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Estou sem fôlego enquanto caminho pelo matagal o mais rápido que
posso.
Eu não consigo parar.
Nem por um momento.
Se aquela coisa for parecida com a fera em que Kaden se
transformou... ele nunca vai parar de caçar até que pegue sua presa.
Um uivo agudo ecoa pelo céu noturno quente e úmido.
Minhas roupas suadas grudam na minha pele como se estivessem
fundidas ao meu corpo.
Eu caio de joelhos e começo a espalhar lama em meus braços, peito e
pernas.
Talvez se eu pudesse pelo menos mascarar meu cheiro...
Deusa, por favor, me dê força.
Por que sempre recorro à Deusa da Lua em momentos como este? É
como um reflexo...
Ninguém vai te salvar, Mara. Então, salve-se a si mesma, porra.
Eu fico de pé e começo a atravessar o matagal denso novamente,
movendo com força as grossas folhas de mato para fora do meu caminho.
À medida que ganho um pouco de fôlego, começo a correr, mas meu
pé afunda em uma poça de lama que me suga como um vácuo.
Eu grito ao sentir meu tornozelo torcer.
Eu luto para tirar meu pé, mas ele não se move.
De repente, o matagal ao longe começa a se abrir e balançar como
força.
Merda, ele está vindo.
Eu arranco meu pé para fora da bota, deixando-a para trás e me
livrando da outra no caminho.
Vou ter que correr descalça... mas para onde diabos estou correndo?
Eu ouço o barulho de patas pisando na lama atrás de mim.
Quando viro a cabeça, vejo um dorso peludo curvado mergulhando
acima e abaixo do matagal como uma serpente marinha.
Porra, eu não consigo continuar correndo direito. Ele vai me alcançar em
segundos.
Eu faço uma curva fechada e caio pra fora da grama direto na terra.
Meus pés descalços sangram quando passo por cima de pedras
pontiagudas, porém à frente vejo algumas ruínas.
Não tenho outras opções... Manco em direção à estrutura, rezando
para encontrar um lugar para me esconder.
Rastejando nas ruínas, eu me espremo por baixo de uma parede caída.
O luar brilha através de cada fenda no teto, criando um conjunto
estranhamente belo de luzes fluindo.
Um barulho forte no telhado faz com que detritos caiam na minha
cabeça.
Está no telhado... procurando uma maneira de entrar.
Em pânico, tento encontrar um pedaço de algo resistente para me
esconder, mas todo este lugar parece que está à beira de desmoronar.
TUM.
TUM.
TUM.
Ele está tentando entrar.
Eu não tenho muito tempo.
Eu rastejo sob uma estátua quebrada da Deusa da Lua, segurando
meus joelhos e fechando meus olhos.
CRASH!
O teto desaba quando Grayson cai e pousa no centro das ruínas.
Do meu esconderijo, posso ver suas patas com garras enormes,
tilintando na superfície do chão.
A fera fareja o ar e se volta para a estátua.
Ele sabe que estou aqui.
A fera se agacha o mais baixo possível no chão, e eu me pego olhando
diretamente em seus olhos escuros e frios.
Ele rosna com sede de sangue e eu não tenho para onde correr.
AAAAA-UUUUU!
O uivo de outro lobisomem tira a atenção da fera de mim.
O lobisomem corre para a sala, colidindo com a fera e cravando os
dentes em sua lateral.
Eu me atiro para fora do meu esconderijo, disparando pela sala
enquanto os dois lobisomens se jogam no ar.
Um lobisomem cor de areia menor está lutando contra a fera,
jogando-a contra as ruínas, tentando derrotá-la.
Todo esse lugar vai desabar.
Eu subo uma rampa de pedra, me levantando até uma janela, assim
que o lobo cor de areia passa por mim ele afunda suas garras nas costas
da fera.
Enquanto eu caio em um terreno aberto, os dois lobisomens se
chocam contra a parede, lutando do lado de fora.
Eu manco até a árvore mais próxima e me encosto contra ela
enquanto observo as duas silhuetas sombrias de lobo lutando e se
golpeando sob o luar.
Depois de um momento, ambas as sombras diminuem voltando para
a forma humana...
Mas apenas um surge.
À medida que a figura caminha em minha direção, um homem nu
com cabelo louro-claro se torna visível.
— Não tenha medo, — ele diz em um tom calmo. — Ele não pode
machucar você agora.
— Ele está morto? — eu pergunto, olhando para o corpo
aparentemente sem vida de Grayson.
— Não, ele está apenas inconsciente. Ele ficará assim até amanhã, e
então voltará ao que era.
— Isso já aconteceu antes? — pergunto em estado de choque.
— Sim, Grayson tem uma condição... bem, na verdade uma maldição.
Ele não consegue controlar quando se transforma e então se torna algo
mais do que um lobisomem... Ele se torna...
— Um monstro. Já vi isso antes, — digo. — Obrigada por intervir. Eu
estaria morta se não fosse por você.
— Eu só queria ter chegado a ele mais cedo. É meu dever protegê-lo,
— diz ele em tom solene.
— Você é o Beta dele?
— Seu irmão, — ele responde, estendendo a mão. — Meu nome é
Evan. E você é?
— Mara, — eu respondo, retribuindo o aperto de mão. — Eu sou nova
aqui.
Evan me lança um olhar simpático.
— Fugindo de alguma coisa?
— De alguém, — eu o corrijo.
— Bem, você pode ficar comigo e com minha esposa, se quiser. É o
mínimo que posso oferecer depois que meu irmão atacou você — Evan
diz, carinhosamente.
Grayson está esparramado no chão, espancado e machucado e Evan
não parece muito melhor.
Isso deve ser um fardo... para os dois.
Evan pega Grayson e o coloca sobre o ombro.
— Vá na frente, — eu digo, aceitando sua oferta.
Acordo suando frio, pulo da cama e abro as cortinas para ter certeza
de que não estou em um quarto falso... e que não fui sequestrada
novamente.
Estou aliviada ao ver a degradada praça da Matilha da Liberdade do
lado de fora.
Não importa o quão longe eu corra de Kaden, nunca vou escapar dele
em meus pesadelos.
Mas o que mais me assombra é Milly...
E a expressão em seus olhos quando ela descobriu que eu tinha a
chance de salvá-la.
Sinto como se a tivesse abandonado, desaparecendo assim do nada.
Mas se eu nem consigo me defender, como posso defender os outros?
Ou estou apenas dizendo isso a mim mesma para justificar minha
decisão egoísta de me esconder? Tenho medo de Kaden e do que ele fará
com meus amigos e família se eu não voltar para ele — e que novo
castigo doentio ele vai propor para mim.
Mas tenho mais medo de outra coisa...
Tenho medo de continuar fugindo disso, a culpa vai me corroer.
Meus homens estão vasculhando cada matilha por essas áreas, mas até
agora não houve nem sinal de Mara.
Mesmo estando furioso com a fuga dela, temo por sua segurança.
Pelo menos quando ela está aqui na Matilha da Vingança, posso ficar
de olho nela o tempo todo e garantir que nenhum dano aconteça a ela.
Lá fora, não posso garantir sua segurança... ou a segurança de sua
família.
As coisas só vão piorar se eu não a encontrar e se eu for forçado a
machucar sua família... ela nunca vai me perdoar.
Eu também não me perdoaria.
Mara é inteligente e desbocada. Eu sei que ela pode cuidar de si
mesma, mas eu preciso encontrá-la logo.
Perdi o controle da minha matilha.
Perdi o controle da minha companheira.
E perdi o controle de mim mesmo.
Meu mundo inteiro é um pesadelo, mas Mara é o único feixe de luz
em toda a escuridão.
Eu irei até os confins da terra para encontrá-la se for preciso.
Eu agarro os cantos da minha mesa quando sou repentinamente
tomado por um cheiro poderoso. Sinto-me tonto, intoxicado pelo aroma
floral e frutado.
Mara... ela se transformou, liberando seu perfume para seu
companheiro.
Mesmo de longe, sinto o cheiro dela como se ela estivesse bem aqui.
— Eu sei exatamente onde você está.
Capítulo 17
PRIMEIRO TOQUE
Minhas garras se abrem enquanto eu agacho com as quatro patas.
Meu cabelo cor de mel surge por todo meu corpo como pelo.
Tudo tem um cheiro mais intenso.
Tudo parece mais estimulante.
Acabei de me transformar pela primeira vez em anos.
E eu me sinto completamente livre.
MARA
Na manhã seguinte, sou chamada por uma batida na porta. Com base
no padrão, já sei quem é.
Meu estômago revira.
A trava levanta e Coen entra dançando como se nada de ruim tivesse
acontecido entre nós.
— Bom dia, linda, — ele me cumprimenta, com um sorriso sinistro
estampado no rosto.
Eu cerro meu punho.
— Está aqui para me acompanhar no café da manhã? — Eu pergunto,
tentando manter a atmosfera leve e amigável.
— Como você adivinhou?
Pego seu braço estendido e Coen me leva pelo labirinto de corredores
até a sala de jantar.
A cada passo, estremeço ao pensar no que acontecerá se ele decidir vir
pra cima de mim novamente.
Não há ninguém por perto. A fortaleza está assustadoramente
silenciosa.
Quando reconheço a porta da sala de jantar, suspiro aliviada.
Pelo menos eu sei que Kace está a apenas alguns metros de distância
agora. Dois contra um são chances muito melhores.
No café da manhã, sento-me de frente para Kace. Ele não encontra
meu olhar. Eu tenho que dar o braço a torcer, ele é um bom ator.
Cutucando minha quiche, decido que agora é a hora de colocar nosso
plano em curso.
— Eu preciso de um favor, — eu digo incisivamente.
Coen levanta a cabeça quando me ouve falar. Kace apenas olha para o
leite girando em torno de sua colher.
— Que tipo de favor? — ele pergunta.
— Eu quero visitar a Cidade da Vingança.
Kace olha para cima, seus olhos escuros encontrando os meus
finalmente. Eles refletem algum tipo de emoção — medo, talvez?
— Acho que não, — diz ele.
Ele pega o jornal na frente dele, como se estivesse cortando a conversa
ali mesmo. Isso faz parte do ato ou ele mudou de ideia? Eu não sei dizer.
Eu abaixo o jornal das mãos dele.
— Por que não?
Ele suspira.
— Lá não é seguro. Você se lembra de como eles agiram em nossa
cerimônia de noivado. É uma fossa, — diz ele, enfatizando a última
palavra.
Relaxo. Kace está me deixando saber que ele está apenas
desempenhando seu papel. Eu olho para Coen, que está ouvindo, mas
não particularmente interessado em nossa conversa.
— É por isso que estou pedindo que você me leve, — eu insisto. —
Como meu noivo, você deve demonstrar ao bando que estou sob sua
proteção e ninguém deve ousar colocar um dedo em mim.
Kace estreita os olhos para mim.
— Tudo bem. Vou levá-la para a cidade, então, — ele responde, sem
rodeios. — Tenho certeza de que Coen adoraria uma pausa nas tarefas de
babá.
As palavras de Kace me deixam apreensiva. Ele deveria ter
mencionado Coen diretamente?
— Esse é um pensamento gentil, mas eu realmente não me importo,
— ele responde, arrancando a casca de uma laranja.
— Eu, no entanto, acho bom expor sua delicada noiva à realidade da
vida fora desse lugar. Talvez isso torne a perspectiva de fuga menos
agradável.
Ele pega uma uva e a rola pela mesa, depois a esmaga com a mão. Ele
ri, me dando uma piscadela que faz minha pele arrepiar.
Eu olho para a faca na minha frente.
Eu me imagino afundando a faca em seu pescoço e vendo o sorriso de
satisfação desaparecer de seu rosto.
Desculpe, Deusa da Lua, algumas regras merecem ser quebradas.
Capítulo 24
O X MARCA O LUGAR
Traga-me seus miseráveis, seus vagabundos, seus cidadãos errantes.
Sedentos para roubar livremente.
Aqueles que se recusam a mudar.
Envie estes, os assassinos, gananciosos, moralmente perdidos para mim.
Aqui, todos esses demônios têm sua vez.
Este é o credo da Cidade da Vingança.
MARA
Foi imprudente da minha parte fazer amor com Mara quando Coen
ainda é uma ameaça, mas nossas paixões nos fazem de tolos.
Eu quero ficar com ela, ficar perto de seu corpo quente, mas tenho
que ir embora.
Sua menção à marca de Coen não passou despercebida por mim.
Sei que ele está deixando a fortaleza por alguns dias a negócios que se
recusa a revelar. Não faz diferença.
O importante é que agora tenho liberdade para fazer algumas
investigações por conta própria.
Todo mundo pensa que eu negligenciei os podres da Cidade da
Vingança, mas isso faz parte do meu plano.
O governante dos guetos sabe de tudo e de todos que vão e vêm na
minha matilha e quero ver o que dizem quando os consultar com essas
novas informações.
Só espero que o líder me deixe entrar. Não temos nos falado desde
que a roubei de sua matilha.
O fedor da cidade entra nas minhas narinas como leite estragado.
Eu furtivamente faço meu caminho através dos montes de lixo fétido
até a usina de energia, onde ela estará.
Só espero que ela não atire em mim imediatamente.
Assim que chego à porta da frente, uma flecha é disparada no chão a
apenas alguns centímetros do meu pé.
Eu olho para cima e vejo as silhuetas dos guardas, cada um apontando
uma besta para mim.
Estou cercado por todos os lados, não tenho como escapar.
— Eu só quero conversar, — eu grito, minha voz ecoando ao redor da
praça.
Uma mulher negra emerge das sombras, seu cabelo encaracolado
ondulando atrás dela.
Ela é flanqueada por seis soldados mascarados brandindo uma
variedade de porretes e machados mal construídos.
— Alpha Kaden. Tive a sensação de que você nos faria uma visita.
Alguns dias atrás, eu não reconheceria a mulher na minha frente, mas
depois das descrições de Kace e Mara, não tenho dúvidas sobre sua
identidade.
— Meu Deus, Lexia, como você cresceu, — eu respondo.
Eu deixei minha mão cair de volta para o meu lado, e Lexia fez um
gesto para que seus homens abaixem as armas.
— Fale logo, — ela diz. — Por que você está aqui?
— Estou aqui apenas para descobrir como Coen se conecta aos
homens marcados.
Lexia ri.
— Você é realmente tão cego, Kaden? Enquanto você relaxa em sua
torre de marfim, não consegue ver as formigas ocupadas erodindo suas
fundações.
— O que você está falando? — Eu pergunto, tentando o meu melhor
para permanecer diplomático.
— Uma insurreição está sendo planejada. Seu irmão e seus homens
estão apenas esperando o momento certo para desencadear o caos.
— Ele já tem o controle do bando, — eu falo de volta. — Pelo menos
ele pensa que sim. Que razão ele tem para esperar?
— Ele não está apenas atrás do seu bando de merda, — Lexia sibila,
seus olhos ganhando vida. — Ele quer controlar todas as matilhas.
Esse plano é ambicioso, mas percebo que não está fora do reino das
possibilidades.
Coen tem o poder de nos amaldiçoar. Grayson ainda está sob seu
feitiço.
Por que ele não tentaria colocar os outros alfas sob seu controle?
— Por que você está me contando isso? — Eu pergunto.
Lexia se aproxima, seus olhos esmeralda pulsando na escuridão.
— Eu nunca vou ser escrava de ninguém novamente, Kaden. Nenhum
de nós pode parar Coen por conta própria. O que você acha, Alpha? Você
está disposto a fazer um acordo?
Lexia lambe os lábios e mostra suas presas brancas ofuscantes.
Eu olho para seus homens e considero minhas opções. Se eu recusar,
há poucas chances de eu sair daqui vivo.
Eu penso em Mara. Ela não tem ideia de que estou aqui.
O pensamento de vê-la novamente é tudo o que importa.
— Tudo bem, Lexia, vamos conversar.
A água fria jorra do chuveiro, batendo contra minha pele nua. Isto não
é suficiente para aplacar o calor enlouquecedor.
Eu olho para o meu braço, meio que esperando ver a água evaporando
com o contato. Cada centímetro de mim parece que está sendo
queimado pelo sol.
Se eu não soubesse porque estava queimando, teria pensado que a
Deusa da Lua estava liberando sua fúria sobre mim por todos os meus
pecados.
Eu imagino que ela seja uma vadia malvada.
Lexia me disse para tomar banho imediatamente para tentar me
refrescar e lavar meu cheiro, mas o fogo dentro de mim é muito forte.
A única outra maneira de pará-lo é sentir o toque de outro lobo sem
companheiro.
Eu só tenho sentimentos por Kaden. Eu preciso dele aqui para apagar essa
chama interna.
Mas e se eu mesmo tentar? Nunca cheguei ao orgasmo sozinha, nunca
consegui terminar. Talvez funcione.
Eu trago meus dedos até o meio das minhas coxas e lentamente
começo a brincar.
Eu movo meus dedos em pequenos círculos ao redor do meu clitóris,
mas o fogo continua ardendo.
Eu me solto, primeiro com um dedo, depois outro, e começo a movê-
los para frente e para trás.
Uma sensação que eu já conheço, mas não está adiantando.
Eu continuo e acelero meu ritmo. Todo o meu corpo se contrai
enquanto a euforia passa por mim.
Acabei de chegar ao orgasmo pela primeira vez, mas ainda estou
fervendo de calor.
Droga!
Eu desisto e saio do chuveiro.
Enquanto eu me seco com a toalha, as fibras parecem queimar como
centenas de minúsculas cabeças de fósforo.
Tento me vestir, mas as roupas só pioram a sensação.
Tudo é como uma lixa na minha pele. Até minha blusa de caxemira
me faz contorcer.
Finalmente decidi por um vestido sem mangas, mas a minha vontade
é de arrancá-lo.
Meu coração parece uma fornalha, mas eu não posso me deixar levar
pelo desconforto.
Lexia disse que a parte febril logo acabaria. Assim que isso
acontecesse, os lobos seriam capazes de sentir meu cheiro.
Preciso ir logo antes que isso aconteça... e Coen volte.
Saindo furtivamente do meu quarto, sigo as instruções de Lexia e
desço para os níveis inferiores da fortaleza.
Está escuro e úmido. Não há janelas. A única luz vem de lâmpadas
antigas penduradas na parede.
Apenas um punhado ainda funciona, e aqueles que sobraram emitem
apenas um brilho fraco.
Eu corro meus dedos ao longo das pedras maciças das antigas
fundações. Elas são geladas e escorregadias.
Eu pressiono meu corpo contra elas, mas isso pouco adianta para me
esfriar.
Concentre-se, Mara.
Chego à sala que Lexia descreveu. Está vazia, exceto por um altar de
pedra ao fundo no qual está uma estátua antiga da Deusa da Lua.
Uma espada enferrujada repousa sobre suas mãos estendidas.
Então a Matilha da Vingança costumava acreditar nela também?
Lexia disse que a entrada do túnel ficava aqui, mas tudo é feito de
pedra — as paredes, o chão, o teto. Cada superfície é rocha sólida.
Eu me agacho ao lado do altar e inspeciono sua base. Talvez haja um
alçapão e a estátua seja o gatilho?
Enquanto passo minha mão ao longo da estátua, ouço o barulho de
pedras raspando e imediatamente me escondo atrás do altar.
A raspagem para e eu espio por trás da estátua.
Para meu choque total, um buraco se abre na parede e da escuridão sai
Coen.
Ele está sozinho e vestido com seu traje habitual. Suas luvas
adornadas com joias brilham, mesmo com pouca luz.
Alcançando a mão para cima, ele pressiona uma pedra na parede e a
abertura começa a se fechar.
Eu tomo nota de qual pedra é para que eu possa abrir a porta quando
ele se for.
Está insuportavelmente quieto na sala agora, tão quieto que posso
ouvir a respiração de Coen.
Ele cheira profundamente o ar. Prendo minha respiração, desejando
que meu coração pare de bater.
O calor inunda minhas veias, tornando-se insuportável dentro de
mim.
Só espero que ele ainda não possa me cheirar.
Eu ouço seus pés se arrastarem para fora da sala e pelo corredor.
Eu luto contra o calor que assola meu corpo até ter certeza de que ele
não consegue me ouvir, então deixo escapar um suspiro abafado.
Lutando para ficar de pé, me aproximo da parede e tateio em busca do
trinco.
Sinto uma pedra ceder e a parede se abre diante de mim.
— Estou indo, Milly.
Eu luto contra o calor que assola meu corpo até ter certeza de que ele
não consegue me ouvir, então deixo escapar um suspiro abafado.
Lutando para ficar de pé, me aproximo da parede e tateio em busca do
trinco.
Sinto uma pedra ceder e a parede se abre diante de mim.
— Estou indo, Milly.
KADEN
Mara, me dê força.
Uma bagunça está se desenrolando na minha frente.
Cada Alpha tem suas próprias demandas. Eu só quero voltar para casa
com minha companheira.
Eles têm discutido por tanto tempo que eu nem percebo.
Só consigo pensar na maneira como Mara me olhou quando saí.
Eu quero senti-la em meus braços novamente, cheirá-la, tocá-la.
Para fazer amor com ela, fazê-la gritar meu nome e finalmente marcá-
la.
Uma pancada me tira do meu torpor. Landon dá um soco na mesa
antes de falar.
— Sejamos honestos uns com os outros, — diz Landon. — A Matilha
do Poder fará a maior parte da luta. Portanto, o resto de vocês deve me
compensar por meu sacrifício.
— Isso é absurdo, — rebate Rylan. — Os membros da Matilha da
Pureza são tão capazes quanto os seus.
— Seus membros são todos pacifistas! — Landon rebate. — Eles não
servem nem para afastar as moscas. Em vez de lutadores, por que você
não contribui com alguns dos recursos que tem acumulado?
— Minha matilha tem todo o direito às nossas reservas de recursos.
Não devemos ser punidos por nosso estilo de vida. Nós vimos o que
acontece com aqueles que levam uma existência gananciosa, — Rylan
diz, apontando para Malik.
— Julgue-me o quanto quiser, — responde Malik. — Vocês dois
subestimam o poder reformador do amor.
Ele levanta a mão como se estivesse incrustada de joias e continua o
monólogo.
— Eu mudei mais vidas com estes dedos do que a espada de qualquer
soldado ou o tesouro do imperador. Se tivéssemos mais amor neste
mundo, não haveria necessidade de conflito.
Rylan responde com uma risada debochada.
— O que você está dizendo, Malik? Você pretende amar Coen e seus
homens até a morte?
— Você zomba, mas não consigo pensar em nenhuma maneira melhor
de entrar no reino da lua, — responde Malik, com um largo sorriso no
rosto. — Uma metida, estou neste reino, e na próxima, estou no nirvana.
— Urgh, isso é nojento, — Rylan responde, franzindo o rosto.
Malik balança a cabeça e sorri.
— Venha para minha cama, Alpha Rylan e eu o ajudarei a abraçar o
que você claramente reprime.
— Como eu disse, — Landon interrompe, — enquanto seus dois
bandos se apaixonam, Kaden e eu estaremos lutando.
— Minha matilha também pode lutar, — rebate Grayson. Agora
Landon está totalmente divertido.
— Você não tem matilha, Grayson. — Ele diz. — Você cuida de um
bando de hippies rebeldes.
— Só porque eu não os faço curvar-se a mim não significa que não vão
se unir à nossa causa, — retruca Grayson. — Um povo livre sempre lutará
mais duramente do que aqueles que são pressionados a servir um tirano.
A cadeira de Landon voa pela sala enquanto ele pula de pé e Grayson
responde da mesma forma. Antes que Rylan e eu possamos intervir, os
dois Alfas se lançam um contra o outro em meio a socos e palavrões.
Malik foge da briga e balança a cabeça.
— Irmãos, irmãos, onde está o amor?
— Você vai me ajudar a acabar com isso? — Eu pergunto a Rylan.
Ele assume um ar desinteressado e estala os dedos.
— Com prazer, se você estiver disposto a se desfazer de uma parte do
suprimento de gasolina de sua matilha.
Essa é a gota d'água.
Pela primeira vez desde que Mara me libertou, sinto a escuridão
começando a invadir meu corpo. Isso incha meus músculos e deixa
minhas unhas saltadas.
Coen inventou um feitiço para controlar minha ira, mas a escuridão
sempre esteve dentro de mim, um lobo puro-sangue da Vingança.
Agarrando Grayson pelo tornozelo, eu puxo meu braço para trás e o
mando deslizando pelo chão.
Seu corpo bate na parede, fazendo com que uma das estátuas de
querubim caia de sua coluna e se espatife pelo chão.
Malik emite um grito enquanto corre para o cupido caído e ergue seu
falo cortado.
— Eros, o que eles fizeram com você?
— Chega! — Eu grito, silenciando a sala.
Eu fecho meus olhos e respiro fundo, deixando a escuridão diminuir.
Tenho que ter cuidado para não me deixar dominar completamente.
Quando meus olhos se abrem, vejo os outros Alfas se afastando.
Bom. Estou feliz por ter sua atenção.
— Não podemos parar Coen se estivermos lutando um contra o outro,
— eu rosno.
Eu continuo.
— Na verdade, provavelmente era isso que ele pretendia desde o
início. Prometa-me sua ajuda ou condene suas matilhas a um destino de
escravidão e desgraça.
Eu olho para cada um deles, me perguntando quem terá a coragem de
falar primeiro.
Grayson dá um passo à frente.
— Você sabe que estou com você, Kaden.
Eu aceno em apreciação.
Depois que contei a Grayson sobre Lexia, ele quase socou a parede. Eu
sei que ele está faminto por vingança.
— A Matilha do Poder ficará com você, — declara Landon. — Vou
fazer seu irmão beber seu próprio veneno.
Eu olho para Rylan, que torce o nariz como se estivesse considerando
se algum de nós vale seu tempo.
— Visto que é contra os ensinamentos da Deusa fazer mal, não posso
levantar as armas contra o seu irmão. Mas, como protetor de minha
matilha, é igualmente pecaminoso ficar parado enquanto o mal se
aproxima.
— Abandone o duplo discurso divino e tome uma decisão, —
respondo.
Rylan faz uma cara pensativa e esfrega o pingente da Deusa da Lua
que está pendurado em seu pescoço.
Ele começa a balançar e fazer barulhos baixos, o que deixa todos,
exceto Malik, desconfortáveis.
— A Deusa vai me conceder clemência por meu envolvimento, —
proclama Rylan.
Eu rolo meus olhos.
— Envie à Deusa meus cumprimentos.
— Kaden, você sabe que eu sou um apreciador do amor, não um
lutador, — diz Malik, passando o braço por cima do meu ombro. — Estou
convencido de que existe uma solução pacífica.
— Você não conhece Coen, — eu respondo. — Ele está além da
salvação.
— Hmm, — responde Malik, esfregando minhas costas. — Parece que
você precisa de um pouco de atenção também.
— O que você quer dizer? — Eu respondo de volta.
— Você não marcou a sua companheira ainda, não é? — Malik
responde. — Eu posso sentir a tensão em sua aura.
— Não é sobre isso que vim falar. — eu digo. — Eu posso lidar com
isso sozinho.
— Sim, mas a Febre virá em breve.
— Eu disse que posso lidar com isso, — eu retruco.
Malik levanta uma sobrancelha.
— Ah sim, mas você confia em seu irmão para não marcá-la?
— Kace nunca faria isso, — eu digo.
Malik ri sombriamente.
— E o seu outro irmão? A razão de estarmos todos aqui? Você pode
confiar nele perto dela? — ele responde.
Eu sinto como se tivesse sido atingido por um raio.
Coen!
Ele vai cheirá-la imediatamente.
Eu não posso esperar.
Preciso chegar até Mara antes que meu pior pesadelo se torne
realidade.
Capítulo 30
ACHANDO UMA BRECHA O ponteiro passa para o vermelho.
O motor grita em protesto.
Eu desligo e tento fazer o mesmo com Mara.
Estou falhando com ela.
Olhos na estrada.
Mente na estrada.
Meu carro não consegue se mover rápido o suficiente.
Não consigo chegar em casa rápido o suficiente.
KADEN
Eu me olho no espelho.
Daqui a algumas horas estarei viajando com Milly e o resto das garotas
de volta a Matilha da Pureza para nos reunir com nossas famílias.
Espero que meus pais não tenham um ataque cardíaco quando
descobrirem que estou agora acasalada com Alpha Kaden.
Estou ansiosa para a volta ao lar, mas sei que não vou ficar. Meu lugar
é aqui, como Luna da Matilha da Vingança.
