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1ª Edição

2023

Copyright © 2023 Amanda Pereira

Revisão: Paula Domingues

Diagramação Digital: Paula Domingues

Capa: Alice Prince

Esta é uma obra ficcional.

Qualquer semelhança entre nomes, locais ou fatos da vida


real é mera coincidência.

Todos os direitos são reservados. Nenhuma parte deste livro


pode ser utilizada ou reproduzida em quaisquer meios existentes
sem a autorização por escrito da autora.

A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº


9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
● Dark Fantasia / Dark Romance / Monster Romance

Uma história obscura do começo ao fim.

Uma humana e um vampiro que são obrigados a conviverem


juntos.

Em um mundo destruído em uma guerra, entre humanos e


vampiros, vamos conhecer a história de vitória, uma garota de dezessete
anos que faz de tudo para proteger a sua mãe até mesmo cometer
pequenos roubos, na cidade destruída de Nova York, ela vive cada dia
com medo que chegasse o seu aniversário de dezoito anos, afinal
quando isso acontecesse ela terá que passar por uma seleção para que
eles escolham o seu destino, escrava de sangue ou guarda, no fundo ela
sabia que seria escrava de sangue como a mãe dela.

Mas tudo em sua vida muda quando elas decidem fugir, quando ela
é pega só tem uma saída decidi ser escrava de sangue sem direito algum
no castelo da família real de vampiros ou a morte.

Em meio a conflitos, dor e sofrendo vitória conhecerá o príncipe


herdeiro dos vampiros disposto a tudo para ser o rei, até mesmo usá-la
para isso.
Vitória descobrirá que também sabe lutar, algo no seu sangue faz
com que ela seja capaz de fazer coisas impossíveis, e usará isso para
matar todos os vampiros.

Mas o que ela vai fazer quando descobre que realmente se sente
em casa na escuridão do príncipe vampiro?
Contém gatilhos! Sequestro, tortura, violência sexual, violência
física, violência psicologia. Abuso, Se você não se sentir à vontade com
qualquer um desses gatilhos eu aconselho a não ler esse livro.
Sinopse

Aviso

Sumário
Capítulo 01

Capítulo 02

Capítulo 03

Capítulo 04

Capítulo 05

Capítulo 06

Capítulo 07

Capítulo 08

Capítulo 09

Capítulo 10
Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13
Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Redes Sociais
Capítulo 01

Abaixei a cabeça ao passar pelo guarda, ele apenas me olhou com


nojo e seguiu o seu caminho. Apertei aquela sacola com força, sentindo
uma grande felicidade.

Nada ia me fazer ficar triste hoje.

Afinal, hoje era dia um, o primeiro dia do mês, hoje finalmente era o
dia de reposição, trabalhei muito para conseguir este remédio para minha
mãe.

Ao atravessar o que um dia foi Nova York, e que agora são


resquícios de uma cidade-fantasma, controlada por vampiros, dou um
sorriso de escárnio ao me lembrar do passado, em como a vida era, o
governo ao descobrir a existência dos vampiros, se reuniram, foi uma
coisa única.

Todos os países juntos pela mesma causa, mas… as coisas não


foram como eles imaginaram.

Houve bilhões de mortos, bombardeios às maiores capitais, guerra


e sangue. E no final… a destruição. Acabaram com o nosso governo,
sobraram apenas vinte por cento da população mundial.

E agora isso.

Estamos aprisionados no que um dia foi uma cidade mundialmente


conhecida. Mas que hoje não passa de uma carcaça do que um dia foi.
Não temos mais governo humano. Apenas uma família real de vampiros
originais no poder.

Respirei fundo.

A sede de toda a operação deles é aqui. Aqui que eles mantêm


uma boa parte dos humanos que sobraram. Como gado, prontos para o
abate.

Certa vez ouvi uma frase da minha amiga, falando que eles cuidam
de nós, nos alimentam. A minha vontade era dar um soco na cara dela. É
lógico que eles nos alimentam, ela não vê que somos apenas alimentos
para eles? Afinal, se toda raça humana acabasse, a deles também
acabaria, eles precisam do nosso sangue para sobreviver.

Suspirei, passando pela pequena viela antes de chegar no meu


conjunto. Éramos divididos em dez conjuntos, eu e minha mãe éramos
do nove, apenas um acima, da extrema pobreza.

Pessoas desses conjuntos, eram as que mais sofriam.

Certa vez vi um garoto ser brutalmente espancado em praça


pública por estar segurando um livro. Um livro! Um item que era usado
por todos. Mas que hoje é banido. Qualquer pessoa que for pega lendo, é
espancada até desmaiar, para servir de exemplo.

Sinto o cheiro de esgoto, o cheiro de morte pairando sobre o ar.


Subo cinco lances de escadas até chegar em casa, pelo menos temos
um lugar para dormir. Diferente de muitos outros que nem isso tem.

Quando entrei, encontrei minha mãe cozinhando algo no fogão, ao


me aproximar, vejo que são as batatas que consegui essa semana. Ao
me ver, ela sorri . Retirei o casaco pesado e muito gasto que estava
usando. Mas me protegia do frio, afinal, isso que era importante.

— Onde você estava? – Minha mãe perguntou impaciente.

Me aproximei dando a ela a sacola, ela a abre levantando uma


sobrancelha.

— Onde você conseguiu isso, Vitória?

— Com o Logan.

Ela respirou fundo olhando para mim. Eu sabia o que viria a seguir,
me preparei para o sermão.

— Não quero você envolvida com ele, todos sabemos que ele
mexe com coisas ilegais. E sabemos muito bem o que é feito com
pessoas que fazem isso. — Ela se sentou cansada. Olhei para a minha
mãe , eu sabia que ela estava certa, mas eu não tinha escolha.

— Eu sei mãe, mas a senhora estava tão fraca, eu estava com


medo que você passasse mal. E não me custou nada — minto. Afinal,
nada era de graça naquele lugar.

Minha mãe me encarou atentamente, eu sabia que ela não


acreditou em uma palavra que eu disse.

— Não te custou nada? — Ela perguntou, desconfiada.

— Não — Respondi, tentando não demonstrar que estava


mentindo. Ela me observou
— Irei fingir que acreditei nas suas palavras. — Ela respirou fundo
cansada. — Se senta, vamos almoçar.

Me sentei e começamos a comer aquelas batatas. Era a única


coisa que tínhamos. A ordem, como era chamado o governo dos
vampiros, tinham muitas regras e, a principal delas, era que todos que
completassem dezoito anos, tinham que se inscrever para se juntar a
eles, era definido o seu futuro aqui.

Ou você era escolhido para ser guarda, já que eles não podiam sair
durante o dia e nós fazíamos isso para eles, o que é cômico se você
parasse para pensar, ou… tinha os escravos de sangue, que se você
tivesse um sangue bom, poderia servir a eles como escravos pessoais.
Apenas um nome para bolsa de sangue com pernas, era o que eu
pensava. E se você não fosse escolhido para nenhuma dessas funções,
era apenas um peso morto, e assim, era designado para serviços de
limpeza ou qualquer coisa que eles quisessem.

Não se enganem achando que éramos muito valiosos para eles,


porque não éramos, afinal, o que eles queriam era sangue, nada mais
que isso.

E para a minha infelicidade, a minha hora estava chegando, daqui


a dois dias completarei dezoito anos, e irei saber o que irão fazer comigo.
Evitávamos falar deste dia, na esperança de que assim não aconteceria,
mas sabemos que não é bem assim.

A minha mãe é uma doadora. Eles não gostavam da palavra


escrava, mas todos usávamos, mesmo escondidos.

Na melhor das palavras, ela servia a um dos comandantes, um ser


desprezível que a sugava diariamente, não se importava com nada.
Certa vez minha mãe chegou tarde da noite, mal conseguindo ficar em
pé. Os seus olhos estavam fundos. E várias marcas no seu pescoço.

Ela estava fraca, por isso tentei conseguir essas vitaminas.

Ao olhar para o seu rosto, vejo o tanto que a minha mãe


envelheceu nesses dez anos que os vampiros tomaram conta de tudo.
Os seus olhos estão fundos, o cabelo que já foi brilhante, agora não
passa de fios ralos e opacos. E magra, muito magra.

O ódio domina o meu corpo, sinto as minhas mãos tremerem. Uma


incrível vontade de gritar faz com que eu aperte com força a minha mão,
sentindo as unhas machucarem a pele. Sinto um pequeno tremor.

A minha mãe me olha, com os olhos arregalados.

— Esses tremores de terra estão cada vez piores. — Ela fala se


levantando, observei a sua mão tremer.

Me levantei, ficando ao seu lado. Coloquei a minha cabeça no seu


ombro, sentindo o seu cheiro, fechei os meus olhos tentando manter
esse cheiro na minha memória. Ela passou as mãos pelos meus cabelos
delicadamente.

— O seu cabelo está tão grande.

Abri os olhos, e vejo aqueles olhos azuis olhando para mim. Os


mesmos olhos que vejo no espelho de manhã.

— Acho que vou cortar. — Falei pegando uma mecha do meu


cabelo com a mão.

— Você sempre fala isso, mas nunca cortou. — Minha mãe sorriu.
—. E você fica muito mais linda com ele grande. — Ela me deu um beijo
no rosto se afastando.

— Vou descansar, me acorde mais tarde.

Ela saiu da nossa pequena cozinha, e entrou no quarto que


dividimos. Mais tarde ela tinha que ir para a casa do comandante
novamente.

Me sentei, cansada de tudo isso. Várias vezes me peguei


pensando como estaria o mundo depois das muralhas, será que existe
algo a mais, alguém que esteja lutando por nós. Qualquer coisa.

Às vezes sinto que a minha mãe está escondendo algo. Mas nunca
descobri o que seria. Ela certa vez me disse que eu era especial, mas
sinceramente nunca vi nada de especial em mim, sou apenas uma
adolescente comum. Que nutre uma grande vontade de exterminar essa
raça maldita de vampiros da face da terra.

Ao sair de casa nessa manhã, deixei a minha mãe dormindo, ela


chegou quase cinco da manhã, machucada e exausta.

Fui à casa de Sarah, ela é uma amiga. E ontem ela tinha


completado dezoito anos, quero saber o que aconteceu.

Após um tempo, cheguei ao setor seis, aqui já são casas, nada de


minúsculos apartamentos, e não tem o cheiro desagradável de esgoto
que tem onde eu moro. Bati na porta da sua casa, e depois de um tempo,
sua mãe atendeu.

Ela me olhou de cima a baixo com nojo. Mas tentei ignorar, isso já é
normal, não me magoava mais como antigamente.

— Sarah! — Ela gritou. — A Vitória está aqui fora. — Falou isso e


entrou novamente. Não saí do lugar. Sei que a mãe da minha amiga não
quer que eu entre. Então esperei a Sarah sentada na calçada.

Após uns minutos ela apareceu.

A Sarah era linda, loira de olhos verdes-esmeraldas.

Mas hoje ela estava diferente, os seus olhos estavam inchados,


como se estivesse chorando. Ela se aproxima, sentando-se ao meu lado.

— O que aconteceu? — Perguntei sentindo as minhas mãos


suando.

A minha amiga fica parada olhando para um ponto mais além na


rua agora vazia.

— Eu virei doadora.

Mesmo sabendo que isso era possível, o meu coração dói de saber
o que vai acontecer. Passei o meu braço pelo seu ombro consolando-a.

— Eu sinto muito.

Ela me encarou, mas balançou a cabeça.

— Como foi?

Eu sei que pode ser insensível da minha parte, mas eu queria


saber como é, e a Sarah é a única que pode me falar.
Ela suspirou.

— Quando cheguei ao castelo, fui encaminhada para uma pequena


sala, que mais parecia uma sala de hospital. Eles me mandaram retirar
as roupas, me observaram por um momento, depois retiraram um pouco
do meu sangue… e saíram, fiquei lá na maca nua, morrendo de medo…,
sozinha.

Ela chora, a abracei mais forte.

— Eles voltaram depois de mais ou menos uma hora. E me falaram


que o meu sangue era bom, que eu seria uma doadora. Mas isso não foi
o pior.

— O que você quer dizer com isso? — Levantei uma sobrancelha.

Ela suspirou, limpando os olhos.

— Eles me entregaram um papel. E nele estava escrito que fui


selecionada para ser uma das doadoras do castelo.

O meu sangue gelou, era como se o meu peito afundasse, quando


você é selecionada para o castelo, você tem que morar lá, servir a eles, a
tudo que for mandado, e para piorar, nunca vi ninguém que foi
selecionado para lá voltar. Não era como a minha mãe que voltava todos
os dias.

— Eu não entendo, por que você?

Ela se virou me encarando.

— Você sabe o que acontece com todos que são selecionados


para lá? — Não respondi, ela continuou… — Uma vez a amiga da minha
mãe me disse que elas, além de dar o sangue, eram obrigadas a
manterem relações sexuais com o seu dono, ou com quem eles
quisessem.

Abaixei a cabeça com raiva, e mais uma vez apertei a minha mão
em punho, sentindo o ódio dominar. Dono, eles eram os nossos donos,
os meus olhos arderam de vontade de chorar, porque provavelmente não
verei a minha única amiga novamente.

Ela chorou sem parar no meu ombro, e eu não pude fazer nada,
hoje mesmo ela iria ser levada para lá, eu nunca mais ia vê-la. E para
piorar, amanhã era o meu dia de saber qual destino eu teria.

Me sentia uma inútil, eu queria poder mudar tudo, absolutamente


tudo.

Ao voltar para casa passei pelo mercado, não me orgulho disso,


mas mesmo assim, procurei por algo ou alguém para roubar, e não deu,
porque o mercado estava cheio de guardas, e eu não podia ser pega,
afinal, não seria somente eu a pagar, quando você é pego roubando toda
a sua família é presa.

Voltei para casa, minha mãe estava sentada no nosso velho sofá
que um dia já foi marrom, mas agora era uma cor que não dava para
identificar.

Me aproximei, me sentado ao seu lado. E mesmo tentando me


controlar, chorei, ela me abraçou e assim, nos seus braços, eu contei o
que aconteceu com a Sarah. Mas ela não falou nada, apenas ficou
quieta, quieta como há muito tempo eu não via.

Na manhã seguinte eu não conseguia ficar quieta, hoje era o meu


aniversário, hoje, eu saberia o que me aguardava.
Um dia que em outra época seria um motivo para comemorações,
mas hoje é um peso para cada um.

Às vinte e uma horas era o meu teste, e essa espera estava me


matando, quando acordei não vi a minha mãe em nenhum lugar, quando
cheguei na cozinha apenas um bilhete falando que estava resolvendo
algo.

As horas foram passando e nada dela chegar, já estava pegando o


casaco para ir atrás dela quando a vi chegando, já eram oito horas da
noite, faltava só uma hora para o teste, ela chegou toda ofegante. Me
aproximei dela.

— O que aconteceu? — Perguntei preocupada.

Mas a minha mãe não respondeu nada, apenas foi para o nosso
quarto, pegou duas mochilas e me entregou uma. Fiquei olhando para
ela sem saber o que fazer.

— O que você está fazendo, mãe? — Minha mãe abrir as gavetas


da pequena cômoda que tinham e começou a tirar o pouco de roupas
que estavam ali.

Ela parou, e se aproximou de mim. Segurou os meus ombros e


olhou diretamente nos meus olhos.

— Vamos embora daqui!

Olhei para ela espantada com sua determinação. O que era estava
falando.

— Embora? Mas como mãe? Não podemos simplesmente ir


embora, você ficou doida, e se nos pegarmos. — Balancei a cabeça
nervosa. — Não, não, não. — A minha mão se fechou em punho mais
uma vez. E senti a casa mexendo novamente. Mais um tremor de terra.

Ela me encarava, suor se formava no seu rosto, o seu peito subia e


descia rapidamente, a vi engolindo em seco antes de falar.

— Nós precisamos sair daqui, eles não podem saber, eles não
podem fazer o teste em você.

Balancei a cabeça sem entender.

— Eu entendo, — Tentei mantê-la mais calma. — Você acha que


serei escondida como a Sarah, mas as chances são muito pequenas, eu
não tenho nada de especial, não sou bonita como ela mãe, posso ser
igual a você, e poderia te ajudar, assim a senhora poderá descansar. —
Este era o meu plano desde o começo; ficar no lugar da minha mãe para
que ela tenha uma vida melhor.

Mas ela balançou a cabeça, as suas mãos continuam no meu


ombro. A vejo chorando. E isso partiu o meu coração.

— Você tem que entender filha. Eu tenho certeza que você será
escolinha para ficar no castelo, eu não quero você lá. Por isso vamos
fugir.

Eu não perguntei o motivo da sua certeza, não questionei, apenas


a ajudei a pegar umas poucas roupas. E o restante de comida que ainda
temos.

Em menos de trinta minutos já estávamos andando para a muralha,


eu já tinha vindo aqui antes. Mas nunca tão perto. Ela era enorme,
estamos em um prédio abandonado, a minha mãe, a todo o momento,
olhava de um lado para o outro.
Ela não falou como iríamos sair, apenas segurou a minha mão
firmemente e viemos para este lugar, eu tinha tantas perguntas, mas ao
olhar para ela, eu percebi que não era o momento de fazer as perguntas,
eu nunca tinha visto a minha mãe desse jeito, e isso me assustava.

Já passava das vinte e uma horas, a uma hora dessa,


provavelmente um guarda já estava na minha casa me procurando. E
esse fato faz o meu corpo tremer, o meu coração está tão acelerado que
por um momento não sei se vou conseguir.

Depois de um tempo, vejo uma sombra se movimentando até parar


ao nosso lado. Um homem, beirando os trinta anos, com uma cicatriz no
rosto que ia do olho direito até a boca, engoli em seco, percebendo que a
minha mãe se meteu em algo grande demais.

— Conseguiu? — Ele perguntou a minha mãe.

Ela, por sinal, balançou a cabeça concordando, retirou de dentro da


sua bolsa uma pequena caixa e o entregou, vejo o homem a abrindo, e
deu para ver que se tratava de pequenos frascos de vidro, com um
líquido transparente dentro.

Queria perguntar o que era, o que ela tinha feito para conseguir
aquilo. Mas não deu tempo. Ouvimos um estrondo fazendo com que
caíssemos no chão, tossir sem parar, ao tentar respirar, a poeira estava
para todos os lados, o que estava acontecendo, tentei vê mas estava
praticamente impossível eu não conseguir ver nada, uma poeira densa
demais. Procurei pela minha mãe, comecei a gritar por ela e nada.

Tentei procurar por ela, mas não estava conseguindo, nem ela e
nem o homem que estava aqui conosco.
Ouço barulhos de tiros, corri na direção dos tiros, rezando para que
a minha mãe não estivesse no meio.

Mas ao chegar finalmente na rua, vejo-a sendo arrastada por um


demônio. Os meus olhos ardiam sem parar, a minha garganta estava
seca, eu tossir tentando colocar ar nos meus pulmões, me levantei
ficando em pé, as minhas pernas estavam tremendo, Olhei para um
vampiro que estava a arrastando pelos cabelos. Vejo mais cinco
chegando em uma velocidade impressionante. A minha mãe tentou se
defender para sair do seu aperto, mas não conseguiu. Corri para ajudar,
mesmo tropeçando em meus próprios pés eu corri, mas ao chegar perto
dela, sinto alguém me pegando pelo pescoço, me levantando, tentei sair,
o arranhei, fiz de tudo para me soltar, mas ele apenas me encarou, com
aqueles olhos vermelhos como sangue.

Não estava conseguindo respirar, ouço a minha mãe gritando que


eu não sabia, que foi ideia dela, de roubar o veneno.

Neste momento o vampiro me jogou no chão com força, sinto todo


o meu corpo doendo, mas mesmo assim me arrastei para chegar perto
da minha mãe, gritando para que ele parasse de segurar ela pelo
pescoço. Mas ele não parou, vejo os olhos da minha mãe olhando para
mim. E mesmo sofrendo, ela deu um pequeno sorriso para mim.

A minha visão estava embaçada pelas lágrimas que inundavam os


meus olhos, eu só queria chegar até ela, só isso.

O vampiro deu um soco no peito da minha mãe.

Eu não conseguia ouvir nada, era como se o tempo tivesse parado,


o vejo arrancando o coração da caixa torácica dela. Ele segurou o
coração da minha mãe com força, o esmagando em frente aos meus
olhos.

Não, não, não, não. — NÃOOOOO. — Gritei o mais alto que


consegui. O chão começou a tremer, ao abrir os olhos vejo o corpo sem
vida da minha mãe no chão, uma poça de sangue ao seu redor. Ela
continuava olhando para mim. Mas nesse instante, não consigo fazer
nada, sinto uma forte dor na cabeça e tudo ficou no mais completo
escuro.

Aos poucos vou abrindo os olhos, o lugar tem pouca iluminação,


estou em um lugar úmido e frio, minha cabeça dói sem parar, e minha
garganta está seca.

Tentei me levantar, mas não consegui. Ao tentar fazer isso acabei


caindo novamente.

Ouço uns soluços, e vejo várias pessoas aqui, todas sujas, não que
eu esteja melhor.

Minha mãe…

Então me lembrei de tudo que aconteceu. Meus olhos ardem sem


parar, e fico ali, naquele lugar escuro, só com imagens do seu olhar sem
vida, na minha mente.

Eu não acredito, não consigo acreditar. Eu tremo toda, já chorei


tanto que acho que não tenho mais lágrimas.

Já se passaram horas que estou aqui, que aos poucos percebi ser
uma sela.

Mais cedo um guarda jogou uns pedaços de pães aqui dentro,


como se fossemos cachorro, algo sem serventia nenhuma.
As pessoas que estão comigo aqui começaram a brigar para ver
quem pegava mais. Mas eu não me movi, apenas fiquei quieta no lugar
que acordei, lembrando de tudo que aconteceu.
Capítulo 02

Estou deitada sem saber o que fazer, não consigo dormir, toda às
vezes que fechava os olhos, via a imagem daquele maldito arrancando o
coração da minha mãe.

