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Brasília-DF.
Elaboração
Alessandro Marques
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 5
UNIDADE I
CAPÍTULO 1
PATRIMONIALISMO................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
BUROCRACIA........................................................................................................................ 12
CAPÍTULO 3
GERENCIALISMO................................................................................................................... 15
UNIDADE II
CAPÍTULO 1
UNIDADE III
CAPÍTULO 1
UNIDADE IV
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CONTRATUALIZAÇÃO DE RESULTADOS..................................................................................... 34
UNIDADE V
CAPÍTULO 1
RETROSPECTIVA..................................................................................................................... 36
CAPITULO 2
UMA POLÍTICA DE GESTÃO..................................................................................................... 38
CAPITULO 3
MODELO DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO PÚBLICA...................................................................... 40
CAPÍTULO 4
DIRETRIZES GERAIS DO GESPÚBLICA........................................................................................ 50
UNIDADE VI
GOVERNO ELETRÔNICO E TRANSPARÊNCIAL........................................................................................ 51
CAPÍTULO 1
O QUE É E-GOV ................................................................................................................... 51
CAPÍTULO 2
TIPOS DE TRANSAÇÕES.......................................................................................................... 52
CAPÍTULO 3
HISTÓRICO............................................................................................................................ 53
CAPÍTULO 4
DIRETRIZES............................................................................................................................. 54
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 57
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
MODELOS DE
ADMINISTRAÇÃO UNIDADE I
PÚBLICA
São três os modelos por que passaram, e passam, as administrações públicas de todo o mundo:
patrimonialista, burocrática e gerencial. Frise-se que o posteriormente implantado não dizimou por
completo o anterior. Assim, vê-se a coexistência dos três modelos.
CAPÍTULO 1
Patrimonialismo
No modelo patrimonialista o soberano é o Estado; basta lembrar a frase de Luis XIV: “o Estado sou
eu”. Não há bens públicos. Tampouco, particulares. Todos os bens são do soberano, do Estado. Esse
poder funda-se, em regra, no Direito Divino: o governante é uma divindade ou representante maior
dela. Assim, sua vontade é a lei, sendo inquestionável, irremediável. Governa despoticamente. Tudo
é sua propriedade, inclusive os seus súditos; sobre esses, tem poder de vida e morte. Não existe a
coisa pública.
Desta forma, a Administração pública deixa de atender à função de defesa da coisa pública e dos
interesses da sociedade, dando mais atenção aos assuntos que privilegiam a vontade de uma minoria.
Conforme demonstra Reinhard Bendix,
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UNIDADE I │ MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
□ corrupção;
□ nepotismo;
Patrimonialismo no Brasil
No Brasil, o patrimonialismo fora implantado pelo Estado colonial português, quando o processo de
concessão de títulos, de terras e poderes quase absolutos aos senhores de terra legou à posteridade
uma prática político-administrativa em que o público e o privado não se distinguem perante as
autoridades. Assim, torna-se “natural” desde o período colonial (1500 - 1822), perpassando pelo
período Imperial (1822 - 1889) e chegando mesmo à República Velha (1889 - 1930) a confusão entre
o público e o privado.
No inicio do período republicano no Brasil (final do século XIX e começo do XX), vigorou um sistema
conhecido popularmente como coronelismo. Este nome foi dado, pois a política era controlada e
comandada pelos coronéis (ricos fazendeiros).
Características do coronelismo:
Voto de Cabresto: na República Velha, o sistema eleitoral era muito frágil e fácil de ser manipulado.
Os coronéis compravam votos para seus candidatos ou trocavam votos por bens matérias (pares de
sapatos, óculos, alimentos, etc). Como o voto era aberto, os coronéis mandavam capangas para os
locais de votação, com objetivo de intimidar os eleitores e ganhar votos. As regiões controladas
politicamente pelos coronéis eram conhecidas como currais eleitorais.
Fraude eleitoral: os coronéis costumam alterar votos, sumir com urnas e até mesmo patrocinavam
a prática do voto fantasma. Este último consistia na falsificação de documentos para que pessoas
pudessem votar várias vezes ou até mesmo utilizar o nome de falecidos nas votações.
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MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Burocracia
A revolução industrial e o surgimento do Estado Liberal contribuíram para uma nova ótica sobre o
papel do Estado, dando espaço ao surgimento do modelo burocrático, baseado na impessoalidade,
no profissionalismo e na racionalidade (OSBORNE; GAEBLER, 1995).
O modelo burocrático foi uma resposta aos abusos e demais vícios experimentados pela Administração
Pública. Disseminava-se uma ideia de desconfiança prévia dos administradores públicos por parte
da sociedade, como uma reação ao modelo patrimonialista.
Em 1904, no livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, Max Weber (1930:16-17) fazia
referências ao burocrata como profissional e à disseminação do modelo burocrático em países
ocidentais, suas características de especialização, controle, e, sobretudo, racionalismo.
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MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA │ UNIDADE I
Gifford e Elizabeth Pinchot destacam que a burocracia firmou-se como o modelo de gestão básico
da maioria das organizações do século XX, pelo fato de atender a diversas das necessidades das
empresas da chamada era industrial. Ele aumentou a eficácia da hierarquia, reduzindo os abusos
de autoridade e trazendo uma maneira mais eficiente de gerenciamento das tarefas complexas que
foram se apresentando à medida em que as instituições cresciam. A burocracia criou, conforme
destacam esses autores, um sistema capaz de gerir de forma adequada a produção mecanizada,
padronizada, de larga escala e com maciços investimentos financeiros que caracteriza o capitalismo
industrial.
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UNIDADE I │ MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A Burocracia no Brasil
No Brasil, o modelo de administração burocrática emerge a partir de 1930. Ele surge em contraposição
às práticas patrimonialistas e coronelistas que vigoravam desde a colonização. Cabe destacar, que
no Brasil o modelo burocrático foi implantado de forma tardia, em comparação com outros países,
em que a administração burocrática já era utilizada desde a segunda metade do século XIX.
Para Frederico Lustosa, a década de 1930 significa a passagem do Brasil agrário para o Brasil industrial.
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CAPÍTULO 3
Gerencialismo
De acordo com o Pdare (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado) Administração Pública
Gerencial – Emerge na segunda metade do século XX, como resposta, de um lado, à expansão das
funções econômicas e sociais do Estado, e, de outro, ao desenvolvimento tecnológico e à globalização
da economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à adoção do
modelo anterior. A eficiência da administração pública – a necessidade de reduzir custos e aumentar
a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário – torna-se então essencial.
A administração pública gerencial constitui um avanço e até um certo ponto um rompimento com a
administração pública burocrática. Isto não significa, entretanto, que negue todos os seus princípios.
Pelo contrário, a administração pública gerencial está apoiada na anterior, da qual conserva,
embora flexibilizando, alguns dos seus princípios fundamentais, como a admissão segundo rígidos
critérios de mérito, a existência de um sistema estruturado e universal de remuneração, as carreiras,
a avaliação constante de desempenho, o treinamento sistemático. A diferença fundamental está na
forma de controle, que deixa de basear-se nos processos para concentrar-se nos resultados, e não
na rigorosa profissionalização da administração pública, que continua um princípio fundamental.
Na administração pública gerencial a estratégia volta-se (1) para a definição precisa dos objetivos
que o administrador público deverá atingir em sua unidade, (2) para a garantia de autonomia do
administrador na gestão dos recursos humanos, materiais e financeiros que lhe forem colocados
à disposição para que possa atingir os objetivos contratados, e (3) para o controle ou cobrança
a posteriori dos resultados. Adicionalmente, pratica-se a competição administrada no interior do
próprio Estado, quando há a possibilidade de estabelecer concorrência entre unidades internas.
