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Brasília-DF.
Elaboração
Helena Seibert
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 5
Introdução...................................................................................................................................... 8
Unidade i
epidemiologia da obesidade.......................................................................................................... 11
capítulo 1
Transição Nutricional...................................................................................................... 11
Capítulo 2
A Obesidade como Problema de Saúde Pública.............................................................. 14
CAPÍTULO 3
Evolução da Obesidade no Brasil................................................................................... 17
Unidade iI
o tecido adiposo como orgão endócrino.............................................................................. 21
capítulo 4
O Tecido Adiposo............................................................................................................... 21
Capítulo 5
Fator de Necrose Tumoral............................................................................................... 26
CAPÍTULO 6
Sistema Renina Angiotensina............................................................................................. 28
capítulo 7
Adiponectina...................................................................................................................... 30
CAPÍTULO 8
Leptina................................................................................................................................. 32
capítulo 9
Grelina................................................................................................................................ 34
Unidade iII
doenças associadas à obesidade................................................................................................ 36
capítulo 10
Hipertensão Arterial.......................................................................................................... 36
capítulo 11
Hipercolesterolemias e Hipertrigliceridemia................................................................... 40
capítulo 12
Diabetes............................................................................................................................... 43
capítulo 13
Resistência à Insulina......................................................................................................... 46
capítulo 14
Síndrome Metabólica........................................................................................................ 48
capítulo 15
Fatores Genéticos Associados à Obesidade................................................................... 51
Unidade iV
atendimento nutricional da obesidade nos diferentes públicos............................................... 53
capítulo 16
Crianças............................................................................................................................ 53
capítulo 17
Adolescentes..................................................................................................................... 55
capítulo 18
Gestantes............................................................................................................................ 56
capítulo 19
Adultos............................................................................................................................... 58
capítulo 20
Idosos................................................................................................................................. 60
Referências..................................................................................................................................... 63
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de to rná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
A obesidade tornou-se um dos assuntos mais discutidos na área de Saúde e, principalmente, na área
da Nutrição. Por se tratar de um estado multifatorial, deve se dar ao assunto uma atenção redobrada,
já que as causas e consequências desta condição são complexas. A intenção desta disciplina é fazer
com que o aluno compreenda o que é a obesidade e como funciona seu mecanismo e, ao mesmo
tempo, fazer com que se sinta apto a atuar profissionalmente em equipes multidisciplinares,
tomando condutas pertinentes e fundamentais no diagnóstico e tratamento.
Na primeira unidade, vamos explorar a obesidade desde seu aumento na população (incluindo
as causas deste aumento), passando pelas consequências que ela trouxe à população e qual a
metodologia adotada para verificar seu crescimento no Brasil.
Na segunda unidade, iremos estudar sobre a fisiopatologia da obesidade, focando o principal tecido
regulador da obesidade (o tecido adiposo), suas características e funções endócrinas, além de
entender onde e como os hormônios envolvidos na obesidade atuam e quais as consequências desta
desregulação.
O foco da terceira unidade são as patologias secundárias à obesidade e neste falaremos também de
como o profissional nutricionista pode atuar auxiliando no bem estar do paciente.
Por fim, na unidade quatro, daremos ênfase à avaliação nutricional e ao tratamento da obesidade de
acordo com as particularidades das diferentes faixas etárias.
Objetivos
Unidade 1:
Unidade II:
8
Unidade III:
Unidade IV:
capítulo 1
Transição Nutricional
A obesidade aumenta a olhos vistos, hoje é considerada uma das doenças com
o tratamento mais difícil. Como essa situação atingiu essa dimensão? O que
aconteceu? Como aconteceu essa transição? Por que países em desenvolvimento
e subdesenvolvidos que, tradicionalmente, apresentavam alta prevalência de
desnutrição, atualmente também apresentam cada vez mais casos de obesidade?
O excesso de peso também é um problema de grande relevância no Brasil (Estatística, 2010), com
aumento da prevalência em 0,5% ao ano em estudos realizados durante os anos 1990 (LOBSTEIN
e BAUR et al., 2004). Uma revisão realizada com estudos brasileiros das regiões Sul, Sudeste e
11
UNIDADE I │epidemiologia da obesidade
Nordeste, envolvendo 21 publicações entre os anos 2000 e 2007, sobre a prevalência de excesso de
peso em adolescentes, aponta que esta variava entre 4% e 31%. A prevalência de excesso de peso foi
maior do que 15% nessa faixa etária em mais de 60% dos estudos (ARAÚJO e KONRAD et al., 2007).
Mais recentemente, os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada nos anos
2008 e 2009, mostraram prevalência de sobrepeso e obesidade em adolescentes brasileiros de
20,5% e 4,9% respectivamente, sendo mais prevalentes entre os meninos (Estatística, 2010). Uma
análise realizada com quatro grandes inquéritos brasileiros (Estudo Nacional de Despesa Familiar,
1974/1975; Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição, 1989; POF, 2002/ 2003 e 2008/2009)
mostrou aumento contínuo de sobrepeso e obesidade ao longo dos quatro inquéritos. Entre os
adolescentes, a prevalência do excesso de peso triplicou nos últimos 20 anos, atingindo entre um
quinto e um terço dos jovens analisados nos inquéritos. Nos 34 anos decorridos do inquérito de
1974/1975 até o mais recente (2008/2009), a prevalência de excesso de peso aumentou em seis
vezes para os meninos (de 3,7% para 21,7%) e em quase três vezes para as meninas (de 7,6% para
19,4%) (Estatística, 2010).
De acordo com estudo realizado pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC), observam-
se mudanças no comportamento da prevalência de excesso de peso ao longo do tempo. Durante as
décadas de 1960 a 1980 essa taxa se manteve estável; aumentou, porém, entre os anos 1976-80 e os
anos 2003/2004 em todas as faixas etárias, sendo que em adolescentes (12-19 anos) houve aumento
de 11 para 17% (BRADFORD, 2009).
12
epidemiologia da obesidade│ UNIDADE I
Consumo de alimentos
ricos em gordura
+
Prática de atividade Estado nutricional Estado nutricional
física adequado ou desnutrição = OBESIDADE
+
Consumo de cereais e
alimentos integrais
TRANSIÇÃO
NUTRICIONAL
13
Capítulo 2
A Obesidade como Problema de Saúde
Pública
Impactos no Indivíduo
Aspectos de saúde
A obesidade é, atualmente, considerada uma doença crônica e as alterações que provoca no
organismo atuam como um “gatilho” para o desenvolvimento de outras doenças, como hipertensão
arterial, diabetes melito, hiperinsulinemia, entre outros.
Em estudo realizado com pacientes obesos, foi verificado que estes apresentam maior desequilíbrio
emocional que desencadeia sofrimento psíquico intenso e determinam relação conflituosa entre o
obeso e sua saúde. Esses pacientes estão mais propensos a deixar de desenvolver atividades que
exigem cautela e dedicação para sua adequada manutenção. Além disso, esses indivíduos apresentam
quadro de ansiedade e quanto mais se mantiver a oferta de alimentos, maior será a demanda por
eles (SOARES e SANTOS et al., 2010).
