................................................... 19
CAPÍTULO 4
O processo de planejamento.......................................................................................... 22
CAPÍTULO 5
Tipos de planejamentos educacionais............................................................................. 29
Unidade iI
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS................... 34
CAPÍTULO 1
Níveis do planejamento educacional ............................................................................ 34
CAPÍTULO 2
O planejamento em nível de administração dos sistemas de ensino........................... 38
CAPÍTULO 3
O planejamento no âmbito da instituição de ensino .................................................... 41
Unidade iII
A Avaliação Educacional............................................................................................................. 51
CAPÍTULO 1
Aspectos conceituais........................................................................................................ 54
CAPÍTULO 2
Funções da Avaliação...................................................................................................... 60
CAPÍTULO 3
As diferenciadas vertentes da avaliação....................................................................... 65
Unidade iV
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem........................................................... 72
CAPÍTULO 1
Procedimentos de avaliação
da aprendizagem .............................................................................................................. 72
Unidade V
Avaliação Institucional para a Melhoria da Qualidade do Ensino........................................... 90
CAPÍTULO 1
Conceitos e finalidades da avaliação institucional..................................................... 90
CAPÍTULO 2
Modelos avaliativos da educação básica e da educação superior........................... 98
Referências................................................................................................................................... 106
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
“O que fizer hoje é muito importante: porque você estará trocando um dia de
sua vida por isso.”
(GEORGE HERBERT)
O que fazemos ou nos propomos a fazer possui importância para nós e, de forma direta ou indireta,
para outrem. Planejar faz parte do nosso cotidiano. Planejamos nossos dias, nossos tempos, nossas
finanças e, dessa forma, conduzimos nossas vidas. Estamos sempre planejando, consciente ou
inconscientemente.
Um bom planejamento pressupõe avaliação objetiva, competente e justa. Associadas, essas funções
levam a uma melhor execução dos projetos sociais e econômicos – institucionais e individuais.
No setor educacional não é diferente. Do planejamento geral de uma escola surgem os planos de
curso, os projetos, os planos de aula que servem como diretrizes para o processo educativo. Por
meio do planejamento, o professor define a melhor forma de ministrar suas aulas e conduzir sua
turma, administra ou calcula o tempo necessário para a abrangência de cada atividade.
É preciso planejar sempre e bem para se alcançar o sucesso. Com os conteúdos aqui abordados,
esperamos ajudá-lo na sua importante função de planejador e avaliador de ensino.
O foco será a Educação Profissional de Nível Médio, por ser objeto de estudo deste curso.
Desejamos que os conteúdos aqui abordados, além de promover o conhecimento, suscitem sua
curiosidade e a busca de aprofundamento de estudos sobre o assunto. Lembre-se de que o seu
sucesso vai depender de sua dedicação e autodisciplina.
Utilize suas capacidades para que empreenda um estudo eficiente e eficaz a respeito da temática proposta.
Objetivos
»» Conceituar planejamento, destacando os seus aspectos básicos.
8
»» Identificar as bases legais do planejamento da Educação Profissional de Nível
Técnico.
Capítulo 1
Fundamentos do planejamento
Pense que, ao conduzir um automóvel, você está a todo o momento tomando decisões, ou seja,
mudando de faixa, ultrapassando, diminuindo a velocidade, buzinando para um pedestre que se
arrisca ao atravessar a rua. Para qualquer um dos movimentos, você teve um período de coleta de
dados, ou seja, olhou no retrovisor para saber se poderia mudar de faixa, ultrapassar, constatou
que os condutores a sua frente diminuíram a velocidade e, por consequência, você também o fez,
observou o movimento do pedestre que tinha intenção de atravessar a rua. Enfim, antes de tomar
uma decisão, existe um pequeno, médio ou longo período de coleta de dados, de modo que seja feito
um diagnóstico para ele. Nesse sentido, podemos dizer que planejamentos, mesmo de maneira
assistemática, ocorrem em nossas ações cotidianas.
11
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Prosseguimos convidando-o a fazer uma rápida revisão da trajetória das teorias da administração
associadas a diferentes formas de planejamentos, de modo a contribuir para o entendimento das
relações que existem entre a administração, a educação e os planejamentos educacionais.
Durante essa transição, teóricos como Tead, Miss Follett e Barnard (PADILHA, 2006) agregaram à
administração empresarial alguns princípios da Psicologia e da Sociologia. Esses teóricos entendem
que planejar é definir as políticas e os procedimentos do trabalho com foco na atuação do líder,
que deve desempenhar um papel na organização de maneira democrática ao compartilhar com as
pessoas envolvidas ações que se somem para atingir os objetivos definidos. Desse modo, consideram
todos da organização pessoas importantes na medida em que participam das tomadas de decisões
em um processo geral.
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PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
Há, ainda, a Administração por Objetivos (APO), conhecida como administração por resultados,
muito utilizada na educação, centrada em objetivos, no planejamento ou na estratégica de
corporação. Os objetivos, estabelecidos por posições de gerência, são apresentados aos subordinados
que devem se comprometer com as metas estabelecidas de maneira corresponsável. Ressalte-se que
os conceitos de Planejamento Estratégico e Planejamento Tático são oriundos dessa concepção de
administração.
Até o momento, relembramos algumas teorias da Administração que nos ajudam a compreender
a trajetória do planejamento. Nesse contexto, com o advento da sistematização das ações, o
planejamento tornou-se uma ferramenta essencial para tomada de decisões no campo empresarial,
governamental, educacional, entre outros. No século XX, o planejamento foi capilarizando-se à
medida que emigrou para todas as esferas e os setores da sociedade. Nesse sentido, tornou-se um
instrumento de suma importância para atividades humanas diversificadas.
Matinez e Lahone (1997, p. 11) ajudam-nos a compreender o que vem a ser planejamento:
Como vimos, com base no entendimento desses autores, o ser humano é um planejador em potencial
em virtude de que, ao propor ações, devem ter como base as reais condições para atingir os objetivos
propostos e, para tanto, necessitam de um processo de coleta de dados, diagnósticos, verificação dos
recursos, entre outros aspectos essenciais para que o planejamento seja efetivado. A esse respeito,
podemos extrair quatro grandes vertentes que embasam elementos da ação de planejar (MENEGOLLA;
SANT’ANNA, 1991, p. 19).
13
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Menegolla e Sant’Anna (1991, p. 21) também apresentam uma síntese do que requer um planejamento.
Como vimos até o momento, há uma lógica para a elaboração de um planejamento. Nesse contexto,
para o processo educativo, é fundamental que o planejamento seja dimensionado no presente e
em ações futuras de modo que não se afaste da problemática existencial, mas encontre soluções
para seus problemas. “[...] Portanto, é necessário planejar o processo educativo para que o homem
não se limite, mas se liberte, numa perspectiva dinâmica de ser para a vida [...]” (MENEGOLLA;
SANT’ANNA, 1991, p. 24).
14
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
3. Custo e Benefício Com base nos recursos disponíveis visando a maiores benefícios.
CONCEPÇÕES CARACTERÍSTICAS
Mayoista Visão horizontal, com ênfase nas relações humanas, na dinâmica interpessoal e grupal, na delegação de
autoridade e na autonomia.
Neoclássica/Por objetivos Pragmático, racionalidade no processo decisório, participativo, com ênfase nos resultados e na estratégia
de corporação.
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UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Burocrático Cumprimento de leis e normas. Visa à eficácia institucional do sistema. Enfatiza a dimensão institucional
ou objetivo.
Idiossincrático Enfatiza a eficiência individual de todos os que participam do sistema, portanto, a dimensão subjetiva.
Integrador Clima organizacional pragmático. Visa ao equilíbrio entre eficácia institucional e eficiência individual, com
ênfase na dimensão grupal ou holística.
Ênfase nas condições estruturais de natureza econômica do sistema. Enfatiza a dimensão institucional ou
Estruturalista
objetiva. Orientação determinista.
Ênfase na subjetividade e na dimensão individual. O sistema é uma criação do ser humano. A gestão é
Interpretativa
mediadora reflexiva entre o indivíduo e o seu meio.
ENFOQUES CARACTERÍSTICAS
É importante compreender que o planejamento não deve ter como foco o engessamento de
maneira definitiva das pessoas envolvidas no processo. Pense em um plano em que todos devem seguir
rigorosamente as ações previstas para o alcance dos objetivos. Como seríamos? Talvez pessoas
robotizadas, sem expressões e possibilidades de utilizar a criatividade e desenvolver competências
e habilidades.
É importante que se desenvolvam reflexões que considerem necessidades dos seres humanos e da
sociedade, respeitando-os e defendendo-os, configurando-se como ponto de apoio, de direção, de
ações norteadoras com foco na liberdade, no desenvolvimento do espírito crítico, na consciência de
viver e no autorrespeito de modo a contribuir para o desenvolvimento integral do ser humano.
16
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
Com base nessa definição destaca-se a abordagem racional e científica dos problemas, ou seja,
o processo de coleta de dados sistemático da realidade em que será aplicado no planejamento.
Desse modo, há possibilidade de se identificar os problemas, conhecer as possibilidades e as
disponibilidades de recursos a serem utilizados no plano e definir as prioridades para solucionar
essas dificuldades. A partir desse diagnóstico, a determinação dos objetivos que se deseja alcançar
ao final da execução do planejamento torna-se mais claro e consistente visto que está fundamentado
na realidade. Outro fator importante nessa etapa se refere aos recursos materiais e humanos que
estarão disponíveis ao longo do processo de execução.
Observe que até o momento foi compreendida a realidade, identificados os principais problemas e
as possibilidades de recursos para que os objetivos propostos sejam atingidos. Esse é um momento
crucial, no qual o planejador deve parar e refletir sobre as mudanças que serão provocadas no
cenário de desenvolvimento do planejamento, nas pessoas envolvidas nesse processo e o que a
execução do planejamento pode influenciar positiva e negativamente nesse contexto. A partir dessa
reflexão, o planejador deve definir metas e prazos com precisão e clareza.
Os próximos passos serão dados para a construção de ações que possam ser executadas nessa
realidade, com recursos materiais e humanos, espaços físicos e deslocamentos necessários entre
outras implicações, que possibilitem a execução e a avaliação de modo que verifiquem se os
resultados foram alcançados, ou seja, que retroalimente a correção de decisões futuras para atingir
os objetivos propostos.
Partindo desse ponto de vista, o planejamento pode ser aplicado sem restrições de tempo, espaços
educativos, pessoas envolvidas, recursos disponíveis, objetivos e metas. Planejar, portanto, é pensar
sobre aquilo que existe, sobre o que se quer alcançar, com que meio se pretende agir e como avaliar
o que se pretende atingir.
Para aprofundar seus estudos sobre o tema deste capítulo, sugerimos a leitura do
livro de: AZANHA, José Mario. Uma ideia de Pesquisa Educacional. São Paulo: Edusp,
1993: Brasil: 1956-1978. São Paulo: Cortez, 1981.
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CAPÍTULO 2
Origem histórica e significado atual
Nas civilizações mais antigas – Grécia, Egito, Roma, Peru, México, China – há exemplos de planos,
programas, projetos. Existiu um planejamento, evidentemente com características próprias da
época, para construção das pirâmides no Egito e no México, nas muralhas da China, nos aquedutos
romanos, nas obras civis de cidades antigas e também nas disputas militares que demonstravam
concepções estratégicas avançadas e complexas decisões logísticas.
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PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
A estrutura de divisão do trabalho nas fábricas proporcionou um aumento dos campos de trabalho,
porém, a especialização fez perder o sentido do todo produzido e, além disso, causou desperdício
em produtos malfeitos, excedente sucateado e perdido. Nesse contexto surgiu a necessidade de
racionalizar o trabalho para permitir uma melhor previsão e controle de todas as fases de produção
(ARANHA, 1996). O setor de planejamento desenvolveu-se, então, tendo em vista a necessidade de
estabelecer os diversos passos da execução do trabalho.
Nessa época, dois administradores, Taylor e Fayol traçaram as linhas mestras da administração
e dentro dela o planejamento. Eles fizeram isto colocando suas ideias em prática, observando,
levantando hipóteses, registrando os sucessos e os insucessos da nova prática administrativa.
Nesta análise, percebe-se que, como ação sistematizada, o planejamento tem uma origem liberal-
capitalista, pois surgiu no período da Revolução Industrial. A ideia teve início no campo da economia,
voltado, para o crescimento econômico, mas, gradativamente foi absorvido pelo campo das Ciências
Sociais. Atualmente, constitui-se como um campo teórico na organização das instituições de qualquer
natureza. Isso nos permite concluir que o planejamento deve ser entendido como uma atividade
relativamente complexa e que envolve fatores filosóficos, econômicos, sociais, políticos, culturais.
No Brasil, o planejamento evoluiu recebendo influências das teorias de outros países e essa prática
está impregnada nas mais diferentes áreas de atuação. Durante toda a evolução do planejamento
no Brasil, e até hoje, há uma forte dicotomia entre planejamento econômico e planejamento social.
19
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Na década de 1980, com o início da abertura política, buscou-se maior participação na elaboração
dos planos nacionais, por meio de consulta aos representantes de instituições sociais (órgãos de
Governo, entidades de classe, escolas, universidades, conselhos etc.). Com a reorientação política
do Estado, o planejamento voltou-se, também, para as prioridades sociais, visando à redução das
desigualdades.
Em todos esses períodos da história brasileira a educação é citada como medida de promoção social,
vista como importante elemento para o desenvolvimento do País, mas, nos planos, programas
e projetos governamentais prevalecem as variáveis econômicas na construção do modelo de
desenvolvimento do País. Apesar dessas disfunções do planejamento, ninguém mais (governo,
sindicatos, categorias profissionais, setores sociais) nega a necessidade da educação para o bem
comum da nacionalidade. A ideia é explicitada por todos, muitas vezes, surgem planejamentos
eficientes, mas nem sempre eficazes.
Pense no atual esforço que está sendo empreendido pelo governo para a expansão
da Educação Profissional. Você concorda com a decisão do Governo? Considera
a proposta viável? Aprova o planejamento proposto e a forma como está sendo
de implantado?
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CAPÍTULO 3
Dimensões técnica e político-social
do planejamento
A partir do fim da Segunda Guerra Mundial (1945), as grandes potências da Europa, Os Estados
Unidos e o Japão procuraram recuperar, rapidamente, os seus níveis de produção. Perceberam,
então, que necessitavam de profissionais preparados e de Know-how, sem o que surgiriam fortes
obstáculos para o novo crescimento. O planejamento de um novo modelo de educação e de ensino
apresentou-se como alternativa viável neste novo cenário.
Desta maneira, a educação passou a ser considerada não mais como um setor improdutivo, não
lucrativo, mas essencial para o crescimento econômico e, portanto, uma área de investimentos e,
assim, em muitos países, foi contemplada com a destinação de maiores recursos, desencadeando
uma expansão nas matrículas, principalmente em escolas secundárias e de nível superior. Vale
ressaltar que, muitas vezes, essa demanda pela educação estava atrelada às necessidades da
economia e a finalidade era exclusivamente a formação de mão de obra necessária para o mercado.
