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30 de outubro de 2017
Lumen
O táxi acelerou ao longo da estrada mal pavimentada na borda da
floresta, e tudo que eu podia ver eram milhões e milhões de árvores de
cada lado.
Quando eu estava bem fundo lá dentro, sem mais calçada à vista, disse
a ele para parar.
— Aqui está bom. — Desci.
Ele pegou o dinheiro que eu entreguei e partiu na mesma direção da
qual tínhamos vindo, ele claramente não queria ficar mais do que o
necessário aqui.
Humanos como ele não eram exatamente bem-vindos no território da
Matilha da Costa Oeste, a menos que tivessem sido liberados para
residência. Ou a menos que fossem da família Morgan.
E esta floresta, a Floresta Nacional de Deschutes, no Oregon, era
muito território da Matilha da Costa Oeste.
Mas, não eram apenas humanos não anunciados que não eram bem-
vindos. Era qualquer espécie que não fosse lobisomem. E eu estava
inclusa.
Mas, eu estava aqui por um motivo. E eu não iria deixar algo como ser
pega por um guarda lobisomem, ou um Alfa, me parar.
Eu já tinha lidado com coisas muito piores antes, afinal.
Concentrei toda a minha atenção em meu corpo. A concentração
intensa funcionou e eu senti minhas células se espalhando, diminuindo o
preenchimento opaco da minha pele.
Eu não era exatamente invisível, mas não estava completamente
visível.
Eu era como uma versão obscura de mim mesma que alguém teria que
apertar os olhos para realmente ver.
Satisfeita, me virei para as árvores. Eu canalizei meu poder e o usei
para me impulsionar bem alto no ar.
E, então, eu estava balançando em árvores, pulando de uma para a
outra.
Depois de cerca de trinta quilômetros, comecei a desacelerar. Então,
eu caí em uma árvore, usando suas folhas para me proteger, só por
precaução. Porque lá, à minha frente, a cerca de um quilômetro de
distância, estava Lumen.
Lumen, também conhecida como Wolf City, abrigava a Matilha da
Costa Oeste, que era uma das mais fortes da América, senão do mundo.
Respirei fundo, sabendo que o último quilômetro seria o mais difícil.
Cada cidade da Matilha tinha parâmetros de segurança ao seu redor,
com guardas altamente treinados vigiando.
E o problema com os guardas lobisomens era que seus narizes eram
sua melhor arma.
Mesmo na forma humana, eles podiam farejar um intruso a
quilômetros de distância. O que significava que se eles ainda não tinham
sentido meu cheiro, mas eles estavam prestes a sentir.
Só que isso não importa.
Eu tinha um trabalho a fazer.
Eu decolei com um salto, caindo em outra árvore, e então pulei para a
próxima. Eu estava balançando nos galhos, ficando mais baixo do que as
copas das árvores, para que eu pudesse me misturar com as folhas mais
facilmente.
Foi quando eu o vi. A cerca de 200 metros de distância.
Um guarda lobisomem.
Mas, não era qualquer guarda lobisomem. Concentrei minha visão e
fui capaz de distinguir o alfinete em seu colete de segurança, indicando
que ele fazia parte da própria equipe de segurança pessoal, o Alfa.
Ó
Ótimo.
Mas, antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa, os olhos do
guarda se voltaram para onde eu estava.
Ele com certeza poderia me farejar, sentir meu olhar sobre ele. E eu
não queria esperar que ele pedisse reforços.
Então, respirei fundo e pulei direto para a frente, esperando que meu
corpo esmaecido me tomasse difícil de ver. Mas, não importava se eu mal
estivesse visível, porque o guarda usou seu nariz para me rastrear.
Enquanto corria por entre as árvores, perto da entrada da cidade, ouvi
o som do guarda mudando e soube que estava em apuros. Uma coisa era
fugir de um lobisomem em forma humana. Mas fugir de um lobo?
Continuei me movendo, continuei correndo e arrisquei uma olhada
por cima do ombro.
O lobo da guarda estava bem ali. Rosnando, seus dentes marcados.
Não mais do que dois passos atrás de mim.
Capítulo 2
HORA DA FUGA 30 de outubro de 2017
Lumen
Eve
— Está pronto?
Martin estava parado na porta da frente, e eu poderia dizer que ele
estava nervoso com sua escolha de roupa. Calça cáqui e uma camisa de
botão.
Ninguém nunca usava calças cáqui quando se sentia confiante.
— Por que você está nervoso? — Eu perguntei a ele quando terminei
de descer as escadas. — Eu pensei que você já tinha feito o acordo com
Gabriel. — Estávamos indo para a reunião de registro de Martin na Casa
da Matilha, e embora eu fosse a única que poderia ser perseguida por
estar lá, ele era o único inquieto.
— Não estou nervoso, — disse ele.
Eu dei a ele um olhar que dizia, eu poderia ler sua mente se eu quisesse.
— Tchau, meninas, — ele chamou, e eu olhei para encontrar Reyna e
Anya tomando café da manhã. — Oh não. quem vai nos proteger quando
ela se for? — Reyna perguntou sarcasticamente à irmã.
Eu sorri. Seria preciso muito mais do que angústia adolescente para
me irritar.
— Vá em frente. Vou sair pela janela, — disse a Martin.
— Você vai sair pela janela
— Bem, eu não posso exatamente caminhar com você para a Casa da
Matilha, Martin.
Ele me deu um olhar vazio.
— Todo não-lobisomem precisa de permissão para estar em Lumen,
você sabe disso. Eu não tenho.
Então eu vou ficar quieta.
— Achei que você fosse à reunião.
— Eu estarei lá. Não se preocupe. — Ele me deu um aceno incerto e
então abriu a porta.
Subi de volta às escadas, entrando no quarto de hóspedes que me
apropriei.
Havia uma janela voltada para a lateral da casa e uma árvore a não
mais do que um salto de distância.
Abri a janela e saltei para o galho mais próximo. Então, saltei para o
telhado da casa ao lado.
Depois, eu estava saltando de telhado em telhado até que a Casa da
Matilha apareceu.
Eu sabia que teria que dar uma volta ao redor do terreno para
encontrar a sala de reuniões onde Martin teria seu encontro com o Alfa,
então achei melhor começar.
Respirando novamente, saltei da borda.
Eu estava empoleirada em uma escada de incêndio, fora da janela da
sala em que Martin estava andando para lá e para cá, nervoso.
Ele foi recebido por alguma recepcionista, e agora estava esperando a
chegada de Gabriel.
Ele continuou atirando olhares para fora da janela, como se estivesse
tentando descobrir se eu realmente estava lá ou não. Mas ele não podia
me ver.
Eu fiz questão de me escurecer, e minha posição atrás da parede de
tijolos estava fora de seu campo de visão.
Foi quando a porta se abriu e eu vi Gabriel e seu Beta, Zavier,
entrarem na sala.
Eu encontrei Gabriel algumas vezes na última década e sabia que ele
era um Alfa bem típico. Encantador e cheio de si em partes iguais.
Ativei meus poderes de audição, permitindo-me ouvir tudo o que
estava acontecendo do outro lado da janela à prova de balas.
— Martin Morgan. Que bom ver você, — Gabriel disse, apertando a
mão de Martin.
— Sinto o mesmo, Alfa, — respondeu Martin.
— Me chame de Gabriel. E, por favor, sente-se. — Gabriel apontou
para a mesa da sala de reuniões e Martin se sentou à sua frente. — Você
conhece Zavier, meu Beta.
— Olá. — Martin acenou para ele.
— Tenho alguns documentos para você preencher e, assim que
terminar, seu status como residente em sua nova casa será confirmado.
— Zavier deixou cair uma pilha de papéis grossa como uma enciclopédia
sobre a mesa na frente de Martin.
— São muitos documentos. — Martin suspirou.
— Cautela nunca é demais, — Gabriel respondeu, com um sorriso
malicioso no rosto.
Revirei os olhos para o Alfa seus grandes músculos, seu cabelo
ondulado.
Ele estava acostumado a ser o centro das atenções. E ele gostava de
estar por cima, mesmo quando era sobre um humano que acabara de
perder sua esposa.
Observei Martin desatarraxar a tampa de uma caneta e começar a
trabalhar nos papéis, então, senti meu celular vibrar no bolso. Eu o
peguei.
Anya: Eve?
Anya: Socorro!
Reyna
Eu estava chateada.
Além de irritada.
Não foi o suficiente eu ter sido tirada da última merda de escola que
frequentei. Não, agora eu tinha que começar de novo em uma nova. Um
pé no saco.
E aqui eu não seria apenas a garota emo estranha. Aqui eu seria a nova
garota e a garota emo estranha.
Eu não me importava em ser popular, nem nada. Não é sobre isso.
Eu só queria me formar, fazer dezoito anos e esquecer tudo.
Deixar Lumen, deixar meu pai protetor, minha irmã detestável.
Eu queria algo mais legal. Algo diferente.
Uma aventura.
Agora que Eve estava aqui, observando cada movimento nosso, era
como se eu estivesse ainda mais sufocada do que antes.
Eu não sabia quem ela pensava que era. Eu não sabia quem ela
realmente era. Só me ocorreu que não sabíamos nada sobre ela.
Virei minha cabeça para o fundo do auditório e demorei alguns
segundos, mas a encontrei.
Ela estava sentada em uma cadeira na penúltima fileira, a jaqueta de
couro escondendo metade do rosto. Ela se misturou bem. Tenho que
admitir.
Por um momento, percebi que tudo nela era mentira. Ela parecia
angelical, mas eu sabia que não era.
Ela parecia jovem e inocente, como uma garotinha bonita que acabara
de nos ver. Mas isso não era verdade.
Eu podia ver além de sua beleza, assim como eu podia ver além da
beleza de cada garota popular com quem eu já tive uma aula. Cada um
dos amigos idiotas de Anya.
Eles podiam parecer bons por fora, mas a cobertura sempre era muito
mais bonita do que o bolo.
Os olhos de Eve se fixaram nos meus e eu imediatamente me virei
para encarar a frente.
O diretor estava tagarelando sobre bullying ou algo assim, mas eu
estava além de desinteressada. Isso foi até que eu o vi acenando para
alguém nos bastidores, nos bastidores.
Um cara entrou no palco e eu o reconheci. Ele estava no jantar que
tivemos que ir, aquele na Casa da Matilha.
Eu acho que ele era gostoso, se você gostasse de toda aquela coisa de
bad boy de pele bronzeada.
Ele usava óculos escuros, embora estivéssemos bem lá dentro, e jeans
rasgados.
Ele pegou o microfone do diretor e acenou para todos. — Ei. Sou
Zachary, o Beta dos Lobos do Milênio.
No segundo em que ele terminou aquela frase, todo o auditório
enlouqueceu. Cada cara estava torcendo e cada garota gritando.
Os Lobos do Milênio eram como a banda mais popular de todos os
tempos para os lobisomens adolescentes. Sério, eles eram como
celebridades.
Eu acho que ser humano, estar perto deles nunca fez muito por mim.
Ou talvez fosse apenas porque, desde que minha mãe morreu, eu não
sentia muita coisa.
