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INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, IP

CENTRO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE VILA REAL


Serviço de Formação Profissional

Manual

Reabilitação Geriátrica

UFCD 8910 – Técnico/a de Geriatria

Formadora | Catarina Pereira Martins

catarinamartins1984@gmail.com
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Índice
Introdução ........................................................................................................................................... 2
Âmbito do Manual........................................................................................................................... 2
Objetivos ......................................................................................................................................... 2
Conteúdos ....................................................................................................................................... 2
Carga Horária................................................................................................................................... 2
1. Papel do Técnico de Geriatria no Acompanhamento do Idoso Sedentário e com Necessidade
de Reabilitação .................................................................................................................................... 3
2. Mobilidade e Exercício Físico ...................................................................................................... 8
2.1. Efeitos da Imobilidade ......................................................................................................... 9
2.2. Exercício físico na população idosa ................................................................................... 11
2.3. A importância do exercício físico em diferentes patologias ............................................. 14
3. Reabilitação das patologias cardiovascular e respiratória ........................................................ 16
3.1. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso com problemas respiratórios ........... 17
3.2. Benefícios da reeducação respiratória nos idosos ............................................................ 19
3.3. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso com problemas cardíacos vasculares21
3.4. Programas de reabilitação cardiovascular ........................................................................ 25
4. Reabilitação das patologias músculo-esqueléticas ................................................................... 28
4.1. Reabilitação das patologias músculo-esqueléticas ........................................................... 29
4.2. Fortalecimento muscular nos problemas músculo-esqueléticos...................................... 30
4.3. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso, consoante o seu problema músculo-
esquelético .................................................................................................................................... 32
5. Reabilitação nas patologias neurológicas – Plasticidade cerebral: a recuperação em função da
idade .................................................................................................................................................. 36
5.1. Plasticidade cerebral consoante a idade dos indivíduos .................................................. 37
5.2. Capacidade funcional: recuperação ou manutenção ....................................................... 39
5.3. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso, consoante o seu problema neurológico
……………………………………………………………………………………………………………………………………..41
Bibliografia......................................................................................................................................... 45
Sites consultados ............................................................................................................................... 45
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Introdução
Âmbito do Manual
O presente manual foi criado como instrumento de apoio à UFCD de curta duração n.º 8910 –
Reabilitação Geriátrica, de acordo com o Catálogo Nacional de Qualificações da Agência Nacional
para a Qualificação e o Ensino Profissional, I.P.

Objetivos
• Identificar os benefícios da atividade física nos idosos sedentários e com necessidade de
reabilitação;
• Identificar os principais problemas que conduzem o idoso à necessidade de reabilitação;
• Acompanhar o idoso nas atividades básicas, em condição de reabilitação.

Conteúdos
• Papel do Técnico/a de Geriatria no acompanhamento do idoso sedentário e com
necessidades de reabilitação;
• Mobilidade e exercício físico;
✓ Efeitos da imobilidade;
✓ Exercício físico na população idosa;
✓ A importância do exercício físico em diferentes patologias;
• Reabilitação das patologias cardiovascular e respiratória;
✓ Atividades básicas no acompanhamento ao idoso com problemas respiratórios;
✓ Benefícios de reeducação respiratória nos idosos;
✓ Atividades básicas no acompanhamento ao idoso com problemas cardíacos e
vasculares;
✓ Programas de reabilitação cardiovascular;
• Reabilitação das patologias músculo-esqueléticas;
✓ Fortalecimento muscular nos problemas músculo-esqueléticos;
✓ Atividades básicas no acompanhamento ao idoso, consoante o seu problema
músculo-esquelético;
• Reabilitação nas patologias neurológicas – Plasticidade cerebral: a recuperação em função
da idade;
✓ plasticidade cerebral consoante a idade dos indivíduos;
✓ capacidade funcional: recuperação ou manutenção;
✓ atividades básicas no acompanhamento ao idoso, consoante o seu problema
neurológico.

Carga Horária
25 Horas
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1. Papel do Técnico de Geriatria no Acompanhamento do Idoso


Sedentário e com Necessidade de Reabilitação

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A grande maioria dos países desenvolvidos tem visto a população idosa a crescer e a população jovem
a decrescer. Tal acontece em Portugal. Como resposta ao envelhecimento populacional o/a técnico
de geriatria tornou-se uma profissão emergente e cada vez mais requisitada. Porém, para
acompanhar esta tendência social do envelhecimento, é necessário compreender e conhecer o
idoso, pois só desta forma se consegue que a qualidade de vida não diminua enquanto se somam
anos de vida. Falamos aqui de uma parte da população que, muitas vezes, é ignorada e até
incompreendida. A falta de cuidados e os maus-tratos para com os idosos são cada vez mais
recorrentes, bem como as situações de solidão. Esta última pode levar ao agravamento de doenças
mentais, como a demência e depressão. É no cuidado, no incentivo e na companhia aos idosos que
entram os/as técnicos/as de geriatria como figura crucial para o bem-estar destas pessoas.
À medida que os anos vão passando, muitas capacidades físicas e mentais vão-se dissipando. As
tarefas que se faziam com agilidade podem tornar-se mais morosas e dolorosas. Essa dificuldade
pode levar a outras consequências, se estes não forem acompanhados por um profissional.
A reabilitação geriátrica tem particularidades específicas porque o indivíduo idoso apresenta
habitualmente problemas próprios resultantes de:
• Múltiplas patologias;
• Polimedicação;
• Maior prevalência de doenças crónicas;

• Diminuição da funcionalidade;
• Alterações cognitivas e nutricionais.
Sabemos que a reabilitação é um processo dinâmico, contínuo, progressivo e educativo que tem
como objetivos a restauração funcional do indivíduo, a sua reintegração na família, comunidade e
sociedade. Porém, é fundamental não esquecer que o processo de reabilitação de um idoso não é o
mesmo que o de uma pessoa jovem. Apesar de as etapas serem as mesmas, há certos aspetos que
são diferentes. O processo de reabilitação de um idoso requer os seguintes passos:
1. Estabilizar o problema primário e prevenir complicações secundárias – muitas vezes
este representa um dos principais problemas da reabilitação no idoso uma vez que
à medida que se envelhece, aparecem as doenças crónicas (hipertensão arterial,
diabetes, vasculopatias, entre outras) que podem desencadear limitações
funcionais;
2. Restaurar a função perdida – mesmo que a recuperação da função perdida no idoso
não seja total, este poderá adquirir maios independência total ou parcial, compatível
com o seu estilo de vida;
3. Promover adaptação da pessoa ao seu ambiente – muitas vezes os idosos
apresentam dificuldade de aceitação quanto à possibilidade de viver com uma
incapacidade;
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4. Adaptar o ambiente à pessoa – processo, por vezes, muito difícil devido à escassez
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de recursos financeiros e de apoio familiar;


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5. Promover adaptação familiar.


É importante termos sempre presente que o contexto ambiental, social e económico, e a
participação familiar assumem um papel importante, influenciando a funcionalidade e o programa
de reabilitação no seu planeamento, realização, evolução e na opção das unidades onde estes
cuidados deverão ser prestados. Assim, os especialistas em reabilitação são responsáveis pelo
desenvolvimento de um Plano de Reabilitação e por identificar a janela temporal em que deverá ser
implementado. As intervenções incluem:

• Intervenções médicas;
• Tratamentos físicos (como p.e. técnicas de manipulação terapêutica das articulações rígidas
reversíveis e disfunções associadas dos tecidos moles; cinesioterapia e fisioterapia;
eletroterapia);

• Terapêutica ocupacional (para analisar atividades, nomeadamente as atividades e ocupações


quotidianas, sustentar as estruturas orgânicas afetadas, sobretudo pelo uso de ortóteses);
ensinar ao doente as técnicas necessárias para suplantar as barreiras às atividades da vida
quotidiana (p.e. por ajustamento do ambiente privado); treinar em presença da função e
cognição afetada; potenciar a motivação;
• Terapia da fala e da linguagem, no contexto de programas de Reabilitação complexos
especializados;
• Tratamento da disfagia;
• Intervenções neuropsicológicas;
• Avaliações e intervenções psicológicas incluindo aconselhamento;
• Terapia nutricional;
• Equipamento para indivíduos incapacitados, tecnologia assistencial, próteses, ortóteses,
apoios técnicos e auxiliares de marcha;
• Formação do doente;
• Enfermagem de reabilitação
• Aplicações de calor e frio; terapêutica com massagens, entre outros.

