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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO................................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
O QUE É ENVELHECER?............................................................................................................ 9
CAPÍTULO 2
ANATOMIA E FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO...................................................................... 16
UNIDADE II
NEURODEGENERAÇÃO....................................................................................................................... 33
CAPÍTULO 1
PROCESSOS MOLECULARES................................................................................................... 33
CAPÍTULO 2
ALZHEIMER............................................................................................................................ 39
CAPÍTULO 3
PARKINSON........................................................................................................................... 51
CAPÍTULO 4
ATEROSCLEROSE................................................................................................................... 59
CAPÍTULO 5
CUIDADO COM PACIENTES IDOSOS E OU COM DOENÇAS DEGENERATIVAS............................ 67
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 73
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
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Introdução
O envelhecimento da população ocorre com o declínio das taxas de fecundidade e o aumento da
longevidade. A longevidade é o reflexo do desenvolvimento proprocionado pelas melhorias nas
condições sanitárias, avanços da medicina, cuidados com a saúde, melhoria na nutrição e bem-estar
econômico. O envelhecimento é observado em todas as regiões do mundo, independente dos
níveis de desenvolvimento do país. O crescimento do número de idosos gera preocupações sobre a
capacidade dessas sociedades em lidar com os desafios associados com essa evolução demográfica,
uma vez que a população em envelhecimento causa desafios econômicos, sociais e culturais para
os próprios indivíduos idosos, as famílias, sociedade e para a comunidade em geral (Fundo de
população das Nações Unidas, 2012).
Segundo dados do Fundo de população das Nações Unidas (2012), 46% das pessoas, com 60 anos ou
mais, apresentam incapacitações, ou seja, mais de 250 milhões de pessoas idosas têm incapacitação
de moderada à grave. Há aproximadamente 35,6 milhões de pessoas portadoras de demência no
mundo e esse número subirá para 65,7 milhões em 2030. O número crescente aponta a necessidade de
políticas de promoção de estilo de vida saudável, tecnologia assistida, pesquisas médicas e cuidados
de reabilitação, para que além de promover uma vida saudável, haja prevenção ou retardamento
de doenças e/ou incapacidades proporcionando ao idoso independência e tratamentos disponíveis.
O envelhecimento é um processo natural que afeta todos os seres vivos, ocorre a degradação
progressiva das células, tecidos, órgãos e sistemas, a velocidade e a gravidade variam de estrutura
para estrutura e de indivíduo para indivíduo. No envelhecimento há de se levar em conta a idade
biológica, social e psicológica que podem ser diferentes entre si e diferente também da idade
cronológica. Desde o nascimento até a morte os seres vivos passam por alterações notáveis como
mudanças comportamentais, físicas, no desempenho cognitivo e aparecimento de demências
características, mas também outras nem tão visíveis como por exemplo alterações neurobiológicas
estruturais, funcionais e químicas (CANCELA, 2007). Não apenas os fatores endógenos estão
relacionados com o envelhecimento, os exógenos como os fatores ambientais e socioculturais
também interferem no envelhecimento sadio ou patológico (SANTOS et al., 2009).
Com o avançar da idade, principalmente em torno dos 60 anos, há um aceleramento nas alterações
moleculares e celulares que envolvem a apoptose, radicais livres, mudanças proteicas, mudanças
neuroquímicas que alteram a transmissão colinérgica, diminuição de neurotransmissores e depósito
de proteína amiloide. Em relação às alterações estruturais e neurofisiológicas do cérebro, o indivíduo
idoso apresenta atrofia cerebral, redução do volume do córtex, dilatação de sulcos e ventrículos,
7
espessamento das meninges, diminuição do número dos neurônios e da plasticidade, presença de
placas neuríticas e emaranhados neurofibrilares (Protocolo de Atenção à Saúde do Idoso, 2006;
SANTOS et al., 2009).
A velhice tem que ser pensada e valorizada pelo próprio idoso, pelos familiares, profissionais da
saúde e da pesquisa e pela sociedade em geral. Uma assistência adequada pode controlar problemas
comuns na saúde do idoso, proporcionando uma perspectiva de vida melhor. As motivações
demográficas e socioeconômicas têm promovido nas políticas atuais o investimento na área
saúde durante o envelhecimento (ASSIS, 2005). Profissionais da área da saúde vêm estudando e
discutindo conceitos como autonomia, independência e dependências de idosos. A importância do
diagnóstico precoce se dá pela possibilidade de tratamento medicamentoso e/ou neuropsicológico
que diminuam, estabilizem ou adiem a progressão do processo degenerativo (SANTOS et al., 2009).
Objetivos
»» Promover uma visão holística sobre o envelhecimento e as patologias relacionadas,
dando ao aluno subsídios para transpor o conhecimento científico para a sociedade.
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BASES
TEÓRICAS DO UNIDADE I
ENVELHECIMENTO
CAPÍTULO 1
O que é envelhecer?
Há várias visões e formas diferentes para definir envelhecimento, especialistas estão tentando
abranger todas as vertentes possíveis para uma melhor compreensão da velhice. Como envelhecer
bem? Quais as diferenças biológicas, psíquicas e ambientais quem influenciam no envelhecimento
individual? Como todos esses fatores podem estar relacionados e como tentar controlá-los de forma
que possamos ter uma vida longa e saudável?
[envelhecer] é viver [...] é uma etapa da vida como outra qualquer [...] A
Organização Mundial de Saúde define envelhecimento a partir dos 65 anos
[...] mas você não fica velho na véspera do seu aniversário de 65 anos, é um
processo [...] do nascimento até os 30-35 anos a gente não tá envelhecendo,
a gente tá na fase de crescimento, depois tem um platô onde as forças de
crescimento e as forças de diminuição da função vão se equilibrando, e depois
dos 35 há um declínio em todas as funções [...] Envelhecer é perder função lenta
e progressivamente seria o envelhecimento bem sucedido, e aceleradamente o
envelhecimento mal sucedido [...].
O envelhecimento afeta todos os seres vivos, cujo processo de degradação progressivo e diferencial
culmina na morte do organismo (CANCELA, 2007). Fontaine (2000) enfatiza que os indivíduos
envelhecem de formas muito diversas, pois tem a idade biológica, a idade social e a idade
psicológica que podem ser muito diferentes da idade cronológica.
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Assim, envelhecer é inevitável e diferenciado, é um processo natural dos seres vivos. Na sequência
veremos alguns dados e estimativas que têm despertado o interesse de profissionais da área de
saúde sobre o envelhecer bem sucedido.
O envelhecimento populacional é uma questão de saúde pública. Em 1960 o Brasil tinha mais de 3
milhões de idosos (≥ 60 anos de idade), em 15 anos essa população dobrou, e em 2002 passou para
14 milhões o que significa um aumento de 500% em quarenta anos. A estimativa é que em 2020
essa população estará em torno de 32 milhões (LIMA-COSTA; VERAS, 2003). A previsão é que o
número de idosos em 2050 atinja 64 milhões, por essas previsões, a proporção de pessoas mais
velhas no total da população brasileira passaria de 10%, em 2012, para 29%, em 2050 (BBC Brasil,
2012), dados representados no gráfico 1.
Gráfico 1. Número, em milhões, de idosos com idade igual ou superior à 60 anos de idade, ilustrando o
crescimento populacional no Brasil ao longo de 42 anos (1960-2002) e a estimativa para os próximos 37 anos
(2013-2050).
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
Hoje, cerca de 66% população acima de 60 anos vivem em países em desenvolvimento. Em 2050,
essa proporção subirá para quase 80% (BBC Brasil, 2012). Dados do Fundo de População das Nações
Unidas (uma agência ligada à ONU) relata que em 2022 a estimativa é que o número de pessoas com
mais de 60 anos no planeta supere a marca de um bilhão de pessoas, e em 2050 chegarão a dois
bilhões, ou seja, 20% da população mundial.
Com o aumento do tempo de vida, as doenças do envelhecimento tem uma maior expressão na
sociedade, aumentando o interesse pela pesquisa na área da Saúde Pública e Envelhecimento
(LIMA-COSTA; VERAS, 2003). Como exemplo, o estudo do sequenciamento do DNA de uma idosa
que viveu até os 115 anos de idade sem apresentar nenhum sinal de demência, o estudo tinha por
objetivo esclarecer algumas associações entre variações genéticas, saúde e longevidade. O trabalho
desenvolvido na Holanda pela pesquisadora Henne Holstege do Departamento de Genética Clínica
da VU University Medical Center, em Amsterdã, indica que a idosa apresentava algumas variações
genéticas raras em seu DNA que a protegiam contra doenças associadas à velhice (BBC Brasil, 2011).
Figura 1. Mapa mostrando os pontos da longevidade, as “zonas azuis”, definidas por Dan Buettner: Loma Linda,
Califórnia nos Estados Unidos; Península de Nicoya, Costa Rica na América Central, Ilha de Sardenha, Itália na
Europa; Ilha de Ikaria, Grécia na Europa e Ilha de Okinawa, Japão na Ásia. As lições de vida das “zonas azuis” são:
mover naturalmente, perspectiva, viver em comunidade e comer sabiamente.
Fonte: <http://bluezonesup.com/?page_id=596>.
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Nessa parte introdutória da aula vimos que “envelhecer” vai além de uma definição, de uma
idade fixa ou um fator apenas, envelhecer não é um processo simples, nem tão pouco igual para
todos. Envelhecer envolve um conjunto de fatores: genéticos, ambientais, sociais, psíquicos e de
qualidade de vida, e todos esses fatores são decisivos no envelhecimento neural, assunto que
veremos em outro capítulo.
Teorias do envelhecimento
Envelhecimento Biológico
É uma teoria baseada apenas em fatores genéticos, a velocidade com que uma determinada espécie
envelhece é pré-determinada por seus genes, ou seja, os genes determinam quanto tempo as células
viverão. Nessa teoria, as nossas células morrem após um determinado número de divisões celulares
(mitose). Conforme as células vão morrendo, o funcionamento dos órgãos é comprometido até não
conseguirem manter as funções biológicas necessárias para a manutenção da vida.