Hoje é o segundo dia que estou aqui, em nenhum momento


ninguém apareceu. Por um instante, pensei que este seria o meu túmulo,
que eles teriam jogado todos nós aqui para morrermos. Mas estava tão
enganada.

Me pergunto se não seria melhor ter morrido bem ali.

Já de noite, isso porque tinha uma pequena abertura com grades


no alto que dava para saber se era dia ou noite, um guarda abriu a cela,
fazendo com que todos se abaixassem para contar. Ele mandou para que
todos saíssem.

Obedecemos.

Ao me levantar, vejo o tanto que estou fraca, as minhas pernas


tremem. Mas mesmo assim, consigo andar para onde ele estava
mandando.
Ele nos leva para uma sala grande, e fala para ficarmos encostados
em uma parede com cerâmica branca. Até pensei que chegaria alguém
para dar um tiro em cada um de nós, mas isso não aconteceu. Naquele
momento eu queria que eles tivessem feito isso, pelo menos estaria com
a minha mãe em breve.

O mesmo guarda apareceu, ele segurou uma alavanca que estava


na parede oposta a nós e a abaixou. Ouvimos gritos, vários jatos de água
foram acionados em nossa direção, uma água fria como gelo. Tentei me
proteger colocando um braço na frente do meu copo, mas não adiantou
de nada, os jatos de água machucavam a nossa pele.

Ficamos ali, abaixados, sentindo a pele ardendo pela pressão da


água. E de repente parou.

Estou tremendo sem parar, parece que os meus ossos vão se


quebrar a qualquer instante, como um simples vidro frágil.

Ao olhar ao redor vejo que não sou a única, todos estavam


abaixados tremendo.

Vejo uma mulher entrando. Ela observa cada um de nós com


atenção. Como se estivéssemos sendo escolhidos para alguma coisa.

Ela apontou para um rapaz da ponta o mandando dar um passo


para frente, faz isso com mais dez pessoas, e por último, ela apontou
para mim. Sinto o meu coração martelando no peito. Ao me levantar com
o meu corpo todo doendo, mas me levantei e dei um passe para a frente.

O guarda nos mandou segui-la.

Já em outro cômodo, somos colocandos em outra parede. Mas


uma vez, expostos como uma mercadoria pronta para ser vendida.
O meu corpo está doendo, observo a mulher na minha frente com
sua roupa impecável, os seus cabelos arrumados, com uma maquiagem
no rosto, e sei que é uma vampira, os seus olhos vermelhos nos
observam com interesse.

— Tirem a roupa. — Ela ordenou, sem tirar os olhos de nós.

Olhamos para ela sem acreditar. Ela respira fundo e fala


novamente sem paciência.

— Retirem as roupas agora mesmo!

Ela falou dando um passo à frente, sinto um medo fora do comum.


Todos começaram a retirar as roupas, e eu fiz a mesma coisa, tirei o
casaco pesado pela água, depois a fina blusa, o tênis, e por último a
calça, ficando só de calcinha e sutiã desgastados.

Todos já estão sem roupas, só de peças íntimas.

— Se virem!

Ela ordenou, e todos obedecemos.

A vergonha toma conta de mim, coloquei os meus braços ao redor


do meu corpo tentando me cobrir, ouço uns murmúrios e vejo uma moça
morena do meu lado, chorando. Queria poder dizer para ela que não
acontecerá nada, mas sei que é mentira.

Porque no fundo sei que vai acontecer algo com todos nessa sala,
o meu coração afundou no peito com a angústia, o medo e o desespero
do que vai vim a seguir.

Ela nos ordena a ficar de frente novamente, agora tem mais dois
guardas nos observando. Um deles olha para o nosso corpo de cima a
baixo e sorri.

Ouço a voz da mulher.

— Esse, esse, e mais esses dois. — Ela falou apontando, e cada


um dos escolhidos, deram um passo à frente.

— Vão para a guarda. Espero que os treinem bem.

Um vampiro loiro sai e os quatro vão atrás deles.

Ela seleciona mais cinco e eles saem com o vampiro que está nos
olhando como se fossemos um pedaço de carne.

— Eles vão ser perfeitos para repor os que perdemos.

O meu lábio inferior tremeu. A moça morena foi com eles. Eu não
sei se vou voltar a vê-la novamente.

Apertei a minha mão em punho, tentando me controlar porque o


meu corpo inteiro estava tremendo, e eu sabia que não era só pelo frio.

Ao olhar para o meu lado, vejo um rapaz que deve ser poucos anos
mais velho que eu. Ele é alto, e não é magro como os outros rapazes que
conheço.

Ele me encarou, e vejo que seus olhos são negros, iguais aos seus
cabelos, ele me olhou por um tempo, mas depois, sua atenção vai para a
vampira, que se aproximou de nós dois, primeiro ela passa as mãos pelo
corpo do rapaz, da volta observando-o atentamente.

— Você será bastante útil para a Pamela.

Ela vem em minha direção. Segurou o meu rosto para cima e me


encarou. Olhou para o meu corpo com atenção. Segurou uma mecha do
meu cabelo entre os dedos.

— Ruiva? — Ela sorri. — Acho que o Damon fará bom uso de você.
Provavelmente serei promovida depois dos presentes que separei para
eles. — Sorri andando em direção à porta. — Vamos! — Ela ordenou.

Andamos até chegar em um corredor iluminado. Os meus olhos


demoraram um pouco para se acostumarem com a luz. Vejo uma sala
enorme com vários lustres e uma mesa grande no meio. E várias
cadeiras ao redor. Ainda estamos só de roupas íntimas. Em momento
nenhum ela nos deu algo para nos cobrir.

Mesmo sem querer, observei todos que passavam por nós, para
ver se eu encontraria a Sarah, mas não a encontrei.

Paramos primeiro em um quarto, ela conversou com um homem,


ele não tinha os olhos vermelhos, então ainda era humano. E logo em
seguida o garoto que estava comigo vai entrando, antes de fecharem a
porta o vejo me olhando. Engoli em seco desviando do seu olhar.

Voltamos a andar, tentei acompanhar os passos da vampira. Mas


as minhas pernas estavam tão trêmulas. Respirei fundo, tentando
novamente.

Após um tempo, paramos em uma porta, e, logo depois de bater,


uma senhora nos atende, essa também era vampira, e quando ela vê
quem é, sorri.

— Luana, o que você conseguiu?

A tal da Luana sorri ao olhar para mim.

— Acho que vou conseguir finalmente subir de cargo agora.


A outra vampira sorriu ao me ver.

— Que bela garota você conseguiu. — Ela sorri. A vampira encarou


o meu corpo de cima a baixo com atenção.

— Tive muita sorte, você tem que ver o rapaz, ele é lindo, tenho
certeza de que a Pamela vai gostar.

A tal Luana sorriu, olhando para mim como se eu fosse um prêmio.

— Não tenho dúvidas. Quantos anos você tem?

Ela me perguntou.

Ainda tremendo, falei.

— Dezoito.

Ela me encarou novamente.

— Você teve sorte de não ser escolhida para a reposição que


teremos essa semana.

Sorte! Eu queria sorrir, a última coisa que tive na vida foi sorte, a
imagem da minha mãe caída no chão veio novamente nos meus
pensamentos, engoli em seco, tentando controlar o meu coração que
martelava no peito.

Não falei nada.

— Pode deixa- la, comigo, vou dar um jeito de que ela pareça
apresentável para mais tarde.

— Eu tenho certeza, — A vampira ia saindo, mas parou e se virou


novamente. — Coloque um vestido branco nela, acho que será melhor.
Trará um ar de inocente a mais para ela.
E com isso ela saiu.

Entramos, observo várias camas aqui dentro. Mas não tem


ninguém. A vampira me leva para outro cômodo, ao chegar lá, vejo que é
um banheiro. Ela fala para que eu tome um banho, e que retire todos os
pelos do meu corpo.

Ela ficou lá, vendo tudo. Ao terminar, entregou um frasco com um


creme branco, e me falou para passar pelo meu corpo. Obedeci a tudo
que ela mandou, não podia questionar nada. Ainda não.

Ao terminar, ela me levou até uma cama.

Fiquei lá sentada, enrolada em uma toalha. Aqui era bem mais


quente.

Ela pegou um vestido de algodão branco e me deu. Nenhuma peça


íntima, somente o vestido. Eu me sentia exposta, como se eu não tivesse
nenhuma proteção, mas no fundo eu sabia que era assim que eles
queriam que eu estivesse.

A vampira estava terminando de pentear os meus cabelos quando


ouvi passos, me virei em direção a porta e vejo várias garotas entrando.

O meu coração se acelerou quando eu vi a Sarah entrando. Ela


me encarou, abriu a boca para falar algo, mas se calou, percebi ser
melhor que os outros não soubessem que nos conhecíamos.

Ela se sentou na cama ao lado da minha. Várias outras garotas


sentaram, ou deitaram na cama. Uma mais linda que a outra.

A vampira penteou os meus cabelos, fazendo um penteado


elaborado. Mas deixando mais da metade dele solto.
— Irei pedir para que tragam o jantar para vocês.

Ela saiu nos deixando sozinha. Me controlei para não falar com
Sarah, ela me encarou. Observei-a, ela estava com um vestido preto,
colado no corpo, e estava mais magra e pálida do que o normal.

Mas foi uma moça de cabelos pretos que se aproximou.

— Qual o seu nome? — Ela perguntou curiosa.

Todas as outras garotas estavam prestando atenção na nossa


conversa.

— Vitória. — Respondi a encarando

Ela me deu um pequeno sorriso.

— Lua, prazer Vitória.

— O prazer é meu. — O nome dela era lindo, mas não falei em voz
alta.

Todas as outras me cumprimentaram, inclusive a minha amiga.

— Você foi escolhida para qual mestre? — Lua perguntou se


sentando na beirada da cama de Sarah que me encarava atentamente.

Mestre? Apertei a minha mão em punho de ódio. vampiros…


animais… monstros, era isso que eles eram, monstros, os meus olhos se
encheram de lágrimas, a minha garganta estava tão seca, eu estava
cansada demais para isso. Mas respondi mesmo assim, afinal, essas
garotas não tem culpa de nada, elas eram como eu, apenas uma
escrava, nada mais que isso.
— Eu não sei, só ouvi o nome Damon, mas não sei se tem alguma
coisa a ver.

Todas ficaram caladas, vejo uma garota se encolhendo, e sei que


não é nada bom.

— Por que vocês ficaram assim? Quem é esse Damon? —


Perguntei curiosa.

— Ele é o príncipe herdeiro. No total são dois príncipes e uma


princesa. Vários outros vampiros que são importantes por isso vivem
aqui, e é claro o rei. Somos escolhidas como presentes para eles. Mas
tem um tempo que ninguém é escolhido para o príncipe. A última que foi
escolhida ficou aqui só dois dias

Engulo em seco ao perguntar… O medo tomando cada parte do


meu corpo.

— Porquê? — Perguntei, mas no fundo, eu já sabia a resposta,


mas queria não ter percebido.

— Não sabemos, mas houve rumores que ele tem uma sede
interminável e que acabou a matando.

As minhas mãos tremem. Eu preciso fugir. Tenho que dar um jeito


de sair daqui.

Quando a garota percebeu, tentou amenizar a situação, tarde


demais, eu já estava em pânico.

— Mas é só rumores, nada mais que isso. — A garota de lindos


cabelos pretos fala com pesar na voz.

Depois disso ela ficou calada.


Fiquei quieta, tentando pensar em um plano para fugir. Eles
trouxeram o nosso jantar. Um prato para cada, contendo uma variedade
de verduras, legumes e carnes. Fiquei um momento olhando para toda
aquela comida. E mesmo tentando me controlar, o meu estômago deu
sinal, afinal, não faço ideia de quanto tempo estou sem comer.

Mais tarde, as garotas me explicaram que elas mantinham uma


dieta rica em nutrientes. Eu sei o que elas queriam dizer. Que elas eram
alimentadas para ficarem fortes, para o que viria pela frente.

Não consegui falar com Sarah, em momento nenhum ficamos


sozinhas.
Capítulo 03

A Vampira que me trouxe, chegou acompanhada da outra que tinha


me arrumado. Elas observaram todos aqui, e pediram para sairmos.

Uma a uma das garotas foram saindo, e fiquei por último.

As minhas pernas tremiam sem parar, estava sentindo que a


qualquer momento ia vomitar tudo que havia comido. Passamos por
vários corredores até chegar na sala que eu havia visto anteriormente.

Vários vampiros andam de um lado para o outro, com muitos


humanos, servindo comida e bebidas para eles.

Me encostei na parede, não suportando mais ficar em pé. Meu


coração martelava no peito de uma forma fora do normal, estava
tentando me controlar, mas a cada segundo estava ficando impossível.

— Calma! Vai dar tudo certo. — Sarah falou. Mas a verdade não
chegou em seus olhos.

Observei o salão procurando uma rota de fuga. Mas estava difícil.


Tem muitos guardas, em cada porta, armados e eu sabia que essas
armas não eram para os vampiros. Disso eu tinha certeza.
Mesmo não podendo, Sarah falou novamente comigo.

— Quando ele te levar para o quarto, apenas faça o que ele quiser,
e por favor Vi... — Ela me encarou com os olhos cheios de lágrimas. —
Não responda, não questione, não faça nada, apenas o obedeça, por
favor…

Seus olhos estão cheios de lágrimas, prontas para cair.

Mesmo com o coração destruído, sorri para ela. Eu sabia que ela
estava tentando me manter viva. Mesmo estando na mesma situação
que eu, ela estava tentando me manter viva.

A vampira que me trouxe começou a bater levemente em uma taça,


fazendo um barulho irritante. E cada uma das garotas foram levadas para
a frente. Não sei como consegui andar sem que tropeçasse em meus
próprios pés.

Eu estava tão nervosa, podia ouvir os batimentos do meu coração


nos meus ouvidos.

Uma a uma fomos colocadas uma ao lado da outra. Depois


apareceu mais dez rapazes, todos vestidos de preto.

Vejo o rapaz que estava comigo, e mesmo não sabendo o porquê,


olhei para ele, ele retribuiu o olhar por um segundo. Mas começou a
prestar atenção na vampira que falava sem parar.

— Hoje tenho uma novidade. — Ela sorri, e todos a observam.

Não consigo encarar os vampiros que estão na minha frente, sinto


um calafrio passando por todo o meu corpo, e minha respiração está
irregular.
Aos poucos levantei o olhar, e presa no meu próprio mundo, não
percebi que cada um que estava aqui, havia ido para um lugar.

Vejo Sarah em pé ao lado de um vampiro mais velho, ele segurava


na sua cintura, trazendo-a para mais perto. Posso enxergar o medo em
seus olhos, o vampiro apenas observava cada canto, ele estava
impecável em um terno preto.

Ao olhar para o lado, posso ver o rapaz que veio comigo, ele se
aproxima, ficando ao meu lado. Não falamos nada. Minhas mãos
tremiam, eu me sentia como um pedaço de carne sendo leiloado para
quem desce o maior lance.

— Eu consegui esses belos humanos. E os trouxe exclusivamente


para a Pamela e para o Damon.

Ouço vários murmúrios, e observei uma mulher de vestido


vermelho se aproximando. Ela tem o cabelo branco na altura da cintura,
linda… se eu não soubesse que ela era uma vampira, eu poderia
confundir com um anjo, das histórias que a minha mãe lia para mim
quando eu era criança, ao se aproximar, sinto uma pressão na cabeça,
como se alguém estivesse tentando apertar o meu cérebro com a mão.

Ela se aproximou do rapaz sorrindo. O observava de cima a baixo


como se quisesse guardar cada parte dele na mente.

— Tenho que admitir que você conseguiu uma bela atenção da


minha parte.

A vampira sorriu ao perceber que conseguiu agradar à princesa.

O rapaz a acompanhou de volta à multidão. Agora estava eu ali,


sozinha, sendo o centro das atenções de todos, eu tremia sem parar,
sentia que a qualquer momento fosse morrer. Quase me abaixei ao sentir
uma pressão gigantesca na minha mente, como se algo pedisse para
entrar novamente. Mas não deixei. Mesmo tremendo, tentei resistir.

Um vampiro se aproximou, alto e forte. Ele foi dando passos até se


colocar diante de mim. Ele me observava atentamente, me fazendo sentir
um medo interminável, soube naquele momento que ele era o ser mais
forte daquele salão.

Ele não falou nada, apenas me encarou. Não demonstrou nenhuma


reação, nada, e deu a volta, se colocando sentado na primeira cadeira de
uma mesa enorme. Todos o olhavam com atenção. E um a um
começaram a se sentar nos seus lugares. Fiquei parada ali sem saber o
que fazer.

— Fique atrás da cadeira do seu mestre, e fique calada. Se ele sair,


vá com ele. Está me entendendo?! — Olhei para a vampira que me
trouxe aqui, imaginando como seria perfeito matá-la.

Apenas balancei a cabeça concordando.

Andei até ficar atrás da cadeira dele, do outro lado da mesa estava
a princesa e logo atrás dela o rapaz. Passei os olhos pelas pessoas para
encontrar Sarah, mas nada, após uns minutos, a vi se aproximando com
o vampiro mais velho. Ele se sentou na ponta da mesa, e ela ficou atrás
dele.

Naquele momento percebi quem era.

Aquele era o desgraçado do rei. A minha amiga servia ao rei?!


Fechei os meus olhos com força, a minha respiração irregular.

A constatação desse fato me fez fechar a mão em punho de raiva.


Comecei a olhar demais para uma faca ao lado de um porco assado na
mesa. E por vários momentos, me imaginei pegando-a e enfiando no
maldito coração do rei.

Lógico que esse seria o meu último ato, porque depois, eles iriam
me matar com certeza. Isso se eu chegasse perto o suficiente para fazer
isso.

Ao olhar para ela, a vi me encarando e o seu olhar pedia para que


eu não fizesse nada, mas quando eu vi a mão asquerosa dele subindo
pela sua perna, comecei a sentir nojo. Ele apertava com força, fazendo a
pele dela ficar vermelha.

Engoli em seco, mas ninguém falou nada, apenas desfrutavam da


comida e bebida, como se não fosse nada. Deixa de ser idiota Vitória,
para eles não somos nada, a minha mente me recriminou.

Ouço a voz do rei.

— Parece que você vai se divertir muito hoje Damon.

O maldito do rei me encarava sem parar. Damon sorriu levemente


ao beber do seu vinho.

— Parece que sim.

Engulo em seco.

— Só se controle, está ficando mais difícil a cada dia achar garotas


como essa por aí. Tente mantê-la viva por pelo menos um mês.

Comecei a tremer. Mas Damon não respondeu, apenas continuou a


beber do seu vinho.

Pelo menos um mês… pelo menos um mês… — repetia essa frase


sem parar. Miseráveis, desgraçados.
Eles continuaram a comer e beber. Mas não consegui prestar
atenção em nada, o meu olhar era em direção à porta. Será que eu
conseguiria chegar até lá? Duvido, eles são bem mais rápidos do que eu.

O meu único pensamento era poder fugir.

O Tal do Damon se levantou, fiquei sem saber o que fazer e olhei


para Sarah. Ela apenas sussurrou para que eu o acompanhasse. E
mesmo não querendo, fui atrás dele, sentindo que minhas pernas iriam
ceder a qualquer momento. Já estava na porta quando ouço a voz do rei.

— Parece que ele está com pressa para brincar com seu novo
brinquedinho.

Ouço vários vampiros sorrindo. Tentei ignorar o bile que subiu pela
minha garganta, eu queria vomitar bem ali naquele salão na frente de
todos, balancei a cabeça tentando me controlar. Eu precisava ser
inteligente, eu precisava de um plano o mais rápido possível. " Pelo
menos um mês. Pelo menos um mês. As palavras do rei se repetiam sem
parar.

Ele andou, passando por corredores sem fim. Parou em frente a


uma enorme porta de madeira e a abriu, ficando parado, olhando para
mim.

O encarei com medo do que aconteceria neste quarto.

— Entre. — A sua voz era grossa, como um trovão.

Apenas obedeci, entrando. O quarto é enorme, com uma grande


cama no meio. E é tão claro, diferente do que imaginei.

Percebi uma parede de vidro ao lado, um vidro grosso, escuro, e lá


fora estava no final do dia, posso ver o sol se pondo no horizonte,
também notei que nenhuma luz do sol entrava, somente uma luz artificial,
causada pelas lâmpadas do quarto.

Ouço o barulho da porta se fechado, segurei uma mão na outra


para tentar me acalmar. Mas não estava conseguindo.

Os meus olhos se encheram de lágrimas, tentei segurá-las, eu não


queria isso, eu só queria viver a minha vida com a minha mãe, de forma
simples e feliz, fechei os olhos com força tentando me controlar.

Ao abrir os olhos novamente, noto ele se aproximando, ficando do


meu lado. Sinto um cheiro doce vindo dele.

Damon me encarava com atenção.

Levantou a mão e segurou uma mecha do meu cabelo, a levando


ao nariz e logo em seguida a cheirando. Mesmo não querendo, o
observei atentamente. Ele tinha um rosto jovem, era como se ele tivesse
uns vinte anos, mas eu sabia que era bem mais velho que isso. Ele era
pálido, e o seu olhar era intenso, como nenhum outro.

Damon observava cada parte do meu rosto, mas o seu olhar foi em
direção ao meu pescoço, e ficou ali… observando. Sua mão começou a
colocar meu cabelo para trás dos meus ombros, o meu corpo estava todo
arrepiado com o toque frio da sua mão, ele segurou o meu ombro
fazendo com que os nossos corpos ficassem colados um no outro.

Ouço a sua voz sussurrando no meu ouvido.

As minhas mãos tremiam tanto, mas tanto, de medo. Eu estava


desesperada, eu queria gritar, mas sabia que era a última coisa que eu
poderia fazer, afinal ninguém iria me ajudar.

— Não te garanto que conseguirei parar, assim que começar.


Engoli em seco, percebendo que poderia morrer agora. Já que
poderia morrer, apenas falei o que pensava.