Kaden cedeu toda a Cidade da Vingança para Lexia em troca de sua
ajuda para derrotar Coen.
Ela conseguiu seu reino exatamente como queria. Quanto a Grayson,
bem, ela o deixou viver, o que é mais do que eu esperava.
Eu vejo Milly entrar no reflexo do espelho.
Seu cabelo está lavado e escovado e a sujeira foi removida de sua pele.
Um vestido floral envolve seu corpo. Mas o mais importante, há uma
faísca em seus olhos. Uma ânsia de vida que foi extinguida durante seu
tempo nos túneis.
— Você parece tão feliz, — eu digo.
Ela sorri e balança a saia do vestido.
— Você pode imaginá-los nos deixando usar algo tão colorido em
casa?
— Não, — eu digo, rindo. — Irmã Lumina teria um ataque.
Milly ri também. Seu sorriso irradia esperança e um novo começo.
Nós nos abraçamos com força, sem dizer uma palavra.
Nós não precisamos.
Somos irmãs.
KADEN
Estou sentado na varanda da frente dos meus pais quando vejo Kaden
vagando pela rua.
É estranho pensar que, poucas semanas atrás, a visão de Alpha Kaden
andando pela minha rua teria me feito perder a cabeça de medo.
Então, novamente, eu não tinha visto aquele rosto lindo dele.
Eu estava louca por me apaixonar por ele?
Tornando-se sua companheira?
Estar de volta a Matilha da Pureza está começando a me fazer duvidar.
Todo mundo aqui ainda tem tanto medo dele.
— Kaden!
Quando digo seu nome, me lembro com culpa da preocupação de
minha mãe com os vizinhos. Felizmente não tem ninguém por perto.
O sorriso de Kaden me faz esquecer meus pais. O jantar. A Matilha da
Pureza. Tudo menos ele. É como o sol nascendo depois de uma
tempestade.
Se estou louca, espero nunca estar sã novamente.
Kaden se junta a mim na varanda, sentando perto. Eu acaricio seu
ombro. Ele coloca um braço em volta de mim. Meu coração parece
inteiro novamente.
Meus vizinhos provavelmente estão assistindo esta cena escandalosa
se desenrolar através de suas cortinas agora, mas francamente, eu não
poderia me importar menos.
— Como foi com Alpha Rylan?
Kaden suspira.
— Ele não vai ajudar.
— O que? Mas ainda há garotas da Matilha da Pureza por aí.
— Eu sei eu sei. Mas ele diz que não vai se associar com a Matilha da
Vingança. Mesmo com minha maldição suspensa.
— Que idiota!
Kaden sorri.
— Eu ia chamá-lo de imbecil, mas claro, idiota funciona.
Nós dois rimos.
— Precisamos sair daqui, Mara. Rylan não me quer em seu território.
— Mas eu prometi aos meus pais que jantaríamos com eles.
Os olhos de Kaden se arregalam.
— Jantar? Com seus pais?
Eu encolho os ombros inocentemente.
— Eles realmente querem te conhecer.
Kaden balança a cabeça e se levanta.
— Depois da recepção que tive na cidade mais cedo, estou bastante
confiante de que é uma mentira descarada.
Eu agarro seu braço.
— Kaden, por favor isso é importante para mim.
Eu quero que vocês gostem um do outro. — Mara, sou o Alpha da
Matilha da Vingança. Eu não participo de jantares para os pais.
— Sim, você participa minhas unhas cavam em sua pele e sinto Kaden
enrijecer. Ele para e se vira, me deixando puxar ele para mais perto.
— Meus pais me disseram que não sou bem-vinda na Matilha da
Pureza se não pudermos causar uma boa impressão. Ninguém sai da
Matilha da Pureza, então isso significa que nunca mais os verei.
Kaden se senta novamente. Meu dedo traça círculos em seu peito
duro e maciço.
— Você é melhor sem a Matilha da Pureza. Nós dois sabemos disso.
Esqueça seus pais. Vamos lá. Se eles realmente se importassem com você,
eles ficariam felizes com qualquer -companheiro que você escolhesse.
Kaden está certo, é claro, mas as coisas são diferentes na Matilha da
Pureza. Eu quero que meus pais vejam que Kaden não é o cara mau que
todos pensam.
Se pudermos convencê-los, talvez possamos convencer o resto da
Matilha da Pureza.
Eu esfrego sua coxa, minha mão avançando cada vez mais perto de sua
virilha. Eu vejo a protuberância crescendo em seu jeans.
— Kaden, por favor...
Ele geme baixinho.
— Você realmente quer isso, hein?
Eu pego a protuberância.
— Mais do que nada.
Kaden faz uma careta. Posso praticamente ver o calor subindo de seu
corpo.
Para ser honesta, estou muito excitado comigo mesma. Nunca estive
com um cara na casa dos meus pais. E aqui estamos nós, na porra da
varanda da frente, para toda a vizinhança ver.
Eu beijo seu pescoço, meus dedos atrapalhando-se com sua braguilha.
— Lindo, por favor?
Minha mão serpenteia dentro de sua calça e aperta seu pau inchado.
Ele se rende imediatamente.
— Está bem, está bem! Você ganhou!
Com uma sensação de vitória, eu o beijo com força. Quando nossas
línguas se encontram, é como ser atingido por um raio.
As mãos de Kaden rondam meus seios. Então, de repente, ele se afasta.
— Se você quer que eu dê uma boa impressão, provavelmente
deveríamos levar isso para dentro, — ele murmura, olhando para cima e
para baixo na rua vazia.
Eu me levanto e o arrasto em direção à porta. Meu corpo está
implorando por ele.
— Meus pais estão fazendo compras no mercado.
Kaden ri quando entramos em casa e começamos a tirar nossas
roupas.
— Essa é a coisa mais sexy que você já disse.
Eu o levo para a sala e o puxo para baixo em um sofá.
Achei que queria que ele se comportasse da melhor maneira possível.
Mas agora, vendo seu corpo nu e rasgado subindo em cima do meu, seu
pau grande endurecendo a cada segundo...
Eu quero ele no seu pior
Capítulo 3
O JANTAR
MARA
Ele cobre meus seios com beijos, Enquanto seus dedos rastejam abaixo da
minha cintura.
Ele toca meus botões como um músico, E a qualquer segundo, vou cantar
Eu fecho meus olhos e coloco minha cabeça para trás no sofá, sentindo
os dedos de Kaden trabalhando sua magia no meu sexo.
Um gemido escapa da minha garganta. Fico maravilhada em como um
homem tão corpulento pode ter esse toque delicado.
Mas agora eu quero ríspido.
Minhas mãos agarram a bunda nua de Kaden e o puxam para mim.
Sinto sua ereção deslizar pela minha perna, cada vez mais perto de seu
alvo úmido e trêmulo.
— Me fode agora eu ordeno.
Kaden sorri.
— Como quiser, Luna.
Eu o sinto esfregar sua cabeça para cima e para baixo em meus lábios
inferiores, tão gentil quanto seus dedos.
Meu companheiro está me torturando.
Eu gemo alto.
Coloque!
Ele finalmente se posiciona sobre mim, e eu sei que ele está pronto
para penetrar.
Eu me preparo para o impacto de seu primeiro golpe de quebrar o
crânio...
Espere, o que é isso?
A porta da frente está se abrindo?
— Mara, estamos em casa!
Merda, merda!
Empurro Kaden de cima de mim enquanto ouço os passos dos meus
pais se aproximando da sala de estar.
Temos apenas alguns segundos.
Como pude ser tão imprudente?!
Kaden pega nossas roupas do chão. Pego um cobertor do sofá.
Os passos dos meus pais estão do lado de fora da porta!
— Mara? Você está aqui?
— Hum, sim!
Kaden tenta dançar em seus jeans, mas não há tempo. Eu o puxo de
volta para o sofá e jogo um cobertor sobre nós. Graças à deusa é grande o
suficiente para cobrir nós dois.
Meus pais entram na sala.
— Tirando uma soneca de gato, Mara...
A voz da mamãe desaparece quando ela percebe Alpha Kaden debaixo
das cobertas comigo.
— Oh! Eu não percebi... nosso hum... convidado já estava aqui.
Os olhos desconfiados de papai focam em Kaden.
Eu o vejo farejando. Franzindo a testa.
Eu estremeço.
Não há como eles não sentirem o cheiro do que estávamos fazendo.
— Mãe, pai, este é Kaden.
— Olá, — Kaden diz sem jeito.
Meus pais estão em silêncio, então, em vez disso, Kaden se levanta do
sofá. Sem camisa. Calça jeans desabotoada. Ele limpa meus sucos em seu
peito tatuado antes de estender sua mão para apertar a dos meus pais.
— Mara me falou muito sobre você.
Mamãe e papai apenas fumegam. Eu quero jogar o cobertor sobre
minha cabeça.
Pelo menos não pode ficar pior.
Espero.
Meu garfo bate ruidosamente no prato vazio. Terminei o bolo de
carne da mamãe há alguns minutos, mas ninguém está falando, então
limpo meu prato para tornar o silêncio menos constrangedor.
Eu olho para Kaden, lutando com seus próprios talheres. Eles parecem
estranhos para ele. Ele continua deixando cair o garfo e a faca como se
estivesse sendo reprovado na escola de malabarismo.
— Este é um ótimo bolo de carne, — ele diz com a boca cheia de
comida. Seu cabelo ainda está uma bagunça de nossa aventura no sofá.
Mamãe e papai me encaram sem expressão.
Portanto, as maneiras de Kaden são um pouco deficientes. Ele é o
Alpha da Matilha da Vingança. O que eles esperavam? Isso não significa
que ele é um cara mau.
Eu sei que este jantar se tomou o pior pesadelo dos meus pais, mas
tenho certeza -que posso tirar tudo isso da roda.
— Kaden, por que você não conta a mamãe e papai sobre seus
hobbies?
Kaden me olha estranhamente.
Hobbies?
— Sim, — eu cutuco. — Sua coleção.
— Oh, certo! Sim, eu forjo minhas próprias armas de combate corpo a
corpo. Espadas, facas, machados de batalha, esse tipo de coisa. Eu tenho
uma parede inteira deles no Castelo da Vingança.
Ele sorri ansiosamente, nerdando um pouco.
— Vocês dois sabem alguma coisa sobre armas?
— Estamos na Matilha da Pureza, — responde papai, revirando os
olhos. — Somos pacifistas.
— Claro. Você odeia a violência. Claro, — Kaden diz, caindo.
Dou uma cotovelada em meu pai.
— Mas você também tem hobbies.
— Certo, tudo bem. — Ele suspira. — Eu gosto de ler. E às vezes eu
escrevo poesia.
Boom!
— Viu? Você e Kaden têm algo em comum.
Kaden semicerrou os olhos em descrença.
— Nós temos?
— Claro, — eu respondo com naturalidade. — Vocês dois são criativos
— vocês fazem coisas. Kaden forja armas. Papai escreve poesia.
Ok, então estou alcançando. Do outro lado do oceano. Mas estou
tentando trabalhar com o que tenho.
Kaden e papai se encaram do outro lado da mesa, suas expressões
ilegíveis.
Então, inacreditavelmente, papai abre um sorriso e começa a rir.
Kaden também.
— Mara, você está maluca!
Mamãe ri também.
Siiiim!
Acho que estamos chegando a algum lugar.
Servidores com pouca roupa trazem prato após prato de comida para
nossa mesa no nível do chão.
Kaden, Malik e eu sentamos em grandes almofadas confortáveis, que
imagino serem muito úteis nas ocasiões em que as coisas ficam estranhas
depois do jantar.
— O que você acha da comida?
Eu vejo Malik atacar uma perna de cordeiro, saliva e carne caindo em
seu colo. Você pensaria que ele era um animal faminto.
Comer é evidentemente uma atividade de que ele gosta tanto quanto
sexo.
— Delicioso, — diz Kaden, tentando esconder um arroto. Para minha
consternação, suas maneiras são apenas uma ligeira melhora em relação
às de Malik.
— Tem mais de tudo, — diz nosso anfitrião, acenando para uma
garçonete e beijando ela na bochecha enquanto ela põe outra bandeja de
carne grelhada. Corando, ela enche nossas taças de vinho pela enésima
vez.
— Agora que já nos saciamos, — digo, tentando voltar ao assunto, —
você pode nos contar alguma coisa sobre essa garota, Amber?
— Quem? — Malik pergunta, espancando o servidor em seu caminho
de volta para a cozinha.
O que há com esse cara?!
— Amber, — repito com uma voz frustrada. — Ela é da Matilha da
Pureza. Os pais dela deixaram a Matilha do Amor há alguns anos.
— Por que eles fariam isso? — Ele pondera, bebendo metade do vinho.
— Temos um ambiente muito divertido e amigável aqui. Quase ninguém
sai!
— Então você deve saber algo sobre eles, — diz Kaden, vindo em meu
auxílio.
Malik franze a testa para nós.
— Kaden, Mara. Por que você está tão focado nisso agora? Teremos
muito tempo para conversar depois do jantar. Olhe para este tabuleiro de
delícias sensuais na sua frente, — ele diz, gesticulando para as bandejas
de comida reabastecidas. — Vamos nos divertir.
Malik está realmente me dando nos nervos.
Posso dizer que ele está tentando evitar falar sobre as garotas. O que
ele está escondendo?
Tomo um gole de vinho para manter a calma.
Odeio admitir, mas na verdade é muito bom.
Quem sabe quanto bebi depois de todas essas recargas.
Kaden pega outro pedaço de carne, apertando os olhos para Malik.
— Derrame o feijão, Malik. O que você sabe?
— Eu sei que estou exausto dessas perguntas. — Ele suspira. —
Seriamente. Ouça a si mesmo. Novos companheiros, cheios de juventude
e vigor. Por que desperdiçar seu precioso tempo tagarelando sobre esse
absurdo? Mime-se comigo com os frutos da vida!
O servidor traz mais vinho.
Malik a puxa para seu colo. Ela grita e grita de tanto rir enquanto ele
enterra o rosto em seus seios.
Eu ouço uma risada e lanço um olhar para Kaden. Ele toma um gole
de vinho, tentando fingir inocência.
— O que?
— Você sabe o que! — Eu assobio.
Ele se aproxima com um sorriso infantil. Ele está ficando tonto? Me
lembro do lado brincalhão com que ele me provocou ontem à noite.
Gostei, mas agora não é hora de jogos.
— Talvez possamos esperar até amanhã para falar sobre isso.
Que diabos? De que lado ele está? E quanto a Amber?
Eu tomo um grande gole de vinho. Droga.
Está ficando — melhor.
— Kaden, não. Você não pode ver que ele está nos distraindo de
propósito?
Ele encolhe os ombros.
— Talvez precisemos de -um pouco de distração.
— Do que você está falando?
— Vamos, Mara. Quando é que vamos ter a chance de relaxar? Já
passamos por tanta coisa juntos em tão pouco tempo. Quebrando minha
maldição... Parando Coen... Enfrentando seus pais e a Matilha da Pureza.
Agora aquela garota desaparecida...
Ele se atrapalha desajeitadamente com a minha mão.
— Não estou dizendo que essas coisas não tenham sido incrivelmente
importantes para nós dois. Mas você não acha que merecemos uma noite
de folga? n Não sei dizer se é o vinho ou não, mas ele parece estar
fazendo algum sentido.
Não tivemos um momento de paz desde que nos conhecemos. Desde a
noite em que ele me sequestrou concordo com uma risada.
Talvez seja por isso que estou me sentindo estranha. Eu deixei todas
essas emoções intensas e experiências sombrias me consumirem
completamente.
Pode ser bom ter uma noite em que posso esquecer tudo...
Me esquecer...
Me render aos meus desejos mais simples...
Kaden afasta uma mecha de cabelo dos meus olhos. Nós nos
encaramos intensamente. Estou começando a sentir algumas centelhas
de calor novamente.
— Decidiu seguir meu conselho, não é? — interrompe Malik, olhando
maliciosamente por cima da mesa.
Uau! Esqueci que ele estava aqui.
O braço de Kaden envolve em torno de mim como um lenço em uma
noite fria de inverno.
Um sorriso surge em meus lábios, e tomo mais um gole de vinho.
Você sabe, talvez Malik não seja tão ruim.
Então ele ama o amor. O que há de errado nisso?
Ugh. Pare de pensar tanto, Mara.
Existe algo neste vinho?
Mara! Pare!
Sou uma bola de energia incandescente.
— Eu quero dançar, — eu grito de repente.
— Eu também! — Kaden disse.
Oh minha deusa, eu amo amo amo ele!
Malik fica de pé, dançando pequenos movimentos sinuosos para o
nosso lado da mesa. Alguma música de dança funky começa a tocar.
Malik pega nossas mãos. Nós giramos em um círculo juntos.
Mara. Kaden. Malik. Novos melhores amigos.
Nossos rostos ficam borrados.
O que está acontecendo comigo?
Há definitivamente -algo neste vinho...
E a julgar por quão rápido meus pés estão se movendo, e quão lento
minha mente está trabalhando, eu definitivamente -não estou no
controle.
Mas eu não tenho medo de estar com medo — não agora. Porque,
enquanto eu olho do meu companheiro para o Alpha da Matilha do
Amor, não posso deixar de sentir alegria.
E essa intensidade de alegria... ela corta todos os outros sentimentos.
Eu não consigo pensar.
Eu não consigo falar
Eu apenas sou.
Capítulo 7
A RESSACA MARA
Nossos corpos trituram em tons hipnóticos.
Prisioneiros da pista de dança.
Braços, pernas, peitos, seios me cercam, Mas o único rosto que vejo é o de
Kaden.
Segure firme, meu amor. Porque se você não...
Vamos nos perder.
Uggggghhhhhhhh....
Acordo com a pior dor de cabeça da minha vida. Parece que fui
atingida por um martelo.
Abro os olhos, mas a luz me apunhala como adagas. Eu gemo em
agonia mortal.
Tento voltar a dormir, mas a dor continua latejando... latejando...
latejando...
O que aconteceu ontem à noite? Lembrar dói.
Sons e imagens nebulosas lentamente aparecem em minha mente.
Uma pista de dança... Música estranha.... Corpos nus...
Suados... Fedorentos... Sexo...
E Malik no centro de tudo.
Uggggghhhhhghh...
Nota mental: tente não pensar em coisas que me deem vontade de
vomitar.
Definitivamente havia algo naquele vinho. Eu me sinto pior do que
quando bebi aquele suco da verdade na Matilha do Poder. Eu nem bebi
muito.
Isso é uma mentira. Eu bebi muito
Foi bom ter uma noite de folga, com certeza, mas definitivamente
exageramos.
Assim que eu me recuperar, vou encontrar Malik. Não acredito que
aquele idiota nos drogou. Que idiota!
O que ele sabe sobre Amber? Ele obviamente sabe de alguma coisa, e
eu quero algumas respostas do caralho!
Ou seja, quando eu for capaz, estarei me movendo.
— Kaden... — eu resmungo. Sem resposta. Ele ainda deve estar
dormindo. Eu tateio a cama ao meu lado, certa de que ele está a apenas
alguns centímetros de distância. O abraço pode ser a cura para a ressaca
de que preciso.
Mas a única coisa que minha mão toca é o ar.
Huh. Isso é estranho.
Ele não está lá.
— Kaden? — Eu chamo. Nada ainda. Arrisco abrir meus olhos. A luz
ainda arde, mas em alguns momentos, eu me ajusto.
Estou deitada em travesseiros em uma sala escura e sem janelas.
Parece uma cela de prisão confortável. Não muito diferente de onde eu
costumava ficar no Castelo da Vingança quando fui sequestrada pela
primeira vez.
Eu olho em volta. Nenhum sinal do meu companheiro em qualquer
lugar.
Talvez ele esteja no banheiro?
Depois de alguns longos minutos ouvindo a música dançante abafada
do lado de fora da sala, estou bastante convencida de que ele não está
fazendo xixi.
Quero procurá-lo, mas com essa ressaca paralisante, mal consigo me
mover.
Em vez disso, fico olhando para o teto. Furiosa. Eu não posso acreditar
que meu companheiro me deixou sozinha na Matilha do Amor.
Especialmente depois de como as coisas foram na noite passada.
Onde diabos está Kaden?!
KADEN
Onde diabos estou? Estou com muita ressaca para abrir os olhos.
Eu acumulo minhas memórias lamacentas, tentando juntar as peças
do que aconteceu na noite passada. Depois do jantar com Malik, tudo
fica marrom. Me lembro de muito vinho, de muita dança...
E sobre isso.
Droga. Eu devo ter sido drogado. Eu nunca -danço.
Ainda assim... foi bom ver Mara tão livre pela primeira vez. O que eu
lembro de ter visto dela, de qualquer maneira. Com tudo o que
aconteceu, ela precisava se soltar. Ambos precisávamos.
Tenho que me lembrar de perguntar a Malik onde ele conseguiu
aquele vinho.
Logo depois de chutar a bunda dele por nos drogar.
Ele realmente pensou que não notaríamos?
O que é que aquele velho pervertido escondido sob o assoalho?
Quero Mara. Eu a quero perto. Logo depois de dormirmos, vamos
chutar algumas portas para baixo. Vou fazer Malik nos dizer tudo o que
sabe sobre aquela garota desaparecida.
Lá está Mara. Eu sinto seu corpo quente próximo ao meu.
— Bom dia, meu amor, — eu sussurro meio grogue.
— Bom dia, — ela responde com uma risadinha.
Espere um maldito segundo
Essa não é a voz de Mara.
O que diabos está acontecendo?
Meus olhos se abrem. Sou recebido por uma cabeça de cabelo ruivo
curto.
Merda! Porra! Merda!
A cabeça também não é da Mara.
A ruiva se vira para me encarar, um par de olhos azuis deslumbrantes
no meio de seu rosto bonito e enrugado pelo sono.
Ah Merda. Isso não está acontecendo.
Eu traí Mara?
Eu não poderia ter feito isso.
Nunca, em meus sonhos mais loucos, poderia estar com alguém além
de Mara. Se procurasse por um milhão de anos, nunca encontraria uma
companheira mais perfeita.
Ela é leal. Amorosa. Independente. Ela me desafia e me toma mais
forte.
Sem mencionar que ela é gostosa pra caralho.
Meu corpo fica tenso quando a ruiva se aproxima, seus olhos azuis
brilhando de desejo. Ela está de topless, seus seios são carnudos como
pêssegos maduros, e eu não posso deixar de olhar.
Droga, Kaden, feche os olhos!
Mas eu não consigo. Estou muito distraído. Desorientado.
No meu perfeito juízo, eu nunca faria isso...
Mas na noite passada, eu não estava em meu juízo perfeito.
Então o que aconteceu?
Abro a boca para perguntar à ruiva, mas ela coloca um dedo nos meus
lábios e me cala.
— Sem falar, Alpha Kaden, — ela ronrona.
Eu sei que não deveria, mas me sinto um pouco excitado.
Kaden, controle-se
O que é esse lugar
Começo a me sentar, mas a ruiva me empurra de volta aos
travesseiros, me deixando sem equilíbrio por causa da ressaca.
Ela desliza o dedo pelo meu queixo, pescoço, peito nu...
Cada vez mais baixo...
Faça alguma coisa, Kaden
Eu quero impedi-la.
Eu tento.
Mas eu só... não consigo me mover.
MARA
Eu fico olhando nos olhos dela. Feliz, mas... vazia. Algo está errado.
Será que alguém pode ser realmente feliz aqui?
Vivendo no harém de uma lesma como Alpha Malik?
De jeito nenhum. É fodidamente impossível...
Não é?
Eu fico olhando para a garota. Estupefata.
— O que você quer dizer com não quer ir embora? — Eu pergunto
com cuidado.
— Você está louca? — Kaden adiciona asperamente.
Eu dou a ele um olhar silencioso. Eu tenho um palpite de que
devemos pisar levemente aqui, não pular no balanço, ao estilo da Matilha
da Vingança.
Claramente a garota está sob a influência de algo. Não queremos
perdê-la.
— ’Minha mente... é cristalina, — ela diz, continuando sua dança
vacilante em círculos ao nosso redor.
— Eu nunca estive mais... dentro -disso.
— Meu nome é Mara, e este é meu companheiro, Kaden. Qual o seu
nome? — Eu pergunto, tentando uma tática diferente.
— Zooooooeeeeeey... — ela canta.
— Zooey. E um nome bonito, — eu digo.
— Malik... diz isso também...
Concentre-se, Mara.
— De qual bando você é? Você pode nos dizer como você chegou aqui?
— Eu voei... em um raio... de sol.
Kaden geme como uma criança mimada. Eu gostaria que ele pudesse
ser mais paciente. Tenho certeza de que posso arrancar a verdade de
Zooey com um pouco de tempo.
— Você tem certeza sobre isso? — Eu pergunto com calma.
— Não... — Ela ri. — Alguns homens nos trouxeram aqui.... homens
maldosos e assustadores...
Viu? Estamos chegando a algum lugar!
— Um deles se chamava Coen?
— Coooooeeeeen... — Ela balança o nome em sua boca. — Isso soa
com um sino. Ding, ding, ding Kaden e eu trocamos olhares.
Finalmente. Prova que Alpha Malik estava envolvido no tráfico de
meninas desaparecidas!
Claro.
E daí se Zooey não for a melhor testemunha? Ela é melhor do que
nada.
— De que matilha você é? — Kaden pergunta com a sutileza de um
machado de batalha. Ele mal consegue esconder sua empolgação.
Zooey de repente dá um passo errado e cai para trás no chão,
colidindo com uma das garotas adormecidas. A garota muda apenas
ligeiramente, seus olhos permanecem fechados para o mundo.
Eu me agacho ao lado de Zooey. — Você está bem?
Ela balança a cabeça lentamente.
— Todas essas perguntas... Elas dão muito trabalho... Estou ficando
cansada...
— Oh, por favor. Nós quase não perguntamos nada a ela, — Kaden se
encaixa. — Mara, estamos perdendo tempo aqui. Vamos acordar essas
garotas e dar o fora daqui enquanto ainda temos tempo. Podemos fazer
essas perguntas mais tarde.
— Mas eu não quero ir embora!
Zooey bate os punhos nos travesseiros como um bebê chorão.
— Por que não? — Eu pergunto. — Você disse que homens
assustadores trouxeram você aqui. Por que você ficaria?
Ela se atrapalha no chão até que suas mãos encontram um pequeno
cachimbo de vidro escondido nos travesseiros. Ela o pega e o estuda
cuidadosamente, uma carranca se formando em seus lábios.
— Eu preciso de um fósforo.
— Zooey, você poderia, por favor, responder à pergunta. Diga-nos
porque você quer ficar aqui.
— Eu preciso de um fósforo! — Ela berra.
— Tudo bem, — eu respondo suavemente, me levantando.
Eu começo a olhar ao redor da sala. Kaden me observa, batendo o pé.
Eu sei que ele está frustrado, mas de que outra forma vamos conseguir
informações mais concretas dela?
Se ela quer um fósforo, vou conseguir um maldito fósforo!
Encontro uma caixa de fósforos pela metade em uma mesa ao lado de
uma lata de algum tipo de erva verde.
Eu trago para Zooey. Ela acende o cachimbo e inala profundamente,
tossindo uma enorme nuvem de fumaça branca. Instantaneamente, ela
parece relaxar.
— Isso é... melhor... — Ela suspira. — Quer um pouco?
Ela me oferece o cachimbo. Sim, certo Eu tive substâncias estranhas o
suficiente para uma visita a Matilha do Amor, obrigada.
Eu educadamente coloco sobre os travesseiros.
— Diga-nos por que você quer ficar aqui, — eu repito, a suavidade em
minhas palavras desaparecendo lentamente.
Agora, minha -paciência está começando a se desgastar.
— É divertido aqui. — Ela encolhe os ombros. — Eu posso fazer o que
eu quiser.... Jogamos o dia todo... E quando não estamos brincando,
estamos dormindo... E quando não estamos brincando ou dormindo,
estamos... — Seu rosto se ilumina com um sorriso diabólico. — Fodendo...
Eu faço o meu melhor para não imaginar essa pobre garota na cama
com aquele glutão ofegante.
— Alpha Malik nunca maltrata você?
— Nunca... Ele nos dá a melhor comida... o melhor vinho... as
melhores drogas...
Ela pega o cachimbo, acendendo ele novamente.
— E o melhooooooooor clímax...
Ela se contorce de prazer com o pensamento.
