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Enfermagem em Pediatria

e Neonatologia

Brasília-DF.
Elaboração

Valéria Gonçalves de Araújo

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação................................................................................................................................... 5

Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa...................................................................... 6

Introdução...................................................................................................................................... 8

Unidade i
INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA........................................................................................... 9

Capítulo 1
Cuidados de enfermagem ao recém-nascido................................................................. 9

CAPÍTULO 2
Anamnese e exame físico do RN....................................................................................... 15

Unidade iI
TRIAGEM NEONATAL........................................................................................................................... 27

CAPíTULO 1
Teste do pezinho................................................................................................................. 28

Unidade iII
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO............................................................................................. 33

CAPÍTULO 1
O processo imunológico................................................................................................ 35

CAPITULO 2
Calendário básico de vacinação da criança.............................................................. 38

Unidade iV
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA............................................ 46

Capítulo 1
Crescimento...................................................................................................................... 47

CAPíTULO 2
Desenvolvimento em suas várias etapas da vida.............................................................. 52

Unidade V
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI............................................... 58

CAPÍTULO 1
Desnutrição Energético-Proteica................................................................................... 59
CAPÍTULO 2
Infecções Respiratórias Agudas – IRA............................................................................. 64

Unidade VI
Quando o bebê chega e não é o sonhado................................................................................. 76

CAPíTULO 1
As Malformações............................................................................................................. 76

ANEXOS............................................................................................................................................. 89

Referências..................................................................................................................................... 93
Apresentação
Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A enfermagem pediátrica se caracteriza pela atenção a um grupo que se apresenta em crescimento
e desenvolvimento constante. A assistência em pediatria é baseada na promoção, prevenção,
diagnóstico precoce e recuperação dos agravos à saúde. Para um acompanhamento adequado é
fundamental a presença do trabalho em conjunto com a família.

O principal instrumento utilizado em todo o país para acompanhamento da criança é o cartão, uma
vez que nele são registrados alguns dos eventos importantes para a saúde.

O aparecimento da Pediatria como especialidade ocorreu na Europa, quando médicos começaram


a analisar e a estudar as diferenças das doenças ocorridas em adultos e em crianças. Antes disso, o
fato não tinha o menor significado tanto para médicos quanto para enfermeiras.

A assistência de enfermagem pediátrica em hospital seguia um padrão muito rígido. A ausência de


medicamentos antibióticos, os altíssimos índices de infecção, o grande número de crianças doentes
e o próprio despreparo de profissionais levavam o estabelecimento a realizar regras de isolamento e
repouso muitas vezes absurdas, como o uso de camisas de força. Diante das necessidades básicas e
preocupados com o risco de infecção cruzada, além de despreparos para atender as necessidades de
cada criança e dos pais, os profissionais de saúde as mantinham isoladas, tanto uma das outras como
da mãe e do restante da família. Com os avanços na área de saúde, houve mudanças nos métodos
de assistência à criança. Com o aparecimento da Psicologia, os estudos de Freud e de outros sobre
o comportamento humano deram início a uma abordagem mais integral à criança, possibilitando a
compreensão das suas necessidades emocionais, em suas diversas fases da vida.

Objetivos
»» Revisar e aprimorar os nossos conhecimentos sobre pediatria e neonatologia.

»» Auxiliar nas atividades profissionais, possibilitando uma detecção precoce de agravo


da criança, visando o início de um tratamento adequado e eficiente.

»» Incentivar a busca de mais informações, no decorrer da leitura deste, uma vez se


torna impossível disponibilizar todo conteúdo que envolva neonatologia e pediatria
em um único material, devido a estudos realizados diariamente.

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INTRODUÇÃO A
ENFERMAGEM Unidade i
PEDIÁTRICA

Capítulo 1
Cuidados de enfermagem ao
recém-nascido

A trajetória bem-sucedida de um bebê até o seu nascimento, respirando e chorando


vigorosamente, é algo sempre admirável. Os recém-nascidos saudáveis necessitam
de um bom cuidado para garantir seu desenvolvimento normal e uma boa saúde.
A equipe da sala de parto ajuda a mãe a segurar o seu filho, logo após o parto. A
amamentação pode ser iniciada neste momento caso a mãe assim o desejar. O
pai deve ser encorajado a segurar o seu filho e a compartilhar esses momentos.
Alguns especialistas acreditam que o contato físico imediato com a criança ajuda
a estabelecer vínculos afetivos. Contudo, os pais podem estabelecer bons vínculos
afetivos com seus filhos inclusive quando não passam as primeiras horas juntos.

Cuidar de um recém-nascido (RN) é ajudar a superar a fase de maior vulnerabilidade no ser


humano, a transição da vida intrauterina para a extrauterina. Após o parto, a equipe de enfermagem
deve trabalhar o conjunto mãe e filho, mesmo quando o RN está internado em outro setor, ambos
precisam ser preparados para amamentação. É nesse momento que serão formados laços afetivos
entre os dois, e mesmo estando junto a gestação inteira é nesse momento que realmente irão se
conhecer. Devem prepará-los, ainda, para a alta e a volta para casa. O RN poderá ser classificado
conforme uma série de fatores que serão descritas a seguir.

Classificação do recém-nascido
O RN pode ser classificado quanto à idade gestacional em RN a termo ou normal, aquele que nasce
entre 38 a 42 semanas de gestação, em RN prematuro, aquele que nasce entre 28 a 37 semanas, e
RN pós-maturo quando nasce com mais de 42 semanas. O RN é classificado, ainda, de acordo com
o peso ao nascer; o que nasce com peso > 2,5 a 4 kg é chamado adequado para a idade gestacional
(AIG); com peso igual ou inferior a 2,5 é chamado de pequeno para a idade gestacional (PIG) e com
peso igual ou superior a 4 kg é chamado de grande para a idade gestacional (GIG). O RN de alto
risco é o produto de uma gestação de alto risco, em que as intercorrências patológicas e/ou sociais

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

representam fatores de agressão ao binômio mãe-filho, determinando morbimortalidade perinatal,


que pode perdurar até 28 dias pós-parto.

Cuidados imediatos ao recém-nascido


São cuidados prestados ainda na sala de parto, tendo como objetivo proporcionar a todos os RNs
boas condições auxiliá-los em sua adaptação à vida extrauterina e estar preparado para intervir
naqueles casos que apresentem condições patológicas que coloquem em risco sua vida. Para a
assistência ao RN normal, que constitui a maioria das situações, nada mais deve ser feito além
de se enxugar, aquecer, avaliar e entregar à mãe para um contato íntimo e precoce. Todos os
procedimentos habituais como, pesar, aplicar a vitamina K, aplicação do Método de Credé e outros,
devem ser realizados após o contato da mãe com seu filho.

Desobstrução das vias aéreas


A desobstrução das vias aéreas tem como objetivo promover limpeza destas e a instalação imediata
e posterior manutenção da respiração, impedir tamponamento dos espaços bronco alveolares e
impedir anoxia.

Avaliação do recém-nascido por meio da escala


de Apgar
A escala de Apgar avalia a vitalidade do RN nos primeiros minutos de vida e analisa a forma como
ele está respondendo ao ambiente fora do útero, os profissionais de saúde utilizam a escala de
Apgar, para estabelecer aos bebês notas de zero a dez. As notas são baseadas na cor, na respiração,
na frequência cardíaca (FC), no tônus muscular e na resposta do RN a estímulos por sonda, aspectos
que são avaliados no primeiro e no quinto minuto de vida e, às vezes, também no 10o minuto após o
nascimento. Cada aspecto recebe notas que vão de 0 a 2 e que, ao serem somadas, podem totalizar
um valor que vai de 0 a 10 (resultados maiores que 8 são considerados adequados). Notas baixas
podem ter várias causas, que incluem, a prematuridade, a baixa oxigenação devido a uma circular
de cordão e sofrimento fetal (Vide quadro 1).

Quadro 1- Escala de Apgar

Sinal 0 1 2
Frequência cardíaca Ausente Lenta (abaixo de 100 batimentos por minuto) Maior que 100 batimentos por minuto
Respiração Ausente Lenta, irregular Boa, chorando
Tônus muscular Flácido Alguma flexão nas extremidades Movimento ativo
Irritabilidade reflexa Sem resposta Careta Tosse, espirro ou choro
Cor Azul, pálido Corpo rosado, extremidades azuis Completamente rosado
Apgar 4-6: hipóxia moderada; Apgar 0-3: hipóxia grave
Fonte: <http://www.unimed.com.br/pct/index.jsp?cd_canal= 49146&cd_secao= 49141&cd_materia=305344>

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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I

Avaliação da dor do recém-nascido


A NIPS (Escala de Avaliação de Dor no RN e no Lactente) é composta por cinco parâmetros
comportamentais e um indicador fisiológico, avaliados antes, durante e após procedimentos
invasivos agudos em RN a termo e pré-termo. A maior dificuldade está na avaliação do parâmetro
choro em RN intubados nesse caso; dobra-se a pontuação da mímica facial, sem avaliar o item
choro. A escala deve ser aplicada sempre que se registrem os sinais vitais.

Para saber mais sobre como utilizar a escala consulte


o Volume 2 do Manual de Atenção à Saúde do Recém-
Nascido: guia para os profissionais de saúde / Ministério da
Saúde, 2011.

Pinçamento e secção do cordão


No parto vaginal a saída da placenta causa elevação da pressão na circulação fetal, acima de 40-
50 mmHg. Isso pode causar uma breve transfusão de sangue para o RN, quando a mãe está em
posição acima deste. O clampeamento precoce do cordão (imediatamente, após o nascimento) causa
valores baixos de hemoglobina e pode levar a anemia, após 1-2 meses. Assim como, o clampeamento
tardio pode levar hipervolemia e possibilidade de hiperviscosidade sanguínea (volume das células
vermelhas aumentado com hematócrito maior ou igual a 70% no sangue venoso central), o que
pode levar a problemas respiratórios e sobrecarga cardíaca. Pode deixar sem ligar o cordão até o
desaparecimento das pulsações, quando o RN é colocado no seio da mãe, sem o aumento dos valores
da hemoglobina no RN. Portanto, clampear o cordão com mais ou menos 1 minuto após o nascimento
parece ser mais vantajoso. Entretanto, recomenda-se o clampeamento precoce do cordão nos casos
de asfixia e isoimunização pelo fator Rh. Clampear o cordão a ± 3 cm do abdômen (quando se usa
uma fita umbilical dar dois nós com ± 1 cm de distância um do outro). Cortar o cordão que fica
acima (conforme figura 1) e realizar o curativo da superfície cruenta com álcool a 70o. Não cobrir,
caso haja necessidade do RN se submeter a cateterismo umbilical, clampear a aproximadamente
oito centímetros e envolver o coto com gase esterilizada embebida em soro fisiológico, permanente.

Figura 1 - Pinçamento e secção do cordão

Fonte: <http://www.manualmerck.net/?id=277&cn=1379>

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Credeização /método de credé


A credeização ou aplicação de nitrato de prata, ou Método de Credé, é a instilação de 1 gota de
Nitrato de Prata a 1% nos olhos, na vagina e/ou no pênis do RN a fim de evitar oftalmia gonocócica,
transmitida verticalmente. Ele é instilado no saco conjuntival inferior (detalhe técnico: pingar
no saco conjuntival, pois se instilado diretamente na córnea pode causar traumatismo ou lesão),
e o excesso da medicação deve ser removida com gaze, nunca lave os olhos do bebê com soro
fisiológico, porque este precipita os sais de prata e pode causar queimadura na pele do bebê. As
manchas causadas pela medicação irão melhorar nas próximas horas ou nos próximos dias.

Segundo referências americanas, a prevenção da ON pode ser feita com nitrato de prata a 1%,
eritromicina a 0,5%, tetraciclina a 1% ou iodopovidona a 2,5%.14 O Argirol® (vitelinato de prata a
10%), somente comercializado no Brasil e Argentina, também é utilizado na profilaxia da ON.

Em 1881, para prevenção de oftalmia gonocócica (conjuntivite causada pelo gonococo ou


Neisseriagonorrhoeae, bactéria que pode ser transmitida da mãe para o bebê no canal do parto, caso
ela esteja infectada), iniciou-se o uso do nitrato de prata a 1%. Esse causa uma conjuntivite química,
levando a uma resposta inflamatória com efeito antibiótico secundário. Pode-se retardar o uso da
medicação por até uma hora (nunca mais que isso), para evitar a rotura do contato visual precoce
entre mãe e filho na sala de parto, já que o nitrato de prata pode diminuir a abertura ocular e inibir a
resposta visual temporariamente. A Academia Americana de Pediatria recomenda a profilaxia para
todos os bebês, independente da via de nascimento (parto normal ou cesariano).

Identificação do recém-nascido
Identificar o RN com pulseira própria ou feita com esparadrapo e colocá-la no antebraço e tornozelo,
deve constar nome da mãe, sexo, data e hora do nascimento, número de registro (prontuário). Caso
haja parto múltiplo, deverá anotar a ordem de nascimento (I, II, II etc.). Registrar na ficha do RN
sua impressão plantar e a digital do polegar direito da mãe ainda no local do parto.

Cuidados mediatos ao recém-nascido


São aqueles prestados na unidade de internação pediátrica.

Higiene corporal
Não há necessidade de banhar o RN imediatamente após o parto, salvo o de mães HIV positivo
ou que nascerem banhados em mecônio. O primeiro banho deve ser dado após a estabilização dos
sinais vitais. O banho é uma excelente oportunidade para acompanhar o comportamento do bebê,
e neste momento deve-se envolver os pais nos cuidados do seu filho, ensinar os procedimentos e
mostrar-lhes as características individuais do seu bebê. No banho é necessário remover os resíduos
do parto (sangue e líquido amniótico) e sujidades, para filhos de mães HIV positivo sempre lembrar
que o banho é cuidado imediato para reduzir a colonização microbiana e promover conforto e

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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I

relaxamento. A retirada do vérnix caseoso deve ser evitada, uma vez que este é um fator de proteção
e hidratação natural. Utilizar água morna, o uso de sabão neutro deve ser criterioso, somente para
remoção de crostas de sangue e para limpeza da genitália suja de sangue, porque o sabão predispõe
rachaduras na pele do bebê. O uso de sabão a base de clorexidina deve ter indicação rigorosa, já que
ocorre absorção do produto e há risco de toxicidade. Não utilizar talco, pois sua aspiração causa
distúrbios respiratórios.

Administração de vitamina K
A equipe de enfermagem (enfermeiro ou técnico) é responsável pela administração de vitamina K em
todos os conceptos uma vez que esses nascem com baixa concentração desta vitamina. Administra-
se 1mg por via IM para evitar a ocorrência de sangramentos (doença hemorrágica do RN) com o
objetivo de catalisar a síntese da protrombina no fígado.

Curativo do coto umbilical


Encontramos crenças relacionadas ao coto umbilical identificadas em estudos e consideradas
bem conhecidas por toda a população, como enfaixar o coto, colocar moeda e utilizar ou passar
diferentes ingredientes como banha de galinha, arruda e folha de fumo. O uso da faixa umbilical
foi uma prática muito comum, e seu uso era transmitido de geração em geração. Atualmente, ela é
contraindicada devido à comprovação científica sobre a sua ineficácia e até mesmo nocividade para
a criança, em alguns casos.

O coto remanescente deve ser umedecido diariamente com uma solução alcoólica (álcool absoluto).
Este processo acelera a secagem e reduz a possibilidade de infecção. O coto umbilical cairá por si
mesmo, geralmente entre o 5o e o 12o dia. Um retardo maior na queda não deverá ser motivo de
preocupação.

Medidas antropométricas

Peso

Balança adequada, protegida com fralda. Para esta faixa etária é indica balanças que possuem
divisões em, no mínimo, 100g e facilidade de leitura dos pesos e mecanismo de tara.

Comprimento

A medição do comprimento da criança é realizada deitada sobre uma mesa antropométrica ou sobre
uma superfície plana com o auxílio de uma régua antropométrica.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Aquecimento
Em relação à manutenção da temperatura corpórea prioriza-se o aquecimento do RN, no contato
pele a pele com a mãe em um quarto aquecido e, se necessário, cobri-lo com um cobertor conforme
o modelo humanista, já na assistência intervencionista preconiza que a perda calórica é minimizada
secando-se rapidamente a pele e o cabelo do RN colocando-o em ambiente aquecido. O ideal é que o
mantenha aquecido, no berço (conforme rotina do hospital), observação rigorosa (cianose; vômito;
tremores; respiração).

É importante a leitura deste manual, pois na maioria


das situações o preenchimento das guias fica sob a
responsabilidade da equipe de enfermagem, e mesmo que
não seja como vou cobrar algo que não sei fazer?

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CAPÍTULO 2
Anamnese e exame físico do RN

Para realizar um exame físico em RN o profissional deve conhecer a anamnese materna e a descrição
do nascimento do RN (tipo de parto, posição fetal, condições do líquido amniótico) e as alterações da
FC. Antes de manipular o bebê para realização do exame físico é importante descrever sua postura
e seu comportamento geral, pois seu estado geral oferece valiosos indícios sobre seu estado físico.
A postura ideal é aquela de flexão completa como consequência da vida intrauterina (posição fetal).
O comportamento do RN é observado quanto ao grau de alerta, à sonolência e à irritabilidade, que
podem ser sugestivos de problemas neurológicos.

Avaliação dos sinais vitais do recém-nascido


Devem ser verificados quando a criança estiver calma e quieta uma vez que, se a criança estiver
chorando ou agitada as frequências cardíaca e respiratória estarão aumentadas.

Temperatura Axilar
No RN a termo a temperatura média é de 36,5 e 37ºC. A hipotermia pode significar que o bebê não
está bem aquecido e a hipertermia pode ocorrer nos casos de desidratação, excesso de roupas, calor
ambiente e/ou infecção.

Pulso Apical
Afere-se a FC (frequência cardíaca) com o auxílio de um estetoscópio e ausculta o batimento apical
na região precordial, dois dedos abaixo do mamilo esquerdo. A FC varia entre 120 a 160 bpm. Sopro
cardíaco nos primeiros dias é normal devendo ser investigado se persistir por algumas semanas. É
obrigatória a palpação dos pulsos femorais, pois a ausência da pulsação é sugestiva de estreitamento
da aorta (coarctação da aorta).

Respiração
Para RN a termo a frequência respiratória (FR) é de 40 irpm e em prematuros é de até 60 irpm, a
respiração é abdominal e a presença de estertores úmidos, logo após o nascimento normalmente é
transitória e desaparece nas primeiras horas de vida.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Avaliação da pele

Textura
Ao nascer o bebê apresenta uma pele macia e lisa, no segundo e terceiro dias apresenta-se
descamativa e seca, podendo apresentar rachaduras, principalmente, em torno dos tornozelos,
devido à adaptação com o ar seco que é bem diferente do líquido amniótico que a envolvia.

Vérnix Caseoso
Substância gordurosa, espessa, branco amarelada, que cobre o corpo do feto, que tem a função de
proteger a pele do ambiente líquido do útero. É mais abundante nos prematuros e quanto mais IG
ao nascer apresenta menos vérnix.

Turgor
O RN hidratado tem a pele túrgida e elástica quando pinçada volta rapidamente à posição anterior
sendo que o bebê desidratado a pele voltará lentamente.

Coloração
A coloração dependerá da raça do bebê, se branco são rosados, os da raça negra tendem para o
avermelhado. A pele pálida sugere geralmente anemia, vasoconstrição periférica, choque, asfixia e/
ou edema.

Pele de Alerquim
É a coloração definida à medida que o bebê deita de lado. De um lado do corpo apresenta palidez e
o lado oposto vermelhidão, sugere alteração vasomotora.

Cianose
É a coloração arroxeada da pele proveniente de uma vasoconstrição, se generalizada pode estar
relacionada a problemas cardiovasculares, a cianose de extremidades ou acrocianose, geralmente,
está relacionada com hipotermia.

Cútis Marmórea
Aparência de rede de vasos sanguíneos dilatados sob a pele, apresentando-se mosqueada de forma
transitória quando a criança é exposta ao frio.

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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I

Milium Sebáceo
São glândulas sebáceas distendidas, parecem pequenos pontos branco-amarelados sob as bochechas,
nariz e queixo. Miliária ou sudamina são glândulas sudoríparas distendidas, que aparecem como
pequenas vesículas, especialmente na face.

Eritema Tóxico
Pequenas lesões eritemato-papulosas, observadas a partir de 24 a 48 horas, regredindo
espontaneamente em poucos dias. Podem estar presentes no tórax, abdômen, coxas e nádegas.

Manchas Mongólicas
Áreas de pigmentação azulada intensa na região sacra glútea. Observada em bebês de descendência
africana, indígena, asiática ou hispânica.

Hemangioma Capilar
Áreas achatadas, róseas intensas, frequentes na fronte, nuca e pálpebra superior. Desaparecem em
alguns meses. Na nuca é conhecida popularmente com mancha do bico da cegonha.

Lanugem
São pelos finos e macios que aparecem na testa, orelhas, tronco e ombros, considera-se sua
abundância excessiva um sinal de prematuridade. A lanugem desaparece ao longo das semanas.

Edema
Geralmente o bebê nasce com edema devido à ação da progesterona materna, este desaparece em
24 ou 48 horas.

Petéquias, Hematomas ou Equimoses


As petéquias podem ser encontradas no polo de apresentação, aumentam quando houver circular de
cordão. Petéquias generalizadas, equimoses e sangramentos sugerem anormalidades plaquetárias e
doença hemorrágica do neonato.

Bolhas
Localizadas em região palmo plantar ou generalizada, estas sugerem infecção congênita, como a
sífilis.

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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Icterícia
A pele e as mucosas ficam amareladas devido ao acúmulo de bilirrubina. Pode ser considerada
anormal e deverá ser esclarecida a causa de acordo com o aparecimento (início antes de 24 horas e
depois de 7 dias) e a duração (maior que uma semana em recém-nascidos a termo e duas semanas
em prematuro).

Cabeça
O corpo do RN é menor em relação à cabeça, representa um quarto do comprimento total. O
perímetro cefálico (PC) mede +/- 35 cm (2 cm >para o torácico).O crânio tem 6 ossos: 1 frontal, 1
occipital, 2 parietais e 2 temporais.

