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Copyright © 2024. 一 Diana Novak 一 Todos os direitos reservados.

Esta é uma obra de ficção. Semelhanças como nomes, datas ou acontecimentos reais é mera
coincidência. É proibido armazenamento e/ou reprodução total, ou parcial desta obra através de
quaisquer meios existentes 一 tangíveis, ou intangíveis 一 sem a prévia autorização da autora. A
violação autoral é crime, direitos autorais assegurados, com base na Lei 9.610/98 e punido pelo
artigo 184 do código penal.
PLÁGIO É CRIME!
Proibida a cópia total! Cópia parcial somente para resenhas. Todos os direitos reservados.
PIRATARIA (PDF) É CRIME!
ESSE LIVRO SÓ ESTÁ DISPONÍVEL COMPLETO NA AMAZON E KINDLE
UNLIMITED
Capa: Ellen Ferreira
Revisão: Zilanda Cardoso
Ilustração: Carlos Miguel Artes
Diagramação: Diana Novak
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA
EPÍGRAFE
AVISO
SINOPSE
NOTA DA AUTORA
PLAYLIST
GATILHOS
SÉRIE SETE DESEJOS
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
EPÍLOGO
AGRADECIMENTOS
DEDICATÓRIA
Para todas as garotas que já se perderam em algum momento da vida, mas encontraram forças
para se amarem novamente!
EPÍGRAFE
Que você encontre um amor intenso, feito fogo que consome em segundos uma página de papel,
e que seja rude, ácido, vibrante até os poros, que mate por você (metaforicamente falando), que
respire por você, mas que ainda assim, te dê liberdade para ser quem você é.
AVISO
Eu sei, lá vem o blá, blá, blá, mas é necessário. Apenas Leia!
É IMPORTANTE, dito isso primeiramente falaremos de algo necessário.
Há quase um mês vivi uma situação péssima, que não desejo a nenhum autor. Meu livro “Meu
Padrasto Ordinário” foi retirado da Amazon pelos PDF’s espalhados por aí e suspenderam a
minha conta de publicação. LER PDF SÓ PREJUDICA, DESMOTIVA O AUTOR,
IMPEDE QUE ELE RECEBA PELO TRABALHO PRODUZIDO QUE DURAM
MUITAS VEZES MESES, OU VOCÊS ACHAM QUE PAGUEI TUDO COM O AMOR
PELA ESCRITA? Eu chorei, quis desistir, foram tantas noites dedicadas a escrever o livro,
contratando profissionais incríveis para entregar a vocês um livro fantástico e deparar com o meu
trabalho retirado de publicação por algo que não fiz foi a pior sensação. Não aceite PDF, não
compactue com pessoas criminosas que não tem o mínimo de consideração com o trabalho não
só meu, mas de toda uma equipe super massa por trás. Porque se eu desistir, eles não terão
trabalhos, e não falo só de mim, mas de todos os autores. Não nos prejudique, o entretenimento
de vocês é ler, enquanto o meu trabalho é de produzir histórias, e mereço ser paga, igual você
que levanta todo dia para trabalhar. Novamente venho reafirmar, meu livro só está disponível
com a minha autorização aqui, na Amazon. Não tem dinheiro para comprar? Não tem assinatura
Kindle? Não leia! Nem tudo que eu quero posso ter, não cabe a mim prejudicar outra pessoa por
isso. Pronto, esse é o recado, sejam empáticos, o mundo já é podre demais.
SINOPSE
Amor e Ódio.
Será verdade que o amor e o ódio seguem lado a lado?
Ele não é misericordioso
Ela vive em um mundo cor-de-rosa
Ele a odeia
Ela o repudia
Ele namora sua melhor amiga
Ela será a ruína dele
Blake Barbieri Lodge é o maior negociante de armas da América. Ex-militar desertor
que se tornou o detentor de segredos sombrios capazes de controlar os poderosos e manter sua
imunidade.
Antonella Spinelli é a herdeira de um império hoteleiro que vive em um mundo oposto,
regado a luxo, moda e purpurinas.
Uma noite proibida de swing trouxe relações perigosas. Quatro amigos com motivos
diferentes, mas um mesmo objetivo: prazer. O que parecia ser a recuperação de uma relação e o
fortalecimento de outra transforma-se em uma rede de intrigas, onde não existe somente um
culpado e sim, quatro decisões mútuas com consequências irreparáveis.
NOTA DA AUTORA
Estamos novamente juntos para mais um livro, para uma nova história, uma nova
sensação. É, posso confirmar que Blake Lodge estremeceu minhas noites. Foram tantas dúvidas
ao longo do processo, medos, mas a convicção de que sim, eu devo continuar nesse caminho,
parece mais palpável. Não sou perfeita, minhas histórias provavelmente não serão e não
conseguirei agradar a todos, mas os poucos que se identificarem com as mensagens nas
entrelinhas e que compreenderem que sim há um propósito, um novo sonho, e a ficção para nos
levar para novas vidas, dedico a vocês. Ousadia, essa é a palavra. Este é um livro ambientado na
máfia, mas de início encontrarão como tudo aconteceu antes que a nossa protagonista Antonella
entrasse nesse mundo. Alguns podem achar exagerado ter tantos detalhes, mas prezo pelo
desenvolvimento, sim, a história dos personagens, como tudo começou. Não me baseei em
nenhuma descrição de Máfia, sempre que mergulho nesse universo gosto de fazer minha mente
criar por si mesma o melhor encaixe, título, posições, então, fiz minha própria estrutura, regras,
hierarquia e progressão da máfia. Não encontrará aqui um mafioso que machucará a mocinha,
embora ele seja um torturador, é um homem centrado, calculista, não dominado pelas emoções,
exceto quando houve o nome “Antonella”, esse o faz perder a cabeça *risos*.
Aqui seguem os avisos importantes: o livro possui “swing”, a abordagem do tema é
apenas fictícia, não tenho o interesse em dizer se a prática é correta ou não, se funciona ou não, a
introdução foi apenas para trazer drama, intensidade e não tem nenhum embasamento com
experiências reais. Caso não curta a temática, não recomendo a leitura. Aqui encontrarão também
cenas de tortura, se é sensível, mas deseja ler, sugiro pular. Relutei um pouco em reescrever essa
história. A série “sete desejos” será composta grande parte por livros que escrevi em 2021, uma
fase importante do meu início no mundo literário, que estavam guardados no meu drive, não
publicados. A família Lodge e Mandolini estão cravadas em meu coração. As ordens de
lançamento não serão precisas, mas aos poucos estarão completas. O Blake e a Antonella
trouxeram com eles o surgimento de mais três histórias que serão lançadas posteriormente. No
mais, nos encontraremos no final do livro.
Uma ótima leitura e abram a mente, aqui é ficção, não deixem de avaliar ao final, isso
significa muito para mim, mas claro, sempre com respeito, sou um ser humano.
Com amor, Diana Novak.
PLAYLIST
Que tal curtir a playlist de NOSSA CULPA? Ela foi criada com muito carinho e
totalmente baseada na vida e na personalidade dos personagens. As músicas proporcionarão uma
experiência intensa, permitindo entrar no clima do livro e se conectar ainda mais com a história.
Para ouvir, abra o aplicativo do Spotify e escaneie o código com a sua câmera ou clique
aqui para acessar e comece a desfrutar das músicas que inspiraram a nossa história.
GATILHOS
Este livro contém: dependência emocional, conteúdo sexual explícito, violência física e
verbal, tortura física e emocional, assassinato e morte.
SÉRIE SETE DESEJOS
A Série Sete Desejo remete aos 7 pecados capitais. Em sua essência encontrarão os
principais erros ou vícios cometidos pelos personagens que dão origem a diversas ações
pecaminosas e indecentes. A série contará histórias que poderão ser lidas separadamente, sem
uma ordem cronológica, e que poderão se conectar ou não.
Aviso: Esse é o livro 3, sendo um volume único.
PRÓLOGO

3 ANOS ANTES…
Cubro o rosto com a mão direita na tentativa de proteger os olhos do sol escaldante da
Califórnia. Pietra desce o olhar até os meus pés e sorri, os cabelos castanhos se projetam para
trás com o vento fresco, sua pele branca está rosada pelo calor, a regata azul suada, a calça jeans
com respingos de lama e as botas encardidas. As malditas galochas que deveriam ter sido a
minha escolha. Abaixo o rosto conferindo e encontro o calçado branco da Louis Vuitton com
uma coloração avermelhada.
一 Eu avisei! É sério Ella que quis vir de botas brancas no Motocross? 一 questiona
levando as mãos a cintura, balançando a cabeça em negativa.
Sim, afinal, jurei que não ficaríamos na terra.
Uma corrente de vento atravessa nossos corpos, o cheiro de combustível preso em minhas
narinas. O terreno curvo, os cascalhos espalhados nos arredores aproveitando as particularidades
naturais, as pistas longas e poças de lama em pontos distintos é um risco para que desastres
aconteçam. O lugar é propício para corridas e as roupas que uso não são adequadas, me dei conta
disso tarde demais.
Entreabro os lábios, mas antes que minhas cordas vocais emitam qualquer som um
barulho notável nos alcança. Giro o corpo avistando uma moto frear bruscamente em nossa
frente, meus batimentos aceleram, travo a postura piscando mais rápido, assustada.
Um jato de lama espesso recai na minha saia da Prada, salto para trás abrindo os braços.
Que tipo de pessoa é capaz de cometer um crime como esse? Um inconsequente.
一 Ah! Seu idiota! Olha o que você fez! Quase me atropelou. 一 Esbravejo elevando o
olhar para identificá-lo.
Vislumbro os ombros largos, os músculos bem delineados marcando consideravelmente a
jaqueta de couro azul e preta. Pelo porte sentado aparenta ser alto e devagar retira o capacete
revelando um rosto exímio. Pietra reage com um abrir de boca completamente enfeitiçada e
reviro os olhos. Abandono a fúria que sentia por alguns segundos estudando perplexa o quanto o
olhar atraente encarcera os sentidos, certo, a reação dela foi justificada.
As sobrancelhas levemente curvadas, nariz reto, mandíbula quadrada, lábios delineados,
carnudos, e adornado de um sorriso aliciante. Os olhos amendoados profundos em uma
coloração azul-turquesa, a pele clara, a barba cerrada e os cabelos em tom dourado caindo nas
laterais do rosto agitam o meu estômago. Nossos olhares se fixam e só recupero a consciência
quando sinto a lama escorrer da saia para a minha perna direita. Inclino o tronco para frente e
passo a mão no tecido tentando retirar o excesso.
一 Agora, sim, está parecendo uma garota do motocross e não uma patricinha
mimadinha.
O vento golpeando a minha face, trazendo um arrepio na pele, a efervescência subindo
em minha garganta. Inspiro profundamente, captando o ar, denso, repleto de minúsculas
partículas de poeira e engasgo.
一 Eu… cof…cof… 一 Pietra estapeia minhas costas enquanto admira o homem quase
querendo lamber os pés dele.
一 Antonella é uma garota da moda! 一 Responde por mim. 一 Muito prazer, eu sou a
Pietra e você? 一 Sorrindo estica a mão e recebe um aperto firme.
一 Eu sou o Blake Barbieri Lodge! Prazer… Bruce me falou da sua amiga aqui, vim me
apresentar! 一 A voz grossa, firme, estremece o meu corpo, mas estou furiosa.
Ignoro-o girando nos calcanhares, ganhando distância. O cenário é de um filme de terror,
sim, minhas roupas são a minha paixão. Não me interesso em saber qualquer coisa sobre ele, só
compreendo a raiva que me corrói.
一 Não quero te conhecer. Na próxima vez aprenda a dirigir uma moto, essas manchas
jamais sairão da minha roupa. 一 Continuo a passos firmes sem olhá-lo.
一 E você, vê se aprende a se vestir direito, fresca. 一 Pietra permanece ao lado dele
enquanto procuro com o olhar o meu namorado, o Peter.
Estamos em um relacionamento há cinco anos, o namoro teve início após uma festa na
faculdade. Estudei moda, um sonho de infância e ele administração. Há seis meses entrei para o
mundo dos negócios e abri a minha loja de roupas.
Avisto-o alguns metros à frente com dois milk-shakes nas mãos.
一 O que aconteceu? Escorregou? 一 questiona friamente correndo a visão no meu corpo.
一 Pelo amor de Deus Antonella, como andarei com você toda suja do meu lado?
一 Um idiota me sujou, com a moto, não tenho culpa. 一 justifico entristecida, afinal,
Peter sempre me culpa até mesmo das coisas que não tenho controle.
一 Deveria ter desviado, tem quantos anos? 一 Abaixo a cabeça, não quero brigar, não
aqui. 一 Desculpe meu amor, apenas estou cansado porque tenho uma sessão de fotos amanhã
bem cedo.
Os olhos verdes intensos me encaram continuamente, a barba está bem feita, os braços se
projetam para me abraçar e eu deixo. Ele usa uma regata, evidenciando o corpo terrivelmente
malhado. Além de administrador, também trabalha como modelo, é requisitado e possui contrato
com marcas renomadas.
A ideia de estar aqui no evento de motocross foi do Bruce, um amigo de infância. Olho
ao redor, as infinitas camadas de terra que formam montanhas, o sol quente tintilando o chão
íngreme, puro fogo, ventania, cheiro de pneu queimado e mesmo contrariada, estou feliz por vir.
Bruce é como um irmão e torcerei pela sua vitória.
一 Vamos! Começará a corrida e o Bruce precisa de mim, pelo meu amigo enfrento tudo!

一 Depois me mostra quem foi o cara que jogou lama em você!

UMA SEMANA DEPOIS


Peter transita o olhar em cada ponto do meu rosto, sua mão está cravada por baixo do
meu queixo segurando firme com desaprovação.
Talvez pela maquiagem? Não tenho certeza. Odeio esses toques ásperos e por vezes
exagerados. Ele bufa irritado, alcança um guardanapo de papel e o esfrega em meus lábios
retirando grosseiramente o batom vermelho.
O desconforto de me sentir punida martela em minha mente. A música ressoa do andar de
baixo, as risadas são audíveis, o vento fresco da janela transpassa em meus cabelos soltos. Hoje é
um dia especial para a mamãe e o papai, por fim, firmaram sociedade com o maior construtor da
cidade, o que valorizará consideravelmente as nossas redes de hotéis.
Minha mãe Rute, uma arquiteta renomada, e meu pai Antony, um administrador,
batalharam e conseguiram juntos o sucesso e se tornaram os profissionais mais bem pagos do
mercado americano.
一 Meu amor você não combina de batom vermelho, olha para você… parece uma
princesa, precisa usar roupas e cores delicadas. 一 Irritada sigo até a penteadeira escolhendo um
tom nude.
一 Não sou uma boneca Peter, sou uma mulher e não é porque vistos roupas de marca
que preciso parecer um produto caríssimo, você fala como se eu não tivesse escolha, quer sempre
que eu esteja parecendo uma Barbie. 一 Peter avança contra o meu corpo, furioso, agarrando os
meus braços.
O aperto que defere contra minha pele é excessivo e por vezes o jeito autoritário e
possessivo me assusta.
一 Para de retrucar, eu amo você. Sou o único namorado que já teve e terá na vida,
apenas estou cuidando de você, meu amor. 一 Os lábios tocam os meus suavemente, eu não
queria, no entanto, deixo que me beije.
Quando afasta o rosto, confere o batom que seguro e segue em direção à porta.
一 Não demore. A festa já começou e seus pais estão esperando. 一 Suspiro gesticulando
com a mão que saia.
Ele desaparece em silêncio nos corredores, a minha visão fica turva, uma lágrima escorre
no canto direito do meu rosto e deslizo a ponta do polegar, enxugando-a. Abro o pequeno frasco
de vidro transparente, deslizo as cerdas macias do pincel nos lábios, expulsando as emoções. É
só eu, o meu reflexo e o cheiro doce do perfume. Inspiro profundamente soltando o ar pela boca.
Amo festas, mas estou triste. Ter um namorado deveria suprir a sensação de solidão, mas no fim,
sinto-a demasiadamente, exaurindo as forças.
Terminando, vou em direção à saída e encontro um homem parado, parece me admirar
pela fresta. Fico imóvel, abstrusa, mas os olhos azuis tornam-se conhecidos assim que o rosto
fica evidente, é o Blake, o homem que venceu o motocross. Com afobação avanço e abro a porta.
一 O que faz aqui na minha casa? Chamarei a segurança! 一 aviso nervosa por senti-lo
perto demais.
Ele está querendo roubar minha família? Por que o Bruce seria amigo de um cara
desse?
Blake veste um terno preto elegante, mas é notável e visível as tatuagens que ascendem
em seu pescoço. Desenhos de cores pretas com detalhes vibrantes e intensos esgueirando-se em
cada canto de seu corpo, nas mãos, na parte desnuda dos pulsos.
一 Acha que sou um bandido? 一 questiona tocando sutilmente em meus cabelos
enquanto o escuto inalar o meu perfume. 一 Você cheira a riqueza, frescura e luxúria, tudo que
menos gosto nessa vida. 一 Com um sorriso quebrado desliza a mecha castanha entre os dedos.
Um arrepio se alastra pela proximidade, o perfume dele se misturando ao meu, a névoa
de complexidade em seu olhar se fundindo em minha mente, roubando os sentidos. Desperto,
mordo o canto da bochecha. Com raiva estapeio sua mão afastando-a de mim.
一 Fique longe então! 一 Desvencilho de seu corpo, mas ele trava minha passagem.
一 Não deveria deixar aquele babaca falar com você daquele jeito. 一 Envergonho-me,
confusa, sem saber o que dizer. 一 Se quiser usar a porra do batom vermelho, deveria usar.
Ficaria feio, claro… 一 Provoca, elevando a sobrancelha com ironia e perco a paciência.
一 Idiota. 一 Esquivo pela lateral e sigo pelos corredores. 一 Saia da minha casa! 一
Completo, sentindo sua presença em cada passo que dou.
一 Infelizmente estou no lugar certo, sou filho do Ramon Lodge, o novo sócio dos seus
pais. 一 Paraliso e giro sobre os calcanhares apoiando a mão na cintura, fitando-o da cabeça aos
pés.
一 Era só o que me faltava, não perca o seu tempo falando comigo, não gosto de você.
一 Só porque sujei aquelas roupas ridículas? 一 sorri 一 Você pode não gostar, mas a sua
amiga gostou! Inclusive tenho trocado mensagens com ela. 一 Vangloria-se, arquejo, balançando
a cabeça em negação.
一 A Pi sempre teve um dedo podre mesmo! Farei uma oração para minha amiga
recuperar o juízo, é nítido que você significa problema! 一 Blake passa os dedos no canto dos
lábios sorrindo ironicamente. O poder evolando do olhar, a voz transmitindo autoconfiança e o
sorriso mortal, daquele demolidor de qualquer alma inocente.
一 Quem não gosta de um pouco de dor de cabeça, não é mesmo?
CAPÍTULO 1

PRESENTE…
A melhor parte em ter dinheiro é as oportunidades que surgem. Basta dizer o nome,
praguejar poucas verdades ou falsos sorrisos e tudo acontece. Minha vida é delineada por estudos
de etiqueta, alta costura e ramo administrativo, e eu gosto, mas algo dentro de mim quer outra
realidade, talvez, um pouco de medo nas veias, calafrios na espinha, a sensação de não saber o
que esperar. Um dia até pensei em ser uma desconhecida com uma loja de roupa simples de
peças usadas, mas a realidade é o oposto, digamos cor-de-rosa.
Encosto o corpo na poltrona macia do jatinho do meu pai. Os músculos costais pulsando,
o couro cabeludo sensível ao toque. Nos últimos vinte minutos fiquei repensando a vida, desde o
passado, até esse momento. Voltei para Nova York após uma viagem de negócios, fechei uma
nova parceria de moda, a maior delas, após abdicar de todo tempo livre para criar uma coleção
exclusiva e original. Enquanto coloco os pés para cima, meu celular toca, cessando os conflitos
internos. Pego o aparelho e constato que é a Pietra. Atendo rapidamente escutando o ruído do
vento com uma suave melodia ao fundo.
一 Bom dia Sunshine… 一 cumprimento.
一 Me diz que você chegou aqui na cidade?
一 Estou há 10 minutos, é caso de morte?
一 Com certeza, a minha morte, me encontre para o café no Malibú. 一 ordena
expressando tristeza na voz aguda.
一 Combinado Sol do dia, até daqui a pouco. 一 desligo jogando o aparelho longe.
Arrumo o corpo procurando uma posição confortável e torno a fechar os olhos pensativa.
Conheço a Pietra há anos, algo está deixando ela frustrada, faz dias. Não duvido que seja o
Blake, o idiota do namorado dela. Nunca gostei dele, algo em seu olhar fuzilante transmite um
nada, sim, parece isento de emoções, duvido que sinta tão pouco amor. Um mês antes manifestou
o desejo de terminar o relacionamento entre os dois, mas resolveram continuar o romance. Pietra
é extrovertida, convivemos diariamente na adolescência porque passou longas temporadas em
minha casa. O pai sempre foi ausente e a minha mãe adotava ela e o Bruce.
O avião se prepara para pousar na área particular, a descida gera um sopro frio na barriga,
aperto as mãos no couro da poltrona e quando aterrissamos desço as escadas em busca de um
táxi. Meus saltos pontiagudos batem sobre o chão, os cabelos amassados, as vestimentas
exageradas fazem os olhares se fixarem em mim, Nova York vive em tons pretos, eu sou
vibrante. Caminho até a entrada do aeroporto. Aceno até que um táxi note.
一 Bom dia, qual o endereço de destino? 一 questiona o senhor de meia-idade, cabelos
levemente grisalhos e olhos grandes castanhos.
一 Irei ao Malibú! 一 Ele pega prontamente a bagagem acomodando-as no porta-malas.
Sento no banco e o motorista segue em direção ao café/bar.
一 Posso pagar uma corrida para o senhor deixar as malas em minha casa?
一 Claro senhorita. Sem problemas!
一 Perfeito!
Admiro a cidade pelos vidros, senti falta da agitação, das noites folheando as páginas
amareladas dos livros e das madrugadas desenhando novos looks. Passo grande parte do tempo
dentro das paredes de minha casa ou do escritório. Gosto de ficar em minha própria companhia,
mas amo também os desfiles de moda, a confecção e as reuniões intermináveis. Chego em frente
ao bar, pago a corrida e o motorista agradece.
一 Deixarei a mala no endereço informado. Um ótimo dia!
一 Obrigada, para o senhor também!
Entro no Malibú recebendo uma nuvem aromática de doce queimando, o que é
insanamente bom. Passo pelas longas paredes cinza com decoração minimalista, seguindo por
entre as fileiras de mesas até atravessar as repartições de vidros. Os garçons me cumprimentam,
afinal sou uma cliente recorrente. O café contém um sabor excepcional e a batata frita é a melhor
da cidade. Pietra acena incansavelmente, inflo os pulmões, estico os dedos dispersando a tensão.
Ela está sorrindo, sentada em uma mesa protegida com um guarda-sol de tecido branco, com o
Blake ao seu lado, aquele ridículo.
Ridículo na maneira de falar, mas o insuportável é lindo de doer.
Ela corre em minha direção enquanto ele coça a barba, incomodado. Abraço seu corpo
com carinho, nostálgica. Ganho distância passando as mãos em seus cabelos longos,
demonstrando afeto.
一 Ella… Conte-me tudo da viagem… 一 Pietra paralisa e gesticula. 一 Vamos Blake,
fale “oi” para a Antonella. 一 Espalma levemente o ombro dele, que se levanta e aperta
firmemente a minha mão.
Definitivamente esse Blake é esquisito.
一 Estou indo Pietra, depois encontro você. 一 Avisa movimentando os braços na jaqueta
de couro preta, ajustando os músculos proeminentes.
一 Espera, por favor, fica mais um pouco, você acabou de chegar. 一 insiste triste.
A fisionomia dele é transparente, as pálpebras contraindo, a língua umedecendo os lábios,
as sobrancelhas curvadas, é pertinente que partirá por minha causa. Sempre evitamos os mesmos
lugares, é recíproco a aversão que sentimos. Nitidamente odiamos estar perto um do outro. Cada
segundo que nos olhamos faz meu sangue ferver, a boca secar e os músculos enrijecerem. O
sorriso irônico, a forma que joga os cabelos nas laterais, as roupas de couro que exteriorizam sua
face obscura e a personalidade simplesmente ácida me dão náuseas.
一 Tenho uma entrega importante agora, mais tarde nos falamos. 一 Blake dá de ombros,
saindo apressadamente.
Sentamos à mesa e minha língua coça para criticá-lo.
一 Certo! O que foi isso? Como você aguenta ficar com esse cara! Fala sério!
一 É sobre isso mesmo que quero falar com você! 一 revela deixando os ombros caírem.
一 Finalmente resolveu dar um pé na bunda dele e arrumar um homem decente? Diz que
sim!
Pietra sorri movimentando as mãos em negação.
一 Não sua boba, estamos tendo uma crise.
一 E não é suficiente para largar dele? 一 Ela ignora, afinal, está acostumada com o meu
ódio gratuito.
一 O que precisamos agora é de algo que apimente nossa relação, que nos dê um gás
novo.
一 Santo Deus, o que se passa nessa sua mente poluída e cheia de ideias?
一 Lembra quando você disse que tem vontade de fazer swing, a tal troca de casais? Que
até visitaram algumas casas para conhecer esse mundo? 一 Arqueio a sobrancelha direita
confusa com a pergunta.
一 Claro, estamos cogitando essa ideia mais do que nunca, só precisamos arrumar um
casal. Não é tão simples assim amiga, você sabe que eu e o Peter temos um relacionamento
estável. Porém, ele foi meu único namorado, preciso me descobrir mais sexualmente.
一 Vocês acabaram de encontrar o casal que procuravam. 一 conta eufórica atropelando
minha fala, e sinto um arrepio irradiar, indicando medo.
一 Sério? Como assim? Não entendi! Que casal seria? 一 interrogo não querendo a
resposta porque desconfio de qual seja.
一 Eu e o Blake, quem mais Antonella? 一 brinca esticando o braço, segurando as minhas
mãos, com um olhar suplicante. 一 Somos o casal ideal para fazer swing com vocês. 一
imediatamente rebato.
Fazer algo tão íntimo com os dois não é exatamente fácil de aceitar, na verdade, diria
nunca, mas dizer essa palavra é proibido em minha mente.
一 Amiga, isso jamais daria certo.
一 E por que não? 一 Ela cobre o rosto com as mãos, completamente frustrada.
Pietra sempre foi ciumenta, apegada a todos os vários namorados que já teve e essa
sugestão não combina muito com ela. Sei que tem uma espécie de obsessão pelo Blake e saber
que está disposta a isso me confunde. O principal é que tenho raiva daquele cara, ele é seco,
bruto, sem graça e jamais imaginei uma aproximação, pelo contrário, cada vez que o vejo quero
distância.
一 Seu namorado é insuportável! 一 confesso, cruzando os braços.
一 Blake não é tão ruim assim, é um homem de poucas palavras, às vezes isso faz com
que essa raiva que sentem um pelo outro mude um pouco.
一 Sinto muito amiga, mas isso não daria certo, não quero correr o risco de algo dar
errado entre nós quatro. Já basta eu e ele não frequentarmos os mesmos lugares, e se tudo piorar?
一 Ela nega com a cabeça. 一 Com essa viagem Peter está morrendo de saudades e tocou nesse
assunto também. Vocês chegaram a conversar sobre isso? 一 Minha desconfiança aguça, mesmo
a vendo negar novamente sei que algo está errado, como poderia os dois tocarem nesse assunto
em intervalos tão próximos? 一 Disse ao Peter que quero um casal desconhecido, para ser algo
apenas sexual.
一 Você é minha melhor amiga, nada poderia dar errado com você. Por favor, diz que
pensará e falará com o Peter? Vai que ele considera essa possibilidade. Sinto que a qualquer
momento Blake terminará comigo e eu o amo demais, mesmo que você não goste dele, eu o
amo!
Pietra é dramática e todos os namorados que teve tornaram-se sua vida, claro que com o
insuportável as coisas parecem intensas, porém pensa que só será feliz se estiver com ele. Queria
dizer tudo que penso, magoaria ouvir, ficaríamos machucadas, então engulo tudo tentando pensar
por um ângulo diferente. Talvez o Blake se sinta sufocado, ele não demonstra ser romântico,
diferente dela que é extremamente dependente.
Vejo os olhos dela se encherem de lágrimas, sôfregos, e concordo apenas para não vê-la
triste.
一 Tudo bem, prometo que pensarei com carinho e falarei com o Peter sobre isso!
一 Ah amiga, isso é incrível. Garanto que nada dará errado. 一 Anima-se.
Após uma conversa acalorada, ela faz questão de oferecer uma carona. Estou ansiosa para
reencontrar minha mãe. O caminho todo fico inerte, presas em suas palavras vazias, no futuro se
abrindo diante de mim e quando para o veículo, foco em seu rosto. Despeço com um abraço
carinhoso.
一 Amiga, pense com carinho na minha proposta, estou disposta a seguir as regras e
prometo não levar nada para o coração. 一 finaliza relembrando o assunto.
一 Tudo bem! Falarei com o Peter, mas não prometo nada! Amo você! 一 Beijo o rosto
dela descendo em seguida.
一 Também amo você! 一 aceno entrando nos portões da mansão.
Admiro nossos jardins, os infinitos pinheiros enfeitando o caminho até a entrada
principal. Ainda moro com os meus pais desde que terminei a faculdade, mas o meu apartamento
está sendo construído. Trabalho frequentemente, horas, noites, madrugadas, economizando,
investindo, quero independência financeira.
Paro em frente a porta, respiro profundamente girando a maçaneta. A mansão possui dois
andares, foi construída toda em estilo parisiense, nas janelas encontra-se molduras exuberantes
que fornecem um toque especial. Quando coloco os pés no hall principal encontro a minha mãe
esperando rente a escada. Rute é uma mulher linda, com os cabelos castanhos curtos, olhos cor
de mel, pele madura, bronzeada pelo sol, corpo magro e estatura mediana. Está usando um lindo
vestido verde longo e se aproxima com os braços abertos.
一 Finalmente minha bebê voltou para casa. 一 choraminga me apertando.
Inalo seu cheiro, típico floral, aconchegante, lembrando que estou em casa.
一 Você sabe que é até o meu apartamento terminar de ser construído, certo?
一 E se as obras por acaso atrasarem, nós da Spinelli não temos culpa. 一 brinca, afinal é
a responsável por verificar o projeto e de escolher cada detalhe da decoração.
一 Dona Rute! 一 provoco, porém uma voz conhecida nos interrompe.
一 Oi meu amor, estava com saudades de você. 一 diz Peter.
一 O que faz aqui? Você não tem um desfile hoje?
一 Peter sempre atencioso, mostrando que é o namorado perfeito para você minha filha.
Ele é o filho que nunca tivemos. 一 elogia mamãe, suas palavras me incomodam, não deveria,
mas tem um peso difícil de digerir.
一 Passei rapidinho para te ver, estava conversando com sua mãe até você chegar. 一 Ele
agarra o meu rosto em suas mãos. Beija os meus lábios, faz carícias sutis na minha face direita.
Bruce surge inesperadamente, conheço-o pelo cheiro.
一 E aí trabalhosa, como foi de viagem? 一 Abandono o Peter saltando nos braços do
meu amigo.
一 O que faz aqui Bruce? 一 questiono, emocionada.
Bruce Perrone, um homem alto, pele parda, sobrancelhas grossas, rosto quadrado, cabelos
castanhos compridos até os ombros, e o meu melhor amigo desde a infância. Nossas famílias
conviveram próximas e quando os pais morreram em um acidente de carro passou a ficar muitos
dias em minha casa. Crescemos como dois irmãos, hoje tem a própria vida, mas nunca me deixa.
O amo por isso, ignora minhas falhas, torna-se sempre o abrigo que retorno quando tudo está
difícil.
一 Estava sentindo falta dos seus surtos! Acredita? 一 me coloca novamente no chão.
一 Voltei e estou pronta para começar. 一 Peter pigarreia, inclino o rosto para olhá-lo.
一 Reserve a noite, voltarei para jantarmos. 一 Com ternura beija a minha boca, pega as
chaves do carro e acena antes de sair.
一 Filha, está com fome? Preparo algo para você!
一 Não precisa mãe, tomei café da manhã com a Pietra, preciso falar com o Bruce, daqui
a pouco volto.
Agarro a mão dele e o conduzo até o quarto no andar superior. Passamos pela porta, ele
rapidamente pula na cama se aconchegando nos travesseiros. Inspiro admirando o meu mundo
particular. As paredes cor-de-rosa, as roupas de cama brancas com desenhos de flamingo, o
closet amplo estilo parisiense, é, tudo fez falta.
一 O que aconteceu? 一 questiona. Conversamos todos os dias que estive fora.
一 Algo horrível. 一 Bruce arqueja movimentando as mãos, pedindo que eu continue. 一
Mal desci do avião e a Pietra me pediu algo perturbador. A amo muito, mas não conseguirei
ajudá-la dessa vez…
一 Diga Ella. O que ela pediu?
一 Lembra que te contei que eu e o Peter faremos um swing? 一 Bruce concorda 一, mas
estávamos procurando um casal. Então… ela pediu para aceitarmos ela e o Blake. 一 Ele nega
veemente.
一 Isso não dará certo, entendeu? Você não pode aceitar!
CAPÍTULO 2

Acendo o maçarico culinário, uma chama alaranjada surge, intensa, dançando


minimamente ao suave movimento do vento, aproximo do marshmallow enfeitando os cupcakes,
flambo sutilmente, assistindo à espuma borbulhar ganhando cor. Trabalho até o fim da tarde e
minha principal função consiste em deixar os doces gourmet prontos para o jantar. Dedico tempo
demais em estudar as combinações de sabores e hoje sou uma especialista em sobremesas.
Confiro que é a última fornada para encerrar o expediente, segurando um bocejo de
cansaço. Meus pensamentos continuam ativos, desviando minha atenção. Desde que me formei
na faculdade presto serviço no Queen Royal, meu pai ficou extremamente triste por não ter
aceitado trabalhar ao seu lado, no Golden Flavor. Porém, tê-lo como chefe seria difícil, ainda
mais que tudo anda bagunçado.
Desde que minha mãe faleceu a vida dele acabou, esqueceu de mim, não voltava para
casa, e ficar sem ele com o tempo tornou-se recorrente. Sofri muito com o abandono, os anos se
passaram e gradativamente fomos nos adequando na vida, mas vê-lo sempre traz uma sensação
pesada. A presença dele passou a ser um lembrete de morte. Suspiro afastando a chama da
espuma branca que adquire uma coloração caramelo, sigo para o próximo. Inerte, sem focar
efetivamente.
O Blake também tem se afastado nos últimos dias e estou nervosa, ansiosa e acabo
exagerando nas cobranças. Cobro atenção, carinho, presença e como um parafuso mal colocado,
ele tem espanado. Passei grande parte da semana lamentando o declínio do nosso
relacionamento. Ele sempre deixou claro que iria tentar dar uma chance a esse sentimento
chamado “amor” que desconhecia, no entanto receio que descobriu que não me ama.
Do seu lado meus medos diminuem, a solidão é liquidada e gosto de estar em seus braços
fortes sentindo o cheiro masculino irresistível. Blake é completamente deslumbrante, as
lembranças de quando iniciamos o namoro são vívidas. Recordo do primeiro beijo, na sensação
devastadora que senti, nos abraços.
Suspiro.
Paraliso, foco a atenção na mesa com o cheiro de queimado invadindo minhas narinas.
Droga. Sem querer excedi o tempo de chama e queimei o glacê que derrete.
Ando extremamente distraída, sendo consumida pela dor de perdê-lo, porque, todavia, é
real e estou apenas prolongando um sofrimento. Não me acho capaz de viver sem alguém, eu
dependo dele, dos seus sorrisos, da sua voz grave e ríspida de ser, das roupas de couro, das
tatuagens que estão marcadas em minha memória, cada uma delas, e sim, eu me sinto totalmente
presa ao Blake, ao nosso envolvimento particular.
一 O que foi Pietra? Queimou mais uma sobremesa? Está tudo bem com você? Percebi
que está triste hoje! 一 pergunta Helen, uma das ajudantes de cozinha no restaurante.
一 Estou bem! Só estou me sentindo um pouco desanimada. 一 Ela retira o doce
queimado da forma e descarta.
一 É por causa do seu namorado? Vocês brigaram?
一 Está tudo ótimo, estamos bem! 一 Odeio mentir, mas não gosto de falar sobre a minha
vida pessoal.
一 Então relaxe, está tensa, já é o quarto doce que queima hoje. Peça um tratamento de
cama para ele, rapidinho a concentração volta.
一 Saindo daqui, é a primeira parada da noite!
Sorrimos, disfarço o desconforto, na realidade não dormimos juntos há semanas, talvez
mais de um mês. Ansiava pela volta da Antonella. Quando estava fora conversei com o Peter
sobre o meu sofrimento. Ele me aconselhou a ser firme e que a troca de casais é uma alternativa
interessante. Afirmou que sim, voltaríamos a ter aquela chama inicial que fez o Blake querer
tentar uma relação. No entanto, tenho um ciúmes exacerbado, destruidor, que corrói a sanidade, e
viver essa experiência com a minha melhor amiga traz certa segurança porque os dois se odeiam.
Talvez a Antonella desconfie, mas Peter pediu sigilo, então respeitei, é o nosso segredo.
Fico aflita quando as coisas fogem do meu controle, invejo mesmo que sem querer o
relacionamento que os dois possuem. Peter é um cara charmoso, lindo, dono de um corpo
malhado perfeito, durante a faculdade era um conquistador, mas bastou encontrar a Antonella
que passou a fazer de tudo por ela. Em todas as datas comemorativas, os dois estão juntos
enquanto o Blake está cada dia mais distante de mim. Sonho em ter uma relação assim.
Falarei com ele essa noite, sobre apimentar a relação e espero que aceite uma última vez,
nem que eu precise manipulá-lo para concordar. Peter garantiu que fará minha amiga aceitar.
Torço para não perder sua amizade, no panorama geral basicamente a obrigaremos participar. Sei
que de início ela recusará, mas o Peter sabe como manuseá-la.
HORAS DEPOIS…
Seguro um rifle Winchester[1] em minhas mãos sentindo os detalhes da arma. Anoiteceu e
estamos terminando de realizar um carregamento que será enviado para o Canadá. Elevo o olhar
conferindo ao redor. Relaxo. É mais uma noite como tantas outras. Quando completei a
maioridade entrei para o exército e durante doze anos fui um militar. Uma fase conturbada, de
dor, caos e mortes. Foram meses de lutas obscuras, internas, que levaram a dúvidas, confusões e
distorções quase destruidoras. Eu via as almas que matei quando fechava os olhos, quando perdi
a minha, os pesadelos cessaram.
Eu morri várias vezes, vi o inferno e os céus, fui moldado a cada ato de bravura e
discórdia. Naquele período estudei defesa, engenharia mecânica, armamentos e negócios. Tudo
para ser o melhor no ramo das armas, o mestre da tortura e uma águia na percepção.
Eu vejo o futuro, eu espero o oponente, eu crio a própria guerra.
Sou um mafioso indestrutível e construí o meu império após desertar e obter informações
privilegiadas dos peixes grandes. Taxam-me como o poderoso, o mal necessário e o título de “O
Senhor das Armas” morrerá comigo.
一 Você conferiu tudo Loki? Não quero nenhum contratempo e nenhum policial filho da
puta ligando na porra do meu celular. 一 Ele me encara sério, ignora minhas palavras,
terminando de colocar a última caixa no caminhão.
Loki, meu braço direito, como dizem, meu consiglieri, porém não sou apegado a títulos,
somos uma grande família e valorizo os meus aliados. Um japonês, de 40 anos, alto, magro, com
os cabelos escuros caídos até os ombros e uma cicatriz rente a sobrancelha. Para me tornar o
maior negociante de armas foi necessário derrubá-lo, o homem comandava tudo pela América.
Porém, o respeito, o comprometimento, a porra das vezes que cuidou de tudo prova que acertei
ao tê-lo do meu lado.
一 Até parece que não me conhece Blake, sou o melhor em fazer qualquer pessoa ou
carga desaparecer, ninguém nunca rastreará nada.
一 Ótimo, vou para casa, tenho que encontrar com a Pietra.
一 Claro, pode ir, não está na hora de dizer a sua namorada o que você faz? Sei que não
saem em público, mas a qualquer momento algum filho da puta pode encontrá-la. 一 questiona,
confio nele de olhos fechados.
一 Ela não é a garota certa para essa vida. Permaneço ao seu lado porque não quero
machucá-la. 一 Ele fecha a porta traseira franzindo o cenho. 一 Não sou o cara certo, sou todo
errado. Tentei sentir, tentei amá-la, mas não consigo.
Confesso, falando mais do que normalmente compartilho, não tolero meias verdades,
porém, ele me conhece o suficiente para ser curto e grosso nos conselhos. É, preciso da porra de
um conselho, não sei lidar com pessoas que sentem demais.
一 Se a amasse não teria dúvidas! Está fazendo a escolha certa. Seus inimigos não se
importariam em descobrir se a ama ou não, a matariam sem piedade. 一 Coloco o rifle na caixa
de madeira, acoplo embaixo do braço andando em direção ao carro.
一 Valeu velhinho! 一 Ele compartilha um gesto obsceno, vira o rosto parando em frente
aos homens para orientá-los.
Acomodo-me, ligo o veículo e vou para casa. Pietra enviou uma mensagem mais cedo
dizendo que quer conversar. Outrora ficaria encanado, mas agora espero que tenha finalmente
percebido que deveríamos terminar tudo. Não sinto paixão, satisfação ou qualquer uma dessas
porras que falam sobre gostar de alguém. Eu a respeito e gostava do sexo, nem isso temos mais.
A relação ficou monótona, sufocante e previsível. Quanto mais me cobra para amá-la, menos
quero estar perto dela.
Estaciono, cumprimento os homens que cuidam da segurança e entro seguindo direto
para o quarto. Esse é o meu lugar, onde não sou obrigado a conviver com ninguém. Não tenho e
nunca tive paciência com pessoas, na verdade, eu gosto de matá-las. A textura da pele sendo
fatiada, o sangue escorrendo por entre os dedos, o cheiro de medo, a mancha impregnada nas
bordas do tecido, a maldita sensação de ter a vida de alguém nas mãos. Dizem que a porra do
amor é melhor que isso, de fato nenhuma boceta que já comi foi melhor que matar alguém.
Demoro no banho e quando termino visto uma bermuda e retorno para a sala. Sento no
sofá preto de couro e confiro os papéis dos últimos carregamentos.
Não demora muito para um dos homens aparecer com a Pietra na porta. No começo ela
questionava sobre eu estar sempre acompanhado, mas com o tempo se acostumou e nunca mais
tocou no assunto. Ela usa um vestido branco curto, as pernas estão em evidência, os cabelos
soltos e sorri animada, o que me deixa confuso.
一 Oi Pi. 一 aproximo e beijo o seu rosto.
一 Oi meu amor, vamos tomar algo e conversar.
Ela me puxa pela mão. Marc fecha a porta, assinto com a cabeça, agradecendo.
一 O que você quer falar? 一 entramos na cozinha e pego uma cerveja na geladeira.
Pietra encara a long neck em minhas mãos presa nos próprios pensamentos. Limpo a
garganta chamando sua atenção enquanto me sento no banco apoiando os braços sobre a bancada
de mármore. Fixo o olhar em seu rosto. Suas mãos alisam os cabelos e não tenho mais dúvidas
que a conversa será diferente do que eu esperava. Ela parece escolher com calma as palavras
corretas. Sirvo um copo de cerveja e empurro em sua direção.
一 Precisamos apimentar nosso namoro. 一 confessa pegando o copo de vidro com
firmeza.
一 E como considerou fazer isso? Vai dançar para mim? 一 ironizo, ela sorri.
一 Não, já tentei, não se lembra? Foi cômico e não aproveitamos realmente.
Pietra engole toda a cerveja e finalmente encontra coragem para falar.
一 Quero tentar um swing com outro casal. 一 Levo a mão direita até a barba, coçando,
pensativo.
一 Swing? Não é aquele negócio de ficar com parceiros opostos? Ficou louca? 一
questiono.
一 É uma sugestão. Blake, eu sei que deseja terminar comigo, que sente que nossa
relação não tem mais conserto, mas quero provar que você está errado. Estamos juntos há quase
três anos, preciso que tenha consideração por mim e tente mais uma vez. Não percebe que eu te
amo? 一 inspiro profundamente, levando as mãos até as suas.
一 Pi, eu sempre respeitei você, eu juro que tentei ser o cara certo, mas nossa relação não
está bem há mais de um ano. Nunca escondi de você que tenho dificuldades em abrir o coração.
Você me aceitou assim e sabe que dei o meu melhor. 一 Pietra puxa os braços, cruzando-os,
magoada e inclina o rosto para a lateral.
一 Você parece a Antonella falando, o mesmo pensamento de que a vida “sempre
continua”, mas não consigo ser diferente. Sem você não existe mais vida. 一 afirma, fico maluco,
fodido em tensão.
Pietra perdeu a mãe cedo e o pai é ausente, o que causou uma grande carência e
insegurança que a deixam com esses pensamentos. Muitas vezes peço que procure ajuda, mas ela
é cabeça dura e se deixa levar pelos medos.
一 Uma troca de casais não irá resolver nada, precisa entender que isso pode não dar
certo. Está disposta a arriscar? 一 questiono considerando ceder ao seu pedido, afinal, talvez se
ela viver a experiência, ficar com outro homem, entenda que nossa relação não tem mais volta.
一 Tem certeza? Você não ficaria com ciúmes? 一 Os olhos brilham com as minhas indagações e
sorri satisfeita.
一 Não sentiria ciúmes, nem medo, se escolhermos o casal certo.
一 Acho que posso considerar essa experiência antes que possamos de fato perder o
nosso relacionamento. E como faríamos para encontrar esse casal?
Não é ruim imaginar que comerei outra boceta, estou mesmo precisando de sexo,
perdemos o tesão faz tempo.
一 Já sei de um casal que se encaixaria certinho, e eles também querem fazer swing. 一
Bebo minha cerveja.
Vivo uma vida dupla, com epinefrina até nos poros, me arrisco todos os dias e ter a Pietra
me tira um pouco dessa realidade, porém é uma ilusão falha. Não posso fingir e nem viver uma
relação que não está boa. Quando minha mãe foi assassinada, os meus sentimentos foram
enterrados com ela e jamais alguém conseguirá fazê-los renascer.
É extinto, nulo, morto, eu apenas vivo, e isso parece suficiente e satisfatório.
Estar com a Pietra gera certa segurança de que nunca me tornarei vulnerável, afinal, o
amor tem a fama de fazer até os melhores perderem o foco. Porém, estou cansado disso. Farei a
troca para provar que está errada em achar que precisa de alguém para viver. A minha realidade é
oposta à sua, penso que jamais devemos depender de alguém, ou você faz o seu próprio caminho,
ou será moldado pelo que fizerem para você.
一 Quando poderemos falar com eles?
一 É a Antonella e o Peter, pode ser amanhã mesmo. 一 Engasgo com o último gole de
cerveja, tossindo em seguida.
PORRA! ela disse Antonella? Recuso-me a comer aquela garota! Ela é insuportável! Isso
jamais daria certo.
一 Não! Escolha outro casal! 一 rebato.
一 Qual é o seu problema com a Antonella? Eles são de confiança e sei que manteriam
isso entre nós. 一 A verdade é que nem eu sei qual é o meu problema com ela, mas não fui muito
com a cara dela. Olhar para ela é como levar uma facada, nada de bom vem dessa sensação.
一 Não suporto nem ouvir a voz dela. 一 confesso.
一 Blake depois de tudo que passamos, se não tentar ao menos, jamais irei te perdoar por
terminar comigo. Prometo que nunca mais pedirei nada. A última tentativa.
É sério que terei que aceitar dormir com aquela patricinha? Droga! Não, não preciso,
farei um acordo com a Antonella, é isso. Faço acordo até com os meus piores inimigos, e aquela
garota será o menor dos meus problemas.
Quero esbravejar, dizer que faço o que eu quero. Que ninguém nessa porra de vida manda
em mim. No entanto, vivo bem meu anonimato, ninguém sabe que sou um negociante de armas,
gosto de ficar nas sombras, mesmo não amando a Pietra, me importo com ela, com a sua
segurança. Não sou sentimental, mas também não sou nenhum egoísta de merda.
一 Tudo bem, mas teremos regras. 一 afirmo impaciente enquanto Pietra pula feliz do
banco.
一 Amanhã mesmo marcamos para falar sobre isso.
Ela pega o celular, envia mensagem para alguém, provavelmente para a Antonella. Não
duvido que a própria tenha sugerido isso, na intenção de me provocar, mas ela não me conhece,
não sabe com quem está mexendo.
Puta que pariu, odiarei cada segundo ao lado daquela patricinha mimada.
CAPÍTULO 3

Ando em meu quarto pensativa, a vida parece estar brincando comigo, talvez me
punindo. Desconecto a mente dos julgamentos internos que massacram minha lucidez fazendo
aflorar a ansiedade. Paro em frente à mesa de projetos, passando os olhos nas últimas folhas
rabiscadas com os esboços da coleção nova.
O momento que mais amo é quando sento na poltrona de veludo rosê e deixo a
imaginação refletir-se no papel. Particularmente o último vestido que desenhei faz escapar um
suspiro dos meus lábios, por entregar o meu coração em cada traço. A roupa será produzida em
cetim preto com mangas bufantes magníficas. Penso em cada detalhe, desde corte, costura,
enfeites e pedrarias.
Passo algumas horas redesenhando, finalizando tomo um banho, coloco o pijama e deito
para ler um livro. As páginas ásperas, o cheiro que emana de novo, aquece meu coração. Minutos
depois escuto uma batida suave na porta e Peter entra sorrindo.
一 Boa noite minha boneca, estava com saudades, como foi o dia hoje? 一 Ele se joga
sobre o colchão, encaixando ao meu lado.
一 Foi bom, terminei de definir tudo da nova coleção. 一 Com um olhar de lobo alfa
analisa o meu corpo arrancando o livro que eu segurava nas mãos.
Lança-o contra a parede, expilo o ar pela boca, jogo a cabeça para trás, irritada. Odeio
quando ele tem atitudes infantis para chamar minha atenção.
一 Estou tendo pensamentos sórdidos nesse momento olhando seu corpinho. 一 Deixo
escapar uma risada contida e arqueio a sobrancelha.
一 Não precisava jogar o meu livro, é um dos meus preferidos. 一 Levanto, coloco os pés
no chão sentindo a superfície gelada, pego o livro com cuidado, arrumando-o novamente na
estante.
一 Não estava com saudades de mim, bonequinha?
一 Claro que sim. 一 confesso baixinho.
Temos uma relação até apimentada, uma fome insaciável por contato vive dentro de mim,
mas às vezes meus desejos são reprimidos. Nem sempre Peter é carinhoso e a ideia de fazer um
swing foi totalmente dele, no entanto, percebo que realmente precisamos, quero me descobrir
sexualmente, afinal, só tive um único homem em minha vida, ele. Perdi minha virgindade ao
completar a maioridade, foi doloroso, e desde então o sexo vem sendo gostoso, mas não acho
excepcional como dizem que deva ser.
Retorno para a cama e seus braços me prendem em seu corpo.
一 Hoje tomei café da manhã com a Pietra. Ela me fez uma proposta assustadora. 一
Sinto seus lábios correrem em minha pele, da clavícula ao pescoço.
一 O que ela propôs? 一 questiona contra o meu ouvido.
一 Que façamos swing com ela e o Blake, mas ele é insuportável, jamais conseguiria
beijá-lo, quanto mais fazer sexo com aquele traste. 一 Só de pensar na hipótese, meus olhos
reviram quase saindo de órbita.
一 A Pi sugerindo swing? Estou impressionado!
一 Ela está com medo de perdê-lo, particularmente não sei o que ela viu naquele cara,
mas diz que o ama. Avisei que falaria com você para evitar que ela chorasse. Bruce acha um
absurdo, mas não quero vê-la sofrer, no entanto, é muito difícil essa situação. Isso exigiria muito
de mim, vou recusar. 一 Peter meneia a cabeça discordando.
一 Ela jamais te perdoará. Pietra se joga demais nas relações e faria qualquer coisa por
você, não custa nada considerar os sentimentos dela.
一 Eu considero e a amo muito. 一 Penso por alguns segundos, angustiada.
一 Então, aceite. Não seja egoísta. Ela sempre esteve ao seu lado, são anos de amizade,
não pode ao menos uma vez ter empatia, se ela o ama, não deveria questionar.
一 Não sou egoísta, Peter. 一 Esbravejo irritada, a maneira que fala dá a atender que não
me importo com os sentimentos dela, levando-me a considerar a hipótese.
一 Eu sei, mas isso será bom para a Pietra, pense, só está recusando devido à raiva que
sente do Blake, essa é a verdade. Precisa pensar amplamente, ela aprenderá a ser menos
controladora. Não acha? E outra, teremos regras. Blake é um cara legal, você implica demais
com ele. 一 Analiso a situação batendo as pontas dos dedos em meu queixo, pensativa.
Peter está certo, Pietra é controladora. A troca realmente poderia ajudá-la, odiar o Blake é
algo que faço gratuitamente, sem motivo aparente. O que sinto é inexplicável. Um redemoinhos
de emoções negativas. Estupidez e Julgamento. Arfo, torço as mãos no ar e confirmo com um
balançar de cabeça.
一 Você está certo. Estava pensando, se você topar, estou disposta a sofrer esse trauma
pelo bem da saúde emocional dela. Ainda me lembro do namoro anterior que tive que ficar uma
semana inteira tomando sorvete. Não estou preparada para isso agora! Preciso focar no meu novo
contrato e vê-la destruída tiraria minha paz, ela é minha irmã, o sofrimento dela é o meu também.
一 Peter gargalha parecendo feliz com a resposta e desliza a mão direita pelos meus seios.
一 Eu topo. 一 avisa inesperadamente sem nem ao menos pensar.
Afasto-me, sobressalto da cama, assustada.
一 O quê? 一 rebato confusa.
一 Sim, eu concordo em fazermos a troca de casais.
一 Por que Peter? Falou com a Pietra sobre isso antes? 一 Ele nega gesticulando com a
mão, me chamando, porém, mantenho minhas pernas fixas ao chão no mesmo lugar.
一 Claro que não, Pietra não é minha amiga, é sua, nem falo com ela. Eu aceito porque é
uma experiência que sempre quisemos, e os dois são de confiança. Fico com pena de você por ter
que ficar com o Blake… 一 Ele ri alto, me provocando sabendo da minha completa aversão por
aquele cara.
Meu estômago revira com a ideia, mas sempre que precisei a Pi estava ao meu lado, Peter
enfatizar que sou egoísta dói, não sou, nunca fui.
Droga, vou ter que aceitar!
一 Tudo bem, enviarei uma mensagem para ela.
一 Manda agora, aposto que ficará feliz com a notícia, ela ama o Blake, acho que se
terminassem surtaria. 一 Contrariada, pego o celular e envio uma mensagem de texto.
一 Pietra é exagerada!

Em segundos responde com infinitos corações, uma respiração profunda irrompe de meus
lábios. Passo tempo demais olhando para a tela sem um pensamento aparente, apenas deixando o
desapontamento bater como um vento frio, aquele que faz o corpo todo travar. Uma nova
mensagem surge com a confirmação de que Blake também aceitou participar. A minha esperança
estava nele recusar, mas não, o infeliz fez o oposto.
Ai! Por que ele aceitou? Que idiota! Deus me ajude a passar por essa e a sobreviver.
一 Não deveríamos fazer isso Peter! 一 confesso cheia de dúvidas.
Ele levanta da cama, com as sobrancelhas anguladas, o cenho franzido e avança em
minha direção. Com firmeza segura o meu queixo. Seus olhos semicerrados transitam pelo meu
rosto e os lábios é uma linha fina que faz o meu coração palpitar. No entanto, contrariando as
minhas incertezas, sua expressão suaviza em seguida. Sempre que faz isso fico assustada porque
sinto que virá uma fala ríspida ou uma punição por me opor às suas vontades.
一 Não fique com medo minha boneca. Estávamos planejando isso, esqueceu? Claro que
não seria com um casal de amigos, mas na hora esqueça tudo, tenho certeza que gostaremos da
experiência.
一 Você sabe que nunca estive com outro homem e meus pelos até arrepiam em imaginar
o Blake respirando perto de mim. 一 constato mostrando o meu braço esquerdo todo arrepiado
enquanto Peter ri alto.
一 Blake é um cara legal não sei por que o odeia tanto. Tentarei não ficar com ciúmes. 一
Empurro seu peitoral, irritada, Peter não tem ciúmes, é extremamente autoconfiante, além de que
jamais o magoaria.
一 Não garanto que serei legal, talvez cubra a cabeça dele com o cobertor para não perder
o desejo. 一 Sorrindo, Peter me abraça, procurando os meus lábios para beijá-los.
一 Antonella Spinelli é apenas sexo, uma troca de casais e não briga de casais, seja
boazinha. 一 brinca.
Com força me joga sobre a cama devorando minha boca, só paramos para a refeição. No
restante da noite jantamos comida chinesa. No início da madrugada definimos que nos
encontraremos no almoço para falar sobre a aventura e as regras. Entro embaixo das cobertas,
Peter me acompanha.
一 Estou ansioso por isso, teremos um final de semana movimentado. 一 Reviro os olhos
e a dúvida se os dois conversaram sobre isso continua aqui, martelando.
Estão igualmente ansiosos enquanto luto contra uma guerra interna. Fecho os olhos e
tento imaginar um beijo, qualquer coisa com o Blake, mas repudio assim que a materialização
acontece, é inconcebível, sem sentido, o fim do mundo. Permaneço em silêncio e os braços do
Peter formam uma âncora ao redor da minha cintura.
一 Adoro o seu perfume. 一 elogia inspirando profundamente.
一 Só o perfume?
一 Não, o perfume é só um adendo, eu adoro você toda. 一 Peter me beija fazendo
cócegas, arqueio, gargalho aflita.
一 Aí, que saudades do seu corpo gostoso. 一 confessa em um sussurro e nos devoramos
enquanto me prende na cama com o seu corpo.
一 Quero você, Ella!
一 Eu também quero você. 一 Deslizo a mão pelo peitoral amplo, malhado, sentindo os
músculos proeminentes.
Peter retira minha calcinha com pressa. Foram duas semanas apenas realizando safadezas
por telefone. Abro minhas pernas e sua mão direita escorrega pelo meu abdômen, minhas pernas
fraquejam, estou excitada, mordo os lábios.
一 Hum, está molhadinha para mim. 一 Lentamente seus dedos exploram toda extensão,
em um subir e descer intenso.
Com força estimula o meu clitóris e gosto do seu toque mais áspero, embora às vezes
machuque. Afobado levanta, se põe de joelhos na cama retirando o pau para fora da cueca. A
ereção grande, grossa, fica exposta. Salivo. A mão direita segura o próprio membro,
masturbando-se enquanto arranco o pijama ansiosa para sentir seus beijos em minha pele. Ele
para, inclina o tronco, saboreia os meus seios e suga os mamilos, aumentando o desejo.
一 Ah! Que delícia, assim eu gozo. 一 sussurro com o corpo trêmulo de prazer.
Seu toque é tão forte, incisivo que não consigo protelar a sensação e me segurar, apenas
gozo.
一 Goza gostoso, minha gatinha. 一 Entrego-me as esfregadas frenéticas sentindo o
orgasmo atingir o meu corpo.
Um gemido alto sobrevém, Peter afobado arranca a cueca, move-se até a gaveta do
criado, pega a camisinha e coloca no pau grosso.
一 Estou ansioso para te sentir! 一 Com avidez penetra dentro de mim.
Cada enfiada forte e firme me deixa completamente mole.
一 Espera, quero fazer as preliminares, quero chupar você e sentir sua língua me
explorando! 一 Ele ignora segurando o meu corpo com força, excessivo, descontrolado.
Uma mão puxa os meus cabelos e a outra inclina minha cintura contra o seu quadril.
Tento escapar, mas ele impede com brutalidade, colando nossas extremidades.
一 Não durarei muito, estava louco de saudades. 一 justifica pegando-me com arrogância,
deixando marcas vermelhas por onde aperta.
Suas estocadas são secas e perco o prazer. A sua invasão arde, seguida de dor, meu
abdômen contrai, agudamente. Ele ofega, tenso, com o desejo latente.
一 Espera Peter, está ardend… 一 Ele leva a mão a minha boca e tampa.
一 Cala a boca. 一 A entrada bruta torna-se dolorosa, ele golpeia com força, até o talo,
grito reprimida por sua mão, não consigo respirar e me debato em vão.
Antes que possa desgrudar nossos corpos de verdade, ele goza liberando um rugido
contido. Recompõe-se em seguida, sorri malicioso e se limpa rapidamente. Uma sensação de
excesso preenche meu corpo, a aflição permanece aqui, pulsando. São essas atitudes que
frustram. Queria que me tocasse, que beijasse o meu corpo, porém sempre faz isso, eu acostumei,
talvez não deveria, mas é assim que todo mundo faz, certo? É a forma como ele é carinhoso
comigo.
Saio da cama com cuidado, entro no banheiro com uma sensação estranha que lateja,
fecho a porta e choro em silêncio. Pergunto-me, por que me toca tão pouco? Não possuo o corpo
atraente? Meu gosto é ruim? Por que não para quando peço? Todas as noites que ficamos
somente há penetração, não tem toques, ele não explora os meus pontos sensíveis, apenas aperta
os seios e gosta de se masturbar.
Por isso quero fazer o swing, para entender do que gosto, como é ser tocada por outro
homem. Será bom para nós dois, afinal, ele pode ter enjoado das mesmas posições ou do nosso
sexo. São tantas dúvidas e nem todas são respondidas sem vivê-las.
Após chorar por alguns minutos saio do banheiro e entro debaixo das cobertas. Ele se
aconchega ao meu lado me puxando para o seu peito. Peter não nota que me sinto inferiorizada
perto dele. É como se somente os seus gostos, anseios e suas descobertas fossem válidas e isso
dói.
一 Amanhã conversaremos sobre o swing, mas quero que saiba que nunca foi preciso
apimentar nada entre nós, eu sou louco por você.
一 Eu sei Pet, eu também sou louca por você. Faremos isso para conhecer os nossos
desejos e melhorar nossa relação e claro, para ajudarmos a Pi. 一 Ele sorri e me beija!
一 Prometo que após a troca faremos um sexo bem gostoso com bastante preliminares do
jeito que sempre fica pedindo, é difícil para mim, sou homem, não consigo me segurar. 一 avisa
e torço para ser realmente assim.
Ficamos agarrados, meus olhos não fecham, a sensação sufocante continua aqui, as
dúvidas também. Mal preguei o olho quando amanhece e reviro na cama ainda sonolenta. Minha
mãe bate suavemente na porta e entra sorrindo. Procuro pelo Peter, mas não está na cama.
一 Bom dia meu beija-flor! 一 Ela passa a mão em meus cabelos e Peter a cumprimenta
saindo do banheiro.
Coloca o terno social, arrumado para o trabalho.
一 Bom dia Rute! Minha boneca, preciso ir. Hoje tenho dois clientes importantes que
comprarão carros de luxo. 一 Ele se aproxima, beija o meu rosto com carinho. 一 Até o almoço,
não esqueça que almoçaremos com a Pietra e o Blake. 一 Apenas concordo com a cabeça e o
vejo pegar a carteira, a chave do carro e sair.
一 Levante filha, deixarei o café pronto na cafeteira. Estamos indo mais cedo também. 一
Cubro minha cabeça com o travesseiro e minha mãe arranca as cobertas. 一 A viagem de
negócios acabou, as suas funcionárias estão com saudades. 一 brinca saindo pela porta.
Levanto, tomo banho e ando até o closet e um trench coat rosa chama minha atenção.
Pego uma saia e um salto scarpin preto para combinar. Analiso no espelho, solto os cabelos
castanhos, passo uma maquiagem e finalmente estou pronta para enfrentar o dia plenamente.
Principalmente o almoço que definirá o nosso plano sórdido. Desço até a cozinha, degusto o café
e reservo um pouco no copo térmico para o Bruce.
Quase todos os dias prefiro ir caminhando, o trânsito é um caos, assim aproveito para
admirar a cidade. Jolie e Nina abrem um sorriso largo quando me veem. Jolie possui os gostos
clássicos e delicados, enquanto Nina prefere a vibe gótica. As duas são estilistas também, muito
reconhecidas.
一 Bem-vinda chefinha! Estávamos com saudades. 一 Cumprimentam animadas, com um
abraço.
Trabalham comigo desde o início. Comecei com um estabelecimento pequeno, mas em
uma velocidade incrível crescemos consideravelmente. Atendemos principalmente as mulheres
da alta sociedade.
一 Estava com saudades dos nossos lanchinhos da tarde. 一 Elas sorriem e Bruce se
aproxima colocando as mãos sobre o pequeno balcão, encarando-me progressivamente com ar de
cansado.
一 Bom dia! O que temos para hoje?
一 Hoje temos dor de cabeça! Trouxe café para você. 一 Ele pega o copo e sorri de canto.
Bruce possui uma empresa de vigilância e cuida da segurança da loja. Durante o dia gosta
de fazer várias rondas para conferir todos os alarmes.
一 Preciso ir, conversamos depois. 一 concordo, sigo para a minha sala de confecção.
一 Bom trabalho, beija-flor. 一 brinca Bruce antes de sair.
一 Para você também, homem das cavernas. 一 Adentro feliz, tenho um contrato
exclusivo para me animar.
Vislumbro os manequins com partes das peças que montei antes de ficar ausente. Meu
cantinho continua intacto, do jeito que deixei. As paredes brancas, assim como os móveis e a
decoração rose gold trazem uma sensação de conforto.

Passo a manhã presa no desenvolvimento de dois vestidos de formatura, termino os


últimos ajustes quando recebo uma mensagem no celular. Desbloqueio a tela e confirmo que é da
Pietra.

Inspiro profundamente e olho fixamente para o celular, atônita. O motivo das minhas
dúvidas se chama Blake Lodge. É estranho saber que precisarei passar uma noite com alguém
que desperta o meu lado mais deplorável. Porém, estou decidida a viver a experiência e depois
apagar da minha memória, caso seja possível. É mais provável depois que eu precise de uma
visita ao psiquiatra, um tarja preta e uma semana hibernando para não reviver o trauma.
Aí caramba, tudo bem, eu consigo.
Termino as anotações faltando vinte minutos para o almoço, pego um táxi e vou ao local
indicado no mapa. Com as mãos sobre as pernas, elevo o rosto admirando as construções
passarem. Um calafrio distinto dispara, atingindo o estômago, a garganta raspando com um nó de
angústia. Os sentimentos presos na nuvem densa de sensações contrárias, definhando minhas
verdades. Talvez deva me apegar no físico, ficarei menos deprimida analisando dessa forma.
Assim que desço do veículo, meus olhos se fixam no letreiro “MARROCOS
LANCHES”.
Fala sério! Isso só pode ser uma piada. Chegou o momento da verdade!
O prédio é antigo, as paredes são marrons descascadas, a cobertura frontal que se estende
até adiante da porta está deplorável, o piso é mesclado em preto e branco, lembrando um
tabuleiro de xadrez. Arregalo os olhos, fecho os punhos na alça da bolsa, o cheiro de gordura
bate com força fazendo a bile subir do meu estômago, comprimo os lábios, mas projeto a perna
para frente, adentrando o local.
CAPÍTULO 4

O interior da lanchonete é elementar, escorregadio, destoando da fachada, há mesas por


todo lugar, uma grudada na outra, os lanches nas bandejas aguçam a minha fome e um roncar
alto repercute do estômago. Avisto no canto esquerdo, próximo ao balcão de atendimentos, os
três me esperando.
Meu Deus, que lugar nojento! Pura gordura.
Meus saltos batem com proeminência nos pisos sujos e o olhar do Blake recai em mim,
desde o rosto até os pés. Sento no lugar vazio de frente para ele, mas mantenho a visão fixa na
Pietra que sorri.
一 É sério Pietra, por que escolheu um lugar como esse?
Giro o indicador no ar me referindo ao ambiente precário. Não fingirei que não me
incomoda, nunca estive antes em uma lanchonete tão usual. E mesmo que pareçam descuidados
na limpeza, os lanches servidos aparentam ser incrivelmente apetitosos. As batatas-fritas estão
douradas, vigorosas, encho minha boca de saliva, meu estômago grita novamente lembrando que
não me alimentei. Estou no paraíso, vou me encher de batata frita!
一 Eu que escolhi! Algum problema? 一 revela Blake com o olhar fixo no meu rosto.
Movo lentamente minha cabeça, reviro os olhos e o encaro com ironia. Só de ouvi-lo
cessa o equilíbrio emocional. Na balança mental pesa a impaciência, o desafeto.
一 Problema nenhum!
一 Certo, então vamos marcar para esse sábado? 一 Pietra indaga quebrando o clima
estranho.
一 Poderíamos passar o final de semana em uma pousada! Seria maravilhoso! 一 sugere
Peter animado. 一 E, durante a noite esquentamos as coisas!
Quero evitar, puno-me mentalmente, no entanto, minha visão segue instintivamente para
o Blake que degusta uma cerveja. Os cabelos dourados estão penteados todos para trás, a camisa
branca por baixo da jaqueta de couro preta está colada em seu peitoral, vislumbro os músculos e
subo o olhar vendo o pomo de adão descer e subir enquanto degluti. Minha boca seca, minha
pulsação acelera.
Só pode ser castigo tudo isso, por que fui falar de swing para Pietra mesmo?!
O copo repleto de gotículas de água pela temperatura baixa que ao afastar da boca
permanece em seu lábio superior a espuma densa. Blake encontra o meu olhar incisivo e sorri de
canto. Obviamente dirá algo perturbador só pelo meio sorriso sarcástico.
一 Preparada Antonella? Para ser fodida por mim? 一 Minha fisionomia endurece, sua
arrogância, falta de modos e humor ácido causa uma fúria ardente que quase me faz agredi-lo.
一 Você é muito nojento Blake. 一 retruco, ele gargalha. 一 Primeira regra “nada de beijo
na boca”… 一 aviso. 一 Recuso beijar esse traste 一 completo, apontando os meus dedos na
direção do Blake.
一 Pare de provocá-la Blake, ela acabará te matando na hora. 一 diz Peter descontraindo.
一 Não Ella! Sem beijo não dá. É quase a mesma coisa que fazer um anal sem
lubrificante. 一 justifica Pietra triste.
一 Também acho! Terá que me beijar Antonella.
Ignoro o gigolô para não perder a razão. Todas as vezes que tentamos conversar as
palavras desandam e fica um verdadeiro campo minado de quase xingamentos. Mudo o assunto
para outro ponto importante, enfim, sou inexperiente sexualmente.
一 Sem sexo anal, por favor! Ainda não me sinto preparada para experimentar.
一 Sério? Ainda não fez? 一 indaga Blake surpreso.
Tento esconder o rosto, sem jeito, com as bochechas queimando pela sensação de calor
que sobe pelo meu corpo, envergonhada. Sempre fui aberta a novas experiências, mas falar de
coisas tão íntimas na frente de alguém que sinto repulsa, desregula os ânimos.
一 Concordo com a Antonella, sem sexo anal e sem tapas agressivos. 一 apoia Pietra.
一 Por mim, tudo bem, mais alguma coisa? 一 interroga Peter.
Blake termina a cerveja e bate o copo na mesa chamando atenção.
一 Sim! Pegarei um quarto reserva, caso um de nós queira fazer separado e outra coisa,
somente ficaremos com os parceiros opostos, essa coisa de ficar revezando não dará certo.
一 Por mim tudo bem, afinal, a intenção é apimentar as coisas! Acredito que para as duas
também não tem problema, e se vocês optarem por irem a outro quarto, tudo bem. Se colocarmos
regras demais não será tão prazeroso.
一 Podemos ir na sexta-feira, ao invés do sábado. 一 diz Pietra. 一 O lugar é lindo,
aproveitamos o final de semana completo.
一 Tudo bem, o principal é, ninguém poderá saber que isso aconteceu entre nós,
entenderam? 一 relembro. 一 Quando acabar esqueçam que isso aconteceu. 一 O gigolô pela
primeira vez na vida concorda com uma piscadela.
一 É somente para esquentarmos nossas relações.
一 Todos confirmam que seja nesse final de semana? 一 questiona Peter, enquanto o
Blake e a Pietra rapidamente se manifestam com um “sim”.
Os olhares recaem em minha face, esperando uma resposta e não existe outra escolha,
terei que dormir com o Blake.
Isso será algo interessante? Ou um completo pesadelo?
一 Sim.
Um misto de sentimentos borbulha, pisco devagar, assimilando, meu corpo reage suando
frio. Uma leve pressão me tira o ar, meu principal medo é encostar meus doces lábios nos do
Blake. Só sai baboseira da boca dele.
Em uma tentativa frustrada, analiso-o grosseiramente, nada sexual, a única coisa
extremamente agradável é o cheiro que exala de seu corpo, de suas roupas, mesmo a quase um
metro de distância consigo senti-lo. Um perfume de masculinidade pura entrelaçada a brutalidade
e ferocidade com o qual me olha. Fundindo-se a essas características tem uma mistura de notas
amadeiradas, com menta picante, couro e âmbar. O que inegavelmente é quente e lascivo. Levo
os polegares as têmporas, massageando, aflita, pelos meus próprios pensamentos.
Droga, pare de pensar, é a influência deles me afetando.
O atendente surge, volto a realidade e quase agradeço.
一 Boa tarde, o que a senhorita deseja? 一 recupero o fôlego e faço o pedido.
一 Quero um x-burguer com bastante queijo e uma batata frita grande. 一 ele anota com
atenção.
一 Claro, em minutos trago para você.
O garçom retorna à cozinha e o insuportável coça a barba com zombaria.
一 Não é possível! Deve estar com febre. 一 insinua tocando minha testa cheio de graça,
e apressadamente acerto um tapa em sua mão. 一 Vai me bater assim também na nossa noite
juntos? Lembre-se das regras Antonella, mas particularmente adoro um tapa gostoso e
principalmente, adoro quebrar as regras! 一 Todos sorriem, menos eu, que furiosa mordo os
lábios contendo dentro de mim um palavrão obsceno.
一 Eu não sou a pessoa que você imagina. Não sou fresca como pensa. 一 retruco.
一 Ah, não? Você está de salto em uma lanchonete de bairro.
一 Sou uma mulher da moda, é diferente. 一 Blake parece sentir prazer em me provocar,
e observo o seu olhar incisivo em meus lábios.
O garçom interrompe nossa discussão trazendo os pedidos.
一 Pronto! Bom apetite a todos!
一 Agora é uma hora sagrada Blake, então, por favor, não quero ouvir sua voz. 一
finalizo degustando a batata frita com empolgação.
Blake retruca em um tom quase inaudível.
一 Insuportável!
一 Eu ouvi isso.
Pietra agita a cabeça em diversão e admira o Peter à medida que os braços dele me
envolvem, carinhosamente. Por tempo suficiente ficam presos, em uma troca estranha, complexa,
gerando desconforto, parecem guardar segredos. Pietra nota minha observação e abraça o Blake,
desajustada. É estranho pensar que talvez minha melhor amiga esteja conversando escondido
com o meu namorado? Eu confio no Peter, e nela, diante disso, por que se falariam escondido?
Não faz sentido.
O almoço passa rápido e finalizamos os pontos importantes para o final de semana.
Todos se despedem e peço novamente um táxi pelo celular. Peter está atrasado para um
compromisso e Pietra irá para o lado oposto da cidade.
一 Bom pessoal, estou indo, preciso voltar ao trabalho, combinado para sexta na pousada
Verão Doce. 一 despede-se Pietra.
一 A melhor pousada desse continente! 一 brinco e ela me abraça.
一 Exatamente!
一 Vejo-me na banheira ao ar livre, comendo merengue doce, morangos frescos
acompanhados de uma bela taça de champanhe na mão. 一 ela sorri.
一 Depois fala que não é fresca! 一 Reviro os olhos, ele consegue ser intrometido,
importuno, e quero agredi-lo, quase sempre.
Blake aperta a mão do Peter se despedindo e sorri.
一 Cara, você é um guerreiro!
Ignoro, recebo um beijo do Peter que em seguida distancia-se seguindo para o carro
estacionado a poucos metros.
一 Tentem não brigar demais até irem embora. 一 diz Pietra.
Os dois se beijam e minutos depois estou chutando uma pedra no chão vendo a partir.
Somos só nós dois e a completa raiva que sentimos.
一 Meu carro está logo ali, eu espero com você até o seu táxi chegar. 一 Surpreendida
com a atitude, não resisto em comentar.
一 Uau, deve estar com febre, está sendo cavalheiro uma vez na vida. 一 Blake sorri.
一 Eu só não vou te levar porque tenho uma entrega bem agora, e fica próximo daqui. Os
meus clientes são muito exigentes.
Analiso sua face séria, lembro da Pietra dizer algo sobre ele trabalhar com exportações.
Caminhamos até o estacionamento coberto e paro na frente do carro dele, um modelo BMW
novo.
Caraca, depois eu que sou a patricinha rica.
Ele encosta no capô me encarando fixamente. Desvio o rosto, mas desconfortável e
incomodada pela sua insistência decido perguntar.
一 Algum problema? 一 franze o cenho.
一 Fico me questionando como uma garota tão bonita como você pode ser tão chata?
一 Ai Blake, como se você fosse um cara super legal.
一 Está vendo, sorrindo fica tão bonita!
一 Você está tentando me agradar e sei que tem algum motivo para isso! 一 Ele coloca as
mãos no bolso da calça jeans e suspira.
一 E se tiver? Você sabe que sou um cara que odeia seguir regras, certo? Prepare-se
Antonella! Tenho algo para lhe propor. 一 finaliza com ar zombeteiro de fera brava.
一 Me preparar para quê? Aposto que o seu peru é desse tamanhico! 一 instigo, sem
deixá-lo terminar, sabendo o quanto se acha.
Faço um movimento com a mão indicando um tamanho bem pequeno. O semblante dele
se fecha e a voz ganha um tom agressivo.
一 Você ficaria surpresa com o tamanho do meu peru!
一 Queria não ter que descobrir seu segredo, mas prometo que não sairei espalhando por
aí sobre seu volume pequeno. 一 Os olhos diminuem em irritação e antes que possa responder o
táxi chega.
Aposto que está com a língua coçando, porém engole as palavras. Abro a porta do
veículo e entro, entretanto, ao tentar fechá-la sou impedida por ele.
一 Nos vemos sexta Antonella! Durma bem nesses dois dias, aposto que ficará muito
cansada depois.
一 Tchau, Blake!
CAPÍTULO 5

Passei os últimos dois dias da semana pensando sobre a experiência e a ansiedade não me
permitiu realmente descansar. Elevo o braço, os ponteiros do relógio de pulso avisam que
anoiteceu e passei do horário. Finalizo o vestido adicionando a alça lateral, com os dedos
procurando o ponto exato de incluir o alfinete prateado. Risco de giz a altura das disposições das
pedrarias e bocejo cansada. Deixo tudo no lugar, pego o que preciso levar. Coloco o alarme
acoplando a bolsa no ombro e saio.
O vento fresco noturno golpeia o meu corpo, o típico cheiro de Nova York penetra em
minhas narinas “poluição”, diminuo a velocidade dos passos admirando as luzes e os vitrais das
lojas. Assusto com um carro preto que para ao meu lado, arregalo os olhos, fecho os punhos com
o coração disparado e inclino o rosto para tentar identificar, mas não consigo ver nada. Ignoro
dando um novo passo a frente, mas o vidro fumê desce revelando lentamente o Blake no banco
traseiro. Ele abre a porta.
一 Preciso falar com você. 一 avisa, mas permaneço indiferente. 一 Entre Antonella! 一
Finjo não ouvi-lo e continuo caminhando, mas sinto quando está atrás de mim e a mão grande
segura o meu pulso. 一 Preciso falar sobre amanhã.
Acabo de ganhar uma chance de ouro de dizer o quanto odeio toda a ideia do swing.
一 Tudo bem, acho que precisamos mesmo falar sobre isso. 一 Puxo o pulso de volta e o
acompanho até o carro.
Sento ao lado dele.
一 Não sabia que tinha motorista, isso é coisa de gente rica. 一 provoco.
Blake me analisa de soslaio, evasivo, projetando o tronco para frente.
一 Siga para a minha casa, por favor, Marc.
一 Sim, senhor! 一 Travo a respiração em dúvidas.
一 Não quero ir para a sua casa. 一 esbravejo, vendo-o cruzar os braços enquanto relaxa o
corpo no banco.
一 Precisamos ter umas regras particulares, não se preocupe o Marc levará você embora
quando terminarmos.
一 Espero que seja uma conversa rápida, afinal, já serei obrigada a passar a noite amanhã
com você. 一 Fingindo não ouvir ele fixa a visão em linha reta, nas ruas.
Reproduzo os seus gestos, cruzo os braços, me posiciono de lado, evitando encará-lo.
Inerte, os minutos passam, o ar é rarefeito, o cheiro dele incita os meus músculos tensos. Oscilo,
cruzo as pernas e encosto a face no banco macio. O motorista adentra em uma grande
propriedade instantes depois. O lugar tem seguranças por todos os lados, a enorme mansão é
feita de tijolos maciços, com portas e janelas graúdas em madeira de lei. Blake sempre foi rico, o
pai é o melhor engenheiro da cidade, porém ninguém escuta falar sobre o filho de Roman Lodge.
Ele não frequenta eventos da alta sociedade e tudo que sei é que foi um militar.
Pietra nunca falou muito sobre os gostos dele, ou o passado, até porque nunca me
interessei em saber. O motorista estaciona e descemos do carro. Cumprimento os homens que
vestem roupas sociais pretas e estão todos armados. Imagino que deva exportar produtos de luxo
pela proteção exagerada. Um deles abre a porta principal e entro na residência. O perfume
pertinente me atinge, dou passos conferindo a sala ampla, o lugar é todo integrado, sem
divisórias, os móveis escuros e a parede atrás da lareira é de vidro revelando a imagem da cidade.
Pela espessura é vidro blindado.
Corro o olhar nos detalhes, o sofá de couro, as faíscas escapando do fogo que crepita na
lareira, esquentando o cômodo, a ausência de objetos decorativos, tendo apenas as superfícies
dos móveis planas, polidas. Blake passa ao meu lado e o sigo até a parte da cozinha. Acomodo-
me na banqueta, rente a ilha extensa de mármore. Ele serve uma dose de whisky, estica o copo
oferecendo, nego, vendo-o sentar em minha frente.
Seus olhos azuis-turquesa estudam o meu rosto transitando até a minha roupa. Uso um
vestido rose curto, um salto preto e os cabelos soltos. Fixo a atenção nos braços musculosos,
protuberantes, repletos de tatuagens enigmáticas. Compartilhamos uma luta escabrosa de repulsa,
feita com o olhar. Não precisamos proferir palavras, basta sentir a antipatia que representa
estarmos assim, sozinhos.
Blake possui uma presença marcante, é lindo de doer, a cor dos cabelos, dos olhos, o jeito
que as covas se formam em sua face quando é incongruente, mas quando fala, quando se atreve a
se aproximar, desperta a minha raiva.
Ele retira o celular do bolso da calça jeans e coloca ao lado do copo de drink.
一 Precisamos conversar porque eu não quero ficar com você. 一 revela sem rodeios e
apenas escuto. 一 Essa tal troca de casais é um desejo da Pietra, sei que você e o Peter já
pretendiam fazer isso, mas eu não. Podemos combinar algo e evitar que, você sabe… 一
justifica.
一 Ótimo, porque também não quero ficar com você. Lembro que falou que pegará dois
quartos, certo? Pronto, após começarmos a troca diremos que queremos privacidade e partimos
para o quarto ao lado. 一 Ele concorda, coça a barba preso em meu olhar, com a fisionomia
fechada.
Levanto pegando a bolsa e com rapidez ele se posiciona em minha frente. Desvencilho de
seu corpo evitando uma proximidade maior, sigo a passos rápidos até a porta, mas as mãos
grandes, quentes, agarram a minha cintura, me puxando com força. Paraliso com o seu toque
firme, com a ousadia em me impedir de ir embora. Afasto abruptamente, dou passos para trás até
topar em algo. Com raiva Blake apoia as mãos na parede e fico presa entre os seus braços, colada
no peitoral amplo, na respiração afobada e no olhar demolidor.
一 Por que está fugindo? Não sou o bicho-papão e também não terminei o meu acordo
com você. 一 provoca aproximando o rosto do meu, fraquejo, espalmo seu peito, na tentativa de
evitar sentir a palpitação dolorosa e intensa que nasce dentro de mim. 一 Escute aqui,
precisaremos ao menos dar um beijo, entendeu? 一 encaro seus lábios, 一 Ou então eles
desconfiarão. Não se faça de difícil na hora para acabarmos rápido com o teatro. 一 Engulo em
seco, com o meu peito se expandindo, suplicando por oxigênio.
O olhar dele transita incisivamente por todo meu rosto, parando nos meus lábios. É
pertinente a sensação que vibra dentro de mim, minhas mãos umedecem de suor, o que não me
deixa dúvidas do tamanho do ódio que sinto porque quero estapear o seu rosto. Empurro-o,
tentando escapar de seus músculos, não consigo.
一 Entendi, lave bem essa boca nojenta para me beijar. 一 afirmo ajustando o tom de voz.
Blake sorri, expira baixo, o cheiro de whisky de sua boca mistura-se ao perfume de seu
corpo invadindo violentamente o meu olfato.
一 Odeio você! 一 completo escapando por baixo dos seus braços.
Giro a maçaneta nervosa e Blake assiste calado quando saio na área externa. Ele para na
porta, apoia a palma da mão no batente lateral, inócuo.
一 Não se preocupe mimadinha, só farei isso por obrigação. Não vejo a hora desse final
de semana acabar. 一 O ignoro procurando pelo homem que me levará em casa.
Encontro-o, ainda meio nauseada pelo contato inesperado. Sento no banco, ouço a porta
do veículo bater ao meu lado e suspiro, aliviada. Não estava dormindo com a ansiedade me
castigando por horas até que a claridade surgisse. Agora é diferente, um acordo, nada de
obrigação. Nenhum dos dois jamais saberá, precisaremos dar apenas um beijo e poderei no
futuro fingir que esse final de semana nunca aconteceu. Blake não é tão idiota assim, sei que está
fazendo por ele, mas sou beneficiada, se dormíssemos juntos seria traumatizante.