Pessoas obesas também estão mais propensas a lesões no aparelho músculo esquelético, causando
dores articulares, histórico de queda pregressa (da própria altura), distúrbio de marcha, postura
14
epidemiologia da obesidade│ UNIDADE I
inadequada, entre outros, além disso, fisicamente, pacientes obesos referem cefaleia persistente
após traumatismo craniano leve, má conservação do estado dentário, mal-estar com tontura, maior
risco para infecção urinária (SOARES, SANTOS et al., 2010).
Estudos sugerem também que o tempo de duração da obesidade está diretamente associado à
morbi-mortalidade por fatores metabólicos, cardiovasculares, respiratórios, viscerais, ortopédicos,
dermatológicos, neurológicos e por alterações hormonais – Figura 2 (MUST e JACQUES et al.,
1992; SPEISER e RUDOLF et al., 2005).
A obesidade é uma doença multifatorial e mantém-se por motivos já citados e outros como mau
hábito alimentar, falta de prática de atividade física, pré-disposição genética, distúrbios emocionais,
distúrbios endócrinos, entre outros. Por ter causas e consequências tão complexas, a obesidade
acaba se tornando uma doença de tratamento difícil e, para obtenção de resultados positivos, é
necessário o cuidado da equipe multidisciplinar.
Aspectos familiares
A inclusão da família no tratamento da obesidade é de fundamental importância. O apoio familiar
vem como parte do tratamento do paciente obeso. A família pode ajudar tanto com o apoio das
práticas alimentares adequadas como também com a adoção de hábitos alimentares e adoção de
estilo de vida saudáveis.
Um estudo realizado na americano realizado com afrodescendentes apontou que adolescentes que
se alimentavam em casa e que tinham uma alimentação preparada com alimentos saudáveis tinham
menor propensão à obesidade e também os obesos tinham melhor aderência à dieta quando apoiados
15
UNIDADE I │epidemiologia da obesidade
desta maneira pela família (KRAMER e COUTINHO et al., 2012), desta maneira entendemos que
o envolvimento familiar, e não a exclusão do indivíduo obeso, é fundamental para o tratamento da
obesidade.
Impactos na sociedade
16
CAPÍTULO 3
Evolução da Obesidade no Brasil
Como é feito o controle da obesidade? Qual são os métodos utilizadados para avaliar
prevalência e incidência de obesidade no Brasil? Qual a situação atual do nosso país?
Cada vez mais os inquéritos alimentares trazem a real situação do país. A amostragem
abrange um número cada vez maior da população e, com avaliação desses inquéritos
(mesmo que tenham sido adotadas metodologias diferentes em cada um deles), é
possível ter uma ideia da evolução da obesidade no país e também comparar nossa
situação atual com a situação de diferentes países.
Inquéritos Alimentares
Os estudos alimentares brasileiros utilizam bases metodológicas que possibilitam estimar o perfil
nutricional, quais são as tendências da população e qual o perfil nutricional da mesma de acordo
com o que é preconizado pela Política de Alimentação e Nutrição que integra a Política Nacional de
Saúde, fornecendo informações para os serviços de saúde pública (MENEZES e OSÓRIO, 2009).
Como os inquéritos abrangem maior parte da população, é possível avaliar, em nível nacional, como
anda o perfil brasileiro. Os inquéritos alimentares podem servir como uma base para avaliar o perfil
alimentar e nutricional da população brasileira, mesmo que adotadas metodologias diferentes em
suas execuções. Nesse sentido, começam também a aparecer alguns estudos que comparam os
inquéritos para traçar histórico da população.
ENDEF
O Estudo Nacional de Despesa Familiar (ENDEF) foi realizado entre agosto de 1974 a agosto de 1975.
Teve abrangência nacional, exceto pela região norte rural devido à dificuldade de acesso e baixa
densidade populacional. Foi realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
e contou com informações sobre condições de vida da população brasileira de 55.000 domicílios
(CRUZ, 2005).
A pesquisa evidenciou a diversidade alimentar existente no país, tanto do ponto de vista dos
alimentos consumidos quanto do tipo de preparação (Cruz, 2005).
17
UNIDADE I │epidemiologia da obesidade
PNAN
A Pesquisa Nacional sobre Alimentação e Nutrição foi realizada pelo Instituto Nacional de
Alimentação e Nutrição (INAN), com colaboração de do IPLAN (Instituto de Planejamento e Gestão
Governamental) e do IBGE (Nutrição, 2012).A pesquisa teve duração de 2 meses e meio entre julho
e setembro de 1989.
Foi realizado com amostra domiciliar nacional, tipo PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra por
domicílios), contou com uma amostra de 17.920 domicílios (Nutrição, 2012).
POFs
A Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) é uma pesquisa realizada por amostragem, na qual
são investigados os domicílios particulares permanentes. As POFs tem como objetivo medir as
estruturas de consumo, gastos, rendimentos, e parte, das variações patrimoniais das famílias, assim,
é possível traçar um perfil das condições de vida da população brasileira a partir de seus orçamentos
domésticos (Estatística, 2010).
Para potencializar a utilização dos resultados, a POF investiga diversas características dos domicílios
e das famílias (Estatística, 2010).
A POF mais atual incluiu em seu inquérito, dados sobre a qualidade de vida da família e, também,
avaliação do perfil nutricional da população residente no Brasil. Para tanto, medidas antropométricas
de todos os moradores dos domicílios foram tomadas e foram investigados aspectos relacionados
à amamentação e à alimentação escolar e aplicado um módulo especial sobre consumo efetivo de
alimentos (Estatística, 2010).
18
epidemiologia da obesidade│ UNIDADE I
Estudar como foram feitos os inquéritos alimentares (ENDEF, PNAN e POFs) pode
ajudá-lo a identificar pontos críticos e iluminar caminhos para a compreensão e
atuação do profissional da saúde.
19
o tecido
adiposo Unidade iI
como orgão
endócrino
capítulo 4
O Tecido Adiposo
Com o avançar da ciência e da tecnologia, foi visto que o tecido adiposo apresenta
mais funções do que se imaginava e, atualmente, ele é considerado um órgão
endócrino complexo e multifuncional.
Antes conhecido simplesmente como estoque de gordura, agora é conhecido por sua participação
ativa na homeostase energética e outras funções fisiológicas (FONSECA-ALANIZ e TAKADA et al.,
2006), está claro que o tecido adiposo é um orgão endócirino complexo e metabolicamente ativo
(KERSHAW e FLIER, 2004).
21
UNIDADE II │o tecido adiposo como orgão endócrino
O desempenho endócrino do tecido adiposo vai ser diferente nos casos de excesso ou deficiência.
Na obesidade, o excesso de tecido adiposo, principalmente o tecido adiposo visceral, está associado
à resistência à insulina, hiperglicemia, dislipidemia, hipertensão, estados protrombóticos e
proinflamatórios (KERSHAW e FLIER, 2004).
Função Primária
A função primordial do armazenamento de gordura é servir como reserva energética do organismo,
mas também pode atuar como isolante térmico, (ajudando na manutenção da temperatura do
corpo) e como amortecedor (proteção contra choques mecânicos), posicionando-se entre a pele e os
órgãos internos.
Apesar desta definição já tradicional de armazenamento, hoje em dia é sabido que, mais do que
armazenamento de gordura, o tecido adiposo representa o principal local de síntese de hormônios
sexuais (SIITERI, 1987) e produção de adipsina (FLIER e COOK et al., 1987).