O Sistema Nervoso Central (SNC) é a estrutura onde acumulamos toda informação presente,
lembranças do passado e a formulação de novos conceitos. Com o tempo, o envelhecimento causa
a perda celular, que por sua vez não atinge as regiões corticais igualmente, já que os neurônios
da mesma região têm fenótipos moleculares únicos e, portanto, diferentes vulnerabilidades aos
processos deletérios (córtex pré-frontal é mais sensível às mudanças do envelhecimento). Os
neurotransmissores também são alterados, principalmente os sistemas dopaminérgico e colinérgico
ficam diminuídos (MORAES et al., 2010).
O SNC, apesar de não ser capaz de recuperar seus neurônios, tem propriedades
que podem diminuir o impacto das alterações do envelhecimento, como:
redundância (existem muito mais neurônios no cérebro que o necessário);
mecanismos compensadores (surgem em situações de lesão cerebral e são mais
hábeis conforme o centro atingido); plasticidade (habilidade de neurônios
maduros, com sua rede de dendritos, desenvolverem e formarem novas
sinapses, levando à formação de novos circuitos sinápticos).
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
Em contrapartida há:
As regiões que mais são afetadas ao longo dos anos estão localizadas no lobo temporal medial, e
no lobo frontal (Fig. 2), e a porção ventromedial do lobo frontal não apresenta alterações, ela é
responsável pela regulação do comportamento social e emocional (MORAES, 2010). Há de ressaltar
que as alterações dos órgãos dos sentidos, como a visão e audição dificultam o acesso às informações
e o aprendizado (CANÇADO; HORTA, 2006).
Figura 2. Corte sagital de um encéfalo humano mostrando o lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo
temporal.
Fonte: <http://virtualpsy.locaweb.com.br/adm/img2/Lobo_Frontal.jpg>
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Envelhecimento Psíquico
Em relação aos aspectos neuropsicológicos, durante a velhice de idosos saudáveis sem limitações
físicas, não é comum alterações no funcionamento mental. A maior dificuldade no envelhecimento
é o limite entre as alterações cognitivas (percepção, atenção, memória, raciocínio, tomada de
decisões, solução de problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento) normais e
patogênicas.
Atualmente é a teoria mais aceita, surgiu em 1954 e foi proposta pelo Dr. Denham Harmon. Ela
postula que as células envelhecem em consequência dos danos acumulados devido às reações
químicas que liberam toxinas (radicais livres) no interior das células. Vejamos melhor como isso
acontece:
Os radicais livres são substâncias tóxicas que possuem um número ímpar de elétrons e por isso
procuram ligar-se a outras moléculas para estabilizar o elétron livre (Fig. 3a), danificando a célula
(por causar danos à sua estrutura) até atingir seu mau funcionamento e chegar à morte celular.
Assim, os radicais livres oxidam quase todas as moléculas e podem gerar novos radicais livres,
formando um ciclo.
Um alvo dos radicais livres são as células nervosas, e por não se reproduzirem, acabam diminuindo
cada vez mais e acarretando cada vez menos conexões sinápticas, conduzindo a uma perda da
capacidade funcional.
A melhor forma de atenuar os efeitos dos radicais livres é fornecer ao organismo antioxidantes (Fig.
3b). O principal antioxidante endógeno é a melatonina produzida pela glândula pineal durante o
sono e os principais antioxidantes exógenos são as vitaminas C e E.
Os radicais livres estão envolvidos, em grande parte, nas doenças típicas da idade, como doenças
neurodegenerativas, arteriosclerose, doenças coronárias, catarata, cancro, hipertensão entre outras,
tornando essa teoria uma forte evidencia científica.
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
Figura 3a. Fatores influenciando o átomo a perder um elétron, tornando-se um radical livre.
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
CAPÍTULO 2
Anatomia e fisiologia do
envelhecimento
O Sistema Nervoso é o responsável pelas funções orgânicas bem como as interações dos seres vivos
com o ambiente, é ele quem controla todo o organismo e identifica, interpreta e modula qualquer
resposta frente a um estímulo detectado no corpo do animal. O funcionamento do SN é baseado
em estímulo-reação (estímulo reflexo), ou ainda estímulo-interpretação-reação (dependente da
vontade).
O Sistema Nervoso Central está localizado no esqueleto axial (coluna vertebral e encéfalo) é
constituído pela medula espinhal e encéfalo (Fig. 4).
Figura 4. Esquema representativo do Sistema Nervoso Central de humano, formado pelo encéfalo (cérebro +
cerebelo + tronco encefálico) e pela medula espinhal.
Fonte: <http://fisioterapiaesaude.com/sistema-nervoso-central-processamento-perfeito/>
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
»» cerebelo.
A maior parte do encéfalo corresponde ao cérebro, que pode ser dividido também de acordo com o
nome do osso do crânio que tem relação, como lobo frontal, occipital, parietal e temporal (Fig. 5).
Figura 5. Visão lateral comparando os ossos do crânio com lobos cerebrais que recebem o mesmo nome pro
sua localização: 1). frontal, 2). parietal, 3). temporal e 4). occipital.
Em um corte encefálico podemos observar áreas mais claras e outras mais escuras correspondentes
à substância branca e substância cinzenta, respectivamente (Fig. 6.). A diferença de cor é de acordo
com a estrutura, onde a parte mais clara são fibras nervosas mielínicas e a cinza os corpos dos
neurônios.
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Figura 6. Corte coronal de encéfalo humano indicando a substância branca e a substância cinzenta, além da
fissura dos hemisférios e outras regiões como tálamo, hipocampo, ponte, cerebelo e bulbo.
Fonte: <http://www.guia.heu.nom.br/images/Cortex2.jpg>
Fonte: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/capas/corpo-humano/sistema-nervoso.php>
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
Já na medula a substância cinzenta forma um eixo central revestida na sua extremidade pela
substancia branca, que lembra uma borboleta. Da medula também saem nervos, são 32 pares de
nervos espinhais (Fig. 8). Alguns processos semelhantes recebem nomes diferentes dependendo
de onde acontecem, o acúmulo de corpos celulares dos neurônios no SNC é chamado de núcleo,
quando esse acúmulo ocorre fora do SNC, são chamados de gânglios.
Figura 8a. Corte transversal da medula espinhal para visualização da substância branca, mais externa e da
substância cinzenta, mais interna, e algumas inervações.
8b. Os 31 pares de nervos espinhais sendo que os 8 pares superiores são cervicais, logo em seguida 12 pares de
nervos torácicos, na sequência 5 pares de nervos lombares e por último 5 pares de nervos coccígeos.
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de Anatomia Humana. 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2000.
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Meninges
O SNC é protegido por três membranas de tecido conjuntivo chamadas meninges, são elas:
»» aracnoide; e
O espaço capilar que separa a dura-máter da aracnoide chama-se subdural, e o espaço entre
aracnoide e a pia-máter é o subaracnoide, onde circula o líquido cérebro-espinhal ou liquor. (Fig.
9). O líquido cérebro-espinhal protege o encéfalo de choques mecânicos, age como amortecedor, seu
estudo pode diagnosticar várias doenças que atingem o sistema nervoso central como hemorragias
e infecções.
Figura 9. Desenho de um corte sagital do sistema nervoso central identificando as meninges, dura-máter,
aracnoide e pia-máter, e o espaço entre as meninges como o subaracnoide onde está o fluido cérebro-espinhal.
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
As fibras de um nervo são classificadas de acordo com a estrutura que inervam, ou seja, conforme
sua função. Dessa forma, fibras que ativam ou estimulam a musculatura são denominadas de fibras
motoras e as que conduzem estímulos para o SNC de sensitivas (Fig. 10).
Figura 10. Via do arco reflexo. As fibras sensoriais levam a informação ao neurônio de associação pós ganglionar
na medula que levará a resposta via fibra motora até a placa motora. Por ser uma via reflexa, a informação não
ascende até o SNC.
As fibras motoras que levam informação do SNC são fibras eferentes e as que ascendem informações
ao SNC são aferentes (Fig. 11). As terminações nervosas estão presentes nas extremidades das
fibras sensitivas, que recebem principalmente estímulos químicos e físicos internos e externos, e
nas fibras motoras como a placa motora.
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Os nervos são fibras nervosas por onde passam os impulsos nervosos, levando ou trazendo
“informação” do SNC. São unidos por tecido conjuntivo, e como já visto, são divididos em cranianos
e espinhais. Dos 12 pares cranianos, 10 se originam no tronco encefálico, alguns são puramente
sensitivos, outros apenas motores e ainda tem os sensitivos e motores, já os 31 pares de nervos
espinhais, sua fibra é sempre mista (sensitiva/aferente e motora/eferente).
Além da divisão anatômica supracitada, o SN pode ser dividido de acordo com os critérios funcionais:
»» visceral: é aquele que está ligado com a inervação e controle das vísceras, também
é constituído de componentes aferentes e eferentes, e são importantes para a
integração das diversas vísceras;
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
ou funcionalmente:
Tecido Nervoso
Após uma visão geral, é hora de aprofundar um pouco mais no nosso sistema nervoso.
O tecido nervoso é constituído basicamente de dois tipos celulares, os neurônios e as células gliais
ou neuroglia. Os neurônios são fundamentais para receber, processar e enviar informações, e
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
as glias para sustentar, revestir e isolar, modular a atividade neural e para defesa. Geralmente,
após a diferenciação, as células neuronais não se dividem, ou seja, aquelas que morrem não são
substituídas por novos neurônios, salvo algumas exceções como os neurônios sensoriais primários
que são gerados durante toda a vida a partir de células indiferenciadas. Vejamos:
Neurônios
Os seres vivos estão cercados de diferentes estímulos durante toda a vida, e precisam reajustar
os sistemas fisiológicos para sobreviverem. Neurônios são células especializadas que detectam,
transmitem e modulam as respostas autonômicas, motoras e/ou comportamentais.
