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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação.................................................................................................................................. 4
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
SEGURANÇA DOS ALIMENTOS................................................................................................................ 9
CAPÍTULO 1
Conceituação...................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
Papel do especialista em vigilância sanitária e qualidade de alimentos...................... 26
Unidade iI
Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)........................... 32
Capítulo 1
Agentes causais de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)................... 32
Capítulo 2
Microbiologia dos alimentos.......................................................................................... 37
Unidade iII
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)................................................................... 53
Capítulo 1
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)...................................................... 53
Capítulo 2
Metodologias analíticas................................................................................................. 129
Capítulo 3
Técnicas moleculares..................................................................................................... 137
Capítulo 4
Investigação de surtos de DVAs...................................................................................... 143
Referências................................................................................................................................. 148
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
5
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
No Caderno de Estudos Segurança dos Alimentos, você terá a oportunidade de
compartilhar do conhecimento a respeito dos últimos conceitos sobre o tema, envolvendo
a discussão a respeito do novo cenário epidemiológico das doenças veiculadas pelos
alimentos, as técnicas moleculares de pesquisa microbiológica dentre outros aspectos.
Cabe ressaltar que o texto possui a preocupação de preservar os fundamentos científicos
validados, apresentando-os de forma didática e objetiva.
Bons estudos!
Objetivos
»» Identificar os fundamentos básicos da segurança dos alimentos, a fim
de sedimentar conhecimentos e alcançar o aprofundamento dos estudos
nessa área.
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SEGURANÇA DOS Unidade I
ALIMENTOS
CAPÍTULO 1
Conceituação
Na primeira metade do século XV, surgiram outros ofícios ligados à alimentação, que
se organizaram em corporações, com registro de estatutos e garantia de exclusividade
da fabricação e venda de alimentos. Desde então, os pontos de comercialização de
alimentos instalaram-se, preferencialmente, em locais de grande aglomeração
de pessoas e praças, portos e escolas, ou no andar térreo de imóveis ao longo de
ruas, compartilhando espaços com sapateiros, ourives e outros (FLANDRIN;
MONTANARI, 1998).
Assim como em outras partes do mundo, no Brasil, a primeira forma de comércio foi
o escambo, estratégia pela qual os primeiros colonizadores arregimentavam mão de
obra indígena para a derrubada das árvores de pau-brasil, em troca de quinquilharias e
bugigangas, segundo Varotto (2006, p. 86). O comércio viria mais tarde, com a formação
das primeiras vilas litorâneas, cuja principal mercadoria era o açúcar. Posteriormente,
iniciou-se a comercialização de ouro, pedras preciosas e de alimentos como vinhos,
azeites, farinhas e bacalhau, trazidos pela coroa portuguesa, estimulando comerciantes
europeus a se instalarem nas cidades portuárias como Rio de Janeiro, Salvador, São
Luis e Belém. Em 1870, o café era o principal produto de exportação.
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
carência de alimentos, foram instaladas, por volta de 1920, as primeiras “feiras livres”,
os mercados, aos armazéns de secos e molhados e os vendedores ambulantes. Em 1970,
surgiram os primeiros hipermercados na capital paulista (VAROTTO, 2006).
A Food Agriculture Organization (FAO) estima que até o ano de 2050 a produção de
alimentos deva ser ampliada em 70%, em função do crescimento populacional.
É razoável considerar que a população ficou mais exposta aos perigos para a saúde,
mormente aqueles veiculados pelos alimentos, apesar de todos os avanços tecnológicos.
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
O termo alimento seguro é um conceito que está crescendo na conjuntura global, não
somente pela sua importância para a saúde pública, mas também pelo seu importante
papel no comércio internacional (BARENDSZ, 1998). Entretanto, não há uma definição
aceita universalmente para o termo alimento seguro, já que o termo é relativo, pois
não existe alimento seguro, de forma absoluta. O entendimento mais aceito é o de que
é considerado alimento seguro quando este representa um nível aceitável de risco em
relação ao público envolvido.
CONTAMINAÇÃO DE DESCRIÇÃO
ORIGEM
É ocasionada quando há presença de corpos estranhos no alimento que prejudicam sua qualidade,
podendo colocar em risco a saúde do consumidor. Como exemplos, podem ser citados: fragmentos de
FÍSICA
vidro; pregos; parafusos; limalhas de metais; ferpas de madeira; pedaços de pano; caroços ou cascas
de frutas; pedras etc.
Fonte: Adaptado de JAY, J. M. Modern food microbiology. 4a ed. Chapman & Hall, 1992.
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
Órgão/sistema Efeito
Síndrome astenovegetativa, polineurite, radiculite, encefalopatia, distonia vascular, esclerose cerebral,
Sistema nervoso
neurite retrobulbar, angiopatia da retina.
Sistema respiratório Traqueíte crônica, pneumofibrose, enfisema pulmonar, asma brônquica.
Sistema cardiovascular Miocardite tóxica crônica, insuficiência coronária crônica, hipertensão, hipotensão.
Fígado Hepatite crônica, colecistite, insuficiência hepática.
Rins Albuminúria, nictúria, alteração do clearance da ureia, nitrogênio e creatinina.
Gastrite crônica, duodenite, úlcera, colite crônica (hemorrágica, espástica, formações polipoides),
Trato gastrointestinal
hipersecreção e hiperacidez gástrica, prejuízo da motricidade.
Sistema hematopoiético Leucopenia, eosinopenia, monocitose, alterações na hemoglobina.
Pele Dermatites, eczemas.
Olhos Conjuntivite, blefarite
Fonte: adaptado de FUNASA (2003, apud KALOYANOVA; SIMEONOVA, 1977).
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
agrotóxicos.
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
para a saúde pública, no mundo todo. Produtos de origem animal, como carne, ovos e
leite que tenham sofrido contaminação durante sua elaboração, contribuem de forma
decisiva para com a ocorrência das infecções de origem alimentar. (JORGE e col., 2001;
GERMANO; GERMANO, 2001; ROCOURT e col., 2003).
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
A população das grandes cidades convive com determinados problemas, tais como
o trânsito; o tempo extenso de deslocamento para o trabalho e os estudos; a falta de
espaço, disposição e tempo para a produção de alimentos no ambiente doméstico,
os quais dificultam a alimentação na própria residência e aumentam a demanda por
alimentação fora do lar, nem sempre saudável e segura.
Uma pesquisa realizada com 834 moradores da cidade de São Paulo, promovida pela
nutricionista Bartira Mender Gorgulho, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade
de São Paulo, avaliou a relação entre a alimentação fora do lar com a qualidade da dieta.
Entre os entrevistados, 482 (51,7%) afirmaram ter se alimentado fora de suas casas.
Dentre esses, 55% haviam realizado uma das principais refeições fora do domicílio.
