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Morgan
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos, são produtos de
imaginação do autor. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer
meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da autora.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei nº. 9.610./98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.
Edição Digital | Criado no Brasil.
Sinopse
Sinopse
Nota da Autora
Playlist
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Epílogo
Agradecimentos
Sobre a autora
Contato
Para todas aquelas pessoas que tiveram traumas no seu passado, que
construíram um muro em volta do coração.
Vocês são fortes, e não estão sozinhas!
Prólogo
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Não tem nada mais relaxante pra mim do que a sensação do vento
no rosto, seja pilotando uma moto ou correndo nos 100 metros rasos. Por
isso que eu não me importo de, mesmo estando atrasada, ter que voltar ao
apartamento do meu namorado Gary para buscar o livro que eu fiz o favor
de esquecer, e preciso para a prova de hoje.
Meu namorado com certeza o levaria para mim, porém como nesse
horário ele está treinando com o time de beisebol, eu tive que sair correndo
para buscar.
Depois de deixar a moto na garagem, meu telefone tocou mostrando
o nome de Sarah no visor. Minha irmã é a melhor coisa que me aconteceu.
Mesmo sendo apenas três anos mais nova do que eu, nós temos uma ligação
muito forte e sempre sabemos quando a outra está precisando de algo.
Parece aquelas conexões que irmãos gêmeos possuem.
Atendi enquanto subia os lances de escada para o apartamento.
— Oi, Sarah! – Falei animada.
— Oi, irmã! Você vem hoje para o nosso jantar?
— Claro, assim que sair da faculdade, encontrarei o Gary e vamos
até vocês.
— Você está ofegante, o que houve? — Perguntou preocupada.
— Subi da garagem para o apartamento pelas escadas, esqueci um
livro na casa dele. — falei abrindo a porta da sala.
Escutei um gemido estranho vindo do quarto.
— Entendi. Aproveitando, deu tudo certo com a bolsa? — ela me
perguntou curiosa, porém não consegui nem prestar atenção direito, porque
me concentrei no barulho que ficava cada vez mais alto à medida que me
aproximava.
— Sarah, estou ouvindo um barulho estranho, acho que tem alguém
aqui. — falei sussurrando.
— Fica comigo na linha então, por favor. — falou, parecendo um
pouco nervosa.
Andei até o quarto para me deparar com a pior cena da minha vida.
Meu namorado pelado e minha prima, que além de tudo sempre foi minha
melhor amiga, Cheryl, quicando em cima dele. Nunca achei que isso
poderia acontecer.
Agora me pergunto quão inocente eu sou?!
Fiquei tão chocada, que tropecei no taco de basebol de Gary
encostado na escrivaninha, aproveitei que isso me tirou do meu estupor e o
peguei, batendo com toda força no espelho que ficava ao lado da porta. Os
dois filhos da puta se assustaram com o barulho.
Gary jogou Cher de cima dele e me olhou com o mais puro
desespero, como se eu fosse capaz de machucá-los.
Vontade eu tinha porque estava espumando de ódio, mas nunca faria
isso e ele não precisava saber.
— Amor, por favor, não é nada disso que você está pensando. —
falou de forma descarada.
— Não é mesmo, eu estou olhando para as duas pessoas que eu
confiava a vida, me traindo em cima da cama que compartilhávamos.
Imagino o quanto vocês já não devem ter rido de mim. — falo com tanto
desprezo que eu mal reconheço minha voz.
— Soph, por favor, tente entender... — Cheryl tentou falar com os
olhos arregalados.
— O caralho que eu tenho que entender! Some da minha frente
agora! — Não deixo nem que termine de falar, e ela já saiu pegando as
roupas espalhadas, se vestindo e olhando para o Gary como se pedisse
ajuda.
Lembro da minha irmã no telefone, e volto a falar com ela.
— Sarah, desculpa, você deve ter ouvido tudo — falei com pesar. —
Preciso desligar para juntar algumas coisas antes de sair daqui. — Desliguei
sem nem dar tempo para ela responder.
— Se você não quiser entender, tudo bem, mas saiba que eu nunca
esqueci o Gary, ele sempre foi meu.
— Cher, chega! Vai embora, por favor. — Gary, falou empurrando-a
para fora do quarto, e eu nem fiz questão de olhá-los.
Abri o guarda-roupa e peguei uma bolsa, já começando a arrumar
minhas coisas mais importantes. Depois penso em como vou fazer para
buscar o restante.
Gary, tentou se aproximar, eu só levantei o taco na direção dele, e
ele já se afastou com medo de mim. Ótimo, que ele permanecesse assim.
Mas a boca grande dele não parava de falar.
— Amor, por favor, me perdoa! A Cher veio para cima de mim, me
cercou de todas as formas, eu fiquei perdido.
Eu fiquei incrédula com a tamanha falta de noção dele, como se ele
tivesse feito algo forçado.
— Pelo amor de Deus, não seja ridículo a esse ponto, em colocar a
culpa nela. Eu não vi em nenhum momento ela com uma arma na sua
cabeça, mandando você fode-la. Eu achei até que tinha alguém morrendo
aqui dentro com os gemidos esganiçados que ela dava, era possível ouvir
desde a porta. — falei me lembrando do momento em que eu entrei no
apartamento.
— Não, Sophia, ela não colocou uma arma na minha cabeça, mas
tenta me entender. Você estava extremamente focada nas suas provas e
treinando todo dia por conta daquela bolsa ridícula de corrida. Sabe que eu
poderia pagar a faculdade para você.
Eu não acredito que ele ainda teve coragem de colocar a culpa em
mim. Eu devia estar muito cega pra não ter enxergado durante esses cinco
anos, o verdadeiro Gary.
Ele sempre soube o quanto a bolsa era importante para mim, e o
quanto eu queria entrar para o grupo de atletismo. Correr é minha vida, o
meu sonho sempre foi competir profissionalmente e um dia conseguir
defender meu país em uma Olimpíada.
— Gary, nem continue. Você sabe que eu nunca aceitaria que você
pagasse a faculdade para mim — agora eu entendo porque meu sexto
sentido sempre gritava quando ele me fazia a oferta —, e eu tenho um
excelente motivo para isso. Você pretendia pagar minha faculdade e jogar
isso na minha cara, para que eu aceitasse as traições? Queria que eu
desistisse do meu sonho com o atletismo? Você nem se importou em
perguntar como foi a minha prova para entrar no time. — Demonstrei toda a
minha decepção.
Ele me encarou, ficando vermelho, porque não tem o que justificar.
Ele me conhece o suficiente para saber que nada que falar vai fazer
diferença para mim agora. Então tentou apelar.
— Amor, eu te amo! Por favor, não me deixe aqui sozinho. Eu errei,
agi como um moleque, mas eu nunca vou deixar de te amar. Me perdoa.
Lembra de tudo que passamos nesses anos, no quanto nós fomos felizes,
tudo de bom que eu já te proporcionei. — ele fez uma cara de cachorrinho
que caiu da mudança.
Essa tática, alguns minutos atrás, até poderia fazer efeito em mim.
Gary é um homem de uma beleza incrível, isso é indiscutível. Com os seus
1,80m de altura, loiro e de olhos azuis, porte atlético devido ao basebol,
chamava a atenção por onde passava, mas agora eu só enxergo a casca
vazia.
Eu nem me presto a responder. Depois de ter pego tudo que eu
julguei mais importante, saí de perto ainda segurando o taco, para o caso
dele tentar se aproximar. Ele me olhou como se dissesse “você vai mesmo
sair sem me responder?”.
E foi exatamente isso que eu fiz.
Arrastei tudo que eu conseguia carregar, entrei no elevador sentindo
o pânico me consumir, e fui diretamente para a garagem. Assim que saí
daquela caixa metálica, que eu só usava em casos de extrema necessidade,
olhei para minha moto e não segurei mais. Chorei sentindo toda a dor da
traição.
Nesse momento senti os braços de Sarah ao meu redor, e me permiti
cair, porque sabia que ela me ampararia sempre, ali ela não era a irmã mais
nova, nesse momento era tudo que eu precisava para não surtar.
— Obrigada por vir. — Sussurrei no meio de um soluço.
— Eu nunca te abandonarei.
Sophia Clarck
Me ajude
É como se as paredes estivessem desmoronando
Às vezes, sinto vontade de desistir
Mas eu não posso
Não está no meu sangue
In My Blood - Shawn Mendes
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Eu: Claire, meu dia hoje foi de 0 a 100 muito rápido. Minha
coordenadora sofreu um acidente e eu precisei substitui-la em
uma apresentação para nosso diretor.
A matéria está indo super bem, agora o problema foi um cara que
encontramos aqui que, aparentemente, está de férias. Nós acabamos
brigando feio porque ele acha que é o rei do mundo e estava atrapalhando a
nossa gravação.
Que ódio que eu fiquei.
Eu: Que cara doido, logo ele para e não vai perturbar mais
você. E tenho certeza de que a matéria vai ficar perfeita.
Theodore Rockefeller
Theodore Rockefeller
Um perseguidor
Você quer observar cada movimento meu
Você é um perseguidor
Você me segue para casa depois da escola
Você ativou suas notificações
Você assiste minhas histórias para te excitar
Você é um perseguidor
Sim, você é um
P-e-r-s-e-g-u-i-d-o-r
Stalker- Jake Daniels
Estava desde cedo malhando, foi uma rotina que adquiri e nunca
mais parei. Quando não treinava, tinha a sensação de que faltava um pedaço
do meu dia e, por isso, montei uma academia em casa, para não precisar me
preocupar em sair e ter que dividir equipamentos, espaço e tempo, que para
mim eram coisas sagradas.
Como todo o meu apartamento era à prova de som, eu malhava
sempre com a música no mais alto volume, e isso era como uma terapia
para mim. Assim que finalizei os exercícios, peguei meu celular e ele tocou
mostrando minha mãe na ligação, ela sempre tinha o timing perfeito.
— Oi, meu filho! — ela falou animada.
— Oi, mãe, tudo bem? Meu pai anda se comportando? — Ele às
vezes esquecia que já tinha sofrido o ataque do coração e resolvia aprontar,
fazendo algumas coisas que os médicos proibiam. As últimas ligações
giraram em torno dela reclamando dele.
— Tudo sim, ele está comportado essa semana. A briga que eu tive
com ele da última vez que peguei ele fumando escondido, valeu para ele ter
medo de respirar errado — minha mãe sabia ser bem assustadora quando
precisava, e fazia com que eu e papai tivéssemos medo dela —, mas eu
estou ligando porque quero que venha jantar conosco hoje. Você com essas
viagens têm esquecido que tem família. — Ela finalizou de forma
dramática, juntava ela e Karen e eu tinha metade do drama do planeta,
nunca vi mais exagerada do que as duas.
— Eu sempre vou aí quando volto das viagens, e a senhora sabe
muito bem disso. Porém, eu não me nego a um convite para encontrar vocês
fora dos nossos domingos. — Os domingos que eu ficava na cidade sempre
eram voltados para passar um tempo com meus pais.
— Maravilha, querido. Te espero mais tarde, então. — ela disse, e
nos despedimos.
Saí da academia e subi para o meu quarto. Depois de tomar um
banho, me senti preparado para enfrentar o trânsito de Nova Iorque e chegar
à empresa para iniciar aquele dia de trabalho.
Para a minha completa felicidade, Gerald, meu motorista, havia
voltado da viagem que fez e hoje eu poderia ir mais “tranquilo” no carro.
Depois de pronto, com meu terno de três peças cinza, desci
colocando as abotoaduras e indo em direção ao elevador. Assim como tudo
ao meu redor, ele tinha a parede de vidro, o que me permitia ter uma bela
vista de Manhattan logo cedo. Com toda a minha correria, era nesses
momentos que eu parava para observar a cidade, que eu finalmente
desligava um pouco minha mente e respirava.
Chegando na garagem, cumprimentei Gerald e seguimos para o
escritório. Eu aproveitei para abrir meu notebook e notei que Athena havia
concluído a pesquisa sobre Sophia. Comecei a ler todo o material que ela
levantou, primeiro nas informações básicas, sobre a família, vi que ainda
moravam na Carolina do Norte.
Ela tinha uma irmã mais nova que se parecia muito com ela. Pude
ver uma foto dos quatro juntos, e vi que formavam uma bela família. Fui
lendo todos os mínimos detalhes e olhei com o que eles trabalhavam. O que
me chamou atenção foi que a casa da família havia sido hipotecada, e o pai
dela internado. Imagino que isso possa ter algo a ver com a hipoteca. Tinha
um arquivo em separado sobre o estado de saúde dele, depois daria uma
olhada.
Fiquei tão absorto nas informações que nem reparei que já
estávamos na empresa. Todo o percurso passou como um borrão. Fechei o
notebook e fui em direção ao elevador privativo que usava. Precisava
terminar de analisar essas informações com urgência, tudo sobre a Sophia
parecia extremamente interessante.
Chegando ao meu andar, notei que estava completamente vazio. Era
a vantagem de ser o primeiro a chegar: não ter que lidar com ninguém.
Segui direto para minha mesa, e continuei a leitura. Olhei o histórico
escolar dela, fui vendo toda a evolução e desde o primário ela sempre se
destacou, então não foi nenhuma surpresa quando cheguei na faculdade e
tinha a informação que entrou através de uma bolsa, o que me espantou foi
ter sido uma bolsa para atletismo, como velocista.
Então percebi que tinha fotos dela em vários pódios desde nova.
Parecia que correr era uma paixão, o que explicava o corpo impecável que
ela possuía. Estava com mais curvas agora do que quando a conheci, mas
naquele dia o pouco tempo que tivemos no elevador me fez ter uma boa
noção do corpo que devia possuir, e isso foi suficiente para me fazer
lembrar dos beijos que trocamos. Passei tanto tempo pensando neles... Foi
só a merda de um beijo, mas parece que nenhum outro foi tão bom e de tirar
o fôlego como o dela. Agora eu a tenho tão perto, mas não posso jogá-la na
droga da parede e a beijar de verdade.
— Nossa, você está com uma expressão que eu não vejo há muito
tempo. O que aconteceu? — Dorothy me deu um susto.
— Eu nem vi você entrar.
— Bati e entrei como sempre faço, e você aí, com uma cara de
quem se lembrava de algo como se estivesse vendo na sua frente.
— Eu me distraí lembrando de uma pessoa e de uma determinada
situação que passamos. — falei, porque com Dorothy não dava para
esconder nada, mas ela sabia também até onde eu queria falar, só pela
minha resposta.
— Deve ser alguém importante, porque não é um jeito que te vejo
com frequência. Parecia sonhador. Seja quem for, que você encontre de
novo. Pode ser o que você está precisando. — disse com um sorrisinho no
rosto.
— Não estou pensando em nada disso agora, e tenho muito com que
me preocupar. Você veio repassar alguma coisa da agenda? — Mudei de
assunto porque não sabia o que pensar quanto àquilo tudo.
— Isso, tem algumas reuniões que eu preciso reorganizar, mas
queria fazer com você ciente. — Se sentou na minha frente para que
começássemos.
Organizamos tudo que Dorothy precisava e antes de entrar nos meus
compromissos de trabalho, terminei de olhar as informações da vida de
Sophia que Athena levantou. Pedi que avançasse mais um nível e trouxesse
maiores informações. Eu separava as informações em níveis para as buscas
que fazíamos, e o que eu descobri sobre ela não era suficiente, ainda tinha
curiosidade sobre algumas lacunas que ficaram.
Era um péssimo hábito que eu possuía: sempre cavar a vida das
pessoas que me cercavam. Depois do que passei com o Joshua não deixava
mais qualquer pessoa entrar sem eu saber tudo à sua volta. Mesmo sabendo
que caráter não ficava exposto nas pesquisas, eu conseguia ter mais
informações sobre as pessoas baseado nas atitudes que elas têm quando
acreditam que ninguém está vendo, e aí deixam rastros que eu sempre
descubro nessas pesquisas. Isso sim diz muito sobre elas.
O dia passou e eu nem senti. Foi particularmente estressante: muito
problema e pouca solução. Entendia completamente o meu pai ter tido um
infarto, ele era o tipo de pessoa que falava pouco sobre os problemas e aqui
ele acumulava muitos deles.
Se não fosse por Dorothy, eu nem teria comido nada no horário do
almoço. Simplesmente, impossível de parar, mas tinha plena consciência de
que precisava acabar tudo até às sete da noite, porque se não chegasse na
casa da minha mãe antes das oito, ela falaria até cair minhas orelhas.
Deixei algumas coisas para ver em casa, ainda teria algumas
reuniões com filiais que eram em outros países e devido ao fuso horário
acabava sendo a altas horas da noite.
Quando vestia meu terno para sair, David entrou na minha sala.
— Que bom que você já está pronto para sairmos. — disse me
esperando na porta.