Tabela adaptada de Kershaw EE e Flier JS, J Clin Endoc Metab 89(6):2548-2556, 2004.
22
o tecido adiposo como orgão endócrino│ UNIDADE II
Em adição a estes sinais eferentes, o tecido adiposo expressa uma série de receptores que o permitem
responder a muitos sinais aferentes advindos tanto de sinais hormonais tradicionais quanto do
sistema nervoso central (SNC).
Tabela adaptada de Kershaw EE e Flier JS, J Clin Endoc Metab 89(6):2548-2556, 2004.
Desta forma, além do repertório necessário para a estocagem e liberação de energia, o tecido adiposo
abriga a maquinária metabólica necessária, que permite a comunicação com órgãos distantes,
incluindo o SNC. Através desta malha interativa, o tecido adiposo está envolvido integralmente
na coordenação de vários processos biológicos, incluindo o metabolismo energético, as funções
neuroendócrinas e as unções imunológicas.
Desenvolvimento e Características
Na vida fetal, os traços do que virá a ser futuramente o tecido adiposo já se encontram presentes na
14ª. a 16ª. semana de gestação, que iniciam seu crescimento na 23ª. semana gestacional. Originam-
se dos lipoblastos que, por sua vez, têm origem a partir de células mesenquimatosas.
São conhecidos dois tipos de tecido adiposo: tecido adiposo marrom e tecido adiposo amarelo.
23
UNIDADE II │o tecido adiposo como orgão endócrino
O primeiro, cuja distribuição mais frequente se dá ao redor do pescoço e próximo dos grandes vasos
do tórax e superior aos rins, acreditava-se estar presente apenas nas primeiras fases da vida humana.
Recentemente, as pesquisas identificaram (HIMMS-HAGEN, 1990) que cerca de 20% a 80% dos
adultos também apresentam tecido adiposo marrom. Este tecido é especializado, em particular,
por apresentar geração de calor por proteína desacopladora da cadeia respiratória da fosforilação
oxidativa dentro da mitocôndria, o que significa, em última análise, que, quando os prótons
transitam através do gradiente eletroquímico através da membrana mitocondrial interna, a energia
deste processo é liberada como calor e não para a geração de ATP. Este processo termogênico pode
ser vital para os bebês expostos ao frio, que se utilizam desta termogênese para ficarem aquecidos,
já que são incapazes de apresentarem outras medidas para manterem-se aquecidos. O fascínio por
este tecido reside na expectativa futura de usar o mecanismo de geração de calor desacoplado para
terapia de perda de peso.
Apesar dos adipócitos expressarem e secretarem muitos hormônios endócrinos, como a leptina e
adiponectina, muitas das proteínas secretadas derivam da fração não representada pelos adipócitos.
Apesar disso, todos os componentes funcionam como uma unidade integrada, fazendo do tecido
adiposo um verdadeiro órgão endocrinológico. Das funções endócrinas do tecido adiposo, são duas
as principais desempenhadas por proteínas secretadas: aquelas que apresentam efeito metabólico
em células de tecidos distantes e enzimas envolvidas no metabolismo de hormônios esteroides.
O desempenho endócrino do tecido adiposo vai ser diferente nos casos de excesso ou deficiência.
Na obesidade, o excesso de tecido adiposo, principalmente o tecido adiposo visceral, está associado
à resistência à insulina, hiperglicemia, dislipidemia, hipertensão, estados protrombóticos e
proinflamatórios (KERSHAW e FLIER, 2004).
Lipogênese
O acúmulo de gordura no tecido adiposo é determinado pelo balanço entre síntese de gordura
(lipogênese) e quebra de gordura (lipólise/ oxidação dos ácidos graxos). A lipogênese é muito
responsiva a mudanças na dieta. Ácidos graxos poli-insaturados diminuem a lipogênese ao suprimir
24
a expressão gênica no fígado, incluindo a de ácido graxo sintase, spot14 e steril-CoA dessaturase.
Por outro lado, uma dieta rica em carboidratos estimula a lipogênese tanto no fígado quanto no
tecido adiposo, elevando os níveis plasmáticos de triglicérides pós-prandiais. O jejum reduz a
lipogênese no tecido adiposo que, em lipólise combinada, culmina com perda de triglicerídeos dos
adipócitos. Em contraste, no fígado, por causa da grande quantidade de ácidos graxos chegando do
tecido adiposo, existe um aumento na síntese de triglicerídeos, o que resulta em uma forma leve de
hepatoesteatose. Isto ocorre apesar da redução da fração de síntese de ácidos graxos e da expressão
diminuída de inúmeros genes envolvidos na lipogênese.
25
UNIDADE II │o tecido adiposo como orgão endócrino
Capítulo 5
Fator de Necrose Tumoral
Características
O Fator de Necrose Tumoral α (TNF – α) é uma citocina multifuncional que exerce funções em
diversas partes do organismo.
Além de produzida pelo tecido adiposo, também é produzida pelo tecido muscular e linfoide (COSTA
e DUARTE, 2006).
Acredita-se que o TNF – α produzido pelo tecido adiposo tem ação autócrina (ação na própria
célula) e parácrina (ação em células vizinhas), pois as estratégicas terapêuticas anti TNF – α foram
ineficazes no metabolismo da glicose.
A expressão de TNF – α no tecido adiposo tem relação direta com a quantidade de gordura corporal
e diminui com a perda de peso (FRÜHBECK e GÓMEZ-AMBROSI et al., 2001).
O TNF e a Obesidade
A alta concentração de TNF – α tem sido associada à indução da resistência à insulina em alguns
estados catabólicos, a partir disto, foi proposto que o TNF – α seja o mediador da relação obesidade/
resistência à insulina(LIU e SPELLEKEN et al., 1998). Sua relação com a obesidade foi verificada
por sua alta expressão em indivíduos obesos e diminuição da mesma conforme a diminuição do
peso corporal (COSTA e DUARTE, 2006).
Como Acontece?
O TNF – α diminui a resposta à insulina pela diminuição da expressão à superfície celular de
transportadores de glicose (GLUT 4) e fosforilação dos substratos 1 dos receptores de insulina
(COSTA e DUARTE, 2006).
26
o tecido adiposo como orgão endócrino│ UNIDADE II
Além disso, o TNF – α parece ter sua expressão induzida pelos triglicérides e ácidos graxos livres e,
ainda, há evidências que o aumento da expressão gênica de TNF – α no tecido adiposo pode levar
à obesidade, em parte, por alterar a liberação da circulação de adipocitocinas como o inibidor do
plasminogênio I (PAI-I) e a adiponectina (GUIMARÃES e SARDINHA et al., 2007).
Os receptores de TNF – α também tem seu papel na resistência à insulina em indivíduos obesos.
Estudos realizados com ratos obesos mostram associação positiva entre a expressão de dois receptores
de TNF – α e a resistência à insulina, o p55 (p60 em humanos) e o p75 (p80 em humanos). Quando
analisados em humanos, os resultados são um pouco controversos com o p60 e bem correlacionados
com o p80 (FRÜHBECK e GÓMEZ-AMBROSI et al., 2001)
27
UNIDADE II │o tecido adiposo como orgão endócrino
CAPÍTULO 6
Sistema Renina Angiotensina
Características
O sistema renina-angiotensina-aldosterona é um mecanismo fisiológico renal para o controle da
pressão arterial (GUYTON, 2006).