Por outro lado, havia a crença da população no valor social da educação, para ascensão individual e
profissional, ou seja, acreditava-se que na relação simples de que quanto mais escolaridade maior a
oportunidade no mercado de trabalho, modificando as relações entre escola e mercado, atribuindo
certo “poder” às instituições escolares.
Nas sociedades mais organizadas, a preparação para o trabalho é delegada à escola. Esta como
instituição social assume, assim, a distribuição dos saberes técnicos, da cultura científica, e, também,
de formação do educando de acordo com as orientações adotadas.
Nesse contexto, os benefícios sociais provenientes de uma educação formal tiveram suas raízes na
doutrina liberal que justificava a necessidade de reprodução da ordem econômica e social como
base do sistema capitalista.
No Brasil, muitos problemas surgiram para alcançar as metas estabelecidas nos planos setoriais
de educação, como: demanda por matrícula maior do que capacidade física instalada; orçamentos
insuficientes; capacidade administrativa limitada dos sistemas de ensino; falta de professores com
a formação adequada às novas escolas.
Em nosso País, a escola desempenhou o papel de adaptar o indivíduo às normas e aos valores
vigentes na sociedade por meio da reprodução cultural. Sob esse paradigma, desenvolveu-se e teve
primazia o planejamento como instrumento técnico capaz de organizar e de controlar o sistema
21
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
social e por consequência a escola, visando à produtividade e à eficácia por meio da divisão racional
das tarefas.
Em nível pedagógico, a divisão social do trabalho refletia-se no pressuposto de que uns detêm o
saber e outros não.
A escola assumiu o tecnicismo como lema e, assim, o planejamento passou a ser concebido como
um instrumento técnico e racional, privilegiando os meios e os processos que garantissem a
racionalidade técnica necessária ao crescimento e ao desenvolvimento do País.
22
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
Podemos, assim, concluir que o planejamento global da escola (a organização do trabalho pedagógico)
e o planejamento didático (das disciplinas, dos conteúdos, dos métodos) não podem ser tratados
isoladamente, de forma autoritária e compartimentada, nem dissociadas dos seus determinantes
políticos e sociais.
O planejamento não é uma função neutra. Trata-se de uma ação política, pois
se constitui num processo de tomada de decisões mediante definições políticas,
filosóficas da realidade social.
23
CAPÍTULO 4
O processo de planejamento
Até aqui, vimos que o planejamento se constitui em uma ação importante em qualquer administração.
Toda instituição, de forma competente ou não, utiliza um processo administrativo que consiste
na organização e no planejamento das ações. Esse planejamento não pode ser confundido com o
momento em que pessoas se reúnem para elaborar o Plano. O planejamento não tem só um momento,
mas vários. Ele começa com a proposta de elaboração e só termina do início do consequente.
Assim considerando, o planejamento é um processo contínuo e como tal possui etapas que podem
ser assim caracterizadas:
Assim, uma forma de abordagem no planejamento pode evidenciar-se mais eficiente e eficaz do que
outra.
Atualmente, o planejamento estratégico tem se distinguido dos demais devido à forma que utiliza
para abordar o processo enfatizando a análise do ambiente, criando a consciência de aspectos
importantes relativos ao cumprimento da missão; estabelecendo o propósito de direção que a
24
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos, procurando desenvolver
técnicas para facilitar o trabalho de conduzir a organização na melhor direção (FISCHMANN;
ALMEIDA, s/d).
Por esses motivos, selecionamos esta forma de abordagem para falar do processo administrativo da
organização e do planejamento das ações educacionais.
Planejamento estratégico
Consideramos como planejamento estratégico o esforço disciplinado e consistente, destinado a
produzir decisões fundamentais e ações que guiem a organização escolar, em seu modo de ser e de
fazer, orientado para resultados, com forte visão de futuro.
25
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Oliveira (1987) apresenta, de maneira esquemática, as seguintes fases básicas para a elaboração e a
implementação do planejamento estratégico.
»» Diagnóstico estratégico.
»» Missão da instituição.
»» Controle e Avaliação.
Lück (2000) apresenta as seguintes etapas do Planejamento Estratégico aplicadas nas instituições
escolares.
»» Pesquisa qualitativa.
»» Pesquisa quantitativa.
»» Objetivos estratégicos.
»» Plano operacional.
»» Estratégias.
»» Metas.
»» Planos de ação.
26
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
Ambos os autores chamam atenção para o valor apenas didático da divisão em etapas do
planejamento estratégico. Justificam-se ressaltando a complexa dinâmica e contraditória realidade
social, sob a qual o plano agirá de forma que não deve ser praticado linearmente, ou seja, uma etapa
e um aspecto de cada vez, de forma fragmentada. Assim, torna-se importante observar a interação
entre suas próprias etapas para que faça sentido mediante o contexto da realidade social da escolar.
“como se está” ou “onde está”. Esta fase é realizada por meio de pessoas
representativas das mesmas informações que analisam e verificam todos
os aspectos inerentes aos seus pontos fortes e fracos (análise interna) e às
oportunidades e ameaças (análise externa).
No que diz respeito à segunda etapa do planejamento estratégico, Oliveira (1987) diz:
[...] é a hora de analisar como chegar à situação que se deseja e, para isso,
deve-se explicitar o que fazer, para que a instituição se direcione ao alcance
dos propósitos de direção que deverá seguir, estabelecidos dentro da missão.
Considera instrumentos prescritivos no plano estratégico: objetivos, desafios,
metas, estratégias, políticas e projetos.
27
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
[...] a estratégia é uma forma de realizar uma política, daí porque é importante
a definição de missão, visão e valores. São os elementos básicos do plano que
imprimem significado a tudo o mais que nele se coloca. Sem elas para implicar
as ações, estas passam a ser meramente funcionais.
O estabelecimento dessa definição passa pela reflexão compartilhada e conjunta entre os membros
da comunidade escolar, incluindo os pais, sobre questões como:
Entre esses elementos básicos e o plano operacional são registrados os objetivos estratégicos, que
constituem uma listagem dos resultados esperados. Estes devem ter um caráter transformador e
não agregador. Por exemplo, tornar a estrutura escolar ágil e flexível.
Nessa perspectiva, o planejamento estratégico é utilizado no campo educativo à medida que orienta
os resultados propostos de modo que possa “[...] examinar a situação atual e a trajetória futura de
uma organização ou comunidade, definindo objetivos, desenvolvendo a estratégia para atingi-los e
avaliando os resultados” (OSBORNE; GAEBLER, 1995, p. 254). Independentemente de ser aplicado
em um ambiente escolar, compreender a sua importância é essencial para ações direcionadas ao
processo de aprendizagem.
Para que o planejamento cumpra efetivamente as suas finalidades, ele deve ser e eficiente e
eficaz. Um planejamento evidencia-se como eficiente quando é estabelecido considerando-se
as características (condições e possibilidades) e os indicadores de qualidade do que é planejado
e quando implantado, conforme o previsto; mostra-se eficaz quando provocam as mudanças, os
aperfeiçoamentos pretendidos.
Nesse sentido um planejamento pode ser eficiente e eficaz, mas também pode ser eficiente e não
ter a eficácia necessária. Um exemplo dessa diferença pode ser destacado com o planejamento de
28
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
uma aula ministrada. A finalidade do ensino (da aula) é a aprendizagem, o sucesso dos alunos.
O professor pode planejar o seu trabalho com muita técnica, com bons recursos tecnológicos e
ministrar a aula conforme o seu planejamento e com muita eficiência profissional. Mas, apesar de
tudo isto não consegue promover a aprendizagem de todos os alunos. Assim, podemos afirmar: o
planejamento do professor foi muito eficiente, eficaz para alguns alunos, mas não eficaz para outros.
Para ser considerado eficaz deve promover a aprendizagem de todos os alunos, sem exceção.
A mudança pretendida é mais bem assegurada quando é realizada uma avaliação diagnóstica e,
depois, no processo de implantação do planejamento é desenvolvido o acompanhamento, o controle
e a avaliação dos resultados parciais, reconhecendo, se necessário, erro/equívoco/desconhecimento,
ineficácias e a partir destes for construído novo significado.
29
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Mas, afinal, com que objetivo nós colocamos aqui as ideias básicas sobre o planejamento estratégico?
30
CAPÍTULO 5
Tipos de planejamentos educacionais
Como vimos, entre os anos de 1964 e 1985, os planejamentos eram centralizados e justificados
tecnicamente sem a participação dos educadores. O tipo de poder exercido nesse período desencadeou
uma grande resistência nos educadores, por considerá-lo uma prática autoritária.
Com o advento da democracia, a forma de planejar tem se modificado, tornando-se mais participativa,
mais democrática. Os planos e os projetos decorrentes tornam-se instrumentos básicos para ações
desenvolvidas em todas as dimensões educativas. Com isso, a diversidade de planejamentos
educacionais (planos e projetos) tomou uma dimensão de conceitos e aplicabilidade acompanhando
as mudanças referentes às concepções iniciais oriundas das teorias da Administração.
Para favorecer a compreensão da distinção entre vários tipos de planejamento, utilizados na área
educacional, apresentamos conceitos formulados por diversos autores que nos levam à reflexão
sobre a construção e a elaboração dessa ferramenta e que, em nossos estudos, serão descritos de
maneira adaptada em um quadro-síntese organizado com base em Padilha (2006).
31
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
que orienta a Educação, como processo dinâmico e integrado de todos os elementos que interagem
para a consecução dos objetivos, tanto os do aluno, como os da escola (MENEGOLLA; SANT’ANNA,
1993, p. 52).
PLANEJAMENTO ESCOLAR – “É uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades
didáticas, em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos, quanto
a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. É um processo de racionalização,
organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do
contexto social” (LIBÂNEO, 1992, pp. 221-222).
O Plano é um documento que registra o que se pensa fazer, como fazer, quando
fazer, com que fazer, com quem fazer. Para que exista o Plano é necessário
que um grupo tenha antes se reunido e, com base nos dados e informações
disponíveis, tenha definido os objetivos a serem alcançados, tenha confrontado
os objetivos com os recursos humanos e financeiros disponíveis, tenha definido
o período de realização das ações, enfim, tenha organizado o conjunto de ações
e recurso. O Plano evita o improviso, o imediatismo, a ausência de perspectivas,
pois ele antecipa, ele prevê (SOBRINHO, 1994, pp. 3-4).
32
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
PLANO REGIONAL (N, NE, SD, S e CO) – “Compõe-se das diretrizes regional para a educação,
selecionadas a partir das diretrizes governamentais, do diagnóstico da realidade educacional da
região, das propostas em execução no ano em curso e sua respectiva avaliação, visando à continuidade
ou não das propostas para solucionar os problemas encontrados, em ordem de prioridade, e dos
custos de manutenção e investimentos necessários a sua implantação” (SME/SP, 1992, pp. 14-15).
É comum em organismos regionais como SUDENE, SUDECO.
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE) – O PNE fixa diretrizes, objetivos e metas globais
para o conjunto e para cada segmento educacional em função dos desafios nacionais. Ele apresenta
o cenário desejado, o estágio e condições necessárias para o País. A sua efetivação, o seu alcance
depende de esforços próprios e coordenados de todos e de cada um dos entes federados. A definição
do plano nacional deve começar pelos planos municipais. A partir dos municípios são elaborados os
planos estaduais e, finalmente, consolidando os anteriores; integrando metas do sistema federal de
ensino e propondo outras iniciativas importantes e necessárias surge o plano nacional. Dessa forma,
o PNE “reflete a política educacional de um povo, inserido num contexto histórico. É desenvolvido
em longo, médio ou curto prazo” (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 1993, p. 48).
O PDI “é um documento mais global. Expressa orientações gerais que sintetizam, de um lado, as
ligações do projeto pedagógico da escola com os planos de ensino propriamente ditos” (LIBÂNEO,
1992, p. 225).
PLANO CURRICULAR – Define e expressa a filosofia de ação da escola, seus objetivos e toda a
dinâmica escolar, os quais fundamentam-se, naturalmente, na filosofia da Educação, expressa nos
planos nacional e estadual. A partir dele, é planejada, de maneira sistemática e global, toda a ação
escolar (MENEGOLLA; SANT’ANNA, 1993).
33
UNIDADE I │ PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS
Para que o diploma de um processo de habilitação profissional tenha validade, deve ser desenvolvido
conforme Plano do Curso elaborado pela escola e aprovado pelo órgão competente do correspondente
sistema de ensino – federal, estadual/distrital. Em uma escola do sistema federal, cada Curso
oferecido deve ter o seu Plano aprovado pelo colegiado maior da Instituição. Nos estabelecimentos
de ensino dos sistemas estaduais e nos municipais essa competência é do respectivo Conselho de
Educação ou por delegação deste a um determinado órgão da administração do Sistema de Ensino.
PLANO DE ENSINO – Plano de Ensino ou Plano de Unidades é a previsão dos objetivos e das
tarefas do trabalho docente para um ano ou semestre. É um documento mais elaborado, dividido
por unidades sequenciais, no qual aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento
metodológico (LIBÂNEO, 1992, p. 225).
São os planos de disciplinas, de unidades e de experiências propostas pela escola, por professores,
por alunos ou pela comunidade. Situam-se num nível bem mais específico e concreto em relação aos
outros planos. Eles definem e operacionalizam toda a ação escolar, configurada no plano curricular
da escola. São meios para dinamizar a Educação e o ensino, numa realidade escolar bem concreta, por
meio do processo de ensino. [...] Eles especificam os objetivos, os conteúdos, os recursos humanos
e materiais, os procedimentos e o processo de avaliação. Estes planos compreendem os planos de
disciplinas, de unidades, de aulas e de outras atividades ou experiências de ensino (MENEGOLLA;
SANT’ANNA, 1993, p. 49).
É um guia de orientação, pois nele são estabelecidas as diretrizes e os meios de realização do trabalho
docente. Como a sua função é orientar a prática, partindo das exigências da própria prática, ele não
34
PLANEJAMENTO: FUNDAMENTOS E CARACTERÍSTICAS │ UNIDADE I
pode ser um documento rígido e absoluto, pois uma das características do processo de ensino é que
está sempre em movimento, está sempre sofrendo modificações face às condições reais (LIBÂNEO,
1992, p. 223).
PROJETO – O projeto é uma antecipação. A utilização do prefixo ‘pro’ que significa antes, na
terminologia da planificação e nomeadamente nas noções de pro-jecto e de pro-grama,: o conteúdo
de um projeto não tem a ver com acontecimentos ou objetos ainda não verificados. Não se debruça
sobre fatos, mas sobre possíveis. Relaciona-se com um tempo a vir, com um futuro que constitui
uma antecipação, uma visão prévia (BARBIER, 1993, p. 49).
