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Fitogenômica, Suplementação e

Alimentação Funcional Aplicada


à Nutrigenômica

Brasília-DF.
Elaboração

Cristiani D. Laurentino

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
FITOGENÔMICA..................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À FITOTERAPIA E FITOGENÔMICA......................................................................... 9

CAPÍTULO 2
FITOGENÔMICA E ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL...................................................................... 38

CAPÍTULO 3
PRESCRIÇÃO DE FITOTERÁPICOS............................................................................................. 46

UNIDADE II
SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA................................................................ 63

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À SUPLEMENTAÇÃO NUTRICIONAL..................................................................... 63

UNIDADE III
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA.................................................................................... 79

CAPÍTULO 1
ANAMNESE ............................................................................................................................ 79

CAPÍTULO 2
CONCEITO DE ALIMENTO FUNCIONAL..................................................................................... 88

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 96
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao
profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução
científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução

A genômica nutricional busca conhecer e compreender a relação entre os genes e


a dieta e seu impacto sobre a saúde (MELLADO, 2013). O termo nutrigenômica ou
genômica nutricional é o estudo do impacto de nutrientes na expressão gênica, que
permite conhecer o mecanismo de ação das substâncias biologicamente ativas,
contidas nos alimentos, e seus efeitos benéficos à saúde humana. Para alcançar esse
objetivo, tal ciência procura entender de que forma os nutrientes e outros componentes
dos alimentos interagem com os genes, modulando a expressão gênica, a atividade
proteica e o metabolismo. Além disso, também procura conhecer de que forma o DNA
(ácido desoxirribonucleico) de cada indivíduo influi sobre a resposta à dieta, às suas
preferências alimentares e seus requerimentos nutricionais (MELLADO, 2013).

De acordo com Conti (2010), a nutrigenômica tem como requisito principal conhecer
o funcionamento e a interação do genoma humano com componentes dietéticos. Essa
interação pode ser explicada tanto através da consequência da dieta sobre a expressão
gênica, como, através da consequência dos polimorfismos genéticos sobre a dieta.

A importância da nutrição na saúde não é uma preocupação recente, há mais de dois mil
anos, na Grécia antiga, Hipócrates, o pai da medicina, postulou o seguinte mandamento
“Que teu alimento seja teu remédio”. Atualmente, conhecemos uma variedade de
alimentos com propriedades funcionais, ou seja, alimentos que além das funções
nutricionais básicas possuem compostos bioativos que interagem com o organismo
do indivíduo para promoção da saúde. O que mudou desde a época de Hipócrates é a
compreensão de como a nutrição afeta nossa saúde, os pesquisadores estão adquirindo
mais conhecimento em relação a quais alimentos ou compostos bioativos de alimentos
(CBAs) e de que maneira podem interagir com nosso organismo na promoção da saúde
(CONTI, 2010). Parte desse conhecimento foi possível por meio da conclusão do projeto
Genoma Humano, em 2003 (CONTI, 2010). Assim, o objetivo da era pós-genoma é
compreender a função desses genes e como são afetados por fatores ambientais, como
tabagismo, poluição, sedentarismo, estresse, medicamentos e a própria dieta. Nesse
sentido, acredita-se que pelo fato de estarmos expostos à alimentação desde a fase
intrauterina, esta seja considerada o principal fator ambiental envolvido na modulação
da expressão gênica (CONTI, 2010).

Dentro do contexto da genômica nutricional surgem dois importantes conceitos:


a nutrigenômica e a nutrigenética. Para Castro (2013), a nutrigenômica é a ciência
que estuda a influência dos nutrientes na expressão dos genes e como eles regulam

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os processos biológicos. A nutrigenética, por sua vez, analisa o efeito da variação
genética na interação dieta-doença, o que inclui a identificação e a caracterização do
gene relacionado e/ou responsável pelas diferentes respostas aos nutrientes (CASTRO,
2013). Atualmente utiliza-se o termo nutrigenômica o qual abrange tanto a genômica
nutricional como a nutrigenética. Vale ressaltar que os avanços nesse sentido serão
de fundamental importância para o estabelecimento de intervenções dietéticas
personalizadas, com base no genótipo, visando a promoção da saúde e a redução do
risco de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como o câncer, as doenças
cardiovasculares, o diabetes, a obesidade entre outras.

Quanto aos suplementos dietéticos, em uma definição ampla, englobam uma variedade
de partes de plantas, vitaminas, minerais e outros nutrientes ou compostos bioativos.
Este termo será bastante utilizado no presente material e especial atenção será voltada
às plantas medicinais.

Plantas medicinais são todos os vegetais que têm emprego com fins terapêuticos,
alicerçados no conhecimento popular ou no conhecimento científico (SIMÕES et al.,
1998; SCHENKEL; GOSMANN; PETROVICK, 2001).

A utilização da fitoterapia, que significa o tratamento pelas plantas, vem desde épocas
remotas. A fitoterapia constitui uma forma de terapia medicinal que vem crescendo
notadamente neste começo do século XXI. Segundo a Portaria no 971, de 3/5/2006,
do Ministério da Saúde (MS), a Fitoterapia é uma terapêutica caracterizada pelo uso
de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de
substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal.

Objetivos
»» Analisar, refletir e formar sólido conhecimento a respeito da utilização de
plantas medicinais, suplementação magistral e alimentos funcionais que
modulem a expressão gênica.

»» Analisar e compreender as evidências científicas a respeito do uso de


fitoterápicos nas variadas desordens orgânicas e no envelhecimento
saudável.

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FITOGENÔMICA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Introdução à fitoterapia e fitogenômica

A utilização de plantas como medicamentos pelo homem é tão antiga quanto a história
da humanidade. Desde a Pré-História o homem procurou aproveitar os princípios ativos
existentes nos vegetais, embora de modo totalmente empírico ou intuitivo, baseado no
método de tentativa e erro. Uma gama enorme de espécies vegetais foi incorporada
à medicina tradicional devido ao uso experimental das espécies. Até o século XIX, os
recursos terapêuticos eram constituídos predominantemente por plantas e extratos
vegetais, ou seja, as plantas medicinais e seus extratos constituíam a maioria dos
medicamentos que, naquela época, pouco se diferenciavam dos remédios utilizados na
medicina popular (SCHENKEL; GOSMAN; PETROVICK, 1999).

A referência mais antiga que se tem conhecimento do uso das plantas data de mais de
sessenta mil anos. As primeiras descobertas foram feitas por estudos arqueológicos
em ruínas do Irã. Também na China, em 3.000 a.C., já existiam farmacopeias que
compilavam as ervas e as suas indicações terapêuticas. A utilização das plantas
medicinais faz parte da história da humanidade, tendo grande importância tanto no
que se refere aos aspectos medicinais, como culturais (REZENDE; COCCO, 2002).

Segundo a Portaria no 971, de 3/5/2006, do Ministério da Saúde (MS), a Fitoterapia


é uma terapêutica caracterizada pelo uso de plantas medicinais em suas diferentes
formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de
origem vegetal.

O Conselho Brasileiro de Fitoterapia (COMBRAFITO) define “a fitoterapia como a


utilização de plantas medicinais ou bioativas, ocidentais e/ou orientais, in natura ou
secas, plantadas de forma tradicional, orgânica e/ou biodinâmica, apresentadas como
drogas vegetais ou drogas derivadas vegetais, nas suas diferentes formas farmacêuticas,
sem a utilização de substâncias ativas isoladas e preparadas de acordo com experiências
populares tradicionais ou métodos modernos científicos”. (PANIZZA, 2010).

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UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Ainda de acordo com a legislação sanitária brasileira, fitoterápico é o medicamento


obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia
e segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de
utilização, documentações tecnocientíficas ou evidências clínicas. É caracterizado pelo
conhecimento da eficácia e dos riscos de uso, assim como pela reprodutibilidade e
constância de sua qualidade. (ANVISA, RDC no 14/ 2010).

A administração de plantas medicinais para prevenção e tratamento de diversas


condições clínicas e doenças tem sido amplamente utilizada durante séculos,
principalmente nas medicinas chinesa e Ayurvédica. Atualmente, os efeitos benéficos
da medicina alternativa oriental têm sido mais reconhecidos na medicina ocidental e
os fitoterápicos com efeitos comprovadamente eficazes e seguros são cada vez mais
prescritos pelos profissionais de saúde (TABACH; RODRIGUES; CARLINI, 2009). A
ampliação do uso de medicamentos fitoterápicos na prática clínica deve-se ao potencial
efeito curativo em longo prazo, à fácil disponibilidade e ao mecanismo de ação mais
natural, com menos efeitos colaterais (DEL PRETE et al., 2012).

Fitogenômica nas desordens orgânicas


Fitogenômica (genômica + fitoterapia) é a regulação da expressão gênica por compostos
bioativos, presentes nos vegetais, seu impacto na saúde e a redução do risco de doenças
crônicas não transmissíveis, como o câncer, as doenças cardiovasculares, o diabetes,
obesidade entre outras que atualmente são as principais causas de mortalidade no
Brasil e no mundo.

As plantas medicinais têm como principal característica a presença de princípios ativos,


sejam eles constituídos de uma única substância existente na planta, ou de um conjunto
de substâncias que atuam sinergicamente, chamadas de complexo fitoterápico que
podem interagir com o organismo do indivíduo para promoção da saúde (LORENZI;
MATOS, 2002). Essas substâncias podem ser empregadas tanto dentro da própria
planta na forma de preparações caseiras, como chás, tinturas e pós, ou na forma de
composto puro isolado da planta e transformado em cápsulas, comprimidos e pomadas,
pela indústria farmacêutica (LORENZI; MATOS, 2002).

Os vegetais sintetizam e armazenam os princípios ativos durante o seu


desenvolvimento, porém nem todos os metabólitos sintetizados têm valor medicinal
(WAGNER: BLADT, 2001; KALLUF, 2008). Os princípios ativos são substâncias
quimicamente caracterizadas, cuja ação farmacológica é conhecida e responsável,
total ou parcialmente, pelos efeitos terapêuticos do vegetal. Em todas as espécies
há ao mesmo tempo princípios ativos e substâncias inertes, sendo estas últimas
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FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

responsáveis por determinar a eficácia da erva medicinal, acelerando ou retardando a


absorção dos princípios ativos pelo organismo.

Os fitocomplexos são encontrados em concentrações diferenciadas no vegetal,


preferencialmente em folhas, flores e raízes e às vezes em sementes, frutos e cascas
(WAGNER; BLADT, 2001; KALLUF, 2008). O entendimento dos princípios ativos é
necessário para que estes sejam empregados em larga escala como opção terapêutica na
prevenção de doenças. Assim, pesquisas com metodologia confiável são indispensáveis
para que se conheçam com exatidão os benefícios, sem oferecer riscos de toxicidade
e efeitos indesejáveis (WAGNER; BLADT; KALLUF, 2008). Os princípios bioativos
vegetais que mais se destacam são: glicosídios, flavonoides, saponinas, óleos essenciais,
salicilatos, ácidos orgânicos, alcaloides, mucilagens, taninos e antraquinonas
(WAGNER; BLADT, 2001; KALLUF, 2008).

Princípios ativos vegetais e suas ações

Princípios Ativos Propriedades


Alcaloides Atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo, estimulante, anestésico, analgésicos). Alguns podem ser
cancerígenos e outros antitumorais. Ex.: cafeína do café e guaraná, teobromina do cacau, pilocarpina do jaborandi.
Mucilagens Cicatrizante, anti-inflamatório, laxativo, expectorante e antiespasmódico. Ex.: babosa, confrei, psyllium.
Flavonoides Anti-inflamatório, fortalece os vasos capilares, antiesclerótico, antidematoso, dilatador de coronárias, espasmolítico,
anti-hepatotóxico, colerético e antimicrobiano. Ex.: rutina, quercetina, chá verde (Camellia sinensis).
Taninos Adstringentes, antimicrobianos, antidiarreico (diminuem os movimentos peristálticos). Podem provocar irritação
gástrica em grandes doses. Em pequenas doses, protege o trato gastrointestinal. Ex.: barbatimão; Vítis vinífera.
Óleos Essenciais Bactericida, antivirótico, cicatrizante, analgésico, relaxante, expectorante e antiespasmódico. Ex.: mentol nas hortelãs,
timol no tomilho e alecrim pimenta.
Ácidos Orgânicos Ácidos tartárico, málico, cítrico e o silícico. As plantas das famílias das borragináceas, das equisetáceas e das
gramíneas absorvem grande quantidade de sais orgânicos do solo, principalmente o silícico, armazenando-o nas
membranas das células ou no seu protoplasma. Ex.: ruibarbo.
Compostos Fenólicos Os compostos fenólicos são aqueles que originam os taninos.
Ex.: Ácido caféico, vanilina, ácido clorogênico.
Compostos Inorgânicos Têm propriedades diuréticas, auxiliam na formação do tecido conjuntivo.
Ex.: Sais de cálcio, silício e potássio.
Cumarina Possui ação antisséptica, pigmentante, vasodilatadora, anti-inflamatória.
Ex.: Dicumarol, Xantonas.
Glicosídeos Cardiotônicos Tem uso restrito, pois sua dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica. Possui afinidade pelo músculo cardíaco.
Ex.: Digitalispurpúrea L. (digoxina) e digitalislanata L. (digitoxina).
Gomas São polissacarídeos solúveis ou insolúveis. Podem ser usadas como laxante e mucoprotetor.
Antraquinonas ou São usados como purgativos, estimulam os movimentos peristálticos, aumentam a motilidade intestinal, diminuem a
derivados Antracênicos absorção de água e eletrólitos, pois bloqueiam a bomba de sódio na região intestinal. O uso prolongado e contínuo
é contraindicado. Medicamentos contendo estes ativos devem ser evitados por crianças e gestantes. Ex.: sene e
cascara sagrada.

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UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Saponinas ou Possui ação laxante, diurética suave, expectorante, depurativa.


Saponosídeos
Ex.: ginseng, erva mate, prímula.
Compostos Sulfurados Metabólitos vegetais derivados de aminoácidos sulfurados com ação antibacteriana, antiviral, antifúngico, anti-
inflamatório, hipoglicemiante, antioxidante, imunomodulador.
Glucoquininas Princípios ativos que atuam sobre a glicemia.
Lignanas ou Neolignanas Possuem ação anti-inflamatória, antifúngica, hepatoprotetora, relaxante muscular e antialérgica.
Ex.: Linhaça dourada e marrom.
Substâncias Amargas Estão presentes nos óleos essenciais, nos glicosídeos, nas saponinas e nos alcaloides. Estimulam a secreção
gástrica e possuem ação tônica geral.

Fonte: Adaptado de Martins (1995).

Compostos ativos

Terpenos e saponinas

Constituem a maior classe de componentes químicos das plantas, havendo mais de


30.000 substâncias descritas. Alguns terpenos, como o esqualeno e os carotenos, fazem
parte do metabolismo primário das plantas e são encontrados em todas as espécies. No
entanto, a maior parte dos terpenos constitui o metabolismo secundário, o qual está
envolvido na adaptação das plantas ao seu nicho ecológico. A via transdérmica é uma
das principais vias de absorção dos terpenos é. Por este motivo, são muito utilizados
na fabricação de cosméticos e pela indústria farmacêutica, pela qual são utilizados
como promotores de penetração de medicamentos (SAPRA et al., 2008). A via
inalatória é outra rota de administração muito comum dos terpenos. Por isso são muito
utilizados como base para óleos essenciais e perfumes (SAPRA et al., 2008). Outra via
de administração é a oral. Kohlert et al. (2000) concluíram que estes compostos são
geralmente eliminados com uma meia-vida de aproximadamente 1 hora, demonstrando
haver um baixo risco de acúmulo desses compostos no organismo.

Propriedades benéficas dos terpenos

»» Ação antiagregação plaquetária (Exemplos: Isopreno, Prenol, Ácido


Isovalérico, Pubescenoides A e B).

»» Bactericida, fungicida, antiparasitário, acaricida, alívio de azia e refluxo,


anticancerígeno (Exemplos: Geraniol, Limonemo, Terpineol, Timol,
Mentol, Alfa e Beta-Pinemo).

»» Anti-inflamatório, antialérgico, antifúngico, anticancerígeno (Exemplos:


Farneseno, Farnesol, Ferutinina, Tenuferidina, Ferolina).

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FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

»» Anti-inflamatório, antiviral (anti-HIV), hepatoprotetor, destoxificante,


analgésico, imunomodulador (Exemplos: Cafesol, Kahweol, Cembrene,
Taxadiene, Forskolin).

»» Antimicrobiano e indutor de apoptose (Exemplo: Geranilfarnesol).

»» Precursor de esteroides, anticancerígeno, anti-inflamatório e antiviral


(anti-HIV) (Exemplos: Esqualeno e saponinas).

»» Antioxidantes, antiproliferativos e anti-inflamatórios (Exemplos:


Licopeno, ɣ, α e β-caroteno). (MARQUES, 2011)

Saponinas

Seu nome provém da propriedade de formarem espuma quando agitadas em água.


As saponinas são um grupo particular de heterosídeos derivados dos triterpenos
tetracíclicos, derivadas do metabolismo secundário das plantas, ou seja, são substâncias
produzidas como parte do seu sistema de defesa. O teor de saponinas do ginseng
(Panax ginseng), por exemplo, é diretamente proporcional à sua idade, sendo que o
pico é atingido por volta dos seis anos.

Principais propriedades benéficas das saponinas


(MARQUES, 2011)

»» antimicrobiana/antifúngica;

»» anti-inflamatória;

»» anticancerígena;

»» aumento da permeabilidade nas membranas celulares;

»» antioxidante;

»» anticonvulsivante;

»» imunoestimulante;

»» analgésica;

»» hiperglicêmica;

»» antiviral;

»» hipocolesterolêmica.

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UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Taninos

Princípios ativos vegetais pertencentes ao grupo de compostos fenólicos, que por sua
vez, são originários do metabolismo secundário das plantas. Os taninos apresentam
uma tendência a formar complexos com proteínas faz com que sejam os principais
limitantes do valor nutricional em leguminosas, pois reduzem a digestibilidade das
proteínas das mesmas. Adicionalmente, podem inibir enzimas (complexos com
proteínas enzimáticas) e interferir na absorção de alguns minerais e vitaminas
(DESHPANDE, 1992). Os taninos apresentam baixa absorção pela pele e pelo trato
gastrointestinal, seus efeitos farmacológicos são elucidados segundo seus efeitos
locais nestes órgãos. Porém, essa característica é benéfica, uma vez que se absorvidos
em grandes quantidades, os taninos podem apresentar toxicidade.

Principais propriedades benéficas dos taninos

»» Antioxidante, os taninos, por serem componentes fenólicos, possuem a


capacidade de doar íons de hidrogênio às moléculas de radicais livres,
impedindo a peroxidação lipídica e inibindo as enzimas envolvidas na
produção desses radicais, tais como fosfolipase A2, ciclo-oxigenase e
lipoxigenase.

»» Atividade hemostática e cicatrizante, graças à capacidade em se complexar


com estruturas proteicas, os taninos podem precipitar proteínas do
plasma, além de ativar os fatores de coagulação sanguínea. O efeito
cicatrizante está relacionado com a propriedade adstringente atribuída
aos taninos, pois agem formando uma película protetora na região
lesionada.

»» Atividade bactericida e fungicida, sua capacidade de formar complexos


com proteínas, exercendo efeito inibitório sobre enzimas bacterianas e
fúngicas, podendo, ainda, formar complexos com os substratos destas
enzimas.

»» Outras propriedades benéficas dos taninos são: ação antiviral,


antidiarreica, redução da oxidação da lipoproteína LDL. (MARQUES,
2011)

Flavonoides

Presentes em frutas, legumes, raízes, talos, flores, folhas, cascas de árvores, vinho, nozes,
sementes, ervas e especiarias, os flavonoides representam o maior grupo da família

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FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

dos compostos fenólicos, sendo uma classe de metabólitos secundários amplamente


encontrados no reino vegetal.

Os flavonoides são divididos em quatro grupos principais:


»» Flavonas – componentes: apigenina, chrisina, kaempferol, luteolina,
miricetina, rutina, sibelina e quercetina.
»» Flavononas – componentes: fisetina, hesperetina, narigina, naringerina
e taxifolina.
»» Catequinas – componentes: catequina, epicatequina e epigalicatequina
galate.
»» Antocianinas – componentes: canidina, delfinidina, mavidina,
pelargonidina, peonidina e petunidina.

Principais propriedades benéficas dos flavonoides


(MARQUES, 2011)
»» ação antioxidante;
»» cardioprotetora;
»» anticarcinogênica;
»» anti-inflamatória;
»» antiviral;
»» hepatoprotetora.

Alcaloides

Os alcaloides são compostos nitrogenados de reação básica, presentes em diversas partes


do vegetal e geralmente combinados com ácidos orgânicos ou taninos. Os alcaloides
podem ser absorvidos através do trato gastrintestinal, a partir de todas as membranas
e mucosas e são pouco absorvidos pela pele integra. Após a absorção a maioria dos
alcaloides é metabolizada no fígado.

Principais propriedades benéficas dos alcaloides


(MARQUES, 2011)

»» atividade antioxidante;

»» anti-inflamatória;

»» antimalárica.

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UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Antraquinonas

Nas plantas, as antraquinonas normalmente apresentam-se como substâncias


cristalinas de coloração amarela, laranja ou vermelha, e estão presentes em fungos,
liquens e em plantas superiores. Os glicosídeos antraquinônicos, quando ingeridos,
atingem o cólon, no qual sofrem a ação da microbiota intestinal, sendo hidrolisados
e convertidos em agliconas. As agliconas são as moléculas ativas das antraquinonas,
sendo facilmente absorvidas pelo organismo. O principal efeito das antraquinonas no
organismo humano é o laxativo (MARQUES, 2011). Exemplos: Rhammus purshiana
DC. (Cáscara-sagrada), Cassia angustifólia e Cassia acutifólia (Espécies de sene)

Ácidos orgânicos

As raízes liberam muitos ácidos orgânicos, que são de extrema importância, tanto,
por atuação de forma direta, favorecendo a biodisponibilidade de nutrientes para as
plantas por processo de quelação e troca de ligantes, quanto por forma indireta, pelo
estímulo da atividade microbiana. O ácido cítrico, por exemplo, é considerado um
dos componentes mais importantes envolvidos nos processos de liberação de fósforo,
potássio, zinco e complexação de alumínio.

Principais propriedades benéficas dos ácidos orgânicos

Auxiliam na diminuição do risco de doenças crônicas por seu papel antioxidante,


atuando na redução do estresse oxidativo e na inibição da oxidação de macromoléculas.
Malato e o citrato exercem efeitos alcalinizantes após o metabolismo, com um potencial
de prevenir baixo grau de acidose metabólica inerente ao consumo de dieta ocidental.
Ácido cítrico e tartárico aumentam a salivação e possuem atividade bacteriostática, o
que contribui para manter os dentes em melhores condições, além de possuírem ação
diurética e laxante suave. Por sua vez, o ácido málico da maçã tem ação adstringente
e obstipante, o qual e útil em casos de colite ou diarreia. Porém, nem todos os ácidos
orgânicos são benéficos. O ácido oxálico pode precipitar na urina quando em contato
com o cálcio e colaborar na formação de cálculos.

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FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Algumas substâncias protetoras contra o


Câncer presentes nos alimentos

Fonte: Biochem Pharmacol. p.1397, 2006.

Diversos estudos demonstram que compostos bioativos de alimentos (CBAs) podem


interferir na carcinogênese. Evidências sugerem que a quimioprevenção através do
consumo de CBAs pode reduzir a morbidade e a mortalidade por câncer (DAVIS;
JIRTLE; SKINNER, 2007). Alguns exemplos de CBA são o resveratrol presente na uva,
o licopeno presente no tomate, a genisteína presente em produtos da soja, os ácidos
graxos ômega-3 presentes nos óleos de peixe, o sulforafano presente nos vegetais
crucíferos, entre outros. Esses componentes alimentares participam de diversos
processos bioquímicos e fisiológicos, demonstrando papéis importantes na prevenção
e no tratamento de doenças crônicas, incluindo o câncer. Os benefícios muitas vezes
estão associados ao fato de serem antioxidantes, podendo prevenir danos ao DNA, além
de auxiliar nos processos de reparo de DNA, suprimir a expressão de oncogênese e
modular os níveis hormonais e o sistema imunológico (CASTRO, 2013).

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UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Fitoquímicos e prevenção do câncer


Substância Alimento Mecanismo
Carotenoides Frutas e vegetais Antioxidantes, inibem a proliferação celular e expressão do oncogênese, sistema
imune, transformação e diferenciação celular, ↑ comunicação celular.
amarelos e vermelhos e
vegetais verde-escuros.
Organo-sulfúricos Alho, cebola, repolho, couve. Atividade enzimática, inibem a proliferação celular, induzem à diferenciação
celular, alteram o metabolismo do hormônio esteroide, inibem a atividade da
ornitina descarboxilase.
Polifenóis Vegetais e frutas, catequinas, Inibem a proliferação celular, induzem a apoptose, ↑ a comunicação celular e a
chá verde, chá preto, vinho função imune, inibem NF-kappaB.
tinto.
Fitoestrógenos Isoflavonas, grãos de soja, Alteram o metabolismo estrógeno, ↓ atividade da tirosina-quinase, induzem à
apoptose celular.
alimentos à base de soja:
lignanas, vegetais, centeio.
Glucosinolatos Vegetais crucíferos. ↑ Atividade enzimática, induzem à apoptose celular, inibem a adesão e invasão
celular.
isotiocianatos, indoles
Terpenos Vegetais e frutas cítricas ↑ Atividade enzimática, influenciam a progressão celular, induzem à apoptose
celular.