Chego à mansão indo diretamente para o quarto. Minha mãe até me convida para o jantar,
porém, escolho descansar. Pietra encheu o grupo particular do instagram com figurinhas e ignoro
completamente. Peter responde todas animado, e sinto certa repulsa pelo seu comportamento.
Na troca de casais eu e o Blake estamos apenas por eles, o que me conforta é o nosso
acordo. Deito na cama, puxo as cobertas até metade do rosto, o corpo arrepiado, o ar trincando o
ambiente, o peso do cansaço nos olhos. Sou vencida pelo sono e adormeço.
Sou despertada pela claridade que incide em meu rosto. Abro os olhos, estico os braços
me espreguiçando e o primeiro pensamento perturbador surge.
É hoje! Deus me ajude a manter a calma e a fingir bem.
Analiso o celular e Pietra está extremamente ativa. Levanto contrariada cobrindo o meu
corpo com a água gelada da banheira, relaxando os músculos tensos da semana agitada, hidrato a
pele, seco os cabelos e escolho a roupa. Opto por um conjunto de saia e cropped preto com
detalhes azuis. Para completar o look faço um penteado com cachos nas pontas e calço uma
sandália confortável. Pietra levará as lingeries, poupando minha mente de entrar em conflito.
Após descer minha mala pela enorme escadaria principal de porcelanato, desfruto do café da
manhã com os meus pais.
一 Filha aproveite bastante. Hoje é sexta e vocês terão o final de semana todo para
curtirem! 一 Deseja mamãe sorrindo.
一 Com responsabilidade em Antonella! 一 Exige o meu pai, com o semblante sério.
一 Não se preocupem, eu não farei nada que vocês não fariam!
Os dois se entreolham e gargalham. Adoro a relação deles, a cumplicidade, o quanto
viajam, conversam por horas, que muitas vezes se estendem até a madrugada. As noites são
repletas de jantares feitos sob sorrisos e alguns xingamentos. Independente das circunstâncias,
não me lembro de tê-los visto separados.
一 Droga! Agora estou preocupado. 一 Brinca papai e nosso momento é interrompido
pela buzina de um carro.
一 Volto em breve e descansada! É o Blake e a Pietra. Peter combinou de nos encontrar
lá, tinha uma sessão de fotos agora cedo. 一 Sobressalto e seguimos juntos até o hall de entrada.
Abraço-os com carinho e saio arrastando a mala.
一 Até domingo!
Aproximo do carro, Pietra sorri batendo a palma da mão na porta, sentada no banco da
frente.
一 Chegou o grande dia, entra e vamos, temos que conversar no caminho.
Meus pais cumprimentam de longe e retornam para dentro da casa.
Droga, lá vem mais surpresas!
Blake desce calmamente, abre o porta-malas com arrogância. Meu olhar recai em seu
rosto, os cabelos dourados estão bagunçados, o casaco sobretudo preto está com a gola
levantada, usa calça jeans e nos pés um coturno preto militar. A expressão carrancuda. Olhar sem
emoção. Ele está frustrado, eu também. Não queríamos isso, mas por que estamos nisso? Pelo
nosso acordo ou já teríamos desistido.
一 Me dê sua mala, que guardarei aqui. 一 Apenas entrego evitando olhá-lo e entro no
carro com pressa.
Odeio esse cara! Grosso.
Após tudo guardado, partimos. O céu apresenta uma coloração azul-celeste com um
manto de nuvens rasas brancas que lembram uma pintura. Blake liga o som e coloca uma música
de rock. Recordo da fala da Pietra assim que me viu e decido perguntar sobre o que eles querem
conversar.
一 O que vocês querem falar? 一 Blake diminui o volume e pigarreia limpando o timbre
de voz.
一 Estava conversando com o Peter e fiz uma sugestão sobre uma regra a mais.
一 Ai meu Deus, nada de acrescentar regras! 一 retruco.
一 A maioria vence Antonella, é assim em qualquer democracia. 一 rebate com ironia.
一 E você entende de democracia? 一 Pietra inclina o corpo para me olhar.
一 Fico me perguntando, como será a noite de vocês. Só não quero ouvir vocês
discutindo sem parar, entenderam?
一 Qual é a regra? 一 indago.
一 Acho válido já que passaremos o final de semana todo na pousada que a troca seja
feita pelo final de semana completo! Retornamos somente domingo mesmo. 一 Inspiro
profundamente tentando manter a calma, porém demora apenas alguns segundos para externar a
fúria que ferve dentro de mim.
Precisarei aguentá-lo mais tempo? Fingirei por mais horas? É frustrante.
一 Isso é muito injusto! Era só uma noite!
一 Desculpa amiga, mas eu e o Peter concordamos com o Blake.
一 Você está querendo se livrar dele e está jogando-o para mim? Só pode, já sei,
combinaram de me ferrar? 一 Pietra gargalha e levanta as mãos se rendendo.
一 Calma amiga, Blake prometeu que irá parar de encher o seu saco.
一 Acho bom mesmo, se não aproveito e corto as bolas dele enquanto dorme. 一 Irritado
vejo-o apertar as mãos no volante.
一 Engraçado, não é um castigo só para você não, sabia?
一 Não? Então por que sugeriu isso? Simples, para me perturbar.
Sim, aquele infeliz quer me infernizar.
一 Ai, vocês me divertem, não se preocupe Blake, a Ella não cortará suas bolas, não
chegaria a tanto. 一 ameniza.
Afundo no banco, furiosa e permaneço em silêncio o restante da viagem. Todas as vezes
que o Blake fala, sinto uma sensação diferente borbulhar dentro de mim. Ela começa no
estômago e sobe lentamente até a minha garganta, parecendo cessar todo o meu ar e
internamente tenho certeza que esse sentimento chama-se raiva.
Três horas depois estamos descendo do carro. Estico as pernas dormentes, movendo
juntamente os pés que formigam, inspiro o ar litorâneo. O lugar é magnífico. Assemelha-se a
uma casa de campo, toda em alvenaria, mas possui as paredes amarelas como o sol e ao fundo o
mar desemboca, agitado. Os cantos da gaivota no ar, a areia fina branca, o vento irregular
desmantelando o meu penteado.
一 Pietra! 一 Chama o Blake e ela sai do carro puxando a bolsa. 一 Nesse momento a
troca de casais está definida, é a última vez que te pergunto… 一 Ela mantém a expressão
passiva, esperando que ele termine de falar. 一 Você está abrindo mão da monogamia por todo
final de semana, tem certeza que não quer desistir? Estou disposto a voltar para casa e esquecer
isso, mas se concordar não vou me privar da experiência! 一 Pietra pensa por alguns segundos e
enfim responde.
一 Sim, tenho certeza! Como conversamos, desejo que seja válido para vocês também e
por mais que se odeiem acredito que poderão ser bons amigos. 一 declara convicta sanando as
dúvidas dele. 一 Pegarei as chaves na recepção, deem os documentos de vocês! 一 Blake entrega
o dele, a mandíbula está contraída e o olhar furtivo totalmente incompreensível.
Retiro minha identificação da bolsa e também entrego. Pietra segue até a recepção, desvio
o olhar seguindo na direção da praia, o mar quebra as ondas bravas nas rochas, mas pela visão
periférica percebo o Blake se aproximar com passos lentos. A mão se projeta até os meus
cabelos, os dedos dançando ao redor dos fios, sentindo a textura. Minuciosamente ele coloca a
mecha atrás de minha orelha, permaneço estática, sem reação e fixo o meu olhar no dele.
Desprovida de atitude, a complexidade do momento é insana, me falta o ar.
As pupilas dele estão dilatadas deixando a íris um círculo fino azul. A sensação adversa
que cresce em meu estômago se eleva enquanto assisto o rosto dele ficar a centímetros do meu.
Sua respiração quente se desmanchando em meus lábios, a palpitação desenfreada e o encostar
inesperadamente de nossas bocas para um selinho suave que me quebra em pedaços. Uma
pressão leve, a sensação da pele e sua textura carnuda me fazem fechar os olhos. Não quero
sentir, mas sinto. Suas mãos pousam nas laterais da minha cintura com um aperto suave, girando
meu corpo até estarmos frente a frente.
Estremeço. Minhas mãos suando, e em dúvida fico com elas paralisadas no ar, perdida,
enquanto sinto sua boca se mover, envolvendo a minha, a língua transpassa contornando a pele,
os dentes raspam mordiscando o lábio inferior. Suspiro. Seguro ao redor do seu pescoço,
enlaçamos nossas línguas, a urgência nos domina, nos beijamos desesperados, gerando um
calafrio. A saliva quente e o cheiro mentolado faz o meu corpo se excitar. No dia anterior o
combinado era fazer um teatro e talvez ele esteja fazendo isso, mas não tem ninguém aqui para
assistir, o que não faz sentido.
Blake pausadamente inicia uma provocação corrosiva. Mordendo, sugando enquanto
pressiona os dedos em minha pele querendo puxar o meu quadril. Sibilo, nossas bocas se
afastam, sem fôlego, incrédula, coloco a mão em seu peitoral amplo e forte, mas dentro de mim
alguma coisa começa a queimar e não parece a raiva que sempre sinto, é algo pior.
一 O que pensa que está fazendo? 一 sussurro, intrigada, totalmente desconcertada.
一 A troca de casais começou Antonella, estou louco para foder você! 一 Confusa, brava,
acerto um tapa em seu rosto.
A minha palma certeira atinge sua face direita, a força do impacto o faz inclinar para o
lado ficando uma coloração avermelhada.
一 Idiota! 一 balbucio trêmula.
Por que fiz isso? Culpa da minha total incapacidade de entender o que está acontecendo.
Quero gritar, reprimo, seus olhos não me deixam, nem mesmo se intimidam com a minha
agressão.
Estremeço e mordo os lábios.
Blake fica ofegante, não diz nada, aperta mais forte minha cintura e sem entender avanço
contra sua boca, dando outro beijo.
Meu coração dói com a intensidade das batidas, meus lábios formigam pela força do
atrito, nossos corpos se confrontam e suas mãos sorrateira me prendem. Os toques causam
dormência pela força, sua boca tem um gosto diferente, viciante. Sinto o seu pau esticando em
meu abdômen, sem calcular o seguro, contornando o tamanho, enquanto sinto as contrações
simultâneas no centro de minhas pernas. Perco o fôlego afastando para respirar, sua língua
caçando a minha no ar.
一 Afasta essa língua de mim, seu safado. 一 sussurro.
一 Ah é, afasto quando você soltar o meu pau. 一 Pressiono sua ereção antes de soltá-la
em uma espécie de transe.
Escuto um barulho e salto para trás. Blake sorri enquanto me afasto.
一 Fique longe de mim! 一 declaro envergonhada.
CAPÍTULO 6

Blake me beijou fomentando a eclosão de todas as fantasias impróprias que já passaram


pela atmosfera da minha mente inteiramente para ele.
Estou abalada.
Perco a voz.
Ele é o causador das manifestações desconhecidas de cada região do meu corpo capaz de
gerar uma resposta. O ar que faltou não retorna. Meus pulmões ardem enquanto admiro o rosto
dele, atordoada pela sensação vulcânica que desperta em meu peito. Inflamável. Pertinente. Não
esperava essa atitude vinda dele, também não esperava a minha ao acertar o seu rosto e muito
menos quando o beijei de novo. Ficamos estáticos, minhas pernas ainda bambeiam e por
segundos constato o ar se expandindo novamente. O raciocínio distorcido ganha luz, os músculos
firmam e miro seus lábios com sede deles.
A sensação de tê-los nos meus permanece em minha boca. Fixada como uma impressão
digital.
Única.
Posso estar louca, mas queria beijá-lo de novo. Suspiro recuperando a postura que perdi.
Blake ilustra um meio-sorriso quebrado e sem abandonar nossa conexão dá um novo passo em
minha direção. Meu corpo reage, com um arrepio ascendente que irradia na pele. Sua mão tateia
o ar, a milímetros de relar em meu rosto.
Pietra sai da pousada e contrariado se afasta, porém mantém o olhar preso ao meu. As
mãos se encaixam nos bolsos da calça jeans enquanto se move até o carro abrindo o porta-malas.
一 Muito bem, vamos, o quarto está pronto e a recepcionista disse que é o mais lindo! 一
Concordo em silêncio, pegamos as malas e seguimos até o local.
Passo pela porta completamente aérea e assusto quando a Pietra pula em meus braços.
Foco em seu rosto que estampa um sorriso largo.
一 Amiga olha esse lugar, é perfeito, colocaremos o biquíni agora mesmo!
Retorno a atenção no quarto e admiro, encantada. A decoração é minimalista e delicada.
As paredes possuem a coloração branca, com uma cama imensa de casal no centro, no lado
esquerdo tem o closet e no direito, a suíte de banho. Vislumbro o vulto do Blake sentar-se em
uma poltrona rente a porta de vidro com acesso à varanda. Não ouso olhá-lo. Estou
extremamente confusa, afinal, o beijo que me deu trouxe um desejo desconhecido que nunca
existiu entre nós.
Algo mudou, eu sei, só não quero admitir. Sinto saudades de algo que nunca aconteceu e
os instintos do Blake exalam massivamente, mesmo na presença discreta.
一 Claro, vamos nos trocar, esse lugar é realmente lindo.
Pietra deposita a mala sobre a cama. Com iniciativa escolhe um biquíni e corre para vesti-
lo no banheiro. Levo minha bagagem para o lado oposto, abro e analiso as opções, certamente
nada vejo, apenas sinto a tensão pesar no ambiente. Não preciso elevar o rosto para sentir o olhar
do Blake aprisionando a minha face. Ele não me deixa.
Subitamente levanta-se e me tremo.
Meu olhar percorre o chão até encontrar os seus pés que a cada passo estão mais perto de
mim. Meu coração acelera indiscreto, sem controle e quando para em minha frente finalmente
me atrevo a olhá-lo.
Desde que me roubou um beijo, minutos atrás, minha psique foi amplamente resetada. Os
pensamentos distorcidos, desconexos, a lembrança que vem e volta continuamente. Blake nota
através das minhas pupilas fixas nele um enigma insólito, eu estou bagunçada. A sobrancelha se
arqueia e com destreza empurra-me grosseiramente contra a parede. Encosto bruscamente na
superfície fria e inspiro o ar com a boca entreaberta de surpresa.
Poderia dizer que a raiva começou a fazer o meu estômago se torcer, no entanto, as
minhas mãos frias, o arrepio que corre pelo meu corpo demonstram outra coisa. Droga, ele está
mexendo sexualmente comigo. Recupero da lentidão e sussurro, sentindo-o me pressionar com o
corpo forte e grandioso.
一 Para, Blake. 一 Com benevolência transpassa suavemente a barba na maçã do meu
rosto enquanto sussurra em meu ouvido.
一 Por que eu deveria parar? 一 Sua voz é grossa, baixa e sexy.
Completamente irresistível.
一 Porque nos odiamos! 一 afirmo.
一 Isso não me impede de querer te beijar agora, seus lábios são macios! Gostei de senti-
los… 一 Nossas respirações tornam-se desalinhadas e meu peitoral se eleva profundamente,
segundo após segundo, incontrolável.
É possível sentir isso? Ansiedade que se externa em calafrios. Angústia pertinente que
eleva violentamente as taxas de descontrole emocional. Estou fora de mim, se quer penso.
Nossos lábios se grudam com uma intensidade absurda, de forma lenta e saborosa. Inclino a
cabeça, sua língua confronta a minha e o provo ardentemente. Quero conexão, briga de corpos.
Nossas línguas molhadas intensificam-se com movimentos viscerais. Dançando eroticamente,
uma sobre a outra, alguns instantes suplicantes, outros com sutileza.
Envolvo minhas mãos em seu pescoço enquanto em uma pegada firme e áspera puxa
minha cintura pressionando nossos quadris. Estou condenada aos seus toques, infectada pelo seu
cheiro restrito, ímpar, destruidor de lucidez. Sinto o volume exuberante cutucar minha barriga e
meus dedos rastejam por entre os seus cabelos dourados apertando-os em excitação.
Ai caramba, pelo jeito é um peruzão que tem dentro das calças.
Blake está quente e as mãos transitam pela curvatura central de minhas costas até chegar
na minha bunda e apertá-la. Ele projeta meu quadril contra o seu corpo, a protuberância causando
um atrito excitante. Recobro a consciência e tento me afastar, mas sua pegada não permite. Com
sensualidade esfregamos nossos rostos e seus dentes mordiscam o lóbulo da minha orelha
enquanto sussurra safadezas. Meus nervos afloram, meu corpo perde as forças e sua voz leva
meus sentidos à loucura. Só quero dizer o quanto o odeio.
一 Idiota, insuportável, eu odeio você! 一 morde com força meu lábio inferior, solto um
gemido.
一 O que mais essa boca gostosa faz além de me xingar? Quero senti-la engolindo o meu
pau bem devagar. 一 Blake beija meu pescoço e quando percebo nossos quadris movimentam-se
eroticamente, em sincronia, e de maneira proibida.
Suas mãos elevam a minha saia, as pontas dos dedos experimentam minha pele
pressionando-a, e com safadeza contorna a calcinha fina em direção a minha boceta. Uma dor
gostosa de desejo queima o centro das minhas pernas. O toque ácido em minha virilha me
desperta e o empurro com força.
一 Seu safado! 一 balbucio enfraquecida pelas sensações conflitantes enquanto luto para
firmar as pernas.
Droga, maldito safado gostoso.
Ele sorri passando o polegar sedutoramente pelo canto da boca, limpando um pouco de
saliva acumulada. Arrumo a saia levantada, ao passo que Pietra sai do banheiro. Retorno até a
mala com as mãos trêmulas e capturo o primeiro biquíni que encontro.
一 O quê aconteceu? Vocês estão bem? 一 Pietra questiona, percebendo a tensão no ar.
一 Não vai me dizer que estão querendo se estapear?
一 Antonella é... digamos, fresca! 一 Reviro os olhos irritada com a fala dele.
一 Me poupe Blake, o único fresco aqui é você e ainda por cima se acha! Com licença,
colocarei o biquíni.
Corro até a suíte tentando me esconder, com o corpo em chamas, e a região íntima
pulsando. Quero ser tocada pelo Blake, mas ignoro os desejos porque senão serei obrigada a
admitir que falhei. Encosto atrás da porta e meu corpo escorrega até o chão. Sento, suspiro e fico
cinco minutos assim, tentando montar um quebra cabeça com as peças erradas.
O que foi isso? Puta merda, o beijo dele é incrível. Como lidarei com isso? Corpo
safado, não me traia, controle-se!
Minutos depois Peter chega, animado, falando alto e provavelmente sorrindo. Conheço a
entonação de sua voz quando está feliz.
一 Cheguei, que comecem os jogos!
Restabeleço o emocional enquanto arranco a roupa para colocar o biquíni. Tento não
lembrar, mas tocar em minha própria pele me faz reviver a brutalidade do Blake ao apertar minha
bunda. Movimento a cabeça em negação querendo dispersar os pensamentos pecaminosos
enquanto finalizo o laço em minhas costas.
Olho no espelho, arrumo os seios na parte superior e me dou conta de que peguei uma
peça prata e agora serei obrigada a usá-la. Após colocar a saia de volta, deixando só a parte de
cima do biquíni à mostra, saio do banheiro e Peter corre para me abraçar com carinho.
一 Oi meu amor, estava louco de saudades de você.
一 Também estava, por que demorou tanto?
一 As fotos demoraram, pessoal sempre atrasado, mas agora estamos todos juntos para
curtirmos o final de semana. 一 Blake nos interrompe parando em nossa frente.
一 Blá blá blá, parem vocês dois, tem uma cachoeira aqui perto. Podemos ir! 一 reviro os
olhos.
Pietra passa as mãos nos cabelos arrumando-os no ombro e Blake pega em minha mão,
entrelaçando nossos dedos. Gosto da sensação.
一 Cada um com a sua nova namorada! 一 Peter e Pietra concordam sorrindo.
一 Você é muito atrevido Blake Lodge! 一 A mão grande sobrepõe completamente a
minha em um aperto firme que não ouso escapar.
一 Estou louco esperando pela nossa noite. 一 revela Peter e internamente a minha
desconfiança novamente aumenta.
Peter dizer o tempo todo que está ansioso pela noite me deixa intrigada, tenho quase
certeza que ele falou com a Pietra para realizarmos essa troca. Espero estar errada, afinal, ele
sabe da minha aversão ao Blake, em nenhum momento pensou em mim?
Pietra move sutilmente a mão me chamando.
一 Rápido, se troquem, enquanto isso beberemos algo! Vem Antonella! 一 Solto
rapidamente a mão do Blake, percebendo que ainda estava segurando firmemente.
Trocamos olhares, meu estômago acidifica, a atração pelo conjunto todo é quase
palpável. Onde estaria a raiva? Em sobreposição, tão confusa quanto eu, talvez.
一 Claro, vamos! 一 confirmo sem graça enquanto saímos juntas pela porta sob o olhar
dele.
Caminhamos pelos corredores e a pousada é realmente deslumbrante. Há um lindo jardim
que acompanha toda a lateral e várias salas de entretenimento. Após alguns metros encontramos
a área gourmet. Avistamos várias mesas de madeira e ao fundo o mar quebra as ondas me
fazendo suspirar com a imagem.
Sentamos e fazemos os pedidos, escolho uma margarita, e a Pietra uma batida de vodca.
A brisa está fresca, o líquido gelado e acomodo os cotovelos na mesa enquanto mordo o canudo
verde. Minha mente me faz reviver quando o Blake inesperadamente me beijou, em
contrapartida, lembro também do nosso acordo e concluo que ele provavelmente escolheu fazer o
swing após a pergunta chave que fez para a Pietra ao chegarmos.
Por segundos imagino fazer a mesma escolha. Considerando a prévia que tive no quarto
com o beijo concluo que podemos sim nos odiar enquanto nos beijamos, é humanamente
compreensível, afinal, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Certo?
Inspiro profundamente aflita, com medo, afinal, não nego que gostei e isso causa um
conflito gigantesco no meu coração.
Antonella bebe sua margarita pensativa, com o olhar estável preso no mar. Ficar com
alguém que sempre causou repulsa deve ser difícil. E por vezes me sinto culpada por ter feito de
propósito. Peter me convenceu de que deveríamos fazer a troca e que de fato meu
relacionamento com o Blake ficaria melhor, mas a verdade é que só consigo levar adiante porque
sei que a Antonella e o Blake se odeiam.
Imaginar a possibilidade de perdê-lo me deixa depressiva. A realidade torna-se indigesta,
isenta de futuro. Estou disposta a tudo, até mesmo magoar a minha melhor amiga que sempre
confiou em mim. Fazia dias que Peter mandava mensagem e criamos uma conexão. Queria
mencionar que estávamos planejando tudo, mas não consigo, se tornou um segredo.
Antonella tem motivos consideráveis, Peter pura safadeza, eu desespero. Blake me ama,
apenas precisa se dar conta disso. Swing traz benefícios para casais bem resolvidos, que possuem
a mente aberta, mas ignorei esse fato, o meu cenário real é caótico, o oposto do que se aconselha.
Eu sei, mas não ligo.
Prefiro acreditar que os dois aprenderão a se suportarem e sairemos finalmente juntos,
sem se atacarem. Analiso a Antonella, o semblante sério, e o olhar perdido. Ela está triste? Com
medo? Preciso dizer que tente tirar algo de bom da situação, embora acho que sairão do final de
semana com mais ódio um do outro.
一 Amiga, está pronta para começarmos? 一 Ela gesticula com a mão fazendo um mais
ou menos.
一 Por que está me perguntando isso? 一 questiona.
一 Sei o quanto você e o Blake se odeiam, e só está fazendo isso por mim.
一 Sim, é verdade! Eu estou fazendo isso por você! Porque é minha melhor amiga e me
pediu ajuda.
一 Eu amo demais o Blake e não consigo imaginar uma vida sem ele! Mesmo que eu
sinta que ainda não se entregou totalmente ao nosso relacionamento, acredito que logo fará isso!
一 Você sabe que swing não faz milagre, vocês precisam trabalhar para melhorar o
relacionamento, não funciona assim. Swing é coisa séria, não bagunça, então, não se culpe se não
sair como esperado. Pi, é importante que tenha consciência disso. 一 Gesticulo que sim, que
entendo.
Antonella sempre foi a minha melhor amiga, e mesmo que a achem metida e fresca, ela
não é. Ao contrário do que pensam, é humilde, sempre me ajuda, seja com apoio, com amizade e
até mesmo com dinheiro quando esqueço os meus cartões ou algo acontece de inesperado. Por
muitas vezes fez coisas que não queria para me ver sorrir, essa é mais uma delas. Confiamos
totalmente uma na outra e jamais deixaremos de ser unidas.
一 Só quero dizer que confio muito em você e preciso que aproveite esse momento! Sei
que o Blake não é o cara com quem você queria fazer swing, porém é bom de cama, não tão
carinhoso claro, mas é uma boa pessoa, então se permita conhecer ele melhor para que a
experiência seja boa.
Antonella vasculha meu rosto com atenção, a mão direita aperta a taça, um suspiro escapa
de seus lábios e os ombros relaxam.
一 Prometo que vou me esforçar, tudo bem?
一 Ótimo, excelente.
一 Como será agora, trocaremos de casal em tudo?
一 Sim, mas sempre estaremos juntos, para que essa troca nos encha de prazer.
一 Pietra sua safadinha. Não conhecia esse seu lado. 一 sorrimos juntas.
Acho que vou gostar de ficar com o Peter, segundo o que a Ella sempre disse é um
homem carinhoso. Estou curiosa para ver tudo isso em ação.
Passamos quase uma hora conversando e admirando o mar. Blake e Peter chegam em
silêncio, os dois vestem bermudas e camisetas de malha fresca. Antonella fica tensa ao vê-lo,
endurecendo a postura. Os dois sempre agem assim. Um chega, o outro sai, um provoca, o outro
revida. Os olhares fuzilantes e cheios de ódio gratuitos acontecem todas as vezes, e é preciso
encontrá-los em horários diferentes, se não acabo ficando no meio das farpas.
Peter se aproxima, fico envergonhada. É real, está acontecendo, a troca, as sensações
novas. Ele tem um cheiro gostoso que fica mais intenso à medida que senta ao meu lado. Blake
puxa uma cadeira ao lado da Antonella que faz uma cara de “não te suporto”. Mesmo sabendo
que se odeiam, inevitavelmente sinto ciúmes.
Peter encosta a boca na lateral do meu rosto, deslizando-a, até chegar em meu ouvido.
Aperta discretamente minha cintura com um abraço e sussurra quase inaudível para que ninguém
possa ouvir.
一 Eu sempre quis comer sua boceta, esse é o nosso segredo.
Fico perplexa com a confissão, o suor frio surgindo de nervosismo. Peter é lindo e dono
de um olhar intimidante. Apenas retribuo com um sorriso sem graça.
Sempre me quis? Como assim?
Se a Antonella soubesse, não me mataria, mas daria um pé na bunda dele. Os dois
formam um casal lindo e pela primeira vez admito que também tinha desejos pelo Peter. Desejos
que vem de antes. É errado, eu amo o Blake, mas ficar com ele, experimentar como a Antonella
se sente em seus braços traz satisfação porque eu a invejo. Não contarei nada sobre a revelação
dele, porque compartilho dos mesmos sentimentos.
CAPÍTULO 7

Sento ao lado da Antonella, impugnado, instantaneamente ela me fuzila com seu olhar
mortífero. Seus lábios estão em uma coloração avermelhada e úmidos. Dou uma olhada na mesa
e ela está ingerindo algo gelado. Fico excitado. Disfarço, é incompreensível sentir tesão, eu odeio
essa mulher, sua voz me irrita, o cheiro é bom, mas os trejeitos delicados e as falas cheias de
frescura são tenebrosas.
Sua sobrancelha esquerda arqueia, a expressão de deboche domina sua face e sinto uma
vontade absurda, pertinente, de agarrá-la, puxar os cabelos com força e tacar um beijo selvagem
em sua boca irritante. Esses pensamentos divergentes fervem os meus sentidos, droga, eu a
quero, mesmo sentindo ódio por ela.
Meus olhos transitam diretamente do rosto fino aos seios cobertos pelo biquíni, são
volumosos, e me puno, desvio o olhar para não desejá-los. Combinamos algo completamente
diferente, mas ao chegar, percebi que não fazia sentido assistir a Pietra e o Peter se pegarem
enquanto fingíamos as coisas.
Não fingirei porra nenhuma, ela quis essa experiência e também vou vivê-la sem
arrependimentos.
Com a Antonella os diálogos sempre foram de repulsa, sou seco, arrogante, impaciente e
ela tem o dom de trazer à tona o meu lado mais violento. Não é como se fosse possível isso
mudar em tão poucos segundos ou com a porra de um beijo. Que tipo de ódio é esse que não se
sustenta e anda lado a lado com o desejo.
Vejo as mãos ao redor da taça e os lábios capturarem o canudo sugando o líquido com
força. Oscilo. Imagino sua boquinha gostosa, molhada, no meu pau, me mamando. Endureço. Os
músculos das minhas pernas retraem com a ereção crescendo. Escondo transpassando a perna
esquerda sobre a outra em uma curvatura de lado. Analiso-a da ponta da cabeça até os pés. A
patricinha é linda, mas nunca pensei nada sexual com ela antes, todavia, estou atraído ao ponto
de me constranger.
Desde que toquei em sua pele, senti o seu perfume tão de perto e o gosto do seu beijo,
alguma coisa mudou. Luto para não segurar o seu queixo e morder os seus lábios, provavelmente
levaria novamente um tapa na cara, e ainda assim iria adorar. O rosto dela inclina-se de frente ao
meu, a mão direita segue até os cabelos longos castanhos acoplando a mecha que se move com o
vento atrás da orelha.
Os olhos azuis piscina fixos, presos severamente, minhas veias queimam como lava
vulcânica só de estar em sua presença, decido que farei sexo com a Antonella de um jeito insano,
para que nunca esqueça o meu nome. Ela me odiará duas vezes, uma de graça e outra por tê-la
fodido como nunca foi antes, se lembrará de mim quando olhar para outro rosto, quando ousar
beijar outra boca ou quando tentar ser tocada por qualquer outro homem. Meu pau será o seu
primeiro pensamento do dia e o último desejo que sentirá antes de dormir todas as noites e tudo
isso porque a odeio tanto que quero fodê-la.
Ela é insuportável, embora de repente passou a ser o motivo das minhas bolas pesarem e
isso fode a cabeça, e falo das duas, a de cima e a de baixo.
一 Vamos pessoal, daqui a pouco já é noite, temos que aproveitar um pouco o dia
também! 一 avisa Peter.
Permaneço aéreo, foi como uma girada de chave, apenas um beijo e a porra dessa garota
chata não sai da minha cabeça por um segundo. Todos se levantam. Entrelaço minha mão na
dela, está suada, fria e a timidez faz suas bochechas corarem. Peter segura a mão da Pietra e jurei
que sentiria uma ponta de ciúmes, mas fico inerte. Indiferente.
Seguimos até a cachoeira e durante o percurso a Antonella me olha com curiosidade, e
algumas vezes até noto os seus lábios se abrirem querendo falar, no entanto, permanece em
silêncio apenas me analisando ocasionalmente, por vezes demais.
Chegamos ao início do rio, local amplo, aberto, com águas cristalinas. Participar de
encontros de casais é extremamente ridículo para um homem como eu. Não me recordo da
última vez que fiz algo estúpido desse jeito, confirmo que nunca fiz, por isso torna-se pior a
sensação. Ser anônimo, irreconhecível, e arrogante sempre trouxe consistência. Uma vida de
diversão, de relacionamentos com pessoas “comuns” não faz parte das interações que gosto, até
por isso sempre fui distante e evito sair.
Fico em meus galpões, fazendo o trabalho necessário. Para a Pietra e o resto das pessoas,
vivo viajando, mas é apenas uma maneira de não trazer ninguém para o meu mundo caótico,
afinal a relação que temos, eu e ela, sempre esteve fadada ao fracasso. Pietra jamais se encaixaria
no meu caos particular.
Antonella corre em direção à cachoeira, para a centímetros da beirada, os pés deslizando
na terra, provando a textura. Leva as mãos à cintura com os gestos meigos, e desliza a saia
transpassando lentamente o quadril. Suspiro. Ela continua descendo a peça pelas pernas. Levo a
mão à boca. O tecido caí rente aos pés. Que porra de rabo bonito. Ela projeta o tronco para
frente, empinando a bunda para retirar a saia do chão.
A curvatura perfeita da popa em um formato indiscreto, a pele reluz, de arrasto sigo o
formato de sua boceta, pequena, acompanhando o tecido fino do biquíni que está invadindo
sutilmente sua entrada, deixando aquele relevo onde meus dedos se encaixariam perfeitamente.
Perco os sentidos, meu estômago queima, meu pau começa a esticar dentro da bermuda e respiro
aliviado quando ela entra na água, cobrindo aquele corpo infeliz de gostoso.
Ela move as mãos na água brincando, submerge a cabeça, tornando a sair com os cabelos
ensopados, a água escorrendo entre os seios volumosos, os mamilos marcando o tecido, a pele
arrepiada pela brisa fresca e os olhos azuis fixos nos meus. Puta que pariu. A garota roubou
minha sanidade com um beijo, que grande merda, fraco, eu sou? Coço a barba e Pietra entra no
meu campo de visão, abraçando a amiga. Desvio o olhar, dou alguns passos até as pedras
grandes escorregadias e sento. Peter se aproxima parando ao meu lado enquanto suspira
admirando a namorada.
一 As duas estão felizes, amo a Antonella, mas saiba Blake que respeito muito você, e
tudo que acontecer nesse final de semana, na segunda será esquecido. 一 Arqueio a sobrancelha
e o encaro.
Que tipo de homem diz que ama a namorada e quer dividi-la com outro? Um babaca,
com certeza, e se fodeu comigo, porque não vou recuar, a Antonella vai gemer o meu nome ou
não me chamo Blake Lodge.
一 Não posso dizer o mesmo! 一 Seu rosto vira rapidamente em minha direção. 一 A
pouca proximidade que tenho com a Antonella é muito difícil. 一 Levo meu olhar a ela e pela
primeira vez a percepção que tenho é diferente, algo além daquela garota mimada e marrenta.
Seu sorriso sempre foi lindo, mas agora, eu quero enterrar o meu pau em sua boceta.
Fim.
一 Como assim? 一 retruca franzindo o cenho.
一 Não acho que tenha que esquecer o que acontecer aqui, eu não vou, mas devemos
manter o respeito.
一 Você está certo, até porque eu nunca tive uma experiência como essa.
一 Nem eu, ainda mais com uma pessoa que me odeia com tanto prazer e vontade. 一
Peter nega com a cabeça.
一 Calma, a Antonella não odeia você, bom… 一 Gagueja. 一 Talvez um pouco, mas
depois desse final de semana ela pode acabar aceitando ter você por perto! Além disso, ela tem
um bom coração e a amo muito. 一 Olho para ele e analiso sua fala, sobre amar a Antonella.
É a segunda vez em menos de 10 minutos que fala isso. Que porra de amor é esse? O tipo
que não liga de outro cara comê-la quando ele sabe, mas diferente se fosse escondido? Babaca.
Ele fala com tanta certeza e segurança. Fixo meu olhar na Pietra. Não tenho nenhuma certeza ou
segurança em relação ao amor. Por isso não posso continuar com esse relacionamento. Pietra
sabe disso, só precisa aceitar. Meus pensamentos são interrompidos quando sinto um jato de
água acertar o meu rosto. Inclino a cabeça e a Antonella sorri.
一 Engraçadinha! 一 esbravejo.
一 Não entrará na cachoeira? 一 questiona sem jeito, mordendo o lábio inferior, evitando
me olhar por muitos segundos.
Inclino a cabeça com pensamentos sujos, fantasiando com sua boca, é carnuda demais,
seria insanamente bom ser chupado por ela.
一 É claro que vai, aproveite o seu final de semana soldado! 一 brinca Peter, me dando
carta branca para foder sua namorada. Babaca três vezes.
Ele em seguida pula na água e abraça a Pietra, não a considero mais minha namorada, só
resta aceitar o fim. Volto minha atenção para a Antonella. Levanto, dou um pulo forte e rápido
ao seu lado, molhando totalmente o rosto dela. Aproximo-me, a procuro com as minhas mãos por
baixo da água, encontro sua cintura, a giro, abraçando-a por trás, descendo o toque em sua
barriga reta até os dedos toparem na entrada da calcinha. Sinto sua pele estremecer e
envergonhada abaixa o rosto. Roço minha barba em sua nuca e encosto a boca em seu ouvido
depositando um beijo.
Ela paralisa, a respiração fica presa, os mamilos enrijecidos na malha fina, me deixando
maluco, com vontade de mordê-los, desço suavemente minha boca até o seu pescoço. Suas mãos
se depositam sobre as minhas, uma está fixa na sua calcinha, querendo invadi-la, e a outra na
lateral da cintura, ela pressiona entrelaçando nossos dedos. Está nervosa, ficando ofegante. Beijo
sua pele macia e fico totalmente duro. Fricciono meu pau em sua bunda, uma luta entre desejo e
raiva. Sem compreender muito bem me afasto, mas a puxo pela mão seguindo em direção a
enorme cascata.
Passamos a parede de água e entramos na pequena gruta. Preciso de privacidade para
conversarmos. Sento e a puxo para o meio das minhas pernas. Ela obedece, em silêncio. Meu pau
está duro e tenho certeza que deve estar sentindo-o cutucar suas costas. Coloco as mãos em seus
ombros, descendo o toque pelos braços delicados enquanto admiro sua pele arrepiar. Estou
gostando de vê-la entregue, se excitando, mesmo sentindo ódio por mim.
Beijo sua nuca em uma provocação gostosa e continuo deslizando o toque até cobrir as
suas mãos pequenas com as minhas.
一 Blake, por que me beijou? Por que continua me tocando? Já saímos de perto deles, não
precisamos fingir mais.
一 Não estou fingindo, sei que combinamos isso, mas mudei de ideia. Quero um novo
acordo? 一 Lentamente ela inclina o rosto para me olhar.
Quando optei por aproveitar essa pegação foi pelo prazer de irritá-la, eu só não esperei
sentir o que estou sentindo agora… desejo.
Blake coloca as mãos na minha cintura.
Desce e sobe os toques, sintetizando as minhas curvas, desfrutando da textura de nossas
peles roçando uma na outra.
Novamente beija minha nuca, arrepio completamente e sinto os meus sentidos tornarem-
se abrasadores. O centro das minhas pernas esquenta, se umedecendo. Faço força para não sentir,
mas a sensação dolorosa no ventre se estende pelas minhas coxas, e minha boceta pulsa de
desejo. Ele passa os toques sensuais pela minha barriga e beija repetidas vezes o meu pescoço.
Choramingo, quase abrindo as pernas.
Esqueço tudo, fecho os olhos e desfruto do novo sentimento intruso que percorre em
minhas veias. Blake fala em meu ouvido com a voz baixa e rouca.
一 Nosso novo acordo será de não nos odiarmos enquanto eu te fodo. Em troca prometo
nunca mais falar com você ou te irritar, no entanto, durante esses dois dias quero tudo de você.
Quando voltarmos, largarei da Pietra e nunca mais precisará ter contato comigo. 一 Estremeço ao
ouvir a palavra “tudo”. 一 Sei que temos um relacionamento conturbado, mas sua pele, seu beijo.
Quero provar tudo!
Blake está falando sério? Esse tudo que ele quer inclui o meu corpo todo?
一 Como assim? Quem disse que eu quero ser tocada por você? E pior, quem disse que
eu quero não te odiar? 一 questiono entre gemidos, confusa.
Sua mão desce um pouco mais transpassando a barreira do tecido, as pontas do dedo
roçando no início da curvatura da minha boceta, a um centímetro do meu clitóris.
一 Bom ainda está presa em meus braços, sem fazer esforço nenhum para sair. 一 Desvio
o olhar sem graça. 一 Está sendo tão ruim assim? 一 Castigando-me retira a mão antes que
pudesse sentir o quanto estou molhada.
Desliza até a minha coxa direita seguindo para a parte interna. Tortura sexual, estou
louca para sentir os toques dele.
一 Está tão quente essa região diferente do resto do seu corpo. 一 Os dedos progridem até
minha virilha, acariciando sutilmente, suspiro, queimando por dentro.
Meu coração acelera e sem controle abro as pernas.
一 Eu deixo você provar tudo Blake, esse final de semana quero que possamos aproveitar
um ao outro. 一 confesso e escuto-o sorrir.
Giro o corpo, sento de frente em seu colo, e beijo os seus lábios com um apetite
exacerbado. Ele envolve os braços ao redor da minha cintura enquanto a língua devassa circula
sobre a minha. Nossas salivas se misturam, seu cheiro se une ao meu e nossos corpos molhados
se confrontam sensualmente, um contra o outro. Rebolo meu quadril esfregando meu clitóris em
seu volume duro dentro da bermuda. O atrito do tecido gera prazer. Intensifico com suas mãos
me induzindo a continuar os gestos obscenos e um gemido escapa dos meus lábios.
Mergulho em seus beijos, sugo sua língua, mordo seu lábio inferior, ele revida. Estamos
quentes, a água pingando de nossos corpos, o esfregar das nossas extremidades, o tremor
dominando minhas pernas. Os poros arrepiados, minha boceta pulsando, o pau dele escapando
por cima da bermuda, duro demais. Porém, escutamos movimento na água e nos afastamos
assustados com o nosso próprio comportamento. Agarrar o Blake é novidade, querer,
principalmente. O sol bate sobre a água refletindo algumas luzes brilhantes que ofuscam nossa
visão, mas confirmo que é o Peter sorrindo.
一 Vocês já estão se pegando?
一 Foi só um beijo e um abraço! 一 afirma o Blake.
Fico em sua frente, escondendo o volume que está evidente na bermuda molhada.
一 Vamos, precisamos tomar um banho, depois jantaremos e poderemos nos preparar! 一
avisa Peter seguindo para fora do rio.
Seguimos o mesmo caminho, acelero os passos. Estou envergonhada por ter me deixado
levar por aquele ogro do peru aparentemente grande.
Eu odeio o Blake, eu o odeio, sim, odeio demais. Odeio mais um pouco agora. Droga.
Odeio mesmo? Então por que quero beijá-lo?
Comprimo os lábios, envolvo os braços ao redor do meu próprio corpo. Retornamos em
uma caminhada silenciosa e evito ficar ao lado dele. Os três me analisam, notando que talvez eu
não esteja feliz. Realmente não estou. Até hoje de manhã, antes de tudo isso acontecer estava
feliz por ter raiva dessa experiência, mas agora me sinto sufocada. Com dúvidas e principalmente
com medo de gostar.
Quando chegamos na pousada corro para o banho com o intuito de manter distância para
pensar. Enquanto a água escorre pelo meu corpo decido escolher o mesmo que todos eles, o de
viver a experiência. Jamais quis ter a minha melhor amiga em um swing, mas será importante
para ela, então o que me resta é esquecer a raiva do insuportável por todo final de semana.
Quando acabar voltarei a odiá-lo como sempre fiz, é isso.
CAPÍTULO 8

Todos estão prontos, sentamos na cama e ficamos em um jogo de olhares tensos.


一 Que porra faremos agora? Onde jantaremos? Aqui no quarto? 一 indaga Blake
impaciente.
一 O que acham de assistirmos um filme e comermos uma pipoca? Jantamos após a troca.
Só para tirar essa tensão. 一 sugere Peter e todos balançam a cabeça concordando.
Blake mantém o olhar em mim, finjo não perceber. É impossível não recordar dos nossos
corpos molhados em atrito. Pietra levanta e faz o pedido das pipocas. Decido tomar um ar, abro
as porta da varanda, saio, às fecho e admiro o mar. A brisa gélida, o som das ondas se quebrando,
o céu repleto de estrelas, apoio os cotovelos no corrimão de madeira e Peter logo vem atrás de
mim. Ele toca em minha mão e elevo o rosto para vê-lo.
一 Minha boneca, quando estávamos voltando da cachoeira você parecia triste, Blake
disse algo que te magoou?
一 Não, eu só estava pensativa. Está tudo bem para você? Me ver com ele te incomoda?
一 Peter sorri, meneando a cabeça.
一 Claro que não, eu sei que quando estiver na cama com ele, fingirá que sou eu. 一
Processo sua fala ridícula.
É tão autoconfiante que acha que pensarei nele?
一 Você irá pensar em mim quando estiver com a Pietra? 一 Ele vacila.
一 Boneca, vocês são muito diferentes, é impossível associar.
一 Pois é, digo o mesmo! É impossível comparar você com o Blake. 一 refuto, indignada.
一 Sim, você me ama enquanto o odeia.
一 Não vou odiá-lo essa noite, farei amor com ele.
Furioso avança contra o meu corpo, sua mão direita se apodera da minha mandíbula, um
aperto forte, tento escapar em vão, comprime mais os dedos e os olhos queimam de raiva.
Estremeço.
一 Está me machucando…
一 Cala a boca! 一 esbraveja 一 não fará amor com o Blake, entendeu? É sexo! Amor
você faz comigo. 一 Puxo sua mão, tentando escapar do toque áspero.
Ele persiste, com a outra mão puxa meus cabelos para trás e meus olhos ficam marejados.
一 Repita Antonella, você fará sexo com ele. Anda… 一 Meu coração palpita, sinto dor
onde ele segura, minha voz falha, mas limpo a garganta.
一 Eu farei… 一 Escutamos passos. Peter disfarça puxando meu corpo para o seu, Blake
invade a varanda, seus olhos recaem em nós dois.
一 Estamos trocando carinhos. 一 Sorri, encolho-me em seu peito, lutando para não
deixar as lágrimas caírem.
Blake fixa o olhar em meu rosto, encaro o chão e Peter se afasta.
一 As pipocas chegaram? 一 Blake nega com a cabeça, sem proferir nenhuma palavra.
Peter entra no quarto, viro de costas encarando novamente o mar, deixando as lágrimas
rolarem. Foi culpa minha o Peter ter agido assim, eu quis provocá-lo dizendo a palavra “amor”,
às vezes me esqueço que é arrogante quando está bravo. Blake se aproxima, seus olhos
percorrem todo meu corpo, enxugo a lágrima com rapidez.
一 Aquele babaca fez algo? Relou em você? Resolvo isso agora mesmo. 一 A mandíbula
contrai, escuto o ranger dos dentes.
一 Não, só estávamos discutindo como todo casal, não se intrometa. 一 de soslaio avisto-
o deslizar a mão direita nos próprios lábios coçando a barba em seguida.
一 Com quantos homens você já se deitou Antonella? 一 inclino o rosto encarando-o.
Como ele se atreve a me perguntar isso? Por que quer saber da minha intimidade? Ignoro,
volto o olhar para o mar.
一 Ele foi o único. Entendi. 一 Abaixo a cabeça, engulo em seco e permaneço em
silêncio.
Suas mãos possessivamente me puxam, ele envolve os braços musculosos ao meu redor,
formando uma âncora. Sou inundada com o seu cheiro, deixo meu rosto desmanchar em sua pele,
envolvo meus braços ao redor do seu peitoral e fecho os olhos, sentindo o aperto, o calor natural
que ele tem. O queixo se encosta em minha cabeça e o ódio que sempre senti parece nunca ter
existido entre nós.
一 Esse cara é um idiota, Antonella, olha para mim. 一 Elevo meu olhar, inclinando a
cabeça para trás.
一 Cuidarei bem de você, te amaciarei com o meu pau, te domarei com a minha língua e
não se lembrará que aquele cara existe. Quando isso acabar espero que termine com ele.
一 Ele me ama, estamos juntos há 8 anos, só ficou chateado por algo que eu disse.
一 Você o ama? 一 Encaro seus lábios, desvio o olhar e balanço a cabeça confirmando.
一 Sim. 一 Uma feição de decepção transfigura em sua face, os olhos piscando lento com
a resposta, parecia esperar outras palavras.
一 A escolha é sua de dormir ou não comigo. Iremos para o outro quarto como
combinamos, o que faremos atrás daquela porta depende de você. 一 Abruptamente me solta, o
corpo rígido se afastando até retornar ao quarto.
Eu o quero, admito. Não estou pronta para pensar sobre o meu relacionamento com o
Peter, não hoje. Passo pela porta e sigo até a cama, sentando para esperar. Minutos depois as
pipocas chegam. Pietra liga a televisão imensa do quarto, Peter pula na cama encostando na pilha
de travesseiros dispostos rente à cabeceira. Ele coloca o primeiro filme disponível e puxa a Pietra
para o meio de suas pernas, grudando os corpos deles. Suspiro pesado tentando disfarçar que é
estranho. Blake segue até o aparador pegando a tigela transbordando pipoca, vou atrás, toco sua
mão e sua visão para em minha face. Ajusto o timbre de voz só para que ele possa ouvir.
一 Eu já fiz a minha escolha, será a mesma que a sua. 一 ele sorri, dá uma piscadela e
segue para a cama.
Pego o cobertor e o sigo. Ele se aconchega, faz inesperadamente o mesmo que o Peter.
Com o dedo puxa a barra do meu vestido curto e caio em seu colo, batendo a bunda no seu pau.
Minha garganta seca. As mãos grandes agarram minha cintura, envolvendo-a e me encaixo em
suas pernas. Minhas costas se desmancha no peitoral forte, enquanto meu coração acelera ao
sentir nossas peles quentes. O ar está ligado deixando o ambiente extremamente gelado e puxo o
cobertor até ficar acima da minha cintura. Blake acopla a pipoca ao nosso lado, separando os
casais.
Pietra e Peter se concentram no filme, mas minha mente não consegue focar em nada e
apenas olho as imagens sem prestar atenção. Tudo piora quando por baixo da coberta, sinto a
mão do Blake escorregar por entre as minhas pernas. Entreabro a boca, soltando o ar. Seus dedos
grandes não poupam esforços e rastejam, lentamente, centímetro por centímetro, erguendo o
vestido, resvalando no tecido da minha calcinha, chegando ao centro. Meu abdômen se contrai e
uma respiração ruidosa escapa de mim.
Movimento meu corpo sem jeito, com medo de estarem vendo, mas não. Blake é sutil e
fez questão de elevar e dobrar a perna direita impedindo qualquer visão dos seus gestos
indecentes. Com provocação apoia a lateral do rosto no meu e arfa antes de sussurrar tão baixo.
一 Hum, porra, irei te tocar pela primeira vez. 一 Seus dedos descem um pouco mais,
entrando na calcinha. 一 Lisinha… 一 continua, contorna os lábios, sentindo o tamanho da
minha boceta. 一 pequena, 一 arfo, o indicador pressiona o clitóris, rasteja até a entrada sentindo
a textura. 一 molhada e quente, porra, fique quietinha, não se mova. 一 estremeço.
Tranco minha respiração e mordo o lábio inferior ao sentir os movimentos circulares em
meu clitóris. Ele explora o aspecto, contorna o tamanho e belisca suave me fazendo quase gemer.
O peito palpita, minhas pernas amolecem e quero choramingar, mas reprimo. Com a outra mão
ele pega uma pipoca no balde e traz a minha boca enquanto assiste de soslaio eu comê-la
totalmente tensa.
Disfarçadamente abro um pouco mais as pernas projetando meu quadril para frente.
Blake lambuza os dedos enquanto instiga o meu corpo com seus toques provocativos. Contenho
a sensação excitante de querer gritar e apenas sinto paralisada sua mão bárbara quase me roubar
a sanidade. Ele penetra dois dedos, torna a tirar, fricciona o meu clitóris.
A sua protuberância cresce em minha bunda e fantasio como deve ser o seu órgão. A
respiração dele se desmanchando na lateral do meu rosto, o peito inflando captando o ar,
excitado por sentir minha boceta. Inesperadamente Pietra se levanta e receoso o Blake para de
me tocar, fazendo os meus instintos ficarem aguçados, querendo mais.
一 Acho que deveríamos pular o filme, estou mais tensa, não está ajudando. 一 confessa
desligando a televisão.
一 Por mim podemos começar. 一 opina Peter e minhas mãos começam a suar frio.
Certo, chegou o momento.
Blake se move atrás de mim, depositando um beijo em meu pescoço e levantamos. Pietra
abre a mala e paro ao seu lado. Infinitas lingeries diferentes eclodem do aperto da bagagem,
cores distintas, modelos diversos e escolho uma vermelha, extremamente sexy. Na parte dos
seios possui uma abertura deixando os mamilos à mostra e a calcinha é fio dental com pedrarias.
一 O que irão vestir essa noite? Estou um pouco ansioso para isso! 一 questiona Peter.
一 Uma lingerie bem sensual e provocante! 一 Danço e balanço uma lingerie na mão.
Estou nervosa, posso sentir as pernas trêmulas e o estômago começando a embrulhar.
Pietra segura a minha mão e me puxa para o banheiro.
一 Vem, chegou nosso momento de ficar lindas e gostosas! 一 Ela me abraça. 一 Dará
tudo certo amiga!
一 Sim. 一 afirmo, sem graça.
Colocamos as peças, seu olhar confere o meu corpo, escovo os dentes, refresco o rosto.
Pietra termina de vestir a dela, é branca, extremamente minúscula, evidenciando os seios e na
parte frontal da calcinha possui uma abertura em V na região íntima, mostrando-a parcialmente.
Deveria sentir ciúmes que o Peter irá vê-la, mas estou focada no Blake, em expectativa, ele
realmente conseguirá não me odiar por essa noite? Os toques em minha pele ainda causam
arrepios. Alinho a calcinha, encaixando-a perfeitamente na fenda da minha bunda. Pietra abre a
boca em surpresa, ao verificar o meu corpo.
一 Perfeita! 一 Elogia.
一 Você que está linda com essa lingerie, realçou suas curvas. 一 ela sorri arrumando os
cabelos no ombro direito. 一 Os olhares serão seus, o Blake me odeia mesmo! 一 Sorrimos
juntas.
Pietra trava o corpo, rosto reto, a mandíbula retraída, mas o olhar pacífico. Segura minha
mão, com o semblante sério e suspira antes de falar.
一 Ella, primeiramente queria agradecer por mais uma vez ceder aos meus desejos, por
me colocar acima de suas vontades. Eu sei que jamais chegaria perto do Blake e o quanto foi
difícil aceitar essa oferta, mas quero te pedir algo. 一 confirmo com a cabeça, abro um sorriso. 一
Esqueça tudo que se passa na sua cabecinha, deixe que seu corpo viva essa experiência de forma
real. Blake é incrível, se permita conhecê-lo e quando tudo isso acabar aí sim voltam a se odiar,
mas hoje, não se prive das sensações.
Suas palavras mexem comigo, no meu âmago uma culpa cintila, como se ter gostado de
beijá-lo me tornasse uma traidora, mas não. Estou fazendo isso por ela, soa bizarro essa troca,
mas oras, apimentar relacionamentos e lidar com sentimentos complexos nunca será coerente.
Hoje eu não ligo se o Blake me odiar enquanto me fode, nunca estive com outro homem, ele é
bruto, arrogante e nunca vivi uma noite assim, quero briga de corpo, quero estapear o rosto dele
enquanto me pega à força. Mordo os lábios, fixo o olhar na Pietra, lembro que ele é seu
namorado, fico envergonhada com minhas próprias fantasias.
一 Pi, esse momento é importante para você, espero que após essa noite você e o Blake
fiquem firmes juntos.
一 Nós ficaremos! Vamos! 一 Colocamos o roupão.
Saímos e os dois estão de cueca. Eles seguem para o banheiro, sendo a vez de se
arrumarem. Arrancamos a proteção do corpo, nos posicionamos à frente da cama e aguardamos,
somente de lingerie. Instantes depois eles saem, fico espantada ao vê-los completamente nus.
Fixo o olhar no Blake, sua ereção é grossa, bem desenhada, rosada, com a cabeça úmida. Está
duro, a base grossa, o comprimento na mesma proporção, as veias torcidas e dilatadas, engulo
em seco, é descomunal, sinto minha boceta pulsar de desejo.
Seu olhar me devora, para nos meus mamilos, o bico apontando na fissura da peça, o
olhar continua admirando passando por minha barriga fixando-se em minha boceta. A calcinha
minúscula, cobrindo só a parte baixa. Nossos olhares se encontram. Suspiramos. Minhas pernas
esfregam-se uma na outra, só de admirá-lo, estou excitada. As coxas musculosas, torneadas, as
veias marcando a pele. O abdômen trincado, as tatuagens cobrindo o seu corpo. Ofego.
Puta que pariu.
Não consigo evitar e desço os olhos, sua mão captura a base do pau ao perceber minha
atenção genuína. Engulo em seco. Peter sorri, em uma conexão visual com a Pietra.
Droga, é agora que meu corpo safado vai me trair.
Aproximo-me da Pietra, recobrando os sentidos, passo a mão em seus cabelos, envolvo
os braços ao redor do seu pescoço. Ela desliza as mãos em minha cintura, envolvendo-a
sutilmente, apenas para instigá-los.
一 É apimentar a relação que vocês querem? 一 questiono e os dois me encaram.
Aproximo os meus lábios dos dela e a beijo. Círculo sua língua com a minha, provando o
seu gosto. Lento e sensual.
CAPÍTULO 9

Antonella beija a Pietra, ofego. As duas escorregam as mãos até a bunda uma da outra,
apertam enquanto sorriem, continuando o beijo em seguida. Desço a mão ao redor do meu pau, a
sensação é excitante. O calor do quarto, a brisa leve que sopra através dos vidros da porta apenas
intensificam os sentidos.
一 Sua safada! 一 brinca Pietra.
一 Sempre! 一 diz Antonella virando o rosto em minha direção.
Seus olhos descem até a minha mão e movo, subindo e descendo na ereção extensa, ela
morde os lábios, os mamilos rosados endurecidos na abertura da lingerie. Eu a quero.
一 Ficarão só olhando mesmo ou começaremos nossa noite de verdade? 一 provoca
mantendo a conexão visual.
Peter avança na Pietra e dá um beijo nela. Permaneço parado, ela também. Sinto meu
corpo tenso, as bolas pesando, a sensação de queimação irradiando no meu peitoral. Fecho o
punho firme ao redor do pau assistindo-a me beijar com o olhar. Porra, eu quero fodê-la, mas
estou com raiva da descarga de adrenalina que estou sentindo. Ela dá um passo em minha
direção, arfo, contorno a cabeça úmida, suas mãos sobem até os próprios mamilos, com o
indicador os toca, sorrindo os contorna, a fricção os move de um lado a outro. Salivo, inflamado.
Solto o meu pau e a capturo pela nuca engolindo sua boca.
Nossas línguas se enroscam, faço movimentos intensos, sugo-a, mordo, sinto sua textura,
sua saliva, seus lábios cheios nos meus. Prenso sua cintura com os meus braços, roçando nossos
quadris. Nada existe além do meu desejo de possuí-la, de cravar meu pau fundo, até não restar
nenhum mísero espaço entre nossos corpos. Amasso seus cabelos, seus dentes roçam em minha
língua, mordendo-a, murmuro, invisto ferozmente em dar o troco. Safada. Mordo-a, perdendo o
fôlego, apalpando sua pele macia da bunda. Porra de bunda gostosa do caralho. Ela sorri,
tímida, com a pele do rosto corada.
Pietra fala, cessando nosso momento quente.
一 Dividiremos a mesma cama? 一 Seus olhos evidenciam ciúmes, ignoro.
一 Não, é só sexo, jogo rápido, estaremos no outro quarto.
Enlaço a mão da Antonella, a fisionomia mudou, está tensa. Percorro o lugar para onde
olha, é para o Peter, não sei o significado do olhar entre os dois, mas ela se retraiu. Puxo-a, é
impossível não admirar seu corpo. Ela fica envergonhada com o meu fascínio, a mão direita
arruma a alça do sutiã que estava caindo, é extremamente linda e acaba de mudar tudo e foder
um pouco mais da minha mente podre. Odeio tudo nela, seu jeito de falar, a voz, mas aqui
segurando minha mão só consigo sentir tesão.
Aliso seus cabelos com carinho e puxo seu corpo para o meu. O olhar vigilante do Peter
está cravado em nós, passo a língua em seu rosto, sentindo o salgado de sua pele macia, ela é
minha hoje. Provoco-o, passo novamente, sugando de leve a maçã de seu rosto enquanto o
fuzilo. Ela tem um cheiro doce de morangos frescos e chocolate. Quero tê-la de joelhos,
enquanto me olha com safadeza e engole minha ereção.
Coloco a mão em seu queixo, elevando-o, deixo sua visão aos cuidados da minha. A
respiração é profunda, a pele está arrepiada. Sinto meu coração acelerar, presos em uma conexão
selvagem, que rasga os instintos, nos tornando reféns dessa porra de sensação, a de devorar.
Meus lábios encostam nos dela, pressiono, apenas para sentir nossas texturas sutilmente,
fantasiando, com pensamentos proibidos.
Recobro a atenção e a conduzo até a porta. Pietra e Peter estão agarrados na cama, o
quadril dele no meio de suas pernas, ofegantes. Antonella os olha antes de sair, a face
indiferente, passamos e fecho a porta. Estou duro, pronto para fodê-la a noite toda.
Deslizo a mão na pele da Pietra, desde a clavícula, passando nos seios, na lateral da
cintura, encontrando suas coxas firmes. Ela é simplesmente linda. Quando a conheci através da
Antonella a desejei, ainda lembro, estávamos em uma festa na faculdade, rodeado de bagunça,
pessoas e o sorriso chamou minha atenção, mas não foi por ela que me apaixonei, escondi o
tesão esse tempo todo.
Antonella é a namorada troféu, possui etiqueta, elegância, é doce, meiga, faz tudo que
mando, afinal fui seu único homem, mimá-la é uma forma de manter as rédeas, sua índole pura
jamais a deixaria me trair ou me contrariar. Conhecê-la logo no início da faculdade foi como
ganhar na loteria, nenhum dos garotos poderia tê-la, era reservada, tímida, e todos queriam.
Pietra também vem de uma família de renome, mas meu coração quis a mais complicada,
a que não dava bola para ninguém, foi difícil conquistar a Antonella e o jogo de conseguir fez a
paixão nascer. Mordo a boca da Pietra descendo por seus mamilos, sugando-os. Eles endurecem,
os gemidos me excitam, estou louco para comê-la.
As pernas se abrem, a calcinha branca enfiada na boceta, manchada pela umidade.
Suavemente deslizo-a, retirando de seu corpo. A troca era o pretexto perfeito para tê-la, sugerir o
swing foi proposital, é óbvio que Blake irá deixá-la. Os dois nunca combinaram, é nítido que não
existe amor, e vê-lo com a Antonella me enciumou, mas se odeiam, só está empolgado porque
irá comer uma boceta diferente.
Não queria dividir minha namorada com ele, mas era um preço aceitável, uma boceta por
outra, depois a terei de volta e continuarei sendo seu único homem, afinal, mesmo com o Blake,
estará pensando em mim. Fico com outras mulheres, sou discreto, mas estou sempre querendo
mais e o swing pode abrir a mente da Antonella, quem sabe futuramente teremos uma relação
aberta, são oito anos juntos, precisamos apimentar as coisas.
Elevo o rosto para olhá-los e os dois saem pela porta. Blake a lambeu para me provocar,
eu quase encerrei tudo, mas foderei a namorada dele também, então relevei.
Pressiono meu corpo no dela, sua mão direita acaricia os meus braços. Fricciono meu pau
em sua entrada me livrando das incertezas. Coloco-me de joelhos na cama, admirando a boceta
aberta para mim, lambuzada. Ela sorri, o corpo arqueia quando minhas mãos deslizam por suas
coxas até tocá-la. Movimento meus dedos em seu clitóris, levo a entrada, sentindo a textura
molhada e macia, penetro-os. Os braços dela se elevam acima da cabeça, o rosto está tenso,
mordendo os lábios, com a sensação de prazer. Fico aliviado por estarmos sozinho no quarto,
assim posso externar meus pensamentos em voz alta.
一 Bocetinha gostosa, sempre te quis, você é tão macia, quente, meu pau vai te levar à
loucura. 一 Pietra sorri sem jeito.
一 Também sempre quis ter você. 一 Elevo a sobrancelha, uma novidade tentadora. 一
Sempre quis sentir como era estar no lugar da Antonella, nos seus braços. 一 confessa.
一 É mesmo? Mostrarei como é, igual faço com a sua amiga. 一 Ela concorda excitada.
Pietra é carente, e a Antonella sempre fez de tudo para nunca deixá-la sozinha. Não sei
como será depois, se terei novamente vontade de tê-la, mas estou mais preocupado em me
satisfazer, em gozar. Puxo-a para mim, beijo seus lábios com suavidade, minha língua dançando
carinhosamente sobre a sua. Seus toques são contidos, o corpo está retraído, evidenciando que
está envergonhada na minha presença. Escorrego a boca até o seu ouvido para sussurrar, na
intenção de deixá-la desinibida.
一 Se entregue ao momento, esqueça que o Blake e a Antonella estão aqui, finja que eles
nunca existiram. 一 Ela concorda com a cabeça, as mãos agarram meu pescoço para um novo
beijo.
Assim que sua boca relaxa volto para o seu corpo, levo o rosto até o centro de suas
pernas, sentirei o seu gosto. Exploro sua boceta com a língua, lambendo todo seu tamanho, a
umidade lambuzando minha barba. Ofego. É extremamente deliciosa. Ela murmura,
contorcendo-se, as mãos tocando o próprio corpo, ansiosa.
一 Peter, eu quero sentir você dentro de mim. 一 Não precisaria pedir duas vezes,
levanto-me pegando um preservativo, coloco, retorno encaixando meu quadril em seu corpo.
Projeto meu pau em sua abertura e lentamente a penetro, provando o seu aperto, é quase
como um prêmio extra. Cravo bem fundo, alucinado, iniciando os movimentos, estocando lento,
em seguida aumentando o ritmo, controlando meus impulsos desorientados. Aproveito para tocar
o seu corpo, após nossas conversas sobre a troca, cada vez que fui convencendo-a imaginei ela
sentando no meu pau, ou a beijando. Por fim está diante de mim e poderei transar com ela
quantas vezes quiser.
Peter golpeia minha boceta com força, meu corpo se movimenta a cada bater fundo. Ele
projeta o tronco para frente procurando minha boca e enfia a língua sugando excitado. Os toques
correndo entre os meus seios, passando no abdômen, nas pernas, ele realmente é carinhoso e
quando abandona minha boca desce provando minha pele, beijando o pescoço, afundando o nariz
para sentir o meu perfume.
Quero desligar minha mente, aproveitar o momento tentando esquecer do ciúmes que
senti ao ver o Blake e a Antonella com os corpos grudados. Ele nu, devorando sua boca gerou
uma sensação de desespero que engoli amargamente. Peter chupa os meus mamilos por cima do
sutiã e sinto meu corpo arrepiar. Paro de pensar e analiso suas mãos que desabotoam a lingerie e
a lança no chão. O pau grande, não descomunal como o do Blake, mas grande entrando e saindo
lentamente.
Agora entendo porque todas as mulheres na faculdade sempre babavam por ele, é
realmente gostoso. Pinto grande, grosso, tem pegada, e realmente a Antonella está bem servida.
Entrego-me, fecho os olhos, o prazer subindo como uma avalanche de emoções, desencadeando
e aguçando os sentidos do meu corpo. Esqueço tudo, hoje eu sou a namorada do Peter.
Os toques carinhosos e leves, totalmente diferentes do Blake. Empurro-o, seu semblante
muda, está assustado e sorrio.
一 Senta, chuparei você. 一 Ele obedece, acomoda-se na cabeceira, a mão segura na base
do membro e retira apressadamente o preservativo para sentir os meus lábios.
Entro no meio de suas pernas já tocando em seus testículos, acariciando-os e seu corpo
relaxa, os braços se levantam, apoiando as mãos atrás da cabeça, esperando. Pretensioso e
arrogante. Abocanho e começo a chupá-lo com sucções firmes.
一 Puta merda, que delícia Pi.
Masturbo com um vai e vem contínuo, a mão bem aderida ao redor da ereção enquanto
engulo a glande. Ele fecha os olhos, as pernas ficando rígidas, os gemidos surgindo e sei que ele
está a ponto de quase gozar. Intensifico os movimentos, passo a língua, as mãos agarram minha
cabeça, induzindo o pau entrar mais fundo. As pernas flexionam com o prazer, e antes que se
entregue ao desejo subo em cima dele, sentando em seu colo, esfregando o membro pulsante na
minha abertura. Ele desesperado, pega outro preservativo, coloca, e inicio as sentadas.
一 Ah, Pi, imaginei várias vezes como seria sua boceta. 一 A confissão do Peter me deixa
envergonhada, mas não me abalo.
Pressiono o pau grande, cavalgo mais rápido, as mãos dele se agarram aos meus seios,
apertando-os com força.
一 Ah cacete, que bocetinha incrível. 一 Saber que o Peter sempre me quis faz o tesão e
vontade crescer.
Acelero, a musculatura das pernas ardendo, mas mantenho o ritmo, batendo minha bunda
com força no seu colo.
一 Assim você me mata Pi!
一 Pau gostoso, Peter, ah, que gostoso. 一 Ele abraça o meu corpo, chupa os meus
mamilos loucamente, possuído.
Sua mão desce até o meu clitóris esfregando-o suavemente enquanto cavalgo mais forte
gemendo. Meu corpo fica trêmulo, as pernas dele comprimem, estamos no limite.
一 Vou gozar, mais forte Pi. 一 Colido nossas extremidades, a pulsação roubando nossos
sentidos e gozamos juntos. Ele sorri e me deita na cama, fica por cima de mim, beijando meus
lábios, só parando para sussurrar.
一 Estou adorando nossa noite, e tenho certeza que o restante do final de semana será
muito bom!
一 Eu também Peter, tenho certeza, ficaremos agarradinhos e será um final de semana
inesquecível! 一 Envolvo meu braço em sua cintura. A respiração quente misturada à minha,
Peter é bom de cama, e foi melhor do que esperei.
CAPÍTULO 10

O quarto já estava pronto, passamos pela porta e tranco. Antonella analisa o lugar, o ar
gelado, refrescando o ambiente, as luzes amarelas em baixa luminosidade e a cama imensa de
casal, no centro. O rosto dela ganha cor, tímida, rapidamente pega uma toalha no armário e
envolve o corpo, fico confuso. Faço o mesmo. Ela abre a porta de vidro e sai na longa varanda
que se estende até dentro do mar. Achei que a teria em meus braços e agora descobri que não.
Poderia ficar indiferente, é a sua escolha, mas porra, eu não estou, após beijá-la, sentir
sua pele quente na minha, eu a quero, como jamais pensei que fosse possível. Odiá-la seria mais
fácil, não nego, mas o incomodar dos dois sentimentos mistos minam minha lucidez. A raiva que
sentia torna-se pior, mais sufocante. Saio atrás dela, de pau duro, puto de raiva.
一 Porra, você disse que escolheria o mesmo que eu. 一 Ela revira os olhos.
一 Você mesmo disse antes de sairmos do quarto, é só sexo, jogo rápido.
一 E não é? Disse algo errado?
一 Sim, eu não quero ficar com você, nunca quis Blake, se for para ser fodida com raiva
por 5 minutos, eu não quero, Peter já faz dessa forma. 一 Ela leva a mão aos lábios, porque se dá
conta que disse demais.
Os olhos desviam dos meus, ficando marejados, as próprias mãos acariciam o antebraço e
incerta retorna ao quarto. Passo as mãos na lateral do meu rosto, jogando os cabelos para trás.
Era realmente para ser só sexo, mas a porra dessa garota insuportável está fodendo comigo
porque fiquei angustiado com suas palavras. Nunca gostei do Peter, mas agora, quero matá-lo, o
cara é um verdadeiro filho da puta. Luto contra a sensação de ir atrás dela, realmente queria
pegá-la com raiva, mas não seria só cinco minutos e sim a noite toda.
Furioso retorno para dentro. Ela está procurando roupas no armário, provavelmente quer
se vestir e sair. Irei deixá-la ir, nunca suportei ficar ao seu lado, que diferença faria? Nenhuma.
Pego uma cerveja no frigobar, deito na cama e arrumo o nó da toalha no meu corpo. Finjo não
vê-la, mas por dentro queria matar alguém para liberar a adrenalina que corrói meus nervos. Ela
não encontra nada, as malas não estão aqui, gira o corpo, encarando minha face. Mantenho a
cabeça reta, olhando para a porra da parede branca.
一 Sobre o acordo… 一 interrompo.
一 Foda-se. 一 Ela bufa.
一 Blake, escuta…
一 Não me interessa, não tem mais porra de acordo nenhum. Quer ir embora, pode ir.
Não quer fazer a troca, não fazemos. Ponto. Foda-se! 一 Ela arqueja, os olhos enchendo-se de
lágrimas, a veia em seu pescoço pulsando em nervosismo e a voz entalada.
一 Eu odeio você! 一 vocifera, me tremo.
Salto da cama, abandono a garrafa no chão, cerrando os dentes, avanço sobre ela que se
afasta topando com a parede. Preciso extravasar, e dizer cara a cara o quanto também a odeio.
一 Eu também te odeio, caralho. 一 declaro incontido, suspiramos, o peito inflando
freneticamente.
Agarro sua nuca trazendo seu rosto ao meu. Fixo em seu olhar, as pupilas dilatadas, os
lábios trêmulos, a pele rosada. Suas mãos pequenas envolvem o meu corpo, encosto nossas
bocas, em dúvida, confuso. Eu a beijo, sugo a porra dos seus lábios com tanta força, desejando
que essa raiva passe, que se misture com o desejo que me corrói por querê-la. Movimento minha
língua pressionando a sua, de cima para baixo, circulando, me deliciando com a sua textura. As
mãos pequenas soltam a toalha da minha cintura, faço o mesmo com a sua.
Encostamos nossos corpos, a pele quente na minha, as lágrimas se fundindo em meu
rosto enquanto mordo sua boca. Ela sorri, eu rosno. Afasto meu rosto, o coração acelerado, o pau
duro de novo, a incerteza castigando meu peito. A mão direita desliza no meu peitoral, sentindo-
o totalmente, em seguida escorrega no abdômen, um toque duradouro, libidinoso, as pontas
macia dos dedos chegando no meu pau. Os testículos retraem, o órgão ganhando volume, rígido
e o meu peito queimando de tesão. Antonella o segura, fecho os olhos, solto o ar pela boca,
extasiado.
Sutilmente percorre todo comprimento, o toque acetinado, fodedor de controle, faço força
para não agarrá-la. Ofego, abro os olhos encontrando seus lábios entreabertos, a feição de desejo
estampada, os movimentos progressivos, alternados, o deslizar suave na glande, formando
círculos, deixando-me louco para enfiá-lo em sua boceta. Assisto seus gemidos de satisfação, os
seios inchados, os mamilos durinhos, solto seu rosto. Antonella cai de joelhos no chão, os olhos
suplicantes brilham, as mãos acariciando minhas canelas, subindo lentamente, enchendo-me de
fúria.
一 O que vai fazer? 一 questiono, ela não responde, em contrapartida, sobe as mãos em
minhas pernas, contornando os músculos, aproximando a boca da coxa, mordendo-a.
Aliso seus cabelos, contorno com o polegar os seus lábios, ela sorri, a mão se esgueirando
na parte interna da coxa, iniciando um tocar nos testículos, miro seu semblante. Vadiazinha,
quem diria que é tão safada?! Arfo, o rosto roça em meu pau, passando-o por suas bochechas,
olhos, até parar onde anseio. Aperto os fios castanhos em meus dedos, amassando-os, alucinado,
ansioso para deslizar dentro de sua boca.
一 Isso, chupa gostoso, abre a boquinha, deixa eu te impedir de me xingar. 一 Ela sorri, o
hálito quente se desmanchando na cabeça robusta, úmida, estou excitado até os poros, exalando
apetite.
一 Idiota! 一 diz segundos antes de abocanhar e foder meu juízo.
一 Ah, chupa o idiota, chupa.
O deslizar é corrosivo, a textura dos lábios carnudos na pele causa calafrios, ela faz
movimentos de sucção, me falta o ar, os músculos do meu corpo tensionam. A boca se enchendo
de saliva, encharcando-o todo, ofego, com o peito palpitando enquanto ela intensifica, sedenta.
Meu pau bate em sua garganta, as mãos pequenas no meu quadril pressionando-o mais fundo,
puxo seus cabelos, enlouquecido, quase perdendo o controle e gozando. Reprimo meus instintos,
a boca desce para as bolas, sugando-as, uma a uma, com os dedos acaricia, o toque suave, minha
garganta seca, a safada parece um aspirador de pó, sugando minha alma junto.
Ela captura minha ereção com a mão e me masturba, os movimentos sincronizados contra
sua boca, ela estica a língua para fora, batendo a glande nela, o olhar cravado no meu. A fervura
da sensação sobe em minhas pernas, queimo por dentro. Movimento meu quadril em conjunto
com sua mão macia bombeando em sua boca, explodo, não seguro, gozo, lambuzando sua
língua, os lábios e o rosto. Ela me devora, sugando o restante, meu corpo trêmulo, as pernas
travadas. Imagino como será comer sua boceta, uma verdadeira combustão. Continuo duro, sua
mão não cessa as carícias, com o desejo que sinto gozarei até saciar o apetite, e cada hora ele
aumenta.
Puxo-a do chão, afobado, arranco o seu sutiã e passo-o em seu rosto, limpando. Jogo-o no
chão, devoro sua boca gostosa, enfiando minha língua na sua, estou selvagem, furioso, possuído.
Mordo a maçã do seu rosto, ela geme.
一 A minha vontade é de estapear você. 一 confesso, enraivecido.
Ela vai até a cama, rasteja no colchão grande ficando de quatro. Safada.
一 Desconta sua raiva em mim… 一 Um sorriso malicioso filho da puta escapa de mim.
Ela sabe como me tirar do sério. Com passos lentos me aproximo dela. A bunda
empinada, os seios pendurados, o bico duro, a calcinha enfiada na rachadura de sua boceta.
Fecho os punhos esquentando a mão, tentando não acertá-la, mas foda-se as regras. Espalmo
com força sua nádega direita, ela pula de susto, a vermelhidão pinta sua pele branca e a calcinha
se aloja mais fundo se encharcando com sua umidade. Meus músculos retraem. Ela sorri.
一 Ai, nem doeu… 一 provoca, estreito o olhar em sua bunda, esfregando uma mão na
outra, esquentando-as mais.
一 Uma surra de pau resolverá o problema, mas antes, tá merecendo mais uns tapas. 一
Ela move o quadril, de um lado a outro, arqueia as costas afastando as pernas, abrindo-as para
mim.
Vislumbro sua boceta, meus dedos vibram querendo tocá-la e faço, ansioso. Sinto seu
tamanho na palma de minha mão, é pequena, esfrego por completo, ela murmura, seu líquido
quente umedecendo os meus dedos, a calcinha me impedindo de penetrá-los.
一 Porra, você está tão quente e molhada. 一 Estapeio ferozmente a nádega direita, o
corpo move-se para frente e ela morde os lábios, faço de novo, ela geme, minha mão arde, acerto
outro tapa, ela fica excessivamente molhada, meu pau lateja urgente, querendo-a.
Seguro as laterais do seu quadril, brinco com as alças da calcinha, com o olhar devorando
sua boceta, querendo vê-la nua pela primeira vez. Deslizo a peça, ofegante, sem piscar. Passo nas
pernas, minha garganta seca, é gostosa pra caralho. As vulvas são simétricas, os lábios internos
carnudos, pequenos, a coloração avermelhada, admiro fascinado, com as bolas latejantes, preciso
senti-la por dentro. Contenho-me, antes quero conhecer o seu gosto, aproximo minha boca da
nádega esquerda, a marca do tapa ainda notável, mordo com força, Antonella geme, curva as
costas e aperta com a mão direita os lençóis.
Percorro a boca em sua pele, o aroma doce associado com o seu cheiro safado invadindo
minhas narinas, controlando meus batimentos no peito. Não resisto, abro mais suas pernas, beijo
sua boceta, a umidade se desmanchando em minha língua, sugo-a, deslizo por toda extensão,
sentindo a quentura e o inchaço excitante pelos meus estímulos. O gosto impregnado na boca, é
picante, diferente, levo a mão ao pau, me tocando, será uma noite intensa, só com o seu cheiro eu
já gozaria, com o gosto então, sou um homem morto.
Endureço a língua, transpasso em sua abertura e penetro. Antonella geme alto, as pernas
estremecem, as paredes internas pulsam, sinto se contraindo, retorno sugando seu clitóris,
mordisco os lábios internos fazendo-a mover o quadril, enfio meus dedos, golpeando-os
profundamente, formando uma curva nas pontas, atingindo seu ponto sensível. Esfrego
juntamente a boca em seu botão, manipulando-o, ela grita. Subo na cama, a deito de frente, abro
suas pernas para chupá-la livremente.
Admiro seu corpo, os seios excitados, a pele arrepiada e a devoro para prová-la mais.
Mordo, beijo, chupo, me lambuzo com sua boceta, seus gemidos sensuais ecoando no quarto
silencioso, as pernas se projetam junto ao quadril contra minha boca, querendo mais da sensação,
mais da minha língua e eu dou. Aspiro feroz seu botão, na medida certa, ela se entrega, o líquido
escapando, mais espesso, excessivo, ele se dilata, ficando vermelho intenso, ela está entregue a
mim, pronta para gozar em minha boca, mantenho a sucção, se contorce eufórica, bombeio os
dedos melados mais forte. As coxas contraem-se ao redor do meu rosto, ela grita, gozando,
esfregando a boceta em minha cara.
O corpo se desmancha na cama, enfraquecido, o tórax se expandindo à procura de ar. Ela
sorri, deito por cima, encaixando em seu corpo delicado, projetando o quadril no meio de suas
pernas enquanto nos olhamos fixamente. A pele reluz com as luzes amareladas, suada, beijo seus
lábios roçando meu pau em sua abertura, finalmente irei tomá-la para mim. Passamos tanto
tempo nos odiando, e é esse mesmo sentimento que nos deixa assim, bárbaros, puro desejo e
tentação. Desço os beijos suavemente em seu pescoço, contorno sua clavícula, sugo a pele, ela
choraminga. Levo a mão na lateral da cintura, escorregando-a pausadamente, conhecendo as
curvas, as imperfeições, os poros eriçados, a pele hidratada.
Envolvo seu seio, é volumoso, macio, os bicos endurecidos resvalam em meus dedos,
atiçando meus instintos, elevo o tronco, capturando-o em meus dentes, mordiscando sutilmente,
sua mão entra em meus cabelos, os olhos se fecham, aproveitando a sensação. Chupo-os,
alternando os seios, a pele ganhando cor pelos contatos persistentes. Tudo nela é perfeito, droga,
estou enlouquecendo. Sinto saudade dos seus beijos e retorno apressado aos seus lábios, é tanta
estupidez, que perco o controle. Antonella desliza a mão pelo meu peitoral, em seguida percorre
minhas costas apalpando minha bunda. Estremeço em imaginá-la apertada, me recebendo.
Pressiono minha ereção em sua abertura, nossas respirações desalinhadas, o calor
dissipando, comprimo a glande penetrando em sua boceta, lento, arfando com a pressão, é justa,
ardente. Antonella pressiona nossos corpos, cravando as unhas em minhas costas e sem protelar,
alucinado, enfio em um golpe único, até o talo, sendo tomado pelo desejo violento.
一 Ah, Blake… 一 murmura o meu nome, travo a mandíbula.
Caralho, porra, estou fervendo. Safada, droga, nem terminei e já quero fodê-la de novo.
Merda.
CAPÍTULO 11

As mãos do Blake exploram minhas curvas, os dedos delineando o formato dos meus
mamilos, o quadril golpeando forte dentro de mim, meu corpo estremece. A ardência de sua
invasão brusca ameniza, tornando-se excitante, terrivelmente devorador. Minha boceta
acostumando-se com o seu tamanho descomunal, o atrito gerando uma sensação térmica
efervescente que nunca experimentei antes. Nossos olhares se encontram, a feição de prazer em
seu rosto torce o meu estômago, ele é meu, mesmo que por poucas horas.
Pressiono o quadril dele com as mãos fixas em sua bunda, projetando seu pau a uma
ocupação completa, não há espaço entre nós, o prazer comanda nossos fluidos. O som das suas
bombeadas desestruturando nossas forças, o cheiro do seu perfume sendo absorvido pela minha
pele, misturando-se ao suor que escorre deliberadamente.
一 Ella, você é insuportavelmente gostosa, quer que eu pare? 一 pergunta.
一 Não para, por favor… 一 choramingo, ele nega, parando os movimentos e
abandonando o meu corpo. 一 Blake, não, o quê? Por quê? 一 Salta da cama enquanto sinto a
palpitação forte no peito e a falta do seu calor me atingir.
Ele fica de pé, o corpo esguio, costas largas, com infinitas tatuagens espalhadas em sua
pele, algumas estendendo-se até as panturrilhas. Sobressalto, rastejando na cama, parando atrás
dele. As mãos estão espalmadas no vidro, a cabeça baixa parecendo lamentar por algo, levo a
mão em suas costas, contornando as marcas de unhas que deixei e beijo sua pele. Abraço-o por
trás esfregando meu rosto manhosamente contra ele, projetando as mãos ao seu redor procurando
seu pau.
Envolvo-o na mão direita, úmido com os meus fluidos, ele arfa, o tórax se expande e a
mão transpõe a minha. Movemos juntos, sua palma apertando a minha, progressivamente.
一 Droga, Antonella. 一 diz arrastado, oscilando.
Bruscamente vira-se, envolve o meu pescoço com sua mão direita, pressionando os dedos
com rigor. Puxa-me contra sua boca e morde meu lábio inferior com tanta força que sinto o ardor
e o gosto de sangue se desmanchar em minha língua. É excitante. Sorrio, seus olhos
semicerrados, os músculos rígidos, e a ereção resvalando em meu abdômen. Com indelicadeza
solta meu pescoço, agarra minha cintura e leva-me até o aparador, sentando-me sobre ele. Nosso
olhar fixo, a raiva escapando de suas narinas junto ao ar quente de seus pulmões, o toque
arrogante ao abrir minhas pernas e a mandíbula travada, cerrando os dentes.
Ele empala, de uma vez, atingindo com tanta urgência minha boceta que meu corpo se
projeta contra a parede, a superfície tocando minhas costas, a sensação borbulhante que queima
dentro de mim. Entreabro os lábios, sentindo, gemendo sob o seu olhar faminto. Blake morde os
próprios lábios e franze o nariz me castigando profundamente, as mãos agarram as laterais de
minhas cintura projetando meu quadril contra o seu. Nossas extremidades em um atrito ácido,
minha umidade aumentando excessivamente, meus seios balançando com a força, os mamilos
tocando em seu peitoral, entumecidos.
一 Porra, que delícia, você está me deixando louco…
一 Mais forte Blake, ah, isso, assim. 一 Choramingo, sentindo minha boceta, coxas e
pernas contraírem.
Blake não cessa, enfia sem pudor, os músculos tensos, as pupilas dilatadas, as pernas
travadas e o pau quente como fogo. Fecho os olhos, dominada pelo prazer, com os nervos
palpitando, a sensação se ramificando em cada fibra.
一 Ah, eu vou gozar Blake. 一 aviso, sentindo seus rugidos ganharem força.
O impacto de nossos corpos no limite do controle, sua pele reluzente com partículas de
suor, e o pau monstruoso pulsando, bombeando uma última vez. Nossas respirações ficam
desalinhadas e sinto-o gozar, lutando para me deixar. Ele enterra tão fundo, seu líquido a ponto
de emergir, com relutância consegue sair, o fluido escapa em minha virilha enquanto grudamos
nossos corpos em um beijo intenso, sem fôlego. A língua circula a minha, subindo e descendo,
nossas salivas nos molhando enquanto gememos extasiados.
Meu corpo desmancha e seus braços me sustentam, a boca carnuda me sugando
ferozmente, ainda pulsamos, com o prazer se dissipando. Blake com o braço esquerdo me
carrega, enquanto permanece me beijando. Caímos na cama, me limpo com uma toalha, mas
deito por cima dele, quero mais, suas mãos passeiam indelicadamente por toda minhas costas,
desde a nuca até as pernas. Movimento meu quadril esfregando meu clitóris em sua pele, carente
por mais. Jamais tive atração pelo Blake e agora não consigo afastar o meu corpo do dele. Ele me
olha e abre um sorriso presunçoso me abraçando.
一 O que foi Blake? 一 Mordo sua mandíbula, ele sorri mais.
O insuportável tem o maior peru que terei o prazer de ver e experimentar, é um
especialista em socar gostoso, que ódio.
一 Diz meu nome de novo… 一 Clama, e falo com uma voz completamente sedutora,
devagarinho, assistindo seus olhos admirarem os meus lábios.
一 B L A K E… 一 Ele puxa meu quadril, monto-o encaixando seu membro bem fundo.
Movimento as pernas para frente, rebolando sensualmente.
一 Quero você de novo, Antonella … 一 Ele realmente quer, é perceptível no meio das
minhas pernas, nossos impulsos flamejando, sua masculinidade nociva intacta.
Quero negar os sentimentos indistintos, mas ser tocada por ele tornou-se inexplicável,
estou entregue a esse momento, e achei que seria o contrário. Arrumo os joelhos, posiciono o
quadril confortavelmente e inicio uma cavalgada contínua, lenta, de cima para baixo, de um lado
a outro, contraindo o abdômen, movendo as coxas no mesmo sentido. Ele espalma meus seios, a
boca expelindo uma respiração profunda, os dedos brincando com meus mamilos, tornando-os
sensíveis, aumentando o prazer.
一 Isso, continua safada, esfrega mais. 一 Não quero parar, não quero gozar, minhas
veias parecem lava vulcânica, meu peito contorce com os picos de impulsos prazerosos.
As mãos passeiam vagarosas em minha cintura, contornando as laterais com um
pressionar quente, sobe ao meu rosto, o polegar roça no meu lábio inferior, querendo sentir cada
parte de mim. Cheiramos a sexo e algo mais, como ódio e paixão. O deslizar de minha boceta no
pau imenso torna-se mais rápido, fácil, a umidade elevada, as paredes quentes, os calafrios
ascendentes dos pés até o centro das minhas pernas são um delírio. Nunca experimentei essas
sensações e nem sabia que poderiam existir.
一 Droga, que delícia Ella, mais rápido, goza no meu pau. 一 Estremeço, eu estou no
controle, nunca estive assim.
Abaixo o rosto assistindo nossas extremidades se conectarem, acelero, contraio o
abdômen em polvorosa, Blake impulsiona meu quadril, ficamos ofegantes, meu corpo é
dominado por pequenos choques. Uma onda ardente irradiando desenfreada, elevo o tronco,
cavalgando com força, o clitóris em um atrito intenso enquanto meu coração bate desgovernado,
na garganta, querendo sair pela boca. Blake geme, as pernas rígidas, os dentes cerrados.
一 Ah Blake, você é tão grande e gostoso.
一 Ah puta que pariu, vou gozar… 一 avisa, pulsando dentro de mim.
Minha boceta contrai, as coxas vibram em espasmos e a sensação crescente e deliciosa
me leva ao transe enquanto encharco o seu pau com meu gozo, desesperado retira-o de mim,
gozando em nossas peles. Tranco as pernas em seu quadril, com sua ereção roçando em meu
clitóris, meu corpo trêmulo. Caio sobre o seu peitoral suado, o perfume misturado está inebriante
e rolamos na cama, ofegantes, tentando recuperar o ar. Diferente do que pensei, o Blake é
carinhoso, e tem um toque único.
一 Você está acabando totalmente com a minha sanidade Antonella, merece umas
palmadas por isso. 一 confessa com a boca grudada no meu pescoço.
一 Não tenho culpa se sou gostosa demais, eu sei que tenho esse efeito viciante! 一 A
mão captura os meus pulsos, elevando os meus braços acima da cabeça, com agressividade sobe
em cima de mim e morde meus lábios.
一 Você se acha demais, Antonella.
一 Que engraçado você também, Blake.
Ele aperta mais firme e beija meu pescoço, desesperado, sugando minha pele, causando
dor, ardência no local enquanto me faz murmurar. A boca deixa um rastro de chupões, minha
pele branca pintando-se de vermelho sangue. Seu pau não perde a potência e sinto penetrar,
suave, brincando com meu corpo enquanto me come lento, querendo sentir o atrito das nossas
peles. Trocamos carícias, beijos e olhares. Ficamos horas assim, em um sexo calmo e provocante
até quase começar a amanhecer. Os fios dos meus cabelos agarrando minha pele ensopada, as
pernas fracas, a boceta inchada e o clitóris sensível ao ponto de me fazer gemer só em encostar as
pernas para fechá-las.
Desfalecidos me aninho a ele, de costas para o seu corpo, com o peitoral largo me
cobrindo, o braço esquerdo cravado em minha cintura, a bunda encaixada em seu quadril. E a
sensação única de que jamais serei tão bem usada como hoje. Porra, Blake é pior que fogo,
queima mais que o inferno e seu pau ainda parece estar em mim porque a ardência agora se faz
presente, é culpa do tamanho desproporcional que não me deixou por horas. As cortinas ganham
uma coloração azul anil, o sol está nascendo, descansaremos, minhas coxas doem e não tenho
forças para me mover, então fecho os olhos, as pálpebras já pesando e adormeço.