Perímetro Cefálico
É medido com fita métrica inelástica passando pela protuberância occipital e pela região mais
proeminente da fronte. Pesquisar a presença de macro ou microcefalia.

Fontanelas
São espaços formados por cartilagem localizados na cabeça, por meio, da palpação de dimensões
variáveis, sendo que a anterior é em forma de losango e mede 2 cm nos dois sentidos (variação
normal de 1 a 5 cm) e a posterior é triangular e é do tamanho de uma polpa digital. A principal
função é facilitar a passagem do feto no canal do parto e desenvolvimento da caixa craniana tanto
na vida fetal como no pós-natal. As principais são: bregma, bregmática ou anterior (>): se fecha por
volta de 18 meses e lambda, lambdoide ou posterior (<): se fecha por volta de 4 meses.

Suturas
Devido ao acavalgamento dos ossos do crânio, após o parto, o afastamento das suturas pode estar
diminuído. Suturas fundidas (ou cranioestenose) são as soldaduras precoces de uma ou mais suturas
cranianas, causando deformações do crânio e hipertensão intracraniana.

Bossa Serossanguínea
É uma massa mole, mal limitada, edemaciada e equimótica, que se localiza ao nível da apresentação.
Está entre o periósteo e o couto cabeludo, não ultrapassa as suturas.

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INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I

Céfalo-hematoma
É um hematoma localizado abaixo do periósteo que se diferencia da bossa pelo seu rebordo periférico
palpável, e por não ultrapassar a sutura. Regressão espontânea por calcificação em algumas semanas.
Pode ser bilateral ou volumoso.

Caput Succedaneum
Edema dos tecidos moles do couro cabeludo, este pode ser apalpado como uma massa mole e
flutuante, atravessando as linhas de sutura. É absorvido em um ou dois dias.

Craniotabes
Impressão de estalido ao longo da sutura lambdoide, que se assemelha à indentação da bola de
pingue-pongue, encontrada em RNs normais. Caso permaneça até os três meses de idade é
necessário investigação.

Olhos
Observar sobrancelhas, cílios, movimentos palpebrais, edema, direção da comissura palpebral
(transversal, oblíqua e fimose), afastamento de pálpebras e epicanto. Hemorragias de conjuntivas são
comuns, mas são reabsorvidas sem qualquer procedimento. Caso haja secreções purulentas investigar
as causas. Pesquisar microftalmia (microcórnea: córnea com diâmetro menor que 9 mm); glaucoma
congênito com macrocórnea (diâmetro maior que 11 mm); catarata, que se apresenta com reflexo
esbranquiçado da pupila; coloboma iridiano, que se apresenta como a persistência de uma fenda
inferior de íris; tamanho da pupila (mídriase e miose), igualdade (isocoria ou anisocoria) e reação
à luz. A presença de estrabismo não tem significação nesta idade podendo persistir até o 6o mês; o
nistagmo (movimentos oculares oscilatórios, rítmicos e repetitivos dos olhos) lateral é frequente.

Orelhas
Observar forma, tamanho, simetria, implantação e papilomas pré-auriculares. Uma anomalia do
pavilhão pode estar associada à malformação do trato urinário e anormalidade cromossômica. A
acuidade auditiva pode ser pesquisada através da emissão de um ruído próximo ao ouvido e observar
a resposta do reflexo cocleopalpebral, que é o piscar dos olhos. Crianças com risco de perda da
acuidade auditiva deve ser submetidas à audiometria coclear. (veja mais na pág. 33)

Nariz
O RN já possui capacidade de identificar odores como o leite de sua mãe. Como ele respira
exclusivamente pelo nariz, as obstruções podem causar desconforto respiratório. Analisar forma

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

e permeabilidade de coanas, mediante a oclusão da boca e de cada narina separadamente e/ou à


passagem de uma sonda pelas narinas; e a presença de secreção serossanguinolenta. A presença
de muco, ou edema traumático na aspiração realizada na sala de parto pode causar obstrução
discreta. A atresia ou estenose de coanas leva o bebê a desconforto respiratório, respiração pela
boca descoordenada e cianose durante as mamadas e é indicativo de obstrução intensa. Para
confirmar, realiza oclusão da boca e de cada narina separadas, passa-se uma sonda para analisar
permeabilidade. A coriza serossanguinolenta é indicativa de sífilis congênita.

Boca
Observar no palato duro junto à rafe mediana e às vezes nas gengivas, pequenas formações
esbranquiçadas, as pérolas de Epstein; lesões erosivas, com halo avermelhado, chamadas aftas
de Bednar; e presença de dentes. Observar a conformação do palato (ogival); a presença de fenda
palatina; da fissura labial (lábio leporino); o desvio da comissura labial que pode estar associado
à paralisia facial por traumatismo de parto; hipoplasia (micrognatia) e posição da mandíbula
(retrognatia). Visualizar a úvula e avaliar tamanho da língua e freio lingual.

Pescoço
Apresenta-se curto e com mobilidade, há sustentação por volta dos 3 meses. A pele excessiva
é quando se adapta bem, recobrindo toda a região, no entanto pode se estender até os ombros
como asas de aves e é chamado de pterigium coli. O bócio congênito pode ocorrer se a mãe tiver
hipotireoidismo ou recebido tratamento antitireoideo ou iodo durante a gestação. Palpar ambas as
clavículas para descartar a presença de fratura. Explorar a mobilidade e tônus.

Tórax
O tórax do RN é cilíndrico e o ângulo costal é de 90°. Uma assimetria pode ser determinada por
malformações de coração, pulmões, coluna ou arcabouço costal. Avaliar a posição dos mamilos,
uma vez que mamilos afastados podem sugerir síndrome de Turner. Observar o ingurgitamento
das mamas e/ou presença de leite que pode ocorrer em ambos os sexos, bem como a presença de
glândulas supranumerárias.

Pulmões
No RN a respiração é abdominal, porém, quando apresentar com predominância na região torácica
e com retração sugere dificuldade respiratória. Os RNs a termo têm uma frequência respiratória
média de 40 movimentos, e pode chegar até 60 movimentos nos prematuros. O ideal é que se contém
os movimentos durante dois minutos e em seguida os dividida por dois. Em geral, estertores úmidos
logo em seguida ao nascimento são transitórios e desaparecem nas primeiras horas de vida. Se
persistirem deve-se verificar a ausência de patologias pulmonares, diminuição global e assimetria
do murmúrio vesicular.

20
INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I

Cardiovascular
A FC pode variar entre 120 a 160 batimentos por minuto, estes possuem sua intensidade máxima
ao longo do bordo esquerdo do esterno. Em RNs é comum a presença de sopros nos primeiros
dias, porém se persistirem por algumas semanas é possível que seja manifestação de malformação
congênita cardíaca. É obrigatória a palpação de pulsos femorais. A medida da pressão arterial no RN
pode ser feita pelo método do “flush”, que usa o processo de isquemia da extremidade e se efetua a
medida, por meio de uma faixa de Esmarch, e observa a que medida no manômetro se produz fluxo
sanguíneo durante a diminuição da compressão pela faixa.

Aprimore seus conhecimentos lendo o material sugerido abaixo. Ele faz uma
revisão de literatura sobre o padrão recomendado para determinação da pressão
arterial em recém-nascidos os métodos e instrumentos utilizados, suas vantagens
e limitações. <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/scientiamedica/
article/viewFile/1665/2148>

Abdômen
Por meio da inspeção se observa a distensão abdominal que pode estar associada à presença de
líquido, visceromegalia, obstrução ou perfuração intestinal. O abdômen escavado associado à
dificuldade respiratória severa sugere diagnóstico de hérnia diafragmática. A diástase de retos é
de observação frequente e sem significado. Observar agenesia de musculatura abdominal, extrofia
de bexiga e hérnia inguinal e umbilical. Identificar no cordão umbilical duas artérias e uma veia e
a presença de onfalocele. Secreção fétida na base do coto umbilical, edema e hiperemia de parede
abdominal sugerem onfalite. Visualizar o orifício anal, em caso de dúvida quanto à permeabilidade
usar uma pequena sonda.Na palpação nota-se o fígado até dois centímetros de rebordo costal. Na
primeira semana, uma ponta de baço pode ser palpável. Se houve aumento destas duas vísceras,
a causa deverá ser investigada. Os rins, principalmente o esquerdo, podem ser palpados. Detectar
presença de massas abdominais.

Genitália

Masculina
A presença ou ausência dos testículos se dá com a palpação da bolsa escrotal, que pode encontrar-
se também nos canais inguinais. Criptorquia é a ausência de testículos na bolsa escrotal ou canal
inguinal. A presença de líquido na bolsa escrotal é conhecida como hidrocele, é frequente, se
reabsorverá com o tempo a menos que seja comunicante. A fimose, prepúcio aderente à glande, é
fisiológica ao nascimento. Observar a localização do meato urinário que deve ser central a glande, se
ventral (hipospadia) e dorsal (epispadia). Realizar pesquisa cromatina sexual e cariótipo, se houver
presença de hipospadia associado à criptorquia.

21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Feminina
No RN os pequenos lábios e clitóris estão proeminentes. Nos primeiros dias pode aparecer uma
secreção esbranquiçada, mais ou menos abundante e às vezes hemorrágica. Pesquisar imperfuração
himenal, hidrocolpos e aderência de pequenos lábios. Realizar pesquisa de cromatina sexual e
cariótipo em caso de fusão posterior dos grandes lábios e hipertrofia clitoriana. Nas primeiras 24h o
RN deve eliminar o mecônio. Avaliar o orifício anal se houver dúvida quanto à permeabilidade, usar
uma sonda, porém, não se recomenda de rotina, toque ou introdução de sonda retal.

Extremidades
Os dedos devem ser examinados quanto à presença de polidactilia que é a presença de dedos
supranumerários, a sindactilia que consiste na observação da fusão dos dedos, malformações
ungueais. Deve ser pesquisado o estado das articulações coxofemorais pela abdução das coxas,
tendo as pernas fletidas (figura 2), e pela pesquisa de assimetria das pregas da face posterior das
coxas e subglúteas. Para avaliar o pé torto congênito, faz-se uma leve adução da parte anterior deste,
se apresentar fácil redução não considerar, uma vez que no pé torto congênito a redução não ocorre.
Avalia a presença de fratura ou lesão nervosa (paralisias) pela atividade espontânea ou provocada
dos membros.

Figura 2. Manobra de Ortolani.

Fonte: <http://celsorizzi.blogspot.com.br/2008/09/luxao-congnita-do-quadril.html>

Coluna vertebral
A coluna do RN deve ser avaliada quanto à presença de concavidades, tumores, tufos de pelos e
curvatura. Avalia-se especialmente na região sacrolombar, percorrendo com os dedos a linha média
em busca de espinha bífida (figura 3), mielomeningocele e outras deformidades. A espinha bífida
é a ausência da fusão do corpo de uma ou mais vértebras no plano médio. Em sua forma menos
importante, a única evidência é uma depressão contendo um tufo de pelos. A mielomeningocele é a
espinha bífida cística, envolve a protusão da medula espinhal ou das meninges, em forma de bolsa.
Existe um déficit neurológico acentuado inferior da bolsa.

22
INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I

Figura 3. Espinha Bífida.

Fonte:<http://www.espinhabifida.com/>

Exame neurológico
O exame neurológico é a observação da atitude, reatividade, choro, tônus, movimentos e reflexos
do RN. A realização do exame neurológico nas primeiras 12h deve ser evitada, para minimizar
a influência do estresse do parto, que pode disfarçar algumas respostas normais, dando falsa
impressão de comprometimento. Os reflexos primitivos encontrados no RN são diversos, porém
não há necessidade, durante o exame físico rotineiro do RN a termo, de avaliação de todos. Segue
abaixo os que habitualmente devem ser avaliados.

Sucção
O reflexo de sucção da criança se manifesta quando os lábios da criança são estimulados por algum
objeto, desencadeando-se movimentos de sucção dos lábios e da língua. A sincronia entre respiração,
sucção e deglutição é desenvolvida somente após 32 a 34 semanas de gestação, por isso que há um
déficit na alimentação por via oral no RN pré-termo.

Voracidade
O reflexo de procura ou da voracidade manifesta-se quando é tocada a bochecha perto da boca,
fazendo com que a criança desloque a face e a boca para o lado do estímulo. Não se deve avaliar esse
reflexo logo após a amamentação, pois a resposta ao estímulo pode ser débil ou não ocorrer. Este
reflexo persiste no bebê até os três meses de idade.

Preensão
Com o dedo do examinador se realiza uma leve pressão na palma das mãos da criança e abaixo dos
dedos do pé (palmo plantar).

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

Marcha
Em posição ortostática segure a criança pelas axilas e pesquisa a marcha reflexa e o apoio plantar.
Ao contato das plantas do pé com a superfície, a criança desdobra as pernas até então fletidas. Se a
criança for abaixada para frente, inicia a marcha reflexa.

Fuga à asfixia
Avalia o reflexo de fuga à asfixia colocando a criança em decúbito ventral no leito, com a face voltada
para o colchão. O RN deverá em alguns segundos virar o rosto liberando o nariz para respirar
adequadamente.

Cutâneo-plantar/Sinal de Babinski
Obtém-se o reflexo cutâneo-plantar em extensão fazendo estímulo contínuo da planta do pé a partir
do calcâneo no sentido dos artelhos. Os dedos adquirem postura em extensão.

Em 2011, a Editora do Ministério da Saúde lançou mais quatro manuais voltados para a saúde do
RN. LEIAM, DIVULGUEM

Espaço para você, aluno, fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua
contribuição pessoal.

1. (SES/RJ) No manejo de recém-nascido de mãe infectada pelo HIV está


recomendado o seguinte cuidado imediato após o parto:

a. Realizar o teste anti HIV.

b. Banhar com água e sabão.

c. Administrar AZT por via venosa.

d. Promover o aleitamento materno.

e. Aspirar rigorosamente as vias aéreas superiores.

24
INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA │ UNIDADE I

2. SES/RJ – A exsanguíneo transfusão é um procedimento realizado em recém-


nascido que tem, entre outras, a seguinte finalidade:

a. Repor o déficit de plaquetas.

b. Corrigir níveis altos de bilirrubinemia.

c. Auxiliar no diagnóstico de anemias severas.

d. Substituir a maior parte do sangue total circulante.

e. Aumentar a viscosidade e a massa total de células vermelhas.

3. SES-RJ – A profilaxia da oftalmia neonatal deve ser realizada de forma rotineira,


na primeira hora após o nascimento, com aplicação única de solução de nitrato
de prata a 1%, ou ainda, do colírio de:

a. Cloranfenicol a 1,5%.

b. Eritromicina a 0,5%.

c. Tianfenicol 1,5 mg.

d. Cefotaxina 2,5 mg.

e. Tetraciclina a 2%.

4. URPE – Para o recém-nascido de diabetes mellitus gestacional, o principal risco


nas primeiras 24 horas de vida é apresentar:

a. Hiperglicemia.

b. Hipoglicemia.

c. Taquipneia transitória.

d. Bradpneia transitória.

e. Hipocalemia.

5. O índice de Apgar é utilizado para:

a. avaliar a necessidade de reanimação do recém-nascido.

b. avaliar os efeitos das condutas empregadas na reanimação do recém-


nascido.

c. avaliar a necessidade de administração de sangue no período neonatal


imediato.

d. estabelecer o setor o qual o recém-nascido deve ser encaminhado.

e. avaliar a eficácia das condutas adotadas durante o acompanhamento


pré-natal.

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO A ENFERMAGEM PEDIÁTRICA

6. TJ/ES – Deve ser considerado recém-nascido de alto risco o prematuro pesando


menos de 2.000 g ao nascer, o recém-nascido com asfixia ao nascer (Apgar menor
que 7 no quinto minuto) e o recém-nascido com outras patologias graves no
nascimento.

a. Certo.

b. Errado.

7. A manobra mais importante do exame clínico do quadril do recém-nascido, que


detecta a presença de “quadril instável”, é a de:

a. adução do quadril.

b. Ortolani.

c. abdução do quadril.

d. Barlow.

e. McMurray.

8. TCM/SP – Durante a avaliação do recém-nascido, ainda na sala de parto, faz-se


necessário o cálculo do índice de Apgar. Assinale abaixo quais os parâmetros que
são avaliados para que se possa calcular este índice.

a. Pulso, esforço respiratório, abertura ocular, tônus muscular, coloração da


pele.

b. Frequência cardíaca, choro, movimentos voluntários, cianose, reflexo.

c. Frequência cardíaca, esforço respiratório, tônus muscular, irritabilidade


reflexa, cor da pele.

d. Abertura ocular espontânea, irritabilidade reflexa, cianose, apneia,


frequência cardíaca.

e. Movimentos, tônus muscular, reflexos, presença de choro, pulso,


temperatura.

9. CESPE/STM – Imediatamente após o parto, a mãe deve ser encorajada a


amamentar o recém-nascido e a deixar que a criança sugue em livre demanda, o
que contribui para diminuir o sangramento pós-parto.

a. Certo.

b. Errado.

* Gabarito: 1- b; 2-b; 3- ; 4-b ; 5-a ; 6-a ; 7-d ; 8-c ; 9-b.

26
TRIAGEM Unidade iI
NEONATAL

O termo triagem, que se origina do vocábulo francês triage, significa seleção, separação de um
grupo, ou mesmo, escolha entre inúmeros elementos e define, em Saúde Pública, ação primária dos
programas de Triagem – por meio de testes aplicados – de um grupo de indivíduos com probabilidade
elevada de apresentarem determinadas patologias. Ao aplicarmos a definição Triagem Neonatal,
estamos realizando uma metodologia de rastreamento especificamente na população com idade de
0 a 30 dias de vida. Além das doenças metabólicas a Triagem Neonatal, visa à detecção de outros
tipos de patologias como as hematológicas, infecciosas, genéticas etc.

Até a data da criação do Programa Nacional de Triagem Neonatal (PNTN), o governo brasileiro
custeava somente os exames de triagem iniciais, ficando todo o custo restante do programa por conta
da iniciativa particular de cada serviço. Com o PNTN, recursos governamentais foram reservados
ao pagamento dos exames de triagem propriamente ditos, os exames confirmatórios, os necessários
para diagnóstico tardio (para pacientes que não foram triados no período neonatal) e ainda o
pagamento do acompanhamento dos pacientes nos Serviços de Referência em Triagem Neonatal
(SRTN). Estão previstos também recursos para subsídio dos insumos necessários ao tratamento,
como as fórmulas de aminoácido isentas de fenilalanina, a reposição hormonal com levotiroxina etc.

A estrutura do PNTN está baseada no credenciamento de SRTN, pelo menos um em cada estado
brasileiro, com a responsabilidade de:

»» organizar a rede estadual de coleta vinculada a um laboratório específico de Triagem


Neonatal, junto com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde;

»» utilizar um laboratório especializado em Triagem Neonatal;

»» implantar o ambulatório multidisciplinar para atendimento e seguimento dos


pacientes triados;

»» estabelecer vínculo com a rede de assistência hospitalar complementar;

»» utilizar um sistema informatizado que gerencie todo o Programa e gere os relatórios


que irão alimentar o Banco de Dados do PNTN.

Para dar suporte de financiamento a todas essas atividades e viabilizar economicamente sua
realização, o Ministério da Saúde incluiu em Tabela do SUS (Portaria SAS no 223, de22 de junho de
2001) todos os procedimentos necessários e sua respectiva remuneração.

27
CAPíTULO 1
Teste do pezinho

O teste do pezinho se tornou obrigatório e gratuito em todo o país em 1992 por uma lei federal. Ele
deve ser realizado a partir de gotas de sangue colhidas no calcanhar do RN. O local escolhido para
realização do exame é por ser uma parte do corpo rica em vasos sanguíneos e segundo estudiosos
é quase indolor para o bebê. O sangue deve ser coletado por profissional qualificado, em punção
única com um papel filtro especial, e as amostras, após secagem serão encaminhadas ao laboratório
para processamento dos exames. O teste foi inserido no Brasil na década de 1970 em uma versão
mais simples em que identificava duas doenças (anomalias congênitas assim chamadas por se
apresentarem no nascimento): a fenilcetonúria e o hipotireoidismo que se não tratadas a tempo,
podem levar à deficiência mental. Atualmente, existe uma versão ampliada que identifica mais de
30 doenças antes que seus sintomas se manifestem. Por se tratar de um recurso sofisticado e caro,
não está disponível na rede pública de saúde.

Doenças diagnosticadas

Fenilcetonúria
Fenilcetonúria (FNC) é uma doença genética, autossômica recessiva, causada por mutações no gene
localizado no cromossomo 12q22-q24, o qual codifica a enzima hepática fenilalanina-hidroxilase
(FAH). A ausência ou deficiência desta enzima impede a conversão hepática de fenilalanina (FAL),
um dos aminoácidos essenciais e mais comuns do organismo, em tirosina, causando acúmulo de
FAL no sangue e em outros tecidos.

O retardo mental é a principal característica da doença não tratada, durante a fase de desenvolvimento
do cérebro vai piorando e estabilizaria com a maturação completa deste órgão. A criança com o
passar do tempo, pode apresentar problemas de postura para sentar, anormalidade da marcha,
hiperatividade e distúrbios comportamentais. O desenvolvimento intelectual e a fala vão se
tornando bastante afetados. Pode haver também comprometimento emocional, como depressão,
e complicações neurológicas, como tremores, espasticidade, ataxia e epilepsia que iniciam na
infância e progridem na adolescência. Quando a doença é diagnosticada, após o nascimento os
sintomas podem ser prevenidos mantendo o paciente com dieta restrita em FAL, e a criança pode
ter desenvolvimento e expectativa de vidas normais.

As meninas com FNC merecem atenção especial em caso de gravidez. Deve ser orientada dieta
isenta de FAL antes e durante toda a gestação com o objetivo de evitar a embriopatia por FAL
ou síndrome da FNC materna, visto que pode ocasionar malformações cardíacas, microcefalia,
anomalias vertebrais, estrabismo e retardo mental mesmo que o feto não tenha FNC.