— David, hoje eu não consigo. Estou indo para a casa da minha
mãe.
— Mas é pra lá mesmo que eu vou. Você achou que iria aproveitar a
comida dela sozinho? Você é um péssimo amigo. — falou colocando a mão
no peito e se fingindo ofendido.
— Deixa ela saber que só a comida dela é importante para você. Eu
achei que poderia aproveitar meus pais sozinho. Mas pelo visto não vou
conseguir, porque ela adotou você e a Karen. E cadê ela, que não está aqui
perturbando junto com você?
— Ela estava terminando um trabalho e disse que encontraria a
gente na garagem. E você nunca conseguiria viver sem a nossa companhia.
— me deu uma piscadinha.
Peguei as minhas coisas e nós fomos para o elevador. Chegamos na
garagem, e Karen estava encostada no carro de David.
— Achei que as princesas não desceriam mais. Susan já me enviou
uma mensagem perguntando se nós chegaríamos hoje. — falou dramática,
como só ela conseguia.
— Eu não sabia que teria companhia para o jantar, mas também não
sei como ainda esqueço que vocês são grudados na minha família. —
brinquei, porque eles eram o que eu tinha de mais importante, junto com
meus pais, os dois eram o meu alicerce.
Capítulo 9
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Theodore Rockefeller
Meu dia começou com o puro desespero. Não dormi direito à noite
pois eu precisaria ir ao banco na segunda-feira, tentar pegar algum
empréstimo. Não tinha confiança de que conseguiria porque, apesar de
pagar em dia o último que eu pedi, estava com a casa hipotecada e com
vários empréstimos em andamento.
Desde que papai ficou doente, Sarah precisou abandonar a
faculdade, porque o dinheiro que sustentava a casa era todo do trabalho
dele. O patrão, por “gostar” do meu pai, o deixou afastado para que
continuasse tendo direito ao seguro saúde. Porém, como não tinha mais
renda e mamãe não trabalhava, somente eu e Sarah que estávamos tentando
dar conta de tudo.
E eu me sentia cada vez mais incapaz por não conseguir ajudar com
tudo. Via minha irmã se matar de trabalhar e ganhar uma mixaria, e minha
mãe sem poder trabalhar porque precisava cuidar do meu pai.
Os remédios que tomava, por alguns serem biológicos[4], custavam
uma pequena fortuna. Quando tentamos diminuir as doses por não estarmos
mais conseguindo pagar, ele piorou e os exames mostraram que agora
precisaria fazer uma cirurgia para a retirada de um pedaço do intestino.
Eu orava todos os dias, para que aparecesse um anjo no meu
caminho para me ajudar, porque não sei por quanto tempo mais eu vou
conseguir e não quero perder ninguém da minha família.
Quando finalmente me levantei, percebi que Mary não estava no
apartamento, mas tinha deixado uma mensagem avisando que tinha ido
mais cedo para a casa dos pais, porque ia ter um evento. Ela até tinha me
chamado para ir junto, mas não aceitei pois não tinha cabeça para qualquer
coisa.
Terminei mais um trabalho extra que eu precisava entregar hoje e
pegar logo o dinheiro.
Cheguei um pouco atrasada no centro social, e as crianças já haviam
começado o treinamento com as demais voluntárias. Fiquei acompanhando-
os, porém, minha cabeça não focava ali.
Meu celular vibrou indicando uma mensagem de um número
desconhecido. Abri para ver quem era.
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Sarah: Irmã, papai vai ser transferido para o hospital mais caro
da cidade e vai operar amanhã de manhã! Não sei o que você fez,
mas deu certo! Mais tarde nos falamos e eu quero detalhes. Para
entender o seu milagre! Obrigada por isso, e espero que você não
tenha assaltado nenhum banco.
Theodore Rockefeller
Eu sabia que sobre a transferência estava tudo certo, mas não falei
mais com o meu advogado para saber sobre que dia eles marcariam a
cirurgia, então aproveitei o momento para puxar assunto com a minha
futura noiva por contrato.
Passados dez minutos ela me enviou uma resposta. Queria saber em
que momento eu passei a ficar ansioso para olhar uma mensagem!
Porém não gostava de esperar e esses míseros minutos me deixaram
impaciente.
Eu: Sei exatamente onde eles estão. Para isso que servem os
aviões, em uma hora e meia você está lá.
São coisas tão simples, eu não entendo por que complicar algo que
pode ser resolvido com facilidade, como pegar um voo, e estar rapidamente
nos lugares.
Eu: Se o seu problema todo estiver em ter que estar aqui, nossa
empresa aceita totalmente o home office. Somos uma empresa
de tecnologia, bem flexível, e tenho certeza de que Tyler não
vai se importar de você trabalhar da Carolina do Norte. E
acredito que até te dar folga seria algo muito tranquilo, porque
tenho certeza de que você deve ter feito horas extras nessas
últimas semanas devido ao projeto.
Nesse instante eu puxo o banco de horas do setor dela no sistema, e
é exatamente o que eu imaginei, ela tinha várias horas para tirar.
Ela estava digitando, porém nem esperei que terminasse e enviei
outra mensagem.
Sofia Clarck
Ainda estou abalada pelo que Theodore fez. Ele é igual aquelas
crianças mimadas que fazem o que querem, o que me preocupou um pouco
pelo tipo de relação que nós teremos nesses meses que passaremos juntos.
Ao mesmo tempo em que ele parece ser mimado, também aparenta ter um
bom coração, me deixando confusa.
Tyler foi super tranquilo quando falei com ele sobre a cirurgia do
meu pai, me liberando para folgar amanhã. Fiquei mais calma com isso, e
feliz por poder estar perto deles em um momento tão delicado. Vou
aproveitar para chegar de surpresa, para que minha mãe e irmã não me
questionem sobre como irei para lá.
Na saída do expediente, fui conversando com Mary e avisei a ela
que tenho algumas coisas acontecendo na minha vida e que explicarei
melhor quando voltar da Carolina do Norte, fazendo com que ela quase
morra de curiosidade. Mas ao ver o motorista de Theodore nos aguardando,
parece que tudo faz sentido na cabeça dela, pela cara que me olhou e eu não
tenho a mínima ideia de que tipo de associação ela fez, porém como ela é
uma pessoa apaixonada, imagino que deve ter sido a pior possível.
— Você não vai escapar de me explicar direitinho o que está
acontecendo, tá bem?! — ela falou baixinho enquanto entramos no carro.
Passamos todo o caminho de casa conversando coisas aleatórias, ela
tentou vez ou outra tirar alguma coisa, e eu permaneci quieta, não falaria
nada na frente de Gerald.
Assim que chegamos em frente ao nosso apartamento, avisei a ele
que eu arrumaria as coisas rapidinho e em meia hora, no máximo, iria
descer. Recebi apenas um acenar de cabeça. Ele era um homem realmente
calado, ou ainda não confiava o suficiente em mim para querer conversar
qualquer coisa.
— Fala logo pra mim o que está acontecendo entre você e o
Theodore. — Mary nem esperou entrarmos no prédio direito e já disparou a
falar.
— Eu prometo que vou te explicar tudo, amiga, mas por enquanto
você só precisa saber que estamos em um relacionamento. Agora
precisamos correr, porque tenho que me arrumar e a bolsa com as coisas
que preciso levar e você vai me ajudar. — falei enquanto subíamos as
escadas para o nosso apartamento.
— Você é uma safada! Ficou falando que não queria
relacionamentos, que eu que sou a apaixonadinha, não é mesmo... — ela
me encarou, cerrando os olhos, me julgando, mas ela não sustentou por
mais que cinco segundos e caiu na risada.
— Você é impossível, Mary! E ainda vai continuar sendo a
apaixonadinha. Eu e o Theodore estamos vivendo e vendo no que vai dar.
— desconversei, até que eu pensasse melhor no que falaríamos.
Não quero nem pensar sobre como será quando tiver que anunciar o
noivado. Elas vão achar muito estranho, porque eu sempre falei que não
queria nenhum relacionamento sério por agora.
Aproveitei que tinha pouco tempo para fugir dos questionamentos
da minha amiga. Ela me ajudou a separar tudo, tomei um banho e vesti uma
calça legging com uma camiseta de alças e peguei um casaquinho para usar
caso sentisse frio. Sempre gostei de viajar confortável.
Fui com Gerald até o hangar onde o avião de Theodore estava. Eu
imaginei que fosse um jatinho, porém era um avião grande e quando
entramos, eu fiquei boquiaberta. Era lindo e muito luxuoso. Nunca tinha
visto um avião particular por dentro. Ele era todo decorado em tons creme e
marrom, as poltronas pareciam aquelas que ficam no shopping em que você
coloca dinheiro e elas fazem massagem. Me sentia como uma criança no
parquinho pela primeira vez. O cheiro me envolveu de uma maneira que eu
não conseguia explicar, a sensação era de que transmitia tranquilidade. Me
pergunto se isso era possível...
A comissária me indicou onde Theodore me aguardava. Ele estava
sentado com o notebook na sua frente e antes que eu pudesse falar qualquer
coisa, ele me viu. Me olhou de cima a baixo, sem disfarçar.
— Boa noite, futura noiva!
— Boa noite, noivo de mentirinha! — já que ele estava nesse ritmo,
eu entraria na brincadeira também. Antes de me sentar à sua frente
conforme ele indicou, dei uma boa olhada nele, direitos iguais certo?!
— Vamos sair em alguns minutos, pode ficar à vontade no avião. Se
quiser, pode ficar aqui comigo, ou pode escolher alguma poltrona, ou se
preferir descansar, tem cama lá nos fundos. — ele disse, como quem fala
que tem uma bala no bolso.
Mas não era de se esperar menos, todo o avião gritava luxo, desde as
poltronas aos sofás grandes que pareciam muito confortáveis.
— Eu vou me sentar aqui na frente então, para não te atrapalhar. —
me levantei e sentei em uma poltrona que ficava no lado oposto à sua mesa,
assim poderia observá-lo discretamente.
Nós levantamos voo e eu acabei pegando no sono. Senti uma mão
me tocando de forma suave, abri meus olhos devagar, vendo Theodore me
acordando. Percebi que tinha um cobertor em cima de mim, mas não senti
ninguém me cobrindo. Fiquei me perguntando se foi ele ou a comissária.
— Sophia, vamos jantar. Acredito que você não teve tempo para
comer e deve estar com fome.
— Sim, não consegui comer, estava em cima da hora quando
cheguei em casa. — fui em direção à mesa e me sentei na sua frente.
A aeromoça me passou as opções disponíveis, eu preferi pegar uma
salada e frango grelhado, não comeria nada muito pesado àquela hora da
noite, senão depois não conseguiria dormir direito.
Ela trouxe os nossos pratos e reparei que Theodore estava comendo
massa.
— Como você não passa mal comendo massa a essa hora?
— Porque já me acostumei e até que a gente vá dormir ainda tem
algumas horas, então não me faz mal.
— Entendi — aproveitei para perguntar sobre a coberta. — Foi você
quem me cobriu? Eu acabei pegando no sono.
— Sim, você estava toda encolhida na poltrona, imaginei que
poderia estar com frio. Algum problema com isso?
— Não, foi só para saber mesmo. — Ele me intrigava com algumas
atitudes.
Jantamos enquanto falávamos algumas amenidades e estávamos
discutindo sobre que história contaríamos para justificar nosso noivado tão
repentino.
Por fim, decidimos que contaríamos que nos conhecemos fora da
empresa, nos apaixonamos perdidamente e por isso o noivado seria tão
rápido. Eu estava um pouco desconfortável, pois sabia que poderia haver
muita desconfiança.
— Lógico que essa história vai convencer, olha pra mim! Quantas
mulheres não gostariam de se casar comigo? — ele apontou pro próprio
corpo e finalizou com uma piscadinha.
— Posso imaginar que tenham muitas, sim, afinal, você não é de se
jogar fora, mas vai ser difícil convencer a minha família de que eu estou
perdidamente apaixonada por você.
— Acho que eu sou um pacote completo, sua família vai se
convencer fácil. Não precisa bancar a difícil comigo. — Ele era muito
convencido, já estou vendo que vou sofrer sem poder esganá-lo.
— Elas vão pensar que você tem um pau de ouro, só assim para que
eu aceitasse me casar com você tão rápido. — falei sem paciência, e me
arrependi no segundo seguinte ao que as palavras saíram da minha boca.
— Nossa, você é tão difícil assim? A ponto de pensarem que eu te
prendi porque o sexo comigo seria o melhor da sua vida? — ele ergueu a
sobrancelha em questionamento.
— Digamos que eu não tenho planos de me casar, ou sequer de ter
um relacionamento sério. E todos eles sabem disso, então é bem provável
que pensem algo do tipo, sim. — falei um pouco mais baixo, não queria me
expor tanto.
— Eles vão pensar certo. Com certeza, eu seria o melhor sexo da
sua vida. — disse, e eu não tive como não cair na risada.
— Cuidado que eu posso dizer que você me pediu em casamento
justamente por não aguentar ficar longe de mim. De repente, eu é que posso
ser o melhor sexo da sua vida. Afinal, o pedido de casamento foi seu. —
Dei o meu melhor sorriso sacana e voltei para a poltrona que estava antes,
deixando que ele continuasse a trabalhar.
Percebi que ele sempre me dava algumas olhadas de canto de olho,
mas nunca parava o que estava fazendo. Lembrei de ter lido algo sobre ele
ter se separado da namorada por trabalhar demais e eu não duvidei que seria
verdade.
Em determinado momento, ele começou a me olhar diretamente e eu
não desviei meu. Ficamos assim por algum tempo até que ele pareceu
avaliar cada pedaço do meu corpo, como se imaginasse o que tem por baixo
das roupas.
— Está pensando que eu posso ser realmente o melhor sexo da sua
vida? — falei com um meio sorriso.
— Com certeza eu posso chegar a essa conclusão, mas digamos que
eu preciso provar, eu trabalho com fatos apenas. — ele disse com a voz
mais rouca, que trouxe um arrepio à minha pele.
Ele se levantou e veio na minha direção, me estendeu a mão como
se me pedisse permissão e eu apenas me levantei e a toquei. No mesmo
instante, me puxou para perto, colando nossos corpos, aproveitei para subir
a mão lentamente por seu peito até chegar no seu pescoço. Então olhei em
seus olhos e encontrei um desejo que não esperava, imagino que estava
transmitindo o mesmo desejo nos meus.
Encurtando a nossa distância, ele me beijou. Começou de forma
calma, sua língua foi pedindo passagem, aprofundando o beijo, que foi
ficando cada vez mais urgente. Me segurando pela cintura, aquelas mãos
grandes me apertaram de um jeito firme como se eu pudesse fugir a
qualquer momento, e eu arranhei seu pescoço, querendo aumentar o nosso
contato.
Só paramos quando o ar nos faltou, e ele desceu por meu pescoço
distribuindo beijos até em cima dos meus seios, que já pesavam de desejo.
Ele olhou nos meus olhos como se pedindo permissão, eu só assenti. Com
isso ele abaixou as alças da minha camiseta e chupou o meu peito com
desejo, enquanto pinçava o outro. Eu, que já me sentia completamente
desejosa, desci minha mão até a sua calça e ele estava totalmente duro sob o
tecido, me fazendo ansiar por ele dentro de mim agora.
Puxei seu cabelo, voltando a beijá-lo enquanto tentava desabotoar os
botões da sua blusa. Ele me puxou para o sofá, sentei em cima dele. Mesmo
com ele ainda vestido, conseguia sentir toda a sua extensão. Eu arranhei
aquele peito malhado, terminei de tirar a minha blusa e sentir sua pele
contra a minha estava me arrepiando e me excitando ainda mais.
— Se eu enfiar minha mão dentro da sua calcinha agora, ela vai
estar totalmente encharcada pra mim, Sophia? — ele sussurrou no meu
ouvido.
— Sim, eu agora só quero que você arranque a minha calça e entre
em mim.
— Nossa, pedindo desse jeito não tem como negar, mas primeiro eu
quero te provar, imagino que o seu sabor deve ser sem igual.
Ele me tirou de cima dele, me deitando no sofá, e foi me beijando e
chupando em cada pedacinho do meu corpo, e eu gemia sem me importar
que não estávamos sozinhos naquele avião.
Só queria ter sua boca e língua em mim, estava me sentindo chorar
pela antecipação... E não era pelos olhos.
— Sophia, você está bem?
Abri meus olhos, confusa. Havia um Theodore na minha frente,
totalmente vestido, e com um olhar tão confuso quanto eu.
Não acredito que eu estava sonhando com o meu chefe!
E pior ainda, que ele estava pronto para me chupar, e eu me sentia
molhada com a possibilidade.
Capítulo 15
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Sophia havia saído e era perceptível que ela estava tensa. Pedi que
Gerald a levasse e após viesse me buscar, enquanto isso eu adiantava
algumas pendências. Parecia que nunca conseguiria parar de trabalhar,
quando fechava uma lista de pendências já havia mais duas me esperando.