Infelizmente reconheço sua expressão. E a mesma aparência vidrada
que tenho quando estou sonhando acordada com o conjunto de
habilidades incomparáveis de Kaden.
É possível que ela realmente ame Malik? Ele deve ser trinta anos mais
velho que ela.
Pelo menos.
Ela nem parece legal para os padrões da Matilha da Pureza.
Eu olho para Kaden. Para ser justa, ele também não é exatamente uma
imagem da juventude.
Zoey parece apenas alguns anos mais nova do que eu. Eu realmente
não quero fazer as contas, mas eu estimo que meu companheiro é uma
espécie de ladrão de berços.
— Todas vocês, meninas, se sentem da mesma maneira? — Eu
pergunto, olhando para as outras espalhadas nos travesseiros. Zooey
percebe minha preocupação.
— Pergunte a elas. Jana... Jana... — Ela começa a sacudir a garota em
quem ela caiu mais cedo. Jana, aparentemente. Ela abre um par de olhos
verdes injetados de sangue.
— Os homens maus trouxeram Jana aqui também... Eles trouxeram
todos nós, — Zooey explica. — Jana, você gosta daqui, certo? Diga qual é
o nome dela... — Ela aponta para mim.
— Mara, — eu a lembro.
— Marjorie, — Zooey diz a Jana.
Jana tateia em busca do cachimbo e dos fósforos, e então dá uma
pequena tragada.
— É o paraíso na terra, — ela ronrona antes de fechar os olhos
novamente.
— Viu? — Zooey diz, se aconchegando ao lado dela. Ela fecha os olhos
também.
Oh não.
— Zooey, espere! Temos mais o que conversar! — Eu digo, batendo
em seu ombro.
— Mara, esqueça-a. Se elas não querem ir, vamos deixá-las.
Precisamos sair daqui antes que Malik nos encontre, — Kaden diz, se
virando para a porta.
Do que ele está falando? Estamos muito perto de obter mais
respostas!
Eu me levanto e o interrompo na frente da porta.
— Kaden, — digo a ele em voz baixa, — não vamos a lugar nenhum
até obtermos mais informações dela. Nem perguntei a Zooey sobre
Amber. E você realmente acha que Alpha Malik é a única pessoa que
Coen vendeu garotas também? Porque eu não.
— Ela está toda drogada. Quase não aprendemos nada além da
habilidade sexual de Malik. O que te faz pensar que ela vai te dizer algo
realmente útil?
— Eu só acredito.
Kaden procura meus olhos em dúvida. Por que ele não pode
simplesmente confiar em mim? Eu dei um salto acreditando que ele não
me traiu. Por que ele não pode dar um agora?
— Tudo bem, — diz Kaden finalmente. — Mas estamos fazendo isso
do meu jeito. Você está perdendo muito tempo cuidando dela.
Precisamos ser mais agressivos.
ERRADO.
— Kaden, não...
Mas ele já está caminhando para o lado de Zooey.
— Zooey, ACORDE, — ele comanda. Seus olhos se abrem.
— Mara e eu precisamos sair daqui, mas precisamos de algumas
respostas primeiro. De que matilha você é? Você conhece uma garota
chamada Amber? Para quem mais Coen estava vendendo garotas?
Zooey o encara em silêncio com um sorriso sonhador.
— Fale, droga! — Zooey responde fechando os olhos e se aproximando
de Jana. Kaden rosna, puxando seu cabelo.
Eu não posso acreditar que ele pensou que ia funcionar.
— Alpha Kaden, mestre do interrogatório, — eu digo sarcasticamente,
sentando no travesseiro ao lado de Zooey. Kaden sai furiosamente para o
outro lado da sala.
— Zooey, é Mara de novo. Eu só quero conversar um pouco mais com
você. — Eu esfrego suas costas suavemente. A espinha de Zooey se curva
como a de um gato carinhoso.
— Não quero mais falar com aquele cara mal-humorado, — ela
murmura.
— Você não precisa. — Eu ouço Kaden bufar atrás de nós. Ele está
sendo tão imaturo.
— Continue esfregando minhas costas... por favor... — Zooey diz.
Eu continuo esfregando.
— Você conhece uma garota chamada Amber? — Eu pergunto. — Ela
foi levada com o resto de vocês, meninas. Ela é da Matilha da Pureza.
— Amber da Matilha da Pureza... Hmmm... — Zooey pondera. — Sim,
eu a conheço...
Sim! Ela conhece Amber!
Não perca a calma, Mara. Precisamos de mais informações — Ela está
aqui? — Eu olho para as meninas adormecidas, esperançosa. Mas Zooey
balança a cabeça.
— Não... Alpha Malik não gosta de garotas da Matilha da Pureza... —
Ela ri. — Ele diz que elas não são boas na cama...
Com licença? Eu peço desculpa, mas não concordo! Mas esta não é a
hora de entrar em um debate sobre a reputação sexual da minha ex-
matilha.
— Onde você acha que ela foi?
Zooey dá de ombros. — Ficando com sono...
— Zooey, por favor...
— Mara, realmente temos que ir, — Kaden me diz. — Nós sabemos
que Amber está lá fora. Agora -você está apenas abusando da sorte.
Eu olho para ele. — Dê-me mais um minuto.
Os olhos de Kaden estreitam. — Sessenta... cinquenta e nove...
cinquenta e oito... — conta ele.
EC A! Ele é mais frustrante do que Zooey.
— Por favor, Zooey. Você tem alguma ideia de onde Amber poderia
estar?
Ela balança a cabeça.
— Há mais alguma informação que você possa me dar? Por favor. Eu
realmente quero ajudar as outras garotas lá fora. Nem todas elas
acabaram em um lugar tão bom.
Zooey abre os olhos. Eu vejo uma pitada de tristeza. Estou
conseguindo falar com ela?
— Eu não... sei, — ela diz.
Droga. Eu tinha certeza que ela iria me dizer algo. Eu aceno,
desapontada. — Obrigada por sua ajuda, Zooey.
Ela fecha os olhos. Eu começo a me levantar. Aliviado, Kaden vai para
a porta.
— Espera!
Eu viro. Zooey nos observa com o rosto dilacerado de remorso.
— Ugh, e agora?! — Kaden resmunga.
— Um segundo, — eu sibilo, esperando Zooey falar.
— Diga a Matilha da Igualdade... Estou bem... — Zooey diz, sua voz
fortalecendo.
— A Matilha da Igualdade?
Minha mente dispara, tentando descobrir se a ouvi direito. Nunca
ouvi falar de uma Matilha da Igualdade antes.
— Sim. Matilha da igualdade, — ela ecoa. — É daí que eu venho...
Diga a eles... Estou bem...
A luz nos olhos de Zooey se apaga. Ela encosta a cabeça no travesseiro
novamente.
— Onde encontramos a Matilha da Igualdade, Zooey? Zooey! — Eu
pressiono.
Mas posso dizer que ela saiu.
— Mara, vamos embora! Agora!
— Mas precisamos descobrir...
Kaden me pega pelos ombros, me guiando rudemente em direção à
porta.
— Você esqueceu que sou um Alpha? Eu sei onde encontrar a maldita
matilha da Igualdade. — Ele cospe o nome deles com nojo.
O que ele sabe sobre eles?
Pelo olhar dele, posso dizer que não é nada bom.
Capítulo 10
ADEUS, AMOR
MARA
Um bando só de mulheres? Eu não sabia que tal coisa poderia existir Deve
ser legal sem machos arrogantes mandando nelas ou sendo muito agressivos
ou possivelmente traindo elas...
Não que eu esteja pensando em alguém em particular Na verdade, estou
muito impressionada.
Eu só queria que elas não estivessem prestes a nos matar!
As mulheres da Matilha da Igualdade deixaram Kaden e eu amarrados
e amordaçados nos aposentos da Alpha Nessa.
Eles não têm um castelo como os outros bandos, é uma aldeia de
cabanas feitas de materiais da floresta — gravetos, galhos, folhas, peles de
animais.
Estou começando a entender o que Kaden quis dizer com —
primitivo.
Alpha Nessa tem uma casa na árvore no oco de uma sequoia com vista
para as cabanas abaixo e nas profundezas da floresta além.
Tento apreciar a vista, considerando que provavelmente estaremos
mortos nos próximos minutos.
Talvez nem seja preciso dizer, mas eu realmente -espero que elas não
nos matem.
Para me confortar, eu me movo o mais perto possível de Kaden, mas
as guardas continuam nos separando com suas lanças.
Eu apoio a coisa de matilha só de mulheres, mas essas são algumas
cadelas sem coração.
Alpha Nessa finalmente entra, se sentando em um trono de osso.
Tenho quase certeza de que os braços são feitos de crânios humanos.
— Alpha Kaden, — Nessa começa enquanto as guardas removem
nossas mordaças. — Gostaria de poder dizer que foi um prazer. Mas não
aceitamos bem os invasores do sexo masculino aqui na Matilha da
Igualdade.
— Não tínhamos a intenção de invadir, — Kaden diz honestamente.
— Pretendíamos apenas falar com a Matilha da Igualdade sobre algumas
meninas desaparecidas.
— Silêncio! — Nessa grita, batendo no chão com a coronha da lança.
— Eu não suporto o som da voz masculina. Todos vocês parecem porcos
grunhindo.
— Me perdoe, Alpha Nessa, mas como você chegou a esta posição?
Kaden me disse que a Matilha da Igualdade costumava ter um Alpha
masculino.
Nessa escurece. — Isso foi há muito tempo atrás. — Sua mão se move
para um conjunto de cicatrizes profundas em seu rosto. Não as notei sob
a pintura facial.
Eles parecem que foram feitos por um animal. Ou talvez... outro
lobisomem.
— Meu companheiro era Alpha Garth. Ele era um líder terrível. Um
bêbado. Um adúltero. Um abusador. E os outros machos da matilha
viviam por seu exemplo.
— Ficou tão ruim que minhas irmãs e eu não aguentávamos mais.
Então, uma noite, quando os machos estavam desmaiados de bêbados de
uma de suas farras que duravam a noite toda, nós nos levantamos juntas
e pegamos a matilha de volta para nós.
Ela testa a ponta da lança.
— O que aconteceu com os homens? — Eu perguntei.
Alpha Nessa sorri diabolicamente.
— Tiramos a maioria deles do bando, mas alguns ficaram. Você
poderia dizer que Garth e eu ainda somos inseparáveis. — Ela acaricia
um dos crânios no braço da cadeira.
Gulp.
Tenho a sensação de que sei onde Garth está.
— Alpha Nessa, Kaden e eu viemos falar com você sobre algumas
meninas desaparecidas dos outros bandos. Queríamos saber se você teria
informações para compartilhar.
— Com Alpha Kaden? Absolutamente não. Os homens não são mais
permitidos dentro de nossas fronteiras, — ela diz, apontando sua lança
ameaçadoramente para Kaden. — Sob pena de morte.
Kaden fica furioso, mas permanece em silêncio.
Estou feliz por ele não dizer nada. Alpha Nessa parece que ela ficaria
muito feliz em matá-lo.
— Você, por outro lado... — ela diz, virando sua lança para mim. Meu
corpo todo fica rígido. Essa lança parece muito afiada quando está a
trinta centímetros de sua garganta.
Alpha Nessa acena para as guardas, que começam a me desamarrar.
— Você parece uma mulher razoável, Luna Mara. Vamos dar um
passeio? Posso ser capaz de lançar alguma luz sobre a situação da menina
desaparecida.
Dar um passeio?
Com essa assassina psicopata?
Amber, eu me lembro. Amber.
— OK.... Mas e Kaden? — Eu pergunto com cuidado.
— Sim. O que tem ele? — Ela diz brincando, sorrindo para Kaden
enquanto a lança balança de volta para seu pomo de Adão. Tenho a
sensação de que ela está saboreando isso.
— Tragam-no ao Doador de Sementes, — ela diz aos guardas. — Eu
não gostaria de privar nosso amiguinho de uma oportunidade de união
masculina.
Os guardas puxam Kaden.
Nossos olhos se conectam uma última vez antes que ele desapareça do
buraco.
— O que é um doador de sementes? — Eu pergunto a Nessa enquanto
ela desce de seu trono.
— Temos um homem na Matilha da Igualdade, mas puramente para
fins práticos, — diz ela com uma piscadela. — Você conhece o velho
ditado. Não posso viver com eles, não posso viver sem eles.
Alpha Nessa e eu percorremos um caminho pela aldeia e depois
saímos por entre as sequoias. Ela usa sua lança como bengala.
Me sinto estranhamente segura ao lado dela. Agora que Kaden se foi,
ela está visivelmente mais relaxada. Há quase uma aura maternal sobre
ela.
— Você quer saber sobre as meninas desaparecidas, — ela começa. —
Tenho algumas informações que podem enviar alguma luz sobre a
situação.
Meu batimento cardíaco acelera.
— O que? — Eu pergunto ansiosamente.
Ela sorri sabiamente. — Eu sei que o irmão de Kaden estava envolvido
com esse negócio de tráfico horrível.
Eu me viro para olhar para ela. Sério -1
— Por favor, Mara. Podemos nos isolar aqui na Matilha da Igualdade,
mas vivemos nas árvores, não sob as rochas. Por mais estranho que possa
parecer, — ela continua, — compramos algumas das garotas dele.
Eu paro de andar.
A Matilha da Igualdade comprado -garotas desaparecidas?
Que tipo de merda esquisita elas estão fazendo com elas aqui?!
Nessa percebe minha expressão de pânico. — Antes que você entre em
pânico, por favor, me deixe explicar, — ela diz, sua voz ainda calma.
— Nós compramos as meninas... para libertá-las. Sabíamos que Coen
as estava vendendo como escravas. Ele até sequestrou algumas de nossas
jovens garotas da Matilha da Igualdade. Não tínhamos os meios para
lutar contra sua magia negra, então, em vez disso, jogamos de acordo
com suas regras.
Isso... realmente faz algum sentido. Eu decido continuar ouvindo.
— Compramos o máximo que pudemos. Como você pode perceber,
não somos o bando mais rico de todos, mas colocamos o máximo
possível. As meninas tiveram a escolha de retomar para suas matilhas ou
se juntar a nossa. Muitas escolhem a nossa.
Uau. A Matilha da Igualdade investiu dinheiro para comprar de volta
as garotas desaparecidas? Isso é tão comovente. Meu coração está
nadando de emoção.
— Tem uma garota da Matilha da Pureza... O nome dela é Amber... —
eu gaguejo.
Alpha Nessa sorri.
— Sim, ela está aqui. Venha e você pode conhecer ela.
Alpha Nessa me leva para uma grande cabana, uma espécie de sala de
aula. Uma professora dá uma aula para adolescentes sobre a história da
Grande Guerra.
Isso me lembra de todas as minhas lições terríveis com aquelas irmãs
idiotas da deusa da lua.
Isso foi realmente apenas alguns meses atrás
— Amber, — Alpha Nessa chama da porta, acenando para uma das
meninas.
Uma garota tímida com cabelo loiro sujo aponta para si mesma
interrogativamente.
— Sim você! — Nessa ri. — Alguém quer te conhecer. Rápido agora.
Amber olha para sua professora, que acena em aprovação. Ela corre
até nós. Eu olho para ela de cima a baixo em descrença.
A -Amber! Em pessoa!
Amber me olha estranhamente. Obviamente ela não tem ideia de
quem eu sou.
— Sinto muito, Amber, devo parecer uma completa desastrada. Meu
nome é Mara. Eu sou da Matilha da Pureza. Estive procurando você por
toda parte. I!
— Mara? Oh Já ouvi falar de você! Você está um pouco acima de mim,
certo? As Irmãs da Deusa da Lua costumavam falar sobre você.
Eu ri. — Elas disseram somente as coisas boas, espero?
Amber também ri. — Nunca.
— Meu companheiro e eu acabamos de resgatar um grupo de garotas
da Matilha da Pureza da Cidade da Vingança. Mas você estava faltando.
Viemos para te levar para casa.
— Oh! Hum... obrigada...
Amber franze a testa, olhando para trás em sua sala de aula. Posso
dizer imediatamente o que está acontecendo em sua mente.
Ela não quer voltar.
— Se você não quiser ir, Amber, eu entendo. A Matilha da Pureza
também não é para mim.
Amber acena com a cabeça, suas bochechas ficando rosa.
— Eu só queria que houvesse uma maneira de dizer aos meus pais que
estou bem, — ela diz.
— Tenho certeza de que podemos descobrir uma maneira de dizer a
eles, querida, — interrompe Nessa com um tapinha reconfortante nas
costas. — Agora, volte correndo para a aula.
— Prazer em conhecê-la, Mara — Amber diz antes de voltar correndo
para sua mesa.
— Você também, — eu digo suavemente. Nessa me guia de volta ao
longo do caminho pela aldeia.
— Antes que eu esqueça, — digo, — conheci uma de suas garotas na
Matilha do Amor. Zooey. Ela queria que eu lhe dissesse que ela está bem.
Ela gosta de lá.
O alívio inunda o rosto de Nessa. — Obrigada por me dizer isso.
Estávamos preocupados com ela, como você está com a jovem Amber.
Direi à mãe dela imediatamente.
Tenho que admitir que estou começando a gostar da Nessa. E bom
passar o dia em um mundo sem homens. Essas mulheres parecem
realmente cuidar umas das outras.
A Matilha da Vingança, sem falar na Matilha da Pureza, certamente
não tem o mesmo tipo de camaradagem.
Nessa me olha de perto. Quase me estudando.
— Sabe, Mara, você poderia ir longe neste bando.
EU? Na Matilha da Igualdade?
Tentei imaginar, mas simplesmente não consegui. — Estou lisonjeada,
Alpha Nessa. Mas eu tenho um companheiro, e da última vez que
verifiquei, sua matilha tinha uma política de tolerância zero quando se
trata de machos.
Alpha Nessa encolhe os ombros. — Só estou dizendo que você veio
aqui para libertar mulheres escravizadas. E aqui está você, escravizada.
Por um companheiro.
— Eu não estou 'escravizada'...
— O que você chama de estar presa a alguém para sempre? Ele
marcou você, não foi? Isso significa que você é propriedade dele. É
degradante.
Eu instintivamente toco a marca em meu pescoço. Nunca pensei
sobre isso antes, mas meio que me faz sentir... possuída.
Mas, ao mesmo tempo, amo Kaden. Mais do que tudo.
A noite em que ele me marcou foi a experiência mais íntima e
romântica da minha vida.
Mas, novamente... ele realmente me aprecia? Confia em mim? Me
respeita? Ele me trata como igual?
Ultimamente... não.
Mara, não seja louca
De jeito nenhum eu me juntaria a Matilha da Igualdade...
Certo?
Nessa parece ciente do debate acontecendo dentro de mim. Ela
oferece um sorriso reconfortante.
— Não há necessidade de dar uma resposta agora, Mara. Só estou lhe
dando o que pensar. Você é uma garota esperta. Não gaste sua vida a
serviço de um homem simplesmente porque a sociedade quer que você o
faça.
Eu aceno e continuamos andando, mas minha cabeça ainda está uma
bagunça.
Eu realmente preciso de um companheiro?
Ou a sociedade me forçou?
Se eu realmente amasse Kaden, não deveria ser mais fácil decidir?
KADEN
Porra do Kace!
Como meu irmão pode se tomar um traidor? Ele não está agindo
como o Kace que eu conheço. Sua personalidade está distorcida pelo mal.
Eu ando pela pequena sala sem janelas em que eles me trancaram.
É uma porra de uma jaula.
Mara... Meu amor...
Eu sou um idiota. Um idiota irremediável.
Eu deveria ter ouvido ela. Ela está certa sobre tudo.
Sobre as meninas desaparecidas.
Sobre Malik.
Agora Kace.
Fiquei tão emocionado ao ver Kace novamente que Fiquei cego para a
lógica e a razão.
Mara, não mereço seu perdão.
Tenho sido um Alpha solitário por muito tempo. Não sou bom em
confiar e comunicar. Não sei como compartilhar minha vida com outra
pessoa. Não estou acostumado a ter um igual.
Não é desculpa, porra. Veja onde isso me levou. Preso em meu próprio
castelo. Traído por minha própria matilha. E outro irmão!
Se algum dia eu escapar disso, vou compensar você, Mara. Eu juro
pela minha vida — da minha matilha — -farei o que for preciso.
Serei um bom parceiro. Vou te dar tudo o que você precisa.
Eu amarei.
Eu vou escutar.
Eu vou confiar.
Não seremos apenas iguais. Serei seu servo e você, minha rainha.
Se eu escapar disso...
Kace deve estar envolvido com alguma magia muito negra. Se ele
realmente morreu, alguém teve que ressuscitá-lo. Mas quem poderia ser
tão poderoso?
E o que havia com aquela faca estranha?
Eu toco minhas costelas. A lâmina mal cortou minha pele, mas a dor é
mais profunda.
De alguma forma, voltei a ser humano assim que senti sua picada.
Estava além do meu controle.
Kace disse que eu não seria capaz de mudar por — muito tempo. — O
que ele quis dizer com isso?
Eu me sinto fraco, mas vou tentar mudar. Eu preciso saber.
Eu cerro os dentes... Meu corpo treme... Eu entrego minha mente e
alma ao meu lobo...
Mas nada acontece. Não estou experimentando aquela sensação
estimulante quando meu corpo se transforma. Não estou
experimentando nada.
O que diabos você fez comigo, Kace?
Contra o que estamos lutando?
Minha companheira está segura?
É melhor Kace não tocar em um único fio de cabelo de sua cabeça.
Porque se alguma coisa acontecer com ela... é tudo culpa minha.
Eu bato nas paredes até minhas juntas sangrarem. Até que toda a sala
treme. Até que eu caio de joelhos com os pulmões exaustos, lágrimas
quentes caindo dos meus olhos.
Mara... Meu amor...
Por favor, fique forte.
MARA
10 milhas.
50 milhas.
100 milhas.
200 milhas.
48 histórias.
Chegamos.
Estou o mais distante que já estive do meu companheiro.
Meu coração se parte.
Eu fico olhando pela janela de um arranha-céu em forma de pirâmide.
O prédio fica de guarda bem acima da Cidade da Vingança. Olhar para
baixo é quase estonteante.
Lá embaixo, multidões de pessoas se agitam pelas ruas, cuidando de
suas vidas diárias. Eles parecem pequenos e insignificantes.
Atravessando um canal, uma grande ponte laranja irradia sob o sol
poente. E mais longe, uma floresta infinita de sequoias dominam o
horizonte.
É uma das vistas mais incríveis que já vi. As pessoas que vieram antes
de nós devem ter realmente confundido para perder um lugar como este.
Eu gostaria que Kaden estivesse aqui para ver isso.
Eu sei que ele está tão preocupado comigo quanto eu estou com ele —
nenhum de nós sabendo o paradeiro um do outro, temendo o pior... Eu
não queria deixar meu companheiro para trás.
Eu lutei com Lexia todo o caminho, mas no final, ela me convenceu de
que ir atrás de Kaden era suicídio. Simplesmente não há como alcançá-
lo... não agora, de qualquer maneira.
Preciso de todas as minhas forças para não desmoronar.
— Lindo, não é? — Lexia pergunta enquanto se aproxima, me
entregando minha terceira taça de vinho.
— Sim, é, — eu respondo, tomando um grande gole.
Eu sei que não deveria beber tanto, especialmente depois do que
aconteceu com Malik e a Matilha do Amor, mas eu acho que o álcool vai
me ajudar a esquecer, embora eu esteja começando a me sentir pior.
— Claro, você não pode ver a podridão e a sujeira da cidade deste
ponto de vista, — ela diz com desdém.
Lexia realmente subiu no mundo quando Kaden entregou a ela as
chaves da Cidade da Vingança. Não mais nas favelas subterrâneas, ela
assumiu a responsabilidade de alcançar o ponto mais alto imaginável.
Os rumores da — ressurreição — de Kace foram o que trouxeram
Lexia para a Matilha da Vingança em primeiro lugar. Ela precisava ver as
coisas por si mesma em primeira mão. Somente quando ela testemunhou
a derrota de Kaden e minha captura, ela realmente entendeu o que
estávamos enfrentando.
Kace é muito poderoso, mesmo para a líder da Cidade da Vingança
enfrentar sozinha. E ela não está prestes a entrar em uma situação em
que não sabe o que está reservado para ela.
Lexia teve apenas tempo suficiente para me alcançar e, mesmo assim,
mal conseguimos sair vivas.
No momento em que confiscamos um dos veículos de Kace, ela havia
matado sozinha uma dúzia de fanáticos carecas de Kace.
E então ela me trouxe aqui — Ninho da Águia, — como ela chama.
Afirma que é o lugar mais seguro para se estar. Mas, por mais que tente
racionalizar nossas ações, não posso deixar de sentir amargura em
relação a ela.
— Eu entendo como deve ser difícil deixar Kaden onde está, — Lexia
diz, — mas não tínhamos escolha.
— Ainda não significa que seja justo, — eu respondo. — Ele pode estar
ferido ou morrendo.
— A vida não é sobre o que é justo, — Lexia rebate. — É sobre
sobrevivência. E ele é um sobrevivente.
Eu só resgatei você porque preferia Kaden no Trono da Vingança do
que Kace.
— Então você fez isso para sua própria autopreservação.
— O que mais me faria? Preocupar-se com os outros apenas atrasa. Eu
aprendi isso da pior maneira.
Ela está se referindo a Grayson, o companheiro que ela deixou para
trás?
— Bem, talvez se você realmente amasse alguém fora de tudo isso, —
brinco, apontando para sua construção escultural, — então talvez você
entenda.
Eu sei que é tolice insultar alguém como Lexia, visto que ela poderia
me derrubar sem um momento de hesitação, mas eu realmente não dou
a mínima... não mais. Estou muito ferida para me importar.
Ficamos em silêncio por vários minutos observando o sol se dissipar
antes de Lexia se virar para mim e dizer: — Apesar do que você possa
pensar, eu me importo com o bem-estar dos outros. Você, por exemplo, é
alguém que admiro desde o momento em que a conheci. E Kaden —
apesar de minhas dúvidas sobre ele no passado — também ganhou meu
respeito. Eu devo muito a ele.
Isso é novidade para mim.
É como se ela estivesse revelando um lado dela mesma que ela
mantém em segredo do resto do mundo.
— Então, se vamos ajudar um ao outro, preciso que você me diga
todos os pequenos detalhes que puder lembrar, — Lexia diz, me levando
para dentro da — cobertura, — como ela chama.
Ela nos senta perto da lareira. — Você disse que Kace pode controlar
os outros com sua mente?
Só de pensar nisso, sinto calafrios na espinha.
— Sim, muito mais forte do que qualquer coisa que senti em Coen. —
admito. Lexia conhece o controle da mente muito bem. Se não fosse por
sua primeira intervenção com Coen, ele poderia ter feito o que queria
comigo... poderia até mesmo estar vivo.
Digo a ela como Kace usa suas habilidades mentais para controlar a
matilha e como ele exercia o mesmo poder para me controlar.
É difícil relatar o que ele me forçou a fazer, mas Lexia é
surpreendentemente compreensiva. Ela nunca fala muito sobre seu
passado, mas os detalhes da minha — dança — tocam o nervo.
— Aquele filho da puta! — Ela exclama, jogando seu vinho pela sala.
— Mas por mais terrível que tenha sido, — eu continuo, — a lâmina
que apunhalou Kaden é o que mais me preocupa.
— Continue...
— No momento em que aconteceu, ele foi incapaz de se transformar.
Tomou ele impotente. Ele tentou superá-la, mas era demais.
— O que isso se parece?
— Apenas uma faca comum... Não estou muito familiarizada com
armas, mas agora que penso sobre isso, me lembro de emanar um leve
brilho prateado, — digo, terminando minha bebida, — como algum mal a
força foi envolvida em torno dele.
Lexia se perde em pensamentos antes de falar novamente.
— Como você deve saber, os fanáticos carecas de Kace estão
invadindo meu território há algum tempo. E se o que você diz é verdade,
acho que posso saber por quê. — Lexia estende a mão e me ajuda a ficar
de pé.
— Venha comigo. Eu quero te mostrar algo.
Levamos quase uma hora para atravessar a fossa de uma cidade. E ela
estava certa... pela segurança de sua torre, uma pessoa pode facilmente
perder de vista o mundo abaixo.
Qualquer pessoa normal seria louca de vir aqui. Felizmente, minha
guia é o tipo exato de louco de que preciso. Ela conhece essas ruas como
a palma da sua mão.
