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e Neonatologia
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 5
Introdução...................................................................................................................................... 8
Unidade i
INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA........................................................................................... 9
Capítulo 1
Cuidados de enfermagem ao recém-nascido................................................................. 9
CAPÍTULO 2
Anamnese e exame físico do RN....................................................................................... 15
Unidade iI
TRIAGEM NEONATAL........................................................................................................................... 27
CAPíTULO 1
Teste do pezinho................................................................................................................. 28
Unidade iII
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO............................................................................................. 33
CAPÍTULO 1
O processo imunológico................................................................................................ 35
CAPITULO 2
Calendário básico de vacinação da criança.............................................................. 38
Unidade iV
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA............................................ 46
Capítulo 1
Crescimento...................................................................................................................... 47
CAPíTULO 2
Desenvolvimento em suas várias etapas da vida.............................................................. 52
Unidade V
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI............................................... 58
CAPÍTULO 1
Desnutrição Energético-Proteica................................................................................... 59
CAPÍTULO 2
Infecções Respiratórias Agudas – IRA............................................................................. 64
Unidade VI
Quando o bebê chega e não é o sonhado................................................................................. 76
CAPíTULO 1
As Malformações............................................................................................................. 76
ANEXOS............................................................................................................................................. 89
Referências..................................................................................................................................... 93
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
A enfermagem pediátrica se caracteriza pela atenção a um grupo que se apresenta em crescimento
e desenvolvimento constante. A assistência em pediatria é baseada na promoção, prevenção,
diagnóstico precoce e recuperação dos agravos à saúde. Para um acompanhamento adequado é
fundamental a presença do trabalho em conjunto com a família.
O principal instrumento utilizado em todo o país para acompanhamento da criança é o cartão, uma
vez que nele são registrados alguns dos eventos importantes para a saúde.
Objetivos
»» Revisar e aprimorar os nossos conhecimentos sobre pediatria e neonatologia.
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INTRODUÇÃO A
ENFERMAGEM Unidade i
PEDIÁTRICA
Capítulo 1
Cuidados de enfermagem ao
recém-nascido
Classificação do recém-nascido
O RN pode ser classificado quanto à idade gestacional em RN a termo ou normal, aquele que nasce
entre 38 a 42 semanas de gestação, em RN prematuro, aquele que nasce entre 28 a 37 semanas, e
RN pós-maturo quando nasce com mais de 42 semanas. O RN é classificado, ainda, de acordo com
o peso ao nascer; o que nasce com peso > 2,5 a 4 kg é chamado adequado para a idade gestacional
(AIG); com peso igual ou inferior a 2,5 é chamado de pequeno para a idade gestacional (PIG) e com
peso igual ou superior a 4 kg é chamado de grande para a idade gestacional (GIG). O RN de alto
risco é o produto de uma gestação de alto risco, em que as intercorrências patológicas e/ou sociais
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Sinal 0 1 2
Frequência cardíaca Ausente Lenta (abaixo de 100 batimentos por minuto) Maior que 100 batimentos por minuto
Respiração Ausente Lenta, irregular Boa, chorando
Tônus muscular Flácido Alguma flexão nas extremidades Movimento ativo
Irritabilidade reflexa Sem resposta Careta Tosse, espirro ou choro
Cor Azul, pálido Corpo rosado, extremidades azuis Completamente rosado
Apgar 4-6: hipóxia moderada; Apgar 0-3: hipóxia grave
Fonte: <http://www.unimed.com.br/pct/index.jsp?cd_canal= 49146&cd_secao= 49141&cd_materia=305344>
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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I
Fonte: <http://www.manualmerck.net/?id=277&cn=1379>
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Segundo referências americanas, a prevenção da ON pode ser feita com nitrato de prata a 1%,
eritromicina a 0,5%, tetraciclina a 1% ou iodopovidona a 2,5%.14 O Argirol® (vitelinato de prata a
10%), somente comercializado no Brasil e Argentina, também é utilizado na profilaxia da ON.
Identificação do recém-nascido
Identificar o RN com pulseira própria ou feita com esparadrapo e colocá-la no antebraço e tornozelo,
deve constar nome da mãe, sexo, data e hora do nascimento, número de registro (prontuário). Caso
haja parto múltiplo, deverá anotar a ordem de nascimento (I, II, II etc.). Registrar na ficha do RN
sua impressão plantar e a digital do polegar direito da mãe ainda no local do parto.
Higiene corporal
Não há necessidade de banhar o RN imediatamente após o parto, salvo o de mães HIV positivo
ou que nascerem banhados em mecônio. O primeiro banho deve ser dado após a estabilização dos
sinais vitais. O banho é uma excelente oportunidade para acompanhar o comportamento do bebê,
e neste momento deve-se envolver os pais nos cuidados do seu filho, ensinar os procedimentos e
mostrar-lhes as características individuais do seu bebê. No banho é necessário remover os resíduos
do parto (sangue e líquido amniótico) e sujidades, para filhos de mães HIV positivo sempre lembrar
que o banho é cuidado imediato para reduzir a colonização microbiana e promover conforto e
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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I
relaxamento. A retirada do vérnix caseoso deve ser evitada, uma vez que este é um fator de proteção
e hidratação natural. Utilizar água morna, o uso de sabão neutro deve ser criterioso, somente para
remoção de crostas de sangue e para limpeza da genitália suja de sangue, porque o sabão predispõe
rachaduras na pele do bebê. O uso de sabão a base de clorexidina deve ter indicação rigorosa, já que
ocorre absorção do produto e há risco de toxicidade. Não utilizar talco, pois sua aspiração causa
distúrbios respiratórios.
Administração de vitamina K
A equipe de enfermagem (enfermeiro ou técnico) é responsável pela administração de vitamina K em
todos os conceptos uma vez que esses nascem com baixa concentração desta vitamina. Administra-
se 1mg por via IM para evitar a ocorrência de sangramentos (doença hemorrágica do RN) com o
objetivo de catalisar a síntese da protrombina no fígado.
O coto remanescente deve ser umedecido diariamente com uma solução alcoólica (álcool absoluto).
Este processo acelera a secagem e reduz a possibilidade de infecção. O coto umbilical cairá por si
mesmo, geralmente entre o 5o e o 12o dia. Um retardo maior na queda não deverá ser motivo de
preocupação.
Medidas antropométricas
Peso
Balança adequada, protegida com fralda. Para esta faixa etária é indica balanças que possuem
divisões em, no mínimo, 100g e facilidade de leitura dos pesos e mecanismo de tara.
Comprimento
A medição do comprimento da criança é realizada deitada sobre uma mesa antropométrica ou sobre
uma superfície plana com o auxílio de uma régua antropométrica.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Aquecimento
Em relação à manutenção da temperatura corpórea prioriza-se o aquecimento do RN, no contato
pele a pele com a mãe em um quarto aquecido e, se necessário, cobri-lo com um cobertor conforme
o modelo humanista, já na assistência intervencionista preconiza que a perda calórica é minimizada
secando-se rapidamente a pele e o cabelo do RN colocando-o em ambiente aquecido. O ideal é que o
mantenha aquecido, no berço (conforme rotina do hospital), observação rigorosa (cianose; vômito;
tremores; respiração).
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CAPÍTULO 2
Anamnese e exame físico do RN
Para realizar um exame físico em RN o profissional deve conhecer a anamnese materna e a descrição
do nascimento do RN (tipo de parto, posição fetal, condições do líquido amniótico) e as alterações da
FC. Antes de manipular o bebê para realização do exame físico é importante descrever sua postura
e seu comportamento geral, pois seu estado geral oferece valiosos indícios sobre seu estado físico.
A postura ideal é aquela de flexão completa como consequência da vida intrauterina (posição fetal).
O comportamento do RN é observado quanto ao grau de alerta, à sonolência e à irritabilidade, que
podem ser sugestivos de problemas neurológicos.
Temperatura Axilar
No RN a termo a temperatura média é de 36,5 e 37ºC. A hipotermia pode significar que o bebê não
está bem aquecido e a hipertermia pode ocorrer nos casos de desidratação, excesso de roupas, calor
ambiente e/ou infecção.
Pulso Apical
Afere-se a FC (frequência cardíaca) com o auxílio de um estetoscópio e ausculta o batimento apical
na região precordial, dois dedos abaixo do mamilo esquerdo. A FC varia entre 120 a 160 bpm. Sopro
cardíaco nos primeiros dias é normal devendo ser investigado se persistir por algumas semanas. É
obrigatória a palpação dos pulsos femorais, pois a ausência da pulsação é sugestiva de estreitamento
da aorta (coarctação da aorta).
Respiração
Para RN a termo a frequência respiratória (FR) é de 40 irpm e em prematuros é de até 60 irpm, a
respiração é abdominal e a presença de estertores úmidos, logo após o nascimento normalmente é
transitória e desaparece nas primeiras horas de vida.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Avaliação da pele
Textura
Ao nascer o bebê apresenta uma pele macia e lisa, no segundo e terceiro dias apresenta-se
descamativa e seca, podendo apresentar rachaduras, principalmente, em torno dos tornozelos,
devido à adaptação com o ar seco que é bem diferente do líquido amniótico que a envolvia.
Vérnix Caseoso
Substância gordurosa, espessa, branco amarelada, que cobre o corpo do feto, que tem a função de
proteger a pele do ambiente líquido do útero. É mais abundante nos prematuros e quanto mais IG
ao nascer apresenta menos vérnix.
Turgor
O RN hidratado tem a pele túrgida e elástica quando pinçada volta rapidamente à posição anterior
sendo que o bebê desidratado a pele voltará lentamente.
Coloração
A coloração dependerá da raça do bebê, se branco são rosados, os da raça negra tendem para o
avermelhado. A pele pálida sugere geralmente anemia, vasoconstrição periférica, choque, asfixia e/
ou edema.
Pele de Alerquim
É a coloração definida à medida que o bebê deita de lado. De um lado do corpo apresenta palidez e
o lado oposto vermelhidão, sugere alteração vasomotora.
Cianose
É a coloração arroxeada da pele proveniente de uma vasoconstrição, se generalizada pode estar
relacionada a problemas cardiovasculares, a cianose de extremidades ou acrocianose, geralmente,
está relacionada com hipotermia.
Cútis Marmórea
Aparência de rede de vasos sanguíneos dilatados sob a pele, apresentando-se mosqueada de forma
transitória quando a criança é exposta ao frio.
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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I
Milium Sebáceo
São glândulas sebáceas distendidas, parecem pequenos pontos branco-amarelados sob as bochechas,
nariz e queixo. Miliária ou sudamina são glândulas sudoríparas distendidas, que aparecem como
pequenas vesículas, especialmente na face.
Eritema Tóxico
Pequenas lesões eritemato-papulosas, observadas a partir de 24 a 48 horas, regredindo
espontaneamente em poucos dias. Podem estar presentes no tórax, abdômen, coxas e nádegas.
Manchas Mongólicas
Áreas de pigmentação azulada intensa na região sacra glútea. Observada em bebês de descendência
africana, indígena, asiática ou hispânica.
Hemangioma Capilar
Áreas achatadas, róseas intensas, frequentes na fronte, nuca e pálpebra superior. Desaparecem em
alguns meses. Na nuca é conhecida popularmente com mancha do bico da cegonha.
Lanugem
São pelos finos e macios que aparecem na testa, orelhas, tronco e ombros, considera-se sua
abundância excessiva um sinal de prematuridade. A lanugem desaparece ao longo das semanas.
Edema
Geralmente o bebê nasce com edema devido à ação da progesterona materna, este desaparece em
24 ou 48 horas.
Bolhas
Localizadas em região palmo plantar ou generalizada, estas sugerem infecção congênita, como a
sífilis.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Icterícia
A pele e as mucosas ficam amareladas devido ao acúmulo de bilirrubina. Pode ser considerada
anormal e deverá ser esclarecida a causa de acordo com o aparecimento (início antes de 24 horas e
depois de 7 dias) e a duração (maior que uma semana em recém-nascidos a termo e duas semanas
em prematuro).
Cabeça
O corpo do RN é menor em relação à cabeça, representa um quarto do comprimento total. O
perímetro cefálico (PC) mede +/- 35 cm (2 cm >para o torácico).O crânio tem 6 ossos: 1 frontal, 1
occipital, 2 parietais e 2 temporais.
Perímetro Cefálico
É medido com fita métrica inelástica passando pela protuberância occipital e pela região mais
proeminente da fronte. Pesquisar a presença de macro ou microcefalia.
Fontanelas
São espaços formados por cartilagem localizados na cabeça, por meio, da palpação de dimensões
variáveis, sendo que a anterior é em forma de losango e mede 2 cm nos dois sentidos (variação
normal de 1 a 5 cm) e a posterior é triangular e é do tamanho de uma polpa digital. A principal
função é facilitar a passagem do feto no canal do parto e desenvolvimento da caixa craniana tanto
na vida fetal como no pós-natal. As principais são: bregma, bregmática ou anterior (>): se fecha por
volta de 18 meses e lambda, lambdoide ou posterior (<): se fecha por volta de 4 meses.
Suturas
Devido ao acavalgamento dos ossos do crânio, após o parto, o afastamento das suturas pode estar
diminuído. Suturas fundidas (ou cranioestenose) são as soldaduras precoces de uma ou mais suturas
cranianas, causando deformações do crânio e hipertensão intracraniana.
Bossa Serossanguínea
É uma massa mole, mal limitada, edemaciada e equimótica, que se localiza ao nível da apresentação.
Está entre o periósteo e o couto cabeludo, não ultrapassa as suturas.