No plano da estrutura organizacional, a descentralização e a redução dos níveis hierárquicos
tornam-se essenciais. Em suma, afirmasse que a administração pública deve ser permeável à maior
participação dos agentes privados e/ou das organizações da sociedade civil e deslocar a ênfase dos
procedimentos (meios) para os resultados (fins).
A administração pública gerencial inspira-se na administração de empresas, mas não pode ser
confundida com esta última. Enquanto a receita das empresas depende dos pagamentos que os
clientes fazem livremente na compra de seus produtos e serviços, a receita do Estado deriva de
impostos, ou seja, de contribuições obrigatórias, sem contrapartida direta. Enquanto o mercado
controla a administração das empresas, a sociedade – por meio de políticos eleitos – controla a
administração pública. Enquanto a administração de empresas está voltada para o lucro privado,
para a maximização dos interesses dos acionistas, esperando-se que, através do mercado, o interesse
coletivo seja atendido, a administração pública gerencial está explícita e diretamente voltada para
o interesse público.
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UNIDADE I │ MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Neste último ponto, como em muitos outros (profissionalismo, impessoalidade, etc.), a administração
pública gerencial não se diferencia da administração pública burocrática. Na burocracia pública
clássica existe uma noção muito clara e forte do interesse público. A diferença, porém, está no
entendimento do significado do interesse público, que não pode ser confundido com o interesse
do próprio Estado. Para a administração pública burocrática, o interesse público é frequentemente
identificado com a afirmação do poder do Estado. Ao atuarem sob este princípio, os administradores
públicos terminam por direcionar uma parte substancial das atividades e dos recursos do Estado
para o atendimento das necessidades da própria burocracia, identificada com o poder do Estado. O
conteúdo das políticas públicas é relegado a um segundo plano. A administração pública gerencial
nega essa visão do interesse público, relacionando-o com o interesse da coletividade e não com o do
aparato do Estado.
A administração pública gerencial vê o cidadão como contribuinte de impostos e como cliente dos
seus serviços. Os resultados da ação do Estado são considerados bons não porque os processos
administrativos estão sob controle e são seguros, como quer a administração pública burocrática,
mas porque as necessidades do cidadão cliente estão sendo atendidas.
Neste novo modelo de Administração Pública são identificados três estágios: o Gerencialismo Puro,
o Consumerism e o Public Service Orientation.
Mais desestatizante que racionalizador, parte de uma estratégia de eficiência centrada no aumento
de produtividade e na redução de custos e de pessoal. Fundamentalmente, apoiava-se numa ética
de valorização do custo dos recursos – value for money. Dentre as ações práticas do gerencialismo
puro figuram a racionalização orçamentária, avaliação de desempenho, administração por objetivo
descentralização e delegação de autoridade. Dentre as principais críticas que se colocam ao modelo
estão a desatenção à efetividade, decorrente do foco na eficiência — que rendeu, inclusive, o rótulo
de neotaylorista – e a despolitização das ações estatais (POLLITT, 1990).
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MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA │ UNIDADE I
Consumerism (consumidor)
O consumerismo consistiu numa reorientação do gerencialismo puro mais voltada à racionalização
tendo como ponto central a questão da satisfação das necessidades dos cidadãos/consumidores de
serviços públicos. A ênfase desse modelo é uma estratégia de qualidade cujos resultados dependem
de medidas tais como descentralização, estímulo à competitividade, modelos contratuais flexíveis e
direcionados para a qualidade. (Abrucio, 1996;).
No consumerism não se busca a redução de custos a qualquer preço. Esta é perseguida em segundo
plano, pois procura-se agora prestar serviços com qualidade.
1 Cadernos da Fundação Luís Eduardo Magalhães – Gestão Pública – O debate contemporâneo. Caio Marini. 2003.
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EVOLUÇÃO DA
ADMINISTRAÇÃO UNIDADE II
PÚBLICA NO BRASIL
CAPÍTULO 1
Evolução da Administração
Pública no Brasil
1930
A crise de 1929 (“crack” na bolsa de valores de Nova York) afeta diretamente a economia brasileira,
que era baseada na exportação de insumos agrícolas, predominantemente o café, causando uma
queda do volume das exportações. A reação Brasileira foi a centralizar e fechar a economia para
poder desenvolver instituições e mercados.
Em 1930 Getúlio Vargas assume o poder, com a Revolução de 1930, dando início a Era Vargas.
Como afirma Bresser Pereira, Vargas era um “Estadista frio no uso do poder, mas apaixonado pela missão
de mudar o país, Vargas lidera com extraordinária competência política e administrativa a transição”.
1932
Em 1932 ocorre a Revolução Constitucionalista, que foi um movimento contrário ao novo quadro
político que se instaurou no país após a Revolução de 1930.
As elites paulistas, as classes mais favorecidas pelo sistema que vigorou na Primeira República,
almejavam, com essa agitação, reaver o domínio político que haviam perdido com a Revolução de
1930. Além deste fato, a demora do governo provisório de Getúlio Vargas em convocar a Assembleia
Constituinte suscitava muita insatisfação, especialmente no Estado de São Paulo. No começo do ano
de 1932, o Partido Republicano Paulista (PRP) e o Partido Democrático (PD) lançam uma campanha
a favor da Carta Constitucional do país e do término da interferência federal nos estados.
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EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE II
1934
Sobre influência dessa revolução, em 1934 é elaborada a Constituição, que entre suas disposições,
podemos destacar: a instituição do voto secreto, obrigatório a maiores de 18 anos, e do voto feminino,
a criação da Justiça Eleitoral e da Justiça do Trabalho, nacionalização das riquezas do subsolo,
introdução de diversos direitos sociais, instituição do concurso público e da estabilidade no serviço
público, além de prever a elaboração de um Estatuto dos Funcionários Públicos.
1936
Em 1936, iniciava-se a Reforma Administrativa com a instituição do Conselho Federal do Serviço
Público Civil, posteriormente denominado DASP (Departamento Administrativo do Serviço Público).
A característica básica dessa reforma, conduzida por Maurício Nabuco e Luís Simões, seria, nas
palavras de Beatriz Wahrlich (1974, p.28), a “ênfase na reforma dos meios (atividades da administração
geral) mais do que na dos próprios fins (atividades substantivas)”. Seus líderes diziam observar os
“princípios de Administração” ligados a teorias em voga nos países avançados, num modelo que ela
descreve como “taylorista/fayolista/weberiano”. A reforma propunha a modernizar a administração
de pessoal, a administração de materiais, o orçamento e os procedimentos administrativos.
1937
Em 1937 Getúlio Vargas instaura o Estado Novo, outorgando a constituição “Polaca”, onde o
presidente detinha plenos poderes. O país inicia um processo de nacionalização dos recursos
minerais, das fontes de energia e da indústria de base. No governo há uma grande centralização
administrativa e política, e orientação para a intervenção estatal na economia, para o nacionalismo
econômico e para a industrialização.
1939 - 1942
Em 1939 é criado o PLANO ESPECIAL – Plano Especial de Obras Públicas e Aparelhamento
da Defesa Nacional, que foi o marco inicial do planejamento no Brasil, sendo a primeira
tentativa de alocação de recursos visando o atingimento de fins específicos, muito embora não possa
ser considerada uma experiência de planejamento propriamente dita, haja vista ter muitas falhas
em sua concepção. Tinha como objetivos principais a criação de indústrias básicas, execução de
obras públicas consideradas indispensáveis e o aparelhamento da defesa nacional. Conforme já foi
salientado não chegou a constituir um plano propriamente dito, mas antes uma listagem de obras
a se fazer. Ressalta-se também a preocupação com a soberania e a defesa nacional, o que se explica
pelo desenrolar a época da Segunda Guerra Mundial.