Abro meus olhos, confusa, os raios do sol atingindo o chão, formando uma linha extensa.
Blake ainda está agarrado ao meu corpo, estico o braço, confiro o relógio, dormimos quatro
horas. Levanto, a sensação da pele grudando, minha pelve dolorida, solto um suspiro, foi intenso,
rápido, e, ao mesmo tempo, longo, porque não conseguimos nos afastar. Sigo até o banheiro
pegando uma toalha limpa pelo caminho e entro embaixo do chuveiro quente. O ambiente está
gelado, e encolho-me na água corrente, relaxando os músculos. Ensaboo o corpo, enxáguo e
retorno ao quarto.
Blake ainda dorme, admiro-o, o corpo está esticado, as pernas para fora das cobertas, as
veias dos músculos proeminentes, lembrando-me do seu pau gostoso. Meu corpo esquenta, faço
força para não agarrá-lo. Enrolada na toalha, caminho para fora do quarto, atravesso a varanda
enquanto admiro o mar. Os raios de sol aquecem minha pele, a brisa gelada da manhã traz junto
uma nuvem de partículas desprendidas do mar, suspensas na atmosfera. Meus poros se arrepiam,
é o aroma da maresia, extremamente singular. Inspiro, querendo mais da paz que me transborda.
A vista daqui é incrível. Minutos depois sinto as mãos do Blake percorrerem a minha cintura e
me abraçar por trás. Fecho os olhos, o abraço é quente e acolhedor. Ficamos em silêncio olhando
o céu, as ondas se quebrarem nas rochas, os pássaros cantarem, enquanto o vento golpeia nossas
faces.
Droga foi a melhor noite da minha vida.
Como será o restante do final de semana? Estou com medo de descobrir. Tem um
sentimento completamente diferente dentro de mim. Giro o corpo, encarando-o fixamente. Ele
está com a toalha enrolada na cintura, irresistível, os olhos levemente inchados, sempre achei ele
lindo, mas porque agora o peso disso é tão diferente?!
Blake desce o olhar até os meus lábios. Fico nas pontas dos pés e o beijo. É uma
necessidade, uma vontade louca de sentir o gosto dele. O beijo é lento, intenso e posso jurar que
ouvi sininhos ressoando em meus ouvidos. As mãos grandes possessivamente me puxam,
prendendo-me. Sinto sua ereção roçar na minha barriga já dura pela excitação matinal. Após me
beijar, entrelaça nossos dedos e me leva até uma tenda grande, de tecido branco. Ele deita, e caio
em cima de seu corpo.
一 Isso só acontecerá aqui e nesse final de semana, mimadinha. O que está rolando entre
nós dois está me intrigando. 一 diz receoso.
一 Não está rolando nada entre nós, Blake Lodge, não se vanglorie, você não é assim tão
fascinante como pensa. 一 A impaciência em lidar com ele, não muda.
一 Não sou? Então por que continua deitada em cima de mim?
一 É uma troca de casais, lembra? Você é obrigado a me satisfazer!
一 Eu sou mesmo? Não sei, acho que não quero. 一 Levanto rapidamente e ele se assusta.
一 Vou atrás do Peter, aposto que está morrendo de saudades da namorada perfeita dele.
一 Blake rosna elevando o tronco, os braços envolvem minha cintura.
一 Não vai atrás de ninguém, senhorita encrenca!
Puxa-me sobre ele e nossos corpos se grudam. Ele morde meus lábios com força, quase o
tempo todo gosta de fazer isso, devora minha língua com a sua até acabar com o meu fôlego.
一 Mais tarde foderemos gostoso nesse lugar aqui! 一 Ignoro-o, mas não meus sentidos,
porque estremeci com suas palavras. 一 Melhor irmos tomar café da manhã com a Pietra e o
Peter, caso contrário daqui a pouco estarão aqui! Vou para um banho rápido.
一 Tudo bem, estou faminta mesmo! 一 Blake se levanta oferecendo a mão, eu aceito.
一 Hum, que cavalheiro! 一 provoco.
一 Não se acostume! 一 reviro os olhos, ele sorri.
CAPÍTULO 12

Entramos no quarto novamente e enquanto Blake toma um banho decido buscar as malas.
Passo pela porta e o cômodo está vazio. Quero prosseguir, no entanto, travo, encarando a cama
que eles dormiram. Ainda está bagunçada, algumas peças de roupa estão pelo chão, minha
cabeça começa a rodar, e levo a mão a testa, suando frio. Realmente aconteceu, a ficha cai, dormi
com o namorado insuportável da minha amiga, e ela com o meu. Bufo, questionando em que
momento perdemos o juízo a esse ponto? Bizarro. Vasculho com mais atenção e um papel
branco está em cima do criado. Aproximo e encontro um recado da Pietra “estamos
aguardando vocês no restaurante”.
Amasso e jogo-o na lixeira tentando acertar a distância. Escolho um biquíni vermelho,
coloco e cubro com um vestido de malha fina branco. Arrumo o cabelo, passo creme corporal,
perfume, e em seguida retorno com a mala do Blake, arrastando-a pelo chão. Ao sair do banho
ele se prepara em silêncio, os cabelos loiros caídos nos olhos, em uma tonalidade mais escura
pela umidade, as gotas escorrendo em seu corpo, brilhando as tatuagens, inclino o rosto tentando
não admirá-lo demais, mas a queimação está aqui, subindo em meu estômago. Ele passa a cueca
pelas pernas torneadas, e ao chegar no órgão eleva o rosto para sorrir, com safadeza.
Seu olhar me flagra, lanço uma piscadela e saio do quarto para esperá-lo no corredor. A
fome que sentia transforma-se em excitação. Preferia a sensação do ódio, agora está tudo
indefinido. Quando ele fica pronto me encontra, seguimos juntos pelos corredores, de soslaio
vejo que escolheu uma bermuda e camiseta preta, particularmente é estranho vê-lo despojado,
está sempre com roupas pesadas. Chegamos no restaurante em silêncio, Pietra acena nos
chamando.
一 Bom dia para vocês. 一 cumprimento e Peter se levanta rapidamente, envolve meu
corpo em enfia o rosto em meu pescoço, depositando um beijo.
一 Bom dia meu amor, estava com saudades.
Pietra responde brevemente e Blake nem se dá ao trabalho. Ele é uma incógnita. Seco,
diferente do cara que não me soltou de seus braços a noite toda. Puxo a cadeira e me sento. Pietra
me olha com curiosidade, mas também está pensativa.
一 Como você se sente amiga, depois de ontem? 一 indaga. Elevo as sobrancelhas, sem
saber o que responder, afinal, basta uma palavra errada para o clima ficar tenso.
一 Me sinto normal, nada específico!
Não quero demonstrar nenhuma emoção, tenho medo dela entender algo errado, de
assumir em voz alta que foi bom, mas a verdade é que essa experiência mexeu muito comigo.
Blake arrasta a cadeira encostando-se na minha. A mão esquerda transita em minha coxa direita,
puxando minha perna encaixando-a por cima da dele, fico inerte. O olhar da Pietra acompanha
seus movimentos atentamente, e quando ele finaliza a disposição da minha perna entrelaça
nossas mãos. Ela comprime os lábios, as pálpebras palpitando e em um gesto desconcertante
cruza as mãos apoiada sobre os joelhos, está com ciúmes. Peter está focado em conferir o
garçom, levantando o braço para servirem.
一 Você não perguntou para mim Pi, mas me sinto ótimo! 一 diz Blake. Pigarreio aflita,
ele está provocando.
Pietra aperta as mãos, o corpo endurece contra a cadeira.
一 Que bom Blake, eu também me sinto ótima.
A tensão permeia no ar, os olhares se caçam em uma atmosfera misteriosa, os sorrisos
cessam e tento fingir que está tudo normal. Sempre foi um risco, mas agora, não tem mais volta.
一 Parem com isso, é para ser bom mesmo essa troca, se não nem faria sentido. Hoje
teremos um jantar a dois para cada casal, então aproveitem. 一 alerta Peter.
一 Você está certo, me desculpem! 一 comenta Pietra.
O café da manhã chega, com rapidez o garçom distribui na mesa as frutas, panquecas,
muffins, café e suco. Agradeço mentalmente porque todos vão parar de falar. Comemos em
silêncio, ao final Peter fala sobre as praias, as sessões de foto que terá durante a semana
amenizando os ânimos exaltados.
一 Bom, já pegamos a chave do chalé com hidromassagem, poderemos passar o dia lá,
bebendo, conversando.
一 Ótimo Peter, vamos! 一 concordo.
Levantamos da mesa, dou uma olhada discreta para o Blake que não disse mais nenhuma
palavra. Queria saber o teor dos seus pensamentos, realmente ele se sentiu ótimo após a nossa
noite ou disse somente para irritar a minha amiga?
Antonella abre a porta do carro e desce. Chegamos na frente do chalé, o lugar é todo
fechado por árvores nativas, analiso ao redor, confiro discretamente a minha arma no porta luvas
e está carregada. Pego o celular, está com sinal, e faço uma ligação rápida para o Loki.
一 Está tudo limpo Blake, fique tranquilo. Aproveite a sua brincadeira de casinha. 一
solto uma risada.
一 Manda não relaxarem, estou exposto aqui.
一 Tudo bem, entendido. 一 desligo rapidamente antes que a Antonella veja.
Andar desprotegido não é aceitável, mas aqui é inviável ter uma arma acoplada em mim
sem que qualquer um deles veja. Coloco-a de volta e desço do carro. Não sou nenhum idiota e
meus homens estão no local, disfarçados, conferindo tudo, garantido a segurança de todos
enquanto brinco de ser normal. Ninguém ousaria me atacar, sou protegido até pelo governo,
mesmo que por medo das informações que possuo.
Analiso a fachada rústica, Antonella sorri, os olhos reluzentes, o nariz inspirando o cheiro
de terra molhada, ela deve gostar disso. O rosto suavemente corado se inclina em minha direção,
desvia o olhar envergonhada, retorna em mim, e com os dedos captura a mecha de cabelo na
lateral da bochecha enrolando os fios. A infeliz faz meu coração acelerar no peito. Sem controle
seguro seu rosto fino, comprimo os dedos em sua pele na região do maxilar e a beijo. Enfio a
língua na sua, sugando, sentindo o atrito dos seus lábios aveludados nos meus, ela geme,
intensifico, nossas salivas ainda perpetuam o gosto próprio da nossa noite.
Não dá para explicar o quanto a patricinha é gostosa, a porra da língua é macia, o cheiro
que ela tem, as mãos pequenas que rapidamente se apoderam de mim escorregando em minhas
costas, a garota me derrubou, estou fodido. Escuto outro carro ao longe, nos afastamos, é o Peter
que estaciona atrás do meu. Eles descem do veículo e entramos no lugar. O ambiente é todo em
madeira de lei, os móveis em tom natural, a iluminação é bem distribuída graças às infinitas
janelas envernizadas. A hidromassagem fica na parte oposta à entrada, na área externa, a vista do
horizonte revela a pousada distante, minúscula, o mar calmo e algumas montanhas. Uma mão
toca na minha tirando-me da visão. Pietra abraça minha cintura, não me movo.
一 Blake, estou ansiosa para voltarmos, espero que esteja se dando conta do nosso amor.
一 Enfio as mãos no bolso enquanto ela mantém o abraço.
一 Pi, quando voltarmos conversamos sobre nós dois. 一 Ela balança a cabeça em
concordância e beija meu peito antes de se afastar.
As duas retiram os vestidos ficando de biquíni, em seguida entram no chalé conhecendo o
lugar, Peter pega uma caixa térmica e acopla ao lado da hidromassagem, com fácil acesso à água.
Sento na cadeira almofada, ele se aproxima com duas garrafas de cerveja, e entrega uma.
一 Fico feliz que tenha dado certo a noite para você e a Antonella. 一 Arqueio a
sobrancelha, encaro-o constantemente, o babaca está tentando saber algo.
Fico quieto, experimento a bebida gelada, satisfeito, enquanto ele aparenta estar nervoso,
passando a mão continuamente no rosto.
一 É que… 一 pausa, solta uma risada irônica 一 espero que a Antonella não tenha sido
resistente em deixar as coisas acontecerem!
一 Não se preocupe, pelo contrário, ela foi bem receptiva!
一 Foi? 一 rebate, incrédulo.
Esse filha da puta está querendo saber se ela gostou, ela adorou meu amigo!
Pietra volta impedindo Peter de continuar perguntando, analiso-a, tudo é normal dentro
de mim. Não sinto nada diferente, de fato não tem mais volta e não entendo essa relutância dela
em aceitar a verdade, que acabou. Ela entra na hidro e se deita na água, Peter não tira os olhos de
seu corpo. Antonella sai segundos depois, sou pego de surpresa porque nesse instante meu
coração bate forte, o mesmo tipo de adrenalina quando estou com um filho da puta na minha
mira e sairei satisfeito com sua morte.
A garota me satisfaz, talvez seja a condensação de dois opostos se gladiando, mas ela tem
a faca na mão, só falta enfiá-la no meu coração, preciso impedir que isso aconteça. Os passos
suaves, os pés descalços no chão molhado, as pernas longas em sincronia, parece flutuar, pura
frescura e etiqueta. Ela sai com a face debochada, o sorriso de lado ridiculamente atraente que
adora fazer, parando rente a borda enquanto coloca as mãos na cintura. Inclina levemente o
corpo, os olhos piscam curiosos, a postura sedutora, fico louco admirando, com desejo de tocá-
la. Puta merda, já estou duro.
一 Onde está o guarda-sol? 一 questiona.
一 Para que Ella? 一 pergunta Pietra.
Ela levanta o braço esquerdo, usa o indicador da mão direita para mostrar sua pele, na
região do pulso.
一 Sabe o que esse sol fará comigo? Ressecará minha pele, isso é devastador.
Reviro os olhos e não consigo evitar soltar uma tosse, ao mesmo tempo que quero rir.
一 Não seja fresca Antonella, é só um pouco de sol! Não destruirá e nem derreterá sua
pele de açúcar! 一 respondo e sua testa franze, furiosa.
一 Me poupe Blake! Não estou falando com você!
Minha vontade é de segurá-la e deitá-la no meu colo para dar umas boas palmadas em sua
bunda, para ver se para de ser tão chata.
一 Não comecem por favor, estava tudo indo tão bem! 一 comenta Pietra, batendo a
palma da mão na água, se divertindo.
一 Para vocês está tudo lindo, para mim está péssimo. 一 confessa convicta, com o olhar
fuzilante preso ao meu, e o ódio exposto em seu rosto.
Certo, o que foi isso? Ela sente que tudo está péssimo?
Peter entra na água e estende a mão.
一 Vem meu amor!
一 Me erra Peter! 一 sai brava, entrando no chalé.
一 Vocês precisam parar de se provocarem! Daqui a pouco ela volta. 一 diz ele sorrindo.
Levanto e sigo atrás dela, sem pensar duas vezes. Mas, que porra, mimadinha do
caralho. Entro na sala, encontro-a parada perto da escada, ao me ver corre para a cozinha.
Rosno. Passo pela porta, o rosto está corado, os braços esticados à frente do corpo, as mãos
espalmadas tentando se proteger.
一 Fique longe de mim Blake. 一 dou um passo adiante, 一 Fique longe, eu estou
mandando! 一 ordena. Continuo lentamente em sua direção, ela recua batendo as costas no
balcão da cozinha.
一 Desde quando você acha que manda em mim? 一 Deslizo os olhos admirando seu
corpo, está perfeita com esse biquíni minúsculo.
Paro em sua frente, coloco a mão em sua cintura puxando-a, seus olhos se fecham.
Levanto-a do chão, giro nossos corpos e a coloco sentada na ilha central.
一 Não está gostando de ficar comigo? 一 Ela tenta sair, mas entro no meio de suas
pernas, espalmo sua bunda gostosa e a seguro firme.
Seu olhar fixo no meu, o rosto adquirindo uma coloração mais intensa, avermelhada.
一 O gato comeu sua língua?
一 Eu… eu… estou gostando! 一 sussurra.
一 Por que disse que está tudo péssimo? 一 inquiro, confuso, ela morde os lábios.
一 É que você acaba com a minha paciência. 一 Transito o olhar em sua face, preso em
um vínculo eletrizante.
Deslizo minhas mãos sentindo a curvatura do seu corpo. Passo o indicador na lateral da
calcinha, caçando sua boceta, ela arfa quando rastejo para dentro do tecido de malha projetando-
os em sua umidade e massageando seu clitóris. Um gemido abafado se desmancha em meu rosto,
se dissipando em minha barba, com o olhar profundo, significativo, preso no meu. Ela leva as
mãos ao meu rosto e me beija, a língua macia faz carinho ao redor da minha, os movimentos
sutis, uma sensação nova correndo no corpo, os lábios mansos friccionando, saborosos, como
nunca imaginei beijá-la. Afasto sua calcinha e puxo seu quadril para a beirada, retiro meu pau de
dentro da bermuda, penetrando-a devagar.
一 Ah! Blake… 一 clama meu nome, estremeço.
Movimento o meu quadril, a pele sensível do meu pau em contato com suas paredes
quentes, continuamente, entrando e saindo. Porra, que sensação do caralho.
一 Quer mesmo que eu me afaste de você? 一 sussurro contra sua boca.
一 Fica… apenas não saia de mim! 一 Devoro seus lábios à medida que bombeio minha
ereção dentro dela.
Textura contra textura.
Minhas mãos percorrem suas costas apalpando seu corpo com carinho. Inclino seu tronco
para trás, alcançando sua clavícula, descendo beijos em sua pele até chegar em seus seios. Os
mamilos entumecidos, marcando o biquíni, me fazem arfar, sugo por cima da peça, molhando o
tecido, tornando-o ainda mais rígido e evidente. Empurro com o queixo, arranhando sua pele
com a barba, expondo-o. Deslizo a boca e o mordisco, sugando, lambendo com carinho. Nunca
me senti assim, louco e eufórico por uma mulher. Suas mãos seguram o meu quadril me forçando
a entrar e sair mais rápido. Ela geme constantemente, o tórax se movimentando mais rápido, toda
minha. Intensifico, penetro até o talo, ela abre mais as pernas.
一 Isso, assim, eu adoro quando você me come assim… 一 confessa, fazendo um frenesi
me castigar, apalpo sua pele, meus lábios engolem os seus, sinto um formigamento gostoso.
Sua voz me fascina, seduz por completo, diferente de dois dias atrás que eu daria um
carregamento de armas para não ouvi-la falar.
一 Eu tenho você agora, terei mais tarde, a noite… o tempo todo, na hora que eu quiser.
一 cravo meu pau bem fundo, paro, deixo nosso calor emanar, prossigo devagar em sua boceta,
ela grita sensualmente, gostando. 一 Ainda fugirá de mim?
Não paro, castigo-a, sua umidade excessiva permite um deslizar gostoso, incontrolável, o
encaixe é único, minhas pernas contraem de tensão.
一 Eu não fugirei de você, eu quero você.
一 Safada, diz de novo. 一 Suplico mirando seus lábios, ensandecido para estapear sua
bunda.
一 Eu te quero Blake. 一 Levanto-a e debruço bruscamente na ilha e me apoio em suas
costas.
Ela deixa o rosto encostar de lado sobre a pedra fria de mármore e curva o corpo,
elevando a bunda. Abre ligeiramente as pernas, ergue os braços acima da cabeça, desmanchando
o tronco na ilha, que visão deliciosa, aceito o convite, mirando sua abertura lambuzada,
acoplando minha ereção, introduzindo em sua passagem apertada.
一 Adoro você assim de quatro para mim! 一 Com força estapeio sua nádega esquerda,
ela choraminga, com o susto a boceta se aperta ao redor do meu pau, estremeço com a sensação e
faço de novo.
Afundo freneticamente, meu quadril colidindo com sua bunda, afundando nela, sua
textura aquecida pra caralho enquanto murmura o meu nome, querendo mais.
一 Não para, continua assim, ah, Blake.
Caminho com a mão encontrando seu clitóris dilatado. Um botão único, evidente, deslizo
com movimentos circulares, as pernas trêmulas, a bunda se projetando contra a minha ereção.
一 Ah, assim não aguentarei!
一 Goza safada, diz que me odeia, mas gosta de ser fodida por mim, fala… 一 Meu peito
palpita, meu abdômen contrai, minhas pernas rígidas, os calafrios subindo enquanto minhas
bolas latejam.
一 Eu te odeio, mas adoro ser fodida por você, ah Blake, vou gozar… 一 Suas palavras
me alucinam.
Começo a pulsar, e luto internamente para sair de dentro dela, quase não consigo, que
fraco do caralho eu sou, mas que porra de boceta é essa que tem o controle dos meus impulsos?
Gozo, dominado pelo prazer e pela excitação dos seus gemidos suaves. Tiro-o, jorrando em suas
costas, anestesiado, deixando esse sentimento louco sair. Ela se desmancha por completo na ilha,
minhas pernas travadas, a ereção ainda pulsando, respiro, relaxo e quando me recupero me
afasto.
Guardo meu pau dentro da sunga, arrumo a bermuda e limpo suas costas com um
guardanapo de papel, com cuidado para não machucar sua pele. Ajudo-a se levantar, e ao ficar de
frente nos olhamos intensamente. Seus olhos brilhantes piscam lentos, dois pequenos diamantes
azuis safados, a boca transforma-se em uma linha fina, tensa, não resisto, abraço-a e resvalo
nossas bocas, com a sensação corrosiva de desejá-la com tanta violência. Adoro sentir seu
cheiro, então afundo meu nariz no seu pescoço deixando um rastro de chupões. Quero marcá-la,
quero que sua pele nunca esqueça que esteve presa na minha, quero que seu corpo lembre-se da
sensação de estar em meus braços.
CAPÍTULO 13

Um gemido incontido irrompe de minha boca ao sentir o sugar constante do Blake em


minha pele. Aproveito para acariciar seu rosto, transpassar os dedos em sua barba que devido ao
contato deixa uma vermelhidão intensa por onde explora. Os dentes raspando, a língua aflorando
meus instintos. Puxo seus fios loiros afastando sua face de mim, ele sorri.
一 Blake… 一 Seu olhar me devora. 一 Posso afirmar que te odeio ainda mais agora. 一
As pupilas se dilatam mirando meus lábios e com arrogância morde-os. 一 murmuro. 一 Pare de
me morder o tempo todo.
一 Te odiar com o meu pau preso em sua boceta é meu novo programa favorito, quanto a
te morder é inevitável, não vou parar. 一 sorrimos, e revido sua mordida iniciando um confronto
de rostos, com um esfregar contínuo e novos beijos intensos.
As mãos fazem cócegas em minha cintura, nossos corpos em atrito e as gargalhadas
rompendo o silêncio do cômodo. Blake inclina a cabeça, fixa a atenção na porta da cozinha e o
sorriso desaparece. Os seus toques param, engulo em seco. O que ele está vendo?
Afasto a mão do batente da porta da cozinha, esgueirando o rosto para não ser vista. Ouvi
os gemidos deles, poderia ter ido fazer o mesmo com Peter, mas com dor no coração deixei a
insegurança bater. Os dois estavam transando, a forma como ele segurava o corpo dela era
diferente, as risadas e a confissão doeram mais, Blake nunca sorriu assim comigo, nunca disse
que sou o seu programa favorito. Por que estariam transando? Se beijando? Certo, é a troca de
casais, no entanto o ciúmes que sinto é irracional.
Minha melhor amiga está me traindo, ela o enfeitiçou, fez ele gostar de tê-la. Movimento
mais a cabeça querendo ver melhor, porém encontro o olhar do Blake me encarando. Ficamos
tensos, minha visão turva pelas lágrimas brotando, engulo o desejo de confrontá-los e retorno
para a hidromassagem. Peter bufa baixo ao analisar minha feição, ele percebe que estou
chateada.
一 Pietra, é óbvio que eles estavam aproveitando, é uma troca de casais.
一 Como você consegue não sentir ciúmes? Sinto-me traída!
一 Não use essa palavra, ninguém aqui está traindo ninguém, todos dissemos “sim”.
Outra coisa, não tenho ciúmes porque a Antonella me ama, é um final de semana para termos
liberdade, quando estivermos juntos novamente a chama crescerá como no início.
一 Achei que por se odiarem, não ficariam juntos.
一 Não seria um swing se isso acontecesse, não encana. Respira.
Os dois aparecem, Blake conduzindo a Antonella com a mão entrelaçada na dela. Seu
olhar recai em mim, suspiro. Juntos entram na água, submergindo brevemente. Minha amiga se
aproxima de mim.
一 Pietra, olha… 一 Levanto a mão, interrompendo.
一 Está tudo bem, foi só um ciúmes bobo, desconsiderem.
Peter me abraça por trás, beija minhas costas subindo suavemente até o pescoço, fico
excitada, em compensação a Antonella não demonstra nenhum incômodo por vê-lo comigo, pelo
contrário, segue até o Blake transpassando as mãos em seu pescoço enquanto contorna as
tatuagens com os polegares. Odeio vê-los juntos, preferia quando brigavam.
Pietra nos viu juntos, demonstra estar desconfortável, mas a verdade é que ela sempre foi
ciumenta e comigo não seria diferente. Passamos uma tarde estranha, porém divertida,
conversamos bastante, Blake não, mas estava aberto a ouvir, não disse uma frase completa, mas
sorriu algumas vezes. As mãos não me deixaram, e quando o sol escondeu-se no horizonte
pegamos tudo e retornamos à pousada. Automaticamente ficamos no outro quarto, após um
banho escolho uma roupa para o jantar. Um vestido azul-petróleo chama minha atenção, ele é
curto, tomara que caia, apertado, com estampas sutis e sofisticadas.
Arrumo os cabelos, aliso o vestido em meu corpo, passo perfume e ando pelo quarto, de
um lado a outro, esperando. Blake sai do banheiro todo arrumado, mas o que faz minhas pernas
bambearem é o seu cheiro devastador. Uma fragrância sedutora e moderna. As notas olfativas de
couro aveludado golpeiam minha face, inspiro profundamente, uma intensidade rara, um
contraste de virilidade afirmada que remete a violência, poder. O homem traz paixão, uma chama
ardente esquenta minha pele, e as minhas mãos começam a suar enquanto seu olhar indiscreto
me deseja transitando pelo meu corpo. O polegar se acopla no canto da boca, um sorriso torto
surge furtivamente. A voz grossa ressoa rouca.
一 Você está perfeita!
一 Acabei de receber um elogio de Blake Barbieri Lodge? Ah, meu Deus, estou
horrorizada! 一 Levo a mão direita ao peito, espalmo o coração, fingindo ser atingida por um tiro
certeiro.
一 Nem só de brutalidade se vive um homem! Pode não parecer, mas posso ser um cara
romântico!
一 Tenho que cavar muito fundo para encontrar essa mina de ouro?
一 Posso te mostrar o caminho basta querer. 一 Um calafrio irradia em minhas pernas e
braços.
Seu olhar preso ao meu, o ar denso, nossos perfumes misturando-se a cada passo que nos
aproximamos um do outro. Estou tensa, sentindo a onda eletrizante de tremor solidificar em
minhas entranhas. As mãos grandes, ásperas, e fortes envolvem as minhas mãos pequenas. Com
prepotência coloca em seu peito, indicando seu coração, sinto o pulsar em seus músculos, está
desordenado. Minha boca seca, inflo meus pulmões aprisionada pela conexão, um fio invisível,
capaz de se enrolar em nossos pescoços e nos sufocar até a morte. Sinto-me fragmentar, quase
morrer, Blake desperta tantos sentimentos confusos, durante tanto tempo jurei ser rancor, ódio,
por sempre me tratar como uma pessoa fútil e, agora, ele não tem mais aquele olhar. Nem o
desprezo, nem o julgamento, Blake está olhando a minha essência, ele sente minha alma, assim
como eu sinto a dele, pura, corrosiva, violenta e louca para amar.
一 Droga Antonella, o que você está fazendo comigo? Você consegue sentir isso? Essa
faísca gostosa quando nos tocamos?
一 Não faça isso, por favor! 一 suplico, arrepiada. 一 É claro que estou sentindo, ela está
dominando todos os meus sentidos!
一 Se entregue hoje para mim? Mas uma entrega real, de corpo e alma? Prometo cuidar
de você!
一 E se eu disser sim? 一 sussurro.
一 Prometo que teremos uma noite inesquecível! 一 Deveria pensar, um alerta deveria
ressoar dizendo não, mas é tudo límpido, simples demais.
一 Sim, eu me entrego de corpo e alma a você! 一 Os olhos semicerrados, a íris perdendo
espaço para suas pupilas grande, atraentes, entregando seus anseios, seus desejos pertinentes.
Blake avança, sua boca consome a minha, pressionando com força, o atrito causa um
formigamento suave que torna-se rigoroso, a língua amaciando a minha, a saliva mentolada doce,
e prenso em seu corpo, carente pelos seus braços. Todos os meus sentimentos mudaram, não
quero odiá-lo, não hoje. Seu toque sútil na maçã do meu rosto, carinhoso demais, os batimentos
elevados enquanto esfrego uma perna na outra desesperada, com a dor da excitação aumentando.
Afastamos os rostos, mantenho os lábios abertos sôfregos por oxigênio. Sorrimos. Estapeia
minha bunda e se afasta, uma sensação fria, de solidão me preenche, em seu corpo fico
protegida, sem ele sou como uma alma condenada a dor.
Ele arruma a gravata em frente ao espelho, pega a carteira, dá uma piscadela.
一 Pronta, meu bloco de açúcar? 一 Queria revirar os olhos como sempre faço, mas sou
surpreendida porque mordo os lábios seduzida pela palavra inicial de propriedade.
Possessivo.
一 Pronta! 一 saímos juntos, o restaurante fica a alguns quarteirões e caminharemos até
lá.
O trajeto é silencioso, a brisa noturna em nossas faces é reconfortante, a mão dele
sorrateiramente se apossou da minha e após alguns minutos estávamos em frente ao local. As
paredes bordô com acabamento rústico, a longa fachada convexa, com vidros grandiosos, o
interior com colunas tortas, os elementos dourados, a iluminação misteriosa, é magnífico. O
garçom nos conduz até uma mesa, o aperto da mão do Blake na minha torna-se intenso porque
sabe que precisará me soltar, um choque provocante percorre meu braço espalhando-se
duramente, lembrando o efeito que está tendo nos meus sentimentos.
Sentamos na área particular e Blake estuda o cardápio, faço o mesmo, analisando as
opções do menu.
一 Uma garrafa de vinho Cabernet Sauvignon, safra 2002, por favor. 一 solicita ele,
demonstrando entender de vinhos, a cada hora me surpreende mais. 一 O que deseja Antonella?
一 limpo a garganta.
一 Uma massa italiana, com bastante queijo.
一 O mesmo para mim, por favor.
一 Sim senhor, com licença.
Brigamos tantas vezes e agora estamos absortos, a música ambiente é suave, as pessoas
falando com conversas dispersas e indecifráveis enquanto mantemos uma conexão visual.
Estamos insólitos com a sensação que nos invade ao ficarmos frente a frente. O garçom retorna
trazendo o vinho, nos serve enquanto o Blake está preso a mim. Algo avassalador, terrivelmente
brutal faz torcer o meu estômago, é a sua presença que passou a ser corrosiva ao ponto de me
atingir violentamente. Sentimentos que jamais senti crescer dentro de mim. O olhar selvagem,
totalmente cortante, quase ultrapassando todas as minhas barreiras. Ao perceber nossa total falta
de atenção o garçom se retira. Blake estica os braços depositando-os sobre a mesa e envolve
minhas mãos com as suas.
一 Podemos ter uma conversa sincera aqui?
一 Claro, sou uma pessoa totalmente sincera, você sabe!
一 O que você está achando de tudo isso, de nós? 一 Suas palavras reverberam nas
paredes de minha mente.
一 Nós? não existe nós, Blake!
一 Então isso que sinto é totalmente isolado? 一 estreita os olhos mirando meu rosto.
一 Por sua conta em risco. 一 suspiro.
一 Talvez esteja me arriscando demais.
一 Talvez devêssemos só parar de arriscar!
一 E se eu dissesse que não quero, sabe… 一 pausa, inclina lateralmente o pescoço com
um passar de mão na nuca, pacificando a vergonha, mas mantém o olhar no meu.
一 Não quer o que Blake? 一 Meu coração palpita no peito, os lábios dele se comprimem,
esfregando-se um no outro antes de falar.
一 Não quero foder você gostoso só esse final de semana! Eu quero mais Antonella! 一
Minhas pernas ficam dormentes e estremeço.
一 Mais? Você quer ficar comigo depois desse final de semana?
CAPÍTULO 14

Blake causou uma grande explosão de dúvidas ao dizer que quer mais.
一 Sim, hoje, amanhã e depois também! Sim, Antonella, quero mais. 一 Pisco apertando
os olhos, com uma sensação efervescente subindo na garganta.
一 Não podemos Blake, seria totalmente errado, é uma troca de casais apenas para
apimentar o que você sente pela Pi, e mesmo que vocês terminem, ela te ama, é minha melhor
amiga.
一 Não sinto nada pela Pietra. Nosso relacionamento acabou faz tempo.
O cenário é caótico, confesso que gostaria que tudo fosse um pouco diferente agora.
Entendo totalmente o que Blake está sentindo porque meu coração, meus sentidos, os poros de
minha pele clamam o mesmo, por vários momentos que estamos juntos, com os corpos colados,
a sensação é de pertencimento, que somos um do outro, mesmo com todo ódio. Blake permanece
atento esperando uma resposta que sabe que não posso dar.
Solto minha mão direita do seu aperto e capturo a taça de vinho, levando aos lábios,
saboreando um gole enquanto sou supervisionada pelo seu olhar. Ele faz o mesmo, o ambiente
torna-se reduzido ao nosso redor, o oxigênio está escasso, no entanto é nosso vínculo visual
tomando proporções perigosas. Sei que tem muitas coisas que gostaríamos de falar agora ou até
mesmo fazer, mas poderia não ter mais volta. Seu pé direito sutilmente toca em minha canela
esquerda enquanto ouvimos a música ambiente e viajamos em nossa conexão.
Nunca nos olhamos tanto como nesse final de semana. O garçom traz o jantar, o aroma de
manjericão, mostarda picante e queijo tostado penetra em minhas narinas. Levo a primeira
garfada à boca, gemendo baixo com o sabor genuíno que se desmancha em minha língua. Blake
sorri. O jantar é delicioso, por minutos focamos em algo além de nossas confusões mentais, ao
terminarmos degustamos o vinho e conversamos.
一 Desde que você me viu no motocross a primeira vez, quis me matar, ficou com raiva
de mim.
一 Claro Blake, você jogou aquela terra vermelha na minha roupa, eu estava com uma
saia da Prada e uma blusa da Armani. Além disso, me chamou de patricinha mimadinha, uma
clara opinião formada de que eu deveria ser superficial por andar na moda.
一 Mas você é uma patricinha… 一 reviro os olhos, ele coça a barba. 一 Quem vai em
um evento de motocross com roupa de marca?
一 Eu vou, iria de novo. 一 provoco 一 O que mudou então? Continua me achando fútil
por isso? Sempre serei uma garota da moda Blake, sempre! 一 A expressão endurece, a
mandíbula tensa, escuto o ranger dos dentes, ele está furioso comigo.
Inesperadamente traz a cadeira para o meu lado e em um movimento rápido segura minha
nuca consumindo meus lábios com os seus. Arfo, excitada, a outra mão correndo pela lateral do
meu corpo subindo ao meu pescoço, capturando-o com selvageria. Definitivamente ele não liga
de estarmos em público, Blake faz o que quer. Quando sua língua solta a minha, afasto-me para
respirar, o nariz roça no meu anterrosto sussurrando no ouvido.
一 O que mudou foi a sua maldita boceta, quando te provei, quando senti o fogo da raiva
queimando ao nosso contato, me satisfiz, meu coração bateu, Antonella se você soubesse como
me sinto agora tocando sua pele, não teria dúvidas que não desistirei de ter o que eu quero. 一
Minha respiração desalinhada, a sensação de sufoco distribuindo tremor e arrepio por todos os
pontos do meu corpo.
一 O que você quer? 一 balbucio quase inaudível.
一 Você! 一 confessa, o hálito doce se desmanchando no meu queixo.
Não reajo, minha racionalidade se perdeu, ele sorri sedutoramente por constatar o meu
corpo vibrante em seus braços, estamos na mesma frequência.
一 O que acha de irmos aproveitar nossa noite de verdade, garota da moda? 一 tento
segurar uma risada, falho, meus dentes ficam visíveis.
一 Acho perfeito garoto do motocross!
Blake se levanta, pegando minha mão ao mesmo tempo que beija o meu rosto. Após
pagar a conta me abraça e saímos do restaurante. Caminhamos de mãos dadas passando pela
praia. O céu obscuro, em um azul manchado pelas nuvens rasas cinzentas misturando-se ao
manto de estrelas. Retiro a sandália, a areia fofa entra em contato com os meus pés, a maresia
transpassando em nossas faces junto ao vento noturno enquanto as ondas do mar se quebram
formando um som espetacular.
Ficamos em silêncio, mas nossas mentes não param de trabalhar. Blake me satisfez de
todas as formas, com os beijos quentes, o sexo extremamente gostoso, feroz, com as poucas
palavras e com os olhares constantes. Peter nunca despertou essas sensações e nem os
sentimentos que estão se expandindo intimamente no meu coração. Estou em conflito.
Não demora muito para chegarmos até o hotel, e tudo que desejo nessa noite é aproveitar
cada segundo nos braços dele. Entramos, e ao passar pela recepção Blake aproxima-se do balcão
para pedir algo, deve querer um vinho para nos esquentarmos, quando retorna seguimos para o
quarto. Arranco a roupa, totalmente suada, pego uma toalha e decido tomar um banho enquanto
ele espera o pedido. Abro o chuveiro, a água desliza pelo meu corpo, quente como brasa,
ensaboo a pele, enxáguo e depois relaxo.
Fico imersa em pensamentos, curtindo a temperatura confortável e o bater progressivo da
água nos meus músculos costais, mas meu coração acelera desenfreado quando sinto a mão do
Blake me tocar. É inexplicável a maneira como minha pele reage ao seu toque. Como se uma
chama apagada se acendesse e incendiasse todos os ossos, definhando, queimando a carne. Suas
mãos atrevidas deslizam entre carícias, passeando pelas minhas coxas até subir para os meus
seios redondos, que faz questão de apalpar com euforia.
一 Droga, por que você tem que ser tão perfeita assim? 一 Ele me abraça por trás, me
cobrindo com seu peitoral amplo, e fecho os olhos.
一 Hum Blake, que gostoso. 一 Os lábios se encostam em meus ombros, beijando minha
pele, seguindo um rastro até o pescoço.
Estou entregue, totalmente presa a uma teia de aranha. A sensação é de que minhas mãos
e pés estão amarrados e que a qualquer segundo um perigo mortífero cessará minha vida.
Contorno os antebraços que me prendem com rigor, sentindo a firmeza dos músculos, as veias
proeminentes que se estendem até os pulsos, automaticamente a ereção ganha volume pelas
minhas carícias, roçando na curvatura inicial da minha bunda, quente, grossa. Quero ter o seu
sabor novamente em minha língua, o líquido viscoso que desceu amansando minha garganta
junto com os desejos quase palpáveis que seu corpo exalava.
Giro rapidamente, encaro o seu rosto, aproximo a boca do seu peitoral molhado, a água
correndo por sua pele, entre os filamentos de pelos, tatuagens e músculos torneados. Beijo, faço
um círculo com a língua, sugo brevemente e mordo, sentindo a textura entre os meus dentes, ele
arfa, as mãos capturam minha bunda, apalpando com força colidindo o meu quadril no seu.
一 Blake…
一 O que foi patricinha safada? 一 Mordo novamente o peitoral no lado oposto,
deslizando as mãos, aproveitando do seu corpo.
一 Por que você me deixa tão furiosa? 一 Lentamente deixo minhas pernas despencarem,
as mãos seguindo o rumo de sua estatura, prosseguindo pelo abdômen, coxas enormes e
panturrilhas avantajadas.
Fico de joelhos, aos seus pés, com o rosto elevado para olhá-lo, a água despencando por
sua cabeça, respingando ao meu redor. O pau ereto, robusto, rosado e todo meu. Seguro na base
subindo por todo comprimento até a glande reluzente. O abdômen contrai, as mãos seguram
minha cabeça e com um tesão desenfreado colide o meu rosto em sua ereção, esfregando-a em
minha face, batendo-a contra minhas bochechas, tento capturá-la com a boca e engulo. Ele rosna,
adquire uma expressão selvagem.
一 Eu te deixo furiosa porque sempre soube que esse dia chegaria. O momento em que
enfiaria o meu pau na sua boca e te impediria de falar tanta frescura, só chupar. Isso, engole
safada. 一 Blake estapeia meu rosto adentrando profundamente em minha garganta, salivo
encharcando seu pau, ele oscila, desliza mais feroz, gostando de me ver sufocada.
O quadril se movimenta constantemente fodendo minha boca. Os gemidos escapam de
mim, é insanamente bom senti-lo pulsar em minha língua. Apalpo suas coxas nas partes internas,
subo até os testículos, contornando seu tamanho, o conjunto todo é descomunal, ele geme quase
louco quando encho minhas mãos e pressiono suavemente.
一 Ah caralho, isso, mama gostoso, que te dou o meu leitinho. 一 Extremamente quente,
safado, Blake sabe ser um filho da puta irresistível.
Aumento a sucção, cessando todo ar da boca, apertando os lábios ao redor da ereção. Os
músculos das pernas endurecem, os rugidos de tesão aumentam, o quadril colide duramente e
mais forte e a cabeça do pênis bate fundo ardendo a garganta.
一 Não vou aguentar, ah porra, Antonella sua maldita. 一 Solto um gemido alto
instigando-o e ele se entrega, pulsando continuamente até que o líquido escapa em minha língua,
aquecido e viscoso. Engulo, continuo chupando sentindo nas minhas mãos o tremor de suas
pernas.
Os meus fios de cabelo estão presos em seus dedos com tanta força, que doem. Ele
afrouxa, relaxado, os pulmões voltando a respirar de novo. Me puxa para levantar, enfia debaixo
da água para alisar os meus cabelos bagunçados, mas logo seus braços envolvem minha cintura,
elevando-me do chão para subir em seu colo. Entrelaço as pernas ao redor dele, com a boceta
colada no seu órgão ainda duro. Fico na sua altura, o rosto no mesmo nível, encarcerada pelos
seus olhos azuis-turquesa intensos. Um sorriso diabólico surge ao me encostar na parede fria e
ouvir um gemido de calafrio escapar de mim.
一 Ah, está gelada. 一 Ele não responde, está parado, algo se passa em sua mente porque
a atenção genuína está nos detalhes do meu rosto. 一 O que houve? 一 sussurro.
Ele resmunga algo, indecifrável, o calor do seu corpo transpassando para o meu enquanto
me pressiona suavemente esfregando-se no centro das minhas pernas.
一 Posso confessar algo? Olha a porra que você está fazendo comigo.
一 Já disse que você tem uma boca muito suja?
一 Aposto que adora essa boca suja beijando o seu corpo. 一 Minhas bochechas
esquentam.
一 Confesse, eu estou te ouvindo. 一 Deslizo as mãos em seus braços, subo aos cabelos,
experimentando tudo.
一 Não sou o cara ideal para ninguém, o que eu disse mais cedo não importa… 一 Um
frio infinito passa no meu coração, ele está me afastando. 一 Você mexeu comigo… 一 Ele
projeta mais o quadril, a glande invadindo minha entrada, consolidando-se a cada centímetro
mais fundo, oscilo. 一 Quero você, nunca senti isso, essa força compressora me esmagando por
dentro cada vez que estou assim, dentro de você, mas… 一 tampo a boca dele, afobada, não
quero que diga, que pense.
一 Blake, não seja insuportável, eu… caralho. 一 quando ele crava até o talo, minhas
coxas retraem. 一 Você me pediu uma entrega de alma, e eu estou aqui, literalmente abrindo a
minha, apenas a consuma, amanhã dizemos adeus. 一 Ele engoli em seco, as palavras parecem
atingi-lo porque com arrogância bate meu corpo contra a parede tamanha força das estocadas em
minha boceta.
Falta-me o ar, essa atração mútua impetuosa, o nosso sexo é nocivo, ele está se
glorificando em mim.
一 Preciso provar você também.
Blake se afasta, me aprumando novamente em pé, e se põe de joelhos. Seus lábios
desesperados correndo em minhas coxas. Os dedos grandes investem na minha boceta, abrindo-
a, arfo, ele admira com devoção, deixa o clitóris exposto e lambe ritmado roubando meus
suspiros.
一 Abre essas pernas para mim, deixa eu te beijar. 一 obedeço.
Ele devora, sua língua penetra, saboreia minha umidade constante, os lábios roçam em
todas as direções, contornando o tamanho, mordiscando e sugando meu núcleo com afobação. Os
dedos me invadem, atingindo fundo, solto um gemido gutural em polvorosa. Reflexos
involuntários fazem minhas pernas quase cederem. Espalmo a parede gelada, as costas se
desmanchando e a água quente tornando a sensação mais potente, quase corrosiva.
Blake suga feroz, uma enorme agonia sobe por todo meu abdômen, os batimentos na
garganta, quase se esvaindo de meu corpo, estou trêmula, mas ele para no momento em que a
sensação iria me roubar as forças. Seus dedos sobem na minha cintura e contornam os meus
mamilos eriçados.
一 Não, por que parou? Por favor, volta. 一 reclamo, ele quer me torturar.
一 Quando gemer o meu nome eu continuo.
一 Blake, Blake… 一 deixo escapar seu nome em sussurros dóceis. 一 Blake, por favor,
eu quero sua língua grande me chupando. 一 ele sorri.
Blake beija minha barriga seguindo uma linha reta e central até a minha entrada. Sinto a
excitação percorrer, inflamar, pulsar em minha boceta. Ele abre com carinho minha vulva e
começa a sugar novamente o meu clitóris com abundância, fecho os olhos. Passo minha mão
pelos cabelos loiros molhados pressionando sua cabeça para que ele mantenha essa intensidade.
Os dentes mordiscam ao redor, a sensibilidade disparando pequenos choques.
一 Isso, ah, Blake, eu estou quase… 一 solto entredentes.
Ele mantém a língua molhada no mesmo movimento, introduz os dedos de forma rápida e
vigorosa. Os estímulos que faz em meu clitóris geram ondas de calor dos pés à cabeça. A
respiração aprofunda, inconscientemente quero fechar as pernas tamanho prazer, a sensação
crescente e deliciosa explode em meu peito, borbulhando o meu estômago, e gozo,
completamente rendida. Ele se deleita em meu sabor, sugando tudo, friccionando, adorando
assistir as minhas expressões.
一 Blake, droga, eu nunca senti algo assim, nunca fui explorada com a língua dessa
maneira, eu gosto de tudo, só não sabia, podemos fazer de novo antes de irmos embora? Por
favor? 一 imploro, suas sobrancelhas arqueiam com a testa franzida enquanto se põe de pé.
O lábio é uma linha fina, unindo-se, reprimindo a fala, mas limpa a garganta.
一 Quero deitar com você na cama, ficar agarrado, explorar seu corpo todo, faremos de
novo e te deixarei esfolada de tanto te comer, não se preocupe, temos a noite toda. Quero entrar
nessa boceta apertada para caralho. 一 Ele fecha o chuveiro, agarra meu corpo jogando em seus
braços.
Entro no quarto e um sorriso se forma em meu rosto. Vislumbro no aparador o que ele
pediu na recepção, meus olhos piscam rapidamente.
CAPÍTULO 15

Antonella se movimenta eufórica nos meus braços ao ver o pedido que fiz na recepção.
Fresca demais.
一 Não me esqueci do champanhe que você queria, nem dos morangos e o tal do
merengue, tomaremos e comeremos juntos!
一 Blake Lodge mimando a patricinha que odeia. 一 Ignoro, mas ela não está errada,
droga.
Jogo-a na cama, ela se desmancha no colchão, a água de seu corpo aderindo-se ao tecido.
Antonella possui um corpo extremamente delicioso. As curvas são suaves, os seios fartos,
redondos com as aréolas e mamilos rosados, as pernas finas, não é malhada, possui algo
delicado, sutil, e a maldita boceta apertada e lisa, uma verdadeira obra de arte que nunca
esquecerei.
Pego a tigela com os morangos e entrego. Ela captura um e enfia na boca sugando a parte
mais fina e em seguida cravando uma mordida, partindo-o ao meio. Feliz se levanta, pisando nos
lençóis e traz a outra metade até os meus lábios, mas me impede de comê-lo, me provocando,
rosno, envolvo sua cintura a derrubando na cama e arranco com a boca o morango dos seus
dentes, engolindo-o. A tigela vira, espalhando todos ao nosso redor. Sorrimos. Ansiosa,
sobressalta e pega os merengues sentando ao meu lado na cabeceira.
一 Não estamos na hidromassagem, mas ainda é válido, eu espero… 一 Seus olhos
pequenos me fitam, as bochechas coradas, os lábios vermelhos tingidos pela fruta,
particularmente quando me admira assim meu coração acelera.
一 É muito melhor, porque posso ter você só para mim, na maciez do colchão, com
nossas peles grudadas. Já provou merengue com morango? 一 Rastejando na cama, se aproxima
sentando em meu colo, captura um dos “suspiros doces” e desliza ao redor dos mamilos,
endurecendo-os com o atrito.
Ela para o doce na frente dos seios como se agora fizessem parte do seu corpo e fosse os
seus próprios mamilos.
一 Prova minha pele de açúcar. 一 Minha boca enche de saliva e aproximo o rosto
abocanhando a nuvem branca açucarada que se dissolve em minha língua, a sensação é gostosa,
caralho, ainda mais quando sugo seu mamilo, chupando-o com apetite.
Sigo para o outro seio, ensandecido, definitivamente a patricinha é doce, aperto seu corpo
no meu. Ela afasta um pouco o quadril, roçando em meu pau, captura um morango no lençol e
leva a boceta, assisto vidrado o que essa safada irá fazer. Ela fecha os olhos, firma as pernas
elevando a cintura, arqueia o corpo em uma curvatura sensual, levando o morango até a pelve,
transpassando na pele até chegar ao clitóris onde faz movimentos circulares.
Meu pau endurece, os seus gemidos incontidos dominando o quarto e a minha sanidade.
Antonella mantém o ritmo, os mamilos eriçados, o abdômen flexionado se expandido, ela está
sentindo prazer. Com erotismo projeta o morango até sua abertura apertada e o penetra
sutilmente transferindo seu gosto particular para a fruta, quando está aflita retorna ao botão
entumecido pelos estímulos e se masturba.
Minhas bolas latejam, ansioso para penetrá-la. Ela retira o morango, leva aos lábios,
passa a língua na camada brilhante que ficou, meu peito palpita, seguro minha ereção, deslizando
por todo tamanho, duro demais. A safada segura a fruta entre os dentes e traz até minha boca,
aceito, mordo, os seus fluidos doces misturado a acidez, não resisto e a beijo de boca cheia,
puxando seu quadril, encaixando sua boceta em meu pau. Devoro-a, estou selvagem, meus poros
dilatados para sentir o suor do nosso conflito.
一 Vagabunda, está roubando o meu coração. 一 Lanço-a na cama encaixando-me por
cima do seu corpo, bombeando minha ereção em sua boceta.
一 Seu coração já é meu Blake, diz que gosta da minha pele de açúcar, que adora foder
minha boceta odiosa. 一 Afobado a prenso em meus braços, mordo seu anterrosto enquanto
penetro, colidindo violentamente nossos corpos.
A infeliz despertou o meu lado feroz, e quero cada pedaço dela.
一 Eu me satisfaço fodendo sua boceta e sugando sua pele doce. 一 Ela espalma a cama
pegando o merengue e enfia na boca.
As mãos seguram o meu pescoço puxando-o contra seu rosto, para beijá-la.
Violentamente enfio minha língua em sua boca, o doce se misturando em nossas salivas, nossos
corpos perpassando um no outro com um calor exacerbado. Nossos movimentos tornam-se
lentos, graduais, minha ereção usufruindo das paredes quentes de sua boceta, do deslizar
desenfreado enquanto nos beijamos com carícias suaves. Só consigo esfregar em sua pele, sentir
seu cheiro delicado e querer beijá-la o tempo todo. A cada bombeada do meu pau ela estremece
nos meus braços, os gemidos guturais fazendo meu coração perder o ritmo, todas as emoções se
fundindo em meu peito, nos meus músculos tensos, na pulsação do meu pau e no pesar dos
testículos.
Faço força para não gozar, mantenho o olhar fixo ao seu, em cada estocada funda,
arfando, com os impulsos palpitando. O prazer atinge o pico mais alto, minhas pernas travam.
一 Blake, isso, eu vou gozar, não para por favor. 一 Minha ereção a ponto de explodir em
sua boceta. 一 Eu quero você Blake… só você. 一 As mãozinhas safadas forçam minha bunda,
penetrando-a com arrogância.
Minha respiração vacila e solto um gemido louco de excitação.
一 Puta merda, que boceta quente, vou gozar. 一 Olho para os seus lábios carnudos
choramingando, clamando por mais.
As unhas rasgando minha pele tamanho desejo, enfinco o meu pênis bem fundo, tranco a
respiração deixando todo tesão explosivo queimar, a sensação é que levei um tiro, puro caos e
prazer. A adrenalina correndo em minhas veias, o corpo tenso, luto para sair de dentro e gozo
loucamente em sua virilha, lambuzando sua pele branca, reluzente de suor.
一 Porra, que delícia. 一 Roço sem parar espalhando meu líquido por sua pele, nossas
respirações desalinhadas.
Caio por cima, beijo seu pescoço enquanto ela acaricia minha barba. Pego o doce, o
morango e enfio na boca, mastigando, fixando os sabores em minha mente, não quero esquecer o
seu gosto, então beijo seus lábios em câmera lenta. Apalpo seus seios e sugo seus mamilos, com
o açúcar presente. Levanto e pego uma toalha para limpá-la, passando o tecido em sua pele.
一 Senta aqui Blake, beberemos juntos. 一 suplica, o olhos piscando devagar, como uma
gatinha manhosa.
Jogo a toalha longe, pego a garrafa de champanhe para provarmos. Aconchego nos
travesseiros que ela acomoda na cabeceira e entrego a taça despejando o espumante. Antonella
sorri, o olhar fixo nas bolhas se desprendendo do fundo do vidro até a superfície. Com delicadeza
brinda e experimentamos.
一 Hum, maravilhoso. 一 elogia pegando um morango.
Ela traz aos meus lábios assistindo quando mordo e descubro o sabor dessa mistura
diferente. Estou acostumado com whisky, poderia até praguejar que é doce demais, no entanto
só consigo associar tudo isso a Antonella, ao seu sabor, capturo um merengue lembrando dos
seus mamilos rosados, da textura macia quando os chupei e coloco sobre a língua, com a mesma
sensação de quando a lambia.
Porra, isso é bom, merda.
Antonella se aconchega no meu peitoral, inspira profundamente roçando o nariz nos
meus músculos, a mão direita segue um caminho de fogo, subindo e descendo. Engulo o líquido
da taça, me livrando dela ao colocá-la no chão, na intenção de ficar com os braços livres para
abraçá-la.
Prendo seu corpo pequeno no meu, que conflito incessante, quando parei de odiá-la e
transformei tudo em desejo? Porra, eu não posso tê-la, eu queria, mas é só o meu corpo falando
por mim. Faz dias que não transava, Pietra não me atrai mais, e aqui, com sua pele fixada na
minha, preciso admitir que pela primeira vez desfrutei de tudo que jurei nunca ter. Ódio, paixão,
fogo, adrenalina e devoção. Inspiro profundamente o seu cheiro me consumindo, a pele
naturalmente tem um aroma de baunilha e almíscar, terrivelmente irresistível.
一 Blake, só queria dizer que… 一 ela pausa, elevando o queixo, encarando-me. 一 A
partir de amanhã já poderá me odiar de novo. 一 Admiro seus lábios.
一 Não parei de te odiar por um segundo, agora está um pouco pior. 一 Ela me aperta,
sorrindo, esfregando o rosto novamente em mim.
一 Muito pior, droga. 一 confirma.
Ficamos em silêncio, após ela beber parte da garrafa deitamos, não consigo soltá-la e
algum tempo depois ela adormece nos meus braços. Sem perceber eu também. Durante a
madrugada acordo com sua mão pequena ao redor do meu pau, a melhor sensação que já senti.
Fazemos sexo mais uma vez, seu corpo por cima do meu, os movimentos sincronizados, o
clitóris sensível em minha pele, os lábios rente aos meus, arfando, nossos suores se
desprendendo e misturando-se em um jogo corpo a corpo manso. A fogo lento, brasa contida que
parece inofensiva, mas não, tem a capacidade de ser pior, porque queima de dentro para fora até
não restar mais nada para consumir. Só de imaginar que tudo isso acabará em poucas horas fico
nervoso.
Passamos boa parte da madrugada em claro e depois faço carícias em seu rosto até vê-la
de olhos fechados, em um sono profundo, ela se assemelha a um anjo. Suspiro e a desejo em
silêncio, apenas como uma nota mental a nunca ser esquecida. Eu sou a porra de um torturador,
gosto de sentir a morte como uma sombra enquanto ela é uma patricinha com um futuro de ouro
para viver. Entrar em sua vida acabaria com tudo, não dá para fugir da Máfia, nem dos inimigos
espreitando ao redor, nem das mortes que carrego na minha alma. Eu não a mereço e dói
confirmar, porque amanhã isso não existirá mais.
Amanhece, uma avalanche de sentimentos invade o meu peito. É como se apertasse tão
fundo e forte cessando os pensamentos, a racionalidade. Passo a toalha no corpo secando a água
do banho e coloco um vestido curto branco, pronta para tomar o café da manhã. Rever o Peter e
a Pietra após a noite longa traz desânimo, imaginar tudo voltando à estaca zero deixa um vazio
difícil de digerir.
Blake segura minha mão e juntos seguimos pelos corredores, a conexão que tivemos está
intacta, mas perdemos as palavras, por algum motivo. Não irei vê-lo mais e deveria estar feliz
com isso, tudo que mais esperei foi o dia que eles terminassem e minha amiga estivesse livre da
sua áurea problemática, mas agora quem está presa, sufocada até os pulmões, sou eu.
Os dois estão sentados, Peter leva a xícara de café expresso à boca enquanto ela desfruta
de uma panqueca.
一 Bom dia sunshine. 一 cumprimento e ela sorri.
一 Bom dia amiga, sentem, precisamos definir que horas voltaremos.
Sentamos e o garçom nos serve. Blake toma uma dose de whisky logo cedo, engulo em
seco por conferir sua expressão carrancuda. Pietra não tira os olhos de mim, tenho medo dos
meus próprios sentimentos e de como eu poderia lidar com isso. Puxo o açúcar, o olhar do Blake
recai em mim, um sorriso torto se forma em seus lábios movendo toda face e um calor sobe
esquentando minhas bochechas. Lembrar dos seus lábios sugando meus mamilos com tanta força
com o merengue entre os dentes fez o centro das minhas pernas umedecer.
一 Por mim, sairemos daqui perto do almoço, assim conseguimos descansar para
trabalhar amanhã. 一 diz Pietra.
一 Sim, concordo, amanhã tenho uma sessão de fotos mais cedo e também preciso passar
alguns carros para outras empresas. 一 diz Peter.
一 Tenho um carregamento de produtos de luxo importante amanhã bem cedo. Preciso
estar descansado para lidar com o meu cliente. 一 avisa Blake, rígido, mecânico.
Todos trocamos olhares, repletos de confusão e expectativas. Quando o café da manhã
termina, retorno ao quarto e arrumo minhas malas. Blake é extremamente organizado, desde que
chegou nada esteve fora de lugar, suas roupas estão sempre arrumadas. Finalizo a última peça,
encaixando-a na bagagem e fecho o zíper, ao terminar decido levar para o carro do Peter,
acordamos mais tarde e o horário passou rápido. Arrasto com dificuldade, Blake se aproxima
ferozmente, capturando de minha mão, aliviando o peso que sentia. O olhar que me lança é
escabroso, tem uma pitada de atração, raiva pelo fim e saudade.
一 Minha boneca já peguei tudo, vocês também? 一 pergunta Peter.
一 Sim, peguei. 一 Giro o corpo encarando o Blake.
一 Bom, nos vemos depois quando marcarmos algo! 一 Despeço, Pietra sorri.
Uma pequena pontada em perder o que sente dói, é massiva.
一 Pode deixar Blake, coloco a bagagem da Antonella no meu porta malas. 一 Ele ignora,
a mão apertando com força a alça grossa de ferro.
一 Onde você vai Antonella? 一 O seu questionamento me pega desprevenida.
一 Melhor eu ir com o Peter…
一 Não. 一 rebate 一 Você vai comigo! Entra no carro, eu deixo você na sua casa. 一 não
reajo, ele franze a testa. 一 Entra no carro Antonella, eu já falei, não me provoque!
CAPÍTULO 16

Faço o que ele manda, sem hesitar e entro no carro. Blake está totalmente diferente.
Quando me tinha em seus braços, no calor do seu corpo grande, era carinhoso, agora aparenta
estar congelado dentro de um iceberg. Talvez tenha percebido que voltamos para a realidade.
Que tudo não passou de uma fantasia, um desejo louco e insano. Pietra não parece muito feliz
com a minha presença, ela não direcionou nenhuma palavra nas últimas duas horas após o café.
Inclino o rosto vendo o Peter e o Blake conversando. Meu namorado está irritado, em
compensação apenas entra no carro e acena de longe. Despeço-me também. Blake se aproxima,
entra, fecha a porta e inicia o trajeto de volta para Nova York. O caminho é totalmente
silencioso, nos olhamos o tempo todo pelo retrovisor interno do teto. Quase 4 horas depois
estamos estacionando nos portões.
一 Obrigada pela carona Blake, beijos amiga, nos vemos depois. 一 abro a porta, pulo
para fora enquanto ela responde.
一 Vou te ligar para jantarmos juntas e te contar tudo depois.
一 Combinado. 一 A verdade, no entanto é que não quero saber como foi.
Sigo até ela e a abraço esgueirando meu corpo pelo vidro. Blake desce, inexpressivo,
abrindo o porta malas, me entregando a mala. Fazemos contato visual, ele quer falar algo, mas
não encontra as palavras.
一 Não precisa falar Blake, eu já sei, isso nunca aconteceu entre nós, certo? Era isso que
ia falar? 一 Ele permanece em silêncio, a mão direita correndo na barba e decido facilitar as
coisas agarrando a mala para entrar.
一 Não, esper… 一 Antes que ele termine e piore tudo que estou sentindo, entro nos
portões e sigo para a casa.
Adentro o hall principal encontrando minha mãe que ao me ver, sorri, e me envolve em
um abraço carinhoso.
一 Como foi o passeio filha?
一 Foi ótimo mãe, descansei bastante e agora estou renovada para começar outra semana
de trabalho. 一 Papai ao ouvir nossas vozes surge no corredor e sorri.
一 Antonella amanhã precisaremos ir até o seu apartamento, o engenheiro disse que teve
problemas com a obra.
一 Não, Deus, por que? Por que? 一 lamento jogando as mãos para o céu, os ombros
caem em desânimo enquanto puxo a bagagem escada acima. 一 Encontro vocês no jantar.

Deixo o corpo cair na cama após o jantar, com os pensamentos sendo invadidos pelas
imagens do Blake, dos nossos confrontos na cama, do nosso jantar e os olhares, bufo, afundando
a cabeça no travesseiro, querendo não reviver os momentos. Assusto quando a porta se abre e
Peter entra.
一 Boa noite, minha boneca, passei aqui porque estava com saudade. 一 Não demonstro
nenhuma empolgação, apenas encaro seu rosto. 一 Queria falar com você!
Peter deita-se ao meu lado abraçando-me com carinho.
一 Claro, o que aconteceu?
一 Queria saber, como foi a sua noite com Blake. 一 franzo o cenho, umedeço os lábios e
nego balançando a cabeça.
一 Por que você quer saber isso?
一 Somente curiosidade. 一 garante.
一 Não quero falar! Porque não me diz como foi sua noite com a Pietra, talvez então
considere compartilhar com você. 一 Peter me dá um olhar hesitante, mas acaba falando.
一 Minha noite com ela foi bacana, a Pietra é muito bonita e carinhosa. Um sexo gostoso
que não aspiro repetir, a verdade é que eu amo você. Serviu para afirmar ainda mais os meus
sentimentos. 一 confessa animado, enquanto não consigo responder que também o amo.
Fico tensa, levanto-me da cama, sentando na beirada, a sensação do piso gelado na sola
dos meus pés causa um arrepio de angústia.
一 Peter foi um final de semana pesado, eu queria ficar sozinha, na verdade, preciso de
um tempo, dias, estou confusa, quero descansar. 一 Ele arqueia a sobrancelha, puxando-me
contra o seu corpo novamente.
一 Estou louco para fazer amor, vem aqui, não quero ficar distante, não precisamos de
um tempo, desculpa se isso te traumatizou, eu… 一 escapo dos seus braços, ele fica triste.
一 Por favor, é muita informação para mim. Precisamos de um tempo, sinto muito!
一 Tudo bem, eu entendo, afinal você teve que dormir com o Blake, sei que foi difícil. 一
Ignoro sua fala, sigo até a bagagem e começo desfazê-la, tudo para que ele vá embora e me deixe
em paz pelos próximos dias, até que eu consiga esquecer o efeito que o Blake causou no meu
coração.
Quarenta e oito horas se passaram desde que a troca de casais aconteceu. Todos ficamos
retraídos, pensativos, não conversei com nenhum deles, apenas com o Blake que
inesperadamente pediu para conversarmos hoje. Retiro a torta de frango do forno, a massa
brilhante pela manteiga derretida que formou uma camada crocante, o aroma de especiarias, a
coloração dourada indicando que está no ponto. Descansei a tarde, Blake disse que jantaria aqui,
deve estar com saudades, e finalmente se deu conta que me ama. Coloco-a na mesa, pego um
vinho e as taças. Preciso dizer para a Antonella que deu certo, envio uma mensagem. O interfone
toca, livro-me das minhas vestimentas, quero surpreendê-lo. Corro até a porta, ele está com suas
roupas de couro, os cabelos ainda molhados do banho e entra inspirando o cheiro.
一 Fez torta.
一 Sim, entra, vem, a mesa está pronta, estava te esperando. 一 Abraço-o, ele retribui de
maneira seca, a de sempre. 一 Estava com saudades de dormir com você! Poderia dormir aqui
hoje, depois do jantar.
一 É por isso que está me recebendo assim, pelada?
一 Faz amor comigo Blake, depois do nosso final de semana vamos finalmente apimentar
as coisas.
Agarro seu pescoço com as minhas mãos, puxo-o, beijo seus lábios e eles são deliciosos,
seus braços tentam me afastar, mas persisto, inicialmente se esquiva, mas acaba deixando e
segundos depois fecha os olhos devorando minha boca. Suas mãos urgentes me prendem em seu
peitoral, está alucinado, dominante, como nunca esteve antes comigo. Meu coração acelera, é
assim que sempre quis que me pegasse, definitivamente ele me ama e está demonstrando isso.
Arranco sua jaqueta, a camisa, seus olhos se mantêm fechados, as mãos apalpando meus
seios, a bunda, as pernas, querendo mais. Caímos no sofá, monto em seu colo esfregando meu
quadril no seu volume dentro da calça jeans. Os beijos quentes não cessam, impedindo-me de
respirar. Desesperada abro o zíper, resvalando meus dedos em sua ereção, puxando-a da cueca,
expondo para fora.
Blake morde meu ombro, suga minha pele, apertando-me contra seu corpo quente. Os
sentimentos ganhando vida dentro de mim, tantos dias esperando que despertasse e que não me
deixasse. Deslizo minhas mãos no seu rosto, a língua circulando a minha, o cheiro estimulando
todos os meus sentidos. A pele quente do seu peitoral se aderindo a minha.
Pietra me beijou, esquivei, não queria, mas assim que seus lábios estavam nos meus, uma
nuvem de delírio consumiu minha consciência, senti o cheiro da Antonella, doce,
apropriadamente me induzindo a desejá-la em meus braços. Era como uma miragem, fechei os
olhos e fantasiei sua presença, a beijei desesperadamente, tentando suprir a falta que lateja dentro
de mim. Cai no sofá, ela sentou-se em meu colo, puxando minha ereção.
Está tão recente que o seu perfume permanece na minha pele? Ela realmente está aqui?
Fodendo meu juízo.
一 Blake, que saudades. 一 murmura, subindo e descendo em um rebolar contínuo.
Pietra cavalga lentamente enquanto idealizo a sua melhor amiga safada em seu lugar, ela
sentando em meu pau, e sei que essa porra é errada. Um fio de sanidade não me deixa continuar
porque não a comparação, o corpo é diferente, o toque, o beijo e principalmente a maldita boceta,
a da Antonella foi feita para se encaixar perfeitamente ao meu pau. Torno a abrir os olhos, Pietra
gemendo, perco o desejo que sentia, minha excitação se dissolvendo, mas o caralho do cheiro é o
da patricinha. Afundo o nariz em seu pescoço, desnorteado, sim, confirmo, é o mesmo. A
situação é confusa.
一 Por que está com o mesmo cheiro da Antonella?
Elevo seu quadril do meu colo, deixando-a no sofá e levanto, arrumando a calça e
colocando a camisa de volta.
一 O perfume dela ficou comigo, usei um pouco. Qual o problema?
Por que caralho ela usaria o perfume da amiga que dormiu comigo no final de semana?
一 Nenhum, preciso ir para casa, estou cansado. Pietra, eu quis vir para finalmente
definirmos o futuro, nós tentamos manter nossa relação… 一 ela me interrompe.
一 Quero saber como foi para você ficar com a Antonella? 一 indaga, irritada.
一 Não quero falar sobre isso!
一 Você gostou de transar com ela?
一 O que você acha Pietra? O que você acha? 一 ela cruza os braços, o olhar enraivecido
fuzilando o meu.
一 Não sei Blake, estou esperando você me responder!
一 Não importa se gostei, estou aqui para falar de nós dois.
一 Para mim importa, eu preciso saber, você gostou? Só responde sim ou não! 一 Meu
corpo tensiona, ela insiste em se magoar, em negar o óbvio, achei que seria compreensível, mas
dificulta tudo. 一 Diz Blake, gostou de ficar com a minha melhor amiga?
CAPÍTULO 17

Pietra questiona se gostei de estar com a Antonella, não vou negar, estamos há dois dias
distantes e a sensação permanece aqui, destruindo minha lucidez.
一 Sim, eu gostei. Vai me dizer que não gostou de transar com o Peter então?
一 Não direi que gostei, foi somente uma transa sem sentido.
一 Não tenho culpa se ele é um bosta na cama! 一 perco a paciência. 一 Você sugeriu
essa troca de casais, e disse que não ficaria com ciúmes da Antonella.
Os lábios tremem, os olhos enchendo de lágrimas.
一 Fiz isso por nós! Pelo nosso relacionamento.
一 Não tem mais um relacionamento há muito tempo, precisa aceitar que acabou,
assimile a informação, eu sei que tem suas inseguranças, mas essa é a minha decisão.
Conversamos depois.
É inviável ter uma conversa com ela após o final de semana. Estava impugnado, já queria
terminar tudo, fiz uma escolha estúpida para notar o declínio que chegamos. A raiva roubando
minha paciência, não sabendo lidar com esse emaranhado de emoções em seus olhos. Ela está
sensível, minhas escolhas permanecem as mesmas de quando decidi experimentar essa porra
toda. Não sou obrigado a satisfazer seus medos, quero que saiba que acabou, mas terei que
esperar seus ânimos acalmarem, preciso que o ciúmes não esteja na nossa conversa.
一 Tenho que ir.
Saio pela porta com raiva, frustrado. O caminho até em casa é vasto, a imagem da
Antonella ressurgindo em meus pensamentos, a voz suave, mansa, gemendo em meu ouvido, a
porra da sensação de segurá-la em meus braços, eu a queria agora. Foram dois dias intensos que
vivemos, preso ao seu corpo, enterrado em sua boceta, trazendo à tona os meus pesadelos.
Aperto o volante, a última vez que fiquei tão desordenado foi ao perder a única mulher que
amava, minha mãe, relembro do passado, da dor, todos os instintos reprimidos.
LEMBRANÇAS
5 ANOS ANTES…
Foram 12 anos servindo no exército, cumprindo ordens, algumas capazes de destruir
qualquer alma boa sem remorsos. Eu não estava ali para fazer o melhor e sim para garantir que as
sujeiras fossem cumpridas. Fechava os olhos e via o sangue em minhas mãos, de civis, crianças,
pessoas que não consegui salvar, que a porra do governo não se importava, a escória do mundo
aos olhos deles. A sensação de empunhar a arma, a voz no rádio reverberando “mate todos”, eu
seguia fielmente, todavia ao fechar os olhos os via, sangrando, queimados, com marcas de tiros
na cabeça, poeira e dor.
Usei da persuasão, do meu poder de entrar e sair de um lugar sem ser visto para conseguir
e roubar informações privilegiadas e desafiei todos os maiorais, da baixa à mais alta cúpula do
escalão, todos com segredos sujos, sangue nas mãos e merda na cabeça. O próprio governo
tentou me descartar, me desertou, sai queimando tudo, a bomba estava solta, e era eu. Fui jurado
de morte pelo General de Estado-Maior e para ganhar imunidade comecei a vender armas para os
poderosos, usei da minha escuridão para ser mais podre que os desgraçados que eu odiava.
Em uma sexta-feira, como qualquer outra, havia acabado de fugir, a chance de enfiar uma
bala em minha cabeça e impedir toda repressão seria aquela. Eles não queriam perder a
oportunidade, eu já sabia do jogo, mas não calculei as variáveis. Enviaram os homens de verde
para a minha propriedade, escondendo-se por entre as árvores, usando um detector de calor, eu
deveria estar na casa, deveria tê-la protegido.
Quando a bala saiu da arma daquele soldado, direcionada erroneamente para a pessoa
mais importante da minha vida, eu morri. Ela estava sentada ouvindo música e pintando quadros
como fazia aos finais de semana. Tinha uma viagem que foi desmarcada e resolveu fazer uma
surpresa, ficar ao meu lado por todo conflito que estava vivendo. Falava com uma amiga por
ligação e ainda me lembro de sua voz suave, das risadas quando recuperei a gravação para ouvir,
noite após noite, sofrendo, remoendo e alimentando o monstro que haviam criado.
一 Aposto que o Roman gostará desse quadro, já o Blake dirá que é cafona!
一 O que está pintando?
一 O mar, a tal da casa no penhasco que estou insistindo para comprarem, quem sabe
consigo um final de semana com os dois, só nós, Blake passa tanto tempo fora em missões, sinto
falta do meu filho. 一 sorriu.
Ela estava no lugar errado e na hora errada. A bala atingiu sua cabeça, seu corpo
despencou sob o chão frio, manchando eternamente o meu coração com o seu sangue. Naquele
dia perdi a minha alma, porque cada sentença de morte que proclamei foi cumprida, pelas minhas
mãos, até parar de sentir e apenas existir.
Eu fatiei, queimei, esfolei, espremi os cérebros, segurei os corações arrancados, nunca
satisfeito, por vingança, a satisfação só viria se pudesse revivê-la, então eu dei a eles o inferno,
nem que eu também precisasse abraçar o capeta.
Fui moldado pela dor. Quando a encontrei morta e vi sua face pela última vez, foi o
suficiente para começar a minha transformação e assim o meu reinado como o Senhor das
Armas.
Saio de casa com o copo de café na mão, segundos depois estou encontrando o Bruce
sentado na beirada da minha mesa, os braços cruzados, olhar julgador e expressivo. Estico a mão
entregando o copo térmico e jogo a bolsa na poltrona.
一 O que aconteceu? Dois dias que te vejo assim, emburrada, a mesma cara de quando te
deixei sozinha na pista de dança durante a festa da escola, lembra? 一 estreito os olhos, sorrindo.
一 Claro que me lembro você deu um pisão proposital no meu pé e chorei na frente de
todos. 一 Bruce gargalha, larga o copo, e se aproxima me envolvendo em um abraço.
Relaxo e encosto o rosto em seu peito.
一 Eu disse para você não fazer isso Ella, sabe, quando você me falou senti que não daria
certo.
一 Não sei se o “dar certo” é o que você imagina. Nunca deveria ter aceitado, fiquei com
medo da Pietra ficar chateada, de vê-la sofrer por aquele idiota, de me achar egoísta por não
tentar ajudá-la, e quem está sofrendo agora sou eu, remoendo, não consigo esquecer. 一 Bruce
pigarreia, as sobrancelhas elevadas e com dúvidas. 一 Queria dizer que odiei ficar com ele,
mas… 一 travo.
一 Você gostou, e está tudo bem. Pelo menos não está aqui surtando por ter tido a pior
experiência da sua vida. 一 Concordo, mas internamente preferia estar, não consigo confessar
que tudo mudou, a forma que vejo o Blake agora, os sentimentos que tínhamos, e até as certezas.
Afasto-me seguindo até o manequim e puxo-o para o centro da sala. Essa sensação de
perda, sufoco, irá passar, só preciso de uns dias, de não vê-lo nunca mais e gradativamente esses
sentimentos inversos deixarão de existir. Odeio o Blake e tenho raiva de como transformou tudo
que possuía de desprezo em desejo. Nesses dois dias qualquer mínimo ato, seja o de abrir os
olhos, passar a mão em meu corpo ao tomar banho, ou recostar a cabeça no travesseiro,
recordava nossos beijos, nossas aspirações, a devassidão que petrificava o meu coração durante o
nosso sexo, dois seres opostos, se fundindo, se arrependendo de sentir.
一 Quer jantar comigo hoje? 一 Foco a atenção no Bruce.
一 Sim, passe aqui às 20h, comemos aquele hot dog escondido, igual na época da
academia. 一 Ele lança uma piscadela seguindo em direção à porta.
一 Combinado, assim que eu gosto.
Bocejo esticando os braços em um espreguiçar longo. As pernas travadas na mesma
posição agachada, deixo o quadril desmanchar no chão e estico o corpo no mármore frio. Bruce
aparece na porta, franzo o cenho desacreditada, confiro o relógio de pulso. Droga, perdi a hora.
一 Vamos, chega, está morta de cansada! Confere tudo. 一 Levanto, guardo rapidamente
todas as peças de tecido.
一 Vamos, preciso comer, não almocei até agora. 一 Pego a bolsa e ao enfiar o celular ele
toca, confirmo que é uma mensagem da Pietra.
Reluto em olhar, mas de relance é possível ler “A troca deu super certo, Blake
descobriu que me ama, jantaremos juntos hoje para comemorar”. Meu coração acelera, um
nó formando na garganta, uma leve dor compressiva em meu peito, deveria estar feliz por ela e
estou, mas lembro dos nossos corpos grudados embaixo do chuveiro quente, de suas mãos
urgentes que me queriam com veemência, aperto os olhos, com a vontade de chorar ardendo.
Talvez se tivéssemos seguido o acordo não estaria com esses pensamentos tolos, uma
onda me invade como um enorme tsunami, me leva às profundezas do rancor, os conflitos
emocionais em atrito evidenciando ódio, eu estou em fúria. Blake fez de propósito, e tudo está
lúcido e transparente. O único desejo era de dormir comigo, de deixar uma amarga vingança, o
acordo e tudo que disse fingindo estar conectado foi para ter o prazer de me foder
psicologicamente enquanto se aproveitava do meu corpo.
Levo as mãos ao rosto, as lágrimas escapam, ele conseguiu, me fez querê-lo, de corpo e
alma. Deixei ele entrar, mesmo com todo ódio, deixei que segurasse o meu coração, virei
marionete, desde a invenção do acordo. A mudança repentina ao me beijar, as palavras dizendo
para esquecermos a raiva, como se me ter tivesse mudado tudo, sim, mudou, espero nunca mais
vê-lo e se ver, voarei em seu pescoço tamanho ódio.
一 Antonella já é 21h, vamos!
CAPÍTULO 18

Freio o carro nos portões, furioso, movimento os ombros e inclino a cabeça de um lado a
outro, dispersando a tensão. Sou centrado, frio, calculista, mas estou desregulado. Faço meia
volta e sigo pelas ruas, retiro a arma do banco ao lado e deposito no painel. Paro em frente a loja
da Antonella, tudo está escuro, torno a dirigir até estar no outro lado da rua, em frente a mansão
de sua família. Desligo o carro, com a visão fixa na enorme entrada repleta de plantas, quase
encobrindo a visão das janelas.
Só preciso vê-la, mesmo que de longe. O quarto fica no segundo andar, no lado esquerdo,
a enorme varanda está escura, não parece estar aqui. Nunca esqueci de onde se localizava, a
única vez que estive em sua casa foi após o evento de motocross quando meu pai firmou
sociedade com os pais dela e a encontrei com aquele babaca intimidando, impedindo-a de ser ela
mesma. Toda certeza que tinha, sobre sua futilidade, frescura, eu a julgava, sim, rica, mimada, e
que demonstrava ser gananciosa. Errei, ela não é, Antonella nunca quis nada de mim além de
desprezo, e sempre teve, mas ainda assim me enxergou, me deixou protegê-la e descobri o
quanto é vulnerável, o quanto quer ser forte.
Um carro estaciona em frente ao portão principal, é o Bruce. O conheci logo que retornei
do exército, e sua empresa de vigilância cuida de alguns pontos importantes e legais dos meus
negócios. Ele abre a porta do carro, caminha um pouco e senta no capô, alguns segundos depois
a Antonella sai do passageiro. Meu coração bate forte no peito, a feição delicada, os olhos azuis
intensos, fodedor de sanidade, fico desalinhado. Ela encosta-se nele, abraçando para se despedir.
Em seguida abre o portão enquanto ele entra no veículo e vai embora.
Percebo que está triste, posso jurar que vejo lágrimas caírem de seus olhos. Peter fez
alguma coisa? Aquele babaca a machucou? Sem pensar saio do carro, andando em sua direção,
ela passa pelo jardim, devagar, está de costas, o vestido cinza curto, social, colado no corpo,
suspiro, os passos são suaves, quase parando.
一 Antonella… 一 chamo baixo, mas com firmeza, e suas pernas travam.
Ela permanece assim por um minuto, sem reação, mas então o rosto se inclina
lateralmente tentando conferir discretamente se estou aqui.
一 Quero falar com você, eu… 一 gira nos calcanhares encarando-me.
Encontro tanta mágoa em seus olhos que perco o raciocínio. Os lábios trêmulos, as
pálpebras caídas arroxeadas, os punhos se fechando, a respiração vacilando, ela quer me matar.
一 Nunca mais quero ver você Blake, vai embora. 一 grita, vira de costas, bufo frustrado.
一 Que porra Antonella, estou te chamando, vai me ignorar? 一 exclamo, exaltado, já não
basta ela estar fodendo minha mente com sua imagem, agora irá agir assim? 一 Chata para
caralho, volta aqui.
一 Eu não ligo, suma daqui seu mentiroso. Idiota! 一 Ela corre para a casa e desaparece
ao atravessar a porta.
Puta que pariu, o que está acontecendo?
Retorno ao carro, fechando a porta forte, enraivecido. Como pode uma garota fazer isso
comigo? A infeliz só sabe me xingar. Ficarei afastado, uma aproximação é inoportuna, minha
zona de realidade é inconsistente, não há espaço para relacionamentos, o que aconteceu precisa
ser esquecido, estou envolvido demais e odeio disfunção emocional, é mais fácil quando só
preciso matar.
15 DIAS DEPOIS
Loki adentra o meu escritório chutando a porta, trazendo uma arma. Irritado joga sobre a
mesa, os olhos recaem direto em minha mão. Inferno.
一 Que porra é essa? 一 Puxo o pequeno saco de papel repleto de merengues, amasso-o
fechando e enfio na gaveta.
Ridículo. Sou um filho da puta doente, comer a porra de um doce pensando na teta de
uma vadiazinha da língua afiada só pode ser sinal que estou perdendo a sanidade.
一 Desde quando você come doce? Suspiro ainda?
一 Vai se foder, não é nada caralho, é só a porra de um doce.
一 Esquece, olha essa merda aí. 一 Capturo a arma, deslizo em minha mão e rosno.
一 Ergonomia falha, devolva, peça novas, se não der certo, mate o sujeito, não tolero
desperdício.
一 Certo. 一 Ele pega a arma e sai.
Abro novamente a gaveta, expulso um ar denso preso em meu peito. Abro o pacote
marrom, repleto de suspiros doces. Faz 15 dias que estou recluso, Pietra precisava digerir que
terminamos, embora precise dizer as palavras claras para que compreenda, e a Antonella, porra,
insuportável, não quer me ver.
Sou obrigado a vigiá-la escondido todos os dias quando sai do trabalho. Seguro um
merengue entre o polegar e o indicador, o doce definitivamente me lembra da sensação de tê-la
em meus braços, do sabor de sua pele macia, do nosso final de semana juntos. Enfio na boca, o
açúcar se dissolvendo à medida que relembro do seu mamilo preso nos meus dentes, fico duro.
Preciso entender o que aconteceu, sei que não a mereço, mas estou tentado a prová-la de
novo. Analiso o relógio, são 7h, talvez agora seja a hora, sou um homem paciente, afinal, o
impulso gera consequências, não ajo por impulso, eu o domino.
Tropeço na calçada, franzindo o nariz com a dor aguda no dedo, estou atrasada. Confiro
novamente o relógio e está prestes a dar 8h. Após o fatídico swing tudo desandou, a realidade é
indigesta, me afastei. Peter tem dado espaço, não dormimos mais desde o ocorrido, tão pouco
nos vimos. Pietra está reclusa, vivendo o romance sonhado dela com o Blake, e fico me
martirizando.
Enviei mensagem, mas ela ignora, não sei o que pensar. Aperto os passos, meu coração
falha quando chego em frente à loja. Lá está o Blake Lodge, o cara que namora minha melhor
amiga, e até dias atrás era meu ódio mortal na vida.
Está encostado na parede, os braços cruzados, rosto reto, atento ao redor, uma das pernas
dobrada e também apoiada na parede. Seu olhar encontra o meu, fraquejo, uma sensação de calor
gera uma transpiração excessiva, não esperava vê-lo. Aproximo-me com as mãos trêmulas de
nervosismo, sua atenção genuína está em mim, fazendo uma leitura indiscreta.
Ignoro sua presença e tento passar ao seu lado, inexpressiva, fingindo ser qualquer
pessoa, porém em um aperto firme segura o meu pulso. Arrepio, os músculos tensionam, travo o
corpo, encarando-o. Sua respiração é profunda, o olhar magnético roubando completamente
minhas palavras. Ficamos presos em uma luta visual.
一 Bom dia para você também! 一 diz, com a voz rouca.
Minha garganta seca, sentindo a sensação dos dedos pressionando minha pele.
一 O que faz às 8 horas da manhã na minha loja? Não tem carregamento hoje?
一 Meu trabalho é às 5 horas da manhã, enquanto continua escuro!
一 Que trabalho é esse? 一 ele sorri, mordo a bochecha, incerta do que sentir por
encontrá-lo.
Escapo de sua mão grande entrando na loja, ele me segue.
一 Bom dia Chefa! 一 cumprimenta Jolie.
一 Bom dia, Ella, temos um recado para te passar. 一 avisa Nina.
Blake apoia-se no balcão esperando, fico extremamente curiosa para saber o que deseja
comigo, faz dias, veio jogar na minha cara o quanto adorou me desestruturar? Fingirei que não
me importo, será a melhor maneira de derrubá-lo, jamais demonstrarei para esse insuportável que
fiquei abalada com o seu plano sórdido.
一 Qual o recado?
一 O Senhor Meloni marcou a reunião para o fim do mês! Será um jantar no Galery! 一
Blake franze o cenho ao ouvir o nome, Meloni atualmente é um dos magnatas mais influentes da
indústria têxtil.
一 Bom gosto, esse restaurante é o melhor. Perfeito meninas, estarei na minha sala,
preciso conversar com esse problema aqui! 一 Inclino minha mão no ar mostrando o Blake para
elas que sorriem.
Blake em silêncio me segue até a sala. A presença marcante intimida, o cheiro excita
ferozmente e tento manter uma postura indiferente. Fecho a porta sentindo o corpo grande, forte
atrás do meu, está tão perto que a respiração se desmancha em minha nuca. As mãos espalmam
minha cintura, o quadril se aderi ao meu e estremeço. O roçar sútil faz uma sensação borbulhante
de desejo irradiar em meu estômago e no centro de minhas pernas. Meu coração acelera, ele me
gira, ficamos frente a frente, as pupilas dele se dilatam e admiro sua boca.
一 Estou aqui porque eu… 一 A voz baixa, grave, causa a eclosão de todos os
sentimentos que senti quando estive em seus braços. 一 Eu quero você Antonella! 一 Tento
empurrá-lo, mas gruda nossos corpos uniformemente.
一 Estou confusa… 一 confesso. 一 Sua mão acaricia meu anterrosto, os dedos
progridem até os meus lábios contornando-os. 一 Não podemos! 一 ele sorri ironicamente, o que
é estupidamente irresistível.
Quero beijá-lo, mas, ao mesmo tempo, recobro a consciência e empurro seu peitoral, que
nem sequer se move.
一 Não estou mais com a Pietra, terminamos dois dias depois da troca de casais.
一 O quê? 一 Meus pensamentos desaparecem, tudo é branco, só consigo ver o seu rosto
e como seu olhar encarcera e domina os meus sentidos.
一 Quero você. 一 Confessa de novo, pressionando seus lábios nos meus, a língua
pedindo passagem para me provar, e deixo.
Nossas bocas se condensam, a língua grande transpassando a minha, circulando,
provando lentamente, a intensidade do seu gosto é melhor do que antes porque fala por ele. A
saliva misturando-se a minha, uma enorme chama da paixão queima, corroendo meu raciocínio,
meu corpo. Blake me aperta violentamente, as mãos possessivas percorrem urgentemente a
minha pele, apalpando cada canto dela. Sibilo, querendo mais. Aperto minhas pernas uma na
outra queimando de tesão.
一 Blake. 一 murmuro.
一 Se disser meu nome de novo foderei você gostoso, aqui e agora!
一 Blake… 一 sussurro deixando o desejo falar por mim.
Seu olhar escurece, suavemente os dedos capturam a barra do meu vestido curto subindo-
o até minha cintura. As mãos se apoderam da minha bunda, apertando, enquanto sua respiração
ofegante se espalha em meu rosto. Nossos quadris se esfregam, sua ereção dura resvalando na
minha região íntima, estremeço. Blake beija meu pescoço sugando ardentemente minha pele,
cada marca roxa me faz gemer. Ele projeta minhas pernas, sustentando-me no ar e me encaixa
em seu colo, presa entre a parede fria e o seu corpo quente.
一 Há dias estou esperando… 一 abre o zíper da calça puxando o pau robusto e com a
própria glande impele a calcinha na lateral encontrando minha abertura úmida. 一 para te foder,
estou com tanta saudade. 一 penetra violentamente cravando fundo, não se move, fecha os olhos,
sentindo, apenas pressionando nossos corpos. 一 ah porra, que delícia, sua boceta foi feita para o
meu pau, é minha.
Um arrepio me castiga, nossas faces se esfregando entre carícias, minhas mãos
contornando seu rosto, ofegantes, o pau dispersando calor entre as minhas pernas enfincado
profundamente. Blake engoli minha boca com arrogância iniciando os movimentos, entrando e
saindo, fecho os olhos apreciando sua invasão, o tamanho descomunal que em cada bombeada
distribui desejo.
一 Passei a noite toda pensando em você, na sua boceta gostosa, no seu cheiro, droga
Antonella, estou viciado em você.
一 Para Blake, preciso que você pare, se afaste, eu não posso…
CAPÍTULO 19

Antonella me pede para parar, uma dor aguda me atinge, ela não sente o mesmo? O ódio
que sentia ainda predomina? Arfo, travo os movimentos que deferia contra o seu corpo, mas nos
mantenho conectados. Seus olhos me dizem o contrário, é explosiva nossa conexão, suas pupilas
dilatadas, a cinética absoluta, ela me quer e eu a quero. Qual a porra errada nisso?
一 Blake… 一 Os lábios trêmulos, a respiração entrecortada, está angustiada. 一 Não
podemos, eu quero, mas não posso. 一 Fecho meus olhos e a beijo, só precisava que ela dissesse
que queria, não vou soltá-la.
一 Eu assumo o erro, não ligo, eu assumo o risco. 一 sussurro, retirando meu pau, ela
choraminga, estamos sem controle, meu maldito peito sufoca, o corpo dela está vibrando, eu
sinto, nós não temos controle disso.
Bombeio de volta, até o talo, oscilando, todos os músculos rígidos pela tesão filha da puta
que corre entre minhas veias. Deslizo gostoso em sua lubrificação, ela é quente, apertada, macia,
e cada atrito gera um êxtase devastador, pior que droga. Antonella geme, as mãos pequenas
abrem meu casaco, espalmando minha pele enquanto sustento seu quadril colidindo nossas
extremidades. Não quero só tê-la para me satisfazer, quero protegê-la como nunca imaginei
querer cuidar de alguém antes. Acelero freneticamente, tudo para ver sua expressão, os lábios
entreabertos com a sensação. Seu olhar, sua boca, sua pele, tudo nela me chama, me prende e
estou completamente entregue aos seus carinhos. O toque suave das mãos seguindo até as costas,
as unhas perfurando minha pele, os murmúrios sensuais me fazendo arrepiar.
一 Ah, você é tão grande, eu te odeio tanto. 一 choraminga excitada, mantenho o ritmo.
一 Blake, isso, mais rápido… 一 clama procurando minha boca para um beijo.
Estou em chamas, alucinado carrego-a até a mesa, deitando seu corpo. Puxo o vestido
expondo seus seios e ao encontrar os mamilos a porra do doce surge na memória, pulso ardiloso
e avanço devorando sua teta direita. Ela solta um gemido gutural quando sente os meus dentes
prensarem agudamente. A pele possui um aroma dulcificado, melhor do que me lembrava. Sugo,
mordo, brinco com a língua transpassando de um seio ao outro. Suas expressões de desejo
enchem-me ainda mais de agonia, eu estou louco de saudades.
Continuo correndo a boca por seu abdômen deixando marcas de mordidas até sua boceta,
elevo o vestido apressadamente, foram tantas noites me masturbando, desejando tê-la de novo
que fico rígido. Rasgo a calcinha, ela morde os lábios, sinto o cheiro da peça.
一 Ah que delícia, senti falta do seu cheiro.
一 Sentiu? É mesmo Blake Lodge, sentiu saudades da chata, da vagabunda odiosa aqui?
Da minha pele de açúcar, de me ouvir te xingar? 一 provoca de boca cheia, rosno, a infeliz sabe
mexer comigo.
Mordo seu clitóris, suas coxas se fecham no meu rosto enquanto grita sorrindo. Ela tampa
a própria boca, o rosto ganhando rubor, vermelho, me lembrando do bendito morango, da boceta
deliciosa e alucinado, abro suas pernas enfiando a língua em sua abertura extremamente
molhada.
一 Ah, Blake, meu Deus, isso. 一 Sugo sua vulva, penetro apreciando sua textura, às
paredes quentes, o seu sabor único que salivei por dias querendo de novo, me deleito até vê-la
quase chorar.
O tórax inflando a cada chupada, as mãos afagando os meus cabelos, pressionando minha
cabeça para continuar. As pernas enfraquecem quando em um lamber no clitóris alterno com os
toques sutis dos dedos. Antes que goze, puxo-a colocando de bruços na mesa, arrumo seu
quadril, passo a mão no centro de suas pernas, arrumando sua boceta na beirada, na direção certa
do seu botão resvalar na madeira e vibrar enquanto a penetro com força. Livro-me dos coturnos
dos pés, ao mesmo tempo que deixo as calças passarem ficando no chão. Encaixo atrás, sua
bunda empinada aderida perfeitamente na minha pelve, penetro, ela geme.
一 Isso é gostoso. 一 confessa.
Bombeio mais forte, seu corpo projeta para frente, seguro com firmeza as laterais de sua
cintura. Faço de novo, e de novo, suas pernas ficando mole, a boceta encharcando no meu pau
pelo prazer, meu peito se agita. Estapeio sua nádega direita, com as pernas rígidas, nossos corpos
queimando feito brasa. Estamos prontos, as contrações de suas paredes se intensificam, os
gemidos baixos incontidos. As mãos pequenas pressionam na mesa, os dedos flexionados, a
sensação ardente explodindo dentro de mim e os testículos retraindo.
一 Vou gozar sua vagabunda, olha o que fez comigo, um maldito viciado em você.
一 Sou sua Blake. 一 Implodo, agarrando-a por trás, cravando fundo, enfiando a mão em
seu clitóris pela lateral, circulando-o, sentindo-a tremendo enquanto gozamos.
Meu líquido a preenche, os calafrios subindo em meu corpo, não a solto, fico enterrado,
sentindo suas contrações involuntárias até ficar mole em meus braços. O rosto delicado se eleva,
captando o ar, e os gemidos mesmo baixos escapam de sua boca.
一 Porra, que caralho, sua safada, você agora é minha mulher, de mais ninguém, e se
alguém te tocar, matarei. 一 confesso, ela murmura, sem forças e a mantenho firme no meu
peitoral.
一 Isso foi incrível, não consigo me mover Blake. 一 sorrimos, mas seus olhos se
arregalam trancando as pernas, meu líquido deve estar escorrendo. 一 Meu Deus estou no
trabalho, isso é insano, preciso limpar rápido, você não conseguiu tirar. 一 Pego-a em meu colo e
sigo até o banheiro no canto esquerdo da sala.
Ela se limpa, eu também, arrumamos nossas peças de roupas, coloco os coturnos
enquanto abre as janelas para o ar circular no ambiente que cheira a sexo e suor, o que é
terrivelmente delicioso. Antonella fixa o olhar no meu, se aproxima com gestos contidos, mas
toca meu peitoral e em seguida envolve os braços pequenos ao redor da minha cintura, retribuo e
beijo o topo de sua cabeça. Não consigo declarar em palavras o que gostaria, apenas sei que de
alguma forma compreende e sente as mesmas sensações.
一 Droga Blake, não podíamos ter feito isso! 一 A fisionomia entristece.
一 Eu sei, mas não me arrependo!
一 Não tem como isso dar certo entre nós! 一 Provavelmente ela está certa, a sua
preocupação é direcionada a Pietra e ao Peter, contrariando a minha que está além, é muito pior.
一 Darei um jeito de resolver isso.
一 Como você resolverá isso? Me diz?
一 Antonella… 一 Levanto seu queixo suavemente, nos admiramos intensamente. 一 Sei
que está com dúvidas, mas deixe que cuido de tudo e de você. 一 ela concorda com um sorriso
tímido, mas em seguida tenta pular em meu colo.
Agarro sua cintura, suas pernas se fixando ao redor do meu corpo, o rosto encostando-se
ao meu em uma cheiração indiscreta em minha barba, uma carícia diferente, que faz meu coração
acelerar. Em seguida me morde, descendo meu pescoço, enquanto a envolvo em um aperto
desalmado, aproveitando a proximidade para passar a mão em sua bunda e pernas.
一 Ficarei sem calcinha e a culpa é sua, onde ela está por sinal? Jogou fora? 一 Agarro
seu pescoço miúdo e comprimo direcionando sua face na minha, boca com boca.
一 Está no meu bolso, levarei para quando sentir saudades.
一 Não precisa se afastar, nem sentir saudades, pode estar perto, sempre que quiser.
一 É mesmo? 一 Os olhos azuis intensos me assistem com atenção, transitando em cada
ponto, Antonella me deseja, assim como eu, algo louco, bárbaro e descontrolado.
A boca roça na minha, um toque macio, sensível enquanto nos admiramos, há uma
grande densidade, nuances de atração que castigam nosso físico, mas também a alma. Passei
tanto tempo determinado a afastá-la, em achá-la medíocre, sou um tolo, definitivamente não era
ódio, eu só não enxerguei que estava diante da minha garota, hoje me questiono se Bruce sabia,
por isso me pediu para conhecê-la, será que de alguma forma achava que juntos seríamos
arrebatadores? Talvez, mas eu não estava pronto, agora estou, farei de tudo por ela. Protegerei e
a terei em minha vida, não quero abdicar disso.
Blake não me usou em um plano sórdido, nem queria foder meu psicológico, realmente
me deseja. O corpo dele é o caminho exato para o precipício. Eu odiei olhá-lo e sentir desejo,
mas a pegada violenta, intrépida, não me deixava desprezá-lo. Blake é frio, mecânico, mas agora
é o meu cachorrinho porque sua língua não para de me lamber, de provar o meu gosto. Tenho
medo de como será, se conseguiremos em algum momento parar de sentir essa dominação de
sentimentos.
Passo a língua em seu queixo, ele devolve com uma lambida em meus lábios, lenta,
molhada, fico excitada, minha boceta está em atrito com seu jeans e a sensação é lancinante,
cáustica. Escuto a porta ranger, Blake me sustenta sem dificuldade em seu colo e assustados nos
viramos para olhar.
一 Como vocês fizeram isso comigo? Então foi por isso Blake que não queria mais? Por
isso quis terminar? Estão juntos desde a troca, enquanto eu sofria.
Blake coloca-me no chão, meu coração disparado, o amargor subindo na garganta, estou
angustiada.
一 Pietra, eu, meu Deus, estou te mandando mensagem há dias, não é isso, posso
explicar, eu juro.
一 O que faz aqui? 一 questiona ele.
一 Ela é a minha amiga, que você inclusive odeia, eu que quero saber o que você faz
aqui. Dois mentirosos.
一 Estávamos conversando… 一 Blake afirma.
一 Conversando com a língua dentro da boca da Antonella? Era tudo fingimento aquela
historinha de que se odiavam? Há quanto tempo estão ficando escondidos?
Perco a paciência, caminho de um lado a outro desnorteada, sei que tudo saiu do controle,
mas era real, o ódio, a raiva, a vontade de matá-lo.
一 Pietra, está insinuando que tenho mentido para você a mais de três anos? 一 interrogo,
incrédula. 一 Está dizendo que não sou confiável após anos de amizade, você é como uma irmã,
sabe de tudo que acontece. 一 levo as mãos ao rosto, nervosa.
一 Você deveria ter vergonha Antonella, já tem tudo na sua vida, tem os pais perfeitos, o
melhor amigo perfeito, o namorado perfeito, a vida perfeita e agora também quer o meu? 一
Arregalo os olhos, o peito sufocando em dor, como ela pode dizer isso?
一 Você está chateada, eu entendo, me perdoe, eu juro que não queria o seu namorado,
mas você está dizendo coisas horríveis.
一 Sempre foi uma vadia mesmo, tem tudo na vida, mas não satisfeita quer o meu homem
também, não, não deixarei. 一 Blake fecha os punhos, a mandíbula cerrada, os olhos furiosos.
一 Chega Pietra, não falará assim com ela. 一 entra em minha frente como um cão de
guarda protegendo o dono, as lágrimas escapam continuamente enquanto meu peito dói por tê-la
magoado.
Inspiro profundamente tentando controlar os ânimos.
一 Eu sei me defender Blake. 一 Seu olhar encontra o meu, ele nega, passa a mão na
nuca, está estressado.
一 Não me importo, eu cuidarei de você. 一 Meu coração desaba, o choro incontrolável
ganhando força, eu achei que me negaria, mas está disposto a mostrar que me quer, independente
de qualquer coisa.
CAPÍTULO 20

Pietra está com uma expressão assustada, o rosto ruborizado pelo nervosismo, os lábios
comprimidos tentando controlar as emoções, os olhos marejados. Instantaneamente desencadeia
uma grande dor dentro de mim, ainda maior, ela está com raiva, e tenho medo de perdê-la, só
queria que me escutasse, que tentasse entender que aconteceu.
一 Pi, aconteceu, as sensações, o que vivemos na troca foi intenso ao ponto de bagunçar
tudo, não estamos juntos, mas não mentirei, não para você, porque eu nunca fiz isso, eu quero o
Blake, nunca quis te machucar, só preciso que me escute.
一 Ella, não dá… 一 confessa com a voz embargada. 一 Estou furiosa e nesse momento,
não me importo com você. 一 Com fúria, machucada, avança em cima de mim, a mão direita
tentando agarrar os meus cabelos, mas Blake a segura.
一 Para de show Pietra, acalme-se, nada disso estaria acontecendo se não tivesse sugerido
um swing, então respire, não dá para resolver as coisas dessa maneira.
一 Mas foi justamente a Antonella que falou sobre swing, tudo um show, certo? Para
conseguir dormir com o meu namorado?
一 Não, claro que não, te falei porque eu e o Peter fomos em casa de swing, estava
compartilhando minha vida, meus sentimentos, jamais disse para fazermos nós 4. Você está com
raiva, eu entendo, Blake veio aqui conversar, excedemos um pouco, eu admito, sinto muito, mas
eu não mereço suas palavras venenosas, sou uma das pessoas que mais te ama nessa vida, que
sempre esteve ao seu lado, não tem como fingir isso, eu sempre fui verdadeira.
一 Preferia que nunca tivesse sido minha amiga, falsa, destruidora de relacionamentos,
traidora.
Suas palavras me atingem, viro de costas, chorando, tentando não sentir indignação, ficar
com o Blake só trouxe caos. Bruce surge na porta, os olhos assustados, confuso.
一 Porra, o que está acontecendo aqui? Por que estão gritando? Fechei a loja, mandei
todos embora, que porra, perderam o juízo?
Blake toca minha cintura, suspiro, o choro aumenta, a dor também, suavemente me
abraça em uma tentativa falha de conforto.
一 Antonella está tendo um caso com o Blake, é uma traidora.
一 Chega Pietra. 一 diz Blake.
一 Saiam todos… 一 grito entre lágrimas, com a respiração ofegante e o peito apertado.
Blake não me solta, estapeio o seu peito, em vão, porque me prende mais forte. Soluço,
deixo que meu rosto se desmanche no peitoral amplo, me sinto bem com ele, protegida em seus
braços. Todas as vezes que contamos uma com a outra, os choros na escola, as confissões na
faculdade, os momentos de solidão, como ela pode se esquecer de tudo isso? Como pode pensar
conhecendo meu coração que seria capaz de agir de propósito? Pietra chora e furiosa chuta a
porta por nos ver grudados, Bruce a abraça.
一 Calma Pietra, eu sei que é uma situação delicada, mas vocês precisam se acalmar.
一 Defenderá a Antonella? Claro que vai não é? Aposto que logo deve comê-la também.
一 Ele nega, tampo os ouvidos, dói ouvi-la me rebaixar como se eu fosse uma puta.
一 Não é questão de defender, nem tudo está no nosso controle, os dois sempre se
odiaram, mas sentimentos acontecem. Quanto a minha amizade com a Antonella nunca houve
safadezas, você sabe, está apenas querendo ofendê-la. 一 ela continua negando. 一 Vai para casa,
pense, depois todos vocês conversam mais calmos.
Os dedos do Blake enxugam minhas lágrimas, os lábios beijam continuamente o meu
rosto, e odeio gostar disso, principalmente magoando a minha amiga. Afasto-me, confusa.
一 Por favor, vão embora. 一 Insisto, abraçando meu próprio corpo, evitando olhá-los,
sou um ser humano horrível, é assim que me sinto.
一 Só vou na hora que o Blake sair. 一 bate os pés, Blake range os dentes, sei que está
chateado.
一 Vamos Blake, depois você conversa com a Antonella. 一 suplica Bruce, ele trava,
ignora, se aproxima e agarra o meu rosto em suas mãos.
Fecho os olhos, não quero olhá-lo porque dói, mas ele persiste, não me solta, as lágrimas
ardem e preciso abri-los encontrando seu azul penetrante.
一 Nunca amei ninguém Antonella, mas por você eu daria uma chance a esse sentimento,
não desistirei. 一 choro mais enquanto seus lábios pressionam os meus, não consigo afastá-lo, o
que sinto é maior que tudo.
一 Blake… 一 ele me cala com o polegar.
一 Está tudo bem. 一 concordo, ele fala com tanta convicção que meus medos se
dissolvem.
Beijo seus lábios, o peito se abrindo em uma torção indecifrável, estou apaixonada,
entregue, não posso fugir dele.
一 Odeio vocês dois, traidores. 一 brada Pietra nos trazendo de volta para a dor e me
afasto dele.
Todos saem da sala, o silêncio é palpável assim como a sensação de desespero.
Enfurecida pego a porcelana em minha estante e jogo contra a parede querendo apagar as
mágoas, os conflitos. Bruce retorna, agarra meu corpo e me abraça, choro em seu peito, com suas
mãos tentando afagar minha dor deslizando em meus cabelos. Não queria perder minha amiga,
não queria perder o Blake.
一 O que aconteceu aqui?
一 O fim do mundo, eu o Blake nos apaixonamos.
Encontrar o Blake e a Antonella se beijando minou toda a minha razão. É estritamente
destruidor vê-los juntos, em partes é culpa minha por ter inventado o swing, mas dela também.
Antonella agiu como uma verdadeira cobra venenosa roubando-o, usando do tal ódio para
conquistá-lo. Duvido que realmente se odiassem esse tempo todo, eles podem ter ficado várias
vezes escondidos, esperando o momento certo de me apunhalarem pelas costas. Todos os anos de
amizade parecem nunca terem existido, movimento as mãos com os nervos à flor da pele.
Piso na calçada, encaro o Blake, a fisionomia carrancuda, as mãos enfiadas no bolso do
sobretudo, e não consigo lidar com as confusões que me atormentam. Avanço sobre ele
segurando firme no colarinho, as lágrimas brotando em meus olhos. Como pôde me enganar?
Como conseguem dormir à noite?
一 Por que você veio aqui Blake? Por que fizeram isso comigo? 一 questiono, exaltada.
一 Estou aqui porque queria ver a Antonella e conversar com ela, sobre essa porra toda.
Não enganamos ninguém.
一 Você não percebe que amo você.
一 Pietra você nunca me amou, se acostumou comigo, projetou em mim algo que te falta,
não é amor. Houve paixão, respeito, mas eu nunca tive certeza dos meus sentimentos em relação
a nós. Fui honesto, não sei amar.
一 Mas acabou de dizer a ela que quer amá-la. 一 ele coça a barba, franze o cenho e abre
os braços, ficando inexpressivo, é frio como gelo.
一 Eu torcia para ser você, não mentirei, mas somos incompatíveis. Senti tanta raiva da
Antonella, foi real, e agora o sentimento se intensificou, não dá para explicar Pietra, mas já
havíamos terminado, só estava esperando você aceitar, no entanto, nossa última conversa foi
clara. Verdadeiramente nosso relacionamento acabou há um ano, só estávamos adiando.
一 Então para você está tudo bem a minha amiga me trair? 一 ele nega.
一 Ela não te traiu, ficar comigo não é uma traição a você porque não temos mais nada.
Antonella não queria me deixar entrar na sua vida, não queria ficar comigo, mas você insistiu na
troca e disso nasceu algo, parece muito mais fácil culpá-la agora. Não quero terminar essa
conversa aqui, Pietra, na rua. 一 Blake olha para o celular, bufa e me encara novamente. 一
Tenho que ir, farei uma entrega e já estou atrasado. Conversamos depois! 一 Blake dá de ombros
indo embora.
Caminho até o carro, choro na porta, querendo extravasar e me destruir inteira, entro,
encosto a cabeça no volante me sentindo vazia. Uma grande nuvem de consternação me domina,
parece pairar sobre minha cabeça, condenando meus sentimentos, abalando minhas forças.
Pergunto-me o que pode ter acontecido para que eu começasse a perdê-lo. Durante muito tempo
engoli minhas frustrações, me blindei com uma máscara fingindo que estou bem, mas sou
insegura e parte disso é o medo, a barreira com o meu pai. Eu errei, Blake errou, Antonella errou
e Peter trouxe a destruição de tudo. Pego o celular, disco o número do Peter, preciso
compartilhar com alguém a dor, o medo que sinto, e como namorado da Ella, precisa saber.
Chama algumas vezes até que atenda.
一 Bom dia! Está querendo um replay Pietra? 一 sorri animado.
一 Não estou para brincadeira Peter!
一 O que houve?
一 Acabei de passar para conversar com a Antonella, não havia respondido suas
mensagens e resolvi aparecer na loja, para nos vermos pessoalmente, mas encontrei os dois
juntos…
一 Quem juntos?
一 Ela o Blake estavam se beijando.
一 O quê? Antonella jamais beijaria o Blake fora da troca de casais.
一 Vi com meus próprios olhos.
一 Não posso acreditar, os dois se odeiam. 一 afirma, a voz ganhando um tom de fúria.
一 Pelo jeito se entenderam. Eu amo o Blake e amo minha amiga, não posso perdê-los.
一 Recuso-me a perder a Antonella. Resolverei isso hoje mesmo! Ela não ficará com ele,
além disso me ama, só está confusa com a troca de casais. Foi muito pesado para ela, não deveria
ter insistido, está traumatizada, Blake se aproveitou da oportunidade.
一 Não posso perdê-lo, você acha que eles só estão confusos?
一 Sim, tirarei essa confusão da mente dela, descanse, fique calma! 一 suspiro, aliviada,
com o peito menos sufocado.
一 Tudo bem, obrigada Peter por me ajudar.
一 De nada! Hoje mesmo isso será resolvido.
一 Espero que sim! 一 Desligo a ligação com as mãos trêmula pela aflição.
Olho para a rua, os carros passando, as pessoas sorrindo, enquanto dentro de mim domina
a angústia. Relembro as palavras que disse, e meneio a cabeça, exagerei, fui imprudente. Ofendi
a Antonella e em nenhum momento ela me atacou de volta. Todos erramos, não deveríamos tê-la
persuadido para participar, ela fez por mim, mas é injusto ficar com ele, sabe que o amo, precisa
compreender o que sinto e abrir mão do que ela acha que sente, estamos falando da minha
felicidade e ela já é feliz. Sempre foi, tem o Peter, os pais, o Bruce. Respiro fundo, paro de
sofrer, preciso ir para o trabalho.
CAPÍTULO 21

Respiro fundo, Nina e Jolie me fitam com tristeza. Estou envergonhada pela confusão, as
palavras da Pietra ainda ressoam em meus ouvidos, trazendo à tona a sensação amarga das suas
ofensas.
一 Desculpem, vocês não mereciam ouvir sobre os meus problemas, nem as clientes,
estou… 一 sem controle, choro novamente, mas Nina me abraça.
一 Está tudo bem, não se preocupe, não temos nenhuma queixa para fazer sobre você, ao
contrário, é uma amiga e patroa que amamos. 一 Abraço as duas, e reabrimos as portas da loja.
Um mar de tormenta envolve minha alma, recordo do Blake, dos seus lábios nos meus, a
efervescência da nossa conexão desalmada, ao mesmo tempo a raiva corroendo minhas verdades,
pedindo que nunca mais o veja, mas pensar nessa possibilidade machuca. Movimento a mão
direita no ar, dispersando os devaneios, decido me afundar no serviço e esquecer tudo isso.

