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NACIONAIS - ACHERON
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NACIONAIS - ACHERON
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Copyright © 2017 Lety Friederich

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos, são produtos de imaginação do autor.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Revisão: Sandra Gasques


Capa: Lura Editorial
Diagramação Digital: Layce Design

Todos os direitos reservados.


São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer
parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou
intangível — sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº.
9.610./98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.

Edição Digital | Criado no Brasil.

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Capítulo 1 - Manhã de entrevistas


Aaron Prescott
Capítulo 2 - Meu primeiro dia
Mia Black
Capítulo 3 - Desafiando você
Mia Black

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Capítulo 4 - O Convite
Aaron Prescott
Capítulo 5 - Minha inocência, sua perversão
Liam Prescott

Capítulo 6 - Um pesadelo real


Aaron Prescott

Capítulo 7 - Desejo e ódio


Mia Black

Capítulo 8 - Novos interesses?


Liam Prescott

Capítulo 9 - Mudanças e resultados


Aaron Prescott
Capítulo 10 - Deixo ele entrar?
Mia Black
Capítulo 11 - Uma noite quase perfeita
Mia Black
Capítulo 12 - O belo monstro
Mia Black
Capítulo 13 - Intrigas e desilusão
Mia Black
Capítulo 14 - Sentindo você
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Mia Black
Capítulo 15 - Sentimentos
Mia Black
Capítulo 16 - Preciso apenas de você, baby
Aaron Prescott
Capítulo 17 - De volta às origens
Aaron Prescott
Capítulo 18 - Punição e culpa
Aaron Prescott
Capítulo 19 - Eu odeio você! - Por favor, não me
deixe!
Aaron Prescott
Capítulo 20 - Eu te amo
Mia Blackwell
Capítulo 21 — Manipuladora!
Mia Blackwell
Capítulo 22 - Desagradável surpresa
Mia Blackwell
Capítulo 23 - Reencontro desastroso
Mia Blackwell
Capítulo 24 - Por toda a eternidade
Mia Blackwell
Capítulo 25 - Tempos de calmaria
Mia Blackwell
Capítulo 26 - Evite a guerra, ou não
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Mia Blackwell
Capítulo 27 - Lados opostos
Mia Blackwell
Capítulo 28 - O bem e o mal
Mia Blackwell

Capítulo 29 - Desespero
Aaron Prescott
Capítulo 30 — Caça às bruxas
Aaron Prescott
Capítulo 31 - Uma chama de esperança
Aaron Prescott
Capítulo 32 — Ao seu resgate
Aaron Prescott
Capítulo 33 — A queda dos traidores
Aaron Prescott
Capítulo 34 - Família
Mia Blackwell
Capítulo 35 - Sempre pronta para você
Aaron Prescott

Capítulo 36 - Tudo de mim


Mia Blackwell
Agradecimentos e notas finais
Sobre a autora
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Outras obras
Contato

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“De tanto ler romances, apaixonou-se por livros”.


Espero que esse livro se torne especial em seu
coração.
Sejam bem-vindos ao universo de Aaron Prescott.

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Já faz muito tempo que vago por aí tentando


encontrar algum motivo que me faça desistir de ser
quem eu sou, de fazer o que faço. Mas, por sorte,
esses momentos passam em um piscar de olhos. E
até hoje eles aconteceram duas ou três vezes em
todos os meus mil anos de existência. Por que eu
desistiria de ser a criatura mais poderosa de todo o
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mundo? Não há sentido e nem mesmo escolha.

Acordei para mais um dia de trabalho. No


banheiro, me observei no espelho e sei o quanto
sou atraente, “perfeito” para os padrões de beleza
das mulheres de hoje, o que torna tudo mais fácil
quando saio para caçar. Não é como se elas
tivessem alguma escolha no final, mas gosto de me
divertir fodendo-as antes de fazer o que realmente
quero com elas. Sou homem e tenho minhas
necessidades. Coloquei meu terno impecável e
ajeitei meu cabelo. E de repente escutei passos.
Mas de novo?

— Caralho, Liam! Já falei para bater antes


de entrar! — falei irritado com meu irmão.

— Como se eu me importasse com isso.


Então, só para lembrá-lo de que temos as
entrevistas com as estagiárias hoje às nove horas.

Nossa, ele insiste nisso! Revirei os olhos,


entediado com essa história de entrevista.

— Por que não coloca o RH para cuidar


disso?
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— Porque ela vai trabalhar diretamente com


a gente, Aaron. Precisamos escolher bem — ele
falou sorrindo, presunçoso.

Sei bem do que está falando!

— Tudo bem. Estarei lá.

Terminei de me arrumar e fui para a


garagem pegar minha Ferrari vermelho-sangue,
novinha. Acabei de comprá-la. Tenho um fraco por
carros. Tenho cinco: um Porsche, um Audi R8, um
Bugatti Veyron e, agora, duas Ferrari. Minha
mansão fica no condomínio mais nobre de toda
Miami. Depois de tanto tempo, pelo menos eu tinha
que ser um dos homens mais ricos do mundo.

Chegando à minha sofisticada empresa,


entrei e recebi olhares sugestivos das
recepcionistas. Tirei meus óculos de sol e
permaneci sério, mas elas não se intimidam como
minha falta de educação. Não sou gentil, não gosto
de conversinhas alheias, papo furado etc. Apenas
quando estou caçando, finjo interesse, falo o que
elas querem ouvir e pronto. Ao contrário do meu
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irmão, Liam, que é todo sorriso, simpatia e


conversas. Ele é tão mau quanto eu, apenas diz que
prefere se distrair conversando com outras pessoas
do que se “enfurnar” em sua mente doentia, como
eu faço.

Sentei-me em minha cadeira e comecei a


olhar os projetos. Sou engenheiro civil e meu irmão
é arquiteto. Ele projeta, eu construo, basicamente.
Mas não fazemos isso mesmo: apenas conferimos,
autorizamos e acompanhamos as obras, dando
ordens para os outros. E já é muita coisa. Não estou
reclamando, isso é uma boa distração, ótima
distração na verdade. Afasta todos os pensamentos
insanos da minha mente doentia.

Meu telefone tocou e eu saí do transe em que


estava:

— Prescott.

— Venha logo, Aaron, estou esperando


você na sala de reunião do 2º andar.

Liam! Porcaria! Já são 09h05. Eu me


esqueci das malditas entrevistas! Odeio atrasos!
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— Aí? Mas que droga, por que não fez aqui


em cima? Tá, tá, estou indo — falei já irritado e
encerrei a ligação.

Levantei-me e fui em direção ao elevador,


encontrando-me com uma inoportuna chamada
Molly. Ah, como essa mulher me irrita!

— Bom dia, senhor Prescott.

Dei um aceno com a cabeça respondendo-a,


então a porta do elevador se abriu e nós entramos.
Ela sabe que mal a respondo, então por que fica
querendo puxar assunto? Senti seus olhos me
observando e peguei meu celular para mexer nele
enquanto não chegava ao meu destino.

— O dia amanheceu muito bonito hoje.

“Igual a todos os outros praticamente”,


pensei, mas não falei. Caramba, parece que vou
chegar ao inferno, mas não chego ao 2° andar.

— É.

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Respondi apenas isso, para não ficar tão


chato, apesar de não me importar. Já sou motivo de
fofoca nesta empresa e não quero deixar as coisas
piores. O elevador parou no 4° andar, e ela saiu
desejando um bom dia de trabalho. Ufa! Hoje até
que ela foi contida, mas me lembro de um dia em
que eu queria arrancar minha gravata e amordaçá-la
para ela parar de falar, ou simplesmente quebrar
seu pescoço. As portas do elevador se abriram e já
era o meu destino. Passei por elas e me deparei com
uma sala cheia de jovens. Acho que tinha ao menos
14 meninas, isso, meninas muito novas. Não me dei
o trabalho de contar. O silêncio se instalou e todas
me olharam. Que droga, odeio ser alvo de toda a
atenção. Mentira, eu gosto, mas não demonstro.
Resolvi ser educado:

— Bom dia — falei de modo geral.

Algumas responderam, outras apenas


sussurraram e duas apenas ficaram quietas me
encarando. Antes de entrar na sala de reunião,
escutei a porta do elevador se abrindo, me virei
para olhar e vi uma candidata um pouco
atrapalhada entrando, que parecia uma criança com
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um rostinho angelical. Ela olhou para todas um


pouco sem graça por estar atrasada. ATRASADA!
Eu odeio atrasos! Ela se sentou em uma cadeira
vazia e eu adentrei a sala.

— Que lerdeza, estava quase indo buscá-lo


— Liam disse assim que entrei.

— Quanto drama! Corta essa! Quem é a


primeira? — ele me passou o currículo e eu olhei.

— Bom — falei observando.

— Chame ela — ele pediu.

— Eu não. Chame você!

— Não vá assustar elas, hein! Seja menos


rabugento, pois elas já estão nervosas o suficiente
e, se você ficar olhando para elas desse jeito, elas
não vão conseguir nem falar.

— Então por que me chamou?

— Que droga, Aaron! Pare de ser um


babaca, porra! — ele disse irritado, se levantando e
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abrindo a porta para chamar uma moça.

Já entrevistamos 13 candidatas e estou tão


irritado que tenho vontade de arrancar meus
cabelos. Ele não gosta de nenhuma! Por mim, já
tinha contratado logo a primeira para acabar logo
com isso. Mas que porra!

— Que porra, Liam, o que você está


procurando?

— Quero uma pessoa com a mente aberta,


que não tenha medo de falar o que pensa, que seja
criativa. Essas que entraram aqui pareciam robôs!

Ótimo. Nunca vamos encontrar essa maldita


candidata.

Ele se levantou e foi chamar a última.


Quando ela entrou, eu podia ouvir seu coração
totalmente descompassado. Eu estava com seu
currículo nas mãos, e era um ótimo currículo, pois
ela já tinha experiência no ramo. Mas era a
mocinha que estava atrasada. Se ela soubesse o
quanto eu odeio atrasos...

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— Mia Black — falei observando-a.

Ela se acomodou na cadeira à minha frente


e me encarou nos olhos:

— Sou eu.

— É um prazer, Mia.

Liam tomou a palavra, pegando o currículo


e fazendo algumas perguntas a ela. Não pude deixar
de observar sua clavícula definida, a pele lisa, o
rosto corado, seus cabelos loiros caindo em cachos,
sua pouca maquiagem e boa postura. Suas notas são
ótimas, mas por suas respostas pude perceber o
quanto é ingênua e sonhadora. Parece aquele tipo
de menina que se dedica apenas aos estudos, ao
teórico. Duvido muito que tenha vontade própria,
como meu irmão quer.

— Eu queria que você olhasse este projeto


que fiz. Como você já é técnica formada em Design
de Interiores e está no penúltimo ano de
Arquitetura, pode nos falar se tudo está como
deveria estar, ou se mudaria alguma coisa nele.
Enfim, dê a sua opinião.
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Meu irmão falou entregando uma planta a


ela. Ela procurou por algo em cima da mesa e
pegou um lápis. Ela ia começar a fazer algo,
quando parou abruptamente.

— Desculpe-me, nem perguntei se podia


escrever. Posso?

— Fique à vontade.

Meu irmão respondeu animado, divertido na


verdade. Ela estava debruçada sobre o projeto para
fazer a modificação que queria. Mais de 80% das
entrevistadas não fizeram nenhuma queixa; uma
observou que poderia ser feita uma modificação na
cor. Que legal! Tudo isso porque meu irmão falou
que foi ele quem fez, então elas não acharam
defeito algum. Bufei ao me lembrar. Meu irmão
olhou questionador para mim: como é mesmo o
nome dela? Bom, Mia, isso, Mia, também. Coitada,
essa bufada não foi para ela, ainda. Vamos ver o
que ela fez...

Ela levantou o projeto e ficou observando o


que fez. Aproximou-se um pouco tímida e colocou
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o imenso papel na nossa frente.

— Bom, observei que tinha dois pequenos


erros e alterações que poderiam deixar esse projeto
mais sustentável e mais favorável para a empresa e
também para o meio ambiente. Tornaria o projeto
mais em conta e ele não perderia a qualidade, muito
pelo contrário, a deixaria mais elevada — ela
continuou falando e o sorriso do meu irmão foi de
orelha a orelha observando-a explicar os motivos;
coisa de arquiteto.

— Bem-vinda ao quadro de colaboradores


da Prescott Construction — meu irmão falou se
levantando e estendendo a mão para ela, que
apertou a mão dele e sorriu.

— É sério? — ela perguntou parecendo não


acreditar.

— Claro que sim. Pode passar no RH, ou


melhor, vou levá-la até lá.

— Nossa, muito obrigada! Garanto que não


vão se arrepender — ela falou olhando do Liam
para mim. — Desculpe-me, não sei seu nome —
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ela continuou estendendo a mão em minha direção.

— Aaron Prescott — falei e apertei a mão


dela.

Nesse pequeno momento, um choque


percorreu todo o meu corpo, me fazendo olhar para
a sua mão para ver se não tinha nada ali. Acho que
ela também sentiu, pois ficou sem graça e recolheu
sua mão rapidamente.

— Hum... — ela estava tímida. — Obrigada


— ela falou e eu apenas acenei com a cabeça.

Ela se retirou seguindo meu irmão para o


RH local, toda sorridente.

“Mas que porra foi essa?”, pensei alto


olhando para a minha mão, tentando entender o que
eu havia sentido ao tocá-la.

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Hoje é meu primeiro dia de trabalho, e até


agora não acredito que consegui o tão sonhado
estágio naquela empresa. A Prescott Construction é
referência mundial no ramo de construção,
engenharia e arquitetura. O salário é bom, os
benefícios são ótimos e sem contar a experiência
que vou adquirir trabalhando diretamente com os
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donos da construtora. O senhor Liam Prescott me


explicou como vai ser minha rotina. Vou
acompanhá-los em quase tudo, como se fosse uma
“secretária”. Vou controlar suas agendas e
acompanhar alguns trabalhos menores quando for
preciso. Eles queriam alguém com conhecimento
na área para poder entender o que estão falando,
pois, na visão deles, aprender a administrar é mais
fácil do que entender o ramo da empresa. E de certa
forma realmente é, de acordo com o que ele me
falou que vou fazer. O único ponto negativo dessa
empresa, e na verdade nem é da empresa, é a
distância de onde eu moro. Nossa, tenho que
atravessar a cidade inteira para chegar até ela! E,
diga-se de passagem, o transporte público aqui não
é dos melhores. Mas com o salário posso comprar
uma moto ou um carro em um futuro próximo.

Desci do ônibus bem perto da empresa,


caminhei apressadamente, pois estava em cima da
hora, e não podia me atrasar no meu primeiro dia.
Antes de entrar na recepção, dei uma conferida na
minha roupa, e estava tudo certo. Estava vestindo
calça social preta e camisa de manga 3/4 branca.
Meus cabelos estavam soltos, caindo em cachos, e
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minha maquiagem era leve. Na minha bolsa, trouxe


algumas coisas para deixar na minha sala. Entrei na
recepção e me apresentei para as recepcionistas
liberarem minha entrada, pois ainda não tenho meu
crachá definitivo. Elas liberaram minha entrada e
me explicaram para onde eu deveria ir. Então eu
entrei no elevador e, quando as portas estavam
quase se fechando, uma mão as impediu, e elas
voltaram a se abrir. E lá estava ele, Aaron Prescott,
o homem que pareceu me dar um choque quando
segurou minha mão. Eu ainda tento entender o que
foi aquele tremor que me percorreu por inteira
quando o toquei.

— Bom dia, senhor Prescott.

Ele apenas deu um aceno com a cabeça,


sério? Permaneci em silêncio e paramos no último
andar, o da presidência, 28° andar, onde eu ia ficar.
As portas se abriram e ele saiu na frente. Fui atrás e
fiquei um pouco perdida ali naquela imensidão de
lugar, que era arejado, muito bem decorado,
perfeito. Fiquei parada observando tudo ao meu
redor e procurando por alguém que pudesse me
orientar ali, mas não tinha ninguém. Que droga!
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— Está esperando um convite formal para


me acompanhar, senhorita Black?

Vi Aaron impaciente no corredor mais à


frente. Caramba, ele estava ali esse tempo todo?

— Não, me desculpe...

Ele me interrompeu:

— Apenas fique mais atenta. Não gosto de


repetir as coisas e nem de atrasos.

— Tudo bem.

Nossa! “Grosso”, pensei. Fui até ele e ele


fez sinal para que eu o seguisse num extenso
corredor, no final do qual havia duas portas, uma ao
lado da outra, lindas, de madeira escura e cheias de
detalhes sofisticados. Alguns metros antes delas
havia uma porta, na lateral do corredor. Ele parou
ao chegar à frente dela.

— A porta da esquerda é a da minha sala, a


da direita é a da sala do senhor Liam e esta aqui...
— ele falou abrindo a porta — é a sua.
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Ele me deu passagem e eu entrei. Caramba,


não acredito que esta é a minha sala! É imensa! Fui
passando a mão pelos objetos ali.

— Vou ter uma sala só para mim? É sério


isso? E desse tamanho? — comentei, surpresa e
animada.

— Tenho cara de quem está brincando?

Olhei totalmente desconcertada para ele.

— Não, me desculpe — o que esse homem


tem de bonito tem de arrogante.

— Próximo ao elevador, há uma mesa onde


a recepcionista do andar costuma ficar. Ela se
chama Molly. Ela estava fazendo algumas
atividades que agora serão passadas para você.
Fique atenta. Assim que ela aparecer, você deve ir
conversar com ela e pedir algumas instruções sobre
as suas atividades, até o Liam chegar.

Eu assenti, ainda abobada pela imensidão


do local. Devo estar com uma expressão idiota no
rosto. E mesmo esse troglodita sendo estúpido
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comigo, não conseguirá estragar o meu dia.

— Tem algo que eu possa fazer enquanto


eles não chegam? Algo em que eu possa ajudar? —
perguntei tentando ao máximo ser educada.

Ele pareceu pensativo por um momento.

— Não, apenas se acomode na sua sala e


espere.

Ele nem esperou alguma resposta da minha


parte e se retirou. Revirei os olhos e comecei a
explorar a sala. Uma das paredes é de vidro do chão
ao teto, dando uma visão privilegiada da linda
Miami e deixando o ambiente bem iluminado.
Sentei-me na cadeira e observei minha mesa, minha
mesa. É muito legal dizer isso. Estou tão iludida
por tudo isso! Abri as gavetas e ali havia tudo que
talvez eu fosse precisar. Na mesa pude observar um
notebook de última geração, um porta-lápis com
diversas canetas, lápis, borracha e grampeador, e
uma impressora imensa ao lado. E por incrível que
pareça, há uma estante com diversos livros antigos
na parede à minha frente. Por que uma estante com

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livros em um escritório? Quer dizer, não faz muito


sentido. Uma empresa de engenharia ter livros de
literatura e alguns de história. Mas eu gostei, e
muito. Fiquei pensativa por um tempo, mas resolvi
ir à recepção ver se a Molly apareceu. Caminhei até
lá e estava tudo silencioso, mas vi a moça sentada
em seu lugar trabalhando.

— Oi. Molly, não é? — falei ao me


aproximar e ela levantou o olhar.

— Oi, sou sim, e você quem é?

— Mia Black. Sou a estagiária — falei


estendendo a mão a ela, que me cumprimentou e
deu um tapa na própria testa.

— Oh, claro! O senhor Prescott me falou


que você viria.

Então, ela se levantou e disse confusa:

— Mas ele não está aqui. Quem a


acompanhou? Já está acomodada?

— Sim, o senhor Aaron mostrou a minha


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sala e me falou de você.

— Ele falou? — ela pareceu boba falando


isso. Então percebeu o que fez e voltou a falar: —
Hum, quer dizer, apenas fiquei surpresa de ele ter
lhe apresentado tudo. Mas, bom, posso explicar
algumas coisas para você agora, pode ser? — ela
disse mudando de assunto.

— Claro.

— Vamos até a sua sala.

Então ela passou a manhã me apresentando


a tudo ali naquele andar. Contou-me que ali só
trabalhamos nós quatro, que não é bom testar a
paciência do Aaron e que o Liam é um amor de
pessoa e muito compreensivo, ao contrário do
Aaron, que nem lhe fala “bom-dia”. Bom, isso eu já
tinha percebido. Então, ela me contou mais
algumas coisas que eu devia saber para ter uma boa
convivência ali, e pude perceber que ela sentia algo
por Aaron pelo modo que falava dele. Pode até ser
impressão minha, porque é muito fácil se atrair por
ele quando o vê, por sua aparência, por sua postura

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superior e totalmente convidativa, por seus olhos


azuis que te encaram sem medo e parecem te despir
de tão intensos que são. Mas, pelo que me contou,
ela trabalha com ele há um bom tempo e não é nada
fácil conviver com ele, sendo difícil, dessa forma,
alimentar algum sentimento por ele, mesmo ele
sendo tão lindo quanto é.

Estávamos distraídas na mesa dela quando


de repente uma voz grave soou pelo local.

— Molly, gostaria que combinasse com a


Mia o horário que vocês duas podem alternar para
ir almoçar. Preciso que, a partir de agora, pelo
menos uma esteja aqui durante o horário de
almoço.

E minha felicidade foi para o ralo, pois


pensei que teria alguém para conversar durante o
almoço.

— Pode ir agora, Mia, que eu vou mais


tarde — Molly falou e eu assenti. — Já é meio-dia,
e está na hora.

— Continuamos depois — sorri e apertei o


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botão do elevador.

Entrei assim que as portas se abriram, com


Aaron logo atrás de mim. As portas se fecharam e
eu não pude deixar de notar como aquele homem
me deixava nervosa, intimidada.

— Vou acompanhá-la no almoço — ele


disse, mas nem sequer me olhou —, mas não se
acostume. Só estou fazendo isso a pedido do meu
irmão, que não pôde estar aqui.

Odeio pessoas grossas! E pelo que percebi,


grosseria devia ser o sobrenome de Aaron.

— Senhor Prescott, caso não queira, não


precisa me acompanhar. Sabe, pode apenas me
mostrar o local e seguir o seu caminho — falei
baixo.

Estava claro que ele não gostava de mim e


não queria me fazer companhia.

— Está me respondendo, senhorita Black?


— ele me encarou com aquelas lindas bolotas azuis
brilhantes. Maldito homem bonito!
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— Hum... não, é que, bom, está claro que o


senhor não quer fazer isso, então...

Odeio gaguejar. Que droga de homem que


me faz perder a fala! Ele me olhou profundamente
e se aproximou. Recuei, batendo na lateral do
elevador. Ele me cercou com seus braços, um de
cada lado da minha cabeça e deixou seu rosto de
frente com o meu, e não pude evitar que minha
respiração ficasse irregular. Fiquei totalmente
nervosa com aquele homem maravilhoso, com um
perfume inigualável, bem à minha frente e me
olhando daquela forma.

— Vamos deixar uma coisa bem clara,


senhorita Black. Eu não perguntei se poderia
acompanhá-la, eu afirmei — sua voz grave e sua
proximidade me arrepiaram por inteira. Senhor, o
que é isso? — Quando eu lhe perguntar algo,
espero sua resposta. E quando eu afirmar algo,
quero apenas que você diga: “Sim, senhor”.

Droga! Seu rosto está tão perto do meu que


seu hálito quente chega à minha boca entreaberta.
Céus, vou ter um ataque cardíaco aqui! Alguém me
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socorra!

— Entendeu? — ele perguntou.

— Sim, senhor.

Fiz como ele pediu. Ele se afastou bem na


hora em que a porta do elevador se abriu no 3°
andar, onde é o restaurante da empresa. Passei
depressa pelas portas tentando controlar os
batimentos do meu coração. Mas que homem
atrevido! Isso poderia ser visto como assédio. E por
que eu me deixei afetar tanto? Céus, é claro! Além
de o homem ser lindo de morrer, ele é meu chefe!
Como vou discutir com ele?

Ele caminhava tranquilamente ao meu lado,


como se nada tivesse acontecido há pouco,
parecendo alheio aos olhares que as mulheres daqui
lhe lançam. Ele mal olhava para o lado. Pegamos
nossos pratos e sentamos em uma mesa afastada
que ele escolheu.

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Tentei comer sem olhá-lo, mas era


impossível, pois ele estava de frente para mim e
parecia muito confortável. Como ele consegue ser
tão indiferente a tudo à sua volta?

— Você está nervosa — ele disse sem me


olhar.
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— Não estou, não — neguei.

— Então essa sua mania de bater com os


pés é só um tique que você tem?

Caramba, travei minhas pernas! Ele


levantou seu olhar para mim me questionando.

— É — respondi o encarando.

Já bastava ele ter me feito aquilo no


elevador. Nunca mais vou deixá-lo me afetar assim.

— Você mente mal. Isso é bom — ele


comentou.

Nossa, agora ele resolveu conversar? Após


um tempo de silêncio, resolvi falar.

— Você me intimida — confessei.

— Isso é normal — ele disse, muito


arrogante.

— E você gosta disso, de intimidar as


pessoas...
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— Não posso evitar, faz parte de mim.

Podia jurar que vi o esboço de um sorriso


ali, mas acho que foi apenas impressão minha.

Que porra estava fazendo ali com aquela


menina, almoçando com ela na frente de todos? Na
verdade, eu nem almoço na empresa. Maldito Liam
que me coloca em cada enrascada. Eu a via
disfarçar e olhar para mim enquanto comíamos.
Resolvi não prolongar o assunto, pois não quero
que ela pense que tem intimidade comigo apenas
porque trocamos essas poucas palavras. Cometi
esse erro com Molly e agora ela não cala a boca
quando me vê. Mas não sei por que essa menininha
me desperta tanta curiosidade. Ela tem 22 anos,
mas eu olho para ela e vejo uma menina de 15.
Tem um sorriso tão inocente que me faz ter
pensamentos impróprios com ela.
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— Quantos anos você tem? — perguntei


apenas para confirmar.

— Fiz 22 anos na semana passada. Por quê?

— Parece que tem menos — dei de ombros.

— Vou aceitar como um elogio — ela


tentou descontrair.

— Mas não foi — falei sendo direto.

E mais uma vez o silêncio reinou ali.

— Em qual universidade você estuda


mesmo?

Por que estava perguntando essas coisas


para ela? Cala a boca, Aaron! Ela me mandou um
olhar irritadíssimo. Pude sentir a energia que
emanava dela. Isso, amor, adoro ver vocês bravas e
intimidadas. Ela respondeu e eu me surpreendi,
apesar de ter visto o currículo dela, prestei atenção
apenas nas experiências anteriores e notas. Ela
realmente é inteligente. Resolvi calar minha boca.
Ela terminou de comer, nos levantamos e voltamos
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para o setor. Dentro do elevador tive aquela


sensação estranha que senti quando a toquei. O que
é que essa menina tem?

— Ainda não acabou sua hora de almoço.


Durante esse tempo, se quiser sair da empresa ou
usar a internet, fique à vontade.

— Sim, senhor — ela falou com deboche.

Será que, se eu a matar, alguém vai sentir a


sua falta? Eu duvido.

— Você mora com quem? — perguntei para


tirar essa minha dúvida.

— Sozinha — respondeu seca.

Ótimo!

— E sua família?

— Por que o interesse? — ela perguntou.

Meu sangue ferveu. Apertei o botão e o


elevador parou. Ela me olhou assustada, ficando no
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canto do pequeno elevador. Está encurralada


querida...

— Eu a avisei e não gosto de repetir, Mia


Black. Mas vou falar mais uma vez para você
entender de uma vez por todas — falei cercando-a
com meus braços apoiados ao lado da sua cabeça.
— Eu pergunto e você responde, eu afirmo e você
confirma com um “SIM, SENHOR”. Estamos
entendidos?

Eu sentia o quanto ela estava assustada com


a minha aproximação. Seus olhos estavam
grudados nos meus. Ela me olhava tão
intensamente e sem piscar que, se eu tivesse
alguma alma, diria que ela a estava vendo. Ela
mordeu os lábios em sinal de nervosismo e meu
pau ficou duro na hora. Maldita, o que está
fazendo?! Ela respirou fundo e eu observei seu
peito subindo. Seu coração estava totalmente
descompassado. E o que veio a seguir me
surpreendeu.

— Não! — ela falou firme, com um olhar


duro.
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— O quê? — rosnei para ela, que avançou e


eu recuei achando que ela ia me beijar, mas ela só
queria sair do canto.

— Eu disse “não”. Você é meu chefe e


sempre o tratarei com respeito, e espero o mesmo.
Você pode sempre esperar o melhor de mim, e não
precisa me coagir para isso.

— Como ousa me desafiar? Falar assim


comigo? — me aproximei de novo, mas ela não
recuou.

— Como ousa ficar assim tão próximo de


mim? Não lhe dei liberdade para isso — ela rosnou
de volta.

Nunca ninguém tinha me enfrentado desse


jeito. E pensar que foi um ser tão patético quanto
esse me fez ter vontade de rir, e foi o que eu fiz.

— O que é tão engraçado? — ela perguntou


em um misto de confusão e raiva.

— Você. Um ser tão insignificante me


desafiando desse jeito. Meu irmão estava certo a
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seu respeito — falei e ela me olhou confusa. — Ele


queria alguém que não tivesse medo de ousar e se
expressar — falei tentando parar de rir.

Ela ficou alguns segundos me olhando com


uma expressão estranha e depois pareceu voltar a
si.

— Olha, senhor Prescott, eu já entendi que


senhor não gosta de mim, que preferia ter escolhido
outra candidata e tudo mais — ela falou e eu revirei
os olhos, pensando “lá vem conversa fiada de
novo” —, mas, se o senhor não me demitir depois
desse nosso incidente, quero que saiba que pode
esperar meu respeito e minha total dedicação a este
emprego. Não quer conversar comigo? Tudo bem.
Eu fico quieta no meu canto e o senhor não vai nem
me notar. Apenas lhe peço para que não faça isso
novamente.

Então ela não quer que eu me aproxime


novamente? Dei uma de desentendido.

— O quê? Isso? — falei, encurralando-a


pela terceira vez no canto do elevador.

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— Exatamente — ela sussurrou,


gaguejando.

Dei um sorriso de canto ao vê-la tão afetada


e de olhos fechados.

— Com prazer.

Falei e me separei dela. Apertei o botão do


elevador fazendo-o voltar a subir. Descobri algo
sobre ela agora. Ela não tem problema no coração,
pois ele está acelerado há tempo e até agora ela não
caiu dura no chão. Não sei se fico triste ou feliz por
isso. Pelo canto do olho, a vi ajeitando seu cabelo e,
assim que a porta se abriu no nosso andar, ela saiu
em disparada para a sala dela, deixando uma Molly
confusa na recepção e eu disfarçando o
contentamento em vê-la tão vulnerável a mim.

Duas semanas depois.

A pirralha realmente sabe o que faz. Meu


irmão está babando por ela... não exatamente por
ela, mas pelo modo como ela trabalha e por sua
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pessoa.

— Cara, não entendo essa sua implicância


com a menina. O que foi que ela lhe fez? — falou o
protetor dos menos favorecidos. Ah, Liam...

— E eu não entendo por que gosta tanto


dela. O que ela tem de mais? Olhe para ela, é uma
pirralha — argumentei.

— Nem sei por que fico aqui discutindo


com você sobre isso, se já sei que você não gosta
de ninguém.

— Pois é.

— Mas é sério. Você pega pesado com ela.

— Cara, para mim ela é como qualquer


uma. Por que para você ela é diferente? Por acaso
está fodendo ela? — perguntei e ele fez uma cara
de espanto que me deu vontade de rir.

— NÃO! Olhe para ela! Parece uma


menininha de tão inocente. Às vezes eu até acho
que ela é virgem — hum, será? — É o modo dela
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falar, a risada dela. Ela tem senso de humor. Não


sei, mas é algo meio paternal que eu ando sentindo
por ela. Ela é sozinha no mundo e dá vontade de
pegar para cuidar, igual a um cachorrinho.

Comecei a rir. Ele é um monstro, mas


sempre tem esse negócio paternal, essa vontade de
ser pai, de cuidar de alguém.

— Pensei que já tivesse superado isso de


querer ser pai.

— Não superei.

— Adote ela, então! Vamos ver o que ela


vai achar quando ver você estripando alguém na
sua cama — provoquei.

— Fale baixo, filho da puta!

Ri do seu desespero.

— Vou pegar mais leve com ela. Satisfeito?

— Sim, agradeço.

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Estas últimas duas semanas têm sido um


inferno. Bom, pelo menos quando estou sozinha
aqui ou tenho que fazer algo com o Aaron. Ele é
um inferno de pessoa. Nunca conheci alguém que
tem prazer em ver a dor nas pessoas. Ele gosta de
me ferir e de me ofender. Aprendi a ignorá-lo, e
isso o deixa com mais raiva ainda. Como duas
pessoas tão diferentes uma da outra podem ser
irmãos? Dou risada e consigo me expressar quando
estou com Liam. E ele nem quer mais que eu o
chame de senhor, apenas de Liam. Como um
homem tão lindo e bom como ele ainda está
solteiro? Não sinto atração física por ele, apenas o
admiro, apesar de ele ser tão lindo quanto o irmão.
Ombros largos, cabelo castanho arrepiado, olhos
verdes, pele bronzeada e, pelo que pude perceber
por suas roupas, está em ótima forma. Ele tem um
sorriso incrível que deixa qualquer um à vontade
com ele. É difícil achar alguém como ele sozinho
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hoje em dia, e isso me surpreende, e muito.

Estava distraída fazendo algumas anotações


quando alguém entrou na sala me causando um
baita susto.

— Desculpe-me, não queria assustá-la —


Aaron falou.

Ele está sendo educado? Milagre.

— Tudo bem. Posso ajudá-lo em algo?

— Na verdade pode. Gostaria que me


acompanhasse em uma obra.

Acho que não consegui disfarçar minha cara


de surpresa, droga!

— Claro — falei me levantando. — O


senhor quer que eu leve algo em específico?

Ele pareceu pensativo e me olhou de cima a


baixo. Senti minhas bochechas queimarem com seu
olhar.

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— Apenas algo em que possa fazer


anotações caso necessário. Preciso que tire umas
fotos do andamento da obra. Tem uma câmera na
minha sala, e vou levá-la para você tirar as fotos.

— Tudo bem.

— Me espere em 5 minutos no elevador —


ele falou autoritário e eu assenti.

Ele se retirou e eu corri para pegar meu


caderno e duas canetas. Por sorte, vim com uma
roupa bem confortável para andar no canteiro de
obras. Estava perto de começar o inverno, então eu
estava usando calça social justa, bota de salto e
cano baixos e blazer. Aqui dentro não é necessário
usar o blazer, então usava só com uma camisa
social. Sou muito simples com minhas roupas.
Agora quero mudar, me vestir melhor, pois vou ter
dinheiro para isso, e quero andar mais bem vestida,
mais arrumada.

Estava na porta do elevador o esperando.


Enquanto isso conversava com Molly, que é uma
pessoa muito agradável. Acho que podemos nos

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tornar amigas...

Vi Aaron vindo com sua habitual postura de


dono do mundo, vestindo seu terno feito
especialmente para ele. Não posso acreditar que um
homem que tem tudo na vida pode ser tão cruel
quanto ele. Isso me intriga. Por que ele é assim?

— Podemos ir? — ele falou e eu assenti,


apertando o botão do elevador e me despedindo de
Molly, por ora.

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Ela estava sentada no banco do carona


enquanto eu dirigia para a obra. Gosto de como ela
fica totalmente sem jeito perto de mim. Não
trocamos mais nenhuma palavra desde a empresa,
mas fui um cavalheiro e abri a porta do meu carro
para ela entrar. O único som dentro do carro era o
do rádio, que tocava uma música qualquer, mas ela
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parecia gostar.

— O que faz para se divertir? — perguntei.

Ela me olhou um pouco pensativa. Tá, eu já


entendi que é algo inédito eu ficar puxando assunto,
conversando normalmente como se eu não fosse
grosso naturalmente.

— Ah, eu não costumo sair muito. De vez


em quando uma amiga me arrasta para alguma
festa, mas prefiro ficar em casa.

Hum, interessante.

— Hoje vai ter a inauguração de uma boate


no centro. Eu e Liam somos sócios e temos alguns
convites guardados para dar para algumas pessoas.
Vamos entregar dois a Molly, e poderíamos dar
dois para você também, para ir se divertir com uma
amiga.

Ah, eu adoraria ver se ela é tão inocente


quanto parece!

— É sério? — ah, céus! Por que essa


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menina fica toda hora perguntando a mesma coisa?


Como se eu fosse um mentiroso, de ficar de
brincadeiras. — Hum, quer dizer, obrigada — ela
tratou de se corrigir quando viu minha expressão
fechada.

Chegando à obra, ela estava claramente


animada. Saiu andando por lá, tirando fotos de tudo
e anotando algumas coisas que eu nem pedi para
ela anotar. Ela deu bola para o papo dos pedreiros
que trabalhavam ali, sorrindo feito idiota, achando
que eles estavam sendo simpáticos com ela, e não
dando em cima dela. Como disse, patético! Depois
de conversar com o responsável, fui até ela, que
estava distraída anotando algo em seu caderninho, e
ela deu um pulo quando me aproximei.

— Você é assustada.

— Desculpe-me — ela falou sem jeito.

Fechou seu caderno e começou a falar dos


pontos que havia fotografado.

— Podemos ir agora — falei e saí andando


com ela logo atrás de mim.
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No carro, pude notar que o clima entre a


gente já não era tão tenso. Tudo bem, admito, ela
não é tão desagradável quanto pensei e nem um
pouco parecida com a Molly. Mas eu também
percebi o quanto ela se segurava para não falar. Ela
realmente queria falar algo. Eu via de relance o
quanto ela abria e fechava a boca, em um conflito
interno entre falar e não falar.

— Pode falar, Mia Black.

Ela me olhou confusa e eu a encorajei com


o olhar.

— Não, é só que... Só pensei o quanto está


agradável hoje, você está sendo gentil.

Segurei o riso.

— Prometi ao meu irmão que pegaria mais


leve com você.

— Obrigada, eu acho...

Entrei no estacionamento da empresa e


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fomos para o hall de entrada, com muitos olhares


curiosos em nossa direção. Subimos em silêncio
para o nosso andar. Já estava na hora de ela ir
embora, então fui direto para a sala do meu irmão e
ela para a dela, para passar as fotos que tirou da
obra para o notebook. Entrei e vi Liam distraído
mexendo no seu notebook.

— Vendo pornô?

Ele riu.

— Não. Trabalhando — respondeu e ele


olhou para mim. — Foi tudo bem na obra?

— Sim, eu não matei a sua protegida e nem


sequer tentei enforcá-la.

— Fico feliz com isso.

— Cadê os convites para a inauguração da


boate?

— Eu já os entreguei para a Molly.

— Sim, mas estou perguntando porque vou


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dar para a Mia.

Ele me olhou assustado, abriu a gaveta e


pegou dois.

— Você a convidou para ir?

— QUÊ? Claro que não! — falei rindo. —


Só estou dando os convites para ela ir com uma
amiga.

— Você não quis matá-la e ainda por cima


conversou com ela? Nossa, que progresso!

Fuzilei-o com os olhos.

— Ela não é tão desagradável quanto a


Molly — falei olhando-o pelo canto dos olhos e
pegando os convites.

— Mas você não está pensando em fazer


alguma coisa com ela, não é? Você sabe, pessoas
do...

— Funcionários são área restrita, eu sei. Eu


impus isso. Eu só tenho vontade de tirar aquela
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inocência que é estampada em seu sorriso e olhar


— falei maldoso.

— Aaron, nem pense nisso.

— Ela nem vai se lembrar depois, Liam —


argumentei.

— Porra nenhuma! Pode parar com isso.


Área restrita. Controle-se, caralho!

— Tá bom, tá bom, já entendi. Mas hoje


preciso voltar com alguém para casa.

— Que seja! Eu também pretendo voltar


com alguém.

Saí da sua sala e fui para a sala dela.

— Ah, senhor Prescott — ela falou assim


que entrei, — já encaminhei as fotos para o e-mail
do senhor e para o do senhor Liam.

— Muito bem... — falei me aproximando.


— E aqui estão os convites — falei entregando-os e
ela pegou-os receosa. — Você não precisa pegar a
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fila com eles, pode ir direto até os seguranças que


eles a deixarão entrar.

— Muito obrigada.

— De nada.

Ela ficou parada me observando, um tanto


curiosa, deitando a cabeça para o lado enquanto
seus olhos azuis me encaravam sem piscar. Isso me
incomodou um pouco... esse estudo que ela parece
estar fazendo de mim. Pigarreei e ela voltou a si.

— Bom, se não precisarem mais de mim, já


vou indo.

— Tudo bem, pode ir, senhorita Black —


falei me retirando e ela continuou parada
observando os convites.

Fui para a minha sala e logo escutei o


barulho da sua porta se fechando, de seus passos
indo até o elevador e dela se despedindo de Molly.

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Naquela noite...

Estava na boate com meu irmão tomando


um pouco de uísque para me distrair de toda aquela
conversa alheia. Os outros donos estavam conosco,
e meu irmão conversava animadamente enquanto
eu apenas observava ao redor, pensando em quem
levaria para casa. Estava com tanta sede que minha
garganta chegava a arranhar, pedindo por algo para
aliviá-la. Enquanto olhava para baixo, entre aquele
monte de pessoas, uma cabeleira loira me chamou
atenção. Ela veio! Meu irmão se aproximou,
encostou-se à grade e olhou para a mesma direção.

— Como ela está diferente... — ele falou.

— Parece mais mulher assim — comentei


estudando-a.

— Porra, olha para amiga dela! — ele falou


e eu observei.

Ela é maravilhosa. Parece mais mulher,


mais confiante que a pirralha. Pele clara, cabelos
escuros e um corpo que agrada qualquer homem.
Mas não me chama tanta atenção quanto ela.
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— Bonita, e muito gostosa — falei.

— Cacete!

Acabei rindo.

— Área restrita? — perguntei.

— Para mim não. Pra você sim — ele


piscou.

— Porra!

— Elas estão subindo — ele falou e nós


ficamos parados ali olhando para elas.

Elas pararam no bar e pediram uma bebida.


Ela rodou seus olhos pelo local e nos viu ali, então
acenou animada em nossa direção. Dei um aceno
com a cabeça e vi o Liam fazendo o mesmo, mas
com um sorriso no rosto, sempre com um sorriso
no rosto. Com minha audição, pude ouvi-la dizendo
para a amiga: “Aqueles, são meus chefes”. Acabei
rindo da cara que a amiga fez e da resposta que
deu: “Chefes? Aquilo é um castigo! Como
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consegue passar o dia com eles e não agarrar


nenhum?”.

Vi Mia sorrir para a amiga.

— A amiga dela gostou da gente — Liam


falou.

Sabia que ele estava prestando atenção na


conversa delas. Ah, se elas soubessem a verdade...

— Todas gostam, Liam. Podemos escolher


qualquer uma aqui — falei o óbvio e ele riu.

— Claro que sim.

Então as vi vindo em nossa direção e


paramos de falar.

— Olá, senhores Prescott.

— Oi, Mia, não precisa de formalidades


aqui. E aí, estão se divertindo? — Liam perguntou.

— Na verdade, acabamos de chegar, mas


aqui é ótimo. Muito obrigada por nos dar os
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convites. E, a propósito, essa é Crystal, minha


amiga da faculdade.

— E colega de apartamento — a amiga


complementou. — Prazer — ela falou dando um
beijo em nossos rostos.

— Você não disse que morava sozinha? —


perguntei me lembrando da conversa de dias atrás.

— Eu me mudei há pouco tempo para


dividirmos o aluguel — Crystal adiantou.

— Entendo — respondi e voltei a observar


Mia.

Era a primeira vez que eu percebia o quanto


ela era atraente, quer dizer, ela sempre me chamou
a atenção, mas por motivos diferentes dos que vejo
agora. Ela vestia um vestido justo no corpo,
branco! Porra, tinha que ser branco? Seu cabelo
estava bem liso, diferente dos habituais cachos que
sempre estavam ali, e ela estava maquiada. Nada
exagerado. Ela parecia um pouco mais mulher, mas
seu sorriso e seus olhos ainda continham aquela
inocência que eu sempre vi neles.
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— Uau, que mulheres lindas! — ouvi essa


voz e meu corpo ficou alerta. Odeio o
descaramento desse cara.

— Sou James, sócio desses dois — ele falou


dando um beijo no rosto de cada uma.

— James, essa é Mia — meu irmão apontou


para ela — e sua amiga Crystal. Mia trabalha com a
gente.

Vi Mia corando com o olhar sugestivo que


James lançava para ela. Ele fez um sinal com a
cabeça para ela e percebi o quanto ela queria sair
dali, pois estava totalmente desconfortável.

— Bom, se não nos vermos mais, até


segunda — ela falou se despedindo e saindo às
pressas carregando a amiga, que a xingou porque
queria ficar ali conosco.

— O que aconteceu aqui? — Liam


perguntou confuso.

— Mia não sabe lidar com os olhares dos


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homens para ela. E James sequer tentou disfarçar


que a estava comendo com os olhos.

— O que posso fazer? Ela é um espetáculo!


Vou achá-la ainda esta noite — ele falou sorrindo.

— O caralho que você vai! — rosnei para


ele e endireitei minha postura encarando-o. —
Fique longe dela!

— Foi mal, cara, não sabia que você estava


com ela — James se desculpou e saiu de perto.
Liam me olhou abismado.

— Que foi? — perguntei incomodado.

— Só achei inédito ver você a protegendo.

— Quê? Protegendo? Não, apenas não o


quero perto dela — dei de ombros.

— Claro, você não pode, então ninguém


mais pode — ele riu e deu de ombros. — Você tem
que parar de ser tão possessivo.

— Não estou sendo possessivo.


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Ele me olhou segurando o riso:

— Ah, cale a boca, porra!

Ele riu e eu saí de perto dele, indo para o


bar pegar mais alguma coisa para beber. Tomei
mais uma dose de uísque e minha sede não passou.
É, estava na hora de ir à caça.

Dei uma volta sozinho pelo ambiente e ouvi


risadinhas de duas mulheres sentadas em um canto
mais afastado. Elas falavam de mim. Aproximei-
me delas e puxei assunto, sendo totalmente outra
pessoa, mais parecido com o Liam, na verdade. É,
sei fingir muito bem. As horas foram se passando e
eu estava me divertindo com as duas. Com certeza,
esta noite terminaria com um ménage. Mas de
repente uma voz se destacou dentre as outras. Era a
voz dela: “Me solte. Pare! Eu já disse que não
quero!”.

Cacete! Levantei-me em um salto,


deixando-as sem entender.

— Preciso ir — falei e saí andando.

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Logo escutei a voz do Liam ao longe. Ah,


como era bom ter essa audição.

— Confusão com a Mia.

— Ouvi, já estou indo.

Procurei-a e pude tranquilamente distinguir


o som da sua respiração pesada e as batidas do seu
coração entre os outros, sua voz ecoando cada vez
mais alto nos meus ouvidos. Aproximei-me e ela
estava em um canto escuro com sua amiga dando
tapas no homem que a segurava e a prensava contra
a parede. Antes de chegar até ela, era como se ela
sentisse a minha presença, pois olhou diretamente
para mim. Respirei fundo para tentar me manter
controlado e não jogar aquele homem para o outro
lado da boate. Ela usou seu salto e deu um chute na
canela dele que o fez arquear.

— Ah, sua vadia! — ele gritou, e ela saiu de


perto dele, assustada.

Claramente ela não está acostumada com


esse tipo de situação.

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— Tem algum problema aqui? — perguntei


para ele ao mesmo tempo em que vi Liam se
aproximando e conversando com elas.

— Nada que seja da sua conta! — respirei


fundo e me virei para ficar de frente com ela.

— Eu não acabei com você! — escutei-o


falando para ela e fui obrigado a me virar
novamente.

— Não ouse encostar mais um dedo em


nenhuma das duas, entendeu?

— Quem você pensa que é, seu playboy de


merda. Vá cuidar da sua vida!

Eu me virei, decidido a não prestar mais


atenção no que ele falava, mas num reflexo o vi
fechando o punho e vindo em direção ao meu rosto.
Virei-me em uma velocidade incomum e segurei a
mão dele no ar. Ele me olhou assustado e eu apertei
sua mão com força, a ponto de quebrá-la.

— Ok, ok, eu já entendi. Não vou mais


mexer com elas.
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Eu o soltei e ele saiu apressado dali,


murmurando palavrões. Respirei fundo e, quando
me virei, todos me olhavam atentamente, inclusive
Liam.

— Vamos, vou levar vocês embora — falei


e fiquei esperando eles se moverem.

— Não, hum, não precisa. Nós podemos


pegar um táxi — Mia disse.

Revirei os olhos, mas, antes de eu falar


algo, a amiga dela se apressou em dizer:

— Olha, Mia, não é hora de ficar tímida.


Depois dessa, eu realmente quero chegar segura em
casa. Já são quatro horas da madrugada e o que
mais tem a essa hora na rua é louco e psicopata.
Precisamos, sim, da carona.

Tive que rir com seu desespero. Elas me


olharam sem entender. Balancei a cabeça em
negativa e saí andando, com eles bem atrás de mim.
Pude ver o humor no meu irmão também. Se elas
soubessem que nós podemos ser e, na verdade,
somos muito piores que os psicopatas por ali, com
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certeza optariam por um táxi.

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Estávamos a caminho do estacionamento da


boate e eu ainda estava absorvendo tudo que houve.
Meu irmão a defendendo? Ele parecia se importar
com ela. Mesmo que seja a odiando, ou da forma
possessiva que ele tem de lidar com tudo, mas se
importava, e preciso que ele continue assim.

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— Aaron — chamei-o assim que chegamos


em frente aos nossos carros.

Quando eu e ele estávamos afastados das


meninas, propus:

— O que você acha de levarmos elas para a


sua casa?

— O quê? Tá maluco?!

— Cara, eu quero muito foder a amiga dela.

— Que porra! Mas é amiga dela. Não tem


como disfarçar? Ou arrumar outra?

— Você que falou de levá-las embora. Eu ia


levar outra pessoa — dei de ombros. — E não sabia
que se importava — provoquei-o.

— Eu não me importo, porra! Vamos para a


minha casa. Vou ficar enrolando a Mia enquanto
você faz o que quiser com a amiguinha dela — ele
olhou para a Crystal — que está claramente
interessada.

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— Muito interessada — rimos.

Aproximamo-nos delas e falei:

— Mia, Crystal, o que vocês acham de a


gente ir para a casa do meu irmão? Beber mais
alguma coisa, relaxar, esquecer o que houve na
boate...

Vi Mia engolindo em seco. Vai, Mia,


aceita!

— Eu topo! — Crystal falou e eu pisquei


para ela.

Vi Mia olhando sem jeito.

— Acho melhor irmos embora, Crystal.


Não é uma boa ideia — ela sussurrou para a amiga.

— Ah, qual é, Mia? Vamos nos divertir um


pouco. Amanhã é sábado. Já faz muito tempo que
nós não saímos e nos divertimos, por favor —
Crystal argumentou.

Gostei dela. Isso, amor, me ajude.


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— Relaxa, Mia, a gente só vai beber alguma


coisa e conversar, só isso — ouvi o Aaron dizer ao
meu lado tranquilizando-a.

— Tudo bem — ela falou por fim, mas vi


que ela realmente não queria ir.

— Venha comigo, Crystal.

Eu a chamei e ela veio ao meu lado.


Coloquei meu braço por cima do seu ombro e
fomos para o meu carro. Deixando Mia sem
entender, escutei o Aaron explicar:

— Ele gostou muito da sua amiga.

— Percebi — ela disse.

E logo ouvi a porta do carro batendo. Tem


que dar certo, Aaron! Não me desaponte, cara.
Quero meu irmão de volta.

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Estava inquieta no carro do Aaron. A essa


hora da madrugada, céus, por que fui aceitar? Esse
homem é um grosso, mas não posso ser hipócrita e
falar que vê-lo assim não me afeta. Afeta sim, e
muito. Hoje ele foi muito diferente comigo, não fez
nenhuma das suas gracinhas para me ver mal.
Muito pelo contrário, ele me tratou bem. Não, bem,
bem, apenas me tratou normal. Não sei por que ele
se esforça tanto para ser um babaca, sendo tão
agradável, acredito, seu jeito normal de ser.

— Quase consigo ouvir seus pensamentos


— ele comentou.

— Quê? — me sobressaltei.

— Calma — ele falou rindo —, é que você


está muito quieta. Parece submersa em
pensamentos.

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— Estou um pouco preocupada com a


Crystal.

De certa forma, não menti, realmente estou


preocupada.

— Meu irmão vai cuidar bem dela.

— Mas eles não estão indo para a sua casa


também? — perguntei assustada.

— Vão sim... estão bem atrás de nós.

Nossa, que alívio!

— Tudo isso é medo de ficar sozinha


comigo?

— Hum, n-não, é que... — respirei para


voltar a falar, odeio gaguejar — é que eu realmente
preferia ir para casa. Acho isso inapropriado.

— Você parece ser muito certinha.

— Ei, não é isso!

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— Tirei minha prova, realmente esse


rostinho angelical que você tem faz jus ao que é.

— Isso foi um elogio? — ele riu. — Não,


né? — ele riu de novo.

— Não é isso, é que eu não quero dizer algo


que possa interferir no meu trabalho, entende?
Preciso muito trabalhar e não quero que pensem
algo errado de mim — suspirei falando a verdade.

Ele me olhou pensativo.

— Sei que não sou a companhia mais


agradável do mundo — ele riu e eu o acompanhei
—, mas meu irmão realmente queria sair com a
Crystal hoje, e nós sabemos que ela não viria sem
você.

Eu apenas sorri, vendo-o adentrar o


condomínio mais luxuoso de Miami. Caramba!
Fiquei em silêncio, observando tudo ao redor. Ele
estacionou em frente a uma mansão que era de cair
o queixo. Tentei, juro que tentei não parecer
impressionada com a casa em que ele mora, mas foi
impossível. Desci do carro e fiquei parada olhando
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toda a extensão da frente da mansão.

— É bonita, não é?

Fiquei sem jeito por ele ter me pego no


flagra admirando sua casa.

— Muito.

— Venha, entre — ele falou e eu andei a


passos lentos até ele.

Virei para trás ao ouvir as vozes do meu


chefe e de minha amiga, que se encostaram no
carro e ele tascou um beijo daqueles nela. Fiquei
com um pouco de inveja, inveja branca, claro.
Voltei rapidamente e fui até o Aaron, que me guiou
até a entrada da casa.

— O que você gosta de beber? — ele


perguntou e eu pigarreei tentando me concentrar
nele, e não na casa dele. — Sabe, você pode
explorar por aí se quiser.

— Desculpe-me. É que é bom conhecer


lugares assim, abrem a mente e nos fazem ter novas
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ideias.

— Tudo bem... então?

Ah é, a bebida. Apertei meus olhos com


força, idiota, idiota! Por que fico tão distraída com
ele por perto?

— O que você vai beber? É que eu não


bebo muito, então... — dei de ombros indo até ele.

— Vou beber uísque, mas não é muito


aconselhável para você. Que tal um bom vinho? —
ele sugeriu.

Queria que Aaron fosse sempre assim...

— Parece ótimo — ele serviu minha taça e


eu tomei um pouco. Nossa, que delícia! — Meu
Deus, eu nunca mais chamo de vinho aquele suco
de uva que costumo beber. Isso aqui é maravilhoso!
— falei impressionada, pois nunca fui apresentada
a essas bebidas chiques, caras e antigas.

Ele riu e começou a caminhar para a sala de


estar. Parei ao ver um piano de cauda, branco, tão
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lindo! Céus, como é lindo!

— O senhor toca? — perguntei, me


aproximando do piano.

— Aqui é só Aaron, Mia. E sim, eu toco.

— Meu sonho é aprender a tocar piano —


sussurrei mais para mim do que para ele.

Ele não falou nada, mas ficou pensativo.


Passei meus dedos pelas teclas, mas sem pressioná-
las. Eu estava extasiada olhando para o
instrumento. Após algum tempo em silêncio,
resolvi me sentar no sofá, nem tão perto, nem tão
longe dele.

— Você toca algum instrumento? — ele


perguntou.

— Violão. E nem posso dizer que sei tocar


mesmo, só sei algumas músicas — olhei ao redor, e
não escutei nenhum som do Liam e da Crystal. —
Cadê eles afinal?

Ele riu.
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— Você é mesmo muito inocente, não é?

Novamente senti meu rosto queimar,


provavelmente ficando vermelho por causa do seu
comentário. Ele se aproximou de mim no sofá e eu
senti meu corpo inteiro estremecer pela
proximidade. Caramba, ele nem encostou em mim!
O que há comigo?

— Quer que eu conte o que eles estão


fazendo agora? — ele sussurrou, eu paralisei e isso
o fez rir.

— Que bom que eu o divirto, senhor


Prescott — ironizei.

— Sério? Ah, vai me dizer que você pensou


que ela viria para cá apenas para conversar? — ele
perguntou e eu fiquei em silêncio.

— Caramba, é pior do que pensei — ele


estava incrédulo e eu, confusa.

— Explique. O que é pior do que você


pensou?

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— Você é virgem!

Engasguei com o vinho.

— O quê? Não! — falei tentando mentir, tá!

Aonde ele quer chegar com isso? Ele é meu


chefe. O que tem a ver com isso?

— No seu primeiro dia de trabalho, eu disse


que você mentia mal e que isso era bom, mas eu só
não sabia o quanto! — ele gargalhou.

Eu me levantei desconcertada e agora


irritada com o humor dele.

— Quero ir embora — falei ríspida.

— Me desculpe, me desculpe — ele falou


parando de rir.

— O que é que você tem a ver com isso?


Nem deveríamos ter esse tipo de conversa — falei
levantando a mão para o alto depois de ter colocado
a taça de vinho na mesa atrás do sofá. — Eu nem
devia estar na casa do meu chefe durante a
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madrugada. Na verdade, em nenhum horário.


Caralho! Vou matar a Crystal! — falei exasperada,
nervosa.

Eu nem estava falando com ele depois de


um tempo, apenas pensando alto e andando de um
lado para o outro, totalmente irritada. Depois de eu
ter me acalmado, ele apenas ficou me observando
divertido.

— Você fala palavrão! — ele disse me


zoando.

— Já chega! — saí pisando duro,


irritadíssima com esse Aaron.

Caramba, onde é a saída desse lugar? Bom,


nós passamos por alguns cômodos até chegar à
cozinha e aí à sala, então acho que é por aqui.
Estava um pouco escuro. Não, com certeza eu errei
o caminho, então me virei para voltar e trombei
com o corpo duro do Aaron. Que susto! Tentei
desviar, mas ele ficou na frente, de novo.

— Sabe, aqui não é a saída.

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— Eu percebi. Estou perdida.

— Eu percebi isso também — ele estava


irritantemente calmo e sua voz teve mais poder
sobre mim do que normalmente já tem.

— Pode me mostrar a saída? Quero ir


embora.

— Mas você não vai.

Quê?

— E por que não? Eu quero, eu vou — falei


cruzando os braços, o desafiando.

— Você não vai, porque eu não quero que


vá.

Sua voz imponente me fez estremecer. Eu


não sabia o que fazer. Ele olhava diretamente para
meus olhos. Não consegui suportar seu olhar, então
baixei o meu.

— Olhe para mim — ele falou levantando


meu queixo. — Não vou mais fazer piada, prometo.
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Você está certa, não é da minha conta. É que eu


fico curioso, pois não se acham mulheres como
você hoje em dia — ele sussurrou.

— Agora deixei de ser pirralha? — falei


para descontrair, e funcionou.

— Liam lhe contou do apelido que dei a


você? — ele perguntou e eu fiz que sim. — Você
sempre vai ser uma pirralha pra mim.

— Eu não me importo com o que você


pensa ou fala de mim. Contanto que mantenha meu
emprego e me respeite na minha frente, pra mim
está tudo bem — falei a verdade.

— Então não se importa com o que pensam


de você?

— Não. Sou eu quem luta todos os dias para


sobreviver, sozinha. Se eu tiver minha consciência
limpa, vou estar bem.

— Nossa!

Foi tudo o que ele falou. Nós ainda


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estávamos naquele corredor escuro, então ele


começou a se aproximar, me encurralando da
mesma forma que fez no elevador da empresa,
semanas atrás.

— O que está fazendo? — sussurrei,


virando meu rosto para o lado, não conseguindo
sustentar seu olhar.

— Eu não sei.

— Então pare.

— Tem certeza?

Meu coração estava batendo tão rápido que


achei que ele ia saltar do meu peito a qualquer
momento. Resolvi olhá-lo nos olhos e me arrependi
no mesmo instante.

— Não.

— Eu só quero conhecê-la melhor — ele


sussurrou, aproximando ainda mais sua boca da
minha. — Você me intriga.