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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I
Céfalo-hematoma
É um hematoma localizado abaixo do periósteo que se diferencia da bossa pelo seu rebordo periférico
palpável, e por não ultrapassar a sutura. Regressão espontânea por calcificação em algumas semanas.
Pode ser bilateral ou volumoso.
Caput Succedaneum
Edema dos tecidos moles do couro cabeludo, este pode ser apalpado como uma massa mole e
flutuante, atravessando as linhas de sutura. É absorvido em um ou dois dias.
Craniotabes
Impressão de estalido ao longo da sutura lambdoide, que se assemelha à indentação da bola de
pingue-pongue, encontrada em RNs normais. Caso permaneça até os três meses de idade é
necessário investigação.
Olhos
Observar sobrancelhas, cílios, movimentos palpebrais, edema, direção da comissura palpebral
(transversal, oblíqua e fimose), afastamento de pálpebras e epicanto. Hemorragias de conjuntivas são
comuns, mas são reabsorvidas sem qualquer procedimento. Caso haja secreções purulentas investigar
as causas. Pesquisar microftalmia (microcórnea: córnea com diâmetro menor que 9 mm); glaucoma
congênito com macrocórnea (diâmetro maior que 11 mm); catarata, que se apresenta com reflexo
esbranquiçado da pupila; coloboma iridiano, que se apresenta como a persistência de uma fenda
inferior de íris; tamanho da pupila (mídriase e miose), igualdade (isocoria ou anisocoria) e reação
à luz. A presença de estrabismo não tem significação nesta idade podendo persistir até o 6o mês; o
nistagmo (movimentos oculares oscilatórios, rítmicos e repetitivos dos olhos) lateral é frequente.
Orelhas
Observar forma, tamanho, simetria, implantação e papilomas pré-auriculares. Uma anomalia do
pavilhão pode estar associada à malformação do trato urinário e anormalidade cromossômica. A
acuidade auditiva pode ser pesquisada através da emissão de um ruído próximo ao ouvido e observar
a resposta do reflexo cocleopalpebral, que é o piscar dos olhos. Crianças com risco de perda da
acuidade auditiva deve ser submetidas à audiometria coclear. (veja mais na pág. 33)
Nariz
O RN já possui capacidade de identificar odores como o leite de sua mãe. Como ele respira
exclusivamente pelo nariz, as obstruções podem causar desconforto respiratório. Analisar forma
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Boca
Observar no palato duro junto à rafe mediana e às vezes nas gengivas, pequenas formações
esbranquiçadas, as pérolas de Epstein; lesões erosivas, com halo avermelhado, chamadas aftas
de Bednar; e presença de dentes. Observar a conformação do palato (ogival); a presença de fenda
palatina; da fissura labial (lábio leporino); o desvio da comissura labial que pode estar associado
à paralisia facial por traumatismo de parto; hipoplasia (micrognatia) e posição da mandíbula
(retrognatia). Visualizar a úvula e avaliar tamanho da língua e freio lingual.
Pescoço
Apresenta-se curto e com mobilidade, há sustentação por volta dos 3 meses. A pele excessiva
é quando se adapta bem, recobrindo toda a região, no entanto pode se estender até os ombros
como asas de aves e é chamado de pterigium coli. O bócio congênito pode ocorrer se a mãe tiver
hipotireoidismo ou recebido tratamento antitireoideo ou iodo durante a gestação. Palpar ambas as
clavículas para descartar a presença de fratura. Explorar a mobilidade e tônus.
Tórax
O tórax do RN é cilíndrico e o ângulo costal é de 90°. Uma assimetria pode ser determinada por
malformações de coração, pulmões, coluna ou arcabouço costal. Avaliar a posição dos mamilos,
uma vez que mamilos afastados podem sugerir síndrome de Turner. Observar o ingurgitamento
das mamas e/ou presença de leite que pode ocorrer em ambos os sexos, bem como a presença de
glândulas supranumerárias.
Pulmões
No RN a respiração é abdominal, porém, quando apresentar com predominância na região torácica
e com retração sugere dificuldade respiratória. Os RNs a termo têm uma frequência respiratória
média de 40 movimentos, e pode chegar até 60 movimentos nos prematuros. O ideal é que se contém
os movimentos durante dois minutos e em seguida os dividida por dois. Em geral, estertores úmidos
logo em seguida ao nascimento são transitórios e desaparecem nas primeiras horas de vida. Se
persistirem deve-se verificar a ausência de patologias pulmonares, diminuição global e assimetria
do murmúrio vesicular.
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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I
Cardiovascular
A FC pode variar entre 120 a 160 batimentos por minuto, estes possuem sua intensidade máxima
ao longo do bordo esquerdo do esterno. Em RNs é comum a presença de sopros nos primeiros
dias, porém se persistirem por algumas semanas é possível que seja manifestação de malformação
congênita cardíaca. É obrigatória a palpação de pulsos femorais. A medida da pressão arterial no RN
pode ser feita pelo método do “flush”, que usa o processo de isquemia da extremidade e se efetua a
medida, por meio de uma faixa de Esmarch, e observa a que medida no manômetro se produz fluxo
sanguíneo durante a diminuição da compressão pela faixa.
Aprimore seus conhecimentos lendo o material sugerido abaixo. Ele faz uma
revisão de literatura sobre o padrão recomendado para determinação da pressão
arterial em recém-nascidos os métodos e instrumentos utilizados, suas vantagens
e limitações. <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/
article/viewFile/1665/2148>
Abdômen
Por meio da inspeção se observa a distensão abdominal que pode estar associada à presença de
líquido, visceromegalia, obstrução ou perfuração intestinal. O abdômen escavado associado à
dificuldade respiratória severa sugere diagnóstico de hérnia diafragmática. A diástase de retos é
de observação frequente e sem significado. Observar agenesia de musculatura abdominal, extrofia
de bexiga e hérnia inguinal e umbilical. Identificar no cordão umbilical duas artérias e uma veia e
a presença de onfalocele. Secreção fétida na base do coto umbilical, edema e hiperemia de parede
abdominal sugerem onfalite. Visualizar o orifício anal, em caso de dúvida quanto à permeabilidade
usar uma pequena sonda.Na palpação nota-se o fígado até dois centímetros de rebordo costal. Na
primeira semana, uma ponta de baço pode ser palpável. Se houve aumento destas duas vísceras,
a causa deverá ser investigada. Os rins, principalmente o esquerdo, podem ser palpados. Detectar
presença de massas abdominais.
Genitália
Masculina
A presença ou ausência dos testículos se dá com a palpação da bolsa escrotal, que pode encontrar-
se também nos canais inguinais. Criptorquia é a ausência de testículos na bolsa escrotal ou canal
inguinal. A presença de líquido na bolsa escrotal é conhecida como hidrocele, é frequente, se
reabsorverá com o tempo a menos que seja comunicante. A fimose, prepúcio aderente à glande, é
fisiológica ao nascimento. Observar a localização do meato urinário que deve ser central a glande, se
ventral (hipospadia) e dorsal (epispadia). Realizar pesquisa cromatina sexual e cariótipo, se houver
presença de hipospadia associado à criptorquia.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Feminina
No RN os pequenos lábios e clitóris estão proeminentes. Nos primeiros dias pode aparecer uma
secreção esbranquiçada, mais ou menos abundante e às vezes hemorrágica. Pesquisar imperfuração
himenal, hidrocolpos e aderência de pequenos lábios. Realizar pesquisa de cromatina sexual e
cariótipo em caso de fusão posterior dos grandes lábios e hipertrofia clitoriana. Nas primeiras 24h o
RN deve eliminar o mecônio. Avaliar o orifício anal se houver dúvida quanto à permeabilidade, usar
uma sonda, porém, não se recomenda de rotina, toque ou introdução de sonda retal.
Extremidades
Os dedos devem ser examinados quanto à presença de polidactilia que é a presença de dedos
supranumerários, a sindactilia que consiste na observação da fusão dos dedos, malformações
ungueais. Deve ser pesquisado o estado das articulações coxofemorais pela abdução das coxas,
tendo as pernas fletidas (figura 2), e pela pesquisa de assimetria das pregas da face posterior das
coxas e subglúteas. Para avaliar o pé torto congênito, faz-se uma leve adução da parte anterior deste,
se apresentar fácil redução não considerar, uma vez que no pé torto congênito a redução não ocorre.
Avalia a presença de fratura ou lesão nervosa (paralisias) pela atividade espontânea ou provocada
dos membros.
Fonte: <http://celsorizzi.blogspot.com.br/2008/09/luxao-congnita-do-quadril.html>
Coluna vertebral
A coluna do RN deve ser avaliada quanto à presença de concavidades, tumores, tufos de pelos e
curvatura. Avalia-se especialmente na região sacrolombar, percorrendo com os dedos a linha média
em busca de espinha bífida (figura 3), mielomeningocele e outras deformidades. A espinha bífida
é a ausência da fusão do corpo de uma ou mais vértebras no plano médio. Em sua forma menos
importante, a única evidência é uma depressão contendo um tufo de pelos. A mielomeningocele é a
espinha bífida cística, envolve a protusão da medula espinhal ou das meninges, em forma de bolsa.
Existe um déficit neurológico acentuado inferior da bolsa.
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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I
Fonte:<http://www.espinhabifida.com/>
Exame neurológico
O exame neurológico é a observação da atitude, reatividade, choro, tônus, movimentos e reflexos
do RN. A realização do exame neurológico nas primeiras 12h deve ser evitada, para minimizar
a influência do estresse do parto, que pode disfarçar algumas respostas normais, dando falsa
impressão de comprometimento. Os reflexos primitivos encontrados no RN são diversos, porém
não há necessidade, durante o exame físico rotineiro do RN a termo, de avaliação de todos. Segue
abaixo os que habitualmente devem ser avaliados.
Sucção
O reflexo de sucção da criança se manifesta quando os lábios da criança são estimulados por algum
objeto, desencadeando-se movimentos de sucção dos lábios e da língua. A sincronia entre respiração,
sucção e deglutição é desenvolvida somente após 32 a 34 semanas de gestação, por isso que há um
déficit na alimentação por via oral no RN pré-termo.
Voracidade
O reflexo de procura ou da voracidade manifesta-se quando é tocada a bochecha perto da boca,
fazendo com que a criança desloque a face e a boca para o lado do estímulo. Não se deve avaliar esse
reflexo logo após a amamentação, pois a resposta ao estímulo pode ser débil ou não ocorrer. Este
reflexo persiste no bebê até os três meses de idade.
Preensão
Com o dedo do examinador se realiza uma leve pressão na palma das mãos da criança e abaixo dos
dedos do pé (palmo plantar).
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
Marcha
Em posição ortostática segure a criança pelas axilas e pesquisa a marcha reflexa e o apoio plantar.
Ao contato das plantas do pé com a superfície, a criança desdobra as pernas até então fletidas. Se a
criança for abaixada para frente, inicia a marcha reflexa.
Fuga à asfixia
Avalia o reflexo de fuga à asfixia colocando a criança em decúbito ventral no leito, com a face voltada
para o colchão. O RN deverá em alguns segundos virar o rosto liberando o nariz para respirar
adequadamente.
Cutâneo-plantar/Sinal de Babinski
Obtém-se o reflexo cutâneo-plantar em extensão fazendo estímulo contínuo da planta do pé a partir
do calcâneo no sentido dos artelhos. Os dedos adquirem postura em extensão.
Em 2011, a Editora do Ministério da Saúde lançou mais quatro manuais voltados para a saúde do
RN. LEIAM, DIVULGUEM
Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua
contribuição pessoal.
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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I
a. Cloranfenicol a 1,5%.
b. Eritromicina a 0,5%.
e. Tetraciclina a 2%.
a. Hiperglicemia.
b. Hipoglicemia.
c. Taquipneia transitória.
d. Bradpneia transitória.
e. Hipocalemia.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA
a. Certo.
b. Errado.
a. adução do quadril.
b. Ortolani.
c. abdução do quadril.
d. Barlow.
e. McMurray.
a. Certo.
b. Errado.
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TRIAGEM Unidade iI
NEONATAL
O termo triagem, que se origina do vocábulo francês triage, significa seleção, separação de um
grupo, ou mesmo, escolha entre inúmeros elementos e define, em Saúde Pública, ação primária dos
programas de Triagem – por meio de testes aplicados – de um grupo de indivíduos com probabilidade
elevada de apresentarem determinadas patologias. Ao aplicarmos a definição Triagem Neonatal,
estamos realizando uma metodologia de rastreamento especificamente na população com idade de
0 a 30 dias de vida. Além das doenças metabólicas a Triagem Neonatal, visa à detecção de outros
tipos de patologias como as hematológicas, infecciosas, genéticas etc.
Até a data da criação do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), o governo brasileiro
custeava somente os exames de triagem iniciais, ficando todo o custo restante do programa por conta
da iniciativa particular de cada serviço. Com o PNTN, recursos governamentais foram reservados
ao pagamento dos exames de triagem propriamente ditos, os exames confirmatórios, os necessários
para diagnóstico tardio (para pacientes que não foram triados no período neonatal) e ainda o
pagamento do acompanhamento dos pacientes nos Serviços de Referência em Triagem Neonatal
(SRTN). Estão previstos também recursos para subsídio dos insumos necessários ao tratamento,
como as fórmulas de aminoácido isentas de fenilalanina, a reposição hormonal com levotiroxina etc.
