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Copyright © 2024 Natália Dias

Capa: designerttenorio
Revisão: Victoria Gomes | Natália Dias
Diagramação: Natália Dias
Imagens: Freepik
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, acontecimentos descritos
são produtos da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes,
datas e acontecimentos reais é mera coincidência.

EU NÃO SOU PARA VOCÊ


NATÁLIA DIAS
1ª EDIÇÃO — 2024 — BRASIL
Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento e/ou reprodução
de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios, sem a autorização
da autora. Ressalva para trechos curtos usados como citações em
divulgações e resenhas, com autoria devidamente identificada. A violação
dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº 9.610/1998 e punido
pelo artigo 184 do código penal.
NOTA DE AUTORA
SINOPSE
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
EPÍLOGO
SOBRE A AUTORA
OUTROS LIVROS
Quero te agradecer por estar aqui, por ter dado uma chance a este

livro! Sem você, querido(a) leitor(a), eu não seria nada!

O livro Eu não sou para você é um romance cheio de sensualidade e


cenas muito quentes, como todos os meus livros, mas, além disso, Olivia e

Noah são rodeados de drama e mistério. Não é à toa, não é? Esse guarda-

costas gostoso precisa ter trabalho! E Olivia vai dar muuuuito para ele

(interprete a frase como quiser hahaha).

É um livro único (por enquanto, porque quem me conhece, sabe que

AMO um spin-off) e cheio dos melhores clichês que a gente ama! Olha só a

listinha de tropes que a gente vai encontrar por aqui: age gap, fake dating,

sob o mesmo teto, melhor amigo do pai, viúvo e gravidez inesperada!


Espero que se divirta com a leitura e saiba que as minhas redes

sociais estão sempre abertas para surtos, pedidos de mais, xingamentos (aos

personagens, por favor) e conversa! Siga-me no Instagram e vamos papear!

Tenha uma ótima leitura!

Natália Dias
AGE GAP + MESMO TETO + MELHOR AMIGO DO PAI + VIÚVO +

GRAVIDEZ INESPERADA

Eu não esperava que ele, o amigo do meu pai, por quem sempre
tive uma quedinha na adolescência, fosse retornar à minha vida. E ele

está ainda mais gostoso do que nunca.

A vida de Olivia Hill, uma atriz mundialmente famosa, está em


perigo.

Quando sua segurança é ameaçada, Olivia precisa ceder às exigências

do seu pai e ter um guarda-costas acompanhando-a vinte e quatro horas por

dia, morando debaixo do mesmo teto que ela.


A situação que já era ruim se torna ainda pior quando ela descobre

que o homem que vai ficar responsável pela sua proteção é Noah Coleman,

um antigo amigo do seu pai, um viúvo quinze anos mais velho do que ela.

Alguém por quem ela nutriu uma paixonite na adolescência.

Ele nem a olhava antes e parece que segue não a enxergando como

mulher agora, mesmo depois de tanto tempo sem vê-la.

Em meio a mistérios e caos, graças a uma gravidez inesperada, os

dois vão precisar fingir um relacionamento para a mídia. Não só isso, vão
precisar descobrir o que é real ou mentira no desenrolar de toda a confusão

em que se meteram.
Eu não sei dizer se a mídia me ama ou se me odeia. Em meus dez

anos de carreira, ainda não consegui decidir isso.

Não importa o lugar onde eu esteja, lá estão eles, os famosos


paparazzi, preparadíssimos com seus equipamentos caros, à espreita,

sedentos por um deslize sequer meu. Ou apenas por uma pose estranha que

faça aparecer uma barriguinha fora do lugar, talvez uma espinha bem no
meio da minha testa. Ou até mesmo uma expressão séria para que digam o

quão grosseira ou mal-educada fui com eles de graça.

Aham, totalmente de graça.

Não tem nada a ver com o fato de não respeitarem porra nenhuma.

Eles não têm limites, sério. Não ligam se você está saindo de um enterro ou

da premiação do Oscar. Sempre estão lá para invadirem todos os momentos

mais íntimos dos artistas. Sempre.

Digo isso por experiência própria, porque na morte da minha mãe,

bem no início da minha carreira de atriz, eles acompanharam cada passo

meu no dia mais difícil da minha vida.

Agora não seria diferente. Enquanto saio da minha casa em Malibu,

cidade que fica no estado da Califórnia, com meu motorista tentando ir o

mais rápido possível para evitá-los, consigo ver os flashes pipocarem no


meu rosto. Isso porque é uma simples saída para um almoço. Não sei o que

tem de tão interessante na minha vida que os fazem me perseguir assim.

Como eu disse antes, não sei mesmo se me amam ou se me odeiam.

— Olivia, Olivia! É verdade que está namorando com o Jake

Langdon? — Escuto a pergunta gritada por fora do carro blindado,

enquanto eles batem no vidro e tentam tirar fotos minhas dentro do veículo

de película escura. — Por que você está sumida das redes sociais? Tem algo
a ver com seu envolvimento com ele? É por causa do possível hate que vai

sofrer?

Sumida? Só não posto nada há dois dias por falta de tempo. Como eu

mesma gosto de lidar com minhas redes sociais, tenho mais dificuldade em

postar com frequência porque nem sempre o tempo me permite, mas dizer

que estou sumida é demais.

— É verdade que no próximo filme teremos cenas mais quentes desta

vez? — pergunta outra pessoa, enquanto meu motorista tem a maior

dificuldade do mundo de conseguir sair dali sem atropelar ninguém.

Eles literalmente se jogam no capô do meu carro. Mesmo com os

seguranças que protegem a casa do lado de fora, tentando espantar os

paparazzi, eles sempre conseguem burlar a linha de proteção que meus

homens tentam fazer no veículo.

Quando finalmente conseguimos sair dali sem que eu precise

responder nada, solto um suspiro de alívio e me jogo no banco, cansada.

Isso porque o dia acabou de começar.

— Para o restaurante de sempre, senhorita Hill? — Liam pergunta,


olhando para mim através do retrovisor por alguns segundos antes de voltar

a se concentrar nas ruas.

— Sim, Liam, por favor. Na entrada reservada de sempre.


— Pode deixar.

Eu me mantenho concentrada no celular, conversando com Sarah,

minha melhor amiga, mesmo que nós duas estejamos a caminho do mesmo

lugar para almoçarmos juntas. Obrigatoriamente, mesmo que as nossas

vidas sejam corridas, a gente tira um tempinho da nossa agenda para sair

para algum lugar. Não importa se vai ser um almoço rápido ou uma noite

longa em alguma balada mais reservada por aí.

Como estou cansada, hoje optei pela tranquilidade no almoço no

Giorgio Baldi, o meu restaurante preferido de comida italiana de todo o

estado da Califórnia.

Não demora nem vinte minutos para o meu motorista estacionar e

descer para abrir a porta para mim. Eu o agradeço e ando em direção à

entrada do restaurante, sorrindo para a hostess, que arregala os olhos ao me


ver.

— Senhorita Olivia Hill, que prazer vê-la aqui de novo! Achei que

não fosse mais voltar — ela fala ofegante, com as bochechas vermelhas. —

Eu amei o último filme que saiu. Não sei quem é mais sortudo, se o Jake ou

se é você.

— Obrigada, fico feliz que tenha gostado — respondo com simpatia,

porque sempre gosto de tratar bem os fãs, afinal, sem eles, eu não seria
nada. Se estou onde estou, com vinte e cinco anos, no auge da minha

carreira que começou aos quinze, é graças a eles.

Ela pede uma foto, olhando para ver se nenhum funcionário do

restaurante está a vigiando, e me guia até a mesa onde minha amiga já me


espera. Como sempre, Sarah pegou uma bem isolada, porque se eu tenho

paciência para lidar com o assédio, minha amiga low profile[1] não tem uma

gota sequer no corpo miúdo. Não sei nem como ela conseguiu manter a

nossa amizade que vem de berço depois que coloquei na cabeça que queria

ser atriz.

— Não sei como você consegue. — É a primeira coisa que ela

resmunga assim que chego perto da mesa em que está. Ela revira os olhos

quando encho seu rosto de beijos antes de me sentar, porque sabe que é a

minha tentativa de distraí-la.

— Foi a vida que eu escolhi, amorzinho. Eu gosto de ser parada pelos

fãs, significa que estão me reconhecendo e que gostam do meu trabalho.

— Tudo bem, bom para você. Ainda não me acostumei a te ver

rodeada de pessoas famosas ou de ver o pessoal se estapeando para tirar

uma foto com você — ela fala rindo, jogando os longos fios pretos dos

cabelos cacheados para trás. — Mas me conta, como está agora que

decidiram que vai ter um segundo filme?


Eu me animo ao contar os detalhes que me são permitidos. Não sei

muita coisa ainda, mas depois do estouro de bilheteria do primeiro filme,

foi inevitável que o público cobrasse uma continuação do romance.

Segundo as críticas, o final foi aberto e deixou com um gostinho de quero

mais. Creio eu que tenha sido algo proposital da produção, para ver a

receptividade dos fãs antes de anunciarem a sequência, que já estava

engatilhada.

Sarah escuta tudo com empolgação, porque apesar de não gostar da

parte chata da fama, minha amiga ama a vida dos bastidores, das gravações

e das festas que sou obrigada a ir para marcar presença. Normalmente, levo-

a como minha convidada, e ela se diverte muito mais do que eu.

Enquanto nós fazemos os pedidos da nossa comida, eu me empolgo

cada vez mais, dando mais detalhes sobre as coisas que estou tendo que

aprender para o próximo filme, tipo boxe e krav magá[2].

— Ain, eu te invejo! Queria poder dar uns pegas no Jake Langdon

nem que fosse na ficção — ela murmura, soltando um suspiro sonhador.

— Depois que a gente se acostuma com tudo, parece que está


contracenando com um robô, amorzinho.

— Se fosse um robô igual aquele, eu sentava tão gostoso que…


O garçom nos interrompe para deixar os nossos pedidos, e vejo

minha amiga ficar vermelha quando o homem a olha com choque ao ouvir o

final da sua frase. Quando ele vai embora, solto uma gargalhada e passo

bons minutos ouvindo tudo o que Sarah gostaria de fazer com o ator com

quem atuei como par romântico no último filme.

Se ela soubesse o quanto ele é diferente dela, não diria isso. Não que

Jake seja ruim, mas fora das câmeras, sua personalidade é um tanto

quanto… rebelde. É uma excelente pessoa para se trabalhar, só que seria o

último cara com quem eu me envolveria, amorosamente falando. Tenho


certeza de que o último com quem Sarah ia querer se relacionar também,

porque ela faz mais a vibe romântica. Mesmo que negue isso todos os dias.

— Você é boba demais — digo, sentindo minha barriga doer de tanto

que eu rio das besteiras que diz.

— Ai, meu Deus, finge costume. É a família Connor[3]. Senhor,

quanta gente bonita! — Sarah me chuta por debaixo da mesa, enquanto


tenta manter a expressão neutra ao ver uma das famílias que ela stalkeia

todos os dias através do Instagram. — Não sei em quem eu me sentaria


mais, amiga.

— Em ninguém, deixa só as mulheres deles ouvirem você falando


isso.
— Elas devem estar acostumadas, e eu me sentaria nelas também —
ela sussurra, olhando para as costas deles quando passam pela nossa mesa

em busca de um lugar discreto para se sentarem.

Eles são mesmo muito bonitos. O ator Jason Connor, agora

aposentado dos filmes de romance, ainda está no auge da sua beleza,


mesmo tendo seus cinquenta e poucos anos. Sua esposa, Emily Connor,

também conhecida pelo pseudônimo que usa até hoje para escrever seus
livros eróticos, é o carisma em pessoa, além de ser muito bonita também.

Não posso deixar de citar os filhos deles, claro. A maioria seguiu o


caminho da fama também e se casaram com pessoas igualmente ricas ou

famosas. Ou seja, todos eles são conhecidos e muito bons no que fazem. É
uma família que sempre está na mídia pela beleza ou pela excelência em

seus trabalhos.

— Para de babar neles! — exclamo, batendo na mão de Sarah para


que ela foque em mim.

— Por que você não pode conhecer um deles e me apresentar? Acho


que o Nathan está solteiro. Olha que gato…

— Eu não conheço todas as pessoas famosas do mundo, Sarah. E não

foi você que disse que foge dos galinhas?


— Sim, mas é Nathan Connor, o baterista mais gostoso do mundo,
amiga. Por ele, eu abriria várias exceções.

Enquanto ela olha para trás de novo, para babar nos Connor, eu reviro

meus olhos sem que veja e aproveito para responder algumas mensagens de
Vivian, minha assistente que cuida da minha agenda.

Respondo também papai, que faz um drama por eu não ter aparecido
essa semana para vê-lo. Ainda bem que não puxei a carência de Thomas

Hill, ou estaria muito fodida. Prometo arrumar alguns minutos para ele e já
peço para Vivian ver um horário disponível nos próximos dias para que eu

possa fazer isso.

— Ei, sem trabalho! — Sarah briga comigo, e largo o celular em

cima da mesa como se queimasse, voltando a focar na nossa conversa.

Tiro o foco de mim, porque sinto falta de estar mais presente na sua
vida. Pergunto como estão as coisas no trabalho, e ela passa o restante do

almoço reclamando como odeia cada segundo na empresa, por culpa do seu
chefe babaca e arrogante, segundo ela. Mesmo que eu a incentive a sair

dali, Sarah é teimosa e se recusa a pedir demissão. Minha amiga é do tipo


que odeia mudanças, então parece que prefere sofrer a ir atrás do que

realmente gosta. Já perdi as contas de quantas vezes eu a incentivei e


ofereci ajuda financeira até que ela se estabilizasse, mas além de teimosa,

Sarah é orgulhosa.

Ainda brigando com ela, pago a conta depois que a gente termina o

nosso almoço, e seguro em seu braço enquanto andamos em direção à saída


do restaurante.

Sarah agora está focada em me contar sobre a sua vida amorosa


conturbada, enquanto apenas rio dos seus relatos, porque em relação a isso,

não tenho muito o que dizer. Os últimos meses de gravação foram


exaustivos, e a última coisa em que pensei foi em me envolver em algum

relacionamento com alguém.

Tive alguns rolos casuais isolados e me arrependi de todos eles,


porque foram divulgar na mídia mentiras a meu respeito. Quando você

trabalha com a sua imagem, é preciso ter um cuidado dobrado com quem
você deixa entrar na sua vida. A qualquer momento, alguém pode tentar se

aproximar por interesse ou com maldade.

— Aí eu falei para ele: se você não sabe onde fica o meu clitóris,

como acha que eu vou te dar o meu… — Assusto-me quando Sarah


interrompe a sua fala e solta um grito de arrepiar. — Cuidado!

As coisas acontecem rápido demais. Em um segundo, estou agarrada

em seu braço ouvindo suas narrações cômicas sobre sua vida amorosa, e no
outro, estou sendo segurada por ela e jogada no chão.

Escuto o barulho alto de pneus derrapando na pista e gritos vindos de

todos os lados. Ouço meu nome ser pronunciado por algumas pessoas, mas
não tenho tempo para assimilar muita coisa. Olho assustada para Sarah, que

salvou a minha vida, pois, por muito pouco, não morri atropelada.

— Você está bem? — pergunto para ela, tocando seus braços com as

mãos trêmulas, e minha amiga concorda com a cabeça, ainda me olhando


assustada.

As pessoas que estavam passando em frente à calçada nos ajudam a


levantar do chão e, ainda atordoada, agradeço. Não consigo responder às

perguntas que fazem de uma vez e me afasto um pouco, tentando puxar


minha amiga comigo quando me sinto sufocada no meio da multidão.

Ainda estou aturdida.

Quando consigo me afastar um pouco, vejo meu motorista tentando

se aproximar no meio da bagunça que se formou de carros em frente ao


restaurante. Antes que ele chegue até mim, eu descubro que o pesadelo está
longe de acabar. Tudo o que sinto é a dor no meu braço esquerdo, depois de

ouvir o barulho alto de um tiro que não consigo identificar de onde veio.

Caio no chão, de joelhos, sentindo uma dor infeliz. Noto a expressão


de pavor do meu motorista e escuto mais gritos, muito altos, por todos os
lados.

Consigo identificar a voz de Sarah me chamando entre eles, mas não

consigo me manter acordada por muito tempo depois que sinto meu corpo
desabar de vez no chão.
A primeira coisa que sinto quando abro os olhos é uma vontade bem

leve de morrer.

Meu corpo está dolorido como se eu tivesse apanhado, minha boca


está seca e meus olhos estão ardidos. Tento reconhecer onde estou. Acho

que fui atropelada por um caminhão. Tudo o que vejo são paredes brancas.

Estou confusa, então não consigo identificar onde é.


— Ela acordou. — Escuto uma voz bem longe e pisco os olhos várias

vezes, zonza e com enjoo, tentando focar nela, mas não consigo mantê-los

abertos por muito tempo.

— Ela vai ficar um pouco confusa. Apesar de a batida na cabeça não


ter dado nada mais grave, ela teve uma concussão pela queda.

— Tudo bem. Posso tentar falar com ela?

Tento responder a pessoa que parece preocupada comigo, mas não


consigo. Meu estômago está embrulhado, minha cabeça dói muito. Parece

que não tem uma parte minha que não dói agora.

Céus, o que aconteceu comigo?

Sinto uma mão apertando a minha e me concentro nesse toque quente

e reconfortante.

— Querida, aqui é o papai. Que susto que você me deu, meu amor…

— Escuto um fungado e me forço a me concentrar na sua voz, mesmo que

pareça estar tão distante. Mesmo que doa tentar focar em qualquer coisa

agora. — Minha Olie, volte para o seu pai.

Meu pai…

Uso a pouca força que tenho para apertar a mão de papai, enquanto

ele murmura frases chorosas de encorajamento. Quando consigo abrir meus


olhos e mantê-los abertos, mesmo que embaçados, eu o vejo. O senhor de

cinquenta anos sempre boa-pinta está todo amassado, com os fios grisalhos

bagunçados e com olheiras fundas.

— Você está péssimo — digo com a voz rouca, abrindo um sorriso

fraco.

— Olie, você sempre teve o poder de me fazer quase morrer do

coração. Não faz mais isso, filha.

— O que aconteceu? — questiono, sentindo a garganta doer pelo

simples ato de falar.

Além da garganta, a minha cabeça está latejando e quase dói quando

tento pensar no motivo de eu estar aqui. Agora, reconheço que é um

hospital, mas não consigo me lembrar do motivo de ter parado aqui.

— Você quase foi atropelada e depois tomou um tiro. A polícia está

investigando se foi um acaso ou se foi premeditado. De qualquer forma,

vou cuidar de tudo. Não se preocupe com nada agora.

Quero fazer perguntas, muitas delas. Por que alguém iria tentar me

matar? Será que foi uma tentativa de homicídio mesmo? Ou foi apenas

alguém tentando me assustar ou chamar a minha atenção? Se eu contar, as

pessoas podem se surpreender com as coisas que ocorrem no meio artístico.

Já vi de tudo um pouco acontecer comigo ou com colegas de profissão.


— Como está se sentindo?

— Como uma carne moída — digo, tentando fazer uma piadinha para

tirar a expressão preocupada do rosto do meu pai.

O senhor Thomas já é dramático e exagerado por natureza, agora que

isso aconteceu, não o vejo me largando pelos próximos meses. Anos, até.

Papai é superprotetor e muito cuidadoso. Ficou ainda mais depois do

falecimento da minha mãe. É como se ele tivesse a necessidade de sempre

tentar fazer o papel de mãe e pai ao mesmo tempo. Na maioria das vezes,

era sufocante, mas conforme fui amadurecendo, percebi que era a sua forma

de tentar fazer com que tudo fosse menos doloroso para mim. Eu o amo

demais e sou grata por tudo, mesmo com todas as suas falhas e exageros.

— Achei que fosse perder você, Olie. — Ele aperta a minha mão e se

inclina para beijar a minha testa com carinho. — Você é a minha vida, não

posso perder você.

— Não vai, papai. Foi apenas um susto.

Mesmo que eu tente tranquilizá-lo, sei que não vai adiantar muito.

Mesmo sempre apoiando o meu sonho de ser atriz, ele não aceitou a ideia

com muita alegria. Para ele, o meio artístico se resume a sexo, drogas,

polêmicas e muita exposição, o que me coloca em perigo. Ele está errado?

Não totalmente. Tem muito disso também, mas é muito mais do que isso.
Felizmente, sempre consegui evitar os vícios e focar no que importa

para mim. No prazer que sinto ao atuar, ao dar vida a personagens que vão

marcar outras pessoas. Na alegria que sinto quando preciso estudar para um

novo papel, ou aprender um sotaque. É surreal conseguir me desvincular de

mim mesma para me transformar em outra pessoa.

Depois que perdi minha mãe, a atuação virou a minha válvula de

escape. Era ali que eu me esquecia, mesmo que apenas por algumas horas,

de que jamais veria a mulher que sempre foi minha inspiração para tudo

novamente. Jamais sentiria o seu abraço, seu cheiro. Jamais ouviria o som

esquisito da sua risada.

— Você recebeu algumas coisas dos seus fãs — papai fala, mudando

de assunto. Viro a cabeça para onde ele aponta e vejo várias coisas em cima

do sofá de visitas; ursos, flores, balões.

— Isso foi parar na mídia? Merda. Eu preciso… — Tento me

levantar, mas o senhor Thomas apoia a mão no meu ombro com carinho.

— Não precisa nada. Você ficou acordando e dormindo por três dias.
Não vou dividir você com eles agora, isso pode esperar.

Três dias? Merda! Eu tinha compromissos importantes!

Espero que Vivian tenha cuidado de tudo sozinha durante a minha

ausência. Sei que ela deve estar surtando agora, com as pessoas atrás de
notícias minhas. Ainda bem que confio nela o suficiente para saber que com

certeza teve a autonomia de cancelar meus compromissos dos últimos dias.

Enquanto meu pai tenta me fazer pensar em outras coisas, uma

equipe médica chega para me examinar. Eles me fazem uma sequência de

perguntas simples, talvez para testar a minha memória, e marcam mais uma

série de exames agora que acordei. Quando começam a falar com papai, eu

me permito fechar os olhos por alguns segundos, sentindo vontade de

dormir mais um pouco para ver se a dor enjoada na minha cabeça passa.

Assim que abro os olhos, vejo minha melhor amiga me encarando

com pena. Sorrio, mas Sarah não sorri de volta. Ela chora e se joga contra

meu corpo, soluçando muito alto.

— Shh, está tudo bem, amorzinho. Estou bem.

— Vo-Você nunca-ca mais fa-faça isso! — ela exclama, molhando a

roupa do hospital.

— Não foi uma escolha minha. Você sabe, né? Por que está chorona?

Nunca se assusta com nada.

Quando finalmente se afasta do meu corpo, ela seca o rosto com

rapidez e mexe na bolsa em cima da cama. Meus olhos se arregalam quando

vejo o que ela tira dali. Sarah aponta a arma para o meu rosto e abre um

sorriso diabólico, que não reconheço.


— Estou chorando por não ter conseguido da primeira vez, sua

vagabunda!

Assim que ela aperta o gatilho, eu grito alto, com os olhos


arregalados e o corpo rígido. Só consigo gritar. Sinto minha garganta

começar a doer pelo esforço, mas não ligo.

— Ei, ei, está tudo bem. Tudo bem. Foi só um pesadelo. — Quando

vejo Sarah parada à minha frente, eu tento me afastar dela, esperando que a
qualquer momento ela vá sacar uma arma da sua bolsa para tentar me matar.

— Não, não me machuque. Não — choramingo, empurrando as mãos

dela quando tenta me tocar.

— Eu jamais machucaria você. Por que está falando isso para mim?

Seu pai foi pegar umas roupas e descansar um pouco. Ele me deixou aqui.
Fiquei velando o seu sono.

Minha respiração se acalma, e eu consigo pensar direito. Consigo

voltar para a realidade. Foi só um sonho ruim. Minha melhor amiga não
tentou me matar de verdade. Foi só um pesadelo.

— Me desculpa — falo com a voz embargada de choro. — Eu…


Você… Por que estou chorando? Não sei por que estou chorando.

— Está tudo bem, você não precisa ser forte o tempo todo. Somos só
eu e você agora, pode chorar. — Assim que os braços dela rodeiam meu
tronco, eu me agarro a ela com força e choro tudo o que parece estar preso
dentro de mim. — Você passou por uma situação traumática, é normal estar

confusa e assustada. Estou aqui. Vou cuidar de você.

— Não me lembro direito do que aconteceu, mas tive um pesadelo.

Você tentava me matar! Meu Deus… A arma, o tiro, parecia tudo tão real.

— Provavelmente porque eu estava com você na hora. Fiquei muito


assustada também, Liv. Meu sangue gelou quando te vi caída e não
consegui chegar até você.

Choro mais. Choro muito no colo da minha amiga. Sarah não é das

pessoas mais carinhosas do mundo, mas ela sempre sabe a hora de me dar
colo quando preciso. E agora preciso dela mais do que nunca.

Tentar ser forte o tempo todo, seja para a mídia não ficar no meu pé

ou para proteger meu pai, cansa. Cansa muito. Sinto que ela é a única
pessoa da minha vida com quem me permito fraquejar.

Eu me recomponho alguns minutos depois, e ela se afasta, secando


meu rosto molhado pelas lágrimas.

— Você consegue ficar bonita até depois de tomar um tiro, sua vaca
— brinca, e eu sorrio fraquinho.

Duvido muito, mas agradeço à Sarah por mentir para mim nesse

momento. Aproveitando que é ela quem está aqui, peço ajuda para ir ao
banheiro. Não sei se posso levantar, só que não quero esperar a negativa das
enfermeiras. Preciso fazer xixi.

Minha amiga, mesmo relutante, não consegue dizer não para mim

nesse momento de fragilidade e me deixa entrar sozinha depois de me


ajudar a remover todos os fios e tubos que estavam presos a mim. A

primeira coisa que faço é me olhar no espelho.

Meus olhos estão vermelhos pelo choro, até mesmo as íris azuis

parecem sem brilho desta vez. Os fios loiros e cacheados estão bagunçados,
com vários ninhos na parte de trás da minha cabeça. A boca está branca

demais, como todo o resto do meu rosto pálido.

Olho para meu braço esquerdo coberto por uma atadura e faço uma

careta porque dói com o menor dos movimentos. Consigo usar o vaso com
muita dificuldade, porque até sentar dói. Demora mais do que o normal para

eu lavar as mãos, tentar dar um jeito no meu cabelo e sair.

Assim que volto para o quarto, a equipe de enfermeiras briga comigo


por eu ter me levantado assim. Vejo Sarah piscar em cumplicidade para

mim do sofá, de onde analisa meus presentes. Eu me deito de novo, e eles


me checam antes de saírem.

— Tem alguma coisa interessante aí? — pergunto para minha amiga


enxerida, que está concentrada lendo minhas cartas.
— Alguns tarados pedindo a sua roupa do hospital, muitos fãs fofos

te desejando melhoras e alguns curiosos questionando o que aconteceu,


como se você fosse responder. — Fico observando minha amiga lendo os

bilhetes deixados com as flores. — Nossa, esse daqui mandou um buquê de


rosas pretas. Que mórbido.

— São bonitas pelo menos.

— Tem bilhete. Vamos ver… — Ela tira um envelope preto de dentro

no buquê e o abre. Seu sorriso morre ao ler o conteúdo.

— O que foi?

— Ah, nada — responde depois de alguns segundos. — Mais um


tarado.

Sarah abre um sorriso sem graça para mim e para de mexer nos meus
presentes. Estranho seu comportamento quando pede licença e diz que

precisa fazer uma ligação para o trabalho. Não tenho tempo para pensar
muito nisso, porque logo outra equipe volta para fazer mais exames.

— Quando eu vou poder ir para casa? — pergunto para o médico


bonitão que me atende.

— Só precisamos te deixar mais algumas horas em observação agora

que acordou, mas está tudo bem com você. Graças a Deus o tiro foi de
raspão e não teve nenhuma sequela da queda.
— Obrigada, fico feliz.

Quando sou deixada sozinha no quarto do hospital, solto um suspiro

cansado. Odeio ficar parada. Nem me lembro de quando foi a última vez
que fiquei deitada assim sem nada para fazer. Odeio o tédio.

Apesar de sentir sono, eu o seguro porque quero aproveitar a


companhia de Sarah. Preciso que ela me atualize do mundo real, já que

papai não vai querer fazer isso. Quando ela volta, sorrindo meio tensa para
mim, vejo que meu pai está ao seu lado. Ele entra sério no quarto,

parecendo ainda mais preocupado do que antes, mas sorri ao me ver.

— Está melhor, querida?

— Achei que o senhor tivesse recebido ordens expressas da minha

amiga para ir descansar — provoco, mesmo tendo certeza de que ele não
iria atender ao pedido de Sarah.

— Até parece que eu ia ficar muito tempo longe de você.

Ele se aproxima e segura a minha mão por uns segundos antes de


alisar a minha testa. Thomas Hill parece ter envelhecido uns dez anos nos

últimos dias, e meu coração se aperta um pouco por saber que, de certa
forma, isso é culpa minha.

— Filha… — ele fala e solta um pigarro. — A polícia queria te


interrogar agora para seguirem com a investigação, mas eu os proibi até que
saia daqui. Sei que você vai odiar o que vou te dizer, mas é para o seu bem.
E é só temporário, só até… tudo se acalmar.

— Vou odiar o quê? — Ele olha para Sarah, e ela me olha de volta,
sorrindo do jeito estranho que não está habituada. — Pai? Sarah? O que está

havendo?

— Contratei uma equipe de segurança para você. É a melhor do país.

Eles vão cuidar da sua proteção enquanto a investigação se desenrola.

— Pai, não tem necessidade disso. Provavelmente foi só uma


coincidência infeliz.

— Liv, você precisa aceitar — Sarah fala, sem deixar chances para

que eu argumente. — É para o seu bem.

Fico sem fala, porque se ela não está do meu lado dessa vez, as coisas

foram piores do que eu imaginei. Não quero pensar no que está acontecendo
agora.

Estou tão cansada. Tão exausta psicologicamente que já estou tendo


pesadelos com a minha amiga me matando. Estou com medo de dormir de

novo.

— Tudo bem — concordo, sem querer discutir. Vamos ver como tudo
se desenrola depois que eu sair daqui. Só aceitei para tranquilizar os dois.
Eles parecem aliviados por eu ter aceitado ter que viver cercada de
vários guarda-costas. Apesar de ter gente protegendo minha casa para evitar

invasões, nunca quis alguém me seguindo vinte e quatro horas por dia,
mesmo às vezes precisando, mas agora, aparentemente, preciso ter um

segurança, sem o direito de escolha.

Céus, que caos a minha vida se transformou em tão pouco tempo?


Meu pai vai me enlouquecer. Ele está bem perto mesmo de conseguir

esse feito. Se antes Thomas Hill já era cuidadoso em excesso e

superprotetor, agora, depois do meu episódio traumático, ele está mil vezes
pior. Mil nada! Um milhão de vezes pior.

— Papai, eu consigo andar — respondo, enquanto ele insiste que o

motorista deve me levar de cadeira de rodas até o carro.


Depois de três dias sem maiores problemas, eles finalmente me

deram alta do hospital. Foram dias difíceis e tediosos, e eu estou doida para

ir para casa para tomar um banho na minha banheira quentinha, sozinha,

com uma taça de vinho e uma tigela de morangos, ao invés de na água

gelada com uma enfermeira me olhando para que eu não caísse.

— Por favor, pode colocá-la no banco? — Meu pai me ignora e fala

com Liam, que acena em concordância e vai para me pegar no colo. Eu o

impeço, esticando a mão para pará-lo.

— Não precisa, Liam. Meu pai está exagerando. Eu estou bem. Você

ouviu o médico dizendo que posso voltar à minha vida normalmente, papai.

Tudo o que vai me restar é uma possível cicatriz no local do tiro.

— Filha…

— Pai — repito no mesmo tom que ele, com as sobrancelhas


arqueadas, pronta para brigar.

Ele solta um suspiro e acena para o meu motorista, que mesmo sendo

contratado por mim, parece obedecer mais ao meu pai.

— Eu sinto muito por tudo, senhorita Hill. Foi minha culpa. Se eu

tivesse…

— Liam, para com isso — interrompo a fala do homem, porque já

basta meu pai e Sarah se culparem. Como se eles tivessem atirado em mim.
Não tinha como ninguém prever que algo assim aconteceria. — Você é meu

motorista, não meu segurança. Não foi culpa sua. Fica tranquilo. Agora me

leve para casa.

Ele sorri fraco e acena antes de se afastar e ir até o banco do

motorista. Um funcionário do hospital vem buscar a cadeira de rodas

enquanto meu pai se ajeita do meu lado, garantindo que tudo esteja

confortável para mim.

— Querida, nós estamos indo para minha casa. Preciso te apresentar

seu novo segurança. Na verdade, você deve se lembrar dele, porque é um

amigo antigo meu. Ele chegou somente hoje de viagem e vai seguir com a

sua proteção fora do hospital.

— Pai, sobre isso de ter um guarda-costas…

— Sem discussões, Olivia — ele me corta, sério, e solta um suspiro


cansado ao ver minha expressão contrariada. Seus dedos vão para os

cabelos, bagunçando-os ainda mais. — Sua segurança é a prioridade da

minha vida. Não vou te deixar andar sozinha por aí depois de tudo o que

aconteceu. Sei que não vai querer ficar em casa, então é isso ou…

— Virar sua prisioneira? O senhor sabe que tenho vinte e cinco anos,

não é? Tenho a minha vida, a minha carreira. Minha casa…


Ele não desfaz a expressão decidida, esse teimoso. Sabendo que não

vou conseguir discutir com ele agora, que está tudo muito recente, eu aceito

a contragosto. Achei que ele fosse desistir da ideia depois de alguns dias,
mas só parece mais certo disso.

— Ok, eu concordo em ter um guarda-costas, mas ele vai ter que me

encontrar na minha casa. E vai trabalhar para mim, ao invés de para o

senhor. Sei como vai me enlouquecer se eu o deixar te informar de cada

passo que dou.

— Olie, eu não…

— Por favor, pai. Preciso da minha casa. Quero ficar um pouco

sozinha depois de tudo.

Mesmo contrariado, ele apenas acena e não fala mais nada. Peço para

Liam mudar a rota, e meu motorista me obedece. Passo o resto do caminho

ansiosa, sentindo-me agitada e com a mente a mil por hora. É como se eu

estivesse ligada na tomada nos duzentos e vinte volts.

Estou acelerada desde que descobri que talvez alguma pessoa tenha

atentado contra a minha vida. Não é a situação mais reconfortante do

mundo saber que alguém não te quer viva.

— Ei, vai ficar tudo bem — meu pai fala, esticando a mão para

apertar a minha. Abro um sorriso fraco e retribuo o gesto, sem querer


conversar.

Quando estacionamos na minha garagem, papai me ajuda a descer.

Nem protesto dessa vez, só deixo que ele me guie até o interior da casa. Eu

me sento no sofá e solto um suspiro de alívio, porque é bom demais estar


aqui. Sempre amei muito ficar em casa, principalmente depois que minha

carreira de atriz se iniciou. Saio muito e tenho compromissos o dia inteiro

praticamente, então meu lar é o meu refúgio. Clichê, não é? Mas é o lugar

onde eu me sinto mais segura. E agora, é exatamente do que preciso.

— Tem certeza de que não quer companhia?

— Tenho, papai. Muito obrigada por todo o cuidado dos últimos dias.

Agradeço de verdade. Mas agora, tudo o que quero é voltar para minha

rotina, na medida do possível.

Ele concorda e se aproxima para dar um beijo demorado na minha

testa. Sei que se afasta relutante, consigo ver pela expressão preocupada

dele. Depois que avisa que vai mandar meu novo segurança para conversar

comigo aqui hoje mesmo, despede-se de mim e vai embora.

Libero Liam porque não pretendo sair hoje e solto um suspiro de

alívio quando finalmente me vejo sozinha. O silêncio é acolhedor. Diferente

do hospital, com os bipes dos aparelhos, as enfermeiras e médicos sempre


transitando, aqui tenho paz total. Os funcionários não estão aqui, porque já

está anoitecendo, mas vejo que tudo está limpo.

Eu me levanto do sofá e vou até a sala de banho, para concretizar

meu tão sonhado plano de me afundar na banheira. Enquanto a encho,

dispo-me, evitando olhar para o espelho porque as manchas roxas ao redor

do meu corpo estão desanimadoras.

Solto meu cabelo do rabo de cavalo cheio de nós, coloco sais na água,

pego os meus produtos e entro. Gemo quando a temperatura incomoda

algumas feridas que começaram a cicatrizar, mas termino de entrar mesmo

assim. Sento-me e solto um gemido baixo, porque meus joelhos estão

doloridos também. Não me lembro muito bem como caí, mas deve ter sido

feio.

Eu me dou ao luxo de tomar um banho longo, de lavar e

desembaraçar meu cabelo com meus produtos, sem pressa. Quando saio da

banheira, a água já está gelada. Apenas me enrolo em um roupão e sigo até

a cozinha para buscar algo para comer. Mal tenho tempo de chegar lá e o

interfone toca. Com uma careta e um resmungo, ando até lá, xingando de

leve a pessoa responsável por atrapalhar a minha solidão.

— Olá?

— Senhorita Hill, boa noite. O senhor Noah está aqui.


— Quem? Não conheço ninguém com esse nome — digo, esperando

que seja mais um repórter querendo saber sobre o que aconteceu. Muitos

deles apareceram, segundo a minha assistente, que me atualizou de tudo

quando foi me visitar no hospital.

— Um minuto. — Escuto-o conversando com alguém do outro lado

da linha. — Ele disse que é em relação à sua segurança.

— Ah… Merda. Pode liberar a entrada dele, senhor Lopes. Obrigada.

Quando o homem se despede, enfio os dedos nos meus cabelos


molhados. Que inferno… Por um momento, eu me esqueci disso. Meu pai

vai mesmo me obrigar a ter alguém no meu encalço vinte e quatro horas por
dia, não vai? Espero, de verdade, que ele desencane depois de um tempo.
Não quero viver o restante da minha vida com medo, cercada de gente

armada para me proteger.

Demora apenas alguns segundos para a campainha tocar. Arrastando


os pés, ando até lá para abrir a porta. Meu cérebro demora alguns segundos

apenas para processar a imagem do homem à minha frente.

Noah Coleman.

Puta merda. É o Noah Coleman! Quando papai me disse que o

responsável pela minha segurança seria um antigo amigo seu, nunca


imaginei que fosse logo ele.
— Noah…? — afirmo em um tom de questionamento, e ele acena
sério.

Vestido em um terno preto muito bem passado, o homem alto, forte e


imponente entra na minha casa sem esperar ser convidado. Dou alguns

passos para trás para o seu corpo grande não se chocar contra o meu
minúsculo.

— Atende todo mundo assim? — ele pergunta sem olhar para mim,
ignorando que estou parada esperando que me cumprimente direito.

Assisto ao homem investigar a minha casa, fuçando tudo com algum

aparelho que não sei o que é.

— O que está fazendo? — pergunto baixo, curiosa e assustada em


como ele trabalha rápido.

— Vendo se não tem nenhuma câmera ou escuta aqui. Minha equipe


já investigou a casa inteira, mas não custa pecar pelo excesso.

— Sua equipe… O quê? Como entraram na minha casa?

— Seu pai — ele diz isso com um tom normal, ignorando


completamente o meu surto. E a mim, por sinal.

Espero que ele analise o hall e o acompanho enquanto faz o mesmo

com a sala de estar. Enquanto isso, meu estômago ronca de fome porque ele
interrompeu o meu jantar.

— Pronto, está tudo certo — fala, sentando-se e finalmente me


olhando mais do que alguns segundos. — E você ainda não colocou uma

roupa. Não fique em vestes que te tornem ainda mais vulnerável, muito
menos na frente de um estranho. Você pode precisar fazer uma fuga rápida a

qualquer momento.

— Achei que fosse me proteger, justamente para eu não ficar

vulnerável. E você não é um estranho — digo em voz baixa, ajeitando o


roupão mesmo que esteja muito bem amarrado. Sinto-me… exposta pela

forma como ele fala.

— Digo isso exatamente para a sua proteção. Tem alguma dúvida de

como isso vai funcionar? Preciso que me dê detalhes sobre a sua vida, o
máximo de coisa que conseguir se lembrar. A polícia deve interrogar você

nos próximos dias também.

— Você vai ficar grudado em mim toda hora?

— Nos primeiros dias, sim. Preciso estudar a sua rotina, seus locais
frequentados, seus círculos de amizade.

— Achei que fosse só me proteger. Vai investigar também?

Ele apenas acena em concordância, e sua postura não relaxa por um

minuto. Cara, não acredito que estou de frente para Noah Coleman depois
de tanto tempo.

— Você não deve confiar em ninguém, falar para ninguém sobre isso.

— Tudo bem. Mas vai ser meio difícil esconder um homem do seu
tamanho — brinco para quebrar o clima estranho, mas Noah nem mesmo se
mexe. — Você… não se lembra de mim? Não sabia que tinha virado

segurança.

— Eu me lembro de você, Olivia. Não mudou muito desde a última


vez em que te vi.

Solto uma risada achando que está brincando comigo, mas de novo o

homem se mantém sério. Nossa, quando foi que ele ficou tão sisudo assim?

— Está dizendo que me pareço como uma menina de quinze anos?

Isso não é muito reconfortante.

— Não quis ser grosseiro, mas sim, você ainda se parece com a

menina de quinze anos para mim.

Não foi grosseiro, mas ainda assim é estranho. Dez anos se passaram
desde que Noah me viu pela última vez. Ele trabalhou um tempo na

empresa do meu pai, e eles eram muito próximos. Tinha um cargo


importante até, mas desde que se casou, nunca mais fiquei sabendo dele.

— Como virou segurança?


— Não acho que isso seja algo importante. Sou eu quem preciso

saber de você — ele me corta, sem ser mal-educado. Apenas parece que
está constatando fatos.

— Tudo bem. Mas antes, posso comer? Cheguei do hospital há pouco

tempo e não comi nada. Se não se importa… Já jantou?

— Não, mas não precisa, obrigado.

— Não vai se alimentar enquanto estiver me vigiando? Vai secar


desse jeito — brinco de novo, tentando tirar um sorrisinho que seja dele,

mas Noah se mantém quieto.

Quando se levanta depois de mim, sinto que estou de frente para uma
geladeira quatro portas de tão grande que ele é. Eu me lembro de ele ser

alto, mas não estava me recordando de que era tão forte e tão… gostoso.

Caramba, Noah conseguiu envelhecer bem demais. Eu já o achava


bonito dez anos atrás, quando eu era uma adolescente sem-vergonha de

quinze anos babando no melhor amigo do pai, que tinha uns trinta anos na
época. Mas agora, como uma mulher, posso dizer que Noah Coleman
continua um tesão.

O terno caro não esconde os músculos dos braços e nem as coxas

grossas. Os olhos castanho-claros são grandes, o queixo é quadrado e bem-


marcado. O nariz é um pouco grande, mas combina com seu rosto, e o
cabelo preto tem apenas alguns fios brancos nas laterais. Um puta coroa
gostoso!

— Então?

— Ah, desculpa, a cozinha.

Aponto feito uma lerda para lá, e o homem me segue, perguntando

algumas coisas bobas sobre o meu dia a dia. Ele apenas assente em
concordância enquanto me escuta e nem anota nada. Será que está

absorvendo tudo o que estou dizendo?

Enquanto tagarelo sem parar, em um monólogo cansativo e cheio de


detalhes que não acho nada legais de compartilhar, preparo dois sanduíches

de atum, um para mim e o outro para ele. Não deixo que negue e o encaro
com a sobrancelha arqueada, esticando o prato em sua direção.

— E os seus relacionamentos? Amigos? Namorado ou namorada? —


pergunta depois que terminamos de comer.

— Tenho poucos amigos de verdade, mas conheço muita gente por


causa da minha profissão. Não tenho nenhum namorado. Nem namorada.

— Algum ex insatisfeito?

— Huum, alguns não ficaram muito felizes com os términos, mas


eram só rolos. Não acho que eles fossem querer me matar.
— A partir de agora, você não pode confiar em ninguém, Olivia.
Depois que a investigação começou, todo mundo é suspeito. Seus amigos,

companheiros de trabalho, funcionários… Todo mundo.

Sinto um arrepio pela sua fala e tenho certeza de que todos estão
escondendo de mim a gravidade de tudo isso. Pela primeira vez, o cuidado

do meu pai não parece ser apenas preocupação em excesso. Minha vida está
mesmo em risco. Pensar nisso me deixa uma pilha de nervos e me dá

taquicardia.

Que merda, só quero a minha antiga vida de volta.


Eu imaginava que a vida dos atores era fácil. Muito provavelmente

fui enganado pela mídia, que tende a só mostrar a parte glamourosa da

profissão. Mas estou cansado por Olivia.

Estou responsável pela sua segurança há apenas uma semana, e a

garota não parou um dia sequer para tirar uma folga, para descansar em

algum lazer. Segundo ela, as coisas não costumam ser tão conturbadas

assim quando está em um papel que não tem tanta visibilidade, mas agora
que terminou de gravar a primeira parte de um filme e a segunda foi

anunciada, as coisas tomaram proporções extremas.

Consigo ver o quanto ela está esgotada, ainda mais vindo de uma

situação traumática, mesmo assim, mantém o sorriso no rosto sempre que


saímos. É simpática, educada e bastante atenciosa com os fãs. Mesmo que

eu me mantenha atrás dela, pronto para agir se alguma circunstância

suspeita acontecer, Olivia não se incomoda em perder longos minutos

tirando foto, conversando e autografando todo tipo de besteira que a

entregam.

Além da rotina corrida de trabalho, ainda arruma tempo para malhar,

frequentar salões de beleza e praticar pilates. No meio disso tudo, conseguiu

ter tempo para prestar depoimento na polícia no final dessa semana.

Confesso que estava desacostumado à vida de segurança particular,

mas ainda tenho bons reflexos e o meu lado observador ao meu favor. A

única parte tediosa é ter que estar em lugares que normalmente eu não

frequentaria. Não é o meu mundo. Ainda assim, estou impressionado e

admirado com a dedicação dela com o que faz. Dá para notar que se não

nasceu para isso, ela se esforçou muito para conquistar toda a fama que tem.

Só aceitei voltar ao trabalho porque Thomas insistiu muito. Seu

desespero ao ver a filha sendo ameaçada de morte me comoveu e não


consegui dizer não para um amigo antigo. Tive que voltar da viagem longa

que estava fazendo para isso, mas o alívio no seu rosto quando aceitei a

proposta me distraiu do motivo de eu não querer mais trabalhar como

segurança particular.

Ainda acho que Thomas poderia ter aceitado alguns dos meus

homens, que são ótimos no que fazem, mas ele quis que eu cuidasse disso

pessoalmente. Segundo meu amigo, sou o melhor. Não acredito nisso, ainda

assim, agradeci a confiança e peguei o trabalho. Não sei quanto tempo vai

durar, só espero que seja rápido e que logo eu possa voltar para a minha

vida.

Faz anos que não preciso lidar com a empresa. Anos me mantendo

afastado do trabalho. Das pessoas.

— Por hoje é só — Olivia fala, soltando um suspiro depois de ficar

horas posando para fotos publicitárias.

Eu me mantive ali, encarando o celular para não precisar olhar para a

garota usando apenas roupas de banho que não tinham quase nada de pano.

Não que eu tenha sentido vontade de olhar para ela, porque não menti

quando disse que, para mim, Olivia não está muito diferente da garota

tímida que corria de qualquer um. Se eu olhar demais para seu rosto, ainda
consigo encontrar a mesma expressão assustada; olhos azuis demais,

sempre arregalados, boca franzida e nariz pequeno inflado.

— Podemos ir então — digo, despedindo-me com um aceno discreto

dos membros da equipe. Eles soltam risadinhas que ignoro e me dão tchau

com a mão. — Tem mais algum compromisso hoje?

— Deus, não. Não estou aguentando mais ficar em pé e nem são sete

horas da noite ainda. É assim que é ficar velha?

— Está me chamando de velho? — pergunto, prendendo um riso,

porque descobri que pelo menos isso está diferente nela.

Agora, Olivia Hill tem uma língua afiada. Ela não tem muito filtro,

pelo menos não comigo. Fala o que pensa, solta piadinhas sem graça

nenhuma e dispara muitas palavras por minuto quando começa a ficar

constrangida.

— Eu? Que isso! — provoca, soltando uma risada contagiante

enquanto abro a porta do carro para ela. Ainda contrariado por não poder

dirigir porque ela não quis abrir mão do seu motorista de anos, eu me sento

ao seu lado. — Para casa, Liam.

— Sim, senhorita.

Enquanto o carro avança pelas ruas com uma chuva fina caindo,
Olivia tecla no celular, sorrindo para a tela sem perceber. Nunca interrompo
seus assuntos. O meu trabalho é única e exclusivamente protegê-la caso

precise. A ideia é que eu seja uma sombra e não a atrapalhe a viver, mas até

agora, tudo o que ela fez tem a ver com sua carreira. Até mesmo os salões e

o pilates foram motivados por isso.

— Você não sai para se divertir? — pergunto, sem conseguir evitar.

— Menos do que eu gostaria. Por que a pergunta? Está querendo sair

para se divertir comigo, Noah Coleman?

— Não, mas ao contrário de mim, você é nova — alfineto, fazendo-a

rir. Seus olhos se fecham completamente quando ela faz isso, e sua cabeça

sempre cai de leve para trás. — Não faz bem trabalhar tanto assim.

— Ah, não estou com tempo. Nas horas livres que tenho, só quero

saber de descansar. Quando toda a divulgação passar, vou poder aproveitar

um pouco. Mas espero que até lá, você não esteja mais na minha vida.

Digo, me protegendo.

— Não é ideal você deixar de aproveitar só porque estou te

guardando.

— Huum, mas existem coisas que não posso fazer enquanto você me

vigia — ela diz, abrindo um sorriso ladino que é novo para mim.

Reconheço malícia ali e não dou corda, porque não tenho intimidade com

ela. E mesmo se tivesse, ela é a minha cliente. Sem falar que é nova demais
para mim, e eu jamais me interessaria por alguém da idade dela. Com meus

quarenta anos, a última coisa que preciso é de uma mulher de vinte e cinco

ao meu lado. Nem mesmo só para sexo. — Não vai me perguntar o que é?

— Não preciso.

— Nossa, você é sempre tão sério, Noah Coleman?

— Por que você sempre me chama pelo nome completo? —

questiono com curiosidade, porque desde que comecei o trabalho, ela tem

feito bastante isso. Obviamente aproveito o momento para mudar de

assunto também.

— Para eu me lembrar de que é você aqui.

É tudo o que ela diz. Não insisto para saber o que quis dizer com isso,

porque se Olivia não falou, significa que não vai. Ou que quer que eu fique

curioso para saber mais e a questione. Não fico e paro de perguntar sobre.

Ela volta a se concentrar no celular, com o sorriso malicioso ainda ali.

Foco nas ruas, vendo como a chuva atrasa o trânsito ainda mais. Assim que

o carro vai passar por um cruzamento, escuto uma buzina muito alta e o

barulho de pneus derrapando. Olivia grita, e eu imediatamente a abraço,

inclinando nossos corpos para baixo só por precaução.

— Desculpa, um carro cruzou na minha frente de uma vez e eu tive

que desviar — o motorista fala alguns segundos depois, nervoso, olhando


para Olivia através do retrovisor. — Perdão, senhorita. Está tudo bem?

Eu me afasto ao ver que estamos em segurança, que foi apenas um

quase acidente, mas a garota parece congelada. Do jeito que eu a coloquei,


ela fica. Percebo seus dedos tremendo de leve, mesmo que tente escondê-

los.

— Tudo bem? Machuquei você? — pergunto, tocando seu ombro de

leve. Ela apenas sacode a cabeça em negativa e se mantém na posição. —


Está tudo bem. Você está segura. Pode se levantar.

Quando se levanta, vejo que evita olhar nos meus olhos. Sei que tudo

está muito recente e ela tem tentado seguir sua vida com normalidade, mas
a situação que passou foi bastante traumática. Não sei até que ponto ela está
bem de verdade ou até onde finge para não preocupar seu pai. Eu poderia

sugerir uma terapia para ela, mas quão hipócrita seria da minha parte
indicar algo do que eu sempre fugi com veemência?

— Está tudo bem sentir medo — falo para ela, que ainda evita meu

olhar. Toda a sua linguagem corporal mudou e está demonstrando o mais


puro desconforto. Como não sei se é pela minha insistência em fazer com

que ela fale alguma coisa, eu a deixo quieta.

Demora um pouco para que a gente chegue na sua casa. Enquanto ela

entra, converso com a equipe responsável por vigiar a mansão. Afastei os


antigos funcionários de Olivia que faziam esse trabalho, porque, para mim,
eles fazem parte da lista de suspeitos. Os meus homens são muito

competentes e estão acostumados com esse tipo de serviço. Eles me passam


o relatório das horas em que passamos fora, e eu aceno antes de entrar na

casa.

Não vejo Olivia em lugar nenhum, então ela deve ter ido cuidar das

suas coisas. Aproveito para conferir se todas as câmeras e todos os alarmes


estão funcionando direito. Confio na minha equipe, mas ao mesmo tempo,

gosto de me certificar de que tudo está certo.

Aproveitando que a garota sumiu pela casa e costuma demorar

horrores nos seus banhos antes de voltar para comer alguma coisa, vou até a
suíte de hóspedes em que estou enquanto preciso vigiá-la de perto e tomo

um banho rápido. Visto uma regata preta e uma calça de moletom da


mesma cor e vou até a cozinha.

Distraio-me no celular, respondendo algumas mensagens atrasadas

dos seguranças da equipe enquanto espero que Olivia apareça. Quando a


garota demora mais do que o esperado, sigo até o seu quarto. Eu evito vir

até aqui se não tiver necessidade, para tentar dar a privacidade que sei que
tiro só por estar na sua casa, mas como está demorando demais, preciso ver
se está tudo bem.
— Olivia, está tudo bem aí?

Não tenho resposta. Bato na porta e espero alguns segundos. Coloco


os ouvidos ali para tentar ouvir alguma coisa, mas não escuto nada.

— Olivia? Se não me responder, eu vou entrar — digo, esperando


que ela tenha dormido já e não que esteja precisando de ajuda. Giro a

maçaneta e vejo que está aberta, o que facilita e muito a minha vida já que
não vou precisar arrombar a porta.

Não a encontro deitada na cama e sigo até o banheiro, aguçando o

ouvido para ver se escuto barulho de água.

— Olivia? Está tudo bem?

— Sim, eu estou bem. — A voz não passa de um sussurro, e eu solto

a respiração de alívio. Apesar de dar para saber que ela está chorando, pelo
menos está segura.

— Vou te esperar para comer. Se demorar muito, vou voltar aqui.

— Não estou com fome — ela fala baixo de lá de dentro, soltando


uma fungada em seguida. — Pode comer sozinho. A gente se vê amanhã.

— Cinco minutos, Olivia. Você vai comer ou volto aqui.

— Eu…

— Quatro e meio.
Saio do quarto antes que ela argumente de novo e vou até a cozinha,

vendo que tem várias porções prontas e frescas de salada. Tomo a liberdade
de pegar os ingredientes para preparar uma carne grelhada porque não

aguento mais seguir a dieta doida de Olivia e comer só folha.

Demoro a preparar a carne e só quando termino é que a garota

aparece. Os cabelos loiros cacheados estão molhados e soltos, e ela veste


uma camiseta folgada e uma calça de moletom. Chega tímida até a cozinha,

exatamente como a garotinha que eu conheci. Parece que ela quem está
invadindo o meu espaço e não o contrário.

— Espero que não se importe de eu ter usado a sua cozinha —


comento, fazendo de tudo para deixar limpo como encontrei.

— Não tem problema. Eu não a uso mesmo. Não sei cozinhar.

— Não me surpreendo com isso — digo e ganho uma arqueada de


sobrancelha. Foco no seu rosto inchado e nos olhos vermelhos, mas como

ela parece tentar se esconder dos meus olhares, não pergunto nada.

Monto a carne grelhada junto com as folhas que estão na sua


geladeira e coloco um prato na sua frente.

— Não estou mesmo com fome. Só vim para ser educada e não te
deixar comer sozinho.
— Come — ordeno, sem espaço para discussões. Sei que não tenho o

direito de mandar nela, afinal, se a gente for analisar a situação, ela quem é
a patroa aqui.

— É sempre tão mandão assim? Come, não fale com estranhos, entre

no carro, não saia sozinha. — Olivia tenta imitar meu tom de voz e falha.

— Come — repito, sem responder à sua provocação. Eu me sento ao

seu lado na cadeira alta, e Olivia me observa comer antes de dar umas
beliscadas na sua comida.

Ela come em silêncio e muito devagar, mas pelo menos come tudo.
Termino a minha comida bem antes que ela, só que fico sentado, esperando

que limpe o prato.

— Você não acha isso estranho? — ela pergunta depois de afastar o


prato vazio para longe.

— O quê?

— Você aqui na minha casa, como se a gente tivesse alguma…


relação além do profissional. Costuma ser assim?

— É mais normal do que você pensa. Para conseguir proteger o


cliente, é preciso cercá-lo vinte e quatro horas, até mesmo em um lar

superprotegido igual ao seu.


Eu me levanto e pego seu prato, colocando os dois no lava-louças.

— Acho tudo tão esquisito.

— Não estou aqui para te incomodar, Olivia. A ideia é você fingir


que não estou aqui e seguir com a sua vida normal.

— É meio difícil. Não estou reclamando. Só estou acostumada com a

solidão. Há anos que moro sozinha, raramente trago alguém aqui, e agora
você está na minha casa.