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Isso era uma confissão. Seus lábios roçaram


nos meus, e imediatamente senti um formigamento
nos meus lábios, querendo mais...

— Não é certo — sussurrei, tentando a todo


custo não me perder naquela imensidão azul que
eram seus olhos.

— Não, não é.

— Então me deixe ir embora!

Céus! Dê-me forças para continuar


resistindo. Ele não fez menção de se afastar. Seu
perfume inebriante, seu cheiro se instalando em
todo o meu ser... Caramba, como vou poder olhá-lo
de novo sem me lembrar desse momento?

— Aaron.

— Hum?

— Não vou conseguir te olhar de novo se


isso acontecer, me desculpe. Pode me levar
embora, por favor? — falei virando meu rosto.

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Ele respirou fundo e saiu apressado.

— Espere na sala — rosnou.

Revirei os olhos e tratei de andar até a sala e


me sentar no mesmo sofá em que estava sentada
pouco tempo atrás. Peguei a taça de vinho e
terminei de bebê-lo. Ele começou a enrolar, então
tomei a liberdade de me servir de mais uma taça
daquele vinho maravilhoso. E mais uma. E mais
uma. E mais uma. E já se foi a garrafa. Cadê o
Aaron? Que droga!

Resolvi ir atrás dele, por onde eu vi que ele


tinha ido. Andei por um corredor com diversas
portas, e uma delas estava meio aberta. Espiei pela
pequena fresta e não acreditei no que vi: o filho da
puta estava deitado na cama olhando para o teto!
Caramba, agora ele vai me ouvir! Empurrei a porta
rapidamente e ele se levantou com uma rapidez
inacreditável. Sua cara não era das melhores. Acho
que, se eu estivesse sóbria, estaria morrendo de
medo. Mas não, eu estava alterada, e muito.
Caramba, estou tonta!

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— Quem você pensa que é para entrar aqui


desse jeito? Está louca?! — ele gritou para mim.

— Eu sou a garota que você deixou


plantada na sala esperando para ser levada embora,
caramba! — gritei de volta.

— E você estava aqui sem fazer nada! Não


acredito nisso, Aaron! — continuei gritando
enquanto ele me observava atento. — Não vai falar
nada? — perguntei baixo.

— Você está bêbada?

— Não sei. Pergunte para aquela sua


garrafa de vinho que eu bebi toda enquanto
esperava você aparecer! — falei, mas desta vez não
tão alto.

Ele riu. Era quase uma gargalhada. Acho


que foi a bebida que me deixou mais leve e eu
acabei rindo também. Ele se aproximou cauteloso.

— Eu estava apenas me acalmando. Fico


pior que o diabo quando estou nervoso.

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Meu corpo inteiro se arrepiou, mas não foi


bom. Foi medo?

— Odeio quando você me desafia — ele


sussurrou, ficando de frente comigo e acariciando
minha bochecha com o seu polegar. — Odeio
quando você me ignora enquanto eu tento deixá-la
irritada. Odeio ser tão curioso a seu respeito. Odeio
você.

Caramba, ele fala como se estivesse fazendo


uma declaração de amor, com tanta suavidade
naquela voz imponente.

— Que pena pra você — sussurrei de volta,


tentando fingir que aquelas palavras não me
atingiram. E por que me atingiram assim?

Ele colocou suas mãos na minha cintura


suavemente. Engoli em seco e tremi com seu toque.

— Eu poderia matá-la agora.

Arregalei meus olhos para ele, assustada.


Isso é uma brincadeira de mau gosto do Aaron,
certo?
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— Você é tão frágil.

— E eu estava começando a gostar do


Aaron que esteve comigo hoje.

— Ele não existe, amor.

Fiquei olhando para ele tentando entender o


que estava acontecendo. Eu estava morrendo de
medo dele.

— Aaron, você está me assustando —


confessei.

— Só agora, amor? Acho que estou ficando


enferrujado.

Suas mãos apertaram firmes a minha


cintura. Em uma velocidade incalculável, eu estava
deitada em sua cama. Céus! O quê?! Nem tive
tempo de pensar, e ele selou sua boca na minha me
dando um beijo de tirar o fôlego, e eu correspondi.
Tendo a certeza de que eu queria sentir seu gosto
há muito tempo, e é muito melhor do que eu tinha
imaginado, mil vezes melhor do que nos meus
sonhos em que ele apareceu sem ser convidado.
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— Sabe... — ele falou assim que separou a


sua boca da minha, eu estava ofegante, e ele
também — eu normalmente fodo antes de fazer
isso, mas não quero tirar toda a sua pureza, não de
uma vez só.

— Mas o quê?! — falei extasiada

Estou sonhando? Nada está fazendo sentido


para mim. Eu não devia ter bebido.

— Gosto de como sua inocência e pureza se


contrastam com a minha insanidade e perversão. —
Céus! O que está havendo? — Você vai ser minha
para o que eu quiser fazer com você, entendeu?

Meus olhos estavam grudados nos seus, e


pude ver uma mudança brusca na cor de sua íris.

— Sim.

O quê? Eu falei isso? Por quê?

— Boa menina — ele sussurrou com um


sorriso extremamente satisfeito e sedutor.

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E em questão de segundos, seus olhos


estavam vermelhos e algo parecendo veias surgiu
perto deles. Ele voltou a me beijar, e eu não
consegui recuar. Seus beijos foram descendo pelo
meu maxilar, colo, rente aos meus seios, subindo de
novo pelo meu pescoço. Caramba, eu estava
excitada? Esse homem é louco! Ele desceu a alça
do meu vestido e cheirou toda a extensão do meu
ombro ao meu maxilar.

— Você é cheirosa...

E antes que eu pudesse pensar em algo


mais, senti uma dor imensa no meu pescoço.

— Aaron... — sussurrei

Aos poucos tudo foi ficando escuro, me


senti fraca e minhas pálpebras ficaram pesadas
demais para mantê-las abertas. Então eu
simplesmente apaguei...

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Eu a observava enquanto ela dormia.


Resolvi tirar seu vestido apertado para que ela
ficasse mais confortável. Ela tem um corpo
espetacular, tudo tão natural... Mas preferi colocar
uma camiseta nela, para que ficasse menos brava
quando acordasse.

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— O que vou fazer com você, hum? —


sussurrei, como se ela pudesse escutar.

Tirei minha roupa e coloquei uma calça


cinza de pijama. Normalmente durmo apenas de
boxer, mas ela pode ter um ataque se acordar e me
ver dormindo “pelado”.

Eu me deitei e fiquei a fitar o teto, sentindo


o gosto dela em minha boca. Minha garganta não
estava mais arranhando. Eu me sentia bem com o
pouco que tinha provado dela e me sentia saciado
no quesito fome, porque no quesito sexo, porra,
estava difícil ficar do lado dela. O fato de ela ser
tão inocente não me incomodava em nada, pelo
contrário, me deixava ainda mais instigado a
corrompê-la. Qual será a reação dela ao acordar?

Senti ela se mexer, mas não abri os olhos.


Percebi seu sobressalto quando me viu na cama
com ela. Ela saiu da cama e a vi indo para o
banheiro sussurrando alguns palavrões. E escovou
os dentes? Com a minha escova, com certeza. Ouvi
seus passos voltando e ela se sentando na beirada
da cama.
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— Aaron — ela me cutucou. — Aaron! —


chamou um pouco mais alto — Aaron! — gritou
irritada.

Abri os olhos devagar.

— Oi?

Sou muito falso, fala sério! Até eu me


surpreendo comigo mesmo às vezes.

— Por que eu estava dormindo na sua


cama?

— Você não se lembra?

Sorri para fazê-la pensar outra coisa. E


funcionou, é claro.

— Não. Eu me lembro de ter bebido sua


garrafa de vinho — ela colocou a mão na testa — e
agora estou com dor de cabeça. Também me
lembro de vir aqui e gritar com você. Então eu tive
um pesadelo estranho.

Ela falou, confusa, e colocou a mão no


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pescoço e, pela cara que fez, deve ter doído.


Segurei o riso.

— Não foi um pesadelo — ela falou


assustada, se levantando da cama.

Acho que só agora se deu conta do que


estava vestindo. Minha camisa parecia um vestido
nela. Olhou para a poltrona perto da cama e viu que
seu vestido estava ali.

— Droga, Aaron! — ela saiu correndo e eu


pulei da cama, ficando de frente com ela.

— Você é muito rápido — ela falou


derrotada.

— Muito.

— Por que não me mata logo de uma vez e


acaba com a minha angústia?

— Eu não quero matá-la, amor.

— Não me chame de amor! — ela rosnou.

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— Tudo bem, amor — falei me


aproximando dela e ela foi recuando.

— Se não vai me matar, vai fazer o quê?

Ela estava tremendo de medo, coitada.

— Não vou fazer nada. Vamos continuar a


ser o que sempre fomos: chefe e estagiária.

— Não vou conseguir olhar para você da


mesma forma que antes. Na verdade, eu só quero ir
embora e nunca mais olhar para você!

Ela recuou tanto que bateu na cama. Então


começou a andar de lado, apenas para manter uma
distância segura, mas eu continuei avançando até
ela.

— Você não vai se lembrar de nada desta


noite.

— Como assim?

— Vou fazer você esquecer...

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— O que você é?

— Um pesadelo real na sua vida.

Ela engoliu em seco. Já estava encurralada


de novo...

— Eu vou ficar igual a você?

— Não — falei, prensando-a contra a


parede.

— Não faça isso, Aaron, por favor.

Lágrimas começaram a correr por seu rosto,


e eu as limpei com as costas da minha mão. Então
ela fechou os olhos com força.

— Não foi tão ruim, admita.

— Foi horrível...

— É que você está fraca e precisa se


alimentar — falei segurando seu rosto com as
minhas mãos.

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Ela não abriu os olhos e torceu a boca,


contrariada e com medo.

— Me deixe em paz. Prometo não contar a


ninguém.

Ela abriu os olhos com expectativa.


Aproximei meus lábios dos dela e ela tentou recuar.

— Quero que você me beije — falei, e


assim ela o fez...

Não conseguia resistir às ordens dele. Era


como se eu não tivesse domínio do meu próprio
corpo, que respondia a todo comando dele, a cada
ato, a cada palavra sussurrada. Suas mãos estavam
na minha cintura enquanto nos beijávamos; um
beijo calmo e viciante. Ele estava sendo tão
delicado! Ele separou seus lábios dos meus, e eu

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me vi pedindo mais.

— Viu? Não é tão ruim — ele passou a mão


ajeitando meu cabelo. — Admita.

— Você de certa forma me obriga a isso.


Como faz?

— Eu posso te dar muito se for uma boa


menina.

Ele não respondeu à minha pergunta.

— E se eu não for?

— Não é como se você tivesse escolha —


ele sorriu sarcástico —, mas eu gostaria muito que
você se entregasse a mim por vontade própria.

Eu não acredito no que estou ouvindo.

— Quando você diz “se entregar”, você


quer dizer deixar que você me morda? De livre e
espontânea vontade?

— Isso.
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— Nunca — falei firme.

— Nunca é muito tempo, amor.

— Esse é o tempo que levarei para me


entregar a você — falei e saí de perto dele. — Sabe,
muitas mulheres por aí dariam tudo para ter “isso”,
mulheres que têm essa fantasia. Você pode
procurar por uma delas e me esquecer, e me fazer
esquecer tudo, desta noite inteira. E se quiser voltar
a ser o grosso de sempre, por mim tudo bem. Mas
não vou aceitar isso, não vou ser sua — falei firme.

Ele andou até mim novamente, mas dessa


vez não recuei.

— Sei o quanto afeto você, Mia. Vejo isso


cada vez que a toco, cada vez que me aproximo de
você. Mas vou fazer sua vontade por enquanto.
Seus dias serão vazios, e você vai sentir falta de
algo e nem vai saber o que é.

— Sonhou alto demais, amor — ironizei e


ele riu.

Pousou suas mãos em minha cintura. Senti


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seu aperto em mim e logo estava na cama, como na


noite anterior.

— Eu preciso de mais... — ele sussurrou.

— Mas você disse que ia fazer a minha


vontade — argumentei enquanto tentava me soltar
do seu aperto.

Ele estava em cima de mim, caramba! A


imagem à minha frente estava me fazendo passar
mal. Um homem desses sem camisa em cima de
mim... eu até esquecia que tinha que ter medo dele,
e não desejo, atração. Acho que estava começando
a sentir a tal síndrome de Estocolmo.

— Eu sei o que eu disse, mas não falei a


partir de quando — ele colou nossos lábios.

Seu beijo é perfeito. Incrível como se


encaixa perfeitamente em mim...

— Não o entendo. Por que está sendo


gentil?

— Porque estou de bom humor.


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— E mesmo de bom humor você me


machuca, você quer me machucar... — lamentei.

— Entendeu agora? Você não tem escolha.


Você tem que fazer o que eu quero para que eu não
fique de mau humor, porque, ah, você não vai
querer me ver de mau humor. Confie em mim.

— Achei que aquele me provocando todos


aqueles dias era você de mau humor.

Tentei enrolá-lo com conversa e parecia que


estava funcionando.

— Aquele era eu sendo legal com você.

— E o que você está sendo agora?

— Esse é alguém que eu posso ser se você


se comportar...

— Queria que você fosse assim, só assim...


— falei acariciando seu rosto.

Caramba, o que eu estava fazendo? Ele é


um monstro! Não podia e não devia sentir nada por
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ele que não fosse ódio.

— Eu não posso ser só assim, amor, mas


posso ser na maioria do tempo. Quando não estou
com fome.

Vi a cor dos seus olhos mudar de novo.

— Aaron — sussurrei enquanto mais uma


vez ele roçava seus lábios nos meus, descendo pelo
meu maxilar, inalando meu cheiro.

— Oi?

— Estou com fome — improvisei e ele se


afastou para me olhar.

— Vou pedir para a empregada trazer nosso


café aqui. E nem pense em sair do quarto, pois vou
achá-la antes mesmo de você pensar em sair desta
casa. Não me desobedeça.

Ele me ameaçou e eu fiquei assentindo sem


parar com a cabeça. Então ele foi para a cozinha.
Esperei algum tempo e fui até a porta, que só estava
encostada. Olhei o corredor e não tinha ninguém.
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Era a hora! Andei cautelosamente até a beirada do


corredor, onde dava para ver a cozinha e o vi ali
conversando com a empregada, enquanto ela
preparava uma bandeja com algumas coisas. Ele
estava distraído. Fui com passos leves até o outro
lado, e ele não me viu. Andei um pouco mais
rápido dessa vez e por outro corredor. Que droga de
casa imensa! Olhei para trás e nenhum sinal dele.
Ótimo! Continuei andando e acabei batendo em
algo duro. Olhei para frente e dei de cara com o
peitoral nu do Aaron.

— Eu lhe disse para ficar no quarto — ele


rosnou bravo, muito bravo.

Ai, fodeu.

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— Só estou conhecendo a casa — menti


descaradamente.

Ele me prensou com força contra a parede,


claramente irritado. Eu estava ficando sem ar.

— O que eu vou fazer com você, hein, Mia?


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Hum? — ele deu uma mordida de leve no meu


maxilar.

— Me deixar ir embora? — sugeri.

Ele me prensou com mais força contra a


parede me fazendo gemer de dor.

— Não banque a engraçadinha. Minha


paciência com você se esgotou — sua voz era
assustadora.

— Tudo bem. Vou voltar para o quarto e só


vou sair de lá quando você falar que eu posso —
falei, derrotada.

O que posso fazer?

— E não minta mais pra mim. Eu já a


conheço muito, muito bem.

— Você está invadindo meu espaço pessoal,


senhor Prescott — falei, sentindo seu joelho
pressionar minha intimidade.

— Eu sei — ele sussurrou, mudando


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totalmente seu humor.

— Então? — perguntei.

Ele continuou me pressionando ali, naquele


local onde eu sentia um pequeno incômodo e um nó
se formando bem abaixo do meu umbigo. Isso,
além do calor insuportável que eu sentia sempre
que estávamos assim, colados um no outro. Uma de
suas mãos escorregou pela minha cintura, parando
na barra da camiseta, onde ele acariciou minha
perna nua. Meu corpo inteiro se arrepiou e ele
percebeu, pois vi seu pequeno sorriso de canto.
Devagar, seus dedos foram passeando pela minha
coxa até chegar à minha virilha. Um simples toque
fez meu corpo inteiro estremecer.

— Por favor, não tire isso de mim também


— supliquei a ele.

Ele me olhou fundo nos olhos, mas não me


soltou. Então me pegou no colo me fazendo
entrelaçar minhas pernas na sua cintura e correu
comigo. Em um segundo já estávamos no quarto,
mas, diferente das outras vezes, ele não me deixou

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na cama, ele continuou comigo colada em seu


corpo.

— Você está quente — ele falou.

— Quente? Estou quase em combustão! —


falei sem perceber e ele riu.

Droga, senti meu rosto queimar de


vergonha! Tentei sair do colo dele e ele não deixou.

— Por que nunca se entregou para alguém


antes?

— Eu só não penso muito nisso. E não


achei alguém com quem eu quisesse, bom, você
sabe — falei tímida.

Aaron olhou para trás e pude ver a


empregada deixando a bandeja com o café da
manhã em cima da cômoda. Ela saiu
apressadamente e eu fiquei totalmente sem graça,
enterrando meu rosto no pescoço do Aaron
enquanto isso. Senti seu cheiro, seus músculos, sua
pele. Ele era tentador demais. Será que isso faz
parte do que ele é? Ou é só ele mesmo?
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— Pode me colocar no chão agora — falei.

Ele se mexeu e eu senti algo duro provocar


minha intimidade. Céus! Eu nunca senti isso. E é
tão, tão bom! Por que o proibido é tão tentador?
Não posso, não posso, não posso. Ele me deitou na
cama rapidamente e continuou a me pressionar ali,
e involuntariamente um gemido escapou por meus
lábios.

— É bom, não é?

Ele sussurrou, fazendo movimentos de vai e


vem, com seu membro na minha intimidade, e a
única coisa os separando eram os finos tecidos da
minha calcinha e da sua calça.

— É excitante... — ele continuou


sussurrando.

Fechei meus olhos para poder assimilar


melhor as sensações do meu corpo. Ele roçava seus
lábios pelo meu rosto, meu pescoço, enquanto
sussurrava.

— Eu posso te levar ao céu, amor... deixe


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eu te mostrar.

Suas palavras ecoavam em meus ouvidos,


mas eu não conseguia me mover, eu queria apenas
senti-lo. Ele começou a me beijar, um beijo voraz,
totalmente enlouquecedor. Sua língua era ousada e
seus lábios conseguiam ser macios e brutos ao
mesmo tempo. Seus beijos foram descendo para o
meu maxilar, meu pescoço, enquanto ele apertava
fortemente minha cintura com uma mão e seu outro
braço sustentava seu peso. Seus movimentos com o
quadril não cessaram. Eu não conseguia abrir meus
olhos e sair daquele transe. Estava tão bom que
nem sei se queria sair. Eu queria esquecer que ele é
um monstro. Queria muito que ele não fosse um.
Quando menos espero, um forte ardor começou no
meu pescoço. NÃO ACREDITO QUE ELE FEZ
ISSO DE NOVO! Quando eu ia me debater, sua
mão pousou firme e forte sobre minha intimidade e
então eu não tive mais controle de nada. Senti ele
me sugando, mas a sensação de sua mão me
apertando, fazendo movimentos firmes por cima do
tecido fino da minha calcinha ganhava de longe, e
eu só me concentrava naquilo. Ele gemeu enquanto
me sugava e eu estava enlouquecida com tudo,
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muito excitada. Então tirou seus dentes e seus


lábios do meu pescoço e sussurrou.

— Você está tão molhada, Mia — e passou


sua língua no meu pescoço, me provocando ainda
mais. — Deliciosa.

Então finalmente eu consegui abrir meus


olhos e enxergar o que realmente estava
acontecendo. Como ele não esperava por isso, eu
saí dos seus braços com facilidade.

— Pare, pare, pare! Isso é loucura! — gritei


exasperada, tentando me recompor depois de tudo.

— Loucura, amor? Loucura é parar agora


que está ficando bom.

Ele se aproximou e eu recuei, tentando manter o


foco, mesmo o vendo sem camisa, com o abdômen
perfeitamente esculpido e o volume da sua
excitação bem evidente no tecido fino da sua calça.

— Eu disse “não”! — falei firme,


apontando o dedo para ele, que não se intimidou.
— Aaron, eu disse “NÃO”! — comecei a recuar.
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— Aaron, se não parar agora, eu não respondo por


mim — ameacei e ele riu.

É como se eu não tivesse falado nada. Não


sei se foi a adrenalina, o que é que deu em mim,
mas eu dei um tapa estralado no rosto dele. Assim
que percebi o que fiz, comecei a rezar em
pensamento, pois chegou minha hora de dar adeus a
este mundo. Ele me olhou, furioso, rosnando para
mim, com a respiração totalmente descompassada.
Que bosta! Ele deu um grito, com uma voz
monstruosa que me fez tremer de medo. Tentei
correr, mas ele agarrou meu pescoço e me levantou
no ar, andando rápido, até que senti a parede atrás
de mim. Gemi de dor. E eu já estava ficando sem
ar. O rosto dele estava transformado. Tinha os
olhos vermelhos-sangue e sua voz, nossa, sua voz
era muito assustadora!

— Aaron — sussurrei, engasgando a cada


letra —, estou sem ar!

— SUA MALDITA! VOU MATAR


VOCÊ! — ele me jogou no chão e fui arrastando
até bater na parede.
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— O que está acontecendo aqui?! — Liam


gritou, entrando no quarto.

— Liam... — sussurrei, sem sentir meu


corpo, que era só dor, só dor.

— Aaron! O que você está fazendo? Ficou


louco? — ouvi ele falando.

— Não se meta, Liam! Vou ensinar essa


pirralha a não me bater mais.

— Ela bateu em você? Está louca, Mia? —


ele falou, enquanto eu me sentava no chão.

Eu não conseguia formular nada para


responder.

— Aaron, se acalme, cara. Você vai fazer


bosta — ele falou olhando para o Aaron. — Não
acredito que você bateu nele! — ele falou com um
tom repreendedor.

Olhei para seu rosto e ele segurava o riso.

— Tá achando engraçado, seu bastardo?


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A voz do Aaron já estava normal, mas seus


olhos ainda estavam transformados.

— Não. Não.

Acho que percebi sarcasmo em sua voz.


Estou ficando louca. Aaron saiu batendo a porta e
me deixou com Liam, que se abaixou e me pegou
no colo, me colocando deitada na cama.

— Eu vou cuidar de você agora, tudo bem?


Que tal comer um pouco? Você deve estar se
sentindo muito fraca.

— Não quero — sussurrei.

Eu o vi se levantar em uma velocidade


incrível e voltar com a bandeja, deixando-a sobre o
criado-mudo ao lado da cama.

— Não acredito que você também é um,


um... — falei, chateada, mas não consegui terminar
a frase.

— Um o que, Mia? Diga.

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— Um monstro — falei

É isso que são, não é? Metaforicamente


falando. Ou não.

— É, eu também sou — ele falou num tom


divertido.

— E o que vai acontecer agora?— Você vai


tomar um suco de laranja fresquinho — ele disse
me entregando o copo com suco.

— Quê? Não. É...

Ele me cortou:

— Olha, eu não vou fazer mal a você nem a


Crystal. Nós passamos a noite inteira acordados e
agora ela está descansando. Você pode dormir um
pouco também. Prometo que não vou deixar o
Aaron fazer nada contra você.

— Ele quase me matou.

— Por mais que meu irmão mereça, você


não devia enfrentá-lo assim.
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— E fazer o quê? Tudo que ele quiser? Não,


obrigada.

— Crystal fez e ela está feliz, está bem,


pergunte a ela...

— Ela é fã de The Vampire Diaries, sempre


quis isso — falei revirando os olhos.

— E você, não? — ele perguntou


rindo.

— Olha, é claro que eu assisto à


série e amo, mas... isso não tem nada
a ver... aquilo não é real... é algo
com o que ele é, o que vocês são, o
que vocês fazem. Eu sei que tudo
não é o mar de rosas que você fez
com ela esta noite. Eu sou a prova
viva disso. Olha pelo o que passei
agora! E tem também o jeito do
Aaron, que é um estúpido,
prepotente e idiota.

— Ele é muito controlador, dominador e


obsessivo.
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— Isso tudo também. Eu o odeio, Liam.


Quero que me faça esquecer tudo que houve, até
mesmo de tê-los encontrado na boate. Ele disse que
podem fazer isso. Eu não quero me lembrar de
vocês assim. Eu só quero me lembrar de odiá-lo e
nunca mais dar-lhe a oportunidade de se aproximar,
como fiz vindo até aqui, por um pedido seu. Só
quero chegar à empresa segunda-feira e ver vocês
da mesma forma que via quando saí de lá na sexta-
feira. Pode fazer isso?

— Posso. Apenas tome seu suco agora e,


quando a Crystal acordar, prometo que vamos
embora e vamos deixar vocês em paz.

— Obrigada, Liam.

Ele se levantou e saiu. Entrei debaixo do


edredom macio e resolvi dormir um pouco. Mas foi
um pouco difícil continuar na cama dele, com a
camisa dele. Tudo tem o cheiro dele, até a minha
pele...

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Maldita menina da língua afiada. Ela me fez


perder o controle. Não sei quando foi a última vez
que perdi o controle da minha raiva dessa forma.
Eu a odeio. Quero matá-la para nunca mais ver
aquele rostinho de anjo e sentir seu cheiro
provocador. Ainda sinto seu gosto em minha boca,
e é tão bom! É isso, vou matá-la, e depois de um
tempo esquecerei. Caminhei decidido até o quarto,
em silêncio absoluto. Sei que o Liam está no quarto
com a Crystal, mas também sei que ele está atento a
qualquer ruído fora do comum. Tivemos uma
conversa e prometi que a deixaria em paz. Mas
nunca fui muito confiável mesmo, então que se
foda!

Adentrei o quarto e ela estava virada para o


outro lado, aparentemente dormindo. Que bom, vai
ser mais rápido. Fui até o lado para o qual ela
estava virada e o que vi me paralisou. Ela estava
agarrada ao meu travesseiro, com expressão de dor,
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e seu rosto estava molhado. Ela deve ter chorado


até dormir. Por que diabos isso me incomodou
tanto? Ela se mexeu na cama, mas eu não me movi.
Então ela abriu os olhos lentamente.

— Veio acabar o que começou? — ela


sussurrou.

— Não — respirei fundo para respondê-la.

— Eu quero ir pra casa.

— Eu posso levá-la.

— Eu não quero ir com você. Quero ir com


o Liam e a Crystal.

— Não vou fazer isso de novo, Mia — falei


seu nome, derrotado.

Por que estou me sentindo mal? Que porra é


essa?

— Não acredito em você.

Ela estava tão frágil.


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— Mia, se eu quisesse fazer algo a você,


teria feito, e Liam não conseguiria me impedir.
Pode acreditar em mim — falei me sentando na
beirada da cama e passando a mão em seu cabelo.

Senti que ela ficou tensa com meu toque,


mas não recuei. Ela tem que acreditar que não vou
fazer nada a ela. Já percebi que não consigo. Não
mais.

— Vamos? Quer tomar um banho?

Ela se sentou perto de mim com os olhos


marejados.

— Nunca vou conseguir perdoar você,


Aaron. Você me confunde o tempo todo. Você me
deixa tão fora de mim que eu quase... — ela perdeu
as palavras.

— Quase se entregou a mim — ela ficou


quieta e apenas assentiu com a cabeça. — Mostrei
o quanto eu posso ser gentil e carinhoso com você,
e você só vai levar em consideração a minha
pequena perda de controle?

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— Pequena perda de controle? — ela bufou.


— Você quase me matou! E não é só isso. Você de
alguma forma me manipula e...

— Você provocou, Mia!

— É por isso que não posso ficar perto de


você. Eu nunca aceitaria quem você é. E correr
risco de morrer a cada briga, estou fora...

— Frustrante! Você é uma pirralha


frustrante! Qualquer uma aceitaria, por que você
não?!

— Porque não sou qualquer uma! E quem


bom que tem várias que aceitariam, assim você tem
mais opções e me deixa em paz!

— Não! Não! Não! Porra, Mia! — falei me


levantando da cama. — Seu gosto é diferente dos
outros. Eu quero o seu, não quero os outros.

— Mas eu não quero isso pra mim, Aaron.


Por favor, me deixe ir embora.

Andei de um lado para outro. Quer saber,


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que se foda!

— Que seja! Viva a sua vida de merda


então.

Saí batendo a porta e indo para qualquer


lugar que fosse bem longe dela.

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Eu as levei embora e as fiz esquecerem


dessa noite. Mia vai achar que caiu na escada do
seu apartamento ao chegar da boate um pouco
bêbada. As feridas em seus pescoços vão sumir
após algumas horas, algo que nos ajuda muito a
encobrir várias coisas, além do controle da mente.

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Aaron esteve “instável” durante o resto da


noite, querendo matar Mia por dizer “não” a ele.
Ele não lida muito bem com rejeição, pois nunca
recebeu uma. Todas até hoje não negaram nada a
ele, e ele não teve que controlar suas mentes para
tê-las, apenas para fazê-las esquecer. Ou então não
precisou, pois ele as mata depois após sugar-lhes a
última gota de sangue de seus corpos, vendo o
brilho da vida se apagando de seus olhos. Isso lhe
dá prazer. Ele é diferente de mim, muito mais
poderoso e temido. Isso vem com um preço muito
alto a se pagar. Ele já está acostumado, mas algo
nela tirou isso dele, o tirou dessa zona de conforto e
o fez ficar irado por isso. Ele trouxe duas garotas
para casa hoje. Queria que eu curtisse com ele, mas
eu neguei. Ele que se farte com as duas. Preciso me
concentrar em achar algum modo de deixá-lo
controlado na empresa. Ela não se lembrará de
nada, mas ele, ah, ele é o maior problema. E eu sei
que ela tem uma língua afiada quando se trata dele.
Ela dificilmente tem baixado a cabeça, e já o
enfrentou no seu primeiro dia de trabalho. Ela é
durona, apesar de pura e inocente. Esses dois vão
me dar trabalho. Meus dias na empresa nunca mais
serão os mesmos.
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No ônibus a caminho do trabalho, meu


corpo inteiro doía. Maldita hora em que resolvi
beber com a Crystal! No meu prédio não tem
elevador, então acabei tropeçando e caindo na
escada. Não aconteceu nada grave, mas estou toda
dolorida. Desci do ônibus e caminhei para a
empresa. Desejei “bom-dia” para as pessoas ali e
entrei no elevador. Agora já estou familiarizada
com o pessoal ali. É minha terceira semana de
trabalho, e eu e Molly estamos nos dando bem. Fiz
mais dois amigos, com os quais almoço quando o
Liam não pode me acompanhar. Espero que hoje o
Aaron esteja mais parecido com o Aaron de sexta-
feira. Ele foi agradável na sexta, mas antes disso eu
não o aguentava mais, estava ficando louca e me
segurando ao máximo para não gritar com ele. O
elevador abriu e eu estava de cabeça baixa,
pensando. Levantei minha cabeça e caminhei para
fora do elevador, dando de cara com ninguém
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menos do que meu querido — só que não — chefe.

— Bom dia, senhor Prescott — desejei


mesmo sabendo que não teria resposta.

— Está atrasada — ele falou.

Olhei no relógio e eram 08h02.

— Desculpe-me, mas esse foi o tempo que


levei da recepção até aqui. O elevador estava cheio
e parando em todos os andares.

— Usasse as escadas. Já lhe disse que não


gosto de atrasos!

Céus! Ele dormiu de calça jeans, não é


possível! Nem me dei o trabalho de falar algo.
Acenei com a cabeça e fui para a minha sala. Mas
ele foi atrás de mim.

— Não gosto que me deixem falando


sozinho, senhorita Black.

— Eu não tenho nada para falar, senhor


Prescott. Desculpe-me, achei que o senhor já
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tivesse terminado a bronca. Quer continuar? —


falei encarando-o.

Ele respirou fundo e disse:

— Que isso não se repita — e saiu batendo


a porta da minha sala.

Contei até 10 mentalmente e comecei meu


trabalho. Na verdade, tentei trabalhar, mas a cada
20 minutos eu escutava um grito do Aaron com
alguém no telefone. E isso me fazia sentir mais
raiva dele. Como pode ser tão frio assim, tão
arrogante? Ele é rico, lindo, gostoso, bem-sucedido.
Tem tudo para ser o homem mais feliz, e é assim,
por quê? Eu não entendo.

Estava quase na hora de eu ir embora,


faltando apenas 10 minutos. Fui ao banheiro e
retoquei minha maquiagem. Hoje vou passear no
centro da cidade com a Crystal e vamos direto para
a faculdade. Ela está me esperando na recepção, no
térreo. Saí do banheiro e dei de cara com o Aaron
sentado em minha cadeira, olhando um porta-
retratos com uma foto minha e da Crystal.

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— Posso ajudar, senhor Prescott?

— Quem é ela?

— Uma amiga.

— E como foi na boate sexta-feira?

— Ah, foi muito bom. Obrigada de novo


pelos convites.

Ele me encarou e parecia magoado.


Estranho. Minha porta estava aberta e eu não
entendia o que ele estava fazendo ali.

— Mais alguma coisa? — perguntei.

— Não.

— Aaron? O que faz aqui?

Uma mulher muito bonita estava passando e


o viu ali. Ela estava com uma cara um tanto
confusa. Por que eu achei ruim a intimidade que ela
parecia ter com ele?

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— Oi, querida, estava falando com a


estagiária. Conhece? Mia Black. Mia, esta é a
Amber.

A mulher, de quem agora sei o nome, se


aproximou e apertou minha mão.

— É um prazer, senhorita Amber — falei


educadamente.

— Claro, igualmente. Aaron, podemos? —


ela falou a ele, que sorriu, um sorriso diferente, um
tanto malicioso, e se levantou da minha cadeira,
colocando a mão na cintura da Amber e saindo da
minha sala.

— Caramba, o que foi isso? — sussurrei


baixo para mim mesma. — Como ela o suporta?

Ri internamente. Por que estou cochichando


comigo mesma? Estou ficando louca. Mas não
nego que aquilo me surpreendeu, e eu desejei ser a
Amber. Parece que ele a trata diferente. Também,
tão linda daquele jeito, com classe e se vestindo tão
bem. Chacoalhei minha cabeça e peguei minhas
coisas para sair dali. Fechei minha sala e não pude
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deixar de ouvir as risadas que ela dava para ele.


Mas de repente tudo ficou em silêncio. “Caramba,
Mia, vamos embora logo, deixa de prestar atenção
na vida do seu chefe estúpido”, me repreendi
mentalmente e fui embora dali.

Minha tarde com a Crystal foi muito


agradável, como sempre. Compramos algumas
coisas e fomos direto para a faculdade. Minha
mochila estava cheia, mas tudo bem. Hoje saí mais
cedo que a Crystal, que cursa Administração, então
fui embora sozinha. Enquanto eu andava até o
metrô — as ruas ainda estão lotadas nessa hora —,
uma pessoa no meio de muitas outras me chamou a
atenção. Era Aaron olhando diretamente para mim.
Eu o olhei por alguns segundos e uma pessoa
passou na frente dele, tampando minha visão, e de
repente ele sumiu. Não estava mais ali. Procurei ao
redor, fui até onde ele estava e nada. Céus! Acho
que estou vendo coisas. Ele nunca esteve ali. O que
faria ali, àquela hora da noite? Estou ficando louca.
Por que imaginaria ele ali? Oh, talvez seja porque
eu fiquei pensando nele e naquela mulher o dia
inteiro. Mal me concentrei no que a Crystal falava e
na aula de hoje. Que droga! Ignorei esse
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pensamento e coloquei meus fones de ouvido,


colocando minha playlist do Ed Sheeran para tocar.
O caminho foi tranquilo. Cheguei em casa, tomei
um banho e me deitei para dormir. E acabei
sonhando com ele.

Uma semana depois...

Aaron está cada vez pior, cada dia mais


grosso, mais instável. E eu estou a segundos de ter
um ataque com ele desta vez.

— Aaron, fiz do jeito que você me pediu, e


até mais do que me pediu. O que não ficou do seu
agrado? — perguntei, respirando fundo, depois de
ele ter falado que o que eu tinha feito tinha ficado
uma “bosta”. Idiota!

— Não tente ser eficaz, senhorita Black.


Você não tem nada disso. E pra você, é senhor
Prescott.

— Ok, senhor Prescott. Estou aqui há UM


MÊS e vejo que o senhor sempre faz dessa forma,
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então eu quis adiantar o processo. Só isso.

— Mas eu pedi isso? — ele falou esperando


uma resposta que não veio. — Oi? Desculpa? Não
escutei sua resposta.

Ele colocou a mão no ouvido, fingindo


ainda esperar pela resposta. Quer saber, que se foda
esse ogro idiota!

— Não, não pediu. Mas pode deixar que da


próxima não vai ter essa eficiência que eu sempre
aplico nos meus trabalhos. Vou ser a robozinho que
você queria contratar para fazer apenas o que lhe
diz e não te ajudar a agilizar o processo — falei,
virando as costas.

— Espere aí, o que você disse, pirralha?

É, ele me chama de pirralha, fala sério!

— Meu irmão lhe dá muita liberdade, por


isso você é assim. Mas até o final do contrato eu a
coloco na linha — ele continuou.

— Seu irmão gosta do jeito que lido com o


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meu trabalho e o executo — falei com tom de


deboche. — O senhor é o primeiro que conheço
que não gosta que adiante algo para o senhor, mas
tudo bem, como disse anteriormente, não espere de
mim mais nada que não seja solicitado.

Céus! Como eu queria poder xingá-lo na


cara! Que homem mais irritante! Faço um favor a
ele, e é assim que ele me agradece! E cada dia que
passa fica ainda pior, cada dia eu me surpreendo
com ele, achando que ele não pode ficar mais
grosso e, então, ele me prova que pode sim. Ele
arruma algo para me criticar, mesmo que sejam
pequenos detalhes. Para ele, nada está bom. E a
cada dia eu o vejo em lugares diferentes, onde
estou eu o vejo me observando e depois
desaparecendo. Tudo ilusão da minha mente que só
sabe pensar nele. Eu sonho com ele... sonhos
totalmente insanos, eróticos... Eu até sinto o calor
de sua pele em mim. Esse emprego está me fazendo
mal, estou alucinando e enlouquecendo. Preciso
passar por um psicólogo urgente para me tratar.

A resposta que lhe dei foi de forma


educada, mas parece que ainda assim o tirei do
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sério. Ele veio até mim, tão perto, que eu podia


sentir o calor da sua pele, e seus olhos de perto me
eram tão familiares! Deitei um pouco minha cabeça
ao observá-lo tão bravo, tão irritado, mas ainda
assim tão lindo, com sua boca tão convidativa...
Que bosta eu estou pensando?!

— Por que está me olhando assim? — ele


perguntou confuso.

— Por nada, me desculpe. Bom, se não tiver


mais nada que eu possa fazer pelo senhor, tenho
outras coisas para terminar antes de ir embora.

— Pode se retirar — ele disse ainda bravo.

Então eu saí quase correndo da sua sala.


Caramba, estava difícil suportá-lo ultimamente.
Acho que tenho tanta raiva desse jeito de ele lidar
com as coisas que fico imaginando ele sendo
diferente, sendo bom, por isso sonho tanto com ele.

Minhas noites na faculdade estão cada vez


mais corridas. Trabalhos e mais trabalhos. Ando
parecendo um zumbi de tão cansada. Hoje, graças a
Deus, é sexta-feira. Minha aula já acabou e, para
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variar, vou embora sozinha. Crystal vai sair com


alguém que eu nem sei o nome, mas tudo bem. Eu
estava na saída da faculdade quando alguém pegou
no meu braço. Olhei para trás e vi um rapaz me
olhando, bonito, muito bonito.

— Oi, me desculpa por incomodar — ele


falou sem jeito. — É que eu sou novo aqui. Você
pode me falar como faço para chegar neste
endereço?

Peguei sem jeito o papel de sua mão. O


endereço é bem próximo de casa.

— Estou indo pra lá. Moro nesse bairro. Se


quiser, pode vir comigo.

— Ah, que bom... Não tem problema


mesmo? Seu namorado não vai achar ruim?

— Não, não — sorri — Eu não tenho


namorado. Como é seu nome?

— Zack, e o seu?

— Mia.
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— Eu a vi na aula hoje. Meus pais


resolveram se mudar pra cá, então eu tive que pedir
transferência.

— Você é da minha sala? Nossa, não o vi.

Realmente, não tinha visto ele. E ele não é


do tipo que passa despercebido.

— Pois é. Você estava muito concentrada


na aula. Seria difícil me ver mesmo.

Rimos. Ele me contou sobre sua família e


disse que veio de Londres. Mora com os pais, tem
22 anos e gosta de cantar. Chegando ao metrô, que
estava lotado mesmo sendo tarde da noite e
principalmente por ser sexta-feira, eu vi Aaron de
novo. Mas dessa vez, ele não estava só observando,
ele caminhava em minha direção e sua expressão
era a pior que já vi em todas as vezes durante esse
mês em que estou trabalhando com ele. Ele estava
irado. Pisquei e ele sumiu.

— Ei, você está bem? — Zack perguntou,


olhando de mim para o lugar onde eu olhava.

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— Sim, me desculpe, estou bem sim —


falei, olhando ao redor para procurá-lo, e nada dele.

Zack e eu entramos no metrô e fomos para


casa. Ele desceu no mesmo local que eu, pois sua
casa era bem perto da minha. Tivemos uma
conversa muito agradável. Ele é muito simpático.
Então nos despedimos e ele foi para a casa dele e
eu fui para o meu apartamento. Preparei um copo
de café com leite e peguei um pacote de biscoitos,
liguei a TV e deixei em um filme de comédia que
estava passando no momento. Após comer, escovei
os dentes, coloquei um pijama, peguei meu
cobertor e deitei no sofá da sala para continuar
assistindo ao filme, até que adormeci.

Acordei em um sobressalto, assustada.


Olhei ao redor e estava na cama? Quando eu vim
deitar que não me lembro?

— Caramba...

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— Porra, cara, me solta! — gritei para o


Liam após ele me puxar do metrô para um lugar
mais afastado.

— Soltar você, é? Se eu soltá-lo, você vai


fazer o quê?

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— Vou só dar um “oi” para o amigo da Mia


— falei irônico, e o Liam tentou fechar a cara, mas
caiu na gargalhada.

— Achei que eu não ia viver o suficiente


para ver você com dor de cotovelo.

— Quê? Não! E pare de rir, seu puto! Só


estou cuidando do que é meu.

— Ela não é sua!

— Ainda.

— Ainda? Sério, Aaron? O que você está


fazendo para conquistá-la? Transando com a
Amber no seu escritório e fazendo-a gritar para o
andar inteiro ouvir? Ou tratando a Mia como um
capacho? Nossa, seus métodos de conquista são
realmente muito estranhos e duvido muito que vão
funcionar com ela.

Odeio esse tom de deboche do Liam.


Principalmente quando ele está certo.

— Ela me irrita! Você não entende — bufei.


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— E por que quer tanto ela?

— Eu já disse. Quero senti-la, quero


corrompê-la, quero o sangue dela — falei já
sentindo o gosto do seu beijo, do seu sangue e o
cheiro maravilhoso do seu corpo.

— Metade de você quer isso.

— Por que metade?

— Porque, se fosse você inteiro, já teria


feito, Aaron. Teria feito à força. Mas sua outra
metade a quer pra você. Quer que ela queira ser
sua.

Olhei para ele e comecei a pensar. Talvez,


só talvez, ele tenha razão.

— Tá, digamos que esteja certo — falei,


mas ele me cortou.

— Eu sempre estou certo.

Argh! Esse sorriso zombeteiro me irrita.

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— Voltando ao assunto. O que faço, então?


Fui bom pra ela naquela noite, em casa, até o meu
descontrole — revirei os olhos me lembrando
disso. — E mesmo assim ela não quis.

— Seja bom para ela, para as pessoas ao seu


redor.

Ele deu de ombros e eu arregalei meus


olhos.

— Não basta só pra ela? O que os outros


têm a ver com isso?

— Não, Aaron, ela vai achar que você


mudou só pra tê-la.

— Mas é só pra isso mesmo.

“Por qual outro motivo seria?”

— E você quer provar dela apenas uma vez


e vai largá-la?

— Não.

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— E o que vai fazer se conseguir tê-la?

Parei para pensar. O que vou fazer? Nem eu


sei.

— Ah, eu vou aproveitar.

— Esse seu jeito tão honesto me diverte,


Aaron. E o que ela ganha com isso?

— Eu. E também vou levar ela ao shopping


para comprar tudo que ela quiser. Dinheiro, fama,
status.

— Mia não é desse tipo. Ela quer mais...

Ele levantou suas sobrancelhas, sugestivo, e


vi até divertimento em sua expressão. O que
significa “mais”?

— O que seria “mais”? — perguntei,


confuso, me sentindo um otário por entender tão
pouco de relacionamentos.

— Ela quer amor. Ela quer casar, ter filhos,


um cachorro... uma carreira.
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— Posso dar a ela um cachorro e uma


carreira na empresa. Eu não amo, Liam, você sabe
disso. E sobre ter filhos, não podemos ter. E casar?
Bom, óbvio que não.

— Então se afaste dela. Você não a merece.

Ele começou a se afastar, mas, antes de


ficar muito distante, se virou e falou:

— E se eu souber que esse garoto foi morto,


eu o tranco e você nunca mais vai poder vê-la.

Engoli em seco. Então, quais são minhas


opções? Ficar sem ela ou mudar. Juro que tentei
ficar sem ela, experimentei outros sangues, outros
ares, outros gostos, outros corpos... Mas nada a tira
da minha mente. Imagino seu gosto e quase perco o
controle.

Resolvi ir até a casa e fiquei observando de


longe. Como um bom vigia, meu irmão tem a chave
da casa delas, pois sempre tem visitado a Crystal.
Quase posso chamá-la de cunhada. E eu também
não arrombaria a porta do seu apartamento
minúsculo e sem sacada. Ri com esse pensamento...
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Entrei em total silêncio, sabendo que a Crystal não


estava em casa, e ela estava há bastante tempo em
frente à televisão. Já devia ter adormecido, pois os
batimentos do seu coração estavam tranquilos. Fui
até a sala e a vi encolhida em um sofá duro e velho.
Sua casa é simples demais. Peguei-a no colo com
cuidado para que não acordasse, a levei para o seu
quarto e a deitei na cama. Sabia que era o quarto
dela, pois tinha desenhos demais espalhados por
ele, trabalhos da faculdade, coisa de arquiteto.
Observei-a dormir por um longo tempo, e ela tinha
a feição tranquila. Olhando para ela, eu penso que
talvez exista um Deus afinal...

Na semana seguinte, enquanto estive na


empresa, tentei o máximo possível não me estressar
e descontar nos mais próximos. Até desejei bom-
dia para a Molly, que ficou de queixo caído a cada
dia. Não chamo mais a Mia de pirralha e, cada vez
que falo calmamente em sua presença, ela deita a
cabeça para me observar, sempre tão curiosa...

Ela estava debruçada na mesa da sala de


reunião do nosso andar, dando para o Liam a
opinião dela sobre o projeto da obra. Ele a escutava
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atentamente; eu também. Nós temos que entregar


isso na sexta-feira, ou seja, amanhã, e para
melhorar tudo, no período da manhã. Os clientes
são muitos exigentes e nada os agrada. Liam está
quase compelindo-os a gostarem do jeito que está.
Nunca o vi tão irritado com algo quanto com esses
clientes e esse projeto.

— Mia, sua ideia é muito boa, mas não sei


se eles aceitariam.

— Podemos fazer dos dois jeitos e mostrar


as três opções. As duas que já temos prontas, e
também desse jeito que estou falando. Bom, é só
sugestão. Fica a critério de vocês.

— Mas nem dá tempo de terminar tudo —


Liam falou.

— Eu posso ficar aqui e fazer — Mia falou.

— Você faria isso? — Liam perguntou se


animando.

Olhei no relógio. Já são duas horas da tarde


e nem almoçamos ainda.
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— Claro que sim. Só preciso comer algo,


pois estou morta de fome — ela falou colocando a
mão na barriga.

— Vamos, eu também preciso comer —


Liam falou. — Você vem, Aaron?

— Sim.

Então fomos almoçar. Eu e o Liam não


queríamos almoçar na empresa. Mia insistia em
ficar para almoçar sozinha, acho que com vergonha
de sair com a gente. Mas insistimos e ela acabou
por aceitar. Fomos a um restaurante e ela ficou
desconcertada com o lugar. Ela não está
acostumada com luxo.

— Gente, me desculpe, mas nem sei o que


são essas coisas no cardápio. Dá para traduzir pra
mim? — ela falou, constrangida, mas ao mesmo
tempo segurando o riso. — E escolher por mim
também, por favor.

— Eu já sei do que você vai gostar — falei


e ela se surpreendeu por isso vir de mim.

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Sim, eu sei, ela esperava que o Liam


tomasse a iniciativa.

— Você está diferente — ela falou depois


de um tempo.

— Diferente bom? Ou diferente ruim? —


perguntei, ignorando o fato de o meu irmão estar ali
presenciando essa conversa.

— Um diferente bom, com certeza.

Eu apenas sorri. Ela olhou para outro lado e


ficou inquieta.

— Acho que a Amber está lhe fazendo bem


afinal — ela continuou.

Cacete! Eu faço tudo isso por ela, e ela


pensa que foi pela vaca da Amber! Que porra!

— Não mudei por causa dela.

— Nossa! — ela falou. — Você mudou


mesmo, se tivesse falado isso na semana passada,
você teria atirado essa faca na minha direção por
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estar me metendo na sua vida pessoal — ela falou


rindo, e eu e Liam a acompanhamos na risada.

— Passou no teste — ela falou, parando de


rir.

— Que bom.

Liam piscou para mim. É, ela reparou


mesmo. Agora quero que ela mude, pois ela
continua se encontrando com aquele moleque.
Todo dia eles vão embora juntos da faculdade. Ele
a deixa na casa dela, se despedem com beijo no
rosto e ela entra. Eles moram próximos um do
outro. Minha vontade é de fazê-lo desaparecer, mas
Liam também está de olho e, se eu fizer, ele dá um
jeito de me prender e me deixar lá por muitos anos.
Sim, ele já fez isso. E eu também já fiz isso com
ele.

Voltamos para a empresa e para o trabalho.


Se eu estava cansado? Não. Mas a Mia estava
quase desmaiando ali, montando a maquete.
Levantei-me e saí da sala, injuriado com aquilo.
São oito horas da noite e eles ainda não

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terminaram! Eu já fiz a minha parte e eles ainda


não. Fui na Starbucks que tem perto da empresa,
comprei três cafés expressos e um Frappuccino. Se
ela não quiser, eu quero. Voltei para a empresa e,
assim que passei pela porta, eles me olharam
curiosos, me vendo com os cafés na mão.

— Não estou aguentando mais ficar aqui.


Pensei em pelo menos tomar um café decente. Não
é por nada, Mia, mas seu café é horrível! — falei, e
os dois se entreolharam e riram.

— O que você comprou? — ela perguntou


vindo até mim.

— Eu não sabia do que você gostava, então


comprei um café expresso e um brigadeiro
Frappuccino pra você.

Ela arregalou os olhos.

— Jura!?

Ela veio mais perto para pegar da minha


mão. Que mania ela tem de perguntar se estou
falando a verdade! Nossos dedos se tocaram por
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um instante e aquele choque nos percorreu de novo.


Desde a vez que a carreguei no colo, não a tinha
tocado depois da hipnose. Ela me olhou parecendo
chocada. Segurei o café para não cair no chão. Ela
parecia paralisada.

— Mia?

Coloquei o café na mesa para poder ver


melhor o que estava acontecendo com ela.

— Mia? Tá tudo bem?

Passei a mão no seu braço e ela “acordou”.

— Você... — ela me olhou com raiva. —


Não são sonhos, foi tudo real... — ela falou mais
para ela do que para mim.

— Do que está falando, Mia? — perguntei,


fingindo confusão. Afinal, ela não pode lembrar,
não é? Não é possível. Ou é?

— Você... — ela olhou para mim e depois


para o Liam — eu sei o que vocês são. — Cacete!
— Eu me lembro de tudo, Aaron — ela se
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aproximou, eu permaneci parado e ela virou o jogo.


— Eu me lembro de nós, da boate, da forma como
nos protegeu, como foi legal comigo a noite inteira
— o quê? —, para depois tentar me matar! Seu,
seu, seu — ela nem conseguia falar, ficava
gaguejando, e senti que ela ia avançar para me
bater de novo a qualquer momento — cretino filho
da mãe!

Ela estava tão nervosa e andou para o outro


lado da sala e se sentou no sofá que tem ali. Nem
tentou sair correndo.

— Não vai tentar fugir? — perguntei.

— Fugir? Como vou fugir de vocês? Em


um segundo você me alcança — ela bufou.

Andei até ela e me sentei ao seu lado. Ela


vibrou quando toquei sua perna.

— Prometo que não vou lhe fazer mal


algum. Mas como isso aconteceu? — perguntei
para ela e para o Liam.

— Não sei — Liam respondeu. — Mia,


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você se lembra de que você mesma pediu para que


eu a fizesse esquecer, certo?

— Sim, acho que sim.

— Então vou tentar de novo, tudo bem? —


ela assentiu.

Ele tentou controlá-la e nada aconteceu. Eu


também tentei e nada.

— Como faz isso? — perguntei incrédulo.

— Eu não estou fazendo nada, Aaron!


Droga!

— Mia, é melhor você ir embora. Já está


tarde e amanhã temos um compromisso logo cedo.
Agora falta pouco e eu posso terminar. Preciso que
você venha impecável para a empresa amanhã.

— Tudo bem — ela assentiu, derrotada.

— Você sabe que não pode contar pra


ninguém, não é?

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— Claro que sim. Se eu contasse, todos


iriam me chamar de louca e depois eu ia morrer
mesmo. Prefiro continuar aqui trabalhando e dando
um rumo pra minha vida. Se quisessem me matar,
já teriam feito.

— Nossa! Finalmente você percebeu isso!


— falei jogando as mãos para o ar.

— Você! Eu ainda tenho minhas dúvidas —


ela falou apontando o dedo para mim.

Bufei e rolei os olhos.

— Vá descansar, Mia, até amanhã.

— Até.

— Vou levar você embora — falei, indo até


ela, que estava na porta.

— O quê? Nem pensar.

— Acha que vou deixar você ir embora


sozinha a uma hora dessas? Não.

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— Você é o perigo, Aaron.

— Não me teste, menina.

Ela virou as costas e saiu andando. Vi o


sorriso do Liam se alargar no rosto.

— Juízo, crianças — ele gritou.

Mia o mandou cuidar da própria vida, ato


que o fez rir ainda mais. Fechei a porta e fui atrás
dela.

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Andei apressada pelo imenso corredor e


escutei os passos do Aaron atrás de mim, mas não
disse nada. Parei em frente ao elevador e esperei
que ele se abrisse. Assim que abriu, entrei e fiquei
no canto, olhando para o meu celular. Recebi uma
mensagem do Zack: “Senti sua falta na aula hoje”.
Sorri enquanto a lia.
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— Está namorando ele?

— Quê? — perguntei, atordoada. — Não.


Nós nem nos beijamos. Só pra você saber.

— Que bom.

— Aaron, você não pode controlar minha


vida, você sabe disso, não sabe?

— Não, não sei — bufei.

Fomos para o seu carro. O caminho foi feito


em silêncio. Chegando em frente de casa, eu disse
apenas um “tchau”, mas, quando fui abrir a porta,
ela ainda estava trancada.

— Aaron, pode abrir a porta, por favor? —


pedi com delicadeza, pois não queria vê-lo nervoso
de novo.

— Você gosta dele?

— Dele quem?

— Do moleque que vem embora da


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faculdade com você.

— Você sabia que achei que estava ficando


louca? Aaron, até pensei em fazer um tratamento
psicológico, pois eu o via em todo lugar! Primeiro
você estava ali, eu piscava e você desaparecia...

Fiz um gesto com as mãos e ele riu.

— Desculpe-me, mas você não respondeu à


minha pergunta.

— Não é que eu não goste, ou goste dele.


Eu gosto da companhia dele, Aaron. É bom não vir
embora sozinha da faculdade.

— Se for só isso, eu posso buscá-la se


quiser.

— Aaron, o que você quer de mim? Sabe,


eu não o entendo. Não sei decifrar sua bipolaridade:
uma hora é gentil e na outra tenta me matar... O que
você quer?

— Eu quero você. Quero que seja minha.

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Fiquei surpresa com suas palavras.

— Você me assusta. O que você é me


assusta.

— O que eu sou, Mia? Você nunca disse o


que eu sou.

— Se eu falar, vai se tornar real demais.

— E você não quer que seja real?

— Honestamente? Na sua casa, antes do seu


ataque de fúria, eu me peguei desejando que você
fosse apenas você, alguém normal.

— E por quê?

Ele sabe a resposta e quer que eu diga. Filho


da mãe!

— Preciso mesmo falar? Aaron, abra a


porta.

Ele não abriu, e aquela conversa não estava


se encaminhando para um lado bom.
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— Não vou abrir. Quero ouvir você falar


por que queria que eu fosse normal, que eu fosse só
humano.

Eu não respondi nada. Fiquei olhando pela


janela e ele ficou esperando minha resposta, que
não veio.

— Aaron, me deixe sair.

Ele olhou para o lado, claramente


contrariado, abriu a porta e me deixou sair, mas
saiu também, se aproximou de mim e acariciou
meu rosto com seus dedos.

— Apenas admita — ele sussurrou. — Fale


pra mim o que você sente. Só estamos nós dois
aqui. Ninguém vai ouvir... Pode ser o nosso
segredo.

— Eu não posso.

— Mia, você é a garota mais frustrante que


eu já conheci em toda a minha vida — ele disse
soltando meu rosto e se afastando.

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— Obrigada.

— Não é um elogio.

— Eu sei. Você não elogia as pessoas —


falei e o encarei.

Ele me olhou surpreso e até mesmo


decepcionado. Então se aproximou novamente, mas
dessa vez me encurralou encostando-me em seu
carro, com sua boca a centímetros da minha.
Caramba, assim não consigo pensar!

— Não faça isso — pedi praticamente


suplicando.

— É só assim que eu faço você falar.

— Você não me dá chance de pensar,


Aaron.

— Não quero que pense. Quero que sinta —


ele falou colocando uma mão em minha nuca e a
outra na minha coluna, me puxando para ele.

— Isso não é justo.


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— Não é justo? Injusto é você não me dar


uma chance, amor.

— Em que mundo isso daria certo, Aaron?

— Por que não? Hum? — ele roçou seus


lábios nos meus. Ai, droga. Por que mesmo? — Eu
acho que daria sim. Diz pra mim o que você quer, e
o que você quiser eu posso fazer por você. Apenas
seja minha.

— Ser sua? Por que eu, Aaron? Por que


justo eu? Eu não tenho nada a lhe oferecer.

— Só você basta.

— E você seria meu? Só meu? — sussurrei.

— Sim.

— E vai se controlar melhor?

— Sim.

— Então eu prometo que vou pensar.

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Falei, saindo do seu aperto. Ele ficou


surpreso. Não esperava por essa.

— Boa noite, Aaron — falei, pegando a


chave da minha bolsa.

Ele ainda estava parado ali, me olhando. Eu


acabei sorrindo pela cara que ele fez. Com uma
rapidez incrível, ele me prensou na parede e me
beijou. Céus! Eu já tinha esquecido como ele beija
bem. Na verdade, não. Desde que me lembrei de
tudo, só pensei nos momentos que tive com ele. Ele
era tão bom quando queria, tão carinhoso comigo.
Não podia ser só assim? Só ele, como está comigo
agora, me beijando como se não houvesse amanhã?
Paramos o beijo quando nos faltou ar. Fiquei
ofegante, com meu coração totalmente
descompassado. Sempre fico assim perto dele. Ele
encostou sua testa na minha e sorriu.

— O que foi isso? — perguntei tentando


segurar o sorriso bobo e falhando miseravelmente.

— Apenas pra fazer você se lembrar de


como eu a faço sentir-se — ele pousou sua mão

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logo acima dos meus seios para sentir meu coração.


— Prometo não machucar você, Mia. Posso fazer
parecer o mais normal possível, já que é isso que
quer...

— Tem mais coisas, Aaron, e você sabe


disso.

— Eu mostrei que posso me alimentar sem


lhe causar dor. Admita que você não sentiu medo
naquele momento.

Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás


da orelha.

— Não é só isso.

— Então o que é?

Olhei para ele. É bom acabar com isso


agora, ele saber o que eu acho, o que eu quero antes
mesmo de começar.

— Eu não nego como você me faz sentir.