Os raios de sol transpassando os vidros, em um amarelo ouro intenso, avisam que


entardeceu. Peter me ligou a tarde toda, a cada 15 minutos, mas ignorei todas as chamadas. Meu
pai avisou que um novo problema surgiu na obra do meu apartamento e precisarei acompanhá-lo
até lá.
一 Jolie por favor depois você deixa o manequim no meu escritório que preciso trabalhar
no vestido da Anna.
一 Claro, Chefa, deixarei tudo separado para você mexer amanhã. Está se sentindo
melhor depois daquela confusão toda? 一 Inspiro, comprimo os lábios e nego enfaticamente.
一 Não, mas ficarei, não se preocupe, preciso encontrar meus pais, vou ao apartamento
ver a obra. Poderiam fechar hoje para mim?
一 Claro, nós fechamos. Espero que fique pronto logo.
一 Com a maré de azar que está passando por mim, duvido!
一 Não fique assim, você é a pessoa mais incrível que conheço, tudo vai se acertar!
一 Obrigada Jolie pelas palavras. 一 Ela me abraça com carinho, em seguida recolho os
meus pertences e caminho até o apartamento que fica a duas quadras, justamente para tornar a
minha locomoção mais rápida.
Adentro no galpão principal após conferir tudo e liberar as armas. Encontro o Loki
nervoso, a mão espalmando a madeira fria da mesa principal. O semblante de ódio enquanto
folheia os papéis espalhando os principais na intenção de mostrar que tudo saiu como planejado.
一 Os federais estão na nossa cola.
一 O que você quer? por que está me chamando? Foda-se os federais! Deixa os papéis aí,
daqui a pouco confirmo tudo.
一 Como você pode ficar tão tranquilo se eles estão cada vez mais perto de nós? Estão
nos investigando na nossa porta.
一 Sou um mau necessário Loki, é assim e sempre será. Você sabe exatamente quem são
os poderosos que compram de nós. Pare de tremer que nem uma mulherzinha, separe as armas
264 Winchester Magnum, as SIG Sauer M17 e M18. Hoje nosso carregamento da noite é para
um dos grandões. Não me chame mais sem necessidade. 一 Bella sorri, é uma das novas garotas,
que confere cada lote.
一 Nosso chefinho nervosinho chegou. 一 brinca, ignoro. 一 Preciso que venha comigo!
Quero que confira os lotes que marquei como reenvio, precisam ser refeitos.
一 Não estou com cabeça agora Bella, o Loki conferi.
一 Pode me trazer Bella, eu confiro, pode ir chefe! 一 Saio nervoso, hoje especialmente
será um dia difícil porque pela primeira vez na vida estou sendo levado por sentimentos e
consigo perceber a porra que é querer alguém acima de qualquer linha compreensível de
controle.
O cheiro de whisky do escritório invade minhas narinas, inspiro, energizante. A claridade
quase nula ao redor dos meus armários vitorianos com infinitas garrafas, sabores, sou um viciado
em álcool. Pego um copo, sirvo whisky, experimento, o relaxamento espalha-se nos músculos
enquanto sento na poltrona. Fecho os olhos jogando a cabeça para trás. Eu preciso da Antonella,
estou louco por ela e mais louco é a porra do meu corpo condicionado, querendo, sentindo
necessidade de sua pele. Não posso continuar deixando a Pietra pensar que temos futuro, não
queria magoá-la porque pessoas machucadas tendem a fazer escolhas erradas e impulsivas.
Hoje falarei com ela, uma última conversa, o distanciamento permanente necessário, em
suma não entendo porque me envolvi com ela naquela época, talvez tenha sido pela sensação de
ter algum lugar para voltar. É devastador não sentir, não ter emoções, buscá-las em qualquer
momento, por menos excitante que seja, era isso, eu gostava de estar em algum lugar com
alguém, porque estou acostumado com a minha escuridão solitária. Antonella mudou isso, com
ela tenho necessidade de estar, de sentir, é mais que uma obrigação, é uma benção e não mereço
uma.
Encaro a fileira de carros, os clientes sorrindo, os funcionários em seguida fechando as
portas, minha visão está neles, mas os pensamentos me consumindo, estive desfocado, liguei
para Antonella o dia todo e ela não me atendeu. Não posso acreditar que pediu um tempo para
ficar com aquele imbecil do Blake.
O cara é seco, arrogante, o que possui de bom? Nada.
Ela quer trocar o certo pelo duvidoso? Não aceito.
Sempre foi minha, a fiz mulher, ela me pertence. Após recusar inúmeras vezes as
ligações, enviei uma mensagem para os pais dela. Sem protelar despeço-me de todos, pego os
meus pertences e sigo até a mansão dos Spinelli’s. As palavras que disse naquela noite não saem
da minha memória “Não vou odiá-lo essa noite, farei amor com ele”. Acerto um soco no
volante querendo transferir a raiva que sinto ao saber que o deixou beijá-la. Desligo o veículo e
minutos depois Rute está abrindo a porta sorrindo, caminho pelo hall principal sob seu olhar
curioso.
一 Peter, veio nos acompanhar até o apartamento da Ella? 一 Arqueio a sobrancelha, e
confirmo, mentindo que sim.
一 Sim, fiquei sabendo que iriam hoje.
一 É uma surpresa, está pronto, quando ela ver, ficará encantada. 一 Antony surge
sorrindo e apertamos nossas mãos nos cumprimentando.
一 Que bom vê-lo Peter, aposto que a Antonella pensa que terá outro problema no
apartamento.
一 Exatamente, esse era o momento perfeito para conversar com vocês. 一 os dois
analisam-me com atenção.
Não me orgulho de fazer de tudo para manipulá-la, estava cansado, são oito anos juntos,
precisávamos apimentar as coisas, ficar com outras mulheres escondido não me satisfazia mais, e
Pietra foi a distração perfeita, depois me dei conta que a Antonella é a mulher que quero como
esposa, sempre foi pacífica, carinhosa e dedicada. Fui seu primeiro homem e não quero perder o
meu lugar. Vou ganhá-la no seu ponto mais fraco porque jamais decepcionaria os pais.
一 O que houve Peter?
一 Eu e a Antonella conversamos durante a viagem que fizemos para a pousada, aquele
dia com a Pietra e Blake, e decidimos juntos que queremos dar um novo passo. 一 Os rostos se
iluminam, Rute leva a mão aos lábios surpresa. 一 Sempre tive vocês como segundos pais,
sabem o quanto amo sua filha, adoro mimá-la, sempre terá uma vida digna, cuidarei da princesa
de vocês. Gostaria de pedir a mão dela em casamento primeiramente para vocês. 一 retiro uma
pequena caixa com um anel de diamantes que comprei assim que falei com a Pietra mais cedo e
abro, mostrando-o.
一 Meu Deus, isso é incrível, é claro que deixamos, é um sonho para nós vocês se
casarem! 一 comemora Rute.
一 Peter, você se tornou um homem responsável e está disposto a formar uma família
com a minha filha, estou muito feliz, você tem a nossa benção e amanhã mesmo começaremos a
preparar o casamento. 一 avisa Antony.
一 Minha bebê se casará. Não posso acreditar!
CAPÍTULO 22

Encosto o celular no ouvido esperando que papai atenda, se passou quinze minutos do
horário que havíamos combinado e estou preocupada. Segundos depois atende, escuto o ruído do
vento ao fundo e a música do rádio.
一 Pai, cadê vocês?
一 Estamos chegando filha, nos atrasamos um pouco falando com o Peter.
一 Com o Peter? 一 levo a mão ao peito sentindo um leve frio na barriga.
一 Sim, ele foi em casa, nos encontrará aí na frente.
一 Não o convidei! 一 aviso, inconformada.
一 Para de ser chata Antonella, Peter é o seu namorado e agora futuro marido. Nós já
ficamos sabendo da novidade. 一 Perco o compasso, minha mão vacila quase derrubando o
aparelho.
一 Futuro o quê? 一 A voz aguda de minha mãe ressoa baixo, mais audível.
一 Ele nos contou que vocês decidiram se casar! 一 Falta-me o ar, massageio o peito com
a mão esquerda tentando amenizar a sensação de indignação, o que poderia estar acontecendo?
一 Casar? 一 balbucio angustiada.
一 Não precisa dar uma de desentendida, Peter nos contou tudo. Estamos estacionando.
一 Ele desliga.
Enfio o celular na bolsa, as mãos trêmulas, com a bile subindo na garganta, amarga, as
pernas fracas de tensão. Peter falou algo sobre casamento? Nunca se quer dissemos ou
manifestamos esse desejo de casar, ainda mais que estamos dando um tempo em nosso
relacionamento. Antes que possa surtar, meus pais e o Peter chegam. Eles se aproximam,
sorrindo, só consigo exalar raiva e desespero. Peter tenta beijar os meus lábios, viro o rosto.
一 Oi meu amor, estava com saudades. 一 envolve as mãos na minha cintura, desvencilho
de seu corpo.
一 Chegamos, vamos conferir o que aconteceu nessa obra. 一 diz papai.
一 Vamos! 一 Seguimos para a entrada.
Atravessamos o saguão amplo, todo iluminado, com pé direito alto, paredes brancas
repletas de plantas ornamentais fornecendo um paisagismo natural, dinâmico e moderno. Aperto
o botão do elevador enquanto Peter se aproxima, abraçando-me por trás. É desconfortável os
toques, a sensação que me invade por estar presa a ele, como se me impedisse de ser eu mesma
por tanto tempo. Afasto, fingindo arrumar os meus cabelos no espelho. Papai e mamãe o amam,
como se fosse um filho, apoiam nosso relacionamento, como será quando eu terminar tudo?
Quando disser que me decidi e não o amo?
Jurei que o amava, achei que entendia o que era o amor, mas depois do Blake, de sentir a
paixão dos seus toques, a conexão intransferível e transcendental, distingui a diferença, o quanto
estava acomodada, acostumada a “ser” do Peter. O elevador se abre no último andar, os pisos
frios de porcelanato branco, limpos, brilhantes, me encantam, ando apressada invadindo o
apartamento. Travo, meu olhar percorrendo o ambiente, decorado, finalizado, a imensa sala
ampla, os vitrais extensos com vista da cidade, os lustres, arregalo os olhos e pulo nos braços dos
meus pais, feliz.
一 Ficou pronto?
一 Surpresa, filha! 一 brinca papai recebendo um beijo longo meu na face.
一 Está perfeito! 一 admiro, e mamãe acaricia os meus cabelos.
一 Vamos conhecer a cozinha, está impecável. 一 Sigo-a encontrando infinitos armários,
uma ilha de mármore, as paredes azuis, o ambiente é espaçoso, as janelas de vidro da sala se
estendem aqui também, sendo possível cozinhar com a imagem magnífica de Nova York.
一 O que achou?
一 Adorei de verdade! Obrigada! Amo vocês!
一 Bom, deixaremos os noivinhos curtirem a noite… 一 limpo a garganta, tentando
disfarçar o nervosismo. 一 Não se preocupe filha, mandei trazer tudo já, aproveitamos que estava
na loja ocupada. 一 Abraço-a, mamãe é sempre tão carinhosa e amo-a incondicionalmente.
一 Obrigada mãe, o que eu faria sem você?
一 E sem eu, certo? 一 retruca papai enciumado.
一 Claro papai! Obrigada por tudo! 一 sorrimos, recebo os abraços calorosos e segundos
depois estou diante do Peter, nós dois, o apartamento vazio, pronto para receber a primeira
discussão.
Caminho até a sala depositando a bolsa sobre a mesa de centro. Ele fixa-se diante de
mim, o olhar de antes desaparece, torna-se cortante, censurado, as sobrancelhas em uma
curvatura irreverente, os lábios comprimidos pelo rancor, ele está furioso.
一 Peter, quero que me explique que história é essa de casamento? 一 A expressão
suaviza instantaneamente.
一 Desculpe meu amor, queria te pedir antes, mas estava tão empolgado e feliz que já
falei para os seus pais, mas pensa pelo lado positivo, eles aceitaram e ficaram muito felizes. O
melhor é que nos apoiam. 一 Ajoelha-se, segurando minha mão, deslizando os dedos nos meus.
一 Amor, você aceita se casar comigo?
一 Não! 一 exclamo confiante.
一 O quê? 一 Os olhos arregalam, a fisionomia é de surpresa enquanto se põe de pé.
一 Nem aqui e nem na China vou me casar. Minha resposta é não. Sei que essa troca de
casais foi para ajudar a Pi, mas talvez ela tenha acontecido para mostrar que nós não
combinamos!
一 Do que você está falando Antonella?
一 Eu não queria essa troca de casais, você e a Pi que estavam animados para que isso
acontecesse. Queria, sim, fazer um swing, conhecer o meu corpo, o que me deixa excitada, mas
com um casal que não tivéssemos vínculo nenhum. Não mentirei para você Peter, mas fiquei
com o Blake hoje. 一 ele não se surpreende, o que me deixa confusa, provavelmente a Pietra
tenha contado que nos viu juntos por isso me ligou a tarde toda.
一 Ficou como Antonella?
一 Do jeito que você está imaginando mesmo. 一 O ódio estampa sua face, as mãos se
apoderam dos meus braços, apertando-me, meu coração palpita, estremeço.
一 A partir de hoje você não fala mais com o Blake! 一 Ele aproxima o rosto do meu,
ruborizado em irritação, a mandíbula estralando, tensa, enquanto intensamente fixa o olhar no
meu.
一 O quê?
一 Quero você longe dele, e se chegar perto, socarei a cara dele. 一 Movimento os braços
tentando escapar de seu aperto, ele não alivia.
一 Você não é o meu dono Peter para me dizer o que posso ou não fazer! 一 Contrariando
meus medos sua voz ameniza, a expressão torna-se de tristeza.
一 Amor desculpa, mas pensa! Você está confusa com o final de semana que tivemos, só
isso.
一 Não quero mais Peter, é melhor terminarmos, o tempo que te pedi foi esclarecedor,
nos acostumamos a ficar juntos, sinto muito! 一 Ele explode, com arrogância joga-me no sofá,
encolho, pela atitude receio que não aceitará pacificamente o fim.
一 Você quer trocar a pessoa que sempre te amou para ficar com um cara que te odiava
até ontem? 一 cospe as palavras, fechando os punhos.
一 Em nenhum momento disse que ficarei com o Blake, só estou falando de nós, de como
me sinto, de como os sentimentos mudaram. A Pietra o ama.
一 Sim, darei razão a ela se nunca mais falar com você! 一 engulo amargamente suas
palavras.
一 Deixe-me sozinha Peter, por favor, preciso pensar em tudo isso.
一 Sim, mas nós não terminamos, porque eu não concordo com o fim do nosso namoro.
Falei para a Pietra que conversaria com você, ela te ama e está com medo de perder vocês dois.
Então não pense só no seu próprio umbigo! 一 Desnorteado chuta a mesa central quebrando o
vidro enquanto me encara em um misto de revolta e aflição, segundos depois aperta mais os
punhos, mas sai do apartamento batendo a porta ao passar.
Desmancho em lágrimas no sofá, com o corpo oscilando, senti medo, Peter por vezes é
agressivo, ignorante, no entanto nunca se excedeu tanto como no dia do swing. Dizer para
terminarmos trouxe dor, assim como a Pietra ele também estava convicto que tudo era uma
bagunça passageira, mas meu coração está aliviado, não o quero mais, consigo enxergar que
nunca fui de fato feliz ao seu lado. Fecho os olhos, querendo esquecer tudo, a situação é
exasperada, destruindo qualquer que seja a projeção de um futuro. Não sei o que acontecerá, tudo
parecia seguir na linha, agora, saímos dos trilhos, sonhos e promessas perdidas. Estou cansada, o
corpo pesado pelo dia, adormeço sem perceber.
Anoiteceu, pressiono os dedos no volante seguindo para a casa da Pietra. Penso em
infinitas palavras para fazê-la compreender que nossa relação definitivamente acabou, não há um
retorno, nem dívidas emocionais, os conflitos vêm de antes, a troca sempre foi o ponto-final,
achei que compreenderia isso sem que eu precisasse magoá-la. Em suma, ficou evidente que não.
Além de toda complexidade ao me pegar beijando a Antonella, a repetição de que estava me
perdendo por culpa da amiga demonstrou que não enxerga a verdade. Um namoro que há um ano
vem definhando é tão significativo quanto o final de semana que tivemos.
Quando conheci a Pietra há três anos no evento de motocross, ela era uma garota cheia de
sonhos, estava tentando recuperar o amor paternal. Nunca tivemos esse sentimento, mas teve
desejo, vivemos noites intensas, saímos pouco, mas respeito não faltou. Ela me fascinou na
época, batalhava para desbravar os sabores, era focada. Mesmo não gostando da Antonella sei
que ajudou no quesito emocional, por mais que odiasse a patricinha reconheço que sempre a fez
se sentir parte de sua família. Não queria estar no meio disso, mas nunca senti nada parecido com
o que sinto ao lado da Antonella e porra eu não ligo, faço o que eu quero e hoje o meu único
desejo é tê-la.
Como pode tudo que sempre odiei em uma pessoa passar a ser tudo que eu mais gosto
nela? Só existe uma resposta, me apaixonei pela Antonella como nunca me apaixonei antes.
Sempre fui extremamente racional e prático, mas com ela quero ser sempre o oposto disso, perco
a linha. Chego no prédio, respiro profundamente, entro, subo as escadas e instantes depois Pietra
está abrindo a porta.
一 Oi Blake, entra. 一 Recebo um abraço, travo, seu rosto percorre o meu tentando me
beijar desesperadamente, mas seguro seus braços, afastando-a.
O semblante entristece, o olhar desvia do meu.
一 Precisamos conversar.
Caminho até o sofá, sento, ela permanece parada, inerte, mas após alguns segundos
aproxima-se sentando ao meu lado.
一 Pi estávamos juntos há três anos, entre idas e vindas, sempre te respeitei e cuidei do
nosso relacionamento. Não mentirei, antes de você sugerir a troca de casais estava decidido e iria
terminar tudo. Quando nos conhecemos me apaixonei pela sua alegria de viver, por sempre tentar
me mostrar que com sentimentos a vida poderia funcionar. Não posso mais me enganar,
acostumei a ter você, era um lugar para estar, no entanto, você merece mais. Acredito que todo o
final de semana que tivemos trouxe à tona sentimentos diferentes, e com isso, tudo definhou.
一 Essa é a forma de você dizer que quer ficar com a minha melhor amiga?
CAPÍTULO 23

Pietra está mais focada em me ver com a amiga do que entender o fim de tudo. Uma clara
falta de aceitação, de assumir os erros e falhas. No início não era para ter sido um namoro, mas
gostava de estar com ela, acabei tentando, caí no comodismo, ela também. Não sou o homem que
ela precisa, receio que atualmente nenhum seja. O que precisa de fato é trabalhar seu psicológico,
compreender seus medos, seus traumas e mágoas do passado, e seguir em frente.
一 Essa é a forma de dizer sobre um relacionamento que já não estava dando certo.
Converse com seu pai, ele deixou sua autoestima baixa, principalmente porque sentia-se
rejeitada. Antes queria trabalhar isso, o que aconteceu?
一 Acostumei a viver sem ele.
一 Sufoca as pessoas, querendo sempre que façam algo para te agradar. Eu fiquei porque
estava cômodo demais. 一 Relaxo os ombros, não tinha riscos, não éramos vistos, não a trazia
para a minha parte obscura. 一 Errei, admito, mas foram três anos bons, lembre-se de tudo que
conversamos, sempre quis que fosse feliz.
一 Você acha o quê? Vai me largar e a Antonella vai te receber de braços abertos? 一
arquejo.
一 Para de falar sobre ela, estamos falando sobre nós dois, sobre o nosso relacionamento,
sobre você. A Antonella foi apenas a ponta do iceberg, e ele afundou Pietra!
一 Então você está me dizendo que não quer ficar com a Antonella?
一 Estou falando de nós, dos nossos problemas, da nossa situação complexa e onde tudo
isso chegou. Estou aqui para reforçar o que falei antes, acabou! 一 Ela finge não ouvir.
一 Que bom que não quer ficar com a Antonella, até porque ela não vai mesmo ficar com
você.
一 Por favor, Pietra! Estamos falando de nós dois!
一 Ela contou que vai se casar? 一 Tento ignorar, mas a Antonella tem o dom de me levar
do céu ao inferno, qualquer coisa sobre ela causam dois extremos, de um lado tempestade de
fúria, do outro descontrole de desejo.
一 O quê? Do que você está falando?
一 O Peter a pediu em casamento hoje, ela aceitou. Rute e Antony inclusive estão super
felizes, ele me ligou e contou!
一 Ela se casará com o Peter? 一 contraio a mandíbula.
A raiva consome meus instintos, iniciando uma distorção incontrolável dos pensamentos,
minhas pálpebras tremem, a cabeça latejando por dentro, estou irado, aquele mesmo tipo de ira
de quando os caras pisam na bola, e eu os torturo. Não consigo acreditar que ela aceitaria se
casar com aquele babaca.
一 Sim, eles perceberam que a troca de casais foi esclarecedora, você precisa enxergar
isso também.
一 Foda-se, o problema é deles. Para nós, não dá mais. Ponto-final! 一 Levanto-me
furioso, com os poros dilatados, os punhos fechados ansiando acertar algo. 一 Preciso ir. 一 Ela
segura o meu braço, com o olhar triste, os lábios trêmulos de consternação.
一 Então vamos ficar assim? Você não quer mais ficar comigo mesmo? 一 soluça,
engolindo o choro 一 esqueço o que aconteceu, que vocês dois estavam juntos, não falo mais
com a Antonella e poderemos continuar da onde paramos. Blake, eu te amo. 一 Suspiro pesado, a
paciência quase nula, é difícil saber o que falar para ela.
一 Não Pietra, falei antes, minha escolha não mudou! Acabou! 一 Encaro seu rosto,
afasto sua mão, sigo pela porta com o corpo tensionado até entrar no carro.
Não sou um homem de lamentos, nem de arrependimentos, mas talvez com o fim, ela
consiga encontrar suas próprias forças. Sou prático, fui obrigado a não sentir, minha motivação é
a vingança, apenas vivo, mas Pietra é nova, tem um futuro brilhante, mas não do meu lado.
Sento, soco o volante, cerrando os dentes, deixando a porra da fúria extravasar. Pego o celular,
ligo para o Loki que atende no mesmo segundo.
一 O que foi Chefe?
一 Peça para a Bella colocar aí no sistema o celular da Antonella Spinelli, e me falar a
localização!
一 Um segundo Chefe! 一 A ligação fica muda, por poucos minutos.
一 Mandei no seu celular! 一 desligo.
Despejo a água fervente na xícara, a coloração avermelhada de frutas vermelhas
ganhando vida. Inspiro profundamente o aroma suave, os músculos costais distendidos, as
palavras da Pietra, e do Peter retornando continuamente junto com as lágrimas que se formam
repentinamente. Só queria esquecer o dia de hoje, exceto o olhar do Blake, a boca na minha pele,
a sensação de pertencer a ele. Capturo a xícara pela alça e provo, o sabor adocicado me faz
murmurar, algo que finalmente me faz bem após horas terríveis de sofrimento desgastante. Meu
celular vibra no balcão, inclino o rosto para conferir que é uma ligação do Blake. Meu coração
acelera e atendo na hora.
一 Abre a porta! 一 arqueio a sobrancelha franzindo o cenho.
一 Não estou mais na casa dos meus pais.
一 Eu sei, estou saindo do elevador, abre a porta! 一 Ele desliga, mordo o lábio inferior,
meu corpo se arrepia, não deveria querê-lo, mas é incontrolável, apressadamente corro até a
porta.
Destranco, giro a maçaneta encontrando-o parado. Nos admiramos, a nuvem negra em
seus olhos é assustadora, preso a ela tem o desejo porque as suas pupilas dilatam fixas em meu
rosto, melancólico. Os punhos estão fechados, as narinas projetando-se para fora inspirando
afobado, o tórax expandindo-se em ansiedade. Sibilo, meu estômago torce.
一 Como achou o meu apartamento? Como passou pela recepção sem eles me avisarem?
一 Ele coça a barba, o semblante devastado, cheio de dúvidas.
一 Só me responda uma coisa e vou embora! 一 Meu peito palpita, não quero que vá.
一 O que houve?
一 É verdade que você aceitou se casar com o Peter? 一 sorrio, Blake Lodge está
apavorado por minha causa? Estaria com medo?
Ele remexe a cabeça com rigor, discordando da minha reação, está instável.
一 Não, claro que não! 一 Ele solta a respiração presa, externando suas emoções, o
anterrosto relaxando, os lábios expelindo o ar em um abrir suave, o que é particularmente raro,
nunca o vi ter expressões além das irônicas e raivosa.
Blake me olha em meio a tantas nuances de paixão, de indiscrição, ele fecha os olhos, os
ombros relaxam, as veias saltadas em sua garganta suavizam, com obstinação traz as mãos ao
meu rosto. Suspiramos juntos.
一 Recusei o pedido de casamento… 一 confesso em um sussurrar lento. 一 Blake
aproxima nossas faces, deslizando a barba em minha pele.
一 Por quê? 一 Seus lábios roçam nos meus, as batidas do meu coração se intensificam.
一 Porque estou apaixonada por você Blake, como poderia dormir novamente com o
Peter se meus pensamentos estão em você? Como beijaria ele se só quero beijar você? 一
afobado envolve minha cintura devorando minha boca em um beijo lento, quente e apetitoso.
A língua saboreando a minha com constância. Nossas mãos deslizando em nossos corpos,
com saudades, com impulso de ter. Sua boca suga a minha, os dentes mordem minha língua, e
continuamos até perder o fôlego. Ansioso me levanta do chão, me acopla em seu quadril,
transpasso as pernas ao seu redor. Não desgrudamos! Um beijo calmo, molhado e apaixonado faz
nossos corpos se quererem essencialmente. Enquanto captamos o ar de novo Blake sorri, é
singelo e sincero.
一 Achei que soubesse como é estar apaixonado, mas o que sinto é diferente de tudo que
já experimentei nessa vida. Se isso for paixão, definitivamente nunca tinha me apaixonado antes.
Eu também quero você. Não há porque ficarmos experimentando outros corpos, outras bocas, se
juntos temos essa sensação de morte e ressurreição. 一 Blake segue até o sofá, senta,
encaixando-me perfeitamente em seu colo, quadril com quadril.
Admiro seu rosto, presa em seu olhar avassalador.
一 Quem te falou sobre o pedido de casamento do Peter?
一 A Pietra… Estava a ponto de ir à casa dele, socá-lo, tamanha fúria. 一 Encosto o rosto
em seu peito forte, sentindo seu cheiro.
一 Como poderia me casar com alguém estando completamente apaixonada por outra
pessoa? É impossível.
一 Antonella, não consigo explicar o efeito que você causa dentro de mim. 一 As mãos
dele percorrem toda a extensão do meu corpo, do alto da nuca até a bunda.
一 Não tentaremos explicar, apenas devemos viver a sensação e aproveitar nossa
conexão. 一 Torno a beijá-lo, os lábios carnudos, levemente aquecidos, traz uma excitação
fervilhante que anseio sentir o tempo todo.
As mãos tateando o meu quadril, pressionando-o em sua ereção. Um atrito ardente,
suplicante por sexo.
一 Meu peruzão está louquinho por você! 一 O olhar predatório analisa minhas curvas.
一 Um pijama com morangos desenhados, certo, você está destruindo minha sanidade. Não
bastasse a porra do doce que tenho comido escondido para não te esquecer. 一 sobressalto
sorrindo e mordo o queixo dele que arfa apertando-me contra o seu peito.
一 Blake Lodge tem comidos suspiros pensando nos meus mamilos? 一 Provoco
elevando a blusa de alça do pijama, expondo meus seios, ele fixa neles com meio sorriso
quebrado sedutor.
一 Porra, sim, são perfeitos… olha isso! 一 Os dedos grandes incita-os em um atrito
forte, correndo-os de um lado a outro, suspiro gostando. 一 Nem parece que fodemos hoje,
caralho, o tempo todo estou com desejo. 一 Coloco minhas mãos sobre as suas que estão
preenchidas com os meus seios, seguindo os movimentos de apertá-los constantemente.
一 Nenhum dos dois aceitará nosso envolvimento, está disposto a não desistir mesmo
Blake?
CAPÍTULO 24

Blake me encara, demonstra infinitos segredos aprisionados profundamente em sua alma,


como se as minhas dúvidas em relação ao Peter e a Pietra fossem o menor dos seus problemas.
Nossos corpos movimentam-se sincronizados, em censura, as faíscas de tesão flamejando ao
nosso contato.
一 Foda-se, não me importo, se não gostarem não fará diferença, continuarei te fodendo,
você é minha Antonella, diz que é minha, satisfaça o meu ego… 一 Projeto meu corpo para trás
indo ao chão, me enfiando no meio de suas pernas enquanto com as mãos lentamente abro o
zíper de sua calça jeans.
一 Eu sou sua somente se você for meu. 一 ele sorri.
一 Sou seu, desde que te beijei a primeira vez, porra, foi naqueles segundos que minha
mente derreteu e fodeu tudo. 一 Sutilmente puxo a borda da cueca, expondo a glande desenhada,
fico excitada e puxo mais o tecido, vendo-o se esticar cada vez mais, ficando livre.
一 Isso aqui… 一 Capturo a ereção, segurando na base, fixo ao redor, com movimentos
calmos subo e desço por todo comprimento, ele arfa 一 o nosso sexo, o seu pau dentro de mim,
nosso encaixe, os beijos, causou toda confusão. Blake, me sinto poderosa quando estou com você
porque o seu olhar, o quanto me deseja faz eu me sentir única. 一 acelero os movimentos, as
pernas enrijecem, mas está fixo em mim, assistindo meus lábios falarem enquanto aproximo
minha boca do seu pau.
Inesperadamente agarra os meus cabelos, os dedos rastejando no meu couro cabeludo,
enlaçando os fios com rigor. Os olhos semicerrados roubando meus sentidos.
一 Você é única Antonella, por você eu mato e morro. Você me fodeu a esse ponto. 一
Estremeço com sua metáfora.
Suas mãos conduzem minha cabeça resvalando o pau em minha boca, e provoco-o
passando a língua. Uma lambida longa, lenta, sentindo o sabor de sua pele sensível, reunida a
textura espessa que aumenta meu apetite. Engulo, deslizando morosamente a boca enquanto toda
sua face se move em desejo. As sobrancelhas juntando-se, os dentes prensando em uma mordida
feroz de exaltação. Aumento as sucções, colidindo seu pau em minha garganta, salivando para
escorregar rapidamente. Blake arfa, deixando alguns grunhidos escaparem enquanto projeta
minha cabeça querendo mais e faço. Devoro sua ereção, simultaneamente o masturbo com a mão
em uma intensidade torturante, vendo-o adquirir uma ligeira inquietação, quase entregando-se a
mim.
一 Ah caralho, desse jeito você me fode. 一 proclama oscilando a respiração, e não cesso
o chupar, fazendo-o puxar meus cabelos para afastar minha boca, evadindo-se de gozar.
Ele levanta agoniado, arrancando a roupa, deita-me no sofá se encaixando por cima de
mim, entrando no meio de minhas pernas.
一 Não quero gozar ainda, quero sentir sua pele. 一 mordo os lábios rastejando as mãos
nos bíceps fortes, seguindo para o peitoral suado.
Blake sutilmente desliza a alça do pijama em meu ombro, beijando a região da clavícula,
descendo gradativamente enquanto expõe meu seio esquerdo. O nariz inalando o perfume, os
dentes mordiscando até a língua alcançar meu mamilo enrijecido. Murmuro. O meio de minhas
pernas queimando a cada passada, pulsando e ativando minhas fantasias. Ele contorna as aréolas,
com o polegar brinca com o bico circulando-o em uma pressão consistente. Meu estômago
inflama com a sensação, ele prossegue partindo para o outro seio, expondo-o também, sugando,
mordendo com rispidez. Estremeço.
As mãos agarram o tecido, arrancando a peça do meu corpo. Fico exposta, ele sorri, o pau
resvalando na minha entrada molhada por cima do tecido fino do short. Pausa tudo para me
admirar, uma onda de reações desconhecidas palpitam em meu peito. Nossos olhares se fixam,
um vínculo expansivo, corrosivo que faz a vontade de agredi-lo emergir, golpeio seu peitoral de
leve, deixando externar. Ele revida com o tapa ardido na lateral do meu quadril, sorrimos.
一 Blake… 一 sussurro, o olhar fixa-se em minha boca. 一 Não queria sentir o que eu
sinto por você. 一 ele me fita com censura.
A respiração se eleva, com raiva espalma o short do pijama constatando que estou sem
calcinha. Sem pudor abaixa a peça, e em um movimento único encaixa o pau em minha boceta
penetrando com rigor. Um gemido alto escapa de mim, e reprimo um sorriso diabólico, porque
adoro irritá-lo.
一 Você merece dois castigos, um por ter me assustado, pensei que você iria casar com
aquele bosta, e outro por se negar a sentir isso. 一 Blake se move em um entrar e sair bruto,
quente, fazendo a vida irradiar em minhas veias, imagino que usar uma droga deva ser assim,
alucinante de bom. 一 É impossível fugir disso ou melhor, mimadinha, agora você é minha, não
tem como se esconder de mim. Pode me chutar, me estapear que estarei aqui dormindo com você
todas as noites, com o pau encaixado em sua boceta. 一 diz enfiando a ereção até o talo, fazendo-
me cravar as unhas em suas costas. 一 sibilo, rendida.
一 Blake, eu amo odiar você. 一 Com a pegada violenta gira meu corpo deixando-me de
bruços, a mão espalma minha bunda seguidas vezes enquanto vibro em cada tapa ardido. Arrepio
empinando mais. Não vejo seu rosto, mas sei que está sorrindo de satisfação.
一 Adoro quando você me castiga assim Blake!
一 Eu sei que você gosta, sua safada! 一 provoca cravando o pau em minha boceta
novamente, iniciando os movimentos rítmicos prazerosos.
一 Me fode gostoso Blake… 一 suplico manhosa, sentindo-o bombear pungente.
Abro um pouco mais as pernas, nosso contato é sedutor, derretendo todas as minhas
incertezas. As mãos apertam as laterais da minha cintura, a boca morde minhas costas como um
animal feroz. Ele enfia profundamente, o atrito em uma temperatura exacerbada, amolecendo
meu corpo, estremecendo minhas pernas. Blake puxa-me para trás, fico de quatro, ele se ajoelha,
sem desconectar nossas extremidades. A mão direita procura meu clitóris e ofego quando os
dedos grandes me circulam vagarosamente.
一 Quero gozar dentro de você. 一 diz, enquanto solto uma respiração ruidosa.
一 Não pode, não tomo remédio e sou muito nova para engravidar… 一 choramingo com
a garganta seca, pitadas de euforia surgindo a cada contato.
一 E se eu quiser ter um Blakezinho? 一 brinca. Os dedos me estimulando, o nariz
correndo em minhas costas em uma cheiração desenfreada.
一 Para de me provocar 一 sorrio, ele fica ácido, vulcânico, colidindo absoluto.
Meu peito parece expandir em agonia, a entrada bruta do seu pau em minha boceta,
somada a estimulação em meu botão úmido, desencadeiam um frenesi. As contrações
simultâneas das minhas paredes, coxas e pernas potencializam o choque elétrico de desejo. Um
gemido gutural irrompe de minha boca, as batidas dos nossos corpos desestruturam os sentidos.
一 Ah Blake, vou gozar… 一 murmuro, e as emoções fundindo-se em uma explosão
indomada que me conduz a um transe, excepcional, nossos líquidos se misturam prazerosamente,
nos consumindo.
一 Caralho, Antonella, porra, não existe mais vida sem você! 一 declara antes de cairmos
juntos no sofá,
A corpulência me cobrindo por completo enquanto suspiramos, ainda conectados
sexualmente.
一 Você é a mulher da minha vida Antonella, não importa os desafios, ficaremos juntos.
一 Blake, não vai embora, fica aqui essa noite. 一 Os braços me envolvem e arrumamos
nossos corpos ficando de conchinha.
一 Fico essa e todas as outras que vier.
Amanheceu! Assisto da janela às gotas de chuva caírem do céu, atingindo o asfalto
quente. Espalmo o vidro, minha respiração se desmanchando, o ar condensando na superfície
embaçando-o discretamente. Recobro os sentidos, esfrego os olhos e sigo até a ilha da cozinha
iniciando o preparo do meu café da manhã. Não dormi quase nada pensando nas palavras do
Blake. Quebro os ovos colocando em uma tigela, adiciono os temperos e ligo o fogo.
Rapidamente fica pronto, puxo a banqueta sentando para comer.
Memórias me cercam, uma tortura particular, desgastante. Ressurgem os beijos, as nossas
noites, as poucas vezes que saímos juntos. Naquela época ele sempre dizia “Pietra, gosto de
estar com você, mas não posso te prometer amor, nem um futuro juntos”. Contrariando tudo
ficamos três anos, Blake se acomodou, eu também, reconheço, sempre desejei um
relacionamento como o da Antonella. Ele poderia ter finalizado tudo antes, mas continuou, jurei
a mim mesma que o faria me amar. Salvo erro. Doce engano. Mesmo com tudo isso, eu amo
tanto o Blake, não consigo viver sem ele.
Pego uma garfada de omelete levando a boca. Mastigo, engulo, pego outra, mas não sinto
gosto de nada, nem mesmo fome. Meu estômago revira, a textura do alimento gera uma onda de
arrepio e ânsia. Corro para o banheiro, abro o vaso de porcelana expelindo o pouco que comi.
Vômito continuamente, o estômago contrai ao passo que uma dor aguda surge, não há mais nada,
mas a sensação persiste. Quando cessa os enjoos limpo tudo, sigo até o lavabo molhando o rosto
com a água fria. Uma leve tontura me aflige, sento-me no chão, respirando profundamente para
recuperar o equilíbrio. O que poderia estar acontecendo? Tenho me alimentado mesmo sem
vontade, o estresse tem se acumulado, mas minha saúde está ótima. Seco o rosto com a toalha
quando a ficha cai.
Puta que pariu, minha menstruação está atrasada! Deus, não acredito que estou grávida
do Blake logo agora que ele me deixou. Como não percebi? Tem 20 dias de atraso. Lembro que
ao sair para a troca de casais naquele final de semana levei absorvente porque tive medo de
surpresas, mas estava até tranquila, sempre atrasa alguns dias, mas agora, é diferente, são
muitos dias.
Muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo, em sequência veio essa história do Blake e
da Antonella, esqueci de mim, do meu próprio corpo.
Não contarei para o Blake que estou grávida, droga, mas ele é o pai, ele tem que saber.
Não quero fazer teste, não quero confirmar esse medo que estou sentindo, isso é demais para
mim, estou machucada.
A tontura passa, me limpo, e retorno para a cozinha. Antonella precisa saber que estou
grávida, precisa abrir mão do que acha que sente e principalmente de tentar roubar o Blake de
mim. Parte do meu coração também quer contar porque ela sempre esteve ao meu lado, sempre
me deu força, sabendo exatamente as palavras certas para me acalmar. Preciso desabafar,
verdadeiramente é a única amiga que tenho. Digito a mensagem de texto.

Encaro
a tela por alguns segundos antes de enviar, espero que isso seja suficiente para fazê-la perceber o
quanto está acabando com a minha vida. Blake precisa me apoiar, conhecendo-o sei que será um
bom pai e assumirá o filho.
CAPÍTULO 25

Acordo com a Antonella em meus braços, sua pele é tão macia, o cheiro é doce. Afundo o
nariz em seus cabelos sentindo o perfume. Beijo com carinho seu rosto seguindo até os lábios,
selando-os com um encostar suave.
一 Bom dia minha princesa safadinha. 一 Ela sorri escondendo o rosto em meu peito,
extremamente manhosa.
O som do celular toca, inclino a cabeça conferindo que é o dela sob o criado. Ela
resmunga, com a voz abafada pelo tecido.
一 Olha para mim, por favor, me recuso a levantar, ainda temos mais 10 minutos. 一
Estico o braço, tateio com os dedos pegando o aparelho.
Confiro na barra uma mensagem de texto da Pietra. Meu coração acelera, sobressalto me
sentando rapidamente. Antonella desperta, o tronco se eleva, os olhos inchados curiosos recaem
em minha mão.
一 O que aconteceu? 一 Entrego a ela, levo a mão ao rosto, cobrindo, frustrado, tentando
esconder o nervosismo.
Ela confere, a expressão torna-se cabisbaixa, permanece em silêncio por alguns segundos.
一 A Pietra está grávida, então vocês terão um filho. 一 afirma reproduzindo o que lê.
Está magoada, tensa, é nítido porque morde as bochechas marcando a maçã do rosto.
一 Sim, droga, preciso pensar direito sobre isso. Conversarei com ela para pensarmos na
melhor maneira de lidar com isso! 一 Antonella encolhe-se na cama, as mãos agarrando os
joelhos deitada de lado, olhar fixo à parede, devastada.
一 Voltará com ela? 一 questiona com a voz trêmula, os olhos ficando marejados. Arfo,
deito ao seu lado e a prenso em meu corpo.
一 Ei?! Claro que não! O que tínhamos acabou! Acharemos uma saída para isso! 一 Ela
não responde, meu peito aperta e elevo o seu rosto beijando-a seguidas vezes até um sorriso
aparecer. 一 Na mensagem fala para você não me contar, mas terei que falar com ela.
一 Claro, está certo! 一 suspira pesado 一 Achei que finalmente ficaríamos juntos. Pelo
jeito eu estava errada!
Acabamos de descobrir que Pietra está grávida. Muitos pensamentos negativos
sobrecarregam minhas forças, sinto-me fraca emocionalmente, arruinada, com a dor indo e
voltando, lembrando o quanto as atitudes, escolhas, nos definiu, até declinou. Deveria estar feliz
por viver algo que nunca fez parte de mim, paixão inflamada, os toques carregados de emoção,
mas a deflagração da realidade traz o oposto, opressão. Não sei bem o que pensar ou o que dizer.
Blake encosta seus lábios suavemente nos meus, em seguida se afasta para fixar os olhos em
mim.
一 Resolveremos isso. 一 afirma confiante.
一 Às vezes paro, analiso tudo e sinto medo, medo de estar deixando os sentimentos me
levar.
一 Acalme-se, entendo que são amigas, sempre foram, é difícil essa situação, mas Pietra
entenderá que por vezes acontecem coisas que não planejamos, eu e você é uma delas. Agora,
iremos nos arrumar, trabalhar e no final do dia tudo será diferente. 一 Acaricia meu rosto
enquanto concordo com um balançar de cabeça longo, assimilando tudo.
Levantamos. Após o banho, trocamos e sentamos na mesa para tomar um café.
Acomodo-me em seu colo, as mãos deslizam em minhas coxas enquanto prova a bebida quente
em silêncio. A presença, o roçar das nossas peles, o cheiro. Não precisamos de palavras quando
os sentimentos falam por nós. Pouco tempo depois estou beijando os seus lábios em um abraço
apertado de despedida.
一 Bom trabalho! Nos vemos em breve.
一 Bom trabalho! 一 Beijo-o novamente e caminho para a loja.
Durante o trajeto decido ligar para a Pietra. Em um primeiro momento ela não atende,
mas insisto até ouvir sua voz.
一 O que quer Antonella? 一 O tom seco me entristece, mas é culpa minha estar assim,
machucada.
一 Oi Pi, estou preocupada com você, queria saber como se sente. Imagino que com a
surpresa da gravidez queira conversar ou talvez precise de um abraço? 一 Ela ri, inspiro incerta,
a espera de uma resposta.
一 Não quero nada de você, a não ser distância!
一 Pi, eu errei, me desculpa, deveria ter dito o que estava sentindo, mas era difícil até
para mim aceitar.
一 Você e o Blake me traíram quando se apaixonaram. Agora estou grávida e continuará
no meu caminho? Impedirá ele de ter uma família comigo? 一 As lágrimas brotam em meus
olhos, engulo o desejo de chorar.
一 Estou tentando me manter distante, eu juro.
一 Não tem sido suficiente. Pode simplesmente desaparecer! Aí, sim, ficarei agradecida!
一 Pi, você sempre foi como uma irmã, não quero perder você, sei que sente falta da
nossa amizade, das nossas conversas. Eu sinto, não mentirei. Lembra de todas as noites, do
quanto te apoiei? Eu sempre provei que me importo com você, sempre te ajudei
emocionalmente… 一 Uma risada surge, mas sei que é de nervosismo.
一 Ajudou porque quis, nunca te pedi nada.
一 Não, você não pediu, eu sempre te dei amor, carinho, porque eu quis, porque a vejo
como uma irmã.
一 Não preciso mais de você! Só desapareça! Me deixa ser feliz com o Blake. Pare de se
oferecer para ele. 一 abruptamente desliga, as lágrimas ardendo no canto dos olhos, enxugo-as,
lutando para não desabar, mantendo os passos firmes.
Chego em frente ao prédio, meus passos vacilam desordenados, um homem está parado,
vestindo um terno azul escuro sofisticado, os cabelos pretos estão caídos parcialmente nos olhos,
escondendo parte de sua face estranhamente perversa. Os dedos levam o cigarro à boca, a fumaça
o envolve, ele expele mais, formando uma nebulosidade densa enquanto me encara
incisivamente, com curiosidade. Fico tensa, a intuição alarmante, fazendo nascer um desconforto
amplo que acelera meu coração. Aproximo da porta, ele joga o cigarro no chão expelindo a
fumaça do último trago. O corpo me barra, topo com seu peitoral me desequilibrando, alinho
com rapidez a postura, me afastando para uma distância segura.
一 Posso saber seu nome garota? 一 A voz grossa causa o estremecimento do meu corpo,
de medo, mas limpo a garganta fingindo não me intimidar.
一 Não, não pode! 一 Prossigo obrigando minhas pernas a me obedecerem, tento passar,
mas o desconhecido segura meu braço com força, apertando-o firme.
Analisa grosseiramente o meu corpo, demonstra estar desvendando minha complexidade.
一 Rebelde, tem grana, porte e elegância. Agora entendo. Avisa para o meu amigo de
negócios Blake que estou na cidade, provavelmente ele dará mais atenção para você.
Obviamente. 一 reprimo um palavrão, não quero me exceder e prejudicar o Blake.
O homem se afasta, sorrindo, os passos pesados batendo com força no chão de concreto.
Estou intrigada, afinal, por que falar comigo? Não faz sentido.
一 Preciso de um nome! 一 Ele inclina o rosto, a visão novamente fixa em mim, com um
gesto marcante de bater os dedos no próprio punho contrário.
一 Avisa que o Del Rey chegou!
A porta de um carro logo à frente se abre, vidro blindado, cor preta, brilhante, parecendo
recém-polido. Ele entra, lança uma última piscadela, fechando a porta. Em segundos o veículo
desaparece nas ruas. Entro na loja confusa, a atitude foi misteriosa assim como a vida do Blake.
Entro no depósito encontrando o Loki desconfiado. A mão coçando a barba, o estalar da
língua indicando que temos problemas.
一 O que foi?
一 O Marchese está nos fodendo. 一 proclama.
Marchese é um dos nossos entregadores, trabalha nas sombras, cumpre as ordens
fielmente, até ontem, porque agora é um homem morto.
一 Onde ele está?
一 Acabou de chegar, mas com 20% a menos da grana e atrasou a entrega. Já está lá nos
fundos para decidir o que fará com ele.
Essa é a hora em que tenho que cuidar dos negócios, deixando tudo nos trilhos. Construí
um império em armamentos, negociando as trocas, comprando e vendendo armas. Nesse meio
existem vários filhos da puta, e o tratamento efetivo para os desleais é eliminá-los. No meu
território, sob o meu comando, não existem segundas chances, não quando se está sempre com a
vida de alguém nas mãos. Não tenho remorsos, nem pesadelos mais para me atormentar, nem
medos, nem cadeia de comando, eu faço o que quero e, regra é uma só, ou seguem a conduta que
exijo ou morrem.
Sigo até as celas na área externa. A adrenalina correndo em minhas veias, pulsando
desordem e excitação. Ninguém rouba de mim e sai vivo para contar a história, viram exemplos.
Essa é a parte feia, obscura, esse sou eu, o lado que não permito as pessoas “normais”
conhecerem. Atravessamos as paredes de pedras, mesmo durante o dia a luz não incide, fica na
penumbra. O cheiro de urina exalando forte, ardendo minhas narinas, sinto falta do whisky para
liberar meu instinto assassino. Paro em frente a cela, Marquese está esparramado no chão, as
roupas sujas, olhar de clemência. Não perdoo erros ou minoro castigos impostos a outrem, muito
menos o inverso. Diante de mim, não há misericórdia.
一 Então seu merda, onde está os 20%? 一 O corpo fraco se movimenta rastejando no
chão, mas põe-se de pé.
一 Blake por favor cara, eu juro que darei um jeito de recuperar.
一 Ah, vai? Qual é a lei para quem rouba do Senhor das Armas?
一 A morte! Não roubei, juro! 一 suplica juntando as mãos no ato de rezar.
一 Não adianta rezar, aqui você é só carne. Dimitri passa a faca!
一 Sim, senhor! 一 Ele abre a maleta de ferramentas passando os dedos no fio de corte,
testando, em seguida captura uma, e me entrega.
一 Onde está os 20%? 一 Giro-a em minha mão acertando o cabo em seu nariz.
Marquese grunhi, franzindo o cenho, em dor. Com o braço oposto acerto sua face,
golpeando com violência, cada soco deixa um hematoma, a pele ganhando cor, rubor, sangue.
Desço para o estômago, acerto no centro, desestruturando seu equilíbrio, ele quase cai, mas meus
homens o seguram de pé. Com a dor seus gritos tornam-se elevados e em algum momento
inclina-se para vomitar. Empunho a faca com firmeza e quando recupera o ritmo normal de
respiração encosto-a em seu anterrosto direito.
一 Você achou o quê? Que eu não iria colocar a mão na massa e acabar com você? 一 Os
olhos cheios d'água, a pele suada pela dor e nervosismo, querendo clamar, querendo uma chance,
mas não dou segundas chances.
Deslizo a faca em sua pele, sinto-a vibrar enquanto rasga, o sangue emerge escorrendo
enquanto grita, nesse mundo nós não podemos hesitar e nem ter medo da morte, e muito menos
de ser um ceifador de almas. Sujar as mãos me satisfaz, é preciso, ou você impõe respeito, ou
eles te derrubam.
一 Quem ajudou você a me roubar? 一 A voz trêmula, quase inaudível tenta falar
enquanto o olho direito força-se a abrir, sendo impedido pelo supercílio avolumado dos golpes.
一 Ninguém chefe. 一 Inclino a ponta da faca perfurando mais abaixo na barba, assisto
sua exaustão, torno a cortar descendo por seu pescoço, excisando com cuidado para não romper
uma veia ou artéria, na profundidade certa de causar tortura dolorosa e psicológica.
Travo o corte no peito, os grunhidos amenizam, o corpo rígido pela dor lancinante
suaviza e aflito ele chora. As lágrimas se misturando ao sangue. Sorrio. Deslizo os dedos nos
ferimentos, pressionando-os, rasgando mais as fibras musculares enquanto trêmulo perde as
forças estrutural.
一 Se ninguém te ajudou você não me serve mais vivo, é peso morto. 一 Dimitri entrega
a arma, ganho distância apontando para o seu peitoral.
一 Não meu Senhor, por favor chefe, não chefe! 一
Aperto o gatilho, as balas atingindo seu peitoral, pernas, braços, como música, os
respingos vermelhos do sangue pintando o chão, as paredes de pedra, os gritos ecoando de um
lado a outro, a expressão de dor que faz em cada bala perfurante até os joelhos baterem no chão.
Ninguém pode ousar roubar de mim, ele servirá como lição para quem tentar de novo. Os olhos
se apagam, o corpo colidindo no piso frio de concreto.
一 Descarta o corpo do jeito de sempre? 一 questiona Dimitri.
一 Tira uma foto e entrega para os caras, é bom lembrá-los do que acontece quando
roubam de mim. 一 Atiro novamente acertando a cabeça, o golpe final.
Retorno ao galpão, sem remorso, sem culpa, sem sentimentos, essa é minha vida.
CAPÍTULO 26

Entro no meu apartamento furioso, passei o dia todo pensativo. Antonella não ligou desde
que recusou o pedido de casamento, como pode agir com tanta frieza? Como foi capaz de me
dizer “não”? Será que estaria com o Blake? Não aceito perdê-la para um homem como ele, que
até dias atrás era o motivo de sua impaciência e náuseas. Era real a sua aversão, eu via o quanto
sentia repulsa, como todo esse sentimento se transformou em desejo? Não entendo e não aceito.
Preciso dar um único aviso a ele. Pego o celular, ligo, instantes depois ele atende, mas não
responde, apenas aguardando que eu fale.
一 Blake é o Peter. 一 Uma respiração profunda ressoa.
一 Aconteceu alguma coisa para você estar me ligando?
一 Sim, aconteceu!
一 Fala! Estou indo à casa da Pietra, então seja breve.
一 Quero você longe da Antonella, entendeu? Se não, acabo com você. 一 Ameaço, ele ri
alto, fico enraivecido.
一 Você é um bosta, acabará comigo como?
一 A Antonella será minha esposa e você não pode mais chegar perto dela, fiquei
sabendo da aventura de vocês.
一 Engraçado, ela não disse nada sobre casamento hoje de manhã quando acordamos para
trabalhar!
一 O quê? 一 Recuso-me a acreditar que passaram a noite juntos.
一 Tenho mais o que fazer, Peter, pelo jeito você não! Então arruma! 一 Blake desliga
enquanto uma avalanche de indignação, recusa, se apodera de mim.
Fui o primeiro namorado da Antonella e se ela pensa que viverá uma aventura com o
Blake escondido eu não deixarei. Não aceito ser trocado, tudo estava bem entre nós, e eles se
odiavam. O plano era comer a Pietra e depois voltar para o meu relacionamento normal. Claro
que pensei na possibilidade de termos novas experiências, mas ela é minha, sempre será. Não
dormirá ou ficará novamente no mesmo ambiente que aquele filho da puta. Pego a chave do
carro no aparador, saindo do apartamento em direção ao dela, terá que me ouvir.
Blake me ligou mais cedo dizendo que precisava falar comigo. Meu coração fica
acelerado ao ouvir as batidas ecoando na porta. Ele tem um jeito único de sinalizar que está aqui,
são sempre três sons seguidos, poderia usar o interfone, mas prefere avisar assim da sua chegada.
Idealizei muitas possibilidades de conversa, e penso que talvez tenha se arrependido de terminar.
Giro a maçaneta, sua presença reluz, meu corpo imediatamente amolece enquanto controlo a
euforia interna por vê-lo.
一 Oi Blake, entra!
一 Oi Pi, como você está? 一 Cautelosamente adentra, caminha na sala ampla sentando
no sofá retrátil de camurça branco.
一 Estou bem, por quê? 一 Vasculho sua face à procura de sinais, mas ele é uma
incógnita.
一 Olha Pi, vem, sente-se aqui para conversarmos. 一 aproximo-me sentando, confusa.
一 Olha, você falou para Antonella que está grávida de mim! 一 Arregalo os olhos, minha
garganta raspando, as mãos tornando-se suadas em aflição.
一 Como você ficou sabendo? Não acredito que ela te contou! 一 esbravejo.
一 Na verdade, acabei vendo sem querer, mas o importante é falarmos do nosso bebê. 一
Deixo as palavras saírem desordenadas, suplicantes por seu afeto.
一 Eu não posso Blake ter esse filho sozinha! Perdi minha mãe cedo, não sei se
conseguiria ser a mãe de alguém.
Uma névoa densa de recordações permeia ao meu redor, levando-me ao passado, na dor
de perdê-la após um AVC. Foi em uma tarde de domingo, almoçávamos juntos nos jardins de
casa, a mesa estava farta com diversos pratos diferentes, mamãe também era uma chefe de
cozinha, trabalhava com o papai em um dos nossos restaurantes.
Sorrimos, conversamos, um momento em família inesquecível até vê-la colocar a mão no
peito. O olhar tornou-se centrado, e suas palavras foram “minha cabeça está doendo”. Em
segundos demonstrou confusão mental, seguida de um desmaio. Passou cinco dias no hospital,
com metade do corpo paralisado, estava confusa, e horas antes de partir aparentava estar
melhorando. Após esse dia, papai nunca mais foi o mesmo, e eu também não.
A dor passou a comandar nossas ações, como se fôssemos dependentes. Ele vendeu todos
os restaurantes, abrindo um único, totalmente luxuoso. Passou toda a herança para mim, mas eu
não queria dinheiro, e sim a sua presença. Foram noites em que choramos separados, ao invés de
nos curarmos juntos. Os Spinelli’s se tornaram a minha segunda família, fiquei anos na casa
deles, voltando para a minha poucas vezes na semana. Meneio a cabeça retornando à atenção no
rosto do Blake.
Ele se aproxima me envolvendo em um abraço, a sensação de conforto me acalma porque
sei que essa criança nos unirá novamente.
一 Você não terá essa criança sozinha, estaremos juntos nessa, só quero que saiba que te
apoiarei, sempre. Estarmos separados como casal não muda nossas responsabilidades como pais.
一 Blake agora que teremos um filho, você poderia se abrir comigo, me contar do seu
trabalho, me entregar seu coração! 一 ele recua, os braços me soltam mudando a expressão de
compreensiva para neutra.
一 Pietra eu já tentei entregar meu coração, sabe, eu gosto de você, mas depois do que
aconteceu, confirmou a forma que via o nosso relacionamento. Minha vida é complicada, seria
ridículo demais da minha parte te trazer para ela sem pensar na sua segurança, com o bebê isso
piora um pouco mais. 一 Blake acaba de confessar que me respeita, mas não me ama o suficiente
para saber de tudo, machuca confirmar, e não entendo o que tem por trás de todo esse mistério.
一 Poderíamos apenas tentar de novo? Uma última vez? Tenho certeza que agora será
diferente! 一 argumento. Meu medo é que ele queira partilhar sua parte obscura com a Antonella,
e não acho justo.
一 Eu não quero Pietra, esse é o problema! 一 Blake levanta, caminhando até a porta.
一 Se a Antonella não quisesse mais você, voltaria comigo? 一 Inexpressivo me ignora.
一 Pietra marca a consulta com o médico, para acompanharmos o bebê, me avise do
horário, quero ir em todas. 一 O celular dele vibra, a sobrancelha se eleva em uma curvatura
impetuosa, franze o cenho adquirindo um ar enraivecido.
一 Está tudo bem?
一 Sim, tenho que ir, depois me manda uma mensagem avisando, tudo bem?
一 Claro, mando sim! 一 Ele dá de ombros saindo apressadamente.
Amanhã terei que fazer um teste, e marcarei a consulta para semana que vem. O Blake
acabará voltando comigo.
Envio uma mensagem para o Blake, com a correria do dia esqueci de avisar do homem
estranho que me abordou em frente à loja. Preparo o jantar, com o nervosismo dos últimos
acontecimentos o estômago dói massivamente, e opto por uma sopa de legumes. Quando
finalizo, o cheiro de especiarias alastra a cozinha, inspiro profundamente, relaxando o corpo,
expelindo a tensão em um espreguiçar, mas a campainha toca. Sigo até a porta principal e abro.
一 Antonella precisamos conversar! 一 Peter está furioso, conheço suas expressões
corporais, as mãos entrando e saindo dos bolsos frontais da calça, a fisionomia carrancuda e os
olhos avermelhados.
Respiro profundamente, faço um movimento com a mão o convidando para entrar.
Esqueci de avisar na recepção para ser informada de sua chegada, afinal, não somos mais
namorados. Mantenho a porta aberta, deduzo que será uma conversa rápida. Sigo até a cozinha
na intenção de apagar o fogo aceso. Ele me segue acompanhando com atenção tudo que faço.
一 Peter, se veio brigar comigo hoje, sinceramente não estou afim. 一 Ele se transforma,
a face torna-se sombria, o olhar penetrante fita-me com desprezo, nojo e estremeço quando
avança segurando os meus braços arrogantemente.
O toque comprime minha pele em uma sensação dolorosa enquanto meu coração acelera
de desespero.
一 Você está me machucando Peter!
一 Precisa parar de agir como uma vagabunda, você acha que eu não sei que o Blake
dormiu aqui? 一 ele cospe as palavras, as mãos prensando mais forte, fazendo a dor irradiar para
o antebraço e pescoço.
一 Peter, está me machucando! 一 exclamo assustada, enquanto me esforço para puxar os
braços, esquivando meu peito em uma tentativa falha porque embravecido constringe meu corpo.
一 Chega dessa palhaçada toda com o Blake. Marcaremos a data do nosso casamento sem
falta!
一 Eu não vou me casar com você! 一 Desata-me exasperado, levando as mãos ao meu
rosto, os dedos apossando-se do meu queixo, ao passo que força um beijo que faz meus nervos
tensionarem.
Oscilo em um balançar enfático de cabeça, negando, desesperada com sua insistência. A
língua rasteja ao redor dos meus lábios e impeço a passagem fechando-os com força. Estapeio
seu peitoral amplo, mas com minha resistência perde a razão e levanta a mão pronto para acertar
minha face. Minhas pernas amolecem de medo, mas uma sombra grande surge por trás dele.
一 Se você relar nela, eu te mato!
CAPÍTULO 27

Blake em um único golpe acerta violentamente a face do Peter, lançando-o ao chão. As


gotas de sangue vertem de sua boca sobre o piso de mármore.
一 Quero você fora daqui! Agora! Se olhar novamente para a Antonella, se ousar chegar
perto dela é um homem morto. 一 Blake acerta outro golpe, os hematomas ganhando cor, o
corpo desmanchando-se no chão, enfraquecido com a potência da força.
A aura ao redor do Blake é sombria. Indistinta. Continua sendo ele, mas antecede todo
entendimento, está sendo protetor, e por mais escabrosa que seja essa parte desconhecida, não
me aterroriza.
一 Você é louco de me bater? 一 Retruca Peter levando à mão ao corte do lábio inferior
tentando estancar o sangramento.
O rosto ruborizado, o suor de nervosismo escorrendo de seus cabelos castanhos pelas
laterais das têmporas. Toda a face se move em revolta, franzindo o nariz e a testa enquanto
mostra os dentes repletos de um vermelho vivo.
一 Vai embora! 一 avisa Blake. Minhas mãos trêmulas ganham uma temperatura gelada,
uma sensação de formigamento ascendem em minhas pernas fazendo-me levar a mão direita até
a ilha para manter o equilíbrio.
一 Quem você pensa que é Blake? 一 rebate cuspindo saliva e sangue ao falar 一 Quem
tem que ir embora é você! O que faz aqui? 一 Uma chama perversa queima no olhar do Blake
fazendo-o avançar sobre ele.
Os punhos fechados, manchados, acertam uma pancada após a outra, sem cessar,
portando ódio e brutalidade. Os grunhidos do Peter tornam-se gritos contidos, o cômodo parece
girar ao meu redor, a visão enturvecendo, o peito palpitando forte em agonia enquanto assisto à
luta corporal. Enfraquecida toco nas costas do Blake que trava.
一 Blake! Para por favor. 一 balbucio, em um fio de voz que forcei para sair.
Ele para, a mão no ar a milímetros da face direita. Peter se levanta com dificuldade, com
a mesma expressão e o olhar enfurecido.
一 É com esse monstro que você quer ficar? 一 questiona, e Blake o ataca com outra
porrada leve, Peter afasta-se, cambaleando. 一 Isso não ficará assim. 一 Com a mão no rosto
segue em direção à sala, partindo.
Perco as forças e esmoreço, Blake agarra-me pela cintura, relaxo encostando o rosto em
seu peitoral. As mãos percorrem as minhas costas pretendendo acalmar meus ânimos. Meus
olhos ainda esbugalhados, assustada, com toda confusão.
一 A última coisa que eu queria era ver essa expressão de assustada em seu rosto por
culpa minha.
Ele me abraça, fecho os olhos deixando que o apavoro passe. Acho que me sinto mais
assustada pela agressividade do Peter, nunca tinha me tratado assim antes. Blake afasta-me, os
olhos analisando os meus braços, os dedos contornando as marcas vermelhas que ficou pela
agressão do Peter.
一 A minha vontade é de matar aquele idiota, para nunca mais se quer olhar para você!
一 Toco o seu rosto, a expressão suaviza, os olhos se fechando enquanto respira profundamente.
一 Desculpa, você é a única pessoa no mundo que me desestrutura, eu farei de tudo para te
proteger, jamais deixarei alguém te machucar. 一 Beijo seus lábios quentes, seu corpo todo
parece pegar fogo, talvez devido ao nervosismo, ou pela conexão que trocamos.
Ele retribui o beijo intensamente, esquecendo qualquer coisa que aconteceu aqui. Com
cautela me sustenta em seus braços e procura pelo quarto. Deitamos juntos na cama, aconchego-
me no corpo dele. A atenção dele está voltada para a minha face, transitando por todos os
detalhes. Estamos errando ou não? Fico angustiada.
Penso na Pietra, na saudades que sinto dela, na dor de saber que não quer mais a minha
amizade, de que não consigo expulsar o Blake da minha vida.
一 Conversou com a Pietra? Ela está bem? Sinto falta dela.
一 Está sim, ainda aceitando nosso envolvimento.
一 Blake, obrigada por ter aparecido, não imaginei que fosse vê-lo aqui. Aconteceu algo?
一 Fiquei preocupado quando disse o nome do Del Rey. 一 A mandíbula contrai, ele
afaga meus cabelos, disfarçando a raiva ao falar o nome.
一 Por quê? Quem é ele?
一 Um homem que faz negócios comigo. Amanhã mesmo falarei com ele, é outro que
não quero perto de você.
一 Ele parecia bravo, disse que precisava da sua atenção para algo.
一 Apenas uma entrega que deu errado, mas resolvi o problema mais cedo. Aparecer na
sua loja não foi muito inteligente da parte dele.
Uma centelha de dúvidas cresce em minha mente. Analiso o azul penetrante de sua íris
desejando perguntar mais, gostaria de compreender seu trabalho, porque nunca está nas mídias
sendo de uma família renomada? Lembro-me que nem a Pietra estava ciente de tudo, é um
grande mistério, e com toda certeza não irá compartilhar tão facilmente comigo. Blake ergue a
sobrancelha esquerda, faíscas cintilando em suas pupilas dilatadas, a pele quente.
一 É só perguntar Ella! 一 sorrio, presa em uma atração mútua sufocante.
一 Não, não preciso perguntar, sei que quando confiar se abrirá comigo. 一 Blake segura
o meu rosto, sorrindo ironicamente e em seguida devora os meus lábios, ansiosamente subo por
cima dele, esticando meu corpo sobre o seu. Os beijos estendem-se pelo anterrosto, mordendo
meu queixo com suavidade.
一 Porra Antonella, você é tão doce, sabia que está me deixando vulnerável, me causando
muitos riscos? 一 murmuro sentindo seus dentes insistentes.
一 O risco é tão alto assim?
一 Custaria minha vida! 一 confessa enquanto esfrego-me sobre ele, apaixonada,
clamando por seus carinhos.
Após a visita do Blake minha cabeça deu um nó. Deito no sofá com vontade de chorar.
Desde que mamãe morreu tive a Antonella do meu lado, não me deixou dormir nenhuma noite
sozinha, todas às vezes que estava triste assistíamos filmes ou comíamos sorvete, qualquer coisa
que amenizasse a dor. Meu pai trabalhava o tempo todo e quase não o via. Quando conheci o
Blake, tirei dela a responsabilidade de me fazer feliz e querendo ou não depositei nele de uma
maneira muito forte. Ficar sem a nossa relação é um tremendo vazio que parece me engolir cada
vez mais. Comprarei o teste de gravidez, preciso confirmar a gestação para ser firme ao exigir
que quero uma família, só nossa.
Pego as chaves do carro, saio do apartamento seguindo até a farmácia a duas quadras de
distância. Enquanto dirijo meu celular começa a tocar. Olho para a tela, é uma ligação do Peter,
atendo na hora.
一 Pietra, está tudo bem? 一 A voz está diferente, abafada.
一 Sim, estou indo à farmácia! por quê?
一 Blake, aquele idiota me bateu, e está agora mesmo na casa da Antonella. 一 Uma
ligeira inquietação domina meu corpo.
一 O quê? bateu em você? Machucou muito? 一 ele arfa.
一 Como você acha que estou? Minha cara está horrorosa, me pergunto o que farei com
as fotos que tenho agendada.
一 Blake é um pouco estressado mesmo, mas por que ele te bateu?
一 Por que beijei a Antonella, só por isso, ele se acha o dono dela. 一 meu coração dói
一 O que fará na farmácia?
一 Estou grávida do Blake, preciso comprar um teste.
一 Grávida? Isso é perfeito! Compra o teste que estou indo no seu apartamento,
precisamos conversar.
一 Tudo bem, daqui 15 minutos chego.
Desligo e estaciono. Entro na farmácia e rapidamente compro o teste, ao sentar
novamente no banco inspiro profundamente com medo de confirmar o resultado, meneio a
cabeça dispersando os pensamentos inoportunos e retorno ao prédio residencial. Encontro o Peter
do lado de fora, o rosto extremamente desfigurado, mas evito dizer qualquer coisa e
apressadamente entramos no meu apartamento.
一 Caramba, ele destruiu seu rosto! 一 Deixo escapar, ele se aborrece.
一 Por que não me contou que está grávida?
一 Desculpe, aconteceu tudo tão rápido. Blake veio aqui hoje e conversamos sobre isso.
Farei o teste e já volto.
Ando até o banheiro, mas de soslaio vejo-o parar sobre o espelho decorativo da sala
analisando o rosto. Tranco a porta, pego o teste e faço, seguindo as instruções cuidadosamente,
insegura com o resultado que possa surgir. Enquanto espero, sou atormentada pelo meu próprio
corpo, sou condicionada a sempre me auto atacar. Mesmo não querendo um bebê, é necessário, o
Blake nunca dará uma nova chance se der negativo. Não aceito que eles fiquem juntos. Olho
aflita para o teste que marca finalmente o resultado.
“Negativo"
Um misto de felicidade e perda aflora os meus sentidos. Felicidade porque me sinto
despreparada e perda porque não terei o Blake. O quê? Meu Deus, falei para o Blake e para
Antonella que estou grávida! O que farei agora? Com que cara contarei que tudo não passou de
um engano? Saio do banheiro indignada, Peter atento gesticula com as mãos, esperando eu falar.
一 Deu negativo! Não sei nem como contar para eles.
一 Não acredito que deu negativo, era nossa chance de fazer eles terminarem! 一 Peter
fica pensativo, andando de um lado a outro na sala. 一 Já sei… 一 os dedos correndo no queixo,
demonstrando ter a solução perfeita. 一 O importante é você estar grávida.
一 Como assim? Não entendi, esse é o problema, eu não estou!
一 Simples Pietra, você engravida de mim e eles nunca saberão.
一 Você é louco? Acha que eles não vão desconfiar? É claro que vão, Blake é esperto.
一 Precisamos ser mais espertos, subornaremos um médico, sei lá, minha família conhece
vários de confiança. Não ficarei sem a Antonella. 一 Com passos lentos se aproxima e me beija.
Não me passa pela cabeça resistir, a verdade é que quero ficar com o Blake e tê-lo de
volta, e estou disposta, sim, a mentir. Ele desce as mãos pelo meu corpo erguendo minha saia.
Sua língua transpassa ao redor da minha em uma dança gostosa. Com cuidado toco seu rosto
para não machucá-lo querendo mais.
一 Onde fica o quarto? Terminemos logo com isso e depois daremos um jeito, mas para
todos, você está grávida do Blake, entendeu? 一 concordo.
Peter pega a minha mão e seguimos até o quarto. Poderia recusar, dizer que é errado, mas
eu também quero ficar com ele de novo. Estou carente, sozinha, dormir com ele será gostoso. E,
talvez no final, o plano dê certo.
CAPÍTULO 28

Blake Barbieri Lodge, odeio esse nome. Em um ano que havia saído do exército derrubou
todo mundo, era um maldito desertor, mas também um filho da puta inteligente que tem o
segredo de todos nas mãos. No entanto, sempre soube que esse dia chegaria, em que o
“Intocado” fosse ter uma fraqueza. Agora teremos uma maneira de atingi-lo. Bella, uma das
garotas que trabalham com o Blake é ambiciosa e não foi difícil persuadi-la. O preço da sua
traição será torná-la minha esposa quando ascender no lugar dele.
Meus trabalhos como traficante de drogas tem se consolidado na fronteira com o México,
por lá mantenho o controle do meu território. Com a proposta para agir contra o Senhor das
Armas me tornarei importante, claro que serei um peão, mas um filho da puta bem remunerado e
protegido.
一 Hoje fiz uma visita para a nova namoradinha do Blake. Tem certeza Bella que eles
estão em um relacionamento? Ou melhor, que ele se importa de verdade com essa? E a outra que
ele namorava?
一 Sim, tenho certeza, ouvi escondido ele conversando com o Loki, não sei exatamente
como aconteceu, mas largou da Pietra para ficar com a melhor amiga.
一 Blake não perde tempo mesmo, espero que aproveite enquanto o reinado ainda é dele.
Tudo está caminhando favoravelmente para a sua destruição.
一 Ele não pode descobrir minha traição, me mataria sem hesitar!
一 Não se preocupe, eu te protegerei. O meu sócio é poderoso e tem o apoio secreto do
governo, então minha querida, não tenha medo.
一 Como será o plano?
一 Ótimo! Preciso que ela se torne a fraqueza dele. Contra Blake não posso fazer nada,
mas a garota não terá a mesma sorte. No momento certo avisarei sobre o plano.
Estou enfurecido por saber que o Del Rey rondou a Antonella ontem. Existe o homem
que eu era antes de tê-la e o que sou agora. Uma linha distinta, e impregnada nela tem o meu
sangue, os fios elétricos do meu lado obscuro, e algo mais, porque sempre que fecho os olhos e a
escuridão se faz presente me lembro do seu rosto, do seu corpo, da textura de sua pele na minha.
Eu a amaria sem dúvidas até o fim dos tempos, só não quero perdê-la, mesmo que não mereça
essa graça pela minha podridão.
O desejo de possuí-la é semelhante ao que sinto quando ceifo uma vida, elucidação, não
há regresso, somente cabe dominá-lo, ela é minha e tenho pena de quem ousar tocá-la. E
justamente por isso, só existe uma certeza me pairando, é de que estou sendo traído e nesse caso
resolvo de forma simples, com a morte. Quando se trata da máfia não precisamos falar, todos
precisam saber o seu lugar, e quem não sabe, morre.
Adentro o galpão e Loki arqueia a sobrancelha, minha expressão é o suficiente para
entender que tem algo errado.
一 O que tá pegando?
一 Estou sendo traído!
一 Como você sabe?
一 Del Rey foi ver a Antonella e mandou me avisar que está na cidade.
一 Ele pode ter descoberto de outras formas.
一 Não Loki, não no nosso ramo, nada é de outra forma! Descobrirei quem é, e matarei!
一 Por falar nesse cretino, ele está no seu escritório, te esperando. Diz que como você não
foi até ele, veio aqui.
一 Ótimo, cadê minha arma?
一 O que você fará? Ele é importante nos negócios ao sul. 一 Ignoro, ele não desiste. 一
Precisa voltar a carregar essa arma com você, se está apaixonado ou se ama a Antonella ou ao
menos se importa com ela terá que contar a porra toda. Você nunca ficou grudado assim com
alguém. 一 ele me entrega impaciente. 一 Isso é uma fraqueza e só existem duas opções, ficar
longe dela ou contar de vez.
一 Entendi, velhinho! 一 Empunho a arma confirmando que está carregada, e destravo.
一 Vou até o escritório. 一 Sigo ensandecido, com a raiva corroendo minhas veias.
Invado o local, Del Rey está com um copo de whisky na mão próximo ao sofá de couro.
Bella e Dimitri aguardam com ele, e ao me verem recobrem a postura.
一 Finalmente nos encontramos! 一 diz irônico levando o copo à boca.
Aponto minha arma em sua direção, o semblante muda, tornando-se confuso e atiro no
seu braço esquerdo fazendo-o derrubar a bebida que se estilhaça no chão. O cheiro do álcool
percorre o ambiente, misturando-se com o aroma de ferrugem do sangue que flui, manchando
sua camisa social, invadindo minhas narinas. Inspiro mais, satisfeito.
一 Você ficou louco? 一 esbraveja.
Aproximo-me fechando os punhos, ele estremece com a frieza do meu olhar, paralisado
em medo, e aplico socos fortes em seu rosto. Um após o outro. Sinto a pele se contorcer a cada
contato, a vermelhidão colorindo-a intensamente.
一 Se você chegar perto da minha namorada de novo, o próximo tiro será na cabeça! Não
ouse olhar, nem falar com ela se quiser continuar enxergando ou tendo língua para conversar. O
tiro é um aviso formal, aceite, não gostaria de me ver sem paciência.
一 Eu só queria chamar sua atenção! 一 Rosseti, o conselheiro, corre para ajudá-lo
pressionando a ferida.
一 Chamou minha atenção demais, e eu não gosto. Está avisado, o próximo tiro é na
cabeça. 一 Del Rey disfarça, reprimindo o desejo de falar, mas por dentro está furioso, porém me
deve respeito ou será morto. 一 Os 20% foram recuperados, Marchese não será mais um
problema. Agora, pode ir embora, na próxima data marcada as armas chegam até você.
一 Ótimo! O que eu precisava é que você recuperasse o dinheiro.
一 Eu disse que pode ir embora. 一 Contrariado abandona o cômodo.
Bella inclina o rosto, correndo os olhos por todo ambiente, curiosa para perguntar
enquanto demonstra estar pensativa.
一 Posso te perguntar uma coisa, chefinho? Está namorando a Antonella? Não era a
garota que você odiava?
一 Bella se preocupe em fazer o seu serviço direito, para que eu não precise matar você
também. 一 Ela sai correndo assustada.
Avanço até o armário, servindo uma dose de whisky. Queria matar aquele filho da puta,
mas ainda não repassou o último carregamento, o que afetaria o tempo de entrega e a minha
credibilidade. Sento na poltrona, dando gole atrás de gole.
Droga, terei que contar para a Antonella sobre mim, com o que eu trabalho. Não tenho
andado armado nesses últimos dias para que ela não veja, e agora preciso mais do que nunca.
Provavelmente estou certo sobre o traidor.
UMA SEMANA DEPOIS…
Amanhece, o sol invadindo a janela aquece os nossos corpos. Blake dorme abraçado ao
meu corpo, e uma das pernas está por cima do meu quadril. Penso em mover os braços, e os
olhos dele se abrem rapidamente.
一 Eu nem me mexi e você já acordou? 一 Ele eleva o queixo sorrindo discretamente.
一 Durmo sempre com um olho aberto e outro fechado! 一 Os braços capturam-me
juntando nossos corpos.
Blake beija o meu rosto, roçando seguidamente o nariz até o pescoço. Aproximo os meus
lábios de seu peito, sentindo os filamentos de pelos dourados e a firmeza da carne ao beijá-lo.
Transpasso a língua na região enquanto sua mão direita se apodera dos meus cabelos. Queria
ficar em seus braços sentindo prazer o dia todo, mas o alarme dispara. Movimento as pernas
doloridas da nossa noite quente, lembrando de cada invasão, de cada beijo na madrugada. Blake
desestrutura os meus sentidos, tornando essa paixão não tão errada quanto a culpa.
Após um banho e café da manhã juntos, seguimos lado a lado pelas ruas. Nossas mãos
resvalam uma à outra, reprimindo o instinto de se entrelaçarem. A visita do homem misterioso
mexeu com ele, afinal, faz questão de me trazer até a loja todos os dias. Mesmo que não diga,
que não externe, ficou enfurecido, e a redoma secreta de sua vida parece ter um peso
significativo. Entramos na recepção, coloco o café do Bruce no balcão enquanto os braços do
Blake não conseguem me soltar. A boca estupidamente violenta me excita profundamente
enquanto se despede com um beijo lento e intenso.
一 Até mais tarde, Ella! Qualquer coisa me liga, entendeu? Caso o Peter ou qualquer
outro homem diferente se aproxime, dê apenas um toque, e em um minuto estarei aqui. 一 Beijo
seus lábios concordando.
一 Ligo sim. Não achei que eu fosse tão importante. 一 provoco, ele revida com uma
mordida no meu lábio inferior, murmuro.
一 Você é tudo que me importa… 一 Uma sensação efervescente aquece o meu coração,
sem calcular, movida pelos instintos, devoro seus lábios em um beijo calmo, transpassando
nossas línguas com veemência.
Quando nossos olhos se abrem e o beijo termina vislumbro uma sombra na lateral.
Inclino o rosto, é a Pietra, afasto-me do Blake instantaneamente, sem saber como agir.
一 Posso falar com você, Ella?
一 Claro, vamos até a minha sala. 一 Blake ignora meus trejeitos reprimidos e me abraça,
despedindo-se com um beijo rápido.
一 Vou indo! Até! 一 Ele fixa o olhar na Pietra antes de sair. 一 Oi Pietra, por favor, não
briguem à toa, eu escolhi estar com a Antonella, nada do que diga ou aconteça mudará isso. 一
Os olhos dela ficam marejados, Blake sai, os passos pesados afastando-se até desaparecer.
Pietra permanece em silêncio, engole em seco, as mãos se projetam até os cabelos
jogando-os para trás e caminho para o escritório, ela me segue. Não sei bem o que dizer sobre o
Blake, então fico em silêncio.
CAPÍTULO 29