Fonte: Tang, L. et al, 2010; B.M.C. Cancer 27, 10:162; Fresco, P. et al, 2010. Curr. Pharm. Des.16 (1) pp. 114-34; Greenwald, P.;
Clifford C. K.; Milner, J.A., 2001.

Dependendo da variante genética os componentes dietéticos provocam efeitos


moleculares que podem ser bons ou não ao organismo (FIALHO, 2008), pois os mesmos
podem potencializar ou compensar o efeito de polimorfismos genéticos através da sua
influência na expressão do gene (TRUJILLO et al., 2006). Segundo Ong e Moreno
(2009), os mesmos podem influenciar a expressão gênica de forma direta ou indireta.

Na forma direta, os nutrientes e compostos bioativos interagem com fatores


de transcrição no núcleo da célula e induzem ou inibem a transcrição do gene.
Os macronutrientes incluindo ácidos graxos e seus metabólitos, aminoácidos e
monossacarídeos, nucleotídeos e micronutrientes, como as vitaminas, são exemplos de
nutrientes que interagem diretamente com os fatores de transcrição.

Na forma indireta os compostos dietéticos interagem com receptores de membrana


ou quinases e induzem ou inibem a transcrição do gene. O resveratrol, catequinas,
genisteína, curcumina, capsaicina, selênio e zinco, são exemplos de compostos
alimentares que agem de forma indireta.

Ainda nessa complexa interação entre gene/dieta que pode ter benéfico ou não ao
organismo, entra a participação da epigenética. Waterland (2006) define a epigenética
como modificações nos mecanismos de expressão do gene, que são reversíveis e estáveis
e não são alterações na estrutura do gene. Segundo Giraldi (2010) os componentes
dietéticos podem provocar alterações químicas que afetam a expressão gênica, que

18
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

podem inibir ou induzir a transcrição do gene. Essas alterações não modificam a


sequência do DNA, mas podem ser transmitidas as próximas gerações.

Os mecanismos epigenéticos estão acerca de muitas doenças, inclusive, obesidade e


diabetes (BUENO, 2009). O grau com que a alimentação influencia o balanço entre saúde
e doença depende da estrutura genética do indivíduo; (RIDNER; GAMBERALE et al.,
2009; ONG; MORENO, 2009); (KAPUT; RODRIGUEZ, 2004). Genes modulados pela
alimentação parecem ter papel importante na incidência, progressão e/ou gravidade
de doenças crônicas não transmissíveis. Ou seja, a alimentação tem papel importante
tanto para acelerar quanto para prevenir o desenvolvimento dessas doenças (CONTI,
2010). Assim, a capacidade que os nutrientes e CBAs têm de modular a expressão
gênica deverá ser considerada para escolha de alimentos específicos com a finalidade
de se evitar a ocorrência de DCNT (CONTI, 2010).

O consumo de ácidos graxos ômega-3, presente em alguns tipos de peixes, altera


a expressão de mais de 1.000 genes, muitos dos quais envolvidos com a inibição do
desenvolvimento da aterosclerose (CONTI, 2010). Além disso, o resveratrol, composto
bioativo presente no vinho tinto, é capaz de induzir e reprimir a expressão de genes que
codificam para proteínas vasodilatadoras e vasoconstritoras, respectivamente, o que
parece explicar seus efeitos benéficos em doenças cardiovasculares (CONTI, 2010).

Curcuma longa L.

A curcuma (Curcuma longa L.) tem sido usada tradicionalmente na medicina Ayurvédica
no tratamento da inflamação. A curcumina suprime TNF induzida por ativação de NF-
kB e a expressão de genes NF-kB-dependentes (AGGARWAL et al., 2011). Suprime
a transformação, proliferação, invasão, angiogênese e metástase celular. Muitos dos
produtos que regulam estes processos podem ser inibidos por curcumina, capacitando
este fitoquímico com um potente auxílio no tratamento de várias doenças crônicas
(AGGARWAL et al., 2011).

A curcumina é um polifenol hidrofóbico derivado do rizoma da planta Curcuma longa


L., pertencente à família Zingiberaceae, que exibem grande variedade de atividades
biológicas e farmacológicas antioxidante, anti-inflamatórios, antimicrobiana e
anticarcinogênica (SALVIOLI et al., 2007, SIKORA; SCAPAGNINI; BARBAGALLO,
2010; MIQUEL et al., 2002; KUMAR; DOGRA; PRAKASH; 2009).

Produtos envolvidos na proliferação celular (COX-2, ciclina D1 e c-myc), antiapoptose


(IAP1, IAP2, XIAP, Bcl-2, Bcl-xL, Bfl-1/A1, TRAF1, cFLIP), e metastases (VEGF, MMP-
9, ICAM-1) são também modulados por curcumina, bem como TNF, IL-6, STAT3

19
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

(AGGARWAL et al., 2011) e muitos outros, mostrando que a curcumina interage com
vários alvos moleculares, o que explicaria sua atividade anti-inflamatória em diversas
doenças relacionadas a inflamação. A curcumina mostra ser um inibidor de COX-2
e LOX, (ZHOU; BEEVERS; HUANG, 2011; SALVIOLI et al., 2007; CUI et al., 2004;
AGGARWAL et al., 2011) atuando assim como um agente anti-inflamatório potente.
Ela pode interceptar e neutralizar potentes pró-oxidantes e substâncias cancerígenas
(GOEL; KUNNUMAKKARA; AGGARWAL, 2008; AGGARWAL; HARIKUMAR;
2009). Na verdade, a curcumina pode suprimir o dano oxidativo, inflamação, déficits
cognitivos e acúmulo de amiloide, que são os traços característicos da AD (AGGARWAL;
HARIKUMAR, 2009). Além disso, os benefícios terapêuticos da curcumina também
foram demonstrados em lesões induzidas no cérebro, fígado e rim (KUMAR; DOGRA;
PRAKASH, 2009).

Punica granatum

A romã – Punica granatum, L. – é uma fruta originária da região do Oriente Médio.


A árvore cresce em regiões áridas e a produção do fruto se dá no período de setembro
a fevereiro (MARTINS, 1995). Tem sido utilizada como planta frutífera, ornamental
e reúne propriedades medicinais. Dentre os fitoconstituintes presentes na planta,
destacam-se flavonoides (apigenina e narigenina), antocianinas, taninos (ácidos gálico
e elágico), alcaloides, ácido ascórbico, ácidos graxos conjugados (ácido púnico) e o
ácido ursólico (LANSKY; NEWMANN, 2007). O seu fruto é consumido diretamente
na forma de sementes frescas, bem como suco fresco, que também pode ser usado
em bebidas. Trabalhos experimentais demonstraram que os compostos fenólicos da
romã apresentaram influência sobre fatores biológicos, como a atenuação de fatores
aterogênicos (AVIRAN et al., 2000; DORNFELD, 2001), modulação das respostas
anti-inflamatórias (ROSS et al., 2001) e de enzimas do sistema de defesa antioxidante
endógeno (superóxido dismutase, catalase e glutationa peroxidase) (AJAIKUMAR
et al., 2005). Também os flavonoides extraídos do suco fermentado e do óleo da romã
tiveram atividade inibitória das enzimas oxidantes ciclooxigenase e lipooxigenase
(SCHUBERT et al, 1999; TAUFNER et. al., 2006; CATÃO, 2006). É muito comum,
portanto, a utilização deste fruto para fins fitoterápicos, com a finalidade de cura de
diversas patologias. Pesquisas já vêm sendo desenvolvidas com os frutos da romãzeira,
principalmente no intuito de explorar seu potencial como alimento funcional, bem
como seu aproveitamento na utilização para fins terapêuticos.

20
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Vegetais crucíferos

Indol-3-Carbinol é um fitoquímico encontrado em grandes quantidades nas espécies


Brássica ou vegetais crucíferos como a couve, brócolis, couve-flor e couve de Bruxelas
(LOUB, 1975; WATTENBERG, 1978). Nos vegetais encontramos a glucobrassicina
(3-indolilmetil glucosinolate) que é hidrolisada por uma enzima endógena da planta a
mirosinase que no final do processo fornece o Indol-3-Carbinol. Nas condições ácidas
do estômago o Indol-3-Carbinol (I3C) ingerido é convertido em uma série de oligômeros
entre eles o 3,3’-Di- Indolil-Metano (DIM), que é o principal responsável pelos efeitos do
Indol-3-Carbinol in vivo (GROSE, 1992), tais como o antitumoral (diminui a proliferação,
aumenta a apoptose e diminui a neoangiogênese) e a desintoxicação hepática (aumenta
a expressão das enzimas de fase I e fase II). O Indol-3-Carbinol mostrou-se muito
eficaz na quimioprevenção do câncer em modelos animais submetidos a vários tipos
de agentes carcinogênicos (OGANESIAN, 1997; JIN, 1999; HE, 2000). Por exemplo, a
alimentação rica em Indol-3-Carbinol de camundongos fêmeas C3H/OuJ reduziu em
50% o aparecimento de câncer de mama espontâneo nesta raça geneticamente propensa
(BRADROLW, 1991).

Mais importante é o fato comprovado dos efeitos benéficos clínicos do Indol-3-Carbinol


(I3C) nas neoplasias humanas como o câncer de mama (REED, 2005 – 2006), neoplasia
vulvar intraepitelial (NAIK, 2006), displasia cervical (BELL, 2000) e vários tipos de
câncer (STEIN, 1991). Por exemplo, o I3C é capaz de inibir a proliferação de células do
câncer de mama humano dependente de estrógeno (TIWARI, 1994) e independente
de estrógeno (COVER, 1998). Evidências epidemiológicas sugerem que dietas ricas
em vegetais estão associadas com baixo risco de neoplasias dependentes de estrógeno
como o câncer de mama (STEIMETZ, 1996; FREUDHEIM, 1996). O I3C suprime em
várias extensões a proliferação de grande série de tumores incluindo; mama, próstata,
endométrio, colorretal, leucemia mieloide e recentemente foi mostrada a sua eficácia
contra a leucemia/linfoma de células T em adultos (ATLL) (AGGARWAL, 2005;
MACHIJIMA, 2009).

O mecanismo de ação do I3C não está ainda estabelecido, como acontece com a maioria
dos medicamentos que se usa na medicina, entretanto, sabemos muito bem os efeitos
benéficos que provoca nos pacientes com câncer tanto do ponto de vista curativo como
preventivo. Aggarwal um dos pesquisadores que mais estudam os efeitos bioquímicos
e fisiológicos das substâncias naturais assim resume os efeitos do indol-3-carbinol, ao
lado de seus colegas:

1) In vitro o I3C suprime a proliferação de várias linhagens tumorais incluindo o câncer


de mama, de próstata, endometrial, colorretal e células leucêmicas; induz a parada do

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UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

ciclo celular em G1, e induz a apoptose. A parada do ciclo celular envolve a diminuição
da ciclina D1, ciclina E, ciclinas-dependentes das kinases: CDK2, CDK4 e CDK6 e o
aumento da p15, p21 e p27. A apoptose envolve: a) diminuição dos produtos de genes
anti apoptóticos - Bcl-2, Bcl-xL, survivina, IAP (Inibidor-da-Proteína- Apoptótica),
XIAP (cromossoma X ligado ao IAP) e FLIP (Fas-associated death domain protein-
Like Interleukin-1-beta-converting enzyme Inhibitory Protein) e; b) o aumento de
proteínas pró-apoptóticas - Bax , liberação de citocromo C pela mitocôndria , ativação
da caspase-9 e da caspase-3. O I3C inibe a ativação de vários fatores de transcrição
incluindo o NF-kappaB, Akt, SP1, receptor estrogênico, receptor androgênico e o
Nrf2 (fator nuclear E2 relacionado ao fator 2). Esta substância potencializa o TRAIL
(Tumor necrosis factor-Related Apoptosis- Inducing Ligand) através da indução dos
receptores de morte celular e potencializa a quimioterapia diminuindo na membrana
da célula neoplásica a P-glicoproteína (P-gp) agente que retira o quimioterápico do
intracelular. Possui também efeito antiangiogênico. O I3C é mais uma substância que
diminui o potencial de membrana mitocondrial. 2) In vivo o I3C é potente agente
quimiopreventivo nas neoplasias hormônio-dependentes como o câncer cervical, de
mama e de próstata. Estes efeitos são mediados pela supressão dos radicais livres,
inibição da formação de carcinógenos que lesam o DNA, estímulo da 2-hidroxilação do
estrógeno (inativação do estrógeno), inibição da angiogênese e indução da apoptose.
Acresce a forte atividade hepatoprotetora contra vários tipos de carcinógenos, devido à
indução da enzima p-450 (SAFE, 2008; AGGARWAL, 2005; SARKAR, 2004; MANSON,
2005; KIM, 2005; NAUGLER, 2008; MORI, 1999).

Selênio

O selênio é encontrado naturalmente nos alimentos de origem animal, frutos do mar,


carnes, cereais e, principalmente, na castanha-do-pará, que o possui em altos teores.
Selênio é um metal pesado encontrado no solo em todo o mundo. Sua quantidade varia de
uma região para outra, e isto influencia diretamente na quantidade de selênio disponível
nos alimentos produzidos. Plantas e organismos microscópicos convertem o selênio em
compostos orgânicos, incluindo o selenometione, que é a maior fonte de selênio nos
alimentos. O selênio é o antioxidante mineral mais importante, sendo essencial para a
função da enzima peroxidase da glutationa e para os sistemas imune e cardiovascular.
Tem propriedades anti-inflamatórias, inibindo as citocinas inflamatórias induzidas
pelas radiações ultravioletas que causam danos prejudiciais na pele.

O selênio é um potente antioxidante natural, quando se encontra junto com outras


vitaminas antioxidantes, como as vitaminas A, C e E (BURGESS, 2005), protegendo
o organismo da sua própria oxidação produzida pelos radicais livres. De acordo com

22
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Seo et al. (2002), o selênio foi o primeiro antioxidante a apresentar evidências de que
era um reforço na reparação do DNA, sendo que a administração da suplementação de
selênio, na forma de seleniometionina, induzia uma reparação por excisão de base via
ativação do fator P53 nos fibroblastos normais de humanos in vitro.

Esse mineral tem se mostrado promissor em prevenir o início e a progressão de diversas


neoplasias. As necessidades de selênio em seres humanos variam de 40 a 55μg ao dia,
com uma tolerância máxima de 400μg ao dia. Sinais de intoxicação incluem unhas
deformadas, vômito, fadiga, dormência ou perda de controle dos membros, queda de
cabelo, dentes e unhas. Doses excessivas são potencialmente fatais.

Em contrapartida, a deficiência de selênio na dieta pode causar cardiopatias, dores


musculares e envelhecimento precoce. O foco das pesquisas tem se concentrado nas
aplicações clínicas do selênio no câncer de próstata. A suplementação de selênio para
pacientes que possuem baixo nível basal desse mineral parece ter um efeito protetor
para o aparecimento do câncer (CLARK et al., 1998). No entanto, nem todos os estudos
são concordantes em seus resultados, e diante dos efeitos colaterais associados à
intoxicação por selênio, deve-se ter cautela em indicar a suplementação deste mineral
com o intuito de prevenir neoplasia (WROCLAWSKI; GLINA, 2007).

Mecanismo de ação: indução da atividade de enzima de fase II por vários compostos


do selênio.

Resveratrol

O resveratrol é uma fitoalexina produzida por aproximadamente 31 gêneros de plantas


em resposta a estresses e infecções ambientais, como o ataque por fungos. É um polifenol
derivado da fenilalanina que contém dois anéis aromáticos com hidroxilas reativas na
sua estrutura, apresentando sob duas formas isoméricas: cis e trans-resveratrol, sendo
esta última mais comum devido a sua maior estabilidade quando protegida da luz solar
e do aumento do pH. O vinho tinto, atualmente apontado em vários estudos, apresenta
as duas formas isoméricas (MARTINS, 2008). Muitos são os efeitos benéficos à saúde
relacionados com o resveratrol, como prevenção de doenças por sua ação apoptótica,
quimiopreventiva, anti-inflamatória e antioxidante, além de uma gama de efeitos
positivos no endotélio, regulando substâncias vasoativas múltiplas (DI PASCOLI, 2013).

Esses efeitos benéficos se devem aos inúmeros alvos moleculares de ação do resveratrol
que envolvem citocinas, fatores de transcrição, proteínas do ciclo celular, entre outras
(MARTINS, 2008). Em estudo realizado por Di Pascoli et al., (2013) demonstrou
que a administração de resveratrol (10 e 20mg/kg/dia), por duas semanas, em ratos

23
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

portadores de cirrose hepática resultou em redução significativa da fibrose hepática.


Redução de colágeno-1, TGF-beta e inibição da expressão de NF-κB acompanharam o
recuo da fibrose. Houve redução da ativação de células estelares e da fibrose hepática,
sugerindo que a suplementação dietética diária pode ser parte do tratamento da
hipertensão portal (HP) em pacientes cirróticos.

Outro estudo também experimental em ratos com hepatocarcinoma associado à hepatite


B induzida à proteína “x” do vírus da hepatite B (VHBx) demonstrou que 30mg/kg/dia de
resveratrol diminuíram a produção de ERO, estimularam a proliferação de hepatócitos,
além de reduzirem a expressão de genes lipogênicos como SREBP1-C e PPAR-gama,
apontando o resveratrol como um potencial agente quimiopreventivo para o CHC
associado à hepatite B (HC L et al., 2012). Ensaio recentemente publicado também
utilizando esta mesma dose de resveratrol durante seis semanas em ratos alimentados
com dieta obesogênica rica em sacarose evidenciou prevenção do acúmulo de gordura
no fígado, aumento da oxidação dos AG e diminuição da lipogênese. Tais efeitos foram
associados ao aumento da atividade da carnitina palmitoil transferase Ia (CPT-Ia) e
acilcoenzima A-oxidase (ACO) e redução da enzima acetilcoenzima A-carboxilase
(ACC), o que sugere o uso deste fitoterápico como terapia coadjuvante na prevenção da
doença hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA; ALBERD et al., 2013).

Devido à escassez de ensaios clínicos em humanos que avaliem segurança e


hepatotoxidade da suplementação de resveratrol e doses com potenciais efeitos
terapêuticos, até o momento recomenda-se o consumo de alimentos fontes de resveratrol
(presente em diversas frutas, como uvas, ameixas, amora, framboesa etc.) como parte
da alimentação saudável.

Silimarina

A silimarina, amplamente conhecida por sua ação hepatoprotetora, é um extrato de


pelo menos sete flavonolignanas, que são a classe de compostos mais comuns, e um
flavonoide, a taxifolina, presentes no extrato de cardo-mariano (Silybum marianum L.),
também conhecido como cardo leiteiro (LOGUERCIO; FESTI, 2011). As silibinas A e B
representam cerca de 50% a 70% do extrato de silimarina, (LOGUERCIO; FESTI, 2011)
sendo o seu principal componente. No entanto, a silimarina também contém outras
flavonolignanas como a isossilibina, a silidianina, a di-hidrossilibilina e a silicristina
(WAGONER; MORISHIMA; GRAF, 2011).

Em células hepáticas, assim como em outros tipos de células, os efeitos comuns da silibina
podem ser resumidos em: Antioxidante; Modulador direto e indireto da inflamação e
da fibrogênese; Modulador direto e indireto de algumas vias metabólicas hepáticas,

24
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

as quais serão descritas a seguir (LOGUERCIO; FESTI, 2011). Estudos realizados com
culturas de células demonstraram que a silibina agiu como antioxidante devido aos
seguintes mecanismos: ( BORSARI et al. 2001; TÃNGER, M. et al., 2001; LIGERET, H.
et al. , 2008; TROUILLAS, P. et al., 2008)

»» Inibição da formação de radicais livres.

»» Ligação a alguns desses radicais livres.

»» Interferência na peroxidação lipídica das membranas.

»» Aumento do conteúdo intracelular de receptores scavengers ou


removedores.

»» Manutenção dos níveis de glutationa nas células hepáticas, promovendo


a estabilização das membranas plasmáticas.

»» Atuação como quelante de íons ferro.

Na presença de estresse oxidativo e nitrosativo, a silibina inibe a formação de radicais


ânion superóxido e óxido nítrico, aumenta o conteúdo de trifosfato de adenosina (ATP)
via fosforilação de difosfato de adenosina (ADP), diminui o conteúdo de malondialdeído
(MDA) e praticamente impede a redução de glutationa superóxido dismutase (SOD),
catalase, glutationa peroxidase (GPx) e glutationa redutase (GR) (TÃNGER, et al.,
2001; LIGERET, et al., 2008; DEHMLOW; ERHARD; DE GROOT, 1996). A silimarina
e principalmente a silibina inativam a cascata de transdução do NF-κB, reduzindo a
transcrição de genes envolvidos em inflamação, sobrevivência celular, diferenciação
e crescimento celular, o que confere aos dois compostos ação anti-inflamatória.
Constitutivamente, nas células não estimuladas, o NF-κB é sequestrado no citoplasma
por meio da interação com uma proteína inibidora 1, kappa-B alfa (IκB-alfa). Após a
ativação induzida pelo estresse oxidativo, o NF-κB dissocia- se da proteína IκB-alfa, a
qual é degradada pela subunidade ubiquitina-proteassoma. O NF-κB liberado da proteína
inibidora é ativado por meio de fosforilação envolvendo proteinocinases e se transloca
para o núcleo celular, onde conduz a ativação de genes relacionados com a inflamação,
tais como IL-1, IL-6, FNT-alfa, proteína Creativa (PC-R), cicloxigenases e lipoxigenases.
Coerentemente com sua atividade antioxidante, foi demonstrado que a silibina inibe a
ativação e a translocação de NF-κB por meio da supressão da fosforilação de IκBalfa e da
consequente inibição da degradação do inibidor (LOGUERCIO; FESTI, 2011).

A silibina inibe a ativação de proteinocinases como a JNK (cinase C-Jun N-terminal),


reduzindo, deste modo, a inflamação e a resistência à insulina (RI). Também modula
a absorção de glicose em adipócitos, por meio do bloqueio do transportador de glicose

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UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

dependente de insulina 4 (GLUT-4). Observou-se que em hepatócitos de ratos, a


administração de 25 a 100mmol/L de silibina reduziu a formação de glicose a partir de
diferentes substratos gliconeogênicos por meio de um efeito inibidor da atividade da
enzima piruvatocinase.

Além disso, a silibina também inibiu a gliconeogênese e a glicogenólise de maneira


dependente da dose, tanto em condições basais como após a estimulação dependente
da administração de glucagon, via bloqueio da hidrólise de glicose-6-fosfato com
diferentes substratos, como lactato, piruvato, glicerol e frutose (NOMURA et al., 2008).

A silibina apresenta também efeitos antivirais, uma vez que na concentração


de 20mmol/L inibe a expressão da proteína e a replicação do VHC em leucócitos
polimorfonucleares derivados de pacientes com infecção crônica por VHC
(LOGUERCIO; FESTI, 2011). Em um modelo in vitro de fibrogênese hepática humana,
a silibina demonstrou propriedades antifibróticas diretas e indiretas. Em células
estelares (células de Ito), isoladas do fígado humano, a silibina reduziu o fator de
crescimento derivado de plaqueta (PDGF) e o fator de transformação e crescimento
beta (TGF-beta), os quais participam ativamente da cicatrização e da regeneração de
tecidos, com potencial efeito na fibrose hepática (TRAPPOLIERE, 2009).

Estudo desenvolvido por Wu et al. (2008) investigou os efeitos terapêuticos


e quimiopreventivos da silimarina usando modelo animal transgênico de
hepatocarcinogênese espontânea, por meio da superexpressão da proteína “x” do vírus
da hepatite B (VHBx). Constitutivamente a VHBx ativa o fator nuclear NF-κB via estresse
oxidativo e sinalização via transdutor de sinal e ativador de transcrição 3 (STAT-3, do
inglês signal transducer and activator of transcription 3), um ativador transcricional
relacionado com a proliferação e a diferenciação celular, o qual se encontra ativado em
vários tipos de células tumorais (WU, Y.F. et al., 2008).

A silimarina foi administrada diariamente em doses de 30, 100 e 300mg/kg, a


camundongos de quatro a seis semanas de idade, por via oral (VO), com a ajuda de
seringa para alimentação. Os resultados demonstraram que a silimarina apresentou
efeitos terapêuticos dependentes da dose nos estágios iniciais da lesão hepática,
revertendo alterações lipídicas e recuperando a histopatologia do parênquima hepático.
Para avaliar os efeitos quimiopreventivos em estágios mais tardios da carcinogênese,
os ratos de 13 meses foram divididos em um grupo pré-neoplásico e um grupo com
carcinoma hepatocelular (CHC), os quais receberam silimarina ou placebo. Neste
grupo de animais pré-neoplásicos que receberam a silimarina, não foi detectado
desenvolvimento de CHC.

26
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

No entanto, no segundo grupo, já apresentando CHC, a silimarina não foi capaz de


bloquear a progressão do câncer. Embora a silimarina não tenha reduzido a expressão
da proteína VHBx, os níveis de espécies reativas de oxigênio (ERO) estavam diminuídos,
a proliferação celular foi estimulada e a ultraestrutura do hepatócito apresentou
recuperação significativa. Os autores concluíram que a silimarina exerce efeitos benéficos
nos estágios iniciais da patogênese hepática, prevenindo e retardando a tumorigênese,
e poderia ser considerada um agente quimiopreventivo da hepatocarcinogênese
relacionada com o VHB (WU et al., 2008).

O uso de silimarina/silibina em pacientes com diferentes tipos de doenças hepáticas


agudas e crônicas foi avaliado em meta-análise realizada por Rambaldi et al. (2007)
que questionou os benefícios do CM para pacientes com doença hepática alcoólica e/
ou hepatite viral B e C. A intervenção com CM não apresentou efeito significativo sobre
mortalidade, complicações da doença hepática ou melhora histológica do parênquima
hepático.