A estrutura do PNTN está baseada no credenciamento de SRTN, pelo menos um em cada estado
brasileiro, com a responsabilidade de:
Para dar suporte de financiamento a todas essas atividades e viabilizar economicamente sua
realização, o Ministério da Saúde incluiu em Tabela do SUS (Portaria SAS no 223, de22 de junho de
2001) todos os procedimentos necessários e sua respectiva remuneração.
27
CAPíTULO 1
Teste do pezinho
O teste do pezinho se tornou obrigatório e gratuito em todo o país em 1992 por uma lei federal. Ele
deve ser realizado a partir de gotas de sangue colhidas no calcanhar do RN. O local escolhido para
realização do exame é por ser uma parte do corpo rica em vasos sanguíneos e segundo estudiosos
é quase indolor para o bebê. O sangue deve ser coletado por profissional qualificado, em punção
única com um papel filtro especial, e as amostras, após secagem serão encaminhadas ao laboratório
para processamento dos exames. O teste foi inserido no Brasil na década de 1970 em uma versão
mais simples em que identificava duas doenças (anomalias congênitas assim chamadas por se
apresentarem no nascimento): a fenilcetonúria e o hipotireoidismo que se não tratadas a tempo,
podem levar à deficiência mental. Atualmente, existe uma versão ampliada que identifica mais de
30 doenças antes que seus sintomas se manifestem. Por se tratar de um recurso sofisticado e caro,
não está disponível na rede pública de saúde.
Doenças diagnosticadas
Fenilcetonúria
Fenilcetonúria (FNC) é uma doença genética, autossômica recessiva, causada por mutações no gene
localizado no cromossomo 12q22-q24, o qual codifica a enzima hepática fenilalanina-hidroxilase
(FAH). A ausência ou deficiência desta enzima impede a conversão hepática de fenilalanina (FAL),
um dos aminoácidos essenciais e mais comuns do organismo, em tirosina, causando acúmulo de
FAL no sangue e em outros tecidos.
O retardo mental é a principal característica da doença não tratada, durante a fase de desenvolvimento
do cérebro vai piorando e estabilizaria com a maturação completa deste órgão. A criança com o
passar do tempo, pode apresentar problemas de postura para sentar, anormalidade da marcha,
hiperatividade e distúrbios comportamentais. O desenvolvimento intelectual e a fala vão se
tornando bastante afetados. Pode haver também comprometimento emocional, como depressão,
e complicações neurológicas, como tremores, espasticidade, ataxia e epilepsia que iniciam na
infância e progridem na adolescência. Quando a doença é diagnosticada, após o nascimento os
sintomas podem ser prevenidos mantendo o paciente com dieta restrita em FAL, e a criança pode
ter desenvolvimento e expectativa de vidas normais.
As meninas com FNC merecem atenção especial em caso de gravidez. Deve ser orientada dieta
isenta de FAL antes e durante toda a gestação com o objetivo de evitar a embriopatia por FAL
ou síndrome da FNC materna, visto que pode ocasionar malformações cardíacas, microcefalia,
anomalias vertebrais, estrabismo e retardo mental mesmo que o feto não tenha FNC.
28
TRIAGEM NEONATAL │ UNIDADE II
Hipotireoidismo Congênito
A tireoide, é uma das maiores glândulas endócrinas, tem por função sintetizar os hormônios
tireoidianos essenciais para o desenvolvimento e crescimento dos diversos órgãos e sistemas nos
seres humanos. A tiroxina (T4) é o principal hormônio produzido pela tireoide. A função tireoidiana
é controlada basicamente por 3 mecanismos:
O Ministério da Saúde em parceria com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios desenvolveram o PNTN, que, realiza a detecção do hipotireoidismo congênito por meio da
dosagem de TSH sérico em papel filtro. A importância do programa se justifica, uma vez que, quando
não diagnosticadas e tratadas precocemente, crianças com hipotireoidismo congênito apresentam
desenvolvimento mental e crescimento seriamente afetados, sendo que o comprometimento da
capacidade intelectual pode ser irreversível. O prognóstico depende, fundamentalmente, do tempo
decorrido para a instituição do tratamento, da severidade do hipotireoidismo e da manutenção dos
níveis hormonais dentro da normalidade. O hipotireoidismo transitório pode ocorrer nas mães
durante a gravidez em razão de tratamento com iodetos, substâncias antitireoidianas ou iodo
radioativo.
29
UNIDADE II │ TRIAGEM NEONATAL
A anemia falciforme é a hereditária mais comum no mundo e no nosso país. Todas as características
do nosso corpo são feitas por informações que recebemos dos nossos pais por meio dos genes e estes
determinam, nas pessoas, a cor dos olhos, dos cabelos, da pele, a altura etc. Com a hemoglobina
não é diferente. Se uma pessoa receber, do pai, um gene com mutação para produzir a hemoglobina
S e, da mãe, outro gene com a mesma característica, essa pessoa nascerá com um par de genes
com a mutação e, assim, terá anemia falciforme. Caso receba somente um gene com mutação ela
nascerá com traço falciforme. O traço falciforme não tem doença e não necessita de tratamento
especializado. A pessoa deve ser informada sobre isso e saber que se tiver filhos com outro portador
de traço falciforme poderá gerar uma criança com traço falciforme, com a doença ou sem nada (veja
a figura 5).
Caso não foi realizado o teste do pezinho existe o teste de afoiçamento e o teste da
mancha, como exames de triagem, e a eletroforese de hemoglobina, como exame
confirmatório.
30
TRIAGEM NEONATAL │ UNIDADE II
Fibrose Cística
O pâncreas produz uma enzima chamada Tripsina. Em RN com fibrose cística o nível desta
enzima é elevado. Para triagem neonatal de fibrose cística a melhor forma para se medir a Tripsina
Imunorreativa (IRT) é em sangue seco. A importância desta pesquisa precoce é devido os níveis
sanguíneos de IRT poderem apresentar valores reduzidos mesmo em portadores da patologia,
gerando então resultados falso negativos, em criança acima de 30 dias de vida. Em casos de repetição
da dosagem, este fator deve ser lembrado, sendo que podem ocorrer tanto falso positivos como falso
negativo, porém com mais frequência em RN com íleo meconial. O valor de referência da triagem
para a população normal é de até 110 mg/ml.
Teste da orelhinha
É um programa de avaliação da audição em RN, indicada por instituições do mundo todo para
diagnóstico precoce de perda auditiva, uma vez que sua incidência, na população geral, é de 1 a 2
por 1000 nascidos vivos. O teste da orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal é um exame realizado
no segundo ou terceiro dia em que o bebê nasce. Qualquer dificuldade na audição do RN pode ser
detectada por meio dele, além disso, não é necessário o furinho na orelha. Ele é fundamental para
que a criança cresça, sem apresentar nenhum problema ao ouvir e ao comunicar-se, pois de acordo
com pesquisas, a surdez é uma das doenças mais encontradas em nosso país, e por esse motivo, o
teste é obrigatório. A técnica utilizada é a de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs).
Enquanto o bebê dorme coloca-se no ouvido um fone ligado a um computador, que produz sons de
baixa intensidade e colhe as ações de respostas (eco) vindas da parte interna (cóclea) que a orelha
do bebê produz ao escutá-los, sendo então emitido um gráfico com o resultado do exame. Tem a
duração com cerca de dez minutos, é indolor e não apresenta contraindicações, deixando assim a
mamãe confiante e sem preocupações. É importante a realização do teste para se ter a certeza de
uma audição eficaz.
Teste do olhinho
O teste do olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho (TRV) é um exame simples que, e é capaz de
identificar a presença de diversas doenças visuais como a catarata congênita e o retinoblastoma.
São diversas as doenças que podem ser triadas por aplicação do TRV, e confirmadas por meio
de diagnóstico diferencial de leucocorias, como a Retinopatia da Prematuridade, o Glaucoma
Congênito, o Retinoblastoma, a Doença de Coats, a Persistência Primária do Vítreo Hiperplásico -
PVPH, Descolamento de Retina, Hemorragia Vítrea, Uveíte (Toxoplasmose, Toxocaríase), Leucoma
e até mesmo Altas Ametropias.
O TRV é realizado com um oftalmoscópio, no qual emite uma luz de intensidade adequada sobre a
pupila, nos olhos do recém-nascido, sem a necessidade de usar colírios prévios. Nos olhos saudáveis
o reflexo da luz incidida produz uma cor avermelhada e contínua. O reflexo vermelho normal (em
tons de vermelho, laranja ou amarelo, dependendo da incidência de luz e da pigmentação da retina)
31
UNIDADE II │ TRIAGEM NEONATAL
significa que as principais estruturas internas do olho (córnea, câmara anterior, íris, pupila, cristalino,
humor vítreo e retina) estão transparentes, permitindo que a retina seja atingida de forma normal.
Caso haja anomalia que impeça a chegada da luz à retina e a sua reflexão característica, o reflexo
luminoso sofre alterações que interferem em sua coloração, homogeneidade e simetria binocular.
Assim, sugere-se o encaminhamento da criança para detalhamento do problema de maneira mais
adequada. O TRV tem como principal vantagem não ser um método invasivo sendo realizado
somente com o uso de oftalmoscópio direto, equipamento portátil e de baixo custo. Isso torna o
procedimento muito barato, de fácil realização, e rápido, já que requer um tempo bastante curto
na sua execução, e por ser um teste de triagem, pode ser realizado pelo pediatra ou por qualquer
integrante treinado da equipe médica.
a. Certo
b. Errado
32
PROGRAMA
NACIONAL DE Unidade iII
IMUNIZAÇÃO
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi formulado em 1973 por decisão do Ministério da Saúde,
a fim de coordenar as ações de imunizações que até aquele momento apresentavam descontinuidade
no serviço e reduzida área de cobertura. Em 1975 o PNI foi institucionalizado para aumentar o uso
de agentes imunizantes, tendo em vista a integridade das ações de imunizações desempenhadas no
país. A lei no 6.259, de 30 outubro de 1975, e o Decreto no 78.231, de 30 de dezembro de 1976, dão
destaque às atividades permanentes de vacinação e contribuiu para fortalecer institucionalmente o
Programa. Em toda a década de 1990 até o ano de 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de
Saúde, e a partir de 2003 passou a integrar a Secretaria de Vigilância em Saúde. A coordenação geral
do PNI é responsável também por, adquirir, distribuir e normatizar o uso dos imunobiológicos dos
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais – CRIEs. É também de sua responsabilidade
tudo que diz respeito toda a implantação do Sistema de Informação e manutenção dos dados
de toda a cobertura vacinal do país. O DATASUS foi responsável pela informatização do PNI as
especificações da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI).
33
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO
34
CAPÍTULO 1
O processo imunológico
35
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO
Vacinas Atenuadas
São produzidas por cultivo e purificação de microrganismos adaptados ou estruturados para
eliminar a sua capacidade de causar a doença, mantendo suas características de imunogenicidade.
Podemos citar como vacinas atenuadas as vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola, poliomielite
oral (tipo Sabin), febre amarela e BCG.
Vacinas Inativadas
São utilizados microrganismos mortos, de forma integral ou parcial, a fim de induzir a resposta
imunológica. Podemos citar como inativadas as vacinas contra a poliomielite (tipo Salk), influenza,
difteria, tétano, coqueluche e raiva.
Vacinas Conjugadas
Estas vacinas são produzidas com de tecnologia de ponta, utiliza-se frações de micro-organismos
purificadas (polissacarídeos) e conjugadas, por ligação química, com proteínas (toxoides, tetânico
ou diftérico), de forma a potencializar a resposta imune, principalmente em crianças de baixa idade.
São vacinas modernas e temos como exemplo a Haemophilusinfluenzae tipo b conjugada (Hib) e a
vacina contra Neisseriameningitidis tipo C conjugada.
Vacinas Recombinantes
São produzidas a partir de microrganismo geneticamente modificado, utilizam um fragmento de
DNA derivado de um microrganismo que codifica uma proteína protetora. A vacina contra hepatite
B é um exemplo desse grupo.
36
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III
Vacinas Combinadas
É resultado da combinação de vacinas na associação de dois ou mais micro-organismos atenuados,
micro-organismos inativados ou antígenos purificados combinados no método de fabricação ou
imediatamente antes da administração. Esta combinação de vacinas tem em vista a prevenção
de várias doenças ou prevenção de uma doença originada por vários sorotipos do mesmo micro-
organismo. Temos como exemplo a vacina DTP, a tríplice viral e a tetravalente.
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_rede_frio.pdf>
37
CAPITULO 2
Calendário básico de vacinação da
criança
Quadro 2. Calendário
Fonte: <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/6633/162/ministro-lanca-campanha-para-atualizar-caderneta-de-
vacinacao.html>
As Vacinas
Pólio Inativada: as crianças que nunca foram imunizadas contra a paralisia infantil, irão tomar a
primeira dose aos dois meses e a segunda aos quatro meses, com a vacina poliomielite inativada, de
forma injetável. Já a terceira dose (aos seis meses), e o reforço (aos quinze meses) continuam com a
vacina oral, ou seja, as duas gotinhas.
38
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III
Enquanto a pólio não for erradicada no mundo, o Ministério da Saúde continuará a utilizar a
vacina oral poliomielite (VOP), pois ainda existem três países (Nigéria, Afeganistão e Paquistão)
endêmicos para a doença. O Brasil já está se preparando para utilizar, somente, a vacina inativada
quando ocorrer à erradicação da doença no mundo. A VIP será incluída na pentavalente junto com
a vacina meningocócica C (conjugada) transformando-se na vacina heptavalente. Os laboratórios
Biomanguinhos, Butantan e Fundação Ezequiel Dias (FUNED) estão desenvolvendo este projeto. A
previsão é que a vacina heptavalente esteja disponível no Programa Nacional de Imunizações daqui
a quatro ou cinco anos.