Entre os que afirmaram o consumo de alimentos fora do lar, 15% o fizeram no café da
manhã, 30% no almoço e 10% no jantar (GORGULHO, 2012; TRUZ, 2013).
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
Indústria do turismo
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
Um dos grandes riscos que atinge o setor no tocante à segurança dos alimentos é a
ocorrência da “diarreia do viajante”, nome dado a diversos tipos de toxinfecções
alimentares adquiridos durante viagens, gerando prejuízos à imagem dos
estabelecimentos envolvidos, além de danos ao patrimônio público da perda de divisas,
sem contar com despesas com serviços médicos, internações, sem considerar ainda a
ocorrência de óbitos.
Segundo o IBGE, 2005, apenas 10% das entidades relacionadas ao segmento hoteleiro
são representas por grandes empresas do setor, muitas vinculadas a bandeiras
internacionais, que adotam, inclusive, sistemas de gestão da qualidade. Pelo lado
oposto, o restante é representado por micro e pequenas empresas, que apresentam
pequena qualificação de recursos humanos, expondo grande parte da população
turística a riscos inerentes a essas características. Há que se destacar, ainda, que pela
baixa regulamentação específica para o setor, a cultura da sub notificação de surtos
e pela alta dispersão regional em um país com grande extensão territorial, muitas
limitações na atuação das Vigilâncias tanto Epidemiológica quanto Sanitária agravam
ainda mais o cenário.
Ainda dentro do setor de turismo, um segmento que vem crescendo muito em procura é
o de cruzeiros marítimos. A alta concentração de pessoas no navio favorece a propagação
de microrganismos, especialmente os veiculados pelo ar, como o Norovírus, que vem
causando epidemias em roteiros marítimos. A contaminação da água e dos ambientes do
navio com o agente é de difícil controle, posto que a utilização da água pelos passageiros
não se limita a simples ingestão, mas envolve os cuidados de higiene pessoal, como
a escovação de dentes e o banho. O descarte de dejetos na rota navegada também
representa um agravo ao meio ambiente, favorecendo a contaminação de pescados e
frutos do mar.
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
Por ter necessidade de preparo antecipado e nem sempre a manutenção das temperaturas
na distribuição são suficientes para minimizar a multiplicação microbiana, a preparação
pode veicular algumas toxinfecções causadas por microrganismos esporulados, como
o B. cereus e o C. perfringens, este último prioritariamente veiculado por assados e
salgadinhos, como coxinhas e esfirras. Outro fator a se considerar é que a manipulação
excessiva justificada pela forma de apresentação da preparação pode ser a causa de
veiculação de toxinas de S.aureus.
Ainda outra preocupação que deve pautar os responsáveis pelo serviço é relacionada
com o descarte das sobras, especialmente aquelas que ficaram expostas no balcão de
distribuição.
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
Alimentação hospitalar Mesmas características da alimentação empresarial, Da mesma maneira que a alimentação empresarial,
acrescida de cozinha dietética, lactário e terapia nutricional. porém com riscos aumentados em função do perfil
da população alvo, geralmente imunodeprimida.
A adoção de dietas enterais industrializadas
geralmente diminuem os riscos em relação às
artesanais. O sistema APPCC bem executado é
indispensável neste setor.
Alimentação escolar Dispersão dos pontos de distribuição; condições estruturais O cardápio deverá ser programado de forma a
nem sempre adequadas; maior dificuldade na supervisão oferecer o menor risco possível, em relação à
e capacitação das equipes de merendeiras. Clientela aquisição e conservação das matérias-primas, bem
exclusivamente composta por crianças e adolescentes. como no processo de manipulação. A supervisão
deve ser intensificada. O sistema APPCC bem
executado é indispensável neste setor.
Alimentação comercial “por Geralmente, são estabelecimentos pequenos que não A capacitação dos proprietários, bem como o
quilo” dispõem de RT qualificado. Grande variedade de preparações rigor na fiscalização diminuem os riscos. O sistema
no cardápio, extenso tempo de exposição no balcão de APPCC é desejável neste setor.
distribuição. O reaproveitamento de sobras de distribuição
constituem risco adicional.
Comércio ambulante Ausência e/ou precariedade de instalações para manipulação A capacitação dos comerciantes ambulantes aliada a
do alimento; dificuldade de controle da qualidade da matéria– uma fiscalização eficiente reduzem os riscos.
prima.
Supermercado e mercados Grandes volumes de alimentos. Eventualmente, oferecem A existência de RT qualificado e a adequação da
refeições prontas em rotisseries ou restaurantes internos. estrutura física, especialmente no caso dos produtos
refrigerados, reduzem os riscos. O sistema APPCC
bem executado é indispensável neste setor.
Refeição transportada Grandes volumes e logística de distribuição que requer O sistema APPCC bem executado é indispensável
temperaturas controladas. neste setor.
Alimento read to eat Processamento da refeição com muita antecedência ao O sistema APPC é desejável neste setor.
consumo e refeições muito elaboradas.
Fast food Grandes volumes de alimentos semiprocessados; serviços de O sistema APPC é desejável neste setor.
entrega em domicílio.
Eventos Grandes volumes produzidos com antecedência; preparações O sistema APPCC bem executado é indispensável
muito elaboradas. neste setor.
Catering de aviação Preparo com até vários dias de antecedência; distribuição O sistema APPCC bem executado é indispensável
requer logística com controle de temperatura e neste setor.
reaquecimento eficiente, antes do consumo.
Fonte: próprio autor.
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
a. sensoriabilidade e prazer;
b. conveniência e praticidade;
c. confiabilidade e qualidade;
d. saudabilidade e bem-estar;
e. sustentabilidade e ética.
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 2
Papel do especialista em vigilância
sanitária e qualidade de alimentos
A questão da segurança alimentar e nutricional tem sido tema pertinente não apenas
em estudos científicos, como também nas questões de ordem política e econômica dos
países de todo o mundo. No Brasil, a mais recente conquista legal relativa ao tema
segurança alimentar, em seu sentido lato, deu-se por meio da Lei de Segurança Alimentar
e Nutricional, Lei no 11.346, de 15 de setembro de 2006. Em seu inciso IV, do quarto
artigo, do capítulo I, é especificado que a segurança alimentar e nutricional abrange
a garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos
oferecidos ao consumo. Neste capítulo, enfocaremos, especificamente, no aspecto da
qualidade sanitária e na inocuidade dos alimentos, sem comprometimento quanto às
demais esferas contempladas na referida legislação.
Os últimos debates sobre segurança dos alimentos têm demonstrado uma grande
preocupação com o estudo de alternativas mais eficientes para controle e garantia
da inocuidade dos alimentos, especialmente na eliminação de microrganismos
patogênicos da cadeia alimentar, já que os métodos convencionais, de inspeção e
análises microbiológicas, nem sempre se mostram suficientes para garantir a segurança
do alimento (SNYDER, 1994; VOSE, 1997; MCNAB, 1997; NACMCF, 1998).