A mortalidade relacionada com a doença hepática foi significativamente reduzida em


todos os ensaios após uso do CM, mas não nos trabalhos de alta qualidade, embora o
CM não tenha sido associado a risco significativamente aumentado de eventos adversos.
Os autores concluíram que ainda faltam evidências de alta qualidade para justificar a
administração do extrato de CM na prática clínica, mencionando que estudos clínicos
bem controlados e adequadamente conduzidos com a utilização de CM comparado com
placebo ainda são necessários (RAMBALDI; JACOBS; GLUUD, 2007). Dados mais
recentes sobre utilização em longo prazo da silimarina no tratamento da hepatite C
sugerem que a administração da silimarina em pacientes com doença hepática avançada
pode estar associada à redução da progressão para cirrose.

Allium sativum

A espécie Allium sativum L. (Liliaceae), conhecida popularmente como alho, pertence


à família das Liliáceas e é nativa da Ásia Central, cultivada em vários países, sendo
amplamente conhecida no Brasil. Além de ser considerado um ingrediente de
significativa importância na culinária e economicamente acessível, é rica em compostos
sulfurados e possui alta concentração de fitoquímicos terapêuticos localizados nos
bulbos (HEIZMENN, 2001).

Segundo Marchiori (2003), já foram identificados cerca de 30 componentes do alho com


efeitos terapêuticos para a saúde. Algumas dessas propriedades farmacológicas estão
bem estabelecidas, como ação antibacteriana (DI STASI, 1996; CUTLER; WILSON,
2004), antioxidante (DROBIOVA et al., 2009), fibrinolítica (ROBBERS et al., 1996;

27
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

RAHMAN, 2001), anticoagulante e anti-hipertensiva (MASHOUR et al., 1998; Al-


QATTAN et al., 2003), natriurético e diurético (PANTOJA et al., 2000), estimulante
da secreção de insulina e ação hipoglicêmica (AUGUSTI; SHEELA, 1996), ação
hipolipidêmica (ISMAIL et al., 1999), além de prevenção da arteriosclerose (DURAK et
al., 2002), previne o câncer (THOMSON; ALI, 2003). A ação preventiva do alho quanto
às doenças cardiovasculares é reconhecida (BORDIA et al., 1998; Sobenin et al., 2008),
e nos últimos anos, atenção particular tem sido dedicada para sua atividade na redução
do colesterol.

Vários estudos (BORDIA et al., 1975; JAIN, 1977; AUGUSTI, 1977; Bordia et al., 1977;
SAINANI et al., 1979; NITYANAND et al., 1989) têm mostrado que este vegetal possui
componentes hipocolesterolêmicos. Relatos da literatura médica ao longo dos últimos
20 anos sugerem que a suplementação da dieta com alho pode ser efetiva no decréscimo
dos níveis séricos de colesterol em 15 a 20%. No entanto, eles variam significativamente
em termos de efeito do tratamento, tipos de preparações, dosagem e unidade
experimental utilizada (WARSHAFSKY et al., 1993; MARCHIORI, 2003; RAHMAN;
LOWE, 2006; SOBENIN et al., 2008), sendo que a forma de utilização é fundamental
para que haja princípios ativos em concentrações suficientes para exercerem a ação
terapêutica. Entre os principais produtos de oxidação lipídica estão os radicais
livres, que são associados a diversas patologias, incluindo doenças degenerativas,
como as cardiopatias, aterosclerose e problemas pulmonares (CORRÊA-CAMACHO;
DIAS-MELICIO; SOARES, 2007).

Os radicais livres são formados naturalmente no organismo durante a redução


do oxigênio molecular, formando espécies reativas que necessitam ser inativadas
permanentemente. Para se proteger, a célula possui um sistema de defesa chamado
sistema antioxidante, que pode atuar em duas linhas, ou seja, através de dois mecanismos
(FERREIRA; MATSUBARA, 1997). Na primeira linha os antioxidantes impedem a
formação de radicais livres, principalmente pela inibição das reações em cadeia com
o ferro e o cobre, atuando como detoxificadores do agente antes que ele cause a lesão.
Esta linha é constituída por glutationa reduzida (GSH), superóxidodismutase (SOD),
catalase, glutationa-peroxidase (GSH-Px) e vitamina E (FERREIRA; MATSUBARA,
1997).

No segundo mecanismo ocorre o reparo das lesões causadas pelos radicais, através da
remoção dos danos da molécula de DNA e a reconstituição das membranas celulares
danificadas. Este grupo é constituído pelo ácido ascórbico, glutationa-redutase
(GSH-Rd), glutationa-peroxidase GSH-Px, entre outros (FERREIRA; MATSUBARA,
1997). Esses agentes protegem as células contra os efeitos dos radicais livres e podem
ser classificados em antioxidantes enzimáticos (superóxido dismutase, catalase) ou não

28
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

enzimáticos (selênio, flavonoides, vitamina E) (BIANCHI; ANTUNES, 1999). Por sua


vez, os componentes do alho possuem a capacidade de eliminar radicais livres, proteger
a membrana de danos e manter a integridade celular (BUTT et al., 2009).

Dentre os compostos do alho responsáveis pelos efeitos antioxidantes estão o selênio,


os compostos de enxofre ou sulfurados e os compostos fenólicos (BENKEBLIA, 2005;
DALONSO et al., 2009). Com atividade antioxidante, o alho inativa espécies reativas
de oxigênio e aumenta atividade das enzimas antioxidantes celulares (SANTIAGO et
al., 2009). Os bioflavonoides, os compostos fenólicos e a alicina são capazes de agir
como varredores de radicais livres (CHOI; CHO, 2006; MARCHIORI, 2003). Estudos
sugerem que a alicina é a responsável por esta ação de varredura já que possui analogia
estrutural com o dimetil sulfóxido (GARCIA GOMEZ; SANCHEZ-MUNIZ, 2000). Sabe-
se que quanto maior o teor de fenólicos, maior a capacidade de “limpeza” de peróxido
de hidrogênio e da quebra de reações em cadeia dos radicais (BENKEBLIA, 2005). Já
os organossulfurados mostram-se capazes de estimular as enzimas antioxidantes no
fígado (glutationa peroxidase, glutationa transferase, catalase e superóxido dismutase),
protegendo o endotélio vascular contra lesões oxidantes e outras moléculas biológicas,
incluindo lipídeos, proteínas, carboidratos e vitaminas (BUTT et al., 2009).

Substâncias como aliina, alicina e ajoeno podem agir como antioxidantes sobre a LDL,
pois impedem a peroxidação lipídica pela inibição da enzima xantina-oxidase (enzima
responsável pela redução do oxigênio e formação de radicais livres e ácido úrico) e de
eicosanoides (que aparentemente agem como moduladores no metabolismo de lipídeos
e carboidratos (MARCHIORI, 2003). Outro composto responsável pela diminuição da
peroxidação lipídica é a S-alilcisteína (SANTIAGO, 2009). A peroxidação lipídica é a
deterioração oxidativa dos lipídeos poli-insaturados, presentes em grandes quantidades
nas membranas celulares e em muitas organelas (mitocôndrias, por exemplo) (RENZ,
2003). Porém, a membrana é um dos componentes celulares mais atingidos causando
alterações em sua estrutura e na permeabilidade celular. Isso faz com que ocorra a
perda da seletividade na troca iônica e a liberação do conteúdo de organelas, como
as enzimas hidrolíticas dos lisossomas, e formação de produtos citotóxicos (como o
malonaldeído - MDA), culminando com a morte celular (RENZ, 2003). Frente a todos os
problemas causados pela peroxidação lipídica no organismo humano, esta propriedade
antioxidante do alho é de extrema importância.

Sabe-se que na inativação de um agente oxidante ocorre a produção de glutationa


oxidada (GSSG) e depleção de GSH; caso o sistema de óxido-redução esteja íntegro,
haverá recuperação da GSH. Porém, caso haja um excesso de agentes oxidantes e/ou
deficiência do sistema protetor, haverá um desequilíbrio entre o consumo de GSH e a
produção de GSSG. Isto caracteriza o estresse oxidativo (BIANCHI; ANTUNES, 1999).

29
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Muitos são os benefícios do alho quando se depara com o mecanismo antioxidante, pois
este tem a capacidade de agir em diversos locais, como por exemplo, sobre espécies
reativas, diminuindo-as, e também aumentando as enzimas antioxidantes. Sendo assim
pode-se dizer que este é um dos principais mecanismos de ação do alho que merece
atenção. Seria útil aumentar o foco das pesquisas para o mesmo, pois a oxidação é
uma das principais causas de patologias, incluindo as cardiovasculares, e até mesmo do
envelhecimento.

Licopeno

O tomate – Solanum lycopersicum – é um fruto que vem atraindo muita atenção e tem
sido estudado na prevenção de doenças cardiovasculares, no controle de dislipidemias
e diabetes, e em diversos tipos de câncer. O licopeno é um carotenoide presente em
grandes quantidades no tomate, mas também está presente em boas quantidades em
outras frutas como goiaba, melancia e mamão papaia (PAUL, 2008). Ele possui atividade
antioxidante potente, maior que a do alfa e do beta caroteno, pois não é convertido em
vitamina A quando ingerido. Estudos iniciais sugeriram que tomates industrializados
na forma de molho ou pasta de tomate constituem uma fonte mais rica em licopeno do
que suco ou fruta crua, porque o seu aquecimento no processo de cozimento permite
que o organismo o absorva mais rapidamente (PAUL, 2008).

Graças à sua estrutura química singular única, o Licopeno é o melhor supressor


biológico de radicais livres conhecido, especialmente aqueles derivados de oxigênio.
Descobertas recentes indicam que o Licopeno tem uma participação importante no
mecanismo natural que protege o organismo dos efeitos prejudiciais dos radicais
livres, nos protegendo, desta forma, contra a manifestação de doenças degenerativas
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Licopeno). A evidência científica já estabeleceu que os
carotenoides, como o Licopeno, são essenciais para a nutrição humana.

Eles podem também desempenhar um papel vital na prevenção de doenças degenerativas


através da melhoria do sistema imunológico, inibição mutagênese e redução dos danos
nucleares induzidos. Pesquisas clínicas indicam claramente que o Licopeno reduz a
oxidação LDL e ajuda a reduzir os níveis de colesterol no sangue, reduzindo desta forma
o risco de ataque cardíaco. As propriedades antioxidantes e de supressão de oxigênio
atômico do Licopeno estão bem documentadas. O Licopeno está presente naturalmente
no plasma humano em maiores quantidades que qualquer outro carotenoide da dieta
alimentar (<http://pt.wikipedia.org/wiki/Licopeno>).

O risco de Câncer de Próstata (CaP) é frequentemente associado com níveis elevados


de fator de crescimento insulina-like-1 (IGF-l) e redução da proteína ligadora de IGF-3

30
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

(IGFBP-3). O licopeno demonstrou-se capaz de aumentar significativamente os níveis


de IGFBP-3 e reduzir a expressão do receptor de IGF-l, além de possuir a propriedade
de reduzir a proliferação de células neoplásicas e induzir sua apoptose. Assim, havia
uma grande expectativa em relação à capacidade do licopeno em prevenir o CaP
(WROCLAWSKI; GLINA, 2007).

Diversos estudos de caso-controle e prospectivos têm sido realizados para avaliar se a


presença de licopeno na dieta está associada ao risco para o CaP. Os pesquisadores ainda
não chegaram em um consenso a respeito da dose diária recomendada de Licopeno.
O valor sugerido é de 5 a 10 mg diários, contudo em certos estudos quantidades
muito maiores foram dadas aos voluntários. Não existem quaisquer efeitos colaterais
consequentes do consumo de altas quantidades de Licopeno (http://pt.wikipedia.org/
wiki/Licopeno). Dose: 8 a 12 mg/diariamente.

Capsaicin (Capsicum annum)

A pimenta vermelha tem sua origem no Brasil (mais especificamente na Bahia) e no


Peru, sendo seu descobrimento atribuído aos navegantes portugueses e espanhóis. A
pimenta pertence às plantas do gênero Capsicum e nelas há um fitoquímico chamado
capsaicina, responsável por garantir o sabor ardido do alimento. A pimenta (Capsicum
spp) é uma especiaria bastante apreciada pela sua pungência, flavor e como conservante
alimentar, assim como por suas propriedades fisiológicas e farmacêuticas, devido
à presença de determinados componentes como a capsaicina e a dihidrocapsaicina
(CISNEROS-PINEDA et al., 2006).

Alguns estudos têm apontado que as pimentas também são boas fontes de antioxidantes
alimentares, como vitamina C, vitamina E, carotenoides e compostos fenólicos
(REIFSCHNEIDER, 2000). Os capsaicinoides são bem conhecidos pela sua pungência.
As espécies do gênero Capsicum vêm sendo estudadas por pesquisadores do mundo
inteiro e os estudos conferem à capsaicina uma atividade anti-hiperlipidêmica (KUDA;
IWA; YANO, 2004), propriedades anti-inflamatórias (SURH; LEE; LEE, 2002),
antioxidantes (SURH; LEE; LEE, 2002; GANJI, 2004), além de efeito quimiopreventivo
(SURH; LEE; LEE, 2002; LEE et al., 2005) e efetivos no tratamento de um número de
desordens de fibras nervosas, incluindo dor associada com artrite, cistite e neuropatia
diabética (NUEZ, 1995). As pimentas ainda contêm altas concentrações de vitamina
A e C, consideradas nutrientes anticancerígenos (KUDA; IWAI; YANO, 2004). Dos
aproximadamente 14 capsaicinoides existentes, os que ocorrem em maior quantidade
são a capsaicina, a diidrocapsaicina e a nordiidrocapsaicina.

31
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

A grande maioria dos estudos apontam para as propriedades antioxidantes,


anticarcinogênicas e antimutagênicas da capsaicina. Este fitoquímico possui a
capacidade de reduzir a quantidade de radicais livres no organismo por modular
a formação de moléculas pró-inflamatórias através de ações sobre a ciclo-oxigenase
(COX-2), prostaglandinas (PGE2) e fator de necrose tumoral (TNF-α), que estão
associadas com doenças crônicas como diabetes, aterosclerose e câncer. A capsaicina
inibe a proliferação celular descontrolada, característica de células cancerosas, além de
induzir a apoptose (morte) da linhagem de células malignas.

Outro mecanismo inibitório do câncer pela capsaicina se dá através da inativação do


NF-kB, que é ativado em resposta a vários estímulos extracelulares, como citocinas
inflamatórias, agentes infecciosos e irradiação ultravioleta. Uma vez ativado, o NF-kB
irá estimular a expressão de genes envolvidos em repostas imunológicas, inflamação e
sobrevivência da célula cancerígena. A capsaicina é encontrada na pimenta malagueta,
cayenne, jalapeño, dedo-de-moça, entre outras.

Isoflavonas

Os fitoestrógenos são compostos vegetais, não esteroides, capazes de exercer efeitos


estrogênicos. Os mesmos são classificados em quatro grandes grupos: esteróis,
terpenoides, saponinas e fenólicos. Dentro do grupo fenólico, encontram-se os lignanos,
coumestanos, flavanóis, favonas, chalconas e isoflavonas. As isoflavonas são as formas
mais comuns de fitoestrógenos, sendo predominantemente verificadas em leguminosas
e especialmente na soja (Glycne max).

As principais isoflavonas existentes são a genisteína, daidzeína e gliciteína. Estudos


em cultura de células, modelos animais e alguns ensaios clínicos em humanos têm
mostrado que estas substâncias naturais oferecem importantes benefícios para a saúde
humana, como redução do risco cardiovascular, prevenção/tratamento da osteoporose
e alívio dos sintomas da menopausa. Também tem sido demonstrado que as mesmas
exercem atividade antioxidante e anticancerígena (ZAFRA; GOMEZ et al., 2010).

Os efeitos das isoflavonas da soja variam de tecido para tecido no organismo,


estas apresentam afinidade por receptores específicos. Tais efeitos ainda não
são suficientemente elucidados em nível molecular. Entretanto, pesquisas têm
demonstrado que as isoflavonas possuem mecanismos gerais de ação que podem
interferir no metabolismo de muitos nutrientes (ANDERSON et al., 1997). Além da
ação estrogênica e antiestrogênica promovida, sabidamente, por essas isoflavonas,
acredita-se que esses compostos também participam da regulação da atividade de
proteínas (especialmente das tirosina quinases), regulação do ciclo celular e possuem

32
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

efeitos antioxidantes (KURZER; XU, 1997). O câncer, de modo geral, é definido como
o crescimento descontrolado de células para formar um tumor que, em alguns casos,
pode invadir os tecidos adjacentes e se propagar, por processo de metástase, formando
tumores secundários em outras partes do corpo (TOLOMEN, 1990).

Foi demonstrado por Shertzer (1999) que as isoflavonas genisteína e a dadzeína


apresentam efeito anticancerígeno. Estudos epidemiológicos mostram que populações
que consomem uma dieta rica em soja e em seus derivados, têm incidência menor de
determinados tipos de câncer, como os de pele, mama e próstata, quando comparada
com a incidência destes cânceres em populações que não consomem ou consomem
pouco esse tipo de alimento (AGUIAR, 2002). Um estudo feito por Lamartiniere
et al. (1995), avaliou a atividade anticarcinogênica da genisteína em camundongos
com câncer de pele, e verificou que a administração diária de 250 ppm de genisteína
significativamente a atividade de enzimas oxidantes que combatem este tipo de
câncer. Efeitos da genisteína na regulação da secreção de insulina também têm sido
demonstrados.

Camelia sinensis

Uma das bebidas mais populares, o chá verde pertence à família Thaeceae e suas folhas
são utilizadas para preparação de uma infusão utilizada em grande parte do mundo. O
chá verde é obtido a partir das folhas e brotos da planta Camellia sinensis (C. sinensis),
originária da China, bem difundida em todo o mundo nos últimos 2.000 anos. As
catequinas são polifenóis responsáveis pela cor e pelo corpo do chá, que correspondem
a 26,7% dos compostos presentes na espécie C. sinensis (chá verde e chá branco
quando é colhido precocemente), dos quais 11% são constituídos de epigalocatequina
3-galato (EGCG), 10% epicatequina 3-galato (ECG), 2,5% epicatequina (EC) e 2%
epigalocatequina (EGC) (SCHMITZ, W. et al, 2005). Os chás feitos a partir de C. sinensis
são classificados em três tipos principais:

»» Chá verde: produzido por infusão das folhas secas ou frescas sem
fermentação, pois ocorre a inativação da polifenol oxidase.

»» Chá oolong: passa por um processo de semifermentação, produzido


quando as folhas frescas são submetidas a uma fase de fermentação,
antes da secagem parcial.

»» Chá preto e chá vermelho (Pu-Erh): passam por um processo de


fermentação após a colheita, antes da secagem e da vaporização. A
fermentação do chá preto se deve à oxidação catalisada pela enzima

33
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

polifenol oxidase, e o chá vermelho também é fermentado, mas


por adição de microrganismos. Os fitoquímicos são extensivamente
biotransformados no fígado, por meio das reações de fase II, ou seja:
glicuronidação, sulfatação e metilação.

Vários estudos clínicos foram realizados para identificar a farmacocinética das


catequinas do chá verde e determinar os níveis plasmáticos e urinários de catequinas
após a ingestão de diferentes quantidades de extrato de chá verde descafeinado por
voluntários humanos. Considerando que a biodisponibilidade das catequinas do chá
verde geralmente é baixa e a eliminação é rápida, estudos epidemiológicos sugerem que
os benefícios deste chá só ocorrem quando esta bebida é consumida com frequência, cerca
de cinco a 10 copos por dia, (CHOW; HAKIM, 2011) embora a ingestão concomitante de
vitamina C possa aumentar a biodisponibilidade das catequinas. O chá verde contém
polifenóis, especificamente catequinas da classe flavan-3-ol e seus derivados galatos,
considerados potentes agentes antioxidantes e anti-inflamatórios.

A estrutura flavan-3-ol os torna eficientes removedores ou scavengers de superóxido,


oxigênio singleto, óxido nítrico e peroxinitrito, estimula enzimas antioxidantes e outras
enzimas de destoxificação, além de proteger o DNA contra o dano oxidativo. Como
outros flavonoides, as catequinas do chá verde inibem o NF-κB e o ativador de proteína
1 (AP-1), ambos fatores de transcrição regulados pelo estado redox intracelular e que
promovem inflamação crônica e carcinogênese quando superativados (LAMBERT;
ELIAS, 2010; ROUZER; MARNETT, 2011).

A administração desta bebida pode ser uma estratégia nutricional eficaz para impedir
ou lentificar a evolução da esteatose hepática para esteato-hepatite não alcoólica
(NASH), devido à presença das catequinas polifenólicas que apresentam atividades
hipolipemiantes, antioxidantes, termogênicas e anti-inflamatórias. Evidências têm
demonstrado as propriedades hepatoprotetoras do chá verde e de suas catequinas,
as quais protegem o parênquima hepático contra DHGNA (MASTERJOHN; BRUNO,
2012). Modelo experimental demonstrou efeito da EGCG na prevenção de cânceres
hepático e colorretal. Os animais que receberam água potável contendo EGCG
apresentaram inibição significativa do desenvolvimento de focos de alteração celular e
adenoma hepático e a esteatose hepática melhorou. Além disso, níveis plasmáticos de
insulina, fatores de crescimento similares à insulina 1 e 2 (IGF-1 e IGF-2), fosforilação
hepática do receptor de IGF-1 (IGF-1R), da ERK, da proteinocinase B (AKT) e da
glicogênio sintase cinase-3 beta (GSK-3β), proteínas relacionadas com as vias de
sobrevivência e proliferação celular, foram reduzidos pelo consumo de EGCG. Este
polifenol também reduziu os níveis plasmáticos de ácidos graxos livres (AGL), de FNT-
alfa e a expressão gênica de FNT-alfa, IL-6, IL-1beta e IL-18 RNAm no fígado, indicando

34
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

que as catequinas de chá verde previnem a tumorigênese hepática relacionada com a


obesidade por meio da inibição do eixo IGF/IGF-1R, redução da hiperinsulinemia e
atenuação da inflamação crônica do fígado (SHIMIZU, M. et al., 2012).

Os IGF são polipeptídios com sequências altamente similares às da insulina que as


células usam para se comunicar com o seu ambiente fisiológico. Este sistema ou “eixo
IGF”, consiste em dois receptores de superfície (IGF-1R e IGF-2R), dois ligantes
(IGF-1 e IGF-2) e proteínas de ligação de IGF de alta afinidade (IGFBP 1-6), bem
como enzimas degradantes dos IGFBP, denominadas proteases (CASTRO; GUERRA-
JÚNIOR, 2005). Estudos in vitro e experimentais sugerem que os membros do sistema
IGF podem ter relação importante no desenvolvimento e na progressão de neoplasias.
IGF promove a progressão do ciclo celular e inibem a apoptose tanto por ação direta
com outros fatores de crescimento como por ação indireta, interagindo com outros
sistemas moleculares intracelulares envolvidos na promoção e/ou progressão do
câncer. Estudos epidemiológicos também sugerem que concentrações elevadas de IGF,
independentemente das alterações nas IGFBP, podem estar associadas ao aumento no
risco de desenvolver determinadas neoplasias (CASTRO; GUERRA-JÚNIOR, 2005).

Em trabalho clínico duplamente cego, controlado e randomizado por idade e índice


de massa corporal (IMC), 35 voluntários saudáveis receberam duas cápsulas após as
principais refeições por três semanas, totalizando 714mg polifenóis de chá verde ou
670mg de flavonoides, demonstrando efeito redutor da relação entre colesterol total
e lipoproteína de alta densidade (HDL). Além disso, as concentrações plasmáticas
de aspartato aminotransferase (AST), ALT, gamaglutamil transferase (gama-GT),
bilirrubina, ureia, ácido úrico e albumina estavam dentro dos valores fisiologicamente
normais, antes e após a ingestão do extrato de chá verde, demonstrando segurança de
uso para indivíduos saudáveis (FRANK et al., 2009).

Apesar da indicação terapêutica relacionada com suas propriedades antioxidantes,


hepatoprotetoras e pela propriedade “termogênica” auxiliando no processo de redução
do peso, há relatos na literatura sobre efeitos colaterais tóxicos do uso indiscriminado
de chá verde, como hepatite aguda e mesmo a insuficiência hepática (MOLINARI, Ç.
M. et al., 2006; YELLAPU, R. K. et al., 2011) ou hepatite fulminante com necessidade
de transplante hepático (GLORO, R. et al., 2005) requerendo, portanto, cautela na
utilização deste fitoterápico na prática clínica.

Ácidos graxos poli-insaturados


Os lipídios da dieta são importantes fontes de energia e precursores de numerosos
compostos biologicamente ativos. Os humanos podem sintetizar todos os lipídios
35
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

necessários à saúde, com exceção dos ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs) de cadeia
longa ômega 3 (n-3) e ômega 6 (n-6) (ALEXANDER, 1998), sendo estes chamados de
essenciais (CARVALHO et al., 2003). Os ácidos graxos poli-insaturados n-3, em especial
dos ácidos eicosapentaenoico (EPA) e docosahexaenoico (DHA) são encontrados nos
óleos de peixes de águas frias e profundas como salmão, arenque, atum e sardinhas.

Estes compostos têm demonstrado importante ação antilipêmica, anti-inflamatória,


antitrombótica, antiarrítmica, anti-hipertensiva, anticarcinogênica entre outras (SIMÃO
et al., 2007). Uma das mais importantes funções dos AGs n-3 e n-6 é relacionada à sua
conversão enzimática em eicosanoides (SIMÃO et al.,2007). Os eicosanoides têm várias
atividades biológicas: modulam a resposta inflamatória e a resposta imunológica; e têm
papel importante na agregação plaquetária, no crescimento e na diferenciação celular.