28
TRIAGEM NEONATAL │ UNIDADE II

Hipotireoidismo Congênito
A tireoide, é uma das maiores glândulas endócrinas, tem por função sintetizar os hormônios
tireoidianos essenciais para o desenvolvimento e crescimento dos diversos órgãos e sistemas nos
seres humanos. A tiroxina (T4) é o principal hormônio produzido pela tireoide. A função tireoidiana
é controlada basicamente por 3 mecanismos:

»» eixo hipotálamo-hipófise-tireoide – estímulo hipotalâmico através do hormônio


liberador da tireotrofina (TRH) que atua na síntese e liberação do hormônio
estimulador da tireoide (TSH) pela hipófise anterior, o qual, por sua vez, promove a
síntese e a secreção de hormônios tireoidianos;

»» efeito de retroalimentação dos hormônios tireoidianos sobre a hipófise e o


hipotálamo;

»» autorregulação da síntese hormonal pela glândula tireoide, de acordo com a


disponibilidade de iodo inorgânico.

O Ministério da Saúde em parceria com as Secretarias de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios desenvolveram o PNTN, que, realiza a detecção do hipotireoidismo congênito por meio da
dosagem de TSH sérico em papel filtro. A importância do programa se justifica, uma vez que, quando
não diagnosticadas e tratadas precocemente, crianças com hipotireoidismo congênito apresentam
desenvolvimento mental e crescimento seriamente afetados, sendo que o comprometimento da
capacidade intelectual pode ser irreversível. O prognóstico depende, fundamentalmente, do tempo
decorrido para a instituição do tratamento, da severidade do hipotireoidismo e da manutenção dos
níveis hormonais dentro da normalidade. O hipotireoidismo transitório pode ocorrer nas mães
durante a gravidez em razão de tratamento com iodetos, substâncias antitireoidianas ou iodo
radioativo.

Os resultados de rastreamento positivo no PNTN devem sempre ser seguidos de dosagem de


T4 (total ou livre) e de TSH em amostra de sangue venoso, para confirmação diagnóstica, com a
maior brevidade possível. O hipotireoidismo congênito se não tratado e acompanhado de forma
adequada, podem ocorrer complicações irreversíveis, como prejuízos no desenvolvimento mental e
no crescimento e é uma das principais causas preveníveis de retardo mental.

Anemia Falciforme e outras Hemoglobinopatias


Anemia falciforme é uma doença que acomete algumas pessoas devido à falta de hemoglobina A
(figura 4a) que é responsável por levar o oxigênio do pulmão para todo o corpo e, no seu lugar
produzem a hemoglobina S (figura 4b). A hemoglobina S não exerce a função da A de forma
satisfatória, razão pela qual tais pessoas têm sempre uma anemia que não se corrige nem com
alimentação, nem com ferro. Devido essa hemácia possuir forma de foice ou meia lua elas têm muita
dificuldade de passar pelas veias, que levam o sangue para os órgãos, ocasionando seu entupimento
e muitas dores, principalmente nos ossos.

29
UNIDADE II │ TRIAGEM NEONATAL

Figura 4. a) Hemácia com hemoglobina A. b) Hemácia afoiçada repleta de hemoglobina S.

Fonte: Manual de anemia falciforme para a população, 2007.

A anemia falciforme é a hereditária mais comum no mundo e no nosso país. Todas as características
do nosso corpo são feitas por informações que recebemos dos nossos pais por meio dos genes e estes
determinam, nas pessoas, a cor dos olhos, dos cabelos, da pele, a altura etc. Com a hemoglobina
não é diferente. Se uma pessoa receber, do pai, um gene com mutação para produzir a hemoglobina
S e, da mãe, outro gene com a mesma característica, essa pessoa nascerá com um par de genes
com a mutação e, assim, terá anemia falciforme. Caso receba somente um gene com mutação ela
nascerá com traço falciforme. O traço falciforme não tem doença e não necessita de tratamento
especializado. A pessoa deve ser informada sobre isso e saber que se tiver filhos com outro portador
de traço falciforme poderá gerar uma criança com traço falciforme, com a doença ou sem nada (veja
a figura 5).

Figura 5. Probabilidade de adquirir anemia falciforme

Fonte: Manual de anemia falciforme para a população, 2007.

Caso não foi realizado o teste do pezinho existe o teste de afoiçamento e o teste da
mancha, como exames de triagem, e a eletroforese de hemoglobina, como exame
confirmatório.

30
TRIAGEM NEONATAL │ UNIDADE II

Fibrose Cística
O pâncreas produz uma enzima chamada Tripsina. Em RN com fibrose cística o nível desta
enzima é elevado. Para triagem neonatal de fibrose cística a melhor forma para se medir a Tripsina
Imunorreativa (IRT) é em sangue seco. A importância desta pesquisa precoce é devido os níveis
sanguíneos de IRT poderem apresentar valores reduzidos mesmo em portadores da patologia,
gerando então resultados falso negativos, em criança acima de 30 dias de vida. Em casos de repetição
da dosagem, este fator deve ser lembrado, sendo que podem ocorrer tanto falso positivos como falso
negativo, porém com mais frequência em RN com íleo meconial. O valor de referência da triagem
para a população normal é de até 110 mg/ml.

Teste da orelhinha
É um programa de avaliação da audição em RN, indicada por instituições do mundo todo para
diagnóstico precoce de perda auditiva, uma vez que sua incidência, na população geral, é de 1 a 2
por 1000 nascidos vivos. O teste da orelhinha ou Triagem Auditiva Neonatal é um exame realizado
no segundo ou terceiro dia em que o bebê nasce. Qualquer dificuldade na audição do RN pode ser
detectada por meio dele, além disso, não é necessário o furinho na orelha. Ele é fundamental para
que a criança cresça, sem apresentar nenhum problema ao ouvir e ao comunicar-se, pois de acordo
com pesquisas, a surdez é uma das doenças mais encontradas em nosso país, e por esse motivo, o
teste é obrigatório. A técnica utilizada é a de Emissões Otoacústicas Evocadas (EOAs).

Enquanto o bebê dorme coloca-se no ouvido um fone ligado a um computador, que produz sons de
baixa intensidade e colhe as ações de respostas (eco) vindas da parte interna (cóclea) que a orelha
do bebê produz ao escutá-los, sendo então emitido um gráfico com o resultado do exame. Tem a
duração com cerca de dez minutos, é indolor e não apresenta contraindicações, deixando assim a
mamãe confiante e sem preocupações. É importante a realização do teste para se ter a certeza de
uma audição eficaz.

Teste do olhinho
O teste do olhinho ou Teste do Reflexo Vermelho (TRV) é um exame simples que, e é capaz de
identificar a presença de diversas doenças visuais como a catarata congênita e o retinoblastoma.
São diversas as doenças que podem ser triadas por aplicação do TRV, e confirmadas por meio
de diagnóstico diferencial de leucocorias, como a Retinopatia da Prematuridade, o Glaucoma
Congênito, o Retinoblastoma, a Doença de Coats, a Persistência Primária do Vítreo Hiperplásico -
PVPH, Descolamento de Retina, Hemorragia Vítrea, Uveíte (Toxoplasmose, Toxocaríase), Leucoma
e até mesmo Altas Ametropias.

O TRV é realizado com um oftalmoscópio, no qual emite uma luz de intensidade adequada sobre a
pupila, nos olhos do recém-nascido, sem a necessidade de usar colírios prévios. Nos olhos saudáveis
o reflexo da luz incidida produz uma cor avermelhada e contínua. O reflexo vermelho normal (em
tons de vermelho, laranja ou amarelo, dependendo da incidência de luz e da pigmentação da retina)

31
UNIDADE II │ TRIAGEM NEONATAL

significa que as principais estruturas internas do olho (córnea, câmara anterior, íris, pupila, cristalino,
humor vítreo e retina) estão transparentes, permitindo que a retina seja atingida de forma normal.
Caso haja anomalia que impeça a chegada da luz à retina e a sua reflexão característica, o reflexo
luminoso sofre alterações que interferem em sua coloração, homogeneidade e simetria binocular.
Assim, sugere-se o encaminhamento da criança para detalhamento do problema de maneira mais
adequada. O TRV tem como principal vantagem não ser um método invasivo sendo realizado
somente com o uso de oftalmoscópio direto, equipamento portátil e de baixo custo. Isso torna o
procedimento muito barato, de fácil realização, e rápido, já que requer um tempo bastante curto
na sua execução, e por ser um teste de triagem, pode ser realizado pelo pediatra ou por qualquer
integrante treinado da equipe médica.

1. (Instituto Movens PMSL/MA) A anemia falciforme é uma hemoglobinopatia


frequente em nosso meio. Dessa forma, é INCORRETO afirmar:

a. É uma hemoglobinopatia autossômica recessiva.

b. Habitualmente não há sintomas nos primeiros meses pois ainda há


presença de hemoglobina fetal.

c. Os fenômenos dolorosos são devidos à isquemia, decorrente de oclusão


vascular.

d. Há indicação de esplenectomia para evitar as crises falcêmicas.

e. Insuficiência cardíaca pode ocorrer devido à anemia e à isquemia


miocárdica.

2. Na triagem neonatal, deve-se divulgar a importância do teste do pezinho,


que deve ser realizado a partir do décimo quinto dia de vida, visando detectar
hipotireoidismo, anemia falciforme, fenilcetonúria e fibrose cística.

a. Certo

b. Errado

* Gabarito: 1-d; 2-b.

32
PROGRAMA
NACIONAL DE Unidade iII
IMUNIZAÇÃO

O Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi formulado em 1973 por decisão do Ministério da Saúde,
a fim de coordenar as ações de imunizações que até aquele momento apresentavam descontinuidade
no serviço e reduzida área de cobertura. Em 1975 o PNI foi institucionalizado para aumentar o uso
de agentes imunizantes, tendo em vista a integridade das ações de imunizações desempenhadas no
país. A lei no 6.259, de 30 outubro de 1975, e o Decreto no 78.231, de 30 de dezembro de 1976, dão
destaque às atividades permanentes de vacinação e contribuiu para fortalecer institucionalmente o
Programa. Em toda a década de 1990 até o ano de 2003, o PNI fez parte da Fundação Nacional de
Saúde, e a partir de 2003 passou a integrar a Secretaria de Vigilância em Saúde. A coordenação geral
do PNI é responsável também por, adquirir, distribuir e normatizar o uso dos imunobiológicos dos
Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais – CRIEs. É também de sua responsabilidade
tudo que diz respeito toda a implantação do Sistema de Informação e manutenção dos dados
de toda a cobertura vacinal do país. O DATASUS foi responsável pela informatização do PNI as
especificações da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI).

O SI-PNI é formado por um conjunto de sistemas:

»» Avaliação do Programa de Imunizações (API): registra, por faixa etária,


as doses de imunobiológicos aplicadas e calcula a cobertura vacinal, por unidade
básica, município, regional da Secretaria Estadual de Saúde, estado e país. Fornece
informações sobre rotina e campanhas, taxa de abandono e envio de boletins de
imunização. Pode ser utilizado nos âmbitos federal, estadual, regional e municipal.

»» Estoque e Distribuição de Imunobiológicos (EDI): gerencia o estoque e a


distribuição dos imunobiológicos. Contempla o âmbito federal, estadual, regional
e municipal.

»» Eventos Adversos Pós-vacinação (EAPV): permite o acompanhamento de casos


de reação adversa ocorridas pós-vacinação e a rápida identificação e localização de
lotes de vacinas. Para a gestão federal, estadual, regional e municipal.

»» Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão (PAIS): sistema


utilizado pelos supervisores e assessores técnicos do PNI para padronização do
perfil de avaliação, capaz de agilizar a tabulação de resultados. Desenvolvido para a
supervisão dos estados.

»» Programa de Avaliação do Instrumento de Supervisão em Sala de


Vacinação (PAISSV): sistema utilizado pelos coordenadores estaduais de

33
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO

imunizações para padronização do perfil de avaliação, capaz de agilizar a tabulação


de resultados. Desenvolvido para a supervisão das salas de vacina.

»» Apuração dos Imunobiológicos Utilizados (AIU): permite realizar o


gerenciamento das doses utilizadas e das perdas físicas para calcular as perdas
técnicas a partir das doses aplicadas. Desenvolvido para a gestão federal, estadual,
regional e municipal.

»» Sistema de Informações dos Centros de Referência em Imunobiológicos


Especiais (SICRIE): registra os atendimentos nos CRIEs e informa a utilização dos
imunobiológicos especiais e eventos adversos.

Aprimore seus conhecimentos sobre o PNI no site do DATASUS <http://pni.datasus.


gov.br/apresentacao.asp>

34
CAPÍTULO 1
O processo imunológico

O processo imunológico compreende um conjunto de mecanismos que o organismo humano


reconhece uma substância como estranha, em seguida, metaboliza-a, neutraliza-a e/ou elimina-a. A
resposta imune do organismo às vacinas depende basicamente de dois tipos de fatores: os inerentes às
vacinas e os relacionados com o próprio organismo. Nos fatores próprios das vacinas os mecanismos
de ação são diferentes, variando segundo seus componentes antigênicos, que se podem apresentar
sob formas de suspensão de bactérias vivas atenuadas (BCG); suspensão de bactérias mortas ou a
virulentas (vacinas contra a coqueluche e a febre tifoide); componentes das bactérias (polissacarídeos
da cápsula dos meningococos dos grupos A e C); toxinas obtidas em cultura de bactérias, submetidas
a modificações químicas ou pelo calor (toxoides diftérico e tetânico); vírus vivos atenuados (vop e
vacinas contra o sarampo e a febre amarela); vírus inativados (vacina contra a raiva); frações de vírus
(vacina contra a hepatite B, constituída pelo antígeno de superfície do vírus).

Idade, doença de base ou intercorrente e tratamento imunodepressor, são fatores inerentes ao


organismo que recebe a vacina os quais podem interferir no processo de imunização.

A vacina é o imunobiológico que contém um ou mais agentes imunizantes (vacina isolada ou


combinada) sob diversas formas: bactérias ou vírus vivos atenuados, vírus inativados, bactérias mortas
e componentes de agentes infecciosos purificados e/ou modificados quimicamente ou geneticamente.

Composição das Vacinas


A vacina é composta de agente imunizante e os seguintes componentes especificados:

»» líquido de suspensão: constituído geralmente por água destilada ou solução


salina fisiológica, podendo conter proteínas e outros componentes originários dos
meios de cultura ou das células utilizadas no processo de produção das vacinas;

»» conservantes, estabilizadores e antibióticos: pequenas quantidades de


substâncias antibióticas ou germicidas são incluídas na composição de vacinas
para evitar o crescimento de contaminantes (bactérias e fungos); estabilizadores
(nutrientes) são adicionados a vacinas constituídas por agentes infecciosos vivos
atenuados. Reações alérgicas podem ocorrer se a pessoa vacinada for sensível a
algum desses componentes;

»» adjuvantes: compostos contendo alumínio são comumente utilizados para


aumentar o poder imunogênico de algumas vacinas, amplificando o estímulo
provocado por esses agentes imunizantes (toxoide tetânico e toxoide diftérico, por
exemplo).

35
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO

As vacinas distribuídas nas unidades são derivadas de laboratórios nacionais e estrangeiros.


Cada laboratório segue sua peculiaridade variando conservantes, estabilizadores e coadjuvantes
utilizados, mas sempre obedecendo aos padrões da Organização Mundial da Saúde (OMS). Tais
mudanças dos laboratórios favorecem, mas possíveis mudanças que as vacinas possam apresentar,
como exemplo, a vacina contra sarampo que sua tonalidade pode variar de róseo ao amarelado.
Depois de produzidas as vacinas, os laboratórios as submetem em testes de controle de qualidade.
Cada lote de vacina, após aprovados nos testes é submetida à análise no Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) do Ministério da Saúde. Esta só é liberada para uso, após
confirmação da qualidade.

Vacinas Atenuadas
São produzidas por cultivo e purificação de microrganismos adaptados ou estruturados para
eliminar a sua capacidade de causar a doença, mantendo suas características de imunogenicidade.

Podemos citar como vacinas atenuadas as vacinas contra sarampo, caxumba, rubéola, poliomielite
oral (tipo Sabin), febre amarela e BCG.

Vacinas Inativadas
São utilizados microrganismos mortos, de forma integral ou parcial, a fim de induzir a resposta
imunológica. Podemos citar como inativadas as vacinas contra a poliomielite (tipo Salk), influenza,
difteria, tétano, coqueluche e raiva.

Vacinas Conjugadas
Estas vacinas são produzidas com de tecnologia de ponta, utiliza-se frações de micro-organismos
purificadas (polissacarídeos) e conjugadas, por ligação química, com proteínas (toxoides, tetânico
ou diftérico), de forma a potencializar a resposta imune, principalmente em crianças de baixa idade.
São vacinas modernas e temos como exemplo a Haemophilusinfluenzae tipo b conjugada (Hib) e a
vacina contra Neisseriameningitidis tipo C conjugada.

Vacinas Recombinantes
São produzidas a partir de microrganismo geneticamente modificado, utilizam um fragmento de
DNA derivado de um microrganismo que codifica uma proteína protetora. A vacina contra hepatite
B é um exemplo desse grupo.

36
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III

Vacinas Combinadas
É resultado da combinação de vacinas na associação de dois ou mais micro-organismos atenuados,
micro-organismos inativados ou antígenos purificados combinados no método de fabricação ou
imediatamente antes da administração. Esta combinação de vacinas tem em vista a prevenção
de várias doenças ou prevenção de uma doença originada por vários sorotipos do mesmo micro-
organismo. Temos como exemplo a vacina DTP, a tríplice viral e a tetravalente.

Para transporte e armazenamento das vacinas devem ser seguidas as normas de


manutenção da rede de frio.

<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/manu_rede_frio.pdf>

37
CAPITULO 2
Calendário básico de vacinação da
criança

Quadro 2. Calendário

Fonte: <http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/6633/162/ministro-lanca-campanha-para-atualizar-caderneta-de-
vacinacao.html>

As Vacinas
Pólio Inativada: as crianças que nunca foram imunizadas contra a paralisia infantil, irão tomar a
primeira dose aos dois meses e a segunda aos quatro meses, com a vacina poliomielite inativada, de
forma injetável. Já a terceira dose (aos seis meses), e o reforço (aos quinze meses) continuam com a
vacina oral, ou seja, as duas gotinhas.

38
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III

Enquanto a pólio não for erradicada no mundo, o Ministério da Saúde continuará a utilizar a
vacina oral poliomielite (VOP), pois ainda existem três países (Nigéria, Afeganistão e Paquistão)
endêmicos para a doença. O Brasil já está se preparando para utilizar, somente, a vacina inativada
quando ocorrer à erradicação da doença no mundo. A VIP será incluída na pentavalente junto com
a vacina meningocócica C (conjugada) transformando-se na vacina heptavalente. Os laboratórios
Biomanguinhos, Butantan e Fundação Ezequiel Dias (FUNED) estão desenvolvendo este projeto. A
previsão é que a vacina heptavalente esteja disponível no Programa Nacional de Imunizações daqui
a quatro ou cinco anos.

Vacina Oral: as doses da VOP visam manter a imunidade populacional contra o risco potencial
de introdução de poliovírus selvagem por meio de viajantes oriundos de localidades que ainda
apresentam casos autóctones da poliomielite, por exemplo.

Antes, a criança recebia a vacina oral poliomielite (VOP) em todo o esquema vacinal, aos 2 meses
(primeira dose), 4 meses (segunda dose), 6 meses (terceira dose) e aos 15 meses (reforço). Agora,
nas duas primeiras doses (2 e 4 meses de idade) a criança receberá a vacina inativada poliomielite
(VIP), a terceira dose (6 meses) e o reforço (15 meses) receberá a VOP. A criança menor de 5 anos de
idade que iniciou esquema com VOP deverá completar o esquema com a mesma vacina. Já a criança
menor de 5 anos, que ainda não iniciou esquema com VOP, deverá seguir o esquema sequencial.

As vacinas e suas particularidades


Cada vacina tem sua particularidade em relação à via de administração. Cada vacina há uma via de
administração recomendada, que deve ser obedecida rigorosamente, e uma vez não sendo atendido
pode acarretar efeitos adversos maiores e menor proteção imunológica. Temos como exemplo a
vacina contra hepatite B que se não feita pela via IM, obtêm menor proteção contra a doença. A
vacina da tríplice DTP (contêm adjuvantes), se aplicadas por via subcutânea e a BCG se aplicada por
via subcutânea, ao invés de intradérmica podem provocar abscessos.

BCG
Composição: Bacilo Calmette-Guérin liofilizado, obtido por atenuação do M. bovis, cepa Mooron-Rio.

Dosagem e via de administração: 0,1ml ID na inserção inferior do deltóide.

Agulha: 13x3,8

Tempo de validade após aberto o frasco: 06 horas.

Eventos adversos: formação de abscesso e/ou ulceração (axilar).

Contraindicação: imunodeficiência congênita ou adquirida; HIV sintomático; < 2000g, afecções


dermatológicas extensas (escabiose, impetigo= adiamento).

Conservação: +2 + 8ºC, esta vacina inativa quando exposta à luz artificial.

39
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO

HEPATITE B
Composição: há 2 tipos : 1 partícula viral tratada com formol (2 recombinação do RNA viral por
meio de engenharia genética).

Dosagem e via de administração: 0,5 ml ou de acordo com o fabricante, IM profunda no Vasto


Lateral da Coxa (VLCE) em crianças até 2 anos e deltoide em crianças maiores.

Agulha: 20 x 5,5 (menores de 2 anos) 25x6 ou 25x7 (maiores de 2 anos).

Tempo de validade após aberto o frasco: até o final do frasco.

Eventos adversos: dor no local da injeção e febre baixa.

Contraindicação: reação anafilática sistêmica na dose anterior.

Conservação: + 2º + 8º, congelamento inativo.

POLIOMIELITE
Composição: vírus vivo atenuado em cultura de células.

Dosagem e via de administração: 2 gotas oral.

Tempo de validade após aberto o frasco: 05 dias.

Contraindicação: crianças com imunodeficiência (congênita ou adquirida); pessoas submetidas a


transplante de medula; crianças HIV+ sintomáticas (AIDS).

Conservação: geladeira, +2 +8ºC.