Apenas aceno, porque vejo vulnerabilidade na sua fala e não quero

que ela comece a chorar aqui. Olivia é jovem, sei que vive muitos conflitos,
ainda mais com o estilo de vida que leva. Sei pouco sobre a profissão, mas

o que sei é que tem que ter um psicológico muito bom para lidar com mídia,
críticas e fama. Eu não aguentaria nem um dia disso.

— Precisa de alguma coisa? — pergunto depois que organizo a


cozinha.

— Não, obrigada. Obrigada pelo jantar também. Estava uma delícia.

— Por nada. Tenha uma boa-noite. Qualquer coisa, pode me gritar ou


me ligar. Qualquer hora.

— Então você dorme — ela provoca, abrindo um sorrisinho fraco.


— Durmo. Não posso te proteger se eu morrer por falta de sono, mas
não ache que não tem uma equipe te vigiando lá fora enquanto eu descanso

algumas horas.

— Tudo bem, não estou pretendendo fugir, se é isso o que está


pensando.

Aceno para ela em uma despedida e vou até o quarto de hóspedes.


Costumo dormir poucas horas há muito tempo, então sei que vou acordar no

meio da madrugada para conferir como ela está, se está segura.

Escovo meus dentes e me deito na cama superconfortável. Apago

rápido demais e não sei por quanto tempo durmo, só sei que me levanto no
susto, com um grito muito alto vindo do quarto ao lado. Pego a arma de

dentro da gaveta e saio correndo até onde Olivia está. Abro a porta de uma
vez, com o coração acelerado pela adrenalina, e a encontro deitada na cama,
dormindo, contorcendo-se enquanto grita.

Passo a mão no cabelo, sentindo o ar voltar a entrar nos meus


pulmões. Coloco a arma nas costas e me aproximo dela, querendo
interromper o que a incomoda. Quando um grito doloroso escapa da sua

boca, eu toco seu rosto para tentar acordá-la.

— Olivia…

— Não, por favor, não. Não me mate. Não, não!


— Olivia, acorda. — Sacudo seu corpo de leve, mas não funciona.
Quando mexo no seu ombro com um pouco mais de força, os olhos azuis se

abrem de uma vez. Vejo que tem gotas de suor na sua testa. Ela está
assustada.

— Está tudo bem — digo para acalmá-la. — Você estava tendo um


pesadelo. Está tudo bem agora. Volte a dormir.

— Eu não consigo — confessa, encolhendo o corpo na cama,


chorando mais alto. — Todos os dias, eu sonho com alguém diferente
tentando me matar. É horrível.

— Ninguém vai tocar em você enquanto eu estiver vivo, Olivia.


Prometo que vou fazer de tudo para você ficar segura e para te devolver a
sua antiga vida.

Olivia engole em seco e acena, voltando a fechar os olhos pesados.

Deve estar morta de cansaço e, ainda assim, seu sono não é tranquilo. Acho
que a terapia vai mesmo ser útil para ela. Só não sei como fazer para que ela
aceite a ideia sem que eu seja invasivo demais.

— Dorme, garota. Me deixa fazer o meu trabalho e proteger você.


Hoje é meu primeiro dia de folga em não sei quanto tempo. As

pessoas podem pensar que o trabalho de um ator acaba depois que um filme

é lançado no cinema ou nas plataformas de streaming, mas tem a parte de


divulgação para promover o filme depois.

Graças ao sucesso do lançamento de Antes de te conhecer, minha

agenda só foi enchendo de compromissos; viagens, sessões de fotos,


entrevistas, festas. Meu contrato me obriga a comparecer a tudo isso, mas
confesso que essa é a parte da fama que menos gosto. Prefiro lidar com fãs

a jornalistas e suas perguntas capciosas. É incrível como eles nunca se

limitam a questionar apenas sobre o filme.

Infelizmente, não tenho o poder de escolher algumas coisas. Seria, no


mínimo, muito esquisito a atriz principal não comparecer nos eventos. A

última coisa que preciso é de mais especulações sobre a minha vida,

principalmente agora.

A mídia ainda está em polvorosa com o meu “acidente”. Cada dia


desconfio mais de que meu pai está escondendo a gravidade de tudo. E essa

incerteza está me gerando ansiedade e um sono muito conturbado.

Desde que voltei para casa, tenho tido variações do mesmo pesadelo.

Em cada um deles, são pessoas diferentes que tentam me matar com uma
arma apontada para o meu rosto. Estou considerando a ideia de, mais para

frente, procurar um terapeuta bem discreto e que aceite uma boa grana para

não divulgar nada pessoal por aí. Sei que eles têm o sigilo da profissão, mas

acredite em mim quando digo que nem todos são bons profissionais. Já fui

atendida por um no início da minha carreira, depois da morte da minha mãe,

e até mesmo o sofrimento de uma adolescente era interessante para a mídia,

ainda mais porque pareciam buscar explicações para o meu sucesso


repentino.
Tentando deixar de lado os pensamentos angustiantes da noite

maldormida, eu me levanto da cama e tomo um banho rápido. Visto um

pijama comportado e vou em direção à cozinha, sentindo o cheiro de pães

assados.

— Bom dia, Olivia. Vou servir seu café da manhã na sala de refeições

— fala Bella, a minha cozinheira de anos.

— Obrigada, Bel. Você viu o Noah por aí?

— O gostosão? — pergunta, abrindo um sorriso cheio de lascívia.

Reviro os olhos para o seu assanhamento, que está ainda maior desde

que meu guarda-costas entrou na minha vida. Todos os dias, Bella joga a

mesma piadinha e me pergunta se ele é apenas mais um segurança mesmo.

Obviamente, não alimento a sua curiosidade porque senão logo todos os

meus funcionários vão começar a falar sobre a minha vida por aí.

— É, o gostosão mesmo. Onde ele está?

Vejo o rosto da cozinheira ficar vermelho ao olhar para algum ponto

atrás de mim. Aperto os lábios em um misto de vergonha e curiosidade e

me viro para trás, vendo o tal gostosão parado bem próximo a mim, já

vestido com seu terno preto habitual. Ele não age como se tivesse ouvido

algo, mas sei que ouviu.


Uma coisa que eu tinha me desacostumado é com o fato de Noah ser

quieto, caladão e na dele. Ele é quase uma sombra minha agora, e se não

fosse o seu cheiro e a sua presença imponente, eu quase poderia pensar que
estou sozinha quando está me seguindo por aí.

Achei que ter alguém para fazer a minha segurança seria invasivo,

mas até agora não tive nada atrapalhado por ele. Noah é discreto e sempre

dá um jeito de ficar em um canto vigiando a mim e tudo ao redor, sem

incomodar o meu trabalho. Ele tirou meu foco nos primeiros dias? Sim,

com certeza, mas acho que ele fez isso com todas as mulheres que precisei

encontrar.

O infeliz é bonito e gostoso. E grande. Puta merda, que homem

grande. Sempre que ele se aproxima, quase o imagino como um

Transformers que só vai ficando maior conforme chega mais perto. Tipo

agora.

— Dormiu bem? — ele pergunta, olhando para meu rosto,

provavelmente reparando nas olheiras que a falta de maquiagem revela.

— Sim — minto para que não pergunte mais, ainda mais na frente da

curiosa da Bella que acha que não estou a vendo atenta a nós.

— Quais os compromissos de hoje? — pergunta, mudando de

assunto. Se ele percebe que menti, Noah não insiste. — Não tinha nada na
sua agenda.

— Hoje é meu dia de folga. Se quiser, pode tirar um também. Não

estou pensando em sair.

— Não tenho folgas, Olivia. E se eu tivesse, alguém ficaria no meu

lugar. Você não vai ficar sozinha em momento algum.

Ele dá um olhar intimidador para Bella, que pede licença e sai da

cozinha carregando algumas bandejas com comida para levar para onde

costumo fazer minhas refeições. Noah permanece calado até que a

cozinheira suma das nossas vistas.

— Você precisa olhar desse jeito intimidador para todo mundo que

chega perto de mim? Não é como se ela quisesse me matar.

— Sou pago para desconfiar de todo mundo. Seus funcionários vão

passar por mais entrevistas e estão sendo vigiados pelos meus homens, mas

nunca é demais.

A informação me choca, porque não achei que esse negócio de “não

confie em ninguém” fosse ser levado tão a sério. Se fosse para alguém me

matar, para que mais facilidade do que dentro da minha casa? A pessoa não

ia inventar de me atropelar e depois atirar em mim. Ela teria formas muito

mais discretas e fáceis de fazer isso, e já teria feito há muito tempo porque

todos os meus funcionários são antigos.


— Você não vai tirar folga nunca? E se vacilar de exaustão? Quero o

melhor serviço de todos — falo em um tom provocativo, querendo tirar

alguma reação desse homem. É quase como uma necessidade física, sabe?

Querer que ele reaja a mim.

Nem parece a mesma pessoa que estava me consolando ontem à noite

depois da minha quase crise de pânico e do meu pesadelo. Ainda estou com

vergonha por ele ter presenciado as duas cenas, além de estar com medo de

que Noah acabe contando tudo o que observa no meu dia a dia para o meu

pai. Se isso acontecer, não duvido que ele vá tentar me obrigar a fazer

terapia de novo, como anos atrás.

Sei que Thomas Hill só quer o meu bem, mas não estou pronta para

mais essa mudança na minha vida agora. Não vou poder escapar para

sempre, óbvio. Tenho plena consciência de que não posso negligenciar a

minha saúde mental, muito menos com a profissão que tenho. Só queria que

as coisas voltassem a ser como antes, caóticas e agitadas, mas seguras.

Desde que saí do hospital, eu me sinto agitada, ansiosa, paranoica. É

como se eu não me sentisse segura em lugar nenhum. Nem mesmo a

presença de Noah é capaz de me deixar menos agitada. Tenho certeza de

que ele é bom no que faz, mas é inevitável ficar com pensamentos
intrusivos de que se alguém quiser me matar mesmo, como todo mundo

parece ter certeza, só Noah não vai ser o suficiente para me proteger.

— Não vai me responder? — pergunto quando vejo que Noah


permanece calado, como se eu não tivesse falado nada. Não consigo saber o

que pensa pela forma que me olha, e ele não parece muito disposto a me

dizer também.

— Você vai ter a mim para o que fui contratado, Olivia. Não se
preocupe — diz depois de um tempo, os olhos ainda fixos no meu rosto. —

Por que não vai tomar o seu café?

— Você não vem? Onde os outros seguranças fazem as refeições?


Tem comida para muita gente ali, tenho certeza.

Noah franze a testa, e eu fico para morrer porque o homem não é


muito transparente, então nunca consigo adivinhar o que está pensando

pelas suas expressões. Acredite, eu tentei fazer isso desde que foi
contratado para me proteger, mas Noah Coleman é um livro fechado a sete

mil chaves.

— Não precisa se preocupar, pois eles fazem todas as refeições.


Tenha um bom café.

Sem esperar que eu diga nada, Noah se afasta da cozinha e me deixa


ali sozinha. Quando vejo que ainda estou parada olhando para o ponto que
ele sumiu feito uma boba, sacudo a cabeça e vou até a sala de refeições,
onde a mesa já está posta com comida o suficiente para um batalhão.

Como sempre, como sozinha o pouco que eu consigo e peço para a


funcionária que recolhe tudo separar as outras milhares de coisas que nem

mexi e levar para os seguranças. Odeio desperdício e já não sei quantas


vezes falei para Bella não exagerar, mas ela não me escuta.

Assim que saio dali, volto para o meu quarto apenas para pegar meu
celular. A primeira pessoa que vem na minha cabeça para ligar é Sarah. Não

nos falamos muito desde que saí do hospital porque minha semana foi uma
loucura. Minha melhor amiga também tem os seus problemas e a sua vida,

então nosso contato se resumiu a mensagens de preocupação, perguntando


como eu estava.

— Eu vou matar aquele homem! — ela exclama no lugar do “alô?”, e

solto uma risada. — Juro, Liv. Como pode alguém ser tão pau no cu com a
pessoa que salva a sua vida todos os dias? Espero que ele fique careca!

— Bom dia para você também, amorzinho — respondo ainda rindo, e


Sarah solta um suspiro do outro lado da linha.

— Desculpa, é que ele me tira mesmo do sério — fala ainda irritada,

mas solta o típico suspiro de quando tenta se acalmar. — Me conta, você


está bem? Estou com saudade.
— Estou bem. Também estou morrendo de saudade. Ainda não
fizemos o nosso programa dessa semana. Hoje estou de folga, topa algo

mais tranquilo?

— É tudo o que eu preciso, amiga! Passo aí depois do trabalho, pode


ser?

— Tudo bem, amorzinho. Agora vai trabalhar, porque seu chefe


gostoso logo começa a gritar.

— Gostoso é o inferno, ele é um capeta, isso sim! — Sarah se irrita

de novo, e gargalho com seu estresse porque é muito fácil tirá-la do sério.
— Oh, merda, acho que ele me ouviu.

Eu rio mais, mas nem tenho tempo de zoar com a cara dela porque
desliga o telefone antes disso. Sacudo a cabeça, feliz por tê-la desde

sempre. Sarah é uma das melhores pessoas do mundo, e é uma honra para
mim que ela faça parte da minha vida.

Doida para aproveitar meu dia inteirinho de descanso no melhor lugar

do mundo para mim, visto um biquíni para curtir o tempo gostoso que está
fazendo hoje. Quando me olho no espelho, consigo ficar constrangida ao
ver o tamanho da peça.

Sarah inventou que era uma boa me dar de presente peças íntimas

compradas em uma loja brasileira, que ela viu uma influencer que
acompanha nas redes sociais indicar. Caramba, as mulheres do Brasil não

têm mesmo medo de mostrar demais. Minha bunda está quase toda de fora!
Tudo bem que não tenho muito para mostrar, ainda assim… A peça azul

combina e destaca meus olhos, e me sinto bonita, mas exposta demais.

— Ah, foda-se, não é como se eu estivesse fora de casa.

Depois que passo protetor solar só para garantir que não vou ter
nenhuma queimadura, eu vou em direção à minha piscina. Sento-me na

borda, deixando o celular de lado, e enfio os pés para sentir a temperatura


da água. Mergulho na piscina ao sentir que está na medida certa, nem muito

quente nem muito fria.

Sorrio quase sem perceber quando me sinto relaxar com o exercício,


notando como eu estava precisando de um momento para mim. Reclamei

tanto de ficar sem fazer nada no hospital que acabei recebendo uma
enxurrada de trabalho nos dias seguintes. Não reclamo mais.

Assusto-me quando volto à superfície depois que sinto meus


músculos doloridos e dou de cara com Noah ali. Ele não me olha e nem

chega muito perto, pelo contrário, está distante, como se tentasse passar
despercebido, atento ao redor. É como se esperasse que a qualquer

momento algum atirador apareça no meu jardim.


— Você pode relaxar por alguns minutos, Noah Coleman. Ninguém

vai conseguir invadir a fortaleza que você criou ao redor da minha casa —
falo, chamando a sua atenção para mim enquanto saio da piscina.

Espero que olhe para o meu corpo, nem que seja para reparar que sou

uma mulher agora e não a garotinha que ele conheceu, mas Noah nem
engole em seco. Nada. Ou ele me acha mesmo uma criança ainda, ou o

controle desse homem é muito bom.

— Pode pegar a toalha para mim, por favor? — peço, indicando o

tecido largado em cima de uma das cadeiras de sol. Ele sai da postura de
guarda e segura a toalha branca. Quando se aproxima de mim, roço meus

dedos nos seus de propósito. Nada, zero reações. Ele é uma muralha de
gelo. — Obrigada.

— Disponha.

Engulo em seco quando ele se afasta, sem se deixar abalar pela minha
insinuação sutil. Não que eu vá dar em cima dele, longe de mim. Mas é

errado que eu queira que ele me veja diferente agora? Ou melhor, que me
enxergue de qualquer forma?

Pelo visto, o homem que me rejeitou anos atrás segue me ignorando


da mesma forma.

Caramba, o ego ferido é mesmo uma merda!


Depois de dias corridos, o de hoje foi tranquilo, para variar. Olivia

passou a manhã e a tarde inteira em casa, apenas lendo, comendo e tomando

sol. Como não tinha muito o que fazer para protegê-la, eu deixei a quieta no
canto dela, cuidando da sua vida. Aproveitei também para cuidar da minha.

Não tenho muito o que fazer agora que voltei para o país, então gasto

meu tempo lendo, tentando distrair a mente de tudo. Nem sempre funciona,
mas os livros de terror e suspense têm sido a minha única companhia há

muitos anos.

Já de noite, sentado no sofá que fica na biblioteca da casa de Olivia,

fico atento aos passos que se aproximam. Não desvio os olhos do livro
aberto no meu colo, nem mesmo quando ela se apoia no encosto atrás de

mim.

— O que está lendo? Você não deveria estar, sei lá, fazendo coisas

com armas, socos, chutes? — ela pergunta perto demais do meu ouvido,
mas não me mexo.

— Não sou um soldado, Olivia.

— O que está lendo? — questiona de novo como uma criança em

busca de atenção, e não respondo, para ver se ela me deixa sozinho para que

eu possa descansar em paz. — Nossa, você é sempre tão mal-humorado?


Não lembro de você ser assim antes. Na verdade, costumava ser gentil

comigo.

— Não sou mal-humorado.

— Então o que está lendo? — Sinto o cheiro de cloro vindo dela

quando se inclina ainda mais em minha direção, tentando pegar o livro da

minha mão. Afasto o objeto dela antes que consiga, e Olivia bufa em

descontentamento. — Você ficou assim depois que se separou?


Quando ela fala isso, meu corpo inteiro trava. Não costumo reagir

assim, porque ninguém nunca tocou nesse assunto. Depois que passei a

viajar de canto em canto, não mantive contato com ninguém, buscando

exatamente a solidão, o silêncio e a ausência de perguntas vazias.

Eu me levanto do sofá, deixando o livro abandonado em um dos

encostos, e saio dali, querendo ficar longe dela antes que invente de tentar

invadir a minha vida com perguntas ou com suposições erradas.

Escuto os passos dela atrás de mim, mas não paro, apenas quero sair

da casa. Faço um sinal para o chefe dos seguranças que está parado em

frente à porta da entrada, e ele acena em concordância enquanto vou em

direção ao meu carro. Quase não o uso, porque preciso sempre acompanhar

Olivia de perto, mas agora agradeço o fato de tê-lo deixado aqui.

Saio pelos portões com pressa, os pneus derrapando quando faço a

curva que me leva para longe da casa de Olivia. Dirijo pelas ruas sem

destino, sem querer que as lembranças voltem de uma vez agora. Depois de

tanto tempo. Depois de conseguir continuar a viver, na medida do possível.

Aperto os dedos com força no volante e aumento a velocidade ao

chegar em uma pista vazia. Pisco várias vezes. Tento conter o sufocamento

na minha garganta, tento evitar que meu corpo continue me guiando de

forma inconsciente para o lugar em que não piso há muito tempo.


Não adianta.

Não demora muito para que eu pare em frente à casa. Perco a noção

de quanto tempo fico parado aqui, sem nem conseguir olhar para a entrada.

Abro o porta-luvas com a mão trêmula e tiro o chaveiro dali, uma margarida

chamativa que me faz rir. A primeira lágrima escorre e não limpo nem tento

fazer com que as demais que vêm parem de cair. Choro dentro do carro

feito um fodido, sem saber como lidar com isso.

Faz anos que não chegava nem perto daqui.

Quando finalmente tenho coragem de olhar para a entrada, aproveito

para descer do carro, mesmo sentindo minhas pernas fraquejarem conforme

avanço mais em direção à casa. O lugar está malcuidado pela ausência de

reparos, mas a entrada está limpa porque pago alguém para vir aqui de

quinze em quinze dias.

Olho para o chaveiro na minha mão e crio coragem de enfiar a chave

na fechadura. Demoro para conseguir entrar. Assim que fecho a porta e

acendo a luz, as lembranças me atingem de uma vez.

Consigo ver Dakota com o sorriso imenso e os olhos brilhantes

sempre que eu chegava em casa do trabalho. Consigo ver a expressão de

desapontamento sempre que estragava alguma receita, porque ela era


péssima na cozinha. Consigo vê-la assistindo a um filme de luta e chorando

no meio dele porque estava na TPM.

Tudo nessa casa me lembra dela. E eu odeio odiar estar aqui, porque

a essa altura, já não deveria ser tão doloroso.

Eu me sento no sofá da sala de televisão, com várias cenas vividas

por nós dois passando como um filme na minha cabeça. Enfio o rosto entre

as mãos e choro mais, querendo acabar um pouco com a culpa que sinto.

Por não ter podido fazer nada. Por não ter estado lá por ela quando ela
precisou de mim. Por ter falhado com minha própria esposa.

Não tenho coragem de ir até o nosso antigo quarto.

Quando a dor se torna sufocante demais, eu saio da casa e a tranco,

andando até o carro feito um bêbado, cambaleante e desnorteado. Não sei

como consigo dirigir de volta até a casa de Olivia, mas é para lá que eu

volto. Assim que entro com meu carro na garagem, fico um tempo ali para

tentar me controlar.

Preciso trabalhar. Se aceitei o emprego, preciso fazer meu trabalho

direito. Não posso largar a cliente no meio da noite, mesmo que esteja

segura em casa, para ir chorar as minhas mágoas só por causa de um

simples comentário inofensivo.


Desço do veículo e vou até Kyle, que acena para mim quando me

aproximo. Se nota os meus olhos vermelhos pelo choro, não fala nada.

Assim como eu, toda a minha equipe é muito discreta e bem treinada para

tentar passar despercebida.

— Ficou tudo bem por aqui? — pergunto, e Kyle acena em

concordância.

— Sim, senhor. A senhorita Hill ficou em casa até pouco tempo, mas

saiu agorinha.

— Como é? E por que não me avisou?

— Mas… eu avisei, senhor. Mandei mensagem, mas não me

respondeu. Não se preocupe, designei a melhor equipe para a acompanhar

— ele responde nervoso, e eu xingo, tirando o celular do bolso, vendo que a

merda está descarregada.

— Porra, eu deveria estar lá com ela. O pai dela me contratou

pessoalmente, caralho. Para onde ela foi?

— Não sei, senhor. Vou mandar uma mensagem para a equipe

perguntando.

Espero enquanto ele tira o celular do bolso e digita algo rapidamente.

Quando seus lábios se unem, vejo que algo não está certo.
— O que foi? — pergunto, já puto por ter saído de casa. E

arrependido.

A infeliz tinha que sair justo quando eu não estou, não é? Passei a
porra do dia inteiro esperando que ela fosse decidir sair para aproveitar a

folga, mas Olivia nem se manifestou. Basta que eu saia por uma horinha, e

a abençoada decide que é uma boa sair sem mim.

— O que foi, porra? — repito a pergunta, estressado para caralho.

— Parece que elas estão em uma festa e a equipe as perderam de


vista.

— Elas?

— Sim, senhor. Ela saiu com a amiga dela, a senhorita Sarah Clark.

— Manda o endereço no meu celular, rápido.

Corro para dentro da casa, indo pegar a arma que deixei ali antes de

sair feito um louco. Coloco-a na cintura depois de conferir se está carregada


e travada direito e volto para o meu carro. Conecto o celular no carregador

antes de sair dali, mais uma vez cantando pneu quando dirijo com pressa.

Mal o aparelho liga e uma ligação aparece com o nome de Thomas.

— Que timing filho da puta, cara — xingo, porque o homem mal


entrou em contato comigo na última semana.
Tudo o que fez foi mandar mensagens sutis para saber como Olivia
estava de verdade. Só isso. Aí justamente agora, quando perco a porra da

filha dele de vista, ele decide me ligar!

Ignoro a ligação e abro a conversa com Kyle, vendo que me mandou

o endereço de uma boate conhecida na cidade por ser sede de gente rica e
famosa. Dirijo até lá furando um monte de sinal vermelho durante o

caminho.

Sei que posso estar sendo exagerado, mas não posso correr o risco de

que em um vacilo meu, aconteça alguma coisa com ela. Não posso. Quando
chego em frente ao local, vou direto para a entrada. Uma mão grande bate

no meu ombro para me impedir de seguir em frente.

— Seu nome? Essa boate é VIP, apenas para convidados.

— Tem uma cliente minha aí dentro, e eu preciso achá-la — falo,


tirando a mão enxerida do homem de cima de mim.

Apesar de ele ser grande e tentar me intimidar, sou muito maior que
ele e não tenho medo de cara feia.

— Sinto muito, não posso deixar. Todo tipo de gente tenta entrar aqui
dizendo qualquer coisa, meu chapa. Cai fora.

— Não sou seu chapa, porra. Eu vou entrar aí, quer você queira, quer

não. — Tento entrar de novo pela porta, mas novamente a mão dele vai no
meu ombro, desta vez com mais força. Em um gesto rápido, eu o imobilizo
e o empurro na parede, chamando a atenção de quem está na fila para tentar

entrar. — Se tocar em mim mais uma vez, eu torço o outro braço. Você me
deixa fazer o meu trabalho, e te deixo fazer o seu. Combinados?

Ele me xinga e tenta se soltar, mas o jeito que o pressiono o impede

de fazer qualquer movimento.

— Entendidos?

— Sim, porra — ele xinga, cuspindo de dor quando aumento ainda

mais a firmeza do aperto.

Assim que o solto, não perco tempo com ele. Entro na boate escura e

cheia de corpos suados se enroscando. Com a mão para trás, pronto para
sacar a arma se precisar, ando pelo local em busca de Olivia. Rodo o lugar

inteiro, que é enorme, e não a encontro.

A iluminação é péssima, e imagino o porquê quando vejo alguns


casais quase fodendo no meio da pista de dança. Ignoro-os e foco em tentar

achar a garota.

Vejo um mar de cabelos loiros cacheados e forço as vistas para tentar

ver se é ela. De toda forma, aproximo-me da mulher que está agarrada no


pescoço de um rapaz. Assim que fico de frente para ela e vejo que é mesmo

Olivia, alívio toma meu corpo. Os olhos azuis e enormes se arregalam


quando me vê, e ela se afasta do garoto como se estivesse fazendo algo

errado.

— O que está fazendo aqui? — ela grita para tentar sobressair a

música alta.

— Sou pago para proteger você — respondo, sem fazer esforço para

falar mais alto. Não vou ficar gritando feito louco.

Olivia faz uma expressão confusa, e sei que não ouviu nada do que eu
disse. Agora que sei que está segura, não vou atrapalhar a sua diversão. Não

quando ela passou a semana inteira mergulhada no trabalho.

Eu mando uma mensagem para os demais seguranças, avisando que a


encontrei. Não apenas eles, como ela também, vão ouvir uma bronca sobre

o que aconteceu hoje.

Eles por deixarem que ela escapasse, e Olivia por ser tão descuidada

assim. A vida dela esteve em risco não tem muito tempo, porra. Como pode
agir como se não se importasse com isso?

Mantenho o olhar atento aos demais frequentadores da boate e


consigo achar a amiga de Olivia dançando com dois homens, bem perto

dali. Não a conhecia pessoalmente, mas preciso lembrar de ficar atento


sempre que ela estiver perto. Não confio em ninguém quando se trata de

fazer o meu trabalho direito.


Foco meus olhos em Olivia e vejo que a garota me olha, mesmo que

esteja pendurada no ombro do rapaz de novo. Quando ela o beija, arqueio a


sobrancelha em um questionamento mudo, porque ainda assim, ela não para

de me olhar.

Ela acha que está me provocando? Fui a primeira pessoa a incentivá-


la a sair, por que ela faria algo assim? Solto um suspiro e desvio os olhos

dos dela, sem paciência para tentar entender sua mente jovem.

Porra, esse trabalho vai ser longo.


Minha ressaca moral é muito maior do que qualquer outra. Cara, o

que foi que eu estava pensando? Foi uma sequência de atos errados que

nem consigo explicar direito.

Primeiro, eu cometi a burrada de me meter na vida particular de

Noah. Por que minha boca grande teve que soltar aquilo? Depois da sua

reação, fui parar para pensar em tudo. E se foi um término difícil? E se ele
ainda sofre por ter se separado dela? Mesmo que estivesse tudo bem, não
era meu direito me meter na sua vida. Apesar de tentar me aproximar mais

dele para quebrar o gelo que tem entre nós, o que temos é uma relação

puramente profissional.

Meu segundo erro da noite foi ter ficado puta comigo mesma pela
pergunta e, para fugir dele, de vergonha, ter aceitado o convite de Sarah

para sairmos para algum lugar para dançar. Os seguranças prontamente se

mantiveram a postos para nos acompanhar, e não neguei. Eu deveria ter

tomado a incerteza que senti quando pisei fora de casa como um sinal de

que deveria ficar aqui.

Porque o resto da noite…

De novo incentivada por Sarah, que sempre foi a má influência da

nossa amizade, bebi mais do que deveria, considerando que agora estou
com a cabeça explodindo de dor.

Mas não para por aí, claro que não. Seria muito fácil se parasse, não

é? Claro que seria. Só que o universo está me punindo por algo muito grave

que fiz em outra vida. Talvez eu tenha sido Judas.

Para piorar a minha sucessão de besteiras, o meu cérebro achou que


era uma boa que eu provocasse o meu querido guarda-costas que não dá a

mínima para mim. Que patética, Olivia, parabéns! Eu ter ficado com um

cara qualquer naquela balada foi outro erro da noite, mas foi até anulado
porque o fato de eu ter feito isso para tentar causar alguma reação em Noah

foi a cereja do bolo das burrices.

Ou talvez tenha sido ficar bêbada o suficiente para que ele tivesse que

me carregar até em casa.

A bebida quando não te derruba, ela te humilha. No meu caso, ela fez
os dois. Eu resmungo alto pela dor de cabeça e me sento, dando de cara

com Sarah jogada do outro lado da minha cama, completamente apagada. A

safada! Foi tudo culpa dela.

Choramingo e finjo um choro baixo quando tudo gira. Nem para eu


ter amnésia alcoólica, porque aí não precisaria me lembrar de todas as

humilhações de ontem.

Quando me arrasto para fora da cama, Sarah protesta não sei por que,

murmurando palavras ininteligíveis. Vou até o meu banheiro e escovo os


dentes para tirar o gosto amargo da minha boca. Assim que olho no espelho,

vendo meu pijama, volto a choramingar alto quando me lembro como Noah

foi delicado de pedir para uma das seguranças femininas que estavam

fazendo ronda na casa me trocar porque eu não conseguia me manter em pé.

Nunca mais bebo, é isso. Jamais vou colocar nem uma gota sequer de

álcool na minha boca.


Tomo um banho longo que pelo menos me desperta e visto uma roupa

limpa, pronta para os meus compromissos, mesmo que eu tenha certeza de

que já estou atrasada. Quando chego à cozinha, o cheiro da comida


embrulha o meu estômago. Para meu azar, é Noah quem está ali, parado

com uma xícara de café nas mãos.

— Bom dia — ele fala, e resmungo qualquer coisa em resposta.

Não consigo olhar para o seu rosto, então coloco os óculos de sol no

rosto para evitar seus olhos e a claridade que piora a dor na minha cabeça.

Eu me sento na cadeira alta do balcão e vejo quando uma xícara é colocada

na minha frente.

— Toma, vai ajudar com a sua dor de cabeça — ele fala, e ergo os

olhos de leve, vendo-o encostado no armário, todo gostoso e à vontade na

minha casa.

— Obrigada.

— É alérgica a algum medicamento? — ele questiona, e eu nego com

a cabeça, sem entender o motivo da pergunta. — Então toma também.

Ele indica algo com a cabeça e noto o frasco. Meus olhos se enchem

de lágrimas de vergonha, ainda mais por ele estar aqui cuidando de mim

depois de eu ter sido enxerida e ter dado trabalho para ele a noite toda.

— Eu…
— Você não me deve explicações de nada, Olivia — Noah

interrompe minha fala, e mordo o lábio, incomodada com o seu jeito

grosseiro e gentil ao mesmo tempo.

Isso me causa gatilhos, porque me faz lembrar de anos atrás. Da


adolescente iludida que achou que poderia chamar atenção do homem mais

velho e gostoso. Noah sempre foi gentil comigo. Não só isso, ele era

educado, sorridente e atencioso. Mas jamais me olhou da forma como eu

queria que me olhasse. Noah nunca foi nada além de respeitoso comigo, e

na minha cabeça juvenil cheia de hormônios, não era suficiente.

— Não é explicação — falo, umedecendo o lábio, tentando focar meu

olhar no dele. — Só queria te pedir desculpas por me meter na sua vida

ontem mais cedo. Desculpe se toquei em um ponto sensível. Não é da

minha conta.

Noah apenas dá um aceno com a cabeça, o maxilar travado e os olhos

fixos em mim. Ele não fala mais nada sobre isso, e sei que nem vai. Ele não

vai entrar em detalhes sobre o motivo de ter saído daquele jeito, se foi por

raiva, por dor ou para fugir de algo mais. Ele não vai me contar a história

sobre como a sua vida está, porque não é desses.

Noah Coleman está diferente em muitos aspectos. Apesar de sempre

ter sido calado, ele era mais feliz. Costumava sorrir, fazer piadinhas para
que eu risse sempre que ia visitar meu pai. Não sei se é por estar no papel

de guarda-costas agora, mas o homem está sisudo e distante. Isso me deixa

confusa.

Depois de um silêncio constrangedor, ele mesmo pega o frasco de

remédio que nem mexi e coloca dois na minha mão. Agradeço baixinho e

viro-os na boca, dando um gole no café quente para que eles desçam.

— Podemos ir — falo, levantando-me.

— Você não vai comer alguma coisa? Mesmo que esteja de ressaca,

não é certo sair sem comer nada.

— Estou enjoada. Melhor sem nada do que colocar tudo para fora

depois — respondo, pegando a minha bolsa largada no balcão.

— Antes, preciso esclarecer algumas coisas, Olivia.

Quando Noah se aproxima, eu estremeço sem saber o motivo. Ele é

meio amedrontador assim, todo sério. O homem para de frente para mim, e

preciso erguer um pouco a cabeça para encará-lo.

— Eu e todos os meus homens estamos aqui para proteger você.

Perde o sentido se você escapa de nós ou some das nossas vistas, mesmo
que não tenha sido de propósito. O episódio de ontem não vai se repetir,

entendido? Se for sair, você me avisa e me espera.


— Mas eu…

— Você me avisa e me espera, Olivia.

— Se você não estiver aqui na hora e eu precisar sair, vou ter que te

esperar? E se for urgente? — provoco, erguendo a sobrancelha em desafio.

Ele nem titubeia. Nada abala esse homem, de jeito nenhum.

— Sempre vou estar.

— Não estava ontem — rebato, e seu maxilar trava na mesma hora.

Quase sorrio, porque tirá-lo do sério é a primeira reação que tenho vindo
dele.

— Aquilo não vai se repetir. Estamos entendidos?

Eu me aproximo dele, e Noah não se mexe nem desvia os olhos dos


meus. Ele me desafia a contrariá-lo apenas com o olhar. Preciso me lembrar

de que sou Olivia Hill e não me submeto a nenhum homem. É difícil me


lembrar disso quando quem está na minha frente já foi o responsável por

muitos sonhos eróticos meus. Tudo o que eu queria neles era ser submissa a
ele. Mas agora, as coisas são diferentes.

— Achei que eu fosse a sua patroa aqui, Noah Coleman. Não sabia
que eu quem deveria obedecer às suas ordens — pirraço, e novamente o

homem trava o maxilar. — Mas vou te deixar achar que manda em mim,
tudo bem? Então sim, senhor. Não vou mais sair sem a minha sombra.
Agora podemos ir?

Ele não responde nada, continua me olhando como se quisesse


apertar meu pescoço. E não do jeito legal.

Quando dou as costas para ele, escuto seus passos me acompanhando

e prendo um sorrisinho. Pelo menos toda essa interação serviu para que eu
me esquecesse um pouco da minha ressaca.

Assim que entro no carro, mando uma mensagem para Sarah,


torcendo para que seu despertador toque e ela não perca a hora para o

trabalho porque senão vai ser mais motivo para minha amiga ter um embate
com seu chefe gostoso e infeliz. Eu já o vi em algumas festas que fui para

acompanhá-la, e ele é o tipo babaca, mas não muda o fato de que é um dos
homens mais gatos que já vi. Sarah nunca comentou isso comigo, mas acho

que o ódio que sente nubla a sua visão e a impede de ver com clareza.

Depois de xingá-la por eu estar nesse estado, travo o celular e tento

tirar uma soneca antes de chegarmos para mais uma sessão de fotos. Desta
vez, Jake também vai estar. Espero que seu humor esteja melhor que o da

última vez em que eu o vi.

Espero também que hoje seja rápido, porque não sei se estou com
disposição o suficiente para ficar horas e horas em pé quando tudo o que
queria era me deitar.

Depois de eu finalmente ter conseguido dormir por alguns minutos,


Noah toca meu ombro para me acordar e vejo que já estamos estacionados

em frente ao prédio onde vão ocorrer as fotos.

— Chegamos, Olivia.

— Obrigada por me acordar — digo, controlando o bocejo enquanto

saio do veículo e ando até a entrada do prédio.

Noah se coloca atrás de mim na mesma hora e me segue em silêncio

enquanto subimos pelo elevador até a cobertura do hotel. Quando chegamos


ao quarto todo equipado, vejo as dezenas de pessoas responsáveis andando

de um lado para o outro.

— Olivia! Finalmente! Só faltava você — diz o fotógrafo, alisando o


meu cabelo assim que entro. — Oi, bonitão. Tem certeza de que não quer

ser modelo?

Prendo a risada quando Noah permanece com a cara fechada, fazendo

o sorriso de Chris morrer na mesma hora. Enquanto me puxam para me


fazer cabelo, maquiagem e figurino, observo Noah de lado, atento a tudo ao

redor.

— Ele não sorri? — questiona Trisha, a maquiadora que retoca meu

rosto.
— Aparentemente não.

— Está solteiro? Eu gosto dos sérios. — Ela sorri, mordendo os


lábios enquanto olha para o homem com malícia.

— Não que eu saiba — respondo com um sorriso falso, odiando


como todas as mulheres que se chegam perto de mim parecem interessadas

na mesma coisa.

Somos interrompidas por Jake, que se aproxima de mim com um


sorriso no rosto, já pronto para o início da sessão.

— Você está linda, Liv — elogia, e abro um sorriso. Pelo menos as

minhas preces foram ouvidas e ele está de bom humor.

— Obrigada, Jake. Você também está lindo.

Toco a gravata elegante que usa para complementar o terno, sorrindo


de forma sincera para ele. Apesar dos pesares, eu amei trabalhar com ele

durante o tempo de gravação do filme. Jake é bonito e um ótimo ator, além


de ser paciente quando se trata da parte profissional.

A gente ri durante a sessão de fotos, porque aparentemente tem

alguma mulher deixando meu parceiro de profissão muito feliz. Que ela
continue fazendo um bom trabalho. As fotos saem rápido e ficam muito

bonitas porque estão bem naturais.


— Quer sair para tomar alguma coisa qualquer dia desses? — Jake

pergunta depois de algumas horas de trabalho, quando a equipe fica


satisfeita com o resultado.

— Eu… — começo, sem saber se entendi certo o motivo do convite.

Ele nunca me convidou para nada antes. — Podemos, sim. Claro.

Fico sem querer negar nada, com medo de ser um convite amigável.

Se ele quiser algo a mais, infelizmente vou precisar ser direta porque não
tenho interesse em ninguém com quem trabalho. Consigo separar muito

bem as coisas e nunca me senti atraída por ele dessa forma.

— A gente vai se falando. Beijo, Liv.

Permaneço em choque por alguns segundos antes de reagir e ir trocar

de roupa para poder ir embora. Quando saio, Noah já está me esperando


fora do provador de roupas, em posição de alerta como sempre. Ele me

segue até o carro em silêncio, e só o quebra quando chegamos na minha


casa.

— Já teve alguma coisa com o homem que estava falando hoje?

— Não, por quê?

— Ele não estava na lista de pessoas próximas a você.


— Porque ele não é — respondo, olhando para Noah em
questionamento. — Por que quer saber disso? Está com ciúme de mim?

Não resisto a provocar, porque é mais forte do que eu. Noah parece
em choque com a pergunta, mas logo nega com a cabeça e solta um suspiro

impaciente.

— Sou seu segurança, Olivia. Minha única função aqui é proteger

você. Se está em perigo, preciso garantir que ele não está ao seu lado. Não
confunda as coisas.

Ai, dois para Noah Coleman e zero para o meu ego ferido.
Finalmente consegui um tempo na minha agenda para visitar o meu

pai, porque segundo ele, tem uma surpresa para mim. Como sempre, o

senhor Thomas Hill fez um drama imenso sobre eu sumir e não me lembrar
de que tenho um pai.

Enquanto espero algum funcionário abrir a porta, mudo o peso de um

pé para o outro, agoniada com a presença calada de Noah atrás de mim.


Depois do seu último… esclarecimento, para não chamar de humilhação, eu
decidi parar de forçar a barra com ele e mantive as coisas distantes, como o

homem parece querer.

Parei de fazer piadinhas, de perguntar sobre a sua vida e de tentar

deixar as coisas melhores entre nós dois. Se ele quer uma relação
estritamente profissional, é o que teremos. Mas isso não quer dizer que as

coisas são fáceis, porque é natural que você tenha interesse na vida de

alguém que passou a ficar vinte e quatro horas por dia na sua cola.

Felizmente, consegui ser forte na minha decisão de deixá-lo em paz. Está

funcionando até agora.

Quando a porta se abre, solto um gritinho de alegria ao ver uma

pessoa que não vejo há muito tempo.

— Tia Lucy! — grito enquanto me jogo em seus braços para um


abraço apertado. Ela ri e me aperta da mesma forma. — Não acredito que

está aqui! Faz quanto tempo que não te vejo? Um ano?

— Acho que mais, minha lindinha. Como você está linda. Cada dia

mais parecida com a sua mãe — ela diz, afastando-se do meu abraço

somente para alisar o meu rosto. — Sempre que olho para você, eu me

lembro dela.

Abro um sorriso fraco, porque sou a única família da minha tia desde

que mamãe faleceu. Não a vejo muito porque ela ama viajar por aí, ainda
mais depois que perdeu a irmã. Nada no mundo consegue manter a tia Lucy

no mesmo lugar por mais de um mês. Desde que eu era uma garotinha,

admiro a mulher aventureira e bem-humorada que ela é.

— E quem é esse bonitão? Seu namorado? — ela pergunta, olhando

com interesse para Noah.

— Ah, não. Ele é meu segurança — falo, e ela parece surpresa, mas

logo sua expressão muda quando estica a mão para cumprimentá-lo.

— Você é grande. Muito prazer, sou a tia favorita dessa mocinha.

Espero que esteja cuidando dela direitinho.

— É um prazer. Estou fazendo o melhor que posso — Noah fala atrás

de mim, e meu corpo reage de imediato porque fazia uns dias que nem

sequer ouvia a sua voz.

— Vamos, entrem. Seu pai pediu para prepararem um exagero de

coisa só porque você falou que viria.

Minha tia me arrasta para dentro da casa de papai, enquanto me conta

detalhes sobre as suas últimas viagens. Eu amo ouvi-la falar sobre os

lugares que conhece, porque sempre acabo colocando na lista de países que

preciso conhecer. Tia Lucy me dá dicas de ótimos cafés, restaurantes e

boates, passando por países da Europa, da África e até mesmo da América


Latina. Fico alguns minutos conversando com ela, enquanto espero o papai

terminar a ligação em que está metido no escritório.

— Você precisa ver como é bonito, querida. Um dia, nós temos que

viajar pelas praias do Brasil. A língua é muito difícil de entender, mas as

pessoas são solícitas e muito hospitaleiras — ela diz empolgada, mas nem

consigo comentar nada porque meu pai aparece ali na sala de visitas, com

os braços estendidos para mim e um sorriso de orelha a orelha no rosto.

— Olie, minha princesa!

Ele me puxa para um abraço apertado, como se não me visse há anos.

Sei que nos vimos poucas vezes desde que saí do hospital, mas para tentar

acalmá-lo, mando mensagem para ele todos os dias. Nem que seja para

desejar um bom-dia.

— O senhor está me esmagando, papai — resmungo, com os braços

presos pelos seus, sem conseguir me mexer. Ele se afasta só para esmagar

meu rosto no lugar.

— Me deixa matar a saudade da minha pequena.

— Não seja exagerado, Thomas. Nem eu que não a vejo há um

tempão tirei o ar da garota — brinca tia Lucy, indo até o armário do fundo e

enchendo um copo de bebida para ela, mesmo que ainda seja de dia.
— Noah, meu amigo! Que bom ver você — papai exclama depois de

me apertar o suficiente e vai até Noah, abraçando-o rapidamente e dando

tapinhas nas costas do homem. — Quanto tempo não te vejo também.

Como foi a viagem?

— Tudo bem, na medida do possível. — Noah retribui os tapinhas

nas costas que papai dá, mas não é muito efusivo no abraço. Como era de se

esperar.

— Fico feliz que esteja de volta, então. Sinto saudades do meu


parceiro de golfe.

— Não vou ficar por muito tempo, Thomas. Só até tudo se resolver.

Tem anos que não jogo, então não conte comigo — ele fala, e meu pai solta

uma risada, que sempre costuma funcionar para quebrar o gelo.

Fico encarando a interação dos dois homens, com as lembranças de

muitos anos atrás me invadindo porque eu me via nessa mesma situação

muitas vezes, apenas observando os dois conversarem quando achavam que

eu não estava prestando atenção em nada.

Era interessante ouvir Noah falar sobre a sua visão a respeito de

relacionamentos com meu pai, que sempre foi muito apaixonado pela minha

mãe. Enquanto papai contava sobre as dádivas do casamento, Noah


compartilhava a vida de solteiro, a aversão a relacionamentos. Isso até

conhecer Dakota.

Nunca me esqueci do conteúdo de nenhum dos trechos aleatórios de

conversas que ouvi ao longo dos anos. Obviamente, quando fiquei maior,

eles pararam de compartilhar coisas íntimas quando eu estava por perto.

Observo os dois conversarem e me aproximo da minha tia, que está

enchendo mais um copo de uma bebida forte.

— Bebendo essa hora? — pergunto em um tom brincalhão.

— Em algum lugar do mundo já está à noite — fala, dando uma

piscadela para mim enquanto vira o líquido âmbar do copo todo de uma vez

na boca. — Agora me conta, como está a sua vida? Acompanho a sua

carreira pelas suas redes sociais, mas não é a mesma coisa.

Eu a atualizo sobre o projeto novo no qual estou envolvida há uns

meses enquanto andamos até a sala de jantar, onde o almoço provavelmente

já está sendo servido pelos funcionários do meu pai.

Sento-me ao lado de papai, que fala sem parar sobre um acidente que

aconteceu anos atrás em uma das fábricas dele. Ele é dono de uma das

maiores empresas fabricantes de bebidas dos Estados Unidos. Por ele, eu

trabalharia lá, mas seria a última coisa que eu faria na vida porque não

tenho o menor jeito para os negócios.


O assunto só morre quando o almoço é servido. Nós comemos em

silêncio, com meus olhos vez ou outra buscando Noah, que come

concentrado no prato, sem me olhar. Às vezes, parece que sou uma parede,

de tão indiferente que esse homem é a mim. Já passei da fase de me sentir

humilhada e rejeitada por isso, agora só aceitei que esse é o jeito dele e que

Noah nunca vai ter qualquer tipo de interesse em mim, nem mesmo o de

uma amizade.

— E então, como está depois de tudo, querida? — tia Lucy pergunta,

encarando meu rosto com empatia. — Tentei vir assim que recebi a notícia,
mas não consegui. Tinha negócios iniciados e só pude vir agora, depois de

finalizados.

— Não se preocupe, tia, eu entendo. Estou bem. Cada dia melhor —

falo, ainda olhando de relance para Noah. Ele me olha de volta, e sei bem o
motivo.

Nas últimas semanas, meus pesadelos pioraram muito. Todos os dias,


acordo com gritos. Sei que Noah escuta porque seu quarto é ao lado do

meu, mas pelo menos agora ele sabe que não se trata de alguém tentando
me matar. Ele não tocou mais no assunto desde a primeira vez, só que isso

não significa que não esteja ciente de que meu corpo até se recuperou bem
da ferida da bala e dos hematomas da queda, mas que a minha mente segue
traumatizada.

— E por que agora você tem um segurança? Nunca teve interesse em


um antes — ela pergunta com curiosidade, com os olhos focados na

sobremesa que devora como se não houvesse amanhã.

— A senhora sabe como o senhor Thomas Hill é exagerado, não


sabe? É mais excesso de cuidado do que qualquer outra coisa.

— Que bom que foi só um susto — tia Lucy fala, abrindo um sorriso
fraco enquanto estica a mão para tocar a minha em um aperto reconfortante.

Passo o resto da tarde na casa do meu pai e, apesar de eu querer ficar

mais para colocar em dia o assunto que parece não acabar nunca, tenho
mais uma festa para comparecer. Desta vez, não é nada organizado pela

produção. Jake decidiu comemorar seu aniversário e me convidou. Depois


de muita insistência por parte dele, acabei aceitando, mas já estou
arrependida porque queria aproveitar a noite para ver uns filmes debaixo da

coberta, feito uma idosa de oitenta e quatro anos.

Eu me despeço da minha tia e do meu pai, já atrasada para começar a


me arrumar para a festa. Minha querida assessora contratou até uma equipe

para me arrumar lá em casa. Achei um exagero, mas não costumo


questionar as decisões de Vivian, porque ela sempre é muito assertiva nas
escolhas que faz. Não é à toa que estou com ela desde o início da minha
carreira, e que ela foi a responsável por alavancá-la tão rápido. Então, a

maioria das decisões deixo nas suas mãos.

A volta para casa é rápida, feita em silêncio como sempre, com Noah,
que ficou calado na maior parte do dia. Hora ou outra, eu olhava para ele e

papai, e o segurança estava apenas ouvindo o monólogo do senhor Thomas,


que não pareceu nada incomodado em conduzir a conversa unilateral.

Assim que chego, a equipe está aqui, pronta para me preparar. Eles
me fazem de boneca por quase duas horas inteiras e, quando visto a roupa e

me olho no espelho, gosto muito do que vejo. Meus cachos foram alisados e
presos em um rabo de cavalo grande e elegante, a maquiagem está forte e a

roupa prateada é chamativa, bem-marcada e cheia de brilho. As vantagens


de andar simples durante o dia a dia é que, quando me produzo para algum

evento, eu me transformo.

— Ficou maravilhoso, pessoal. Muito obrigada — digo para a equipe

que me encara com orgulho do próprio trabalho.

Termino de colocar os acessórios que eles separaram para mim, calço


os saltos e saio do closet, atrasada, claro. Assim que piso o pé para fora,

encontro Noah, parecendo de banho tomado porque seu cabelo está


molhado. Ele me olha por alguns segundos a mais, mas, como sempre, não

vejo nenhuma reação de deslumbramento nem nada. Nem espero mais isso.

— Está pronta? — questiona, e aceno em concordância.

Surpreendo-me quando estica o braço para mim, para que eu encaixe


o meu ali. Fico olhando para os músculos que ainda ficam visíveis apesar

do terno, e Noah arqueia uma sobrancelha, esperando que eu o obedeça.

— Por quê? — pergunto feito uma boba, ainda surpresa com o gesto.

— Seus saltos são enormes. Eu te guio até o carro.

— Oh, obrigada.

Sinto minhas bochechas ficarem quentes pela gentileza, porque


apesar de ter uma lista até grande de relacionamentos, ninguém nunca me

tratou assim. Aí vai e o meu segurança é o primeiro a demonstrar tanta


atenção. Sem querer pensar demais, aceito o gesto e deixo que Noah me

guie até o veículo parado, já me esperando.

— Cadê o Liam? — questiono ao ver que meu motorista não está ali
e é Noah quem vai até o lugar dele.

— De folga. Hoje, como é um lugar mais movimentado, preciso ter a

liberdade de dirigir do jeito necessário.

— Ah, tudo bem.


Eu me aconchego no banco de trás e tiro meu celular de dentro da

bolsa, mandando mensagem para Sarah, que ficou de me acompanhar na


festa de hoje. Ela diz que já está chegando também, pois ficamos de nos

encontrar lá.

Quando guardo o aparelho, meus olhos como sempre se atraem para


Noah, dirigindo todo sexy, grande e gostoso, sem nem ao mesmo desviar os

olhos das ruas.

Será que algum dia vou me acostumar com a presença desse homem

sem ficar babando nele feito uma adolescente boba? Acho difícil, mas
espero muito que sim.
Já estou acostumado à rotina de Olivia, mas isso não significa que eu

goste de frequentar as festas e os demais eventos que ela frequenta.

Assim que estaciono em frente ao hotel que acontece mais uma delas,
eu desço do carro e dou a volta para abrir a porta para ela. Seguro sua mão

para ajudá-la a descer do veículo, e a garota sorri para mim em

agradecimento. Mal pisa no chão e vários flashes estouram em seu rosto,

fazendo-a tapar os olhos para evitar que a ceguem.


— Olivia, você está de namorado novo? Você e Jake são apenas

amigos ou existe mais alguma coisa? É um relacionamento aberto?

Escuto as várias vozes diferentes perguntarem e a seguro pela cintura,

afastando a multidão de paparazzi como posso enquanto a guio até a


entrada. Sinto várias mãos de fãs tentando tocar Olivia e uso meu corpo

para protegê-la. Quando finalmente estamos seguros dentro do hotel, que

está rodeado de seguranças que tentam impedir a entrada dos fãs e dos

repórteres, eu me afasto de Olivia.

— Está tudo bem? Te machucaram? — pergunto, e ela nega com a

cabeça, olhando para mim com atenção.

— Mas parece que machucaram você. Tem uma marca de unha no

seu pescoço — ela fala com os olhos arregalados e estica o dedo para tocar
a minha pele com cuidado. — Sinto muito. Às vezes as coisas saem de

controle, principalmente nesses eventos.

— Não tem problema, estou acostumado.

— Eu acho que tenho um curativo aqui na minha bolsa.

— Não precisa… — falo, mas Olivia me ignora e mexe na bolsinha

que carrega.

Concentrada, ela pega o curativo, abre-o e se aproxima de mim,

colocando meu rosto de lado para que consiga enxergar melhor a pele
arranhada no meu pescoço. Sinto os dedos quentes me tocando enquanto

cola no lugar ferido. Assim que termina, eu a olho de perto, vendo que os

olhos azuis estão destacados pela maquiagem forte, parecendo ainda

maiores.

— Obrigado.

— Não tem de quê — responde baixinho e solta um pigarro depois

que os olhos batem na minha boca, curiosos.

Sou eu quem me afasto, porque não quero alimentar nenhum

pensamento errado de Olivia. Quando aceitei esse trabalho, eu jamais


imaginaria que mesmo depois de tanto tempo, a garota ainda nutriria

desejos por mim.

Não sou bobo. Desde que ela era apenas uma adolescente, eu notava

a forma como me olhava, seguindo-me por todo canto. Claro que nunca
incentivei nada, porque para mim, ela sempre foi uma criança. Além do fato

de ser um crime, eu jamais me envolveria com alguém tão mais nova do

que eu. Mesmo agora, que é adulta. Olivia ainda me olha da mesma forma

curiosa que antes, talvez mais cheia de lascívia por estar mais velha.

Pelo menos agora, a mulher parece ter mais consciência do que antes.

Quando deixei claro que nossa relação jamais vai passar disso aqui, ela

pareceu entender e se afastou. Se isso vai facilitar para que fique longe, por
mim tudo bem. Até prefiro não me envolver demais na sua vida, porque

assim ela não se mete na minha também.

— Vamos? — falo, apontando em direção ao elevador.

Olivia pisca várias vezes, parecendo sair do transe em que tinha se

metido, e acena em concordância, deixando que eu a guie. A subida até o

elevador é silenciosa como de costume, e vejo que Olivia tenta colocar uma

distância entre nós dois. Assim que as portas se abrem na cobertura, vejo

que o lugar está cheio. As risadas, a música e as conversas são altas demais.

Olho ao redor, analisando o lugar com atenção. Não acho que alguém

tentaria alguma coisa contra ela em uma festa tão cheia assim, mas não

posso abaixar a guarda.

A investigação sobre a tentativa de homicídio está lenta. Entrei em

contato com a polícia, e eles não quiseram me dar muitas informações, mas

estou trabalhando por fora, através de um conhecido meu, para descobrir

por conta própria algo que vá ajudar a colocar o responsável atrás das

grades. Só assim vou poder sair do país de novo e voltar à minha vida.

— Olivia! Você veio mesmo!

O ator que contracena com ela e dono da festa aparece com um

sorriso de orelha a orelha. Ela sorri para ele, mais discreta, e retribui o
abraço apertado quando ele a esmaga. Quando acena para mim com a

cabeça em um cumprimento rápido, faço o mesmo.

— Vem, quero te apresentar alguns amigos produtores.

Ele a pega pela mão e tenta levá-la pelo meio da multidão, mas eu

seguro sua outra mão para impedir que a garota seja afastada de mim assim.

Quando vê que Olivia trava, Jake Langdon se vira com a testa franzida.

— Não a leve assim. Pode ir na frente, e ela vai atrás — digo, tirando

a mão dela do aperto dele.

O homem ergue as mãos para o alto e abre um sorriso debochado, em

um gesto de rendição, mas obedece ao que eu falo. Enquanto anda na

frente, cruzando o mar de convidados que bebem e dançam na pista de

dança, eu levo Olivia em segurança até ele.

Os olhares dos velhos não são nada profissionais quando a veem.