A produção de eicosanoides começa com a liberação dos AGs poli-insaturados da


membrana fosfolipídica pela ação de várias fosfolipases. Liberados da membrana,
esses AGs servem como substratos para cicloxigenases, lipoxigenases e citocromo P450
monoxigenase (HARDMAN, 2004). Cicloxigenases (COX) e lipoxigenases (LOX) agem
nos AGs de 20 carbonos produzindo moléculas de sinalização celular: prostaglandinas,
tromboxanos e leucotrienos. As prostaglandinas da série dois, produzidas a partir
do AA, tendem a ter ação pró-inflamatória e proliferativa na maioria dos tecidos. As
prostaglandinas da série três, produzidas a partir do EPA, têm efeito inflamatório
e proliferativo menor, portanto são menos favoráveis ao desenvolvimento e ao
crescimento de células cancerosas (HARDMAN, 2004). As COXs têm duas isoenzimas:
COX 1 e COX 2. A COX 1 é produzida normalmente pela maioria das células e a COX
2 é produzida como parte da resposta inflamatória. A produção de AA a partir de AG
n-6 é suprimida pelo ácido alfa-linolênico, pelo EPA e pelo DHA, os três principais
AGs n-3. A supressão da produção de AA pelos AG n-3 também inibe a produção dos
eicosanoides derivados do AA.

Já se demonstrou que a incorporação de AG n-3 suprime a produção de COX 2 e


pode reduzir a resposta inflamatória mudando os eicosanoides que são produzidos
(TANAKA; KOUNO, 2003). Os eicosanoides gerados pela oxidação do AA, tais como:
prostaglandina E2, leucotrieno B4, tromboxano A2 e ácido 12- hidroxieicosatetraenoico
já foram positivamente ligados à carcinogênese. Por exemplo, a prostaglandina E2
promove a sobrevivência das células tumorais e é encontrada em concentrações maiores
nas células tumorais que nas células normais. Se AGs n-3 estão disponíveis, eles serão
usados como substrato pela COX 2; portanto, se os AGs n-3 forem incluídos na dieta
e incorporados às membranas celulares, menos prostaglandina E2 será produzida nos
tecidos normais e tumorais. Os produtos das COX e LOX derivados do AA estimulam a

36
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

mitose, enquanto os derivados do EPA diminuem o crescimento do tumor (HARDMAN,


2004).

Observou-se que o EPA e o DHA são aproximadamente cinco vezes mais potentes que
o AG alfa-linolênico na supressão dos eicosanoides derivados do AA2. Quando o fator
de transcrição nuclear NFkB é ativado, a morte celular programada, ou apoptose, é
bloqueada. Esse fator nuclear está frequentemente alterado nas células tumorais,
resultando em células resistentes às drogas quimioterápicas e à radiação, as quais não
morrem em resposta ao dano genético ocorrido.

A expressão dos genes da família Bcl-2 e da COX 2 também pode bloquear a apoptose,
resultando em células que não sofrem apoptose na hora apropriada. Os AGs n-3
podem restaurar a apoptose fisiológica pela regulação do fator nuclear, o qual regula
a expressão da COX 2, e pela regulação da expressão dos genes da família Bcl-22.
À medida que o tumor se desenvolve, novos vasos se formam para suprir as células
tumorais de nutrientes e remover produtos do metabolismo celular. A angiogênese está
frequentemente associada com prognóstico pior.

Estudos mostram que tumores com maior vascularização são mais agressivos e
invasivos (ROYNETTE, 2004). A inibição da angiogênese é uma estratégia para
inibir ou limitar o crescimento do tumor. Os AGs n-3 podem inibir a angiogênese por
múltiplos mecanismos, incluindo alterações na produção de prostaglandinas e inibição
da proteína cinase C2. O fator de necrose tumoral alfa (TNF) tem papel importante na
inflamação e na caquexia. Estudos em animais de laboratório, indivíduos voluntários
sadios e vários grupos de pacientes indicaram que os AGs n-3 diminuem a habilidade
das células mononucleares de produzir TNF. Esse é o elemento chave dos efeitos anti-
inflamatórios do óleo de peixe e explica parcialmente sua utilização nos distúrbios
inflamatórios. Entretanto, estudo recente relatou que existem variações na resposta ao
óleo de peixe, dependendo do genótipo individual (ROYNETTE, 2004).

Nesse estudo, a utilização de óleo de peixe, em homens sadios, por três meses, diminuiu
a produção de TNF pelas células mononucleares sanguíneas. No entanto, esse efeito
dependeu do genótipo dos indivíduos estudados. Indivíduos heterozigotos para os alelos
do TNF, com produção média ou baixa de TNF quando do início no estudo, foram mais
sensíveis ao efeito anti-inflamatório do óleo de peixe que os indivíduos homozigotos. Esses
achados sugerem que alguns outros efeitos dos AGs n-3 também podem ser influenciados
pelo genótipo, de sorte que o uso dos AGs n-3 como prevenção primária pode se tornar
tarefa mais complexa do que se imagina presentemente (ROYNETTE, 2004).

37
CAPÍTULO 2
Fitogenômica e envelhecimento
saudável

O envelhecimento caracteriza-se por modificações profundas no organismo, de ordem


morfológica, psicológica, funcional e bioquímica. Estas mudanças têm como origem
o tempo de vida, com consequente limitação do organismo na sua capacidade de
adaptação ao seu próprio ambiente.

Várias teorias biológicas explicam algumas características do envelhecimento, mas


os múltiplos mecanismos envolvidos neste processo ainda não são completamente
conhecidos. Por exemplo, a hipótese de que o envelhecimento é causado pela
desregulação do sistema imune ainda não foi confirmada, pois mesmo na idade
avançada persiste a plasticidade dos sistemas neuroendócrino e imune (GUARIENT;
TEIXEIRA, 2010).

A senescência é o processo natural de envelhecimento ao nível celular ou o conjunto


de fenômenos associados a este processo. É um processo metabólico ativo essencial
para o envelhecimento. Ocorre por meio de uma programação genética que envolve
deterioração dos telômeros e ativação de genes supressores tumorais.

As células que entram em senescência perdem a capacidade proliferativa após um


determinado número de divisões celulares. O processo de envelhecimento depende de
fatores genéticos e ambientais e neste caso, ocorre por deterioração molecular, celular
e no organismo devido à exposição a agentes nocivos ambientais. O estresse oxidativo
e a inflamação são os principais determinantes do processo degenerativo (SALVIOLI
et al., 2007).

A ingestão de alimentos ricos em fitoquímicos e o uso de fitoterápicos antioxidantes


são maneiras de neutralizar o dano oxidativo mediado por radicais livres. Esses
alimentos são facilmente encontrados na natureza, especialmente em produtos de
origem vegetal. Os fitoquímicos que atuam na prevenção de doenças relacionadas com
o envelhecimento têm sido muito utilizados há anos pela medicina tradicional chinesa
(MTC) e na Ayurvédica a fim de restabelecer as funções cognitivas reduzidas.

38
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Fitoterapia funcional no antienvelhecimento


Nomenclatura Popular/ Princípio Ativo Ações no Organismo
Botânico
Ginseng (Panax ginseng) Ginsenosídeos Manutenção da energia natural, melhora das habilidades mentais e físicas,
e uma sensação geral de bem-estar.
Cúrcuma (Curcuma longa) Curcumina Ação anti-inflamatória e antioxidante. Atua contra radicais livres indutores
da auto-oxidação de ácidos graxos e envelhecimento precoce dos vasos
sanguíneos. Atividade neuroprotetora.
Alho (Allium sativum) Alicina Paralisar as reações de radicais livres em cadeia. Isso pode ajudar a
reduzir ou prevenir a incidência ou progressão de demências e da doença
cerebrovascular.
Chá verde (Camellia sinensis) Epigalocatequina (EGCG) Tratamento com EGCG em dermatologia resulta em prevenção da
imunossupressão induzida por UVB (raios ultravioletas) e efeito antioxidante.
O efeito do tratamento com chá verde é observado nas respostas anti-
inflamatórias e preventiva do envelhecimento precoce como também do
câncer de pele. Osteoporose: diminui a remineralizarão óssea
Adaptado: KALLUF, L.J.H. Fitoterapia funcional: dos princípios ativos à prescrição de fitoterápicos. Parte 1. 1. ed.
São Paulo: VP, 2008.

A suplementação dietética de compostos fenólicos antioxidantes, como a curcumina


é capaz de aumentar a longevidade em modelos animais, protegendo contra a
imunossenescência e preservando a função da mitocôndria (MIQUEL et al., 2002).
Alterações na estrutura do DNA e RNA também são encontradas nas células que
envelhecem, e sua causa tem sido atribuída à programação genotípica, raios X,
produtos químicos e alimentares, entre outros. Fatores genéticos têm sido implicados
em transtornos que geralmente ocorrem em idosos, tais como hipertensão, doença das
artérias coronárias, arteriosclerose e doença neoplástica, entre outros.

As alterações na resposta imune relacionadas com a idade são identificadas como


imunossenescência, ou seja, o envelhecimento do sistema imune (WU; MEYDANI,
2008). Com o processo de envelhecimento ocorre uma diminuição da função de quase
todas as células do SI, no entanto, a alteração mais proeminente ocorre em células T,
no timo e nos tecidos linfoides periféricos (WU; MEYDANI, 2008). Em geral, a função
dos macrófagos diminui com o envelhecimento e um desequilíbrio das citosinas pode
perturbar ainda mais a função de macrófagos, possivelmente aumentando o acúmulo
de células senescentes (TCHKONIA et al., 2010). A imunossenescência leva a uma
diminuição da produção de linfócitos da medula óssea e da capacidade do sistema
imunológico para lidar com infecções virais e bacterianas e, consequentemente, a
mobilidade e mortalidade (SALVIOLI et al., 2007). A imunossenescência é caracterizada
por resistência diminuída às doenças infecciosas, diminuição da proteção contra o
câncer e redução da competência de autorreconhecimento, como ocorre nas doenças
autoimunes (GUARIENTO; TEIXEIRA, 2010). Com o envelhecimento, também ocorre
um declínio da função da mitocôndria devido ao estresse oxidativo e isto acarreta
limitações funcionais importantes no cérebro e nas desordens neurodegenerativas

39
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

associadas ao envelhecimento (CUI et al., 2004). Segundo Aggarwal et al. (2009), a


maioria das doenças crônicas são causadas por inflamação desregulada (AGGARWAL;
HARIKUMAR, 2009).

No entanto é possível prever as intervenções sobre o meio ambiente que podem ajudar
a retardar o envelhecimento. Para este fim, o uso de fitoquímicos, pode ser considerado.
Os fitoquímicos exercem poderosa atividade anti-inflamatória e antioxidante que
pode combater a inflamação e o estresse oxidativo, podendo assim ser considerada
como uma possível ferramenta para diminuir ou retardar a senescência, bem como
o aparecimento ou progressão de várias doenças relacionadas à idade. Muitas teorias
têm sido propostas para explicar o processo de envelhecimento, entre elas a de Harman
de 1957 (FUSCO et al., 2007), onde o acúmulo de radicais de oxigênio e consequente
oxidação de moléculas (lipídios, proteínas, ácidos nucleicos) são apontados como
responsáveis pelo envelhecimento e morte de todos os seres vivos.

A geração de espécies reativas de oxigênio no metabolismo aeróbio tem sido um


dos mecanismos aceitos para complementar as tentativas de explicação das causas
do envelhecimento (GUARIENTO; TEIXEIRA, 2010). Assim, o crescente estresse
oxidativo no envelhecimento parece ser uma consequência do desequilíbrio entre a
produção de RL e as defesas antioxidantes (FUSCO et al., 2007). Estresse oxidativo é um
desequilíbrio entre a produção de radicais livres e a defesa antioxidante do organismo.

Tanto o estresse oxidativo agudo como o crônico, estão relacionados em muitas doenças
degenerativas, como aterosclerose, diabetes, isquemia/reperfusão, lesão inflamatória
(artrite reumatoide, doença inflamatória do intestino, e pancreatite), câncer, doenças
neurológicas, hipertensão, catarata, doenças pulmonares e doenças hematológicas (CUI
et al., 2004). Os sistemas fisiológicos são indispensáveis para a vida do ser humano.
Três sistemas (nervoso, endócrino e imune) desempenham funções chave no controle
de respostas interativas/defensivas do organismo aos estímulos internos e externos. A
teoria imunoneuroendócrina considera que a desregulação de funções exercidas por
esses sistemas estão relacionadas ao envelhecimento (GUARIENTO; TEIXEIRA, 2010).

Fitoterápicos, estresse oxidativo, inflamação e


envelhecimento
Ervas medicinais Princípios ativos Mecanismo
Curcuma longa L. Curcumina Inibe COX-2 e síntese de PG, inibe NF-kB, AO, aumenta glutationa
Camellia sinensis Catequinas Inibe COX-2, Nos, AO
Thobroma cacao Teobromina Inibe COX-2
Zingiber officinale Gingerois Inibe COX-2, suprime citocinas pró- inflamatórias e NF-kB.

40
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Punica granatum Acido elágico, antocianinas, AO, reduz fosfolipase A2, reduz COX-2
flavonoides
Vitis vinifera Resveratrol, quercetina, antocianinas Aumenta biogênese mitocondrial, inibe NF-kB, PG e citocinas
inflamatórias, varre RL, AO
Panax ginseng Ginsenosides AO, reduz NF-kB

Fonte: Matos, O. 2012.

Suplementos antioxidantes
Substância Ação
Zinco Faz parte da SOD (Antioxidante primário); protetor contra a intoxicação por Cu, Pb, Hg; importante para o sistema
imune.
Selênio Faz parte da glutathionperoxidase, sua carência evidencia em câncer, doenças cardíacas, deficiência imune e
problemas cerebrais.
Cromo e Vanádio Participam diretamente do metabolismo da glicose (grande fonte de energia cerebral). O cromo possui papel
importante na aterosclerose.
Vitamina A Promove a integridade dos tecidos epiteliais (pele, tratos respiratório e gastrintestinal), melhora a resistência a infecções.
Necessária ao crescimento e manutenção dos ossos, pele e olhos.
Vitaminas B Cofatores para as enzimas envolvidas na extração de nutrientes para o organismo, funcionamento do sistema imune,
gastrintestinal, nervoso, cabelos, pele, olhos.
Vitamina C AO por excelência, protege contra a doença coronariana, mantem a integridade e formação do tecido conjuntivo,
incrementa o sistema imune e está reduzida pela exposição à Aspirina e fumaça de cigarro.
Vitamina D Metabolismo ósseo, proteção a câncer de mama e próstata.
Vitamina E AO, AI e age em harmonia com o glutathion para reciclar a Vitamina C. Protege o organismo de toxinas e carcinógenos
(Hg, Pb, O3, oxido nitroso), protetor cardiovascular (angina, aterosclerose, tromboflebite) melhorando o fluxo sanguíneo.
Coenzima Q-10* AO natural com importância na síntese de ATP (moeda do nosso corpo) auxiliando no metabolismo de CH e gorduras.
Ajuda a regeneração e reciclagem de vitaminas C e E. Relevante no tratamento de angina, hipertensão arterial
sistêmica e insuficiência cardíaca congestiva. Proteção a doenças coronarianas.
Luteína Na mácula densa, energia luminosa se transforma em sinais elétricos para transmissão ao cérebro (região de intensa
atividade metabólica), a luteína é um bioflavonoide que protege contra a degeneração macular.
Proantocianidinas ↑crescimento de células saudáveis e ataca células de malignidade, hepato e nefroprotetoras (acetaminofeno). Previne
lesões cardíacas (doxorubicina) e pulmonar (amiodarona).
Ácido Lipoico* AO hidro e lipossolúvel. Ajuda a reciclar outros AO (Vit C, E, glutathion e Co Q-10), ↑ utilização de glicose e a eficiência
com a qual a insulina leva o açúcar para as células. Retarda e reverte a formação de AGEs.
Carnosina (alanina + Potente inibidor da formação de AGEs, protege a célula de ligações cruzadas de proteína e DNA; Inibe o acúmulo
histidina) tóxico de peptídeos amiloides (Alzheimer, DM tipo 2).
Resveratrol* Protege o DNA contra o dano de RL (quimioprotetor)*.
Indol 3 carbinol A quebra do estrogênio a 16-α-hidroxiestrona ↓ risco de câncer. Quebra a 2-OH-estrona 1 previne o câncer.
Proporção 2:16. A determinação da transformação é através da enzima hepática CYP1A1. O I3C ativa-a.
Ácidos Graxos Anti-inflamatório. Ômega 3 também melhora esta proporção. Mama e próstata.
Essenciais (EPA e
DHA)

Fontes: Povoa, 2000; Povoa; Araújo; Seixas, 2006; Kurzweil; Grossman, 2007.

Glicação
A glicação é uma reação na qual carboidratos, como a glicose, ou lipídeos ligam-
se permanentemente a proteínas, sem a atuação de uma enzima. Desse modo, essas

41
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

proteínas sofrem modificações e impedem que as células desempenhem seus papéis


adequadamente. Essa mutação leva à formação de AGEs – advanced glycation end
products – ou produtos finais da glicação avançada, substâncias responsáveis pela
aceleração do processo de envelhecimento.

Os produtos de glicação avançada constituem uma grande variedade de moléculas


formadas a partir de interações aminocarbonilo, de natureza não enzimática, entre
açúcares redutores ou lipídeos oxidados e proteínas, aminofosfolipídeos ou ácidos
nucleicos.

Devido à complexidade e à heterogeneidade das reações que podem ocorrer, apenas


poucos AGEs foram claramente identificados e podem ser quantificados em estudos
laboratoriais. A carboximetilisina (CML), a pirralina e a pentosidina são exemplos de
AGEs bem caracterizados e amplamente estudados (HENLE, 2003; AHMED, 2005).
Embora parte dos mecanismos que levam à formação dos AGEs permaneçam ainda
desconhecidos.

Os produtos de glicação avançada podem danificar as células por meio de três


mecanismos básicos. O primeiro consiste na modificação de estruturas intracelulares,
incluindo aquelas envolvidas com a transcrição gênica. O segundo mecanismo
envolve a interação de AGEs com proteínas da matriz extracelular, modificando a
sinalização entre as moléculas da matriz e a célula, gerando uma disfunção. O terceiro
mecanismo, por fim, refere-se à modificação de proteínas ou lipídeos sanguíneos. As
proteínas e os lipídios circulantes modificados podem, então, se ligar a receptores
específicos, promovendo a produção de citocinas inflamatórias e de fatores de
crescimento, os quais, por sua vez, contribuem para a doença vascular (MONNIER,
2003; BROWNLEE, 2005). Os efeitos patológicos dos AGEs estão relacionados à
capacidade destes compostos de modificar as propriedades químicas e funcionais das
mais diversas estruturas biológicas. A partir da geração de radicais livres, da formação
de ligações cruzadas com proteínas ou de interações com receptores celulares, os AGEs
promovem, respectivamente, estresse oxidativo, alterações morfofuncionais e aumento
da expressão de mediadores inflamatórios, tais como TNF-α, IL-6, e IL-1β (BIERHAUS,
1998; MONNIER; SELL, 2005; AHMED, 2005; HUEBCHMANN, 2006).

Fatores genéticos podem influenciar os níveis de AGEs nos indivíduos e,


consequentemente, a predisposição para o desenvolvimento de outras doenças
relacionadas a estes compostos, além do diabetes, tais como a aterosclerose, a artrite, a
osteoporose e o mal de Alzheimer (LESLIE, 2003). Diversos fatores afetam a formação
de AGEs no alimento, sendo a composição em nutrientes e o processamento (método,

42
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

duração e temperatura) os principais determinantes do seu conteúdo em AGEs (NUNES,


2001; GOLDBERG, 2004).

O tempo e a temperatura de cozimento podem aumentar em até cinco vezes o


conteúdo de AGEs no alimento, expresso em carboximetilisina (GOLDBERG, 2004).
Adicionalmente, a implicação do estresse oxidativo na formação de AGEs e os
benefícios já reconhecidos dos antioxidantes naturais para a saúde humana reforçam a
recomendação do consumo de alimentos vegetais, preferencialmente crus (BARBOSA;
OLIVEIRA; SEARA (2009). Estudos revelam que alimentos como: leguminosas, chá
verde, açafrão, canela, alho, alecrim, quinua, aveia, semente de chia e óleo de linhaça
entre outros podem ser grandes aliados contra a formação de AGEs.

Inibidores da glicação

Cúrcuma longa L. (Açafrão da Índia): o polifenol curcumina estimula a formação de


glutathion (marcador de saúde celular e inibidor de glicação). Inibe a atividade da
aldose redutase (evita metabolização de glicose em frutose e sorbitol, contribuindo
para catarata e alterações do ritmo intestinal, respectivamente). Em ratos, a curcumina
inibe a glicação da Hb e do cristalino, ↓ estresse oxidativo, inibe a oxidação da LDL e
atenua dano tecidual (protege contra os AGEs). Impede a formação de prostaglandina-2
(inflamatória) e inibe angiogênese. Cardiovascular: ação AO e ↓níveis anormalmente
↑fibrinogênio plasmático, normaliza apoB-apo A (POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006;
KALUF, 2008).

Rosmarinus officinalis (Alecrim): rico em polifenóis. Possui carnosol e ácido carnosínico,


inibidores da glicação da Hb e da oxidação da LDL. In vitro, o alecrim estimula a síntese
do NGF, que regeneração de neurônios, estimula a atividade da enzima formadora de
glutathion. Além de atividade no DM tipo 2, câncer e envelhecimento. Ação detoxificante,
antifúngica, diurética, anticarcinogênica, anti-inflamatória e AO (POVOA; ARAÚJO;
SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Punica granatum (Romã): regula a glicemia pós-prandial e inibe a atividade da enzima


alfaglicosidase, que metaboliza os açúcares, além de bloquear a glicação da Hb. Também
bloqueia a oxidação da LDL, estimula apoptose, efeito protetor de tecido mamário.
(POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006).

Chlorella pyrenoidosa (Chlorella): e uma alga unicelular, de água doce, rica em


clorofila, proteínas, Vitaminas B e E, e outros nutrientes. Ações: inibe a glicação, AO,
antiaterogênica (↓peroxidação lipídica), hipotensora (estabiliza pressão diastólica),
hipocolesterolemiante (colesterol total e frações), antifúngica, hipoglicemiante

43
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

(↓resistência insulínica), AI (inibe expressão de mediadores pró-inflamatórios),


detoxificante, imunoestimulador (POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Ligusticum: inibidor da glicação (POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Gymnema sylvestre: inibidor da glicação, ação hipoglicemiante (estimula a produção


de insulina), papel importante contra a catarata, ação diurética, antialérgica, antiviral
(POVOA, 2000; POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Panax ginseng: adaptógeno, melhora as condições gerais do organismo (↑disposição).


Impede a formação exagerada de cortisol que forma RL. Efeito anti-inflamatório,
anti-hepatotóxico, proteção contra linhagens de células tumorais em mamíferos
(propriedades antimutagênicas e protetoras do DNA). Efeitos fisiológicos e periféricos
referentes à modulação do humor e do desempenho cognitivo. Saponinas (raiz e folhas)
melhoram a aprendizagem e elevam os níveis de poliaminas biogênicas em cérebros de
ratos normais (proteção de neurônios CA1 do hipocampo, redução da área de infarto e
preservação local da utilização da glicose cerebral após isquemia em roedores). Protege
contra a excitotoxicidade produzida pelo glutamato. Efeito AO e cardiovasculares
(cardioproteção), neuroproteção, modulação do eixo Hipotálamo-Hipofise-adrenal,
efeito glicorregulatório e aumento da função imune. (PÓVOA 2000; POVOA; ARAÚJO;
SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Camelia sinensis: rico em epigalato catequina, possuindo ação antioxidante, inibidor


da glicação e da angiogênese. Redução da formação e ativação de carcinogênicos, ↑
desintoxicação por carcinogênicos, redução da ligação carcinogênico/DNA, ↑apoptose
e ↓metástase (POVOA, 2000; POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Vaccinium myrtillus (Mirtilo): quando fresca é riquíssima em AO possuindo um


alto teor de polifenóis. Coadjuvante no tratamento do diabetes e evita a formação de
glaucoma. Favorece a circulação sanguínea e prevenção de infecções (POVOA, 2000;
POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Cinnamomum cassia (Canela): redução da glicemia, LDL e triacilgliceróis (POVOA,


2000; POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Allium sativum (Alho): propriedades AO, melhora função imune, previne doença
cardiovascular, inibe agregação plaquetária e formação de trombos, previne câncer,
doenças associadas ao envelhecimento cerebral, artrites e formação de catarata,
rejuvenesce a pele e melhora a circulação sanguínea, previne intoxicação GI causada por
bactéria. Alixina promove a sobrevivência de neurônios derivados de várias regiões do
cérebro, ↑ número de pontos de ramificações por axônio em neurônios do hipocampo.

44
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Previne mudanças atróficas no lobo frontal, melhora as habilidades de aprendizagem e


retenção de memória e aumenta a longevidade no rato com envelhecimento acelerado
(POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Zingibir officinalis (Gengibre): AO, antialérgico, AI, imunoestimulante,


anticarcinogênico, expectorante (↓excesso de muco e desobstrui as vias aéreas),
detoxificante (POVOA; ARAÚJO; SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

Origanum vulgare (Orégano): ação antifúngica, AO (protege a oxidação do LDL),


antimicrobiana, melhora disfunções cognitivas e demências. (POVOA; ARAÚJO;
SEIXAS, 2006; KALUF, 2008).