Preciso melhorar isso com urgência.
Assim que Gerald voltou, nós fomos direto para a filial da Carolina
do Norte, e é impressionante como os funcionários, quando me vêem, se
assustam por não saberem que estaria ali hoje. Sempre gostei dessa
sensação, a correria e eles perdidos sem saber o que fazer. São nesses
momentos que eu mais pegava coisas erradas.
Subi para a sala da gerência e a secretária me cumprimentou e
avisou que o Tedd já estava me aguardando. Aqui, eu confesso que não
tinha muitos problemas, inclusive ele era cotado para uma futura gerência
regional.
— Bom dia, Theodore! Não te esperava por aqui hoje.
— Bom dia, Tedd, eu tinha algumas coisas para resolver na cidade e
aproveitei para fazer uma visita, sabe que eu sempre gosto de ver como as
coisas estão indo.
— Sei bem disso. Podemos fazer uma reunião que eu te atualizo de
tudo.
— Claro, vou ver como Dorothy deixou minha agenda e nós nos
organizamos.
Era óbvio que ela tinha deixado o primeiro horário para que eu
conversasse com ele. Eu não sei o que farei quando Dorothy resolver se
aposentar.
Estava na reunião, mas minha cabeça sempre voltava para Sophia,
me perguntando se ela estava bem. Me preocupava se a cirurgia iria dar
certo e, se não desse, como ela ficaria. Eu sei o quanto é difícil. Eu e
mamãe passamos por isso quando papai adoeceu e precisou operar o
coração, nós achamos que o perderíamos.
Tedd teve que me chamar atenção umas duas vezes durante a
reunião. Chegou a me perguntar se eu estava bem, porque não era o meu
normal, então me forcei a prestar atenção no que fazia.
Mais tarde, meus amigos me enviaram mensagens no nosso grupo.
Estavam curiosos sobre o que eu tinha feito, pois ainda não tinha contado
quem era a pessoa com quem eu firmei o contrato. Decidi que era melhor
que eles soubessem logo e fizemos uma chamada de vídeo.
— Escolhi a pessoa sim, e inclusive, já assinamos o contrato. — abri
a chamada falando, para que eles parassem de me encher.
— Não acredito nisso. Você não iria nos contar? Que péssimo amigo
você é! — Karen parecia ofendida, mas era puro fingimento.
— Isso porque a minha ideia era péssima, não é mesmo? — David
se gabou.
Já mencionei que tenho dois amigos extremamente dramáticos?
— Claro que eu iria contar, assinamos ontem o contrato, porém em
contrapartida, dei a ela algo que era urgente.
— O que era? Comprar o carro do ano, ou um guarda-roupa novo?
— Karen debochou.
— Karen você nem sabe quem é, como pode julgar isso? Logo
você? A pessoa que eu escolhi é a Sophia Clarck. — falei, porque Karen
sempre defendia que não deveríamos julgar as pessoas sem conhecer.
Falávamos que ela era defensora das minorias, porque sempre estava metida
com alguma causa ou projeto social, eu inclusive a deixava à frente dos
projetos que a minha família tinha e cujos os recursos saíam da empresa ou
minha fortuna pessoal.
— Do marketing? Que fez a última campanha que nós lançamos? —
David pareceu um pouco incrédulo.
— Ela mesmo.
— Pelo menos ela é mais bonita que a Lauren. Ela vai morrer de
ciúmes de você quando souber. — ele riu enquanto parecia se lembrar de
Sophia — E parece ser uma excelente profissional. A campanha dela é um
sucesso. Mas também, eu que criei o produto, então não é pra menos, não
é? — David sempre dava um jeitinho de exaltar o seu trabalho, não tinha
como não rir.
— Sim, ela é linda, mas nosso contrato é puramente profissional. Só
vocês dois sabem da existência dele, então permaneçam quietos, nem
mamãe vai saber. — avisei, porque os dois eram fofoqueiros quando se
juntavam com a minha mãe — Karen, você ficou quieta, no que está
pensando?
— Me desculpa, eu realmente não posso julgar a garota sem
conhecer, mas a sua última escolha não foi das melhores, né? Vou dar uma
olhadinha sobre quem é. E o que foi de tão urgente que fez ela aceitar sua
proposta maluca?
— Foi uma questão familiar, o pai está doente. Por isso a urgência,
ele precisou fazer uma cirurgia.
— Por isso você foi para a Carolina do Norte? Acabei de ver que ela
é nascida aí. — Karen falou.
— Sim, por isso estamos aqui. Você está puxando o histórico dela,
Karen?
— Caramba! Nem deixou tempo para nada, Karen você é
impossível. — David disse, soltando um assobio.
— Claro, eu era a única que não a conhecia. E vamos combinar,
puxei fotos dela, e ela é gostosa pra caralho, hein. — ela estava fazendo
uma cara de apreciação para a tela do note — Que pena pra você que o
contrato é só profissional. Acho que precisamos ser apresentadas o mais
rápido possível, vai que ela curte uma morena ao invés do gatinho do olho
azul aí? — ela disse e piscou para mim.
— Eu não vou nem te falar nada. — Fechei minha cara, porque não
estava gostando do rumo da conversa — Preciso trabalhar. Nós vamos
jantar com a minha mãe essa semana e imagino que ela vá chamar vocês.
Acho que ter vocês lá vai ser bom pra minha mãe não assustá-la com um
monte de perguntas.
— Vamos, sim. — meus amigos responderam em uníssono.
— Perfeito, nos falamos depois. — Terminei a chamada e tentei
focar no trabalho.
Não sei o porquê de ter ficado incomodado com a última fala da
Karen. Sabia que Sophia era muito gostosa, realmente, e beijava muito bem.
Pensar nela com a minha amiga não me dava uma sensação boa, era algo
como uma perda. Mas como poderia ter sentimento de perda sobre alguém
que não era nada minha?!
Pensando em tudo isso, lembrei que eu precisava comprar uma
aliança com urgência para ela. Mandei uma mensagem no grupo e pedi pros
meus amigos desocupados comprarem pra mim. Sempre contava com o
bom gosto deles quando precisava comprar algo para Lauren. Sempre fui
péssimo em escolher presentes.
O restante do dia passou como um borrão, em que me forcei a
prestar atenção no que estava fazendo. Sophia havia me falado que o pai já
tinha saído da cirurgia e que tinha corrido tudo bem. Decidi terminar o meu
dia e ir ao hospital buscá-la para que pudéssemos resolver se era necessário
ficar mais um dia aqui ou se poderíamos ir embora.
Cheguei com Gerald na recepção do hospital e procurei por Sophia,
mas só vi sua irmã e mãe. Sentia todos os olhos em mim, como se fosse um
alienígena. Sei que minha altura geralmente chama atenção e olhando em
volta, eu era a única pessoa com roupas formais, acho que isso acabou
atraindo mais olhares ainda.
Peguei meu telefone para mandar uma mensagem a Sophia avisando
que estava ali, mas antes mesmo de terminar, levantei meus olhos e tinha
uma Sophia muito sorridente vindo correndo na minha direção. Ela se jogou
nos meus braços e, se não tivesse força, poderíamos ter ido os dois parar no
chão.
Ela me abraçou apertado enquanto a segurava, não entendi muito
bem o que estava acontecendo.
— Está tudo bem com seu pai?
— Sim, desculpa pular assim em você, mas é que eu estou tão feliz
que ele está bem e que a cirurgia foi um sucesso. Eu só queria te agradecer
pelo que fez. — ela disse, ainda me abraçando.
Me afastei um pouco para olhar nos seus olhos, uma mistura de mel
e verde, mesmo com lágrimas se formando estavam transmitindo muita
felicidade.
— Tudo bem, não precisa me agradecer. Você também está me
ajudando, fico feliz que seu pai está bem.
Ela se soltou e percebi que ficou um pouco sem jeito. Mas aquela
mulher que pulou empolgada em cima de mim, era definitivamente a
Sophia de verdade.
Sua mãe e irmã nos olhavam sem entender nada. Notei que ela
estava nervosa com a situação, então segurei sua mão e nos aproximamos
delas.
— Minha filha, está tudo bem? Me assustei com você pulando em
cima desse moço assim.
— Tá sim, mãe! Só me empolguei pela cirurgia ter corrido bem e
por papai estar bem agora, aí acabei pulando em Theodore. Quero
apresentar para vocês meu namorado, Theodore Rockefeller.
— Theodore, essas são minha mãe, Margareth, e minha irmã, Sarah.
Nos cumprimentamos.
— É um prazer finalmente conhecê-las. Sophia sempre fala de
vocês. É uma pena que não estamos em uma situação melhor, gostaria de
conhecer a família toda. — falei, tentando soar como se ela realmente já
tivesse falado muito deles.
— É uma pena que nós não tínhamos ouvido falar de você até hoje,
não é mesmo, irmã? — Sarah ainda parecia desconfiada do nosso
envolvimento.
— Você sabe que a sua irmã não é a mais falante quando o assunto é
relacionamento. — A mãe defendeu, e eu pensei que ela pode ter tido
algum relacionamento no passado que a traumatizou.
Quando Sophia ia responder, apareceu uma mulher meio
espalhafatosa, falando alto.
— NOSSA! POR QUE NÃO ME AVISARAM MAIS CEDO QUE
PAUL JÁ TINHA FEITO A CIRURGIA? — ela gritava tanto que nem
parecia que estava no hospital, e só baixou o tom quando Margareth a
encarou — Fiquei sabendo por terceiros. — finalizou diminuindo bons
decibéis.
— Nós só pudemos entrar agora para vê-lo, Cintia, ainda não
tivemos tempo de falar com ninguém. Estamos aqui o dia todo, se você
quisesse ser a primeira a saber, estaria aqui esperando. — a mãe de Sophia
respondeu, eu fiquei sem entender nada.
— Ah, claro! Porque eu sou uma desocupada para ficar o dia todo
aqui, né? Inclusive de onde veio o dinheiro para pagar por esse hospital
para o meu irmão? Uma das suas filhas está rodando bolsinha, Margareth?
— a mulher amarga era tia da Sophia, não permitiria que ela falasse dessa
forma, era notável que nenhuma delas estava confortável com a tia.
— Olha como você fala das minhas filhas. Você está no hospital,
acho melhor ir embora. — Margareth respondeu baixo e polida.
— A senhora não pode vir aqui e falar assim de Sophia ou Sarah.
Tenha o mínimo de respeito. O que foi ou deixou de ser feito não lhe diz
respeito. Se o dinheiro não está saindo da sua conta, você não tem que dar
palpite. Acho melhor seguir o que minha sogra falou e ir embora, para não
passar mais vergonha. — falei baixo e sério, para que entendesse que não
estava para brincadeiras ali. Ela que, até então, não tinha me dado atenção,
virou em minha direção me medindo de cima a baixo.
— Eu vou, porque sei quando não sou bem-vinda. — ela falou se
virando para ir embora e depois sussurrou, mas eu escutei: — Claro que
uma dessas putas tá dando pro bacana.
— Não liga pra ela. Sabe que ela sempre tem que causar com
alguma coisa. — Sarah falou.
— Você acabou conhecendo mais uma parte da minha família,
querido. — Sophia disse, parecendo sem jeito.
— Família nem sempre é fácil de lidar. Você já viu se vai querer
ficar mais, ou se quer ir hoje? — questiono, mudando o assunto, para que
ela não fique desconfortável.
— Podemos ir hoje. Papai está bem. Agora são só os cuidados do
pós-operatório e como eu não poderei fazer muito daqui, prefiro não me
afastar do trabalho.
— Ok, vou avisar ao piloto para ver a disponibilidade do voo. —
Elas me olharam achando estranho, acredito que Sophia não tenha falado
sobre a minha condição financeira. Avisei ao piloto e ele já estava
verificando para que pudéssemos ir.
Nos despedimos das duas, Sophia parecia querer sair correndo dali.
Voltamos para o hotel para nos arrumarmos e pegar as nossas coisas.
Sophia fez todo o caminho em silêncio. Na hora em que paramos na
frente do elevador percebi que ela deu uma leve encolhida nos ombros.
Antes de entrarmos eu segurei sua mão. As portas abriram e fiz o mesmo
que da última vez.
— Olhe pra mim, Sophia, e respire. — ela só assentiu, fazendo
exatamente o que pedi.
Eu sempre me perdia olhando os seus olhos, eles transmitiam um
sentimento que eu não conseguia entender.
Capítulo 17
Sophia Clarck
Era bom que eu falaria de uma vez para as duas, sem precisar
explicar mais vezes.
Entrei em casa e encontrei Mary jogada no sofá.
— Amiga, como está seu pai? Como foi a cirurgia? Você não
respondeu às minhas mensagens.
— Desculpa, eu estava sem cabeça. Somente agora que eu respondi
a Claire também, inclusive ela está vindo pra cá. E sobre papai, ele está
bem, a cirurgia foi um sucesso, a médica acredita que em três dias ele
poderá ter alta e ir se recuperar em casa. Só precisará fazer o
acompanhamento no hospital, com ele tomando os remédios corretos vai
ficar bem em alguns meses.
— Que notícia incrível, temos que brindar! — Mary, era a pessoa
mais alto astral que eu conhecia, ela queria sempre comemorar tudo, e
acabava contagiando a gente!
— Sim, Claire deve estar chegando, aí brindaremos nós três! Vou
tomar um banho e já volto. — falei correndo para o banheiro, antes que ela
começasse a perguntar demais.
Tomei um banho e relaxei. Theodore sempre me deixava à vontade e
ao mesmo tempo tensa com a sua presença. Entrar naquele avião depois do
meu sonho foi uma tortura. Preciso mesmo aliviar minha tensão, mas não
com um banho...
Vesti um pijama e quando entrei na sala minhas amigas fofocavam,
eu escutei meu nome.
— Ok, o assunto chegou, então podem desembuchar o que está
acontecendo.
Claire pulou em mim me abraçando apertado e depois enfiou seu
telefone na minha cara mostrando minha foto e de Theodore no hotel de
mãos dadas, com uma matéria que perguntava se o bilionário da tecnologia
estava apaixonado.
— Então seu noivo é o dono da empresa? — Claire perguntou.
— Oi? Noivo, como assim? — Mary estava surpresa.
— Vamos sentar que eu explico tudo para as duas de uma vez só.
Contei pra elas a história que combinei com Theodore e elas
pareciam um misto de “acredito” e ao mesmo tempo “isso tá muito mal
contado”.
— Resumindo, o cara deve ter um pau de ouro, né? Porque até
alguns meses atrás você nem queria saber de namorar e agora vai casar, isso
é surreal! — Claire era totalmente previsível.
Sabia que ela acharia que o sexo com Theodore era incrível.
— Sim, esse foi o único motivo que me fez aceitar a proposta dele.
O super pau do meu noivo. Fala sério, né? Ele é mais do que sexo.
— Isso mesmo, não pode resumir ele a só isso, apesar de não ter
muito contato, sempre ouvi que o Sr. Theodore era um homem de bom
coração, com quem ele gosta, claro. — Mary falou, rindo. — Mas ele ter se
apaixonado pela nossa amiga é algo muito fácil de acontecer, vamos
combinar.
— E eu estava olhando fotos dele aqui na internet e continuo com a
minha tese que ele te prendeu pelo sexo, Soph! O homem é um deus!
Caramba, ele não tem um irmão para me apresentar?
— Para de babar no meu homem — peguei o telefone da mão dela,
olhei quais fotos dele ela estava vendo e acabei babando junto. Puta que
pariu! Precisa ser tão gostoso assim? — Ele é gostoso mesmo, não posso
nem esconder ele em uma caixinha só pra mim.
— Não faça isso, seria uma tragédia para o mundo! — Claire falou
fingindo ofensa, o que fez nós três rirmos. — Sabe o que eu lembrei agora
olhando as fotos? Ele ficou me devendo uma entrevista.
— Que entrevista? Não sabia que você conhecia ele.
— Foi aquela da faculdade, que você me ajudou, na verdade ele não
compareceu, por isso ficou me devendo. Se eu tivesse trabalhando com isso
hoje, eu aproveitaria de você pra conseguir.
— Só você mesmo. Mas sabe que se precisar de ajuda eu tô aqui. —
Claire me abraçou de lado, porque sabia que sempre nos apoiaremos. —
Vamos fazer uma festa de noivado na semana que vem e vocês vão comigo.
Inclusive no fim de semana preciso de ajuda para comprar uma roupa, estou
nervosa.
— Claro que vamos! Ah, eu estou tão feliz por você, querida!
Espero que ele seja o seu príncipe. Vou pegar a bebida para nós brindarmos.
— Mary foi em direção à cozinha saltitando.