O SNC contém mais de 100 bilhões de neurônio, e a cada minuto recebe milhões de bytes de
informações vindas de órgãos e nervos sensoriais (GUYTON; HALL, 2006).
1. sensitivos ou aferentes;
2. motores ou efetores;
3. neurônio de associação.
Os neurônios são formados por corpo celular, axônio e dendritos (Fig. 12). Para cada tipo de
neurônio pode ter algumas centenas até 200.000 conexões sinápticas aferentes. Já o sinal eferente
deste mesmo neurônio é conduzido por um único axônio e daí a importância das ramificações, para
que as respostas se dirijam para outras regiões do sistema nervoso (GUYTON; HALL, 2006).
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
»» A maioria dos neurônios possuem um axônio longo e fino que se origina no corpo
celular ou no dendrito, e é capaz de gerar no seu segmento inicial (zona gatilho)
alteração do potencial de membrana chamado de potencial de ação, ou impulso
nervoso, que é a despolarização do tipo “tudo ou nada” ao longo de toda a
membrana. Assim, os axônios são especializados em gerar e conduzir potencial de
ação (onda de descarga elétrica).
Os neurônios tem seu potencial de membrana de repouso em torno de -70 a -90mV, indicando que
no seu interior há mais cargas negativas em relação ao meio extracelular. Quando um estímulo
chega ao potencial limiar da célula, ou seja, a célula se torna menos negativa (despolarização) a
ponto que o estímulo é conduzido por toda membrana no processo “tudo ou nada”, então os canais
voltam ao seu estado de repouso repolarizando as células.
Note que apenas a despolarização é capaz de conduzir o potencial de ação, por esse motivo dizemos
que quando um estímulo chega ao neurônio e ele hiperpolariza a célula, é um estímulo inibitório,
não há transmissão de potencial de ação.
Figura 13. A sequência da abertura dos canais voltagem-dependentes de Sódio e Potássio gerando o potencial
de ação.
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Modificado de: KANDEL. Principles of Neural Science, 4ª Edição, McGraw-Hill Companies, 2000.
As ramificações dos dendritos e dos axônios são variáveis, e por isso recebem diferentes classificações,
como: multipolares que tem vários dendritos e um axônio, bipolares com dois prolongamentos
que deixam o corpo celular (dendrito e axônio), entre outros. O tamanho das estruturas dos
neurônios também é variável.
Células gliais
As células da glia se relacionam com os neurônios tanto no SNC quanto no SNP (Fig. 14).
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
No SNP as glias são as células satélites ou anfícitos e as células de Schwann derivadas da crista
neural.
Figura 14. As principais células glias do Sistema Nervoso Central: oligondendrócitos e astrócitos; e do Sistema
Nervoso Periférico: células de Schwann.
Fonte: Modificado de: KANDEL. Principles of Neural Science. 4ª Edição, McGraw-Hill Companies, 2000.
Sinapses e neurotransmissão
As sinapses são comunicações entre neurônios, ou entre neurônios e células musculares, que
ocorrem principalmente através das terminações axônicas. Elas podem ser sinapses elétricas ou
sinapses químicas.
Sinapses elétricas
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Figura 15. Impulso nervoso no neurônio pré-sináptico, e em maior aumento a sinapse elétrica com as gap
junctions.
Neurônio
Pré-sináptico Membrana
Pré-sináptica
Impulso
nervoso
Neurônio
Pós-sináptico Canal formado
Membrana por poros de cada
Pós-sináptica membrana
A sinapse elétrica é extremamente rápida porque é resultado do fluxo direto da corrente elétrica,
certamente importante para resposta de escape. A sinapse elétrica também é vantajosa para conexão
de grande número de neurônios, já que a corrente flui pela membrana de todas as células acopladas
ao mesmo tempo, assim várias células pequenas podem ser ativadas coordenadamente como uma
célula grande.
Nas células da glia também foram encontradas as gap junctions mediando tanto a comunicação
intra como intercelular. No encéfalo tem se observado que os astrócitos estão conectando-se por
gap junctions formando um network de células da glia, indicando que a glia também pode ter papel
na sinalização central.
Sinapses químicas
A maioria das sinapses interneurais e todas as neuroefetuadoras são químicas, dependente da
liberação de neurotransmissor.
Os neurotransmissores são substâncias químicas e estão armazenados nas vesículas sinápticas dos
neurônios pré-sinápticos que os liberam na fenda sináptica (20-30nm) para encontrar os receptores
específicos na membrana dos neurônios pós-sinápticos. A perfeita função da sinapse exige que o
neurotransmissor seja recapturado rapidamente da fenda sináptica para que não ocorra uma
excitação ou inibição do neurônio pós-sináptico o tempo todo.
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
Figura 16. Transmissão de sinapse química. O potencial de ação ao chegar ao terminal pré-sináptico abre os
canais de Ca2+ voltagem-dependentes. O influxo de íons de cálcio intracelular causa a fusão das vesículas
sinápticas com a membrana da célula pré-sináptica e por exocitose as moléculas de transmissores são liberadas
na fenda sináptica. Ao encontrarem os receptores na membrana pós-sináptica, os canais iônicos abrem ou
fecham (dependendo se o neurotransmissor é inibitório ou excitatório) que mudará a condutância e o potencial
de membrana da célula pós-sináptica.
Fonte: Modificado de: KANDEL. Principles of Neural Science. 4ª Edição, McGraw-Hill Companies, 2000.
Embora a transmissão química não tenha a mesma velocidade da elétrica, há uma propriedade
importante na amplificação do sinal. Com a descarga de apenas uma vesícula sináptica são liberadas
milhares de moléculas de neurotransmissores. Normalmente, poucas moléculas de transmissores
são necessárias para abrir um canal iônico pós-sináptico, portanto, a ação de uma vesícula sináptica
pode abrir milhares de canais iônicos na célula pós-sináptica, e também despolarizar um grande
número de célula pós-sináptica.
Existem mais de 50 substâncias químicas sugeridas como neurotransmissores, elas podem ser
moléculas pequenas e de ação rápida ou neuropeptídeos de tamanho maior e de ação mais lenta.
Podem ter efeitos excitatórios ou inibitórios, dependendo do lugar que estiver agindo e do tipo de
receptor que se ligar. Alguns neurotransmissores:
»» acetilcolina;
29
UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Para ser classificado como neurotransmissor, a substância química tem que seguir alguns critérios:
Também, há sinapses que envolvem os axônios dos nervos periféricos, elas podem ser divididas em:
Figura 17a. Neurônio motor inervando uma fibra muscular, formando a junção muscular (placa motora).
Fonte: Modificado de: KANDEL. Principles of Neural Science. 4ª Edição, McGraw-Hill Companies, 2000.
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BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO │ UNIDADE I
Figura 17b. Sistema Motor Somático e Visceral, inervando o músculo esquelético e músculo liso/cardíaco/
glândulas, respectivamente.
Nervos em geral
Os nervos são percorridos longitudinalmente por vasos que se anastomosam. Eles são altamente
vascularizados e irrigados.
A fibra nervosa é formada pelo axônio e quando presente, pelo envoltório de origem glial, chamada
de bainha de mielina, que funciona como um isolante elétrico. A bainha de mielina é formada
pelas células de Schwann no SNP e pelos oligodendrócitos no SNC.
Quando as fibras nervosas apresentam a bainha de mielina são chamadas de mielínicas, e quando
ausente de amielínicas. A bainha de mielina permite que a condução do impulso nervoso seja mais
rápida (Fig. 18).
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UNIDADE I │ BASES TEÓRICAS DO ENVELHECIMENTO
Figura 18. Função da célula de Schwann no isolamento das fibras nervosas. (A) Revestimento da membrana da
célula de Schwann, em torno um axônio calibroso para formar a bainha de mielina da fibra nervosa mielinizada.
(B) Revestimento parcial da membrana e do citoplasma da célula de Schwann em torno de várias fibras nervosas
amielinizadas (corte transversal).
Fonte: Modificado de: LEESON T.S., LEESON R. Histologya. Philadelphia: WB Saunders, 1979.
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NEURODEGENERAÇÃO UNIDADE II
CAPÍTULO 1
Processos moleculares
Processos intracelulares
Durante o envelhecimento várias modificações celulares são observadas, não apenas nas células
neuronais, como também em outras. Os cromossomos sofrem encurtamento das extremidades, o
que provoca um desequilíbrio entre a perda e a renovação das populações celulares, assim, os órgãos
e sistemas entram em falência até que o organismo morra; há também modificações no sistema
imunológico, chamada imunossenescência, aumentando o risco de infecções; e como previamente
visto em aulas anteriores, o aumento da morte celular provocada por radicais livres decorrentes da
diminuição da síntese de enzimas antioxidantes (RATTAN, 1995).
Estresse oxidativo
Quando há um desequilíbrio entre a geração de compostos oxidantes e a atuação dos sistemas de
defesa antioxidante, ocorre o chamado estresse oxidativo.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
O resultado do metabolismo do oxigênio é a geração de radicais livres e/ou espécies reativas não
radicais. Os danos causados pela ação deletéria dos radicais livres e/ou espécies reativas não radicais
são inibidos ou reduzidos pelo sistema de defesa antioxidante. A principal fonte geradora de radicais
livres é a mitocôndria, através da cadeia transportadora de elétrons.
O acúmulo das biomoléculas danificadas provocam distúrbios na expressão gênica e síntese proteica,
e aumentam ainda mais a produção de radicais livres induzindo uma resposta neuroinflamatória
crônica. Estudo feito com ratos senescentes mostrou que os altos níveis de danos oxidativos nas
proteínas do córtex cerebral e do cerebelo diminuíram a capacidade de reconhecimento espacial e
de coordenação motora (FORSTER et al., 1996).