Observação: Retornar ao refrigerador ou isopor imediatamente após a vacinação.

TETRAVALENTE
Composição: vacina que contém toxidoide diftérico, tetânico e Bordetellapertussis, além de
polissacarídeos capsulares (Poliribosil-ribitol-fosfato-PRP) do Haemophilus influenza conjugada
com uma proteína carreadora tetânica.

Via de administração: IM no VLC.

Dosagem e via de administração: 3 doses de 0,5ml a partir dos 2 meses de idade, com intervalo entre
as doses de 60 dias e no mínimo 30 dias.

Agulha: 20 x 5,5.

Tempo de validade, após aberto o frasco: 05 dias.

40
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III

OBS: Não administrar em crianças maiores de 1 ano. Caso, o esquema não esteja completo, completar
com DTP.

Eventos adversos: dor, vermelhidão, febre, mal-estar e irritabilidade nas 24-48h.

Contraindicação: crianças que desencadeiam reação anafilática não administrar dose seguinte.

Conservação: +2 +8ºC.

TRÍPLICE BACTERIANA – DTP


Composição: a vacina tríplice DTP contém toxoide diftérico, toxoide tetânico e Bordetella Pertussis
inativada em suspensão, tendo como adjuvante hidróxido ou fosfato de alumínio.

Dosagem e via de administração: 0,5 ml a partir dos 15 meses de idade, IM profunda no VLC e em
crianças maiores de 2 anos administrar no deltoide.

Agulha: 20 x 5,5 (menores de 2 anos) 25x6 ou 27x7 (maiores de 2 anos).

Tempo de validade após aberto o frasco: até o final do frasco.

Eventos adversos: dor, vermelhidão, febre, mal-estar geral e irritabilidade nas primeiras 24 a 48
horas.

Contraindicação: a aplicação da vacina tríplice DTP é contraindicada em crianças que tenham


apresentado após a aplicação da dose anterior – reação anafilática.

TRÍPLICE VIRAL
Composição: vacina combinada do vírus vivo atenuado, liofilizado contra sarampo a rubéola e
caxumba.

Via de administração e dose de administração: 0,5 ml dose única e reforço entre 4 – 6 anos de
idade, SC.

Agulha: 13 x 4,5.

Tempo de validade após aberto o frasco: 8 horas.

Efeitos adversos: febre e erupções de curta duração, entre o 5o e o 10o dia de pós-vacina, artralgia e
artrite, mais frequentemente em mulheres adultas.

Contraindicação: reação sistêmica ao ovo de galinha (urticária, edema da glote, dificuldade


respiratória, hipotensão ou choque), gravidez.

Conservação: +2 +8ºC.

41
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO

FEBRE AMARELA
Composição: vacina derivada da cepa 17, vírus da febre amarela, Sacarose 8 mg e 3 mg de glutamato
de sódio.

Via de administração: SC no deltoide a partir dos 9 meses.

Agulha: 13x 4,5.

Tempo de validade após aberto o frasco: 4 horas.

Eventos adversos: dor local, cefaleia e febre.

Contraindicação: crianças menores de 6 meses; portadores de imunodeficiência (congênita ou


adquirida), neoplasias malignas e pacientes HIV+ sintomáticos; uso de corticosteroides em doses
elevadas; pessoas com história de reação anafilática após consumo de ovo.

Conservação: +2 +8ºC, quando congelada inativa.

ROTAVÍRUS
Composição: é uma vacina elaborada com vírus isolados de humanos e atenuados para manter a
capacidade imunogênica, porém não patogênica.

Idade: mínima 1 mês e 15 dias e idade máxima 5 meses 15 dias.

Vias de administração: Cada dose corresponde a 1 ml (exclusivamente oral).

Tempo de validade após aberto o frasco: 24 horas após a preparação da vacina.

Eventos adversos: reação sistêmica grave até 2 horas após a administração; presença de sangue nas
fezes até 42 dias após vacinação; internação por abdômen agudo até 42 após a dose da vacina.

Justificativas para a sua inclusão no calendário vacinal infantil:

1. Os rotavírus constituem a principal causa de gastroenterites em crianças, sendo


responsável por mais de 400.000 óbitos por ano em países em desenvolvimento.

2. A maior incidência das infecções por rotavírus se concentra na faixa etária de 6 a 24


meses, com o quadro clínico clássico caracterizado por diarreia precedida de febre
e vômitos, evoluindo rapidamente para desidratação.

Dupla bacteriana – DT
Composição: toxoide diftérico + tetânica com hidróxido de alumínio ou fosfato de alumínio como
adjuvante.

42
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III

Dosagem e via de administração: 0,5 ml IM profunda no deltoide.

Agulha: 25x6 ou 25x7.

Tempo de validade após aberto o frasco: até o final do frasco.

Pentavalente
Composição: vacina da novartis/berna toxoide diftérico purificado, toxoide tetânico purificado, b.
pertussisinativado, oligossacarídeos hib, antígeno de superfície da hepatite b purificado, fosfato de
alumínio (adjuvante), cloreto de sódio e água para injeção; pode conter traços de tiomersal como
resíduo do processo de produção da vacina.

Vacina do laboratório Serum Institute of India Ltda. Toxoide diftérico, toxoide tetânico, b. pertussis
(de célula inteira), hbsag (rdna), polissacarídeo capsular purificado de hib (prp), conjugado com
o toxoide tetânico (proteína transportadora), adsorvido em fosfato de alumínio e conservante:
tiomersal

Dosagem e via de administração: 0,5 ml IM no VLCE em crianças < de 2 ANOS E em > de 2 anos
aplica-se no deltoide.

Agulha: 20 x 5,5 (menores de 2 anos) 25x6 ou 25x7 (maiores de 2 anos).

Meningocócica
Composição: Oligossacarídeo meningocócico C, Conjugado com proteína CRM197 de Coryne-
-bacteriumdiphteriae, Hidróxido de alumínio. Excipientes: Manitol, fosfato de sódio monobásico
monoidratado, fosfato de sódio dibásico heptaidratado, cloreto de sódio e água para injeção.

Dosagem e via de administração: 0,5 ml, IM profunda, de preferência na área anterolateral da coxa
da criança. Não deve ser administrada pela via intravenosa, intradérmica ou subcutânea.

Agulha: 25x6 ou 25x7

Tempo de validade: após a reconstituição, a vacina deve ser utilizada IMEDIATAMENTE.

Pneumocócica 10-valente
Composição: a vacina pneumocócica 10-valente é constituída por 10 (dez) sorotipos de pneumococos
(1,4,5,6B,7F,9V, 14, 18C, 19F, 23F) e conjugada com a proteína D de Haemophilusinfluenzae para oito
de seus sorotipos e carreadores de toxoide diftérico (DT) e de toxoide tetânico (TT ou T) usados por
dois sorotipos. A vacina contém excipiente cloreto de sódio, fosfato de alumínio e água para injeção,

Dosagem e via de administração: 0,5 ml IM VLC.

Agulha: 25x6 ou 25x7.

43
UNIDADE III │ PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO

A vacina não deve, sob nenhuma circunstância, ser administrada por via endovenosa
ou intradérmica.

1. (Prefeitura de Santa Maria Madalena/Consulplan) O registro das atividades de


vacinação é feito em impressos específicos, padronizados nas diversas instâncias,
com o objetivo principal de acompanhar e analisar o trabalho desenvolvido, bem
como seus resultados e impactos. Dos impressos padronizados em instância
nacional, o documento que é de uso interno do serviço de saúde, no qual são
registradas informações sobre vacinação contidas no cartão da criança, sendo útil
para o acompanhamento e controle da vacinação da clientela, pois serve como
referência na busca de faltosos e, também, para organizar o arquivo pendente de
vacinação é:

a. Boletim diário de vacinação.

b. Cartão de Controle.

c. Cartão do Adulto.

d. Cartão da Criança.

e. Boletim mensal de Doses Aplicadas e Vacinas.

2. O Ministério da Saúde tem, por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI),


um dos mais importantes e bem-sucedidos trabalhos na esfera da saúde pública
no Brasil. Mesmo sabendo que os riscos de complicações relacionados às vacinas
são muito menores qu e os das doenças contra as quais elas protegem, os eventos
adversos devem ser estudados e conhecidos, a fim de fornecer embasamento
aos profissionais. Acerca desse assunto, assinale a alternativa correta.

a. Eventos inesperados pós-vacinais são aqueles não identificados


anteriormente, que ocorrem somente com vacinas de uso recente, como
ocorreu com a vacina contra rotavírus rhesus/humana, pois são vacinas
que ainda não passaram por todas as fases de desenvolvimento de
pesquisa clínica.

b. A linfadenopatia regional supurada pode ocorrer como um evento adverso


na administração da vacina BCG. Caracteriza-se pela presença de linfonodos
hipertrofiados com mais de 3 cm de diâmetro, ocorre em média nos três
primeiros meses após a administração da vacina e não está recomendado o
tratamento com isoniazida bem como a exérese do gânglio.

c. Manifestações gerais de febre, irritabilidade, fadiga, tontura, cefaleia e


desconforto gastrintestinal podem ser observados após a aplicação da
vacina contra a hepatite B. Nesses casos, ficam contraindicadas doses

44
PROGRAMA NACIONAL DE IMUNIZAÇÃO │ UNIDADE III

subsequentes da vacina, e tais manifestações devem ser notificadas


e investigadas, pois pode haver evolução para quadro de púrpura
trombocitopênica.

d. Crises convulsivas tônico-clônicas generalizadas, associadas à perda de


consciência e à disfunção autonômica em crianças acima de 3 meses,
podem ocorrer como eventos adversos da vacina DTP/Hib (tetravalente)
nas primeiras 72 horas após aplicação. Tais eventos podem acontecer
tanto no esquema inicial quanto após a administração de dose de reforço
e, em geral, tem bom prognóstico.

e. A vacina tríplice viral, por ser uma vacina combinada com vírus vivos
atenuados, é uma das mais importantes para o desenvolvimento de
eventos adversos. Pode causar hiperestesia, enduração, febre, exantema,
linfadenopatia, meningite, encefalite, parotidite, pancreatite ou reações
anafiláticas. Os casos detectados com qualquer um desses eventos
deverão ser notificados, e ficam contraindicadas as doses subsequentes
da vacina.

3. PM do Bom Jardim – Sobre as vacinas que não podem congelar, pois se deterioram:

I. Hepatite B.

II. Tríplice viral.

III. Vacina contra raiva.

IV. Febre amarela.

V. febre tifoide.

Estão corretas:

a. I, III, V.

b. II, III, IV.

c. III e IV.

d. II, IV e V.

e. I, IV e V.

* Gabarito: 1-b ; 2-d; 3-a.

45
A ENFERMAGEM, O
CRESCIMENTO E O Unidade iV
DESENVOLVIMENTO
DA CRIANÇA

Considera-se crescimento o aumento do tamanho corporal de um ser humano sendo este um


processo dinâmico e contínuo que acontece desde a fecundação até o final da vida. Toda pessoa
nasce com um potencial genético de crescimento que pode sofrer interferências desde a concepção
até a vida adulta. Os fatores ambientais são muito mais importantes para o potencial de crescimento
do que os genéticos em crianças menores de 5 anos.

O contato entre os serviços de saúde e a criança é visto como uma chance para um exame integral e
com intenso caráter educativo. As avaliações periódicas das crianças permitem o acompanhamento
progressivo e individual identificando o maior risco de morbi/mortalidade, observa-se ainda
precocemente a desnutrição que hoje contribui a causa básica dos maiores problemas de saúde
infantil. Se o risco precoce não for identificado e tomadas medidas adequadas à criança pode
deteriorar-se e até levar a morte.

Conclui-se, então, que o crescimento é um conjunto de alterações biológicas que sugerem em


aumento do tamanho corporal das crianças traduzido pelo crescimento do tamanho (Hipertrofia), e
aumento das células (Hiperplasia). Estes aumentos são referenciados por peso, estatura, perímetro
cefálico, perímetro torácico, alterações de fontanelas, dentição e mudanças na proporção corporal
e tecidos corporais.

O desenvolvimento é uma transformação complicada, ininterrupta, dinâmica e progressiva que


envolve o amadurecimento, a aprendizagem e os aspectos psicossociais. É no desenvolvimento
que a criança tem aumento da realização de tarefas complexas e desenvolve ainda o controle
neuromuscular, agilidade e traços de caráter, e essas funções podem ser medidas por provas
funcionais. Podem ser feitos testes de habilidades motoras grossas e finas, desenvolvimento da
linguagem, desenvolvimento cognitivo e desenvolvimento social e afetivo.

46
Capítulo 1
Crescimento

Para realizar o acompanhamento do crescimento é necessário fazer as medidas antropométricas


básicas que são peso, estatura, perímetro cefálico e perímetro braquial, lembrando que uma
medida isolada não tem significado deve haver comparação com a idade, sexo ou outra variável
antropométrica. A técnica tem que ser rigorosa, os dados verdadeiros e o registro e interpretações
corretas, pois com o resultado dos índices cria-se indicadores definindo se a criança está com
crescimento adequado aceito como normal.

Monitoração e avaliação do crescimento

Peso/Idade
A variação do peso, com relação à idade da criança, reflete quase que imediatamente a qualquer
piora ou melhora no estado de saúde, mesmo em processos agudos. Alterações importantes no peso
podem ser observadas num prazo de poucos dias. A técnica é bem aceita pelas mães, e trata-se de um
índice de fácil aferição por profissional de saúde treinado, constituindo uma técnica não invasiva.
Por essas vantagens, o índice peso/idade é priorizado para o acompanhamento do crescimento no
nível da atenção básica de saúde.

Estatura/Idade
O aumento da estatura por ser cumulativo e progressivo e não sofrer regressões é um bom parâmetro
para a avaliação do crescimento da criança. O aumento da estatura por ser relativamente lento leva
a demora em refletir problemas agudos de saúde e nutrição da criança. A medição pode ser difícil
e requer muito cuidado, principalmente em lactentes e crianças pequenas. Imprecisões de poucos
milímetros para mais podem mascarar problemas no crescimento entre duas medições próximas.
Devido a esses fatores o índice estatura/idade é recomendado para ser usado em adição ao peso/idade,
sempre que os serviços tenham condições para coletar a medida de estatura com pessoal treinado.

Perímetro cefálico/idade
A avaliação do perímetro cefálico é de suma importância uma vez que avalia o crescimento da
cabeça/cérebro de crianças nos dois primeiros anos de vida.

Após esta idade a cabeça cresce em uma proporção tão lenta que sua medida não reflete alterações
no estado nutricional. O perímetro adequado é expresso na forma de uma faixa de normalidade
que se situa entre os percentis 10 e 90. Existe uma pequena diferença entre sexos (menor no sexo
feminino) esta não excede 1 cm para a média em qualquer idade.

47
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

Perímetro Braquial
Para o acompanhamento do crescimento infantil o perímetro braquial não é utilizado, devido à
lentidão das alterações do seu parâmetro, essas variam muito pouco com o aumento da idade,
sendo utilizado apenas para a triagem de prováveis casos de desnutrição de criança de até 24 meses.
É necessário um treinamento cuidadoso para que a medida tenha a confiabilidade desejada. A
principal vantagem operacional da medida é a portabilidade da fita braquial.

Dentição
É por volta dos 6 meses a idade média normal para o nascimento dos primeiros dentes de leite. Um
atraso pode ser considerado normal em torno de mais de 6 ou 8 meses. Pode acontecer de dentes de
leite que nascem antes do prazo normal, pode acontecer de vir logo após o nascimento, são chamados
de “dente natal”, ou por volta de 2 a 3 meses de idade, “dente neonatal”. Como este fator interfere
na amamentação deve-se procurar um odontopediatra imediatamente, pois pode causar ferimentos
no “bico do seio”, sendo que induzirá a introdução da mamadeira. Coceira, abaulamento da gengiva
com aumento da salivação, estado febril e fezes mais líquidas poderão ocorrer durante o nascimento
dos dentes do bebê. Oferecer alimentos mais duros e mordedores de borracha massageiam a gengiva
ajudam no rompimento dos dentinhos e melhora o desconforto.

Quadro 3. Erros comuns na obtenção de dados antropométricos.

Todas as dimensões Instrumento inadequado.

Criança agitada: a medição deve ser adiada;

instrumento desregulado no momento do exame;

leitura;

erros de anotação.

Comprimento (criança com Idade inadequada para o instrumento;


menos de 2 anos de idade
– deitada) não remoção dos calçados e roupas;

plano incorreto da cabeça;

a cabeça não está firmemente encostada a tábua;

a criança não está em posição reta, ao lado da tábua;

corpo arqueado;

joelhos dobrados;

os pés não estão na vertical, em relação à tábua móvel;

a tábua não está firme contra os calcanhares.

48
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV

Altura (criança de pé) Idade inadequada para o instrumento;

não remoção de calçados e roupas;

os pés não estão retos, com as plantas no solo, junto ao quadro vertical ou parede;

joelhos dobrados;

corpo arqueado ou nádega para frente (corpo encurvado);

ombros não estão retos, junto ao quadro;

cabeça em plano incorreto;

a parte superior da régua não está firmemente adaptada à cabeça da criança.

Peso Balança não calibrada em zero;

criança vestida;

criança movendo-se.

Fonte: Zerfas, A.J.; Shorr, I.J.; Neumann, C.G1977, p. 259

Desenvolvimento
O termo desenvolvimento pode ser entendido de várias formas, o pediatra entende como capacidade
do indivíduo na realização de funções cada vez mais complexas, o neuropediatra na maturação do
sistema nervoso central e consequente integridade dos reflexos, o psicólogo nos aspectos cognitivos,
na inteligência etc. Cada um pensa de acordo com sua vivência e sua prática profissional e nos
confirma o conceito de que o desenvolvimento vai além de uma determinação biológica e necessita
de abordagem multiconceitual e multidisciplinar. Para validar esses conceitos o desenvolvimento
infantil não pode estar fundamentado apenas na avaliação das capacidades pertencentes a um
determinado sistema: motor, perceptivo, linguagem, etc. Esses sistemas demonstram determinadas
funções que se apoiam em um processo de maturação neurológica, aperfeiçoam-se, desenvolvem-se,
sofrem influências ambientais e se organizam em um núcleo constituído pelo psiquismo. O atraso
de uma só habilidade não significa que exista problema patológico, a criança deverá ser sempre vista
como um todo e em relação com seu ambiente, pais e família.

O Desenvolvimento da infância
Infante, vem do latim infans e significa incapaz de falar, é definido pelo período que vai desde
o nascimento até 2 a 3 anos de idade, quando se inicia a comunicação por meio da fala. Nessa
fase, ocorrem vários eventos pela primeira vez: o primeiro sorriso, a primeira palavra, os primeiros
passos, o primeiro alcançar de um objeto. Nesta fase apresenta uma sequência previsível e regular
de crescimento físico e de desenvolvimento neuropsicomotor. O desenvolvimento pode sofrer
alterações de fatores intrínsecos e extrínsecos, que provocam variações de um indivíduo para outro
e que tornam único o curso do desenvolvimento de cada criança. As características físicas da criança,
a cor dos seus olhos e outros atributos genéticos são determinados pelo fator intrínseco. Os fatores

49
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

extrínsecos têm seu início de atuação desde a concepção estando diretamente relacionados com
o ambiente da vida intrauterina, proporcionado pela mãe por meio das suas condições de saúde
e nutrição. A dependência e a independência fazem parte significativa do processo de maturação
que vem logo após o nascimento, em que o ambiente em que a criança vive, os cuidados que lhe são
dispensados pelos pais, o carinho, estímulos e alimentação, estão diretamente ligados. Avalia-se o
desenvolvimento, testando as aquisições neuropsicomotoras e por meio de testes ou provas, sob
quatro aspectos interdependentes que se processam, normalmente, no mesmo ritmo.

Desenvolvimento Motor
Para que um organismo se desenvolva adequadamente, ele precisa funcionar de acordo com a figura
abaixo.

Figura 6

Fonte: Saúde da criança: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil, 2002.

Linguagem
As crianças nascem com o mecanismo e a capacidade de desenvolver a fala e as habilidades de
linguagem. Entretanto elas falarão de forma espontânea. A fala exige a estrutura e a função fisiológica
íntegras, incluindo a respiratória, a auditiva e a cerebral, além da inteligência e da necessidade
de estimulação. O gesto procede à fala, e todos os estágios do desenvolvimento da linguagem, a
compreensão do vocabulário por parte das crianças é maior do que a expressão.

50
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV

Desenvolvimento Cognitivo
A criança tem necessidade de agir para aprender, como não possui experiência do adulto, para
ela tudo está para descobrir. Quando a criança brinca elabora os esquemas mentais e as imagens
mentais conduzirão aos conceitos. A primeira prática da criança é a inteligência, a criança elabora
esquemas de ação, de espaço e de casualidade. O bebê é incapaz de representar mentalmente os
objetos. É necessário que ele os veja e os apalpe e uma vez que os objetos desaparecem do campo de
visão, e da preensão, para o bebê eles deixam de existir.

Desenvolvimento Social e Afetivo


No início da vida a criança brinca com os membros superiores e inferiores (MMSS e MMII), boca
e com todo o corpo. No decorrer de suas experiências cotidianas, a criança descobre o prazer de
se comunicar com os outros. Para o desenvolvimento adequado, é necessário que a criança tenha
oportunidade de fazer sozinha tudo que é capaz. E a cada idade, tem um comportamento esperado.

51
CAPíTULO 2
Desenvolvimento em suas várias etapas
da vida

Período pré-natal (da concepção ao


nascimento)
A herança genética dos pais é transmitida no momento da concepção pelos genes. Este fator genético
determinará a cor dos olhos, cabelo, pele e todas as características futuras do indivíduo.

A interação durante a gestação é a mais íntima possível, podendo influenciar no crescimento e


desenvolvimento tanto de forma consciente como inconsciente.

Período neonatal (0 a 28 dias de vida)


O homem é um dos seres mais prematuros do reino animal, pois depende de outro para sobreviver.
A maturidade neurológica do neonato e sua avaliação são muito importantes, até mesmo para o
diagnóstico da idade gestacional e dos cuidados que lhe serão prestados nas unidades de neonatologia.