Esse tipo de projeto é desenvolvido quando se utiliza a metodologia de projeto como estratégia nos
processos de ensino e de aprendizagem. Você terá oportunidade de conhecê-lo melhor na disciplina
“O Exercício do Magistério – Metodologias de Ensino”.
No próximo capítulo, será apresentada uma abordagem mais específica sobre esses tipos de planos,
situando-os na esfera administrativa própria.
35
A PRÁTICA DO
PLANEJAMENTO
EDUCACIONAL Unidade iI
NAS DIFERENTES
ESFERAS
ADMINISTRATIVAS
CAPÍTULO 1
Níveis do planejamento educacional
Considerando que a educação é uma ação política e que se constitui em um poderoso fator de
desenvolvimento da sociedade, é preciso ser planejada. Neste sentido, são objetivos do planejamento
educacional, segundo Joanna Coaracy:
36
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS │ UNIDADE II
»» alcançar maior coerência interna na determinação dos objetivos e nos meios mais
adequados para atingi-los; conciliar e aperfeiçoar a eficiência interna e externa do
sistema.
Existe uma tipologia do planejamento educacional, classificando-o de acordo com o seu grau de
abrangência e complexidade, conforme apresentamos a seguir.
»» Planejamento de currículo
37
UNIDADE II │A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS
A seguir vamos comentar como o planejamento educacional deve ser estruturado pelos diversos
sistemas de ensino.
Tem-se como primeira norma planejadora para todos os sistemas de ensino, de qualquer nível e
modalidade, a observação do que estabelece a Constituição Federal Brasileira – CF. Não apenas
no que se refere à educação, pois a CF estabelece princípios e objetivos nacionais; regulamenta
os níveis de administração e declara as fontes financeiras para todos os sistemas. A Constituição
é considerada, então, uma peça administrativo/política importante, pois assegura que os vários
sistemas sociais e entes federados tenham as mesmas linhas mestras já devidamente integradas.
Após a Constituição, o Sistema Educacional tem como segunda etapa planejadora a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional e outras normas regulamentares, dela decorrentes. Cada Unidade da
Federação e os Municípios também dispõem de Constituição, de Leis Orgânicas que legislam sobre
assuntos de interesse da área e que precisam ser observados.
Assim, ao iniciar um processo de planejamento, é preciso ter claro quais são os princípios, as
finalidades, os objetivos definidos pela legislação para o Ensino de Nível Médio – propedêutico e
profissionalizante. Destacam-se, a seguir, os principais dispositivos da LDB referentes à finalidade
do ensino de nível médio:
[...]
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima
de três anos, terá como finalidades:
[...]
38
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS │ UNIDADE II
[...]
Como foi visto em capítulo anterior, o planejamento é um processo de tomada de decisão que
envolve análise, reflexão, previsão e ocorre, portanto, no nível mental. O registro dos resultados
dessas ações dá origem ao Plano que se constitui como instrumento de trabalho que detalha os
procedimentos que viabilizam e integram as diretrizes teóricas traçadas no planejamento.
39
CAPÍTULO 2
O planejamento em nível de
administração dos sistemas de ensino
Em nível nacional, o principal instrumento a ser observado é o Plano Nacional de Educação (PNE).
A partir do Plano Nacional de Educação são definidos outros planejamentos nacionais, específicos
das diversas áreas e níveis educacionais. Estes geralmente são expressos na forma de Programas.
Exemplos de Programas atuais: PRONATEC, PROUNI.
I – erradicação do analfabetismo;
Aos estados e municípios, compete também a construção dos seus respectivos planos: Plano
Estadual de Educação (PEE) e Plano Municipal de Educação (PME).
40
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS │ UNIDADE II
Segundo Valente (2001), quando da aprovação, pelo Congresso Nacional, o Executivo Federal, em
2000, desrespeitando toda a discussão realizada pela comunidade educacional, efetuou muitos
vetos. A maior parte dos vetos dispunha sobre a utilização de recursos, prazos e financiamentos para
a garantia do acesso à educação escolar e possível a inclusão dos cidadãos para a implementação
de metas a serem observadas pela União, pelos Estados e Municípios. Sem essas garantias, o PNE
transformou-se mesmo em mera carta de intenções, conforme análise feita pela CNTE.
O anteprojeto que trata do Plano Nacional de Educação para o atual decênio, ainda, está em
processo final de aprovação pelo Congresso Nacional. A proposta que está em análise resultou de
intensos debates ocorridos entre representantes da sociedade civil organizada e entidades da área
educacional. Esse processo ocorreu como deve ser: propostas municipais foram consolidadas em
cada unidade da federação correspondente e estas em nível nacional. Espera-se que os anseios ali
expressos sejam respeitados e que, também, possamos contar com Plano para o próximo decênio,
eliminando, assim, a atual lacuna.
41
UNIDADE II │A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS
Você participou dos debates ocorridos em sua Escola, em seu Município, em seu
Estado ou no Distrito Federal, em Brasília? Conheça a proposta do Plano ou quem
sabe o Plano já aprovado. Analise a parte que trata da Educação Profissional. Conheça
também o Plano de Educação do seu Estado (do Distrito Federal), do seu Município
e faça o mesmo.
42
CAPÍTULO 3
O planejamento no âmbito da
instituição de ensino
Reitere-se que todas as atividades de planejamento realizadas pela própria Instituição de Ensino
devem considerar as orientações e as diretrizes do planejamento em nível macro formalizadas pela
Constituição Federal, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação e legislação decorrente e as metas
dos Planos de Educação: o Nacional, o da Unidade da Federação e o Municipal, correspondentes à
região da escola.
»» Plano Escolar
»» Plano de Curso
»» Plano de Aula
43
UNIDADE II │A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS
Plano Escolar
O Plano Escolar surge como uma exigência legal quando a LDB no 9.394/1996 define que as
instituições de Ensino devem ter o seu funcionamento autorizado e avaliado pelo órgão próprio do
respectivo sistema de ensino.
Cada Sistema de Ensino estabelece, pelo seu Conselho de Educação, as normas relativas à
elaboração e apresentação do plano necessário para a criação e o funcionamento de uma instituição
de ensino. Geralmente essas normas incluem a explicitação de: finalidades, princípios, objetivos da
instituição; organização didático-pedagógica; perfil do corpo docente; organização administrativa;
infraestrutura física e instalações acadêmicas; normas regimentais.
Vale ressaltar que o nome dado a esse tipo de plano varia entre os sistemas de ensino, mas a
finalidade maior dele não varia.
A natureza desse documento é normativa, mas esse plano significa muito mais que um documento
burocrático para atender às exigências legais. É preciso compreender que a sua construção pressupõe
objetivos bem mais amplos, tais como as seguintes.
Esse Plano tem um caráter de longo ou, pelo menos, de médio prazo, isto é, ele ‘diferente de um
plano anual da escola. De acordo com as concepções da Comissão Técnica de Avaliação Institucional
do INEP que avalia cursos superiores,
44
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS │ UNIDADE II
Vejamos:
1. Toda instituição de ensino tem uma missão definida, quase sempre, pelo instituidor.
45
UNIDADE II │A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS
O objetivo geral indica o alvo principal, o ponto que se pretende atingir ao final
do processo. A partir do geral, os objetivos específicos determinam para e por
onde a instituição deve dirigir seus esforços. Esses são relacionados a aspectos
funcionais, a etapas que devem ser atingidas com a finalidade de alcançar o
objetivo maior.
46
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS │ UNIDADE II
»» Perfil do egresso.
»» Princípios metodológicos.
»» Processo de avaliação.
»» Práticas de EAD.
47
UNIDADE II │A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS
Essa fase é muito importante e será objeto de análise em capítulos específicos da próxima Unidade.
O PDI deve ser elaborado com a participação de todos os segmentos da comunidade escolar. É
necessário que no processo de construção do PDI se garanta a possibilidade do debate, da reflexão
coletiva de forma a explicitar a visão de mundo contemporâneo e o papel da escola em face da nova
conjuntura globalizada e tecnológica; a educação como componentes para a formação crítica do
futuro profissional e cidadão; a produção e a socialização dos conhecimentos na busca da articulação
entre a situação real e a desejada dos diferentes atos operacionais e administrativos, conceituais e
pedagógicos.
Para que o PDI explicite, de fato, a identidade da escola é preciso compreender que ele tem de
nascer dentro da instituição educativa, que a sua construção e sua execução devem ser de forma
coletiva e, ainda, que o ponto de partida para sua formulação é a reflexão e a análise da missão, dos
princípios, dos valores da comunidade interna.
Esse plano é pedagógico, porque discute o ensinar e o apreender num processo de formação, de
construção da cidadania, e não apenas de preparação técnica para uma ocupação temporal. E, por
isso, também é político, porque trata dos fins e dos valores referentes ao papel da escola na análise
crítica e transformação social e nas relações entre conhecimento e estrutura de poder.
Plano de Curso
48
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS │ UNIDADE II
distrital, se for o caso municipais, estabelecidas pelos Conselhos de Educação – Nacional e o estadual
ou municipal respectivo.
Finalmente, é preciso ficar claro que o projeto pedagógico de curso deve ser elaborado por todos os
envolvidos em cada curso e ainda deve dialogar com o projeto pedagógico institucional, de forma
a incorporar seus valores. O Plano do curso deve se pautar no PDI, ainda que esteja restrito a um
determinado curso, pois todas as ações e as decisões do curso deverão considerar o planejamento
mais amplo da escola, isto é, o seu planejamento institucional.
As diretrizes básicas estabelecidas pela legislação de nível nacional foram destacadas na disciplina
Fundamentos da Educação Profissional de Nível Técnico.
Autores como Moacir Gadotti, Ilma Passos Alencastro Veiga e Paulo Freire concordam que o projeto
pedagógico da escola é, por natureza, um projeto político, uma vez que não há ação pedagógica
que não seja política e que todo projeto pedagógico é voltado para uma ação transformadora. No
entanto, não excluem o qualificativo “político” da composição do termo, talvez para enfatizar que
o projeto pedagógico tem uma intencionalidade; para sempre lembrar que é político, pois toma
uma amplitude e significação de um projeto pedagógico que deve refletir o projeto de homem e de
sociedade que se quer formar.
Gadotti (2000) esclarece que todo projeto pedagógico é necessariamente político. O desdobramento
do nome do projeto educativo em político-pedagógico tem a finalidade de dar destaque à questão
49
UNIDADE II │A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS
política que está implícita no ato pedagógico. Com base nessa premissa, que não é apenas uma
questão semântica, o autor vai sustentar a afirmação de que o Projeto Político-Pedagógico não deve
contemplar apenas aos objetivos, metas e procedimentos que encontram no plano diretor de uma
escola, isto é, ficar apenas na esfera do instituído ou no cumprimento mais eficaz do instituído,
como defende o discurso oficial em torno da qualidade, e, em particular, a “qualidade total”.
Nesse sentido, o Projeto Político-Pedagógico deve tornar-se o instituinte. Para o referido autor,
não se constrói um projeto sem uma direção política, um norte ou um rumo. Assim, o projeto
pedagógico da escola nem sempre é um processo concluso, e a responsabilidade não é apenas da
direção da escola, levando em conta que numa gestão democrática a direção é escolhida diante do
reconhecimento da competência e da liderança de alguém capaz de executar o projeto.
Assim, a autonomia e a gestão democrática fazem parte da própria natureza do ato pedagógico da
escola, sendo que a gestão democrática na instituição escolar se torna uma exigência do seu Projeto
Político-Pedagógico, que deve ser construído de forma interdisciplinar, e essa construção deve ser
considerada o momento importante de renovação da escola.
Para Paulo Freire, o projeto pedagógico é um instrumento político da maior importância para a
autonomia da escola e para sua gestão coletiva. O autor acentua a dimensão política do projeto
pedagógico advertindo que “todo projeto pedagógico é político e se acha molhado de ideologia. A
questão, a saber, é a favor de quem, contra quê e contra quem se faz a política de que a educação
jamais prescinde.” (FREIRE apud LIMA, 2000).
Desta forma, podemos inferir que, no âmbito da escola, o Projeto Político-Pedagógico deve estar
sintonizado com a visão de mundo, expressa no paradigma de sociedade e de educação, garantindo
a formação global e crítica para os envolvidos no processo, como forma de capacitá-los para o
exercício da cidadania.
A tarefa de pensar esse projeto implica que a instituição reconheça sua história e a relevância de
sua contribuição, faça autocrítica e busque uma nova forma de organização de trabalho pedagógico.
Desta maneira, o processo de construção do Projeto exige reflexão acerca do conceito de educação
que a instituição defende e de sua relação com a sociedade, bem com reflexão aprofundada sobre o
homem a ser formado e sobre o mundo que queremos ajudar a construir.
Neste sentido, constitui-se num instrumento balizador para o fazer pedagógico e, consequentemente,
expressa a prática pedagógica da instituição e dos cursos por ela oferecidos, dando direção à gestão
e às atividades educacionais.
Esse Projeto deve ser definido anualmente e dele podem emergir outros menores e específicos
(subprojetos).
50
A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS │ UNIDADE II
Cada plano contém um tema central, detalhado em tópicos por assunto que devem ser organizados
considerando-se os objetivos e o desenvolvimento metodológico. Com essa organização são definidos
os conjuntos das unidades didáticas. Em curso profissionalizante, a definição correta das unidades
deve considerar o que se segue.
O plano de unidade difere do plano de curso, sobretudo em relação à sua especificidade. Os objetivos
são mais específicos, pois definem de forma clara e precisa os comportamentos esperados dos
alunos, e os conteúdos são muito mais pormenorizados, assim como as estratégias de ensino, os
recursos auxiliares, bibliografia e estratégias de avaliação.
Plano de Aula
O Plano de Aula caracteriza-se pela previsão pormenorizada das realizações diárias, visando à
efetivação da proposta global da disciplina e do plano do curso. Da mesma forma que o Plano ou
Programa da Disciplina, o Plano de Aula é resultante do planejamento do curso.
O trabalho docente é uma atividade intencional que requer uma estruturação que promova o
alcance dos objetivos determinados. É fundamental que, ao entrar na sala de aula, todo professor,
independentemente do nível de ensino, tenha uma proposta estruturada para a aula que pretende
ministrar. Até os mais experientes e aqueles que têm grande domínio do conteúdo não podem se
deixar levar pela improvisação.
51
UNIDADE II │A PRÁTICA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NAS DIFERENTES ESFERAS ADMINISTRATIVAS
Um ponto que necessita ser recuperado e reforçado no trabalho do professor é o do planejamento das
aulas que ele dá. A elaboração de Planos de Ensino, como tem sido feita, pode dar a falsa impressão
de que as aulas estão preparadas. No entanto, nem sempre isto é verdadeiro. A elaboração de planos
(objetivos educacionais gerais, instrucionais, conteúdos, estratégias e avaliação) não elimina o
preparo da aula em si.