— Eu ainda me pergunto em que momento nós a encontramos, e ela
se encaixou junto comigo e você — Claire estava olhando Mary e rindo. —
Mas você não me escapa, tá? Essa história de príncipe convence a ela, a
mim não. Sei que tem mais coisa aí. E eu só espero que você esteja certa do
que está fazendo. — ela disse mais baixo para que somente eu escutasse.
— Estou sim, por enquanto tudo que você precisa saber é o que eu
contei. — sussurrei.
— Ah, eu esqueci de contar para vocês, conseguimos um prédio
novo para o projeto social! Estou tão feliz, meninas! — digo mais alto, elas
sabem o quanto o projeto é importante pra mim, então pularam em mim, me
abraçando.
Brindei ao meu “noivado”, à vida do meu pai e ao novo espaço do
projeto com as minhas amigas. Elas eram o que eu tinha de mais
importante. Esperava que agora, finalmente, a minha vida virasse a chave
para as coisas boas.
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Esse era um jogo que dois poderiam jogar, e eu não gosto de perder.
Capítulo 22
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Não era sonho, realmente ele deitou comigo, não sei que horas, mas
ficou até a hora de pousarmos. Quando saímos do quarto para o pouso, o
avião estava silencioso, acredito que o voo, por mais confortável que fosse,
ainda tenha deixado todos cansados.
Logo que desembarcamos, tinha alguns Rolls-Royce a postos, nos
esperando, o que não me surpreendeu. Depois questionaria se ele era sócio
da marca, para só usar carros deles, apesar de que na sua garagem haviam
outras marcas, pelo que eu observei rapidamente quando estive lá.
Fui em um com Karen, Theo e Gerald dirigindo. Seguimos o
caminho em silêncio, observando a paisagem, e fiquei feliz porque sempre
quis conhecer Paris.
— Já tinha vindo à França antes? — Karen me perguntou.
— Não, na verdade era um sonho. Posso riscar da minha listinha
agora, mesmo que tenha vindo a trabalho.
— Listinha de sonhos? — Karen sempre arrumava algo para
implicar, e nem havia percebido que falei sobre minha lista, acho que todo
mundo tem uma.
— Isso, tipo o que eu quero fazer antes de morrer. Todo mundo tem
uma, não? — Tentei normalizar.
— Eu não tenho. — Theo se intrometeu.
— Você é chato, Theodore. Eu tenho algumas coisinhas que quero
fazer também.
— Você não tem uma listinha porque trabalha demais, não tem
tempo pra mais nada, e outro ponto, tem dinheiro suficiente pra fazer o que
quiser, na hora que bem entender. — falei para ele.
— Faz sentido. Nunca pensei nisso, sempre que quis algo, eu
simplesmente tive. — Ele era arrogante sem fazer esforço, percebi que ele
nem notava o quanto isso soava prepotente.
Percebi que Karen revirou os olhos para ele.
— Maravilha, Senhor Bilionário. Esquece ele, Soph. Me diz o que
você gostaria de conhecer, de repente a gente consegue fugir um pouquinho.
— Me sinto até besta, porque são alguns lugares simples como a
Galerie Vivienne, Parc des Buttes-Chaumont, La Promenade Plantée, entre
outros, e claro que os clássicos também a Torre, o Louvre, enfim. — Fiquei
um pouco sem graça, pela cara que a Karen me olhou, alternando entre me
olhar e mexer no celular.
— Nossa, alguns eu não conhecia, as imagens são lindas, podemos
tentar ir em alguns com certeza. — ela terminou de falar, assim que
chegamos no hotel.
— Obrigada por isso, Karen, significa muito para mim.
Ter alguém que se importa com seus sonhos, por mais simples que
sejam, é algo muito importante para mim. Até hoje, só tive as meninas que
faziam de tudo por mim, assim como também fazia por elas.
Saímos do carro e Theo colocou seu terno sobre meus ombros, acho
que ele não quer ninguém olhando para minhas roupas, ou a falta delas, no
caso.
Na recepção, pegamos o cartão e fomos para o elevador, pelo que
entendi, era um dos hotéis que meu noivo de mentirinha sempre ficava,
então ele já tinha os seus contatos lá. Estava tão cansada que, quando
entramos no elevador, só me encostei nele e fechei os olhos.
Quando entramos na suíte luxuosa, percebi que era somente uma,
não era separado como na Carolina do Norte, mas acho que à essa altura já
estamos confortáveis em dividir a mesma cama.
— Sophia, vamos tomar um café e depois descansar um pouco,
porque ainda precisamos ir à empresa hoje.
É impressionante como para ele era tudo normal, dividir a mesma
cama era algo simples, tanto que ele nem fez questão de comentar nada.
— Claro, na minha cabeça ainda estou programada para dormir, mas
a mesa com café está bonita, acho que me deu fome sentir o cheiro.
A mesa realmente estava bela, havia pães, waffles, croissants, frios,
frutas, café, leite, suco, fatias de bolo e alguns docinhos.
Comi waffles com frutas e mascarpone e um suco, se tomasse café
agora não dormiria. Aproveitei também os doces, parecia criança quando o
assunto era doce, simplesmente amava.
Estava na minha última travessura adocicada, uma fatia suculenta de
bolo de chocolate e para o meu deleite tinha uma calda de chocolate, para
colocar por cima. Só que acabei exagerando no chocolate, quando fui levar
à boca acabei fazendo o que eu faço de melhor: trapalhadas!
— Droga! — falei percebendo que havia me sujado e também a
camisa do Theo!
— Precisando de ajuda aí, Senhorita Chocolate?
Tentei limpar a camisa, mas percebi que só estava piorando a
situação. Céus, como posso fazer essas coisas assim?
— Me desculpe pela camisa, vou ver se aqui no hotel eles limpam.
— Devia custar uma pequena fortuna aquele pano que eu estava vestida.
— Não tem problema, acho que se você tirar pode ser melhor para
tentar limpar o excesso de chocolate. — ele falou sério, fazia sentido.
Levantei-me e tirei a blusa, me esquecendo que por baixo eu só
estava com um short.
Merda, esse filho da mãe me enganou!
— Bem melhor agora!
— Theodore, você é péssimo, sabia? — estava pronta para vestir a
blusa de volta, quando ele parou na minha frente, segurou minha cabeça,
me fazendo olhar naqueles olhos, que sempre me levavam à perdição.
Achei que ele me beijaria, mas ele lambeu o canto da minha boca.
— Chocolate na sua pele tem um sabor melhor do que eu poderia
imaginar. — Ele me beijou e pude sentir o gosto adocicado. Parecia querer
sentir tudo de mim pela minha boca, foi aumentando a intensidade enquanto
aprofundava o beijo e dava mordidas nos meus lábios.
Diminuímos o ritmo até parar e finalmente ele me olhar. Eu
enxerguei naquele mar azul o mais puro desejo.
Theo me fazia sentir a mulher mais bonita e desejada do mundo, eu
não precisava fazer nenhum esforço. Não me sentia vulgar ou que estava o
instigando a isso, ele simplesmente me olhava e eu me sentia assim, mesmo
quando não era um olhar sexual, era diferente de tudo que eu já vivi.
— Eu tive uma ideia pra terminar o café. — Ele pegou na mesa o
chocolate e derramou um pouco em cima do meu peito, senti escorrer até
quase o bico que já estava intumescido. Quando sua língua me tocou, minha
pele se arrepiou inteira, ele subiu lambendo o caminho que ele fez. Nesse
momento minha vontade era que fizesse isso no meu corpo inteiro.
Porra, ele estava me viciando na sua boca e em todas as sensações
que ela me trazia.
— Eu acho que gostei muito da sua ideia.
Ele me olhou, me pegando pela mão e levando para o quarto com o
chocolate a tira colo, acredito que não vamos dormir nos próximos minutos.
Capítulo 24
Sophia Clarck
Se em algum momento eu me
apaixonar, sei que será por você
É você, é sempre você
Conheci muitas pessoas, mas
ninguém é como você
Então, por favor, não quebre meu coração
Não me destrua
Eu sei como isso começa, confie em mim,
já me machuquei antes
Não me quebre de novo, sou delicado
It’s You - Ali Gatie
Acordei um pouco desnorteada com o despertador de Theodore
tocando. Fizemos uma verdadeira bagunça, eu nunca mais vou conseguir
comer chocolate sem pensar em tudo que esse homem fez comigo há
algumas horas.
Por Deus, tinha que ser justamente no sabor da minha sobremesa
favorita? É carma, só pode ser, para que eu me lembre dele para o resto da
minha vida, maldito!
Ele desligou o barulho e me olhou como se estivesse lembrando da
mesma coisa que eu.
— Minha boca ainda tem gosto de chocolate. — sussurrou no meu
ouvido, finalizando com uma mordida e se levantou. — O que você está
fazendo comigo? — ele falou mais baixo, porém consegui entender.
— O que você disse? — instiguei, porque eu também tinha o mesmo
questionamento na minha cabeça, ele estava estragando o sexo para mim, ia
ser tão difícil encontrar alguém como ele.
— Que as suas roupas estão no closet, pode ficar à vontade, no
banheiro tem itens de higiene. — ele disse e sumiu rapidamente no
banheiro.
Esse filho da mãe não vai me escapar.
Levantei e fui escolher alguma coisa para vestir, tinha muita coisa
ali. Esse homem é completamente louco. Não tenho ideia de como vou
levar tudo isso para Nova Iorque e menos ainda de onde vou guardar.
Vou viver um problema de cada vez. Esse seria para a Sophia do
futuro, nem sei ainda quando iremos voltar.
Separei um conjunto de blazer e calça social preto, com uma blusa
branca por baixo. Estava um clima fresco em Paris nessa época do ano.
Fiquei impressionada como ele soube passar minhas medidas certas,
tudo ali parecia ter o meu tamanho. Até os sapatos eram o meu número e eu
agradeci mentalmente por isso.
Fui para o banheiro e Theodore estava saindo com a toalha enrolada
na cintura, a água escorrendo pelo seu dorso era algo que quase me fazia
babar, aquele homem era uma tentação.
Precisava ser tão gostoso assim?
Preciso me controlar!
Olhei onde ele disse que estavam os produtos de higiene e era até
um pecado falar isso, porque tinha absolutamente TUDO ali. Todo tipo de
item de higiene, de skincare, as melhores marcas, exatamente tudo pro meu
tipo de pele. Eu estava em choque, o mais completo choque.
— Sophia, o que foi? Não era o que você precisava? — Percebi ele
preocupado.
— Não, é justamente o contrário. Tem tudo que eu preciso e mais
um pouco. Como você soube pedir os produtos pro meu tipo de pele e
cabelo? — quis saber como ele pôde acertar tanto.
— Simples, pedi que a personal shopper comprasse tudo que fosse
preciso para uma pessoa que tem uma pele de pêssego e um cabelo lindo e
cheiroso.
— É sério!
— Ok, talvez tenha tido alguma ajuda, mas isso são detalhes. — ele
deu de ombros. — Não dá pra entender de tudo, não é mesmo? Melhor você
se arrumar, se não nos atrasaremos para o horário que combinamos.
— Tudo bem! Seja lá quem te ajudou, agradeça por mim, e obrigada
a você também. Por mais que tenha me trazido basicamente pelada para a
França, não precisava comprar tanta coisa. — Precisei realmente agradecer
porque ali tinha muito mais coisa do que eu usava. Sempre gostei de cuidar
de mim, mas fazia somente o básico que meu orçamento permitia.
— Já te disse que vou te dar tudo, Sophia. Não precisa se preocupar.
Vou pedir algo para comermos enquanto você se arruma. — disse e saiu.
Corri para me arrumar e não nos atrasarmos, sabia que ele detestava
atrasos.
Me aproximei de Theodore, que tinha uma cara não muito amigável.
Olhei no relógio e eu estava em tempo, então não era comigo.
— O que houve? — perguntei me sentando à mesa, que estava com
alguns lanches e saladas. Pelo horário seria para almoçarmos, mas o jet lag
estava me deixando meio confusa ainda.
— Olhe o que vamos ter que enfrentar. — Ele virou o telefone em
minha direção mostrando uma matéria com título sensacionalista sobre nós
dois e o vazamento de dados, como se uma coisa pudesse estar relacionada
com a outra. — Como se tudo que nós já estivéssemos fazendo fosse pouco,
mas vou descobrir quem inventou isso e acabar com a pessoa.
— Ok, nós sabíamos que nosso relacionamento entraria em pauta
em algum momento. Nós só precisamos pensar com calma, tentar fazer a
imprensa jogar do nosso lado.
Percebi que ele estava tomado pelo ódio. Se quem escreveu a
matéria aparecesse na sua frente, com certeza ele mataria. Esse era um lado
dele que eu não fazia questão de presenciar.
— Por isso que eu prefiro máquinas a pessoas.
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
O dia estava uma correria, como sempre. O que não fazia com que
eu me esquecesse da noite que tive com Sophia ontem. Quase não
dormimos. Foi uma ótima despedida de Paris.
Se eu fechasse meus olhos, ainda seria capaz de me lembrar dela
quicando em cima de mim. Sophia parecia uma amazona cavalgando.
Preciso parar de pensar nisso, antes que fique duro, já que não posso fodê-la
em uma dessas salas.
— Theodore, está ouvindo o que estou falando? — Karen estava na
minha frente, e não, não havia ouvido sequer uma palavra.
— Não, estava pensando em outra coisa, pode repetir?
Ela me olhou de cara feia.
— Ótimo! Sophia, está te fazendo esquecer do trabalho.
— Quem te disse... — ela me cortou antes que eu acabasse.
— Você não é meu melhor amigo à toa, não precisa negar. Sei que
você estava pensando nela, e na noite quente, de repente? — Ela colocou a
mão no queixo como se fingisse pensar. — Mas, como nada disso me
importa, porque passei minha noite sozinha, estava perguntando como
estavam as coisas no mundo que só a gente conhece.
— Ainda bem que a minha vida sexual não te importa, você e David
são dois fofoqueiros. Ele nem precisa estar aqui para saber de tudo que
acontece. — Ele me mandava mensagens o tempo todo, sabendo de tudo o
que acontecia por aqui — E sobre o que importa para você no momento,
eles ficaram desconfortáveis e recebi algumas ameaças indiretas.
Karen arregalou os olhos. Ela sabia que eu conhecia pessoalmente
Pietro, que era o irmão de Tiziano, que comandava o submundo de Nova
Iorque. Estudei com ele no tempo em que fiz alguns cursos de
administração.
E mesmo que papai tenha nos deixado essa bucha porque na época
ele negociava com o pai deles, agora o meu contato mais forte era ele.
— Não precisa ficar assim. Eles sabem que nós temos informação,
inclusive as que eles usam, e até sobre eles mesmos. Às vezes, eu só preciso
lembrar que, a hora que eu quiser, posso ser a porra de um hacker e saber
até a cor da cueca deles. — Não gostava nem um pouco de fazer isso, mas
também não viveria sob ameaças. — Ele sabe bem que essas informações
não ficam no mesmo servidor da empresa. Foi só um susto que eles
passaram. Afinal quem deve, teme, não é mesmo?
— Vou morrer sendo sua amiga, até porque você não ia me querer
como inimiga, não é mesmo? — ela me olhou de canto de olho, rindo.
Recebi uma mensagem de Dorothy sobre a obra na matriz. Essa era
outra coisa que estava me deixando estressado, eles tinham que terminar
tudo hoje.
— Que cara é essa? Ficou com medo de eu te deixar sozinho com
David?
— Não, apesar de isso ser um pesadelo terrível. A merda da obra na
matriz, aqueles inconsequentes estão demorando demais.
— Theo, você tem noção de que eles tiveram somente cinco dias
para fazer o trabalho?
— Não era para ter demorado mais do que dois. Eles me ofereceram
um serviço, o mínimo que eu espero é que saia conforme o pago e o
combinado. E convenhamos, não foi nada barato, justamente pela pressa.
— Relaxa, Theo. Vai dar certo, eles vão entregar hoje.
— Eu só acredito que sim, porque é a Dorothy que está lá.
Nós nos concentramos nos demais afazeres, até Gerald me mandar
mensagem, avisando que teríamos que sair, para não atrasarmos a
decolagem. Nossas malas foram levadas mais cedo. Sophia estava maluca,
falando que não teria onde enfiar tudo aquilo de roupa, e por fim disse que
poderia deixar na minha casa até que se organizasse.
Estava trabalhando com Sophia sentada do meu lado, assistindo um
dos filmes do Harry Potter no iPad. Ela estava concentrada e
completamente alheia ao seu redor. Observá-la assim era único, porque ali
ela parecia só uma menina sem preocupações, vendo sua série de filmes
favoritos — é, eu descobri que eram os favoritos dela —, e agora já pensava
em tudo que poderia fazer para ela que envolvesse o bruxinho.
— Quer assistir também?
— Mais tarde vejo um com você, tudo bem? — ela acenou.