Entro no escritório da Antonella, meu objetivo era pedir para se afastar do Blake, mas
encontrá-los se beijando só me mostrou que não importa o que eu faça, estão realmente
apaixonados. Ele fez questão de dizer sobre sua escolha. Percebo que perdi meu namorado e
minha melhor amiga. O plano do Peter não tem mais sentido, conheço o Blake o suficiente para
saber que nada fica entre o seu desejo, é determinado, decidido e não será enganado, mesmo que
eu quisesse.
Ficarei com o quê? Com um filho que não é de quem eu amo?
Estou lutando por uma batalha perdida. Antonella suspira, as mãos capturam as minhas e
puxo-as, me afastando. Conheço esse olhar, de que me ama, que está preocupada e não quer me
machucar, mas estou quebrada, ambas estamos, e dói ficarmos distantes uma da outra.
一 Eu queria antes de mais nada te pedir desculpa, Pietra. Jamais foi minha intenção que
acontecesse toda essa bagunça. Saiba que nunca irei interferir no que você e o Blake tem, ainda
mais com a questão do bebê, mas se você veio aqui brigar comigo, digo que é em vão. O que está
acontecendo é muito mais forte do que posso controlar, queria não ficar perto dele se isso te
fizesse feliz, mesmo doendo em mim, mas a verdade é que não consigo. Eu o quero tanto que
continuo te machucando e me ferindo ao tentar matar esses sentimentos. Independente de tudo
isso, sempre fui sua amiga, e quero que saiba que continuarei sendo. Pode não querer agora, mas
o dia que decidir passar por essa porta para me abraçar, chorar, conversar, estarei aqui.
Conheço Antonella há tantos anos, antes mesmo de pensar em conhecer o Blake e muito
menos o Peter. Ela é a pessoa mais próxima que tenho e considero como uma irmã. Ouvir suas
palavras me atingem de uma maneira que nunca imaginei. O Peter é um filho da puta
manipulador, me deixei levar pelos seus planos idiotas. Os olhos marejados, as lágrimas
escorrendo em seu rosto, eu a conheço, está destruída. Estamos. Corro até ela, abraçando-a com
força e choro desesperada por um colo, por um conforto.
Ela retribui, nossas emoções eclodindo em uma dor lacerante. Os braços me apertam, os
soluços incontidos escapando, as lágrimas ardendo, molhando nossas faces. Quero dizer muitas
coisas, que nutre raiva, que metade das coisas que disse não merecia ouvir, é como se eu pudesse
enxergar novamente, o quanto me deixei levar pelos meus medos.
一 Pietra, ainda somos amigas, não é porque tudo está uma bagunça que não pode contar
comigo! Jamais podemos deixar isso nos abalar, nossa amizade é tão forte, nos conhecemos há
tantos anos. Sempre cuidarei de você, esqueceu que sempre nos preocupamos uma com a outra?
一 Abaixo o rosto, revivendo tudo que falamos no passado, as minhas escolhas.
一 Preciso de um minuto… 一 ela assenti, afastando-se para me dar espaço.
Caminho até a janela, fixo a visão no céu azul, entre os infinitos arranha-céus que quase
são capazes de tampá-lo. Antonella sempre deixou minhas escolhas prevalecerem, opondo
muitas vezes as suas vontades, e também era assim com o Peter. Blake é o oposto de todos nós,
não é apegado, é independente de sentimentos, calculista e nunca escondeu que tinha bloqueio
em amar. Bastou um final de semana juntos para se apaixonarem, enquanto ao meu lado foram
três anos sem sucesso.
O desejo é de chorar, de brigar com o mundo por não ver o que imaginei dar certo, mas
nem sempre nossas vontades trazem benefícios. Tenho uma escolha, a mais importante de todas.
Ser verdadeira, aceitar que errei em não calcular os riscos, e manter minha amizade com a Ella
ou remoer dia após dia, esperando que os resultados tivessem sidos diferentes, o que me deixaria
deprimida e não mudaria em nada o passado ou o sentimento que nasceu no coração deles.
Inspiro profundamente, posso continuar sendo a Pietra dependente, que deposita nas
pessoas a minha felicidade, ou posso ser a responsável em como me sentir, em escolher a minha
felicidade e o meu próprio caminho. Dói, é sufocante, mas eu tenho o amor da minha amiga, e
todos erramos, mas o meu maior equívoco foi de nunca ter aceitado o fim. Poderia dizer que
existem infinitos homens no mundo que ela deveria ter escolhido, sem ser o Blake, para guardar
mais mágoa da Antonella, mas estaria sendo injusta, porque o amor nunca se tratou de escolha,
mas sim de conexão.
Pela primeira vez consigo identificar as consequências devastadoras da minha última
escolha. Levo a mão ao ventre, a maior escolha está aqui, parece errada, foi no impulso, mas pela
primeira vez não jogarei a responsabilidade em ninguém, assumirei o meu erro e farei dele um
acerto.
一 Você nunca mais falará comigo! 一 A expressão de dúvida domina seu rosto enquanto
nega enfaticamente.
一 Errei em sentir o que sinto pelo Blake, mas esse sentimento não altera o amor de irmã
que tenho por você. Não há motivos para eu não falar com você.
一 Talvez não tenho sido sincera, confesso que tinha sentimentos pelo Peter antes da
troca, que sempre desejei encontrar um namorado como ele, e queria que o Blake me tratasse da
mesma forma que ele cuidava de você. 一 Os olhos dela se arregalam.
As emoções extravasam. Por mais difícil que tenha sido ouvir suas ofensas, a amo tanto
que não consigo estar magoada, ou tornar o que foi dito em um empecilho para nos
aproximarmos. Sinto falta da minha amiga. Pietra confessa que tinha desejos reprimidos pelo
Peter, uma sensação estranha domina o meu peito. Inflo os pulmões, levo os polegares às
têmporas massageando. Poderia dizer que a revelação causa revolta, mas não, sinto alívio por
não estar mais com ele, pena ter demorado a enxergar seu mau-caratismo.
Não julgo a Pietra por ter idealizado um namorado usando-o como exemplo. Realmente
achava que ele era bom, na frente de todos tinha um comportamento extremamente carinhoso e
na cama ultrapassava os limites, era agressivo e abusivo.
一 Peter era péssimo, o sexo horrível. Pi, eu não entendia que era ruim porque nunca
havia tido outra experiência. Ele forçava as coisas, hoje entendo que se aproveitava de mim.
一 Peter me confessou no final de semana da troca de casais que sempre quis dormir
comigo. Deveria ter te contado, principalmente quando ele te pediu em casamento. Tinha certeza
que não falaríamos mais porque sou uma péssima amiga, deixei a raiva ficar acima da nossa
amizade, de todos os anos que passamos juntas. Eu estava planejando fazer algo horrível! 一
Minhas vistas ficam turvas, e o coração acelera.
一 O que você ia fazer? 一 balbucio aflita.
一 Peter é pior do você imagina, e eu deveria ter falado isso para você. Fiquei cega de
ódio, por me sentir abandonada e quando cheguei aqui imaginei que você fosse me tratar mal,
mas pelo contrário, você me acolheu, como sempre fez! 一 ela suspira, as mãos gesticulando no
ar, com o nervosismo de revelar algo que só pelo olhar sei que me deixará péssima, e tento
amenizar falando por cima dela.
一 O Peter anda fora de controle, eu nunca o vi assim antes, me segurou com tanta força
que me machucou. 一 Elevo os braços mostrando os hematomas ainda arroxeados nos bíceps. 一
Se não fosse o Blake chegar, confesso que não sei o que ele teria feito!
一 Foi por isso que Blake o agrediu? Ele mentiu, dizendo que foi porque te beijou.
一 Sim, me beijou a força e estava me machucando, foi agressivo, levantou a mão para
me bater, e Blake chegou na hora.
一 Peter é pior do que eu imaginava. 一 Pietra deixa os ombros caírem, o semblante
abatido e triste. 一 Preciso dizer de uma vez. Sinto muito. 一 As mãos se entrelaçam à frente do
corpo. 一 Queria te pedir desculpa porque descobri há alguns dias que não estou grávida.
一 Não está grávida? Como assim? 一 Levo à mão ao coração, perplexa.
一 Fiz o teste e deu negativo. O Peter foi em casa e disse que não poderíamos perder a
oportunidade de separar vocês. 一 a voz falha, pausa para respirar e continua 一 Ele falou que
me engravidaria e daríamos um jeito de enganar vocês.
一 O quê? 一 digo incrédula, com uma dor aguda atingindo o meu coração.
一 O pior que eu não discordei e dormimos juntos de novo, ele gozou dentro de mim,
pode ser que eu realmente fique grávida.
Perco a voz, minhas pernas fraquejando com o impacto do choque. Sento na poltrona,
desmanchando o corpo no encosto macio. Elevo a cabeça relaxando os músculos enquanto fecho
os olhos para assimilar a informação absurda. Todos os meus instintos furiosos, como fiquei oito
anos da minha vida com um homem desprezível? Como deixei que noite após noite dormisse ao
meu lado?
一 Isso é um absurdo, propor uma nojeira dessas, é pior do que imaginei! Quando foi
isso? 一 Abro os olhos, vendo-a cobrir o rosto com as mãos.
As pálpebras inchadas do choro, o rosto ruborizado e as mãos trêmulas.
一 Já faz alguns dias. Depois disso tudo você não quer mais a minha amizade, certo?
Sinto muito, fui longe demais. 一 engulo o choro, a sensação de indignação, mexida com a sua
tristeza.
一 O quê? Pietra, pelo amor de Deus! 一 Levanto, aproximo dela abraçando-a forte.
一 Me sinto magoada, sim, descobrir algo tão perverso é doloroso, mas no final você me
contou! Só precisamos tomar cuidado, o Peter é mais louco do que pensei. Parece que nunca
conheci ele de verdade. Usar um bebê inocente para manipular pessoas, é doentio.
一 Pelo jeito nenhum de nós o conhecia realmente. O problema é que agora decidi uma
coisa, não tomarei nada e se eu estiver grávida terei essa criança!
一 Eu entendo, o bebê não tem culpa de nada.
一 Não, a culpa é minha que cogitei e aceitei isso. Sinto vergonha. 一 Aperto-a em meu
corpo, ela relaxa.
一 Blake disse que você estava com medo, não tenha, no que precisar estaremos aqui
para te apoiar.
一 Preciso de um amor verdadeiro, Ella, com um filho nunca mais me sentirei sozinha. 一
Pietra está frágil, e totalmente abalada com os últimos acontecimentos.
Um misto de culpa e dor atinge o meu coração.
一 Lembre-se do que sempre te disse desde o dia que nos conhecemos. 一 ela sorri
enquanto aliso seus cabelos encaracolados longos.
一 Nunca esqueci, “eu sou forte, e nunca estarei sozinha, porque agora eu tenho uma
irmã”. 一 As lágrimas escorrem de seus olhos, ficamos em silêncio, deixando que nossos ânimos
se acalmem.
Passamos minutos assim, tentando recuperar nossa conexão. Por mais difícil que seja, as
memórias, as risadas, as horas que dividimos, as nossas tristezas e alegrias nos conduzem ao
esquecimento. Por mais que pareça inconsertável, mesmo com os estilhaços de angústia
espalhados ao redor, conseguimos respirar aliviadas.
一 Contarei para o Blake, o Peter não vai nos manipular mais.
一 Não podemos contar para ele, mataria o Peter. 一 diz receosa.
一 Blake jamais seria capaz de matar alguém, por mais seco, arrogante, não acho que seja
mau a esse ponto.
一 Antonella, ele nervoso perde totalmente a paciência! Acho melhor falar com cuidado e
gradualmente.
一 Eu confio no Blake! 一 Sua expressão suaviza.
一 Tudo bem, pode contar, mas diz para não resolver nada nervoso! 一 Pietra encara o
relógio de pulso franzindo o nariz, negando com a cabeça.
一 Droga, deu meu horário, preciso ir. 一 Ela me abraça e desde a troca de casais não
conversávamos mais direito. Saber que podemos passar por isso me deixa feliz.
一 Pi, se Peter ligar ou tentar se aproximar não deixe de avisar o Blake. Não hesitaremos
em te ajudar ou de assustar aquele manipulador. Por favor, não fale mais com ele, tentará te
encher de ideias mirabolantes, usará das suas fraquezas, assim como fez comigo para aceitar a
troca de casais. Um jogo sujo. 一 ela concorda, um pouco mexida com minha fala, não sei ao
certo porque, mas jamais cairemos nas artimanhas dele.
CAPÍTULO 30

Admiro o vestido da minha cliente Anna, pronto, todos os detalhes brilhantes, a alta
costura dupla com fio prateado trazendo luxuosidade para a peça, inspiro orgulhosa. Passei
muitas horas presa nesse projeto, tentando escapar da tristeza que sentia. Guardo todos os tecidos
e os desenhos na pasta de couro sob a mesa, confiro em seguida o relógio, notando que perdi a
noção do tempo. Tranco a loja seguindo para o apartamento. Após um banho longo revivendo as
confissões da Pietra deito no sofá. A imagem do Peter constantemente dominando minha mente,
enquanto em meu peito continuo remoendo as mentiras, o plano sórdido.
Instantes depois alguém aperta o interfone, sorrio, porque é o Blake. Sobressalto e abro a
porta, vendo-o de cabelos molhados, camisa larga esportiva preta e calça jeans. Extremamente
atraente, disparando o meu coração.
一 Boa noite, minha princesa safada. 一 Pulo em seus braços, procurando sua boca.
一 Boa noite Blake. 一 Beijo-o, sentindo o gosto de álcool, o cheiro inebriante de
masculinidade e o aperto dos nossos corpos enquanto nossas línguas se devoram.
Quando afastamos os rostos permanecemos conectados, recebo o calor do seu corpo, o
desejo lascivo impregnado no meio sorriso sedutor e principalmente no olhar fixo ao meu.
一 Blake… 一 ele sorri, analisando minha boca roçar na sua, querendo mais. 一 Estava
com raiva por sentir saudades de você.
一 Estava com saudades é? Do que exatamente? De te beijar assim? 一 Os lábios
carnudos transpassam nos meus, a língua circulando a minha, seguindo até o arco do cúpido. 一
Ou estava sentindo falta das minhas mãos te pagarem assim? 一 Com um jogo bruto agarra
minha bunda, apalpando-a enquanto eleva meu corpo esfregando nossas partes íntimas, ofego. 一
Talvez também estivesse com saudades do meu pau te comendo… 一 Sinto-o esticar,
pressionando minha calcinha enquanto gira nossos corpos, prensando minhas costas na parede.
Ele abre o zíper da calça expondo o pau para fora.
一 Ah, de tudo isso, eu quero você o tempo todo. 一 provoco, e a mão esquerda me
sustenta enquanto a direita retira as peças de roupa inferiores do meu corpo.
Ansioso penetra sua ereção em minha boceta, arfando a cada centímetro mais fundo. Suas
mãos capturam as minhas lançando-as na parede, mantendo meus braços abertos. Permaneço fixa
em seu corpo equilibrada por seu quadril que se move em um ritmo cauteloso, provando tudo,
deixando brasa e fogo em cada golpeada lenta. Alucinada agarro sua camisa, tirando-a, sentindo
sua pele quente e a curvatura dos músculos proeminentes, que ganham gotículas de suor.
一 Pensei em você o dia todo, meu açúcar, quase fui obrigado a comprar aquele maldito
doce só para me masturbar lembrando dos seus mamilos, da sua boceta. 一 Suas palavras me
excitam e nos beijamos loucamente.
Os dentes perpassando, mordiscando meus lábios, descendo em seguida pelo meu
pescoço. Blake me segura e leva em seu colo até a cozinha deitando-me na mesa de vidro.
Desesperado arranca a roupa dos nossos corpos, ficamos nus, em uma admiração violenta. O
tronco vem ao encontro do meu, desmancho-me na superfície fria, ao passo que sua boca suga
minha pele, descendo por entre os seios, ofegando, indo em direção ao mamilo direito.
一 Estou fazendo risoto.
一 E qual é a sobremesa?
一 A sobremesa sou eu.
Os dentes prensam meu mamilo, murmuro em um misto de dor e prazer. Blake passa a
língua na auréola, amenizando a pele sensível, meu coração acelera.
一 Não pensaria em uma sobremesa melhor, é a mais gostosa que já provei. Posso comê-
la todo dia?
一 Só se você prometer saboreá-la com bastante apetite. 一 ele sorri, o hálito quente
desmancha na pele, enrijecendo meu mamilo.
一 Eu prometo!
Suas mãos apertam os meus seios sem o menor pudor, juntando-os enquanto movimenta
o rosto passando os lábios nos dois, em seguida mordiscando, levando-me ao precipício. Minha
boceta contrai, umedecendo de desejo, a glande do seu pau robusto instigando em um jogo de
provocação quente, querendo me invadir, mas protelando, seguindo ao meu clitóris friccionando-
o. Adoro ter suas mãos em minha pele, aumentando ainda mais essa chama ardente dentro de
mim. O prazer eclode em meu peito, seguro seu quadril pedindo que me invada, Blake obedece,
cravando seu pau bem fundo, em um jogo bruto. Minha respiração intensifica, abro as pernas
deixando-o livre para me ter, e ele faz, com o olhar midriático no meu rosto, assistindo os
gemidos escapando de minha boca.
A sensação de tremor domina as pernas, me falta o ar, e suas mãos grandes passeiam no
meu corpo, beliscando minha pele, enquanto mantém o ritmo, bombeando gradualmente. O
impacto faz o vidro vibrar, tornar-se molhado com o suor escapando do meu corpo e deslizo
seguindo o ritmo do seu quadril a cada entrada nova. Os dedos do Blake dedilham em meu
abdômen descendo pausadamente parando em meu clitóris entumecido. Ele sorri, sibilo, faz
movimentos graduais, acaricia, suave, e minha boca seca, o calafrio transpassando o meu corpo,
consolidando os desejos, fazendo-me choramingar.
一 Isso, minha safada, goza no meu pau… 一 espalmo o vidro, alucinada, a sensação é
corrosiva, a ponto de quase me desmanchar em lágrimas e sorrisos.
一 Goza comigo, eu, ah Blake, estou apaixonada por você… 一 o olhar escurece,
dilatando-se, a postura ganhando uma rigidez feroz levando-o a loucura. Fomentando seu apetite
por mim, pela nossa conexão exacerbada. Seu quadril se projeta em minha boceta violentamente,
o pau deslizando justo em minhas paredes, deixando um rastro de queimação a cada golpe. As
pernas dele retraem, a ereção dura roubando o resto da minha sanidade. Sinto-me colapsado, as
coxas formigando, as dores no peito se expandindo em uma explosão dupla. Um gemido me
escapa, Blake murmura, preenchendo minha virilha com seu gozo enquanto os dedos flamejantes
no meu clitóris mantém o meu corpo em um transe desonesto, pulsando emoções.
Seu corpo cai por cima do meu, nossas respirações ofegantes, as forças perdidas, restando
apenas o relaxamento. Blake sorri contra o meu queixo, aproveitando nossa proximidade para
cheirar meu pescoço.
一 Matei um pouco da saudade que sentia, mas só um pouco. 一 sorrimos.
Blake levanta puxando-me junto a ele, pega um guardanapo de papel limpando o meu
corpo, quando termina abraço-o por alguns segundos não querendo perder esse sentimento
amistoso, mas preciso contar tudo, principalmente que não será pai. Recolho o pijama do chão
vestindo-o novamente enquanto ele faz o mesmo.
一 Ella, o que aconteceu? Não queria tocar no nome desse cara, mas o que o Peter fez
agora? 一 Blake vestido arruma os cabelos, jogando-os para trás enquanto termino de vestir a
blusa.
一 Pietra me contou algo horrível hoje. 一 Ele recosta na ilha, lavo as mãos pegando os
pratos de porcelana no armário para nos servir do jantar.
A atenção dele está em cada movimento que faço, mas logo se aproxima lavando também
as mãos esperando que eu fale.
一 A Pietra não está grávida! 一 As mãos paralisam embaixo da água corrente, a testa
franzida, em uma espécie de confusão.
一 Não está grávida? Como assim?
一 Não está, ela fez o teste e deu negativo, e também disse que o Peter sempre desejou
dormir com ela, descobriu no final de semana da troca. 一 ele seca as mãos inexpressivo.
一 Que a Pietra não está grávida é uma surpresa, quanto a ele desejá-la, não. Sempre
desconfiei e ficou evidente no dia do swing. Esse Peter é um filho da puta disfarçado de bom
moço. 一 Aproximo-me dele.
Blake captura minha cintura sentando-me sobre a ilha, invadindo o meio das minhas
pernas com o quadril enquanto envolve minha cintura.
一 O pior de tudo é que quando o Peter descobriu que a Pietra não estava grávida, teve a
brilhante ideia de engravidá-la só para nos separar. Dormiram juntos, e sinto nojo por querer usar
um bebê inocente para nos enganar.
一 Matarei aquele filho da puta. 一 Engulo em seco tocando o seu rosto, os olhos se
fecham e abrem rapidamente, mostrando os dentes irritado.
一 Blake, você não matará ninguém. Não diga isso, você não mata pessoas, para de falar
uma coisa dessas! 一 Blake inspira fundo, se afastando.
Percorrendo o ambiente amplo até parar rente os painéis de vidro, a luz noturna da cidade
se infiltra em seu rosto, os olhos azuis cintilam exasperados, demonstrando cansaço, não físico,
mas mental. Blake quer dizer algo, a boca se abre procurando as palavras, e meu nervosismo
aflora. Sei que toda essa bagunça mexe com os ânimos, está exaltado, mas dizer que matará o
Peter é somente pela raiva passageira, e eu compreendo. Ele retorna, parando em minha frente,
segura o meu rosto com as duas mãos encostando suavemente nossos lábios.
一 Preciso te contar uma coisa. 一 A campainha toca, os ombros dele caem.
Escapo de seus braços seguindo em direção à porta, não há sentido para a recepção não
me avisar de novas visitas. Abro-a, paraliso, meu coração congela quando visualizo duas armas
apontadas para o meu corpo. São dois policiais e uma grande incógnita. Elevo os braços,
assustada, minhas pernas fraquejam, mas mantenho a respiração suave em uma tentativa de não
desabar.
一 Antonella Spinelli, você está presa por tráfico de drogas! Tudo o que disser pode e
será usado contra você no tribunal, mãos para trás, vire de costas. Rápido! 一 Não me movo, os
batimentos acelerados doendo o meu peito.
一 O quê? Vocês estão loucos?
一 Desacato a autoridade? Mãos para trás, você está presa!
CAPÍTULO 31

As palavras reverberam nas paredes espessas de minha mente, tentando induzir uma
reação, mas ela não sobrevém. Minhas mãos tornam-se trêmulas, espalmo à frente do corpo
enquanto nego veemente com um balançar de cabeça.
一 Deve ser algum engano! 一 esbraveja Blake, a voz grave sai tenebrosa, fazendo-os
avançar sobre nós.
一 Para trás ou atiro em vocês! 一 avisa o policial mais alto, de cabelos castanhos, olhar
feroz.
一 Calma Blake, deve ser um erro, eu vou com eles, ficará tudo bem. 一 Encaro-o, os
olhos avermelhados, em um misto de fúria e lágrimas enquanto a face torna-se perversa.
Os policiais me algemam e pela primeira vez meu mundo desaba. Blake tenta se
aproximar, mas o segundo policial mantém a arma apontada para ele. Meu coração está partido,
o medo desencadeando uma onda de desespero porque não consigo controlar as lágrimas, nem os
soluços. Seus olhos são fogo vivo, mas se petrifica assistindo o meu descontrole.
Em uma tentativa falha de se acalmar, inspira profundamente, mas solta um rugido de
raiva enquanto o homem me arrasta para fora. A minha visão está adulterada pelo pavor, os
pulsos doem pelo aperto intenso da algema e o desejo de gritar fica preso na garganta.
Quero falar, mas não tenho voz, apenas murmuro.
一 Blake… 一 Arrogantemente me jogam dentro do elevador, topando minhas costas no
aço frio e Blake impede as portas de se fecharem, segurando com os braços fortes.
一 Não se preocupe, meu amor, quem tocar em você morrerá. 一 Suas palavras deveriam
gerar algum tipo de reação nos policiais, mas fingem não ouvir. 一 Não tenha medo, resolverei
tudo.
LEMBRANÇAS
6 ANOS ANTES…
Quando entrei para o exército estava empolgado em começar a servir e ter um propósito
tão nobre na vida. Meu desejo sempre foi de me manter no fronte, em lutar, mas o que mais
gostava era de comandar. Após 11 anos de dedicação, finalmente fui nomeado como maior
Sargento do Exército (E-9). Junto com essa farda vieram decisões, ordens pesadas e também
minha destruição. Você se torna um escravo do sistema e ele passa a te comandar. Eu já não
tinha mais escolha, nem mesmo no âmbito pessoal, era obrigado a ser corrupto, a fazer coisas
ilegais, conduzir esquemas e mais esquemas. Segredos de Estado, algo que aos olhos civis não
existe.
Era uma terça de fevereiro, meus companheiros e amigos confiáveis, cada um em seu
respectivo posto, mas fora de tudo estávamos juntos. O sangue escorria no lado esquerdo da
minha face, as mãos ainda vibrantes dos intensos disparos de armas de fogo.
一 Porra, não dá mais para mim. 一 afirmei levando a toalha de rosto até o ferimento, no
topo da cabeça.
Rico Mandolini, outro Sargento, servindo há mais tempo, um dos únicos que posso
confiar, além de seu meio-irmão de sangue Ricardo, e o Will Turner, especialista em guerra. O
nosso grupo chamava-se “Clube do Whisky”, e nos encontros bebíamos, em lamentos, como
mortos em túmulos, quase sem vida.
一 Você sabe de muita merda que acontece aqui, você acha que eles deixarão você sair?
一 diz Rico jogando a garrafa de bebida em minha direção.
一 Uma vez no posto, você morre aqui! 一 relembra Ricardo, o único que se manteria na
linha, era metódico, sempre cumprindo tudo, sem questionar.
一 Então precisarei ser maior que tudo isso!
一 Você está brincando com fogo Blake. 一 avisou Rico dando de ombros antes de cair
no sofá velho da sala escura.
一 Eu sei, mas eu não tenho escolha. Entre fazer merda para o governo e ainda ser pau-
mandado, prefiro fazer merda por mim mesmo e ser o chefe. 一 Will arqueou a sobrancelha, a
mão coçava a barba longa, o seu jeito claro de discordar, mas era um risco, minha impulsividade
não estava preocupada com os danos.
一 Você sabe que precisará de contatos. 一 avisa ele.
一 O que preciso é descobrir segredos e com eles subir até onde ninguém possa me
atingir. 一 Will sorri, conhecendo-o não há dúvidas que ao desertar não contarei mais com ele.
一 Provavelmente perderá sua alma no processo, certo? Caçaremos você, é porra, se
esconda bem, dentro do meu uniforme não tem espaço para nossa amizade, mas o respeito
sempre existirá.
一 Não me importo em perder a alma, farei o que for necessário! 一 Ricardo negou, os
olhos azuis apavorados por saber que não era um blefe.
Essas palavras marcaram minha vida para sempre. E se soubesse o efeito que causariam
em mim, jamais as teria dito. Fazer o necessário pode custar a morte de quem você mais ama.
Sou tudo que almejei, mas perdi minha mãe, perdi a alma, todavia não aceitarei perder a mulher
que está fixada em minha pele como uma tatuagem, impregnada em minha mente ao abrir e
fechar os olhos. Antonella agora faz parte do meu corpo, porque mantém meu coração batendo.

Pela primeira vez levei uma rasteira da vida. A adrenalina que corre por entre minhas
veias, o ranger dos meus dentes pela mandíbula tensa, a queimação ascendendo e espalhando-se
por todo o meu peito é um sinal de alerta para a fúria que não guardarei dentro de mim.
Antonella sai algemada com o olhar em um misto de pavor e desolação. Imaginá-la atrás das
grades de ferro, com pessoas podres, e os riscos que viverá, traz uma espécie de dor, que é
desconhecida, porque preciso protegê-la. Meu mundo acaba de ser destruído por ver a única
pessoa que amo, sim, me dou conta de que a amo, porque parte de mim se petrificou, sendo presa
injustamente e provavelmente por culpa minha. É a pior sensação. Esse sempre foi o meu medo
ao sentir a porra do amor, ela se tornou um alvo, a bomba perfeita para me deixar em pedaços.

SEIS HORAS DEPOIS!


Amanheceu, meus pés estão cravados na calçada, em frente a delegacia, ansiando atirar
em tudo, mas é isso que os meus inimigos querem, o meu lado impulsivo, no entanto, entregarei
a eles o meu pior, o meu lado perverso. Antonella foi presa acusada de tráfico de drogas, algum
filho da puta deixou toneladas em sua loja, colocada de forma pensada para fodê-la e me levar
junto. Para eles é apenas uma civil, há mais para morrer enquanto tentam me apagar. Para mim,
no entanto, o início de uma guerra e, particularmente, adoro queimar corpos. Fecho os punhos, a
respiração ruidosa, os músculos rígidos. Pego meu celular e ligo para o único cara capaz de
burlar o sistema e salvá-la, Will Turner, hoje, General.
Alguns toques depois ele atende a ligação.
一 Não é só porque você é o intocado, que tenho que fazer favores para você!
一 Você me deve Will, ou já esqueceu que um dia salvei sua vida? Quero você aqui na
capital ainda hoje! Seja rápido!
一 Droga, esse é o último favor que faço para você! Não trabalho com mafiosos, quando
saiu deixei bem claro minha posição.
一 Engraçado, o Governo trabalha com mafiosos, então, automaticamente, você também
Will! Eu já disse, seja rápido! 一 Desligo com o olhar fixo nas paredes de concreto da delegacia,
com todos os passos já montados em minha mente perturbada.
CAPÍTULO 32

Não é difícil calcular os próximos passos do filho da puta que fez isso, as cartas foram
lançadas. Del Rey é o homem, a mando de quem? Ainda descobrirei. Talvez planeje agora atacar
meu território, matar todos, já sabia que estava sendo traído, mas pelo nível de ousadia garanto
que alguém do governo está envolvido. Poderia ficar aqui esperando na frente da delegacia, mas
não me deixarão falar com a Antonella enquanto estiver sob custódia.
Provavelmente vão interrogá-la para tentar descobrir o restante das drogas que
obviamente não é minha. Não trabalho com drogas e nunca trabalhei. Essa sensação de ser
dominado e de ter a mente escravizada por algo nunca me atraiu. Meu negócio é vender armas e
financiar a guerra, e os grandes poderosos. Agora, se eles morrerão por alguma das minhas
armas, por alguma maldita bala feita por mim, aí já é problema deles. Não posso controlar todas
as variáveis, mas controlo para quem vender e quando vender.
Meu coração fica apertado em imaginar como a Antonella está se sentindo perdida e
totalmente no escuro. Os policiais chegaram no momento em que revelaria sobre essa parte da
minha vida, e pela primeira vez estava com medo de como reagiria. Estamos presos em uma teia
da paixão complexa, onde não existe escapatória, apenas ficamos mais envolvidos e atados. Meu
objetivo principal agora é sua proteção, por isso liguei para o Will.
Após sair do exército o contato foi mínimo, ele se mantém no lado iluminado da força.
Pego o celular e ligo para o Loki.
一 Diga!
一 Comecem a se mover naquele esquema de sempre, vocês têm 10 minutos, e antes de
sair, prenda a Bella. Preciso ter uma conversinha com ela.
一 Não se preocupe, sairemos em cinco minutos. 一 desligo.
Del Rey acha que cairei na armadilha dele, e não poderia estar mais enganado. Irei
imediatamente para a sua casa de armas e mostrarei como se faz.
Aqueço meu próprio corpo transpassando as mãos nos braços, a noite na cela foi fria, as
paredes úmidas, o silêncio pertinente trouxeram a sensação de estar no fundo de um poço. Não
conseguia respirar, a cabeça latejante e a imagem dos meus pais decepcionados distorcia os meus
pensamentos. Mal dormi, e a claridade que atravessa agora a pequena janela da sala de
interrogatório faz meus olhos arderem. O ambiente se assemelha a um cubículo, analiso
entristecida a porta de aço que me prende e me afasta do mundo e das pessoas.
É claro que é um engano, isso não faz sentido. Será que meus pais já sabem? Devem
estar surtando.
A porta se abre e um homem elegante em um terno preto se aproxima, sentando-se em
minha frente. O policial ao seu lado o apresenta.
一 Antonella Spinelli, o detetive Thompson falará com você.
O homem segura os meus pulsos, conferindo as algemas, aperta mais, murmuro de dor.
Ele rouba minha atenção quando aplica um tapa forte sob a mesa de alumínio, um som alto ecoa,
sobressalto de susto, arregalando os olhos. O coração palpita em meu peito e engulo em seco.
一 Onde está o restante das drogas? Esconder duas toneladas de cocaína em uma loja de
roupas foi a sua menor jogada, eu aposto! Quem diria que uma Spinelli se envolveria com o
tráfico? Ninguém. Quero saber para quem você fornecia, e como exatamente passou
despercebida por tanto tempo?
一 Drogas? 一 balbucio limpando a voz, recobrindo o controle emocional. 一 Eu não
trabalho com drogas detetive, deve ser algum engano, sou apenas uma administradora de uma
loja de roupas de marca. 一 Ele torna a bater na mesa, pisco os olhos mais rápido.
一 Você falará, querendo ou não. Amanhã será encaminhada para a prisão feminina.
Veremos se continuará negando, aposto que era implorar por um acordo de confissão, e entregará
o que queremos.
一 Prisão feminina? 一 um calafrio sopra em meus estômago, a fome desaparece restando
apenas o medo. 一 Mas isso é um absurdo, eu não fiz nada! Eu juro! Não podem me enviar para
a cadeia sem um advogado. Por favor, você tem que acreditar em mim, estão me confundindo!
一 A risada irônica ressoa, o olhar fixo ao meu.
一 Garota, no seu caso não adiantará em nada um advogado, quem pediu sua prisão,
quem assinou, está acima da lei. Não importa o que você faça, em poucas horas estará na
penitenciária e mofará lá dentro. Quem está tentando me confundir nisso tudo é você Spinelli,
acha que por ter renome se livrará fácil? 一 As lágrimas se formam, ele lança uma piscadela. 一
Pode chorar a vontade, sua vida de patricinha acabou.
Analiso a fachada precária da casa de armas do Del Rey. As paredes manchadas, o odor
de lixo, disfarçando a real atividade que ocorre dentro daquelas paredes antigas. Após passar
para pegar armas só existe um único empecilho entre nós dois, não estarmos frente a frente para
que eu possa matá-lo.
Eu sei que é você seu filho da puta, mostrarei o que faço com quem deseja me derrubar!
Pego um lançador de granadas M320 A1 e miro no casarão. Efetuo dois disparos
seguidos, uma granada cai na entrada principal e outra na lateral. Uma explosão colossal sucede,
a densa fumaça escura, as chamas engolindo todos os cantos, os estilhaços de vidro fluindo no ar
enquanto um sorriso de canto me escapa, a destruição rachando as paredes de concretos me
excitam, os gritos estridentes de dor reverberam entre as labaredas e fuligens. Escondo atrás do
carro para não ser atingido. Capturo minha arma e confiro se está carregada.
Isso é o que eu mais gosto, matar filhos da puta traidores!
Meu celular vibra no bolso, retiro-o e atendo ao perceber que é o Will. Provavelmente
está na cidade.
一 Cheguei porra! 一 Miro a arma em um dos homens fugindo, e atiro, acoplo com
dificuldade o aparelho no ombro livrando a mão esquerda para lançar outra granada. 一 Porra,
não é para destruir a cidade, o que está acontecendo? 一 Uma nova explosão sobrevém, e mais
mortes.
一 Vá até a delegacia e fale com a Antonella, ela é a minha namorada e não sabe o que eu
faço!
一 O quê? Ela está presa por sua causa e não sabe? 一 Comprimo os lábios, atirando, não
tenho tempo para conversar, somente agir.
一 Droga! Preciso ir, estou dando uma lição no filho da puta que está me desafiando!
一 Tenho que contar para ela. 一 Os tiros aumentam, escondo-me atrás da parede lateral,
pronto para invadir, ofegante, com a adrenalina se dissipando por todos os meus músculos
enquanto solto uma respiração pesada.
一 Tudo bem, conte, mas com jeito Will! Não quero perdê-la!
一 Não tem um jeito certo de falar, torça para ela te amar ao ponto de compreender.
一 Consegue tirar ela da cadeia? 一 ele suspira, avanço no casarão, atirando em cada
cabeça que encontro.
一 Não será fácil burlar o sistema, ainda mais quando a quantidade de droga encontrada
atinge um número tão alto! Provavelmente ela pode ser transferida rapidamente, sabemos que
tem peixe maior, mas eu vou tirá-la de lá, no entanto, não será feito do dia para noite.
一 Se vira Will. Não quero que ela vá para a penitenciária feminina.
一 Lá dentro com certeza desejará a morte, farei o meu melhor.
一 Faço o seu pior, ou eu farei, e a porra do governo não irá gostar de me ver fora de
controle.
CAPÍTULO 33

Encaro o chão branco, um dos policiais me puxa pelo braço até estarmos de frente para
uma mesa na recepção. Analiso na identificação em seu peito “Denner Larson”. O telefone está
ligado na lateral, próximo aos milhares de papéis espalhados.
一 Atenda, é sua mãe Rute Spinelli. 一 Fico ofegante, a angústia se espalhando até os
meus pés, travando minhas forças.
Meu maior medo é decepcionar os meus pais. A experiência de vê-los magoados comigo
na infância causou um trauma imensurável, porque fico devastada com a possibilidade.

LEMBRANÇAS
17 ANOS ANTES…
As luzes do palco transpassaram as brechas das cortinas vermelhas fechadas. Eu odiava o
balé, inclinei o rosto sentindo meus pés latejarem, corri até o canto me escondendo atrás dos
figurinos. Sentei no chão retirando cuidadosamente as sapatilhas brancas acetinadas, a dor
irradiava por cada dedo, indo e voltando. Murmurei ao desenrolar as gazes manchadas de
sangue. Patrícia, minha professora pegava pesado, não me deixava parar e suas palavras eram “a
dor faz parte do processo, se machucar também, pare de chorar e continue”. Tentei dizer à
mamãe e ao papai que não gostava, mas nunca estavam em casa. Quem cuidava de mim era a
Mary, minha babá, e quando mostrava os machucados desdenhava com a fala “pobre menina
rica, muitas crianças queriam ter a oportunidade de se machucar assim, dançando”.
Fui aprendendo a engolir as frustrações, e sempre parecer feliz. Eu sabia que minha vida
era o sonho de muitas crianças, pelo dinheiro, mas desejava afeto, queria ser ouvida e que não
precisasse fazer algo obrigada. Parei de reclamar e dançava, mesmo odiando, mesmo com as
pernas fracas e os pés machucados. Cada vez que fazia o que queriam, recebia elogios, e fui
reprimindo a insatisfação, como se a minha vontade não importasse mais.
Retirei as gazes e troquei pelas novas, mas o contato com a carne exposta gerava
ardência, queimação e algumas lágrimas escorreram no meu rosto.
一 Antonella, entrará em cinco minutos, cadê você? 一 bradou Patrícia, e com rapidez me
livrei das gazes enfiando em uma lixeira e corri mancando até ela.
Seus olhos me analisaram e negaram com a cabeça.
一 Arrume a postura, firme os pés no chão. Isso não são modos de uma menina de oito
anos da alta sociedade. 一 Queria continuar, mas não consegui.
一 Não quero dançar hoje, está doendo muito.
一 Como não? 一 arregalou os olhos, incrédula, e antes que falasse observei papai se
aproximar.
一 É a bailarina mais linda dessa noite. 一 exclamou sorrindo.
一 Não dançarei. 一 esbravejei, com os olhos marejados. 一 Meus pés estão doendo.
一 Não se preocupe Antony, é natural terem dor nos pés, nada exagerado, claro. 一 avisa
Patrícia apressadamente. 一 Ela não quer dançar porque achou que não viriam vê-la.
Papai sorriu e agachou segurando minhas mãos.
一 Filha, foram meses aprendendo, por que desistiria agora?
一 Por que eu odeio dançar, não gosto da Patrícia, não gosto da Mary, vocês não ligam
para mim. 一 disse nervosa, com dor.
一 Ela é sempre tão mimada, vocês precisam conversar bastante. Liberdade demais não é
bom. Antonella é mal-educada. 一 Patrícia diz tocando no ombro dele, piorando tudo.
一 Não diga isso de novo. Estou decepcionado com você. Tem oito anos, mas parece ter
quatro. Pagamos por meses as aulas, se apresentará sim. 一 Chorei, não queria ter falado aquilo,
mas estava triste, com muita dor nas pernas e pés.
一 Não consigo papai. Eu… 一 ele interrompe.
一 Consegue sim! Estou decepcionado com você. Pare de ser mimada e suba naquele
palco, sua mãe está esperando para assisti-la. 一 A dor latejava mais, os olhos do papai
vermelhos enraivecido, como se eu fosse uma má filha.
Engoli o choro, pisei sobre os pés sentindo a pontada aguda subir pelas pernas, mas
continuei.
Foi a pior noite da minha vida! No retorno para casa meus pés sagraram continuamente,
mamãe se desesperou e por fim papai se culpou por ter obrigado a me apresentar naquelas
condições, mas as palavras ditas antes, o olhar de decepção causaram uma grande dor e medo. E
se eu não gostasse de mais alguma coisa? Seria punida novamente? Fiz de tudo para não ser.
Acoplo o telefone no ouvido, as lágrimas já escapando com receio das palavras que
ouvirei.
一 Mãe…
一 Filha, graças à Deus, estou tão aflita, precisava ouvir sua voz. O que aconteceu?
Machucaram você? Seu pai já está falando com o advogado. 一 As palavras escapam sem
controle, ela está nervosa, preocupada.
一 Mãe, eu juro que não tenho culpa. Não sei o que está acontecendo, por favor, não
fiquem decepcionados comigo.
一 Jamais filha, você sempre nos trouxe alegria, sabemos que não fez nada e tiraremos
você desse lugar. 一 O policial gesticula avisando que o tempo acabou.
一 Mãe, eu amo vocês, acabou o tempo. Por enquanto estou bem, tenho certeza que em
breve perceberão que cometeram um erro. Peço que não venham me visitar. Aqui é horrível e
não quero que passem por isso. Por favor, prometa para mim. 一 Mamãe chora, a respiração
entrecortada.
一 Filha, você não merece isso. 一 interrompo.
一 Promete, por favor, preciso desligar.
一 Prometo filha… 一 balbucia, ao mesmo tempo que o policial Denner desliga a ligação.
Poderia estar aflita, mas estou aliviada por confirmar que não me encontrarão nessa
situação. É humilhante, devastador, só traria dor a eles. Encaro o policial, que me puxa
novamente, mas dessa vez em direção à saída.
一 Onde está me levando? Preciso trocar de roupa, faz horas, continuo de pijama.
一 Não se preocupe, estamos te levando para a penitenciária, lá você terá uniforme.
一 O quê? Não por favor, não me levem!
O choro escapa, tenho tentando ser forte, mas as emoções constantes não permitem. Ir
presa, receber uma acusação injusta, não ter voz, nem um advogado é pavoroso.
O que aconteceu? Como as drogas foram parar na minha loja? Jolie e Nina jamais se
envolveriam com isso. Não faz sentido.
一 Uma patricinha será muito bem recebida na cadeia, não se preocupe Spinelli! Depois
de um dia lá você falará rapidinho! 一 Ele abre a porta do carro jogando-me sobre o banco.
Minha vida virou de cabeça para baixo desde o final de semana que juramos que
esqueceríamos. Não sei se junto permeia uma onda de azar, porque ser presa é inimaginável. A
angústia, a raiva, sufocam-me, tudo ao mesmo tempo. Questiono como fui parar nessa confusão
toda. Respiro fundo, não adianta pirar, preciso esperar o advogado para me livrar desse pesadelo.
Durante todo trajeto penso em várias possibilidades, talvez pular do carro. Chorar, me
ajoelhar e implorar, será que isso faria eles acreditarem em mim? Com certeza não. Encosto
minha cabeça no banco fechando os olhos, nos próximos dias provavelmente não dormirei, meu
corpo sente o medo latente porque está trêmulo.
Após quase uma hora chegamos na penitenciária feminina e meu coração dispara ao ver o
lugar. Os enormes muros, os arames farpados, os agentes armados, e a energia sombria,
devoradora de sonhos. Eles me conduzem pelos corredores e me levam até uma sala. Olho tudo
ao redor com o coração acelerado de pura dúvida sobre o futuro.
一 Pode trazer essa puta aqui que vou encaminhá-la. 一 Levanto-me, e pelos xingamento,
será difícil lidar com as agentes, imagina as presidiárias.
一 O que é o dela? Roubo? 一 Denner sorri.
一 Tráfico de drogas, e dos grandes! 一 Corro os olhos no uniforme bege da mulher,
vendo seu nome, Bárbara.
一 Trataremos ela da forma que merece. Podem ir, obrigado policiais, começaremos os
procedimentos padrões.
Engulo em seco e ela me pega pelo braço. Sou levada para outra sala, repleta de armários.
一 Algum pertence com você?
一 Não… 一 balbucio quase inaudível.
一 Fala alto, não ouvi!
一 Não senhora.
一 Possui alguma doença grave? Algum vício?
一 Não senhora!
一 Venha, rápido!
Adentro uma sala ampla, com várias mulheres nuas de costas na parede. A sensação de
sair correndo martela em meu peito, mas só pioraria tudo.
一 Tire a roupa, fique rente a parede, em seguida agache três vezes e depois abra as
pernas. Anda logo, não tenho o dia todo! 一 obedeço envergonhada.
Após todo o procedimento de entrada e de passar no RX ela entrega uma roupa que visto
rapidamente, um conjunto novo, toalhas e alguns outros itens. Em seguida sou conduzida para as
celas.
一 O horário de abertura das celas é às 7h, pode fazer serviços, basta seguir aos setores e
verificar a disponibilidade. O almoço é às 11h, o jantar às 17h e as celas se fecham às 19h. 一
Cada passo que dou parece comprimir as paredes ao meu redor.
一 Sim senhora!
一 Boa sorte novata, nos encontramos na enfermaria mais tarde. 一 ofego, meu estômago
revira.
Paramos na frente da cela, a ansiedade batendo por todo meu corpo, a sensação é de que
terei um ataque. Os olhares matadores que vêm de dentro da cela geram um arrepio hostil. A
grade se abre, Bárbara aponta a mão para as garotas na cama.
一 Essas são suas novas colegas de vida, boa sorte patricinha! 一 Entro com o coração
apertado.
CAPÍTULO 34

一 Infelizmente chegou tarde demais, a sua amiga já foi transferida para o presídio
feminino, aguardará o julgamento em regime fechado.
一 Vocês a prenderam injustamente, Antonella nunca faria nada contra a lei.
一 Não posso fazer mais nada, sinto muito. 一 A mulher vira de costas, xingo
mentalmente caminhando para fora da delegacia.
Antonella nunca se envolveria com drogas, por mais confuso que os últimos dias foram
não posso ignorar o absurdo que isso representa. Acabamos de nos acertar, não quero vê-la sofrer
em um lugar horrível como aquele. Sem notícias, chateada, chuto uma pequena pedra na calçada
vendo-a rolar até a rua. Confiro se não vem carro e atravesso, chegando na calçada oposta escuto
um homem falar um nome conhecido.
一 Droga, liga para o Blake, precisamos falar com ele. 一 Travo os passos e retorno para
questioná-lo.
一 Vocês falaram o nome do Blake? São amigos dele? Preciso saber como a Antonella
está e o que aconteceu. 一 O homem possui os cabelos castanhos claros, lisos, a barba cheia,
aparenta ter uns 40 anos, o porte físico forte e musculoso.
Uma mulher está ao seu lado, e aparenta ser bem mais nova, não mais que 30 anos, os
cabelos são platinados longos, os olhos acinzentados, rosto delicado.
一 Opa, respira garota! Qual o seu nome? 一 ele pergunta arqueando a sobrancelha
grossa.
一 Ah desculpa, meu nome é Pietra Bianco, sou a melhor amiga da Antonella e ex-
namorada do Blake. 一 ele perpassa a mão no rosto, pensativo, mas disfarça.
一 Muito prazer Pietra, precisamos ir até a casa do Blake! Você tem o endereço? Ele não
nos atende, deve estar resolvendo algo importante. 一 concordo com um balançar de cabeça.
一 Sim, eu levo vocês lá! 一 A mulher sorri esticando a mão para educadamente me
cumprimentar.
一 Ola, sou a Janaína, é um prazer. Conhecemos o Blake do exército, estamos aqui para
ajudar a sua amiga.
一 Isso me deixa aliviada, não podemos deixá-la naquele lugar horrível. Meu carro está
logo à frente, me sigam, por favor.
Disparo em cada homem do Del Rey. Estou enfurecido, ele pagará cada lágrima que a
Antonella derramar, cada uma será um corte que farei no corpo daquele filho da puta quando
encontrá-lo. Com raiva, querendo destruir o mundo, posso facilmente perder o controle por ela.
Os corpos ficam pelo chão em cada ambiente que passo. Na última sala, repleta de fumaça, e
pedaços de concreto encontro o Rosseti, aperto massivamente a arma, o dedo no gatilho, na mira
certa.
一 Espera Blake, eu juro, eu não queria fazer parte disso! Eu ju… 一 Antes que termine,
atiro em sua testa.
一 Vai para o inferno filho da puta traidor, matarei todos que ajudaram a prender a
Antonella!
Guardo minha arma, infelizmente o Del Rey não está aqui, quando encontrá-lo planejo
diversos tipos de tortura, até poderia esfolá-lo vivo. Meu celular toca, é o Loki, atendo.
一 Blake estou em frente a sua casa, a Pietra, o Will Turner e a ajudante dele Janaína
acabaram de chegar aqui.
一 Onde está a Bella?
一 Está aqui ao meu lado no carro.
一 Podem entrar em casa, chego aí em minutos.
Desligo a ligação passando a mão esquerda no bíceps direito, fui atingido por alguns
estilhaços. Confiro mais uma vez o local, todos estão mortos e queria finalizar do jeito que eu
gosto, mandando tudo pelos ares, mas estamos a poucas milhas da cidade, seria um jogo
perigoso. Retorno ao carro, estou sempre preparado com um plano b então envio uma mensagem
para Arnold Conway, servimos juntos no exército e sempre indica os melhores advogados que
estão a serviço da Máfia. Terminando de digitar sigo para casa, preciso saber se o Will consegue
libertá-la ainda hoje.
Atravesso a porta com a arma na mão, carregada, pronta para externar em um tiro toda
fúria que nasceu dentro de mim ao mexerem com a Antonella. Bella e Loki estão sentados no
sofá. Nada vejo, apenas ardo em chamas perversas ao parar na frente da traidora. Estico o braço
colocando-a em meu campo de visão, Loki levanta, sem encarar minha face, estou repleto de
sangue, fuligem e ódio. Momentos assim ele não diz nada, apenas dá o espaço necessário. Ela
ofega, os olhos se arregalam, as mãos espalmadas em súplica antes mesmo de falar.
一 Blake, por favor, eu ju… 一 Esse é o momento em que todos juram que não queriam
fazer as merdas que fazem, mas toda escolha tem consequências, toda ação tem uma reação.
一 Qual é a porra da punição para quem me trai? 一 Seus lábios se abrem para responder,
mas atiro, a bala penetra em seu crânio, o sangue espirra enquanto parte da calota craniana recai
pelo chão manchando o piso e escuto um grito agudo de pavor.
Inclino o rosto para verificar, é a Pietra. O corpo tenso, trêmulo, a expressão de medo
fixada em seu rosto.
一 Ah, você é louco? 一 exclama, tornando a gritar novamente, talvez em choque, não sei
definir.
Passo a mão esquerda nos cabelos jogando-os para trás, não estou no clima de
explicações, ignoro a reação dela. Um peso esmagador está em minhas costas, tornando
prolongada e dolorosa a culpa que sinto. Cada piscar dos meus olhos é como se visse a Antonella
chorar, o medo, a dor que sentia reverbera em mim, corrói minha alma, que jurei não ter mais. Eu
a amo, preciso segurá-la em meus braços, o mundo todo poderia se destruir, menos ela, não
suportaria.
一 Você está cada vez pior em meu amigo. 一 provoca Will se aproximando da Pietra e
abraçando-a no intuito de diminuir o pavor.
一 Onde está a Antonella? Por que estão todos me olhando?
Will abaixa a cabeça, mas responde.
一 Você acabou de matar uma pessoa! o que deu em você? 一 pergunta Pietra, chorando,
ignoro.
一 Ela foi transferida antes do normal, não esperaram um advogado, nem nada, só
conseguirei vê-la amanhã.
Pego meu celular e pela primeira vez minhas mãos tremem. Elas estão repletas de sangue
e ainda seguro a arma com força. Coloco-a em cima da mesa, confiro o nome que o Arnold
mandou, é o mesmo advogado que trabalhei alguns meses atrás e ligo para ele, o Petrus, possui
bastante clientes mulheres condenadas. Por mais que queira tudo do meu jeito, às vezes tudo
desanda, e sempre preparo um plano B. Ninguém machucará a minha mulher.
一 Diga Blake, do que precisa?
一 Tem alguma cliente sua presa na penitenciária feminina aqui da capital?
一 Tenho sim, a Tara Cúpido, filha de mafioso colombiano, cumprindo pena por
assassinatos, do que precisa?
一 Ligue agora mesmo para ela, você é advogado e pode falar qualquer horário com seus
clientes.
一 Claro, o que houve?
一 Preciso que não deixe nada acontecer com a minha namorada, Antonella Spinelli.
一 Considere feito!
Desligo, sento no sofá colocando a cabeça no encosto. Tudo parece doer no meu corpo,
mas o que machuca mais é o meu coração que está aflito. Fecho os olhos e permito que o
nervosismo e a frustração se dissipem.
一 Então é isso que você faz? Mata pessoas Blake? 一 A voz da Pietra me faz retornar da
minha dor, encaro-a, parece mais calma.
一 Sou um negociante de armas, e matar pessoas faz parte do pacote!
一 Aquela droga na loja da Antonella era sua?
一 Pelo amor de Deus, não precisa me ofender, que porra de drogas, não mexo com isso!
一 Por isso nunca me contou com o que trabalhava.
一 Exatamente, sinto muito.
一 Daqui a pouco você se acostuma gata. 一 Brinca Janaina pegando uma garrafa de
whisky.
Loki não diz nada, mantém o olhar fixo nos vitrais da sala, admirando a cidade, mas
segundos depois está de frente para a Pietra.
一 Sinto muito que descobriu vendo alguém morrer, isso é pesado.
一 Sim, é horrível! Alguém precisa tirar essa pobre moça daqui. 一 As palavras da Pietra
me enchem de revolta e retruco.
一 Por culpa dela a Antonella está presa, merecia uma morte pior do que essa, fui
misericordioso demais.
Ainda sinto em meu peito as palpitações angustiantes ao assistir o Blake atirando na
cabeça daquela mulher. O cheiro de sangue impregnado no ambiente causa ânsia. Loki me
encara, os olhos pretos brilhantes, inexpressivo, mas segura minhas mãos transmitindo calma.
Blake seria capaz de torturar? Pela normalidade em que todos fingem não ligar para a situação,
fica nítido que sim.
一 Preciso de ar. 一 apressadamente corro para a área externa.
Os homens do Blake rondando a casa com armas, trazem lembranças. Várias vezes
questionei o porquê eles estavam aqui, mas essa possibilidade de vida nunca esteve em meus
pensamentos. Sento no chão frio da área longa, as mãos ainda trêmulas do susto. Loki se
aproxima, encaixando-se ao meu lado enquanto admira o céu.
一 Daqui a pouco essa sensação passa.
一 Você é como ele? Também mata pessoas?
Recordo da primeira vez que o vi junto ao Blake, foi exatamente aqui nesta casa, em uma
das noites de sexta-feira. Ele é um homem reservado, não aparenta ter a idade que possui, porque
sempre o achei atraente. Um japonês forte, com algumas cicatrizes na pele, mas também é um
homem de poucas palavras. Agora é compreensível, dividem os mesmos dias sombrios.
一 Sim, eu mato pessoas também e assim como ele perdi algumas.
一 Isso é assustador, quando estávamos namorando sempre senti que ele escondia algo.
一 Pietra, esse mundo é perigoso demais. Não dá para levarmos uma vida achando que
não terá consequências. Todos os dias ganhamos novos inimigos. Blake estava com você porque
gostava, é claro, mas para trazer alguém para esse lado perverso requer mais do que isso. É
abdicar da sua segurança, porque estará mais focado em proteger alguém do que a si mesmo.
一 Ele ama a Antonella por isso que com ela foi diferente, é isso?
一 Não e sim. “Sim” ele ama, encontrou aquele sentimento louco, que não liga para
nenhum risco e o “Não” porque ninguém tem culpa de amar, ainda irá encontrar essa intensidade
com uma pessoa.
一 Você encontrou um amor assim? 一 Loki desce o olhar nos meus lábios, seguindo
para o restante do meu rosto.
一 Sim, mas perdi, espero encontrar alguém por quem lutar novamente.
CAPÍTULO 35

As duas presas com quem dividirei a cela me encaram friamente. Ousaria dizer que o
gelo que transpassa em meu corpo é o do ambiente escuro, úmido e reduzido, mas não, é o efeito
dos olhares intensos, repletos de maldade. Uma possui os cabelos rosa, um descolorido mal feito,
os braços cheios de tatuagens, pele branca e o rosto delicado, no entanto, há escuridão dentro de
si, é nítido e assustador. A outra é uma japonesa, os cabelos são longos, lisos, pretos e corpo
magro. Percorro o local avistando duas beliches, do lado direito, na parte inferior, a cama está
vazia. Aproximo lentamente esticando o braço para colocar meus pertences.
一 O que você pensa que está fazendo? 一 diz a japonesa. 一 Se quiser deite no chão
gelado. 一 Não olho em sua direção, apenas sigo até o canto da cela sentando no chão.
一 Nós não autorizamos você a deitar ainda. Venha aqui. 一 As pernas vacilam e projeto
as mãos no chão de apoio para ficar em pé.
Aproximo delas na beliche oposta que iniciam uma análise indiscreta, rodeando meu
corpo. Esforço-me para manter a postura indiferente, não querendo demonstrar fraqueza.
一 É bonitinha, cheirosa, aposto que tem uma boceta gostosinha.
一 O quê? 一 arquejo.
一 Eu sou a Latifa 一 revela séria 一 Essa é a Alec. 一 ela para em minha frente
levantando minha blusa, tento impedir, mas a outra garota segura os meus pulsos.
Ela me toca, subindo pelo abdômen, meu tórax expandido em agonia, até as pontas dos
dedos tocarem os meus mamilos. Em seguida sorri, afastando a mão enquanto solto a respiração
presa.
一 Você tem duas opções garota! Virar minha putinha particular ou virar a putinha de
todas. 一 Meu coração palpita no peito, causando uma sensação dolorosa, torturante e abusiva.
一 Fala garota, será minha putinha ou não?
Droga, se eu facilitar e aceitar elas nunca me respeitarão.
Inflo os pulmões resgatando de cada ápice do meu corpo coragem para revidar. Presa
nessas paredes estou sozinha, lembro de quando era criança, da dor ao dançar com os pés
machucados enquanto a angústia borbulhava profundamente. Não há como fugir do medo, é uma
obrigação, não conheço esse mundo, mas obedecê-las parece a escolha menos conflituosa, no
entanto, seria como desistir. Jogo toda a força do meu corpo em cima da Latifa, derrubando-a no
chão. As lágrimas querendo brotar, mas as engulo amargamente, forçando minha perna direita a
chutá-la no estômago. A ânsia que ela deveria sentir reflete em mim, porque sinto a bile subir na
garganta, mas lembro do Blake, que estaria agora me falando para ser forte e lutar. Ela se
contorce no chão enquanto Alec gargalha descontroladamente.
Latifa levanta após alguns minutos, um calafrio faz o suor exalar de minha pele, talvez
ela revide, porém, as mãos batem palmas, com a fisionomia satisfeita, e penso que talvez fosse
um teste. Espero ter passado.
一 Você não será um caso perdido. Bem-vinda garota, gostei de você! 一 Não respondo,
não tenho voz, nunca agredi uma pessoa antes, é assustador.
Ignoro as duas seguindo até o canto da cela e me deito no chão encolhida. A janela
minúscula mostra o acinzentado do céu misturado ao azul-escuro. Todas as luzes se apagam,
seguido do som das celas sendo trancadas automaticamente. Uma compressão massiva se
estende por todo meu ser, o pavor de fechar os olhos não me deixa dormir, mas a cabeça dói,
exausta, implorando que seja apenas um terrível pesadelo. Luto contra o cansaço, contra as
pálpebras pesadas querendo se fechar, até não suportar mais. Acordo no meio da noite pensando
nos meus pais, no desespero que devem estar sentindo. Amanhã será pior que hoje e isso me
atormenta. Sou vencida definitivamente pelo cansaço e acabo adormecendo.
Não fechei os olhos durante toda noite. Eu, Will e Janaina saímos cedo. Chegamos na
frente da penitenciária, vasculho os muros altos, conferindo a segurança, os agentes armados e
qual a melhor maneira de explodir tudo para resgatá-la se for preciso. Passamos pelos corredores,
o odor nauseante de esgoto, roupas sujas e bolor invade minhas narinas, praguejo em silêncio,
contra mim mesmo. Culpado e Fodido. Antonella está nessa merda toda por minha culpa, porque
após nossa noite não consegui deixá-la e a trouxe para o buraco negro escabroso que detém a
minha vida. Seguimos até a sala de entrada principal.
Will apresenta seu registro militar. A mulher uniformizada atrás do balcão lança-nos um
olhar desdenhoso, sabendo que aparecemos para mudar as regras ou burlar o sistema.
一 Bom dia General Turner, no que podemos ajudá-lo? 一 Will limpa a garganta.
一 Precisamos falar com uma detenta que chegou ontem, Antonella Spinelli.
一 Claro, mas todos não poderão ter contato com ela. 一 sibilo, fechando os punhos, com
a resposta grosseira escapando.
一 Eu preciso falar com ela, quer que eu ligue para o seu superior? Teremos um problema
aqui? Talvez eu deva explodir esse lugar, sabe quem eu sou? 一 Espalmo a madeira, ela
sobressalta, mas Will ameniza.
一 Ela não irá se opor, certo? 一 ele confere o nome dela 一 Agente Polly, não nos faça
passar estresse hoje.
一 Não senhor, me sigam por favor…
Seguimos até uma sala de interrogatório. Nervoso ando de um a outro, transparecendo a
tortura que será esse momento, quando precisarei olhar nos olhos dela para dizer que escondi a
verdade sobre mim, que está sofrendo por minha culpa. Will analisa-me, transpassando a mão no
queixo.
一 Eu conto para ela, falaremos com calma.
一 Tudo bem!
A porta abre, o vislumbre parcial de seu rosto faz meu coração acelerar em um ritmo raro,
essencial. Entreolhamo-nos, sua expressão ilumina, as íris azuis cintilando emoção, ela corre
para os meus braços chorando, sentida, e envolvo-a com força, lutando para não deixar uma
lágrima escapar. Não choro, não sinto, sou retido, mas a Antonella é meu desequilíbrio, com ela
sou vulnerável.
一 Blake. 一 Desmancho meu rosto em seu peitoral, caçando seu cheiro, querendo não
sentir a agonia que permeia quando estou sozinha lá dentro.
Ele me afasta, elevando o meu queixo para beijar os meus lábios, devora-os. Agarro seu
pescoço, intensificando o deslizar de nossas línguas, um arrepio secreto irradia, fico quente,
querendo mais dele, mais do seu gosto. Perco o ar, as texturas dos nossos lábios em um roçar
gostoso que custo a deixar, mas afasto ansiando que diga que tudo não passou de um engano, que
me levará para casa.
一 Tem alguma coisa errada acontecendo, eu estou apavorada! Blake, diz que veio me
levar embora? 一 Seus olhos se fecham, a mandíbula tensionada, escuto o ranger dos dentes
enquanto aperta nossos corpos, saturado.
Os olhos se abrem, marejados. Minha garganta seca, porque tenho medo do que dirá.
一 Alguém machucou você? 一 suspiro, forçando um sorriso.
一 Ei, eu sou durona viu! Não me machucarão facilmente Blake Lodge. 一 Seu rosto
transpassa no meu, em um afago amistoso.
一 Eu sei que você é durona! Não abaixe a guarda, nunca confie em ninguém nesse lugar,
entendeu? 一 Faço força para não chorar porque não sairei daqui hoje.
一 Infelizmente sim. 一 impulsivamente agarro-o novamente, tornando a beijá-lo, ele
deixa.
Os lábios quentes matando nossa saudade, diminuindo os meus medos. Arfo feliz, suas
mãos acariciando as minhas costas, mas lembro dos meus pais.
一 E os meus pais? Como eles estão?
一 Ainda não os vi, mas passarei na casa deles assim que sair daqui!
Olho para as duas pessoas que estão com o Blake, dando conta de que fui desatenta em
não cumprimentá-los.
一 Desculpem, estava cega, só enxerguei o Blake. 一 A mulher sorri, concordando,
demonstrando em sua fisionomia que tem empatia pela minha situação.
一 Esse é o Will Turner e ao lado dele está a Janaina Smith.
一 Prazer Antonella, sou o Will e estamos aqui para resgatar a Cinderela o mais rápido
possível. 一 Um sorriso move toda minha face, ouvir essas palavras trazem euforia.
一 Ah, isso me deixa feliz e aliviada!
一 É o seguinte Antonella, sente-se que precisamos falar com você e explicar exatamente
porque tudo isso está acontecendo.
一 Vocês sabem por que isso está acontecendo? 一 Sento, obedecendo seu pedido
atentamente, esperando as resposta.
一 Sim, preciso que você preste atenção e abra a mente, contarei tudo, mas primeiro
precisamos explicar uma coisa sobre a profissão do Blake.
一 O que a profissão do Blake tem a ver com isso? 一 rebato confusa, em uma troca de
olhares com ele que nervoso fica de costas, evitando-me.
一 Já ouviu falar em negociantes de armas? 一 diz a mulher, e volto a atenção para ela,
uma breve sensação de estafa emocional recai em minha mente, perturbando minha psique
porque algo está errado.
一 Janaina, só digam de uma vez o que pretendem explicar. Quero respostas do porquê
vim parar nesse pesadelo. Não precisam me preparar para o pior, já estou vivendo algo terrível.
一 Por minha culpa! 一 confessa o Blake, a voz grave reverbera no ambiente silencioso,
tornando o peso das palavras indigesto.
一 Como assim por sua culpa Blake? 一 balbucio.
Ele vira, ficando de frente, preso no meu olhar, com a expressão sôfrega, uma prévia
caótica inflama, a dor começa a crescer em meu peito, subindo pela garganta, parando nos meus
olhos em forma de lágrimas.
一 Ella sou um negociante de armas e trabalho ilegalmente, você está presa porque
armaram uma emboscada, eles queriam me atingir e te usaram como isca. Segundo avaliei foi o
Del Rey, aquele homem que fez uma visita para você na loja.
Processo sua fala, incrédula, juntando as peças espalhadas em minha mente.
一 O quê? Então quer dizer que você trabalha com armas, se é ilegal, isso te torna um
mafioso?
一 Sim. Ella, eu jamais imaginei que fosse te carregar para esse lado negro da minha
vida. 一 Sinto-me enganada, oscilo, focada em seu rosto, presos em uma troca injusta de
sentimentos hostis.
一 Jura Blake? Em nenhum momento passou pela sua cabeça que eu precisava saber
disso? Então quer dizer que eu não passo de um maldito efeito colateral dos seus erros?
CAPÍTULO 36

Blake confessa uma verdade destruidora. Uma avalanche de sensações opostas fomenta o
meu coração a uma angústia que nunca senti. Entreguei a ele minha confiança, meu corpo, a
paixão devastadora que nunca vivi antes. Ele tinha o meu coração na mão, por que esconderia
algo tão importante?
Não era digna da verdade?
Transtornada, machucada por dentro, viro o rosto, evitando olhá-lo novamente. Blake não
confiou em mim para revelar sua identidade real, achei que entre nós tudo fosse diferente.
一 Eu confiava em você, por que não me contou Blake? 一 questiono com a cabeça
baixa, encarando o chão branco.
一 Porque eu estava com medo de perder você quando soubesse de tudo. Eu entendo que
fique decepcionada comigo e isso me afeta de uma forma que nunca acreditei ser possível. Amo
você, prometo te proteger e tirá-la o mais rápido desse lugar. 一 Queria acreditar em suas
palavras, mas não consigo.
一 E depois que eu sair? Continuará mentindo?
Blake se aproxima, esticando o braço, tocando a mão na minha, mas me afasto. Levanto
rapidamente, contendo a tristeza, reprimindo dentro de mim a dor que se expande, cessando meu
ar, fingindo não sentir as pontadas agudas de consternação.
一 Blake, não mentirei, estou decepcionada demais, não sei se posso te perdoar. Fala em
me proteger, mas não estará aqui do meu lado. Não acredito mais em você!
Ele nega veemente, avançando sobre mim, colando nossas testas, inspirando
profundamente enquanto aperta os olhos em um piscar prolongado, ao abri-los simultaneamente
ficamos presos em um transe visual. Estapeio seu peito, ele segura meus pulsos, perco as forças
deixando a tristeza me consumir.
一 Você realmente me ama ou sente culpa? 一 questiono.
Ouvir que a Antonella não confia mais em mim e que está decepcionada é corrosivo e
doloroso. Ela me olha fixamente com raiva, e sei que está certa de se sentir assim. Ainda seguro
seus pulsos rente ao meu peitoral, a expressão ríspida, mas os lábios trêmulos, entregando que
está por um fio de desabar. Ela quer saber se eu a amo ou se sinto culpa. Nunca pensei em como
seria amar alguém, porque só amei a minha mãe, o que é totalmente diferente.
Dizem que o amor não nasce instantaneamente, ele é cultivado, particularmente achava
besteira, mas nutrimos um suposto ódio por mais de três anos. O sentimento estava ali, as farpas,
as brigas, a exclusão, fui estupidamente ignorante e agora, em meus braços, vendo-a me olhar
com tanta intensidade, só existe o mundo se tiver nós dois, não importa se é brigando, xingando,
transando. Antonella é a parte que achei que nunca me faltou, mas não percebia antes porque era
um idiota desalmado, com ela sou um homem, capaz de tudo para protegê-la.
一 Eu amo você Antonella, cada parte de você, amo seus defeitos, suas qualidades, e
todas as vezes que brigamos. Por favor, não me odeie por isso, eu não aguentarei saber que não
me ama mais, que não me quer. 一 ela ofega, deixando uma lágrima rolar, enxugo-a.
一 Eu te amo e te odeio, Blake, você tem todos os meus sentimentos, mas não consigo
fingir que compreendo. 一 Meu peito dói, abraço-a, ela deixa.
一 Will e Janaina trabalham com você?
一 Não, eles trabalham para o governo, são soldados do exército e auxiliam em muitas
missões e salvamentos. Meu amor, eles vão te tirar daqui, eu prometo! 一 Will fala por trás de
mim.
一 Antonella não se preocupe tirarei você daqui em poucos dias, infelizmente não dá para
ser na hora, mas conseguirei todos os documentos, e farei o pedido de prisão sumir em breve. Eu
não direi que apoio o Blake na mentira, mas está fazendo de tudo para te tirar daqui, e falar
comigo foi como pisar no próprio orgulho. 一 ela concorda atenciosa. 一 Não se preocupe, em
breve estaremos te levando para casa, longe desse inferno!
Antonella permanece em silêncio, cabeça baixa, se afasta encarando as próprias mãos,
demonstrando estar perdida. Eu queria conseguir voltar ao passado e contar tudo para ela.
Naquela manhã que acordamos juntos, e queria saber sobre a minha vida, mas esperou
pacientemente o meu momento, o problema é que não sabia que não chegaria, mas deveria ter
calculado. Seu olhar encontra o meu rapidamente, antes de andar até a porta. Meu coração falha,
estou vazio, seu distanciamento machuca. Queria tê-la em meus braços.
一 Aguardarei! 一 balbucia, a voz entrecortada, segurando o choro. 一 Obrigada, digam
aos meus pais que eu os amo. 一 Ela abre a porta, o desespero me faz estremecer, avanço atrás
dela, inconformado, não quero sentir que não tenho mais o seu coração.
一 Ella, por favor… 一 Ela fecha a porta fazendo todos os demônios que carrego me
devorarem porque a dor que sinto é humanamente impossível de ser normal.
Com sua presença a vida ganhou sentido desde que a beijei no nosso final de semana
como casal, e principalmente quando descobri que sempre a amei, mas não sabia. Respiro
profundamente enterrando os meus conflitos bem fundo em meu peito. Encaro o Will e a Janaina
absortos.
一 Vamos, preciso encontrar aquele desgraçado do Del Rey, mas antes passarei na casa
dos pais da Antonella, vocês podem me acompanhar?
一 Claro, vamos! 一 diz Janaina, pigarreando, querendo falar algo mais. 一 Blake, ela só
precisa assimilar as informações, mas te ama, entenderá que não tem culpa.
一 Espero que esteja certa, minha missão agora é protegê-la incansavelmente. 一 Saímos
do local, seguindo para a mansão dos pais da Antonella.
Meia hora depois de um silêncio corrosivo, chegamos na propriedade. Passamos pelos
portões após autorizarem e encontro meu pai furioso, atravessando a porta pronto para xingar,
levanta a mão com o indicador a centímetros do meu rosto.
一 Blake, me fale agora mesmo o que aconteceu para a Antonella estar presa!
一 Meus inimigos armaram para ela porque sabem que a amo, é a minha fraqueza agora.
一 A testa franze, em um misto de satisfação por me ver tendo sentimentos, e raiva por
prejudicá-la.
一 Eu espero meu filho que você conserte isso, a Rute e o Antony estão arrasados.
一 Vamos lá, falarei com eles, acabamos de ver a Antonella. 一 ele concorda, entramos
juntos na casa.
Encontro a Rute chorando, as mãos no rosto, rente a escadaria principal. Sigo até ela e a
abraço, onde aceita deixando sua dor extravasar. O que posso fazer é amenizar seu sofrimento.
Antonella iria querer que dissesse que está bem.
一 Rute, acabei de vê-la, disse que está bem, que é durona. 一 ela sorri, ao mesmo tempo
que as lágrimas escapam.
一 Ela se faz de durona, estou com saudades. 一 confessa, triste. 一 Blake, seu pai falou
que você pode ajudar minha filha, por favor não a deixe naquele lugar. Por favor! 一 suplica, e
concordo.
一 Não se preocupem, Senhor e Senhora Spinelli, eu sou o Will Turner, General Oficial.
Blake me chamou e estou cuidando do caso, foi tudo um engano. Sua filha sairá em no máximo
20 dias, é o tempo de conseguir os papéis, a autenticação e oficializar.
一 Graças à Deus, nem sei como agradecer General Will.
一 Não precisa agradecer, meu principal objetivo é livrar a filha de vocês inocente da
cadeia.
Uma voz ecoa pelo local, o tom agressivo, inclino o rosto para verificar, é o Peter.
一 O que o Blake faz aqui? 一 esbraveja alterado.
一 O Blake veio nos ajudar e também avisar que a Ella sairá em poucos dias. 一 diz Rute
mais animada, e Antony se aproxima abalado oferecendo um abraço.
Peter segue até a Rute abraçando-a.
一 Viu, fiquem tranquilos, logo ela estará em casa e nós faremos uma grande festa de
casamento. 一 Meus nervos se afloram e não resisto em revidar.
一 Que eu saiba a Antonella disse que não aceitou se casar com você! 一 Antony se
assusta.
一 O quê? Não terá casamento? Achei que estava tudo certo. 一 questiona ele. 一 Por que
não nos contou Peter?
一 Ela só está confusa, sou o homem certo para a filha de vocês. Não queria deixá-los
triste com essa notícia também. Antonella sempre me amou. 一 Rute passa a mão no braço do
Peter tentando consolá-lo.
Minha vontade é de socar sua face até não conseguir mais abrir os olhos. Quando a
Antonella sair da cadeia acabará esse circo que o Peter faz falando sobre o casamento.
一 Vocês ficaram sabendo que o Blake será pai? 一 ele provoca.
一 Quê? Do que ele está falando filho? 一 perco a paciência.
一 Eu não serei pai, a Pietra se enganou e achou que estivesse grávida, mas não está. Eu e
a Antonella estamos juntos agora. 一 Peter trava a mandíbula.
一 O quê? 一 Antony questiona perplexo, Rute leva a mão ao coração. 一 Você e a
Antonella estão juntos? Isso sim é inesperado. Você sabia disso Roman? Nem para nos contar
que nossos filhos decidiram dar uns pegas. 一 pergunta sorrindo. Eram amigos antes mesmo de
firmarem sociedade, agora estão ainda mais próximos.
一 O Blake nunca perdeu tempo, e vocês sabem que a Antonella é uma garota fantástica.
一 Peter pigarreia, a face ruborizada, irritado, porém finge bem que está indiferente.
一 Não achei que estivessem juntos Blake. 一 disfarça.
一 Peter não fique triste, vocês poderão ser amigos, a Antonella sempre amará você. 一
diz Rute, deixando-me eufórico por aprovarem nossa relação.
一 Claro, ela é incrível! 一 concorda, mas por dentro está com o orgulho ferido, e isso me
deixa satisfeito!
Você não sairá por cima de mim seu bosta!
CAPÍTULO 37

Somos liberadas para a recreação. Passo no corredor atenta ao meu redor, estou aflita, o
medo corroendo meus pensamentos, ações, a ameaça é constante. Quando chego ao pátio externo
sou dominada por uma sensação de liberdade, mesmo que falsa. Ando até o canto sentando no
gramado verde. Não queria lembrar da visita do Blake, mas a dor latejante continua aqui,
revivendo a enganação, os minutos podem passar, as horas, mas fico cada segundo pior, sendo
devorada pela tristeza.
Um barulho de choro baixo me tira dos pensamentos, movimento a cabeça procurando.
Avisto alguns metros à frente uma garota. Os soluços são audíveis, as lágrimas caem
continuamente, e vislumbro no pescoço marcas avermelhadas de agressão. Fico triste por ela,
compreendo esse instinto desolador de ficar presa, longe de todos, da sua casa. Aproximo e sento
ao seu lado. A cabeça dela ergue discretamente, em um olhar de canto.
一 Qual o seu nome? Está tudo bem? Quem fez isso com você? 一 Ela passa os dedos no
anterrosto, secando-o.
一 Meu nome é Stella, quem fez isso foi a Athena, adora me maltratar. É melhor sair de
perto de mim, do contrário elas vão acabar com você igual fazem comigo. 一 Antes que eu
responda uma sombra cobre o meu corpo, elevo a cabeça vendo a tal da Athena, estremeço.
Uma corrente de pavor me domina. A mulher é alta, parda, cabelos pretos longos,
encaracolados, olhos pequenos, rígidos, expelindo perversão.
一 Por que está falando com a minha puta? Quem te deu permissão?
一 Eu… 一 perco a voz, em segundos seus braços projetam socos contra o meu rosto. 一
Ai, espera. 一 Protejo-me com as mãos, tentando impedi-la.
一 Você é a porra de uma novata e acha que pode falar com quem quiser? 一 Tento
levantar, falho, e uma mulher desconhecida entra em minha frente e Athena cessa as agressões.
一 Saia da minha frente. Uma não interfere no assunto e nem na briga da outra, esse é o
combinado.
一 Sai você da minha frente, porra, não baterá nela, é assunto meu. Vaza piranha! 一
Athena acata, bufando, enquanto puxa a Stella pelos cabelos.
一 Levanta Antonella. 一 Ela me oferece a mão e aceito. 一 Não fale com ninguém até
estar mais familiarizada com essa porra toda.
一 Fiquei com dó da garota, só queria saber como estava.
一 Precisa aprender a se defender! Amanhã começará a lutar comigo na área de treino. 一
Nego com a cabeça, afinal, não há conheço, por que estaria sendo amigável?
一 Por que está me ajudando? O que quer de mim? Caso pense que virarei sua puta está
muito enganada!
一 Assim que gosto, que tenha atitude. Já tenho minha puta, não preciso de você para
isso, estou fazendo apenas um favor para o Blake. 一 Meu coração perde o ritmo, pois não
acreditei em suas palavras hoje.
一 O Blake? Conhece ele?
一 Não, mas não quero entrar em atrito, a fama o precede. 一 Arqueio a sobrancelha. 一
Claramente meu advogado deve favores, escolhi te ajudar para não ter problemas.
一 Que fama?
一 Bom, ele é o seu namorado, não é? Todo mundo sabe que Blake é um torturador
perverso que sorri enquanto arranca a carne, o pau, os pés, o que for necessário de seus inimigos.
一 Oi!? 一 Assimilo a informação nova, desacreditada, o meu Blake não é o que falam.
一 Ah, já sei, não conhecia o lado obscuro dele? Com você é diferente. 一 sorri 一
Mafiosos como o Blake quando amam são superprotetores, não duvide quando ele disser que
morreria por você.
一 Eu não acreditei quando afirmou que me protegeria. E de certa forma conseguiu, estou
confusa! 一 confesso.
一 Aquele homem pode estar onde quiser, e não explodiu esse lugar ainda para te buscar
porque isso te prejudicaria ao voltar para a sua vida normal. Pelo que ouço falar, é insensível.
Não consigo vê-lo como um torturador, e mesmo pensando na hipótese, a situação é
pior. Droga, por que não consigo odiar verdadeiramente nem o seu lado perverso? Eu amo você
Blake! Por que é tão difícil tudo isso?
一 Preciso mudar! Blake com certeza diria que posso fazer o que eu quiser. E nesse
momento escolho não ser mais fraca. Quero que me transforme! Preciso aprender a lutar, a me
defender e principalmente saber quando ou não devo atacar! 一 Tara mira o meu rosto, um
sorriso irônico estampando sua boca. 一 Não quero ter medo delas quando vierem para cima de
mim.
一 Não se preocupe, lhe transformarei em uma maldita durona do caralho, ninguém mais
mexerá com você.
一 Não se engane em achar que confiarei em você, porque serei capaz de te destruir.
一 Não espero menos que isso!
Liguei para o Will com o intuito de obter informações sobre a Antonella e o convidei
para jantar. Preciso agradecê-lo pelo abraço quando assisti o Blake matar aquela mulher. Após o
susto notei um olhar de interesse e me senti desejada. Não estou em busca de um amor, e sim
decidida a cuidar do meu emocional, ter amor-próprio e ser a melhor mãe do mundo para o meu
filho, mas quero sexo, companhia, conversa jogada fora.
O interfone toca, aliso os cabelos moldando-os nos ombros, e abro a porta.
一 Boa noite Pietra, agradeço pelo convite. Trouxe um vinho, espero que goste. 一 sorrio
fazendo um sinal para entrar.
一 Fique à vontade, adoro vinho! 一 Will se aproxima beijando o meu rosto, um calor
novo aquece minha pele, logo se afasta, sem jeito.
一 Desculpe, acho que me precipitei em beijar o seu rosto.
一 Não, eu gostei. 一 admito.
Fecho a porta presa em seu olhar, está exposto nossos planos nessa noite. O olhar entrega
que veio em busca do mesmo, de prazer, de aliviar a tensão do dia agitado. Antes que fale
novamente, eu o beijo. Meu corpo suplicante para agarrá-lo e é isso que faço, beijo sua boca que
aceita me puxando para o seu peitoral. Suas mãos descem em minhas costas, apertando meu
quadril, iniciando um esfregar provocativo do seu membro duro em meu abdômen.
一 Will, preciso de carinho.
一 Estou pronto para te oferecer muito carinho. 一 sorrimos.
Permito que meu corpo se entregue sem amarras, apenas para uma noite quente. Seguro
em sua mão, colocamos o vinho na mesa e o levo para o meu quarto. Will atravessa a porta
prensando-me na parede. Seu cheiro é intimidador, gostoso, e transpasso a língua em seu
pescoço, aplicando beijos suaves e curtos. Desde que o vi pela primeira vez com sua voz grossa
me dizendo “respira garota” fiquei mexida, mas foi o seu abraço de conforto que me deixou
repleta de desejo.
Como posso ter ficado excitada se havia acabado de ver uma pessoa morrer? Talvez
fosse a adrenalina do momento, mas o Will é atraente. Ele me joga na cama, arrancando o
vestido curto do meu corpo. Sorri ao confirmar que estou sem peças íntimas. Rasteja por cima de
mim, iniciando os beijos nos meus seios até atingir a parte superior de minha boceta. Arrepio
com a textura molhada de sua língua. As mãos grandes e pesadas apertando com força, derreto.
一 Gostosa demais!
Will sutilmente abre as minhas pernas, os dedos são ásperos, talvez pelo seu trabalho
militar, mas estou extremamente excitada. Ele passa a língua em meu clitóris sorrindo com
satisfação ao me ouvir gemer.
一 Isso, que delícia Will.
Sua boca chupa minha boceta, resvalando a barba grossa ao redor, reviro na cama com o
peito palpitando de prazer. Tudo que anseio é senti-lo dentro de mim. Ele explora os seios, os
dedos prendem os mamilos enquanto faz movimentos constantes com a língua. Gozo em sua
boca, Will se deleita sugando meu sabor. Recupero do prazer escaldante jogando-o na cama para
chupá-lo. Engulo seu pau grosso e grande, vejo-o inclinar a cabeça para trás, gemendo.
一 Isso, me chupa, que boca habilidosa.
A ereção pulsa em cada movimento constante. As pernas grossas rígidas, o peito
expandindo profundamente, sentindo as sensações de prazer. Envolvo a mão direita ao redor,
masturbando-o em sincronia com minha boca, alternando entre sucções e apertos dos dedos em
seus testículos sensíveis. Quando está inquieto, pressionando minha cabeça com força, a ponto
de gozar, eu paro. Ansiosa sento no seu colo, ele segura o pau grosso, coloca a camisinha com
rapidez e encaixa em minha boceta. Penetro lentamente vendo-o arfar.
Os toques de suas mãos no meu corpo tornam-se urgentes. Cavalgo com força, beijando
sua boca com carinho. Gememos, o suor escapando de nossas peles quentes. Deslizo os dedos
em sua tatuagem no peitoral esquerdo, um leão que cobre quase toda região, ele sorri, gostando.
Beijo o desenho enquanto meu peito borbulha com a excitação ardente. Will me joga na cama,
encaixando-se no meio das minhas pernas, invadindo com avidez minha boceta. Cada enfiada
forte e firme me deixa completamente mole. Adoro a sensação dos nossos corpos em atrito,
molhados, os cheiros se misturando gradativamente, os gemidos incontidos. No limite segura
com a mão esquerda o meu corpo enquanto com a direita puxa os meus cabelos, estamos em
sincronia, no ápice de sentir.
一 Geme gostoso para mim Pietra. 一 murmuro, ele acelera tascando um beijo selvagem
em minha boca, e suplico entre nossos lábios.
一 Mais rápido Will, vou gozar. 一 Ele sorri de canto, aumenta os movimentos.
Ficamos tensos, a respiração profunda, o arrepio irradiando na pele. Gozamos ao mesmo
tempo, presos em um beijo longo e gostoso. Will aperta minha cintura com euforia, o prazer
roubando todas as nossas forças vitais. Desmanchamos na cama, a satisfação transmitindo uma
onda de felicidade momentânea. Estava com saudades de ter essa troca sexual. Will me puxa
para o seu peito, inspiro inalando seu perfume amadeirado.
一 Isso foi incrível, espero que goste do jantar que preparei.
一 Não tenho dúvidas que está delicioso, assim como você.
CAPÍTULO 38