Quer dizer, quem não ficaria encantada com a ideia
de um homem como você se interessar por alguém
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como eu? — bufei. — Mas sei que eu sou só um


capricho pra você, só porque eu lhe disse “não”.
Você ficou com o ego ferido e agora diz até que
meu sangue é diferente. Não é, Aaron.

— Mia, sabe quantos anos eu tenho?

— 28, não é?

— E há quanto tempo eu tenho 28 anos,


amor?

Caramba, é verdade!

— Há quanto tempo? — perguntei.

— Há muito tempo, linda. Há mais de mil


anos... Então não me venha falar que eu não sei o
que estou fazendo, falando... Eu sei muito bem.
Você não é só um capricho. Eu não sei o que é, mas
você não sai da minha mente.

Então ele voltou a me beijar, sempre tão


intenso. Eu queria me entregar, mas o medo não me
deixava.

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— Preciso entrar — sussurrei. — Preciso


estar bem para amanhã.

— Claro... Se tudo der certo, estive


pensando em sairmos à noite: eu, você, o Liam e a
Crystal. O que acha?

— Eu tenho um trabalho pra entregar na


faculdade. Não posso faltar.

— Entendo.

— Então, até amanhã, Aaron.

Virei-me para sair, mas ele me segurou, me


dando mais um beijo rápido.

— Até amanhã — ele falou e piscou para


mim.

Ai, céus! Minhas pernas parecem feitas de


gelatina. Entrei em casa e me arrumei para dormir.
Exausta me define. Depois de um bom banho,
deitei-me na cama tentando dormir, mas tudo que
consegui foi pensar nele. E como consegui quebrar
esse controle, essa hipnose. Fiquei imaginando em
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como seria se ele fosse normal, se não existisse


esse segredo que ele esconde há muito tempo.
Poderíamos ser um casal? Ele realmente me quer?
Seria certo me arriscar? Todas essas e mais
algumas perguntas ficaram martelando em minha
mente, não me deixando dormir. Mas em certo
momento eu simplesmente apaguei.

Caramba, não posso nem acreditar que


finalmente esses clientes se decidiram. Passamos a
manhã inteira em reunião com eles decidindo
detalhes da obra, que agora pode se iniciar. Fico
impressionada como esses dois irmãos são
extremamente profissionais. Nunca alguém poderia
imaginar o que são. A reunião acabou e eu terminei
de anotar mais alguns detalhes e esperei que todos
saíssem para sair por último e dar uma organizada
na sala. Quando estava terminando de organizar, os
meus chefes chegaram e se sentaram nas cadeiras,
também exaustos.

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— Finalmente — Liam falou ao se sentar.


— Eu não aguentava mais aqueles homens
tagarelando na minha cabeça.

— E depois dizem que a mulher é quem fala


demais — falei rindo, e eles riram também.

— É, Aaron, temos uma pequena arquiteta


prodígio aqui com a gente — Liam falou sorrindo.

— Falta muito para me tornar arquiteta.


Tenho que passar nas malditas provas finais que
são daqui a duas semanas, sem falar que ainda tem
o ano que vem inteiro pela frente.

Sentei-me na cadeira me sentindo esgotada.

— Você consegue — Liam falou dando um


tapinha nas minhas costas, o que me fez rir. —
Então, qual é o plano para a noite? Preciso sair pra
comemorar depois desta etapa.

Aaron me olhou com um olhar que dizia


“eu te avisei”.

— Bom, eu não posso faltar na faculdade.


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Tenho um trabalho pra entregar. E depois disso, só


quero desmaiar na minha cama.

— De jeito nenhum. A Crystal vai, então


você também vai. Aaron vai buscá-la na faculdade
e nós vamos para algum lugar.

— Liam — supliquei, mas depois parei para


pensar —, então é com você que a Crystal está
saindo todo esse tempo?

Ele fez cara de culpado. Eu ri, porque ela


parece tão feliz e empolgada.

— Estou indo almoçar — falei me


levantando. — Precisam de alguma coisa? —
perguntei.

— Não, pode ir — Liam falou e continuou


sentado.

Aaron estava tão perdido em pensamentos


que nem sequer respondeu.

Saí daquela sala e fui para a minha, deixando


minhas coisas ali e indo para o elevador. Conversei
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um pouco com a Molly e desci para o restaurante


da empresa. Peguei minha comida e me sentei
isolada. Não estava muito a fim de conversar.
Chegou uma mensagem no WhatsApp e abri para
ver. Era de Zack.

Zack: Boa tarde, princesa. Vai pra faculdade hoje?

Mia: Vou sim, preciso entregar meu trabalho.

Zack: Alguns amigos vão dar uma festa perto da


nossa casa. Está a fim de ir?

Mia: Humm... Não sei, queria ficar em casa hoje.


Estou cansada... Mas se eu mudar de ideia, te dou
um toque.

Zack: Que pena. Queria que você fosse... ;) Mas


tudo bem, vou torcer para que mude de ideia. Bjs,
linda.

Mia: Beijos ;*
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Senti uma presença do meu lado e olhei


para cima. Era Aaron.

— Posso me sentar?

— Claro, a empresa é sua — falei


sarcástica, mas rindo.

Ele me olhou com aquele olhar de “não me


teste”.

— Então, a que horas você vai estar livre à


noite?

— Eu não aceitei.

— Mas também não recusou. E também,


você não vai querer recusar um convite do seu
chefe favorito, não é?

— Eu posso o chantagear se eu quiser —


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ameacei rindo.

Ele entendeu que era uma brincadeira.

— Mas não vai.

— É, não vou. Pode me pegar em casa lá


pelas dez horas. O trabalho que preciso entregar é
na primeira aula, mas, até eu chegar em casa e
depois me arrumar, vai ser mais ou menos isso. É,
pelas nove e meia da noite estou pronta.

— Vou buscá-la na faculdade e


espero você se arrumar na sua casa.

— Você vai me esperar na minha


casa? — engoli em seco.

— É. Por quê? Não posso?

— Nada — olhei para o outro lado e percebi


que todos olhavam para a gente. — Está todo
mundo olhando para nós.

Senti meu rosto queimar, provavelmente


ficando vermelho.
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— Eles devem estar se perguntando o que


foi que aconteceu pra eu estar aqui com você.

— Eu me pergunto isso sem parar desde


ontem à noite — pensei alto.

Ai, que droga!

— Por que é tão difícil acreditar que alguém


se interessaria por você? Por que se menospreza
tanto?

— Quer ter essa conversa aqui?

— Eu não devo nada a ninguém, nem você.


Então, sim, me fale.

— Por mais que você tenha seus defeitos —


falei dando a entender o que ele é —, você e seu
irmão são homens ricos, os dois solteiros mais
cobiçados do país. Vejo manchetes nos jornais,
notícias. Você poderia ter qualquer mulher, muito
mais interessante que eu, mais bonita, com o corpo
bem moldado, enfim... qualquer uma. Você é
milionário. Só por isso já conseguiria qualquer
mulher, qualquer atriz ou modelo famosa que
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quisesse. E como se já não bastasse, é lindo e tem


os olhos mais intensos que já vi.

“Caramba, cale a boca, Mia!!!”, me puni


mentalmente, mordendo a boca.

— E mesmo assim, fica insistindo em mim.


Não entendo — falei baixando a cabeça, olhando
para o prato, sem graça.

Vi pelo canto do olho que ele deu um


sorriso divertido. Provavelmente devo estar
vermelha como um pimentão.

— Pra você ver, não é? Posso ter qualquer


mulher que quiser, de acordo com o que você diz, e
mesmo assim a única em que estou interessado me
diz “não”. Que trágico! Para mim e para você, que
poderia encontrar tudo o que quer em mim e
continua dizendo “não”, mesmo querendo me dizer
“sim”.

Olhei para ele surpresa por suas palavras.


Seu olhar em mim era intenso demais para
conseguir sustentar.

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— Você sabe usar bem as palavras — falei,


empurrando meu prato de comida.

— Só falei a verdade.

— Bom, eu já terminei de comer.

— Eu também. Vai subir? — eu assenti e


nos levantamos, caminhando para fora do refeitório
com vários olhares curiosos para nós.

Talvez ele esteja falando a verdade afinal ou


finge muito bem... Argh! Odeio não saber o que
fazer.

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Entreguei meu trabalho na faculdade e estou


de saída. Aaron deve estar me esperando lá fora.
Decidi que vou tentar, pois acho que de um jeito ou
de outro vou ficar mal, já que não paro de pensar
nele um segundo sequer. Acabo de chegar ao lado
de fora da faculdade, na escadaria que dá para a
calçada, então o vejo, encostado no seu carro que
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está estacionado bem em frente. Olhei em volta e as


meninas por ali só olhavam para ele. Fui em sua
direção e ele sorriu ao me ver.

— Gosto de ver você assim — comentei ao


me aproximar.

— Assim como?

Observei sua roupa. Ele estava com uma


calça jeans escura, tênis social, camisa preta básica
de gola V e uma jaqueta de couro preta por cima.
Ele estava tão lindo...

— Sua roupa, seu sorriso... Você parece


jovem. Não aquele chefe rabugento com o qual
estou acostumada.

Ele entrelaçou suas mãos nas minhas costas,


me puxando para ele.

— Você se decidiu? — assenti com a


cabeça. — Então vai ser minha?

— Vamos tentar.

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Ele sorriu ainda mais. Trouxe seus lábios


até os meus e me beijou. Um beijo lento e
torturante, intenso como sempre. Ele me soltou e
abriu a porta do seu carro para mim. Entrei e fomos
para a minha casa.

— Sinta-se à vontade — falei ao entrarmos.

Procurei a Crystal pela casa, mas não a vi.

— Ué, a Crystal não está aqui?

— Ela está na casa do Liam.

— Nossa — falei surpresa. Ela nem me


contou. Mas tudo bem... — Vou tomar um banho
rápido e você pode esperar aqui na sala. A
propósito, para onde nós vamos?

— Vamos para um pub no centro.

— Ok.

Entrei no meu quarto e fechei a porta.


Escolhi um vestido preto de manga comprida com
um decote generoso nas costas em forma de V, que
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vai desde meus ombros até um pouco acima do


meu bumbum. Na frente ele é fechado, mas deixa
meu pescoço e clavícula bem à mostra. Seu
comprimento vai até o meio das minhas coxas; não
é curto nem comprido. Acho que está bom. Tomei
meu banho e saí do banheiro enrolada apenas em
uma toalha e lá estava ele, sentado na minha cama.

— Aaron! — falei repreendendo-o.

— Ok, ok, já estou voltando para a sala —


ele falou rindo e se levantando.

— Acho bom.

— Apesar de que aqui com certeza está


mais interessante — ele falou coçando o queixo. —
Acho que mudei de ideia. Vou ficar aqui mesmo.

— Tudo bem. Eu troco de roupa no


banheiro — falei levantando as sobrancelhas,
provocando-o.

— Não demore — ele falou, saindo do


quarto.

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Dessa vez eu tranquei a porta. Coloquei


meu vestido e abri a porta. Ele entrou e ficou
observando todo meu quarto enquanto eu arrumava
meu cabelo e me maquiava.

— Você está quieto — falei. Ele estava


deitado na minha cama, fitando o teto. — E
realmente se sentindo à vontade.

— Que eu me lembre, assim que entrei você


disse para que eu me sentisse à vontade — ele falou
se sentando.

E eu dei uma volta para que ele me olhasse.

— Como estou?

— Maravilhosa — ele se levantou e colocou


a mão nos bolsos. — Só está faltando algo...

— O que falta? — perguntei, confusa,


olhando o meu corpo.

Ele tirou da sua calça um pequeno estojo


azul-marinho. Abriu a caixinha e tirou de lá uma
gargantilha de ouro, com um pingente de dois
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corações interligados: um com uma pedra vermelha


e o outro com uma pedra preta.

— Posso?

Ele fez menção de colocar a gargantilha em


mim. Então, me virei de costas para ele e levantei
meu cabelo. Assim que o prendeu, eu abaixei meu
cabelo e coloquei a mão no pingente, olhando pelo
espelho. Ele pousou seu queixo no meu ombro.

— Ficou lindo em você. Gostou?

— Se eu gostei? — falei, ainda


impressionada, olhando-o pelo espelho. E me virei
para ficar de frente para ele. — Eu adorei. É
perfeito. Mas não posso aceitar, Aaron.

— Por que não? Parece ter sido feito


especialmente pra você.

— Porque tenho a impressão de que vale


mais do que eu ganharia em três meses de trabalho
— comentei.

Ele fez cara de culpado.


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— Realmente vale tudo isso? — perguntei


espantada.

— Talvez um pouco mais.

— Aaron! — falei repreendendo-o. — O


que está pensando? Eu não estou com você por
interesse! Poderia ter me dado uma bijuteria que eu
teria gostado da mesma forma. Ou não ter me dado
nada. Você não vai me comprar com essas coisas
— falei ficando brava.

— É que eu vi a gargantilha e na hora


imaginei como ficaria em você. Não me importei
com o preço. E é algo a mais para acreditar em
mim. Por favor, aceite — ele falou segurando no
pingente, observando-o em mim.

— São nossos corações?

Ele sorriu.

— Eu não tenho coração, baby, mas, se


tivesse, seria seu.

Ele acariciou meu rosto, mas fiquei


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decepcionada com sua pequena frase. Ele é incapaz


de sentir? É isso que ele quis dizer? Tentei não
demonstrar e dei um beijo nele. O bom de dar uma
chance a nós é que posso beijá-lo quando quiser.

— Pronta?

— Sim.

Fomos para o carro e aquela frase ficou


ecoando na minha mente. “Eu não tenho coração”.
Tentei deixar aquilo de lado. Ele tem feito tanto por
mim... Vou fazer algo por ele também: apenas
ignorar isso. Chegamos ao pub, e o Liam e a
Crystal já estavam lá. Abracei minha amiga e nos
sentamos. Os dois ficaram conversando sobre algo.
Eu a cobrei por não ter me contado nada sobre o
Liam, ou mesmo o Aaron, mas por fim nos
entendemos. No meio da conversa, Crystal
observou o colar em meu pescoço.

— Meu Deus, Mia, que lindo! — ela falou


chegando mais perto. — Não tinha visto que tinha
comprado.

— Acabei de ganhar — falei apontando


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com a cabeça para o Aaron.

Ela colocou a mão na boca, surpresa. Eu ri


da sua reação. Ela disfarçou após ver que eles
pararam de falar para prestar atenção no que
falávamos. Ela pigarreou.

— Que foi? — perguntou, incomodada, e


eles voltaram a conversar.

Ela olhou para outro lado e segurou minha


mão. Então me puxou para falar algo no meu
ouvido.

— Está cheio de paparazzo aqui, por causa


deles, por causa de nós — ela cochichou.

Eu olhei observando tudo e realmente


estavam todos nos fotografando. Que droga!

— Você sabe que, mesmo cochichando, nós


podemos escutar, não sabe, cunhadinha? — Aaron
falou rindo.

— Eu sei, mas queria ter um pouco de


privacidade com a minha amiga de vez em quando
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— ela rolou os olhos, e ele riu —, ou mesmo com


vocês. Como aguentam isso?

Eles olharam em volta. Liam deu de


ombros.

— Nem tinha reparado. Por que a incomoda


tanto?

Crystal se remexeu na cadeira,


desconfortável. Então me olhou e deu um sinal com
o olhar. Eu entendi.

— Preciso ir ao toalete — falei me


levantando.

— Vou com você — ela falou rapidamente


e nem demos tempo de eles falarem algo. Andamos
rapidamente para o banheiro.

— O que foi? Por que ficou assim? —


perguntei sem entender.

— Não a incomoda? Vamos estar nas


revistas de fofoca. Já estou sem jeito aqui neste
lugar chique. Imagine ao saber que estamos sendo
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observadas pelos repórteres e toda essa gente,


prontos para colocar qualquer coisa que chame
atenção: “Liam Prescott acompanhado de uma
mulher mal vestida” ou “Acho que ele conseguiria
coisa melhor, ou a ex dele era mais bonita etc.” —
ela falou interpretando, usando outro tom de voz.

Eu não consegui segurar e comecei a rir.

— Amiga, você é linda, e não nego que


também estou incomodada, mas vamos falar o quê?
Nossa noite está tão agradável!

— É verdade. Acho que sou um pouco


paranoica demais para essas coisas — ela falou
enquanto retocava a maquiagem.

Fiz o mesmo.

— Você acha que fiz o certo? Dar uma


chance a ele? Tenho medo, mas ele mexe tanto
comigo.

— Eu não sei. Acho que sim, Mia. Você só


tem que tomar cuidado com o temperamento dele.
Ele é muito estourado.
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— É, eu percebi — falei.

Voltando para a mesa, quando eu já podia


vê-lo, senti uma mão pousar no meu ombro, olhei
para o lado e um homem estava parado ali.

— Posso ajudar? — falei, após ficar sem


graça por ele estar segurando meu ombro e não
falar nada, apenas me olhando.

— Acho que a confundi com outra pessoa,


me desculpe.

— Algum problema aqui?

Escutei a voz do Aaron e me assustei.

— Não, ele apenas me confundiu com outra


pessoa, eu acho — falei confusa.

O homem tirou a mão do meu ombro e


adentrou o local. Aaron ficou encarando ele, bravo.

— Aaron? Aaron? — chamei-o fazendo ele


olhar para mim. — Tudo bem?

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Ele não respondeu. Segurou minha mão e


voltamos para a mesa. Ele ficou tenso por um
tempo, mas logo o senti mais relaxado, enquanto
mexia com meus dedos segurando minha mão. A
conversa fluiu naturalmente. Contamos coisas
sobre nosso passado, meu e de Crystal. Eu a
conheço desde a infância, porém ficamos uns sete
anos separadas, pois me mudei para cá. Quando foi
para ela começar a faculdade, ela veio morar em
Miami e nos encontramos de novo, reatando a
amizade. Ela quis sair da casa dos pais, então veio
morar comigo há algumas semanas...

— Vamos embora? — Aaron me chamou.

Olhei no relógio e já passava da uma hora


da manhã.

— Vamos.

Nós nos despedimos dos dois pombinhos,


que iam ficar mais um pouco e depois iam para a
casa do Liam. Entramos no carro, mas ele não deu
a partida. Virou-se para me olhar e falou.

— Está muito cansada?


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— Um pouco. Por quê?

— Não queria levar você embora.

— Então por que me chamou pra ir? —


perguntei, divertida.

— Porque eu queria ficar só com você —


ele falou puxando minha mão e beijando meus
dedos.

— Hum — falei me aproximando dele e


dando um selinho rápido em seus lábios.

— Somos muito bons em estragar tudo.


Quero aproveitar enquanto estamos bem — ele
falou me puxando para ele. — Vamos pra minha
casa? Prometo não a obrigar a nada.

Ele está indo rápido demais.

— Acho que é cedo demais pra isso.

— Prometo que não vou levá-la ao limite,


igual da outra vez. Só fique lá comigo. Quero
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mostrar uma coisa pra você.

Aceitei, então nós fomos... Chegando a casa


dele, fiz questão de marcar mentalmente por onde
estava passando para não me perder de novo, caso
precisasse sair correndo. Só por precaução. Ele me
levou por um dos corredores e abriu uma porta
revelando uma sala imensa com diversos
instrumentos musicais. Eu me aproximei de um dos
violões que tinha ali e que devia valer uma fortuna.

— Toque pra eu ver o que você sabe.

— Nem pensar, tá louco?! — falei rindo.

— Vai, toque pra eu te ouvir.

Peguei o violão e comecei a tocar uma


música que pratico muito, do meu cantor favorito,
Ed Sheeran: Give me love. Cantei um pouco
também. Ele me observava, atento a cada
movimento meu. Eu podia sentir minhas bochechas
formigarem de vergonha, mas não estava tão mau.

— Hum, além de tocar, você também canta?


— ele se aproximou. — É só questão de prática.
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Logo você tira de letra.

— Então, sua vez — falei, mas ele recusou.


— Por quê?

— Faz muito tempo que não toco, amor.

— Não é como se você tivesse esquecido,


né? Você me fez tocar, então vamos, sua vez.

Ele pegou sua guitarra e fez um pequeno


solo. Ele toca muito bem.

— Satisfeita? — ele perguntou, parando de


tocar e vindo até mim. Eu fiz que sim com a
cabeça.

— Que bom! —bocejei e encostei minha


cabeça em seu peito. — Venha, vamos dormir.

— Dormir? Aqui? — falei sobressaltada.

— Não seria a primeira vez, não é, Mia?

— É, mas da outra vez... da outra vez... —


gaguejei tentando achar as palavras, mas não
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consegui. — Só dormir, Aaron. Estou confiando


em você — falei em tom de aviso.

Ele passou seu braço por meus ombros e


puxou minha cabeça para um beijo nos meus
cabelos. Eu o abracei na cintura e fomos até o
quarto dele assim, abraçados. Ao chegar lá, me
deparei com uma mulher seminua em sua cama. Eu
o olhei, incrédula, totalmente decepcionada.

— Você demorou, Aaron — ela falou,


fogosa, se sentando na cama. — Hum e trouxe
lanche pra gente.

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Tirei meus braços dele imediatamente,


olhei-o decepcionada e ele pareceu surpreso. Saí
apressada dali. Ele deu uns gritos com a mulher,
mas nem prestei atenção no que falavam. Minha
visão estava embaçada pelas lágrimas que queriam
escapar e que eu tentava o máximo segurar. Como
eu fui idiota, burra, burra, burra! Fiquei repetindo
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isso para mim mesma. Dessa vez, achei a saída.


Quando abri a porta para sair da casa, ela se fechou.
Olhei para trás e foi a mão dele que a empurrou.

— Mia, não é o que está pensando — ele


começou.

— Não é o que estou pensando? — ri,


sarcástica. — Agora virou Edward Cullen também
e ouve pensamentos? Bom, espero que não, porque
o que estou pensando agora com certeza tiraria
você do sério.

— Eu não sabia que ela estaria aqui. Eu


jamais faria isso com você.

— Aaron, eu já entendi tudo. Não precisa se


explicar — falei, calma.

— Entendeu? Nossa, que bom! — ele falou,


aliviado.

Aaron é muito burro quando se trata de


relacionamentos e mulheres. Nesses mil anos de
vida aprendeu tudo de ruim que podia e nada que
realmente prestasse. Com exceção da sua profissão,
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é claro.

— Sim, entendi. Enquanto eu achava que


você estava melhorando por mim, para me
conquistar, eu estava quase certa. Mas foi só um
papel que você interpretou. Nunca foi real. Agora
já tenho a minha certeza. Pra ela estar daquele jeito
na sua cama, tão à vontade, você permitiu que fosse
assim. Aposto que ela passou a semana aqui —
desafiei-o, com meu queixo erguido o encarando.

— O quê? Não, Mia!

— Eu passei sim, florzinha, a semana


passada e esta semana. Esperava ele chegar do
trabalho e o fazia delirar, coisa que você não é
capaz de fazer.

A voz daquela mulher soou pelo local.


Nojenta!

— É mentira, eu juro. Faz bem mais de três


semanas que não a vejo — ele falou para mim, sem
olhar para ela.

Eu a observei.
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— Florzinha — imitei o tom que ela usou


para falar comigo, — eu o faço perder o juízo sem
ao menos usar minha boceta pra isso. Vadia!

Aaron ficou surpreso com o que falei, e na


verdade até eu. Ah, meu Deus, estou andando
muito com a Crystal, e é ela quem fala desse jeito.

— Então, acho que é você quem devia ter


vergonha de estar aqui, e não eu — completei.

Ela avançou furiosa na minha direção, em


uma velocidade que só deu tempo de eu piscar e
esperar o baque, que, para minha surpresa, não
veio. Droga! Aaron a pegou pelo pescoço antes
mesmo de ela chegar próximo a mim. Eu me
assustei quando ele enfiou sua mão no peito dela e
arrancou seu coração, jogando-a sem vida no chão.
Dei um grito ao ver tudo aquilo. Meu coração
estava totalmente descompassado e ele respirava
fundo de costas para mim. Abri a porta e saí
correndo, assustada demais para pensar em algo
mais. Eu corria mesmo sabendo que a qualquer
momento ele poderia me alcançar. Droga, ele
morava tão longe da portaria! Olhei para trás e
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nenhum sinal dele. Esbarrei em algo e quase caí,


mas mãos fortes me seguraram.

— Mia, não fuja de mim — ele falou me


pegando no colo e correndo novamente para dentro
da casa.

Ele me desceu do colo em um quarto que


não era o dele, mas era tão grande quanto. Eu me
afastei dele assim que suas mãos me deixaram.

— Olhe para mim — ele pediu, ainda sem


me tocar.

— Não consigo. Não sem pensar no que


você fez.

— Ela ia machucar você.

Olhei-o com muito medo.

— Aaron, nós parecíamos ser uma boa


ideia. Mas desta vez, depois do que eu vi, percebi
que eu nunca conseguiria conviver com isso. Por
mais que ela fosse me machucar, não é motivo para
tirar a vida dela.
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— Ela ia tirar a sua vida, Mia, não viu?

— Você podia apenas ter batido nela, a


desmaiado ou me tirado dali, sei lá. Você que não
vê as coisas como eu vejo, Aaron. Ela foi útil pra
você por um tempo e, quando fez algo que não o
agradou, você a matou. Isso pode acontecer
comigo, quer dizer, já quase aconteceu.

— Eu não faria isso com você.

— Quem me garante? Eu não vou correr


riscos. Aaron, por favor, me deixe ir.

Eu não posso descrever em palavras a


sensação em meu peito. Foi tanta decepção! Como
pude ter me deixado envolver tanto assim com ele,
tão rápido?

— Eu não consigo deixar você ir — ele


falou derrotado.

— Você tem que deixar, Aaron. Seja forte


por nós dois — falei, tomando coragem, ou
tentando ao menos.

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Eu conseguiria ficar sem ele depois de ter


provado tanto do seu beijo, do seu carinho?

— Eu a conheço há pouco mais de um mês,


e você vale mais pra mim do que as pessoas iguais
a mim, da minha espécie. Não me fale para desistir
de você, porque eu não vou, nem que seja pra te
deixar presa aqui, Mia. Eu não vou te deixar livre.
Você é minha, e você aceitou ser minha.

Ele avançou em minha direção. Eu recuei,


um pouco assustada.

— Quer enxergar o mostro que tem em


mim? Ótimo, eu mostro como esse monstro é capaz
de ser ruim. Não me desafie, não me tente, não vá
embora, que eu continuarei a ser o mesmo homem
que passou a noite com você, caso contrário, eu
mostro o monstro em mim.

Tentei recuar ainda mais, mas ele me


segurou.

— Eu não vou machucar você, eu juro —


ele me abraçou. — Foi muita coisa para assimilar
em uma só noite. Vamos dormir...
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— Eu quero ficar sozinha, já que não posso


ir embora.

— Não, Mia. Eu não vou dar oportunidade


para você tentar escapar.

Ele me soltou e saiu naquela velocidade


incrível, e logo voltou vestindo apenas uma calça
fina de pijama e me entregando uma camisa dele e
uma escova de dentes.

— Vá se trocar. Vamos dormir aqui hoje.

Peguei a camiseta da sua mão e fui em


direção a uma porta que tinha no quarto, que
acreditava ser o banheiro. Tranquei a porta,
encostei-me a ela e fui escorregando até me sentar
no chão. Meu Deus, Aaron é um assassino!
Quantas pessoas ele deve ter matado nesses mil
anos? Por que não me mataria? Céus! Onde eu fui
me meter? E por que tudo que eu quero é deitar
com ele naquela cama? Sinto as malditas borboletas
no estômago cada segundo que penso nele, que
estou com ele. Não é possível que eu tenha me
apaixonado tão rápido por ele. É possível? Droga,
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estou ferrada! Levantei-me, lavei o rosto, escovei


os dentes e tirei meu vestido, colocando a camisa
dele. Então, me olhei no espelho tentando
normalizar minha respiração e as batidas do meu
coração. Está na hora. Dobrei meu vestido e saí
com ele na mão e descalça. Coloquei o vestido em
uma poltrona que tinha ali e me sentei na cama,
olhando para a televisão imensa que estava
suspensa em uma estrutura no pé da cama. Deitei-
me o mais longe possível dele e fiquei olhando para
o teto.

— Pode escolher o canal se quiser — ele


ofereceu.

— Eu só quero dormir — falei, me virando


para o lado oposto ao dele.

Ele suspirou. Alguns segundos depois, senti


suas mãos uma de cada lado da minha cintura, me
puxando para perto dele. Eu tentei o máximo
possível não chorar e nem demostrar qualquer
sentimento, mas meu rosto estava banhado em
lágrimas, de medo, decepção, angústia. Eu odiava
me importar tanto com um monstro. Tudo que eu
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queria é que ele fosse somente ele, alguém normal.


É pedir muito?

— Não chore, baby — ele falou passando a


mão pelo meu rosto, enxugando minhas lágrimas.
— Não vou fazer mal a você. Vou lhe dar o mundo.

— Eu não quero o mundo.

— O que você quer?

— Eu quero tirar de mim o que estou


sentindo.

— E o que você sente, baby?

— Decepção, angústia... Sinto meu coração


sendo sufocado por tantos sentimentos.
Sentimentos que não existiam em mim antes de
você chegar.

— Liberte-se e se entregue a mim. Quando


você me aceitar do jeito que sou, tudo isso vai
embora. Tudo que tem que saber é que eu não farei
nada parecido com você.

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— Não posso me entregar a você. Não


posso me permitir amar alguém que não tem
coração.

— Posso fazer você feliz mesmo não tendo


um.

— Preciso de mais que isso. Preciso de


alguém que me ame também.

— Eu não sei amar, Mia. Não existe nada


parecido com isso em mim.

— Então, por que eu? Qualquer uma pode


lhe dar mais do que eu, por que eu? Por que eu,
Aaron? — insisti, tentando entender e acabar logo
com aquilo.

— Eu gosto do que você me proporciona.

— É assim porque eu sou a garota que lhe


diz “não” — falei, sentando-me em seu colo e o
pegando de surpresa. — Eu vou lhe dizer “sim”, me
entregar a você. E então você me deixará em paz.
Vou pedir demissão da sua empresa e nós nunca
mais vamos nos ver.
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— Não, você não vai sair da empresa e eu


não vou deixá-la em paz.

— Faça isso, apenas faça — supliquei.

— Apenas durma, Mia — ele falou, me


tirando de cima dele e me segurando forte para eu
deitar sobre seu peito.

Percebi o quanto ele estava tenso, acho que


tentando se controlar.

— Eu odeio você.

— Eu também, querida. Apenas durma.

Acabei rindo, sarcástica. Como ele pode


falar tão calmo comigo dizendo que o odeio?

— Estou sem sono.

— Então assista a algum filme.

Ele pegou o controle remoto e o entregou


para mim. Tirei minha cabeça do seu peito e deitei
minha cabeça no travesseiro macio. Troquei os
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canais e deixei em um filme qualquer. Eu estava


distraída demais olhando para a visão ao meu lado,
seu peito subindo e descendo conforme respirava,
aquele caminho da felicidade que na verdade nos
levaria para a perdição...

— É feio encarar.

Sua voz grave soou e eu me assustei. Ele se


virou para ficar de frente comigo. Tentei não olhá-
lo, mas é meio difícil. Aqueles olhos dele, tão
lindos... O contraste da sua pele branca com seus
cabelos pretos e olhos azuis é tão perfeito! E esses
lábios, nossa, esses lábios finos tão bem delineados
me tiram do sério, principalmente quando me dá o
seu tímido sorriso.

— O que está pensando? — ele perguntou.

Eu me virei para ficar de frente para ele.


Nossos rostos estavam bem próximos.

— Em como minha vida será daqui pra


frente.

— Vai ser muito mais emocionante — ele


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deu um riso forçado, e eu apenas sorri fracamente.


— Você vai gostar, prometo.

— Você não vai me dar escolha?

— Não. Deixe que eu faço as escolhas por


nós dois. Você vai estar mais segura assim, vai se
sentir protegida... Apenas ignore o que eu sou para
ver o que eu farei por você.

Eu o olhei nos olhos, me sentindo bem


melhor com sua última frase. Como ele pode dizer
que não tem sentimentos e se importar o suficiente
para querer fazer tudo por mim? Eu me aproximei
dele, me ajeitando para deitar em seu corpo. Ele se
ajeitou comigo em seus braços, com seu braço na
curva do meu pescoço, e o calor da sua pele me
aquecendo naquela noite fria. Talvez não seja tão
ruim assim. Levantei minha cabeça para ver seu
rosto. Ele abaixou o rosto para me olhar, deu um
beijo na minha testa e começou a acariciar meus
cabelos. Ah, que sensação boa! Ótima, na
verdade... Meus olhos foram se fechando e eu me
permiti dormir em seus braços, tendo uma noite de
sono tranquila ao lado do meu belo monstro.
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Estava sentada na minha sala, na empresa,


numa segunda-feira e estava quase na hora de eu ir
embora. O fim de semana foi tranquilo. Aaron me
levou embora no sábado pela manhã e eu fiquei em
casa fazendo trabalho da faculdade. No domingo à
noite ele foi me ver e conversamos um pouco. Ele
está sendo tão paciente! Mal sei como me
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comportar quando estou com ele aqui na empresa,


pois é tudo muito recente. Ele faz suas gracinhas
habituais me abraçando, beijando meu rosto, minha
boca, mas somente perto do Liam. Mas a empresa
inteira está sabendo. Foram publicadas várias fotos
de nós no pub na sexta-feira. Mas nenhuma era
comprometedora, apenas ele segurando minha mão
enquanto estávamos sentados, brincando com meus
dedos — uma nova mania que ele tem —, a gente
se olhando... As fotos ficaram ótimas. Claro, do
Liam e da Crystal também não faltaram. Ela estava
linda. Os dois são lindos, e realmente já parecem
um casal. Eles se curtem muito.

Naquele momento Aaron estava em uma


reunião com um cliente no 5° andar. Preciso
terminar alguns documentos e enviar por e-mail
antes de ir embora, por isso não estou presente na
reunião. Salvei e enviei para eles, então fui à sala
do Liam, mas ele não estava. Nossa, onde será que
ele se meteu? Nem o vi saindo. Voltei para minha
sala, peguei minha bolsa, me virei para sair e dei de
cara com quem eu menos queria ver: Amber.

— Oi, senhorita Amber, como vai?


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Nossa, aprendi a ser falsa!

— Estou bem. E Aaron, onde está?

— Está em uma reunião no momento.

Eu a observei bem, e ela é muito linda. É


impossível não ficar intimidada com ela por perto,
com seus cabelos ruivos bem hidratados, suas
roupas caras, sua postura... Ela é uma dama, sempre
muito bem vestida e maquiada. Ela deu a volta me
observando.

— O que será que o Aaron está querendo


com você?

Ela fez uma pergunta retórica, mas nem me


atrevi a responder.

— O corpo não envelhece, mas a mente está


começando a falhar — ela falou o insultando, me
insultando.

Droga, ela é uma deles também?

— Bom, está na minha hora, se quiser


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esperá-lo, fique à vontade para ficar no agradável


sofá da recepção — falei pegando minha bolsa e
parando em frente à porta esperando que ela saísse.

— Não vou embora, e nem você.

— Vou, sim.

— Eu disse que não! — ela se exaltou,


olhando diretamente para mim e eu sorri. — Como
faz isso? Resiste à compulsão?

— Não sei. Agora, por favor, se quiser


esperar na sala dele fique à vontade. Eu preciso
trancar a minha — falei, mais uma vez dando sinal
para que ela saísse.

Ela deu a volta e se sentou na minha


cadeira. Respirei fundo. Paciência não é meu forte.

— Estive pensando... Se você está viva e


sem nenhum hematoma no corpo, é porque vocês
ainda não transaram... — ela falou me observando.

Eu usava uma saia lápis e uma blusa básica


branca de manga curta. Eu estava de blazer, mas
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aqui dentro é quente, então só o coloco quando vou


sair do prédio.

— Sabia que quando ele leva uma humana


pra casa, coisa que ele sempre faz — ela revirou os
olhos e riu —, ela nunca sai de lá com vida? Nossa,
não sabia? Poxa, então deixe eu te contar. Elas
saem esquartejadas, rasgadas por não aguentarem a
pressão que é ter um homem como o Aaron na
cama — ela riu, de novo. — Ou sem ao menos uma
gota de sangue. Na verdade, a parte do sem uma
gota de sangue acontece todas as vezes. Ele sabe
ser diabólico... O que será que ele viu em você? Por
que ainda está viva?

— Talvez ele veja em mim um desafio... Já


que eu não abri as pernas logo que o conheci —
falei dando de ombros e a vi fechar sua expressão.

— Tem uma boca atrevida... Entendi por


que ele não queria falar de você nesse sábado... Oh,
nossa! Eu não podia contar que me encontrei com
ele no sábado! — ela falou colocando a mão na
boca, fingindo que não queria contar. — Ele tinha
acabado de deixar você em casa e estava tão lindo
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com aquela camisa polo preta. Oh, depois ficamos


por horas conversando. E eu o aliviei de toda a
frustração por ficar esperando algo de uma
“pirralha” e nunca receber. E olha que ele gastou
uma fortuna com você na sexta-feira e você nem
para retribuir à altura! Deixe de ser ingrata, Mia!
Deixasse pelo menos ele se alimentar de você,
sabe, principalmente por ser ele nosso grande Alfa.
Você já o viu transformado? Nossa, ele é horrível
transformado e mata tudo pela frente. Quando a
maldição caiu sobre ele e o irmão — ela deu uma
risadinha, e eu estava chegando ao meu limite —,
desencadeou uma maldição que ele já tinha em si, a
maldição do sétimo filho, a maldição dos lobos... É,
sim, lobos, querida Mia. O que o torna um híbrido.
O único e mais temido ser. Nem parece, não é? Ele
pode ser tão carinhoso, tão atencioso quando quer
— ela suspirou. — É, eu sei... Estava com saudade
do toque dele, mas matei nesse fim de semana.

Fiquei encarando-a não sei por quanto


tempo. Ela estava com uma cara satisfeita, mas não
dei o gosto de chorar na frente dela.

— Bom, já estou de saída. Sabe, não fique


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brava comigo. Estou lhe fazendo um favor, abrindo


seus olhos antes que eles se fechem para sempre.

Ela se levantou e saiu, me deixando absorta


em tantos pensamentos. Eu sabia, era bom demais
para ser verdade. Eu jamais conseguiria um homem
daquele, principalmente se ele tem opções como
ela. Fui ao banheiro e enxuguei as lágrimas que
deixei cair após a saída da Amber. Peguei minha
bolsa e saí, trancando a sala atrás de mim. Vi Liam
vindo em minha direção.

— Liam, enviei a documentação para o seu


e-mail.

— Tudo bem, Mia?

— Não, mas vai ficar.

— É algo que eu possa ajudar?

— Não.

— Certeza?

Fiz que sim com a cabeça e disse “tchau”,


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saindo de perto dele, deixando-o me olhar no


corredor. Eu me despedi de Molly e esperei o
elevador se abrir. Peguei meu celular e fiquei
mexendo nele. Quando o elevador se abriu, dei um
passo para entrar, mas avistei dois pés parados na
minha frente. Levantei a cabeça e era Aaron,
sorrindo. Desviei dele e entrei no elevador. Ele
ficou sem entender, pois estávamos bem e de
repente eu fiz isso. Ele entrou no elevador e apertou
o botão para fechar a porta. Eu não olhei para ele.

— O que houve, amor?

Essa mania dele de me chamar de amor


desde a noite em que descobri o que ele era às
vezes me irrita, pois não é sincero.

— Mia?

— Eu não quero mais, Aaron. Eu não


aguento mais isso. É pressão demais pra minha
cabeça — falei logo de uma vez.

— O quê? Não estou entendendo, Mia. Não


estou pressionando você a nada.

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— O que fez no sábado depois que me


levou embora? — ele engoliu em seco. — Esteve
com a Amber. Sabia que ela fez questão de me
contar? Ah, sim, fez... Ela fez questão de me contar
também que você não é só um vampiro como eu
pensei. E me contou que, além de ser um híbrido, é
o Alfa de todos eles — ele engoliu em seco, de
novo. — Pensou em me contar alguma hora?

— Mia, você nem conseguia falar em voz


alta o que achava que eu era, o que dirá se eu lhe
contasse tudo.

— Então, confirma tudo? Que esteve com


Amber, que é realmente tudo isso que ela falou?

— Eu não estive com ela do jeito que você


está pensando. Nós só conversamos.

Dessa vez eu não segurei minhas lágrimas.

— Não chore, baby — ele fez menção de


tocar em mim e eu tirei a mão dele.

— Não toque em mim.

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— Não faça assim.

— Não faça assim? Você disse que seria só


meu. Eu, como uma idiota, acreditei, caí na sua
lábia de mil anos.

O telefone do elevador tocou. Ele atendeu e


falou que não estava acontecendo nada, que estava
tudo bem.

— Mia, eu não tive nada com ela. Acredite em


mim... Nós apenas conversamos.

Eu via que ele estava se alterando, mas tive


que me livrar disso. Apertei o botão do elevador e
virei minha correntinha, a tirei e segurei sua mão,
depositando-a devagar na palma da sua mão.

— Eu não sirvo pra isso. Nunca vou servir


pra você. Não quero viver assim. Se isso fosse para
frente, um dia teríamos que nos despedir. Que seja
agora. Nem me obrigando, me fará ficar com você.
Já sofri demais na minha vida e não quero sofrer
por você.

— Já disse que não vou deixá-la ir. Não


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entendeu isso? — ele falou me prensando no


elevador e apertando o botão para o elevador parar.
— Você é minha, minha, porra! — ele gritou.

— Então faça o que quiser comigo e depois


me mate, pois tudo o que vou sentir por você
depois será nojo, repulsa. Eu quero ver aguentar
esses sentimentos vindos de mim.

Lágrimas escorriam pelo meu rosto, pois,


apesar de tudo, eu o queria tanto...

— Eu sinto sua dor. Como pode me falar


isso se lhe causa tanta dor se despedir de mim?

— É você quem causa minha dor. Não se


sente culpado? — ele não respondeu. — Eu quero
minha vida de volta. E eu a quero sem você —
falei.

— Isso você não vai ter. Você já tinha


aceitado antes, por que agora está negando? Eu já
falei que não tive nada com a Amber. O que mais
ela lhe falou que a deixou assim?

Eu não respondi, nem conseguiria se


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tentasse. Fiquei olhando para o lado, sentindo sua


respiração em minha bochecha molhada de
lágrimas.

— O que mais ela falou, Mia? — ele gritou.


Prendi minha respiração pelo tom da sua voz.

— Aaron, se acalme.

— Acalmar, porra nenhuma! Me diga o que


foi que ela falou? — ele gritou de novo, e sua voz
estava alterada e seus olhos, vermelhos.

— Ela falou que as mulheres que você leva


pra casa nunca saem de lá com vida. Você as
esquarteja enquanto transa e bebe até a última gota
de sangue delas. “Elas”, isso me inclui por ser
humana, são fracas demais para aguentar um
homem como você. Droga, Aaron, eu queria tanto
acreditar que tudo isso é mentira, mas não é. Eu sei
que é verdade cada palavra que aquela mulher
falou.

Ele passou sua mão pelo meu pescoço e


senti ele apertando. Seu aperto foi ficando mais
forte.
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— Aaron.

Eu o chamei, sentindo o aperto me


incomodar. Ele tinha a testa franzida e seus olhos
estavam grudados na mão dele me apertando. Mas
sei que ele não olhava exatamente para a mão dele.
Seu olhar estava perdido e ele estava em outro
mundo. Ele desencostou seu corpo do meu e foi me
levantando no ar.

— Aaron, por favor. Estou ficando sem ar


— falei, conforme seu aperto ia ficando mais
intenso.

Ele não me olhava. Ele apertou ainda mais


forte e então eu mal consegui respirar. Levantei
minhas mãos até as suas e ele pareceu não ter visto.
As veias próximas aos seus olhos estavam roxas e
pareciam se mexer. Céus! Eu já estava perdendo a
força e os sentidos, então levei minhas mãos até seu
rosto na esperança de conseguir fazê-lo acordar ao
me olhar. Levantei seu rosto, ele me olhou com
ódio e apertou com mais força. Minhas mãos
acariciaram seu rosto. Meu Deus, ele tem que me

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soltar... Seu olhar se suavizou, assim como o


aperto. Ele me soltou rapidamente quando se deu
conta do que estava fazendo e eu ajoelhei no chão,
tentando respirar todo o ar que tinha ali e não
parecia ser suficiente.

— Estou sem ar — falei, parecendo ter um


ataque de asma. Fazia tanto tempo que eu não tinha
um. — Aaron... — sussurrei, sem ar, e ele me
pegou no colo, preocupado.

— Mia, porra, que foi que eu fiz?! Respire,


amor, respire...

— Bombinha — sussurrei.

— Bombinha? Você tem asma? Que porra!

Minha visão estava confusa, mas o vi


abrindo a porta do elevador em um dos andares e
me carregando até uma poltrona. Eu não respirava
direito.

— Bolsa — sussurrei e ele abriu a bolsa.

Peguei a bombinha e só de segurar nela já


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me senti melhor. Finalmente pude respirar. Ele me


olhava assustado.

— O que houve com você? Nossa, que


susto moça!

Um rapaz falou me observando preocupado.


Depois que respirei mais algumas vezes,
recuperando o fôlego, consegui responder.

— Estou bem agora. Vou embora.


Desculpem-me por isso — falei sem graça, vendo
boa parte do setor olhando para a gente.

— Podem voltar ao trabalho, agora! —


Aaron falou com a sua voz imponente.

Eu o olhei com raiva nos olhos. Ele quis me


dar a mão para me ajudar a me levantar, mas não
aceitei. Caminhei para o elevador e entrei, com ele
logo do meu lado. Eu ainda respirava com
dificuldade, então ele abriu a boca para falar algo,
mas eu levantei minha mão.

— Cale a sua boca! Não quero ouvir uma só


palavra que você tem pra falar, tá entendendo? Eu
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já percebi que, mesmo não fazendo nada, sempre


vou correr risco de morte ao seu lado.

Eu me aproximei dele e cutuquei seu peito


com meu dedo indicador, o empurrando.

— Então, que se foda, que você se foda, que


tudo vá pra puta que pariu!

A porta do elevador se abriu e eu saí feito


um furacão, com ele logo atrás de mim e as pessoas
dando olhares curiosos, porém discretos na nossa
direção. Eu andava tão rápido que não sei como
não virei o pé.

— Vamos para o estacionamento que eu


vou levá-la embora. Você não está bem para ir
embora sozinha.

— Eu não vou a lugar nenhum com você.

— Não me faça carregar você, Mia. Você


está de saia e vai ficar feio.

— Você não é nem louco. Não se atreva a


isso! — ele sorriu de lado e tirou o blazer. —
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Aaron, pare de graça. Eu não vou com você, me


deixe em paz. Está todo mundo olhando —eu disse
um tanto desesperada.

Ele realmente vai fazer isso? Ele caminhou


até mim e eu fui andando para trás. As pessoas
tinham que desviar de mim para não serem
atropeladas. Com uma rapidez — considerada
normal para um humano —, ele me colocou no
ombro com a bunda para o alto e jogando seu
blazer por cima.

— Aaron! —gritei irritada. Não acredito


que ele está fazendo isso. Não acredito! — Aaron,
me solta! Tá todo mundo olhando, pelo amor de
Deus!

— Foi você quem pediu por isso — ele


disse e, pelo seu tom de voz, eu tinha certeza de
que estava segurando o riso.

— Eu odeio você!

— Eu também, querida, eu também.

Eu podia ver as pessoas filmando ou tirando


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fotos dessa cena, rindo. Que ódio! Que ódio! Ele


entrou no estacionamento pela parte externa da
empresa, parando em frente ao seu carro e
finalmente me deixando descer. Assim que eu
recuperei o equilíbrio, comecei a estapear seu peito.

— Eu te odeio! Te odeio! Te odeio!!!!!!! —


ele segurou meus pulsos, parecendo divertido.

— Seu temperamento é tão difícil quanto o


meu. Temos algo em comum, afinal...

Ele abriu a porta e me empurrou devagar


para dentro. Deu a volta e entrou no carro.

— Eu nunca senti tanta raiva de alguém em


toda a minha vida, Aaron.

— É, você está bem brava mesmo. Mas


você fica uma gracinha assim.

Bati outra vez no seu braço. Ele riu.

— Você sabe que não me faz nem cócegas,


não é?

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— Então, por que ficou tão bravo quando eu


bati em você na sua casa?

— Porque eu não esperava por aquilo, mas


desta vez eu já esperava pelo seu ataque.

— Já disse que te odeio?

— Já, várias vezes.

— Ótimo, mais uma então. Eu odeio você.


E eu não vou mudar de ideia sobre o que falei no
elevador.

— Nem eu.

— Então temos um problema.

— Ai, Mia, você me irrita! Dá pra ficar


quieta um pouco?

— Não, não dá! Droga! Eu já disse o que eu


quero! Por que não faz como alguém normal e
aceita?

— Porque eu não sou normal! Porra,


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preciso te lembrar disso?

— Não, não precisa. A dor que sinto no


meu peito e pescoço está me lembrando disso a
todo segundo.

Ele ficou quieto. Ah, toma essa, idiota! Ele


parecia submerso em pensamentos. Quando parou
em frente de casa, mais uma vez ele não destrancou
a porta do carro. Virou-se para olhar para mim com
uma cara esperançosa.

— Você está tão furiosa assim porque está


com ciúmes da Amber? É isso?

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Ele me perguntou se tenho ciúmes. Ele é tão


idiota! Tenho vontade de socá-lo às vezes para ver
se aprende. Claro que tenho, mas, já que ele não
percebe isso, não vou assumir... E não é só isso,
tem muito mais. Como por exemplo, o fato dele ter
me enforcado, mas, vamos falar sobre ciúmes.

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— O quê? Pra eu ter ciúmes, eu precisaria


gostar de você. E tudo que eu sempre senti por você
foi puro e cristalino ódio.

— É mesmo? Como um coração tão puro


pode guardar tanto ódio assim? — ele zombou de
mim.

— Talvez não seja tão puro assim...

— Ok. Vamos falar sobre o que interessa...

— Isso, sobre você destrancar a porta do


carro e me deixar ir viver minha vida — falei,
debochada.

Ele riu.

— Vamos falar sobre como você não quer


que eu faça isso.

— Vou pedir demissão amanhã assim que


colocar os pés na empresa — ameacei.

— Não, você não vai.

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— E o que você vai fazer para me impedir?


— ele ficou quieto, bufando de raiva. — Eu faço de
tudo pra controlar minhas palavras perto de você e
mesmo assim quase sou morta, por você, por suas
ex loucas de pedra. Então, se pelo menos um
pedacinho de você quisesse me ver bem, me ver
viva, me manteria longe de você.

— Você está certa.

— Aaron, eu falei que não. O quê? — será


que eu ouvi direito? — Você disse que estou certa?

— Sim. Vou deixá-la em paz, mas quero


pedir duas coisas antes de deixar você.

Ele vai mesmo me deixar? Uma pontinha de


decepção surgiu dentro de mim. Minto. Meu eu
inteiro se decepcionou por isso. E eu fiquei brava
comigo mesma por me afetar tanto.

— E o que seria? — perguntei sem jeito.

— Quero senti-la de novo, mais uma vez.


Pense como em uma despedida — ele falou e eu
fiquei perdida em pensamentos.
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Ele quer me sentir? Quer provar do meu


sangue mais uma única vez? Acho que posso passar
por isso de novo. Ele me olhava com expectativa.

— Tudo bem. Vamos subir.

Ele abriu a porta do carro e fomos em


direção ao meu apartamento. Para variar, Crystal
não estava. Fui para o meu quarto e tirei meu
blazer, deixando-o na beirada da cama. Quando me
virei para olhá-lo, ele estava na minha frente, digo,
bem na minha frente mesmo. Meu coração deu um
salto em meu peito e eu não conseguia fazê-lo se
acalmar. Aaron percebeu isso.

— Não tenha medo — sussurrou.

— Por incrível que pareça, não estou.

Ele sorriu. Seu rosto se aproximou


calmamente, deixando seus lábios bem próximos
aos meus.

— Você disse que queria me sentir de novo.


Achei que queria se alimentar de mim mais uma
vez.
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— Não. Eu disse que queria senti-la de


novo. Sentir seus lábios — ele passou seu dedo
pelo contorno dos meus lábios —, seu cheiro —
percorreu seu nariz por toda a extensão do meu
ombro até o meu pescoço, me causando várias
ondas de arrepios —, sua pele... — suas mãos
passearam delicadamente pelos meus braços, desde
os meus ombros até segurar minhas mãos.

Eu me segurava para não demonstrar o


quanto eu queria beijá-lo, passar minha mão por
todo seu peito, abdômen... Eu também queria senti-
lo uma última vez.

— Desculpe-me por todo o mal que eu lhe


fiz.

Abri minha boca para falar algo, mas não


saía nada. Eu estava mais do que surpresa.

— Talvez eu possa estar vendo um pouco


do verdadeiro Aaron Prescott?

— Talvez... Acho que você nunca vai saber.


Você desistiu de mim na primeira dificuldade que
apareceu.
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— Eu não quero me machucar.

— E eu?

— Você diz que não tem coração. Por que


eu deveria me preocupar com você? — eu falei e
ele se calou, pensativo, depois de alguns segundos.

— Touché, senhorita Black.

— Estou errada? — perguntei esperançosa.

— Não, não está. Mas e você? Importa-se


comigo?

— Mais do que deveria e queria.

— Por que insiste em nadar contra a


correnteza?

— Por a correnteza me leva para uma queda


livre, e eu não sei o que me espera lá embaixo. E
gosto de segurança, estabilidade.

— Posso lhe prometer um futuro cheio de


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emoções, aventuras, posso lhe apresentar o mundo,


Mia, e protegê-la de todos que quiserem lhe fazer
mal.

— Exceto de você mesmo... Aaron, é a


segunda vez que você tenta me matar sufocada.

Sua expressão mudou. Eu queria parar essa


discussão que não nos levaria a lugar nenhum. Os
dois querem, mas os dois sabem o quanto isso é
impossível, o quanto isso é improvável e como isso
é a ruína dos dois. Mas a atração é muito forte, ao
menos para mim.

Ele colocou sua mão no meu rosto,


acariciando-o. Deitei meu rosto para receber seu
carinho. Ele se aproximou, me beijou e lentamente
me deitou na cama, com sua mão ainda no meu
rosto e seu outro braço segurando seu peso. Levei
minhas mãos e segurei seu rosto, acariciando a
barba rala que tinha ali e fazia cócegas em minha
mão. Então, o afastei levemente para olhá-lo nos
olhos, sempre intensos demais, da cor azul mais
linda que já vi. Levantei minha cabeça e voltei a
beijá-lo, e ele retribuiu. Minhas mãos foram para
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seus ombros, massageando seus músculos por cima


da camisa, devagar. Sua mão começou a subir
minha saia e, lentamente, foi se encaixando no
meio das minhas pernas. Apertei seus braços ao
sentir seu membro duro, separado de mim apenas
por minha calcinha e sua calça. Sua mão apertou
com força minha coxa, e seus beijos foram
descendo em meu pescoço. Eu estava cada vez
mais excitada. Ele se sentou na cama e teve uma
visão de mim com as pernas abertas. Tentei fechá-
las, com vergonha, mas ele não deixou.

— Não tenha vergonha de mim —


sussurrou.

Ele puxou meu pé esquerdo e desabotoou


minha sandália, jogando-a no chão, fazendo o
mesmo com o outro pé. Observei cada movimento
dele. Incrível como ele sabe ser sensual em todos
os simples gestos. Ele beijou meu tornozelo
enquanto as pontas dos seus dedos subiam e
desciam pela extensão da minha perna, me
causando arrepios. Seus beijos chegaram ao interior
da minha coxa. Eu estava extasiada! Como ele
conseguia me causar tudo isso?
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Seus olhos não deixavam os meus, e eu


sabia que ele estava observando cada sensação que
causava em mim. Eu sentia minha intimidade
úmida, mas não conseguia sentir vergonha, não
com ele me olhando daquele jeito, como se eu fosse
o que ele tinha de mais precioso. Ele veio por cima
de mim e voltou a beijar meus lábios.

— Eu prometo não machucar você — ele


sussurrou.

Ele beijava meu pescoço e eu esperei pela


dor, mas ela não veio. Mas fui pega de surpresa
quando senti sua mão na minha intimidade. Acho
que fiquei tão atenta esperando o que ele faria no
meu pescoço que nem percebi sua mão descendo
para a minha intimidade. Ele puxou minha calcinha
rasgando-a e a jogou longe. Eu tremia antecipando
o que viria a seguir. Seus dedos vieram com calma
e acariciaram meu clitóris e eu gemi. Ele continuou
pressionando, cada vez com mais pressão, e eu não
conseguia segurar as arfadas que escapavam. Logo
senti seu dedo me invadindo e gemi, sentindo
diversas sensações ao mesmo tempo.

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— Nunca tinham feito isso com você?

— Não — sussurrei.

Ele foi aumentando o ritmo e eu apertei


com força seu braço e mordi meu lábio pela
intensidade do que estava sentindo. Excitada era a
palavra, muito excitada. Ele me beijou com fome, e
eu podia sentir o quanto ele exalava sexo e o
quanto estava enlouquecido com o que estava
fazendo. Seus movimentos eram precisos e eu não
conseguia pensar em mais nada que não fosse ele.
Eu sentia que estava muito molhada. Tudo estava
bom demais! Um nó se formou em meu ventre,
senti me contorcer e quis empurrar sua mão dali,
mas ele não deixou. Aumentou o ritmo e um tremor
passou por todo o meu corpo, mas logo uma
sensação de leveza, de alívio me preencheu, uma
sensação ótima que eu nunca tinha sentido antes.
Mas também me senti fraca e meio fora de órbita.
Olhei para Aaron e ele sorria. Então, me beijou
mais uma vez, me fazendo acordar para o que
estava acontecendo. Ele tirou seu dedo de mim e o
chupou, e aquilo fez meu corpo inteiro despertar.
Maldito homem que desperta tantos sentimentos
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impuros em mim!

— Deliciosa, como imaginei — ele falou e


me beijou de novo, e pude sentir meu gosto em sua
boca.

Abaixei minha saia, me sentei e o observei.


Ele estava feliz. Segurei a vontade de sorrir.

— Parabéns, você teve seu primeiro


orgasmo! — eu o olhei surpresa. Senti meu rosto
queimando. Ele riu e me puxou para ele. — Vai
ficar com vergonha agora, amor?

Eu sorri.

— Como posso te odiar e gostar de você ao


mesmo tempo? Na mesma intensidade e na mesma
proporção? É impossível.

— Impossível? Não é, não, baby.

Segurei sua mão e passei-a no meu rosto.

— Gosto quando estamos só nós dois,


quando me chama de baby e me abraça. Gosto do
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seu beijo, do seu perfume, da sua voz e de quando


brinca com meus dedos enquanto segura minha
mão. Gostei de nós hoje pela manhã, de como você
soou natural nos seus atos, mesmo estando na
frente do seu irmão. Eu me pego imaginando todos
os dias como eu poderia ser feliz, como poderíamos
ser felizes se tudo fosse diferente.

— Diferente? Se eu não fosse um poço de


maldade... Se eu não fosse o monstro que eu sou?

— Talvez se você começasse admitindo o


que sente por mim.

— Admitir o quê? — ele quase gritou,


incrédulo.

— Que está apaixonado por mim — falei


com firmeza.

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Mesmo não tendo a certeza, eu precisava


ver a reação em seus olhos. Ele não falou nada.

— Você quer que eu o aceite como é, mas


você mesmo não se aceita. Você não aceita o que
sente, mas não foge disso, apenas não admite.

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— O amor é uma fraqueza, e eu não posso


ter um ponto fraco... E, além disso, você também
não aceita o que sente e foge. Acho que estamos
num impasse aqui.

Tudo isso é porque ele acha o amor uma


fraqueza, porque ele não quer ter um ponto fraco.
Tarde demais, e ele sabe disso.

— Prometo não fugir se prometer não tentar


me matar a cada discussão. Precisa se controlar.

— Seu toque — ele falou segurando minha


mão e colocando-a no seu rosto —me trouxe de
volta. Você é o meu controle.

Eu sorri. Ele me beijou e me deitou na


cama, vindo por cima de mim.

— Você confia em mim? — ele perguntou.

— Estou aprendendo a confiar.

— Que bom.

Ele ficou de joelhos na cama e começou a


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tirar a camisa. Fiquei observando, um pouco tensa.

— Relaxe, eu só estou com calor — ele


piscou.

— Eu também — pensei alto e ele riu.

— Gosta do que vê?

— Uhum.

— Eu também gosto do pouco que vi.


Queria ver mais... Ele falou, colocando a mão nos
botões da minha camisa. Meu Deus!