45
CAPÍTULO 3
Prescrição de fitoterápicos

A Resolução no 525, de 25 de junho de 2013 regulamenta a prática da fitoterapia pelo


nutricionista, atribuindo-lhe competência para, nas modalidades que especifica,
prescrever plantas medicinais, drogas vegetais e fitoterápicos como complemento da
prescrição dietética e, dá outras providências. Esta resolução entrou em vigor na data
de sua publicação 28/6/2013, revogando-se a Resolução no 402 do Conselho Federal de
Nutrição, de 30 de julho de 2007.

Art. 2o O Nutricionista poderá adotar a fitoterapia para


COMPLEMENTAR a sua prescrição dietética somente quando os
produtos prescritos tiverem indicações de uso relacionadas com o seu
campo de atuação e estejam embasadas em estudos científicos ou em
uso tradicional reconhecido.

Parágrafo Único. Ao adotar a Fitoterapia o nutricionista deve basear-


se em evidências científicas quanto a critérios de eficácia e segurança,
considerar as contra indicações e oferecer orientações técnicas
necessárias para minimizar os efeitos colaterais e adversos das
interações com outras plantas, com drogas vegetais, com medicamentos
e com os alimentos, assim como os riscos da potencial toxicidade dos
produtos prescritos.

Art. 3o A competência para a prescrição de plantas medicinais e drogas


vegetais é atribuída ao nutricionista sem especialização, enquanto
a competência para prescrição de fitoterápicos e de preparações
magistrais é atribuída exclusivamente ao nutricionista portador de
título de especialista ou certificado de pós-graduação lato sensu nessa
área.

Art. 4o A competência do nutricionista para atuar na Fitoterapia não


inclui a prescrição de produtos sujeitos à prescrição médica, seja
na forma de drogas vegetais, de fitoterápicos ou na de preparações
magistrais.

Art. 5o A prescrição de plantas medicinais ou drogas vegetais deverá ser


legível, conter o nome do paciente, data da prescrição e identificação
completa do profissional prescritor (nome e número do CRN, assinatura,

46
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

carimbo, endereço e forma de contato) e conter todas as seguintes


especificações quanto ao produto prescrito:

I - nomenclatura botânica, sendo opcional incluir a indicação do nome


popular;

II - parte utilizada;

III - forma de utilização e modo de preparo;

IV - posologia e modo de usar;

V - tempo de uso.

Plantas que necessitam de prescrição médica


(Instrução Normativa no 5, de 12 de dezembro
de 2008).
»» Uva-ursi – Arctostaphylos uva-ursi Spreng. (cistite)

»» Cimicífuga – Cimicifuga racemosa (L.) Nutt. (climatério)

»» Equinácea – Echinacea purpúrea Moench (infecções)

»» Ginkgo – Ginkgo biloba L. (distúrbios circulatórios)

»» Hipérico – Hypericum perforatumL. (depressão)

»» Kava-kava – Piper methysticum Forst. F (ansiedade, insônia, agitação)

»» “Saw palmetto” – Serenoa repens (Bartram) (hiperplasia benigna


próstata)

»» Tanaceto – Tanacetum parthenium Sch. Bip. (enxaqueca)

»» Valeriana – Valeriana officinalis (insônia, ansiedade)

Formas farmacêuticas
As formas farmacêuticas permitidas para o uso pelo profissional nutricionista são
exclusivamente as de uso oral, tais como:

»» infuso;

»» decocto;

47
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

»» tintura;

»» alcoolatura;

»» extrato.

Ervas secas: produtos constituídos por partes vegetais, inteiras, fragmentadas ou


moídas, obtidos por processos tecnológicos adequados a cada espécie, utilizados
exclusivamente na preparação de bebidas alimentícias por infusão ou decocção em
água potável, não podendo ter finalidades farmacoterapêuticas (não podem possuir
alegação terapêutica no rótulo).

Infusão: preparação líquida, que consiste em verter água fervente sobre a droga vegetal
e, em seguida, tampar ou abafar o recipiente por um período de tempo determinado. É
indicada para partes de vegetais de consistência menos rígida tais como folhas, flores,
inflorescências e frutos, ou com substâncias ativas voláteis. Ex.: Carqueja (Baccharis
trimera), Guaçatonga (Casearia sylvestris), Erva baleeira (Cordia verbenacea), Erva
cidreira (Cymbopogon citratus).

Decocção: consiste na ebulição da droga vegetal em água potável por tempo determinado.
É indicada para ervas deconsistência rígida, que não liberam seus componentes ativos em
baixas temperaturas, como cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas
(c/ cutículas espessas). Ex.: Cajueiro (Anacardium occidentale), Bardana (Arctium
lappa), Hamamélis (Hamamelis virginiana), Mulungu (Erythrina mulungu). Não é
indicada para ervas com compostos voláteis ou com compostos que se degradam em
altas temperaturas.

Maceração: é uma forma de preparo indicada para ervas que não necessitam de altas
temperaturas para liberarem seus componentes químicos ou podem ser degradadas em
água quente. Muito indicada para plantas que possuem compostos voláteis. Ex.: alho
(Allium sativum).

Tintura: preparação com extração hidroalcoólica a partir da planta seca na proporção


de 20%.

Alcoolatura: preparação com extração hidroalcoólica a partir da planta fresca na


proporção de 50%.

Extratos: preparações líquidas, sólidas, semissólidas obtidas pela extração de drogas


vegetais frescas ou secas, por meio líquido, seguida por evaporação total ou parcial e
ajuste do concentrado a padrão previamente estabelecido.

48
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Droga vegetal: planta ou suas partes, que contenham as substâncias, ou classes de


substâncias, responsáveis pela ação terapêutica e usada após processos de coleta,
estabilização e secagem, podendo ser íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada.

Extrato seco: é a preparação sólida obtida pela evaporação do solvente utilizado na


extração. Apresentam, no mínimo, 95% de resíduo seco.

Extrato seco padronizado: esse tipo de extrato apresenta teores definidos de seus
principais constituintes químicos (substância marcadora) bem como umidade,
coregranulometria. Apresenta como vantagem a reprodutibilidade dos lotes de
fabricação e maior estabilidade. Ex.: Centella asiática – Padronizado em Asiaticosideo.
Aesculus hippocastanum – Padronizado em Escina.

Resolução – RDC 10, de 9 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas


vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Artigo 1o fica instituída a notificação de drogas vegetais no âmbito da ANVISA, assim


consideradas plantas medicinais ou suas partes, que contenham as substâncias, ou
classes das substâncias, responsáveis pela ação terapêutica, após processo de coleta
ou colheita, estabilização e secagem, podendo ser íntegras ou rasuradas, trituradas ou
pulverizadas, relacionadas no anexo I desta resolução.

Quadro 1. 66 plantas, destas 54 de uso oral, 21 uso tópico, 1 inalatório.

Informações
Posologia
Nomenclatura Nomenclatura Parte Forma de Contra Efeitos adicionais
e modo Via Uso Alegações Referências
botânica popular utilizada utilização indicações adversos em
de usar
embalagem
Achillea Mil folhas Partes Infusão: Utilizar 1 xíc Oral A/I Falta de Não deve O uso ---------- WICHTL, 2003
millefolium aéreas 1-2g (1-2 chá 3 a 4 x apetite, ser utilizado pode ser
MILLS & BONE,
colchá) em ao dia dispepsia por pessoas cefaléia e
2004
150 mL (xíc (pertubações portadores de inflamação.
chá) digestivas), úlcera gástrica O uso ALONSO, 2004
febre, ou duodenal prolongado
informação e ou com pode
cólicas oclusão das provocar
vias biliares reações
alérgicas.
Caso ocorra,
um desses
sintomas,
suspender
o uso e
consultar um
especials
Fonte: Adaptada ANEXO I – RDC, 10 de 9/3/2010.

49
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Quadro 2. Medidas de Referência.

Colher de sopa 15 ml / 3 g
Colher de sobremesa 10 ml / 2 g
Colher de chá 5 ml / 1 g
Colher de café 2 ml / 0,5
Copo 250 ml
Xícara de chá 150 ml
Xícara de café 50 ml
Cálice* 125 ml / 30 ml

* Geralmente são adotados 125 ml em alimentos e 30 ml em medicamentos.


Fonte: Adaptadas da Resolução RDC n o 10 de 9.3.2010 – ANVISA.

Tabela de Equivalência – Flores, folhas e partes aéreas


Infusão, decocção, maceração. Droga em pó Extrato seco (3:1) Tintura vegetal (1:5)
2000 mg ou 1 Colher de sobremesa 2000 mg 500 mg 50 gotas (2,5ml)
Tabela de Equivalência – Raiz, cascas, caules, sementes, frutos secos
Infusão, decocção, maceração Droga em pó Extrato seco (3:1) Tintura vegetal (1:5)
1000mg ou 1 Colher de sobremesa 1000mg 250 ml 25 gotas (1ml)

20 gotas correspondem aproximadamente 1 ml.


Fonte: COMBRAFITO

Modelo de prescrição

Tintura simples

Dra. Cristiani D. Laurentino

Paciente: XXXXXXXXXXXXXXXX

Recomendação Nutricional

Uso oral:

50
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Tintura vegetal 20%

Guaçatonga (Casearia sylvestris) folha (dispepsia, halitose, gastrite)

Tomar 30 gotas (1,5ml) da tintura, diluídas em ½ copo de água, 2 vezes ao dia, antes
das principais refeições (almoço e jantar), durante 30 dias.

Mandar 90ml.

Não Reaviar

Data:

Assinatura:

CRN:

End:

Tintura sinérgica

Dra. Cristiani D. Laurentino

Paciente: XXXXXXXXXXXXXXXX

Recomendação Nutricional

Uso oral:

Tintura vegetal 20%

51
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Guaçatonga (Casearia sylvestris) folha...........................25% (dispepsia, halitose,


gastrite)

Espinheira santa (Maytenus ilicifolia) folha.....................25% (gastrite, dispepsia)

Passiflora (Passiflora alata) folha....................................25% (ansiedade, insônia,


calmante suave)

Camomila (Matricaria recutita) inflorescência...............25% (ansiedade, calmante


suave, antioxidante e anti-inflamatório)

Tomar 30 gotas (1,5ml) da tintura, diluídas em ½ copo de água, 2 vezes ao dia, antes
das principais refeições (almoço e jantar), durante 30 dias.

Mandar 90 ml.

Não Reaviar

Data:

Assinatura:

CRN:

End:

52
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Dra. Cristiani D. Laurentino

Paciente: XXXXXXXXXXXXXXXX

Recomendação Nutricional

Uso oral:

Tintura Vegetal 20%

Alho (Allium sativum) Bulbo.......................................ãã

Cúrcuma (Curcuma longa L.) Rizoma.........................ãã

Gengibre (Zingiber officinale) Rizoma........................ãã

Tomar 30 gotas (1,5ml) da tintura, diluídas em ½ copo de água, 2 vezes ao dia, após
as principais refeições (almoço e jantar), durante 30 dias.

Mandar 90 ml.

Não Reaviar

Data:

Assinatura:

CRN:

End.:

53
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Dra. Cristiani D. Laurentino

Paciente: XXXXXXXXXXXXXXXX

Recomendação Nutricional

Uso oral:

Alho (Allium sativum) Bulbo – Extr. seco................500mg (hipocolesterolêmico,


antifúngico, bactericida)

Excipiente (cápsula vegetal transparente) – q.s.p. 1 dose

Tomar 1 dose duas vezes ao dia.

Mandar 60 doses

Não Reaviar

Data:

Assinatura:

CRN:

End:

54
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Dra. Cristiani D. Laurentino

Paciente: XXXXXXXXXXXXXXXX

Recomendação Nutricional

Uso oral:

Passiflora (Passiflora alata Curtis) Folha ou Flor– Extrato seco.....................200mg

Melissa (Melissa officinalis L.) Folha - Extr. seco..........................................100mg


(ansiedade, insônia, calmante suave)

Não Reaviar

Data:

Assinatura:

CRN:

End:

55
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Lista de medicamentos fitoterápicos (uso


interno) de registro simplificado cuja venda
não necessita da prescrição médica.
Instrução Normativa no 5 de 11 de dezembro
de 2008 ANVISA.
Planta (nome Parte Indicação Dosagem
popular/científico) utilizada
Castanha da Sementes Possui ação tônico circulatória, adstringente, anti-hemorrágica, 100 a 300mg (extrato seco)
índia (Aesculus anti-inflamatória e vasoconstrictora. Indicada nos casos de fragilidade ao dia.
hippocastanum L. capilar e insuficiência venosa.
Alho (Allium sativum L.) Bulbo Coadjuvante no tratamento de hiperlipidemia e hipertensão arterial 250mg (óleo de alho) 2 a 3
leve, auxiliar na prevenção de arteriosclerose. vezes ao dia.
Centela asiática (Centella Partes aéreas Possui ação cicatrizante, anti-inflamatória, melhora a circulação 250 a 1000mg (extrato seco)
asiatica) venosa de retorno e diminui a fragilidade capilar, combatendo os ao dia.
processos degenerativos do tecido venoso. Normaliza a produção de
colágeno nos fibroblastos.
Alcachofra (Cynara Folhas Possui atividade colagoga e colerética, provocando o aumento da 300 a 2000mg (extrato seco)
scolymus) secreção biliar. Regulariza a formação de sais biliares a partir do ao dia, fracionados em 3
colesterol, baixando, por consequência, os níveis sanguíneos do tomadas após as refeições.
colesterol.
Possui ação protetora e regeneradora dos hepatócitos estimulando a
síntese enzimática básica do metabolismo hepático.
A ação diurética auxilia a eliminação de ureia e de substâncias
tóxicas de correntes do metabolismo celular desenvolvendo sua
ação depurativa.
Alcaçuz (Glycyrrhiza Raízes Possui ação imunoestimulante, potencializando a função fagocitária e 250 a 1000mg (extrato seco)
glabra) estimulando a produção de interferon. Reduz a incidência de úlceras ao dia.
gástricas. Também possui ação anti-inflamatória, hepatoprotetora e
expectorante.
Camomila (Matricaria Capítulos Possui ação calmante, antiespasmódica e anti-inflamatória. 300 a 500mg (pó) 1 a 3
recutita) florais vezes ao dia.
Melissa (Melissa Folhas Ansiolítico natural, carminativo e antiespasmódico. Estimula a 400 a 2000mg (pó) ao dia.
officinalis) secreção biliar e tem ação vasodilatadora periférica.
Cáscara sagrada Casca Atua como estimulante da mucosa intestinal, aumentando o 50 a 1000mg (extrato seco)
(Rhamnus purshiana) peristaltismo e secreção de água e eletrólitos para a luz intestinal. ao dia, preferencialmente ao
Esses dois fatores aumentam o bolo fecal e reduzem sua deitar.
consistência, promovendo um melhor funcionamento intestinal.
Ginseng (Panax ginseng) Raiz Atua como estimulante do sistema nervoso central, melhorando a 50 a 300mg (extrato seco)
neurotransmissão e a circulação. Possui efeito imunomodulador. Atua ao dia.
ativando o reflexo, memória e aprendizagem. Inibe a peroxidação
lipídica atuando beneficamente sobre os radicais livres.
Maracujá (Passiflora Partes aéreas Atua como depressor inespecífico do Sistema Nervoso Central, 200 a 1000mg (pó) ao dia.
incarnata) resultando em uma ação sedativa, tranquilizante e antiespasmódica
da musculatura lisa.
Guaraná (Paullinia Sementes Atua como estimulante do sistema nervoso central. 500 a 3000mg (pó) ao dia,
cupana) divididos em 2 a 3 tomadas.
Boldo (Peumus boldus) Folhas Ativa a secreção salivar e do suco gástrico, utilizado em casos de 500 a 2000mg (pó) ao dia,
hipoacidez e dispepsias. Possui acentuada atividade colerética e divididos em 2 a 3 tomadas,
colagoga mostrando-se efetivo na hepatite crônica e aguda. Produz antes das refeições.
um aumento gradual no fluxo da bile, assim como um aumento dos
sólidos totais na bile excretada.

56
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

Planta (nome Parte Indicação Dosagem


popular/científico) utilizada
Sene (Cassia angustifolia) Folhas e Possui efeito laxante causado pela influência na motilidade do 100 a 1000mg (pó) ao dia,
frutos cólon, por inibição estacionária e estimulação da contração. Isto preferencialmente ao deitar.
proporciona uma redução na absorção de líquidos através do lúmen.
Em adição, há um estímulo de secreção clorídrica e de muco, com
aumento de água e eletrólito no conteúdo intestinal.
Espinheira Santa Folhas Possui ação digestiva, cicatrizante e antiulcerosa. 400mg (pó) 1 a 2 vezes
(Maytenus ilicifolia) ao dia.

Outros Fitoterápicos utilizados em fórmulas


manipuladas
Planta (nomenclatura popular/ Indicação Dosagem
científica)
Berinjela (Solanum melogena) Hipocolesterolemiante, antioxidante e diurético. 500 a 1500mg/dia.
Faseolamina (Phaseolus vulgaris) Inibe a enzima alfa-amilase responsável pela conversão de carboidratos em 500 a 1000mg/dia.
glicose.
Cardo mariano (Silybum marianum L.) Anti-inflamatório; antioxidante; colagogo, colerético, hepatoprotetor. 200 a 400mg/dia.
Cártamo (Carthamus tinctorius) Lipolítico, hipolipemiante, acelera o processo de definição muscular. 1000 a 2000mg/dia.
Cassiolamina (Cassia nomame) Age como inibidor da digestão das gorduras por inibição da enzima lipase. 200 a 600mg/dia.
Laranja amarga (Citrus aurantium) Lipolítico. Disponibiliza mais energia, melhorando o desempenho físico. 200 a 1500mg/dia.
Folha de oliva (Oleo europeae) Rico em minerais, vitaminas e ácidos graxos. Antioxidante, imunoestimulante. 100 a 500mg/dia.
Aumenta o metabolismo das gorduras.
Chá branco (Camellia sinensis) Obtido das folhas mais jovens. Colhido antes de as flores se abrirem. Apresenta 500 a 1000mg/dia.
alta concentração de antioxidantes e nutrientes. Hipolipemiante, antioxidante,
lipolítico, diurético, vasodilatador.
Chá verde (Camellia sinensis) As folhas são submetidas ao calor logo após a colheita e secagem. 250 a 500mg/dia.
Antioxidante, estimulante, diurético.
Chá vermelho (Camellia sinensis) Diferencia-se pelo longo processo de fermentação das folhas e brotos, 100 a 200mg/dia.
em diferentes estágios de desenvolvimento. Estimulante, antioxidante,
hipolipemiante, lipolítico.
Koubo (Cactus cereus) Antioxidante, moderador do apetite (estimula glucagon), diurético, lipolítico, 100 a 400mg/dia.
hipolipemiante.
Licopeno (Solanum licopersicum) Antioxidante, fotoprotetororal. 5 a 20mg/dia.
Manga africana (Irvingia gabonenses) Lipolítico. Reduz os níveis sanguíneos de colesterol, triglicerídeos e glicose. 500 a 1000mg/dia.
Pholiamagra (Cordia ecalyculata) Estimulante, diurética, lipolítica. Melhora o desempenho físico. 250 a 1000mg/dia.
Pholianegra (Ilex paraguariensis) Promove saciedade, através da sensação de plenitude gástrica e altera o 50 a 100mg/dia.
metabolismo de ácidos graxos e glicose, reduzindo a gordura visceral.
Resveratrol Antioxidante, anti-inflamatório, hipolipemiante e antiagregante plaquetário. 5 a 30mg/dia.
Sinetrol Aumenta a queima de gorduras e melhora o desempenho físico. 300 a 2000mg/dia.
Slendesta Estimula a sensação de saciedade, reduzindo a ingestão calórica. 300 a 600mg/dia.

57
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Prescrição em cada forma farmacêutica


Estão presentes na composição de uma fórmula os princípios ativos, coadjuvantes
técnicos e veículo ou excipiente. (FERREIRA; BRANDÃO, 2002; PASCHOAL et al.,
2009).

Princípios ativos: são responsáveis pela ação farmacológica, ou seja, a(s) substância(s)
responsável(is) pelo “efeito” desejado do suplemento. Exemplos: Citrato de cálcio.

Coadjuvantes técnicos ou adjuvantes farmacotécnicos: são substâncias em geral


inertes cuja função é estabilizar a fórmula em nível químico, físico ou microbiológico.
Dependendo da fórmula farmacêutica e da embalagem, não são necessários os
coadjuvantes técnicos. Exemplos: Antioxidantes.

Veículo (líquido) ou Excipiente (sólido ou semissólido): é a parte da fórmula na qual são


misturados os princípios ativos. É utilizado para complementar o volume necessário
das formulações. Exemplo: Celulose microcristalina.

Formas farmacêuticas
As formas farmacêuticas são as formas físicas de apresentação do medicamento. São
classificadas em sólidas, líquidas, semissólidas e gasosas, são o resultado de várias
operações a que se submetem as substâncias terapêuticas a fim de facilitar sua posologia
e administração, mascarar os caracteres organolépticos e assegurar a ação desejada.
Entre os suplementos, são mais utilizadas as formas sólidas.

Formas sólidas

Pastilhas e gomas

São formas farmacêuticas sólidas que se destinam a dissolver ou desintegrar lentamente


na boca. Podem conter um ou mais ativos de ação local ou sistêmica, veiculados
geralmente em base flavorizada e edulcorada, moldada ou comprimida. A pastilha
medicamentosa dissolve lentamente na boca, liberando o fármaco para absorção
através da mucosa oral, evitando em parte, a primeira passagem hepática. Essas
fórmulas farmacêuticas são indicadas principalmente para pacientes com dificuldade
de deglutição de formas sólidas. Devido à aparência e ao sabor agradável, aumentam
a adesão dos pacientes pediátrico ao tratamento. Vitaminas, minerais, e aminoácidos
podem ser veiculados nessas formas farmacêuticas. (PASCHOAL et al., 2009)

58
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

São divididas em três tipos

»» pastilhas duras, que são misturas de sacarose e outros açúcares e/ou em


estado amorfo;

»» pastilhas soft que podem ser preparadas a base de peg (polietilenoglicol),


chocolate, pasta de amendoim, óleo vegetal hidrogenado ou base de
açúcar-goma arábica;

»» pastilhas mastigáveis (balas, gomas, gomas mastigáveis ou “jujubas”)


que são preparadas à base de gelatina glicerinada.

Cápsulas

São receptáculos obtidos por moldagem, em geral, utilizadas para ingestão de fármacos
em doses pré-estabelecidas. O invólucro da cápsula oferece relativa proteção dos agentes
externos facilita a administração e devido a sua alta solubilidade e digestibilidade no
organismo, libera rapidamente o fármaco de seu interior no estômago. Atualmente as
cápsulas gelatinosas, que são constituídas de gelatina de origem animal, são as mais
utilizadas. Estas podem ser em consistência dura (cápsulas gelatinosas duras) ou, se
fabricadas incluindo maiores quantidades de glicerina, sorbitol, polietilenoglicol,
apresentam-se com consistência flexível e elástica (cápsulas gelatinosas moles).
As últimas, ao contrário das cápsulas duras podem acondicionar soluções oleosas,
suspensões e emulsões. As cápsulas podem ser opacas, para preservar a matéria prima
da oxidação e modificação de suas estruturas.

Muitas vezes, são coloridas a partir de corantes alimentares. Como variação vegetal,
existem as cápsulas de clorofila, que, além de serem de origem vegetal, possuem
vitaminas, minerais e clorofilina, que contribuem para a oferta de antioxidantes. As
cápsulas transparentes são de origem animal e, como as cápsulas duras, são formadas
por gelatina. Sem corantes alimentares, não possuem coloração, deixando a matéria
prima mais exposta ao meio ambiente. Existem matérias-primas que não devem ser
manipuladas nesse tipo de cápsula, como a vitamina C, por ser altamente oxidável,
modificando sua função. Por outro lado, o complexo B não perde suas funções, mas
pode tingir a cápsula ao longo dos dias, mesmo estando dentro do prazo de validade.
(PASCHOAL et al., 2009)

Excipiente

É muito importante que as cápsulas fiquem completamente cheias, para que a


substância ativa encontre-se de modo uniforme em todas as cápsulas. Por esse motivo,

59
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

os excipientes são utilizados para completar o volume de cápsulas. É empregado o q.s.p.,


sigla muito utilizada na manipulação (mais na formulação de cápsulas, mas bastante
empregada para sachês) que significa “quantidade suficientes para preencher”. Como
excipiente deve ser usada uma substância não absorvível, mas que não interfira na
biodisponibilidade dos componentes da fórmula. Uma mistura de lactose com amido é
bastante utilizada, porém essa combinação pode induzir e provocar estados de disbiose,
sendo mais indicado o uso de celulose microcristalina.

Principais tamanhos de cápsulas

Número da cápsula Capacidade (mg)


3 0 a 130
2 131 a 181
1 182 a 290
0 291 a 400
00 401 a 700

Pós (Sachês)

Formas farmacêuticas provenientes de drogas vegetais ou animais, assim como


substâncias químicas submetidas a um grau de divisão suficiente para lhes assegurar
homogeneidade e lhes facilitar a extração ou administração dos princípios ativos. A
pulverização pode ser manual ou com emprego de equipamentos apropriados. Os
pós podem ser acondicionados a granel, em potes bem vedados, ou podem, também,
ser acondicionados subdivididos em doses em saches aluminizados ou em papel
impermeável (PASCHOAL et al., 2009)

Formas semissólidas

Pomadas

São formas farmacêuticas contendo grandes quantidades de sólidos em disposição. Em


geral, contém mais de 20% de pós finamente pulverizados na formulação. Apresentam
consistência macia e firme, são pouco gordurosas e tem grande poder de absorção
de água ou de exsudados. Os excipientes não podem ser irritantes ou sensibilizantes,
devem ser neutros em relação ao pH (ou aproximar-se do pH da pele), compatíveis
com os fármacos que lhes são incorporados, ter plasticidade e liberar, eficientemente, o
fármaco na dose específica. (PASCHOAL et al., 2009).