São muitos os fatores que interferem na elaboração desse plano: a orientação da escola, as habilidades
do professor, a disponibilidade de recursos e de tempo. No entanto, segundo Gil (1997) existem
princípios norteadores da elaboração de plano de curso bastante aceitáveis, tais como:
»» prever tempo suficiente para garantir a assimilação dos conteúdos pelos alunos;
»» ser suficientemente flexível para possibilitar o seu ajustamento a situações que não
foram previstas;
O plano de aula não pode ser um documento rígido, absoluto, pois uma das características do processo
de ensino é a sua dinamicidade, tendo em vista a ação intencional e sistemática desse processo, não
se pode conceber a aula como uma atividade ao acaso, sem previsão, sem planejamento. Portanto,
planejar o ensino é uma ação do professor e visa ao direcionamento metódico e sistemático das
atividades a serem desempenhadas por ele junto a seus alunos para alcançar os objetivos pretendidos.
Finalmente, podemos concluir que a elaboração de planos de ensino, por si só, não assegura o
desenvolvimento de um bom ensino-aprendizagem, mas a sua prática contínua, como um processo
de organização, orientação, reflexão e avaliação da ação docente, possibilita ao professor aplicar, na
prática, o que aprendeu na teoria, ganhar experiência, adquirir novos conhecimentos ao lidar com
as situações concretas do ensino, criar e recriar sua própria didática.
52
A Avaliação Unidade iII
Educacional
Antes de iniciarmos nossos estudos sobre Avaliação do Ensino e Aprendizagem, pedimos que você
leia o texto a seguir.
Observe como ele nos leva à reflexão sobre a importância de percebermos as sutilezas que permeiam
o processo avaliativo.
Revoltado ou criativo
(Waldemar Setzer*)
Chegando à sala de meu colega, li a questão da prova que dizia: “Mostre como
se pode determinar a altura de um edifício bem alto com o auxílio de um
barômetro”.
Sem dúvida era uma resposta interessante e de alguma forma correta, pois satisfazia o
enunciado. Por instantes vacilei quanto ao veredicto. Recompondo-me rapidamente,
disse ao estudante que ele tinha forte razão para ter nota máxima, já que havia
respondido à questão completa e corretamente.
53
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
Passados cinco minutos, ele não havia escrito nada, apenas olhava
pensativamente para o forro da sala. Perguntei-lhe, então, se desejava desistir,
pois eu teria um compromisso logo em seguida e não tinha tempo para perder.
Mais surpreso ainda fiquei quando o estudante anunciou que não havia
desistido. Na realidade, tinha muitas respostas, e estava justamente escolhendo
a melhor. Desculpei-me pela interrupção e solicitei que continuasse. No
momento seguinte, ele escreveu essa resposta: “Vá ao alto do edifício, incline-
se numa ponta do telhado e solte o barômetro, medindo o tempo (t) de queda
desde a largada até o toque com o solo. Depois, empregando a fórmula h =
(1/2)gt2, calcule a altura do edifício”.
Perguntei então ao meu colega se ele estava satisfeito com a nova resposta e se
concordava com a minha disposição em conferir praticamente a nota máxima à
prova. Concordou, embora sentisse nele uma expressão de descontentamento,
talvez inconformismo.
Ao sair da sala, lembrei-me que o estudante havia dito ter outras respostas
para o problema. Embora já sem tempo, não resisti à curiosidade e perguntei-
lhe quais eram essas respostas. “Ah! Sim” – disse ele – “há muitas maneiras de
se achar a altura do barômetro.” Perante minha curiosidade e a já perplexidade
de meu colega, o estudante desfilou as seguintes explicações: “Por exemplo,
num belo dia de sol, pode-se medir a altura do barômetro e o comprimento de
sua sombra projetada no solo, bem como a do edifício. Depois, usando-se uma
simples regra de três, determina-se a altura do edifício”. “Um outro método
básico de medida, aliás bastante simples e direto, é subir as escadas do edifício
fazendo marcas na parede, espaçadas da altura do barômetro. Contando o
número de marcas, ter-se-á a altura do edifício em unidades barométricas”.
“Um método mais complexo seria amarrar o barômetro na ponta de uma corda
e balançá-lo como um pêndulo, o que permite a determinação da aceleração
da gravidade (g). Repetindo a operação ao nível da rua e no topo do edifício,
tem-se dois g’s, e a altura do edifício pode, a princípio, ser calculada com base
nessa diferença”.
“Finalmente” – concluiu – “se não for cobrada uma solução física para o
problema, existem outras respostas. Por exemplo, pode-se ir até o edifício e
bater à porta do síndico. Quando ele aparecer, diz-se: ‘Caro Sr. Síndico, trago
aqui um ótimo barômetro; se o Sr. me disser a altura desse edifício, eu lhe darei
o barômetro de presente”.
A esta altura, perguntei ao estudante se ele não sabia qual era a resposta
“esperada” para o problema. Ele admitiu que sabia, mas estava tão farto com
as tentativas dos professores de controlar o seu raciocínio e cobrar respostas
prontas com base em informações mecanicamente arroladas, que ele resolveu
contestar aquilo que considerava, principalmente, uma farsa.
* Extraído de MORETTO, Vasco Pedro. Prova – um momento privilegiado de Estudo – não um
acerto de contas. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.
54
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
O texto nos convida a uma reflexão sobre o processo avaliativo. Em primeiro lugar, chamamos a
atenção sobre a forma de elaborar uma pergunta. Se ela não for clara e precisa, permite muitas
respostas, todas “corretas”, embora diferentes das “esperadas” por quem perguntou. Em segundo
lugar, é certo que o contexto dá o sentido ao texto; assim alguém poderia argumentar que uma
resposta numa prova deve ser dada em função do contexto de ensino, isto é, de acordo com o que
o professor apresentou em aula. Seria o “contrato tácito” entre o professor e o aluno. Não estamos
totalmente de acordo com essa concepção, pois acreditamos que o processo de ensino tem finalidades
que ultrapassam os muros da escola.
Neste material em estudo, serão mostrados conceitos, fundamentos, princípios, tipos e funções
da avaliação. Inicialmente, a avaliação será vista no sentido amplo, como uma constante de todos
os momentos da vida humana e das atividades sociais, para depois, abstraída desse contexto, ser
analisada como parte integrante e indispensável do processo educacional.
55
CAPÍTULO 1
Aspectos conceituais
Paulo Freire
A avaliação é um processo incorporado em muitas atividades sociais e praticado de uma forma mais
sistemática, a partir de determinadas ideias e critérios.
Entre as áreas que utilizam a avaliação de forma criteriosa na realização de suas atividades e soluções
dos problemas destacam-se as seguintes.
»» A psicologia, utilizada para a habilitação de certas funções que recorrem aos testes
vocacionais e de habilidades.
56
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
No campo da educação, até alguns anos atrás, a prática de avaliação era mais conhecida como uma
atividade acadêmica, atrelada aos processos de ensino e de aprendizagem. Atualmente, são amplos
os processos avaliativos utilizados para atribuir um valor ou uma menção ao aprendizado das pessoas
e, em dimensões institucionais, para avaliar ações desenvolvidas em organismos governamentais e
não governamentais.
Vasconcellos, Tiné e Andrade (2007, p. 15) ressaltam que a avaliação educacional é uma categoria
de ação da Educação desdobrada em duas vertentes – a avaliação da aprendizagem e a avaliação
institucional.
A avaliação dos alunos, vista sob a perspectiva microscópica, é direcionada aos objetivos dos
processos de ensino e de aprendizagem, especialmente ao desenvolvimento de conhecimentos,
habilidades, atitudes, implementados pelos professores nos sistemas formais de ensino e em
diferenciadas situações de aprendizagem.
Quanto à avaliação em âmbito institucional, vista sob a perspectiva macroscópica, o seu objetivo
primordial deve estar relacionado à tarefa de revigorar as ações desenvolvidas de maneira contínua,
de modo a identificar elementos institucionais e sociais que facilitam ou dificultam o alcance dos
objetivos propostos. Mas, independentemente do foco a ser avaliado, o mais importante é: “mudar
o que precisa ser mudado, aperfeiçoar o que precisa ser aperfeiçoado, construir o que precisa ser
construído” (LOCATELLI, 2000, p. 137).
Com essa abrangência, a avaliação educacional compreende o avaliar dos fatos relacionados tanto
aos processos de ensino e de aprendizagem quanto às condições ou aos fatores que propiciam
realização desse processo pertinente à educação sistematizada.
A avaliação da aprendizagem tem, na realidade, duas faces de uma mesma moeda. Um lado, a face
formal, apresenta a dependência aos objetivos formulados, a evidência das técnicas de controle e
dos instrumentos. O outro lado, a face informal, compreende os objetivos implícitos, as normas
intuitivas e os julgamentos subjetivos que os professores fazem.
Cada professor avalia o rendimento do aluno de acordo com valores e tendências pedagógicas com
os quais concorda, e estes, obviamente, são fatores, muitas vezes, subjetivos e independentes dos
critérios formais de avaliação definidos pela instituição de ensino em que o profissional atua.
De um modo geral, deparamo-nos com o processo de avaliação em que o aluno é valorado apenas
quanto aos conteúdos ministrados ou solicitados no estudo das disciplinas, por meio de uma prova
ou um teste, não sendo levado em conta seu desempenho em outras demonstrações de aprendizado,
57
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
tais como: trabalhos de grupos, atividades em laboratórios e da sua trajetória de aprendizado, entre
outras atitudes de produtividade cognitiva que deveriam compor a nota.
»» elementos pessoais (cada professor tem uma visão pessoal e uma tendência
pedagógica e a implementa na avaliação);
Nessa perspectiva, a avaliação do aprendizado é vista como uma atividade implementada pelo
professor na qual o aluno é submetido a certas estratégias: exames, provas, testes, trabalhos. É
uma atividade fundada na necessidade de controle externo da aprendizagem e reduzida a critérios,
técnicas e instrumentos estabelecidos, geralmente, pela instituição de ensino. O julgamento
é unilateral, feito pelos professores, a classificação quantitativa, mediante notas que pontuam o
desempenho.
O rendimento do estudante é avaliado em relação ao que foi desenvolvido ou ensinado pelo professor,
não importando muito saber se o que foi ministrado foi transformado em conhecimento ou não
pelo aluno.
A avaliação desse modo implica escolhas de medidas e definição de critérios que explicitem as
expectativas de aprendizagem dos alunos, expressos nos objetivos, traduzidos nos conteúdos e
aspectos estruturais de cada unidade/sistema de ensino.
1 Adaptado de: ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação no cotidiano escolar. In: ESTEBAN, M. T. (org.). Avaliação: uma prática em
busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
58
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
marcante das interações estabelecidas e entra como confronto com uma estrutura pedagógica que
prevê e propõe o pensamento unívoco.
Nesta perspectiva, entende-se que o erro é resultado do desconhecimento, revelador do não saber
do aluno, portanto uma resposta com valor negativo. O erro deve ser substituído pelo acerto, que é
associado ao saber, este sim, “verdadeiro”, valorizado e aceito, portanto positivamente classificado.
Saber e não saber, acerto e erro, positivo e negativo, semelhança e diferença são entendidos como
opostos e como excludentes, instituindo fronteiras que rompem lições, delimitam espaços, isolam
territórios, impedem o diálogo, enfim, demarcam nossa interpretação do contexto e tornam opacas
as lentes de que dispomos para realizar leituras do real.
Seleção, classificação e hierarquia de saberes e de pessoas, marcas de um processo que faz das
relações dialógicas, relações antagônicas. Processo que gera práticas que dificultam a expressão
dos múltiplos saberes, negando a diversidade e contribuindo para o silenciamento dos alunos e
alunas – e por que não, de professores e professoras – portadores de conhecimento e atuações que
não se enquadram nos limites predeterminados: a semelhança e o acerto. As vozes dissonantes
são avaliadas negativamente, não havendo espaço, no cotidiano escolar, para sua expressão,
reconhecimento, indagação e fortalecimento.
A avaliação escolar, nesta perspectiva excludente, silencia as pessoas, suas culturas e seus processos
de construção de conhecimentos; desvalorizando saberes fortalece a hierarquia que está posta,
contribuindo para que saberes sejam apagados, percam sua existência e se confirme como ausência
de conhecimento.
Apesar de esta ser a prática dominante, pelo menos desde minha ótica2, a necessidade constante de
se discutir a avaliação pode estar indicando a compreensão, ainda que muitas vezes difusa, de que
a classificação é insuficiente. Para mim, tal insuficiência está em ter o silenciamento como o fio que
tece a relação entre “avaliar”, “corrigir” e “selecionar”.
A avaliação, que impede a expressão de determinadas vozes, é uma prática de exclusão na medida
em que vai selecionando o que pode e deve ser aceito na escola. A análise da prática pedagógica
mostra claramente que a avaliação como prática construída a partir da classificação das respostas
dos alunos em erros ou acertos impede que os processos de ensino e de aprendizagem incorpore a
2 Extraído de: ESTEBAN, Maria Teresa. Avaliação no cotidiano escolar. In: ESTEBAN, M. T. (org.). Avaliação: uma prática em
busca de novos sentidos. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
59
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
riqueza presente nas propostas escolares, o que seria valorizar a diversidade de conhecimentos e de
processos de sua construção e socialização.
O que leva o professor em alguns casos a refletir sobre a diferença em vez de simplesmente negá-la,
como frequentemente acontece na escola? Podemos levantar a hipótese que tal situação consegue
romper as barreiras e se colocar no campo do diálogo, de modo que, estando aberto ao outro, o
professor pode, apesar da surpresa, ou talvez como consequência da surpresa, refletir sobre o que
seu aluno diz e sobre a avaliação que ele mesmo havia feito.
Nessas situações cotidianas, às quais não damos maior relevância, podemos encontrar sinais de
ruptura com o discurso da classificação que vem dando sentido às práticas de avaliação. Ao dialogar
com o aluno, ainda que brevemente, e ao se dispor a aprender com ele, o professor desfaz muros e
restabelece laços.
Porém, como afirmei anteriormente, há muitos desses “casos”, que, sendo diferentes, possuem
aspectos comuns que nos permitem “classificá-los” como “histórias diferentes”.
Quero ressaltar a palavra “possibilidade”. Não há certeza de que construiremos práticas menos
excludentes na escola, mas podemos vislumbrar um movimento nesse sentido.
Esse conceito indica a existência de um espaço em que os conhecimentos estão em construção, sendo
estes, e não os conhecimentos já consolidados, que devem conduzir à prática pedagógica. Ressalte-se
a natureza coletiva, compartilhada e solidária do conhecimento, além da riqueza da heterogeneidade,
pois em cooperação os sujeitos revelam seus conhecimentos potenciais, desenvolvem novas
potencialidades, articulando um processo permanente de ampliação dos conhecimentos. Forja
novos olhares para o movimento de construção de conhecimentos, indica outros caminhos para os
processos de ensino e de aprendizagem, sinalizando uma perspectiva interessante para se repensar
a avaliação: o abandono da classificação dos conhecimentos já consolidados, e a busca dos processos
emergentes, em construção, que podem anunciar novas possibilidades de aprendizagem e de
desenvolvimento.