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
Papel do Consumidor
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
Segundo Boanova apud Germano (Germano, 2013), a CF 1988, artigo 5o, inciso
XIII, dispõe que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer. Também no artigo 5o, inciso XII, é
garantido o direito de propriedade. A autora discute, porém, que a licença ou alvará
de funcionamento não garante o perfeito funcionamento, devendo o empresário saber
que ao desenvolver sua atividade não cause incômodo aos funcionários e ao meio
ambiente.
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
Papel da comunidade
Papel do Estado
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UNIDADE I │ SEGURANÇA DOS ALIMENTOS
De açodo com o MDS, 2010, o SISAN é integrado por uma série de órgãos e entidades da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios afetos à Segurança Alimentar
e Nutricional (SAN). Tem por objetivos formular e implementar políticas e planos de
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SEGURANÇA DOS ALIMENTOS │ UNIDADE I
SAN, estimular a integração dos esforços entre governo e sociedade civil, bem como
promover o acompanhamento, monitoramento e a avaliação da SAN no país. Seguem
abaixo os integrantes do SISAN.
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Bases conceituais
das Doenças de Unidade iI
Transmissão Hídrica e
Alimentar (DTHAs)
Capítulo 1
Agentes causais de Doenças de
Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
32
Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
Contaminantes microbianos
Especificamente, pode-se avaliar microbiologicamente um produto sob diretrizes
diferentes.
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
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Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
intestinal (probióticos). Esse grupo não faz parte das normas e padrões
legais, mas é importante para controle de processos industriais.
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
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Capítulo 2
Microbiologia dos alimentos
Agentes de DTHA
Os agentes de DTHA são numerosos. Para sua avaliação, é importante considerar
as características e o comportamento epidêmico de cada um deles. Especificamente,
refere-se a aspectos de distribuição, frequência de ocorrência e gravidade de sintomas.
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
Os fatores que interferem com vida, morte, sobrevivência e multiplicação são os fatores
intrínsecos e os fatores extrínsecos ou externos ainda serão citados neste capítulo.
A produção de toxina por uma bactéria não é linear com sua capacidade de multiplicação.
Por exemplo, o Staphylococcus aureus é capaz de se multiplicar em faixas de temperatura
de 5 a 45°C, sendo a temperatura ótima a de 35-37°C; porém, a produção da toxina
ocorre a partir dos 15°C, sendo sua produção ótima a 42°C. Ainda, essa bactéria pode se
desenvolver em concentrações de cerca de 10% de NaCl, enquanto a produção de toxina
é afetada por concentrações não usuais desse sal; a bactéria não resiste a temperaturas
acima de 65°C, enquanto a toxina é termoestável, não sendo inativada totalmente a
121°C por 15 minutos.
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Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
custo do tratamento por caso (deve-se considerar não só a fase aguda da doença, mas a
instalação de complicações e doenças crônicas); custo do controle dos agentes (inspeção,
fiscalização, saneamento básico, programas educativos, indicação de medidas corretivas
e outros, baseados em programas específicos de presença/veiculação de agentes e
doenças relacionadas) e eficiência das medidas corretivas específicas (verificação da
presença do agente e sua distribuição e dados comparativos com a situação inicial de
ocorrência/prevalência da doença na população).
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Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
Obs.: para essa “classe”, não consta nenhum agente microbiano. Sintomas
de infeção generalizada (febre, calafrio, prostração, dores, nódulos linfáticos
inchados) (exemplos: 7 a 28 dias, mediana de 14 dias, com dor de cabeça, febre,
tosse, náusea, vômito, constipação, dores abdominais, calafrios, manchas róseas
e fezes sanguinolentas, por Salmonella typhi; 10 a 50 dias, mediana de 25 a 30
dias, com febre, prostração, cansaço, anorexia, náusea, dor abdominal e icterícia,
por agente ainda não isolado, provavelmente viral).
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
GRUPO CARACTERÍSTICA
Psicrotróficas Desenvolvimento em temperaturas baixas.
Ambientais Desenvolvimento em temperaturas ambientais (10/37°C).
Mesófilos Desenvolvimento em temperatura de 15° a 45°C.
Termófilos Desenvolvimento em temperaturas acima de 45ºC.
Esporulados Capazes de produzir formas de resistência a agentes físicos e químicos.
Litotróficos Capazes de produzir formas de resistência a agentes físicos e químicos.
Quimiotróficos Metabolizam substâncias químicas.
Quimiolititróficos Metabolizam minerais e substâncias químicas.
Organotróficos Metabolizam substâncias orgânicas.
Quimioorganotróficos Metabolizam substâncias químicas e orgânicas.
Aeróbios Utilizam o O como receptor de elétrons.
2
É importante assinalar que essas características, desde que não conflitivas, são
complementares. Pode-se ter um microrganismo organotrófico, ambiental, deteriorante
(proteolítico, lipolítico, sacarolítico ou pectinolítico e outros), microaerófilo, por
exemplo. Ainda, essa “classificação” genérica não está completa.
Esses grupos mantém uma inter-relação que pode ser simbiótica (relação de vantagens
bilaterais), parasitária (vantagem unilateral, como os denominados “bacteriófagos”
que são vírus que infectam bactérias), comensal (grupos se beneficiam em cadeia),
por competidores (os que competem o mesmonicho ou substrato a ser metabolizado)
ou agressiva (microrganismos produtores de “bacteriocinas” ou “fungicinas” que são
substâncias produzidas e liberadas por um determinado grupo que agride outros grupos
de bactérias ou fungos).
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Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
Fatores intrínsecos
pH e acidez
Esse dado corrobora a observação geral de deterioração de produtos vegetais por fungos
e de animais por bactérias. Alguns produtos, que apresentam pH intermediário entre
ácido e neutro, podem sofrer o ataque dos dois grupos. Os microrganismos basófilos,
que se desenvolvem em pH básico, são também, na sua maioria, os fungos. Entretanto,
são poucos os produtos alimentícios que apresentam pH básico. Veja no quadro a seguir
alguns exemplos.
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
PRODUTO PH
Carne Bovina 5,1/6,2
Presunto 5,9/6,1
Camarão 6,8/7,0
Ostra 4,8/6,3
Leite 6,3/6,5
Manteiga 6,1/6,4
PRODUTO PH
Cenoura 4,9/5,2
Repolho 5,4/6,0
Tomate 4,2/4,3
Azeitona 3,6/3,8
Banana 4,5/4,7
Suco de laranja 3,6/4,3
Maçã 2,9/3.3
Fonte: Adaptado de JAY, J. M. Modern Food Microbiology. 4 a ed. Chapman & Hall, 1992.