O PLANO ESPECIAL é resultado direto da nova concepção de Estado que se criara no Brasil na
década de 30, ou seja, o Estado como propulsor da economia e do desenvolvimento. Porém, a
preocupação excessivamente econômica desse plano resultou em um êxito apenas relativo, haja
vista que vários aspectos dos problemas nacionais não foram abordados.
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UNIDADE II │ EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL
De qualquer forma, o PLANO ESPECIAL, teve extrema importância, não só pelo marco inicial do
planejamento no Brasil, mas também por alguns êxitos alcançados no desenvolvimento da economia
(a criação da Companhia Siderúrgica Nacional em1941 e da Companhia Vale do Rio Doce em 1942,
por exemplo).
1946 - 1950
O período de 1946 a 1950, o Brasil foi governado pelo presidente Gaspar Dutra, e teve como
destaque a criação do plano SALTE, que era um plano econômico com o objetivo de estimular o
desenvolvimento de setores da SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, TRANSPORTE E ENERGIA (iniciais do
nome do plano). Este plano foi o primeiro a enfatizar a coordenação nos três níveis de governo:
federal, estadual e municipal.
O PLANO SALTE também redundou em fracasso. Podemos apontar como causas do insucesso
do plano: defasagem entre os recursos previstos e os aplicados, falta de controle e
excessiva centralização de poderes da presidência. Esvaziado a partir de 1953, se manteve
de forma precária até 1954.
1951 - 1954
De 1951 a 1954 Vargas retorna ao poder, tendo este período como destaque a criação da Comissão Mista
Brasil-Estados Unidos, que foi uma primeira tomada de consciência para os problemas econômicos
nacionais. Suas conclusões criaram em 1952 o BNDE (Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico, o qual passou a ser chamado em 1982 de BNDES, incluindo o Social), que tinha como
objetivo fomentar o desenvolvimento de setores básicos da economia brasileira, nos planos públicos
e privados. Outro destaque deste período foi a criação da Petrobras em 1953.
1956
Agora sob o comando do Presidente Juscelino Kubistchek foi criado em 1956 o Conselho de
Desenvolvimento para Coordenação Econômico-Financeira, oriundo dos trabalhos da Comissão
Mista Brasil-Estados Unidos. O Conselho tinha as seguintes atribuições:
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EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE II
É criado o PROGRAMA DE METAS, que estabelecia 30 metas em quatro grandes setores: energia,
transporte, agricultura e alimentação e indústrias de base.
1967
Avançamos agora para 1967, onde o então presidente Castelo Branco, pelo Decreto no 200/1967
traz grandes inovações para a Administração Pública Brasileira. O decreto trouxe medidas que
organizaram a orçamentação pública e instituiu a delegação de autoridade e a coordenação e controle
da Administração Pública, promovendo a descentralização administrativa e a expansão da
Administração Indireta, favorecendo o desenvolvimento de uma tecnoburocracia (estamento
gerencial constituído por burocratas alocados em funções técnicas em órgãos ou empresas estatais)
qualificada, coexistente com o núcleo tradicional de administração direta.
1972 - 1974
No período de 1972 a 1974, sob a presidência de Emílio Médici é criado o PRIMEIRO PLANO
NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO – PND, que estabelecia três grandes objetivos: colocar o
Brasil, em uma geração, na categoria das nações desenvolvidas; duplicar, até 1980, a renda per
capita do país; elevar a economia às dimensões resultantes de um crescimento anual do PIB entre
8% e 10%.
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UNIDADE II │ EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL
exportações agrícolas. Este plano teve como marca registrada os grandes projetos de integração
nacional e a expansão das fronteiras de desenvolvimento.
1975 - 1979
De 1975 a 1979, Ernesto Geisel assume o comando em meio à primeira crise do petróleo e toma
como medida para minimizar os impactos da crise o SEGUNDO PLANO DE DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO, que enfatizou os investimentos na indústria de base e a busca da autonomia em
insumos básicos. Teve também grande preocupação com o problema energético, estimulando à
pesquisa do petróleo, o programa nuclear, o programa do álcool e a construção de hidroelétricas,
como exemplo, Itaipu.
O sucesso advindo do 1o PND gerou um otimismo exagerado; acreditava-se que o Brasil conseguiria
superar a crise econômica internacional por suas características naturais o que gerou uma expectativa
superestimada de crescimento econômico, refletida no 2o PND.
Os problemas econômicos do período geraram sérios obstáculos para sua implementação; durante
seu período de vigência, foi alvo de duras críticas e teve sua credibilidade comprometida ao longo
de sua execução. Na verdade, o 2o PND não foi uma resposta à altura da crise econômica mundial
que então se afigurava.
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EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE II
1980
Os anos 80 foram marcados por profundas crises econômica, política e social, que levaram à sua
caracterização como a “década perdida”. Durante o período, os efeitos da crise do petróleo se
fizeram sentir, notadamente com a elevação das taxas de juros internacionais em 1982 e a moratória
mexicana no mesmo ano.
No campo político e social, a ditadura militar demonstrava claros sinais de esgotamento. Sem
conseguir manter as altas taxas de crescimento da década anterior e lutando contra a inflação e o
desemprego crescentes, o governo tornava-se cada vez mais impopular. Manifestações populares a
favor da abertura política tornavam-se cada vez mais frequentes.
Neste cenário de incerteza política e econômica, o planejamento era visto como uma figura de
retórica. Contribuíam ainda para essa visão negativa do planejamento na época o insucesso dos 2o e
3o Planos Nacionais de Desenvolvimento, durante a década de 1970.
Ademais, o restante do mundo experimentava o início da onda neoliberal, capitaneada pelos governos
Reagan, nos Estados Unidos, e Tatcher, na Inglaterra. As políticas neoliberais apregoavam a redução
do intervencionismo estatal na economia, na crença em que o mercado estaria suficientemente
amadurecido para resolver seus próprios problemas; essa concepção de Estado também influenciou
negativamente o planejamento governamental.
Podemos afirmar, portanto, que a década de 1980 é marcada pela crise deliberada do planejamento
governamental, pelo desencanto com o processo, dúvidas quanto às suas qualidades e ceticismo
quanto a seu potencial. Todos esses fatores, aliados ainda às altas taxas de inflação observadas no
período, levaram ao gradativo desuso do planejamento governamental.
1988
Em 1988 ocorro a Reforma Constitucional com a promulgação da Constituição de 1988. A Carta
institui o Plano Plurianual (PPA), sendo este o principal instrumento de planejamento a médio
prazo, e que estabelece de forma regionalizada metas, diretrizes e objetivos de governo. De 1991 a
1995 o PPA era realizado simplesmente com o objetivo de cumprir a exigência constitucional.
1994
Em 1994 é criado o PLANO REAL, com o presidente Itamar Franco. O plano promove uma
estabilidade econômica que viabilizou a retomada do planejamento governamental em novas bases.
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UNIDADE II │ EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL
1995 - 1999
De 1995 a 1999, o então presidente Fernando Henrique Cardoso, consolida o Plano Real, iniciando
em 1995 uma reforma administrativa rumo ao Modelo de Administração Gerencial. A reforma é
realizada em três dimensões: Institucional-legal, Gestão e Cultural.
A dimensão da Gestão promove uma maior autonomia e a introdução de três novas formas de
responsabilidade dos gestores: Administração por resultados, competição administrada por
excelência e o controle social, com a substituição parcial dos regulamentos rígidos, da supervisão e
da auditoria, que caracterizavam a administração burocrática.
A dimensão Cultural tem como objetivo promover uma mudança de mentalidade, visando passar da
desconfiança generalizada que caracteriza a administração burocrática para uma confiança maior,
ainda que limitada, própria da administração gerencial.