— Acalmem-se. — Zachary sorriu do palco. — Olá, alunos do Colégio
Woodsmoke! — Mais vivas. Mais aplausos.
Eu revirei meus olhos.
— Como alguns de vocês devem ter notado, tiveram mais lobos do
milênio em Lumen do que o normal na semana passada. Na verdade, nós
sete estamos aqui.
Houve tantos guinchos que pensei que fosse ficar surda.
Eu vi um bando de garotinhas loiras perto da frente do palco, e havia
Anya, entre elas. Claro Ela estava acenando com as mãos sobre a cabeça
como uma idiota.
— Eu vou te dizer por que isso... mas, primeiro, eu gostaria de dar as
boas-vindas a um homem muito especial. — Como se fosse uma deixa, as
portas atrás de mim, as portas principais, se abriram.
O Alfa do Milênio estava ali. Eu tinha que admitir que ele era o mais
bonito. De longe.
Ele era alto e forte e parecia que não se importava com nada. Tudo o
que ele fazia era tão... sem esforço.
Na verdade, seu Delta era tão gostoso, na minha opinião. Jed era seu
nome. Jed, o Delta. Eu falei com ele um pouco no jantar da Casa da
Matilha., mais do que eu falei com qualquer outro homem antes, pelo
menos.
— Desculpem o atraso, — o Alfa do milênio berrou do meio do
auditório.
Ele falava tão alto quanto Zavier, embora não tivesse microfone.
Eu o vi lançar um olhar para Eve antes de caminhar para o palco.
O que está acontecendo entre eles?
Eles, com certeza, tinham algum tipo de história. E, no jantar, ele
apenas a tirou da sala de jantar e ela desapareceu, nem mesmo voltando
para comer.
Foi tudo estranho. Além de esquisito.
— Para aqueles de vocês que não me conhecem, sou Raphael. Meu
Beta e eu estamos aqui para fazer um anúncio importante. E vocês, do
Colégio Woodsmoke, vão ser os primeiros a ouvir!
Mais aplausos estrondosos.
Deus, nós entendemos.
— Todos nós, MW, estamos na cidade porquê... a Matilha da Costa
Oeste decidiu que este ano... drumroll, por favor... haverá uma
ASSEMBLEIA EQUINÓCIO!
Todos ao meu redor ficaram selvagens, ainda mais selvagens do que
antes.
Eu ia precisar de um calmante.
— Nesta sexta-feira à noite, no Casa da Matilha, conte para sua
família, conte para seus amigos...
Eu me desliguei. Havia muito entusiasmo que eu poderia tirar de
meus colegas.
Além disso, a Assembleia Equinócio significaria se vestir bem.
Significaria uma noite abafada de falar com pessoas de quem eu não
gosto, comer comida muito extravagante para mim e assistir Anya dançar
com meninos.
Seríamos as únicas humanas lá, como sempre. Assim foram sempre as
assembleias e os bailes.
Virei minha cabeça, tentando encontrar Eve. Mas a cadeira em que ela
estava antes estava vazia.
Eu examinei a sala, mas não consegui vê-la em lugar nenhum.
Capítulo 8
TRATAMENTO ESPECIAL
Dia de Natal, 1516
Londres
Angeline
Reyna: Ela nunca vai acreditar, Anya Anya: então diga que eu
tinha que ir buscar absorventes íntimos Reyna: Não
Anya: ou então minha vida social vai acabar Reyna: Você não tem
vida social Anya: vindo de você?!?!
Anya: desculpa
Anya: qual é
Anya: olha, é muito importante pra mim, não são apenas os alunos
do ensino médio que estarão lá Anya: é nesta casa de idosos e
seus primos com o zack Anya: você conhece zack, o lobo beta
Anya: é uma festa VIP!!!
Anya: talvez
Anya: O DELTA
Anya: EU SABIA
Anya: EU SABIA
Reyna: Eu não
Anya: com certeza ele estará lá Reyna: Não me importo. Não vou
Reyna: Pare de me mandar mensagens Eu estava prestes a rastejar
para a cama, quando ouvi passos saindo de um quarto e descendo as
escadas. Eles eram muito claros para pertencerem a Martin. Eu encolhi
os ombros. Talvez uma das meninas estivesse com fome.
Então, ouvi o som da porta da frente se abrindo. E fechando.
Jesus. Isso exigiria que eu fizesse alguma coisa. E eu não estava com
vontade de fazer nada.
Antes que eu pudesse terminar de vestir minha calça jeans, ouvi um
conjunto diferente de passos emergir de um quarto e descer correndo as
escadas. A porta da frente se abriu novamente e depois se fechou.
Coloquei minhas botas e saí do meu quarto, meu nível de
aborrecimento crescendo a cada segundo.
Abri a porta da frente e vi as duas adolescentes paradas no quarteirão,
tendo algum tipo de discussão.
Eu sorri. Eles não conseguiam nem mesmo concordar com o
protocolo de fuga.
Eu fui até elas, que não me viram chegando.
— Admita. Você gosta dele. Essa é a única razão pela qual você está
aqui.
— Eu não gosto dele, Anya. Para.
— Então, por que você veio? Você nunca vai a festas.
— Eu só precisava sair de casa, ok? A Eve me dá arrepios.
— Eu? — Eu perguntei, e as duas pularam.
— Por que você está, tipo, nos perseguindo?! — Anya indagou, com as
mãos nos quadris.
— Vocês entendem que uma festa de escola significa nenhuma
supervisão, toneladas de adolescentes, álcool e drogas à vontade? — Eu
perguntei. Então, me odiei por perguntar isso.
Eu não tinha nada contra festas ou crianças se divertindo. Eu não era
controladora.
— Sim, nós sabemos. — Anya sorriu para mim. Como se eu fosse uma
mãe controladora.
— Ok, Anya. Então, o que acontece se você for à festa, um garoto
bonito lhe oferecer uma bebida e você ficar bêbada? E o menino bonito,
ele sabe sobre você. Ele sabe quem era sua mãe. Ele decide se livrar de
você, então há um Morgan a menos guardando a fortuna.
Os olhos de Anya se arregalaram.
Eu me virei para Reyna. — E você, eu não acho que um garoto poderia
te enganar. Mas não acho que você seja forte o suficiente para se
controlar. Você está em um lugar estranho, andando por aí, observando
as crianças idiotas ao seu redor. Uma mão puxa você para uma sala. São
três homens, três lobos desonestos, e eles sentiram seu cheiro quando
você entrou no ambiente.
Reyna cruzou os braços.
— Você acha que pode nos assustar para que não tenhamos vidas
normais? Somos adolescentes.
Você não pode nos manter trancadas.
— Reyna, talvez devêssemos voltar, — disse Anya, com o lábio
tremendo.
— Não Eu não vou deixar uma mulher qualquer entrar na minha vida
e mandar em mim!
— Não me importo se estamos em perigo. E daí? Estamos sempre em
perigo! Podemos ser atropelados por um carro qualquer dia! Isso faz
parte de estar vivo.
— Você realmente quer ir a esta festa? — eu imaginei, olhando para a
garota Morgan mais velha.
Seus braços podiam estar cruzados, mas ela não parecia tão gótica
como de costume. Ela tinha menos delineador em volta dos olhos e
estava usando uma blusa branca por baixo da jaqueta, não preta.
— Eu não me importo com a festa. E o princípio.
Seus olhos estavam ferozes e sua mandíbula travada.
Isso era definitivamente sobre a festa.
Minha curiosidade estava levando o melhor de mim. Eu precisava
saber por que ela estava tão determinada a ir. — Tudo bem, — eu disse a
elas. — Vocês podem ir. Mas, vou com vocês.
Reyna
Corri minha mão pelo meu cabelo quando chegamos à porta da frente
da casa.
Era a festa de uma garota que Anya conheceu na escola. Eu acho que
ela era uma veterana.
Eu nunca tinha ido a nenhuma festa quando estávamos na nossa
antiga escola, não que fosse convidada para muitas.
Mas Anya disse que um bando de Lobos do Milênio estaria aqui. E eu
estava... curiosa.
Não que eu fosse obcecada por eles, como os outros adolescentes.
Eu não me importava com celebridades, nem nada. Mas, aquele com
quem conversei no jantar... Jed... ele foi legal. Mais frio do que a maioria
dos caras da minha idade, de qualquer forma.
— Você vai bater ou apenas ficar aí parada? — Anya explodiu.
Revirei os olhos para ela e bati na porta. Poucos segundos depois, ela
abriu e tudo que eu podia ver eram pessoas.
Para onde quer que eu olhasse, havia uma multidão de adolescentes. E
cada um deles segurava um copo de plástico vermelho.
Parecia exatamente como eu imaginei que seria. E eu odiei.
— Ok, talvez você estivesse certa. Talvez não devêssemos estar aqui,
— eu disse a Eve, tentando passar por ela. Mas ela ergueu a mão, me
parando.
— Muito tarde. Anya já está lá dentro. — Ela encolheu os ombros.
Olhei ao meu lado, onde Anya estivera cinco segundos atrás, mas
estava vazio. — Não posso deixar você andando sozinha para casa tão
tarde.
Eu olhei para dentro da festa. Ainda parecia terrível.
— Não se preocupe, — ouvi Eve dizer atrás de mim. — Não é tão ruim
quanto parece.
Eu respirei fundo e entrei.
Assim que fechamos a porta, a música estridente abafou tudo, minha
hesitação, meus pensamentos.
Eu assisti enquanto Eve serpenteava seu caminho através da multidão,
indo para a cozinha. Eu a segui e pude ver cada cara que ela passou
olhando para ela.
Ela era tão linda e parecia não se importar com isso.
Tipo, eu não acho que já a vi colocar maquiagem ou fazer qualquer
coisa no cabelo. E ela estava sempre vestindo jeans pretos surrados e
velhas botas de combate, como se ela fosse uma hipster brava, ou algo
assim.
Mas, o que eu sei? Eu era apenas a garota emo.
Assim que entramos na cozinha, senti uma mão agarrar meu cotovelo.
Eu me virei e lá estava ele. Jed. Droga, ele era fofo.
— Ei, você veio. — Ele sorriu para mim.
— Sim, minha irmã me contou sobre a festa. O que mais eu tinha pra
fazer em uma quinta-feira?
— Bem, estou feliz que você esteja aqui. Posso pegar uma bebida para
você?
As palavras de Eve tocaram em meus ouvidos, que cada pessoa era
uma ameaça em potencial, que as bebidas poderiam nos levar à morte.
Mas Jed era um Lobo do Milênio. Seu dever era proteger as pessoas.
Para ter certeza de que tudo estava bem.
E, além disso, o jeito que ele estava sorrindo para mim, o jeito que
seus olhos verdes estavam brilhando... Eu não acho que poderia ter dito
não, mesmo se quisesse.
Eve
Três anos se passaram desde que minha filha foi tirada de mim. Desde
que Barron Von Logia a roubou de meus braços.
Depois daquele dia, eu estava diferente.
Eu não era a Angeline que fui durante toda a minha vida.
A inocente Angeline, a pura Angeline... ela se foi.
Em seu lugar estava Evangeline Knox.
Eve Knox.