Quando finalmente encontrei a minha voz, eu falei:

— Eu agradeceria muito se você não me matasse, eu


particularmente, gosto muito de viver. — Ele me encarou, vejo um
resquício de sorriso nos seus lábios.

Eu sei o que vai acontecer agora. Minha mãe me disse como eles
se alimentavam, ele aproximaria a boca do meu pescoço e o morderia.
Mas eu não sentiria dor, mas sim uma espécie de prazer.

Acho que era algo na saliva deles que proporciona isso a suas
vítimas, nunca entendi. Mas agora eu vejo, talvez assim a pessoa não
fique com tanto medo. Porém, estou com medo, tanto medo, que o meu
coração está disparado.

Ele se aproxima, segurando o lado esquerdo do meu pescoço,


engulo em seco quando ele o inclina para o lado, fazendo com que o
meu pescoço ficasse todo a mostra para ele. Sinto os seus dentes
arranhando devagar minha pele sensível. Eu só queria que isso
acabasse logo. Eu só queria isso.

Como se ele pudesse ler meus pensamentos, Damon com força,


pressiona as presas no meu pescoço. Uma onda de choque passou pelo
meu corpo. Comecei a me debater quando ele me apertava com muita
força em seus braços, sinto que a qualquer momento vai me quebrar no
meio.

Mas não sinto prazer. Sinto uma dor agonizante, dilacerando todo o
meu corpo. Gritei o mais alto que pude por socorro, mas ninguém veio.

Sou jogada no chão com força.


Mesmo não tendo muita força, pressionei o meu pescoço com a
esperança que parasse o sangramento. Mas não parou, minha roupa
estava ficando encharcada com sangue que jorrava sem parar do meu
pescoço, minha visão estava ficando escura. Mesmo assim, vejo quando
ele se aproxima de mim e passa a mão pelo meu pescoço. Não sinto
mais o sangue saindo.

Sou colocada de pé com força. Não estou conseguindo me manter


de pé sozinha.

Ele segurou nos meus ombros me encarando e rosnando de raiva,


falou:

— Quem é você!?

Mas não consegui responder. Aos poucos os meus olhos foram se


fechando e desmaiei.
Capítulo 04

Minha boca estava seca, ao abrir os olhos percebi que o quarto


estava escuro. Mas, o que mais me chamou atenção, foi ver pela porta
de vidro, uma lua enorme iluminando o céu. Já estava de noite, não fazia
ideia de quanto tempo tinha se passado.

Me sentei, sentindo o meu corpo doendo, olhei para baixo e vejo o


meu vestido que já foi branco, todo manchado de sangue.

Ao olhar para frente vejo Damon, parado próximo a cama me


encarando.

Me encolhi de medo no chão frio, medo do que ele pudesse fazer


comigo.

Ele se aproximou, ficando mais perto.

— Quem é você? — Ele perguntou me encarando.

Mas não consegui responder, meu olhar foi em direção a sua boca,
que mostrava suas presas, meu coração acelerou. Mas mesmo assim,
tive coragem ao falar, porque no fundo, sabia que ele não ia repetir a
pergunta novamente.
—- Eu não sei o que você está querendo dizer com isso. O meu
nome é Vitória.

Ele segurou o meu braço com força. E em um segundo eu estava


de pé na sua frente.

— Não brinque comigo. O único motivo de você estar viva até


agora, é que eu quero saber quem é você.

— Eu não estou brincando, eu sinceramente não sei o que


responder.

Gritei ao sentir ele apertando o meu braço com força. Me encolhi


sentindo minha pele ardendo, como se os meus ossos estivessem sendo
quebrados.

— Porque o seu sangue é assim?

O encarei levantando uma sobrancelha, o que ele está querendo


dizer?

— Assim como? Eu não sei o que você está falando. O que tem de
errado com o meu sangue?

Ele me encarou com ódio.

— O seu sangue é diferente, garota estúpida.

— Diferente? O que você quer dizer com diferente? — Ignorei a


parte que ele me chamou de garota estúpida, mas minha vontade era de
arrancar a cabeça deste monstro. Se eu pudesse, eu faria isso com um
grande sorriso no rosto

— Significa que o seu sangue é único. Só de tê-lo em minha boca,


me senti mais forte do que nunca.
Balancei a cabeça tentando entender.

— Tem algo de errado comigo? — Minha voz era baixa, e minhas


pernas estavam fracas demais.

Perguntei baixo. Mas ele não respondeu.

Damon me encarava com atenção.

— Quem são seus pais?

Não respondi, minha cabeça estava doendo, não conseguia


raciocinar direito. Diferente? Como assim Diferente?

Sou tirada dos meus pensamentos ao sentir o meu pescoço sendo


apertado.

Não conseguia respirar. Tentei soltar sua mão da minha garganta,


mas é tudo em vão, não conseguia fazer nada. Respirar é impossível.
Olhei para os seus olhos vermelhos por um segundo.

Ele me solta novamente, cai de joelhos no chão à sua frente, à


procura de ar.

Ele rosnou ao se aproximar novamente de mim.

— Quem são os seus pais? — Ele perguntou sem paciência. — Eu


não irei perguntar novamente.

Abrir a boca várias vezes à procura de ar. A minha garganta ardia,


a segurei, tossi ao tentar responder.

— Eu não sei quem é meu pai. — Respirei profundamente sentindo


como se estivesse pedaços de vidro na minha garganta. — E minha mãe
foi morta por um de vocês. — Falei com dificuldade, eu estava fraca.

O meu estômago embrulhava sem parar, estava sentindo que ia


vomitar a qualquer momento.

Sou colocada de qualquer jeito na cama. O vejo indo em direção da


parede de vidro, ele parou observando a paisagem por um tempo. Depois
se virou para mim. Não vejo mais as suas presas.

— Eu quero que tudo que aconteceu aqui fique em segredo. Você


não tem permissão de contar a ninguém, se eu descobrir que você
contou para alguém, irei matar a pessoa na sua frente, está me
entendendo?

Balancei a cabeça concordando. Mas estava com muitas dúvidas


para ficar calada, então perguntei:

— Por qual motivo ninguém pode saber?

Ele se aproximou, vejo um sorriso macabro no seu rosto.

— Você faz ideia do que pode acontecer se o meu pai, ou qualquer


outro vampiro descobrisse sobre o seu sangue? — Não respondi. Ele
continuou… — Qualquer vampiro que tenha esse sangue em seu poder,
pode se tornar invencível. Não vou dar esse poder para qualquer um.

Ele segurou o meu rosto entre as mãos o levantando.

— Afinal, você é minha, e no momento, você é a humana mais


importante deste mundo. Não irei dividir este poder com ninguém.
Capítulo 05

O meu coração se acelerou, olhando para ele pude perceber, que


tinha mais do que nunca sair daqui.

Eu não posso deixar que eles fiquem mais fortes do que já são, por
isso tenho que dar um jeito de fugir o mais depressa possível, e irei levar
a Sarah comigo.

Ao voltar para o quarto, todas as garotas me observaram


espantadas. Me sentei na cama sentindo muita fraqueza no corpo.

Lua, a garota que gosta de fazer perguntas, se aproximou, mas


todas as outras estavam prestando atenção em nós.

— Ele realmente é como falam. — Ela afirmou baixo.

Ela suspirou passando a mão pelo cabelo.

A Sarah se aproximou se sentando na cama comigo.

— O que ele fez com você? — Vejo os seus olhos cheios de


lágrimas. — Você está com a roupa completamente manchada de
sangue.
Mesmo não querendo me lembrei de tudo que aconteceu naquele
quarto. E por mais que eu odeie ele, sei que cumprirá o que prometeu.
Então, tenho que mentir.

— Acho que está claro o que aconteceu, ele realmente é como


todos dizem. — Ao falar isso me deitei na cama, as minhas pernas estão
fracas demais.

Eu não podia contar a verdade para a minha melhor amiga, porque


sabia que no momento que ela soubesse, ela estaria morta, eu não
suportaria ter mais sangue nas minhas mãos, não suportaria perder mais
alguém importante para mim.

Dormi sentindo o meu corpo todo doendo.

Hoje não precisei comparecer ao banquete, na verdade, não estava


conseguindo ficar em pé. Então foi avisado para aquele maldito vampiro
que eu não ia aguentar ficar de pé lá. Ele ordenou que eu ficasse
descansando.

Hipócrita!

Foi trazido mais comida, e tomei uns cinco remédios, para dor e
várias vitaminas, depois disso apaguei acordando só no dia seguinte.

Sentada aqui na cama, eu só conseguia pensar em minha mãe,


estava fazendo de tudo para não pensar nela, mas é impossível. Meus
olhos ardem sem parar, eu só queria ela aqui comigo.

São tantas coisas que estão acontecendo.

Tenho que tentar fugir, dar um jeito de levar a Sarah comigo, tenho
medo de que mais alguém saiba desse maldito sangue que corre pelas
minhas veias, e ainda tem o desgraçado do vampiro que sabe de tudo.
Mas afinal por que eu? Porque logo eu, tinha que ter essa maldição?

As meninas estão tomando café, estou deitada quando a Luana


aparece, ela vem em minha direção, me olha de cima a baixo.

— Você foi chamada. O príncipe quer você agora.

Por um momento pensei em falar que não ia, mas afinal, de que
isso ia adiantar. Sou apenas algo para ser usado, mas isso era o que
eles pensam, darei um jeito de fugir daqui, isso eu garanto.

Vejo as meninas olhando para mim com pena, mas depois da cena
do vestido cheio de sangue que eu retornei dava para entender.

Fizemos o mesmo percurso, prestei mais atenção no caminho,


precisarei reunir toda informação possível para sair daqui.

Ela me deixou em frente a porta, bati duas vezes, ele abriu e entrei.
O lugar continuava o mesmo. O seu cheiro estava por todo o lugar.

Entrei e fiquei esperando o que ele ia dizer. Mas por um tempo ele
ficou calado me observando. Minhas mãos suavam sem parar.

— Achei interessante o que descobri da sua mãe. — Ele falou e


logo em seguida deu um passo em minha direção.

Engoli em seco. Ele prosseguiu:

— Sua mãe era uma ladra.

Eu não consegui controlar a minha língua quando respondi.

— Minha mãe nunca foi uma ladra. — Afirmo.

Ele sorri olhando para mim.


— Me corrija se eu estiver errado, mas quando você pega uma
coisa que não te pertence é roubo… ou estou errado? – Eu podia sentir a
ironia em cada palavra.

Não respondi. Eu entendo tudo o que minha mãe fez.

— Sabe? — Ele me observou de cima abaixo com atenção. — O


pior, é descobrir que ela trabalhava para a maldita resistência.

O encarei não entendendo.

— Resistência? Não. — Balancei a cabeça negando — Com


certeza deve ter sido um erro, minha mãe nunca trabalhou para a
resistência.

Ele se aproximou, olhando para mim, o encarei, e ele sorriu.

— Então a parte que ela roubou o único veneno existente para


vampiros comuns, é mentira?

Me lembrei do que aconteceu naquele prédio abandonado, da


caixa cheia de pequenos frascos com aquele líquido transparente.

Não, não pode ser. Mas como? Minha mãe realmente era da
resistência? Se era, porque nunca me disse.

— Parece que já tem a sua resposta, não é mesmo?

Minhas mãos tremem diante de tudo que ele está falando. Por um
momento eu queria gritar, arrancar o coração deste maldito, e de toda a
sua raça.

— Mas infelizmente não encontrei nada do seu pai. — Ele andou


até perto da cama e se sentou, me encarando — é uma pena que a
maldita da sua mãe tenha morrido, ela acabou levando este segredo para
o inferno.

Os meus olhos encheram de lágrimas.

Infeliz! Miserável, o que ele sabe da minha mãe? Nada!


Absolutamente nada. Ela não teve nem um enterro decente, tenho
certeza de que esses monstros só a jogaram em uma vala qualquer. O
meu peito dói sem parar.

— Venha aqui!

Ele me encarou sem desviar o olhar. Eu não quero ir, não quero ser
apenas uma escrava de sangue. Mas o que eu posso fazer? Nada, por
enquanto nada.

Me aproximei dando pequenos passos em sua direção. Quando


cheguei perto da cama. Me sentei, ao seu lado. Meu coração acelerou no
peito, sinto lágrimas descendo pelo meu rosto e o vejo me encarando.

Damon passou os dedos pelo meu rosto, limpando as lágrimas que


estavam ali. Ele observou os dedos molhados, aproximou os dedos do
seu rosto e logo em seguida os levou até a boca provando, os seus olhos
não desviaram do meu rosto em nenhum momento, enquanto ele fazia
isso.

— Chorando? — Ele sorri segurando o meu pescoço. — Eu ainda


não te dei motivos para chorar, humana tola.

Ele aproximou a boca do meu pescoço, e o mordeu com força,


gritei quando a dor tomou conta de mim novamente. Tentei me separar
dele e não consigo, mas diferente da outra vez, ele parou.
Continuo tremendo quando ele passa a mão pelo meu pescoço, o
curando, não senti mais a dor.

Vejo os seus lábios sujos de sangue, o meu sangue! Ele sorri


olhando para mim.

— Está vendo como sou bom, tenho que te manter viva. Não posso
apenas me alimentar sem pensar.

Ele passou a mão pelo meu cabelo o acariciando.

— Afinal, você é minha!


Capítulo 06

O meu estômago se revirou. Suor se formou em minhas mãos. Eu


gostaria de voltar no tempo para poder abraçar a minha mãe. Poder olhar
novamente para os seus olhos. Eu queria que ela estivesse comigo.

Sinto o cheiro do vampiro ao meu lado, eu só queria ficar sozinha.


Não quero ele do meu lado... não quero. Sinto uma grande pressão na
minha cabeça. Me abaixei ficando de joelhos.

O vampiro se aproximou ficando do meu lado, ele falou alguma


coisa, mas não consigo ouvir. Minha cabeça dói demais, só quero que
isso acabe… só isso.

Sinto uma mão no meu ombro me balançando com força. Eu não


quero que ele me toque.

Dou um grito.

Vejo Damon sendo arremessado contra a parede com muita força,


ainda não sei o que aconteceu, minhas mãos tremem. Ele ficou de pé
novamente olhando para mim e noto um buraco no local onde ele foi
jogado.
Ele se aproximou ficando na minha frente, meus olhos ardem. Sinto
mais lágrimas sendo derramadas, ele sorri ao me encarar.

— Você é uma caixinha de surpresa vitória — ele sorri com


felicidade — além do seu sangue fazer com que qualquer vampiro se
torne ainda mais forte. Você também tem poderes.

Ele andou pelo quarto pensativo. Continuo tentando entender o que


ele falou. Poderes!? Eu?

Eu não sei o que falar. Não sei o que fazer. Quem eu sou? Por que
logo eu? Por quê?!

Minha cabeça vai parando de doer e me sento na cama


novamente, minhas pernas não param de tremer.

Damon se aproxima novamente de mim.

— O que você quer de mim? — pergunto, tentando parecer mais


corajosa do que estou me sentindo.

— Quero que seja minha aliada — ele responde com frieza. —


Com você do meu lado, não haverá mais nenhum vampiro que possa me
desafiar. Principalmente o meu pai.

Eu tremo ao pensar em me juntar a ele. Eu nunca quis fazer parte


do mundo dos vampiros, mas agora parece que não tenho escolha.
— E se eu recusar? — pergunto, esperando que haja alguma
maneira de escapar.

Damon sorri de novo, mas dessa vez, há algo mais sinistro em sua
expressão.

— Então, terei que convencê-la a mudar de ideia. E acredite em


mim, eu sou muito persuasivo quando quero ser.

Eu engulo em seco e me preparo para o pior. Parece que não há


mais como fugir dessa situação.

Ele me encarava com aqueles olhos.

— Você sabe que se eu fosse um humano inútil, você teria me


matado, não sabe? — Não respondi… não consigo. — Me atrevo a dizer
que se eu não fosse tão poderoso, com mais um pouco de força você
teria me matado. — Damon sorriu triunfante, como se tivesse encontrado
o maior tesouro do mundo.

Eu gostaria de tê-lo matado. Como eu gostaria.

Gostaria de arrancar o seu coração, de vê-lo se sufocando com o


próprio sangue, esse demônio!

Damon acariciou o meu rosto com delicadeza, eu só queria que ele


parasse, sentia nojo, um nojo que estava dominando cada parte de mim.

— Estou curioso. O que mais você pode fazer?


Neguei balançando a cabeça.

— Eu não sei como eu fiz isso.

Ele sorriu.

— Acho que teremos que descobrir, não é mesmo.

— Eu não sei do que está falando — respondo, tentando me


manter firme.

— Acredite, Vitória, eu sei que você tem outros poderes além do


seu sangue. Eles são raros e poderosos. E eu vou descobri-los.
Querendo ou não, você será minha aliada.

Ele solta um riso diabólico e se afasta de mim.

— Isso é só uma prévia do que está por vir, Vitória. Eu tenho muitos
planos para você.

Ele andou um pouco pelo quarto pensativo, fiquei sentada na cama


tremendo de medo.

O vejo se aproximando novamente, se sentou do meu lado, abaixei a


cabeça com medo. Ele segurou o meu pescoço, engoli em seco.

— Eu não aguentarei se você se alimentar novamente. — Admiti.

Ele continuou próximo ao meu pescoço.


Sinto sua respiração próxima a minha pele, eu não queria me sentir
assim, gostaria de ser mais forte para poder enfim eliminar todos eles da
terra.

— Essa é a parte que eu odeio em vocês, demoram demais para


se recuperarem — ele suspirou afastando-se. — Pois bem… — Ele se
levantou sem tirar os olhos de mim. Damon deu um passo para trás e
encarou o meu corpo de cima a baixo, vejo um pequeno sorriso se
formando quando ele me encarou. — Podemos aproveitar de outra
maneira — ele sorriu olhando para mim.

Estou com vontade de vomitar.

— Fique de pé. — Damon ordenou.

Obedeci, tremendo. Segurei uma mão na outra, sentindo uma


grande vontade de sumir.

— Retire o vestido.

Damon observava cada movimento meu, eu não conseguia


raciocinar direito.

— Por favor. — Implorei, eu não queria isso, por favor, eu não


suportaria. Eu não conseguia me imaginar mantendo relações sexuais,
principalmente com um vampiro.

— Retire o vestido! — Ele ordenou novamente sem paciência.

Mas eu não obedeci, eu não podia, isso não.

Eu não conseguia, meus olhos ardiam com as lágrimas que se


formavam.

Ele andou rapidamente, ficando na minha frente.


— Eu mandei retirar esse maldito vestido.

Eu não consegui. O ódio era tanto que mesmo sabendo que


poderei morrer agora mesmo, eu o encarei, eu percebi que preferiria
morrer agora mesmo a tê-lo tocando o meu corpo desse jeito.

— Retira você mesmo, seu demônio, eu não vou facilitar as coisas


para você.

Ele me encarou por um momento, mas depois sorriu.

— Então você não é tão inocente como o seu rosto demonstra? —


Damon sorriu passando a mão pelo meu braço. — Interessante. — Ele
falou próximo ao meu ouvido. — Assim será melhor.

As minhas mãos tremiam, eu tentava respirar fundo, mas não


estava conseguindo, era como se um bolo em minha garganta estivesse
impedindo que eu conseguisse, ao olhar para ele fechei a minha mão e
punho com tanta força que eu sentia as minhas unhas machucando a
minha pele, eu já estava se sem paciência, na verdade, o ódio dominava
cada parte de mim quando finalmente o encarei.

— O meu único pensamento é poder te matar lentamente, sentirei


um enorme prazer quando eu o ver queimando como o demônio que
você é.

Damon se aproximou ficando a centímetros do meu rosto, meu


coração martelava no peito em um ritmo anormal, mas continuei
encarando-o atentamente.

— Assim você me ofende, acha mesmo que eu morreria por um ser


tão fraco e desprezível como você?

Foi a minha vez de sorrir ao encará-lo.


— O lembrarei das suas palavras quando você estiver morrendo.

Damon sorriu novamente ao passar a língua pelo meu rosto, me


fazendo fechar os olhos, não aguentando ver o prazer no seu rosto
quando estava fazendo isso.

— Me diga, doce Vitória, como pretende fazer isso se você neste


castelo é somente mais um animal, a mercê do que eu queira fazer com
você, posso simplesmente sugar todo o seu sangue agora mesmo. E
você não ia fazer nada, não é mesmo? Sabe por quê? — Eu abri os
olhos, mas não respondi — porque você é a presa e eu sou o caçador,
eu poderia te foder aqui mesmo neste chão, acredite, eu faria isso com
muita facilidade, ou talvez naquela parede. — Damon passou as pontas
dos seus dedos até o meu pescoço, e foi descendo, quase chegando no
vale dos meus seios, meu estômago embrulhou novamente. — Eu
poderia te quebrar de tantas formas diferentes, mas tantas formas, que
você nunca sonhou, o que você tem no meio das suas pernas é algo
apenas banal para um vampiro, afinal, eu posso ter isso com qualquer
vampira ou humana que eu queira, a hora que eu quiser, então, não se
sinta especial com isso.

Ele se aproximou de mim, um sorriso maldoso nos lábios.

— Tenta, pequena. Tenta acabar comigo. Você não é forte o suficiente.

Eu sabia que ele estava certo, ele era muito mais poderoso do que eu.
Mas eu não podia aceitar isso, não podia deixar que ele me humilhasse
dessa forma. Então eu agarrei a primeira coisa que encontrei perto de
mim, um abajur ao lado da cama, eu não sei o que deu em mim, era
como se o ódio das suas palavras tivessem mostrado o pior de mim.

Damon riu, desviando facilmente do meu golpe. Ele pareceu se divertir


quando me jogou longe com um gesto casual, fazendo com que eu
batesse as costas contra a parede.

Eu gemi de dor, mas não desisti. Eu me levantei e avancei novamente,


dessa vez com mais raiva. Meus socos eram fracos e desajeitados, mas
eu continuei tentando, empurrando-o, dando chutes desesperados.