A renina, enzima envolvida neste processo, é sintetizada nos rins e armazenada sob forma inativa.
Quando há queda da pressão arterial, ocorrem reações intrínsecas que fazem com que os rins liberem
a renina, a maior parte dela fica circulante na corrente sanguínea e parte atua nos rins. A renina
irá agir na angiotensina I, que irá formar a angiotensina II, agente vasoconstritor extremamente
potente, que tem outros efeitos que afetam a circulação (GUYTON, 2006).
Como Acontece?
Foi visto que, com os reservatórios de angiotensina II no tecido adiposo, esta não vai participar
somente nas ligações com os receptores das membranas dos adipócitos, mas também nos finais
dos nervos pré-sinápticos, nos vasos sanguíneos e isso deve influenciar no metabolismo do tecido
adiposo, de acordo com a localização do reservatório (tecido adiposo branco ou marrom) e da
espécie estudada(ENGELI e SCHLING et al., 2003).
28
o tecido adiposo como orgão endócrino│ UNIDADE II
Grande parte dos estudos sobre este sistema é desenvolvida em ratos, resumidamente a relação do
tecido adiposo e do sistema renina-angiotensina. Na síndrome metabólica em roedores é explicado
da seguinte maneira: a secreção local de angiotensina é aumentada pela alimentação em excesso e
resulta na formação local de angiotensina II, a qual promove aumento do adipócito pelo aumento
das enzimas lipogênicas. Ainda em ratos, a relação do tecido adiposo e da pressão arterial pode ser
explicado pelo aumento da secreção de angiotensina pelos adipócitos (ENGELI e SCHLING et al.,
2003).
ADIPÓCITO
ANGIOTENSINA ENZIMAS
ANGIOTENSINA II
LIPOGÊNICAS
HIPERFAGIA
29
UNIDADE II │o tecido adiposo como orgão endócrino
capítulo 7
Adiponectina
Hormônios produzidos pelo próprio tecido adiposo também tem seu papel na
obesidade. Qual seria o mecanismo de ação destes hormônios?
Parece lógico que hormônios produzidos no tecido adiposo tenha relação com a
obesidade, vamos estudar como funciona a fisiologia da adiponexctina.
Características
Descoberta em meados dos anos 1990, a adiponectina, proteína plasmática relacionada com a
obesidade, resistência à insulina e aterosclerose, é produzido exclusivamente por adipócitos dos
tecidos adiposo branco e marrom e está presente de maneira abundante no plasma, diferente
dos outros hormônios relacionados com o tecido adiposo, sua produção e concentração está
inversamente relacionada com a obesidade(NISHIZAWA e SHIMOMURA et al., 2002; HALUZÍK e
PARÍZKOVÁ et al., 2004).
Adiponectina x Obesidade
Estudos demonstram que a adiponectina é um hormônio sensível à insulina e que a
hipoadiponectinemia na obesidade e na diabetes do tipo 2 tem relação com o desenvolvimento da
resistência à insulina, além de relação com a fisiopatologia da aterosclerose (YANG, LEE et al.,
2001; NISHIZAWA e SHIMOMURA et al., 2002).
Foi atribuído à adiponectina efeito anti-aterogênico. Ela demonstrou ter a capacidade de inibir
a adesão de monócitos no endotélio vascular a transformação de macrófagos em foam cells e a
expressão de moléculas de adesão, suprimindo a expressão de TNF – α por essas moléculas de
adesão. O contrário também é verificado; indivíduos com baixa concentração de adiponectinas
apresentam maior risco às doenças cardiovasculares (Guimarães, Sardinha et al., 2007).
30
o tecido adiposo como orgão endócrino│ UNIDADE II
Como Funciona?
O efeito da adiponectina na resistência à insulina é mediado, em parte, por aumento da oxidação de
gorduras por ativação da enzima adenina monofosfato quinase, em músculos esqueléticos, e essa
ação é semelhante à sinalizada pela própria insulina (GUIMARÃES e SARDINHA et al., 2007).
31
UNIDADE II │o tecido adiposo como orgão endócrino
CAPÍTULO 8
Leptina
Um hormônio que gerou, e ainda gera, conflitos na população científica. Parecia ser
a chave para o controle da obesidade, mas apresentou comportamento diferente
daquele apresentado em estudos realizados com ratos. Afinal, qual a relação da
leptina com a obesidade?
Características
A leptina (do grego leptos = magro), é um hormônio peptídico produzido principalmente no tecido
adiposo branco (maior parte no subcutâneo) e tem sua concentração, em humanos, relacionada ao
tamanho de massa de tecido adiposo presente no corpo (DA MOTA e ZANESCO, 2007).
Foi encontrado pela primeira vez em camundongos e foi identificada como uma proteína de 167
aminoácidos, produto do gene Ob. O gene Ob está presente em diversas espécies de vertebrados,
inclusive em ratos e no homem (GUIMARÃES e SARDINHA et al., 2007).
Os primeiros estudos relacionados com a leptina mostraram que este hormônio seria responsável
pelo aumento do apetite e do gasto energético pela ativação da atividade do nervo simpático no
tecido adiposo marrom. Mais tarde, estudos apontaram que a leptina provoca aumento da pressão
arterial por estimulação simpática na obesidade (RAHMOUNI, 2010).
Leptina x Obesidade
A relação da leptina com a obesidade está na relação desta adipocitina com a regulação da saciedade.
A leptina interage em diversos sistemas neuroendócrinos centrais envolvidos no controle de ingestão
de alimentos. Nesse sentido, estudos são bastante controversos. Alguns apontam que não há relação
entre quantidade de leptina administrada e regulação da fome; outros referem que a leptina em
32
o tecido adiposo como orgão endócrino│ UNIDADE II
altas doses possa reverter quadros de obesidade e, outros, ainda, indicam que altos teores de leptina
circulante possam ser resultado de uma resistência à proteína, que desempenha um importante
papel na obesidade (GUIMARÃES e SARDINHA et al., 2007).
Como Acontece?
A resistência à leptina pode resultar de um defeito do transporte de leptina ao sistema nervoso
central ou ainda um defeito no pós-receptor o que levaria à uma falha na ativação de mediadores
neuroendócrinos reguladores de peso corporal (GUIMARÃES e SARDINHA et al., 2007). A leptina
pode, então, atuar como um indicador da necessidade de estocagem de gordura corporal quando
em alta concentração circulante.
33
UNIDADE II │o tecido adiposo como orgão endócrino
capítulo 9
Grelina
Quais eixos são afetados pela atuação da grelina? Por que ela está envolvida com a
obesidade?
Hormônios que atuam no eixo neuroendócrino têm relação direta com a obesidade.
Como e por que a grelina está envolvida com esta patologia?
Características
A grelina, peptídeo produzido pelas células do estômago, mas também em pequenas quantidade pelas
células renais, placenta, glândula ptuitária e hipotálamo, está diretamente envolvida na regulação
do balanço energético em curto prazo e atua principalmente no sistema nervoso central (SNC),
sinalizando a necessidade de ingestão alimentar. Sua secreção é inibida pela ingestão de nutrientes,
pois, neste caso, há a secreção de diversos hormônios digestivos (intestinais e pancreáticos) que
controlariam sua liberação (DA MOTA e ZANESCO, 2007).