— Posso?

Eu assenti. Então, ele foi desabotoando


botão por botão. Assim que se abriram todos, suas
mãos quentes passearam pela minha barriga e seus
dedos passaram rentes ao meu sutiã. Ele me ajudou
a tirar minha camisa.

— Sabe que podemos parar, não sabe? Eu


não tenho pressa em te descobrir — ele sussurrou,
roçando sua boca na minha —, apesar de estar
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louco para ter você inteira, marcar você para


sempre como minha, ser o seu primeiro homem.
Mas posso esperar se quiser.

— Eu quero você — sussurrei, puxando seu


pescoço em minha direção e voltando a beijá-lo. —
Mas você está bem? Quero dizer, sob controle?

— Sim. Eu não vou machucar você. Quer


dizer, vai doer um pouco, mas é natural porque...

— Ok, ok. Entendi — falei interrompendo-


o.

Posso estar seminua na frente dele, mas não


estou confortável para falar sobre isso. Ele riu.
Rapidamente ele estava só de boxer preta na minha
frente. Suspirei vendo-o com aquele corpo definido
ao meu dispor. Ele se sentou na cama e me colocou
em seu colo, com uma perna de cada lado do seu
corpo.

— Eu falei que queria duas coisas de você:


uma era senti-la. Não está curiosa pra saber o que é
a outra?

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— Verdade. O que é?

Ele ergueu sua mão e deixou que parte do


colar aparecesse.

— Não achei que a gente ficaria bem. Eu ia


insistir para que você usasse, sempre.

Ele colocou novamente o colar em meu


pescoço. Sorri tocando o pingente.

— Me pergunte de novo se são nossos


corações — ele disse ansioso.

— São nossos corações? — perguntei


sorrindo.

— Sim. Interligados pra sempre. Você é


minha, e eu sou seu.

Eu o beijei com ternura. Ele me abraçou e


retribuiu o beijo, mas de repente ele parou.
Estranhei o jeito dele.

— Crystal chegou — ele falou e eu saí do


seu colo um pouco assustada e desajeitada.
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— Droga! — peguei minha roupa e ele


também foi se vestir.

— Mia? — ela gritou da sala.

— Já vou!

— Aaron está aí? Eu vi um carro diferente


lá embaixo.

— Oi, cunhadinha — ele gritou rindo.

Terminei de colocar minha roupa e fui para


a frente do espelho para disfarçar meu cabelo. Ele
veio por trás e me abraçou, e pude sentir seu
membro duro na minha bunda.

— Oh, Aaron! — fechei os olhos quando


ele pressionou ainda mais. Escutei um barulho e
abri os olhos. — Controle-se, Prescott — eu o
repreendi e ele riu.

— Vou fazer algo especial pra nós no fim


de semana, prometo — ele sussurrou e deu um tapa
na minha bunda.

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Eu ri do seu jeito. Fomos para a sala e a


Crys nos olhava segurando o riso.

— Sabe, Aaron, estamos em pleno século


21. Sei que você é velho e tal, mas não precisa agir
como na sua época, tipo homem das cavernas —
ela falou rindo e estendendo o celular, mostrando
um vídeo dele me carregando nas costas e eu me
contorcendo enquanto ele me carregava para o
estacionamento. E na descrição da notícia dizia:

“Problemas no paraíso: cinegrafistas amadores


gravaram o executivo Aaron Prescott carregando
uma mulher nas costas, na saída da sua empresa no
centro de Miami, enquanto ela gritava
aparentemente brava pelo ato do executivo. Quem
aí gostaria de estar sendo carregada nas costas do
executivo Aaron Prescott? Essa foi, mas parece que
não gostou muito da atitude dele. Qual será o grau
de envolvimento dos dois? Será que perdemos um
dos solteirões mais ricos e desejados?”

— Meu Deus! — falei após terminar de ver


o vídeo e ler alguns comentários.

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Céus! Que loucura! Aaron ria e nem parecia


se importar.

— O que foi isso, hein? — Crystal falou


rindo.

— Foi Aaron sendo Aaron na frente de


todos — falei revirando os olhos.

— Em minha defesa, eu a avisei que faria.


Você duvidou.

Olhei de relance no relógio e me assustei.


Como as horas passaram depressa!

— Meu Deus, vou me atrasar pra faculdade!

— Mas ainda são cinco horas! — Aaron


falou sem entender.

— É, mas ainda não comi nada e nem tomei


banho. Para chegar na hora, tenho que sair daqui às
dez para seis.

— Eu a levo.

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— Não precisa.

— É sério, eu a levo. Não tenho nenhum


compromisso pelo resto do dia e posso levá-la.

— Ótimo, vou tomar banho.

— Bom, posso aproveitar a carona então,


Aaron? — Crystal perguntou.

— Claro que pode, cunhadinha.

— Legal. Vou me arrumar.

Então ela se foi e eu entrei no meu quarto,


seguida por Aaron, que se deitou na minha cama e
ficou mexendo no celular. Abri meu guarda-roupa,
peguei as roupas que ia usar e deixei-as na cama.
Tomei um banho rápido e saí do banheiro apenas
de toalha para pegar minhas roupas. Assim que saí,
Aaron veio até mim com uma rapidez sobrenatural,
me surpreendendo.

— Porra, Mia, não me provoque


desse jeito.

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— Me desculpe, só vim pegar


minhas roupas para me vestir no
banheiro.

— Vista-se aqui.

— O quê? Está louco? Não — falei


apertando a toalha em mim.

— Não vou tocá-la. Quero apenas


olhar você, por favor.

Uau, quase faço sua vontade só pela


forma como me pediu e me olhou!

— Não.

Ele fez bico e tive que rir. Peguei minhas


roupas e entrei no banheiro. Então me vesti
rapidamente, saí do quarto e me arrumei. Saímos
mais cedo de casa e fomos comer algo na padaria.
Chegando à faculdade, Crystal foi para a sua sala e
eu fiquei no carro com Aaron, pois ainda tinha
alguns minutos.

— Eu venho buscar você — ele falou.


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— Não precisa. Eu vou de metrô.

— Nem pensar. Pra você voltar com aquele


moleque? Nunca. Eu virei buscar você todos os
dias a partir de hoje.

— Aaron, pare de controlar minha vida.


Não estrague nosso dia. Ele já foi muito
conturbado.

— Então não discuta comigo.

— Aaron, ele é do meu grupo do curso.


Faço trabalhos com ele. E no meu grupo tem mais
pessoas. Eu não posso deixar de falar com ele só
porque você quer.

— Não acredito no que estou ouvindo —


ele disse batendo no volante.

— Aaron, pare com isso ou eu saio do


carro.

— Tá, tá, parei. Mas isso não significa que


eu aceitei que você vá embora com ele. Eu vou vir
te buscar.
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— Aaron, a gente já fica o dia inteiro na


empresa juntos. Eu preciso ter amizades, sabia?

— Você tem a Crystal.

— Eu desisto de discutir com você. É


impossível. Eu não tenho interesse em mais
ninguém, entende isso? Pare de ser tão ciumento e
controlador.

— Mia, eu não te deixava sozinha quando


estávamos separados, quando você não se lembrava
de nada, eu sempre fiquei de olho em você e
naquele moleque. Que dirá agora que você sabe de
tudo e estamos juntos.

— Estamos juntos, é? E como você chama a


relação que temos? Que eu saiba, estamos tentando
ter algo, e não tendo algo.

— Não. Você é minha, independente de


como chama nossa relação.

Eu ri.

— Preciso ir.
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— Por que está falando assim? Queria que


eu a pedisse em namoro?

— Oi?

Ele estava com uma cara divertida e eu,


confusa.

— Tchau, baby.

Ele mudou de assunto e me deu um beijo


rápido. Saí do carro. Caminhando para a minha
sala, vi Zack na porta.

— Oi, Mia.

— Oi, Zack.

Ele me acompanhou para dentro e nos


sentamos. Desde que conversamos no seu primeiro
dia de aula, ele senta-se perto de mim e entrou no
meu grupo de trabalhos.

As horas passaram depressa e no intervalo


fiquei na sala mexendo no celular.

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Na hora de ir embora, acabei me enrolando


na matéria e fui quase a última a sair da sala.
Guardei minhas coisas e meu celular vibrou,
indicando uma mensagem. E era do Aaron.

Aaron: Onde está?

Mia: Na sala, por quê?

Aaron: Estou esperando você aqui fora. E parece


que o moleque também.

Mia: Por que não conversa com ele? Você vai ver,
ele é gente boa.

Aaron: Não se atreva a chamá-lo para vir junto. Eu


quebro o pescoço dele no carro.

Mia: Não vai quebrar, não. Você vai conversar


civilizadamente, como um homem interessado em
conhecer a pessoa de quem a sua “tentativa de
relacionamento” está sempre ao lado. E se quebrar
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o pescoço dele, ou fazer qualquer coisa do tipo que


o machuque ou o mate, eu nunca mais olho pra
você. Prove pra mim que sente algo e seja sensato.

Aaron: Não se atreva!

Nem respondi a sua última mensagem. Saí do


prédio e Zack veio até mim.

— Estava te esperando.

— Fiquei um pouco enrolada com algo, mas


estou de carona com alguém. Por que não vem com
a gente?

Falei para o Zack, mas logo olhei para o


Aaron, sabendo que ele estava ouvindo tudo. Ele
estava bufando de raiva.

— Carona? Acho que vai ser bom chegar


cedo em casa pelo menos uma vez — ele falou
rindo.
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Então descemos a escadaria para a calçada e


parei em frente ao Aaron.

— Aaron, este é Zack e Zack este é Aaron.

Eles deram um aperto de mão.

— Tem certeza que tudo bem eu pegar a


carona?

Aaron ia abrir a boca para falar algo, mas eu


falei antes.

— Claro que está tudo bem, Zack, senão, eu


não o chamaria — falei sorrindo.

Ele sentou-se no banco de trás e eu, no do


carona. Aaron entrou no carro e partiu com ele.
Alguns minutos depois, tudo estava no mais
absoluto silêncio.

— Espere, você disse que o nome dele é


Aaron? Esse é o Aaron Prescott, dono da empresa
de construção em que você trabalha? — Zack
perguntou com uma voz impressionada.
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— O próprio.

A voz do Aaron soou pelo local, fria e


indiferente. Ai, céus!

— Nossa, sua empresa é uma inspiração!


Eu sempre acompanho seus trabalhos pelas
revistas! Você e o Liam Prescott são referências
para todos no ramo. Acho que todos os estudantes
da nossa sala queriam fazer estágio na sua empresa.
Não é mesmo, Mia?

— E como querem! — falei sorrindo.

Aaron pousou sua mão na minha perna e


acariciou o local. Eu estava de lado e pude ver o
desconforto do Zack e o sorriso de canto do Aaron.
Filho da mãe!

— Acho que no começo do ano eles vão


fazer outra seletiva para estágio não é, Aaron? —
falei puxando assunto, tentando mudar o clima
estranho que ficou ali.

— É sim. — Aaron concordou a


contragosto.
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— Que bom. Vou me candidatar e tomara


que dê certo. Ah, Mia, me esqueci de lhe contar:
deu certo a compra do carro. Vou pegá-lo amanhã.

— Nossa, que legal Zack! Que bom! Tenha


juízo, hein! — falei animada por ele conseguir o
que tanto queria.

Aaron estacionou o carro na frente de casa e


nós descemos.

— Tchau, Aaron. Tchau, Mia. Até amanhã


— ele falou e eu acenei.

Aaron continuou encostado no carro. Eu me


aproximei dele e ele virou o rosto.

— Você nem pense em pegar carona com


esse moleque.

— Tudo bem. Vou embora sozinha,


chegando em casa mais de 1 hora depois que eu
poderia ter chegado. Ou seja, são mais ou menos 45
minutos correndo risco na rua, sendo que eu
poderia...

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Ele nem deixou eu terminar de falar e me


beijou.

— Eu gosto de você, mas às vezes você é


muito tagarela.

Eu ri.

— Como você se sentiria se eu desse carona


para a Amber todo dia?

— Tá, ok. Você me pegou. Eu não ia gostar.


Mas ela é uma rival e já demonstrou isso. Agora, o
Zack, olha pra ele Aaron, é um menino. Ele tem a
minha idade, os mesmos gostos. Mas eu tenho
você. Mesmo se não tivesse você, ele seria apenas
um bom amigo, só isso.

— Eu acho que ele quer enfiar aquela


língua na sua boca.

— Mas só você pode isso, só você.

Ele sorriu com minha declaração.

— Sabe o que eu queria... — ele sussurrou.


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— O quê?

— Explorar outros lugares do seu


corpo com a minha língua.

Eu me arrepiei inteira e senti minha


intimidade pulsar ao ouvir suas palavras. Nossa,
isso me assusta! As palavras dele têm poder demais
sobre mim; ele todo tem poder demais sobre mim.

— Nós temos uma longa semana pela


frente, então acho melhor você ir embora.

Tentei mudar de assunto. Ele percebeu e


deu um sorriso pretensioso que fez minhas pernas
bambearem.

— Não mude de assunto só porque ficou


com vergonha do que eu falei. Mas, sim, a semana
vai ser longa, principalmente pra você.

— Nem me fale, não acredito que vou ter


que me virar sozinha sem vocês lá.

— É, eu não quero te deixar, mas você não


quer faltar às aulas da faculdade, então paciência —
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ele deu de ombros.

— Semana que vem é minha semana de


provas. Você tem noção do quanto estou nervosa?!

— Eu sei. Tocando no assunto, como ficarei


dois dias fora, não vou poder buscá-la em uma das
noites. De jeito nenhum eu quero que você volte
sozinha pra casa e muito menos acompanhada
daquele moleque. Então, lhe dou duas opções...

— Ai, céus! Lá vem... — falei revirando os


olhos.

— Ou você aceita usar um dos meus carros


— eu ia cortá-lo, mas ele fez sinal com a mão — ou
eu compro um pra você.

— Está ficando louco?

Ficando? De onde eu tirei isso? Ele é louco!

— Sim, você está fodendo meu juízo.

— Que juízo? — falei rindo. — Sério,


Aaron, eu não quero nada seu, nada além de você
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mesmo.

— Mas tudo isso faz parte do pacote, baby.

— Não. Eu já estou usando um colar que


vale mais que sabe se lá quanto. Não vou andar por
aí com um carro seu que vale ao menos o triplo do
meu apartamento, que nem é meu, é alugado, e nem
deixar você comprar um carro pra mim. Eu não
quero. Não estou saindo com você por interesse.

— Sei o quanto você sofre pra chegar ao


trabalho todos os dias. Então vamos fazer assim:
compro um carro popular pra você, à vista, e
desconto do seu salário uma parcela que você possa
pagar.

— Faria isso? — perguntei empolgada.

— Claro que sim. Por que não? Eu lhe daria


um carro muito melhor, sem pedir nada em troca,
mas você não aceita.

— Mas eu vou aceitar o empréstimo! Ai,


caramba, eu vou ter um carro!

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Pulei animada e ele riu.

— Agora preciso ir, e você vá dormir.

— Sim, senhor.

Pisquei para ele. Ele me beijou.

— Apesar de tudo, hoje foi um ótimo dia —


sussurrei.

— Concordo. Queria que a Crystal não


tivesse chegado — ele falou, lembrando que a
Crystal interrompeu o nosso “momento”.

— Nós já fizemos bastante, por ora.

Ele sorriu sem vergonha.

— Preciso lhe contar algo — ele sussurrou.

— Então conte.

— Amber mentiu pra você.

— Sobre?
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— Sobre eu matar todas as mulheres que


levo pra cama. Eu realmente as mato, mas faço isso
porque gosto, porque sinto prazer nisso. Gosto de
ver o brilho da vida se apagando no olhar delas.

— Por quê? —perguntei incrédula.

— Porque sou assim, porque sou mau e


gosto de ser mau. Mas não com você. Quando lhe
faço mal, é porque fico fora de mim, perco o
controle, mas depois fico com remorso. Com elas
não é assim. Tenho total controle e faço porque
quero, e não sinto remorso nenhum por elas.

— Meu Deus, Aaron. E por que resolveu


me falar isso? Pra me deixar neurótica?

— Pra você não achar que eu posso te matar


a qualquer momento quando a gente transar.

— Oh.

Meu rosto queimou de vergonha e o escondi


na curva do seu pescoço, meio atordoada com a
informação.

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— Boa noite, Aaron — falei lhe dando um


beijo rápido.

— Até amanhã, baby.

Ele esperou eu entrar no meu apartamento


para partir com o carro. Vi que a Crystal já estava
deitada. Alguns dias da semana ela sai mais cedo
que eu, pois no seu curso algumas aulas são on-
line. Deitei na minha cama e não pude deixar de
lembrar o momento que tivemos mais cedo. Ele me
tocando daquela forma, o prazer que senti, sua
forma de “se declarar” dizendo que nossos corações
estão interligados para sempre, representados no
pingente do colar. Eu sou dele e ele é meu. Apertei
meu colar e tentei ao máximo não lembrar também
do que ele disse há pouco, que é mau e gosta de ser
assim.

Adormeci depois de tanto pensar e chegar a


uma conclusão: Estou perdidamente,
completamente e incondicionalmente apaixonada
por um belo monstro.

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Estou com a Mia na concessionária para


comprarmos o carro e ela está me estressando para
variar.

— Mia, será que não pode aceitar ou fazer


algo que peço ao menos uma vez na vida, hum?

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Ela estava discutindo comigo na frente da


vendedora sobre o valor do carro que eu escolhi
para ela.

— Concordamos em comprar um carro


popular, Aaron — ela falou em tom de ameaça.

— Eu sei. E este é um carro popular.

— Aaron, este carro custa quase 70 mil


dólares! Desde quando um carro desse é popular? E
eu adorei aquele Camaro 2010.

— Você quer comprar um carro de 2010! É


muito antigo, Mia. Só vai te fazer gastar com
manutenção.

— Que droga, Aaron! Você tem que me


deixar fazer minhas próprias escolhas, e é o que eu
posso pagar. Não foi isso que combinamos?

Fiquei em silêncio encarando-a, tentando


manter a calma com ela. Nossa, ficar com a Mia é
muito contraditório! Ela me deixa fora de mim
quando estamos juntos, me estressa e eu tenho
vontade de gritar com ela, mas quando eu a deixo,
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eu só quero que ela esteja do meu lado para eu


fazer exatamente o mesmo.

— Ou você não está planejando cumprir


com nosso combinado? Aaron, eu disse que não
quero ganhar um carro. Aceitei um empréstimo,
EMPRÉSTIMO e vou pagar mensalmente. Foi isso
que combinamos, não foi?

Odeio quando ela usa esse tom comigo. Ela


tem um rostinho de anjo e é inocente, mas tem um
temperamento horrível. Ô, menina teimosa!

— Querida, venha aqui — falei para a


vendedora

Vi o quanto ela se derreteu com meu


chamado e vi Mia revirar os olhos.

— Se alguém muito próximo a você


quisesse lhe dar um carro sem pedir nada em troca,
você aceitaria ou ficaria discutindo e arrumando
desculpas para não aceitar?

— Eu aceitaria, com certeza — ela


respondeu sem hesitar.
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— Obrigado — falei para ela e voltei minha


atenção para a minha pequena teimosa. — Viu,
amor, todas diriam “sim”, porque você diz “não”?

— Se eu fosse igual a todas, por que estaria


comigo, amor?

Era a primeira vez que ela me chamava de


amor. Eu sempre a chamei. Por que é tão diferente
ouvi-la me chamar assim? Mesmo com seu tom
irônico, gostei de ouvir.

— Está me chamando de amor apenas para


eu ceder ao que quer? — falei abraçando-a e
ignorando a vendedora, que nos olhava
atentamente, mas desviou o olhar, sem graça, assim
que percebeu que teríamos uma conversa mais
íntima.

— Não, eu não faria isso, amor — ela falou


sorrindo.

— Sabe — falei roçando minha boca em


sua orelha e senti seu corpo vibrar —, neste
momento eu gostaria muito de te compelir a aceitar
o que eu peço. Por favor, aceite. Admita que o
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carro que escolhi é lindo.

— Aaron, isso não é justo — ela sussurrou,


afetada.

— Eu só consigo as coisas com você não


jogando limpo. Então?

Puxei o quadril dela em direção ao meu e


ela suspirou.

— Não.

— Porra, Mia! — falei exaltado, mas não a


soltei.

— Não fique bravo.

— Por que não pode fazer isto por mim:


aceitar as coisas que eu quero te dar?

— Você tem feito tanto por mim e não


tenho como retribuir à altura — ela falou
cabisbaixa.

Então entendi o que queria dizer, mas não


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acredito que ela pensa dessa forma.

— Mia, como pode pensar assim? Eu


fazendo tanto por você? Não fiz nem um terço do
que você merece, pelo contrário, fiz muito mal a
você e não quero mais isso. E sobre retribuir... Eu
só quero você comigo. Só você é mais do que o
suficiente pra mim — falei para ela e ela pareceu se
emocionar.

— Você mexe demais com a minha cabeça,


Aaron. E sempre consegue tudo o que quer de mim.

— Vai aceitar o carro?

— Sim — ela respondeu derrotada e eu a


beijei animado.

— Feliz? — ela perguntou.

— Muito. Mas sobre conseguir tudo o que


quero de você, faltam algumas coisas que ainda não
fizemos, baby. E que eu quero muito... — sussurrei
e a vi se arrepiar.

— Maldito! Pare de me provocar na frente


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das pessoas! — ela falou enterrando seu rosto em


meu peito e eu ri.

Andamos em direção à vendedora e então


eu falei:

— Vamos levar o Audi a7. — Voltei minha


atenção para a Mia: — Que cor, amor?

Ela pensou por alguns segundos.

— Vermelho.

— Ótima escolha — a vendedora falou.

Então fomos preencher a papelada


necessária. O carro seria entregue na casa dela no
dia seguinte pela manhã. Levei-a para minha casa
para ficarmos um tempo a sós. Era quarta-feira e no
dia seguinte eu partiria logo pela manhã e só a veria
na sexta-feira à noite. Chegando em casa, eu a levei
direto para meu quarto. Ela se deitou na cama e
parecia cansada.

— Está cansada? — perguntei me deitando


ao seu lado.
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— Um pouco. Fui dormir tarde porque


fiquei estudando uma matéria que não entendi
direito.

— Hum...

Observei seu corpo. Ela vestia uma calça


social justa e preta e uma camisa de manga 3/4 na
cor vinho e, agora, estava descalça, mas antes
estava com um sapato de salto fechado. Ela se
virou, ficou de frente para mim e sorriu.

— Como se tornou vampiro?

Essa pergunta me pegou de surpresa.

— Meus pais fizeram um pacto e a


maldição caiu sobre todos seus descendentes da
época.

— E onde estão eles?

— Mortos.

— E quem os matou?

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— E você, eu não sei nada sobre a sua


família — falei puxando-a para mim, tentando
mudar de assunto.

— Eu não conheço meus pais. Fui criada


por meus tios, mas na verdade acho que nem são
meus tios de verdade.

— Por quê?

— Eles nunca se importaram comigo e não


vejo nenhuma semelhança. Não sei...

— Por isso foi embora da casa deles?

— Sim. Vamos mudar de assunto? Não


gosto de falar deles — ela falou aproximando seus
lábios dos meus. Como recusar?

— Só por hoje. Logo quero saber por que


você não gosta de falar deles.

Eu a beijei e ela veio por cima de mim.


Apertei sua cintura quando ela sentou em cima do
meu pau, que endureceu na hora. Gemi nos seus
lábios e coloquei minha mão por dentro da sua
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blusa, chegando até seu sutiã. Ela não me impediu.

— Estou tão viciada em você, Aaron. É


como uma droga. Não consigo deixar de pensar em
você, em nós — ela sussurrou entre os beijos que
depositava na minha boca, rosto e pescoço.

Então a apertei com força contra meu corpo


e nossos beijos se tornaram mais intensos, mais
urgentes.

— Você está me deixando louco — falei


baixo enquanto ela desabotoava minha camisa.

— Que bom que estou conseguindo.

Assim que ela abriu o último botão da


minha camisa, troquei de posição, deixando-a por
baixo. Ela ficou surpresa, mas já estava se
acostumando com a minha velocidade.

— Então é a sua intenção: me deixar louco


e ainda mais sedento por você?

Falei abrindo cada botão da sua camisa e a


despindo. Ela sorriu vitoriosa. Beijei seu pescoço e
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fui descendo até seus seios. Fiz ela arquear as


costas e tirei seu sutiã, atacando seus seios e
mordiscando seus mamilos rígidos. Ela estava tão
entregue a mim, tão minha, como quero há meses.
Beijei-a e a provoquei com minha língua no vão
entre seus seios.

— Acho que estou em desvantagem — ela


falou puxando minha camisa para baixo e a tirando.

— Tem certeza? — perguntei apenas por


garantia.

— Sim. Não quero mais fugir do que sinto.


Quero me entregar a você, como você quer. Quero
ser sua.

— Porra, Mia — falei, voltando a beijá-la.

Como ela consegue despertar tantos


sentimentos em mim? Sentimentos que eu
desconheço, ou que conheci há mais de mil anos...

Desabotoei sua calça e a tirei. Ela estava


apenas de calcinha na minha frente. Caralho de
visão! Ela estava ofegante e eu estava tão duro que
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chegava a doer.

— Ah, minha doce e inocente Mia! — falei


tirando minha calça rapidamente.

Tirei minha cueca e ela, envergonhada,


olhou para o meu membro, disfarçou e olhou para
meus olhos, então viu que foi pega em flagrante e
riu.

— Pode olhar. É todo seu.

Falei e me deitei em cima dela. Voltei a


beijá-la e, quando a senti menos tensa, levei minha
mão até sua intimidade. Tirei sua calcinha e
pressionei seu clitóris, começando a masturbá-la, e
ela se derreteu em meus braços. Maravilhosa! Fui
descendo meus beijos e coloquei meu dedo dentro
dela. Ela gemeu. Chupei e mordisquei seu mamilo,
deixando rastros de saliva por sua barriga conforme
fui descendo minhas carícias. E quando cheguei à
sua linda e rosada boceta, minha respiração a fez se
sobressaltar e travar as pernas.

— Apenas relaxe, amor.

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Sussurrei e vi seus olhos curiosos em minha


direção. Devagar, para não assustá-la, passei a
língua por toda a extensão da sua boceta. Porra de
mulher deliciosa! E meu autocontrole se foi.
Comecei a devorá-la sem dó. Ela gemia e se
contorcia, tentava fechar as pernas, mas eu não
deixava, e as abria ainda mais, deixando-a
totalmente exposta para mim.

— Oh, Aaron...

Ela gemia meu nome e isso me deixava


ainda mais duro e enlouquecido por ela. Eu
alternava entre lambidas e estocadas com meu
dedo. Senti que ela estava chegando ao seu ápice e
a devorei ainda com mais fome, com minha boca
indo a ela sem dó. E quando ela teve seu orgasmo,
eu a lambi e suguei até o último resquício. Ela
estava ofegante. Limpei minha boca com as costas
da minha mão e subi para beijá-la. Ela me beijou
ainda meio mole pelo intenso orgasmo que teve.

— Quero fazer algo por você — ela


sussurrou. — Quero satisfazer você.

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— Tudo em seu tempo... — sussurrei


respondendo.

— E por que não pode ser hoje? Agora?

— Porque você me deu o suficiente por


hoje. Você precisa descansar...

Ela assentiu e se deitou no meu peito,


puxando o edredom para nos cobrir.

— Então eu quero fazer outra coisa por


você.

— E o que seria?

— Quero que acabe com sua sede...

Ela falou se apoiando no cotovelo e me


observando atentamente.

— O quê? — perguntei para ver se


realmente tinha escutado isso.

— Quero que me morda, quero que não


tenha sede. Sei que está, não está?
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— Estou, mas...

— Posso fazer isso por você — ela falou


colocando seu cabelo para o lado. — Quero que
você não precise de mais ninguém, apenas de mim.

Sorri.

— Só preciso de você, baby — falei


passando a mão pelo seu rosto. — Tem certeza?

— Tenho.

— Prometo fazer com calma, amor. Apenas


relaxe, se entregue à sensação que posso lhe
proporcionar e depois vamos descansar um pouco.

Ela assentiu e sorriu. Aproximei seu corpo


do meu e a fiz deitar em cima do meu braço que
sustentava meu peso. Enquanto eu ficava apoiado
pelo cotovelo, minha mão livre tirou seu cabelo do
caminho. Deixei minha perna entre as suas para lhe
dar um tipo de conforto e também uma distração.
Minha mão acariciou seu braço e suas costas,
depositei um beijo em seu pescoço e maxilar,
respirei fundo e deixei a fera tomar parte do
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controle. Então me aproximei lentamente do seu


pescoço e perfurei suas veias com meus dentes.
Bebi o suficiente dela e afastei meus lábios do seu
pescoço. Ela gemeu de dor. Eu queria mais... Eu
sempre quero mais, principalmente quando é o
dela, e esse é o problema. Respirei fundo e fui
voltando ao normal. Lambi o local que tinha
resquícios do sangue e depois disso deitei minha
cabeça e fitei o teto, a fim de não olhar mais. Puxei
seu corpo para deitá-lo em meu peito e ficamos
assim, em silêncio. Logo a senti mais pesada e sua
respiração calma. Ela dormia tranquilamente...
Resolvi tentar acompanhá-la no sono com um
pensamento tranquilizador. Ela realmente está se
entregando a mim, me aceitando do jeito que sou.
Uma vez ela disse que nunca faria isso. O nunca
dela chegou antes do que eu esperava e estou feliz
por isso.

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Estava a caminho de New York


acompanhado do Liam. Diferente do que falei para
a Mia, não estava indo para uma reunião de
negócios, mas sim para ver o conselho do qual sou
presidente. Sou o Alfa. Pedi para que investigassem
a vida da Mia, de seus parentes próximos e sobre a
morte dos seus pais. Disseram que descobriram
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algo importante, então fiz questão de ir


pessoalmente saber sobre isso. Vejo uma
familiaridade nela. Ela se parece com alguém que
conheci. Talvez ela possa ser alguma parente
distante...

Queria que ela viesse, pois ela poderia me


acalmar quando eu perdesse o controle. O conselho
está fazendo de tudo há anos para me trazer de
volta. Continuo no comando, pois não tem nenhum
louco que queira me enfrentar, mas eu já fui deles,
já vivi com eles e deixei apenas meu monstro tomar
conta de tudo na minha vida. Eles querem o
monstro de novo e eu já não quero isso. Mas eles
continuam me atacando e uma hora vou revidar.
Eles mandaram Amber primeiro para conversar
comigo e então acabei usando-a para provocar Mia.
Depois ela contou tudo a Mia, para ela se afastar de
mim. Eles perceberam que ela me afeta, e isso não
é bom. O plano de Amber não funcionou. Tenho
receio de tentarem algo mais ousado, como feri-la,
por exemplo. Amber já deve ter contado a eles que
estamos juntos. Então, um modo de o pouco de
humanidade que tenho ir embora é acontecendo
algo com ela. E eles sabem disso...
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Liam estava inquieto, pois sabia o que


estava prestes a acontecer. Entramos no prédio e
subimos para a cobertura. Saindo do elevador, uma
recepcionista humana toda mordida nos recebeu.

— Senhores, que bom que chegaram.


Gostariam de um pouco de sangue? — ela falou
estendendo o pulso.

Ridículo! Ela estava hipnotizada. Ignorei-a


e fui para a sala onde todos estavam me esperando.

— Quanto tempo, Alfa... — Amber falou


sarcástica.

Eu a fuzilei com os olhos e me sentei na


cadeira alta, na ponta da grande mesa da sala de
reuniões. Liam se sentou ao meu lado.

— O que descobriram? — fui direto ao


assunto.

Kaleb veio até mim e me entregou um


envelope.

— Senhor, aqui estão todas as informações


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e fotos sobre o que conseguimos descobrir a


respeito de Mia Black e sua família.

— Sabe, a sua protegida, querido Alfa... —


Amber começou a falar.

Levantei meu olhar para ela. A sala estava


cheia e ela sempre quer ser o centro das atenções.

— A vida dela é uma grande mentira. Tudo


que sabe sobre ela é uma grande mentira. Ela o
enganou direitinho — ela continuou.

— Cale a sua boca, Amber. Não mandei


você falar, porra! — gritei.

— Hum, acho que vou continuar falando até


você perder a cabeça e voltar para o lugar de onde
nunca deveria ter saído.

Corri até ela e a prensei contra a parede


segurando-a pelo pescoço.

— Abra a boca novamente e arrancarei sua


língua, sua puta!

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Seu sorriso sarcástico já não estava mais ali.


Senti seu medo e foi a minha vez de sorrir. Então a
soltei e voltei para meu lugar rapidamente.

— Kaleb, sobre o que Amber estava


falando?

— Senhor, para ser honesto, estou surpreso.


Ela soube encobrir tudo muito bem e não vi registro
de contato com os pais dela.

— Porque estão mortos — Liam falou. —


Ela foi criada pelos tios — Kaleb negou com a
cabeça.

— O sobrenome dela não é Black, é


Blackwell. Seus pais forjaram suas próprias mortes,
mas todos sabemos que estão vivos.

— Ela não pode ser uma Blackwell —


sussurrei enquanto abria o envelope.

Comecei a revirar minha mente e não pode


ser verdade. Eu não teria permitido. Eu teria
percebido algo, mas, ao ver as fotos, entendi: é dela
que eu vi a familiaridade. Mia é filha dela, de Katie
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Blackwell.

— Precisamos nos livrar delas, senhor, o


quanto antes possível.

Minha respiração ficou irregular, minha


visão começou a ficar vermelha, o monstro dentro
de mim estava tomando conta. Respirei fundo e
comecei a olhar as provas à minha frente, tentando
achar alguma falha que me dissesse que tudo isso
era uma grande mentira.

— Aaron, ela pode não saber disso tudo. Já


pensou nisso? Isso pode ser uma grande
coincidência — Liam sussurrou ao meu lado.

Não saber? Katie jamais largaria sua cria no


mundo, principalmente sabendo que ela pode ser
uma arma contra nós. Ela sabe que estamos
próximos e tem algum plano e Mia no mínimo
também está por trás disso, com certeza.

— Vão atrás da Katie e me tragam ela viva.


Eu cuido da Mia — falei tentando não deixar
transparecer nenhuma emoção.

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— Aaron, não tome nenhuma atitude


precipitada — Liam falou.

Eu o fuzilei com os olhos, irritado por ele


ainda querer defendê-la.

— Senhor — Kaleb falou e pigarreou —,


acho que todos aqui queremos saber o que vai fazer
com a menina.

Olhei para todos os rostos ali e todos


aguardavam minha resposta com expectativa.

— Não vou matá-la — eles começaram um


burburinho que nem fiz questão de entender —,
vou torturá-la por toda a vida para ela aprender que
não se deve mexer com o Alfa.

Amber sorriu vitoriosa. O pouco da


humanidade que eu tinha foi destruído ao descobrir
a mentira. Admito que ela me enganou direitinho.
Levantei-me e fui até a recepcionista que nos
abordou logo na entrada.

— Oi, querida. Sabe aquela oferta que me fez ao


entrar? Vou aceitar agora.
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Falei sarcástico e voei no seu pescoço,


sugando todo o seu sangue e largando-a sem vida
no chão. Respirei fundo e então vi meu irmão
chegando e me olhando incrédulo.

— Aaron, não faça isso de novo. Pense bem


antes de fazer uma besteira. Tudo isso pode ser um
engano. Ela não tem nenhuma chance contra nós.
Vamos pensar primeiro.

Levantei minha mão indicando que era para


ele parar. Ele se apegou a ela, assim como eu. Mas
se tem uma habilidade com a qual sou ótimo é
ignorar sentimentos. E vou fazer a vida da Mia um
inferno tirando a coisa que ela mais ama: sua
liberdade. Mas antes vou aproveitar minha noite na
grande New York.

Amber se aproximou e viu o corpo sem vida


no chão. Sorriu para mim e veio em minha direção.
Segurei em sua cintura e entramos no elevador. Ela
colocou suas mãos no meu pescoço e sussurrou.

— Bem-vindo de volta, Alfa — sorri e a


beijei.

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A noite foi regada com muita matança no


apartamento que tenho no centro de New York.
Fomos a uma boate perto do meu apartamento e
convidamos algumas mulheres para uma festa
privada. Eu, Amber e Kaleb as levamos para casa.
Deixei minha natureza tomar conta e a noite fluiu
maravilhosamente bem. Um ménage à trois,
diversos tipos de sangues frescos perambulando
pelo meu apartamento para eu usar e abusar como
quiser. O que mais eu poderia querer?

Ao amanhecer, todas estavam mortas. Tive


uma sessão de sexo selvagem com a Amber e
resolvi voltar para casa. Tentei descontar minha
frustração no sexo, mas não cheguei nem perto de
obter um resultado positivo. Liam já tinha voltado e
eu vou trancá-lo se ele tiver avisado a Mia ou algo
do tipo. Não vou chegar e logo de cara falar para
ela o que está acontecendo. Vou ser o responsável
pelo brilho daqueles olhos azuis se apagarem, mas
não vou matá-la, não, seria fácil demais. Vou
corrompê-la. Vou fazer com ela tudo que tive
vontade desde que vi pela primeira vez aquele
rostinho angelical e inocente fingido. Vou mostrar
a ela o verdadeiro monstro que sou.
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Há mil anos, logo que me transformei,


mutilei uma vila inteira acompanhado de Liam. Eu
estava frustrado. Nunca lidei bem com sentimentos.
Minha mãe tinha feito pacto com o diabo, pedindo
por coisas totalmente inúteis na época. Parece mais
as coisas que pessoas pediriam agora, mas minha
mãe e meu pai sempre foram bons demais para
aquela vila. Egocêntricos, sempre queriam mais
pedaços de terra, mas não tinham armas nem local
em que a plantação crescesse com facilidade. Então
de repente de uma hora para outra, eu e meus
outros irmãos caímos duros no chão, mortos. Um
tempo depois acordamos assim, com velocidade e
força sobrenatural, mas com essa fome de sangue
humano. Quem fez o pacto foi minha mãe, mas a
maldição se estendeu até mim e meus outros irmãos
e, se tivéssemos filhos na época, também se
estenderia a eles. Ela nos manipulou e nos fez
guerrear para que ela tivesse tudo que queria. Havia
uma lenda na época: o sétimo filho homem de uma
sucessão de filhos do mesmo sexo vira
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“lobisomem”. Então, não é apenas lenda, é verdade.


Eu sou o filho mais novo, e tinha seis outros irmãos
contando com o Liam. Foi o que houve comigo,
mas isso só veio quando virei adulto e matei a
primeira pessoa, quando estava transformado em
vampiro. Não sei se isso tem algo a ver, mas até
hoje é o que sei. Nunca procurei saber ao certo. Na
verdade, pouco me importei, apenas agradeci, pois
fiquei ainda mais forte e raro. Em uma noite,
apenas passei por essa mudança repentina e, com o
passar dos anos, aprendi a me controlar. Nossa mãe
tinha um poder imenso sobre nós, mas eu fiquei
ainda mais instável com esse gene de lobo liberado.
Meus outros irmãos morreram ao longo dos anos,
lutando guerras por nossa mãe ou então suas
próprias batalhas. Nós podemos viver jovens para
sempre, mas isso não quer dizer que não podemos
ser mortos. Há diversas maneiras de nos matar, mas
é muito difícil fazer isso, pois somos mais fortes,
rápidos e maldosos que a maioria dos outros
vampiros ou qualquer outra criatura por aí. Sempre
fui o mais forte de todos por causa desse gene de
lobo. Tive o maior vínculo com o Liam; os outros
eram apenas laços de sangue e não me importavam
muito. Durante todos esses anos construí um
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império. Matei todos os Alfas das outras alcateias,


pois o sétimo filho passa essa maldição adiante,
para seus descendentes. Vivi por anos em uma
cidade pequena e correndo atrás de todos os
possíveis oponentes. Mexi com tudo de errado que
alguém possa pensar. Nessa pequena cidade em que
vivi, tinha uma comunidade de bruxas, e descobri
que elas queriam achar uma forma de me matar,
então, antes que pudessem fazer algo contra mim,
eu as matei. Achei que estava tudo resolvido, mas
quando cheguei até a última bruxa da cidade, elas
já tinham feito algo. Lançaram uma maldição em
mim que dizia:

“A sua salvação poderá ser sua ruína e sua morte. O


ser mais puro e inocente será sua fraqueza e sua
maior ameaça. Destrua-o e será sua morte; deixe-o
viver e será sua ruína.”

Ou seja, não tenho muita escolha. Se eu já


tinha suspeita de que poderia ser ela, agora eu
tenho certeza. Ela foi a única capaz de despertar
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sentimentos em mim depois de tantos anos de


trevas em minha vida, e é claro que é bom demais
para ser verdade...

Os Blackwell são os escolhidos pelas


bruxas que lançaram a maldição. Acredite, são
difíceis de encontrar, caso contrário já teria
dizimado todos eles. Eles são treinados desde
crianças, criados para nos odiar e acabar com
minha espécie. Por isso, ela conseguiu se lembrar
de tudo. As bruxas deram alguns dons a eles, que
foram passados de geração a geração dessa família.
Eles não podem ser hipnotizados, têm o dom de se
esconder como ninguém, conseguem levitar, podem
ir de um lugar para outro, como em teletransporte,
enfim, são muitos dons, e não me surpreendo se
logo descobrir algum novo. Apesar de terem uma
vida curta como a dos humanos, são capazes de
fazer muito estrago nesse pouco tempo. E não é
surpresa para mim que a única arma capaz de me
matar seja uma Blackwell. Mas como? Como ela,
um ser tão fraco e inferior se comparado a mim,
poderia me matar ou sequer fazer algo comigo?
Preciso encontrar a porcaria do grimório dessas
famílias.
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E como ela pode ser minha salvação? Se eu


a mantiver viva, será minha ruína e se eu a matar,
será minha morte? Porra de bruxas que só falam em
códigos!

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Estava chegando em casa e já percebi que


Liam me esperava lá dentro. Não estava nenhum
pouco a fim de escutar a ladainha dele. Mas mal
entrei em casa e ele apareceu na minha frente.

— Aaron, o que está pensando em fazer


com a Mia?
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Isso que é preocupação! Revirei os olhos


entediado.

— Fazê-la sofrer, com certeza.

— Você sabe que não vou permitir isso. Ela


não tem culpa.

— Liam, não estou a fim de brigar hoje,


cara. Vá para sua casa.

— Eu vou porra nenhuma! Tá me ouvindo?


— ele se alterou. — Ela não conseguiria enganar
dois caras como nós, porra! Temos mil anos de
experiência em mentiras e então vem uma
menininha de 22 anos e nos engana dessa forma?
De jeito nenhum. Eu me recuso a acreditar nisso.

Puta que pariu.

— Mas isso não muda o fato de que ela


pode ser... ou melhor, é aquela que pode acabar
com a nossa raça. Ela é uma Blackwell.

— E só porque ela é uma deles temos que


matá-la?
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— Sempre foi assim. Por que seria diferente


agora?

— Você não pode estar falando sério!

Ele me olhou incrédulo.

— Vamos fazer o seguinte, dou minha


palavra que não vou feri-la fisicamente e nem a
matar. Vou apenas trancá-la no porão até
descobrirmos a verdade.

— E o que é que as pessoas vão pensar do


desaparecimento dela? Está ficando louco?

— Ficando, irmão? Eu sou louco há muito


tempo. É isso, ou matá-la direto. O que prefere?

Ele andou de um lado para o outro,


claramente nervoso, mas não respondeu.

— Se ela não souber, podemos até estar


salvando-a das mãos da Katie — falei dando de
ombros.

— Você está certo. Traga-a para cá e a


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deixe no porão. Irei vê-la todos os dias e nem sonhe


em fazer algo a ela enquanto não tivermos resposta,
estamos entendidos?

— Claro que sim, meu irmão — falei.

Sei que ele não acreditou em mim, mas saiu


dali. Nós falamos de porão, mas parece até um
hotel de luxo: tem tudo que podemos precisar. É
como um forte que temos. Deixei Liam trancado ali
por muito tempo, assim como ele também me
deixou preso ali. Para não enlouquecer, há várias
coisas para passar o tempo, como televisão, violão,
piano, rádio, uma cama confortável e um frigobar.

Olhei no relógio e eram quatro horas da


tarde. Resolvi mandar uma mensagem para ela:

Aaron: Vai de metrô hoje. Vou te buscar.

Mia: Oi, Aaron, foi tudo bem na viagem? Pode

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deixar, vou de metrô. Estou com saudades.

Oh, baby, se soubesse como eu também


estou! Mas você destroçou tudo de bom que existia
em mim...

À noite fui buscá-la como combinado.


Estava na porta da faculdade, onde sempre ficava.
As mulheres não paravam de me olhar. Fui com
meu R8, e ele sempre faz sucesso, apesar de não ser
o meu melhor carro. Ouvi as batidas do seu coração
ao longe e isso estraçalhou o meu. Logo a vi com
seu sorriso tão lindo e tão perigoso para mim. Vi
também seu colega, Zack, se despedir dela com um
beijo no rosto e acenar para mim, indo para outro
lado. Ela veio em minha direção com passos
rápidos, abriu os braços para me abraçar e eu fiz o
mesmo, abraçando-a.

— Senti sua falta — ela sussurrou.

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Como ela consegue mentir dessa forma?

— Também senti a sua.

Ela sorriu e colocou seus braços em volta


do meu pescoço, me beijou e eu a levantei no ar
durante o beijo. Acho que meu plano vai doer mais
em mim do que nela.

— E como foi ficar sozinha na empresa? —


falei ao entrar no carro, puxando assunto.

Ela começou a me contar tudo que tinha


acontecido durante minha pequena viagem e não
parava de me olhar.

— Você está estranho, Aaron. Aconteceu


alguma coisa?

“Oh, sim, aconteceu querida, descobri que


na verdade você é uma mentira e também é uma
arma para me matar”, pensei irônico.

— Não. Só estou ansioso pra chegar em


casa e ficar mais à vontade com você — falei
entrando no condomínio.
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Ela sorriu e ficou me encarando. Estacionei


o carro e descemos dele. Então segurei sua mão e
entramos na casa.

— Está com fome? — perguntei.

— Não.

— Que tal tomar um pouco daquele vinho?

— Parece ótimo pra mim.

— Perfeito.

Servi duas taças de vinho e entreguei uma a


ela. Brindamos.

— A nós — falei e ela sorriu.

Ela parecia muito feliz comigo ali. Falsa!

— A nós, amor — ela falou e bebeu um


gole do vinho. — Adoro esse vinho — comentou.

— É muito bom mesmo.

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— Queria lhe pedir uma coisa — ela disse


se aproximando de mim e eu coloquei minha mão
em sua cintura. — Queria ouvir você tocando
piano.

Eu a soltei e desviei dela, indo para a sala.

— Faz muito tempo que não toco, Mia, já


lhe falei isso — falei incomodado.

— Por favor — ela suplicou.

Neguei com a cabeça, mas fui em direção


ao piano. Eu já vou tomar muito dela, não custa
fingir por mais alguns momentos que está tudo
bem. Sentei no banco e ela sorriu. Me preparei
estralando meus dedos para começar. Ela riu.
Comecei a tocar uma melodia triste, pois era assim
que eu me encontrava no momento. Estava triste
porque cheguei a pensar que seria feliz, que minha
vida não ia ser o mesmo de sempre. Pensei que ela
fosse a minha redenção e queria muito que fosse.
Eu mudei por ela, eu entreguei tudo de bom que
tinha a ela, e ela partiu meu coração. Ela me
observava atentamente. Eu podia ver pelo canto dos

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olhos ela bebendo o restante de sua bebida e


deixando a taça no balcão do bar. Então, caminhou
até mim e parou, me observando novamente.

— É lindo, mas triste... — ela sussurrou.

Eu não parei de tocar.

— Por que escolheu ela?

Por um segundo imaginei que ela soubesse


do que fiz com Amber em New York, mas ela se
referia à música. Parei de tocar e a fiz sentar no
meu colo.

— Estou desesperado — sussurrei. Isso não


deixava de ser verdade. — Preciso de você, Mia.

Ela engoliu em seco.

— Eu estou aqui — ela sussurrou e colou


nossos lábios.

Porra de mulher! Fui com ela para o quarto,


mas dessa vez sem pressa. Não quebramos o beijo.
Antes de chegar à cama, eu a prensei contra a
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parede, beijei seu pescoço e tirei sua blusinha.


Deitei-a na cama, desabotoei seu sutiã, agarrei seus
seios e ela gemeu de prazer. Voltei a beijar sua
boca enquanto minhas mãos desceram para o botão
e o zíper da sua calça jeans. Então, eu os abri e
desci sua calça jeans, jogando-a no canto do quarto,
junto com suas sapatilhas.

— Você tem tanto poder sobre mim... —


sussurrei ao seu ouvido, mordendo o lóbulo de sua
orelha. — Queria entender como...

Continuei tentando achar algo que a


deixasse nervosa, mas sem levantar suspeita.
Sentei-me na sua frente e ela se sentou também. Ela
estava tão exposta para mim. Nunca tinha ficado
tão à vontade dessa forma. Depois de tanto tempo,
vou ter o que tanto quero.

Suas mãos suaves me ajudaram a tirar


minha camisa e a desabotoar meu jeans. Quando
fiquei apenas de boxer, ela se sentou no meu colo e
rebolou no meu pau, me arrancando um gemido.

— Quero você.

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Foi a vez dela de me provocar, chupando


meu pescoço e o lóbulo da minha orelha, puxando
meu cabelo.

— Você vai ter, baby, vai ter...

Deitei-a na cama e a beijei novamente. Ela


estava ofegante assim como eu. Desci meus beijos
lentamente em seu pescoço e colo, e chupei e
mordisquei seus mamilos rígidos. E a provoquei
com minha língua no vão de seus seios. A visão de
seus olhos ardentes de desejo era extraordinária!
Não deixo de observar cada detalhe em seu rosto.
Ela vai me odiar depois disso, ou eu a ela, mas hoje
vou tomá-la como minha e vou deixar um pedaço
meu com ela. Com quem eu pensei que ela fosse...
Mordi sua barriga e a senti tendo pequenos
tremores. Sua pele estava quente. Cheguei à única
peça de roupa que ela vestia: sua calcinha. Segurei
aquele pequeno pedaço de pano com os dentes e
lentamente fui retirando a peça. Ela levantou seu
lindo traseiro para a pequena peça sair. Logo pude
ver novamente sua doce boceta. Fui deixando
pequenas mordidas ao longo da sua coxa até sua
intimidade, provocando-a ainda mais, deixando-a à
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beira da loucura. Abri ainda mais suas pernas e


passei minha língua por toda a extensão da sua
boceta. Ela gemeu alto. Coloquei meu dedo nela e
passei a masturbá-la. Seus olhos se tornaram de um
azul escuro e sua boca ficou em um formato
perfeito de um “O”. Não a deixei gozar. Ela já
estava mais do que pronta e eu também. Tirei
minha boxer e deitei por cima dela, apoiando meu
peso em um braço na cama e com o outro passei
minha mão no seu rosto.

— Pronta, amor?

Ela fez que sim com a cabeça, então segurei


meu pau e comecei a me encaixar devagar dentro
dela.

— Porra! Céus, como você é apertada! —


falei, assim que terminei de entrar nela.

Seus gemidos e sua expressão indicavam


sua dor, Fiquei um pouco parado para ela se
acostumar com meu pau dentro dela. Ela entrelaçou
as pernas ao meu redor e pouco a pouco comecei a
me movimentar.

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— Tudo bem? — perguntei.

— Uhum — ela respondeu de olhos


fechados.

— Abra os olhos, Mia, olhe para mim, olhe


para quem está fazendo isso com você.

Apertei seu seio. Ela passeava suas mãos


por minhas costas e cravou suas unhas nelas assim
que aumentei o ritmo.

— Você é maravilhosa! — sussurrei.

Puta que pariu, o que é que ela tem que me


prende tanto assim a ela? Tudo nela é diferente,
tudo nela é intenso e muito mais gostoso, me dá
mais prazer. Aumentei o ritmo e seus gemidos me
excitavam ainda mais. Suas unhas perfurando
minha carne... Eu a odiava por me fazer gostar
tanto dela e descobrir que é tudo uma mentira. Ela é
uma mentira.

— Aaron! — ela chamou, mas eu não


conseguia parar, eu só queria me enterrar cada vez
mais fundo nela.
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— Aaron, seus olhos... — ela falou


segurando meu rosto me fazendo olhá-la. — Você
está perdendo o controle. Pare, por favor.

— Você é gostosa demais — falei e a beijei.

Ela apertou com força meus braços, mas me


beijou de volta. Comecei a diminuir o ritmo das
estocadas. Com rapidez, a deixei por cima e ela se
assustou um pouco. E me sentei na beirada da
cama, sem sair de dentro dela. Ela me abraçou e eu
comecei a guiar seus movimentos. Obediente, fez
tudo do jeito que eu queria. Maravilhosa!

— Está doendo? — perguntei.

— Um pouco, mas é suportável. O prazer


que sinto é muito maior — ela respondeu.

Apertei sua bunda e ela gemeu mais uma


vez. Eu queria mais rápido. Então me levantei
rapidamente, a prensei contra a parede sem
delicadeza e estoquei várias vezes enquanto beijava
seu pescoço. Olhar seu corpo nu e meu pau
entrando e saindo da sua boceta estava acabando
comigo. Eu estava perdendo o controle de mim ao
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imaginar que ela planejava me matar, que me fez


ter sentimentos novamente apenas para acabar
comigo. Minhas estocadas ficaram cada vez mais
rápidas e urgentes. Ela estava mais molhada e eu
via o prazer no seu rosto, apesar da pequena
mancha de sangue no lençol.

— Aaron... — ela gemia meu nome, coisa


que acabava ainda mais comigo.

Voltei para cama e fiquei por cima dela,


mordisquei seu mamilo e voltei para beijar sua
boca. Senti seu corpo tremer e sua boceta me
apertar. Vi seu rosto ainda mais corado e senti o
aperto da sua mão no meu cabelo. Ver o prazer no
seu rosto me levou ao limite e gozamos
praticamente juntos, enquanto eu uivava seu nome.
O coração dela estava descompassado, batendo
rapidamente, e a sua respiração estava ofegante; eu
estava da mesma forma. Saí de dentro dela e me
deitei ao seu lado. Ela colocou sua cabeça no meu
peito e ficou acariciando meu abdômen com a mão.
E agora estava em dúvida se essa sensação de estar
completo era boa ou ruim, pois o que viria a seguir
seria a desilusão por tudo ser uma grande mentira.
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Ao menos por alguns momentos, tive o que quis


dela, pude fingir que ela era para mim tudo que eu
precisava, e não uma grande farsa.

— Aaron.

— Oi?

Ela levantou a cabeça, me deu um beijo


rápido e me olhou nos olhos. Eu acariciava suas
costas.

— Eu amo você.

Travei com suas palavras. Aquilo me feriu


profundamente. Como ela tem coragem de mentir a
esse ponto? Ficaria feliz se ela tivesse dito isso na
quarta-feira, mas hoje só fez minha raiva aumentar.

— Não precisa mais mentir. Sei de tudo. Eu


descobri, Mia.

Ela se sentou e fez uma careta, ela deve


estar dolorida, mas se recompôs e me olhou
confusa.

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— Do que está falando?

— Sei quem você é de verdade. Sei que sua


mãe está viva e sei que é uma Blackwell.

— Black o quê? Minha mãe viva? Aaron,


está ficando louco? Fumou maconha, por acaso?
Ou é um tipo de droga nova especial para deixar
vampiros doidões. Essa é boa, minha mãe viva.

Eu a deitei na cama e fiquei por cima dela


prendendo seus braços. Passei meu nariz dos seus
seios até o seu pescoço seduzindo-a. Vamos jogar,
senhorita Blackwell!

— Admito que você me enganou direitinho,


Mia. Você e sua mãe, hein? Como fez para
esconder, hum?

Minha visão ficou vermelha e ela estava


assustada.

— Aaron, você está me assustando. Minha


mãe está morta. Eu nem a conheci.

— Verdade?
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— Claro que sim! Você sabe disso.

— Só tem um problema, amor.

— Que problema? Aaron, se controle, por


favor! Você está me assustando de verdade.

Eu a fiz abrir as pernas e a provoquei com


meu pau já duro roçando na sua boceta. Ela gemeu
e logo engoliu em seco.

— Eu não acredito em você. E isso não


muda o fato de quem você é, do que você é.

— Você está delirando — ela falou e tentou


se levantar, mas eu não deixei.

— Você me deixa louco, sabia — falei


mordiscando seu lábio inferior.

— Você está me deixando com medo e


excitada. Dá para decidir o que quer que eu sinta?
Aaron, eu não conseguiria mentir pra você, no
fundo você sabe disso.

Eu a olhei nos olhos por vários segundos e


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o que constatei foi horrível. Puta que pariu, o que


foi que eu fiz ontem?

— Eu quero acreditar em você, Mia, muito,


mas...

— Mas?

— Nada...

Eu a beijei, segurando firme seu rosto.


Puxei os cabelos da sua nuca e forcei para entrar
nela novamente. Ela gemeu alto, seu corpo ficou
tenso por um tempo, mas logo a senti relaxar. Sou
um puto egoísta porque sei que ela está sentindo
dor, muita dor, mas mesmo assim eu a quero, e
quero agora. Meus movimentos recomeçaram e eu
estou fodido. Sou um monstro. Como posso pensar
em fazer mal a ela? Vou destruí-la quando contar
tudo o que fiz durante a noite passada.

— Não consigo sem você, Mia — sussurrei


apoiando minha testa na sua. — Nunca me deixe,
por favor.

— Nunca vou te deixar, Aaron.


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Meti fundo nela, descontando minha


frustração e arrependimento. Caralho, como eu
adoro essa mulher! Estava chegando perto do ápice,
meu descontrole emocional tomou conta e eu
precisava muito do sangue dela. Tirei o cabelo dela
de seu pescoço.

— Posso?

Ela assentiu. Então a mordi e continuei


estocando. Ela vibrou com a dor, mas isso a deixou
ainda mais excitada. Senti seu prazer escorrendo
pelo meu pau. Assim que senti seu gosto, foi o
limite para mim; gozei gemendo em seu pescoço.
Seu aperto nos meus ombros diminuiu e eu senti
seu corpo ficando mais relaxado. Assim que tive o
suficiente, tirei meus dentes do pescoço dela e olhei
para seu rosto, totalmente corado. Saí de dentro
dela me sentindo incompleto, então me deitei ao
seu lado e puxei a coberta por cima da gente. Ela se
aconchegou nos meus braços.

— Durma, amor — sussurrei.

— Vai ficar aqui comigo?

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— Sempre. Nunca vou te deixar, nunca.


Lembre-se disso.

Senti seu sorriso no meu braço e um pouco


depois sua respiração estava mais calma. Olhei para
seu rosto e ela tinha dormido.

Minha mente ficou atordoada pensando em


como eu contaria para ela. Ela nunca vai me
perdoar, nunca. E eu não posso perdê-la. QUE
PORRA!

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Depois que ela dormiu, me levantei e liguei


para o Liam.

— Porra, cara, ligar pra mim de


madrugada? Não tem mais nada pra fazer não? —
ele atendeu irritado.

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— Cara, eu fiz bosta.

— Aaron, porra, eu falei que se você fizesse


algo a ela...

Eu o cortei:

— Não! Eu não a machuquei. Quer dizer,


não ainda, fisicamente falando.

— Então o que foi que você fez?

— Transei com ela.

— E o que tem demais nisso?

— Eu tirei a virgindade dela no mesmo dia


em que transei com a Amber e com mais duas
mulheres e matei quatro mulheres. Você acha que
ela vai me odiar?

— Puta que pariu, Aaron! Ela não vai te


perdoar. E por que está preocupado? Ela não é uma
Blackwell e você não queria se vingar dela? — ele
zombou de mim.

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— Ela é incapaz de tal ato — falei irritado


por admitir que estive errado esse tempo todo.

— Você é muito impulsivo, Aaron. Isso vai


ser sua ruína. Você próprio será sua ruína, e não
ela.

Meu sangue ferveu porque eu sabia que ele


estava certo. Joguei meu celular na parede, que se
partiu em milhões de pedaços. Não satisfeito,
joguei a mesa da sala na parede e comecei a beber
tudo que tinha no meu bar. Nem vi a hora
passando, mas, quando percebi a presença dela na
sala, vi que estava assustada olhando tudo. Quebrei
minha televisão, a mesa de centro, garrafas de
bebidas, tudo. Minha sala estava irreconhecível! E
eu estava bêbado. Levantei-me com dificuldade.

— Aaron, pelo amor de Deus, o que foi que


deu em você?

Ela perguntou aflita. Estava descalça e ia vir


até mim. Corri até ela meio cambaleando e a fiz
parar.