Depois de trabalhar mais um pouco, assisti um com ela, que se
aconchegou no meu peito, enquanto eu a abraçava.
Acabou o filme e eu percebi que ela tinha dormido. Desliguei a tela
e aproveitei para descansar um pouco com ela, no sofá mesmo.
Acordei com o piloto avisando que pousaríamos em poucos
minutos, para nos prepararmos.
Todos no voo pareciam cansados. Felizmente, em Nova Iorque
agora seria por volta das dez da noite, então teríamos uma noite inteira para
nos recuperarmos.
Mas eu não poderia ter me enganado mais sobre isso.
Assim que pousamos e ligamos os telefones, o de Sophia parecia
enlouquecer com as mensagens chegando. Ela arregalou os olhos.
— Meu Deus, o que houve? — ela perguntou a ninguém em
específico. E antes que ela pudesse entender, seu telefone tocou.
Eu conseguia ouvir a pessoa gritando desesperada do outro lado da
linha, e minha noiva só falando, calma, respira, mas percebi sua voz
trêmula.
— Teve um vazamento onde? — escutei algo por cima, em meio aos
gritos que imaginei serem de Mary.
— No nosso apartamento, pode pedir que me levem direto para lá,
por favor?
— Claro que sim, mas vocês vão conseguir ficar lá?
— Pelo jeito que Mary gritou e pelas fotos que estou vendo aqui,
não. — Seus olhos estavam demonstrando um desespero que ela não
transparecia na fala.
Ela me mostrou algumas fotos que, pelo que eu entendi, foi antes de
os bombeiros chegarem. A situação não estava bonita.
— Onde eu vou ficar? Meu Deus, não tenho paz. — ela falou
sozinha, baixinho, mas ouvi. E, para mim, era muito óbvio que ela ficaria
na minha casa.
Não sei nem como ela não considerou isso de cara.
Capítulo 30
Sophia Clarck
Esse homem não existia. Vesti uma blusa sua e desci para ver o que
ele tinha deixado e comer algo, estava faminta.
Passei pela cozinha primeiro, minha barriga estava roncando. Tinha
pão, biscoitos, croissant, sanduíches e um bilhete falando que os frios
estavam na geladeira. Abri e tinha uma torta de chocolate com outro
bilhete, escrito em letras garrafais “Para Srta Chocolate”. Acho que ele
nunca iria parar de me chamar assim. Tomei o café e fui ver o que tinha no
hall.
Para minha surpresa, eram várias bolsas. Quando olhei, havia
roupas, tênis, sandálias, coisas básicas, melhor dizendo, coisas para o dia a
dia, porque era tudo de marca, nada básico. Esse homem é completamente
louco.
Se eu não colocar limites nesse homem eu não sei o que ele poderá
fazer.
Theodore: Não tem discussão, já te falei que essas coisas são o
mínimo para mim.
Aproveite as roupas e não teime mais sobre isso. Te vejo mais
tarde.
Maldito teimoso.
Pior que eu nem poderia devolver as roupas, mas também não as
levaria quando fosse embora, e sobre isso ele não poderia fazer nada.
Peguei todas as sacolas e levei para o quarto. Separei uma calça
legging, um top e camiseta. Peguei um tênis e um chinelo, me arrumei e fui
encontrar Mary.
— Olá, Gerald. Tudo bem?
— Oi, Sophia, sim. Sinto muito pelo seu apartamento e suas coisas.
Se precisar de mim para ajudar com algo estarei a sua disposição.
Ele foi solícito, talvez precisasse de ajuda mesmo.
— Obrigada! Com certeza, se precisar, nós vamos pedir.
Conversei com a minha irmã, além de tudo, ainda tinha o noivado
amanhã. Precisava falar com Susan também, não sabia se ela queria ajuda
com alguma coisa. Tampei meus olhos, pensando em quanta coisa tinha
para fazer.
Distribuí mensagens para quem eu precisava falar, e iria lidar com
uma coisa de cada vez.
Cheguei ao apartamento e Mary me esperava na rua para entrarmos
juntas.
Os bombeiros avaliaram e devido aos estragos causados, não
poderíamos retornar ao apartamento até que o morador de cima consertasse
a tubulação. Parece que tinha um vazamento há algum tempo, que foi
arruinando tudo entre um andar e outro. O cano que estourou ontem só
piorou a situação, e com isso o teto não estava seguro para morarmos,
apesar de não haver risco iminente de desabamento.
Para entrarmos no apartamento, colocamos um capacete e tínhamos
algum tempo para vermos como iríamos tirar as coisas dali.
— Sophia, o Sr. Rockefeller já está sabendo da situação e pediu que
vocês avaliem o que vão querer tirar, pois ele contratou uma equipe
especializada para vir retirar as coisas e limpar o apartamento. Então, peço
que fiquem o mínimo possível.
— Tudo bem, Gerald! Vamos ver o que conseguiremos fazer.
Olhar de dia como as coisas estavam era surreal, quase não tive
forças para aquilo tudo.
— Mary, todas as nossas memórias estão destruídas! — falei me
sentindo fraca de repente.
— Não, querida, elas estão aqui. — Ela colocou a mão no meu
coração. — Nada pode tirá-las daqui.
Ela estava certa. Nós iríamos nos reconstruir mais uma vez.
Fomos olhando todos os cômodos, e como a água entrou pelos
pontos de energia, não havia um lugar que não estivesse molhado. Todas as
nossas roupas precisariam ser lavadas, pois estavam fedendo. Pegamos
algumas coisas que não estragaram, limpamos e guardamos para levar.
Meus sapatos ficaram boiando, alguns eu sabia que, mesmo se lavasse, não
voltariam ao normal.
Parecia o apocalipse e não que havia entrado água no apartamento.
A equipe que Theo contratou chegou e nós indicamos as roupas que
seriam recuperadas e as que teríamos que jogar fora. Em alguns lugares, a
água que caiu tinha um cheiro forte e como não sabíamos o que era,
preferimos nos desfazer. Minha amiga perdeu tanto quanto eu. Dividíamos
uma cômoda e um pequeno closet, e nele a água que entrou foi a podre,
então nos desfizemos de tudo ali.
Os móveis também iriam quase todos para o lixo, pouca coisa daria
para aproveitar. Depois de explicar tudo a eles, nós saímos do apartamento.
Eu e Mary estávamos esgotadas psicologicamente.
— Ainda bem que Tyler nos deu folga hoje. Não sei o que faria se
tivesse que ir para a empresa, vou precisar comprar roupas novas. — Ela
parecia pensativa, nessa hora nós estávamos avaliando tudo que ainda
teríamos que fazer.
— Posso te emprestar algumas coisas por enquanto. Theo comprou
muita coisa para mim em Paris.
— Agradeço, amiga. Estou sem cabeça para pensar nisso, mas logo
me organizo.
— Sim, vamos conseguir voltar ao normal.
— SOPHIA! — Eu não entendi nada, por que ela estava gritando?
— Se eu não tivesse levado meu vestido à lavanderia para lavar e passar,
não teria o que vestir amanhã.
— Meu Deus, você quase me matou de susto por isso? Vou falar
igual ao Theo, isso seria o menor dos nossos problemas, qualquer coisa a
gente compraria outro. — Estava rindo, porque aquele safado estava
fazendo com que eu pensasse como ele, que tudo era simples de resolver. —
O importante para mim é ter vocês lá.
— Eu não perderia por nada! Iria até esfarrapada. Vou andando,
porque preciso pegar o vestido, para voltar para casa de papai.
— Está tudo bem por lá? — O pai dela tinha a mesma vibe de Mary.
Como era viúvo, ele morria de saudades dela, e vivia falando que ela o
visitava pouco.
— Sim, ele está insistindo que eu fique mais tempo com ele. Com
você noiva, logo vai se casar. Talvez eu fique um pouco mais com ele
mesmo, não quero morar sozinha por enquanto.
— É, amiga. Tem que pensar em tudo. — Droga! Teria que morar
com Theodore até que nós nos separássemos. Vou torcer para Mary mudar
de ideia.
Nos despedimos e estava voltando para o apartamento do meu
noivo, quando Sarah me avisou que havia chegado e estava vindo me
encontrar. Eu fiquei sem entender nada.
— Gerald, Sarah me falou que acabou de pousar e está indo ao meu
encontro, consegue me explicar o que está acontecendo?
— O Sr. Rockefeller mandou o avião buscá-la. Ela ficará hospedada
com vocês no apartamento.
— Entendi. Ele disse que faria isso, mas como não confirmou, achei
que tinha desistido.
— Ele nunca desiste de nada, Sophia. Ele é extremamente insistente
naquilo que quer.
— Sei muito bem disso. — Gerald apenas sorriu de lado pra mim.
Avisei a Sarah que logo encontraria com ela.
Gerald parou na garagem, peguei a bolsa que tinha as coisas que
salvei do apartamento, e fui para o elevador.
Apertei para a cobertura e me lembrei que nas duas últimas vezes
em que subi com Theo, ele me pegou no colo. Essa espontaneidade dele era
algo que me fascinava.
Cheguei no apartamento e para minha surpresa, Sarah já estava na
sala, e veio correndo em minha direção.
Ela pulou em mim, me abraçando apertado. Que saudade que eu
estava dela. Queria tanto poder tê-la mais perto de mim.
— Oi, meu amor! — eu estava toda suja por conta do apartamento
— Sarah, eu vou subir e tomar um banho, já volto aqui. — Theo apareceu
na sala.
— Oi! Não sabia que já estava aqui. — falei e ele me deu um
selinho.
— Sim, cheguei junto com Sarah. Não deixaria minha cunhada
sozinha aqui.
— Certo, faça mais um pouco de companhia para ela então, eu já
volto.
Corri para tomar banho, tinha medo do que poderia acontecer com
esses dois sozinhos. Sarah era terrível para tirar a verdade das pessoas.
Quando fui ao closet procurar algo para vestir, vi que estava tudo
arrumado e tinha muito mais roupas ali. Theodore é completamente
imparável.
Peguei um pijama de calça e blusa de cetim. Estava exausta, só
queria comer, fofocar um pouco com Sarah e dormir.
Cheguei na sala de jantar e o cheiro estava ótimo.
— Está muito cheiroso, qual o menu? — perguntei enquanto me
sentava.
— Minha mãe mandou entregar lasanha e macarronada aqui, ela
falou que você precisava de conforto.
— Sua mãe é maravilhosa, mas eu preciso entrar no vestido amanhã
também. — falei rindo, depois agradeceria a Susan.
Começamos a comer, e eu aproveitei para encher Sarah de
perguntas.
— Papai está muito bem, a enfermeira fica em cima dele com os
horários e está ajudando no tratamento, assim fica bem mais fácil. — Sarah
sorria ao falar, e percebi que ela estava bem mais leve do que da última vez
em que nos vimos.
— Que bom! Fico tão feliz de saber que ele está bem. Triste só
porque eles não puderam vir.
— A médica achou melhor evitar viagens, por enquanto. Mamãe
ficou triste, mas prometi ligar para que eles possam ver um pouquinho da
festa. Ela está tão feliz com o jardim novo que acho que compensou um
pouco.
— Ela aproveitou para plantar as flores novamente?
— Não, Theodore mandou uma empresa lá que refez todo o jardim,
plantou exatamente do jeito que ela sonhou, ela está em êxtase.
Fiquei de boca aberta.
— Por que você não me falou nada? — perguntei ao Theo.
— Não foi nada demais. Você comentou que sua mãe gostava, que
era importante. — Ele deu de ombros.
Mary me ligou.
— Licença, vou atender, porque pode ser algo importante.
— Sophia, pelo amor de Deus, você disse que ia me emprestar
roupas, não mandar um guarda-roupa novo para mim. Eu estou sem
palavras, amiga. — Ela estava chorando do outro lado da linha e eu nem
sabia o que estava acontecendo.
— Amiga, se acalma. Agora me explica do que você está falando?
— Ah, desculpa, é do bilhete! Sei que não foi você que escreveu,
porque não é sua letra, mas eu amei! Não precisava.
Meu telefone vibrou e eu vi que ela mandou a foto das sacolas e do
bilhete, que estava assinado com meu nome.
Pelas marcas na sacola, sabia que era de Theodore.
Ele ajudou meus pais, com coisas além do que eu pedi, fez um
jardim para minha mãe, deu roupas para Mary em meu nome, comprou um
guarda-roupa novo para mim.
Por que eu não me sentia mal por tudo isso?
Porque quando eram outras pessoas, eu sabia que não era de
coração.
Só conseguia ter gratidão por ele fazer essas coisas.
O que mais ele estava fazendo sem me falar?
Capítulo 31
Theodore Rockefeller
O noivado era na casa da minha mãe. Optamos por algo à tarde, para
pegar uma boa iluminação. Coisas da Sra Susan. Estava lá, conversando
com David e Zachary, quando as meninas chegaram, Sophia estava linda.
— Theo, você precisa me apresentar essas meninas. Acho que vou
noivar também. — Ri de David, emocionado demais.
— Com certeza! Pelo que me lembro Karen falou que você se
casaria em pouco tempo, ou estou equivocado?
— Quem sabe não me caso com a sua cunhada? — Olhei querendo
matá-lo. Se ele se envolvesse com Sarah e a magoasse, Sophia o mataria.
— Sabe que minha noiva te mata se você fizer isso.
— Por que eu mataria o David? — Sophia chegou perguntando.
— Melhor você nem saber, amor. — Ela me olhou um pouco sem
entender, mas o que Sarah falou era real, precisamos nos tratar de forma
ainda mais carinhosa.
— Você está maravilhosa. — falei e lhe dei um beijo simples.
Ela usava um vestido claro, com um corpete bem marcado, que
deixou seus seios perfeitos, minha vontade era de beijar os dois montes que
estavam elevados pelo vestido, da cintura para baixo ele era solto, e
realmente me passava uma aparência de noiva.
— Você também está maravilhoso, meu amor. — ela embarcou na
minha. O bom de Sophia era que ela entendia as coisas muito rápido e isso
fazia toda a diferença.
Fui apresentado à sua outra amiga, e apresentei todas à David e
Zachary. O meu amigo não tirava os olhos da minha cunhada.
— Vou ali apresentar Sarah aos seus pais, já volto. — Sophia foi
com suas amigas e eu fiquei sozinho com Karen e David.
— David, você pode pelo menos disfarçar? — ela falou dando uma
cotovelada nele.
— Ai! O que eu fiz? — Ele passava a mão na barriga como se
Karen o tivesse acertado com toda a força.
— Você não para de secar a cunhada do nosso amigo.
Ele voltou a olhar na direção em que as meninas foram. De onde
estávamos era possível vê-las bem.
— O que tem de mais olhar? Ela tem namorado? — Ele pareceu
preocupado de verdade.
— Não, pelo que comentou no SPA, está solteira. Desde que o pai
ficou doente, ela acabou parando toda a vida e só vivendo em função de
ajudar a família. Fiquei tão triste com elas contando as suas histórias. As
duas são muito fortes, merecem ser felizes. — Karen parecia pensativa,
acho que essas horas no SPA foram reveladoras.
— E quem disse que eu não posso fazê-la feliz? — David deu seu
melhor sorriso cafajeste para Karen.
— Porque ela não é para o seu bico. Esqueça ela. Ok?
Ele deu de ombros, mas não me convenceu nem um pouco.
— Fez novas amizades, Karen? Já está pronta para nos largar? —
David mudou de assunto.
— Fiz sim, as meninas são incríveis! Mas infelizmente não consigo
deixar vocês, o que é péssimo para mim.
Esses dois juntos eram só drama, mas não via a minha vida sem
eles.
Mamãe acenou para que fôssemos até ela.
Estávamos conversando, minha mãe lembrando de travessuras
minha e dos meus amigos, quando Lauren chegou com o seu noivo.
Ela falou com todos, e nos parabenizou pelo noivado, mas percebi
que ela não estava nem um pouco animada.
— Espero que vocês sejam felizes.
— Obrigada, querida. — Sophia falou, abrindo o seu sorriso mais
falso. — Amor, o fotógrafo nos chamou para tirarmos umas fotos ali.
Vamos?
— Sim, com licença. — falei e saímos.
— Desculpe, mas não estou conseguindo ficar no mesmo ambiente
que a Lauren. Estou cansada das implicâncias dela, mesmo sabendo que é
só ciúmes de você. — ela chegou mais perto e falou mais baixo. — Se seu
plano era voltar, acredito que não vai demorar muito tempo.
Não pensava em voltar com Lauren. Na verdade, acho que depois
que terminamos, eu entendi que ela não era a pessoa certa para mim, e no
fundo sempre soube disso. Eu só tinha a certeza de que ela não se casaria
com o noivo.
Não consegui responder, porque apareceram convidados nos
felicitando e depois os fotógrafos tirando várias fotos nossas.