Especulações apontam a grelina como um fator orexígeno, seus níveis são diminuídos na obesidade
enquanto elevados em situações de anorexia nervosa, dieta de baixo teor calórico e sob treinamento
crônico, porém os mecanismos ainda não foram esclarecidos (DA MOTA e ZANESCO, 2007).
Grelina x Obesidade
A grelina, assim como a leptina, também tem relação com a obesidade pelo aumento da ingestão
alimentar, além disso tem relação com a diminuição da oxidação de tecido adiposo.
Não há consenso sobre o motivo da hipossecreção da grelina em indivíduos obesos, porém, sabe-
se que a administração exógena não modifica a situação e que a adoção de dieta hipocalórica e a
acentuada redução de peso pode restaurar o nível do mesmo, portanto, sugere-se que outros fatores
influenciem nessa deficiência em obesos (JÉQUIER e TAPPY, 1999).
A teia hormonal
Neste capítulo estudamos separadamente as características, a relação com a
obesidade e a atuação de diversos hormônios relacionados com obesidade e excesso
de peso. Didaticamente nosso método de exploração é mais fácil para compreensão
de cada componente estudado, mas é importante que você saiba que não é apenas
34
o tecido adiposo como orgão endócrino│ UNIDADE II
um desses hormônios que está alterado em uma pessoa obesa, mas, sim, todos
estão “agindo” como se estivessem em uma grande “teia hormonal”.
Para compreender melhor, tente imaginar e estudar quais são os pontos de atividade
de cada hormônio. Entender qual a função original (em uma pessoa eutrófica, sem
alteração de concentração circulante do hormônio) de cada hormônio estudado.
Faça uma tabela e tente compreender, a partir da função do hormônio, o que ele
alteraria na obesidade.
35
doenças
associadas à Unidade iII
obesidade
capítulo 10
Hipertensão Arterial
Definição e Prevalência
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é caracterizada como condição clínica multifatorial,
identificada a partir de níveis elevados e sustentados de pressão arterial. Esta pode afetar diretamente
a estrutura ou função de coração, rins, encéfalo e vasos sanguíneos órgãos-alvo (Cardiologia,
Hipertensão et al., 2010).
36
doenças associadas à obesidade│ UNIDADE III
Quando as pressões sistólica e diastólica situam-se em categorias diferentes, a maior deve ser
utilizada para classificação da pressão arterial.
A hipertensão, uma das principais doenças crônicas que causam morte precoce em adultos
jovens, aumenta entre crianças e adolescentes, sendo a obesidade, o estilo de vida sendentário, o
histórico familiar e outras doenças cardiovasculares os principais fatores de risco associados a ela
(CHOBANIAN e BAKRIS et al., 2003; FALKNER, 2009).
O diagnóstico da hipertensão arterial é feito por médico em 3 avaliações feitas com 3 medidas em 3
dias distintos.
Hipertensão x Obesidade
A relação da hipertensão com a obesidade é bastante encontrada na população adulta (Cardiologia,
Hipertensão et al., 2010), porém, como já foram vistos casos em pediatria, é complexa, incluindo
alterações tanto de sistemas hormonais quanto de estrutura celular. A obesidade provoca o aumento
da ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona e da atividade do sistema nervoso simpático
e a resistência à insulina, também a obesidade está relacionada com o aumento da reabsorção de
sódio pelos rins, comprometendo a pressão de natriurese e o volume de expansão. Além disso,a
obesidade pode também causar alterações estruturais nos rins que pode levar à doença renal crônica
pelo aumento da pressão arterial. Outras alterações que estão envolvidas com o aumento da pressão
arterial em obesos são nas adiponectinas, nos ácidos graxos livres, nas desfunções endoteliais,
inflamações sistêmicas e apneia do sono (KURUKULASURIYA e STAS et al., 2011).
37
UNIDADE III │doenças associadas à obesidade
O aumento da ingestão energética na obesidade, provoca a expansão do tecido adiposo e com isso a
alteração estrutural e endócrina deste tecido (KURUKULASURIYA e STAS et al., 2011).
Quanto maior a quantidade de tecido adiposo, maior será a atividade do sistema renina-
angiotensina. Resumidamente a relação do tecido adiposo e do sistema renina-angiotensina na
síndrome metabólica em roedores é explicado da seguinte maneira: a secreção local de angiotensina
é aumentada pela alimentação em excesso e resulta na formação local de angiotensina II, a qual
promove aumento do adipócito pelo aumento das enzimas lipogênicas. Ainda em ratos, a relação do
tecido adiposo e da pressão arterial pode ser explicada, pelo aumento da secreção de angiotensina
pelos adipócitos (ENGELI e SCHLING et al., 2003).
O acúmulo da gordura visceral parece ter relação com o aumento da pressão arterial sistólica (PAS),
devido à hiperinsulinemia que o excesso desse tecido provoca. A pressão arterial também está
entre as complicações da síndrome metabólica (NISHINA e KIKUCHI et al., 2003). A resistência à
insulina não é a principal causa da hipertensão em obesos, porém seu papel é de grande importância
neste caso, apesar da relação direta ainda não estar bem estabelecida. Com a resistência à insulina,
há um aumento intracelular de cálcio e da sensibilidade a ele, resultando no aumento da resistência
vascular periférica (KURUKULASURIYA e STAS et al., 2011).
Terapia nutricional
O tratamento não medicamentoso da hipertensão na obesidade deve considerar, além da perda de
peso (e da circunferência abdominal), a mudança do hábito alimentar (inclusão de alimentos que
auxiliam no controle da pressão) e a prática de atividade física (Cardiologia, Hipertensão et al.,
2010; SACKS e CAMPOS, 2010). Deve se estimular a adoção de hábito alimentar saudável e não de
dietas radicais, além disso o acompanhamento nutricional deve prevalecer inclusive após a perda
de peso, para que não haja recuperação do peso perdido (Cardiologia, Hipertensão et al., 2010). A
perda de peso é importante para regular a atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona e
do sistema nervoso, diminuindo assim a retenção de sódio (SACKS e CAMPOS, 2010).
A adoção de uma dieta que auxilia na diminuição da pressão arterial é uma ferramenta importante
para casos de pré-hipertensão, já que os benefícios desta mudança de hábito auxilia na melhora da
pressão antes do começo da terapia medicamentosa (SACKS e CAMPOS, 2010).
A ingestão excessiva de sal é fortemente associada ao aumento da pressão arterial tanto em adultos
quanto em crianças e adolescentes (FALKNER e MICHEL, 1997). O padrão alimentar brasileiro
apresenta alto consumo de alimentos industrializados – ricos em sódio, gordura e açúcar (Estatística,
2010), além disso, as refeições que normalmente eram mais caseiras agora foram substituídas
por restaurantes e fast foods (FALKNER e MICHEL, 1997), mudanças que aumentam o risco de
obesidade e consequentemente da HAS.