Passamos por baixo de um dossel de arranha-céus e nos encontramos
na paisagem tóxica pela qual a Cidade da Vingança é mais conhecida... as
favelas em constante expansão. Os faróis dos carros revelam indivíduos
decadentes que claramente não querem ser vistos.
Meu coração está acelerando. Uma coisa é vir aqui durante o dia, mas
à noite, parece que a qualquer momento alguém ou alguma coisa está à
espera para nos emboscar.
Percorremos becos, voamos por estacionamentos abandonados e
passamos por incontáveis incêndios espalhados por toda essa miséria.
Como alguém pode viver assim?
Uma tatuagem de texto no antebraço de Lexia chama minha atenção.
Ele brilha sob o luar.
— Traga-me seus miseráveis, sua sujeira, seus moleques errantes,
Desejo de roubar gratuitamente.
A conspiração se recusa a queimar.
Envie para mim esses assassinos, gananciosos e sem moral.
Aqui, todos esses demônios têm sua vez.
Este é o credo da Cidade da Vingança.
Claro, isso é o que está escrito.
— Machucou? — Eu pergunto, apontando para a inscrição.
Lexia me olha como se eu tivesse dito a coisa mais estúpida que ela já
ouviu. Mesmo no escuro, posso dizer que minhas bochechas estão
ficando vermelhas.
Lexia passa por mais e mais barracos até desligar os faróis e virar em
um beco estreito.
Ela confia em sua visão noturna pelo resto do caminho e para quando
chegamos a um pátio de ferrovia.
— É isso? — Eu pergunto.
— Me siga. Não diga uma palavra, — ela comanda.
E eu faço.
Eu saio do veículo e a sigo até uma tampa de bueiro. Eu vejo como
suas mãos mudam e levantam a tampa com facilidade, liberando um
cheiro ruim de baixo. O odor fétido é nauseante e me faz engasgar.
— Estamos realmente indo para lá? — Eu sussurro.
— Eu disse para não falar! — Ela atira de volta enquanto desce uma
escada.
Eu gostaria que ela apenas dissesse para onde estávamos indo. O que é
tão importante que ela tem que me mostrar pessoalmente?
Eu a sigo de qualquer maneira, tentando acompanhar.
Esses túneis já foram à casa de Lexia. Alguns são largos o suficiente
para um ônibus passar, enquanto outros nos obrigam a rastejar sobre
nossas mãos e joelhos. Isso não incomoda nem um pouco Lexia, mas me
faz sentir claustrofóbica.
Ela poderia navegar neste labirinto com os olhos vendados, se
quisesse.
É melhor não nos separarmos porque não tenho ideia de como voltar.
Espero que cheguemos aonde estamos indo em breve.
Lexia para de repente e olha para trás.
— Estamos aqui, — ela sussurra. — Fique abaixado.
Eu sigo seu exemplo, e o túnel se toma cada vez mais brilhante
conforme o som de máquinas enche meus ouvidos.
O que está acontecendo aqui?
Saímos de um túnel e nos encontramos empoleirados em uma
saliência. Olhando para baixo, vejo um grande poço cheio de mineiros
usando equipamentos industriais para escavação.
Não parece nada fora do comum até que Lexia gesticula para dar uma
olhada mais de perto. Eu suspiro quando vejo dezenas de homens carecas
com tatuagens triangulares.
— Esses são... — eu começo.
— Os mesmos.
E eles não estão apenas minerando. Eles estão forjando armas. Meus
olhos se arregalam quando percebo que o material que eles estão usando
brilha em prata luminescente.
O mesmo material da lâmina de Kace!
Capítulo 18
AS MINAS
MARA
KACE
Kace: Inimigos? Quais inimigos? Kaden é meu prisioneiro. Quem mais poderia...
Mestre: Não me questione! O que eu digo para você é verdade. Eu mesmo vi.
Isso tem que ser um truque. Alguma força negra está fazendo isso
comigo. Essa é a única explicação, não é? Mas parece tão real... como se
seus braços realmente estivessem se estendendo para mim.
Kaden: Garanto a você, isso é real.
Eu? Poderosa?
Kaden: Se meu lobo não estivesse completamente drenado, eu teria conectado com
você há muito tempo.
E eu fiz. Nós conversamos assim por horas. Eu contei a ele tudo o que
aconteceu depois de sua captura...
Minha — dança — com Kace...
O resgate de Lexia...
As minas...
A revelação da prata da lua...
E, finalmente, a morte de Grayson.
Reviver o que passei é doloroso, mas, ao mesmo tempo, um alívio —
até estranho. E Kaden tem sido mais do que compreensivo,
especialmente com o que Kace me forçou a fazer.
A notícia da morte do Alpha atinge Kaden de maneira
particularmente forte. Posso sentir em seu pulso... está batendo forte.
Seu coração chora por ele.
Kaden não responde por um bom tempo.
Kaden: Me desculpe por não acreditar em você, meu amor.
Kaden: Você não tem ideia do quanto eu quero você por perto.
Kaden: Não!
Kaden: Eu beijo você ao longo do seu pescoço e bochechas enquanto corro minhas
unhas pelo seu cabelo.
Kaden: Você tenta beijar de volta, mas eu não deixo você... ainda não.
Kaden: Passo pelo seu abdômen até eu colocar minha mão em seu lugar especial.
Kaden: Você sente minha nuca enquanto beija meu pescoço... sentindo meu cheiro.
Kaden: Seus lábios procuram os meus, mas eu não deixo que você os pegue...
Kaden: Você me quer dentro de você, mas não é o que você vai conseguir...
Eu me pego rindo enquanto gemo ainda mais alto. Meu corpo está
angustiado. Ele deseja desesperadamente liberação. Meus olhos rolam
para trás quando a pressão começa a aumentar... Eu quero explodir!
Mara: Kaden... por favor, me beije!
Kaden: E eu quero
Kaden: Eu bloqueio meus lábios nos seus, e não solto.
Está acontecendo!
Eu me jogo para trás enquanto o êxtase toma conta, consumindo meu
ser.
Eu quero gritar, mas eu forço meus lábios a se fecharem. Eles ainda
estão presos aos dele. Ter que segurar minha voz toma minha liberação
ainda mais intensa.
E então acontece de novo... e de novo...
Eu não aguento mais.
Eu imploro que ele pare.
E lentamente, a onda pulsante começa a diminuir.
Eu fico lá tremendo.
Kaden: Você está bem?
Mestre: Por quanto tempo você vai manter esse jogo mesquinho?
Kace: Não!
Mara!
Meu amor.
Minha única companheira.
Faz tanto tempo que não nos vemos.
Estar tão perto torna difícil respirar.
Eu quero correr para você.
Pegar você em meus braços e nunca mais soltar.
Mas eu não posso.
Ainda não acabou.
Ainda há um último obstáculo no meu caminho.
— KACE! — Eu grito com minha voz de lobo enquanto corro em
direção a ele.
Ele está completamente mudado, mas vejo que ainda há medo em
seus olhos. Seu rosto cheio de cicatrizes parece ainda mais grotesco em
forma de lobo.
Ele range os dentes e agita as garras quando eu me aproximo, mas
antes de alcançá-lo, sou interceptado por três dos guardas mascarados de
Kace, cada um empunhando armas luminescentes — prata lunar!
Não! Não desta vez!
Cada um deles dá um tapa em mim, mas eu sou muito rápido. Minha
agilidade supera a deles.
Eu agarro um deles pelo braço empunhando a espada e estalo minhas
mandíbulas em tomo dele, quebrando-o em dois. Um gosto metálico
enche minha boca enquanto seu sangue escorre pela minha garganta. O
guarda grita de agonia e cai no chão, segurando o que resta de seu braço.
Ele não vai durar muito. Seu ferimento é muito grave, então eu o
deixei sangrar.
Um segundo guarda empurra sua espada para frente, mas eu
facilmente me afasto. Ele atinge a parede atrás de mim. Minhas garras
envolvem sua cabeça e eu torço até seu pescoço estalar.
Ele cai no chão.
Um terceiro guarda atinge meu ombro com seu mangual brilhante.
Eu grito de dor.
Posso sentir que estou começando a voltar à forma humana no ponto
de impacto, mas resisto. Eu não deixo isso me levar. Apesar da dor
latejante da prata da lua, não consigo mudar.
O guarda não consegue acreditar.
Nem eu posso.
Então eu agarro o guarda pela garganta e o jogo pela janela,
quebrando o vidro em milhares de pedaços. Ele grita em seu caminho
para baixo, cortando o silêncio quando seu corpo respinga no chão
abaixo.
— Kaden! — Eu ouço a voz de Mara gritar pouco antes de uma força
poderosa me derrubar no chão.
Kace!
Ele pula e me agarra com uma fúria que nunca vi antes. Ele dá vários
bons golpes antes que minhas patas poderosas o lancem de cima de mim,
o jogando contra a parede.
Ele não é mais meu irmão. Ele é outra coisa — algo monstruoso e
maligno. Seja o que for, não vai durar muito mais tempo.
Estou nele em um instante.
Minhas mandíbulas rasgam um pedaço de carne de seu lado, sem
pensar duas vezes.
Ele bate na minha cabeça com o punho, me jogando para trás, mas eu
lanço sobre ele novamente e passo minha garra em seu focinho e outra
em seu peito.
Vejo Mara me observando, me revigorando ainda mais.
Meus braços gemem sobre ele com tanta fúria que se toma um borrão.
Ele tenta contra-atacar, mas eu habilmente me esquivo e desvio seu
ataque.
Eu o chuto no estômago, tirando o fôlego dele.
Eu ouço seus ossos quebrarem quando eu bato em sua mandíbula.
Ele cai no chão.
Ele está de costas para mim — a garganta exposta.
Eu o tenho!
Abro minhas mandíbulas enquanto pressiono sua jugular, mas
quando me aproximo, meu impulso é repentinamente frustrado.
Eu não consigo me mover.
Uma dor intensa dispara pela minha coxa e começa a se espalhar pelo
resto do meu corpo. Eu olho para baixo e vejo uma lâmina de prata lunar
saindo de mim — a pata de Kace em tomo do cabo.
Eu nunca vi a lâmina.
Ele deve ter se agarrado ao chão quando caiu.
Posso sentir que estou começando a mudar.
Eu luto, mas é demais — não consigo me controlar. Eu desabo no
chão enquanto meu corpo enfraquecido se torna humano novamente.
Kace arranca a lâmina da minha perna e fica sobre mim. Seu lobo o
segura acima do meu peito.
— Nããão! — Eu ouço Mara gritar do outro lado da sala. Eu posso ver
ela e Lexia tentando mudar, mas elas não conseguem.
Kace olha para mim, mostrando suas presas como se estivesse
sorrindo.
Oh merda, merda, merda!
Ele vai me matar! Ele realmente vai fazer isso!
E na frente de Mara! Não consigo imaginar um horror maior do que
ver seu único amor verdadeiro assassinado diante de seus olhos...
Não! Eu não posso deixar isso acontecer!
Tento me levantar do chão, mas o pé de Kace me chuta de volta.
Minha cabeça bate no chão de pedra, causando desorientação. Tudo se
toma um borrão.
Só consigo distinguir Kace de pé sobre mim. Eu o vejo erguer a faca
em preparação para o golpe final.
É
É isso.
Mas ele hesita!
Seus músculos ficam mais relaxados quando a fúria dentro dele
começa a diminuir. Ele começa a abaixar sua arma, mas então a levanta
de volta no ar.
Por que ele está fazendo isso?
O que diabos está acontecendo com ele?
Sua espada começa a tremer.
Para meu alívio, Kace cambaleia para longe de mim e começa a atacar
como se estivesse atacando um inimigo invisível.
Sua boca começa a espumar. Ele parece fora de si. Ele está deixando
cair sua lâmina e agarrando sua cabeça de dor, uivando no ar.
Ele é uma visão assustadora.
Ele então se vira e corre em minha direção com a faca na mão. Ele
segura a ponta da minha garganta, mas se afasta novamente. Ele bate na
cabeça com a mão livre.
É enervante.
E para meu horror, ele estende a lâmina e a enfia no estômago,
soltando outro grito terrível antes de cair no chão.
— Não! — Eu grito.
Eu vou até ele e vejo como ele faz a transição para a forma humana.
Por que ele fez isso?
Oh, Kace... o que você fez?
Eu cuidadosamente puxo a faca dele e, no momento em que o faço,
um espectro diabólico sai voando de sua ferida — como aquele que saiu
de mim quando Mara me esfaqueou, me libertando da minha maldição!
Ele dá voltas pela sala, gritando, antes de desaparecer pela janela.
Eu sigo como ele avança.
Bem abaixo da torre, vejo a Matilha da Vingança parada, não mais
defendendo as paredes do castelo. A batalha entre os bandidos carecas de
Kace e os outros bandos continua ao redor deles, mas a Matilha da
Vingança não se move. Eles apenas olham em volta confusos, como se
tivessem acabado de acordar.
Que diabos?
Mas então eu vejo uma faísca acender em seus olhos. Quando eles
percebem o que está acontecendo, eles se voltam para os homens de Kace
e começam a matá-los.
Estou realmente vendo isso?
À medida que o Matilha de Vingança se junta aos Matilhas de
Liberdade e Poder, os aliados invadem o resto do terreno do castelo,
matando qualquer pessoa e qualquer coisa que fique em seu caminho.
Eles não deixam prisioneiros.
O controle da mente foi levantado!
Eu rapidamente encontro as chaves das correntes de Mara e Lexia e as
liberto.
MARA
Eu pulo nos braços fortes de Kaden e o seguro forte, tão forte que
parece que eu poderia quebrá-lo. Eu amo a sensação de seu peito nu
contra minha bochecha. Posso sentir as batidas rítmicas de seu coração.
Eu inalo profundamente para sentir seu cheiro.
Ele ainda está completamente nu, mas não se importa com quem vê.
Nossas bocas plantam beijos um no outro, pequenas explosões
detonando a cada toque — eu senti tanto a falta dele! Eu não quero que
isso pare. Pela primeira vez em muito tempo, me sinto segura.
Ele então se afasta para olhar nos meus olhos. Há lágrimas — não
apenas as minhas, mas as dele também.
Ele passa as mãos pelo meu cabelo e eu, o dele.
Não dizemos uma palavra. Nós não precisamos. Nós apenas
sabemos... estamos inteiros de novo.
Um gemido de Kace quebra nosso abraço.
— Kace! — Kaden diz, e vamos até ele.
Ele perdeu muito sangue, mas está respirando.
— Ele ainda está vivo! — Eu digo.
Com o canto do olho, vejo Lexia agarrar uma lâmina próxima e
avançar em direção a Kace. — Não, espere, — diz Kaden, segurando-a.
— Me solte! — Ela exclama.
— Simplesmente pare! Olhe para ele! Ele não é a mesma pessoa de
antes!
— Eu não me importo! — Ela diz sem remorso pela criatura ferida a
seus pés. — O que ele fez comigo — para nós! Não pode ser perdoado! —
Ela continua a lutar. — Me solte, ou eu vou acabar com você também!
E Kaden faz.
Lexia está sobre o homem que colocou tudo em movimento — o
homem que a acorrentou e bateu nela, o homem que inconscientemente
matou seu companheiro. Ela está consumida pela raiva.
Ela agarra a espada com força e aponta a ponta da lâmina sobre o
coração dele.
Sua respiração se intensifica.
— Você não quer fazer isso, Lexia, — eu digo.
— Não me diga como me sinto! — Ela grita de volta. — Se não fosse
por ele, Grayson ainda estaria vivo!
— Você tem razão. Eu sinto Muito. Mas pergunte a si mesma... matar
Kace tornará tudo melhor? Porque não importa o quanto você queira,
isso não trará Grayson de volta.
Ela me olha bem nos olhos. Seu rosto se contrai quando as lágrimas
começam a se formar. Ela agarra a lâmina com mais força.
— Eu não posso deixá-lo escapar impune!
Kaden olha impotente. Ele está totalmente perdido.
— Faça o que você tem que fazer, — ele diz tristemente.
Mas ela não segue adiante.
Ela larga a arma, cai no chão e começa a chorar. Ela está consumida
pela dor. Tudo está voltando, como se todas as emoções reprimidas que
ela sentia por dentro estivessem finalmente sendo liberadas.
Eu vou para o lado dela, e ela me deixa abraçá-la. Eu a balanço para
frente e para trás, dizendo a ela que vai ficar tudo bem, enxugando suas
lágrimas.
Ela me segura.
KADEN
Eu me sinto um idiota.
Eu só tinha que bancar o bom anfitrião e fazer Mara ver sua sorte.
Eu não acredito nessa porcaria de mágica, é besteira. Achei que Mara
também não. Mas ela parece realmente abalada por essa coisa de profecia
do apocalipse. O dia todo ela esteve distante, distraída, desligada. Ela está
toda em sua cabeça sobre isso.
No sentamos para jantar, na mesa em que transamos esta manhã. Mas
aquela sexy e brincalhona Luna me deixou. Agora eu vejo minha
companheira mexer a comida em seu prato, seu garfo dando voltas na
corrida mais chata do mundo.
— Mara, fale comigo.
Ela ergue os olhos sem expressão.
— Não deixe a previsão de Leia afetar você. Esse negócio de fim do
mundo é besteira. Não é real.
— Você tem certeza sobre isso?
— Claro que tenho certeza! — Eu estalo. — Não há nada com que se
preocupar. Confie em mim.
— Eu confio em você, — ela diz, hesitante. — Mas também confio em
Leia. Ela estava totalmente consumida por sua visão. Tremendo e outras
coisas. Ela claramente não estava inventando. — Vamos, Mara, — eu
suspiro. — Foi apenas um Sonho. Um pesadelo. Vamos esquecer isso e
seguir em frente. Temos coisas mais importantes com que nos
preocupar. Como nossa cerimônia de acasalamento.
Tento colocar as mãos dela sobre a mesa, mas ela se afasta.
— Não vamos ter uma cerimônia de acasalamento se o mundo acabar,
— ela resmunga.
Eu gemo. — Mara, por favor! O mundo não vai acabar. E se eu vir essa
lua maldita descendo aqui, vou chutar sua bunda de volta para o céu!
Mara ri. Ver seu sorriso me enche de alívio.
— Você não pode lutar contra a lua, idiota.
— Eu posso e vou, — eu insisto em minha voz mais arrogante. — Não
se esqueça — eu sou Alpha Kaden.
Eu me levanto da mesa e caminho até a janela.
— Ouça isso, lua? Nem pense em vir aqui para foder minha cerimônia
de acasalamento! Caso contrário, você vai conseguir um pouco disso!
Eu flexiono ameaçadoramente até ouvir Mara rir novamente.
— Eu acho que você mostrou o seu ponto.
Eu marcho de volta para a mesa. Ela revira os olhos e dá uma mordida
na comida. Não falamos sobre essa profecia idiota pelo resto da noite.
MARA
Avisei Milly de que preciso falar com ela sobre algo importante. Ela
concorda em me encontrar no Castelo da Vingança na manhã seguinte.
Assim que os guardas me dizem que ela chegou, desço correndo de meus
aposentos para encontrá-la no saguão. Ela me cumprimenta com um
grito e um grande abraço.
— Você conseguiu! — Eu canto feliz.
— Claro. — Ela ri. — Vou aceitar qualquer desculpa para deixar a
Matilha da Pureza por um tempo.
Ela olha ao redor da sala, observando os tetos altos e as paredes
antigas com uma admiração infantil.
— A última vez que estive aqui, estava tão confusa com o meu
sequestro que não tive a chance de olhar em volta. Este lugar é melhor do
que a casa dos seus pais.
— Aposto que sim, — eu brinco, contente por acabar com eles.
— Eu não posso acreditar que minha melhor amiga é Luna da Matilha
da Vingança. Costumávamos dar festas do pijama juntas. Agora você é
como... realeza.
— Acredite em mim, é muito menos glamoroso do que parece, —
confesso. — Você não conheceu o cara planejando minha cerimônia de
acasalamento.
— Uh-oh. O que está acontecendo?
— Eu vou explicar mais tarde. Você está com fome?
— Faminta, — ela diz com um olhar de alívio. — Tenho viajado a
manhã toda.
— Excelente. Vou pedir aos cozinheiros que preparem um pequeno
brunch, e depois vou te mostrar o tour.
Milly bate palmas enquanto eu a levo em direção à sala de jantar.
— Yay! Eu amo passeios! E brunch também!
Pedi à cozinha que preparasse uma pasta maluca para a visita de Milly.
Nós nos empanturramos de panquecas, tortas, ovos, bacon, frutas frescas
e muitas outras coisas para contar. Depois do nosso banquete, ficamos
um tempo vagando nas cadeiras, contando histórias e contando piadas.
Ter minha melhor amiga aqui é uma explosão total. E como se
fôssemos crianças de novo. Passar um tempo com ela me faz esquecer
todas as loucuras da minha vida. Alpha Rylan. a profecia de Leia, a
cerimônia de acasalamento...
Oh, certo. A cerimônia de acasalamento. Acho que provavelmente é
hora de fazer a pergunta.
Merda. -Não sei o que farei se Milly disser não. É melhor ela não dizer
não!
Depois de outra rodada de risos, eu respiro sóbria...
É tão estranho sentir-se tão nervosa para falar com minha melhor
amiga.
— Entãããão... — Eu digo, mudando abruptamente de assunto. — A
razão pela qual eu trouxe você aqui hoje é porque... bem... eu quero fazer
uma pergunta importante.
Milly fica quieta, toda ouvidos.
— O que é?
— Você... Você gostaria de... — Eu torço minhas mãos
desajeitadamente, sentindo meu rosto ficar vermelho. Por que isso é tão
difícil?
— Milly, você seria minha dama de honra?
Ela grita como em um assassinato sangrento.
— Oh meu Deus! Mara! Eu adoraria! Eu esperava que fosse por isso
que você me chamou aqui! — Ela pula da mesa e me envolve em um
abraço choroso. Eu sorrio de alívio, meu coração se enche de alegria.
— Por que você estava tão nervosa? Somos melhores amigas.
— Eu não sei. — Eu encolho os ombros. — Talvez porque é uma
cerimônia de acasalamento da Matilha da Vingança e você está na
Matilha da Pureza. Afinal, meus pais não vão vir.
— Não sou seus pais, Mara, — Milly me lembra. — Eu posso pensar
por mim mesma. Terei prazer em ser sua dama de honra. Apenas me diga
o que devo fazer. Alpha Rylan está tão distraído que não devo ter
problemas para entrar e sair da Matilha da Pureza.
Alpha Rylan.
O próprio som de seu nome contamina este momento feliz.
— Na verdade, ele tem agido de forma muito excêntrica ultimamente,
— Milly continua, recostando-se na cadeira. — Ele iniciou este grande
projeto de construção. Ele colocou a maior parte da matilha para
trabalhar nisso.
— Projeto de construção?
— Sim. — Sua voz está repentinamente ansiosa. — Ouvi dizer que é
uma espécie de abrigo subterrâneo sob o Templo da Deusa da Lua. E
supostamente grande o suficiente para caber toda a Matilha. Mas
ninguém sabe realmente por que ele está construindo.
Estranho. Por que Alpha Rylan precisaria de um bunker?
A menos que...
— ’Milly? — Eu pergunto curiosamente, — Alpha Rylan mencionou
algo engraçado sobre... eu não sei... um apocalipse iminente?
— Apocalipse? -Não. acho que não. Por que?
— Oh, nenhuma razão particular, — eu digo rapidamente. Milly me
olha estranhamente, seus olhos me cutucando para descobrir a verdade.
Eu suspiro, cedendo.
É
— É que Luna Leia da Matilha da Liberdade fez essa profecia
assustadora sobre o dia da minha cerimônia de acasalamento, e Alpha
Rylan foi realmente estranho comigo quando visitei o Templo da Deusa
da Lua. Estou apenas tentando conectar os pontos.
— Bem. acho que me lembraria se ouvisse algo sobre o fim do mundo,
— Milly diz. — Mas vou manter meus ouvidos abertos. Definitivamente
há algo errado com Alpha Rylan. Essa coisa do bunker está realmente
sacudindo o bando. As pessoas estão com medo.
Assustados? Isso me preocupa. A Matilha da Pureza sempre segue
Alpha Rylan onde quer que ele os leve. As coisas devem estar ruins para
seu comportamento desafiar sua confiança.
— Milly, se você precisa de um lugar para ir, é sempre bem-vinda...
— Não não. Estou bem. Honestamente, — Milly me garante. Mas eu
detecto um toque de incerteza em sua voz. — Tenho certeza de que
Alpha Rylan sabe o que está fazendo.
— Não sei Milly...
— Confie em mim, estou bem. Meu lugar é com a Matilha da Pureza,
não aqui. Sem julgamento ou algo assim... Eu só não acho que sou
material da Matilha da Vingança.
— Eu não sei sobre isso eu digo. — Mas eu entendo. Contanto que
você se sinta segura.
Milly acena com a cabeça. Mas ainda tenho a sensação incômoda de
que algo não está certo. Ela pode não estar nervosa, mas eu estou. Estou
preocupada com ela. Estou até preocupada com meus pais.
— Você poderia ficar de olho na minha mãe e no meu pai? Eu só quero
saber se eles estão seguros também.
— Claro, — Milly diz. — Você sabe que estou bem ao lado.
— Obrigada. Isso significaria muito.
Afasto minha cadeira da mesa e me levanto. — Ok, isso é conversa
séria o suficiente por agora. Pronta para ver o castelo?
Milly pula de pé. — Achei que você nunca iria perguntar!
Depois de um passeio pelo castelo e outra passagem pela sala de jantar
para uma sobremesa de sorvete totalmente excessiva. Milk tem que ir
para casa. Eu insisto em um de nossos guardas escoltá-la dentro do
campo de visão da Matilha da Pureza. Não gosto da ideia de ela viajar
sozinha.
Milly promete se apresentar para seus deveres de madrinha sempre
que eu precisar dela. Espero que seja logo. Passar o dia com minha
melhor amiga foi totalmente incrível e mal posso esperar para vê-la
novamente. Eu a abraço por um longo tempo antes de deixá-la ir.
— Vejo você em breve, — ela diz enquanto segue o guarda para fora da
porta.
— Vejo você em breve, — eu digo.
É melhor ser. Se eu ouvir que Alpha Rylan tocou um fio de cabelo em
sua cabeça — na cabeça de qualquer membro da Matilha da Pureza — eu
vou explodir minha pilha.
Depois da minha despedida agridoce para Milly, vou encontrar Kaden
em suas câmaras Alpha. Ele chegou tarde ontem à noite e eu me levantei
cedo para encontrar Milly. Não tivemos tempo de pôr em dia seu
encontro com meu antigo Alpha.
Kaden está sozinho quando entro em seus aposentos. Ele olha
sombriamente para fora da janela, como se ruminando sobre algo
importante.
— Ei.
Ele se afasta da janela. — Como foi com Milly? Desculpe, eu realmente
não pude dizer olá...
— Sem problemas, — eu digo. — Você teve um grande dia ontem.
Ele acena suavemente, voltando para sua cabeça. — Você quer falar
sobre isso?
Eu vejo as engrenagens girando em sua cabeça enquanto ele caça as
palavras certas.
— Você estava absolutamente certa sobre o comportamento dele, —
ele diz. — O velho está fora de si. Ele era absolutamente atroz. Não se
desculpando de forma alguma. Ele continuou falando sobre um grande
expurgo... Ele disse que toda a Matilha da Vingança vai ser destruída...
Coisas de maluco.
— Milly diz que ele está construindo algo sob o Templo da Deusa da
Lua. Todo o bando está envolvido. Ela acha que é uma espécie de abrigo
subterrâneo.
— Bunker? — Ele repete. — Por que?
— Kaden, eu realmente acho que todas essas coisas de Alpha Rylan
estão relacionadas à profecia de Leia. Pelo que você está dizendo, parece
que Alpha Rylan está planejando algum tipo de apocalipse... algum tipo
de apocalipse que eu posso iniciar inadvertidamente!
Eu penso no meu sonho da outra noite, ainda vívido como uma
fotografia na minha cabeça. As chamas crescentes. A lua crescente...
— Pare com isso, Mara. Você não vai começar o apocalipse. Isso é
conversa louca.
Kaden se aproxima, pegando minhas mãos e me acalmando.
— Vou mandar recado para os outros Alphas sobre Rylan. Juntos,
talvez possamos intervir. Combinado com nosso encontro estranho, essa
coisa de bunker não soa bem.