Aproveitei e pedi que ele tirasse algumas no meu telefone, porque
queria postar ainda hoje.
— Ficaram ótimas. — Ele disse quando encerrou as fotos.
— Claro, somos um belo casal. Já imaginou nossos filhos? Vão ser
perfeitos.
Sophia me olhou surpresa.
— Está pensando em filhos, meu amor?
— Lógico! Já tenho nossa vida toda planejada, meu Chocolate! —
disse abraçando-a pela cintura e olhando nos seus olhos. — Vamos nos
casar, ter três filhos e um cachorro, viver juntos até ficarmos velhinhos. —
terminei de falar e a beijei.
Não tinha percebido que tinha algumas pessoas em volta até ouvi-
los aplaudindo o nosso beijo.
— Temos torcida. — falei e ela sorriu, corada.
Estávamos voltando para onde nossos amigos estavam, quando
avistei Josh. Não entendi o que ele fazia aqui.
— Não sabia que você conhecia o Joshua Atkins. — Sophia falou
quando o avistou.
— Sim, nós estudamos juntos.
— Que coincidência. Quase trabalhei para a empresa dele. Cheguei
longe no processo, mas acabei sendo dispensada. — ela falou com pesar.
— Bom para mim, porque assim pude te contratar, e azar o dele.
Josh chegou perto, achei que ele seria no mínimo educado, mas
como sempre, estava enganado.
— Olá, Theodore.
— Oi, Joshua, poderia me dizer o que está fazendo aqui sem ter sido
convidado?
— Olha, quando você falou que estava noivo, achei que fosse
mentira, mas quando descobri com quem era, tudo fez sentido, então tive
que vir aqui pessoalmente. — Fiquei surpreso com o desprezo na sua voz.
— Desculpe, não entendi o que você quis dizer. — Será que esse
filho da mãe desconfiava de alguma coisa?
— Você pegou uma puta, que para subir na vida, primeiro sobe no
colo do chefe. Eu não a contratei justamente por isso, agora você caiu no
conto e dessa vez ela foi esperta indo subir direto no dono da empresa.
Esse filho da puta não ia falar assim de Sophia. Eu o agarrei pelo
colarinho, e na mesma hora Sophia me segurou.
— É isso que ele quer, lembre-se que aqui está cheio de fotógrafos.
— Sophia sussurrou e segurou minha mão. — Quanto a você, pode se
retirar da nossa festa. Não é bem-vindo. Em quem eu subo no colo ou não,
não lhe diz respeito. Meu trabalho fala por mim, não preciso de mais nada
além disso para provar quem eu sou, com licença.
Ela saiu e me levou junto.
Nossos amigos chegaram perto e eu pedi que David e Zachary
dessem um jeito de tirar Josh daqui.
Sophia mantinha um sorriso no rosto, mas percebi que o que ele
falou a afetou. Eu descobriria o que aconteceu e porque ele falou isso. Se
ele falou que não a contratou por isso, é porque essa história não saiu da
cabeça dele.
Voltei meu olhar a Sophia. Dorothy a estava abraçando. Imaginei
que ela tivesse visto a cena e como conhecia bem Josh, estava confortando-
a do seu jeito.
Eu a observava e pensava no quanto ela era forte, acabou de ser
insultada, deu uma resposta a altura e ainda estava plena, sorrindo e
conversando com outras pessoas.
Quatro meses era pouco, talvez eu pudesse querer um pouco mais de
tempo com ela.
Capítulo 32
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Theodore Rockefeller
Fui com meus avós até Sophia, que estava em uma mesa com nossos
amigos.
— Meu filho, pelo menos linda ela é, terei bisnetos maravilhosos.
— ela disse quando já estávamos perto o suficiente para Sophia escutar,
mesmo estando de costas. Ela virou e nos encarou com um pouco de receio,
ela sabia o quanto vovó era importante para a nossa família.
— Vovó, vovô, essa é a minha noiva. Sophia, meu amor, esses são
os meus avós, Janet e Harold. — apresentei as amigas da minha noiva
também.
Quando Sophia foi cumprimentá-la, vovó a puxou para um abraço.
— É um prazer finalmente conhecê-los, nessa casa todos sempre
falam muito de vocês.
— Espero que só coisas boas — meu avô falou em tom de
brincadeira.
— Claro que sim, estava ansiosa para vê-los pessoalmente. Theo
fala muito da sua comida, aliás, todos falam.
— Minha filha, meu sangue é americano, mas meu coração é
totalmente italiano, inclusive, quero muito te receber lá. — Tomei um tapa
sem entender o porquê.
— Posso saber por que estou apanhando?
— Porque você ainda não levou minha netinha para conhecer nossa
casa na Itália.
— Foi só falta de tempo vovó, logo irei levá-la com calma para
conhecer sua casa.
— Espero que sim. Vocês já marcaram a data do casamento?
Sophia deu uma leve arregalada nos olhos, se recompondo
rapidamente.
— Estamos analisando, mas vai ser em breve. — Puxei Sophia para
meus braços e dei um beijo em seus cabelos, dando uma inspirada no seu
perfume. — Não vou deixar que essa mulher saia da minha vida nunca
mais.
— Ótimo, porque ela parece ser incrível pelo que sua mãe falou.
Inclusive, preciso falar com ela, mais tarde conversamos mais.
E assim ela saiu de perto de nós, sem nem aguardar uma resposta.
Vovó era desse jeito, sem mais nem menos, saía para ir atrás de alguém.
— Adorei seus avós, são exatamente do jeitinho que você falou.
— Sim, eles sempre cativam as pessoas. Tenho certeza de que ela
vai te adorar, do mesmo jeito que é com Karen e David.
— Quem não adora os dois, né? Eles estão no meu ranking de
melhores pessoas do mundo. — disse sorrindo.
— Verdade, é difícil alguém não gostar deles. Posso saber em que
posição eu estou nesse ranking?
— Talvez pode estar ali entre os cinquenta primeiros? — Ela fingiu
uma cara de pensamento.
— Ah, ótimo! Cinquenta? — Sophia tinha a primeira posição no
meu ranking, que eu nunca nem fiz, e pra ela eu estava no quinquagésimo
lugar? — Quero só saber quem são os primeiros. Porque se eu estou em
quinquagésimo no seu ranking, os primeiros devem ser incríveis demais.
— Você fazendo bico é a coisa mais fofa do mundo. — Ela apertou
minha bochecha. — Mas em momento nenhum eu disse que você estava
nessa posição, só disse que estava entre os cinquenta. Pra mim, na verdade,
você está no topo, junto com as pessoas especiais para mim.
Meu corpo relaxou no mesmo instante, eu nem havia percebido que
estava tenso.
Dei um beijo carinhoso nela e nos juntamos aos nossos amigos em
uma conversa animada, até minha mãe nos chamar para cantar parabéns.
Nunca acreditei nessas coisas, mas assoprei aquela vela desejando
que Sophia permanecesse na minha vida.
— Você está gostando da festa? — Sophia me perguntou depois que
eu a tirei para dançar.
— Claro, tenho você aqui para me distrair de ter que socializar com
todos.
— Que bom! Mas sua família é legal, todos me trataram bem e são
divertidos de conversar. — Passamos uma parte do tempo conversando com
alguns dos meus primos e tios.
— Sim, eles não ousariam te tratar mal e você é maravilhosa, não
tem por que alguém te tratar de forma diferente. — Até porque, se
tratassem, teriam um problema comigo e eles evitam isso.
— Acho que não estou acostumada a famílias que se dão bem. —
ela deu de ombros e sabia que a sua relação com tias e primas não era das
melhores.
Resolvi mudar de assunto, porque sabia que era algo que ela não
gostava de falar e sempre a deixava pra baixo.
— Preciso dizer que estou maluco vendo você nesse vestido. Estou
quase fugindo da minha própria festa de aniversário e te levando para o meu
quarto.
— E se eu quiser fugir com você?
— Vamos agora mesmo, então. — Parei de dançar e comecei a
puxá-la para fora do salão.
— Mas quero ir para casa. Tenho um presente que quero te dar de
aniversário. — Travei meus passos e olhei naqueles olhos que estavam
transmitindo desejo.
— Agora fiquei curioso, vamos para casa. Vou pedir para Gerald
nos levar.
Fomos até o carro, parecendo dois adolescentes fugindo dos pais.
Saímos sem sermos percebidos e só quando entramos no veículo, que
Sophia avisou às amigas que nós fomos embora.
Pedi que Gerald pegasse um dos automóveis que tinha divisória
entre o motorista e os assentos traseiros. Não aguentaria esperar até chegar
no apartamento para ter minha noiva como desejava desde o momento em
que bati os olhos nela hoje.
Assim que começamos a nos movimentar na rua, a agarrei. Comecei
a beijá-la com urgência, sua boca batia contra a minha, me sugando,
travamos uma batalha com as nossas línguas, aprofundando aquele beijo,
até ficarmos sem fôlego.
— Você não vai esperar chegarmos em casa? — ela me perguntou,
ofegante.
— Para que esperar, se posso te ter aqui e em casa?
— Perfeito. — ela disse e se sentou no meu colo, e eu nunca estive
tão feliz em vê-la de vestido. Minhas mãos foram imediatamente para sua
bunda por baixo daquele pano vermelho. — Hoje vou ser seu presente!
— Eu não pediria nada além de você. — sussurrei no seu ouvido.
Joguei seu cabelo de lado e comecei a beijar a pele arrepiada, ela
deitou a cabeça para trás, me dando mais espaço para que eu lhe desse
mordidas, suguei acima da sua pulsação, ouvindo seus gemidos.
Minhas mãos foram até sua calcinha e era possível sentir sua
umidade.
— Já está molhadinha pra mim, meu Chocolate? — falei, afastando
o tecido fino e enfiando um dedo nela.
Sophia pareceu se perder na sua nuvem de prazer, gemendo
baixinho meu nome e outras palavras que não identifiquei, enquanto
movimentava minha mão, alcançando seu ponto de prazer e com o polegar
massageava o seu clitóris.
Com a outra mão, segurei seu cabelo, tomando aqueles lábios
rosados. Ela estava rebolando no meu colo, procurando por mais, querendo
alcançar seu prazer. Retirei meus dedos dela e recebi protestos.
— Theo — ela falou em tom de lamentação —, não para, eu estava
quase lá.
— Quero você gozando no meu pau, Sophia.
Ela levou a mão imediatamente ao cinto, desafivelando-o. Estava
tão ansiosa que reclamou quando não conseguiu desabotoar a calça.
— Calma, minha apressadinha. Deixe-me ajudar. — falei e soltei o
botão, colocando meu pau para fora. No mesmo momento ela o segurou e
se sentou com tudo.
— Por Deus, Sophia! — falei ofegante. Os olhos dela
transbordavam luxúria.
— Precisava de você dentro de mim, sem tempo para esperar. — ela
falou suspirando enquanto cavalgava em mim.
— Sou todo seu. Use e abuse, meu amor.
Ela começou a buscar seu prazer, quicando e rebolando no meu pau.
Podia sentir o cheiro da excitação dela, e estar preso naquele carro,
sem espaço para fodê-la com a vontade que eu necessitava, estava me
matando. Sophia estava ofegando em cima de mim, gemendo meu nome,
beijei seus lábios, engolindo seus murmúrios, segurei sua bunda a abrindo
mais e ajudei nos movimentos.
Estocando cada vez mais fundo, podia sentir aquela boceta apertada
estrangulando meu pau, me levando à loucura. Aumentei a velocidade,
vendo minha noiva finalmente se entregar ao orgasmo, chamando meu
nome e convulsionando no meu colo. Meti mais um pouco, alcançando o
meu prazer e me libertando dentro dela.
— Você é uma delícia. Queria morar em você.
— Acho que não me importaria.
Ela manteve a cabeça na curva do meu pescoço, acalmando sua
respiração.
— Chegamos. Vamos subir porque eu ainda quero muito mais de
você essa noite.
Ela me fitou antes de rir, me fazendo não entender nada.
— Eu devo estar uma bagunça. Você atrapalhou meus planos. —
Estava com o cabelo um pouco bagunçado e cara de pós sexo.
— Desculpe atrapalhar seus planos, mas para mim você está
perfeita.
Saiu de cima de mim, fazendo meu pau sentir sua falta
instantaneamente. Nos arrumamos minimamente para subir no elevador.
Não consigo me desgrudar dela, a mantenho nos meus braços por
toda a subida até a cobertura.
Assim que entramos em casa, eu volto a devorá-la, agarrando-a pela
cintura e a sentando sobre a mesa.
— Você me pegou de surpresa. — disse encostando a testa na
minha. — Preciso pegar o seu presente.
— Achei que você fosse ele — falei, soltando os laços das alças do
seu vestido. — Tem até lacinhos embalando.
Procuro o fecho atrás do seu vestido. Abrindo para finalmente ver
seus seios saltarem para mim.
Ela começou a rir muito.
— Droga, Claire tinha razão! Você é terrível! Tem os mesmos
pensamentos sacanas que ela. Espera, você já desembalou o presente, mas
ainda não está pronto para você. — Ela saltou da mesa e seu vestido foi
parar no chão. — Vem comigo.
— Você só de calcinha e salto me chamando? Vou até o inferno,
meu amor.
Ela me levou até o quarto, pediu que eu me despisse, me sentou na
cama e falou que era para que a aguardasse. Ela foi lá embaixo, voltou e a
ouvi entrar no chuveiro. A espera estava aumentando o meu tesão.
Já havia decidido ir atrás dela, quando apareceu na porta do closet,
usando nada além de um Louboutin e o maldito colar de um milhão e meio,
e segurando um bolinho com uma vela em cima.
— Parabéns, Theodore Rockefeller.
Ela veio em minha direção e eu a encontrei na metade do caminho.
— Caralho, meu Chocolate, eu falei que queria te foder usando
somente esse colar, mas não imaginei que te ver assim seria tão sexy. Eu te
dei o presente, mas quem ganhou a melhor visão da vida fui eu.
— Você desembalou o presente, aqui está o conteúdo para você. —
Ela me olhava com um sorriso safado, como se estivesse pronta para me
devorar.
— Você é perfeita em cada pedacinho, todo esse corpo — falei
molhando os lábios —, é tudo na medida pra mim.
Tirei o bolo da sua mão e apoiei na mesa de cabeceira. Passei um
dedo na cobertura, provando.
— Nossa, o bolo está gostoso, talvez fique melhor na sua pele. —
Me sentei na cama e puxei Sophia para o meio das minhas pernas.
Passei meu dedo novamente na cobertura, e fiz uma trilha do colar
aos seios dela. Eles eram maravilhosos, cabiam certinho na minha boca. Os
suguei com vontade, limpando todo o chocolate que eu passei por ali,
alternando entre eles, mordendo seu biquinho intumescido e tive Sophia
gemendo meu nome, puxando meu cabelo e começando a esfregar uma
perna na outra em busca de fricção.
— Se continuar assim, irei gozar. — falou em meio a gemidos
sôfregos.
— Tenho certeza de que sim, meu amor, olha como você está
molhada — falei enfiando dois dedos nela que deslizaram fácil pelo tanto
que ela já estava preparada —, goza pra mim, meu chocolate.
Voltei a chupar seu seio e continuei o movimento na sua boceta,
enquanto Sophia falava palavras desconexas e rebolava nos meus dedos.
Ela começou a me apertar e minha vontade nesse momento era de jogá-la
na cama e fodê-la até minhas bolas baterem contra sua bunda e tê-la
implorando por mais.
Aumentei a pressão nos seus seios e no seu ponto de prazer. Sophia
se desmanchou e precisei segurá-la para que não caísse no chão.
Deitei ela na cama, puxando-a para o meu peito enquanto acalmava
sua respiração, sua mão desceu pelo meu peito indo ao encontro do meu
membro.
— Já está pronta para mais?
— Essa noite você é todo meu, Theodore.
— Engano seu. Você que será minha a noite inteira, Chocolate,
benefícios de aniversário.
Posicionei ela no centro da cama, ficando no meio das suas pernas.
Ver Sophia deitada nos lençóis brancos, nua, apenas com o colar que se
destacava na sua pele clara, me deixou louco. Não imaginei que ele ficaria
tão bem no seu pescoço, ou que faria o contraste perfeito com ela. Ele
parecia ter sido desenhado exclusivamente pra ela, nunca pensei que a ver
assim me excitaria tanto.
Abri suas coxas, me enfiando entre elas para sugá-la. Circulei seu
clitóris que já está sensível devido ao seu último orgasmo, e ela gritava de
prazer, enquanto me embriagava no cheiro da sua excitação.
Ter o seu sabor na minha boca é melhor que qualquer banquete.
Uma delícia poder me alimentar dela.
Sophia tentou fechar suas pernas no meio do seu clímax, segurei
elas no lugar e aumentei meu ataque contra aquela boceta deliciosa,
fodendo-a com a minha língua.