➢ O papel do Técnico/a de Geriatria

Primeiro de tudo, a função crucial destes profissionais é garantir o bem-estar do idoso. O


relacionamento no dia-a-dia com o idoso permite-lhe um conhecimento a fundo das necessidades
deste e, portanto, garantir-lhe que estas são tidas em conta. Estes/as profissionais de saúde e bem-
estar complementam o cuidado do idoso nas mais variadas vertentes:
• Física – incentivando à prática de exercício físico para que os movimentos diários não custem
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tanto. Aliadas ao exercício físico estão as técnicas de animação que podem estimular os
movimentos. Evitar o sedentarismo é crucial para a qualidade de vida do idoso.
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• Mental – estimular atividades cognitivas como a leitura, a escrita e o cálculo para que a saúde
do cérebro não degenere, e para travar o avanço de doenças como a alzheimer e a demência.
• Social – promover a participação ativa na família e na comunidade em que o idoso se insere.
Combater a solidão é essencial para que a pessoa se mantenha, acima de tudo, feliz.
Todas estas vertentes de ação estão interligadas. Um/a técnico/a de geriatria irá orientar e ajudar o
idoso a manter um estilo de vida o mais saudável possível.
No que concerne ao processo de Reabilitação do idoso a atuação do técnico/a de geriatria na equipa
multidisciplinar está centrada no processo educativo com a pessoa idosa e os seus familiares, tendo
como finalidade a sua independência funcional, prevenção de complicações secundárias, a sua
adaptação, e da família, à nova situação. Neste sentido, o técnico/a de geriatria deve:
• Avaliar a mobilidade;

• Determinar o potencial de reabilitação;


• Incluir no plano individual de cuidados um plano de ação para promover a mobilidade;
• Monitorizar a capacidade funcional para poder avaliar a evolução e impacto das
intervenções;
• Identificar e eliminar ou reduzir as atuações que possam interferir de forma direta ou indireta
na autonomia e na mobilidade do idoso;
• Dar prioridade às deslocações;
• Dar segurança e orientação ao utente;

• Estimular a manutenção ou melhoria da autonomia, recuperar a situação base prévia se a


reabilitação total não for possível;
• Ajudar o utente a ganhar confiança à medida que vai ganhando capacidade funcional;

• Incluir a família na execução dos cuidados de saúde definidos;


• Implementar medidas que previnam ou atrasem o aparecimento de complicações:
Assim, é fundamental que o profissional,
• Na promoção da mobilidade:
✓ Avalie o risco de quedas e fraturas;
✓ Minimize a permanência prolongada na cama;
✓ Promova exercícios individuais e grupais;
✓ Treine as AVD’s e AIVD’s;
✓ Melhore o estado da nutrição;
✓ Supervisione a marcha e transferência de lugares;
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✓ Previna a síndrome da imobilização;


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• Na área da cognição:
✓ Implemente medidas para prevenir o declínio da função cognitiva, entre outras;
✓ Encoraje atividades que promovam estimulação cognitiva;
✓ Encoraje a atividade física;
✓ Otimize a estimulação ambiental:
✓ Inclua a família nos cuidados prestados;
✓ Implemente medidas para a promoção de bem-estar e equilíbrio emocional;

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2. Mobilidade e Exercício Físico

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2.1. Efeitos da Imobilidade

A imobilidade é uma situação de repouso prolongado que limita a atividade física como resultado de
um processo de doença, traumatismo ou intervenção terapêutica. Observemos na imagem seguinte
o ciclo da imobilidade:

redução da
atividade muscular

redução da
capacidade funcional
inatividade do sistema músculo-
esquelético

descondicionamen
inatividade
to corporal total

redução da
capacidade funcional
do sistema
cardiovascular e
outros

Da imobilidade ou repouso absoluto na cama por períodos superiores a 48/72 horas, podem resultar
alterações em todos os sistemas ou organismos, originando vários problemas. O quadro seguinte
resume “as complicações da imobilidade”:

Órgãos, Aparelhos e Sistemas Perigos


Atrofia e fraqueza muscular;
Contraturas;
Sistema músculo-esquelético Rigidez articular;
Osteoporose;
Instabilidade postural e quedas.
Aumento do trabalho cardíaco;
Diminuição da reserva cardíaca;
Sistema Cardiovascular
Hipotensão ortostática;
Fenómenos tromboembólicos.
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Sistema urinário Distensão vesical;


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Estase urinária;
Aumento do risco de infeção;
Incontinência;
Formação de cálculos renais;
Alteração do padrão ventilatório;
Sistema respiratório Inadequada mobilização de secreções;
Pneumonia
Anorexia;
Obstipação;
Sistema metabólico;
Sistema gastrointestinal Aumento da intolerância aos hidratos de
carbono;
Propensão para diabetes;
Entre outros.
Isolamento;
Diminuição da autoestima;
Sistema psicológico e social
Perturbações do sono;
(efeitos psicossociais)
Alterações cognitivas;
Alterações do humor.

Tendo em conta que a imobilidade afeta a pessoa em várias áreas, deve implementar-se uma
abordagem holística. No que respeita à dimensão física, o idoso poderá apresentar diminuição da
energia, diminuição da sensibilidade, diminuição da força e dor. Na dimensão intelectual é
importante estar atento à limitação da capacidade de aprendizagem ou até para o aparecimento de
doenças que possam afetar a capacidade cognitiva. No aspeto social deve ser analisada a
“imobilidade social” como consequência da doença, da natureza do tratamento e da própria
acessibilidade aos cuidados de saúde. Deste modo, é todo um ciclo que se desenvolve e em torno do
qual devemos procurar soluções de forma a melhorar o bem-estar da pessoa cuidada.
Por último, as consequências da imobilidade levam a uma maior procura dos serviços de saúde, tanto
em internamento como em ambulatório, ao aumento do número de dias de internamento e,
logicamente, a uma sobrecarga económica para a família.
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2.2. Exercício físico na população idosa

Genericamente sabemos que a prática de atividade física de forma regular contribui para a redução
do risco de doença cardiovascular, enfarte tromboembólico, hipertensão, diabetes mellitus tipo 2,
osteoporose, obesidade, cancro da mama, ansiedade e depressão. Vejamos no quadro abaixo, alguns
dos benefícios do exercício físico:
• Aumenta a quantidade de endorfinas circulantes (o que provoca um estado de bem-
estar no final da atividade);
• Ajuda a controlar o nível de açúcar no sangue (glicemia), favorecendo a prevenção e
o controlo da diabetes;
• Reduz os níveis de colesterol total, diminuindo o colesterol de lipoproteínas de baixa
densidade (LDL) – o “colesterol mau”, e aumenta o nível de colesterol de alta
densidade (HDL) – o “colesterol bom”;
• Diminui a tensão arterial;
• Melhora o sono, tanto em quantidade como em qualidade;
• Aumenta a capacidade cardiocirculatória e respiratória (aumentando a irrigação
sanguínea em todos os órgãos e da oxigenação do sangue);
Fisiológicos • Mantém os músculos treinados para todas as atividades do dia-a-dia (evitando assim
dores musculares, ósseas e das articulações, e o aparecimento de varizes e respetivas
complicações);
• Permite comer maior quantidade e variedade de alimentos (sem deixar de manter o
peso corporal adequado e a forma física desejada);
• Reduz a probabilidade de obstipação (prisão de ventre);
• Reduz o risco de várias patologias como a obesidade, o cancro do colon e da mama,
a osteoporose, a diabetes, o AVC, doenças do coração e o enfarte cardíaco;
• Atrasa o aparecimento de alterações posturais, dores de costas e artroses;
• Melhora o funcionamento do sistema imunitário (o corpo consegue defender-se mais
eficazmente de infeções);
• Melhora a funcionalidade e minimiza a dor.
• Incrementa o sentimento de autoestima e do bem-estar geral;
• Ajuda a aliviar o stress (promovendo o relaxamento e um melhor autocontrolo);
• Melhora o humor e reduz o risco de depressão (ajudando a encarar a vida de uma
forma mais otimista);
Psicológicos
• Favorece a atividade intelectual e o equilíbrio afetivo (melhorando a saúde mental e
a função cognitiva);
• Proporciona novas aprendizagens (desenvolvendo a capacidade geral de aprender, o
que por sua vez contribui para a autoestima)
• Promove as relações sociais e a comunicação (favorecendo a criação de novas
amizades);
Sociais • Aproxima a pessoa ao meio envolvente;
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• Fomenta a manutenção e a aquisição de funções na sociedade (com a assunção de


tarefas) e o desempenho de novos papéis sociais;
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• Ajuda na integração da pessoa na comunidade (aumentando a sua participação e


visibilidade social);
• Cria a possibilidade de novos relacionamentos (extrafamiliares e intergeracionais).
Fonte: Exercite o seu corpo - Araújo, Lia - in Ribeiro, Óscar, Paúl, Constança - Manual do Envelhecimento