Outro marco deste governo foi a criação do PDRAE – Plano diretor de Reforma e Aparelho do
Estado, que teve como objetivos:
Para gerenciar o plano foi criado o MARE – Ministério de Administração e Reforma do Estado.
Com relação ao PPA foram introduzidos novos conceitos no planejamento federal como os eixos
nacionais de integração e desenvolvimento e os projetos estruturantes. É lançado o programa “Brasil
em Ação”, que agregou o gerenciamento de empreendimentos estratégicos. Neste período foi criada
a LRF – Lei de responsabilidade fiscal.
2000 - 2003
No segundo governo Fernando Henrique, de 2000 a 2003, é introduzido na Administração Federal,
pelo PPA, a gestão por resultados, com importantes inovações: adoção do programa como unidade
de gestão; integração entre plano, orçamento e gestão; fortalecimento do conteúdo estratégico por
meio do estudo dos eixos; gerenciamento e avaliação de desempenho em todos os programas do
governo federal.
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EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE II
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CONVERGÊNCIAS
E DIFERENÇAS
ENTRE UNIDADE III
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA E PRIVADA
CAPÍTULO 1
Convergências e diferenças entre
Administração Pública e Privada
Quando utilizamos os termos Administração Pública e Privada estamos nos referindo ao sentido
material, ou seja, às pessoas jurídicas constituídas e não a administração como ciência.
A distinção entre Administração Pública e Privada possui limites bem singelos a depender do
aspecto comparado. Porém quando entendidos seus conceitos, torna-se fácil sua interpretação.
A administração pública, segundo o autor Alexandre de Moraes, pode ser definida objetivamente
como a atividade concreta, direta, e imediata que o Estado desenvolve para assegurar os interesses
coletivos e subjetivamente como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a Lei atribui
o exercício da função administrativa do Estado.
As semelhanças são inúmeras, começando por ambas serem constituídas para atingirem
determinado fim, ou seja, atingir determinado objetivo. Outro ponto refere-se é que as duas utilizam
a administração como ciência para melhorar seus resultados. Por exemplo, ambas possuem as
funções de planejamento, organização, direção e controle, se dividem internamente de acordo com
as estruturas organizacionais e sofrem influência do ambiente externo.
Diversas características inerentes aos atributos públicos das organizações públicas as diferenciam
das organizações da iniciativa privada. Algumas delas merecem destaque por sua relevância:
26
CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA│ UNIDADE III
c. a administração pública não pode fazer distinção de pessoas, que devem ser tratadas
igualmente e com qualidade. O tratamento diferenciado restringe-se apenas aos
casos previstos em lei. Por outro lado, as organizações privadas utilizam estratégias
de segmentação de mercado, estabelecendo diferenciais de tratamento para clientes
preferenciais;
i. a administração pública só pode fazer o que a lei permite, enquanto a iniciativa privada
pode fazer tudo que não estiver proibido por lei. A legalidade fixa os parâmetros de
controle da administração e do administrador, para evitar desvios de conduta.
Para que se possam compreender os vários aspectos que distinguem a Administração Pública da
Privada, vamos sintetizar na tabela seguinte.
27
UNIDADE III │ CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA
Tabela 1.
Princípios do Art. 37 da CF/1988 São obrigatórios. Não se aplicam (ou se aplicam de forma
diferenciada)
Ex.: princípio da legalidade
Cliente Para os serviços através de impostos, mesmo sem Só paga pelo bem/serviço que compra ou utiliza.
usar.
Existência Existe para servir aos interesses da sociedade. Existe para servir aos interesses de um indivíduo
ou grupo.
Responsabilidade Deve responder à natureza e à dimensão de seu Estão restritas ao seu ambiente de atuação.
poder.
Ação Difícil, complexa e gigante, e tem menos autonomia. Menor, mais flexível e mais autônoma.
Conflitos Soluciona conflitos de interesses particulares, com Preocupa-se com o seu bem-estar e como
vista a alcançar o máximo de bem-estar geral. resolver os seus problemas.
Responsabilização Responde à população pelas suas ações, que estão Os dirigentes respondem aos proprietários e
sempre expostas à mídia em geral e à crítica. acionistas, casos excepcionais são expostos à
mídia.
Poder Detém autoridade política suprema, sancionada Não têm esse poder.
pelo monopólio da violência (coerção); os
governantes dos órgãos superiores ou inferiores
possuem grande poder de coação, o que exige
uma “proteção especial dos governados” para se
evitar abusos.
Eficiência e eficácia Medem-se não somente pela correta utilização dos Medem-se pelo aumento de suas receitas, pela
recursos, mas principalmente pelo cumprimento redução de seus gastos, ou pela expansão de
de sua missão e pelo atendimento, com qualidade, seus mercados.
das necessidades e demandas do cidadão e da
sociedade.
Controle Está amparado na lei e exercido pelos órgãos Além dos órgãos de controle o mercado é quem
de controle, também se dá mediante os políticos dita as regras do jogo.
eleitos, e em alguns casos, pelos cidadãos.
Cúpula É frequentemente substituída em função do O poder de mando raramente se altera, e a
partido/bloco político vencedor das eleições, continuidade da alta administração é a regra.
ou por força de novas coalizões necessárias ao
exercício do poder; essa descontinuidade dificulta o
planejamento e as ações de longo prazo.
Forma de obtenção de recursos Receitas derivadas de Tributos (impostos, taxas Receitas advindas de pagamentos feitos por livre
para o funcionamento da e contribuições); caráter compulsório, sem uma e espontânea vontade por parte dos clientes
Organização necessária contrapartida em termos de prestação (consumidores dos produtos e serviços).
direta de serviços.
Destinatário das ações O cidadão: membro da sociedade que possui O cliente: indivíduo que manifesta suas escolhas
empreendidas pela organização direitos e deveres. Interesses coletivos, sociais, no mercado. Interesses particulares, privados,
(interesses atendidos) difusos. individualizados.
Mecanismo de controle do Controle político, por meio de eleições periódicas Controle pelo Mercado, através da concorrência
desempenho dos dirigentes dos governantes. com outras organizações.
Subordinação ao ordenamento Tudo o que não está juridicamente determinado Tudo o que não está juridicamente proibido
jurídico existente está juridicamente proibido; Princípio da Legalidade; está juridicamente facultado; preponderância de
preponderância de normas de direito público (direito normas de direito privado (contratual; direito civil e
constitucional e administrativo). direito comercial).
28
CONVERGÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PRIVADA│ UNIDADE III
Garantia da sobrevivência das Tempo de existência indeterminado: o Estado não Sobrevivência depende da eficiência
organizações vai à falência. organizacional; competitividade acirrada no
mercado.
Características do Processo de Decisões mais lentas, influenciadas por variáveis de Decisões mais rápidas, buscando a racionalidade.
Tomada de decisão ordem política. Políticas Públicas de acordo com os Políticas Empresariais voltadas para objetivos de
programas de Governo. mercado.
Modo de criação, alteração ou Através de Lei. Através de instrumento contratual ou societário.
extinção da pessoa jurídica
29
GESTÃO POR UNIDADE IV
RESULTADOS
CAPÍTULO 1
Gestão por resultados
É importante reconhecer que o chamado Paradigma Gerencial, incluindo aqui seus diversos
momentos (Gerencialismo Puro, Consumerismo e Public Service Orientation – ABRÚCIO, 1998)
introduziu, de fato, importantes questões que devem ser harmoniosamente alinhadas àqueles valores:
foco no cidadão, reforço dos elementos meritocráticos, flexibilidade e gestão por resultados
são aspectos inovadores enfatizados pelo novo paradigma. O chamado foco no cidadão, isto é, a
percepção do cidadão em toda a sua amplitude, abrangendo suas necessidades e demandas como
usuário e cliente, como contribuinte e como ator político principal, e a busca do seu atendimento de
modo inequivocamente preferencial e com qualidade, re-legitimando o próprio Estado, talvez seja a
síntese dos preceitos introduzidos pela Nova Gestão Pública.