Vacina Oral: as doses da VOP visam manter a imunidade populacional contra o risco potencial
de introdução de poliovírus selvagem por meio de viajantes oriundos de localidades que ainda
apresentam casos autóctones da poliomielite, por exemplo.
Antes, a criança recebia a vacina oral poliomielite (VOP) em todo o esquema vacinal, aos 2 meses
(primeira dose), 4 meses (segunda dose), 6 meses (terceira dose) e aos 15 meses (reforço). Agora,
nas duas primeiras doses (2 e 4 meses de idade) a criança receberá a vacina inativada poliomielite
(VIP), a terceira dose (6 meses) e o reforço (15 meses) receberá a VOP. A criança menor de 5 anos de
idade que iniciou esquema com VOP deverá completar o esquema com a mesma vacina. Já a criança
menor de 5 anos, que ainda não iniciou esquema com VOP, deverá seguir o esquema sequencial.
BCG
Composição: Bacilo Calmette-Guérin liofilizado, obtido por atenuação do M. bovis, cepa Mooron-Rio.
Agulha: 13x3,8
39
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO
HEPATITE B
Composição: há 2 tipos : 1 partícula viral tratada com formol (2 recombinação do RNA viral por
meio de engenharia genética).
POLIOMIELITE
Composição: vírus vivo atenuado em cultura de células.
TETRAVALENTE
Composição: vacina que contém toxidoide diftérico, tetânico e Bordetellapertussis, além de
polissacarídeos capsulares (Poliribosil-ribitol-fosfato-PRP) do Haemophilus influenza conjugada
com uma proteína carreadora tetânica.
Dosagem e via de administração: 3 doses de 0,5ml a partir dos 2 meses de idade, com intervalo entre
as doses de 60 dias e no mínimo 30 dias.
Agulha: 20 x 5,5.
40
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III
OBS: Não administrar em crianças maiores de 1 ano. Caso, o esquema não esteja completo, completar
com DTP.
Contraindicação: crianças que desencadeiam reação anafilática não administrar dose seguinte.
Conservação: +2 +8ºC.
Dosagem e via de administração: 0,5 ml a partir dos 15 meses de idade, IM profunda no VLC e em
crianças maiores de 2 anos administrar no deltoide.
Eventos adversos: dor, vermelhidão, febre, mal-estar geral e irritabilidade nas primeiras 24 a 48
horas.
TRÍPLICE VIRAL
Composição: vacina combinada do vírus vivo atenuado, liofilizado contra sarampo a rubéola e
caxumba.
Via de administração e dose de administração: 0,5 ml dose única e reforço entre 4 – 6 anos de
idade, SC.
Agulha: 13 x 4,5.
Efeitos adversos: febre e erupções de curta duração, entre o 5o e o 10o dia de pós-vacina, artralgia e
artrite, mais frequentemente em mulheres adultas.
Conservação: +2 +8ºC.
41
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO
FEBRE AMARELA
Composição: vacina derivada da cepa 17, vírus da febre amarela, Sacarose 8 mg e 3 mg de glutamato
de sódio.
ROTAVÍRUS
Composição: é uma vacina elaborada com vírus isolados de humanos e atenuados para manter a
capacidade imunogênica, porém não patogênica.
Eventos adversos: reação sistêmica grave até 2 horas após a administração; presença de sangue nas
fezes até 42 dias após vacinação; internação por abdômen agudo até 42 após a dose da vacina.
Dupla bacteriana – DT
Composição: toxoide diftérico + tetânica com hidróxido de alumínio ou fosfato de alumínio como
adjuvante.
42
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III
Pentavalente
Composição: vacina da novartis/berna toxoide diftérico purificado, toxoide tetânico purificado, b.
pertussisinativado, oligossacarídeos hib, antígeno de superfície da hepatite b purificado, fosfato de
alumínio (adjuvante), cloreto de sódio e água para injeção; pode conter traços de tiomersal como
resíduo do processo de produção da vacina.
Vacina do laboratório Serum Institute of India Ltda. Toxoide diftérico, toxoide tetânico, b. pertussis
(de célula inteira), hbsag (rdna), polissacarídeo capsular purificado de hib (prp), conjugado com
o toxoide tetânico (proteína transportadora), adsorvido em fosfato de alumínio e conservante:
tiomersal
Dosagem e via de administração: 0,5 ml IM no VLCE em crianças < de 2 ANOS E em > de 2 anos
aplica-se no deltoide.
Meningocócica
Composição: Oligossacarídeo meningocócico C, Conjugado com proteína CRM197 de Coryne-
-bacteriumdiphteriae, Hidróxido de alumínio. Excipientes: Manitol, fosfato de sódio monobásico
monoidratado, fosfato de sódio dibásico heptaidratado, cloreto de sódio e água para injeção.
Dosagem e via de administração: 0,5 ml, IM profunda, de preferência na área anterolateral da coxa
da criança. Não deve ser administrada pela via intravenosa, intradérmica ou subcutânea.
Pneumocócica 10-valente
Composição: a vacina pneumocócica 10-valente é constituída por 10 (dez) sorotipos de pneumococos
(1,4,5,6B,7F,9V, 14, 18C, 19F, 23F) e conjugada com a proteína D de Haemophilusinfluenzae para oito
de seus sorotipos e carreadores de toxoide diftérico (DT) e de toxoide tetânico (TT ou T) usados por
dois sorotipos. A vacina contém excipiente cloreto de sódio, fosfato de alumínio e água para injeção,
43
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO
A vacina não deve, sob nenhuma circunstância, ser administrada por via endovenosa
ou intradérmica.
b. Cartão de Controle.
c. Cartão do Adulto.
d. Cartão da Criança.
44
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III
e. A vacina tríplice viral, por ser uma vacina combinada com vírus vivos
atenuados, é uma das mais importantes para o desenvolvimento de
eventos adversos. Pode causar hiperestesia, enduração, febre, exantema,
linfadenopatia, meningite, encefalite, parotidite, pancreatite ou reações
anafiláticas. Os casos detectados com qualquer um desses eventos
deverão ser notificados, e ficam contraindicadas as doses subsequentes
da vacina.
3. PM do Bom Jardim – Sobre as vacinas que não podem congelar, pois se deterioram:
I. Hepatite B.
V. febre tifoide.
Estão corretas:
a. I, III, V.
c. III e IV.
d. II, IV e V.
e. I, IV e V.
45
A ENFERMAGEM, O
CRESCIMENTO E O Unidade iV
DESENVOLVIMENTO
DA CRIANÇA
O contato entre os serviços de saúde e a criança é visto como uma chance para um exame integral e
com intenso caráter educativo. As avaliações periódicas das crianças permitem o acompanhamento
progressivo e individual identificando o maior risco de morbi/mortalidade, observa-se ainda
precocemente a desnutrição que hoje contribui a causa básica dos maiores problemas de saúde
infantil. Se o risco precoce não for identificado e tomadas medidas adequadas à criança pode
deteriorar-se e até levar a morte.
46
Capítulo 1
Crescimento
Peso/Idade
A variação do peso, com relação à idade da criança, reflete quase que imediatamente a qualquer
piora ou melhora no estado de saúde, mesmo em processos agudos. Alterações importantes no peso
podem ser observadas num prazo de poucos dias. A técnica é bem aceita pelas mães, e trata-se de um
índice de fácil aferição por profissional de saúde treinado, constituindo uma técnica não invasiva.
Por essas vantagens, o índice peso/idade é priorizado para o acompanhamento do crescimento no
nível da atenção básica de saúde.
Estatura/Idade
O aumento da estatura por ser cumulativo e progressivo e não sofrer regressões é um bom parâmetro
para a avaliação do crescimento da criança. O aumento da estatura por ser relativamente lento leva
a demora em refletir problemas agudos de saúde e nutrição da criança. A medição pode ser difícil
e requer muito cuidado, principalmente em lactentes e crianças pequenas. Imprecisões de poucos
milímetros para mais podem mascarar problemas no crescimento entre duas medições próximas.
Devido a esses fatores o índice estatura/idade é recomendado para ser usado em adição ao peso/idade,
sempre que os serviços tenham condições para coletar a medida de estatura com pessoal treinado.
Perímetro cefálico/idade
A avaliação do perímetro cefálico é de suma importância uma vez que avalia o crescimento da
cabeça/cérebro de crianças nos dois primeiros anos de vida.
Após esta idade a cabeça cresce em uma proporção tão lenta que sua medida não reflete alterações
no estado nutricional. O perímetro adequado é expresso na forma de uma faixa de normalidade
que se situa entre os percentis 10 e 90. Existe uma pequena diferença entre sexos (menor no sexo
feminino) esta não excede 1 cm para a média em qualquer idade.
47
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Perímetro Braquial
Para o acompanhamento do crescimento infantil o perímetro braquial não é utilizado, devido à
lentidão das alterações do seu parâmetro, essas variam muito pouco com o aumento da idade,
sendo utilizado apenas para a triagem de prováveis casos de desnutrição de criança de até 24 meses.
É necessário um treinamento cuidadoso para que a medida tenha a confiabilidade desejada. A
principal vantagem operacional da medida é a portabilidade da fita braquial.
Dentição
É por volta dos 6 meses a idade média normal para o nascimento dos primeiros dentes de leite. Um
atraso pode ser considerado normal em torno de mais de 6 ou 8 meses. Pode acontecer de dentes de
leite que nascem antes do prazo normal, pode acontecer de vir logo após o nascimento, são chamados
de “dente natal”, ou por volta de 2 a 3 meses de idade, “dente neonatal”. Como este fator interfere
na amamentação deve-se procurar um odontopediatra imediatamente, pois pode causar ferimentos
no “bico do seio”, sendo que induzirá a introdução da mamadeira. Coceira, abaulamento da gengiva
com aumento da salivação, estado febril e fezes mais líquidas poderão ocorrer durante o nascimento
dos dentes do bebê. Oferecer alimentos mais duros e mordedores de borracha massageiam a gengiva
ajudam no rompimento dos dentinhos e melhora o desconforto.
leitura;
erros de anotação.
corpo arqueado;
joelhos dobrados;
48
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV
os pés não estão retos, com as plantas no solo, junto ao quadro vertical ou parede;
joelhos dobrados;
criança vestida;
criança movendo-se.
Desenvolvimento
O termo desenvolvimento pode ser entendido de várias formas, o pediatra entende como capacidade
do indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas, o neuropediatra na maturação do
sistema nervoso central e consequente integridade dos reflexos, o psicólogo nos aspectos cognitivos,
na inteligência etc. Cada um pensa de acordo com sua vivência e sua prática profissional e nos
confirma o conceito de que o desenvolvimento vai além de uma determinação biológica e necessita
de abordagem multiconceitual e multidisciplinar. Para validar esses conceitos o desenvolvimento
infantil não pode estar fundamentado apenas na avaliação das capacidades pertencentes a um
determinado sistema: motor, perceptivo, linguagem, etc. Esses sistemas demonstram determinadas
funções que se apoiam em um processo de maturação neurológica, aperfeiçoam-se, desenvolvem-se,
sofrem influências ambientais e se organizam em um núcleo constituído pelo psiquismo. O atraso
de uma só habilidade não significa que exista problema patológico, a criança deverá ser sempre vista
como um todo e em relação com seu ambiente, pais e família.
O Desenvolvimento da infância
Infante, vem do latim infans e significa incapaz de falar, é definido pelo período que vai desde
o nascimento até 2 a 3 anos de idade, quando se inicia a comunicação por meio da fala. Nessa
fase, ocorrem vários eventos pela primeira vez: o primeiro sorriso, a primeira palavra, os primeiros
passos, o primeiro alcançar de um objeto. Nesta fase apresenta uma sequência previsível e regular
de crescimento físico e de desenvolvimento neuropsicomotor. O desenvolvimento pode sofrer
alterações de fatores intrínsecos e extrínsecos, que provocam variações de um indivíduo para outro
e que tornam único o curso do desenvolvimento de cada criança. As características físicas da criança,
a cor dos seus olhos e outros atributos genéticos são determinados pelo fator intrínseco. Os fatores
49
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
extrínsecos têm seu início de atuação desde a concepção estando diretamente relacionados com
o ambiente da vida intrauterina, proporcionado pela mãe por meio das suas condições de saúde
e nutrição. A dependência e a independência fazem parte significativa do processo de maturação
que vem logo após o nascimento, em que o ambiente em que a criança vive, os cuidados que lhe são
dispensados pelos pais, o carinho, estímulos e alimentação, estão diretamente ligados. Avalia-se o
desenvolvimento, testando as aquisições neuropsicomotoras e por meio de testes ou provas, sob
quatro aspectos interdependentes que se processam, normalmente, no mesmo ritmo.
Desenvolvimento Motor
Para que um organismo se desenvolva adequadamente, ele precisa funcionar de acordo com a figura
abaixo.
Figura 6
Linguagem
As crianças nascem com o mecanismo e a capacidade de desenvolver a fala e as habilidades de
linguagem. Entretanto elas falarão de forma espontânea. A fala exige a estrutura e a função fisiológica
íntegras, incluindo a respiratória, a auditiva e a cerebral, além da inteligência e da necessidade
de estimulação. O gesto procede à fala, e todos os estágios do desenvolvimento da linguagem, a
compreensão do vocabulário por parte das crianças é maior do que a expressão.