E ela não iria parar por nada para ter sua filha de volta.
Eve
Reyna: Tem algo estranho aqui Eve: O que você quer dizer?
Reyna: Na escola
Eve: Reyna?
Eve: Alô?
Eve: REYNA?
Eu estava ficando nervosa.
Pense, Eve
Comecei a digitar um novo texto.
Eve: Anya? Onde você está?
Anya: na aula
Anya: do que você está falando Eve: Reyna disse que estava com
problemas.
Eve: Agora.
Anya: e ela deveria estar nos protegendo Reyna: Acho que ela fez
sua parte em nos proteger Reyna: De qualquer forma, é a
temporada de acasalamento Anya: eca... eu, então não quero
pensar nela fazendo isso Reyna: Ok, puritana
Anya: você é aquela que ainda nem beijou o Jed Reyna: Vá para
o inferno
Raphael olhou para mim. hipnotizado. — Então você cuidou dele todo
esse tempo?
Assenti. — Killian era uma criança tranquila.
— Então, tudo o que você tem feito em toda a sua vida é cuidar de
outras pessoas, — Raphael presumiu, balançando a cabeça para mim,
maravilhado.
Antes que eu pudesse responder, a porta da enfermaria se abriu.
— Ele está acordado, — Daisy anunciou, e eu pulei para dentro.
— Killian, — eu disse, correndo até ele.
Comecei a escanear seu rosto, observando os hematomas, o inchaço,
os cortes que estavam lentamente começando a cicatrizar.
— Como você está? — Eu perguntei.
— Já estive melhor, — ele respondeu, e sorriu, o mesmo sorriso que eu
via desde que ele era criança.
— Eu preciso de algo de você, Kil, — eu disse, puxando uma cadeira
para sua cama.
Sentei-me, olhando diretamente em seus olhos. — Eu preciso que
você me diga tudo que você lembra. Cada detalhe do que aconteceu.
Ele assentiu. — Há algumas semanas, recebi uma denúncia anônima
de que Snow estava viva... que estava escondida em algum lugar do Polo
Norte. Eu não queria te dar esperança sem verificar primeiro. Então,
peguei o primeiro voo.
— O Polo Norte, — ouvi Raphael dizer atrás de mim. — Por que lá?
— E a região mais perigosa do mundo, — eu disse, lembrando o que
Ganda tinha me ensinado antes do meu ritual de vampiro todos aqueles
anos atrás. — E a única região onde a magia não pode ser controlada.
Apenas as espécies mais poderosas se atrevem a pisar lá.
— Faz sentido agora, — Killian respondeu com outra risada, mas eu o
vi estremecer com o movimento.
— Então, você foi para o Polo Norte.
— Eu fiz. Fiquei alguns dias lá, em uma pequena aldeia. Apenas
olhando ao redor, perguntando ao redor. Eu estava em um pub uma
noite. Um homem veio até mim e perguntou quem eu era. O que eu
estava fazendo lá. Eu disse a ele, perguntei se ele tinha ouvido falar de
Snow...
— Killian.
— Eu sei, eu sei. Mas pensei, o Polo Norte, a neve... Se ele não
soubesse de quem eu estava falando, ele teria apenas presumido que eu
era um bêbado tentando fazer uma piada sobre o tempo.
— Quem era o homem? Barron?
Killian balançou a cabeça. — Brett Whitethorn. Ele me nocauteou, eu
acho. Eu realmente não me lembro. Acordei e estava em outro lugar
totalmente diferente. Alguma cela escura, com barras de metal ao nosso
redor.
— Nós, — repeti. — Ela estava lá?
— Ela estava lá, — ele repetiu, olhando diretamente para mim. — Ela
se parecia com você, Eve. Mas loira. Não tive tempo de falar muito com
ela, pois o Barron... ele veio e me puxou da cela. Whitethorn me bateu
por um tempo e Barron observou. Então, eu acordei aqui.
Sua voz estava ficando mais rouca a cada segundo e, quando ele
terminou de falar, começou a tossir. Seu corpo inteiro tremia com a
tosse, e observei Daisy correr até ele.
— Ele precisa descansar, — ela nos disse, e assentimos, levantando-
nos.
Quando estávamos fora da enfermaria, me virei para Raphael. — É a
hora. Eu tenho que ir agora.
— Onde?
— Para o Polo Norte.
— Você está louca? Você não pode simplesmente ir lá sem um plano,
Eve.
— Não se atreva ame chamar de louca. Whitethorn está lá, e Barron está
lá. Minha filha está lá.
Nós sabemos que ela está lá! Não posso ficar aqui sabendo que ela está
em alguma cela.
— Olá, lembra de mim? — Virei-me para ver Llinos do outro lado do
corredor, lixando uma de suas longas unhas pretas.
— Você! — Eu disse, me aproximando dela. — Você vai me levar para
o Polo Norte agora — Claro, vamos.
Bem, isso foi fácil.
Eu balancei a cabeça, Então, ouvi a voz de Reyna atrás de mim. — Eve?
Eu me virei para vê-la, olhando entre Llinos, Raphael e eu.
Provavelmente parecíamos o trio mais estranho que ela já tinha visto.
— O que foi? — Eu perguntei, caminhando em sua direção.
— Há mais... há mais Whitethorns vindo atrás de nós? — ela
perguntou.
— Há mais um. Mas vou acabar com ele agora mesmo.
— Você está nos deixando aqui sozinhos?
Suspirei. — Olha, Reyna. Aqui está o que vamos fazer. Vou criar um
canal entre nós para que possamos falar uma com o outra
telepaticamente quando precisarmos. Tudo bem? Qualquer sinal de
perigo, você me chama. Vou buscá-la onde quer que esteja. Agora olhe
nos meus olhos, — eu disse a ela.
Eu coloquei minhas mãos em seus ombros, travando os olhos com ela,
e então entrei em sua mente.
Abrir canais telepáticos às vezes era fácil e às vezes muito mais
complicado. Dependia do tipo de mente em que eu estava entrando.
Mentes humanas eram as mais fáceis de acessar.
Eles não possuíam nenhuma magia, então não havia padrões
psíquicos complexos com os quais se preocupar.
Eu esperava entrar e sair de sua psique em segundos.
Mas, assim que entrei na mente de Reyna, percebi que algo estava
errado.
Ela não tinha os cilindros abertos que eu esperava. O padrão de sua
estrutura era muito mais detalhado.
Era uma bagunça de diferentes formas e fios, indicando que ela era
um híbrido.
Tipo, um híbrido de duas espécies.
Tipo, não um humano.
O quê?
Isso não pode ser. Killian tinha passado pela linha de sangue
diligentemente. Os Morgan eram todos humanos.
Mas, enquanto eu passava pela psique de Reyna, usando mais energia
do que eu esperava, eu sabia que o que estava vendo era certo.
A garota não era humana. Ela era algo totalmente diferente. E me
lembrei do motivo pelo qual vim proteger essas garotas — o motivo pelo
qual sua linhagem era tão importante para mim.
Eu estava aprendendo mais sobre essa conexão a cada dia. Mas eu não
tinha tempo para meditar sobre isso agora.
— Pronto, — eu disse, respirando com dificuldade, enquanto soltava
seus ombros. O canal foi feito.
Reyna acenou com a cabeça. — Mas, e quanto a Anya?
— Fiquem juntas enquanto eu estiver fora, ok? Fiquem de olho uma
na outra.
Reyna acenou com a cabeça.
— Você vai se sair bem.
Ela acenou com a cabeça novamente. Sem dizer adeus — eu odiava
dizer adeus — voltei para Llinos e Raphael. — Preparados? — Eu
perguntei.
— Sempre que você estiver, — respondeu Llinos.
— Sim, — Raphael confirmou.
— Oh, o menino bonito vai conosco? — Llinos perguntou, olhando
diretamente para Raphael. Eu não pude deixar de rir quando Raphael
acenou com a cabeça.
— O menino bonito vai sim, — disse ele, agarrando minha mão.
— Bem, então, — Llinos começou, pegando nossas mãos, — vamos
para o Polo Norte.
Capítulo 28
CHEGANDO
27 de dezembro de 2018
Polo Norte
Eve
Killian: Talvez...
Eve: Suponho
Raphael
Eram dez da noite quando verifiquei Snow pela terceira vez em menos
de quinze minutos.
Ela estava dormindo profundamente em sua cama. Sua respiração
estava suave e calma.
Eu não poderia perder Snow de vista, mas, ao mesmo tempo, não
conseguia observá-la a cada segundo acordada.
Razão pela qual fiquei aliviada por ela parecer estar em um sono
profundo.
Eu me torturei o dia todo pensando na possível tendência de Snow
para o assassinato.
Foi ainda mais difícil evitar o Raphael, que estava investigando os
próprios assassinatos que nossa filha pode ter cometido.
Dentro do nosso quarto, fechei a porta atrás de mim e vi Raphael me
olhando avidamente.
— Alguma pista sobre os assassinatos? — Eu perguntei, tentando
manter meu tom enquanto me sentava na cama.
— Nenhum, — disse ele, parecendo frustrado. — Não passa de becos
sem saída.
Meu coração afundou. Eu esperava que ele tivesse descoberto algo que
provasse que não havia como ser Snow.
E por falar em Snow, precisava ver como ela estava novamente.
Quando me levantei, Raphael me agarrou pelo pulso e me puxou para
seu colo. — Aonde você está indo? — ele perguntou com um rosnado que
me deixou molhada.
De repente, ele me virou bruscamente de modo que minhas costas
foram pressionadas contra seu peito. Ele me segurou com um braço em
volta da minha cintura e tocou minha virilha através do meu robe aberto
com a outra mão.
— Hoje foi estressante. Eu preciso relaxar, — ele disse, sussurrando
em meu ouvido.
Inclinei minha cabeça para trás para alcançar seus lábios e nos
beijamos longa e profundamente. Sua outra mão puxou minha calcinha
para que ele pudesse enfiar seus dedos dentro de mim, seu corpo me
apoiando enquanto meus joelhos enfraqueciam.
— Curve-se, — ele ordenou.
Meu corpo inteiro formigou com seu toque e um sentimento familiar
tomou conta de mim.
Eu o queria mais do que tudo.
Havia um fogo dentro de mim.
E só meu companheiro poderia apagá-lo.
E foi isso...
A Bruma?
Isso era impossível. A temporada da Bruma já havia acabado.
Eu não tive tempo para trabalhar com a lógica quando senti o pau de
Raphael deslizar por baixo do robe. Estremeci enquanto sentia em meus
lábios.
Eu queria que ele acalmasse meu calor.
Eu queria que ele saciasse meus desejos.
Eu queria que ele me fodesse pra caralho.
Suavemente, lentamente, ele penetrou em mim. Eu me pressionei
nele, e ele empurrou tão profundamente que meus olhos lacrimejaram.
Para cima e para baixo, ele empurrava, mais e mais, fodendo cada
pensamento racional da minha cabeça.
Tudo o que senti foi a Bruma.
Conforme Raphael me preenchia, parecia que eu nunca ficaria
satisfeita.
Eu queria mais.
Eu precisava de mais.