Segundo Lucas e Szweda (1998), o excesso de radicais livres e espécies reativas de oxigênio,
nitrogênio ou cloro, podem induzir a falência mitocondrial e, consequentemente, liberar radicais
livres intensamente, diminuindo o conteúdo citoplasmático do antioxidante glutationa (GSH) e o
aumentando a apoptose neuronal. Esse processo está associado à injuria isquêmica do miocárdio e
ao envelhecimento celular, assim como a Doença de Alzheimer e de Parkinson (MERAD-BOUDIA
et al., 1998).
Em pacientes com Doença de Alzheimer foi observado uma grande liberação de ferro no cérebro,
ele é responsável pela morte de neurônios por meio de reações de radicais livres, conhecido como
Fenton/Haber Weiss (SMITH et al., 2000), o zinco e o cobre também estão aumentados nas
placas senis e patológicas do cérebro desses pacientes (CUAJUNGCO et al., 2000).
De acordo com estudos, foi visto que em centenários saudáveis os níveis de vitaminas A e E no
plasma estavam elevados, sugerindo que a longevidade está relacionada com o sistema de defesa
antioxidante (MECOCCI et al., 2000). Da mesma forma, o envelhecimento celular está associado
à diminuição das defesas antioxidantes e falência mitocondrial, isto é, o organismo ao envelhecer
perde progressivamente a capacidade de metabolizar e remover substâncias tóxicas (MERAD-
BOUDIA et al., 1998)
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Resposta inflamatória
O envelhecimento do SNC é acompanhado de resposta inflamatória como supracitado. Essa resposta
inflamatória crônica deve-se à hiperativação dos astrócitos e das microglias que produzem
citocinas inflamatórias, como os TNFα (Tumor Necrosis Factor-alpha), IL-1β (interleucina-1β)
e interferon-γ principalmente no neocórtex, hipocampo e cerebelo (BLASKO et al., 2004). Infecções
sistêmicas também aumentam a ativação da microglia elevando os níveis de citocinas inflamatórias
no cérebro (GODBOUT et al., 2008).
Estudos mostraram que ratos velhos com citocinas inflamatórias no hipocampo prejudicam a
consolidação da memória e portadores da doença de Alzheimer também apresentam citocinas
inflamatórias no hipocampo (MINOGUE et al., 2007). Lesões oxidativas do DNA nuclear e
disfunções mitocondriais são observadas também em neurônios dopaminérgicos nigro-estriais de
pacientes com a doença de Parkinson (NAKABEPPU et al., 2007). Assim, observamos a relação de
DNs e processos inflamatórios em determinadas regiões encefálicas.
Figura 19. Imagem de ressonância magnética comparando um corte transversal do córtex de um adulto jovem
na primeira imagem com um adulto de 94 anos de idade sem demência.
Modificado de <http://www.emeraldinsight.com/fig/7012_10_1016_S0731-2199_08_20009-9.png>
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Figura 20. Corte histológico do córtex cerebral mostrando a formação da placa senil.
Fonte: <http://anatpat.unicamp.br/alzheimer5++.jpg>
Como já citado na primeira unidade, o lobo frontal não apresenta alterações na sua porção
ventromedial (Fig. 21A) que é responsável pelo comportamento social e emocional, já a porção
dorsolateral da região pré-frontal (Fig. 21B) apresenta alterações anatômicas e funcionais mais
proeminentes, observadas na dificuldade em realizar tarefas relacionadas à memória de trabalho.
Quando dizemos que a memória de trabalho é afetada, não estamos dizendo que as informações
estocadas (memória de longo prazo) são afetadas, mas sim a análise e comparação das memórias
que chegam constantemente ao cérebro, com as memórias explícitas e implícitas estocadas no
neocórtex posterior (CANÇADO; HORTA, 2006).
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Figura 21. (A) Corte sagital do encéfalo indicando a região ventromedial do lobo frontal. (B) Visão lateral indicando
a porção dorso lateral da região pré-frontal.
»» redução da atenção;
Outra capacidade afetada no idoso é a de dividir a atenção entre vários estímulos, a fim de
apreender uma situação, e também a capacidade de resolução de novos problemas tende a declinar
gradualmente (CANÇADO; HORTA, 2006).
Processos cognitivos
Até chegar aos 50-60 anos, o desempenho intelectual e aptidões cognitivas estão estáveis, a partir
dai começam a diminuir, segundo Spar e La Rue citado por Cancela (2007), pessoas idosas têm
maior dificuldade em compreender mensagens longas ou complexas, e recuperarem e reproduzirem
rapidamente nomes ou termos específicos, o discurso tende a ser mais repetitivo.
Idosos apresentam uma maior dificuldade nas tarefas de raciocínio que envolvem análise lógica e
organização de algo abstrato ou não familiar, são mais lentos nas percepções e cognições assim como
nas funções motoras. Porém, eles mantêm capacidade de reconhecer os lugares e rostos familiares,
apesar de apresentarem dificuldades em dividir atenção para tarefas múltiplas ou desviar a atenção
de um aspecto para o outro, a atenção continua pouco afetada. O vocabulário, a capacidade de
acesso à informação e a compreensão não são muito prejudicados com a passagem dos anos, em
idosos saudáveis.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Das alterações cognitivas que ocorrem com o avançar da idade podemos destacar:
»» velocidade do processamento;
A combinação de todas as alterações cognitivas limita os recursos que pessoas idosas podem utilizar
em determinadas circunstâncias que anteriormente eram fáceis. Na velhice, atividades básicas
como manter o controle postural e andar se tornam menos automáticas.
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CAPÍTULO 2
Alzheimer
Após uma visão detalhada de como nosso sistema nervoso é organizado e, principalmente saber
como acontecem as modificações no SNC durante o envelhecimento, você está preparado para
entender como as doenças degenerativas agem.
Primeiras descobertas
Muitas pessoas idosas permanecem intelectualmente intactas, e algumas fizeram contribuições na
fase tardia da vida, como Eleanor Roosevelt, Picasso, Rebecca West e Richard Strauss. No entanto
pessoas idosas podem apresentar declínio na memória e nas habilidades cognitivas, e até desenvolver
demência. Apenas com o exame clínico é difícil saber se a perda de memória relacionada com a
idade permanecerá estável ou se agravará com o passar dos anos, é preciso um diagnóstico em longo
prazo.
Anormalidades em circuitos neuronais específicos relacionadas com a idade podem ter o mesmo
resultado dos sinais clínicos do envelhecimento: alterações na memória, na atividade motora,
humor, sono, apetite e funções neuroendócrinas.
Em 1907 Alois Alzheimer descreveu o primeiro caso de demência que hoje leva seu nome. Uma
mulher de meia-idade tinha desenvolvido déficits de memória e perda progressiva das capacidades
cognitivas. A sua memória tornou-se cada vez mais prejudicada, ela não podia mais orientar-se,
mesmo em sua própria casa e, às vezes, ela acreditava que as pessoas tinham intenção de matá-la. Ela
foi internada em um hospital psiquiátrico e morreu em menos de cinco anos após o início da doença.
Uma autópsia revelou a patologia clássica da doença de Alzheimer, emaranhados neurofibrilares e
placas senis no neocórtex e no hipocampo, agora reconhecidos. Após esse relato, o termo doença de
Alzheimer foi dado a este tipo de demência pré-senil.
A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência nos idosos. Ela afeta cerca de 7% das
pessoas com mais de 65 anos e, talvez, 40% das pessoas com mais de 80 anos de idade. Assim, a
doença de Alzheimer é um dos principais problemas de saúde pública da sociedade. A precisão
dos diagnósticos clínicos de causas específicas de demência, especialmente doença de Alzheimer,
tem melhorado muito nas duas últimas décadas. Em 1970 o erro de diagnóstico era mais de 30%.
Centros clínicos especializados relatam por meio da autópsia a confirmação do diagnóstico clínico
da doença de Alzheimer em mais de 90% dos casos.
A maioria dos pacientes com doença de Alzheimer apresentam os primeiros sinais clínicos em
torno dos setenta anos, mas como no caso descrito por Alzheimer, às vezes se desenvolve na vida
média (adulta), nesses casos pode haver uma história familiar da doença. Em ambas as formas
(esporádica e familiar) da doença de Alzheimer os pacientes apresentam anormalidades de
memória, resolução de problemas, linguagem, cálculo, percepção visual-espacial,
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Exceto pela biópsia cerebral, não há testes que estabelecem definitivamente o diagnóstico da doença
de Alzheimer em indivíduos vivos. Para fazer o diagnóstico da doença de Alzheimer e excluir outras
demências os médicos contam com:
»» testes neuropsicológicos;
Na reportagem “Alzheimer, Parkinson e a proteína Tau” no site da revista Veja do dia 09/02/2012,
Mayana Zatz, geneticista que escreve para a revista, fala sobre a pesquisa publicada na revista
PlosOne afirmando que o comportamento anormal da proteína Tau no cérebro, estudada em
camundongos, causaria a doença de Alzheimer. Adicionalmente outro estudo divulgado pela
Nature Medicine mostra que a deficiência da forma solúvel, e não da proteína Tau normal, seria
a responsável pelo acúmulo de ferro, ocasionando a morte de neurônios na doença de Alzheimer
e na de Parkinson com demência, e com essas descobertas há perspectiva de uma abordagem
terapêutica.
Anormalidades
A doença de Alzheimer é uma doença degenerativa caracterizada por uma série de anormalidades
no cérebro que afeta determinados neurônios em regiões específicas (Fig. 22), particularmente no
neocórtex, córtex entorrinal, hipocampo, amígdala, núcleo basal, tálamo anterior e vários núcleos
monoaminérgicos (como o Locus Coeruleus e núcleo da rafe).