O modelo de Gestão por Resultados é uma das principais recomendações do receituário da Nova
Gestão Pública. Isso decorre do argumento de ser este modelo apropriado a, simultaneamente,
focar na efetividade ou no que de fato interessa ao cidadão e a sociedade, flexibilizar a condução dos
processos e assim remediar a disfunção relacionada ao apego exacerbado às normas e procedimentos,
e propiciar mais eficiência e accountability. De forma breve, esse modelo se caracterizaria, na etapa
de formulação da política pública, pela tradução dos objetivos em resultados e, na etapa de
implementação das ações para atingi-los, pela predominância da orientação por resultados
em substituição aos outros mecanismos de coordenação, como a coordenação por
supervisão direta, a padronização de procedimentos e a padronização de habilidades.
Assim, por Gestão por Resultados podemos entender então o ciclo que começa com o
estabelecimento dos resultados desejados, a partir da tradução dos objetivos de governo;
prescreve o monitoramento e a avaliação do desempenho da organização ou da política
pública a partir do alcance desses resultados; e retroalimenta o sistema de gestão,
propiciando ações corretivas decorrentes dessa avaliação. Além desse esquema básico, como
o modelo confere grande autonomia processual aos agentes executores, compõem ainda o seu
arcabouço instrumentos de contratualização do desempenho que prescrevem os resultados, as
autonomias concedidas e as sanções positivas e negativas diante do desempenho alcançado. Ou
seja, de forma esquemática pod 0emos listar as seguintes características integrantes do modelo de
gestão por resultados:
30
GESTÃO POR RESULTADOS│ UNIDADE IV
Portanto, a Gestão por Resultados é uma ferramenta cultural, conceitual e operacional, que se orienta
a priorizar o resultado em todas as ações, e que é capaz de otimizar o desempenho governamental.
Assim, se trata de um exercício de direção dos organismos públicos que procura conhecer e atuar
sobre todos aqueles aspectos que afetem ou modelem os resultados da organização.2
A Gestão por Resultados tem, portanto, uma dimensão de controle organizacional que convém
esclarecer, pois o conceito de controle no setor público possui conotações particulares derivadas,
fundamentalmente, do sistema de auditoria externa que domina nesse Estado. A ferramenta
Gestão por Resultados não faz parte dessa concepção de controle, mas de outro universo: o de
gestão e direção estratégico/operacional, porque permite e facilita aos gerentes da administração
pública melhor conhecimento, maior capacidade de análise, desenho de alternativas e tomada de
decisões para que sejam alcançados os melhores resultados possíveis, afinados com os objetivos
pré-fixados.
É importante assinalar esta diferença porque, muito embora a Gestão por Resultados seja uma boa
base para uma melhor prestação de contas (e uma maior transparência), sua função principal não é
a de servir como instrumento de controle da atuação dos gerentes públicos, mas a de proporcionar a
eles um meio de monitoramento e regulação que lhes garanta o exercício de suas responsabilidades.
2 Modelo aberto de gestão para resultados no setor público / Alberto Serra; tradução de Ernesto Montes-Bradley y Estayes. -
Natal, RN: SEARH/RN, 2008.
31
UNIDADE IV │ GESTÃO POR RESULTADOS
Uma vez definido o objeto de trabalho da Gestão por Resultados, é possível estabelecer a contribuição
que se espera dela, tanto na ação de governo como nos organismos públicos. A literatura existente e
a prática da administração pública coincidem em assinalar que os objetivos deste instrumento são
os que se seguem.
Estes objetivos acarretam a integração de vários conceitos e ferramentas administrativas, tais como:
controle de gestão, administração por objetivos, gestão estratégica, gestão de desempenho, avaliação
e monitoramento, medição de resultados. Trata-se, portanto, de um instrumento de gestão política
e gerencial cujo alvo é o conjunto de resultados que o governo legitimamente deseja alcançar.
32
GESTÃO POR RESULTADOS│ UNIDADE IV
Na Administração Pública Federal brasileira a Gestão por Resultados foi introduzida com o PPA
(Plano Plurianual) 2000-2003, denominado Avança Brasil, sob a ótica de estruturação das ações
de governo em programas, com objetivos e metas vinculadas aos programas e ações. Foi criada
uma nova figura na Administração Pública: a do gerente de programa, a quem compete resolver
os entraves na implementação dos programas, com vistas ao alcance dos objetivos previamente
estabelecidos.
Na literatura existem três modelos de gestão a orientar as ações em direção a resultados: sistema
orçamentário orientado para resultados, administração por objetivos e gestão pela qualidade,
acrescentaremos a estes o contratualização de resultados.
33
CAPÍTULO 2
Contratualização de Resultados
No novo modelo de Estado brasileiro, adotado com a Reforma do Estado, o instrumento mais
poderoso para se trabalhar com resultados e modernizar o serviço público é o Contrato, em sentido
amplo e estrito. Amplo quando compreende o acordo de vontades dos atores da Administração
Pública e das instituições que representam, e estrito no sentido de se fazer os pactos, de se restringir
ou focar as atividades das organizações ao previsto e acordado (BRASIL, 1995).
Os Contratos de Resultados podem ser firmados com qualquer natureza de instituição, seja ela estatal
(pública), do terceiro setor (associações e fundações) e mesmo privadas (empresas e consórcios).
Existem vários métodos para se construir indicadores de desempenho nas organizações, mas o mais
prático é quando você parte da identificação dos macro-processos da organização e constrói uma
cadeia de valor a partir deles até se chegar às formas de identificação do cumprimento das atividades
que lhe são relacionadas (SIQUEIRA, 2005).
Depois de se identificar os indicadores da organização, parte-se para estipulação das metas, que
são as quantificações dos indicadores. As metas podem variar de acordo com a vontade das partes
contratantes e estarão fortemente relacionadas à etapa de negociação do instrumento contratual.
Negociação – esta fase inicia com a intenção de contratar os serviços por um órgão estatal e a
elaboração do rol de atividades a serem contratadas. A partir daí, identifica-se o outro órgão ou
entidade a ser contratada e se inicia o processo de negociação, que vai da identificação dos indicadores
de desempenho, estipulação das metas e a respectiva orçamentação, que é a parte financeira do
Contrato de Resultados e contém as despesas e receitas da organização contratada, refletindo as
obrigações de parte a parte.
34
GESTÃO POR RESULTADOS│ UNIDADE IV
Construção do Instrumento – esta fase consiste na formalização de tudo o que foi negociado,
aperfeiçoando-se e aferindo-se todos os pontos acordados. Um passo importante para a construção
do instrumento é estabelecer as sanções e métodos de fiscalização e prestação de contas dos
resultados do instrumento contratual.
Na contratualização, os instrumentos contratuais que podem ser utilizados, em sua maioria, são
os mesmos já praticados pela Administração Pública, entretanto, o foco e a forma de se construir o
instrumento é que muda, já que se passa de uma visão anterior focada no processo (meio), para uma
nova visão focada nos resultados (fins).
Desse modo, abandona-se a tradicional forma de se avaliar os contratos e a prestação dos serviços
somente pela correta utilização dos recursos, através da tradicional prestação de contas financeira.
Agora esse não é mais um critério de avaliação do Contrato e dos serviços prestados!
3 Contratualização e eficiência no setor público: as organizações sociais - Flávio Carneiro Guedes Alcoforado - X Congreso
Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Santiago, Chile, 18 - 21 Oct. 2005.