Põe o diálogo no centro dos processos de ensino e de aprendizagem e joga à luz sobre as pontes
que conectam os territórios artificialmente isolados. Substitui a interpretação unívoca, de natureza
60
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
excludente, que propõe a avaliação como um processo articulado pela distinção entre erro e
acerto, por uma orientação dialógica, que pressupõe inclusão e multiplicidade. A emergência da
multiplicidade de saberes permite o confronto e revela a ambiguidade que o processo de avaliação,
como prática de classificação, possui como atividade impregnada pela dinâmica e pelos valores
sociais. Dando visibilidade à ambiguidade, incorpora-a com um sinal de que as conclusões devem
ser relativizadas e continuamente interrogadas, de que é preciso procurar entender a lógica do
outro, de que a diferença sinaliza novas possibilidades.
Iluminar a multiplicidade de culturas que permeia o cotidiano escolar nos desafia a ultrapassar a
dicotomia entre norma e desvio subjacente ao antagonismo acerto e erro. Reconhecer a existência
da diversidade significa que os vários conhecimentos não são formas “aceitáveis” para se atingir ao
“verdadeiro” conhecimento; a diferença nos mostra que os resultados variados são conhecimentos
construídos a partir de óticas diferentes, articulando de maneira peculiar os fragmentos de
conhecimentos que cada um possui.
(ESTEBAN, 1999).
A leitura do texto de Esteban possibilita muitos outros diálogos e muitas outras possibilidades de
pensar a avaliação. Importante ressaltar o desentendimento conceitual de avaliação existente e
vivenciado pelos educadores.
Como vimos neste capítulo, a avaliação não deve se restringir à cobrança da assimilação de conteúdos
pelo aluno; deve compreender todos os outros fatos que ocorrem sistematicamente durante o
processo de ensino e aprendizagem.
61
CAPÍTULO 2
Funções da Avaliação
Percebe-se que há conceitos diferentes de avaliação ou, como vimos, há um desentendimento sobre
os fins da avaliação. Hoffmann (2003, p. 45) coloca que há uma diferença fundamental entre as
concepções de avaliação quando afirma que:
Essa autora (2003, p. 75) propõe uma avaliação mediadora e estabelece relações profícuas entre os
seus diversos tipos e nos aponta para uma distinção básica entre correção e coerção. Esclarece que
se pode aplicar a avaliação classificatória e a mediadora.
A classificatória para:
[...] corrigir tarefas e provas do aluno, [...] verificar respostas certas e erradas
e, com base nessa verificação periódica, tomar decisões quanto ao seu
aproveitamento escolar, sua aprovação ou reprovação em cada série ou grau
de ensino (prática avaliativa tradicional).
A mediadora para:
Nota-se que há maneiras diferentes de entender avaliação, que há um desentendimento sobre a sua
finalidade e que esse desentendimento gera ações diferentes, escolas diferentes, saberes diferentes.
62
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
[...] a avaliação é uma excelente oportunidade para que quem aprenda ponha
em prática seus conhecimentos e sinta necessidade de defender suas ideias,
suas razões, seus saberes. Também deve ser o momento no qual, além das
aquisições, aflorem as dúvidas, as inseguranças, o desconhecimento, se
realmente há intenção de superá-los. Ocultá-los é uma artimanha pela qual se
paga um preço muito alto em etapas posteriores ou no futuro.
O autor também alerta para a dualidade em torno dela, modos distintos de situar-se diante da
avaliação, seu significado e ideologias como mostrado no quadro, a seguir, que apresentamos com
algumas adaptações.
Quadro 2
63
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
Para que avaliar o grupo de alunos com quem vou trabalhar ou estou
trabalhando? As finalidades estão aliadas às características dos alunos. Quem
são eles? Qual a sua procedência (comunidade onde moram, escolas/cursos
já frequentados)? Qual a sua faixa etária? Por que estão nessa escola? Que
experiências de aprendizagem possuem? Que expectativas apresentam?
A análise das finalidades da avaliação é enriquecida pelas contribuições dessa autora (1995, p. 95)
sobre a dupla objetivos/avaliação. Segundo ela,
Quando se avalia, lembra-nos Villas Boas, é preciso saber por que vamos avaliar e qual ou quais as
finalidades dessa avaliação. A avaliação não pode ser considerada um momento estanque, isolado
do trabalho pedagógico da escola.
Avaliar, portanto, é um conceito mais amplo que o de testes e medidas, nos quais a avaliação, muitas
vezes, precisa recorrer para concluir o processo de avaliar, ou seja, para proceder a julgamentos
mais efetivos, de modo a valorar com significação uma decisão.
64
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional no 9.394, de 1996, em seu art. 24, Inciso V,
estabelece os critérios para verificação do rendimento escolar.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), a avaliação tem como foco ajudar
educadores a planejar a continuidade de seu trabalho, a partir das evidências acerca das reais
condições de desempenho dos alunos, de modo que contribua para desenvolver estratégias que
levem à superação de obstáculos.
65
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
Luckesi (1998, p.28), outro estudioso da avaliação, ressalta que o termo avaliar tem sua origem
no latim, na composição a-valere, que quer dizer “dar volta a”. O autor ressalta que o conceito de
avaliação é estabelecido a partir das decisões de conduta, ao se conferir um valor ou uma qualidade a
uma coisa, um ato ou um curso da ação, que, por si, sugere um posicionamento positivo ou negativo
em relação ao elemento ou ao caminho de atuação avaliado.
Portanto, a avaliação deve ser um instrumento que auxilia em longo prazo o processo
de aprendizagem e não um instrumento de aprovação ou reprovação.
É importante registrar que a avaliação, nesse sentido, deverá ser um processo dialógico e cooperativo,
por meio do qual os educandos e os educadores aprendem sobre si no seu decorrer.
Para saber mais sobre avaliação educacional, sugerimos a consulta ao site: <http://
portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=com_content&tas>. ndizagem
66
CAPÍTULO 3
As diferenciadas vertentes da avaliação
A avaliação é um sistema que tem grande importância no processo pedagógico porque permite:
»» facilitar o diagnóstico;
»» interpretar resultados.
Entretanto, para atender a essas funções, é essencial compreender a distinção entre as modalidades
de avaliação (diagnóstica, formativa e somativa) e da aproximação entre elas, na medida em podem
ser aplicadas ao longo do processo educativo sem perder de vista os objetivos propostos.
A avaliação diagnóstica (diagnóstico vem do grego diagnostikós) contribui para detectar o nível
em que se encontram os educandos. Descreve, classifica e determina o valor de algum aspecto do
comportamento do estudante. Implica uma metodologia de diagnóstico. Não deve ser posta de lado
em vários outros momentos da implementação do processo de ensino, pois pode ser necessária
quando o estudante, ao longo de sua trajetória, evidencia dificuldades de aprendizagem.
67
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
Em contrapartida, oferece ao educador elementos essenciais para subsidiar as ações que serão
desenvolvidas na execução do planejamento, além de evidenciar os obstáculos que se apresentarem
ao longo do processo de aprendizagem (VASCONCELLOS; TINÉ; ANDRADE, 2007).
A avaliação diagnóstica tem um papel importante na educação especial, utilizada para identificar,
discriminar e caracterizar as causas que dificultam as necessidades de aprendizagem do aluno
portador de necessidades especiais, para uma prescrição correta de atendimento. Nesse aluno, por
alguma razão, as condições de integridade não estão presentes para a aprendizagem normal
e satisfatória, o que implica diagnoses, anamneses e atendimentos especializados educativo-
-curriculares.
É importante ter claro, ainda, que a avaliação diagnóstica não deve ser utilizada por um longo
período, interferindo na implementação do plano de curso e na programação das atividades
didáticas, mesmo porque há outra modalidade de avaliação contínua – a avaliação formativa – que
pode bem sucedê-la e que possibilita a observação do progresso e da qualidade da aprendizagem
alcançada pelos estudantes.
A avaliação formativa, entendida como função de controle, caminha no sentido de indicar como
os educandos estão se modificando em direção aos objetivos propostos, ou seja, é processual ou de
desenvolvimento. Por se tratar de uma avaliação realizada no decorrer do processo de aprendizagem,
fornece constante feedback ao educador e ao educando, por estar incorporada ao ato do ensino
e, consequentemente, integrada na ação da formação. Desse modo, proporciona segurança e
confiança ao aluno, visto que fornece resultados imediatos decorrentes das etapas vencidas e das
dificuldades encontradas, aberta ao diálogo entre educador e educando. Além disso, a avaliação
formativa reforça de maneira positiva qualquer competência que esteja de acordo com os objetivos
previamente estabelecidos e permite ao próprio aluno analisar situações, reconhecer e corrigir seus
eventuais erros ao longo do processo de aprendizagem.
É a avaliação dita processual ou de desenvolvimento, que ocorre ao longo dos processos de ensino e
de aprendizagem. De acordo com Bloom e outros (apud TURRA e outros, 1985, p. 183), a avaliação
formativa busca basicamente identificar insuficiências principais em aprendizagens iniciais,
necessárias à realização de outras aprendizagens. Ela deve providenciar elementos para, de maneira
direta, orientar a organização do ensino e da aprendizagem em etapas posteriores de aprendizagem
corretiva ou terapêutica. Para esses autores, ela deve ser frequentemente adotada durante o ensino.
68
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
No que tange à avaliação somativa, que tem a função de classificar educandos ao final de cada
etapa do processo de aprendizagem, ela está embasada em níveis de aproveitamentos apresentados
que resultam em notas ou conceitos. Entendida como avaliação final, visto que ocorre ao final de um
processo de ensino-aprendizagem, também é considerada uma avaliação com função classificatória,
ao utilizar provas, testes objetivos, entre outros instrumentos que suscitem informações a respeito
do alcance de conhecimentos, objetivos, habilidades que integram a aprendizagem.
Como vimos, há distintas modalidades de avaliação, que são realizadas em diferentes etapas do
processo educativo e podem ter como foco testar, mediar e/ou avaliar, que, conforme Haydt (2006,
pp.289-290), significam:
TESTAR:
Mas os educadores devem ter em mente os limites de sua utilização, pois nem
todos os resultados do ensino podem ser medidos ou averiguados por meio de
testes.
MEDIR:
AVALIAR:
[...] julgar ou fazer uma apreciação sobre alguém ou alguma coisa, tendo
como base uma escala de valores. Assim, a avaliação consiste na coleta de
dados quantitativos e qualitativos e na interpretação desses dados com base
em critérios previamente definidos. Portanto, não é suficiente testar e medir,
pois os resultados obtidos por esses instrumentos devem ser interpretados
69
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
Embora haja complementaridade entre cada uma das partes, os significados de testar, medir e
avaliar são diferentes e devem fornecer informações essenciais ao educador, para aperfeiçoar seus
procedimentos didáticos, e ao educando, para verificar os aspectos que necessitam ser revisados e
aprofundados, de modo a alcançar os objetivos propostos.
As vertentes relacionadas às modalidades de avaliação têm por base uma perspectiva intencional e
discriminatória de verificação que tem por objetivo tornar a aprendizagem mais efetiva. Assim, as
três modalidades de avaliação estão intimamente relacionadas e, embora parciais, são indissociáveis
e significativas. Quanto à ênfase dada à avaliação como processo educativo, compreender a distinção
entre testar, medir e avaliar contribui para direcionar as ações de maneira a atingir os objetivos
propostos.
Analisadas as vertentes da avaliação e o seu reflexo sobre o trabalho educativo, cabe, agora,
questionar:
Partindo desse pressuposto, a avaliação deve retratar as diferentes diferenças que existem no
sistema educacional brasileiro.
70
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
Avaliar (do latim valere = ser digno) é separar as coisas dignas das coisas
indignas. A avaliação tem uma função vital. Se o corpo não fosse dotado de
uma função de avaliação, ele comeria de tudo, indiscriminadamente. O ato de
avaliar é sempre relativo a um sistema vital. Não existe avaliação em abstrato.
Quando se fala em avaliação, portanto, é preciso ter em mente o sistema de
valores em relação ao qual a avaliação é feita.
Cabe ressaltar que é preciso estabelecer uma filosofia que sirva de base para orientar o processo
avaliativo. Essa base definirá os objetivos, o planejamento e o método de avaliar. “Se o professor, ao
avaliar, opta por um paradigma instrumental, de dominação, ou adota uma concepção emancipatória
ou burocrática, isso é consequência da concepção que tem sobre o processo educacional”
(ENRICONE, 2000, p. 32).
Essa autora (2003, p. 75) nos ajuda a compreender a distinção entre avaliação
classificatória e avaliação mediadora:
71
UNIDADE III │ A Avaliação Educacional
Haydt (2006) também contribui ao afirmar que as funções da avaliação estão relacionadas,
basicamente, à verificação do alcance, pelo aluno, do objetivo proposto pelo professor. A autora nos
ajuda a compreender os principais propósitos da avaliação.
»» A quinta e última função da avaliação, descrita por Haydt, está direcionada para
a promoção dos alunos. Aqui a avaliação somativa tem seu lugar, visto que o aluno
entra no processo de classificação para ser promovido a uma nova etapa educacional.
Até agora, as teorias relacionadas à avaliação da aprendizagem contribuíram para que nos
aprofundássemos sobre os fundamentos e as vertentes da avaliação no que se refere às modalidades,
aos tipos, às características e às funções. Entretanto, tem um aspecto que necessita ser explicitado.
Trata-se da avaliação do projeto pedagógico.
A esse respeito, Grillo (2000) ressalta linhas de ações básicas da prática pedagógica que podem
auxiliar na reflexão pessoal e coletiva acerca dessa prática como um todo. Trata-se do ensino e
da avaliação como processos coerentes e da aprendizagem como um ato pleno de significado na
ampliação da autonomia do aluno.
A primeira ressalta que a aprendizagem significativa acontece a partir da relação que o aluno
estabelece entre uma nova informação de significados já existentes em sua estrutura cognitiva.
Menciona que “o objeto de aprendizagem deve caracterizar-se, portanto, pela relevância e por
possibilitar ao aluno novas construções” (GRILLO, 2000, p. 19). Nesse sentido, a avaliação não
pode ser reduzida a repetições, visto que a prática avaliativa necessita acompanhar o tempo de
construção do conhecimento do aluno e não se constituir em um acontecimento momentâneo.
A segunda, referente ao ensino e à avaliação como processos coerentes, reforça que toda ação
direcionada para o processo de aprendizagem do aluno deve estar clara para o professor, para que
esteja em conformidade com a avaliação proposta. Desse modo, é fundamental que haja definição
“precisa sobre a aprendizagem esperada, para, então, se definir o que e como avaliar” (GRILLO,
72
A Avaliação Educacional │ UNIDADE III
2000, p.21). Para se obter coerência entre ensino e avaliação há de se reconhecer a diversidade
entre as pessoas envolvidas no processo de aprendizagem e, embora no projeto pedagógico as ações
tenham sido apontadas, a autonomia e a criatividade devem perpassar a realidade no cotidiano.