Amanhece, o alarme ressoando, as celas destrancando, termino de amarrar os tênis velhos


que recebi e sigo rapidamente, sem encarar nenhum rosto, até a academia. Não é um ambiente
bem preparado, parte das coisas estão desgastadas, as cordas remendadas, aparelhos precários,
mas será aqui que tudo mudará. Avisto um tatame improvisado. Estou determinada a ser uma
nova mulher, alguém forte e capaz. Sempre fui uma patricinha, não nego, mas isso não reflete o
meu caráter, pelo contrário, respeito as pessoas e tenho palavra.
O primeiro dia nesse inferno me ensinou a não encarar ninguém, e a não me meter nas
relações das presas. Um universo paralelo oposto da vida lá fora, aqui é um mundo novo, com
outras regras, preciso segui-las. Cada uma tem sua puta e se eu falar com elas, apanho. Passo
rapidamente por algumas detentas treinando, Tara faz um gesto com a mão direita, chamando,
sigo até ela parando no centro do tatame.
一 Começaremos os treinos, mas antes um aviso importante. 一 encaro-a fixamente 一
Prepare-se para levar uma surra, não pegarei leve com você! 一 revela.
一 Ótimo, não quero mesmo que pegue leve comigo, preciso que me ensine. 一 Ela
aponta para outras duas mulheres, que se aproximam, fixando-se atrás de mim.
一 Chamei duas garotas para me ajudar. 一 Analiso-as em segundos, as duas aparentam
ser novas, corpos malhados, semblantes revoltados, mas abrem um sorriso, espero serem
flexíveis para conversarem. 一 Essa é a Zoe 一 aponta para a de estatura menor, cabelos
castanhos curtos, pele branca 一 e a Fani, elas vão te dar uma bela surra! 一 A outra possui
cabelos loiros presos em um coque no topo da cabeça, os olhos são verdes, e bate as mãos uma
na outra, animada.
一 Lutarei com as duas? Não entendo nada de defesa. 一 confesso. Tara gargalha.
一 Nada melhor para ganhar determinação do que apanhar. Pode julgar os meus métodos,
mas não os resultados, até o final do dia estará se defendendo parcialmente. Nosso primeiro
trabalho é mental, você precisa reconhecer que é fraca.
一 Certo, preciso aprender na dor.
一 Boa garota.
Zoe e Fani rodeiam meu corpo. Os movimentos dos braços sincronizados, buscando o
melhor ângulo para me acertar. Alterno o olhar entre as duas, mas são frações de segundos de
desatenção suficientes para receber o primeiro golpe em minha face direita.
一 Ai 一 exclamo descuidando e me acertam novamente. 一 Desequilibro com a
passagem de pernas caindo ao chão. Recebo socos e chutes, minhas mãos ficam trêmulas de
raiva, a dor em cada punho fechado que me acerta. Elas se afastam, sobressalto recuperando a
postura, mas sinto o sangue escorrer do canto de minha boca ao queixo.
一 Vem, me ataca! 一 ordena Zoe. Ataco-a, o golpe é fraco, não causa um atrito
suficiente para desestabilizá-la. Ela revida com múltiplos socos, não consigo me defender, e
agacho, para tirar meu corpo da direção.
一 Isso, foco porra! 一 grita Tara.
O treino se estende, durante o dia todo. Meu rosto dói por apanhar de várias formas e a
cada nova porrada fervo, a raiva se ramificando em minha pele, em toda respiração ruidosa que
escapa, fomentando um lado novo, desconhecido, que deseja ser liberto. Em cada piscar dolorido
dos meus olhos me faz lembrar de onde estou e das pessoas que terei que enfrentar aqui dentro.
Reviver a imagem do Blake me dizendo para não abaixar a guarda é meu aviso constante de que
não posso desistir. Armaram para mim, estamos há poucos dias juntos, imagina depois, não
posso passar por isso novamente. Recupero a postura e continuo lutando, não cabe fraquejar,
nem protelar, estou apenas começando.
Entro no escritório, pego um copo de whisky engolindo o líquido em segundos. Pensei na
Antonella o tempo todo, mesmo que esteja protegida não consigo me sentir menos tenso, cada
vez fico maior, expandindo em ódio. O celular toca, confiro na tela que é uma ligação do Rico
Mandolini.
Há meses não nos falamos, ele e seu irmão Ricardo sempre terão o meu apoio, amizade,
quando desafiei os poderosos os dois ajudaram na fuga. Foram desertores, Ricardo mudou-se
para o Canadá, fez sua vida, formou-se doutor em finanças, mas a há um ano está morando
novamente com o Rico na Austrália.
Quando desapareci demorou apenas alguns meses até conseguir livrá-los de qualquer
condenação. Minha destruição e ascensão foi construída em cima dos segredos pequenos que fui
revelando, as tensões iniciaram, o governo deflagrou, o governador queria minha cabeça, mas o
General Jonas (O-10), experiente, sabia do meu alto poder de destruição tanto físico, como
mental. Levei comigo arquivos importantes, raros, segredos de estado, documentos
comprometedores que levariam um país ao extermínio.
Ganhei o selo de “intocado”, e fiz um acordo. Sou o “Senhor das Armas”, não podem me
deter. Essa cadeia de proteção agora parece estremecida porque alguém está revidando, usando a
Antonella para conseguir a oportunidade que precisavam para me matar, mas esqueceram que eu
faço as minhas próprias guerras e na próxima visita ao presídio mostrarei isso. Atendo a ligação.
一 Você teve algum problema com o meu dinheiro? 一 Rico era doutor em economia e
engenharia desde o exército, ao chegar na Austrália criou sua própria rede de bancos, atualmente,
a maior do país, com filiais nos países vizinhos.
一 Óbvio que não! Essa ligação é pessoal.
一 Do que você precisa meu amigo?
一 Preciso que mate alguém, eu mesmo poderia concluir o serviço, mas sei que você não
seria afetado caso fizesse.
一 Ficará me devendo um favor Rico, mas para você eu faço, em nome dos velhos
tempos, o que o cara aprontou?
一 Will me falou para fazer uma troca de favores, ele te ajudaria e você me ajuda, e
pronto. O alvo se chama…
一 Entendi. Qual o nome do cara?
一 Juliano Carron. Ele está obcecado pela Chiara, causando problemas.
一 Lembro-me de sua filha, quando a conheci era uma adolescente, mas morava com a
mãe no Colorado, agora tem o quê? 18 anos? Está morando aí na Austrália?
一 Dezenove anos, uma criança ainda. 一 rebate, sorrio da sua incapacidade de aceitar
que de criança não tem mais nada. 一 As coisas aqui desandaram… ela veio morar comigo há 2
meses, estou dividindo uma casa com o Ricardo, os dois nunca tinham se conhecido antes, sabe
como é, filho do meu pai com outra mulher, mudou criança para o Canadá até retornar, e nos
reencontramos no exército, mas ele me fodeu. 一 confessa, pelo timbre de voz imagino sua
fisionomia extremamente carrancuda, quando ficava assim os olhos azuis pareciam gelo.
一 O que houve aí?
一 O Ricardo é um maldito filho da puta e estava dormindo com a minha filha. 一 bufo,
desacreditado.
一 Seu irmão? Aquele almofadinha? Não consigo imaginá-lo fazendo algo errado, era tão
certinho.
一 Eu também achava, até vê-lo comendo minha filha enquanto eu dormia.
一 Certo, posso incluí-lo no pacote. Ele é um amigo, mas isso é complicado.
一 Não, resolverei tudo. 一 Uma risada escapa, os dois são meio irmãos de sangue, por
mais furioso que esteja, se amam demais.
Ricardo é o típico homem nerd, enquanto Rico é um filho da puta safado.
一 A escolha é sua. Em 24 horas estou desembarcando aí em Perth, precisarei ser rápido.
一 Sem problemas, separei o whisky. Até breve. 一 desligo.
Ficarei fora, ajudarei o Rico, será jogo rápido, mas antes verei a Antonella. Preciso ouvir
sua voz, saber que está bem, e claro descobrir se ainda me quer. Sinto falta do seu cheiro, do seu
sorriso e de como me fico ao seu lado. Se tem uma coisa que anos de serviço militar me ensinou
é que o sistema é falho e penetrável, a minha jogada irá acelerar sua saída.
Poderia arrancá-la daquele lugar, estou pouco me fodendo para as leis, mas sua imagem
jamais seria esquecida, o registro de fuga acabaria com a reputação de sua família, Antonella não
merece viver assim, na sombra da minha vida, sofrendo as consequências de ter se envolvido
comigo.
Após algumas horas sigo para o presídio. Dessa vez não levarei o Will comigo, as
consequências poderiam pesar em sua posição. Loki me encara, negando com a cabeça enquanto
coloca as armas no carro.
一 Se não fosse inteligente já estaria morto, só faz barbaridades. Assim que você sair
daqui envio o e-mail.
一 Certo. 一 Entro no veículo fechando a porta, convicto dos meus atos.
Meia-hora depois estou com meu lançador de granadas militar de longo alcance,
apontado para a entrada do prédio de detenção. Posicionado em uma janela, no topo de uma
construção antiga, abandonada. Talvez classifiquem como terrorismo, não importa, será abafado
em poucas horas. A correria dos agentes instiga minha fúria e disparo uma, duas, três, até cinco
vezes contra os muros.
As explosões acontecem. As rachaduras se esvaindo nos blocos de concreto. A fumaça
negra enuviando o ambiente, tornando a visão condensada. Ouço gritos, escondo-me enquanto os
agentes perplexos procuram dá onde vem o ataque. Espero incontáveis cinco minutos até o
ambiente ser consumido pela força policial, e me aproximo, empunhado de uma arma.
Todos reagem, concentrando as miras dos armamentos em minha direção. Tudo parte de
um plano, aos olhos deles pequeno, nos meus, um aviso nível máximo.
一 Solte a arma! 一 ordena um dos homens, sorrio, colocando-a no chão.
一 Preciso visitar uma das detentas. 一 Enraivecido o policial se aproxima, projetando
meus braços atrás do corpo, algemando meus pulsos.
Não me movo, apenas mantenho a expressão impassível enquanto todos assistem,
confusos. Na mente deles é apenas um louco que agiu sem pensar e apodrecerá em um presídio
pior que esse. O homem me arrasta para dentro do ambiente, desviando dos escombros. Retira
todos os meus pertences, relógio de pulso e sento na cadeira de plástico, a agente Polly
reconhece o meu rosto, porque fica pálida.
一 Vocês sabem que precisarão me soltar em menos de dez minutos, certo? 一 Os
policiais riem da minha afirmação.
一 Ele é militar… 一 Polly sussurra para um dos guardas que responde de volta.
一 Deve ter ficado louco, chama-se trauma de guerra, é TEPT (transtorno pós-
traumático).
一 Estamos esperando os militares que virão te buscar, isso é atentado. Mofará em uma
cela. 一 avisa outro, são tantos homens que nem me dou ao trabalho de olhá-los, mas tenho
prazer em responder.
一 Não, na verdade, calculo que em cinco minutos vocês receberão uma ligação do
governador, dizendo para fazerem o que eu mandar, e em seguida entrarei em uma dessas salas e
conversarei o tempo que eu quiser com a minha mulher.
一 Besteira, não passa de um fracassado. 一 Meu celular vibra na mão do policial
responsável que confere o visor.
一 Acho melhor atender. 一 ele me ignora, ao mesmo tempo que desliga o aparelho. Em
segundos o telefone do balcão ressoa, os homens se entreolham, Polly atende.
一 Oi, pois não… 一 os olhos arregalam 一 Governador Francis, que honra, está sim, um
segundo. 一 Um sorriso irônico se forma em minha face, provavelmente recebeu o meu presente.
O policial fixa a atenção no meu rosto enquanto escuta atentamente a ligação. A
expressão muda, está apreensivo, engolindo em seco, enquanto concorda com a cabeça a cada
frase que escuta. Minutos depois desliga, paralisado, todos assistindo suas reações estranhas. Ele
limpa a garganta, captura a chave que estava no bolso aproximando-se.
一 Por favor, fique em pé, Senhor Lodge, tirarei as algemas.
CAPÍTULO 39

Os outros tantos policiais reagem, em uníssono, gesticulando os braços, confusos e


desacreditados. Ouvir suas palavras de que tirará as algemas causa contentamento, mas é
evidente a revolta porque todos se aproximam enquanto ele solta os meus pulsos. Movimento-os
no ar, aliso minha jaqueta de couro. Elevo a mão aberta, esperando, ele devolve os meus
pertences.
一 Presumo que o Governador disse que posso fazer o que eu quiser? 一 O homem bufa.
一 Como assim chefe? O que é isso? 一 reclamam. 一 Ele soltou granadas, explodiu tudo,
ficará por isso mesmo? 一 questionam, mas ele ignora as reclamações respondendo minha
pergunta.
一 Ele disse algo sobre “não o toquem e deixe ele ficar o tempo necessário”. 一 Lanço
uma piscadela, ignorando a revolta ao meu redor, afastando-me enquanto apressadamente abrem
espaço.
Chego na agente Polly, a face assustada, ela tenta falar, mas gagueja.
一 Quero visitar a Antonella Spinelli, mas por favor arrume a sala do diretor, a anterior
era uma merda. 一 Ela concorda balançando a cabeça.
一 Pode me seguir Senhor Lodge. 一 Verifico uma última vez os policiais ainda
paralisados fixos em mim.
一 Melhor arrumarem essa bagunça. 一 Sigo pelos corredores, o sol fraco atravessando as
janelas, meu coração acelerado, ansioso para ver meu bloco de açúcar.
Adentro a sala ampla, as poltronas de veludo cinza chumbo, móveis rústicos em madeira
nobre, e uma mulher baixa com olhar evasivo pisca rápido.
一 Sou a Diretora Thomas, ouvi a ligação, espero que a sala seja do seu agrado.
一 Não é, mas servirá, pode ir. 一 A mulher furiosa bate a porta ao sair.
Sento na poltrona, e dez minutos depois Antonella entra.
一 Blake. 一 murmura, avançando em minha direção, agarrando com força meu corpo
enquanto esfrega-se em mim.
Olhar para o seu rosto deveria trazer alívio, mas está machucada, evidenciando que
sofreu agressões. Desolado, afasto-a, elevando seu queixo, expelindo o ar quente dos meus
pulmões. Fervo desalmado. Beijo seus lábios com cuidado e passo os dedos suavemente nos
hematomas, querendo apagá-los de sua pele branca, agora roxa e edemaciada.
一 Quem fez isso com você? Quero o nome delas agora! 一 Antonella toca meu
anterrosto, passando o polegar em meus lábios.
一 A Tara está me ensinando a lutar, isso é apenas no início, acabarei com elas daqui a
uns dias. Ninguém me agrediu de propósito. 一 Relaxo os ombros, dispersando a tensão.
Saber que está aprendendo a lutar gera uma onda de desafogo, deslizo minhas mãos em
seu corpo frágil, com uma sensação louca doendo dentro de mim, imaginar alguém batendo na
Antonella me enfurece.
Blake me admira em silêncio, as nuances indecifráveis fixadas em cada canto que
vasculha, nos machucados, na minha boca. Ele suspira. Beijo os seus lábios com desespero, a
palpitação roubando meus sentidos, causando um frenesi duradouro que não cessa, quero mais.
Preciso cada vez mais dele, e mesmo estando brava, é pertinente, perturbante, inconsertável o
tanto que o amo. Sua língua atrevida passa em cada canto, circulando a minha, sugando,
exigindo meus fluídos, minha sanidade e todos os desejos. Blake senta na mesa, deixando-me em
seu colo, os braços envolvendo minha cintura enquanto nos admiramos.
一 Blake, eu te amo, e mesmo decepcionada não consigo olhar minha vida sem você. Não
sei quanto tempo permanecerei aqui, mas assim que estiver livre ficaremos juntos.
一 Posso te tirar daqui de duas formas, a primeira de maneira legal, mas demoraria alguns
dias, até um mês, e a segunda, agora mesmo, sem ligar para a porra das leis, mas ficaria com a
ficha suja. 一 analiso suas palavras. 一 Por mim, te levaria agora, eu não ligo para nada, mas
desde que você entrou na minha vida tudo mudou. A escolha sempre será sua, e darei o que
precisar para não se machucar. 一 Mordo o lábio inferior, pensativa, mas ainda não faço parte da
obscuridade do Blake, dessa indiferença em lidar com tudo, menos comigo.
一 Eu prefiro esperar… 一 Ele não reage, mas pelo olhar compreende. 一 Eu ainda não
entendo você ter entrado nessa vida, o porquê escolheu esse lado obscuro. 一 Ele comprime os
lábios, esfregando um no outro, se preparando para falar.
一 Precisei me transformar, foi doloroso, e assim que você sair por aquela porta saberá de
tudo! O que importa é que eu também a amo. Matarei qualquer pessoa que encostar a mão em
você, que te olhar torto ou te desafiar, mas o principal… 一 ele pausa, enchendo o pulmão de ar,
criando coragem para dizer. 一 Você é a minha mulher, e precisará escolher entrar ou não para a
máfia, irei ao inferno e darei a minha vida para protegê-la, eu prometo. A escolha que fizer
estarei ao seu lado.
一 Eu acredito em você Blake, quando diz que irá me proteger.
一 Infelizmente nessa vida coleciono muitos inimigos. Sei que pedir que entre para a
máfia é algo absurdo, porque está sendo arrastada para o caos, mas não tem como eu não dizer
que te quero, que amo você. 一 Blake encosta a testa na minha, suspiramos juntos, o hálito
mentolado me excita, nossos corpos quentes cada segundo mais próximos, suplicantes por
prazer. 一 Tirarei você daqui e nunca mais ninguém será capaz de te machucar, porque juntos
seremos mais fortes. Prometa Ella, que nunca desistirá!
一 Eu prometo! Quando sair direi se aceito ou não entrar nesse mundo. Preciso de mais
tempo para pensar. 一 Seu olhar não me abandona. 一 Como conseguiu me trazer para essa sala
enorme? Tem até tapete, poltrona, é aconchegante. 一 Desço de seu colo impressionada,
caminhando, tocando os móveis com os dedos. 一 Parece ser a sala de alguém importante.
一 Cederam para ficarmos mais à vontade. 一 Arqueio a sobrancelha lembrando das
palavras da Tara sobre o meu Blake ser um homem implacável, diferente de quando está comigo
na cama.
一 Estranho, das celas ouvimos explosões, há fumaça por todo lugar, parece um ataque
poderoso.
一 Não matei ninguém, é apenas um aviso para me deixarem te ver do jeito que eu
queria. 一 confessa vindo em minha direção.
Retiro meus sapatos pisando sobre o extenso tapete de veludo azul-marinho que ocupa o
lado oposto, próximo a uma estante fixa. Fecho os olhos, a sensação macia por baixo da sola dos
pés, massageando minha pele, faz memórias eclodirem, saudades de casa, dos meus tecidos, da
Antonella que segurava um alfinete ou pedraria deslizando na peça para fixá-la onde brilharia
mais. Uma lágrima inesperada desce em minha face direita, simultaneamente as mãos do Blake
se apossam de minha cintura, encoxando-me por trás, percorrendo meu abdômen em um abraço
longo, afetuoso, doloroso e libertador.
Blake beija meu ombro, arranca suavemente a minha blusa, fico exposta, os seios
evidentes, ele torna a me abraçar, rastejando os lábios em minha nuca enquanto afunda o nariz
em meus cabelos, amavelmente. Seus toques percorrem a lateral do meu corpo deslizando a calça
larga que cai nos meus pés.
一 Quero você, estou morto por dentro, tem mais de 24 horas sem sua boceta. Preciso dos
seus beijos, toque, do seu ódio e amor enquanto te fodo gostoso.
Um arrepio se amplifica percorrendo minha pele.
一 Blake, o que você fez hoje na prisão, significa algo? Por que chegou destruindo tudo?
É por minha causa mesmo? 一 A mão direita se projeta na parte interna das minhas coxas, oscilo
excitada.
Ele aproxima a boca do meu ouvido, chupando o lóbulo da minha orelha direita antes de
sussurrar.
一 Sim, por você estou começando uma guerra com o governo americano, por você eu
destruiria o mundo todo, mesmo que no final me xingasse, porque ainda estaria viva. Antonella,
você roubou não só meu coração, mas minha alma.
Deposito minha mão direita sobre a dele induzindo o seu toque a prosseguir, e seus dedos
invadem minha boceta, sopro um gemido, ele arfa roçando o pau duro em minha bunda.
一 Eu te amo Blake, pertencemos um ao outro enquanto vivermos.
一 E após a morte, sou possessivo, no céu ou no inferno, não importa, uma alma e dois
corações.
Meu tórax expande, os dedos atingindo fundo, brincando com o meu clitóris enquanto o
prazer me consome. Um gelo infinito reverbera da cabeça aos pés. Blake sempre terá o poder de
mexer com todos os meus sentidos. Escapo de seu toque, ele entristece. Ganho distância
correndo até a porta, seu olhar cravado em mim, preocupado, mas eu a tranco com medo de
sermos pegos, talvez uma bobeira minha, mas ele sorri com o meu gesto, tirando a roupa, ficando
completamente nu.
Retorno deitando sobre o tapete macio, os filamentos fofos causando uma sensação
gostosa em minhas costas enquanto assisto ele se livrar da cueca. O pau escapa, grosso, ereto, o
centro das minhas pernas umedece ansiando senti-lo. Blake aprecia minhas curvas, provoco
levando a mão ao meu corpo, tocando meus seios seguindo o centro do meu abdômen até parar
em minha boceta. Ele fica paralisado, fascinado, assistindo meus dedos contornarem meu
clitóris, os gemidos ganhando volume, e eufórico se toca, deslizando a mão na ereção volumosa,
masturbando-se.
一 Minha vadia gostosa, estava com saudades… 一 confessa se ajoelhando, encaixando-
se no meio de minhas pernas, cada centímetro mais perto.
Sem prolongar, na situação que estamos fodidos de desejo, com a adrenalina em picos
altos, se posiciona, retira minha mão e usa sua glande robusta para circular meu botão sensível,
estremeço, um onda de calafrios me atinge e choramingo agarrando seu quadril, sedenta,
obrigando-o a penetrar com força. Ele faz, grunhindo, cada centímetro mais fundo, a entrada
justa fazendo nossos corpos borbulharem em excitação.
一 Ah Blake, isso, me come, estou louca para gozar no seu pau. 一 Instigo, sentindo o
bater fundo de sua ereção dentro de mim.
Arqueio o corpo, o torso dele vem de encontro ao meu, a boca beijando os meus
mamilos, duros, sensíveis, e ele suga. O prazer de ser invadida, a língua experimentando o sabor
da pele, as mãos aplicando toques urgentes e alguns dedos no ritmo certo. Fico encharcada
enquanto o pau desliza em golpes frenéticos, os sentidos se elevam e fico em polvorosa.
一 Porra, você é tão deliciosa, olha essa boceta quente, molhada, esse mamilo… 一
captura nos dentes, murmuro, ele transpassa a língua — esse corpo, droga Antonella, você é
perfeita. 一 Perco o fôlego.
Nossos movimentos sincronizados, o atrito das nossas extremidades, o barulho dos
nossos fluidos se misturando, o cheiro que inalo com paixão. Um gemido gutural me escapa
quando ele projeta precisamente meu clitóris entre os dedos, roubando minhas forças.
一 Ah Blake, quero gozar… 一 aviso, seu corpo enrijece.
As pernas grossas intensificam a projeção do seu quadril. Inflamo, uma sensação
arrebatadora percorrendo minhas veias, contraindo todos os meus músculos, seguido de um
prazer intenso, duradouro que me faz revirar os olhos. Gozo, ele também, enchendo-se de
satisfação, me agraciando com um beijo enquanto o desejo latente se espalha.
Esparramados, recuperamos o ar. Aconchego em seu peito, inalando seu perfume,
balançada, ainda com saudades. Ficaria nessa troca de carícias a noite toda, mas ao elevar o olhar
encaro o teto e recordo-me de onde estou.
一 Toda semana estarei aqui, até que saia livre. 一 Nego com a cabeça, ele vacila, as
mãos apertando-me contra si, com força.
一 Explodirá tudo toda vez que precisar me ver? 一 ele nega, abre a boca para falar, mas
continuo 一 Blake, estar aqui é como viver no inferno, preciso pensar, assimilar tudo isso.
Entender esse seu lado destruidor é muita informação, até ontem tudo que precisava me
preocupar era em produzir roupas. 一 Levanto, me limpo com alguns papéis do banheiro,
recoloco as peças no corpo.
Ele faz o mesmo, me rodeando como uma presa que a qualquer instante poderá fugir.
一 Amor, olha para mim… 一 ainda sem a camisa, segura o meu rosto, obedeço ao seu
pedido, encaro-o. 一 Nunca escondi quem eu sou, você conhece um lado meu que ninguém
nunca ousou ter 1% de acesso, o meu trabalho, a porra da podridão que faço quando comando
vendendo armas não altera o meu comportamento com você. Só você terá passe livre para o meu
coração, ninguém mais, então quando sair daqui ouvirá muita porra assustadora, o quanto gosto
sim de fatiar pessoas, mas te amar é maior que tudo. 一 Os lábios trêmulos me entregam, luto
internamente para não chorar.
一 Você não mudará comigo? 一 ele sorri, roça o nariz em meu rosto.
一 Caralho Antonella, porra, não seja insuportável. 一 sorrimos, agarro seu corpo
afundando o rosto em seu peitoral.
一 Em breve estaremos juntos, espero que seja rápido, dói ficar longe de você. Eu te amo
Blake!
一 Também amo você! Ficarei fora por dois dias, preciso ajudar um amigo na Austrália,
mas a Janaina estará cuidando de tudo para receber os papéis. Não se preocupe, daqui uns dias
estará fora daqui. Preciso ir, anoiteceu, o voo sai na madrugada.
一 São coisas de armas que irá resolver?
一 Não, preciso matar um homem. 一 Encaro-o, um sopro frio na espinha.
一 Blake, isso é insano. 一 Ele acaricia minhas costas, sem saber o que dizer. 一 Por
favor, não se atreva a se machucar, preciso de você inteiro, e não, não te julgarei mais.
一 Pode julgar amor, desde que não me impeça de ter o meu pau dentro de você, porque
eu te amo.
CAPÍTULO 40

Encosto a cabeça no travesseiro duro, tomei a pílula do dia seguinte que a médica enviou
pela agente Polly assim que o Blake partiu. Todas às vezes que fizemos sexo sem proteção eu me
cuidei. Quase sempre somos inconsequentes, e deixamos o prazer falar mais alto.
Escuto algumas presidiárias discutirem, com a proteção da Tara passaram a não me
ofender. Não estou imune, mas ela é respeitada. Os olhos possuem uma dor própria, algo que se
estende por sua face, porque é sempre fechada com grosserias e agressividade nas palavras. Não
perguntei sobre sua vida, e talvez nem deva.
Essa nova realidade é deprimente, de fato será impossível compreender um dia porque
precisei passar por uma situação devastadora como essa. Às vezes penso que mereço por ter
gostado do swing e iniciado um romance com o Blake, mas é tão injusto sofrer por algo feito
sem maldade. Só me resta aceitar, fiz minhas escolhas.
Os dias aqui dentro podem ser péssimos, depressivos ou posso transformá-los em um
recomeço, uma oportunidade de ser mais forte, e essa é a minha escolha final. Ser forte!
SEMANA 1
一 Vamos porra! 一 grita Tara.
O suor escorrendo em meu rosto quente, os pulsos doendo com os socos irregulares que
invisto na Fani quase me levam ao colapso, mas mantenho as pernas firmes, os pés fixos, sem
desistir.
一 Mais forte, ainda está muito fraco!
一 Tenho que realmente bater em você?
一 Se quiser aprender de verdade, sim, ou está com dó? 一 provoca acertando um chute
em minha panturrilha esquerda, desequilibro brevemente.
一 Nenhum pouco. 一 sorrio.
一 Ótimo! Continua! 一 Recobro a postura, avançando em seu pescoço, mas falho, ela
me derruba.
Lutamos incansavelmente, as dores musculares tornam-se companheiras, ao deitar à noite
o alívio traz um suspiro longo, de que o esforço está sendo matador, porém estou determinada.
Ganhei um celular do Blake que foi entregue pelo advogado Petrus, responsável pelo meu
caso. Segundo suas recomendações, Blake não poderá fazer uma nova visita para evitar
vazamentos de informações, suas ações ao atacar o presídio deixou as autoridades em conflito e a
mídia focada em vigiar o lugar. A primeira ligação foi para os meus pais, o que amenizou a
angústia deles, mas neste momento meu coração palpita por discar o número do Blake.
O trabalho dele na Austrália foi um mistério, retornou sem revelar se matou o homem ou
não, e porque estaria prejudicando alguém. Após alguns toques, atende, a voz mansa, grossa,
ressoa do aparelho, e fecho os olhos lembrando do seu cheiro.
一 Como foi o dia de luta?
一 Dolorido, acho que sairei daqui direto para uma mesa de cirurgia. 一 ele rosna
desaprovando os métodos.
一 Acha que consegue? Posso pedir que a Tara pare ou que arrume outras garotas. 一
Reviro os olhos.
一 Blake Lodge, não duvide da minha capacidade, quando sair mostrarei o quanto estou
boa em dar um bom soco.
一 Nossa luta poderá terminar na cama? Com meu pau dentro de você?
一 Sim, só se prometer não pegar leve.
一 Eu nunca pego leve, irá chorar e implorar por mais, safada. 一 sorrimos, a angústia
domina o meu peito, de saudade.
一 Te amo, insuportável!
一 Amo você, coisinha chata!
SEMANA 2
Elevo a perna o mais alto que consigo e com um giro acerto o rosto da Fani. Ela reage
com um sorriso.
一 Boa garota, isso aí! 一 Mantenho o ritmo, até estar sem forças para levantar os braços
ou iniciar novos chutes.
Tara senta-se ao meu lado, meu corpo esparramado no chão, captando loucamente o
oxigênio, cansada, no limite.
一 200 flexões!
一 O quê? 一 sopro ofegante.
一 Vai reclamar?
一 Não! 一 Forço-me a levantar, as pernas trêmulas de dor, o abdômen ardendo, mas me
posiciono.
一 Ótimo, não pegarei leve com você patricinha. Aqui não é colônia de férias! Pediu que
eu te tornasse uma fodona e para isso precisa ralar muito. Vamos! Faça, sem resmungar! O
principal é ultrapassar os seus limites. 一 Reviro os olhos.
Faço os movimentos com raiva até meus braços cederem, levando-me ao chão. Meu rosto
grudado no piso frio traz uma satisfação nova, mas Tara chuta minhas pernas parando os seus
treinos.
一 Falta 50.
一 Caralho, porra! 一 O ódio faz uma corrente elétrica de adrenalina disparar.
Sobressalto, aprumo no chão, os braços segurando o peso do corpo, a queimação
irradiando em toda parte. Quase grito que desistirei, mas lembro-me dos meus pais, do trabalho
do Blake, e continuo. Não cabe dúvidas, não é possível fugir das consequências, eu quero ele, e
junto virá o perigo.
Por mais que o ame, ainda é difícil aceitar fazer parte de algo ilegal, fui criada para ser
perfeita, elegante, certinha, ele é o oposto, é desajustado, agressivo, seco, mata pessoas e não liga
para a lei. Mesmo com toda divergência de escolhas, o caos pessoal e nossas diferenças
pertinentes de personalidade, não escolho estar em outro lugar que não seja ao seu lado, presa em
seus braços ou sentindo a explosão da nossa paixão corrosiva.
SEMANA 3
Tara acerta um soco forte no meu rosto, mas me recupero rapidamente e acerto seu
estômago.
一 Filha da puta! 一 xinga, sorrindo.
Posiciono-me com rapidez e agilidade, acerto um novo golpe em suas pernas, ela vacila,
aproveito de sua instabilidade momentânea e pulo em seu corpo com vários socos e chutes até
vê-la exausta. Finalizando a luta acoplo as luvas de boxe rasgadas, não irá proteger muito, mas
amenizará o impacto dos socos enquanto inicio a segunda parte do treino.
一 Garota, estamos quase lá.
一 Essa é sua forma de elogiar? 一 Tara faz um gesto obsceno com o dedo enquanto
gargalha.
Toda semana sou levada à exaustão. Meu corpo não sabe mais o que é não sentir dor. No
final do dia estou desfalecida no chão, adorando a sensação fria do piso escuro nas costas. Fani
oferece a mão, aceito levantando.
一 Hora do banho, faltam quarenta minutos para fecharem as celas.
Forço as minhas pernas a se moverem e adentro na área dos chuveiros. As mulheres estão
nuas, algumas em atividades provocativas, não encaro, apenas pego meu sabonete e deixo a água
cair sobre o meu corpo. Passo-o nos cabelos até formar espuma, Tara pega o chuveiro ao meu
lado e analisa o meu corpo.
一 Blake é um homem de sorte. 一 gargalhamos. 一 Ele é tudo o que dizem mesmo? 一
Arqueio a sobrancelha, incerta.
一 Depende, o que dizem?
一 Que é bonito pra caralho, super novo, e um filho da puta arrogante. 一 Penso por
alguns segundos e, antes de me envolver perdidamente com ele, achava o mesmo.
一 Sim, ele é. 一 Desligo o chuveiro, e talvez ela queira conversar. 一 Por que está aqui?
O que fez?
一 Matei pessoas, sou uma assassina da Máfia Colombiana, infelizmente me pegaram.
一 O quê? 一 espanto-me, segurando a peça de roupa na mão, ela sorri.
一 Estou imaginando como se sente por estar em um lugar como esse, sua vida deveria
ser cheia de frescura, unha toda semana, salão de beleza também, festas chiques, e agora nessa
merda de lugar, comendo lavagem de porco. 一 Meus estômago revira ao me lembrar das
refeições, são horríveis.
一 É um pesadelo! 一 confesso. 一 Como é matar alguém? 一 Tara fixa o olhar no meu
rosto, desliga o chuveiro se enrolando na toalha.
一 É um caminho sem volta, não queira entrar nele.
SEMANA 4
Amanhece, uma mensagem vibra no celular, discretamente pego conferindo. Sinto a
cabeça pesada, dolorida, mas fico feliz ao ler as palavras da mamãe. “Bom dia filha, mais uma
vez falamos com o Petrus, ele acredita que você saia no máximo até segunda-feira. Te
amamos muito, por favor, não nos deixe sem notícias”. Respondo com dificuldade, o peito em
uma compressão desconfortável. Levanto com uma dor aguda no estômago, as mãos suando frio,
até uma onda de ânsia me fazer correr para o vaso sanitário da cela, vomitando tudo que ingeri
no refeitório ontem. Latifa faz careta, incomodada com o odor ácido.
一 Estão pegando pesado nesses treinos.
一 Melhor ir à enfermaria verificar se não foi envenenada. 一 provoca Alec.
一 Se você me envenenar, eu te mato. 一 Retiro um prego que ganhei da Tara do meu
sutiã e aponto para ela.
一 Agora, sim, você não é mais uma putinha! 一 diz Latifa com ironia.
As celas se abrem, me limpo e caminho devagar até a enfermaria, Alec decide me
acompanhar, as náuseas em picos altos enturvecem as minhas vistas. Entramos no local amplo e
aguardamos, encosto na parede com a tontura persistindo. Alec acomoda-se no chão, impaciente.
一 Está passando mal também? 一 questiono.
一 Não, vim perguntar se elas podem me dar um absorvente ou uma toalha nova, sabe
como é, estou menstruada. 一 Meu coração acelera e começo a perder os sentidos.
Ela arregala os olhos, reagindo rapidamente ao se levantar para me segurar. As mãos
agarram-me com força, amoleço, a fraqueza dominando meu corpo.
一 Você está bem? Doutora, ajuda ela!
A médica se aproxima, colocando-me deitada no leito que fica alguns metros à frente.
Estuda com atenção meus sinais vitais, a temperatura enquanto inspiro calmamente.
一 O que você está sentindo? 一 Entreabro os lábios, mas as palavras não saem.
O que acontece no meu corpo é um choque de realidade. Meu coração diminui o ritmo, o
ar se expande novamente em meus pulmões porque consigo respirar de novo. Estive tão
envolvida em lutar, em ser forte que não me dei conta de algo tão importante, há mais de um mês
não fico menstruada. Após as pílulas, meus hormônios aparentavam estar desorientados, porque
de fato não sei dizer quando menstruei a última vez. Deixo que as palavras escapem, enquanto
estou fora de prumo, assustada, negando o óbvio.
一 Acho que estou grávida!
CAPÍTULO 41

一 Sua menstruação está atrasada? 一 pergunta a médica, puxando a prancheta da mesa


para escrever o meu nome na ficha.
一 Sim. 一 Nego enfaticamente meneando a cabeça, levando as palmas das mãos ao
rosto. 一 Como terei um bebê nesse lugar? Não quero ser mãe agora! Isso não deveria estar
acontecendo. Droga!
一 Acalme-se, pegarei um teste. Você tomou a pílula há algumas semanas, pode ser um
efeito colateral. Caso dê positivo faremos uma ultrassom, o aparelho é simples, mas eficiente.
A médica segue até a mesa, abre a gaveta retirando um teste e me entrega. Adentro no
banheiro minúsculo, mas extremamente limpo e fecho a porta. Penso no Blake, e nas últimas
palavras do Will dizendo que me tirariam daqui. Quatro semanas se passaram, e ainda vivo nesse
inferno, escolhi seguir as leis, sair de maneira legal, mas a demora é destruidora.
Encaro o espelho, alguns segundos a sensação é de que não reconheço mais a pessoa da
imagem refletida, a Antonella doce, que sentia necessidade de agradar a todos, que deixava seus
desejos de lado, julgando não ser importante, porque tudo que esperavam dela era que fosse
perfeita. As lágrimas escapam, mas é uma mistura caótica, ainda incongruente entre o eu do
passado e o do presente.
Confiro as recomendações, os olhos marejados, o medo propagando uma aflição porque o
gosto amargo se dissipa em minha boca. Faço o teste e espero o resultado. Os minutos correm
lentamente, a agonia torturante levando ao sofrimento interior. O primeiro risco surge, seguido
do segundo, meus olhos se arregalam e a boca seca.
+ Positivo!
Inflo os pulmões, equilibrando as sensações mistas, o desejo de gritar e o quanto estou
minúscula diante dos meus medos. Não consigo controlar o choro, sobrevém, intenso, molhando
minha face. Apenas sinto, é sufocante pensar em ter um filho nesse lugar, e se acaso demorar
mais? E se essas quatro semanas se tornarem meses?
Confiro novamente o resultado, enxugo as lágrimas que insistem em cair, lavo o rosto, e
saio do banheiro. Entrego-o para a doutora que anota na ficha.
一 Sente-se aqui, faremos apenas uma ultrassom para confirmar.
O autocontrole que sempre tive está inflamado, quase nulo. Will coça a barba, o olhar
fixo em minhas mãos produzindo algumas munições. Três coisas me acalmam, uma é, matar, a
outra é produzir balas de revólver e por último e mais importante, a Antonella, embora ao seu
lado experimente algo misto, como raiva e desejo, tornando sua presença meu calmante
predileto. Will retira alguns papéis, abrindo-os na mesa.
一 Avisa que se não liberarem ela agora, eu matarei todos eles, não estou blefando, não
quero ver porra nenhuma de papel, eu quero ela!
一 Sei que não está blefando. 一 Ele sai do escritório.
Há dias espero essa liberação, imaginá-la passando mais dias lá dentro é inconcebível.
Escuto um bater na madeira, alguém entra.
一 Chegou um novo carregamento. 一 avisa o Loki.
Levanto e o acompanho até os caminhões. As armas são armazenadas em caixas de
madeiras e transportadas até o Alaska, a maioria dos voos parte desse local, possuo uma base
fixa, de difícil acesso.
一 O que trouxe hoje? 一 questiono um dos homens.
一 As Glock, senhor!
一 Que porra de Glock. Esse carregamento era para semana que vem. Descarrega essa
porra aí e distribuiremos para quem está aguardando.
Distraio conferindo notas e valores, uma hora depois Janaina aparece.
一 Ei, gostosão, vem, você gostará de ver algo.
Cada dia sou consumido pela fúria, não consigo negar que preciso proteger a Antonella.
Imaginar perdê-la como aconteceu com a minha mãe me deixa completamente cego, durante
todos esses anos controlo as variáveis, não possuía fraqueza, mas poderia dizer que falhei, nem
isso consigo, amá-la supre todos os riscos. Se eu não tivesse entrado em sua vida, se não tivesse
aceitado fazer aquela troca de casais, ela não estaria naquela condição deplorável, presa,
reprimida entre aquelas malditas paredes, mas, ao mesmo tempo, penso no sentimento que ela
fez nascer em mim, e fico balançado. Estou com saudades do seu cheiro, do seu abraço, e
perderia tudo isso por ela, sem nem mesmo piscar ou duvidar. Entro no meu escritório, Will e a
Janaina me encaram animados.
一 O que acha de buscarmos finalmente a Antonella? 一 sorrio.
Acho que pela primeira vez em muito tempo estou dando um sorriso sincero. Meu
coração acelera, a raiva se esvai, e a sensação é que o seu perfume está aqui, presente em minhas
narinas, com sua corpulência em meus braços.
一 Vamos!
Caminho no gramado sentindo os raios do sol aquecendo minha pele. O treino foi
intenso, o uniforme está ensopado, a brisa suave faz um suspiro irromper de meus lábios.
Foram quase trinta dias em lutas corporais, atividades musculares contínuas, apanhando e
revidando. Evoluí, ganhei dinâmica, força, e agora algumas presas até demonstram ter medo, não
deveria achar bom, mas eu gosto da sensação de despertar pavor, talvez Blake se sinta poderoso,
há infinitas possibilidades, dizem que é extremamente temido. Provavelmente precisou se
transformar para não ser morto, sendo moldado na coragem, no enfoque de não ter sua vida
destruída.
Escuto alguns passos ao meu lado, confiro que é a Tara. Sentamos na grama, o rosto dela
está ruborizado pela atividade massiva dos treinos.
一 Parabéns garota, quando vi você achei que fosse fraca, que as mulheres aqui se
aproveitariam. Eu poderia dizer que tem sorte de namorar o chefão das armas, mas seria injusto
com você porque tem garra aí dentro, não desiste e luta mesmo apavorada. Sabe, se mantenha
firme, focada, se escolher ficar mesmo com um cara como o Blake, tenha em mente que a vida
será uma luta diária. Você acha que está preparada para apanhar da vida? 一 Nem mesmo penso,
a resposta escapa sozinha, falada pelos meus sentimentos.
一 Sim, estou pronta!
一 Fiquei sabendo que está grávida, sabe como é, as presas adoram passar uma
informação, mas dei um aviso para a Alec que se espalhar estará morta. 一 Meu rosto entrega
minha tristeza, porque meu semblante muda.
一 Não queria, mas sim, estou. 一 Passo a mão direita sobre a barriga e, é a primeira vez
que o instinto de afeto se manifesta.
O bebê está com um pouco mais de um mês, a gravidez é de antes, provavelmente do dia
que o Blake reapareceu, reivindicando todo meu coração na loja.
一 Não conte a ninguém lá fora sobre essa gravidez se quiser proteger o seu filho. Fique
longe dessa vida que o Blake vai te dar. Uma vez no crime dificilmente você sai vivo!
一 Quero viver de verdade Tara, com todas as consequências, com todo o medo e, mesmo
assim, ainda ter felicidade com isso. Eu e o Blake nos odiávamos. E esse sentimento se
transformou em um amor inexplicável, eu diria implacável. Um amor que queima, que destrói,
eu sei, mas, ao mesmo tempo, é real, algo indestrutível, não consigo matar o meu amor por ele.
一 Você é forte, se está disposta, garanto que saberá lidar com tudo, mas espere sempre o
pior. Podemos nunca confiar uma na outra, mas sempre que precisar de mim, Rainha da Máfia,
pode chamar. 一 Estico a mão, ela aperta, uma trégua, uma troca de confiança, que significa
muito, me ajudou, no início forçada, mas depois ficou evidente que estava gostando.
一 Precisando, poderá contar comigo também! Assim que sair, será fácil me achar, a
família Spinelli é conhecida.
一 Para me encontrar basta ir na fronteira com o México, sempre estou por lá. 一 Um
grito ressoa no pátio, a agente Tânia chama alguém, foco a atenção em ouvi-la.
一 Antonella Spinelli.
一 O que será? 一 questiono levantando da grama, batendo os pés.
一 Deve ser o Petrus.
一 Até mais tarde! 一 ela sorri, caminho até a mulher que passa as algemas nos meus
pulsos seguindo pelos corredores.
Paramos em frente ao vestiário que estive ao dar entrada na prisão.
一 Aqui estão todos os seus pertences. Seu namorado trouxe essa roupa limpa. 一 Meu
corpo estremece.
一 Eu vou sair? 一 Uma euforia se alastra, não contenho, abro um sorriso.
一 Sim. Parece que você conhece gente grande o suficiente para te livrar daqui. Pode se
trocar nessa sala.
CAPÍTULO 42

Uma avalanche de emoção faz o meu corpo vibrar.


Liberdade!
É como o bater das asas, como assistir um pássaro voar na natureza ou as borboletas em
suas cores vibrantes pousarem sobre as flores enquanto sou inundada pelo aroma de terra e das
folhas secas. Quase posso dizer que a sensação é de segurar a vida nas mãos e a libertar.
Tânia abre a porta do vestiário, percorro o ambiente, acoplando meus pertences sobre o
banco frio de madeira. A sensação pesada quase escapa de minhas costas, e quando pisar na rua
talvez ela não me assombre como todas as noites ao fechar os olhos. Sigo até o chuveiro, lavo o
meu corpo lutando contra a ansiedade, e ao terminar puxo a bolsa que a Tânia entregou.
Capturo a peça de roupa que o Blake trouxe. O nervosismo de vê-lo em poucos segundos
faz minhas mãos tremerem e o estômago torcer. Visto o vestido rosa curto, o cheiro de
aconchego impregnado na peça, o mesmo de casa, ativando a melancolia de retorno.
Procuro a minha base para cobrir os resquícios de hematomas do meu rosto, quase
imperceptíveis. Quando termino inspiro profundamente, girando a maçaneta, sentindo o gosto
doce da liberdade na língua.
一 Vamos, assine os papéis e te acompanharei até a entrada. 一 Assino as folhas que
estão sobre o balcão da recepção e depois a sigo.
A inquietação traz um calafrio extenso, as emoções eclodindo como uma grande onda do
mar na areia. Os meus sapatos de salto batem com força no chão quase conseguindo disfarçar o
quanto estou travando uma guerra interna para manter o equilíbrio, preparando o meu coração
para reencontrar o Blake. Foco minha visão na luz cada segundo mais ofuscante, até dominar
minha retina. Admiro ao redor, os muros de concreto, os arames, as memórias dos dias de pavor,
da luta interior, com o intuito de nunca esquecer o que passei aqui dentro. As coisas que aprendi,
da forma como aprendi. Sei que foi algo repentino e me machucou fisicamente, mentalmente,
mas me fortaleceu, diminuiu minhas inseguranças.
O sol do fim do dia em uma coloração alaranjada atinge minha face, o aroma da terra, e
vasculho a entrada, até achá-lo.
Meu Deus, quando foi que passei de raiva ao vê-lo para essa sensação de que morrerei a
cada segundo?
É como se eu colocasse meu coração nas mãos, apertando tão forte que me faltasse o ar.
Blake vem ao meu encontro, um sorriso amplo nos lábios, e me agarra imprudente, as mãos
esgueirando em minha cintura, prendendo nossos corpos com tanta força que sopro um gemido.
Desmancho-me, o perfume que tanto senti saudades faz as palpitações em meu peito se
elevarem. Estou segura de novo. Blake procura meus lábios, engolindo-os com desespero.
Nossas línguas em um confronto ardente, as salivas se misturando em um apetite voraz, até
abrandar, e tornar-se sereno e cheio de intimidade.
Estamos juntos!
Coração com coração, corpo com corpo. No mesmo ritmo. Afastamos os rostos para nos
vermos, os sentidos fumegantes. Uma admiração desenfreada que transforma tudo em fogo vivo.
Will pigarreia, levo minha atenção a ele que sorri.
一 Pronta para voltar para casa Antonella? 一 pergunta.
一 Sim Will, obrigada por me tirar desse lugar.
一 Os métodos do Blake foram mais eficientes, confesso.
Blake segura o meu rosto em suas mãos, percorrendo o nariz em cada ponto, inalando o
cheiro de minha pele, repleto de saudades, até beijar minha testa com carinho.
一 Nunca mais voltará para esse lugar. Eu prometo!
一 Blake, acredito em você!
Segurando minha mão me guia para entrar no carro, sento no banco, ele fecha a porta. O
caminho de volta é silencioso e pensativo. Minutos antes estava presa, sem perspectiva, incerta
sobre o futuro. Blake o tempo todo me admira pelo retrovisor. Talvez esperando que eu diga
algo, mas não consigo, apenas quero saborear a sensação de autonomia, de não ter paredes ao
meu redor me impedindo de viver.
Deixamos o Will na casa dele e seguimos para o meu apartamento. Provavelmente
compreende que preciso de privacidade, de estar em um ambiente meu, que se conecte com
minha essência, e ao sairmos do elevador me conduz para dentro da sala. Sou inundada com o
aroma cítrico dos meus difusores, as sensações reprimidas retornam. Havia apagado como é estar
aqui, doía sentir a frieza do ambiente precário lembrando da minha cama, dos meus pais, do
conforto.
Queria chorar, mas as lágrimas não vêm. Revivo a Antonella de antes, mas agora sou
alguém sem medo de arriscar, sem medo de dizer quando algo machuca. Blake toca em minha
cintura, abraçando-me por trás enquanto explora o meu corpo. A suavidade dos seus dedos gera
uma onda de calor e suspiro, fechando os olhos. A mão direita progride até os meus cabelos,
afastando-os para o lado oposto, expondo a pele do meu pescoço enquanto roça o nariz
desencadeando calafrios devassos. Sei que não precisamos falar, apenas sentir um ao outro com
intensidade.
Afasto, arranco o vestido do meu corpo enquanto ele vigia cada movimento que faço.
Mesmo sem dizer nada, entendo seu olhar. Abro sua jaqueta de couro tirando-a, em seguida a
camisa preta, até vê-lo totalmente nu. Seguro sua mão, entrelaçando nossos dedos e o levo ao
banheiro. A água quente do chuveiro escorre por entre nossos corpos.
Blake me admira, a intensidade da sua atenção percorrendo o meu rosto, parando nos
hematomas leves. Seus lábios se aproximam dos meus, depositando um beijo apaixonado. Não
parece real, mas deslizo as mãos no seu peitoral molhado, estremeço, é de carne e osso, está
perto de mim novamente. Os beijos fizeram falta, os abraços, os carinhos e o corpo preso ao
meu.
一 Finalmente está aqui. 一 ele sussurra.
一 Eu estou aqui, nunca mais ficaremos separados.
一 Vou te dar um banho gostoso e depois faremos amor o dia todo.
Ele pega o sabonete líquido, despeja em meu corpo. As espumas se formam, os toques
leves arrepiando todos os poros da minha pele, reagindo às sensações. Desce as mãos para os
meus seios, os polegares estimulam meus mamilos que ficam rígidos, ele sorri, progride para o
abdômen e cintura. Cada centímetro é uma tortura, o centro das minhas pernas umedecendo junto
a temperatura da água quente, é delirante.
Por noites sonhei estar assim, só nós dois. Coloco sabonete em seu peito retribuindo as
carícias. Com a mão repleta de espuma deslizo até o seu pau duro de excitação. Os olhos se
fecham quando faço movimentos graduais por todo comprimento. Acaricia o meu rosto, o
polegar contornando os meus lábios. Extasiado.
一 Eu amo você meu amor. 一 confessa.
一 Eu também amo você.
A água leva a espuma embora. Ajoelho-me, transpassando as mãos em suas pernas
torneadas, contornando os músculos proeminentes e firmes, ao passo que beijo com calma sua
virilha. Blake arfa. Minha língua contorna a glande robusta, rosada, o pau fica ereto, excitado.
Ele aperta os meus cabelos, e pressiona minha cabeça no seu volume, suplicando que eu engula.
Abro a boca, a ereção imensa preenchendo até a garganta enquanto massageio seus testículos.
Blake murmura. Estapeia meu rosto, projetando o quadril.
一 Boca ordinária, isso, engole. Que saudades… 一 Cravo as mãos em sua bunda,
apalpando-a.
Aumento a sucção, as pernas se abrem enquanto joga a cabeça para trás, louco de prazer.
Retorno a mão em sua ereção, alternando a boca com a masturbação. Sopro gemidos, ele
enrijece, o olhar fixo em mim. Atiço-o sugando a cabeça rosada, esfregando em meus lábios e
lambendo com a língua evidente. Ele aplica outro tapa, fico excitada. Encho-o de saliva
deslizando mais rápido. Engasgo. Blake tranca a respiração, o tórax inflando, o rosto ganhando
cor. Estapeia novamente minha face.
一 Porra, meu amor, quer me matar? 一 sorrio, levo os dedos aos meus mamilos,
estimulando. 一 Droga Ella, que delícia!
As pernas evidenciam a musculatura, os filamentos de pelos arrepiados. Soca com força
ardendo a garganta, solto um gemido gutural, fazendo-o se render e gozar. Engulo com prazer
seu líquido quente, beijando seu pau, sugando levemente, mantendo o ritmo. Blake me puxa, a
água recai em minha face ao devorar minha boca. Encosta grosseiramente o meu corpo na
parede, a mão direita tocando o meu abdômen, descendo até a virilha.
一 Quero você na cama, agora. 一 sussurra.
Afasto sua mão, desligo o chuveiro e corro até a porta. Seus olhos diminuem, mirando
meu corpo, sorri.
一 Você pode me pegar se conseguir. 一 provoco, ele gosta, e avança atrás de mim, fujo.
Corro pelo apartamento, os pés molhados escorregando a cada pisada forte no chão liso.
Equilibro, ele se aproxima, corro mais, gargalhando, meus pulmões começam a arder, mantenho
o foco, entro na sala, seus braços agarram minha cintura com maestria. Violentamente o corpo
dele choca-se contra o meu, escorrego indo ao chão de frente, Blake cai por trás, o quadril
perfeitamente alinhado ao meu. Fico excitada quando sua ereção força um atrito em minha
bunda. Um arrepio monstruoso percorre a minha espinha.
Suspiramos.
Ele não perdoa, introduz espremido dentro de mim. Choramingo. A gotas de água dos
nossos corpos escorrendo no chão frio, o quadril se encaixa em minha bunda e com arrogância
golpeia, penetrando fundo, entreabro os lábios, a sensação borbulhante queimando o meu peito, o
coração palpitando de desejo.
一 Quer que eu te coma assim safada? Com força?
一 Isso… Blake, mais forte. 一 sibilo, ele empurra meu rosto no chão frio, em seguida
eleva os meus braços, esfregando-se contra minha pele.
Seus dentes mordiscam o meu ombro, a temperatura gelada do piso em meus mamilos
que com os movimentos fricciona com força, é delicioso. Nosso encaixe é perfeito, Blake retira a
ereção, segurando na base deslizando a cabeça robusta na fenda interglútea, contornando meu
ânus, arfando contra minha nuca.
一 Quero você toda. 一 Minha região íntima pulsa, gostando da sensação do seu pau ao
redor da área nunca explorada antes, pressionando de leve, segurando-se para não penetrar.
Com ele não tenho medo, estou segura até mesmo para experimentar tudo.
一 Sou totalmente sua Blake, meu corpo é seu, tome o que quiser. 一 Ele esfrega os
lábios no lóbulo de minha orelha, o hálito quente desmanchando-se em meu ouvido, arrepiando
os poros.
一 Tomarei agora, fique quietinha, relaxe. 一 Estremeço, sua boca percorre meu pescoço
deixando chupões, penetra a ereção em minha boceta encharcando-a com os meus fluidos, retira
e retorna ao ânus.
A glande encaixa-se e pressiona, é estreito, o deslizar lento, queimando ao redor enquanto
passa, meu corpo vibra, os instintos desnorteados, porque dói, mas excita. Quero gritar e não
seguro, grito com a minha boca no piso, e a dele em minha pele me lambendo.
Amoleço, relaxando.
一 Puta que pariu que delícia de cú apertado. Grita amor enquanto eu te fodo, grita minha
safada. 一 Blake projeta o quadril, os movimentos graduais se intensificam, pressiono as mãos
no piso, a dor transformando-se em um prazer corrosivo.
Arqueio, arrebitando a bunda, querendo mais, é explosivo, gostoso e ele rosna, cada
enfiada sopra um gemido em meu ouvido. Ansioso ergue o torso ficando de joelhos.
Antonella fode com todo meu controle mental. Fico de joelhos, o prazer arrebentando
meu saco, latejante, abro as bandas de sua bunda assistindo o meu pau deslizar em seu ânus. A
compressão ao redor da pele sensível é matadora, intensifico, penetro mais fundo, sou espremido
pelo aperto, rosno, o coração batendo nas veias do meu pau que entra totalmente.
一 Ah caralho, te encherei com o meu veneno. 一 Antonella se contorce, as pernas
abrindo-se mais, os gemidos sexy fodendo meu juízo.
一 Blake, isso é insano. 一 Murmura, coloco a mão por baixo do quadril induzindo-a
ficar de quatro.
Ela obedece, subindo a pelve, agachando no chão sobre as pernas, seguro o quadril
mantendo minha ereção enterrada. A boceta vermelha de excitação, extremamente lambuzada, é
irresistível, porque preciso tocá-la. Levo dois dedos em sua vulva, contornando-a, a textura
macia, molhada, em seguida circulo o botãozinho entumecido, evidente, ela se move projetando
a bunda contra o meu pau.
一 Safada, goza para o seu homem.
Uma chama erosiva quase abre um buraco no meu peito ao mesmo tempo que sobe pelas
pernas, quando sincronizados nos movemos um contra o outro. Um prazer incalculável,
roubando nossas emoções. Sua bunda batendo em meu pau causa uma pulsação absurda. A
compressão do seu cu apertado fazendo as veias ao redor dilatarem. Intensifico os meus toques
em seu clitóris, estimulando-o, alternando e introduzindo em sua boceta. Minha safada grita,
forçando as pernas, golpeio mais forte, ela não diminui, mantém o ritmo.
Admiro sua pele suada, os múltiplos sentimentos fundindo-se no meu coração. Não é só a
porra do sexo inesquecível, mas o seu cheiro lascivo, a forma como sorri, como se entrega para
mim. Uso a mão livre para apalpar sua bunda, aplico um tapa ardente, ela empina mais, a filha da
puta leva meu coração à exaustão porque estou a ponto de quase chorar de tesão.
一 Blake, vou gozar, ah, meu Deus!
Suas palavras fazem minhas veias virarem fogo. Bombeio obstinado, os seus fluidos
escapando em meus dedos em uma fricção constante. Meus testículos retraem, os músculos do
meu abdômen, coxas, pernas em espasmos. Falta o ar, enterro fundo gozando dentro. Urrando
feito louco, correndo os dedos no botão rosado, ele vibra entregando-se ao prazer, o corpo
amolece, tiro minha ereção de trás, com a outra mão me masturbo para limpar antes de enfiar
novamente em sua boceta, para sentir seus espasmos. Quero tudo dela, porque é toda minha.
Caímos no chão gelado, o suor descendo em minhas têmporas. Junto nossos corpos. Os
gemidos ainda escapam de seus lábios.
一 Blake, você acaba comigo, agora ficará tudo ardendo. 一 choraminga, mas pisca
lentamente sorrindo 一 Quero mais. 一 sussurra manhosa.
一 Vadia. 一 mordo a maçã de seu rosto, ela se derrete. 一 Faremos amor na cama agora.
Eu te levo. 一 Levanto, capturo-a em meus braços seguindo para o quarto.
一 Preciso ir ao banheiro antes. 一 Coloco ela de pé na porta, e juntos nos limpamos.
Puxo o Blake para a cama. Adoro sentir sua pele quente em atrito com a minha.
一 Amo você, como nunca amei ninguém! 一 Ele beija meu rosto com carinho,
envolvendo os braços em minha cintura, deitando meu corpo por cima do seu.
Deixo que as palavras saiam, queria saber como dizer que estou grávida, mas a
intensidade do momento traz à tona.
一 Estou grávida! 一 Blake franze o nariz, o olhar conectado ao meu, os olhos arregalam.
一 Grávida? De mim?
一 Não Blake, estou grávida de uma das presidiárias. É claro que é de você! 一 Os
músculos monstruosos dos braços me apertam, sorrindo.
一 Quem é essa presidiária atrevida que precisarei matar?
Deposita um beijo em meu pescoço, e sussurra em meu ouvido.
一 Serei pai?
一 Sim, você será pai.
As mãos sobem ao meu rosto, segurando-o.
一 Sabia que você mudou a minha vida? Eu não poderia estar mais feliz, eu amo você.
Prometo cuidar de você, do nosso bebê, e também matar qualquer um que tentar nos fazer mal.
一 Seus lábios encontram os meus e sua língua envolve a minha em um beijo ardente e
apaixonado.
一 Não está com medo Blake?
一 Estou apavorado, mas eu não ligo de sentir isso com você.
Beijo seus lábios com desespero, a aflição exalando na minha língua feroz, envolvendo a
dele com veemência, mas inundada por uma onda de alívio. Não pensei demais sobre a gravidez,
mas saber que está feliz faz o medo se dissipar. Blake nos gira, deito na cama. Ele aconchega-se
ao meu lado deslizando a mão na minha barriga. Levanta o torso e beija com carinho. Sua língua
contorna meu umbigo, com beijos suaves e pequenas mordidas, subindo lentamente pelo meu
corpo. Ele alcança meus mamilos duros e morde, alternando entre os seios, aliviando a dor com a
língua.
一 Aproveitaremos mais um pouquinho antes de te levar para ver os seus pais.
CAPÍTULO 43

Blake estaciona, junto minhas mãos à frente do corpo, esfregando uma na outra,
totalmente nervosa. Em uma tentativa de amenizar o que sinto, ele beija a maçã do meu rosto,
seguido de uma mordida suave. Instantaneamente toco sua barba, sorrindo, adorando o roçar dos
fios dourados ásperos no meu queixo.
一 Estão ansiosos para vê-la, fique tranquila. Vamos.
Concordo em silêncio, abrindo a porta do carro e juntos seguimos para a mansão. Antes
de tocar na maçaneta, a porta se abre. Mamãe surge, a face enrugada pela tristeza, os olhos
repletos de lágrimas, a voz embargada.
一 Filha, Graças à Deus! 一 Nos abraçamos, o amor transpassando através do gesto. 一
Sofri tanto e fiz muitas orações para você ficar bem. 一 O choro surge como um impulso
imediato e desabo.
Meu pai corre se unindo a nós no abraço, a respiração ofegante. Dói vê-los abatidos, em
imaginar o sofrimento. Não queria decepcioná-los, nem causar desolação ou que pensassem que
falharam na minha criação. Choramos por longos minutos, conectados, e quando nos
recuperamos passo o tecido do punho nos olhos, contendo as lágrimas novas. Papai recupera
finalmente o controle emocional, nunca o vi tão devastado.
一 Ainda bem que ninguém te machucou.
一 Estou ótima papai, não se preocupe!
Eles sorriem e mamãe me abraça novamente, apertado, com medo de ser apenas um
sonho. Escutamos o motor de um carro na entrada, reconheço que é o Peter. Desesperado corre
em minha direção, ignorando tudo, os braços se elevam para me agarrar, mas o Blake entra em
minha frente colocando a mão no peito dele. Os olhos do Peter diminuem de tamanho, as narinas
se projetam para fora, enfurecido.
一 Antonella, graças à Deus você saiu! Estava preocupado e aflito.
一 Blake a trouxe de volta para casa. Graças a ele nossa filha está livre. 一 diz papai. 一
Filha quer ficar aqui conosco essa noite, no seu antigo quarto?
一 Está tudo bem pai, o Blake ficará comigo no apartamento.
一 Vocês já estão assim? Assumidos? 一 retruca irônico, mas ignoro.
Decido compartilhar a notícia da gravidez, primeiramente porque eles precisam saber que
serão avós e também para acabar de vez com qualquer esperança que o Peter possa ter de voltar
comigo.
一 Mãe, Pai, preciso dar uma notícia para vocês, podemos entrar?
一 Claro filha. 一 Todos entramos, e em minutos estamos no sofá.
Blake acomoda-se ao meu lado segurando minha mão com carinho.
一 Eu e o Blake teremos um bebê! Estou grávida!
Eles se entreolham surpresos e o silêncio domina o ambiente, mas o Peter abre a boca.
一 É sério isso? Quem garante que esse bebê não é meu? 一 Blake sobressalta feroz
enquanto Peter se afasta com medo de ser agredido.
一 É melhor você tomar cuidado com o que fala, estou cansado das suas invenções. Estou
me segurando para não quebrar a sua cara.
Papai eleva os braços pedindo calma.
一 O que está acontecendo? 一 Poderia ficar em silêncio, pedir para que fosse embora,
mas a nova Antonella gritando quer revidar, e deixo as palavras saírem.
一 Estou cansada de você Peter, das suas mentiras e ideias mirabolantes. Sei do plano
ridículo que queria colocar em prática. 一 Ele inclina a cabeça querendo negar. 一 Você achou
mesmo que engravidaria a Pietra e conseguiria fazê-la enganar o Blake, dizendo que o filho era
dele? 一 Mamãe reage, a boca aberta em espanto. 一 Achou que chegaria aqui e manipularia
todos? Que eu ficaria quieta enquanto contava mentiras? Tenho orgulho em dizer que aquela
Antonella medrosa não existe mais. Você não tem caráter, nunca teve, agora consigo enxergar o
filho da puta que você é. Saia da casa dos meus pais, e nunca mais chegue perto de mim. 一 O
rosto dele ruboriza de raiva. 一 Esse filho não é seu, e sim do Blake, você sabe muito bem que
não tivemos relação nenhuma desde o nosso final de semana de troca de casais. 一 ele revida.
一 Vocês perceberam a pessoa que o Blake transformou a Antonella? 一 direciona o rosto
para o meu. 一 Está iludida, porra, sempre estivemos juntos, como pode escolher esse cara
Antonella? 一 O tom sai agressivo, Blake reage.
一 Não se atreva a gritar com ela.
一 O que é isso Peter? Nunca te vi assim antes. 一 Surpreende-se mamãe.
一 Peter sabe que o bebê não é dele, me desculpe Rute gritar com esse babaca na sua
casa, mas além de um mau-caráter também machucou a Antonella, e quase a agrediu no mês
passado, então quero ele longe.
一 Você machucou minha filha? 一 esbraveja papai. 一 Peter, quero que você vá
embora, por favor! 一 Ele me encara uma última vez, as veias marcadas no pescoço pela revolta,
bufando alto enquanto sai furioso batendo os pés.
Blake se aproxima e beija o meu rosto.
一 Eu sei me defender Blake. 一 Ele sorri.
一 Claro que sabe, minha onça brava, mas eu não quero correr o risco do Peter te
machucar.
一 Então, nós seremos avós? 一 dispara mamãe, amenizando a tensão.
一 Sim, espero que não estejam decepcionados comigo, mas a vida é minha e eu terei
esse bebê com o Blake. Estamos juntos. 一 Meus pais me abraçam, felizes com a notícia,
reagindo da melhor maneira possível.
一 Filha, só de imaginar você sofrendo naquela prisão me partia o coração. 一 Papai fica
emocionado. 一 A minha vontade era de invadir o lugar e tirá-la de lá. 一 Inesperadamente ele
abraça o Blake, que retribui. 一 Obrigado por trazer minha filha inteira.
一 Faço qualquer coisa por ela Antony.
Meu pai sorri satisfeito e feliz, mas se soubesse os motivos que me levaram até aquela
prisão agrediria o Blake. O jantar é delicioso, conversamos sobre o futuro, não conto da prisão e
nem como sofri mentalmente, apenas foco na sensação de estar de volta que é magnífica. Após
algumas horas nos despedimos e retornamos para o apartamento.
Coloco o pijama, mas Blake o arranca cinco minutos depois.
一 Nada de roupas, quero nossas peles juntas. 一 Aconchego-me em seu peitoral, a
temperatura quente me faz suspirar.
Essa é a primeira noite em que dormirei de verdade após dias assombrada, vigiando para
não ser agredida, nem violada durante a noite. Blake nota minha hesitação e faz carícias em meus
cabelos.
一 Minha patricinha insuportável, estou aqui, pode dormir que protegerei você a noite
toda.
Uma lágrima rola intrusa, ele seca. Inspiro profundamente e fecho os olhos, sendo
abraçada pela escuridão, e nela encontro paz, porque eu tenho o Blake agora me vigiando.

Amanhece, admiro a cidade do vidro, sigo até a sacada do quarto. Confiro o relógio,
marcando às 7h. Agora finalmente conhecerei a vida do Blake, sem segredos, e sem motivos para
não confiarmos um no outro. Após o café entramos no carro em direção a minha loja.
一 Não se preocupe, tudo está resolvido, a Nina e a Jolie estão trabalhando normalmente.
一 Como conseguiu abrir a loja mesmo após pegarem aquelas drogas lá dentro?
一 Graças aos contatos do Will, e também à minha nova administradora que o Loki
contratou, eles resolveram tudo.
一 Quem é essa nova administradora?
一 Ela se chama Angel, é uma pessoa de palavra, o que faz toda diferença no nosso meio.
一 Blake estaciona, desço rapidamente, ansiosa para rever tudo.
Encontro Jolie e Nina que me abraçam calorosamente.
一 Quase tivemos um treco quando vimos a notícia da sua prisão na TV. 一 diz Nina.
一 Graças a Deus você saiu, sabíamos que tudo isso não passava de um engano.
一 Obrigada meninas, foi difícil, não negarei, mas voltaremos ao trabalho, certo?
一 Certo, sua nova reunião com o Palermo Meloni está marcada para essa noite.
一 Perfeito, tomara que o nosso contrato ainda esteja firme.
Volto a atenção ao Blake, despedindo com um beijo.
一 Obrigada por me trazer. 一 sussurro.
一 Assim que o expediente acabar estarei esperando você na porta. 一 Abraço-o, e
minutos depois ele parte.
Admiro a loja ampla, as roupas nos manequins, o cheiro de jasmim que permeia no ar, o
alívio se expande, ocupando um lugar imenso no meu corpo porque relaxo, voltei a minha vida.
Meloni me encara furioso. Ele é um alemão, foi recrutado pela Máfia Italiana, mas
comandava os fluxos na Alemanha. O que ninguém sabe é que o Chefe do Estado-Maior do
exército americano, General Jonas, jurou morte ao Blake após ser desertor, e fez um acordo com
ele trazendo-o para a América com o disfarce perfeito. Um magnata da indústria têxtil. Sou
apenas um dos seus meios de matá-lo. Fechar negócio com a Antonella era para estarmos
próximos da então namorada dele, a Pietra, mas por forças do destino a própria garota era quem
procurávamos, a fraqueza do Lodge.
一 Você sabe que vigio os passos do Blake, certo?
一 É claro que sei, é o mínimo que espero de você, mas quero eficiência nesse trabalho,
te chamei porque achei que daria conta do recado. Você sabe que todas as minhas empresas são
de fachadas, quero assumir de vez o ramo das armas.
一 Sim, agora com a cadelinha solta ficará mais fácil de chegar até ele. O aviso de que
atacaremos, foi dado.
一 Sim, mas Blake é esperto, não o subestime. A primeira vez você falhou, era para a
garota continuar presa, morrer lá dentro e desestruturá-lo. Não tolero falhas Del Rey, que aquela
tenha sido a única. 一 Ele levanta, saindo do bar sem olhar para trás, e ligo para a Paloma.
Paloma trabalha com a Máfia Mexicana e é uma excelente advogada do Diabo.
一 O que você quer Del Rey? Se souberem que estou te atendendo estarei morta.
一 Sim, eu sei, mas em nome dos velhos tempos, do nosso amor minha princesa, preciso
que faça um favor para mim.
一 Claro, o que precisa?
一 Quero que encontre alguém que possa me dar alguma informação contra o Blake, mas
uma informação útil e valiosa. Vasculhe tudo, não poupe ninguém com qualquer faísca.
一 Claro, verificarei e daqui a dez minutos te ligo.
Paloma desliga, caminho até a garrafa de Rum pegando uma dose. Sirvo duas para tentar
engolir o amargor de não ter conseguido derrubá-lo na primeira tentativa. O seu ataque ao meu
galpão gerou prejuízos e mortes. As consequências são exaustivas, para continuar na Máfia
preciso derrubá-lo, do contrário estou fora de jogo. Ele abastece o armamento de 70% do mundo,
detenho menos que 1% do restante, mesmo com os negócios fluindo aqui e ali. O homem é
poderoso. Meloni por hora não precisa saber que é impossível rastrear o Blake, afinal, a minha
principal fonte de sucesso é a garota e ela será vigiada 24 horas por dia. Após alguns minutos
meu telefone toca.
一 Encontrei um cara que pode ter algo valioso contra ele. Mandarei pegá-lo e entregarão
para você ainda essa noite, e outra, não te devo mais favores. Ir contra o Blake é uma sentença de
morte, nosso vínculo acaba aqui.
一 Ótimo, seja rápida.
CAPÍTULO 44

Disponho os morangos na sobremesa adicionando a calda de chocolate suíço por cima. O


cheiro doce impregnado no ambiente acalma os nervos aflitos de qualquer pessoa, menos o meu.
Minha menstruação está atrasada, por tantos dias analisei a situação que vivemos, estou
frequentando as sessões de terapia corretamente, voltei a conversar com o meu pai, e marcamos
um jantar para uma reaproximação. No entanto, a gravidez é a situação mais conflitante. Depois
que deixei os dias passarem consigo analisar racionalmente. Estava sendo levada pela emoção,
pelos medos e fiz algo que não me orgulho. Peter não merece ter um filho, por que esperei
achando que isso seria bom para mim?
Levo a mão à barriga, acariciando suavemente. Preciso parar de depositar nas pessoas a
minha felicidade, e nesse bebê também. Possuo em minha vida tudo o que muitas pessoas
gostariam de ter, uma profissão maravilhosa, que amo, um pai que mesmo focado em trabalhar
garantiu o meu futuro financeiro. Tenho a Antonella, que me cedeu por anos sua casa e família e
outros tantos colegas que diariamente trabalham comigo. Perder a minha mãe não deveria ter
sido o fim da minha autoestima, mas não vivi o luto como deveria, me senti sozinha, mesmo não
estando, mas agora após várias conversas com a psicóloga começo a entender minhas
inseguranças e medos.
Estou pronta para recomeçar, para reencontrar a minha essência e as pessoas passarem a
somar e não se tornarem o centro de como me sinto. A Ella saiu da prisão, avisou que tem um
jantar de negócios, mas amanhã levarei um pote de sorvete e um doce para fazê-la se sentir
melhor. Todas as vezes que estava triste era isso que fazia por mim, então retribuirei. Agora
consigo entender ela e o Blake terem se apaixonado, o tipo de sentimento é diferente, a raiva se
transformou em paixão, e hoje vendo-a passar pela prisão, saindo ao lado dele, definitivamente
me fez ver que essa vida não era para mim.
Após a noite com o Will mantivemos contato, ele possui um humor diferenciado. É
carinhoso, mas vive o mesmo tipo de vida do Blake. Foi quente, intenso, envolvente, todavia
quero apenas manter uma relação de amizade. Foco a atenção nos doces, limpo tudo, guardo-os
na estufa culinária, e sigo para o meu apartamento. Comprei o teste de gravidez antes do
expediente e preciso fazê-lo.
Minha primeira escolha ao chegar é ir ao banheiro e realizar o exame. Sigo as
orientações, inspiro profundamente para conferir o resultado. O positivo surge, meu coração
dispara, permaneço tempo demais encarando os riscos vermelhos. Tenho medo do futuro, dê
como contarei ao Peter. Estou feliz por ter um filho, que será minha família para sempre, mas
triste pelo pai ser ele.
A verdade é que eu não queria contar. Duvido se realmente assumirá essa criança,
provavelmente dirá que não, e tudo bem, decidi sozinha ter esse bebê, assumirei as
consequências. Oferecerei todo amor e carinho, tendo ou não o Peter por perto.
Respondo a Pietra pedindo que me encontre amanhã na casa do Blake. As luzes acendem
sozinhas quando escurece, passei o dia entrando em contato com todas as minhas clientes e
fiquei mais calma ao confirmar que 80% ainda querem manter as encomendas.
Anoto o dia da minha primeira consulta no celular enquanto sento na cadeira jogando a
cabeça para trás no encosto macio. Fecho os olhos e respiro fundo. Alguém bate suavemente na
porta, ao abri-la um sorriso se forma em minha boca. Bruce ainda com a mochila de viagem,
avança em minha direção deixando-a pelo chão.
一 Precisava passar aqui e te dar um beijo. Droga, queria tê-la encontrado quando saiu.
一 Aproximando-se me abraça. 一 Estava sentindo falta do meu café toda manhã.
一 Só do café, seu interesseiro? 一 Ele ri sentando na mesa me olhando atentamente.
一 Fala a verdade, por que foi presa?
一 É um segredo que levarei para o túmulo. Está tudo resolvido, fique tranquilo!
一 Por favor, não dê mais um susto desse. 一 Ele se levanta, captura a mochila
caminhando até a porta. 一 Vamos Antonella, está esperando o quê?
Sorrio, fez falta o jeito irreverente que ele tem, organizo tudo apressadamente e saio logo
atrás. Jolie aponta o indicador para o próprio pulso, arqueando a sobrancelha.
一 Não esquece do jantar com o Palermo, está marcado às 21h.
一 Pode deixar Jolie! Obrigada.
Despeço-me dela, e Bruce sai ao meu lado, avistamos o Blake esperando na calçada.
一 Vamos, te levarei embora. 一 diz antes de beijar os meus lábios.
Bruce pigarreia, e me afasto do Blake para abraçá-lo.
一 Cheguei primeiro Blake, não precisa ficar enciumado, até porque desde o motocross
eu sabia que vocês combinavam. 一 Franzo a testa, Blake sorri, ele segue para o carro acenando.
一 Ei, volte aqui! 一 Ele ignora e em minutos desaparece.
一 Vamos meu amor, daqui a pouco você tem um jantar, quero te dar algo antes. 一
Concordo sentindo sua mão segurar a minha e me conduzir até o carro.
O polegar do Blake desliza no centro de minhas costas, um calafrio ascendente seguido
de um arrepio picante se alastra por todo meu corpo. Ele captura o zíper do vestido curto, azul-
marinho, fechando-o lentamente. Assisto seu rosto através do espelho à frente, vendo-o elevar
uma sobrancelha em desejo antes de beijar minha nuca.
一 Você está perfeita, tenho certeza que terei que bater em cada cara que olhar para você.
一 Não conhecia esse lado seu, está com ciúmes?
一 Jamais, eu confio no meu taco, mas não gosto de nenhum homem desejando o que é
meu.
一 Eu sou sua, só você tem acesso a tudo isso.
Desço as mãos entre minhas coxas projetando os dedos ao centro das minhas pernas.
Atiçando-o. A expressão torna-se violenta, a mesma de quando está me tomando em seus braços.
Estremeço.
一 Só eu mesmo, é bom cruzar bem as pernas para conter isso aqui… 一 provoca, as
mãos elevam o vestido que tem o comprimento um pouco acima do joelho.
Os dedos grandes, quentes, rastejando em minha pele, atingindo o meu ponto sensível
com movimentos circulares intensos. Um gemido escapa de minha boca, ele sorri, parando o
toque, deixando-me carente por mais.
一 Eu quero mais.
一 Quando voltar ganhará muito mais. 一 Arrumo a calcinha, com o coração acelerado.
一 Deixarei você lá na frente, sairei por pouco tempo para cuidar de uma entrega, mas o Loki
estará te esperando, e dentro do local terão dois homens disfarçados para garantir sua segurança.
一 Tudo bem. 一 Blake vai até a sala, pega algo e retorna com uma pequena caixa na
mão, ele me entrega, aceito.
一 Um presente para o bebê? 一 Assim que abro, não contenho uma risada. 一 Claro que
não, me esqueci de quem você é.
Retiro a arma da caixa, admirada com a coloração rosa metálica.
一 Doce, porém letal, assim como você será daqui para frente.
一 Não sei usar uma arma, amor!
一 Vem, eu te explico. Essa não é qualquer arma! É uma Pistola Taurus. 一 Ele senta na
cama, puxando minha cintura, caio em seu colo.
Blake pega a arma com sutileza, transpassando o dedo nos pontos de relevo, elevando-a
no ar para me mostrar como funciona.
一 Aqui é onde você acondicionará sua munição, é um carregador, que chamamos de
pente… 一 o polegar indica o local 一 Ele é colocado aqui no cabo da arma. Após cada disparo
os estojos vazios são arremessados para fora, através da janela de ejeção. Para você carregar
novamente basta apertar esse botão que solta o carregador vazio. Nós sempre andamos com mais
de um carregador, tornando bem rápido o remuniciamento. 一 Foco atentamente em sua
explicação. 一 Quando pegá-la acomode em sua mão com força e confiança… 一 ele faz o
movimento, apontando-a para o espelho ao longe. 一 depois você solta o bloqueio deslizante,
lembre-se, o dedo tem que ficar no gatilho de forma confortável, aí você atira, entendeu? Por
hora é isso que precisa saber, deixa ela com você, amanhã começarei a te ensinar a atirar. 一 Ele
coloca a arma em minhas mãos. 一 Pegue, sinta-a se comunicar com você.
Blake escorrega meu quadril, encaixando-me no meio de suas pernas, o rosto por trás do
meu. Seguro a arma com firmeza seguindo o movimento que ensinou, acoplando o dedo no
gatilho enquanto miro em nossa imagem refletida.
一 Isso é excitante. 一 sussurro, ele arfa em meu ouvido, o ar quente da boca se
desmanchando em minha nuca, oscilo.
Suas mãos ousadas apalpam minhas coxas, o pau esticando em minha bunda, estamos
sempre querendo mais um do outro. Blake pega a arma, coloca na cama, vira-me de frente,
segurando o meu rosto enquanto me beija vorazmente. O mundo parece girar ao nosso redor, ao
passo que o calor nos domina e as batidas sincronizadas dos nossos corações tornam-se potentes,
massivas.
一 Amo você meu amor.
一 Também amo você!
一 Assim que você sair do jantar, se eu não chegar antes, o Loki te levará para a minha
casa. Não se preocupe, confio nele com a minha vida. O carregamento de armas hoje é para os
russos e só eu consigo lidar com eles. 一 Concordo com um balançar de cabeça. 一 Vamos,
minha princesa safada, não posso me atrasar. 一 Pego a arma colocando-a na bolsa.
Rapidamente saímos, ele me deixa em frente ao prédio luxuoso, alguns metros à frente
Loki acena, retribuo. Blake despede-se e adentro o restaurante conferindo que faltam dois
minutos para o horário combinado.
一 Boa noite, senhorita.
一 Boa noite! Tenho um jantar com Palermo Meloni.
一 Ele o aguarda, me acompanhe, por favor!
CAPÍTULO 45

A atendente me conduz até a mesa, o ambiente luxuoso cheira a tomilho fresco e vinho.
O homem sorri, levantando-se para segurar minha mão e me cumprimentar. Os ombros são
largos, alto, cabelos pretos moldados para trás, rosto quadrado, mandíbula bem desenhada, a
barba cheia, olhos verdes, estatura forte, aparentando ter 40 anos.
一 Boa noite Antonella Spinelli.
一 Boa noite Palermo Meloni, é um grande prazer conhecê-lo pessoalmente. 一 O aperto
firme ameniza.
一 O prazer é meu, sente-se, vamos tomar um bom vinho e falar de negócios. Estava
ansioso para iniciarmos a nossa coleção. 一 Sento, acomodo a bolsa no colo. 一 Conversei com
diversos fornecedores.
Foco em seu rosto, intrigada por não ser questionada sobre a prisão.
一 Confesso que fiquei preocupada ao ser presa, não queria perder essa oportunidade. Foi
tudo um engano, não tenho nenhum envolvimento com qualquer trabalho ilícito. Espero que isso
não afete nossa parceria.
一 De modo algum, acredito que mesmo as coisas ruins podem nos beneficiar.
一 O que o senhor pensa para o novo lançamento?
一 Penso em algo minimalista e marcante. Quero uma coleção que reflita minha
personalidade.
一 Precisarei conhecê-lo melhor senhor Palermo.
一 Com certeza, não se preocupe, planejo ficar um bom tempo aqui na cidade.
一 Isso é ótimo, tudo por conta da nova coleção?
一 Sim, sou um homem focado nos negócios.
一 Achei que houvesse negócios maiores aqui na cidade, além da coleção de roupas.
一 Eu tenho, mas acredito que você mereça minha atenção. 一 O tom frio soprado
enquanto falava faz meu corpo fraquejar.
Acabo de perceber que há um objetivo maior, um mês na prisão me fez enxergar nas
entrelinhas, o olhar desafiador que me lançou demonstra impetuosidade. Precisarei ser cautelosa.
O jantar é tranquilo, mas cada vez que esse homem fala um alerta vermelho acende dentro de
mim, optei por não tomar o vinho, estou grávida, fiz questão de disfarçar. Os pratos sofisticados
estavam incríveis e quando finalizamos a conversa extremamente superficial, apertamos nossas
mãos.
一 Deseja uma carona Antonella?
一 Muito obrigada, mas alguém está me esperando.
一 Claro, espero que essa pessoa não tenha se cansado muito e ido embora.
Um sorriso tenso se forma em meu rosto, minha mente em conflito. Palermo paga a
conta, o garçom agradece e se afasta. Caminho para fora do restaurante, e faz questão de andar
ao meu lado. Ao sair encontro a rua vazia, um gelo excêntrico irradia por toda minha espinha.
Não vejo o Loki. Palermo sorri, analisando-me com satisfação.
一 Pelo jeito sua carona não chegou? Posso te oferecer uma.
一 Aguardarei, deve estar chegando. 一 Um carro preto estaciona em minha frente, sopro
o ar preso, aliviada, mas o vidro desce revelando o mesmo homem que havia me visitado antes
da prisão, o Del Rey.
一 Boa noite Antonella. 一 Deslizo minha mão para dentro da bolsa disfarçadamente e
seguro a arma.
一 Pelo visto vocês se conhecem. Gostaria de ficar, mas ainda preciso resolver alguns
problemas Antonella! Foi um prazer conhecê-la. 一 Minha boca seca, ele está fugindo, não quer
ser envolvido nisso, minhas mãos tremem, mas mantenho a voz firme.
一 O prazer foi meu. 一 Palermo entra em outro veículo entregue pelo manobrista e
desaparece rapidamente.
Encaro novamente o Del Rey, a raiva perpassando em minhas veias, gerando picos de
tensão, meus lábios se fecham, a expressão endurece.
一 O que você quer?
一 Espero que tenha descansado bem na prisão, foi o meu presente para você, ainda bem
que não se machucou. Encontrei o Loki agora pouco, estava te esperando, no entanto, precisou ir
embora. 一 Escuto passos, de soslaio confiro os homens do Blake que estavam lá dentro se
aproximando discretamente.
一 O que você fez com ele?
一 Não se preocupe, ele está bem, por enquanto. 一 Ele aponta a arma para o meu rosto, a
palpitação dentro do meu peito se expande, minhas pernas vacilam, mas não demonstro.
Decido ser corajosa e mostrar que agora sei me defender sozinha. Os homens do Blake
estão esperando o momento ideal, mas não deixariam esse filho da puta me levar. Retiro
abruptamente a arma da bolsa apontada para ele. Um cenário conflituoso, um ameaçando o
outro.
一 Se fosse o Blake segurando essa arma, eu acreditaria que ele seria capaz de atirar, mas
você uma patricinha medrosa… 一 Atiro, sem calcular, seguindo o comando de uma corrente
elétrica intensa que pulsa demasiadamente.
O tiro acerta o teto do carro, perco o fôlego, as mãos mais frias que a própria arma,
trêmulas, quero soltá-la, mas travo, incerta atiro novamente acertando o vidro blindado do carro.
Del Rey arregala os olhos, abaixando a cabeça, procurando proteção.
Ai cacete, isso é bom demais.
Lembro das palavras do Blake, das mãos ensinando-me a ser confiante e seguro a arma
com firmeza.
一 Vamos, rápido! 一 O carro acelera, Del Rey foge antes que eu possa atirar mais.
Quando olho para as minhas mãos duras de pavor, deixo a arma cair no chão. Fico inerte,
presa em pensamentos absortos, complexos, a adrenalina misturada ao desespero causou
sensações distorcidas que latejam, se esgueirando, criando raízes em cada fibra muscular, porque
me sinto grande. Minha consciência volta quando sinto uma mão tocar a minha, é o Blake só
pelo toque, reconheço pela textura da pele, o cheiro inconfundível.
一 O que aconteceu? 一 O semblante assustado, capturando minhas mãos com as suas,
querendo que eu reaja. 一 Onde está o Loki? Amor, você se machucou?
Minha voz sai tremida e Blake me abraça forte.
一 Estou bem, o Del Rey está com o Loki.
一 Porra, ele pegou o cara que eu mais confio. Filho da puta!
Blake segura meu rosto levantando o meu queixo suavemente para que encontre o seu
olhar.
一 Não se preocupe meu amor, eu matarei todos eles para que você possa viver sem
ameaças. Precisará ficar uns dias afastada da loja, prometo resolver isso rapidamente. Diga para a
Nina e Jolie que está doente, em breve tudo estará no lugar novamente. 一 Concordo, ele beija os
meus lábios com desespero, aflição e poder em cada movimento intenso da língua.
Sei que fará qualquer coisa por mim e estou disposta a fazer qualquer coisa por ele
também. Quando nossas bocas se afastam compartilho meu desejo, o que adquiri no momento
em que vi aquele homem apontando a arma para mim, o responsável pelos dias horríveis que vivi
dentro daquele lugar.
一 Blake, eu quero matar o Del Rey. Preciso agradecê-lo por me permitir ser quem sou
agora! 一 ele sorri.
一 Jamais deixaria você sujar suas mãos, a menos que realmente queira.
一 Eu quero!
Movimento minhas pernas, lentamente abro os olhos com uma dor aguda presente na
região das costas. Desorientado elevo a cabeça, buscando em minha mente explicações sobre o
local e porque estou aqui. Respiro, torno a fechar os olhos e as lembranças ascendem. Tentei
lutar, mas os filhos da puta me nocautearam com choque elétrico. O nome da Antonella surge em
minha cabeça, xingo baixo, desejando que não tenha tocado nela. A porta se abre e escuto
passos, inclino para olhar e encontro o Del Rey em minha frente. Um grunhido reverbera na cela
ao lado e confiro que é o Peter amarrado em uma cadeira.
Os olhos estão arregalados, a roupa suada, e a expressão é de que viu um demônio. Ele
fita-me quase suplicando por socorro, mas logo tenta disfarçar que está morrendo de medo.
Claramente nunca foi raptado, se ele soubesse o que os caras fazem estaria se cagando todo.
一 Muito bem, vocês foram convocados para me dar informações que eu possa usar
contra o Blake.
一 Por que vocês iriam querer algo contra o Blake? 一 questiona o idiota.
一 Ah, nosso homem modelo, do corpo sensual não sabe que perdeu a namorada para o
chefão da Máfia de Armas? 一 Reprimo a vontade de rir, se ele estava assustado, agora poderá
ter um ataque de pânico. 一 Eu já sei que você Loki, 一 Encara o meu rosto 一 Não dirá nada
sem uma tortura. Então, rapazes podem levá-lo e comecem os trabalhos. 一 Os homens abrem a
cela, pegam-me com força pelos braços e me levam para outro cômodo.
Nunca trairia o Blake, meu apelido é Loki “O Destemido”, mas há muito tempo atrás eu
era apenas um cara no mundo do tráfico tentando alcançar um lugar de prestígio. Foram muitas
mortes e muitas perdas para me tornar um grande negociante de armas. Até que o Blake
apareceu, chegou chutando a porta, metendo bala e me derrubou do pedestal.
Ele ganhou o meu respeito a partir do momento que reconheceu o meu valor e mesmo
acabando comigo, ofereceu um emprego ao seu lado. A condição era matar ou morrer, vender ou
perder, aceitar ou desaparecer. Quando aceitei essa posição não tive dúvidas, ainda mais depois
do primeiro comando, das missões, dos ataques, ele é o melhor, não está nessa posição à toa,
podem tentar pegá-lo, mas o filha da puta muda o jogo, é o meu parceiro até a morte. E comigo é
assim, lealdade acima de tudo.
Cuido dos negócios e mantenho todos na linha. Blake comanda o esquema, os preços,
escolhe os fornecedores e os compradores. Não aceita financiar o terrorismo, mas sim a guerra.
Jogam-me na mesa, capturam infinitas ferramentas de tortura enquanto os encaro
indiferente.
一 Podem cortar até o meu pau, como o Blake adora fazer com os inimigos, mas não direi
nada. Boa sorte.
Estava no bar bebendo, lidando com toda merda que aconteceu logo após a porra da troca
de casais. Desde que perdi a Antonella percebi que a amo incondicionalmente, que fui muitas
vezes um mau namorado, achava que a teria para sempre, que não importava o que acontecesse,
sempre faria o que eu queria e tudo desmoronou. Pietra tinha a chance nas mãos de separar os
dois, mas perdeu quando foi fraca, revelando todo meu plano de mestre.
Um dos homens se aproxima de mim, um pavor me domina. Assim que saí na porta do
bar acertaram a minha cabeça e vim parar nesse lugar nojento. Na mão direita está segurando
uma faca que traz ao meu rosto. Minhas pernas enrijecem de medo.
一 Eu posso ajudar a destruir o Blake. 一 ele ri.
一 Nem relei em você, será tão fácil assim conseguir informações? Espero que seja algo
útil!
一 Falo se deixarem eu me aliar a vocês para destruí-lo.
一 A informação vale tudo isso? Se não valer acabo com você. 一 Ele corta as cordas que
prendem o meu peitoral, levanto-me, esticando as pernas doloridas.
一 Precisarão me prometer que não farão mal a Antonella.
一 Claro.
一 Só de saber que estarei livre do Blake valerá a pena. 一 Limpo a garganta, arrumo
minha camisa no corpo. 一 Antonella está grávida do Blake.
一 Grávida? Então quer dizer que a cadela entrou no cio e ficou prenha. 一 Ele aponta a
faca para o homem na porta, chamando-o. 一 Prepare os homens do Palermo, buscaremos a
Antonella.
一 O quê? 一 Espanto-me, levando a mão ao peito.
一 Vamos matá-la, mas primeiro o bebê e a deixaremos agonizando para que o Blake seja
destruído de dentro para fora.
一 Você prometeu não machucá-la. 一 Uma risada ressoa da porta, Del Rey caminha até
estar em minha frente.
一 Não acredite garoto nas palavras de alguém que você não conhece. 一 Meu coração se
aperta, eu realmente amo a Antonella, imaginá-la sendo morta me destrói.
Enquanto estou imerso em pensamento, escuto os caras batendo no outro homem,
minutos depois os gritos. Devem estar torturando até sua alma, será que farão o mesmo comigo?
CAPÍTULO 46

Invado a sala de casa e sigo até as garrafas de whisky em minha estante, Antonella não
disse mais nenhuma palavra, ambos pensativos. Poucas pessoas possuem o meu respeito e Loki é
um deles. Não aceito perder um homem cuja lealdade sempre esteve em nosso convívio.
Dificilmente encontrarei uma pessoa confiável, que morreria para manter todos os segredos que
possuímos. Não há dúvidas de que alguém do alto escalão o capturou na intenção de descobrir
onde armazeno as informações que roubei do governo. O que me leva há um nome, General
Jonas Osborne, jurou revidar, sabia que estava planejando algo, esperou o momento certo, assim
como eu, e ainda não é esse, mas sei exatamente como lidarei com ele em breve. Meu celular
toca e vejo que é o Del Rey.
一 Darei uma morte lenta e dolorosa a você.
一 Eu não duvido Blake, mas até que isso aconteça precisamos conversar. O seu amigo
tem sido bem resistente aqui, por hora pararei as torturas.
一 O que você quer?
一 Apenas que pague por ter matado a maioria dos meus homens, por ter destruído tudo o
que construí.
一 Quem está te ajudando ou você acha que sou idiota? Derrubei você, e agora reaparece
com novos homens e todo confiante?
一 Sou um homem obstinado Blake, não confunda. Poderemos entrar em um acordo
amanhã, te ligarei novamente. 一 desligo.
Antonella estuda atentamente o meu rosto, curiosa, levando a mão à nuca, massageando
os próprios músculos. Decido acalmá-la.
一 Se fosse uma retaliação teriam matado o Loki, ele quer informações, ocupar o meu
lugar.
一 Não quero que nada aconteça com o Loki.
一 Ele é forte, passou por momentos difíceis, a tortura física pode ser insuportável, mas
ele é destemido. Del Rey está planejando algo, serei mais rápido que ele. Provavelmente usará
você para que eu entregue o comando e os segredos de estado. Ele sabe que você é minha
fraqueza! 一 Se aproxima envolvendo os braços ao redor do meu corpo, abraço-o retribuindo.
一 Quero te ajudar a derrubá-lo. Podemos tentar algo ousado, talvez você não aprove,
mas preciso que confie em mim.
一 Se a sua ideia for você se colocar em perigo, não deixarei.
一 Blake você precisa confiar em mim, assim como eu confio em você!
一 Não é questão de confiança, meu amor, eu só não posso perder você. Só de pensar…
一 afasto-a tocando em sua barriga, com as sensações boas que nunca senti crescendo em meu
peito 一 fico destruído.
Antonella não sabe a intensidade, mas modificou a minha vida.
一 Durante o tempo no exército participei de missões, matávamos pessoas inocentes a
mando do governo, para coletar informações, para demonstrar poder, vivi assombrado pelas
coisas que precisava fazer. Antonella eu me sentia um servo do demônio cumprindo as sentenças
de morte, fui corrompido, criaram um soldado sem alma. 一 os olhos ficam marejados 一 Há
uma grande escuridão de atitudes que nunca terei coragem de contar a você, mas escolhi ser a
própria morte, dono do meu destino. Desertei, com isso vieram as consequências. Perdi minha
mãe para esse mundo e não posso perder você também. 一 As lágrimas escorrem em sua face,
enxugo-as.
一 Blake você não me perderá porque diferente do que aconteceu no passado com a sua
mãe, eu estou preparada. Você perguntou se eu queria entrar na Máfia e a minha resposta é sim,
deixe eu provar que consigo ser a sua mulher. 一 oscilo, suas palavras me atingem, interrompo-a.
一 Você é a minha mulher, na vida, na morte. Independente de qualquer coisa. 一
Acaricio seu rosto. 一 Ligarei para o Will, como foi o jantar com o tal Meloni? 一 ela suspira.
一 O jantar foi estranho, o tempo todo a ironia se fazia presente em suas falas, os gestos
eram de poder, e algo chamou minha atenção.
一 O quê?
一 Em nenhum momento questionou o fato da minha prisão, eu que toquei no assunto.
Era como se as notícias, mesmo que fossem reais, não fizessem diferença. Acho que está
envolvido nisso. 一 Afago seus cabelos, deposito um beijo na maçã do seu rosto, inalando seu
perfume doce.
一 Perfeita observação, senhora da Máfia, verificaremos se seus primeiros instintos estão
corretos… 一 ela sorri, o rosto ganhando cor 一 Ligarei para o Will, conseguiremos informações
mais detalhadas.
Blake quer me proteger do mundo e de todos, sei que me ama incondicionalmente, mas
também sinto que esse é o momento da minha transformação. Fixo minha atenção na lareira, o
fogo crepitando em um som relaxante, as chamas dançando com intensidade enquanto faço
minhas escolhas.
Entrar para a Máfia até ontem parecia algo inconcebível, mas sentir o gelo, a selvageria
do olhar daquele homem apontando a arma para a minha cabeça mudou tudo. Foram segundos
que me transportaram para um futuro doloroso, onde independente de ficar ou não com o Blake
ainda teríamos um filho. Quais as chances de usarem uma criança para atingi-lo?
Todas.
Congelei meus medos, busquei a dor enraizada em meu coração nos dias de treino na
prisão, nas palavras da Tara, e sinto que não tenho outra escolha. Farei de tudo para proteger o
meu bebê, para ganhar respeito e não ser subestimada. Passo a mão na barriga com carinho e já
imagino-o em meus braços.
Às vezes me pergunto se ele ou ela se parecerá comigo ou com o Blake. Meus
pensamentos são interrompidos pelo interfone que toca. Assim que abro a porta encontro a Pietra
segurando um pote de sorvete e uma caixa de doces.
一 Oi amiga, desculpa aparecer aqui, precisava conversar e trouxe algo que você gosta,
estava ansiosa para te ver. 一 Abraço-a, com saudades, ela retribui tentando manter o equilíbrio
do que segura nas mãos.
一 Não tem problema, você parece ter adivinhado que precisava de você. 一 sorrimos e
ajudo-a capturando as coisas.
一 Está sozinha? Onde está o Blake?
一 No escritório, definindo alguns planos de emergência.
一 Aconteceu algo? Fiquei tão feliz de saber que não está mais naquele lugar. 一
Caminho para a cozinha, pego duas colheres de sobremesa na ilha, a chamo com um gesto para
conversarmos na área externa, perto da piscina.
一 Problemas de Máfia, ele tem muitos inimigos, durante os dias que estive presa aprendi
a lutar, essa relação transparente é perigosa, e não que a culpa seja dele, então, é uma escolha
minha permanecer.
Sentamos no sofá, lado a lado, dividindo a sobremesa, automaticamente meu corpo
relaxa, senti falta disso, de ter esses momentos com ela.
一 Como foi esse mês aqui fora? Você está bem? 一 ela sorri.
一 Enquanto estava lá lutando fisicamente, também escolhi superar minha dependência
emocional. Estou fazendo terapia, yoga, meditação e aulas de autoconhecimento. Nossa, não
achei que precisava tanto disso até começar.
一 Pi, você é muito mais forte do que pensa, é importante viver cada fase desse processo
intensamente.
一 A minha dependência emocional, a baixa autoestima me fez aceitar coisas que jamais
faria por medo de ficar sozinha, receio de perder o Blake, mas de fato, nunca fomos um do outro.
O que tivemos foi uma ilusão, mas gradualmente me tornarei confiante, convicta do futuro, de
fazer as escolhas certas.
一 Só não me tire da sua vida, sei que errei, mas eu te amo tanto. Nada do que vivemos e
o amor de irmã que tenho aqui nunca irá se perder. 一 Ela recosta a cabeça em meu ombro,
suspira.
一 Irmãs para sempre. 一 sorrimos, o coração aliviado em meu peito, nossa amizade está
intacta, os erros nos fez evoluir. 一 Estou grávida mesmo. 一 confessa.
一 Eu também! 一 revelo. Ela eleva o corpo, os olhos arregalados, seguido de um sorriso.
一 Meu Deus, engravidamos juntas? Certo, precisamos dividir os desejos, o que você
quiser faço, e o que eu quiser você faz. 一 Solto uma gargalhada concordando.
一 Nossos filhos serão melhores amigos. Será incrível. 一 nos abraçamos, choramos,
havia tantas palavras, tanta dor e tristeza, mas demos um novo passo.
As lágrimas cessam minutos depois e conseguimos voltar a conversar.
一 Agora preciso contar ao Peter, mas ele não atendeu minhas ligações hoje. Não
imagino qual será a reação dele.
一 Quem sabe ao ser pai melhore como pessoa.
一 Amém, agora comeremos os doces. Vem!