A acidez do produto é outro fator de importância. Não é linear com o pH, pois se refere a
ácidos não dissociados e que, portanto, podem não alterar o pH. As moléculas de ácidos
não dissociados podem interferir com o metabolismo dos microrganismos, incluindo
os fungos. A não dissociação dos ácidos ocorre em meios com pH ácidos. Por isso, os
ácidos fracos (orgânicos) são úteis na conservação de produtos ácidos, como conserva
de vegetais. Esse fator interno, assim como os demais que serão apresentados, não atua
isoladamente, porém interagem com os demais, criando condições ou apresentando
fatores que favorecem ou protegem da ação do pH e da acidez, ou que potencializam a
ação desses fatores.
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Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
Umidade
Aa = p/p0
Como o fator anterior, esse também interage com outros, incluindo os fatores externos.
Assim, a manutenção de produto sob refrigeração e congelamento, por exemplo,
modifica a pressão do vapor da água do produto; consequentemente, a multiplicação
do microrganismo não apresentará a mesma razão daquela em temperaturas mais
45
UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
adequadas, também pela mudança de Aa. Um dos métodos mais antigos, usados pelo
homem para preservar produtos alimentícios, é a secagem e a salga. Esses processos
alteram o Aa do produto. No quadro 10 estão registrados valores mínimos de Aa para o
desenvolvimento de alguns microrganismos e grupos de microrganismos.
Quadro 10. Valores mínimos aproximados de Aa de alguns microrganismos de importância nos alimentos.
GRUPOS DE MICRORGANISMOS
Maioria das bactérias deteriorantes 0,91
Maioria das leveduras deteriorantes 0,88
Maioria dos bolores deteriorantes 0,80
Bactérias halofílicas 0,75
Bolores xerofílicos 0,65
Leveduras osmofílicas 0,60
AGENTES ESPECÍFICOS
Achromobacter 0,96
Escherichia coli 0,95
Staphylococcus aureus 0,86
Clostridium botulinum 0,95
Salmonella spp 0,93
Pseudomonas 0,97
Saccharomyces rouxii 0,62
Quadro 11. Solução de cloreto de sódio – relação entre Aa e concentração lal Porcentagem(p/v)
É importante notar que os sais, incluindo os sais de cura, quando em solução, apresentam
valores de Aa diferenciados, numa mesma concentração. Atualmente, os livros textos
fazem referência às concentrações desfavoráveis de cada tipo de sal para cada grupo
ou microrganismo. Assim, por exemplo, para a Salmonela, 4% de NaCl e 350mg de
NaNo2/L é considerado limitante, dependendo do pH e da temperatura de manutenção
do produto; para o Clostridium perfringens, 200mg/L de NaNo2 e 3,5% de NaCl.
Potencial de óxido-redução
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
Como os demais fatores intrínsecos, este também não deve ser considerado isoladamente,
mas em conjunto com outros. Os processos usados desde a antiguidade pelo homem
que se relacionam com esse fator foram os que impediam o acesso do ar atmosférico
nos alimentos e bebidas.
Nutrientes
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Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
Fatores extrínsecos
Temperatura
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
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Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) │ UNIDADE II
A umidade relativa mantém relação estreita com a Aa. Produtos que apresentam Aa
baixas devem ser protegidos adequadamente da umidade relativa ambiental, caso
contrário sua superfície poderá ser hidratada, ocorrendo mudança da quantidade de
água disponível ao desenvolvimento dos microrganismos.
Gases do ambiente
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UNIDADE II │ Bases conceituais das Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs)
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Doenças de
Transmissão Unidade iII
Hídrica e
Alimentar (DTHA)
Capítulo 1
Doenças de Transmissão Hídrica e
Alimentar (DTHA)
<http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/hidri_doenca.html>
53
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
54
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
56
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
57
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
Brucella SP./Brucelose
1. Descrição da doença: enfermidade bacteriana generalizada de início
agudo ou insidioso, nos humanos; os sintomas são similares ao da gripe,
caracterizada por febre continua, intermitente ou irregular, de duração
variável, debilidade, cefaleia, suor profuso, perda de peso e mal-estar
generalizado. Às vezes, surgem infecções localizadas supurativas e são
frequentes as infecções subclínicas e não diagnosticadas. As complicações
osteoarticulares são comuns. Podem ocorrer infecções graves do Sistema
Nervoso Central e do revestimento do coração. Brucelose não causa
sintomas crônicos ou de longa duração que incluem febre recorrente,
dores articulares e fadiga.
58
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
Texto organizado pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, ano 2002.
Revisado em agosto de 2011.
60
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
Campylobacter Jejuni/Campilobacteriose
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UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
10. Alimentos associados: frangos, leite cru e água não clorada. Galinhas
saudáveis podem ser portadoras do patógeno no trato intestinal,
assim como gado e moscas nas fazendas carregam a bactéria. Cloro e
aquecimento matam a bactéria. Isolamento de C. jejuni em alimentos é
difícil porque a bactéria costuma estar presente em número muito baixo.
Os métodos requerem um caldo enriquecido com antibióticos e placas
especiais e atmosfera microaerofílica (5% de oxigênio) e uma elevada
concentração de dióxido de carbono (10%). O isolamento pode levar de
vários dias a uma semana.
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Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
Clostridium botulinum/botulismo
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A toxina é uma exotoxina ativa (mais que a tetânica), de ação neurotrópica
(ação no sistema nervoso), e a única que tem a característica de ser letal
por ingestão, comportando se como um verdadeiro veneno biológico.
É letal na dose de 1/100 a 1/120 ng. Ao contrário do esporo, a toxina é
termolábil, sendo destruída à temperatura de 80º C por 10 minutos ou a
100 º C por 5 minutos.
c. por vias aéreas – através da inalação da toxina, que acaba por atingir
a corrente sanguínea, e daí alcança o sistema nervoso central e demais
órgãos, exercendo a sua ação patogênica com o mesmo quadro já descrito;
64
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Texto organizado pela Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, ano 2002.
Atualizado em agosto de 2011.
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Fonte: <http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/hidrica/IF11_EcoliO104h4PR.pdf>.
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A infecção humana por E. coli O157:H7 e outras STEC (E. coli produtora
de toxina tipo Shiga) tem sido registradas em mais de 30 países de
6 continentes. A maior incidência de SHU é na Argentina onde a
enfermidade é endêmica.
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Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
Frutas e vegetais devem ser bem lavados, especialmente aqueles que não
serão cozidos. Beber somente água que tenha sido tratada com cloro ou
outros desinfetantes efetivos. Pode se evitar a contaminação na cozinha
durante o manuseio e preparo da carne, mantendo a carne crua separada
de comidas prontas para consumo e outros procedimentos que possam
espalhar as bactérias. É importante sempre lavar as mãos, a pia e os
utensílios, com água quente e sabão, depois do contato com carne crua.