Mas ele era muito forte, muito rápido. Ele me jogou no chão e deu um
chute em minha barriga, fazendo com que todo o ar saísse dos meus
pulmões.

Eu me contorcia, tentando respirar, tentando me levantar, mas não


consegui. Eu fiquei deitada lá, impotente, sentindo como se a minha vida
estivesse escapando de mim.

Damon se aproximou, me olhando com desdém.

— Você é patética. Não sei por que ainda tenta lutar.


Eu tentei responder, mas minha voz saiu fraca e falha.

— Porque eu não vou deixar você ganhar.

Ele riu e se afastou, me deixando estirada no chão, indefesa e sozinha.


Eu sabia que tinha perdido essa batalha, mas ainda havia esperança de
vencer a guerra. Eu só precisava encontrar a coragem e a força para
continuar lutando.

Vejo-o se afastando, ele se aproximou da enorme parede de vidro e


olhou o horizonte, lá fora uma lua enorme iluminava o céu noturno.

Ao se virar eu vejo um pequeno sorriso nos seus lábios, eu


permaneci apertando minhas unhas no interior das minhas mãos, como
uma forma de dizer que tudo que estava acontecendo aqui era real, para
que eu nunca me esquecesse de nada

— Sabe Vitória, eu vou fazer uma coisa que eu nunca fiz antes,
mas vejo que será preciso, afinal, você está se mostrando um verdadeiro
perigo, você viverá aqui de agora em diante, preciso ficar de olho em
você.

Meu coração acelerou, eu não queria ficar neste quarto com ele
mais tempo do que era necessário, a Sarah, eu precisava ficar perto
dela, eu precisava ajudá-la.

Eu precisava engolir o meu orgulho, ao olhar para ele a minha


visão estava nublada. Me levantei com dificuldade, sentindo todo o meu
corpo doendo.

— Eu não farei nada, e não direi nada a ninguém, eu juro, mas por
favor, me deixe ficar com as outras garotas.

Ele sorriu, mas permaneceu perto da parede.

— Onde está a garota determinada que estava na minha frente a


um minuto atrás.

Engoli em seco ao abaixar a cabeça, eu não consegui salvar a


minha mãe, eu não cometerei esse erro novamente, pelo menos a minha
amiga eu precisava salvar.

— Eu sei que você não vai fazer nada de errado, sabe por quê?

Damon se aproximou novamente de mim, ele olhou diretamente


para os meus olhos quando finalmente falou.

— Ou você faz o que eu quero, ou a sua amiga. — O encarei


espantada. — Sarah, não é mesmo? Ela será mais uma que o sangue
estará nas suas mãos.

Eu senti o quarto se movendo, era como se o chão estivesse


saindo dos meus pés, dei um passo para trás tentando manter o meu
equilíbrio, mas estava difícil, eu sentia que poderia cair a qualquer
momento, sinto a mão deste infeliz me segurando com força, me
mantendo no lugar, estava tentando respirar, mas estava difícil.

— Ou você achou? Que eu não iria descobrir que você e o novo


brinquedinho do meu pai eram amigas?
Capítulo 07

Apertei a minha mão ainda mais, eu não conseguia engolir nada,


não, eu precisava ficar naquele quarto, não suportaria ficar mais tempo
do que isso com ele, ao olhar para o rosto dele eu pude vê-lo me
encarando atentamente.

— Por favor! Eu não quero ficar aqui.

— Eu não estou muito interessado se você quer ou não ficar aqui


Vitória, eu estou apenas te avisando que você ficará.

O encarei, meu coração martelava no peito em um ritmo anormal.

— Vou contar toda a verdade ao seu pai.

O ameacei com a única coisa que eu tinha.

Damon sorriu, não um sorriso contido como de costume, mas ele


sorriu abertamente para mim. E isso me assustou, percebi logo depois
que as palavras saíram, que não foi uma ótima ideia tentar chantagear
um vampiro, principalmente se esse vampiro for um príncipe, engoli em
seco o encarando.
— O que você acha que vai acontecer com você assim que o meu
pai descobrir? Você acha mesmo que vai ser melhor do que estou
fazendo com você? — Não respondi, apenas o encarei, ele se aproximou
sem tirar um segundo sequer os olhos de mim. — Vou refrescar um
pouco a sua memória, já que vejo que é burra o suficiente para achar que
conseguiria chantagear um vampiro, ele iria te usar de tantas formas
diferentes — vejo ele encarando o meu corpo de cima a baixo — mas
diferente de mim, um não quero isso, não fará diferença, acho que você
precisa conversar mais com a sua amiga — ele balançou a cabeça me
encarando como se eu fosse uma completa idiota — diferente de mim,
meu pai ou qualquer um dos meus irmãos, não te deixaria viva mais do
que uma semana sua burra, você acha mesmo que eles deixariam um
humano, com o poder que você tem correndo pelo seu sangue, viva?
Você ainda tem que aprender muitas coisas, humana tola.

Ele se senta na cama como se estivesse cansado, o encarei


atentamente.

— Então me diga? Por que você ainda me mantém viva?

Damon levantou o rosto e me observou.

— Eu não sei a dimensão do que o seu sangue é capaz, você é


uma arma contra a minha raça, eu não te mataria sem saber como isso
poderia ser útil para mim. — Ele sorriu. — E tenho que admitir que estou
adorando os nossos momentos juntos.

— Pelo menos uma pessoa está se divertindo, não é mesmo?

O encarei atentamente, ele fez o mesmo, a única diferença é que


um de nós estava sorrindo, e não era eu

— Sim, pelo menos uma.


Ficamos em silêncio, parei de olhar para ele, e encarei a parede de
vidro, vejo os prédios e, no fundo, a muralha, observá-la era como um
lembrete de tudo isso, de tudo que éramos obrigados a fazer, observá-la,
era como um símbolo de sermos apenas gado, estamos sendo criados
para servirem de alimentos para os vampiros, isso acabava comigo, eu
só queria que isso não fosse verdade, os meus olhos ardem sem parar,
uma impotência toma conta de todo o meu corpo, e percebo que estou
tremendo.

— Você ficará aqui a partir de hoje, acho melhor melhorar essa


cara.

Eu não me virei em sua direção, apenas me sentei em uma


poltrona, ficando lá, encolhida, eu estava me sentindo mais sozinha do
que nunca, eu precisava de um plano para sair daqui, e precisava levar a
Sarah comigo.

Abri os olhos e me assustei, me levantando da poltrona, não vejo o


Damon, eu não acredito que dormi com ele aqui, olhei para a parede de
vidro e vejo que ainda era noite, não fazia ideia de que horas eram, fiquei
parada por um bom tempo, pensei que ele poderia entrar a qualquer
momento mais isso não aconteceu. Já entediada comecei a andar pelo
quarto, ao abrir uma porta, vejo um closet repleto de roupas pretas, entrei
e passei a minha mão sentindo a maciez de cada peça, eu nunca tinha
visto tantas roupas na minha vida, logo em seguida, sai e fechei a porta,
vejo outra porta e abri, observei um banheiro enorme com uma grande
banheira no fundo, o local era todo iluminado.

Imaginei Damon naquele local, mas logo em seguida balancei a


cabeça me negando a pensar nele.
E mais uma porta, mas esse era enorme, com prateleiras a perder
de vista com milhares de livros, era uma biblioteca, o infeliz tinha uma
biblioteca! Esse fato me assustou, entrei e senti o cheiro dos livros.

Livros não eram uma coisa muito comum aqui, eu tive acesso a
eles apenas na escola, mas isso já fazia tanto tempo que parecia que foi
em outra vida, me lembrei da minha mãe , meu coração apertou ao me
lembrar dela. Balancei a cabeça, eu precisava me concentrar no que
estava acontecendo.

Vejo uma escrivaninha enorme de madeira escura, uma cadeira de


couro preta, e vários papéis em cima da mesa, e naquele momento, eu
percebi que ficar naquele quarto era a melhor opção, eu tinha acesso a
coisas que não poderia ter, sim, eu me sentiria mais protegida lá no
quarto com as outras garotas, eu sei disso, mas aqui eu conseguiria as
plantas desse castelo, até mesmo da muralha, assim seria mais fácil sair
daqui com a Sarah, respirei fundo, sentindo as minhas costelas doerem,
coloquei a minha mão no local. Novo plano, vou fazer de tudo para
conseguir essas informações.

Sai da biblioteca, minha cabeça estava a mil, eu finalmente tinha


um plano, apertei minha mão em punho me lembrando de como eu
arremessei o Damon naquela parede, se eu conseguisse controlar isso,
poderia ser muito útil na minha fuga com a Sarah, meu coração acelerou
no momento que a porta se abriu, vejo uma mulher um pouco mais velha
entrando, segurando uma bandeja, ela me encarou de cima a baixo e
logo em seguida entrou colocando a bandeira em uma mesa.

— O mestre ordenou que você comesse tudo.

E logo em seguida ela sai sem fazer barulho, como se fosse um


fantasma.
Me aproximei da bandeja, vendo um prato repleto de carne e
legumes, um copo de suco e outro de leite, um pequeno copo branco
com quatro comprimidos, respirei fundo pegando e jogando na minha
mão, eu precisava ficar forte, e infelizmente eu precisava destes
remédios, agora ficando no mesmo quarto que ele, eu não sabia se ele
iria respeitar o momento de se alimentar, por isso precisava ficar
preparada, me sentei comendo tudo que eu aguentava, eu já não
conseguia comer mais nada, respirei fundo me sentando na poltrona,
fiquei lá por tanto tempo que acabei adormecendo.

Acordei sentindo um frio fora do normal, ao abrir os olhos vejo


Damon em uma poltrona do lado da minha, ele me encarava
atentamente, mesmo após ter acordado.

— Por que você está dormindo aí?

O encarei.

— Eu estava com sono.

Ele olhou para mim, e logo em seguida para a cama.

— Você sabe para que serve uma cama, não é mesmo?

Revirei os olhos em sua direção.

— Não, eu não fui apresentada para ela ainda. — O encarei com


ironia.

Damon se levantou e começou a tirar a roupa, ficando somente


com uma calça social, mesmo tentando evitar contato visual com ele,
pude perceber que ele não era magro como eu imaginei, seu corpo tinha
músculos.
Abaixei o olhar e encarei os meus pés.

— Venha dormir! – Ele ordenou.

Levantei a cabeça e o vejo deitado na cama. Me encarando.

— Não, muito obrigada, eu prefiro dormir na poltrona.

— Em momento nenhum te perguntei onde você prefere dormir, eu


mandei você vir dormir, agora!

Apertei com tanta força os meus dentes uns nos outros que por um
momento pensei que eles fossem quebrar, me levantei e andei até está
do outro lado da cama, me sentando nela, cada gesto era como se
estivesse doendo cada parte do meu corpo.

Me deitei, fazendo questão de ficar o mais longe possível dele,


respirei devagar, mesmo a cama sendo confortável era impossível me
sentir à vontade deitada na mesma cama com esse monstro.

Fiquei imóvel, respirando lentamente.

Dei um grito de surpresa quando ele me puxou, me deitando na


cama e logo em seguida se colocando em cima de mim, meu coração
acelerou de uma forma que parecia impossível, tentei me afastar, mas
ele segurou as minhas duas mãos no alto da minha cabeça me
encarando atentamente.

— O que você está fazendo?

Ele sorriu pegando uma mecha do meu cabelo e o cheirando logo


em seguida.

— Eu posso fazer o que eu quiser com você, ou se esqueceu?


Engoli em seco, evitando olhar para o seu corpo, olhava apenas
para o seu rosto, vejo seu cabelo branco, as mechas jogadas na face.

— Tem pouco tempo que você se alimentou. — Afirmei na


esperança que isso pudesse pará-lo.

Ele sorriu novamente.

— Eu tenho certeza que você aguenta mais um pouco.

Ao olhar para o seu rosto, pude perceber que nada do que eu


pudesse falar ia impedi-lo de se alimentar, minhas mãos tremiam de
medo de sentir aquela dor novamente.

Damon aproximou o seu rosto do meu pescoço, e ficou um tempo


assim, eu só queria que ele acabasse logo com isso, meus olhos se
encheram de lágrimas, senti seus dentes roçando minha pele sensível,
apertei minha mão novamente em punho, eu sabia o que viria logo em
seguida, ele mordeu com força meu pescoço, rompendo carne e
músculo, sinto meu sangue saindo sem parar, e uma dor fora do normal
tomou conta de mim, tentei retirá-lo de cima, mas não funcionou, sinto
seu corpo esmagando o meu com a força que ele segurava a minha
cintura, minhas mãos estavam livres, mas eu não conseguia senti-las,
estava doendo muito, bem mais do que antes, ele continuou a sugar o
meu sangue com tanta força, com seus braços em volta da minha
cintura, era como se ele fosse me cortar ao meio, de repente eu não
estava sentindo mais a dor, vejo pontos pretos na minha frente, eu não
ouvia mais o som dos meus gritos, mas pude ouvir o som fraco da minha
respiração.

Respirei profundamente quando não pude mais sentir o seu peso


em cima de mim, mas ao fazer isso, sinto uma pressão tão forte no meu
peito, doía muito quando eu tentava respirar, todo o meu corpo doía,
tentei levantar o braço, mas não tinha forças suficientes para fazer isso,
ao abrir os olhos vejo ele em cima de mim me encarando, sinto um forte
gosto de sangue na minha boca, tossir sem parar, e sinto algo
escorrendo da minha boca como se estivesse me engasgado, quando
finalmente consegui levantar o braço, pude colocar a mão na minha boca
e logo em seguida, vendo-a suja de sangue.

Sangue estava saindo da minha boca.

Damon me encarava sem expressar reação nenhuma, eu quis


sorrir do que passou pela minha cabeça, lógico que ele não ia fazer
nada, sua idiota!

Eu fechava e abria os olhos de hora em hora, quando fechei a


primeira vez eu pude ver Damon saindo, na segunda vez o vejo
conversando com um homem mais velho do meu lado, na terceira vez,
senti uma picada no meu braço, mas logo em seguida dormi novamente,
na quarta vez que acordei, virei minha cabeça, vendo a lua no horizonte.

Ao voltar a minha cabeça para o lugar, vejo Damon sentado em


uma poltrona olhando uns papéis, quando ele vê que estou acordada, se
levanta.

Me encolhi de medo quando ele se aproximou da cama; colocou a


sua mão na minha testa, pude sentir o frio da sua pele em contato com a
minha.

Minha boca estava tão seca, mas na terceira tentativa consegui


falar.

— O que aconteceu?

Damon me encarou, com a mesma expressão distante de sempre,


mas finalmente falou:
— Exagerei ao me alimentar de você, por um momento esqueci
como os humanos são frágeis, acabei quebrando várias costelas sua, e
claro; quase te matei bebendo mais do que devia do seu sangue.

Ele falou isso sentando-se novamente na poltrona e começou a


olhar os papéis como se o que ele fez não fosse nada.

Eu comecei a tremer sem parar, era como se eu não conseguisse


respirar, desgraçado! Eu quase morri e ele fala como se não fosse nada,
eu quase morri! Essa constatação fez a minha cabeça doer como nunca,
naquele momento ele apareceu do meu lado em um segundo, em uma
velocidade anormal, Damon falava, mas eu não conseguia escutar,
minha mente ficou em branco, eu não conseguia ouvir ou falar nada, por
um instante eu não pude pensar em nada, sinto a mesma dor no meu
pescoço novamente, abri os olhos e vejo todos os móveis do quarto
flutuando ao redor da cama, vejo Damon com a boca toda suja de
sangue do meu lado, balancei a cabeça, sentindo uma dor no meu
pescoço, e vejo sangue escorrendo pelo meu busto, uma fraqueza tomou
conta de mim, acabei me deitando novamente.

Damon se aproximou, passando a mão pelo meu pescoço, e o


sangue parou de sair, todos os móveis caíram em um baque surdo,
respirei profundamente tentando colocar ar nos meus pulmões.

Ouço a voz dele do meu lado.

— Tive que te morder, você não me respondia, era como se


estivesse hipnotizada, você só voltou quando eu impus dor ao seu corpo,
nada do que eu falava resolveu.

Virei minha cabeça para o outro lado, eu estava cansada demais


para falar, meu corpo todo doía, eu estava fraca demais e acabei
dormindo.
Capítulo 08

O meu corpo doía como nunca, abri os olhos vendo novamente o


Damon, mas diferente de antes, ele agora estava em pé olhando para
mim.

— Finalmente acordou. Você precisa comer alguma coisa, não


pode ficar somente no soro, já tem três dias que tudo aconteceu.

Com dificuldade consegui me sentar e encostei na cabeceira da


cama, cada movimento era mais dolorido que o outro, minhas mãos
ainda tremiam quando eu as levantei. Damon pegou uma bandeja que
estava em cima da cama e colocou nas minhas pernas.

Observei a bandeja sem um pingo de vontade de comer, tinha


frutas, uma sopa, suco e um copo de leite, mas nada de remédios.

— Nada de remédios?

Ele olhou para o soro que eu ainda estava tomando.

— Como você não acordava, colocamos no soro.


— Claro! Eu tinha me esquecido de quão especial o meu sangue é
para você.

Peguei o suco e tentei beber um pouco, mas era como se minha


garganta estivesse em carne viva, cada gole doía muito, mesmo tentando
me controlar, principalmente na presença dele, eu senti os meus olhos
cheios de lágrimas.

— Eu quero que você coma tudo.

Olhei para ele e sorri, só pode ser brincadeira.

— Você quer? Desculpa te desapontar, mas acho que você se


esqueceu que eu sou uma humana e não um vampiro, seu idiota!

Ele apenas me observou com raiva.

— Você acha que eu não sei disso? Se por um momento eu tivesse


a certeza de que o seu sangue continuaria o mesmo, eu já teria te
transformado há muito tempo, mas como eu não sei o que aconteceria
decidi deixar você como está, uma humana burra e inútil.

Fechei os olhos tentando me controlar, quando eu os abri o vejo me


encarando.

— Vai se descontrolar novamente, e fazer com que todos os


móveis deste quarto flutuam ao nosso redor?

Suspirei sem paciência.

— Estou pensando seriamente se eu conseguiria te arremessar


para fora desse quarto quando o sol estivesse no horizonte, confesso
que adoraria vê-lo virando churrasco.

Damon olhou para mim e logo em seguida sorriu.


— Se você tivesse autocontrole suficiente, até poderia conseguir,
mas como é burra e inútil, duvido muito disso.

Respirei fundo novamente, e tentei me concentrar em comer, mas


não fui muito além, desisti, e coloquei a bandeja do meu lado, olhei
Damon balançando a cabeça olhando para mim, mas decidi ignorar.

— Você não consegue curar os humanos que você se alimenta?


Por que não curou o que você fez?

Ele sorriu.

— O que você acha que fiz desde o momento que você desmaiou
jorrando sangue pela boca e nariz?

— Você tentou me curar? — A minha voz era baixa.

— Tem um limite até para nós, em curar um ser humano, se eu não


tivesse tentado você já estaria morta há muito tempo.

O encarei com ódio.

— Você espera um agradecimento. – Balancei a cabeça revoltada.


— Não, melhor ainda, uma medalha por bravura? Até parece, não se
esqueça que foi você que quase me matou.

Vejo os seus olhos vermelhos como sangue em mim quando falou:

— Às vezes eu fico me imaginando apertando o seu pescoço


lentamente, eu adoraria ver a luz dos seus olhos se apagando devagar,
só de imaginar isso faz o meu dia ficar melhor.

Meu lábio inferior tremeu antes de respondê-lo.

— Pode acreditar, o sentimento é recíproco.


Ele saiu, e não vi o momento que ele chegou, mas diferente da
última vez, minha garganta não estava mais doendo, e o meu corpo
estava bem melhor, por um momento pensei se o Damon havia me
curado novamente.

Quando acordei novamente, consegui me levantar e finalmente


tomar um banho, ao olhar para o meu corpo nu, vejo vários hematomas
ao redor, manchas azuis e outras e outras em tons mais escuros pelo
meu corpo, tomei meu banho o mais rápido possível, peguei mais um dos
vestidos que eu era obrigada a usar, branco como sempre, e o vesti,
estava olhando novamente para a parede de vidro quando a porta se
abriu.

Vejo Damon entrando, ele me ignorou completamente e entrou na


biblioteca, ficando lá até muito tarde.

Estou terminando de comer o que me foi trago, quando ele saiu da


biblioteca, não estava mais com o blazer escuro, estava com a blusa
social preta, o que é um contraste interessante com o seu cabelo branco,
baixei o olhar me lembrando que seu pai e a sua irmã também tem essa
cor de cabelo, seu outro irmão eu não sei, afinal, eu nunca o vi
pessoalmente, com certeza é uma característica da sua família.

Me pergunto quantos anos ele tem.

— Quantos anos você tem? — Perguntei, afinal não tinha mais


nada para fazer.

Ele me observou.

— Pensei que continuaríamos a nos ignorar.

Dei um sorriso sem graça para ele.


— Eu não sei se reparou, mas não tenho ninguém para conversar
ou o que fazer neste quarto. Não me culpe pela minha curiosidade.

— Você sabe que está se recuperando, e tem uma biblioteca


repleta de livros a uns passos de você. — Ele me encarou. — Ou você é
mais burra do que imaginei, e não sabe ler?

Meu rosto ficou incrivelmente quente com o seu comentário, engoli


em seco morrendo de vergonha.

— Eu sei ler — minha voz era extremamente baixa, que por um


momento pensei que não era minha.

— Então não vejo motivo para que você não leia.

— Eu não sabia que tinha permissão. — Finalmente falei.

— Com permissão ou não, isso não te impediu de fazer muitas


coisas, ou se esqueceu o que fazia quando eu não estava aqui?

Às vezes eu me esquecia que ele sabe tudo da minha vida.

— Eu tenho mil anos.

O encarei abrindo e fechando a boca, eu tinha tantas perguntas,


mas sabia que ele não ia responder, com certeza.

— E em meus mil anos, nunca fiquei com tanta dor de cabeça


quando estou tendo agora que você está aqui.