Na população idosa, em específico, existem evidencias de que a atividade física reduz o risco de
quedas e lesões relacionadas com quedas, previne ou atenua limitações funcionais e surge como
uma terapêutica efetiva de diversas doenças crónicas. A prática do exercício físico pode ser prescrita
com diferentes propósitos, nomeadamente profilático, no tratamento e reabilitação de
lesões/doenças, capacitação para as AVD’s, lazer, desporto, estimulação da estética corporal e
promoção do bem-estar psicológico.
O processo de envelhecimento conduz a um decréscimo dos níveis de habilidade funcional e, por
conseguinte, a um decréscimo das capacidades físicas como a força muscular, a capacidade aeróbica,
a flexibilidade e o equilíbrio, ficando o organismo mais predisposto ao sedentarismo. Assim, o
propósito de se prescrever exercício físico à população idosa é com o objetivo principal de melhorar
o bem-estar e a qualidade de vida (QV) deste. Para tal, são delineados objetivos específicos nos
domínios cognitivo, sócio afetivo e motor onde se pretende que idoso seja capaz de:

• Na área cognitiva:
✓ Melhorar os aspetos cognitivos através da estimulação percetiva;
✓ Conhecer a execução correta de cada exercício;
✓ Valorizar os benefícios da atividade física para o seu corpo;
✓ Conhecer as técnicas de respiração e relaxamento;
✓ Conhecer as posturas incorretas, e como corrigi-las;
✓ Conhecer e valorizar as suas próprias possibilidade de movimento;
• Na área motora:
✓ Melhorar o desempenho das atividades de vida diárias;
✓ Melhorar o desempenho das habilidades motoras básicas;
✓ Superar pequenas limitações físicas;
✓ Manter ou melhorar o tónus muscular;
✓ Adquirir a perceção e controlo postural do corpo;
✓ Aplicar as técnicas de respiração e de relaxamento;
✓ Manter ou aumentar o nível das qualidades físicas;


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Na área socio afetiva:


✓ Utilizar adequadamente o tempo livre;
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✓ Conhecer e aceitar as suas limitações e as do próximo;


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✓ Aumentar os níveis de autoestima e autoconfiança;


✓ Aumentar os níveis de independência e autonomia;
✓ Aumentar a interação social.

Todavia, antes de se prescrever um programa de exercício físico, é primordial conhecer a pessoa ou


grupo de pessoas com as quais se pretende treinar, mais concretamente, as suas limitações e
capacidades. Assim, a prática de exercício físico deve obedecer a princípios fundamentais da
prescrição de exercícios que se designam por: duração e frequência. Quando se prescreve um
programa de atividade física para o idoso tem de se ter em consideração que este apresenta
inúmeras restrições – devido à idade, à doença, etc. – e que um grupo de idosos dificilmente é
homogéneo.
No que concerne à frequência de exercício físico nos idosos, são recomendadas 2 a 3 sessões
semanais para manutenção e/ou melhoria a médio ou longo prazo. Caso se pretenda benefícios a
curto prazo, e o grupo tolerar, podem aumentar-se o número de sessões. Ou seja, a frequência varia
conforme o tipo de trabalho, dos objetivos, do programa de atividade física e da intensidade de cada
sessão.
Relativamente à duração de cada sessão, também variam de acordo com o nível físico do grupo de
pessoas idosas e dos objetivos que se pretendem atingir. No entanto, cada sessão não deve
ultrapassar os 60 minutos, distribuindo-o do seguinte modo:
✓ Aquecimento – 10 a 15 minutos;
✓ Parte principal – 30 a 40 minutos;
✓ Relaxamento – 10 a 15 minutos.
Assim sendo, e para terminar este tópico, a atividade física deve ter as seguintes características:

• Segura – atender à condição individual da pessoa idosa;


• Agradável – ir de encontro às preferências da pessoa idosa e, se possível, incluir família e
amigos;
• Conveniente – ser passível de inclusão nas AVD’s e AIVD’s (p.e. andar a pé, evitar elevadores,
sair uma ou duas paragens de autocarro antes);

• Realista – ajustada às capacidades de pessoa idosa;


• Estruturada – obedecer a programas pré-estabelecidos, mas flexíveis, evitando o
desinteresse e a não adesão;
• Regular – diária ou pelo menos em dias alternados. Executada durante cerca de 30 minutos
por dia (este tempo deve ser ajustado à tolerância de cada pessoa);
• Intensidade – ligeira, moderada ou intensa (de acordo com a condição física e o grau de
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dependência do grupo ou pessoa).


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2.3. A importância do exercício físico em diferentes patologias

Com o processo de envelhecimento, ocorre também uma redução da força muscular, sendo esta
perda mais significativa nos membros superiores (estes últimos mais utilizados para a realização das
AVD’s). Na população idosa, em específico, existem algumas patologias extremamente frequentes e,
tal como referido anteriormente, a atividade física interfere de forma marcante em vários sistemas
e na prevenção e tratamento de algumas patologias. Assim, vários autores indicam que as patologias
mais frequentes nos idosos são:

• Doença pulmonar obstrutiva


a prática de exercícios físicos reduz a sensação de dispneia, observada nas atividades diárias,
aumenta a tolerância ao esforço físico e melhora a performance física e a qualidade de vida,
recuperando de modo significativo o seu estado de saúde.

• Osteoporose
A prática regular de atividade física contribui para a prevenção e tratamento de patologias
associadas ao tecido ósseo (como a osteoporose), reduz as dores nas costas e aumenta a
densidade óssea logo, melhora a qualidade de vida.
• Hipertensão arterial
Como efeito cronico do exercício, há a melhoria da performance cardíaca. Os mecanismos
intracelulares dependentes de cálcio são mais ativos e assim há um aumento da força
contrátil e da capacidade de trabalho do miocárdio. O exercício também induz crescimento
adaptativo dos miócitos cardíacos, aumenta as câmaras cardíacas, o volume sistólico, o
débito cardíaco e reduz a frequência cardíaca de repouso.
• Obesidade
A pessoa obesa está exposta a outros riscos para a saúde, entre os quais: deterioração da
função cardíaca, hipertensão, AVC, doenças renais, doenças pulmonares, degeneração
articular, hiperlipidemia, entre outros. Assim, a redução no consumo de calorias e o aumento
no gasto energético pela atividade física são recomendados para reduzir o peso corporal, e
minimizar os fatores de risco associados e até mesmo prevenir a obesidade na pessoa magra.
• Diabetes
À semelhança do que acontece com os indivíduos com obesidade, também o indivíduo com
diabetes está exposto a outros riscos para a saúde, nomeadamente: AVC, hipertensão
arterial, doenças coronárias, vasos frágeis e quebradiços, retinopatia e distúrbios renais que
o poderão levar à falência renal crónica. Muitos estudos mostram que o exercício é eficiente
no controlo da diabetes. A prática de atividade física regular, ajuda o indivíduo a controlar a
concentração de glicose sanguínea e reduz o risco de doenças coronárias em função da
patologia e de outros fatores de risco associados.
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• Distúrbios do sistema nervoso central


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Vários estudos comprovaram que o exercício físico regula o estado mental dos indivíduos,
inclusivamente nos casos de depressão. Assim, as pessoas que se mantêm fisicamente ativas
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estão menos expostas ao risco de desenvolver depressão. O exercício atua na redução e


controlo de distúrbios emocionais, revertendo esse quadro e promovendo o estado de bem-
estar mental, melhorando deste modo a qualidade de vida dos indivíduos.

• Sarcopenia
São as perdas ocorridas no sistema muscular esquelético que causam o maior impacto na
qualidade de vida dos idosos. Conforme o ser humano envelhece, a sua massa muscular
diminui tornando-se mais frágil levando à instabilidade, perda de capacidade funcional e
perda parcial ou total independência (dificuldade de realizar as tarefas do dia-a-dia) e,
principalmente, aumentam os riscos de quedas (uma das principais causas de acidentes na
terceira idade). Os estudos mostram que o exercício físico com treinos de resistência de
baixas repetições favorecem ganhos na força muscular e, em oposição, treinos com altas
repetições e de baixa intensidade favorecem o aumento da resistência muscular.
Em suma, a atividade física interfere de modo marcante em vários sistemas e na prevenção e
tratamento de algumas patologias (ver imagem). Logo, programas adequados de exercício físico
podem prevenir doenças e melhorar a qualidade de vida dos idosos (e indivíduos no geral).