Em surto de diarreia causado por água, deve-se certificar de que a água
esteja sendo devidamente tratada. A rotina hospitalar e laboratorial de
procedimentos de controle da infecção deve ser adequada para impedir
a transmissão em clínicas, hospitais e outros serviços de saúde. Evitar
engolir água de lago ou piscina durante atividades de recreação e evitar
nadar em coleções hídricas de locais com casos e surtos de diarréia; b)
medidas de higiene pessoal como lavar as mãos cuidadosamente com
sabão depois de evacuar, para reduzir o risco de propagar a infecção.
Especial cuidado deve ser dado ao manuseio de pessoas com diarreia.
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Plesiomonas Shigelloides
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Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
Ainda que haja uma associação com a doença diarreica, não pode ser
considerada uma causa definitiva de doença humana.
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Salmonella Enteritidis/Salmoneloses
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›› Identifique as amostras.
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Shigella SPP/Shigeloses
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Streptococcus Spp./Estreptococias
1. Descrição da doença: muitas variedades de estreptococos e grupos
são causa de doença humana e dependendo das características do
agente etiológico e do grupo, a enfermidade recebe denominações
distintas. Dentre as mais comuns, destacam-se as infecções causadas
por estreptococos do Grupo A e D. Estreptococos do Grupo A causam
a “faringite estreptocócica”, uma das infecções mais frequentes em
crianças na idade escolar e a “escarlatina” – habitualmente uma faringite
acompanhada de erupções cutâneas típicas, além de outras infecções
supurativas e septicêmicas. Sintomas como dor e irritação na garganta,
dificuldade para engolir, febre alta, amigdalite, dor de cabeça, náusea,
vômito e mal-estar são comuns e ocasionalmente podem ocorrer erupções
cutâneas. Já os estreptococos do Grupo D produzem uma síndrome
clínica similar à intoxicação por Staphylococcus com diarreia, cólica
abdominal, náusea, vômito, febre, calafrio e vertigem. A dose infectiva em
alimento contaminado é provavelmente alta, maior que 107 organismos
para causar a doença. A doença diarreica é aguda e autolimitada. Outros
grupos de estreptococos podem causar também surtos por infecções
estreptocócicas devido a alimentos contaminados. As complicações são
raras e a taxa de letalidade é baixa.
104
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Vibrio Cholerae/Cólera
No Brasil, a epidemia iniciou-se em 1991, com casos até 2005, sendo que
mais de 80% deles ocorreram no período de 1992 a 1994. No Estado de
São Paulo, neste mesmo período (1992 a 1994) ocorreram menos de 1%
106
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
Com uma reidratação rápida, menos de 1% dos pacientes com cólera vão
a óbito.
107
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Vibrio Parahaemolyticus
108
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Vibrio Vulnificus
1. Descrição da doença: em pessoas saudáveis, a ingestão desse organismo
pode causar gastrenterite, que é caracterizada por febre, diarreia, cólicas
abdominais, náuseas e vômitos. Entre pessoas imunocomprometidas e
grupos mais susceptíveis (crianças, gestantes e idosos), o organismo pode
causar septicemia primária (choque séptico). Mais de 60% dos pacientes
com septicemia desenvolvem lesões secundárias nas extremidades. O
agente também pode infectar feridas, principalmente aquelas causadas
durante o manuseio de peixes, crustáceos, moluscos ou quando um
ferimento pré-existente é exposto a águas marinhas ou estuarinas
abrigando o organismo. Infecções em feridas com Vibrio vulnificus
mostram inflamação no local que pode progredir para a celulite, lesões
vesiculares, e necrose. A infecção pode se tornar sistêmica, causando
febre, calafrios, estado mental alterado e hipotensão nos indivíduos
afetados.
110
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Listeria Monocytogenes
1. Descrição da doença: listeriose é a denominação de um grupo geral
de desordens causadas pela Listeria monocytogenes que incluem febre
e dores musculares, às vezes, precedidas de diarreia e outros sintomas
gastrointestinais. Os sintomas variam de acordo com a pessoa infectada.
Gestantes apresentam febre e outros sintomas inespecíficos como fadiga e
dores, além de poder levar a morte fetal, parto prematuro ou risco de infecção
do recém-nascido. Em outras pessoas, não gestantes, os sintomas, além de
febre e dores musculares, podem incluir dor de cabeça, rigidez do pescoço,
confusão, perda de equilíbrio e convulsões. E, em idosos e pessoas com
condições de imunossupressão, septicemia e meningite são as apresentações
clínicas mais comuns. A taxa de letalidade em recém-nascidos é de 30%; em
adultos (sem gravidez) é de 35%; em torno de 11% para < 40 anos e 63% para
> 60 anos. Quando ocorre septicemia, a taxa de letalidade é de 50% e com
meningite pode chegar a 70%.
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Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
Deve ser coletada mais de uma amostra de fezes, entre a 2a e 4a semanas da doença, com
intervalo semanal, aumentando a possibilidade de positividade do exame.
119
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
»» Semeadura
Coprocultura
a. Coleta de swab fecal: a coleta das fezes deverá ser efetuada com swab fecal,
utilizando como meio de transporte o Cary-Blair. Sã os procedimentos.
As coletas de sangue deverão ser realizadas no mínimo 2 vezes, na fase inicial, e outra
na 4a semana da doença, para que se possa avaliar ascensão de anticorpos.
Como em toda reação sorológica, a curva do título das aglutininas de dois exames
sucessivos tem muito mais valor do que um resultado isolado. Ela permite concluir
que o paciente “produz anticorpos contra um agente infeccioso possuindo antígenos
121
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
122
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
A análise antigênica das cepas é realizada por testes de aglutinação, utilizando antissoros
monovalentes somáticos e flagelares, específicos para Salmonella.
Obs.: O Instituto Adolfo Lutz (SP) e a Fundação Osvaldo Cruz (RJ) são os dois
laboratórios, no Brasil, que realizam a caracterização sorológica de cepas de
Salmonella sp.
123
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
Equipe Técnica:
Maria Bernadete de Paula Eduardo - CVE/SES-SP (Coordenação e Redação geral)
Maria Lúcia Rocha de Mello – CVE/SES-SP (Redação e revisão geral)
Ivany Rodrigues de Moraes – CVS/SES-SP
Sueli Aparecida Fernandes – IAL/SES-SP
Célia Elisa Guarnieri - IIER/SES-SP
124
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
Miscelânea Entérica
126
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
127
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
128
Capítulo 2
Metodologias analíticas
Introdução
Estes princípios têm por objetivo oferecer diretrizes para o estabelecimento e a
aplicação de critérios microbiológicos para os alimentos em qualquer ponto da
129
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
cadeia, desde a produção primária até o consumo final. A segurança dos alimentos
é garantida principalmente pelo controle da origem, pelo controle do processo e
da formulação do produto e pela aplicação de boas práticas de higiene durante a
produção, o processamento (incluindo a rotulagem), a manipulação, a distribuição,
o armazenamento, a comercialização, a preparação e o uso, em combinação com a
aplicação do sistema HACCP. Essa abordagem preventiva oferece maior controle do
que as análises microbiológicas, pois a eficácia das mesmas para avaliar a segurança
de alimentos é limitada. As orientações para o estabelecimento de sistemas com base
em HACCP estão detalhadas no Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle e Guia para sua Aplicação (Anexo a CAC/RCP 1-1969, Rev. 4 (2003)).