Ele grunhiu quando coloquei minhas mãos em suas pernas e comecei
a bombear meu corpo rápido e forte.
— Puta merda! Isso é incrível pra caralho, — ele disse, sua voz cheia de
êxtase.
Ele não estava errado. O prazer era quase insuportável.
Foi tão bom que esqueci que tudo mais existia.
Eu tinha esquecido que havia algo importante que eu deveria fazer...
Alguém que eu deveria assistir...
Reyna
Anya não estava brincando sobre toda a Lumen High estar sob nosso
teto. Empurrei a cozinha lotada, tentando alcançar Anya do outro lado.
— Oi, mana! Eu fiz uma bebida para você — ela gritou, um pouco
embriagada.
Quando consegui alcançá-la, peguei a bebida e tomei em um gole só.
— Obrigado, eu precisava disso.
Notei um garoto alto e magro com cabelos loiros ondulados me
olhando do outro lado da ilha da cozinha. Ele me deu uma piscadela
enquanto mostrava uma dentição perfeita.
— Sirva-me outra, — eu disse, sentindo-me subitamente nervosa.
Na verdade, havia muitos garotos bonitos nesta festa. E por algum
motivo, todos pareciam interessados em mim.
— Vá falar com ele, — disse Anya, me cutucando. Nada escapou de
seus olhos de águia. Ela pode não ter o gene do vampiro como eu, mas
ela definitivamente tinha seus próprios poderes.
— Ele é tipo nosso melhor jogador de basquete, — Anya me disse
enquanto eu bebia minha segunda bebida.
— Ugh, jogadores adolescentes de basquete lobo são tão clichê, —
respondi, recostando-me no balcão. — Me arranja um lobisomem que
possa recitar poesia ou tocar um instrumento.
Anya me olhou fixamente. — Às vezes eu acho que você está além de
qualquer ajuda, Rey.
Eu olhei de volta para o menino. Eu tinha que admitir... ele era
gostoso pra caralho.
Eu apertei meus olhos quando notei algo fora da janela atrás dele.
Ou melhor... alguém.
Não pode ser.
Corri até a janela e olhei para fora, na porta da frente, mas estava
vazia.
Eu estava vendo coisas?
Ou foi isso...
Snow?
Capítulo 4
NÃO CONVIDADO
Reyna
Jed: não, sério, mas você tem sorte de ser humano Jed: toda essa
merda de neblina não afeta você Reyna: Sim...
Eve jogou seu anel no ar. — DE NOVO! — ela gritou comigo quando
se transformou em uma foice.
Eu deslizei e o peguei antes que batesse no chão, balançando-o e
partindo um boneco de treinamento ao meio.
Finalmente, eu estava fazendo algum progresso real.
— Bom, — Eve disse, examinando o manequim desmembrado. — Mas
você pode fazer melhor.
Não havia como agradá-la. Sempre.
— Eu quero que você tente jogar a lâmina e acertar seu alvo à
distância, — Eve disse, montando um novo manequim.
— Você quer que eu jogue essa coisa? — Eu perguntei, pasmo. — Eu
mal consigo pegar! E praticamente do tamanho de Anya!
— Você não pode decidir o quão confortável ficará em combate, —
Eve disse, cutucando minhas costas e ombros, me posicionando.
O suor escorria pela minha testa enquanto eu tentava manter o
equilíbrio e segurar a foice de Eve ao mesmo tempo.
Eu balancei a foice com todas as minhas forças e ela voou
descontroladamente na direção errada, direto para...
— SNOW! — Eve gritou quando Snow entrou no ringue de
treinamento. A foice foi apontada diretamente para ela.
Ela nem mesmo piscou enquanto acenava com o braço e a foice
mudou de trajetória, decapitando três bonecos de treinamento em vez
disso.
Eve e eu nos olhamos com olhos arregalados. Snow estava ficando
cada vez mais forte a cada dia.
Ela correu até nós e começou a pular para cima e para baixo, como se
ela tivesse que fazer xixi. Ela estava apontando freneticamente para a
porta.
— Jed! Jed! — ela gritou.
— Jed está aqui? — Eu perguntei. Boa. Porque eu queria dar a ele um
pedaço da minha mente por ignorar minhas preocupações anteriores.
Ela começou a sacudir a cabeça. — Jed! Ajuda!
O medo em seus olhos disse tudo. — Jed está em perigo?
Ela assentiu enfaticamente.
— Você sabe onde ele está? — Eve perguntou.
— Me sigam! — Snow disse ao saltar do ringue.
A margem lamacenta do rio estava cheia de pegadas de botas, mas o
próprio rio estava cheio de galhos quebrados.
Eu estava ficando doente. Parecia que todo o time havia sido
dilacerado.
— Jed... — Eu murmurei baixinho, lágrimas se formando em meus
olhos. Snow puxou minha manga e balançou a cabeça.
— Jed! — ela apontou para baixo.
— Ele está aí embaixo? — Eu perguntei esperançosamente. Ela acenou
com a cabeça — sim.
Antes que Eve pudesse detê-la, Snow entrou na água ensanguentada.
— Snow, volte aqui AGORA! — Eve gritou.
Snow começou a brilhar com uma luz branca enquanto ela
desaparecia sob a superfície.
Eva imediatamente mergulhou e eu a segui.
Não houve tempo para fazer perguntas como, por que sua filha é uma
radiestesia para sirenas monstruosas e malvadas?
Seguimos a luz de Snow enquanto mergulhávamos cada vez mais
fundo. Eu rapidamente percebi que não seria capaz de prender a
respiração e comecei a entrar em pânico.
Eu esperava que a água enchesse meus pulmões, me afogando até
minha visão escurecer e minha vida desaparecer, mas...
A voz de Eve ecoou em minha cabeça.
RESPIRO!
De repente, parei de lutar.
Eve lançou algum tipo de encantamento em mim que me permitiu
respirar debaixo d'água.
Hora de ficar selvagem, eu acho.
A neve nos levou para baixo de uma formação de rochas que se
transformou em um túnel subaquático. No final, nos levantamos até que
nossas cabeças emergiram da superfície. Olhamos ao redor e nos
encontramos em uma caverna.
Uma esfera brilhante iluminou as paredes de rocha cobertas de cristal,
mas não foi só isso que iluminou...
Jed!
Ele parecia completamente exausto. Ele estava amarrado por raízes e
rodeado por três mulheres parecidas com peixes que imediatamente
identifiquei como sirenas.
Uma com cabelo dourado estava curvado, sua boca aberta indo direto
para a enorme e ingurgitada...
Oh.
Meu.
Deus.
Jed me viu e seus olhos se arregalaram. — REYNA!
Todas as três sirenas instantaneamente giraram e assobiaram para
nós.
— O orbe! — Jed gritou. — Quebre o orbe! Isso está as tornando mais
fortes!
Eve pulou para fora da água, angulando para o orbe, mas a sirena
maior se lançou no ar e bateu em Eve com sua barbatana caudal,
fazendo-a voar contra a parede rochosa.
Eve se recuperou rapidamente. — Você deve ser a Mãe, — disse ela,
olhando para a sirena.
— Sim, e farei qualquer coisa para proteger minha prole, — ela
rosnou.
— Eu também, — Eve disse, materializando sua foice e
instantaneamente cortando a velha vaca do mar ao meio.
A parte superior do corpo dela se debateu por um momento antes de
parar.
As duas sirenas mais jovens gritaram de agonia e mostraram seus
dentes afiados. Suas bocas pareciam picadores de madeira.
Espero que eles saibam que não devem usar os dentes fazendo um boquete.
Uma delas se lançou contra mim e agarrou meu cabelo, puxando-me
para baixo d'água. Eve mergulhou atrás de mim e chutou a sirena para
longe. Lutamos enquanto as duas sirenas se enrolavam em nós,
contraindo nossos corpos e tentando quebrar nossos ossos.
De repente, elas nos soltaram e dispararam para a superfície. Nós as
seguimos e, quando emergimos, elas estavam rastejando nas rochas,
murchas e feias.
O cabelo delas embranqueceu. A pele delas enrugou. Elas estavam
secando e se sufocando, se debatendo na caverna como dois peixes
fisgados.
Eu olhei para ver Snow, segurando um orbe rachado e crepitante.
Boa menina.
Reyna: Eu meio que quero falar sobre algo Jed: cara, isso parece
HORRÍVEL
Jed: e isso vem de alguém que quase foi comido por sirenas Jed:
sim, estou bem afim de hambúrgueres ou algo assim mais tarde
Jed: está tudo bem?
Reyna estava ficando cada vez melhor nas partes físicas do nosso
treinamento.
Táticas defensivas.
Empunhando armas.
Combate mano-a-mano.
Mas uma área em que ela ainda precisava de muito trabalho era sua
resistência mental.
Como uma vampira, ela precisaria ter uma mente especialmente forte
para lidar com o estilo de vida que seria forçada a abraçar.
Sentamos frente a frente em uma sala silenciosa, com os olhos
fechados e as pernas cruzadas.
— Fique focada, — eu disse. — A meditação é uma grande parte do
aprendizado do controle sobre sua mente.
Reyna se inquietou e respirou pesadamente. Estava claro que ela não
estava no controle.
Algo a estava incomodando.
— O que está acontecendo? — Eu perguntei. Eu não queria bancar a
terapeuta, mas o que quer que fosse o problema dela, estava
atrapalhando nossa sessão de treinamento.
— Nada, — ela respondeu em um tom curto. — Pare de falar. Você
está me distraindo.
— Controle suas emoções Reyna. Outros vão usá-los contra você.
— Oh meu Deus, EVE. Como posso meditar quando você está
gritando no meu ouvido? — ela disse irritada.
Bem, eu tentei ser legal. Isso foi um erro. Não tenho tempo para ser a
droga do Sigmund Freud.
Se Reyna não fosse se abrir, eu simplesmente teria que obter respostas
de outra maneira.
O jeito dos vampiros
Entrei na mente de Reyna e, como eu esperava, ela não estava nem
perto de focada o suficiente para me bloquear. Demorou apenas um
momento para descobrir o que a estava incomodando tanto...
Eu abri meus olhos e levantei. — Seu pai fez O QUÊ!?
Raphael bateu repetidamente na porta da frente do Morgan enquanto
esperávamos impacientemente.
Finalmente, a porta se abriu. Lá estava ela em toda a sua perfeição
plastificada, exatamente como Reyna havia descrito.
A nova Sra. Morgan.
Ela quase parecia que estava nos esperando.
— Você deve ser Eve! — ela disse alegremente, nos puxando pela
porta. — Martin me falou muito sobre você.
— Engraçado, porque não sabemos nada sobre você, — eu disse,
lançando um olhar para Raphael.
Assim que descobri que Martin havia trazido um estranho para
Lumen, contei a Raphael, e ambos concordamos que ela precisava ser
verificada.
— E é uma honra ter o Alfa do Milênio em minha casa, — ela disse.
Ela está aqui há vinte e quatro horas e este lugar já é dela, hein?
— Martin! Temos convidados! — Blaire gritou escada acima.
Parecia que quase toda a casa já havia sido redecorada. Esta mulher se
moveu rápido.