Figura 1- Efeitos da atividade física em condições patológicas

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↑ aumento, ↓ redução, MHC – cadeia pesada da miosina


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3. Reabilitação das patologias cardiovascular e respiratória

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3.1. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso com problemas


respiratórios

Quando falamos de um idoso com problemas respiratórios, falamos ao mesmo tempo de algumas
atividades básicas/ cuidados que são necessários ao seu acompanhamento. Logo, é importante não
descurar os fatores ambientais que podem influenciar o estado de saúde do idoso com problemas
respiratórios. Portanto, é fundamental que os/a técnicos/as auxiliares de saúde, enquanto auxiliam
um idoso com estes problemas, nas suas atividades básicas tenham em atenção o seguinte:
• Casa (instituição) – deve ser seca, limpa, ampla, ensolarada, com boa ventilação e não ter
humidade e mofo. Não deve existir dentro de casa animais com pelos e penas;
• Quarto – deve obedecer aos mesmos requisitos que a casa/ instituição, e ter o mínimo de
móveis. Não deve ter tapetes, carpetes e cortinas. O colchão e a almofada devem ser de
espuma, o cobertor de material antialérgico (deve-se evitar a lã) e deve ser lavado com
regularidade.
• Limpeza – a limpeza do espaço do idoso deve ser realizada com recurso a aspirador de pó e
pano húmido. Deve evitar-se a vassoura, pois levanta muito pó, o uso de detergentes e
inseticidas de odor forte;
• Alimentação – deve ser rica, bem balanceada e disponibilizada no horário certo, respeitando
sempre a inapetência do idoso;
• Higiene pessoal – deve dar-se banho ao idoso diariamente, lavar a cabeça na hora mais
quente do dia e secá-la bem. Sempre que possível deve levar-se o idoso ao exterior pois a
“vida ao ar livre” é benéfica.
Do mesmo modo, há exercícios respiratórios que devem realizar-se com o idoso e que devem
integrar as atividades básicas do idoso com problemas respiratórios. Trata-se de exercícios
específicos utilizados para melhor a capacidade pulmonar e a função respiratória e que o idoso
aprende a efetuar por si mesmo, ainda que necessite de ajuda e supervisão. A prática destes
exercícios são recomendados várias vezes por dia, durante um período pré-estabelecido e num
ambiente tranquilo onde o idoso possa sentir-se cómodo e relaxado. Por norma, cada exercício deve
ser repetido entre 5 a 10 vezes.

➢ Exercícios respiratórios a realizar com o idoso:


Exercícios intercostais (são indicados para aprender a controlar e fortalecer a expansão do tórax).
✓ O idoso permanece de pé, ou sentado, apoiando as palmas das mãos sobre o tórax:
durante a inspiração, deve efetuar uma ligeira pressão nas costelas, de modo a forçar e
treinar os músculos inspiratórios; durante a expiração, as mãos devem acompanhar o
movimento de retração da cavidade torácica e, no final, comprimi-la moderadamente
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para expulsar o máximo de ar possível.


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Respiração diafragmática (recomendada para fortalecer a expansão da base dos pulmões, o setor
que normalmente tem uma maior capacidade).
✓ o idoso deve permanecer sentado, com o tronco inclinado cerca de 45º para trás, com
as costas e a cabeça apoiadas, os joelhos dobrados e o abdómen relaxado, apoiando uma
mão sobre este, de forma a perceber os movimentos respiratórios e controlar o
exercício. Então, deve inspirar profundamente de forma a verificar a expansão da parede
abdominal e a descida do diafragma. Em seguida, deve expirar o ar lentamente para que
seja percetível a contração da musculatura abdominal e a subida do diafragma.
Espirometria de Estímulo (esta atividade é indicada para fortalecer a capacidade inspiratória, é
realizada com a ajuda de um espirómetro, um aparelho simples que avalia o volume de ar aspirado).
✓ O idoso deve colocar os seus lábios na abertura do espirómetro e inspirar o mais
profundamente possível. A abertura está ligada a um tubo que desagua numa divisão de
três compartimentos, com uma bola de plástico no interior de um deles; quanto maior
for o volume de ar inspirado, mas bolas sobem no interior do compartimento, ou seja,
deve tentar-se fazer subir o maior número de bolas e mantê-las elevadas o máximo de
tempo possível.
Sopros (atividade indicada para fortalecer a expiração)
✓ Consiste na realização de inspirações profundas e seguidas de expirações pela boca e
efetuadas com os lábios entreabertos, de modo a obstruir a saída do ar. Este exercício
não deve ser efetuado muitas vezes seguidas porque o excesso de oxigenação pode
provocar enjoos e sensação de formigueiro.

➢ Exercícios para expulsão de secreções


A acumulação de secreções nos brônquios provocam uma certa obstrução nestes canais, o que
dificulta a respiração e favorece o aparecimento de processos infeciosos. Por isso, em muitos casos
de doenças pulmonares cronicas, são indicados vários tipos e procedimentos simples que facilitam a
expulsão das secreções brônquicas. Convém que o idoso realize estes procedimentos 2 a 3 vezes ao
dia, com supervisão e acompanhamento e num ambiente tranquilo e relaxado.
Drenagem postural
✓ Este procedimento consiste em adotar e manter posições corporais que favoreçam a
drenagem das secreções graças a ação de gravidade. Na prática pretende-se que a zona
pulmonar a drenar fique acima dos brônquios principais desta maneira, as secreções
fluem passivamente e até estes, sendo depois expulsa através da boca.
Percussão
✓ Este procedimento consiste na aplicação de uma série de ligeiros golpes sobre o peito e
costas do paciente com o objetivo de favorecer a libertação das secreções brônquicas e
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a sua posterior expulsão para os brônquios principais. Os golpes devem ser realizados
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com as mãos dobradas em forma de concha, da periferia para o centro, durante três ou
quatro minutos em cada área pulmonar.
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3.2. Benefícios da reeducação respiratória nos idosos

A reeducação respiratória é um conjunto de procedimentos terapêuticos que têm como objetivo


ensinar a pessoa a respirar de forma adequada, utilizando para tal o padrão respiratório
diafragmático com menor esforço da musculatura acessória da respiração.
Atualmente, recomenda-se a reeducação respiratória em várias situações clínicas, entre elas:
• Alterações na caixa torácica (p.e. deformidades na coluna e na parede);
• Patologias bronco-pulmonares (p.e. Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica – DPOC; as
supurações bronco-pulmonares; as pneumonias; fibroses pulmonares; entre outras);

• Patologias cardíacas (p.e. cardiopatia isquémica);


• Situações geriátricas e gerontológicas, entre outras em que esteja presente a estase de
secreções ou insuficiência respiratória;
• Entre outras.

➢ Principais objetivos
A principal função da reeducação respiratória é restabelecer o padrão funcional da respiração através
de técnicas manuais, posturais e cinéticas dos componentes torácico-abdominais. Logo, os objetivos
principais da reeducação respiratória são:
✓ Prevenir e corrigir alterações esqueléticas e musculares, melhorando a sua performance;
✓ Assegurar a permeabilização das vias aéreas;
✓ Prevenir e corrigir defeitos de ventilação, para uma melhor distribuição e ventilação
alveolar;
✓ Mobilizar as secreções brônquicas, promovendo a sua eliminação:
✓ Melhorar a ventilação pulmonar promovendo a reexpansão pulmonar e melhorando,
deste modo, a oxigenação e trocas gasosas;
✓ Diminuir o trabalho respiratório, diminuindo assim o consumo de oxigénio;
✓ Aumentar a mobilidade torácica e a força muscular respiratória;
✓ Promover a independência respiratória funcional;
✓ Prevenir complicações;
✓ Reduzir sintomas;
✓ Melhorar a qualidade de vida da pessoa;
✓ Reduzir a ansiedade;
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✓ Aumentar a participação física e emocional nas atividades de vida diárias;


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✓ Acelerar a recuperação da pessoa.


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Para atingir estes objetivos, são utilizadas várias técnicas de reeducação respiratória, entre elas:

• Consciencialização e controlo da respiração;


• Respiração abdominal;

• Exercícios respiratórios torácicos, com especial ênfase na inspiração;


• Drenagem postural;

• Manobras acessórias (p.e. percussão, vibração e compressão) e/ou manobras de limpeza das
vias aéreas (p.e. ensinos da tosse, drenagens posturais);

• Readaptação ao esforço;

• Técnicas de relaxamento e descanso.


Em suma, a reeducação respiratória tem proporcionado aos utentes com patologias vários
benefícios, entre eles:

• Melhoria da eficácia da ação medicamentosa (em particular os antibióticos e


broncodilatadores;
• Diminui os internamentos;
• Melhora a capacidade de execução dos exercícios e, consequentemente, aumenta a
autonomia e a qualidade de vida;

• Retarda o aparecimento de lesões;


• Facilita a respiração;

• As técnicas empregadas promovem a facilidade da saída das secreções brônquicas.