130
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
132
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
133
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
Métodos microbiológicos
Sempre que possível, devem ser utilizados apenas métodos para os quais a
confiabilidade (precisão, reprodutibilidade, variação inter e intra laboratorial) tenha
sido estatisticamente estabelecida por meio de estudos comparativos ou realizados
em colaboração entre vários laboratórios. Além disso, deve-se preferir métodos
que tenham sido validados para o produto em questão, em relação aos métodos de
referência elaborados por organizações internacionais. Embora os métodos devam ser
altamente sensíveis e reprodutíveis para a finalidade desejada, os métodos a serem
utilizados para execução na própria empresa podem, com frequência, perder certo grau
de sensibilidade e reprodutibilidade em prol da rapidez e da praticidade. Entretanto,
esses métodos devem fornecer uma estimativa suficientemente confiável sobre a
informação que se requer. Os métodos para determinar a adequação para consumo de
alimentos altamente perecíveis ou com prazo de validade curto devem ser escolhidos,
sempre que possível, de forma que os resultados dos exames microbiológicos estejam
disponíveis antes que os alimentos sejam consumidos ou que excedam seu prazo
de validade. Os métodos microbiológicos especificados devem ser satisfatórios quanto
à complexidade, à disponibilidade de meios, de equipamentos etc., à facilidade de
interpretação, ao tempo exigido e aos custos.
Limites microbiológicos
134
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
Para muitas aplicações, podem ser úteis os planos de duas ou três classes.
135
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
Relatório
136
Capítulo 3
Técnicas moleculares
Conceituação básica
138
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
A estrutura secundária de dupla hélice (duplex) do DNA, descrita por Watson e Crick
(1953), está disposta linearmente. Entretanto, pode ser, também circular como nas
bactérias, plasmídeos e certos vírus e pode ser igualmente de fita simples como em alguns
tipos de fagos. Entretanto, a disposição da molécula de DNA nos organismos superiores
é de particular importância, cujainformação genética está amplamente concentrada nos
cromossomas dentro do núcleo. O comprimento total dos 46 cromossomas humanos
tem menos que 0,5mm, todavia se estendido pode atingir muitos metros. Isto se deve
ao fato do DNA ser compactado na forma superenrolada em vários níveis: primário,
duplex; secundário, ao redor das proteínas ligadas ao DNA (histonas), formando os
nucleossomos; terciário, enrolado com os nucleossomas formando um cilindro ou
estrutura solenoide; e, finalmente, quaternária, formando voltas ou “loops”. Essa
disposição superenrolada é a forma natural do DNA (LEWIN, 1994).
139
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
O segundo protocolo de PCR utiliza sequências curtas do DNA, que vão ser utilizadas
como iniciadores para amplificar numerosos fragmentos distintos do DNA genômico
do organismo em estudo. Quando esses fragmentos são submetidos a um sistema
eletroforético, este resulta num padrão de bandas, gerando um perfil fingerprinting,
semelhante às impressões digitais, de espécies ou isolados que podem ser específicos.
O PCR, utilizando um conjunto universal de iniciadores arbitrários (arbitrary
iniciadors-PCR – APPCR), pode ser empregado para a análise do DNA genômico de
uma variedade de espécies. Existem elementos do DNA na natureza que são repetitivos
e encontrados na grande maioria de bactérias e são utilizados como iniciadores para
amplificação do mesmo fragmento a partir do DNA genômico da bactéria estudada.
Também denominados primers. É importante, porém que antes da escolha do iniciador,
testes preliminares sejam feitos com sondas de DNA, para verificar a presença de sua
sequência no DNA a ser estudado.
O PCR oferece maiores vantagens quando são utilizados iniciadores específicos, comuns
para um determinado grupo de espécies. Essas sequências repetitivas estão presentes
nos genomas de todos os organismos e podem ser utilizadas como iniciadores para
determinação filogenética.
Técnicas de eletroforese
A carga elétrica aplicada à solução é realizada pelos eletrodos que são colocadas na
solução. Um ion migra, através da solução, na direção do eletrodo de carga oposta.
Portanto, uma partícula carregada positivamente (cátion) migra para o polo negativo
(cátodo), enquanto as partículas negativas (ânions) migram para o polo positivo (ânodo)
(KAPLAN, 1996).
RAPD
O RAPD (Randon Amplified Polymorfic DNA) é uma variação do PCR clássico e foi
proposto por Williams et al. (1990) e por Welsh e McCleland (1990), para análise de
DNA genômico de uma variedade de espécies. Sua utilidade reside, principalmente, na
identificação das espécies estudadas.
ERIC
REP
141
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
bases, e, ainda, sequências chamadas BOX, com 154 pares de bases e que apresentam
três subunidades (Box A, Box B, Box C), que parecem estar localizadas em regiões
intergênicas distintas ao redor do genoma (MATTÉ, 2003). Após amplificação, as
bandas geradas são separadas por eletroforese em gel de agarose, fornecendo um
perfil de padrão complexo que lembra um código de barras o qual funciona como uma
impressão digital para uma cepa bacteriana específica (MATTÉ, 2003).
142
Capítulo 4
Investigação de surtos de DVAs
Texto adaptado da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, disponível em: <ftp://
ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/doc/VEDTA08_manual.pdf>. Acesso em:
abril de 2015.
Definição de surtos
Considera-se surto ou epidemia quando há mais casos de uma determinada doença que
o esperado em uma área ou entre um grupo específico de pessoas, em um espaço de
tempo. Um número de casos de uma doença, em uma área e período, independentemente
de o número ser maior que o esperado, é denominado de cluster, ou de “agregado de
casos”. Em um surto ou epidemia, presume-se, sempre, que haja uma causa comum.
Investigação de surtos
143
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
Texto adaptado da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Disponível em: <ftp://ftp.
cr.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica.../guia08_invsurto.pdf>.
»» Número de expostos.
144
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA) │ UNIDADE III
»» Educação.
145
UNIDADE III │ Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHA)
146
Para (não) Finalizar
Nesse sentido, este Caderno de Estudos lhe oferece, de forma inequívoca e consistente,
informações que favorecem sua ação, na busca, prioritária e responsável, da qualidade
sanitária dos alimentos, para promoção e proteção da saúde das pessoas, o que constitui
um direito básico de cidadania.