— Ele precisa ser parado, — eu insisto.
Kaden acaricia minha bochecha, seus olhos ferozes olhando nos meus.
— Vamos detê-lo, Mara. Essa é uma promessa do caralho.
É melhor ser.
Eu confio em Kaden. Mas o mais importante... os outros Alphas também?
Capítulo 8
A DERROTA DO ALPHA Os Alphas estão se reunindo para discutir o
que fazer com Rylan.
Ele deve ser parado.
Milly disse que ainda se sente segura na Matilha da Pureza...
Mas por quanto tempo?
Eu me preocupo que ela esteja em perigo. Meus pais estão em perigo. Todo o
bando está em perigo.
Inferno, todo o planeta pode estar em perigo se essa coisa de apocalipse for
real.
Espero que os Alphas encontrem uma solução.
Espero que tudo fique bem.
MARA
Estive andando em volta das minhas câmaras Alpha o dia todo e não
tive a porra de uma única ideia. Como diabos vou limpar a Cidade da
Vingança? Como vou mostrar a esses encrenqueiros quem manda?
Eu fico olhando pela janela. Talvez eu ficasse mais concentrado se não
continuasse pensando em Mara. Ela está tão chateada comigo. Eu sei que
ela pode contribuir mais para o bando do que apenas com os planos da
cerimônia de acasalamento. Mas algumas coisas um Alpha deve descobrir
por si mesmo...
Certo?
Talvez eu esteja sendo um idiota. Mara é minha igual. Minha parceira.
Se ela quer me ajudar, devo deixar. Tenho certeza de que não vou chegar
a lugar nenhum por conta própria.
Eu fui um idiota. Sou eu quem defende uma frente unificada, mas
aqui estou eu, relegando-a à cerimônia de acasalamento. Um bom líder
deve derrubar paredes, não construí-las.
Deixo meus aposentos para encontrar minha companheira com meu
rabo entre as pernas. Eu preciso consertar as coisas. Preciso parar de
atrapalhar meu próprio caminho.
Passo por Claude no corredor a caminho do quarto de Mara. O
imbecil gigante assobia vigorosamente, uma gota de cuspe saindo de seus
lábios enrugados enquanto ele me oferece um aceno respeitoso.
Mara está certa. Que desleixado
Espere um minuto.
Eles não deveriam se encontrar agora?
É possível que ela já o tenha dispensado por hoje. Afinal, ela não o
suporta.
— Mara, — eu começo abrindo a porta de seu quarto, — eu devo a
você um pedido de desculpas...
Só que Mara não está lá. A sala está vazia.
Hmm.
Não sei por quê, mas tenho um mau pressentimento sobre isso.
Mara, onde você está 1
Corro pelo corredor em busca de Claude. Acho o idiota que assobia
não muito mais longe do que o deixei. Droga, esse cara é lento.
— Claude, — eu digo, — você sabe para onde Mara foi? Ela não estava
em seus aposentos.
Claude encolhe os ombros. — Não sei, chefe. Não a vi o dia todo.
— Dia todo? Mas ela disse que vocês estavam se
encontrando...
— Isso foi o que eu pensei. Esperei por ela a manhã toda. A pequena
senhora não apareceu.
Meus punhos se apertam.
Que porra é essa? Mara mentiu para mim?
Se ela não se encontrou com Claude, onde ela está?
Ela estava muito chateada...
Merda. Espero que ela não esteja aprontando nada maluco.
MARA
— Ei, Terra para Kace... você está aí? — Helena pergunta, acenando
com a mão na frente do meu rosto.
Eu instantaneamente saio do meu devaneio sexualmente frustrado e
meu rosto fica vermelho.
— Oh, uh... sim, desculpe, — eu digo timidamente. — Eu
simplesmente não acho que este volume de Introdução aos Feitiços da Lua
-vai me ajudar a controlar minha escuridão.
— Ei, não lance os feitiços da lua até que você os experimente, — ela
diz, seus lábios se formando em um sorriso adorável. — Embora eu tenha
que admitir que suas qualidades mágicas são um pouco... questionáveis
Sinceramente, não era o livro chato que estava me incomodando.
Depois que Helena e eu tivemos nossa conversa sobre estar em
jornadas que nos levam por caminhos diferentes, toda a tensão que
estava se formando entre nós chegou a um ponto brusco.
Ela não está atraída por mim?
Ela acha que não sou inteligente o suficiente?
Ela tem medo da minha escuridão?
Essas perguntas estão batendo em minha cabeça como uma
enxaqueca, e não consigo pensar em mais nada.
Eu finalmente encontro uma maldita companheira e ela já está
acasalada — com seus estudos.
— Não estou com vontade de passar o dia todo na biblioteca hoje, —
digo, esticando os braços. — Não podemos descobrir como controlar
minha escuridão na, eu não sei, luz -talvez? Sinto que não vejo o sol há
séculos.
Helena bate os dedos na mesa com impaciência e revira os olhos.
— Vamos, Kace, leve isso a sério. Temos dezenas de novos livros que
adicionei ao seu currículo de pesquisa e...
— Por que você está me cavalgando tão forte esta semana, afinal? —
Eu pergunto com cautela, interrompendo-a. — Você me manteve tão
ocupado que mal tenho tempo para urinar.
Helena imediatamente cora e se afasta.
— Eu... eu não sei do que você está falando. Talvez você tenha ficado
mais preguiçoso, — ela retruca com raiva.
Eu sorrio quando percebo o que está acontecendo.
Ela está nos mantendo tão ocupados com o trabalho porque ela está em
conflito com seus sentimentos também? Se estamos distraídos com toda essa
pesquisa, com certeza não há espaço para confrontar os sentimentos.
— Sabe, você está um pouco tensa ultimamente, — provoco. —
Quando foi a última vez que você tirou um dia de folga e se divertiu um
pouco?
— Eu... bem, houve... — ela gagueja, tentando inventar uma desculpa.
Bom, eu a tenho alerta.
— Eu apenas pensei que você fosse mais aventureira, só isso, — eu
digo, me virando e sorrindo.
— Oh, então você acha que eu sou apenas um leitor ávida e chata que
nunca experimentou o mundo, é isso? — Ela diz, emburrada.
— Suas palavras, não minhas, — eu digo, sufocando uma risada.
De repente, me sinto sendo arrastado da cadeira pelos braços
delicados de Helena. Ela puxa a agulha do cabelo, deixando-a cair sobre
os ombros, e agressivamente crava o alfinete na mesa.
Droga.
Eu nunca estive tão excitado.
— Você quer ver o quão aventureira eu sou? — Ela pergunta em um
tom indignado. — Então vamos. — Enquanto Helena marcha na minha
frente, mal posso acreditar que meu estratagema funcionou.
Sua bunda balança para frente e para trás a cada pisada, e eu não
posso deixar de sorrir.
Mostre o caminho, querida. Eu vou te seguir em qualquer lugar
Foda-se as flores.
Foda-se o menu do banquete.
Foda-se a lista de convidados.
A cerimônia de acasalamento é a última -coisa com a qual quero lidar
agora.
Depois que Milly deixou claro o que realmente estava acontecendo na
Matilha de Pureza, era tudo que eu conseguia pensar.
Kaden e Claude que se danem. Estou adiando todo o planejamento da
cerimônia de acasalamento até que eu liberte a Matilha da Pureza da
escravidão.
Fiz uma promessa a Milly e pretendo cumpri-la.
Enfio tudo mesmo remotamente relacionado à cerimônia em um
armário, incluindo o lindo vestido preto com a cauda de renda. Tenho o
cuidado de não amassar ou rasgar, sentindo uma tristeza inesperada.
Percebo que não estou apenas adiando o planejamento por causa da
Matilha da Pureza...
Eu também estou fazendo isso porque me lembra Kaden.
Não tenho notícias dele há semanas e, quanto mais o tempo passa,
mais sinto falta dele. Ele é minha outra metade, e eu nem sei se ele está
seguro.
Onde diabos você está, Kaden?
Eu fecho a porta do armário, compartimentando meus sentimentos
por Kaden e nossa união iminente.
Eu preciso me concentrar. Existem problemas maiores do que os
meus e, se vou resolvê-los, precisarei de ajuda.
Ultimamente, tem havido apenas uma pessoa em quem sinto que
posso confiar...
Mas quando se trata da Matilha da Pureza...
Não tenho certeza se ele será tão agradável.
É a escolha mais difícil que já fiz, mas é algo que tenho que fazer...
Eu tenho que deixar a Matilha da Sabedoria por conta própria.
Eu ainda não consigo controlar minha escuridão, e se eu ficar aqui...
pode acabar me controlando.
Eu sei que Helena tentaria me impedir. Ela diria que não estou
pronto, que preciso de mais preparação.
Mas eu tenho que fazer isso.
Gostaria de poder vê-la mais uma vez, mas se o fizer, talvez nunca
mais vá embora.
Sob a cobertura da noite, eu entro na biblioteca com uma chave que
roubei de Helena e procuro nas pilhas de livros até chegar à seção de
geografia.
Eu encontro o livro que estou procurando e o puxo para baixo,
abrindo-o em um mapa — um que leva à localização remota da Matilha
da Harmonia.
Helena vai me matar por isso...
Puxando a página com força, eu a rasgo do livro.
O som dilacerante ecoa pela biblioteca palaciana e eu me encolho.
— Quem está aí? — Grita uma voz suave, mas severa.
Merda, é a Helena. O que ela está fazendo aqui depois do expediente?
Tento encontrar um lugar para me esconder, mas Helena aparece ao
virar da esquina antes mesmo que eu possa me mover.
— Kace? O que você está fazendo aqui? Já passou da hora!
— Eu poderia te perguntar o mesmo, — eu digo, desviando da
pergunta.
— Eu... venho aqui estudar às vezes... porque é calmo à noite. Espere
um segundo, eu perguntei primeiro! Como você entrou?
Helena percebe que estou escondendo algo nas minhas costas e tento
me esquivar enquanto ela tenta agarrar.
— Kace, me mostre o que você está escondendo agora, ela rosna, sem
vontade de jogar.
Eu volto para uma estante de livros e ela rapidamente arranca o mapa
das minhas mãos.
— Olha, sinto muito por ter rasgado uma página de um dos livros,
mas—
— Pare, — diz Helena, levantando o dedo. Seu rosto mostra uma
expressão de traição, e meu estômago dá um nó. — Você... você ia sair
sem dizer nada? — Meu olhar cai para o chão. — Eu queria ver você. Eu
realmente queria. Mas eu sabia que se o fizesse, isso aconteceria.
— O que aconteceria? — Ela pergunta, dando um passo à frente.
O que eu queria fazer esse tempo todo...
Eu agarrei Helena pela cintura e a levantei, suas pernas
automaticamente me envolvendo.
Nós caímos em uma estante, jogando livros pelo chão, mas nenhum
de nós se importa.
Posso treinar para resistir à minha escuridão o dia todo, mas quando
se trata de resistir a Helena...
Terei prazer em falhar nesse teste.
Nossas línguas lutam entre si enquanto nossos lábios se fecham com
força, e qualquer pensamento de sair desaparece. Eu pressiono minha
protuberância entre as pernas de Helena, e ela engasga quando sente
isso.
— E... uau, é grande, — ela diz, nervosa.
Helena começa a puxar minha camisa para cima, mas eu a paro, não
estou pronto para ela ver o que está por baixo — ver que estou perdendo
o controle da minha escuridão.
— Oh, então você quer brincar de tímido? — Ela pergunta, mordendo
o lábio.
Ela me empurra para trás, fica de joelhos e começa a abrir o zíper da
minha calça.
— Espere, o que você—
— Shhhh, — ela me interrompe. — Estamos em uma biblioteca.
Com um sorriso malicioso e sedutor, Helena puxa meu pau e coloca
seus lábios em tomo dele.
Oh.
Merda.
Quando ela usa a mão e a boca para acariciar o eixo, estremeço com a
sensação incrível.
Quando ela olha para mim do chão com aqueles lindos olhos azuis, eu
perco todo o controle.
Eu a empurro para baixo na pilha de livros caídos e levanto seu
vestido, puxando sua calcinha até os tornozelos.
Minha boca está imediatamente entre suas pernas, provando-a pela
primeira vez — e ela tem gosto de porra de céu.
— Kace, oh minha deusa! — Helena grita enquanto minha língua gira
dentro dela. — Isso é tão bom! Eu quero... eu quero você dentro de mim!
Essas são as palavras mais bonitas que já ouvi.
Estou duro como uma rocha, e deslizo suavemente meu pau em sua
boceta molhada.
Droga, está apertada!
E lento no início, mas conforme seus gemidos se tomam mais
prazerosos e menos doloridos, eu sei quando posso acelerar.
Em pouco tempo, estou empurrando como uma besta e ela uivando
como se fosse uma lua cheia.
Quando vejo o êxtase em seu rosto e a sinto apertar em volta do meu
pau, não consigo evitar.
— Estou chegando! — Eu grito enquanto retiro e alivio minha carga
em uma cópia de Encontrando-se: o caminho para a paz interior.
Eu afundo ao lado de Helena, e nós dois ofegamos pesadamente,
completamente sem fôlego. Ela se aninha no meu corpo e ficamos em
silêncio por um tempo, apenas estando presentes um com o outro.
Nunca me senti mais apaixonado, e neste momento, com Helena
deitada ao meu lado, percebo...
Eu a quero ao meu lado para sempre.
Eu me viro para Helena e acaricio seus cabelos.
— O que está errado? — Ela pergunta, sentindo os sentimentos
agitando dentro de mim.
— Eu sei que você disse que não pode se imaginar deixando este lugar,
mas... eu tenho que ir, Helena. Não apenas por mim, mas pelos outros
que lutam para controlar suas trevas. Pode ser perigoso, mas quero você
ao meu lado.
— Kace...
— Por favor, Helena — venha comigo.
Enquanto as lágrimas brotam em seus olhos, meu coração começa a
bater no meu peito.
Você quer me fazer o companheiro mais feliz do mundo...
Ou você vai quebrar meu coração em um milhão de pedaços...
Capítulo 22
ERROS DE ACASALAMENTO
— Foda-se a escolha certa, — rosna Brutus.
Eu vi seu beijo chegando, e ainda assim, eu não o parei.
Eu só queria sentir algo de novo, mas...
No momento em que ele me beijou... eu senti...
Eu me senti descontente. Eu me senti mal. Eu me senti emaranhado em uma
teia de confusão.
Eu pensei que iria preencher o buraco que Kaden deixou para trás, mas em
vez disso...
Isso só me fez doer mais por ele.
MARA
— O que é essa oferta que -você tem para mim? — Brutus pergunta,
sorrindo com entusiasmo e me circulando.
— Acho que você ficará muito satisfeito, — respondo, sem desviar o
olhar enquanto ele se move ao redor da sala.
Brutus fica cara a cara comigo e seu dedo desliza na alça do meu
vestido.
— Estou na ponta do meu assento, — ele diz, começando a abaixar a
alça no meu ombro.
Pego a mão de Brutus e a empurro de volta contra seu peito.
— Bem, isso é estranho, — Lexia diz, entrando na sala com as mãos
nos quadris. — Começando sem mim?
Brutus vira a cabeça para trás e para frente entre Lexia e eu, confuso
como o inferno.
— O que diabos está acontecendo aqui? — Ele rosna.
— Eu disse que tenho uma oferta para você — para ambos eu digo,
sorrindo. — É por isso que convoquei esta reunião.
-Eu... pensei que você queria... — diz Brutus, gaguejando.
— Claro que sim, — Lexia diz, rindo. — Homem típico. Bem, você
pode colocar essa barraca em suas calças porque não vai ser útil para você
esta noite. H
Me sento à mesa de Brutus e chuto duas cadeiras. — Temos muito o
que discutir, então vamos em frente.
Lexia e Brutus estão sentados à minha frente, Brutus olhando Lexia
com desdém.
— Se você acha que vou trabalhar com ela então você está apenas
perdendo seu tempo, — ele rosna.
— Olha, não estou gritando para a lua sobre trabalhar com você
também, mas pare de ser um idiota por dois segundos e ouça — Lexia
diz, calando Brutus.
Agora que tenho a atenção deles, inicio meu plano.
— O que estou prestes a propor vai ser controverso, — eu digo,
olhando para eles intensamente. — E basicamente um grande foda-se -
para a tradição, para a alfândega e para o próprio cerne do sistema de
autoridade Alpha.
— Então, basicamente, é minha coisa favorita, — Lexia diz, colocando
os pés sobre a mesa e sorrindo.
— Ok, você tem minha atenção, — diz Brutus, cruzando os braços e se
inclinando.
— Por muito tempo, ninguém na Cidade da Vingança teve uma voz,
exceto o Alpha, e todos nós vimos como isso acabou, — eu digo, ficando
animada que Brutus e Lexia estão realmente receptivos. — Isso vai
mudar, a partir de agora. Eu quero quebrar o status quo — não, eu quero
demoli-lo, porra.
Lexia dá um soco na palma da mão. — Mara, você está falando a porra
da minha língua.
— Tudo isso parece ótimo e tudo mais, mas como exatamente você
vai realizar -isso? — Brutus pergunta. — Falar sobre derrubar o sistema
Alpha é uma coisa, mas realmente fazer isso é outra questão
completamente diferente. Você está falando sobre desmontar centenas
de anos de decretos e estatutos.
— É aí que vocês dois entram. Eu quero estabelecer um conselho no
lugar do acordo atual ’o que quer que o Alpha diga que vai'. E as pessoas
sentadas nesta mesa são os três primeiros membros do conselho, — eu
digo, apontando meu dedo para cada um de nós.
— Isso está cada vez melhor e melhor, — diz Lexia em aprovação.
— Há apenas um pequeno obstáculo em seu plano, — diz Brutus,
acenando com uma garra no meu rosto. — Seu companheiro — você
sabe, o Alpha de merda Você não acha que ele terá algo a dizer sobre o seu
pequeno golpe?
Ele tem razão. Essa é a parte mais arriscada de todas.
O que diabos Kaden vai pensar sobre isso quando ele voltar? Se ele voltar...
— Kaden confiava em mim para tomar as melhores decisões para o
bando, e eu realmente acredito que isso é o melhor, — digo com
convicção. — Ele pode não gostar — e definitivamente não é algo que ele
aprovaria — mas sou eu quem manda, então deixe-me preocupar com
meu companheiro.
— Achei que você estava se preparando para um casamento, mas se
preferir um funeral, fique à vontade, — ele diz, levantando as mãos em
sinal de rendição.
— Eu só preciso saber uma coisa de vocês dois, — eu digo em um tom
sério. — Estão dentro? Porque, se você for, isso significa que temos que
estar unidos. E a primeira coisa que faremos como conselho é libertar a
Matilha da Pureza de seu próprio ditador Alpha.
Lexia nem hesita. — Você está de brincadeira? Isso é o que eu sempre
quis. Foda-se o sistema Alpha. Poder para as pessoas. Estou tão -dentro.
Eu levanto minhas sobrancelhas para Brutus enquanto ele fica
sentado em silêncio. Eu sei que a Matilha da Pureza é difícil de engolir
para ele.
Finalmente, ele rosna e bate com o punho na mesa.
— Foda-se, vamos explodir tudo para o inferno. E se isso inclui as
paredes da Matilha da Pureza, então também estou a bordo.
Ainda não consigo acreditar que isso realmente funcionou, mas estou
sentindo algo que nunca senti antes...
Como uma verdadeira líder.
E é estimulante Talvez seja isso que devo fazer?
— Vamos derrubar algumas paredes, — eu digo, sorrindo.
KACE
Estou no lago das trevas novamente, parado na água negra enquanto ela
ondula abaixo de mim.
— E hora de se tornar um, Kace, — meu reflexo diz com um sorriso
malicioso. — Você sabe que sou a melhor e mais forte versão de você. Juntos,
podemos pegar o que quisermos. O mundo é nosso.
— Vá fundo, — ecoa a voz de Destiny.
À medida que meu reflexo sobe à superfície e fica bem na minha frente, eu
sei o que tenho que fazer
Eu levanto meu punho e bato na água abaixo de mim, quebrando-a como
vidro.
Estou submerso no oceano escuro, mas não luto contra isso. Em vez disso,
começo a nadar cada vez mais fundo.
— Você não pode escapar de mim! — Meu reflexo sombrio grita enquanto
agarra meu tornozelo.
Eu ignoro, continuando a mergulhar mais fundo.
-Quanto mais longe eu vou, mais sou confrontado com todas as coisas
terríveis que já fiz sob a influência da magia negra. Eu revivo isso como se
estivesse acontecendo tudo de novo.
Mas eu não paro. Eu continuo, enfrentando minha escuridão de frente.
Finalmente, eu vejo uma luz — uma pequena orbe brilhante nas
profundezas da minha escuridão.
Estendo a mão para pegá-lo...
— NÃO! — grita meu reflexo.
Estou cego por uma avassaladora inundação de luz.
Quando eu volto, deitado no chão, Destiny está olhando pela janela,
parecendo preocupada.
— Kace? Você está bem? Como você está se sentindo?
— Eu... eu me sinto... em paz, — eu digo, atordoado.
Todo o peso que tenho carregado comigo por minhas ações anteriores
finalmente se -foi.
Eu me sinto mais leve, menos sobrecarregado.
Eu me sinto...
Equilibrado.
KADEN
Quando volto para o castelo à noite, vou para o meu quarto e ligo o
chuveiro, tirando minhas roupas sujas.
Quando deixo meu cabelo cair na frente do espelho, vejo algo sombrio
com o canto do meu olho — um intruso.
Eu me viro e puxo minhas garras, mas elas já estão atrás de mim.
Sinto dois braços enormes envolverem meu corpo com força.
— Tranque suas portas, feche-as bem. Feche suas cortinas, todas as
noites.
Lágrimas caem pelo meu rosto quando ouço sua voz.
— Não olhe para fora, caso ele esteja aí. Sempre viva com medo total.
Mas essas são lágrimas de alegria.
— Nunca se desvie e tome um companheiro...
— Para que Alpha Kaden não sele seu destino, — eu digo, terminando
o velho cântico da Matilha da Pureza que eu tanto odiava.
Kaden me libera e eu me viro, vendo seu rosto pela primeira vez em
mais de um mês. Eu me enterro em seu peito, sem nem saber o que dizer.
Estou tão feliz em abraçá-lo novamente.
— Eu te amo, Mara.
— Eu também te amo, — eu digo, enxugando minhas lágrimas. — Eu
senti tanto sua falta.
Quando eu olho para Kaden, fico surpresa ao ver um sorriso bobo
estampado em seu rosto.
— Amanhã é lua cheia, — ele diz. — Você se lembra do que eu disse
que aconteceria na próxima lua cheia, quando eu voltasse?
Confuso, eu balanço minha cabeça. — Do que você está falando,
Kaden?
— Não quero esperar mais, — ele diz com um largo sorriso. — Vamos
nos acasalar.
Capítulo 28
A CERIMÔNIA DE ACASALAMENTO
Amanhã?
Ele quer ter nossa cerimônia de acasalamento amanhã?
Ele é absolutamente louco?
De todas as coisas distorcidas que Kaden fez, esta pode levar o bolo.
Oh minha deusa!
O BOLO! Não temos nem um bolo!
Isso vai ser quase impossível de fazer, e ainda...
Eu já superei o impossível antes. Mais de uma vez.
Então, por que o dia da minha cerimônia de acasalamento deveria ser
diferente?
MARA
Enquanto a terra treme sob meus pés, sei que o ajuste de contas final
está sobre nós.
Mara abraçou todo o seu potencial como um navio para a Deusa da
Lua.
A pessoa que Mara costumava ser — ela não existe mais. E isso não é
uma grande perda.
Mara sempre impediu minhas tentativas de servir à Deusa da Lua. Por
que ela foi escolhida é um mistério para mim, mas ela deveria se sentir
honrada por desempenhar um papel tão importante no fim do mundo.
Corro os dedos pelas gravuras das ampulhetas que cravei na parede.
— Há muito tempo que espero por este momento.
De repente, a luz mágica ao redor da minha cela escurece até que
esteja completamente extinta. A porta da minha cela estala e se abre
quando a fechadura cai.
Um ato da Deusa, sem dúvida.
Finalmente chegou a hora. Ela me convoca.
Estou pronto para me unir à minha Deusa.
KADEN
Eu não deveria estar com raiva de Mara. Eu deveria estar ao lado dela
agora, abrindo um sorriso e parabenizando meu irmão por seu grande
dia.
Mas não consigo superar essa porra de negócio do conselho.
A ideia de que eu, Alfa Kaden, o Alfa, devo sentar em uma mesa e
discutir todas as minhas decisões com antecedência com Lexia e aquele
pedaço de merda rebelde do Brutus...
Isso me faz querer cancelar esse maldito casamento antes mesmo de
começar. Só porque eu estive fora por algumas semanas não dá a Mara o
direito
— Olha! — Althea diz. — E Kace! A cerimônia está prestes a começar!
Minha linha de pensamento é interrompida quando vejo meu irmão
caminhando pelo corredor em seu smoking.
Ele nunca pareceu mais feliz.
E, caramba, goste ou não, estou feliz por ele.
Já era hora de meu irmão se casar com sua companheira.
KACE
Meu companheiro solta minha mão e corre para o lado de Alfa Ip,
caído no chão, sangrando no pescoço enquanto toda a cerimônia de
acasalamento se transforma em caos.
Eu fico lá, chocada, em meu vestido de noiva branco.
Não posso acreditar no que estou vendo. Eu nem mesmo ouço a voz
de Mara quando ela corre para o meu lado e pega minha mão, tentando
me puxar para longe.
Eu não vou embora com ela.
Ando pelo corredor em direção à morte, mal percebendo como o
sangue se infiltra no tecido, arrastando-se pelo chão, manchando meu
vestido.
Tudo o que importa agora é estar perto de Kace.
Ele está com medo.
Ele está em choque.
Ele está gritando o nome de Alfa Ip uma e outra vez, tentando
entender o que não tem sentido.
Eu lentamente me abaixo de joelhos e pego sua mão ensanguentada.
— Kace, — eu sussurro baixinho. — Ele se foi.
— Ele estava aqui, ele... ele... — Kace gagueja em descrença. — Por que
ele faria isso?!
Kaden se vira para Lexia, enfurecido. — Você deveria estar no
comando da segurança! Como diabos você pôde deixá-lo entrar aqui com
uma FACA?!
Lexia parece que vai dar um soco no rosto de Kaden.
— Alfa Ip foi convidado, — diz ela, amargamente. — Nunca houve
qualquer razão para acreditar que ele iria...
— Razão?! — Alfa Landon grita. — Que razão você pode prescrever
para alguém que corta a própria garganta?!
— Talvez devêssemos todos parar um segundo para pensar, — Alfa
Evan tenta argumentar, voltando-se para Leia. — Minha companheira
pode…
— NÃO! — Kaden grita. — A última vez que sua companheira se
envolveu, ela disse que o apocalipse estava chegando.
— E isso VEIO não é mesmo-! — Lexia grita de volta.
Todo mundo parece ter uma opinião. Todo mundo está lutando
contra o outro. Posso sentir Kace tremendo, prestes a explodir.
Finalmente, ele o faz.
— QUIETA! — Kace ruge.
Todo mundo fica em silêncio ao mesmo tempo.
Sinto a mão de Kace apertar a minha enquanto ele se levanta
lentamente, tentando não olhar para o cadáver que já foi seu mentor.
— Alguém o tire daqui, — ele diz, sua voz rouca de segurar as
lágrimas. — Mostre a ele alguma dignidade.
Kaden balança a cabeça e me olha nos olhos pela primeira vez. — Leve
meu irmão para o quarto dele, — ele diz. — Nós nos reuniremos quando
tudo estiver limpo.
Eu aceno e começo a puxar Kace para longe, mas ele apenas fica lá,
congelado. — Vamos, Kace, — eu digo. — Não há mais nada que
possamos fazer.
Ele se vira para olhar para mim, perturbado. Uma sombra do homem
com quem acabei de me casar. — O que é a Matilha do Caos?
Eu gostaria de ter a resposta. Em todos os meus livros, em todos os
meus estudos ao longo dos anos nas várias matilhas pelas terras, nunca
tinha lido sobre uma matilha assim.
A Matilha do Caos.
Mas agora, não quero dar a Kace mais perguntas e confusão. Eu quero
dar segurança a ele.
Eu aperto sua mão mais uma vez, me afasto e desta vez ele segue.