Acho que ela se casou em um cruzeiro, afinal...
Mas eu tinha que admitir, a decoração era de bom gosto. A casa com
certeza parecia melhor do que antes.
Martin desceu as escadas vestindo jeans desbotados e uma camisa de
botão cor salmão. Ele parecia afiado. Mais nítido do que eu já o vi.
— Bem-vindos! — ele disse, apertando a mão de Raphael e me dando
um abraço. — O que você acha da nova casa? Blaire tem jeito para
decorar.
E provavelmente em gastos também.
— Tudo o que posso dizer é... uau, — eu disse, com sinceridade.
Martin nos conduziu para a sala e nos sentamos. — Vou pegar um chá,
— disse Blaire, deixando nós três sozinhos.
Raphael pigarreou sem jeito.
A família de Martin tinha sido uma grande ajuda financeira para
Lumen e a Manada da Costa Oeste, mas trazer um estranho para esta
casa, depois de tudo que passamos, era simplesmente inseguro.
Precisávamos ter certeza de que Martin entendia o que estava
arriscando.
Apesar de que olhando como ele estava feliz... talvez tenha valido a
pena?
— Você sabe por que estamos aqui? — Raphael perguntou
rispidamente.
— Para recuperar o atraso? — Martin respondeu, sem noção, como de
costume.
— Martin... há questões de segurança... protocolos adequados que
devem ser seguidos, — Raphael disse quando o rosto de Martin começou
a cair.
— Espere, isso é sobre Blaire? Você não a quer aqui?
— Não, Martin, ela parece ótima, — eu disse, embora a conhecesse
tanto quanto conhecia o novo vaso de planta no canto. — Só queremos
ter certeza de que você está pensando em todos os lados disso.
— Se bem me lembro, Eve, não faz muito tempo que você veio para
esta cidade, com a intenção de matar Raphael, e você foi recebida sob
meu teto com muitas poucas perguntas feitas, — Martin disse com
surpreendente confiança.
Eu estava sem palavras. Nunca esperei que Martin, de todas as
pessoas, se defendesse por si mesmo.
Para piorar as coisas, ele não estava errado.
— Martin, você tem que admitir que esta parece uma decisão
precipitada e que você não ponderou bem, — Raphael disse, tentando
colocar nossa intervenção de volta nos trilhos. — Como você pode estar
apaixonado por alguém que conheceu em um cruzeiro?
— Numa boa, Raphael, mas eu não acho que vou aceitar conselhos
amorosos vindos de você, — Martin retrucou. — Como um Alfa, você
fodeu com milhares de mulheres antes de ficar junto com Eve. Talvez
dezenas de milhares. Você está muito velho. — Ele se inclinou para trás e
cruzou as pernas.
O queixo de Raphael caiu. Eu não acho que alguém já tinha falado
com ele assim, muito menos este humano desmazelado de meia-idade.
Os cabelos da minha nuca se arrepiaram. Eu não gostava de lembretes
da história sexual de Raphael.
— Em resumo, eu dou quantias ridículas de dinheiro a este bando
para mantê-lo funcionando, — disse Martin. — Eu acho que posso tomar
minha própria decisão quando se trata de minha esposa ou se você
preferir, companheira.
Raphael e eu olhamos um para o outro em total perplexidade.
Se essa mulher inspirava tanta confiança em Martin, talvez ela não
fosse tão ruim, afinal.
Jed: não tenho certeza por que você está me perguntando, tbh
Jed: você não tem uma irmã para esse tipo de perguntas Reyna:
Droga, desculpe incomodá-lo, eu acho Jed: Eu simplesmente não
entendo por que você me pede conselhos sobre um encontro
Jed: tanto faz
Jed: divirta-se
Eu não tinha certeza do motivo pelo qual Jed estava sendo tão
cauteloso comigo. E daí se eu estivesse pedindo a ele conselhos sobre
encontros?
Nós éramos amigos.
Isso era o que amigos faziam.
De jeito nenhum ele estava com ciúmes de eu ficar com outro garoto,
certo? Quero dizer, ele não tinha se mexido desde o Baile de Inverno e
isso foi há muito tempo.
Seja como for, vou culpar a Bruma.
Mas uma coisa que eu não podia culpar na Bruma era um péssimo
senso de moda, então é melhor eu encontrar a roupa perfeita ou estaria
ferrada.
Eve
Minhas asas explodiram nas minhas costas quando pulei para fora da
janela e deslizei para o gramado queimado abaixo.
Bati minhas asas contra as chamas até que tudo o que restou foram as
brasas fumegantes.
Eu estava furiosa, meu corpo inteiro tremendo, minha visão vermelha.
Eu não dou a mínima para os danos materiais ou o cheiro de fumaça...
Foi o que foi escrito, queimado no chão, que me deixou tão irada.
HÍBRIDA SUJA
Quem escreveu isso estava falando sobre Snow.
Ela era única vampira, lobisomem e feiticeira, tudo em um pacote.
Mas isso a tomava especial ~, não algum tipo de aberração. Ver esse
ataque pessoal à minha própria filha me abalou de uma maneira que eu
não pensei que fosse possível.
Raphael se juntou a mim ao meu lado e colocou a mão no meu
ombro.
— Nós vamos descobrir quem fez isso, — ele rosnou.
— E eles vão pagar, porra.
— Isso foi uma ameaça, — eu disse em voz baixa. — Tá claro e
simples.
— Você acha que foi alguém que odeia a mistura de espécies
sobrenaturais? — Raphael perguntou. — Que tipo de babaca ignorante
seria tão odioso?
— Há mais coisas lá fora do que você pensa, — eu respondi
estoicamente.
Eu também era um híbrido. Sempre foi difícil para mim assimilar
qualquer grupo. Sempre fui tratada com suspeita e desconfiança.
Eu não queria que minha filha tivesse que experimentar a mesma
mente fechada.
— Eu vou encontrar o idiota que fez isso, — eu disse com raiva. — E
eu vou acabar com ele, porra.
Reyna
Quando parei na garagem, ainda feliz por causa do meu encontro com
Derek, fui rudemente lembrada da única coisa que realmente poderia
arruinar minha noite.
Blaire.
Ela estava andando ao redor do perímetro da casa em um roupão de
seda acanhado, murmurando algo sob sua respiração.
Mas que droga ela está fazendo?
Desliguei meu jipe e dei a volta pela lateral da casa para investigar.
Ela estava de costas para mim e eu não conseguia entender o que ela
estava dizendo.
Quase soou como... outro idioma?
Ela estava falando mais rápido do que o normal e seus braços estavam
erguidos para o céu.
— Você disse Ambien? — Eu perguntei, só meio brincando.
Blaire praticamente pulou fora do seu robe enquanto se virava,
embora seus implantes mamários permanecessem imóveis.
— Oh meu Deus, Reyna! Você me assustou, — ela disse com uma
risada nervosa. — O que você está fazendo aqui?
— O que você está fazendo aqui? — Eu respondi de volta. — Você está
andando pela casa de camisola falando sozinha.
— Oh, eu devo parecer uma maluca, — ela disse, endireitando seu
robe. — Você me pegou...
— Pegou você fazendo o quê? — Eu perguntei defensivamente.
— Rezando! — ela disse com entusiasmo. — Gosto de abençoar uma
nova casa quando me mudar. Sabe, como a Marie Kondo?
Oh Deus, ela é ainda mais estranha do que eu pensava.
— Ok, continue, — eu disse, ainda olhando para ela com
desconfiança.
Algo sobre Blaire ainda parecia estranho para mim...
Mas se ela quisesse andar pela casa orando, ela era mais do que bem-
vinda.
Ela precisaria de uma ajudinha do céu...
Porque eu ia fazer da vida dela um inferno.
Eve
Raphael estava trabalhando até tarde em seu escritório. Por mais que
quisesse evitar nossos problemas, sabia que só precisava me desculpar de
uma vez.
Ele estava certo e eu errada.
Eu odiava admitir isso. Especialmente porque geralmente era o
contrário.
Mas eu estava pronta para engolir meu orgulho.
Quando me aproximei da porta de seu escritório, uma estranha onda
de desejo sexual me inundou. Não era apenas meu orgulho que eu estava
pensando em engolir...
Que diabos? Era esta a Bruma? A Bruma normalmente não me afetava
assim...
Quando empurrei as portas, Raphael olhou para mim. Havia desejo
em seus olhos também.
— Eu... eu vim me desculpar, — eu disse, tentando evitar seu olhar. —
Eu não quis dizer o que disse...
— Eu sei por que você disse isso, — respondeu ele. — Você só queria
proteger Snow.
— Sim, mas você também, e eu deveria ter visto isso, — eu disse,
sentando na beirada de sua mesa. — Só porque você quer proteger
Lumen não significa que você não tenha os melhores desejos para nossa
filha no coração.
Raphael afrouxou o colarinho. Ele estava suando. Ele deve estar
sentindo a mesma coisa que eu. Era estranho tentar fazer um pedido de
desculpas quando tudo em que você conseguia pensar era em foder.
Mudei-me da mesa para o colo de Raphael e quando me sentei, pude
sentir seu pau já ereto encostando de mim. — Então, estamos bem? — Eu
perguntei, meu dedo acariciando seu queixo.
— Nós somos bons como ouro, — ele rosnou, agarrando minha
cintura.
Só assim, estávamos lambendo, beliscando, mordendo um ao outro
com desejo insaciável.
Eu montei nele e me contorci na protuberância em suas calças
enquanto nossas línguas se entrelaçavam.
Minha visão estava começando a ficar embaçada. Meus quadris doíam.
Eu estava quase me sentindo febril, eu o queria tanto.
Raphael me pegou e me virou, me curvando sobre sua mesa. Ele
puxou minha calcinha para baixo e pressionou seu pau contra mim, a
glande esfregando tortuosamente nos lábios da minha boceta.
Quando levantei meu queixo, tive um vislumbre de algo no espelho
do outro lado da sala.
Uma linda mulher de cabelos escuros com asas...
Contudo, não era eu.
Capítulo 15
DESEJO PERIGOSO
Eve
Reyna: Eu de novo
Reyna
Eu andei para frente e para trás, batendo meu dedo no meu queixo.
Reyna e Killian estavam na minha frente. — Então, a súcubo não está
apenas causando confusão sexual em toda a Lumen, ela também está
deitando com homens e depois os matando?
Reyna acenou com a cabeça. — Ela quase pegou o Derek.
— Como você lutou contra uma súcubo? — Killian perguntou,
parecendo impressionado.
Eu também estava curioso para ouvir essa resposta. Reyna estava
treinando duro, mas não havia como ela ser poderosa o suficiente para
enfrentar uma súcubo sozinha.
— Eu... eu criei presas, — ela disse calmamente.
— Como é? — Eu disse, sem saber se tinha ouvido direito.
— Não é como se eu tivesse feito de propósito, — ela disse
defensivamente. — Apenas aconteceu no calor do momento.
Isso não era bom. Isso significava que o desequilíbrio da Bruma
provavelmente estava começando a afetar Reyna também. Era muito
cedo para seus poderes virem à tona. Eu teria que ficar de olho em Reyna
durante nossas sessões.