Eles nem tentam disfarçar enquanto estudam com atenção as fendas do

vestido, que deixa suas coxas expostas. Depois que Jake faz as

apresentações, eu paro atrás dela, sem desviar os olhos dos nojentos que

têm idade para serem avôs dela, mas parecem não se importar com isso.

Olivia fica rígida e meio travada na minha frente, parecendo desconfortável

com o tanto de elogios que eles fazem à sua aparência.


— Com licença, preciso dela por um minuto — interrompo depois de

algum tempo, quando o assunto profissional não chega nunca e toda a sua

linguagem corporal diz que ela está prestes a fugir daqui.

Com a mão nas suas costas, eu a levo para um lugar um pouco mais

vazio. Assim que nos isolamos e fugimos do barulho, Olivia solta um

suspiro alto.

— Obrigada. Se aquele velho falasse mais uma vez do meu

desempenho espetacular naquela cena, eu ia precisar bater nele — ela fala,

passando a mão pela testa.

— Não me agradeça.

— Se soubesse que a sua função também era me proteger de velhos

tarados, teria te contratado antes — diz com ironia, com uma pitada de

amargura na voz.

— Isso acontece com frequência?

— Mais do que eu gostaria. — Ela dá de ombros, como se não fosse

nada de mais, mas sei que é algo que incomoda. Incomodaria qualquer

pessoa. — Vou ver se a Sarah já chegou.

Percebo a tentativa de Olivia de não se aprofundar muito no assunto e

não insisto. Já percebi que ela faz muito isso, e apesar de não gostar que

passe por nada disso, não me sinto confortável em invadir assuntos pessoais
demais. Fico observando-a falar no telefone com a amiga e não demora para

eu ver a mulher acenar para Olivia, desviando da multidão.

— Quanta gente famosa! Posso jurar que vi o Jared Leto ali, amiga.
— Sarah abraça Olivia com empolgação e depois se vira para mim ao me

ver. — Ah, o bonitão. Como vai, Noah?

— Sarah — cumprimento de forma sucinta, acenando com a cabeça.

Depois de algumas semanas fazendo a segurança de Olivia, eu me

acostumei com o jeito descarado da sua amiga. Se achava que Olivia não
tinha filtro e vergonha na cara, descobri que ela é quase uma santa perto da

amiga. Ela fala o que pensa, para quem quer que seja. No início, mantive a
minha atenção nela, porque é meu trabalho desconfiar de todo mundo, mas
depois abaixei um pouco a guarda, quando vi que não ia conseguir estar

junto das duas o tempo todo. Quando estão juntas, elas não desgrudam
mais, nem mesmo quando vão ao banheiro. Uma sempre vira sombra da

outra.

Mantenho uma distância segura enquanto elas conversam e riem alto.


Fico em estado de alerta para cada pessoa diferente que se aproxima das

duas, mas não percebo nada de alarmante o suficiente para afastá-las.

Só me mexo para seguir Olivia quando ela fala alguma coisa no

ouvido de Sarah e começa a se afastar. Quando ameaço a seguir, Jake me


intercepta, ficando na minha frente.

— Você é tipo um guarda-costas ou vocês estão tendo alguma coisa?


— ele pergunta, olhando para mim com curiosidade.

— Não acho que isso seja da sua conta. Com licença — digo, saindo
da frente dele, que impede a minha passagem.

— Qual é, não perguntei por mal. Mas a sua presença atrapalha um


pouco os negócios. Você atrapalhou um possível trabalho muito bom para a

Olivia.

— Se você não sair da minha frente, sua foto vai estar nos jornais
amanhã, com sua cara cheia de marca de socos. Saia da minha frente.

Eu me aproximo dele de forma ameaçadora, e Jake olha ao redor,


vendo que estamos chamando a atenção das pessoas mais próximas a nós.

Vejo quando trava o maxilar de ódio, mas não fala mais nada.

— Bom garoto — provoco, finalmente seguindo por onde Olivia foi

depois de esbarrar no ombro de Jake Langdon de propósito.

Ao ver que Olivia sumiu na direção dos banheiros, é para lá que vou.
Estou seguindo até a porta para esperar que saia, quando escuto sua voz em

um canto mais afastado.

— Não é o meu estilo de trabalho, mas obrigada pelo convite.


— Tem certeza? Você pode se sair muito bem. — Reconheço a voz
de um dos velhos que estava a devorando com os olhos e finalmente os dois

ficam na minha linha de visão. — Você é muito bonita, Olivia. As câmeras


iam te amar.

— Elas já me amam — ela diz com um sorriso incômodo no rosto. —

Mas não no tipo de filme que você quer. Eu preciso ir agora, estou apertada.
Obrigada mesmo pelo convite.

Quando ela dá um passo, vindo na direção onde estou, o velho


asqueroso segura o seu braço, e isso é o suficiente para mim. Vou até os

dois e, em poucos passos, quebro a distância até eles. Meu olhar vai na mão
apertando o braço dela com força e, antes que ele reaja, eu tiro a pata suja

dele da pele de Olivia. Esmago seus dedos e paro de frente para ele.

— Torça para a marca da sua mão não ficar no braço dela, porque se

isso acontecer, eu te procuro e deixo uma igual bem na sua cara.

Se fosse em outra situação, eu não seria tão agressivo, mas o fato de


já ter presenciado aquele assédio de antes me deixou indignado e revoltado.

Não alivio o aperto, pelo contrário, eu o intensifico mesmo que ele não
esteja reagindo.

— Você entendeu errado. Não estava a machucando, eu só queria…


— Não me interessa — corto as suas desculpas esfarrapadas. — Não

a toque de novo se ela não quiser, entendido?

— Sim, perdão.

O fato de o velho bundão não demonstrar o mínimo sinal de coragem


me deixa ainda mais puto, mas eu o solto quando sinto o toque de Olivia no

meu braço. Ela me encara assustada, com os olhos azuis quase saltando das
órbitas.

— Não se aproxime mais. Vaza daqui.

Ele acena em concordância e se afasta em passos rápidos, deixando a

mim e a Olivia sozinhos, isolados no canto. Eu olho para ela em busca de


respostas para o que estava fazendo aqui com ele, se o nojento a forçou,

mas a garota permanece me olhando em choque.

— Está tudo bem?

— Você precisa ser sempre tão… intenso na forma de lidar com tudo?
Ele é um produtor importante. Se decidir acabar com a minha vida

profissional, eu estou ferrada!

— Jura que é nisso que você está pensando agora? Ele estava te
assediando.
— Ele não fez nada de mais. Já falei que estou acostumada a lidar

com isso — ela diz, como se fosse normal precisar passar por esse tipo de
situação. — Na minha profissão, acontece muita sujeira. Não estou

envolvida com nada, mas sei o tipo de coisa que ocorrem com outras atrizes
por aí. Não preciso que você me proteja nisso. Não é o seu papel.

— O meu papel é te manter segura, de qualquer coisa que seja.

— Não, o seu trabalho é me manter viva! — ela exclama, com raiva


nos olhos, pelo simples fato de eu tê-la ajudado a se livrar de um encosto.

— Você disse para eu não me meter na sua vida, então você não vai se
meter na minha também.

— Se precisar, eu vou.

Ela solta um gritinho fino de raiva e bate o pé como uma criança


mimada, prestes a pular no meu pescoço. E, por um segundo de descuido

meu, é exatamente o que ela faz. Olivia circula os braços em mim, e sua
boca avança na minha, ligeira e feroz. Quando sua língua tenta ganhar

espaço, ainda de olhos abertos, eu a afasto com a maior delicadeza que


consigo, segurando-a pelos ombros.

— Que porra está fazendo?

— Você me irrita — ela diz com raiva, e eu tento buscar a lógica


nisso. — Me frustra. E me irrita de novo. Precisava demonstrar isso de
algum jeito.

— Você não vai cruzar esse limite de novo, Olivia. Ou nosso contrato

vai se encerrar agora. Estamos entendidos?

Ela ergue o nariz pequeno e petulante para mim, sem abaixar a

cabeça, e abre um sorriso diabólico que quase me faz ter medo dela.

— Você ainda vai implorar para me foder, Noah. Quando esse dia
chegar, eu vou fazer você sofrer na minha mão. Enquanto isso, se preocupe

apenas em não me deixar morrer.

Olivia se afasta do meu toque e de mim, dando-me as costas e


voltando para a festa. Enfio os dedos nos cabelos e toco minha boca,

limpando o vestígio grudento do produto que ela usa nos lábios.

Porra, essa garota só pode ter ficado louca.


Não sei o que acontece comigo quando estou perto de Noah. Na

maior parte do tempo, sinto-me como a adolescente que eu era quando

comecei a enxergá-lo com outros olhos.

Ele me deixa confusa.

Não sei se estou de fato interessada nele, se me sinto atraída, ou se é


apenas ego ferido. Não sei se esse desejo é recente, pelo homem gostoso
que ele se tornou, ou se é o encubado, antigo, que se reacendeu agora

depois de tanto tempo.

Não tem motivo para essa atração! Ele é um pedaço de muito bom

caminho? Sim, é uma delícia, isso já é senso comum entre toda a população
feminina que o conhece. Mas, além disso, o que ele tem que me atrai? Noah

é gentil, mas daí o tiozinho da sorveteria também é. Ele é protetor, mas está

sendo pago para isso. Quando demonstra esse lado meio psicopata tentando

afastar qualquer um de mim, também faz parte do seu trabalho.

Acontece que minha mente é muito criativa, e imagina vários

cenários para esse jeito bruto dele. Ela viaja criando situações em que ele

me defenderia porque sou dele, não porque está sendo pago para isso.

— Porra, que inferno — resmungo, enfiando o rosto entre as mãos.


— Que merda você se meteu, Olivia?

— Iih, quando começa a falar sozinha, já é sinal avançado de loucura.

— Escuto a voz de Sarah atrás de mim e logo a vejo se jogar no sofá ao

meu lado. — O que foi que está te incomodando? Você ficou caladinha

ontem.

Depois da festa, do beijo patético e constrangedor que dei em Noah

no impulso, logo quis encerrar a noite e voltar para casa. Sarah me

acompanhou, porque estava entediada ali e frustrada depois de ter


conhecido Jake. Eu avisei que ele não fazia o perfil dela, mas a teimosa me

ouviu? Claro que não.

Ela dormiu aqui, comigo na cama como sempre, porque quando vem

para minha casa, a gente conversa até tarde da noite e acaba cochilando ali

mesmo. Só que desta vez, eu não estava muito faladeira como de costume.

— Estou confusa — digo, mexendo no tecido da almofada, evitando

olhar para ela porque sei que minha melhor amiga sempre briga comigo

quando acha que precisa. E agora, eu preciso mesmo de uma bronca.

— Com o quê? Conversa comigo — fala, olhando para mim com


preocupação.

— Sabe o Noah?

— Seu guarda-costas? Sim, o que tem?

— Lembra do cara mais velho, amigo do meu pai, que eu fiquei

levemente obcecada em uma época? — questiono, mordendo o lábio,

esperando que ela entenda sozinha

— Sei, sim. O que tem a ver? — Eu espero que a conclusão chegue

na sua cabecinha. Arqueio a sobrancelha quando ela me olha sem paciência.

— Não! São a mesma pessoa? Mas… Ele não ia ser um velho ainda mais

velho agora?
— Não exagera. Ele só tinha trinta anos na época, só quinze a mais

que eu.

— Caramba, então aquele homem gostoso tem quarentão? Não

parece. Mas por que ele reapareceu de repente? E por que só sei disso

agora?

Dou de ombros e solto um suspiro de pura frustração, mas Sarah

mantém os olhos de águia em mim, buscando respostas que nem mesmo eu

tenho. E se tem algo que aprendi é que não consigo penetrar a casca dura

que Noah tem.

— Amiga, você está me escondendo mais coisa. Não me diga que

gosta dele depois desse tempo todo?

— O quê? Claro que não! Eu me apaixonava e me desapaixonava por

todo mundo na minha adolescência, você sabe. Até parece — digo,

tentando colocar uma certeza na minha voz para que ela deixe o assunto

morrer aqui. Mas Sarah não é boba. Ela arqueia a sobrancelha, olhando para

mim fixamente feito uma louca. — Que foi? Não gosto!

— Olivia Hill, não minta para mim!

— Não estou! — rebato, revirando os olhos. — Não estou mesmo.

Isso tem dez anos, amorzinho. As coisas estão muito diferentes e…

— Olivia!
— Está bem! Eu o beijei ontem, mas foi puro impulso! Não tem

sentimento, nem nada.

— Olivia! — Ela aumenta o agudo do meu nome, os olhos

arregalados em choque.

— Ok, para com essa cara — respondo rindo, sem conseguir

controlar a gargalhada de puro desespero que me toma. — Foi um impulso,

juro. Eu odeio o jeito indiferente que ele me trata, como se eu fosse uma

criança que tem que ficar quietinha no canto. É ego ferido.

— Olivia… — diz, agora em tom de alerta, sem acreditar em mim.

— Para de me chamar. Me deixa. Você nunca cometeu burradas, não?

Não quero mais falar desse assunto. Chega.

Ela começa a abrir a boca, mas a fecha ao ver a minha expressão

assassina. Sarah é teimosa, mas eu sou mais. Quando ficamos em um

embate de olhares, minha amiga é a primeira a desistir e soltar um suspiro

frustrado. Ela ergue os dedos, fazendo um zíper na boca, e muda de assunto.

Sei que não vai ser para sempre, porque Sarah vai voltar a me

atormentar com isso. Mas, no momento, não estou em condições de tentar

convencer ninguém de que isso é apenas um probleminha. Quando Noah

não precisar me proteger mais, vou voltar à minha vida normal. Ele vai
viver a sua, eu vou seguir com a minha. Tudo certo. Não vou precisar me

preocupar em como meu corpo reage sempre que ele está perto.

Não consigo nem me convencer disso tudo, quem dirá os outros.

Enquanto isso, sigo ignorando tudo o que diz respeito a ele até que eu saiba

como agir na sua frente. Espero que pelo menos hoje, tenha um pouco de

paz.

Nas próximas semanas, não tenho tanto trabalho. Vou ter um

descanso necessário, então vou aproveitar para manter distância de Noah.

Não quero olhar para a cara dele depois de ter sido tão impulsiva. Não

consigo dizer se estou envergonhada ou com raiva dele por ser tão…

irresistível a ponto de me fazer agir irresponsavelmente.

Aproveito o meu dia de descanso ao lado de Sarah, que também

estava de folga. Quando ela vai embora, já está muito tarde. Nós passamos

o dia aproveitando a piscina, o cinema e o salão de jogos. Eu estava

sentindo falta de ficar um tempo com ela, apenas rindo e curtindo a sua

companhia. Até doeu quando ela se despediu de mim para ir para sua casa.

Agora estou aqui, deitada no sofá da sala de televisão, criando

coragem para me levantar e tomar um banho. Preciso lavar meu cabelo para

tirar o cloro, mas estou sem força. Só quero ficar aqui existindo enquanto

um dos meus filmes passam na televisão.


Esse foi meu primeiro filme mais quente, com cenas que mostram

mais do meu corpo. Ao contrário da maioria dos atores, não tenho vergonha

de me assistir atuando. Na verdade, tenho muito orgulho da minha carreira e

de todos os trabalhos que já fiz. Todos eles fazem parte da minha história.

— Está tudo bem? — Eu me levanto depressa, no susto, sentando-me

de uma vez no sofá ao ouvir a voz de Noah.

— Sim — respondo, soltando um pigarro quando minha voz sai baixa


demais. — Você me assustou.

Ele não responde. Noah se senta ao meu lado, no mesmo sofá. Seus

olhos encaram o filme, mas os meus estão fixos nele. Esse homem é
sinônimo de imprevisibilidade. Nunca sei seus próximos passos, suas
próximas ações. Nem mesmo as palavras! Que raiva que tenho de não

conseguir lê-lo.

— O que está fazendo?

— Estou entediado. Você passou o dia em casa, consequentemente


não tive trabalho.

— E decidiu passar a noite de folga aqui ao meu lado ao invés de


sair? — provoco, forçando minha mente a entender esse ser humano

peculiar que é Noah Coleman.


Ele apenas dá de ombros, ainda com os olhos fixos na televisão. Não
é uma cena em que eu apareço, está focada nos personagens secundários e

no mocinho da trama. Aproveitando para fazer um experimento, eu me


mantenho quieta, esperando o momento em que vou aparecer em cena.

— Que filme é esse?

— Segredo lascivo.

— É um nome bem sugestivo — ele diz, sem olhar para mim. Prendo

um sorriso, porque ele mal sabe o que o espera.

— É a história de uma garota mais nova que é traída pelo namorado e


acaba se apaixonando pelo pai dele, um homem mais velho — digo de

forma despretensiosa, mas Noah não se incomoda. Ou se sim, disfarça


muito bem.

Fico fingindo assistir ao filme, mas o observo pelo canto dos olhos.
Quando chega em uma das melhores cenas, onde finalmente os dois vão

ceder aos desejos em uma boate de sexo, eu me ajeito no sofá, sentindo a


excitação me tomar. Não pela cena em si, mas pelo frio na barriga que sinto

por estar vendo isso ao lado de Noah.

Não sei se ele me reconhece na tela, porque estou usando uma

máscara e meus cabelos estão lisos para o papel, mas se reconhece, não fala
nada.
O casal começa o jogo de sedução, e eu mordo meu lábio,
remexendo-me no sofá, excitada.

— Então você me deseja também? Você sente… isso aqui.

— Isso o quê, Gabrielle?

Tento me manter concentrada nos personagens, mas quero mesmo é


ver as reações de Noah. Ele não fala nada, mal se mexe. Só sei que está

assistindo porque seus olhos vasculham toda a tela.

— Está gostando do filme? — pergunto baixinho, tentando não tirar a

atenção dele.

— Não faz o meu estilo. Não sou fã de romance. Sem contar que ela
é nova demais para ele — responde sem titubear, tirando uma risada

descrente minha.

— Você tem mesmo implicância com isso de idade, não é?

— Não é implicância. Só não vejo sentido.

Aperto os lábios para não o responder de forma malcriada, porque da


mesma forma que Noah consegue mexer comigo, ele me deixa irritada. E

normalmente nem tem motivo para isso! Ele não gosta, e daí? Não deveria
interferir em absolutamente nada na minha vida! Por que me incomoda,

cacete?
Observo o ator dedilhando minha boceta na cena. Quer dizer, pelo

menos é o que deveria ser, já que o ator não chega a tocar a minha parte
íntima de verdade. Dá um baita de um trabalho gravar as partes eróticas.

Depois que o trecho acaba, sem nenhuma reação por parte de Noah, a
personagem sai da boate com as pernas trêmulas depois de gozar, como eu

gostaria de estar agora. Quando tiro a máscara no filme, vejo a surpresa no


rosto de Noah. Novamente, prendo o riso porque ele ainda não tinha

percebido que era eu. Se soubesse, aposto que não teria se sentado aqui.

Mas ele fica para assistir mais. Malandra como eu sou, aproveito para

aprontar mais uma. Enquanto esse homem não demonstrar algo que não
seja indiferença, não vou sossegar. Finjo que durmo quando o filme está

quase perto de acabar e termino deitada perto da sua perna. Escuto a música
do final e me mantenho atenta, com a audição aguçada para esperar pelos

próximos passos dele.

Noah desliga a televisão, e o sinto se remexer ao meu lado.

— Olivia — ele me chama, tocando meu braço. O calor da sua mão é

suficiente para me arrepiar, e espero que ele não perceba. — Olivia…

Eu resmungo e viro de costas para ele, mantendo os olhos bem


fechados. Ouço um suspiro alto, meio bravo, antes de sentir os braços ao

redor do meu corpo, levantando-me do sofá. Aproveito para me aconchegar


no seu peitoral, sentindo o cheiro de sabonete e menta que vem dele. Solto

um suspiro real e o sinto me carregar pela casa. A respiração dele nem


muda com o meu peso. Escuto o barulho de porta se abrindo e logo em

seguida sinto a maciez da minha cama.

Noah me ajeita no colchão e me embrulha com meu edredom,


deixando apenas a minha cabeça de fora. Antes que se afaste, seguro no seu

braço, abrindo os olhos para encará-lo à meia-luz.

— Obrigada. Pela companhia e por me carregar.

Ele apenas sacode a cabeça em descrença e se afasta quando eu o


libero. Vejo Noah sair do meu quarto e fechar a porta em seguida. Enfio as

mãos nos cabelos, com um sorriso no rosto que nem sei o motivo de estar
aqui. Fazia tempo que eu não sentia isso, este frio na barriga somente pelo

fato de estar perto de alguém.

Merda, Olivia, o que está fazendo?


Olivia está fingindo que o beijo que ela roubou de mim não

aconteceu, e eu estou fingindo que não a vi quase transando em um filme,

que não vi partes demais do seu corpo. Se soubesse que ela quem estaria
atuando no filme e que seria um romance tão cheio de detalhes, não teria

me sentado ali, para começo de conversa.

Na verdade, se eu fosse esperto, não teria ido para a sala de televisão.

Tentando não deixar o clima estranho depois do beijo que ela me deu,
acabei piorando as coisas ainda mais, porque agora não consigo olhar para

ela sem me lembrar de que vi seus seios nus através de uma tela imensa.

— Vai querer sair hoje? — pergunto, vendo que Olivia sai do quarto,

com o rosto amassado, os cabelos bagunçados e a boca aberta em um


bocejo.

— Acho que vou tentar ir à praia. Da última vez que fui, saí

traumatizada com os paparazzi. Eles conseguiram invadir um lugar

privativo.

— Se isso acontecer, hoje vou estar lá para garantir que eles não

consigam chegar perto de você — respondo, fazendo-a olhar para mim com

um sorrisinho bobo no rosto.

— E por falar na minha carreira, você não me disse o que achou do

meu filme, Noah Coleman.

Olivia se inclina sobre o balcão, observando-me fazer café. Nos

últimos dias, tenho feito o meu sem açúcar, e ela tem aproveitado para me

acompanhar, mesmo que faça careta o tempo inteiro. Descobri que apesar

de se cuidar bastante e ser saudável, o doce não é algo que ela consegue
resistir.

— Não acho que você precisa de mais alguém te elogiando, Olivia.

Você sabe que é boa no que faz.


— Sou, é?

— Sim, você é.

— Então você gostou até mesmo do conteúdo? — questiona, com a

expressão provocante e arteira de quem sabe amolar a minha paciência

muito bem.

— Já disse que não faz o meu estilo, mas tenho certeza de que

agradou bastante quem gosta.

Ela solta uma risada e segura a xícara que coloco na sua frente com

as duas mãos, olhando-me por cima dela. Mesmo vendo só seus olhos, sei

que hoje ela acordou no modo travessa.

— Então você acha que eu não faço o seu estilo?

— Tome o seu café, Olivia — respondo, virando-me de costas para

ela para servir o meu próprio café.

Meu erro começa aí, porque quando abaixo a guarda, ela se aproxima

de mim e me encurrala no fogão. Claro que eu conseguiria sair daqui se


quisesse, mas não sem esbarrar nela ou tocá-la de alguma forma, então me

mantenho parado para ver o que essa doida vai fazer. Bem que eu

desconfiei que estava quieta demais nos últimos dias.

— O que está fazendo?


— Só estou tentando descobrir se você é alguma espécie de

alienígena. Se fosse outro homem, já teria me atacado.

— Que tipo de homens você anda convivendo? — pergunto com a

testa franzida, porque não pode ser tão surpreendente assim que eu a

respeite e que não queira nada com ela.

— Homens do tipo… homens. — Ela dá de ombros e olha para a

minha boca com curiosidade.

— Não chamaria de homens, Olivia. Eu diria que são moleques. O

que a gente conversou sobre você cruzar limites?

— Você não pode me culpar, Noah. Eu tenho curiosidade sobre você

desde que tinha quinze anos de idade — confessa, olhando para mim em

busca de uma reação. Ela sempre faz isso. Quando fala qualquer coisa de

propósito para tentar me tirar do eixo, seus olhos curiosos investigam todo

meu rosto para saber se suas provocações funcionaram. Nunca funciona,

mas ela não parece desistir fácil de algo. — Você já sabia.

Dou de ombros, sem querer me estender no assunto. Se sem eu dar

corda, ela já é atrevida… Imagina se eu decido incentivar os seus avanços.

— Já sabia desde aquela época?

— Sim.
Olivia me encara com uma expressão pensativa e acena em

concordância. Fico parado em frente a ela, esperando que se afaste. A doida

parece desistir do que quer que estivesse pensando e coloca distância entre

nós dois, dando alguns passos para trás, sem deixar de me olhar.

— Nós podíamos ser amigos. Eu odeio o clima estranho que reina

sempre que a gente fica calado demais. Odeio silêncio constrangedor.

— Não sei se temos algo em comum para termos uma amizade,

Olivia.

— Exatamente, você não sabe. Não pode dizer que não podemos sem

tentar me conhecer direito, além da opinião formada que tem sobre mim.

Olivia dá de ombros e volta para o seu lugar, sentando-se para se

concentrar novamente na sua xícara de café. Ela bebe o líquido sem parar

de me olhar, como se estivesse esperando alguma coisa. Do nada, ela se

levanta e acena para mim antes de sair.

Sacudo a cabeça e bagunço os cabelos quando ela rebola devagar

antes de sumir das minhas vistas.

Onde eu fui me meter quando aceitei o trabalho? Pensei que fosse ser

um serviço fácil e rápido, mas claro que as coisas tinham que ficar difíceis.

Se Thomas descobre que sua filha está tentando chamar a atenção de um

cara quinze anos mais velho do que ela, tenho certeza de que ele iria surtar.
Preciso arrumar uma forma de fazer com que Olivia entenda que nós

nunca poderemos ter nada, que eu jamais vou me interessar pela filha de um

amigo tão importante para mim. Quando perdi a minha mulher, Thomas foi

o único que insistiu em manter uma relação comigo, mesmo que eu tentasse

me afastar. Agora sei de onde Olivia puxou a insistência.

Enquanto termino de tomar meu café, espero que ela se arrume para a

programação de hoje. Quando aparece, com roupa de malhação, um sorriso

imenso se abre no seu rosto ao ver a minha expressão de curiosidade.

— Por um acaso, você entende de krav magá?

— Um pouco. Por quê?

— Estou treinando para um papel e achei que você pudesse me

ajudar.

— E a praia?

— Podemos ir depois. Preciso praticar um pouco. Em breve, as

gravações vão começar.

Apesar da expressão inocente e da tentativa de fazer parecer que não

é nada de mais, eu já reconheço o brilho travesso nos olhos dela. Olivia


espera por uma resposta, e eu aceno em concordância.

— Me aguarde na academia em dez minutos.


A garota sorri ainda mais aberto, e eu respiro fundo. Quando sai

novamente, vou até o quarto de hóspedes em que estou e tiro o terno,

colocando uma roupa confortável que costumo usar para treinar. Em

seguida, vou até a academia, vendo que um tatame foi montado ali.

Olivia está sem sapatos em cima dele, aquecendo-se com a bunda

para cima. Quando me vê entrar, seus olhos percorrem meus braços sem

disfarçar a curiosidade. Eles descem pelo resto do meu corpo e só depois de

muito tempo voltam para meu rosto. Ela já está vermelha pelo esforço que

fez até agora.

— A roupa esportiva fica muito boa em você. É estranho te ver sem

terno — ela fala, ainda me olhando de cima a baixo sem tentar disfarçar.

— O que você sabe sobre krav magá? — Como sempre, mudo de

assunto para não a instigar.

Durante o meu treinamento para me tornar segurança, aprendi de tudo


um pouco. Vários tipos de artes marciais e de técnicas de defesa pessoal,

como o krav magá, isso sem contar os treinamentos de tiro.

— Sei alguns golpes, mas não vou conseguir aplicar em você. Olha o
seu tamanho.

— Na verdade, o krav magá foi criado com o objetivo de permitir que


qualquer pessoa, independentemente de seu tamanho ou força, seja capaz de
se defender de todo tipo de agressão. Você usa seu próprio corpo e as partes
sensíveis do oponente como armas. Vai servir para sua realidade também.

— Tudo bem. Espero não precisar para a minha vida. Pretendo usar
apenas na ficção.

Olivia me encara com concentração, e aproveito para tirar a arma do

coldre no tornozelo. Ela me encara assustada enquanto me livro das


munições.

— O que está fazendo? — questiona assustada, a voz saindo muito


baixa.

— Vou te ensinar a escapar da mira de uma arma. Você sabe atirar?

Ela nega com a cabeça, e seu corpo estremece enquanto encara o


objeto na minha mão. Vejo lágrimas aparecerem nos seus olhos e me

aproximo, sem querer que ela fique assustada. Na verdade, preciso que
Olivia aprenda a lidar com uma situação de risco em que eu não esteja

perto.

— Não vou machucar você, Olivia. Preciso de você atenta e disposta

a aprender.

— Eu sei que não. É que… não sei se consigo ficar de frente para
uma arma de novo. Sonho com isso quase todas as noites. A única pessoa

que não sonhei me matando foi você.


— Porque estou aqui para te proteger — digo, sem deixar de encará-
la. — Se você souber se defender o mínimo, vai ser ótimo. Pensa que vai

servir para o seu papel, mas pode salvar sua vida também.

Espero-a decidir se quer aprender ou não e, quando concorda com a


cabeça, ela passa a mão de leve no braço esquerdo, onde a pequena cicatriz

avermelhada está, no local em que tomou um tiro de raspão.

— Pronta?

— Sim.

— Vou começar pelo básico. Não é indicado reagir quando está sob
ameaça, mas você precisa saber como fazer se precisar em uma situação de

urgência. Primeiro, se uma arma é apontada para o seu rosto, você precisa a
virar para o seu agressor bem rápido. Vamos praticar?

Ela concorda, ainda com a expressão assustada. Aponto a arma sem

munição para o seu rosto e a oriento como me desarmar, virando o objeto


para mim. Olivia é lenta e desajeitada devido aos dedos trêmulos.

— Vamos lá, Olivia. Mais rápido. Primeiro saia da mira da arma,


depois me desarma.

— Eu não consigo — ela choraminga, enfiando a mão no cabelo


preso em um coque no topo da cabeça.
— Você consegue. Não deixe o medo te travar. De novo.

Aponto a arma para ela novamente, e Olivia respira fundo antes de


virar o rosto para a esquerda como ensinei e abaixar meu braço para

remover o objeto da minha mão.

— Muito bem. Agora, mais rápido.

Nós repetimos a sequência várias vezes até ela finalmente fazer isso

em um tempo hábil, um em que realmente evitaria que ela tomasse um tiro.

— Você foi ótima.

— Obrigada.

— Quer parar? — pergunto ao ver que está ofegante e suada.

— Não. Me ensina mais sobre desarmamento.

Sorrio de orgulho quando fala decidida. Apesar de ainda estar com


medo e toda trêmula, ela não desiste. Isso é o que importa.

— Vou te ensinar se alguém te abordar pelas costas. Toma, finge que


está com a arma apontada para a minha cabeça.

Entrego o objeto na sua mão e, mesmo receosa, Olivia o segura

desajeitada. Fico de costas para ela e sinto o objeto tocar a parte de trás da
minha cabeça.
— Vou fazer devagar para você pegar o movimento e para não te

machucar.

Mesmo quando eu me livro da arma de forma lenta, Olivia se assusta


quando torço seu braço devagar. Assim que a solto, ela aperta o membro e

faz um bico.

— Caramba, você é muito forte.

— Não usei nem metade da minha força. Pegou o movimento?

— Não. Faz mais devagar.

Aceno em concordância e me coloco na mesma posição de antes.


Quando sinto a arma na minha pele, repito o movimento de defesa ainda

mais devagar do que antes. Desta vez, Olivia não reclama.

— Sua vez.

Aponto a arma para ela, que se embaralha toda para reproduzir o que

eu fiz. Contrariada, ela insiste em repetir, e precisa de pelo menos umas dez
vezes até conseguir fazer como deve ser. Quando consegue rápido, Olivia
comemora e se joga contra meu corpo, abraçando-me com força enquanto

pula no chão.

— Consegui! Vamos de novo.

— Acho que já está bom por hoje. Já pode descansar.


— Estou elétrica. Quero aprender mais. Por favor! — ela implora,
juntando as mãos em frente ao rosto como se fosse uma criança pedinte.

— Tudo bem.

No final das contas, além das lições de defesa pessoal, espero que

Olivia aprenda que é muito mais forte do que pensa e que se ela quiser,
nada nem ninguém consegue feri-la.
Pela primeira vez, o foco das notícias que envolvem meu nome não

sou eu. Sim, é Noah. Depois da festa de Jake, onde meu guarda-costas deu

o sangue para me defender dos paparazzi e repórteres invasivos, algumas


fotos rodaram pelo Instagram, dando ênfase na beleza dele.

Depois disso, pelo menos um perfil por dia me marca em fotos com

ele ao meu lado, feito um guarda-roupa de casal, uma geladeira quatro


portas, um muro de Berlim. Ainda não me acostumei com o tamanho dele, e
meus fãs se acostumaram menos ainda. É cada comentário indecente que

leio a respeito de todos os atributos de Noah que até tenho vergonha de ler.

E eu costumo ser safada! Pode imaginar o tipo de coisa que comentaram.

Não sei se ele está sabendo da fama que adquiriu nas últimas
semanas, mas se está, Noah parece não ligar. Duvido muito que tenha visto,

já que o homem parece ser do tipo low profile igual à minha melhor amiga.

Enquanto deslizo os dedos pela tela do celular, vendo Noah de todos

os ângulos possíveis, o homem em carne, osso e músculos aparece na


minha frente.

— Você vai se atrasar para o evento e seu pai vai reclamar até

amanhã — ele fala ao ver que estou sentada, de roupão, mexendo no celular

como se tivesse todo o tempo do mundo ao meu favor.

— Eu só vou para não fazer desfeita, mas odeio essas festas da


empresa.

— Odiando ou não, estamos atrasados. O que tem de tão interessante

aí?

Abrindo um sorriso matreiro, eu viro a tela para ele. Na imagem, está

ele e um círculo vermelho enorme destacando o seu pau na calça social.

— Que porra…? O que é isso?


— Não me olhe assim! Não tenho culpa se minhas fãs são muito mais

suas do que minhas agora. Você está fazendo sucesso com a mulherada —

digo rindo ao ver a expressão assustada que ele estampa. É sempre muito

bom vê-lo reagir a qualquer coisa que seja.

— Por quê? Que foto é essa?

— Tem várias fotos do seu corpo grande e forte ao meu lado, mas

tem um bocado só suas também. Você atraiu a atenção do pessoal.

Volto a fuçar a rede social e vejo que criaram até um Instagram só de

fotos dele. O povo não perdoa mesmo. Ele não sai feio em uma, como
pode?

— Olivia, estamos atrasados. Você precisa colocar uma roupa e a

gente precisa ir.

— Você sabia que estão nos shippando? — pergunto, lendo os

comentários em fotos nossas juntos.

— Estão o quê?

— Querendo que a gente fique juntos. Já fizeram até um nome de

casal para nós dois. Oliah.

— Mas que merda…?


— Relaxa. Amanhã o assunto é outro — minto, porque mal sabe ele

que seu nome e suas fotos estão rodando aí há muito tempo.

Eu me levanto e o deixo ali enquanto vou até o meu quarto para

colocar o vestido que ganhei de uma das minhas publicidades. O cabelo e a

maquiagem já estão prontos, então só falta colocar a roupa, o sapato e os

acessórios. Faço isso sem pressa, porque nem queria sair de casa hoje.

Depois de um dia cheio de trabalho, papai ainda vai me forçar a ir à festa de

aniversário da sua empresa. Seria falta de consideração não ir, mas minha

cama está tão linda me esperando.

— Você fica para depois, lindinho. Queria tanto você, mas vai

precisar me esperar — digo, alisando o colchão antes de sair do quarto.

Coloco o par de brincos enquanto sigo em direção à porta de saída da

casa, onde Noah me espera. Como sempre, seus olhos não focam nas partes
expostas do meu corpo por muito tempo. Nem mesmo com meus seios

quase saltando no decote do vestido rosa. Desta vez, Noah está usando um

terno cinza, com colete e gravata da mesma cor. Lindíssimo.

Ele me guia até o carro e, em uma rotina nossa, abre a porta para que

eu entre. Nos últimos dias, nossa relação deu uma evoluída. Pelo menos não

ficamos mais em silêncio o tempo inteiro. Acho que as aulas particulares de

krav magá estão ajudando. Ao contrário do que imaginei, que serviria


apenas para me despertar gatilhos, tem me ajudado a tirar o medo absurdo

que pareço ter desenvolvido só de ver uma arma. Tem ficado mais fácil.

Tudo graças a Noah.

Ele não passa a mão na minha cabeça e não alivia para mim, e gosto

disso. O que sempre tive foi pessoas fazendo todas as minhas vontades e

facilitando as coisas para mim. Gosto que Noah me trate diferente, porque

faz com que eu me sinta mais forte.

— Por que agora temos mais seguranças nos seguindo? — pergunto

ao ver os dois carros ladeando o nosso.

— O evento vai ser grande. Foi anunciado em todo canto por aí,

então é preciso precaução.

— Entendi. E não tem nenhuma novidade sobre a investigação? A

polícia não tem nenhum suspeito?

— Alguns, mas nada concreto ainda. A pessoa fez um trabalho muito


bom em se esconder. Não acharam o atirador até agora.

Meu estômago embrulha. Não falo nada, porque não consigo me

lembrar do rosto da pessoa que atirou em mim. Na verdade, nem sei se

cheguei a vê-lo. Nos meus pesadelos, o atirador já foi meu pai, meu

motorista, minha melhor amiga e até mesmo Jake. Todo mundo ao meu

redor, menos Noah.


— Vai ficar tudo bem, Olivia — ele fala, confortando-me com seu

jeitão bruto que aprendi a entender.

Abro um sorriso fraco para ele e passo o resto da viagem inteira até a

mansão do meu pai olhando para fora, pensando em tudo e em nada ao

mesmo tempo. Apesar de a sensação de insegurança ter diminuído ao longo

dos dias, ainda não sumiu. Eu me sinto mais segura com Noah agora do que

antes, mas também tenho medo do que pode acontecer se ele decidir colocar

a sua vida em risco por minha causa. Não quero que nada aconteça com ele.

— Olivia… Chegamos — ele fala quando o motorista para em frente

ao portão para nos identificarmos.

Assim que a gente entra, Liam estaciona em frente à casa, que já está
cheia de veículos. Meu pai gosta de fazer festas aqui, mesmo que seja para

comemorar algo da empresa. O lugar é imenso. Daqui, consigo ver os três

andares bem iluminados.

Noah me ajuda a andar pelo quintal em direção à entrada, onde dois

seguranças estão na porta. Quando me veem, eles me cumprimentam com

um aceno de cabeça e liberam a minha entrada sem questionarem. Assim

que entramos, escuto o jazz querido de papai, vindo de algum lugar ao

longe.
Não conheço a maioria das pessoas daqui, mas todos parecem me

conhecer porque me cumprimentam pelo nome. Sorrio e abraço um pessoal

aleatório. Apresento Noah mesmo sem saber para quem, e ele acena para

todos do jeito polido de sempre. Às vezes, queria poder fazer como ele.

Subo as escadas até o segundo andar com meu guarda-costas atrás de

mim, seguindo-me bem de perto. Assim que chego ali, vejo papai com uma

taça de champanhe na mão, rodeado de senhores da sua idade.

— Olie, minha princesa mais linda! — ele exclama, largando a roda

de conversa para vir até mim. — Que bom que você veio, filha. Achei que
não viria mais.

— Só vim dar uma passadinha, pois não quis fazer desfeita. Estou
cansada.

— Fez bem. Como está, Noah?

Ele cumprimenta o amigo com um abraço rápido e um sorriso de

orelha a orelha. Sei que papai sentiu falta de Noah quando ele sumiu. Na
verdade, no início, Noah sumiu apenas da minha vida, porque perdi o

contato com ele depois que se casou. Pelo que sei, ele e a esposa passaram a
viajar por aí sem um destino certo. Meu pai ainda manteve o contato, mas
depois, parei de saber da sua vida.
— Parabéns pelos anos de empresa, Thomas. Você merece o sucesso
que tem — Noah fala, batendo no ombro do meu pai.

— Você faz falta lá. Nenhum diretor chegou aos seus pés. Quem sabe
você não volte a trabalhar para mim um dia…

— Agora tenho a minha própria empresa para cuidar, você sabe. E

ainda não cuido dela como deveria.

Algumas coisas descobri ao acaso, ouvindo conversas dele com os

demais seguranças ou dele com meu pai, como agora. Sei que a empresa
que está responsável pela minha proteção é de Noah, que todos aqueles

homens enormes, que ficam rodeando a minha casa e o meu carro quando
saio, são funcionários dele. Não sei quando ele montou a empresa, mas

deve ter sido logo quando saiu da de papai, logo depois que se casou.

Os dois se metem em uma conversa entediante que envolve negócios,


e aproveito para me afastar um pouco para pegar uma taça de champanhe.
Queria que Sarah estivesse aqui para me distrair, mas ela teve que trabalhar

até mais tarde. Pela primeira vez, minha amiga não está comigo nesses
eventos chatos para ajudar a tornar tudo mais tolerável. Enquanto viro o

líquido da taça na boca, olho ao redor, em busca de um rosto conhecido.

— Papai, tem notícias da minha tia? Ela mal se despediu de mim —


pergunto quando os dois se calam por alguns segundos.
— Ela teve que viajar correndo para resolver algo do trabalho.
Mandou um beijo para você e disse que sentia muito por não poder se

despedir pessoalmente. Prometeu voltar de novo em breve.

— Ela faz falta.

— Faz demais. Sua tia sempre foi cheia de luz — ele fala, olhando

para algum ponto atrás de mim e acenando. — E por falar em cheia de


luz…

Eu me viro, vendo uma mulher elegante se aproximar de nós. Ela

parece ser um pouco mais velha do que eu. Franzo a testa conforme se
aproxima com um sorriso nervoso no rosto.

— Querida, tem um tempo que queria te apresentar a Liana, a minha


namorada. Não sei se vai ser estranho para você, depois de tanto tempo…

Namorada?

Encaro a mulher sem disfarçar o choque. Não gosto dela de imediato,


só pelo jeito que me olha. É inevitável pensar na minha mãe. Sei que é

egoísta esperar que meu pai fique sozinho para sempre, mas não gosto da
ideia de ninguém no lugar que deveria ser dela.

— Essa é a minha filha, Olivia. Esse é Noah, um querido amigo de


anos — papai apresenta, alheio à minha reação sem ânimo nenhum.
Quando Liana estica a mão, eu ergo a minha no automático, sem

empolgação nenhuma. Ela começa a falar sobre a sua vida e sobre como se
conheceram, mas eu desligo meu cérebro. Não quero saber.

— Com licença, eu preciso de um pouco de ar — digo,


interrompendo o discurso dela, sem me importar de ser mal-educada.

Não olho para papai, porque sei que ele vai ver que não me agradou.
Eu ando apressada para longe deles, sem me importar se Noah está atrás de

mim ou não. Vou até o terceiro andar, onde fica o terraço e a área da
piscina. Sem conseguir controlar, assim que chego ao lugar, procuro um

canto mais vazio e deixo as lágrimas caírem, imaginando se minha mãe


ficaria decepcionada ao ver meu pai se relacionando de novo.

Não consigo parar as lágrimas que caem, muito menos o soluço alto

que escapa da minha garganta. Quando me lembro do rosto sorridente dela,


tudo piora. Seco o rosto com cuidado, porque a maquiagem à prova d’água

deve estar intacta, mas não vai resistir muito se eu ficar esfregando meu
rosto. Fungo alto e de repente vejo um lenço ser estendido para mim. Pisco

várias vezes e noto Noah parado à minha frente, olhando para mim.

— Obrigada — respondo, pegando o tecido e usando-o para limpar

meu nariz. — Eu estou errada de não querer que ele tenha alguém?

— Não, acho que é uma reação normal.


— Ele merece ser feliz, ser amado, só que…

— É difícil para você porque imagina que ele está esquecendo a sua

mãe — Noah conclui para mim, e eu apenas aceno em concordância,


mordendo o lábio inferior com força para não chorar mais. — Deve estar

sendo difícil para ele também, tenho certeza. Provavelmente está se


culpando até mais do que você.

— Você acha?

— Tenho certeza. Foi assim que me senti quando transei com a

primeira mulher depois da morte da minha esposa.

Meu queixo vai ao chão quando ele fala isso, por livre espontânea
vontade. É a primeira informação pessoal que me dá sobre a sua vida. De

repente, uma tristeza imensa toma conta do meu coração e muita coisa faz
sentido.

Noah não ficou sério de repente, foi uma parte sua que morreu junto

com a morte da sua esposa.


Sem pensar duas vezes, eu me jogo nos braços de Noah em um

abraço apertado. Não sei se é para confortá-lo ou se é para me confortar. Só

sei que, ao contrário do que imaginei que faria, Noah circula meu corpo
com seus braços depois de uns segundos. Uma mão sua vai na minha

cabeça, reconfortante, protetora.

Eu o esmago mais forte e, inevitavelmente, o choro vem com toda a


força também. Por mim, por ele. Pela minha mãe, pela sua esposa. Por toda
a situação de merda em que estou metida, e que acabei enfiando-o junto.

— Sinto mui-muito — falo em um soluço deprimente contra seu

peitoral, e ele me aperta mais forte. — Meu Deus, e eu falei aquela merda

para vo-você. Sou uma estúpida. Me desculpe, não sabia, Noah. Me perdoa.

— Shh, não se preocupe com isso. Está tudo bem. Isso não é sobre

mim agora. Você tem o direito de se sentir triste.

— Não tenho. — Sacudo a cabeça com veemência, apertando seu


paletó com força nas costas. — Ele não tem que ficar sozinho só porque eu

quero. Falei sério quando disse que papai merece encontrar alguém legal,

ser feliz e amado. Assim como você também merece, Noah.

Ele não me responde mais, e provavelmente é porque discorda de

mim. Se ele se sentiu culpado só por transar com alguém, como mesmo

disse, imagina pensar em se relacionar de novo. Será que por isso nunca me
olhou diferente desde que retornou para a minha vida? Ou ele apenas não

me enxerga assim, mas enxerga outras mulheres?

— Não gostei dela — falo, desabafando para aproveitar o momento

em que está me dando corda. — Da namorada do papai. Quando não vou


com a cara de alguém, é de primeira. E é difícil que eu mude de opinião.

— Dê uma chance para conhecê-la, pode ser apenas a sua resistência

falando alto.
Nego com a cabeça, querendo apagar aquela mulher da cabeça do

meu pai. Queria ter motivos concretos para fazê-lo mudar de ideia e ficar

sozinho, mas nem a conheço para poder argumentar com propriedade.

Como posso fazer isso somente por birra? Que merda!

Estou tão confusa… Também estou chocada por ela ser tão nova,

surpresa porque nem sabia que papai namorava e triste porque gostaria,

agora mais do que nunca, que minha mãe ainda estivesse aqui.

Quando me afasto de Noah, depois de molhar seu terno todo, eu

limpo meu rosto com a ponta do lencinho que ele me deu. Sinto falta do seu

calor contra meu corpo na mesma hora, mas não vou forçar a barra. Já me

aproveitei demais da sua boa vontade.

— Melhor?

— Não, mas vou ficar. Será que pega mal se eu sair da festa agora?
Não quero mais ficar aqui. Hoje não vou conseguir fingir simpatia com ela.

— Posso te acobertar. Vamos.

Sorrio em agradecimento para ele e sigo na frente, descendo as

escadas de volta para o segundo andar, com Noah atrás de mim. Quando

faltam apenas alguns degraus, escuto um barulho alto, um que reconheço

bem demais. Fico alarmada e olho para Noah, que já saca a arma das costas.
Ele abraça meu corpo, colocando-me atrás dele em um movimento rápido

que quase me faz tropeçar, se não fosse seu braço me segurar.

A festa se torna um caos de gritos e pessoas correndo. Não sei ao

certo de onde veio o tiro, mas meu corpo inteiro gela só com a possibilidade

de ser acertada de novo.

— Vamos sair daqui. Rápido — Noah fala para mim, calmo como se

isso fosse rotina na sua vida. — Fica atrás de mim, não saia para nada.

— Meu pai…

— Meus homens estão ao redor. A minha função é te proteger.

— Mas e se o pegarem? Noah, por favor…

— Você é a minha prioridade, Olivia. Venha — ele fala sério, com

seu corpo abraçando o meu enquanto me leva até a saída, direto para o

carro. Olho ao redor para ver se acho meu pai, mas tem gente demais

correndo de um lado para o outro.

Assim que entro no veículo, Noah entra do outro lado e pede para

Liam sair dali rápido. Estranho que ele não assume o volante, mas sou grata

porque fica ao meu lado. Meu corpo inteiro treme de nervosismo quando

penso no meu pai lá dentro. Não posso perdê-lo também. Sou capaz até de

aceitar a sua namorada se ficar tudo bem com ele.


O choro que tinha ido embora antes volta de uma vez, mas desta vez

por um motivo diferente.

— Minha vida vai ser sempre assim agora? — pergunto para Noah,

enfiando os dedos nos meus cabelos.

— Não vai, eu prometo.

Noah me puxa para o seu peito, e não tenho nem o trabalho de me

espantar com o gesto. Apenas agradeço mentalmente e me agarro a ele

como se fosse um bote salva-vidas.

Choro tanto que sinto meu corpo letárgico ir se entregando ao

cansaço. Não luto contra, só me deixo ir. Permito-me desligar meu cérebro

de tudo. Permito-me me sentir segura, ainda que por pouco tempo, nos

braços do meu guarda-costas.

Assim que abro os olhos, vejo que o dia está claro lá fora. Minha

cabeça está um pouco pesada. Massageio um ponto dolorido no meio da


minha testa e sinto os olhos inchados. Aí me lembro que estou assim por

causa do choro desenfreado de ontem à noite.

Quando toco o colchão e me sento na cama, não reconheço o lugar

onde estou. Eu me assusto e olho ao redor, levantando-me de uma vez. Vou

até a porta, pronta para fugir daqui ou gritar por socorro. Esgueiro-me pelos

corredores, tentando memorizar detalhes para o caso de eu precisar.

Escuto barulhos vindo de algum ponto da casa e não sei se os sigo ou

se vou na direção oposta. Sinto cheiro de ovos e café, e meu estômago

ronca alto. Coloco a mão nele, como se isso fosse pará-lo, e termino o

caminho até o lugar que imagino ser a cozinha, bem devagar, tentando

passar despercebida. Quando vejo Noah parado ali, de costas para mim,

solto um suspiro de alívio, o que atrai a sua atenção.

— Bom dia.

— Bom dia. Onde estamos? Por que não fomos para a minha casa?

— pergunto, indo até ele sem deixar de reparar na casa bonita.

— Estamos em um lugar seguro. Achei melhor não te levar para sua

casa enquanto não tivermos uma ideia do que foi aquilo ontem. Meus

homens estão atentos a qualquer movimento desconhecido perto da sua

casa.
— E meu pai? Tem alguma notícia dele? Meu Deus, eu apaguei antes

de saber se ele estava bem.

— Ele está bem. Meus seguranças o levaram para um lugar seguro


também. Por ora, é melhor que vocês não fiquem juntos. Ele sabe que está

tudo bem com você também.

Respiro de alívio por saber que ele está vivo, mas ao mesmo tempo, o

desespero volta quando relembro tudo o que aconteceu ontem. Que noite
mais inusitada! Para não dizer outra coisa. Sabia que deveria ter ficado na

cama. Se tivesse ouvido o meu instinto, nada daquilo teria acontecido. Eu


poderia ter evitado meu pai, sei lá, para sempre, só para não conhecer a sua

nova namorada. E, provavelmente, alguém não teria dado um tiro em uma


festa lotada de pessoas se eu não estivesse lá. Seria perfeito.

— Tenta não surtar com tudo isso — Noah fala, tentando me


confortar, e aceno em concordância.

Eu me jogo no banco mais próximo e enfio os dedos nos cabelos,

respirando fundo, mas o ar parece passar com dificuldade. Não posso ter
uma crise de pânico, era só o que me faltava. Quanto mais eu penso nisso,

mais dificuldade sinto para respirar.

— Olivia? — Noah me chama, mas não consigo respondê-lo. Tento

puxar o ar e aperto meu peito. Mal noto quando ele se ajoelha à minha
frente e segura meus dedos. — Olha para mim. Respira fundo.

— Eu não…

— Shh, não fala. Só puxa o ar de uma vez. — Lágrimas começam a

cair no meu rosto, e nego com a cabeça. — Sim, você consegue. Presta
atenção na minha voz, em mim. Respira.

Puxo o ar com dificuldade e sinto minha garganta fechada, meu peito


apertado. O polegar de Noah vem até a minha bochecha em um carinho

repetitivo, e isso serve para me distrair por um instante.

— Isso. Puxa de novo. Respira fundo e solta.

Faço o que ele me pede muitas vezes até sentir que fica mais fácil

respirar. Sua expressão preocupada me mostra que ou estou muito na merda


ou que ele se preocupa nem que seja um pouquinho comigo.

— Melhorou?

— Sim, obrigada. Faz anos que eu não tinha uma crise dessas.

— Você precisa procurar ajuda profissional, Olivia. Depois de tudo o


que está passando, é o mais recomendado.

Apenas aceno em concordância, porque eu sei disso. Não é saudável


que eu adie isso, mesmo correndo o risco de a mídia ficar sabendo da minha
vida particular em detalhes. O melhor a se fazer é buscar ajuda antes de a
situação piorar.

Noah fica parado me olhando, como se conferisse que está tudo bem

comigo. Aproveito para estudar de perto os detalhes do seu rosto. Ele tem a
pele marcada de leve com algumas marcas de expressão ao redor dos olhos

e na testa, mas nada que tire a sua beleza. Um dos olhos castanhos tem uma
manchinha preta bem discreta que nunca tinha notado antes.

— Eu acho que mereço uma recompensa por ter sido boazinha até
agora, mesmo você estando tão perto de mim — falo para provocá-lo,

abrindo um sorriso pequeno.

— Pelo visto já melhorou.

— Sim, graças a você. Não sei o que seria de mim se não fosse você

nos últimos dias, Noah. Sei que está sendo pago para isso, mas sou grata
por meu pai ter escolhido você, dentre tantas pessoas.

— Não me agradeça, Olivia. Sempre tive um carinho por você. Só

quero que fique bem.

— Ugh. Você sempre faz com que eu me sinta uma garota. Carinho,

Noah?

Ele abre um sorriso fraco, que inevitavelmente retribuo porque o

homem não é de sorrir muito.


— Você era uma criança quando te conheci, era a única coisa que

dava para sentir por você, atrevida.

— Atrevida? — pergunto, soltando uma gargalhada pelo apelido.

Desta vez, meu sorriso é mais sincero do que nunca. Gosto muito de
interagir com ele quando não se fecha no seu mundinho. Nos últimos dias,

foi muito mais fácil.

— É, você se tornou uma mulher muito atrevida.

— É para ver se você me nota — provoco, chegando meu rosto bem

perto do seu. Noah não se afasta porque ele sabe que na maior parte do
tempo, eu mais ladro do que mordo. Não posso assediar o homem também.

Não tenho tempo nem de saber como iria reagir, porque meu

estômago volta a roncar alto, quebrando o encanto. Noah arqueia a


sobrancelha em divertimento e se levanta, fazendo com que eu xingue meu
órgão barulhento por atrapalhar uma chance de conseguir algo mais dele.

Noah me serve o café da manhã simples, mas gostoso. Apenas café,

algumas frutas e pães.

— Espero que esteja do seu agrado, tive que improvisar alguma

coisa.

— Está ótimo — respondo depois de comer todo o potinho com a


salada de frutas. — Eu acho que estou atrasada.
— Cancelei seus compromissos — ele fala, com a xícara de café

parada em frente à boca.

— O quê? Por quê?

— As coisas estão muito incertas e inseguras. Se aquilo de ontem foi

por sua causa, a pessoa decidiu voltar a agir. Não é seguro ficar tão exposta
assim por agora, Olivia.

— Eu não posso ficar presa em casa para sempre, Noah! Não foi para
isso que você foi contratado? — protesto, indignada por ter que parar a

minha vida por causa de um infeliz. — Tenho muita coisa para fazer!

— Eu sei, Olivia. Por mim, você não ficaria também, mas não é
seguro. É o melhor, pelo menos nos próximos dias. A polícia já está

investigando sobre ontem também.

— Até quando? — pergunto, querendo chorar de novo.

— Não sei. Vamos ver.

— Vou ficar aqui? Onde é aqui exatamente?

— Uma das minhas casas. Sim, vamos ficar aqui. Ninguém sabe onde
estamos, preferi não contar. Depois que Liam nos deixou na sua casa, eu te

trouxe para cá.


Aperto meus lábios e solto um suspiro de derrota, porque sei que não
vai adiantar se eu protestar. Noah consegue ser teimoso quando se trata de

fazer o seu trabalho da forma que acha certo.

Pelo menos vai ter o lado positivo disso tudo. Vou passar literalmente

vinte e quatro horas com ele, na mesma casa, sozinhos. Alguma vantagem
tinha que ter nisso tudo.
Olivia está agoniada por estar presa dentro de casa, e olha que só faz

dois dias que está aqui. Ela passou quase o tempo inteiro no celular,

alimentando as suas redes sociais. Vez ou outra, eu a ouvi falando com a


tela, dizendo que estava em uma espécie de férias forçadas. Não sei se deu

detalhes para os seus fãs do que está acontecendo, mas imagino que já

esteja espalhado por aí depois dos dois eventos infelizes que aconteceram.
Eu também estou agoniado por ela, porque se fosse meu trabalho

comprometido, isso também me estressaria. Mas é para o bem dela, e estou

fazendo o possível para que o período aqui não seja tão ruim. Estou até

tentando conversar mais. Por incrível que pareça, não é tão difícil manter

um diálogo com Olivia.