35
EXCELÊNCIA
NOS SERVIÇOS UNIDADE V
PÚBLICOS
CAPÍTULO 1
Retrospectiva
Desde então, busca-se construir organizações públicas orientadas para o cidadão, tanto no que diz
respeito à condição do destinatário das ações e dos serviços prestados pelas organizações públicas
como, também, à condição de mantenedor que o Estado representa, ao qual se deve prestar contas.
Os quatro marcos não representam rupturas, mas incrementos importantes a partir da concepção
inicial do Programa (1990). O atual Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização
EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS│ UNIDADE V
É importante ressaltar que o foco na oferta de serviços de qualidade é mais desafiador para o Estado
que para as empresas, porque requer a superação de diferenças de prioridades entre as várias áreas
e os vários níveis de governo, o que já vem sendo feito em projetos de espaços de serviços integrados
ao cidadão. A competição entre áreas e níveis pelo reconhecimento do usuário final não pode ser
mais importante do que a qualidade do serviço prestado. Isso evita que, para obter um serviço a que
tem direito, o cidadão precise bater em inúmeras portas ou fornecer repetidas vezes informações de
que a Administração Pública já dispõe.
37
CAPITULO 2
Uma política de Gestão
c. ser federativa.
Essencialmente Pública
O GesPública é uma política formulada a partir da premissa de que a gestão de órgãos e entidades
públicos pode e deve ser excelente e ser comparada com padrões internacionais de qualidade em
gestão, mas não pode nem deve deixar de ser pública.
A qualidade da gestão pública tem que ser orientada para o cidadão, e desenvolver-se dentro do
espaço constitucional demarcado pelos princípios da impessoalidade, da legalidade, da moralidade,
da publicidade e da eficiência.
Entenda-se por resultado para o setor público o atendimento total ou parcial das demandas da
sociedade traduzidas pelos governos em políticas públicas. Neste sentido, a eficiência e a eficácia
serão tão positivas quanto a capacidade que terão de produzir mais e melhores resultados para o
cidadão (impacto na melhoria da qualidade de vida e na geração do bem comum).
Federativa
A base conceitual e os instrumentos do GesPública não estão limitados a um objeto específico a
ser gerenciado (saúde, educação, previdência, saneamento, tributação, fiscalização etc.). Aplicam-
se a toda administração pública em todos os poderes e esferas de governo. Essa generalidade na
aplicação, assim como a estratégia do Programa de formar uma rede de organizações e pessoas
38
EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS│ UNIDADE V
voluntárias – a Rede Nacional de Gestão Pública – fez com que, pouco a pouco, o GesPública
recebesse demandas de órgãos e entidades públicos não pertencentes ao Poder Executivo Federal.
Essa dimensão federativa viabiliza, inclusive, que órgãos de outros poderes e esferas de governo
assumam a coordenação estadual do Programa.
39
CAPITULO 3
Modelo de Excelência em Gestão
Pública
O Desafio Gerencial
A compreensão de que um dos maiores desafios do setor público brasileiro é de natureza gerencial
fez com que se buscasse um modelo de excelência em gestão focado em resultados e orientado
para o cidadão. Esse modelo auxilia as organizações públicas que estão em busca de transformação
gerencial rumo à excelência da gestão. Ao mesmo tempo, permite avaliações comparativas de
desempenho entre organizações públicas brasileiras e estrangeiras e com empresas e demais
organizações do setor privado.
Princípios e Fundamentos
No Direito Constitucional, princípios são os valores ordenadores do sistema jurídico que possibilitam
maior abertura e enraizamento de legitimidade, variando conforme o momento histórico, social
e político de uma sociedade. Este entendimento norteia a natureza pública do GesPública e é
apresentado a seguir.
40
EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS│ UNIDADE V
41
UNIDADE IV │ GESTÃO POR RESULTADOS
De forma simples e abrangente, princípios são proposições que contêm as diretrizes estruturais
de determinada ciência, pelos quais seu desenvolvimento deverá pautar-se. Os princípios
consubstanciam valores, sejam estes morais, religiosos, éticos, políticos, mutáveis através do tempo,
espaço e forma. Eles são a base estrutural de qualquer sistema.
A Constituição, como texto legal supremo e fundamental de um Estado, pode aferir que os princípios
configuram-se como norteadores fundamentais de todo o ordenamento jurídico do Estado. Eles
advêm da escolha da sociedade, que, levando em consideração o momento social, político, histórico
e econômico, determina quais serão as linhas orientadoras de sua conduta e quais são os valores
presentes em seu espírito social.
Em razão disso, os princípios constitucionais são, precisamente, a síntese dos valores principais da
ordem jurídica, e detêm a função de conferir ao sistema um sentido lógico, harmonioso e racional,
facilitando a compreensão de seu funcionamento.
A gestão pública para ser excelente tem que atender aos seguintes princípios constitucionais:
c. Moralidade: pautar a gestão pública por um código moral. Não se trata de ética
(no sentido de princípios individuais, de foro íntimo), mas de princípios morais de
aceitação pública;
d. Publicidade: ser transparente, dar publicidade aos fatos e dados. Essa é uma forma
eficaz de indução ao controle social;
42
GESTÃO POR RESULTADOS│ UNIDADE IV
e. Eficiência: fazer o que precisa ser feito com o máximo de qualidade ao menor custo
possível. Não se trata de redução de custo de qualquer maneira, mas de buscar a
melhor relação entre qualidade do serviço público prestado e o correspondente
gasto público.
Pensamento sistêmico
Entendimento das relações de interdependência entre os diversos componentes de uma organização,
bem como entre a organização e o ambiente externo, com foco na sociedade.
43
UNIDADE V │ EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS
As organizações públicas são vistas como sistemas vivos, integrantes de ecossistemas complexos
que devem interagir com o meio e se adaptar. Assim, é importante que o seu sistema de gestão
seja dinâmico e capaz de contemplar a organização como um todo, para rever e consolidar os seus
objetivos e suas estratégias, observando o alinhamento e a interconexão dos seus componentes, ou
seja, a consistência entre os seus objetivos, planos, processos, ações e as respectivas mensurações.
Como sistemas vivos, as organizações precisam aprender a valorizar as redes formais com cidadãos-
usuários, interessados e parceiros, bem como as redes que emergem informalmente, entre as pessoas
que as integram, e destas com pessoas de outras organizações e entidades.
Dessa forma, o pensamento sistêmico pressupõe que as pessoas da organização entendam o seu
papel no todo (as interrelações entre os elementos que compõem a organização – a dimensão
interna e a dimensão externa).
Aprendizado organizacional
Busca contínua e alcance de novos patamares de conhecimento, individuais e coletivos, por meio da
percepção, reflexão, avaliação e compartilhamento de informações e experiências.
Preservar o conhecimento que a organização tem de si própria, de sua gestão e de seus processos é
fator básico para a sua evolução.
Cultura da inovação
Promoção de um ambiente favorável à criatividade, à experimentação e à implementação de novas
ideias que possam gerar um diferencial para a atuação da organização.
Busca e desenvolve continuamente ideias originais para incorporá-las a seus processos, produtos,
serviços e relacionamentos, associados ao rompimento das barreiras do serviço público antiquado
e burocrático, para otimizar o uso dos recursos públicos e produzir resultados efetivos para a
sociedade.
44
EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS│ UNIDADE V
A participação pessoal, ativa e continuada da alta administração é fundamental para dar unidade
de propósitos à organização. Seu papel inclui a criação de um ambiente propício à inovação e ao
aperfeiçoamento constantes, ao aprendizado organizacional, ao desenvolvimento da capacidade
da organização de se antecipar e se adaptar com agilidade às mudanças no seu ecossistema e de
estabelecer conexões estratégicas.