A última linha básica da prática pedagógica volta-se para a aprendizagem como um ato de ampliação
da autonomia do aluno, direcionada no sentido de que o aluno deve refletir sobre suas ações e suas
decisões em situações simples e complexas, antes de seguir ordens dos docentes sem questioná-las.
Nesses casos, a avaliação deve acontecer a partir da proposta de novas situações ou dilemas que
exijam “posicionamentos críticos e decisões reflexivas” (GRILLO, 2000, p. 24).
Portanto, com relação à avaliação proposta no projeto pedagógico, a construção coletiva da avaliação
da aprendizagem e o monitoramento dessa avaliação requerem uma organização periódica dos
resultados obtidos pelos envolvidos no processo, de modo que seja viável o estabelecimento da
manutenção de atividades produtivas, a elaboração de novas atividades em detrimento de outras e
a extinção daquelas que não são frutos das práticas pedagógicas desenvolvidas ao longo do processo
de aprendizagem.
Para saber mais sobre as avaliações, sugerimos a leitura da seguinte obra: HOFFMANN,
Jussara. Avaliação: mito e desafio – uma perspectiva construtivista. Porto Alegre:
Mediação, 2003.
73
Técnicas e
instrumentos Unidade iV
de avaliação da
aprendizagem
CAPÍTULO 1
Procedimentos de avaliação
da aprendizagem
Aquele que sabe sem saber que sabe fica eternamente dependente daquele que
ensinou; poderá apenas mostrar seu saber, se isso lhe for solicitado. Em contrapartida,
aquele que sabe que sabe pode mobilizar seus saberes e seu savoir-faire, por sua
própria iniciativa, em função das situações diante das quais se encontra (MEIRIEU,
1998, p. 99).
A avaliação escolar é apenas uma etapa da aprendizagem, parte integrante de um momento maior
que é a construção do conhecimento. Portanto, é aconselhável ao docente que a desenvolva em três
momentos:
a. Planejamento – discutir o teor da avaliação, a maneira pela qual ela será elaborada,
os objetivos que precisam ser atingidos e listar atividades anteriores para que ela
mesma possa representar apenas uma parte do processo. É interessante que o
professor não chegue com nada pronto e que vá construindo junto com o aluno.
Assmann (1998) afirma que a educação deve ser estimuladora, de forma que todos os indivíduos
(alunos e professores) sintam prazer no ato de ensinar e de aprender. O conjunto de informações
apresentadas ao aluno só oportunizará a construção do conhecimento de forma prazerosa quando no
74
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
processo de interação houver a compreensão, por parte de ambos, de que as etapas da aprendizagem
foram seguidas.
Para criar um clima favorável a essa construção, o professor precisa de muita criatividade, pois
conquistar a atenção e o interesse do aluno não é algo muito fácil. Para Martinez (1997, p.9), “a
criatividade pressupõe uma pessoa que, em determinadas condições e por intermédio de um
processo, elabora um produto que é, pelo menos em alguma medida, novo e valioso”. O interessante
é que, para que seja considerado novo e valioso, o respaldo é dado pela comunidade, ou seja, o social
que irá validar ou não esse produto. O que reforça a necessidade de se promover a construção do
conhecimento de forma a atender a realidade do aluno, para que ele compreenda e, se necessário,
modifique a realidade em que vive.
Neste capítulo, a seleção e os instrumentos de avaliação serão discutidos com o intuito de contribuir
para que o professor universitário tenha a possibilidade de levantar dados sobre o aprendizado do
conteúdo trabalhado durante determinado período. Essa etapa é fundamental, pois servirá como
fonte de consulta para o desenvolvimento do trabalho pedagógico.
Haydt (2006, p. 296) menciona que, para avaliar o aproveitamento do aluno, há três técnicas.
Observe o quadro a seguir.
75
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
Gil (2008) corrobora com modalidades de avaliação aplicáveis ao Ensino Superior, ressaltando,
entretanto, que não tem a pretensão de apresentar técnicas e instrumentos definidos, visto que o
professor universitário adota estratégias de acordo com as variações e/ou adaptações da realidade
na qual está atuando. Nesse sentido, apresenta como técnicas as provas discursivas, objetivas,
práticas e orais.
“E é sempre melhor o impreciso que embala do que o certo que basta, porque o
que basta acaba, e onde acaba não basta, e nada que se pareça com isso devia ser o
sentido da vida”.
Fernando Pessoa
Atento às considerações dos autores, o professor terá mais subsídios para melhor adequar as
técnicas e os instrumentos de avaliação, de modo a atender aos objetivos previstos, aos conteúdos,
às estratégias e aos procedimentos de aprendizagem. Nesse sentido, optamos por descrever as
técnicas e os instrumentos mais utilizados.
Entrevista
Encontro combinado no qual é travada uma conversação mantida com alguém para obter dados e
informações. A entrevista é o instrumento de coleta para avaliação. É uma técnica mais simples e
direta de conhecer e ajudar o estudante no desempenho escolar. Na maioria das vezes, a entrevista
é auxiliar da observação após ter sido detectado nela um problema específico que ocasione dúvida.
Como finalidade direta, a entrevista pode ser utilizada para saber como o estudante se sente na
escola, como ocupa seu tempo em casa ou para discutir sobre um determinado problema.
Subsídios prévios como cadastros, diários, boletins e informações diversas sobre o estudante auxiliam
a elaboração de um roteiro pertinente e ajudam o professor a entender melhor o entrevistado.
A entrevista deve ocorrer em tom amigável com o entrevistado e a linguagem deve ser clara e
objetiva, à altura do seu nível de compreensão.
Observação
Técnica utilizada especialmente para as atividades de laboratório e externas ao ambiente de sala de
aula, com pequenas turmas e em disciplinas práticas. Do latim observare, constitui ato ou efeito de
olhar atentamente, examinar, analisar, verificar. Quem observa olha, vê, nota e vigia, prendendo sua
atenção à realidade apresentada: é o observador. Aquele que tem como encargo fazer observações
76
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
Tomando por base esses dois campos de necessidades da técnica de observação como instrumento
de coleta de dados e informações, podemos considerá-la como um processo de avaliação de exigência
permanente. Em ambos, é exigida do observador uma atenção contínua sobre todos os aspectos.
A técnica de observação exige certas habilidades, tais como saber ver e saber ouvir. Ver e ouvir
precisam ser interpretados, a partir de uma rede de significados. A observação está sujeita à
subjetividade de quem vê e ouve (as descrições do sujeito mesmo em situações discretas podem ser
tendenciosas), no caso, a do professor que está sujeito a erros de percepção.
Por essa razão, não se deve fazer julgamentos e tirar conclusões apressadas.
A observação nos processos de ensino e de aprendizagem pode partir de uma situação planejada
ou não. Naturalmente, em termos de avaliação, ela deve ser sistemática, portanto, planejada, o que
implica técnica científica de coleta de dados.
Outro exemplo de observação formal: o professor solicita aos alunos que operem o aparelho e checa
se realizaram todos os procedimentos necessários, na sequência correta.
77
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
O professor pode usar a observação formal, isto é, criar uma situação x para observar o aluno, porém
deve fazê-lo da forma mais discreta possível, para que ele não perceba que está sendo avaliado.
Em uma situação que não a da Educação Especial, a observação visa a pesquisar as características
individuais e grupais dos estudantes, tendo em vista identificar fatores que influam na aprendizagem
e no estudo de certos conteúdos e, na medida das possibilidades, modificá-los.
Para obter dados e informações que permitam um melhor conhecimento dos estudantes
individualmente e da classe como grupo, para melhorar os processos de ensino e de aprendizagem,
o professor deve ter uma atitude criteriosa, ou seja, apenas tirar conclusões após observar os
estudantes em várias situações, de forma que o resultado da observação não seja mera opinião, mas
uma avaliação fundamentada.
Apresentamos, a seguir, uma lista de comportamentos que podem auxiliar o professor na tarefa de
observação. Caso necessite fazer uma avaliação mais sistemática de alguns alunos, poderá destinar
uma lista específica para registrar a observação para cada um, em vez de utilizá-la apenas para a
turma ou grupo de alunos. Cada vez que observa esse estudante, em específico, ter, por exemplo, para
cada item uma tabela de conceituação justaposta que pode ser: sempre, quase sempre, raramente;
ou muito bom, bom, satisfatório, insatisfatório.
Dependendo da forma como esteja entrelaçado aos objetivos da observação, seus resultados não
devem ser convertidos em notas nem repassados diretamente aos alunos. Sendo de uso exclusivo
do docente, podem ser utilizados para dar atenção a determinados estudantes, para cotejá-los com
outros professores, conversar com os pais, os responsáveis ou o coordenador, ou para pedir ajuda ao
orientador de ensino. Itens que podem ser objeto de observação (LIBÂNEO, 1990, p. 215):
»» Presta atenção nas aulas e no »» Tem facilidade em fazer amizades. »» Tem interesse e disposição »» Mantém em ordem
trabalho independente. para o estudo. seus pertences (livros,
»» É leal e sincero com os outros.
cadernos etc.).
»» É persistente na realização das »» Resolve suas próprias
»» Respeita os colegas e o professor.
tarefas. dificuldades. »» Cuida da higiene pessoal
»» Tem espírito de solidariedade e (roupas, cabelos, unhas
»» Tem facilidade de assimilação da »» É responsável em relação às
cooperação. etc.).
matéria. tarefas de estudo.
»» Observa as normas coletivas de »» Tem presteza para iniciar
»» Demonstra atitude positiva em »» Controla sua emoção e seu
disciplina. as tarefas.
relação ao estudo. nervosismo.
»» Coopera com professor e os colegas »» Apresenta as tarefas no
»» Tem facilidade de expressão verbal. »» Tem iniciativa.
nas tarefas. prazo solicitado.
»» Lê e escreve corretamente. »» Faz uma imagem positiva de
»» Tem boa postura do
suas próprias habilidades.
»» Tem pensamento criativo e corpo.
independente. »» É bem humorado e alegre.
»» Tem boa disposição
»» É expansivo e espontâneo. física e aparenta boa
saúde.
»» Tem hábitos de
urbanidade e cortesia.
78
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
Autoavaliação
Apreciação realizada pelo próprio estudante. Nos processos de ensino e de aprendizagem, é utilizada
pelo professor para captar dos alunos a percepção que têm do seu processo de aprendizagem,
das suas atitudes e do seu comportamento em relação ao professor e aos colegas de turma, além
de fornecer informações acerca dos próprios avanços, limites e necessidades do seu processo de
aprendizagem (HAYDT, 2006).
Prova
As provas e os testes são os instrumentos mais conhecidos e mais utilizados pelos professores para
avaliar os resultados da aprendizagem, proporcionando medidas diretas de muitos resultados da
aprendizagem e evidências indiretas sobre outros. Verificam a quantidade de rendimento que o
aluno apresenta.
As provas variam em sua forma: umas podem ser bem-estruturadas, quando são organizadas como
um teste objetivo (as provas objetivas oferecem estímulos para os quais geralmente só existe uma
resposta correta); outras são constituídas de questões abertas ou itens de dissertação, oferecendo
estímulos tais que permitam ao aluno apresentar respostas corretas segundo seu ponto de vista
argumentativo; outras combinam essas duas formas.
A prova não é um momento final para medir a retenção de conteúdo; ela é apenas um segmento,
uma parte dos processos de ensino e de aprendizagem que sinaliza ao professor e ao aluno o
desempenho momentâneo conquistado por ambos. Quando se chega a esse grau de maturidade, a
educação torna-se mais estimuladora.
No processo de mensuração de resultados, o erro costuma frustrar tanto professores quanto alunos.
Morales (1998, p. 56) diz que “os alunos devem sentir-se livres para errar e aprender com seus erros”.
Se errando também se aprende, é necessário que o professor veja no erro uma tentativa de acerto e que
a sua maneira de conceber uma resposta pode não ser a única.
Todos nos esforçamos por evitar erros; e deveríamos ficar tristes ao cometer um
engano. Todavia, evitar erros é um ideal pobre; se não ousarmos atacar problemas tão
difíceis que o erro seja quase inevitável, não haverá crescimento do conhecimento.
De fato, é com as nossas teorias mais ousadas inclusive a que são errôneas, que mais
aprendemos. Ninguém está isento de cometer enganos: a grande coisa é aprender
com eles.
Karl Popper
79
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
Analisaremos, a seguir, alguns tipos de provas, com o objetivo de que o docente universitário possa
variar a maneira de avaliar, bem como de fazer provas criativas e interativas.
Tipos de provas
Prova oral
Instrumento utilizado para averiguar a capacidade reflexiva e crítica do estudante. Tem a função
de avaliar conhecimentos, opiniões, atitudes, habilidades de expressão oral do aluno. Aplicada em
estudos de línguas, em cursos em que a oratória é essencial para o bom desempenho profissional,
como os cursos para entrevistadores, intérpretes ou defensores, a prova oral apresenta como
desvantagens a limitação de tempo e o fato de ser transversalizada pela subjetividade do professor
ao julgar e atribuir notas.
Mello apresenta normas didáticas imprescindíveis para organização e condução de uma prova oral
(Disponível em: <www.cewk.pbwiki.com>).
»» Receber o aluno com atitude simpática e acolhedora, para que ele não fique inibido
ou atemorizado.
»» Manter um diálogo vivo com o aluno. O professor deve tomar cuidado para não se
entusiasmar com o assunto e acabar fazendo a prova pelo aluno.
»» Registrar o valor das respostas simbolicamente, isto é, por convenções, para não
perturbar o aluno.
Prova escrita
Consiste em um instrumento de medida que pode se apresentar nas modalidades dissertativa e
objetiva.
A prova dissertativa é um instrumento muito utilizado em virtude de fornecer dados acerca das
habilidades intelectuais relacionadas à capacidade do aluno de analisar, sintetizar e organizar suas
ideias com clareza e precisão, de modo a descrever o seu entendimento sobre o tema questionado
(HAYDT, 2006).
80
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
A dissertação deve ser adotada quando se quer verificar a compreensão global, por meio de raciocínio
interpretativo.
Os itens das questões, incluídos os enunciados, podem, então, recorrer a comandos do tipo: comente,
explique, resuma, avalie, defina, compare, contraponha, descreva. A elaboração desse tipo de prova
requer:
É importante atentar para a formulação das questões, se contém a instrução ou ordem. É necessário
utilizar na formulação da questão, de acordo com o objetivo, verbos de ação suficientemente
definidos.
Expressões do tipo “fale sobre, escreva sobre” ocasionam respostas muito abertas, ou mesmo
simples. Enunciado do assunto gera dificuldades tanto de entendimento por parte do estudante
quanto de julgamentos bastante subjetivos da resposta do estudante por parte do professor.