Fechei a boca e não consegui responder de imediato. Respirei


fundo tomando coragem.

— Idiota!

Ele entrou no banheiro, mas antes de fechar a porta falou:


— Humana, burra e inútil!
Capítulo 09

Quando se passaram uma semana após tudo o que aconteceu, ele


finalmente me deu permissão para visitar as meninas, era dia de banho
de sol, quando sai daquele castelo e fui em direção a um jardim,
estávamos no outono, eu ainda estava com o vestido branco de algodão,
mas também com um grosso casaco de pele preto, botas mantinham os
meus pés quentes, olho para as torres que tinham ao redor do jardim,
vários guardas armados faziam a segurança do local, engoli em seco
andando em direção a uma fonte, ao chegar perto, vejo as meninas
sentadas e três homens também, ao me aproximar noto aquele garoto
que estava comigo, quando fui selecionada, se eu não me engano ele foi
dado a irmã do Damon, a quem eu vi só uma vez no banquete.

Vejo a Sarah sentada, quando eu a vi, tive uma grande vontade de


correr e a abraçar, na verdade, eu estava precisando mais do que nunca
de ser abraçada.

Ela olhou para o rapaz que estava de pé, e viu que ele estava
olhando para mim, ela também olhou, diferente do que tínhamos
combinado, Sarah se levantou e me abraçou com força, todas as outras
meninas também me abraçaram, meus olhos se encheram de lágrimas.
— Vitória, eu pensei que tínhamos te perdido, perguntamos a eles
onde você estava, mas ninguém nos disse nada.

Me separei dela, vejo os seus olhos fundos, o brilho que tinha neles
se foram, e naquele momento me lembrei das palavras do Damon,
quando me disse o que o seu pai iria fazer comigo se descobrisse sobre
o meu sangue, e de suas palavras, quando me disse o que ele estava
fazendo com a minha amiga, engoli em seco tentando me controlar.

— Eu estou ficando no quarto dele. — Abaixei a cabeça.

— Porque ele faria isso? Se eu não me engano ele nunca fez algo
do tipo.

As meninas concordaram com ela.

— Acho que assim é mais fácil para se alimentar, eu estava de


cama esses dias, por isso não apareci aqui.

Sarah segurou a minha mão com força, olhei para ela.

— O que ele fez com você?

Eu quis sorrir, minha amiga, mesmo em meio a monstros, me fez


uma pergunta dessas.

— Ele exagerou ao se alimentar.

Todas se calaram por um momento.

— Afinal, é isso que eles fazem, não é? Se alimentam de todos nós


como se fossemos animais, até o nosso último suspiro.

Eu não estava mais conseguindo ficar calada, o ódio era tão forte
dentro do meu peito, que meu único pensamento era vê-los queimando,
todos eles.

— Fica quieta, Vitória, eles vão ouvir. — Sarah falou segurando as


minhas mãos.

— O que mais eles podem fazer que já não fizessem?

Ouço uma voz forte do meu lado.

— Você ficaria surpresa se descobrisse.

Olhei para o rapaz de antes, ele tinha um olhar tão mortal, que por
um momento senti um arrepio passando pelo meu corpo.

— Desculpa, eu não me apresentei, o meu nome é Derek.

Olhei para ele por um momento, era como se estivesse em uma


bolha, balancei a cabeça surpresa comigo mesma.

— Vitória.

Ele deu um meio sorriso.

— Eu sei, suas amigas só falam de você.

Balancei a cabeça surpresa.

— Desculpa, mas o que eu ficaria surpresa se descobrisse?

— Você acha que se alimentar de nós, é a única coisa ruim que


eles podem fazer?

O encarei.

— Eu sei que não é a única coisa que eles podem fazer. – Afirmei.

Ele sorriu, o meu rosto ficou vermelho de ódio.


— Porque você está sorrindo?

— Você ainda não sabe, você ainda tem um certo brilho no olhar,
quando você perder esse brilho saberá o que eu estou dizendo.

O encarei sem paciência, brilho no olhar, sim, eu tinha um brilho no


olhar, porque a cada segundo dos dias que passavam eu só me
imaginava matando cada um deles, então sim, eu tinha um certo brilho,
mas era o brilho de viganca.

— Um desses monstros arrancou o coração da minha mãe na


minha frente, não se engane, esse brilho é de puro ódio, é saber que
terei a minha vingança no final.

Derek me encarou atentamente, mas não prestei mais atenção


nele, quando senti um aperto na minha mão, olhei para Sarah, que me
encarava.

— Você não tinha me dito que a sua mãe tinha morrido.

Meu coração doeu só de imaginar a minha mãe morta na minha


frente.

— Eu não estava pronta para lhe contar, me desculpa.

Minha amiga me abraçou novamente, como eu precisava daqueles


abraços.

— Eu sinto muito Vi.

Dei um pequeno sorriso quando ela me soltou.

— Está tudo bem.


As outras garotas ficaram conosco um pouco, mas depois
começaram a andar em pares pelo jardim, fiquei com a Sarah, eu
precisava conversar com ela.

Estávamos andando, vejo vários arbustos, as árvores tinham


poucas folhas, e a coloração marrom dominava o chão por onde
passávamos. Mas ainda tinha um sol, eu senti o calor me dominando.

— Eu estou tão feliz que você está viva.

Olhei para a minha amiga.

—- Eu também, pode acreditar — respirei fundo, tentando tomar


coragem para falar com ela. — Precisamos dar um jeito de fugir daqui.

No mesmo momento a Sarah parou, o seu rosto ficou branco como


um papel, ela olhou para todos os cantos em busca de alguma pessoa
que pudesse ter ouvido.

— Fala baixo. Alguém pode escutar.

— Me desculpa. — Falei baixo.

— Aqui é uma fortaleza Vi, como poderíamos fugir desse lugar?

Continuamos a andar, fingindo estar aproveitando o sol da manhã.

— Como eu tinha te dito antes, estou ficando no quarto do Damon,


lá ele tem uma enorme biblioteca, e também trabalha lá, como ele é o
príncipe, eu imaginei que poderia ter um mapa ou alguma coisa com ele
que possa nos ajudar.

Sarah ficou calada por um momento.

— Eu posso tentar achar alguma coisa no quarto do rei também.


Parei no mesmo momento, minhas mãos tremeram quando eu
segurei nas suas mãos.

— Me prometa Sarah, você não vai tentar fazer nada disso,


principalmente com o rei, ele é um demônio, se por um momento ele
descobrir que você está tentando fugir, ele vai te matar.

Minha amiga ficou parada me olhando.

— Todos eles são monstros Vi, eu não posso deixar você se


arriscar sozinha. Eu não sou tão fraca como você imagina.

Eu dei um pequeno sorriso para ela.

— Sim, eles são, mas agora eu durmo todos os dias com um, é
mais fácil para eu fazer isso.

— Eu prometo.

Um peso enorme saiu das minhas costas, e continuamos a andar.

— Você não pode contar para ninguém, infelizmente não sabemos


quem pode nos trair.

Sarah engoliu em seco concordando comigo.

Ao voltarmos para a fonte vejo as meninas indo em direção a


grande porta por onde entramos, me virei para a Sarah.

— Fique bem.

Ela sorriu.

— Você também.
Antes de entrar, eu sinto alguém me observando, quando me virei,
vejo Derek me encarando atentamente, me virei novamente olhando para
a frente, o ignorando.
Capítulo 10

Ao entrar no quarto do Damon, me surpreendo com a vampira que


me deu de presente para aquele demônio parada me encarando.

Fechei a porta e fui em sua direção.

— Você é uma coisinha de sorte mesmo, vivendo no mesmo quarto


que o príncipe, depois você tem que me contar os truques que está
fazendo para o manter entretido para que ele não a matasse ainda.

" Ainda" miserável!

A encarei com uma grande vontade de arrancar aquele sorriso


irônico do seu rosto. Eu não respondi.

— Bem… Tenho que te entregar isso.

Ela me entregou três comprimidos grandes. Olhei para eles em


minha mão e logo em seguida para ela, em uma pergunta clara.

— A sua menstruação, se eu não estiver errada, chegará amanhã,


tome esse remédio hoje, não queremos ver você escorrendo sangue
pelas pernas, não é mesmo? — Eu tinha esquecido que ela sabia tudo
sobre mim. Afinal eles sabiam tudo sobre os humanos que viviam aqui.

A encarei novamente.

— O que você quer dizer?

Ela sorriu me encarando.

— Todas as garotas tomam esses remédios quando estão perto de


menstruar, você vive com vampiros agora, achou mesmo que seria uma
boa ideia menstruar normalmente?

Abaixei a cabeça envergonhada. Antes éramos só impedidas de


sair quando estávamos naqueles dias, me lembro que eu ficava revoltada
por ficar presa naquele minúsculo apartamento.

— É só isso?

Ela me olhou com desdém.

— Sim, Vitória, só tomar, bem... você não vai se sentir bem por uns
dias, mas é melhor do que ser atacada nos corredores não é mesmo?

Não respondi, apenas encarei os remédios na minha mão.

— Agora tenho que ir, tome logo os remédios.

Ela saiu, me aproximei de uma mesa e peguei um copo de água,


estava terminando de colocar na boca, quando Damon apareceu, ele me
encarou terminar de engolir os remédios e ficou parado me olhando.

Engoli em seco.

— Para que esses remédios?


Eu não queria falar sobre esse assunto, principalmente para ele.

— A Luana me deu remédios para tomar.

Ele revirou os olhos sem paciência.

— Eu não te perguntei quem te deu os remédios, eu te perguntei


para que eles servem.

Ele retirou o blazer, e começou a dobrar a blusa social até o


antebraço, mas permaneceu me encarando.

Engoli em seco, o meu rosto começou a ficar incrivelmente quente.

— A minha menstruação...

Ele me encarou atentamente de cima a baixo.

— Isso! Entendi.

E se aproximou da cama se deitando, me sentei na poltrona e


ficamos em silêncio por um bom tempo.

Já era tarde quando finalmente fui para a cama, fazia questão de


ficar o mais longe possível dele, meus pensamentos, eram apenas fugir
daquele lugar, tinha que ter mais coisas fora desses muros, precisava ter
alguma coisa.
Acordei sentindo muito dor de cabeça, ao abrir os olhos, o quarto
começou a rodar, minha vontade era vomitar, mesmo tonta, consegui
entrar no banheiro e vomitar tudo que estava no meu estômago, quando
eu finalmente saio do banheiro, vejo Damon parado no meio do quarto
olhando para mim, o ignorei e fui me sentar na poltrona, da qual eu
sempre me sentava, coloquei as pernas em cima da poltrona e as
abracei, minha cabeça estava doendo muito, e meu estômago estava
horrível.

— Você não precisa tomar os remédios no próximo mês.

Olhei para ele que continuava parado olhando para mim. Quase
que sorri da sua afirmação.

— Estou no meio de vampiros, acho que não tenho escolha.

— No mês que vem você não precisa tomar, e só ficar quieta neste
quarto enquanto durar o seu ciclo.

Ficar sozinha no mesmo quarto que um vampiro estando


menstruada? Sem chance!

— Muito obrigada! Mas prefiro ficar com os remédios. — Respondi,


apertando ainda mais as minhas pernas.

Damon me encarava.

— Está com medo?

Levantei a cabeça, ao fazer isso, sinto uma forte dor, mas o encarei
mesmo assim.

— Lógico que estou com medo, você já quase me matou, eu


estando normal, imagina nesses dias, prefiro não arriscar, vamos
combinar não é mesmo? Você não consegue se controlar normalmente,
não vou lhe dar mais motivos para me matar.

Ele se aproximou ficando na minha frente.

— Você ficando na mesma cama que eu todas as noites, já é mais


do que um bom motivo para lhe matar.

Engoli em seco.

— A culpa é sua, posso voltar para o quarto das meninas.

Ele levantou uma sobrancelha me encarando.

— Não!

Abaixei a cabeça novamente.

— É claro que a sua resposta seria não.

Adormeci na poltrona, quando acordei, meu corpo estava doendo


ainda mais, olhei para a cama e o Damon não estava lá, suspirei aliviada
me levantando e indo me deitar, me envolvi com os lençóis e adormeci
lentamente.

Fiquei praticamente a semana toda deitada, reclamando das dores


que estava sentindo, mas hoje eu estava melhor, me levantei e aproveitei
que o Damon não estava no quarto, abri a porta da biblioteca e fui direto
até a escrivaninha, tentei memorizar onde cada coisa estava antes de
finalmente procurar por algo que poderia me ajudar. Vejo um telefone na
segunda gaveta, ao pegá-lo coloquei no ouvido, mas não tinha som
nenhum, eu sabia que eles usavam muitas das nossas tecnologias, mas
até que são inteligentes, afinal, não podemos usar, mas eles usam
normalmente, guardei o telefone no lugar, afinal, para quem eu ligaria.

Abri as outras gavetas e vejo vários papéis, comecei a ler vários


deles, era a quantidade de pessoas que tinham aqui, homens, mulheres,
crianças, a idade, endereço, tudo, depois os vampiros, a posição de cada
um, eram tantas folhas que não dava para ler, mas não achei nada de
plantas do castelo, da colônia, nada, nenhum mapa.

Suspirei frustrada, coloquei tudo no lugar, já tinha mais ou menos


uma hora que eu estava mexendo nas coisas, decidi parar e recomeçar
amanhã, afinal, eu não poderia ficar tanto tempo aqui.

Comecei a olhar os livros, eram tantos que acabei dando um


pequeno sorriso, estava pegando um para ler quando a porta se abriu,
meu coração acelerou quando eu vejo o Damon entrando, ele me
encarou, minhas mãos tremiam, segurei o livro rente ao corpo, ele se
aproximou ficando na minha frente.

— Eu só estava procurando um livro.

Ele olhou para o livro nas minhas mãos e logo em seguida para o
meu rosto.

— Eu preciso me alimentar.

Era como se uma pedra fosse jogada no meu estômago, dei um


passo para trás, olhei para a porta aberta que ele havia entrado. Já faz
quase quinze dias que ele não se alimentava de mim, eu sabia que era
porque eu não estava bem, acho que acabei me acostumando, mas eu
era ingênua demais mesmo. Por um miserável segundo pensei que ele
não faria isso novamente, mas como eu era idiota mesmo.

— Por favor! Eu não quero.

Ele me encarou, não conseguia ver nenhuma expressão diferente


no seu rosto.

— Você está aqui para isso, pensei que tinha entendido.

Damon levantou a mão segurando uma mecha do meu cabelo


entre os dedos, ele me encarava, minhas mãos tremiam tanto, meu olhar
foi em direção à porta aberta novamente.

Por puro impulso comecei a correr com todas as minhas forças em


direção à porta, estava a um passo de distância, quando sinto mãos
envolverem a minha cintura, eu gritei, quando ele me segurou com força,
sinto o seu corpo gelado em contato com o meu, sua boca a centímetros
do meu ouvido.

— Sabia que estou adorando o seu jeito impulsivo, faz com que eu
tenha mais vontade de te morder.

Lágrimas desciam pelo meu rosto, eu não queria sentir aquilo


novamente, eu não queria morrer.

Debati tentando me soltar dos seus braços, mas foi tudo em vão,
Damon me virou, segurando minhas mãos atrás das minhas costas, ele
se aproximou cheirando o meu cabelo como se fosse um animal sedento.

Tentei novamente me soltar, mas isso só fez com que o seu corpo
ficasse colado ainda mais no meu.
— Para de se debater, isso só vai fazer você se machucar mais.

Eu queria sorrir, até parece que esse demônio se preocupava se eu


fosse me machucar.

— Por favor…, por favor — eu implorei — eu não quero morrer.

Damon me encostou nas prateleiras dos livros, eu podia sentir sua


respiração no meu rosto. Algo passou pela minha cabeça, respiração, ele
podia respirar? Mas essas perguntas se perderam em meio ao medo que
eu estava sentindo.

— Eu nunca vou te matar, Vitória. — Ignorei o meu nome saindo da


sua boca, essa era a segunda vez que ele pronunciava. — Você é
valiosa demais para mim.

Sinto sua boca no meu pescoço, sua mão na minha cintura, seu
corpo estava colado no meu, eu queria sumir, eu não queria passar por
aquilo novamente.

Sua mão saiu da minha cintura, e foi para o meu pescoço, ele
acariciava o lugar devagar.

— Não era para ser assim, era para ser algo prazeroso para você,
acho que tem a ver com o seu sangue, era para ter somente prazer, nada
de dor.

Eu não estava conseguindo raciocinar direito, por que ele estava


falando isso para mim?

Damon abaixou a alça do meu vestido, o que estava acontecendo?


Me fiz essa pergunta quando ele aproximou a sua boca e beijou o meu
ombro devagar.
Meu coração martelava no peito, eu tinha certeza de que ele podia
ouvir. Eu não queria isso.

— Por favor! — Minha voz era tão baixa, mas tão baixa.

Ele olhou para o meu rosto, vejo um brilho diferente no seu olhar,
lágrimas silenciosas desciam pelo meu rosto.

— Me desculpa.

Sua voz era baixa, quase um sussurro em meu ouvido. Senti sua
respiração quente contra minha pele, arrepiando-me dos pés à cabeça.

— Me solte! — gritava, enquanto tentava me libertar de seu aperto.

Ele riu suavemente, apertando ainda mais minhas mãos atrás das
costas.

— Você é tão corajosa, mesmo sabendo que está diante de um


vampiro, continua lutando.

Sua língua passou pelo meu pescoço, como se estivesse


saboreando-me antes de atacar.

— Mas é isso que faz você ser tão interessante.

Senti seus dentes encostando na minha pele, e naquele momento


soube que não havia como escapar. Seria mordida.
Ainda estava tentando processar suas palavras, quando ele
mordeu com força o meu pescoço. Eu gritei o máximo que conseguia, eu
não queria morrer.

Mas tudo acabou em apenas uns minutos, meu corpo estava tão
mole, Damon olhou para mim, eu vejo os seus lábios sujos de sangue, o
meu sangue! E tudo ficou escuro, e sucumbi à mais pura escuridão.
Capítulo 11

Senti um cheiro diferente ao abrir os meus olhos, vejo o quarto


escuro, tentei me sentar, mas acabei me deitando novamente. Ouço uma
voz do meu lado.

— É melhor você ficar deitada um pouco.

Eu não precisava me virar para saber que era o Damon, fiquei do


mesmo jeito, tudo que aconteceu veio até mim como uma enxurrada de
informações, a biblioteca, ele falando mais do que o normal, e por mais
que eu tentasse esquecer o seu pedido de desculpas, não… eu não
queria pensar nisso, era demais até para mim.

— Acho que você entrou em pânico, por isso desmaiou.

Eu tentei ficar quieta, tentei não responder, mas era impossível,


minha paciência já estava nas últimas. Me virei em sua direção, o encarei
com uma grande vontade de matá-lo.

— Acho que tenho motivos suficientes para ter medo e entrar em


pânico todas as vezes que você está próximo de mim.

Ele sorriu.
— Eu sou um vampiro Vitória, sou isso que você está vendo, eu me
alimento de sangue para sobreviver, ou você acha que está em um conto
de fadas em que tudo vai mudar em um passe de mágica — Ele
continuou sorrindo ao se aproximar do meu rosto. Damon passou as
pontas dos seus dedos frios no meu pescoço. — Você acha que tudo vai
mudar só porque eu não quero te matar? — Ele sorriu novamente. —
Essa não é uma história de conto de fadas, essa é a história de como a
escuridão pode acabar com qualquer pessoa, não se iluda achando que
será diferente de uma história de terror.

Minha respiração era pesada.

— Eu nunca achei que isso seria um conto de fadas, você é um


demônio, o meu único pensamento é poder matá-lo. Demônios só
existem em histórias de terror, nada mais.

Ele sorriu novamente, mas dessa vez a centímetros do meu rosto,


meu coração acelerou com ele tão próximo de mim.

— Nunca se esqueça disso.

O seu olhar se encontrou com o meu.

— Eu nunca esquecerei, pode ter certeza disso.

Ele sorriu novamente se aproximando do meu cabelo e o


cheirando, por um momento fiquei parada, como uma estátua com ele
tão próximo, sua boca foi em direção ao meu pescoço, ficando lá por um
momento, sinto o seu hálito quente na minha pele.

— Você não faz ideia de como o seu cheiro está me deixando


louco, a cada dia ele está mais impregnado em mim, acho que no final,
não foi uma boa ideia ter você neste quarto.
Engoli em seco.

— Então me deixe ir.

Sua boca estava a centímetros do meu pescoço, e mesmo


tentando me controlar, meu corpo se arrepiou todo, com ele tão próximo.

— Isso é impossível, eu não conseguiria ficar muito tempo longe de


você, longe do seu cheiro, e principalmente, do seu sangue.

Ele se aproximou do meu pescoço, sinto sua boca em contato com


a minha pele sensível. Fechei minha mão em punho, com medo dele me
morder novamente, mas ele não mordeu, Damon beijou devagar o meu
pescoço, e meu corpo ficou completamente petrificado, eu não estava
conseguindo raciocinar direito, por que ele me beijou?

— Você é minha, somente minha.

Damon me encarou a centímetros dos meus lábios, os seus olhos


tinham um brilho diferente.

— Eu não sou sua, eu não sou de ninguém. — Afirmei o


encarando.

Ele sorriu.

— Você é minha Vitória, já deveria saber disso.

Seus lábios estavam tão próximos dos meus, que qualquer


movimento seria o bastante para que ele me beijasse, meus olhos se
encheram de lágrimas, eu não queria que ele me beijasse.

Virei o meu rosto não conseguindo encará-lo.

Ouço o seu sorriso.


— Acho melhor você ir dormir, amanhã você terá que aparecer para
o jantar.

Damon saiu de cima de mim. Me virei o encarando.

— Jantar? — Levantei uma sobrancelha olhando para ele.

— Sim, um jantar, eu não vou conseguir te manter neste quarto por


mais tempo, eles precisam te ver.

Ainda olhava para ele com a sobrancelha levantada.

— Você só apareceu uma vez até agora, acha mesmo que não
estão achando estranho.