A alta administração deve atuar como mentora, precisa ter visão sistêmica e abrangente,
ultrapassando as fronteiras da organização e as restrições de curto prazo, mantendo comportamento
ético e habilidade de negociação, liderando pelo exemplo. A ação de liderança deve conduzir ao
cumprimento da missão e alcance da visão de futuro da organização.
Os fatos e dados gerados em cada um desses processos, bem como os obtidos externamente à
organização, se transformam em informações que subsidiam a tomada de decisão e alimentam a
produção de conhecimentos. Esses conhecimentos dão à organização pública alta capacidade para
agir e poder para inovar.
A tomada de decisões e a execução de ações devem estar suportadas por medição e análise do
desempenho, levando-se em consideração as informações disponíveis, além de incluir os riscos
identificados.
45
UNIDADE V │ EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS
A orientação por processos permite planejar e executar melhor as atividades com a definição
adequada de responsabilidades, uso dos recursos de modo mais eficiente, realização de prevenção e
solução de problemas, eliminação de atividades redundantes, aumentando a produtividade.
Visão de futuro
Indica o rumo de uma organização e a constância de propósitos que a mantém nessa direção. Está
diretamente relacionada à capacidade de estabelecer um estado futuro desejado que dê coerência
ao processo decisório e que permita à organização antecipar-se às necessidades e expectativas
dos cidadãos e da sociedade. Inclui, também, a compreensão dos fatores externos que afetam a
organização com o objetivo de gerenciar seu impacto na sociedade.
É na formulação das estratégias que a organização se prepara para colocar em prática sua visão de
futuro. O alcance dessa visão é o resultado da implementação dessas estratégias sistematicamente
monitoradas, levando em consideração as tendências do ambiente externo, as necessidades e
expectativas das partes interessadas, os desenvolvimentos tecnológicos, os requisitos legais, as
mudanças estratégicas dos concorrentes e as necessidades da sociedade, no sentido de readequá-las
e redirecioná-las, quando for o caso.
Assim, uma organização que exerce a visão de futuro planeja, age e aprende estrategicamente,
obtendo resultados sustentáveis expressos pelo seu bom desempenho.
Geração de valor
Alcance de resultados consistentes, assegurando o aumento de valor tangível e intangível de forma
sustentada para todas as partes interessadas.
Gerar valor para todas as partes interessadas significa aprimorar relações de qualidade e assegurar
o desenvolvimento da organização. Ao agir dessa forma a organização enfatiza o acompanhamento
dos resultados em relação às suas finalidades e metas, a comparação dos resultados com referenciais
comparativos pertinentes e o monitoramento da satisfação de todas as partes interessadas, obtendo
sucesso de forma sustentada e adicionando valor para todas elas.
46
EXCELÊNCIA NOS SERVIÇOS PÚBLICOS│ UNIDADE V
A geração de valor depende cada vez mais dos ativos intangíveis, que atualmente representam a
maior parte do valor das organizações públicas.
Isto implica visão estratégica das lideranças para possibilitar à sociedade a percepção da utilidade e
da credibilidade da própria organização.
Pressupõe dar autonomia para atingir metas e alcançar resultados, assumir riscos, criar
oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de competências. Envolve também reconhecer
o bom desempenho, criando práticas flexíveis e produtivas para atrair e reter talentos, propiciando
um clima organizacional participativo e agradável.
Para tanto, a organização tem que alinhar suas ações e resultados às necessidades e expectativas
dos cidadãos e da sociedade e antecipar suas necessidades futuras, o que implica estabelecer
um compromisso com a sociedade no sentido de fazer o melhor no cumprimento da sua missão
institucional considerando o interesse público.
Administração Pública tem o dever de garantir o direito dos cidadãos ao acesso dos serviços públicos
de maneira contínua (princípio da Continuidade do Serviço Público), com vistas a não prejudicar o
atendimento à população, particularmente no que se refere aos serviços essenciais.
Desenvolvimento de parcerias
Desenvolvimento de atividades junto de outras organizações com objetivos específicos comuns,
buscando o pleno uso das suas competências complementares para o desenvolvimento de sinergias,
expressas em trabalhos de cooperação e coesão.
47
UNIDADE IV │ GESTÃO POR RESULTADOS
Essas parcerias podem ser com clientes, fornecedores, organizações de cunho social, ou mesmo com
competidores e são baseadas em benefícios mútuos claramente identificados.
O trabalho conjunto dos parceiros, apoiado nas competências, conhecimento e recursos comuns,
assim como o relacionamento baseado em confiança mútua, respeito e abertura facilitam o alcance
dos objetivos.
Responsabilidade social
Atuação voltada para assegurar às pessoas a condição de cidadania com garantia de acesso aos
bens e serviços essenciais e, ao mesmo tempo, tendo como princípios gerenciais a preservação da
biodiversidade e dos ecossistemas naturais potencializando a capacidade das gerações futuras,
atender suas próprias necessidades.
48
O exercício da cidadania pressupõe o apoio a ações de interesse social e pode incluir: a educação
e a assistência comunitária; a promoção da cultura, do esporte e do lazer; e a participação no
desenvolvimento nacional, regional ou setorial.
Controle Social
Atuação que se define pela participação das partes interessadas no planejamento, acompanhamento
e avaliação das atividades da Administração Pública e na execução das políticas e programas
públicos.
A alta administração das organizações públicas tem que estimular a sociedade a exercer ativamente
o seu papel de guardiã de seus direitos e de seus bens comuns.
Participação social é ação democrática dos cidadãos nas decisões e ações que definem os destinos
da sociedade. Colocá-la em prática implica aprender a lidar e interagir com as mobilizações e
movimentos sociais.
Gestão participativa
Estilo de gestão que determina uma atitude gerencial da alta administração que busque o máximo
de cooperação das pessoas, reconhecendo a capacidade e o potencial diferenciado de cada um e
harmonizando os interesses individuais e coletivos a fim de conseguir a sinergia das equipes de
trabalho.
49
CAPÍTULO 4
Diretrizes Gerais do GesPública
50
GOVERNO
ELETRÔNICO E UNIDADE VI
TRANSPARÊNCIAL
A ideia de “governo eletrônico” (E–gov) surgiu quando Al Gore, vice–presidente dos EUA, abriu o
Fórum Global sobre Reinvenção do Governo, em Washington, 1999, com a presença de 45 países. O
“governo eletrônico” objetiva fornecer informações, serviços e produtos através de meio eletrônico,
a partir de órgãos públicos, a qualquer momento, local e a qualquer cidadão.
Uma das metas do governo eletrônico seria a inclusão digital. Note que isso não significa somente
tornar os computadores acessíveis a todos, mas também tornar os sites do governo fáceis de usar, de
modo a derrubar barreiras causadas pela falta de conhecimentos e de experiência.4
CAPÍTULO 1
O que é E-GOV
O E-GOV pode ser entendido como uma das principais formas de modernização do estado e está
fortemente apoiado no uso das novas tecnologias para a prestação de serviços públicos, mudando a
maneira com que o governo interage com os cidadãos, empresas e outros governos.
Cita-se, a respeito, a opinião do próprio Governo: “Nesse sentido, o Governo Eletrônico abrange
todas as iniciativas do Governo Brasileiro voltadas para o uso da Internet no exercício da cidadania.
Isso compreende os meios, as informações e os serviços necessários para o usufruto de direitos
e o cumprimento de obrigações. Os serviços mencionados devem ser entendidos como “serviços
públicos mais públicos”: aqueles que podem ser usufruídos em casa, no trabalho, ou em local
de acesso público à Internet, sem a necessidade da presença do cidadão numa representação do
governo” [Brasil, 2001].
51
CAPÍTULO 2
Tipos de Transações
Essas transações ocorrem não apenas por meio da Internet, mas também por meio de telefonia móvel,
televisão digital, call centers e outros tipos de aplicações ligadas aos computadores [Fernandes,
2000].