Temos algumas coisas em comum, como o gosto musical, o amor por

viagens e pela culinária mundial. Nos últimos dias, ela não seguiu nenhuma

dieta e comeu tudo o que cozinhei para ela sem reclamar, como se fosse a

melhor comida do mundo.

— Qual o lugar mais marcante que você conheceu até hoje? E por

quê? — ela pergunta, enquanto lambe o sorvete da colher.

Depois de vê-la ansiosa e roendo as unhas por algo que estava lendo
no celular, eu a distraí com sorvete de chocolate. Funcionou, porque parecia

que ela estava vendo o paraíso na sua frente.

— É difícil dizer. Eu já visitei lugares muito incríveis. Gosto da parte

culinária, como você já sabe. Mas gosto da parte histórica também. Então,

eu diria a Grécia, que tem os dois.

— Ai, eu nunca fui! Acredita? Conheço a Europa quase toda, mas

não tive a oportunidade de ir lá.

— Se tiver chance, vá. Não espere demais para realizar seus sonhos.
Sua expressão mostra chateação ao ver a minha, porque

provavelmente ela viu que fiquei melancólico de repente. Falar sobre

viagens é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que me deixa leve

porque é algo que eu gosto de fazer, também me deixa triste porque eu tinha

muitos planos com Dakota, e a maioria deles não se realizou.

— Está tudo bem? — Olivia pergunta, esticando a mão para apertar a

minha. Sinto a palma quente e macia contra o dorso dos meus dedos e não

estranho o contato.

— Sim, está tudo bem.

— Tem certeza de que não quer sorvete? — questiona, esticando a

colher que está comendo na minha direção, mudando de assunto.

— Sim, obrigado. Deixo com você, senão os potes que comprei não

vão ser suficientes.

Ela arregala os olhos e coloca a mão no peito, em puro fingimento,

como se eu tivesse mentido. Olivia gosta mesmo de doces. Sua expressão

muda para uma travessa, e já espero pelo que vai aprontar. Cada dia que

passa, aprendo a conhecê-la um pouco mais.

— Seja lá o que estiver pensando… — Olivia não deixa que eu

termine a frase.
Como a pentelha que é, ela estica a colher cheia de sorvete, passa na

minha boca e puxa em direção à minha bochecha, melando tudo. Em

seguida, solta uma gargalhada muito alta ao analisar a sua arte.

— Me desculpa — fala no meio do riso alto, os olhos se fechando por

completo de tanto que ri. — Foi mais forte do que eu.

— Depois não quer que eu te ache uma garota — resmungo,

levantando-me pretendendo ir ao banheiro para limpar o creme que começa

a grudar na minha barba que está crescendo.

— Ah, foi só uma brincadeirinha, vai. Me deixe limpar para você.

— Não precisa — nego, mesmo assim ela se aproxima de mim e me

empurra para que eu me sente na cadeira novamente.

Olivia se estica e pega um pano de prato, olhando para meu rosto

ainda com um sorrisinho. Os olhos claros e bonitos me estudam com

atenção.

— Você é tão bonito — ela sussurra, e me mantenho calado. Não que

faça diferença a essa altura do campeonato, porque incentivar ou não já não

faz efeito. Ela me provoca do mesmo jeito.

Depois de me encarar por muito tempo, Olivia inclina seu rosto para

frente e, maluca como só ela consegue ser, lambe o sorvete da minha


bochecha.
— Olivia… Que porra acha que está fazendo?

— Te limpando — responde com uma falsa inocência. — Com a

minha boca. Eu não deixo escapar nada, nenhuma gotinha. Se te interessa

saber.

— Olivia — repreendo, fechando os olhos e travando o maxilar com

toda a força que consigo.

Se tem uma coisa que essa mulher consegue ser é insistente. Eu sou

um homem de caráter e com princípios, mas ainda assim um homem. Não

sou idiota ao ponto de não notar que, diferentemente do que eu pensei no

início, Olivia não é mais uma garotinha. Na verdade, é uma mulher muito

bonita. Uma muito nova, mas cheia de atributos. Não apenas fisicamente,

mas como pessoa. Sua personalidade é leve, cativante e sedutora. Mesmo

depois de passar por tudo o que passou, ela é forte e sorridente o tempo

inteiro. Admiro isso nela.

— Você não está me afastando — ela fala, bem perto do meu rosto,

com um sorriso safado. — Significa que sua resistência está ficando menor?

— Não sou resistente. Só te respeito.

— Existem situações, Noah Coleman, que uma mulher não gosta de

ser respeitada. Você deve saber bem disso — ela sussurra, cada vez mais
perto da minha boca. — Na cama, eu gosto de ser tratada como uma puta.

Gosto de tapa na cara e xingamento. Tudo bem desrespeitoso mesmo.

Engulo em seco e chuto a minha bunda mentalmente, sem acreditar

que estou me deixando ser seduzido por essa peste. Minha resistência vai

diminuindo a cada milímetro que ela se aproxima de mim.

Quando passa o polegar no meu lábio e lambe o sorvete que resgatou,

meus olhos vão até a sua boca de forma natural. É instintivo. Ela lambe a

minha bochecha novamente, fincando as unhas no meu rosto para ter um

controle maior.

— Meu sabor preferido de sorvete passou a ser Noah Coleman — diz

com a voz rouca, baixa, cheia de tesão. — Um dia, você podia me deixar
sentir como fica em outra parte sua.

Olivia segue me provocando, e eu descubro que sou muito bom em

resistir a ela, porque apesar de não a parar, também não reajo como faria em

outra ocasião. Eu me contento em ser passivo, para não ceder aos seus

joguinhos.

— Ainda tem um pouco aqui. Posso? — pergunta, olhando para

minha boca.

Não respondo nada, e ela espera, em busca de consentimento. Ela

testa se aproximar. Como não me afasto, sua língua desliza pelo meu lábio
inferior. Em seguida, chupa-o, sem deixar seus olhos se afastarem dos

meus.

— Pronto? — pergunto com o pouco de lucidez que me resta, porque


sei que isso está indo longe demais.

— Sim, ficou limpinho — diz ofegante e se afasta relutante.

Apenas concordo com a cabeça e finalmente me levanto, colocando

uma distância entre ela e eu, uma que é muito necessária nesse momento.

Vou até meu quarto e o tranco, por garantia. Não para que ela não entre,
mas para que eu não saia. Eu me tranco no banheiro também.

Quando me olho no espelho, vejo que ainda tem algumas manchas de


sorvete no meu rosto. Aproveitando para unir o útil ao necessário, livro-me

da roupa e me meto debaixo do chuveiro gelado. Deixo a água cair pela


minha cabeça, tentando esfriar meu sangue e meus pensamentos agitados.

— Que porra, Noah? — pergunto baixo, conversando com a minha

mente.

Lavo-me por inteiro e, quando saio, sinto-me mais calmo. Mais como

eu mesmo. Visto uma roupa limpa e me arrisco a sair do quarto depois que
acho que está seguro. Procuro por Olivia pela casa e escuto o barulho de

água vindo da piscina. Quando a vejo ali, sacudo a cabeça e solto um riso
incrédulo, porque mesmo mergulhada debaixo d'água, consigo ver que está
nua. Assim que emerge e me nota, ela abre um sorriso imenso.

— Você voltou. Está tudo bem?

— O que está fazendo?

— Nadando. Quer se juntar a mim? — Ela aperta os cabelos

molhados para secar o excesso da água e me olha com expectativa.

— Precisava ser nua, Olivia?

— Ei, não me culpe! Você que me arrastou da minha casa apenas com
a roupa do corpo — ela fala como se fosse inocente na história. — Estou
tendo que me virar com as peças de roupa de uma loja de conveniência!

— Era só nadar com uma camiseta, ou até mesmo de roupa íntima. O

que eu falei sobre ficar vulnerável?

— Tudo bem, tudo bem.

Enquanto resmunga, ela tira o corpo inteiro da água. O corpo nu.

Completamente pelado. Bem perto de mim. Eu me viro de costas e ando até


onde ela deixou a toalha estendida. Pego o tecido e me aproximo de onde

está. Viro-me rápido e a cubro com o tecido, fazendo-a rir para mim. Ou de
mim, já não sei.

— Você é tão fofo.


— Nunca usaram esse adjetivo para se referir a mim antes —
resmungo, o que a faz sorrir ainda mais.

Para quem está com a vida de cabeça para baixo, ela está muito

sorridente. Não que eu esteja achando ruim, porque prefiro que fique assim
do que chorando pelos cantos ou tendo crises de pânico.

— Mas você é. Além de sério, protetor, com uma cara de mau. Você é
fofo. Obrigada por largar sua vida para cuidar de mim.

— Por nada, atrevida.

Ao ouvir o apelido, ela fica na ponta dos pés e dá um beijo rápido na


minha bochecha antes de sair dali, deixando-me para trás com a certeza de

que vou enlouquecer. Ainda mais se eu tiver que ficar muito tempo sozinho
com ela nessa casa.

Uma coisa é acompanhá-la no seu dia a dia, cheio de gente perto de

nós dois, a trabalho. Outra é morar em um lugar meu com ela, convivendo o
dia inteiro, sem ter nada para fazer além de interagir com ela ou me

esconder o dia inteiro, o que não é uma opção.

Vou até a sala de televisão e me sento, querendo um pouco de sossego

e uma fuga dos pensamentos confusos que sei que vão encher a minha
mente. Cerca de vinte minutos depois, escuto Olivia gritar meu nome.

Corro até o quarto onde eu a coloquei e a encontro enrolada em uma toalha.


— Minhas roupas estão sujas. Será que você pode me emprestar

alguma sua? — pede na maior inocência do mundo, e se fosse outra pessoa


poderia até cair nesse papinho. — Por favor.

Deixo-a ali e vou até o meu quarto. Entro no closet e pego três
camisetas das maiores, uma de cada cor. Por precaução, pego duas boxers e

um short e levo para ela. Assim que entrego as peças, a atrevida as leva até
o nariz e as aspira.

— Tem seu cheiro nelas.

— As roupas são minhas, Olivia.

Ela faz um biquinho para mim e volta a entrar no quarto, fechando a


porta em seguida. Enfio os dedos nos cabelos, solto um suspiro alto e volto

para a sala de televisão.

Será que ela ficaria protegida se eu a deixasse presa aqui, sozinha?

Considero a ideia absurda por uns segundos e tento me concentrar no filme,


que felizmente não contém cenas quentes com a garota responsável por tirar

o juízo até dos mais santos dos homens.

Ainda a acho nova demais para mim. Se fosse uma garota qualquer

que eu cruzasse em algum lugar por aí, nem olharia duas vezes na sua
direção. O problema é que conviver com Olivia me fez conhecer outras

partes dela, que eu não gostaria de ter conhecido. Não vou mentir. Seria
muito mais fácil continuar vendo-a como a garotinha tímida que eu convivi

anos atrás. Mas está difícil para porra continuar com essa imagem dela,
porque hoje tenho plena consciência de que ela cresceu.

Agora tenho uma mulher atrevida, cheia de tesão acumulado presa a

mim por sabe-se lá quanto tempo.

Parabéns, Noah, você se meteu em uma confusão do caralho.


Sei que estou jogando um jogo muito perigoso, porque quando se

trata de brincar com o tesão, qualquer hora ele pode se revoltar e se

transformar em algo mais. Mas não resisto. Provocar Noah, principalmente


quando ele está sendo tão receptivo, é mais forte do que eu. Sinto sua

resistência diminuir a cada insinuação minha, a cada provocação.

Não sei até que ponto ele luta para não ceder ao tesão, mas sei que
estou disposta a pagar para ver até quando vai me dizer não. Provocá-lo está
sendo a minha distração. Só assim para eu não surtar com o fato de ter

parado a minha vida para me esconder de alguém que não sei nem ao

menos quem é.

Minha assessora está em tempo de enlouquecer tendo que remarcar


várias coisas sem saber quando exatamente vou poder voltar. Pelo que

entendi, Noah entrou em contato direto com ela e exigiu que ela

desmarcasse tudo, sem remarcação. Ela o obedeceu, e nem a julgo por não

ter me consultado antes, porque sei como Noah consegue ser mandão.

— Acho que minhas redes sociais nunca ficaram tão engajadas igual

agora que o povo está morto de curiosidade para saber onde estou —

comento com Noah, que ergue os olhos do livro que está lendo. — Eu sei,

não precisa me olhar assim. Não sou doida de dizer onde estou. Estou

postando só foto sem fundo, porque às vezes meus fãs me assustam. Eles

fazem uma investigação muito minuciosa e conseguem perceber detalhes

tão pequenos que chega a ser assustador. E a real é que nem eu sei onde
estamos, não é?

— Não falei nada — ele comenta, voltando a olhar para o livro de

terror que está lendo.

— Aos poucos, estou aprendendo a estudar suas expressões, Noah

Coleman.
Ele abre um sorriso quase imperceptível, e eu mordo o lábio,

aproveitando que está distraído com seu livro para abrir o aplicativo no meu

celular também. Já olhei a pequena biblioteca que Noah tem em casa e

nenhum dos livros me interessa muito, então tive que recorrer ao celular.

Não sou muito fã dos ebooks, porque sempre preferi sentir o cheiro de

papel, mas por falta de opção, vai ter que ser assim mesmo.

— Você já leu algum livro erótico? — pergunto curiosa, e ele solta

um suspiro por eu atrapalhar a sua leitura.

— Não, Olivia. Nunca li — responde impaciente.

— Eles são bem úteis, sabe? — Ele me ignora, mas não desisto

porque estou entediada. Gosto quando Noah decide conversar comigo

porque as horas passam bem mais rápido. — Eu aprendi uma coisa ou outra

lendo minhas autoras favoritas. Aprendi a me tocar mais, a dizer o que eu

gosto e o que não gosto na hora do sexo. Sem falar de umas posições

divertidas.

Noah fecha o livro e apoia o cotovelo no encosto da poltrona em que

está sentado para me olhar, encaixando o indicador na bochecha.

— Também me ajudou a me soltar mais nas cenas eróticas dos filmes.

— Desde quando você atua em filmes tão expostos assim? — ele

pergunta com curiosidade, e dou de ombros.


— Desde que comecei a ser vista como uma mulher. A transição do

início da minha carreira aos quinze, fazendo filmes de High School, para

filmes para maiores de dezesseis anos foi bem rápida.

— Você não se incomoda?

— Sendo sincera? Não. Se meu rostinho bonito foi o motivo para

terem dado uma chance para que eu pudesse mostrar o meu talento, tudo

bem por mim — respondo sincera, porque isso nunca chegou a me

incomodar de fato. — Existe um termo chamado bombshell, não sei se já

ouviu falar. É usado para descrever mulheres que são marcadas por serem

atraentes, as famosas sex symbol. Perdi as contas de quantas vezes recebi

convites por me encaixar nessa lista. Tive que trabalhar dobrado para provar

que meu talento não era meu corpo. Isso foi útil para mim, no final das

contas, porque serviu para eu estudar muito mais.

— Faz sentido. Então você é uma sex symbol? — ele pergunta com

um sorriso de lado.

— É o que dizem. Apesar de você não me enxergar assim, o resto do

mundo me vê como uma mulher muito gostosa.

— Isso porque eles não te conhecem como eu conheço.

Solto uma risada, porque adoro que agora Noah me provoca de volta.

Demorou para eu conseguir manter qualquer diálogo com ele. Às vezes,


ainda é difícil. Sinto que Noah se fecha no seu próprio mundo e, se

depender dele, não sai mais. Mas não vou deixar que se perca nos

pensamentos que o afligem.

Agora, estou tendo cuidado de não tocar no nome da sua falecida


esposa porque notei que é um tópico sensível, mas sei que é ela quem

rodeia sua mente quando fica contemplativo, olhando para o nada.

— Você tem o talento nato de abaixar a minha bola e ferir o meu ego,

Noah Coleman.

— Estou à disposição — provoca, voltando a abrir seu livro.

Deixo que ele leia e volto a abrir meu aplicativo para ver se consigo

avançar um pouco no livro que estou empacada há semanas. Avanço na

história gostosa com um sorriso no rosto, conseguindo finalmente me

concentrar no que estou lendo. Quando chego nas cenas eróticas, eu me

contorço no sofá, inquieta, sem estar acostumada a ler esse tipo de cena em

companhia.

— O que foi? — Noah pergunta, provavelmente incomodado com a

minha inquietude.

— Nada.

— Você parece que está com pulga na calcinha — ele fala, olhando

para mim com curiosidade. Não é exatamente pulga que tem aqui, mas é
quase isso. — Está lendo safadeza?

— Não, são apenas cenas bem específicas na hora do amor — rebato,

e ele sacode a cabeça, prendendo um riso. — Quer que eu leia para você?

Vou ler mesmo que não queira.

Noah não responde, e entendo isso como um “sim”. Procuro a melhor

parte do livro, na primeira vez do casal, e solto um pigarro antes de

começar.

— Só para contextualizar, a história é de um viúvo que não sai de

casa há dez anos. Ele tem agorafobia e mal consegue andar dentro da

própria casa.

Espero que ele fique abalado com a menção da viuvez, mas Noah

parece tranquilo.

— “A garota safada morde o lábio e me obedece, lenta demais,

tirando o sutiã para em seguida fazer o mesmo com o tecido fino que é a

calcinha”. — Olho para Noah, vendo se está prestando atenção em mim, e

constato que sim, seus olhos estão fixos no meu rosto. — “Estico a mão,

pedindo pelo paninho, e ela a estende para mim. Fecho os olhos e cheiro a

peça íntima, sentindo o aroma gostoso de boceta que me deixa doido”.

— Todos são bem detalhados assim?


— Fica pior que isso. Quer dizer, melhor. O ponto de vista dos

mocinhos são os melhores. Homens escritos por mulheres são

maravilhosos. Posso continuar? — Noah acena de leve com a cabeça e se

ajeita na poltrona. Gosto de pensar que está ficando excitado como eu

estou. — “Meu pau endurece ainda mais, batendo na minha virilha, e Claire

não tira os olhos dali enquanto me aproximo. Fico atrás dela e tiro os

cabelos que caem nos seus ombros. Afasto-os para o lado e lambo a pele do

pescoço, salgada pelo suor da esfregação que estávamos agora há pouco”.

— Acho que já chega por hoje — Noah fala e se levanta, deixando o


livro de lado.

— Ah, mas nem chegou na parte do sexo propriamente dito. Só


estamos nas preliminares ainda.

— E já está de bom tamanho. Hoje o dia foi cheio, a gente precisa


descansar.

— A gente não faz nada há dias. Se pelo menos…

— Boa noite, Olivia — Noah interrompe o que eu ia dizer, já sabendo

que iria se tratar de uma provocação, porque não perco a chance.

Quando ele me dá as costas e sai dali, solto uma gargalhada e me

jogo no sofá, com o celular em mãos. Meu coração fica acelerado sempre
que começo essas provocações, porque nos meus sonhos, um dia Noah vai
ceder às minhas investidas.

Leio por mais um tempo para terminar o capítulo e só depois vou


para meu quarto. Escovo os dentes e me enfio debaixo do edredom,

aproveitando o tesão que estou sentindo pelo livro e pelo homem do quarto
ao lado para me masturbar pensando nele. Demoro para gozar e não é a

mesma coisa de ter um pau dentro de mim, mas serve para me fazer dormir.

Pela primeira vez em dias, meu sono é conturbado. Acordo várias

vezes com sonhos confusos, em que não consigo sair do lugar quando tento
correr.

E é só quando vejo Noah na minha frente, com a expressão

preocupada me olhando na penumbra do quarto, que sei que tive mais um


dos pesadelos em que alguém me mata com uma arma apontada para o meu

rosto.

— Nem me lembro de nada desta vez — falo baixinho enquanto ele

alisa meus braços em um movimento repetitivo e tranquilizador.

— Que bom, isso significa que cada vez vai doer menos.

— Isso aconteceu com você? Depois que… — Hesito em continuar,

com medo de que ele se chateie e se afaste de novo, mas Noah espera pela
continuação da minha frase. — Depois que sua esposa morreu.
— Sim, algumas vezes — confessa baixo, com a voz cheia de dor
como nunca ouvi antes. — Mas quando descobri que a vida seria pior do

que qualquer pesadelo que eu pudesse ter, eles passaram a ser fichinha.

— Sinto muito. Sei o quão doloroso é perder alguém importante.

Vejo Noah acenando no escuro, iluminado apenas pela luz fraca que

entra pela janela do quarto. Ele fica ali por um tempo, em silêncio junto
comigo, apenas alisando o meu braço.

— Está melhor?

— Sim. Não precisa vir me socorrer todas as vezes que eu tiver


pesadelos, senão você vai se cansar.

— Não tem problema. Eu não vou deixar que você fique angustiada,

nem mesmo no sono — diz todo gentil, e depois não quer que eu diga que
ele é fofo. Essa gentileza dele sem limites foi o que me conquistou

primeiro, não vou mentir. Lá na minha adolescência mesmo, eu já me vi


cativada por esse lado dele. — Boa noite, Olivia.

— Noah? Você pode… deitar aqui comigo? Só até eu dormir.

— Não acho uma boa ideia, Olivia.

— Por favor! Prometo que não vou te atacar. Só não quero ficar

sozinha agora.
Ele solta um suspiro cansado, mas se rende mesmo assim. Não se

deita ao meu lado, porque fica praticamente sentado, mas pelo menos assim
tenho o prazer de tê-lo na minha cama. Fico quietinha, apenas olhando para

ele, mas não resisto quando uma mão sua vem para meu couro cabeludo em
uma carícia deliciosa demais que me faz gemer baixinho. Noah larga meu

cabelo na hora, mas eu protesto.

— Não para, por favor. Faz tempo que não recebo um cafuné tão

bom, desde a minha mãe.

Eu dou um jeito de me encaixar no seu colo, em cima do travesseiro.

Noah fica travado por uns segundos, mas logo volta a alisar meu couro com
a ponta dos dedos. Isso é bom demais. Tão bom que meus planos iniciais de

o seduzir ficam esquecidos pela carícia.

Não demora para ele conseguir fazer a mágica de sempre que é me


fazer esquecer que existe um mundo lá fora, um que está só esperando que

eu retorne à realidade para explodir na minha cabeça.

— Noah? — pergunto, quase dormindo. — Se você pudesse escolher

de novo, sabendo de tudo o que você sabe, teria aceitado me proteger


mesmo assim?

— Sim, eu teria.
— Jura? Mesmo eu te enchendo a paciência e dando em cima de você

todo dia?

— Sim, Olivia. Já disse que tenho um carinho por você. Quero te ver
bem e feliz.

Concordo com a cabeça, mesmo que tenha certeza de que ele não me
vê nessa posição em que estou, ainda mais com a luz tão precária.

— Obrigada — agradeço sem saber exatamente o porquê desta vez.

Sou grata a ele por tantas coisas, mas principalmente por ter
despertado um lado meu que estava adormecido há muito tempo.
Estou ficando preguiçosa nos últimos dias, sem ter que sair para

trabalhar. Faz muitos anos que não sei o que é acordar tarde, porque até

mesmo nos meus dias de folga, meu corpo já é acostumado a despertar cedo
demais. Mas agora, isolada sabe-se lá onde com Noah, sem ter muito o que

fazer além de dormir, meu corpinho safado está ficando mal-acostumado

com a vida fácil.


Prova disso é eu despertar quase na hora do almoço, e isso porque a

minha barriga roncou de fome e acordei com o protesto do meu estômago

insatisfeito.

Tomo um banho, sentindo meu corpo pesado pela mudança de rotina,


e visto uma das roupas de Noah, que estou com dó de lavar porque algumas

ainda estão com o seu cheiro. Essa boxer que estou usando com certeza não

vai voltar para o dono. Mesmo que vá ficar com o meu cheiro depois de um

tempo, vou guardar de recordação.

— Antes tarde do que nunca, Bela Adormecida — ele me

cumprimenta quando saio do quarto e sigo o barulho que vem da cozinha,

enquanto mexe em algo na panela que cheira bem demais.

— Bom dia. Se não acordei é porque você não foi lá me dar o beijo
do amor verdadeiro. Por que não me acordou? Eu não devo me acostumar a

dormir muito assim.

— Você deve estar cansada.

— Não sei de quê. Não estou fazendo nada de útil para cansar meu

corpo. Porque você não me ajuda, só para constar — provoco, em uma


dinâmica nossa que descobri que não sei mais ficar sem. Eu o provoco,

esperando que ele rebata ou solte uma risada pelo meu descaramento.
— Pode deixar, hoje vou te cansar muito — ele rebate, sem tirar os

olhos do frango que está cortando em pequenos cubos.

— Jura? Vai fazer meu corpo suar muito? — pergunto animada,

criando cenários muito interessantes com a sua fala.

— Claro. Vamos continuar com as aulas de defesa pessoal. Vamos


tornar esse tempo aqui útil.

Noah abre um sorriso de lado ao ver a minha expressão frustrada,

com o meu bico imenso, porque não era isso o que eu tinha em mente. Mas

claro que sabia que ele não estava se referindo a sexo. Apesar de não ter me
freado no quase beijo com o sorvete, que não saiu da minha cabeça por

sinal, Noah também não toma nenhuma iniciativa. Digamos que ele apenas

não reprime as minhas investidas com tanta veemência.

Esse homem só pode ser um santo, porque é a única explicação para


estar na mesma casa que eu, isolado do mundo, e não se aproveitar nem um

pouquinho do que estou oferecendo de tão bom grado. Ele é muito mais

forte do que eu, porque basta que fique no mesmo ambiente que Noah para

pensar putaria ou para ficar excitado com sua presença. O que aconteceria

aqui poderia morrer aqui, entre nós dois, mas ele não colabora.

— Quer ajuda? — questiono quando o assunto morre, e ele arqueia a

sobrancelha em descrença. — Que foi? Sou esforçada! Se eu já aprendi até


equitação para um papel, cozinhar não deve ser tão difícil.

Eu me aproximo dele, parando ao seu lado. Olho-o à espera de

orientação do que fazer, e Noah me entrega uma faca, temeroso. Como se

eu fosse me machucar só por manusear isso, pelo amor de Deus. Posso não

saber preparar nenhum prato, mas não sou desastrada a esse ponto.

— Pode preparar a salada caesar.

— Tudo bem, parece fácil. Por onde começo?

Olho para ele com empolgação por poder fazer algo diferente e por

ajudá-lo. Sempre fui acostumada a ter alguém fazendo tudo para mim, então

não sei fazer muita coisa. E isso não é uma reclamação, muito menos eu

sendo soberba, só estou constatando um fato.

— Começa cortando os pães em cubos. Estão ali.

Aceno em concordância e tento não fazer nenhuma cagada enquanto

Noah me orienta, porque não quero parecer inútil demais. É uma simples

salada, não pode ser tão difícil.

— Pode cortar menor. — Ele fica atrás de mim e segura minha mão,

orientando-me como cortar. Mas tudo o que consigo focar agora é no seu

corpo imenso e quente atrás de mim, tão perto. — Isso, assim.

— A sua intenção é me ensinar ou me distrair, Noah Coleman?


Ele se afasta e solta uma risadinha discreta, sacudindo a cabeça. Noah

parece estar de bom humor hoje, e vou me aproveitar disso, claro. Tento

cortar do tamanho que ele me orientou e sinto minha mão doer de leve, mas

não reclamo.

— Pronto? E agora? — questiono, massageando a palma vermelha

por ter colocado força demais cortando o pão adormecido para colocar na

salada.

— Agora você vai preparar o pão e depois levá-lo ao forno para assar
um pouco.

Faço tudo com atenção, com ele me dizendo passo a passo o que

preciso colocar de tempero enquanto prepara o frango.

— Pode abaixar um pouco o fogo, senão vai queimar.

— Por que você não abaixa o meu? — provoco-o com uma cantada

barata. Vejo Noah revirar os olhos e solto uma gargalhada depois de

obedecer ao chef de cozinha que parece saber fazer tudo. Como será que ele

fode? — Essa foi boa, assume.

Noah não responde, mas vejo que ainda está com um sorrisinho bobo

no rosto. Enquanto ele segue me ensinando, termino de preparar a salada,

demorando mais do que o previsto porque acidentalmente errei a

quantidade de ingredientes do molho. O importante é que tentei de novo e


parece ter dado certo desta vez. Depois que monto meu primeiro prato, ergo

a travessa no ar, sorrindo com orgulho.

— Tcharan! A especialidade da chefe!

— Se você só sabe fazer uma coisa, teoricamente não tem nenhuma

especialidade — Noah provoca, e largo a travessa cheia em cima da mesa

apenas para bater na sua barriga.

— Para de ser estraga-prazeres, Noah Coleman! Me deixa contemplar

meu feito. Espero que esteja bom. Bonito está.

— Estou brincando. Parabéns, você fez um bom trabalho. Ainda mais

por ser a primeira vez.

Sorrio abertamente de orgulho pelo elogio e contemplo meu prato

mais um pouco.

— Agora se sente. Vou servir nós dois — falo, empolgada, puxando a

cadeira para que Noah se sente. Ele franze a testa pela minha gentileza. —

Você sempre me serve em todas as refeições, agora quero retribuir o gesto.

Senta.

Mesmo contrariado, Noah me obedece e se senta na cadeira que


puxei. Ando pela cozinha, abrindo todos os armários até encontrar os pratos

e os talheres, e faço a mesa, com ele me olhando. Em determinado


momento, meus olhos são atraídos para Noah, que ainda me encara com

atenção.

— Que foi? Estou fazendo algo errado? — pergunto com curiosidade.


Noah apenas nega com a cabeça. — Então o que é?

Eu me sento na cadeira de frente para a sua quando acho que temos

tudo o que precisamos para o almoço. Noah ainda não parou de me encarar,

mas de um jeito… diferente.

— Fala! Está me deixando curiosa.

Ele junta as mãos e as apoia embaixo do queixo, focado no meu rosto

com toda a atenção do mundo.

— Nada, só estou pensando que você me surpreendeu.

— É? Positivamente, eu espero.

— Sim.

— Que bom então!

Pego a colher para servi-lo e arrumo tudo no prato, colocando uma


quantidade muito maior do que se fosse para mim. Entrego-o para Noah,
que agradece e espera que eu me sirva para começar a comer.

— Seja o que Deus quiser. Pelo menos a parte difícil foi você quem

fez — digo rindo, enquanto pego uma porção pequena para experimentar.
Pelo menos a fome monstra que estou sentindo vai ajudar a descer mais
fácil se estiver ruim.

Mastigo observando Noah comer também, em busca de uma reação,


mas, como sempre, ele mantém a expressão indecifrável.

— E então?

— Digna de um restaurante com estrela Michelin[4].

Abro um sorriso imenso para ele, o que é bastante comum porque

sempre me sinto bem ao seu lado. Até mesmo quando está no momento
caladão e sisudo. Noah me faz bem. E ponto.

— Vou acreditar em você, porque eu gostei mesmo. Esse frango está

muito gostoso.

— Uma delícia — ele fala isso olhando para mim, e eu travo com o

garfo na boca.

— Está flertando comigo, Noah Coleman? Porque se está, a resposta


é sim. — Ele segue comendo olhando para mim, e eu não desvio o olhar do

dele. Sinto as faíscas e a tensão sexual, mas não consigo dizer ainda se está
mesmo flertando ou se é unilateral. — Você está, não está? O que mudou?
Foi meu prato sensacional?

— Nada mudou.
— Mudou, sim. Conta para mim. Foi a minha lambida na sua cara?
Achou sexy?

Noah solta mais uma das risadas que antes eram raras, mas

aparentemente estão deixando de ser. Pelo menos comigo. Gosto muito


desse novo Noah que estou descobrindo.

— Espero que essa não seja a sua forma de seduzir os caras, atrevida.

— Nunca precisei me esforçar muito — digo com sinceridade,


limpando o canto da minha boca com o guardanapo.

— Então é por isso que está assim? Sou o seu desafio?

— No início, era. Não mais. Eu já desejava você antes, agora desejo


ainda mais. Não sou de rodeios ou mentiras.

Nós ficamos em uma batalha silenciosa de olhares e voltamos a


comer. Noah se serve de mais comida, enquanto fico apenas o olhando

porque estou satisfeita. Quando termina de comer, eu o ajudo a recolher as


louças e colocar na lavadora. Depois de tudo limpo, eu volto a olhar para

ele, esperando que acabe com o meu tesão. Mas para me frustrar e me
deixar subindo pelas paredes, o homem apenas se aproxima de mim e beija

a minha testa com delicadeza.

— Vou descansar um pouco antes de a gente começar a treinar.

Descanse também.
— Estou descansada. Acordei agora há pouco. Que tal a gente fazer

outra coisa?

— Nós não podemos, Olivia.

Pela primeira vez, não vejo tanta certeza na sua fala como antes. Sei
que está por um fio de ceder. Não me importo que ele me coma depois de

muita insistência, até porque só preciso tirar essa curiosidade do meu


sistema. Só preciso saber como é ser fodida por esse homem pelo menos

uma vez, depois disso, podemos voltar à nossa normalidade. Só preciso que
Noah queira muito me comer também. Não me importo de esperar mais.

Deixo que ele vá descansar e vou até meu quarto também. Troco

algumas mensagens com Sarah, que está preocupada demais comigo,


mesmo que eu esteja evitando pensar que minha vida está toda parada

enquanto estou brincando de casinha com Noah.

Não posso ficar remoendo isso, porque sei que vou ter mais crises de

pânico se isso acontecer. Então, eu a tranquilizo, dizendo que estou bem, e


não estendo o papo demais. Também estou conversando normalmente com

papai, que já voltou à sua vida. Sempre que ele toca no assunto da
namoradinha, eu o visualizo e não respondo ou mudo de assunto. Não quero

falar dela agora, porque é só mais um tópico para me deixar angustiada.


Eu me jogo na cama, encarando o teto, pensando o motivo de tudo

isso estar acontecendo comigo. Será que preciso aprender alguma lição? Ou
é apenas um acontecimento daqueles que servem para te deixar mais forte?

Só sei que, no final das contas, pelo menos a situação trouxe algo de bom
na minha vida: Noah.

Sem ser emocionada demais, mas já sendo, ele é uma pessoa incrível.

Mesmo que a gente não tenha nada e sigamos na dinâmica gostosa que
estamos tendo, estou feliz. O difícil vai ser quando ele precisar se afastar de

vez. Quase desejo que a investigação se estenda por mais tempo. Quem
sabe mesmo depois de tudo resolvido, a gente não se torne amigos? É o que
somos agora, não é?

Não sei.

Se ele me deixava confusa antes, agora que nossa convivência


aumentou, e melhorou também, estou pior. Só espero que não saia

machucada disso tudo, porque meu psicológico já está abalado com a


situação nova que estou vivenciando. A única parte intacta é o meu coração.

E espero que continue assim por muito tempo.


É estranho estar acostumado à presença da atrevida. Nunca achei que

fosse chegar o dia em que eu diria isso, mas é confortável ficar com Olivia.

É engraçado como a convivência te faz notar coisas que jamais notaria


antes, te faz conhecer coisas que talvez jamais conheceria.

Sua personalidade é agridoce. Ao mesmo tempo que é leve,

engraçada e bem-humorada, fácil de lidar, também é petulante, provocadora

e sexy como inferno. Não que isso seja ruim, porque em outra situação,
seria a mistura perfeita na mesma mulher. Mas não tenho esse tipo de

interesse nela. Ou melhor, nessa altura, eu me contento em apenas aceitar

que não deveria ter. Já não sei o que penso em relação a isso ou não.

Não sei se é o fato de estar há uma semana trancado com ela, saindo
apenas para comprar comida e alguns itens pessoais para Olivia. Sei que

estou ficando à vontade demais na sua companhia. O lado profissional, que

está em modo de descanso desde que estamos aqui, foi ignorado com

sucesso. Nós somos quase como… amigos. Exceto pelo fato de a atrevida

me tentar como um demônio o tempo inteiro em que está acordada.

Não me incomodo com suas investidas, já acho que faz parte da sua

personalidade ser assim. Até estranho quando fica mais introspectiva, como

hoje, que amanheceu mais calada.

— O que está acontecendo com você hoje? — pergunto, tirando os

olhos do livro que estou lendo para olhar para ela, que apenas encara a

janela há bons minutos.

— Nada.

— Você está mentindo. Nunca fica calada esse tempo todo.

— Só estou pensando até quando vou precisar viver assim. Sinto falta

da minha melhor amiga, do meu pai. Sinto falta até mesmo da loucura do

meu trabalho.
Eu imagino que não deva estar sendo fácil para ela abrir mão de tudo

o que sempre teve para estar aqui, isolada do mundo, fugindo de alguém

que nem sabe quem é. Mas até a polícia achou melhor que ela sumisse um

pouco dos holofotes, até mesmo para não atrapalhar as investigações, que

apesar de lentas demais, estão acontecendo.

Meu amigo que está me ajudando nisso está no rastro da pessoa que

apareceu na câmera de segurança no dia da festa na casa de Thomas.

Aparentemente, a pessoa não tem ficha na polícia, mas ele não desistiu.

Tenho certeza de que, muito em breve, vamos achar o responsável por

transformar a vida da garota em um inferno. E aí é só fazer o possível para


que apodreça no inferno por muito tempo. Imagino a angústia que Olivia

está sentindo, mesmo que na maior parte do tempo não demonstre nada.

Eu largo o livro e me aproximo dela, segurando os dedos finos entre

as minhas mãos.

— Sinto muito por não poder fazer muito. Queria poder te tirar dessa

angústia. O que posso fazer para facilitar a sua vida?

— Não é sua culpa, Noah. Acho que não tem nada que possa fazer

por mim.

Ela abre um sorriso fraco que me irrita para caralho. Sinto um carinho

muito grande por ela, ainda mais agora, depois de tudo, e tenho um senso de
proteção que acho que nunca tive com ninguém.

— Só isso? Não vai fazer nenhuma piadinha sexual sobre como eu

posso te ajudar? — cutuco, usando a estratégia de sempre para tentar

distrai-la de tudo. Não é a forma mais indicada para curar o seu sofrimento,

mas é o que tenho em mãos agora.

— Não estou muito no clima. Desculpa.

— Não se desculpe, não por isso. Vai ficar tudo bem, Olivia. Pode

não ser hoje ou amanhã, mas um dia, você vai olhar para trás e vai ser

apenas um capítulo triste da sua vida.

Ela acena com a cabeça, apertando os lábios um no outro para

prender o choro. Quando uma lágrima escorre, puxo sua cabeça para meu

pescoço e deixo que chore para aliviar um pouco da sua dor. Não resolve

problema nenhum, mas pelo menos não fica nada preso dentro dela. Sei que

tem chorado escondido depois que se tranca no quarto, mas não é demais

permitir que chore comigo para que eu a console e tente acalmá-la.

— Você não deve mais me aguentar chorando. Prometo que vou

tentar me controlar mais — diz baixinho, fungando alto depois que se afasta

para secar as bochechas com as pontas dos dedos.

— Não quero que se controle. Nem que sofra sozinha.


— Você é um fofo, Noah Coleman — fala séria, olhando para mim

através da cortina de lágrimas.

— Já disse que esse adjetivo não combina comigo, atrevida.

Diferente do seu, que foi feito para você.

Ela abre um sorriso rápido, bem pequeno. De repente, parece

decidida porque apruma a postura e seca o rosto de novo.

— Sem fossa por hoje. Vamos treinar de novo? Preciso gastar um

pouco de energia.

Aceno em concordância e me levanto, estendendo a mão para ela.

Olivia aceita e se levanta também, mas me solta quando precisa ir até seu

quarto para colocar uma das roupas de academia que comprei para ela. Vou

direto para o lugar, que é pequeno em relação ao da sua casa, mas que serve

ao propósito.

Já estou com uma roupa confortável para dar sequência aos golpes de

krav magá que passei desde que chegamos aqui. Ela está cada vez mais

rápida e atenta, mas ainda tem muito para aprender. Não sou um

especialista, mas já aprendi muita coisa durante meus anos de profissão.

Eu me aqueço enquanto espero Olivia, e não demora para ela

aparecer, já com uma roupa mais confortável e o cabelo preso em um coque

no topo da cabeça.
— Vamos recapitular tudo o que vimos até agora e dar sequência, ok?

— pergunto, e Olivia acena concentrada.

Coloco-a na mira da arma sem munição de vários ângulos, e ela

repete tudo o que a ensinei com uma concentração muito diferente dos

outros dias. Provavelmente porque hoje está mais focada e livre das

gracinhas e provocações de sempre.

— Ótimo. Está indo muito bem. Agora vamos imaginar que alguém

te enforque por trás em uma gravata. A primeira coisa que você precisa

fazer é flexionar seus joelhos para melhorar seu equilíbrio. — Demonstro

como ela deve fazer, e Olivia me observa com atenção. — Em seguida,

você vai segurar o braço do agressor e impulsionar o corpo dele para frente.

Ele vai estar em desvantagem, independentemente do tamanho e da força

que ele tem. Vou demonstrar com você. Aperta meu pescoço.

Ela se posiciona atrás de mim e jogo seu corpo para frente devagar

para que não se machuque. Ainda assim, Olivia resmunga e faz uma careta,

apertando o braço.

— Sua vez.

Quando fica em pé, aperto seu pescoço de leve e a ensino como jogar

meu corpo para frente usando a desvantagem que tenho e o impulso do seu
quadril.
— Você é pesado. Como vou fazer isso? — pergunta com mau

humor.

— Não é questão de peso ou altura aqui. No krav magá, você usa


qualquer desvantagem do oponente ao seu favor. Eu te disse isso na

primeira vez. Vamos lá, sem reclamar. Tenta.

Mesmo contrariada, ela me obedece. De início, fica ainda mais

estressada quando não consegue nem mesmo me desequilibrar, quem dirá


me derrubar. Mas Olivia parece usar toda a frustração que está sentindo,

porque ela não desiste. Muito tempo depois, entre erros e xingamentos,
finalmente consegue jogar meu corpo para a frente depois de aplicar a

técnica de forma correta. Caio no tatame, e ela ainda me finaliza torcendo


meu braço.

— Muito bem. Só precisa de mais agilidade. Qualquer segundo conta


em uma situação de apuros.

— Preciso de hidratação — ela fala, jogando-se em cima do tatame.

Eu aproveito seu momento de descanso para ir até a cozinha pegar duas


garrafinhas de água.

Assim que retorno, entrego uma para Olivia e ela me agradece,


sentando-se para virar o líquido na boca. Ela limpa a água que escorre com

o dorso da mão e respira com dificuldade.


— Melhorou? — pergunto para ela, que apenas acena, ainda calada.
— Descobri que odeio te ver calada.

— Só estou pensativa e um pouco cansada. Prometo que amanhã vou


estar melhor.

Torço para que esteja mesmo. Quando vejo que a adrenalina do seu

corpo abaixou, eu me levanto e a ajudo a se levantar também. Nós saímos


da academia, e levo-a direto para a cozinha, pegando um dos potes de
sorvete de chocolate que comprei para repor o estoque que acabou.

— O que está fazendo? — pergunta quando entrego o pote na sua

mão.

— Ajudando o seu humor. Quando você fica nervosa, gosta de doces.

— E como sabe disso?

— Estou há um tempo convivendo com você, então não é difícil te


observar.

— Obrigada, Noah. É muito atencioso da sua parte — agradece,

abrindo o primeiro sorriso sincero do dia.

Quando estico a colher para ela, Olivia ataca o doce, fechando os


olhos enquanto aprecia o sabor. Mesmo sabendo que não sou muito fã, ela

estica a colher na minha boca e não retira até eu aceitar uma colherada.
— Gostoso, não é?

— Doce demais. Prefiro o sal.

Ela ignora a minha careta e segue enfiando quantas colheradas

consegue na minha boca. Demora tempo demais para que eu perceba a


intimidade do gesto, porque parece natural. Parece certo que nós estejamos

dividindo uma sobremesa na mesma colher.

— Você está acabando com a minha dieta. Quando for me consultar


com a minha nutricionista, vou pôr tudo isso na sua conta.

Mesmo reclamando, ela não para de comer até quase esvaziar o pote
de um litro. Quando se dá por satisfeita, ela o tampa e solta um suspiro.

— Você não me ajuda, Noah Coleman. Quando minha mente fica

confusa, você vai lá e a bagunça ainda mais.

— Confusa por quê?

— Coisa boba. Obrigada pelo sorvete.

É Olivia quem tenta fugir de mim desta vez, mas não quero que se
esconda porque tenho medo das bobeiras que vão rodear a sua mente

enquanto se isolar. Sei na pele como a solidão pode prejudicar o que já não
está bom. Antes que ela consiga sair daqui, seguro a sua mão de leve e
entrelaço seus dedos nos meus. Ela arqueia uma sobrancelha e olha para a

união.

— O que está fazendo?

— Conversa comigo. O que está te deixando confusa? — pergunto,


aproximando seu corpo do meu.

— Você.

— Eu?

Ela acena fraco, umedecendo os lábios, evitando meu olhar. Seu


corpo se encaixa de forma natural entre as minhas pernas, e somente o calor

que emana dele faz um arrepio curto subir pela minha coluna.

— Não sei se você está apenas brincando comigo ou deixando que eu

brinque com você para não ferir meus sentimentos. Às vezes parece que não
me quer, mas outras parece que quer só que luta contra. Eu desejo você,

Noah. Você sabe disso.

— Olivia…

— Você perguntou, só estou respondendo.

— Não quero confundir você. Na verdade, na maior parte do tempo,

acho que você flerta apenas por flertar.


Ela encosta a testa na minha e fecha os olhos, respirando contra a

minha boca.

— Acho que estou levemente obcecada por você e sinto que só está
piorando conforme os dias passam. Talvez, a gente precise parar com isso.

Achei que conseguiria lidar, mas já não tenho certeza.

— Tudo bem. O que for melhor para você. Não quero que tenha que

se preocupar comigo agora, Olivia.

— Eu sei.

— Isso é tudo muito complicado.

— Eu sei… Vai ficar tudo bem.

Ela abre mais um dos sorrisos fracos e começa a se afastar, mas eu a


seguro ali novamente. Seguro seu queixo e aproximo meu rosto do seu,

dando um selinho rápido na sua boca. Olivia se espanta com o gesto e


demora a reagir, mas sinto a língua atrevida como ela tentando ganhar

caminho.

— Se você for me dar uma esmola, faz direito — pede baixinho

contra minha boca quando não cedo. — Se é uma despedida pelo que nunca
tive, me beija com vontade.
Solto uma risada baixa pelo descaramento, e ela resmunga contra a
minha boca, exigente e petulante como só ela sabe ser. E eu dou.

Não sei se por ela ou se por mim, mas eu dou.

Enfio meus dedos nos seus cabelos, livrando-me do coque apertado e

soltando os fios cheirosos, que caem pelos seus ombros. Seguro sua cabeça
com firmeza enquanto invado a sua boca com a minha língua. Olivia arfa e

geme, jogando o resto do meu juízo para longe. Aperto a sua cintura com a
mão livre e a puxo mais para mim, esquecendo-me de todos os

impedimentos de antes.

Olivia não se contenta somente com isso, claro que não, ela tenta
roçar a boceta no meu pau, mas só é impedida porque pelo menos uma parte

do meu cérebro parece ter juízo. Sou eu quem me afasto depois de conhecer
cada canto da boca carnuda e gostosa dela.

— Merda, agora que vai ficar difícil mesmo — ela choraminga com
os lábios vermelhos e inchados. — Você é muito mais gostoso do que

pensei.

— Eu não…

— Por favor, não diga que se arrependeu. Se sim, não me conta. Só

me deixa aproveitar a ilusão por hoje. Amanhã a gente volta ao normal.


Apenas concordo com a cabeça, sem saber se eu ia mesmo dizer que
não vou voltar a fazer isso ou se a parte irracional do meu cérebro ia falar

que tampouco vai conseguir esquecer da boca dela depois de hoje.


Ele me beijou!

Merda, ele me beijou. Foi uma quebra tão grande de script que agora

não sei como vai ser estar de frente para Noah de novo depois disso. Não
consigo nem dormir. Depois que me afastei, eu me tranquei no quarto, ainda

mais confusa do que já estava.

O que sempre senti por ele está se ampliando, rápido demais,

assustadoramente rápido. Nem eu mesma sabia que essa leve obsessão que
tenho por ele desde que era uma pirralha, na verdade, era algo mais. Podia

até ser considerado um capricho de adolescente quando eu era mais nova,

mas agora, as coisas são diferentes.

Querendo tirar um pouco da agonia que sinto no meu peito, pego meu
telefone e ligo para Sarah, torcendo para minha amiga não estar ocupada

demais para me atender.

— Está tudo bem? — ela atende, com a voz cheia de tensão.

Sei que tenho sido uma péssima amiga nos últimos dias, afastada

física e emocionalmente dela, mas não quero despejar todas as minhas

aflições nela porque sei que só vai servir para que fique mais preocupada

comigo.

— Está tudo bem, amorzinho. Liguei porque estou me sentindo muito

mal por estar sendo uma péssima amiga.

— Você não está, amiga. Você só está passando por um momento

crítico. Eu não ligo. Como você está de verdade?

— Bem. Mal. Confusa. Não sei — confesso, encarando o teto escuro,

graças à luz apagada.

— Onde você está? Você não falou muito comigo desde o último

acontecimento. Fiquei muito preocupada.


— Sinto muito, Sarah. Nem eu sei onde estou. Noah achou melhor

não me contar para minha segurança.

Somente falar dele para outra pessoa faz com que meu estômago se

agite, como o maldito clichê de borboletas dançando aqui. Droga, quão

emocionada eu sou para estar assim apenas com um beijo? Queria dizer que

foi um simples, mas nem se fosse louca poderia categorizar aquilo como

“simples”.

A pegada dele… Que inferno. Ainda consigo sentir os dedos dele na

minha cintura, a fisgada do puxão que ele deu no meu cabelo, a boca

inchada pela brutalidade, a pele do rosto sensível pelo arranhão da sua

barba, que só cresce.

— Liv? Está me ouvindo?

— Desculpa. Eu viajei. O que falou? — questiono, piscando várias


vezes e sacudindo a cabeça para tentar tirar Noah dos meus pensamentos.

— O que está acontecendo de verdade? Está dispersa.

— Eu estou… o puro caos. Ao mesmo tempo em que me sinto como

uma bomba-relógio, prestes a explodir, com a minha vida desabando na

minha cabeça sem que possa fazer nada, tem… ele.

— Ele? Noah? Oh, amiga, eu tentei alertar você.


— Eu sei. — Solto um suspiro cansado, porque tenho ciência de que

a ignorei quando tentou me fazer enxergar o que estava na minha cara. Na

verdade, eu escolhi fingir que era mentira. — Ele finalmente me beijou. Foi
apenas um selinho até eu insistir por mais.

— Não! Deus, esse homem é um santo! Se fosse outro convivendo

com você todos os dias já te comido há muito tempo.

— Não é? Mas ele é tão… maravilhoso, Sarah. Sabe quando você

tem a certeza de que vai sair ferida no final de uma situação, ainda assim

não consegue fazer diferente? Ele não vai se apaixonar por mim. Posso até

ter o que quero algum dia, mas vai ser só isso. Aí eu vou ficar arrasada, sem

ele, tendo que levar anos para esquecê-lo de novo — desabafo sem respirar,

soltando outro suspiro cansado em seguida.

— Você não sabe. A vida tem dessas. De repente, acontecem coisas


inexplicáveis.

Não sei, não.

Pode até ser que, milagrosamente, Noah comece a sentir algo por

mim, mas ele estaria disposto a enfrentar tudo para ficar comigo? Tenho

ciência de todos os impedimentos que nos rodeiam.

Posso fazer uma listinha.


O item número um com certeza seria o fato de ele parecer sofrer com

a morte da sua esposa até hoje. Não sei quanto tempo faz que isso

aconteceu, mas se ele está com essa dor guardada no seu peito há anos,

como vou competir com isso? Como vou conseguir me inserir no seu

coração ocupado por outra pessoa? Depois, mas não menos difícil, é a sua

cisma com a nossa diferença de idade. São apenas quinze anos, o que tem

demais nisso? Quando eu era uma adolescente, era compreensível, mas

agora não faz o menor sentido. Só que parece fazer para Noah.

Ainda tem meu pai. Sei que ele é importante para Noah, mesmo que

ele seja mais seco em relação à amizade deles. Ele não ia querer lutar por

mim sabendo que isso poderia afetar a amizade dos dois.

Também tem o grande fato de que a minha vida é um livro aberto

para todo mundo que acompanha a minha carreira. Tem a mídia, as fofocas,

as mentiras, os boatos. Para uma pessoa que odeia exposição, isso é como a

morte. Não julguei todas as pessoas que se afastaram de mim quando a

mídia começou a cair em cima, quando as redes sociais começaram a ser

bombardeadas com questionamentos absurdos.

— Você não está me ouvindo de novo — Sarah fala, e prendo o choro

com a bagunça da minha mente. — Não se desespere, Liv. Você sabe que no

final de qualquer bagunça, sempre sobramos nós duas, uma pela outra.
Antes sofrer pelo que foi do que pelo que poderia ser, pensa nisso. Agora

vai dormir. Nada como uma noite de sono bem dormida para curar a

tristeza. Te amo.

— Obrigada, amorzinho. E me perdoa de novo. Quando isso tudo

passar, a gente precisa sair para encher a cara.

— Meu nome é pronta — ela responde rindo antes de se despedir

novamente e desligar o telefone.

Quando largo o celular de lado, eu tento seguir o seu conselho e

dormir um pouco. Apesar de não estar fazendo nada produtivo, meu corpo

está cansado. Talvez seja um reflexo do cansaço mental que estou sentindo.

São muitos pensamentos de uma vez, sobre todos os aspectos da minha


vida. Questionamentos que parecem não ter uma resposta, pelo menos não

uma que vai me tranquilizar ou me agradar.

Fico me revirando na cama, tirando e colocando a coberta. A noite

esfriou, então ligo o aquecedor, mas aí me remexo tanto que começa a

esquentar demais. Mantenho-me nessa agonia, até não aguentar mais ficar

deitada. Eu me levanto do colchão e saio do quarto, indo direto para a

cozinha.

Mexo nos armários tentando fazer o mínimo de barulho possível para


não acordar Noah procurando por algum chá. Acho uma caixinha fechada e
a pego. Fervo a água e preparo a minha bebida quente, indo para a sala de

televisão para tentar me distrair antes de o sono decidir dar as caras.

Coloco um filme novo que chegou na plataforma de streaming e não


demora nem vinte minutos para eu chorar com o drama que se desenrola na

tela. Não sei se é sofrido demais ou se eu estou sensível.

Eu me assusto quando escuto passos se aproximando e, mesmo

quando vejo que é Noah e não alguém que invadiu a casa, não relaxo. Ele se
senta no sofá ao meu lado, sem falar nada, enquanto tento limpar as

lágrimas do meu rosto e evitar fungar pelo choro desenfreado.

— Sem sono? — pergunta depois de algum tempo.

— Sim, deve ser porque dormi demais na última noite — respondo

antes de me ajeitar no sofá e tomar um gole do chá.

Tento me concentrar no filme, mas só o fato de Noah estar presente,


tão perto de mim, tira o foco de tudo. Tenho certeza de que só estou

sobrevivendo sem surtar de vez com o que está acontecendo fora daqui
porque tenho a sua companhia não só para me distrair, como para desligar a

minha mente de tudo.

Pelo menos, Noah não voltou ao modo frio de antes e não está me

ignorando. Quem sabe um dia a gente consiga ser amigos, de verdade?


Quem sabe depois de alguns meses ou anos, a gente se reencontre de novo e
isso tudo não tenha passado? Quando, quem sabe, eu encontrar alguém que
vai aceitar o tipo de vida que levo e, ainda assim, escolher ficar?

Seco uma lágrima que escorre pelo meu rosto e sinto os olhos de
Noah em cima de mim.

— A ideia de amigos se divertindo te deixa tão triste assim? — ele

pergunta ao encarar a cena nada triste que acontece no filme. Solto uma
risada no meio das lágrimas, de desespero.

— Não, minha sensibilidade está nas alturas.

Termino de beber o chá e coloco a xícara em cima do porta-copos que


fica em cima da mesinha. Volto a me aconchegar no sofá e olho na direção

de Noah, sem conseguir evitar por muito tempo encará-lo. Ele estica a mão
e encaixa seu dedo mínimo no meu, surpreendendo-me. Abro um sorriso

para ele, ao ver que está carinhoso mesmo depois de tudo.

— Você pensa demais, atrevida.

— E você não? — desafio, arqueando uma sobrancelha para ele.

— Tem razão. E se a gente só parar de pensar nos próximos dias?

— Tudo bem — concordo, intensificando o aperto dos nossos dedos


como se fechasse um acordo.
A gente termina de assistir ao filme assim, e choro de novo pelo final
incrível. Mas dessa vez é um choro de alegria. Eu amo muito o poder que

atores têm de colocar toda uma vivência em personagens. Amo o poder que
a gente tem de demonstrar sofrimento, amor, desejo por um outro

personagem. É incrível.

— Você é uma chorona — Noah me provoca, e eu dou um tapa no


seu ombro de leve enquanto fungo.

— Eu amo filmes. Choro em quase todos. Me deixa.

— Vem cá.

Ele me puxa mais para perto dele, encostando a minha cabeça no seu

ombro. Solto um suspiro pelo conforto gostoso e novo. Se ele está


oferecendo carinho por livre e espontânea vontade, quem sou eu para

negar? Nunca me considerei uma pessoa carente, mas Noah tem esse poder
incrível de despertar esse lado em mim. Não sei se isso é uma coisa boa.

Sem pensar, Olivia. Sem pensar.

Esvazio minha mente e fecho meus olhos quando começa uma carícia
gostosa no meu braço. Foco no seu cheiro, no calor do seu corpo, em como

me encaixo nele como se tivéssemos sido feitos sob medida.