38
doenças associadas à obesidade│ UNIDADE III
Para casos de crianças e adolescentes obesos e com hipertensão, é indicada a adoção de uma dieta
rica em frutas, hortaliças, fibras e minerais, além de baixo teor de gordura e sódio – grãos integrais,
produtos lácteos pobres em gordura, frango, peixe, óleos vegetais, pequenas quantidades de carne
vermelha, doces e bebidas açucaradas (Cardiologia, Hipertensão et al., 2010; SACKS e CAMPOS,
2010). A adoção de algumas dietas que são baseadas nesses alimentos mostraram relação positiva
com a redução da pressão arterial (DASH – Dietary Approaches to Stop Hypertension e dieta do
mediterrâneo (Cardiologia, Hipertensão et al., 2010).
39
capítulo 11
Hipercolesterolemias e
Hipertrigliceridemia
Definição e Prevalência
Os lípides têm função importante no organismo. Os que são biologicamente relevantes são
os fosfolípides (estrutura celular), o colesterol (precursor de hormônios) e os triglicérides
(armazenamento energético).
Em 1998, no Brasil, em regiões específicas (9 capitais), foram avaliados 8.045 indivíduos com média
de idade de 35 anos, em relação aos níveis séricos de colesterol total (CT). Neste estudo, observou-
se que 38% dos homens e 42% das mulheres possuem CT >200mg/dL, além disso, foi visto que as
faixas etárias mais atingidas foram as mais elevadas (Cardiologia, 2007).
40
doenças associadas à obesidade│ UNIDADE III
Deslipidemias x Obesidade
A associação entre obesidade e dislipidemias é um assunto bastante discutido entre os profissionais da
saúde. A associação entre a obesidade e as dislipidemias parece estar nas alterações do metabolismo
de lípides que a obesidade provoca.
Terapia Nutricional
A associação do consumo elevado de gordura saturada e aumento de colesterol é bem descrita. A
base da terapia nutricional para dislipidemia é o controle do consumo dessas gorduras e aumento
do consumo de fibras dietéticas.
Deve-se orientar a redução de alimentos de origem animal, principalmente vísceras, leite e laticínios
integrais, embutidos, peles de aves e frutos do mar. Evitar o consumo de carnes gordas, polpa de
leite de coco e alguns óleos vegetais como o dendê, por exemplo (Cardiologia, 2007).
41
UNIDADE III │doenças associadas à obesidade
42
capítulo 12
Diabetes
A diabetes do tipo 2 é mais uma das doenças associadas à obesidade que cresce
rapidamente no Brasil e no mundo. O profissional nutricionista tem papel
fundamental na prevenção e no tratamento desta patologia via prescrição e
adequação dietética.
Definição e Prevalência
O diabetes melittus do tipo 2 (DMT2) é uma deficiência do pâncreas em produzir insulina, dessa
maneira os níveis sanguíneos permanecem elevados. Um dos fatores agravante é que 50% dos
portadores de diabetes melittus não sabem que tem a doença e, assim, seu tratamento é postergado
até o conhecimento. A busca de indivíduos obesos com diabetes é importante para o diagnóstico
precoce da doença (FAUSTINO e DE AZEVEDO et al., 2010).
Um dos principais agravantes decorrentes da obesidade que podem levar ao DMT2 é a hiperglicemia,
que se dá na falta da insulina, provocando diurese osmótica, com perda de água e eletrólitos
(FAUSTINO e DE AZEVEDO et al., 2010).
A obesidade central (androide) é a mais relacionada com o DMT2 e estima-se que ela seja mais
frequente em mulheres (FAUSTINO e DE AZEVEDO et al., 2010).
Em 2010, a prevalência da diabetes no Brasil foi de 6 % e estima – se que, em 2030, seja de 7,8%,
em números de pessoas. Espera-se que essa prevalência passe de 7.633 para 12.780 pessoas com
diagnóstico de DMT2 (SHAW e SICREE et al., 2010).
Diabetes x Obesidade
O risco de comorbidades e o excesso de peso têm relação direta, e no caso da diabetes não é diferente.
Outro fator de risco para o diabetes do tipo 2 é a obesidade visceral, medida por circunferência
abdominal; o risco aumenta em homens com circunferência ≥101,6 cm e mulheres com circunferência
≥88,9 cm. A tabela abaixo mostra a relação do IMC com a diabetes do tipo 2 (BANTLE e WYLIE-
ROSETT et al., 2008).
43
UNIDADE III │doenças associadas à obesidade
Risco de doença*
IMC (Kg/ Grau de CA: Homens = 101,6 cm CA: Homens≥ 101,6 cm
m2)
obesidade Mulheres = = 88,9 cm Mulheres≥ 88,9 cm
Baixo Peso <18,5
Eutrófico 18,5-24,9 Aumentado Alto
Sobrepeso 25,0-29,9 I Alto Muito Alto
Obesidade 30-39,9 II Muito alto Muito Alto
Obesidade ≥40 III Extremamente alto Extremamente alto
Mórbida
*Risco para DM2, hipertensão e DCV. CA=Circunferência Abdominal(Bantle, Wylie-Rosett et al., 2008).
Os casos de diabetes na obesidade podem ser iniciados por casos de resistência à insulina
persitente, dessa maneira os casos de diabetes são mais encontrados na população adulta. Na
população pediátrica, a resistência à insulina parece preceder o declínio na função das células β no
desenvolvimento do diabetes. Já está bem estabelecido que o pâncreas, por um determinado período
de tempo, é capaz de compensar adequadamente a resistência periférica à insulina, aumentado a
produção deste hormônio, até que a capacidade das células β seja insuficiente para produzir insulina
e compensar o grau de resistência à insulina. Em consequência, a hiperglicemia emerge, mudando
a condição do paciente de intolerante à glicose para diabético do tipo 2 (LIU e HIRONAKA et al.,
2004).
Terapia Nutricional
Em indivíduos diabéticos com sobrepeso e obesidade, a terapia nutricional deve ser iniciada com o
incentivo à perda de peso. Essa perda deve ser incentivada para todo indivíduo que apresente risco
para diabetes. O programa de perda de peso deve incluir, além do controle calórico, o controle de
carboidratos e lipídios e a associação à atividade física (BANTLE e WYLIE-ROSETT et al., 2008).
44
doenças associadas à obesidade│ UNIDADE III
Para auxiliar no controle da glicemia, deve ser orientada a recomendação de 14 g de fibra a cada 1000
Kcal da dieta, além de alimentos integrais, alimentos com baixo índice glicêmico, principalmente
aqueles que são ricos em fibras – feijões, lentilhas,maçãs, laranjas, leite, iogurte, legumes etc.
(BANTLE e WYLIE-ROSETT et al., 2008).
Deve ser recomendado também o uso de adoçantes. Em indivíduos diabéticos, o uso de frutose
produz uma diminuição na resposta pós-prandial à glicose, porém, esse adoçante pode afetar
a concentração lipídica no sangue. O uso de frutose proveniente da fruta, por outro lado, não é
restringido ao diabético. Os adoçantes indicados são os derivados de alcoóis como eritol, maltitol,
manitol, sorbitol, xilitol. Esses adoçantes, além de reduzirem a resposta pós-prandial da glicose,
também possuem baixo valor calórico 2Kcal/g (BANTLE e WYLIE-ROSETT et al., 2008).
45
capítulo 13
Resistência à Insulina
Definição e Prevalência
A resistência à insulina é uma resposta (sensibilidade) biológica deficiente à insulina exógena ou
endógena. As deficências à insulina e deficiências insulínicas estão relacionadas na etiologia da
diabetes do tipo 2 (MAHAN e ESCOTT-STUMP, 2005).