50
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV
Desenvolvimento Cognitivo
A criança tem necessidade de agir para aprender, como não possui experiência do adulto, para
ela tudo está para descobrir. Quando a criança brinca elabora os esquemas mentais e as imagens
mentais conduzirão aos conceitos. A primeira prática da criança é a inteligência, a criança elabora
esquemas de ação, de espaço e de casualidade. O bebê é incapaz de representar mentalmente os
objetos. É necessário que ele os veja e os apalpe e uma vez que os objetos desaparecem do campo de
visão, e da preensão, para o bebê eles deixam de existir.
51
CAPíTULO 2
Desenvolvimento em suas várias etapas
da vida
Reflexos corticais são respostas a estímulos que evoluem de reflexos generalizados, envolvendo todo
o corpo para ações voluntárias, definidas pelo córtex. Essa especialização permite à criança passar
de reações simétricas, involuntárias em respostas ao meio ambiente (gritar, agitar os braços, dar
pontapés), para movimentos assimétricos voluntários, em função de determinado estímulo.
Esses reflexos podem, conforme sua evolução, ser divididos em três grupos:
3. Manifestações que persistem por toda a vida: são os vários reflexos profundos
e os reflexos cutâneos abdominais.
52
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV
nele efeitos diferentes de outros sons, e já em torno da segunda semana de vida, a voz da mãe ou
mesmo de outra mulher, modulada por tonalidades afetivas, é capaz de desencadear sorrisos mais
facilmente que qualquer outro som.
Primeiro, agarra o objeto com a mão; depois, usa os dedos e finalmente o movimento de pinça fina
(polegar e indicador), a partir daí começa a brincar e utilizar os objetos para mordê-los e jogá-los
fora e assim vai construindo a sua vida psíquica e suas relações com o mundo.
A fala materna dirigida ao bebê tem uma função muito importante, apresenta uma série de
características específicas, uma conversação cheia de picos e entonações especiais produz no bebê
uma apetência oral, uma avidez, que o leva muitas vezes a sugar vigorosamente o peito e que o faz
ficar extremamente atento à mãe.
Nessa fase aparece ainda a figura paterna, interpondo-se entre a mãe e a criança, já que tudo que
interessa a mãe também é do interesse da criança e nesse momento a criança começa a entender que
a mãe não é só dela e nem vive só para ela, mas tem que dividi-la com os irmãos, o pai, o trabalho,
ou seja, a mãe deseja outras coisas além dela. A partir dessa experiência, a criança entende que
ela não deve buscar o desejo da mãe, mas o seu próprio desejo. A progressão do bebê vai desde o
período em que o bebê é totalmente dependente da mãe, até o final do seu primeiro ano de vida,
quando este inicia seus primeiros passos, adquirindo mobilidade e habilidade de manipulação que
lhe permitem explorar a maior parte do meio ambiente, acontecendo semelhante com a linguagem,
que se inicia pelas trocas sonoras com a mãe e vai evoluindo até a criança poder falar de si mesma.
Assim, aprendem a caminhar, alcançam objetos desejados, se separam de suas mães, abrem portas
e começam a descobrir o mundo.
53
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Nesse período, vai aumentando, gradativamente, a capacidade de falar de si, ser criativo na
linguagem, pensar sobre si mesmo. Inicia-se pelo choro, passa pela fase de balbucio dos gestos, das
pequenas palavras, e vai até a elaboração de frases e criação de suas próprias histórias. Nessa fase
após relação estabelecida com a mãe, se constitui o psiquismo, e a criança começa a perceber o que
é o “EU” e o que é o “OUTRO”. Aparecem ainda as interrogações sobre diferenças sexuais e a origem
dos bebês.
As expectativas que os pais têm a respeito da criança são particularmente importantes, uma vez
que ela passa a interrogar o desejo de ambos a respeito de si. Deve-se ressaltar que o que prevalece,
em grande parte, no funcionamento psíquico das crianças é o desejo inconsciente dos pais, muitas
vezes contraditório às suas vontades conscientes. Embora o desejo dos pais seja referência para
a criança, ele não é um determinante absoluto de sua estrutura psíquica. Aos 3 anos, a criança
incorpora muitos aspectos ou traços da cultura humana. Sabe esperar sua vez. Gosta de participar
de brincadeiras com outras crianças, de jogar, negociar, mas também de brincar sozinha. Começa
a perceber a diferença entre a palavra falada, o movimento corporal e a postura correspondente. É
comum, nessa fase surgir manifestações de medo (de escuro, água, animais domésticos etc.), isso
implica que a criança percebe que existem limites.
54
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV
3a6 Procura alargar o campo de sua visão, Ver item anterior. Sorri a toda pessoa que se aproxime dela sorrindo.
meses apoiando-se, por exemplo sobre
Comunicação com a mão baseada no olhar.
o antebraço se estiver de bruços,
levantando a cabeça e as espáduas se Começa a diferenciar dia e noite.Canta com a ajuda
estiver de costas; de outra pessoa mas fica passiva.Ri às gargalhadas.
Reage ao chamado por seu nome, virando a cabeça.
Mantém a cabeça erguida e pode ficar
uns instantes sentado com apoio; Grande riqueza de emissões vocais (balbucios,
vocalizações prolongadas).Ri e vocaliza brincando.
Começa a pegar voluntariamente um
Começa a utilizar os contatos físicos (apalpar) para se
objeto ao alcance da mão e estender a
comunicar com as outras.
mão para um objeto que se lhe oferece;
Leva objetos à boca;
Segura pequenos objetos com a palma e
os quatro dedos.
6a9 Deitado de costas se vira para se colocar Toca-se em um espelho e sorri. É capaz de rastejar para aproximar-se de um objeto
meses sobre o ventre. Age sobre objetos, bate sobre eles, ou de uma pessoa.
contra a borda de um leito.
Começa a ficar de pé com apoio. Começo da socialização.
Passa um objeto de uma a outra
Pega objetos entre o polegar e o Vocaliza várias sílabas que tendem a limitar-se aos
mão.Segura um objeto dentro de
indicador. sons que ouve na língua materna.
cada mão.Descobre um objeto
Mantém-se assentado só, durante um escondido, se uma parte dele fica Reconhece os rostos familiares e pode ter medo de
momento. visível. rostos estranhos.Começa a participar de jogos de
relação social (bater palmas, jogo de esconder).Gosta
Começa a engatinhar. Diverte-se a lançar objetos.Chama
de morder.
atenção sobre si, por exemplo:
desperto só chora ou grita quando Reconhece quando se dirigem a ela.Imita gestos
ouve à sua mãe levantar-se. e brincadeiras.Faz gestos com a mão e a cabeça
(tchau, não, bate palmas).
9 a 12 É capaz de pôr-se a de pé sozinha Age intencionalmente: retira o Repete o som que ouviu. Aprende a pronunciar duas
meses apoiando-se em alguma coisa ou em cobertor para pegar o brinquedo ou três palavras.Compreende uma proibição ou
alguém, e de caminhar segurando com que se enfiou por baixo.Imita um ordem simples.
as duas mãos ou apoiando-se em algum ruído, por exemplo: batendo um
Manifesta grande interesse em explorar o mundo (ver
móvel.Rasteja-se ou engatinha. objeto contra o outro.
tudo, tocar em tudo e levar tudo à boca).
Começo do andar. Começo do jogo de embutir.
Colabora em brinquedos com adultos.
Sabe largar um objeto sob pedido.
Consegue segurar os objetos entre o
polegar e o indicador.
12 a 18 Caminha sozinha e explora casa e Empilha dois a três cubos.Enche Era de socialização.Manifesta ciúme (gestos de raiva
meses arredores.Ajoelha-se. um recipiente.É capaz de amassar. e choro) reações de rivalidade nas brincadeiras com
os irmãos maiores ou pessoas de convivência.
Sobe as escadarias usando as mãos.
18 meses Sobe e desce escadas agarrando-se Empilha cubos. Associa duas palavras e enriquece seu vocabulário.
a 2 anos num corrimão.Aprende a comer sozinho.
Mostra seus olhos e nariz. Manifesta muito interesse por outras crianças e
Começa a ter controle dos esfíncteres
procura brincar com elas, mas de modo muito
durante o dia (fezes e depois urina). Imita um traço sobre o papel ou
pessoal (pegando objetos, por exemplo).
na areia.
Faz caretas de forma espontânea.
Coordenação mais complexa:
pode agir a distância, por exemplo:
utilizando um pau para aproximar
um objeto ou puxando o cobertor
sobre o qual está brincando.Estuda
os efeitos produzidos ao longo de
sua atividade: varia a maneira de
deixar cair os objetos “pra ver”.
55
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
2 a 3 anos Aprende a pular sobre uma perna.Corre Amontoa objetos em equilíbrio. Desenvolve consideravelmente a linguagem utiliza
e chuta a bola sem perder o equilíbrio. “eu”, “mim”, começa a perguntar, compreende a
Pode reproduzir um círculo sobre o
Pode carregar um copo cheio de água maior parte das palavras e frases que lhe são dirigidas
papel ou na areia.
sem derramar. (cerca de 300 palavras).
Começa a brincar realmente com
Começo do controle do esfíncter vesical Participa na arrumação de suas coisas.
outras crianças e a compreender
noturno.Participa ativamente no vestir-se.
que há gente fora do meio familiar. Começo da utilização sistemática do não (maneira de
Dança ao som da música.
afirmar-se, opondo-se ao meio).Comunica-se com
gestos, posturas, mímicas, sobretudo com outras
crianças até cinco anos.Teatraliza rituais de cozinha,
de arrumação de cama e de banho (brinquedos
como a boneca, com cozinha em miniaturas, etc.).
3 a 4 anos É capaz de andar sobre a ponta dos Imita uma cruz.Desenha uma Passeia sozinha, visita vizinhos.Fala de modo
pés.Aprende a vestir-se e despir-se pessoa com cabeça, tronco e às inteligível, mas guarda um linguajar infantil.
sozinho.Adquire o controle do esfíncter vezes com outras partes do corpo.
Compreende cerca de 1000 palavras.
vesical noturno.É capaz de realizar
Reconhece o alto e o baixo, atrás
tarefas simples.Anda de bicicleta de três Diz seu nome, sexo, idade.Interessa-se por atividades
e diante;
rodas.Agarra uma bola a um metro de de casa.
distância. Interessa-se pelo nome dos objetos.
Pergunta muito.Escuta as histórias e pede para repetir
as que gosta.Brinca com outras crianças e começa
a partilhar.
Manifesta afeição por seus irmãos e irmãs.
Crise de personalidade: opõe-se vigorosamente a
outrem para afirmar-se.Pergunta pelo nome dos
objetos.
Começo da utilização do pronome pessoal e do
advérbio de lugar.
4 a 5 anos Salta Desenha um homem com os Fala de modo inteligível.Escuta uma história e pode
principais membros do corpo.Copia repetir os fatos.Protesta energicamente quando
e se balança.Desce as escadarias, pondo
um quadrado, um triângulo.Sabe impedido de fazer o que quer.Mostra interesse pelas
um pé só em cada degrau.
contar nos dedos.Pode conhecer atividades dos adultos.
quatro cores.Pode apreciar o
Aparecem os medos infantis.Conhece uma quinzena
tamanho e a forma, distingui o
de verbos de ação.
grosso e o fino.Sabe dizer sua
idade.
Fonte: Medeiros, A.D.
a. 12
b. 7
c. 6
d. 4
e. 3
56
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV
I. o sarampo
II. a diarreia
IV. a poliomielite
a. I e II.
b. I e IV.
c. II e III.
57
ATENÇÃO
INTEGRADA
ÀS DOENÇAS Unidade V
PREVALENTES NA
INFÂNCIA – AIDPI
O objetivo da estratégia AIDPI é identificar sinais clínicos que permitam a avaliação e classificação
apropriada do quadro e fazer uma triagem rápida quanto à natureza da atenção exigida pela criança
(encaminhamento urgente a um hospital, tratamento ambulatorial ou orientação para cuidados e
vigilância no domicílio) e não estabelecer um diagnóstico específico de uma determinada doença.
A AIDPI não inclui todas as doenças, mas abrange aquelas que são as principais causas pelas quais
se leva uma criança ao serviço de saúde. Crianças portadoras de doenças crônicas, acometidas
por doenças menos comuns, tratamento de traumas ou outras emergências graves decorrentes de
acidentes ou ferimentos, talvez precisem de atenção especial, que não é o atendimento dentro da
estratégia AIDPI. Embora os profissionais de saúde tenham conhecimento no manejo de doenças
comuns da infância e recebam capacitação específica para cada doença como, por exemplo,
infecções respiratórias agudas ou doença diarreica aguda, muitas vezes, a capacitação não ajuda a
sistematização da consulta clínica, quando a criança apresenta vários problemas. Com limitações de
tempo e de recursos, é difícil para os profissionais de saúde identificar e tratar todos os problemas de
saúde da criança ao mesmo tempo. É preciso levar em conta que existem relações importantes entre
as doenças, por exemplo: episódios repetidos de diarreia podem ocasionar ou agravar a desnutrição;
essa por sua vez, nas formas graves ou complicadas, pode precipitar manifestações de xeroftalmia.
O profissional de saúde pode usar os métodos de atenção integrada apresentados no curso de AIDPI
para avaliar rapidamente todos os sintomas e sinais que a criança apresenta, classificar o quadro
e adotar a conduta adequada. Se a criança está gravemente doente deverá ser encaminhada para
um hospital. Se a doença não é grave, poderão ser adotadas as normas de tratamento ambulatorial
ou domiciliar, orientando a mãe ou o responsável pela criança quanto ao tratamento, aos cuidados
que lhes devem ser oferecidos no domicílio, assim como sobre os sinais indicativos de gravidade
daqueles casos que exigirão retorno imediato da criança ao serviço de saúde, para uma reavaliação.