— Você vai cortar o pé — sussurrei.


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— Por que fez isso? O que aconteceu?

— Você não pode me deixar. Não vou


deixar você ir embora nunca mais.

— Eu não quero ir embora, caramba,


Aaron! O que eu tenho que fazer para você
acreditar que eu realmente gosto de você?

— Você vai vir morar aqui comigo, pronto.

— Vamos deitar, vem.

Ela segurou na minha cintura e eu coloquei


meu braço sobre seus ombros. Chegando à minha
cama, ela tentou me soltar, mas eu a puxei para se
deitar comigo.

— Você vai vir morar aqui comigo. Eu não


vou deixar você ir embora nunca mais.

— Aaron, você está muito bêbado.


Conversamos amanhã. Quer tomar um banho?

— Só se você for comigo.


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Beijei seu pescoço, provocando-a. Ela está


tão gostosa, tem um cheiro tão bom...

— Não. Vamos para o chuveiro. Você tem


que melhorar logo.

— Então encha a banheira. Você vai entrar


comigo.

— Aaron, não.

— Eu disse que sim! — falei um pouco


bravo.

Ela bufou. Foi até o banheiro e escutei o


barulho da banheira se enchendo. Ela estava
vestindo apenas uma camisa minha. Estava
maravilhosa assim. Ela fechou a torneira, e eu me
levantei e fui até ela, um pouco mais sóbrio do que
antes. A bebida em nós não causa efeito tão
duradouro. Ela se assustou comigo no banheiro,
totalmente nu, e engoliu em seco. Eu me aproximei
dela devagar e comecei a tentar tirar sua camisa,
mas ela não deixou.

— Aaron, eu estou dolorida — ela falou


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sem jeito, tentando escapar.

— Só vamos tomar banho.

— Seu amigo aí diz outra coisa — ela disse


olhando para baixo disfarçadamente.

Eu sorri.

— Prometo, só fique comigo, por favor.

Eu não posso perdê-la, eu não vou.

— Tudo bem.

Então finalmente ela deixou que eu tirasse a


camisa dela, prendeu seu cabelo para não molhá-lo
e entramos na banheira. Tenho um controle que
regula a intensidade da luz, baixei e tudo ficou um
pouco mais escuro.

— Você parece melhor — ela falou me


observando.

— A bebida não faz tanto efeito em mim.


Apenas por alguns minutos ou se eu continuar a
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beber sem parar.

— Entendi. Então está quase sóbrio?

— Praticamente.

— Por que estava tão nervoso?

— Eu não vou falar, não agora — falei de


cabeça baixa.

A banheira era imensa. Ela estava de frente


para mim, mas escorada no outro canto. Então se
aproximou e me fez levantar o olhar, olhando
diretamente nos meus olhos.

— O que você fez, Aaron? — ela falou em


um tom duro.

— Por que acha que eu fiz alguma coisa?

— Porque aprendi muitas coisas sobre você


nesses meses, e uma é reconhecer sua cara de
culpa, que só existe quando faz algo comigo. E
hoje, a única coisa que fizemos deveria te deixar
feliz, e não assim.
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— Cometi um erro imenso.

— E é por isso que está dizendo que quer


que eu venha morar aqui? Você acha que não vou
perdoá-lo por seu erro — ela deduziu.

Puta que pariu, ela é muito inteligente, ou


eu sou muito óbvio. Não estava fazendo questão de
esconder, não conseguia. Minha culpa era grande
demais para isso. Ela merecia saber. Fiquei quieto.

— O que você fez?

— Achei que você estava me usando, que


tudo era um plano seu e da sua mãe para me matar.

— Como eu poderia te matar, Aaron? Eu


nem consigo segurar uma faca direito e não sou
capaz de machucar ninguém.

— Sei disso, mas sou muito estourado,


cabeça quente, impulsivo...

— Esqueceu-se de idiota, egoísta,


controlador e possessivo.

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Eu a fuzilei com o olhar, mas ela não


pareceu ter medo. Ela estava brava, muito brava.
Saiu da banheira e se enxugou, foi até o quarto e
colocou sua lingerie e um pijama curto que tinha
guardado em sua bolsa. Escutei cada movimento
seu, guardando em minha mente o som das batidas
rápidas do seu coração. Ela voltou para o banheiro
e perguntou mais uma vez.

— O que você fez?

Eu me levantei e me enxuguei com ela me


observando. Ignorei-a, passei para o quarto,
coloquei uma cueca boxer preta e enxuguei um
pouco mais meu cabelo. Ela se sentou na cama e
ficou a me observar.

— Aaron, é a última vez que pergunto. O


que foi que você fez em New York? — ela falou.

Veio até mim e parou na minha frente, com


seus lindos olhos azuis preocupados. Segurei seu
rosto com as mãos e colei nossos lábios sem pressa.
É agora.

— Eu fiz coisas horríveis, Mia — falei,


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ainda segurando seu rosto. — Eu a odiei e afirmo


que nunca fiquei tão machucado igual fiquei ontem
quando me contaram.

— Contaram o que, Aaron? Você não fala


coisa com coisa, e eu não entendo nada.

— Você é de uma linhagem de caçadores


poderosos. Sua mãe não está morta e eu a conheço.

— Não é possível — ela disse, me olhando


como se eu fosse um louco.

— Centenas de anos atrás, matei diversas


bruxas em um vilarejo, pois elas tramavam minha
morte e eu quis me garantir acabando com todas.
Acontece que cheguei tarde demais...

Eu a puxei para ela se sentar na cama e ela


veio, interessada na minha história. Segurei sua
mão e fiquei brincando com seus dedos, como
sempre fazia.

— Elas já tinham jogado uma maldição


sobre mim e sobre seus antepassados.

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— Qual é a maldição sobre você?

— “A sua salvação poderá ser sua ruína e


sua morte. O ser mais puro e inocente será sua
fraqueza e sua maior ameaça. Destrua-o e será sua
morte, deixe-o viver e será sua ruína.”

— Mas não faz sentido — ela comentou


confusa, olhando para baixo pensativa.

— Bruxas são assim: fazem tudo em


códigos. Preciso encontrar o grimório das bruxas e
ver o que mais escreveram sobre essa maldição.

— E sobre minha suposta família? Você


disse “Blackwell”.

— Isso, Blackwell. Essa família era


humana. Seus membros eram próximos e
simpatizantes das bruxas do vilarejo. Eles foram
escolhidos para carregar a responsabilidade de
acabar conosco. Em troca, ganharam alguns
poderes. Por isso, você se lembrou de tudo quando
Liam a hipnotizou. Vocês não podem ser
hipnotizados.

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— Meu Deus, isso é ridículo! E não posso


acreditar que minha mãe está viva e nunca se
aproximou de mim — ela falou triste.

— Acredite, foi melhor pra você.

Ela me olhou triste, mas vi sua expressão


mudar para brava de repente.

— Então, você já me enrolou bastante. O


que foi que você fez essa noite? — ela disse
cruzando os braços.

— Mia, eu não posso falar. Eu não quero


perder você — falei num tom de desespero, me
levantando e andando de um lado para o outro.

Ela veio até mim e me fez parar.

— Você vai me perder de qualquer jeito se


não me contar, Aaron.

Nunca tinha escutado sua voz daquele jeito.

— Eu traí você. Transei com outras


mulheres, porque eu queria feri-la, assim como eu
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estava ferido. E depois as matei, como sempre fiz.

Só senti o estralo no meu rosto e respirei


fundo para manter o controle. Eu já sabia que isso
aconteceria. Não podia ficar nervoso nem perder o
controle, porque agora era a vez dela de se
descontrolar, e com razão.

— MULHERES, AARON? — ela gritou se


afastando. — MULHERES? No plural?

Fiz que sim com a cabeça. Com os olhos


lacrimejantes, ela respirou fundo e andou até a
pequena mesa que tenho no quarto. Ela estava puta
comigo.

— E ainda tem coragem de fingir que nada


aconteceu, Aaron? Por que não tentou me enforcar
de novo? Doeria menos.

— Mia — soprei em tom de súplica.

Ela pegou um porta-retratos com uma foto


minha e do Liam e tacou na minha direção. Claro
que não acertou porque eu desviei, mas ela queria
ter acertado.
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— Você sabe que não vai acertar, Mia. Se


acalme...

— Cale a boca! — ela gritou.

— Eu me arrependi. Me desculpe.

— Me desculpe? Se arrependeu? — A voz


dela estava falha. — Como pôde fazer isso comigo?
Você sabe o quanto significa pra mim e nem me
deu o benefício da dúvida, Aaron! E saiu fazendo o
que você sempre faz: BURRICE!

— Eu sei, eu sei. Por favor, Mia.

Ela ficou em silêncio, olhando para baixo,


com lágrimas banhando seu rosto. Por que fiz isso?
Ah, se eu pudesse voltar no tempo.

— Como pôde, depois de ter me traído, ter


me trazido pra cá e ter feito, ter feito... — ela
gaguejou.

— Amor com você — eu falei.

— Como pôde?
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Ela não segurava mais as lágrimas. E aquilo


foi a minha ruína.

— Me perdoe, Mia.

Eu me aproximei dela e ela se encolheu no


canto do quarto. Fui até ela e levantei seu rosto para
que ela me olhasse, e a visão era de cortar o
coração.

— Nunca vou perdoar você. Eu lhe dei tudo


que tinha e você destroçou meu coração.

Ela passou a soluçar e lágrimas e mais


lágrimas corriam por seu rosto. “Parabéns, Aaron,
acabou com a inocência e com o coração puro da
única pessoa que te amou do jeito que é”, minha
consciência acusou.

— Mia, por favor, me deixe reconstruí-lo.


Prometo que nunca mais vou fazer isso.

— Você tinha o meu amor. Você tinha tudo


de mim. Eu lhe dei mais do que imaginei que
poderia dar. Fiz tudo por você, mas agora eu me
sinto suja, Aaron, me sinto usada, me sinto um lixo.
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Sei que você nunca tem remorso por nada que faz,
apenas comigo. Você já me disse isso. Agora você
vai carregar essa culpa por muito tempo, e eu... eu
vou te odiar pelo resto da minha vida.

Ela me empurrou e saiu andando, pegando


sua bolsa. Suas palavras ficaram ecoando na minha
mente. Corri até ela e a fiz parar.

— Você não vai embora.

— Não me impeça, Aaron, por favor.

— Eu não consigo me imaginar sem você,


não mais.

— Se imagine com as mulheres que você


transou então. Você sabe pelo menos o nome delas?
— ela gritou com raiva. — Só falta me falar que
esteve com a vagabunda da Amber.

Puta merda! Paralisei no lugar.

— Não acredito — ela falou parecendo ler minha


mente. — Você esteve com ela? Justo com ela?!

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Fiquei sem reação.

— Eu te odeio, te odeio, te odeio, te odeio!


Mil vezes te odeio! Você foi a pior coisa que
aconteceu na minha vida! — ela gritava enquanto
chorava e estapeava meu peito.

Nossa, suas palavras me rasgaram por


inteiro!

— Me odeie, mas fique.

— Prefiro morrer a ficar ao seu lado mais


um dia sequer — ela disse com nojo e mágoa
estampados em seu rosto e voz.

Corri com ela para o porão e a coloquei


deitada na cama. Fiquei por cima dela, deixando-a
imobilizada, segurando seus braços e forçando suas
pernas a ficarem abertas.

— Você não vai morrer. Não vou deixar


ninguém mais chegar perto de você. Não quer ficar
comigo? Ótimo, entendo que está com raiva, mas
não vou deixar você ir embora. Já que não quer
ficar por bem, ficará por mal. Mas não vou perder
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você. Não existe a opção de deixá-la ir. Você é e


sempre será minha. Você me ama, e uma hora sua
raiva e seu ódio vão passar e você vai me perdoar.
Quando esse dia chegar, você sairá daqui, mas
enquanto isso esta é a sua nova casa.

Ela estava assustada me ouvindo falar.


Olhou ao redor e voltou sua atenção para mim, que
ainda estava em cima dela.

— Aaron, me deixe em paz! — ela falou,


derrotada, olhando para o outro lado e voltando a
chorar.

Depositei um beijo na sua testa e inspirei


seu cheiro no seu pescoço. Ela se arrepiou e se
debateu para que eu me afastasse. Eu o fiz. Ela se
virou de lado, pegou uma coberta que estava em
cima da cama e se cobriu até a cabeça. Se não fosse
essa ocasião, eu teria achado graça. Deixe-a
sozinha, tranquei a porta e fui para o meu quarto,
me sentindo o que eu sempre fui, o pior monstro de
todos. Mas dessa vez, diferente das outras, não
fiquei orgulhoso por isso.

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Acordei sem ter noção de que horas eram.


Aqui não tenho relógio nem celular, e não há
janelas. Só imagino que seja domingo à noite, de
madrugada. Ai, caramba, não faço ideia. Aaron
sempre traz roupas e comida e tenta conversar
comigo. Eu o deixo falando sozinho e saio de perto.
Aqui não é ruim; é um cômodo grande, bem
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grande, deve ter uns 20 metros de comprimento por


10 metros de largura. E é todo arrumado, como um
cômodo qualquer da casa, e não um porão, ou
“forte”, como ele falou. Tenho treinado tocando no
violão as notas que eu sei, mas eu tinha é que estar
estudando para as provas que são nesta semana. Se
ele pensa que vou perdoá-lo, está muito enganado.
Só não estou chorando agora, porque acho que usei
todas as lágrimas que estavam guardadas para um
ano todo.

Já faz um bom tempo que ele não aparece


aqui. Estou fraca e com fome, pois não tenho
comido o que ele tem trazido. Ele está puto comigo,
mas não faço questão nenhuma de tentar acalmá-lo.
Ele mutilou meu coração e não será surpresa se me
matar também.

Já se passaram horas desde que acordei,


bom, ao menos eu acho. Estava deitada, fitando o
teto, estressada demais para fazer qualquer coisa.
Finalmente escutei um barulho mínimo, mas pelo
menos ouvi algo. Logo o barulho foi ficando mais
alto, e finalmente ele abriu a porta. Virei para o
lado oposto da porta e ignorei-o totalmente, até que
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ele deu um pulo se jogando na minha cama e eu me


assustei, me virando para olhá-lo.

— Você está bêbado? De novo?

Perguntei olhando incrédula para ele, que


estava com os braços abertos e as mãos atrás da
cabeça, apoiando-a. Ele me olhou, mandou um
beijo e voltou a fitar o teto. Bufei irritada e me virei
de novo, ignorando-o. Eu podia sentir seu perfume,
mas também sentia o cheiro de álcool.

— Que horas são?

— Deve estar perto das onze da noite.

— De domingo?

— Isso.

Ele se levantou rapidamente, foi até o bar


que havia ali, pegou uma garrafa de uísque e um
copo e voltou a beber. Tentei ignorá-lo, mas era
impossível.

— Isso já está ficando ridículo. Preciso ir


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embora. Tenho prova amanhã!

— Você não vai sair desta casa — ele falou


casualmente.

— Nem para trabalhar? Aaron, preciso ir


pra faculdade! — gritei, irritada, sem acreditar no
que ele estava dizendo.

— Você não vai sair desta casa — ele


repetiu no mesmo tom.

Eu me levantei num pulo e fui até a porta,


que, é claro, estava trancada. Ele rodou a chave no
dedo me desafiando. Caminhei até ele, mas, antes
de me aproximar, ele foi para o outro canto do
quarto. Eu me virei irritada e caminhei até ele
novamente. Não era possível que ele ficaria nessa
brincadeira a noite toda. Ele estava sem camisa.
Meu Deus, que paisagem! Quando cheguei até ele,
ele correu novamente para outro canto do cômodo,
com uma velocidade que eu jamais poderia pegá-lo.

— Argh! Aaron, pare com isso! — gritei,


muito irritada.

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Ele riu.

— Agora vai ficar bêbado sempre? É assim


que vai lidar com isso? Ridículo! Você é ridículo!

Ele rosnou para mim, mudando totalmente


seu humor. Não me deixei ficar com medo, apesar
de no fundo, bem no fundo, eu estar com muito
medo, mas minha mágoa e raiva eram bem
maiores. Revirei os olhos para irritá-lo ainda mais e
sussurrei um “babaca”, sabendo que ele podia
escutar perfeitamente.

— Você sabe que eu escutei, não sabe? —


ele falou, ainda muito nervoso.

— Você sabe que eu não me importo, não


sabe?

Mal tive tempo de respirar depois dessa


pequena frase. Só senti seu corpo contra o meu e
logo o colchão macio nas minhas costas. Vi seus
olhos vermelhos e as veias arroxeadas, sua
respiração pesada batendo no meu rosto, com meu
coração batendo a mil por hora e quase saltando do
meu peito. Depois de alguns segundos...
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— Quando você vai me perdoar?

Ele falou se acalmando.

— Toda vez que olho pra você, imagino


você tocando aquelas mulheres. Sei o que sente por
mim, mas não consigo parar de pensar que você
tocou nelas da mesma forma que toca em mim, que
elas tocaram você, quer dizer, sei que você já teve
muitas antes de mim, mas... Era pra você ser meu e
eu ser sua. Era pra ser só nós dois, mas você não
pôde fazer isso.

— Eu prometo...

— Não quero sua promessa. Quero


ir embora.

— Você pode me odiar para o resto da sua


vida, mas daqui você não vai sair.

Fiquei em silêncio encarando seus olhos


que, mal tinham voltado à cor normal, ao azul que
eu tanto admiro, novamente se tornaram o
vermelho bestial que tanto me amedronta.
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— Sou capaz de fazer coisas horríveis, mas


você é a única pessoa com quem me importo. Por
favor, preciso que volte pra mim. Você é a única
parte boa que existe em mim.

— Você não pensou nisso quando esteve


com elas.

— Pensei. E como pensei. Por isso fiz


aquilo. Como você era uma mentira, não restava
nada de bom em mim. E por que não fazer
maldades se eu não tenho mais ninguém, se só
existem trevas em minha vida? Eu era apenas o
poço de maldade que sempre fui antes de você. E
me senti um pouco pior na verdade, pois você me
fez conhecer o que era bom, para depois tirar tudo
de mim. Você também me destruiu, Mia, o que eu
achei ter descoberto me destruiu.

Eu fiquei em silêncio. Conheço Aaron tão


bem, em tão pouco tempo, que sei que ele pensa
exatamente da forma como falou.

— Acredita que estou arrependido, pelo


menos? — ele perguntou, esperançoso.

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— Acredito. Agora pode sair de cima de


mim?

Ele se deitou ao meu lado.

— Posso dormir aqui com você? — ele


perguntou.

— Não — respondi, mesmo sabendo que


ele não ia se importar se eu dissesse não ou sim.

— Mas vou dormir mesmo assim... Só vou


tomar um banho e me trocar. Já volto, amor.

— Não me chame de amor! — falei irritada.

Ele me olhou de lado, beijou meu rosto e,


antes que eu pudesse empurrá-lo, saiu rapidamente.
Peguei um pijama e uma lingerie que ele deixou
para mim e fui tomar um banho. Acho que algo que
nunca fiz foi ficar por muito tempo no chuveiro,
pois na minha casa eu economizava para a conta de
água não ficar cara, mas, já que aqui eu não pago a
conta, ando aproveitando bastante para tomar
longos banhos. Olhei minhas mãos e elas já
estavam enrugadas. É hora de sair. Escutei a porta
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do banheiro se abrindo e quase tive um infarto.

— Aaron! Saia daqui agora! — gritei com


ele, enquanto tentava esconder meu corpo.

Ele me olhou faminto e mordeu seus lábios.


Ai, caramba! Ele estava só de boxer. Meu coração
deu uma acelerada e uma corrente elétrica
percorreu todo meu corpo, minha intimidade
pulsou, e meu subconsciente pediu pelo seu toque.
Acho que não consegui esconder isso, pois ele
também me conhece muito bem. Ele se aproximou
calmamente. Eu tentava ter alguma reação a ele,
queria odiá-lo com todas as minhas forças, mas a
verdade é que eu só conseguia amá-lo com todas
minhas forças.

Pisquei e ele estava nu na minha frente.


Engoli em seco. Seu sorriso de canto acaba comigo.
Ele pegou minhas mãos com delicadeza e
entrelaçou nossos dedos. Tudo tão lento, mas tão
sensual... Caramba, sinto que vou enfartar a
qualquer momento. Ele me empurrou de leve até a
parede, olhou meu corpo nu e voltou a olhar nos
meus olhos. Então levou minha mão até seus lábios
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e depositou um beijo ali.

— Sabe por que eu mereço ser perdoado?

— Não consigo imaginar um motivo sequer


para isso — sussurrei.

— Eu não fiz por desejo, tesão por aquelas


mulheres ou algo parecido. Eu fiz por ódio, por
raiva. Eu não as toquei como toco você. Nossa, não
chegou nem perto disso! E elas não me tocam... Eu
apenas as fodo.

— Tocante seu motivo — falei com a voz


um pouco oscilante, tentando ser debochada e
falhando miseravelmente.

Odeio ser tão fraca perto dele!

— Agora você... você pode tudo comigo,


baby, e eu quero tudo com você. Quero muito mais
que uma noite, quero muito mais que prazer, quero
o seu máximo. Quero levar você ao seu limite.
Quero lhe dar tudo que você já sonhou...

Fiquei sem palavras ouvindo o que ele


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falava. Não posso perdoá-lo. Posso? Não, não, não.


Ele tem que sair daqui...

— Diga alguma coisa, por favor?

— Eu não sei o que falar.

Ele me olhou decepcionado, frustrado. Seu


corpo colado ao meu, a água batendo em nossos
corpos... Era excitante demais, confuso demais!
Minha mente dizia para eu afastá-lo a cada minuto,
mas meu coração gritava para amá-lo a cada
segundo. Meu corpo estava todo arrepiado, tenso,
por olhar ele ali na minha frente, tão irresistível
como sempre, mas triste e um pouco sem vida. Sei
que ele já teve muitas mulheres. Isso que ele fez em
New York na mente dele é insignificante, para ele
não é nada demais, mas para mim é. Era o nosso
compromisso que foi rompido, mas para ele elas
foram só uma forma de me ferir por tê-lo ferido. Eu
queria odiá-lo, eu queria ir embora. Mas cada vez
que penso em ficar longe dele, sei que parte de mim
ficará com ele. E meu coração se despedaça ainda
mais com esse pensamento. Estava submersa em
pensamentos quando rapidamente ele me tirou de
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órbita com apenas três palavrinhas.

— Eu te amo.

— O quê? — perguntei atônita.

— Eu te amo, Mia. Se isso o que sinto não é


amor, não imagino o que o amor possa ser. Eu
nunca quis ser alguém normal, ser um humano, mas
você me faz querer isso a cada minuto. Penso em
deixar de existir só porque você não me quer mais.
E me pego desejando ser o que você queria que eu
fosse, tudo por você. Eu demonstro bondade,
compaixão, amor... Só por você, só com você.

— Deus! — falei surpresa.

— Não, só eu mesmo.

Acabei rindo, ele sabe ser bem


engraçadinho de vez em quando.

— Tudo com você é intenso demais. Eu mal


consigo organizar meus pensamentos, meus
sentimentos...

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— Não organize, não pense. Apenas sinta e


viva... Vamos sumir neste mundo só eu e você.

Esperei alguns segundos para ter certeza de


que ele estava falando sério. Ele não riu. Meu
Deus! Ele está falando sério mesmo!

— E nossa vida? Nosso trabalho, nossos


amigos, seu irmão, minha faculdade... Como
ficam?

— Deixamos tudo para trás e vamos


começar tudo de novo. Só eu e você... Agora chega
de conversar; podemos resolver os detalhes depois.
Estou louco com você aqui, nua, me olhando dessa
forma.

— E como estou te olhando? — perguntei


fingindo que não tinha entendido.

— Cheia de desejo... — ele roçou seus


lábios nos meus —, tesão — passou sua língua
contornando meus lábios — e saudade...

Meu Deus, é o limite para mim. Sou fraca,


ok, já sei disso, mas eu o amo, e ele não fará isso de
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novo, nunca mais. Passei meus braços pelo seu


pescoço, o abracei com as minhas pernas e o beijei,
louca de saudades, desejo e tesão, assim como ele
disse.

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Após o sexo no chuveiro, fomos dormir. Ele


dormiu agarrado a mim. Sei que ele está
arrependido, mas agora eu também estou
arrependida por ter me rendido tão fácil a ele. Mas
eu tinha que fazer isso, porque, além de não estar
aguentando mais, ele vai pensar que eu o perdoei e
me deixará sair daqui, então vou poder fazer
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minhas provas na faculdade e trabalhar


normalmente.

Não sou uma pessoa ruim, nem sei se vou


conseguir seguir com meu plano de ignorá-lo e
tratá-lo friamente. Sei provocá-lo, mas não tanto,
apesar de que já mudei muito de alguns meses para
cá. Ele me deixou pegar o celular e o coloquei para
despertar cedo para irmos trabalhar. Assim que
acordei, tentei não fazer muito barulho, mas tinha
certeza de que ele já estava acordado, estava apenas
de olhos fechados. Respirei fundo e fui tomar um
banho. Durante esses dois dias que estive aqui,
Aaron trouxe tanta roupa nova para mim que tenho
certeza de que ele realmente ia levar a sério essa
história de me deixar presa aqui enquanto eu não
desse o seu perdão.

Após o banho, coloquei minha roupa e


sequei meu cabelo. Passei uma maquiagem leve
que estava na minha mochila e fui acordá-lo. Parei
ao lado da cama e cutuquei suas costas...

— Aaron, acorde, vamos nos atrasar para o


trabalho.
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Ele se virou para mim e abriu um pouco os


olhos.

— Nossa, é assim que você me acorda? —


ele disse um pouco sonolento.

— E como queria que eu o acordasse? —


perguntei confusa.

Ele me puxou pela cintura, passou meu


corpo por cima dele, me fazendo rir, e encheu meu
rosto de beijos.

— Assim, eu queria que me acordasse


assim...

Fiquei sem saber o que lhe responder. Dei


um beijo nos seus lábios e passei a mão no seu
cabelo.

— Você não tem hora para entrar no


trabalho, mas eu tenho. Então, acho melhor você se
levantar e se arrumar em um piscar de olhos, pois
meu chefe é muito bravo e odeia atrasos.

Ele sorriu.
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— Seu chefe é bravo é? O que mais ele é?

— Ele é possessivo, controlador, impulsivo


e muito babaca.

— Vou contar isso para o Liam! — ele


disse brincalhão.

Revirei os olhos para ele segurando o riso.

— Estou falando do meu outro chefe.

Ele fez cara de ofendido.

— Eu não sou babaca.

— Muitas das suas atitudes mostram o


contrário.

— Então você só vai falar o lado negativo


do seu chefe?

— Sim.

Ele apertou os olhos para me olhar.

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— Por que eu tenho a impressão de que


você está querendo aprontar alguma coisa? — ele
disse.

Ai, caramba!

— Tá bom, vou falar o lado positivo do


meu chefe...

— Sou todo ouvidos — ele disse sorridente,


de bom humor.

“Querido, sinto lhe informar que seu bom


humor vai acabar assim que sairmos desta casa”,
pensei irônica.

— Ele é muito bonito.

— O que mais...

— É sexy...

— Nossa!

— É carinhoso...

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— Interessante... — ele falou


aproximando seus lábios dos meus.
Sussurramos todas as palavras.

— E ele quer me fazer ser demitida pelo


meu outro chefe. TENHO HORÁRIO PARA
CUMPRIR! E quero muito sair daqui, sério.
Preciso ver a luz do sol! — falei o empurrando e
ele riu. — Ande, levante, Aaron!

— Tá bom, estou indo. Se já estiver pronta,


me espere na sala ou vamos para o meu quarto,
você quem sabe.

Ele falou indo para fora do “forte”. Eu o


acompanhei, mas parei assim que passamos em
frente à cozinha. Peguei uma maçã e me sentei na
cadeira, apoiando meus cotovelos na mesa
enquanto comia feliz minha maçã docinha. Assim
que ele ficou pronto, fomos para a garagem e
entramos em um dos seus carros que valem mais ou
menos quatro vezes mais que meu apartamento
alugado. Meu plano terá que entrar em ação a partir
do momento em que chegarmos à empresa, pois
haverá mais pessoas por perto e eu vou estar
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“segura” do seu ataque histérico.

Acabei de descer do carro no


estacionamento da empresa.

— Você não jogou limpo comigo ontem —


falei sem olhá-lo, mas vi quando se virou e me
olhou confuso.

— Eu nunca jogo limpo, baby, mas você já


sabe disso, há muito tempo, aliás.

— Então vai entender quando eu disser que


eu não o perdoei, que apenas fui fraca e me deixei
ser seduzida por você.

— O QUÊ? — ele gritou e as pessoas que


também estavam chegando olharam para nós.
Tentei não me importar com seu grito e olhei para
ele.

— Não grite, não se descontrole e não piore


a nossa situação. Eu não o perdoei por sua traição,
por não ter me dado o benefício da dúvida e ter
saído por aí fazendo babaquice. Então agora engula
as consequências dos seus atos.
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— Está terminando comigo? — ele me


olhou incrédulo.

Estufei o peito tentando manter o controle.

— Eu sabia que você estava aprontando


alguma coisa, eu sabia! — ele falou enquanto
entravámos no elevador com outras pessoas.

Não respondi se estava terminando com ele


ou não, e o deixei com a pulga atrás da orelha. Ele
batia o pé descontroladamente.

— Pare com isso. Está me irritando —


sussurrei para que as pessoas não escutassem.

— Ah, é mesmo? Que se dane! — ele me


respondeu em um tom alto e bravo.

Revirei os olhos. Voltamos para o início,


quando comecei a trabalhar aqui. Ele batia os pés e
eu sei que agora é só para me irritar. As pessoas
saíram do elevador e sobramos só nós dois.

— Criança! — falei enquanto ele ainda


batia os pés.
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— Falsa! Não acredito. Você me usou.


Mentiu pra mim pra poder sair de lá. Eu sabia, eu
senti isso, mas não, eu preferi acreditar em você,
sua manipuladora!

— Aprendi com você!

O elevador se abriu e eu saí andando.


Desejei um bom-dia rápido para Molly e ele veio
atrás de mim bufando de raiva.

— Aprendeu comigo? Sério?

— Ah, Aaron! Aceita que dói menos. Deixe


eu fazer meu trabalho e não me encha o saco! —
falei entrando na minha sala, ignorando-o.

Escutei a risada do Liam.

— Que surpresa você por aqui, Mia!

Liam falou.

— É, seu traíra, ia deixar ele me manter


presa? E nem foi me ver pra ver se eu estava viva?!
Grande amigo você!
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— Ele não faria mal a você. E estou


surpreso por ele já ter te deixado sair, mas estão
discutindo? O que houve?

— Ela me enganou, manipuladora!


Mentirosa!

Revirei os olhos e liguei meu notebook.


Sentei-me e ignorei os dois.

— Ela mentiu que tinha me perdoado


apenas para eu deixá-la sair.

— O bebê tá magoado, tá? Quer um


pirulito, criança, pra adoçar sua vida amarga? —
falei com uma voz fingida.

Vi seus olhos mudarem de cor e ok, entendi,


era hora de parar.

— Vou matar ela! — ele rosnou.

Liam entrou em alerta, mas logo caiu na


gargalhada e saiu da sala negando com a cabeça.
Aaron saiu batendo a porta. Furioso o descrevia.
Finalmente pude respirar. Estou em um misto de
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tristeza e orgulho: triste porque o estou magoando e


orgulhosa pelo mesmo motivo. Difícil me entender,
não? Mas é bem assim que me sinto. Ao menos ele
está sofrendo um pouco comigo, e quem sabe ele
entende um pouco do que passei, do que senti ou,
melhor, do que estou sentindo. Espero que tudo
isso dê certo e que ele nunca mais me faça passar
por algo parecido.

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Aaron nunca esteve tão puto da vida. Era


quase uma da tarde e eu estava indo almoçar.
Queria provocá-lo. Já fazia horas e ele não veio
para minha sala, mas eu podia ouvi-lo descontar
suas frustrações nas pessoas.

E lá se foi seu celular novinho para a


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parede. Bati à sua porta e entrei:

— Senhor Prescott, estou indo almoçar.


Precisa de alguma coisa ou eu posso ir?

Ele me analisou, com sua postura rígida e o


maxilar trincado.

— Na verdade, preciso sim, senhorita


Blackwell.

— Black — o corrigi. — Não quero esse


sobrenome em mim.

— Que seja — ele se sentou na sua cadeira


e virou de lado. — Venha até aqui.

— Consigo escutar perfeitamente daqui,


senhor — ele me olhou com uma cara de entediado.
— Bom, pelo visto não precisa de nada, com
licença.

Eu me virei para sair e ele apareceu na


minha frente.

— Sei o joguinho que está fazendo. Você


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sabe que não precisa de formalidades quando está


só comigo.

Seu rosto estava perto do meu e sua voz era


sussurrada, causando-me ondas de arrepio. Até que
ele completou:

— Nem de roupas...

Ai, caramba, meu coração acelerou e minha


respiração ficou descompassada! Adoro esse Aaron
sexy e totalmente seguro de si.

— Isso não são modos de falar com sua


colega de trabalho! — falei tentando ao máximo
manter minha voz firme.

— Não, mas são modos de falar com a


minha namorada.

Ok, agora meu coração pulou no peito.

— Eu também sei o jogo que está fazendo


— falei. — Está me seduzindo para eu parar de
ignorar você.

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— Você que está me seduzindo. Olha para


essa roupa. Você nunca veio vestida assim para o
trabalho. Você está linda! — ele falou segurando
minha cintura.

— Foi você que me deu essas roupas. Então


tecnicamente a culpa é sua.

Coloquei a mão nos seus ombros e sussurrei


nos seus ouvidos:

— Mas posso tirar se quiser que eu ande


nua por aí.

Senti seu corpo rígido e seu aperto na minha


cintura se intensificar. Ele me carregou
rapidamente e me colocou sentada em seu colo
enquanto ele sentava no sofá em sua sala.

— Você mudou tanto... mas não perdeu sua


essência. Seu olhar e seu sorriso continuam os
mesmos — ele falou passando a mão pelo meu
pescoço. — Como pôde se apaixonar por um
monstro como eu?

Caramba, que mudança brusca de atitude!


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— Aaron, não tente me manipular, pois


desta vez não vai conseguir — falei tentando sair
do seu colo, mas ele não deixou. — Me deixe sair.

— Não vou perder você! Pare com isso ou


eu a tranco de novo em casa — ele ameaçou.

Respirei fundo e contei até 10 mentalmente


para não explodir com ele.

— Preste bem atenção em algo que vou lhe


falar — falei devagar para ver se ele entendia o que
estava acontecendo. — PARE DE ME
AMEAÇAR! Um relacionamento não é construído
assim, Aaron. Você prometeu pra mim que iríamos
ser um casal “normal”. Então, quero que você
perceba que eu não vou a lugar nenhum, idiota!
Casais brigam o tempo todo. O que eu não quero é
que você corra para os braços de alguma vadia por
aí quando eu não fizer algo que você queira,
quando a gente brigar. Eu não quero ter essa
insegurança me rondando.

— Eu nunca farei algo parecido de novo.


Você não tem noção do quanto estou arrependido,

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Mia.

— Palavras não bastam, Aaron, não neste


momento — falei e saí do seu colo.

Ele estava derrotado.

— Então, o que eu faço?

Ele não tem noção nenhuma do que


fazer, realmente está perdido.

— Apenas deixe os dias passarem e tente


não matar alguém enquanto fica longe de mim.

— Ficar longe de você? Como assim? —


ele falou se levantando.

— É minha semana de prova. Você não me


deixou estudar durante o fim de semana, então
agora tenho que chegar em casa e “engolir” as
matérias. E quando chegar da faculdade, terei que
estudar para a prova do dia seguinte e irei dormir
tarde. Você só vai me ver aqui na empresa.

— Tá brincando? Nem pensar. Você vai


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ficar em casa. A gente pega suas coisas e...

Eu o cortei:

— Vai ser bom pra gente, ok?

— Nem pensar. Falei que você ia morar


comigo, na minha casa.

— Aaron, eu não vou morar na sua casa.

— Mia! — ele gritou

Parecia uma criança mimada


ouvindo um “não” da mãe pela
primeira vez.

— Aaron, pare de ser petulante. Não vou


conseguir estudar com você comigo. Então deixe
de ser controlador e aceite.

— Chata.

Acabei por não segurar o riso da sua cara de


contrariado.

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— Estou indo almoçar. Vai ficar aí ou vai


comigo?

— Não quero almoçar aqui na empresa.


Vamos para algum restaurante...

Assenti e saímos da empresa com o Liam


para almoçar fora. Foi tranquilo. Na hora de ir
embora, fui até a sala do Aaron.

— Já estou indo... — falei ao entrar.

— Espere só um minutinho que vou salvar


o arquivo aqui e levo você embora.

Então me sentei no sofá e fiquei esperando.


Logo ele veio e descemos para o estacionamento.
Entramos no carro e fomos para a minha casa.

— Não vai me convidar para entrar? — ele


perguntou ao parar o carro e eu não falei nada,
apenas o encarei.

— Na verdade, não. Tenho muito que fazer.

— Quando vai parar de agir com


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indiferença? — ele perguntou apertando o volante


do carro.

— Não sei.

Ele bateu a mão no volante.

— Aaron, calma. Não é o fim do mundo!

— Pra você!

— Pra você também não! Olhe só, estou


sendo muito boazinha com você, tá bom? Outra no
meu lugar nem olharia mais pra sua cara.

Ele respirou fundo.

— Estou nervoso porque estou com fome.

— Mas a gente acabou de almoçar — falei


incrédula.

Mas aí ele me olhou e eu entendi, é claro.

— Faz tempo que eu não fico tanto tempo


sem sangue. Eu fico instável e incomodado o tempo
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todo.

Pensei a respeito. Oh, caramba, vou me


arrepender disso!

— Então nesse caso eu o convido pra entrar


— ele me olhou receoso e surpreso.

— Tem certeza?

— Não, mas vamos antes que eu mude de


ideia — ele abriu a porta e saímos do carro.

Subimos para o meu pequeno apartamento.

— Caramba, cadê a Crystal? Não vejo mais


ela — falei ao perceber que ela novamente não
estava em casa.

— Ela, ao contrário de você, prefere passar


mais tempo com o Liam, então fica na casa dele
esperando ele chegar.

— Nossa, que bom pra eles, né? — falei


sarcástica.

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Ele correu até mim e me jogou na cama,


deitando-se em cima de mim e beijando meus
lábios. Resisti no começo, mas depois me entreguei
àquele beijo, que logo foi se intensificando. Seus
dedos começaram a desabotoar minha camisa e
logo ela foi ao chão. Fiz o mesmo com a dele.

— Por que me provoca tanto?

— Por que sempre age por impulso?

Ele voltou a me beijar e tirou minha saia.


Desabotoei seu cinto, e assim foi... tiramos toda a
roupa. E ele me fez me esquecer de tudo, como
sempre.

— O que sinto por você é tão intenso que


não imagino minha vida sem você.

— Mas você sabe que esse dia chegará no


futuro — falei.

— Não vai, não. A eternidade será nossa, eu


e você.

— Conversamos sobre isso outra hora.


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— Disso eu nunca vou abrir mão. Quando


você estiver pronta, vou transformar você e vamos
ficar juntos, sempre. E ainda quero ir embora daqui
com você.

— Eu preciso estudar — falei puxando ele


para mim.

— Eu te amo, Mia — ele sussurrou e


depositou um beijo no meu pescoço, logo me
mordendo e matando sua sede.

Foi um custo para ele ir embora, mas ele


foi. Eu tinha pouco tempo para estudar, então tomei
um banho rápido, coloquei uma roupa confortável e
comecei a revisão da matéria. Chegando à
faculdade, Zack me esperava na entrada do prédio.

— Olá, linda. Pronta pra prova?

— Nem um pouco — falei desanimada.

— Mentira, você vai tirar de letra. Sempre


foi boa nessa matéria e nas outras — ele falou
sorrindo e colocou a mão no meu ombro enquanto a
gente caminhava.
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Não sei por que eu tive a impressão de estar


sendo seguida. Se Aaron estiver me espiando, eu
acabo com ele.

Os dias foram passando... Como pensei, era


Aaron me observando e ele estava puto só porque o
Zack colocou a mão no meu ombro. Ele anda
instável e está difícil lidar com ele. Vamos dizer
apenas que ele não está sabendo lidar comigo por
eu estar dando um pequeno tempo. Eu não o deixo
mais “me tocar”. Estamos tendo um relacionamento
profissional, de chefe e estagiária. E ele não aceita
isso.

— Aaron, que droga! Essas suas atitudes


estão acabando com você mesmo, e comigo! Pare
com isso!

— Você está distante. Paro com isso


quando voltar a ser a minha Mia.

— Meu Deus, você está louco? Distante?


Aaron, eu estou bem aqui, na sua frente.

— E mesmo assim tão distante. Não posso


te abraçar, não posso te beijar, não posso fazer sexo
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com você e nem te buscar na faculdade.

— E mesmo depois de tudo que fez, eu


ainda fiz amor com você duas vezes. Eu não
terminei com você. Nós ainda somos um casal.

— Prove.

— Eu não tenho que provar nada pra você.

— Eu gostava mais quando você era


insegura.

Entenderam? Muito difícil de lidar.

— Nós estamos no trabalho e você está


gritando! Já chega disso!

— EU GRITO O QUANTO EU QUISER,


PORRA! ESSA EMPRESA É MINHA!

— ENTÃO QUE SE FODA VOCÊ! —


gritei caminhando para fora da sua sala.

Ele estava atônito com meu grito. Ah, sai


fora! Ele faz bosta e eu ainda tenho que ficar
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rastejando por ele? Eu o amo, mas seu jeito me


enlouquece, me tira dos eixos. Como previ, antes
de chegar à porta, ele apareceu na minha frente.

— Me deixe passar — rosnei.

— Não!

— Não adianta ficar irritado, Aaron. Se


você partir pra cima de mim de novo, eu nunca
mais olho pra sua cara. É sério — falei o
ameaçando.

— E eu achava que seria fácil lidar com


você quando a conheci. Como aparências enganam
— ele falou cruzando os braços e revirando os
olhos.

— Eu vou cobrar hora extra se não me


deixar sair agora.

— Cobre. Eu pago 10 vezes mais do seu


salário se quiser.

— Arrogante.

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— Muito.

— Tá bom, Aaron, já chega. Está na hora de


agir conforme sua idade, vovô. Seja maduro e me
deixe passar — falei num tom entediado e
revirando os olhos.

Ele ficou incrédulo com a minha fala e


começou a rir.

— Vovô? Sério?

Acabei rindo também.

— Nós somos dois bipolares — falei.

— Sim, somos.

Hoje já é sexta-feira, é o dia da minha


última prova e de uma matéria com a qual estou
tranquila. Aproximei-me dele e o abracei,
inspirando profundamente seu perfume. E ele me
apertou em seus braços.

— Que saudades do seu cheiro! — falei


com meu rosto enterrado em seu pescoço.
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— Oh, pequena...

— Chega de ser babaca, ok?

— Combinado. Apenas pare de se afastar


— ele segurou meu rosto e me beijou.

Como senti saudades! Desde segunda-feira


eu não sentia o gosto dos seus lábios. Parece que
faz uma eternidade, mas faz apenas alguns dias.

— Vou buscá-la hoje.

— Eu vou de carro. Posso ir direto para sua


casa.

— Pode ser, então. De lá a gente sai pra


fazer alguma coisa... Comemorar o fim das suas
provas e nossa reconciliação.

— Perfeito pra mim — disse sorrindo.

— Mandei arrumar suas roupas no meu


closet — ele falou e fez uma carinha incrivelmente
fofa, sabendo que fez errado e que ia escutar xingo.

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— Aaron! Combinamos que


conversaríamos sobre isso mais pra frente. Você é
muito rápido.

— Estou certo do que quero. Você que não


está.

— Não vamos discutir, ok? Chega.

— Tenho uma surpresa pra você.

Seu sorriso era tão lindo...

— E o que é? — perguntei ansiosa.

— Se eu contar, não vai ser surpresa, baby.

Fiz bico.

— Odeio surpresas. Agora me diga como é


que vou fazer a prova? Vou ficar a noite inteira
pensando no que é essa surpresa.

— Vai passar rápido, você vai ver.

Apertei seus braços e o beijei novamente.


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— Eu te amo — sussurrei.

— Eu amo você.

Fui embora e estudei um pouco. Realmente


as horas passaram bem rápido. Fiz a prova e saí em
direção ao local onde o carro estava estacionado.
Tive a sensação de alguém me seguindo e podia
apostar que era o Aaron. Senti a pessoa atrás de
mim e me virei, crente de que iria encontrar Aaron,
mas me assustei ao ver uma mulher muito bonita.
Então a observei e ela me olhava atentamente.

— Pois não?

— Você está tão linda, tão crescida — ela


comentou, parecendo estar admirada.

— Eu a conheço? — perguntei confusa,


com a certeza de que a mulher estava me
confundindo.

— Sou Katie Blackwell, sua mãe.

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— Mãe? Você acha que é considerada


minha mãe? — falei me aproximando dela. —
Você não é nada pra mim — rosnei e virei as costas
saindo de perto dela.

— Por favor, Mia, espere, vamos apenas


conversar um pouco.
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— Para quê? Pra tentar me virar contra ele?


Eu não vou fazer parte disso.

— Eu quero apenas conhecê-la.

— E por que agora? Por que justo quando


estou próxima dele? Acha que nasci ontem? Não. E
estou perdendo meu tempo aqui.

— Porque eu não quero que você morra. Eu


sempre estive por perto, Mia, mesmo você não me
vendo. Eu sempre cuidei de você. Eu não deixaria
minha única filha sozinha.

— Oi, Mia.

Olhei e vi Zack parado no carro ao lado do


meu.

— Oi, Zack, não é uma boa hora — falei


tentando tirar ele de perto para que não ouvisse ou
visse nada que não pudesse.

— Ele está comigo filha — Katie falou.

— Não me chame de filha. E não posso


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acreditar que você está metido no meio disso, Zack


— falei em tom de lamentação. — Achei que fosse
meu amigo.

— Eu sou seu amigo.

— Não, não é.

Realmente estou muito chateada por ele.


Não esperava por essa.

— Filha, temos pouco tempo. Eles vão vir


atrás de você, os seguidores do Aaron. Eles o
querem de volta e querem matar você. Quem nos
matar.

— E como você sabe disso?

— Eu sei. É tudo o que importa. Precisamos


ir embora. Você precisa fugir logo!

Eu ri.

— Você aparece pra mim assim do nada,


dizendo que eu devo fugir. Aaron não vai permitir
que nenhum deles chegue perto de mim — falei,
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tendo essa certeza.

— Estamos falando de uma legião de


vampiros. Eles querem um líder e Aaron já faz
tempo que se ocupa com coisas mundanas, como a
empresa, coisas individualistas... Aaron é forte, mas
pode ser derrotado, principalmente se preocupando
com você, tendo você como um ponto fraco.

— E você realmente espera que eu


considere a ideia de ir embora, ainda mais com
você, porque é isso que você está propondo, certo?

— Mia, nosso povo se esconde há anos.


Temos poderes para nos proteger e nos esconder,
mas é só isso. E de poucos vampiros. Não vou
conseguir protegê-la se eles vierem pra cima de
você.

Ela estava aflita. Nossa, e mentia muito


bem!

— Tem noção de como tudo isso é louco?


Finalmente tenho tudo que sempre quis: um
emprego bom, estou indo bem na faculdade...
Aaron pode ter todos os defeitos do mundo e ser o
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cara mais cruel da face da terra, mas ele me ama, e


eu o amo. E se for pra fugir com alguém, vai ser
com ELE.

Sem eles verem, apertei o botão do áudio no


WhatsApp do meu celular, enviando para Aaron.
Antes de eles aparecerem, eu estava falando com
ele. Ao menos ele vai saber se algo acontecer
comigo.

— Sei que tudo isso é muito novo pra você,


mas se você aceitou se relacionar com um monstro
como ele, por que não pode dar uma chance para
sua mãe?

— Posso lhe dar uma chance de se


aproximar, contanto que você não tente matar meu
namorado e nem me afastar dele.

— Nós fomos educados pra ficar longe


desse tipo de coisa — ela falou com nojo.

— Eu não fui, porque você me abandonou


logo que eu nasci — joguei esse fato na sua cara.

— Eu sabia quem você ia ser, quem estava


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destinada a ser. Pensei que a manteria a salvo longe


desse mundo sobrenatural, sendo criada por uma
família normal.

— Se eu estava destinada a ser algo, nada


que fizesse poderia mudar isso. Não percebe a
ironia de tudo? Eu achei meu caminho pra ele.

Ela ficou quieta. Meu celular não parava de


vibrar. Ele devia estar louco por ter ouvido parte da
conversa.

— Espere — parei pra pensar que tudo fazia


sentido —, era isso que você queria — falei
olhando pra ela com raiva. — Sempre foi. Você
sabia que eu acharia meu caminho pra ele, assim
seria um jeito fácil pra acabar com ele, certo? Já
que você sempre cuidou de mim — falei irônica —,
você viu que comecei a trabalhar na empresa do
Aaron. Por que não me impediu, hum? — falei me
aproximando dela.

— Não, filha, não é isso. Por isso mandei


Zack, pra ele sempre ficar ao seu lado como seu
amigo.

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— Como se ele pudesse fazer algo para me


proteger. Katie, me poupe. Estou indo embora.

— Não estou mentindo, Mia. Quero, sim,


acabar com esse tipo de aberração, mas você pode
se machucar no caminho e eu não quero isso.

Eu a encarei por um segundo. Ela mentia


muito bem. Ou estava falando a verdade? Queria
tanto que fosse verdade!

— Acabou? Preciso ir embora.

— Sim, querida, pode ir. Conversamos em


outra hora. Vou deixar você pensar em tudo que
conversamos...

Revirei os olhos e caminhei para o carro.


Antes de abrir a porta, Zack parou ao meu lado.

— Estamos aqui para o seu bem. Por favor,


não me afaste... — ele falou passando a mão no
meu braço e eu olhei bem para seus olhos.

— Você me enganou direitinho, Zack... —


sussurrei.
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E quando abri a porta, vi Zack ser jogado


para o outro lado batendo com as costas na porta de
outro carro. Aaron estava com uma expressão de
pura fúria olhando para Katie, que o olhou
assustada.

— Sabia que uma hora você viria atrás dela,


sua maldita!

Ele foi avançando para cima dela, mas a


passos normais. Arregalei meus olhos e não sabia
se socorria o Zack ou a Katie.

— Aaron! — chamei-o e ele pareceu não


me ouvir.

Katie estava com o olhar apavorado e


olhava do Aaron para Zack. Não, não, não posso
deixar Aaron matá-los. Corri até ele, mas ele já
estava com suas mãos no pescoço dela levantando-
a no ar e a jogou no chão.

— Aaron, pare, por favor. Eles não me


fizeram mal.

— Amigo, não é? Vou acabar com a raça


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dele.

Ele sumiu e apareceu ao lado do Zack. Ele


ia matá-lo, ia matar os dois. Não quero presenciar
isso. Não vou deixar ele fazer isso. Katie mexeu
com as mãos e Aaron começou a se contorcer no
chão de dor. Agonia nos definia. Ele se levantou
com dificuldade e deu um soco na cara dela
fazendo-a cair no chão a alguns metros de
distância. Aaron mordeu o pescoço do Zack e Katie
se levantou com uma adaga, que ia fincar nas
costas do Aaron, meu Deus! Algo de dentro de
mim estava se revirando para sair, algo forte e
poderoso. Eu não tinha controle, e o desespero
estava tomando conta de todo o meu ser. Aaron ia
acabar com os dois. Como se outra pessoa tivesse
entrado em mim, senti que sabia exatamente o que
tinha que fazer para acabar com tudo aquilo. Então,
abri meus braços e não senti o chão sob meus pés.
Olhei para eles e movi meus braços. Na mesma
hora os alarmes dos carros ao redor dispararam,
uma ventania começou ao meu redor e eu joguei
cada um para um lado, gritando bem alto.

— CHEGA!
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Aaron bateu com as costas no carro e Katie


caiu um pouco mais para trás. Caí de joelhos no
chão e senti os olhares deles surpresos sobre mim.
Então me aproximei do Zack e verifiquei seu
ferimento: estava bem feio. Ver ele agonizar no
chão acabou comigo. Katie se aproximou cautelosa
e eu perguntei:

— Ele vai ficar bem?

Ela olhou para ele, que estava quase


desmaiando.

— Sim, eu sei o que fazer.

— Ótimo. Nunca mais apareçam na minha


frente — ameacei e me levantei.

Olhei ao redor e tudo estava silencioso; os


alarmes pararam e não tinha mais aquele vento
forte. Onde eu estaciono o carro é bem vazio,
principalmente na sexta-feira, dia em que as
pessoas quase não vão à faculdade ou, se vão,
costumam sair mais cedo. Fui até o Aaron e ele me
olhava incrédulo.

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— Vamos embora, agora! — ele assentiu e


entrou comigo no carro.

— Como fez aquilo? — ele perguntou ainda


me olhando perplexo.

— Não faço ideia. Como chegou tão


rápido? — falei me virando para ficar de frente
com ele.

— Achei que estava em perigo, então corri


até aqui. É mais rápido do que de carro.

Eu o abracei apertado.

— Meu Deus, Aaron, que loucura foi essa!


Alguém poderia ter visto tudo isso.

— Eu não ia perder você, não posso.

— Não quero que você os mate.

— Percebi isso, mas eles querem levar você


para longe de mim.

Liguei o carro e saí dali com ele.


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— Mas não vão. Ela disse que eu tinha que


fugir com ela, porque os seus seguidores irão atrás
de mim.

— Vou protegê-la se isso acontecer, mas


não vai.

— Eu sei. E se fosse pra eu fugir com


alguém, seria com você — falei apertando sua mão.

— Nossa, que alívio escutar isso!

Sorri e me concentrei no trânsito. Chegamos


ao seu condomínio e logo entramos em sua casa.
Desci do carro e me senti um pouco tonta. Aaron
percebeu e veio até mim.

— O que você tem?

— Estou com fome. Acho que é por isso


que estou me sentindo tão fraca. Vai ficar triste se
deixarmos a comemoração para amanhã, amor?
Queria me deitar e assistir a um filme com você.

— Sem problemas. Vamos à cozinha ver o


que tem de bom pra comer.
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Aaron preparou um sanduíche natural, que


estava divino, tomei um refrigerante e fomos para a
sala. Porém, antes de me sentar no sofá, escutei um
barulho e estranhei.

— O que foi isso?

Ele sorriu.

— Sua surpresa. Venha...

Ele pegou minha mão e me guiou pelo


corredor, parando em frente a uma porta.

— Vá em frente. Espero que você goste.

Escutei um latido e meu coração disparou.


Abri a porta bem rápido e pulei de alegria junto
com o cãozinho lindo que estava ansioso por
atenção.

— AAAAAAAH! Não acredito que você


comprou um cachorro pra mim! Aaron, é lindo! —
falei apertando o filhotinho nos meus braços.

Ele estava se contorcendo animado comigo.


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— Gostou? — ele perguntou se


aproximando de nós dois.

Coloquei o filhote no chão.

— Se eu gostei? Eu amei!

Pulei nos seus braços.

— É, estou percebendo. Só espero não


perder sua atenção pra ele.

— É macho?

— Sim. Tem ideia de nome?

Ele perguntou e eu olhei para o pequeno


filhote de Husky siberiano, branco e preto, de olhos
azuis. Acho que ele tem cara de Lucke.

— Lucke? O que acha?

— Perfeito.

Eu o abracei e o nosso Lucke ficou pulando


para chamar atenção. Peguei-o no colo novamente
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e o cheirei. Observei o quarto e tinha um monte de


brinquedos de cachorro, tapete, caminha... Ele
comprou tudo.

— Então, esse é o quarto do Lucke? —


falei, entrando. — Amor, ele é um cachorro e não
uma criança pra precisar de um quarto só pra ele —
falei rindo.

— Eu tenho quartos vagos. Por que não dar


um a ele?

— Pensei que fosse levar ele para minha


casa.

— Pode levar pra passear quando quiser,


mas prefiro que ele fique aqui.

Olhei surpresa para ele. Pensei que o


cachorro fosse meu.

— E por que isso, posso saber?

— É mais alguém pra você visitar, ou ficar


de vez aqui... — ele sugeriu e eu sorri.

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— Amo você — falei dando um selinho


nele.

— Eu também, pequena...

Fomos para a sala com o filhotinho em


nosso encalço.

— Alguém aqui está sem sono — ele


comentou enquanto entramos no quarto depois de
um tempo brincando na sala.

— Amor, traga a caminha dele pra cá.

Ele foi e trouxe a cama dele, deixando-a no


chão ao lado da cama. Lucke deitou na caminha,
enquanto Aaron se deitou comigo, me abraçando.

— Agora me conte... O que foi que sentiu


quando fez aquilo, Mia? Já lidei com diversas
pessoas da sua família, mas nunca senti um poder
sequer parecido com o seu.

Eu o encarei assustada e sem saber o que


dizer.

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Ele queria saber como eu me senti quando


tudo aquilo aconteceu. Como explicar?

— Não sei, Aaron. Eu me senti


desesperada. Você ia matá-los, então vi a Katie
com uma adaga pronta para acertar você e você
quase matando o Zack. Não quero que os
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machuque e nem que eles o machuquem. Então


senti algo dentro de mim, algo forte, querendo sair,
como um... como um... Não sei o que posso usar
para comparar. Mas essa coisa sabia exatamente o
que tinha que fazer. Então, não senti mais meus pés
no chão, senti o vento em volta de mim e apenas
queria afastar vocês um do outro. Então eu fiz. Mas
agora não me peça para fazer de novo, porque não
tenho nem ideia de por onde começar.

Ele me escutava atentamente. Seu olhar era


curioso.

— Tudo bem — ele falou e veio por cima


de mim. — Mia... minha Mia... — ele sussurrou,
beijando meus lábios suavemente... — Tive tanto
medo de eles te levarem de mim.

— Eu voltaria pra você.

— Eu procuraria você em todos os cantos


deste planeta, até encontrá-la.

— Você acha que essa maldição vai nos


impedir de sermos felizes?

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— Que se dane a maldição. Eu já sou feliz


com você aqui, com a gente aqui do jeito que
estamos.

— Eu também.

— Então não se preocupe, baby...

Ele acariciava minha cabeça e meus olhos


foram se fechando.

— Está com sono? — ele perguntou.

— Não sei. Acho que desde que usei essa


“magia”, parece que ela me deixou cansada,
exausta, mas com você me provocando assim... —
falei sentindo seu membro pulsando em minha
intimidade — meu sono está indo embora — ele riu
e voltou a me beijar.

Sua mão começou a explorar minha barriga.


Ele apertou minha cintura e logo começou a
levantar minha blusinha para tirá-la. Levantei meu
corpo e facilitei o processo. Peguei na barra da sua
camiseta e a tirei. Seus beijos me enlouqueciam e
eu estava fervendo por dentro e por fora. Sua mão
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ágil abriu com facilidade os botões da minha calça,


a puxou e a jogou longe. Lucke correu para buscá-
la. Começamos a rir disso. Ele pegou minha calça e
a deixou em cima da cama, caso contrário ela seria
rasgada pelos dentinhos do Lucke. Ele também
correu e levou o Lucke para o quarto dele. Em
segundos, não tive nem tempo de esfriar e ele já
estava nu na minha frente. Desabotoou meu sutiã e
sugou meu seio com força, me fazendo gemer de
dor e prazer. Eu o vi em toda a sua glória e uma
ideia me surgiu à mente.

— Aaron, quero fazer algo — falei


empurrando-o e fazendo com que ele se deitasse na
cama. Ele respirou fundo e franziu a testa. — Não
se mexa — ordenei. Ele deu um sorriso de canto
que me deixou ainda mais excitada.

Comecei beijando seu pescoço, dando


pequenas mordidas. Aquilo ainda era novo para
mim, seduzir ou fazer algo por conta própria, mas
pelos sons que ele fazia, eu devia estar indo bem.
Desci meus beijos por seu peito e abdômen,
arriscando provocações com a língua. Segurei
delicadamente seu membro com a minha mão e ele
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estremeceu. Sentei-me e comecei a masturbá-lo.

— Assim está bom? — perguntei olhando


para seu rosto, que tinha um sorriso safado.

— Está ótimo.

Abaixei-me e me arrisquei, passando a


língua lentamente pela sua glande. Ele rugiu.
Coloquei seu membro em minha boca e comecei a
chupá-lo.

— Oh, Mia... Porra! Que boca gostosa —


ele falou entre as respirações pesadas que soltava.