60
FITOGENÔMICA │ UNIDADE I

A forma farmacêutica de pomada (uso tópico) não é utilizada na nutrição.

Gel

Géis são preparações farmacêuticas constituídas por uma dispersão biocoerente


de fase sólida em fase líquida. Géis hidrofílicos são preparações obtidas pela
incorporação de agentes gelificantes – tragacanta, amido, derivados de celulose,
polímeros carboxivinílicos, silicatos duplos de magnésio e alumínio – a água, glicerol
ou propilenoglicol. Dependendo do tipo e conservação de gelificante temos géis para
diversos usos como: lubrificantes de cateter e instrumentos cirúrgicos, em oftalmologia,
como base dermatológica etc. Geralmente são produtos executados por indústrias, mas
é possível serem desenvolvidos em farmácia de manipulação (PASCHOAL et al., 2009).

Em nutrição, existe o gel comestível que serve de base para administração de


suplementos, principalmente esportivos como repositores de carboidratos e
eletrólitos.

Emulsão/cremes

São sistemas dispersos constituídos de duas fases líquidas imiscíveis (oleosa e aquosa),
onde a fase dispersa ou interna é finalmente dividida e distribuída em outra fase
contínua ou externa. Temos emulsões do tipo óleo em água (O/A: fase externa aquosa)
e água em óleo (A/O: fase externa oleosa).

A estabilidade da emulsão é garantida com ajuda de agentes emulsificantes, geralmente


substâncias tensoativas. As emulsões podem ser pastosas ou líquidas, como as loções
destinadas ao uso externo ou interno, devendo ser sempre agitadas antes do uso.
Devem, ainda, ser adicionados adjuvantes com a finalidade antioxidante para a fase
oleosa, como BHT e BHA.

No caso da inclusão de fármacos suscetíveis a oxidação, deve ser verificado o seu


coeficiente de partição, tendo em vista a proteção do fármaco na fase em que será incluído.
Caso o princípio ativo se distribua em ambas as fases (oleosa e aquosa), deverão ser
adicionados estabilizantes solúveis em água e em óleo. Como se trata de sistema disperso
a semelhança das suspensões, o aumento da viscosidade nas preparações líquidas pode
melhorar a estabilidade física das emulsões (evitar ou diminuir a separação de fases).
(PASCHOAL et al., 2009).

61
UNIDADE I │ FITOGENÔMICA

Nas emulsões líquidas de uso oral, deverão ser acrescentados adjuvantes com
finalidade corretiva para aroma, sabor e cor, se necessário.

Formas líquidas

Suspensão

As suspensões são formas farmacêuticas de sistema heterogêneo, cuja fase externa ou


dispersante é líquida e a fase interna e dispersa é constituída de substâncias sólidas
insolúveis no meio utilizado. Constituídas de uma dispersão grosseira, onde a fase
dispersa sólida e insolúvel (fase interna) é distribuída em um líquido (fase externa),
podem receber várias denominações: mistura, gel, loção, magna e suspensão.

É interessante que as suspensões não depositem rapidamente e que possam se


reconstituir com facilidade por agitação. Interessa, ainda, que a redispersão operada
por agitação origine um produto de aspecto homogêneo, em que não se observe a
presença de quaisquer aglomerados de partículas. Agentes suspensores empregados:
derivados da celulose, alginatos, líquidos viscosos, argilas, entre outros. As suspensões
devem ser agitadas antes do uso (PASCHOAL et al., 2009).

Xaropes

Formas farmacêuticas aquosas contendo cerca de dois terços de seu peso em sacarose
ou outros açúcares. Podem ser medicinais e/ou edulcorantes, apresentando duas
vantagens: correção de sabor desagradável do fármaco e conservação do mesmo na
forma farmacêutica de administração. A forma sublingual líquida é um tipo de xarope
em que se usa o sorbitol como veículo.

A mucosa oral é altamente vascularizada, composta por vasos sanguíneos de pequeno


calibre, portanto, pela via sublingual o suplemento chega mais rapidamente na
corrente sanguínea, principalmente se ele possuir uma estrutura química lipossolúvel.
Entretanto, matérias-primas hidrofílicas, como aminoácidos, devem ser diluídas em
produto químico que auxilie sua absorção. Para diluição de aminoácidos, o veículo mais
utilizado é o sorbitol, entretanto também podem ser utilizados a glicerina ou xarope
simples. (PASCHOAL et al., 2009)

62
SUPLEMENTAÇÃO
MAGISTRAL UNIDADE II
APLICADA À
NUTRIGENÔMICA

CAPÍTULO 1
Introdução à suplementação
nutricional

De acordo com a Resolução do CFN no 390/2006 que regulamenta a prescrição


dietética de suplementos nutricionais pelo nutricionista. Considera suplementos
nutricionais – formulados de vitaminas, minerais, proteínas e aminoácidos, lipídeos
e ácidos graxos, carboidratos e fibras, isolados ou associados entre si. E desde que,
com base no diagnóstico nutricional, haja recomendação, a prescrição de suplementos
nutricionais poderá ser realizada nos seguintes casos: estados fisiológicos específicos;
estados patológicos, alterações metabólicas. O nutricionista deverá sempre considerar
que a prescrição dietética de suplementos nutricionais não poderá ser realizada de
forma isolada, devendo fazer parte da correção do padrão alimentar.

Fatores ambientais como a poluição, o uso indiscriminado de pesticidas, a alta


quantidade de corantes e conservantes dos alimentos industrializados, a forma de
preparo dos alimentos, o estresse físico e mental, tabagismo, entre outros, contribuem
para que a absorção dos nutrientes não ocorra de forma adequada, tornando o
organismo mais suscetível a deficiências de vitaminas e minerais. Por isso é importante
suplementar a alimentação.

Por definição, suplementos nutricionais servem para complementar com calorias e


ou nutrientes a dieta diária nos casos em que a ingestão, a partir da alimentação, é
insuficiente, ou quando a dieta requer suplementação (Resolução CFN no 380/2005).

A suplementação deve ser prescrita quando a dieta, por vários motivos, não atinge as
necessidades nutricionais diárias de um indivíduo. A correria do dia a dia, por exemplo,
muitas vezes limita o consumo de alimentos ricos em vitaminas e minerais, como
hortaliças e frutas frescas. O estresse físico e mental obriga o organismo a trabalhar

63
UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA

mais, esgotando algumas reservas de nutrientes. O uso de medicações também pode


causar deficiências nutricionais.

Fatores que interferem no equilíbrio de


vitaminas, minerais e fitoquímicos no
organismo
»» empobrecimento do solo de cultivo;

»» distanciamento do local de cultivo: perda nutricional causada por


armazenamento, transporte e manuseio impróprio;

»» forte presença de produtos químicos nas lavouras;

»» refinamento dos alimentos;

»» alto consumo de produtos alimentícios, com quantidade excessiva de


aditivos químicos e fatores antinutricionais;

»» baixo consumo de legumes, verduras, frutas, cereais integrais e


leguminosas;

»» utilização de suplementações desequilibradas entre os nutrientes


(automedicação ou prescrita);

»» adição (fortificação) de vitaminas e minerais isoladamente nos alimentos


industrializados. (CARREIRO, 2011)

A suplementação deverá permanecer pelo tempo necessário para resgatar o equilíbrio


nutricional do organismo, enquanto dá suporte para mudar o comportamento
alimentar que promoveu essas carências nutricionais. Dependendo da individualidade
bioquímica, do estado fisiológico e da patologia apresentada, a suplementação pode ser
permanente, porém, sempre reequilibrada conforme as alterações que vão ocorrendo
no organismo (CARREIRO, 2011).

Normalmente, os fatores que predispõem à


carência de um micronutriente, predispõem à
carência dos outros

»» falta da ingestão;

»» aumento da necessidade;

64
SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE II

»» transtornos na digestão e absorção;

»» desequilíbrio entre os micronutrientes que comprometem a sua utilização


e a dos macronutrientes;

»» aumento da excreção. (CARREIRO, 2011)

Ações que devem preceder as prescrições

»» conhecer funções, sinergias e antagonismo dos nutrientes;

»» avaliar sinais e sintomas;

»» relacionar os sinais e sintomas com as carências nutricionais;

»» melhor forma de suplementar e avaliar a capacidade de aquisição da


suplementação;

»» ajustar e integrar a suplementação ao novo comportamento alimentar


orientado;

»» considerar a homeostasia. (CARREIRO, 2011)

Suplementação de vitaminas e minerais


A alimentação é um processo em constante evolução, diretamente relacionado com
mudanças no estilo de vida que influenciam alterações nos hábitos alimentares. Cresce
a preocupação com a adequação da ingestão de vitaminas e minerais por parte de um
número crescente de indivíduos que, em decorrência da vida moderna, dedicam pouco
tempo para obter uma alimentação completa e de qualidade.

As recomendações nutricionais são elaboradas para prevenir o surgimento de


manifestações de deficiência e garantir crescimento e desenvolvimento necessários,
sustentando adequadamente a saúde e o bom estado nutricional sem qualquer efeito
adverso, risco de inadequação ou ingestão excessiva de algum nutriente. Para manter
em equilíbrio o organismo além da ingesta de macronutrientes é essencial a ingesta de
vitaminas também, pois, desempenham diversas funções bioquímicas no organismo,
grande parte atuam como coenzimas (condicionam a atividade das enzimas) como é o
caso da maioria das vitaminas hidrossolúveis, principalmente do complexo B, outras
como vitamina A, C e E são antioxidantes (ajuda proteger o organismo contra radicais

65
UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA

livres), ou ainda a vitamina D que atua como precursor hormonal (BARBOSA et al.,
2010; MARIOTTO, 2006, MARQUES, 2010).

Existem polimorfismos genéticos que estão associados com a predisposição de níveis


baixos de certas vitaminas. Portanto, conhecer o genótipo é importante para manipular
a ingestão de vitamina e adequá-la às necessidades individuais. Como exemplo, tem-
se o gene MTHFR, pessoas com o genótipo CT, possui uma predisposição a níveis
baixos de ácido fólico, e devem aumentar o consumo dessa vitamina na alimentação
(PATHWAY; GENOMICS, 2011). As diferenças na ação de uma mesma vitamina, por
exemplo, dependem da herança genética.

E que essa mesma herança pode influenciar o curso de certas doenças. Tudo isso se
relaciona com a expressão gênica (VANNUCCHI, 2008). Mecanismos que controlam
a expressão gênica, como é o caso da metilação dos resíduos de citosina, podem ser
influenciados pela alimentação. O estabelecimento dos padrões de metilação ocorre na
fase inicial do desenvolvimento e pode se propagar pela vida toda. Um dos fatores que
exerce grande influência no padrão de metilação é a disponibilidade celular das vitaminas
que participam do metabolismo do carbono (B6, B12 e ácido fólico) (FURLAN; FERRAZ
et al., 2007). A S-adenosilmetionina metaboliza nutrientes provenientes da dieta, como
a colina, metionina, ácido fólico, vitamina B6 (piridoxina), B12 (cobalamina) e B2
(riboflavina). Portanto, a deficiência desses nutrientes leva a alterações no metabolismo
do carbono, prejudicando a metilação do DNA e aumentando o risco de doenças
crônicas, como o câncer e doenças cardiovasculares. No entanto a expressão dos genes
possui um padrão individual (polimorfismo) (FUJII; MEDEIROS et al., 2010). Vários
micronutrientes participam de diversos processos biológicos, os quais associados a
nossa singularidade genética levam a efeitos variados em cada pessoa.

Em 1995, o Food and Nutrition Board ou Comitê para Alimentação e Nutrição,


juntamente com o governo canadense, introduziram as DRIs, (Dietary Reference
Intake) com os objetivos de:

»» prevenir as deficiências nutricionais;

»» prevenir doenças crônicas não transmissíveis;

»» estabelecer limite máximo (prevenir toxicidade).

66
SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE II

As IDRs ou DRIs (Ingestão Dietética de Referência)


compreendem quatro referências de ingestão

»» Necessidade Média Estimada (Estimated Average Requirement – EAR).

»» Ingestão Dietética Recomendada (Recommended Dietary Allowance


– RDA).

»» Ingestão Adequada (Adequate Intake – AI).

»» Limite Superior Tolerável de Ingestão (Tolerable Upper Intake Level


– UL).

Recomendação Média Estimada (EAR)

É o valor de ingestão do nutriente que se estima atender às necessidades de 50% dos


indivíduos num determinado estágio da vida e sexo. Na origem das EARs, conceitos de
redução de risco de doenças e biodisponibilidade são considerados. Valores de referência
não se baseiam apenas na prevenção da deficiência de nutrientes. EAR pode ser utilizada
na composição da média de consumo recomendada para um grupo populacional, onde
apenas 2 a 3% da população ficariam abaixo da EAR. Portanto, pode ser utilizada como
um fator para avaliar e planejar a adequação da ingestão de nutrientes por grupos
populacionais. A EARs servem de base para a determinação da RDA.

Ingestão dietética recomendada (RDA)

É a ingestão diária do nutriente que é suficiente para atender as necessidades nutricionais


de cerca de 97% a 98% dos indivíduos num estágio da vida e sexo. As RDAs se aplicam
ao indivíduo, não a grupo de indivíduos. As RDAs são obtidas a partir das EARs mais 2
desvios padrões. Portanto, sem EAR, não há RDA. As RDAs são aplicáveis a indivíduos
saudáveis.

Ingestão Adequada (AI)

AI é estabelecida no lugar de uma RDA se evidências científicas não estão disponíveis


para calcular uma EAR. AI é baseada na observação ou estimativa experimental da
média de ingestão do nutriente por um grupo(s) de indivíduos saudáveis, que parece
sustentar um estado nutricional, definido como valores circulantes normais do
nutriente, crescimento adequado e outros indicadores funcionais de saúde. O principal
uso da AI é servir de meta para ingestão de nutrientes dos indivíduos.

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UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA

Limite Máximo Tolerável de Ingestão (UL)

UL é o maior nível de ingestão diária de um nutriente que se acredita não coloque a


população em risco de efeito adverso para a saúde. Quando a ingestão é superior à
UL, o risco de efeitos adversos aumentam. Criou-se o termo “ingestão tolerável” para
evitar a implicação de possíveis efeitos benéficos. A UL permite concluir que: “Se o
consumo individual é abaixo da UL, há uma boa garantia de que o consumo não irá
causar efeitos adversos”. Para calcular a UL são considerados 2 parâmetros, NOAEL e
LOAEL. Utiliza-se o NOAEL (No Observed Adverse Effect Level) para determinar o UL,
pois indica a maior ingestão (ou dose experimental) de um nutriente, cuja quantidade
não se observa a existência de efeitos adversos, sendo seguro em quase todas as
circunstâncias. Quando o NOAEL não pode ser determinado utiliza-se o LOAEL (Low
Observed Adverse Effect Level); Indica a menor ingestão (ou dose experimental) de um
nutriente, cuja quantidade já permite observar um efeito adverso.

Fórmula para determinação da UL:

UL = NOAEL OU LOAEL / UF (fator de incerteza)

Atualmente, para alguns nutrientes, ainda não há dados suficientes para desenvolver
o UL, o que não significa não haver potencial para efeitos adversos resultantes da alta
ingestão. Pelo contrário, quando os dados forem muito limitados é preciso maiores
precauções na suplementação.

Vitaminas Indicação/Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Vitamina A Como antioxidante, reepitelizante, Deficiência: cegueira noturna, lesões e Dose usual:
alguns tipos de câncer (próstata, mama, ressecamento de pele e mucosas, retardo
RDA homens: 900 mcg RE ou 3.000 UI
gástrico), tratamento de problemas no crescimento.
oculares e problemas de pele. Auxilia no RDA mulheres: 700 mcg RE ou
Toxicidade: Perda de apetite,
crescimento e aumenta a resistência de 2.333,33UI
amarelamento da pele, queda de cabelo,
infecções em crianças.
pele seca, fragilidade óssea. Não há efeitos colaterais: 10.000 UI
Fontes: Tomate, leite, manteiga, verduras (4500 mcg RE segundo ANVISA)
amarelas, abóbora, folhosos verde-
Há efeitos colaterais: 21600 UI (6400
escuro, melão, pêssego.
mcg RE)
Máximo tolerado biologicamente para
adultos: 3.000 mcg RE ou 10.000 UI
(1 UI = 0,3 mcg RE)
Vitamina B1(Tiamina) Indivíduos > 65 anos se beneficiam Deficiência: Beribéri; distúrbios Dose usual: 0,8-1,5 (10 /15mg/dia).
mais; estudos apontam como cardiovasculares; distúrbios neurológicos;
Dose máxima: 300mg/dia
coadjuvante no tratamento de Alzheimer; síndrome de Wernicke –korsakoff;
úlceras na cavidade oral; neuropatia Redução do apetite, cansaço, obstipação,
diabética; disfunção erétil. irritabilidade fácil, esquecimento, raciocínio
lento, inchaço dos pés e mãos, perda
Fontes: Batata doce, banana, cereais
de peso, debilidade muscular, fraqueza,
integrais, frutas, arroz, leite, nozes,
taquicardia.
legumes, levedura.
Toxicidade: pode causar convulsões,
cefaleia, fraqueza muscular, arritmia
cardíaca e reações alérgicas.

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Vitaminas Indicação/Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Vitamina B2 Para vegetarianos estritos; auxilia no Deficiência: Sensibilidade ocular Dose usual: 1,3-1,8 (10-30) mg/dia
(Riboflavina) tratamento da Síndrome do Túnel do (coceira, ardência, fotossensibilidade),
Dose máxima: 100mg/dia.
Carpo; queilose; estomatite angular; dor de cabeça frontal, língua inchada e
enxaqueca; glossite, queratite e avermelhada, queilose (rachaduras nos
dermatite seborreica. cantos da boca), seborreia, lesões na pele.
Fontes: Cereais, leite e seus derivados, Toxicidade: não há por via oral
banana, lentilha, cenoura, cereais
integrais, folhosos verde-escuro.
Vitamina B3 Artrose; dependência de álcool; Deficiência: Pelagra (doença caracterizada Dose usual:
(Nicotinamida/ ácido esquizofrenia e outras alterações pôr 3D (dermatite, demência, diarreia),
RDA p/ homens: 16 mg NE/dia
nicotínico ou niacina) mentais, hiperlipidemia. tremores, língua amarga. Além de fraqueza
muscular, diminuição do apetite, indigestão, RDA p/ mulheres: 14 mg NE/dia
Fontes: Ameixa, figo, tâmara, amendoim,
insônia, fadiga, irritabilidade, incapacidade
grãos integrais, legumes Não há efeitos colaterais: 35 mg/dia.
de concentração.
Toxicidade: dose > 3g período > 3
meses; náuseas, cefaleia, pirose, cansaço,
cabelo e pele seca, visão borrada.
Vitamina B5 (Ácido Importante para a integridade da pele e Deficiência: Dores de cabeça, náuseas e Dose usual: RDA homens e mulheres: 4
Pantotênico) mucosas, saúde capilar, e nos processos vômitos. a 7 mg/dia • Não há efeitos colaterais:
de cicatrização. 1000 mg
Toxicidade: Não há descrição de efeitos
Fontes: Carne de soja, cereais, tomate, tóxicos
levedura.
Vitamina B6 Tratamento da Síndrome do Túnel do Deficiência: cansaço, vertigens, Dose usual:
(Piridoxina) Carpo, TPM, asma, neuropatia diabética, irritabilidade, convulsões, lesões na pele,
RDA- adulto: 1,3 a 1,7mg/dia
coronariopatia, náuseas durante a anemia, sonolência, depressão, perda
gestação, depressão, hipertensão. de apetite. Fatores que levam à carência: UL: 100mg/dia
pacientes cardíacos, alcoolismo, uso de
Fontes: Verduras, cereais, frutas, grãos,
anticoncepcionais, idosos, adolescentes.
banana, melão, repolho, batata doce.
Toxicidade: doses de 100 a 150g/dia
por períodos prolongados. Neuropatia
sensorial, instabilidade de marcha,
intumescimento e parestesia de
mãos e pés, náuseas, tonturas, dor
e hipersensibilidade mamária, acne
excessiva.
Vitamina B7 (Biotina) Para o tratamento de unhas Deficiência: em pacientes c/ nutrição 10 mg/dia: Queda de cabelo ***
quebradiças; acne; dermatite seborreica; parenteral por longos períodos e consumo
Dose usual: Adultos: 30mcg ( RDA)
cabelos fracos e alopecia. de clara de ovo crua por períodos
prolongados. Máximo: Não está estabelecido
Fontes: Carne branca, leite, legumes,
cereais, nozes, chocolate, castanha. ANVISA: 2,5 mg.
Vitamina B9 (Ácido Gestação e lactação; alterações Deficiência: na gestação (aborto, defeitos Dose usual: 65-600mcg/dia.
Fólico) cardiovasculares; alguns tipos de congênitos, problemas de desenvolvimento
Dose máxima – 20mg/dia.
câncer; desordens mentais (Alzheimer, e danos no tubo neural); anemia
depressão). megaloblástica, lesões de mucosa;
hiperomocisteinemia c/ danos vasculares.
Atua em diversas funções metabólicas.
Toxicidade: doses 15mg/dia, pode
Fontes: Leite, couve-flor, brócolis,
provocar convulsões em paciente
espinafre, gérmen de cereais, batatas,
tratados c/ anticonvulsivantes; alterações
legumes, folhas verdes, lentilha, feijão
gastrointestinais e no padrões de sono;
corda.
algumas vezes reações alérgicas.

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Vitaminas Indicação/Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Vitamina B12 Vegetarianos estritos; indivíduos > 65 Deficiência: Anemia com os sintomas de Dose usual: 2,4 a 1000mcg
(Cianocobalamina) anos; defeitos do tubo neural; esclerose cansaço, falta de ar, palidez cutânea, dores
múltipla; transtorno do sono, neuropatia de cabeça, irritabilidade, predisposição
diabética; aftas; pode reduzir o risco de a infecções, perda de memória, diarreia
coronareopatias. e redução da absorção de nutrientes,
inflamação na língua. Fatores que levam à
Atua na formação dos glóbulos
carência – cirurgia intestinal, uso abusivo
vermelhos do sangue, na integridade
de antiácidos, álcool, tabagismo, doenças
das células nervosas da pele, e na
gástricas (gastrite, gastroenterites etc.);
formação do DNA.
demência.
Fontes: Verduras, cereais, banana,
Toxicidade: diarreia, pruridos, agudizar o
lentilha, leite e derivados, cenoura,
processo de acne.
batata doce.
Ácido pangâmico B15 Papel antioxidante; Aterosclerose e Deficiência: indícios apontam para Dose usual: 2mg/dia.
doença coronária isquêmica; distúrbios glandulares e nervosos, doenças
Dose máxima – 10mg/dia.
do coração e diminuição da oxigenação
Autores russos – crianças com
dos tecidos.
deficiência mental ou retardo;
Toxicidade: doses > 10mg/dia. Congestão
Gerontoprotera (retarda o processo de
da pele
envelhecimento)
Promove os processos oxidativos e a
respiração celular; Síntese proteica;
Fontes: levedura de cerveja, arroz
integral, cereais integrais, sementes de
abóbora e de sésamo.
Ácido Para- Doença de Peyronie, insônia, depressão, Deficiência: pode ocasionar fadiga, Dose usual: 100-500mg/dia.
aminobenzoico (PABA) memória, estimula o crescimento dos nervosismo, dores de cabeça, problemas
Formas ativas mais prescritas – Ácido
cabelos. digestivos, constipação, eczemas,
para-aminobenzoico (PABA).
esclerodermia, anemia e perda da libido.
Fontes: arroz integral, grãos integrais
não torrados, levedura de cerveja seca, Toxicidade: dose > 30mg
farelo de trigo, miúdos.
Anorexia, náuseas, vômito, toxicidade
hepática, febre, prurido e exantema
cutâneo.
Colina Para alterações relacionadas com a Deficiência: associado com anomalias Dose usual: 1200mg/dia.
deterioração da transmissão colinérgica, na função hepática (cirrose, esteatose
Dose máxima – 4000mg/dia.
discinesia tardia, Alzheimer, Síndrome hepática); pacientes submetidos à NPT.
de la Tourette, deterioração da memória Formas ativas mais prescritas –
Toxicidade: 10g/dia
e demência senil, ataxia, para Fosfatidilcolina, Lecitina.
praticantes de atividade física ou atletas, Odor de peixe nas secreções corporais;
benéfica para DCV. diarreia, náuseas, tontura, sudorese,
salivação excessiva.
Fontes: gema de ovo, carne vermelha,
leguminosas, fígado, couve de Bruxelas,
repolho, brócolis, nozes.
Vitamina C Alivia os sintomas de resfriado, Deficiência: Fadiga, falta de apetite, Dose usual:
como potente oxidante, auxilia na emagrecimento, feridas na boca,
RDA homens e mulheres: 75 a 90 mg/
coronariopatia, preventivo e coadjuvante fragilidade capilar, hemorragias, queda de
dia
no tratamento de cataratas. Auxilia cabelos. ATENÇÃO: Suas necessidades
na absorção de ferro presente são aumentadas em período de estresse e Não há efeitos colaterais: > 1000 mg
nos alimentos vegetais, mantêm a por fumantes. ( Anvisa)
integridade da pele e mucosas e auxilia
Toxicidade: diarreia osmótica, desconforto Máximo tolerado biologicamente: 2g/dia
na cicatrização, além de fortalecer o
gástrico, aumento ligeiro da diurese,
sistema imunológico. Efeito antioxidante: 1 A 2g/dia.
cálculos de oxalato, dor de cabeça, rubor
Fontes: Caju, acerola, goiaba, legumes, na face, fadiga, distúrbio no sono.
couve-flor, batata, aspargos, tomate,
mamão, frutas cítricas, morango,
abacaxi, pimentão verde.