Ela gemia e gritava palavras desconexas se entregando a mais um
orgasmo forte. Eu tomei todo seu prazer, saboreando-a.
Subo sobre ela, me apoiando nos braços, e beijo sua boca, fazendo
com que ela sinta seu sabor, enquanto minha mão passa por todo o seu
corpo. Não consigo ficar afastado dela por nem um momento.
Ela separa nossas bocas e me olha cheia de desejo.
— Quero fazer uma coisa. — aceno para ela, que vai até o seu lado
da cama e pega na mesinha de cabeceira uma camisinha e um vidro de
lubrificante.
— O que você quer fazer, minha safada? — perguntei chegando
perto dela.
— Quero tentar algo que nunca fiz, mas que você sempre tenta e
parece ser bom. — Ela estava me dando um cuzinho virgem de presente de
aniversário?
— É o que eu estou pensando, mesmo? — Cheguei sobre ela e
sussurrei. — Você quer me dar o cu, meu amor? — Mordi seu lóbulo.
— Quero. — Ela respondeu de maneira sôfrega.
— Vou fazer com que seja delicioso para você. — Teria cuidado por
ser sua primeira vez, mas sabia qual era o tipo de sexo que Sophia gostava.
A deitei de lado, lambuzei meu dedo e seu buraco, e comecei um vai
e vem gostoso, enquanto a masturbava, ela estava sensível depois dos dois
orgasmos, mas eu precisaria acostumá-la para que conseguisse me receber
por trás, meu tamanho poderia machucá-la se eu não a preparasse.
Fui aumentando a quantidade de dedos até ter três dedos nela,
enquanto Sophia gemia e pedia por mais, rebolando na minha mão.
Peguei a camisinha, desenrolando-a no meu membro, pronto para ter
um pouco mais dessa mulher que já não saía mais de mim.
— Está preparada, meu Chocolate?
— Sim, por favor, vem logo, Theo. — ela disse em meio a gemidos.
Passei um pouco mais de lubrificante e me encaixei no seu
buraquinho, passei a cabeça e ela deu um gritinho, esperei um pouco para
que ela se acostumasse com a invasão.
— Tudo bem? Se te machucar, ou for demais, me avise que eu paro.
— Tudo bem, só continue. — Ela disse com a voz rouca de prazer.
Voltei a circular seu clitóris e pude sentir ela relaxar um pouquinho.
Continuei a me mexer, entrando um pouco mais. Me sentia estrangulado ali,
era muito apertado, estava sendo uma tortura não me enfiar nela de uma
vez. Porém queria que ela fosse se adaptando.
Sophia gemia e começou a rebolar querendo mais, empinando
aquela bunda gostosa para o meu lado. Com isso, eu me enterrei de vez
nela, que soltou um som abafado, me fazendo esperar um pouco.
— Posso me mexer, meu amor? — estava torturado ali, mas não
queria machucá-la.
— Sim, por favor.
Essa foi a minha deixa para me mexer e começar um entra e sai
lento, até ter Sophia vindo ao meu encontro, querendo que eu aumentasse a
velocidade.
Estava indo à loucura com Sophia batendo a bunda contra mim.
Sentia, mesmo com a camisinha, o quanto ela era quente e apertada e como
ela se contraia ao meu redor. Precisei me concentrar para durar mais tempo
comendo-a.
Sophia pediu que trocássemos de posição, ficando de quatro para
mim. Desse jeito eu ia ainda mais fundo nela e conseguia desferir tapas
naquela bunda deliciosa.
Segurei firme sua cintura e aumentei meus movimentos, sentindo
minhas bolas batendo contra ela.
— Theo, caralho, caralho... — ela falou divagando no seu prazer e
aumentando as reboladas.
— Goza pra mim, Sophia, vem que eu quero te encher de porra.
Eu poderia comer esse cuzinho todos os dias.
Ela grita novamente se perdendo e gozando forte. Saio de dentro
dela e tiro rapidamente a camisinha, gozando nela.
Marcando Sophia inteira como minha, como um maldito homem das
cavernas.
Capítulo 38
Sophia Clarck
Ei, você aí
Podemos ir para o próximo nível?
Querida, você se atreveria?
Não tenha medo
Porque se você pode dizer as palavras
Eu não sei por que eu deveria me importar
Naked - James Arthur
Dorothy: Para você ele sempre vai ter uma janela, porta, uma
casa inteira para te receber. Kkkk
Pode vir às 14:30, que ele tem um intervalo entre as reuniões.
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Fomos para a casa dos meus pais depois do café. O jeito que meu
pai ainda parecia desconfiado de Theodore era engraçado.
— Está tudo bem, papai? — perguntei quando ficamos sozinhos.
— Sim, minha filha. Nunca estive melhor. — Escutar isso fazia tudo
valer a pena.
— Que bom! Mas não era sobre isso que eu estava falando. Você
entendeu o que eu quis dizer. — Ele estava se fazendo de bobo, porém, eu o
conhecia bem demais.
— Por mais que você esteja noiva há dois meses e ele tenha me
pedido sua mão — quando foi isso e por que eu não soube? —, eu ainda
tenho receio disso tudo. Foi rápido demais e em uma época em que eu não
estava bem. E olha tudo que ele tem feito por nós.
Entendia o ponto do meu pai e precisava acalmá-lo.
— Sei que foi inesperado, mas meu noivo não é nada menos do que
perfeito para mim. Ele sabe que vocês são importantes, então tudo que ele
faz é em função disso.
— Vocês se amam de verdade, Sophia? — Ele olhou no fundo dos
meus olhos ao me perguntar.
— Claro que sim, papai. — A resposta saiu tão rápido e fácil, que eu
me perguntei se eu me acostumei com a mentira, ou ela já não é mais uma
mentira.
— Ótimo. Você merece ser feliz, meu pequeno Lírio. — Ele achava
que Sarah e eu seríamos sempre suas pequenas flores.
— Obrigada! Tenho certeza de que seremos felizes.
— Queria te pedir um favor.
— Pode falar, qualquer coisa.
— Esse fim de semana é a festa de noivado da sua prima e Gary. —
Arregalei os olhos, porque estava imaginando onde ele queria chegar com
essa história. — Como agora eu tenho certeza de que você e o seu noivo são
de verdade, queria te pedir para comparecerem.
— Pai, me desculpe, não sei se é o ideal.
— Sophia, a sua tia está me perturbando há semanas. Por favor, vá.
Você está bem com o seu noivo, não há mal nenhum em ir.
— Ok, vou conversar com Theo.
Imagino o quanto minha tia Cintia não o estava enchendo o saco.
Ele não merecia o aborrecimento, por isso cedi.
Passamos o dia tranquilo, Theo se deu bem com meus pais, David e
Karen fizeram com que o ambiente ficasse leve e divertido.
— Sophia, você irá ao noivado? — Sarah me perguntou quando
chegamos na casa em que estávamos ficando.
— Sim, papai não me deu muitas escolhas. Quero evitar que ele se
aborreça por coisas simples, a gente vai lá e fica só um pouquinho. Você vai
também, né?
— Vou, não te deixaria nessa furada sozinha. — ela disse me
abraçando.
— Diga, onde nós vamos? — David se meteu no meio de nós duas
passando os braços por cima dos nossos ombros.
— Noivado do meu ex com minha prima.
— Maravilhoso, somos especialistas em comparecer em festas que
não fomos convidados.
— Se vocês não quiserem nos acompanhar, tudo bem.
— Tá vendo, Theo. Sua noiva não nos obriga a ir em eventos. —
Karen disse debochando dele.
— Por isso que eu estou com Sophia. Ela é a minha metade boa. E
como metade ruim, eu digo que todos irão ao noivado. Se eu vou ter que
olhar pro ex dela, vocês também vão.
— Eu já iria por Sophia, não por você. Até porque eu soube que o
ex dela é bonitão. — Karen falou deixando o Theo com raiva.
— Pensa pelo lado positivo. Sophia tem que olhar Lauren quase
sempre. — Claire deu um tapinha no braço de Theo. — E quem está com
Sophia agora é você. O máximo que vai acontecer é Gary olhar com cara de
arrependimento por ter perdido tudo isso. — Ela apontou na direção de todo
o meu corpo.
— Nisso eu concordo — ele me abraçou por trás, pousando a cabeça
no meu ombro —, ela é toda minha, azar o dele que não deu valor.
— Ok, Sr. Possessivo, sou só sua. Agora chega de falar do passado.
Meninas vocês têm roupa para ir? — Mudei de assunto, porque não gostava
das lembranças que esse passado me trazia.
— Não trouxe nada. Podemos sair para comprar amanhã cedo? —
Karen questionou.
— Sim, podemos tomar café em uma padaria que Sarah, Claire e eu
amamos, depois vamos às lojas.
Como estava tarde porque acabamos ficando na casa dos meus pais
mais tempo do que imaginamos, repetimos a mesma programação do dia
anterior.
— Eu nunca imaginei que em um feriado à noite eu estaria em casa,
assistindo Harry Potter — sim, dessa vez eu os convenci —, sem sair, ir
para alguma balada ou estar trabalhando. Mas sabe o que é melhor, eu
trocaria sempre tudo isso por vocês, facilmente. — Karen falou nos levando
às risadas.
— Eu só queria saber o que aconteceu, porque Theodore que
arrumou uma noiva e a gente que ficou amarrado. — David falou.
— Vocês que gostam de se enfiar aonde eu vou. Não é minha culpa
sempre fazer boas escolhas. — Theo falou me puxando para mais perto e
dando um beijo no meu cabelo.
— Nem sempre foi assim, né? — Ele abriu a boca para retrucar, mas
Karen não deu tempo. — Ainda bem que as pessoas evoluem e aprendem
com os erros. David, isso é sobre o que eu já te falei. Minhas previsões
estão se concretizando. — finalizou rindo e fazendo uma expressão para ele
de deboche.
— Você não esquece isso? Não vai acontecer, Karen. Pensando bem,
com Theo eu sei que vai acontecer logo, comigo não. Me esquece, sua
bruxa.
Eu e as meninas nos olhávamos perdidas.
— Tá bem, vocês ativaram a fofoqueira que existe em mim.
Desembucha logo, o que é? — Claire foi a primeira a falar.
— Nada demais. Só disse que eles dois iam se casar muito em
breve. — Karen falou dando de ombros.
Não entendia Karen falar isso com naturalidade se ela sabia que
nosso relacionamento era um contrato. Não fazia sentido. E só de pensar em
Theo casando com outra pessoa senti uma coisa estranha, uma sensação
ruim.
Melhor parar de pensar nisso.
— Ah, faz total sentido. Com o Theo você acertou em cheio, o jeito
que ele a olha, denuncia o quanto está amarrado na Sophia, inclusive estou
aguardando a data do casamento. — Fiquei vermelha na mesma hora.
Mentir para Claire era muito difícil.
— Nós estamos pensando em algumas, não quero esperar muito.
Talvez daqui a uns quatro meses. Logo avisaremos vocês. — Theo falou,
como se nós estivéssemos realmente cogitando nos casar.
— Certo, amiga, se precisar de ajuda com alguma coisa, me avisa. E
David, pelo que eu estou entendendo, se Karen sempre acerta, então você é
o próximo da lista, vou só aguardar você oficializar.
— Comigo não, não vou me casar, nem ter nada sério com ninguém.
Podem esquecer. — David parecia até um pouco revoltado.
— Espere e verá. — Karen deu de ombros.
— Eu vou subir para o quarto. Não estou me sentindo muito bem.
— Sarah falou comigo.
— Quer ir ao hospital? Algum remédio? O que você está sentindo?
— Me preocupei imediatamente.
— Nada demais. Acho só que a comida não caiu muito bem, vou
deitar que logo passa. Qualquer coisa te chamo. — ela disse já se
levantando e saindo.
Enquanto isso, Karen continuou provocando David com a ajuda de
Theo e Claire.
— Acho que já deu de implicarem comigo. Sarah está demorando a
voltar. Será que ela passou mal no banheiro?
— Ela subiu para deitar, estava um pouco indisposta. — respondi
para David.
— Entendi. Bom, eu acho que vou recolher meu corpinho bonito
também. Vocês cansaram demais a minha beleza com essas teorias de
casamento.
— Não são teorias, são fatos. Boa noite, bonitão. Lembre-se que eu
sei de tudo. — Karen falou.
Eles eram doidos e isso era algo irrefutável.
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Depois do nosso dia de Natal, parecia que uma chave tinha virado.
Eu fiquei confusa com todos os cenários que a minha cabeça estava
montando.
Queria acreditar que nós poderíamos ter um futuro juntos, que eu
poderia ser feliz ao lado de alguém que me amasse de verdade. Mas a
minha cabeça me puxava para baixo, mandando que colocasse os pés no
chão.
Droga, por que era tão difícil deixar as emoções dominarem as
ações?
Essa era a primeira semana de Sarah na empresa, fazendo estágio.
Nós estávamos almoçando no refeitório. Mary estava de férias, tinha
viajado com seu pai para a casa de alguns parentes e eu já estava morrendo
de saudades dela.
— Irmã, que cara é essa? Eu tenho te percebido muito inquieta esses
dias.
— Nossa, está tão na cara assim?
— Não, eu que te conheço bem demais. Me diz, o que está
acontecendo? — ela pediu, segurando minhas mãos. Olhei em volta e como
não tinha ninguém por perto, resolvi falar.
— Meu tempo com Theo está acabando. Não sei muito bem o que
pensar sobre isso.
— Sophia, o que você sente por ele?
— Boa pergunta. Eu não sei responder.
— Como não? Pensa no que você gosta nele, quais as sensações que
você sente quando está com ele.
Era fácil pensar no que eu gostava, Theo era um homem lindo, que
fazia de tudo por sua família, amigos e por aquilo que ele acreditava. Era
honesto, um pouco excêntrico, tinha um coração enorme e não gostava de
levar o crédito pelo que fazia. Era implacável com tudo e não tinha medo de
ir atrás do que queria.
Agora as sensações que ele me trazia eram muitas, alegria, raiva,
prazer, pertencimento, frio na barriga. Droga!
— Você está se tocando que está apaixonada? Ou eu preciso
esfregar na sua cara?
— Você é só um pouquinho direta, né?
Sarah não media palavras para falar, principalmente se estivesse
certa, o que acontecia com muita frequência.
— Eu não estou mentindo, pare de se enganar. Não precisa ter medo
de ser feliz por conta do seu passado. Theodore não é nenhum deles. Ele
veio para você ver que pode ser feliz com alguém, sem se preocupar com a
sua sombra.
— Você sabe que o medo já foi mais forte do que eu em muitos
momentos.
— Sim, mas se estiver com medo, vai assim mesmo, se arrisque e
seja feliz. Tenha a mesma coragem pro amor que você tem para todas as
outras áreas da sua vida. Você é destemida em tudo, no amor não precisa ser
diferente. — Ela olhou diretamente nos meus olhos. — Eu sinto orgulho de
você e de quem se tornou. Você é o meu maior exemplo.
— Sarah, o refeitório não é o lugar ideal para você me fazer chorar.
— falei rindo e prendendo o choro.
— Você não costumava ser essa manteiga derretida. Mas agora
levanta essa cabeça e vai atrás do seu homem. Deixar tudo oficializado,
porque real já é a muito tempo.
Sarah tinha razão. Me sentindo confiante, mandei uma mensagem
para Theo.
Theodore Rockefeller
Que inferno!
Sophia tinha que sair correndo sem me ouvir?
Mas que caralhos Lauren foi fazer justamente hoje na minha sala?
Eu já tinha planejado tudo para me declarar a Sophia, comprei um
buquê e tinha reservado um restaurante para jantarmos. Agora pensava no
que ela escutou da conversa com a minha ex-namorada, que estava
completamente perturbada se achava que eu voltaria com ela.
Que porra! A perdi nas escadas, ela me dava um baile quando a
questão era corrida.
Desci até a recepção e lá não a tinham visto. Mesmo assim, saí e
olhei tudo do lado de fora e como esperado, nenhum sinal dela.
Fui para a garagem, perguntei ao segurança sobre ela e Gerald se
aproximou de mim.
— Aconteceu alguma coisa, Sr. Rockefeller?
— Você viu Sophia por aqui?
— Sim, ela desceu muito abalada, não cheguei perto porque David a
acolheu, eles saíram de carro há alguns minutos.
Por um momento eu pensei que ela pudesse ter saído sozinha nessa
neve que estava começando a cair.
Liguei imediatamente para David, mas ele não atendeu.
— Ele pode tê-la levado para casa. Não acha melhor nós sairmos
antes que a tempestade piore? Recebi um alerta agora a pouco informando
que ela vai ser mais forte que o esperado.
Concordei com ele. Estava totalmente sem cabeça, mas tive que
voltar na minha sala para pegar minhas coisas.
Cheguei lá e ainda encontrei Lauren, perto da minha mesa.