— As outras meninas estarão lá? — Perguntei curiosa, Damon


continuava me encarando atentamente, engoli em seco ao perceber que
ele estava olhando para os meus lábios, eu estava completamente sem
graça.

— Algumas, mas provavelmente a sua amiga estará lá. Se essa é a


sua pergunta.

Foi a vez dele levantar uma sobrancelha olhando para mim. Abaixei
o olhar.

— Eu não me importo que você conheça aquela garota, mas te


aconselho a ficar somente entre nós dois, afinal, nenhum vampiro ficaria
tranquilo tendo conhecidos morando na mesma casa.

Levantei o olhar.

— Por que você não se importa?


Ele sorriu andando, e se aproximando da parede de vidro. Eu o
acompanhei com o olhar.

— Eu não tenho motivos para ter medo, você é minha, até acho
bonitinho você ter um bichinho como a sua amiga para brincar de vez em
quando.

Ele sorriu, e logo em seguida olhou novamente para a parede,


apertei a minha mão em punho com uma grande vontade de matá-lo bem
no lugar que ele estava, adoraria ver o seu maldito sangue escorrendo
pela parede de vidro, me virei para o outro lado, não suportando mais vê-
lo, me cobri ficando quieta.

Adormeci com um pequeno sorriso, afinal, eu veria minha amiga


amanhã.
Capítulo 12

No outro dia estava tranquilo, fiquei boa parte do dia na biblioteca


pesquisando alguma coisa que seria útil, mas não encontrei, olhei vários
livros e nada. Quando deu dez da noite, eu estava sentada com um livro
na mão, quando Damon apareceu com uma caixa grande, branca, nas
mãos, o encarei entrando até estar de frente para mim.

Me levantei pegando a caixa.

— Eu quero que use isso hoje.

Estava desconfiada, mas abrir, ao olhar o que tinha dentro, um


vestido curto de seda vermelha, o vestido mais parecia uma camisola,
dentro também tinha um par de saltos alto, olhei para ele.

— Eu não vou vestir isso.

Damon sorriu, retirando o blazer e jogando na poltrona, olhou para


mim de cima a baixo.

— Eu não me lembro de ter pedido a sua opinião.

— Isso não pode ser chamado de vestido.


Ele se aproximou me encarando.

— Você pode chamar do que quiser, eu não estou me preocupando


com isso, mas que você vai vestir esse vestido, isso eu não tenho
dúvidas. Afinal, quem manda aqui sou eu, e não você.

Vejo um brilho de ódio nos seus olhos, engoli em seco calando a


boca.

Ele se aproximou de mim, segurou o meu rosto, o levantando para


observá-lo.

— Assim está melhor, calada e submissa, como deve ser, não se


esqueça do seu lugar vitória você é a humana mais importante para mim,
mas nunca se esqueça, você é apenas uma humana, frágil e burra, não
se esqueça disso.

Ele me encarou e logo em seguida entrou na biblioteca, meu


coração martelava no peito, segurei naquele pedaço de pano com ódio.
Fechei os meus olhos com força, tentando me controlar, porque o meu
único pensamento era vê-lo queimar.

Entrei no banheiro, respirei fundo, pelo menos ia ver minha amiga,


tirei o vestido de algodão branco que ainda estava usando, segurei
aquele pedaço de seda nas mãos novamente e tomando coragem de
vestir, o vestido era extremamente curto, as costas nuas, meu coração
martelava no peito em um ritmo anormal, nunca me senti tão
desconfortável como agora, o fato de não estar usando roupa íntima,
fazia tudo ficar pior, me sentia exposta, como um pedaço de carne e
nada mais.

Meus cabelos iam até a cintura, segurei aqueles saltos me


perguntando se conseguiria me manter de pé com eles, mas duvidava
muito, pelo amor de Deus! O que ele pensava, eu nunca usei isso, vou
cair de cara no chão, com toda a certeza. Engoli em seco os colocando,
sai do quarto cambaleando para o lado, eu iria cair de cara no chão, isso
era uma certeza.

Ao sair do banheiro, ainda me escorando na parede, vejo Damon


parado, olhando atentamente para mim, ele me encarou de cima a baixo.

O encarei com ódio.

— Eu não vou conseguir me equilibrar nestes saltos.

Sua expressão não mudou quando encarou os meus pés, e foi


subindo até às minhas coxas expostas, meu corpo todo ficou arrepiado
com o seu olhar.

— Isso não é problema meu, não é mesmo?

As minhas mãos tremiam de tanto ódio, eu podia sentir os


batimentos do meu coração martelando nos ouvidos, sinto uma pressão
na cabeça, e o quarto começou a tremer ao meu redor.

Meu braço começou a doer bastante, eu abri os olhos; o vejo do


meu lado, apertando com força o meu braço, as veias saltavam da sua
pele, seu olhar era mortal ao me encarar.

— Se controle, é a última vez que eu vou te falar isso, se alguém


por mais insignificante que seja desconfiar que esses tremores são
causados por você, em menos de um segundo você verá o seu coração
com os seus próprios olhos, e eu não vou conseguir fazer absolutamente
nada em relação a isso — o seu aperto no meu braço intensificou, fechei
os olhos, e me curvei diante dele, sentindo a dor queimando no meu
braço. — Não me faça repetir isso, estamos entendidos?
Ainda conseguia ouvir o meu coração martelando nos ouvidos ao
encará-lo, respirei fundo tentando me controlar, o tremor parou, balancei
a cabeça concordando com ele, o seu aperto no meu braço sumiu, mas
ainda estava doendo, quando olhei para o braço, vejo perfeitamente as
marcas dos seus dedos já ficando roxas.

— Ótimo! Assim está melhor. — Ele olhou novamente para os


meus pés. — Se você não consegue andar com isso, apenas os tire,
para mim não faz diferença, mas terá que ir descalça.

Retirei aqueles malditos saltos, colocando-os do lado, ele segurou


o meu braço e saímos, era a primeira vez que eu saia com ele,
passamos pelo corredor, baixei a cabeça derrotada, meus cabelos foram
para a frente, passamos por muitas portas, até pararmos em frente a
uma porta de madeira escura, ao olhar para ele, o vejo completamente
concentrado, como se ninguém fosse digno de vê-lo, em uma arrogância
palpável.

As portas se abriram, um som suave invadiu os meus ouvidos, vejo


uma mesa grande de madeira no meio, uma grande parede de vidro que
dava para ver a cidade, parecida com a do quarto dele, os meus pés
estavam tremendo tamanho o meu nervosismo, uns sofás na esquerda, e
um lustre enorme de cristal no meio da sala, um cheiro forte veio ao meu
nariz, ele retirou a mão do meu braço e a colocou no final das minhas
costas.

Levei um susto ao sentir a sua pele fria em contato com a minha


pele.

Andamos até estarmos de frente a um homem mais velho, ele


olhou para o Damon, mas sua atenção foi para mim, encarou sem decoro
nenhum o meu corpo, ele sorriu ao olhar para Damon novamente.
— Boa noite, Damon.

— Boa noite, Ostrofe.

O senhor me encarou, apertei uma mão em punho com ódio.

— Vejo que você está com uma bela humana. — Ele segurou em
uma mecha do meu cabelo e a observou. — Não é todos os dias que se
vê uma delícia como essa.

Damon tirou a mecha do meu cabelo das mãos nojentas daquele


homem, e o encarou.

— Sim, ela é, mas não se esqueça que não compartilho o que é


meu.

A sua voz era uma ameaça velada, e aquele homem entendeu, eu


o vejo engolindo em seco, e baixando o olhar ao sair da nossa frente.

Olhei para a sala procurando pela Sarah, mas não estava achando,
vejo quatro das meninas, mas nada dela, olhei para a porta atrás de mim
e nada, apertei os meus dentes com força ao sentir a mão do Damon
apertando o meu braço, me fazendo olhar para ele.

— Procurando alguma coisa? — Não respondi e ele continuou. —


Se comporte Vitória, eu não gostaria de te castigar essa noite. — Vejo um
pequeno sorriso nos seus lábios e mostrando que ele adoraria fazer isso.

Olhei novamente para os meus pés, ao levantar o olhar vejo um


sofá no canto e sentado nele a irmã do Damon nos encarando
atentamente, ao seu lado vejo Derek, somente com uma calça preta, sem
camisa nenhuma, ele era forte, quando os nossos olhares se
encontraram, vejo um brilho diferente.
Damon vai em sua direção, engoli em seco quando ele se sentou
em frente a sua irmã e me puxou para me sentar no seu colo, o meu
rosto ficou completamente vermelho de vergonha, os olhos da irmã dele
parecia que ia perfurar a minha pele a qualquer momento.

— Se divertindo irmãzinha?

Ouço a voz do Damon no meu ouvido, a sua mão firmemente na


minha cintura, os seus dedos fazendo círculos na minha pele.

— Só um pouco. — Ela sorriu, passando a mão com as unhas


enormes pelo peito do Derek, que fechou os olhos ao sentir as unhas
dela em contato com a pele, fazendo um pequeno rastro de sangue, os
nossos olhos se encontraram novamente, baixei o olhar não conseguindo
mais ver aquilo.

— O seu bichinho parece assustado, deveria ensinar algumas


coisas para ela.

Damon apertou com força a minha cintura, mas o seu aperto ainda
me fez permanecer no lugar, olhei para a sua irmã que continuava a me
encarar.

— Eu não preciso que ninguém me ensine a cuidar do que é meu.


— Ouço o seu sorriso do meu lado. — Em todos esses anos, pensei que
teria percebido isso.

Foi a vez da sua irmã sorrir.

— Eu sei disso, mas eu acho que faria um bom trabalho se você


deixasse ela comigo só por uma semana.

O meu coração estava acelerado, vejo medo nos olhos do Derek,


só de me encarar novamente.
— Não está satisfeita com o seu?

— Olhe para ele. — Ela sorriu novamente. — É claro que estou


satisfeita.

Ela sorriu novamente ao encostar a boca no pescoço do Derek.


Damon se levantou me fazendo acompanhá-lo, antes que eu visse a sua
irmã se alimentando.

Ele conversa com várias pessoas, mas nada da minha amiga


chegar.

Ouço uma movimentação, e vejo o rei entrando, meu coração se


encheu de esperanças. Mas elas morreram quando não vejo a Sarah
com ele.

Meu braço se apertou novamente, olhei para o Damon e ele me


encarou, em uma ameaça silenciosa.

Então abaixei a cabeça novamente, incapaz de encará-lo de novo,


meu coração acelerou, a mão do Damon apertou a minha cintura com
força, ao levantar a cabeça vejo que o rei se aproximou de nós, sinto o
Damon ficando rígido ao meu lado, não posso julgar, porque meu
coração acelerou um pouco mais a cada passo que o rei dava em nossa
direção.

— Damon, decidiu deixá-la sair um pouco? — O rei perguntou com


um leve sorriso nos lábios.

Minhas mãos estavam suando mais e mais, a mão dele


pressionava a minha cintura. Engoli em seco o encarando, o cabelo do
rei era branco como o do filho, mas bem mais curto, ele tinha um ar de
arrogância.
— É bom deixar os animais saírem um pouco.

A minha garganta ficou seca com o seu comentário, respirei


profundamente tentando me controlar.

— Pelo menos parece que essa é forte, afinal, já tem quase um


mês que você a tem, e olha só, continua viva. — O rei sorriu me
encarando atentamente, e Damon o acompanhou.

— Ela é bastante forte.


Capítulo 13

As minhas pernas pareciam gelatinas, se não fosse a sua mão na


minha cintura eu já teria caído aos pés do rei.

— Diferente da minha, como pode ver, às vezes eu odeio os


humanos, qualquer coisa e eles se machucam, sinceramente, uns
imprestáveis. Agora preciso ir, se divirtam, você está precisando, após
capturar aqueles rebeldes.

Os meus ouvidos estão zunindo, ouço uma voz do meu lado, mas
não consigo entender, a Sarah está machucada, eu precisava saber se
ela estava bem, mas como? Como descobrir isso.

Sou levada para perto de uma parente. Pressionada contra o seu


corpo, Damon me encarava a centímetros do meu rosto.

— Eu avisei para se controlar.

— Eu estou bem.

A minha voz estava baixa, ele permaneceu me pressionando contra


a parede, ouço risadas, mas não deu para ver quem estava sorrindo.
— Podemos sair agora! — Afirmei para que ele me soltasse, o meu
coração estava martelando um pouco.

— Não podemos sair agora.

Levantei uma sobrancelha olhando para ele.

— Por quê? — Perguntei o encarando.

Ele se aproximando do meu pescoço, sinto os seus lábios beijando


devagar, tentei me afastar, mas ele não se moveu um centímetro sequer.

— O que você está fazendo?

— Apenas brincando um pouco com o meu brinquedinho. —


Respirar estava tornando-se impossível, meu coração martelava na
minha caixa torácica.

— Para com isso!

— Por que eu faria isso?

Engoli em seco.

— Você não pode me morder, eles saberão que tem algo de errado
comigo.

Ele sorriu.

— Relaxa Vitória, eu sei muito bem disso, mas podemos brincar


sem que eu tenha que sentir o seu delicioso sangue na minha boca.

— Por favor!

Ele parou o que estava fazendo, e me encarou com um pequeno


sorriso.
— Com você pedindo com tanta gentileza eu até posso te ouvir.

Ele encarou os meus lábios novamente, por mais tempo que o


normal, segurou a minha cintura.

— Vamos!

Andamos até pararmos em uma mesa repleta de coisas deliciosas.

O rei se sentou e logo em seguida o restante dos vampiros,


permaneço atrás da sua cadeira, tinha mais umas cinco garotas, e o
Derek, que estava atrás da cadeira da irmã do Damon, o vejo me
encarando, abaixei o olhar com vergonha.

Ouço a voz do rei:

— Estamos aqui para comemorar a vitória do meu filho no campo


de batalha. — Levantei uma sobrancelha surpresa, eu não sabia que o
Damon esteve em um campo de batalha, mas quem eu quero enganar,
eu não conheço nada dele. — Então bebam e se divirtam com esses
humanos como bem-quiserem, é um presente para todos que o ajudaram
a pegar aqueles malditos da resistência.

Resistência? No mesmo momento me lembrei da minha mãe, ela


fazia parte da resistência, me lembrei da felicidade do Damon ao me
contar. Ouço uma movimentação, e vejo umas dez garotas, todas com
um mesmo vestido branco que eu uso, entrando.

— Espero que vocês se divirtam, eu fiz questão de pegar as


melhores. — O rei sorriu bebendo do seu vinho.

Cada garota ficou parada perto de uma parede, vejo os olhares de


cobiça dos demônios na mesa.
— Mas infelizmente não poderei ficar por mais tempo, tenho algo
para fazer. Mas podem se sentir à vontade, tenho certeza de que os
meus filhos os tratarão com o respeito que merecem.

O rei saiu, minhas mãos tremiam ao redor do meu corpo, as


garotas olhavam para baixo, eu queria sair dali, não suportaria ficar por
mais tempo nesta sala.

Foram servidos champanhe e várias outras bebidas.

Ouço risadas, até que o velho nojento que me encarou logo depois
que entrei, se levantou segurando a mão de uma garota de cabelos
pretos. Ele voltou para a mesa e a fez sentar no seu colo, vejo a mão da
garota tremendo, mas com um pequeno sorriso de nervoso nos lábios.

A mão nojenta dele é passada pelas pernas dela sem cerimônia,


engoli a bile que veio até a minha garganta, eu estava com uma grande
vontade de vomitar ao vê-lo acariciando-a, quando a mão dele foi em
direção ao meio das suas pernas, eu abaixei a cabeça não suportando
olhar para aquela cena deplorável.

A irmã do Damon saiu da mesa, segurando a mão do Derek que a


seguiu pacientemente. As cenas que se seguiram, estavam fora de
controle, vejo dois vampiros no sofá com uma garota morena, enquanto
um se alimentava do seu pescoço, outro estava em baixo dela, eles
estavam fazendo sexo bem ali, na frente de todos, eu queria sair dali,
olhei para a porta de madeira por onde entramos pensando em correr em
sua direção, o barulho da música alta se misturava com os sons pelo
salão.

Uma moça que provavelmente tinha uns dezoito anos, assim como
eu, estava de joelhos em frente a cadeira de um vampiro, fazendo...
Fechei os olhos novamente, não conseguindo nem pensar no que ela
estava fazendo, o vampiro apenas estava com a cabeça jogada para
trás, delirando em seu prazer doentio.

As minhas mãos estavam tremendo, eu não estava mais


conseguindo ficar em pé, em um único movimento o Damon me fez
sentar no seu colo, olhei para o seu rosto a centímetros dos meus, meu
coração estava doendo, os meus olhos cheios de lágrimas ao olhar para
ele.

O vejo me encarando, abaixei a cabeça ficando a centímetros do


seu peito, respirei profundamente tentando me controlar, Damon era tão
alto, que sentada assim, nas suas pernas, a minha cabeça batia no seu
peito, me impedindo de ver o que estava acontecendo ao meu redor.

Por um momento eu agradeci por não estar vendo o que acontecia


aqui.

Ouço a sua voz no meu ouvido.

— Se controle, estamos indo embora.

A sua mão estava na minha cintura pressionando a pele como se


ele dissesse que estava ali. E por um momento eu agradeci, era como se
ele quisesse que eu prestasse atenção somente nele e nada mais.

As minhas mãos aos poucos foram parando de tremer, as minhas


pernas não pareciam mais gelatinas, e principalmente, o meu coração
estava mais calmo, eu nunca tinha percebido que o cheiro que o Damon
tinha, era uma mistura de flores, algo que não combinava com ele.

Ele se levantou, me levando com ele, olhei para baixo até estarmos
no corredor, ainda dava para ouvir o som alto do salão, respirei com mais
calma sabendo que não estava mais naquele lugar, mas com o coração
doendo em saber que aquelas garotas ainda permaneciam lá.
Damon segurava a minha cintura com força, passamos pelos
corredores até chegarmos ao seu quarto, eu nunca me senti tão bem
quanto agora, ao entrar no seu quarto.

Vejo Damon retirando o blazer, desabotoou os três primeiros botões


da sua blusa preta, seu olhar estava perdido, era como se estivesse
pensando em alguma coisa.

Os seus olhos caíram sobre mim e uma chama se acendeu.

Ele se aproximou me prendendo contra a parede, o encarei.

— Você precisa se controlar, principalmente em um salão repleto


de vampiros.

— Como você quer que eu me controle, com eles usando aquelas


garotas daquele jeito.

— Sim, Vitória, Eles estavam comendo aquelas garotas, e daí?


Você dá um ataque só; por isso, é ridículo.

— Eles estavam violentando aquelas garotas, seu animal! Onde


isso é normal?

O meu peito subia e descia rapidamente.

— Você acha que aquilo é violência? Você não viu nem um


porcento do que eu já vi, te garanto que não é nada comparado com
crianças de seis anos sendo violentadas e esquartejadas bem na frente
dos seus olhos.

O meu coração perdeu uma batida ao encará-lo.

— Então quando você estiver em um salão repleto de vampiros


novamente, se controle.
A minha respiração estava entalada na minha garganta, lágrimas
desciam pelo meu rosto. Ele me encarava.

— Para de chorar, porra!

— Só porque você já viu tanta crueldade, não quer dizer que aquilo
que está acontecendo naquele salão seja normal, Damon.

Sua expressão se fechou.

— Em momento nenhum te falei que era normal.

O meu lábio inferior tremia.

Ele passou a mão pelo cabelo impaciente e me soltou.

— Vá dormir.

Eu não respondi, apenas me deitei na cama, não me importei que


ainda estava com aquele maldito vestido.

Eu estava tão cansada que acabei dormindo rapidamente.

Ouço um barulho do meu lado e me virei para ver o que era, vejo o
Damon se deitando, sua pele brilhava, a luz que vinha do abajur, ele me
encarou por um momento.

— Vá dormir.

Eu não respondi, apenas fiquei o encarando, aos poucos, meu


olhar foi em direção ao seu peito nu, engoli em seco ao abaixar o olhar
quando eu senti as minhas bochechas se esquentando.

Em um movimento rápido ele estava em cima de mim, as minhas


mãos tremiam, minha respiração em seu rosto, olho seu cabelo jogado
para frente, estava molhado, ou seja, ele tinha acabado de tomar banho.
O encarei.

— Me responda Vitória, você é tão inocente quanto o seu rosto


demonstra?

Eu não respondi, o encarei incapaz de responder.

Seu corpo se aproximou ainda mais do meu, meus olhos se


arregalaram quando eu senti o seu joelho jogando a minha perna para o
lado, e ele colocando a sua perna bem no meio das minhas.

Tentei empurrá-lo de cima de mim, mas isso não fez ele se mover
um centímetro sequer.

— Saí de cima de mim.

Ele sorriu ao aproximar a sua coxa do meu centro, o encarei não


acreditando no que estava acontecendo.

— Irei sair se você me responder.

Eu gritei.

— Sair agora.

Ele não respondeu, apenas me encarou.

Eu não ia conseguir sair do seu aperto, engolindo o meu orgulho o


encarei morrendo de vergonha.

— O que você quer saber?

Ele sorriu.

— Você é virgem?
O meu coração martelava no peito, eu não conseguia responder,
minhas pernas tremeram quando ele pressionou a sua coxa novamente.

— Não vai me responder?

Engoli em seco ao abrir a boca. O meu rosto queimando de


vergonha.

— Sim, eu sou.

Ele sorriu novamente e saiu de cima de mim. Mas que depressa me


virei para o lado oposto, sentindo as minhas bochechas queimando.

Fiquei parada sem mover um músculo sequer, até ouvir a sua voz
novamente.

— Vou fingir que a minha calça não está molhada, bem no lugar em
que pressionei a sua boceta. — Eu fiquei calada, incapaz de responder.
— Durma bem, Vitória.