40
NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Figura 22. Sistemas neuronais específicos têm sido identificados vulneráveis nas análises morfológicas e
neuroquímicas na doença de Alzheimer. Na figura, apenas um sistema cortical (neurônios do córtex entorrinal)
é mostrado, mas muitos neurônios do neocórtex são afetados. O envolvimento destas regiões do cérebro e dos
sistemas neuronais na doença de Alzheimer é refletido nos sinais clínicos da doença.
Fonte: Modificado de: KANDEL. Principles of Neural Science. 4ª Edição, McGraw-Hill Companies, 2000.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Depósito de amiloide
As regiões do cérebro afetadas pela doença de Alzheimer também contem placas neuríticas ou
senis, em que os depósitos extracelulares de amiloide (peptídeos fibrilares) são rodeados por
axônios distróficos, bem como os processos de astrócitos e microglia (células inflamatórias). A
proteína precursora de amiloide (PPA) está presente nos dendritos, nos corpos celulares e axônios
dos neurônios, e PPA neuronal é provavelmente a fonte da maior parte da amiloide
depositado no sistema nervoso central em pacientes com doença de Alzheimer. A
PPA é sintetizada no retículo endoplasmático rugoso, glicosilada no aparelho de Golgi, e entregue à
superfície da célula, como uma proteína de membrana integral. As funções de PPA neuronais ainda
não são conhecidas.
Mutações genéticas
Vários fatores de risco genético têm sido identificados, são as mutações nos genes:
»» presenilina 1 (PS1);
O gene da PS1 é responsável por cerca de 40% dos casos familiares e de acometimento precoce da
doença de Alzheimer.
O gene da ApoE4, envolvido no metabolismo da beta-amiloide, é fator de risco em cerca de 50% dos
casos de doença de Alzheimer esporádicos e de acometimento tardio.
Em suma, as mutações em vários genes (PPA, presenilina 1, presenilina 2) foram identificadas como
centrais para a patogênese de alguns casos de doença de Alzheimer familiar, e um alelo de um outro
gene (apoE4) pode influenciar no aparecimento da doença de início tardio esporádica e familiar.
Um progresso significativo foi feito na compreensão da biologia dos genes/proteínas envolvidos
na patogênese de depósitos de amiloide e anormalidades do citoesqueleto em neurônios. Regiões
específicas do cérebro e de populações específicas de neurônios são seletivamente vulneráveis à
doença, além disso, as vias que conduzem à morte das células têm de ser melhor esclarecidas.
42
NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Regiões afetadas
Com o passar dos anos, na velhice, o córtex encolhe e danifica as regiões envolvidas com os
pensamentos, planos e lembranças. Esse encolhimento é principalmente grave no hipocampo, uma
região do córtex que exerce papel importante na formação de novas lembranças. Os ventrículos
ficam maiores. O tecido com Alzheimer possui um número bem menor de células nervosas e de
sinapses do que um cérebro saudável (Fig. 23). Os depósitos anormais de fragmentos de proteína,
as placas senis, se agrupam entre as células nervosas (Fig. 24).
Figura 23. Imagem comparando um cérebro saudável e um cérebro com Alzheimer em estágio avançado.
Fonte: <http://www.alz.org/brain_portuguese/09.asp>
Figura 24. Placas senis formadas entre os neurônios no tecido com Alzheimer.
Fonte: <http://www.alz.org/brain_portuguese/10.asp>
43
UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
As placas senis (Fig. 25) são formadas por grupamentos de pedaços da proteína beta-amiloide. As
beta-amiloides vêm de uma proteína encontrada na membrana gordurosa que envolve
as células nervosas. A beta-amiloide é quimicamente “pegajosa” e se junta aos poucos formando
as placas.
Fonte: <http://www.alz.org/brain_portuguese/11.asp>
As formas mais nocivas de beta-amiloide são dos grupos de pequenos pedaços e não as placas em si,
porque os pequenos agrupamentos podem bloquear a sinalização entre as células nas sinapses. Eles
também podem ativar as células do sistema imunológico que causam inflamações e matam células
deficientes.
As placas e emaranhados tendem a se espalhar por todo o córtex em um padrão previsível de acordo
com o avanço da doença de Alzheimer.
Estágios da doença
A progressão da doença e seu curso são muito variáveis, e depende da idade da pessoa quando a
doença foi diagnosticada e se há outros problemas de saúde. Em média, pessoas com Alzheimer
vivem oito anos, mas algumas sobrevivem por até 20 anos.
44
NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Estágios iniciais: as placas e emaranhados começam a se formar nas regiões do cérebro envolvidas
na aprendizagem e memória, pensamento e planejamento, antes que os sintomas possam ser
detectados.
Estágios de leve a moderado: desenvolvem mais placas e emaranhados do que os que já estavam
presentes nos estágios iniciais, como resultado os indivíduos desenvolvem graves problemas de
memória e de pensamento, a ponto de interferir no trabalho e na vida social. Muitas pessoas com
Alzheimer são diagnosticadas durante estes estágios.
Eles também podem ficar confusos, ter dificuldades ao lidar com dinheiro, ao se expressar e organizar
os pensamentos. As placas e os emaranhados também se espalham para regiões envolvidas com a
fala, compreensão do discurso e percepção de onde o corpo está em relação aos objetos ao seu
redor. Conforme a doença avança, os indivíduos podem passar por alterações na personalidade e no
comportamento, e apresentar dificuldades para reconhecer amigos e familiares.
Estágio avançado: o cérebro encolhe muito em função da morte de células em todo o órgão, a
maior parte do córtex está muito danificada. As pessoas perdem a capacidade de se comunicar, de
reconhecer a família e as pessoas queridas, e de cuidar de si mesmas.
A doença de Alzheimer é uma das doenças mais complexa e desconcertante encontrada na medicina
clínica, e é a causa mais comum de mortalidade na população idosa. Nos últimos anos, no entanto,
grandes avanços na compreensão da doença foram feitos: novas abordagens e instrumentos
que melhoraram a precisão do diagnóstico. Além disso, houve avanços significativos na
compreensão da fisiopatologia da doença de Alzheimer. No momento não há cura para a doença
de Alzheimer. Terapias atuais se concentram em tratar os sintomas associados, como depressão,
ansiedade, distúrbios do sono, alucinações e delírios.
Casos e casos
Após o estudo teórico mais detalhado, você será apresentado a casos práticos diversificados
divulgados na mídia e poderá analisá-los com outra visão e de forma crítica.
“Sabemos que ela é especial, sabemos que seu cérebro tinha absolutamente nenhum sinal de
Alzheimer [...] Talvez houvesse algo no seu corpo que a protegesse contra a demência. Achamos que
existem genes que talvez assegurem vida longa e protejam contra Alzheimer” disse Holstege à BBC.
O trabalho dos pesquisadores holandeses foi divulgado na American Society of Human Genetics em
Montreal, no Canadá, e sugere que a mulher que viveu até os 115 anos (W115), sem sinal algum de
demência, tinha genes que a protegiam contra doenças associadas à velhice. A idosa foi submetida
45
UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
ao teste de capacidade mental aos 113 anos e seu desempenho foi de uma mulher com a idade entre
60 e 75 anos, além dos exames após sua morte não terem apresentado qualquer sinal de demência
ou endurecimento das artérias associado a doenças do coração. Mas casos como o da W115 são raros
na mídia, os mais comuns são entrevistas e reportagens de idosos com algum tipo de demência,
nesse caso, doença de Alzheimer.
Dúvida enviada por Daniel Panobianco de Oliveira ao professor titular de Bioquímica e Neurociência
da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Sérgio Ferreira. Sabemos que, embora exames possam
ser feitos o diagnóstico preciso da doença de Alzheimer é dado apenas após a morte do paciente.
É importante a população estar ciente e atenta para os sinais os quais idosos venham apresentar para
proporcionar qualidade de vida ao paciente. A história de amor e dedicação em cuidar da esposa
com doença de Alzheimer, e fazer uma cartilha para conscientizar a população sobre a doença tem
feito o diferencial na história do Seu Jorge. No programa Encontro com Fátima Bernardes da TV
Globo no dia 07/08/2012, seu Jorge, esposo de Dona Maria, conta: “Eu costumo dizer que perdi
a Maria que tinha, mas ganhei outra para cuidar [...] Em primeiro lugar, é importante a aceitação
do problema e depois socializar o paciente ao máximo. É preciso tratá-lo como majestade e criança
ao mesmo tempo. Nós não deixamos a Maria se sentir uma pessoa doente em momento nenhum”.
Veja o vídeo em <http://tvg.globo.com/programas/encontro-com-fatima-bernardes/O-Programa/
noticia/2012/08/historia-de-amor-supera-o-alzheimer-e-emociona-os-convidados.html>
Os 10 sinais
Conhecer os 10 sinais é uma maneira de alertar a população em procurar um profissional qualificado.
São eles:
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
1. A perda de memória que atrapalha a vida diária. Um dos sinais mais comuns
da doença de Alzheimer, especialmente nas fases iniciais, é o esquecimento de
informações apreendidas recentemente. Outros incluem esquecer datas importantes
ou eventos, necessitando da mesma informação várias vezes.
4. Confusão com o tempo ou lugar. Pessoas com Alzheimer podem perder a noção
de datas, estações do ano e da passagem do tempo. Elas podem ter dificuldades para
entender alguma coisa, se não estiver acontecendo imediatamente. Às vezes, elas
podem se esquecer de onde são ou como chegaram lá.
47
UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Tratamentos
Embora os medicamentos atuais não possam curar a doença de Alzheimer ou impedi-la de
avançar, eles podem ajudar a diminuir os sintomas, como perda de memória e confusão. Todos
os medicamentos prescritos atualmente, aprovados para o tratamento de sintomas de Alzheimer,
no início de estágios moderados são de uma classe de medicamentos chamados inibidores da
colinesterase. Os inibidores da colinesterase são prescritos para tratar os sintomas relacionados
com a memória, pensamento, outros processos de pensamento, linguagem e julgamento.