Eu sabia por experiência própria que muito poder muito rápido nunca
era uma coisa boa.
— O que aconteceu antes de ela fugir? Ela disse algo que pode nos
ajudar a descobrir para onde ela vai agora? — Eu perguntei, poupando
pensamentos sobre os poderes emergentes de Reyna por enquanto.
— Ela disse especificamente que só está procurando homens
poderosos, — respondeu Reyna.
— Eu não tenho tanta certeza sobre essa teoria, — disse Killian um
tanto rápido.
— E por que isto? — Eu perguntei, virando-me, pronta para ouvir a
explicação de minha pupila.
— Porque ela não tentou me pegar, — ele respondeu sem nenhum
senso de ironia.
Reyna e eu trocamos um olhar de cumplicidade e ela revirou os olhos.
— Sim, bem, em qualquer caso, Killian, esse mistério terá que ser
resolvido em outra hora, — eu disse com um sorriso malicioso, fazendo
Reyna rir. — Mas agora, precisamos descobrir quem ela terá como alvo a
seguir.
— Isso é fácil, — disse Killian, soando um pouco irritado. — Só
precisamos perguntar quem é o homem mais poderoso de Lumen.
Todos os nossos olhos se arregalaram. Não precisamos dos poderes de
Snow para descobrir isso.
.
Capítulo 17
CONTINUE CORTANDO
Raphael
Voltei para casa exausto. Se meu pai soubesse o que eu estava fazendo
quase todas as noites, ele teria tido um ataque cardíaco.
Enfrentando Vampiros.
Sirenas.
Piromantes.
Súcubos.
Eu nem sabia se ele acreditaria. Às vezes, eu mesmo não conseguia
acreditar.
Quatro meses atrás, eu era apenas uma adolescente normal apesar de
toda herança de uma fortuna real. Mas agora...
Eu era uma meio-vampira, lutando para proteger minha cidade de
ameaças sobrenaturais.
E eu adorei.
Eu me senti poderosa.
Era assim que eu me sentiria quando abraçasse totalmente minhas
raízes vampíricas?
Se eu os abraçasse.
Quando entrei na sala de estar e vi meu pai aninhado no sofá com
Blaire, emaranhados como uma bagunça de ervas daninhas, me lembrei
exatamente do porquê de ter de tanto fugir ultimamente.
Ugh, Blaire.
— Oh querida! Não ouvi você entrar, — disse papai, sentando-se. —
Blaire e eu ficamos... uh, bem... um pouco ocupados esta noite.
— E esta tarde. E... esta manhã, — disse Blaire, lançando-me um
sorriso irritante.
Eu sabia que todos estavam sob o domínio de uma súcubo, mas
induzida por uma súcubo ou não...
Eca.
Anya de repente apareceu na sala carregando uma enorme tigela de
pipoca. — Ok, estou oficialmente pronta para a noite de cinema, — disse
ela, sentando-se no sofá ao lado de papai e Blaire.
Ok. o que está acontecendo? Anya odeia Blaire quase tanto quanto eu.
— Você vai ficar, Rey? — ela perguntou, sorrindo para mim.
Não, não, não. Isso não vai dar certo.
Eu agarrei Anya pelo pulso e a puxei para fora do sofá. — Posso falar
com você na cozinha por um momento? Agora.
Quando ficamos sozinhas, comecei instantaneamente dar bronca na
Anya, sussurrando. — Que raio foi aquilo? Por que você de repente está
brincando de casinha com aquela destruidora de lares?
Anya apenas me olhou fixamente.
Deus, ela geralmente é muito densa, mas isso é ridículo.
— O que você tem para dizer para você mesma? — Eu perguntei,
frustrada. Ainda sem resposta.
— Eu não posso acreditar que você caiu sob o feitiço dela também! —
Eu disse, minha voz aumentando. Agora minha irmã estava começando a
me irritar.
Mas quanto mais eu olhava para Anya, mas ela parecia estranhamente
com uma boneca. Olhos mortos, com um leve sorriso inabalável no
rosto. Algo estava errado.
Anya, você está bem? — Eu exigi, sacudindo-a pelos ombros. — Me
responda! — Anya de repente agarrou a garganta como se tivesse perdido
a voz.
Eu me virei para ver Blaire parada atrás de mim. Sua mão estava
apontada para Anya e seu cabelo ondulava no ar, embora não houvesse
vento.
Anya não estava apenas sob seu feitiço. Ela estava sob seu feitiço.
— Sua vadia! Eu sabia! — Tentei atacá-la, mas ela ergueu a outra mão.
Eu não conseguia mover um único músculo, congelada.
Blaire deu um passo em minha direção e colocou o dedo sob meu
queixo, olhando nos meus olhos. — Agora, Reyna, por que você não vem
se juntar a nós? Faremos uma pequena família perfeita...
Capítulo 18
MADRASTA MÁ
Reyna
Reyna: soRC
Reyna: rs
Jed: reyna?
Reyna: AJUDA
Reyna: chorou
Reyna: socororr
Reyna: BLer
Jed: cara, você NÃO está fazendo sentido Jed: você está
brincando comigo?
Reyna: BLAERE!
Meu telefone de repente voou das minhas mãos e bateu contra a
parede, escorregando para a lixeira.
Eu olhei para cima para ver Blaire, uma toalha enrolada em sua
cabeça.
— Você é uma espertinha, não é? — ela disse venenosamente. — Mas
não se preocupe, eu também sou inteligente. Eu descobri como fazer
você obedecer, com mágica ou não.
— E como você vai fazer isso? — Eu cuspi. — Você é apenas uma
bruxa de nada Por que você não volta para o seu coven e pratica seus
feitiços!
— Oh, querida, eu não faço feitiços, a magia corre direto nas minhas
veias, — Blaire zombou. — E há mais como eu, mas... elas não são deste
mundo miserável.
O que ela quis dizer com eles não são deste mundo? Há apenas um que eu
conheço...
Blaire concentrou sua energia, e os corpos inconscientes de papai e
Anya flutuaram para a cozinha.
— O que você fez com eles? — Eu gritei, as lágrimas brotando em
meus olhos.
— Nada. — Ela estalou os dedos e seus corpos caíram no chão. —
Ainda.
— Se você for uma boa menina, eles ficarão bem. Mas se você for má...
— Blaire olhou para as facas da cozinha e murmurou outro feitiço,
fazendo-as voar para fora e pairar sobre Anya.
— O que você quer de mim? — Eu perguntei, minha voz estava
trêmula
— Só uma pequena assinatura, — respondeu ela, sorrindo. — Você vai
entregar sua herança para sua madrasta favorita Jed
Fiquei sob o chuveiro quente do vestiário do Casa da Matilha e dei um
suspiro pesado.
Raphael estava me deixando maluco desde que o desequilíbrio de
Bruma começou. Havia tantas ocorrências estranhas sendo relatadas que
os Lobos do Milênio não conseguiam nem começar a acompanhá-las.
E como eu também fazia parte da força-tarefa especial de Eve, não
tinha muito tempo para uma vida social.
Era uma grande honra ser o Delta do Rafael, mas às vezes eu gostaria
de ter tempo para fazer outras coisas.
Quando eu vi Raphael e Eve juntos... Eu queria o que eles tinham. Seu
vínculo de acasalamento era tão forte que parecia que poderia resistir a
qualquer coisa.
Eu nem tinha namorada, muito menos uma companheira.
Quando eu encontraria tempo?
Porém, Reyna com certeza encontrou tempo...
Ela tinha passado quase todos os segundos acordada com aquele
Derek. Eu estava cansado de ouvir falar dele. Especialmente quando
parecia que ele era a razão de Reyna e eu passarmos menos tempo juntos.
Desliguei a água e me sentei no banco para me secar.
— Ei, Jed, saia daqui. Você está fora do horário, Shade disse enquanto
passava e chicoteava uma toalha em mim.
— Shade, nós somos Lobos do Milênio. Nós nunca estamos fora do
horário, — eu respondi sério.
— Bem, como o Gama, estou dizendo para você tirar a noite de folga,
— disse ele em uma voz de comando. — Vá fazer algo divertido. Você não
tem uma paquera ou algo assim?
Eu balancei a cabeça em agradecimento.
— Obrigado, Shade.
Puxei minha mochila do meu armário para ver meu telefone que
tocava. Mensagens de Reyna. Apenas... Elas não faziam nenhum sentido.
Eu mandei uma mensagem de volta, tentando fazê-la explicar, mas
eles se tomaram mais ininteligíveis. Que é isso?
Depois de alguns minutos, ela parou de enviar mensagens de texto
completamente. Isso não era típico de Reyna.
Com toda a merda acontecendo nesta cidade, é melhor eu investigar isso.
Quando fiz o longo caminho para a casa de Reyna, vi outro carro
estacionado perto da entrada. Eu imediatamente entrei no modo Delta.
Eu cheirei o ar, sentindo seu aroma cravo e pinheiro.
Eu levantei minhas orelhas, ouvindo qualquer movimento agressivo.
Eu até estendi minhas garras, por precaução.
Saindo do meu carro, caminhei até o veículo enquanto um jovem
lobisomem saía do seu.
— Quem é você? — Eu perguntei vigorosamente.
— Como você conhece Reyna?
Ele pareceu surpreso no início, mas depois me olhou com desdém. —
Oh, você deve ser Jed.
— E você é? — Eu perguntei novamente, ficando impaciente.
— Eu sou Derek, eu e Reyna... bem, não tenho certeza do que somos...
mas estamos nos vendo. — Tudo sobre esse garoto me irritou. Seu jeans
rasgado. Suas tatuagens nos dedos. Seu cabelo bagunçado.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntou Derek. Agora era ele
quem parecia desconfiado de mim.
— Ela me enviou mensagens estranhas. Estou apenas checando, — eu
disse friamente.
— Ela não estava me respondendo, então eu também vim, — ele disse
enquanto me encarava. Havia uma tensão incrivelmente estranha entre
mim e Derek. Estava claro que nenhum de nós gostava do outro.
— Ela me disse, — Derek disse de repente, uma pitada de arrogância
em seu tom.
— Te disse o quê? — Eu perguntei em um rosnado baixo.
— Que ela é uma meio-vampira. Ela me contou tudo.
Eu senti um mal-estar na boca do estômago. Eu não tinha certeza de
por que isso me incomodava tanto. Reyna era livre para compartilhar sua
experiência com quem ela quisesse. Mas era quase como se esse garoto
soubesse que me irritaria que Reyna tivesse confiado nele também.
— Quem é aquela? — Derek perguntou abruptamente, chamando
minha atenção para a direção que ele estava apontando.
Quase pulei quando vi Snow silenciosamente parado a alguns metros
de mim.
— Snow, o que diabos você está fazendo aqui sozinha? — Eu
perguntei nervosamente. — Seus pais vão te matar. E provavelmente me
matar também.
Ela começou a apontar freneticamente para a casa de Reyna.
— O que está acontecendo? O que ela quer dizer? — Derek perguntou
confuso.
— Quando a Snow aparece... significa que algo ruim está para
acontecer, — eu disse, começando a me transformar.
Reyna
Reyna: Eu só...