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SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE II

Vitaminas Indicação/Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Vitamina D Quando a exposição à luz solar não Deficiência: raquitismo, fragilidade óssea Dose usual: 40-600 UI/dia (1-5mcg/
é suficiente, na gestação e lactação, (fraturas), dentes fracos, deformidades dia).
pacientes com idade avançada com esqueléticas.
Dose máxima – 2000 UI/dia (50mcg/
problemas de mobilidade, vegetarianos
Toxicidade: Calcificação óssea excessiva, dia).
estritos, crescimento e diferenciação
cálculos renais, dor de cabeça, náuseas
celular, desmineralização óssea,
e diarreia.
osteomalácia, osteoporose, fraturas,
hipoparatireoidismo.
Fontes: Óleos vegetais, gérmen de trigo,
luz solar (converte provitamina D do
organismo em vitamina D), leite, queijo.
Vitamina E É antioxidante e atua protegendo a Deficiência: lactentes prematuros: Anemia Dose usual:
membrana celular, ajudando a retardar o hemolítica; trombocitose, ↑ da agregação
RDA: 15 mg alfa-tocoferol (19 a 70
envelhecimento. plaquetária, hemorragia intraventricular; ↑
anos)
do risco de retinopatia, envelhecimento
Fontes: Gérmen de trigo, verduras
precoce, além de alterações musculares. Não há efeitos colaterais: 1200 UI (800
cruas, iogurte, óleos vegetais, folhosos,
mg alfatocoferol) - ANVISA
amendoim, leite, manteiga, espinafre. Toxicidade: > 1000mg/dia por longo
período. ↑ tendência a hemorragias em Máximo tolerado biologicamente:1000
pacientes c/ carência de vit K; transtornos mg alfatocoferol
da função endócrina (tireoide, suprarrenal
1 mg alfa-tocoferol = 1,49 UI
e hipófise).
Segurança: 50 a 100x RDA.
Vitamina K Prevenção de osteoporose; hemorragia Deficiência: deficiência na coagulação Dose usual:
associada à deficiência. sanguínea, hemorragias.
Dosagem – 2-120 mcg/dia.
Fontes: iogurte, alface, brócolis, verduras Toxicidade: Hemorragias com placas
cruas, couve-flor, óleos vegetais, repolho, vermelhas na pele.
soja, espinafre. ATENÇÃO: é importante
lembrar que uma parte da vitamina K é
produzida no próprio organismo.

Minerais Indicação/ Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Boro (B) No tratamento da osteoporose, sintomas Alterações no metabolismo do Ca; Função Dose usual:
da artrose e memória. cerebral (cognitivas) Nielsen FH, 2000;
1 – 3 mg /dia
alterações no metabolismo energético,
Atua no metabolismo do Cálcio,
Função imune prejudicada. Máx: 5 mg/dia
Magnésio, Potássio,
Toxicidade: Forma ativa mais prescrita: Boro Quelato
Fósforo, vitamina D e das Paratireoides.
ou Glicinato
Baixa toxicidade – náuseas, desconforto
Fontes: frutas, água, legumes, castanhas
gástrico, vômitos, diarreia, dermatites e
de plantas dicotiledôneas, grãos e
sonolência.
cereais integrais.
Cromo (Cr) Potencializar ação da insulina, reduz Deficiência: pode levar ao surgimento Dose usual:
a hiperglicemia e hiperlipidemia; do DM 2; hipoglicemia; alterações nos
50 – 400 mcg/dia
obesidade; desenvolvimento da massa lipídeos sanguíneos; ↓do número de
muscular. receptores de insulina; hipercolesterolemia, Máx: 400 mcg/dia
hipertrigliceridemia.
Fontes: lêvedo, trigo integral, germe Forma ativa mais prescrita: Cromo
de trigo, carnes, fígado, ostra, batata, Toxicidade: Dinicotinato Glicinato Quelato
ovos, maçã, brócolis, cevada, alimentos
A forma trivalente (+ usada), é isenta de + eficaz com: Vanádio quelato.
integrais e castanhas.
toxicidade

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UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA

Minerais Indicação/ Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Cobre (Cu) Como antioxidante; anemia que Deficiência: anemia Dose usual:
não responde a terapia com Fe, hipocrômicamicrocítica; danos
Hipercolesterolemia
hipercolesterolemia. neurológicos graves; fragilidade anormal
dos ossos e perda da elasticidade da Dose de uso: 1 a 3 mg/dia
Fontes: ostras, fígado, rim, chocolate,
elastina; debilidade do sistema imune; >
nozes, leguminosas secas, cereais, frutas Máx: 5 mg/dia
[ ] do colesterol e tolerância à glicose;
secas, aves e mariscos
alterações na pigmentação e estrutura do UL: 1 a 10mg/dia
cabelo; desmielinização e degeneração do
sistema nervoso. Melhor tolerado: Cobre Aminoácido
Quelato
Toxicidade:
Consumo seguro: 0,4 a 3 mg/dia (dieta
Gosto metálico na boca, salivação usual: 2mg).
excessiva, náusea, vômitos, queimação
epigástrica, sangramento gastrintestinal,
diarreia, hemólise, necrose hepática,
taquicardia, convulsões e coma.
Manganês (Mn) Tratamento de esquizofrenia entre Deficiência: Prejuízo no crescimento e na Dose de usual:
outras, tratamento da osteoartrite, função reprodutora, queda na tolerância
2 – 4 mg/dia;
DM, processos inflamatórios – artrite a glicose; ↑ dos níveis de colesterol,
reumatoide, síntese de colágeno. dermatites, ↓ do crescimento dos cabelos UL: 2,6 a 11mg/dia*
e unhas.
Fontes: Cereais integrais, castanhas, Forma ativa mais prescrita: Manganês
nozes, chás, avelã, soja, tofu e vegetais Toxicidade: Glicina, Quelato.
verdes folhosos.
neurotoxicidade, alterações no snc, sistema
motor: similar a síndrome de Parkinson;
alterações psiquiátricas.
Molibidênio (Mo) Erro inato do metabolismo – deficiência Deficiência: Dose de usual:
do sulfito oxidase.
Perda de função das 3 enzimas, 13 a 40mcg/dia;
Fontes: leguminosas, grãos de cereais, principalmente na primeira infância;,
UL: 50 a 100mcg/dia*
vegetais de folha verde-escura, vísceras. < excreção de sulfato e ácido úrico;
↓formação de hemoglobina,metabolismo Melhor tolerado: Molibdênio Quelato
alterado de Fe; em alguns casos, distúrbio
+ eficaz com: Cu devido ao
mental.
antagonismo dos dois elementos
Toxicidade:
É similar ou idêntica aos da deficiência de
Cu (retardo do crescimento e anemia),
↑ [ ] de ácido úrico no sangue; >
incidência de gota; Surtos de psicose
aguda c/ alucinações visuais e auditivas
(MONCILOVIC B, 1999).
Vanádio (V) Níveis elevados de colesterol, alterações Deficiência: Ainda não estão bem Dose de usual:
no metabolismo da glicose. esclarecidas.
Não existe recomendação mínima +/-
Fontes: mariscos, cogumelos e salsinha. Toxicidade: 10mcg/dia;
alterações na cor da língua; cãibras; UL: 100mcg a 1,8mg/dia*
alterações gastrintestinais, diarreia.
-Melhor tolerado: Vanádio Quelato
+ eficaz com: Cromo glicina.
Silício (Si) Epiderme e tecido conjuntivo, Síntese de Deficiência: Unhas e ossos fracos, cabelos Recomendações: 10 a 25 mg.
colágeno, Concentrações dependem da quebradiços e pele sem vitalidade.
idade, gênero e hormônios.
Fontes: cavalinha, aveia, cevada, frutos
Toxicidade: só é tóxico se inalado. Em
do mar, cereais (milho, arroz), algas,
excesso pode contribuir para formar
cogumelos.
cálculos renais.

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SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE II

Minerais Indicação/ Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Potássio (K) Manutenção do ritmo cardíaco normal, Deficiência: vômitos, distensão abdominal, Dose de usual:
hipertensão, redução ou ausência de reflexos,
100 a 300mg/dia;
dificuldade para respirar, hipotensão
alterações na contração muscular e
(pressão baixa), dilatação cardíaca, UL: até 500mg/dia*
condução dos impulsos
arritmia, fraqueza muscular.
Melhor tolerado: Potássio Aminoácido
nervosos, fadiga/estresse físico e mental,
Toxicidade: Cãibras, paralisia muscular, Quelato
distúrbios do aprendizado e memória.
confusão mental, distúrbios cardíacos,
NÃO É NECESSÁRIO SUPLEMENTAR
Fontes: amendoim, frutas (melão, respiração fraca, dor nas extremidades do
banana), leite, cereais integrais, castanha corpo, parestesia.
de caju, espinafre, batata doce e inglesa,
água de coco.
Cálcio (Ca) Prevenção e tratamento da osteoporose; Deficiência: deformidades ósseas Dose usual: Até 1000 mg/dia
hipertensão, mulheres menopausadas, (osteoporose, osteomalácia e raquitismo),
Máx: UL: 2500mg/dia.
gravidez e lactação; crianças e convulsões, paralisia muscular, hipertensão.
adolescentes na fase de maior NOAEL: 1500 mg/dia; LOAEL: > 2500
Toxicidade: Calcificação excessiva dos
crescimento, TPM, alguns tipos de mg/dia • Perdas: a partir 50 anos
ossos e tecidos moles, interferência
Câncer.
na absorção do ferro, falência renal, Forma ativa mais prescrita: Cálcio
Fontes: Vegetais de folhas escuras comportamento anormal (psicose). Aminoácido Quelato
(couve, mostarda, brócolis etc.), leites e
+ eficaz com: Vit. A, C, D e Magnésio.
derivados, cereais, feijão e frutas.
Fósforo (P) Integra a estrutura dos ossos e dentes, Deficiência: dor óssea, osteomalácia, Dose de usual:
atua na contração muscular e participa hipoparatiereoidismo, resistência à insulina,
DRI (1997): Adulto sadio: 700mg/dia.
ativamente no metabolismo dos delírios, perda de memória, taquicardia,
carboidratos. cãibras, dores musculares.
Fontes: leite, cereais, leguminosas, Toxicidade: confusão mental, sensação de
frutas secas, frutas frescas, castanha de peso nas pernas, hipertensão.
caju, trigo, queijo.
Magnésio (Mg) Fadiga neuromuscular, estresse; Deficiência: perda de apetite, náusea, Dose de usual:
Tratamento da Síndrome TPM (B6), vômito, sonolência, tremores, taquicardia,
150 - 300mg/dia
tensão nervosa e depressão, como arritmia, atraso no crescimento.
preventivo e tratamento das doenças UL: 500mg/dia
Toxicidade: náuseas, vômitos; hipotensão,
cardíacas, Enxaquecas, DM.
bradicardia; sonolência, fraqueza; dupla Melhor tolerado: Magnésio Quelato,
Fontes: Vegetais folhosos, cereais, grãos, visão. Aspartato, Citrato.
sementes, leite, gérmen de trigo, centeio,
-+ eficaz com: Ca
farinha de soja, avelã.
-* Administrar longe das refeições –
neutraliza a acidez natural do estômago
Ferro (Fe) Tratamento da anemia ferropriva; Deficiência: anemia, dor de cabeça, Dose de usual: 10 – 45 mg/dia
estimula imunidade; melhora o fadiga, baixa resistência a infecções,
UL: 40 a 45mg/dia
desempenho físico, gravidez, fraqueza, feridas no canto da boca,
vegetarianos. diminuição do paladar. Melhor tolerado: Ferro Glicina, Quelato.
Fontes: gema de ovo, fígado, carnes e Toxicidade: + eficaz com: B12, Cu, Mn e Vit C.
vísceras, leguminosas, vegetais verdes
Hemocromatose – possível aumento
escuros e folhosos, açaí, brócolis,
do fígado, diabetes, hipogonadismo,
banana, melaço de cana, frutas secas.
inflamação das articulações e doença
cardíaca; irritação gastrintestinal.

73
UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA

Minerais Indicação/ Fontes Deficiência / Excesso Recomendação


Zinco (Zn) Estimular o sistema imunológico, Co- Deficiência: retardo no crescimento, Dose de usual: 10 - 25mg/dia;
adjuvante/profilático no tratamento de atraso na maturação sexual, diminuição
Máx: 60mg/dia*
câncer (FRANKLIN, 2009), do paladar, lesões na pele, falta de apetite,
desequilíbrio do sistema imunológico, Melhor tolerado: Zn bis-Histidinato
Cicatrização de feridas. anorexia
↓HCL. Quelato , Zn bis-Glicinato Quelato ou Zn
nervosa, resfriado comum (repetitivos);
bis-Arginato Quelato
coadjuvante no tratamento da hiperplasia Toxicidade: náusea, vômito, diarreia,
prostática e infertilidade. câimbras e dores abdominais.
Fontes: ostras, frutos do mar, peixes,
fígado e carne vermelha, aves, leites e
derivados, cereais integrais, leguminosas,
levedo de cerveja, milho.
Selênio (Se) Para o balanço ideal de T4 e T3; Deficiência: Dose de uso: 15 a 60mcg/dia;
Proteção da ação nociva de metais
Cardiopatia endêmica – doença de UL: até 200mcg/dia*
pesados e xenobióticos.
Keshan;
Melhor tolerado: Selênio Glicinato
Redução do risco de doenças crônicas
Osteoartrite – Kashin-Beck Quelato.
não transmissíveis (câncer, aterosclerose,
trombose arterial, DM, Sistema Imune); Imunossupressão; ↓ da síntese de
infertilidade; auxiliar no tratamento da anticorpos; citotoxicidade, secreção
artrite reumatoide; protege contra os de citocinas, proliferação de linfócitos,
danos dos raios UV. estresse oxidativo.
As principais fontes de selênio são: Toxicidade:
castanhas-do-pará, frutos do mar, aves
Graves distúrbios gastrintestinais, náuseas,
e carnes vermelhas, grãos de aveia
diarreia; gosto metálico na boca; perdas
e arroz integral, além do solo no qual
das unhas e dos cabelos; ↑da incidência
todos foram cultivados (KRAUSE, 2005).
de cárie, lesões na pele com aparência
inflamada e eruptiva, forte odor de alho
exalado. Irritabilidade.
Iodo (I) É parte integrante dos hormônios Deficiência: bócio, durante a gestação sua Dose de uso:
tireoideanos. falta pode afetar a tireoide do feto a partir
RDA adultos:
da 8a semana de gestação.
Fontes: Sal de cozinha iodado, leite.
150 mcg/dia
Toxicidade: Uma super dose cutânea pode
suprimir a atividade tireoideana. UL: 1.100 mcg/dia.
Flúor (F) É considerado como essencial devido ao Deficiência: cárie dental. Dose de uso:
seu efeito benéfico no esmalte dental,
Toxicidade: Manchas no esmalte dos AI adultos:
conferindo resistência máxima às cáries.
dentes, osteoporose.
3 a 4 mg/dia
Fontes: Sua maior parte está na água
potável fluorada. Nos vegetais depende UL: 10 mg/dia.
da qualidade do solo.

FONTE: adaptada da Tabela de Recomendações Nutricionais Diária – DRI.

Biodisponibilidade de vitaminas e minerais


A interação de um nutriente contido em um determinado alimento com outros
nutrientes presentes em uma refeição ou componentes dessa refeição em contato com
os componentes químicos desse alimento podem afetar sua absorção e também o seu
metabolismo no organismo e, portanto, sua utilização biológica. São fatores que afetam a
biodisponibilidade: concentração e natureza química dos alimentos; estado nutricional e
saúde do indivíduo; e as perdas por excreção. Na maioria das vezes, o total ingerido não
corresponde à quantidade do nutriente absorvido de fato pelo organismo (REIS, 2007).

74
SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE II

O termo biodisponibilidade pode ser definido como a proporção da quantidade do


nutriente que sofre absorção intestinal e é então utilizada pelo corpo (REIS, 2007).
A utilização e o transporte de nutrientes absorvidos nos tecidos incluem a absorção
celular e a conversão para a forma que realiza alguma função bioquímica. A palavra
“disponível” é chave, pois o nutriente também pode ser metabolizado dentro da célula
e ficar indisponível para excreção subsequente, ou pode, apenas, ser armazenado para
uso futuro (BALL, 1998). Vários fatores químicos, incluindo o potencial redox, o pH
e a forma inicial dos microelementos, influenciam o curso da digestão e em seguida a
solubilidade e a disponibilidade desses elementos (MADSEN; JOHNSON, 1989).

Muitos são os fatores que influenciam a absorção de nutrientes de um alimento. Entre


eles estão os relacionados com a própria fisiologia do indivíduo, bem como fatores
relacionados com o alimento. A má absorção pode acontecer na presença de desordens
gastrintestinais ou outras doenças específicas. O estado nutricional prévio do indivíduo
também é capaz de influenciar a biodisponibilidade de uma vitamina em particular,
podendo tal estado nutricional estar relacionado com uma regulação adaptativa no
metabolismo dessa vitamina (BALL, 1998).

Ao longo do processo de absorção dos nutrientes, ocorrem diversas variações nas


condições químicas e bioquímicas intralumiais. Por isso, parte dos mesmos pode
ter sua absorção reduzida ou aumentada em decorrência de alterações favoráveis
ou desfavoráveis para a absorção. As vitaminas lipossolúveis, por exemplo, são
dependentes de emulsificação para incorporação às micelas e difusão pela mucosa e
devem ser consumidas com as refeições. Já os demais nutrientes (hidrossolúveis), para
serem absorvidos, devem estar solubilizados no meio aquoso ou e quelatos.

Quando os microelementos são quelatos, em especial no caso dos minerais, os


aminoácidos são com ele absorvidos, e são menos influenciados pelo pH intralumial
ou pela presença de antagonistas. O nome quelato provém da palavra grega chele,
que significa garra ou pinça, referindo-se à forma pela qual os íons metálicos são
“aprisionados” no composto. Um quelato é um composto químico formado por um
íon metálico unido por várias ligações covalentes a uma estrutura heterocíclica de
compostos orgânicos, como aminoácidos, peptídeos ou polissacarídeos (PUJOL, 2011).
Os minerais quelatados são definidos como sendo uma mistura de elementos minerais
ligados a algum tipo de carreador, que pode ser um aminoácido ou polissacarídeo. Esses
minerais são capazes de ligar o metal por ligações covalentes através de grupamentos
aminos ou oxigênio, formando, desse modo, uma estrutura cíclica (LEESON;
SUMMERS, 2001). Estudos revelam que proteinados ou quelatos de diferentes
minerais, apresentam biodisponibilidade superior à de seus semelhantes inorgânicos,

75
UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA

sendo que um aminoácido específico, ao qual o mineral está quelatado, determina o


tecido ou sistema enzimático ao qual se destina (COUZY et al., 1993).

Outra característica importante é que os quelatos devem ser eletricamente neutros.


Há cargas positivas e negativas na membrana de cada célula intestinal. Se um quelato
não for neutro, será repelido ou ligado à membrana, sendo sua absorção prejudicada.
Para alcançar um estado elétrico neutro, o quelato deve ser complexado a um ânion
ionizável com relativa facilidade, com um halógeno ou um grupo silfato, e o ligante deve
satisfazer tanto estado oxidativo quanto o número coordenado do átomo metal. Isso
afeta a proporção molar ligante metal.

Minerais
Os minerais são muito instáveis nas condições do meio intralumial. Facilitadores como
refeições normoproteicas (14 a 15%) aumentam a absorção de minerais (ferro, cálcio,
selênio e zinco) pela mucosa por meio do aumento do fluxo sanguíneo, para compor
o pool de aminoácidos no fígado (PUJOL, 2011). Entre os inibidores da absorção de
minerais, destacam-se fitatos, hemiceluloses, oxalatos, fosfatos, taninos e compostos
polifenóilicos em geral. Taninos e demais compostos fenólicos podem comprometer em
até 50% a absorção de ferro das refeições (REIS, 2007). Por isso, fitoterápicos com a
forma farmacêutica de infusão não devem ser utilizados logo após as refeições por seu
efeito na redução da biodisponibidade, em particular em refeições ricas em ferro e zinco.

De acordo com Couzi et al. (1993), as interações entre minerais podem ocorrer de maneira
direta ou indireta. As interações diretas em geral são fenômenos competitivos que se dão
durante a absorção intestinal ou utilização tecidual, enquanto as indiretas se dão quando
um mineral está envolvido no metabolismo do outro, de modo que a deficiência de um
acarreta prejuízo da função do outro. De acordo com Reis (2007), a absorção dos minerais
é muito influenciada pela dieta, por isso não devem ser administrados com as refeições,
necessitando de um intervalo de no mínimo duas horas entre a refeição e a ingestão de
suplementos à base de minerais. Interações entre minerais são muito comuns.

Um exemplo disso é a diminuição na absorção de ferro, fósforo e zinco na presença de


elevadas quantidades de cálcio (WALTER et al., 2000). Suplementações à base de zinco
e cálcio associados ao ferro podem gerar bloqueio da absorção, transporte e distribuição
do mineral para os tecidos, além de disfunção enzimática nos vários sistemas corporais
dependentes de ferro (REIS, 2007). A solução nesse caso é o uso de formulações com
minerais quelatos, considerando a melhora da biodisponibilidade desses nutrientes.
Porém, por serem produtos que envolvem maior tecnologia e complexo processo de
produção, são mais onerosos para o paciente.
76
SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE II

Vitaminas

No que diz respeito à biodisponibilidade, as vitaminas são mais estáveis e menos


passíveis de sofrerem interações, negativas ou positivas no lúmen intestinal, que os
minerais. Nesse caso devemos avaliar a interação de cada vitamina, que pode variar,
por exemplo, de acordo com sua solubilidade em água ou lipídios. Por exemplo, as
vitaminas hidrossolúveis devem ser administradas em conjunto com as refeições,
à exceção da folacina cuja absorção é prejudicada pela presença de fibras solúveis e
vitaminas C.

A presença da vitamina E, ingerida junto com a vitamina A, aumenta a absorção dessa


última, sendo que seu efeito antioxidante protetor nos lipídios carreadores da vitamina
A pode ser uma das explicações desse fenômeno (KUSIN et al., 2004). A presença de
proteínas e gorduras é essencial na formação de micelas, sendo as proteínas agentes
ativos de superfície, tanto no lúmen intestinal quanto na superfície das células epiteliais,
e a gordura, veículo de transporte de vitamina A e estimulador do fluxo biliar.

Os carotenoides também devem ser administrados de preferência com as refeições,


pois se solubilizam na fração lipídica dos alimentos, responsável por estimular a bile e
ativar lípases pancreáticas e entéricas, o que facilitaria a absorção (BLOMHOFF et al.,
1991). Pesquisadores verificaram uma biodisponibilidade de betacaroteno quatro vezes
maior com relação aos vegetais folhosos verde-escuros, uma vez que nessas frutas os
carotenóides encontram-se, de preferência, em corpúsculos oleosos, nos cromoplastos,
facilitando, assim, sua extração durante os processos digestórios (MOURÃO et al., 2005).

Estudos recentes demonstraram que uma pequena quantidade de lipídios (três a cinco
gramas na refeição) já assegura uma absorção eficiente de betacaroteno (ROODENBURG
et al., 2000). A eficiência de absorção da vitamina E parece ser maior quando
solubilizada em micelas contendo triglicerídeos com ácidos graxos de cadeia média,
quando comparada aos de cadeia longa (MOURÃO et al., 2005). Estabeleceu-se que,
tanto m animais quanto em humanos, um aumento na ingestão de lipídios insaturados,
em especial os ácidos graxos poli-insaturados (PUFA, do inglês polyunsaturated fatty
acid), acelera a depleção e aumenta os requerimentos de vitamina E em razão de os
PUFA estarem concentrados, de preferência, nas membranas celulares, nas quais
eles têm uma capacidade de sequestrar certa quantidade de vitamina E para manter
sua estabilidade oxidativa (MOURÃO et al., 2005). Dessa maneira, sugere-se que a
vitamina E não seja consumida com PUFA.

77
UNIDADE II │ SUPLEMENTAÇÃO MAGISTRAL APLICADA À NUTRIGENÔMICA

Suplementação de macronutrientes
Os macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras ou lipídios) estão presentes
nos alimentos e são os principais componentes alimentares que fornecem energia ao
organismo (SEYFFARTH, 2006/2007; POMIN; MOURÃO, 2006). São indispensáveis
à saúde a ao bem-estar, pois a associação das diversas funções biológicas que cada
um deles desempenha permite que os processos metabólicos, fisiológicos e genéticos
estejam em equilíbrio, por isso, devem ser consumidos diariamente. (SEYFFARTH,
2006/2007; POMIN; MOURÃO, 2006).

A dieta de macronutrientes ideal para cada organismo pode ser determinada a partir
do conhecimento da sua interação com os genes (polimorfismos), que é analisado
juntamente com a saúde metabólica (níveis de colesterol, HDL, LDL, triglicerídeos e
concentração de glicose no sangue). A dieta recomendada pode ser de baixo teor de
gordura, baixo teor de carboidrato ou mediterrânea (PATHWAY GENOMICS, 2011).