Aquilo me encorajou, e pouco a pouco fui


aumentando o ritmo, ora sugando, outras o
provocando com a minha língua. Era maravilhoso
estar no poder e ver o quanto ele era vulnerável a
mim, só a mim.

— Agora pare. Não quero gozar na sua


boca.

Ele nem me deu chance de recusar, e de


repente senti o frio da parede nas minhas costas e
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envolvi minhas pernas no seu corpo. Seu membro


entrou em mim. Ele estava sendo bruto e seus olhos
estavam vermelhos. Sua respiração estava pesada e
eu sabia que ele estava perdendo o controle.

— Respire, amor — falei.

Ele fechou os olhos e eu depositei um beijo


em cada um deles. Quando os abriu, já estava
normal. Ele sorriu.

— Você não ficou com medo — ele


comentou.

— Não — beijei sua boca e ele começou a


se movimentar devagar. — Eu não vou quebrar,
Aaron — falei vendo que ele estava inseguro.

Ele riu e se entregou de vez a mim. Ser


amada pelo meu belo monstro é a melhor coisa que
poderia ter me acontecido. Senti seu prazer se
misturar ao meu. Ele caminhou para a cama e nos
deitou lá. Meu corpo suado em contato com o
dele... Era perfeito!

— Adoro seu cheiro — ele falou passando


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seu nariz pelo meu pescoço, me causando arrepios


e até mesmo cócegas.

— Adoro tudo em você — falei beijando


seus lábios.

— Sabe o quanto eu sonhei com essa sua


mão em volta de mim? Quando você colocou sua
boca no meu pau... Porra, Mia, estou ficando
excitado de novo só de lembrar.

— Safado.

Eu ri e coloquei meu rosto no seu pescoço,


me escondendo.

— Finalmente você me aceitou do jeito que


sou.

Sorri vendo o quanto ele estava satisfeito


por isso. Levantamos para tomar um banho e, como
sempre, insaciável do jeito que Aaron é, tivemos
mais uma rodada de sexo maravilhoso debaixo
daquela ducha enorme. Enrolei a toalha no meu
corpo e fui até o closet. Quando eu o abri, tinha
muito mais roupas do que me lembro que ele tinha
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comprado.

— Aaron! — o chamei, mas ele não


respondeu. — Aaron! — gritei de novo e nada de
ele aparecer.

Ele sabia que ia escutar xingo por ter


comprado mais roupas. Aí fingia que não estava
ouvindo, como se fosse possível com aquela
audição sobrenatural dele. Revirei os olhos com
esse pensamento.

— Aaron, sei que você está me ouvindo,


seu idiota. Venha aqui agora — falei baixo.

Encarando todas as peças de roupas daquele


armário imenso, meu queixo caiu literalmente
quando me abaixei para ver os sapatos ali.

— Meu Deus! — falei pegando uma


sandália de tiras preta tão poderosa que eu tinha
paquerado em uma loja.

Acho que nunca tinha visto uma sandália


tão perfeita quanto aquela, mas era um absurdo de
cara. Ele apareceu lentamente, entrando no closet
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para pegar suas roupas. Ele me viu olhando a


sandália, embasbacada.

— Sabia que ia gostar — ele sussurrou se


abaixando ao meu lado após ter vestido sua boxer
azul.

— É tão, tão perfeita — falei pausadamente


olhando a sandália.

Ele riu.

— Você tem tudo pra ficar aqui. Posso lhe


dar muito mais — ele sussurrou no meu ouvido me
fazendo arrepiar.

Saí do meu transe e guardei a sandália, me


levantando.

— Você está tentando me comprar? —


perguntei cruzando os braços.

— Eu? Claro que não. — “Claro que está”,


pensei. — Mas eu pensei que o amor que sente por
mim seria o suficiente pra você.

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Aut! Doeu. Fui até ele e entrelacei minhas


mãos em volta do seu pescoço. Respirei fundo.

— Se eu aceitar, eu disse “SE”, você vai ter


que parar de tomar decisões por si só, quer dizer,
coisas que me envolvam, porque daí em diante não
será eu e você, seremos nós.

Ele sorriu e tirou minhas mãos do seu


pescoço, saindo do quarto. Não entendi nada, nada
mesmo. O que ele foi fazer? De repente ele
apareceu e eu levei um susto. Ele passou sua mão
pelo meu rosto com uma expressão diferente. Olhei
mais para baixo, para sua mão, e vi que segurava
uma caixinha com um anel solitário simplesmente
perfeito.

— Mia Black — ele falou, pois sabe que


não gosto do meu sobrenome verdadeiro, se
ajoelhou no chão como o perfeito cavalheiro que é
e continuou —, aceita ser minha esposa,
companheira e amante por toda a eternidade?

Engoli em seco. Senti meu rosto molhar e


me perguntei como foi que chorei tão rápido. Aaron

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me leva de uma extremidade a outra. Estou muito


emocionada, surpresa, feliz, com medo.

— Você me pegou de surpresa — sussurrei.

— Mia, apenas responda. Estou ficando


nervoso — ele falou com um sorriso sem graça.

Eu sorri.

— É claro que sim, mil vezes sim! Por toda


a minha vida.

Senti algo tão poderoso dentro de mim! Era


felicidade demais para descrever! Ele sorriu e
colocou o anel no meu dedo. Ficou perfeito! Ele se
levantou e eu pulei no seu colo, beijando-o
apaixonadamente.

— Eu te amo — sussurrei.

— Também te amo. Eu ia pedi-la em


casamento em um lugar mais chique, tinha feito
reserva em um restaurante, mas aí tudo aconteceu e
estragou meus planos... Seria uma noite especial,
mas eu estava ansioso demais pra perguntar isso, e
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não queria esperar nem mais um dia.

— Adorei seu pedido. Foi perfeito — eu


ainda estava em seus braços, de toalha. — Bem
sutil na verdade. Como eu conseguiria negar algo a
você estando apenas de boxer na minha frente? Não
dá! — falei brincando.

— Então que bom que eu perguntei agora,


porque não ia dar pra ficar apenas de cueca na
frente de tantas pessoas no restaurante — ele falou
rindo.

Coloquei uma lingerie e uma camisola


transparente. Deitamos na cama e eu o abracei.

— Obrigada — falei.

— Pelo quê?

— Por me amar, por se permitir sentir, por


estar me fazendo feliz. Eu vejo o quanto você se
esforça para fazer o que acha que eu quero. E
sempre acerta — bocejei. — E eu não consigo mais
imaginar minha vida sem você.

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Ele ficou quieto por um instante. Depois me


apertou forte com seus braços.

— Vou estar aqui pra sempre, pra cuidar,


mimar e amar você.

Eu sorri. Quando foi que Aaron mudou


tanto que eu nem percebi? Apenas me toquei
quando eu já estava perdidamente apaixonada por
ele.

Aaron sabe ser romântico quando quer. Por


mais que ele tenha mudado, ele ainda continua o
mesmo homem perigoso e bruto que é, mas eu
gosto. Eu não gosto quando ele me trata como se eu
fosse feita de porcelana, gosto do seu jeito bruto
que me pega de surpresa e me mostra o quanto ele
se importa, o quanto eu o afeto e o quanto ele é
louco por mim. Espero que isso nunca mude.

Adormeci feliz nos braços do meu belo


monstro...

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Assim que acordei, já era dia. Vi a claridade


pelas cortinas claras e Aaron não estava na cama.
Mas tinha uma pequena mala com roupas nossas
dentro. Estranhei, mas resolvi me levantar. Fui ao
banheiro, escovei os dentes, penteei meus cabelos e
depois troquei de roupa. Coloquei um vestido
soltinho e curto que achei no closet e uma sandália
sem salto. Fui para a sala à procura do Aaron e
acabei o encontrando na cozinha conversando com
a cozinheira, que mais parecia uma mãe para ele.
Ela se chama Nora, dona Nora.

— Bom dia! — desejei assim que entrei e


parei ao lado dele.

— Bom dia, minha noiva.

Preciso dizer que meu coração acelerou ao


ouvir aquela pequena palavrinha? Ele percebeu,
pois vi seu sorriso e também seu olhar na direção
do meu peito. Dei um selinho nele e Nora me
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cumprimentou com um aceno de cabeça e um


sorriso acolhedor.

— Por que aquela mala, hum? Vamos viajar


e eu não sei? — falei sorrindo.

— Vamos, sim, mas é só no fim de semana.


Pedi para que Nora preparasse uma cesta com
alguns petiscos para comermos.

— E aonde vamos não tem cozinha ou


restaurante?

— Tem, mas não são tão acessíveis assim.


Então isso é para os seus lanches fora de hora —
ele falou zombando de mim.

— Engraçadinho você. E para onde estamos


indo?

— É surpresa.

— Ai, céus! — odeio surpresas.

Preciso dizer que passei o período que


ficamos tomando café da manhã inteiro tentando
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descobrir para onde iríamos? Com certeza não


precisava. Aaron se divertia com a minha
curiosidade e começou a dar pistas falsas. Como eu
sabia que são falsas? Simples, ele não segurava o
riso quando eu acreditava que eram verdadeiras.
Dona Nora ficou nos observando e eu escutei
quando ela acabou soltando um riso ou outro.
Aaron é gentil com ela. Fomos para o quarto do
Lucke e eu arrumei uma bolsa com coisas para ele,
pois é claro que ele iria junto, seja lá para onde
fôssemos. Acredita que o cachorro tinha até
fraldas? E até cadeirinha de carro para não ficar
pulando.

— Você pensou em tudo mesmo, hein! —


falei, enquanto observava tudo o que o Lucke tinha.

— Amor, não fique chateada, mas a única


coisa que eu escolhi foi o cachorro e a coleira. De
resto, foi o pessoal do pet shop que se encarregou
de tudo que eu pudesse precisar.

— Pra falar a verdade, isso não me


surpreende — falei sorrindo enquanto brincava
com o pequeno Lucke.
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— Ele tem a cor dos nossos olhos. Você se


transforma assim também? Tipo um lobo?

— Sim. Só que não pareço tão bonzinho


como ele quando me transformo — ele disse rindo.

— E tem mais como você?

— Que também são vampiros não. Mas,


sim, existem outros sim.

— Hum...

— Mas eles raramente me causam


problemas.

— E como é?

— Como é o quê?

— Quando está transformado. Esse mito de


lua cheia é verdade?

— Você acordou curiosa hoje, hein!

— Não precisa responder se não quiser —


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falei decepcionada.

— Não — ele riu —, não é isso. É que você


nunca faz perguntas sobre nada e de repente quer
saber tudo de uma vez. Eu estou gostando que você
esteja se interessando por saber como é este mundo
em que agora você está bem envolvida.

Ele falou me abraçando. Eu sorri.

— Tudo pronto. Podemos ir — falei.

Olhei para o Lucke e ele estava incomodado


com a fralda.

— Ei, rapaz, se acostume, porque, se quiser


andar de carro, vai ser assim.

Lucke ficou quieto. Fomos para a garagem


e eu ajeitei aquele banquinho para o Lucke. Depois
me sentei no banco do carona e logo Aaron entrou
após ter guardado nossas coisas. E olhou de mim
para o Lucke, que estava animado no banco de trás.

— Esse momento merece uma foto — ele


falou.
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Eu me surpreendi, pois ele raramente fala


de fotos. Ele tirou seu IPhone do bolso e chegou
mais perto de mim, então posicionou para que
ficasse ele de um lado, eu do outro e Lucke no
meio, no banco de trás.

— Essa foto ficou linda! Caramba, que


resolução perfeita! Vê se não quebra esse celular
também.

Eu o repreendi por ter jogado o outro


celular que ele tinha na parede e que também estava
novo.

— Então — ele falou ligando o carro e


saindo da garagem —, pode perguntar o que quiser
agora que eu respondo, amor.

Sorri para ele.

— Pra onde estamos indo? — perguntei


esperançosa, achando que finalmente ele me
responderia.

— Exceto isso.

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Ele gargalhou da minha cara de frustração. É, o


jeito é aceitar que vou ficar curiosa até chegar ao
nosso destino. Então resolvi voltar ao assunto
anterior. Vai ser uma boa distração para a
ansiedade que estou sentindo.

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Ainda no carro, Aaron tirou todas as minhas


dúvidas, por ora, menos a que eu mais quero saber.

— Você sabe que odeio surpresas e não me


conta para onde estamos indo?! Me dá uma pista
pelo menos! — supliquei.

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Ele me olhou desconfiado, encostou o carro


e olhou pra mim.

— Olhe ao seu redor.

Eu olhei e só vi barcos, lanchas e mar.

— Você tem um barco?

— Tenho um iate, amor.

— Um iate? — falei engolindo em seco. —


Tipo bem grande?

— Muito grande. Está vendo ali? — ele


apontou para um “iate” imenso. Fiz que sim com a
cabeça. — Então, aquele é o meu iate.

— Nossa! — falei ainda tentando assimilar


que estou noiva de um cara que é podre de rico.

Ele continuou dirigindo em direção ao


barco e logo estacionando em frente ao local onde
ele estava ancorado.

— Tem mais uma surpresa.


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— Mais uma? — perguntei incrédula.

— Sei que com toda essa loucura que tem


sido a nossa vida você sente falta da sua amiga,
então... — ele falou apontando para frente, me
fazendo ver minha amiga pulando na beirada do
iate, ansiosa por me ver.

Saí do carro em disparada e corri para


abraçá-la e ela fez o mesmo.

— Ah, que saudades, sua vaca! Nem parece


que moramos juntas! — ela falou enquanto me
abraçava.

— Ah, Crys! Nem dá pra falar que você


mora comigo, né? O Liam a roubou de mim —
falei fazendo bico.

— E o Aaron também — rimos.

— Você quis dizer que moravam juntas,


não é, baby? Agora ela mora comigo, cunhadinha
— Aaron falou me abraçando.

— E depois você fala que eu que sou rápida


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— Crystal falou sorrindo com as mãos na cintura.

— A questão aqui é que eu sou fraca demais


e o Aaron é insistente demais — falei em tom
divertido.

Entramos no barco, que mais parecia um


flat de luxo por dentro. Liam estava terminando de
arrumar tudo para partimos. Depois que o
cumprimentei, eu e a Crystal sentamos na beira do
grande iate e colocamos o papo em dia, enquanto o
Aaron ajudava o irmão. Ela ficou encantada com o
Lucke, que fez bagunça no barco inteiro, e me
ajudou a cuidar dele. Foi um fim de semana
maravilhoso, do qual jamais me esquecerei. Mas
como momentos assim sempre passam rápido, esse
passou voando.

— Não queria ir embora — falei entrando


no carro no domingo à noite.

— Ah, então quer faltar ao trabalho


amanhã, mocinha? Seu chefe ficaria muito bravo
— ele falou enquanto se ajeitava no banco.

— Não. Tem razão. Ele ficaria muito bravo


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e eu realmente não quero irritá-lo depois do fim de


semana maravilhoso que tivemos — falei beijando-
o.

Ele começou a dirigir e então liguei o rádio


e fiquei escutando um ritmo gostoso com a voz do
James Arthur. Lucke estava em silêncio no banco
de trás. Acho que também estava cansado depois de
ter aprontado todas durante o fim de semana. Sei
que nunca vou poder ter um filho com o Aaron. Ele
já me disse isso, mas ter o Lucke com ele já está me
deixando bem feliz.

— Está cansada?

Sua voz calma soou em meio à melodia da


música clássica que tocava no momento.

— Um pouco.

— Você anda bem cansada ultimamente.


Melhor ir a um médico ver o que está havendo.
Estou achando você mais magra. Talvez esteja com
anemia.

— Vou marcar um médico para a próxima


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semana. Não se preocupe.

Falei encostando minha cabeça na janela e sentindo


meus olhos pesando uma tonelada. Estava difícil
deixá-los abertos. Então o sono venceu e adormeci
ainda no caminho do meu novo lar.

— Mia? Mia... Acorde, amor.

Senti braços me envolvendo e abri meus


olhos, me dando conta que estava deitada na cama
do Aaron.

— Oi? — falei ainda sonolenta.

— Vamos tomar banho e depois jantar.

— Que horas são?

— São dez horas.

— Nossa, já?

— É, já. Levante, preguiçosa! — ele falou


me puxando da cama e me fazendo rir.

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Cheguei ao banheiro e a banheira já estava


cheia. Então me despi e entrei nela; Aaron fez o
mesmo. Encostei minhas costas no seu peito e
deixei meu corpo relaxar junto ao dele. Sua mão
fazia um carinho gostoso na lateral do meu corpo
em sobe e desce com seus dedos. Senti seu membro
enrijecer e todo meu corpo se ascendeu de desejo
por ele. Em silêncio, virei meu corpo e me sentei
no seu colo, com uma perna de cada lado do seu
corpo. Beijei-o com vontade e desejo. E, como
sempre, ele não deixou a desejar, me pegando com
a mesma intensidade. Puxei seu cabelo, senti uma
dor aguda nos meus lábios e logo o gosto de sangue
invadiu minha boca.

— Mia, me desculpe, me desculpe, foi sem


querer — Aaron me segurou se desculpando.

— Tudo bem — falei pousando a mão nos


lábios e vendo um pouco de sangue nos meus
dedos.

Os olhos do Aaron mudaram para o


vermelho e estavam vidrados nos meus lábios. Suas
mãos apertaram a lateral da banheira e entendi que
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ele estava tentando manter o controle.

— Vai com calma, ok? — falei e me


aproximei novamente dele, beijando-o e sentindo-o
chupar meu lábio para sentir meu sangue.

Nossa, como ele consegue me excitar com


isso? Ele separou nossos lábios e seus olhos ainda
estavam vermelhos. Ele levantou meu corpo e
encaixou seu membro em minha intimidade. Deixei
escapar um gemido longo e torturado, e pude ver
seu sorriso de canto satisfeito com isso. Seus braços
estavam ao meu redor e ele segurou minha nuca e
meu cabelo, me guiando no ritmo que ele queria.

— Você me deixa louco, Mia! — sussurrou


nos meus lábios.

Eu nem conseguia falar nada. Fechei meus


olhos confiando nele, mas estava preocupada, pois
seus olhos ainda estavam vermelhos, muito
vermelhos! E tudo que eu queria naquele momento
era sentir a sensação intensa que ele estava me
proporcionando. Seus lábios desceram para meus
seios junto com uma de suas mãos. Sua provocação

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estava acabando comigo. Logo ele subiu seus


lábios para o meu pescoço e eu já estava no meu
limite.

— Mia, estou com fome — ele sussurrou


com os lábios no meu rosto —, muita fome.

— Sou sua. Confio em você — respondi


beijando-o rapidamente.

Ele depositou beijos desde os meus seios até


meu pescoço, me mantendo confortável e distraída
no prazer até ele me morder. Ele ainda guiava meus
movimentos, mas de forma lenta, e eu senti os
tremores indicando a chegada do meu ápice. Ele me
apertou com força e gemeu alto enquanto gozava,
com seus lábios no meu pescoço saciando sua sede.
Parei meus movimentos, me encostando em seu
corpo e me deliciando com a pequena dor que senti
no meu pescoço. Ele tirou seus dentes da minha
pele e deitou a cabeça para trás, me puxando para
deitar minha cabeça na curva de seu pescoço.

— Você nunca deixa de me surpreender —


ele sussurrou, arrumando sua postura e me puxando

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para me levantar.

Eu apenas sorri. Saímos do banho e ele me


enxugou.

— Por que a marca cura tão rápido?

— Sempre foi assim. Faz parte do pacto


para o segredo ficar seguro.

— Hum...

Coloquei um pijama de shorts e blusinha e


fomos jantar...

Os dias seguintes foram calmos, calmos até


demais.

— Você não acha que tudo está calmo


demais, Aaron?

— Do que está falando, Mia?


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Já faz duas semanas desde que reencontrei


minha “mãe” e ninguém mais deu sinal de vida.

— Não sei... Katie não deu mais sinal de


vida. Também não vi Zack na faculdade.

— Você só foi dois dias na faculdade.


Talvez ele tenha ido nos outros — ele falou dando
de ombros.

— Eu sei, mas é que...

— E agora você está de férias. Nós mal


saímos nestes dias, mas por mim poderia ficar
assim pra sempre. Eles não fazem falta nenhuma.

— Oh, longe disso. Não estou dizendo que


fazem falta, mas é que todos pareciam tão
decididos a nos separar, a falar da maldição. E
agora tudo está tão calmo. Nem nós dois estamos
brigando — falei a última frase em tom divertido e
ele riu.

— Sei que essa nossa paz não dura muito


tempo — ele falou em tom neutro e sério, mas logo
vi um sorriso nascer novamente em seus lábios. —
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Você é muito cabeça dura para nossa paz durar por


muito tempo.

— Engraçadinho.

Estávamos na sala de estar deitados no sofá,


numa sexta à noite, por volta das oito horas.

— O que acha de sairmos hoje?

— Pra onde?

— Pra alguma boate. Vamos? Eu ligo para


o Liam para ele ir com a Crystal também.

— Ah, vamos. Eu...

Eu ia falar algo quando escutamos um


barulho de porta se abrindo. Aaron riu.

— Que foi?

— Eles estão aqui.

— Oi, amiga! — Crystal chegou


cantarolando animada, mas parou assim que nos
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viu deitados, mortos de preguiça no sofá. — Credo,


gente, se animem. É sexta à noite! Precisamos nos
divertir.

— Vocês têm poder de telepatia também?


— perguntei olhando do Aaron para o Liam. —
Aaron ia ligar agora pra vocês para convidá-los pra
irmos a alguma boate.

Eles riram.

— Que bom que já viemos então — Crystal


falou. — Agora vamos subir, Mia. Vá tomar um
banho, lavar esse cabelo e se arrumar. E enquanto
isso a gente conversa um pouco. E você, Aaron, vá
se arrumar em outro quarto.

Eu gargalhei. Ela é terrível. Aaron fez uma


careta, mas assentiu. Fomos para o meu quarto e
mostrei para ela meu closet. Ela se encantou e disse
que Liam também andou comprando umas coisas
para ela, mas que estão mais curtindo o momento
juntos. Ela escolheu para mim um vestido azul-
marinho justo no busto em forma de corpete com a
saia rodada. Mostrei a ela a sandália que eu tanto

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paquerei na loja e ela pirou.

— Meu Deus, Mia. Eu quero uma sandália


dessa. Eu necessito de uma sandália dessa — ele
falou fazendo um teatro que me fez rir muito.

Tomei banho e saí do banheiro vestida com


um roupão. Aaron tinha mandado colocar uma
penteadeira linda no quarto com um espelho
enorme, onde eu guardava minha maquiagem,
secador de cabelo e outros apetrechos. Penteei e
sequei meu cabelo modelando-o com a ajuda da
Crys. Ela é uma maquiadora excelente. Fez uma
make que eu acho um pouco forte, mas ficou
perfeita com meu vestido.

— Pronta para arrasar, amiga?

Olhei no espelho e me senti satisfeita com o


que vi. Posamos para algumas selfies, rindo de
tudo.

— Prontas, madames?

Liam apareceu na porta do quarto. Ele era


um homem muito bonito e Crystal também tinha
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sorte por tê-lo.

— Prontas, amor — Crystal respondeu indo


ao encontro dele. Ela estava com uma saia de
cintura alta de couro e cropped com estampa
escura. Sua maquiagem também era bem marcante
e parecida com a minha. Ela também é muito linda.

Voltei para a sala e Aaron estava pronto nos


aguardando. Aproximei-me dele...

— Você está tão linda!

— Você também! — falei observando o


estilo despojado dele, porém lindo: calça jeans,
camisa polo branca e relógio e pulseiras de ouro.

— Vamos? — ele perguntou a todos.

— Vamos.

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Assim que chegamos à boate da qual eles


eram sócios, algumas pessoas nos olharam dos pés
à cabeça. Aaron não se incomoda com isso, na
verdade, ele adora ser o centro das atenções. Mas
eu odeio isso. Um jornalista nos fez parar
abruptamente, fazendo várias perguntas, às quais eu
nem fiz questão de responder. Deixei isso com o
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Aaron.

— Senhor Prescott, ouvimos rumores de


que o senhor vai se casar em breve, é verdade?

Caramba, faz poucos dias que ele me pediu


em casamento e pelo jeito todos já sabem.
Privacidade não existe nesse mundo deles. Quer
dizer, depende do ponto de vista, já que esses
irmãos Prescott guardam um segredo a sete chaves,
e apenas quem eles querem que saiba fica sabendo.
O que me faz pensar, ou melhor, deduzir que Aaron
queria que a “sociedade” ficasse sabendo disso. Ah,
Aaron...

— Sim, é verdade.

— E já tem data prevista para o casamento?

— Por enquanto não, mas será em breve.

— Fontes informaram que ela é uma


estagiária na sua empresa. O senhor confirma a
informação?

Meu Deus, como isso é constrangedor.


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— Sim. Ela começou a trabalhar


diretamente comigo e com meu irmão há alguns
meses.

— Você fica intimidada por estar noiva de


um homem tão poderoso como Aaron Prescott?

Agora essa pergunta é dirigida a mim. A


câmera focada em meu rosto e minha voz entalada
no fundo da minha garganta. Meu Deus, que
vergonha!

— Ele não me dá motivos para isso.

Finalmente consigo dizer algo. Olho para o


lado e Liam e Crystal estão passando pelo mesmo
que nós. Nossa, vai ser sempre assim?

— Como se sente com as ofensas que lhe


lançam na internet?

Fiquei confusa. Ofensas?

— Chega de perguntas. Por hoje é só.

Aaron tomou a palavra e me puxou para sair


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dali. Fiquei curiosa. E a minha curiosidade não


cessa enquanto eu não a sacio.

— Ofensas? Do que ele estava falando?

— Nada, baby. Ele é um louco. Venha,


vamos esperar eles no nosso camarote.

Ele não queria conversar, mas louco era ele


em achar que eu cairia nessa. Chegamos ao
camarote e nos sentamos em um sofá muito
confortável. Logo vieram trazer algumas bebidas e
ficamos conversando. Liam e Crystal não tinham
aparecido ainda, mas ainda tinha algo me
incomodando.

— Amor, pode me emprestar seu celular? É


rapidinho.

Ele pegou o celular do bolso e me entregou.

— O que vai fazer?

— E-er, nada de importante.

Falei gaguejando enquanto entrava no


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Google, ciente de que ele estava bem próximo e


estava vendo tudo, mas eu precisava ver.

— Nossa, Mia, eu sabia que você ia


procurar por isso. Não quero você chateada. Deixe
isso pra lá, por favor — ele falou me abraçando e
deixando beijos lentos por meu rosto e ombro.

Logo escutei ele bufar, porque eu nem dei


bola para as suas provocações. Claro que fiquei
arrepiada e com um certo formigamento, mas eu
realmente precisava ver tudo.

— Não acredito que elas falam isso de


mim! — Falei lendo algumas coisas de
“fãs/admiradoras” do Aaron no Twitter.

“Larga essa magricela loira e vem ficar


comigo.”

“Aaron Prescott fazendo caridade...”

“Aaron Prescott caindo de nível. O que foi


que aconteceu com o nosso garanhão?”

“Fãs bombardeiam noiva de Aaron Prescott


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no Twitter.”

“Você é lindo demais para ela.”

“Aaron está apenas fazendo uma caridade,


já, já isso acaba e ele volta para nós.”

“Oportunista, deve estar grávida.”

“Mal entra na empresa e já dá para o chefe,


típico de garotas como ela.”

— Credo, Aaron! Elas falam tão mal de


mim e eu nem tenho Twitter. Fizeram um fake,
acredita? Nem estou acreditando que estou lendo
tudo isso. E me chamaram de criança mimada, de
magricela, de...

— Chega, amor. Chega... me dá aqui esse


celular — ele tomou o celular da minha mão. —
Não importa o que elas falam, eu a amo — ele
pegou minha mão e beijou a aliança. — É com
você que eu vou me casar, e não me importo com
mais nada. Apenas ignore.

Sorri e o beijei.
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— Você tem razão. Elas não fazem


diferença em nossa vida.

— Mas nem sempre elas comentam coisas


ruins. Se você pesquisar um pouco mais, vai ver
que tem muitas pessoas que torcem por nós. Mas
sobre algo elas têm razão.

— O quê? — perguntei confusa.

Ele está concordando com elas sobre o quê?


Caramba!

— Você está mais magra que antes, Mia. E


você prometeu que ia ao médico e nem marcou a
consulta.

— Prometo que vou na semana que vem.

— Vai mesmo, porque eu vou marcar e vou


com você à consulta.

— Nossa, você é um ótimo futuro marido


— falei abraçando-o.

— O melhor — ele se vangloriou e eu sorri.


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— Oi, pombinhos, demoraram... — Aaron


falou vendo o Liam e a Crystal se sentarem junto a
nós.

— Tivemos um pequeno problema, mas já


foi resolvido — Liam falou meio rude.

— O que foi? — perguntei para a Crystal


que nem fez questão de disfarçar o quanto estava
brava.

— É que às vezes eu esqueço que namoro


com um homem das cavernas — ela disse
encarando-o, querendo provocar e atingi-lo.

— Crystal — Liam falou repreendendo-a.

— O idiota do Dylan, lembra dele, né, Mia?


Então, ele apareceu do nada e me abraçou me
cumprimentando. Eu correspondi ao abraço, já que
estava sozinha, enquanto meu namorado dava
entrevista pra uma jornalista oferecida! E o idiota
aqui não entende que estamos dentro de uma boate
e que a música está muito alta e eu não tenho uma
superaudição, e infelizmente eu tinha que falar
próximo do Dylan e ele próximo de mim. Mas
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quando Liam percebeu isso, ele simplesmente


largou a mulher falando sozinha, mas ela o seguiu
filmando tudo, ele me pegou pelo braço e me tirou
de perto do Dylan como um louco controlador. E
tudo isso com certeza será passado em rede
nacional pra todos verem mais uma da saga: O rei e
a plebeia.

— Uau!

Foi tudo que eu consegui dizer. Aaron


segurava o riso e eu olhei perplexa para o Liam.
Quer dizer, eu sabia que ele também era um pouco
difícil de lidar, já tive pequenas discussões por
conta de opiniões contrárias, mas nunca tinha
presenciado uma briga deles. Mas Crystal já tinha
me contado poucas e boas, porém minha amiga
também não baixava a bola, então ficava difícil
para os dois.

— Agora só eu que vou passar por ruim


aqui? O que é que aquele cara falou pra você e você
não fez nada, hum?

— Nossa, Liam, já chega! — ela disse

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irritada.

— Não!

— Mia, que tal a gente dar uma volta e


deixar eles se entenderem?

Aaron perguntou, mas nem esperou por


minha resposta e me puxou e caminhou em direção
à pista de dança. Ele passava a mão por todo meu
corpo e me enlouquecia ao pressionar sua ereção no
meu bumbum. As luzes, o ambiente e o pouco da
bebida que tomei já estavam me deixando leve.
Minha intimidade formigava e eu sentia a umidade
me perturbar ainda mais.

— Isso é um castigo — sussurrei sabendo


que ele ouviria.

— Está excitada? — ele falou no meu


ouvido.

Eu indiquei que sim com a cabeça. Ele


ainda estava atrás de mim e suas mãos
pressionavam meu corpo para ficar colado ao seu.
Estávamos no meio da pista, com muitas pessoas
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em volta, e uma de suas mãos desceu e começou a


entrar por debaixo do meu vestido, querendo
alcançar minha intimidade. Segurei-a.

— Eu só quero ver o quanto está excitada.


Ninguém vai notar.

Ele falou no meu ouvido. Que loucura! Sua


mão entrou habilidosa e colocou de lado a minha
calcinha, passando um dedo por toda minha
intimidade encharcada. Penetrou e retirou seu dedo
rapidamente.

— Nossa, Mia!

Ele apertou minha cintura e chupou seu


dedo.

— Puta que pariu — sussurrei e ele riu.

Ele me puxou pela mão em direção a uma


área privada. Adentramos e vi diversas portas.
Entendi que se tratava de quartos. Ele parou de
frente para uma porta.

— Esse quarto é só meu. Ou melhor, nosso.


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Vamos inaugurá-lo hoje.

— Inaugurá-lo? Você nunca usou esse


quarto?

— Não. Lembra que na inauguração você


foi embora comigo? Depois disso não vim mais
aqui.

Um sorriso de orelha a orelha brotou no


meu rosto. Voltamos a nos beijar, mas Aaron não
queria perder tempo. Nem eu. Rapidamente ele me
despiu por inteira e eu a ele também.

— Você gosta dessa velocidade, não gosta?


— ele perguntou provocativo.

— Muito!

Ele sorriu safado. Sei o quanto ele gosta


quando eu assumo gostar de algo que faz parte do
seu lado sobrenatural. Ele me segurou no colo e
entrou em mim. Segurei no seu pescoço e logo
senti a parede fria em minhas costas. Olhei para
baixo: ver seu membro entrar e sair de mim é
divino!
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— É bom, não é, olhar meu pau fodendo


sua boceta apertada? Eu adoro observar.

Nossa, tudo era tão diferente agora! Eu não


me lembro mais como era a minha vida sem ele.
Nem quero...

Senti a superfície macia do colchão nas


minhas costas. Ele estocava com força e eu estava
quase lá. Arranhava suas costas enquanto sentia os
tremores no meu ventre. Meu rosto queimava.
Fechei meus olhos e não senti mais a cama nas
minhas costas, mas também não senti diferença no
jeito do Aaron. Abri meus olhos e Aaron tinha um
sorriso safado enquanto dava suas últimas
estocadas.

— Nossas transas estão ficando cada vez


mais interessantes — ele falou e eu percebi que
estávamos flutuando a uma pequena altura acima
da cama. Os dois suspensos no ar.

— Minha nossa! — falei ao constatar que


eu fiz aquilo, mas Aaron puxou meu rosto e meu
corpo para ficar colado ao dele.

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— Seja o que for, tente não parar — ele


falou segurando minha cintura e puxando com uma
força a mais meu corpo e me penetrando, fazendo-
me estremecer.

Minha pele ainda formigava e o calor em


meu ventre se esvaiu quando atingi meu ápice,
sendo acompanhada pelo orgasmo do Aaron
praticamente no mesmo instante. Respirei e
acabamos caindo na cama, mas não nos
machucamos. Quer dizer, eu não me machuquei;
Aaron nunca se machuca mesmo.

— Como fez isso, hein?

— Não faço ideia, Aaron.

Eu estava ofegante, estiquei meus braços e


Aaron deitou sua cabeça na minha barriga.

— Que estranho.

— O quê?

— Seu coração bate diferente agora.

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— Como assim?

— Ele dá eco. Talvez seja como você disse.


Você disse que era como se outro alguém estivesse
dentro de você e soubesse exatamente o que fazer.
Já ouvi dizer que alguns dons podem causar isso.
Ou faz parte da maldição...

— Ah.

— Ou estou escutando muito perto. Sei lá.

Acariciei seu cabelo confusa, bom, só podia


ser isso.

— Você sempre falou pra mim que no dia


em que eu me entregasse realmente a você tudo iria
ficar bem. Você tinha razão. Eu o aceitei como é e
hoje sou a pessoa mais feliz do mundo.

— Eu sempre tenho razão — ele brincou e


subiu a cabeça para me beijar. — E eu sou o mais
feliz por você me amar assim.

— Vamos voltar para a boate?

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— Vamos.

Ajeitei-me e me olhei no grande espelho do


quarto.

— Não entendo por que acha que emagreci.


Estou normal.

— Emagreceu e não ache que vai escapar


do médico. Vamos...

Ele deu um tapa na minha bunda me


fazendo rir e andar para a porta.

— Será que o Liam e a Crystal já se


acertaram?

— Espero que sim, porque aguentar o Liam


de mau humor é horrível.

— Ah, a Crystal então nem se fala.

Demos risada e fomos de mãos dadas para o


camarote. Avistei-os e já aparentavam estar bem
um com o outro. Um alívio percorreu meu corpo
até que escutei um sussurro no meu ouvido.
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— Evite a guerra. Venha comigo...

Passei a mão na minha orelha, pois a senti


quente. Olhei para os lados e não tinha ninguém.
Que estranho, podia jurar que alguém sussurrou
perto de mim. Até senti o calor do sopro na minha
orelha.

— Está tudo bem, Mia?

A voz do Aaron me acordou e então percebi


que segurava minha orelha e estava parada no meio
caminho.

— Oh, sim, claro.

Com certeza foi coisa da minha mente. Se


não, Aaron também teria escutado ou visto algo.
Sentei-me ao lado do Aaron e constatei que tudo
estava bem entre Crystal e Liam. Eles
conversavam, mas eu não conseguia tirar aquela
voz da minha mente. Fiquei olhando ao redor e
tinha um homem parado logo à frente, a uns 20
metros de distância. Ele poderia ser um qualquer se
não estivesse de sobretudo preto e um capuz
tampando seu rosto. Olhei fixamente para ele
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tentando perceber se aquilo era coisa da minha


mente ou se ele realmente estava ali. As pessoas ao
redor pareciam não se incomodar com a roupa dele,
nem sequer o notavam. Ele começou a caminhar
em minha direção e eu segurei firme a mão do
Aaron, assustada com aquilo. O homem vinha
rapidamente e ninguém fazia nada. Uma pessoa
passou na sua frente e ele sumiu.

— Mia Blackwell... — outra vez o sussurro.


— Estou aqui, estou sempre aqui...

A voz macabra cantarolou no meu ouvido e


eu tremi inteira. Olhei para os lados e ninguém,
nem mesmo o Aaron pareceu ter notado algo a não
ser meu desespero.

— Mia! Mia! Olhe pra mim. O que houve?

A voz de Aaron me chamando preocupado


me fez voltar para ele.

— Tem alguém sussurrando no meu ouvido.


Aaron, estou com medo.

— Sussurrando? Mia, não tem ninguém


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perto de você.

— Exatamente! Mas eu vi um homem com


sobretudo e capuz vindo em minha direção e
sumindo e depois essa voz assustadora na minha
mente.

Aaron e Liam trocaram olhares.

— Acho que está na hora de irmos embora.

Liam falou e nos levantamos. Caminhei


agarrada ao braço do Aaron e fomos para o
estacionamento, que estranhamente estava
totalmente vazio.

— Isso aqui não está quieto demais? —


perguntei e logo senti ser empurrada para um lado e
Aaron para o outro.

Bati minhas costas na parede e isso doeu


muito.

— Eu disse que estava sempre aqui...

Aquela voz... Como podia ser tão


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assustadora e ainda assim me soar tão familiar?

Levantei minha cabeça lentamente vendo


Liam e Crystal presos à parede. Magia! O homem
saiu de perto de mim e levantou a mão, deixando
Aaron de joelhos no chão, sem poder se mexer.
Seus olhos já estavam transformados e eu tinha fé
que ele fosse mais forte que isso.

— Quem é você? — perguntei me


levantando.

O homem veio até mim, tirou o capuz e


abriu os braços.

— Ah, esperei tanto tempo por isso...

Ele me deixou imóvel. Tentei me afastar,


mas não consegui. O homem me abraçou e eu não
entendi nada.

— Saia de perto dela, seu filho da puta!

A voz do Aaron estava transformada e


monstruosa. Ele estava possesso.

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— O que está fazendo? É louco? —


perguntei um tanto zombeteira e confusa.

— Não fale assim com seu pai, menina!

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— Meu pai? Nossa, mais um louco que


acha que é considerado minha família!

— Ah, querida, não fale assim. Eu sempre a


protegi de todo mal, menos daquela aberração ali.

— Não fale assim dele! — rosnei irritada


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por não poder me mexer e esse homem não ter


nenhum pingo de escrúpulo.

— Eu falo do jeito que eu quiser. Eu não a


culpo por achar que está apaixonada por ele. Tudo
faz parte da maldição.

— Eu o amo e, não importa o que você fale,


vou continuar amando.

— É mesmo? — ele perguntou sarcástico,


parecendo segurar o riso.

— Mia, não dê ouvidos a nada do que ele


falar, querida. Eu a amo e isso é verdadeiro. Não o
escute.

Aaron falou e eu confirmei com a cabeça.


Ele não vai virar minha mente contra o Aaron, não
vai mesmo. John, como sei que é seu nome, pois
Aaron tinha me contado, começou a bater palmas.

— Você encena muito bem, querida. —


John falou e eu franzi o cenho.

— Além de velho, é louco. Boa


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combinação. Deixe-me sair daqui, droga!

— Não fale assim comigo, Mia. Pode sair


do papel. Nós já conseguimos o que queríamos, por
ora, podemos ir embora daqui.

— Como assim? Do que está falando? —


Aaron perguntou.

Vi algumas pessoas chegando e comecei a


temer o pior.

— Relaxe, eles não podem nos ver. Lancei


um feitiço e estamos todos em um universo
paralelo.

Meu queixo caiu.

— Mas voltando ao assunto, nem eu mesmo


esperava isso de você, querida. Poderia trabalhar
como atriz e com certeza ganharia o Oscar e todos
aqueles prêmios superficiais medíocres. Mas,
enfim, conseguimos despertar a maldição, e agora
podemos voltar para nossa casa.

— Mia? — Aaron me chamou confuso.


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— Aaron, não faço nem ideia do que ele


está falando. Nem pense em escutar o que ele diz
ou eu acabo com você depois de acabar com ele.

Eu ameacei Aaron, mas podia senti-lo


inseguro. Apenas de olhar para os seus olhos, sabia
que ele estava confuso. Ele tem mil anos, mas é um
burro quando o assunto sou eu e traição.

— Aaron, meu genro número dois. Por


favor, escute com sua superaudição o doce coração
da Mia — ele parou de falar. — Escutou? Dentro
dela deveria bater apenas dois corações, mas batem
três: o dela, o da maldição e o do bebê.

Eu travei. Bebê?

— Você só pode estar delirando. Bebê?


Vampiros não podem ter filhos — falei olhando
para John. — Aaron me disse isso uma vez, que
eles não podem ter filhos — terminei a frase
olhando para o Aaron, que estava inquieto e me
olhava atentamente.

— Realmente não podem, mas humanos


podem querida e suas noites de brincadeira com o
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Zack resultaram em um bebê.

Um grito raivoso ecoou pelo lugar.

— O quê? Não! Só pode ter outra


explicação, seu louco desvairado! Eu não vejo o
Zack desde a noite em que o Aaron o mordeu e eu
vi a Katie. E eu nunca fiz nada com ele. Pare de
jogar o Aaron contra mim! Não vai funcionar —
gritei furiosa e consegui me mexer indo direto para
cima dele, mas uma dor alucinante surgiu na minha
cabeça me fazendo parar.

— Você não pode se voltar contra seu pai.


Incorporou demais o personagem, Mia. Aaron sabe
que não tem como eu manipular isso. Você é uma
vadia que estava fazendo sexo com dois homens ao
mesmo tempo. Está na hora da maldição se
cumprir, você tomar jeito e ficar apenas com o
Zack.

— Mia! É verdade? Por que tem a porra de


três corações batendo dentro de você?

— Aaron, cale a droga da sua boca, seu


idiota. Eu praticamente não saio de casa, como é
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que eu vou transar com outro cara, Aaron?!

— Então como você está grávida?

— Eu não sei! Você me disse que vampiros


não podiam ter filhos e não pegavam doenças, seu
idiota mentiroso! Se eu peguei uma doença, eu
mato você.

Uma risada soou no local. John. Eu vou


matar esse homem.

— Ok, diga até logo a ele e vamos embora.

— Eu não vou com você.

— Ele vai matá-la se ficar aqui. Ou vai


querer criar o filho de outro, Aaron? — ele falou
sarcástico.

Um urro horrível soou. Aaron se


transformou um pouco e conseguiu escapar. Em um
ato rápido, John sacou um tipo de arco e flecha
automático de dentro do sobretudo e atirou na
cabeça do Aaron. Parecia uma cena do filme “Van
Helsing”. Gritei desesperada e consegui correr até
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ele, que sangrava muito. Liam me olhava com


raiva, enquanto Crystal parecia confusa.

— Liam, é mentira, eu juro. Eu o amo.

— Espero que queime no inferno.

Fiquei surpresa com as palavras do Liam,


mas tentei prestar atenção ao que realmente
importava. Olhei mais uma vez para o Aaron
desacordado e sofrendo. Sussurrei no ouvido dele:
“acredite em mim, eu te amo”, No mesmo instante
ele abriu os olhos que estavam vermelhos e apertou
meu pescoço com uma mão. Tirou a flecha da sua
cabeça com a outra mão e a ferida logo cicatrizou.

— Você mentiu pra mim esse tempo todo,


me manipulou, me fez sentir, me fez amar, pra
fazer isso comigo?

— Eu não menti, Aaron — sussurrei


sufocada.

— Ok. Já chega, não quero que mate minha


filha. Logo nos encontraremos de novo, até logo,
senhores Prescott, senhorita.
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E de repente, o aperto da mão do Aaron já


não estava mais ali. Eu estava em um lugar, diga-se
de passagem, bem diferente. Parecia uma vila, uma
aldeia... Ao mesmo tempo em que tudo parecia
antigo, tudo era muito novo.

— Onde estamos? — perguntei após


perceber que nunca tinha visto nada parecido.

— Em nossa vila, onde era pra você ter


crescido.

— Pare de fingir que gosta de mim, ok? Eu


sei a verdade. Não sou burra.

— Qual verdade? A verdade que eu e sua


mãe éramos jovens apaixonados, amantes da
aventura e nos casamos. A verdade que tivemos
uma linda filha que nos encheu de alegria e foi
amada mesmo a distância, mas principalmente até
os dois primeiros anos de vida, quando
descobrimos que era você, que você colocaria um
fim nisso tudo.

— Então fiquei com vocês até os meus 2


anos?
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— Um pouco mais. Viveu aqui com a


gente. Vamos lá conhecer sua antiga casa...

Caminhei com ele e na porta a Katie nos


esperava.

— Oi, filha.

— Não sou filha de vocês. Me chamem de


Mia. E olhem: eu quero ir embora agora.

— Um dia você vai aceitar.

Katie deu um sorriso e John me empurrou


levemente para entrar.

A casa tinha um estilo vitoriano, mas era


bem equipada com TV e tudo o que uma casa
normalmente tem. Ele me indicou um quarto e eu
entrei e me sentei na cama.

— Não parece que estão me fazendo


prisioneira aqui.

Falei, pois eles apenas me acompanhavam.


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Não me ameaçaram nem nada do tipo. Não tentei


fugir, pois uma parte de mim sabia que eu não
conseguiria no momento e também porque queria
saber o que eles queriam de mim.

— Não estamos, Mia. Você pode explorar


por aí se quiser. Pela manhã o Zack vem aqui e
vocês podem conversar.

— Não entendem? Eu não quero fazer parte


disso. Eu amo o Aaron e, se me amassem como
dizem, me deixariam em paz para viver com ele.

— Por te amar tanto é que estamos fazendo


isso. Ele mudou agora, mas uma hora ou outra vai
matá-la, pois isso faz parte do que ele é. Antes ele
do que você.

— Eu não vou matá-lo.

— Você não, mas isso que está dentro de


você vai, na hora certa. Chame de autopreservação.
Agora ele quer matá-la, mas, quando vier pronto
para fazê-lo, a maldição vai agir e vai se defender
matando-o e morrendo ao mesmo tempo.

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— Então quer dizer que, se ele me matar,


ele morre? Então mesmo que a coisa dentro de mim
não seja mais forte que Aaron e não consiga matá-
lo, se ele me matar, morrerá junto?

— Praticamente isso. Mas vamos todos


estar lá por você. Não vamos deixá-la morrer.

Às vezes eu queria acreditar na Katie, não


no que ela diz agora, mas no amor que eles dizem
sentir por mim.

— É verdade? Estou grávida?

— Não. Eles não podem ter filhos...

— Então o que são esses batimentos?

— São os seres dentro de você. A maldição


foi despertada no momento em que um realmente
assumiu amar o outro. O ser mais puro e inocente
encantado com a insanidade e a perversão do ser
mais cruel que já existiu. O bem e o mal. Os
verdadeiros opostos.

— Vocês fizeram ele me odiar. Por que não


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podem nos deixar em paz? Prometo não o deixar


fazer mal a mais ninguém — supliquei.

— Filha, esses seres que foram despertados


em você são parte de você e do Aaron. Você é uma
bomba-relógio. Se a maldição não se cumprir, você
vai ser pior que o Aaron, você vai destruir tudo à
sua volta.

— Isso é ridículo.

— É, eu sei.

— Por favor, não há nenhuma outra forma


de reverter isso? Nunca vou ser feliz se algo
acontecer com aquele idiota. Por favor, se sentem
algo por mim, se já sentiram algum dia, me ajudem.

— Durma, querida. Amanhã vou mostrar a


você o grimório para entender essa maldição. Nós
procuramos, pode apostar, procuramos formas de
evitar que tudo isso acontecesse, porém não tem
jeito. Mas você pode olhar se quiser... Apenas
durma que está bem tarde. Tem algumas roupas que
devem lhe servir e estão limpas. Pode pegar. Boa
noite.
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— Boa noite, filhinha. E nem tente escapar,


tá bom? Como já mostrei, sei viajar por entre as
dimensões. E aqui, nossa casa, é outra dimensão.
Não existe nada além da vila. Até amanhã cedo,
querida.

Dito isso, John fechou a porta e eu me


levantei. Ele enganou o Aaron direitinho, que vai
querer me matar agora. Como vou explicar que é
mentira? Que não estou grávida? Eu queria tentar ir
embora, mas preciso desse grimório. Preciso ler
todos os detalhes da maldição que nos separa...

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Quando tudo estava em silêncio, me


levantei e abri a porta. Eu sentia aquele ímã me
puxando para algo.

Em uma estante na sala tinha uns livros


antigos, e um me chamou atenção. Então o abri e
tive certeza de que era ele. Como? Não faço ideia.
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Mas algo faltava, tenho certeza. Não era só o


grimório... eu precisava de algo mais.

Comecei a sentir algo me puxando em


direção ao outro cômodo da casa. Parecia um
escritório e estava muito escuro, mas algo me fazia
andar exatamente por onde eu deveria ir. Parei em
frente à outra estante, puxei um livro de romance e
o abri. Folheando-o, percebi que ele estava
rasurado, no fundo, tinha uma pequena ponta solta,
como se estivesse descolando. Olhei para os lados
e, graças a Deus, tudo continuava silencioso.
Peguei a ponta solta e a puxei, morrendo por dentro
por estar estragando um exemplar de Orgulho e
Preconceito. Dentro tinha uma folha antiga que se
parecia com a do grimório. Pronto, eu tenho o que
preciso, agora só preciso sair daqui.

Fechei meus olhos apertando com força o


grimório em meu peito. Tenho que conseguir viajar
entre as dimensões. Afinal, sou uma Blackwell, eu
consigo. Tenho que conseguir. Visualizei a casa de
Aaron em minha mente. Tenho que ir para lá, tenho
que ir para lá, eu consigo! De repente, abri meus
olhos e eu estava na sala de frente com o piano.
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Consegui!

Resolvi ficar em silêncio e olhar ao redor.


Eu mato ele se ele aprontou alguma coisa. Levei o
livro comigo. Fui para o nosso quarto e ele estava
deitado na cama fitando o teto.

— Sabia que você ia voltar pra mim.

Ele falou se levantando e andando até mim,


mas antes de ele chegar eu o empurrei na parede e o
prendi lá. Descobri que na hora da raiva eu sempre
consigo usar esses malditos “poderes”.

— O que você está fazendo, Mia? — ele


perguntou confuso.

— Como você pôde acreditar nele, seu


cretino arrogante e idiota?! Mais uma vez você
duvidou de mim! — gritei irritada.

— Mia, me desculpe. Agora pensando


melhor nem tinha como mesmo. Você nunca me
deu motivos pra desconfiar. Mas me desculpe, por
favor, e me solte que você está me sufocando.

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— Estou sufocando você, é? Experimente o


que você me fez sentir por várias vezes, seu idiota!

— Mia, pare!

— Não! E me fale: fez alguma burrada


desta vez?

— Não! Claro que não! Eu disse que nunca


mais faria algo do tipo. Mia, me solte!

Eu o soltei e no mesmo instante corri para


abraçá-lo e ele me envolveu com seus braços.

— Achei que não fosse mais ver você —


sussurrei.

— Eu sabia que voltaria pra mim.

Eu o beijei, mas logo o soltei.

— Nós temos que ser rápidos. Eles já


devem ter dado por minha falta. Peguei o grimório
que fala da maldição.

— Como conseguiu?
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— Eu não sei. É como se esse livro me


chamasse para ele... simplesmente me atraiu.

— E você não acha isso estranho?

— Claro que acho, mas por causa dessa


atração consegui achá-lo e também achar uma folha
que estava escondida. Katie e John planejavam me
mostrar o grimório pela manhã, mas acho que a
página que faltava era a mais crucial para resolver
esse enigma. E com certeza eles não a mostrariam.

— É, provavelmente. Mas, e o bebê?

— Não tem bebê, Aaron. John falou que são


dois seres dentro de mim: um é parte de mim e
outra parte de você.

— Como isso poderia ser possível? Nem faz


sentido isso.

— Eu não sei, mas vamos descobrir neste


treco aqui — falei bocejando.

— Vá dormir, amor. Vou ler enquanto isso.

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— Só vou aceitar porque realmente estou


muito cansada.

Aaron entende do assunto. Ele pode ler


tudo, entender e depois me explicar. Deitei-me na
cama e cochilei, então comecei a sonhar e a ouvir
vozes.

“Quem é você?”, perguntei.

“Eu sou você.”

“Isso é ridículo.”

“Não, Mia, todos têm uma consciência, só


que alguns não a escutam, mas você me escuta
agora.”

“Você é a maldição?”

“Vai entender que nada que você sabe sobre


a maldição é verdade.”

“O que vai acontecer? Eu vou morrer?


Aaron vai morrer?”

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“Eu não sei.”

“E o outro ser dentro de mim de que John


falou, o que é?”

“Eles são a chave de tudo. São a cura e ao


mesmo tempo a destruição. São eles que todos
querem matar.”

“Eles? Não entendo.”

“Tudo é mentira, Mia. Tudo que John e


Katie contaram é mentira, exceto uma parte.”

“Que parte?”

“Que existe um ser parte de você e parte do


Aaron. Os verdadeiros opostos unidos em algo
maior, em um só.”

“Meu Deus, estou mesmo grávida?! Me


responda! Ei! Consciência! Me responda!!!”

Senti meu corpo chacoalhar e abri meus


olhos assustada vendo Aaron igualmente assustado.

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— Que foi?

— Você estava gritando pra sua consciência


te responder. Está ficando louca?

— Acho que sim — falei passando a mão


no meu rosto.

Então me levantei e fui até o banheiro.


Quando foi minha última menstruação? Não faço
ideia. Olhei no relógio e já era de manhã. Preciso
da ajuda da Crystal. Fui ao meu quarto e peguei o
celular do Aaron. Liguei para a Crystal me
afastando do Aaron, mesmo sabendo que ele
ouviria tudo de longe.

— Aaron? — ela atendeu em dúvida.

— Não, Crys, sou eu. Preciso da sua ajuda.

— Mia! Meu Deus, você quase me matou


do coração. Como você está?

— Estou bem. Vou mandar uma mensagem


de texto explicando, mas você pode fazer um favor
pra mim e guardar segredo?
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— Claro que sim.

— Então tá bom. Até daqui a pouco.

— Beijos.

Mandei a mensagem de texto:

“Por favor, compre uns três testes de


gravidez pra mim e não conte a ninguém. Venha o
mais rápido possível pra cá, por favor. Estou
enlouquecendo. Bjs, Mia.”

E logo apaguei a mensagem para o Aaron


não ver.

— Sobre o que você quer guardar segredo?

— Se eu contar, não será um segredo,


querido.

— Pare com essas ironias pra cima de mim,


Mia.

— O que descobriu? — perguntei mudando


de assunto.
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— Não muito.

— Então conte... Vamos à cozinha que


estou com fome.

Ele me olhou achando engraçado, mas me


acompanhou. Peguei uma maçã e comecei a comer.
Sentei na cadeira e me apoiei na mesa, indicando o
lugar para o Aaron, que se sentou ao meu lado e
começou a contar sobre o que leu.

— Lá diz sobre dois seres, os verdadeiros


opostos que se encontram e se unem, formando um
só. Esse novo ser será o equilíbrio e a chave de
tudo. Ele será tanto a cura quanto a destruição, ou
seja, ele não pode cair em mãos erradas.

— E esse ser é a maldição e está dentro de


mim?

— Isso. Mas eu não acho que seja um ser


que surgiu dentro de você. É como se algo o
despertou.

— Katie falou que eu sou uma bomba-


relógio, que se a maldição não se cumprir, vou
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destruir tudo. E que, se você me matar, você morre


junto. E se a coisa o matar, ela morre junto.

— Não terminei de ler tudo, mas o pouco


que descobri me assustou um pouco.

— E não são dois seres dentro de mim? Se


isso se torna um só, como pode ter dois?

— Ah, eu não sei, porra! Eu não sei! Isso


está me deixando louco.

Ele estava muito nervoso, então me virei e


me encaixei no meio das suas pernas abraçando-o.

— A gente vai dar um jeito.

— Vamos sumir. Eu falei pra gente ir


embora daqui. Vamos embora, Mia.

— E vamos fazer o que, Aaron? Fugir para


o resto de nossas vidas?

— Então deixe eu te transformar. Pelo


menos eu sei que eu não correrei risco de te perder
tão fácil. Você vai ser mais forte e ainda vai ser
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uma híbrida com sua magia.

— Eu teria que morrer para depois acordar


como vampira, certo? Você estaria me matando e
morreria no processo!

— Não é possível. Sou imortal!

— Não quero pagar pra ver. As coisas não


seriam tão fáceis assim.

— É, eu sei — ele disse se lamentando.

Isso está acabando conosco.

— Mia?

Escutei a voz da Crystal e olhei para o


corredor.

— Já volto. Tenho que resolver algo com a


Crystal.

Falei e o deixei sem entender o que estava


acontecendo. Liam estava atrás dela e aposto que
queria se desculpar, mas nem deixei ele falar.
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Peguei-a pelo braço e corri para o meu quarto. Ela


me acompanhou tensa. Tranquei a porta assim que
entrei e a abracei.

— Comprou? — perguntei.

— Sim. Comprei cinco, um de cada marca


que achei. Vamos tirar essa dúvida.

Ela tirou da bolsa uma sacola cheia de


testes.

— O Liam viu?

— Não. Eu saí sozinha dizendo que ia


comprar absorvente — ela falou dando de ombros.

Então, se sentou na minha cama e eu fui


para o banheiro. Eram três de canetinha e dois de
palitinho. Então lá vai. Foi fácil a parte de fazer
xixi e colocar os palitinhos e as canetas no devido
lugar... mas esperar o resultado sair, nossa! De jeito
nenhum! Abri a porta e chamei a Crystal. Ela
entrou e ficou observando em silêncio os
resultados, que eram todos iguais. Positivos.
Continuei parada do mesmo jeito olhando para os
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testes, tendo certeza de que era um engano.

— Acho que eles ainda podem mudar, não


é? Afinal nem se passaram 5 minutos... — aleguei,
olhando para a Crystal, esperando que ela
concordasse, mas tudo que fez foi me abraçar e
cochichar no meu ouvido.

— Parabéns, você vai ser mamãe!

E por um segundo me permiti viver toda


aquela felicidade que imaginei viver um dia ao
descobrir que seria mãe. Um ser, fruto do amor
meu e do Aaron...

E como se fosse um baque, entendi tudo.


Meu Deus, é isso! Larguei do abraço da minha
amiga e falei:

— Crystal, é isso! Como não me toquei


antes? Idiota! Meu Deus! Eles querem matar meu
filhinho! Ele é o poder e a fraqueza. Ele é a chave
de tudo!

Crystal me olhava sem entender. Fui para


fora do banheiro e ia em direção à porta do quarto
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quando escutei um barulho na janela. Olhei para


trás, vendo Crystal sangrando muito no estômago e
logo vi sangue saindo por sua boca. Gritei
apavorada sem saber o que causou aquilo. E de
repente eu vi a Amber.

— Não acredito que aquela bruxa está certa.


Você está grávida do Alfa! Do meu Alfa!

Ela começou a se aproximar de mim.

— Essa aberração que você tem aí tem que


morrer — ela disse decidida vindo até mim.

— Você não vai encostar um só dedo em


mim.

Ao terminar a frase, uma pancada muito


forte me acertou na cabeça me fazendo cair ao
chão. Olhei minha amiga agoniando no chão, quase
morta, e minha visão escurecendo, nublada por
conta das lágrimas. Minha melhor amiga, não. Meu
filho, não. Eles não podem morrer.

— Aaron — sussurrei, por que ele ainda


não apareceu?
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Meus olhos ficaram pesados demais e aos


poucos fui perdendo a consciência.