O número de questões de uma prova dissertativa deve ser pequeno, não ultrapassando 10 itens. As
respostas dissertativas, dependendo do objetivo, podem variar de uma ou duas frases até algumas
páginas. Importante lembrar, também, que, assim como as formulações das questões, as respostas
são relativamente livres.
Vale ressaltar que “[...] ao se elaborar uma prova dissertativa, pode-se fazer uma chave de correção,
que consiste num resumo ou esquema contendo os principais aspectos a serem abordados em cada
item, definidos sob a forma de tópicos e subtópicos” (HAYDT, 2006, p. 304). Nesse sentido, o
professor terá critérios bem-definidos para avaliar todas as provas realizadas pelos alunos.
»» A quarta prova, feita em casa, permite que o aluno realize avaliação preservando
o seu ritmo. Pode ser aplicada em situações que necessitam de consultas externas,
como a elaboração de monografias, de resumos de livros, de resenhas etc.
81
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
RELACIONAR OU Exige apenas recordação, sendo uma forma simples de resposta livre.
ENUMERAR
ORGANIZAR Exige a lembrança de fatos, mas de acordo com determinado critério (cronológico, importância crescente, causa e
efeito etc.), sendo mais complexo que o anterior. Nesse caso, os elementos devem ser dispostos de forma a assumir
uma estrutura.
SELECIONAR Requer uma escolha fundamentada em normas de julgamento ou apreciação. A resposta exige avaliação, mas de
natureza simples, de acordo com um critério preestabelecido.
DESCREVER Solicita a exposição das características de um objeto, fato, processo ou fenômeno.
ANALISAR Exige uma análise em que o aluno expõe ideias e fatos, questiona, apresenta argumentos a favor e contra e
estabelece o relacionamento entre eles. A resposta requer estruturação cuidadosa e propicia diferentes abordagens
do problema, sendo mais que uma simples descrição.
DEFINIR Requer que se enunciem os atributos essenciais e específicos de um objeto, fato, processo ou fenômeno, indicando
as categorias a que está associado. O aluno não deve repetir as definições contidas nos livros-textos, mas usar as
próprias palavras.
EXEMPLIFICAR Requer a confirmação de uma regra ou a demonstração de uma verdade. Exige aplicação do conhecimento
aprendido. O aluno deve não apenas apresentar definições e enunciar leis e princípios, mas aplicar o conhecimento,
dando uma contribuição pessoal.
EXPLICAR Requer que se elucide a relação entre fatos ou ideias. A ênfase da questão deve recair na relação de causa e efeito.
COMPARAR Exige uma análise simultânea de objetos, fatos, processos ou fenômenos, para determinar semelhanças e diferenças
e indicar relações. A resposta requer planificação e organização de ideias. O item pode ser enunciado de várias
formas, sem necessariamente usar o termo comparar, solicitando a apresentação de vantagens ou desvantagens,
semelhanças ou diferenças.
SINTETIZAR Solicita que se faça um resumo, isto é, que se exponha de forma concisa e abreviada uma ideia ou assunto,
apresentando seus aspectos essenciais.
ESQUEMATIZAR Exige uma organização do assunto em tópicos e subtópicos, dando ênfase às funções e às relações entre os
elementos. Consiste em analisar o significado de palavras, textos e ideias ou compreender as intenções de um autor.
A influência da memória é praticamente nula, pois a resposta exige basicamente capacidade de compreender e
realizar inferências.
CRITICAR Exige julgamento e análise crítica. O aluno deve avaliar ideias, textos, livros, tendo por base padrões ou critérios para
proceder a uma análise crítica.
A prova objetiva caracteriza-se pela brevidade e pela exatidão das respostas e pela facilidade
de correção. Apresenta diferentes tipos de questões que podem ser adequadas às necessidades
do professor universitário, tais como: de lacuna, certo ou errado, múltipla escolha, associação,
ordenação, de complementação, verdadeiro ou falso.
Conforme mencionamos, o item de prova objetiva pode ser elaborado de diferentes formas.
Construir testes objetivos é um processo difícil, pois requer conhecimento, habilidade e técnica.
É facilitado quando obedece ao plano da prova, de modo a garantir uma amostra suficiente dos
conteúdos estudados e uma distribuição equilibrada de questões.
Para elaboração de itens de uma prova objetiva, o professor necessita tomar muitas decisões.
A primeira diz respeito à modalidade de avaliação – diagnóstica, formativa, somativa –, e à
complexidade das questões – fáceis, médias, difíceis – que devem ser bem-distribuídas.
82
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
Outra decisão a tomar é quanto ao tipo de questão. Nem todos os tipos se prestam para avaliar todos
os comportamentos e conteúdos. É necessário ajustar objetivo/conteúdo/tipo de questão.
Para enriquecer seus estudos sobre os tipos de provas, recorremos a Mello3, que contribui com uma
síntese dos instrumentos utilizados para avaliação.
Esse tipo de prova recebe o nome de prova aberta, de resposta livre, discursiva, teste com itens do
tipo ensaio, prova subjetiva.
A dissertação deve ser adotada quando se quer verificar a compreensão global, por meio do raciocínio
interpretativo.
Vantagens
»» Exclui a adivinhação.
Desvantagens
3 Trecho extraído do texto organizado pela Profa Rosângela Menta Mello (disponível em: <cewk.pbwiki.com>, acesso em 03 de
janeiro de 2009).
83
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
»» A nota pode ser influenciada pelo conceito anterior do aluno, pelo tipo de letra,
pelos erros de português.
»» Não improvisar.
»» Evitar a correção anônima dos testes: correção por questões ou correção de várias
pessoas.
»» Usar, na formulação do tema, terminologia que exprime de forma tão exata quanto
possível, qual o nível e tipo de tratamento para uma resposta satisfatória.
»» Usar questões do tipo “o que você pensa sobre...”, “em sua opinião...” para avaliar
área afetiva (atitude, ideais, preferência do aluno) ou para medir a habilidade de
o estudante fazer uma defesa lógica e bem-fundada do seu ponto de vista. Nesse
caso, o professor não deve avaliar o ponto de vista em si do estudante, mas sua
capacidade de defendê-lo adequadamente.
Técnica de elaboração
84
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
»» Elaborar todas as instruções por escrito, de forma clara. Caso não seja possível,
proporcionar todas as explicações antes de iniciar a prova, para evitar dispersar a
atenção ou tumultuar o ambiente com interrupções perfeitamente evitáveis.
»» Corrigir questão por questão e não prova por prova, o que facilita a correção,
porque, em pouco tempo, memorizamos cada questão, seus itens e valores, evitando
que, pela continuidade, uma excelente resposta nos torne benevolentes para uma
fraca resposta ou uma péssima resposta nos predisponha negativamente para a
resposta seguinte.
Prova objetiva
É o instrumento de medida composto de questões tão precisamente específicas, que cada qual só
admite uma resposta previamente definida, o que assegura a impessoalidade de julgamento e o
perfeito acordo entre examinadores diferentes.
Vantagens
»» Fornece uma ampla amostra do conhecimento, visto ser formada por numerosas
questões.
»» Permite um julgamento rápido e objetivo, porque cada item só admite uma resposta.
»» É fácil de corrigir.
»» Permite a solução de grande quantidade de itens em pouco tempo, o que faz com
que o professor possa avaliar uma amostragem relativamente grande dos assuntos.
Desvantagens
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UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
»» Encoraja a adivinhação.
»» Exige atenta fiscalização durante sua aplicação, para evitar a comunicação entre os
estudantes.
Classificação
De seleção
›› Afirmação incompleta.
›› Melhor resposta.
›› Item negativo.
»» Questões alternativas
›› Certo ou errado.
›› Falso ou verdadeiro.
»» Questões de acasalamento
›› Combinação.
›› Associação.
›› Comparação.
86
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
›› Classificação.
›› Termo correspondente.
De preenchimento
»» Resposta curta.
»» Completamento.
»» Lacuna.
Outros tipos
»» Cancelamento ou eliminação.
»» Ordenação ou seriação.
Orientação ao aluno
Todas as orientações devem ser acompanhadas da contextualização dos temas das questões: a partir
do texto, relacionadas à aplicação prática, problemas com significado, acompanhados de desenhos,
gráficos, esquemas etc.
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UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
»» Resposta curta
»» Completamento e lacunas:
»» Cancelamento ou eliminação:
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Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
Nos quesitos objetivos, cada conhecimento é considerado por meio de uma determinada ação dos
alunos, conforme o tipo de questão. Nos quesitos de resposta aberta, a valoração deve levar em
conta a quantidade de conhecimentos englobados no trabalho proposto.
»» Certo/Errado com justificativa: um valor para cada resposta e dois valores para
cada resposta errada.
Conforme o grau de dificuldade solicitado, deve-se atribuir valores maiores ou menores para cada
quesito. 1 Ponto ou questão sobre a qual se pede a opinião ou o juízo de alguém; requisito; questão;
pergunta; interrogação.
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UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
Previsão do tempo
Varia de acordo com a idade e a modalidade de ensino. Pode ser feito da seguinte forma:
Conforme o grau de dificuldade deve ser atribuído um tempo maior. O professor também pode
resolver a prova e triplicar o tempo ou observar o tempo que os aprendizes levam para resolver as
atividades em sala de aula.
Exemplo de valores para cada quesito: 0,1 – 0,2 – 0,25 – 0,4 – 0,3 – 0,5.
Procure elaborar as provas com valores que, multiplicados, deem exatamente o valor total da
avaliação, facilitando assim a correção. Exemplo: uma prova com valor 5,0 poderia ter: 20 quesitos
de 0,25 cada; ou 25 quesitos de 0,2 cada.
Não se pode esquecer de que a aplicação da prova envolve outras ações como: distribuição aos
alunos, orientações diversas, chamadas etc. Logo, deve ser previsto um acréscimo entre 10% a 15%
sobre o tempo calculado para a solução da prova.
90
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
Como podemos observar, a avaliação apresenta uma dimensão orientadora, cooperativa e interativa,
em que os resultados decorrentes do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados
com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades e, ainda, reorientar o
trabalho docente e a construção dos projetos pedagógicos.
O conceito de avaliação da aprendizagem está ligado a uma concepção pedagógica mais ampla, ou
seja, a uma visão de educação. Logo, o conceito de avaliação depende, portanto, da postura político-
filosófica adotada. Além disso, a forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude do professor
em sua interação com os alunos.
As interações escolares possuem sempre uma peculiaridade – ora está na figura do professor, ora
no potencial do aluno. A interpretação dos resultados, ou seja, a leitura que o professor faz do
rendimento do aluno causa celeumas e desconforto para ambas as partes.
Para Casassus (1997), embora sejam os alunos que respondam a provas e questionários, na realidade
não são os alunos que são avaliados. O que se avalia é o rendimento do sistema por meio das respostas
dos alunos. O professor está implicado nesse resultado, pois de acordo com o rendimento do aluno,
ele irá seguir em frente ou não, ou ainda terá a sua performance medida pela quantidade de alunos
que se saíram bem nas avaliações educacionais.
91
Avaliação
Institucional
para a Melhoria Unidade V
da Qualidade do
Ensino
CAPÍTULO 1
Conceitos e finalidades da avaliação
institucional
Enfatizando a avaliação desenvolvida na sala de aula, faz-se necessário conhecer e pensar nas
possibilidades do processo avaliativo e como é possível reconhecer nele a diversidade de ações e as
possíveis consequências dele advindas.
Entretanto, a avaliação não é vivenciada apenas na sala de aula; diversas instâncias e espaços
também a praticam e dela necessitam para seu redimensionamento. Particularmente, no campo da
Educação, todas as instâncias precisam ser avaliadas, já que não é apenas o trabalho do aluno e do
professor, vivido em sala de aula, responsável pelo processo educativo; a instituição, também, de
forma global, precisa ser avaliada.
Para isso, nos últimos anos, as instituições públicas e privadas procuram utilizar métodos e
técnicas de avaliação que concorram para a qualidade da educação brasileira em todos os níveis
e modalidades de ensino. Procuram um ensino cada vez melhor que “traduza” com clareza seus
compromissos com a autonomia da escola, a realização do seu trabalho pedagógico, possibilitando a
melhoria da qualidade da educação como um todo. Isso só é alcançado quando as ações das escolas
e de seus profissionais foram efetivas, relevantes, eficientes e eficazes.
92
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
Precisamos pensar que o Estado, então, necessita de indicadores, de dados concretos sobre o
funcionamento do sistema para realizar suas ações. Por essa razão, existem, também, avaliações de
grande escala para conhecer a realidade do sistema educativo. Dados como acesso, evasão, retenção,
rendimentos precisam ser reconhecidos.
É preciso perceber que, em muitos casos, fala-se mais em avaliação como medida do que como
aprendizagem, conhecimento, relação entre o professor e o aluno, filosofias de educação. O discurso
em voga chama-se avaliação institucional. Mas, que avaliação é essa? O que tem a nos dizer? Quais
são seus objetivos?
Alguns autores convidam para essa reflexão pelo fato de que a discussão sobre o tema avaliação é, em
boa medida, um debate recente, visto que teve ênfase a partir dos anos de 1990 e, desde então, tem
envolvido as instituições, os estudiosos e a sociedade civil organizada na busca por respostas para o
real papel da Educação diante das questões sociais que se impõem e demandam transformações e
respostas em curto prazo.
Esse debate se apresenta não apenas nas questões técnicas (instrumentos, mecanismos de efetivação
etc.), mas refletem os objetivos que se pretendem atingir a partir do modelo de avaliação proposto
e que expressam o tipo de educação desejada, a compreensão de qualidade de ensino e o projeto de
sociedade implícito.
93
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
Belloni et al. (2000), apud LEITE (2005, p. 33), afirma que, diferentemente da avaliação educacional
que se ocupa da aprendizagem dos sujeitos, da avaliação de currículos e do ensino, a avaliação
institucional
Para ampliação dessa visão, buscou-se em Dias Sobrinho (2000, p. 95) uma citação de G. Lapassade
(1971) que esclarece um pouco mais sobre o entendimento de avaliação institucional como um
A avaliação institucional deve ser vista como um norteador da condução dos trabalhos técnicos e
pedagógicos da instituição e vai refletir sobre o ensino desenvolvido e sua intencionalidade. Por essa
razão, é importante que se estabeleça uma “cultura da avaliação”, mas com enfoque participativo, o
que nem sempre tem sido observado nos processos promovidos pelas instituições, o que pode gerar
desencontros entre os diversos grupos que, juntos, concretizam o trabalho. Acrescido a isso, tem-se
ainda a compreensão de avaliação que cada sujeito envolvido no processo possui e demanda maior
empenho e sensibilização na implantação e efetivação das mudanças desejáveis.
Os sujeitos como centro do processo avaliativo, fundamentais para sua concretização, requerem que
sejam compreendidos a partir de alguns elementos como citados por Marcondes e Souza (2005, p.