KADEN
KADEN
A jornada tem sido longa e sem sono desde que deixei a Matilha da
Vingança e me dirigi para o deserto em direção ao território da Matilha
da Disciplina.
As vastas extensões de terreno baldio nunca me assustaram como
agora.
Os restos da Grande Guerra, as cidades destruídas, o ar ainda denso de
radiação...
Todos eles parecem ser presságios, uma lembrança do suicídio de Alfa
Ip.
De violência sem propósito.
De morte inútil.
Das cavernas aos picos das montanhas mais altas, eu caminhei,
vagando para longe dessas cidades mortas e dos sons horríveis que
emanam de dentro delas.
Como uivos, mas demoníacos. Sobrenatural em todos os sentidos.
Rumores sugerem que certos monstros ainda moram nas cidades
mortas, festejando com veneno, crescendo.
Existe até o mito de que essa é a origem de nossa espécie.
Que os lobos só existem por causa da explosão nuclear.
Mas não chego mais perto para descobrir se isso é verdade.
Meu objetivo não é aprender a origem da minha espécie. É para
chegar à Matilha da Disciplina.
Depois do que parecem dias sem descanso, vejo a ponta pontiaguda de
uma pirâmide à distância, tremeluzindo. Me dizendo que estou perto.
No começo, tenho certeza que é apenas uma miragem. O sol
pregando peças em mim novamente.
Mas então, conforme me aproximo, fica claro — Cheguei à Matilha da
Disciplina, em toda a sua glória estoica, finalmente.
Eu aumento meu ritmo, aproximando-me da pirâmide e esperando
encontrar algumas respostas para o porquê de Alfa Ip se matar— Por que
ele nos avisou sobre alguma... Matilha do Caos — seja lá o que for.
Mas quando chego à escada, sinto meus cabelos se arrepiarem
enquanto meu nariz capta um cheiro terrível e familiar.
Sangue.
Eu começo minha escalada na pirâmide, o cheiro fica mais forte a cada
passo.
Quando eu finalmente alcanço o pico e vejo que vem da Matilha da
Disciplina com meus próprios olhos, meu estômago embrulha dentro de
mim.
Querida Deusa... O que eles fizeram?!
Capítulo 5
MORTE À DISCIPLINA Sangue em todos os lugares.
Corpos de homens que uma vez chamei de meus amigos...
Rasgado em pedaços.
Quem poderia ter feito isso com a Matilha da Disciplina?
Ou pior ainda...
Como eles podem ter feito isso a si mesmos?
KACE
Kace: Exatamente.
Kace: Eu vi feitiçaria horrível reduzir homens a animais. Mas não sinto nenhum vestígio
de magia aqui.
Helena: Como se estivessem paranoicos que seus próprios amigos estivessem tramando
contra eles.
Helena: Por que Alfa Ip viria aqui nos avisar. Você acha que a Matilha de Vingança é a
próxima?
Helena: Zane. Ele é... um pouco estranho. Mas o Alfa parece gostar dele.
Kace: Kaden?
Kace: KADEN!!!
KADEN
Estou atrasado.
Estou muito fodidamente atrasado.
Isso é tudo que posso pensar enquanto corro para o prédio do
curandeiro.
Acabei de ouvir sobre a explosão que quase dizimou a Cidade da
Vingança e feriu meu irmão no processo.
E eu percebo que o aviso do sobrevivente não poderia ter sido provado
mais verdadeiro. Mas a segunda parte de seu aviso é o que continua a me
assombrar.
Cuidado com o riso das crianças...
Ainda não tenho ideia do que diabos fazer com isso. Viro uma esquina
e encontro Lexia e Brutus discutindo.
— Tudo o que estou dizendo, Lexia, é que posso ajudar se você
precisar, — diz Brutus calmamente. — A morte do Alfa Ip primeiro, agora
isso? Talvez a Matilha da Igualdade tenha muito em suas mãos.
— Afaste-se, Brutus — ela o avisa. — Eu comecei a gostar de você. Não
me faça lamentar isso com uma perda temporária de sanidade.
Brutus está prestes a responder quando me vê se aproximando. —
Kace, você está de volta! Alguma notícia da Matilha da Disciplina?
— Algumas, — eu admito. — Mas como está meu irmão? Como está
Kaden?
— Ele vai ficar bem, — Lexia diz. — Mara está com ele agora.
Sozinhos.
Eu entendi o significado. Deveria deixá-los em paz. Mas tenho muito
a dizer ao meu irmão.
E temo o que acontecerá se eu demorar novamente.
Se eu tivesse encontrado o sobrevivente antes, poderia ter evitado o
ataque e...
— Eu conheço esse olhar, — Lexia diz. — Sua cabeça está girando.
Igual a minha. E assim como a de todos.
— Eu não gosto muito de você, Kace. Mas eu não te culpo por isso.
— Então, eu não sei, faça o que você tem que fazer agora. Eu vou
tomar uma bebida.
Com isso, ela caminha em direção a Zane, o bobo da corte. Eu me viro
para Brutus. Ele encolhe os ombros. — Eu tenho que concordar com
Lexia neste ponto. Vá para o seu companheiro.
Minha companheira.
Helena.
Eu anseio tanto por vê-la que está me destruindo. Mas meu irmão
realmente ficará bem? E as notícias podem esperar?
MARA
Puta merda.
Mara nunca me surpreendeu assim antes.
Talvez seja o ângulo, mas ela está levando mais de mim garganta
abaixo do que eu pensei que fosse humanamente possível.
Eu estou indo a loucura com meu rosto coberto com seus sucos, e eu
paro para admirar seu trabalho.
Esse ângulo a faz parecer uma mulher completamente diferente.
Como uma máquina. E selvagem.
Eu gemo, agarrando sua bunda e indo ainda mais fundo com minha
língua dentro dela.
Estou fazendo círculos, aproveitando cada espasmo e chute
involuntários.
Ela está à beira, posso sentir.
— Kaden, — ela diz, removendo a boca e me masturbando agora. —
Isto é tão bom. Oh meu...
Ela goza, e eu juro que é como a porra de uma fonte, tanta coisa está
saindo.
Eu amo cada momento doce e pegajoso, lambendo tudo.
E agora posso sentir que estou chegando ao clímax. Sua mão está se
movendo tão rápido que é um borrão. — MARA!!!!
Um segundo depois, meu sêmen banha seus lábios enquanto ela
envolve sua boca em tomo do meu pau mais uma vez, tomando tudo
para si.
Eu tenho uma convulsão, totalmente superada pelo meu orgasmo
quando Mara termina e nós dois desmaiamos, sua cabeça ao lado dos
meus pés. E os dela ao meu lado.
— Sentiu muito a minha falta? — Ela pergunta, limpando a boca.
Eu sorrio, me sentindo o homem mais sortudo do mundo.
E pensar que essa deusa do sexo não é apenas minha companheira...
mas a mãe do meu futuro filho.
Ela rasteja ao meu lado, deitando a cabeça no meu peito, e eu acaricio
seus cabelos.
— Nunca mais quero perder outro momento, Mara — prometo a ela.
— Com você ou nosso filhote.
Meu coração está batendo forte no meu peito.
E não por causa do sexo selvagem que Mara e eu acabamos de fazer.
Porque a mulher que amo mais do que tudo tem uma nova vida dentro
dela.
Sonho com este dia há anos. E agora está finalmente aqui.
Eu sou o homem mais sortudo do mundo, não apenas porque ela é
uma deusa do sexo.
Mas porque ela é minha esposa. E a mãe do meu filho que ainda não
nasceu.
— Eu quero ser um grande companheiro, — eu digo. — Um ótimo pai.
Um grande Alfa. Para todos nós.
— Você vai, — ela diz com aquela confiança clássica de Mara. — Ou
seu nome não é Alfa Foda Kaden.
LEXIA
Jogo minha bolsa no chão e entro em uma casa que mal conheço.
Uma casa que foi reservada para a minha Helena e para mim.
Uma casa dentro da Matilha da Vingança, apesar de todos os pecados
do meu passado.
Meu futuro com minha companheira é uma lousa em branco. E mal
posso esperar para ver como nossa história vai se desenrolar.
Eu pego Helena da cadeira e coloco em meus braços musculosos, e ela
ri, surpresa.
— Kace! O que você está fazendo? Ponha-me no chão!
— Nunca, — eu respondo, olhando em seus olhos através do óculos,
saboreando sua alegria.
— Senti sua falta, — ela diz.
— Não tanto quanto eu senti sua falta, Helena, — eu respondo,
sorrindo.
Dou um passo em direção à cama, ainda segurando-a com força.
Nunca conseguimos consumar nossa cerimônia de acasalamento e,
pelo calor que emana do corpo da minha companheira agora, posso dizer
que ela está pensando o mesmo.
— Compensar o tempo perdido? — Ela pergunta.
Eu aceno, colocando-a suavemente na cama e rastejando em cima.
— Você não tem ideia de quanto tempo estive pensando sobre isso, —
eu digo. — Imaginando.
Sentindo isso. De todos os ângulos possíveis.
— E sério? — Ela pergunta, sorrindo.
— Sim.
Tiro seus óculos para ver seus olhos com mais clareza.
Então eu me inclino e beijo Helena, sentindo todos os pelos do meu
corpo se arrepiarem, como se estivesse sendo eletrocutado.
Esse é o efeito que minha companheira tem sobre mim. — Kace, — ela
sussurra, olhos fechados, rosto corado.
— Beije-me novamente.
Desta vez, eu não paro em um selinho. Eu despejo meu tudo naquele
beijo, querendo manter meus lábios presos nos dela por tanto tempo
quanto for humanamente possível.
Sua língua desliza em minha boca, e eu a cumprimento com fome.
Eu me afasto e olho para ela, os desejos carnais se intensificando a
cada segundo.
Eu não posso esperar mais. Eu preciso dela nua. Preciso de seu corpo
pressionado contra o meu.
Eu preciso dela molhada e gemendo e implorando por mais.
— Helena... — eu rosno.
Minhas mãos alcançam seu jeans, começando a desabotoá-lo, e ela
endurece de empolgação. Finalmente está acontecendo.
Finalmente estamos juntos.
E nada pode nos interromper.
— KACE!!!!
Sento de repente, ouvindo a voz me chamando do lado de fora da
nossa porta.
Helena inclina o pescoço para trás e geme, frustrada. Mas ela está
sorrindo.
É pura descrença que quebra o momento agora. Como isso poderia
ser adiado ainda mais?!
— Destiny? — Eu grito para a porta.
— Você voltou!!!
Um segundo depois, assim que rolei de cima de Helena e cruzei as
pernas para esconder minha protuberância, a porta se abriu e minha
lobinha favorita entrou correndo.
Ela se joga em meus braços, quase me deixando sem ar.
— Eu também senti sua falta, — eu gemo.
Helena ri. Nós dois estamos frustrados porque Destiny nos bloqueou
no ato. Mas, ao mesmo tempo, essa garota é como uma filha para mim
agora.
E estou feliz em vê-la.
— Correu tudo bem? — Ela pergunta. — Sua jornada? Encontrou o
que procurava?
— Bem... — eu digo, sem saber o quanto eu deveria compartilhar. —
Aprendi algumas coisas.
Ela ri e fico temporariamente paralisado com o som. — Kace, você é
sempre tão misterioso!
O riso das crianças.
Estou olhando para uma criança na minha frente. Uma criança que
sinto que conheço bem. Uma pelo qual me preocupo. Então, por que a
risada dela me assusta?
É o aviso final do sobrevivente o suficiente para entrar na minha
cabeça? Estou claramente sendo paranoico e preciso de uma boa noite de
sono.
Eu pareço louco até para mim mesmo.
Nesse momento, ouço outra voz me chamando por meio da ligação
mental, me interrompendo pela segunda vez naquele dia.
Kaden: Kace
Está prestes a ficar letal entre Brutus e Kaden. Eles já se jogaram pela
janela da porra da casa de matilha em suas formas de lobo, jorrando
sangue.
Mas isso claramente não será suficiente, se Alfa Kaden tiver mais a
dizer sobre isso.
Ele dá um passo ameaçador na direção de Brutus, mostrando suas
presas. Desta vez, não grito para ele parar.
Eu mudo para o meu lobo e uivo o mais alto que posso, forçando o
Alfa a me olhar.
Mara: CHEGA!!! O que quer que tenha acontecido aí termina agora.
Mara: Atrás de mim está uma mulher que perdeu seu filho recém-nascido.
Ações falam mais alto que palavras. É algo em que sempre acreditei.
Irônico, admito, visto que fui bibliotecária, cercada por mais palavras
do que qualquer coisa remotamente parecida com o mundo real.
Mas agora Kace está provando que minha velha crença é verdadeira
enquanto me pressiona contra a estante e me beija como se eu fosse a
única mulher no mundo.
Eu quero acreditar nele.
Quero que esse beijo, essa fisicalidade entre nós, seja como um selo,
selando um envelope fechado.
Pondo de lado todas as ideias dele amando alguém que não seja eu.
Mas não sei se será o suficiente. Se, um dia, a carta voltar a ser aberta,
ousarei ler as palavras lá dentro?
— Onde você está? — Ele rosna, olhando nos meus olhos. — Helena,
volte para mim.
Pisco, lembrando-me de onde estou, quando estou. Eu coloquei de
lado o passado e o futuro. Tudo que eu quero agora é o presente.
Com Kace.
— Leve-me, — eu sussurro.
Os olhos de Kace se iluminam de excitação carnal quando sinto sua
ponta, já saliente e dura, massageando minhas dobras. Eu endureço e
suspiro com a sensação disso.
Estamos finalmente continuando o que começamos na cerimônia de
acasalamento. Estamos finalmente nos tornando...
Um.
De repente, ele está dentro de mim, e estou gritando com a espessura
de sua circunferência e meu próprio aperto em tomo dele.
— KACE!!!!
Ele bate em mim, os livros caem de lado, as palavras sem sentido
dentro de tudo, mas esquecidas, enquanto a ação e a adrenalina
assumem o controle.
Já faz tanto tempo que dói no começo.
Eu tenho que morder meu lábio apenas para me impedir de gritar.
— Devo desacelerar? — Ele pergunta, ofegante, parecendo
preocupado.
— Não, — eu sussurro sem fôlego. — Mais rápido. Mais.
Ele sorri, deixando cair as calças até os joelhos, permitindo-lhe mais
amplitude de movimento. Então ele agacha e...
OOOOOHHH! — Eu suspiro.
Eu não acho que ele nunca foi tão fundo dentro de mim antes. É o
ângulo ou apenas a intensidade do momento? Não tenho certeza e não
me importo.
Eu quero mais.
Eu agarro sua bunda, puxando-o ainda mais fundo, enquanto seus
quadris ganham velocidade, me fodendo como se eu nunca tivesse sido
fodido antes.
— KACE!! — Eu grito.
Desta vez, eu não seguro ou mordo meu lábio. Soltei um rugido de
garganta alta quando minhas paredes se contraíram em tomo dele.
Ele está chegando perto. Estou chegando perto.
Nós dois estamos no limite.
— Helena, — ele rosna. — Eu não posso...
— Não, — digo a ele. — Não se segure.
Um segundo depois, seus olhos reviram em sua cabeça e meu núcleo
se contrai.
De repente, sua semente quente está me banhando de dentro para
fora — misturando-se com meu próprio néctar no orgasmo mais
delicioso que já experimentei.
Eu olho em seus olhos e sei que é a hora. O momento que ambos
esperamos. Afinal.
Seus dentes trancam no meu pescoço e mordem, marcando-me
oficialmente como dele. Eu grito de dor abençoada, tendo um orgasmo
novamente.
Meus dentes se alongam e eu mordo seu pescoço em seguida, tirando
sangue. Fazendo ele meu.
Agora e sempre.
Quando acabou, nós dois ficamos ali, ofegantes. Não sobrou um único
livro na estante.
E é exatamente assim que eu quero.
Eu o seguro perto de mim e o beijo. — Eu te amo, Kace.
— E eu a você, Helena.
Por mais difícil que tenha sido a jornada até este momento... Eu sei
com certeza agora — valeu a pena.
MARA
Landon busca Althea logo após a estranha luta entre Kaden e Brutus, e
ninguém, nem mesmo Lexia, vai responder a nenhuma das minhas
malditas perguntas.
Ela sai furiosa para seu veículo sem outra palavra.
Eu sei que há um lobo que vai falar comigo, no entanto. E é melhor ele
me dar algumas garantias.
— BRUTUS! — Eu grito.
Eu o encontro perto de um riacho próximo, lavando seus novos
cortes, ainda nu como no dia em que nasceu.
Seus músculos estão todos à mostra. Seus olhos, virando-se para
encontrar os meus, carrancudos.
Eu olho para longe, tentando evitar aquele olhar ardente.
Aquele que sempre me deixa com os joelhos mais fracos do que
gostaria de admitir.
— O que você quer, Mara? — Ele pergunta. — O que aconteceu hoje...
— E entre você e Kaden, alguma besteira de macho, eu não me
importo! — Eu grito, interrompendo. — Estou aqui porque preciso que
você me faça uma promessa.
— Uma promessa? A última promessa que fizemos, vou lembrá-la,
você quebrou.
— Ajudando você a salvar a Matilha da Pureza para um assento no
Conselho. Como isso acabou?
Ele se levanta em toda a sua altura, de frente para mim. Mais uma vez,
faço o possível para evitar suas regiões inferiores.
— Me prometa que não importa o quanto ele te provoque, você não
lutará com Kaden, — eu digo trêmula. — Ele e eu, estamos grávidos e...
Eu me encontro sem palavras. Tudo que eu tinha tanta certeza há um
segundo está escapando de mim.
Como vou convencer Brutus a lhe dar outra chance?
Mas sua expressão se suaviza. — Mara, eu não sabia...
— Vou te dizer o que mais você não sabe! — Eu grito. — Fui chamada
para ser a Alfa da Matilha da Pureza.
— Ninguém, nem mesmo Kaden sabe disso. Então aí. Mais
informações para você.
Seus olhos se arregalam. — Mara, essa é uma grande honra. Você vai
aceitar?
— Você está de brincadeira? — Eu pergunto, rindo delirantemente. —
Você vê o estado em que estamos?
— Agora parece um bom momento para fechar a loja e sair para outra
Matilha?
— Ponto justo. Então... então o quê?
— Eu tenho que falar com Kaden antes que isso fique ainda pior, — eu
digo. — E para que isso funcione, eu preciso de sua promessa. — Sem
mais lutas. Eu não quero perdê-lo. Ou você.
Seus olhos piscam com o desejo há muito adormecido entre nós.
E eu me pergunto se ele vai se aproximar. Seu corpo nu já está
chamando o meu de maneiras que estão me deixando louca.
— Mara, não gosto do desgraçado, — ele diz. — Mas farei o que for
preciso pelas pessoas que amo.
Compreende?
As pessoas que amo.
Brutus está falando sobre mim?
Eu me esqueço de respirar, sentindo o calor subindo pelas minhas
bochechas, e rapidamente me afasto. — Obrigada, Brutus.
Então eu me viro e volto para a casa da matilha o mais rápido que
posso.
Se aquele Alfa soubesse o efeito que teve sobre mim...
Se fosse esse o caso, tenho a sensação de que a próxima luta entre
Kaden e Brutus deixaria um deles morto.
KADEN
— Um baile de máscaras?!
Estou olhando para Kaden em descrença.
Ele está deitado na cama, parecendo relaxado, como se horas atrás
não tivesse quase matado Brutus em plena luz do dia no meio do terreno
da matilha.
— Sim, — ele diz. — Ideia de Zane. Diz que ajudará a todos a aliviar
um pouco a tensão. Estou inclinado a concordar com ele.
Ok, entendo que meu companheiro tem uma queda pelo bobo da
corte por qualquer motivo. Mas um baile de máscaras de repente?
Quando estamos afundados em ataques e acusações e...
— Posso ver você pensando, Mara, — Kaden diz com um sorriso
malicioso. — Sempre tão sexy quando você pensa.
— Cale a boca, — eu digo, continuando a andar. Não estou com
vontade de ser cortejada. — Como você pode pensar que essa é uma boa
ideia agora?
— Uma pequena celebração nunca fez mal a ninguém. No mínimo,
pode nos unir. Para não mencionar...
Kaden desliza para fora da cama e gentilmente coloca a mão na minha
barriga, já aparecendo.
— Teríamos algo muito emocionante para comemorar, — ele diz,
sorrindo.
Eu olho para o meu Alfa, olhando para mim como um cachorrinho
doce. É difícil acreditar no que vi nele apenas algumas horas atrás.
Esse mesmo monstro violento.
Não este homem que me ama, que está animado por nosso filho, que
está praticamente entusiasmado com isso e quer se exibir.
— Mesmo assim, — eu digo, tentando resistir a seus encantos. — Um
baile de máscaras parece uma maneira engraçada de mostrar isso.
— Vai ser... exótico.
Acho que é a primeira vez que ele usa a palavra porque tem
dificuldade para sair de sua língua — não que ele tenha um vocabulário
extenso...
Eu reviro meus olhos, mas não posso deixar de sorrir.
Meu companheiro é adorável quando ele é um palhaço ignorante. —
Então? — Ele pergunta. — Posso dizer a Zane que estamos de acordo?
— Você é o Alfa, — eu digo, empurrando-o suavemente de volta para a
cama e subindo em cima. — O que você diz vale.
HELENA
Coloco Destiny em sua cama naquela noite, feliz por ela estar longe de
casa quando Kace e eu consumamos nossos votos.
Isso teria traumatizado a pobre garota, tenho certeza.
Mas, quando olho em seus olhos pensativos, ainda sou perseguida por
uma pergunta persistente: como ela sabia?
— Destiny, — eu pergunto. — Quando você apontou para Althea hoje
cedo, como exatamente você sabia sobre ela e a... história de Kace?
Eu não gosto de trazer isso de volta. Mas sinto que é importante. De
qualquer forma, depois do que meu companheiro me mostrou hoje, eu
confio nele de todo o coração.
O que um pouco mais de informação vai doer?
— Não tenho certeza, — ela diz baixinho. — Alguém me disse. Mas eu
não tinha certeza se eles estavam brincando ou não.
Coitadinho Provavelmente um valentão na escola que foi criado no
bando e conhecia toda a sua roupa suja.
Ainda assim, algo sobre sua resposta, a rigidez nela, me dá uma
sensação estranha.
— Algum problema, Destiny? — Eu pergunto a ela.
— Quando salvei Kace na Matilha da Harmonia, — ela começa, —
entendi o motivo. Para ajudá-lo contra um homem mau.
— E?
— Agora, estou tão confusa. Minha própria harmonia dentro de mim
está... desafinada. Não vejo como qualquer uma das peças se encaixam e...
Lágrimas começam a se formar em seus olhos e eu rapidamente a
abraço, percebendo que sua transição para uma nova matilha foi mais
difícil do que eu imaginava.
— Está tudo bem, querida, — eu digo, tentando tranquilizá-la. — Este
lugar vai fazer você se sentir em casa, eu prometo.
— Mas e se... — ela diz, com os olhos arregalados. — E se os planos
forem como as piadas?
— E se não houver razão para eles? E se eles forem apenas... maldosos?
Um arrepio desceu pela minha espinha. Claramente, alguém tem
sussurrado algumas ideias cruéis no ouvido da pequena Destiny.
A ideia de que a vida é apenas uma piada, por exemplo.
Isso não parece algo que uma criança inventaria.
Eu a coloco na cama e beijo sua cabeça. — Não se preocupe, Destiny.
Todos os nossos planos vão dar certo. Eu prometo.
Eu sorrio, e Destiny sorri de volta. Mas algo sobre o sorriso é... tenso.
Encontro Kace na sala de estar, ainda lutando para consertar a estante
e devolver os livros a seus devidos lugares. Eu não posso deixar de sorrir
com a visão.
— Nós causamos alguns danos reais, hein? — Eu digo.
Kace sorri para mim, e percebo que ele não está apenas curvado,
tentando consertar. Ele está lendo. Tomando notas. E muitas delas, ao
que parece.
Eu franzi a testa. — O que você está fazendo?
— Algo em que você é muito melhor do que eu, Helena, — diz ele com
um suspiro, fechando o livro. — Pesquisando.
Sento e dou uma olhada no que ele está lendo. Um dos meus livros,
como descobri.
— Uma história dos grandes bandos, — eu digo, levantando uma
sobrancelha. — Eu não achei que você era um estudioso, Kace.
— Estou tentando encontrar qualquer informação que puder sobre
esta maldita Matilha do Caos. Mas não há nada sobre eles. Em qualquer
lugar.
Ele esfrega os olhos, parecendo exausto, e eu suspiro, desejando poder
ajudá-lo.
Infelizmente, em todos os meus anos de estudo, também nunca ouvi
falar desse bando.
— Deve estar conectado, — Kace murmura baixinho.
— Todos esses eventos, — ele continua, — a morte de Alfa Ip. O
bombardeio. As crianças desaparecidas. Os atos do pequeno caos, em
todos os lugares.
Um lampejo de reconhecimento atinge minha mente como uma
lâmpada piscando.
As palavras do meu companheiro me fizeram lembrar de algo. Algo
que me foi dito há muito tempo.
— O que é? — Ele pergunta, vendo minha expressão.
— Eu te falei sobre o Alfa Hakim da Matilha da Sabedoria, certo?
Ele concorda. — Nunca tive o prazer de conhecê-lo. O que tem ele?
— Alfa Hakim uma vez me disse que, quando criança, ele uma vez
quase foi seduzido pelo caos. Eu sempre imaginei que ele quis dizer isso
metaforicamente. Mas e se...
Os olhos de Kace se arregalaram e ele se senta, agarrando minhas
mãos. — Você acha que Hakim pode saber mais sobre a Matilha do Caos?
— É possível, — digo, sem fôlego.
Kace sorri e pula de pé, já trabalhando em um ângulo que não consigo
nem começar a ver.
— Devo escrever uma carta para ele? — Eu pergunto. — Ver o que
podemos aprender?
— Isso não será necessário, — diz Kace, me surpreendendo.
— Por que?
— Alfa Hakim, junto com cada Alfa na terra, está vindo para a Matilha
da Vingança. Para o baile de máscaras que Kaden acaba de anunciar.
Eu sorrio de volta agora.
— Então vamos perguntar a ele pessoalmente!
— Isso mesmo, Helena, — Kace diz, pegando minha mão. — Acho que
é hora de você nos apresentar.
LEXIA
Greyson... é você?
Não tenho certeza se falei as palavras em voz alta ou se apenas pensei
nelas.
Estou tão bêbada que mal consigo pensar direito, quanto mais falar.
Mas agora tenho certeza de que uma figura entrou em meu quarto.
Quero dizer ao meu companheiro o quanto lamento tê-lo deixado
morrer. Que a lança deveria ter atravessado meu coração em vez do dele.
Que eu não o beijei mais uma vez antes...
— Greyson? — Eu pergunto novamente, semicerrando os olhos.
Porque agora eu percebo que isso não é uma invenção da minha
imaginação. A figura na porta é real.
E não é nenhuma aparição.
Não se parece em nada com Greyson.
Quem quer que sejam, são baixos e magros, usando um capuz que
cobre todo o rosto.
E em suas mãos está uma adaga reluzente.
Eu engulo em seco, olhando para a esquerda e para a direita em busca
de alguma das minhas armas. Mas estou indefesa.
Tudo o que tenho é aquela garrafa de bebida que me incapacitou
completamente.
Tomou-me um alvo fácil.
Porque quem quer que seja esse estranho, agora eu sei.
Eles estão aqui para me matar.
Capítulo 15
MENTE DO CAOS
A adaga brilha na noite de luar
Uma lâmina que em breve cortará minha garganta.
A menos que eu possa impedir.
A menos que eu me levante e lute contra esse intruso.
Mas eu tenho força?
Mais importante...
Eu mereço viver?
LEXIA
Se ela é a maçã, devo ser o verme. Quero dizer a ela que não há
nenhum dano, é claro. Pois sou, como disse, um artista.
E o que é mais divertido do que um Alfa enlouquecido?
Permito que ela me beije, continue pensando que dormimos juntos,
embora sexo não faça parte do meu vocabulário — muito voltado para
um objetivo para o meu gosto.
Porque Lexia aqui tem um propósito.
Meu propósito.
Exatamente como a criança que mandei para ela. Assim como todas as
crianças que me amam, que veem a vida como ela realmente é: Absurda.
Insanidade aleatória.
Caos.