Reflexos corticais são respostas a estímulos que evoluem de reflexos generalizados, envolvendo todo
o corpo para ações voluntárias, definidas pelo córtex. Essa especialização permite à criança passar
de reações simétricas, involuntárias em respostas ao meio ambiente (gritar, agitar os braços, dar
pontapés), para movimentos assimétricos voluntários, em função de determinado estímulo.

Esses reflexos podem, conforme sua evolução, ser divididos em três grupos:

1. Manifestações normais: estas desaparecem com a evolução, somente


reaparecendo em condições patológicas como os reflexos tônico cervical e de
retificação corporal, ambos desaparecendo com um ou dois meses de idade; reflexo
de Moro, que desaparece em torno de 4-6 meses; e o sinal de Babinski, que quando
bilateral, pode ser normal até 18 meses.

2. Reflexos que existem normalmente desaparecem com a evolução e reaparecem


como atividades voluntárias como: reflexo de preensão, sucção e marcha, por exemplo.

3. Manifestações que persistem por toda a vida: são os vários reflexos profundos
e os reflexos cutâneos abdominais.

O RN deve ser observado constantemente, seus movimentos e postura. Um RN normal mantém as


pernas e braços fletidos tanto na posição supina como prona. As pupilas reagem à luz. Apresenta
uma reação global a barulhos muito fortes. Dorme na maior parte do tempo. Tem percepções
visuais, alguma discriminação olfativa, percebe alguns sabores (tendo predileção pelo doce) e desde
as primeiras horas de vida é capaz de indicar a percepção de alguns sons. A voz humana causa

52
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV

nele efeitos diferentes de outros sons, e já em torno da segunda semana de vida, a voz da mãe ou
mesmo de outra mulher, modulada por tonalidades afetivas, é capaz de desencadear sorrisos mais
facilmente que qualquer outro som.

Primeira infância: lactente (29 dias a 2 anos )


No lactente ou primeira infância ocorrem as maiores e mais rápidas modificações no desenvolvimento
da criança. O desenvolvimento cefálico antecede o caudal, e o proximal antecede o distal. Neste
período os braços passam a obedecer ao controle cortical e a orientação visual antes que as pernas,
sendo que a criança evolui de brincadeiras com as mãos e a boca para brincadeiras com os pés e
a boca, esta utiliza parte de corpo como uma experiência de prazer desligada da necessidade. A
criança suga o dedo e as mãos não necessariamente porque está com fome, mas sim porque isso é
gostoso e às vezes lhe acalma. Com a presença e ausência da mãe, os ritmos de sono, alimentação
e excreção vão se estabelecendo gradativamente, e a criança começa a aprender a diferenciar o dia
da noite e a tolerar a distância entre as mamadas. Ganha ainda agilidade para alcançar, segurar e
manipular objetos.

Primeiro, agarra o objeto com a mão; depois, usa os dedos e finalmente o movimento de pinça fina
(polegar e indicador), a partir daí começa a brincar e utilizar os objetos para mordê-los e jogá-los
fora e assim vai construindo a sua vida psíquica e suas relações com o mundo.

A fala materna dirigida ao bebê tem uma função muito importante, apresenta uma série de
características específicas, uma conversação cheia de picos e entonações especiais produz no bebê
uma apetência oral, uma avidez, que o leva muitas vezes a sugar vigorosamente o peito e que o faz
ficar extremamente atento à mãe.

Nessa fase aparece ainda a figura paterna, interpondo-se entre a mãe e a criança, já que tudo que
interessa a mãe também é do interesse da criança e nesse momento a criança começa a entender que
a mãe não é só dela e nem vive só para ela, mas tem que dividi-la com os irmãos, o pai, o trabalho,
ou seja, a mãe deseja outras coisas além dela. A partir dessa experiência, a criança entende que
ela não deve buscar o desejo da mãe, mas o seu próprio desejo. A progressão do bebê vai desde o
período em que o bebê é totalmente dependente da mãe, até o final do seu primeiro ano de vida,
quando este inicia seus primeiros passos, adquirindo mobilidade e habilidade de manipulação que
lhe permitem explorar a maior parte do meio ambiente, acontecendo semelhante com a linguagem,
que se inicia pelas trocas sonoras com a mãe e vai evoluindo até a criança poder falar de si mesma.
Assim, aprendem a caminhar, alcançam objetos desejados, se separam de suas mães, abrem portas
e começam a descobrir o mundo.

Infância (segunda infância ou pré-escolar 2 a


6 anos)
Período caracterizado pelo aprimoramento das habilidades até então adquiridas, em especial
a capacidade de comunicação, locomoção (andar e correr com segurança, subir escadas, etc.),

53
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

manuseio de objetos e jogos simbólicos. É a idade do explorar e do brincar. Embora essas


funções tenham certa autonomia neuromotora, elas não se organizam, dependendo da atividade
centralizadora do psiquismo que possibilita suas articulações numa direção determinada por cada
sujeito. Nessa perspectiva, se essa organização psíquica falhar, uma criança pode adquirir, por
exemplo, a função da marcha, mas não saberá para onde se dirigir, pode começar a falar, mas não
saberá fazer escolhas, falar de si ou fazer planos. A capacidade de elaboração simbólica (falar de si,
ser criativo na linguagem, pensar sobre si mesmo) vai gradativamente aumentando.

Nesse período, vai aumentando, gradativamente, a capacidade de falar de si, ser criativo na
linguagem, pensar sobre si mesmo. Inicia-se pelo choro, passa pela fase de balbucio dos gestos, das
pequenas palavras, e vai até a elaboração de frases e criação de suas próprias histórias. Nessa fase
após relação estabelecida com a mãe, se constitui o psiquismo, e a criança começa a perceber o que
é o “EU” e o que é o “OUTRO”. Aparecem ainda as interrogações sobre diferenças sexuais e a origem
dos bebês.

As expectativas que os pais têm a respeito da criança são particularmente importantes, uma vez
que ela passa a interrogar o desejo de ambos a respeito de si. Deve-se ressaltar que o que prevalece,
em grande parte, no funcionamento psíquico das crianças é o desejo inconsciente dos pais, muitas
vezes contraditório às suas vontades conscientes. Embora o desejo dos pais seja referência para
a criança, ele não é um determinante absoluto de sua estrutura psíquica. Aos 3 anos, a criança
incorpora muitos aspectos ou traços da cultura humana. Sabe esperar sua vez. Gosta de participar
de brincadeiras com outras crianças, de jogar, negociar, mas também de brincar sozinha. Começa
a perceber a diferença entre a palavra falada, o movimento corporal e a postura correspondente. É
comum, nessa fase surgir manifestações de medo (de escuro, água, animais domésticos etc.), isso
implica que a criança percebe que existem limites.

As etapas do desenvolvimento da criança de


um mês a cinco anos

Quadro 4. Etapas e seu desenvolvimento.

Idade Desenvolvimento Motor Desenvolvimento Cognitivo Desenvolvimento Social


1a3 Dorme quase todo o tempo. Aprende a Reflexo de sucção. Cessa de chorar à chegada de sua mãe ou ao
meses levantar a cabeça e depois a mantê-la escutá-lo.
Chupa seu polegar ou seus dedos;
direita. Afina e adapta seus reflexos
brinca com sua língua. Pequenos ruídos guturais.
primários, tais como a preensão; guarda
dentro da mão, involuntariamente, o Reproduz sons por prazer. Sorri ao ouvir a voz humana.
objeto que ali se colocar.
Olha suas mãos. Imobiliza-se ao ouvir uma voz familiar que fala.
Segue com os olhos uma pessoa Reconhece sua mãe e seu pai, pela vista, mas,
ou um objeto que se desloca. sobretudo, pelo olfato, pelo ouvido e talvez por suas
outras percepções difíceis de definir.
Leva objetos à boca (a boca é um
meio de conhecimento importante Balbucia espontaneamente e como resposta.
para a criança lactente).

54
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV

3a6 Procura alargar o campo de sua visão, Ver item anterior. Sorri a toda pessoa que se aproxime dela sorrindo.
meses apoiando-se, por exemplo sobre
Comunicação com a mão baseada no olhar.
o antebraço se estiver de bruços,
levantando a cabeça e as espáduas se Começa a diferenciar dia e noite.Canta com a ajuda
estiver de costas; de outra pessoa mas fica passiva.Ri às gargalhadas.
Reage ao chamado por seu nome, virando a cabeça.
Mantém a cabeça erguida e pode ficar
uns instantes sentado com apoio; Grande riqueza de emissões vocais (balbucios,
vocalizações prolongadas).Ri e vocaliza brincando.
Começa a pegar voluntariamente um
Começa a utilizar os contatos físicos (apalpar) para se
objeto ao alcance da mão e estender a
comunicar com as outras.
mão para um objeto que se lhe oferece;
Leva objetos à boca;
Segura pequenos objetos com a palma e
os quatro dedos.
6a9 Deitado de costas se vira para se colocar Toca-se em um espelho e sorri. É capaz de rastejar para aproximar-se de um objeto
meses sobre o ventre. Age sobre objetos, bate sobre eles, ou de uma pessoa.
contra a borda de um leito.
Começa a ficar de pé com apoio. Começo da socialização.
Passa um objeto de uma a outra
Pega objetos entre o polegar e o Vocaliza várias sílabas que tendem a limitar-se aos
mão.Segura um objeto dentro de
indicador. sons que ouve na língua materna.
cada mão.Descobre um objeto
Mantém-se assentado só, durante um escondido, se uma parte dele fica Reconhece os rostos familiares e pode ter medo de
momento. visível. rostos estranhos.Começa a participar de jogos de
relação social (bater palmas, jogo de esconder).Gosta
Começa a engatinhar. Diverte-se a lançar objetos.Chama
de morder.
atenção sobre si, por exemplo:
desperto só chora ou grita quando Reconhece quando se dirigem a ela.Imita gestos
ouve à sua mãe levantar-se. e brincadeiras.Faz gestos com a mão e a cabeça
(tchau, não, bate palmas).
9 a 12 É capaz de pôr-se a de pé sozinha Age intencionalmente: retira o Repete o som que ouviu. Aprende a pronunciar duas
meses apoiando-se em alguma coisa ou em cobertor para pegar o brinquedo ou três palavras.Compreende uma proibição ou
alguém, e de caminhar segurando com que se enfiou por baixo.Imita um ordem simples.
as duas mãos ou apoiando-se em algum ruído, por exemplo: batendo um
Manifesta grande interesse em explorar o mundo (ver
móvel.Rasteja-se ou engatinha. objeto contra o outro.
tudo, tocar em tudo e levar tudo à boca).
Começo do andar. Começo do jogo de embutir.
Colabora em brinquedos com adultos.
Sabe largar um objeto sob pedido.
Consegue segurar os objetos entre o
polegar e o indicador.
12 a 18 Caminha sozinha e explora casa e Empilha dois a três cubos.Enche Era de socialização.Manifesta ciúme (gestos de raiva
meses arredores.Ajoelha-se. um recipiente.É capaz de amassar. e choro) reações de rivalidade nas brincadeiras com
os irmãos maiores ou pessoas de convivência.
Sobe as escadarias usando as mãos.
18 meses Sobe e desce escadas agarrando-se Empilha cubos. Associa duas palavras e enriquece seu vocabulário.
a 2 anos num corrimão.Aprende a comer sozinho.
Mostra seus olhos e nariz. Manifesta muito interesse por outras crianças e
Começa a ter controle dos esfíncteres
procura brincar com elas, mas de modo muito
durante o dia (fezes e depois urina). Imita um traço sobre o papel ou
pessoal (pegando objetos, por exemplo).
na areia.
Faz caretas de forma espontânea.
Coordenação mais complexa:
pode agir a distância, por exemplo:
utilizando um pau para aproximar
um objeto ou puxando o cobertor
sobre o qual está brincando.Estuda
os efeitos produzidos ao longo de
sua atividade: varia a maneira de
deixar cair os objetos “pra ver”.

55
UNIDADE IV │ A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA

2 a 3 anos Aprende a pular sobre uma perna.Corre Amontoa objetos em equilíbrio. Desenvolve consideravelmente a linguagem utiliza
e chuta a bola sem perder o equilíbrio. “eu”, “mim”, começa a perguntar, compreende a
Pode reproduzir um círculo sobre o
Pode carregar um copo cheio de água maior parte das palavras e frases que lhe são dirigidas
papel ou na areia.
sem derramar. (cerca de 300 palavras).
Começa a brincar realmente com
Começo do controle do esfíncter vesical Participa na arrumação de suas coisas.
outras crianças e a compreender
noturno.Participa ativamente no vestir-se.
que há gente fora do meio familiar. Começo da utilização sistemática do não (maneira de
Dança ao som da música.
afirmar-se, opondo-se ao meio).Comunica-se com
gestos, posturas, mímicas, sobretudo com outras
crianças até cinco anos.Teatraliza rituais de cozinha,
de arrumação de cama e de banho (brinquedos
como a boneca, com cozinha em miniaturas, etc.).
3 a 4 anos É capaz de andar sobre a ponta dos Imita uma cruz.Desenha uma Passeia sozinha, visita vizinhos.Fala de modo
pés.Aprende a vestir-se e despir-se pessoa com cabeça, tronco e às inteligível, mas guarda um linguajar infantil.
sozinho.Adquire o controle do esfíncter vezes com outras partes do corpo.
Compreende cerca de 1000 palavras.
vesical noturno.É capaz de realizar
Reconhece o alto e o baixo, atrás
tarefas simples.Anda de bicicleta de três Diz seu nome, sexo, idade.Interessa-se por atividades
e diante;
rodas.Agarra uma bola a um metro de de casa.
distância. Interessa-se pelo nome dos objetos.
Pergunta muito.Escuta as histórias e pede para repetir
as que gosta.Brinca com outras crianças e começa
a partilhar.
Manifesta afeição por seus irmãos e irmãs.
Crise de personalidade: opõe-se vigorosamente a
outrem para afirmar-se.Pergunta pelo nome dos
objetos.
Começo da utilização do pronome pessoal e do
advérbio de lugar.
4 a 5 anos Salta Desenha um homem com os Fala de modo inteligível.Escuta uma história e pode
principais membros do corpo.Copia repetir os fatos.Protesta energicamente quando
e se balança.Desce as escadarias, pondo
um quadrado, um triângulo.Sabe impedido de fazer o que quer.Mostra interesse pelas
um pé só em cada degrau.
contar nos dedos.Pode conhecer atividades dos adultos.
quatro cores.Pode apreciar o
Aparecem os medos infantis.Conhece uma quinzena
tamanho e a forma, distingui o
de verbos de ação.
grosso e o fino.Sabe dizer sua
idade.
Fonte: Medeiros, A.D.

1. (Prefeitura de Santa Maria Madalena/Consulplan) “O contato da criança com


o serviço de saúde, independente do fato ou queixa que o motivou, deve ser
tido como uma oportunidade para a análise integrada e preditiva de sua saúde
e de realização de promoção da saúde. O acompanhamento sistemático do
crescimento da criança constitui o eixo central desse atendimento.” De acordo
com o Calendário Mínimo de Consultas para Assistência à Criança, proposto pelo
Ministério da Saúde para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
infantil, o número mínimo de consultas que uma criança deve passar no seu 1o
ano de vida (dos 0 aos 12 meses) é de:

a. 12

b. 7

c. 6

d. 4

e. 3

56
A ENFERMAGEM, O CRESCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA │ UNIDADE IV

2. Cespe/2005. As maiores causas de mortalidade infantil no Brasil incluem;

I. o sarampo

II. a diarreia

III. as infecções respiratórias agudas

IV. a poliomielite

Estão certos apenas os itens

a. I e II.

b. I e IV.

c. II e III.

* Gabarito: 1-b; 2-c.

57
ATENÇÃO
INTEGRADA
ÀS DOENÇAS Unidade V
PREVALENTES NA
INFÂNCIA – AIDPI

O objetivo da estratégia AIDPI é identificar sinais clínicos que permitam a avaliação e classificação
apropriada do quadro e fazer uma triagem rápida quanto à natureza da atenção exigida pela criança
(encaminhamento urgente a um hospital, tratamento ambulatorial ou orientação para cuidados e
vigilância no domicílio) e não estabelecer um diagnóstico específico de uma determinada doença.
A AIDPI não inclui todas as doenças, mas abrange aquelas que são as principais causas pelas quais
se leva uma criança ao serviço de saúde. Crianças portadoras de doenças crônicas, acometidas
por doenças menos comuns, tratamento de traumas ou outras emergências graves decorrentes de
acidentes ou ferimentos, talvez precisem de atenção especial, que não é o atendimento dentro da
estratégia AIDPI. Embora os profissionais de saúde tenham conhecimento no manejo de doenças
comuns da infância e recebam capacitação específica para cada doença como, por exemplo,
infecções respiratórias agudas ou doença diarreica aguda, muitas vezes, a capacitação não ajuda a
sistematização da consulta clínica, quando a criança apresenta vários problemas. Com limitações de
tempo e de recursos, é difícil para os profissionais de saúde identificar e tratar todos os problemas de
saúde da criança ao mesmo tempo. É preciso levar em conta que existem relações importantes entre
as doenças, por exemplo: episódios repetidos de diarreia podem ocasionar ou agravar a desnutrição;
essa por sua vez, nas formas graves ou complicadas, pode precipitar manifestações de xeroftalmia.
O profissional de saúde pode usar os métodos de atenção integrada apresentados no curso de AIDPI
para avaliar rapidamente todos os sintomas e sinais que a criança apresenta, classificar o quadro
e adotar a conduta adequada. Se a criança está gravemente doente deverá ser encaminhada para
um hospital. Se a doença não é grave, poderão ser adotadas as normas de tratamento ambulatorial
ou domiciliar, orientando a mãe ou o responsável pela criança quanto ao tratamento, aos cuidados
que lhes devem ser oferecidos no domicílio, assim como sobre os sinais indicativos de gravidade
daqueles casos que exigirão retorno imediato da criança ao serviço de saúde, para uma reavaliação.

58
CAPÍTULO 1
Desnutrição Energético-Proteica

Desnutrição é um conjunto de condições patológicas em decorrência de deficiência concomitante de


calorias e de proteínas mais comum em lactentes e pré-escolares, na maioria das vezes associada a
infecções repetidas e a outros déficits nutricionais. A desnutrição está associada às condições sociais,
econômicas, sanitárias e ambientais, e é determinada pelo modelo de desenvolvimento econômico,
político, social e cultural de um país.

A desnutrição pode ser dividida em três tipos:

»» Primária: consequente à diminuição da disponibilidade ou da oferta de alimentos.

»» Secundária: resulta de situações em que a ingestão, a absorção ou a utilização de


nutrientes ocorre de maneira insatisfatória, apesar de haver disponibilidade e oferta
de alimentos, por obstrução mecânica do tubo digestivo, estado hipercatabólico,
déficit enzimático ou alteração psíquica.

»» Mista: é decorrente da ação concomitante dos dois processos, uma vez que a
desnutrição primária acaba por desencadear uma série de alterações que impedem
a ingestão e o aproveitamento do pouco alimento disponível, com o estabelecimento
de um círculo vicioso e comprometimento progressivo da saúde do indivíduo.

Ocorre o comprometimento imediato do peso na desnutrição e mais tarde na altura, o que indica
cronicidade do processo. As repercussões na saúde da criança são gerais, afeta todos os sistemas,
impede o adequado crescimento e desenvolvimento, diminui a qualidade de vida e as chances de se
tornarem adultos saudáveis.

Situações de risco para desnutrição


»» Privação socioeconômica.

»» Desnutrição materna.

»» Desmame precoce.

»» Baixo peso ao nascer.

»» Gemelaridade.

»» Internações hospitalares repetidas.

»» Outros casos de desnutrição na família.

»» Irmão falecido antes de 5 anos de idade.

»» Episódios repetidos de diarreia nos primeiros meses de vida.

59
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI

»» Ganho de peso inferior a 500 g por mês no primeiro trimestre;

»» Ganho de peso inferior a 250 g por mês no segundo trimestre.

»» Baixa escolaridade materna.

»» Fraco vínculo mãe-filho.

»» História de maus-tratos na família.

Obs.: É importante observar que toda criança desnutrida com edema, independentemente do seu
déficit de peso é considerada como desnutrido grave.

Em caso de suspeita de desnutrição, pesar e medir a criança, verificar sinais e sintomas clínicos,
como emagrecimento acentuado e edema em ambos os pés, transcrever os dados para o cartão e
observar no cartão se há diminuição da inclinação da curva peso/idade e estatura para a idade.

Diarreia
A diarreia é o aumento da perda de eletrólitos nas fezes com a modificação brusca do hábito intestinal.
Clinicamente apresenta-se como aumento no número de evacuações e/ou pela diminuição da
consistência das fezes, associada ou não a vômitos e/ou febre. Valoriza-se a percepção materna da
mudança do hábito intestinal. A diarreia aguda é aquela que tem 14 dias de evolução. Se prolongar
por 14 dias ou mais é denominada diarreia persistente. Se apresentar sangue, com ou sem muco, é
chamada de disenteria. A bactéria Shigella é o agente mais comum responsável pela disenteria. As
complicações principais da diarreia são a desidratação e a desnutrição, que podem levar à morte.
A diarreia ainda é um enorme fator na morbimortalidade em menores de cinco anos, apesar do
avanço incontestável na prevenção da sua complicação, que é a desidratação, por meio do Soro de
Reidratação Oral (SRO), em uso desde a década de 1980.

Os objetivos da abordagem na criança com diarreia são: a manutenção ou recuperação da homeostase


hidroeletrolítica e da nutrição adequada. Para avaliar a criança com diarreia é necessário saber por
quanto tempo a criança tem tido diarreia, se há sinais de desidratação e se há sangue nas fezes.

Uma criança com diarreia pode ter três tipos de classificação quanto ao estado de hidratação: grave,
desidratação e sem desidratação.

Quadro 5. Sinais para a classificação do estado de hidratação.