Reyna: Obrigado
Reyna: Entendi
Reyna: Você fez o que era necessário para salvar minha vida
Derek: E eu arrancaria a cabeça dela novamente em um piscar de
olhos Reyna: Obrigado por estar lá quando mais precisei de você
Reyna: Boa noite
Eu estava com tanta raiva que podia sentir meus poderes do Diabo
subindo à superfície. Eu estava furiosa pra caralho.
— Como você pode ser tão irresponsável? Tão descuidada? — Eu gritei
com Snow. — Eu já disse tantas vezes que você não pode simplesmente
sair sozinha!
Snow estremeceu quando minhas palavras a cortaram, mas eu não
consegui ser mole. Eram palavras necessárias.
— Você tem poderes, Snow, mas isso não significa que você pode
correr e fazer o que quiser. Na verdade, isso especialmente significa que
você não pode simplesmente fazer o que quiser. Não é seguro!
As sobrancelhas de Snow estavam franzidas e sua cabeça virada para o
lado. Ela sempre fazia isso quando não queria ouvir. Isso me deixou ainda
mais zangado.
Eu a agarrei pelo pulso e a olhei nos olhos. — SNOW! EU SOU SUA
MÃE! VOCÊ VAI ME OBEDECER!
Lágrimas escorreram por seu rosto enquanto ela se afastava de mim.
— NÃO! — ela gritou petulantemente.
Quando levantei minha mão para esbofeteá-la, parei.
Oh Deus, ela é apenas uma criança. O que estou fazendo?
Snow correu para o quarto dela e bateu à porta, me deixando
atordoada.
Eu estava tão mal equipado para isso. Eu não tinha ideia de como lidar
com uma criança, muito menos de como ser mãe de uma.
Passaram-se apenas menos de cinco meses desde que Snow voltou à
minha vida...
E esse intervalo de quinhentos anos não me preparou para isso.
Eu a amava tanto que doía, e é por isso que eu estava sendo protetora.
Mas Snow não era uma garota normal de quatorze anos, e não apenas
porque ela tinha poderes com os quais eu nem poderia sonhar.
Ela não estava operando com a mesma capacidade emocional e
mental de uma adolescente de sua idade, e eu fui muito dura com ela.
Assim como eu ainda não entendia tudo sobre maternidade, Snow
não entendia muitas coisas sobre o mundo.
Sua ingenuidade me fez querer protegê-la ainda mais.
Suspirando, eu sabia que precisava sentar com ela e me desculpar. Não
estava acostumada a usar minhas palavras para resolver problemas. Na
maioria das vezes, eu apenas puxava minha foice.
Bati na porta de Snow, mas ela não respondeu. Eu não posso culpá-la.
Quando empurrei a porta, tive que me apoiar contra o batente.
Meu pior pesadelo acabara de ganhar vida.
A janela de Snow estava aberta e muitas de suas coisas estavam
espalhadas pela sala. Um lençol amarrado estava pendurado no peitoril
da janela.
Snow havia fugido.
E foi minha culpa.
Capítulo 20
O PRÓPRIO MEDO
Eve
Quando o sol nasceu, ele atingiu meu rosto, aquecendo minha pele
enquanto eu deitava ao lado de Derek na cama. Ele roncou baixinho,
como um pequeno lobo rosnando.
Foi fofo e fiquei feliz por ter acordado ao lado dele, mas...
A noite passada não foi o que eu esperava.
Eu tinha tanta certeza de que estava pronta, mas quando chegou o
momento...
Só esperava ter tomado a decisão certa.
Eu silenciosamente saí da cama e abri minha porta, olhando para o
corredor. Eu podia ouvir meu pai se levantando para seu café da manhã.
Eu simplesmente teria que fazer Derek sair pela janela. Pelo menos ele
era um lobisomem. Ele poderia lidar com uma queda de dois andares.
Eu me senti tão mal por acordá-lo quando ele parecia tão em paz. Os
últimos dias foram nada pacíficos-. Todos nós merecíamos um pouco de
descanso.
Um barulho chamou minha atenção para a mesa de cabeceira onde
meu telefone estava acendendo. Quem estava me mandando mensagem
tão cedo?
Jed: ei
Jed: então a noite passada foi uma loucura Jed: na verdade, tudo
tem estado maluco ultimamente Jed: mas em toda aquela loucura
eu tive alguma clareza Jed: devemos conversar
Eve: Eu sei que você está fazendo sua coisa de Divindade, mas...
Eve: Nós realmente poderíamos usar sua ajuda agora Eve: Lumen
é o caos absoluto
Eve
BAQUE!
Eu não sabia o que estava acontecendo na casa da manada no andar
de cima, mas parecia que o céu estava caindo. O teto da minha cela
tremeu quando algo pisou em cima de mim. O rugido mais feroz que eu
já ouvi vibrou em toda a sala.
Se a Casa da Matilha estava sob ataque, eu precisava ajudar, mas não
podia fazer nada por causa dessas malditas correntes.
BAQUE
Um enorme pedaço de entulho caiu do teto e quase me atingiu na
cabeça.
Isso era uma loucura. Se eu não saísse daqui, a masmorra da casa da
matilha se tomaria minha sepultura prematura.
Consegui pegar um pedaço dos destroços na minha frente, usando-o
para bater nas minhas algemas, mas na melhor das hipóteses eu estava
apenas os soltando.
Eu rosnei o mais alto que pude em frustração. Isso era muito
impossível. Eu poderia muito bem...
Meu nariz de repente enrugou quando um cheiro soprou em minha
cela.
Eu reconheceria esse cheiro em qualquer lugar...
Foi o perfume mais glorioso e satisfatório com o qual já entrei em
contato.
Reyna.
Mas se Reyna estava aqui... isso significava que ela estava enfrentando
o que quer que estivesse lá.
Eu tive que sair dessas correntes. Se alguma coisa acontecer com ela...
Eu rugi com todas as minhas forças e me mexi tanto quanto minhas
restrições permitiam, puxando-as da parede.
Algo surgiu em meu corpo talvez fosse da Bruma mas me senti mais
poderoso do que nunca.
As correntes ainda estavam presas aos meus pulsos, mas eu as
arranquei da parede e bati com o corpo a porta de metal da cela,
dobrando-a e derrubando-a.
Eu subi as escadas o mais rápido que pude, esperando não chegar
tarde demais. O cheiro de Reyna me levou ao salão de baile, onde...
Um lobo enorme e sarnento estava correndo em direção a Snow
inconsciente, como um touro atacando. Reyna, por sua vez, estava
atacando o monstro com uma foice.
— REEEEYNA! — Eu pulei para frente e mudei totalmente no ar,
colidindo com o lobo antes que ele a atingisse.
A força do lobo me atingiu como uma locomotiva, e eu cambaleei para
uma exibição de vestidos de baile de Natal, estilhaçando as caixas de
vidro.
Senti uma dúzia de cacos de vidro projetando-se do meu pelo e mal
conseguia me mover.
E o monstro estava bem acima de mim.
Reyna
Fiquei aliviada por Jed não ser o monstro que estava em uma onda de
assassinatos induzida por Bruma, mas só tive uma fração de segundo
para apreciar esse fato, porque meu melhor amigo estava prestes a ser a
próxima vítima na lista daquele monstro.
Agarrei a foice de Eve e comecei a atacar o monstro, mas no meio do
caminho percebi que não conseguiria chegar a tempo.
As mandíbulas abertas do monstro estavam prestes a apertar o lobo
ferido de Jed, quando...
As luzes começaram a piscar e o ar ficou úmido. Um grito como o de
uma alma penada ecoou pela sala quando Snow se sentou, segurando a
cabeça como se estivesse tendo a pior enxaqueca do mundo.
O lobo monstruoso se virou e estreitou os olhos para Snow. De
repente, ele se lembrou de seu verdadeiro alvo.
Cada objeto na sala que não estava aparafusado ao chão começou a
flutuar. Foi uma espécie de telecinesia extrema. A atmosfera ficou tão
densa que eu senti como se estivesse nadando.
O monstro parecia estar se movendo em câmera lenta enquanto se
lançava em direção a Snow, que ainda estava gritando.
Seus poderes estavam completamente descontrolados. Ela não tinha
controle algum.
Eu me abaixei quando um piano de cauda voou sobre minha cabeça.
Eu precisava chegar até Snow antes que aquele monstro o fizesse, mas
ela estava tornando tão difícil até mesmo me mover.
Eu olhei para cima e vi Eve se arrastando até o topo da escada. Ela
tinha uma expressão de puro horror em seu rosto quando viu sua filha
suspensa no ar, com seus poderes espiralando fora de controle.
— Eve! Saia já daí! — Eu gritei, parando na parte inferior da escada. —
Eu preciso de uma distração!
Ela desviou os olhos de Snow por apenas um momento para me dar
um aceno de compreensão. Ela concentrou toda a sua energia tele
cinética no monstro e o desequilibrou por um momento.
Deu-me a oportunidade de passar a foice na lateral do monstro,
fazendo uma cascata de sangue.
O monstro uivou de raiva e mergulhou escada acima.
Agora era minha chance.
Eu me joguei de costas e levantei a foice no ar, abrindo o estômago da
fera e enviando uma chuva de sangue por todo o meu corpo.
Ele choramingou em agonia enquanto desabava e rolava escada
abaixo.
A neve entrou em colapso quase em uníssono, sentindo que a ameaça
se foi, e a energia na sala voltou ao normal.
Eve correu para o lado dela, embalando Snow em seus braços. — Oh
meu Deus, o que está acontecendo com você?
Sua exibição errática de poder era definitivamente preocupante, mas
agora eu estava mais preocupada com Jed.
— Não se mexa! — Eu gritei enquanto seu lobo se mexia. — Você não
pode mudar de volta até que puxemos o vidro. Isso pode danificar seus
órgãos humanos.
Quando me virei e olhei para o monstro caído, vi que o havia cortado
direto no coração. Não haveria como voltar como lobo ou humano.
Ele lutou para respirar quando o corpo grotesco começou a se mover.
— Não... — Eu cobri minha boca enquanto o corpo humano nu se
formava na minha frente.
Derek.
Ele tossiu sangue e forçou suas palavras finais enquanto olhava nos
meus olhos. — Eles são... eles são perigosos. Eu... eu só queria proteger
você, Reyna.
Seu corpo ficou mole.
Não pude evitar que as lágrimas caíssem.
Eu não sabia se eles parariam.
Capítulo 28
DEVASTAÇÃO
Reyna
Coloquei minha caneca de café vazia ao lado da outra dúzia que havia
se reunido em meu quarto. Eu não tinha saído do meu quarto há dias.
Não havia nada lá fora além de decepção e devastação, então por que
eu faria isso?
Não havia nada que me fizesse sentir melhor.
Nada que pudesse consertar isso.
Eu tinha matado meu namorado.
Meu namorado que, no fim, era um assassino.
Foi tudo tão horrível.
Eu passei os últimos dias tentando entender isso.
Os poderes de Derek foram aumentados pelo desequilíbrio da Bruma,
e ele decidiu assumir a responsabilidade de matar criaturas sobrenaturais
que ele via como uma ameaça antes que pudessem machucar alguém.