Fiquei irado com a possibilidade de ela estar


grávida. Quando ouvi John falar, quis morrer por
achar que era filho de outro, mas então tudo
começou a fazer sentido. Ela era o início de tudo.
Se ela era a prometida, por que não podia ser mãe
de um filho meu? Nesse mundo nada é impossível.
Como eu sou idiota! Quando ela voltou, eu sabia
que enfrentaria uma fera, mas ela estava tão
necessitada de mim quanto eu dela. Como fiquei
com medo de perdê-la! Quando ela me disse que
não havia bebê, as minhas teorias se foram e eu já
não sabia o que podia ser. Ela estaria possuída por
espíritos das bruxas ancestrais que colocaram a
maldição? A maldição não pode ter um coração. Ou
pode? Eu já não sei o que pensar.

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Enquanto ela dormia, pude reparar nela com


atenção. Levantei a blusinha do seu pijama e espiei
sua barriga. Ela está tão magra, mas parece ter uma
saliência em sua barriga. Coloquei minha mão nela.
Mesmo se ela estivesse grávida, eu sei que estaria
de pouco tempo, mas eu quis sentir, imaginá-la de
barriga grande como se tivesse engolido uma
grande melancia. Ela adora melancia e ficaria
linda...

Como eu posso ter mudado tanto em tão


pouco tempo? Como ela pôde me fazer sentir tantos
sentimentos?

Não sei por quanto tempo fiquei


observando-a, só sei que o dia clareou há tempos e
me assustei ao ver ela se debatendo e perguntando a
tal consciência se estava grávida. Eu a ouvi, mas
não quis dizer que ouvi tudo. E foi ao vê-la admitir
que estava ficando louca que tive a certeza de que a
minha primeira teoria estava certa. Ela está grávida
de um filho meu. No grimório tudo que eu podia
entender era que tinha um ser dentro dela, um ser
meio-termo de tudo que somos. Ele é o equilíbrio, a
chave, a cura, a destruição, a maldade. Ele pode ser
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tudo. Ela me perguntou o que eu entendi do


grimório, mas a verdade é que eu mal o li, passei
praticamente o tempo todo observando ela dormir.
Como vou contar a ela que ela realmente está
grávida? Não sei...

Logo Crystal e Liam chegaram e ela subiu


correndo com a amiga para fazer não sei o quê.
Resolvi dar privacidade a elas e enquanto isso
fiquei contando ao Liam tudo o que descobri, tudo
o que acho ser verdade, e também mostrei o
grimório.

— É, parece que você vai ser papai. Você


vai dar a ela tudo que ela sempre quis, afinal...

— Como podem colocar um bebê como


sendo uma maldição? Isso que eu não estou
entendendo.

— Se você lesse tudo em vez de ficar


observando sua noiva dormir, você poderia
descobrir.

Eu ri e de repente escutei um grito


assustado da Mia, gemidos da Crystal e a voz da
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Amber? Liam me olhou assustado e corremos para


o quarto. A porta estava trancada. Quebrei-a e tudo
o que encontrei no quarto foi o chão ensanguentado
e a Crystal caída no chão, morta.

Liam correu até ela e eu fui até o banheiro e


encontrei diversos testes de gravidez, todos
positivos. Ela está grávida, ela está grávida de um
filho meu! PORRA, vou ser pai! E ela vai ser mãe!
Minha nossa! Mas então me toquei que eles a
levaram. Amber a levou. Vou desmembrar o corpo
todo daquela vadia e dar para os crocodilos
comerem. Minha visão foi ficando vermelha e tudo
piorou quando fui ao quarto e vi meu irmão
agarrado ao corpo da Crystal. Caralho!

— Liam... — sussurrei tentando disfarçar a


raiva na minha voz. Tentando ser o que ele
precisava por um momento. Porque eu também
precisava dele e ele sempre esteve lá por mim.
Parei ao seu lado e olhei para a Crystal. Mia vai
ficar arrasada quando descobrir. Eu também
gostava muito dela...

— Ela vai voltar... Crystal vai ficar bem. Eu


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dou meu sangue a ela todos os dias. Vou destroçar


todo aquele bando insignificante que está ao lado
da Amber. Não vai sobrar um sequer para contar
história. Eu poderia tê-la perdido, eu poderia ter
perdido a minha Crystal. Eles levaram a Mia e meu
sobrinho. Eles não vão ter misericórdia. Então, que
a guerra comece...

Ira, ódio e raiva nos definia.

— Que a guerra comece...

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Já fazia quase um mês que eu estava à


procura dela, à procura de algum rastro da Amber,
à procura de algo que me levasse até ela. Mas eu
não encontrei nada. Não encontrei Katie nem John,
nem mesmo Zack. Já matei centenas de vampiros.
Já tentei de tudo e o pior, estou perdendo ela, e a
cada dia que passa, perco um pouco de esperança.
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Ela era a única coisa boa em mim. Sem ela por


perto só fica minha escuridão, minha insanidade
para me atormentar. Não me deixando ser racional.
Preciso dela. Estou largado. Já faz semanas que não
apareço na empresa, apesar de Liam também estar
irado com isso, ele é o único que está indo
trabalhar. E para completar minha fase ruim, estou
ficando de babá de uma mulher que hora chora,
hora quer matar alguém. E juro que estou por um
triz de trancá-la no forte.

— Crystal, mesmo você sendo namorada do


meu irmão e eu não odiando você, se não parar de
chorar, vou quebrar o seu pescoço pra me deixar
em paz por pelo menos um momento.

— Vá se foder! Estou preocupada e preciso


achar a Mia. Ela é a minha melhor amiga.

— E ela é a minha vida! E está grávida de


um filho meu. Eu também estou desesperado, mas
não fico chorando por aí!

— Você é a porra de um Alfa! Ache ela,


droga!

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— Estou tentando!

— Vou destroçar cada pedacinho daquela


vaca da Amber quando a encontrar.

— Vai ter que chegar antes de mim ou do


Liam. E duvido que consiga.

— Pelo menos, quero assistir ela sendo


morta.

— Pode deixar. Vou fazer dela um exemplo


pra nunca mais mexerem comigo ou com a minha
família — falei sentindo uma raiva imensa só de
pensar na Amber.

— Como está com a ideia de ser pai?

Essa pergunta me pegou de surpresa. Eu


nem tenho pensado nisso. Só quero encontrá-la,
quer dizer, encontrá-los.

— Eu não sei.

— Como ela pôde ficar grávida de você?

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— Talvez por eu ser parte lobo e a Mia ser a


escolhida... Ela é muito poderosa! Pra ser honesto,
a única teoria que tenho é por conta da maldição.
Eles pensam no bebê como sendo uma maldição. Li
no grimório que ele será exatamente o meio-termo
de tudo.

— Como assim?

— Ele será a cura e a destruição, o bem e o


mal. Ele será tudo, menos humano.

— E como isso pode afetar vocês? Eu não


entendo.

Passei dias lendo essa porcaria de grimório.


Liam cuidava da Crystal e fui atrás de respostas.
Fui a uma área afastada onde eu sabia que havia
uma bruxa. Ela não me recebeu bem, mas tudo
bem. Eu a obriguei a me falar tudo o que ela sabia,
e o que ela me disse me assustou um pouco.

— O bebê é parte de mim e parte da Mia —


comecei contando...

— Não me diga!
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Ela gozou com a minha cara? É isso


mesmo?

— Não pense que só porque é minha


cunhada eu não posso te torturar um pouquinho
antes de o Liam chegar. Estou precisando descontar
minha raiva em alguém mesmo.

— Matar centenas de vampiros não foi


suficiente? Esqueça. Prossiga.

— O bebê pode ser a cura para diversas


doenças, talvez até mesmo para o vampirismo, mas
ele também pode gerar mais doenças e também
manipular seres. Resumindo, ele vai ser o rei do
inferno ou o rei do céu. Depende de como ele será
criado e depende dele. Já imaginou ele em mãos
erradas? Ou até mesmo nas certas? Ninguém pode
saber disso. Ele é parte lobo, tem os dons do
vampiro e também os dons da família da Mia, que
até agora não consegui descobrir quais são todos. Já
imaginou o poder dessa criança? Já imaginou ela na
mão de uma pessoa como a Amber?

— Nossa!

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— É, e esqueci de lhe contar a parte mais


importante.

— É qual é?

— Se matarem ele, eu e a Mia morremos


juntos. Se me matarem, ele e a Mia morrem
também. E também acontece se matarem a Mia.

— Puta merda!

— Interligados para sempre — disse, por


fim.

— Por isso você ficou mais tranquilo depois


que voltou da viagem. Ela não pode estar morta.
Mia está viva e o bebê também.

— É, pelo menos isso, mas eu não entendo


como eles estão mantendo Mia presa. Ela me falou
que aprendeu a usar aquela magia, então pelo
menos conseguiria mandar algum sinal que nos
fizesse ir até ela.

— Meu sangue ferve cada vez que penso


que ela pode estar passando fome, ou com medo,
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ou...

Ouvi-la falar essas possibilidades me fez ter


outros pensamentos. Ela passar por isso seria fácil,
agora passar por tortura, que sei que a Amber faz
esse tipo de coisa... Isso me fez ficar com raiva,
mais raiva ainda. Preciso ir até ela. Mas onde eu
não procurei? Corri cada canto dessa droga de
lugar. A maldita bruxa não conseguiu rastreá-la.
Quem poderia fazer um feitiço tão forte a ponto de
a bruxa horrenda que procurei não conseguir achar?
Pense, Aaron, pense! Estou deixando escapar algo.
Andei de um lado para outro tentando achar a
resposta que há um mês procuro. Parei de repente e
Crystal me olhou assustada. Senti minhas garras e
presas saindo e gritei. Porra, como não me lembrei
disso antes?

— Ligue agora para o Liam.

Crystal, assustada, pegou o celular e ligou


para o Liam.

— Sei quem está com ela — falei, pois


estava no viva-voz.

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— Acho que acabei pensando na mesma


coisa. As pessoas parecem morrer e reaparecer
tantas vezes, por que ela não? Amber só confiaria e
recorreria a uma pessoa.

— Celeste.

— Exato.

— Quem diabos é Celeste?

— É uma diaba mesmo, uma bruxa


poderosa que fazia alguns favores aos vampiros,
principalmente para a Amber, mas ela morreu
alguns anos atrás — falei dando de ombros.

— Corrigindo. Você a esquartejou.

— Morreu, não morreu? Então tanto faz.

— Você não matou direito, Aaron, senão


ela não estaria com a Mia.

— Venha pra casa agora, Liam. Temos que


nos preparar para uma caça às bruxas.

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— Em 30 minutos estou aí.

Ele desligou.

— Você não acha que será um pouco difícil


achá-la?

— Vou atrás de algumas pessoas


importantes pra ela, que também são bruxas e vão
pagar o preço se ela não aparecer.

— Mas eles podem ser inocentes, Aaron.


Você não pode fazer isso. A família vai sofrer por
um erro de apenas uma pessoa?

— Estamos em uma guerra, Crystal.


Declarei guerra a todos, avisando que morreriam
todos aqueles que soubessem de algo sobre a Mia e
não me contassem. Sempre descubro tudo. Sinto
muito te informar, mas o Liam também não vai se
importar muito com isso. Nós queremos algo, nos
deem e vivem. Se negarem, morrem. Somos
simples assim, e todo o mundo sobrenatural sabe
disso. Vou torturar cada ser que eu desconfiar que
esconde algo de mim, e não entre no meu caminho
que eu tranco você e não saberá como será o seu
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sobrinho.

— É sobrinha.

— É um menino!

— É uma menina!

— Não vou discutir com você. Agora se


apresse ou não vai junto. E tente se lembrar de tudo
que Liam lhe ensinou e não morra. Preciso achar
Mia e não posso consolar meu irmão.

— Sei que você vai sentir minha falta se eu


morrer — ela disse sorrindo.

— Até parece — falei segurando o riso e


saindo de perto.

— Tá bom, Aaron, tá bom. Agora vamos


logo que preciso tirar minha irmã e minha sobrinha
do inferno.

Revirei os olhos e fui para o meu quarto


trocar de roupa, dessa vez me sentindo melhor com
a conversa que tive com a Crystal e com a
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possibilidade de achar a Mia, de achar a minha


família...

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Logo Liam chegou. Eu e Crystal estávamos


prontos apenas o aguardando, então entramos no
carro e partimos em direção à casa da família de
bruxas, a família da Celeste. Estou no banco de trás
do carro e já estamos viajando há uma hora, que
parece ser no mínimo cinco horas com a Crystal
falando sem parar.
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— Liam, é sério, mande ela calar a boca ou


vou matar ela. Céus, como é que você aguenta?

Liam riu e a Crystal rangeu o maxilar pra


mim, com seus olhos ficando vermelhos.

— Não adianta fazer essa cara pra mim,


cunhadinha. É só ficar em silêncio que fica tudo
bem.

— Como é que a Mia foi gostar de você,


hein? Quanto mau humor! — ela disse jogando os
braços.

— Você fala assim porque nunca transou


comigo — falei zombeteiro.

— Graças a Deus, escolhi o irmão certo.

Acabei soltando um riso. Era divertido


irritá-la e me distraía um pouco. Liam também ria e
segurou a mão dela, fazendo carinho. É tanta
coincidência eu e meu irmão sentirmos algo por
duas melhores amigas.

— Crystal... — chamei-a depois de um


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tempo.

— Que foi, Aaron?! Eu já fiquei quieta! —


ela disse achando que eu ia brigar com ela.

Respirei fundo para falar o que queria. Isso


não é muito comum para mim, mas eu preciso dizer
isso.

— Não. É que... Só queria agradecer por ser


tão amiga da Mia. Ela tem sorte em ter você do
lado dela.

Ela me olhou surpresa. Até o Liam me


olhou assim. É que neste um mês fiquei muito
tempo na companhia dela, escutando histórias que
elas viveram juntas, e um acabou ajudando o outro
a passar pela falta da Mia, enquanto o Liam
cuidava de tudo na empresa.

— Eu é que tenho sorte em tê-la e sempre


farei de tudo para vê-la feliz, tudo.

— Como se sente? Por ter se tornado uma


vampira?

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— Liam ia me transformar uma hora ou


outra. Só adiantou o processo. E também foi mais
dolorido — ela disse dando de ombros e fazendo
careta.

— E mais arriscado — Liam lembrou. —


Eu tinha dado sangue a você fazia horas. Você
podia ter morrido de verdade.

— Mas, para sorte de vocês, não morri. E


estou bem com isso. Quase. Esse lance de ficar
isolada por um tempo tem me irritado.

— É só até você se descobrir e realmente


aceitar o que aconteceu com você, ter controle
total. Logo sua vida ficará normal novamente —
Liam falou.

Estamos quase chegando a casa, e já posso


ver a pequena cidade daqui com casas bem
afastadas umas das outras. Elas não têm nenhuma
chance contra nós.

— Crystal, estive pensando... — Liam


começou e eu já sabia o que ele ia falar — e tenho
uma missão pra você, mas não tenho certeza se
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pode cumprir.

Eu segurei o riso com a empolgação dela.

— Pode falar. Eu consigo — ela disse


ansiosa.

Preciso ver a reação dela quando ele disser


a tal missão que tem pra ela. Ela vai pirar.

Ele estacionou o carro quase na entrada da


cidade. Era uma estrada vazia e dos lados tinha
apenas mato. Um grande pasto, pois era mais uma
área rural do que urbana.

— Preciso que fique no carro nos


esperando.

— O QUÊ? Não! — ela gritou revoltada.

— Sim.

— Não! Por quê? Eu quero ir... Liam... —


ela falou em tom de súplica e resolvi descer do
carro.

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Por mais que seja prazeroso vê-la suplicar


algo a ele, sei que era algo para ser discutido entre
“casal”. Mas isso não quer dizer que eu não fiquei
escutando a conversa um pouco mais afastado. Até
parece que eu ia perder isso.

— As bruxas que estão ali são poderosas.


Eu e o Aaron conseguimos lidar com elas, mas
você não. E eu não vou conseguir fazer o que vim
fazer se ficar me preocupando com você.

— Mas, Liam... quero muito ir, preciso


saber da minha amiga, por favor. Deixe-me ajudar.

— Vamos fazer assim... Eu e o Aaron


vamos. Quando tudo estiver sob controle, eu ligo
para você, e você vai até nós. Ok?

— E como eu vou saber onde vocês estão?

— Você vai sentir? Lembra, eu já lhe


ensinei. Você vai focar em nos encontrar, com o
olfato e a audição. Agora fique aqui no carro, jogue
joguinho no celular, escute música, faça o que
quiser, mas apenas fique aqui e não saia daqui,
entendeu?
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— Entendi.

Seu tom era decepcionado.

— Então o que você vai fazer?

Liam parece um pai falando. Tive que rir.

— Vou matar o Aaron por estar escutando


nossa conversa e rindo de mim.

— Eu? Não estou escutando nada. Estou


rindo de algo que lembrei aqui — falei para
provocá-la.

— Ah, tá. Até porque, se você não estivesse


prestando atenção no que eu falo, você não teria me
escutado agora, então feche a boca, caramba. E
Liam, eu entendi, ok? Vou ficar aqui no carro até
você me ligar ou voltar. Não sou criança, então não
me trate feito uma.

— Me desculpe, amor. Eu te amo, ok?


Volto logo.

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— Te espero.

Liam deu um beijo rápido nela e saiu do


carro. Comecei a caminhar e logo ele me
acompanhou.

— Você acha que vamos ter desafios aqui?

— Trouxe algo para nos ajudar.

Notei uma mochila em suas costas.

— O que tem aí?

— Alguns objetos de tortura, armas...


Coloque na sua roupa, elas não vão achar que
estamos armados, caso consigam tirar nossa força,
o que é quase impossível. É sempre bom nos
prevenir quando o assunto são bruxas.

Olhei satisfeito para o Liam.

— Está querendo matar a saudade das suas


trevas?

— Não. Eu não sinto saudade. Estou


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satisfeito do jeito que minha vida é hoje, tenho tudo


que sempre quis: dinheiro, fama, status, nossa
empresa, uma companheira legal. Não tenho
porque ser daquele jeito de novo. Mas essas
malditas se meteram com a minha família. Eu amo
a Mia e meu sobrinho, ou sobrinha, tanto faz. E
ninguém mexe com a minha família e sai ileso.
Elas não têm noção do que as aguardam.

— Depois que eu descobri que, se algo


acontecer com eles, como a morte, eu morro
também, fiquei mais confiante. Eu não sobreviveria
sem eles, Liam. Mas o que me preocupa é que, se
tudo isso for verdade, não vou poder transformar a
Mia, e ela vai ficar velha e morrer, assim como
meu filho, e novamente eu vou estar sozinho.
Sendo morte natural, não saio afetado nisso, apenas
eles. E não sei mais viver sem eles.

— Seu filho pode ser a cura para o


vampirismo. Não considera usar dele pelo menos
para você viver uma vida normal com eles?

— Eu? Humano? Nem pensar. Tenho


milhares de inimigos por aí e seria ridículo
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considerar a ideia de me tornar um humano. Fazer


isso seria assinar uma sentença de morte para mim
e minha família, e isso inclui você e Crystal.

Ele me olhou em dúvida, como se estivesse


pensando sobre o que falei. Sei que provavelmente
ele não pensa como eu, mas já chegamos a casa e
então cortei o assunto. Bati à porta e uma garota
jovem, parecendo ter cerca de 20 anos e muito
parecida com Celeste, a abriu. Ela provavelmente
não sabe quem sou. Ela só não pode me tocar, pois
vai sentir que há algo errado.

— Oi, boa tarde. Meu carro quebrou na


estrada e acabou a bateria do meu celular. Você
poderia me emprestar o seu celular ou então me
indicar um mecânico na cidade? — falei olhando
diretamente em seus olhos.

Dei um sorriso de canto jogando charme,


ato que, como sempre, funcionou. Ela ficou
vermelha e sem graça e seu coração estava
disparado. Coitada, mal sabe o que está prestes a
acontecer.

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— É claro, entre. Pode esperar aqui na sala


que vou procurar o número do mecânico que
conheço e pegar meu celular — ela falou me dando
passagem para entrar.

Entrei na sala e senti mais duas pessoas na


casa. A sala era repleta de porta-retratos, um deles
com a foto da Celeste e de sua irmã gêmea, que
com certeza está aqui na casa. Ela já deve ser seus
60 anos, e a jovem que abriu a porta para mim deve
ser sua neta, portanto a outra mulher que sinto aqui
na casa deve ser sua mãe, filha da irmã gêmea da
Celeste. Josephina... A menina voltou pedindo
desculpas, pois não achou o telefone do mecânico e
saiu chamando pela mãe e pela avó. Ah, como tudo
é previsível! As três mulheres chegaram à sala e eu
estava sentado as esperando e observando. A filha
de Josephina me olhou, mas ela também não deve
me conhecer. Josephina está vasculhando sua
agenda e resmungando que não está enxergando.

— Quanto tempo, Josephina — falei me


levantando.

Imediatamente ela levantou o olhar.


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— Alfa.

Os olhares estão postos em mim. Elas


levantaram as mãos e eu fiz que não com a cabeça.

— Quero fazer do jeito fácil e sem


machucar ninguém. Cooperem, por favor. Vocês
sabem que é inútil lutar contra mim.

— Nós estamos em três e você está


sozinho! — a filha de Josephina ameaçou.

— Eu nunca ando sozinho.

Liam entrou na casa e foi até engraçado ver.


Não foi nada ameaçador, mas elas recuaram.

— Josephina, não preciso apresentá-lo,


preciso?

— Não. Ele é seu irmão. Sei quem ele é.

— Então eu não preciso dizer que aqui na


frente de vocês estão os dois seres sobrenaturais
mais antigos e temidos há muitos séculos, certo?
Vocês deveriam se sentir honradas de virmos até
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vocês pessoalmente.

— O que você quer, Aaron? Posso me


sentar? — Josephina resmungou.

— Claro, sinta-se em casa. Estou gostando


de ver, Josephina, parece que os anos lhe ensinaram
a ter bom senso.

— Sarcástico como sempre. Mas então, o


que quer comigo?

— Não é exatamente com você. Celeste


voltou.

— Impossível! Você a matou, seu maldito,


VOCÊ A MATOU! É impossível ela ter voltado.

— Sugiro que fale em um tom mais baixo,


Josephina. Paciência nunca foi meu forte,
principalmente com pessoas como vocês. Amber,
aquela vampira vadia levou algo de mim e eu quero
de volta, mas estão encobrindo com um feitiço
muito poderoso. Conheço apenas uma pessoa
poderosa o suficiente e que também faria algo para
a Amber, e esse alguém é a Celeste.
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— Me poupe, Aaron. Os boatos rolam por


aí, e sabemos do bebê e que a maldição foi ativada.
Se Celeste voltou, ela não entrou em contato com a
gente e não podemos ajudar. Agora vá embora
daqui.

Meu sangue ferveu pela forma rude de ela


falar. Ela não entendeu que não estou pedindo,
estou exigindo. Minha raiva começou a aparecer.
Deixei de ser bonzinho e parti para a hostilidade.
Sabia que, afinal de contas, a conversa não surtiria
efeito algum. Bom, pelo menos tentei. Mia ficaria
orgulhosa por ao menos eu ter tentado, eu acho.
Peguei a jovem e a mordi, mas a mordi para
realmente feri-la, deixando-a agonizar no chão,
quase morta.

— Ela tem exatamente 2 minutos de vida.


Vão fazer o que quero? Posso curá-la ou posso
deixá-la morrer. — Elas me olhavam apavoradas.
— Tic-tac, tic-tac. Vamos logo, o tempo está
passando, decidam-se. Não tenho o dia inteiro e ela
muito menos, mas já aviso que isso é apenas o
começo.

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Elas olharam para a moça no chão e se


entreolharam.

— Já estou ouvindo o coração dela falhar,


tão fraquinho — cantarolei.

— Droga! Maldito! Cure-a. Vou encontrar


um modo de achar a Celeste.

Dei meu sangue para a jovem e ela


adormeceu, logo o ferimento foi se curando e
ficando apenas o sangue em seu pescoço. Deitei-a
ao meu lado.

— Ela ficará comigo, bem do meu lado e do


Liam, até vocês me entregarem o que quero.
Encontre a Celeste ou a Amber, minha noiva,
qualquer uma delas, enquanto isso, a cada hora que
passar, farei essa menina sofrer e como motivação
vocês ficarão escutando os gritos agoniados dela. E
a culpa vai ser só de vocês, por serem tão
incompetentes e lerdas. E quando minha paciência
acabar, vou transformá-la em vampira para
desgraçar o nome de vocês e sua linhagem de
bruxas malditas acabará aqui, bem nesta pequena

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garota.

Suas expressões eram totalmente


assustadas. A mãe da moça respirou fundo e vi
lágrimas correndo por seu rosto.

— Seu filho teria mais sorte se morresse


junto com a mãe. Você não merece ser pai. Essa
devia ser sua maldição: ter o sangue das únicas
pessoas que amou em suas mãos e viver a
eternidade com essa culpa.

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Após ouvir o que aquela maldita bruxa


falou, quis matá-la. Ah, como quis... Mas resolvi
usar uma das coisas que tenho de melhor...

— Acho que estou sendo um pai melhor do


que você está sendo uma mãe. Estou indo atrás da
minha mulher e do meu filho e não estou medindo
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esforços para isso. Já você está perdendo seu tempo


me provocando enquanto EU tenho a vida da SUA
filha em minhas mãos. Tão frágil, tão nova, e para
mim é tão fácil acabar com uma vida — falei
passando a mão no rosto da pequena mulher
desacordada.

— Por favor, não faça nada. Nós vamos


achar a Celeste — ela falou suplicante e eu assenti.

As duas começaram a falar na língua das


bruxas e seus olhos ficaram brancos. Aproximei-me
da menina desacordada só por garantia, caso isso
fosse uma armadilha. Não posso morrer, mas ela
pode e não vou hesitar em acabar com ela como
punição. Vou acabar com todas elas. Josephina me
olhou assustada após sair do transe em que estava.

— O que você viu? — perguntei me


aproximando dela.

Ela tremia e ficou em silêncio.

— O que diabos você viu? — gritei irritado


por ela não dizer nada.

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Minha cabeça estava a ponto de explodir.


Eu queria respostas e ela não falava nada! Tudo de
pior passou pela minha mente. E eu queria poder
arrancar essa visão do cérebro dela.

— Josephina, vou perguntar uma última


vez. O QUE VOCÊ VIU? — falei tentando me
controlar.

— A maldição — ela começou assustada.


— É o fim do mundo. Isso não pode acontecer. Não
pode acontecer.

— Do que está falando? — Liam perguntou


nervoso.

Nossa! Só agora? Eu a ponto de explodir e a


florzinha agora que está ficando nervosa?

— Não é um bebê. São dois. Mia


Blackwell, é ela, não é? A prometida herdeira da
maldição?

— Sim, é ela.

— Elas bloquearam a minha mente, Aaron.


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Celeste... Ela está... Ela está... Ela está...

Josephine falou colocando a mão na cabeça


enquanto seus olhos sangravam e ela ia se a
joelhando no chão. A filha estava no mesmo
estado, gritando de dor. Malditas bruxas!

— Ela está o que, Josephina? Fale! Fale,


droga! Prometo deixar sua neta viver. Só quero
minha família de volta.

Ela estava fraca e já caída ao chão. Não


gritava mais. Estava fraca demais para isso. Segurei
sua cabeça e ia dar meu sangue a ela, mas ele
recusou.

— Ela me bloqueou. Mia está mal, mas a


Celeste quer ter poder e acha que seus filhos darão
isso a ela.

— O que eu faço? — perguntei sem saber o


que fazer, por onde começar.

Tecnicamente estou pedindo ajuda e


conselho a ela, mas que se dane!

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— Sua mente... use sua mente. Mia está em


sono profundo, como em um coma, presa em um
lugar onde o tempo passa mais rápido. Você tem
que os encontrar antes dos bebês nascerem, Aaron.
Você tem que os encontrar. Você tem pouco tempo.

— Obrigado, Josephina.

— Quando os encontrar, apenas desapareça


no mundo. As sombras sempre estarão atrás deles.
Eles são mais poderosos do que tudo que já vi e
ouvi falar em toda a minha vida.

Ela sussurrou tão baixo! Seus olhos foram


se fechando e fiquei com pena.

— Você tem algum pedido a fazer?

— Nos enterre juntas no cemitério da


cidade. Deixe as bruxas saberem do que houve.
Seus filhos não podem morrer, pois, assim que
nascerem, serão o equilíbrio de todo o mundo
sobrenatural. Mas não podem ser pegos.
Desapareça no mundo, Aaron. Desapareça.

— Prometo a você que terá um enterro


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digno e que, assim que eu encontrar minha família,


vamos simplesmente desaparecer. Eu prometo.

Ela deu um leve sorriso indicando sua


tranquilidade e se foi. Eu a coloquei no chão e
peguei lençóis para cobri-las.

— É, não seriam meus sobrinhos se não


chegassem causando neste mundo.

Olhei para ele nervoso.

— Não é hora para piada, Liam — rosnei.

— Me desculpe.

— Hipnotize alguém para espalhar a notícia


por aí e alguma bruxa vir aqui. E acalme sua
namorada, porque não estou a fim de conversar
agora — falei, pois senti o cheiro da Crystal
chegando em 3, 2, 1...

— Meu Deus, o que foi que houve aqui?!

Ela chegou e já foi olhando para os dois


corpos no chão cobertos por lençóis. E foi em
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direção à menina que ainda estava desmaiada.

— Amor, venha comigo. Deixe-o sozinho.

Ela me olhou com um misto de preocupação


e incerteza. Virei o rosto e me sentei no sofá.
Apoiei meus cotovelos nos joelhos e puxei meu
cabelo, frustrado novamente. Tudo que sinto
ultimamente é que me tornei um ser totalmente
frustrado. Ela pediu para que eu usasse minha
mente. Como? É tão ridículo! Eu não tenho poder
de “telepatia”. Espera, pode ser que Mia tenha. Mas
ela está em coma, desacordada, como conseguiria
falar comigo? Fechei meus olhos e pensei nela.
Josephina disse que ela está presa e que a Celeste
faz o tempo passar mais rápido. Será que já tem
barriga? E dois bebês? Gêmeos? Nossa. Eu nem
tive tempo de sentir alegria por isso. Não sinto nada
de bom sem ela por perto. Minha mente começou a
projetar momentos que passamos juntos. Quando a
vi pela primeira vez na entrevista, quando dei para
ela o colar com “nossos corações”, quando fiquei
com medo de perdê-la por meus erros e disse meu
primeiro “eu te amo”... Ela aprendeu a ser forte e
cada vez me encantei mais com ela. Imaginei-a
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com barriga de grávida, coisa que nunca pensei em


imaginar. Tão linda.

— Aaron.

Abri os olhos e não vi ninguém, mas


era a voz dela.

— Amor, venha me buscar — ela


sussurrou.

Sua voz não passava de um sussurro em


meu ouvido, triste e amedrontado.

— Mia, onde você está? Estou feito louco


atrás de você — disse olhando para os lados na
esperança de vê-la, mas só consigo ouvi-la.

— Não sei, mas dói muito, Aaron. Por


favor, me encontre. Não estou aguentando mais.

— Por que está falando comigo só agora?

— Porque agora você abriu novamente sua


mente e seu coração para mim. Aaron, eles querem
nossos bebês. Eles querem levar meus bebês de
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mim...

Sua voz era entrecortada. Ela estava


chorando...

— Do que se lembra? Qualquer coisa, meu


anjo. Me diga — disse tentando controlar o
desespero em minha voz, mas falhando
miseravelmente.

— Acho que talvez esteja em uma casa.


Seja o que for é de luxo e escuto barulho de mar. É
tudo que escuto. O mar... Estou com fome, muita
fome...

Chorei, após centenas de anos sem fazer


isso, eu chorei. Após tantas coisas, perdi meu
controle.

— Vou achar você. Eu prometo — eu disse,


mas já não a sentia comigo. — Mia? Mia? MIA! —
gritei quebrando a mesa e senti um corpo me
apoiar, amparando-me. — Liam, ela está mal, está
muito mal — falei me sentindo impotente.

Eu a quero de volta! Ajoelhei-me no chão,


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derrotado. Não sou nada sem ela.

— Do que está falando?

— Mia. Eu consegui falar com ela, ou


melhor, ela falou comigo. Ela está com medo e
assustada. Implorou para eu ir buscá-la, pois sente
muita dor e eu, filho da puta como sou, não consigo
achá-la. Ela está com fome, Liam. Com FOME! Eu
preciso encontrá-la ou vou me perder outra vez.

— Estou aqui com você, e não vou deixá-lo


se perder. Nós vamos encontrá-la, eu prometo.

Ele estava ajoelhado na minha frente e vi


Crystal fazendo o mesmo gesto ao meu lado.

— Nós vamos achar ela. Eu também não


vou deixá-lo se perder, pois eu preciso que você
use toda a sua raiva e ao mesmo tempo toda sua
conexão com ela e pense. Lembre-se de tudo que
você sabe sobre essa vadia da Amber e sobre a
Celeste.

Crystal se tornou ainda mais forte e


decidida depois que se tornou vampira e me
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orgulho por ela. Comecei a me lembrar de tudo que


sei sobre a Amber e a Celeste. E não me lembrei de
nada que possa me ajudar a encontrar algo que me
leve até ela...

— Mia falou algo sobre ela ouvir barulho


de mar e, pelo pouco que viu, parece que está em
um lugar de luxo. Talvez uma casa. Sabe de algo?

Liam se levantou e foi até a porta se


apoiando nela e baixando a cabeça. Ele sabe de
algo, aposto.

— Quando eu tive algo com a Celeste, fiz


um projeto para ela de uma casa à beira mar na Ilha
de Anna Maria. Ela tinha uma pequena cabana no
local e, antes de você matá-la, lembro que tinham
começado a obra.

Ele disse sem olhar para a Crystal, que se


manifestou no mesmo segundo em que ele parou de
falar.

— Ah, Aaron! Você matou uma ex do


Liam? Agora você passou a ser meu cunhado
preferido, mas, por favor, mate ela direito desta
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vez.

— Sou seu preferido porque sou o único,


não é mesmo? — acabei soltando um pequeno
sorriso. — E pode deixar que desta vez faço um
pacto com o capeta para selar a jaula dela com mil
chaves e deixá-las comigo.

— Que horror!

Ela falou se afastando. Odeia que fale em


demônios ou coisa parecida. Bruxas apareceram e
perguntaram o que houve. Liam explicou e duas
delas vieram falar a sós comigo.

— Nossos mundos são diferentes, mas há


muito tempo há paz entre nós. Ofereço minha ajuda
para acabar de vez com a Celeste.

Olhei para elas. As duas deviam ter cerca de


40 anos e exalavam poder. Podia sentir que elas a
odiavam tanto quanto eu. Considerei a ideia.

— E o que querem em troca? — perguntei.

— Queremos você como aliado.


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— Só isso?

— Existe um local para onde pode ir e criar


seus filhos com mais segurança, um local protegido
por nós.

— Por que eu confiaria em vocês?

— Seus filhos podem trazer a destruição da


humanidade. Eduque-os como um pai normal e não
como o monstro que é. Queremos viver e, se for
preciso, criaremos seus filhos isolados até terem
suas mentes feitas e os poderes controlados.

Respirei fundo, ignorando meu lado egoísta


e psicopata que me dizia o tempo todo para parar
de perder tempo com bruxas inúteis e matá-las, e
tentando ouvir e fazer o que eu acho que a Mia
faria, ou ao menos me aconselharia a fazer.

— Onde fica esse lugar?

A mulher falava segura e deixei-me levar


ouvindo-as, e todas as dúvidas que tinha em mente
eu tirei com elas. As bruxas do local querem vingar
a morte de Josephina e sua filha. Elas farão um
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enterro digno e cuidarão da menina. Mais tarde,


todo o clã se reunirá para derrubar a barreira que
impede Mia de acordar, fazendo Celeste
enfraquecer, e o resto será conosco. Tenho certeza
que por lá haverá um exército de vampiros e bruxos
aguardando por uma guerra quando chegarmos. Dei
poder às cobras e agora terei que aguentar. Mas
nada irá me impedir de achá-la. Em menos de cinco
horas ela vai estar comigo. Custe o que custar...

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Estávamos chegando à Ilha de Anna Maria.


Era noite e isso facilitaria muito para nós. Só quero
levá-la para casa. Só isso. Ainda escuto sua voz
magoada e abatida reclamando de dor e fome. Ela
está fraca e precisa de alguém para cuidar dela.

— Crystal, você realmente entendeu o que


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tem que fazer? — perguntei mais uma vez, apenas


para ter certeza.

— Aaron, você está repetindo o plano há


três horas na minha cabeça. Acredita mesmo que
não sei o que tenho que fazer? — ela falou nervosa.

Eu bufei.

— Então apenas fale o plano.

Ela soltou um suspiro.

— Nós vamos entrar na casa, vocês vão


distrair e matar todo mundo enquanto eu acho a
Mia e tiro ela de lá.

— Como você vai tirar ela de lá?

— Vou carregar ela até o barco e sair da


ilha com ela.

— Crystal, se alguém vier atrás de você,


não hesite em matar. Eles não vão hesitar em matar
você.

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— Eu sei. Eu sei. Eu vou tirar a Mia em


segurança daqui e vou achar um lugar bom e
apropriado pra ela ficar. Aaron, eu a amo e faço
qualquer coisa por ela. Tem que confiar em mim.

— Eu sei, Crystal. Eu confio.

Chegamos à ilha e descemos em terra firme.


Corremos os três o mais rápido que pudemos até
bem próximo a casa. Como pensamos, está rodeada
por vampiros. Traidores! Contei pelo menos uns 30
de um lado da casa. Vai ser fácil!

— Daqui a no máximo 2 minutos eles vão


estar todos caídos no chão. Está vendo aquela
janela ali? — apontei para uma janela no segundo
andar da casa. — Você vai pegar impulso e vai
pular até ela.

— Eu consigo isso? — ela perguntou


surpresa.

— Sim, consegue. Você vai correr quando


ouvir meu comando e eu vou te empurrar pra cima.
Em silêncio, você vai procurar a Mia na casa. Mate
todos que encontrar na sua frente, sem dó, sem
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piedade. Lembre-se que eles maltrataram a Mia.


Ela está com dor e com fome, e eles fizeram isso
com ela. Eles não merecem viver, não merecem
uma segunda chance.

Ela não quer matar, mas é preciso. Então


tenho que usar a única coisa que a afeta e a motiva:
a dor da Mia.

— Está com as adagas? — Liam perguntou.

Ela mostrou em sua perna seis adagas


presas; três em cada perna. Um elemento surpresa,
e ela é boa de pontaria. Há também duas armas em
sua cintura.

— Não espere por nós em hipótese alguma.


Vá embora com a Mia na primeira oportunidade
que tiver e, se tiver problemas, grite.

— Tudo bem.

Eu e Liam saímos rapidamente e fomos em


direção aos vampiros que vieram ao nosso encontro
assim que sentiram nossa presença. Eu me
transformei pela metade e Liam começou a lutar ao
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meu lado. Apareceram mais vampiros. Faltam


poucos agora. Uma dor alucinante surgiu em minha
cabeça me fazendo voltar ao normal e me ajoelhar
no chão. Liam também estava sentindo e comecei a
escutar a voz de uma mulher, uma bruxa. Os
vampiros nos seguravam. Eu não conseguia reagir e
de repente uma adaga entrou no meio da testa da
maldita bruxa, matando-a e fazendo a minha dor ir
embora. Matei os últimos vampiros que ali estavam
e olhei para Crystal, que corria em nossa direção.
Eu me posicionei e foi o tempo de sentir seu pé nas
minhas mãos buscando o impulso para subir. Eu a
joguei para o alto e logo a vi na sacada da janela.
Ela acenou com a cabeça e entrou na casa.

— Juro que vou pedi-la em casamento


assim que sairmos disso. Ela é perfeita pra mim! —
Liam falou e eu sorri.

— Ela é incrível! Agora vamos acabar logo


com isso. Preciso encontrar minha família...

Fomos para a frente da casa. Precisamos


atrair o máximo de atenção para nós enquanto a
Crystal tenta encontrar a Mia. Em um piscar de
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olhos, vários vampiros nos rodearam. Reconheço


vários e também sinto o poder de várias bruxas
aqui.

— Ora, ora, ora, se eu soubesse que criaria


vocês para morrerem por minhas próprias mãos,
teria sugado até a última gota de sangue de vocês,
seus traidores malditos!

Eu estava com ódio deles. Já estava meio


transformado e minha visão estava toda vermelha.
Quero matar cada um deles. Quero o sangue deles
banhando cada parte deste lugar. Vou destruir cada
pedacinho de cada um deles aqui, mas
principalmente da puta da Amber, que resolveu
aparecer.

— Está em desvantagem Alfa. Ops, ex-


Alfa, né, porque não se pode ser Alfa se você não
tem mais seguidores. Nem os lobisomens querem
mais segui-lo. Você está sozinho. Renda-se.

Eu gargalhei. Olhei ao redor e eu e o Liam


estávamos no centro de um círculo de vampiros,
por volta de uns cem, eu diria. É, são muitos,

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muitos mesmo.

— Me render? Eu vou é dar uma chance a


vocês. E só uma pequena observação: essa chance
não serve para você e nem para a Celeste, mas
serve para as outras bruxas e para todos os
vampiros que estão aqui.

Falei alto e olhando para todos eles.

— Opção um: vocês podem ir embora agora


e viver a vida de vocês em paz. Opção dois: vocês
podem se juntar a mim e lutar ao meu lado contra
elas, me tendo como um futuro aliado. Opção três:
vocês podem continuar do jeito que estão. INDO
EM DIREÇÃO À MORTE CERTA. Porra, sou o
ser mais forte, cruel e perverso que já existiu no
mundo e tudo isso faz parte de mim! Nunca irei
embora. Lutarei contra milhares de vocês se for
preciso, mas eu não vou embora daqui sem lutar.

— Por diversas vezes tentei despertar seu


lado ruim de novo para voltar pra nós, mas você
nos negou e preferiu ficar do lado daquela maldita
pirralha que carrega duas aberrações que nem

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sabemos do que são capazes.

— Fale assim mais uma vez dos meus filhos


e da minha mulher que acabo com você mais rápido
do que eu gostaria. Queria despertar meu lado ruim
novamente? Conseguiu! Mas não vai ser nem um
pouco bom pra você.

— Acredito que, como ninguém saiu daqui,


é porque todos estão do meu lado. Todos sabemos
da maldição e eles querem ficar do lado de quem
tem o poder. Seus filhos são a chave de poder e
você nunca os terá. Peguem eles, AGORA!

Ela deu o comando e todos os vampiros


vieram para cima de nós. Amber já sumiu e eu
temo o pior em relação à Crystal. Eram muitos
vampiros, e as bruxas também estavam acabando
com a gente. Sinto dor, sinto poder, sinto raiva,
sinto fúria, sinto ódio. E tudo piorou quando eu vi
três vampiros em cima do Liam prontos para
arrancar sua cabeça. Corri o mais rápido que pude e
desmembrei os três de uma vez. Dois continuaram
vivos, pois eu só tinha arrancado seus braços, e do
outro, a cabeça. Mas Liam, já livre, terminou o
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serviço. Tive alguns segundos para observar o local


e me lembrei das guerras de que participei por puro
prazer, apenas para matar, matar e matar. Era um
verdadeiro cenário de filme de terror, com diversos
corpos no chão desfigurados e ensanguentados.
Senti o cheiro de Katie e John, olhei para o lado e
eles começaram a lutar contra os vampiros.

— Estamos aqui para ajudar. Tire a Mia


daqui. Rápido. Ela vai morrer...

Katie falou e eu deixei que lutassem. Olhei


para eles e percebi que Zack também estava
lutando a nosso favor. Liam me olhou e de repente
senti ao menos 10 vampiros vindo para cima de
mim. Caí no chão e senti meus ossos doerem com
os chutes e murros que estava levando. Deixei que
o monstro saísse totalmente, soltando um grito
aterrorizante que fez com que eles se contorcessem
ao escutar. Nunca se deve lutar contra um Alfa, e
eu os fiz se lembrarem disso. Arranquei a cabeça de
cada um. Faltavam poucos quando escutei Liam
falar:

— Vá atrás delas. Cuidamos daqui.


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Corri para dentro da casa ansioso para achar Amber


e Celeste e acabar com as duas. Subi as escadas e,
ao virar um corredor, vi Mia e Crystal vindo
devagar. Mia estava com o rosto magro e com
marcas roxas pelo corpo. Estava apenas com uma
camisola e eu podia ver como ela estava magra,
apesar de a barriga estar imensa.

— Aaron — ela sussurrou ao me ver.

Seu cabelo estava solto e seus olhos tinham


olheiras profundas. Ela estava mal.

— Não posso carregá-la. Ela está com


hematomas demais no corpo e tudo nela dói.

Crystal falou e, antes que eu pudesse


responder, ela gritou:

— Atrás de você!

Eu me virei e vi Amber furiosa a me encarar


ao lado da Celeste. No meio de nós havia uma
grade de onde víamos o térreo da casa. Corri até
elas e peguei a Celeste pelo pescoço, jogando-a lá
embaixo. Peguei a Amber pelo pescoço e a encarei
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sufocando-a, mas ela começou a rir. Escutei Mia


tossir e olhei para trás. Ela estava com as mãos no
pescoço cuspindo sangue.

— O que foi que você fez, sua vadia dos


infernos! — gritei tentando a todo custo manter a
calma após entender o que a mulher do capeta tinha
feito.

— Liguei minha vida à da doce e inocente


Mia. Tudo que fizer comigo, também acontecerá
com ela. Porém, eu me curo, ela não.

Meu sangue gelou e eu queria acreditar que


tudo era mentira, mas sabia que tudo era verdade.
Era o pesadelo real que ao longo dos séculos eu
criei para mim.

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Soltei seu pescoço, a virei e segurei seus


pulsos. Ela ria e se sentia vitoriosa. Olhei para Mia.
Queria tanto tirá-la de toda essa bagunça, de toda
essa guerra que sempre me cercou. Ouvi passos
subindo as escadas e era a família dela vindo ao seu
socorro.

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— Meu Deus, filha, o que fizeram com


você?!

Katie chegou falando e Crystal não deixou


ela se aproximar.

— Por favor, eu vim ajudar. Deixe-me


consertar meus erros e prometo que vou embora e
não volto mais. Só quero ajudar.

Katie suplicou e Crystal olhou para mim


incerta do que fazer. Dei permissão e Katie se
aproximou. Vi Mia perdendo os sentidos e
desmaiando. Katie tentou segurar o choro, mas
falhou. Talvez ela sentisse algo real pela filha, algo
sem interesse, sem segundas intenções.

— Me deixe tirá-la daqui? Posso levá-la


para um lugar seguro e cuidar dela — John falou.

— Não. Você e Zack têm outro serviço a


fazer. Katie e Crystal cuidam da Mia.

Katie e Crystal concordaram.

— Segurem-na e não façam nada que


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machuque essa vadia. A vida dela está ligada à da


Mia. Tudo que fizerem com ela, acontecerá com a
Mia.

Os dois a mantiveram presa no lugar. Fui


até a Mia, que estava deitada no chão, fraca,
machucada e quase sem noção do que havia ao seu
redor.

— Mia...

— Aaron?

— É, baby, sou eu... Me desculpe, meu


amor. Me desculpe por tudo.

Falei segurando o rosto dela e ela segurou


minha mão, colocando-a na barriga. Eu estava sujo
de sangue, mas ela pareceu não se importar.

— Sonhei com nós quatro juntos. Foi um


lindo sonho... — ela sussurrou e tossiu.

— Imagino que deve ter sido realmente


perfeito. Vou realizar seu sonho, meu amor. Você
vai se recuperar e nós vamos embora pra sempre.
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— Promete?

Sua voz estava tão fraca. Ela tossiu e vi sua


expressão de dor. Isso quebrou minhas estruturas
em mil pedaços. Queria poder tirar toda a sua dor,
sentir por ela.

— Prometo que você vai estar segura agora.


Crystal vai cuidar de você e Katie também.

— Você confia nela? — ela disse se


referindo a Katie.

— Não, mas ela pode levar você para um


lugar seguro e eu confio na Crystal.

Katie ouvia tudo, pois estava ao meu lado,


mas não se meteu.

— Eu amo vocês. Só vou resolver algumas


coisinhas aqui e logo vou te encontrar. Prometo.

— Tudo bem... Eu te amo, Aaron...

— Vou levá-la para o mesmo local em que


a levei outra vez. Lá, ela ficará segura. Mantenha
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John por perto. Ele o levará até ela quando tudo


acabar.

Katie falou e eu assenti. Levantei-me. Elas


deram as mãos e sumiram da minha vista. Voltei
minha atenção a John e Zack. Eles liberaram
Amber e eu a segurei imediatamente. Descemos as
escadas e Liam já estava prendendo Celeste em
uma corrente obscura. Ela não vai conseguir usar
magia. Coloquei Amber sentada em uma cadeira e
a amarrei com diversas correntes de ferro. Aguardei
um tempo até Celeste acordar novamente e minha
pequena arma-surpresa chegar. Então fiz um
pequeno discurso.

— Celeste, querida, quanto tempo! Sentiu


minha falta?

Ela tentou se levantar e não conseguiu.


Tentou usar magia e não conseguiu. Eu gargalhei.
Estou com um ótimo humor agora.

— O gato comeu sua língua? Ah, não, me


lembrei. Fui eu que a arranquei quando te matei
alguns anos atrás. Olha só, vi que cresceu outra no

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lugar! Vamos arrancá-la de novo e ver se vai


crescer outra mais uma vez? — falei sorrindo
perverso e me aproximei dela.

— Pare! Chega! Não me faça passar por


aquilo de novo, por favor. Eu tiro o feitiço que liga
a vida de Amber à de Mia.

Ri de novo. Liam, que tinha saído para fazer


uma ligação, voltou e me deu a melhor notícia de
todas.

— Sabe o que fizemos ontem o dia inteiro,


Celeste? — Liam falou se aproximando.

— Vocês foram atrás da minha família, eu


sei. Só não contaram que eu não dava a mínima
para elas. Tanto esforço para nada — ela disse
cínica.

— Mas é aí que você se engana — Liam


deu um sorriso do qual senti falta. Seu sorriso
perverso e cheio de vantagens, sempre quilômetros
à frente dos nossos inimigos.

— Eu e Aaron andamos pacíficos


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ultimamente. Sua família não nos recebeu muito


bem, tivemos que fazer um esforço aqui e outro ali,
mas no fim você acabou nos ajudando e seu antigo
clã ainda mais...

Ela nos olhou assustada. Eu continuei a


contar a pequena história que Liam começou.

— Com a morte da sua irmã e sobrinha,


chamamos as bruxas ao redor como prometi a
Josephina. Elas ofereceram sua lealdade a nós em
troca de vingarmos a morte delas. Em troca de nos
terem como aliados.

Era lindo ver os olhares aterrorizados que


Amber e Celeste trocavam. Liam tomou a palavra.

— Então, como prova da nossa eterna


lealdade a elas e delas a nós, resolvemos entregar
você a elas. E elas se ofereceram para tirar o feitiço
de ligação entre Mia e Amber.

Amber começou a se contorcer na cadeira,


enquanto 12 bruxas entraram no lugar falando a
língua das bruxas e fazendo o feitiço para romper a
ligação. O chão passou a tremer e as luzes a piscar.
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Celeste não sabia o que falar ao olhar para Amber,


pois sabia que seria a próxima. Após alguns
minutos, elas pararam. Amber estava desmaiada e a
bruxa chamada Katherina veio até mim.

— Está feito.

Olhei para Celeste, que olhava desesperada


para todo o clã.

— O que vão fazer com ela? — perguntei.

— Algo muito ruim. Ela não vai voltar


mais. Ela será morta e enterrada como a traidora
que é. E os espíritos dos nossos ancestrais irão
cuidar dela do jeito que ela merece.

— Ótimo. Mas apenas por segurança, John,


poderia ir até Mia e ver se ela realmente não vai
sentir o corte que farei na Amber? Apenas por
precaução.

As bruxas ficaram ao meu redor e John


sumiu indo até Mia. Fiz um corte no braço da
Amber, que gritou de dor. Alguns segundos depois,
John voltou.
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— Mia, está bem. Não aconteceu nada.

Sorri perverso.

— Quem quiser ficar para assistir ao


espetáculo fique à vontade — falei com um tom
sarcástico na voz.

Amber levantou a cabeça ainda um pouco


tonta.

— Não, Alfa, por favor — ela suplicou.

— Guarde sua súplica para o capeta, pois é


direto para o inferno que você vai — falei rasgando
o braço dela de uma ponta a outra.

Liam trouxe um espelho e o segurei na


frente dela. Ela é tão vaidosa... Sei o quanto ela
ama aquele cabelo e é por ele que vou começar.
Puxei-o e fui cortando e a deixando careca. Chega
até a ser ridículo, mas sei o quanto isso a fere.
Peguei facas que havia ali e raspei sua sobrancelha.

— Está vendo o jeito que está? Horrível,


não é? Tudo que você tinha era sua beleza — falei
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cortando seu rosto e a fazendo gritar. — Vou deixar


você tão desfigurada que nem o diabo vai querer
você no inferno!

— Pare! Por favor, eu faço qualquer coisa.


Por favor, apenas pare! — ela pediu cuspindo
sangue. Sua voz estava desesperada assim como
sua expressão.

— Tarde demais, Amber.

— Minha vez, Aaron.

Liam soltou o espelho e passou a torturá-la.

— Você quase tirou a Crystal de mim. Você


levou minha cunhada e meus sobrinhos de nós.
Acha mesmo que teria alguma chance de
sobreviver? Você é mais burra do que pensei.

Ele soltou o braço dela das correntes e o


arrancou. John e Zack já não estavam ali e nem as
bruxas. Apenas nós três.

— Chega de brincadeira. Quero ir até ela...


Quero ver a Mia. Você faz as honras de acabar com
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ela, Liam?

Ele sorriu.

— Em 2 segundos.

Ele pegou um machado e decepou as pernas


dela, deixando-a sofrer a dor por alguns outros
segundos e depois cortou a cabeça dela. Deixou-a
ali jogada e passou a mão suja de sangue na parede.

— Acha que ela sofreu o suficiente? — ele


perguntou.

— Nem chegou perto, mas agora já foi...

Saímos e Zack e John nos esperavam do


lado de fora da casa.

— Você não vai ver minha filha desse jeito.

— Você nem é pai dela. Não considero pelo


menos. Então quem manda sou eu.

— Pelo amor! Ela está grávida e sensível.


Vai se aproximar dela nesse estado? Você tem
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sangue em toda parte.

Olhei para a minha roupa. É, realmente está


ruim.

— Quero vê-la logo.

— Eu o levo em segundos para a sua casa,


você toma banho e fica mais apresentável. Quem
sabe até compre umas flores para levar pra ela.

Bufei com a sua piada. Talvez eu compre as


flores, mas não porque ele falou.

Ele e Zack nos levaram rapidamente até


minha casa, eu tomei um banho rápido e peguei
algumas roupas para a Mia.

— Devia pedir para alguém arrumar o


quarto dos bebês.

— Como assim? — perguntei confuso. Mia


está de quantos meses, afinal?

— Gêmeos normalmente nascem antes. E


pelo tamanho da barriga dela, vão nascer logo —
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John falou.

— Mas... Mas... Não! Não podem nascer


logo. Eu preciso achar um lugar pra morar,
precisamos ir embora, aqui eles correm perigo!
Eles não têm nem roupa ainda. E... eu nem sei do
que bebês precisam. Liam!

Eles riram de mim, do meu desespero.

— Não riam de mim! — gritei com


raiva, descontrolado.

— Relaxe, Aaron. E por que você me


chama cada vez que tem um problema desses?

— Porque você sempre quis ser pai, então


deve saber dessas coisas.

Ele riu.

— Vamos lá vê-la e então decidimos todos


juntos o que fazer. Eu e Crystal podemos comprar
tudo que precisam já que a Mia precisa se recuperar
e não pode se esforçar.

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Eu relaxei um pouco... Não o suficiente.


Acho que só ficarei relaxado quando estiver longe
de todos, com Mia a salvo e meus filhos em meus
braços.

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Estou com medo, com fome, com dor. Na


verdade, estou apavorada. Sinto tanta fome que
minha barriga dói. Elas me dão apenas o suficiente
para não morrer, mas meus filhos precisam de
mais. Faz dias que estou com Amber e Celeste.
Aaron ainda não me encontrou. Tento a todo custo
lhe mandar algum sinal, qualquer coisa que indique
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que estou viva, mas ele bloqueia tudo. Sinto seu


ódio e sua raiva, sinto a falta de controle que ele
está sentindo. Estou presa em minha própria mente,
onde minha companhia são meus pensamentos e a
esperança de sair daqui, de criar meus filhos em
paz. Eu os vejo em sonhos, ou projeto em minha
mente. Não sei se é “real” ou apenas uma ilusão. Só
sei que acredito serem eles me passando força para
aguentar. Duas crianças lindas: um menino e uma
menina. Chloe e Ethan. Chloe é bem parecida
comigo. Quanto a Ethan, é o pai em miniatura,
muito parecido com Aaron. São diferentes um do
outro, mas são as crianças mais lindas que já vi em
toda a minha vida. No meu pensamento sempre
estamos em um local calmo, rodeado de árvores e
natureza. As crianças brincam e eu sinto Aaron me
apoiar para deitar em seu colo. Ele diz o quanto
está feliz, que estamos livres e longe de tudo que
pode nos fazer mal. As crianças nos olham e
sorriem enquanto brincam de bola juntas. Esse
sonho tem me mantido viva e com esperança.
Aaron vai me encontrar. Ele tem que me encontrar.
Procuro afastar meu pensamento de Crystal. Minha
melhor amiga, eu a vi morrer e não pude fazer
nada. Chorei por dias e agora quero apenas
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acreditar que isso não aconteceu. Fui obrigada a


parar de chorar e gritar depois de tanto ser
espancada e torturada. Amber me deu uma bela
surra, em lugares estratégicos que fariam doer, mas
não iria afetar as crianças. Após um tempo que
estou com elas, Celeste me colocou presa em minha
própria mente. Sinto e ouço tudo ao meu redor, mas
não consigo falar e muito menos me mover. Ela é
poderosa, muito poderosa. Não sei quanto tempo se
passou, mas consegui falar com Aaron. Espero que
ele não ache que está alucinando. Não consegui
segurar a conversa por muito tempo. Estou fraca
demais, me sinto mais pesada por conta da fraqueza
e minhas costas e pernas doem ainda mais. Aaron
tem que me achar o quanto antes, pois não
conseguirei resistir por muito tempo.

Já não me sinto presa. Abro meus olhos e


logo ouço gritos e barulhos extremamente altos.
Minha cabeça dói e sinto tontura. Eu me sento na
cama e minhas costas doem ainda mais. Observo
meu corpo e vejo hematomas por todo ele. Estou
apenas com uma camisola e me assusto ao sentir e
ver o tamanho da minha barriga. Quanto tempo
fiquei aqui? Meu Deus, será que Aaron está morto?
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Por que ele está demorando tanto para me


encontrar? O que houve com Celeste que rompeu
seu feitiço e me fez acordar? Quero me levantar,
mas tenho medo de cair. Estou com soro na veia.
Elas têm me alimentado apenas com isso. Tiro-o do
meu braço e respiro fundo. Tudo parece estar
girando. Quero sair daqui, preciso ir para casa. Um
barulho me chama a atenção e olho para a porta,
que está aberta, e Crystal está parada me
encarando. Meus olhos se enchem de lágrimas. Ela
está viva! Ela corre em minha direção e me abraça.

— Por favor, vá com calma... Estou com


muita dor... Nem acredito que está viva... Achei
que tinha perdido você pra sempre — sussurrei
deixando cair várias lágrimas.

Ela está viva! Minha melhor amiga está


viva! Meu Deus, se ela está aqui é porque eles me
encontraram! Meu pensamento foi direcionado a
ele, e ele veio me buscar.

— Sinto lhe informar, mas você nunca vai


se livrar de mim. Te amo, minha amiga... também
fiquei com tanto medo de te perder. Mas agora vou
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levá-la embora daqui em segurança e cuidar de


você.

Ela colocou a mão nas minhas costas, mas


eu gritei de dor. Ela foi para trás de mim e sei que
ela se assustou com o que viu.

— O que é isso no seu corpo, Mia? Você


esteve deitada esse tempo todo? Partes do seu
corpo estão em carne viva. Meu Deus, você está
muito ferida, Mia.

— Quanto tempo eu fiquei aqui? Olha o


tamanho da minha barriga! Fiquei por sete meses
aqui?

— Só um mês. Mas Celeste fez um feitiço


para o tempo passar mais rápido pra você. Vou te
segurar. Onde não dói tanto para eu te apoiar?
Preciso tirar você daqui!