58
CAPÍTULO 1
Desnutrição Energético-Proteica
»» Mista: é decorrente da ação concomitante dos dois processos, uma vez que a
desnutrição primária acaba por desencadear uma série de alterações que impedem
a ingestão e o aproveitamento do pouco alimento disponível, com o estabelecimento
de um círculo vicioso e comprometimento progressivo da saúde do indivíduo.
Ocorre o comprometimento imediato do peso na desnutrição e mais tarde na altura, o que indica
cronicidade do processo. As repercussões na saúde da criança são gerais, afeta todos os sistemas,
impede o adequado crescimento e desenvolvimento, diminui a qualidade de vida e as chances de se
tornarem adultos saudáveis.
»» Desnutrição materna.
»» Desmame precoce.
»» Gemelaridade.
59
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI
Obs.: É importante observar que toda criança desnutrida com edema, independentemente do seu
déficit de peso é considerada como desnutrido grave.
Em caso de suspeita de desnutrição, pesar e medir a criança, verificar sinais e sintomas clínicos,
como emagrecimento acentuado e edema em ambos os pés, transcrever os dados para o cartão e
observar no cartão se há diminuição da inclinação da curva peso/idade e estatura para a idade.
Diarreia
A diarreia é o aumento da perda de eletrólitos nas fezes com a modificação brusca do hábito intestinal.
Clinicamente apresenta-se como aumento no número de evacuações e/ou pela diminuição da
consistência das fezes, associada ou não a vômitos e/ou febre. Valoriza-se a percepção materna da
mudança do hábito intestinal. A diarreia aguda é aquela que tem 14 dias de evolução. Se prolongar
por 14 dias ou mais é denominada diarreia persistente. Se apresentar sangue, com ou sem muco, é
chamada de disenteria. A bactéria Shigella é o agente mais comum responsável pela disenteria. As
complicações principais da diarreia são a desidratação e a desnutrição, que podem levar à morte.
A diarreia ainda é um enorme fator na morbimortalidade em menores de cinco anos, apesar do
avanço incontestável na prevenção da sua complicação, que é a desidratação, por meio do Soro de
Reidratação Oral (SRO), em uso desde a década de 1980.
Uma criança com diarreia pode ter três tipos de classificação quanto ao estado de hidratação: grave,
desidratação e sem desidratação.
60
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
A criança com diarreia deve ser classificada quanto ao plano de hidratação. Esta classificação é
feita com relação à hidratação e existe uma abordagem específica: plano A, plano B e plano C. No
atendimento ambulatorial não são indicados exames laboratoriais para casos de diarreia aguda,
uma vez que não são úteis nem para diagnóstico, nem tratamento ou seguimento.
Plano A
Persistindo o quadro, voltar em até 2 dias; agendar uma avaliação em um mês para orientação
nutricional, especialmente.
A família deve ser orientada para oferecer líquidos adicionais sempre que a criança evacuar,
tomando-se por base 50 a 100ml/vez para crianças até 1 ano e 100 a 200ml/vez para as maiores de
1 ano.
Plano B
61
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI
Plano C
»» A criança com desidratação grave deverá ser tratada em ambiente hospitalar. Caso
não seja possível transferi-la imediatamente, a equipe deverá proceder de acordo
com o quadro abaixo e definir a melhor conduta.
›› olhos fundos;
62
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
No quadro 6, estão resumidas as principais decisões a serem tomadas para as crianças com diarreia
e desidratação grave.
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.
Reidratação Endovenosa
63
CAPÍTULO 2
Infecções Respiratórias Agudas – IRA
Entre as causas mais comuns para as infecções respiratórias estão à poluição do ar das grandes
cidades, devido principalmente a fumaça das grandes indústrias e dos veículos; o ambiente doméstico,
apartamentos pequenos e pouco arejados, o hábito de fumar em casa (a fumaça permanece no
quarto por cerca de 8 horas) provocam bronquites e pneumonias nos bebês, cerca de 3 vezes mais
que em casa de não fumantes. Estima-se que crianças que convivem com fumantes fumam 1 cigarro
em cada 3 que o adulto fuma. Das infecções mais graves, cerca de 10% são provocadas por bactérias
como estafilococos, estreptococos, e outras, além das que são provocadas por viroses respiratórias.
»» edema generalizado;
»» desidratação;
»» estridor em repouso;
»» crises de apneia;
»» cianose;
»» insuficiência respiratória;
»» desnutrição grave;
»» desmame precoce;
64
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.
65
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI
Tosse
Oferecer líquidos à vontade (água, suco, chá). Evitar dar xaropes contra tosse, pois esta ajuda a
eliminar o catarro. Caso a criança tenha dificuldade em eliminar o catarro, fazer tapotagem.
Febre
Dar banho morno e aplicar compressas úmidas só com água na testa, nuca e virilha. Caso a febre não
pare e persista, usar antitérmico e procurar atendimento com profissional qualificado.
Obstrução Nasal
Cada narina deve ser lavada com soro fisiológico, sempre que necessário. Este soro pode ser o soro
caseiro.
Sinusite
A sinusite é a inflamação dos seios da face, sendo mais comum após um resfriado ou infecção, é
causada por bactérias em crianças predispostas, sobretudo nas que apresentam alergia nasal com
resfriados repetidos. As secreções da sinusite provocam tosse, geralmente intensa, com engasgos e
vômitos, principalmente à noite com a criança deitada, devido à secreção (muco) que não é engolida,
como acontece com a criança acordada, e vai para a traqueia. O organismo se protege com a tosse,
evitando que atinja o pulmão. A criança que tem resfriados repetitivos, ou resfriado permanente
crônico, possivelmente sofre de sinusite crônica.
Os surtos agudos são causados pelo esfriamento, por natação, fadiga, modificações bruscas de
temperatura, ou alergia por inalação, aspiração. Para fazer a remoção do catarro localizado no
seio da face (ossos maxilares ou frontais) é necessário o uso de medicamentos vasoconstritores,
para desobstrução das passagens aéreas, porém deve ser utilizada a técnica correta de aplicação do
medicamento.
O tratamento é feito com amoxicilina ou sulfametoxazol e trimetoprima, que devem ser prescritos
por um período de 10 a 14 dias. Sendo o antibiótico eficaz, ocorre uma melhora clínica após 72
horas do início do tratamento. Se os sinais e sintomas piorarem, ao invés de melhorarem, deve-se
pensar na possibilidade de resistência bacteriana. Nesse caso, deve-se substituir o antibiótico, e as
opções são: aumentar a dose de amoxicilina (90mg/kg/dia), usar a associação amoxicilina/ácido
clavulânico ou as cefalosporinas de segunda geração (cefaclor, cefuroxima).
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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
Faringite Virial
É a inflamação da faringe, e tem seu agente etiológico um dos causadores de sequelas graves, o
estreptococos beta-hemolítico do grupo A e pode causar febre reumática, glomerulonefrite aguda.
As manifestações clínicas da faringite são cefaleia, mal-estar, anorexia, rouquidão, tosse, dor
abdominal, vômito, inflamação com exsudato. O tratamento é a base de antibiótico (penicilina),
analgésico e antitérmico.
Laringite
A laringite é a inflamação da laringe. Nesta doença, a criança apresenta voz rouca ou ausente, mas
só é perigosa quando é seguida de dificuldade respiratória. A criança apresenta rouquidão (choro
rouco), tosse rouca e afundamento do peito, no nível das clavículas; ou da garganta, na parte
inferior do tórax, ou no nível do estômago e também entre as costelas. Esta doença poderá começar
seguida a um simples resfriado, com febre alta ou com sinais imediatos de obstrução. Existem vários
causadores de laringite, podendo se destacar quatro tipos mais comuns na infância.
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UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI
Laringite Diftérica
A doença se inicia com frequência na região da orofaringe, progredindo até a laringe. No Brasil é
uma forma muito comum desta doença. Os sintomas iniciais, além dos que são vistos na faringe
diftérica, são: tosse, rouquidão, disfonia e dificuldade respiratória progressiva, podendo evoluir
para insuficiência respiratória aguda. Em casos raros, pode haver comprometimento isolado da
laringe, o que dificulta o diagnóstico.
Laringite Viral
É causada por vírus de várias categorias, podendo iniciar-se com um simples resfriado, inflamação
do nariz e da garganta, em seguida atinge a laringe causando tosse rouca, febre discreta, gânglios
aumentados no pescoço. A garganta não apresenta a cor vermelho escarlate como no tipo gripal,
em geral esse tipo de laringite é mais benigno, não acomete tanto como a do tipo bacteriana, mas
excepcionalmente pode adquirir aspecto mais sério.
Laringite Espasmódica
É conhecida também por falso CRUPE ou doença da meia-noite. Esta doença raramente permanece
por mais de 48 horas. Os vírus causadores são similares aos que provocam resfriados. Ela se instala
repentinamente durante a noite, a criança acorda com tosse rouca, respiração difícil, movimentos
respiratórios acelerados, e às vezes com lábios arroxeados. É conhecida também como laringite
estridulosa, caracteriza-se pela instalação súbita, pela madrugada, em criança com ligeiro histórico
de resfriado, nos dias de queda brusca na temperatura há aumento na frequência dos casos. A criança
apresenta-se agitada, com dispneia, ruído laríngeo, transpirando muito e com grande ansiedade.
Acalmá-la é essencial uma vez que o nervosismo da criança e da família aumenta a dispneia. Por
esse tipo de laringite ser a mais comum e se apresentar na madrugada, segue as orientações para
serem repassadas para os pais.
Instruções
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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
»» se após 10 minutos de vapor ou ar fresco, não melhorar ela deverá ser levada ao
hospital;não adianta chamar o médico em casa a viagem de automóvel poderá fazer
a criança melhorar;
Epiglotite
É uma doença extremamente grave e em bebês tem alto índice de mortalidade. A epiglote, por
sua localização, pode ser infectada principalmente pela bactéria Haemophilus influenzae B, que
acarreta rápida inflamação edematosa o que impede a respiração total da criança em poucas horas.
A vacina HIB previne a infecção por essa bactéria. Esta infecção se inicia com inflamação dolorida
de garganta, com febre de menos de 38º C, evolui rapidamente a graves sintomas como respiração
ruidosa, palidez, dificuldade respiratória e não consegue ficar deitado. Deve-se evitar dar líquidos ao
bebê e encaminhá-lo rapidamente ao hospital, pois o mais importante é garantir a permeabilidade
das vias aéreas.
Em 95% dos casos, é necessário a intubação endotraqueal, que só deverá ser realizada em ambiente
hospitalar e por pessoal capacitado.
As pessoas que tiveram contato direto com o paciente devem ser medicadas com rifampicina (20mg/
kg/dia, VO – máximo de 600mg/dia) por um período de 4 dias.
Bronquiolite
A bronquiolite é a inflamação com exsudação que atinge os bronquíolos (brônquios de pequeno
calibre), esses possuem a espessura de um alfinete. É necessário fazer o diagnóstico diferencial com
asma, uma vez que a bronquiolite é mais perigosa que a asma. Essa doença se acomete nos dois
primeiros anos de vida e alcança a maior frequência antes dos 9 meses de vida. Seu aparecimento é
mais comum no inverno ou no início da primavera (junho, julho, agosto e setembro).
A bronquiolite aguda é causada por vírus, sendo que a associação com bactérias do tipo estreptococos,
pneumococos e estreptococos agrava a doença. O que causa a gravidade da doença é a obstrução dos
bronquíolos, provocada por edema das mucosas, além da produção de muco e catarro, localizados
na mucosa que reveste o interior dos bronquíolos. Esse entupimento impede a passagem do ar até os
69
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI
alvéolos para oxigenação do sangue. Esta doença pode começar simulando um leve resfriado, com
coriza, espirros e tosse discreta, porém sempre com dificuldade respiratória. Taquicardia, batimento
das asas do nariz, falta de ar acentuada, coloração arroxeada dos lábios e esforço dos músculos do
tórax evidentes são sinais de agravamento, e a criança deve ser encaminhada com urgência para o
hospital mais próximo e deve ser colocada na tenda de oxigênio, com vapor e umidade aumentados,
quanto menor a criança maior a gravidade da doença.
Uma proporção significativa de crianças com bronquiolite apresentam hipoxemia, sendo uma das
indicações de internação.
A administração da dieta deve ser cuidadosa devido ao risco de aspiração pulmonar, uma complicação
grave e potencialmente fatal. A dieta deve ser fracionada (pequenos volumes, com redução dos
intervalos), e devem ser tomados cuidados com a posição durante e após sua administração
(cabeceira sempre elevada, decúbito lateral direito).
Os broncodilatadores devem ser usados quando se observa uma resposta favorável; caso contrário,
são desnecessários.
Não existem evidências que suportem o uso de corticoides no tratamento de bronquiolite até o
momento.
Asma
Com exceção do primeiro mês de vida a asma ocorre em quase todas as idades. No primeiro ano de
vida ocorrem alguns casos de asma, porém raro. A partir do terceiro ano de vida se torna a causa
mais comum de falta de ar na infância, sendo sua causa principal a alergia. O bebê que tem asma,
geralmente, possui antecedentes familiares de alergias: eczemas, urticária, enxaqueca, dores de
cabeça atrozes, colites, corrimento ou obstrução crônica no nariz e mesmo a crise asmática; quando
não existir nenhum desses fatores nos antecedentes, não implica a ausência de possibilidade de
asma no bebê, contudo poderá curar com facilidade, respondendo bem ao tratamento.