Presença de 2 dos sinais abaixo: Desidratação


»» Letárgica ou inconsciente; Grave
»» Olhos fundos;
»» Não consegue beber ou bebe muito mal;
»» Sinal da prega: a pele volta muito lentamente ao estado anterior.
Presença de 2 dos sinais abaixo: Desidratação
»» Inquieta, irritada;
»» Olhos fundos;
»» Bebe avidamente, com sede;
»» Sinal da prega: a pele volta lentamente ao estado anterior.
Não há sinais de desidratação. Sem desidratação
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

60
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

A criança com diarreia deve ser classificada quanto ao plano de hidratação. Esta classificação é
feita com relação à hidratação e existe uma abordagem específica: plano A, plano B e plano C. No
atendimento ambulatorial não são indicados exames laboratoriais para casos de diarreia aguda,
uma vez que não são úteis nem para diagnóstico, nem tratamento ou seguimento.

Plano A

»» Criança com diarreia sem desidratação:

›› o tratamento da criança com diarreia e sem desidratação é realizado em casa. A


família deve ser bem-esclarecida quanto à hidratação e alimentação.

»» As regras do tratamento domiciliar são:

›› dar líquidos adicionais, inclusive o SRO, se a criança aceitar;

›› continuar o esquema alimentar habitual da criança, com pequenas correções, se


necessário, para evitar a piora da diarreia;

›› orientar a família a reconhecer os sinais de desidratação (portanto de piora) e


como preparar o SRO. Recomendar que, ao aparecimento dos sinais de piora,
o SRO deve ser mantido e a criança deverá retornar imediatamente à Unidade
Básica de Saúde.

Persistindo o quadro, voltar em até 2 dias; agendar uma avaliação em um mês para orientação
nutricional, especialmente.

A família deve ser orientada para oferecer líquidos adicionais sempre que a criança evacuar,
tomando-se por base 50 a 100ml/vez para crianças até 1 ano e 100 a 200ml/vez para as maiores de
1 ano.

Plano B

»» Criança com diarreia e desidratação:

›› para a criança desidratada, deve-se instituir a Terapia de Reidratação Oral


(TRO), na UBS durando, em média, 4 horas;durante o período de reidratação,
os lactentes devem continuar recebendo apenas leite materno. As crianças
que se alimentam com leite de vaca e/ou papa ou comida da casa retornarão
ao esquema alimentar habitual somente ao receber alta para ir para casa,
com as correções necessárias para que não haja piora da diarreia. Durante a
reidratação, deverão ser mantidas em jejum;o SRO deve ser preparado na UBS,
e a família, orientada sobre como oferecê-lo. O conteúdo do envelope deve ser
preparado conforme orientação no rótulo. Deve ser diluído em água filtrada e

61
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI

mantido coberto e em local fresco. Não se deve adicionar qualquer ingrediente


para tornar o sabor mais agradável;o volume de soro a ser ingerido depende
da aceitação da criança, mas, em regra, deverá receber de 50 a 100ml/kg em 4
horas. Deve ser administrado da maneira mais cômoda e fácil para os familiares,
em intervalos de 15 a 20 minutos, respeitando a capacidade gástrica que é de
20 a 30ml/kg/hora;a observação pela equipe de saúde deve ser frequente, de
30 em 30 minutos, e a criança pesada a cada 2 horas. Espera-se que os sinais
de desidratação desapareçam em 4 horas;se aparecerem vômitos, diminuir o
volume e a frequência de oferta do soro;os antieméticos não estão indicados,
pois costumam sedar a criança, dificultando a ingestão do soro.

»» Deve-se suspender a hidratação oral e iniciar o PLANO C na presença


das seguintes condições:

›› alteração do nível de consciência;

›› vômitos persistentes (mais de 4/hora);

›› ausência de ganho ou perda de peso com 2 horas de TRO;

›› suspeita de íleo paralítico (vômitos biliosos, distensão abdominal e ausência de


ruídos hidroaéreos);Uma vez hidratada, a criança deve ter alta para casa com
as orientações do PLANO A. A mãe deverá levar para casa envelopes do soro
para oferecer à criança sempre que esta evacuar/vomitar ou se notar que estão
aparecendo sinais de desidratação. A quantidade de soro a ser oferecida deve ser
de 50 a 100ml/vez para crianças até 1 ano e 100 a200ml/vez para as maiores de
1 ano.

Plano C

»» A criança com desidratação grave deverá ser tratada em ambiente hospitalar. Caso
não seja possível transferi-la imediatamente, a equipe deverá proceder de acordo
com o quadro abaixo e definir a melhor conduta.

»» Para a desidratação grave, está indicada a reposição pela via venosa.

»» Os principais sinais de desidratação grave são:

›› criança letárgica ou inconsciente;

›› olhos fundos;

›› não consegue beber ou bebe muito mal;

›› sinal da prega – a pele volta muito lentamente ao estado anterior.

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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

No quadro 6, estão resumidas as principais decisões a serem tomadas para as crianças com diarreia
e desidratação grave.

Quadro 6. Decisões envolvidas no tratamento rápido da desidratação grave – Plano C

Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

Reidratação Endovenosa

Na administração endovenosa, dar 100ml/kg de solução em partes iguais de Soro Glicosado a 5%


(SG) e Soro Fisiológico (SF) para infusão em 2 horas. Se ao final de 2 horas ainda tiver sinais de
desidratação, administrar mais 25 a 50ml/kg para as próximas 2 horas. A criança deve ser avaliada
de meia em meia hora. Se não apresentar melhora do estado de desidratação, aumentar a velocidade
do gotejamento da IV. Oferecer SRO (cerca de 5ml/kg/hora) tão logo a criança consiga beber. Se a
criança estiver sendo amamentada, oferecer o leite materno. A criança deve ser reavaliada de 30 em
30 minutos. Após 2 horas escolher o plano apropriado (A, B ou C) para continuar o tratamento. É
de responsabilidade da UBS a transferência da criança para uma unidade em que possa ser feita a
hidratação venosa, caso não possa fazê-la. Ao transferir uma criança de unidade para a reidratação
venosa, fazer contato prévio para garantir o acesso e uma nota de transferência, indicando o que já
foi feito. Deverá ser mantida a hidratação oral durante o percurso até a unidade, se a criança puder
beber. Orientar o acompanhante para manter a criança aquecida durante o transporte.

63
CAPÍTULO 2
Infecções Respiratórias Agudas – IRA

Entre as causas mais comuns para as infecções respiratórias estão à poluição do ar das grandes
cidades, devido principalmente a fumaça das grandes indústrias e dos veículos; o ambiente doméstico,
apartamentos pequenos e pouco arejados, o hábito de fumar em casa (a fumaça permanece no
quarto por cerca de 8 horas) provocam bronquites e pneumonias nos bebês, cerca de 3 vezes mais
que em casa de não fumantes. Estima-se que crianças que convivem com fumantes fumam 1 cigarro
em cada 3 que o adulto fuma. Das infecções mais graves, cerca de 10% são provocadas por bactérias
como estafilococos, estreptococos, e outras, além das que são provocadas por viroses respiratórias.

Sinais e sintomas de alerta:

»» hipotermia, especialmente em menores de 2 meses e desnutridos graves;

»» palidez cutâneo-mucosa acentuada;

»» edema generalizado;

»» desidratação;

»» impossibilidade de beber ou sugar;

»» convulsão ou estado pós-convulsivo;

»» agitação e/ou prostração acentuadas;

»» estridor em repouso;

»» crises de apneia;

»» cianose;

»» insuficiência respiratória;

»» instabilidade hemodinâmica (taquicardia importante, pulsos finos, perfusão capilar


lenta, hipotensão).

Situações de risco da IRA:

»» desnutrição grave;

»» desmame precoce;

»» prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento;

»» mãe adolescente ou analfabeta;

»» história pregressa de internação;

»» idade < 1 ano (o lactente é mais susceptível à falência respiratória e septicemia).

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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

Avaliação da criança com tosse e/ou


dificuldade para respirar

Quadro 7. Etapas da avaliação da criança.

Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

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UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI

Assistência de enfermagem à criança com


distúrbios respiratórios

Tosse
Oferecer líquidos à vontade (água, suco, chá). Evitar dar xaropes contra tosse, pois esta ajuda a
eliminar o catarro. Caso a criança tenha dificuldade em eliminar o catarro, fazer tapotagem.

Febre
Dar banho morno e aplicar compressas úmidas só com água na testa, nuca e virilha. Caso a febre não
pare e persista, usar antitérmico e procurar atendimento com profissional qualificado.

Obstrução Nasal
Cada narina deve ser lavada com soro fisiológico, sempre que necessário. Este soro pode ser o soro
caseiro.

Sinusite
A sinusite é a inflamação dos seios da face, sendo mais comum após um resfriado ou infecção, é
causada por bactérias em crianças predispostas, sobretudo nas que apresentam alergia nasal com
resfriados repetidos. As secreções da sinusite provocam tosse, geralmente intensa, com engasgos e
vômitos, principalmente à noite com a criança deitada, devido à secreção (muco) que não é engolida,
como acontece com a criança acordada, e vai para a traqueia. O organismo se protege com a tosse,
evitando que atinja o pulmão. A criança que tem resfriados repetitivos, ou resfriado permanente
crônico, possivelmente sofre de sinusite crônica.

Os surtos agudos são causados pelo esfriamento, por natação, fadiga, modificações bruscas de
temperatura, ou alergia por inalação, aspiração. Para fazer a remoção do catarro localizado no
seio da face (ossos maxilares ou frontais) é necessário o uso de medicamentos vasoconstritores,
para desobstrução das passagens aéreas, porém deve ser utilizada a técnica correta de aplicação do
medicamento.

O tratamento é feito com amoxicilina ou sulfametoxazol e trimetoprima, que devem ser prescritos
por um período de 10 a 14 dias. Sendo o antibiótico eficaz, ocorre uma melhora clínica após 72
horas do início do tratamento. Se os sinais e sintomas piorarem, ao invés de melhorarem, deve-se
pensar na possibilidade de resistência bacteriana. Nesse caso, deve-se substituir o antibiótico, e as
opções são: aumentar a dose de amoxicilina (90mg/kg/dia), usar a associação amoxicilina/ácido
clavulânico ou as cefalosporinas de segunda geração (cefaclor, cefuroxima).

66
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

Faringite Virial
É a inflamação da faringe, e tem seu agente etiológico um dos causadores de sequelas graves, o
estreptococos beta-hemolítico do grupo A e pode causar febre reumática, glomerulonefrite aguda.
As manifestações clínicas da faringite são cefaleia, mal-estar, anorexia, rouquidão, tosse, dor
abdominal, vômito, inflamação com exsudato. O tratamento é a base de antibiótico (penicilina),
analgésico e antitérmico.

Amigdalite Purulenta (eritemato pultácea)


Esta inflamação pode ser causada por Streptococcus pyogenes (B-hemolítico do grupo A de
Lancefield), Staphylococcus aureus, Streptococcus pneumoniae. Vem aumentando o aparecimento
de casos devidos ao Haemophilus influenzae e a Moraxella catarhalis, germes estes que são
produtores de Beta-lactamase. Bem mais raramente têm sido descritas infecções por Pseudomonas
aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter sp., Escherichia coli, Proteus mirabilis. O
paciente apresenta indisposição geral e febre alta, exsudato purulento recobre as amígdalas, os
orifícios de abertura das criptas ou sua superfície, o hemograma mostra leucocitose com desvio à
esquerda, o tratamento é feito a base de antibióticos.

Otite Média Aguda


Para a otite média aguda usa-se amoxicilina ou sulfametoxazol e trimetoprima. A melhora deve
ser observada dentro de 48 a 72 horas, após o início do tratamento, sendo que se houver piora e
não melhora dos sinais e dos sintomas neste prazo, deve-se pensar na possibilidade de resistência
bacteriana. Nesse caso deve-se substituir o antibiótico, e as opções são aumentar a dose de
amoxicilina (90 mg/kg/dia), usar a associação amoxicilina/ácido clavulânico ou as cefalosporinas
de segunda geração (cefaclor, cefuroxima). O tratamento para criança menor de 2 anos é de 10
dias, mas em crianças maiores, se a otite média aguda for não complicada, pode-se tratar durante
7 dias. A persistência de alterações à otoscopia por 4 ou 6 semanas após o episódio de OMA não
significa falha terapêutica, desde que os outros sinais e sintomas evidenciem resolução do processo
infeccioso. Usa-se analgésico para combater a dor, por via oral e calor local (compressas quentes
secas) e, na obstrução nasal, soro fisiológico. Quando ocorrer mastoidite (dor, edema e hiperemia
na região retroauricular sobre o osso mastoideo), uma complicação grave, encaminhar a criança
para hospitalização.

Laringite
A laringite é a inflamação da laringe. Nesta doença, a criança apresenta voz rouca ou ausente, mas
só é perigosa quando é seguida de dificuldade respiratória. A criança apresenta rouquidão (choro
rouco), tosse rouca e afundamento do peito, no nível das clavículas; ou da garganta, na parte
inferior do tórax, ou no nível do estômago e também entre as costelas. Esta doença poderá começar
seguida a um simples resfriado, com febre alta ou com sinais imediatos de obstrução. Existem vários
causadores de laringite, podendo se destacar quatro tipos mais comuns na infância.

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UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI

Laringite Diftérica
A doença se inicia com frequência na região da orofaringe, progredindo até a laringe. No Brasil é
uma forma muito comum desta doença. Os sintomas iniciais, além dos que são vistos na faringe
diftérica, são: tosse, rouquidão, disfonia e dificuldade respiratória progressiva, podendo evoluir
para insuficiência respiratória aguda. Em casos raros, pode haver comprometimento isolado da
laringe, o que dificulta o diagnóstico.

Laringite Bacteriana (CRUPE)


Também conhecida como epiglotite aguda, que tem como causador o germe Haemophilus influenzae,
e acomete com mais frequência em crianças de 3 a 7 anos. Tem início repentino com febre alta, voz
abafada (não rouca), dor de garganta e dificuldade de engolir. No exame a, garganta se apresenta
bem vermelha e o estado geral da criança muito abatido. É uma doença grave, exige emergência
e a possível internação. O tratamento é à base de antibióticos e nebulização e, em sua maioria, é
necessária a colocação de um tubo na traqueia, ou mesmo uma traqueostomia.

Laringite Viral
É causada por vírus de várias categorias, podendo iniciar-se com um simples resfriado, inflamação
do nariz e da garganta, em seguida atinge a laringe causando tosse rouca, febre discreta, gânglios
aumentados no pescoço. A garganta não apresenta a cor vermelho escarlate como no tipo gripal,
em geral esse tipo de laringite é mais benigno, não acomete tanto como a do tipo bacteriana, mas
excepcionalmente pode adquirir aspecto mais sério.

Laringite Espasmódica
É conhecida também por falso CRUPE ou doença da meia-noite. Esta doença raramente permanece
por mais de 48 horas. Os vírus causadores são similares aos que provocam resfriados. Ela se instala
repentinamente durante a noite, a criança acorda com tosse rouca, respiração difícil, movimentos
respiratórios acelerados, e às vezes com lábios arroxeados. É conhecida também como laringite
estridulosa, caracteriza-se pela instalação súbita, pela madrugada, em criança com ligeiro histórico
de resfriado, nos dias de queda brusca na temperatura há aumento na frequência dos casos. A criança
apresenta-se agitada, com dispneia, ruído laríngeo, transpirando muito e com grande ansiedade.
Acalmá-la é essencial uma vez que o nervosismo da criança e da família aumenta a dispneia. Por
esse tipo de laringite ser a mais comum e se apresentar na madrugada, segue as orientações para
serem repassadas para os pais.

Instruções

»» leve a criança imediatamente ao banheiro e abra a água quente do chuveiro, banheira


ou pia, para encher de vapor o ambiente;se não houver água quente disponível, abra
as janelas para deixar entrar o frio;os pais deverão se manter calmos, procurando
tranquilizar a criança;

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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

»» se após 10 minutos de vapor ou ar fresco, não melhorar ela deverá ser levada ao
hospital;não adianta chamar o médico em casa a viagem de automóvel poderá fazer
a criança melhorar;

»» se tiver em casa um vaporizador, ele deverá ser usado – os vaporizadores de ar


frio são os melhores, mas geralmente existe em casa o de ar quente que deverá ser
empregado;

»» a criança deverá estar sentada na cama, recostada num travesseiro;

»» os pais deverão procurar distraí-los com músicas, historinhas etc.;

»» se não melhorar poderá voltar ao banheiro por mais alguns minutos;

»» se apresentar febre deverá ser dado antitérmico;

»» oferecer líquido, aos goles (água, suco de frutas).

Epiglotite
É uma doença extremamente grave e em bebês tem alto índice de mortalidade. A epiglote, por
sua localização, pode ser infectada principalmente pela bactéria Haemophilus influenzae B, que
acarreta rápida inflamação edematosa o que impede a respiração total da criança em poucas horas.
A vacina HIB previne a infecção por essa bactéria. Esta infecção se inicia com inflamação dolorida
de garganta, com febre de menos de 38º C, evolui rapidamente a graves sintomas como respiração
ruidosa, palidez, dificuldade respiratória e não consegue ficar deitado. Deve-se evitar dar líquidos ao
bebê e encaminhá-lo rapidamente ao hospital, pois o mais importante é garantir a permeabilidade
das vias aéreas.

Em 95% dos casos, é necessário a intubação endotraqueal, que só deverá ser realizada em ambiente
hospitalar e por pessoal capacitado.

As pessoas que tiveram contato direto com o paciente devem ser medicadas com rifampicina (20mg/
kg/dia, VO – máximo de 600mg/dia) por um período de 4 dias.

Bronquiolite
A bronquiolite é a inflamação com exsudação que atinge os bronquíolos (brônquios de pequeno
calibre), esses possuem a espessura de um alfinete. É necessário fazer o diagnóstico diferencial com
asma, uma vez que a bronquiolite é mais perigosa que a asma. Essa doença se acomete nos dois
primeiros anos de vida e alcança a maior frequência antes dos 9 meses de vida. Seu aparecimento é
mais comum no inverno ou no início da primavera (junho, julho, agosto e setembro).

A bronquiolite aguda é causada por vírus, sendo que a associação com bactérias do tipo estreptococos,
pneumococos e estreptococos agrava a doença. O que causa a gravidade da doença é a obstrução dos
bronquíolos, provocada por edema das mucosas, além da produção de muco e catarro, localizados
na mucosa que reveste o interior dos bronquíolos. Esse entupimento impede a passagem do ar até os

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UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI

alvéolos para oxigenação do sangue. Esta doença pode começar simulando um leve resfriado, com
coriza, espirros e tosse discreta, porém sempre com dificuldade respiratória. Taquicardia, batimento
das asas do nariz, falta de ar acentuada, coloração arroxeada dos lábios e esforço dos músculos do
tórax evidentes são sinais de agravamento, e a criança deve ser encaminhada com urgência para o
hospital mais próximo e deve ser colocada na tenda de oxigênio, com vapor e umidade aumentados,
quanto menor a criança maior a gravidade da doença.

Uma proporção significativa de crianças com bronquiolite apresentam hipoxemia, sendo uma das
indicações de internação.

A oxigenoterapia é a única medida terapêutica para a qual não existem controvérsias.

A ausência de cianose não descarta a ocorrência de hipoxemia; frequência respiratória acima de 60


irpm tem uma boa correlação com a presença de hipoxemia.

A administração da dieta deve ser cuidadosa devido ao risco de aspiração pulmonar, uma complicação
grave e potencialmente fatal. A dieta deve ser fracionada (pequenos volumes, com redução dos
intervalos), e devem ser tomados cuidados com a posição durante e após sua administração
(cabeceira sempre elevada, decúbito lateral direito).

Os broncodilatadores devem ser usados quando se observa uma resposta favorável; caso contrário,
são desnecessários.

Não existem evidências que suportem o uso de corticoides no tratamento de bronquiolite até o
momento.

Asma
Com exceção do primeiro mês de vida a asma ocorre em quase todas as idades. No primeiro ano de
vida ocorrem alguns casos de asma, porém raro. A partir do terceiro ano de vida se torna a causa
mais comum de falta de ar na infância, sendo sua causa principal a alergia. O bebê que tem asma,
geralmente, possui antecedentes familiares de alergias: eczemas, urticária, enxaqueca, dores de
cabeça atrozes, colites, corrimento ou obstrução crônica no nariz e mesmo a crise asmática; quando
não existir nenhum desses fatores nos antecedentes, não implica a ausência de possibilidade de
asma no bebê, contudo poderá curar com facilidade, respondendo bem ao tratamento.

A asma pode ser dividida em três grupos (quadro 8) e suas causas são as seguintes:

Inalantes

Causada por poeira, fumaça, odores diversos, pólen, tecidos de lã, flanela de limpeza (acumula
pó entre as fibras), pelos de animais, pó de gaiolas de passarinhos, poluição, fumaça de fábricas e
poeira domiciliar.

70
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

Alimentares

Qualquer alimento poderá desencadear, em determinadas crianças, a crise asmática, entre os mais
frequentes podemos destacar o chocolate, os derivados de amêndoas, o trigo, frutas cítricas, o leite
e o camarão.

Infecções

As infecções do aparelho respiratório, da garganta, do nariz, dos brônquios e da traqueia são


os maiores responsáveis. A amigdalite e a adenoidite crônica podem ser fatores agravantes e
desencadeantes da asma, mas não está provado que são fatores exclusivos.

Fatores Psíquicos

Podem ocorrer infecções respiratórias de origem nervosa na infância, não tão frequente quanto na
idade adulta.

Quadro 8. Classificação e conduta na asma.

SINAIS CLASSIFICAÇÃO CONDUTA


Mais de 1 crise por mês ou mais de 10 crises por ano. Asma persistente grave Referir a um centro de maior complexidade.

Tosse noturna frequente (mais de 2 vezes por semana). Sendo impossível referir, iniciar tratamento como
asma persistente moderada.
Incapacidade para exercício físico.

Hospitalizações prévias por crise de asma grave.

Pico de Fluxo Expiratório (PFE) basal < 60%. (vide


técnica de realização no anexo 1)
Entre 5 a 10 crises por ano. Tosse noturna ocasional Asma persistente moderada Iniciar corticóide inalatório.(Vide anexos 3 e 4)
(menos de 1 vez por semana). ou leve
β2-agonista quando necessário.
Tosse ou fadiga diante de esforço moderado (ex: subir
escadas). Educação e controle de ambiente.