Mas Derek era a verdadeira ameaça. Sua ideia de certo e errado foi
distorcida.
Snow era inocente. Claro, ela tinha poderes insondáveis que me
assustavam muito, mas ela não era um cão raivoso que precisava ser
sacrificado.
Não, era Derek.
E fui eu quem tirou a vida dele.
Parecia ainda mais horrível porque ele tinha matado por mim. Parei
me proteger.
De certa forma, isso foi tudo culpa minha.
Eu só queria ter reconhecido os sinais antes.
Talvez então eu pudesse tê-lo ajudado.
Derek não precisava morrer. Eu poderia ter falado com ele. Consegui
ajuda dele.
Eu poderia ter...
Mas agora era tarde demais.
Ele se foi.
Talvez se eu nunca saísse desta sala novamente, não machucaria mais
ninguém.
Uma batida suave na minha porta sinalizou a entrada da minha irmã
quando ela enfiou a cabeça para dentro. — Reyna? Posso falar com você?
— Eu realmente não estou com vontade de falar, — eu disse, me
virando.
Ela entrou de qualquer maneira e se sentou ao meu lado na cama
enquanto eu puxava as cobertas até o meu queixo.
— Você não pode ficar aqui para sempre, mana, — ela disse, olhando
para mim com preocupação. — Eu sei que o mundo parece um lugar
cruel, mas se esconder não resolverá nada.
Quando Anya se tornou a sensata?
— Você não consegue entender o que estou passando, — eu disse
estoicamente. Eu não tinha chorado desde o momento depois de matar
Derek. Foi como se um buraco negro se abrisse dentro de mim e sugasse
todas as minhas emoções, deixando-me vazia.
— Você está certa, eu não posso, — ela respondeu. — Mas eu entendo
que, embora não tenha havido vencedores no que aconteceu, você fez o
que tinha que fazer para salvar Snow e Jed. Sem você, eles provavelmente
não estariam aqui.
Eu não tinha visto ou falado com Jed desde o incidente. Raphael o
inocentou de todas as acusações quando veio à tona que Derek não era
apenas o assassino, mas tentara incriminar Jed.
Derek sempre odiou minha proximidade com Jed e, por causa de meu
relacionamento com os dois, coloquei Jed em perigo.
Seria melhor para todos se eu simplesmente ficasse longe.
Anya tirou meu cabelo oleoso do rosto e suspirou. — Queria que as
coisas fossem diferentes, Rey, mas temos que dar um jeito de seguir em
frente. Assim como depois que mamãe faleceu.
Eu me virei e afundei no meu travesseiro.
Seguindo em frente... Eu nem sei que direção é essa — Hoje é o festival,
sabe? — disse Anya, tentando adotar um tom mais alegre. — Você irá
comigo? — Eu não respondi. O festival só me fez pensar em Derek. Essa
foi a razão pela qual nos conhecemos.
— Você colocou muito trabalho duro nisso.
Seria uma pena você perder isso — disse Anya, esfregando minhas
costas.
— Não, obrigada, — eu disse em tom monótono.
— Estou bem aqui.
Anya suspirou de novo e levantou-se, levando algumas canecas com
ela. — Você sabe que eu estou aqui se precisar de mim, — ela disse,
fechando a porta atrás dela.
Agora, eu só precisava ficar sozinha.
Eve
Eu assisti Raphael sem ele saber, meu cheiro mascarado por uma
pequena mistura que eu comprei no Mercado Negro.
A água desceu em cascata por seus peitorais musculosos e seu
abdômen ondulante enquanto ele estava no chuveiro, lavando o sabão de
seu corpo.
Ele ainda era o mesmo Adônis de quando eu o conheci.
Já fazia um tempo desde que nos soltamos, e eu estava com um humor
raro e brincalhão.
Deixei minhas roupas no chão e usei a minha capacidade de
camuflagem, tentando entrar no banheiro.
Seu grande pau balançou entre suas pernas enquanto ele passava as
mãos pelo cabelo molhado, alisando-o para trás.
Eu entrei no chuveiro, ainda camuflada, e fiquei de joelhos. Peguei seu
pau e colocá-lo na minha boca, sugando vigorosamente.
Observei seus olhos se arregalarem de surpresa e tive que me conter
para não rir enquanto tentava continuar soprando nele.
— Mas que mer...
Eu desviei do caminho enquanto ele tentava encontrar a fonte de seu
prazer e voei atrás dele. Agarrei seu pau com ambas as mãos e comecei a
acariciá-lo enquanto ele grunhia de gratificação.
Ele se virou, mas eu me abaixei, seu pau duro quase me cutucando no
olho.
— O que está acontecendo aqui? — ele rosnou.
Eu agarrei sua bunda firme e redonda com minhas mãos e não pude
evitar, mas soltei uma risada abafada.
Finalmente, Raphael me pegou, e eu deixei cair minha capa, agora
deixando meu corpo nu pressionar contra ele enquanto a água gotejava
sobre nós.
— Eu sabia que era você, — disse ele com um sorriso malicioso.
— Oh sério? Você não achou que era uma criatura na Bruma que
andava fazendo boquetes? — Perguntei maliciosamente.
— Esse seria um monstro que eu alegremente deixaria correr solto, —
ele disse, rindo.
Nós nos beijamos apaixonadamente, nossos corpos molhados
esfregando-se uns contra os outros. Raphael me pegou, e eu envolvi
minhas pernas em volta dele.
Seu pau esfregou contra meu clitóris e eu gemi, querendo que ele me
empalasse com sua vara escorregadia.
— Não se segure, — eu disse, lambendo as gotas de água dos meus
lábios. — Eu quero que esse pau alfa me abra.
— Então é melhor você cravar suas garras e segurar firme, porque você
está no caminho da foda da sua vida, — Raphael disse com um rosnado
sexy. Ele mergulhou seu pau dentro de mim agora, literalmente, cada
centímetro de mim estava molhado.
Ele me batia contra a parede como eu soltou uma série de gemidos
incontroláveis.
— Sim. sim. sim. Sim! Sim! Sim!
Ele continuou. Cada vez mais forte. Meus olhos rolaram para trás.
— SIM! SIM! SIM!
Eu estava indo e vindo e parecia o paraíso.
Raphael não conseguiu segurar por mais tempo. Ele gozou,
pulverizando sua carga em todas as direções.
Ao tirar a última gota, ele encostou a cabeça na minha, parecendo
satisfeito.
Anya: Reyna
19h10
Reyna
Meu telefone não parava de tocar, mas eu não queria ler as mensagens
de pena de ninguém. Eu já sabia que estava chafurdando em minha
própria depressão. Eu não precisava de nenhum lembrete de como estava
me sentindo fodido.
Bzzzz-Bzzzz.
Deus, eu gostaria que eles me deixassem em paz!
Bzzzz-Bzzzz.
— Para, cacete! — Eu gritei enquanto agarrava meu telefone, pronta
para jogá-lo do outro lado da sala.
Mas então eu vi as mensagens. As dezenas e dezenas de mensagens.
Oh meu Deus.
Todo mundo que me preocupava estava naquele festival.
Todo mundo com quem eu me importava estava com problemas.
Eu não podia simplesmente sentar e não fazer nada.
Meu período de depressão acabou.
Eu tinha que proteger as pessoas que amava.
Jed
Reyna: Sim
Reyna: Eu sei, mas tenho que ajudar Reyna: Não vou deixar
ninguém se machucar Reyna: E isso inclui você Droga, por que ela
iria vir aqui e colocar-se em perigo? Eu acho que era uma das qualidades
sobre Reyna que eu mais amava.
Ela sempre colocou os outros em primeiro lugar.
De repente, percebi uma pequena partícula subindo rapidamente em
direção ao kraken. Enquanto eu apertava os olhos, pude ver uma foice e
um par de asas.
Eva estava fazendo sua parte.
Eu precisava fazer o meu também. Eu deslizei pela torre, de volta para
a multidão de pessoas.
— Há um porão na escola que é seguro! — Eu gritei.
— Todos fiquem calmos e sigam-me!
Eve
Demorou quase duas semanas para Reyna acordar depois que ela
mordeu Snow. Essas duas semanas foram algumas das semanas mais
conflituosas da minha longa vida.
Por um lado, fiquei muito feliz por ter minha filha viva, sã e salva.
Mas, por outro lado, eu estava sentindo total desespero de que alguém
tão importante para mim mal corresse risco de vida.
A princípio, foi uma surpresa para mim pensar em Reyna dessa forma,
mas realmente pensei. Ela ajudou a me preparar para uma filha teimosa
como Snow, e eu me preocupava com o bem-estar de Reyna tanto quanto
com o de Snow.
Eu a visitei todos os dias desde que ela entrou em coma.
Quando me preparei para visitar Reyna pela primeira vez desde que
ela acordou, Raphael veio por trás de mim e colocou os braços em volta
da minha cintura.
Ele me beijou afetuosamente na bochecha. — As coisas estão
finalmente começando a voltar ao normal.
— Você acha? — Eu perguntei, colocando minha mão na dele.
— Não, na verdade não, — disse ele, rindo. — As coisas nesta família
nunca serão normais.
Esta família.
Tinha um belo toque nisso. Um som realmente bom para isso.
Raphael abraçou seu papel de pai e companheiro, apesar de tudo que
ele teve que lidar como o Alfa do Milênio.
— Não sei o que faria sem você, — falei.
— Isso é engraçado porque eu estava pensando a mesma coisa sobre
você, — ele disse, me virando para que ficássemos de frente um para o
outro. Ele deu um beijo apaixonado em meus lábios, que eu não queria
que acabasse.
— Eu finalmente tenho tudo que eu quero, — ele disse enquanto
olhava profundamente nos meus olhos.
— E farei tudo ao meu alcance para manter.
— Você vem comigo para ver Reyna? — Eu perguntei quando
finalmente nos permitimos nos separar. — Adoraria, mas terei de ir mais
tarde, — respondeu ele, esfregando as têmporas. — Com metade da
cidade destruída, meu trabalho nunca termina.
— Eu te amo, — eu disse enquanto me despedia dele com um beijo. —
Nós reconstruiremos. Tudo quebrado pode ser consertado. Nós dois
sabemos disso por experiência própria.
— Isso nós sabemos, — respondeu ele com um sorriso.
Killian: E você precisa ouvir o que ele tem a dizer Killian: Venha
para sua antiga biblioteca Ele finalmente voltou. Mas com quais
notícias?
— Martin, tenho um assunto urgente para atender, mas estarei de
volta em breve, — eu disse, saindo da sala e pelo corredor.
Eu estava esperando aquele leitor ávido deífico voltar por mais de um
mês.
E melhor que sejam boas notícias.
Eve: Logia
Eve: Ótimo, bloqueie esse local Eve: Porque nós estamos indo
para Logia
Mais do autor!
Você acabou de terminar o segundo livro do Alfa do Milênio Você sabia
que existem mais 2 histórias no Galatea escritas por Sapir Englard? Volte
para o Canal Galatea Livros para começar a ler Os Lobos do Milênio e o
Especial de Natal!
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Continua no Livro 3…
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