A asma pode ser dividida em três grupos (quadro 8) e suas causas são as seguintes:
Inalantes
Causada por poeira, fumaça, odores diversos, pólen, tecidos de lã, flanela de limpeza (acumula
pó entre as fibras), pelos de animais, pó de gaiolas de passarinhos, poluição, fumaça de fábricas e
poeira domiciliar.
70
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
Alimentares
Qualquer alimento poderá desencadear, em determinadas crianças, a crise asmática, entre os mais
frequentes podemos destacar o chocolate, os derivados de amêndoas, o trigo, frutas cítricas, o leite
e o camarão.
Infecções
Fatores Psíquicos
Podem ocorrer infecções respiratórias de origem nervosa na infância, não tão frequente quanto na
idade adulta.
Tosse noturna frequente (mais de 2 vezes por semana). Sendo impossível referir, iniciar tratamento como
asma persistente moderada.
Incapacidade para exercício físico.
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.
71
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI
»» administrar oxigenoterapia;
»» elevar decúbito;
»» controlar SSVV;
Pneumonia
A pneumonia é um processo inflamatório que se localiza nos alvéolos pulmonares, tecidos
circunvizinhos e bronquíolos. A pneumonia pode ser causada por diversos agentes, porém se
destacam dois grupos: o das bactérias e o dos vírus.
O diagnóstico deve ser feito, preferencialmente, por meio da história clínica, exame físico completo e
radiografia de tórax. Em crianças menores de 5 anos a taquipneia é o sinal isolado mais sensível para
o diagnóstico, tem 75% de sensibilidade e 70% de especificidade. A frequência respiratória necessita
ser avaliada quando a criança estiver afebril e tranquila, contar um minuto de preferência 2 vezes.
Os principais sinais de dificuldade respiratória são tiragem intercostal, batimento das aletas nasais,
gemência, balanço toraco-abdominal e retração xifoidea. Avaliar se há palidez cutânea, que é um
sinal mais precoce de hipoxemia do que a cianose, visto que pode ocorrer hipoxemia sem cianose,
principalmente em crianças anêmicas. Atenção especial deve ser dada à assimetria torácica e redução
do murmúrio vesicular localizado, um dos achados mais frequentes. Em 30% dos casos a ausculta
respiratória pode ser normal e a presença de crepitações não quer dizer pneumonia, especialmente se
grosseiras, móveis e não localizadas, o que sugere secreção na árvore traqueobrônquica. A presença
de broncofonia corresponde à consolidação no parênquima pulmonar e é um achado bastante típico
de pneumonia. A presença de sibilos sugere fortemente etiologia viral ou asma. A dor abdominal
pode ser sintoma de pneumonia, especialmente quando há comprometimento pleural e/ou dos
lobos inferiores. Os lactentes, por características anatômicas de suas vias aéreas e imaturidade dos
mecanismos compensatórios que regulam a respiração, têm maior risco de desenvolver insuficiência
respiratória e apneia (vide valores de referência no quadro 9).
≤ 2 meses FR ≥ 60 irpm
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.
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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
O diagnóstico diferencial da pneumonia viral e bacteriana pode ser feito de acordo com os dados do
quadro 10.
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.
A radiografia do tórax deve ser solicitada sempre que possível, pois permite um diagnóstico mais
apurado de pneumonia, fornece dados quanto à extensão do processo pneumônico e quanto à
presença de complicações (pneumatoceles, derrame, abscesso) e orienta o diagnóstico diferencial.
A radiografia de tórax pode contribuir na decisão de internar ou não o paciente e na escolha do
antimicrobiano. Esta deve ser realizada nas incidências póstero anterior (PA) e perfil, ressaltando
que a dificuldade para sua realização não deve atrasar o início do tratamento adequado.
Pneumonia Aspirativa
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UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI
»» avaliar respiração;
»» administrar oxigenoterapia;
»» elevar decúbito;
»» aliviar desconforto;
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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V
a. V,F,F,F.
b. F,V,V,V.
c. F,F,V,V.
d. V,V,F,F.
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Quando o bebê
chega e não é o Unidade VI
sonhado
CAPíTULO 1
As Malformações
As malformações são defeitos estruturais do corpo que podem ser únicas ou várias. Algumas dessas
malformações são genéticas e outras causadas por fatores ambientais, podendo ainda ser as duas
ao mesmo tempo, algumas dessas malformações são de problema isolado no desenvolvimento,
outras são hereditárias. A normalidade pode ser de grau pequeno, com pouca alteração da função
normal ou pode ser incapacidade de graus variados. Existem ainda malformações graves que podem
ser corrigidas com cirurgias e outras incompatíveis com a vida. Podem ser ainda macroscópicas
(meningocele) ou microscópicas (deficiências enzimáticas como a lactose), visíveis na superfície do
corpo (polidactilia) ou seu interior (atresia de esôfago).
Os estágios
Os pais e familiares passam por vários estágios no diagnóstico da malformação congênita,
semelhantes a uma doença grave ou fatal.
1o estágio: negação
É comum que o diagnóstico leve ao choque e apresente negação. Essa é um mecanismo temporário,
que se utilizam quando não está pronto para lidar o problema. Na tentativa de negar a situação,
debatem a possibilidade de ter ocorrido um erro. Na maioria das vezes na tentativa de encontrar um
76
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI
erro ou solução para o problema, procuram outros profissionais. Quando não se consegue manter o
estágio de negação, é substituído por sentimentos de revolta, inveja e ressentimentos.
2o Estágio: raiva
Nesta fase, o contato com a família é difícil, pois expressam a raiva de todos que dela se aproximam,
muitas vezes sem razão plausível.
3o Estágio: barganha
Há busca intensa das religiões, na tentativa de um milagre, de obtenção de cura. Alguns tentam
procurar alguma explicação de natureza religiosa ou mística para alcançar uma perspectiva de
entendimento da situação.
4o Estágio: depressão
Surge quando não se pode mais negar a situação. A raiva e a revolta darão lugar ao sentimento
de perda. Somente quem conseguir superar suas angústias e ansiedades é capaz de alcançar este
estágio, e os que tiverem tempo e ajuda atingirão, na maioria das vezes, o quinto estágio.
5o Estágio: aceitação
Neste estágio não se observa depressão nem raiva, nesse período a família carece de ajuda,
compreensão e apoio maior que o próprio cliente.
Observação
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UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado
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Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI
positivos. O profissional deve mostrar interesse em responder as dúvidas dos pais, mesmo que seja
por várias vezes e na impossibilidade encaminhá-los para profissional qualificado. A formação
de equipe multiprofissional para discutir sobre a problemática é importante, ela pode subsidiar
a conversa com os pais acerca de qualquer problema do RN e informá-los que há outras crianças
com o mesmo problema e que muitos outros pais passam pelas mesmas reações e experiências.
É preciso reconhecer as fases que as famílias estão vivendo para saber como intervir, às vezes,
quando permitimos que expressem seu pensar, ficam mais agradecidos do que quando repetimos
constantemente para que não fiquem tristes. Um toque carinhoso de mão ou apenas um silêncio,
ou sentar-se ao lado pode trazer grandes benefícios. É preciso compreender que, na maioria das
vezes, a depressão da família é necessária e benéfica, só os que conseguirem superar suas angústias
e ansiedades serão capazes de avançar para o estágio de aceitação.
Às vezes, é necessário afastarmos para que não nos envolvamos emocionalmente com a família. É
dada ênfase ao tratamento, em detrimento dos sentimentos vivenciados. A equipe de enfermagem,
na maioria das vezes, tende a se aproximar da criança e da família no momento da realização dos
cuidados. Fala-se pouco ou quase nada do problema da criança, na maioria das vezes, isso é feito de
forma impessoal e distante.
79
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado
carência de informação da mãe. É essencial que os profissionais examinem suas atitudes pessoais
frente à malformação, de modo a serem capazes de conversar com os pais e familiares sem excessiva
ansiedade.
Hidrocefalia
Caracteriza-se pela presença de uma quantidade anormal do líquido cefalorraquidiano (LCR) nos
ventrículos ou nos espaços subaracnoides. Isso ocorre devido a uma obstrução do fluxo de LCR
nos ventrículos, ou devido ao desequilíbrio entre secreção e absorção, levando ao aumento desses
ventrículos e a consequente compressão cerebral, que gera o aparecimento de sinais neurológicos.
Quando ocorre antes da fusão das suturas cranianas, produzirá aumento anormal do tamanho da
cabeça. Suas principais causas são:
»» hereditariedade;
»» cistos benignos;
»» tumores congênitos;
»» infecção intracraniana;
»» traumatismos;
»» infecção intracraniana;
»» hemorragia perinatal;
»» meningocele neonatal.
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Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI
Sinais e sintomas
As alterações são variadas e estão diretamente relacionadas à idade da criança, à evolução da doença
e aos mecanismos de compensação. Antes do fechamento das suturas cranianas (RN e lactente), o
aumento do perímetro cefálico é o mais evidente; nas crianças maiores e nos adultos, os sinais
neurológicos se evidenciam por meio do aumento da pressão intracraniana. Ocorre o aumento
do PC, dilatação das veias do couro cabeludo, fontanela anterior tensa e abaulada, separação
das suturas cranianas, olhar de sol poente (olhar deprimido esclerótica visível acima da íris) e
convulsão. Alguns sinais são sutis, como irritabilidade, letargia, náusea, vômito e anorexia. Pode
apresentar alteração do nível de consciência, opistótono e espasticidade dos membros inferiores.
Casos avançados apresentam dificuldade de sugar e alimentar-se, choro agudo, breve e estridente,
problema cardiovascular (apneia e bradicardia). Incluem-se ainda cefaleia, sonolência, diminuição
da visão e possível retardo no desenvolvimento neuropsicomotor.
Diagnóstico e Tratamento
O tratamento é cirúrgico, com algumas exceções, às vezes é feita a desobstrução com a retirada
do que causa a obstrução (tumor) ou a colocação de um shunt para drenar o liquor de um
ventrículo para o peritônio. Utiliza-se um cateter plástico e uma válvula de direção única, que se
abrem quando aumenta a pressão do ventrículo. Esse procedimento é denominado de derivação
ventrículo-peritoneal (DVP) ou shunt. No pré-operatório, o tratamento tem o objetivo de tratar as
complicações e os problemas advindos do aumento da pressão intracraniana. Entretanto a DVP gera
complicações como infecção – septicemia, endocardite bacteriana, infecção da ferida, nefrite pelo
shunt, meningite e ventriculite, além de problemas mecânicos como dobra do cateter, obstrução,
separação ou migração da tubulação.
Durante a hospitalização os pais devem ser preparados para a alta e para fazer os cuidados
domiciliares assim que tiverem condições de lidar com o filho. Deve-se estabelecer metas realistas e
orientações apropriadas que ajudarão a criança a atingir seu potencial. A orientação aos pais ajuda
a identificar problemas. Deve-se ensiná-los a reconhecer sinais que indiquem disfunção do shunt,
e caso haja necessidade de bombear. Não descuidar da alimentação. Orientar sobre o crescimento
e o desenvolvimento, e sobre a importância de estimular a criança, é necessário aconselhá-los a
permitir que a criança viva como qualquer criança da sua idade, sem superproteção, e é fundamental
o retorno periódico da criança à unidade para reavaliação.
81
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado
REALIZAR MOTIVO
Lavar as mãos. Prevenir infecções.
Verificar o PC diariamente. Possibilitar a comparação dos dados (o aumento de líquido nos
ventrículos causa aumento do PC).
Palpar as linhas de sutura sagital e coronária e as fontanelas bregmática Avaliar tensão, tamanho e separação (quanto mais líquido maior é o
e lambdoide. afastamento das linhas de sutura e tensão das fontanelas).
Observar sinais de alterações neurológicas – irritabilidade, letargia, Detecção precoce minimiza os riscos e agravos à saúde do RN.
choro agudo, dificuldade de sugar, convulsão – que ocorrem devido ao
aumento da pressão intracraniana (PIC).
Verificar e anotar sinais vitais, controlar as oscilações e fazer a Identificar sinais de infecção e depressão respiratória pelo aumento da
monitoração dos parâmetros basais. PIC e uso de medicação anticonvulsivante.
Posicionar o RN no leito, mantendo alinhamento corporal adequado. Evitar tensão adicional sobre o pescoço em decorrência do aumento
acentuado da cabeça.
Fazer mudança de decúbito, utilizando se possível colchão piramidal Evitar desenvolvimento de área de pressão.
(caixa de ovo).
Planejar o horário de dietas com flexibilidade, não é aconselhável que o O choro excessivo distende o abdome podendo provocar vômito após a
bebê fique com fome, pois aumentará o estresse e o choro. dieta.
Oferecer a dieta em menor quantidade e em intervalos mais frequentes. O aumento da PIC pode ocasionar vômito sendo que são mais bem
toleradas as dietas em menor quantidade.
Trocar fralda, fazer higiene ou qualquer procedimento antes da dieta. E A manipulação do RN após a dieta poderá causar vômito, com risco de
oferecer a dieta somente quando o bebê estiver calmo. broncoaspiração.
Posicionar o RN em decúbito lateral direito após a dieta, e elevar a Facilitar a absorção e evitar broncoaspiração.
cabeceira.
Administrar dieta do RN ou auxiliar a mãe durante amamentação ou Diminuir o estresse do RN e favorecer a ligação mãe-filho. O leite humano
ordenha do leite. é superior a termos nutricionais e imunológicos e é absorvido mais
rapidamente, diminuindo assim o risco de broncoaspiração.