A resistência à insulina é avaliada através do método HOMA, desenvolvido por Turner et al.(1979).
O método HOMA (Homeostasis Model Assessment – insulin) avalia a relação entre glicemia/
hiperinsulinemia e parece ser o mais sensível e específico para avaliar resistência insulínica
(Cardiologia, 2005). Trata-se de um método matemático que prediz a sensibilidade à insulina através
da medida da glicemia e insulina de jejum. O HOMA é uma alternativa às técnicas sofisticadas e
trabalhosas de avaliação da resistência à insulina, sendo um método adequado para estudos em
larga escala (GELONEZE e TAMBASCIA, 2006).
22,5
A resistência à insulina não está presente apenas na população obesa e nem toda a população
obesa é resistente à insulina, porém pode-se afirmar que a relação entre a resistência à insulina
e a obesidade já foi bem estabelecida em diversos estudos. Não se sabe qual a porcentagem de
indivíduos obesos que ela atinge, mas sabe-se que está relacionado com o tipo de obesidade e com o
hábito alimentar do indivíduo obeso.
46
doenças associadas à obesidade│ UNIDADE III
A obesidade pode estar envolvida com a resistência à insulina pela redução da ação da insulina
sistêmica muscular e em adipócitos ou, então, pela ingestão de gordura excessiva ou tipo de gordura
ingerida (PEREIRA e FRANCISCHI et al., 2003).
Alguns autores acreditam que a resistência à insulina ou atuação dela por hiperinsulinemia seria
responsável por alterações na pressão sanguínea em indivíduos obesos através de alterações
(aumento da retenção de sódio e reabsorção de água pelos rins, ativação do sistema nervoso
simpático e alteração no transporte de eletrólitos através da membrana celular) e, assim, a resistência
à insulina seria uma precursora da síndrome metabólica e fator determinante para desencadear a
mesma (PEREIRA e FRANCISCHI et al., 2003).
Uma das explicações para o desenvolvimento da resistência à insulina em pessoas obesas estaria
relacionada à maior quantidade de lipídios, comum na dieta de pessoas obesas, que não seria
acompanhada pelo aumento imediato de sua oxidação, mas pelo aumento de ácidos graxos livres
que seriam estocados em diversos tecidos além do tecido adiposo (PEREIRA e FRANCISCHI et al.,
2003).
Terapia Nutricional
A relação da obesidade com a resistência à insulina é precursora da diabetes melittus do tipo 2,
como vimos anteriormente. Desta maneira, a terapia nutricional adotada nestes casos é semelhante
àquela de indivíduos diabéticos.
Além do cuidado alimentar, deve ser incluída no hábito diário, atividade física regular sempre
orientada por profissional capacitado.
47
UNIDADE III │doenças associadas à obesidade
capítulo 14
Síndrome Metabólica
Definição e Prevalência
O conjunto de fatores de risco cardiovascular, normalmente associados à obesidade central e à
resistência à insulina, é denominado síndrome metabólica (SM) (Hipertensão, 2005). A prevalência
da SM, em qualquer faixa etária, depende das variáveis utilizadas para sua classificação. O diagnóstico
precoce da SM é necessário para que se possa realizar o tratamento adequado e, assim, prevenir
complicações cardiovasculares e diabetes no futuro, além de diminuir a morbi-mortalidade na vida
adulta (ALBERTI e ZIMMET et al., 2005).
Duas das classificações mais populares para classificação da SM estão listadas nos quadros abaixo.
A primeira trata-se de uma classificação para o público adolescente, publico este que apresenta
ascensão no número de casos de SM, a segunda definição é a classificação acordada no último
consenso internacional.
Quadro 1. Critérios para diagnóstico de síndrome metabólica, segundo a IDF (2007) em crianças
e adolescentes (ZIMMET, ALBERTI et al., 2007).
48
doenças associadas à obesidade│ UNIDADE III
Quadro 2. Critérios para diagnóstico de síndrome metabólica, segundo a AHA (2009) em adultos
(ALBERTI e ECKEL et al., 2009).
3 ou mais fatores
- CA aumentada (utilizar pontos de corte
específicos para a população estudada)
Se verificarmos as demais variáveis para classificação de SM, podemos observar que todas
(alteração de glicemia, aumento de pressão arterial, dislipidemia) estão associadas à obesidade
como consequência dela, portanto, um indivíduo obeso é um forte candidato a ter SM e deve ter
acompanhamento contínuo para tratamento prevenção de um estado sindrômico.
49
UNIDADE III │doenças associadas à obesidade
Com o diagnóstico precoce de SM, por meio de uma metodologia adequada, é possível realizar um
tratamento eficaz para evitar complicações futuras.
50
capítulo 15
Fatores Genéticos Associados à
Obesidade
Características
A relação da obesidade com a genética vem, provavelmente, de uma herança poligênica. Estima-se
que crianças sem pais obesos tem 9% de chances de serem obesos, enquanto que, quando um dos
pais é obeso. essa porcentagem sobe para 50% e aumenta para até 80% quando ambos pais são
obesos (DAMIANI e DAMIANI et al., 2002).
Damiani e Oliveira (2002) apontam estudos realizados com gêmeos para separar os fatores ambientais
dos genéticos no estudo da obesidade. Um dos estudos citados foi realizado na Dinamarca, em 1986,
e aponta relação entre o peso dos indivíduos adotados e de seus pais biológicos, a mesma relação
não foi encontrada entre esses indivíduos e seus pais adotivos. Esta relação não foi encontrada
apenas na obesidade, mas também nas outras classes de peso (DAMIANI e DAMIANI et al., 2002).
Outro estudo citado foi realizado na Suécia e este chegou à conclusão que fatores genéticos
desempenham fatores decisivos na origem da obesidade (DAMIANI e DAMIANI et al., 2002).
Ainda um terceiro estudo citado, desta vez considerando padrões alimentares, foi também observada
forte influência genética (Damiani, Damiani et al., 2002). Este estudo encontrou que tanto os fatores
genéticos quanto os ambientais contribuíram com o padrão alimentar, porém o padrão genético
contribuiu com 1/3 das variações estudadas (VAN DEN BREE e EAVES et al., 1999).
Terapia Nutricional
Como a obesidade pode ser consequência de uma carga genética, é de extrema importância que se
conheça todo o histórico familiar do paciente.
Apesar de não ter como alterar um padrão genético com a alimentação, é possível indicar uma
alimentação saudável e equilibrada e fazer controles e acompanhamentos para aqueles que são
51
UNIDADE III │doenças associadas à obesidade
propensos à obesidade. A terapia nutricional nestes casos é preventiva, para que se evitem as
repercussões causadas pela obesidade.
Da mesma maneira, é importante acompanhar o paciente e verificar caso ele esteja com qualquer
alteração bioquímica, para que se possa realizar a intervenção multiprofissional.
52
atendimento
nutricional
da obesidade Unidade iV
nos diferentes
públicos
capítulo 16
Crianças
Como avaliar e tratar uma criança obesa? A perda de peso é indicada? Quais pontos
de corte adotar para classificar o estado nutricional?