Em G2C têm-se exemplos muito positivos que facilitam a vida do cidadão, como serviços de
licenciamento de veículos e pagamento de IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores), a facilidade de registro de Boletins de Ocorrência via WEB oferecida pela Secretaria
de Segurança Pública de São Paulo e, mais recentemente, a possibilidade do contribuinte pagar
impostos por meio do Receitanet, disponível no site da Receita Federal. Com a evolução desse tipo
de transação, o cidadão começa a interagir cada vez mais com o governo, passando a ter acesso às
facilidades oferecidas pela tecnologia.
Em âmbito municipal podemos citar como exemplos de G2C o pagamento de impostos e tarifas
como o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), solicitações de serviços como limpeza urbana
e emissão de laudos e guias.
52
CAPÍTULO 3
Histórico
Em 21 de janeiro de 1994, durante o Governo Itamar Franco, foi instituído o Sistema de Administração
dos Recursos de Informação e Informática (SISP) do Governo Federal, por meio do Decreto no
1048/94.
A Rede Governo que inicialmente foi pensada para ser uma espécie de Intranet pública, com
disponibilização de acesso a todos os serviços e informações aos órgãos interessados, deu origem
ao Portal Rede Governo, que tinha um objetivo diferente. Ao passo que aquele consistia em uma
prestação de serviços interna à Administração Pública, este visava oferecer ao cidadão um catálogo
de serviços e informações disponibilizados pela Internet.
O projeto chegou a receber vários prêmios, dentre os quais o de inovação na gestão pública inovação
na gestão pública.
O Programa Sociedade da Informação foi criado por meio do Decreto 3.294, de 15 de dezembro de
1999.
O Programa foi concebido a partir de um estudo do conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e era
parte do conjunto de projetos que compunham o Plano Plurianual 2000-2003. Era inicialmente um
aporte de R$ 3,4 bilhões de reais entre recursos do tesouro, renúncia fiscal e participação do setor
privado, estados e municípios.
Governo Eletrônico surgiu no ano 2000, quando foi criado um Grupo de Trabalho Interministerial
com a finalidade de examinar e propor políticas, diretrizes e normas relacionadas às novas formas
eletrônicas de interação, através do Decreto Presidencial de 3 de abril de 2000.
As ações deste Grupo de Trabalho em Tecnologia da Informação (GTTI) foram formalizadas pela
Portaria da Casa Civil nº 23 de 12 de maio de 2000, e incorporadas às metas do programa Sociedade
da Informação, coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
»» Universalização de serviços;
»» Infra-estrutura avançada.
53
CAPÍTULO 4
Diretrizes
No Brasil, a política de Governo Eletrônico segue um conjunto de diretrizes que atuam em três
frentes fundamentais:
»» Junto ao cidadão;
A política de governo eletrônico do governo brasileiro abandona a visão que vinha sendo adotada,
que apresentava o cidadão-usuário antes de mais nada como “cliente” dos serviços públicos, em
uma perspectiva de provisão de inspiração neoliberal. O deslocamento não é somente semântico.
Significa que o governo eletrônico tem como referência os direitos coletivos e uma visão de cidadania
que não se restringe à somatória dos direitos dos indivíduos. Assim, forçosamente incorpora a
promoção da participação e do controle social e a indissociabilidade entre a prestação de serviços e
sua afirmação como direito dos indivíduos e da sociedade.
A Inclusão digital deve ser tratada como um elemento constituinte da política de governo eletrônico,
para que esta possa configurar-se como política universal. Esta visão funda-se no entendimento
da inclusão digital como direito de cidadania e, portanto, objeto de políticas públicas para sua
promoção.
Entretanto, a articulação à política de governo eletrônico não pode levar a uma visão instrumental
da inclusão digital. Esta deve ser vista como estratégia para construção e afirmação de novos
direitos e consolidação de outros pela facilitação de acesso a eles. Não se trata, portanto, de contar
com iniciativas de inclusão digital somente como recurso para ampliar a base de usuários (e,
portanto, justificar os investimentos em governo eletrônico), nem reduzida a elemento de aumento
da empregabilidade de indivíduos ou de formação de consumidores para novos tipos ou canais de
distribuição de bens e serviços.
Além disso, enquanto a inclusão digital concentra-se apenas em indivíduos, ela cria benefícios
individuais mas não transforma as práticas políticas. Não é possível falar de práticas políticas sem
que se fale também da utilização da tecnologia da informação pelas organizações da sociedade civil
em suas interações com os governos, o que evidencia o papel relevante da transformação dessas
mesmas organizações pelo uso de recursos tecnológicos.
O software livre deve ser entendido como opção tecnológica do governo federal. Onde possível,
deve ser promovida sua utilização. Para tanto, deve-se priorizar soluções, programas e serviços
baseados em software livre que promovam a otimização de recursos e investimentos em tecnologia
da informação. Entretanto, a opção pelo software livre não pode ser entendida somente como
motivada por aspectos econômicos, mas pelas possibilidades que abre no campo da produção e
circulação de conhecimento, no acesso a novas tecnologias e no estímulo ao desenvolvimento de
software em ambientes colaborativos e ao desenvolvimento de software nacional.
A escolha do software livre como opção prioritária onde cabível, encontra suporte também na
preocupação em garantir ao cidadão o direito de acesso aos serviços públicos sem obrigá-lo a usar
plataformas específicas.
O governo eletrônico não deve significar aumento dos dispêndios do governo federal na prestação
de serviços e em tecnologia da informação. Ainda que seus benefícios não possam ficar restritos a
55
UNIDADE VI │GOVERNO ELETRÔNICO E TRANSPARÊNCIAl
este aspecto, é inegável que deve produzir redução de custos unitários e racionalização do uso de
recursos.
Grande parte das iniciativas de governo eletrônico pode ser realizada através do compartilhamento
de recursos entre órgãos públicos. Este compartilhamento pode se dar tanto no desenvolvimento
quanto na operação de soluções, inclusive através do compartilhamento de equipamentos e
recursos humanos. Deve merecer destaque especial o desenvolvimento compartilhado em ambiente
colaborativo, envolvendo múltiplas organizações.
7. Integração das ações de Governo Eletrônico com outros níveis de governo e outros
poderes
A implantação do governo eletrônico não pode ser vista como um conjunto de iniciativas de
diferentes atores governamentais que podem manter-se isoladas entre si. Pela própria natureza do
governo eletrônico, este não pode prescindir da integração de ações e de informações.
A natureza federativa do Estado brasileiro e a divisão dos Poderes não pode significar obstáculo para
a integração das ações de governo eletrônico. Cabe ao Governo Federal um papel de destaque nesse
processo, garantindo um conjunto de políticas, padrões e iniciativas que garantam a integração das
ações dos vários níveis de governo e dos três Poderes.
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Referências
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mimeo, 1996.
(1996), “Da Administração Pública burocrática à gerencial”, A Reforma do Estado na América Latina
e no Caribe, Seminário internacional, Brasília, 16 e 17 de maio.
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Washington, D.C.
Cadernos da Fundação Luís Eduardo Magalhães – Gestão Pública – O debate contemporâneo. Caio
Marini. 2003.
GOODSELL, C.T. (1993), “Reinvent government or rediscover it?”, Public Administration Review,
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Modelo aberto de gestão para resultados no setor público / Alberto Serra; tradução de Ernesto
Montes-Bradley y Estayes. - Natal, RN: SEARH/RN, 2008.
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2012.
Serra, Alberto. Modelo aberto de gestão para resultados no setor público / Alberto Serra; tradução
de Ernesto Montes-Bradley y Estayes. - Natal, RN: SEARH/RN, 2008.
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