Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
2ª Edição
Publicado anteriormente como: À SEGUNDA VISTA
Eu tinha de admitir que o gesto dele foi muito bonito. René não
precisava mandar flores para Mari e escrever um cartão, estava na
cara que ela o perdoaria, mas isso era sinal de que ele se
preocupava com os seus sentimentos.
— Ah, depois disso você ainda vai querer que ele seja só seu
chefe? — perguntei, lhe devolvendo o cartão.
— Eu não sei, Mel, deixa a coisa esfriar. Semana que vem te
respondo.
— Tá bom, então tô indo.
Acenei e sai da recepção rindo, era óbvio que ela não o queria
só como chefe e talvez eu pudesse dar uma ajudinha, meio que
como quem não quer nada. Mariane merecia isso, o caso era se
René a merecia, mas isso era algo que teria que ser observado.
O restante da semana passou daquele jeito molenga de
sempre. No trabalho, foi corrido e a faculdade foi se arrastando, mas
na manhã de sexta-feira eu estava feliz, porque o simples fato de
ser sexta-feira era demais, porém saber que no outro dia não tinha
trabalho e que a noite eu, Ramona e Mariane iriamos para o bar
Malta sem hora para voltar era melhor ainda.
Ao meio dia, eu e Mariane almoçamos no restaurante da
empresa, ela pagou meu almoço porque ficou sensibilizada com
minha situação.
— Acho que deveria fazer uma planilha a partir de agora, Mel
— ela disse depois que comemos a sobremesa. — Fica mais fácil
para controlar os gastos.
Revirei os olhos, a faculdade de administração de Mariane
dava resultado e a minha de publicidade não. Engraçado como
existem pessoas que acham a vocação rápido e outras, como eu,
sempre estão perdidas.
— Acho que vou fazer isso — concordei, me levantando.
Voltamos para a empresa e a tarde passou voando, tinha
coisas demais para deixar prontas e René estava em reunião, o que
só aumentava meu serviço, pois tinha de resolver tudo ao mesmo
tempo.
— Nos encontramos em frente ao portão principal? —
perguntei a Mariane quando já estava saindo.
— Sim, assim que acabar a última aula.
Concordei e fui até o elevador. Assim que apertei o botão, uma
garota morena parou ao meu lado, logo a reconheci com a peituda
que Arthur ficou comendo com os olhos, ela deveria trabalhar
naquele andar também.
— Dia quente, não? — ela comentou, tentando puxar
conversa.
— Quente, sim — murmurei, entrando no elevador e apertando
o botão com força demais.
— Sou Marcela. — Ela estendeu a mão. — Comecei a
trabalhar na empresa semana passada, no RH.
— Sou Melanie. — Apertei a mão que ela estendia. —
Trabalho como assistente do René.
Depois disso ficamos em silêncio. Eu fiquei contando os
andares e xingando o diacho do elevador que parava em cada um