Mostrei pra ela e ela me segurou. Apoiei


meus pés no chão e consegui me manter em pé. Ela
segurava meu peso e percebi pela facilidade com
que fazia isso que ela se tornou igual a eles: uma
vampira.
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— Liam te achou a tempo para te


transformar? — perguntei.

— Eu sempre tomei um pouco do sangue


dele todos os dias. Achava nojento, mas ele insistia
nisso. Quando ela me matou, eu tinha sangue dele
em mim. Então aconteceu... Agora vamos, Mia.
Preciso tirar você e meus sobrinhos daqui.

Começamos a andar e saímos do quarto.

— Eu não vou conseguir — resmunguei


sentindo a dor se intensificar.

— Você tem que conseguir, Mia. Seja forte,


por favor. Por seus filhos, por mim, por Aaron. Ele
não consegue seguir sem você.

Eu estava de cabeça baixa, mas senti a


presença de Aaron à minha frente. Nem tive tempo
de lhe falar nada, apenas seu nome. Celeste e
Amber apareceram logo atrás dele, que se livrou da
bruxa em dois segundos, mas assim que ele pegou
Amber pelo pescoço, senti como se fosse comigo:
meu pescoço a ponto de se quebrar e eu não
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conseguia respirar. Aaron não podia fazer nada a


Amber, pois estaria fazendo a mim. Aquela maldita
vampira esperta ligou a minha vida à dela. Vi meus
pais e Zack correrem em minha direção. Eu
escutava, mas eu não entendia o que falavam. Vi
quando Aaron se aproximou de mim todo sujo de
sangue, desde sua calça até seu belo rosto. Meu
belo monstro! Estava aflito e preocupado. Queria
tranquilizá-lo, mas eu tinha certeza de que não
conseguiria sobreviver. Segurei sua mão e lhe
contei o meu sonho, o sonho que me manteve viva
durante todo esse tempo. Coloquei sua mão em
minha barriga e podia jurar que senti sua mão
tremer e seus olhos querendo chorar. Ele me deixou
ir embora com Katie e Crystal. Estou com medo.
Não sei se Katie é realmente confiável.

Já estamos onde eles se escondem. Na


dimensão dos Blackwell.

— Temos uma fonte onde podemos levá-la


e a água vai curar seus ferimentos — Katie falou
para a Crystal.

— Ou eu posso dar meu sangue a ela.


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— Eu não sei como isso pode afetar os


bebês. Melhor levá-la à fonte.

— Não quero arriscar fazer mal aos bebês.


Vamos para a fonte — sussurrei.

Demos as mãos novamente e de repente


estou em frente a um lindo lago.

— Crystal, entre com ela no colo. Tenho


roupas limpas e secas pra você vestir depois.

Mesmo sentindo muita dor e vendo o


quanto a Crystal estava insegura com isso, fizemos.

— Filha, vai doer, mas são seus ferimentos


se fechando. Aguente firme — ela falou e não
demorou 2 segundos para eu começar a sentir tudo
queimar. Gritei de dor.

— Ela já sentiu tanta dor e você a faz entrar


em um lugar onde ela vai sentir mais dor? Não tem
outra coisa? — Crystal gritou com ela nervosa, mas
ainda me manteve no colo e na água.

— É só mais um pouco e prometo que já vai


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passar.

Eu gritava de dor e Crystal chorava por


mim. De repente vi minha visão escurecer e meu
corpo mais leve, e apaguei no colo da minha
melhor amiga.

Ouço vozes, mas estou cansada demais para


abrir os olhos.

— Ela está bem melhor. Seus ferimentos se


fecharam completamente.

Ouço Katie falar e uma mão acariciando


meu rosto.

— Então por que ela não acorda?

Eu conheço essa voz.

— Aaron?

Falei abrindo os olhos devagar. Senti seu


corpo se juntar ao meu, me acolhendo em um
abraço. Ele está cheiroso.

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— Fiquei com tanto medo de perder você.


Ah, minha Mia...

Ele se afastou para me olhar. Olhei ao redor


e todos estavam ali: Liam, Crystal, Katie e John.

— Eu trouxe pra você.

Olhei para o lado e tinha um jarro lindo com


rosas lindas.

— Claro que a ideia foi minha — John


falou e Aaron fechou a cara.

— Eu já tinha pensado em comprar.

— Você queria vir pra cá sem nem tomar


banho e tirar aquela roupa suja. Em que mundo iria
passar pra comprar flores para ela sem assustar
cada pessoa que o olhasse cheio de sangue?

Eu ri. Aaron segurou o riso e revirou os


olhos.

— Apenas ignore — ele falou colocando a


mão na minha barriga.
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Estou vestindo uma blusinha solta e shorts


soltinho. Os bebês se mexeram e Aaron se assustou
tirando a mão. Eu também me assustei. Ainda não
tinha sentido. E como é bom!

— Nossa! — ele falou observando como se


movimentavam dentro de mim.

Todos no quarto estavam com os olhos


postos na minha barriga e vi Katie e Crystal
emocionadas. Será mesmo que Katie está
emocionada ou é apenas fingimento?

— Se você não me deixar ser madrinha


deles, nunca mais falo com você e vou chorar pelo
resto da minha vida — Crystal falou fazendo graça,
dramática...

— E você tem dúvidas sobre isso? É claro


que você e o Liam serão os padrinhos — falei
baixando a blusinha e me virando para me sentar na
cama.

Olhei minhas pernas e por mais que os


hematomas tivessem desaparecido, eu ainda me
sentia muito fraca e com dor, mas eu sabia o porquê
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disso.

— Eu me sinto bem melhor, mas se eu não


comer agora, não sei o que eu sou capaz de fazer —
falei fazendo todos rirem.

Aaron me ajudou a me levantar e Katie


disse:

— Eu e a Crystal fizemos um banquete pra


você comer. Mas nada de comer coisas muito
pesadas agora ou você pode passar mal.

Fomos para a cozinha e tinha realmente um


banquete. Havia diversas frutas, pães, sucos, bolo...
Meu Deus, bolo! Então me sentei na cadeira e
Aaron começou a me servir de tudo que eu pedia a
ele.

— Você vai passar mal se comer tudo isso


de uma vez.

— Não sou só eu que vou comer. Vou


dividir com Chloe e Ethan.

— Com quem? — Aaron perguntou


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confuso.

— Nossos filhos. Chloe e Ethan. É uma


menina e um menino. E eu já escolhi os nomes.

— Sem me consultar? Eu queria ajudar a


decidir os nomes.

Aaron fez cara de bravo, mas sabia que


estava apenas me provocando.

— Eu que os carrego na minha barriga, eu


que vou sentir todas as dores do parto, eu que vou
dar de mamar, então eu decido — falei decidida.

— Ela já está bem, com certeza.

Eles riram e eu também. Em um instante


comi tudo. Conversamos amenidades. Eu sabia que
aquilo poderia ser um truque ou que provavelmente
nunca mais tornaria a acontecer. Mas eu era carente
de pai e mãe. E queria acreditar que momentos
como esse seriam comuns daqui para frente e que
meus pais realmente se preocuparam comigo ao ir
ajudar. E não com interesse nos bebês.

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Depois de comer, John e Katie quiseram


conversar comigo a sós. Eu aceitei.

— Agradeço por vocês terem ido nos ajudar


— falei ao entrarmos no escritório.

— Nós sabíamos que estavam em apuros.


Tentamos achar você de todas as formas, mas
estava difícil. Então, quando finalmente
conseguimos ver algo sobre Aaron e você, fomos
pra lá o mais rápido que pudemos.

Sentei-me em uma poltrona e coloquei


minha mão sobre minha barriga.

— Filha, sei que não confia em nós. E é


claro que tem razão para isso, mas nós a trouxemos
pra cá da outra vez sem intenção de te enganar,
pelo contrário, queríamos te manter aqui para evitar
isso que aconteceu. Eu e seu pai fizemos todas as
escolhas erradas possíveis, principalmente quando
a deixamos para ser criada por estranhos.

Eu nem sabia o que falar. Então, vendo meu


silêncio, ela continuou.

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— O que eu e seu pai queremos dizer é que


sentimos muito por tudo que passou. E espero que
um dia você nos perdoe por tudo.

— Por que iriam esconder a folha do


grimório em que havia detalhes cruciais para
sabermos mais sobre a maldição?

— Eu só queria que você aceitasse ficar


conosco. Eu ia mostrar quando tudo ficasse mais
calmo. A verdade é que eu queria que se afastasse
deles, mas eu estava errada. Você não existe sem
ele, e ele não existe sem você.

— Você é a parte humana que falta no


Aaron — John se pronunciou.

— Eu não entendo como puderam fazer


isso: me deixar pra ser criada por estranhos. Eu
jamais deixaria meus filhos. Vou lutar contra todos
para protegê-los, mas não vou deixá-los. Nunca.

— Nós não podemos mudar o passado, mas


realmente queremos fazer parte do seu futuro. E eu
realmente espero que esteja pronta para lutar, pois
seres sobrenaturais de todo o mundo já sabem sobre
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seus filhos e sabem que matando qualquer um de


vocês três, o Aaron morre. Existem boatos que
correm por aí do que eles são capazes de fazer.
Vocês nunca vão poder ter uma vida normal. Eles
sempre estarão atrás de vocês.

Aquilo me chocou e muito.

— Eu não sabia disso. Se eu morrer, todos


morrem?

— Sim, se um dos seus filhos morrer, todos


os quatro morrem. Você, Aaron, Chloe e Ethan são
como se tivessem apenas um coração. Vidas
interligadas, para sempre.

— Mas eu sou humana, um dia vou morrer


de velhice, mas meus filhos ainda serão novos e
não podem morrer por minha causa. Não, isso não
está certo, tem que existir algum modo de mudar
isso.

Falei rapidamente sentindo meu coração


acelerar e o desespero voltar. Eles me olharam
atentamente, mas não falaram nada.

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— Então quer dizer que Aaron não pode me


transformar também, não é? Nossa, ele sabe disso?
E afinal de contas, qual é a maldição? Eles não
podem ser a maldição. Meus bebês...

Katie chorou.

— Existe a possibilidade de acabar com a


ligação de vocês. Não de todos, apenas deixar o
Aaron de fora.

— Por que só ele?

— Porque ele é assim. Ele é o que deu a


origem a todos.

— Tá. Por que está chorando?

— A profecia diz que seus filhos serão o


equilíbrio do mundo sobrenatural a partir do
nascimento. Se eles se tornarem vampiros, o mundo
e as dimensões entrarão em colapso. Mas mesmo
sem se tornarem vampiros, ao chegarem a uma
certa idade, não irão mais envelhecer e vão viver
por toda a eternidade. Não sabemos ao certo todos
os dons que poderão ter. Tudo é apenas uma
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suposição quando se trata deles.

— Isso é bom. Ainda não entendi o lado


ruim. Diga logo.

— Se você se tornar vampira, seus filhos


morrem com sua morte e também se tornam
vampiros. O que ninguém quer. Porém, se você
morrer de morte natural, com a idade avançada, ou
uma doença humana, isso não atingirá nenhum
deles.

Olhei para baixo, entendendo tudo que


estava acontecendo.

— Então a maldição é essa. Aaron vai viver


sabendo que não há nada que ele possa fazer para
salvar o amor da vida dele da morte. Eles o
deixaram experimentar do amor verdadeiro por um
período para depois tirá-lo dele e o deixar sofrer e
agonizar por toda a eternidade sem amor, com
saudades, sem a parte humana dele.

Fiquei alguns minutos em silêncio,


digerindo a ideia de que um dia vou partir,
deixando Aaron e meus filhos por toda a eternidade
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sem mim. Pelo menos eles terão um ao outro.

John se abaixou na minha frente e segurou


minha mão.

— Eu vou atrás de alguma forma de


reverter isso. Até meu último momento de vida eu
vou estar atrás de te fazer igual a eles. Para viver
com a sua família, pra sempre.

— Obrigada, John. Mas também já estou


satisfeita de ter uma vida humana ao lado deles.
Isso é melhor do que nada.

— Nós sempre queremos mais... Quando


você vir seus filhos, você vai achar a eternidade
pouca para ficar com eles. Sabe, Mia, eu e sua mãe,
mesmo de longe, acompanhamos seu crescimento.
Desde que vimos que os imbecis deixavam você ir
à escola sozinha, começamos a te acompanhar até
lá pra te deixar segura. Nunca a deixávamos
sozinha... E só um pequeno comentário: achávamos
horríveis aquelas “marias-chiquinhas” que você
usava. Nossa!

Foi só risada. Eu comecei a me lembrar da


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época da escola. Eu era uma criança, mas sempre


me sentia como se estivesse sendo observada. E no
fim, realmente estava...

Já era noite. Aaron bateu à porta e entrou.

— Podem nos levar embora? Está tarde e eu


queria muito ir pra casa com a Mia.

Ele pediu ao John e à Katie.

— Sei que talvez não aceitem, mas vou


oferecer mesmo assim — Katie começou. — Nossa
casa é bem grande e a dimensão é extremamente
segura. Gostaria muito que ficassem aqui com os
bebês. Mia não tem condições de ficar em qualquer
lugar e pode dar à luz a qualquer momento. E
quando as crianças nascerem, será ainda mais
difícil, pois, além de serem dois, bebês recém-
nascidos dão trabalho e precisam de tranquilidade.
Nós podemos ajudar, e eu quero ajudar ela.

Vi o olhar que Aaron mandava para Katie e


isso não era nada bom. Ele a interrompeu.

— Olha só, não quero ser mal-educado ou


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parecer mal-agradecido, pelo contrário, agradeço o


que fizeram hoje por nós e também por estarem
oferecendo seu lar para nos escondermos. Mas isso
que houve hoje não muda o fato de que em mil
anos matei centenas de ancestrais da sua família.
Não muda o fato de que vocês a sequestraram e
tentaram afastá-la de mim contando mentiras. Não
muda o fato de que você colocou uma flecha no
meio da minha testa pouco tempo atrás. E por mais
que eu tenha sido educado até agora, não confio em
vocês e ainda não gosto de vocês.

Ai, Deus! Eu sabia que ia dar nisso.

— Não estou fazendo isso por você, Aaron.


Nenhum pouco foi por você. Pouco me importo se
gosta ou confia em mim. É por ela. Ela é minha
filha e eu já errei demais com ela. Se ela quer ficar
com você, se isso a faz feliz, tudo bem. Mas se um
dia ela quiser fazer uma sociedade com você, ela
entrando com o pé e você com a bunda, será o dia
mais feliz da minha vida. Tratar você bem não
muda o fato de que faço isso por ela. Apenas
deixando isso bem claro.

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John devolveu na mesma altura a crítica do


Aaron.

— Tá bom, já chega. Sem brigas, por favor


— Katie falou amenizando o clima.

— Aaron, sei que não quer ficar, mas a Mia


não pode ir pra qualquer lugar. Você é conhecido e
não pode levá-la para o hospital para dar à luz.
Como vai explicar o tamanho da barriga dela em
apenas um mês? Já fiz diversos partos e aqui tem
tudo que podem precisar de “socorro”. Pense como
um lar provisório. Temos outra casa vazia aqui ao
lado. Vocês ainda vão ter a privacidade de vocês.

Aaron me olhou. Sei que ele ficou em


dúvida sobre isso.

— Hoje vamos dormir aqui. Amanhã pela


manhã conversamos novamente, pode ser Katie? —
Aaron perguntou.

— Claro. Vocês podem ficar no quarto em


que a Mia estava. Vou ver com o Liam e a Crystal
se também querem ficar ou ir embora.

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Dito isso, saímos do escritório e fomos para


o quarto, onde me ajeitei para dormir e deitei nos
braços do meu Aaron. Não tão confortável quanto
antes, pois agora tem essa barriga imensa entre nós.

— O que quer fazer? Quer ficar aqui com


eles?

— Eu não sei, Aaron. Talvez até os bebês


estarem fortes e eu também, seja o melhor e mais
seguro a se fazer.

— Escutei um pouco da conversa de vocês.

— Senti tanto a sua falta — falei tentando


mudar de assunto.

— Também senti a sua. Achei que fosse


enlouquecer sem você, mas não mude de assunto.

— Eu não quero discutir, amor. Não há


nada a ser feito. Vamos ser felizes no tempo que
temos e pronto.

— Não existe a menor possibilidade de eu


conseguir viver sem você. Vou atrás de algum jeito
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de conseguir quebrar essa ligação, esse nosso


vínculo para poder te transformar.

— Estou com sono — falei para tentar


encerrar o assunto.

Estava com dores incômodas nas costas e


um pouco na minha barriga. Acho que é emoção
demais para um dia. A fonte deve curar, mas talvez
cure apenas ferimentos superficiais, não sei. Por
dentro ainda sinto dores. Aaron desejou boa noite
ao Ethan e à Chloe beijando minha barriga, e nesse
momento me senti realizada. Ele beijou meus
lábios suavemente. Eu queria, e como eu queria
matar a saudade do meu homem, mas meus olhos
estão tão pesados... Estou cansada demais para isso
hoje. Eu me ajeitei em seus braços e ele me
envolveu. Dormi me sentindo segura e protegida
nos braços do meu belo monstro.

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Alguns dias depois...

Decidimos ficar aqui na casa da Katie por


enquanto. Mia, Crystal e Katie têm se dado bem.
Liam e Crystal compraram tudo para os bebês, e as
mulheres já lavaram e passaram as roupas. Eu e o
John montamos o berço. Descobri que Zack é
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primo da Mia. Eles não parecem estar interessados


em nada mais do que ficar ao lado dela. Eles
cuidam dela e ela está radiante com tantas pessoas à
sua volta. Ela sempre quis isso... Elas conversam e
fazem planos o dia todo. Katie dá dicas e conta
coisas que passou com a Mia quando era bebê. Eu e
John nos entendemos na medida do possível.
Procuro apoiar Mia em tudo, pois ela anda mais
nervosa do que normalmente é e também está com
muito medo do que está por vir. Hoje é uma quarta-
feira, e estamos aqui há seis dias. Deitamos cedo e
ficamos imaginando um lugar para irmos morar.
Por mais que Katie e John tenham nos acolhido
bem, sei que muitas pessoas desse lugar têm ódio
de mim. Eu não quero ficar aqui. Contei à Mia
sobre o lugar que a bruxa me falou. Fica em uma
ilha no Caribe e é afastado, mas com uma boa
estrutura. As crianças poderão ir para a escola
quando crescerem e poderemos mantê-las seguras,
pois poucas pessoas moram lá.

Depois de um tempo ela adormeceu e logo


eu também.

Senti a cama molhar e de repente a Mia


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pulou. Sentei-me e olhei para ela, que segurou a


barriga e me olhou desesperada.

— Acho que a bolsa estourou.

Fiquei paralisado olhando para ela, que


estava se contorcendo de dor.

— Faça alguma coisa, Aaron! — ela gritou.

Continuei paralisado. Nossa, meus filhos


vão nascer!

— Aaron!

Nem acredito. Meus filhos vão nascer!


Agora! Caramba! Senti um tapa no meu rosto e
coloquei a mão na minha bochecha olhando com
raiva para a Mia.

— Não me venha ter um ataque de fúria


agora ou eu é que vou te matar! Que droga, Aaron,
vá chamar a Katie! Faça alguma coisa!

Eu me levantei e corri até o quarto da Katie,


que abriu a porta já ciente do que estava para
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acontecer.

— Meus filhos vão nascer e eu não faço


ideia do que fazer.

Ela riu do meu desespero. Que maldita! John se


levantou e já pegou o celular para ligar para uma
mulher. Katie já está a caminho do quarto. Corri na
frente, chegando rapidamente ao quarto, escutando
um grito da Mia e vendo-a sentada na cama.

— Dói muito!

Segurei a mão dela e ela apertou. Em sua


testa já começava a aparecer pequenas gotas de
suor. Katie entrou e pediu para que eu fosse
verificar se a mulher para quem John ligou há
pouco já estava chegando. Só então eu entendi.

— Como assim? Ela vai ter os bebês aqui?


Agora? Mas o Liam e a Crystal nem estão aqui.

— Peça para John ir buscar eles ou ligue


para o Zack. E dá pra calar a boca um minuto e
ficar parado? Se continuar assim, vai furar o
carpete — ela zombou.
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— Eu compro outro pra você.

— Arrogante!

— Cale a boca, Katie!

— Calem a boca, os dois! Droga! Que


porcaria! Faça isso acabar pelo amor de Deus!
Como dói tanto assim? Há poucos minutos eu nem
sentia nada.

Mia estava desesperada. Será que dói tanto


assim mesmo?

— Calma, filha, assim que os bebês


nascerem você não vai sentir mais dor.

— E quando eles vão nascer, Katie? Já ouvi


falar que mulheres ficam horas em trabalho de
parto. Eu não aguento ficar horas sentindo isso,
não.

— Sinto muito, filha, mas sua dor vai


aumentar. As contrações apenas começaram, Seja
mais forte.

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— Preciso da minha amiga aqui comigo,


Aaron. Ela prometeu que estaria aqui comigo. Faça
o Zack ir buscá-la, por favor — Mia pediu.

— Claro, não se preocupe, Crystal vai estar


aqui.

“Ela tem que estar”, pensei. Andei para fora


do quarto e liguei para o Zack, que se assustou com
a minha ligação repentina, mas disse que estava
indo buscar os dois. Eu queria muito ficar do lado
dela, mas nunca me senti tão nervoso assim. Como
sou idiota! Mas tudo que é sobre ela me deixa
assim. Idiota. Bobo. Trouxa. Ou coisa do tipo. Ah,
minha Mia... Vi John entrar com uma mulher, e
logo Zack apareceu com Liam e Crystal animados.
Levei um susto ao sentir braços me envolvendo e
uma Crystal animadíssima a gritar e pular ao
mesmo tempo.

— Parabéns, meu cuuuuunhado. Seus filhos


vão nascer! Ai, meu Deus, meus afilhados!! Vou
ter um ataque cardíaco. Ainda bem que não posso
morrer, se não, teriam que chamar um médico pra
me socorrer agora mesmo.
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Liam gargalhou e eu acabei sorrindo da


animação dela.

— Ah, meu irmão... Como está se sentindo?

— Meu coração está quase saindo pela


boca. Estou nervoso, ansioso demais.

Crystal riu.

— Pare de rir de mim! E vá logo socorrer


sua amiga, porque eu não tenho condições no
momento.

— Molenga.

Escutei um grito da Mia e corri para o


quarto ignorando todo meu nervosismo e pensando
apenas nela. Ele precisa de mim. Encontrei-a com
uma expressão de dor e as pernas abertas. A mulher
que veio, e da qual nem sei o nome, está
verificando a pressão dela.

— Ela está com a pressão muito alta.

— Ela já tem dilatação. Mia, precisa


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começar a fazer força pra eles saírem.

Katie falou e eu olhei no relógio do quarto e


nem acreditei que já fazia quatro horas que ela
estava sofrendo assim. Está amanhecendo e eu nem
vi a hora passar. Então, me sentei ao lado dela e
segurei sua mão.

— Mia, você consegue, amor.

— Dói muito. E eu me sinto fraca e


cansada.

— Eu sei, mas se esforce mais um pouco e


você poderá descansar. Você poderá dormir por
horas e não vai doer mais. Queria poder passar sua
dor pra mim, mas só você pode passar por isso.
Você consegue.

Ela respirou fundo.

— Vamos, Mia. No três, você faz força


empurrando eles para fora. Um, dois, três...

Ela empurrou e apertou minha mão. Podia


sentir sua dor. Queria tanto ajudar...
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— Quase, Mia. Vamos... Mais um pouco.


No três. Um, dois, três...

Ela empurrou novamente e nada.

— Vamos, Mia, você consegue fazer


melhor. Você é forte. Você atura esse cara aí todos
os dias. Fazer uma forcinha não é nada.

A mulher falou e é claro que ela não gosta


de mim. Olhei para ela lhe com um olhar mortal e a
vaca deu um sorriso sarcástico.

— Não fale assim do meu Aaron! — Mia


rosnou para ela irada.

A mulher contou novamente e Mia gritou


fazendo força. De repente, um chorinho bem fraco
ecoou pelo ambiente e Mia respirou fundo. A
mulher pegou o bebê no colo, cortou o cordão
umbilical e deu um tapinha na bunda do meu filho.
Ele já chorou! Por que dar esse tapa? Ignorei o
sentimento de implicância com essa mulher, afinal,
ela quem está ajudando minha noiva a dar a luz aos
meus filhos.

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— Ethan... — Katie disse admirada.

Katie enrolou o bebê em um pano e eu me


levantei para pegá-lo, mas a Mia não soltava minha
mão.

— Fique comigo até a Chloe nascer.

Assenti e ela voltou a se esforçar, e dessa


vez o bebê saiu com mais facilidade. A mulher, que
agora sei que se chama Ana, fez o mesmo processo
com a minha menina. Mia soltou minha mão e
pegou o Ethan, que estava sendo oferecido a ela
pela Katie. Segurei a Chloe no colo todo
desajeitado. Mia parecia saber segurar um bebê tão
bem. Parecia tão fácil para ela. Estou encantado
olhando para os dois bebês. Nunca achei nada
interessante em bebês. Nunca. Até segurar os meus
próprios no colo. Tudo parecia ser perfeito demais
neles. Passei meu braço pelo pescoço de Mia e
beijei sua testa.

— Eles são lindos como você — falei


observando o Ethan no colo dela.

Ela olhou para a Chloe e deu um pequeno


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soluço. Linda! Filhos de um ser tão perfeito como


minha Mia não poderiam ser de outro jeito.
Perfeitos! Não pude segurar a emoção e deixei cair
uma lágrima de felicidade. Mia também sorria e
chorava ao mesmo tempo.

— Não achei que viveria para ver isso. Mas


parabéns a vocês. Vocês formam uma família
muito bonita.

A tal Ana falou, se retirando logo em


seguida junto com Katie, que entendeu que aquele
era um momento nosso. Não vi Crystal sair do
quarto. Milagre ter sido discreta.

— Ele se parece com você — Mia falou. —


Tem a sua orelha e boca — completou.

Os bebês eram tão calmos. Pelo menos


estavam naquele momento.

— E ela é mais parecida com você. O


cabelo dela é bem mais claro que o do Ethan.

— É tão clarinho que nem aparece a


sobrancelha.
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Ela sorria ao falar.

— Você está bem? — perguntei.

— Está ardendo um pouco. E me sinto um


pouco trêmula.

— Estou percebendo.

— Mas acho que é normal.

— É, deve ser.

— Crystal. Pode entrar. Liam...

Não passou um segundo e eles entraram.


Crystal foi ao lado dela e beijou a testa da amiga,
dando os parabéns pelos bebês. E Mia oficializou o
chamado para padrinhos.

— Conto com a ajuda de vocês para educar


meus dois filhos. Se aceitarem, tenho certeza de
que serão ótimos padrinhos, os dois.

— É claro que sim. Vou cuidar deles como


se fossem meus. Você pode contar comigo pra
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tudo, tudo mesmo, começando por agora. Posso dar


banho neles?

Crystal perguntou empolgada e Mia


assentiu.

— Tenho muita sorte em ter vocês.


Obrigada por tudo — Mia falou olhando para nós
três: eu, Liam e Crystal.

— Posso entrar? — Katie falou colocando a


cabeça dentro do quarto e se escorando na porta.

Mia disse que sim e ela entrou já


observando meus filhos.

— Eles são lindos. E aparentemente


saudáveis. Mas precisamos dar banho e agasalhar
eles.

— Já vamos fazer isso.

— Aaron, por que não ajuda a Mia a tomar


banho? Enquanto isso eu ajudo a Crystal a preparar
tudo para dar banho neles.

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Olhei inseguro para Katie, que deu essa


sugestão. Mia também olhou meio incerta.
Deveríamos deixar nossos filhos agora?

— Ah, qual é, irmão! Eu estou aqui de olho.


E, além disso, o banheiro fica no quarto. Larga de
ser protetor demais — Liam falou, parecendo ler
meus pensamentos.

É verdade, o banheiro fica no quarto. Nem


ficaríamos longe deles de verdade.

Ajudei Mia a se levantar e ela até que estava


bem. Liguei o chuveiro e a ajudei a tomar banho
rapidamente. Ela estava louca para cuidar dos
bebês e eu também. Eu a enxuguei e ela se vestiu
rapidamente. Eu escutava risadas no quarto. Claro
que eram da Crystal, escandalosa do jeito que é.
Saímos do quarto e já vi qual o motivo da risada.
Mia riu na mesma hora, pois era inevitável.

— Mesmo você tendo feito xixi em mim,


ainda gosto de você, meu sobrinho sem vergonha.

Liam estava com o Ethan no colo enquanto


Crystal terminava de arrumar a banheira para o
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banho deles. Eles eram pequenos demais. Liam o


segurava em um pano fino, que agora estava
encharcado de xixi.

— Esse é meu garoto. Tanta mulher aqui


pra cuidar dele e você acha mesmo que ele iria
querer ficar no seu colo e ainda por cima pelado?

— Ai, Aaron! — Crystal riu. — Não piore a


situação, por favor. Até porque o Ethan entende
muito disso mesmo.

— Claro que entende. Ele puxou ao pai.

Senti um tapa no meu braço. Claro que não


doeu, mas fingi que sim apenas para fazê-la rir.

— Acho bom você consertar essa frase


nesse exato momento.

— Ele fez xixi em você, porque ele queria


que a mamãe dele o pegasse. Claro que é isso. Por
qual outro motivo seria?

Ela negou com a cabeça segurando o riso.

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— Aaron, você perdeu uma bela


oportunidade de ficar calado — Mia falou e todos
riram.

Foi uma noite feliz. Elas deram banho nos


bebês, que choraram bastante a partir daí. E nossa,
que choro ardido! Mas eles ficaram quietos depois
que Mia deu de mamar a eles. E depois choraram
de novo para trocar a fralda. É... pelo jeito nossas
noites a partir de agora vão ser assim. E não posso
imaginar algo melhor do que isso. Cuidar, amar e
viver a vida ao lado daqueles que amo. Será uma
bela vida!

Um mês depois...

Coloquei Aaron para trabalhar também. Nós


intercalamos quem acorda à noite para cuidar dos
bebês, porque, durante a noite, quando um acorda

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chorando, acaba acordando o outro também.


Voltamos para nossa casa faz duas semanas. As
bruxas fizeram um feitiço protegendo a casa, e
entra apenas quem Aaron permitir. Levamos os
bebês a um pediatra e eles estão saudáveis e já se
desenvolveram bastante nesse um mês.
Infelizmente eu não tenho leite para dar de mamar a
eles. Acho que toda aquela magia feita interferiu
nisso. Ou não... Não sei... Agora eles tomam leite
especial para bebês dessa idade. Eles sorriem a todo
instante e estão bem atentos aos barulhos ao redor.
São maravilhosos e nunca poderia imaginar sentir
algo tão forte e intenso por esses três. Aaron
sempre foi ótimo comigo, mas se mostrou ainda
melhor agora, que de certa forma estamos
realmente juntos, como uma família. Ele está
preocupado demais por estarmos aqui. Ele quer ir
embora o quanto antes. As bruxas nos alertaram
sobre os perigos de estarmos aqui, mas eu tinha que
vir. Temos o Lucke e temos que levá-lo conosco.
Ele está imenso! Fazia dois meses e alguns dias que
eu não o via. Quando ele me viu, faltou me
derrubar de tanta felicidade. Apresentei os bebês a
ele, que ficou em silêncio, parecendo entender que
ele não podia latir ou tocar neles, pois eram frágeis
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e pequeninos. Eu não queria ir embora. Adoro esta


casa e vai ser muito triste ir embora daqui,
principalmente porque o Liam e a Crystal não
podem ir. Alguém tem que cuidar da empresa.

— E o que vai inventar para falar sobre o


desaparecimento do Aaron? As pessoas vão
perguntar dele — falei para o Liam.

Nós quatro estávamos discutindo sobre isso.


Liam olhou para o Aaron e respondeu:

— Vou falar que ele está cuidando de um projeto


que será revelado em breve, que é em outro país e é
surpresa. Alguma coisa do tipo.

— Alguma coisa do tipo? Por favor,


pensem melhor — falei olhando para o Aaron, que
não estava nem um pouco preocupado com isso.

A falta de interesse dele acaba comigo.

— Aaron, você devia estar mais


interessado. É a sua empresa que está em risco.

— Amor, estou pouco me importando com


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isso. Por mim nem precisa falar nada. Se a


imprensa perguntar, fale apenas que estou tirando
um tempo pra mim e pronto. Uma vez ou outra eu
apareço e digo algumas palavras. Estou mais
preocupado em tirar vocês daqui.

— Eu não sei, Aaron. Por mais que todos


saibam que vocês moram aqui, eu ainda acho mais
seguro vocês aqui comigo e com a Crystal. São três
vampiros para lutar caso alguém tenha coragem de
iniciar uma guerra contra nós novamente. Com
vocês longe, é só você. Eu não vou conseguir
chegar a tempo.

— Esse local ao qual quero ir é protegido.


As crianças vão poder ir à escola, vão ter uma vida
normal. É um local mais simples, mas pelo menos
vão poder ser crianças.

— Você falando em vida normal, hein!


Quem diria... — falei irônica. — Pra quem ia me
deixar presa em um porão, evoluiu muito.

Liam e Crystal riram.

— Pois é, mas não cante vitória antes da


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hora, pois posso muito bem me irritar com isso e


criar eles em segurança trancados no porão.

Sabia que isso não iria durar muito. Sorri e


o beijei. Ethan estava em meu colo em silêncio,
mas, como se soubesse que eu estava tocando o
Aaron, ele chorou.

— Parece que esse mocinho sabe quando eu


chego perto da Mia. Ciumento — Aaron falou
pegando Ethan e se levantando.

Chloe estava quieta no colo da Crystal.


Logo eu e a Crystal subimos com as crianças para
colocá-las no quarto para dormirem. Conversamos
por horas, já me preparando para ficar longe da
minha amiga por um tempo. Eles acertaram os
últimos detalhes da nossa mudança, que aconteceria
em breve, e então fomos dormir. O sono não durou
muito tempo... Já reconheço que é o choro da
Chloe. Eles são gêmeos, mas são bem diferentes
um do outro. Eu me sentei na cama e o Aaron
também. Fomos abraçados até o quarto para pegar
os dois bebês chorões. Peguei o Ethan e ele pegou a
Chloe. Trocamos a fralda rapidamente e fomos para
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a cozinha preparar a mamadeira deles. Aaron me


entregou a Chloe e eu me sentei no sofá com os
dois. Lucke estava ao meu lado e começou a latir.
Achei estranho, porque ele nunca late. Meus filhos
começaram a chorar e senti eles quentes, muito
quentes.

— Aaron! — chamei-o e em um instante ele


estava na sala.

— Lucke, não pode latir. Fique quieto,


garoto — Aaron o repreendeu, mas Lucke se
aproximou das crianças e... Chorou?

— Eles estão quentes, Aaron.

Ele se aproximou e tocou em Ethan e Chloe.

— Mas não estavam antes. Eles realmente estão


muito quentes.

De repente uma luz nos cegou e eu me


afastei um pouco. A luz vinha deles, dos bebês. E
era muito forte. Eu me assustei e fui segurar eles,
pois estavam deitados no sofá. Não sei, quis tentar
protegê-los, eu não sabia o que estava acontecendo.
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Mas fui jogada longe no momento em que me


aproximei da luz. Cheguei a tocá-la, e era como se
a luz fosse um campo impenetrável. Voltei a correr
na direção deles, enquanto Aaron apenas olhava
diretamente para a luz. Seus olhos são bem mais
resistentes que os meus. Eu não enxergava nada.
Fui tocar novamente na luz, mas Aaron segurou
minha mão e não deixou. Olhei em desespero para
ele. Por que ele não fazia nada? A luz foi
diminuindo e pude ver as crianças, que estavam ali.
Não eram mais recém-nascidos. Eram bebês de 1
ano. Pelo menos pareciam.

— Isso não é possível — falei olhando para


os meus filhos, que me olhavam de volta em
silêncio.

— É sim.

— Mas como? Aaron, faz apenas semanas


que nasceram. Como podem mudar assim?

— Talvez seja deles isso. Esse


desenvolvimento precoce. Ou talvez seja o feitiço
que fizeram em você na gravidez agindo agora

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também.

Dessa vez eu entrei em pânico.

— Como assim? Mas e quando eles ficarem


mais velhos? Como isso vai ser? Não! Tem que ter
uma explicação mais racional pra isso.

— Racional, Mia? Você é casada com um


vampiro e seus filhos são sei lá o que sobrenatural.
Não existe nada de racional aqui — ele falou
nervoso.

E eu ainda estou incrédula.

— Eu não posso perder a infância deles


assim, tão rapidamente. Eu nem fiz uma festa de 1
ano para eles. E parecem ter 1 ano ou mais. Ah,
Aaron.

Ele me abraçou e as crianças ainda nos


olhavam em silêncio.

— Desculpe-me ficar nervoso com você. É


que tudo isso ainda é muito novo pra mim.

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— Tudo bem.

Ethan fez bico e chorou. Nós rimos.

— É. Talvez isso não vá mudar. Ele sempre


vai ter ciúmes de você — Aaron falou e eu o soltei
para pegar o Ethan, que esticou os bracinhos para
mim.

— Será que eles evoluíram também na


mente e já sabem alguma coisa? Porque nessa idade
eles começam a andar. Ou já deveriam andar. E
também a falar um pouco — perguntei a Aaron,
que estava com a Chloe no colo.

— Não sei. Vamos ver.

Ele colocou a Chloe sentada no tapete da


sala. Lucke se aproximou dela e a cheirou. Ela
segurou a cabeça dele e forçou suas perninhas para
levantar e ficou de pé. Ethan ficou inquieto no meu
colo e também o coloquei no chão. Ele foi bem
mais ágil e saiu andando com as perninhas
desgovernadas até o Lucke, que resolveu sair de
perto, pois tinha seus pelos e orelhas puxados. Mas
as crianças saíram atrás dele e nós os
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acompanhamos para ter certeza de que não cairiam.

— É. Eles evoluem em tudo. Aaron, eles


nunca terão uma vida normal. Não até ficarem
adultos e pararem de mudar.

Vi a expressão do Aaron se transformar.

— Não estou preocupado com isso. Eles


serão imortais. Terei a vida inteira para ser amigo
dos meus filhos e eles fazerem a vida que quiserem
para eles no futuro. Só tenho que mantê-los em
segurança até serem adultos e serem cientes do que
é certo e errado. Eles serão fortes o suficiente para
destruir qualquer inimigo que apareça no futuro.
Então minha preocupação com eles é agora. Mas
você, Mia... Não vou ficar sem você... Não existe a
menor possibilidade de eu me conformar em viver
apenas uma vida humana ao seu lado. Jamais vou
me satisfazer apenas com isso. A eternidade já é
pouca ao seu lado. Imagina, sei lá, 60 anos? Isso
não é nada! É uma esmola! Eu quero, e eu vou
achar alguma forma de desfazer essa ligação entre
nós e vou te transformar.

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Olhei para as crianças que estavam sentadas


no chão no corredor junto com Lucke, que estava
deitado deixando as crianças brincarem com ele.

— Espero mesmo que tenha alguma forma


de viver pra sempre com vocês, mas só de ter vocês
por esse tempo minha vida já valeu a pena.

Ele me beijou. Desde que voltei do


sequestro, ainda não tivemos oportunidade de ter
um momento nosso, pois no fim da gravidez
ficamos na casa da Katie e eu ainda estava muito
fraca, e agora esses pimpolhos me deixam bem
exausta. Resumindo, estamos subindo pelas
paredes. Agarrei o cabelo da sua nuca e aprofundei
o beijo. Ele segurou meu bumbum e me levantou,
com uma de suas mãos agarrando meu cabelo e a
outra me deixando tão colada a ele que eu podia
jurar que nossos corpos iam se fundir em um só.

— Estou com tantas saudades de você —


ele sussurrou.

— Eu também.

Ethan começou a chorar e Aaron bufou


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frustrado ao me soltar no chão. Eu ri, mas também


estava frustrada. Ethan e Chloe andaram até nós.

— Que tal a gente dormir um pouco, hein,


mocinha?

Falei pegando a Chloe no colo.

— Não, não.

Ela falou negando com a cabeça e me


assustei com sua voz fina e delicada. Logo ouço a
risada do Ethan e do Aaron ecoando pelo ambiente.
Que som maravilhoso!

— Acho que ainda vamos ter muitas


surpresas com esses dois ao longo do tempo —
Aaron falou me abraçando e nos puxando de volta
para a sala.

A madrugada foi regada a muita


brincadeira. As crianças não quiseram dormir e eu
tive que procurar saber o que eles podem comer
nessa idade. Pela manhã, Aaron conversou com a
empregada e ela sabia o que preparar para eles. Eu
estava cansada. Aaron me deixou dormir, pois disse
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que tinha uma surpresa para mim à noite. Deitei e


dormi. Na verdade, desmaiei na cama. E acordei, já
no fim de tarde, com duas mãozinhas no meu rosto
me macetando.

— Oi, mocinha. Veio acordar a mamãe, é?

Vi Aaron e Ethan logo ao lado. Que jeito de


acordar maravilhoso. Olhei para frente me
esticando e vi um vestido lindo em um cabide.
Então me levantei e fui até o vestido.

— É pra mim? — perguntei.

— Sim. Pra você usar hoje à noite.

Olhei confusa.

— Vamos sair hoje?

— Vamos. Só eu e você. Já conversei com o


Liam e a Crystal e eles vão ficar com as crianças.

Fiquei animada com a ideia de sair com o


Aaron, mas fiquei receosa de deixar as crianças.
Então ri ao escutar a voz da minha amiga do outro
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lado da porta.

— Se você estiver pensando que eu não vou


cuidar dos meus afilhados direito, eu lhe dou uns
tapas, Mia.

Ela entrou no quarto e me cumprimentou com um


beijo no rosto e não pareceu surpresa ao ver as
crianças. Já devia tê-las visto mais cedo.

— Sei que você vai cuidar bem deles.

— Então é isso. Volto mais tarde pra ficar


com esses afilhados mais lindos do mundo inteiro.

Ethan e Chloe bateram palmas animados


com a animação da Crystal. Eles gostam dela.

— Viu só? Eles nem vão se lembrar de


vocês enquanto estiverem brincando comigo. Eles
me adoram!

— Só não derrube a casa, tá bom? Cadê o


Liam? — Aaron perguntou.

— Está mandando umas pessoas lavarem as


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roupas novas que compramos pra eles, já que eles


resolveram crescer antes da hora. Sorte que eu tinha
exagerado na compra da outra vez e comprei
roupas grandes também...

— Verdade. Mas mesmo assim estão um


pouco justas. Obrigada, Crys.

— De nada, Mia. Então daqui a pouco eu e


o Liam voltamos. E nem pense em desistir disso,
Mia. Você e o Aaron precisam de um tempo pra
vocês. Não tenham pressa em voltar pra casa. Mas
lembrem-se... Previnam-se. Por que acho que dois
filhos já está bom, né? — ela falou rindo e eu já
cortei as próximas piadas que viriam sobre o
assunto.

— Ok. Crystal, entendemos. Tchau, amiga!


Até mais tarde.

Ela saiu rindo de mim. Terrível! Cuidei das


crianças enquanto o Aaron se arrumava e depois ele
desceu com as crianças para a sala. Tomei um
banho, coloquei uma lingerie bem sexy e passei
meu creme corporal favorito. Sequei meu cabelo e

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o escovei deixando ele modelado. Coloquei um par


de brincos e o colar que Aaron me deu há um
tempo, com o pingente dos “nossos corações”.
Passei uma maquiagem básica, dando um ar mais
romântico. Calcei minha sandália de salto fino e
vesti meu vestido. Então me olhei no espelho e
estava tudo pronto. E eu me sentia muito bem
assim. Fui para a sala e me deparei com uma cena
maravilhosa. Meus filhos e Aaron sentados no
tapete da sala, todos quietos assistindo a um
desenho na TV. Uma coisa tão simples, do
cotidiano, que muitas vezes nem reparamos... Mas
essa calma, essa união... São momentos assim que
fazem nossa vida esplêndida e perfeita.

Aaron se virou e me olhou dos pés à cabeça.


Então se levantou e veio até mim.

— Você está linda! Maravilhosa!

Eu o observei e ele estava usando bermuda


e camisa brancas.

— Você fica ótimo de branco.

— Bom saber.
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Bracinhos envolveram minhas pernas e eu


já sabia que pertenciam ao Ethan.

— Minha.

Eu ri. Ele mal falou papai ou mamãe e falou


Minha?

— Meu Deus, esse menino vai ser


esquentado e ciumento igual ao papai.

— É isso aí, garotão. Cuide da sua mãe e


principalmente da sua irmã. Não quero nem ver
quando eles ficarem adolescentes.

Eu ri. Deixei o Ethan na sala e logo a


Crystal chegou. Ela começou a brincar com eles e
aproveitamos o momento para ir sem eles
perceberem. Claro, não sem antes dar diversas
recomendações ao Liam e à Crystal.

No carro, quando saímos do condomínio,


Aaron perguntou:

— Pronta para uma noite só nossa?


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Ele estava com a mão na minha perna.


Coloquei minha mão sobre a dele e a puxei,
depositando um leve beijo nas costas da sua mão.

— Sempre pronta para você.

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Estamos a caminho de um restaurante, ele


fez uma reserva e deve ter pagado caro por isso,
pois sei que, para ir a esse restaurante, tem uma boa
fila de espera. Ele desceu do carro e deu a volta,
abrindo a porta e segurando minha mão para sair do
carro, como o perfeito cavalheiro que é. Entramos
de mãos dadas e a recepcionista nos encaminhou
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para nossa mesa. O restaurante era puro luxo e


imenso. Estava cheio, mas o ambiente era
agradável.

— Eu jamais poderia imaginar que um dia


isso aconteceria comigo — ele falou após
terminarmos de comer.

— Amar? Ter filhos? Nem quando era...


bom, antes disso tudo acontecer com você, não
pensava nisso? Na época das cavernas?

Ele riu.

— Pra ser honesto, não. Eu não sabia o que


era esse sentimento até você aparecer.

Ele segurou minha mão e eu sorri para ele.


Ele logo pediu a conta e fomos embora do
restaurante. Fomos conversando para o carro e ele
passou a dirigir. Não prestei atenção no caminho e
nem perguntei para onde íamos, só vi quando ele
estacionou em frente a um hotel que tem à beira
mar...

— Vamos ficar aqui esta noite.


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Desci do carro e olhei para a imensidão


azul. Aquele lugar, agora vazio, durante o dia
normalmente era cheio de pessoas.

— Faz tanto tempo que não venho à praia.

— Tire a sandália. Vamos caminhar um


pouco.

Tirei a sandália e a deixei no carro. Ele


também tirou seu sapato e colocou ao lado do meu.
Então me abraçou e saímos caminhando à beira
mar, curtindo aquela paz que fazia tempo que não
tínhamos. O silêncio reinava e podíamos apreciar
cada detalhe do lugar. Ele me puxou e nos
sentamos na areia. Depois me virou e eu sentei no
seu colo, abraçando seu corpo com as minhas
pernas e atacando sua boca.

— Amo meus filhos, mas é muito bom te


beijar e não ouvir o chorinho do Ethan.

Sorri e o beijei novamente. Já fazia tempo


que não nos beijávamos assim, com tanta
necessidade, com tanta ansiedade de sentir um ao
outro. Ele apertou minhas coxas e uma de suas
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mãos entrou em baixo do meu vestido, segurando


na lateral da minha calcinha.

— Preciso levá-la para o quarto — ele falou


ainda beijando meu pescoço.

Seus olhos eram de um vermelho bestial,


mas eu até senti saudades de vê-los. Ele me
levantou e rapidamente estávamos no carro. Então
ele pegou sua carteira, nossos sapatos e entramos
no hotel. No elevador ele voltou a me beijar e
nossa... adoro essa sede que Aaron sente de mim.
Fomos até a cobertura, entramos no quarto, que
mais parecia uma casa, e vi uma piscina no local.
Ele tirou meu vestido, me deixou nua naquela
velocidade sobrenatural e ficou nu na minha frente.

— Nossa! — eu disse impressionada


enquanto o admirava.

— Sentiu saudades, amor? — ele disse em


um tom divertido e malicioso.

— Sim, muitas saudades — respondi


pulando em seu colo.

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Ele correu e de repente senti a água da


piscina molhar meu corpo, seus lábios beijando
meu pescoço e meu colo, sua mão na minha
intimidade... Meu Deus!

— Nossa, Aaron, como eu senti falta disso.

— Eu também, amor, eu também.

A água da piscina não me fazia esfriar. Eu


sentia toda a minha pele queimar e estava ficando
no limite com seus dedos me penetrando daquela
forma. Ele me segurou e pulou comigo nos tirando
na piscina e me deitando na cama rapidamente.
Seus lábios atacaram minha intimidade e eu pulei
no lugar ao sentir tamanha excitação. Ele estava
ainda mais sedento. Acho que era a saudade...

Seus beijos foram subindo passando por


minha barriga, meus seios, chegando a meus lábios
e eu pude sentir meu gosto em sua boca.

— Você continua deliciosa.

Ele me beijou novamente e se encaixou na


minha entrada. Abri as pernas ainda mais para
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recebê-lo e cravei minhas unhas em suas costas


gemendo de dor e prazer ao senti-lo me preencher.
Seus movimentos começaram lentos e sedutores.
Suas mãos passeando pelo meu corpo e eu fazendo
o mesmo com ele. Respirando seu cheiro delicioso.
Cheiro de Aaron. Passamos a noite em claro, nos
amando, nos adorando, matando a saudade que
sentíamos do corpo um do outro.

As semanas passaram depressa. Já


estávamos em nossa casa nova, em uma ilha onde
as bruxas disseram ser segura e protegida de toda
forma de rastreamento. Ao menos, elas estão nos
garantindo isso. Hoje é o nosso casamento.
Simples, mas lindo, do jeito que eu sempre quis.
Aaron planejou tudo, com a Crystal organizando, é
claro. Só soube hoje pela manhã quando minha
amiga chegou fazendo festa e trazendo meu vestido
para o casamento. Será na praia e apenas nós quatro
estaremos presentes, ah, e meus filhos, é claro.

— Estou ansiosa demais, Crystal.

— Imagino. Mas você está linda. Eu acertei


nesse vestido. E no seu cabelo. E na sua
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maquiagem. Ah, fala sério! O que seria de você


sem mim?

Ri com o jeito dela. Eu a abracei e beijei seu


rosto.

— Verdade. O que seria de mim sem você?


Está bom mesmo?

— Claro que sim. Você está linda!

Peguei meu pequeno buquê de rosas


brancas e saí da minha casa, que fica bem perto da
areia da praia. Aaron já me esperava com o juiz de
paz. Encontrei meus filhos em pé me esperando ao
lado do pai. Chloe está com um vestido igual ao
meu... encantadora. Meu vestido é branco e longo,
de alça fina e com uma abertura na perna, tem
detalhes em renda e da cintura para baixo é de um
tecido branco com véu rendado por cima. É sexy e
ao mesmo tempo romântico. O vestido da Chloe era
de alcinha também, rendado, com detalhes de flores
e todo soltinho. Ela está tão linda! Olhei para o meu
marido, que sorria olhando para mim. Ele usava
calça, sapato e camisa com as mangas dobradas até

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o cotovelo. Todo de branco. Amo quando ele veste


branco. E meu Ethan está igualzinho a ele. Até com
gel no cabelo meu menino está. Liam estava ao
lado junto com a Crystal. Era uma noite linda e
bem estrelada. Caminhei até eles e Aaron segurou
minha mão e sussurrou no meu ouvido.

— Prometo que um dia lhe dou o casamento


que você merece.

— Eu não posso imaginar um casamento


mais perfeito do que este.

E o sorriso mais sincero nasceu em seus


lábios. Dei o buquê para Chloe segurar e ela
comemorou pulando e soltando gritinhos. O juiz de
paz iniciou a pequena cerimônia e logo chegou a
hora dos votos e da aliança. Eu não sabia o que
falar a ele. Principalmente depois do discurso que
ele fez: rápido, prático, perfeito e emocionante.

— Quando você entrou na minha vida, eu


não podia pensar em outra coisa a não ser que você
era uma pirralha insolente que me desafiava a fazer
coisas que nunca pensei que faria. Você me fez me

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apaixonar. Você me fez te amar sem ao menos você


querer isso. E eu sou grato por isso. Prometo a
você, Mia, que vou sempre te amar, meu coração
será eternamente seu. Prometo que nunca deixarei
faltar nada para você. Entre nós não vai faltar
carinho, amor e sexo.

Em meio às lágrimas de emoção, comecei a


rir, acompanhada da Crystal e do Liam,
discretamente é claro. Mas o Aaron também
segurava o riso.

— Prometo ser o pai que você espera que eu


seja e manter vocês sempre em segurança. E
também... que eu vou achar uma forma de eternizar
o que temos, custe o que custar. A eternidade nos
espera, baby... — ele falou colocando a aliança no
meu dedo e beijando-o.

Como vou fazer algo melhor que isso? Meu


Deus, como sou boba. Uma boba totalmente
apaixonada por ele.

— Quando eu o conheci só pensava em


como o que você tinha de beleza tinha de

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arrogância e ignorância. Bom. Eu estava certa —


mais uma vez nós não aguentamos e rimos —, mas
então você me falou algo sobre o que sempre estive
errada e você sempre esteve certo. Você disse que,
assim que eu o aceitasse como realmente é, eu seria
a pessoa mais feliz do mundo. Aaron, eu não posso
imaginar outra pessoa que seja tão feliz com o que
tem quanto eu sou. Eu também prometo a você ser
a esposa e mãe que você espera que eu seja,
prometo nunca deixar faltar amor, carinho e
companheirismo em nosso lar. E também sexo.
Prometo que meu coração será eternamente seu e
que, juntos, vamos eternizar o que temos. Obrigada
por nunca desistir de mim. Eu te amo. Sempre e
para sempre.

Coloquei a aliança em seu dedo e beijei sua


mão. O juiz de paz falou aquela frase de sempre:
“Eu vos declaro marido e mulher”. Aaron segurou
meu rosto e beijou meus lábios. E esse foi um dos
beijos mais intensos e cheios de sentimento que ele
já me deu. Senti os braços do Ethan envolver
minhas pernas, todo atrapalhado por causa do meu
vestido. Olhamos para baixo e ele empurrava a
perna do pai para longe. Crystal fungava por ter
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chorado emocionada, mas todos riam do Ethan e


seu ciúme. Chloe tinha detonado meu buquê de
tanto pular e balançar ele de um lado para outro,
mas, mesmo assim, tudo estava perfeito. Tive meu
casamento dos sonhos e vou recordar com carinho
cada segundo deste dia.

Liam e Crystal vão passar a semana


conosco, aproveitando para matar a saudade. É
horrível ficar longe deles!

Ethan e Chloe não tiveram aquele


crescimento de novo. Ainda não achei um padrão
para o desenvolvimento deles. Mas estão cada dia
mais inteligentes e ágeis.

Aaron continua com seu jeito controlador,


mas ele me ajuda em tudo. Mesmo a casa sendo
mais simples que a outra em que morávamos,
Aaron contratou uma babá, uma cozinheira e uma
faxineira. Todas elas são moradoras fixas da ilha.
Do outro lado da ilha, não tão longe, mas também
não tão perto que tire nossa privacidade, há um
resort que Aaron comprou com Liam. Aaron queria
algo para se ocupar enquanto estamos aqui, então
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encontrou. Vamos gerenciar o local, mas bem longe


das câmeras. Eles sempre conseguem esconder o
que querem...

Faz três meses que moramos nesta ilha. Já


estava tarde, a casa estava silenciosa e só restava eu
na cozinha. Estava comendo uma maçã enquanto
desenhava um projeto de melhoria para o resort.
Mas estava cansada, então resolvi me deitar e,
enquanto caminhava para o meu quarto, decidi
passar no quarto das crianças e elas não estavam lá.
Que estranho! Fui para meu quarto e me deparei
com o Aaron deitado no meio da cama assistindo a
um desenho com as crianças deitadas uma em cada
braço dele. Chloe e Ethan dormiam tranquilamente.
Fui até eles e, quando me aproximei, ele sussurrou:

— Fiquei com medo de mexer com eles e os


acordar. Pegue a Chloe e leve ela para o quarto que
eu levo o Ethan.

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Confirmei com a cabeça e peguei a Chloe


no colo, que abraçou meu pescoço ainda dormindo.
Deitamos eles nos berços e voltamos abraçados
para o quarto. Ele estava sem camisa e eu nunca me
cansaria de apreciar essa vista.

— Gosta do que vê?

— Nunca vou me cansar de olhar.

— Só olhar?

Ele falou em tom brincalhão, me pegando


no colo, beijando meu pescoço e me fazendo
gargalhar por me fazer cócegas.

— Não. Eu quero muito mais do que olhar...


Quero tudo de você.

— Você sempre vai ter tudo de mim...

Já na cama nos amamos por horas e tenho


certeza de que nunca vamos nos cansar disso. Nasci
para ser dele. Ele me esperou por séculos para ser
meu. E assim vamos pertencer um ao outro, até o
último dia de nossas vidas...
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Fim do livro 1 - Renda-se a mim

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Estou aqui, porque todos ao meu redor de


alguma forma acreditaram em mim, me deram
força e incentivo. Vou guardar com carinho cada
comentário, cada palavra amiga e cada crítica
construtiva que recebi e sei que ainda vou receber.
Mas, tenho que agradecer principalmente aos meus
leitores, que são meus amigos, meus amores. Vocês
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têm minha eterna gratidão. Vocês são incríveis!


OBRIGADA!

Aaron, Mia, Ethan, Chloe, Liam e Crystal


ainda têm um longo caminho a percorrer. O
segundo livro da trilogia será disponibilizado em
breve, com ainda mais aventuras e emoções. Espero
que gostem!

E sobre este livro, espero de coração que


vocês tenham gostado, tenham sentido tudo que eu
quis passar e amado cada momento entre os altos e
baixos da vida do Aaron e da Mia.

Para aqueles que, como eu, amam o


universo de vampiros e lobos de The vampire
Diaries, The Originals, Twilight e Teen Wolf,
espero que achem um cantinho no coração de vocês
e guardem com carinho a trilogia Segredos Mortais.
Obrigada por terem me dado uma chance e terem
chegado até aqui.

Vocês podem me encontrar nas redes


sociais pesquisando por Lety Friederich. Por favor,
me adicionem! Amo interagir com leitores e

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amantes da literatura!

O livro tem sua própria página. Curta e


fique por dentro de todas as novidades a respeito
dos próximos livros e promoções, pois, esse livro já
tem em versão física e está lindo demais! Vocês
podem encontrar a página pesquisando pelo nome
do livro: Segredos Mortais. E para comprar o livro
físico é direto comigo, a autora.

Mais uma vez, o meu muito obrigada, e nos


vemos no próximo livro: Não se renda a maldição.

Grande beijo,

Lety.

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Maria Letícia Friederich


Rodrigues, mais conhecida como Lety. A
pessoa do signo de Virgem que não é perfeccionista
e muito menos organizada. Vinte e dois anos,
nascida no norte do Paraná e criada no interior de
São Paulo. Mãe de um príncipe chamado Marcelo,
seu grande amor. Sonha em conhecer outros países
e fazer intercâmbio. Ama filmes, livros e séries, em
especial romance, fantasia, sobrenatural e suspense.
Começou a escrever em 2015, era uma fase difícil
que enfrentava e escrever foi seu escape, seu
refúgio e abrigo. Ela não podia sair do lugar, mas,
quando começou a escrever, criou asas e foi para
onde queria, em todo e qualquer momento. Depois
disso, ela nunca mais ficou presa. Escrever deu-lhe
a liberdade que ela sempre sonhou, então,
provavelmente, ela nunca vai parar...

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SEGREDOS MORTAIS
RENDA-SE A MIM

Disponível em formato físico


Compre aqui!

SINOPSE
O que acontece quando um homem cheio de
trevas se encanta com a pureza de um sorriso? Ele
tenta corrompê-la ou se deixa influenciar por sua
bondade? Mia Black é a combinação de tudo o que
falta em Aaron Prescott. Bondosa, inocente e
gentil. Seu rosto angelical e seu olhar inocente o
fazem perder o controle. Ela não entende por que
um homem que tem tudo o que alguém poderia
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querer na vida é tão grosso e arrogante, mas isso é


porque ela ainda não sabe o seu segredo. Ele, como
um cara controlador e seguro de si, ficou perdido
ao se ver obcecado pela garota incomum que
apareceu na sua vida. E ela não poderia imaginar
que, ao aceitar uma proposta de emprego, se
tornaria a nova obsessão do executivo Aaron
Prescott.

“Seu gosto é inebriante! Nunca provei nada


parecido. Sei que estou arriscando expor meu
segredo, mas eu a quero só para mim. Ela não quer
ficar por bem, então vai ficar por mal. Não importa
como, mas ela será minha, para sempre".

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