Estou quase adormecendo quando sinto o rastro da sua mão entrar

pela camiseta dele que uso. Fico imediatamente em alerta, mas mantenho
meus olhos fechados.

Conforme a mão sobe, mais a minha respiração se acelera,


entregando que estou consciente. Não o impeço. Não me movo.

Não quero que pare agora. Pelo contrário, quero que suba mais. Ou
que desça.

Criando coragem, eu me afasto de leve do seu peito e o olho em

busca de respostas. Assusto-me com a intensidade com que me encara. Ele


nunca me olhou assim antes. Fico presa, refém do seu olhar.

Tomada de coragem, eu me mexo e me posiciono sentada no seu

colo. Noah não reluta. Suas mãos vão devagar para meus quadris, e a minha
safada interior comemora com uma dancinha.

Seu aperto é firme e gostoso. Movo-me nas suas pernas e, em um


movimento rápido, Noah me puxa mais para frente, fazendo-me ficar

sentada direto no seu pau, duro como pedra embaixo de mim. Mordo o
lábio, cheia de tesão, e ele usa suas mãos para me roçar nele.

Quando sua cabeça cai para trás e um gemido baixo sai da sua boca,
fico ainda muito mais molhada do que já estava. Que cena erótica da porra!

Repito o movimento sozinha desta vez, vendo que sua reação é a mesma.
Isso compensa sem sombra de dúvidas todo o tempo em que ele não me

olhou. Sou eu quem estou o excitando desse jeito!


Olivia, garota, você tem mesmo o poder de sedução! Só me resta

saber se vou conseguir lidar com as consequências de todas as minhas


provocações.

Quer saber? Foda-se, não quero pensar em mais nada. Vou seguir o

conselho de Noah e evitar pensar, vou apenas focar em sentir.

Sentir seu toque, seu beijo. Sentir isso aqui, que vai muito além do

desejo, crescer ainda mais enquanto ele me olha assim.


A dica que dei para Olivia sobre não pensar em nada serviu para mim

também. Na verdade, não sei se eu estava aconselhando-a ou tentando me

convencer a parar de pensar tanto nas consequências, no depois. Nunca fui


um homem inconsequente, pelo contrário, sempre fui muito disciplinado,

coerente e lógico. É muito difícil alguém conseguir mudar esse meu traço,

mas com Olivia…

Porra, a garota atrevida conseguiu o que ela queria.


Ela conseguiu se infiltrar no meu sistema e me fazer parar de pensar

nas consequências das coisas. Simplesmente me esqueço de todo o

impedimento, de todos os motivos, que não são poucos, para ficar longe

dela. Essa semana foi decisiva para isso, e não quero nem pensar que fui eu

mesmo quem nos meti nessa loucura.

Agora que comecei, sinto que não consigo mais tirar as minhas mãos

dela. Meu pau está duro, dolorido e babando por ela, que se esfrega e geme

baixo para mim, sem deixar de me olhar. Aperto os olhos, aproveitando a

sensação gostosa para caralho que é tê-la roçando a boceta molhada em


mim. Isso porque temos vários tecidos entre nossas peles.

Olivia lambe minha boca e chupa meu lábio inferior antes de se

afastar de leve e se livrar da camiseta que veste. Foi difícil para porra evitar

babar nela desde que começou a andar pela minha casa com as minhas

roupas, como se fosse a coisa mais cotidiana do mundo. Existe um lado

primitivo em todo homem que acorda quando uma mulher gostosa usa a sua
roupa. Não sei o que é, mas o tesão é forte, incontrolável.

Minha boca saliva quando os seios médios saltam em frente ao meu

rosto. Estico as mãos e aperto os dois, roçando os polegares nos mamilos

rosados e durinhos. Inclino meu rosto para frente e substituo o dedo pela
boca. Quando chupo o biquinho, Olivia geme mais alto e aumenta a

velocidade da roçada no meu cacete duro.

Suas unhas fincam no meu couro cabeludo, e ela puxa meu cabelo

quando aumento a força da mamada. Mordo a pele leitosa e chupo todo o

seio, recebendo gemidos manhosos.

— Que gostoso. Eu vou gozar só com a sua boca nos meus peitos.

— Você vai gozar de todo jeito para mim, atrevida. Não é o que você

queria? — pergunto com a boca pairando no seu mamilo e dou uma

mordida de leve nele. Quando não responde, acerto o seio com dois tapas.
Olivia grita e rebola mais gostoso ainda. — Responde, putinha. Sempre que

eu falar com você, vai me responder.

— Eu não consigo — ela choraminga e aperta os olhos com força.

Seu rosto e pescoço ficam vermelhos, e continuo chupando,

mordendo e estapeando os seios gostosos que pulam no meu rosto. Eu me

farto com eles, sem deixar de olhar para ela. Quero pegar para mim todas as

suas reações.

— Noah… Caralho, vou mesmo gozar assim.

Olivia se inclina de leve e seguro no seu pescoço, chupando sua boca

enquanto ela goza para mim apenas se esfregando no meu pau. Se ela é

linda sem fazer nada, gozando em cima de mim é a visão do paraíso. Assim
que termina, encosta a testa na minha, tentando controlar a respiração

acelerada.

— Quero você dentro de mim — pede com a voz doce e baixa, cheia

de tesão. — Preciso de você, Noah.

Eu me levanto com ela no meu colo, segurando-a pelas coxas, e a

deito no sofá, ficando por cima dela. Tiro a boxer encharcada, que foi a

única peça que ficou nela, e vejo o fio do seu líquido escorrendo pelas suas

coxas. Vejo que a minha calça cinza está molhada também, de tanto ela

roçar a boceta molhada em mim. Livro-me dela e da cueca de uma vez,

tudo isso sob o olhar curioso de Olivia.

Eu me aproximo dela segurando meu pau e o deslizo pelos seus

lábios. A safada estica a língua e tenta me abocanhar, mas eu me afasto.

— Queria te sufocar com o meu pau batendo no fundo da sua

garganta, para você aprender que às vezes o que deseja pode ser perigoso,

mas preciso sentir a sua boceta.

— Sim, por favor — ela implora, e nem sei pelo que.

Bato uma punheta e acerto meu pau várias vezes no seu rosto antes de

me afastar, com muito custo, porque queria mesmo sentir a boca atrevida ao

redor de mim. Posiciono-me em cima dela sem deixar que o peso do meu
corpo a machuque e pincelo meu pau na sua boceta. Empurro de leve, antes

de me lembrar de algo importante.

— Estou limpa e todo remédio. E você? — ela fala quando sente a

minha hesitação.

— Limpo também. Faz muito tempo que não fodo ninguém, mas

você tem certeza? — pergunto, tentando me concentrar na conversa

importante enquanto sinto a boceta quente me esmagar como um punho. —

Porra, Olivia, você é quente igual ao inferno.

Ao invés de me responder, ela gruda as unhas na minha bunda e me

puxa de uma vez para dentro dela. Gememos juntos, alto, porque é uma

sensação indescritível estar dentro dela sem nada no caminho. Junto suas

duas mãos e as levo para cima, estocando com força, levando seu corpo

para cima.

— Porra — ela xinga, expondo o pescoço para mim. Lambo a pele

suada de cima a baixo, chupando-a em seguida.

Seguro uma perna sua para melhorar a posição, e Olivia estremece

debaixo de mim porque atinjo um ponto bem fundo dentro dela.

— Se toca. Esfrega essa boceta safada, sua putinha. — Quando

mando, solto suas mãos e ela choraminga, mas me obedece. — Você gosta

disso, não gosta, vadia? Eu me lembro de você me provocar dizendo como


gostava de ser fodida. Acontece que gosto de foder ainda mais forte. Você

vai tomar o meu cacete sem reclamar de dor, porque vou te deixar toda

fodida.

— Noah — geme mais alto, acelerando a masturbação no clitóris

inchado. O barulho dos dedos esfregando seus fluidos me deixa louco e

meto mais rápido, mais forte. — Vou gozar. Por favor, assim. Vai, Noah.

Observo-a tremer, o orgasmo se prolongando em um gemido gostoso

enquanto ela ergue o corpo em pleno êxtase. Quando saio de dentro dela,

Olivia protesta, não sei se de dor pela forma bruta como eu a fodi ou pelo

fato de eu ter tirado meu pau.

— Vem me montar, sua atrevida. Ainda não terminei com você.

Eu me afasto para que ela se levante e me apoio no encosto do sofá.

Olivia vem por cima de mim, colocando uma perna de cada lado do meu

corpo enquanto me monta. Ela encaixa meu pau na boceta apertada e desce

de uma vez, arrancando um gemido alto de mim.

— Quem está no comando agora? — pergunta atrevida. Deslizo as

mãos pelas suas costas molhadas de suor, ajudando-a a cavalgar gostoso, na

velocidade que quero.

Quando impulsiono os quadris para cima, ela fecha os olhos e morde

o lábio com força.


— Faço a pergunta de novo, Olivia. Quem está no comando?

Ela não responde, e seu corpo cai para frente enquanto meto sem

piedade da sua boceta. Aperto a sua bunda e a puxo conforme a fodo


gostoso, duro.

— Quem, vadia? Responde.

— Eu — provoca, e me afasto para segurar seu rosto. Aperto a sua

bochecha sem parar de estocar com força.

— Tem certeza? — Enfio meu polegar dentro da sua boca para que
ela o chupe e aumento o aperto na sua bochecha. — Que controle você tem

agora, Olivia?

— Noah — responde quando enfio a ponta do meu dedo no seu ânus


enquanto a fodo com meu pau. — Filho da puta. É você. Você é quem

manda em mim. Por favor…

— Já quer gozar de novo, Olivia? Você é mesmo uma putinha safada

e atrevida. E se eu não quiser que você goze mais?

— Eu vou me satisfazer sozinha.

— Vai? Então tudo bem.

Paro com os movimentos dos meus quadris, e ela solta um rosnado


furioso que me faz rir. Apoio as mãos atrás da cabeça e permaneço quieto,
enquanto ela segue em cima de mim, suada, desejosa. Cheia de tesão.

— Acha que não consigo gozar sem você? Assista e aprenda.

Olivia muda a posição de leve, apoiando os dois pés no sofá enquanto

senta, esfregando o clitóris. A visão me dá um tesão do caralho, porque a


safada não para de me olhar quando faz isso.

Ela senta mais rápido, descendo até o talo do meu pau, que está todo
branco, melado com o líquido que escorre da sua boceta. Olivia acaricia os

próprios seios com uma mão e o clitóris inchado com a outra. Sinto vontade
de tocá-la, mas consigo controlar.

O que não consigo controlar é a vontade de gozar. Quanto mais ela

senta, mais sinto os sinais de um orgasmo vindo. Assim que Olivia geme,
apoio as mãos nas suas costas para que não se desequilibre enquanto goza e

meto mais rápido, gemendo e gozando junto com ela.

Nossos corpos desabam de uma vez, o meu para trás e o dela para

frente, por cima de mim. Respiro com dificuldade e a ajudo a se levantar


quando resmunga pela posição dolorida em que caiu.

— Não sinto minhas pernas — reclama, soltando uma risadinha


cansada e ofegante.

Quando me levanto, eu a pego no colo e a levo até o banheiro do meu

quarto. Olivia se agarra no meu pescoço e solta uma gargalhada quando a


coloco no chão, debaixo do chuveiro.

— Vai tomar banho comigo, Noah Coleman? Quando foi que a gente
criou essa intimidade toda?

— Quando eu fodi a sua boceta e você implorou por mais, atrevida.


— Seu rosto fica vermelho, e ela desvia os olhos dos meus. — Agora você

está envergonhada? Olivia, Olivia, não se faça de ingênua.

— Não estou acostumada a isso. Apesar de ter te provocado, eu


nunca tive um sexo assim tão… selvagem.

— Eu machuquei você? — pergunto, segurando seu queixo com os


dedos para que me olhe. — Se soubesse que você só ladrava, não tinha sido

tão duro com as palavras.

— Eu gostei. Se fosse para ter tido um sexo morno e sem graça, eu


teria dado para outro.

Ela se assusta quando seguro seu pescoço e a empurro para a parede.


Ao invés de me olhar assustada, Olivia me olha com desejo. Porra, que

garota mais safada.

— Acaba de gozar incontáveis vezes para mim e está falando de

outro, Olivia? Tem algo sobre mim que você não sabe…
— O que é? — pergunta baixinho, levando a boca até meu ouvido e

dando uma mordida no lóbulo da minha orelha.

— Eu sou extremamente protetor e possessivo com quem está sob o

meu domínio — sussurro contra a sua boca, e ela lambe os lábios,


impulsionando o rosto para frente para me beijar.

O beijo é explosivo e intenso. Eu devoro sua boca, e ela se entrega


toda para mim. Seus lábios ficam quentes e inchados e só descanso quando

fica sem ar.

Viro-a com o rosto pressionado contra o azulejo, abro o registro do


chuveiro e começo a ensaboar o seu corpo, ainda com ela de costas para

mim. Vejo os arrepios subindo, mas ela fica quietinha. Quando chego na
boceta depilada e macia, lavo com delicadeza, abrindo os grandes lábios

com os dedos em formato de V. Olivia encosta a testa na parede e geme


baixo.

— Quer me dar essa boceta de novo? — pergunto com a boca


grudada na sua orelha, e ela acena rápido.

Levanto uma perna sua e equilibro seu corpo com o meu, por trás.

Empurro meu pau de uma vez, e ele desliza fácil porque parece que ela está
sempre molhada. Vou devagar desta vez, porque sei como deve estar ardida.
Bato na sua bunda umas três vezes, até ver a marca vermelha da minha

palma na pele branca.

— Gostosa para caralho, Olivia. É isso o que você é.

Ela empina mais a bunda para melhorar o atrito entre meu pau e a sua

boceta gulosa, e eu aumento a velocidade.

— Não vou conseguir gozar de novo. Estou morta.

— Vai, sim. Vou ficar metendo até você gozar no meu pau de novo

porque você me aperta gostoso pra caralho — murmuro, e ela choraminga.

Não desisto, mesmo que fique difícil para porra controlar a vontade
de esporrar na sua boceta quando ela me aperta. Esfrego o nervo inchado

enquanto a água continua caindo nas nossas cabeças.

— Goza, vadia. Goza para mim ou vou esfolar essa bocetinha safada.

— Noah, eu não consigo — geme manhosa, apertando os olhos e

empurrando a bunda cada vez mais para trás, com seu corpo contradizendo
a sua fala.

Movo meu quadril em círculos, e Olivia grita, estremecendo várias


vezes seguidas. Mantenho o movimento assim por um tempo, até que ela

goza. Não diminuo a velocidade e vou junto dela, com dificuldade de


conseguir segurar seu peso e o meu ao mesmo tempo graças às pernas
trêmulas.

Eu a esmago na parede, e ela solta uma risada cansada.

— Quero dormir para sempre depois disso.

— Se eu deixar…

Olivia se vira assustada para mim, e eu abro um sorriso para ela,

alisando a bochecha corada.

— Estou brincando, atrevida. Jamais extrapolaria o seu limite. Me

deixa cuidar dessa boceta.

Enquanto a lavo de novo, ela pega a bucha e passa nos pelos do meu

peitoral, olhando cada parte do meu corpo com atenção. Quando chega no
meu pau, ela o lava e o masturba sem deixar de olhar para mim.

Espero muito que ela seja daquelas que se recupera rápido de uma

sessão de sexo, porque agora que eu experimentei seu corpo, não sei
quando, nem como, vou conseguir parar.
Sinto meu corpo todo dolorido quando me levanto e me espreguiço.

Noah não está na cama e, pelos lençóis gelados, tem tempo que ele

levantou. Coloco uma camiseta sua que acho largada em cima da cama e
vou até meu quarto só para lavar o rosto e escovar os dentes.

Quando noto a minha aparência de quem fodeu a noite toda, abro um

sorriso gigantesco. Meus cabelos estão amassados e desgrenhados porque


dormi com eles molhados. Além disso, ainda estão cheios de nós porque

peguei no sono com Noah enrolando-os no dedo.

Só saio dali quando minha aparência fica pelo menos aceitável. Como

virou rotina nos últimos dias, vou até a cozinha, onde sinto o cheiro de café.
Vejo Noah parado em frente ao fogão, de costas para mim, sem camisa.

Gostoso para caralho! Ele está com o telefone na orelha, calado, ouvindo o

que a pessoa do outro lado da linha diz, provavelmente.

— Tem certeza? — pergunta, e me aproximo com discrição para não


atrapalhar a sua conversa, mas ele me ouve mesmo assim.

Quando fica de frente para mim, não consigo saber se o que está

ouvindo é bom ou ruim. Franzo a testa para ele, atenta à conversa.

— Certo. Tudo bem, então. Que nada, fico feliz que tudo tenha dado

certo. Tchau.

Assim que tira o celular da orelha e o desliga, Noah olha para mim

com um sorriso fraco.

— Boas notícias. Você vai poder voltar à sua vida normal.

— Como assim? — pergunto, sem entender nada.

— Era seu pai na linha. Prenderam o cara que atentou contra a sua

vida. Ele confessou. Aparentemente, era um fã frustrado.


— Uau. Tem certeza? — pergunto, sentindo um misto de confusões.

Primeiro, fico aliviada. Claro que fico. Como vai ser bom poder

respirar novamente sem me preocupar de ter alguém tentando me matar na

esquina. Mas, ao mesmo tempo, uma tristeza me toma, obrigando-me a me

sentar porque é esse sentimento que prevalece e me deixa tonta, sem chão.

— Tudo bem? Não ficou feliz?

— Estou bem. Fiquei feliz. É que… — Mordo o lábio com força,

evitando chorar porque o quão patético seria isso, não é? — Agora que tudo

está bem, você não vai mais ser meu guarda-costas.

— Era o plano, não era? Você finalmente vai se ver livre de mim —

ele fala, e não consigo dizer se está brincando para tentar me acalmar ou se

realmente está tranquilo em relação a isso.

— Tudo bem para você?

— Isso era algo temporário, Olivia. A gente sabia disso. Eu tenho a

minha vida para voltar, longe do país.

— Mas… e a gente?

O jeito que me olha me responde. Não tem a gente. Claro que não.

Fui iludida ao pensar que só porque transamos e ele não correu de mim logo
em seguida, teríamos chance de algo a mais. Porra, fui mesmo cega, não

fui?

— Tudo bem. Vou pegar as minhas coisas para a gente ir embora.

— Olivia…

Não volto quando ele me chama, apenas ando rápido até o quarto e o

tranco, deixando o choro sair, tentando controlar a altura para que Noah não

me escute. Corro para o banheiro e me tranco ali tempo o suficiente para a

angústia diminuir e eu conseguir colocar a cabeça no lugar. Não sei quanto

tempo passou.

Saio depois de lavar o rosto e tentar disfarçar os olhos inchados e a

vermelhidão. Se eu tivesse pelo menos trazido meus óculos de sol nessa

fuga inesperada…

Depois que visto uma das roupas que Noah comprou para mim

durante os dias de reclusão, saio do quarto e solto um suspiro profundo,

disposta a deixar tudo isso para trás. Eu vou ficar bem. Vivi todos esses

anos sem Noah, então vou continuar vivendo. Foi apenas uma noite casual,

como qualquer outra que tive. Não importa se sentimentos estavam

florescendo em mim. Repito esse mantra e evito olhar para Noah.

— Estou pronta para ir — digo, seguindo em direção à saída.


— Olivia, não entendo o motivo de você estar chateada comigo. Você

teve o que queria e agora a sua vida vai voltar a ser como era antes. Não era

isso que queria?

— Sim, Noah. Era exatamente isso o que eu queria — digo com


ironia, encarando-o de perto, cheia de raiva. — E agora nós vamos fingir

que isso nunca aconteceu. Podemos ir?

Ele apenas acena, sério, e me guia até o carro. Quando abre a porta de

um lado para que eu entre, dou a volta e entro no outro, feito uma criança
birrenta. Mas é assim que costumo agir quando estou com muita raiva.

O caminho é estranho. Faz tempo que não coloco os pés na rua e

tinha até desacostumado em ver carros e outras pessoas que não Noah.

Quando ele estaciona em frente ao meu portão, o carro é bombardeado de

repórteres, como se soubessem que eu estava chegando. Várias perguntas

são feitas, mas só me preocupo em esconder o meu rosto enquanto o meu

porteiro libera a entrada. Os seguranças do lado de fora impedem que os

paparazzi avancem, permitindo que a gente entre sem maiores problemas.

Quase choro de emoção quando vejo a minha casa, mas ele só vem

mesmo quando vejo papai e Sarah saírem de lá de dentro. Desço do veículo

e corro até eles, jogando-me no pescoço de papai primeiro. Ele me aperta e

sorri alto.
— Finalmente acabou, minha vida. Acabou.

— Sim, papai. Que saudade que eu estava de você.

— Está tudo bem com você? Noah cuidou de você direito nos últimos

dias? Fiquei tão preocupado, querida — ele pergunta, afastando-se e

analisando todo meu rosto, como se buscasse por ferimentos.

— Estou bem, papai. Está tudo bem.

Ele sorri para mim com lágrimas nos olhos e me libera para abraçar

Sarah, que chora junto comigo quando eu a abraço com força. Dou vários

beijos na bochecha do meu amorzinho, e ela nem se incomoda com o

carinho em excesso.

— A gente precisa mesmo de umas bebidas.

— Com certeza — confirmo, rindo e chorando ao mesmo tempo.

Quando a solto, seco meu rosto e vejo papai se aproximando de

Noah, que está parado, encostado no seu carro. O nó na garganta está aqui,

assim como a angústia no meu coração. Só que, infelizmente, não tem nada

que eu possa fazer para que Noah queira ficar. Não para me proteger, mas

para estar comigo de verdade. Na verdade, tenho certeza de que a única


coisa que eu poderia dizer para tentar fazê-lo ficar teria o efeito reverso e o

espantaria.
— Muito obrigado por ter cuidado do meu tesouro, Noah. Sabia que

você era o melhor para o trabalho. Te devo uma.

— Você não me deve nada, Thomas. Foi um prazer estar ao lado de


Olivia.

Ele me olha quando diz isso, e não desvio meu olhar do seu mesmo

que me doa. Enquanto ele conversa mais uma série de amenidades com meu

pai, tento me distrair com Sarah, mas meus olhos sempre buscam Noah.

— Vamos entrar para conversarmos com mais tranquilidade? Temos


que comemorar — papai fala, batendo palmas e esfregando as mãos em

pleno êxtase.

— Eu já vou indo, Thomas. Tenho que resolver algumas coisas por

aqui.

— Vai voltar à sua vida itinerante? Pensei que fosse aquietar por aqui,
Noah.

— Não, amigo. Só vim para isso. Vou ficar aqui por um tempo, até
resolver assuntos particulares, mas assim que estiver tudo certo, eu me

mudo de vez.

Meu coração se aperta ainda mais, e engulo em seco, segurando como

posso para não começar a chorar de novo. Desta vez, não consigo olhar para
ele sem que eu me derrame em lágrimas.
— Vou indo. Prazer ver vocês depois de tanto tempo. — Ele abraça
meu pai bem rápido, dando uns tapas nas suas costas. Acena para Sarah e se

aproxima de mim. — Olivia…

— Adeus, Noah. Obrigada por tudo — digo fria, mesmo que queira

me jogar no seu pescoço e pedir para ele ficar. Ele apenas acena, retribuindo
a frieza a qual o tratei.

Quando dá as costas e entra no seu carro estacionado na minha


garagem, pisco várias vezes, mas não consigo controlar as lágrimas. Vendo

o meu desespero, Sarah me abraça e me guia para dentro de casa enquanto


papai acena para Noah. Sou guiada pela minha melhor amiga até o meu

quarto e me sento na cama.

— Eu estraguei tudo, Sarah. Ao invés de me manter distante, eu fui lá


e me entreguei de vez, achando que a gente ia ter tempo, achando que… ele

ia se apaixonar por mim como me apaixonei por ele, anos atrás.

— Oh, amiga, não chora. Vocês transaram então?

— Sim, ontem à noite. Nem tive tempo de te contar porque foi tudo

tão rápido e intenso e… O que eu faço?

— O tempo vai dizer, amiga. Vai dar tudo certo.

Eu desabo nos braços de Sarah, odiando em como estou sensível.

Para quem não costumava chorar, estou me saindo uma bela chorona depois
que minha vida se transformou em um caos.

Só me acalmo quando papai bate na porta, e graças a melhor amiga


do mundo, ganho um tempo para tomar um banho e colocar a cabeça no

lugar antes de descer. Quando vou até a sala, papai está rindo de algo que
Sarah diz. Ele se levanta quando me vê e me abraça de novo, mais forte.

— Não acredito que isso passou. Vamos deixar esse passado triste
onde deve ficar.

— Vamos, papai.

— Espero que esteja com fome. Pedi para a sua cozinheira preparar
um café da manhã de princesa para você.

Sorrio para ele, mesmo que por dentro esteja morta. Eu me esforço

demais para demonstrar a alegria que estou sentindo por estar livre, mas vez
ou outra, a tristeza volta.

Os dois passam o dia comigo, e agradeço a companhia das pessoas


mais importantes da minha vida nesse momento tão delicado para mim.

Quando anoitece, mesmo a contragosto, eles se despedem de mim para me


deixar um pouco sozinha.

É estranho estar em casa, mas ainda não ter a presença de Noah e dos
outros seguranças que rodeavam a minha casa. Os meus antigos
funcionários estão de volta, protegendo o lugar de possíveis invasões, mas

tinha me acostumado até mesmo à presença dos homens de Noah.

Aproveito o momento para pegar uma garrafa de vinho na minha

estufa. Pego uma taça no armário e a encho, levando-a até a sala de


televisão, onde coloco um filme qualquer para passar tentando me distrair.

Não funciona.

A única solução é beber vinho porque ele me deixa letárgica o


suficiente para apagar como um bebê. Vou virando várias taças seguidas,

puta. Chateada.

Não sei o sentimento que prevalece agora. Se é a tristeza por ter


perdido algo que poderia ter se transformado numa relação incrível. Se é o

alívio por saber que a minha vida profissional vai poder voltar a ser como
era antes, já que a pessoal não vai nunca mais. Se é a raiva por Noah não ter
pensado em ficar comigo pelo menos mais um pouco, para ver o que seria

do que a gente teve. Se é ódio de mim mesma por eu ter me iludido tão fácil
assim.

No final das contas, não importa. Seja qual for o sentimento que

prevalece, não muda o fato de que a minha vida vai ser assim a partir de
agora. Mas há quem diga que ninguém morre de coração partido, então

tenho certeza de que não vou ser a primeira.


Eu me permito extrapolar na bebida para afogar a minha mágoa nela.

Quando me levanto, estou um pouco tonta por ter bebido rápido demais.
Vou devagar até o meu quarto e me deito na cama, resmungando quando as

coisas giram.

— Eu odeio você, Noah Coleman. Se eu pudesse, faria uma bruxaria


para você ter um motivo para ficar comigo para sempre. Você vai ver só —

falo, jogando as sandálias no chão de qualquer jeito, e me embrulho com


meu edredom. Que não tem o cheiro dele.

Fecho os olhos, colocando como meta de vida nunca mais sofrer por
Noah. Não foi a primeira vez, mas tenho plena certeza de que vai ser a

última. Tem um limite de até onde a gente pode ser trouxa por causa de
homem, e eu atingi o meu.
As coisas não ficaram mais fáceis, pelo menos em relação ao que

sinto por Noah. Quanto ao resto da minha vida, melhorou muito. Pelo

menos consigo andar livremente, sem medo. Já tem um mês desde que o
homem que tentou me matar foi preso. Um mês que estou livre novamente,

mas que sigo com uma angústia no meu coração. Porque significa que faz

um mês que não o vejo.


Apesar de estar tentando viver normalmente, como se isso não me

afetasse, não tem um maldito dia em que não afeta.

Sinto saudade dele.

Da presença constante atrás de mim, dividindo o mesmo teto,

compartilhando as refeições, principalmente o nosso café da manhã. Do seu

jeito mal-humorado quando eu interrompia a sua leitura de propósito. Dos

doces que comprava para mim só por saber que me acalmava um pouco. Do

sexo único e inesquecível, que jamais vou superar. Dele inteiro.

O que mais dói é saber que tudo o que aconteceu só significou algo

para mim, porque Noah nem se deu ao trabalho de me procurar, nem para

saber como eu estava depois de tudo.

Estou tentando ficar bem, mas está tão difícil. Tão difícil…

Voltei para a terapia, finalmente. Criei coragem, peguei na mão de

Sarah para ir junto comigo e fui. É o que não tem me deixado desabar,

porque a psicóloga é um amor de pessoa e muito boa no que faz. Já tive

umas dez sessões, duas vezes por semana, e em todas elas saí de lá com a

cabeça um pouco mais leve, depois de muito choro e surto, claro.

Mas ainda tenho meus maus momentos, obviamente. Principalmente

quando preciso enfrentar situações difíceis como jantar com a namoradinha

nova do meu pai. Evitei até onde deu, mas ele não é bobo. Ele sacou que eu
não ficava à vontade com ela, mas depois de eu fugir de várias ocasiões em

que Liana estaria, papai me pediu uma chance para conhecê-la. Mesmo a

contragosto, aceitei o convite.

Cá estou eu, com o estômago embrulhado só de imaginar como será a

noite maravilhosa.

Bato na porta com os dedos trêmulos depois de Liam ter me trazido

aqui e respiro fundo, abraçando a funcionária de anos que me recebe com

um sorriso no rosto assim que abre a porta para mim. Vou conversando com

ela até a sala de jantar e dou uma piscadela antes de entrar no lugar, dando

de cara com papai, Liana e… Noah.

Meu corpo treme da cabeça aos pés na mesma hora quando o encaro,

todo bonito em uma roupa social, sentado ao lado de papai, contando

alguma coisa para ele. Ele ainda não me viu.

— Olie, você chegou! — Meu pai se levanta da cadeira e vem até

mim, abraçando-me bem rápido, com os olhos emocionados por eu estar

aqui. — Só estávamos esperando você. Por um momento, achei que não

viria. Convidei o Noah e, depois de muita insistência da minha parte, ele

aceitou.

— Boa noite — cumprimento os dois convidados, focando o olhar

apenas em Noah. — Oi, papai. Tive muito trabalho hoje. As gravações


começaram mais cedo.

— Ah, que ótimo, querida. Você estava tão animada para esse filme.

Vem, senta.

Olho para as duas cadeiras vazias mais perto deles, uma ao lado de

Noah e outra de Liana. Vou para perto da minha nova madrasta e me sento

ali, mas não sei se fiz uma boa escolha, porque isso me coloca de frente

para o meu ex-guarda-costas.

Não ergo os olhos para olhar para ele novamente e me mantenho

concentrada nas minhas próprias mãos.

— Então você ainda não conseguiu vender a casa, Noah? — papai

pergunta, como se estivesse retomando o assunto entre eles.

— Não, como está deteriorada, está difícil de vender. Vou precisar

fazer uma reforma nela antes, pelo visto.

Fecho os olhos quando a voz gostosa se infiltra no meu sistema e se

torna ainda mais difícil ficar aqui. Eu realmente achei que jamais o veria de

novo, que a essa altura, ele já estaria bem longe daqui. Papai até tentou me

atualizar sobre Noah, mas eu mudei de assunto antes de ele terminar. A

última coisa que eu quero é saber da vida do homem que machucou meu

coração.
— Fico feliz que tenha vindo, Olivia — Liana fala baixo, e a olho de

lado, vendo que parece nervosa. Não sei se por falar comigo ou por outro

motivo. — Só quero que saiba que não quero tomar o lugar da sua mãe. Eu

gosto de verdade do seu pai.

Apenas sorrio fraco, sem me sentir à vontade para conversar com ela

ainda. Por enquanto, a minha presença vai ter que ser suficiente. Espero.

Pelo visto, a noite vai ser ainda pior do que imaginei. Porque se antes estava

preocupada com Liana, agora tenho duas pessoas para me deixarem tensas.

— Vou ao banheiro antes de servirem o jantar, com licença — digo,

levantando-me de repente e indo até o do andar de cima.

Estar na casa do meu pai agora me desperta gatilhos da última vez em

que estive aqui, antes de eu precisar me isolar com Noah porque a festa foi

invadida por alguém que queria me matar.

Tranco-me no banheiro e tiro meu celular da bolsa, ligando para

Sarah. Ela não me atende, e xingo baixinho, querendo desabafar com

alguém sobre o surto que vai ser se eu não conseguir sair daqui rápido.
Tento novamente, e de novo a ligação chama, mas minha melhor amiga não

atende. Jogo o aparelho de volta na bolsa, frustrada, e respiro fundo,

olhando-me no espelho.
Sinto uma náusea de repente e corro até o vaso sanitário, abrindo-o e

colocando tudo para fora. Seguro meus cabelos e me ajoelho no chão,

sentindo meu estômago querendo ser expulso. O cheiro de produto de

limpeza só piora a situação, fazendo a ânsia aumentar, mas acho que já

expulsei tudo o que tinha dentro de mim.

Quando me levanto do chão, lavo a boca e fuço o armário, pegando

uma das escovas fechadas. Escovo meus dentes e a língua para tirar o gosto

ruim e respiro fundo.

Assim que saio do banheiro, assusto-me quando dou de cara com

Noah parado ali, as mãos no bolso da calça enquanto me espera.

— Está tudo bem? Está passando mal?

— Estou ótima — respondo ácida, sem olhar mais do que alguns

segundos para seu rosto. Noah segura minha mão quando tento sair dali e

me puxa para ele.

— Você está bem mesmo? Como está depois de tudo?

— Como se você se importasse com isso, Noah. Você teve mais de

um mês para perguntar como eu estava. É tarde demais para isso.

— Queria te dar espaço, Olivia. Sei que você estava confusa com

tudo. A última coisa que eu queria era levar mais confusão para a sua vida.
— Bom, Noah, de boas intenções, o inferno está cheio! — rebato,

livrando-me do contato da sua mão com a minha. — Se você sentisse

mesmo o carinho que dizia sentir por mim, não teria feito o que fez.

— Eu não sou para você — ele fala baixo quando finalmente consigo

me afastar, quase descendo as escadas.

— É, agora eu sei disso.

Não sei se me ouve porque não fico ali para saber. Volto para a sala

de jantar e não me sento de novo. Quando olha para mim, papai está com o
rosto cheio de preocupação.

— Sinto muito. Não vou conseguir ficar para o jantar. Comi algo que
não me fez bem — falo, pedindo desculpas com o olhar.

Não sei se vai acreditar em mim depois de tudo, mas não estou me

importando com isso agora. Só preciso sair daqui. Chego perto dele e dou
um beijo na sua cabeça. Despeço-me de Liana com um aceno de mão e

corro dali antes que Noah volte. Ando rápido em direção ao carro, onde
Liam já me espera para sairmos. Peço que me leve direto para casa, de onde

eu nem deveria ter saído, e meu motorista dirige calado pelas ruas
tranquilas.

Assim que chego, tiro meu celular da bolsa quando ele começa a
tocar. Vejo o nome de Sarah na tela e atendo a ligação.
— Desculpa não ter atendido, amiga. Estava um pouco ocupada, se é
que me entende — ela fala, soltando uma risadinha.

— Estava dando, sua safada? — provoco, tentando disfarçar a tristeza


na voz porque não quero que acabe com sua noite por minha causa.

— Amiga, você não vai acreditar no homem gostoso que peguei. Pelo

amor da minha vida…

— Então está falando comigo por quê? Vai dar mais — digo,

entrando em casa e me livrando dos sapatos na entrada mesmo.

— O que você queria quando ligou mais cedo?

— Nada, só queria conversar, jogar conversa fora — minto, sentindo-

me culpada. Mas sei que seria pior se ela abrisse mão da sua noite por
minha causa. — Amanhã te conto. Vai curtir a sua noite.

— Está bem! Te amo!

— Também te amo, amorzinho.

Quando ela desliga, solto um suspiro de cansaço e me arrasto até meu


quarto. Jogo minha bolsa e meu celular em cima da cama e vou até o

banheiro da minha suíte. Fico em frente ao espelho, vendo a expressão de


acabada.
Depois que as gravações começaram, pelo menos estou me distraindo
com o trabalho e me cansando ao ponto de só chegar e dormir, sem forças

para pensar em mais nada.

Abro o meu armário para pegar meu demaquilante, quando vejo algo
que me deixa cismada. Pego o pacote de absorvente fechado, que comprei

para usar mês passado. Volto para o quarto, pego meu celular e abro o meu
aplicativo de controle do meu ciclo menstrual. Vejo o “a sua menstruação

não desceu ainda? Marque aqui a data certa caso tenha descido para
seguirmos acompanhando o seu ciclo”.

Eu não marquei. E não foi por falta de lembrar, porque sempre marco
fielmente assim que desce. Não marquei porque ainda não desceu.

— Sem surtar. É o estresse — falo para mim mesma, tentando me


acalmar quando o coração começa a acelerar demais. — Já atrasou outras

vezes. Não tem motivo para surto.

Fico um tempo parada, tentando decidir o que fazer. Ao invés de ficar


com essa dúvida, eu pego as minhas coisas e saio de casa, disposta a passar

em uma farmácia e comprar o teste. Vou dirigindo mesmo, porque dispensei


Liam assim que chegamos, achando que não iria precisar sair mais.

Tiro o carro da garagem, feliz por não ter nenhum paparazzi no meu
portão. Dirijo até a farmácia mais próxima com dificuldade, porque as
minhas pernas ainda estão tremendo de nervosismo. Tento passar

despercebida enquanto pego três testes por garantia.

Arrependo-me por não ter colocado algum disfarce, porque se alguém

me reconhecer, estou ferrada. Felizmente, o homem do caixa não parece


muito interessado em quem está atendendo. Ele passa os testes, e eu saio

dali com pressa depois de agradecer.

Volto para a casa mordendo os lábios de nervosismo e, assim que

entro, corro em direção ao banheiro. Leio as instruções de cada teste,


tentando me convencer de que só estou fazendo para aliviar a minha mente.

Não tem como eu ter engravidado, não é? Nós só ficamos juntos um

dia. Tudo bem que foram muitas gozadas dentro, mas eu tomo remédio. Eu
estava no meu período fértil? Sim, mas seria muito azar que eu

engravidasse na primeira vez que transasse com um cara sem camisinha.

Faço xixi e coloco nos três testes de marcas diferentes. Volto para o

quarto e me sento na minha cama enquanto espero o tempo. Penso em ligar


para Sarah de novo, mas não vou fazer alarde à toa. Ela vai se preocupar

achando que estou e, no final das contas, nem vou estar. Vou desesperá-la
de graça. Já basta eu.

Olho no celular, vendo que o tempo passou, e volto até o banheiro.

Pego as caixinhas para ler as orientações de positivo e negativo, e elas caem


no chão quando vejo os três com o mesmo resultado.

Grávida.

Não… Grávida, porra.

Não pode ser. Não, não, não.


Existem certos momentos na sua vida em que você pensa que tudo

acabou, que a partir dali, nada será mais como antes, que você vai perder

tudo o que batalhou durante anos por causa do um simples momento.

Foi assim que me senti assim que vi o positivo nos três testes de

gravidez. Foi assim que me senti quando fui fazer o exame de sangue,

sozinha, no modo automático. Não me preocupei com nada naquele


momento, só queria ter certeza de que não era um pesadelo como os muitos

que tenho vez ou outra.

Não era.

A médica me confirmou que estou com um bebê de um pouco mais

de seis semanas crescendo dentro de mim. Apenas um grãozinho de arroz,

segundo ela.

Desde então, tenho vivido com a mente desligada. É como se minha


alma tivesse saído do meu corpo, e ele estivesse vagando por aí sozinho.

— Corta! Olivia! O que está acontecendo? Você está dispersa demais!

— grita o diretor, tirando-me do estado de inércia durante um tempo.

— Me desculpa, Paul… Eu não estou me sentindo muito bem — falo,

enfiando os dedos nos cabelos. Saio dali prendendo as lágrimas para que

elas não caiam e me isolo no camarim, olhando para a imagem da mulher

acabada no espelho.

Eu tinha tantos planos para os próximos anos. Sendo sincera, nenhum

deles envolvia um bebê, um que é fruto de uma relação sexual única, com

um cara que deixou claro que não é para mim, que mal queria se envolver

comigo, quem dirá ter um filho. Então, não. Não sabia se um dia ia querer

ser mãe, mas se eu pudesse chutar, não diria que seria uma mãe solo aos

vinte e cinco anos.


Seco o rosto quando escuto uma batida na porta do camarim e

autorizo a entrada da pessoa.

— Está tudo bem, Liv? — Observo Jake através do espelho e mordo

o lábio, porque a pergunta faz com que o choro saia de vez. — Merda, a

intenção não era piorar.

Ele se aproxima de mim rápido e alisa as minhas costas em um ritmo

constante, enquanto enfio o rosto entre as mãos e choro sem parar.

— Tudo bem, seja o que for, vai se resolver. O diretor cancelou as

gravações de hoje. Que tal a gente sair para beber? Nada que uma noite de
bebedeira não cure.

— Eu não… — começo falando que não posso beber, mas o soluço

me impede de terminar a frase sem parecer patética demais.

Para quem odiava parecer frágil na frente das outras pessoas, os

últimos meses foram um tanto quanto atípicos. Virei uma chorona de

primeira e nem posso colocar a culpa nos hormônios, porque já estava

assim antes.

— Vamos lá.

Deixo que Jake me guie e evito olhar para a produção enquanto saio

dali. Já está anoitecendo, e odeio me sentir mal por ter perdido várias horas

de gravação por falta de foco. Não consegui passar o texto, não me conectei
com a cena a ponto de viver o personagem de verdade. Dificilmente algo

pessoal afeta o meu trabalho, mas essa situação me deixou abalada.

O pior de tudo é estar vivendo isso sozinha.

Não contei para ninguém. Nem para o meu pai, nem para Sarah. Nem

para Noah, obviamente. Não consigo. É como se toda vez que eu pensasse

em contar, minha fala travasse. Estou constrangida por ter vacilado dessa

forma. Mas agora já foi. Não importa o quão desesperada eu esteja, vou ter

esse bebê. Nem me passou pela cabeça tirá-lo, mesmo estando quase em

surto.

— Tem um barzinho aqui perto. Vamos no meu carro.

No automático, sigo Jake e entro no seu veículo, sentindo um cheiro

característico de cigarro que sempre vem dele, apesar de ele tentar disfarçar

com balas de menta durante as gravações.

— Quer conversar? — ele pergunta, olhando para mim por alguns

segundos antes de voltar a focar no trânsito.

— Na verdade, preciso de uma distração.

— Ótimo. Sou muito bom em distrações — fala com um sorriso

gentil, e sorrio de volta, mesmo estando miserável. Pelo menos tenho a sua

companhia agora.
Quando estaciona em frente ao bar, eu saio do carro, estranhando não

ter certa pessoa abrindo a porta para mim, e entro no lugar seguido de Jake.

Pegamos uma mesa discreta no fundo, e ele não demora a pedir duas doses

de tequila. Peço um suco para o garçom e recebo uma arqueada de

sobrancelha do meu companheiro de filme.

— O propósito é encher a cara, Olivia.

— Você não me deixou continuar, mas não estou podendo beber.

— Bom, mais para mim então — ele fala e, por incrível que pareça,

consegue fazer o papel a que se propôs e me distrair.

Desligo-me do caos da minha vida por algumas horas enquanto conta

histórias polêmicas sobre a sua vida. Coisas que eu pensava que eram

invenções, aliás. Não sei se é pela bebida, mas Jake está muito mais falante

e simpático do que costuma ser. Ele me faz rir e, quando acho que já

extrapolou seu limite de álcool, peço a nossa conta. Mesmo contrariado,

sem querer acabar com a sua noite de bebedeira, paga a conta e se levanta

para me seguir, parecendo estar sóbrio apesar de ter enchido a cara.

— Você está melhor? — ele pergunta enquanto saímos do bar.

— Sim, obrigada. A noite foi divertida. Quem diria que o misterioso

Jake Langdon teria um lado engraçadinho — respondo rindo, e ele solta

uma gargalhada, tirando um cigarro de dentro da jaqueta que usa. A gente


nem se livrou do figurino antes de sair correndo do estúdio, então ele ainda

está com a roupa de bad boy do seu personagem.

— Às suas ordens, madame — fala galante, e eu sorrio, mas a minha

risada é apagada pelos flashes pipocando no meu rosto.

— Olivia, Olivia, é verdade sobre a sua gravidez? O filho é seu,

Jake? Como vai ser o nome? Como vai ficar a gravação do próximo filme?

De quantos meses você está?

Fico travada no lugar e só me movo porque Jake coloca o braço no

meu ombro e me guia até o carro. Ajo no automático e entro no seu veículo,

sentindo algumas partes do meu corpo doloridas por arranhões deles.

Como eles descobriram?

— Está tudo bem? — Jake pergunta quando consegue sair cantando

pneus para fugir deles. — É verdade o que eles falaram?

Apenas aceno em concordância, e o escudo xingar baixinho. Jake não

fala nada enquanto dirige. Aliás, ele nem deveria estar fazendo isso porque

bebeu. Quando vou falar para ele estacionar para eu assumir o volante, vejo

Jake jogar o carro com tudo para a direita e então, sinto a batida.

Fico em estado de choque, entre a consciência e a inconsciência.

Escuto vozes do lado de fora do carro e vejo a porta do meu lado ser aberta.
— Olivia… — Ouço meu nome bem distante e tiros. Muitos tiros. Há

carros derrapando, barulho de pneus. — Olivia, fica comigo. Porra! Olivia!

Não é a voz de Jake me chamando. É uma voz conhecida, mas minha


mente não assimila. Sinto mãos me segurando, e escuto o barulho da

ambulância.

— Temos que tirá-lo daqui! O carro vai pegar fogo!

— Não — resmungo, tentando manter meus olhos abertos. Minha

cabeça dói muito. — Meu bebê. Por favor, não deixa o meu bebê morrer.

— Não tem bebê, Olivia.

— Meu bebê, salva o meu bebê — digo baixinho, tentando colocar a

mão na minha barriga, mas não consigo me mexer.

Sinto um medo que nunca senti antes. Não o de morrer, mas o de

perder a vidinha que causou um caos completo na minha, mas que não
consigo suportar a ideia de perder.
Quando abro os olhos, é como ter um déjà vu. A sensação de que já
estive aqui, vivendo essa mesma coisa. Mas a dor é muito pior do que da

outra vez. Pelo menos, agora reconheço o hospital de imediato.

Pisco algumas vezes para lubrificar meus olhos e desço o olhar pelo

meu braço engessado. Minhas pernas estão doloridas, minha cabeça


também.

— Oi, querida. Consegue me entender direitinho? — Vejo uma


mulher parada ao meu lado, que imagino ser enfermeira. Aceno para ela,

que sorri. — Bem-vinda de volta. Vou chamar o médico para te examinar.

Quando sai, solto um gemido de dor quando mexo meu outro braço
que está cheio de ferimentos. Não demora para um médico vir me examinar

e me fazer perguntas.

— Meu bebê — digo depois que ele termina, sentindo a garganta


seca.

— Não se preocupe, está tudo bem com ele.

Solto um suspiro de completo alívio e sinto uma lágrima escorrer

pelo canto do meu olho. Depois de me falar sobre os meus ferimentos, ele
pergunta se quero receber visitas. Concordo com a cabeça, e ele se despede

de mim, saindo do quarto.


Seguro meu corpo sonolento acordado e desperto um pouco quando
vejo Sarah e meu pai entrarem ali juntos. Os dois estão com os olhos

vermelhos de choro e, mais uma vez, sinto-me culpada por colocá-los nessa
situação.

— Por Deus — minha amiga fala, tapando a boca em um choro

descontrolado. — Ser sua amiga exige um bom coração, Liv.

— Oi, amorzinho — falo sorrindo, tocando a sua mão quando ela se

aproxima da cama hospitalar. — Papai…

— Eu não aguento passar por isso mais uma vez, filha. Estou velho.

Ele leva a mão ao coração, massageando-o antes de passar as duas

pelo rosto em completo desespero.

— Pelo menos agora foi um acidente — digo para tentar acalmá-los,


e eles se entreolham. — Eu vi isso. Não foi um acidente?

— Os policiais checaram as câmeras de segurança da rua e viram o


carro parado, esperando você. Quando… — Sarah diz, soltando um suspiro

para parar o choro. — Quando você passou, ele se moveu e acelerou até se
chocar contra você. Não foi um acidente, Liv.

— Mas… Eu achei que estava segura. É outra pessoa? Por quê?


— Não sabemos — papai fala, desolado, com a expressão pálida e

transtornada. — O que importa é que você está bem. Nem que demore
muito tempo, a gente vai colocar esse desgraçado atrás das grades. E

quantos mais aparecerem.

— Nada pode acontecer comigo. Eu não posso morrer agora. Meu

bebê…

Choro sem parar enquanto os dois se entreolham de novo,

provavelmente achando que estou louca. Demora para o meu choro passar,
e começo a ter uma crise de pânico só de pensar em perder o meu bebê por

causa de um maluco qualquer. Quando a equipe médica chega para me


acalmar, sinto o sono vir de novo, mais forte, incontrolável desta vez.

Não sei quanto tempo durmo, sei que acordo me sentindo mais calma.

Abro os olhos em busca do meu pai e da Sarah, mas não são eles quem
encontro sentado no sofá, olhando para mim.

Noah…

Ele se levanta quando vê que estou encarando-o e vem até mim. Sua
expressão está bem parecida com a de papai e Sarah.

— Você se importa de eu estar aqui? Se quiser, vou embora — ele


fala com a voz grave que tanto adoro, e apesar de querer falar que sim, a

presença dele me acalma, então nego com a cabeça. — Está tudo bem?
— Tirando a sensação de ser atropelada por um caminhão e a coceira

no meu braço, melhor do que nunca — respondo tentando fazer graça, mas
ele não sorri.

— É minha culpa.

— Não, por favor. Você também não. Da outra vez foi papai, Sarah,
meu motorista.

— Mas é verdade. A verdade é que eu não deveria ter deixado você.


— Meu coração salta do peito pela frase, com esperança, feito um bobinho.

— Deveria ter me certificado de que estava segura mesmo antes de largar o


trabalho.

Aí, ele murcha. Noah não está falando de ter me deixado de verdade,

como casal, e sim como cliente e guarda-costas.

— Não é sua culpa, Noah.

— Eu falhei com você, Olivia. Da mesma forma que falhei com

Dakota.

Ele se inclina em minha direção e encosta a testa na minha. Sinto

lágrimas caindo na minha bochecha, e meu coração fica apertadinho por ele
estar chorando. Isso me deixa tão confusa. Ele não pode estar assim porque

falhou com uma cliente, pode? Enfio os dedos da mão sem gesso nos seus
fios, para tentar acalmá-lo.
— Desculpa. Me perdoa.

— Não é sua culpa. Por favor, para de se culpar. Me machuca que

sofra com isso — confesso baixinho, chorando também.

Ele acena com a cabeça e se vira de costas para mim, secando o rosto

com pressa. Fica uns segundos assim até se virar para mim de novo.

— Não vou te deixar insegura de novo. Prometo. Vou dar a minha


vida pela sua, se for preciso.

— Vamos ver sobre isso aí, Noah.

Não sei se o quero como guarda-costas. Sei que provavelmente vou


precisar de um novo, porque pelo visto, o inferno tem duas partes. Mas não

sei se quero ter que conviver com Noah novamente depois de tudo. A raiva
que estava sentindo diminuiu, só ficou a mágoa, mas isso não significa que

posso voltar ao ponto de origem.

Meu coração não vai aguentar.

Quando papai e Sarah voltam para o quarto, eles não parecem

surpresos com a presença de Noah.

— Como está Jake? — pergunto quando me lembro de detalhes do


ocorrido.
— Ele está bem. Preciso agradecer a ele pessoalmente. Se não fosse
ele desviar do carro, a pancada teria sido pior. Você poderia não ter

sobrevivido, filha — papai fala, aproximando-se para alisar a minha testa.


— Agora nós precisamos ter uma conversa séria. Como eu não sabia que

você estava grávida? Por que descobri do pior jeito?

— Eu… — Evito os olhos de Noah, sem saber o que ele sabe disso
tudo. — Sinto muito. Descobri tem pouco tempo.

— Não acredito que escondeu uma gravidez de mim, Liv — Sarah


fala, chateada, como sabia que ia ficar. — A sua sorte é que eu iria me

sentir culpada demais de ficar brava com você nessa situação.

— Quem é o pai? De quanto tempo você está? — Thomas Hill me

metralha de perguntas e, sem conseguir resistir, olho para Noah, que apesar
de tentar ficar mais isolado para dar privacidade a nós, está atento à
conversa.

— Podemos falar disso depois? Eu preciso assimilar tudo isso


primeiro.

Eles concordam mesmo a contragosto e começam a fazer planos para

o bebê que nem tem tamanho direito, mas já é amado por muita gente,
tenho certeza.
Papai toca na minha barriga ainda plana com os olhos cheios de
lágrimas. Imaginei que ele fosse reagir diferente, pelo fato de eu não ser

casada nem mesmo ter um relacionamento sério, mas ele só parece feliz por
ser vovô.

Pelo menos a situação trágica serviu para mostrar que por mais que às
vezes eu me sinta, nunca vou estar sozinha.
Olivia está grávida. E a pergunta que não quer calar pinica na ponta

da minha língua, mas como um covarde, não tenho coragem de perguntar.

Sei que ela pode ter tido outros parceiros depois de mim, afinal, não sei de
quanto tempo de gravidez ela está. Mas também pode ser meu.

Fiquei em choque quando a tirei de dentro daquele carro. No

desespero, até me esqueci das recomendações de primeiros socorros para

não mexer na vítima acidentada.


Por coincidência, estava comprando comida em um restaurante ali

perto quando a vi no carro com Jake. O sentimento que me acometeu foi

estranho. Odiei vê-la sorrir com ele depois de tudo. Mas quem sou eu para

dizer para quem ela pode ou não sorrir? Ninguém.

Será que o filho é dele? Porra, se for dele, eu vou precisar ameaçar a

vida daquele infeliz se ele sequer pensar em deixar Olivia sozinha nesse

momento. Que porra, odeio a ideia de o filho que ela está carregando ser

dele.

Só que eu quero que seja meu? Não sei. Sempre quis ser pai, mas não

nessa situação. Era um plano que eu costumava fazer com Dakota, há

muitos anos. Depois que nós viajássemos o mundo inteiro, íamos sossegar,

ter um bebê e esperar que ele tivesse idade o suficiente para ir com a gente.

Depois que ela morreu, nunca mais voltei a considerar a ideia. Se me

relacionar com outra pessoa já era uma ideia impossível, ter um filho então

nunca passou pela minha cabeça.

— Você está me olhando esquisito — ela fala, tirando-me do meu

devaneio.

— Desculpa.

— Você vai mesmo me acompanhar para todo lugar? É meu braço

que está ruim, não as minhas pernas.


— Não era como se eu não fizesse isso antes — falo, soltando um

pigarro quando vejo que ela começa a se livrar das roupas.

Depois de muita insistência da minha parte, Olivia aceitou que eu

ficasse com ela por um tempo, pelo menos até ela se recuperar do acidente.

Ela saiu do hospital hoje, depois de uma semana internada para acompanhar

se não havia outras sequelas.

Eu me senti ofendido por ela ter me dito com todas as letras que não

me queria mais como seu segurança, mas tentei não levar para o lado

pessoal, afinal, nós quebramos a relação profissional há muito tempo,

quando dormimos juntos. De toda forma, não era mais seguro que eu a

protegesse porque quando tem algum envolvimento entre cliente e guarda-

costas, a chance de isso acabar errado é grande.

— Merda, eu preciso de ajuda. Não consigo tirar a merda da blusa —

resmunga, e eu me viro de volta para ela, vendo que está presa com a

camiseta na cabeça. Solto uma risada pela cena e me aproximo, ajudando-a

a se livrar da peça.

Meus olhos descem inconscientes pelo seu corpo, porque é inevitável.

Depois de tê-la fodido de várias formas, as imagens mentais não me

abandonaram um dia sequer. Mas além de babar nos seus seios nus, também
olho para a sua barriga, em busca de algum sinal. Como se ficar olhando

para ela fosse me dar as respostas que preciso.

— Não sabe quantas vezes quis que me olhasse desse jeito aí — fala,

virando-se de costas e indo em direção ao banheiro, sem se importar em sair

depois de soltar a frase que não sei o significado.

Quando me deixa no quarto para tomar banho, passo os dedos pelos

cabelos e vou em direção à cozinha. Como sempre, a geladeira está cheia de

coisas para sua dieta. Mas como sei que agora ela precisa de mais nutrientes

para o bebê, preparo uma refeição completa enquanto demora no banho.

Assim que chega na cozinha, Olivia parece receosa de se aproximar de

mim.

— Você não precisa cozinhar para mim, Noah. Eu ia pedir alguma

coisa.

— Não é muito recomendado comer em restaurante, que não sabemos

da procedência dos alimentos, na sua situação.

— Como você sabe?

— Sei uma coisa ou outra a respeito disso. Senta, vou servir a

comida.

Olivia me obedece e se senta na cadeira alta do balcão. Sem deixar de


olhar para ela, eu a sirvo, buscando algo de diferente nela. Mas a garota
parece igual. Linda e atrevida.

— Não molhou o gesso, né?

— Não, acho que não. — Ela ergue o braço engessado com uma

careta, e me aproximo, vendo que está um pouco úmido. — Odeio ficar

com isso. Logo na minha mão direita. Como vou fazer as minhas coisas?

— É para isso que estou aqui.