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3.3. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso com problemas


cardíacos vasculares
De entre as várias patologias cardiovasculares, a Insuficiência Cardíaca é, provavelmente, a que mais
dependência física e comprometimento na realização das AVD’s provoca. Deste modo, são
aconselhados exercícios respiratórios, mobilização polisegmentar gradual e exercícios de
fortalecimento de cadeias musculares pequenas, que podem ser aplicadas separadamente ou de
forma combinada.
A capacidade para a realização das AVD’s depende de um conjunto de fatores de ordem física e
psicológica. Porém, focando nos fatores de ordem física, estudos apontam que a capacidade aeróbica
e a força muscular promovem a autonomia do utente para a realização das AVD’s. Sendo que a
capacidade aeróbica está relacionada com os sistemas limitativos mais preponderantes da patologia
– fadiga física e dispneia. Por sua vez, a força muscular é fundamental para a realização de atividades
simples como levantar e sentar, pegar em objetos, subir escadas, entre outras. Ambas são essenciais
para contribuir para a independência funcional do doente, sendo fundamental que os programas de
reabilitação direcionados ao doente com insuficiência cardíaca contemplem ambas as modalidades
de treino.
Posto isto, a título de exemplo, sugerem-se os seguintes exercícios a incluir nas atividades básicas no
acompanhamento ao idoso com problemas cardíacos e vasculares:
➢ Exercício 1 – exercício com bastões:
Este exercício tem como objetivo promover o movimento da cintura escapular (ombro)
a) Segurar o bastão ao nível da cintura escapular com as palmas da mão viradas para
baixo;
b) Elevar os membros superiores em extensão por cima da cabeça;

Figura a) Figura b)

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➢ Exercício 2 – exercício com bolas:


O objetivo deste exercício é promover a capacidade visuomotora e equilíbrio.
a) Segurar a bola ao nível do peito;
b) Lançar a bola ao ar e agarrar a mesma com as duas mãos.
Figura a) Figura b)

➢ Exercício 3 – exercício com elásticos curtos:


O objetivo deste exercício é promover o movimento das articulações da cintura escapular e
músculos dos membros superiores.
a) Apoios à largura dos ombros e tronco direito;
b) Segurar o elástico com as duas mãos e esticar o mesmo lateralmente, ou seja, até
onde a amplitude articular o permitir.

Figura a) Figura b)

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➢ Exercício 4 – Exercício com cadeiras


Este exercício tem como objetivo promover o movimento das articulações e músculos dos
membros inferiores.
a) Os idosos encontram-se em pé com os apoios à largura dos ombros e as mãos
apoiadas no encosto da cadeira;
b) Afastar lateral e alternadamente os membros inferiores.
(Nota: neste exercício deve realizar-se o movimento lentamente, sem perder o
equilíbrio)

Figura a) Figura b)

➢ Exercício 5
Este exercício tem como objetivos: 1) reduzir a tensão muscular e articular envolvida na
atividade física; 2) diminuir o risco de lesões músculo-tendinosas (tendinite); 3) retornar à
calma.

Duração por alongamento:


• 10 a 15 segundos, podendo ir, no máximo, até aos
30 segundos;

• Entrelaçar os dedos e colocar as palmas das mãos


viradas à frente do corpo;
• De seguida, efetuar a extensão dos membros
superiores.
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➢ Exercício 6:
Os objetivos deste exercício são: 1) reduzir a tensão muscular e articular envolvida na
atividade física; 2) diminuir o risco de lesões músculo-tendinosas (tendinites); 3) retornar à
calma.
Duração por alongamento:
• 10 a 15 segundos, podendo ir ao máximo de 30
segundos;

• Entrelaçar os dedos com as palmas das


mãos viradas para cima: De seguida, com
os membros superiores elevados acima
da cabeça, inclinar o tronco para a direita
e depois para a esquerda; Após 10/15
segundos, efetuar o mesmo exercício
para o outro lado.

➢ Exercício 7:
Os objetivos deste exercício são: a) reduzir a tensão muscular e articular envolvida na
atividade física; b) diminuir o risco de lesões músculo-tendinosas (tendinite); c) retornar à
calma.
Duração por alongamento:
• 10 a 15 segundo, não excedendo os 30 segundos.
• Esticar o ombro superior direito à frente
do corpo e pressionar com a mão
esquerda os quatro dedos da mão direito
para baixo (p.e. até à amplitude articular
o permitir). Após os 10/15 segundos,
efetuar o mesmo exercício com o outro
membro inferior.
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3.4. Programas de reabilitação cardiovascular


A reabilitação cardiovascular tem como objetivos, otimizar a recuperação funcional do doente que
sofreu um acidente vascular cerebral, melhorar a sua qualidade de vida e reduzir o risco de
recorrência de complicações cardíacas, incluindo o de morte prematura. Deste modo, e porque a
reabilitação cardíaca constitui na sua essência uma modalidade avançada e completa de prevenção,
é emergente os doentes cardíacos beneficiarem de programas de reabilitação, tendo em
consideração que participar num Programa de Reabilitação Cardíaca pode permitir:
1. Reduzir em cerca de um terço a mortalidade cardiovascular, futuros eventos e ainda o
reinternamento hospitalar;
2. Melhorar a qualidade de vida;
3. Diminuir ou eliminar os sintomas de doença;
4. Aumentar a capacidade física para fazer uma vida ativa;
5. Reduzir os efeitos psicológicos (ansiedade e depressão) causados pela doença;
6. Promover uma alimentação saudável;
7. Participar num programa de atividade física eficaz e seguro;
8. Reduzir os fatores de risco, assegurando um melhor controlo do colesterol, da tensão
arterial, da diabetes e do peso corporal;
9. Ajudar a deixar de fumar;
10. Aprender estratégias preventivas, e aumentar os conhecimentos sobre a doença
cardiovascular.
Portanto, a reabilitação cardíaca dá os ensinamentos e a motivação necessária para combater a
progressão e complicações da doença cardiovascular que o doente necessita para sobreviver e
recuperar a qualidade de vida.
Os programas de Reabilitação cardiovascular, habitualmente, estão divididos em 3 fases:
1. (Fase 1) Intra-hospitalar – programa que fornece serviços de prevenção e reabilitação a
doentes hospitalizados, após evento coronário agudo, durante o internamento, iniciado o
mais precocemente possível, a partir das 12-24 horas;
2. (Fase 2) Extra-hospitalar – programa que fornece a curto-médio prazo serviços de prevenção
e reabilitação a doentes em meio extra-hospitalar, precocemente, após evento
cardiovascular, geralmente nos primeiros 3-6 meses após o evento, mas estendendo-se até
1 ano após evento, quando necessário;
3. (fases 3 e 4) Extra-hospitalar a longo prazo: programa que fornece a longo prazo serviços de
prevenção e reabilitação a doentes em meio extra-hospitalar, após 1 ano.
Na organização do programa de reabilitação cardiovascular há que ter em conta medidas estruturais,
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como recursos humanos, matérias e medidas processuais. No que concerne a estas medidas,
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foquemo-nos nas medidas processuais:


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• É necessária a avaliação e documentação de risco individual para eventos adversos durante


o exercício;
• Existe um processo para avaliar doentes e alterações intercorrentes dos sintomas;

• Procede-se ao desenvolvimento de intervenções individualizadas de risco para situações


identificadas e coordenação de cuidados com outros responsáveis de saúde;

• Define-se um plano para monitorizar a resposta e documentar a eficácia através da análise


de dados (plano para avaliar o programa prescrito, plano para avaliar a evolução do doente
após terminação do programa;

• Cria-se metodologia para documentar a eficácia do programa e iniciar estratégias de


melhoria de qualidade;
Estas ações conduzem à:

• Redução do risco de morte súbita ou de enfarte do miocárdio;


• Controlo dos sintomas cardíacos;
• Limitação de efeitos adversos fisiológicos e psicológicos;
• Estabilização ou reversão do processo aterosclerótico;
• Melhoria do status psicossocial e vocacional;
É necessário fazer uma avaliação inicial do utente. Esta avaliação permite definir o estado do doente
e guiar o plano específico e individualizado para cada doente. Esta avaliação deve incluir:

• Resultados de exames cardíacos recentes;

• Avaliação do status cardiopulmonar, ortopédico, neuromuscular, status de dor, função


cognitiva e identificação de fatores de stress psicológico;
• Pesquisa de sintomas de angor ou equivalentes anginosos;
• Revisão detalhada dos fatores de risco de doença cardiovascular e seu controlo;
• Lista completa de medicamentos, dosagens e adesão à terapêutica;
• Deteção de co-morbilidades como doença pulmonar, diabetes, musculoesquelética, renal,
neurológica e perturbações comportamentais;

• História psicossocial (depressão/ hostilidade/ raiva/ isolamento social/ personalidade) e


ocupacional;
• Entre outros.

➢ Componentes do Programa de Reabilitação Cardiovascular:


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O programa de reabilitação deve incluir:


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• Treino de exercício;
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• Aconselhamento nutricional;
• Tratamento da diabetes, Hipertensão Arterial, dislipidemia;
• Cessação tabágica;

• Controlo de peso;
• Tratamento psicossocial;

• Aconselhamento da atividade física.


No que concerne à atividade física, inicialmente deve incluir treino aeróbico e de resistência, e deve
ser gradualmente adaptado. Cada sessão deve incluir períodos de aquecimento e arrefecimento,
treino de flexibilidade, endurance e resistência (ver exemplos).

Em suma, com o treino de exercício espera-se que o doente entenda os sintomas/sinais de alarme
com o exercício, aumente a capacidade cardiorrespiratória, flexibilidade e força muscular, tenha
sintomas reduzidos em resposta à carga física, melhoria do bem-estar psicossocial e redução global
do risco cardiovascular.