Auxiliar na punção ventricular a ser realizada pelo médico, preparando o A punção permite avaliar as características do liquor e aliviara a pressão
material, o ambiente e posicionando o RN. excessiva no pré- operatório.
Avaliar o RN quanto à atividade e a FR após a realização do exame com O sedativo hidrato de cloral causa depressão do SNC.
uso de sedativo (hidrato de cloral).
Registrar ocorrência do vômito após uso de hidrato de cloral. O índice é alto em relação à irritação gástrica.
Permitir que os pais tragam para a unidade algumas roupas do RN. Melhorar a imagem dos filhos percebida pelos pais.
Meningocele
É uma forma benigna de disrafismos espinhais, em que ocorre apenas uma protusão de meninges
pela espinha bífida e líquido cefalorraquidiano, não havendo comprometimento neural. É menos
frequente que a mielomeningocele.
82
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI
Mielomeningocele
A mielomeningocele também conhecida como espinha bífida cística, é uma malformação congênita
que ocorre devido a um defeito na fusão do tubo neural na fase primária de neurulação, ainda na fase
embrionária, se caracteriza pela herniação das meninges, das raízes nervosas e de parte da medula
por causa de um defeito nos arcos vertebrais posteriores, recobertos por uma fina membrana.
O não fechamento do tubo neural produz defeitos de graus variáveis, que podem afetar todo o
comprimento do tubo neural ou se limitarem a uma área pequena, também é considerado um dos
efeitos mais severos. A extensão e o grau do déficit neurológico depende da sua localização. Os mais
comuns são a paraplegia flácida sensitivo motora, o distúrbio esfincteriano e a deformidade dos
membros inferiores (pé torto e luxação de quadril). A causa ainda é desconhecida, porém aponta-se
para predisposição genética.
Tratamento
A cirurgia é feita o mais cedo possível, ou seja, assim que a criança estiver estável. Estudos afirmam
que o fechamento nas primeiras 12 a18 horas de vida, evita a ocorrência de infecção local e
traumatismos dos tecidos expostos. A criança precisa ser cuidada por uma equipe multiprofissional
especializada, e requer assistência de enfermagem intensiva tanto no pré quanto no pós-operatório.
Durante a hospitalização da criança, os pais devem receber orientações quanto aos cuidados
domiciliares em curto e em longo prazo. Nas orientações são abordados temas relacionados ao
posicionamento da criança, alimentação e cuidados com a pele. Os pais devem ser treinados quanto
à técnica de cateterismo vesical intermitente, caso seja necessário, para facilitar o reconhecimento
dos sinais de complicação. O acompanhamento com equipe multiprofissional é essencial assim
como a estimulação da criança.
Quadro 12.
REALIZAR MOTIVO
Lavar as mãos. Prevenir infecções.
Verificar o PC diariamente. Permitir a identificação precoce do PC. A maioria das crianças com
mielomeningocele tem hidrocefalia associada.
Palpar as linhas de sutura sagital e coronária e as fontanelas Avaliar alteração no tamanho, tensão e separação.
bregmática e lambdoide.
Observar e registrar sinais de alteração neurológica – irritabilidade, A detecção precoce diminui os riscos e agravos a saúde do RN.
letargia, choro agudo, dificuldade para sugar, convulsão – que
ocorrem devido ao aumento da PIC.
Verificar e registrar os sinais vitais. Controlar oscilações e monitorar parâmetros vitais.
83
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado
REALIZAR MOTIVO
Posicionar o RN de modo que proteja a lesão. O decúbito ventral é o Evitar contato de fezes e urina com a lesão e evitar pressão local.
mais indicado, não colocá-lo em decúbito dorsal.
Manter higiene íntima adequada e fralda aberta. Evitar o contato de fezes, urina com a lesão.
Fazer mudança de decúbito e utilizar se possível colchão piramidal Evitar desenvolvimento de área de pressão.
(casca de ovo).
Fazer massagem suave em joelho, tornozelo e pé. Ajudar na circulação, prevenir úlcera de pressão e contratura.
Proteger a mielomeningocele com compressa ou gaze estéril, Evitar ressecamento e ruptura da membrana pela perda de líquido e
umedecida com soro fisiológico morno. Utilizar luva estéril. calor, e proteger a área contra infecção.
Trocar curativos a cada duas horas ou em intervalos frequentes. Possibilitar a inspeção de sinais de extravasamento de liquor, ruptura da
membrana e sinais de infecção. Caso o RN esteja sendo mantido em
berço aquecido, os curativos sobre o defeito devem ser umedecidos
com mais frequência devido a evaporação provocada pelo calor radiante.
Manter o RN em incubadora ou berço aquecido. Possibilitar a manutenção da temperatura do RN com pouca roupa,
evitando contato com a lesão.
Fazer o esvaziamento da bexiga por meio de sondagem vesical ou O esvaziamento incompleto da bexiga decorre da mielomeningocele.
da manobra de Credé.
Permitir que os pais tragam para a unidade algumas roupas do RN. Melhorar a imagem percebida pelos pais.
Gastrosquise
É um efeito congênito da parede abdominal que se manifesta na projeção de uma ou mais vísceras
– intestino delgado, colón proximal e porção do estômago – para uma abertura lateral ao anel
umbilical (mais comum à direta). Não se observa saco peritoneal, outras malformações podem vir
associadas, como atresia, defeito da estrutura intestinal e má rotação. A má rotação é devido à
posição anormal em que se encontra o intestino e da ocorrência de herniação antes da rotação e
fixação normal na cavidade abdominal.
Onfalocele
É um defeito em que ocorre a migração das vísceras para a base do cordão umbilical. Tem extensão
variável de quatro a dez centímetros. Normalmente o saco está recoberto por peritônio sem pele. A
veia e as artérias umbilicais emergem na parte central do defeito.
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Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI
Os cuidados dessas duas malformações são similares, deve-se dar atenção especial aos pais e
familiares, explicando sobre a malformação, seu tratamento e seu prognóstico.
Quadro 13
REALIZAR MOTIVO
Lavar as mãos e usar luva estéril. Prevenir infecção.
Manter o saco herniário coberto, utilizando-se compressas estéreis Evitar contaminação e perda de calor e manter umidade.
umedecidas como soro fisiológico.
Observar e registrar a coloração da perfusão das alças intestinais e dos A compressão das alças intestinais durante a manipulação dos órgãos
órgãos presentes na troca das compressas. poderá provocar isquemia e progredir para necrose.
Manter o RN em decúbito dorsal. Evitar tensão sobre o saco herniário.
Manter o RN aquecido de preferência em incubadora. Evitar hipotermia.
Verificar e registrar os sinais vitais. Monitorar os parâmetros vitais normais.
Pesar as compressas antes e após o uso. Monitorar as perdas de líquidos para calcular a reposição de líquidos.
Manter o RN com hidratação venosa. Repor líquidos e eletrólitos e proporcionar suporte calórico adequado,
pois estará em dieta zero.
Fazer balanço hídrico. Avaliar a quantidade de líquidos administrados e eliminados,
monitorando a função renal.
Manter o RN com sonda orogástrica aberta e aspiração intermitente. A aspiração descomprime o abdome, evitando uma distensão das
alças abdominais que poderia causar agravamento do quadro clínico
do RN.
Manter observação rigorosa da perfusão do RN. O defeito pode provocar diminuição do retorno venoso por comprimir
a veia cava.
Preparar e administrar antibiótico prescrito. Diminuir risco de infecção.
Observar sinais que possam sugerir dor no RN, sempre lembrar que o A dor provoca irritabilidade e aumento de estresse.
limiar de dor do RN é menor que o do adulto.
Planejar os cuidados evitando o manuseio excessivo. O manuseio Evitar o estresse do RN.
excessivo altera a estabilidade dos sinais vitais, predispondo a hipotermia,
hipoglicemia, consumo acentuado da gordura marrom, entre outros.
85
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado
É uma abertura no lábio ou no palato, podendo ser completa, labial e palatal. Essas aberturas
resultam do desenvolvimento incompleto do lábio e/ou do palato (céu da boca), enquanto o bebê
está se formando, antes de nascer. O lábio e o céu da boca se desenvolvem separadamente durante
os três primeiros meses de gestação. Nas fissuras mais comuns o lado esquerdo e o direito do lábio
não se juntam, ficando uma linha vertical aberta. A mesma situação pode acontecer com o céu da
boca ou palato. Em casos mais raros pode haver duas fissuras no palato, uma do lado direito e outra
do lado esquerdo.
O lábio leporino pode variar desde uma pequena fissura no lábio superior ao lado da linha média até
uma fenda completa que se estende até a base do nariz. O lábio leporino, associado ou não à fenda
palatina, pode provocar deformidade do nariz em várias proporções. Tem maior incidência no sexo
masculino e aumenta levemente conforme o aumento da idade materna. É mais comum em crianças
brancas e orientais.
A fenda palatina quando ocorre isoladamente, consiste em uma fissura na linha média que pode
envolver os palatos mole e duro. Se estiver associado ao lábio leporino, poderá envolver a linha
média e estender-se até o palato mole, em um ou ambos os lados.
Tratamento
No tratamento da criança com lábio leporino ou fenda palatina, será necessária a participação
de uma equipe especializada: enfermeiro, pediatra, cirurgião plástico, ortodontista, protético,
otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e quase sempre psicólogo. A equipe contará com a equipe
de enfermagem no pré e pós-operatório que programará cuidados específicos para atender as
necessidades do RN e evitar complicações.
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Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI
Prognóstico
A maioria das crianças com lábio leporino ou fenda palatina apresenta problemas na fala em graus
variados, sendo indicado o acompanhamento com o fonoaudiólogo. Os músculos do palato mole e
da nasofaringe podem ter função comprometida e os dentes podem apresentar desalinhamento. A
função ineficaz da trompa de Eustáquio poderá alterar a drenagem no ouvido médio, contribuindo de
forma significativa para registros de otite média recorrente. Algumas crianças são mais vulneráveis
às infecções das vias aéreas superiores.
A adaptação social e emocional da criança será influenciada pela alteração da imagem após a cirurgia
e pelos problemas na fala.
Para que o RN mame, é recomendado que a mãe estimule a ejeção do leite por meios da ordenha,
pois o bebê possui a sucção diminuída e muitas vezes insuficiente para estimular a ejeção do leite. É
necessário ainda manter o bebê em posição ereta ou sentada durante a amamentação, para facilitar
a deglutição e diminuir os riscos de aspiração. Permita que o bebê arrote durante a amamentação,
pois esses defeitos aumentam a deglutição de ar a mãe deve mantê-lo no seio por mais tempo, uma
vez que sua mamada é maior.
Alguns profissionais tem indicado o uso de prótese logo após o nascimento, a fim de tornar a
amamentação mais fácil. A prótese ajuda no desenvolvimento da musculatura oral essencial ao
desenvolvimento da fala. Há ainda uma diminuição de rinofaringe e de incidência de otite.
»» fazer higiene oral do bebê sempre que retirar a prótese para lavar;
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UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado
»» a mãe deve ser estimulada a cuidar da criança o mais precoce possível, assim que
esteja em condições, para adaptar a técnica de alimentação antes da alta;
88
ANEXOS
Anexo 1
»» peça ao paciente para fazer uma expiração forte e rápida (sopro explosivo);
»» repita a manobra por pelo menos 3 vezes, depois que considerar que a técnica
está sendo devidamente realizada;
»» se esta medida tiver sido feita fora da crise aguda de asma, poderá ser tomada
como o padrão de referência para aquele paciente;
»» se tiver sido feita durante a crise, repita a medida do PFE após cada
administração do broncodilatador, quantas vezes for necessário, até que o
paciente atinja, pelo menos, 70% do seu valor de referência ou do valor predito
para a altura. (veja valores no anexo 2)
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Anexos
Anexo 2
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.
Anexo 3
A administração de drogas pela via inalatória pode ser feita sob a forma de aerossol (spray dosificado)
ou de micronebulização.
A técnica de utilização do aerossol dosificado é simples, mas exige treinamento dos profissionais,
familiares e pacientes para que seja feita de maneira adequada.
90
Anexos
O paciente deve posicionar o espaçador, ocluindo toda a boca, e, ao iniciar inspiração lenta e
profunda, aplicar 1 jato da medicação.
Pode ser feita em pacientes de qualquer idade e deve ser a preferida em pacientes com grande
dificuldade respiratória por permitir a oferta simultânea de oxigênio.
As principais desvantagens desse método são: demora da realização e utilização de doses maiores
quando comparadas ao spray.
91
Anexos
Anexo 4
92
Referências
AMERICAN ACADEMY OF PEDIATRICS, Rose SR; Section on Endocrinology and Committee
on Genetics, American Thyroid Association, Brown RS; Public Health Commitee, et al. Update
of newborn screening and therapy for congenitalhypothyroidism. Pediatrics.
2006;117(6):2290-303. Apud Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/
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93
Referências
ISERHARD A.R.M.; BUDÓ M.L.D.; NEVES E.T.; BADKE M.R. Práticas culturais de cuidados
de mulheres mães de recém-nascidos de risco do sul do Brasil. Rio de Janeiro: Esc Anna
Nery RevEnferm., , v.13 n.1, p.116-122, jan/mar. 2009.
LAMARE, R., A vida do bebê. 41ª ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004. 767 p.
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Disponível em: <http://celsorizzi.blogspot.com.br/2008/09/luxao-congnita-do-quadril.html>.
Acesso em: 21 set. 2012.
94
Referências
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