PFE basal entre 60 e 80%. Explicar à mãe os cuidados no domicílio e


informar quando voltar.
Assintomático entre as crises. Asma intermitente β2-agonista segundo a demanda.

Menos de 5 crises por ano. Educação e controle de ambiente.

Crises leves controladas com broncodilatador. Explicar à mãe os cuidados no domicílio e


informar quando voltar.
PFE basal ≥ 80%.

Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

A assistência de enfermagem para portadores de asma são as seguintes:

»» identificar e eliminar fatores irritantes e alérgicos;

»» orientar os pais sobre a doença e como reconher sinais agudos;

»» controle rigoroso da terapia endovenosa;

71
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI

»» administrar oxigenoterapia;

»» oferecer líquidos (controle);

»» elevar decúbito;

»» controlar SSVV;

»» estimular participação dos pais nos cuidados.

Pneumonia
A pneumonia é um processo inflamatório que se localiza nos alvéolos pulmonares, tecidos
circunvizinhos e bronquíolos. A pneumonia pode ser causada por diversos agentes, porém se
destacam dois grupos: o das bactérias e o dos vírus.

O diagnóstico deve ser feito, preferencialmente, por meio da história clínica, exame físico completo e
radiografia de tórax. Em crianças menores de 5 anos a taquipneia é o sinal isolado mais sensível para
o diagnóstico, tem 75% de sensibilidade e 70% de especificidade. A frequência respiratória necessita
ser avaliada quando a criança estiver afebril e tranquila, contar um minuto de preferência 2 vezes.
Os principais sinais de dificuldade respiratória são tiragem intercostal, batimento das aletas nasais,
gemência, balanço toraco-abdominal e retração xifoidea. Avaliar se há palidez cutânea, que é um
sinal mais precoce de hipoxemia do que a cianose, visto que pode ocorrer hipoxemia sem cianose,
principalmente em crianças anêmicas. Atenção especial deve ser dada à assimetria torácica e redução
do murmúrio vesicular localizado, um dos achados mais frequentes. Em 30% dos casos a ausculta
respiratória pode ser normal e a presença de crepitações não quer dizer pneumonia, especialmente se
grosseiras, móveis e não localizadas, o que sugere secreção na árvore traqueobrônquica. A presença
de broncofonia corresponde à consolidação no parênquima pulmonar e é um achado bastante típico
de pneumonia. A presença de sibilos sugere fortemente etiologia viral ou asma. A dor abdominal
pode ser sintoma de pneumonia, especialmente quando há comprometimento pleural e/ou dos
lobos inferiores. Os lactentes, por características anatômicas de suas vias aéreas e imaturidade dos
mecanismos compensatórios que regulam a respiração, têm maior risco de desenvolver insuficiência
respiratória e apneia (vide valores de referência no quadro 9).

Quadro 9. Taquipneia na infância.

≤ 2 meses FR ≥ 60 irpm

3 a 12 meses FR ≥50 irpm

13 meses a 5 anos FR ≥40 irpm

≥ 6 anos FR ≥30 irpm

Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

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ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

Pneumonia viral e bacteriana

O diagnóstico diferencial da pneumonia viral e bacteriana pode ser feito de acordo com os dados do
quadro 10.

Quadro10. Diagnóstico diferencial entre pneumonia viral e bacteriana.

Pneumonia viral(atípica) Pneumonia bacteriana(típica)


Clínica Idade mais frequente: até 6 - 7 meses; Idade: qualquer;
Febre mais baixa, < 38,5º C; Febre mais alta, > 38,5o C;
Tosse importante, paroxística; Tosse menos importante;
Ausculta: presença de sibilos, crepitações Ausculta normal em 30%, crepitações
difusas; localizadas;
História de contato com IVAS. Broncofonia.
Radiografia Infiltrados intersticiais difusos, mal definidos. Consolidações homogêneas lobares ou padrão
broncopneumônico;
Presença de atelectasia e/ou hiperinsuflação.
Presença de pneumatoceles ou
comprometimento pleural.

Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

A radiografia do tórax deve ser solicitada sempre que possível, pois permite um diagnóstico mais
apurado de pneumonia, fornece dados quanto à extensão do processo pneumônico e quanto à
presença de complicações (pneumatoceles, derrame, abscesso) e orienta o diagnóstico diferencial.
A radiografia de tórax pode contribuir na decisão de internar ou não o paciente e na escolha do
antimicrobiano. Esta deve ser realizada nas incidências póstero anterior (PA) e perfil, ressaltando
que a dificuldade para sua realização não deve atrasar o início do tratamento adequado.

Existem dois padrões radiológicos principais nas pneumonias:

1. Intersticial: caracteriza-se por espessamento peribrônquico e infiltrado intersticial


difuso, acompanhado, às vezes, de hiperinsuflação, sendo mais sugestivo de infecção
viral (ou asma);

2. Alveolar: com condensações lobares ou segmentares, a presença de pneumatocele,


derrame ou abscesso, sugere fortemente etiologia bacteriana.

Quando persistirem as dúvidas quanto à etiologia, poderá ser solicitado um hemograma.


Leucometria maior que 20.000/mm3, mais de 10.000/mm3 neutrófilos e 500/mm3 bastonetes são
indicativos de infecção bacteriana. O hemograma nas infecções virais pode variar muito, mostrando
leucocitose, leucopenia ou contagem normal de leucócitos. Geralmente há predomínio de linfócitos,
mas, na fase inicial, pode ocorrer neutrofilia.

Pneumonia Aspirativa

A pneumonia aspirativa é causada pela aspiração de líquidos ou alimentos, provocada pela


dificuldade de deglutir em função de paralisias, debilidade ou ausência do reflexo da tosse.

73
UNIDADE V │ ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI

Os principais cuidados de enfermagem são:

»» avaliar respiração;

»» administrar oxigenoterapia;

»» controlar sinais vitais;

»» elevar decúbito;

»» estimular drenagem postural;

»» aspirar secreções quando necessária;

»» aliviar desconforto;

»» orientar os pais quanto a prevenção da pneumonia aspirativa.

1. (FADESP/Prefeitura de Juruti-PA) Uma criança de três anos chegou à unidade de


saúde com diarreia há 14 dias, segundo informações da mãe. O enfermeiro, após
avaliação criteriosa, identificou que a criança apresentava sinais de desidratação,
a qual não era grave, e em seguida classificou a diarreia como diarreia persistente
grave. Diante dessa constatação, e como a criança não tinha outra classificação
grave, o profissional tomou a seguinte conduta quanto ao tratamento da diarreia:

a. Referiu a criança ao hospital imediatamente, sem tratar a desidratação.

b. Orientou a mãe sobre alimentação da criança e recomendou ir para casa.

c. Recomendou antibiótico para Shigella durante cinco dias e encaminhou


ao hospital.

d. Tratou a desidratação antes de referi-la ao hospital.

2. (FUNDEP/FHEMIG/2009). A Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância


(AIDPI) se baseia na identificação, condução e resolução dos problemas de saúde
da criança, especialmente relativos às crianças menores de cinco anos de idade.
A educação em saúde da família e da comunidade é atividade crucial dessa
proposta. Considerando a atuação do técnico de enfermagem na AIDPI, analise
as afirmativas relativas abaixo e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas.

( ) A abordagem da criança com diarreia e sem desidratação inclui recomendar


à mãe que dê líquidos adicionais à criança, tanto quanto houver aceitação,
continuar a alimentação e retornar ao serviço de saúde quando a criança
não conseguir beber.

( ) Na administração de medicamento inalatório, utilizando o espaçador


flumax, a posição da criança no colo da mãe é assentada e, após pressionar

74
ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA – AIDPI │ UNIDADE V

o aerossol liberando a medicação na câmara, observar a respiração da


criança e a movimentação da válvula adaptada à máscara por 20 a 30
segundos.

( ) Uma criança de 2 a 12 meses de idade, com respiração de 60 ou mais


respirações por minuto, é considerada com respiração normal.

( ) Caso a mãe relate que a criança apresenta tosse ou dificuldade para


respirar, tem-se que contar a frequência respiratória em 15 segundos e
multiplicar por 4, obtendo a frequência respiratória em 1 minuto.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência de letras CORRETA.

a. V,F,F,F.

b. F,V,V,V.

c. F,F,V,V.

d. V,V,F,F.

* Gabarito: 1-d ; 2-d.

75
Quando o bebê
chega e não é o Unidade VI
sonhado

A gravidez é um acontecimento importante na vida do casal e de familiares. Pode acontecer por


meio de um planejamento ou falta de informação sobre os métodos de anticoncepção. A busca de
um filho pode estar associada a diversas motivações. Pode estar relacionada à expressão de amor,
a vontade de dar um irmão para o filho mais velho, a tentativa de salvar um casamento, busca de
comprovação da fertilidade etc. Em geral as gestações ocorrem sem maiores problemas; cria-se
expectativas, amoldam-se projetos, os pais se preparam para gerar filhos perfeitos e apresentá-los
a sociedade.

CAPíTULO 1
As Malformações

As malformações são defeitos estruturais do corpo que podem ser únicas ou várias. Algumas dessas
malformações são genéticas e outras causadas por fatores ambientais, podendo ainda ser as duas
ao mesmo tempo, algumas dessas malformações são de problema isolado no desenvolvimento,
outras são hereditárias. A normalidade pode ser de grau pequeno, com pouca alteração da função
normal ou pode ser incapacidade de graus variados. Existem ainda malformações graves que podem
ser corrigidas com cirurgias e outras incompatíveis com a vida. Podem ser ainda macroscópicas
(meningocele) ou microscópicas (deficiências enzimáticas como a lactose), visíveis na superfície do
corpo (polidactilia) ou seu interior (atresia de esôfago).

Os estágios
Os pais e familiares passam por vários estágios no diagnóstico da malformação congênita,
semelhantes a uma doença grave ou fatal.

1o estágio: negação
É comum que o diagnóstico leve ao choque e apresente negação. Essa é um mecanismo temporário,
que se utilizam quando não está pronto para lidar o problema. Na tentativa de negar a situação,
debatem a possibilidade de ter ocorrido um erro. Na maioria das vezes na tentativa de encontrar um

76
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI

erro ou solução para o problema, procuram outros profissionais. Quando não se consegue manter o
estágio de negação, é substituído por sentimentos de revolta, inveja e ressentimentos.

2o Estágio: raiva
Nesta fase, o contato com a família é difícil, pois expressam a raiva de todos que dela se aproximam,
muitas vezes sem razão plausível.

3o Estágio: barganha
Há busca intensa das religiões, na tentativa de um milagre, de obtenção de cura. Alguns tentam
procurar alguma explicação de natureza religiosa ou mística para alcançar uma perspectiva de
entendimento da situação.

4o Estágio: depressão
Surge quando não se pode mais negar a situação. A raiva e a revolta darão lugar ao sentimento
de perda. Somente quem conseguir superar suas angústias e ansiedades é capaz de alcançar este
estágio, e os que tiverem tempo e ajuda atingirão, na maioria das vezes, o quinto estágio.

5o Estágio: aceitação
Neste estágio não se observa depressão nem raiva, nesse período a família carece de ajuda,
compreensão e apoio maior que o próprio cliente.

Os estágios têm durações variáveis:

»» é comum a vivencia das famílias em mais de um estágio ao mesmo tempo,


assim como voltar a estágios anteriores;

»» há famílias que lutam até o fim, se prendem a esperança de reversão da


situação, tornando impossível atingir o estágio de aceitação;

»» normalmente a esperança está presente em todos os estágios.

Observação

Os pais só conseguirão assumir a criança à proporção que aceitarem a perda das


idealizações projetadas na gravidez.

77
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado

Como ajudar a família de criança com


malformação congênita
Lidar com a família dos RN enfermos, prematuros e com malformações internados não é tarefa fácil
para a equipe de saúde. Normalmente, após o nascimento do filho malformado, os pais estão em
estado de choque, veem seus ideais perdidos e demonstram medo de que o filho não sobreviva. É
muito importante a abordagem do profissional com a família uma vez que essa pode interferir no
processo de aceitação da malformação. Nesse, os conflitos surgidos com a notícia podem reforçar
os sentimentos de culpa dos pais e criar sérios distúrbios emocionais. É um trabalho muito difícil e
complexo exige a participação de uma equipe multiprofissional perfeitamente engajada.

Quando o diagnóstico ocorre na gestação


A atuação dos profissionais que acompanham a gestante é essencial, pois esses são os primeiros a ter
contato com o problema. Com os diagnósticos destruímos a esperança de uma criança e uma família.
Quando o diagnóstico é feito na gestação, é necessário que o profissional use uma linguagem clara,
fale do problema e da necessidade de internação do RN após o nascimento para que seja submetido
a cirurgia, tão logo seja possível. Deve-se assegurar a família que todos os recursos possíveis serão
utilizados e se possível, e for a vontade dos pais, levá-los para conhecer a UTI neonatal antes do
nascimento de sua criança.

Quando o diagnóstico ocorre no nascimento


O cuidado dispensado à família após o nascimento da criança deve envolver a equipe do centro
obstétrico, do alojamento conjunto e da UTI neonatal. As orientações repassadas à família devem
ser realistas e esclarecedoras, permitindo assim confiança no profissional. Sempre que possível,
mostrar aos pais o RN antes de transferi-lo para unidade de internação, a imagem do filho diminui
um pouco a ansiedade, traz segurança de que ele está vivo e promove afeto inicial. É importante que o
profissional ao falar sobre o diagnóstico, esclareça todas as dúvidas sobre a malformação, diagnóstico
e tratamento que a criança será submetida. Aspectos sobre o crescimento e o desenvolvimento da
criança devem fazer parte do diálogo no cotidiano das famílias e a orientação poderá contribuir para
a diminuição do estresse, desenvolver a confiança e encorajá-los.

Como a equipe de enfermagem pode ajudar as


famílias
A equipe de enfermagem tem um papel muito importante, pois além de cuidar do RN estende seus
cuidados aos pais e aos demais familiares, às vezes a família precisa de alguém apenas para ouvir
suas frustrações e em determinados momentos é a única ajuda que se pode oferecer. É importante
que a equipe de enfermagem facilite o contato dos pais com a criança. Os pais devem ver o bebê assim
que tiverem prontos para isso, quanto mais cedo melhor, para que façam o ajustamento, porque
isso lhes permite conhecer como seu bebê realmente é, em vez de imaginar condições. Quando
ocorrer o contato pela primeira vez deve-se mostrar primeiro as partes normais e destacar os pontos

78
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI

positivos. O profissional deve mostrar interesse em responder as dúvidas dos pais, mesmo que seja
por várias vezes e na impossibilidade encaminhá-los para profissional qualificado. A formação
de equipe multiprofissional para discutir sobre a problemática é importante, ela pode subsidiar
a conversa com os pais acerca de qualquer problema do RN e informá-los que há outras crianças
com o mesmo problema e que muitos outros pais passam pelas mesmas reações e experiências.
É preciso reconhecer as fases que as famílias estão vivendo para saber como intervir, às vezes,
quando permitimos que expressem seu pensar, ficam mais agradecidos do que quando repetimos
constantemente para que não fiquem tristes. Um toque carinhoso de mão ou apenas um silêncio,
ou sentar-se ao lado pode trazer grandes benefícios. É preciso compreender que, na maioria das
vezes, a depressão da família é necessária e benéfica, só os que conseguirem superar suas angústias
e ansiedades serão capazes de avançar para o estágio de aceitação.

Como a equipe de enfermagem age diante


da malformação
Todos os envolvidos, direta ou indiretamente, com a malformação tem poucas oportunidades de
compartilharem dúvidas, angústias e incertezas. Se a reação dos familiares diante das malformações
é pouco discutida, ainda, menos serão discutidos os sentimentos dos profissionais que cuidam dessas
crianças. Emoções geradas no profissional são semelhantes as da família, pode ocorrer dificuldade
no diálogo e interferência na aceitação do diagnóstico. As diferentes formas dos profissionais
olharem para a criança e até mesmo expressões faciais são percebidas pela família, pois muitos
profissionais não conseguem disfarçar seus sentimentos de tristeza diante do quadro. Deve-se levar
em conta que não é simples para o profissional de enfermagem lidar com a família e o desgaste
natural do trabalho e ainda ter que assumir comportamentos que não deixem transparecer o seu
sofrimento diante da situação.

Às vezes, é necessário afastarmos para que não nos envolvamos emocionalmente com a família. É
dada ênfase ao tratamento, em detrimento dos sentimentos vivenciados. A equipe de enfermagem,
na maioria das vezes, tende a se aproximar da criança e da família no momento da realização dos
cuidados. Fala-se pouco ou quase nada do problema da criança, na maioria das vezes, isso é feito de
forma impessoal e distante.

Os profissionais utilizam-se de termos técnicos presentes na área da saúde e palavras rebuscadas,


e a família se sente envergonhada de perguntar a significado dos termos, fingindo entendê-los.
Deve-se compreender que o período imediato ao pós-parto é extremamente crítico, em que as
mães vivenciam um processo de transformação no corpo, essas alterações fisiológicas necessitam
de um período de adaptação. É comum os profissionais criticarem o comportamento das mães em
relação ao filho, cobram que a mãe demonstre afeição, realize os cuidados de higiene, e amamente
um bebê que não foi sonhado e com essas atitudes pode contribuir para o afastamento da mãe e
abandono do filho no hospital. É comum ver não só a equipe de enfermagem, mas também médicos
se afastarem das famílias para não dar a notícia da malformação, causando, assim, um aumento da
ansiedade e do sentimento de raiva, pois os envolvidos com o problema se sentem desamparados e
perdidos em seus conflitos. A ausência de diálogo é responsável pela angústia, pela depressão e pela

79
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado

carência de informação da mãe. É essencial que os profissionais examinem suas atitudes pessoais
frente à malformação, de modo a serem capazes de conversar com os pais e familiares sem excessiva
ansiedade.

Se nós profissionais formos preconceituosos e não soubermos encarar a malformação


com serenidade, como poderemos ajudar as famílias necessitadas?

Cuidados ao RN com malformações


congênitas

Malformações do Sistema Nervoso Central

Hidrocefalia

Caracteriza-se pela presença de uma quantidade anormal do líquido cefalorraquidiano (LCR) nos
ventrículos ou nos espaços subaracnoides. Isso ocorre devido a uma obstrução do fluxo de LCR
nos ventrículos, ou devido ao desequilíbrio entre secreção e absorção, levando ao aumento desses
ventrículos e a consequente compressão cerebral, que gera o aparecimento de sinais neurológicos.
Quando ocorre antes da fusão das suturas cranianas, produzirá aumento anormal do tamanho da
cabeça. Suas principais causas são:

»» hereditariedade;

»» malformação do desenvolvimento cerebral;

»» cistos benignos;

»» tumores congênitos;

»» infecção intracraniana;

»» traumatismos;

»» infecção intracraniana;

»» hemorragia perinatal;

»» meningocele neonatal.

80
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI

Sinais e sintomas

As alterações são variadas e estão diretamente relacionadas à idade da criança, à evolução da doença
e aos mecanismos de compensação. Antes do fechamento das suturas cranianas (RN e lactente), o
aumento do perímetro cefálico é o mais evidente; nas crianças maiores e nos adultos, os sinais
neurológicos se evidenciam por meio do aumento da pressão intracraniana. Ocorre o aumento
do PC, dilatação das veias do couro cabeludo, fontanela anterior tensa e abaulada, separação
das suturas cranianas, olhar de sol poente (olhar deprimido esclerótica visível acima da íris) e
convulsão. Alguns sinais são sutis, como irritabilidade, letargia, náusea, vômito e anorexia. Pode
apresentar alteração do nível de consciência, opistótono e espasticidade dos membros inferiores.
Casos avançados apresentam dificuldade de sugar e alimentar-se, choro agudo, breve e estridente,
problema cardiovascular (apneia e bradicardia). Incluem-se ainda cefaleia, sonolência, diminuição
da visão e possível retardo no desenvolvimento neuropsicomotor.

Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico pode ser confirmado por exames de ultrassonografia transfontanela (utilizada em


RN e crianças pequenas que ainda tenham fontanela anterior aberta), tomografia computadorizada
do crânio e ressonância nuclear magnética. Além dos exames avalia-se o PC, sinais neurológicos e
sinais clínicos, no pré-natal, o diagnóstico pode ser feito por meio de ultra sonografia.

O tratamento é cirúrgico, com algumas exceções, às vezes é feita a desobstrução com a retirada
do que causa a obstrução (tumor) ou a colocação de um shunt para drenar o liquor de um
ventrículo para o peritônio. Utiliza-se um cateter plástico e uma válvula de direção única, que se
abrem quando aumenta a pressão do ventrículo. Esse procedimento é denominado de derivação
ventrículo-peritoneal (DVP) ou shunt. No pré-operatório, o tratamento tem o objetivo de tratar as
complicações e os problemas advindos do aumento da pressão intracraniana. Entretanto a DVP gera
complicações como infecção – septicemia, endocardite bacteriana, infecção da ferida, nefrite pelo
shunt, meningite e ventriculite, além de problemas mecânicos como dobra do cateter, obstrução,
separação ou migração da tubulação.

O prognóstico dependerá da causa da hidrocefalia, da velocidade com que a hidrocefalia se


desenvolveu, da duração da pressão intracraniana e da frequência de complicações.

Orientações aos familiares

Durante a hospitalização os pais devem ser preparados para a alta e para fazer os cuidados
domiciliares assim que tiverem condições de lidar com o filho. Deve-se estabelecer metas realistas e
orientações apropriadas que ajudarão a criança a atingir seu potencial. A orientação aos pais ajuda
a identificar problemas. Deve-se ensiná-los a reconhecer sinais que indiquem disfunção do shunt,
e caso haja necessidade de bombear. Não descuidar da alimentação. Orientar sobre o crescimento
e o desenvolvimento, e sobre a importância de estimular a criança, é necessário aconselhá-los a
permitir que a criança viva como qualquer criança da sua idade, sem superproteção, e é fundamental
o retorno periódico da criança à unidade para reavaliação.

81
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado

Cuidados de enfermagem no pré-operatório de


hidrocefalia
Quadro 11.