— Noah, sobre isso… Você não tem obrigação nenhuma comigo. Só

porque se sente culpado, não significa que…

— Não estou fazendo isso por culpa, Olivia — eu corto a sua fala, e

ela solta um suspiro descrente. — Não estou. Quero cuidar de você porque
eu quero. Pode não me aceitar mais como seu guarda-costas, mas vou

garantir que tudo esteja confortável para você nos próximos dias.

— Tudo bem — ela concorda com um sussurro e fica quietinha

enquanto sirvo a sua comida. — Você pretende alimentar um batalhão? Não


como isso tudo.

— Agora você está comendo por dois, precisa comer direito.

Ela aperta os lábios um no outro, pronta para argumentar, mas por

incrível que pareça, não protesta.


Eu me sirvo também e me sento ao seu lado, vendo que ela hesita ao

olhar para o prato. Quando segura garfo com a mão esquerda, de forma

desajeitada, eu prendo um riso. Viro-me de frente para ela e puxo o prato

para mais perto de mim.

— O que…

Quando encho o talher de comida e levo até a sua boca, os olhos

azuis se arregalam.

— Você não precisa me dar comida!

— Come — mando, empurrando a comida na sua boca quando vai

protestar de novo.

— Meu Deus, você enlouqueceu. Não sou uma inválida — resmunga

depois de mastigar e engolir, contrariada. — Não precisa…

Coloco mais comida na sua boca, e Olivia me encara com lasers de

raiva nos olhos, mas come. Desiste de argumentar e aceita que eu a

alimente, ao mesmo tempo em que como a minha para não esfriar. Nós

comemos em silêncio, com ela recebendo tudo o que lhe dou sem reclamar

de novo. Nem parece que disse que era muito agorinha. Ela limpa o prato,

lambe os lábios e coloca a mão na barriga. O gesto é apenas por estar cheia,

mas acho fofo. Imagino-a com um barrigão, conversando com o bebê que

cresce dentro dela.


— Obrigada.

— Não por isso — respondo depois de terminar o meu jantar.

Levanto-me para recolher nossos pratos e coloco tudo na lavadora de

louças. Quando Olivia se levanta, sem graça, ela não me encara. Vejo suas

bochechas vermelhas e sei que seus pensamentos estão indo por caminhos

perigosos.

— Vou descansar. Não vejo a hora de me deitar no meu colchão

macio.

— Precisa de ajuda com mais alguma coisa?

— Não. Você já fez muito, Noah. Boa noite.

Ela se despede de mim e sai muito rápido da cozinha. Não sei o


verdadeiro sentido da sua frase, mas tento não pensar muito nisso agora.

Ainda quero conversar com ela com mais calma, depois que

descansar como deve. Sei que a rotina de internação é cansativa, sem falar
no psicológico que está abalado pela sequência de acontecimentos

traumáticos.

Como não vou conseguir dormir, eu troco de roupa e vou até a

academia enorme que ela tem. Começo pelo saco de pancadas, querendo
descarregar um pouco de toda a frustração que estou carregando dentro de
mim.

Por tudo.

Pela forma como as coisas acabaram entre nós. Pelo fato de eu não
ter conseguido esquecê-la como achei que aconteceria. Pelo fato de não

saber se a criança que cresce dentro dela é minha. Por querer que seja.

Aumento a velocidade dos socos e passo a usar as pernas para chutar

também. Descarrego todo a minha energia nisso e me sinto mais relaxado


depois. Pelo menos o suficiente para conseguir dormir por algumas horas.

Saio da academia arfando de cansaço e dou de cara com Olivia com

um copo de água na mão. Ela trava no lugar, olhando para meu corpo com
lascívia. Eu travo também, encarando-a apenas com uma camisola

transparente, rosa, que não esconde muita coisa. Pelo contrário, mostra as
curvas dos seus seios e a calcinha pequena que usa.

— Sem sono? — pergunta baixo, conseguindo ser sexy até com a


porra de um gesso no braço.

— Um pouco. Estava malhando para ver se me cansava. Está


precisando de alguma coisa?

— Não, eu só senti sede.


— Tudo bem. Se precisar de qualquer coisa, pode me chamar.

Fico olhando para Olivia até sumir no seu quarto e vou até o meu.
Tomo uma ducha rápida depois de me livrar da roupa suada e ir até o

banheiro da suíte. Quando saio com a toalha amarrada na cintura, visto uma
roupa limpa e me deito, encarando o teto, esperando que o sono apareça.

A casa está em completo silêncio. Pelo menos durante um tempo, até


eu ouvir um barulho bem característico vindo do quarto ao lado. Malditas

paredes finas. Ao invés de colocar um fone de ouvido para parar de escutar,


eu aguço a minha audição.

Não sei se está fazendo de propósito ou não, mas meu pau não se
importa. De todo jeito, ele se anima com os gemidos gostosos de Olivia

vindos do quarto ao lado. Tento visualizar a cena dela se masturbando e


tenho uma imagem muito bem detalhada, baseada na foda que tivemos, em

que ela rebolou gostoso no meu pau enquanto alisava o clitóris inchado.

Sinto meu cacete começar a ficar duro quanto mais altos ficam os
gemidos do outro lado. Tiro-o da calça de moletom, deslizando o polegar

pela cabeça para espalhar o líquido pré-ejaculatório pelo meu membro.

Começo a me masturbar devagar, lembrando-me do corpo de Olivia,

em como ela fica bonita enquanto goza. De como é safada e sorri de forma
atrevida para mim. Da forma como sempre me olhou, querendo que eu
acabasse com o fogo que tem. Acelero o movimento da mão ao pensar na

sua bocetinha gulosa, apertada e irresistível.

Inferno, quando foi que fiquei obcecado por aquela garota atrevida?

Quando gozo, tento controlar os gemidos para que não saiam altos.
Só me levanto para lavar a bagunça que fiz na minha mão e na barriga e

volto para a cama, com a certeza de que perdi completamente o juízo.

Mesmo depois de gozar e de ficar, enfim, em silêncio de verdade, não


consigo dormir. Passo a noite inteira revirando na cama, com

questionamentos e dúvidas corroendo a minha cabeça.

Fico em alerta quando escuto os gritos característicos dos pesadelos


de Olivia e me levanto para ir até lá. Entro no quarto devagar, odiando

como ela parece tão vulnerável quando tem esses sonhos ruins.

Ao invés de acordá-la porque sempre tem dificuldade de dormir

tranquila de novo, eu me deito na cama ao seu lado e a puxo devagar para


meu peito. Ela se debate um pouco, mas se acalma, soltando um suspiro

alto. Aliso as suas costas de leve, seus cabelos.

— Noah? — pergunta baixinho, não sei se está acordada ou se está

sonâmbula. — O que está fazendo aqui?

— Dorme, atrevida.
— Mas…

— Shhh, isso é um sonho. Dorme que passa.

Sem me questionar, ela volta a deitar no meu peito, com os cheiros


dos seus cabelos adentrando o meu nariz e me acalmando na mesma hora.

Por incrível que pareça, a sua companhia também me serve como calmante.

Consigo relaxar com ela nos meus braços, sabendo que aqui está
segura. Que aqui consigo protegê-la, nem que seja apenas dos sonhos ruins.
Não me envolver. É essa a meta que eu fiz e que tenho cumprido

muito bem, obrigada. Quer dizer, estou fingindo que sim, mas, ei! Ninguém

está podendo me julgar. Já estou me dando por satisfeita que eu não tenha
me jogado em cima de Noah e usado os hormônios da gravidez para

justificar isso.

É impressão minha ou ele está ainda mais gostoso? Acho que andou
malhando a bunda, porque tenho certeza de que está maior e mais durinha.
Como deve ser a sensação de arranhá-la enquanto ele me fode? Huum, não

deve ser nada ruim.

— Olivia? Podemos ir? — pergunta o responsável pelos meus sonhos

pecaminosos. O dono do meu coração.

É difícil me manter forte, demonstrando que ele não me afeta mais,

mas como não afetaria? Faz pouco tempo que aceitei que não vou poder

excluí-lo da minha vida, ainda mais depois que eu criar coragem para contar

para ele que estou grávida de um filho seu.

Se eu o conheço bem, Noah não vai fingir que o bebê não existe,

então ele vai ficar na minha vida para sempre. Quer eu queira, quer não. Vai

ser difícil para caramba, mas tenho esperança de que um dia as coisas

fiquem mais fáceis, que esse sentimento morra.

— Olivia? — ele pergunta de novo, e eu concordo. — Nada vai


acontecer com você.

Noah se aproxima de mim e alisa meus braços, olhando no fundo dos

meus olhos, hipnotizando-me por uns segundos com a intensidade comum a

ele. Deixo que pense que estou distraída por causa do medo de sair de casa,
que até existe, mas não era nisso que estava focada agora.

— Obrigada, Noah. Se minha saúde não estivesse a ponto de ruir

agora, eu iria optar por não sair daqui pelos próximos meses.
— Não vai ser necessário.

Concordo com a cabeça e deixo que me leve até o carro. Meu corpo

começa a estremecer só de ver os portões de casa quando Liam começa a

dirigir. Pelo menos estou sem paparazzi na minha porta agora, então é

menos um trauma para lidar.

Vou a viagem inteira apertando meus dedos, olhando ao redor, como

se eu fosse ser atingida a qualquer momento. Por um carro, por um tiro,

nunca se sabe.

Começo a mastigar meu lábio de nervosismo e me surpreendo


quando Noah o toca com o polegar, fazendo com que eu pare. Ele encara a

minha boca por um tempo longo demais, e eu me mantenho parada,

hipnotizada demais para reagir.

— Você vai se machucar — fala com a voz rouca e solta um pigarro,


tirando o dedo do meu lábio.

— Estou nervosa — confesso, tentando não surtar muito. — É a

primeira vez que eu saio de casa desde que voltei do hospital. Tenho medo

de algo acontecer com o bebê.

— Não vai. Confia em mim?

Aceno em concordância, porque confio mesmo. Sei que muita coisa

não está no seu controle, mas tenho convicção de que Noah faria o que
fosse preciso para salvar a minha vida e a do serzinho que carrego dentro de

mim. Só que esta tem sido mais uma preocupação minha.

Não quero que ele precise arriscar a vida para me proteger, quero que

esteja seguro também. Foi um dos motivos por que neguei que ele voltasse

a trabalhar para mim. Noah ouviu? Parece que não, já que voltou a dividir o

teto comigo mesmo contra a minha vontade.

Assim que Liam estaciona em frente ao prédio da clínica onde minha

nova psicóloga atende, Noah pede para eu esperar um pouco e sai do carro.

Fico vendo-o olhar ao redor e se comunicar com os outros homens dos

carros que nos seguiram até aqui. Aparentemente, não precisamos mais de

um comboio apenas em situações que envolvem muitas pessoas, mas no dia

a dia também.

Céus, quando isso vai acabar de verdade?

Como tudo parece estar certo, Noah abre a porta do carro para mim, e

desço com a sua ajuda, indo bem rápido em direção à entrada do prédio. Ele

espera ao meu lado quando me sento para esperar a psicóloga me chamar.

Enquanto tento me distrair com uma revista, uma mulher chega com uma

garotinha linda, carregando uma boneca bem parecida com ela.

— Tô com fome, mamãe — ela resmunga, sentando-se no banco ao

lado da mulher que a acompanha.


— Você comeu agorinha, querida.

— Tô com fome de doce! — Ela faz um bico e cruza os braços, em

uma birra tão graciosa que me faz ficar hipnotizada.

— Não tenho doce aqui, Sky. Quando a gente sair, a mamãe compra.

— Mas demora tanto. Quero doce agora!

Noah se remexe ao meu lado e vejo-o tirar uma barra de chocolate do

paletó, olhando para a mãe da criança, que o encara como se ele fosse um

deus do Olimpo.

— A senhora se importa? — pergunta para ela, que nega com a

cabeça enquanto ele estende o doce para a garotinha. Ela abre um sorriso
radiante, pega a barra e agradece sem a mãe precisar pedir.

— Obrigada, moço.

— Por nada — ele responde, abrindo um sorriso fraco para a criança,

que nem hesita em abrir o doce.

É um fofo mesmo. Olho para ele com um sorrisinho no rosto, e Noah

me olha de volta, revirando os olhos como se lesse a minha mente.

Provavelmente sabe o que estou pensando mesmo.

— Por que você anda com uma barrinha dentro do paletó se nem

gosta de doce? — sussurro no seu ouvido, aproveitando para me satisfazer


um pouco com seu cheiro que sempre parece acalmar meu enjoo de grávida

que não me abandona mais.

— Porque sempre ando na companhia de uma atrevida que não vive

sem. Não posso correr riscos.

Dou uma cotovelada de leve nele, mas por dentro estou sorrindo pelo

gesto atencioso. É tão difícil ter que me manter afastada emocionalmente

dele! Por que Noah não pode simplesmente se entregar para mim por

inteiro? Deixar que eu entre na sua vida, no seu coração. Na sua cabeça

sempre cheia de segredos e mistérios.

Distraio-me dele quando a recepcionista me chama para que eu entre.

Noah pisca para mim antes de eu me levantar, e entro para a sessão mais
confiante do que nunca.

Como sempre, a hora voa durante o tempo que fico ali dentro.

Quando saio, aposto que estou com a cara toda inchada porque chorei

horrores assim que ela começou a me fazer questionamentos sobre o meu

futuro.

O fato de não saber o que vai ser da minha vida me deixa apavorada,

mas ao mesmo tempo me conforta saber que tenho tudo para fazer dar

certo. Tenho boas condições financeiras, uma carreira consolidada, pessoas


que me amam e me apoiam. Estou em busca da saúde mental. O que mais
preciso? Tenho fé de que a situação que estou passando não vai durar para

sempre, então vou ter paz também, em breve. Eu espero.

Assim que piso para fora da sala, Noah se levanta e se aproxima com
pressa ao ver que estou chorando.

— Está tudo bem?

— Sim, só foram muitas emoções para uma hora. Estou bem.

Ele parece aliviado, mas ainda mantém os olhos focados em mim.

Sou eu quem desvio e começo a me afastar para sairmos daqui. Assim que
colocamos os pés para fora do prédio, vejo que os seguranças que vieram

com a gente estão contendo fotógrafos e repórteres. Tento esconder meu


rosto, mas eles são rápidos. Noah abre o paletó e me puxa para seu corpo,

fazendo o trabalho por mim.

— Olivia, uma palavrinha para a gente… Você está mesmo grávida?


Vai ser uma mãe solo? O pai da criança não quis assumir o filho?

As perguntas invasivas me irritam e parecem irritar Noah também,


porque sinto seu corpo se contrair de raiva. Ao invés de continuar o

caminho até o carro, ele me coloca junto de outro segurança e vai até o
homem que fez a pergunta.

Vejo o olhar assustado do repórter ao ver meu guarda-costas se


aproximar. O gravador é tirado da mão dele com força e jogado no chão. Os
flashes pipocam no rosto de Noah enquanto ele segura o homem pela
camiseta e o joga no chão.

— Noah! — grito, tentando me aproximar dele, mas um dos


seguranças me segura.

— O pai é você? — Uma das repórteres, aproveitando-se do fato de

ser mulher, sabendo que não vai apanhar, tem a audácia de perguntar.

Meu corpo gela, e sei que a minha vida inteira vai mudar quando

Noah me olha.

— Sim, eu sou o namorado dela e pai da criança. Se alguém fizer


mais alguma pergunta indiscreta, vai se ver comigo.

Meus olhos se arregalam, e o alvoroço começa. Mais fotos. Muitas


expressões de choques. Muitas gravações. Mas nenhuma pergunta, porque

ele deu a eles exatamente o que queriam.

Sou colocada no carro por um segurança quando mais pessoas

começam a se juntar ao redor do cerco de homens. Não dão tempo nem de


Noah vir comigo, porque tudo se transforma em um caos. Chamo seu nome,

mas Liam é obrigado a sair com o veículo depois que alguns seguranças
ficam no lugar de Noah.

— Ele não pode ficar lá! — grito, olhando para trás, vendo-o tentar

controlar o caos enquanto o carro se afasta.


— Ele sabe se cuidar. Deve gostar muito de você. Nunca o vi perder
o controle durante todo o tempo em que trabalho para ele — diz um dos

seguranças, e eu o encaro, perdida. Ainda chocada com o que Noah fez. O


que ele foi fazer? A sua vida vai virar um inferno junto com a minha! —

Sou Kyle.

— Prazer… — digo no automático, perdendo Noah de vista. — Ele


vai mesmo ficar bem?

— Sim, não se preocupe, senhorita Hill. Ele não ficou só. Mesmo que
tivesse ficado, ele daria conta.

Assinto em concordância, mesmo que ainda esteja preocupada.


Quando chegamos em casa, desço do carro e entro, tirando o celular da

bolsa e ligando para Noah. Ele não me atende, e começo a andar de um lado
para o outro, preocupada. Meu braço engessado coça, pinica, e isso me

deixa ainda mais estressada.

O tempo passa e nada de ele me atender ou chegar. Anoitece, e eu


permaneço no mesmo lugar, intercalando entre andar de um lado para o

outro e sentar depois que me canso. O choro começa a sair descontrolado


quando a preocupação se torna desespero.

Sei como a mídia pode ser infernal e acabar com a vida de alguém.
Descobri através de fotos minhas espalhadas pelo Instagram, saindo da
farmácia, que foi assim que sacaram sobre a gravidez. Deram zoom na

sacola que eu estava carregando para verem os testes. Tive que me controlar
muito para não surtar mais.

Acabo adormecendo o sofá, esperando-o chegar, com a sensação


horrível de que o perdi. Acordo quando sinto meu corpo sendo seguido.

Pisco várias vezes para desembaçar meus olhos e dou de cara com Noah.

— Onde você estava? — pergunto angustiada.

— Eu precisava de um tempo sozinho. Ficou tudo bem com você?

— Um tempo sozinho… — digo irritada e me contorço para descer

do seu colo. — Me coloca no chão!

Ele me obedece e me encara sem entender nada da minha fúria.

— Eu passei o dia inteiro morrendo de preocupação com você! Com


medo de que você fosse ser engolido pelos repórteres! Aí você me diz que

precisava de um tempo sozinho? Custava me avisar?

— Desculpe, Olivia. Por tudo…

— Não quero as suas desculpas, Noah! Cacete! Por que você é assim
tão estranho? Por que você falou aquilo para eles? Sabe que a sua vida vai

virar um inferno, não é?


— Não ligo. Desde que isso te deixe em paz, não ligo de fingir ser

seu namorado e o pai do seu filho. — Seu olhar vai para a minha barriga, e
eu tento me cobrir com as mãos porque me sinto vulnerável. — E por que

não estamos falando disso? Por que você está fingindo que não carrega um
bebê aí?

— Porque não é da sua conta! — esbravejo, dando as costas para ele,

querendo prolongar pelo máximo de tempo que conseguir evitar ter essa
conversa com ele.

Porque sei que depois que ela acontecer, não vai ter volta. Noah vai
estar conectado a mim para sempre.

— Não é mesmo, Olivia?

Ele anda rápido e fica na minha frente, impedindo que eu continue


andando.

— Não, não é!

— Então olha na minha cara e me diz que não sou o pai dessa
criança. Porque eu sinto que sou e você está ocultando isso de mim há dias.

— Você não é — digo baixo, torcendo para que ele acredite em mim.
Não consigo olhar para seu rosto por muito tempo.
— Caralho, Olivia. Esse bebê é meu. Você é uma péssima mentirosa.
Quando pretendia me contar? Ia me deixar conviver com você sem me dizer

nada?

— Não é seu! — falo, tentando continuar com a minha mentira.

— Então de quem é?

— Do Jake — falo o primeiro nome que me vem à cabeça e vejo-o


ficar puto.

Seu rosto fica vermelho de ódio, e ele solta uma risadinha

descontrolada. É interessante ver o homem sempre tão polido e controlado


saindo do prumo.

— O caralho que é! Esse filho é meu!

— Boa sorte para provar isso.

Dou as costas para ele de novo, mas Noah não desiste. Seu corpo se

aproxima do meu, prendendo-me entre ele e a parede. Sua respiração quente


toca meu rosto, e eu estremeço de tesão. Que merda, são os hormônios,

juro.

— Eu posso provar que te estraguei para outro homem. A verdade vai


sair da sua boca, que você não deu essa boceta atrevida para mais ninguém
depois que eu a comi.
— Eu dei! Dei muito. E foi muito melhor do que…

Noah segura meu pescoço e me beija do jeito bruto de sempre, do


jeito que estava com saudade.

Não consigo me afastar, porque não quero. Tudo o que quero é estar
exatamente aqui, nos braços do homem que sempre foi dono do meu

coração.
— Fala, Olivia. Diz quem é o pai desse bebê que eu te como da forma

que você deseja — provoca o infeliz ao ver que estou rendida a ele. — Você

só vai me ter dentro de você quando parar de ser covarde.

— Como se atreve a falar de covardia para mim? — zombo, soltando

uma risada raivosa enquanto Noah desce lambendo meu pescoço, mordendo

meu ombro. — Sempre te falei o que eu quis desde o início e o covarde foi
você, que sempre se preocupou com o que as pessoas iriam pensar.

Adiantou muito, não é? Aí você foi lá e anunciou para o país inteiro.

— Então você assume que sou o pai?

— Não falei isso — digo com um gemido quando ele aperta um seio

meu e deixa um chupão forte no meu colo. — Não deixa marca em mim.

Você não é meu dono.

Ele desce chupando com mais força, e eu o xingo de todos os nomes


enquanto me derreto nos seus braços. Quando minha roupa fica no caminho

do que Noah quer, ele simplesmente rasga o meu vestido como um homem

das cavernas. Ao invés de me irritar, isso me deixa excitada para caralho.

Noah fica de joelhos para mim, com o rosto quase na altura dos meus

seios de tão alto que é.

— Consegue se segurar no lugar enquanto te chupo? — questiona,

indicando meu braço engessado com a cabeça. Ah, é, estou com o braço

doendo. Por um momento, nem me lembrei disso.

Apenas aceno em concordância, sem conseguir falar nada. Parecendo

ver a incerteza no meu rosto, Noah dá um jeito de me encaixar nos seus

ombros como se eu não pesasse nada, deixando minhas costas grudadas na

parede atrás de mim e minha boceta bem na sua cara. Ele me segura pela
cintura, e uso o meu braço bom para segurar seu ombro, mesmo sabendo

que se ele me soltar, não vai adiantar nada.

— Assume, Olivia.

— Não. Você pode me torturar quanto quiser, porque eu sou muito

boa em situações de pressão.

— Tem certeza?

Noah começa a esfregar o nariz na minha boceta por cima da

calcinha, aspirando meu cheiro e rosnando baixinho. Meu clitóris pisca, não

vou mentir, mas não vou dizer nada. Não sou obrigada.

Apertando os olhos para tentar me controlar, sinto a língua quente me

lamber por cima do tecido. Merda, ele é muito bom. Noah consegue me

torturar apenas com o nariz. Ele fica esfregando-o no meu nervo inchado, e

sinto a calcinha ficar cada vez mais molhada.

— Noah — digo seu nome em um tom de desespero, empurrando o

quadril no seu rosto. — Nós podemos conversar sobre isso depois. Você

pode só me chupar?

— Não. Não era você quem lidava com pressão?

— Eu lido, mas…
Ele interrompe o que quer que eu ia dizer mordendo meu clitóris de

leve, fazendo-me gemer alto. Encaro seu rosto safado e provocador, com os

olhos atentos a mim.

Com um movimento só, ele se livra da minha calcinha, permitindo-

me sentir a respiração quente agora mais perto do meu ponto sensível, que o

deseja mais do que nunca. A língua grande lambe todo o líquido que

escorre devagar e se empurra para dentro de mim com muita calma.

— Noah, por favor.

— Diga, Olivia. É só dizer.

Quando nego com a cabeça, tentando me satisfazer sozinha me

esfregando no seu rosto, ele continua fungando a minha boceta e me dando

migalhas de lambidas. Meu corpo estremece, sinto o suor escorrer pelas

minhas costas.

— Você é tão gostosa, garota. Sabia que essa boceta ia mudar a

minha vida desde a primeira vez que eu a fodesse. Porque ela é sedenta

igual a você e tomou a minha porra todinha.

As palavras dele só me deixam com mais tesão. Não vou aguentar me

fazer de forte por mais tempo. Eu preciso gozar ou acho que vou morrer.

— Aposto que essa boceta ficou viciada no meu pau. Sei que ele
ficou viciado nela. Não consigo pensar em nenhuma outra mulher desde
você, Olivia. Que porra você fez comigo?

— O que você sempre fez comigo — respondo ofegante, engolindo

em seco quando ele me chupa uma vez, forte, estalado, como se ele mesmo

não conseguisse se controlar. — Por favor, Noah, eu não aguento mais.

— Porra, Olivia. Foda-se. Não consigo te ver implorando assim.

Caralho, ele me chupa como se a minha fosse a primeira boceta que

experimenta há muito tempo.

É difícil conseguir me manter quieta no lugar. Enquanto a língua

quente me lambe, a mão esmaga um seio meu e a outra me segura pela

cintura, para me manter em cima dos seus ombros.

Noah se farta na minha boceta, a verdade é essa. Ele esfrega seu rosto

em mim, a barba raspando no meu clitóris e me causando a melhor das

sensações. Quando meu líquido se espalha por todo seu rosto, ele prende

meu nervo entre lábios e o chupa, deixando-me à beira do orgasmo só com

isso.

Tira a mão do meu seio e leva os dedos até a minha boceta, enfiando

dois deles dentro de mim de uma vez, ainda me sugando. Seus olhos não

deixam meu rosto por um segundo, atento às minhas reações. Estremeço

dos pés à cabeça quando os dedos longos atingem o ponto certo dentro de

mim.
— Aí, bem aí mesmo.

— Você está me ensinando como fazer a minha garota gozar gostoso?

Eu sei que está perto de gozar para mim, atrevida. Quero ver você ejacular

na minha cara.

Não consigo falar nada, nem Noah espera por uma resposta. Os dedos

começam a me foder com força enquanto a boca do homem arrogante e

gostoso do caralho continua me fazendo ver estrelas.

— Inferno! — gemo alto quando minha alma sai do corpo e eu gozo.

Encaro o rosto de Noah, e ele sorri safado quando jatos saem da

minha boceta, indo direto para sua boca, espirrando no seu rosto. Ele bebe

tudo e continua me chupando até meu corpo não ter mais força para nada.

Sinto-o me erguer pela cintura e me encaixar no seu colo com

delicadeza.

— Tudo bem? — Ele alisa meu rosto suado, e eu apenas aceno. —

Não deveria ter pegado pesado com você, desculpe.

— Por favor, não quebre meu coração se arrependendo de novo —

peço em um sussurro cansado, com os olhos fechados.

— Não me arrependo, minha atrevida. Só não posso me esquecer de

que você está grávida, e ainda tem o seu braço.


— Não se preocupe com isso.

Noah finalmente chega no meu quarto e me coloca deitada no

colchão. Estico a mão para tocar seu rosto e sorrio ao ver que está molhado.
Com uma expressão travessa, aproxima-se de mim e esfrega o líquido que

saiu da minha boceta todo em mim, achando que tenho nojo. Surpreendo-o

ao esticar a língua para lamber seu rosto.

— Não aguento você, Olivia. O que eu faço com as coisas que você
me faz sentir?

Ele alisa meu rosto com carinho, e eu fecho os olhos, aproveitando a

sensação gostosa.

— Lide com isso.

— É mais difícil do que você pensa. Mas vou tentar. Enquanto isso,

temos um relacionamento de mentira para manter para os abutres que te


amam.

— Combinado.

Estico o dedo mínimo para ele, para fecharmos um acordo, e sorrio


quando me olha como se eu fosse uma maluca. Quando sacudo o dedo para
Noah, ele finalmente entende e encaixa o seu no meu.
— Noah… — digo baixinho depois de um tempo em silêncio. — O
bebê é seu. Você estava certo. Não tive mais ninguém.

Mesmo já desconfiando, vejo quando engole em seco e acena. A mão


grande vai até a minha barriga e a alisa com carinho. Ele sempre foi

atencioso comigo, mas nos últimos dias, esteve mais. Como se soubesse
desde o início, mesmo sem eu dizer, que a criaturinha que cresce aqui é

dele. É nossa.

— Você está assustado? — pergunto baixinho quando vejo que não

fala nada, que só fica contemplando a minha barriga nua.

— Para caralho — confessa com um riso nervoso.

— Eu estou também. Não sei como vou fazer com um bebê com a
vida que levo. Sinto que estou arrastando uma vida inocente para o caos.

— Sabe que não está sozinha, não sabe?

— Eu sei.

— Vocês sempre vão ter a mim para protegê-los. Não vou deixar que

nada de ruim aconteça com nenhum dos dois.

— Eu sei — falo de novo, segurando a sua mão que ainda me alisa.

É bom saber que sempre vou ter Noah por perto, ao mesmo tempo é

assustador, porque sei que ele estar aqui para mim e para o bebê não quer
dizer que vamos ficar juntos. Para ele ser um bom pai, não precisa estar
comprometido comigo.

— Tenho muitas coisas mal resolvidas na minha vida, Olivia — ele

fala, soltando um suspiro cansado. — Minha mente é um pouco fodida.


Nem sempre sou uma boa companhia. Volto a dizer que eu não sou para

você. Você merece alguém muito melhor do que eu.

— Por que sempre diz isso?

Noah apenas nega com a cabeça e esfrega os olhos, tentando mais

uma vez se trancar na própria mente.

— Conversa comigo — peço, levantando-me para ficar de frente para

ele. Tiro sua mão do seu rosto, vendo o semblante de um homem torturado.
— Você pode me dizer qualquer coisa, mesmo que ache que não possa. Eu

aprendi na terapia que conversar faz bem. Experimenta. Me conta algo que
nunca falou para ninguém.

— Não consigo.

— Tenta — imploro, segurando a sua mão com as minhas. — Por


mim. Por nosso bebê que não merece pais traumatizados.

Noah morde os lábios e acena de leve antes de voltar a colocar a mão


na minha barriga.
— Perdi Dakota há seis anos e não tem um dia da minha vida que não

me culpe por isso.

Fico quietinha, esperando que continue no seu tempo. O fato de ele

estar, de fato, falando comigo sobre isso já me surpreende. Já deve ser


difícil.

Aliso o seu braço, para que saiba que estou aqui, sem julgamentos.
Tenho certeza, antes mesmo de ele me dizer o restante da história, de que

não foi culpa sua.

— Enquanto eu estava fazendo a empresa crescer, fazendo a


segurança de políticos corruptos, cantores viciados, atrizes mimadas, a

minha mulher morreu em um assalto, com um tiro na cabeça. Não tive


tempo nem de me despedir dela, porque ela morreu na hora.

— Noah — digo, sentindo as lágrimas caírem do meu rosto. Eu o


abraço pelo pescoço com um braço, apertado. — Não foi sua culpa, você

sabe. Fatalidades acontecem. Nem você conseguiria evitar isso.

— Talvez sim. Talvez teria sido eu no lugar dela.

— Mas aí você não ia ter me reencontrado, você não teria feito esse

bebê em mim — falo, tentando buscar uma forma de ele ver algo de
positivo na situação trágica. — Foi então que você se mudou do país?
— Sim. Não consegui vender a empresa, apesar de tudo. Deixei tudo

nas mãos de um CEO confiável e saí viajando por aí, sem destino. Era o
nosso plano, meu e de Dakota. Viajarmos por aí, sem um lugar certo. Não

deu tempo de realizar nada disso.

— Sinto muito — falo do fundo do meu coração, porque odeio essa


situação.

— Tudo bem.

— Você ainda… a ama? — pergunto receosa, querendo respostas

mesmo que elas me doam.

— Acho que quando você perde alguém dessa forma, o sentimento


nunca morre de fato — responde com sinceridade, encarando o nada. —

Não foi uma escolha minha deixá-la, entende? Ela foi tirada à força de mim.

— Claro.

— Mas é um tipo diferente de amor agora. Com os anos, perdi alguns

detalhes nossos. Não me lembro com tanta precisão da sua voz, do seu
rosto. Daí vem mais culpa quando passo dias sem pensar nela.

Deito a cabeça no seu pescoço enquanto ele desabafa, porque sei que
falar vai fazer bem para ele. Pelo menos não vai mais precisar carregar

sozinho o peso da culpa.


— Isso começou a acontecer apenas agora. Antes, não tinha um dia
em que ela não aparecia na minha cabeça.

— Por quê? — questiono baixinho, sentindo meu corpo sonolento


quando começa a alisar o meu couro cabeludo.

— Porque você apareceu, pequena atrevida.

Abro um sorriso sem que ele veja e fico em silêncio, sem saber o que
dizer. Não quero criar esperanças. Não posso competir com um amor de

anos que foi tirado dele sem que ele tivesse escolha. Não quero competir
com ela, porque entendo que Dakota sempre vai ter um espaço no coração

dele.

— Ela tinha sorte, sabe? — comento depois de alguns minutos de


silêncio. — Porque ela teve o seu amor, e isso é muito valioso. Tenho
certeza de que morrer sendo amada como você a amava deve ter dado paz

para ela, onde quer que esteja.

— Eu espero que sim.

— Obrigada por me contar, Noah.

— Obrigado por me ouvir.

Não sei o que vai ser do nosso futuro daqui para frente, mas espero
que Noah abra seu coração para amar de novo, porque ele merece. Se não
for para ser comigo, que seja com outra mulher. Dói só de pensar nisso, mas
acho que isso o que é amar alguém: torcer para a felicidade da pessoa,

independentemente se for com você ou não.

E droga, eu amo muito Noah Coleman.


A ideia de ser pai de um filho que Olivia carrega não me parece mais

desesperadora como antes, pelo menos, não tanto. Na verdade, vê-la gerar

um bebê nosso só me fez ficar mais leve, porque a leveza com que está
lidando com a gravidez me deixa mais tranquilo a cada dia.

Ela já está com mais de dezesseis semanas. Sua barriga antes plana

tem apenas um montinho disfarçado que passa despercebido se não

olharmos direito. Uma coisa que não estou conseguindo não fazer, por sinal.
Sempre que ela está perto, desfilando em um biquíni pequeno demais ou

com uma camisola indecente, meus olhos não saem de perto dela.

Está sendo muito difícil manter a distância que precisamos. Desde o

dia em que descobri que ia ser pai, nós estamos em uma relação…
amigável. Não posso dizer que é apenas profissional mais, porque apesar de

ainda estar morando na sua casa para protegê-la, nossa relação está muito

mais estreita do que no início. Agora temos algo muito importante em

comum e conversamos bastante sobre planos para nosso futuro.

Olivia não falou o que espera de nós dois além de sermos pais do ser

que cresce dentro dela, e não quero pressioná-la por isso, ainda mais nesse

momento tão delicado que está passando. Não quero que ela tenha que se

preocupar com uma relação amorosa agora, desde que saiba que estou aqui

por ela e pelo bebê.

— Tenho algo para você — falo, levantando-me para ir até o quarto

pegar o que comprei há alguns dias.

Quando volto para a sala de televisão, onde o filme está pausado na

tela, sento-me ao seu lado de novo e a encontro aprumada no sofá, a coisa

mais linda do mundo com a barriga de fora, os cabelos bagunçados em um

coque e o rosto cheio de lágrimas porque chorou durante todo o último

filme que vimos.


— Espero que não seja doce, porque a médica já comeu meu rabo por

causa da minha glicose.

— Não é. Esqueceu que sou eu quem estou te controlando?

Ela faz um biquinho e estica as mãos ao ver a caixinha que carrego,

os olhos azuis cheios de uma curiosidade nata. Coloco o embrulho pequeno


rosa na sua mão, e Olivia rasga tudo de uma vez, sem se importar com a

embalagem bonita.

— Uau, Noah. É lindo…

Ela segura o pingente de coração entre os dedos e abre o fecho, dando

de cara com a primeira foto do ultrassom do nosso bebê. Os olhos de Olivia

se enchem de lágrimas, e ela joga os braços no meu pescoço.

— Obrigada, é muito lindo. Coloca em mim? Não vou tirar nunca

mais — diz toda manhosa e sensível, o que já me acostumei.

— Conto com isso, atrevida.

Quando se vira de costas, coloco o colar no seu pescoço e aliso a sua


pele devagar, aproveitando para sentir o cheiro natural dela de perto. Dou

um beijo na curva delicada e vejo o arrepio subir.

— Isso não é justo, Noah — ela sussurra e solta um gemido quando

repito o gesto.
— O que não é justo?

— Você sendo gostoso comigo. Eu estou subindo pelas paredes, sem

sentir mais meus dedos do tanto que me masturbo pensando em você. Aí

você faz isso.

— Me desculpe, vou facilitar para você.

Olivia choraminga e se vira de frente para mim de novo. Ela se agita

no sofá e se levanta de repente, correndo para longe de mim, deixando-me

parado sem entender nada. Quando volta, também está segurando uma

caixa grande.

— Também tenho uma surpresa para você. Estava esperando o

momento certo, mas acho que agora vai ser perfeito.

— O que você aprontou?

— Espero que não fique chateado comigo por ter mentido, mas

queria te fazer uma surpresa — ela fala, mordendo o lábio de nervosismo.

A caixa é colocada no meu colo, e fico curioso para saber o que tem

dentro. Mas ao contrário dela, abro o embrulho com paciência, recebendo

um revirar de olhos da impaciente à minha frente.

— É para hoje, Noah!

— Calma, apressadinha.
Quando finalmente consigo abrir o embrulho, vejo um conjunto de

pijama rosa grande, com a frase “Papai da princesa” escrito na camiseta.

Embaixo, tem outro pijama, muito menor do que o de cima. Assim que

pego a peça que quase cabe em uma mão minha, leio a frase “Princesa do

papai”.

— Você…? É uma menininha?

— Aham — Olivia responde, mordendo o lábio enquanto ri e chora

ao mesmo tempo.

Puxo-a para meu colo e a esmago em um abraço apertado, sentindo o

choro travar na minha garganta.

Porra, pai de uma menina. Se ela for parecida com a mãe, vai ser a

garotinha mais linda e atrevidinha do mundo. Quanto mais tempo passa,

mais fico ansioso para ver o rostinho dela.

Mesmo que não tenha sido planejado e o momento tenha sido

péssimo, estou muito feliz com a vinda dessa bebê. Agora, ainda mais.

Sempre quis ter uma menina. Quando me imaginava pai, era uma garotinha

que aparecia no meu colo.

Choro abraçado à Olivia, que retribui o meu aperto com a mesma

intensidade. Nós vamos dar conta disso. Eu e ela juntos somos muito fortes,
e a gente vai fazer funcionar, independentemente de ela querer ser minha

mulher no pacote ou não.

Desde que falei que era o namorado dela e o pai do bebê, eu me

coloquei no meio de um fogo cruzado. Agora, além de Olivia, tenho

pessoas atrás de mim me fazendo perguntas, como se eu tivesse algum

motivo para ser famoso. Mas aparentemente, tenho fãs também, que

passaram a me idolatrar por fazer o mínimo que é cuidar da mãe da minha

filha.

É cada coisa que preciso ler e ouvir, que só não meto a porrada na

cara dos abutres porque não quero desgastar Olivia com isso. Sei o tanto

que ela sofre com o assédio e preciso melhorar a situação para ela, não o

contrário. Por ela, eu me controlo todas as vezes em que precisamos sair.

Para a mídia, nós somos um casal convencional, esperando o bebê

nascer para nos casarmos. Para a família de Olivia, estamos fingindo um

namoro para a mídia sair do nosso pé. Para mim, somos duas pessoas com

coisas não resolvidas tentando encontrar um jeito de dar certo enquanto

descobrimos juntos como ser bons pais.

Não tive bons modelos para me inspirar, mas pelo menos sei o que

não fazer. Quando meus pais morreram, eu não me dava bem com eles,

porque cresci sendo colocado para baixo pelas pessoas que deveriam me
apoiar. Sei que Olivia tem seu pai como modelo, mas ela é nova e tem

muito a aprender sobre como educar um ser humano. Até mesmo eu, com

meus quarenta anos, não acho que tenho experiência o suficiente para isso.

Mas estamos fazendo dar certo.

Acontece que enquanto descobrimos como ser pais, estou tentando

descobrir como fazer darmos certo como casal também. Eu quero Olivia, já

aceitei isso. Já aceitei também que vou lutar para ter mais, se ela quiser,

independentemente do que vou precisar enfrentar para isso. Mídia, Thomas,

passado, eu mesmo.

Porra, eu quero essa garota, e está sendo uma prova de resistência ter

que morar debaixo do mesmo teto que ela e ter que levar as coisas devagar.
Mas é preciso, porque não quero que a gente comece algo com

inseguranças. Quero que Olivia tenha tudo o que merece e, para isso, estou
cuidando de mim antes disso.

Comecei a fazer terapia, mesmo que fosse a última coisa que eu


quisesse fazer por escolha própria. Aproveitei que estava batendo ponto

com Olivia na clínica e escolhi outro psicólogo que atendesse na mesma


hora. Demorou três sessões para eu começar a cooperar com o cara, mas

segundo Tim, estou evoluindo. Se ele está dizendo, quem sou eu para
contradizê-lo?
— No que está pensando? Ficou calado de repente — Olivia
pergunta, ainda com o corpo grudado no meu.

— Em como sou sortudo por ser pai de uma garotinha com uma das
mulheres mais incríveis do mundo.

— Para de ser bobo. Sou apenas uma garota atrevida aprendendo a

ser uma mãe.

— Você vai ser incrível, Olivia.

Eu me afasto para conseguir olhar para seu rosto e aliso a sua

bochecha com carinho, admirando como ela sempre fecha os olhos para
aproveitar a sensação dos meus dedos contra sua pele.

— O quê? — pergunta quando paro e fico olhando para ela. — Você


tem me olhado muito estranho nos últimos dias. Dias nada, meses.

— A maternidade combina com você. Só fico te admirando.

— Você acha? Tenho me sentido muito bem agora que os enjoos


passaram. Contrariando tudo o que sempre ouvi falar de gravidez, estou me

sentindo muito mais bonita. Será que é loucura?

Ela alisa a barriga praticamente inexistente com um sorriso que não


saiu do seu rosto. Cubro sua mão com a minha e sorrio de volta para ela,
porque é impossível não me empolgar com o seu ânimo ao falar da
gravidez.

— Acho que ela está começando a mexer. Às vezes sinto um

tremorzinho, bem leve, mas tenho certeza de que nunca senti antes. Não
vejo a hora de sentir de verdade.

— Se puxar você, não vai parar quieta.

— Olha quem fala! Você dorme poucas horas por dia e se levanta
com a disposição de três pessoas.

— Costume.

— Você tem ideia de nomes? Não pensei em nenhum ainda.

— Não. Podemos pensar juntos.

Ela se anima e se estica para pegar o celular, abrindo em uma página

com uma lista de mais de mil nomes comuns e incomuns. Enquanto ela vai
lendo, a gente vai rindo dos absurdos que aparecem, sem acreditar que

alguém usa nomes tão exóticos.

— Sadie — Olivia lê mais um nome e toca na barriga, como se

conversasse com nossa filha. — Significa pequena princesa. Eu gosto de


Sadie. Você gosta?
— Sadie… — digo, imaginando uma garotinha loira de olhos azuis,

cabelos cacheados e curiosa como a mãe. — Gosto de Sadie.

Olivia sorri para mim e começa a conversar, de fato, com nossa

pequena. Fico apenas encostado no sofá, tentando não me meter no


monólogo da mãe babona. Não consigo desviar meus olhos dela, porque

não menti quando disse que a maternidade combina com ela.

Ter um bebê sendo gerado dentro dela tornou as coisas muito mais

leves para Olivia. Ao invés de um fardo como algumas pessoas


considerariam, ela aceitou a chegada do bebê inesperado como uma bênção,

mesmo que sem nenhum planejamento e com a sua vida ainda ameaçada.

Estou apavorado com a ideia de agora ter duas pessoas importantes


para mim em risco, mas não tenho muito o que fazer.

É como se uma gangue estivesse atrás dela. Prende-se um, aparece


outro. A polícia está sem entender até agora por que essa história parece

não ter um fim. Eu estou entendendo menos ainda, mas mesmo que as
coisas estejam tranquilas nos últimos meses, não vou descansar e vacilar

desta vez.

Ainda não me perdoei por Olivia ter sofrido aquele acidente e quase
perdido a nossa garotinha. E não vou me perdoar agora se um fio de cabelo

dela for arrancado porque eu falhei. Não vou aceitar.


— Como está o trabalho? — pergunto depois que Olivia acaba a

conversa com nossa filha a respeito da tia maluca que ela vai ter.

— Está tudo bem. O diretor quer adiantar o resto das gravações, com
medo de a minha barriga começar a aparecer. Não tem como esconder nas

cenas que estou acostumada a fazer.

Tento não pensar em como odeio cada cena íntima que Olivia precisa

gravar, ainda mais com nossa filha na barriga. Mesmo sabendo que ela é
muito profissional no que faz, é inevitável me sentir possessivo quando

preciso ver as mãos de Jake ao redor dela, tocando no que é meu.

Porque ela é minha, só não sabe disso ainda.

— Espero que tudo não seja tão exaustivo como no primeiro filme.

Você precisa maneirar.

— Também espero. Pelo menos vou estar livre quando Sadie nascer.
Não vou aceitar trabalho nenhum depois disso, pelo menos por um tempo,

para poder me dedicar com calma à nossa menininha.

— Eu gosto disso.

— Do quê?

— De como soa você falando sobre a nossa menininha.


Solta uma risadinha, que logo é seguida de um bocejo longo. Aliso
seus cabelos e a puxo para que se encoste no meu peito. Mesmo

conversando comigo, vejo que sua fala vai ficando mais lenta, mais
preguiçosa. Não demora para Olivia dormir nos meus braços, como parece
gostar de fazer desde sempre.

Ela se encolhe como um caracol, e eu espero que seu sono fique mais

pesado para pegá-la no colo e a levar para o seu quarto.

Quando a deito no seu colchão, diferente de todas as vezes, fico ao

seu lado, velando seu sono para garantir que nada de mal vai acontecer nem
mesmo nos seus sonhos.
Hoje o dia de gravação foi produtivo. Estamos gravando a última

cena do dia, e estou morta de cansaço, mas satisfeita por ter dado tudo

certo. A produção está animada, apesar do pequeno show que fizeram


depois de descobrirem a minha gravidez.

Como se eu fosse abrir mão da minha vida pessoal em função do

trabalho, até parece! Se eu tivesse que pagar uma multa imensa por quebra
de contrato para sair do projeto, por mim, tudo bem. Minha prioridade
sempre vai ser a minha filha. Desde o momento que descobri que estava

grávida, aceitei que minha vida ia mudar para sempre e que eu faria de tudo

para ser uma boa mãe.

— Vamos mais uma vez, pessoal — grita Paul, o diretor, conversando


algo com a equipe antes de voltar a se concentrar na gente. — Preciso de

mais empolgação nessa cena. É uma briga de reconciliação, cadê a tensão?

Preciso de mais tesão, meninos.

— Que tal fingir que sou o seu namorado que está querendo me matar
dali? — Jake pergunta no meu ouvido, apontando para um ponto atrás de

mim, de onde Noah assiste à gravação, não parecendo muito feliz.

Solto uma risada para Jake, com quem desenvolvi uma amizade

sincera depois do episódio do carro. Devo a minha vida e a da minha filha a


ele. Se não fosse pelo seu reflexo rápido, mesmo bêbado, talvez tivesse

acontecido algo mais grave do que apenas um braço fraturado.

Desde então, ele tem cuidado de mim como um irmão mais velho,

mesmo Noah parecendo odiar a ideia. Bobinho. Desde que ele reapareceu

na minha vida, não tive olhos para nenhum outro homem. Nem acho que

vou ter. Para mim, Noah sempre ofusca qualquer cara.

Enquanto nossa maquiagem é retocada, repasso o texto com Jake,

tentando colocar a tensão que Paul quer. Quando eles se preparam para
começar a gravar novamente, desligo-me da minha realidade e entro na da

minha mocinha. Sou uma nova pessoa a partir do momento que as

gravações começam. Jake também se esquece de quem é, porque a sua

expressão de zombaria muda no segundo em que a cena começa.

— Você decide, Luke. Ou você abre mão de tudo o que nos afasta,

todos os jogos, as apostas, a sujeira em que meteu nosso relacionamento, ou

nunca mais vai me ver — digo a fala da personagem, deixando as lágrimas

encherem meus olhos.

— Eu faço tudo, Brit. Mas, por favor, não me deixe de novo. Eu

preciso de você.

Tento colocar toda a paixão que tenho dentro de mim por Noah para a

cena. Funciona, porque o diretor não nos interrompe nenhuma vez no

desenrolar dela. Normalmente gravamos umas dez vezes até ficar bom, mas

desta vez o beijo flui como ele gostaria. Agradeço por isso, porque só assim

consigo ser liberada depois que corta a cena e encerra o dia de hoje.

Estou morta!

Quando me despeço do pessoal, troco de roupa no camarim e estou


para sair, mas solto um gritinho quando vejo Noah ali dentro. Normalmente,

ele espera do lado de fora do estúdio, mas hoje quis assistir até mesmo as

gravações.
— Quer me matar de susto?

— Não foi a minha intenção — ele fala, despreocupado, dando de

ombros enquanto se aproxima.

— O que você quer aqui? Aconteceu alguma coisa? — pergunto,

assustada, temendo que algo de estranho esteja acontecendo lá fora para ele

ter entrado até aqui para me proteger.

— Não se preocupe, está tudo bem lá fora. Só vim te pegar aqui, não

posso?

— Pode. Só estranhei. Podemos ir agora.

Ao invés de me dar espaço para sair, Noah continua me cercando,

cada vez se aproximando mais. Termino sentada na mesinha do meu

camarim, encarando o homem gigante na minha frente sem entender o que

deu nele.

Apesar de vir me dando uns olhares bem sacanas achando que não

estou vendo, Noah nunca tomou a iniciativa para mais. Apesar de querer

implorar, quero fazer as coisas diferentes da primeira vez, porque tentar

seduzi-lo pode ter resultado em uma noite de sexo que gerou a nossa bebê,

mas não me deu o “mais” que eu quero. Então, preciso ter paciência e

esperar que a iniciativa venha dele dessa vez.


Está difícil para cacete? Sim, mas estou resistindo bem. O que me

conforta é que enquanto tento reprimir meu tesão insano por ele, outras

coisas boas vêm nascendo da nossa relação. Um companheirismo incrível

que nunca pensei que teria com ele, uma parceria além do lado profissional

e um amor ainda maior do que pensei ser possível sentir por alguém.

— Noah — sussurro seu nome, assustada em como meu corpo reage

rápido à sua aproximação. Ele nem me tocou, pelo amor de Deus! Só está

me olhando de forma intensa como se quisesse me comer, e eu já quero me

abrir para ele.

— Estou puto de ciúme, Olivia. Querendo afundar a cara daquele

provocador de merda do Jake de porrada, mas não posso porque é o seu

trabalho. Sabe como é difícil ver você beijando outro homem?

— Mas você quem quis ver!

— Odiei cada segundo das mãos dele em você, da boca dele na sua.

Diz que você pensa em mim quando se entrega daquele jeito.

Ele segura meu rosto entre as mãos, sem desviar os olhos dos meus.

Umedeço meus lábios e cruzo as pernas para conter o latejamento da minha

boceta só com o jeito com que me toca.

— Diz para mim.


— Sim, eu penso em você em todas as cenas — confesso, porque é a

verdade. Noah parece gostar de ouvir isso, porque cola seu corpo no meu de

vez. — Penso que gostaria que fosse você me tocando daquele jeito, que

fosse a sua boca na minha.

— Não importa quantos caras você beije nos próximos anos de

carreira, a sua boca é minha a partir de agora. Estamos entendidos? Você é

toda minha.

Apenas aceno em concordância, porque nunca quis nada de diferente

disso. Na verdade, antes mesmo de ele considerar que eu não era mais uma

garota, já queria ser só dele.

Quando a boca de Noah vem até a minha para um beijo, espero pela
brutalidade de sempre, mas recebo um delicado. Ainda assim, não é menos

gostoso. Noah segura meu rosto com as duas mãos e explora a minha boca

com uma delicadeza que nem sabia que tinha. Dá mordidas de leve no meu

lábio inferior, chupa os dois com paciência, com todo o tempo do mundo.

Quanto mais ele me beija, mais sinto minha calcinha molhada.

— Quem é você e o que fizeram com o homem bruto com que

convivia? — provoco contra a sua boca quando me afasto sem ar.

— Estou tentando ser cuidadoso.


— Quem disse que quero cuidados? — pergunto baixinho,

esfregando meu nariz no seu. — O que te falei sobre ser respeitoso nesses

momentos?

— Sempre vou te respeitar, Olivia. Não sei se consigo ser brusco

demais com você carregando a nossa menina. E se seu machucar vocês?

— Você é tão fofo, Noah Coleman.

Solto um gritinho quando ele me pega no colo e me leva até o sofá

grande que tenho aqui no camarim. Noah se senta e me encaixa por cima
dele. Sua boca vem até a minha de novo por um tempo até descer pelo meu

pescoço devagar.

— Tem certeza de que quer fazer isso aqui? Alguém pode entrar.

— Eu tranquei a porta — ele fala, lambendo o osso da minha

clavícula até chegar nos meus seios. — E quero mais é que te escutem
gemer meu nome para que saibam que você é toda minha.

— Tão possessivo — zombo, puxando seus cabelos enquanto ele


desce a alça da minha camiseta para chupar meu seio.

— Não sabe o quanto, Olivia. Descobri que você desperta o meu


melhor lado, mas também é capaz de me fazer cometer loucuras por você.

Faço tudo por você, minha atrevida. Tudo.


Sua fala é o suficiente para me deixar ainda mais acesa. Eu me
esfrego nele, que está todo vestido, gostoso para um caralho nesse terno.

— Noah…

— O que você quer, meu bem? Fala para mim que eu te dou.

— Quero gozar. Por favor, só você quem sabe me fazer gozar gostoso

— imploro, fechando meus olhos enquanto ele marca a minha pele com
chupadas. Nem me importo com isso agora, só quero ter seu toque em mim,

sua boca, seu pau, tudo o que ele puder me dar.

— Assim você torna tudo tão difícil, Olivia. Como eu te trato como
uma princesa de você age feito uma puta quando está com tesão?

— Me trate como sua putinha. Eu gosto…

Ele morde a minha pele enquanto me aperta na cintura com mais


força, tomado pelo tesão. Sou tirada do seu colo e colocada no sofá. Noah
se levanta e começa a tirar o terno, mas eu o impeço.

— Fica. Quero te ver assim.

Ele sorri do jeito safado que amo e tira apenas o pau para fora depois

de abrir o zíper da calça social. Quando vejo o membro mais escuro na


ponta, rosado na base, com a espessura grossa e grande, minha boca enche
de saliva. Sem esperar que eu implore para chupá-lo também, ele segura
meus cabelos com força e me puxa para ele.

— Não sabe o quanto eu sonhei com meu pau nessa sua boca

atrevida. Me faça gozar assim para eu poder durar mais na sua boceta.
Chupa, Olivia.

Tento engolir tudo, mas engasgo pelo tamanho de Noah. Nunca vi um


pau tão bonito e bom de chupar na minha vida inteira. Babo nele todinho,

engolindo até onde consigo e usando as mãos no restante. Giro o membro


enquanto lambo a cabecinha melada de pré-gozo. Noah empurra mais fundo

na minha garganta, mexendo o quadril bem rápido.

— Se quer ser tratada como uma puta, então engole como uma. Me

toma até o fundo, sua vagabunda.

Gemo com seu pau na boca e levo minha mão até a minha boceta
para me masturbar enquanto o chupo. Noah geme quando vê o que estou

fazendo e mete mais forte na minha garganta. Aliso as suas bolas pesadas
com a mão livre e sigo me dedilhando, sentindo um orgasmo inesperado

vindo.

Quando sinto um jato quente de porra na minha boca, preciso me

concentrar para não parar de chupar porque gozo na mesma hora com meus
dedos. Afasto-me e termino meu orgasmo com testa encostada na virilha de

Noah.

— Gozou rápido demais, minha putinha. Estava com saudades da

minha pica?

— Muita.

Ele segura o meu pescoço e me faz ficar de pé. Seu polegar vai no

canto da minha boca, limpando o vestígio de porra que ficou. Ele espalha o
resto nos meus lábios entreabertos e chupo seus dedos, sem deixar nenhum

vestígio.

— Fica de quatro para mim e abre bem essa bunda.

— O que você vai fazer? — pergunto curiosa, excitada de novo.

— Não se preocupe. Não é agora que vou foder esse cu. Empina a
bunda. Só me obedece.

Trêmula pelo orgasmo, eu faço o que ele manda, terminando de me

livrar da roupa e ficando com o rabo para cima, esperando. Sinto um tapa
forte em um lado e estremeço de tesão, até sentir outro do lado oposto.

Sinto a língua dele deslizando pelo meu ânus e gemo baixo,

controlando-me porque não sei se tem alguém no estúdio ainda. Abafo


meus gemidos com a almofada que encontro e sinto Noah entrar devagar

dentro de mim.

Seu gemido é tão gostoso conforme começa a aumentar a velocidade,


que fico controlando os meus para ouvi-lo. Mas à medida que começa a me

foder mais forte, não consigo me segurar. Gemo junto com ele, parando de
me importar se alguém vai nos ouvir.

Noah procura pelos meus cabelos e os puxa com força até o limite,
metendo duro e me fodendo de quatro como sua cachorra.

— Piranha gostosa. Porra, eu amo estar dentro da sua boceta. Amo


tanto que fiz a nossa menina na primeira vez que te comi, porque não ligo

para as consequências quando estou dentro de você.

— Noah, mais forte.

— Mais? Você quer mais pica, safada? Então toma.