— Calma, calma, — repito, dando tapinhas nas costas dela. — Hoje à
noite, vamos comemorar e deixar tudo para trás...
. —.. como uma máscara feliz em um rosto caído. O que acha disso,
Lexia?
Ela funga e acena com a cabeça. Eu sorrio.
— Então, — eu digo, — que comece a mascarada!
Capítulo 16
A MÁSCARA
Ela brilha.
Sua beleza, incomparável até mesmo pelos anjos.
Minha companheira coloca o vestido.
Mas eu gostaria que ela deixasse de lado.
Para que eu possa admirar a protuberância que cresce a cada dia.
Nosso filho.
Um testemunho do nosso amor.
Esta noite, no Baile, Mara saberá o quanto esse amor significa.
KADEN
— Alfa Hakim!
Corro até meu antigo Alfa da Matilha da Sabedoria, segurando a mão
de Kace. Espero que ele tenha respostas sobre o caos de seu passado.
Mas ele não parece muito feliz em me ver.
— Helena, — diz ele laconicamente. — E este, eu imagino, é o lobo
que tirou você de seus estudos importantes.
Merda.
Então ele ainda está bravo comigo por deixar a Matilha da Sabedoria.
Vai saber.
Mas Kace, para seu crédito, não leva isso para o lado pessoal.
Ele sabe que há assuntos mais urgentes a serem discutidos.
— Peço desculpas por levar Helena embora, — diz ele. — Mas eu
posso te prometer isso. Sempre respeitarei a Matilha de Sabedoria e tudo
o que ela fez para me ajudar.
Hakim examina as unhas, sem se impressionar.
— Naturalmente, — ele diz. — Lobos da Matilha da Vingança, sempre
tão obstinados.
Eu ignoro seus insultos e pego sua mão, surpreendendo-o. — Alfa
Hakim, — eu digo. — Nós precisamos da sua ajuda.
— Ajuda? Com o que?
— Conte-nos o que você sabe sobre a Matilha do Caos.
LEXIA
Festas. Eu odeio festas.
Não tem nada a ver estar aqui depois do horror que desencadeei no
mundo, matando aquela criança.
Claro, ela entrou sorrateiramente em meus aposentos e tentou me
matar.
Claro, eu estava apenas me defendendo.
Mas isso não toma mais fácil de engolir.
Eu tomo outro gole do meu frasco, observando os Alfas e Lunas
ignorantes colocando suas máscaras e começando a dançar enquanto
Zane lidera as festividades.
Sem ele, não sei o que faria comigo mesmo agora.
Ele é o único que me faz sentir que não sou completamente louca.
E é quando eu vejo: uma pequena figura, usando uma máscara de
pássaro, se esgueirando no meio da multidão. Meus olhos se arregalam.
Será que essa é outra criança vil? Como aquele que tentou me matar?
Eu guardo meu frasco e sigo a máscara.
Vou obter algumas respostas.
MARA
Helena e eu trouxemos Alfa Hakim para uma mesa para que ele
pudesse discutir sua história com a Matilha do Caos.
Mas já tenho a estranha sensação de que o que estamos prestes a
aprender não é o que esperamos.
— Eu te disse quando era jovem, — Hakim disse rispidamente, — que
quase fui seduzido pelo caos. Não pela Matilha do Caos. Não existe tal
coisa.
Helena suspira, desapontada. — Então você só quis dizer
metaforicamente?
Hakim faz uma pausa. — Não.
Eu me inclino para frente. — Por favor, Alfa Hakim.
Vidas estão em jogo. Conte-nos o que aconteceu com você.
— Bem, — diz ele, examinando as unhas mais uma vez. — Havia
outro menino na minha aldeia que adorava causar problemas.
— Ele me recrutou, junto com algumas outras crianças, para uma
gangue.
— E? — Eu pergunto, insistente.
— Foi... puro caos, — diz Hakim, parecendo assustado mesmo depois
de tantos anos.
— Nenhuma de suas ações fazia sentido, — ele continua.
— Eles estavam enlouquecidos. E nós o seguimos para o vazio por
nenhuma outra razão a não ser...
que era divertido.
— Alfa Hakim, — Helena diz. — Qual era o nome desse lobo?
Mas Hakim fica em silêncio quando seus olhos se fixam em alguém na
pista de dança lotada.
Eu me viro para ver o que chamou sua atenção. Todos lá usam
máscaras, obscurecendo seus rostos.
Todos menos um homem.
— Ele... — Hakim sussurra, quase sem acreditar. — Esse é ele.
MARA
Eu vou matá-lo.
Eu vou arrancar a cabeça dele.
Eu vou arrancar seus olhos.
Kaden matou meu companheiro. Ele conspirou para assassinar meu
Greyson com Nessa.
E agora ele orgulhosamente pendura a lança em sua própria sala de
armas.
Meu lobo voa para o salão de baile, vendo apenas o vermelho.
Outros lobos estão lutando. Porque? Eu não dou a mínima agora.
Existe apenas um lobo que merece minha ira.
E esse é Kaden.
Quando pulo nele, ele nem mesmo me vê chegando.
Eu o joguei no chão.
Estou prestes a rasgar uma garra bem no pescoço quando...
MARA
— PARE!!!
Eu agarro a pata de Lexia, impedindo-a de desferir um golpe mortal
em Kaden. Posso estar com raiva dele agora, mas não o quero morto!
O lobo de Lexia me olha nos olhos sem nenhum reconhecimento.
Ela quer sangue. E não tenho ideia do porquê.
Antes que eu possa dizer outra palavra, ela arranca a pata, me batendo
no estômago e eu desabo no chão.
A dor é diferente de tudo que já experimentei.
Minha barriga.
Meu útero.
Meu filho.
Querida Deusa, não!
Kaden me vê deitada de dor e ruge de raiva, mudando.
Quero dizer a ele para parar com essa loucura antes que piore. Mas
não tenho mais fôlego.
Brutus está ao meu lado, me segurando. Mas eu nem percebo que ele
está lá.
O mundo está desmoronando ao nosso redor.
Lexia e Kaden vão se matar.
KACE
Ela acha que eu tive algo a ver com a morte de Greyson? Ela realmente
perdeu o controle desta vez. Sem dúvida, ela tem trabalhado para a
Matilha do Caos o tempo todo.
Essa é a única explicação.
Eu rugi de raiva, jogando-a no chão de madeira já encharcado de
sangue do salão de baile, onde as pessoas estão gritando e se espalhando.
Tanto para uma celebração.
Não, não vou comemorar até que este lobo feroz esteja morto antes de
mim.
Ela golpeia meu rosto de novo, quase arrancando um olho, e decido
que é hora de ela perder algo.
Com todas as minhas forças, eu travo minhas mandíbulas em seu
braço e rasgo...
Rasgar...
Rasgar...
Até eu ouvir os ossos quebrando e seu lobo ganindo em uma dor
horrível…
Por fim, arranco o braço de cima dela e o sangue jorra do toco. Eu
coloco de lado o braço que se contrai e me viro para finalizar o golpe
mortal.
Lexia está mudando de volta para sua forma humana agora. Muito
fraca para continuar lutando. Olhando fixamente para cima enquanto ela
sangra.
— CHEGA!!!!
Brutus me puxa para longe de Lexia. Eu luto para me libertar, mas
seus braços musculosos seguram meu lobo de volta.
— Deixe-a, Kaden! — Brutus implora para mim. — Você já fez o
suficiente. Sua companheira precisa de você.
Eu olho para Mara, ainda deitada no chão com dor, e imediatamente
me lembro de mim mesma.
Eu me mexo, correndo para o lado dela e verifico seu pulso.
Ela está bem.
— Mara, — eu sussurro. — Estou aqui.
Mas ela se esquiva de mim, apavorada. Ela viu o que eu fiz com Lexia.
Ela está olhando para mim, coberta de sangue como...
Eu sou um monstro.
— Kaden!
Eu me viro para ver Kace prendendo Zane, o bobo da corte, no chão.
Que diabos?!
— Ele é o Alfa da Matilha do Caos! — Kace grita. — Ele está por trás
de tudo isso.
Zane ri como se fosse a piada mais engraçada que já ouviu, com
lágrimas fluindo livremente de seus olhos. E eu fico olhando,
horrorizado.
Não.
Como isso está acontecendo? Como eu poderia não ter visto o que
estava bem na frente do meu nariz o tempo todo?!
Fui manipulado... mais uma vez?
— Leve-o para uma cela! — Eu grito.
Então, pego Mara com delicadeza e a carrego para fora do salão.
Percebo curandeiros correndo para o lado de Lexia enquanto Brutus os
chama.
Mas haverá tempo para lidar com aquela vadia mais tarde.
Agora, preciso cuidar da minha companheira.
MARA
Tanta coisa acabou de acontecer, tanto mal, tanto horror — sinto que
estou paralisada da cintura para baixo.
E não é só porque sinto uma dor aguda onde Lexia me bateu.
Não, é porque meu companheiro, meu Kaden, está me levando para a
casa da matilha em silêncio e estou tentando não vomitar com a
sensação de sua pele tocando a minha.
Eu vi o que ele fez com Lexia. Eu o vi arrancar o braço dela no meio do
salão.
Eu sei que ela o atacou — outro momento desconcertante para tentar
e processar — mas Kaden não tinha razão para ir tão longe.
Ele mostrou suas verdadeiras cores esta noite.
E fico apavorada em me perguntar o que isso significa para nós.
Ele finalmente nos traz para o nosso quarto e me deita na cama muito
suavemente.
Sei que deveria ser grata por seu carinho e cuidado agora.
Mas eu não quero.
— Mara, — ele diz, sentando-se ao lado da cama. — Por favor, me diga
que você está bem. O bebê...
— Estou bem, — minto. — Vá embora, Kaden. — Mas, Mara, — ele
diz, parecendo estar em pânico.
— Estou com medo que você... que nós...
Ele não pode dizer isso em voz alta, mas eu sei o que ele está
pensando. Que podemos perder o bebê.
Eu estremeço só de pensar nisso.
— Sobre este negócio de Alfa da Matilha da Pureza, — diz como se
estivéssemos discutindo negócios como de costume, — vamos descobrir
isso mais tarde, ok?
Eu rio, amargamente. — Você quer dizer quando terminar de matar
Lexia?
Seus olhos escurecem de raiva enquanto suas mãos se fecham em
punhos.
Se eu tinha medo de Kaden antes, estou apavorada agora.
— Não, — ele diz. — Uma vez que eu matar aquele palhaço de merda.
KACE
Landon, Althea e Kace estão parados lá, mas não vejo nenhum deles.
Tudo o que vejo é o bobo da corte.
O homem que recebi em minha matilha.
O homem que permiti me entreter e distrair.
O homem que plantou sementes de discórdia o tempo todo.
O Alfa da Matilha do Caos.
Eu quero arrancar a cabeça de seus ombros de merda e acabar com
isso. Não há necessidade de interrogatório.
Vamos executá-lo e encerrar o dia.
Mas meu irmão tem outras ideias. — Você não pode matá-lo, Kaden,
— ele diz. — Ainda há muito que não sabemos.
— O que isso importa? — Eu cuspo. — Corte a cabeça, e toda a
matilha se dispersa. Não é assim que sempre funciona?
— Sim! — Zane exclama. — Por favor, por favor, Alfa Kaden, me mate!
As crianças continuarão meu trabalho, sem dúvida. Eles entendem como
é divertido criar um pouco de confusão.
Tudo faz sentido agora.
A figura baixa que vi plantando a bomba. A caixa-de-surpresa que
Lexia encontrou. As crianças trabalharam para este bastardo o tempo
todo.
— Willow é apenas uma criança! — Althea grita. — Quem está
cuidando dela?!
— Hm, uma boa pergunta, — Zane diz, fingindo coçar sua barba
imaginária. — Vou me certificar de pensar sobre isso, uma vez que Alfa
Kaden aqui termine de me decapitar.
Todo o corpo de Althea treme como se ela estivesse à beira de um
colapso. Se matarmos Alfa Zane, ela pode nunca mais ver sua filha
novamente.
Kace agarra meu braço com força. — Kaden, você vê por que não
podemos matá-lo. As crianças— — Ele é um monstro, Kace, — eu rosno.
— Veja o que ele fez com nosso bando.
— Você me dá muito crédito, — Zane diz, batendo a mão
timidamente. — Eu simplesmente mexo a panela. E você, Kaden, que
ferve.
Minhas mãos se fecham em punhos. Já ouvi o suficiente deste
desgraçado do palhaço.
E hora de terminar isso.
— Kaden, por favor, — implora Althea. — Não o mate.
Eu olho em seus olhos, os olhos suplicantes de uma mãe, e me lembro
de minha própria companheira, Mara, que está grávida agora.
O horror com que ela olhou para mim.
O que ela vai pensar de mim agora se eu continuar com isso?
— E então, vamos? — Zane diz, oferecendo seu pescoço. — Estou
esperando com a respiração suspensa, Alfa Kaden!
Pego a faca em meu cinto.
Eu puxo a lâmina da bainha.
E faço minha escolha.
Capítulo 19
PECADOS ANTERIORES
Escuridão.
O mundo é um oceano negro e turbulento.
Tento resistir ao puxão das profundezas.
Mas não consigo nadar.
Meu braço bom se foi...
E minha mente está consumida pelo ódio.
A correnteza me puxa para baixo...
E eu sou impotente.
Afogando.
LEXIA
Sento no sofá com meu vestido de baile, esperando que ele volte, me
sentindo uma idiota. As palavras de Alfa Hakim ressoam em meus
ouvidos.
E este, eu imagino, é o lobo que te afastou de seus estudos importantes.
Quando eu decidi deixar a Matilha da Sabedoria com Kace, nem me
preocupei em contar a Alfa Hakim. Eu apenas peguei minhas coisas e saí.
Foi assim que fui dominada pela paixão.
Não vou cometer o mesmo erro novamente.
Por fim, a porta se abre e Kace entra, parecendo mais cansado do que
nunca.
Por um segundo, quase sinto pena dele, sentindo a necessidade de
confortá-lo.
Mas não é isso que essa conversa vai ser.
— Helena, — ele diz quando seus olhos fixam nos meus.
— Me desculpe, eu só pude vir agora. Tivemos que prender o bobo da
corte e...
Ele para de falar, lendo a expressão no meu rosto.
— Você me viu olhar para Althea, — ele diz, lendo nas entrelinhas.
— Você mentiu para mim, Kace, — eu respondo. — Você me disse que
não a ama mais. E apenas com um olhar, pude ver que não era verdade.
— Helena, você tem que entender, os sentimentos não desaparecem
da noite para o dia. E complicado.
— E sério? — Eu pergunto. — Achei que fosse simples.
Você está acasalado. Você ama sua companheira. Fim da história.
Kace abre a boca e fecha, parecendo derrotado.
Não é um visual que eu gosto nele. E não estou tentando fazê-lo
mentir ou se defender.
Eu quero que ele me mostre o que eu significo para ele.
— Tire suas calças, — eu ordeno a ele.
Kace parece chocado por um segundo, mas então ele obedece,
rapidamente desafivelando o cinto. Eu me levanto e me viro. — Desça
meu zíper.
Novamente, Kace faz o que eu digo a ele.
O vestido cai aos meus pés, me deixando completamente exposta, de
costas para ele. Exatamente o ângulo que desejo.
Portanto, não preciso ver seu rosto.
— Você sabe o que fazer, — eu sussurro.
Kace não perde tempo. Em segundos, sinto seus dedos movendo
minha calcinha para o lado e massageando meu clitóris.
Resisto a gemer de satisfação. Não quero que ele pense que estou
gostando disso. Eu quero que meu companheiro saiba o quão
fodidamente brava estou com ele.
Ele me fode em seguida. Está tão grosso e inchado que preciso morder
a língua para não gritar de agonia.
Normalmente não dói tanto.
Claro, geralmente aquecemos com preliminares e beijos doces. Mas
não agora.
— Foda-me, — digo a ele.
Um segundo depois, ele mergulha dentro de mim, e tenho que colocar
minhas mãos contra a parede para parar de colidir com ela.
É muito.
Os quadris de Kace balançam para frente e para trás enquanto ele
mergulha mais e mais fundo dentro de mim com cada impulso carnal.
E inebriante. E meio assustador.
Posso ouvir ele gemendo e bufando enquanto pressiona todo o seu
corpo contra o meu, me empurrando contra a parede, uma mão
serpenteando em volta da minha garganta.
— Me sufoque, — eu ordeno a ele.
Eu quero que Kace seja duro agora. Mas ele não quer.
Ele ainda está se segurando.
— Do que você tem medo? — Eu pergunto a ele, desafiando.
Ele entende a dica, batendo em mim com tanta força que eu grito. Eu
não consigo me conter.
Ele dá um tapa na minha bunda e pressiona ainda mais do que antes.
Ele se mantém lá, ainda, pulsando, dentro de mim.
Eu nunca gozei por estar absolutamente imóvel, mas isso vai fazer isso
comigo.
Nunca me senti tão completamente cheia.
— Kace... — Eu suspiro.
Um segundo depois, estou liberando toda a sua masculinidade e
clamando em êxtase.
Ele puxa, caindo no sofá, exausto, ofegante, enquanto eu estremeço,
meu rosto ainda pressionado contra a parede fria.
Por fim, me viro para olhar para ele. Ele ainda está meio duro. Ele não
acabou.
Normalmente, eu faria um esforço. Mas agora não é o normal.
Mesmo depois daquela foda com raiva, ainda me sinto vazia por
dentro.
Eu olho meu companheiro nos olhos, sentando para encará-lo.
— O que é? — Ele pergunta, sabendo que estou prestes a deixar cair
algo grande sobre ele.
— Helena...
— Kace, decidi voltar para onde pertenço.
Ele me encara, chocado. Não querendo acreditar enquanto termino
minha frase: — Estou voltando para a Matilha da Sabedoria.
Capítulo 20
UM NOVO PLANO
Seu corpo balança para cima e para baixo enquanto ele dorme.
Seus olhos, fechados.
Quase parecendo em paz.
Mas eu sei o que está dentro dele, dormente.
Eu vi o monstro com meus próprios olhos.
Eu amo meu companheiro enquanto dorme.
Mas quando ele acorda, ele me apavora.
Kaden. O que serei de nós?
MARA
Brutus: Ele errou cem vezes antes. Ele está errado agora.
Brutus: Porque...
Brutus: Porque...
Brutus: Porque ela não é ela mesma, Mara. Eu não posso explicar isso.
Brutus: Vocês duas são próximas. Talvez você possa falar com ela.
Quando entro na sala dos curandeiros e vejo Lexia, mal posso conter o
suspiro que escapa dos meus lábios.
Ela parece acabada.
Sua pele, pálida como a de um cadáver. Seus olhos, afundados em sua
cabeça. O braço dela, ou melhor... o que restou dele...
— Já vi dias melhores, não, Mara? Ela pergunta, pegando uma garrafa
de bebida e tomando um longo gole.
Tenho certeza de que ela não deveria estar bebendo agora. Mas posso
culpá-la? Quero dizer... a garota está sem um braço, porra.
Meus olhos continuam passando rapidamente para o coto, coberto
com bandagens ensanguentadas, e para longe. Não quero ficar olhando,
mas não consigo evitar.
— O preço que pago por tentar vingar meu companheiro, — ela diz.
— Engraçado que isso acontece na Matilha da Vingança de todos os
lugares. Eu disse engraçado? Eu quis dizer fodido.
Ela está falando mal. Claramente já bêbada, e não é nem meio-dia.
Quero perguntar a ela o que ela quer dizer, mas não tenho certeza se
isso só vai piorar as coisas.
Eu nunca vi Lexia parecer tão sombria.
Parece estar... sem esperança.
— Você acha que isso nos alcança, Mara? Ela pergunta.
— O que?
— Carma, destino, seja lá o que for. Você acha que as pessoas recebem
o que merecem?
— Você não merece isso, Lexia, — eu digo, sentando na cadeira ao
lado de sua cama. — O que Kaden fez foi...
— O que se esperava dele, — ela termina minha frase por mim. —
Afinal, este é Alfa Kaden. O mesmo homem que sequestrou meninas.
— Que mutilou e assassinou. Algum feitiço não faz isso ir embora.
Desvio o olhar, não querendo admitir que tenho tido os mesmos
pensamentos horríveis ultimamente.
— Você sabe o que ele fez, certo? — Ela me pergunta.
— Com Greyson?
— Isso foi nessa. Não Kaden.
— Isso foi o que eu pensei. Mas agora? Eu sei a verdade.
— E se fosse apenas Alfa Zane tentando entrar em sua cabeça? — Eu a
desafio. — E se ele está colocando todos nós uns contra os outros? E este
foi apenas mais um de seus truques de mágica estúpidos?
— Em primeiro lugar, ele não é um maldito mágico, — ela diz. — Ele é
um bobo da corte. Alfa da Matilha do Caos ou não, eu o conheço.
Pessoalmente. Ele não faria isso.
Ela está dizendo o que eu acho que ela está dizendo?
Lexia realmente transou com aquele palhaço assustador?
Nesse caso, ela está ainda mais perdida do que eu pensava que estava.
— A verdade é esta, Mara, — Lexia diz. — Até eu conhecer Zane, o
mundo era fodidamente cruel, sem sentido e estúpido. E agora?
— Agora não é melhor. Mas pelo menos aprendi a rir disso.
E agora ela balança o coto como se fosse um adereço em alguma peça
doentia.
— Olha! — Ela diz. — E meio engraçado pra caralho, não é?
Ela inclina a cabeça para trás e ri quando sinto um arrepio descer pela
minha espinha.
Se ela se tomou tão cínica, se o riso é tudo que lhe resta, não sei se há
uma Lexia para salvar mais.
Eu me levanto e sigo para a porta. — Eu espero que você... se sinta
melhor, Lexia, — eu digo antes de ir.
— Ria e o mundo rirá com você, Mara, — ela recita. — Chore, e você
chora sozinho.
DESTINY
Estou atravessando o pátio da casa da matilha quando ouço uma voz
me chamando por trás.
— Olá, garotinha, — diz a voz. Eu me viro para ver um homem
estranho com roupas engraçadas e maquiagem.
O matador de coelhinhos do show!
— Não pude deixar de notar você aqui sozinha, — ele diz. — Pensei
em iluminar o seu dia!
Ele segura uma boneca escondida atrás de suas costas.
— Para você, — ele diz.
Um bloco de madeira está pregado em sua face.
Eu olho para ele, confusa.
— E como uma metáfora para a vida.
— Como? Você acabou de usar um símile para explicar uma metáfora,
— rebato.
Ele cai na gargalhada incontrolável. — Tão verdade. Como eu poderia
esquecer!
— Eu sou um elefante. Eu nunca esqueço.
— Uma metáfora! Nossa, você é inteligente. — Seus olhos se
arregalam a cada segundo.
— Diga-me então... Que metáfora você vê aqui? — Ele diz, trazendo a
boneca de rosto de madeira para perto de mim.
Eu pego o brinquedo e o encaro intensamente.
Depois de um momento, eu olho para trás e encolho os ombros. —
Não significa nada.
— Boa. — Ele diz, com um sorriso largo, — Como eu disse, é como
uma metáfora para a vida. Quando tudo não significa nada, nada se toma
tudo.
Eu penso no que ele disse, olhando intensamente para a boneca.
— Em outras palavras, — ele continua, — ser nada...
— Deve ser tudo, — eu respondo, interrompendo-o.
Seu queixo cai quando ele tropeça nos pés, quase caindo.
— Bem, podemos apenas fazer de você uma existencialista!
O tamanho do meu sorriso corresponde ao dele.
Ainda estou abalada com meu encontro com Lexia. Como ela parecia
doente, como ela parecia envenenada.
Mas então, considerando minha náusea constante hoje, não tenho
certeza de quem está mais envenenada.
Continuo correndo para o banheiro, com vontade de vomitar, mas
quando tento, não consigo.
O que é ainda pior. Eu simplesmente tento vomitar e nada acontece.
Lembro daquele tentáculo preto e oleoso que saiu de mim e
estremeço de nojo.
Será que algo está errado com o bebê?
Sei que devo procurar um curandeiro imediatamente, mas sei onde
está sua lealdade.
Eles irão pelas minhas costas e dirão qualquer que seja o resultado
para Kaden.
E ele não pode saber que algo está errado. Ou ele vai ficar ainda mais
louco do que já está.
Então, em vez disso, procuro a única amiga que conheço que
entenderia.
— Oi Althea, — digo, encontrando-a sozinha no jardim.
Ela olha para mim e fico impressionado com o quanto parece que ela
envelheceu nas últimas semanas.
Bolsas escuras e roxas penduradas sob seus olhos. Novas rugas
parecem estar por toda parte. Até mesmo alguns fios de cabelo grisalhos.
E posso culpá-la? Sua filha Willow ainda está desaparecida!
— O que é, Mara? — ela pergunta com uma raiva incomum. — Não
quero companhia agora.
— Eu não culpo você, — eu digo com cautela, sentando no banco ao
lado dela. — E não vou demorar muito, eu prometo.
Althea suspira, balançando a cabeça, parecendo completamente sem
esperança.
— Landon está histérico, — diz. — Ele deveria ser o Alfa da Matilha do
Poder, e ele não pode nem mesmo proteger os filhos de todos da Matilha.
Não é uma boa aparência.
— Kaden não está muito bem também, — eu admito. — Você não
pode buscar vingança quando tantos permanecem em cativeiro.
— Aquele desgraçado do Zane merece, — diz Althea. — Eu mesma o
mataria se me deixassem chegar perto dele.
Eu também. Não preciso dizer isso em voz alta. O sentimento não
poderia ser mais mútuo.
Desde que aquele bobo da corte chegou ao nosso bando, tudo tem
dado errado.
Se ao menos entendêssemos o que ele realmente queria...
Se ele estiver mesmo atrás de alguma coisa.
— O que você quer, Mara? — Althea me pergunta abruptamente. —
Você está aqui por um motivo.
Minhas mãos inconscientemente repousam sobre minha barriga.
Althea percebe e acena com a cabeça.
— Você está preocupada com a gravidez? — Ela pergunta.
Eu concordo. — Não tenho me sentido bem ultimamente. E pensei...
se alguém pode ajudar, pode ser uma colega mãe. Gosto de você.
— Se for uma complicação, você deve ir a um curandeiro, não a mim...
— Não é só isso, — eu a interrompo. — Quer dizer... e se eu não for
uma mãe, afinal? E se eu não for feita para isso?
Althea olha para o céu e sorri fracamente.
— Lembro de ter os mesmos medos, — diz ela. — Sempre me vi como
uma mulher independente. Uma fodona.
— A maternidade realmente não se encaixava na equação. — —
Então? O que você fez quando descobriu? Ela fecha os olhos e fico
chocada com o que ela diz a seguir. — Eu rezei, Mara. Eu me virei para a
Deusa da Lua em busca de orientação.
Althea?
Rezando?
E difícil imaginar. Ainda mais difícil de imaginar sou eu fazendo o
mesmo.
Ter sido criada entre um bando de malucos religiosos na Matilha da
Pureza não me deixou com a melhor impressão da Deusa da Lua.
— Não estou dizendo que você precisa acreditar de repente, Mara —
diz Althea, como se estivesse lendo minha mente. — Mas não custa nada
pedir ajuda.
— O que a deusa da lua vai me dizer que você não pode?
Althea dá de ombros. — Ela me disse que era o meu destino. Aquela
Willow cresceria e se tomaria um lobo importante um dia. Quem sou eu
para negar esse tipo de profecia?
Eu fico olhando para ela, surpresa. Não achei que a Deusa da Lua teria
realmente atendido as orações de Althea.
Desde quando um ser imortal interfere na vida de pessoas como nós?
— Como você... a encontrou? — Eu pergunto.
— Eu viajei para o templo dela. Na Matilha da Pureza. O que está
impedindo você de fazer o mesmo? Você é de lá, não é?
Eu aceno minha cabeça lentamente. A última vez que visitei a matilha,
meus próprios pais me pediram para ser a nova Alfa.
Kaden e eu ainda não conversamos muito sobre isso.
Eu sei que é um assunto delicado.
Mas talvez ir lá simplesmente para orar, não para assumir um papel de
liderança, não seja a pior ideia do mundo...
— Não tenha medo de pedir ajuda, Mara — diz Althea, levantando-se.
— Se espero encontrar minha filha novamente, sei que vou precisar
disso.
Antes de Althea ir embora, eu a agarro e aperto, felizmente. — Vamos
encontrá-la, Althea. Eu sei que vamos.