147
Referências
ARRUDA, Gillian Allonso et al. Listéria e listeriose. Perigo para as gestantes. São
Paulo: Ponto Crítico, 2006.
_____. Manual de boas práticas. v. II, 2. ed. São Paulo: Ponto Crítico, 2008.
BANWART, G. J. Basic food microbiology. 2. ed. AVI Book. Van Nostrand Reinhold.
N. York. 1989.
CARTWRRIGHT, R.Y. Tourism and foodborne diseases. In: 4th World Congress
Infections and Intoxications, Proceedings. Ed. Federal Institute for Health
Protection of Consumers and Veterinary Medicine: 155-165, 1998.
HOBBS, B. C.; ROBERTS, D. Food poisoning and food hygiene. 5. ed. London:
Edward Arnold. 1987.
148
Referências
OMS. Cinco chaves para uma alimentação mais segura. Manual. Disponível
em:<http://www.who.int/foodsafety/consumer/manual_keys_portuguese.pdf>.
Acesso em:15 fev 2014.
149
Referências
Sites
<www.anvisa.gov.br>.
<www.unwto.org>.
150
Anexo 1
Representatividade da amostra
Homogeneização
Diluições seriadas
Pré-enriquecimento
Enriquecimento seletivo
152
anexos
Identificação presuntiva
As colônias suspeitas nos meios seletivos diferenciais são isoladas em agar para
identificação presuntiva de enterobactérias. No meio IAL a resposta bioquímica
compatível com as Salmonelas são: produção de ácido e gás na base (fermentação da
glicose com produção de ácido e gás), lisina positiva, motilidade positiva, não produção
de urease, produção de gás sulfídrico (H2S), não produção de indol, não produção de
L-triptofano desaminase.
Caracterização complementar
153
anexos
Shigela
Representatividade da amostra
Homogeneização
154
anexos
Diluições seriadas
Conforme já descrito para Salmonela, porém com diluente compatível (caldo GN).
Levando-se em conta o número de células considerada de risco, que é relativamente
baixa, essa etapa não é rotineiramente realizada, mesmo quando se trata de amostras
para elucidação de ETA.
Pré-enriquecimento
A etapa de pré-enriquecimento não está bem definida. Pode-se considerar que não
existe. A coleta de amostra é feita em caldo seletivo de baixa impediência para outras
Enterobacteriaceae, portanto, não é considerado um meio de enriquecimento seletivo
para Shigela. Não é realizada uma etapa de pré-incubação na forma como já foi descrita
para Salmonela.
Enriquecimento seletivo
Essa bactéria é mais sensível à bile que as demais da mesma família. Em geral, é
selecionado o agar Salmonellashigella (SS) para o plaqueamento, sendo possível utilizar
o agar Mac-Conkey púrpura, agar Drigalski, agar Hektoen. As colônias características
são incolores sem centro negro no SS, incolores ou róseas no Mac-Conkey e incolores
no Hektoen. Algumas referências consideram que a utilização de agar com baixa
seletividade pode permitir melhor o isolamento das Shigelas, porém quando a microbiota
competidora está em números elevados, essa prática é problemática e tecnicamente
discutível.
Identificação presuntiva
155
anexos
base ácida sem gás (fermentação da glicose sem produção de gás), ápice alcalino (não
utilização da sacarose), com ou sem produção de indol, sem enegrecimento do meio
(H2S negativo), lisina negativa, motilidade negativa, urease negativa, L-triptofano
desaminase negativa.
Caracterização complementar
Representatividade da amostra
Homogeneização
Diluições seriadas
Pré-enriquecimento
156
anexos
Enriquecimento seletivo
Identificação presuntiva
O isolamento de colônias suspeitas pode ser realizado em meio IAL. Neste meio, as
respostas são: base ácida, em geral sem gás, ápice em geral alcalino, indol positivo,
lisina variável, urease, produção de H2S e L-triptofano desaminase negativos. Assim,
a cepa pode ser confundida com uma Shigela ou uma Escherichia coli não patogênica,
não sendo suficiente, portanto, a identificação presuntiva. É interessante verificar a
imunoimobiliização em presença de antissoro H7 (agar motilidade acrescido e não
de uma gota de antissoro) e crescimento a 45° C (em geral, negativo para a cepa em
questão). A sorologia positiva frente ao antissoro O157 e H7 é diagnóstico diferencial.
Existem “kits” de RPLA para a identificação dessa cepa.
Vibrio cholerae 1
Representatividade da amostra
157
anexos
Homogeneização
Diluições seriadas
158
anexos
Enriquecimento seletivo
Identificação presuntiva
Caracterização complementar
As colônias suspeitas devem ser testadas para verificar produção positiva de oxidase.
A sorologia polivalente pode ser realizada quando os testes até aqui descritos sejam
compatíveis com os do vibrião colérico. Outros testes de identificação, em especial a
decarboxilação da arginina e ornitina e as provas de halofilismo, são úteis para identificar
outras cepas não O1. Outras caracterizações, como biotipo e sorotipo são importantes
para levantamentos epidemiológicos e a produção de toxina colérica é fundamental
para separar cepas epidêmicas das ambientais. O antissoro O139 já está disponível para
trabalhos de avaliação da sua presença em nosso meio.
160
anexos
Vibrio parahaemolyticus
Representatividade da amostra
Semelhante aos expostos para Vibrio cholerae. Cabe reforçar que as amostras para
análise são basicamente as de origem marinha, não sendo consideradas adequadas as
de outras fontes, origens e procedências.
Semelhante aos expostos para Vibrio cholerae, porém o meio usado para enxaguadura
é o caldo glicose-sal-tipol (GSTB) ou o caldo sal-polimixina. Alguns autores fazem
referência também ao APA. Outros meios, como o caldo lauril sulfato de sódio e o caldo
P/A, acrescidos de NaCl podem der usados. Esses caldos devem ter uma concentração
final de 3% de NaCl; nunca inferior a 1%. A alíquota em duplicata não é necessária,
sendo suficiente uma única, de 25g ou mL.
Diluições seriadas
Enriquecimento seletivo
161
anexos
acompanhante das amostras). Os meios que podem ser usados são: caldo sal-polimixina,
APA, lauril sulfato de sódio com 3% de NaCl e caldo P/A, também com 3% de NaCl.
A incubação do caldo de enriquecimento é de 18/24h, a 35/37°C, apesar de que alguns
autores sugerirem ser suficiente o intervalo de 6/8h de incubação na temperatura
assinalada.