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4. Reabilitação das patologias músculo-esqueléticas

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4.1. Reabilitação das patologias músculo-esqueléticas

A reabilitação músculo-esquelética consiste no conjunto de atos médicos e técnicos de Medicina


Física e de Reabilitação que visam o diagnóstico e a realização de tratamentos, assim como a
prevenção de patologias dos músculos, dos ossos, tendões e ligamentos.
Ainda que o tratamento de reabilitação seja adaptado às especificidades de cada caso, este assenta
em quatro áreas de intervenção:
1. Alívio das queixas dolorosas e diminuição da inflamação;
2. Melhoria da mobilidade articular;
3. Aumento da resistência e força muscular; e
4. Reeducação propriocetiva.
Sendo que o objetivo final do tratamento de reabilitação é readquirir funcionalidade e autonomia.
Incluem-se, para reabilitação músculo-esquelética:
• Situações pós cirurgia ortopédicas (coluna e membros);
• Doenças reumáticas inflamatórias do sistema músculo-esquelético (p.e. artrite reumatoide,
lúpus, entre outras);
• Doenças dos ossos e articulações crónicas (p.e. osteoporose, osteoartrose);
• Tendinites ou tenosinovites;
• Doença da coluna e nervos periféricos (p.e. ciáticas, doenças dos nervos periféricos da mão);
ou

• Sequelas de queimaduras.
Com a reabilitação das patologias músculo-esqueléticas pretende-se (objetivos):
• Obter uma melhoria da dor;
• Obter uma melhoria das mobilidades;
• Obter uma melhoria da força muscular;

• Obter uma melhoria da funcionalidade na realização de atividades e da qualidade de vida


Para a sua concretização, são utilizadas uma série de técnicas, desde:
• A aplicação de agentes físicos, para alívio sintomático;
• a hidroterapia;

• o tratamento termal;
• a utilização de ajudas técnicas (das atividades de vida diárias, auxiliares de marcha e outras
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ortoses);
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• o ensino de técnicas de proteção articular e de conservação de energia.


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4.2. Fortalecimento muscular nos problemas músculo-esqueléticos

O fortalecimento muscular consiste em tonificar e definir os músculos sem que a pessoa precise,
necessariamente, de ganhar muita massa muscular. É uma forma de melhorar e preservar a saúde
muscular, permitindo movimentos mais seguros e autossuficientes. Esta prática é extremamente
importante não só para a saúde dos músculos, como também para a dos ossos uma vez que estes se
tornam mais resistentes a supostas tensões que possam causar algum tipo de fratura.
Muitos são os estudos que mostram os benefícios que uma musculatura resistente traz para a saúde
do corpo, por exemplo:

• Melhora a postura;
• Maior resistência;
• Melhora e protege as articulações;
• Melhora a estrutura óssea;
• Aperfeiçoa o condicionamento físico;
• Ossos mais resistentes;
• Entre outros.

➢ Exercícios de Flexibilidade
Há algumas modalidades que se mostram mais indicadas para a população idosa como por exemplo
os exercícios de flexibilidade. A importância dos exercícios de flexibilidade explica-se desde logo
porque com o envelhecimento, as amplitudes articulares poderão alterar-se devido a problemas
músculo-esqueléticas e neurológicos secundários, resultando em rigidez articular.
• A marcha
A marcha é o exercício por excelência para as pessoas idosas que pretendem manter a flexibilidade
articular, esta permite melhorar o tónus muscular, e é ideal para o coração e o sistema circulatório.
Esta deverá ser de 20 minutos diários e, pelo menos, três vezes por semana. No entanto, o cuidador
deverá aconselhar a pessoa idosa consoante as suas capacidades. Se acontecerem sintomas tais
como: cansaço excessivo; dor no peito; dores intensas nas articulações; vertigens; sensação de perda
de consciência; palpitações; entre outros, o exercício deverá ser imediatamente interrompido,
provavelmente o organismo ultrapassou os seus limites.
Outros exercícios que poderão ser aconselhados para ajudar a mantes a mobilidade das articulações
das pessoas idosas podem ser, p.e., a bicicleta; a ginástica; a jardinagem, entre outros.
Na prática de exercícios de flexibilidade, deve sempre aconselhar-se o idoso a:
• Utilizar o mínimo de roupa possível, especialmente se tiver calor, sendo que estas devem
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ser amplas e ligeiras para permitir o ar circular;


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• As roupas devem ser de algodão e, preferencialmente, branca pois impedem a penetração


do calor;
• O chapéu é um acessório importante nos dias de calor, bem como escolher locais com sobra
para a prática dos exercícios;
• Beber entre 200 a 250 ml de água de 15-15 minutos, para reposição dos líquidos eliminados.
Não utilizar a sede como indicador, isto é, não aguardar a sensação de sede para se beber;
• Molhar a cabeça, braços e pernas (pois permite a evaporação do calor);
• Evitar beber álcool (o álcool impede a transpiração);

• Evitar proteínas em excesso;


• Comer frutos e legumes frescos para contribuir para o equilíbrio eletrolítico;
• Detetar sintomas de insolação: vertigens, astenia, desorientação, náuseas e cefaleias. Na
presença destes sintomas retira-se e procurar um lugar fresco e molhar-se para ajudar a
baixar a temperatura do corpo e/ou beber um pouco de água;

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4.3. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso, consoante o seu


problema músculo-esquelético

Como complemento ao tratamento prescrito pelo médico, existem várias formas de a pessoa, por si
própria, fazer com que o seu dia-a-dia seja mais fácil e menos doloroso. Assim, há dois princípios
muito importantes que nunca devem ser esquecidos:

• A conservação da energia;

É fundamental evitar o cansaço pois a fadiga aumenta a dor. Isto aplica-se, designadamente,
aos doentes que têm a seu cargo o trabalho de casa; sempre que possível, deve trabalhar
sentado (é menos cansativo do que fazê-lo de pé); deve procura-se repartir os trabalhos mais
pesados e fazer alguns intervalos de descanso (p.e. a casa não tem de ser limpa no mesmo
dia); quando se sentir com mais dores ou mais cansado, deve evitar-se iniciar tarefas que
não possam ser interrompidas.

• A proteção das articulações

A proteção das articulações contribui para prevenir deformidades articulares e diminuir as


dores; deve mudar frequentemente de posição para prevenir a rigidez; evitar os movimentos
e as posições que provoquem mais dores nas articulações; evitar o esforço, a sobrecarga ou
pressão das articulações afetadas.

Poderão efetuar-se várias adaptações úteis, como por exemplo, cadeiras altas; assentos elevados
para a sanita (para prevenir a flexão excessiva da anca; carrinhos para o transporte de roupa ou para
as compras. Do mesmo modo, há alguns utensílios que podem proporcionar pequenas, mas
significativas ajudas nas tarefas diárias, tais como talheres leves e com cabos mais largos; escovas e
pentes com cabos especiais para facilitar o pentear; além de outros artigos comercializados ou feitos
de propósito.

• Princípios Gerais de Mobilização/Proteção do Pescoço

✓ Tentar manter a cabeça alinhada com a coluna e enquanto estiver de pé, sentado ou
deitado;

✓ Não mantenha a cabeça inclinada para a frente ou virada para um dos lados mais do
que o indispensável;
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✓ Se for necessário, use um colar cervical (almofada circular) suave para ajudar a
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manter o pescoço direito e reduzir a dor produzida pelo movimento excessivo:


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✓ Evitar movimentos bruscos com a cabeça ou com o pescoço;

✓ Utilizar ambos os braços e mãos quando pegar ou transportar objetos pesados (p.e.
é preferível carregar dois sacos pequenos em vez de um grande).

• Princípios gerais de Mobilização/Proteção da Coluna

✓ Evitar levantar ou carregar pesos, caso haja a necessidade de o fazer nunca levantar
acima da cintura;

✓ Para pegar em objetos pesados, fazê-lo de frente para eles, mantendo-os junto ao
corpo caso tenha de os transportar;

✓ Para se baixar, procure não dobrar as costas pela cintura; tente dobrar sobretudo as
ancas e os joelhos que são articulações habitualmente muito mais fortes do que a
coluna;

✓ Para transportar objetos para locais afastados, opte pela utilização de um carrinho
de rodas;

✓ Evitar sentar-se em cadeiras baixas ou em sofás fundos e baixos;

✓ Caso esteja sentado muito tempo, procure cruzar as pernas para descansar as costas
ou levante as pernas alternadamente, apoiando-as num banquinho ou numa
almofada;

• Princípios Gerais de Mobilização/Proteção de Braços e Mãos

✓ Deixar correr água quente sobre as articulações para aliviar a rigidez e dores
matinais;

✓ Utilizar as articulações maiores e mais fortes dos membros superiores para pegar
em panelas ou outros objetos pesados, servindo-se mais das palmas das mãos do
que dos dedos; habitue-se a transportar a carteira ou saco, pendurados no braço ou
no ombro;

✓ Use as articulações das mãos sem as forçar em posições extremas, evitando dobrar
ou esticar muito os dedos ou fechar as mãos com muita força, cerrando o punho.
Quando tiver de pegar numa panela, faça-o com ambas as mãos; para limpar uma
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superfície, utilize uma esponja grande movendo o ombro e o cotovelo, em vez do


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pulso; entre outros.