48
NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Muitos estudos têm sido feitos para testar genes relacionados, mutações, vias neurais,
neurotransmissores e proteínas para um maior entendimento e eficiência no tratamento, e uma
possível prevenção da doença de Alzheimer.
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CAPÍTULO 3
Parkinson
Figura 26. Secção coronal mostrando os gânglios da base em relação às estruturas que os circundam.
Fonte: Modificado de: KANDEL. Principles of Neural Science. 4ª Edição, McGraw-Hill Companies, 2000.
Primeiras descobertas
James Parkinson, um médico inglês, descreveu pela primeira vez a doença que leva seu nome
em 1817 a partir da observação de pacientes tanto em seu consultório quanto na rua. É um dos
distúrbios do movimento mais comun, mais estudado e mais compreendido. A falta da dopamina
em determinadas regiões do SNC acarreta em tremores nas mãos quando estas estão paradas, sem
realizar nenhum movimento, tremor de repouso (4-5 por segundo); lentidão dos movimentos, sem
paralisia, e desequilíbrio ao andar.
51
UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Alguns sintomas semelhantes à Doença de Parkinson podem ser causados por doenças e alguns
medicamentos, nesses casos, nos referimos a esses sintomas como parkinsonismo. Esses, quando
secundários a determinadas medicações, podem ser reversíveis e quando associados a outras doenças
neurológicas respondem pouco à medicação. Nem todo paciente com parkinsonismo ou Doença de
Parkinson tem tremor e, nem todo paciente com tremor é parkinsoniano. A doença conhecida como
tremor essencial tem como único sintoma o tremor, que aparece ao se fazer um movimento.
Os núcleos da base são bilaterais, são eles: núcleo caudado, putâmen, globo pálido, substância negra
e núcleo subtalâmico. Estão localizados principalmente lateralmente e em torno do tálamo (Fig. 27).
Figura 27. Relações anatômicas dos gânglios da base com o córtex cerebral e o tálamo.
52
NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
A substância negra está localizada no tronco encefálico e envia projeções dopaminérgicas para o
núcleo caudado e para o putâmen (Fig. 28). A dopamina funciona como neurotransmissor inibitório
na maior parte do encéfalo, assim, a destruição dos neurônios dopaminérgicos na substância negra
do paciente parkinsoniano torna o núcleo caudado e o putâmen ativos constantemente, enviando
sinais excitatórios para o sistema de controle motor corticoespinhal. Acredita-se que somente após
a perda de mais de 85% dos neurônios da parte compacta da substância negra do mesencéfalo é que
começam a surgir os sintomas motores da doença de Parkinson.
Figura 28. Vias neurais que secretam diferentes tipos de substâncias neurotransmissoras nos gânglios da base
como a acetilcolina (Ach) e o ácido gama-aminobutírico (GABA).
O tremor ocorre durante a vigília, é um tremor involuntário. Na verdade, os pacientes com doença
de Parkinson, que perderam os neurônios dopaminérgicos, não só têm um distúrbio motor, mas
também a falta de motivação e têm afeto e espontaneidade reduzida, anomalias que podem ser
reflexo da diminuição na transmissão nas vias mesocortical dopaminérgica. Da mesma forma, lesões
que destroem a área tegmental ventral, que dá origem ao sistema dopaminérgico mesolímbico e
causam demência e sintomas psicóticos.
A proteína Tau em sua forma solúvel foi encontrada em níveis menores no cérebro de pacientes que
haviam falecido com a doença de Parkinson. Adicionalmente, outras pesquisas já haviam divulgado
o acúmulo de ferro na substância negra no cérebro de pacientes com doença de Parkinson, assim
como no córtex de pacientes com doença de Alzheimer e em outras regiões cerebrais em outras formas
de taupatias. A relação despertou interesse em estudar se a deficiência da Tau seria responsável pelo
acúmulo de ferro.
53
UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Para tal, foram utilizados camundongos transgênicos deficientes para a proteína Tau. Aos 12 meses,
já idosos, os animais transgênicos apresentavam perda cognitiva, tinham alterações severas na
locomoção e em todos os testes funcionais quando comparados com os camundongos controles.
Além disso, eles tinham acúmulo de ferro no cérebro e 40% menos neurônios dopaminérgicos em
comparação aos controles normais. Assim, além de formar agregados tóxicos no cérebro na sua
forma anormal, a Tau também é necessária para prevenir danos associados ao envelhecimento.
Portanto novas abordagens terapêuticas que mantenham a solubilidade da Tau e sua abundancia
poderão ser muito promissoras para as taupatias.
Casos e casos
Embora seja mais comum ocorrer aos 50 anos de idade, a doença de Parkinson pode apresentar
os primeiros sintomas em diferentes faixas estarias. Vejamos alguns depoimentos de pacientes
parkinsonianos portugueses.
“Tudo começou aos 45 anos, com um ligeiro tremor do lado esquerdo do corpo
quando, em repouso, mudava de posição. Por essa altura foi me também
diagnosticada Vertigem Posicional Paroxística [...] Comecei a ter perda de
equilíbrio, rigidez no dedo anelar esquerdo e dificuldade na motricidade fina,
como segurar uma régua, fazer um traço com régua, dobragens [...] Consultei
um neurologista, no Hospital da Horta, Açores, que em 15 minutos de consulta
me referiu que eu tinha Parkinson em fase inicial. Fiquei aborrecida com a
forma como me comunicou a situação, porque considerei que apenas com
meia dúzia de exames de manipulação das articulações, observação de marcha
e com base numa rápida realização da minha história clínica, não era possível
fazer um diagnóstico tão concreto [...] Claro que me sinto um pouco limitada
em certas situações do quotidiano, mas nunca deixei de fazer nada do que
fazia até agora. Tenho algumas dores ósseas nas pernas caso me mantenha
muito tempo sentada ou em pé, tenho mesmo é de aprender como contornar
as situações que me possam conduzir ao desconforto.”
(Maria José Biscaia, 47 anos, Açores, Portugal, 14 de Maio de 2012).
54
NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
do sitio. [...] Com muitos momentos de grande tristeza tentei sempre dar a
volta, não me deixando abater pela depressão. Quando estava com o melhor
efeito da medicação saia o mais possível, agora, sempre acompanhado. Tudo
se tornava um problema não conseguia virar-me na cama, tinha distúrbios
urinários, vestir e despir sozinho era muito difícil, para comer precisava que
me partissem os alimentos e segurar os talheres por vezes era impossível, a
condução tornou-se impraticável, para passear tinha que me limitar a andar
o mínimo e procurar restaurantes com estacionamentos muito perto [...] Dia
7 de Setembro de 2006 dei entrada neste hospital para a preparação cirúrgica
que se realizou a 12 do referido mês [...] Tudo decorreu dentro da normalidade,
fui-me apercebendo do desenrolar da cirurgia pois estava acordado e pude ver
e ouvir o que lá se passava. O tempo cirúrgico foi difícil. [...] O primeiro mês foi
de fato o mais difícil devido às necessidades de ajuste da estimulação. Agora
sinto me um homem rejuvenescido, autônomo capaz de ter uma vida social
antes perdida.[...] simples fato de sair para ir ao restaurante, às compras ou
simplesmente passear, deixou de ser uma prática planeada ao pormenor, já
não tenho limitações de marcha [...]”
(Paulo de Sousa Moreira, 5 anos depois da cirurgia, Hospital de S. João – Porto, Portugal, 11 de
Abril de 2007).
Os depoimentos nos chamam atenção por alguns pontos em comum, os primeiros sinais que
despertam desconforto e procura profissional especializada foram os tremores em um dos membros
superiores, após o diagnóstico e a debilitação com o passar do tempo e o desenvolver da doença, há
um período de abalo psicológico pela incapacidade de fazer coisas antes rotineiras, até que aconteça
o momento de aceitação e estabilidade com o tratamento.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Sinais
A síndrome parkinsoniana ou parkinsonismo é um complexo de sinais e sintomas que podem ser
produzidos por uma variedade de situações, incluindo a doença de Parkinson, também conhecida
como parkinsonismo idiopático.
A doença costuma ter início aos 50 anos de idade, embora haja casos precoces frequentes. A doença
tem início lento e gradual, e as manifestações clínicas estão limitadas a metade do corpo. Com o passar
do tempo, os sintomas tomam as duas metades do corpo, mas geralmente o quadro é assimétrico
durante toda sua evolução. A face de um paciente com doença de Parkinson é característica por
causa da lentidão dos movimentos, quase não pisca e há pouco movimento dos músculos da face.
Na fase tardia aparece o envolvimento da doença com o equilíbrio, o paciente tende a assumir uma
postura encurvada para frente e a marcha tende a manifestar-se com passos curtos, muitas vezes
arrastando os calcanhares no chão.
Tratamento
Não é conhecida a causa da doença de Parkinson, mesmo não sendo incomum encontrar mais de
uma pessoa na mesma família acometida pela doença, ela não é hereditária. Os medicamentos
existentes para o tratamento dos pacientes são para melhorar os sintomas da doença, como o tremor
e a lentidão dos movimentos, e além dos medicamentos orais, fisioterapia e terapia ocupacional, há
o tratamento cirúrgico em alguns casos mais avançados, mas não há cura, ainda.
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Há outros medicamentos que podem ser utilizados nas fases iniciais da doença. Porém não são tão
eficientes quanto à levodopa, como:
»» selegilina;
»» amantadina;
»» L-deprenil: inibe monoamina oxidase que destrói a dopamina após ser secretada.
Dopamina liberada permanece mais tempo nos tecidos dos gânglios da base por um
período maior de tempo. Torna a destruição dos neurônios que secretam dopamina
na substância negra mais lenta.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Vários estudos têm sido realizados a cerca de medidas preventivas e/ou para melhorar os sintomas
de secundários da doença.