Identificação presuntiva
Caracterização complementar
Vibrio vulnificus
Representatividade da amostra
Semelhante aos expostos para Vibrio parahaemolyticus. Esse vibrio também é ubíquo
do ambiente marinho, sendo os pescados marinhos as amostras de importância para seu
isolamento. Os moluscos bivalves são os que podem apresentar com maior frequência
essa bactéria. Entretanto, podem ocorrer contaminações cruzadas de pescados nos
barcos pesqueiros, no comércio, na manipulação e no preparo de alimentos.
162
anexos
Homogeneização
Semelhante ao já descrito para os outros vibrios, porém se observando que outros meios
já foram descritos.
Diluições seriadas
Enriquecimento seletivo
Nos meios assinalados para Vibrio cholerae e Vibrio parahaemolyticus, com incubação
por 12/16h a 35/37°C. Outros meios, com adição de antibióticos como agente seletivo já
foram descritos. Alguns autores sugerem período mais longo de incubação, de 18/24h.
Identificação presuntiva
A identificação presuntiva pode ser feita por isolamento das colônias suspeitas em meio
IAL acrescido de NaCl (1%). Nesse meio, as colônias apresentam base ácida sem gás,
ápice ácido ou alcalino, lisina positiva, indol positivo, urease e L-triptofano desaminase
negativos.
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anexos
Caracterização complementar
O controle de qualidade analítico deve ser conduzido conforme exposto para os vibrios
já descritos. O controle adequado dos meios de cultura, assim como as “provas de
recuperação” que considera o tipo de produto alimentício para análise, é importante
para a garantia de qualidade dos resultados laboratoriais.
Aeromonas hydrophila
Representatividade da amostra
Homogeneização
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anexos
Diluições seriadas
Enriquecimento seletivo
Identificação presuntiva
Caracterização complementar
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anexos
Plesiomonas shigelloides
Representatividade da amostra
A alíquota analítica é de 25g para produtos sólidos e de 100mL para águas. Para os
sólidos, pode-se usar alíquotas menores, de 10g. Para as águas, recomenda-se a
concentração de bactérias, usando, por exemplo, membrana filtrante.
Homogeneização
O meio usado para a homogeneização das amostras é o caldo Tetrationato sem iodo.
Outros meios foram propostos, considerando que esse gênero tem várias características
tanto de Vibrionaceae como de Enterobacteriaceae. A APA também é usada por alguns
pesquisadores para a determinação dessa bactéria.
Diluições seriadas
As diluições não são comuns para essa bactéria, assim como para a Aeromonas.
Os testes realizados rotineiramente são para presença/ausência na alíquota
retirada da amostra.
Pré-enriquecimento
Não existe método descrito como de pré-enriquecimento para esse gênero. A possibilidade
de injúria fisiológica em produtos alimentícios pode ser contornada com incubação em
meios não seletivos, como TSB e BHI.
Enriquecimento seletivo
O caldo Tetrationato sem iodeto ou a APA com a amostra é incubada a 40ºC por
18-24h. Essa bactéria não é de desenvolvimento rápido como alguns vibrios.
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anexos
Os meios em placas que são usados para o isolamento de vibrios (TCBS e outros)
não são indicados para essa bactéria. Os meios seletivos para Enterobactérias são
mais adequados, em especial o SS, EMB, Mac-Conkey e XLD, sendo que o primeiro
(SS) é o que apresenta melhores resultados. A incubação é a 35ºC/18-24h. A lactose
é fermentada tardiamente (as colônias no meio que contém lactose aparecem como
lactose-negativas) e a sacarose é negativa.
Identificação presuntiva
Caracterização complementar
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Anexo 2
O primeiro grupo tem como habitat o intestino do homem, sendo necessária uma
quantidade de células relativamente baixa para causar a doença, sendo mais comumente
veiculada por água e sendo possível a transmissão pessoa a pessoa. O outro grupo é
composto por sorotipos encontrados no homem e nos animais, apresentando uma
capacidade de disseminação e de adaptação diferentes do grupo anterior: podem ser
pandêmicos, encontram-se com frequência em produtos alimentícios, apresentam
características de multiplicação/sobrevivência com maior facilidade e exigências
metabólicas do que o outro e é necessária uma quantidade relativamente alta –
dependendo do sorotipo – para causar a doença no homem e nos animais, da ordem de
103 a 1011/g ou ml do produto veiculador.
As faixas etárias extremas são mais sensíveis à essa doença e apresentam os quadros
clínicos mais graves.
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anexos
Entretanto, o isolamento dessas bactérias pode não ser simples como parece à primeira
impressão: elas podem se encontrar lesadas no produto alimentício por diversos
fatores, como uso de temperaturas altas porém não letais, presença de compostos
antibacterianos, pressão osmótica, quantidade de sal e de ácidos, uso de temperaturas
baixas para a conservação do produto, entre outros. A resposta biológica da bactéria no
meio de cultura pode ser diferente quando a microbiota acompanhante é composta por
competidores que conseguem se sobrepor e impor, seja por apresentarem multiplicação
mais acelerada, seja por produzirem e liberarem bacteriocinas que atuam sobre as
desejadas. Em especial o isolamento das Shigelas e da Escherichia coli O157:H7 pode
apresentar problemas, por não se dispor de um meio de enriquecimento seletivo.
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anexos
Apesar de não ser considerada microbiota intestinal, no homem pode permanecer por
períodos mais ou menos longos, com excreção fecal. As deposições fecais humanas
dispostas inadequadamente contribuem para a disseminação dessa bactéria em águas,
verduras irrigadas/adubadas com material contaminado e, eventualmente, em produtos
alimentícios que são objeto de contaminação fecal cruzada.
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anexos
por outros produtos alimentícios que não pescados ou verduras. Entre esses alimentos,
já foram considerados o arroz, as carnes bovina e de aves, alimentos prontos para o
consumo mistos, leite e derivados, gelo e sorvetes de frutas.
É uma bactéria bastante sensível a acidez, sendo que não se mantém viável em produtos
ácidos. Como os demais gêneros, é sensível ao calor, porém não à refrigeração,
como muitas espécies, notadamente o Vibrio parahaemolyticus que é inativado
biológicamente quando exposto à temperatura de refrigeração.
É importante observar que alguns autores não aconselham o uso do frio para o
transporte e manutenção de amostras para análise de vibrios, assim como consideram
desaconselhável a manutenção de meios de cultura semeados em geladeira. Essas
considerações parecem estar mais associados a uma fragilidade a choques térmicos
do que verdadeiramente a uma “desproteção biológica” pelo frio – a maioria são de
ambiente marinho que, dependendo da época do ano, apresenta temperaturas baixas.
Como são microrganismos que necessitam de íons de Na+ como fator que favorece
o seu desenvolvimento, esses meios devem ser acrescidos de NaCl, pelo menos a 1%.
As provas de identificação incluem particularmente a decarboxilação de aminoácidos
e provas de halofilismo (concentrações diferentes de NaCl no meio de cultura), além
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anexos
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