REALIZAR MOTIVO
Lavar as mãos. Prevenir infecções.
Verificar o PC diariamente. Possibilitar a comparação dos dados (o aumento de líquido nos
ventrículos causa aumento do PC).
Palpar as linhas de sutura sagital e coronária e as fontanelas bregmática Avaliar tensão, tamanho e separação (quanto mais líquido maior é o
e lambdoide. afastamento das linhas de sutura e tensão das fontanelas).
Observar sinais de alterações neurológicas – irritabilidade, letargia, Detecção precoce minimiza os riscos e agravos à saúde do RN.
choro agudo, dificuldade de sugar, convulsão – que ocorrem devido ao
aumento da pressão intracraniana (PIC).
Verificar e anotar sinais vitais, controlar as oscilações e fazer a Identificar sinais de infecção e depressão respiratória pelo aumento da
monitoração dos parâmetros basais. PIC e uso de medicação anticonvulsivante.
Posicionar o RN no leito, mantendo alinhamento corporal adequado. Evitar tensão adicional sobre o pescoço em decorrência do aumento
acentuado da cabeça.
Fazer mudança de decúbito, utilizando se possível colchão piramidal Evitar desenvolvimento de área de pressão.
(caixa de ovo).
Planejar o horário de dietas com flexibilidade, não é aconselhável que o O choro excessivo distende o abdome podendo provocar vômito após a
bebê fique com fome, pois aumentará o estresse e o choro. dieta.
Oferecer a dieta em menor quantidade e em intervalos mais frequentes. O aumento da PIC pode ocasionar vômito sendo que são mais bem
toleradas as dietas em menor quantidade.
Trocar fralda, fazer higiene ou qualquer procedimento antes da dieta. E A manipulação do RN após a dieta poderá causar vômito, com risco de
oferecer a dieta somente quando o bebê estiver calmo. broncoaspiração.
Posicionar o RN em decúbito lateral direito após a dieta, e elevar a Facilitar a absorção e evitar broncoaspiração.
cabeceira.
Administrar dieta do RN ou auxiliar a mãe durante amamentação ou Diminuir o estresse do RN e favorecer a ligação mãe-filho. O leite humano
ordenha do leite. é superior a termos nutricionais e imunológicos e é absorvido mais
rapidamente, diminuindo assim o risco de broncoaspiração.
Auxiliar na punção ventricular a ser realizada pelo médico, preparando o A punção permite avaliar as características do liquor e aliviara a pressão
material, o ambiente e posicionando o RN. excessiva no pré- operatório.
Avaliar o RN quanto à atividade e a FR após a realização do exame com O sedativo hidrato de cloral causa depressão do SNC.
uso de sedativo (hidrato de cloral).
Registrar ocorrência do vômito após uso de hidrato de cloral. O índice é alto em relação à irritação gástrica.
Permitir que os pais tragam para a unidade algumas roupas do RN. Melhorar a imagem dos filhos percebida pelos pais.

Fonte: Ensinando a Cuidar da Mulher, do Homem e do Recém-nascido, 2005.

Anomalias da medula espinhal


Consiste numa falha do fechamento do tubo neural na fase embrionária, produzindo efeitos variados.
Podemos citar a meningocele e a mielomeningocele.

Meningocele
É uma forma benigna de disrafismos espinhais, em que ocorre apenas uma protusão de meninges
pela espinha bífida e líquido cefalorraquidiano, não havendo comprometimento neural. É menos
frequente que a mielomeningocele.

82
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI

Mielomeningocele

A mielomeningocele também conhecida como espinha bífida cística, é uma malformação congênita
que ocorre devido a um defeito na fusão do tubo neural na fase primária de neurulação, ainda na fase
embrionária, se caracteriza pela herniação das meninges, das raízes nervosas e de parte da medula
por causa de um defeito nos arcos vertebrais posteriores, recobertos por uma fina membrana.
O não fechamento do tubo neural produz defeitos de graus variáveis, que podem afetar todo o
comprimento do tubo neural ou se limitarem a uma área pequena, também é considerado um dos
efeitos mais severos. A extensão e o grau do déficit neurológico depende da sua localização. Os mais
comuns são a paraplegia flácida sensitivo motora, o distúrbio esfincteriano e a deformidade dos
membros inferiores (pé torto e luxação de quadril). A causa ainda é desconhecida, porém aponta-se
para predisposição genética.

Tratamento

A cirurgia é feita o mais cedo possível, ou seja, assim que a criança estiver estável. Estudos afirmam
que o fechamento nas primeiras 12 a18 horas de vida, evita a ocorrência de infecção local e
traumatismos dos tecidos expostos. A criança precisa ser cuidada por uma equipe multiprofissional
especializada, e requer assistência de enfermagem intensiva tanto no pré quanto no pós-operatório.

Orientações aos familiares

Durante a hospitalização da criança, os pais devem receber orientações quanto aos cuidados
domiciliares em curto e em longo prazo. Nas orientações são abordados temas relacionados ao
posicionamento da criança, alimentação e cuidados com a pele. Os pais devem ser treinados quanto
à técnica de cateterismo vesical intermitente, caso seja necessário, para facilitar o reconhecimento
dos sinais de complicação. O acompanhamento com equipe multiprofissional é essencial assim
como a estimulação da criança.

Cuidados de enfermagem no pré-operatório de anomalias


da medula espinhal

Quadro 12.

REALIZAR MOTIVO
Lavar as mãos. Prevenir infecções.
Verificar o PC diariamente. Permitir a identificação precoce do PC. A maioria das crianças com
mielomeningocele tem hidrocefalia associada.
Palpar as linhas de sutura sagital e coronária e as fontanelas Avaliar alteração no tamanho, tensão e separação.
bregmática e lambdoide.
Observar e registrar sinais de alteração neurológica – irritabilidade, A detecção precoce diminui os riscos e agravos a saúde do RN.
letargia, choro agudo, dificuldade para sugar, convulsão – que
ocorrem devido ao aumento da PIC.
Verificar e registrar os sinais vitais. Controlar oscilações e monitorar parâmetros vitais.

83
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado

REALIZAR MOTIVO
Posicionar o RN de modo que proteja a lesão. O decúbito ventral é o Evitar contato de fezes e urina com a lesão e evitar pressão local.
mais indicado, não colocá-lo em decúbito dorsal.
Manter higiene íntima adequada e fralda aberta. Evitar o contato de fezes, urina com a lesão.
Fazer mudança de decúbito e utilizar se possível colchão piramidal Evitar desenvolvimento de área de pressão.
(casca de ovo).
Fazer massagem suave em joelho, tornozelo e pé. Ajudar na circulação, prevenir úlcera de pressão e contratura.
Proteger a mielomeningocele com compressa ou gaze estéril, Evitar ressecamento e ruptura da membrana pela perda de líquido e
umedecida com soro fisiológico morno. Utilizar luva estéril. calor, e proteger a área contra infecção.
Trocar curativos a cada duas horas ou em intervalos frequentes. Possibilitar a inspeção de sinais de extravasamento de liquor, ruptura da
membrana e sinais de infecção. Caso o RN esteja sendo mantido em
berço aquecido, os curativos sobre o defeito devem ser umedecidos
com mais frequência devido a evaporação provocada pelo calor radiante.
Manter o RN em incubadora ou berço aquecido. Possibilitar a manutenção da temperatura do RN com pouca roupa,
evitando contato com a lesão.
Fazer o esvaziamento da bexiga por meio de sondagem vesical ou O esvaziamento incompleto da bexiga decorre da mielomeningocele.
da manobra de Credé.
Permitir que os pais tragam para a unidade algumas roupas do RN. Melhorar a imagem percebida pelos pais.

Fonte: Ensinando a Cuidar da Mulher, do Homem e do Recém-nascido, 2005.

Malformações da parede abdominal

Gastrosquise
É um efeito congênito da parede abdominal que se manifesta na projeção de uma ou mais vísceras
– intestino delgado, colón proximal e porção do estômago – para uma abertura lateral ao anel
umbilical (mais comum à direta). Não se observa saco peritoneal, outras malformações podem vir
associadas, como atresia, defeito da estrutura intestinal e má rotação. A má rotação é devido à
posição anormal em que se encontra o intestino e da ocorrência de herniação antes da rotação e
fixação normal na cavidade abdominal.

O tratamento é certamente cirúrgico, mas as técnicas utilizadas dependem do tipo de defeito e


da equipe de cirurgia. O fechamento pode ser realizado imediatamente, dependendo do tamanho
do defeito. Em algumas situações em que o defeito é intenso, o conteúdo abdominal eviscerado
é mantido coberto por uma bolsa de silicone polimérico, fixada à parede abdominal. A bolsa de
silicone mantém o conteúdo estéril, a temperatura adequada e a umidade constante minimizando
os riscos para o RN.

Onfalocele
É um defeito em que ocorre a migração das vísceras para a base do cordão umbilical. Tem extensão
variável de quatro a dez centímetros. Normalmente o saco está recoberto por peritônio sem pele. A
veia e as artérias umbilicais emergem na parte central do defeito.

84
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI

A malformação ocorre em torno da sétima ou oitava semana intra-útero, decorrente de uma


interrupção no desenvolvimento da parede abdominal. Em geral, esse defeito está associado a
outras malformações, como anormalidades cromossômicas, neurológicas, esqueléticas, cardíacas e
geniturinárias. As causas ainda são se conhecem bem. Na onfacele, há casos de alteração da perfusão
do RN, pois o saco herniário poderá conter coração, pulmão, fígado e rins.

A correção cirúrgica coloca as vísceras na cavidade abdominal. Quando o defeito é pequeno ou


moderado, procede-se a sutura da membrana que recobre a onfacele, mobilizando-se a pele do
abdômen e do tórax. Esse procedimento criará uma eventração abdominal que posteriormente será
corrigida. Utiliza-se também material sintético, como silicone, ou enxertos de pele. O material é
colocado sobre a abertura, reduzindo o seu diâmetro e gradativamente sua amplitude será reduzida.

Cuidados de enfermagem para RN com onfacele ou


gastrosquise

Os cuidados dessas duas malformações são similares, deve-se dar atenção especial aos pais e
familiares, explicando sobre a malformação, seu tratamento e seu prognóstico.

Quadro 13

REALIZAR MOTIVO
Lavar as mãos e usar luva estéril. Prevenir infecção.
Manter o saco herniário coberto, utilizando-se compressas estéreis Evitar contaminação e perda de calor e manter umidade.
umedecidas como soro fisiológico.
Observar e registrar a coloração da perfusão das alças intestinais e dos A compressão das alças intestinais durante a manipulação dos órgãos
órgãos presentes na troca das compressas. poderá provocar isquemia e progredir para necrose.
Manter o RN em decúbito dorsal. Evitar tensão sobre o saco herniário.
Manter o RN aquecido de preferência em incubadora. Evitar hipotermia.
Verificar e registrar os sinais vitais. Monitorar os parâmetros vitais normais.
Pesar as compressas antes e após o uso. Monitorar as perdas de líquidos para calcular a reposição de líquidos.
Manter o RN com hidratação venosa. Repor líquidos e eletrólitos e proporcionar suporte calórico adequado,
pois estará em dieta zero.
Fazer balanço hídrico. Avaliar a quantidade de líquidos administrados e eliminados,
monitorando a função renal.
Manter o RN com sonda orogástrica aberta e aspiração intermitente. A aspiração descomprime o abdome, evitando uma distensão das
alças abdominais que poderia causar agravamento do quadro clínico
do RN.
Manter observação rigorosa da perfusão do RN. O defeito pode provocar diminuição do retorno venoso por comprimir
a veia cava.
Preparar e administrar antibiótico prescrito. Diminuir risco de infecção.
Observar sinais que possam sugerir dor no RN, sempre lembrar que o A dor provoca irritabilidade e aumento de estresse.
limiar de dor do RN é menor que o do adulto.
Planejar os cuidados evitando o manuseio excessivo. O manuseio Evitar o estresse do RN.
excessivo altera a estabilidade dos sinais vitais, predispondo a hipotermia,
hipoglicemia, consumo acentuado da gordura marrom, entre outros.

Fonte: Ensinando a Cuidar da Mulher, do Homem e do Recém nascido, 2005.

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UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado

Malformações do sistema gastrointestinal

Lábio leporino e fenda palatina


São malformações que ocorrem no período do desenvolvimento embrionário e consistem em
problemas no processo de fechamento maxilar e bucal.

É uma abertura no lábio ou no palato, podendo ser completa, labial e palatal. Essas aberturas
resultam do desenvolvimento incompleto do lábio e/ou do palato (céu da boca), enquanto o bebê
está se formando, antes de nascer. O lábio e o céu da boca se desenvolvem separadamente durante
os três primeiros meses de gestação. Nas fissuras mais comuns o lado esquerdo e o direito do lábio
não se juntam, ficando uma linha vertical aberta. A mesma situação pode acontecer com o céu da
boca ou palato. Em casos mais raros pode haver duas fissuras no palato, uma do lado direito e outra
do lado esquerdo.

O lábio leporino pode variar desde uma pequena fissura no lábio superior ao lado da linha média até
uma fenda completa que se estende até a base do nariz. O lábio leporino, associado ou não à fenda
palatina, pode provocar deformidade do nariz em várias proporções. Tem maior incidência no sexo
masculino e aumenta levemente conforme o aumento da idade materna. É mais comum em crianças
brancas e orientais.

A fenda palatina quando ocorre isoladamente, consiste em uma fissura na linha média que pode
envolver os palatos mole e duro. Se estiver associado ao lábio leporino, poderá envolver a linha
média e estender-se até o palato mole, em um ou ambos os lados.

Tratamento
No tratamento da criança com lábio leporino ou fenda palatina, será necessária a participação
de uma equipe especializada: enfermeiro, pediatra, cirurgião plástico, ortodontista, protético,
otorrinolaringologista, fonoaudiólogo e quase sempre psicólogo. A equipe contará com a equipe
de enfermagem no pré e pós-operatório que programará cuidados específicos para atender as
necessidades do RN e evitar complicações.

»» Lábio leporino: a cirurgia para correção é realizada antes da fenda palatina,


normalmente entre 6 a 12 semanas de vida. É feito sutura em ziguezague ou plastia
em Z, visando diminuir a retração da chanfradura do lábio do tecido cicatricial.
Após a cirurgia, a sutura é protegida de tensão e traumatismo. Deve-se cuidar para
que o lactente não esfregue as mãos na sutura. Normalmente, há pouca formação
de cicatriz.

»» Fenda palatina: normalmente a cirurgia de fenda palatina é realizada entre


12 e 18 meses de vida da criança. Não é indicada a correção imediata, pois o
desenvolvimento do palato pode auxiliar no fechamento da fenda. É consenso que o
fechamento mais tardio também pode ocasionar defeitos na fala.

86
Quando o bebê chega e não é o sonhado │ UNIDADE VI

Prognóstico
A maioria das crianças com lábio leporino ou fenda palatina apresenta problemas na fala em graus
variados, sendo indicado o acompanhamento com o fonoaudiólogo. Os músculos do palato mole e
da nasofaringe podem ter função comprometida e os dentes podem apresentar desalinhamento. A
função ineficaz da trompa de Eustáquio poderá alterar a drenagem no ouvido médio, contribuindo de
forma significativa para registros de otite média recorrente. Algumas crianças são mais vulneráveis
às infecções das vias aéreas superiores.

A adaptação social e emocional da criança será influenciada pela alteração da imagem após a cirurgia
e pelos problemas na fala.

Como alimentar o recém-nascido


Alimentar o RN não é tarefa fácil, porém essencial, o bebê precisa manter condições para realização
da cirurgia de correção. As fendas labial e palatina interferem na ingestão de alimentos, e o bebê
pode apresentar incapacidade de fazer a vedação necessária à sucção. Há grande preocupação
quanto à apresentação de infecção, pois o palato fendido permite que o leite passe da boca para o
nariz, o que é comum causar infecção respiratória. É importante verificar o peso diariamente para
certificar se o método de alimentação do bebê está adequado. É possível amamentar, pois durante
a sucção, o mamilo é mantido na parte posterior da cavidade oral, para que a ação língua facilite a
sucção do leite.

Para que o RN mame, é recomendado que a mãe estimule a ejeção do leite por meios da ordenha,
pois o bebê possui a sucção diminuída e muitas vezes insuficiente para estimular a ejeção do leite. É
necessário ainda manter o bebê em posição ereta ou sentada durante a amamentação, para facilitar
a deglutição e diminuir os riscos de aspiração. Permita que o bebê arrote durante a amamentação,
pois esses defeitos aumentam a deglutição de ar a mãe deve mantê-lo no seio por mais tempo, uma
vez que sua mamada é maior.

Alguns profissionais tem indicado o uso de prótese logo após o nascimento, a fim de tornar a
amamentação mais fácil. A prótese ajuda no desenvolvimento da musculatura oral essencial ao
desenvolvimento da fala. Há ainda uma diminuição de rinofaringe e de incidência de otite.

Cuidados com o RN com prótese


»» retirar a prótese duas ou três vezes por dia, lavar com sabão neutro e se necessário
utilize uma escova macia para retirar os resíduos;

»» fazer higiene oral do bebê sempre que retirar a prótese para lavar;

»» utilizar um fiador de prótese dentária para fixar a prótese no palato.

87
UNIDADE VI │ Quando o bebê chega e não é o sonhado

Como atuar com a família


»» orientar quanto aos problemas de curto e longo prazo;

»» permitir que os pais expressem seus sentimentos – o impacto de receber um bebê


com malformação é muito traumático para os pais e familiares;

»» explicar sobre malformações e os resultados da correção cirúrgica – se necessário


mostrar fotos;

»» a mãe deve ser estimulada a cuidar da criança o mais precoce possível, assim que
esteja em condições, para adaptar a técnica de alimentação antes da alta;

»» organizar reuniões com os pais que vivenciam o mesmo problema.

88
ANEXOS

Anexo 1

Técnica de realização da medida do pico de fluxo expiratório (PFE)

»» coloque o adaptador bucal no aparelho de pico de fluxo expiratório;

»» certifique-se de que as ponteiras estão no ponto zero;

»» peça ao paciente que fique de pé e em posição relaxada;

»» adapte a boca do paciente no aparelho, de modo que a entrada de ar fique


completamente ocluída pelos lábios do paciente;

»» peça ao paciente que faça uma inspiração profunda;

»» peça ao paciente para fazer uma expiração forte e rápida (sopro explosivo);

»» marque ou anote o valor encontrado;

»» repita a manobra por pelo menos 3 vezes, depois que considerar que a técnica
está sendo devidamente realizada;

»» marque ou anote as 3 medidas feitas com a melhor técnica e escolha a melhor


delas;

»» se esta medida tiver sido feita fora da crise aguda de asma, poderá ser tomada
como o padrão de referência para aquele paciente;

»» se tiver sido feita durante a crise, repita a medida do PFE após cada
administração do broncodilatador, quantas vezes for necessário, até que o
paciente atinja, pelo menos, 70% do seu valor de referência ou do valor predito
para a altura. (veja valores no anexo 2)

89
Anexos

Anexo 2

Valores de pico de fluxo expiratório (l/min) preditos para crianças normais

ESTATURA VALOR MÉDIO DO PFE


109 145
112 169
114 180
117 196
119 207
122 22
124 233
127 249
130 265
135 291
137 302
140 318
142 328
145 344
147 355
150 370
152 381
155 397
157 407
160 423
163 439
165 450
168 466
170 476

Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

Anexo 3

Técnica de utilização da via inalatória


A via inalatória deve ser, sempre que possível, a preferida para a administração de drogas
sintomáticas (broncodilatadores) e profiláticas (corticoides) na asma por reduzir seus efeitos
colaterais e propiciar maior rapidez de ação dos medicamentos.

A administração de drogas pela via inalatória pode ser feita sob a forma de aerossol (spray dosificado)
ou de micronebulização.

A técnica de utilização do aerossol dosificado é simples, mas exige treinamento dos profissionais,
familiares e pacientes para que seja feita de maneira adequada.

O uso de espaçadores é sempre recomendado para o melhor aproveitamento da droga utilizada.

90
Anexos

Os espaçadores não valvulados ou prolongadores exigem controle adequado da respiração para


garantir a absorção do medicamento.

O paciente deve posicionar o espaçador, ocluindo toda a boca, e, ao iniciar inspiração lenta e
profunda, aplicar 1 jato da medicação.

»» Manter pausa inspiratória de aproximadamente 10 segundos antes de retomar a


respiração normal.

»» Aguardar 1 minuto antes de aplicar a próxima dose.

»» Sempre agitar vigorosamente o frasco antes de aplicar a dose.

»» As crianças menores de 8 anos devem fazer uso de espaçadores valvulados, que


permitem que a droga seja absorvida através da respiração normal. Observar os
seguintes passos:

›› agitar o spray antes de aplicar o jato;

›› verificar se o espaçador está corretamente montado;

›› observar se a máscara está bem adaptada no rosto da criança (ou, no caso do


bucal, se a criança não respira pelo nariz);

›› aplicar o jato e contar entre 10 a 20 incursões respiratórias (ou 20 segundos);

›› enquanto respira, observar o abrir e fechar da válvula.

A micronebulização é um método passivo de administrar drogas, que dispensa a coordenação da


respiração pelo paciente.

Pode ser feita em pacientes de qualquer idade e deve ser a preferida em pacientes com grande
dificuldade respiratória por permitir a oferta simultânea de oxigênio.

Necessita de fluxo gasoso (ar ou oxigênio) de, pelo menos, 6 l/min.

O diluente recomendado é o soro fisiológico 0,9% (3ml).

As principais desvantagens desse método são: demora da realização e utilização de doses maiores
quando comparadas ao spray.

91
Anexos

Anexo 4

Terapia inalatória – dispositivos auxiliares

DISPOSITIVO FAIXA ETÁRIA INDICADA TÉCNICA


Nebulizador Qualquer idade Respiração normal
Aerossol dosificado > 8 anos À distância de 4-5cm da boca, ou
com prolongador
Aerossol dosificado + espaçador valvulado 3 a 8 anos Respiração normal (10 a 20
com bucal movimentos respiratórios por jato)
Aerossol dosificado + espaçador valvulado RN até 3 anos Respiração normal (10 a 20
+ máscara facial movimentos respiratórios por jato)
Fonte: Atenção à Saúde da Criança. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2005.

92
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