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✓ Evite inclinar o pulso para fora, ao rodar um puxador de porta, p.e. incline a mão
para o lado do polegar;
✓ Algumas alterações em casa, e no dia-a-dia, podem ajudar. Por exemplo:
o Substituir puxadores redondos (maçanetas) das portas por puxadores
pretos (manípulos);
o Fazer a barba com máquina elétrica, em vez de utilizar lâminas;
o Se os movimentos e funções das mãos estiverem diminuídos, use vestuário
mais adequado:
▪ Escolha roupa que seja de abotoar ou apertar à frente, de
preferência com fechos de correr largos e com argola, colchetes
grandes, velcro ou botões grandes;
▪ Procure agasalhos tipo capa porque quando os movimentos dos
ombros estão muito limitados, é difícil enfiar a roupa pela cabeça;
▪ Prefira roupa larga pois é mais fácil de vestir e torna-se mais
confortável, sobretudo quando se tem de usar bengalas, canadianas
ou cadeira de rodas;
▪ Usar sapatos sem atacadores.
• Princípios Gerais de Mobilização/Proteção das Pernas
✓ Com pequenas alterações no acesso à casa, poderá ser mais fácil entrar e sair,
mantendo o mais possível a autonomia;
✓ Se tiver dificuldades em transpor um degrau alto, devido a problemas articulares da
anca ou joelhos, diminua a altura dos degraus das escadas, adicionando-lhes meios
degraus. Um corrimão permite maior segurança e facilidade a subir escadas e dá
mais equilíbrio ao descê-las;
✓ Se usar cadeira de rodas, há a necessidade de uma rampa e de portas
suficientemente largas e até de retirar as ombreiras e as soleiras das portas;

Para terminar este subtópico, é importante falar ainda na amplitude dos movimentos articulares, ou
seja, a capacidade de mobilidade da articulação. Estes movimentos são definidos relativamente aos
diferentes planos do corpo. Basicamente, existem nove tipos de movimentos/ exercícios articulares
que podem efetuar, são elas:
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• Flexão – movimento de dobrar ou curvar;


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• Extensão – movimento de distender e de esticar;


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• Abdução – movimento de afastamento em relação à linha média do corpo;


• Adução – movimento de aproximação da linha média do corpo;
• Circundação – movimento de rotação (circular);
• Supinação – movimento de virar a palma da mão para cima;
• Pronação – movimento de virar a palma da mão para baixo;
• Flexão plantar – movimento de dobrar o pé para baixo;
• Dorsiflexão do pé – movimento de dobrar o pé para cima.

Estes exercícios articulares podem ser efetuados de três formas:


• Mobilização passiva – que é a mobilização executada por outros (p.e. um segmento do corpo
– braço, perna, mão, etc. – é mobilizado por uma enfermeira, fisioterapeuta ou cuidador de
modo a executar todos os movimentos possíveis nas respetivas articulações. Este tipo de
exercício não fortalece os músculos, mas ajuda a manter e a recuperar as amplitudes
(movimentos) articulares.
• Mobilização ativa – que é a mobilização executada pelos próprios, sem a ajuda de outrem.
Os exercícios são executados utilizando-se apenas os próprios músculos, tornando-os assim
mais fortes;
• Mobilização ativa funcional – que é a mobilização executada pelos próprios,
simultaneamente em várias articulações e grupos musculares. Quando a pessoa se vira na
cama, se senta ou se levanta da cama ou da cadeira, fazem-se movimentar muitas
articulações, tornando-as mais flexíveis e fortalecendo os grupos musculares. Alem disso,
diminui-se também a tendência para as retrações (contraturas).

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5. Reabilitação nas patologias neurológicas – Plasticidade


cerebral: a recuperação em função da idade

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5.1. Plasticidade cerebral consoante a idade dos indivíduos

A plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em remodelar-se em função das


experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em função das necessidades e fatores do
meio ambiente. Há alguns anos, admitia-se que o tecido cerebral não tinha capacidade regenerativa,
e que o cérebro possuía um programa genético fixo. Porém, foi-se procurando explicar o facto de os
pacientes com lesões severas obterem, com técnicas de terapia, a recuperação da função. Assim, o
aumento do conhecimento sobre o cérebro mostrou que este é muito mais maleável do que até
então se imaginava, modificando-se sob o efeito da experiência, das perceções, das ações e dos
comportamentos.

Deste modo, podemos referir que a relação que o ser humano estabelece com o meio produz
grandes modificações no seu cérebro, permitindo uma constante adaptação e aprendizagem ao
longo de toda a vida. Assim, o processo da plasticidade cerebral torna o ser humano mais eficaz. A
plasticidade cerebral explica o facto de certas regiões do cérebro poderem substituir as funções
afetadas por lesões cerebrais. Como tal, uma função perdida devido a uma lesão cerebral pode ser
recuperada por uma área vizinha da zona lesionada. Porém, a recuperação de certas funções
depende de alguns fatores como:

• a idade do individuo;

• a área da lesão;

• o tempo de exposição aos danos;

• a natureza da lesão;

• a quantidade de tecidos afetados;

• os mecanismos de reorganização cerebral envolvidos;

• fatores ambientais;

• fatores psicossociais, entre outros.

O envelhecimento não pressupõe deterioração cognitiva pois a capacidade de reserva e plasticidade


do funcionamento cognitivo levam a grandes diferenças nas alterações cognitivas ao logo da vida
adulta. As alterações cognitivas que surgem em idosos saudáveis não são estáticas nem unitárias,
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havendo algumas capacidades que declinam mais rapidamente que outras. Alem disso, as alterações
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de memória variam muito de pessoa para pessoa, uma vez que existe uma combinação de fatores
como:

• saúde;

• atividade física;

• hábitos alimentares;

• motivação;

• personalidade;

• estimulação cognitiva;

• atividade social;

• alterações no funcionamento emocional;

• práticas quotidianas; entre outras.

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5.2. Capacidade funcional: recuperação ou manutenção

O sistema nervoso é outra das grandes modificações ocorridas no processo de envelhecimento, pois
o cérebro sobre globalmente uma atrofia com o passar dos anos, que é o resultado da redução de
massa branca. Vários estudos mostram que acontecem várias mudanças significativas que englobam:
atrofia do cérebro com perda de peso e diminuição de volume; aparecimento de placas senis;
degenerescência neurofibrilar; diminuição da neuroplasticidade, entre outras.

A reabilitação do cérebro lesionado pode promover a reconexão de circuitos neurais danificados.


Quando há uma pequena perda de conetividade neural, esta tende a ser recuperada de uma forma
autónoma. No entanto, quando esta perda é de maior grau, tenderá a tornar-se uma perda
permanente, daí a impossibilidade de recuperar certas funções depois de determinados acidentes
ou doenças provocarem elevados danos neurológicos.

Mesmo assim, em muitos destes casos, as lesões irreparáveis podem tornar-se potencialmente
recuperáveis. Para tal, necessitam de objetivos precisos de tratamento, proporcionados por diversos
tipos de terapia – fisioterapia, psicoterapia, osteopatia, entre outros – que mantêm níveis adequados
de estímulos facilitadores e inibidores de funções nos neurónios.

Assim, a capacidade que os pacientes possuem para alcançar os objetivos da reabilitação depende
da sua motivação, do suporte social-familiar e, principalmente, do seu estado cognitivo. A presença
de distúrbios na cognição é um importante preditor de recuperação, afetando diretamente o
processo de reabilitação e recuperação do paciente. São inúmeros os estudos que mostram que o
estado cognitivo pode influenciar os resultados do tratamento, em razão das técnicas utilizadas nesse
processo necessitarem de algumas habilidades cognitivas, tais como evocação e execução de
instruções.

Em suma, o tratamento deve ser multidisciplinar. Treinar o cérebro para interpretar novamente os
sinais de forma correta, evitando que os sintomas atípicos se tornem no “habitual”, trata-se da
estratégia mais eficaz recorrendo, por exemplo, à fisioterapia, terapia ocupacional e terapias
cognitivo-comportamentais.

É essencial, portanto, desenvolver uma intervenção concertada voltada para a valorização de


atividades significativas para os idosos em questão e de acordo com objetivos de intervenção
específicos, entre eles:
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• Manutenção das atividades significativas para o doente e sua família;


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• Estímulos sensoriais e cognitivos, para enriquecimento quotidiano;

• Orientação e realização de medidas de conforto e controlo de sintomas;

• Adaptação e treino de atividades básicas de vida diária, para autonomia e independência;

• Criação de possibilidades de comunicação, expressão e exercício da criatividade;

• Criação de espaços de convivência e interação pautados nas potencialidades dos indivíduos;

• Apoio, escuta e orientação ao familiar e/ou cuidador.