Sinto suas bolas pesadas batendo no meu clitóris, estimulando-me

mais. Esfrego-o em desespero, querendo gozar de novo com ele dentro de


mim. Noah brinca com meu cu enquanto me fode, enfiando o polegar nele e

tirando só para me provocar.

— Goza, princesa. Goza para mim porque não estou aguentando de

tesão. Preciso gozar dentro de você.


— Eu vou…

Mordo o travesseiro com força para não gritar alto demais e gozo,

sentindo minha boceta esmagar o pau com força. Noah já não se importa
em esconder o gemido gostoso que solta enquanto esporra dentro de mim.

Sua mão estapeia a minha bunda, e ele aumenta a velocidade, deixando-me


ainda mais sensível.

Quando nosso orgasmo termina, ele sai de dentro de mim e me ajuda


a me sentar com cuiddo.

— Tudo bem?

— Tudo maravilhosamente bem — respondo sorrindo, querendo me

deitar um pouquinho.

Noah sorri para mim e beija a minha testa, nem parecendo que estava

me xingando dos piores nomes agora há pouco.

É isto o que eu mais amo nele, em como tem o poder de fazer eu me

sentir a mulher mais valorizada e cuidada do mundo fora da cama, mas


aqui, entre quatro paredes, ele não me desmerece por querer ser tratada

como uma vadia.

A sua vadia.
Meu pai é um festeiro. Nunca vi um senhor gostar tanto de dar festa

para comemorar qualquer coisa que seja. Depois que ficou sabendo da

minha gravidez, Thomas Hill quis fazer uma comemoração enorme, com
direito a fogos de artifícios e tudo. Se não fosse pela sensatez de Noah ao

dizer que o momento não está muito favorável, por ter alguém tentando me

matar e ainda estar solto por aí, ele teria mesmo dado sequência à ideia

mirabolante.
Eu tentando não chamar a atenção da mídia, e papai tentando alardear

para todos os cantos que vai ser avô.

Mas ele não cedeu quando descobriu que vai ter uma garotinha como

neta. Obrigou-me a aceitar pelo menos um jantar em família, e claro que


jamais tiraria essa alegria dele. Então, cá estamos nós.

Noah está ao meu lado, lindo como sempre, mas aí nem é novidade

nenhuma. Ele coloca a mão nas minhas costas, dá uma piscadela sexy para

mim e me guia até o salão de festas da casa do meu pai.

Pelo menos, cumpriu com a palavra de que seriam apenas algumas

pessoas de fato. Vejo apenas os mais importantes da minha vida. E Liana,

claro. A mulher parece não desgrudar do meu pai por nenhum segundo

mais. Sempre que venho vê-lo ou que marcamos algum almoço, lá está ela.

Quando me veem, todos vêm até mim e me abraçam apertado,


paparicando a minha barriga em seguida. Sarah tem o costume de conversar

com Sadie como se fosse a sua melhor amiga agora. Parece que fui trocada.

Não me incomodo, na verdade. Gosto que nossa bebê seja mimada e amada

por todo mundo.

Depois de me dar um beijo estalado, Sarah deixa que papai se

aproxime de mim e me abrace também.


— Minhas duas garotinhas. Você está reluzente, Olie. Como está

nossa pequena?

— Bem, crescendo forte e saudável. Trouxe uma cópia do último

ultrassom para o senhor.

Abro a bolsinha que carrego e tiro a imagem para entregar para meu
pai. Ele tapa a boca de emoção, e os olhos claros como os meus se enchem

de lágrimas não derramadas.

— Linda demais, como você, meu amor. Não vejo a hora de ela

nascer para que eu a mime bastante. Mais tarde, preciso te mostrar o


quartinho dela, já está pronto. Ela vai ter o lugarzinho dela quando quiser

ficar com o vovô.

Sorrio pela emoção que sempre sente ao falar da neta. Não importa

quantas vezes tenhamos essa conversa ou mencionemos Sadie, ele sempre


fica todo babão. Quando vejo minha tia sentada, observando a cena, eu me

aproximo dela e a puxo para um abraço.

— Que bom que conseguiu vir, tia Lucy. Queria ter te contado

pessoalmente, mas não consegui resistir. Não sabia quando ia ver a senhora
de novo.

— Fez bem em contar. Vim assim que pude. Parabéns pelo bebê.

Mais uma Hill.


— Sim, mais uma.

Quando me afasto da minha tia, ando até Liana, que está parada em

um canto, alisando os próprios braços com as mãos como se sentisse

deslocada. Nossa relação não evoluiu muito desde que descobri tudo, mas

não piorou também. Ainda tenho dificuldade em aceitá-la, mas estou

tentando não ser tão crítica. Como não quero que minha relação com Noah

seja julgada, principalmente pela nossa diferença de idade, não posso fazer

o mesmo com ela. Preciso pelo menos dar à mulher o benefício da dúvida.

— Oi, Liana. Tudo bem? — pergunto, aproximando-me dela.

Arregala os olhos pretos ao ver que estou puxando assunto com ela e acena,

abrindo um sorriso enquanto coloca o cabelo liso, preto e longo atrás da

orelha.

— Estou bem. E você? Parabéns pela bebê. Seu pai não fala de outra
coisa.

— Obrigada. Eu estou bem.

Fico ao lado da garota, observando Noah interagir com papai e Sarah

de longe. Com certeza minha amiga está falando besteira, porque os dois

parecem sem graças com o que diz. Ela não tem jeito.

Vejo os olhos do meu pai virem até nós e o sorriso sincero se abrir no

seu rosto. Olho para Liana pelo canto do olho e vejo que está babando no
meu pai também. Céus… Que difícil que é isso.

— Você realmente gosta dele? — pergunto direta, e ela morde o

lábio, acenando em concordância.

— Isso é estranho para mim também. Temos vinte anos de diferença

de idade, e nunca pensei que pudesse me interessar por alguém tão mais

velho do que eu, mas Thomas é… maravilhoso.

— Ele é. — Pisco para papai de longe, e ele pisca de volta para mim,

ainda observando nós duas. — Escuta, isso é muito difícil para mim. Vê-lo

com outra mulher depois da minha mãe me machuca, mas posso me

acostumar com isso, se o que você sente for sincero. Quero que ele seja

feliz.

— Eu entendo.

— Não sei se vamos ser melhores amigas um dia, mas vou respeitar

você e o relacionamento de vocês.

— Isso já significa muito para mim — ela fala sorrindo, e vejo que

tem lágrimas nos seus olhos.

— Tudo bem. Não leve para o lado pessoal, OK? No início, até foi.

Te julguei pela idade, mas seria muita hipocrisia da minha parte.


— Por causa do Noah? — ela pergunta, apontando meu homem mais

gostoso com a cabeça.

Ele também está de olho em nós, com o olhar analítico de sempre que

alguém chega perto de mim. É como se estivesse de guarda o tempo inteiro.

Quando olho para Liana em questionamento, porque tirando Sarah

que sabe a verdade, papai, Liana e tia Lucy deveriam achar que nosso

relacionamento é de mentira.

— Eu vejo o jeito que vocês se olham. Thomas só não percebe

porque não quer — explica, dando de ombros.

Apenas aceno em concordância, porque não achei que desse tão na

cara assim. Sei que sempre tive um crush nele, mas se tornou muito mais

com pouquíssimo tempo. Noah sempre foi mais para mim, mesmo que ele

não quisesse ser nada.

Assim que me afasto de Liana, dando um aceno para ela, Noah volta

a se aproximar de mim, questionando-me com o olhar se está tudo bem. Tão

protetor, esse meu homem.

— Está tudo bem, pode tirar essa cara de mau — brinco com ele,

querendo abraçá-lo para me sentir menos agitada com essa situação de

Liana, odiando não poder.

— Como foi a conversa?


— Boa, eu acho. Ela sabe sobre nós dois. Aparentemente, a gente dá

muita bandeira.

— Jura? Será que está na minha cara que babo em você? — pergunta
em tom de brincadeira, e eu o cutuco com o polegar.

Somos interrompidos pelo papai, que avisa que o jantar já está pronto

para ser servido. Ando ao lado de Noah até a sala de jantar e me sento ao

seu lado também, observando papai fazer um sinal para um dos


funcionários, que começa a encher nossas taças. Quando chega em mim, ele

abre um espumante sem álcool e me serve.

— Obrigado a todos por comparecerem aqui. O mais importante


disso tudo é compartilhar os momentos mais felizes com as pessoas que
amamos — papai fala, ficando de pé com a taça de champanhe erguida,

apontada para mim com um sorriso no rosto. — Sou muito grato pelo dia de
hoje. Deus sabe como nenhum de nós teve a vida fácil. Perdemos pessoas

importantes, que sempre serão eternas em nossos corações, estamos


passando por momentos delicados, mas não podemos deixar que isso

ofusque os de alegria plena. Um brinde à minha filha querida e à minha


netinha.

— Um brinde — respondemos todos em coro, tomando um gole das

nossas bebidas.
O jantar rola de maneira gostosa, como há muito tempo não
acontecia, porque os últimos estavam cheios de muita tensão. Pelo menos

podemos desfrutar de uma refeição com tranquilidade, apesar de tudo.

Em determinado momento, sinto a mão de Noah na minha coxa em

uma carícia gostosa enquanto conversa com meu pai. Tusso de leve quando
a mão travessa sobe por dentro do meu vestido, penetrando a minha

calcinha.

— Tudo bem, querida? — papai pergunta, e eu apenas aceno,

tentando voltar a me concentrar na comida, mas fica difícil.

Dois dedos de Noah entram na minha calcinha e alisam meu clitóris,


que começa a encharcar o tecido. E o descarado fica na maior postura,

como se não estivesse fazendo nada.

Mastigo devagar, apertando os olhos quando a vontade vergonhosa de


gozar em segundos aparece. Pela situação perigosa, pela exposição, mas
também porque meu tesão por Noah sempre está nas alturas.

Quando segurar o orgasmo se torna difícil demais, eu gozo, apertando

a mão de Noah com as coxas e tossindo mais alto para disfarçar o gemido.

— Está mesmo tudo bem, Liv? — Sarah pergunta, olhando para mim

com uma expressão travessa, como se soubesse o que está acontecendo


debaixo da mesa. — Está com o rosto vermelho.
— A comida desceu errado — falo depois de alguns segundos de
tosse forçada, abrindo um sorriso para ela.

Noah finalmente tira os dedos da minha boceta, ainda conversando

com papai. Ele se vira para mim só o suficiente para os levar até a minha
boca. Meus olhos saltam pelo gesto indecente, na frente de todos, mas ele

nem tchum!

— Estava sujo aqui — fala com a voz rouca, para justificar ter tocado

meus lábios. — Vai se limpar, atrevida. Vou logo atrás de você.

A última parte ele diz apenas para que eu ouça, e eu controlo o tremor
das minhas pernas antes de pedir licença para ir até o banheiro. Não sei
como ele vai me achar aqui, porque a casa tem bem uns cinco sociais, mas

olho para o espelho, sorrindo ao me sentir uma vadia por ter gozado na
mesa com todo mundo ali. É o que Noah me causa, e eu amo o que ele me

proporciona.

Escuto uma batida na porta e a abro, vendo Noah parado ali. Ele entra
com uma expressão determinada e tranca a fechadura antes de avançar para

a minha boca.

— O que está fazendo? — pergunto contra seus lábios, soltando uma

risadinha. — Não que eu esteja reclamando. Não nego que você me coma
hora nenhuma, mas por quê?
— Você me dá muito tesão. E não posso deixar de demonstrar como

você me deixa, jamais.

Ele pega a minha mão e a leva até a sua ereção, tirando-me um

gemido quando sinto o pau duro, prestes a explodir. Aproveito para abrir o
zíper da sua calça e deixar o membro grosso saltar. Masturbo-o de leve

enquanto volto a beijar Noah, mas ele não está para brincadeira.

Livra-se do meu toque e me coloca de costas para ele, com o corpo

espremido na parede.

— Apoia as mãos, para não apertar a nossa menina — fala contra a


minha orelha, e eu obedeço, sentindo um tesão ainda maior pelo cuidado

que demonstra com nosso bebê.

Como é possível isso?

Se a gente antes estava esperando tudo se resolver para saber como ia

ficar a nossa relação, depois que transamos no meu camarim, alguns dias
atrás, tudo desandou. Não conseguimos mais conter o tesão e estamos

transando em todo lugar desde então. Deu para notar, né? Nem o banheiro
da casa do meu pai vai escapar.

— Abre bem as pernas para mim, Olivia — pede no meu ouvido,


abrindo o zíper da minha calça larga e descendo a peça de uma vez.
Fico apenas de calcinha para ele, que esmaga minha bunda com

força. Obedeço-o e fico bem arreganhada, com as mãos espalmadas na


parede e a bunda arrebitada. Noah desce a calça e a boxer, segura o pau e o

esfrega na minha boceta antes de entrar de uma vez, doloroso e gostoso


para caralho ao mesmo tempo.

Olho-o por cima do ombro, vendo que ele joga a cabeça para trás

enquanto mete com força, segurando a minha cintura. Rebolo no seu pau
como posso, sentindo meu corpo se arrepiar inteiro quando se enfia mais

fundo.

— Isso, putinha. Rebola.

O barulho dos nossos corpos se chocando é alto, mas nem mesmo


meu pai poderia parar o nosso tesão guardado por tanto tempo agora. Sinto

minha boceta arder pela brutalidade que me fode e adoro cada segundo,
porque sempre que ando sentindo a ardência nos meio das minhas pernas,

lembro-me de como fui bem fodida pelo meu homem.

— Já vou gozar, que inferno — choramingo quando começa a


esfregar meu clitóris.

— É assim que eu gosto, amor. Quando você se rende para mim.

O apelido usado pela primeira vez acelera o que já estava rápido, e


gozo com o pau de Noah castigando a minha boceta sedenta. Escuto o seu
gemido alto atrás de mim, contra a minha orelha, e sinto o aperto dolorido
que dá na minha cintura enquanto goza.

Espero que se recomponha e me afasto para limpar a porra que


escorre dentro de mim. Tento prender o sorrisinho, mas falho. Quando

encaro Noah se recompondo, ele me olha com carinho.

— Que foi?

— Você me chamou de amor — digo, e ele fica pensativo, acenando

e se aproximando de mim.

— Chamei, amor?

— Uhum — respondo manhosa, e ele segura meu queixo, dando uma

mordida delicada ali.

— Confia em mim? — pergunta, encarando meu rosto com um

carinho que me preenche por inteira.

— Com a minha vida, Noah Coleman.


Sinto os olhos de Noah em mim enquanto terminamos de nos limpar

depois da nossa transa rápida no banheiro. Eles não se desviam, reparando

em cada gesto mesmo com atenção. Em como arrumo os cachos


bagunçados, em como limpo o batom borrado. Quando me recomponho, ele

pega a minha mão e abre a porta do banheiro, saindo comigo assim.

— Noah, o que está fazendo? Eles vão nos ver! — murmuro


entredentes, mas ele não me solta. — Noah!
— Você disse que confiava em mim.

Fico quieta, mas ainda estou assustada. Claro que sei que a gente vai

ter que contar sobre Noah ser o pai de Sadie em algum momento, mas não

estava preparada para ser agora. Quando me perguntou se confiava nele, eu


não imaginei que era para isso!

Assim que voltamos para a sala de jantar, vejo que todos estão rindo e

conversando alto, só que nem consigo prestar atenção no assunto porque

estou nervosa.

Noah coloca a mão atrás das minhas costas e me guia até a minha

cadeira para que eu me sente. Se alguém reparou o quão próximos nós

estávamos, não falam nada.

Acho que tudo vai ficar bem, mas aí Noah se levanta, pega o garfo e

bate na sua taça, chamando a atenção do pessoal. Meu coração falta saltar
pela boca, e nem sei o que ele vai fazer.

— Gostaria de fazer um brinde também — Noah começa falando, e

vejo que papai sorri, já pegando a sua taça. — Os últimos anos da minha

vida foram muito difíceis. Eu diria que os mais dolorosos dos todos os meus
quarenta.

Esfrego as mãos na roupa de nervosismo. Meu coração vai saltar a

qualquer momento, estou vendo. Intercalo meu olhar entre todos da mesa
em busca de reações.

Papai está sorridente, apenas encarando o amigo com serenidade.

Sarah prende um sorriso enquanto me olha, provavelmente zombando do

meu desespero. Tia Lucy está sem nenhuma expressão. Liana sorri fraco

para mim e acena a cabeça, como se me apoiasse à distância.

— Primeiramente, gostaria de me desculpar com Thomas, por ter

sido um péssimo amigo e me afastado, ignorando que você também teve

uma perda bem antes de mim e nem por isso se isolou.

— Não tem problema, meu amigo. Cada um tem a sua forma de lidar
com as perdas. Estou aqui para você agora — papai fala, erguendo a taça

para o amigo.

Espero muito que esteja mesmo, independentemente do que achar da

nossa relação que está se desenvolvendo a cada dia. Pego uma taça de
espumante que encheram para mim e viro de uma vez, querendo que

pudesse ter álcool, mas vou precisar me contentar em apenas lubrificar a

minha garganta seca.

— Segundo, quero agradecer a você, Olivia, por ter aparecido na


minha vida. Você foi a minha luz no fim do túnel, ainda está sendo.

Sorrio para ele, mesmo nervosa, e sinto meus lábios e dedos

tremerem.
— Eu relutei muito em entregar meu coração, porque na minha

cabeça, você ainda era apenas uma garota. E apesar de ainda ter vislumbres

dela, hoje consigo diferenciar a mulher incrível que se transformou. Você é


dedicada no trabalho, preocupada com a família e amigos, meiga e delicada,

atrevida e bocuda.

Solto uma risada, sentindo as primeiras lágrimas caírem pelo meu

rosto. Já nem me preocupo com a reação do meu pai, porque tudo o que me

concentro é na expressão apaixonada de Noah me encarando.

— Você me paga — murmuro sem som, só para ele ver.

— Eu me apaixonei por você, Olivia Hill. Me apaixonei por todos os

seus defeitos, por todas as suas qualidades e manias. Eu me apaixonei por

nós dois juntos, criando a nossa menina, independentemente do que

qualquer um vá dizer.

— O que está falando? Alguém pode me explicar o que está

acontecendo?

Papai se levanta da cadeira, e Noah estica a mão para mim,

apertando-a antes de se virar para meu pai, determinado. O senhor Thomas

Hill se aproxima de nós dois, puto, mesmo que Liana tente pará-lo. Ele não

dá bola para ela e me encara com choque e decepção.


— Ele é o pai da sua filha? Ele? Que porra você tem na cabeça,

Olivia?

— Não fala com ela assim. — Noah vai em minha defesa, e eu me

levanto, ficando ao seu lado.

— O que tem? Por que Noah não pode ser o pai da minha filha, pai?

Ele assanha os cabelos, passa a mão no rosto com força e solta uma

risada incrédula.

— Preciso mesmo te responder isso, Olivia?

— Sim, pai, o senhor precisa! Por que não posso me apaixonar por

Noah e ter uma filha com ele? O senhor pode, por favor, me esclarecer?

— Ele te viu crescer, por Deus! Quando começou a frequentar a

minha casa, você era apenas uma garota! O que quer que eu faça, Olivia?

Que bata palmas para isso?

— Sei que isso é estranho, Thomas. Inferno, eu mesmo me condenei

por isso durante muito tempo — Noah fala, tentando se defender, mas na

minha opinião, ele nem precisaria fazer isso.

Não estamos fazendo nada de errado. Eles focam nesse negócio de

“ele te conheceu quando era uma garotinha”, mas ele não estava envolvido

comigo naquela época. Por que não podemos focar no agora? Foi agora,
comigo já adulta, que Noah passou a me ver como algo a mais. Por que é

preciso ficar voltando em um passado que não influencia em absolutamente

nada?

— Você olhou para minha filha diferente naquela época? Mexeu com

ela? — papai pergunta, e meus olhos saltam.

— Pai! Que tipo de absurdo é esse? Esse tipo de acusação é muito

grave.

— Deixa, Olivia. Não me ofende. Se fosse uma filha minha, se fosse

Sadie, eu também me preocuparia. É um direito dele — Noah defende o

amigo, olhando para mim, e volta a encarar meu pai. — Eu nunca a olhei

diferente, Thomas. Não até agora. Juro pela minha filha que está crescendo
ali. Nunca tive interesse por Olivia da forma que tenho agora. Até mesmo

depois que a reencontrei, tive dificuldade para me aproximar dela da forma

como queria.

— Sim, pai, fui eu quem insistiu! Eu tive que fazer um dobrado para

que Noah parasse de me ver como uma garota, para que me enxergasse

como mulher.

Cansada, enfio os dedos entre os cabelos e observo os demais

membros da nossa pequena discussão familiar. Todas estão caladas, apenas


bebendo das suas taças. Isso não deveria ter sido discutido assim, em uma
mesa com esse tanto de gente, mas entendo que as coisas com Noah são

sempre muito extremas. Ele é intenso demais, e não posso condená-lo por

isso porque eu o amei assim, mas caramba! É pedir demais uma situação

menos caótica na minha vida?

— Você é apenas uma garota, pelo amor de Deus. Quando você disse

que estava grávida, imaginei que fosse de algum garoto do seu meio

artístico. Uma coisa casual.

— Então você prefere que eu tenha dado para um desconhecido por

aí do que para o seu melhor amigo, um cara carinhoso, confiável e


responsável? Preferia que minha filha sofresse com um pai ausente do que

aceitar a ideia de que ela tem um pai maravilhoso? — pergunto, minha voz
subindo vários tons porque estou irritada de ele tentar se meter na minha

vida justamente na melhor escolha que já fiz em todos os tempos. Nem


mesmo quando já agi de forma inconsequente meu pai brigou comigo ou

me rechaçou.

— Não é isso, Olivia!

— O que é então? Fala para mim!

— Ele é quinze anos mais velho do que você, tem idade quase para
ser o seu pai! Te viu crescer, vivia na nossa casa! Sem falar no fato de vocês
terem mentido para mim dizendo que era um namoro de mentira para
enrolar a mídia e não atrair atenção.

— Aí está o ponto, não é? A maldita idade! E você não está


namorando com uma mulher não sei quantos anos mais nova do que o

senhor, papai? Que hipocrisia é essa? Me desculpe pela mentira, mas não
me arrependo de nada.

Thomas fica sem resposta.

Ele aperta os lábios um no outro, e sei que seu argumento não


funciona mais, não quando deveria muito bem entender que os tabus de

diferença de idade são ridículos. Se são ambos maiores de idade, com


consciência o suficiente para saberem dos seus atos, que porra a idade

influencia?

Coloco a mão na minha testa quando fico tonta e não demora nem
dois segundos para Noah estar perto de mim, apoiando a mão nas minhas
costas.

— Está tudo bem? Me desculpe, você não deveria passar por uma

situação de estresse assim. Eu só não aguentava mais não poder te tocar


livremente — ele fala, alisando as minhas costas com carinho. — Vamos

para casa. Você precisa descansar.

— Não, estou bem. Quero terminar essa conversa.


— Olivia, nós vamos embora. Sem discussões.

Encaro papai com mágoa nos olhos, e ele parece preocupado, mas
não se aproxima de mim enquanto Noah me guia até a saída. Aceno um

tchau rápido para Sarah, tia Lucy e até mesmo para Liana, mesmo o homem
ao meu lado querendo me livrar da situação estressante.

Durante todo o caminho, Noah fica calado, mas está de olho em mim.
Puxa meu corpo para o seu colo e me acalenta até que a gente chegue. Acho

um exagero quando Liam estaciona o carro e Noah sai ainda comigo nos
braços, mas não falo nada porque já aprendi que a sua forma de dizer que

gosta de mim é cuidando de mim e das minhas necessidades, até mesmo


com exageros. Não posso dizer que acho ruim, porque amo me sentir

protegida, cuidada e querida por ele sempre que age assim.

Fico quieta, e Noah me leva até meu quarto. Ele tira minhas

sandálias, minha roupa, e me veste em um pijama confortável.

— Obrigada.

— Me desculpe. Está tudo bem? Você está sentindo alguma dor?


Quer uma água?

— Estou bem, Noah — digo, alisando a minha almofada, sem


conseguir olhar nos olhos dele porque estou um pouco com medo da
conversa a seguir. — Posso te perguntar uma coisa? Promete responder com

sinceridade, mesmo que ache que vá me magoar?

— Claro. Jamais vou mentir para você, Olivia. Sempre fui sincero. O

que está te incomodando?

— Desde o início do meu acidente, você está comigo todo o tempo,

cuidando de mim, me sufocando com a sua superproteção, fazendo planos


para a nossa filha comigo, mas hoje você disse que está apaixonado por

mim e…

Solto um suspiro alto e escondo o rosto entre as mãos, sentindo


vergonha dele e nem tenho motivo para isso. Só tenho medo depois de tudo.

— Fala comigo.

— Tenho medo de você estar confundindo as coisas. De estar se


envolvendo comigo apenas por causa da nossa filha. Não quero que fique

comigo por achar que deve, Noah. Ou por obrigação por causa da Sadie. Se
falou aquelas coisas só por causa…

Noah ergue meu queixo com os dedos e me beija com delicadeza para
me calar.

— Você disse que ia me deixar falar — resmungo, fungando e

fazendo um bico.
— É porque você está falando besteira.

— Então me diz com todas as letras que é besteira minha. Eu preciso

tirar essa sensação que carrego dentro de mim, de que você está se sentindo
culpado pelo que aconteceu com a sua esposa e que quer evitar que isso

aconteça comigo por causa de Sadie.

— Olivia, eu te fiz pensar isso?

— Não fez, mas pensei sozinha. Tenho medo, Noah. Muito medo.
Eu… te amo tanto. Por mim, teria me entregado para você dez anos atrás,

mesmo que não pudéssemos — confesso, soluçando alto, sem me importar


mais em tentar ser forte. — Aprendi a esquecer o sentimento, mas, já

naquela época, eu sofri muito quando você se casou.

Coloco para fora o que prendi durante todo esse tempo. Todo mundo
que sabia desse meu crush por Noah me dizia que ia passar, que depois de

um tempo, eu nem ia me lembrar dele, mas vez ou outra, me pegava


pensando como ele estaria, se estaria feliz no casamento, se as coisas teriam

sido diferentes se tivéssemos a mesma idade. Quando conto tudo isso para
Noah, ele me encara com surpresa.

— Eu sei, é meio esquisito. Mas era o que era. Sofri e chorei durante
uma semana quando descobri que você tinha se casado. Quando sumiu da
nossa casa, foi ainda mais doloroso. Aí veio a morte da minha mãe, e eu
precisei mesmo de uma terapia.

— Não sabia que tinha sido tão intenso assim para você, amor. Sinto
muito.

— Não é sua culpa ser um homem com caráter e princípios — brinco


e sinto seu dedo secando a minha bochecha.

Fico em silêncio, encarando meus dedos, sentindo-me um pouco

patética porque eu o amei sozinha durante anos e agora que parece que
sente algo por mim, não consigo acreditar que é real.

— O que eu sinto por você não tem nada a ver com Dakota, Olivia.

Preciso que entenda isso. Eu amo você, pequena atrevida. Apesar de eu


amar o seu lado materno e ele ter feito o meu amor crescer, já te amava
antes mesmo de descobrir sobre sua gravidez.

— Promete?

— Prometo. Eu te amo, entendeu? Você, Olivia Hill, só você.

Aceno em concordância, e Noah me puxa para seus braços,


apertando-me com força enquanto sussurra várias vezes que me ama.

— Você vai ter certeza disso no decorrer dos anos, porque vou te
sufocar de tanto amor.
— Espero que sim.

Ele me afasta de leve, segurando-me pelos ombros e deixando seu


rosto na altura do meu para que eu o encare.

— O fato de eu ser superprotetor nada tem a ver com Dakota. Tenho


medo de te perder, sim, mas é porque não consigo imaginar a minha vida

sem essa sua boca atrevida.

— Promete que vai sempre ser honesto comigo sobre os seus

sentimentos?

— Prometo, Olivia. Prometo que vou te amar enquanto eu viver e


sempre vou te deixar saber isso.

Jogo-me nos seus braços de novo e aspiro seu cheiro, torcendo para

isso tudo aqui não ser um sonho, porque se for, não quero acordar.
Estou cada dia mais apaixonado por Olivia. Paixão é pouco para

descrever o tamanho da intensidade do que sinto por ela. Sinto um medo

avassalador desse sentimento que cresce a cada dia, mas estou tentando
lidar com isso um dia de cada vez.

Não sei se amo mais a versão mãe dela, que me hipnotiza e me

encanta, deixa meu coração quente com o fato de eu ter tido a oportunidade

de ser pai com uma pessoa tão incrível. E tem a parte mulher dela, que me
deixa maluco, que me faz agir feito um animal irracional, cheio de tesão, de

paixão e de algo muito maior.

Nunca me senti assim antes, nem mesmo com Dakota. Nunca fui do

tipo ciumento, possessivo, mas Olivia desperta em mim esse lado. Isso me
assusta.

Saber que Olivia duvidava dos meus sentimentos por ela, achando

que estou cercando-a vinte e quatro horas por dia só por causa da nossa

filha, deixou-me com a obrigação moral de venerar essa mulher todos os


dias. Para que tenha certeza de que estou com ela por ela.

— É a nossa primeira saída como casal, estou nervosa. Você não está

nervoso?

— Não, amor. Se eu tiver você, nada importa no mundo para mim —

digo, tocando o colar no seu pescoço enquanto admiro a sua imagem na


frente do espelho.

— Sabe que sua imagem vai ser vinculada à minha para sempre, não

sabe?

— Sei, e me sinto honrado por isso.

Olivia sorri para mim no espelho e encosta a cabeça no meu peitoral,

fitando a nossa imagem no espelho. Abandonei os ternos, porque odeio o

calor que sinto quando uso. Já que não sou mais o guarda-costas oficial de
Olivia, não tenho mais que andar tão formal. Ainda mantenho o estilo

social, mas sem tanto excesso.

— Você é tão gostoso — ela fala, alisando a gola dobrada da camisa

social preta que estou vestindo. — Todo meu. Posso exibir você para todo

mundo?

— Mais? A cada foto que posta agora, duas são minhas — provoco,

mas amo o fato de ela me expor como seu sempre que pode, como uma

pequena ciumenta que descobri que é.

— Você se incomoda?

— Claro que não, amor. Quero que todo mundo saiba que você é

minha também.

Eu a viro para que fique de frente para mim e beijo a sua testa. Desço

para seus olhos, em seguida para as bochechas e, por último, alcanço a boca

quente e receptiva, que se abre para que eu a beije de verdade.

Não me apresso e nem intensifico o beijo, porque descobri que ainda

que seja uma safada, minha garota atrevida gosta de qualquer carícia. Ela

reclama do seu pai, mas é uma carente também. E amo isso nela, como

sempre busca estar perto de mim mesmo que passemos o dia praticamente

inteiro juntos.
Por falar em Thomas, as coisas ainda estão estremecidas com ele

desde o jantar da outra noite. Não tem muito o que fazer. Tentei conversar a

sós com ele depois, para não colocar Olivia em mais uma situação de
estresse, mas ele inventou várias desculpas ao longo da semana. Só me resta

esperar que processe a situação e que aceite, porque não vou largar essa

mulher nem que ele queira.

— Vamos? Temos reserva.

— Você está todo misterioso com essa saída. O que está aprontando?

— Nada. Não posso sair com a minha mulher em um jantar

romântico?

Ela sorri, beija minha bochecha e termina de colocar os acessórios

antes de sairmos. Dirijo com ela ao meu lado, porque queria que fosse um

momento só nosso, na medida do possível. Os motoristas ainda nos seguem

de longe, em alerta para qualquer coisa suspeita. Mas hoje, quero que Olivia

se esqueça um pouco dos problemas e tenha uma noite de rainha, como ela

merece.

Estaciono em frente a um restaurante que inaugurou recentemente e

tem uma lista de reserva imensa. Depois que a ajudo a descer, olhando ao

redor, coloco minha mulher na frente e a guio até a entrada. Quando dou
meu nome na hostess, ela demora um pouco para focar em Olivia. Seus

olhos quase saltam quando a veem.

— Meu Deus, Olivia! Eu amo o seu trabalho!

— Obrigada, meu bem. Fico muito feliz — responde sorrindo, com

sinceridade.

— Posso tirar uma foto com você?

Pego o celular da mulher para tirar a foto e finalmente guio Olivia até

a mesa reservada que pedi. Daqui, dá para ver a praia e sentir a maresia

gostosa.

— Desculpa por isso — Olivia fala, fazendo uma careta depois que
nos sentamos à mesa.

— Pelo quê?

— Pela interrupção do nosso momento romântico.

— Não se desculpe por ser fantástica no trabalho que faz e ser

reconhecida, amor. Tenho muito orgulho de você.

— Jura? — ela pergunta, agitando-se na cadeira como se tivesse

ganhado um prêmio por ouvir isso. — Sei que pareço surpresa, mas é

porque nunca consegui ter muitos relacionamentos por causa da minha

profissão. Não é todo mundo que aceita meus papéis mais intensos. Acho
que as únicas pessoas que entenderiam seriam atores também, mas tinha um

acordo comigo mesma de nunca me envolver com parceiros de filme.

Seguro suas mãos por cima da mesa e faço um carinho no dorso, sem

deixar de olhar para a perfeição de mulher à minha frente.

— Eu jamais deixaria de me relacionar com você pela sua profissão,

Olivia. Te conheci assim. Te amo assim e admiro muito o que faz. Pularia

uma parte ou outra, mas consigo controlar a vontade que tenho de

assassinar os atores que precisam tocar em você.

— Você é maravilhoso. Obrigada por isso. Estava com medo do que

seria da minha carreira.

— Não precisa.

Nossa conversa é interrompida pelo garçom que vem pegar nossos

pedidos, e deixo que Olivia escolha o que quer comer para pedir o meu.

Quando ele sai, ela volta a me olhar.

— Eu estava pensando. Outro dia te falei sobre dar uma pausa na

minha carreira depois que a Sadie nascer, porque não quero ser do tipo de

mãe ausente, sabe? Depois disso, milhares de questionamentos começaram

a aparecer na minha mente sobre meus trabalhos. Você acha que ela vai se

envergonhar de ter uma mãe que aparece com os seios de fora em alguns

filmes?
— Olivia, claro que não. Você não deveria ter vergonha do seu

trabalho.

— Não tenho, eu juro! Não tenho mesmo. Sempre tive tanto orgulho
de onde cheguei, sem falar que nem todo trabalho envolve nudez, já fiz

séries e filmes de todos os estilos, mas sei lá…

— Olha, você quem decide o que é melhor para você. Não faça nada

pensando nos outros.

— Tudo bem. Tenho tempo para decidir ainda, só queria compartilhar


com você.

Ela sorri, os olhos brilhantes me encarando. Enquanto toma uma taça


de champanhe sem álcool, Olivia passa os minutos até nossa comida chegar

falando sobre seus trabalhos que mais amou fazer.

Sei que ela ama a carreira, apesar de todos os danos psicológicos que
já causou a ela, e eu jamais a desmotivaria de fazer o que ama só pelo que

os outros vão dizer. Odeio vê-la com outro, mesmo que seja ficção? Sim,
mas eu escolhi me relacionar com ela assim, e jamais tentaria mudar isso.

— E quanto a você? — pergunta depois que nosso jantar é servido e o


assunto sobre ela acaba.

— O que tem eu?


— Quais os seus planos profissionais? Me deixe saber o seu futuro.

— Tenho algumas coisas para resolver ainda. Preciso vender a minha


antiga casa, decidir se vou voltar a assumir a diretoria da empresa.

— O que você gosta de fazer?

— Eu gosto de ser guarda-costas, mas não quero mais colocar minha

vida em risco. Não depois de você e da nossa filha. Só por vocês duas.

— Me preocupo com isso também, mas se for o que gosta, prometo


aceitar. O que decidir…

— Minha garota madura — zombo dela, que gargalha e joga um


miolo de pão em mim. — Retiro o que eu disse.

Nosso jantar acontece de forma tranquila, apesar de a fama de Olivia

sempre ser lembrada. Umas três pessoas nos interromperam para pedir foto,
e fiz o papel de assistente muito bem ao tirar todas elas.

Quando saímos dali, de mãos dadas, nem me surpreendo mais com os


paparazzi do lado de fora do restaurante, tirando fotos nossas. Meus

seguranças fazem um trabalho muito bom em barrar todos eles. Enquanto


eles tentam passar a barreira, eu seguro Olivia no colo e sumo da vista de

todos, levando-a em direção à praia.


Ela gargalha conforme corro e o vento bagunça seus cabelos. Assim
que pisamos na areia, agacho-me e tiro seus saltos para que ande mais

confortável. Levo seus sapatos nas mãos e me desfaço dos meus também.

— A gente não vai se meter em problemas fugindo da equipe? Fiquei


sabendo que o chefe deles é super neurótico — ela provoca, com um sorriso

bobo no rosto enquanto andamos de mãos dadas pela areia.

— Ele não vai ligar dessa vez.

Fico observando Olivia aproveitar a maresia. Ela inspira o ar fresco e

gelado e ergue o braço livre para o alto, aproveitando a sensação do vento


batendo no seu rosto. Eu poderia tirar uma foto para eternizar esse
momento, mas tenho certeza de que já vai ficar guardado na minha

memória.

— Eu amo você — digo, interrompendo o momento contemplativo


dela.

O sorriso aumenta quando fica de frente para mim e joga os braços ao

redor do meu pescoço. Olivia esfrega o nariz gelado no meu e me beija com
carinho, curtindo o momento simples e gostoso, mas que nunca tivemos.

— Eu te amo desde sempre, Noah Coleman — responde contra a


minha boca, os olhos brilhantes me encarando. — Obrigada pela noite. Vou

me lembrar dela para sempre. Faz anos que não tenho uma fuga assim.
— Vamos ter muitas dessas ainda, minha pequena atrevida.

Olivia se afasta de mim, correndo de costas em direção ao mar. Fico


observando-a, feliz como nunca, e desejo ser para sempre o dono de todos

os seus sorrisos mais sinceros. Quero ser o responsável por levar a alegria
para a vida dela, ainda mais depois de tudo o que passamos.

Ela me chama com o dedo para que eu corra atrás dela, e eu vou,
largando nossos sapatos na areia para tomá-la nos meus braços.

Uma onda agitada molha nossas pernas, e a garota linda grita, rindo

alto quando o vestido gruda no seu corpo. Sorrio também, pois é inevitável
me entregar a todos os sentimentos que ela me proporciona.

Quando outra onda ainda maior nos pega, Olivia zomba de mim

porque sou eu a ficar molhado desta vez. Seguro seu corpo e, prevendo o
que vou fazer, ela grita e tenta fugir, mas corro mais para o fundo e nos
afogo de leve no mar noturno agitado antes de emergir.

— A gente vai congelar! — ela fala rindo, com os cabelos molhados

e a maquiagem ainda intacta. — Que merda! Você fica bonito até molhado!

— Já me viu pelado?

Ela abre um sorriso travesso e me puxa de volta para a praia. Ignoro

até mesmo a agonia quando a areia começa a grudar nas nossas roupas
molhadas, distraído com o sorriso travesso dela quando começa a

desabotoar a minha roupa.

— O que acha que está fazendo?

— Querendo a experiência completa — diz lasciva, com um

biquinho.

— Olivia, não vou arriscar que imagens suas estejam na mídia.


Adoraria te dar isso, mas vou precisar ser sensato.

Ela solta um suspiro dramático e volta a correr feito uma criança,


grudando areia em mim e nela. Deixo que aproveite o seu momento antes

de decidir voltarmos para o carro. A essa altura, nossos homens devem ter
despachado os paparazzi fofoqueiros.

Tiro meu celular do bolso da calça, confirmando que era mesmo à

prova d’água, porque segue funcionando. Pego nossos sapatos e mando


uma mensagem para Kyle avisando para preparar um dos carros, um

diferente do que viemos. Ele responde na mesma hora, e eu puxo Olivia


para meu peito quando começa a sentir frio. Ela estremece, mas não
abandona o sorriso.

Assim que chegamos no carro, jogo a chave molhada para Kyle levar

o que viemos e abro a porta para Olivia entrar em outro, maior e com
motorista.
— Não vamos voltar no outro por quê? — ela pergunta, olhando para
trás.

— Precaução — respondo quando o veículo começa a sair.

Peço para o segurança que dirige ligar o aquecedor e aproveito para

fechar a divisória entre nós e ele, deixando-nos isolados dele.

— E para te dar outra experiência mais discreta.

Ela arqueia a sobrancelha e morde o lábio quando começo a tirar seu


vestido molhado. Olivia se livra da roupa com uma pressa que me faz rir.

Aliso os cabelos molhados, admirando-a, permitindo que o sentimento ao


qual lutei por tanto tempo se infiltre em cada poro meu.

Não tem mais como voltar atrás. A partir do momento em que a fiz
minha mulher pela primeira vez, passei a não existir mais sem ela. Nem

quero mais.
Acho que estou vivendo em um filme. Sou a personagem sortuda que

tem uma vida maravilhosa depois de passar por muitos perrengues. E,

caramba, eu mereço. Depois de tantos traumas, dores e surtos, sou a maior


merecedora do mundo do meu final feliz.

Meu final feliz tem quase dois metros de altura, um pau grosso e

latejante e um fogo que combina com o meu. Recomendo. Não o meu,


porque o meu é só meu, mas um bem parecido com este.
— Por favor, Noah! Por favor! Nunca te peço nada! — imploro de

joelhos na cama, toda descabelada, enquanto o vejo se arrumar depois de

tomar um banho rápido que foi preciso após me foder com vontade.

— Olivia, não me peça isso. Hoje é o único dia da semana que te


peço para ficar aqui. Finalmente acertei a papelada da venda da casa e

preciso estar lá. Depois vou precisar passar na empresa.

— Eu tenho centenas de seguranças para irem comigo! Você os têm

para quê?

— Para te protegerem junto comigo, porque dependendo da situação,

não consigo sozinho — ele fala, ajeitando a gravata ao redor do pescoço

enquanto se olha no espelho do meu quarto.

— Então, eles conseguem sozinhos também. E você sabe que não

preciso da sua permissão para sair de casa.

Noah solta um suspiro longo e cansado, porque está me negando isso

há bons minutos, mas não vou ceder. Ele se aproxima de mim e segura meu

rosto entre as mãos.

— Não posso te proibir de sair, Olivia. Mas posso te pedir para não

fazer isso quando não estou com você. Gosto de me certificar de que vai

estar segura.
— Mas nada acontece há semanas! Acho que não vai mais, Noah.

Até quando vou viver sem poder ter a liberdade de ir e vir? — protesto com

um bico imenso.

Sei que não estou sendo muito justa com ele porque não é sua culpa

que queira me ver viva, mas não é como se eu quisesse sair sozinha. Aceito

os seguranças, só não aceito cancelar os planos que fiz com minha tia Lucy

e Sarah porque ele teve que sair de última hora.

Não é sempre que minha tia está no país, e faz tempo que não

fazemos os programas que a gente estava acostumada. Hoje é dia de SPA!

Pelo amor de Deus, o que pode dar errado em uma tarde de relaxamento?

— Por favor, Noah.

— Olivia, eu morro se alguma coisa acontecer com você. Não me

peça para te deixar desprotegida assim. Não vou conseguir me concentrar


em nada. Isso é temporário. É só até termos certeza de que nada vai

acontecer com você.

— E quando vamos ter certeza? Essa investigação não dá respostas,

isso está rolando há meses!

Jogo-me na cama, dramática, e encaro o teto. A única coisa que

impede a minha felicidade completa é isso. Noah não me deixa fazer nada

sem ele, porque ficou paranoico com isso. Não ligo de ele me acompanhar,
até gosto de ficar o tempo inteiro grudada nele, mas não quero deixar de

fazer coisas só porque ele não pode.

— Vou desmarcar as coisas então, Olivia. Vou com vocês e fico

esperando do lado de fora, pode ser?

— Não precisa, Noah. Pode ir, vou ficar aqui trancada, sozinha. Eu e

Sadie vamos fazer companhia uma para a outra. Quer colocar grade na

minha janela?

O choro desce pelo meu rosto, e eu rio do ridículo que é eu estar

chorando por isso. Juro que não sou assim, mas puta merda! Os hormônios

estão mesmo me matando. Seco as lágrimas que caem e sinto o corpo

pesado afundar o colchão ao meu lado.

— Não chora, amor.

— Desculpa, estou sendo boba. Mas não consigo controlar.

Sinto-o alisar meus cabelos e fico quietinha, aceitando que não posso

ter tudo mesmo. Odeio a pessoa que colocou a minha vida em risco. Se ela

ficasse de frente para mim, não sei o que seria capaz de fazer só para

compensar o inferno que está me fazendo passar.

— Tudo bem, vai. Vou colocar a melhor equipe para te acompanhar,

mas você vai me avisar se qualquer coisa fora do normal acontecer.


— Jura? Ah, Noah, você é o melhor namorado!

Eu me levanto e me jogo no seu pescoço, dando vários beijos no seu

rosto. Ele ri e sacode a cabeça, já acostumado com meus disparates.

— Namorado, hum? — provoca, e eu dou de ombros, porque se ele

não me pede em namoro, eu presumo que estamos namorando.

— A gente já mora juntos, te chamar de namorado é a menor da

intimidade.

— Sua gostosa. Vai se arrumar para o seu dia de SPA antes que eu

mude de ideia e te algeme nessa cama.

Ele dá um tapa na minha bunda, e eu solto um gritinho, saindo da


cama e indo tomar um banho rápido. Quando saio, Noah já está pronto,

apenas me esperando enquanto tecla no celular. Ele me espera vestir a roupa

e segura meu rosto entre as mãos.

— Se cuida, me liga se precisar de qualquer coisa e obedeça aos


seguranças.

— Pode deixar. Sim, senhor, capitão. — Bato continência para ver se

ele desmancha essa cara de sério dele, mas Noah se mantém sisudo. — Vai

ficar tudo bem, amor. Vou voltar inteirinha, antes de você ainda.

— Se divirta e relaxe bastante.


Ele beija a minha testa e depois meus lábios, desfrutando da minha

boca por um tempo antes de me soltar. Nós saímos juntos. Ele dirigindo seu

carro, e eu no meu, cercada de homens.

Mando mensagem para minha tia e para Sarah, confirmando que vou

e que chego em alguns minutos. As duas me respondem quase na mesma

hora, e me animo para passar um dia com elas, longe do estresse do

trabalho e da vida corrida.

Foi difícil arrumar um dia em que todas nós podíamos, por isso a

minha resistência maior em remarcar. Não sei quando tempo minha tia vai

ficar por aqui e não quero perder a oportunidade de matar a saudade dela.

Sem falar que quase não estou tendo tempo de qualidade com a minha

melhor amiga. Temos vários papos atrasados para pôr em dia.

Assim que o carro para em frente ao SPA, desço e vejo o batalhão

que Noah mandou junto comigo. O exagerado. Parece que estou indo para a

guerra.

Entro no lugar e encontro as meninas já ali. Além delas, vejo Liana

parada, sem graça. Arqueio a sobrancelha para Sarah, e ela abre o sorriso de

quem aprontou.

— Desculpa a demora, precisei convencer Noah de que eu não ia


morrer indo ali na esquina.
Abraço minha tia com força, Sarah em seguida e paro em frente de

Liana.

— Desculpe ter me metido no dia de vocês. A Sarah me arrastou. Se


quiser, vou embora…

— Não precisa. Todas nós estamos precisando relaxar um pouco —

digo, e ela sorri, acenando com a cabeça.

A recepcionista se aproxima de nós e pergunta o que vamos querer

fazer hoje. Pego o pacote de quatro horas, com direito a tudo, e pago para
todas. Deixamos nossas coisas no armário, para termos um dia completo de

relaxamento, livre de redes sociais, de trabalho, de problemas.


Desligamento total do mundo.

Visto o roupão macio e encontro com as três nas macas ao lado da


minha, já deitadas, prontas para a massagem. Uma máscara é colocada no

meu rosto, e desligo minha mente enquanto sinto as mãos da mulher


quebrando toda a tensão do meu corpo.

Quase durmo, e juro que chego a babar de tão relaxante que é quando

a dor passa e vem o alívio, mas acaba cedo demais. Logo as moças nos
guiam até outro local, onde chega a vez dos nossos pés serem massageados.

Passamos por várias salinhas, cada hora para cuidar de algo diferente.
Temos direito a comidinhas saudáveis, manicure, pedicure e cabeleireira.
Pisco para tia Lucy ao ver a sua expressão serena, e ela aperta a minha mão.

As horas passam voando enquanto estamos ali. Eu poderia ter mais


dez disso aqui, sem nenhum problema. Quando chega a hora de irmos
embora, estamos rindo, relaxadas, bem plenas, mas uma funcionária me

chama, dizendo que faltou mais uma cortesia. Olho para minhas
acompanhantes de relaxamento e dou de ombros, seguindo a mulher e

vendo as três virem atrás de mim.

Ao entrar na salinha, meu coração para por alguns segundos quando

vejo a mulher nos trancar ali, com a arma apontada para meu rosto.

— O que está acontecendo? — pergunta tia Lucy, nervosa.

— Ela ameaçou a minha família. Se eu não fizesse isso, ela vai matar
meus filhos. Me desculpa… Eu só preciso te entregar para ela — a mulher

fala, com os dedos trêmulos.

— Fica tranquila — digo, tentando manter a calma. — Eu posso te

ajudar. Quem é ela?

— Eu não sei! Ela sempre falou com a gente por telefone. Me

desculpa, moça.

— Tudo bem. Vamos conversar.


Tento chegar perto dela, com medo, minha mão indo instintivamente
para a minha barriga. Quando vê a minha aproximação, ela grita, movendo

a arma entre mim e as três mulheres apavoradas no canto.

— Vão até os fundos. Andem! As quatro! — grita, e escuto o choro


da minha tia, causando uma angústia no meu peito.

A única que parece calma é Sarah. Liana está com os olhos


arregalados, parecendo paralisada, mas obedece a tudo. Nós quatro somos

guiadas até uma saída de emergência, que dá para um beco vazio.

Se eu conseguir desarmá-la, consigo dar tempo para nós irmos para


cima dela. São quatro contra uma, afinal. Meu medo é que ela acabe
atirando em alguém. Não consigo lidar com a ideia de falhar e acabar

machucando uma de nós.

Tento pensar com calma, sem deixar o medo me dominar. Sinto um


frio na barriga e penso em Noah, em como ele irá se sentir se pensar que

falhou comigo de novo. É tudo culpa minha por ter insistido!

Os seguranças provavelmente estão me esperando lá fora, alheios a


tudo o que está acontecendo aqui. Se eu gritar, será que conseguem me
ouvir?

A mulher continua com a arma apontada e tecla algo no celular. Olho

para minha melhor amiga, que se mantém atenta a ela. Nego com a cabeça,
para que não aja por impulso.

Mas eu ajo.

Quando a mulher se descuida por um segundo, uso o que Noah me


ensinou sobre desarmar alguém e consigo tirar a arma da mão dela. Aponto
em sua direção com a mão tremendo muito, mas quando me viro, vejo um

carro parado na sua e uma arma apontada para a cabeça da minha tia.

— Foge! — ela grita. — Corre, Olivia.

— Não… — digo chorando quando dois homens saem de dentro do


carro preto e pegam Liana e Sarah, que esperneia e tenta mordê-lo.

— Acho melhor entrar no carro, loirinha. Ou suas amiguinhas vão


morrer. Deixa a arma no chão.

Eu obedeço devagar e vejo a mulher que nos trouxe até aqui tremer
dos pés à cabeça. Sigo todos eles por vontade própria, e somos empurradas

na parte de trás do veículo.

Um dos homens vem junto com a gente, e vejo-o pegar algumas


injeções.

— Não, por favor! Eu vou me comportar. Não precisa disso. Estou

grávida, isso pode prejudicar o meu bebê. Por favor…


Ele não me escuta. Segundos depois, sinto a picada no meu braço e

não demora para apagar de vez.

Noah…

Acordo grogue, sentindo a minha cabeça pesada. Vejo que estou em

um armazém sujo e fedido e tento me sentar, mas sinto tudo girar. Coloco a
mão na minha barriga, tentando sentir se Sadie está mexendo.

O choro vem até a minha garganta, mas o controlo. Por mim, por ela.
Por Noah. Preciso fingir que não quero me render e ser forte para tentar sair

daqui e me livrar de seja lá quem for.

Fico desesperada quando não vejo nenhuma das garotas junto comigo
e crio forças para me levantar, mesmo que esteja tonta. Vou até a porta e

tento abrir, mas está trancada.

Procuro por um lugar onde possa fugir, mas não tem nem uma janela
aqui.

— Socorro! — grito com toda a minha força. — Alguém me ajuda!


Socorro!

A porta se abre de uma vez, e dou alguns passos para trás, vendo um
dos homens de máscara que nos trouxeram para cá.
— O que você vai fazer? — grito quando ele pega no meu braço e
luto, conseguindo usar do elemento surpresa para chutá-lo e conseguir

correr. — Socorro!

Sou parada por outro homem, que me impede de ir.

— Não acredito que ela conseguiu fugir de você.

— A vadia conseguiu me chutar, e ela tem força!

O outro sacode a cabeça em descrença e segura no meu braço com


força. Tento lutar contra ele, sem querer me render mesmo que seja

perigoso.

— Onde estão as outras? — pergunto preocupada enquanto ele me

guia sabe-se lá para onde.

— Loirinha, tenho pena de você, dormindo com o inimigo o tempo

todo. Vamos, você vai se resolver com ela.

O quê? Inimigo? Do que ele está falando?

Quando ele abre uma porta, dou de cara com duas mulheres sentadas,
amarradas, sob a mira de uma arma, enquanto a terceira me olha e sorri.

Meu coração salta, sem saber que confiei na pessoa errada esse tempo
inteiro.
Minhas mãos vão até o meu rosto enquanto eu choro, desolada, com a

cena que eu vejo na minha frente. É um pesadelo, não é? Isso! Estou em um

sonho ruim, onde mais uma vez alguém próximo a mim tenta me matar. É a
explicação certa.

Aperto as unhas com força na palma, tentando acordar, mas a arma

segue mirada na minha cabeça.


— Por quê? — pergunto com a voz fraca, por um fio, tentando pensar

em uma explicação para isso que está acontecendo.

Absolutamente nada me vem à cabeça.

— Sabe, foi difícil esse tempo inteiro olhar para a sua cara, fingir que

você não era uma pedra no meu sapato — ela fala, rindo, passando a mão

com a arma na cabeça.

Lágrimas grossas descem pelo meu rosto e me cegam. Não consigo


reagir a ela, não quando daria a minha vida para salvá-la. Quando pensei

que ela faria o mesmo pela minha.

Mais cedo, tudo foi fingimento? Minha vida inteira foi um? Não, isso

só pode ser um pesadelo. Só estou demorando para acordar. A qualquer

momento, vou sentir o aconchego de Noah e despertar com os carinhos dele

por todo meu corpo.

— Aí você vai e faz o favor ao universo de fazer mais uma criatura

para ser igual a ela — fala, abrindo um sorriso amargurado que nunca vi no

seu rosto.

— Ela? — pergunto confusa.

— Sua querida mãe. Tenho certeza de que a pirralhinha aí também

vai ser a cara dela.


Fico em choque em como fala da minha filha com maldade e, por

instinto, coloco as duas mãos na minha barriga, como se assim pudesse

proteger Sadie da loucura dela.

— Por que tanta raiva?

— Vou te contar uma historinha, Olivia. Por que não se senta ao lado
das suas colegas? — Ela aponta a cadeira com a arma, e eu nego com a

cabeça, com medo de que me amarrem e fique ainda mais difícil tentar sair

daqui. — Anda, porra!

Estremeço e escuto a namorada do meu pai chorar, amarrada na


cadeira. Ando até a cadeira no centro das duas e aperto a perna de Sarah,

vendo o ódio nos seus olhos ao olhar para a minha tia, a mulher que sempre

a considerou como uma sobrinha também, com a mira da arma apontada

para mim.

Quer dizer, essa mulher é a mesma que me dava conselhos sobre

garotos? Que penteava meus cabelos e fazia os melhores penteados quando

precisava ficar comigo? O que fizeram com aquela mulher?

— Era uma vez uma mulher muito bonita que se encantou por um
homem rico. Ele se encantou por ela também, à primeira vista, mas aí a

bruxa má apareceu — tia Lucy começa a narrar, andando de um lado para

outro, em pleno estado de surto. — Ela o tomou da mulher e se casou com


ele, tendo a família perfeita, a filhinha desejada e amada por todos. A

princesinha que nasceu a cara da bruxa má e piorou o que já estava ruim.

Ela se aproxima de mim e coloca a arma direto na minha cabeça,

fazendo Sarah tentar se soltar ao meu lado, pulando na cadeira. Os olhos

escuros estão dilatados, como se não estivesse no seu estado normal.

— Depois que você nasceu, a minha vida virou um inferno. O

dinheiro que seria meu estava indo para as mãos da minha querida irmã.

Não era justo, Olivia. Você acha justo? — pergunta, sem esperar uma

resposta. Quando vira as costas para mim, tento acalmar Liana ao meu lado,

porque a mulher chora mais alto a cada segundo que passa. — Não é justo!

— Sinto muito, tia — digo, tentando acalmar a mulher transtornada e

trazer o juízo dela. — É dinheiro que a senhora está precisando? Por que

não me falou? Eu teria te ajudado. Achei que os negócios estivessem bem.

— Que negócios, garota burra? Que negócios? — ela grita, e eu pulo

na cadeira, sentindo meu corpo trêmulo. — Você quer dizer os homens ricos

que tentei enganar para conseguir ter a vida que eu merecia? Infelizmente,

não posso mais voltar para muitos países da Europa porque estão me

procurando por lá. Estou presa aqui a vocês de novo. Não aguento mais, já

chega!
Ela bate na cabeça e começa a conversar sozinha, com raiva, como se

estivesse brigando com a mente perturbada. Nunca tinha visto a minha tia

assim e, apesar da situação de perigo, não consigo desejar o mal para ela.