Terapia Nutricional
A terapia nutricional do paciente pediátrico obeso deve focar, inicialmente, a correção de hábitos
alimentares inadequados. A perda de peso não é chave da terapia e sim a volta para a curva de
crescimento. É importante que o paciente seja trazido como “ator principal” da consulta. O trabalho
53
UNIDADE IV │atendimento nutricional da obesidade nos diferentes públicos
com o público infantil é desafiador, é importante que sejam traçadas metas, mas estas devem ser
inseridas no universo da criança.
O apoio familiar é de extrema importância. A mudança de hábitos alimentares não deve ser apenas
da criança. Os hábitos alimentares saudáveis devem ser praticados por todos da família e sempre
incentivados para que o aprendizado seja fixado.
No atendimento clínico, pode-se utilizar de ferramentas como jogos, músicas, vídeos, oficinas de
culinárias entre outros, tudo, sempre, dentro da capacidade e compreensão da criança. Devem ser
exploradas habilidades da criança de acordo com seu desenvolvimento e de acordo com a faixa
etária.
54
capítulo 17
Adolescentes
As dobras cutâneas não são indicadas para a população obesa, visto que grandes quantidades de
tecido adiposo tornam a medida imprecisa.
Terapia Nutricional
A terapia nutricional do adolescente deve ser focada na mudança de hábito alimentar. O nutricionista
deve integrar o paciente na consulta e verificar se ele prefere que sua consulta seja sem a presença
do pai ou responsável, pois, muitas vezes, o adolescente fica constrangido com a presença deles.
Após a mudança de hábitos, indica-se uma dieta equilibrada e saudável, com redução de gorduras
saturadas e açúcares, hábito comum dos adolescentes.
O atendimento tem maior eficácia quando realizado com equipe multidisciplinar. O atendimento
em grupos também tem se mostrado bastante eficaz.
55
capítulo 18
Gestantes
Como avaliar uma gestante? A perda de peso é indicada? O que recomendar para
uma paciente obesa e gestante?
O ganho de peso durante a gestação é recomendado pelo Institute of Medicine e leva em consideração
o peso pré-concepcional (MELO, 2011).
O diagnóstico do estado nutricional de mulheres gestantes é feito por meio da tabela e do gráfico
proposto por Atalah (ATALAH e CASTILLO et al., 1997), anexos.
56
atendimento nutricional da obesidade nos diferentes públicos│ UNIDADE IV
Terapia Nutricional
A orientação nutricional da gestante não deve ser focada apenas nas calorias e sim no consumo
balanceado de alimentos para um ganho de peso com qualidade para mãe e feto.
57
UNIDADE IV │atendimento nutricional da obesidade nos diferentes públicos
capítulo 19
Adultos
Como avaliar um adulto obeso? Qual tipo de terapia nutricional deve ser adotada?
58
atendimento nutricional da obesidade nos diferentes públicos│ UNIDADE IV
Terapia Nutricional
A dieta indicada é hipocalórica e deve ser iniciada com reeducação alimentar. Deve-se controlar a
ingestão de carboidratos simples, leguminosas, óleos, margarinas ou cremes vegetais e restringir
ingestão de açúcares em geral, refrigerantes e bebidas adoçadas, bebidas alcoólicas, alimentos e
preparações gordurosas, frios, embutidos, queijos gordos e frituras.
São indicadas carnes magras, frutas frescas e aumento no consumo de hortaliças. Também deve ser
controlada a qualidade e quantidade da alimentação.
É importante fracionar a alimentação com intervalos entre 3 e 4 horas e orientar que as refeições
sejam feitas em ambientes calmos e sem distrações. A velocidade da mastigação também deve ser
observada para auxiliar no controle da saciedade.
A perda de peso deve ocorrer de maneira lenta e gradativa, sendo indicada uma perda de 1 a 4 Kg
no mês.
A dieta hipocalórica requer acompanhamento contínuo para que as mudanças sejam efetivas.
59
UNIDADE IV │atendimento nutricional da obesidade nos diferentes públicos
capítulo 20
Idosos
A população idosa está crescendo cada vez mais e, com a evolução da ciência da
saúde, é esperado que a expectativa de vida aumente cada vez mais. É necessário
que se saiba como diagnosticar e tratar essa população tão especial.
Em diversas situações não é possível avaliar o peso e a estatura objetiva do idoso (por impossibilidade
de permanecer em pé, por exemplo), nestes casos é recomendado calcular a estatura e o peso
estimados, de acordo com as fórmulas abaixo.
Homens: P = [1,73 x CB (cm)] + [0,98 x CP (cm)] + 0,37 x PSE (mm)] + [1,16 x AJ (cm)] –
81,69
Mulheres: P = [0,98 x CB (cm)] + [1,27 x CP (cm)] + [0,40 x PSE (mm)] + [0,87 x AJ (cm)] –
62,35
Onde: CB = Circunferência do Braço; CP = Circunferência da Panturrilha; PSE = Prega Subescapular; AJ = Altura do joelho.
60
atendimento nutricional da obesidade nos diferentes públicos│ UNIDADE IV
Terapia Nutricional
Em idosos é recomendada a manutenção do peso e evitar ao máximo o aumento gradativo, a fim de
se manter um bom estado de saúde.
Nestes critérios, aumentar a oferta de alimentos com reduzido teor de gordura, sódio e açúcares;
oferecer pratos variados, frescos e coloridos; aumentar a oferta de fibras e lembrar sempre de
associar a esse hábito o aumento da ingestão hídrica – essencial na população idosa.(SANTOS,
2010).
61
Para (não) Finalizar
Fique atento aos métodos de avaliação antropométrica e terapia nutricional aplicada a cada público
atendido. Um bom atendimento não é aquele que se segue à risca tudo o que é recomendado, mas,
sim, aquele que é personalizado, realizável e que é aderido.
Fique sempre alerta nas diretrizes e comunicados de órgãos oficiais sobre obesidade e verifique
estratégias específicas para cada grupo atendido.
Consulte revistas de circulação pública e informe-se sobre os assuntos nelas debatidos para que
você possa se informar e tirar dúvidas ou explicar mecanismos para seus pacientes.
Acima de tudo e sempre: respeite a individualidade do seu paciente! Escute o que ele tem a dizer
e pense qual orientação é mais cabível para cada caso. Não tente mudar hábitos alimentares de
maneira rápida, Lembre-se para que o processo seja eficaz ele certamente será lento.
Agora é com você, crie estratégias, construa novas ferramentas, aperfeiçoe aquelas que você não
julga boas o suficiente e faça uso daquelas que têm efeito!
62
Referências
ABESO. Diretrizes Brasileiras de Obesidade.
http://www.abeso.org.br/pdf/diretrizes_brasileiras_obesidade_2009_2010_1.pdf 2010.
ALBERTI, K. G. et al. Harmonizing the metabolic syndrome: a joint interim statement of the
International Diabetes Federation Task Force on Epidemiology and Prevention; National Heart,
Lung, and Blood Institute; American Heart Association; World Heart Federation; International
Atherosclerosis Society; and International Association for the Study of Obesity. Circulation, v.
120, n. 16, p. 1640-5, Oct 2009. ISSN 1524-4539.
Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19805654>.
______. The metabolic syndrome--a new worldwide definition. Lancet, v. 366, n. 9491, p. 1059-
62, 2005 Sep 24-30 2005. ISSN 1474-547X.
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anexo
71
anexo
5)
72
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73