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5.3. Atividades básicas no acompanhamento ao idoso, consoante o seu


problema neurológico

Uma das formas de as pessoas idosas poderem desenvolver e aumentar as suas funções cognitivas é
através da sua integração em vários Programas, por exemplo:

➢ Programas de Estimulação Cognitiva.

Por estimulação cognitiva entende-se qualquer tipo de intervenção não farmacológica que pretende,
através de tarefas estruturadas com diferentes graus de dificuldade, estimular vários domínios
cognitivos, nomeadamente a memória, a atenção, a concentração, a perceção, o raciocínio, o
pensamento, a imaginação, a linguagem, a capacidade viso espacial e a associação de ideia.

Os programas de estimulação cognitiva visam a prevenção ou diminuição do declínio cognitivo global


causado pelas doenças neurodegenerativas progressivas, como são as demências. Sendo a memória
uma das funções mais afetadas nas demências, realizam-se exercícios de resolução de problemas,
cálculos, memorização visual, leitura, entre outros, onde se tenta visar um aumento significativo do
desempenho cognitivo. Vários estudos mostram que após a estimulação cognitiva pode observar-se
algumas reduções dos problemas comportamentais e afetivos – sintomatologia depressiva –
proporcionando uma melhoria da qualidade de vida.

➢ Programas de Estimulação da Memória

A memória é uma das funções cognitivas fundamentais para um envelhecimento bem-sucedido e do


qual depende a sua preservação. Assim, esta assume uma importância vital no quotidiano das
pessoas, na orientação, comunicação, relação e execução de tarefas. Esta é uma faculdade cognitiva
extremamente importante pois forma a base da aprendizagem. Vários estudos mostram que
intervenções cognitivas na velhice levam a um aumento do desempenho e manutenção de
habilidades cognitivas em idosos saudáveis, sendo estas intervenções por diferentes tipos de
programas de treino que apresentam efeitos variáveis e amplos no funcionamento cognitivo de
idosos, mesmo em idades avançadas.

➢ Programas de Estimulação da atenção

A memória e atenção formam parte do conjunto dos processos mentais que permitem elaborar a
informação que se recebe e utiliza para dar resposta às necessidades (cognição). A capacidade de
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inibir estímulos irrelevantes e selecionar estímulos são componentes importantes para a atenção. Ao
longo do processo de envelhecimento ocorrem mudanças no controlo inibitório que afetam a
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capacidade do idoso se concentrar em informações importantes. Esta capacidade é reduzida na


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velhice, aumentando a desinibição e distração. Para memorizar é necessário prestar atenção, por
isso, os idosos devem realizar exercícios de forma a treinar a atenção e controlar os fatores de
distração. Assim, a atenção é um pré-requisito para a memória, para novas aprendizagens e para
outros aspetos da cognição.

➢ Programa de Estimulação das Funções Executivas e Memória de Trabalho

A função executiva define-se como uma habilidade cognitiva superior que está envolvida na
autorregulação do comportamento e na organização e uso eficaz de grandes quantidades de
informação, ou seja, um conjunto de habilidades que, de forma integrada, possibilitam aos indivíduos
direcionar comportamentos a objetivos, realizando ações voluntárias. Esta função é importante na
adaptação ou flexibilidade do comportamento para as exigências do ambiente, assim como na
regulação de várias habilidades intelectuais, emocionais e sociais.

A memória de trabalho é definida como um sistema ativo através do qual o individuo possui uma
capacidade de armazenar informação por um tempo curto e limitado, mas suficiente para manipular
tal informação durante a realização de tarefas mais complexas. Preservar e estimular a memória de
trabalho durante o envelhecimento, através de programas de intervenção que estimulem a cognição,
empregando modalidades diretas e indiretas, é fundamental para os idosos.

➢ Programa de Estimulação da psicomotricidade

Dentro da psicomotricidade existe duas características:

• Motricidade ampla – diz respeito à atividade de grandes músculos. O movimento


motor global depende do equilíbrio postural, e está subordinado às sensações
sinestésicas táteis, visuais, espaciais e temporais

• Motricidade fina – está relacionada com a habilidade e destreza manual,


constituindo um aspeto particular no manuseamento de objetos.

Durante o envelhecimento, muitos processos tornam-se lentificados, bem como as respostas


psicomotoras devido à menor capacidade do sistema nervoso central. Assim, a psicomotricidade
deve contrariar a retardação, utilizando a ativação neural cortical e preservando as características
funcionais do cérebro, por meio da plasticidade neural. No idoso, a reeducação do movimento por
meio da educação psicomotora é fundamental para a garantia de independência funcional e
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qualidade de vida na terceira idade.


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➢ Programa de Dinâmicas de Grupo

Esta intervenção psicológica em grupo permite estabelecer uma rede de apoio e suporte através da
criação de um espaço acolhedor, onde cada participante pode falar sobre a sua vida, promovendo a
troca de experiências e potenciando assim o relacionamento entre os utentes, e melhorando a sua
qualidade de vida. Esta intervenção traz importantes vantagens, nomeadamente o estabelecimento
de relações sociais de apoio, partilha de vivência e a compreensão mútua entre os elementos do
grupo. Na terapia de grupo, o paciente é o agente principal da sua própria mudança e recuperação.

➢ Programa de Intervenção com Recursos Didáticos

Vários estudos mostram que a intervenção com, p.e., a Nintendo Wii Sports apresenta benefícios na
qualidade de vida relacionada com a saúde mental e de cognição. Segundo estes estudos, a utilização
da Nintendo Wii Sports promove a estimulação dos sistemas sensorial, motor e cognitivo do
indivíduo, oferecendo um elevado grau de motivação durante a intervenção. Para além das tarefas
de memória, muitas das tarefas englobadas nos Jogos Digitais assemelham-se às de estimulação de
raciocínio e de estimulação da velocidade de processamento.

Por fim, no que concerne à intervenção e prestação de cuidados a indivíduos com estas patologias,
propõem-se as seguintes sugestões e orientações:

• Orientar o cuidador a avaliar a integridade da pele, dos cabelos, das unhas e da higiene bucal
do idoso, principalmente quando o mesmo se encontra no leito;

• Para uma maior segurança e independência do idoso no banho, recomenda-se o uso de


barrar de apoio na parede, tapetes antiderrapantes e uma cadeira no duche;

• Orientar quanto ao posicionamento na cama e na postura sentado;

• O posicionamento adequado do idoso precisa ser considerado em relação ao ambiente, de


modo a incentivá-lo a olhar para o lado comprometido, proporcionar-lhe todos os estímulos
visuais, auditivos e sensitivos;

• Orientar os cuidadores a estimular o idoso a utilizar o lado afetado (p.e. ao falar com ele,
posicionar-se ao lado do membro comprometido);


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Utilizar sapatos com sola antiderrapante, fácil de calçar e retirar sozinho;


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• As camas não devem ser muito baixas pois dificultam os movimentos de sentar e levantar;
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• Usar fitas adesivas antiderrapantes em pisos escorregadios;

• Instalar corrimãos (para dar mais segurança ao paciente);

• Estimular a família a realizar atividades com o paciente, de modo que ele não fique
acomodado ou dependente, evitando deste modo que ele perca a força muscular, agilidade,
interesse e animo essenciais à manutenção da independência funcional e na prevenção de
quedas;

• Não excluir o paciente afásico da conversação ou responder por ele. Devem, pelo contrário,
manter orações curtas e simples, sem muita informação; proporcionar tempo para que ele
responda e troque de assunto; organizar as perguntas de forma que elas possam ser
respondidas com sim, não ou outra forma de resposta;

• A dançaterapia é um método que fornece estímulos, despertando áreas adormecidas. Esta


terapia traz grandes benefícios, como; diminuição da rigidez muscular, autoexpressão,
interação do paciente consigo mesmo e com os outros, inclusão social, melhora a qualidade
de vida;

• Manter os ambientes bem iluminados para evitar acidentes domésticos;

• Cuidados com o ombro comprometido durante as manipulações visto que é frequente a dor
e a subluxação;

• Proporcionar ambientes ricos em estímulos visuais, auditivos e sensitivos:

• Auxílio na deambulação, quando necessário, com auxílio do andarilho, bengala, muleta, etc.

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Sites consultados
http://www.evoluareabilitacao.com.br/artigos/conheca-os-beneficios-da-fisioterapia-ou-
reabilitacao-respiratoria

https://www.atlasdasaude.pt/publico/content/reeducacao-respiratoria

http://www.fpcardiologia.pt/reabilitacao-cardiaca-2/

https://blogeducacaofisica.com.br/fortalecimento-muscular/

http://cerebro.weebly.com/plasticidade-cerebral.html#
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