— Então foi você o tempo todo? — pergunto baixinho, e os olhos


vazios vêm até o meu rosto. — Que estava armando tudo?

— Sim, só contratei gente burra. — Ela aponta para os homens

armados, que se remexem no lugar. — Nenhum conseguiu fazer o trabalho

direito. Meu erro foi ter contratado gente incompetente, que não estava
acostumada com o serviço. Então, já dizia o ditado, se quer algo bem-feito,

faça você mesma.

— Por que só agora? Se você me odeia tanto, por que não me matou

assim que nasci?

— Porque eu cansei! Tentei me afastar de vocês, mas tudo o que

sempre via era o sucesso de Olivia Hill. Soube que seu último filme foi um

estouro e fiquei com um ódio! Sabia que sempre quis ser atriz também?

Nunca pude! Era para tudo isso ser meu!

— O que a senhora ganha com isso? Nós podemos conversar. Tenho

muito dinheiro, o suficiente para a senhora viver para sempre.

— Acha que sou burra? Acha que vou sair ilesa se deixar vocês

saírem daqui, para você ir chorar no colinho do seu guarda-costas que não
desgruda de você?

— Não conto para ele! Juro! Eu… quero que seja feliz, tia. Você é a

minha tia favorita do mundo, lembra? — pergunto chorando, tentando

apelar para o seu lado emocional.

Sinto meu coração doer tanto, porque não é mentira nada do que

digo. Caramba, eu entrei naquele carro porque achava que sua vida estava

ameaçada. Eu tomaria um tiro para salvar a mulher que agora está tentando

me matar.

— Não seja patética, Olivia. Você se agarra a qualquer figura que te

dê a menor atenção. — Nego com a cabeça, as palavras doendo mais do que

tudo. — Não foi assim com seu Noah?

— Não fala o que não sabe! — grito com ela, que abre um sorriso de

escárnio, como se a minha raiva a agradasse.

— Ah, eu sei. Não ia demorar para você se apegar a essa daqui

também. — Ela se aproxima de Liana, erguendo o rosto da mulher com o

cano da arma. — Mais uma putinha que o seu pai ia colocar no meu lugar.

Uma pena que não vai durar muito tempo, querida. Meus planos para você

iam ser grandes, se não fosse a necessidade de agir rápido.

— Tia, a senhora pode ir para outro continente, eu te ajudo. Por favor,

eu estou grávida — digo chorando, tentando atrair a atenção dela de volta


para mim para tentar convencê-la de que isso é uma loucura. O pior é que

eu realmente a ajudaria a fugir, se isso significasse que ninguém sairia daqui

ferido.

— Por isso mesmo que precisei agir rápido, a ideia era brincar com

você por mais um tempinho. Não posso deixar mais uma de vocês por aí!

Preciso eliminar o mal pela raiz.

— Tia…

— Para de me chamar assim! — ela grita, sacudindo a arma no meu


rosto. — Você deveria estar com a sua mãe naquele carro, teria me poupado

tempo.

— O quê?

— Que foi? Achou que acidentes de carro eram carma da família?

Não notou a coincidência?

— Não…

Sinto uma dor no meu estômago e sacudo a cabeça, sem acreditar que

ela mandou matar a minha mãe. A sua irmã! O choro sai desenfreado, e
nem consigo reagir. Qualquer pena que eu sentia dela vai embora. Ela
matou a minha mãe.

— Pobre garota, eu até gostava dela, mas foi necessário.


— Você é um monstro — digo em um sussurro, assimilando que a
mulher que amei durante anos foi fruto da minha imaginação. Ou de uma

atuação muito boa. Se ela fez o que fez, é capaz de qualquer coisa.

Mantenho-me quieta, tentando parar o choro porque agora, mais do

que nunca, preciso ter calma para pensar direito. Não posso deixar que ela
termine de destruir a minha vida. Olho para Sarah, determinada, e ela nega

com a cabeça, parecendo ler a minha mente.

Deixo Lucy devanear como uma maníaca e espero que se aproxime

de mim de novo. E ela faz. Quando a arma vem parar na minha cabeça de
novo, eu me arrisco. Uso novamente a aula sobre desarmamento que Noah

me ensinou e consigo tirar a arma da sua mão e a colocar na minha frente,


apontando o cano para a sua cabeça. Aperto seu pescoço e olho para os dois

homens que fazem a sua guarda. Eles não parecem muito dispostos a
defendê-la.

— Se quiserem ir embora, a hora é agora — falo com a voz trêmula,

e eles se entreolham, começando a deixar a salinha suja.

Mas as coisas não estão favoráveis para eles, porque assim que

chegam perto da porta, vejo um homem entrar. Meu coração se acelera


quando vejo que é Noah, com o rosto tomado por uma fúria que nunca vi.
Ele não pergunta nada, já chega atirando. Com uma arma em cada
mão, Noah consegue atirar bem no peito dos dois homens quando eles

erguem as armas na sua direção. Solto um soluço alto e afrouxo o aperto no


pescoço da minha tia. Ela se aproveita do momento para tentar me

desarmar, mas a arma vai para o chão.

Noah não hesita. Quando ela se agacha para pegar o objeto caído de
novo, escuto o barulho alto do disparo e solto um grito, estremecendo no

lugar. A bala pega no ombro, mas ele ainda mantém os olhos nela, cheios de
ódio. Seu corpo treme.

— Noah… — chamo, e ele estica o braço para que eu vá até ele.

Quando meu corpo se joga contra o seu, sinto seu cheiro para tentar

me acalmar. Ele segura a minha cabeça contra seu peito, mas não deixa de
apontar a arma para minha tia, caída no chão e me xingando de todos os

nomes.

— Vamos soltar as duas e a gente sai daqui, deixa que o capeta toma
conta dela.

Aceno em concordância e me solto do seu abraço, indo em direção à


Sarah e Liana. Consigo soltar as duas com muita dificuldade porque as

cordas estão apertadas. Faço o sinal para que elas corram, enquanto Noah
confere o pulso dos caras caídos no chão.
Quando começo a sair também, vejo minha tia se arrastando pelo

chão para pegar a arma que foi para longe. Ela consegue pegar e a aponta
para Noah, que está distraído conferindo a identidade dos homens.

— Noah! — grito em desespero, e ele reage rápido, os olhos indo em


direção à minha tia.

O disparo é certeiro. Para se defender, ele atira mais uma vez nela, e o
corpo desaba para trás. Solto um grito e coloco as mãos no rosto. Quando o

encaro, sua expressão está triste, e sei que é por mim. Não por ela.

— Sinto muito, amor. Não queria que você tivesse que ver isso.

— Eu… — sussurro, olhando para a mulher caída no chão. Uma que


amei, em quem já confiei tanto.

— Sinto muito mesmo — ele fala, beijando a minha cabeça. — Vai.


Seu pai está lá fora. Eu cuido de tudo.

Eu me afasto dele a contragosto, sentindo as pernas tremendo


enquanto saio da salinha. Quando me veem, alguns seguranças de Noah me

acolhem e outros entram na sala. Sou guiada até o carro, no modo


automático, e a primeira pessoa que vejo ali é meu pai. Ele sai do veículo e

corre em minha direção, abraçando-me com força.

— Me perdoa. Me perdoa, Olie — ele fala chorando, e eu o aperto


muito forte, chorando junto.
— A minha tia… Ela…

— Eu sei, princesa. Sinto muito.

Ainda agarrada a papai, lembro-me do barulho alto do tiro e choro


ainda mais alto, ao pensar nela caída ali. Sinto os dedos do meu pai alisando

meus cabelos e não consigo me soltar dele.

— Me leva daqui. Eu preciso sair daqui — digo baixo, sem conseguir


ficar de pé por mais tempo.

Vejo papai se comunicar com os outros seguranças e sou


praticamente colocada em um dos veículos. Quando saímos, deixando os

demais para resolverem a situação, eu me encolho no banco, sentindo


minha barriga doer de tanto que choro. Não consigo mais ser forte depois

de tudo. Eu só queria que as coisas fossem diferentes. Eu só queria…

— Ela matou a mamãe — falo para meu pai, que me olha em choque.
— Ela matou a minha mãe.

Ele me puxa do jeito que estou para seu colo e me nina como se eu
fosse um bebê. Mesmo devastado também, ele tenta me consolar, como

sempre fez.

— O Noah…
— Sinto muito, querida. Sei que ele teve que fazer o necessário para
te proteger. Nunca o vi tão cheio de ódio. Sinto muito.

— Ele pode ser punido? Eu preciso dele, papai. Preciso do Noah.

— Nada vai acontecer com ele, vou garantir isso. Agora, descansa.

Você precisa cuidar de você e da nossa garotinha.

Concordo com a cabeça e permaneço deitada no seu colo. Quando


sinto os dedos entrarem no meu cabelo em um conforto, deixo o cansaço

me vencer e apago.
Um ano depois

Escuto o choro baixo vindo da babá eletrônica e, ao invés de achar

ruim, eu sorrio. Levanto-me da cama, alisando os cabelos de Olivia


espalhados pelo travesseiro. Dou um beijo na sua testa, mas ela nem se

mexe, como é de praxe porque sei que está muito cansada.

Vou até o quarto de Sadie e a vejo tentar ficar em pé no berço, a

garganta poderosa berrando a plenos pulmões. Seguro a pequena no colo


com cuidado, pensando na responsabilidade que é ter parte do meu mundo

nos meus braços. Ela para de chorar na mesma hora e sorri, a carinha

amassada e os olhos inchados de quem dormiu bem a noite toda.

— Oi, princesinha. Você está com fome? Que tal se a gente ficar bem
quietinho para deixar a mamãe dormir mais um pouco? — converso com

ela enquanto a levo para o seu trocador.

Sadie gosta da minha voz desde a barriga da sua mãe, quando faltava

abrir a pele com os chutes que dava. Desde então, converso com ela a todo
momento, como se me compreendesse apesar de só ter meses de vida.

— Você sempre deixa a parte do seu cocô poderoso para a sua mãe

mais tarde, não é? Sua travessa.

Ela solta uma risadinha e bate no trocador, as pernas agitadas

dificultando que eu troque a fralda ensopada de xixi. Quando consigo


realizar o trabalho difícil, visto-a com o body especial que venho guardando

há um tempo, esperando pelo momento certo.

Coloco um dos milhares de casacos que ela tem para cobri-la, visto a

calça por cima e a ergo na frente do meu rosto, sempre admirado em como
se parece com Olivia. Os olhos grandes e azuis, os poucos cabelos loiros no

topo da cabeça já começando a cachear, o nariz pequeno e fino com uma

bolinha no centro.
— Você é a princesa mais linda do mundo. Não conta para a sua mãe.

— Eu ouvi isso. — Olho para a porta, vendo a dona do meu coração

parada ali, com o rosto inchado igual ao da filha.

— Amor, já acordou? Vai dormir mais, você dormiu tarde.

— Meu relógio materno não deixa — ela fala bocejando,

aproximando-se de nós dois.

Seus lábios vêm até os meus em um beijo gostoso, e ela esfrega seu

nariz no meu antes de começar a paparicar nossa filha.

— Vou tomar um banho para poder dar de mamar para ela. Me

espera?

— Tem certeza? Eu ia dar fruta para ela.

— Tenho. Eu gosto de amamentar essa pequena gulosa. — Ela

esfrega os dedos na barriguinha de Sadie, que solta mais uma das suas

risadas gostosas. — Já volto, minhas vidas.

Levo Sadie para a cozinha e a coloco no cadeirão enquanto preparo

meu café e o de Olivia. Converso com ela o tempo inteiro, e Sadie parece

bem atenta a tudo o que faço.

— O seu café da manhã é bem melhor do que o nosso, pequena. O

tetê da sua mãe é o melhor do mundo. Vamos trocar? — pergunto, e ela


abre um sorriso banguela que me faz gargalhar. — Eu sei que concorda

comigo. Um dia a gente troca de vez, você fica com as frutinhas e os peitos

dela voltam a ser meus. Combinado?

Olivia não demora a vir para a cozinha, porque os banhos de pais são

muito mais rápidos do que antes. Minha mulher pega nossa pequena nos

braços e a enche de beijos, fazendo Sadie chorar de forma dengosa só por

sentir o cheiro da mãe. Eu entendo, às vezes tenho vontade de largar tudo e

chorar só para ter aqueles peitos também.

Quando se senta e tira um seio para fora, Sadie já gruda no mamilo,

soltando um suspiro de alívio pelo contato com a mãe. Encosto-me no

balcão e fico observando os amores da minha vida com um sorrisinho no

rosto. Olivia sorri de volta para mim e estica a mão. Encaixo meu rosto ali e

ela o alisa.

— Como você consegue ficar lindo até depois de acordar?

— É um dom — brinco, fazendo-a rir antes de voltar a se concentrar

na nossa pequena.

Termino de preparar as coisas e me sento de frente para ela,

alimentando a nós dois enquanto ela amamenta nossa bebê. Nossa rotina de

café da manhã mudou, porque agora temos uma nova membro que é gulosa

demais e não consegue esperar um segundo a mais para comer.


— Ela está tão grande — Olivia diz, alisando a bochecha grande de

Sadie com a ponta dos dedos.

— E perfeita.

— Sim, nossa garotinha.

Olivia fica com aquela expressão contemplativa por muito tempo, e

não preciso pensar muito para saber no que está pensando. Na sua tia.

Acho que anos vão se passar, mas aquele momento nunca vai ser

apagado nas nossas cabeças. Depois de meses angustiantes, sem saber quem

estava ameaçando a vida da minha mulher, descobrimos da pior forma que a

culpada estava nos rodeando, só esperando o momento perfeito para agir.

A fase de me culpar e de me questionar como não percebi nada já

passou, mas os meses seguintes foram de muita angústia, principalmente

para a minha mulher.

Ela passou muito tempo trancada dentro de casa, sem querer sair
mesmo que tudo tivesse ficado no passado. Perdi as contas de quantos

choros no meio da noite tive que acalmar.

Tive muito medo naquele dia. Medo de perdê-la. De perder nossa

pequena. Medo de que por uma falha minha, eu tivesse que viver sem elas.

Não sobreviveria, tenho certeza.


Mas consegui agir rápido quando a equipe me informou que ela tinha

sumido. A mulher que as fez de refém no SPA confessou tudo e agi com

sangue nos olhos para conseguir chegar até elas. Descobri que foi uma

escolha acertada ter colocado o localizador no colar que dei para Olivia, que

graças a Deus, ela nunca tirou, como me prometeu que faria.

A viagem até o casebre no meio do mato foi assustadora. Não

consegui confortar Thomas de que elas ficariam bem, porque eu não

conseguia pensar direito. Só via sangue na minha frente. Já fui com a ideia

em mente de que ninguém escaparia ileso. Não tendo tocado na minha

mulher. Ainda tentei fazer com a tia dela escapasse, por consideração à

minha mulher, mas suas péssimas escolhas não a deixaram sobreviver.

Não me arrependo do que fiz. Faria de novo, quantas vezes fosse

necessário, para ter certeza de que elas estariam seguras.

Além de ter que lidar com a tia sociopata morta, Olivia ainda ficou

preocupada de que eu fosse punido por isso. Felizmente, o fato de eles

estarem armados ajudou para alegar legítima defesa. O fato de Olivia ser

uma figura pública ajudou também, porque os fãs nos abraçaram e nos

defenderam em todo lugar que puderam. Não sei se influenciou tanto, mas a

comoção foi mundial. Pelo menos uma vez na vida, a mídia serviu para o

bem ao invés de arrastá-la para baixo.


— Você acha que ela sempre me odiou? — Olivia pergunta, olhando

para mim com os olhos nublados. — Fico me questionando isso todos os

dias. Não faz sentido para mim.

— Não sei, meu amor. Mas não pense nisso. Vamos tentar deixar isso

para trás. Ela não merece tirar a sua felicidade. Olha a perfeição que

temos… Isso é único.

Eu me ajoelho na sua frente e aliso a sua bochecha para secar o rastro


de uma lágrima que desce.

— Você está certo. Eu agradeço muito por estar aqui hoje, sabe? Com

vocês. Estou vivendo a melhor fase da minha vida. Amo ser mãe, amo ser
sua.

— Eu também.

Seguro sua mão e a beijo, disposto a continuar tentando todos os dias


fazer com que cada dia o episódio seja apagado da sua mente. A terapia

segue nos ajudando, mas sei que o tempo, nesse caso, vai ser nosso
principal aliado.

— O que quer fazer hoje?

— Huuum, me deixa pensar. Hoje quero passar o dia quietinha aqui

com os amores da minha vida, vendo um filminho e tomando chocolate


quente — ela fala sonhadora, como se não fosse um programa comum
sempre que estou de folga.

— Seu desejo é uma ordem, amor. Vou tirar uns dias de folga da
empresa, agora que está mais tranquilo.

— Perfeito.

Quando vejo que Sadie dormiu, eu a pego no colo e a coloco no meu


ombro, batendo nas suas costas para fazê-la arrotar. Ando com ela assim, e

Olivia vai ao meu lado até a sala de televisão.

Mal coloco Sadie no carrinho para que seu corpo não fique tão
dolorido de ficar no colo e para que não fique mal-acostumada, e Olivia

vem para meu, encaixando seu corpo no meu em formato de caracol.

— O que quer assistir?

— Você escolhe dessa vez.

Coloco um filme novo de comédia que sei que ela queria ver. Mesmo
que seja a minha vez de escolher, sempre coloco o que Olivia quer porque a

apaixonada por cinema é ela.

— Eu estava pensando… — ela fala, enquanto as letras iniciais


começam a aparecer. — Recebi uma proposta de trabalho, sem nem precisar

de teste.
— Jura? Isso é ótimo, amor. Vai aceitar?

— Queria falar com você antes. — Ela se afasta de mim e me encara


com o lábio entre os dentes, receosa. — É um estilo diferente do que estou

acostumada. É uma vibe mais misteriosa, zero romance. Quero tentar, mas
não sei se é o tempo certo. Sadie ainda está pequena, e eu vim de uma série

de filmes agitados.

— Você não pode parar de trabalhar só para viver em função da nossa

pequena, meu amor. Podemos achar uma babá de confiança, você pode
voltar aos poucos.

— Você acha?

— Tenho certeza. Só quero que faça por você, não por mim nem por
Sadie.

— Tudo bem. Vou aceitar então! — ela fala animada e volta a se

aconchegar em mim para vermos o filme.

Esse tempo só nosso faz tanto bem para ela quanto para mim, que

sempre aproveito essas horas para babar nela. Para admirar como é bonita,
forte, inteligente. Como ela se encaixa perfeitamente no papel de mãe.

Como vai se encaixar perfeitamente no papel de esposa.

— Você sempre me assiste mais do que ao filme — ela fala quando

termina.
— Porque você é muito melhor do que qualquer entretenimento, meu

amor.

— Seu fofo — ela fala, montando no meu colo depois de desligar a

televisão. — E se eu te der um entretenimento muito gostoso que envolve


seu pau me fodendo bem gostoso?

— Huuum, eu apoio essa ideia — digo, puxando seu lábio gostoso


com meus dentes, fazendo-a gemer baixinho.

— A gente tem uns trinta minutos até Sadie acordar da soneca.

— Meu amor, eu consigo te fazer gozar três vezes em trinta minutos

— digo convencido, e ela gargalha, sem me contradizer porque sabe que é


verdade.

Com ela no meu colo, arrasto o carrinho da nossa filha devagar até o
quartinho dela. Coloco a segunda babá eletrônica em um ângulo que dê para

vê-la direito e levo Olivia para nosso quarto.

Jogo-a na cama, e ela começa a se livrar do meu pijama de “papai da

princesa” com pressa. Ergo a camisola safada que ela usa depois de ficar
completamente nu e chupo sua barriga, descendo até a boceta agora com

uns pelos finos. Chupo a carne molhada, provando o melhor sabor do


mundo. Não a provoco como gosto de fazer quando temos tempo. Vou

direto ao ponto, lambendo do jeito que a faz gozar rápido para mim.
Olivia geme e puxa meus cabelos, entregando-se ao orgasmo em

tempo recorde. Sua libido foi afetada depois da gravidez, principalmente


nos primeiros meses, mas agora que mudamos o método contraceptivo,

voltou ao seu estado safado natural.

— Merda, meus orgasmos estão sendo em um tempo vergonhoso.

— Eu amo, amor. Amo como não consegue se controlar quando toco

em você.

Ela segura meu pau e me masturba, desesperada, puxando-me para

dentro dela de uma vez. Seu corpo se inclina, e eu gemo, xingando alto por
sentir a carne quente me esmagando.

Olivia se ergue o suficiente para cravar as unhas na minha bunda e

me puxa mais para ela. Meto com força, amando ver os seios fartos
balançando. Morro de vontade de chupá-los todo o tempo, mas a gente

evita. Pelo menos até Sadie parar de mamar. Contento-me em apertá-los,


vendo o líquido branco escorrer enquanto faço isso.

Ela geme mais alto, com eles ainda mais sensíveis. Revira os olhos,
xinga alto.

— Vem comigo. Goza comigo.

— Claro, meu amor. Sempre com você.


Seguro sua mão no alto da cabeça e estoco em círculos. Olivia se
entrega para mim, e eu vou junto. Sempre junto dela. Concentro-me nos

seus gemidos, nos arranhões e nas palavras de carinho que me diz depois.
Saio de dentro dela, e tomamos um banho rápido.

Em um timing perfeito, Sadie acorda, fazendo com que a gente ria


porque aprendemos até a calcular os seus cochilos diurnos.

— Eu vou.

Quando a gente se veste, eu a acompanho, vendo-a pegar nossa


princesa.

— Jesus! Ela melou a roupa inteira. Oh, filha, estava tão limpinha.

Solto uma risada e fico apenas na porta, vendo-a colocar nossa


pequena no trocador. Olivia conversa com ela enquanto abre o casaco que

cobre o body. Quando vê o que está escrito, ela me encara, os olhos


arregalados.

— O que é isso?

Eu me aproximo das duas e beijo a testa de Olivia.

— Casa comigo, atrevida? Seja a minha mulher para sempre. Tenha


muitos filhos comigo e faça a minha vida um eterno felizes para sempre.

— Noah, não estava esperando!


— A ideia era essa — respondo rindo, abrindo a gaveta de Sadie e
tirando a caixinha de anel que escondi ali tempos atrás.

— Eu aceito, claro!

Encaixo o anel no seu dedo, e ela me beija, sorrindo em meio as


lágrimas ao olhar para a joia. Como dois bobos, a gente olha para Sadie

deitada no trocador, toda cagada, com o body escrito “casa com o meu
pai?”.

É, a nossa família não poderia ser mais perfeita.


A festa de um ano de Sadie não poderia passar ilesa, claro que não.

Desta vez, nem mesmo Noah conseguiu convencer meu pai a mudar de

ideia. Ele só não conseguiu trazer um unicórnio de verdade, pois não existe,
porque todo o resto trouxe. Minha filha nem entende muito das coisas

ainda, mas está maravilhada com o tanto de colorido que vê enquanto dá os

passinhos lentos para seguir um balão.


O avô babão não demora a pegá-la no colo para corujar mais um

pouco. Eu me aproximo deles e fico apenas observando-os disputarem a

atenção dela, para ver por quem é mais apaixonada. Ela adora todos, mas se

Noah estiver no meio, a atenção é sempre dele.

Sarah desiste de tentar fazer com ela vá para o seu colo e se aproxima

de mim, abraçando-me com força.

— Vou roubar sua filha para mim.

— Não vai, não — brinco, batendo na sua bunda.

Deixo que eles fiquem babando em Sadie e arrasto a minha amiga

para atacar os docinhos da mesa, escondidas, sem que Noah veja. Ele ainda

está no meu pé para controlar minhas taxas bagunçadas, mas vez ou outra,

quebro a dieta.

— Como você está, amorzinho? — pergunto, alisando os cabelos

soltos.

— Bem. Cansada demais por causa do trabalho, mas feliz. E você?

— Realizada. — Olho para Noah, rindo alto com as gracinhas que


Sadie faz para fazer com que todos riam. Ela ama uma graça. — Muito

feliz. É errado que eu me sinta assim depois de tudo?


— Não, é a sua obrigação ser feliz depois de tudo! Você passou por

coisas demais, amiga. Você é forte. Se fosse outra pessoa, não teria

aguentado.

Faço um bico e a abraço de novo, grata por ter minha melhor amiga

ao meu lado. Vejo Liana ao longe e a chamo com a mão. Com o tempo,

minha relação com ela melhorou muito, graças à Sarah, que a aceitou bem

antes que eu. Agora, nós sempre saímos as três no nosso programa de

relaxamento semanal.

— Oi, meninas. O que estamos fazendo?

— Olivia está acabando com os docinhos da festa. Eu estou querendo

dizer algo — Sarah fala, arqueando a sobrancelha. A gente espera que ela

prossiga, porque minha amiga sempre tem as melhores histórias. — Dei

para o meu chefe!

O docinho que estava engolindo cai no lugar errado, e eu tusso,

recebendo tapinhas nas costas de Liana.

— Como isso? Vocês não se odiavam?

— Ah, Liana, você precisa aprender que a linha entre o amor e o ódio

é finíssima — respondo, porém ainda em choque porque nunca pensei que,

depois de tanto tempo nessa guerra com seu chefe, Sarah fosse ceder aos

encantos do homem.
— Entre o tesão e o ódio, amores. Não tem nada de amor.

Ela dá de ombros, querendo pagar de livre, desapegada, mas não sei,

não. Para mim, isso ainda rende uma história cheia de muita confusão.

— E como estão as coisas com Thomas? — ela pergunta para Liana,

mudando de assunto.

Nossa nova amiga parece triste, mas dá de ombros. Normalmente,

não conversamos muito sobre isso, porque eca! É meu pai, pelo amor de

Deus. A última coisa que preciso é que ela detalhe coisas que não quero

ouvir. Já tenho muitos traumas na minha vida, obrigada.

— Acho que ele vai terminar comigo — desabafa, e eu aliso suas

costas, confortando-a.

— Ele nem é doido! — digo sincera, fazendo-a rir. — Agora que me

apeguei a você, acho bom que se casem.

Consigo fazê-la rir e olho para meu pai, brincando com Sadie de

cavalinho, sem se importar que não tem mais idade para ficar de quatro no

chão. Ele nem liga, só quer saber de fazer a alegria dela.

Noah está rindo dele, mas faz muito pior. Deixa só começar a fase de

ela querer maquiá-lo para ver quem vai rir por último.
Fico feliz que a amizade deles voltou ao que era. Depois de tudo o

que passamos, papai decidiu que era uma boa ideia dar uma chance para

Noah provar que o que a gente tinha não era frívolo. Que o amor que

sentimos nada tinha a ver com mais ninguém além de nós mesmos.

Achei que as coisas não iam voltar a ser iguais entre eles, mas depois

de Sadie, melhoraram. Noah está muito mais receptivo depois dela, muito

menos sombrio. Sei que ela encheu as nossas vidas de luz. Não tem um ser

humano no mundo que resista àquela risada banguela.

Fico ali com as meninas, cumprimentando alguns convidados que

vêm me parabenizar pela minha princesa e revendo alguns amigos que

chamei para conhecê-la. A festa é tranquila, livre da mídia e de qualquer

transtorno.

É bom finalmente respirar em paz depois de tantas reviravoltas na

minha vida.

É um final merecido.

Quando olho para Noah com uma tiara na cabeça, enquanto Sadie

morre de rir, meu coração se enche de um amor que nunca pensei que fosse

sentir antes. É único.

Primeiro, o amor de mãe, que me preenche e cresce a cada dia. É

difícil, exaustivo todos os dias, mas eu não mudaria um segundo de tudo o


que vivi se resultasse em Sadie, saudável e linda como nunca.

Não mudaria uma linha de nada que me levou até Noah também,

principalmente a ele. Porque sem meu guarda-costas gostoso, eu não teria

nossa bebê. Eu não sentiria a realização completa. Não seria amada

infinitamente, aceita como sou. Não seria apoiada e incentivada todos os

dias pelo meu companheiro para uma vida inteira, pelo meu futuro marido.

Eu não seria a Olivia que sou hoje. No final das contas, Noah estava

muito errado em uma coisa. Ele é, sempre foi e sempre será para mim.

Só para mim.

FIM
Natália Dias é uma brasiliense de 28 anos que sempre foi apaixonada

por livros desde os 5 anos de idade. É formada em Letras – Português do

Brasil como Segunda Língua pela Universidade de Brasília, escritora,

revisora e amante de romances.


Ela descobriu na escrita uma forma, ainda que pequena, de aquecer o

coração dos leitores e de buscar a representatividade e a leveza que tanto

ama na leitura. Nas poucas horas vagas que tem, se diverte ouvindo música,

vendo série e pensando em enredos para os próximos livros.

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LIVRO 1 DA TRILOGIA IRMÃOS FONTANA


ROMANCE TABU + SEGUNDAS CHANCES + MÃE SOLO +

MOCINHO CADELINHA

Ele vai se apaixonar pela namorada do seu irmão.

Davi Fontana é o filho do meio de uma das famílias mais ricas do

Brasil.

Bilionário, gênio da tecnologia, engraçado e com um jeito

meio cafajeste, ele nunca teve problema em conseguir mulher nenhuma.


Todas elas se jogam aos seus pés, seja pelo rosto bonito ou pelo que tem na

sua carteira.

Apesar de não ser contra o amor, ele nunca pensou que de fato fosse

encontrar alguém por quem se interessasse mais do que uma noite, e que o

quisesse pelo que ele é. Mas essa pessoa aparece.

Agatha Mattos é linda, inteligente e determinada. Mas

é proibida demais para ele, afinal, é a namorada do seu irmão. A primeira

mulher que o mais velho apresentou à família, a primeira que o fez misturar

trabalho com vida pessoal.

Davi não pode tê-la, mas ele a quer mais do que consegue descrever.

Ele não pode se aproximar demais, mas não consegue evitar tentar

desvendar os mistérios que parecem rodear a nova cunhada.


Entre tensões, segredos e complicações, eles vão precisar decidir

se segundas chances existem e se vale a pena arriscar tudo pelo que sentem

um pelo outro.
VOCÊ ME ENGANOU PRIMEIRO

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LIVRO 2 DA TRILOGIA IRMÃOS FONTANA

AGE GAP + GRAVIDEZ INESPERADA + CHEFE E

FUNCIONÁRIA + GRUMPY vs SUNSHINE

Ele vai se apaixonar pela sua funcionária doze anos mais nova.

Levi Fontana é um CEO frio, sério e viciado em trabalho.

Filho mais velho de uma das famílias mais ricas do Brasil, ele está
acostumado a ter o que quer nas mãos e a sempre ouvir sim de todo mundo
que o rodeia. Com apenas trinta e dois anos, Levi comanda uma rede

hoteleira a punhos de ferro e de forma intimidadora. Além da família, tudo

o que importa para ele é a sua boa imagem de homem de negócios.

Ele consegue controlar tudo, menos ela.

Maitê Lima é doze anos mais nova do que o CEO e consegue ter

todas as características que o irrita. Impulsiva, desbocada e de pavio curto,

ela o confronta e não abaixa a cabeça para o seu jeito imponente e mandão,

mesmo que ele seja não apenas o seu chefe, como também o dono do hotel
em que a garota trabalha como camareira.

Ele é averso a relacionamentos e a tudo o que tira o foco da sua

carreira. Ela é uma romântica incurável que sonha com um homem perfeito.

Eles são completamente opostos, mas a ruiva consegue quebrar toda a

resistência que ele montou ao redor de si. Em meio à relação cheia de


farpas, uma gravidez inesperada surge, causando o caos na mídia e

a mudança na vida deles para sempre.


VOCÊ ME ODIOU PRIMEIRO

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LIVRO 3 DA TRILOGIA IRMÃOS FONTANA

ROMANCE TABU + ENEMIES TO LOVERS + NEW ADULT +

GRUMPY vs SUNSHINE + BAD BOY TATUADO E PATRICINHA

MIMADA

Ela vai se apaixonar pelo seu irmão postiço.

Jade Fontana é a caçula de uma das famílias mais ricas do

Brasil. Mimada, tratada como uma princesa pelo pai e pelos irmãos, ela
sempre teve tudo o que quis nas mãos. Todas as pessoas parecem orbitar ao

seu redor e fazer as suas vontades, menos Thales Serra.


O bad boy marrento, calado e bruto chega à vida de Jade de forma

inesperada quando seu pai decide se relacionar de novo e traz como bônus à

vida dela um irmão postiço.

A princípio, ela tenta se aproximar, mas Thales não dá brechas para


que ninguém chegue perto demais dele. Quando todas as tentativas

frustradas se transformam em ódio, eles não perdem a oportunidade

de infernizarem um ao outro sempre que podem.

Mas a linha entre o amor e o ódio é tênue, e eles vão precisar lidar
com o misto de sentimentos e com todas as consequências do romance

tabu se quiserem levar a relação completamente proibida adiante.


SEGREDO LASCIVO

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Ele é 22 anos mais velho do que eu, pai do meu ex-namorado e da


minha melhor amiga.

Além disso, ainda é amigo do meu pai e reitor da universidade

que eu estudo.

O que eu sinto por ele tem tudo para dar errado.

Aos vinte e um anos, Gabrielle Walton tem uma vida tranquila que

começa a achar entediante. Com uma família perfeita e um namorado


apropriado, sempre fez o que pôde para calar os desejos imorais que sempre
a atraíram. O que a garota não esperava é que fosse logo nos braços do

homem mais proibido que teria a oportunidade de explorá-los.

Robert Sawyer é um homem sério e respeitado. Depois de passar a

vida inteira tomando decisões responsáveis, não estava preparado para


perder o foco ao cruzar seu caminho com o de Gabrielle. Por mais que tente

negar, não consegue evitar a atração que sente pela mulher extrovertida,

cheia de vida e inquieta que sempre parece olhar para ele como se quisesse

muito mais.

Decididos a ignorar as consequências dessa relação proibida, os dois

mergulham em um segredo lascivo e cheio de tabus que vai ser capaz de

mudar tudo.
SEGREDO INOCENTE

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Ele é meu melhor amigo, o quarterback popular e o homem mais

desejado de toda a universidade.

Além disso, somos muito diferentes, porque eu sou apenas uma

nerd virgem com problemas de interação.

O que eu sinto por ele tem tudo para nunca sair do mundo da

minha imaginação.
Aos vinte e um anos, Gia Walton foge de qualquer interação humana.

Dona de uma personalidade peculiar e única, ela nunca foi muito boa em

fazer amigos. O que a garota não esperava é que, ao começar os estudos,

fosse fazer amizade justamente com o cara mais popular de toda a

universidade, o quarterback do time de futebol americano.

Mark Jackson é um homem engraçado e desejado. Depois de passar a

vida inteira sofrendo dentro da própria casa, não estava preparado para

encontrar paz na garota ranzinza e nerd que não tem quase nada em comum

com ele.

Por mais que a garota tente negar para todos e para si mesma, não

consegue evitar se sentir cada vez mais atraída pela única pessoa que

deixou se aproximar.

Decidida a seguir ignorando seus próprios sentimentos, ela não

esperava que o seu segredo inocente fosse virar algo mais e que, ao lado do

melhor amigo, fosse viver todas as suas primeiras vezes.


RENDIÇÃO DO COWBOY

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Dylan Walton é um cowboy viúvo, bruto e sério. Após a morte da sua

esposa, ficou com a responsabilidade de cuidar sozinho das gêmeas recém-

nascidas. Pai amoroso e dedicado, não hesitou em renunciar a qualquer

coisa que pudesse tirar o foco do cuidado com suas filhas. Até Jolie Jones
aparecer.

Veterinária impulsiva, maluca por mudanças de vida e completamente

safada, ela está em busca da sua próxima aventura. O que ela não esperava
era encontrar muito mais do que isso nos braços do cowboy.
Dylan não está disposto a se envolver com ninguém, mas fica cada

vez mais difícil resistir a ela. Suas filhas, por outro lado, têm opiniões

completamente diferentes sobre a adição de uma nova pessoa à vida deles.


RENDIÇÃO DA PROFESSORA

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A PROFESSORA UNIVERSITÁRIA NÃO ESPERAVA


ENGRAVIDAR DO ALUNO BAD BOY. UM ROMANCE PROIBIDO

NA UNIVERSIDADE.

Aos trinta anos, Natalie Walton é uma renomada professora

universitária de literatura que, nos dias de folga, deixa de lado a seriedade


que sua profissão exige para se divertir com os amigos e casos de uma

noite. Manter sua vida pessoal afastada das salas de aula nunca foi um

problema, até Drake Harris aparecer.


Cinco anos mais novo, tatuado e arredio, Drake aceita a fama de bad

boy que mantém as pessoas afastadas dos segredos e da história complicada

que carrega. Focado em lidar com seu inferno particular, ele não tem

qualquer interesse em abaixar a guarda para alguém. Mas alguma coisa na

sua professora faz com que seja impossível controlar o impulso de conhecer
a mulher por baixo da máscara de seriedade que mostra a ele.

O homem de postura séria e misteriosa atraiu seu olhar desde o

primeiro dia, e Natalie sabe que ceder às investidas de um aluno é uma

péssima ideia. Mas quando o desejo vence a razão, consequências


inesperadas transformam um romance proibido e tabu na possibilidade de

rendição e amor.
AMOR PROIBIDO

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FRIENDS TO LOVERS + ROMANCE UNIVERSITÁRIO +

SOB O MESMO TETO + DIVIDINDO A MESMA CAMA

Prestes a se formar, Fernando Alcântara tem a vida encaminhada.

Cafajeste e desapegado, não tem um histórico de relacionamentos


duradouros e sabe que a única mulher a ocupar sua vida de verdade é sua

melhor amiga, por quem está disposto a fazer tudo. Então, quando Nicole

tem problemas com a sua família e precisa de um lugar para ficar, ele não
hesita antes de convidá-la a morar com ele.
Nicole Almeida nunca teve sorte com relacionamentos. Aos vinte e

três anos, já coleciona corações partidos demais e sabe que o único homem

que jamais vai magoá-la é Fernando. Sabe também que a relação dos dois

nunca vai ser mais do que isso. Até que precisam dividir o mesmo teto e a

mesma cama.

Eles são amigos desde a infância e prometeram nunca deixar nada

estragar a relação dos dois e nunca se envolver. Agora, pela primeira vez,

essa promessa é posta à prova.

Dois melhores amigos dividindo a mesma cama, uma promessa e um

amor proibido.
ATRAÇÃO PROIBIDA

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CÃO E GATO + GRAVIDEZ INESPERADA + BEBÊ FOFO

Laura Sanches odeia seu primo.

O DJ safado, cafajeste e arrogante sempre fez da sua vida um inferno,


e ela faz questão de manter distância dele sempre que pode.

Acontece que Murilo Maia não a odeia de volta. Implicâncias e

xingamentos à parte, o homem precisa esconder muito bem os sentimentos


conturbados que sente pela prima de consideração desde sempre,

principalmente porque eles cresceram juntos.

Mas uma noite muda tudo.

Quando a atração proibida se torna forte demais, nenhum dos dois

resiste às tentações e eles acabam se entregando ao desejo. O resultado

disso é uma gravidez inesperada. E indesejada, porque eles não queriam ser

pais. Com tudo mudado entre eles, vão precisar decidir o que será da

relação que tem tudo para dar errado.


FASCÍNIO PROIBIDO

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PROFESSOR E ALUNA + AGE GAP + VIRGEM E

EXPERIENTE

Clarice Alcântara é uma garota doce, tímida e virgem. Aos dezenove


anos, sente que sua vida está incompleta porque é a única da família que

ainda não cursa uma faculdade e que não tem sonhos ambiciosos para o

futuro. A única coisa certa é seu namorado. Ela sabe que a relação dos dois

não é saudável e que sofre mais do que é feliz, mas não consegue fugir dele.
Até conhecer um homem misterioso em uma viagem dos sonhos.

Quase vinte anos mais velho do que ela, Victor Castro é gentil,

protetor e possessivo. Apesar de não querer um relacionamento, se vê

fascinado pela garota da voz de anjo.

Não estava nos planos dela se envolver com Victor, nem perder a sua

virgindade com ele. Muito menos descobrir que o homem gentil com quem

teve a sua primeira vez vai se tornar o seu professor.


BAILE DE FORMATURA

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Três casais diferentes com histórias entrelaçadas.

Um baile de formatura surpreendente.

Uma semana inesquecível.

Términos doloridos, amores proibidos e relações conturbadas não

fazem parte do espírito festivo de uma formatura, mas nenhum deles

consegue deixar os problemas de lado ao viajarem para a tão esperada


semana do baile de formatura.
O que você faria se fosse obrigada a passar a semana com seu ex-

namorado? E se começasse a se sentir atraída pelo cara que sempre odiou,

que é extremamente proibido? E se ainda visse num homem mais velho e

misterioso a chance de ter a sua primeira vez decente?

Nada sairá como o planejado para nenhum dos seis e eles terão que

tomar uma decisão: consertar os erros do passado e seguir em frente ou

manter a zona de conforto e ignorar os sentimentos.


BOX: DUOLOGIA VOCÊ ME AMA

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LIVRO 1 — VOCÊ ME PERDOA?

Isadora Sanches retorna ao Brasil após a revelação de algo que

mudará sua vida completamente. Orgulhosa e teimosa a ponto de guardar


rancor por anos, ela passará por diversas situações que irão fazê-la

questionar esse sentimento.

Por toda a vida ela manteve uma relação conturbada com sua mãe, e

por isso, teve uma adolescência cheia de discussões e rebeldia. Agora

adulta, Isadora carrega problemas de confiança e insegurança. Ela não


consegue falar sobre seus turbilhões de sentimentos e nem sobre o seu

passado.

Na volta para casa, a jovem conhece Pedro Alcântara, um rapaz

romântico e intenso com uma personalidade provocante e ao mesmo tempo


encantadora. Ele a ajudará a questionar todas suas atitudes.

Será que um amor a fará mudar e finalmente aprender a perdoar? Até

onde irá o seu orgulho?

LIVRO 2 — VOCÊ ME ACEITA?

Após voltar para Nova Iorque, Isadora Sanches retorna a sua rotina
sem nenhuma grande emoção, ou pelo menos tenta, já que o seu coração

não consegue esquecer o amor pelo homem que mudou completamente a

sua vida, e que ela deixou para trás.

Quando um evento imperdível a faz retornar para Brasília após meses

trabalhando sem parar, ela não consegue evitar pensar se irá esbarrar com

Pedro Alcântara novamente. Isadora terá que lidar com a sua escolha de ir

embora e com o sentimento de angústia que se forma ao perceber que muita

coisa mudou desde a última vez que se viram, menos o sentimento por ele.

Será que ele irá aceitá-la novamente? Até onde ela lutará para

reconquistar o seu amor?


DIGA QUE ME QUER

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Gabriel Sanches é o típico homem pegador. Pelo menos é o que tenta

mostrar. Com seu charme, piadas sacanas e bom humor, nunca teve
dificuldade nenhuma em ter várias mulheres aos seus pés e muito menos se

importou em ser esse tipo de cara. Até conhecer a garota que destrói toda a

fama que construiu.

Gabe se vê em uma situação difícil ao se apaixonar pela irmã virgem

de apenas dezoito anos do melhor do amigo. A doce, animada e decidida

Jennifer Alcântara, o tipo oposto de mulher que Gabriel está acostumado a


lidar, faz com que ele questione sentimentos, desejos e sonhos que nunca

achou que teria. A moça também terá sua vida completamente mudada ao

se envolver com o tipo de homem que sempre fugiu.

Pode o amor superar as barreiras da diferença de idade e de todas as


complicações e surpresas que a vida proporciona?
ATÉ QUE O ÓDIO NOS SEPARE

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ENEMIES TO LOVERS + AGE GAP + FAKE DATING

Mãe solo aos vinte e cinco anos, Ivy Foster se cobra muito quando o

assunto é a criação do seu filho. Dona de um mau humor crônico e aversa a

demonstrações de carinho, a enfermeira quer distância de qualquer pessoa


que tente invadir seu espaço pessoal. Principalmente de Andrew Russell,

seu novo vizinho e chefe, que parece ter prazer em irritá-la todos os dias.
Com trinta e sete anos e recém-chegado na cidade, Andrew é seu

completo oposto. Bem-humorado, safado e provocador, o médico pai solo

leva a vida sem muitas preocupações, a não ser quando se trata da sua filha,

rebelde desde a separação dos pais.

É por ela que propõe um acordo à mulher que mal tolera e que ama

tirar do sério: um relacionamento de mentira, na tentativa de trazer uma

figura feminina para a vida da filha. Atormentada pela mãe para que arrume

alguém de novo e disposta a tudo para tirá-la do seu pé, Ivy aceita. Ela só

não sabe quanto tempo vai conseguir continuar com a farsa antes que o ódio
vença, ou se transforme em algo muito mais perigoso.
VIÚVO RECLUSO

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AGE GAP + CEO VIÚVO + CRIANÇA FOFA + SLOW BURN +


GRUMPY E SUNSHINE

Mason Murray é um CEO viúvo, bruto e sério. Depois de perder a

pessoa que mais amava de forma trágica, o homem se isolou do mundo.

Amargurado e rude, o milionário não sai da sua mansão há mais de dez


anos. Não só isso, o homem também não tem qualquer envolvimento com

ninguém desde então.

Isso não impede que fique intrigado quando a sua nova cozinheira

aparece.
Treze anos mais nova do que Mason, Claire Roberts é o completo

oposto do viúvo recluso. A mulher já passou pelo sofrimento também, mas

lida com isso de forma oposta a ele.

Mãe solo e disposta a tudo para dar uma boa vida para a filha, Claire
não sabia o quanto a sua vida mudaria ao aceitar o emprego e se mudar para

a mansão. A mulher se vê enfeitiçada pelo homem tão solitário e cheio de

mistérios que habita ali.

Ele não a quer por perto, mas ela não consegue se manter distante.

Ele tem um passado conturbado e sombrio, e deixar a cozinheira

enxerida e tagarela e sua filha entrarem na sua vida não faz parte dos seus

planos.
ODIANDO VOCÊ

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Eles se odeiam, mas vão precisar trabalhar juntos.

Aos vinte anos, Luna Bittencourt domina não só as capas de revistas,

mas também as páginas de fofoca. Seja por aparições em eventos ou

campanhas publicitárias de sucesso, a modelo e digital influencer sempre

tem seu rosto estampado e cada um dos seus passos documentados nas
redes sociais. Isso inclui atualizações em tempo real da sua relação

conturbada com Renato Ribeiro, seu colega de profissão e maior rival.


Cinco anos mais velho e vindo de um passado muito diferente do

dela, Renato só quer distância da mulher que o prejudicou, mas não

consegue evitar de atormentá-la a cada oportunidade que tem.

Quando os rumores que cercam a rivalidade dos dois atrai um


contrato milionário, eles precisam deixar o ódio de lado para trabalharem

juntos. Forçados a conviverem, a proximidade fingida para a mídia abre

espaço para questões mal resolvidas e passados desconhecidos, e o fogo que

alimenta o ódio dos dois não demora a se converter em algo muito diferente

— e muito mais intenso.


RECONQUISTANDO VOCÊ

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Ela o odeia, mas ele está disposto a reconquistar seu antigo amor.

Mateo Bittencourt é um cafajeste assumido. Aos vinte e um anos,


o personal trainer não esconde seu lado pegador e desapegado de ninguém.

Com a vida cheia de mulheres, festas e viagens da faculdade, tudo estava

perfeito até Milena Machado reaparecer.

A antiga namorada de escola, antes meiga, virgem e doce, parece ter

dado lugar a uma mulher cheia de personalidade e rancor pelo término

abrupto e inesperado que tiveram no passado, e Mateo não estava preparado

para se apaixonar por ela mais uma vez.


A estudante de psicologia não é nada meiga, mas se mantém virgem.

Com o coração fechado e focada na carreira que pretende construir, sabe

que precisa fugir do ex-namorado para impedir que o amor tão forte e

intenso que viveram ressurja.


SEDUZINDOVOCÊ

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Uma baixista voyeur, um vocalista pai solo e um bebê no meio da

música.

Aos vinte anos, Aurora continua sendo a princesinha da família

Bittencourt. Dona de uma personalidade forte e divertida, a baixista é


focada nas suas duas únicas paixões: a música e explorar seu fetiche de

ser voyeur na boate da família. Até que conhece Luiz Gustavo Fernandes.

Pai solo aos vinte e quatro anos, Luiz Gustavo largou tudo para se
dedicar ao bebê que surgiu na sua vida de forma inesperada, inclusive sua
carreira de sucesso como músico.

Mas quando uma herdeira maluca e de língua solta aparece na sua

vida, dividindo seu amor pela música, ele precisa decidir entre a

estabilidade de um emprego que odeia ou o retorno aos palcos ao lado da


mulher que seduziu seu coração.
DE REPENTE DOIS

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Marco Bittencourt tinha tudo o que queria: uma vida rodeada de luxo,
mulheres à sua disposição e liberdade. Porém, tudo isso muda

completamente quando Guilhermina Medeiros resolve reaparecer na sua

vida.

Antes intensa, carismática e alegre, Guilhermina se tornou uma

mulher insegura, triste e marcada pelo sofrimento. Ela era um antigo amor

que Marco, ingenuamente, achava que já tinha superado. E a mulher não


reaparece sozinha, surge com dois bebês, que ela jura pela sua vida que são

filhos dele.

O homem, que antes não tinha preocupação nenhuma além do seu

trabalho como psicólogo e da administração da academia, vê-se responsável


por dois bebês e por uma mulher, que incrivelmente ainda mexe com seus

sentimentos e desejos.

Marco terá que descobrir se conseguirá lidar com a árdua tarefa de

ser pai de dois e ainda decidir se está disposto a deixar Guilhermina e todos
os seus segredos entrarem novamente na sua vida.
DE REPENTE, RENDIDO

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Marcelo Bittencourt, o frio e calculista advogado, era apaixonado


pela cunhada há muitos anos, mas escondeu o sentimento durante muito

tempo por medo de perder o irmão, uma das poucas pessoas que amava na

vida.

O homem nunca se permitiu amar ninguém, pois o sentimento nunca

pareceu acessível a ele devido à sua paixão proibida. Isso até conhecer

Pâmela Cruz, uma mulher insana, espontânea e provocante, que apareceu


em sua vida da maneira mais inusitada e começou a quebrar toda a
resistência que ele montou. Sexy, misteriosa e apaixonante, a morena

colocou à prova todos os sentimentos e receios do advogado ao mostrar que

não era como as outras centenas de mulheres que passaram pela cama de

Marcelo.

Pâmela acreditava que conseguiria fisgar o coração do frio e

promíscuo advogado, até ter o seu despedaçado por ele da pior forma

possível. Ela não planejou engravidar, e não imaginou que ele a

abandonaria quando mais precisava dele.

Será que o sentimento que tinha pelo homem seria o suficiente para

que o perdoasse?
PRÍNCIPE DA MENTIRA

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Stephen Thompson está acostumado a uma vida sem grandes

emoções. Filho do meio da família real de Delway, não precisa se preparar


para assumir o trono como seu irmão mais velho e nem se preocupar em

comandar o exército como o caçula. Aos trinta anos, ocupa seus dias com

trabalhos em instituições de caridade. Então, quando seus pais o avisam que

precisa honrar um acordo e se casar com a herdeira de um país aliado, ele


não acha que tem nada a perder.

Louise Alton se sente uma farsa. Criada para ser doce e casta,

entregue para ser a mãe dos herdeiros de um completo desconhecido, ela


sabe que precisa manter seu novo marido longe dos seus segredos e do seu

coração machucado. Mas a princesa não demora a descobrir que não é a

única a ter um passado que pode dar um rumo diferente ao seu casamento.

Stephen não imaginou que teria seu primeiro herdeiro dessa forma e
não esperava se ver preso em uma rede de mentiras que colocam o país em

risco. Agora, precisa se tornar o príncipe da mentira para proteger a sua

família.
PRÍNCIPE DO GELO

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Richard Thompson teve seu destino traçado. Aos trinta e cinco anos,

o primogênito da família real sabe que o trono o espera, assim como um


casamento político como mandam as tradições. Político e responsável,

sempre coloca suas obrigações acima de qualquer outra coisa. Até que uma

noite muda tudo.

Heather Stafford sonha em desbravar o mundo em cima de um rinque

de patinação no gelo. A patinadora é apaixonada pelo que faz, mesmo que

suas apresentações não sejam o suficiente para garantir uma vida de luxo.
Quando tem a oportunidade de se apresentar para a família real, sabe que

sua vida inteira pode mudar, mas não imaginava que seria porque despertou

a atenção do futuro rei.

É um amor proibido e que não pode ter futuro, mas não há ninguém
melhor do que uma patinadora para derreter o coração do príncipe do gelo.

E quando suas obrigações são colocadas em xeque, o futuro rei precisa

escolher entre a mulher que ama, uma plebeia doce, virgem e meiga, e o

país que tem obrigação de servir.


O VIÚVO DA PORTA AO LADO

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Quando Emily Brendon começou a escrever, não pensou que o


sucesso faria parte da sua vida. Agora é internacionalmente conhecida por

seus livros eróticos e se viu passar de completa desconhecida para uma


inspiração para as mulheres ao receber o convite para que o seu maior best-

seller virasse filme.

Tudo estava perfeito, até seu destino cruzar com Jason Connor, seu

vizinho barulhento. Pai viúvo, misterioso e às vezes rude, o ator com

personalidade completamente oposta à do mocinho do seu livro foi o

escolhido para o interpretar.

Eles não podem deixar que o ódio à primeira vista atrapalhe o filme,

mas se torna cada vez mais difícil separar as coisas quando as farpas
trocadas não escondem mais o desejo que sentem um pelo outro.

Mas Jason tem um passado conturbado e sombrio, e deixar a escritora

enxerida entrar na sua vida e na de sua filha não faz parte dos seus planos.
O CEO DA CASA DO LADO

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Mila Connor sempre teve tudo que quis. Filha de estrelas

internacionais, aos vinte anos, não tem qualquer plano para a vida.

Até esbarrar no seu vizinho. Anthony Davis é engraçado, sedutor e

sexy. Desperta nela o desejo por ser mais do que apenas a garotinha do
papai.

O que ela não esperava era que sua nova ambição a levaria

diretamente para os braços de um CEO frio e rude, muito diferente do


homem que conheceu.
Anthony não tem tempo para romances. No trabalho, é um homem

rígido e controlador.

Ele não tem qualquer intenção de permitir que essa menina mimada

encontre o caminho para o seu coração. Não quando ela é quinze anos mais
nova, não agora que trabalha para ele. Mas não consegue fazer muita coisa

para se impedir de ser mais leve quando está com ela.

Você se apaixonou por Mila em “O viúvo da porta ao lado”. Agora

ela cresceu e está pronta para viver sua própria história de amor digna de
filmes em “O CEO da casa ao lado”.
TUDO PELA FAMA

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Miguel Macedo é um cantor sertanejo cafajeste, arrogante e

descarado. Ou pelo menos essa é a imagem que a mídia mostra do homem


sempre envolvido em polêmicas. Quando uma delas faz seu caminho cruzar

com Lara, Miguel vê nisso uma oportunidade para alavancar a carreira dos

dois.

Lara Vasconcelos é seu completo oposto. Centrada e competente, a

cantora pop tem orgulho de ser reconhecida por seu trabalho, e não por uma

vida cheia de escândalos. Mas quando uma fake news a coloca como
amante do sertanejo irresponsável, ela se vê forçada a lidar com tudo que

sempre odiou.

Ela não o suporta, e ele a acha irritantemente atraente. Entre fofocas,

mentiras e um fogo inegável, os dois vão precisar descobrir o que existe de


verdadeiro em um relacionamento de mentira que nasceu apenas para

enganar a mídia, mas se tornou muito mais.


NÃO SE ENVOLVA

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Tudo o que Paulo e Larissa querem é terminar a faculdade. E nenhum


dos dois tem problema algum em aproveitar bem suas noites de festa e

pegação enquanto isso. Só há uma regra: nada, nunca, pode acontecer entre

os dois.

Isso porque a garota não está disposta a entrar na sua longa lista de

conquistas, mas se vê ajudando o solteirão mais cobiçado da faculdade em

suas farras, em uma amizade inesperada que a faz descobrir que há muito

mais do que imaginava por trás daquele sorriso sacana. E ele, que nunca foi
muito bom em se privar dos seus desejos por mulher nenhuma, mal se

importou em abrir uma exceção para ela e deixar de lado a atração inicial

que sentiu em nome dessa parceria inédita em sua vida.

Em meio a longas noites e dias atribulados, o afeto que nasce dessa


relação será o suficiente para fazê-los manter as mãos longe um do outro?

[1]
Low profile é uma expressão em inglês que significa “perfil baixo” ou “discrição”. O termo é
comumente usado para descrever uma pessoa que prefere manter um estilo de vida discreto e não
chamar atenção para si mesma.
[2]
Krav Magá é um sistema de combate corpo a corpo, desenvolvido em Israel, que envolve técnicas
de luta, torções, defesa contra armas como armas de fogo, bastões, facas e golpes como socos, chutes,
cotoveladas e joelhadas.
[3]
Personagens dos livros O viúvo da porta ao lado e de O CEO da casa do lado, da autora Natália
Dias.
[4]
As estrelas Michelin são atribuídas por inspetores do guia, que visitam os restaurantes
anonimamente para garantir que sua experiência seja semelhante à de um cliente comum. As estrelas
representam diferentes níveis de excelência culinária e prestígio: Uma estrela indica que o restaurante
é requintado e vale a visita

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