2) quando previram que:
94
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
Essa compreensão sobre como são vistos os sujeitos e suas práticas, além do contexto no qual se
inserem, poucas vezes são privilegiados na efetivação das avaliações institucionais, ocasionando
dificuldades para que estas atinjam os objetivos propostos.
Diante disso, ficam as dúvidas: Qual é o melhor caminho a seguir? Que maneiras são possíveis para
se efetivar a avaliação institucional?
Na literatura, discutem-se, de forma mais contundente, duas formas que se diferenciam pelos seus
objetivos: avaliação institucional emancipatória/participativa ou reguladora/controladora. Alguns
autores apresentam nomenclaturas diversas para explicar os modelos de avaliação institucional,
tanto no sentido de suas origens quanto no sentido de sua abrangência, seus objetivos e usos. Entre
esses autores, podemos citar: Leite (2005); Dias Sobrinho (2000) e Ristoff (2005), porém, entende-
se que a visão de Belloni e Belloni (2003) merece destaque quando sugere a avaliação institucional
como sendo meritocrática ou transformadora.
Esse modelo não abre mão também de se reconhecerem os méritos apesar de buscar, prioritariamente,
a qualidade pedagógica e a efetividade social.
A efetividade social, no do processo avaliativo, visa a conhecer os impactos que o trabalho educativo
desenvolvido pela instituição ocasiona, tanto científicos quanto sociais, para além da formação
do profissional (eficácia). São relativos às produções científicas, aos projetos desenvolvidos,
considerando-se as demandas da sociedade.
95
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
Além do desafio de definir o uso dado aos resultados, a sua divulgação é também um ponto a ser
considerado, por ser a apresentação dos resultados de um processo que caracteriza intencionalidades,
sucessos e dificuldades da instituição.
Divulgar as experiências eficazes deve ser um momento não apenas de júbilo, mas de conquista de
adeptos para as práticas que têm dado certo e trazido bons resultados.
Divulgar as dificuldades enfrentadas, sejam quais tenham sido, também demanda cuidados já que
a intenção não é a exposição de pessoas ou setores que a compõem, e sim a reconstrução. Avaliar
no sentido de reconhecer que o erro tem o papel de transformar práticas, como já defendemos no
começo de nosso diálogo.
Munidos dessas leituras, desses referenciais teóricos apresentados, podemos continuar o nosso
diálogo sobre a avaliação institucional.
Avaliação Institucional
96
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
e para a conquista de maior autonomia. Mas não se pode afirmar que essa seja uma
preocupação apenas recente. Ela já vem de longe.
97
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
Contudo, apesar de ela ser mais aceita hoje do que na década passada, a avaliação
ainda provoca ansiedades em muitos avaliadores e, principalmente, nos avaliados
[...] Como esse tema sempre foi associado à punição, ela ainda é vista, em muitos
ambientes, como um processo ameaçador, como as “provas” de desempenho. A
avaliação ainda não é considerada como um elemento fundamental de qualquer
processo, como o planejamento, o referencial teórico e a metodologia, sobre os
quais se podem falar sem meter medo em ninguém. Contudo, as reações negativas
e as resistências à avaliação desaparecem quando se procura envolver a todos os
interessados [...]
Estabelecer uma filosofia que sirva de base para orientar o processo de avaliação é
fundamental para o seu êxito. Se não se define essa orientação, o processo avaliativo
pode-se transformar numa atividade rotineira e burocrática sem sentido. É essa
teoria de base que definirá tanto os objetivos quanto o planejamento e os métodos
a serem utilizados. Não basta definir inicialmente se a abordagem será qualitativa
ou quantitativa, estabelecer um cronograma de atividades e seu correspondente
orçamento.
Há alguns anos, Pedro Demo, numa pequena, mas instigante obra (DEMO, 1987),
distinguia a “qualidade formal” da “qualidade política” na avaliação dos programas
de políticas sociais e abria caminho para a crítica da educação popular e da pesquisa
98
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
participante. Ele foi um dos pioneiros a discutir a questão da avaliação e foi um dos
assessores de Darcy Ribeiro que insistiu que ela tivesse maior peso na nova LDB.
Para se iniciar um processo avaliativo de caráter institucional, é preciso conceber um
projeto com finalidades bem-definidas. Em princípio a avaliação institucional tem
por escopo repensar a instituição, objetivando a melhoria da qualidade dos serviços
que ela presta à população beneficiária e o fortalecimento de seu compromisso
social (no caso de instituições educacionais). Trata-se de um processo de autocrítica
envolvendo todos os segmentos da instituição. A avaliação institucional deve chegar
não apenas a aprofundar o conhecimento da instituição, a análise de seu projeto,
perfil e percurso, mas também deve propor mudanças. [...]
99
CAPÍTULO 2
Modelos avaliativos da educação
básica e da educação superior
Desde a última metade do século passado, mais precisamente na década de 1990, o governo
brasileiro vem seguindo uma tendência mundial de avaliar todos os níveis do sistema de ensino.
Isso se constitui um grande desafio: no processo de operacionalização dessas avaliações em virtude
de nossa dimensão geográfica e nossa diversidade que proporcionam diferentes significados aos
saberes e conteúdos em cada escola, em cada canto do nosso território.
Ainda assim, a avaliação em larga escala, promovida pelo governo, vem se consolidando a cada ano
e interferindo nas políticas e no cotidiano das escolas em todo o País. À frente desse processo está o
Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Destacam-se algumas considerações sobre as três grandes avaliações separadamente, mas sem
a pretensão de aprofundamento teórico-metodológico nas questões de construção das provas ou
na análise técnica de seus resultados por entender que foge ao que se propõe: pensar no impacto
social e em seus resultados para alunos e instituições. São estas avaliações: o Sistema Nacional
da Avaliação Básica (Saeb); o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) e o Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior (Sinaes).
O Saeb é, na verdade, formado por meio de dois processos distintos: a Avaliação Nacional da Educação
Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc). A (Aneb) é realizada por
um processo de amostragem das Redes de Ensino, em cada unidade da Federação, cujo foco são as
gestões dos sistemas educacionais. Em suas divulgações, recebe o nome do próprio sistema: (Saeb).
Já a Anresc, além de mais extensa que a Aneb, focaliza as unidades escolares e recebe o nome de
Prova Brasil. O objetivo desse sistema é coletar informações sobre a realidade educacional brasileira
por regiões, redes de ensino, em exame realizado a cada dois anos.
Busca verificar a proficiência em Matemática e em Língua Portuguesa (leitura). Para isso, coleta
dados em amostra de alunos de 4ª e 8ª séries do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio
(atualmente 5o e 9o anos do Ensino Fundamental e 3o ano do Ensino Médio).
100
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
»» proporcionar aos agentes educacionais e à sociedade uma visão clara dos resultados
dos processos de ensino e aprendizagem e das condições em que são desenvolvidos;
Esses objetivos buscam reconhecer a realidade das condições internas e externas ao processo
educativo desenvolvido pelas escolas em todo o País.
Complementando o processo de aplicação de provas, e para que se possa atender a todos os objetivos,
é aplicado, ainda, um questionário que busca revelar dados de ordem socioeconômica, por entender
que estes interferem, diretamente, no processo de aprendizagem.
O Ensino Médio tem características muito particulares e grandes desafios a enfrentar pelo seu
caráter de transição entre dois momentos da escolarização e a busca por oferecer um ensino que
insira o estudante no conhecimento da realidade que o envolve e que o chama a participar.
Pensar essas questões é pensar também na forma de como é possível respondê-las. Assim, também
podemos pensar em uma avaliação que encaminhe algumas dessas respostas.
No caminho das avaliações em larga escala, promovidas pelo governo, está o Exame Nacional do
Ensino Médio – Enem, como procedimento de avaliação do desempenho escolar e acadêmico dos
participantes, para aferir o desenvolvimento das competências e habilidades fundamentais ao
exercício da cidadania.
Constituem objetivos do Enem, nos termos do art. 2o da Portaria no 109, de 27 de maio de 2009:
I – oferecer uma referência para que cada cidadão possa proceder à sua
autoavaliação com vistas às suas escolhas futuras, tanto em relação ao mundo
do trabalho quanto em relação à continuidade de estudos;
101
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
III – estruturar uma avaliação ao final da educação básica que sirva como
modalidade alternativa ou complementar aos exames de acesso aos cursos
profissionalizantes, pós-médios e à Educação Superior;
Segundo o próprio MEC, o modelo de avaliação adotado pelo Enem foi desenvolvido com ênfase na
aferição das estruturas mentais com as quais construímos continuamente, o conhecimento, e não
apenas na memória, que, mesmo tendo importância fundamental, não pode ser o único elemento
de compreensão do mundo. É um exame de base interdisciplinar com questões contextualizadas.
Entretanto, temos de pensar sobre dois aspectos fundamentais nesse exame. Primeiro, será que as
competências fundamentais definidas pelo exame (dominar linguagens, compreender fenômenos,
enfrentar situações-problema, construir argumentação e elaborar propostas) são suficientes para o
exercício da cidadania? Não podemos nos esquecer, como o próprio nome diz, que se trata de um exame.
Diante disso, podemos considerar que um exame é uma aferição única, em momento determinado,
que desconsidera o fato de que durante a sua realização o estudante pode não se sair bem por fatores
outros que em nada se relacionam com a sua capacidade de “responder” às competências requeridas
por ele.
O Enem coleta dados por meio de provas objetivas, versando sobre as várias áreas de conhecimento
em que se organizam as atividades pedagógicas da Educação Básica no Brasil, e de uma redação,
a partir de um tema social, científico, cultural ou político. Os exames baseiam-se em nota que,
normalmente, favorece o ranqueamento e a comparação. Sobre isso, Vianna (1998) faz uma
interessante reflexão quando questiona:
102
Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem│ UNIDADE IV
103
UNIDADE IV │ Técnicas e instrumentos de avaliação da aprendizagem
Assim, percebe-se que a autoavaliação é determinante dentro do Sinaes. Ela atua como a oportunidade
da instituição de perceber, nesse sentido o olhar para si recebe um caráter construtivo, formativo,
amoroso, emancipatório. O nome e ou sobrenome que se dá a essa avaliação vem lhe estabelecer o
caráter.
Você deve ter lido nos noticiários várias matérias relacionadas à avaliação institucional; questão que
tem estado “em voga” nas últimas décadas, como já falamos. O importante é salientar que qualquer
que seja a avaliação, no sentido que defendido aqui neste Caderno, não pode ter o caráter punitivo.
No caso da avaliação institucional, ela precisa ter a responsabilidade de zelar para que os dados não
venham a prejudicar nenhum dos envolvidos.
Pode-se observar que em todo o processo de avaliação a relação de poder está presente. Há, muitas
vezes, algo ou alguém que pode carregar marcas, cicatrizes que o acompanharão para o resto da
vida.
Para saber mais sobre as avaliações utilizadas no Ensino, sugerimos consulta ao site:
<http://www.inep.gov.brhttp:/avaliacao_institucional/>.
104
Para (não) finalizar
Neste momento, refletimos sobre o que foi dito, o que poderíamos dizer e, especialmente, se tudo
que foi mencionado contribuiu para o seu aprendizado.
Cada conteúdo abordado foi cuidadosamente pensado com o intuito de atender às especificidades
de sua formação e como opção para aprofundamento de estudos relacionados ao curso no qual está
matriculado.
As políticas públicas de educação vêm a alguns anos modificando o cenário do Ensino Superior
brasileiro.
Percebe-se que um dos principais reflexos dessas políticas foi o aumento considerável de da
Educação Profissional de Nível Técnico, com oferta de novos cursos nas mais variadas áreas nas
instituições existentes e com a criação de muitas outras novas escolas.
Essa situação tem exigido das escolas uma nova dinâmica na sua administração, solicitando o
envolvimento de todos seus profissionais para alcançar os seus propósitos e, consequentemente,
o desenvolvimento de novas competências para uma eficaz realização de suas atividades. Integra
as políticas educacionais, uma sistemática de planejamento que inclui a avaliação e o controle do
desempenho dessas instituições pelos órgãos superiores da administração de educação.
Assim, evidencia-se a necessidade de um planejamento mais eficaz de forma que a instituição deva
estar preparada para essas novas exigências, não só as legais, mas, principalmente, para acompanhar
as transformações e os avanços que ocorrem no setor educacional, sobretudo no Ensino Técnico.
Para não finalizar a nossa conversa, propomos uma reflexão. Trata-se de um artigo de Rubem Alves,
publicado no Caderno Sinapse, do Jornal Folha de São Paulo, que pode despertar, em você, o desejo
de se aprofundar nas questões que envolvem os processos avaliativos não como controle e punição,
mas como uma possibilidade, um momento de promoção do ser humano.
105
Para Não Finalizar
O título mais simples para esse artigo seria Avaliação da Educação. Mas não
quero misturar “educação” com aquilo que as escolas fazem. A educação é algo
que transborda os limites das escolas. Por vezes, ela se choca com as escolas.
Acho que foi o escritor Mark Twain quem disse que não permitia que a escola
interferisse na sua educação. Educação é aquilo que passa a fazer parte do
nosso ser. Parte do que sou tem a ver com a música erudita sobre a qual nada se
disse nas escolas que frequentei. Era como se não existisse. Não fazia parte do
programa. O mesmo é verdadeiro em relação ao meu prazer em ler, escrever,
contemplar a natureza.
Essas coisas são parte de mim mesmo, mas não foi nas escolas que as aprendi.
Quando um professor tenta ensinar algo, ele tem de pressupor que aquilo é
importante, não vai ser esquecido, vai fazer uma diferença na vida do seu aluno.
Caso contrário, seu trabalho não terá sentido. Assim, ele deve ter a curiosidade
de saber sobre o destino das informações e habilidades que tentou ensinar. O
que aconteceu com elas?
Frequentei escolas por 17 anos. Multipliquei pelo número de meses, dias, horas
e anos: cheguei ao número 16.320. Esse é o número de horas que passei em
carteiras ouvindo as coisas que os professores tentavam me ensinar. É claro
que esse número deve estar errado. De qualquer forma, é muito grande o
tempo que se passa nos bancos escolares. O que sobrou? O exame seria como
descrevo a seguir:
106
para não finalizar
Alguns concluirão que a culpa é dos professores. Outros, que a culpa é dos
alunos. Não creio que ela seja dos professores ou dos alunos. Acho mesmo é que
é da carne que se põe na máquina: ela está estragada. As salsichas cheiram mal.
O nariz as reprova. Se forem comidas, elas produzirão perturbações gástricas.
O jeito é vomitá-las. A performance das escolas melhorará se a carne estragada
for substituída por uma carne que produza salsichas apetitosas?
107
Referências
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Editora, 2002.
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______. Lei no 10.861 de 14 de abril de 2004. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior – Sinaes. Diário Oficial da União, Brasília, n. 72, Seção 1, p. 3 e 4, 15 de abril de 2004.
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Rio de Janeiro, Fundação CESGRANRIO, v. 3, Out/Dez., 1995.
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Referências
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janeiro: D&PA, 1999. (Coleção o Sentido da Escola)
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