O meu nome foi arrastado em sua língua, fechei os olhos com força
tentando não pensar na pressão que estava abaixo da minha barriga.
Capítulo 14

Quando eu acordei ele não estava no quarto, quando me levantei,


vi uma bandeja com o meu café da manhã, respirei fundo ao me
aproximar da mesa e me sentar na cadeira, um papel do lado do meu
suco de laranja me chamou atenção, o peguei, ao abrir vejo uma letra
perfeita no papel.

" Você tem permissão de sair um pouco para ir ao jardim, eu sei


que deve estar louca para encontrar a sua amiga, ficarei fora por uma
semana, então aproveite. Eu espero que você tenha tido uma ótima noite
de sono, porque eu tive. Até logo!"

Fiquei por mais tempo do que devia com aquele pedaço de papel
nas mãos, minhas mãos tremiam só de lembrar de ontem a noite, sinto
minhas bochechas ficarem ardendo no mesmo momento, fechei os olhos
balançando a cabeça tentando espantar os meus pensamentos.

Fiquei por mais tempo do que devia aproveitando o café da manhã,


mas meus pensamentos estavam longe, imagens do que aconteceu
naquele maldito salão não parava de passar pela minha cabeça, me
levantei e tomei um banho, precisava encontrar Sarah, eu precisava
saber se ela estava bem.

Vesti o mesmo vestido branco, e coloquei o casaco pesado preto e


as botas.

Ao sair do quarto me senti estranha, vi pessoas arrumando as


salas, mas elas não olham para mim em momento nenhum,
permanecendo com a cabeça baixa, andei mais um pouco até chegar na
porta que dava para o jardim, um guarda me encarou por um momento
segurando sua arma rente ao peito, mas me deixou passar, ao sair vejo o
jardim, o céu estava mais claro do que pensei, um vento gelado balançou
os meus cabelos. O sol estava mais forte do que a última vez.

Olhei para a fonte na esperança de encontrar Sarah, mas não a


vejo, me aproximei das outras meninas, quando elas me viram, sorriram
se aproximando.

— Vitória, que bom que você está aqui.

Sorri para a que correspondeu.

— Você sabe onde está a Sarah?

A vejo engolir em seco ao me encarar, agora sei que algo


aconteceu, peguei na sua mão.

— O que aconteceu?

— Eu não sei o que aconteceu, só sei que ela irritou o rei, ela está
na enfermaria.

— Como você soube disso? — Perguntei sentindo meu coração


acelerar ainda mais.
Os olhos dela estavam opacos quando me encarou novamente.

— A Luana nos contou hoje de manhã, e aproveitou para dar seu


show, avisando que nenhuma de nós éramos especiais, nem a escrava
do rei, a escrava do príncipe — disse me encarando — ninguém.

— Entendi. — Era um aviso para todas nós. — Ninguém a viu


então?

— A Lu viu, e disse que ela está melhor.

Um alívio momentâneo se instalou no meu peito, como se uma


pedra tivesse sido tirada de cima de mim.

— Você acha que ela virá amanhã?

— Eu não sei, teremos que ver.

— Entendi — sorri para ela — obrigada!

Ela sorriu correspondendo.

— Não por isso.

Me sentei na beirada da fonte observando a água cristalina, as


meninas começaram uma caminhada uma junto da outra.

Estava perdida em meus pensamentos quando ouço passos,


levantei o olhar e vejo Derek na minha frente me observando, ele estava
bem mais pálido do que o normal.

— Podemos andar juntos, preciso conversar com você.

Por um momento, me perguntei o que ele poderia querer conversar


comigo, então. Apenas balancei a cabeça, curiosa para saber, e
começamos a andar um do lado do outro.
— Eu fiquei sabendo da sua amiga.

Engoli em seco antes de responder.

— Ela não é a minha amiga. — Mentira, mas precisava, ninguém


poderia saber que éramos amigas.

Derek me encarou por um momento, vejo um pequeno sorriso no


canto dos seus lábios.

— Se vocês não são amigas, por qual motivo ela me procurou


querendo fugir.

Meus pés pararam no mesmo momento que essas palavras saíram


por sua boca, olhei para todos os cantos procurando por alguém que
pudesse estar nos ouvindo, meus olhos caíram sobre ele novamente, o
meu coração acelerado.

— O que você falou?

A minha voz sai baixa, com medo que alguém pudesse ouvir.

— Vamos Vitória, não se faça de burra, porque sabemos muito bem


que você não é.

Olhei para ele mais uma vez, e continuamos a caminhada.

— Sarah veio até mim na semana passada me pedindo ajuda,


porque nas palavras dela, você ia acabar morrendo ao ser pega
vasculhamos as coisas do príncipe.

Eu não estava acreditando, porque ela foi contar o nosso plano


para ele.

— Ela só queria te ajudar, por isso me contou.


O encarei.

— Ajudar? No que você quer ajudar?

Ele sorriu.

— Eu já estava planejando fugir, só estava esperando o melhor


momento, mais duas pessoas não vão fazer diferença.

O meu peito subia e descia rapidamente.

— E como você planeja fazer isso? — Perguntei curiosa.

— Vamos dizer que vou ter ajuda. Não vamos só sair deste castelo,
mas também da cidade. — Ele afirmou.

Os meus olhos não piscavam ao encará-lo.

— Quem vai querer te ajudar?

Ele me observou.

— Um amigo.

— E você está disposto a nos ajudar? — Questionei, afinal, era


meio difícil acreditar que ele ia nos ajudar.

— Não vamos durar muito tempo, sua amiga com o rei psicopata,
eu com a princesa narcisista, e você com aquele príncipe que te olha
como um pedaço de carne. — Ele afirmou, me encarando de cima a
baixo, engoli em seco antes de responder.

— Todos eles nos olham assim.

Os seus olhos não saíram do meu rosto ao falar.


— Não como o príncipe te olha.

Engoli em seco novamente ao abaixar o olhar.

— Virei toda essa semana aqui, se você quiser saber os detalhes


do plano, te aconselho a vir também. — Abri a boca para perguntar
porque ele tinha certeza de que eu viria, mas ele prosseguiu… — Eu sei
que o príncipe está fora.

Então me calei, estávamos chegando na fonte quando ele


apressou o passo e andou até a porta, ninguém percebeu, mas eu vi
quando o guarda lhe entregou um pequeno papel amassado, olhei para
os lados para ver se mais alguém tinha percebido, mas fui somente eu, a
cena foi rápida, será que o amigo que ele falou é esse guarda?
Capítulo 15

Fiquei andando de um lado para o outro, eu não conseguia ficar


parada em um só lugar, os meus pensamentos estavam longe demais
para que eu ficasse quieta, Derek queria nos ajudar.

Primeiro ponto. Não, o meu primeiro ponto era perguntar a Sarah


porque ela confiava nele, mas uma coisa era certa, não íamos durar
muito tempo aqui, me lembrei do que estava acontecendo naquele salão,
o meu estômago se embrulhou de nojo no mesmo momento, respirei
fundo tentando me controlar, eu não consegui achar nada na biblioteca
que pudesse me ajudar, mas olhando por esse lado, Damon nunca ia
deixar nada de mais lá, principalmente eu tendo acesso àquele cômodo.

Me sentei tentando me acalmar, era tanta coisa que por um


momento me esqueci dos poderes que só aparecem quando estou no
meu limite, eu estou evitando pensar sobre isso, mas parando para
pensar, eu não posso esconder de mim mesma, afinal, qual é a minha
história? Por qual motivo eu consigo fazer essas coisas?

Levantei a minha mão e a encarei, como isso funcionava, era como


se uma barreira invisível se formasse ao meu redor, o meu cérebro fica
em branco, e as coisas começam a se mover, me lembrei dos móveis
flutuando, e isso faz com que eu tenha medo.

Respirei fundo, tentando fazer com que aquele travesseiro se


movesse e nada, fiquei uma hora tentando e não consegui, era frustrante
demais, isso poderia ajudar na fuga, mas do que adianta se eu não
consigo usar, bufei de ódio ao me jogar no sofá, olhei para a parede de
vidro e vejo o sol se pondo, o céu era uma mistura de cores, branco
amarelo e laranja, digno de uma pintura, respirei fundo olhando
atentamente.

Fiquei por muito tempo no sofá, mas eu só pensava no dia


seguinte, tomara que a Sarah vá para o jardim, eu precisava saber o
motivo dela confiar no Derek.

Mais tarde eu jantei tranquilamente, com o Damon fora, eu não


precisava ficar apavorada com ele entrando a qualquer momento, um frio
se instalou na minha espinha só de lembrar da dor que era, me
perguntava porque somente eu sentia aquela dor, já que sei que os
outros não sentem.

Me deitei e esperei o sono vir, me lembrei da noite passada e evitei


ao máximo olhar para o meu lado, só de lembrar do que aconteceu
ontem, o meu rosto se esquentou, respirei fundo fechando os olhos.

Não sei qual momento eu finalmente consegui dormir


tranquilamente, quando acordei, vejo o sol, fiquei deitada por um
momento, me lembrei de como era minha vida fora deste castelo, desde
que cheguei, nunca saí desses portões, eu sentia falta de poder andar
pelas ruas, ficar aqui dentro é claustrofóbico, às vezes respirar tornava-
se impossível, mas é de se esperar, com a certeza que a qualquer
momento se pode morrer, é horrível, quando você cresce lá fora, tem
vários perigos, mas se alimentar de um humano com menos de dezoito
anos, era pago com a morte, ou seja, tínhamos um pouco sequer de
segurança, mínima, mas era alguma coisa.

Me levantei e fui tomar um banho, a água estava bastante quente,


os músculos do meu corpo relaxaram no mesmo momento.

Saí e vesti minha roupa, olhei para a mesa e vejo uma bandeja com
o meu café da manhã, me sentei tomando ele, peguei os remédios e os
tomei, a nossa vida era uma roda sem fim, comer, tomar os remédios
todos os dias, e servimos de alimentos para os vampiros.

Ao sair olhei o guarda que me encarou por um momento, mas logo


depois ficou sério novamente. Respirei fundo, não tinha mais o sol no
céu, as nuvens escuras tinham o tampado. o clima estava incrivelmente
frio, mesmo com o casaco eu sentia um frio cortando a minha pele, olhei
novamente para a fonte, mas não vejo a Sarah, me aproximei ficando ao
lado de uma das meninas, que quando me viu sorriu.

— Alguma novidade da Sarah?

Ela respirou fundo me encarando.

— Ela está no dormitório, mas não deixaram que ela saísse. Ela só
vai poder vir amanhã.

Abaixei a cabeça.

— Obrigada!

Ela sorriu timidamente. Por um momento pensei na nossa fuga, eu


queria tanto que todos conseguíssemos fugir, mas também sei que é
impossível. Já seria difícil com três pessoas, com mais que isso seria
praticamente impossível.
Elas saíram para a caminhada, fiquei sentada atenta a porta, mas
tentando disfarçar, afinal, não poderíamos ser descuidados, meu coração
acelerou quando vejo Derek entrando, ele me observou e veio até mim,
em uma graça impressionante ao andar.

Quando ele se sentou na fonte, um pouco distante, mas ainda dava


para conversar, um alívio tomou conta de mim.

— Como você pretende sair daqui? — Fiz a pergunta que eu tanto


queria.

— Daqui há uma semana, vai ter uma festa com vários membros
do conselho, o castelo vai estar uma bagunça, esse será o melhor
momento, tanto o rei, como o príncipe e a princesa, terão que
recepcioná-los, ficaremos o dia todo sem nos preocupar com eles, esse
será o melhor momento.

Engoli em seco, meu coração batia nos meus ouvidos, respirei


fundo, uma semana, apenas uma semana e finalmente estaremos livres.

— E depois?

— Tem uma pessoa que vai nos ajudar a sair do castelo, depois
disso, temos uma hora no máximo para sair pela muralha, por sorte
conheço um caminho que passa por dentro dela, um local que os
contrabandistas conseguem sair e entrar com tranquilidade.

O encarei por um momento, mas depois baixei a cabeça.

— Você conhece contrabandistas?

— Como você acha que fui pego e me mandaram para cá?


Então era isso, esse era o motivo dele estar preso no mesmo lugar
que eu.

— Entendi, mas e depois, eu sei que você pode conseguir


sobreviver sozinho, eu só te peço uma direção para mim e a Sarah.

Derek ficou em silêncio por um momento, o seu silêncio estava me


matando.

— Quando sairmos da muralha vocês não podem voltar, se


voltarem serão mortas no mesmo instante, o que vamos fazer, é pago
com a morte, tenho conhecidos que conseguem sobreviver em lugares
escondidos abaixo do solo, bunkers, antigos túneis, posso pedir um favor
a eles, pelo menos não morreriam sendo sugadas, é o melhor que eu
posso fazer por vocês duas.

Abaixei a cabeça, pelo menos teríamos uma a outra, era melhor do


que aqui com certeza.

— Eu aceito, tenho certeza de que a Sarah também aceitará.

Ouço um barulho, vejo Derek se levantando, os seus olhos caíram


sobre mim.

— Vamos andar um pouco, ou os guardas acharam estranho.

Me levantei o acompanhando.

— Como é lá fora? — Abaixei a cabeça. — Eu tinha sete anos


quando tudo começou, não me lembro de muita coisa.

— As cidades grandes foram praticamente todas destruídas, a


humanidade quase toda morta, então não espere encontrar muita coisa,
é apenas um amontoado de prédios e casas destruídas, mas te garanto
que é bem melhor do que o luxo daqui, temos conforto, comidas e
remédios, mas não sabemos se sobreviveríamos mais um dia.

Fiquei em silêncio me lembrando do que aconteceu naquele salão,


de como cada garota estava sendo usada.

Um arrepio passou por mim.

— Como a princesa é?

Eu não tinha com quem conversar sobre isso, na verdade, apenas


com a Sarah, mas não tínhamos tido a oportunidade ainda.

Andamos por um tempo em silêncio, sinto o vento ficando ainda


mais gelado, parecia que começaria a nevar a qualquer momento,
inferno! provavelmente fugiríamos no inverno, esse fato me fez tremer
sem parar, ouço a voz do Derek do meu lado.

— Ela é uma psicopata sádica, ela sente prazer em causar dor, e


logo em seguida, curar como se não tivesse feito nada. — O vejo
engolido em seco, o meu coração acelerou. — Me sentiria muito feliz se
antes de sair daqui eu pudesse matá-la.

Os meus olhos se arregalaram de surpresa, quase ninguém falava


essas coisas em voz alta, pensávamos, mas ficava somente para nós,
ver o Derek falando isso com tanto ódio, deu para perceber que o que ele
passava com a irmã do Damon, era algo terrível, me lembrei dos olhos
dela em mim.

— Todos eles são psicopatas, e todos merecem morrer.

A sua voz era baixa, mas dava para sentir o ódio em cada palavra,
apertei a minha mão em punho, me lembrando das palavras do Damon. "
Não era para ser assim, você não precisava sentir dor quando eu te
mordesse. " Se não fosse por isso, eu acho que não deveria reclamar,
olhando para o Derek, a Sofia e as outras garotas, eu não sofri nem a
metade do que elas eram obrigadas a sofrer, eu pertencia ao Damon, ele
é um demônio psicopata, mas em comparação ao que os outros sofriam,
eu realmente poderia chamá-lo de demônio?

— Não podemos andar em grupos, se a sua amiga aparecer


amanhã conte sobre o nosso plano, e peça para que ela fique preparada,
na manhã do dia da festa, poderemos vir para o jardim, essa será a
nossa única chance, se vocês não aparecerem, infelizmente eu não
poderei esperar e irei sozinho — sua voz era bastante baixa quando ele
falou a última frase — não acho que viverei mais uma semana para
tentarmos novamente.

O seu rosto ficou pálido, os olhos sem foco, era como se ele
estivesse se lembrando de algo terrível, engoli em seco ao me lembrar as
suas palavras, quando ele disse que a princesa era psicopata e sádica,
as minhas mãos tremeram, com a certeza em sua voz; eu sabia que essa
era a nossa última chance, precisávamos fugir daqui.

Respirei fundo… Uma semana, apenas uma semana! E tudo


estaria acabado.
Capítulo 16

Hoje era sexta-feira, nos últimos quatro dias eu vim todos eles para
me encontrar com a minha amiga, mas ela não apareceu, meu coração já
estava em pedaços, imaginando o que poderia ter acontecido, saí pela
porta grande de madeira, tinha nevado a noite, vejo vários montes de
neve espalhados pelo jardim, as árvores tinham seus topos cobertos pela
neve, só de respirar eu sentia o frio queimado a minha garganta.

Mas, mesmo assim, as garotas estavam todas aqui fora, acho que
elas pensavam como eu, estava frio aqui, mas pelo menos tínhamos uma
pequena ilusão de liberdade ao saímos pelo menos por uma hora, todas
estavam bem agasalhadas, eu estava com uma calça térmica, blusa de
lã, um grosso casaco, e luvas nas mãos, hoje de manhã quando acordei
estranhei ao vê-los na poltrona.

Agradeci, afinal, agora eu tinha algo mais quente para vestir.

Me aproximei da fonte e vi uma garota sentada, toda agasalhada,


me aproximei não reconhecendo de imediato, quando estava a alguns
passos de distância eu reconheci.
Sarah se aproximou segurando o meu braço com bastante força,
eu queria abraçá-la, mas sabíamos que não poderíamos fazer isso
agora, apertei o seu braço mostrando que eu estava aqui, ela deu um
pequeno sorriso para mim, e começamos a andar.

— Como você está?

A vejo engolindo em seco.

— Eu estou bem.

— O que aquele maldito rei fez com você?

Ela abaixou o olhar.

— Eu não quero falar sobre isso agora Vi, eu estou bem, é tudo
que importa.

Respirei fundo, sabendo que ela não falaria sobre isso,


principalmente agora.

— Por que você decidiu confiar no Derek?

Vejo o seu rosto vermelho de vergonha.

— Ele é uma boa pessoa Vi, ele me ajudou em um momento que


eu precisava muito, e acabamos conversando quando você não estava
aqui.

Me lembrei das quase duas semanas que fiquei na cama.

Então eu contei todo o nosso plano para ela, Sarah ouviu calada
tudo que falei, prestando atenção em cada palavra, quando eu terminei
vejo o seu rosto branco.
— Então temos só mais três dias? — Balancei a cabeça
concordando.

Vejo as garotas andando em pares, e sinto um aperto no coração.

— Eu queria poder levar todas.

Sarah também encarou elas.

— Pode acreditar, eu também, mas é impossível, não tem como


todas nós sumirem ao mesmo tempo.

Abaixei a cabeça com pesar, afinal ela estava certa.

— Até segunda.

Sarah sorriu ainda segurando o meu braço.

— Te vejo segunda.

Entrei novamente no quarto do Damon com o coração prestes a


explodir, eu só ficaria mais três dias aqui, respirei fundo com uma grande
vontade de chorar de alegria.

Na manhã do sábado estava tudo tranquilo, fiquei a manhã toda


tentando mexer aquele maldito travesseiro, e nada dele mexer um
centímetro sequer, minha cabeça estava doendo de tanto esforço que eu
estava fazendo.

Quando a tarde chegou eu entrei na biblioteca e peguei um livro,


tentando acalmar os meus pensamentos, eu só conseguia pensar no
nosso plano de sair, aproveitaríamos a troca de guardas para isso,
sairíamos no carro que traz alimentos três vezes na semana, e iríamos
direto para a feira, onde eu frequentava quase todos os dias, de lá
iríamos em outro carro, de um amigo do Derek até a zona leste da
muralha, onde na palavra dele, era mais fácil de atravessar por um túnel
que os contrabandistas usavam para entrar e sair com mercadorias.

Repassei esse plano tantas vezes pela minha cabeça, que estava
com o livro aberto, mas não conseguia prestar atenção em nada, quando
a noite caiu, levei um susto ao ouvir a porta se abrindo, me levantei no
mesmo momento com o livro rente ao meu corpo, vejo o Damon entrando
com suas roupas pretas, engoli em seco ao vê-lo me encarando de cima
a baixo, sinto os pelos do meu corpo se arrepiando no mesmo momento.

Ele se aproximou ficando na minha frente, tinha um sorriso nos


seus lábios quando ele segurou o meu queixo levantando o meu rosto,
me fazendo encarar seus olhos, meu coração mais parecia uma
orquestra de tão rápido que estava batendo.

— Se comportou enquanto eu estava fora?

A sua sobrancelha estava levantada ao me encarar, olhando para o


seu rosto vejo a sua barba por fazer, ele estava diferente.

— Sim. — A minha voz era baixa.

— Ótimo!

Ele falou como se eu fosse um cachorro, mas por um momento, eu


pensei… era exatamente isso que eles pensavam, éramos como
bichinhos de estimação para eles, nada mais que isso.

Ele soltou o meu rosto e foi direto para o banheiro, ficando lá por
um bom tempo, me sentei no sofá e comecei a fingir que estava lendo o
livro, fiquei quietinha, quem sabe ele só veio para tomar banho e logo
sairia novamente, o meu pé estava balançando em um ritmo estranho de
tão nervosa que eu estava.
Ouço a porta do banheiro se abrindo, sinto um cheiro suave no
vapor que saiu do cômodo, Damon sai somente com uma toalha
enrolada na cintura, minha garganta ficou incrivelmente seca por um
momento, baixei o olhar, observando o livro.

— Se arrume, vamos sair um pouco.

A minha mão suava só de imaginar tendo que voltar para aquele


salão.

— Para onde vamos?

Ele estava no seu closet quando ouço a sua voz.

— Para onde mais? Comemorar a minha vitória.

A última vez que eles comemoraram a sua vitória, foi naquele


salão, alguma coisa me dizia que voltariam para aquele lugar.

Damon saiu colocando o seu blazer, se aproximou de mim me


dando um vestido de seda preto, ainda mais revelador do que o último. O
segurei nas mãos.

— Sairemos daqui a pouco, se apresse.

Não respondi, apenas coloquei o livro em cima do sofá e me


levantei, segurando aquele maldito vestido.