Divirto-me com a Pietra por quase duas horas, e quando está perto da meia-noite, decide
ir.
一 Boa noite para vocês. 一 Beijo seu rosto e Blake acena do sofá enquanto confere
alguns papéis bebendo whisky.
Levo-a até a porta e nos despedimos, Will e Janaina surgem minutos depois e chamo-os
para entrar.
一 Como você está Antonella?
一 Pronta para destruir o mundo. 一 Ele sorri enquanto Janaina dá uma piscadela
animada.
一 Você é das minhas garota. Resiliente. Isso mesmo. 一 Elogia. 一 Como você se
envolveu com Palermo? 一 Sento no sofá oposto.
一 Ele possui várias lojas de moda masculina e me chamou para ser parceira dele, criando
modelos novos para um lançamento aqui em Nova York.
一 Então, o que vocês sabem sobre o Palermo? 一 Blake questiona.
一 O que posso dizer Blake? Palermo é considerado um fantasma. Nós o apelidamos de
Ghost, ele tem várias lojas de marca e por trás de tudo isso acreditamos que possua um grande
esquema de tráfico de drogas. Ele é alemão, no entanto, há seis meses se fixou aqui nos Estados
Unidos. Ele vive nas sombras e tem sido muito difícil associá-lo a qualquer ato ilegal, pela ficha
acredito que alguém fez um limpa, porque não é possível encontrar nada do seu passado e só
existe uma forma disso acontecer. 一 Will bate as palmas das mãos no joelho frustrado.
一 Alguém do alto escalão. 一 Blake sorri, não consigo definir pela sua reação se
esperava isso ou se está nervoso.
一 Assim como você Blake, ele é um cara cheio de contatos e esses contatos infelizmente
o protegem de ser pego. 一 completa Janaina. 一 Estamos há 12 meses tentando pegá-lo, mas
acreditamos que está no ramo por muitos anos. Os negócios dele supostamente são concentrados
mais no tráfico de drogas, porém a mais ou menos seis meses detectamos atividades com armas,
me pergunto como ele entrou nesse ramo sozinho, mas dias depois as provas sumiram, a verdade
é que o nome dele não tem relação nenhuma com nada ilegal. 一 Blake levanta, o copo de vidro
vazio na mão dançando no ar com os gestos.
一 Ele não está sozinho, provavelmente foi apresentado a esse ramo pelo Del Rey, mas
como aquele merda não tem o poder que ele possui, acabou se tornando o seu capacho.
一 Então o Del Rey se associou ao Palermo? 一 Will arqueja, recostando-se no sofá.
一 Infelizmente, sim, raptaram hoje o Loki. Preciso bolar um plano para resgatá-lo. Eu
sei que no meu mundo as pessoas são descartáveis, porém ele tem sido um grande parceiro, e um
amigo leal no pessoal e nos negócios.
Percorro a visão em cada um, estão imersos em pensamentos.
一 Will, eu poderia facilmente resolver tudo isso matando todos. Pegaria minhas armas,
as bombas e explodiria o país, mas… 一 ele pausa, o olhar encontra o meu. 一 Tudo é diferente
agora, não quero que a Ella, ou sua família precise viver nas sombras, como se a qualquer
momento fossem sofrer uma retaliação pelos meus atos. A sua influência serve para deixar tudo
limpo e não afetar ninguém, somente a mim.
一 Entendo Blake, antes você vivia escondido, tinha os seus lances, mas nada que
pudessem usar contra você, e agora terá uma família.
一 Qual é sua condição Will?
一 Que você me entregue ele vivo. 一 Blake respira pesadamente e passa a mão pelos
cabelos jogando-os para trás. Não está feliz com essa condição.
一 E perder a chance de matá-lo?
一 Sim Blake, não dá para matar todos. Você pode ter a nossa ajuda e pegar ele mais
rápido e entregá-lo vivo ou fazer do seu jeito. 一 Blake vive uma briga interna, o olhar evasivo, a
face carrancuda.
Ele segue até a garrafa de whisky completando o copo. Sei que quer se vingar de quem
me fez mal e deixar o Palermo ir para a prisão aos olhos dele é deixá-lo livre.
一 Entregaremos ele para vocês. 一 Will junta as sobrancelhas, confuso.
一 Entregaremos? Quem mais está envolvido?
一 Apresento a nova chefe! 一 diz apontando a mão na minha direção.
一 Estou encantada. Adoro mulheres no comando. 一 comemora a Janaina, solto um
sorriso tímido para o Blake.
一 Tenho um plano. 一 revelo.
一 O que aconteceu com você? 一 Questiona Will horrorizado.
一 A cadeia provocou isso.
一 E qual é o seu plano Rainha da Máfia? 一 brinca Will.
Blake pisca, pedindo que eu continue, mas fico com medo de deixá-lo frustrado. Demoro
a responder, a fisionomia muda, porque não entende a minha falta de reação.
一 Você está se sentindo bem? O bebê está bem?
一 Bebê? Você está grávida Antonella? 一 Janaina solta, surpresa.
一 Estou grávida, mas não inválida, posso muito bem lutar para que ninguém faça mal ao
meu bebê. Eu quero matar o Del Rey.
一 E você realmente acha que seria capaz de matá-lo? 一 Penso alguns segundos na
pergunta do Will, mas a resposta se mantém.
一 Sim, sempre que fecho os meus olhos lembro de tudo que passei na prisão, do que
podem fazer com o meu filho no futuro.
一 Uma vez que você mata alguém não tem mais volta.
一 Eu sei, mas estou disposta a pagar o preço pelo bem dele… 一 Toco em minha
barriga, acariciando, quase conseguindo visualizá-lo em meus braços.
一 Fale, qual é o seu plano Antonella? 一 ele senta.
一 Precisamos salvar o Loki.
一 Você sabe que ele já deve estar todo detonado, certo? 一 Blake rosna antes de
responder por mim.
一 Sim, mas pelo menos não está morto, ele aguenta!
Blake me admira atentamente, consciente de que não gostará do que direi, porque seus
olhos diminuem de tamanho. Todavia, faço qualquer coisa para manter essa pequena vida a salvo
no futuro, para que ninguém o use para nos matar.
A Antonella de antes morreu, porém, agora poderei ser inabalável.
一 O meu plano é eu me entregar para o Del Rey, sei que ele quer me usar contra o
Blake, é nossa melhor chance!
CAPÍTULO 47

Blake fica irredutível, negando enfaticamente com a cabeça, mas prossigo na minha
justificativa.
一 Ele nunca desconfiaria que me entregaria por conta própria, é nossa melhor jogada. Eu
sei lutar e não acho que me machucará sem fazer contato, porque o plano com certeza consiste
em fazer o Blake me ver sofrer. Não estou dizendo que me entregarei sem apoio, mas tenho
vocês. 一 Will sorri.
一 Seria uma grande jogada até porque ele não espera por isso.
一 Exatamente! 一 concorda Janaina.
一 Vocês podem me rastrear até o local, no momento certo atacam.
Os olhos azuis do Blake estão fixos em meu rosto, transitando até a barriga, não consigo
definir se concorda ou se planeja me trancar em uma sala para não fazer isso. Ele anda de um
lado a outro pensativo.
一 Não. 一 afirma em tom ríspido. 一 O que ele poderia usar contra mim? Você! 一
exclama 一 E, agora também o bebê, que ele não sabe da existência, mas vale lembrar que
também está dentro de você. E se algo acontecer? E se ele te machucar enquanto não te protejo?
Pensou nisso?
一 Você não manda em mim Blake. 一 Vocifero, ele fica vermelho de raiva.
一 Eu morreria duas vezes se alguém te matasse, está entendendo? 一 desabafa exaltado
一 Eu não ligo de me colocar em risco, de levar mil tiros por você, de arrancar qualquer cabeça
ou coração para te proteger, mas não te colocaria como alvo.
一 Não é uma escolha sua Blake, é minha.
一 Porra Antonella, não!
一 Covarde! 一 grito, fugindo para a área externa, as mãos trêmulas, os olhos marejados.
As lágrimas escapam, a brisa fresca da noite transpassa o meu rosto, o tórax doendo, uma
compressão pesada de não conseguir externar que preciso ser mais forte. Preciso provar a mim
mesma que podemos ficar juntos, porque não existe um futuro distante, sem a presença dele com
o nosso bebê. Essa possibilidade dói na alma.
Sinto suas mãos me abraçarem por trás, seu peitoral forte topar com minhas costas
enquanto roça o rosto na lateral do meu.
一 Sou mesmo um covarde quando se trata de você, porque eu te amo. Meu amor… 一
inspiro profundamente controlando as emoções dentro de mim. 一 Não posso te perder, sei que
pode parecer egoísmo, mas me quebra a ideia de ter aquele homem perto de vocês. 一 Blake
acaricia minha pele, seguindo o formato da minha barriga reta, ainda sem evidência de
crescimento.
一 Não adianta, nada do que diga me fará mudar de ideia, preciso fazer isso. Blake
quando o Del Rey apareceu hoje e eu peguei a arma e apontei para ele, a primeira fala foi “Se
fosse o Blake segurando essa arma, eu acreditaria que seria capaz de atirar, mas você uma
patricinha medrosa…”. 一 Blake bufa. 一 Sim, seus inimigos não acreditam que eu conseguiria
ser da Máfia, não me respeitam porque nossas vidas são opostas. Tudo que encontrarão sobre
mim são coleções de roupas, fotos em desfile de moda e eventos de caridade. Não ofereço risco,
sou o alvo perfeito. 一 Escapo de seus braços girando para olhá-lo frente a frente 一 Pense bem,
existem duas possibilidades aqui. Você me apoia e criamos uma operação segura ou me proíbe
de ir e saio da sua vida. 一 Ele trava a mandíbula. 一 Corro risco perto ou longe, mas não viverei
escondida nessa casa como um pássaro em uma gaiola de ouro. 一 Furioso inclina o rosto,
escapando do meu olhar, socando o vento.
一 Droga, Antonella. 一 Ele passa longos minutos de costas, os ombros caem. 一 Sabe…
一 vira-se, segura o meu rosto. 一 Confio em você, sei que terá sucesso na missão, porém é
difícil admitir que estou com medo. Há muitos anos não sinto essa sensação e ela é destruidora.
一 Os lábios tocam os meus, um atrito suave, gostoso. 一 Aceito o seu plano, mas colocará até
rastreador na sua boceta se for preciso, não quero te perder. 一 sorrimos.
一 Eu coloco o seu pau aqui dentro, um rastreador minúsculo não fará nem cócegas. 一
Ele me beija intensamente.
As mãos apertando o meu corpo progressivamente, sopro um gemido. Uma tosse ressoa
da porta e nos afastamos para conferir.
一 Cada minuto conta. 一 revela Will mostrando o relógio de pulso.
Retornamos para a sala, para definir cada detalhe.
一 Nada pode dar errado, ou simplesmente destruirei todo o país até te encontrar,
entendeu Antonella?
一 Sim meu amor, obrigada por confiar em mim.
一 Então, faremos o seguinte: você usará um rastreador e um gravador espião diferente, é
militar. Vamos acoplá-lo em uma pulseira! Tem alguma com você?
一 Sim.
一 Pegarei o rastreador no carro. 一 Janaina busca enquanto procuro na bolsa uma
pulseira.
一 Confio em você Will, se acontecer algo com ela eu te mato, é bom essa porra de
rastreador não falhar.
一 Ele não imaginará que é uma armação nossa, nem pensará em rastreador. Fique
tranquilo, Robocop.
一 Já disse que odeio suas brincadeiras idiotas? 一 Blake sorri.
一 Você está sorrindo, então.
一 Não pensa em trabalhar comigo?
一 Você está querendo me puxar para o lado negro da força? É isso mesmo?
一 Não custa tentar!
一 Nossa amizade é meramente profissional.
一 Percebi, eu te chamei e você veio sem questionar.
一 Olha, Blake Lodge com senso de humor? Cairá o mundo!
Finalizo a refeição que recebi pela informação. Para eles estou fingindo não me importar,
mas por dentro estou agoniado.
一 Prendam ele! 一 ordena o homem que intitulam de Del Rey.
一 O quê? Você está louco? Combinamos que eu seria seu aliado após passar a
informação.
一 A sua informação será extremamente útil, porém não estou a procura de novos aliados.
Os homens me arrastam pelos corredores. O ambiente possui uma iluminação precária, as
paredes não apresentam reboco e o piso é de pedra. Quando adentramos o porão sou golpeado
por um cheiro forte de naftalina, eles me jogam no chão da cela. Minha cabeça bate contra a
parede, desencadeando uma dor aguda intensa.
一 Vocês não podem fazer isso comigo. 一 Ignorando minhas reclamações trancam e
saem do ambiente.
Estou enfurecido por ter acreditado que não machucariam a Antonella, e mais ainda por
achar que seria aliado dele. Escuto uma risada abafada, o cheiro de sangue preso em minhas
narinas. Passo a mão no meu corpo nervoso, mas não tem machucados. Procuro ao redor e no
fundo da cela ao lado, jogado, repleto de hematomas, encontro o homem do Blake. Com
dificuldade apruma o corpo, topando as costas na parede. Ele me encara e depois gargalha, seu
rosto está inchado pela agressão.
一 Você é um babaca mesmo, o cara fala que o Blake é da Máfia e ainda acredita neles?
Se eles fossem leais, não estariam tentando derrubá-lo. Agora entendo o porquê a Antonella te
deixou, é muita areia para o seu caminhãozinho. 一 Ignoro, meu corpo começa a suar pela
sensação estranha em ficar preso, é sufocante. 一 O que você contou para ele? Espero que não
tenha sido tão idiota em dar informações para um escroto como o Del Rey. 一 Abaixo a cabeça
me sentindo um tremendo imbecil.
一 Contei que a Antonella está grávida do Blake!
一 Você é um filho da puta por contar isso, eles vão matá-la, seu besta!
一 Sim, achei que não fariam isso, sei que fui um idiota. 一 Levo as mãos ao rosto
nervoso, esfregando-as freneticamente.
一 Blake te matará e eu ajudarei! Espero que ele te abra com uma faca e deixe
agonizando. A morte que eles darão para a Antonella será dolorosa, você é um babaca da pior
espécie. Traidor!
一 Jamais desejaria que algo acontecesse com ela! Eu amo a Antonella.
一 Ama porra nenhuma, se amasse mesmo, de verdade, a deixaria ficar com o Blake.
Você está com o ego ferido e graças a ele colocou a Antonella em risco. 一 As palavras me
afetam na hora, fico atordoado.
Amanhece, estávamos cansados, mesmo com a experiência ruim da noite passada
consegui dormir bem nos braços do Blake. Ele joga as pernas por cima das minhas e me abraça
com força. Os lábios quentes resvalam em meu rosto, o nariz perpassando em meus cabelos
bagunçados, ao passo que sussurra em meu ouvido.
一 Fica comigo, eu amo você!
Elevo o tronco, aproximando nossos lábios e o beijo. A língua saboreia a minha, as mãos
percorrem o meu corpo, pressionando os seios com safadeza. Os dedos indecentes passam nas
minhas coxas seguindo um caminho lento até o meio das minhas pernas. O beijo intensifica, toco
os músculos do peitoral, excitada, adorando a firmeza da pele.
一 Faz amor comigo? 一 suplica.
O toque ao redor do meu clitóris queima meus sentidos. Não abandono sua boca, os
lábios estão molhados e cheio de confissões. Deslizo meu corpo por cima do dele, encaixando
nossos quadris. Blake tem um cheiro único e particular que me estremece. Com força ele se
levanta jogando-me na cama, prendendo meus braços acima da cabeça. A boca captura o gosto
do meu corpo, chegando ao redor dos meus mamilos. Eles os contorna, ofego, reagindo ao seu
toque com um calafrio infinito. Ele morde as auréolas enquanto me prende em seu corpo.
一 Eu deveria te ensinar a não me deixar assim como eu estou.
一 E como você está?
一 Com raiva por deixar você ir e, ao mesmo tempo, louco para te foder gostoso e bem
lento.
一 O que está esperando para me foder Blake Lodge?
Blake me cala com um beijo, o pau duro resvalando em minha virilha, o quadril se
projetando contra o meu corpo. Oscilo, deslizando a mão em suas costas larga, exuberante de
musculosa.
一 Droga Antonella, cada dia fico mais perdido.
一 Por que perdido?
一 Porque você é tudo para mim!
Blake abre minhas pernas, admirando seu vício, uma sensação dolorosa pulsa em minha
boceta ao sentir sua ereção contornar meu clitóris e seguir para dentro, invadindo, em golpes
intensos. A mão direita apalpando continuamente os meus seios, o polegar estimulando meu
mamilo, reajo, minha boceta contrai, ele murmura, nossos olhares se fixam, assistindo nossa
entrega, o quanto qualquer ato produz uma grande expansão de sensações.
Pequenos choques correm em minhas veias. A queimação, o atrito, o deslizar progressivo
do seu pau causa euforia. O olhar desce para o meu corpo, admirando com desejo. Mantém o
ritmo, projetando nossos corpos, batendo profundamente, dominando todos os meus instintos
porque não consigo contar os gemidos, eles escapam altos.
Blake para, retira a ereção, descendo a boca no meu corpo até estar em minha boceta. A
língua circula o meu clitóris com força, e ao notar minhas pernas fracas suga suavemente, meus
batimentos aceleram quase subindo pela garganta. Ele continua na mesma intensidade, o calor
irradiando nas minhas pernas, quero fechá-las, ele impede, devorando mais, os lábios cheios,
molhados, a língua em movimentos precisos, entro em transe, meu corpo vibra, e deixo que a
sensação deliciosa arrebente dentro de mim, gozando. Amoleço. Ofegante. Ele sorri, tornando a
introduzir o pau, levando meu corpo ao ápice.
Espalmo sua bunda, querendo mais, forçando seu quadril a não dar trégua, a cravar bem
fundo. Blake faz, ofegante, agarrando-me com força. Ansioso faz um jogo corpo a corpo,
colocando-me de bruços, encaixando-se em minha costas. Ele me penetra com rapidez, batendo o
quadril em minha bunda, provocando sons viciantes. Com destreza estapeia minhas nádegas,
curvo o corpo, ficando de quatro, ele sibila.
一 Safada, gostosa, está tão molhada, porra.
Instigo-o movendo o corpo para frente e para trás, intensificando o contato, gemendo
loucamente com o bombear justo, aquecendo minha boceta, contraindo minhas coxas. Blake
brinca com os meus mamilos, a respiração ruidosa, em combustão.
一 Gozarei gostoso dentro de você…
Sinto o pau pulsar dentro de mim. Empino o quadril, abro mais as pernas deixando-o me
estapear alucinado até cravar as mãos na lateral do meu quadril para me projetar contra ele, no
limite, arfando de exaustão sexual, pronto para me preencher com seu líquido. Ele goza, o pau
enterrado até o talo, corpo tenso, desmancho-me na cama, sentindo-o cair por cima de mim, em
êxtase, me apertando em seus braços suados.
Blake destrói todas as minhas estruturas. Recuperamos o fôlego, tomamos banho juntos,
colocamos uma roupa que permite lutarmos, escolho uma camiseta, um moletom, calças de
algodão e tênis. Seguimos até a cozinha para tomar um café. Encontro o Will e a Janaina com as
xícaras nas mãos, foram mais rápidos em preparar. Sento na mesa ao lado dele, os dois se
entreolham diferente, e fico curiosa para conhecê-los melhor.
一 Vocês são um casal? 一 Will engasga, ela sorri antes de me responder.
一 Não, ele jamais olharia para mim. Sou apenas sua aprendiz.
O rosto dele ganha cor, tosse disfarçando, e desesperado muda de assunto.
一 Está tudo pronto. Os rastreadores estão conectados, gravador funcionando. Podemos
começar o plano e acabar com isso bem rápido.
一 Estou pronta. 一 Blake se aproxima, segurando minha mão.
一 Amor, queria impedi-la de ir, mas sei que assim como eu, precisa desse momento de
transformação. O que posso fazer é estar preparado para dar suporte e agir caso qualquer coisa dê
errado.
一 Amo você Blake, não precisa ficar nervoso, hoje tudo dará certo e pegaremos o Del
Rey e o Palermo.
一 Quando estiver a caminho de encontrar aquele filho da puta, lembre-se que estarei
logo atrás para te proteger.
一 Lembrarei meu amor!
一 Hora de começarmos. 一 Will levanta-se, e Janaina faz o mesmo, mas ela se aproxima
me abraçando.
一 Ei, protegeremos você e o bebê. Participei de infinitas missões e todas foram
satisfatórias. Sobre escolher matá-lo só posso dizer que é necessário, Blake vive em um mundo
perverso, se não ganhar respeito, nunca irão te enxergar, nós mulheres somos subestimadas o
tempo todo, provará a eles que uma patricinha pode sim ser uma rainha da máfia fodona. 一
sorrimos.
一 Obrigada! Confio em vocês, e serei muito respeitada.
一 Certo, como aspira chamar a atenção dele? 一 Blake responde.
一 Ela não precisa, ele está vigiando a loja, assim que sair irão atacar. Os meus homens
estarão com você, fazendo sua proteção, normalmente, para não desconfiarem. O Marcão e o
Luther fazem a ronda daqui, estão na área externa, só levá-los.
一 O momento é esse, encontro vocês em breve. 一 Blake me abraça forte apertando o
meu corpo como se não fosse me soltar mais.
一 Cuida do nosso bebê.
一 Cuidarei, isso não é uma despedida, entendeu?
一 Sim! Garantiremos isso! Pode ir meu amor, daqui a pouco nos encontramos. 一
Inspiro profundamente seguindo para fora da casa.
Sento-me no carro com o Marcão e Luther. Eles me levam até a loja.
Os minutos tornam-se horas, fixo o olhar no vidro do carro conferindo a cidade, absorta.
As mãos suando, uma leve acidez originando no estômago. Chegamos na frente da loja, as
pernas dormentes, mas fecho brevemente os olhos, acalmando os ânimos e desço do veículo.
Aproximo-me da porta, pegando as chaves na bolsa, os seguranças fixos atrás de mim, mas antes
que possa abri-la um homem surge.
一 Antonella Spinelli me acompanhe! 一 Marcão reage puxando a arma, mas um tiro a
distância atinge sua cabeça.
CAPÍTULO 48

Meu coração palpita, o corpo dele vai ao chão, o sangue escorrendo na calçada, o som
ainda reverberando. Meu estômago revira, o amargor se formando na boca, engulo a saliva com
dificuldade, uma dor suave nos ouvidos. Luther aponta a arma para o homem que com rapidez
atira em sua mão. A arma cai, aproveitando a distração, o desconhecido atira seguidas vezes
contra o seu peitoral, ele cai na rua, morto. Somos só nós dois, a arma apontada para o meu
coração, os batimentos descompassados. Fico assustada, mas não posso ter medo, não agora.
一 Entra naquele carro. 一 Seguro minha bolsa com força e o sigo, a porta se abre e sento
no banco traseiro.
Fico sob a vigilância de mais dois homens acomodados à minha frente. Um deles cobre a
minha cabeça com um pano. Sinto-me sufocar, recosto aflita, a escuridão e o tecido causam uma
sensação agoniante. Levo a mão ao coração tentando me acalmar, viver a experiência é
apavorante. Após uns quarenta minutos o carro para.
一 Vamos, anda garota!
Puxam-me para fora do veículo, conduzindo para outro lugar, piso com cuidado para não
cair, o cheiro de mofo invade minhas narinas, a sensação de medo não me abandona por mais
que eu tente controlar meus sentimentos. Colocam-me sentada em uma cadeira, algemam os
meus pulsos para trás, escuto passos parando na minha frente. O cara retira o pano, pisco os
olhos me acostumando, vislumbro as pernas, elevo o rosto encontrando o Del Rey.
一 Achei que fosse demorar para conseguir te pegar, mas parece que o universo está ao
meu favor. Pronta para sofrer?
一 Por favor, não me machuque. 一 Suplico, mantendo a expressão de medo, não posso
deixá-lo desconfiar de nada.
Del Rey demonstra satisfação, aquele mesmo olhar de quem ganha uma competição
extremamente difícil. Ele pensa ter vencido, mas a guerra do Blake apenas começou. Estava tão
afobado para conseguir algo que foi incapaz de imaginar que estamos o enganando. Preciso fazê-
lo confessar algo, confiscaram a minha bolsa, mas nem imaginam que o gravador está no meu
sapato e o rastreador em minha pulseira.
一 O Palermo só fechou negócio comigo para atingir o Blake? Nunca imaginei que ele
fosse um mafioso.
一 Sim, o objetivo era atacar a namorada do Blake, a Pietra, você era a aproximação
perfeita, mas aí vocês traíram a garota e facilitou os nossos planos. Quanto ao Meloni, prefiro me
manter de boca fechada sobre suas atividades.
一 Não traímos ela. 一 retruco.
一 Sabe o que farei com você?
一 Vai me matar?
一 Sim, mas antes farei questão de mandar um vídeo para o Blake. 一 Ele pega o celular,
entrega a um dos homens que segura, iniciando a gravação.
Forço meus pulsos, tentando soltá-los, mas apertaram ao ponto de doer. Del Rey sorri
para a câmera, o corpo se fixando na frente do meu.
一 Isso Blake é só o começo da tortura, ela sofrerá lentamente se você não desistir de
tudo. 一 Com um único golpe forte acerta um soco em minha barriga, solto um grito.
Uma dor incessante percorre todos os músculos, e a vontade de urinar sobrevém, mas
seguro. Lembro dos meus dias de luta com Tara, Zoe e Latifah. Tudo que passei e da pessoa que
quero ser daqui para frente. Engulo a dor, tremendo. Encaro-o fixamente e dou risada.
一 É só isso? 一 provoco.
A face torna-se rígida, furioso, e inesperadamente acerta um tapa forte em meu rosto.
一 Vadia. Levem ela! 一 Os dois homens me pegam, tiram as algemas e arrastando-me
até uma cela.
Assim que sou jogada lá dentro, trancam e saem. Levanto rapidamente procurando ao
redor.
一 Não acredito o filho da puta conseguiu te pegar. 一 Loki fala, encontro-o, suspiro
aliviada.
Analiso seu corpo, aparenta estar machucado, mas inteiro.
一 Não se preocupe, eu vim salvar você e matar esse desgraçado.
一 Fiquei até excitado agora ao ouvir isso, mataremos esse filho da puta, ouviu Peter!
Você está no pacote! 一 Avisa, franzo a testa, giro o corpo procurando no lado oposto até vê-lo.
一 Peter? O quê você faz aqui?
一 Del Rey me trouxe para esse lugar, queria informações que pudesse usar contra o
Blake. Como você pode continuar com o Blake sabendo que ele é um mafioso? 一 questiona
irritado 一 Você sabia que ele pode te colocar em risco, quer morrer por causa dele?
Loki solta uma risada maléfica enquanto Peter trava a mandíbula.
一 Engraçado você falar em proteção, em riscos, sendo que contou ao Del Rey que a
Antonella está grávida.
一 O quê? Você contou para ele?
一 Fui inocente, achei que ele não iria te machucar Ella, falaram que seria só o Blake.
一 Então você não é inocente, é burro mesmo Peter. Estamos falando da Máfia, jura que
você pensou que poderia dizer qualquer coisa e eles aceitariam? O homem quer matar o Blake e
achou que ele seguraria minha mão e me levaria para fazer compras? Não sei como namorei
tanto tempo com você.
Loki sorri, mas tosse em seguida, o rosto marcado, a boca cortada. Ele ergue uma
sobrancelha me olhando.
一 Qual o plano rainha Ella?
Escondo um sorriso, adoro como soa a palavra rainha, sinto-me poderosa e dona de mim.
Retiro um grampo de trás do meu cabelo mostrando para ele.
一 Precisamos sair desta cela e começar a matar um por um!
一 Direto e preciso! Assim como o Blake faria, sem meias voltas, sem piedade.
一 Sem piedade! 一 Entrego o grampo ao Loki que caminha até as grades da cela e com
habilidade destranca.
Ele abre rapidamente a minha para que eu saia.
一 O que fazemos com ele? Ele falou da sua gravidez em troca de se tornar aliado do Del
Rey. 一 Comprimo os lábios, furiosa.
一 Pode deixar ele aí mesmo, aposto que o Will vai prendê-lo como cúmplice, talvez
aprenda na cadeia.
一 Ella, não, minha boneca, você não pode me deixar aqui, por favor… 一 Suplica,
ignoro.
一 Precisaremos de armas, fique atrás de mim, entendeu?
一 Aprendi a lutar Loki, te ajudarei a acabar com eles.
一 Tudo bem, aposto que quando isso terminar, e após experimentar as sensações de
acabar com um filho da puta, estará pronta para festejar com uma bela dose de whisky e uma
noite de sexo. 一 sorrimos.
一 Blake adorará isso então… 一 Ele sorri.
Peter chama o meu nome, ignoro, sigo ao lado do Loki saindo com calma, conferindo os
corredores, os passos suaves para não sermos ouvidos.
Confiro a localização do rastreador, em seguida o relógio de pulso, calculando quanto
tempo a Ella ficará perto daqueles homens. Para cada minuto com eles, Del Rey ganhará uma
facada no corpo.
一 Certo, o rastreador parou há meia-hora. O mapa está indicando uma propriedade
abandonada!
一 Então seguiremos até lá. 一 Ligo o carro e sigo o caminho indicado.
Por mim iríamos de helicóptero, mas não seria uma chegada silenciosa. Meu coração
aperta, sem distinguir e aceitar a sensação que tenho neste momento em imaginar o Del Rey
encostando suas mãos na Antonella. Cortaria dedo por dedo só para vê-lo gritar de dor, e talvez
eu faça realmente isso.
Foco a atenção na estrada, pisando no acelerador. Nada mais importa, essa é a missão
mais importante da minha vida, dar fim ao perigo que minha mulher e nosso filho possa ter,
quando acabar com os dois, servirão de exemplo para quem ousar ter a mesma petulância.
一 Precisamos parar a uma milha de distância. 一 Avisa Janaina. 一 Estou fazendo uma
varredura por satélite na região. 一 Ela abre o mapa analisando os pontos críticos. 一 Certo, é um
local íngreme e arenoso, precisaremos ir com cuidado.
一 As armas estão prontas, a equipe chegará de helicópteros em segundos quando eu der
o sinal. Chegando, atacamos. 一 confirma Will.
Quase uma hora depois estaciono o carro, conferimos ao redor com atenção. Retiro do
porta-malas as armas.
一 Destruirei o lugar até não sobrar nada.
一 Lembre-se do nosso acordo Blake.
一 Como esquecerei, você fica falando a cada 10 minutos.
一 Deve ser porque te conheço o suficiente para saber que seus dedos irão coçar para
matar o Palermo.
一 Precisamos torcer para que ele esteja aqui.
一 Se a Antonella conseguir gravar alguma fala que associe ele a tudo isso, será
suficiente para prendê-lo.
一 Estou contando com isso!
一 Caso não consiga gravar nada, já aviso que irei caçá-lo e matá-lo mesmo que eu
precise ir ao inferno para isso.
一 Você precisa aprender a ser menos intenso, meu amigo. 一 Afiro as armas e juntos
saímos em direção ao terreno aberto.
Janaina mantém o mapa no celular e seguimos preparados para atacar ou sermos
atacados.
Forço o grampo na fechadura da cela tentando escapar desse lugar. Antonella deixou cair
ao saírem e é a minha única chance. Faz minutos que estou pelejando, mas sem sucesso. Não
posso ser preso, é inaceitável. Fui uma vítima nessa história toda. Preciso fugir, primeiro porque
o Blake me matará e segundo porque vão querer me prender como cúmplice. Aplico o grampo
mais fundo no cadeado, não abre.
Droga, só terá um jeito de sair daqui, precisarei avisar os homens que eles saíram, mas
se eu fizer isso será mais um motivo para me matarem, e ainda podem me deixar aqui.
Continuarei tentando.
Enquanto prossigo nas tentativas recordo de todos os anos que estive com a Antonella.
Sempre a amei, talvez não deveria tê-la deixado em segundo plano. Acostumei a mimá-la, ela
parecia feliz com as minhas demonstrações, em ganhar presentes, mas agora avaliando o passado
ela sempre suplicou por carinho. Pedindo infinitas coisas que não estava disposto a dar.
Perdê-la para o Blake foi como ter minha masculinidade contestada. Ela o odiava, só de
ouvir o nome agia com desprezo. Era desejo, nunca soube diferenciar, mas não deveria ter me
deixado por ele. Poderia oferecer a ela uma vida de princesa, luxo, mas principalmente
segurança. Comigo não estaria em risco, mas se deixou levar por um sentimento passageiro. Esse
amor que ela jura que sente irá acabar em breve e estarei esperando ela voltar.
CAPÍTULO 49

Andamos sorrateiramente pelos corredores. Vasculho cada cômodo procurando por armas
ou qualquer objeto que possamos usar ou não teremos chance. Entro em uma sala escura,
procurando o interruptor, acendo-o, encontro várias armas espalhadas sobre uma mesa de
madeira antiga. A precariedade das paredes sem reboque, algumas partes quebradas, demonstram
que se adaptaram, não era deles. Adorarei matá-los.
Antonella mantém a visão fixa na porta. Entrego uma arma para ela, que pega, confere e
gesticula que servirá. Vê-la lutando para superar seus medos me faz perceber o porquê o Blake
se apaixonou.
Ela sempre foi o tipo de mulher que faria o Blake se apaixonar, sem dúvidas.
Destemida como eu, não tem medo de ofendê-lo. Está sempre pronta para lutar, xingar e
principalmente para perder se for preciso. Seus olhos encontram os meus, e sussurra.
一 Loki, você tem família? 一 franzo o cenho.
一 Por que está perguntando isso? 一 Ela solta um som agudo, negando com a cabeça.
一 É que eu preciso saber se é possível ter família, mesmo sendo da Máfia. 一 Sua
confissão me pega de jeito.
Não queria dizer a verdade, nem falar sobre a tragédia da minha vida, isso a faria duvidar,
mas não mentirei.
一 Tinha, mas perdi minha família. 一 A expressão muda. 一 Minha esposa e meu filho
foram assassinados quando assumi como negociante de armas. Foi uma época sombria, mas
Antonella era de outros tempos. Não tinha uma família como tenho hoje aqui, ao lado do Blake,
então não confiava em ninguém. Sempre irei te proteger também.
一 Obrigada Loki, sempre protegerei você também.
一 Agora vamos nessa, acabaremos com eles para finalmente relaxarmos.
一 Só se for agora!
Subimos com dificuldade as grandes rochas até que finalmente alcançamos o topo.
Deitamos de bruços sobre a grama analisando o local. Janaina retira o binóculo nos informando
sobre as posições.
一 Dois à esquerda, três à direita, um no centro.
一 Pego uma granada e Will me encara assustado.
一 Você enlouqueceu, eles estão lá dentro.
一 Exatamente, lá dentro, só atingirá esses de fora.
一 Se quiser posso jogá-la. 一 Sugere Janaina com um sorriso.
一 Fique à vontade, sei que está louca para deixar uns corpos por aí.
Ela captura segurando com firmeza, mas trava, rastejando em direção ao Will, parando ao
seu lado. Ele aproxima o rosto dela para sussurrar.
一 O que foi? Está tudo bem? 一 Ela o beija, Will deixa, no fundo imaginei que deveria
sentir algo por ele, só falta devorá-lo com os olhos.
Quando o beijo termina ficam presos em uma conexão visual.
一 Não sei se estarei viva quando sair daqui, mas não poderia deixar de te beijar,
desculpa.
Will não responde, deve estar naquele frenesi louco, de quando se descobre que está
fodido porque sentiu algo bom demais. Ela dá uma piscadela rastejando para frente,
aproximando-se mais da casa. Assim que alcança quatro metros de distância, retira os pinos das
granadas, levantando abruptamente.
Os braços projetam-se com precisão, lançando com rapidez em cada ponto. Uma enorme
explosão reverbera, os estilhaços fluindo no ar, ela se joga no chão e todos cobrimos a cabeça
com os braços enquanto os homens morrem queimados, gritando.
Saco minha arma, corro para o local atirando. Adoro a sensação da adrenalina correndo
em minhas veias. Não pouparei ninguém, somente o Palermo como acordado com o Will. Os
dois me acompanham, os tiros acertando as paredes, perto demais, nos escondemos. O número
de homens se aproximando aumenta, trocamos olhares confirmando que não recuaremos.
Uma enorme explosão acontece. Paramos a poucos metros da sala principal, eles colocam
as munições e correm em direção à saída, Blake chegou. A voz do Del Rey ecoa do corredor
oposto.
一 Droga, o Blake está aqui, mas que porra! Caralho!
Aproximo do ouvido do Loki para sussurrar.
一 Precisamos pegá-lo, estou com um gravador e a prisão do Palermo depende de eu
conseguir provas. Ele não está aqui para ser preso e Blake não poderá matá-lo, ficaria impune.
一 Entraremos no corredor atirando, no calor da raiva ele falará, vamos.
Faço o que ele manda, segurando firme na arma, a mão vibrando a cada tiro que disparo.
Del Rey corre, escondendo-se e os outros homens também. Loki segura meu braço puxando-me
para uma das salas no caminho, ficarmos expostos no centro do corredor pode ser fatal. Eles
revidam, os tiros passando ao nosso lado.
一 Ele não pode fugir. 一 digo triste.
一 Você acha mesmo que o Del Rey conseguirá fugir de mim e do Blake? 一 sorri
perverso.
一 Sua vadia maldita, eu matarei você. 一 grita enfurecido.
Loki gesticula, pedindo que eu o provoque.
一 Uma vadia como eu não morrerá fácil. Caio lutando, você e o Palermo precisarão
continuar tentando.
一 Palermo deixará uma cova aberta para enterrar você e esse bebê do demônio. Não
sabem do que ele é capaz, do poder que possui, está na Máfia há anos e não desistirá.
Um sorriso escapa, ele disse que o Palermo é mafioso, era tudo que precisava. Loki faz
um sinal com a cabeça, saímos abruptamente atirando juntos na direção deles.
一 Corre para a entrada, pegarei o Del Rey e estarei logo atrás de você.
Obedeço correndo em direção à entrada. Quando estou próxima, um dos homens entra
em minha frente elevando a perna, acertando um chute certeiro no meu estômago, a pontada de
dor me faz contorcer enquanto caio no chão. A arma que segurava voa longe. Respiro ofegante,
sobressaltando para lutar, ele torna a aplicar chutes, alguns acertam minhas coxas e braços,
outros desvio e consigo golpear sua face umas duas vezes, mas vou novamente ao chão quando
me dá uma rasteira.
Bato fortemente a cabeça contra o piso. Ele pega a arma direcionando para mim. O tempo
congela, os sons tornam-se inaudíveis, e sinto apenas o meu coração batendo massivamente em
meus ouvidos. Uma fração de segundos, incalculáveis, elevo o rosto percorrendo o chão,
encontrando minha arma a centímetros da minha mão. Capturo, o tórax em uma expansão
desordenada, o dedo do homem no gatilho, pronto, não calculo, projeto o braço para frente, os
segundos milimetricamente congelados, e sem hesitar aponto para ao seu rosto. Atiro, ao mesmo
tempo que ele também.
A bala atinge a cabeça dele, constato que entrei em um caminho sem volta, e sim ele é
sombrio e solitário. Meu ombro esquerdo arde, ele me acertou. Tento assimilar, não consigo, a
dor indo e voltando, fico paralisada fixamente com o olhar no homem morto.
O matei, fui capaz de tirar uma vida.
Distraio o suficiente porque quando inclino o rosto vejo o Del Rey pegar uma faca e
avançar em minha direção. Quero correr, mas as pernas não se movem, a sensação de tremor
preso no meu corpo, em choque, apenas fecho os olhos para receber a lâmina em minha barriga.
O medo esvai, as dúvidas também, mas não sinto a pressão, nem a lâmina. Abro os olhos, Loki
está em minha frente. Del Rey cravou a faca no abdômen dele.
一 Não. 一 grito, envolvendo os meus braços ao redor do seu corpo, tentando segurá-lo.
Blake invade o local atirando na mão do Del Rey que grita, o sangue respingando, mas
antes que possa protestar recebe um novo tiro, nos pés, perde as forças indo ao chão.
一 Porra! 一 Grita movendo toda face em dor.
Will e Janaina se aproximam, terminando de matar os homens que restaram. Loki retira
de uma vez a faca do abdômen, e simultaneamente Peter surge, assustado, verificando meu
corpo.
一 Antonella, graças a Deus não se machucou, irá embora comigo? Entendeu? Esse não é
o tipo de vida que você terá. 一 Vocifera.
Loki enfia a faca no abdômen do Peter, os olhos dele se arregalam, as mãos cobrem o
ferimento.
一 Posso morrer, mas antes cumpro as promessas que faço em vida. Disse que te mataria,
traidor.
O corpo do Loki desaba e Blake o segura. Peter deita apertando firmemente a barriga
tentando conter o sangramento.
一 E agora? 一 grito aflita, mas fecho os olhos, respiro profundamente para agir. 一
Posso ajudar, alguém tem um kit de primeiros socorros? 一 Janaina se aproxima, abrindo a
mochila.
一 Tenho um kit militar aqui!
Abro-o, as mãos tremendo incontrolavelmente, Blake fixa o olhar no meu.
一 Está tudo bem amor. 一 Concordo com a cabeça, deixando meus ânimos se
acalmarem.
Pressiono o dedo no ferimento procurando a veia rompida, sentindo o fluxo sanguíneo.
Além do balé meus pais também queriam que tivesse feito medicina, passei um verão todo
estudando, mas optei por moda, era o meu sonho. Acoplo a agulha no local, Loki não expressa
nenhuma reação apenas se mantém parado.
一 Não se esqueçam de mim quando forem beber aquela dose de whisky! Daria tudo por
um whisky agora! 一 Will se aproxima colocando a mão no meu ombro.
一 Está ficando bom, não teríamos o mesmo carinho. 一 sorrio.
一 Está doendo? 一 questiono para o Loki.
一 Um pouco, acho que a adrenalina continua alta! 一 Faço rapidamente a sutura e
Janaina me ajuda com o curativo.
一 Acho que ele aguenta até chegar na cidade! 一 afirmo.
一 O helicóptero com os meus homens chegou. Eles o levam para o hospital. 一 diz Will
ajudando o Loki a levantar e caminhar.
Blake se aproxima de mim, abraça-me com força.
一 Como você está? Quem atirou em você?
一 Estou bem, está começando a doer muito só agora, mas ficarei bem, ele morreu. 一
Blake me beija com carinho, aconchego o rosto em seu peito, mas volto minha atenção ao Peter.
Ele está caído, o sangue aumentando ao seu redor. Janaina se abaixa para ajudá-lo.
一 Palermo não está aqui. 一 avisa Will.
一 Não está, mas o Del Rey confirmou seu envolvimento na Máfia.
一 O quê? 一 questiona o Del Rey forçando-se a levantar. 一 Seus filhos da puta! Vocês
me enganaram.
一 É exatamente por isso seu merda que nunca será o maior negociante de armas e jamais
ocupará o meu lugar. Você subestima seus inimigos e esquece de pensar! Matarei todos os
homens que Palermo te emprestou. 一 Blake beija minha testa, recarrega a arma saindo.
一 Retorno em minutos.
一 Tudo bem. 一 Aproximo do Peter, ele segura a faca, mas o sangramento excessivo
indica que não há o que fazer. Janaina nega com a cabeça terminando de conferir o ferimento.
一 Acertou uma artéria, não dará tempo, sinto muito, você tem no máximo dois minutos.
一 Abaixo-me, perto dele.
CAPÍTULO 50

Peter tem dor no olhar, a voz força para sair.


一 Não queria morrer assim. 一 confessa 一 Ella, eu amo você, eu sempre amei! 一
Analiso a enorme poça de sangue, sentindo sua mão segurar a minha. 一 Posso falar com você,
uma última vez? 一 O olhar triste não me deixa negar.
一 Pode, também preciso te dizer algo… 一 Penso na Pietra, em como se sentirá sem ter
contado sobre o bebê, preciso revelar e aliviar a dor dela também.
一 O quê?
一 A Pietra está grávida, vocês terão um bebê, ela estava tentando falar com você ontem,
mas agora eu sei porque não conseguiu.
一 Um filho? 一 O rosto fica abatido, os dedos comprimindo mais a faca, tentando
impedir o sangue de sair. 一 Queria ficar vivo para vê-lo nascer, eu o amaria.
一 Sinto muito, mas precisava te contar, ela iria querer que soubesse. Cuidaremos do
bebê.
一 Sinto muito ter sido um idiota com você, mas não mentirei, não agora enquanto sinto a
minha vida ir embora. Quando eu te vi pela primeira vez na faculdade, ainda lembro de sentir
meu coração acelerar. Sei que nunca fui perfeito, mas eu queria ter sido o homem que você
merecia. Queria ter sido melhor, ter tempo para mudar, mas agora perdi essa batalha. Eu amo
você, mesmo do meu jeito torto, mas amo, nunca se esqueça disso. 一 As lágrimas escorrem no
meu rosto, recordando o passado, o início do nosso relacionamento. 一 Se um dia fui melhor ou
desejaria ser, pode ter certeza que foi por ter tido você na minha vida. Acho que por isso fiquei
amedrontado quando vi você ir embora, quando perdi o seu amor. 一 Peter se move já fraco e sua
mão escorrega para a lateral.
O corpo torna-se flexível, a vida se esvaindo de seus olhos, o tórax expandindo-se
violentamente, buscando oxigênio.
一 Um dia nos encontraremos de novo e espero que você possa me perdoar! Eu amo v…
一 Antes que termine, os olhos se apagam.
Não queria que tudo acabasse assim. Passo a mão em seu rosto deixando as lágrimas
terminarem de cair. Sinto tristeza pelo que já tivemos um dia, pelo Peter que se importava,
mesmo que não fosse amor. Del Rey analisa o meu rosto.
一 É você que me matará?
一 Espero que Blake me dê essa honra. 一 Seco as lágrimas. 一 Adorarei matar você
lentamente.
Blake retorna, arqueia a sobrancelha olhando para o corpo do Peter.
一 Já vai tarde! Desculpa amor, mas se o Loki matou ele, aposto que motivo ele teve.
一 Ele contou ao Del Rey que eu estava grávida.
一 Ele queria se aliar a mim, mas jamais me aliaria a um fracassado. 一 Blake avança
sobre o Del Rey agredindo-o fortemente no rosto.
一 Fracassado igual você, seu merda!
一 Quero matá-lo! 一 As palavras escapam por entre meus lábios sem calcular.
一 Tem certeza?
一 Sim, mas não agora, vamos levá-lo, ele passará uma semana na sua casa. 一 Blake
fita-me diminuindo gradativamente as abertura dos olhos, curioso.
一 Qual o pensamento sórdido que está em sua mente?
一 Ele apenas terá o que merece.
Will recolhe as armas, guardando-as na bolsa. Blake arrasta o Del Rey até um dos carros
da equipe do Will colocando-o lá dentro.
Preciso superar e ultrapassá-los os meus limites, esse homem mesmo sendo um cretino
por bater em mulher grávida acabou me empurrando em definitivo para esse mundo. O que farei
com ele proporcionará respeito, para que ninguém nunca mais ameace o meu bebê.
Apoio as costas no carro, eles terminam de conferir todo local e saem juntos.
一 Está tudo limpo, podemos ir Blake. Amanhã Palermo Meloni será oficialmente um
homem preso, e será uma carta fora do baralho!
一 Perfeito, preciso fazer uma ligação. 一 Blake se afasta, Will sorri gesticulando com a
mão, chamando.
一 Vem, te ajudarei com esse tiro aí, rapidinho arranco a bala e ficará novinha em folha.
一 Eu aceito!
Ligo para a Angel, a nova administradora. Ela atende.
一 Boa tarde Sr. Lodge, Loki me disse que uma hora entraria em contato!
一 Sim, gostaria de me preparar para comprar todas as propriedades particulares e as
empresas legais do Palermo Meloni.
一 O que houve? Ele é um grande empresário e aparentemente não está vendendo nada.
一 Ainda não, mas amanhã ele terá um problemão para resolver e as empresas cairão
drasticamente seus preços no mercado.
一 Claro, será um ótimo investimento, assim que passar o declínio das ações ela voltará a
subir os preços devido à nova administração, e o senhor terá uma rentabilidade dobrada.
Mantenho na sua conta?
一 Não, quero que coloque todas essas propriedades no nome do meu filho, que ainda
nascerá.
一 Não sei se será possível.
一 Será sim, o homem que comanda minhas contas bancárias é o Rico Mandolini, um
amigo, marque uma reunião com ele. Diga para criar uma conta, e assim que nascer separo a
documentação necessária.
一 Claro, não se preocupe Sr. Lodge, estará tudo encaminhado só aguardando.
一 Ótimo, obrigado! 一 desligo a ligação.
Assim que ele ou ela nascer terá sua fortuna legalmente. Quero garantir um futuro, afinal
nesse mundo do crime posso não viver muito tempo. Normalmente é uma vida cheia de
adrenalina e loucura, mas, ao mesmo tempo, é curta e fatal. Escuto a Antonella gritar e corro para
ver o que está acontecendo. Assim que me aproximo vejo o Will retirando a bala que ficou
alojada no seu ombro.
一 Agora você é uma verdadeira Rainha da Máfia e já possui sua primeira cicatriz!
一 Espero ser boa o suficiente para ter só essa. 一 Admiro-a, sentindo-me um maldito
sortudo.
Antonella me mostrou de todas as formas que ela é muito mais forte que eu. Sei que
poderia ser um lobo solitário e não trazê-la para esse mundo, mas tê-la me fortalece. Pois agora
possuo uma matilha pronta para atacar.
Atravesso a porta de casa arrastando o Del Rey, puxo uma cadeira, sento-o indicando
onde está a corda. Confiro se não possui algum objeto que possa ajudá-lo a escapar. Antonella
traz e prendo o seu corpo, algemo os pulsos, e nas pernas passo correntes. Ele fica em silêncio,
sem reagir e ao terminar seguimos para o quarto, precisamos de um banho.
Entramos juntos no chuveiro, cuido do braço baleado, a pele ruborizada, limpo
novamente, ela murmura com dor, mas em seguida descansa a cabeça em meu peito enquanto a
água escorre em nossos corpos. Suas mãos envolvem firmemente minha cintura. Porém, está
calada, pensativa demais e não desejo que passe pela transformação reprimida, sem exteriorizar o
quanto machuca.
一 Como se sente após ter matado pela primeira vez?
一 Me sinto bem, e isso assusta.
一 Você matou para se defender, não por maldade, por isso não se sente mal. 一 Ela eleva
o rosto, nos entreolhamos, fica nas pontas dos pés para beijar os meus lábios.
Seguro-a determinado, beijando seus lábios com paixão e desejo. Meu pau fica duro só de
roçar em sua pele quente. Antonella desliza a mão safada pelo meu corpo.
一 Blake, eu amo você. 一 Agarro seus cabelos com força, torno a conectar nossas bocas,
os lábios macios, carnudos, quentes, é insanamente viciante.
Antonella mexe totalmente com meu corpo, com meus sentimentos. Imaginar que
começaremos uma família desperta infinitos instintos que outrora não existiam. Desde que
abandonei meus sentimentos ainda no exército, não era replicável que me tornasse como antes e
de fato, não sou, mas o desejo indomável, violento, que me escraviza embaraçou todas as minhas
convicções.
Passo a mão na barriga dela com carinho, ajoelhando para beijá-la. Essa é a primeira vez
que finalmente falarei com o nosso bebê. Nosso resquício de culpa que cresce e protegerei com
minha vida.
一 Eu não sei o que você é, se é um menino ou menina, mas amo você! 一 Ella sorri, os
olhos marejados.
一 Amamos você também, insuportável.
CAPÍTULO 51

Estaciono na frente da casa do Blake, anoiteceu, passei o dia tentando contato com o
Peter, fui até a concessionária e informaram que não foi trabalhar. Pode ser que eles saibam algo
ou possam me ajudar a encontrá-lo. Quero falar sobre o bebê.
Os seguranças liberam minha passagem, aperto o interfone e Antonella abre a porta.
一 Desculpa aparecer sem avisar.
一 Não tem problema, estávamos planejando te visitar amanhã, vem, senta aqui. 一
Abraço-a.
Blake está no centro do corredor dos quartos, com os braços cruzados esperando para ver
quem é. Ele se aproxima me cumprimentando com um abraço, o olhar sem emoção,
demonstrando que me ver trouxe incerteza. Analisa o meu rosto percebendo que estou
preocupada.
一 Está tudo bem? Conheço você. 一 Pergunta, Blake sempre foi incrível em interpretar
as pessoas.
一 Estou procurando o Peter e não acho em nenhum lugar, queria compartilhar sobre a
gravidez. Provavelmente dirá, se vire, você engravidou porque quis. Ele é egoísta, mas tem o
direito de saber.
Blake e Antonella se entreolham, a angústia perpassando, quase palpável. Há algo na
respiração, na expressão que muda, eles sabem de algo que ainda não fui informada. Blake me
abraça novamente, colocando a mão no meu rosto, com carinho.
一 Peter morreu hoje, sinto muito!
一 O quê? Morreu? Como assim? 一 Antonella me prensa em seus braços.
一 Ele tentou se aliar ao Del Rey, o homem responsável pela minha prisão. Queria ajudá-
lo a matar o Blake.
Meu coração fica apertado, Peter possuía inúmeros defeitos que estavam bem mais
evidentes agora, mas nos conhecíamos há tantos anos que é impossível não sentir, não sufocar de
tristeza.
一 Queria que meu filho pelo menos conhecesse o pai, mesmo que ele não quisesse essa
criança. 一 Blake segura a minha mão.
一 Você tem a nós, sempre te auxiliaremos no que precisar.
一 Sou muito grata por ter vocês.
一 Pi, antes do Peter morrer, tive a chance de trocar algumas palavras com ele e contei
que você estava grávida. Eram os últimos minutos de vida, imaginei que você ficar sem uma
resposta de como ele se sentiria parecia injusto demais. 一 Não contenho as lágrimas, e concordo
sutilmente balançando a cabeça. 一 Ele ficou feliz, disse que queria ter mais tempo para conhecê-
lo, que o amaria, então sim, ele aceitaria ser pai. 一 suspiro.
一 Isso retirou um peso das minhas costas, saber que essa criança não seria rejeitada me
deixa aliviada. Falarei com a família do Peter, para os avós serem presentes.
一 A Odete e o Paul são incríveis, ficarão muito felizes. Que dia é o jantar com o seu pai
para falar da gravidez?
一 Amanhã, serão duas notícias, uma feliz e outra triste. 一 Ella alisa meus cabelos.
一 Nossos filhos serão melhores amigos, uma grande família, com o tempo essa tristeza
amenizará.
Passo a pomada no ferimento e engulo a medicação, um anti-inflamatório fraco por conta
da gravidez, e em seguida chego a cozinha para o café. O sol transpassa os vitrais da janela.
Blake puxa a cadeira do Del Rey que resmunga. Recebemos as notícias bem cedo de que o Loki
está bem, ficará uns dias afastado para se recuperar. Ontem escondemos esse crápula nos fundos,
mas agora coloca a cadeira dele junto à mesa, como se fosse se juntar a nós no café da manhã.
一 Bom dia Del Rey, como foi sua noite? 一 provoco 一 Dormiu bem? Espero que sim,
porque tenho uma programação incrível para você essa manhã!
Pego uma xícara de café, seguro-a com firmeza e sigo até o bar do Blake despejando uma
pequena dose de whisky. Del Rey me acompanha fixamente, pensativo. Blake junta as
sobrancelhas, curioso.
一 Sabe, quando eu era mais nova o sonho dos meus pais era que eu fosse uma bailarina
ou médica, porém, o meu grande fascínio sempre foi a moda, mas depois que você me mandou
para a cadeia, muita coisa mudou.
Retorno a mesa sentando ao seu lado. Pego uma faca de mesa e deslizo a ponta no
peitoral, deixando um rastro de rasgo na camisa preta social.
一 Sabia que eu poderia te dar muitas facadas e você não morrer?
Perfuro a ponta da faca lentamente em seu ombro, sentindo rasgar sua pele, a textura
macia da carne, atingindo o músculo trapézio.
一 Esse músculo, o trapézio, é o responsável por grande parte dos movimentos do ombro,
sabia? 一 Ele grunhi, debatendo-se.
Meu coração acelera, mas sei que preciso fazer isso, preciso ser respeitada. Deixo a faca
na região, causando dor, movendo-a antes de tirá-la. Caminho a ponta pelo restante do abdômen
parando na perna. Cortá-lo causa uma dor em mim também, meu peito palpita, as mãos estão
geladas, uma leve náusea indo e voltando, mas não demonstro. Cortá-lo, não é tão simples como
imaginei. Preciso estar disposta a feri-lo, disposta a sentir o efeito disso, o dano que causará na
minha mente, mas não ligo para o preço, só para o meu bebê e o futuro.
Enfio com força a faca na coxa, o suficiente para não entrar profundamente e atingir a
artéria.
一 Arg! 一 sibila, o rosto ganhando rubor e os músculos rígidos.
Retorno ao meu lugar, perto do Blake, que me encara com orgulho. Nem eu poderia
imaginar que seria tão forte ao fazer isso.
一 Palermo Meloni foi preso hoje. 一 avisa ele, Del Rey estala a língua, furioso. 一 Eles
disseram que você fugiu! 一 Blake levanta, parando ao lado dele.
一 O que você quer fazer com esse filho da puta Ella? Posso fazer o que eu havia
planejado. 一 Sua pergunta está repleta de discordância.
Ele queria torturá-lo incansavelmente e depois matá-lo de uma vez.
一 Tire a roupa dele.
一 O quê? O que você fará comigo sua cadela? Aposto que não tem coragem! 一 Irritado
Blake esmurra a face dele, a boca sangra.
一 Não se atreva a xingá-la. 一 Ele retira as roupas dele, rasgando em algumas partes
para não soltá-lo.
Retiro o elástico do meu cabelo.
一 Matar você fará com que todos me respeitem, e a sua morte precisa mostrar que tenho
muito mais culhões que você. 一 Aproximo-me dele ficando de joelhos.
Desamarro seus pés, Blake segura para não me atingir de surpresa, e reorganizo,
deixando separados, um em cada pé da cadeira. Os olhos se arregalam quando minha mão rasteja
em sua perna direita. O peito movimenta-se em agonia, ofegante.
一 O que você fará? Porra, não!
一 Você pegará no saco dele? 一 indaga o Blake, incrédulo ao assistir minhas mãos se
aproximando dos testículos.
一 Sim, ensinarei ele a como ter culhões de verdade.
Blake rosna, enciumado, mas não fala nada. Apenas observa minhas mãos envolvê-los
com força, Del Rey grita.
一 Porra! Cacete, isso dói! 一 Espremo com fúria enquanto ele grita, debatendo-se, a pele
vermelha de dor, tentando se soltar.
Com brutalidade amarro os dois testículos, dando quatro voltas com o elástico. Seu corpo
cede no encosto da cadeira quando as solto, dando um breve alívio, o suor escorrendo em seu
rosto, grunhindo.
一 Não se preocupe, daqui a uma hora venho olhar se você já tem culhões.
Blake sorri de canto.
一 Amor, me lembre de nunca contrariar você! 一 Puxa-me pela cintura e me beija, mas
para em segundos, transitando o olhar por todo meu rosto. 一 O que eu fiz com você?
一 Você me fez ser capaz de destruir o mundo. 一 O interfone toca, lavo as mãos e
caminho até a porta para abrir.
Loki está parado, um sorriso presunçoso fixos nos lábios.
一 Já voltei aos serviços! Vim ajudar a acabar com aquele verme! 一 Faço sinal para
entrar.
一 Não se passaram nem 24 horas, precisa descansar. 一 Ele nega, andando devagar,
quase parando.
一 Não sou um homem de ficar deitado, choramingando na cama. 一 Blake o abraça,
aliviado por vê-lo bem.
一 Estou feliz de ver que está tudo bem com você.
一 Sou um maldito durão, agora me vê aquela dose de whisky. 一 Blake caminha com
Loki até a estante servindo dois copos de whisky. Loki desce os olhos no Del Rey e depois
encontra os meus.
一 Quem escolheu isso? 一 Blake ergue a sobrancelha e Loki dá uma risada maléfica.
一 Mulher, jamais quero te provocar. 一 sorrimos, retorno a mesa, puxo a xícara de café
degustando. 一 Um traidor já foi, o Peter, será esquecido para sempre.
一 Pietra está grávida do Peter. 一 Confesso.
A fisionomia muda, endurecendo o corpo, a mão toca a nuca esfregando a região
enquanto caminha de um lado a outro. Queria entender porque se sentiu afetado.
一 Está tudo bem Loki?
一 Não. Lembrei da minha família, imaginar que agora deixarei um filho crescer sem pai,
é foda. Mesmo que ele era um merda, ainda assim é foda.
一 Daremos suporte a ela, a Pietra é minha amiga há anos, e sempre irei ajudá-la, é como
uma irmã, sempre será. O que aconteceu entre eu o Blake foi inesperado, mas não houve
maldade, realmente aconteceu.
一 Falarei com ela, preciso dizer que sinto muito pela criança ficar sem pai, mas não me
arrependo de matá-lo. Peter tinha todas as características de uma pessoa perversa, que é capaz de
tudo para ter o que quer. Ele era um traidor, começa aí, você dificilmente encontra lealdade em
pessoas egoístas, só pensam em si mesmo. 一 Realmente Loki está certo, Peter jamais mudaria,
provavelmente pioraria, mesmo ele dizendo o oposto.
一 Quanto tempo ele ficará com o saco assim? 一 questiona tocando nos próprios
testículos por cima da calça, pensando na dor reflexa que deve irradiar no corpo.
一 Até necrosar… 一 Del Rey revive ao ouvir, estava desconjuntado, mas eleva o tronco.
一 O quê? Você é maluca, pirada, me solta, sua vadia. 一 Levanto furiosa acertando um
soco em seu rosto. Minha mão dói, abro movimentando os dedos sem demonstrar.
一 Só o Blake pode me chamar de vadia. Seja homem e perca os seus culhões com
dignidade.
Del Rey se pudesse me estrangularia com as mãos porque o olhar é mortífero. Sua pele
está ficando avermelhada, acredito que pela dor aguda que começará a sentir pela falta de sangue
na região.
一 Puta que pariu, tira essa porra do meu saco.
CAPÍTULO 52

Pego os papéis do mandado de prisão, o dia foi cheio hoje, analiso-o passando os olhos
nas linhas. Automaticamente lembro das palavras do Blake ao perguntar se gostaria de trabalhar
com ele. São tantos anos com o governo americano, vendo tanta merda, mas jamais cogitei pisar
no lado negro da força. Quando sai da Austrália após auxiliar o Rico, pensei que iria me deparar
com mais um caso em que precisaria encobrir qualquer porra que o Blake tivesse feito. Encontrar
a Antonella, vê-la sofrendo, a covardia de ter um filho da puta corrupto, que passa por cima das
leis para prejudicar alguém que não tem nada a ver com isso tudo, foi decepcionante.
A prisão foi ilegal, não deram direito a um advogado e se não fosse o Blake explodir
aquele lugar ela teria sofrido por meses até que eu conseguisse liberá-la, por mais contato que
possa ter, a ordem veio de cima. Sigo para sala de interrogatório, ao menos o Palermo eu
consegui pegar. Assim que entro, o idiota do Detetive Thompson está na sala.
一 O que faz aqui?
一 Vim trocar umas palavrinhas com o Palermo. Estou contando para ele que já perdeu
grande parte da fortuna que tinha. Meu caro, você é um homem sem recursos agora.
一 Conheço gente grande, vocês acham mesmo que ficarei preso muito tempo? 一 Rebate
convicto.
一 Você achou que iria derrotar o Blake? 一 questiono.
一 Óbvio que não, mas mostrei para todos os inimigos dele que agora possui fraqueza,
não é mais o intocado. Quando você assume o risco de querer ter uma família como o Blake quis,
vem com um preço. Porque você coloca as pessoas que ama em perigo, e eu matarei um por um
até não restar mais ninguém. Posso ter perdido meus recursos, mas antes eu já tinha preparado
tudo! 一 fecho o cenho.
一 O que você preparou?
一 Você acha que está trabalhando para o bem meu amigo? Todos são compráveis, hoje
saio andando daqui! 一 Thompson ri, andando de um lado a outro, para ao meu lado arrancando
inesperadamente da cintura um canivete.
São segundos suficientes para ele cravá-lo silenciosamente em meu peito. Pisco mais
rápido, a dor espalhando-se para os meus braços, o coração há uma batida descomunal, foi
próximo ao coração, posso sentir a dormência estendo para as pernas, a visão embaça, seguro na
mesa, tentando não cair.
一 O sistema é corrompido meu amigo, eu prometo matar sua parceira rapidamente. 一
Fecho os punhos, não posso deixá-lo machucá-la.
Forço meu corpo, a mente colapsando. Janaina entra na sala trazendo os papéis que
faltavam com as provas, o olhar encontra o meu. Uma mão segura a faca, a outra segurando
firme na mesa, ela corre até mim.
一 Não, Will. Não. 一 Thompson retira de meu peito e gira para acertá-la, mas junto
todas as forças restante e entro na frente.
A faca perfura o lado oposto, mais próxima ao coração, o frio percorreu meu corpo. Uma
sensação de solidão ao meu redor, as vistas escurecem gradativamente, despenco, Janaina
segura-me, mas estou distante, apenas ouvindo os sons abafados.
一 Não, não me deixe. 一 Desaba, mas antes que saque a arma escuto um tiro.
O delegado Richards atirou no Thompson, luto para não partir, mas agora, com ela
segura, eu posso ir.
一 Não Will, droga, você não pode me deixar. Não assim.
Meu celular toca em cima do aparador, confiro que é o número do Will.
一 Diga Will.
一 Oi Blake, é a Janaina, eu… 一 A voz embargada e a respiração ofegante entrega que
algo aconteceu. 一 Preciso de você. Tentaram assassinar o Will, um detetive da polícia.
一 O quê, como ele está?
一 Mal… 一 ela chora, pausa por alguns segundos até conseguir falar novamente. 一 Ele
levou duas facadas no peito, pressionei bastante para tentar diminuir o sangramento, foi levado
ao hospital em estado grave. Aparentemente o Detetive Thompson recebeu suborno para deixar o
Palermo fugir.
一 Ele continua preso?
一 Sim, mudei de ideia, quero que você mate o Palermo, cansei de trabalhar para esse
sistema falho e mentiroso.
一 Estou indo buscá-lo. Pego ele e depois iremos ao hospital vê-lo.
一 Tudo bem, estarei aguardando. 一 Desligo a ligação.
Blake desliga o celular xingando.
一 Palermo tentou fugir e Will está no hospital. Jana decidiu nos entregar ele. Você dá
conta do Del Rey ou precisa que eu finalize aqui para você? 一 suspiro, porque o “dar conta” é
matar, mesmo com o medo pulsando fico firme.
一 Eu dou conta, os testículos estão quase caindo, só cortarei de vez.
Levo meu olhar para ele, abatido pela dor e pelos tiros que levou. Blake o deitou na cama
de um dos quartos do fundo e o amarrou para que eu pudesse terminar tudo.
一 Pegarei o Palermo e passarei para ver o Will. Retorno rápido, Loki está descansando
na sala, qualquer coisa o chame. 一 Blake me beija com paixão.
一 Pode ir, ficarei bem. 一 Ele sorri saindo rapidamente.
一 Me mata logo, não aguento mais essa dor. Você tinha razão, tem mais culhões que eu.
Finalmente serei respeitada, se meu próprio inimigo está rendido a mim, todos estarão.
Aproximo das ferramentas do Blake escolhendo uma adaga dourada linda. A luz reflete seu
brilho ofuscando os meus olhos. Pego-a com firmeza e encosto a ponta na direção do estômago
dele. Um gosto amargo surge em minha boca, fico enjoada ao pensar no que precisarei fazer
agora. Pressiono a faca enfiando lentamente em seu corpo. A textura macia, cada centímetro
mais fundo.
Ele grita e várias sensações invadem meus sentidos. Um misto de agonia, aflição e pavor.
Porém tento desligar, forço a reviver os dias que passei no presídio, em horas atrás quando ele
iria me matar para fazer o Blake sofrer, no soco que aplicou contra minha barriga na tentativa de
ferir o meu bebê. É incompreensível a frieza que possui, estou lidando com mafiosos, e não com
pessoas inocentes. Contenho minhas emoções respirando fundo e controlando meu próprio
corpo.
Retiro a adaga, verifico os testículos arroxeados pela falta de sangue, a isquemia intensa.
Seguro-os na mão, não penso, escolho agir. Corto cada um ao meio enquanto se debate, a luta
dura poucos minutos, está fraco, com infecção e sem forças. Sento, assistindo enquanto agoniza
lentamente. Cada respiração funda do seu pulmão tentando se manter vivo, traz um peso para o
meu corpo.
Sabia que não seria fácil.
Decido por fim a sua dor, levanto, posiciono a adaga em seu coração enfiando com força
e precisão até cravar fundo em seu peito.
一 Arg! 一 O último grunhido escapa seguido da inspiração final.
O corpo debate-se em choque hemorrágico, em espasmos e gradualmente a vida se apaga.
Os olhos perdem a energia, até não sobrar nada. Ele morre. Sigo até a pia, as mãos trêmulas,
repletas de sangue, desesperadamente as lavo. Deixo as lágrimas rolarem em minha face,
aliviada por saber que nunca nos fará mal no futuro, mas também sinto dor, por nunca mais
voltar a ser a mesma pessoa de antes. Limpo o ambiente, lavo a lâmina, o sangue manchando a
pia branca, o cheiro de ferrugem preso em minhas narinas aumentando a acidez do meu
estômago, acelero, ansiosa para fugir daqui, do corpo frio ao meu lado.
Deixo-o coberto com um lençol e sigo para o banheiro do quarto. Afobada arranco a
roupa do corpo. Ligo o chuveiro, passo a água no meu rosto tomando um banho longo, repito o
sabonete quatro vezes, sem calcular, querendo que vá embora os sentimentos conflitantes que me
inundam. Quero que leve embora as incertezas e qualquer resquício de lembrança da tortura. A
nova Antonella precisa ser forte e estar pronta para enfrentar o inimigo. Agora pensarei na morte
do Palermo Meloni, quero que seja solitária e obscura para que nunca esqueçam, meu bebê nem
nasceu, mas por ele eu mato e morro e farei o necessário para não vê-lo sendo torturado na mão
de um inimigo do Blake.
Papai sorri, a manteiga borbulhando na frigideira. Ele joga o alecrim, orégano, tomilho,
alho e os frita produzindo uma nuvem aromática perfeita. Senti tanta falta desses momentos, de
dividir a cozinha com ele e preparar nossos pratos prediletos.
一 Traga o molho pomodoro e a massa. 一 Obedeço.
Ele sela o filé marinado na manteiga. Acoplo os pratos no balcão dispondo dos alimentos
de maneira atraente. Ele sorri.
一 Você sempre gostou de cuidar da estética do prato, acho que por isso ama as
sobremesa, visualmente são irresistíveis. Igual sua mãe. 一 Suspiramos, com a saudade
apertando.
Diferente de antes isso não pesa mais, trabalhar na terapia essa dor alivia a negação. A
única certeza da vida é a morte, e compreendo que não é o fim. Uma pessoa se mantém viva
enquanto estiver semeando o amor.
一 Senhor James Bianco, preciso te contar algo.
一 Claro filha, aconteceu algo? 一 Levo a mão à barriga, ele segue os meus movimentos.
一 Estou grávida.
一 O quê? Quando isso aconteceu? Como?
一 Como? Fazendo sexo. 一 ele eleva o queixo, sorrindo.
一 O pai é o Blake?
一 Não, o Peter? 一 Os olhos arregalam.
一 Peter não é o namorado da Antonella?
一 Ele era, agora ela está com o Blake. 一 Ele abre os braços, confuso. 一 Peter morreu
ontem. 一 Ele cobre o rosto com as mãos.
一 Filha, eu sinto muito.
Quero evitar, mas meus olhos enchem de lágrimas. Papai se aproxima abraçando-me
forte.
一 Filha diferente do passado, agora estarei presente. Não quero ser mais um morto vivo,
quero mostrar que te amo, que nossa família seguirá em frente. Faz tantos anos e essa dor só
continua nos impedindo de prosseguir porque deixamos. Parte é culpa minha, mas agora estarei
aqui. Amarei ter um neto ou neta, serei o melhor avô do mundo. 一 Sorrimos, aperto-o
continuamente. 一 Desculpe filha, por tudo.
一 Eu te amo tanto pai, não me sinto mais sozinha, agora entendo que a solidão foi uma
escolha. Não quero mais escolher isso, nunca estive sozinha de fato, mesmo quando estava
longe, mas a minha mente repetia o ciclo, a dor, quero deixar as pessoas entrar.
一 Tenho tanto orgulho de você, será a melhor mãe do mundo.
CAPÍTULO 53

Após os homens do Blake passarem e retirarem o corpo do Del Rey preparo uma sopa
colocando-a na tigela. Levo até o Loki na sala. Coloco uma almofada em seu colo e sirvo. Ele
não diz nada, não come, apenas fica com uma expressão estranha.
一 Está com dor de barriga por acaso? 一 ele gargalha.
一 Não, é que não me lembro a última vez que alguém se importou ou me tratou bem
assim. 一 Uma pontada ocorre em meu peito, essa vida é dura demais.
一 Não seja por isso, chamarei a Pietra para fazermos um jantar incrível, ela prepara a
melhor carne assada. Seremos uma grande família das Armas.
一 Eu gosto dela, Pietra sempre foi legal, espero que aceite minhas desculpas.
一 Ela aceitará. Agora coma, precisamos de você novinho para trabalhar muito.
一 Então por isso fez a sopa, puro interesse nos meus serviços. 一 sorrimos e deito no
sofá oposto.
一 Descobriu meu segredo.
一 Mulher, você é pior que o Blake, perigosa igual.
Aconchego a cabeça na almofada. Estou preocupada com o Will, passa da meia-noite,
queria saber da sua saúde. Fecho os olhos, esquecendo de tudo e adormeço por horas. Está
amanhecendo quando escuto a porta abrir, confiro, Blake chegar acompanhado da Janaina. Loki
prepara o café na cozinha porque o cheiro está no ambiente.
一 Ah, finalmente, estava preocupada. 一 Corro até ela dando um abraço de conforto, as
lágrimas escorrem, a pele branca fica vermelha, as pálpebras arroxeadas pelas olheiras.
一 Ei, como ele está? Will é muito forte.
一 Ele está em estado grave, entrou para uma cirurgia e assim que sair o médico ligará
para dar informações. 一 Seguro seu rosto de maneira confiante.
一 Ele ficará bem, eu acredito! 一 Janaina dá um breve sorriso sofrido, entrelaço nossos
braços e a levo para o quarto de hóspedes.
Ela analisa o ambiente, sem emoção, pego a bolsa de sua mão depositando ao lado da
cama.
一 Tome um banho, descansa, porque assim que eles ligarem, veremos o Will.
Ela concorda com a cabeça, se move até os painéis de vidro na janela, olhando o céu
nublado, as nuvens carregadas em um tom acinzentado. Saio do quarto, ela precisa desse
momento para chorar. Procuro pelo Blake encontrando-o da mesma forma, próximo à janela
encarando a cidade. Paro ao seu lado, ele toca o meu rosto.
一 Agora temos o Palermo, meus homens já levaram ele para um lugar seguro. Ninguém
poderá achá-lo até o matarmos.
一 Isso é ótimo, como se sente sabendo que finalmente estará livre dele também?
一 Menos estressado, pensar que não terei ameaças em potencial me faz ter menos medo
de estar com vocês. 一 A mão direita acaricia minha barriga.
一 Eu amo você, quero que possamos ser uma família.
一 Nós já somos, eu, você, nosso bebê, nossos pais e todos os aliados.
一 Isso está parecendo um conto de fadas, mas com um pouco de sangue. Não acredita
em conto de fadas Blake Lodge? 一 Ele sorri.
一 Não, nem pense em contar essas histórias para o bebê, contaremos sobre os homens
maus. 一 Empurro-o até a cama, ele cai sorrindo.
Rastejo meu corpo por cima do dele, quero sentir seu calor.
一 Podemos ficar abraçados um pouco? 一 Blake acaricia minhas costas em movimentos
contínuos, relaxo.
一 Claro meu amor, o braço continua doendo?
一 Não, só está dolorido quando forço, não se preocupe.
一 Como se sente após a noite com o Del Rey?
一 Foi difícil, senti tantas sensações ao mesmo tempo. Alívio, tristeza, dor, e morte.
Como você consegue fazer tudo isso e não se afetar?
一 Porque não são pessoas boas, eu também não sou Ella. Essa é a parte podre, que cheira
a carniça, um mundo onde o mais forte e poderoso sobrevive. Os limites são ultrapassados e não
cabe arrependimentos, ou mata, ou morre. Não existe glória na morte de um mafioso, mas sim
dominância. Você conseguiu o seu lugar, agora todos sabem que você matará quem entrar em
seu caminho.
O jantar ontem com o papai fez toda mágoa se dissolver, quase não existir mais. Receber
seu afeto, atenção era o que faltava para me sentir amada. Pela manhã entrou em contato, enviou
infinitas frutas e alguns pratos saudáveis para nutrir o bebê. Hoje, sábado, normalmente ficaria
reclusa lamentando a vida, mas não mais. A nova Pietra irá descansar, assistir filmes, trocar
mensagens com a melhor amiga e não se sentir sozinha. Há um tempo não sou dominada pela
solidão, consigo sentir paz em estar comigo mesma.
Ella avisou sobre o Will, relembrei da nossa noite, ele é um homem bom, não merecia
estar passando por isso. Quando o médico liberar irei vê-lo. O interfone toca, minha testa enruga,
estou confusa, não esperava ninguém essa noite. Encontro o Loki assim que abro a porta,
vestindo roupas leves, diferente do que usa normalmente.
一 Boa noite Pietra, será que podemos conversar?
一 Claro, entre. Aconteceu alguma coisa? 一 Ele move a cabeça em um misto de sim e
não enquanto atravessa a porta.
一 Bom, nem sei por onde começar, você recebeu a notícia da morte do Peter?
一 Sim, o enterro será em três dias, mas os pais querem uma despedida privada, sem
ninguém, ainda mais que ele estava em um local com mafiosos.
Loki senta, chamo-o para me seguir até a cozinha, ele me acompanha.
一 Você jantou? 一 Ele nega.
一 Aceita um filé defumado? Terminei de preparar.
一 Sério? 一 A surpresa do meu convite está expressa em seu rosto porque move toda a
face sorrindo. 一 Eu aceito, mas se me deixar conversar com você primeiro, talvez não queira
minha presença aqui.
Junto as mãos à frente do corpo, desconfiada, o que ele poderia ter feito para que ficasse
com raiva dele? Concordo com a cabeça. Sentamos na ilha, frente a frente. Ele apoia os
cotovelos no mármore e inspira profundamente.
一 Eu matei o Peter. 一 Meu coração acelera.
一 O quê? Por quê?
一 Foi um traidor, contou sobre a gravidez da Antonella para o inimigo do Blake. Eles a
raptariam e matariam sem misericórdia. Sabe o tipo de tortura que ela sofreria? Pois é, pediria
para morrer. 一 Loki arranca a camisa mostrando as marcas dos cortes, por todo peitoral, e um
curativo próximo à pelve. 一 Matariam o bebê com ela ainda viva, eles fizeram isso comigo, com
ela fariam pior. 一 Levo a mão aos lábios, em choque. 一 Jurei que o mataria por tê-la
prejudicado e cumpro as minhas promessas, mas não imaginei que ele fosse ser pai. Sei que
vocês não tinham nada um com outro e foi aquela ideia ridícula de trocar de casais, mas Peter era
um cara mau e egoísta, iria destruir todos à sua volta. Culpo-me por ter deixado seu filho sem um
pai. Sinto muito. 一 o rosto entristece 一 Perdi minha esposa e meu filho há alguns anos e sei
como é se sentir sozinho, como se não tivesse mais família.
Presto atenção em cada palavra que fala, sempre vi o Loki como o Blake, impenetrável,
mas nunca imaginei que sofreu tanto. Coloco minha mão sobre a dele, levanto e o abraço. Loki
envolve os braços em minha cintura e aconchega o rosto no meu corpo. Aparenta estar rígido e
acho que não está acostumado com muitos abraços.
一 Vim oferecer apoio, sempre que precisar conversar, xingar, estarei aqui. Quando o
bebê nascer, precisando de proteção, pode chamar.
一 Eu aceito Loki sua amizade, sei que é de coração, meu filho não será menos feliz por
não ter um pai. Sinto muito pela sua família. Você pode ter um recomeço e ser feliz, não se
anule.
一 Nenhuma mulher quer essa vida Pietra, antes era pior porque eu comandava, hoje só
cumpro ordens, mas ainda exigiria compreensão.
Loki afasta o rosto, o olhar fixo ao meu. Saber que possuímos uma conexão traz uma
sensação de desejo. Ele entende como é viver com uma dor sufocante da perda, de querer superar
e ela sempre te assombrar. Aproximo-me mais, seus braços me apertam em seu corpo e um
impulso domina minhas reações porque encosto nossas bocas. Meu coração palpita e sobressalto
para trás, envergonhada.
一 Desculpe, eu juro, eu não sei porque fiz isso… 一 Loki estreita os olhos, um sorriso
sensual se formando. 一 Tenho certeza que nem gostou, eu prometo…. 一 Ele levanta avançando
sobre mim.
A mão direita agarra minha nuca, ofegante, e devora minha boca. A língua percorre a
minha, envolvendo-a em um beijo ardente. Ele agarra minha cintura sentando-me na ilha,
abrindo minhas pernas para se encaixar no meio delas. Vibro internamente, com uma sensação
fervente e sentimentos que nunca senti. Os lábios são saborosos, se conectam com os meus
causando ondas de desejo incessantes. Quando o beijo termina ele me abraça com cuidado, seu
ferimento é recente, não quero machucá-lo.
一 Pietra, quero muito te conhecer de verdade, o que acha? No entanto, não quero fazer
isso do jeito errado, aceita jantar comigo no final de semana que vem?
一 Um encontro, eu adoraria.
CAPÍTULO 54

Esfrego o rosto contra o travesseiro, sonolenta, os braços do Blake em volta do meu


corpo. Ele me puxa.
一 Não consigo me acostumar com a sua agilidade em abrir os olhos antes de mim. Como
se soubesse que acordaria. 一 Ele sorri.
一 Infelizmente no começo quando entrei nessa vida tudo era um motivo de ataque.
Todos querem se tornar um grande mafioso e eliminar seus concorrentes. E esses ataques são
ainda mais intensos no início. Até que eu me tornasse quem sou hoje precisei passar muitas
noites sem dormir. 一 Aconchego em seu peito e beijo seu peitoral com carinho.
一 Nada irá nos separar e nosso bebê herdará um legado forte e invencível.
一 Só precisamos torná-lo capaz de se proteger e de comandar tudo isso com garra e
grandeza.
一 Ele será como você meu amor, o maior de todos.
一 Mataremos Palermo agora, precisamos acabar logo com isso.
一 Sim, eu concordo.
Levantamos apressadamente, tomamos um banho, escolhemos as roupas, coloco uma
calça jeans, uma blusa preta de manga longa, e botas, terminando seguimos para a sala. Penso em
várias maneiras de fornecer ao Palermo uma morte dolorosa. Sento à mesa para tomar café e
minutos depois a Janaina aparece.
一 Bom dia, foi bom descansar ontem, estava precisando.
一 Bom dia, vem, sente-se. 一 Ela puxa a cadeira, acomoda-se ainda muito abatida.
Sirvo o café em uma xícara, direcionando a ela.
一 Você se sentirá melhor após tomar um café quente.
一 O que pretendem fazer com o Palermo? 一 questiona.
一 Pensei em algo… 一 aviso, os dois se mantêm atentos, esperando 一 Blake peça para
seus homens providenciarem um caixão.
一 Um caixão?
一 Sim, hoje o Palermo Meloni será enterrado vivo!
一 Antonella, a cada hora você se supera e me deixa mais orgulhoso. 一 Elogia pegando
o celular enquanto caminha para fazer as ligações.
一 Precisamos passar em uma loja de animais.
一 Antonella, eu adoraria ser digamos “o seu braço direito”, aceita receber meu
currículo? 一 pergunta Janaina, sorrimos.
一 Não precisa, você está contratada. 一 Por alguns segundos a tensão e tristeza pelo Will
se torna menos pesada.