Como exemplo de interação gene/macronutrientes tem o gene PPARG que está


estritamente relacionado com a dieta, pois são ativados pelos ácidos graxos poli-
insaturados. Pessoas que pretendem perder peso e/ou reduzir o colesterol e tem o
genótipo CC para esse gene devem restringir gorduras saturadas da alimentação e
aumentar o consumo de gorduras poli-insaturadas (GENOTESTE, 2011).

78
ALIMENTAÇÃO
FUNCIONAL E UNIDADE III
NUTRIGENÔMICA

CAPÍTULO 1
Anamnese

A anamnese funcional é uma ferramenta de fundamental importância para avaliar


todos os processos que determinam e influenciam o quadro atual do paciente.

Pontos importantes a serem abordados


»» indicação/ motivo da consulta;

»» medicamentos/suplementos;

»» rotina diária (sono, disposição, horários, vida social);

»» atividade física (modalidade, frequência, duração, horário e dias da


semanas);

»» hábitos gastrointestinais (número de evacuações, características das fezes,


presença de flatulências, arrotos, desconfortos abdominais, disgestão);

»» antecedentes pessoais e familiares;

»» ingestão de líquidos com as refeições;

»» hábitos alimentares (preferências, aversões, classificação da fome,


compulsão, mastigação);

»» exame físico e questionário de sinais e sintomas nos últimos 2 meses;

»» inquérito alimentar/Recordatório alimentar habitual. (PASCHOAL,


2008)

79
UNIDADE III │ ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA

Objetivos da anamnese – investigar


»» hábitos alimentares e condição nutricional (desequilíbrios nutricionais);

»» digestão, absorção e integridade da barreira intestinal (alterações


gastrintestinais);

»» estresse oxidativo e metabolismo energético;

»» regulação hormonal e de neurotransmissores (disfunções


neuroendócrinas);

»» suporte imunológico e processo inflamatório (disfunção imunológica e


inflamação);

»» integridade estrutural do indivíduo (desequilíbrios estruturais);

»» destoxificação e biotransformação hepática (problemas destoxificação);

»» equilíbrio psicológico e espiritual (interação corpo e mente). (PASCHOAL,


2008)

Modelo de protocolo de anamnese nutricional

80
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

81
UNIDADE III │ ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA

Avaliação bioquímica
Avaliação bioquímica funcional é aquela que deve ser feita com paciente apresentando
queixas recorrentes, sem diagnóstico aparente, com exames ainda na faixa de referência
(SOARES, 2013). Segundo Soares (2013) a avaliação bioquímica nutricional funcional é
aquela que avalia a participação dos nutrientes na função das organelas, células, tecidos
e órgãos, e deve ser feita com exames ainda na faixa de referência. Segundo Waitzberg
(1990), o interesse pelos métodos laboratoriais como auxiliares na avaliação nutricional
surge na medida em que se evidenciam alterações bioquímicas precoces, anteriores às
lesões celulares ou orgânicas.

Assim, avaliações laboratoriais permitem detectar possíveis deficiências nutricionais


antes que apareçam os sinais clínicos e também confirmar o diagnóstico de má nutrição
específica.

»» estados clínicos fisiológicos de ingestão inadequada;

»» adaptação aos baixos níveis de ingestão com diminuição da excreção de


nutrientes e metabólitos;

82
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

»» aparecimento de alterações bioquímicas ou hematológicas, que revelam a


deterioração das funções celulares, ou depósito de nutrientes com sinais
clínicos inespecíficos;

»» manifestação clínica da deficiência nutricional específica para este


nutriente.

Análise de massa proteica somática, integridade de proteínas viscerais e plasmáticas,


competência imunológica, concentração de nutrientes, concentração de metabólitos
e fluidos. A partir de plasma, glóbulos vermelhos e brancos, urina e ocasionalmente
biópsia de tecidos como fígado, ossos, cabelos e unhas.

Objetivos da solicitação de exames

»» detectar deficiência subclínica ou marginal e desequilíbrios individuais;

»» confirmar, ou basear o suporte nutricional, antropométrico ou outros


marcadores do estado nutricional;

»» avaliar integridade e/ou função de órgãos;

»» avaliar o estado hidroeletrolítico;

»» confirmar deficiências nutritivas;

»» monitorar a adequação da terapia nutricional.

O Conselho Federal de Nutricionistas, considerando que a Dietética e a Dietoterapia,


ramos da ciência da Nutrição, cujo objetivo é preservar, promover e recuperar a saúde
através da aplicação de métodos e técnicas próprios, integram o currículo específico da
formação do nutricionista; e considerando que a atuação do nutricionista na área de
Nutrição Clínica abrange o atendimento ao cliente-paciente na internação, ambulatório,
consultório e domicílio, resolve:

Art. 1o Compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais


necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do cliente-
paciente.

Art. 2o O nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve avaliar


adequadamente os critérios técnicos e científicos de sua conduta,
estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos
técnicos decorrentes.

83
UNIDADE III │ ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA

Modelo de solicitação

Dra. Cristiani D. Laurentino

Solicito ao Sr (a) XXXXXXXXXXXXXXXXX que realize os seguintes exames laboratoriais:

Hemograma completo

Perfil lipídico (CT, frações e Triglicerídeos)

Ferro sérico; ferritina sérica; transferrina

Glicemia de jejum; insulina de jejum

Proteínas totais e frações

TGO; TGP e Gama GT

TSH; T4 e T3 Livres e T3 reverso

PCR ultrassensível

Homocisteína sérico

Ácido metil malônico sérico

Ceruloplasmina sérico

25-hidroxi Vitamina D

Dosagem das Vitaminas: A, C, E, B6, Ácido fólico e B12

Cálcio total; Cálcio iônico; Magnésio sérico; Potássio sérico; Fósforo sérico; Sódio sérico;
Selênio sérico; Zinco sérico; Cromo sérico; Cobre sérico; Manganês sérico.

Cortisol sérico (8h e 16h)

Data:

Assinatura:

CRN:

End:

84
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

Avaliação de sinais e sintomas


Nutrição Funcional aplica a ciência dos nutrientes que procura manter ou restabelecer
o equilíbrio e o bem-estar do organismo de cada pessoa a partir do diagnóstico de como
anda a relação entre as suas células e os nutrientes. Em vez de se limitar à prescrição
de dietas de alimentos tidos como saudáveis (porque o que é saudável para uma pessoa
pode causar doença em outra), a Nutrição Funcional rastreia os sintomas, sinais e
características de cada indivíduo e os relaciona a situações de carência ou excesso de
determinados nutrientes (PASCHOAL, 2008).

Sinais/sintomas Investigar
Intestino preso B1, B3,B9, B12, inositol, Mg, K, Fe, ômega 6, fibras, líquidos
Diarreia B1, B3, vit D, Ca, Cu, Zn
Flatulência B5
Disgestão lenta B1, B3, B9, B12
Azia B3
Náuseas/Vômitos B1, B3, B5, B6, biotina, Ca, Mg, P, K
Aftas B9
Sangramento de gengivas Vit. C e vit. K
Alterações na língua B2, B3, B6, B9, biotina, Fe
Halitose/boca amarga/boca seca B3
Queilite/estomatite angular B2, B3, B6, biotina, Fe
Alterações do apetite B3, B5, B6, B9, B12, biotina, vit C, D, A, Mg, P, _ >Na, Zn, Fe, Mo
Perda paladar Vit A, Zn
Aumento do peso corporal Biotina, Mg, _> Na, I
Redução do peso corporal Vit A, P, Mn, Cr
Flacidez/fraqueza muscular B1, B3, B5, B6, biotina, vit C, vit K, Cu, Se, ômega 6
Dores de cabeça B, B5, B6, B12, Mo
Hipoglicemia Cr, qualidade e quantidade de CHOs
Tonturas/falta de equilíbrio B2, B3, B5, B6, Mg, Fe, Mn
Fraqueza/desmaio B5, B6, Fe, Mn
Espinhas/seborréia B2, B3, B6, vit A, Zn
Micose/eczema/psoríase/caspa B2, biotina, Ca, Zn, Mn, ômega 6
Anemia B12, B9, B6, Vit C, Cu, Fe
Queda de cabelos/ B5, B6, biotina, inositol, Cu, Zn, Vit C, vit A, Zn, I, ômega 6
Cabelos secos-quebradiços

Unhas quebradiças/descamativas/estrias Ca, Zn, Vit A, Se, ômega 6


Pele ressecada/oleosa B2, B3, B6, biotina, Vit C, Vit A, Ca, Zn, I, ômega 6
Confusão mental B1, B3, B6, Mg, P, K, Fe
Pés e mãos frios Mg

85
UNIDADE III │ ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA

Dores musculares/articulares B1,B2, B3, B6, B12, biotina, Vit C, Ca, P, Cu, Se, ômega 6 e ômega 3
Amortecimento braços e pernas B1, B3, B5, B6, Ca, P, K, ômega 6 e ômega 3
Dificuldade de cicatrização B6, Vit C, Zn, ômega 6
Cãimbras B1, B5, B6, Ca, Mg, P, ↑Na,K
Alteração no ritmo cardiorrrespiratório B1, B9, B12, Vit C, Ca, Mg, P, K, Fe, Mo, ômega 6
Manchas arroxeadas pelo corpo Vit C, Vit K
Inchaço B1, biotina, Vit C, Mg, ↑Na, Cu
Transpiração excessiva B1, Vit D
Suores na cabeça
TPM B6, ômega 6
Alteração/irregularidade fluxo menstrual Vit K, Zn, ômega 6
Ansiedade/apreensão B1, B3, Vit D, Ca, Mg, P, Cr
Irritabilidade B1, B3, B5, B6, Vit C, Vit D, Ca, Mg, P, ↑Na,K, Zn, Fe
Nervosismo B1, B3, B5, B6, Vit D, Ca, Mg, K
Hiperatividade física/mental B1, Vit C, Ca, Mg, ↑Na, Zn
Menor capacidade de concentração/ B1, B3, B12, Ca, Mg, P, K, Zn, ômega 6
aprendizado
Fadiga/cansaço B1, B3, B5, B6, B12, biotina, Vit C, Vit A, P, K, Cu, Zn, Fe, Cr, I, S, ômega 6
Sonolência B1, B6, I
Insônia B1, B3, B5, biotina, Vit D, Vit A, Ca, M
Alteração audição/ouvido (zumbido) Zn, Mn, ômega 6, Mg
Alteração visão/olhos B2, B6, biotina, Vit A, Zn, Mo, ômega 6 e ômega 3
Alterações de humor B1, B3, B12, Ca, Mo, Cr, S, ômega 6
Depressão B3, B12, Vit C
Microvasos Vit C, Vit K, Ca, K
Ardência/prurido vaginal ou anal B2
Queimação na planta dos pés B2
Dificuldade de engolir B1, B2, B3, P, Fe
Fonte: Adaptado de Barone, 2009.

86
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

Micronutrientes e fontes alimentares


Nutriente Fonte Alimentar
B1 Ervilhas, feijão, pão integral
B2 Nabo, amêndoas, abacate
B3 Laticínios, aves, peixes,
B5 Óleos vegetais de amendoim, de germe de trigo,
B6 Cereais, carnes, frutas e verduras
B9 Cereais, carnes, frutas e verduras
B12 Queijo, ovo, leite, frutos do mar
PABA Germe de trigo, cereais integrais e ovos
BIO Feijão, manteiga, ovo e ervilha
Colina Lecitina, gemas de ovo e peixe
INOS Feijão, repolho, couve-flor, queijo, frutas
C Abacaxi, acerola, agrião
D Peixes gordurosos, fígado e gema de ovo
K Vegetais e laticínios
A Óleo de fígado de peixe, frutas verdes hortaliças
Ca Amêndoas, brócolis, queijo prato
Mg Frutos secos e nas leguminosas
P Leite, carne bovina, aves
Na Sal de cozinha, carnes bovinas e suínas
Cu Chocolate, nozes, leguminosas secas
Zn Carnes, cereais integrais, leguminosas
Fe Carnes, leite e ovo
Mn Grãos, leguminosas, chás
Cr Banana, ovos e fígado
Mo Leguminosas, folhas verdes-escuros
I Sal e alimentos do mar
Se Frutos do mar, grãos e sementes
F Fígado bovino, água potável e peixe
W6 Óleos de sementes milho e girassol
W3 Óleos de sêmenes soja e linhaça

Fonte: Adaptado de Barone, 2009.

87
CAPÍTULO 2
Conceito de alimento funcional

Esse conceito foi introduzido primeiramente no Japão, na década de 1980. Segundo


a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, alimento funcional é definido
como “aquele alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas,
quando consumido, como parte da dieta habitual, produz efeitos benéficos à saúde”.
Os alimentos funcionais têm sido muito estudados e embora não curem, apresentam
componentes ativos capazes de prevenir ou reduzir o risco de algumas doenças.

Nutrição Funcional é uma ciência interativa e com fundamento científico, que visa os
aspectos bioquímicos individuais, montando intervenções para promover o equilíbrio
fisiológico e bioquímico do organismo. Sua aplicação clínica busca os sistemas de
base do funcionamento do corpo humano através de sinais e sintomas que fornece as
ferramentas para que o organismo expresse o estado de saúde (carências e/ou excessos
de nutrientes) (BITTENCURT, 2013). O alimento adequado será aquele que poderá
desenvolver efeitos fisiológicos benéficos, podendo prevenir ou retardar doenças tais
como o câncer, doenças cardiovasculares, infecções intestinais, obesidade, dentre
outras (BIDLACK, 1999; BORGES, 2000).

Já é sugerido na literatura que os alimentos apresentam relação com a saúde, e os


alimentos funcionais por serem alimentos com a capacidade de combinar produtos
comestíveis de alta flexibilidade com moléculas biologicamente ativas acabam sendo
estratégia para consistentemente corrigir distúrbios metabólicos, resultando em
redução dos riscos de doenças e manutenção da saúde. A recomendação de consumo
para obter o benefício esperado de qualquer alimento funcional, deve estar associado a
uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis.

Alimento funcional e nutrigenômica


Um alimento é considerado funcional quando os benefícios sobre uma ou mais funções
orgânicas forem demonstradas, além de seus valores nutricionais, para a promoção da
saúde e redução dos riscos de doenças. Isso se refere à interação entre um componente
do alimento e uma função genômica, bioquímica, celular ou fisiológica específica.

A nutrigenômica propõe que a dieta de cada indivíduo seja única, assim como é seu mapa
genético. Alimentos que para um são benéficos, para outros podem ser potencialmente
prejudiciais. Esta personalização pode garantir uma maior eficiência na prevenção de

88
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

doenças e melhora na qualidade de vida e longevidade (SCHEER, 2011). Atualmente,


o efeito funcional de um alimento abrange não somente aqueles que, além do enfoque
nutricional, exercem ações promotoras para o bom funcionamento do organismo,
mas qualquer alimento ou ingredientes alimentares benéficos para o funcionamento
orgânico (SALGADO, 2001). Os principais alimentos funcionais são: fibras, ácidos
graxos poli-insaturados ômega 3 (n-3), fitoquímicos, peptídeos ativos (arginina e
glutamina), prebióticos (inulina e oligofrutose ou frutooligossacarídeo), e os probióticos
(lactobacilos acidófilos, casei, bulgárico e lactis) (SALGADO, 2001).

A ciência dos alimentos funcionais, apesar de bastante estudada e evidenciada sua


relevância clínica, ainda requer investimentos científicos para melhor esclarecimento
dos seus princípios ativos e/ou efeito funcional de alguns de seus componentes
bioativos (SALGADO, 2001). Os fitoquímicos são substâncias encontradas em frutas
e verduras que podem ser ingeridas diariamente em determinadas quantidades
e mostram potencial para modificar o metabolismo humano de maneira favorável
à prevenção do câncer e de outras doenças degenerativas (American Dietetic
Association, ADA (1999). Alguns alimentos possuem esses compostos em quantidade
maior, destacando-se frutas cítricas, alho, repolho, soja, gengibre, cebola, tomate,
berinjela, brócolis, couve-flor, aveia, cebolinha, menta, orégano, pepino, salsa e
açafrão (CARAGAY, 1992). A ingestão média de fotoquímicos é de aproximadamente
1 g a 1,5 g/dia em uma dieta que inclua frutas, verduras, chá e vinho tinto. Entre
os mais importantes estão os terpenoides, que incluem carotenoides, limonoides,
fitoesteróis e saponinas; os compostos nitrogenados (glucosinalatos) e os metabólicos
fenólicos, incluindo os ácidos fenólicos, polifenóis e flavanoides.

Terpenoides
Encontram-se nos alimentos verdes, na soja e nos grãos. Apresentam atividade
antioxidante e interação com os radicais livres por divisão de sua extensa cadeia
carbônica em membranas lipídicas. Alguns terpenos são encontrados naturalmente em
grãos e têm relação com a redução do risco de câncer, o que foi comprovado em estudos
in vivo. Os carotenoides são um tipo de terpeno altamente pigmentado (amarelo,
laranja e vermelho) presente nas frutas e verduras. São identificados 1.600 compostos
químicos divididos em duas classes de moléculas: os carotenos (o betacaroteno
encontrado na cenoura e no dendê; o licopeno encontrado no tomate e na melancia;
a luteína encontrada nos vegetais verdes) e as xantofilas (zeaxantina, criptoxantina e
astaxantina).

89
UNIDADE III │ ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA

A primeira classe auxilia na proteção contra o câncer de bexiga, útero, próstata, pulmão
e colorretal. A segunda classe oferece proteção contra outros antioxidantes. Alguns
terpenos encontrados nas frutas cítricas, os limonoides, têm ação quimioterápica.
Nessa mesma classe de substâncias, encontramos os fitoesteróis (fitosterina, saponinas
e beta-sitosterol) que, por se assemelharem com o colesterol, competem com a sua
absorção no intestino, reduzindo os níveis séricos ou plasmáticos de colesterol total e
de colesterol de baixa densidade (GERMAN; DILLARD, 2000).

Compostos nitrogenados
Consumir alimentos ricos em compostos nitrogenados é uma forma de proteção contra
carcinogênese e mutagênese. Os glucosinolatos contêm enxofre e estão presentes em
alimentos como brócolis, couve-flor, repolho, rabanete, palmito e alcaparra, sendo
ativadores das enzimas de detoxificação do fígado (MITHEN et al., 2000).

Metabólitos fenólicos
Os mais importantes metabólitos fenólicos são os ácidos fenólicos (ácidos
hidroxibenzoicos e hidroxicinâmicos), os polifenóis e os flavanoides. O sabor amargo e
adstringente da maioria dos alimentos e bebidas que contêm essas substâncias se deve
à presença de compostos fenólicos. Os taninos, de alto peso molecular, estão presentes
nos vinhos e dão o sabor adstringente.

Os de baixo peso molecular tendem ao sabor amargo (DRENOWNOSKI; GOMEZ-


CARNEIROS, 2000). As flavonas, flavanonas, flavanóis, catequinas e antocininas
formam o grupo dos flavanoides. Protegem contra a oxidação do LDL-colesterol através
da redução de radicais livres, quelação de íons metálicos e regeneração de alfa-tocoferol.

Atuam também contra radicais livres, alergias, inflamações, úlceras, virose, tumores
e hepatotoxinas. Na inibição da agregação plaquetária, reduzindo as cardiopatias e
tromboses e a síntese de estrógeno (GERMAN; DILLARD, 2000). As antocianidinas
são flavanoides solúveis em água e são consideradas antioxidantes in vitro, podendo
apresentar propriedades antioxidante e antimutagênica in vivo. Catequinas,
flavanoides, antocininas e ácidos fenólicos estão presentes no vinho e apresentam ação
antioxidante. A catequina, presente no chá verde, é responsável pela proteção contra
doença cardiovascular aterosclerótica. Uma subclasse dos flavanoides são as isoflavonas,
que atuam no combate ao câncer, diabetes, osteoporose, deficiência cognitiva, doenças
cardiovasculares e efeitos da menopausa.

90
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

Apresentam estrutura e atividade semelhante ao estrógeno humano e são conhecidas como


fitoestrógeno. As células que têm receptores para estrógenos podem ser influenciadas por
essas moléculas e, por isso, são utilizadas no tratamento dos sintomas da menopausa.
Estudos epidemiológicos mostraram que populações que consomem mais soja têm
menor incidência de câncer de cólon, mama e próstata. Segundo o FDA, a recomendação
de isoflavona/dia na forma de aglicona é de 30-60 mg (SALGADO, 2001).

Ácidos graxos
Grupo composto pelos ácidos graxos poli-insaturados, destacando as séries ômega 3
e 6 encontrados em peixes de água fria (salmão), óleos vegetais, semente de linhaça,
nozes e alguns tipos de vegetais. Encontram-se relacionados com a prevenção de
doenças cardiovasculares, através da redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol
sanguíneo, aumentando a fluidez sanguínea e reduzindo a pressão arterial (MACHADO;
SANTIAGO, 2001).

Oligossacarídeos e polissacarídeos
Os oligossacarídeos e polissacarídeos são conhecidos como fibra alimentar. Os efeitos
do seu uso são a redução de nível de colesterol sanguíneo e a diminuição do risco de
desenvolvimento de câncer, decorrentes de três fatores: capacidade de retenção de
substâncias tóxicas ingeridas ou produzidas no trato gastrointestinal durante processos
digestivos; redução do tempo do trânsito intestinal, promovendo uma rápida eliminação
do bolo fecal, com redução do tempo de contato do tecido intestinal com substâncias
mutagênicas ou carcinogênicas; e formação de substâncias protetoras pela fermentação
bacteriana dos compostos da alimentação (KAY; STRASBERG, 1978).

Alimentos prebióticos e probióticos


Com relação à interferência dos alimentos funcionais com a flora intestinal, podem ser
divididos em três grupos: prebióticos, probióticos e simbióticos.

Prebióticos: são carboidratos complexos (considerados fibras), resistentes às ações


das enzimas salivares e intestinais. Ao atingirem o cólon, produzem efeitos benéficos
à microflora colônica. O prebiótico deve ter como características o fato de não sofrer
hidrólise ou absorção no intestino delgado e de alterar a microflora colônica para uma
microflora saudável, induzindo efeitos favoráveis à saúde (GIBSON, 1995; GIBSON,
1999; HUTCHENSON, 1987).

91
UNIDADE III │ ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA

As substâncias como lactose, xilitol, inulina e frutooligossacarídeos apresentam os


seguintes efeitos: alteração do trânsito intestinal, reduzindo metabólitos tóxicos;
prevenção da diarreia ou da obstipação intestinal, por alterar a microflora colônica;
diminuição do risco de câncer; diminuição do nível de colesterol e triglicerídeos;
controle da pressão arterial; incremento na produção e biodisponibilidade de minerais;
redução do risco de obesidade e diabetes insulino-dependente e redução da intolerância
à lactose (FAGUNDES; COSTA, 2003). Os frutooligossacarídeos são os únicos produtos
reconhecidos e usados como ingredientes alimentares. São obtidos industrialmente a
partir da hidrólise da inulina pela enzima inulase, através da sacarose.

Essas substâncias são fisiologicamente semelhantes às fibras, porém não aumentam a


viscosidade da solução, não alteram a mistura dos componentes alimentares no intestino
delgado e, aparentemente, não se ligam aos sais biliares. Seu papel principal é estimular
o crescimento intestinal das bifidobactérias do cólon, que agem suprimindo a atividade
putrefativa de outras bactérias, como Escherichia coli, Streptococcus fecalis, Proteus e
outras, atuando também no aumento do bolo fecal no intestino delgado. Doses de 4-5 g
ao dia são suficientes para estimular o crescimento das bifidobactérias, com valor calórico
entre 1,5 kcal/g (BORGES, 2001). A inulina é extraída da raiz da chicória ou produzida
a partir da sacarose. Os frutooligossacarídeos estão presentes no alho, tomate, cebola,
banana, alcachofra, centeio, cevada, trigo, mel e cerveja (BORGES, 2001).

Probióticos: são suplementos alimentares que contêm bifidobactérias ou bactérias


benéficas para a melhora do balanço intestinal através da colonização do intestino
por outras espécies, do controle do colesterol, das diarreias e da redução do risco do
desenvolvimento do câncer.

Têm a função de estimular o sistema imunológico e alterar o mecanismo microbiano


(GIBSON; ROBERFROID, 1995). São características desejáveis dos probióticos o fato de
serem habitantes normais do organismo que se reproduzem rapidamente, produzindo
substâncias antimicrobianas e resistindo ao tempo entre a fabricação, comercialização
e ingestão do produto, devendo atingir o intestino ainda vivo (HUTCHENSO, 1987).

O mecanismo de inibição das bactérias patogênicas está relacionado à produção de


substâncias bactericidas, disputa por nutrição e alteração do metabolismo microbiano.
Os probióticos mais importantes são os lactobacilos acidófilos, casei, bulgáricos, lactis,
plantarum, estreptococo termólilo, Enterococcus faecium e fecalis, bifidobactéria
bifidus, longus e infantis. Os probióticos podem fazer parte de alimentos industrializados,
como leites fermentados ou encontrados na forma de pó ou cápsulas. A combinação
balanceada de prebióticos e probióticos com característica de função dos dois grupos
são chamados de alimentos simbióticos.

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ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

No Quadro 2, encontra-se o resumo dos compostos ativos dos alimentos funcionais,


suas fontes e efeitos no organismo.

Quadro 2. Composto ativo, efeito fisiológico e principais fontes de alimentos funcionais.

Fonte: adaptado de Fagundes e Costa.

93
UNIDADE III │ ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA

Quadro 3. Alimentos funcionais selecionados, componentes-chave, benefícios potenciais à saúde, evidências

científicas e classificações regulatórias.

94
ALIMENTAÇÃO FUNCIONAL E NUTRIGENÔMICA │ UNIDADE III

Fonte: Adaptado de ADA Reports, 1999, retirado de Torres, 2002.

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