Estava há um tempo olhando para o meu reflexo no espelho, o


vestido era de seda, curto como sempre, uma pequena fenda do lado o
que fazia com que seja ainda mais revelador, meus cabelos estavam
soltos, sinto o bico dos meus seios em contato com a seda do vestido,
fazendo com que eles fiquem bem mais revelador do que o normal,
dispensei os saltos, afinal eu não conseguiria andar com eles mesmo.
Ao sair do banheiro, vejo Damon parado no meio do quarto me
esperando, quando ele me viu, olhou o meu corpo detalhadamente,
observou mais do que devia para as minhas pernas. Apertei uma mão
em punho antes de dar um passo em sua direção, andamos lado a lado
até estarmos fora do quarto, ele passou o seu braço pela minha cintura,
aproximou ainda mais o seu corpo do meu, sua mão com força apertando
minha cintura em um claro sinal de posse.

Andamos por todos os cômodos novamente, mas estávamos


andando mais do que o normal, olhei para cima e o vejo me encarar, meu
coração acelerou, tentei ignorar o seu aperto na minha cintura, andamos
calados até parar em uma porta menor do que a outra.

Quando a porta se abriu, vejo uma sala mais reservada, vários


sofás espalhados pelos cantos, um bar do lado esquerdo onde uma
moça, servia bebidas para eles, uma música alta impedia até de ouvir os
meus próprios pensamentos, quando andamos com vários vampiros
saudando o Damon, ele apenas balançou a cabeça agradecendo, eu
queria saber qual era o motivo para que eles o cumprimentasse.

Ele se aproximou de um sofá mais ao canto daqui, dava para ver


todo o local, reprimi um pequeno grito que ficou preso na minha garganta
quando ele me fez sentar em suas pernas, olhei para baixo e vejo que o
vestido subiu ainda mais, revelando quase todas as minhas coxas,
apertei uma perna na outra me sentindo desconfortável.

Damon segurou na minha cintura me fazendo chegar ainda mais


para trás, sinto a minha bunda quase toda descoberta, em contato com o
tecido da sua calça, sinto um calor subindo pelo meu pescoço e se
instalado no meu rosto.

Fechei os olhos tentando me controlar.


Uma moça veio até nós com uma bandeja, com taças de
champanhe, ele pegou duas me entregando uma, me virei olhando para
seu rosto tão próximo do meu pescoço.

— Beba, talvez assim você fique mais relaxada.

Não falei nada, apenas peguei a taça das suas mãos, experimentei,
e mesmo não gostando, resolvi beber, talvez isso acalmasse meu
coração que estava batendo forte no meu peito só de estar sentada
assim.

Terminei de beber o champanhe, Damon pegou a taça vazia das


minhas mãos e a colocou em uma mesa de seu lado, observei um
vampiro que estava beijando uma humana mais ao fundo, vejo vários
outros no bar, bebendo e comemorando. Tomei coragem e perguntei.

— O que eles estão comemorando?

Me virei vendo-o me encarar.

— Destruímos mais um acampamento dos rebeldes, por isso a


comemoração.

Apenas balancei a cabeça, será quantas pessoas estão envolvidas


nisso? A minha mãe era uma, mas só descobri após sua morte, fechei os
olhos me lembrando do medo nos seus olhos no dia do meu aniversário.

Damon passou a mão pela minha cintura e continuou até chegar na


minha barriga.

— Estava contando os dias para poder voltar. — A sua voz era


rouca, tão próxima do meu ouvido. — Estava com saudade do seu
cheiro. — Ele respirou profundamente perto da minha pele, me fazendo
arrepiar. — Da sua pele. — A sua mão voltou para a minha cintura
acariciando-a. — E do seu sangue.

Sinto a ponta dos seus dentes sendo passada devagar pela pele do
meu pescoço sensível.

— Na próxima vez que eu tiver que ficar uma semana ou mais fora,
irei te levar comigo.

Fiquei calada, não terá uma próxima vez, não terá uma próxima
vez. Fiquei repetindo várias e várias vezes.

— Me diga Vitória, você aproveitou o tempo que estive fora?

— Apenas fiquei lendo, e saí para ir ao jardim.

Ouço o seu sorriso.

— Está vendo, será bem melhor quando você estiver comigo.

Fiquei calada.

A música ficou mais e mais alta, os ânimos já estavam mais


alterados, vejo um vampiro se alimentando de uma garota, encostados
em uma parede, ele segurava o seu seio para fora do vestido, virei o
rosto achando que não ia ver mais disso, mas estava enganada, em um
sofá tinha três vampiros e uma garota de cabelos pretos, eles estavam
vestidos, mas a garota estava completamente nua, enquanto um vampiro
se alimenta do seu pescoço, outro a beijava, e com uma mão mexia no
meio das suas pernas, subiu uma bile pela minha garganta com uma
grande vontade de vomitar com a cena, antes de abaixar a cabeça, vejo
o terceiro vampiro olhando para a cena e mexendo na sua calça.

— Acho que já está na hora de irmos.


Não retruquei, ao me levantar sinto-me tonta e desequilibrei quase
caindo, Damon me segurou em seus braços impedindo que isso
acontecesse.

— Apenas duas taças de champanhe lhe fizeram ficar desse jeito?


Lamentável!

Andamos em um emaranhado de vampiros fazendo tudo com as


mulheres neste lugar, abaixei a cabeça não conseguindo mais ver aquilo.

Andamos até chegar no seu quarto, minha cabeça estava doendo,


eu estava tonta, mas consegui vê-lo retirando o seu blazer o colocando
no sofá bem do lado do livro que eu estava lendo.

Ele se aproximou ficando na minha frente.

— Acho que eu preciso dormir.

Falei na esperança de que ele fosse sair da minha frente, doce


engano, ele permaneceu no mesmo lugar, me encarando atentamente.

— Você está patética.

O encarei, um ódio tomando conta do meu corpo.

— Eu sou patética? Você quem me levou para um lugar como


aquele, onde os vampiros usam elas, se alimentam dos seus sangues,
usam os seus corpos sem o maior pudor, acho que o único patético aqui
é você.

O meu dedo estava rente ao seu rosto, ele me encarou e logo deu
um sorriso.

— Resolveu falar o que sente agora?


— Acho que deveria ter começado há muito tempo.

Ele deu um passo ficando na minha frente, segurando na minha


cintura, aproximando o seu corpo do meu.

— Eu prefiro você assim, falando o que pensa, mas só para mim.

O encarei não entendendo completamente o que ele queria dizer.

Quando ele se aproximou eu fiquei só observando, até que seus


lábios estavam colados nos meus, fiquei em choque com o que ele fez,
minhas mãos tremiam, eu podia ouvir o barulho do meu coração nos
meus ouvidos, era como se eu não estivesse aqui, que fosse apenas
uma ilusão, sou tirada dos meus pensamentos quando ele segurou a
minha cintura com força, me trazendo para mais perto do seu corpo, sua
mão na minha nunca, me impedindo de sair.

Abri a boca para tentar falar para ele me soltar, mas Damon
aproveitou para intensificar o beijo.

Eu nunca havia sido beijada, por que tinha que ser logo com ele?
Melhor ainda, por que o meu coração estava tão acelerado?

Sou encostada na parede, ele moveu seu joelho nas minhas


pernas, as abrindo, colocou uma perna entre as minhas e pressionou
bem no meio das minhas coxas, arrancando um pequeno grito de
surpresa, mas que logo foi engolido pela sua boca.

Quando ele separou os seus lábios dos meus, eu continuei em


choque, o encarava sem acreditar.

— Po-Por que você fez isso? — A minha voz tá baixa. O meu


coração acelerou.
— Está falando do beijo? — Ele sorriu, os seus olhos, não parou de
encarar a minha boca, eu a sentia ardendo.

O encarei com uma grande vontade de arrancar aquele maldito


sorriso no soco.

Eu não respondi, e ele sorriu, ainda com aquela maldita perna


pressionada em um local que eu não queria acreditar que estava
latejando.

— Eu estava com vontade de te beijar, na verdade, eu tinha uma


grande vontade de saber se os seus lábios eram tão doces como o seu
sangue. E sim, eles são.

Os meus olhos não conseguiram sair do seu rosto.

— Me solta.

Ele segurou com mais firmeza a minha cintura, seu corpo estava
tão colado no meu que eu sentia o seu peito esmagando o meu.

— Me fala Vitória, você realmente quer que eu te largue. Porque


estou ouvindo o seu coração acelerando cada vez mais.

Engoli em seco quando o sinto pressionando ainda mais a sua


perna, os seus olhos tinham algo de diferente, era um brilho totalmente
diferente do que eu já tinha visto.

Mas não respondi, eu não conseguia, porque se por algum


momento eu parasse para pensar, eu também gostaria de saber por qual
motivo eu estava sentindo isso.

— Só me solte.
Ele retirou a sua perna do meio das minhas, mas do que depressa
eu as fechei, com medo dele, e de mim mesma, não queria admitir o
motivo, e ainda sentia seu aperto na minha cintura.

— Eu fiquei uma semana sem o seu sangue, Vitória.

Naquele momento eu já sabia o que viria a seguir, apertei as


minhas mãos em punho só de imaginar o que viria, fechei os olhos ao
sentir os seus lábios no meu pescoço, a pele da minha nuca se
arrepiaram completamente quando ele começou a distribuir beijos por
todo o meu pescoço.

Eu não sabia como reagir a isso, apertei ainda mais as minhas


mãos, e logo a dor tomou conta de mim, tentei não gritar, mas era
praticamente impossível, todo o meu corpo doía eu sentia o meu sangue
saindo mais e mais rápido, as minhas mãos começaram a tremer e logo
em seguida as minhas pernas, eu não estava conseguindo mais ficar
com os olhos abertos, e a última coisa que me mantinha em pé era a sua
mão segurando a minha cintura, e de repente a dor parou, minha
respiração estava um pouco mais calma, eu senti quando ele me pegou
nos braços e andou comigo até chegarmos na cama, Damon me colocou
deitada com delicadeza, e logo em seguida me cobriu, eu senti algo
quente, bastante quente me abraçando, por um momento eu pensei ser
ele, mas isso era impossível, afinal, ele não conseguia transmitir calor
com o seu corpo, poderia ser um sonho talvez, com certeza era apenas
um sonho, onde alguém me abraçava e eu me sentia bem no calor dos
seus braços.

Ao abrir os olhos eu vejo o quarto bem claro, o meu corpo doía


bastante, a minha cabeça estava latejando, vejo o sol do lado de fora da
janela, ao olhar para o quarto eu não vejo ninguém, a minha boca estava
seca, olhei para a mesa e vejo o meu café da manhã, mas me recuso a
levantar agora, me deitei novamente e cobri a cabeça, tornando tudo
escuro novamente e voltei a dormir.

Eu não fazia ideia de que horas eram, o meu corpo doía, mas era
bem menos, abri os olhos e o quarto estava escuro, ou seja, eu tinha
ficado o dia todo dormindo, vejo Damon sentado, ele me encarava.

— Você precisa se levantar e comer alguma coisa, você ficou o dia


todo na cama.

Me sentei encostando na cabeceira e o encarei.

— O meu corpo estava péssimo, por isso eu não consegui me


levantar antes.

Ele ficou em silêncio, mas prestou atenção nas minhas palavras,


quando se levantou, pegou uma bandeja com comida em cima da mesa
e veio até mim, colocou ela em minhas pernas. O encarei.

— Coma pelo menos um pouco.

Eu o encarei, ele me encarou, mas logo abaixou o olhar, ele andou


e se sentou na poltrona novamente.

— A partir de hoje irei me alimentar do seu sangue só uma vez por


mês, você está passando mal demais desse jeito, e eu não posso te
perder.

— Perder o meu sangue, você quer dizer.

Ele me encarava, colocou uma perna em cima da outra, a sua mão


repousou no encosto da poltrona com uma graça impressionante.

— Não, perder você.


Eu pisquei sem parar quando eu ouvi o que ele disse, o meu rosto
ficou vermelho, baixei o olhar, não consegui olhar para ele, então tentei
focar na minha comida, era a melhor opção.
Capítulo 17

Eu estava tentando não me lembrar do que aconteceu ontem,


peguei uma meia calça grossa e um vestido vermelho escuro com
detalhes em dourado, hoje pela manhã quando eu acordei tinha várias
roupas no meu armário, achei estranho por um momento, mas depois
aceitei, eu sabia que hoje era o grande dia, então peguei esse vestido, e
além do mais, eu poderia vendê-lo no mercado antes se sair da cidade,
era bom ter pelo menos algo de valor nas mãos, como o vestido era
chique demais, apenas para um passeio, coloquei o enorme casaco preto
em cima, o cobrindo totalmente, vesti um conjunto de botas pretas que
iam até a metade das pernas, elas eram confortáveis, deixei o cabelo
solto, eu não poderia levar mais nada, não poderia chamar atenção mais
do que o normal.

Respirei fundo olhando o quarto mais uma vez, meu coração


parecia que ia saltar pela boca a qualquer momento, minhas mãos
estavam tremendo quando eu deixei o quarto para trás.

Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo, repetia isso até que eu pude
ver a porta que dava para o jardim, vejo o guarda, quando ele me viu me
observou atentamente, meu coração vai explodir de tanta adrenalina que
estava correndo pelo meu corpo.

Finalmente, chegando na porta, pude ver o céu, mesmo com o sol


um pouco escondido eu pude perceber que hoje estava bem mais quente
que o normal, estava colocando um pé para o lado de fora quando sinto
alguém segurando o meu braço com força, me fazendo recuar, olhei para
cima e vejo o Damon me encarando mais do que devia, isso estava
errado, ele devia ficar o dia todo ocupado com os convidados, eu não
conseguia respirar ao encará-lo.

Ele segurou o meu braço com força e me fez andar em uma


direção contrária ao quarto, eu sentia um medo fora do normal, será que
ele descobriu? Será que estava me levantando para a morte, balancei a
cabeça tentando me controlar, não, não, não, por favor não, assim tão
próximo, eu estava a um passo de distância da minha liberdade.

Engoli em seco encontrando novamente a minha voz antes de


finalmente perguntar.

— Onde estamos indo?

Ele me encarou atentamente, antes de olhar para frente


novamente.

— Fomos todos convocados à sala do trono.

O meu coração acelerou, eu nunca tinha ido até a sala do trono.

— Porquê? — Perguntei ansiosa, eu não estava reconhecendo a


minha própria voz.

— Eu também gostaria de saber.


Ele encerrou a nossa curta conversa, andamos por mais algum
tempo, até pararmos em uma enorme porta de madeira, com detalhes
em dourado, a porta se abriu fazendo um barulho estranho.

As minhas pernas tremiam quando finalmente entramos, um tapete


vermelho cobria o chão, a parede era toda de pedra polida, o ar estava
preso na minha garganta, passamos por vampiros que eu nunca tinha
visto antes todos conversando baixo um com os outros, apenas alguns
nos encarava, mas logo viravam o rosto como se não fossemos dignos
suficientes para a sua atenção.

Olhei para cima e vejo o teto alto com um lustre enorme de cristal,
andamos mais um pouco até estarmos bem na frente, vejo a irmã do
Damon de um lado, quando ela o vê, apenas ignora e olha para a sua
frente, vejo um trono preto, grande e imponente logo a frente, onde o rei
estava sentado, olhando para cada um de nós como se pudesse ver a
alma de cada um, logo a esquerda vejo as meninas todas com casacos
grossos, ou seja, não era somente eu que fui tirada do jardim, sinto o
aperto do Damon no meu braço, olhei para ele.

— Fica com as outras, e se controle.

A sua voz era um sussurro. Apenas balancei a cabeça


concordando com ele, fui tropeçando nos meus próprios pés até estar no
meio das meninas, olhei para os lados procurando a Sarah mas não
encontrei, será que ela estava mais ao fundo?

Tinha vários humanos aqui, guardas, o pessoal da cozinha e várias


outras pessoas, olhei para a esquerda e vejo o Derek com roupas
grossas me encarando, eu queria chegar mais perto dele para perguntar
se ele sabia de alguma coisa, mas não consegui, vejo as sua mãos
tremendo, ele não conseguia olhar nos meus olhos, e logo em seguida
ele abaixou a cabeça, ainda estava olhando para ele quando vejo uma
movimentação, o rei se levantou do seu trono, fazendo com que todos
ficassem calados, prestando atenção.

As minhas mãos tremiam de uma forma fora do normal, eu sentia


um aperto no meu peito tão forte que por um momento eu pensei que
fosse desmaiar ali mesmo, era medo, o mais puro e completo medo.

— Estamos governando esse mundo há quase dez anos, e mesmo


fazendo de tudo para que vocês humanos — quando ele falou isso olhou
para nós, todos abaixaram a cabeça, não suportando o peso do seu olhar
— mesmo assim, vocês nos traem, bem debaixo do nosso teto.

Eu podia ouvir o barulho do meu coração se misturando com o


barulho alto da voz do rei.

— Ontem a noite eu fui surpreendido no meu próprio quarto, essa


pessoa teve a ousadia de tentar me matar. — Olhei com atenção para o
rei, quem faria isso? — Mas não teve sucesso, ficamos a noite toda
interrogando. — Olhei para o Damon que encarava seu pai surpreso,
como se fosse a primeira vez que ele ouvia isso. — E não obtivemos
nada, então resolvi trazer aqui a pessoa que teve a petulância de tentar
matar um rei, farei essa pessoa um exemplo diante do conselho.

Então os vampiros que eu vi ao entrar eram do conselho?

Uma movimentação pela porta da entrada, tinha muitas pessoas na


minha frente, e eu não consegui enxergar quem era, levantei a cabeça,
mas pude ver só dois soldados escoltando um prisioneiro, olhei para o rei
novamente e vejo um sorriso nos seus lábios, ele por estar na frente,
podia ver quem era, e estava gostando mais do que devia do que viu,
ouço lamentos das garotas ao meu lado, e de repente elas começaram a
chorar, estava no meio delas então dei uns passos até estar na frente, os
meus joelhos fraquejam ao ver Sarah de joelhos perante ao rei.

O choque é tão grande que eu quero gritar, os seus pés estão em


carne viva, o seu vestido que um dia foi branco, todo manchado de
sangue, eu não estava conseguindo respirar, os meus olhos estavam
nublados com as lágrimas embaçando tudo.

Quando a sua cabeça se vira em nossa direção, eu vejo um buraco


no lugar de um dos seus olhos, eu ia cair, mas mãos fortes seguraram no
meu braço com força, me mantendo no lugar.

Quando me virei, vejo Derek me encarando, os seus olhos também


estavam com lágrimas. Ouço a voz do rei.

— Sarah Estaramon, pelo crime de tentativa de assassinato contra


o rei, eu te sentencio a morte.

Vários sons de choque ao meu lado, o meu coração estava


disparado, eu podia sentir o sangue correndo pelas minhas veias.

Os guardas a colocam de pé, o rei se aproximou sorrindo e em um


único golpe, ele enfiou a mão pelo peito da minha amiga, a imagem da
minha mãe sendo morta vem na minha mente, os guardas a soltaram e
ela cai no chão, próximo ao pés do rei, que agora segurava o coração da
minha melhor amiga nas mãos, a única família que eu tinha estava ali,
humilhada, torturada e morta, bem ali, aos pés do rei.

As lágrimas desciam como chamas pelo meu rosto, alguém estava


falando alguma coisa mas eu não conseguia ouvir, eu só pensava em
matar todos, eu queria matar todos os vampiros do mundo.

A minha visão não ficou em branco dessa vez, eu pude ouvir e ver
tudo que acontecia à minha volta, pude ouvir os sons de espanto quando
todos os vampiros e humanos me viram flutuando em direção ao rei, vejo
guardas se aproximando, tentando me impedir de conseguir o que eu
queria, mas com apenas um aceno da minha mão eles foram jogados na
parede atrás do trono.

Olhei o rei de cima, eu queria que ele morresse, eu realmente


queria que ele morresse. O rei olhou para mim em choque, ouço vários
barulhos de tiros em minha direção, mas todos eles paravam antes de
chegar até mim, era como se uma força invisível estivesse ao redor do
meu corpo os impedindo de me matar, todos mereciam morrer, todos.

Eu joguei as minhas mãos para cima com toda a raiva que tinha no
meu coração, um poder tão forte que fez tudo que estava acima de mim
sumir em um barulho incrivelmente alto, ouço gritos e correria quando os
raios do sol atingiram todos que estavam na sala do trono, eu sorri, na
verdade eu gargalhei ao ver o rei gritando, e logo em seguida morrendo
queimado bem diante dos meus olhos, até que só tinha uma pilha de pó
a frente do trono.

Me virei vendo várias pilha de cinzas espalhadas por todo o salão,


um sorriso triunfante estava nos meus lábios, mas esse sorriso morreu
quando eu vejo o Damon, o único vampiro vivo me encarando com um
brilho totalmente diferente nos olhos, ele observou a sua mão, e logo em
seguida sorriu, os seus cabelos não estavam mais brancos, estavam
pretos como a noite, o seu corpo estava bem mais forte, um medo tomou
conta de mim ao perceber que ele era imune a única coisa que o podia
matar, meu coração acelerou, e em seus olhos eu pude ver que ele
também constatou isso, os seus olhos não eram mais vermelhos, mas
sim um azul claro. O meu sangue o fez ficar mais forte e imune a única
coisa que nós humanos tínhamos ao nosso favor. O sol.
Me virei e vi Derek me observando, com os olhos focados em mim,
era como se não acreditando no que via, ainda flutuando em frente ao
trono, eu precisava fugir, eu não poderia deixar que o Damon tivesse
acesso ao meu sangue nunca mais, levantei uma mão e o Derek flutuou
até chegar ao meu lado, segurei na sua mão com força e voei o mais
rápido que eu conseguia para qualquer lugar, longe dele, porque no
fundo, eu sabia que ele iria me caçar, nem que fosse a última coisa que
faria.

Eu podia ouvi-lo…

"Você é minha, Você é minha!" O desespero na sua voz.

Mas então me digam, porque no fundo do meu coração, em um


lugar escuro e gelado, eu me sentia aliviada por ele não ter morrido junto
com o seu pai, irmã, e dezenas de outros da sua raça?

O Livro 2 chega em Agosto…

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