Ela sorri suavemente e se afasta, me deixando sozinha.
Com meus pensamentos.
Com minhas orações.
É hora de eu enfrentar a Deusa da Lua de uma vez por todas?
LEXIA
— Aqui estamos. Alfa para Alfa. De homem para homem. Tolo para
enganado. É divertido estar no escuro juntos, não é?
Zane faz agachamentos em sua cela úmida e sombria, e estou surpreso
com a quantidade de energia que ele ainda tem.
Para alguém que mal se alimentou e se recusou a dormir, o cara
certamente tem resistência.
— Não se preocupe comigo... Só trabalhando nos meus glúteos, — diz
o filho da puta magro.
— Eu quero respostas, Zane, — eu rosno ameaçadoramente. — Você
se recusa a nos dizer onde estão as crianças. O que significa que terei que
obrigar você.
— Ah, uma ameaça! — Zane exclama. — Agora estamos conversando.
Você vai arrancar meus dentes? Eu só tenho alguns sobrando, então isso
pode não durar muito.
Abro a porta da cela e fecho atrás de mim. O palhaço é minúsculo em
comparação a mim. Um covarde. Meu poder físico sobre ele não pode ser
questionado.
Então, por que ele não parece com medo?
Eu o agarro pelo pescoço e o bato contra a parede, apertando,
sufocando a vida dele.
Ele respira fundo, mas continua a sorrir.
— Isso é preliminar, Alfa Kaden? — ele pergunta entre as respirações,
fingindo um gemido orgástico.
— Sempre gostei de áspero!
— Cale a boca e responda à porra da minha pergunta! — Eu berro.
— As crianças? — ele pergunta. — Certamente, eles estão fazendo o
que as crianças fazem. Fazendo uma confusão.
— Eu sempre gostei disso neles. Eles entendem que as regras são tão...
Eu aperto ainda mais forte, observando seus olhos incharem.
. —.. apertadas... — ele tosse.
Bastaria um aperto de dedos e o palhaço estaria morto.
Nossos problemas estariam acabados.
A Matilha do Caos seria cortada na cabeça.
— Mas você precisa de mim vivo, não é? — Ele engasga. — Esse é o
problema com os acessórios. Eles sempre colocam em você uma barreira.
Eu o soltei, vendo-o desabar no chão, sufocando por ar.
Ele está certo, é claro. Eu não posso simplesmente matá-lo. Tanto
quanto eu gostaria.
Não até sabermos o que ele fez com nossos filhos.
— Eu não quero ouvir outra porra de enigma, Zane, — eu digo,
elevando-me sobre ele. — Diga o que quiser ou pare de me fazer perder
tempo!
— O que eu quero? — Ele pergunta inocentemente. — Mas não é
óbvio?
— Se fosse, eu estaria perguntando a você?
Zane rasteja até as barras, descansando contra elas, enxugando a testa.
— Digamos que eu queira estar aqui. Digamos que gosto de ser seu
prisioneiro. O que então?
— Eu diria que você está louco pra caralho.
— Claro! — ele exclama. — Porque que tipo de homem racional iria
querer estar atrás das grades? Parece loucura.
— Isso é tudo que você é então? — Eu cuspo. — Um lunático
delirante?
Seu sorriso vacila ligeiramente. — Não, Alfa Kaden. O mundo e meu
lugar nele nunca foram mais claros.
— As pessoas realmente me fascinam, — diz ele.
— O que eles realmente querem. Quem eles realmente são... — Ele se
levanta e se aproxima. — Quem eles fingem ser... a fachada que querem
que o mundo veja... Eu sou um artista.
— E o que acho divertido é ver as pessoas expostas pelo que realmente
são. Neste caso... você.
— E quem sou eu realmente?
— Um Alfa tão temível, contos de fadas e canções de ninar foram
escritos sobre ele. Um Alfa que causa medo nos corações dos homens em
todos os lugares. Um monstro.
Minhas mãos se fecham em punhos enquanto sinto a raiva percorrer
meu corpo. Como ele ousa me chamar assim? Depois de tudo que fiz
para expulsar os pecados do meu passado?!
— Isso não é o que estou dizendo que você é, é claro, — Zane
esclarece. — E simplesmente o que você revela.
— Com bastante calor e pressão, seu ganso, como dizem, fica cozido.
— Então você quer me ver monstruoso? — Eu pergunto.
— Eu vou te mostrar monstruoso.
Eu bato um punho contra o rosto de Zane, sentindo os ossos
quebrarem.
Ele parece temporariamente atordoado, então se vira e cospe um
dente ensanguentado, sorrindo.
— Tive a sensação de que você me deixaria sem dentes, — ele diz.
Eu o soco novamente.
E de novo.
De novo e de novo.
Transformando seu rosto em uma polpa sangrenta, um reflexo da
minha raiva. Só paro quando ouço a voz chamando atrás de mim.
— Basta, KADEN!
Eu me viro e vejo Brutus parado ali, com uma expressão sombria. —
Venha comigo.
Eu considero o palhaço mais uma vez, seu rosto antes pintado de
branco uma máscara de sangue e hematomas recentes.
— Da próxima vez, vou terminar o que comecei, Zane, — eu rosno. —
Você pode ter certeza disso.
— O show tem que continuar! — Zane grita quando eu saio com
Brutus. — O show tem que continuar!
Eu sigo a criança encapuzada pelo esgoto, sem saber para onde ele
está me levando. O fedor arde em minhas narinas e me dá vontade de
vomitar.
Mas eu prossigo.
Quem me salvou teve seus motivos.
Quando finalmente passamos por uma grade, fico chocado ao ver um
enorme espaço cavernoso, que foi convertido em um playground.
Em todos os lugares, crianças estão brincando, vivendo de maneira
violenta: sujas e nojentas e amando cada segundo de suas vidinhas
rebeldes.
Sem pais para mandar neles.
Sem regras.
E eu percebo... estes devem ser acólitos de Alfa Zane!
Mesmo atrás das grades, ele me salvou.
Vejo alguns resquícios de bandeiras de matilha, reaproveitadas como
toalhas e trapos. Muitas dessas crianças vêm claramente da Matilha do
Poder.
Eles não foram sequestrados como todos suspeitavam.
Eles queriam estar aqui.
Quatro meninas estão sentadas em um berço frágil, alimentando um
bebê com colheradas de ervilhas em lata. Deve ser Willow, a filha de
Althea.
Viva e bem.
E demais para entender. E então a vejo dando um passo à frente, as
outras crianças acenando com a cabeça respeitosamente em sua direção,
e reconheço outro líder.
— Olá, Lexia, — Destiny diz. — Zane disse olá. E para te dar isso.
Ela acena com a cabeça para uma das crianças, que corre com uma
caixa de metal pesada, coloca aos meus pés e a abre.
— E de antes da Grande Guerra, — explica Destiny. — Pode não ser
tão bom quanto o seu braço original, mas é alguma coisa!
Eu caio de joelhos maravilhada e alegre.
É um braço mecânico. Claramente, uma parte do robô biônico que foi
reaproveitada.
Eu olho para Destiny, apenas uma garotinha, mas já uma líder a ser
respeitada. Ela sorri.
— Bem-vindo a Matilha Juvenil.
Capítulo 23
ABRAÇADO
Esta sala nunca pareceu mais vazia.
Um quarto que deveria ser um lar...
Como se fosse meu e de Kaden...
É estranho agora.
Enquanto termino de fechar minha bolsa, me preparando para sair...
Eu olho em volta.
Será o mesmo quando eu voltar?
... Se eu voltar?
MARA
Arrumei todas as roupas de que vou precisar para minha viagem para
a Matilha da Pureza e, ainda assim, gostaria que houvesse mais para eu
fazer.
Não quero ter que fazer a última coisa da minha lista de verificação
ainda: Falar com Kaden.
Porque eu sei que ele não vai gostar que eu vá embora.
Desde que tomei a decisão de seguir o conselho de Althea e entrar em
contato com a Deusa da Lua — uma ideia que ainda acho bastante
ridícula, para ser honesta, tenho me preparado para essa conversa.
Kaden e eu ainda não discutimos adequadamente a oferta da Matilha
da Pureza para eu ser a Alfa deles.
E eu não sei como diabos eu me sinto sobre isso.
Ultimamente, estou mais preocupada com o bebê crescendo dentro
de mim enquanto meu estômago incha cada vez mais a cada dia, e minha
náusea fica pior e pior.
Tento não pensar no que joguei no banheiro. Entrar em pânico não
fará bem a ninguém.
Mas a ideia de que algo... estranho... ou mal... está crescendo dentro
de mim?
Isso me assusta muito.
— Mara, o que você está fazendo?
Eu congelo, os cabelos da minha nuca se arrepiaram.
Como eu nem o ouvi abrir a porta? Estou tão envolvida em meu
monólogo interior que nem percebo o mundo exterior?
Eu me viro para encará-lo.
Kaden.
Todo seu corpo com seus músculos protuberantes e seus olhos de
obsidiana olhando diretamente para mim. A mala feita na cama entre
nós.
Eu me sinto temporariamente paralisada enquanto minha língua
tenta formar palavras.
— Eu, um… Kaden, deixe-me explicar, — gaguejo.
— Você está me deixando, Mara? ele pergunta.
Nunca ouvi seu tom de voz soar tão magoado antes. Totalmente
derrotado.
Sinto uma necessidade repentina de correr até ele, de abraçá-lo, de
confortá-lo.
Mas não é isso que devo fazer agora, lembro a mim mesma. Mantenha
a porra da sua determinação, Mara!
— Claro que não, — eu digo sem fôlego. — Só vou fazer uma breve
viagem.
— Onde?
Tento me lembrar que não tenho nada a temer. Este é meu
companheiro.
Violento ou não, ele me ama. Ele nunca tentaria me impedir ou me
machucar.
Ou iria?
— Você está indo para a Matilha da Pureza, não é? — Ele pergunta,
lendo nas entrelinhas. — Para se tomar a Alfa deles?
— Não, — eu digo, balançando minha cabeça muito rapidamente. —
Não para me tomar a Alfa deles. Só para visitar, eu juro.
— Mara, — diz Kaden, entrando na sala em minha direção, me
deixando com os joelhos fracos. — Tudo bem. Faça o que tem que fazer.
Eu... eu te apoio.
Hum. O QUÊ?
Essas foram as últimas palavras que eu esperava que saíssem da boca
de Kaden! Desde quando ele apoia que eu me tome uma Alfa, entre todas
as coisas?
— Conversei com Brutus e percebi... que não deveria impedir você de
cumprir seu destino. Se você deveria ser a Alfa, eu deveria ficar ao seu
lado.
Eu fico olhando, boquiaberta, totalmente sem palavras.
O fato de Kaden e Brutus serem amigos de repente depois de quase se
matarem...
Essa é a menor das minhas surpresas.
Kaden se aproxima cada vez mais, os olhos voltados para baixo, como
se ele estivesse com muito medo de encontrar os meus.
Tão vulnerável e aberto, isso derrete meu coração.
— Eu sei que não tenho sido o melhor amigo ultimamente, — ele diz
com cautela. — Ou o melhor Alfa.
— Mas estou tentando, Mara. E se isso significa aceitar sua nova
função, eu irei.
— Mas... — consigo dizer: — E o bebê? Como...
— Eu não sei, — diz com um encolher de ombros sincero. — Como
vamos e voltamos entre as terras da Pureza e da Vingança enquanto
criamos um filho?
— Eu não tenho ideia. Mas se é o que você quer, vamos fazer
funcionar.
Eu suspiro e pego sua mão, apertando-a suavemente. — Kaden, eu
não vou ser a Alfa. Vou orar para a Deusa da Lua.
Ele levanta uma sobrancelha, surpreso. — Mesmo? Desde quando...
— Eu sei. E estranho para mim também. Talvez sejam os hormônios
da gravidez, não sei.
— A questão é... agora, eu ser uma Alfa, não é algo com que devemos
nos preocupar.
Kaden sorri, parecendo aliviado. — Essa é a primeira boa notícia que
ouço há algum tempo, Mara.
Ele leva a mão até minha barriga, acariciando-a suavemente, os olhos
brilhando de umidade. — Vou orar por nosso bebê também. Por nós. O
que for preciso.
Eu olho nos olhos do meu companheiro, e toda a raiva, medo e dor
derretem em um único instante.
Lembro de nossa paixão.
Nosso futuro.
Nosso amor.
Sem outra palavra, Kaden e eu nos movemos em direção um ao outro
ao mesmo tempo, travando nossos lábios e fechando nossos olhos, nos
abraçando como se nunca tivéssemos nos abraçado antes.
O beijo é elétrico — quase posso sentir as faíscas. O gosto de sua
língua arrebatando a minha é bom demais para ser verdade.
Eu pressiono todo o meu corpo contra o dele e sinto a protuberância
nas calças de Kaden, crescendo a cada segundo, implorando por
liberação.
E eu vou dar a ele.
Eu abaixo minha mão no tecido e o aperto, observando enquanto seus
olhos reviram em sua cabeça, e ele respira em êxtase: — Mara...
Eu sorrio. Deusa, Eu senti falta disso. O controle que tenho sobre ele.
O poder.
Eu caio de joelhos e examino a protuberância mais de perto enquanto
Kaden puxa os fios de cabelo do meu rosto, juntando-os em um nó
apertado.
Assim como eu gosto.
— Você está pronto para mim, Kaden?
KADEN
Quando Mara abre o zíper e agarra meu pau pela base, sinto que vou
explodir ali mesmo. Faz muito tempo que não temos relações íntimas um
com o outro.
Já que permitimos que os lobos dentro de nós vagassem livremente.
Ela mostra a língua e me lambe, do meu saco até a ponta, e todo o
meu corpo estremece de deleite.
Então ela coloca a boca em volta do meu pau e o engole inteiro.
Como ela é capaz de engolir tudo, eu não sei. Mas eu amo isso pra
caralho.
— Mara... — Eu rosno, perdendo o controle quando ela começa a
balançar para cima e para baixo, aumentando seu ritmo.
Eu posso sentir a necessidade de gozar já crescendo dentro de mim...
Mas é muito cedo. E eu quero agradá-la agora.
Ela sai, admirando meu membro latejante, brilhando em sua saliva.
Eu agarro seus braços e a coloco na cama, rapidamente desabotoando
suas calças e puxando-as para baixo.
A calcinha vai embora a seguir.
Eu me abaixo e coloco minha cabeça entre seus joelhos, observando
seus olhos se arregalaram, quando ela percebe o que estou prestes a fazer.
E hora de retribuir o favor.
MARA
— Oh, Kaden...
Sua língua está sacudindo meu clitóris, me provocando de forma
enlouquecedora.
Eu peguei um punhado de seu cabelo curto e o pressionou contra
mim. Mais fundo.
Sua língua rompe minha entrada, e quase engasgo, é tão bom.
Ele rosna, continuando a me estimular por dentro, enquanto minhas
pernas convulsionam. Não sei se aguento.
Kaden.
Kaden.
KADEN!
Antes que eu possa liberar, ele se senta e empurra sua masculinidade
ainda dura como uma rocha dentro de mim com um impulso repentino.
Minhas paredes, já contraídas, mal cabem nele.
— KADEN! — Eu grito desta vez quando sinto meu corpo se perder
no orgasmo.
Mas eu sei que estamos apenas começando.
Kaden esmurra meu núcleo encharcado, pressionando cada vez mais
fundo com cada impulso poderoso. Seus olhos são negros como a noite.
De um animal.
E então, antes que eu saiba o que está acontecendo, ele estremece,
grita e libera sua doce essência dentro de mim, me encharcando
completamente.
Por fim, ele desaba em cima de mim, e nós dois respiramos, nossos
corações batendo forte, nossos corpos suados.
Mas mais perto do que estivemos em meses.
Eu olho em seus olhos e o beijo. — Eu te amo, Kaden.
— E eu, você, Mara, — ele diz. — Volte para mim logo. OK?
— Eu prometo que vou.
Com isso, simplesmente nos abraçamos. A mala caída a apenas alguns
metros de distância, um lembrete da jornada que estou prestes a fazer.
Momentos atrás, eu mal podia esperar para ir.
Agora, tudo que eu desejo é poder ficar.
KACE
Helena: Acabei de falar com Alfa Hakim obre seu tempo com Zane anos atrás.
Helena: E ele disse que as crianças sempre ficavam nos túneis embaixo da matilha.
— Mara!!!
Estou tão emocionada com o que vejo no início que nem percebo a
garota se jogando em meus braços e me abraçando com força.
E Milly, claro. A minha melhor amiga. E ela nunca esteve melhor.
— Milly! — Digo, surpresa. — O quão...
— Fizemos algum progresso, não é? — Ela pergunta com um sorriso
malicioso. — O que posso dizer? Posso ter sido inspirada por uma certa
amiga minha.
— Você quer dizer que você está por trás disso?
Este, sendo um bando que antes parecia um pesadelo puritano, depois
uma pilha de entulho, agora agitado com a sensação arrogante de uma
cidade a caminho de se tomar uma cidade.
E rápido.
Os mercados estão vendendo produtos frescos, um conjunto
diversificado de estruturas religiosas e, o mais importante, uma
população que parece bem alimentada, feliz e cheia de fé renovada.
Não consigo acreditar na transformação que estou vendo. Mesmo que
ainda tenham um longo caminho a percorrer.
Milly sorri e acena com a cabeça. — Eu imaginei, se você vai ser nossa
Alfa, você precisará de uma Beta forte. E se estou falando sério sobre o
papel, devo começar a limpar!
Milly? Minha Beta? E muita coisa para processar.
E eu não sei como quebrar isso para a garota...
Eu não estou aqui para ser a Alfa. Ainda não, de qualquer maneira.
Mas não estou com vontade de estourar sua bolha ainda.
Porque o fato é? A Matilha da Pureza nunca esteve melhor.
— Você é incrível, Milly, — eu digo, abraçando-a ainda mais forte. —
Meus pais estão por aí?
Ela acena com a cabeça. — Eles estão no templo. Ainda está muito
confuso depois de Rylan, mas eles fizeram de seu projeto pessoal
consertá-lo.
Eu concordo. Bom. Dois coelhos com uma cajadada então.
Eu me viro e sigo para o templo, acenando mais uma vez para Milly. —
Terminaremos de conversar mais tarde! Tenho um compromisso que
tenho que marcar!
Milly franze a testa. — Com seus pais?
Eu balancei minha cabeça. — Não. Com a própria Deusa da Lua.
KADEN
Eu abraço meus pais pelo que pareceram horas. Estou surpresa com o
quanto eles trabalharam para restaurar o templo.
Claro, ainda tem buracos no teto e o carpete precisa de outra
limpeza...
Mas agora pode ser usado!
O bando pode realmente orar aqui.
— Eles têm opções mais novas agora, — meu pai resmunga infeliz. —
Tudo parte do projeto Pureza 2. O de Milly. Mais diversidade de espaços
de oração.
— Eu acho que é um grande plano da parte dela, — eu digo. — E isso
não toma o seu trabalho menos significativo.
Minha mãe aperta meu braço em agradecimento, admirando minha
barriga. Estou mostrando cada vez mais nos dias de hoje.
— Como você está se sentindo, Mara?
Hesito, então finjo um sorriso. — Claro! Mas eu gostaria de um
momento a sós no altar, se vocês dois não se importam.
Os dois parecem chocados com a perspectiva de eu orar, e não posso
culpá-los.
Provavelmente blasfemei mais do que toda a Matilha do Amor
combinado.
Mas eles acenam com a cabeça e saem pela porta. — Que a Deusa te
guie em segurança para casa, — diz minha mãe, saindo.
Quero lembrá-la de que tecnicamente estou em casa. Mas eu deixo por
isso mesmo.
Então, respirando fundo, me aproximo do altar.
Droga, essa coisa é intimidante.
O rosto de pedra da Deusa sempre me deu arrepios. Mas eu aperto
minhas mãos e sussurro.
— Deusa da Lua, não sei se você pode me ouvir... mas preciso da sua
ajuda. Eu me preocupo com meu filho ainda não nascido. Eu me
preocupo com minha matilha. Por favor me responda.
Silêncio.
Eu respiro, confiante de que toda essa coisa de religião tem sido um
grande estratagema idiota o tempo todo.
Estou prestes a me levantar e sair quando uma voz estridente etérea
quase abre minha cabeça de dentro para fora.
Eu congelo, apavorada e pasma ao mesmo tempo. Isso não está
acontecendo de verdade, está?!
— Mara, você veio finalmente.
Eu abro meus olhos e olho em descrença.
A mulher de pedra na minha frente se transformou em uma mulher
viva, que respira, de carne e osso. Uma divindade brilhante diante de
mim.
A visão é tão avassaladora que caio de joelhos em súplica.
Deslumbrada. Com admiração.
Ela é real.
Ela é realmente real.
Estou olhando para a própria Deusa da Lua.
Ela sorri gentilmente. — Vamos começar, querida?
Capítulo 25
CAOS ENCARNADO
Onde estou?
O que diabos está acontecendo?
E esse som que eu ouço... risos?
O riso das crianças.
De repente, tudo volta rapidamente.
Os esgotos.
As bombas automáticas.
Lexia.
Querida Deusa, eu tenho que pará-los!
KACE
Mara: Brutus, o que está acontecendo? Por que você está me contatando?
Brutus: É Kaden.
O QUÊ?!
Kaden deixou o bobo ir embora depois de todo o mal que ele
cometeu?
O que diabos aconteceu desde que saí para visitar minha velha
matilha?
Brutus: Não é só isso.
Brutus: Estou preocupado que Kaden pense que é uma coisa, mas Zane está planejando
algo totalmente diferente.
Um show?
Isso fica cada vez mais estranho a cada segundo.
Agora, eu percebo com urgência renovada o quão importante é para
mim retomar a Matilha da Vingança e chegar ao meu companheiro.
Antes que algo terrível aconteça.
Mas e a criança?
Quem eu coloco primeiro agora?
— Mara, você vem? — Milly pergunta.
Dividida entre dois destinos, ambos terríveis por si só, o que vou
escolher?
Deusa, eu poderia usar outra conversa com a Deusa da Lua agora
mesmo.
Capítulo 27
O TOQUE FINAL
As crianças riem e brincam.
Eles colocam todas as caixas automáticas em um só lugar Diretamente
abaixo da base da Casa da Matilha da Vingança.
Eu assisto porque eles querem que eu assista.
Impotente para detê-los.
Mas é tarde demais parei falar com minha velha amiga?
Lexia, eu sei que você ainda está ai!
KACE
Kace: Mas caso algo aconteça comigo... eu preciso que você saiba.
Kace: Eu prometo.
O que.
O.
PORRA?!
Eu sabia que o bobo da corte poderia tentar me desencadear, mas isso
é péssimo. Não sei quanto mais posso assistir.
Eu tinha ouvido rumores de que Mara e Brutus eram mais do que
íntimos?
sim.
Eu acreditei neles? Nunca.
Porque eu conheço minha companheira. E eu sei o quanto ela me
ama. Ela nunca faria...
Essa não é Mara!
Mas agora os atores avançaram rapidamente para a noite do baile de
máscaras e, enquanto o ator que me retrata está ocupado se embriagando
e rindo como um idiota, Brutus está puxando Mara para um canto e...
— Você não pode me puxar da pista de dança! — Ela grita.
— Tente me impedir, — rosna o ator Brutus.
Eu não posso assistir isso, porra. Estou prestes a me levantar quando
quem deveria correr dobrando a esquina senão a própria Mara. Ela
parece exausta e apavorada.
— KADEN!
Ela corre para o meu lado. — Você tem que parar esse show agora.
— Por que? — Eu pergunto, fervendo. — E verdade? Você e Brutus?
— Não! — Ela exclama. Muito rápido, devo acrescentar. — Não, claro
que não. Quer dizer, houve um mal-entendido. Mas...
Um mal-entendido?
UM MAL-ENTENDIDO?!
O Kaden no palco tropeça até Mara e a puxa de cima de Brutus. —
Vocês dois estão tramando alguma coisa? — Ele balbucia estupidamente.
— Nunca! — a atriz Mara grita.
Mas, assim que ela aperta sua mão, um balão sob sua camisa começa a
se expandir, criando a aparência de uma barriga de grávida.
O ator Brutus encolhe os ombros e faz uma careta. — Desculpe, Alfa.
Acho que minha semente é forte!
De repente, o mundo fica quieto ao meu redor.
Os atores ainda estão imitando as performances, o público ainda está
rindo e aplaudindo.
Mara ainda está ao meu lado, me sacudindo, tentando me fazer
desistir.
Mas não ouço uma única palavra.
Tudo o que vejo é vermelho.
Tudo o que vejo é assassinato.
BRUTUS
Eu coloco Willow em seu berço frágil e balanço para frente e para trás
com meu braço mecânico. A criança chora como se soubesse o que está
para acontecer.
Talvez ela queira.
Mas ela não tem nada a temer. Nenhuma das crianças tem. Estamos
longe o suficiente do raio da explosão para podermos observar sem nos
prejudicar.
E que espetáculo provavelmente será.
Acima do solo, eu sei que Alfa Zane está prestes a trazer todo o nosso
trabalho à luz explosiva. Mas por que ele está demorando tanto?!
— LEXIA!!!
Eu me viro, surpresa, ao ver ninguém menos que Kace saindo de um
túnel de esgoto escuro.
As crianças pegam seus bastões e armas improvisadas.
Mas eu levanto minha mão de metal. — Não, — eu digo. — Deixe-me.
Claramente, Destiny mudou de ideia se ela deixou Kace partir. Não
importa.
E hora de ver do que meu novo braço é capaz.
— Isso acaba AGORA! — Kace grita.
— Eu mesma não poderia ter dito melhor, — cuspi.
Um momento depois, Kace muda e catapulta em minha direção, seus
dentes arreganhados, suas garras afiadas. E eu sorrio.
O que é um lobo contra gente como eu?
KACE
Kaden perdeu a cabeça. Tento agarrá-lo. Para gritar com ele. Para
alcançá-lo. Mas ele não para de bater em Brutus até virar uma polpa.
Todo o tempo, Alfa Zane está no palco, rindo, segurando o que parece
ser um detonador em suas mãos.
Então eu percebo — tudo isso é apenas o prefácio.
O verdadeiro show está para ser ainda pior.
— KADEN!!! PARE!!! — Eu grito. — Olha!
Kaden finalmente para, me vê apontando para Alfa Zane e o
detonador, e um lampejo de reconhecimento pisca em seus olhos.
Mas chegamos tarde.
— Foi divertido enquanto durou, — diz Zane com uma pequena
reverência.
Em seguida, ele leva o dedo ao detonador — e clica nele.
ZANE
Huh.
Isso é estranho.
Tento clicar no detonador novamente, mas nada acontece. Não está
funcionando!
Eu olho para a Matilha da Vingança e, em seguida, para a Cidade da
Vingança à distância.
Mas os dois parecem inteiramente intactos.
Nenhum fogo.
Sem explosões.
As crianças falharam comigo?
KACE
Sigo o dedo apontado de Mara para Alfa Zane, onde o vejo clicando
em algum controle remoto repetidamente. Mas nada acontece.
— PARE ELE! — Mara grita. — Ele é o vilão, não Brutus!
Eu olho para Brutus, tossindo sangue, e para a prancha de madeira em
minha mão com o prego enferrujado e me pergunto...
Eu fui longe demais?
Não.
Não se o que Zane me mostrou hoje for verdade.
Pego um punhado da camisa de Brutus e trago seu rosto perto do
meu. — A verdade, Brutus, — eu rosno. — Você já tocou nela?
Ele pisca, os olhos focalizando os meus. E eu sei a resposta antes
mesmo que ele diga em voz alta.
— Sim.
Eu o deixo cair no chão enquanto meu corpo arfa, pelo brotando da
minha pele, ossos rachando e se alongando.
O lobo está assumindo o controle. A raiva venceu.
Eu seguro uma garra afiada e dentada para desferir o golpe mortal
quando — KADEN, DEIXE-O! — Mara grita. — Se há alguém que você
deveria machucar, sou eu!
Eu me viro e olho para Mara.
E é como se eu não conseguisse nem reconhecê-la.
Porque minha companheira nunca iria me trair.
Minha companheira nunca deixaria as mãos sujas de outro homem
dentro dela.
Minha companheira não teria um filho com ele.
Quem quer que seja esta estranha, esta prostituta Ela vai pagar.
— Mara! — Brutus engasga, tossindo sangue. — CORRE!
MARA