A movimentação dos homens do Blake começa algumas horas após prepararem o que foi
pedido. Entramos no veículo, o sol incidindo em nossos rostos. Janaina encosta-se no banco, toco
em sua mão, confortando-a.
一 Somos duas iniciantes na máfia, e estou feliz por não ser a única, sabe as coisas tem
sido pesadas, difíceis de digerir.
一 Estarei aqui para o que precisar, o mundo é podre, às vezes achamos que agindo na lei
é o certo, mas os seres humanos mesmo racionais escolhem ser corruptos. Nunca me imaginei
assim, no lado obscuro da vida, mas depois do que aconteceu com Will, não dá para confiar no
sistema.
一 Isso é inaceitável, entendo o quanto é difícil, mas só mataremos os maus e isso traz
certo conforto, não deveria. 一 confesso, e suspiramos pensativas.
O veículo se move, mantenho a visão fixa por todo caminho. As árvores formando
sombras, a cidade distante, e infinitos campos rurais ganhando vida. Chegamos no enorme lugar,
no centro do terreno possui ruínas de uma antiga igreja. Os homens arrastam o Palermo para
dentro e caminhamos logo atrás. Paramos rente a cova aberta no chão, a terra devidamente
alinhada ao lado. Palermo está com uma expressão carrancuda, indiferente. Decido ser
implacável, estou na frente de todos, não posso recuar, nem demonstrar fraqueza. Fecho os
punhos e falo com ele.
一 Seu amigo não morreu com dignidade, não tinha culhões, espero que você tenha! 一 O
olhar evasivo transmite frieza, uma alma vazia.
一 Jamais imaginei que você, uma patricinha, fosse um monstro, vocês se combinam
mesmo.
一 Como se você fosse um santo, desculpe papa Francisco, fui obrigada a ser, graças a
vocês dois.
一 Não passa de uma vadia.
Loki se aproxima devagar, e pego a caixa de presente da mão dele. Entrego ao Palermo.
一 Um presente para você. 一 A testa franze, desconfiado. 一 Abra, não tenha medo, seja
homem. 一 Com raiva ele abre.
Os olhos arregalam ao ver o conteúdo.
一 O quê? 一 Mostra os dentes estampando uma careta de nojo.
一 Seu amigo não tinha culhões então precisei arrancá-los, não estavam fazendo
diferença no meio das pernas dele. Espero que você seja mais corajoso, apostei alto em você.
Ele não responde, meu estômago revira, não liga de morrer e isso é assustador. Um
enorme caixão é trazido e depositado ao nosso lado.
一 Muito bem, colocaremos ele aí dentro, é realmente impossível abrir por dentro? 一
questiono e um deles responde.
一 Sim, é impossível senhora Lodge. 一 Ouvi-los me chamar pelo sobrenome do Blake é
viciante, traz uma sensação de poder.
一 Ótimo, tirem a roupa dele e deixem somente os pés e mãos atadas.
一 Espero que você sofra muito! 一 Confessa Janaina.
Rapidamente o deixam pronto de pé em minha frente. Blake anda sincronizado, pisando
forte contra o chão, escolhe a adaga dourada, a mesma que usei com o Del Rey e se aproxima
segurando-a com firmeza.
一 Palermo, sua morte será dolorosa e agoniante, deixei que a Antonella decidisse como
você morreria apenas farei uma pequena participação. 一 Blake aponta o indicador para o pau do
Palermo.
一 O quê? Não, não… 一 Não há nada pior para um homem do que perder sua
masculinidade. 一 Segurem ele bem firme.
Blake nem vacila, posiciona a adaga, com raiva puxa o pau, Palermo tenta reprimir a dor,
mas grita ao sentir a torção porque ele gira antes de passar a lâmina friamente, o sangue espirra,
as pernas dele cedem, mas os homens o seguram impedindo de cair.
一 Isso é por você achar que poderia tentar me derrubar e mexer com a pessoa que eu
mais amo.
Palermo grita descontroladamente, a dor agonizante torna sua aura densa, o corpo
ruborizado, as veias do pescoço saltadas de tensão.
一 Podem jogá-lo no caixão. 一 Eles jogam.
Aproximo, nos entreolhamos, o ódio exala de suas narinas que se projetam para fora
enquanto cerra os dentes. O sangue escorrendo desgovernado do corte.
一 Palermo, tenho que reconhecer algo antes de finalizar as coisas com você. Em um
primeiro momento preciso agradecer, porque você me permitiu ser uma nova pessoa. Quando me
mandou para a cadeia descobri uma força que não imaginei que tinha. Hoje confirmo que sou
capaz de qualquer coisa para proteger quem eu amo. 一 Transpasso a mão na barriga. 一 A morte
do Del Rey e a sua é um rito de passagem para a nova Antonella que surgirá a partir de hoje.
Olho para a Janaina e faço um sinal para que ela traga a outra caixa. Pego-a mostrando
para ele.
一 O que você sabe sobre aranhas? 一 Segundo a breve pesquisa e a pouca informação
sobre o Palermo descobri que possui aracnofobia.
一 Odeio aranhas, tira esse bicho de perto de mim, não. 一 Grita, debatendo-se.
一 Essa é a Aranha Armadeira. Uma espécie muito agressiva, de dia elas escondem-se em
lugares úmidos e escuros, tendo suas atividades nos horários noturnos. Agora imagina quando
estiver tudo escuro dentro desse caixão? Quando elas rastejarem por todo o seu corpo e te
picarem, você sentirá vários efeitos. 一 Os olhos tornam-se maiores, suplicantes. 一 Sentirá uma
dor imediata e intensa, pode ter um choque anafilático e edema pulmonar, o que te fará sufocar
até a morte. Algo importante é que elas podem causar priapismo, poxa sinto muito, sangrará
bastante já que está sem o pênis agora.
一 Você é uma maldita, espero que morra devagar e com muita dor, sua vadia. 一 Abro a
caixa e despejo as aranhas sobre o corpo dele.
Os gritos pavorosos ecoam por todo local, debatendo-se, o corpo vira de lado, os dedos
tortos tentando soltar os pulsos, a respiração ruidosa, extenuado.
一 Espero que elas comam você vivo, quando ficarem com fome. Podem fechar o caixão.
Todos os meus poros se arrepiam com os gritos, é de extremo pavor e desespero e não
cessam. Lacram o caixão por fora, Palermo bate a cabeça na madeira, eles tentam equilibrar
devido aos movimentos constantes. Alinham na cova e descem lentamente, até topar o chão.
Os berros deflagram meus sentidos porque os sinto em meus pensamentos, propiciando
uma angústia cavernosa.
Berlim, ainda sinto o cheiro das ruas preso em meu olfato, dos muros desenhados, os
escombros da Segunda Guerra Mundial, de vê-la do horizonte. Jonas adentrou em minha casa
com sua proposta detalhada. Eu vivia sob um controle de propriedades, movimentando o tráfico,
e estava iniciando nas armas. Deveria ter desconfiado, americanos sempre se achando os donos
do mundo, mas a proposta era boa. Ainda que fosse imprudente, controlaria a negociação de
armas na maior potência do mundo.
Porque eu? Blake não possuía contato com o tráfego alemão, e ele garantiu a mudança do
meu nome, de vida, desde que reportasse a ele. Viviam à mercê dos desejos do Lodge, para o
governo tanto faz, desde que nada comprometedor vazasse, mas o General Jonas estava com o
orgulho ferido. Jurou morte ao Blake porque durante a saída dele caiu de posto, ocasionando a
ascensão de Will Turner, sendo a gota d’água. Foi um ano de preparação, levantando
propriedades legais em Nova York, e outras cidades. Arquivei meu nome real para não ser
reconhecido. Herbert Schäfer havia morrido.
Mantive as atividades em sigilo com duas identidades, o que possibilitou o título de
Ghost. O que parecia sólido, imbatível, desabou. Blake fez dos ataques o que queria, virou o
jogo, mas também tenho uma carta na manga, esse é o meu fim, mas os meus planos de derrubá-
lo se mantém, nem que demore anos. O maldito caixão fecha restando a escuridão. É devastador
sentir as aranhas andando em meu corpo. As pernas finas rastejam deixando a sensação de
ansiedade extrema, elevando meus batimentos. Sinto uma dor alucinante me dilacerar por conta
do corte do meu pau.
A escuridão me esmaga, não ver, não mover as mãos é debilitante. Entro em pânico por
não ser capaz de escapar dessa situação, desse caixão. O medo percorre meu peito, perco o
controle. Debato-me desenfreado para as aranhas saírem de cima do meu corpo.
Droga, porra, entrarei em pânico total.
O caixão topa com o solo, escuto as pás baterem, a terra se desmanchando sobre a
madeira, enchendo-se acima de mim. As aranhas correm entre minhas pernas, subindo ao meu
pau, aflitas, picando minha pele, grito desgovernado. O suor fluindo no corpo, as dores no peito
sufocando meu ar enquanto pontadas agudas em meu intestino fazem meu corpo doer. Tento me
soltar, mas é impossível, os filhos da puta prenderam com força. Conforme os minutos passam,
meu pau dói descontroladamente enquanto as aranhas me picam incansavelmente. O
sangramento aumenta, o corte pulsando em ondas latentes, enfraquecendo minhas pernas, o
priapismo começa porque se minhas mãos estivessem livres arrancaria minha própria carne,
tamanha dor corrosiva.
Tremo, em colapso, delirando, não formulo mais pensamentos, o ar denso, os pulmões
forçando meu tórax a se expandir, mas não supre. Uma dor pior que mil facas entrando em meu
corpo. Amoleço, minha face desmancha-se na madeira, as aranhas forçando as picadas, entrando
em meu ouvido, a minha respiração pesa. Palpito, sufoco em espasmos. A escuridão me abraça e
entrego-me a ela.
CAPÍTULO 55

Eles batem os pés na terra, compactando o solo. Mesmo a metros de profundidade, os


gritos permanecem presos em meus pensamentos. A antiga Antonella que só se importava em
comprar e vender roupas de marcas acabou de ser enterrada com ele. Sinto todas essas dores,
essa transformação esmaga tudo que fui um dia para ser alguém mais forte e invencível.
一 Vigiem 24 horas por dia durante um mês. Não quero surpresas. Depois do prazo virei
aqui para desenterrá-lo e ver os seus ossos.
一 Sim senhor.
Blake me analisa com atenção, elevo o queixo encontrando o seu olhar.
一 Pronta para finalmente ser quem você é agora?
一 Sim, pronta. 一 Ele segura minha mão, entrelaçando os nossos dedos com carinho.
Caminhamos de volta ao carro, uma nova vida juntos começará. Assim que sentamos, o
celular da Janaina toca. Ela rapidamente atende, deixando no viva-voz.
一 Boa tarde, é a senhorita Janaina, parceira de trabalho do Will Turner?
一 Alô, isso sou a parceira dele sim, como ele está?
一 A senhorita poderia vir ao Hospital?
一 Claro, estou indo agora. 一 Janaina desliga com um semblante triste se formando.
Aperto sua mão.
一 Aposto que ele está bem, vamos lá. 一 Blake liga o carro, o trajeto é silencioso, mas
chegamos rapidamente.
Passamos na recepção, Janaina apresenta o documento militar, somos liberados.
一 Ele está com o médico militar na área particular, é no último corredor a esquerda.
一 Tudo bem. 一 Ela responde.
Seguimos até a frente do quarto do Will, os olhos dela ficam marejados, a mão trêmula
tocando na maçaneta, mas antes de abri-la o médico surge da sala ao lado. Ele se aproxima, a
fisionomia inexpressiva, o uniforme impecável nos encarando por baixo dos óculos de grau. É
um senhor de idade, de cabelos grisalhos.
一 Will já teve ferimentos piores durante as missões do exército, então que posso dizer, o
cara é invencível. 一 Blake sorri e abraça a Janaina.
一 Viu, sabia que ele ficaria bem.
一 Querem ver ele? 一 Ela chora de emoção concordando freneticamente com um
balançar de cabeça contínuo.
一 Sim, por favor Doutor. 一 diz com a voz embargada.
一 Certo, vamos lá. 一 Ele nos leva até a porta e abre, Janaina e Blake entram
rapidamente.
Will está deitado, o peitoral exposto com um curativo imenso, ilustra um sorriso
presunçoso declarando a sua sentença.
一 Sou invencível, ninguém me derruba, sou imortal! 一 sorrimos.
一 Você deu um baita susto. 一 confessa o Blake.
Will faz uma cara feia de dor, mas mesmo assim puxa a Janaina para ele, dando um beijo
demorado e apaixonado.
一 Ah, que casal mais lindo! 一 elogio emocionada.
Blake me abraça, esperamos o momento deles, minutos depois os dois conversam sobre o
Palermo e a morte agonizante.
一 Preciso de você ao meu lado, ainda quer trabalhar para esse sistema falho e corrupto?
一 Instiga ansiando receber um sim, ter um General de Estado-Maior ao seu lado seria um poder
incalculável.
Will o encara com atenção, seguindo o olhar para Janaina.
一 Janaina fez a escolha dela, está ao meu lado agora. 一 Um largo sorriso se forma na
boca do Will.
一 Se é para entrar no barco furado, que afunde de vez. Eu topo, agora faço parte do lado
negro da força. 一 Blake aperta a mão dele com a satisfação evolando em seus poros.
一 Assim que estiver melhor, já pode começar a trabalhar.
一 Claro, chefinho do mal!
一 Bom, deixaremos você descansar.
一 Ficarei aqui com ele. 一 avisa a Janaina.
Despedimos dos dois com um abraço e saímos do hospital. Sento no banco do carro
inerte, foram tantos acontecimentos em um curto período de tempo, não assimilei a dor que senti,
o crescimento, precisarei de tempo para me reconhecer. Faço carícias na barriga com a mão
direita, Blake suspira, recosta a cabeça no banco, as mãos fixas no volante.
一 Estamos livres de potenciais inimigos? Por enquanto? 一 pergunto baixinho.
一 Sim, mas tenho um último trabalho, farei sozinho, não se preocupe. Poderá retornar à
loja, Bruce ligou hoje preocupado, seus pais estão com saudades, essa semana foi tensa.
一 Sim, acha que é possível que eu consiga continuar com a loja? 一 Blake franze a testa,
nega rapidamente.
一 Amor, a Antonella de antes, a patricinha não morreu como você pensa, faz parte de
quem você é, sempre fará. Talvez pareçam pessoas distintas em sua mente porque tudo isso é
novo, mas em breve estará em equilíbrio, em uma mesma pessoa, porém mais forte, determinada
e poderosa.
一 Blake que último serviço é esse que precisa fazer?
一 Preciso matar o mandante da operação, o que fica protegido apenas dando ordens.
一 Como fará isso?
一 Rápido, mas servirá como aviso para os grandões. Esperarei um mês por conta da
recuperação do Loki e do Will. Assim que você foi presa, bolei o meu plano e comecei a colocá-
lo em prática, mas preciso esperar o momento certo, e o dia do acerto chegará.
Escolho um brilho labial e passo nos lábios, o sutil toque da espuma em minha pele traz a
lembrança do beijo do Loki. Foi diferente de todos os outros, a conexão, o encaixe, era como se
fossemos duas folhas de papel transparente, se espelhando um no outro. Por que não o enxerguei
antes?
Fisicamente sempre o achei atraente, sedutor, mas não como um homem para mim.
Estava ocupada demais com medo de ficar sozinha, de perder uma felicidade ilusória. Por mais
que eu achasse que amava o Blake, nunca combinamos, isso é perceptível agora após ter a
chance de provar os sentimentos que nunca experimentei.
Aliso meu vestido curto preto, colado ao corpo, um pouco acima do joelho. Segundo as
palavras da Antonella ele está ansioso porque perguntou qual roupa deveria usar. O que me fez
sorrir feito uma boba.
O interfone toca, ao abrir encontro-o com um sorriso tímido, vestindo um terno preto
elegante, os cabelos soltos caídos nas laterais do rosto, encobrindo parcialmente seus olhos
castanhos. O perfume amadeirado é irresistível e o cumprimento com um beijo no rosto.
一 Boa noite Pi, está linda. 一 Elogia, meu rosto esquenta.
一 Estou pronta. 一 Pego apressadamente a bolsa e saímos.
Cada minuto do trajeto aumenta excessivamente o meu nervosismo. Loki dirigi o carro,
mas de soslaio me analisa constantemente. Ele muda o caminho e segue para o centro, fito-o
confusa, mas não digo nada. Chegamos ao Pier 61 (Chelsea Pier), meu coração acelera quando
vejo o Bateaux Lunch Cruise, é um barco inteiramente fechado com vidros e faz um trajeto pelos
rios East e Hudson, chegando a Estátua da Liberdade.
一 Loki, como conseguiu? 一 Ele sorri.
一 Sempre passei por essas ruas, curioso em como seria viver essa frescura que todos
fazem uma vez ou outra, mas não tinha um motivo para isso, enfim, senti vontade de ter esse
momento com você. Sei que não me julgaria por isso.
一 É perfeito, será incrível, não sei como o conseguiu para o jantar, eles só fazem
almoço, mas estou ansiosa com o passeio.
一 Não há nada que uma ameaça não consiga. 一 Arregalo os outros, ele gargalha, certo,
está brincando, e sorrindo é tão lindo.
一 Quase acreditei. 一 Ele segura minha mão, entramos e somos levados à mesa.
Foco nos enormes arranha-céus acesos, formando uma imagem magnífica da cidade.
Inspiro profundamente, a música clássica de jazz formando um cenário romântico, meu coração
acelera quando a mão esquerda dele repousa sobre minha. Levo meu olhar ao seu rosto, os olhos
mirando os meus lábios, fico excitada. Loki possui um ar misterioso, gestos consistentes e um
sorriso intimidador.
一 Espero que… 一 Sobressalto, ele recua confuso topando as costas na cadeira e
acompanha meu movimento rápido.
Sento em seu colo, ele murmura de dor, elevo o quadril, ele impede. Os braços envolvem
minha cintura. Analiso ao redor, envergonhada, mas estamos sozinhos. Beijo seus lábios, ele
intensifica transpassando nossas línguas em um envolvimento caloroso. Esfrego sutilmente
minha bunda em sua ereção crescente, ele ofega.
Afasto o rosto, mas ele segura o meu queixo, levando minha atenção novamente ao seu
olhar.
一 Desculpa, eu não sei porque agi assim. 一 confesso, envergonhada, as bochechas
queimando de vergonha.
一 Não peça desculpas por me beijar, pode fazer isso quantas vezes quiser. Você agiu
assim porque eu te quero e você me quer. Não é só um lance de uma noite. Quero cuidar de
você… 一 ele toca minha barriga com carícias, arrepio.
Assisto a mão transpassando com carinho, meus olhos ficam marejados.
一 Quero também cuidar do bebê. Não estou substituindo minha antiga família com
vocês, não é isso e nem quero fingir que o Peter não é o pai. Depois do nosso primeiro beijo,
dessas últimas noites de conversa, temos muitas coisas em comum. Estou cansado de não sentir,
nós temos uma conexão.
一 Sim, nós temos. Não é somente sexual, o que você desperta em meu coração é
inexplicável. Quero entender o que está acontecendo.
一 Fica comigo? O que acha de descobrirmos juntos?
一 Eu quero você e sei que não está fazendo isso por culpa depois do que houve com o
Peter, eu sinto nossa conexão, é real, e eu aceito ficar com você Loki.
CAPÍTULO 56

Um mês se passou, Loki e Will estão na ativa, Antonella retornou à loja. Vê-la sorrindo,
calma, menos machucada com tudo que aconteceu é minha maior felicidade. Não disse a ela,
mas tenho mantido quatro seguranças à distância e às vezes desconfio que ela finge não ver
minha proteção excessiva para não me xingar. Mesmo após dias, meu sangue ainda ferve ao
relembrar o Del Rey e o Palermo, e finalmente, chegou o dia de acertar as contas com o Jonas.
Sento na poltrona ligando para as pessoas que não podem faltar no meu casamento.
Antonella não sabe que a cerimônia acontecerá em breve, farei o pedido oficial após a consulta
que está marcada semana que vem. Mas, também, não aceitarei um “não” como resposta.
Quando que eu, Blake Barbieri Lodge imaginaria me casar, ainda mais a noiva sendo a
Antonella? Nunca. Envio mensagens e faço ligações para todos. A porta se abre e Loki entra.
一 Blake, posso falar com você?
一 Sobre?
一 Algo importante.
一 Diga. 一 Loki senta na poltrona, o olhar no ambiente se negando a me encarar. 一 O
que está pegando? Interceptaram algum carregamento de armas?
一 Não, está tudo certo, eu queria falar com você sobre a Pietra. 一 Ergo uma
sobrancelha olhando atentamente, como se eu não soubesse que estão juntos. 一 Vocês estão
juntos?
一 Sabe, desde que matei o Peter e me aproximei dela, vivo uma vida nova. Não projeto a
família que perdi na que estou sendo presenteado agora, é ao contrário, estamos alinhados e
conectados.
一 A família Loki, é a que escolhemos ter, se quer viver com ela, e você a fortalece, é
isso que importa.
一 Sim, ela está autoconfiante, sem medo do futuro.
一 Pietra é uma boa pessoa, se a magoá-la já sabe.
一 Claro que eu sei.
一 Conseguiu o Memorial para o casamento?
一 Tem certeza que quer casar lá? 一 encaro-o 一 Claro que consegui.
一 Ótimo, prepare o carro, está escurecendo, tenho meia-hora para matar o General
Jonas.
一 Precisa de apoio?
一 Não, cuidei de tudo. Só preciso executar a parte final.
一 Cinco minutos e estará pronto. 一 Loki sai apressadamente, levanto e degusto de um
pouco de whisky.
Pego em meu armário uma arma, um supressor de ruído e algumas munições. Saio e
trombo com o Will no corredor.
一 Fez o que eu te pedi? 一 questiono.
一 Sim, Tara estará livre em uma semana e será nossa, ela aceitou o acordo. 一 continuo
o caminho 一 Ah, o Arnold ligou, disse que precisa de um favor, para matar alguém, um homem
e uma mulher, o cliente é um dos poderosos, chama-se Leon Stanley. A mulher e a filha estão
precisando de proteção, acho que irá se interessar em ajuda-lo.
一 Ele disse do que seria capaz de fazer pela família?
一 Segundo o Arnold, iria até o inferno. 一 Sorrio.
一 Stanley... 一 repito 一 Esse sobrenome é bom, adoro quando me devem favores. Ligo
quando chegar, deixe o contato na mesa, oferecerei ajuda ao tal Leon, no futuro cobrarei o favor.

Desço do carro, o vento forte golpeando minha face, as luzes ofuscantes azul e roxas
pintando as extensas paredes do edifício. O Condor é um dos mais seguros do país, mas não para
mim, porque não sou um mero mortal, eu faço as regras. Quando a Ella foi presa, escolhi um dos
meus homens, o Romeu, para ser indicado como segurança particular do Jonas, como fiz isso?
Sou o dono do prédio, e de outros grandes empreendimentos de sucesso em Nova York,
mas ninguém sabe, bastou o chefe da segurança indicá-lo que Jonas aceitou.
São dois meses vigiando o apartamento, conhecendo a rotina do filho da puta. Confiro o
relógio que marca 19h, tenho cinco minutos para agir no tempo certo. Pego a arma, acoplo o
supressor, prossigo a passos calmos, o dedo no gatilho. Atravesso o hall principal, o funcionário
da recepção acena, todos trabalham para mim, uma parcela legal, outra ilícita, levo o indicador
aos lábios pedindo silêncio, ele concorda.
O elevador demora alguns segundos para abrir no trigésimo andar, ao sair encontro o
Ramon.
一 Chefe, ele está no lugar que você queria, no fim do corredor a esquerda.
一 Não esqueça de apagar as imagens, havia um funcionário na recepção, dê uma grana a
ele, pelo desconforto.
一 Sim senhor.
Analiso o ambiente, extremamente luxuoso, móveis planejados, estátuas caríssimas
espalhadas em contraste com as paredes brancas. Chego ao final do corredor, giro a maçaneta
entrando no quarto. O ambiente em meia luz, avisto ao lado esquerdo a porta da suíte de banho.
O que eu queria? Encontrá-lo em seu trono, para deixá-lo morto na merda. Chuto a porta, os
olhos dele se arregalam, elevo o braço e miro em seu peito atirando no ombro, impedindo-o de se
mexer.
一 Arg, porra. 一 Ele está nu, sentado no vaso de porcelana, uma mão se ergue, pedindo
calma. 一 Blake, caralho, eu, por favor.
Atiro em sua coxa, ele grita, o sangue se espalha pintando o chão branco.
一 Sabe qual foi uma das primeiras coisas que fiz quando ganhei milhões vendendo
armas? Comprar em sigilo grande parte dos maiores empreendimentos de Nova York, ou seja,
estive cuidando de você há mais de quatro anos, desde que me jurou de morte. Não eliminei você
antes porque não gosto de acabar com os meus inimigos sem ganhar nada. Matar por matar não
faz meu estilo, precisa haver vantagens. 一 O corpo amolece, em choque, tenta levantar, sem
sucesso porque chuto seu peitoral lançando-o sentado no vaso novamente.
一 Não estou envolvido em nada, eu juro Blake. 一 sorrio.
一 Eu sei até a cor da merda que está dentro desse vaso agora, então o único momento em
que me surpreenderam de fato foi a ousadia em mexer com a minha mulher e particularmente
quando se trata dela eu sou o pior. Viro o demônio e hoje condeno sua alma ao inferno. 一
Furioso retiro um canivete do bolso, apoio a arma no lavabo, avanço segurando-o pelos cabelos
grisalhos e cravo a lâmina em cada ouvido.
O corpo enrijece, as pernas em espasmos pela dor. Sigo a lâmina até o seu peito e faço 28
cortes, rasgando sua pele, sentindo o seu sufoco e os gritos horripilantes ecoando em meus
ouvidos. Extasiado. São cortes referentes aos dias que minha patricinha precisou passar naquele
inferno de lugar.
Abandono seu corpo sobre o vaso, a boca em movimentos desordenados, junto a cabeça
meneando em agonia. Afasto, assisto-o se contorcer quase indo ao chão, mas chuto-o novamente
mantendo-o lá. Firmo a arma na mão e fuzilo seu corpo com diversos disparos seguidos.
As balas vibram a pele ao acertá-la, o sangue respingando em todos os cantos, ele
desfalece, a cabeça inclina-se para trás, topando com a parede branca, as pernas esticam-se, os
dedos dos pés entortam enquanto gradativamente perde a consciência. O peito inflando por ar,
mas segundos depois cessa. Morto.
一 Eu sempre soube seus passos filho da puta, mesmo com a sua tentativa frustrada de
me derrubar, abriu as portas para o meu futuro. Guardei você no armário, como ameaça nível
vermelho, mas até para a morte existe o tempo certo, e a sua me torna ainda mais poderoso
porque tenho novos aliados, te encontro no inferno. Saio do ambiente, Ramon está na porta.
一 Missão cumprida, pode retornar para o seu lugar após arrumar tudo. Lembre-se de
deixá-lo no mesmo lugar, sem alterar nada, será o recado perfeito para o restante.
一 Sim senhor.
Agora voltarei para o meu açúcar, e nosso brotinho de culpa crescendo.
A enfermeira se aproxima, é a primeira consulta oficial, fiz exames há uma semana para
termos os resultados hoje, passamos dias em readaptação. Retornar a loja não foi difícil, cada
hora que passava novamente com os meus tecidos trouxeram à tona sentimentos antigos. Revivi
a Antonella que sempre será uma mulher da moda, mas pronta para agir se necessário. Blake
matou o homem responsável pela tentativa de destruí-lo. Os jornais classificaram como uma
desavença política.
一 O Doutor pediu para vocês irem até a sala dele, vamos lá? 一 Blake passa o braço ao
redor dos meus ombros, seguimos pelos corredores da clínica.
Ela abre a porta indicando com a mão para entrarmos.
一 Bom dia, como se sente Antonella?
一 Estou bem, sem enjoos, o que é ótimo. 一 O médico sorri.
一 O tempo de gestação aqui anotado é de dois meses.
一 Isso, dois meses e alguns dias.
一 Deite-se aqui, iremos conferir o desenvolvimento. O exame de sangue para sexagem
fetal chegou, abriremos daqui a pouco. 一 Aconchego na maca confortável, elevando a blusa e
abaixando um pouco o cós da saia.
一 Estou ansiosa para descobrir.
Estive tão imersa nos problemas que eu o Blake enfrentávamos, na sequência em retornar
a normalidade que nem me dei conta que minha barriga cresceu um pouco. Vejo uma pequena
saliência, e Blake passa suavemente a mão, acariciando, antes que o Dr. coloque o gel. A textura
gelada causa um arrepio, e o médico desliza o transdutor para captar a imagem.
一 Olha, que perfeição, está extremamente saudável. 一 Os olhos do Blake ficam
marejados, a mão coça o queixo emocionado, disfarçando que está sentindo a mesma sensação
de amor que cresce em meu coração. 一 Ouviremos o coração. 一 O som eclode, as batidas
intensas por toda sala, sufoco em emoção, Blake entrelaça os dedos ao meu, sorrindo.
一 Isso é surreal, não consigo explicar, a melhor sensação do mundo. 一 confessa.
一 Muito bem, vocês querem descobrir o sexo desse precioso bebê?
一 Sim! 一 O médico limpa minha barriga retirando todo excesso de gel e caminhamos
até a mesa nos sentando nas poltronas.
一 Estou nervoso e ansioso.
一 Calma Blake, respira.
一 O bebê está se desenvolvendo super bem, pelas medições o crescimento está
adequado. É importante fazer o acompanhamento todo mês certinho.
一 Sim, eu farei Doutor!
一 Muito bem, bom quanto ao sexo do bebê, o que posso dizer vocês terão uma linda
princesa.
一 Uma menina? 一 Blake diz em um tom elevado, o olhar disperso, como se ganhasse
uma nova dor de cabeça.
一 Sim, isso mesmo, uma garota! Parabéns.
CAPÍTULO 57

一 Blake, estou muito feliz meu amor, uma nova patricinha para a sua vida.
一 Eu também, uma menina, quem imaginaria?! 一 sorrimos.
一 Muito bem, marque uma consulta de pré-natal e quando menos esperarem estarão
segurando ela nos braços.
一 Muito obrigada Doutor, descobrir o sexo e saber que está tudo bem era tudo que
queríamos. 一 Saímos da sala, acertamos na recepção, e após marcarmos uma nova consulta nos
despedimos e caminhamos para o estacionamento.
Quando sentamos no banco do carro escuto Blake xingar baixinho, quase inaudível. Levo
a mão direita até a sua coxa, ele sorri, entrelaçando nossos dedos.
一 Está triste por ser uma menina? 一 Nega deixando os ombros caírem.
一 Essa talvez não seja a vida que gostaria que vocês tivessem, o amor que sinto aqui
dentro é tão grande. Estou me acostumando a lidar com essa felicidade, é como uma explosão, só
posso agradecer por me amar como eu sou. 一 Não seguro as lágrimas, sobrevém carregada em
uma carga emocional confusa. 一 O que houve? Eu disse algo errado? 一 Questiona triste.
一 São os hormônios meu amor, você não disse nada errado. Está com medo de alguém
machucá-la, certo?
一 Sim e não. Estou mais preocupado no futuro quando ela quiser namorar.
Provavelmente matarei todos os namoradinhos dela. 一 Não reprimo a risada.
一 Blake, ela nem nasceu.
一 É eu sei, mas é inevitável imaginar, ninguém chegará perto dela. 一 O celular dele
vibra, confere a tela e se afasta saindo do veículo novamente.
Tento ouvir algo, mas ele diminui o volume da voz. Estaria acontecendo algo novo?
Minutos depois retorna, entra, acopla a chave na ignição e liga.
一 Está tudo bem? Aconteceu algo?
一 É somente uma ligação de negócios, precisamos escolher o nome da nossa filha,
pensou em algum?
一 Pensei em Mya, o que acha? Significa “minha”, sempre lembraremos que ela é “nossa
filha” e que trouxe luz para começar uma família. 一 Blake concorda.
一 Mya é perfeito, e ela será linda como você, terei trabalho, definitivamente.
一 Calma, está sofrendo antes da hora. Ciumento. 一 Ele sai do estacionamento, os
homens dele logo atrás, nos seguindo, tento fingir que não estão o tempo todo por perto, mas é
impossível.
Chegando na entrada do prédio, ele limpa a garganta, querendo dizer algo.
一 Aceita jantar comigo essa noite? Finalmente estamos livres dos nossos inimigos e sem
traidores em potencial.
一 Eu aceito, Blake Lodge. 一 Ele me envolve em seus braços e me beija intensamente.
一 À noite passo para te buscar, te levaria comigo, mas deixarei você ter um dia de
patricinha completo. 一 sorrio, mordendo os lábios dele, que retribui 一 Preciso verificar as
coisas com o Loki.
一 Claro, estarei esperando. 一 Pego a bolsa e saio do veículo caminhando para o hall
principal.
Passei os últimos dias com o Blake, sem desgrudarmos, exceto no trabalho, mas os
infinitos atrasos de confecção não me deixaram pensar, ou ficar sozinha para definir como estou.
Pego o elevador, algo inesperado permeia ao meu redor, uma força compressiva, sufoco, abro os
braços colocando as mãos nas laterais tornando a respirar, é como estar presa em uma caixa,
relembrando os dias na prisão. A porta se abre, corro para fora, capturando a chave do
apartamento na bolsa, tremendo ao encaixá-la no lugar certo.
Pulo para dentro, solto tudo no chão, até mesmo o meu corpo, está pesado, e rastejo até o
sofá. Permito chorar, reviver os dias de tortura, a mudança brusca de vida, do medo enraizado em
cada parte de mim. Foram meses violentos, que massacraram todas as minhas verdades. Sou
levada ao passado quando aceitei fazer a troca de casais com a Pi, do quanto fiquei com raiva por
ter que ficar com o Blake. Olho para as minhas mãos lembrando de quando nos tocamos, da
sensação dos lábios nos meus, foi explosivo. A dor arrasadora quando descobri que estava
apaixonada por ele, por lembrar das palavras tão duras da Pietra. Um emaranhado de imagens
ofuscando minha razão, o pavor de ter sido presa, levada ao limite, fora de toda realidade que
vivia. Era como ser lançada em outro mundo, com as mãos e os pés atados, sem saber se
sobreviveria.
As lágrimas caem como uma avalanche, lutei e aprendi a me defender. Chorei em
silêncio naquela cama fria, noite após noite, desejando acordar do pesadelo, mas escolhi ser forte
e mostrar a todos que não sou só uma patricinha. No entanto, em meio aos conflitos aprendi
sobre o amor. Conheci verdadeiramente o Blake, o quanto é carinhoso comigo, fazendo de tudo
para me proteger, sem me privar das escolhas. Concluo que eu não poderia ter tomado decisões
diferentes, nem ter um outro amor, outra história. Passo a mão com carinho em minha barriga, o
maior amor do mundo em breve nascerá e me transformará consequentemente em uma Leoa.
Deito no sofá, abraçando meu próprio corpo, os raios fracos do sol brilhando sobre o
tapete central, inspiro profundamente, segurando com força minha barriga, como se a Mya
estivesse aqui, em meus braços.
一 Filha, nunca ninguém te machucará porque eu e o papai te protegeremos, e quando
não estivermos mais aqui, você será sua própria força. Como uma estrela forte no fundo do mar,
aguentando toda a pressão do oceano, sendo única mesmo com toda escuridão. 一 Quase posso
ouvi-la responder, fecho os olhos imaginando um rostinho e adormeço entre as minhas lágrimas
de felicidade por amá-la tanto que dói.
Acordo assustada, puxo a bolsa do chão conferindo o horário, anoiteceu, e corro para o
banho. Essa será uma noite especial, finalmente sairemos como um casal.

Admiro o meu reflexo no espelho, feliz, escolhi um vestido sexy, com decote em v,
colado ao corpo, com lantejoulas pretas, longo, e uma fenda no lado médio. Meu celular vibra e
Blake avisa que espera na recepção. O coração dispara no peito, não consigo evitar sorrir, estar
com ele, sem medo, sem dúvidas ou lamentos, será inesquecível. Passo as mãos nos cabelos
soltos, dando volume e saio do apartamento. Desço para a recepção com um leve frio na barriga
como se fosse a nossa primeira noite juntos, aquela mesma sensação que dominou meus sentidos
no resort.
Encontro-o rente ao balcão principal, um copo de vidro repleto de whisky na mão,
sorrindo ao conversar com o atendente. Blake consegue ter várias faces, a que é irônica,
destruidora, a romântica e aquela que usa com os civis, fingindo ser um homem dentro da lei.
Essa noite é diferente, posso até dizer que tem um tom rosa com purpurina. Blake leva a palma
direita ao peito quando me encontra com o olhar. Faz um movimento com os lábios, sem emitir
som, mas identifico um “uau”, meu rosto esquenta. Ele vira a bebida, despede-se do Marc
acenando e captura minha mão.
一 Está simplesmente perfeita.
一 Você também, meu amor.
一 Torça para ninguém precisar morrer hoje porque se te olharem demais não respondo
por mim. 一 Abraço-o, sorrindo, capturando em minhas mãos sua gravata azul-cobalto,
ajeitando-a no terno preto.
一 Você está irresistível. 一 confesso, ele segura o meu queixo mordendo minha
mandíbula, correndo os lábios na lateral do meu rosto até afundar o nariz em meu pescoço,
inalando profundamente o meu cheiro.
一 Ah que delícia. Vamos, estou ansioso para dar essa cheirada em sua boceta também,
estou com saudades. 一 Estapeio seu peito, sorrimos e seguimos para o carro.
Blake para em frente ao One World Trade Center, saio do carro elevando a cabeça
acompanhando impactada o quanto ele é extremamente alto, passei aqui algumas vezes, mas
nunca entrei. Ele se posiciona na lateral, passa o braço esquerdo em minha cintura para
acompanhá-lo. Meus olhos admiram a arquitetura ao atravessarmos a porta, as enormes hastes
brancas por todo ambiente, é exuberante. Há poucas pessoas transitando, o elevador sobe
rapidamente, mas o percurso demora o suficiente para que o Blake me esprema no aço frio
beijando os meus lábios.
一 A sua incapacidade de manter a boca longe da minha é adorável. 一 A língua
contorna o meu arco do cúpido, os olhos fixos ao meu.
一 Adorável é o seu sabor, a maciez dos seus lábios, não resisto, por mim passaria cada
minuto assim com você. 一 arrepio, Blake é assim somente comigo, não o vejo sendo carinhoso
com outras pessoas, ou sorrindo muito, e ter acesso ao seu coração só faz meu amor aumentar.
O elevador se abre, e levo a mão ao rosto. Impactada. Estamos no observatório, no 102º
andar, o famoso mirante. Só existe nós dois, e uma enorme mesa de jantar servida. Aproximo do
vidro, as milhares de luzes refletidas de Nova York, por mais que seja noite, a lua brilhante no
céu oferece uma visão privilegiada. Única. Blake admira comigo, suspiramos, a paz ao nosso
redor traz leveza, quase sinto flutuar, mas é apenas o sentimento de liberdade, porque somos nós,
nossa conexão, nosso amor, sem limitações.
Meus olhos ficam marejados, a visão turva, emocionada por estar aqui. As estrelas
cintilam no céu noturno, o cheiro de especiarias instigando meu estômago, porque salivo. Giro o
corpo, presa genuinamente no olhar do Blake. Beijo os seus lábios macios e carnudos que me
conquistaram no primeiro beijo. Ainda lembro da eletricidade que percorreu meu corpo, da
minha agressão, da intensidade que explodiu em seguida porque nos agarramos loucamente.
Pertencemos um ao outro.
一 O que acha de jantarmos?
一 Claro. 一 Blake me puxa até a mesa, sentamos.
Estou surpresa com o romantismo da decoração. As louças vermelhas, da cor da paixão,
as taças, a refeição esteticamente atraente.
一 Uau, quem te ajudou a escolher esse lugar?
一 O Bruce, quem mais te conhece tão bem além de mim?
一 Está perfeito meu amor.
Blake me serve uma taça de vinho. Levanta, segue até o aparador com as bebidas e se
serve com whisky. Segura o copo de maneira sedutora, com aquela aura poderosa de mafioso,
que faz a região íntima pulsar, implorando o perigo. Ele retorna, com uma pequena caixa na
outra mão, toda dourada, com um laço azul.
一 Tenho um presente para você e com ele vem uma pergunta.
Blake me entrega, abro-a, encontrando uma linda adaga de ouro. Na lâmina que brilha
semelhante à luz do sol está escrito Antonella Spinelli Lodge. Minhas emoções bagunçadas
enchem meu peito de euforia.
一 Perfeita! é realmente perfeita. Qual é a pergunta?
Blake retira uma pequena caixa de joias do bolso e se ajoelha ao meu lado. Um lindo anel
de ouro com uma única pedra de Rubi brilha para mim. Um calafrio irradia dos pés a cabeça, o
coração acelerado, o desejo de chorar queimando como fogo.
一 Antonella, escolhi esse lugar porque hoje quero tomá-la para mim. Quero que seja
minha mulher além da morte. Estar aqui no prédio mais alto de Nova York é simplesmente uma
prova de tudo que posso te dar. Aceita ser minha esposa e a rainha da máfia oficial? Ofereço a
minha vida a você, o mundo, o meu coração. Não aceito não como resposta. 一 Aproximo
nossos rostos, seu hálito quente em meus lábios.
一 Eu aceito Blake, dizer não, nunca passou pela minha cabeça. 一 Emocionado me beija,
as mãos geladas de nervosismo segurando o meu queixo, descendo em meu pescoço,
pressionando nossas bocas.
Saboreio sua língua, o corpo queimando em desejo, só paro quando perco o ar.
一 Jamais imaginei me ajoelhar para alguém, mas por você eu faria de tudo.
一 Amo você Blake, eu sou a mulher mais feliz do mundo por ter você e nossa filha terá
o melhor pai do mundo, o mais insuportável, ciumento, destruidor, que a protegerá de tudo.
Amamos você.
一 Te amo Antonella Lodge.
一 Quando será o casamento?
一 O dia que você quiser, está tudo pronto, só falta escolher o vestido. 一 Franzo a testa,
desacreditada, mas provoco.
一 E se eu disser que quero me casar amanhã?
一 Amanhã? 一 Arregala os olhos.
一 Estou brincando, mas não quero estar com a barriga grande, podemos adiantar?
一 Casaremos semana que vem.
一 Semana que vem?
一 Sim, já fiz os convites, chamei os seus pais. Acho que está na hora deles conhecerem a
nova filha, saberem a verdade.
一 Blake, e se eles não aceitarem?
一 Impossível meu amor, eles te amam, falarei com eles, prometo, explicarei tudo.
一 Quando fez tudo isso? O lugar para casarmos, os convites?
一 Eu fiz, nesse último mês.
一 Amo você. 一 Agarro-o, ele se levanta, aconchego em seu peito, sentando em seu
colo.
Admiramos a cidade ao longe, o cheiro dele preso em minhas narinas, roço o rosto em
seu peitoral, inalando mais. As mãos grandes acariciando minha barriga, transmitindo para a
Mya o quanto a amamos.
一 Não há um propósito sem você Ella, antes eu apenas vivia. Quem ficar entre nós, ou
nos desafiar morrerá. Por você trarei o inferno à terra se for preciso.
CAPÍTULO 58

Alguns dias passam, aperto os passos na rua, atrasada. Vislumbro a Louis Vuitton, meus
instintos gritam, escolherei meu vestido de noiva. Janaina acena próxima às vitrines, conferindo
as opções, sigo até ela.
一 Oi amiga, tem vários modelos lindos aqui. Pena que não conseguirá desenhar seu
próprio vestido.
一 Planejo casar várias vezes ao longo da vida, a cada bodas uma festa, Blake que me
aguarde.
一 Ele vai querer morrer.
一 Ele se acostuma. 一 Pietra atravessa a porta, as mãos jogando os cabelos para o lado,
com um sorriso amplo.
Ela me abraça com carinho
一 Desculpa o atraso, sabe como é, ainda tenho enjoos matinais.
一 Os meus diminuíram.
一 Comecei uma medicação nova hoje, acho que amenizará.
一 Bom dia possa ajudá-las? 一 diz a atendente com simpatia, a empolgação cresce e
estico o braço mostrando as peças nos manequins.
一 Sim, gostaria de escolher um vestido de noiva.
一 Claro, trarei os novos modelos assinados pelos maiores estilistas, o que acha?
一 É tudo que preciso. 一 Rapidamente ela sai, Pietra admira um modelo de mangas
longas, repleto de cristais brilhantes.
一 Casarei com um desses em breve… 一 Afirma, meu coração aquece de felicidade.
Nunca imaginei ela e o Loki juntos, mas o encaixe deles é incrível. Os dois perderam
pessoas, e o vínculo que estão construindo, sem sombra de dúvidas, será amor.
一 Ficará perfeito em você. E o Loki? Como está sendo conhecê-lo? Posso dizer que
desde que estão juntos ele tem sorrido bastante. 一 Ela cobre os rosto com as mãos, disfarçando a
vergonha.
一 Eu também, acho que nunca fiz tanto sexo na minha vida. 一 Confessa, gargalhamos.
一 Pensa em um homem repleto de energia.
一 Aproveite amiga, sério, esses homens são intensos.
A atendente retorna, com diversos modelos, sentamos ainda sob o efeito dos sorrisos e
analisamos cada opção. Nunca idealizei um vestido, mesmo quando estava com o Peter não
pensava nessa possibilidade. Admiro cada detalhe, tentando encontrar algo que represente a
nossa relação. Talvez poder. As duas concordam em cada peça que separo para provar, quando
estou satisfeita sigo para o provador. O ambiente é luxuoso, a decoração romântica, as paredes
repletas de espelho.
No final, três modelos brigam em minha mente para serem escolhidos, mas o feito em
renda semitransparente, com decote ombro a ombro, além de contar com mangas compridas e
saia sereia é o preferido, porque está genuinamente perfeito nas curvas do meu corpo. Um
verdadeiro vestido dos sonhos.
一 O véu será longo, diz que sim? 一 Suplica a Pi.
一 Sim… 一 Tento conter a emoção, mas vestindo a peça quase posso ver o Blake diante
de mim, com seu olhar irreverente.
一 Ficará perfeito! 一 exclama Janaina.
一 Esse modelo ficou lindo em você. 一 elogia a atendente.
一 É esse, pronto, escolhido, só queria fechar os olhos e ao abri-los ser o grande dia.

Minhas palavras foram sopradas ao vento, fluindo ao meu redor, tornando tudo real
porque o dia chegou. Mamãe toca em minha barriga, o rosto ruborizado pelos raios de sol.
一 Já conseguimos ver um pouquinho da sua barriga, mas nada tão perceptível.
Papai bate a porta do carro ao descer, fixamos os olhares no Memorial.
一 Por que o Blake escolheu se casar no cemitério? 一 Em minha mente a única
justificativa é “para dançar sobre os túmulos dos inimigos enquanto mostra que é poderoso”.
一 Ele disse que não existe arquitetura mais incrível.
一 Isso é verdade… 一 concorda papai. 一 Os salões nos jardins do fundo são
espetaculares, e não são usados para os funerais, nem velamento dos corpos, é apenas para
musical. 一 Mamãe coloca as mãos na cintura, a expressão de que confessará algo.
一 Certo filha, digamos que compramos uma casa para vocês.
一 Mãe não precisava.
一 É claro que sim e não se preocupe, o Roman nos falou tudo sobre o gosto do Blake,
está incrível. 一 Meu coração aperta, nunca escondi nada deles, sempre me ensinaram a ser
transparente e desde que tudo aconteceu tenho guardado segredos, mas sinto que é hora de
revelar a verdade.
Blake disse que falaria com eles, sei que gostaria de me poupar se ficassem furiosos, mas
se souberem por mim, não fará a confiança que sempre tivemos se perder. Não quero que fiquem
magoados.
一 Mãe, pai, eu preciso falar com vocês, daqui a duas horas me casarei com o Blake e
preciso contar como me sinto. 一 Seguro na mão deles e os levo para dentro.
一 O que houve filha? 一 Questiona papai enquanto atravessamos os enormes corredores,
adornados com colunas vitorianas, molduras e detalhes prateados.
Encontro o salão de troca de roupas, no segundo andar, sento-me na poltrona, o ambiente
cheira a rosas. Os dois sentam nas poltronas ao lado, fixos em meu rosto, preocupados.
一 Mãe, Pai, é o seguinte, primeiramente quero dizer que estou muito feliz com a minha
vida. Desde que fui para a prisão muita coisa mudou, e eu mudei.
一 Percebemos filha, mesmo que agora você tenha sua vida, notamos cada mudança que
passou. Só queremos que você seja feliz. 一 Inspiro, preenchendo os pulmões de ar para
confessar a verdade.
一 O Blake trabalha com armas, e não é de forma legal.
一 Sério? 一 Papai leva a mão a cabeça, nervoso, mexendo nos fios de cabelo. 一 Achei
que ele trabalhasse com exportações!
一 Sim, exportações de armas, vocês não precisam saber de tudo, só não posso deixá-los
totalmente no escuro, mas sempre me cuidarei. Prometo. 一 Papai segura minhas mãos.
一 Filha, sentimos o quão forte você se tornou e isso só nos mostra que você está pronta
para o mundo. Sempre te apoiaremos, e não queremos te ver sofrer. E, no fundo, sabemos que o
Blake te ama, não importa com o que ele trabalhe, ele te ama de verdade. Sobre ser ilegal,
digamos que… 一 revela papai 一 desconfiávamos, Roman demonstrava às vezes ter medo de
perder o filho. 一 Mamãe concorda amenizando tudo.
一 Hoje, é um dia feliz. 一 concordo, com os olhos marejados 一 Agora, está pronta para
se casar?
一 Sim, estou pronta.
Eles me abraçam deixando externar no aperto o quanto estarão do meu lado em qualquer
situação da vida.
一 Anda, se arrume, falta pouco tempo. 一 concordo, eles rapidamente saem e retiro da
arara de roupas o vestido de noiva.
Visto-o, parando em frente ao espelho, alisando com as mãos o tecido no corpo, sentindo
a peça. Ficou tão perfeito e lindo, eu amei essa escolha. Janaina entra eufórica, usando um lindo
vestido de cetim azul-marinho, combinando perfeitamente com sua maquiagem nude.
一 Vamos, já estão todos aí. Finalmente você conhecerá a Chiara e os bebês, poderá
treinar um pouquinho.
一 Quem é Chiara?
一 Ah, o Blake não te contou. Quando ele serviu no exército conheceu dois irmãos, o
Rico e o Ricardo Mandolini, eles possuem pouca diferença de idade, se não me engano apenas
cinco anos. São filhos do mesmo pai, mas de mães diferentes, ou seja, o Ricardo nasceu de uma
traição. Eles se falavam, mas perderam o contato quando o Ricardo mudou para o Canadá. Anos
depois se reencontraram no exército, e decidiram morar juntos após serem desertados. Vivem na
Austrália, a filha do Rico foi morar com eles porque estava reclusa, havia passado por algo
traumático e tudo desandou. 一 Encaro-a, esperando a melhor parte.
一 O que aconteceu? 一 Ela se aproxima me ajudando a arrumar os cabelos.
一 Bom, a Chiara e o Ricardo se apaixonaram.
一 Não acredito, e o depois?
一 Muita coisa aconteceu, mas o Rico quase não conseguiu perdoá-los. Ela teve os bebês
há poucos meses, são gêmeos, saudáveis e amará conhecê-los, são iguais os pais. Literalmente o
DNA ficou na família.
一 Com certeza apertarei bastante eles. Depois quero saber todos os detalhes dessa
história. 一 Pietra entra e se aproxima de mim segurando minha mão.
一 Ei, estou muito feliz por vocês. Quando tudo aconteceu achei que nunca conseguiria
aceitar, e agora, não consigo imaginar vocês separados. O passado está enterrado, não importa o
que achem, nós sabemos do nosso coração e que não existe mágoa. Devemos olhar para o futuro
e para tudo que ainda temos para viver.
一 Eu amo você e sempre será uma irmã para mim.
一 Eu também amo você Ella, e nossos filhos serão melhores amigos, espero que a Mya
não tenha o gênio do Blake. 一 confessa, sorrimos.
一 Dois Blake’s seria demais para mim. Escolheu um nome para o seu príncipe?
一 Sim, ele se chamará Robert Bianco Pellegrino.
一 Amei, é um nome forte, lindo.
一 Sim, será meu maior amor.
一 Vamos! 一 avisa Janaina finalizando os últimos fios.
Sobressalto, confiro mais uma vez o vestido, é divino. Bruce invade o ambiente, sorrindo
feliz, se aproxima me abraçando.
一 Ei, cuidado com os meus cabelos. 一 Ele segura o meu rosto, quer dizer algo.
Eu sinto.
一 Você e o Blake, minha aposta inicial que deu errado a mais de três anos, mas agora,
olha vocês. Eu estava certo. Ella, conheço o Blake porque fazia a segurança dele, nos negócios
legais, mas sabe, ele era frio, solitário, quando pedi que ele te conhecesse no motocross foi
porque você seria tudo que ele não tinha. Nunca contei nada porque decidiram se odiar, mas olha
você... 一 Afasta analisando o vestido. 一 Está perfeita, casando com alguém que te protegerá
com toda voracidade existente. Minha sobrinha será muito amada. Amo você. 一 Abraço-o, as
lágrimas escapando intrusas.
一 Droga, você borrou minha maquiagem.
一 Não ligo. 一 sorrimos.
一 Eu te amo Bruce, você é meu irmão e não falo metaforicamente, porque o amor de
família não é só laços sanguíneos.
一 Tá, chega, vamos, ou o Blake subirá aqui e te arrastará até o altar.
一 Não duvido, vamos.
Respiro profundamente e saio do quarto em direção ao futuro. A cerimônia será feita em
uma área ampla, construída recentemente, o jardim é todo florido e o gramado verde. Todos se
posicionam e meus olhos pousam no lindo altar.
Uau! A cara do Blake isso.
Uma enorme chama queima em uma tocha de concreto, atrás do padre, os detalhes em
mármore, os galhos secos nas laterais formando o aspecto de jardim secreto, as brasas estalando,
ardentes como o nosso amor. Vislumbro a silhueta esguia, foco o olhar encontrando o Blake. O
insuportável que conquistou o meu coração de todas as formas. Suas bochechas estão coradas,
emocionado, ele usa um terno branco, com os detalhes preto, os olhos azuis ainda mais intensos.
Admiro ao redor, é uma linda tarde de outono, o sol brilha forte e o vento dança sobre as árvores
trazendo um cheiro doce de rosas. Os sons dos pássaros flutuam pelo ambiente. A marcha
nupcial começa.
Meus pés saem do lugar dando o primeiro passo. As flores pintam de azul as laterais de
todo caminho, os convidados sorriem à medida que sigo em frente. Alguns rostos são
conhecidos, outros não, mas não muda as palpitações, os instintos indiscretos em polvorosa
dentro de mim. Hoje me tornarei uma Lodge. As lembranças invadem minha mente, fazendo
eclodir uma angústia intrusa porque o desejo de chorar e sorrir é grande. Dois inversos se
ramificando, produzindo sensações novas. Assim que chego ao altar Blake estende a mão.
Nossos dedos se tocam, uma corrente elétrica se espalha, fixamos o toque, com firmeza,
entrelaçando os dedos, cravando esse amor intenso e verdadeiro no coração. O padre sorri e dá
início a cerimônia.
一 Boa tarde a todos os convidados, familiares e amigos. Estamos reunidos neste
Memorial para celebrar a união de Blake Barbieri Lodge e Antonella Spinelli. Hoje é dia de
celebrar esse amor forjado em fogo, paixão e força.
As palavras são marcantes, os minutos tornam-se memórias que não desejo apagar, quero
revivê-las sempre. Ao final pegamos as alianças e selamos a união.
一 Com o poder em mim investido, eu vos declaro marido e mulher! O noivo pode beijar
a noiva.
Em segundos todos que possuem uma arma retiram da cintura. Blake segura firmemente
a dele, capturo a minha da perna, estava no coldre, escondida. Todos se posicionam ao lado do
altar apontando em um ângulo reto para o céu. E, fazem a contagem, ao mesmo tempo, atiramos.
Blake me puxa e beija os meus lábios com intensidade. Finalizando as felicitações caminhamos
até o carro, o local da festa fica há alguns metros. Será uma comemoração simples, aberta, em
um jardim, com piscina e alguns quiosques de recreação. Aguardamos os convidados chegarem,
aproveito para encostar o rosto no peitoral perfumado e musculoso, mesmo com o terno consigo
senti-los.
一 Blake porque quis casar no cemitério? 一 Elevo o rosto, seus olhos azuis presos ao
meu em uma conexão íntima, devoradora.
一 Porque nosso amor não durará até que a morte nos separe, e sim uma eternidade,
minha alma sempre caçará a sua, e tanto no mundo dos vivos como no dos mortos todos os meus
juramentos serão seus.
CAPÍTULO 59

A festa particular começa, abraçamos todos e pegamos bebidas. Os homens do Blake


discretamente cuidando de tudo, e sou apresentada a alguns rostos que não conhecia. Uma garota
linda, de rosto angelical, cabelos ruivos como fogo, sorriso doce se aproxima de mim.
一 Olá Antonella, é um prazer conhecê-la, eu sou a Chiara.
一 O prazer é meu, e esses bebês lindos? 一 Ela segura os dois, os rostinhos delicados
encostados em sua pele, acima dos seios.
Lembro da Janaina contando a história conturbada que viveram.
一 Esse é o Pedro e o Joaquim.
Os cabelos ruivos finos descendo nas laterais dos rostinhos, os olhos azuis piscina
focando no meu vestido brilhante e toco nas mãozinhas minúsculas, macias, com o coração
carregado de emoção. Um homem se aproxima, também ruivo, pele branca, olhos azuis,
definitivamente todos são parecidos e deve ser o Ricardo, tio da Chiara. Ele é extremamente
novo, atraente e consigo compreender o porquê ela facilmente se apaixonaria pelo tio que não
conhecia. Ele captura um dos bebês, dando beijos e cheiros.
一 É um prazer conhecer a mulher que finalmente conseguiu conquistar o coração do
Blake e o tornar mais maleável. Eu sou o Ricardo Mandolini, irmão do Rico que cuida do
dinheiro de vocês.
一 É um prazer finalmente conhecer vocês.
一 Sempre que precisar estaremos aqui. Somos uma grande família.
一 Muito obrigada, acho que nem preciso dizer que é recíproco. 一 Chiara sorri
apontando o dedo para a minha barriga.
一 Você está grávida, certo?
一 Sim, estou, nossos filhos com certeza serão amigos.
一 Não tenho dúvidas…
Blake se aproxima me roubando, e pega duas taças. Ele bate o talher chamando a atenção,
o silêncio domina o ambiente. Esse é o momento de compartilhar o quanto diariamente somos
sufocados com infinitos sentimentos novos, nos escravizando e prendendo um ao outro. Ele me
admira, o azul do oceano profundo em seus olhos se unindo ao meu, suplicantes por amor.
一 Há algum tempo conheci você Antonella, e sempre te achei insuportável e devo
admitir que estava errado. Você entrou no meu mundo como um pequeno pássaro rosa sendo
destruído pelos meus medos e inimigos. A Antonella que conheci me transformou, me fez amar e
lutar por algo maior. Quando você foi atingida, reergueu-se sozinha, com suas próprias forças,
com meu apoio claro, mas o mérito é totalmente seu. Em meio às cinzas e ao pó você renasceu.
Uma fênix ressurgindo das cinzas, levantando voo alto, pronta para explorar o mundo. Meu amor
só aumenta, a admiração que tenho por você me faz mais forte. Juntos construímos um amor
sólido e indestrutível.
Meus olhos ficam marejados, o coração se apertando, queria dizer tantas coisas que as
palavras se perdem, mas inspiro profundamente recobrando a razão. Ele beija o meu rosto,
transpassando suavemente os dedos nos meus olhos, tentando impedir as lágrimas de descer.
一 Blake Barbieri Lodge a cada passo que você dá em minha direção faz uma nova batida
ecoar em meu peito. Cada vez que me beija um mundo novo surge. Ainda lembro das nossas
discussões, do quanto eu te achava esquisito e distante. Um homem frio, que não estava nenhum
pouco preocupado com as consequências dos seus atos. Quando entrei no seu mundo entendi o
porquê você era assim, entendi a dor que carrega na alma, a responsabilidade em ser racional,
prático e de seguir os seus instintos fielmente. Não é fácil trazer alguém para essa vida, conviver
diariamente com o medo de perder quem ama, de se sentir impotente diante das ações das outras
pessoas. 一 seu olhar compreensivo não me deixa, expressa desejo, acompanhando os
movimentos dos meus lábios 一 Se me tornei uma fênix foi de você que veio todas as minhas
forças. Do quanto você sempre acreditou em mim e me dizia que eu poderia ser o que eu
quisesse. Hoje escolho ser a sua esposa e mãe, sem abandonar a lutadora que existe dentro de
mim. Obrigada por permitir que eu me torne uma nova versão de mim, uma versão que ama, mas
que devora qualquer ameaça. Amo você Blake Lodge. Hoje eu me torno a Antonella Spinelli
Lodge.
Agarramo-nos, ele puxa meu quadril, o vestido sobe quando envolvo as pernas com
dificuldade ao redor de sua cintura. Nossas bocas em um beijo voraz que quase nos faz esquecer
que estamos sob os olhares dos convidados. Afastamos os rostos, a boca dele corre em minha
pele, parando em meu ouvido.
一 Foderia você aqui, sem me importar. 一 sorrio, sentindo ele abrir espaço na mesa,
sentando-me sobre ela.
一 Não duvido, mas não vamos traumatizar os convidados.
一 Foda-se, é só não olharem. 一 Mordo seu lábio inferior, percorrendo os dedos na
barba.
一 Acalme-se, guarde esse desejo para a lua de mel, será incrível.
一 Estou ansioso por isso.
É a primeira vez desde que minha mãe estava viva que me sinto feliz. A festa se mantém,
após todo discurso aproveitamos ao lado de todos. Rico, Ricardo, Will e Loki conversam perto
da piscina. Aproximo, os quatro estão falando sobre os últimos acontecimentos.
一 Muito bem meus amigos, entrei para o clube dos almofadinhas com o Ricardo. 一
aviso.
一 Desculpa chefe, mas a Ella tá longe de te deixar ser almofadinha. 一 afirma Loki,
todos sorriem.
一 Exatamente! Aquela mulher é minha ruína. 一 Levo meu olhar a ela, admirando-a,
está perfeita, mas volto a atenção a eles. 一 E aí Rico quando deixará esse coração ser dominado?
Rico é namorador, o primeiro casamento acabou pela incapacidade de escolher uma única
mulher.
一 Sou um homem livre, sem amarras, gosto de viver assim.
一 Não sei como somos irmãos. Não temos nada em comum. 一 diz Ricardo.
一 Já percebemos que a Angel não tira os olhos de você! 一 comenta o Will.
一 Ela não me quer, já percebeu o meu estilo. Estou tentando domar aquela fera, mas está
difícil!
一 Se entregue meu amigo, ou a fera te engoli. 一 brinca Will. 一 Fui amarrado pela
minha própria parceira de trabalho.
一 Homens fortes com mulheres fodas, isso é o paraíso! 一 completa Loki. 一 Essas
mulheres com certeza têm culhões! 一 provoca.
Todos gargalham, desde que desertei não havia encontrado nenhum deles, não assim,
para conversar, sem problemas para resolver.
一 Meu amigo, você arrumou uma artista, já fiquei sabendo da morte do Del Rey e do
Palermo e posso dizer que estou fascinado. 一 concorda Rico.
一 Preciso de whisky… 一 peço, elevando o copo.
一 Alguém disse whisky? 一 questiona Chiara, com uma garrafa na mão.
一 Oi meu amor, você sempre atenta às conversas. 一 Ricardo a abraça, depositando um
beijo no rosto dela.
一 O que seria do clubinho do whisky, sem whisky? Nada… 一 Chiara completa meu
copo.
一 Somos de origem inglesa, whisky faz parte dos nossos poros! 一 explico.
一 Já sei, já sei. Está um dia tão lindo para entrar na piscina.
一 Nem pense em colocar nossos bebês nessa água gelada, vai deixá-los doentes Chiara.
一 Rico revira os olhos para os dois e pela expressão irá provocar o irmão.
一 Lembra quando eu te joguei no Lago Silver, você ficou doente?
一 Meus filhos não são eu, homem aventureiro.
一 Como a Chiara foi criada? 一 questiona Loki, com ironia.
一 Na vibe rock n' roll!
一 Mya será criada assim! Sem medos, sabendo que sempre estaremos ao lado dela. Acho
que o Pedro e o Joaquim podem entrar no meu time. 一 Ricardo pega o Pedro e olha com tristeza
para o filho.
一 Querem te transformar em um guerreiro filho, papai não quer! Quero meu bebê só
para mim.
一 Ricardo é tão meloso! 一 diz Rico.
一 Eu sou carinhoso!
一 Meu carinhoso, eu que te corrompi. 一 confessa Chiara com olhar apaixonado.
Os dois se beijam, e concluo que cada um encontra a pessoa certa para o seu caos
particular. Meu olhar procura pela Antonella, os passos suaves mesmo no salto, parecendo
flutuar, sorrindo e conversando com o Bruce. Hoje sei que ela sempre foi o meu destino e será o
meu futuro. Eu a odiava porque mesmo inconsciente sabia que ela era a parte que sempre me
faltou. Serei mais leve por ela, mais compreensivo, ainda mais estrategista, não posso deixá-la
desprotegida.
一 Quem pular na piscina primeiro ganha uma G3c Taurus! 一 brinco, tentando reviver o
Blake de antes, o que só a Antonella tem acesso.
一 O quê? Só se for agora! 一 anima-se Loki.
Todos retiram as roupas para entrar na água.
Passo entre as mesas, uma mulher de estatura mediana, cabelos curtos pretos, olhos
castanhos, pele branca usando um vestido rosa com pedrarias admira os homens rente a piscina
retirando as roupas. Levo o olhar a eles, todos sem camisa, o peitoral exposto, muito músculo
junto, e sorrio entendendo sua hipnose.
一 Jesus, essa é visão do pecado. 一 brinco. 一 O caminho direto para o inferno!
一 Bem-vinda ao clube!
Retornamos o olhar a eles, estão prontos para pularem na piscina. Blake vasculhando
entre os convidados, procurando o meu rosto, mirando os olhos nos meus, dou uma piscadela.
一 Parabéns pelo casamento Antonella!
一 Você está com o Rico?
一 Direta!
一 Sempre!
一 Ainda não ficamos, fui conhecê-lo pessoalmente para falarmos sobre os novos
empreendimentos financeiros do Blake e a atração foi instantânea.
一 O que você está esperando? Rico é extremamente bonito, forte, 45 anos de pura saúde.
一 sorrimos.
Não há como não ver, o homem chama atenção, principalmente pelo olhar profundo e
sedutor que faz parte dele, ocorre de maneira natural. O conheci hoje, mas é inegável que estão
atraídos, a cada cinco minutos estão se encarando.
一 Ele é um safado.
一 E qual o problema? Você procura amor? 一 Angel fica pensativa, abrindo um sorriso
em seguida.
一 Você está certa, não quero um amor.
一 Esses vários quiosques aí possuem quarto! Só uma dica! 一 Ela sorri.
Aproximo-me da Chiara sentada próxima à piscina. Ela me oferece um dos seus bebês
para que eu segure. Olhar esses pequenos seres humanos tão frágeis e cheios de amor me faz
chorar. Estico o braço pegando-o, e aconchego ao meu corpo.
一 Os hormônios fazem isso! Ficamos sensíveis. Coisa chata. 一 Chiara aponta para a
piscina, onde os homens nadam. 一 Olha esses homens, todos prontos para matar qualquer
pessoa para nos defender, exceto o meu marido, claro, mas sabe, nós temos sorte, assim como
eles também. 一 Sorrio, pelos comentários hoje Ricardo é um homem carinhoso, certinho,
diferente dos demais. 一 Eles são fiéis, leais a família e aos amigos! Não se preocupe, Ella,
somos uma família!
一 Eu sei que sim, estou muito feliz por fazer parte dela. 一 Observamos a Angel tirar a
roupa e pular na piscina.
Pietra para ao meu lado e acaricia o rosto do Joaquim. Os dois são gêmeos, mas
diferentes.
一 Meu pai é muito safado, espero que a Angel consiga amarrar ele. 一 Rico se aproxima
da Angel passando a mão nos cabelos enquanto aproxima o rosto lentamente do dela. 一 Beija
ela pai…
一 Beija ela Rico… 一 Gargalhamos juntas, ao mesmo tempo que os dois se beijam.
Pietra reage.
一 A torcida deu certo.

As horas passaram, meus pés latejantes quase me desequilibra, toco a parede, mas sinto
as mãos do Blake ao redor do meu corpo.
一 Estou aqui amor, o que acha de partirmos? Está tudo pronto, as malas estão no avião.
一 Sim, estou exausta.
一 Um minuto… 一 diz, pegando o copo que havia deixado sobre a mesa ao lado.
Blake dá um último gole e me abraça com carinho. Seu cheiro me deixa inebriada, ele
sempre foi marcante, e me desmonta inteira, agora misturado ao whisky estou excitada.
一 Pronto, agora vamos nos despedir que temos uma lua de mel. E confesso que será a
melhor parte, só nós dois, juntinhos, com nossos corpos grudados. Estou duro só de pensar. 一
Sorrio envolvendo os braços ao redor do seu pescoço.
一 Você é devorador.
一 Culpa sua que causa a eclosão de todos os meus desejos.
一 Hora de saciá-los…
CAPÍTULO 60

Abraçamos todos, recebemos os conselhos, e em seguida Blake me conduz até o carro.


Optamos por Cancún, no México. Um lugar lindo e paradisíaco. Passamos rapidamente para
tomarmos um banho e antes da meia-noite estamos sentando na poltrona do avião,
desmanchando o corpo. O cansaço ainda presente em minhas pernas que estão pesadas. Blake
entrelaça sua mão na minha, sorrindo de canto.
一 Quando foi que você se tornou tão romântico? 一 Provoco, a sobrancelha esquerda
levanta, os dedos da mão oposta tocam os próprios lábios correndo por todo queixo, em atrito
com a barba.
一 Porque eu te amo, eu quero te ver feliz o tempo todo. 一 Ele leva as minhas mãos aos
seus lábios beijando com carinho. 一 Como está a Mya?
一 Ótima, ansiosa para conhecer o clima de Cancún. Dizem que lá é lindo e tudo é tão
azul e calmo.
一 Daqui a pouco descobriremos.
一 Estou ansiosa para a nossa noite.
一 Meu pau está latejando só te esperando.
一 Adoraria amenizar esse desejo…
Deslizo a mão nos seus braços fortes, admirando as veias calibrosas, os músculos firmes,
espalmo seu peitoral, transpassando sobre a camisa fina de algodão preta, contornando o formato
do abdômen trincado. Blake sorri de canto. Sigo o toque até a calça jeans, sentindo o volume
crescer, apertando o tecido. Os olhos se fecham e a respiração aprofunda quando desabotoo e
abro o zíper da calça. Os filamentos de pelos aparados roçando nas pontas dos meus dedos
enquanto os rastejo para a cueca. A ereção escapa, pulando para fora, reluzente e brilhante.
Minha boca saliva de ansiedade para engoli-lo. Inclino o torso, aproximando minha língua,
suavemente aplicando uma lambida, da base até a glande rosada, firme e macia. Ele arfa, os
olhos agora assistem brilhantes, as labaredas de tesão flamejando em suas pupilas dilatadas.
Projeto-o em minha boca, deslizando os lábios no comprimento, engolindo até topar em
minha garganta. As mãos dele se aderem a minha cabeça, eufórico, pressionando para continuar.
Faço. Aumento a velocidade progressivamente, tirando o ar restante de minha boca, provocando
uma sucção forte. Blake geme baixo, indo à loucura abrindo um pouco mais as pernas. Desço
minha mão até encontrar seus testículos, acaricio-os formando círculos, espremendo em seguida
com cautela enquanto lambuzo seu pau com muita saliva. Minha boca escorrega, com
movimentos graduais, tornando-se mais intensos. Blake puxa os meus cabelos, o nariz franze
alucinado, as expressões incontidas, entregando que está no limite.
一 Arg. Porra amor, que boquinha gostosa. 一 Torno a tocá-lo, seguindo o comprimento
imenso, masturbando-o, sem tirá-lo da minha língua.
Ele não se contém e movimenta o quadril, bombeando de baixo para cima em minha
boca.
一 Vou gozar… 一 As pernas enrijecem, o abdômen encolhe, comprimindo o ar, em
contrações involuntárias.
O pau pulsa em minha língua, golpeando mais forte, ao mesmo tempo que as mãos
forçam minha cabeça. Ele tranca os movimentos no fundo da minha garganta, ardendo pelo
tamanho exacerbado, soltando seu líquido quente, grunhindo, e engulo.
一 Porra, que delícia!
Saboreio o seu gosto levemente picante. Chupo mais até não sobrar nada, as mãos
tentando me impedir, aflito pela sensibilidade.
一 Estava delicioso. 一 Instigo, o polegar dele contorna meus lábios secando a saliva no
canto.
一 Você me mata assim meu amor! 一 Arrumo o seu pau nas calças.
Ele me puxa pela nuca para um beijo quente até nos faltar o ar. Aconchego em seu
peitoral fechando os olhos com a troca calorosa de nossas peles. A mão safada brinca com a alça
do meu vestido de renda, descendo aos meus seios, contornando o formato por cima da roupa.
一 Está sem sutiã, que delícia. 一 O polegar para nos mamilos, com movimentos rápidos,
gerando um atrito corrosivo, minhas coxas contraem sentindo a minha região íntima pulsar.
Blake toca em minha perna projetando os dedos na parte interna das minhas coxas,
atingindo a minha virilha. Engulo em seco, ardendo de desejo. O indicador chega ao meu clitóris,
ele contorna o tamanho enquanto solta o hálito quente em meu ouvido. Não resisto, abro as
pernas, ele sorri.
一 Está sem calcinha, safada.
一 Você pode me tocar e comer a hora que quiser. 一 Ele gosta, porque morde a maçã do
meu rosto.
Dois dedos me penetram, curvo o corpo sentindo a invasão gostosa, mas vou ao delírio
quando espalma minha boceta toda e esfrega. Não contenho, movo meu quadril, esfregando meu
botão inchado em sua pele. O roçar indo da ponta dos dedos até o pulso, fazendo o meu peito
borbulhar porque esquenta, meus fluidos molhando sua palma. Blake fica excitado, porque o pau
estica, endurecendo de novo na calça. Quero gritar, mas reprimo, mordo o lábio inferior, ele
assiste, nossas bocas ficam entreabertas, soprando ar, meu coração palpita.
A mão se movendo, mantendo o nosso ritmo indiscreto.
一 Ah, Blake, quero gozar. 一 suplico.
Puxo com a mão o vestido, fico exposta, assistindo sua mão me esfregar, meu corpo em
chamas, as pernas trêmulas forçando o quadril a não parar. Blake dobra o pescoço e com a barba
empurra meu vestido expondo meus mamilos, ele chupa. Perco o controle, a sensação cresce
feroz, atingindo um pico máximo porque grito gozando, encharcando-o com meu líquido. Blake
sorri satisfeito, levando os dedos aos lábios, chupando o meu gosto e depois enfia em minha
boca. Sugo-os.
一 Olha como você é gostosa. 一 Ofegante solto um sorriso.
Amoleço no assento, puxo a bolsa quase sem forças e retiro lenços umedecidos para nos
limpar. Quando terminamos, deito em seu peitoral, ansiosa por mais. O dia foi tão especial e
marcante. A sensação de relaxamento pesa os olhos e adormeço brevemente.

Acordo quando o avião está pousando, descemos, pegamos um táxi, os seguranças pegam
outro e seguimos para o Hotel. Adentramos no quarto, corro para a varanda admirando a praia. O
ambiente é minimalista, clean, as paredes brancas, armários brancos e pouca decoração, mas
extremamente elegante. Blake me abraça por trás acariciando minha barriga.
一 Se você não estivesse grávida, a chance de engravidar essa noite seria de 100%. 一
sorrimos.
一 Blake, quero tomar um banho de mar amanhã e fazer sexo na areia.
一 Faço o que você quiser!
一 Trouxe várias lingeries, escolherei uma.
一 Eu amo essa ideia!
一 Preparado para uma noite picante?
一 Eu nasci preparado, meu pau quer te foder o tempo todo.
Retorno ao quarto, ele me acompanha. Sigo até o banheiro para colocar algo especial.
Farei uma surpresa e dançarei sensualmente para o Blake. Entre as opções escolho uma lingerie
que fiz sob encomenda. Na calcinha tem um morango tampando a boceta e nos seios, na região
dos mamilos tem o desenho do merengue, a peça é vermelha e sedutora. Visto animada,
arrumando o fio na fenda da bunda. Giro a maçaneta, abro a porta e retorno ao quarto. Blake está
sentado na poltrona completamente nu, tomando seu bom e velho whisky. Minha mente divaga
pensando nele velhinho em frente a uma lareira enquanto toma sua dose vital de whisky para se
esquentar.
Eu amo tanto esse homem.
Pego o aparelho de som, escolho uma música sexy. Aproximo, ficando em sua frente, os
olhos azuis percorrem o meu corpo diminuindo de tamanho ao conferir os desenhos na peça.
Sorri. Estica os braços querendo me tocar, afasto, quero deixá-lo louco por mim. Mais do que já
é.
一 Porra, ficou deliciosa, ficarei com o pau esfolado.
Lanço um olhar safado admirando suas tatuagens vibrantes, outras em traços pretos, os
músculos protuberantes, o pau duro. Inicio os movimentos de dança, rebolando o quadril,
girando para deixá-lo com a visão da minha bunda. As mãos tocam minha pele, o indicador
seguindo o fio da minha calcinha enfiado na bunda.
一 Provarei você inteirinha hoje, amor. 一 arrepio.
Esfrego a bunda em seu colo, giro novamente, fico de frente tocando os meus próprios
mamilos, enquanto mantenho um ritmo sensual contínuo. Toco em suas pernas contornando os
músculos das coxas grossas.
一 Você merece uns tapas nessa bunda gostosa.
一 Me bate, Blake. 一 provoco, viro de costas balançando a bunda.
Ele dá tapas ardentes esquentando todo o meu corpo. Ansiosa mudo a posição e sento em
seu colo de frente. Elevo o quadril para rebolar em seu pau duro. Arfamos quando a glande passa
por entre a calcinha e penetra na entrada. As mãos seguram na lateral da minha cintura, o
descontrole sobrevém. Todas as veias do meu corpo pulsam em uma sensação inexplicável
porque com arrogância sento em sua ereção, enfiando-a fundo. Blake rosna, elevo o quadril, tiro-
o, seguro na base e encaixo em meu ânus, ele morde minha boca, mantendo meus lábios em seus
dentes, afundo de uma vez, soltando o peso do corpo. Sua ereção entra espremida, queimando
feito fogo. Grito. Ele me prensa, não me deixa tirá-lo, o pau pulsando em minha pele sensível. As
mãos me apalpando freneticamente, indo do pescoço até os meus seios. Ele os contorna, afasta a
lingerie e com os dedos circulam minhas auréolas e meus mamilos.
一 Você é perfeita em cada detalhe meu amor. 一 Os toques param nas laterais do meu
quadril.
Antonella é o meu vício. Meu pau preso em sua bunda, a compressão do seu anel ao
redor faz minhas pernas queimarem, sou como um vulcão em erupção, inflamo, pulso dentro
dela. Auxilio seu quadril a se mover, ela faz, movendo de cima para baixo, engolindo
gradativamente.
一 Blake, isso é tão gostoso. 一 A voz manhosa me fode, estapeio seu rosto, ela tenta
morder meu dedos no ar, os enfio em sua boca, ela chupa.
一 Não sairei vivo desse lugar. 一 sorri. 一 Quero sua boceta. 一 Ela levanta o quadril,
saio do seu ânus, me masturbo, torno a encaixá-lo em sua entrada úmida.
Tudo nela me fascina, mas quero sentir sua textura, a quentura da sua região úmida
cavalgando. Ela faz. A boceta rosada me engolindo, as paredes macias, hidratada com sua
lubrificação, fico inquieto, nosso contato físico gera explosão. O cheiro de sua pele, até o sabor
me fascina. Seguro seu rosto e beijo intensamente seus lábios, os mordendo levemente enquanto
minha língua circula a sua. O rebolar contínuo, em um jogo violento de penetrar e tirar,
esfregando a boceta molhada no meu pau duro, gerando uma tortura corrosiva, invadindo meu
peito de agonia porque fico a um fio de gozar. Arranco a lingerie deslizando as peças pelo seu
corpo.
一 Eu amo você Blake. 一 Meus toques causam dor, porque a força que aplico é intensa e
ela geme sem parar.
一 Você é minha e eu sou seu!
Apalpo suas curvas, penetrando os dedos onde quero, desde a boca até onde aperta mais.
Elevo seu quadril roçando os dedos no clitóris quente, inchado e rosado de tesão. Penetro, ela
cavalga lentamente enquanto meu corpo anseia pelo seu, aflito. Essa conexão que temos, a
maneira como nossos corpos precisam um do outro é inexplicável. Apenas deixo que essa paixão
queime nossos sentidos. Ela intensifica, as pernas fazendo força, o atrito das extremidades
provocando um barulho delicioso.
Ansioso a pego no colo, sem tirar meu pau de dentro dela, e a levo para a cama. Sento,
mantendo-a em meu colo, as pernas entrelaçam ao meu redor da minha cintura, pressionando o
meu pau Em um jogo feroz puxo sua cintura bombeando contra o meu corpo. Ela grita. Não
diminuo, o atrito é eletrizante, os mamilos durinhos de excitação, os seios balançando com a
força. Enterro fundo, não faço novos movimentos, apenas a forço a se esfregar, ela faz, manhosa,
gemendo, rebolando ao esfregar o clitóris em minha pele.
Ela inclina o corpo para trás, as paredes pulsando, mantenho o ritmo tentando controlar
esse desejo, porém somos consumidos por ele. Meu coração acelera, o peito expande, derreto ao
seu toque gozando em sua boceta pequena. Não consigo parar, giro-a colocando de quatro,
golpeando forte e fundo. Meu líquido escorre em sua entrada, nos lambuzando e inflamo. Quero
fodê-la até não aguentar mais.
Seguro na base, tiro a ereção para fora, circulando seu clitóris.
一 Ah que delícia Blake, acho que morrerei. 一 Arfo.
Afundo de uma vez, até o talo, ela murmura, o corpo quase cedendo, mas a seguro.
Estapeio a bunda grande, volumosa. As mãos apertam os lençóis, queremos mais. Antonella
deita o tronco, empinando totalmente, dando livre acesso para nosso atrito ser intenso e faço.
Nossas extremidades se chocam, cada movimento mais rápido gerando mais calor, subindo pelas
pernas, explodindo incontrolável porque gozamos juntos novamente. Nossos corpos caem na
cama, puxo-a para o meu peito, entrelaçando minhas pernas na sua.
一 Faremos muito amor nessa lua de mel. A noite está apenas começando meu amor. 一
Sorrimos ofegantes, recuperando o fôlego. Acaricio sua barriga preocupado. 一 Pegaremos mais
leve.
一 Blake, você não me machuca, eu juro. 一 Abraço-a sentindo a pele na minha.
Aproveitamos nossa lua de mel tão verdadeiramente que os dias passaram rápido, como
uma ventania feroz levando tudo. Corro pela areia da praia, pulando sobre o Blake que me segura
em seus braços. O sol aquecendo nossas peles, os grãos ásperos presos na pele, a água gelada
desmanchando em nossos pés, é afrodisíaco. O cheiro de natureza, os pássaros cantando.
Caímos, uma onda se desmancha em nossos corpos, nossos olhares fixos, apaixonado, ainda
mais afundados nos nossos sentimentos dominantes.
一 Jura me amar para sempre Blake?
一 Juro te amar com todas as minhas forças.
一 Podemos ver o nascer do sol amanhã? Por favor…
一 Claro que sim, faço tudo que você quiser.
Sobressalto, correndo até as rochas, ele me segue, e no topo delas admiramos a vista do
alto. Fecho os olhos me conectando com o mundo à minha volta. O que ele emana é coragem,
força e determinação! E é assim que juntos viveremos hoje e sempre.
SETE MESES DEPOIS
Meu coração acelera ao sentir a primeira contração. Coloco a mão na barriga enorme e
sinto a Mya chutar forte. Blake me serve uma xícara de café e quase derruba tudo quando as
palavras saem dos meus lábios.
一 Ela nascerá agora.
一 O quê? Já?
一 Queria que ela ficasse na minha barriga mais quanto tempo? 一 Ele sorri, segurando
minha cintura, projetando meu corpo a se alinhar em pé.
Pegamos tudo e corremos para o hospital. Os homens do Blake fecham uma ala médica,
preparando um verdadeiro bloqueio protetor. Reviro os olhos, ele é sempre tão exagerado e
chego a sentir um pouco de pena da Mya que viverá sobre sua sombra, e ela é grande demais. O
seu jeito de nos amar é assim, sufocando, e não escolheria outro amor que não esse.
Todo procedimento até o nascimento é doloroso, escolhi o parto natural, a dor lacerante
parecia rasgar a minha carne e triturar os meus ossos. Mya veio ao mundo forte, com quase 3kg
de braveza, porque o rostinho mesmo ainda ganhando cor e formato é idêntico ao pai. Blake a
segura, nervoso, trêmulo, aproximando o nariz de sua bochecha, cheirando o seu perfume
inesquecível, os olhos ficam marejados.
一 Blake morreu… 一 declara 一 Agora sou somente o pai da Mya. 一 sorrio, ainda
fraca, dolorida. 一 Prometo minha pequena culpa, sempre vou te amar e te proteger!
Sua mão direita alisa os meus cabelos.
一 Amanhã cedo iremos para casa, meu amor.
一 Lar, nossa casa é em qualquer lugar que estejamos juntos.
EPÍLOGO
10 ANOS DEPOIS

Fecho os olhos, uma nuvem de nostalgia dominando os meus sentidos, permitindo que as
lembranças do passado invadam minha mente. Lembro de quando Blake segurou Mya pela
primeira vez no Hospital, com um pouco de medo de machucá-la, e eu conseguia ver suas mãos
tremerem. Uma lágrima caiu de seus olhos quando a beijou na bochecha pela primeira vez. Um
momento inesquecível de amor.
Continuo viajando para um ano depois quando ela deu os primeiros passos e da primeira
palavra que disse e foi “papai”, claro que foi. Blake dava papinha com cuidado, sorrindo feliz. A
segunda pessoa no mundo a ver o seu sorriso todos os dias, porque ele dá livremente.
一 Abre o bocão para o papaizinho!
一 pa…papa….papai! 一 balbuciou fechando os punhos, os olhos azuis nele.
一 Você ouviu isso Ella? Ela disse papai!
一 Eu ouvi… minha bravinha falou a primeira palavra. 一 Retorno ao presente, escutando
a voz do Loki, seguido de uma risada.
一 Filho, olha, lembra do que te ensinei sobre focar? 一 pergunta ao Rob.
Pietra movimenta o braço, ele a olha, ela pede calma. Rob é a própria cópia do Peter, os
olhos verdes, o sorriso, mas diferente do pai é doce, amável e carinhoso.
一 Amiga, logo a Mya transforma ele em um super lutador.
一 Não duvido, mas o melhor é ver a conexão deles. São tão lindos. 一 confessa
admirando os dois.
一 Você consegue! 一 Loki incentiva, mas ele se encolhe 一 O que te ensinei sobre
defesa?
一 Sempre proteger o rosto, desculpa papai… 一 Loki o beija.
Mya entra em sua frente, irreverente, gênio indomável, o próprio pedaço do Blake fora do
corpo, andando sobre duas pernas longas, estatura mediana para a idade e os cabelos loiros, no
mesmo tom que os dele.
一 Assim Rob, se faz assim. 一 diz movimentando os bracinhos, ensinando-o.
Os punhos fechados na altura dos olhos, mostrando como faz.
一 Isso mesmo Mya, excelente. 一 Elogia Loki, ela sorri, o mesmo sorriso sarcástico do
pai.
Procuro o Blake, do outro lado do salão de lutas, sorrindo para ela.
一 Essa menina me enche de orgulho! 一 Aproxima-se de mim. 一 Está tudo pronto, falei
com a Chiara e o Ricardo, a Mya ficará bem com eles.
一 Tem certeza que não tem problema?
一 Não tem problema, eles que tratem de cuidar bem dela. 一 Admiro-a dando vários
chutes no ar brincando com Rob.
一 Mya, vamos. 一 chamo.
一 Vou à casa da tia Chiara, mas volto logo. 一 avisa ao Rob.
一 Tudo bem, sentirei saudades. 一 Confessa com o olhar triste.
一 Não precisa, é bem rápido, são só três dias. 一 Os dois seguram as mãos e se abraçam.
Analiso a vegetação ao redor da casa de dois andares, Chiara abre a porta. Os gêmeos
descem tropeçando nas escadas, Mya desesperada passa no meio das minhas pernas correndo até
eles, abraçando-os.
一 Esses moleques me darão trabalho no futuro. 一 Chiara não nega, mas gesticula para
entrarmos.
一 Olha, o Pedro é o próprio Ricardo, mas o Joaquim, talvez deva se preocupar, ainda
mais tendo o avô tão desprendido na vida. 一 sorrimos.
Mya retorna até a Chiara com desespero e feliz.
一 Tia Chiara, eu estava com saudades! Sabia que passarei um tempo com vocês?
一 Amarei ter você aqui comigo.
Ricardo e Chiara retornaram a Nova York, exceto o Rico, que continua na Austrália por
conta dos bancos, e acaba dividindo o tempo, visitando-os todo mês.
一 Cuidaremos dela Blake!
Ricardo aparece, segurando uma assadeira de doces, deixando na mesa para as crianças.
一 Oi Blake, cuidaremos bem dela, pode ir tranquilo.
一 Bom mesmo, se não mato vocês.
一 Mya, vem se despedir. 一 Ela corre para os meus braços, beijo seu rosto com amor.
一 Amo você, minha pequena, nós voltaremos rápido.
一 Tá bom papai, eu amo você, fala para mamãe que amo ela também.
一 Pode deixar. 一 Ela beija meu rosto e depois corre para o jardim.
Pousamos no aeroporto internacional de Berlim, na Alemanha. Caminhamos à procura do
pacote que viemos buscar. Um desconhecido para em nossa frente. Está usando sobretudo,
cobrindo parcialmente o rosto. Nossos homens ficam atentos, com as mãos nas armas, prontos
para revidar um ataque.
一 Bom dia, vocês são o Blake e Antonella Lodge?
一 Sim! 一 Responde Blake, em um tom ríspido.
一 Como vocês conseguiram encontrá-lo aqui? Por que querem levá-lo? Vão matá-lo?
Prometi cuidar dele.
一 Não, vamos criá-lo como nosso filho!
一 Por quê? 一 Um menino lindo sai de trás do balcão há alguns metros, se aproximando
devagar, com curiosidade.
一 O que vocês querem comigo?
Os olhos grandes acinzentados, os cabelos pretos caídos nas laterais, extremamente lindo,
forte, e aparentemente educado. Ajoelho e retiro meus óculos de sol. Ele se aproxima de mim.
一 Sei que passou 10 anos escondido, seu pai garantiu isso, mas nós só queremos ser a
sua família.
一 Vocês prometem que cuidarão de mim?
一 Sim, claro que sim!
一 Então eu aceito! 一 O homem tenta puxá-lo, mas seguro em sua mão pequena.
一 Eu o mantive escondido, mas Palermo tinha outros inimigos que estão procurando por
ele. 一 Blake pigarreia irritado.
一 Nós o protegeremos, você não tem escolha, entrega ele ou morre. 一 O homem
concorda amedrontado.
一 Como é o seu nome? 一 questiono.
一 Me chamo Oliver Meloni. 一 Blake estala a língua discordando.
一 A partir de hoje você se chamará Oliver Lodge. 一 Ele avisa.
一 Vocês não vão me matar então?
一 Claro que não, sempre cuidaremos de você, eu prometo!
Blake conversa com o desconhecido enquanto ao lado de alguns dos nossos homens
retorno ao avião, levando o Oliver comigo. Os planos do Blake para o futuro sempre estiveram
estabelecidos após a morte do General Jonas, no entanto, eu tenho medo de como será.

Dois dias passaram voando, caminho pelo jardim com o Oliver. Ninguém sabia do
paradeiro dele, estava escondido pela Máfia Italiana na Alemanha. Assim que Palermo morreu,
alguns traficantes de drogas tentaram derrubar sua família para ocuparem o território, mataram a
mãe, mas Oliver estava sendo protegido. Ele tem 13 anos, é apenas três anos mais velho que a
Mya. Tenho certeza que a adaptação dos dois será ótima. Seguro na mão dele e aguardamos o
Blake que foi buscá-la na Chiara.
一 Peguei essa rosa para ela, será que ela gostará?
一 Tenho certeza que sim.
Após dez minutos, Blake chega. Os passos dela apressados para me ver, sorrindo, mas a
expressão muda, fica séria. Ela procura pelo braço do pai, segurando a mão dele, desconfiada,
enquanto analisa o Oliver. Os dois se aproximam e assistimos como irão se comportar.
一 Oi, eu sou o Oliver, você é linda. 一 Elogia, os olhos presos no rosto dela.
Ele pega a rosa e oferece. Mya pega com desdém.
一 Não gosto de Rosas.
一 Mya. 一 Reprovo sua fala. 一 Elas ficam murchas e morrem! 一 Lança ao chão, pisa
sobre as pétalas vermelhas. 一 Reviro os olhos, Blake sorri.
一 Do que você gosta então?
一 De lutar!
一 Eu adoro lutar!
一 Você também sabe lutar?
一 Claro que sim!
一 Vem, vou te mostrar onde eu treino.
Mya segura na mão dele que fica envergonhado e juntos correm para dentro da casa.
Blake se aproxima e me abraça.
一 Blake, não sei o que o futuro nos reserva, você tem certeza que isso dará certo? Que os
dois serão como irmãos?
一 Espero que não. 一 Tento estapear seu peito, mas me aperta. 一 Te amo meu amor.
Não sei quanto tempo temos de vida, mas viveremos sempre intensamente e implacavelmente.
Sabe o que eu aprendi?
一 O quê?
一 É muito fácil odiar alguém, mas amar requer muita coragem! E é por isso que somos
tão fortes. Quando Mya completar 18 anos as coisas vão desandar um pouco.
一 Eu amo você Blake, não sei como consegue controlar as variáveis.
一 Estudando as personalidades, meu amor, assim sei o que esperar no futuro. Mya
viverá a história dela, a Máfia um dia será comandada por ela.
一 Não mudará muito, você são iguais. 一 sorrimos.
8 ANOS DEPOIS
一 Mya, onde você está? 一 questiono, o barulho do vento forte provocando ruídos na
ligação.
一 No pier, mãe, eu o condenei a uma morte dolorosa? 一 Suspiro, não posso respondê-
la, precisa lidar com suas escolhas. 一 Eu estava com tanta raiva, todos esses anos o Oliver
estava na nossa casa, não consigo perdoá-lo, você precisa me dizer o que fazer.
一 Mya, o que estava acontecendo entre vocês? Ele é o seu irmão.
一 Ele não é o meu irmão, nunca foi, é o meu inimigo, mas mãe, eu o amo como mulher,
e ainda assim quero matá-lo.
一 Vingança ou amor? Eu já sei essa resposta, você precisa descobrir.
一 Por que você e o papai desapareceram agora que eu mais precisava? Por que todos
vocês sumiram? Por que nos abandonou assim?
一 Filha é uma viagem de férias, eu nem deveria estar falando com você. O que o seu pai
sempre disse?
一 Para pensar, agir com calma.
一 E o que você fez?
一 Eu acho que o matei.

FIM
AGRADECIMENTOS
Chegou até aqui? OBRIGADA POR LER ESSE LIVRO. Aposto que a pergunta é
“Como assim?”.
Mya e Oliver terão o seu próprio livro. É o volume 5 da série, antes teremos o Ricardo e a
Chiara. Escrever essa história foi incrível, Blake e Antonella são da família, eles queriam mais,
porém os controlei. Essa história teve altos e baixos, mas não faltou intensidade. Quero
agradecer primeiramente a todas as minhas leitoras, por todo carinho, por esperarem o livro com
tanta ansiedade. Obrigada mãe, irmãs, por acreditarem em mim. Vocês me inspiram todos os
dias, acompanham o processo, os choros, a luta completa, sem vocês teria desistido. Obrigada
parceiras de divulgação, toda equipe maravilhosa me auxiliando, a Danielle Oliveira, a Vanessa
Pavan (assessoria), e os Perfis Literários que deram um voto de confiança para essa história. Em
breve estarei lançando o próximo, então preparem o coração, os panos, e muita água para se
hidratarem.
Com amor, Diana Novak.

[1]
Reflie de repetição por ação de alavanca, fabricado pela Winchester Repeating Arms Company no Século XIX.

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