Um estudo realizado pelo grupo de pesquisa do professor William J. Marks Jr. da Universidade da
Califórnia, São Francisco, publicado na edição de dezembro de 2010 do The Lancet Neurology, tem
mostrado que, embora a terapia genética tenha falhado em relação ao desfecho primário do estudo –
a função motora em 12 meses – os pesquisadores descobriram evidências suficientes para continuar
a testar a abordagem da terapia genética. As autópsias feitas em cérebro de dois pacientes, tratados
com terapia gênica (que morreram de causas não relacionadas com o estudo) sugerem que uma
maior dose do medicamento e a adição de um segundo local de segmentação pode ser útil.
Outro estudo de igual importância é acerca dos sintomas psicológicos. Além dos problemas físicos,
a doença de Parkinson pode também causar sintomas psicológicos – cerca de metade das pessoas
com doença de Parkinson sofrem de depressão. Certos antidepressivos parecem diminuir depressão
de pessoas com doença de Parkinson, sem efeitos colaterais (piorar os problemas motores) de
acordo com um estudo publicado em 11 de abril de 2012, edição on-line de Neurology ®, o jornal
médico da Academia Americana de Neurologia. Em um estudo foram testados dois antidepressivos,
a paroxetina e a venlafaxina, as pessoas que receberam paroxetina tiveram uma melhora de 59%,
e os que receberam venlafaxina tiveram 52% de melhora na escala de Hamilton para depressão. As
pessoas que receberam o placebo tinham um 32% de melhoria. As drogas foram, geralmente, bem
toleradas e não levou a qualquer agravamento no funcionamento motor. A autora da pesquisa é
Irene H. Richard, da Universidade Centro Médico Rochester em Nova York e membro da Academia
Americana de Neurologia. (Good News for Parkinson’s Patients: Drugs May Ease Depression
without Worsening Motor Problems. American Academy of Neurology, 2012).
58
CAPÍTULO 4
Aterosclerose
A aterosclerose é uma doença inflamatória, aproximadamente 300 mil óbitos/ano no Brasil são
causados por doenças cardiovasculares associadas à arteriosclerose. Nos Estados Unidos as doenças
cardiovasculares são responsáveis por cerca de 80% das mortes de pessoas com mais de 65 anos de
idade (GIROLDO et al., 2007; MACHADO et al., 2003), e nas sociedades ocidentais a aterosclerose
é causa primária de 50% de todas as mortes relacionadas com infarto do miocárdio e acidente
vascular cerebral (LUSIS, 2000).
1. No vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=75FZCnJ6Vd0>
»» placa de gordura;
»» cápsula fibrosa; e
2. No vídeo: <http://www.youtube.com/watch?v=BIQtntZZGqI>
Vamos detalhar mais um pouco para começar nossos estudos, observe também:
»» espaço subendotelial;
»» monócitos/macrófagos/células espumosas;
»» tecido fibroso;
»» angina estável;
»» trombose
»» plaquetas/trombo/coágulo sanguíneo;
»» angina instável.
Agora que você já tem uma visão prévia do que vamos estudar nesse capítulo, podemos seguir com
mais detalhes.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Como começa?
Em 1970 estudos experimentais e clínicos mostravam uma relação entre hiperlipidemia e formação
de ateroma, então havia a ideia da existência de uma relação direta entre lipídeos e aterosclerose
(ROSS, 1976). Atualmente a ciência tem demonstrando que a gênese da aterosclerose é complexa
e envolve componentes genéticos, ambientais e respostas inflamatórias (HACKAM; ANAND, 2013;
LIBBY, 2002; STEIN et al., 2002; HULTHE; FAGERBERG, 2002).
Segundo Hackam e Anand (2013) a aterosclerose resulta de uma série de respostas celulares e
moleculares altamente específicas, é uma doença progressiva, lenta e multifatorial. As
placas ou estrias gordurosas são formadas por acúmulos de lipídeos, elementos fibrosos e
células inflamatórias que se depositam na parede das artérias (como visto no vídeo no início da
aula) o que acaba provocando a obstrução da artéria (LIBBY, 2002).
Qualquer artéria pode ser afetada, mas os principais alvos da doença são a aorta, e as artérias
coronárias e cerebrais, tendo como principais consequências o infarto do miocárdio, a isquemia
cerebral e o aneurisma aórtico (FUSTER, 1994; BADIMON et al., 1993). Assim, principais doenças
ateroscleróticas incluem: doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral e doença arterial
periférica.
Napoli et al. (1997) postulam que a aterosclerose pode iniciar na vida intrauterina, progredir
lentamente na adolescência e apresentar manifestações clínicas na vida adulta. Alguns estudos
mostram que o processo aterosclerótico pode ocorrer precocemente já que há uma prevalência de
placas ateroscleróticas superior à 40% nas autópsias de adultos jovens (McGILL et al., 2000). Em
geral, a doença aterosclerótica é a principal representante dos processos patológicos cardiovasculares
ligados ao envelhecimento, ela se manifesta em indivíduos adultos e a sua incidência aumenta
exponencialmente a partir dos 45 anos de idade (HAZZARD, 1989).
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Figura 29. Evolução da aterosclerose. 1) Artéria normal. 2) A lesão aterosclerótica (fase inicial, lenta e gradual) se
inicia com o acúmulo de lipídios na camada mais interna da artéria. 3) Evolução para estágios iniciais da placa.
4) Formação de uma placa complexa, limitada por uma capa fibrótica. Eventos agudos ocorrem com a ruptura
da capa. 5) Ruptura da placa aterosclerótica, provoca uma trombose da artéria ocasionando a uma oclusão ou
suboclusão imediata. 6) A reabsorção do trombo pode ser seguida por sua organização e aumento do volume
da placa.
Fonte: <http://www.pedrofarsky.med.br/Colesterol.html>
Fatores de risco
Os fatores de risco podem ser divididos em Subjacentes (implícito), Principais e Emergentes.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
›› Colesterol LDL elevado: o LDL (do inglês Low Density Lipoprotein) é uma
lipoproteína de baixa densidade e faz parte da família das lipoproteínas, ela
transporta o colesterol e os triglicerídeos do fígado e intestino delgado às células
e tecidos que estão necessitando destas substâncias. Uma elevação dos níveis
séricos de colesterol LDL é um fator de risco para doença arterial coronariana,
qualquer elevação dos níveis séricos de LDL é suficiente para iniciar e manter
a aterogênese. Populações que têm níveis muito baixos de colesterol LDL
geralmente têm baixas taxas de doença cardíaca coronária, mesmo quando
outros fatores de risco cardiovascular presentes.
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Com o aumento mundial de sobrepeso / obesidade e hábitos de vida sedentária um padrão de fatores
de risco está emergindo. Este padrão consiste de vários fatores de risco metabólicos e é designado
como síndrome metabólica.
›› estado pró-inflamatório; e
›› estado pró-trombótico.
A síndrome metabólica, por si só, não é considerada como uma condição de alto risco. A avaliação
de risco em pessoas com a síndrome metabólica deve, primeiro, ser baseada nos fatores de risco
principais, já que a relação da síndrome metabólica com doenças cardiovasculares não é bem
estabelecida quanto aos principais fatores de risco. No entanto, há evidências crescentes de que
a síndrome metabólica representa um importante fator de risco comum em muitas populações
e merece maior atenção no contexto clínico. Os pacientes com a síndrome metabólica merecem
intensas mudanças no estilo de vida para reduzir a gravidade da síndrome.
De uma forma geral, os principais fatores de risco cardiovascular (tabagismo, hipertensão arterial,
distúrbios lipídicos séricos e diabetes) são comuns em muitas populações, no entanto, em alguns
indivíduos os fatores de risco ocorrem nas formas grave ou incomum, precisando, assim, de uma
investigação mais cuidadosa.
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Sob condições anormais, sais de cálcio podem se precipitarem em tecidos não ósseos, como
nas paredes das artérias na condição chamada arteriosclerose, transformando as artérias em
tubos semelhantes à ossos.
Na aterogênese as respostas inflamatórias são mediadas por mudanças funcionais das células
endoteliais, dos linfócitos T, dos macrófagos que são derivados de monócitos, e das células do
músculo liso (LIBB, 2002; NICOLLETTI et al. 2000). Quando essas células são ativadas há a
uma interação de citocinas, moléculas de adesão, fatores de crescimento, acúmulo de lípideos e
proliferação de células do músculo liso (ROSS 1999).
O estresse oxidativo também pode induzir uma resposta inflamatória, principalmente pela oxidação
do colesterol LDL (HULTHE; FAGERBERG, 2002; KUNSCH; MEDFORD, 1999).
Como já vimos em aulas anteriores, doenças inflamatórias têm sido relacionadas a um desbalanço
redox e efeitos do excesso de espécies oxidantes nos organismos. Os radicais livres são produzidos
naturalmente, já que a oxidação é fundamental na via aeróbica do metabolismo, ou, por alguma
disfunção biológica.
No organismo dos mamíferos encontramos as espécies reativas de oxigênio que são naturalmente
produzidas na cadeia respiratória das mitocôndrias com a redução de um elétron do oxigênio
molecular. NAD(P)H oxidase, xantina oxidase, mieloperoxidase, cicloxigenase e lipoxigenase são
grandes fontes enzimáticas de espécies reativas de oxigênio. A radiação UV representa um exemplo
de um fator ambiental de geração de espécies reativas de oxigênio. Em altas concentrações podem
danificar macromoléculas celulares como o DNA, proteínas e lipídios, podendo levar à morte celular.
Estudos relacionados ao metabolismo das lipoproteínas de baixa densidade (LDL) têm ganhado
grande destaque no entendimento da aterosclerose. A formação de ateromas resulta em uma
lesão endotelial, a qual permitirá a entrada de mais LDL na parede do vaso sanguíneo seguido
pelo desenvolvimento de macrófagos na parede do vaso. Os macrófagos secretam citocinas que
estimulam o aumento da resposta inflamatória local, havendo aumento de citocinas e quimiocinas,
ambas responsáveis pelo recrutamento dos leucócitos. Atraídos pelas citocinas, os linfócitos também
podem entrar na parede do vaso estimulando a formação de anticorpos, isto pode manter e modificar
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Desafio clínico
Em diferentes países e regiões do mundo, a prevalência da incidência de aterosclerose e as
manifestações são variadas. Essas diferenças dependem tanto da suscetibilidade racial quanto do
estilo de vida da nação.
Foi feita a autopsia das artérias cerebrais (carótidas comum, carótida interna, vertebral, cerebral
média e artéria basilar) em um grupo de 1.547 pessoas de cinco países (Noruega, Guatemala, Estados
Unidos, Jamaica e Chile) e constatou-se que os homens apresentam um índice mais elevado de
lesões ateroscleróticas do que as mulheres.
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CAPÍTULO 5
Cuidado com pacientes idosos e ou
com doenças degenerativas
Senescência e senilidade
Segundo o dicionário Aurélio, senescência significa caráter do que é senescente, envelhecimento,
decrepitude, senilidade, decadência; e a senilidade é uma das últimas etapas do processo chamado
envelhecimento, a senilidade ocorre quando o envelhecimento acarreta um esmorecimento da
memória e das funções físicas. Discutiremos essas definições literárias.
Embora o organismo envelheça como um todo, cada órgão, tecido ou célula têm envelhecimentos
diferenciados. O envelhecimento perceptivo é muito diferenciado, enquanto algumas modalidades
sensoriais quase não são afetadas, como gosto e olfato, outras são prejudicadas, como audição,
visão e equilíbrio. Essas alterações têm consequências importantes e às vezes graves no aspecto
psicológico e social do indivíduo (MORAIS et al., 2010).
Assim, o envelhecimento pode ser considerado biologicamente como uma involução morfofuncional
que afeta os sistemas fisiológicos, porém essa “involução” não impede que o indivíduo se mantenha
ativo, independente e feliz. A velhice bem-sucedida – física e mental – modifica a relação do homem
com o tempo, com o mundo e com a sua história (MORAIS et al., 2010).
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
ser limitado cognitivamente, apenas requer adaptação dos estímulos ambientais (MORAIS et al.,
2010).
Com o passar dos anos, as alterações nas funções fisiológicas podem ocasionar o aumento do risco
de desenvolvimento de Desordens Neurodegenerativas (DNs) como a doença de Alzheimer (DA),
Doença de Parkinson (DP), Doença de Huntington (DH), Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA),
entre outras. As alterações celulares que ocorrem ao longo do envelhecimento estão associadas a
essas doenças.
Como já visto nos capítulos anteriores, essas alterações celulares são ocasionadas por acúmulo
de danos no DNA nuclear (DNAn) de neurônios do Neocórtex e do Hipocampo, como também,
o aumento da produção de espécies reativas do oxigênio e citocinas inflamatórias, causando
danos oxidativos de biomoléculas e desenvolvimento de resposta inflamatória crônica.
Agora você já está apto para diferenciar senescência e senilidade e como elas estão relacionadas ao
assunto tratado até o momento.
O envelhecimento e a doença não são intimamente dependentes ou interligados, porém nos idosos
existe maior vulnerabilidade de adoecer, pois a qualidade de vida é influenciada por múltiplos
fatores – físicos, psicológicos, sociais e culturais – mais facilmente do que em qualquer outra faixa
etária.
A assistência ao idoso deve prezar pela manutenção da qualidade de vida, considerando o processo
de perdas próprias do envelhecimento e as possibilidades de prevenção, manutenção e reabilitação
do seu estado de saúde, numa atuação interdisciplinar e multidimensional.
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Síndromes geriátricas
Incapacidade cognitiva
A cognição é o conjunto de funções cerebrais, são elas (VILELA et al., 2008):
Essas funções juntas e integradas permitem a interação entre as pessoas e o mundo, nos capacita
a resolver problemas cotidianos, tomar decisões e ter motivação, que são fundamentais para a
autonomia (VILELA et al., 2008).
O envelhecimento fisiológico não afeta a cognição significativamente, há, apenas, uma maior
lentificação no processo cognitivo e diminuição da atenção, aumentando a dificuldade no resgate
das informações apreendidas, reduzindo a memória prospectiva e a memória contextual. Embora as
alterações aconteçam em vários pontos, o resultado não causa um prejuízo na execução das tarefas
cotidianas, contrário do que quando as alterações ocorrem nos órgãos dos sentidos que dificultam o
acesso às informações e ao aprendizado (VILELA et al., 2008).
Demência
O diagnóstico de demência deve ser dado após a detecção de múltiplos déficits cognitivos que
comprometem a memória e outra função cognitiva, resultando em alterações na relação social e
nas atividades diárias, segundo o DSM IV-TR, Manual de Classificação de Doenças Mentais da
Associação Americana de Psiquiatria (2002).
A perda de memória é gradual, iniciando na memória episódica recente, intermediária e por fim na
memória remota.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Quedas
Há várias definições para queda, porém para nosso curso o importante é a definição da Associação
Médica Brasileira (2000). Queda é o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior
à posição inicial, onde o indivíduo é incapaz de corrigir em tempo hábil.
Aproximadamente 30% a 75% das quedas são acompanhadas de lesões, mas metade dos feridos
não procura atendimento médico. As fraturas mais comuns são as vertebrais, do fêmur, do
úmero, do rádio distal e das costelas. Quedas de maior gravidade ocorrem geralmente longe de
casa, provavelmente por serem mais ativos e estarem mais sujeitos a lesões mais graves. A morte
acidental é a quinta causa de óbito na população idosa e as quedas representam dois terços destes
acidentes. Alguns pacientes que são hospitalizados após a queda vão a óbito por pneumonia, infarto
do miocárdio ou tromboembolismo pulmonar (SUDARSKY; TIDEIKSAAR, 1997).
Além disso, as quedas podem provocar sintomas de ansiedade e depressão. Após a queda, o idoso
pode diminuir sua atividade por precaução, dor ou até mesmo por incapacidade funcional. A
reabilitação após a queda pode ser demorada e pode resultar num acamamento prolongado, levando
a complicações como tromboembolismo venoso, úlceras por pressão e incontinência urinária.
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NEURODEGENERAÇÃO │ UNIDADE II
Intrínsecos
Relacionados ao próprio indivíduo, levando à instabilidade postural. São responsáveis por mais da
metade dos incidentes de queda.
Os idosos tem uma diminuição da velocidade da integração central com os mecanismos envolvidos
no reflexo postural, ou seja, a resposta neurológica (motora aos estímulos) está lentificada.
Outras alterações ligadas à idade que predispõem o indivíduo idoso a quedas, como a diminuição
da visão e da audição, distúrbios vestibulares, distúrbios da propriocepção, aumento do tempo de
reação, hipotensão postural, degeneração articular, diminuição da massa muscular, sedentarismo,
deformidades dos pés, perda da massa muscular, aumento de colágeno muscular (fibrose muscular)
e perda das fibras nervosas de condução rápida. Estas alterações caracterizam a marcha da pessoa
idosa (diminuição do balanço dos braços, postura encurvada, flexão de quadril e joelhos, dificuldade
para retornar, passos curtos, lentidão).
Pois saiba que há uma forte relação entre distúrbio de equilíbrio, marcha e quedas. Doenças
neurológicas (demência, doença de Parkinson, acidente vascular encefálico, neuropatia periférica,
epilepsia, traumatismo cranioencefálico, tumores do sistema nervoso central) podem afetar o
equilíbrio, e consequentemente a marcha predispõe a queda.
Além disso, algumas doenças podem ocasionar diretamente as quedas como: doença coronariana,
insuficiência cardíaca, síncope de origem cardiogênica, hipertensão arterial, arritmia, insuficiência
vertebrobasilar, hipotensão ortostática, desidratação, insuficiência renal por deficiência de vitamina
D, síndrome vaso-vagal, sangramento oculto, hipo e hiperglicemia, hipo e hipertireodismo, distúrbios
hidroeletrolíticos, infecções, depressão, anemia, hipotermia, alcoolismo, incontinência urinária,
doença pulmonar e embolia pulmonar. Qualquer doença aguda pode diminuir temporariamente a
perfusão cerebral e aumentar a possibilidade de perda de consciência e quedas.
Outro fator que pode causar quedas são as medicações. Além dos efeitos propriamente ditos dos
remédios (intrínsecos) há alteração da farmacocinética e da farmacodinâmica causada pela idade
(alteração da gordura corporal – aumento de 35% – diminuição do metabolismo renal e hepático).
Alguns medicamentos são estudados por aumentarem o risco de quedas são as drogas psicoativas,
cardiovasculares, vasodilatadores, o uso de mais de quatro medicações, benzodiazepínicos e
neurolépticos. É importante estar atento aos efeitos colaterais das medicações.
Extrínsecos
São relacionados ao ambiente que cerca o indivíduo, podendo ser riscos ambientais ou tipo de
movimentação executada pelo indivíduo. A grande maioria das quedas ocorre em casa, devido à
iluminação inadequada, tapetes soltos, degraus estreitos, obstáculos no caminho, piso irregular,
cama com altura inadequada, telefone pouco acessível, piso escorregadio, entre outras.
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UNIDADE II │ NEURODEGENERAÇÃO
Geriatria
A geriatria é uma ciência médica [...] o geriatra é um indivíduo que procura
atender o seu paciente, seu cliente, para ter uma visão sistêmica, holística de
todas suas funções para programar um envelhecimento bem sucedido para ele,
a gente sabe que você pode envelhecer bem ou pode envelhecer mal [...]
(GORDILHO, 2012).
Esta aula será desenvolvida por você, aluno. Será baseada em textos complementares e atividades
para uma visão ampla da importância dessa especialidade médica.
72
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