— Meu amor, você dispensou a bonitinha?
— Lauren, já chega, ok? Primeiro, não fale assim de Sophia, exijo
que a respeite. Acho que se eu tivesse sido claro antes, teríamos evitado
tudo isso. Eu não ligo que você está solteira. Eu estou com Sophia — ou
pelo menos estava —, é somente ela que me importa, então por favor, me dê
licença e não volte a me procurar para qualquer coisa que não seja trabalho.
— Theo, você não pode fazer isso, eu te amo...
Não deixei que ela terminasse de falar.
— Posso sim, porque eu amo Sophia. É com ela que eu quero ficar.
Acredito que já está de bom tamanho o tanto que você tem se insinuado
para mim, sem nenhuma correspondência. Você é inteligente, então já
percebeu que eu não te amo. Me dê licença, por favor. — Insisti novamente
que ela saísse, porque no momento não queria vê-la.
— Você vai se arrepender dessa escolha, escute o que eu estou te
falando. — Me ameaçou e saiu pisando duro.
No momento, só me arrependia de ter esperado tanto para falar os
meus sentimentos. Tudo isso poderia ter sido evitado, se eu não tivesse me
deixado levar pelo medo.
A neve caía do lado de fora, dentro de algumas horas,
provavelmente, ficaria impossível sair, esperava que assim que eu chegasse
em casa, ela já estivesse lá, nem que fosse para me tacar um vaso na cabeça.
No caminho de casa mandei mensagem no meu grupo com Karen e
David, pedindo notícias de Sophia, fazendo minha amiga me ligar
imediatamente.
— O que aconteceu? — Nem um oi eu recebi.
Expliquei tudo, só escutando a respiração dela do outro lado.
— Espero que agora você aprenda, primeiro, quem é aquela mulher
que você namorou, e segundo, que já deveria ter conversado com Sophia há
muito tempo.
— Karen, não preciso de uma lição de moral, já estou me cobrando
o suficiente.
— O suficiente para você é pouco para mim. Assim que chegar, me
avise pelo menos se ela está bem.
Concordei e finalizei a ligação.
Porém, para o meu desespero, só encontrei um apartamento vazio
quando cheguei.
Comecei a perturbar David, mas ele não me atendia ou respondia às
mensagens. Em pouco tempo Karen veio ao meu encontro e em menos de
uma hora ele apareceu no meu apartamento.
— Me fala onde a Sophia está, eu preciso falar com ela.
Ele só esticou a mão, me entregando o anel de noivado e as chaves
dela.
— Não sei o que você fez, porque ela não quis me falar, mas ela
parecia muito machucada.
— Me fale onde você a deixou, eu preciso falar com ela.
— Você não vai sair para lugar nenhum agora, a nevasca piorou. —
Karen apontou para fora. — Ela também não vai sair de onde está, então se
acalma, ok?
A porra da minha vontade era de sair andando na neve. Não me
importava se congelaria ou não, mas meus amigos não me permitiram,
então eu deixei um monte de mensagens de texto e voz para ela, mas
parecia que nada adiantava.
Para me ajudar, David seguia irredutível sobre me falar para onde
ele a havia levado.
Decidi esperar, só que meu coração não concordou comigo, parecia
gritar a todo instante para que eu corresse até ela.
Me perguntava como fui tão idiota em deixar alguém como Sophia
escapar.
Devido ao mau tempo que permaneceu, nós trabalhamos de casa, eu
não estava conseguindo prestar atenção em nada. Pedi que Dorothy
desmarcasse algumas coisas porque minha cabeça parecia que ia explodir.
Foi mais um dia tentando conversar e sendo ignorado.
Deitar na nossa cama foi difícil. Tudo tinha o cheiro do meu
pequeno lírio. O que antes me acalmava, agora estava me fazendo ficar
completamente desesperado.
No dia seguinte, eu já havia mandado mensagem para todas as
meninas, pedindo ajuda e falando que eu precisava me comunicar com
Sophia.
Então eu recebi um áudio:
“Theodore, por favor, respeite o meu momento. Acredito que o
nosso contrato acabou. Então, fora algumas coisas que são minhas e estão
aí, eu não quero mais nada seu. Me desculpe pelo jeito que eu saí correndo
e por ouvir sua conversa, porém foi melhor assim.
Acho que criei algumas expectativas que não eram corretas. Nós
levamos esse contrato para outro nível, quando não deveríamos ter
ultrapassado as barreiras.
Obrigada pelo que fez por mim nesses últimos meses, mas se não
tiver nada que não seja de trabalho, por favor não me procure.
Eu fui quebrada de muitas maneiras na minha vida, mas nenhuma
doeu como essa. E eu sei que foi somente minha culpa isso, porque eu que
te deixei entrar, quando você ainda era de outro alguém.”
Ouvir sua voz embargada e fungando em alguns momentos acabou
comigo.
Saber que eu estava machucando-a era o que mais me doía.
Ela me pediu para eu não me apaixonar e foi a primeira coisa que
eu fiz.
Me rendi sem ela fazer qualquer esforço.
David e Karen pediram que eu desse um pouco de espaço para ela.
Que esperasse um mínimo para que ela se recuperasse e aí sim me ouvir.
E eu prometi que eu a deixaria respirar, mesmo que eu não
conseguisse.
Era como se faltasse um pedaço importante de mim.
A sensação que eu tinha era de que arrancaram o meu coração.
E sem ele minha vida não fazia o menor sentido.
Capítulo 43
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Desde que saí daquele elevador hoje, tive a certeza de que precisava
conversar com Theo e acabar com as minhas dúvidas.
Só assim conseguiria seguir em frente. Depois que recebi sua
mensagem fiquei ansiosa para fechar esse capítulo da minha vida.
No final do dia, desci para encontrar Gerald na garagem. Quando já
estávamos no caminho perguntei o que me corroía para saber.
— Gerald, — chamei sua atenção, ele me olhou pelo retrovisor —
como ele está?
— De verdade? Não muito bem. Ele está passando por alguns
problemas e tudo isso acontecendo ao mesmo tempo, o deixou mal. Eu
trabalho há bastante tempo com ele, então só espero que encontre a mesma
felicidade que ele viu a vida toda na sua família. — Foi a primeira conversa
mais profunda que nós tivemos. E foi perceptível o apreço dele.
— Também espero o mesmo. Theo é uma pessoa muito boa e
merece o melhor.
— Não se desmereça, você também é, Sophia. Tem muito a mostrar
ao mundo. E encontrar a sua felicidade faz parte disso. — Me surpreendi
com o nível da conversa. Não esperava isso, ele sempre tão sério e quieto,
quem diria que prestava tanta atenção em pequenos detalhes.
— Obrigada. — Ele acenou e voltamos ao silêncio costumeiro.
Meu estômago começou a revirar em antecipação, o medo querendo
me dominar. Porém não me deixaria mais abater.
Enfrentaria o que estivesse me esperando naquele apartamento.
A subida não foi fácil, tive que respirar com calma para não ter um
ataque de pânico no elevador.
Quando as portas se abriram, encontrei Theo me esperando, com o
cabelo um pouquinho maior e a barba por fazer, e o que Gerald me falou fez
total sentido. Ele era muito vaidoso. Vê-lo assim, sem se importar com a
aparência, dizia muito sobre o momento pelo qual ele estava passando.
— Oi, meu Chocolate! Entra, vamos conversar. — ele disse me
dando passagem.
Olhar a casa que em poucos meses havia se tornado um lar para
mim, foi estranho e, ao mesmo tempo, me deu saudades.
— Oi, Theodore! Sim, quero te ouvir para encerrarmos nosso ciclo.
Me sentei no sofá, a sala estava com as luzes mais baixas, passando
um clima de tranquilidade, os alto-falantes tocavam uma música baixinha.
— Eu gostaria que você escutasse tudo que eu tenho para te falar,
antes de dizer qualquer coisa, tudo bem?
— Ok.
Respirei fundo e aguardei que ele começasse.
— Quando começamos tudo isso, eu sabia que sentia algo por
Lauren, até porque tivemos anos de relacionamento. Nunca imaginei que
inventaria um noivado por isso, mas Josh me tira do sério. — Não sabia que
isso tinha começado por conta de Joshua, achava que era tudo sobre Lauren.
— Enxerguei em você a oportunidade de fazer tudo dar certo. Mas o
problema era que eu me sentia atraído por você.
— Isso até então não foi um problema. — Dei um sorriso de canto.
— Foi um problema a partir do momento em que eu tive você. Eu
sabia que quando você se tornasse minha, não teria mais como voltar atrás.
Você passou a ser o centro do meu mundo, me vi querendo fazer de tudo
por você. Queria te ver bem, feliz, realizada. — Ele engole em seco. — Eu
fui me apegando a você, me apaixonando por cada pedaço seu.
— Como assim, foi se apaixonando? — sussurrei a pergunta,
atônita. A minha cabeça ainda fazia questão de me lembrar que ele
começou isso por Lauren.
— Apaixonando, não sei muito bem quando foi, só sei que foi
avassalador, porque eu me peguei apreciando cada mínimo detalhe seu,
cada gritinho de surpresa, sua amizade, sua determinação, seu coração
enorme, seu apoio no centro social, sua dedicação com a empresa e, aos
poucos, sua entrega comigo.
Eu estava sem palavras, minha cabeça dando um nó.
— Quando eu me dei conta do que estava sentindo, eu fiquei com
medo de te perder. Você tinha medo de relacionamentos. Me disse
explicitamente que não deveria me apaixonar por você.
— E você fez exatamente isso, né? — Como eu pude ser tão cega
assim?
— Sim. Como eu te falaria a verdade sem você surtar e sair
correndo? Não tinha ideia. Então, Karen e David me falaram pra te
conquistar, para que você quisesse ficar, que soubesse que o que eu sinto é
verdadeiro. E eu fiz isso em cada dia que passamos juntos. Fiz questão de te
mostrar o quanto você é única na minha vida, que eu queria você para
sempre ao meu lado.
— Então o que aconteceu naquele dia na sua sala? Você estava se
declarando para Lauren, não entendo... — Não estava fazendo sentido na
minha cabeça.
— Eu tinha escolhido aquele dia para me declarar para você. Ia falar
toda a verdade e pedir que você ficasse comigo oficialmente, mas Lauren
entrou falando um monte de coisa, não me deixando responder. Acredito
que você não tenha escutado a conversa inteira e por isso não entendeu o
contexto do que eu falava.
— Não, na verdade eu achei que você estava se declarando para ela
e iria dar um ponto final no contrato. O que me quebrou completamente,
porque eu tinha escolhido aquele dia para te falar que eu havia me
apaixonado. — Uma lágrima escorre pelo meu rosto, pensando em como a
gente se desentendeu por conta de uma conversa mal-ouvida e pelo meu
medo. — Se eu não fosse uma medrosa, nada disso teria acontecido.
Theo segurou o meu rosto nas suas mãos, secando as minhas
lágrimas e olhando no fundo dos meus olhos.
— Tudo bem a nossa vida ter um pouquinho de drama. O principal
para mim é que você saiba que eu te amo e, se você permitir, eu nunca mais
quero sair da sua vida.
— Por Deus! Prefiro sem drama. — falei rindo e fungando devido
ao choro. — Eu te amo também, mas você sabe que para permanecer
comigo, tem que entender que eu sou difícil e que esses momentos assim
podem acontecer. No fundo eu sabia que você não era igual a nenhum deles.
— Eu vou estar do seu lado para que você cure qualquer trauma do
passado, as cicatrizes fazem parte de quem somos, mas elas não ditam o que
somos. E você é muito mais que tudo isso.
Eu selei nossas bocas. E o que era pra ser algo calmo, se
transformou em um beijo cheio de sentimentos, de saudade e de
reconhecimento.
Nos braços de Theo, eu estava em casa.
Capítulo 45
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Tateei a cama e não encontrei Theo. Achei estranho ele não ter me
chamado. Peguei o telefone para olhar a hora e vi que tinha uma mensagem
dele, avisando que teve que sair mais cedo para resolver um problema, pelo
horário foi bem mais cedo.
Me arrumei para ir para a empresa. Sair nesse frio que fazia em
janeiro era uma tortura. Então o mínimo que eu fazia era me entupir de
café, porém acordei com o estômago revirado. Precisava ir ao médico e ver
o que estava acontecendo. Depois do que aconteceu com papai não poderia
me dar ao luxo de ficar me sentindo mal sem saber o que poderia ser.
Por enquanto continuaria atribuindo à avalanche de sentimentos que
me invadiram nos últimos dias.
Gerald me levou para a empresa comentando por alto que o
problema que aconteceu não era tão simples. Devido à segurança de Theo,
ele sempre sabia quando acontecia alguma coisa, para que estivesse atento e
reforçando a equipe que cuidava disso.
Antes mesmo de entrar, recebi uma mensagem de Lilian para que
subisse direto para a sala de reunião da presidência.
Cheguei no andar e notei uma movimentação muito maior do que de
costume. Entrei na sala, notando imediatamente um Theodore furioso,
gesticulando para todos os lados, parando somente quando me viu, vindo
imediatamente na minha direção.
— Oi! Bom dia, Sr. Estressadinho. O que houve?
— Bom dia, meu Chocolate. — disse me abraçando e respirando
fundo ao me dar um beijo no cabelo. — Você consegue me trazer paz. —
sussurrou encostando na minha cabeça. — O dia começou só com
problemas, mas logo você vai entender, sente-se que nós iremos começar a
reunião.
Assenti e fui me sentar ao lado de Lilian. Ela havia virado gerente
há algumas semanas, porque Tyler virou diretor de marketing da empresa
em que Donald trabalhava. Imagino que a empresa seria um lugar melhor
com ele lá.
Quando todos já estavam prontos pra começar, Lauren entrou
causando comoção. Era incrível como ela gostava de chamar atenção.
Theodore começou a explicar que sofremos um ataque essa
madrugada, e tivemos alguns dados roubados. Foi mais sério do que em
Paris, mas não tão grave, porque as proteções da empresa conseguiram
evitar o pior, que seriam todos os dados vazados.
Por fim, ele criou um comitê gestor de crise e pediu que nós
fizéssemos alguma estratégia parecida à que foi feita na última vez, que deu
certo desviando o foco do problema.
A equipe de Lauren estava totalmente mobilizada e Theo pediu que
eles ficassem extremamente atentos a tudo, porque até o momento não
tinham vazado nada.
Depois disso passamos a manhã elaborando a melhor maneira de
resolver, tentando enxergar soluções rápidas e que tirassem o foco, logo que
a informação estivesse na mídia.
Eu só vi Theodore de relance durante o dia, sempre parecendo
furioso com a situação que estava acontecendo.
O pior era nem conseguir falar com ele porque ele me disse que
quebrou o telefone.
Capítulo 47
Theodore Rockefeller
“Rockefeller ameaçada?
Entenda o que são as ameaças que estão circulando nas redes e
como pode te afetar.”
Entrando no link, havia print de uma conta que falava sobre ter
roubado dados da Rockefeller facilmente e o quanto a empresa não era
segura, que se eu não o pagasse, liberaria tudo.
— Que inferno! Já tem mais de uma hora que isso foi postado! Por
que ninguém me falou nada? Espero que já estejam agindo para resolver
essa merda. Olha o tanto de comentário. Óbvio que tem um monte de bot
aqui, ele fez isso pra inflamar a porra da mídia.
— Sim, está em vários sites a notícia com as mesmas chamadas.
Vou tentar ver se consigo mais alguma coisa com essas postagens.
— Karen, ligue para minha mãe por favor e explique o que está
acontecendo, não quero que meu pai veja e passe mal. Eu volto já. Vou
resolver isso agora com a equipe da Lauren, entender por que eu soube por
Athena e não por eles. — Sentia a raiva correndo nas minhas veias. Se não
pudesse contar com a minha equipe, eu estaria ferrado. — Athena, peça
para Dorothy chamar a equipe de Lauren aqui. — disse enquanto ia para a
minha sala.
Dorothy deu sua usual batidinha e entrou na minha sala.
— Theodore, avisei a equipe de assessoria para vir aqui, conforme a
coisinha pediu. Gerald pediu que te avisasse que ele saiu ainda há pouco
para levar Sophia para casa. Como está sem telefone, agora sou seu pombo
correio. Você precisa que eu fique aqui?
— Não, as coisas que estamos resolvendo agora não te envolvem,
pode ir descansar, está tarde. Peça para Gerald qualquer coisa ligar no
telefone que fica na sala de reuniões que estamos usando, ou para Karen. —
Não ia prender ela ali à toa.
— Ok, eles chegando eu irei sair. Quanto ao seu telefone, tivemos
um pequeno problema. Essa coisa do chip ser virtual agora, malditas
modernidades, antes era só colocar no telefone e problema resolvido, mas
agora querem inventar moda para tudo. — falou revoltada — A operadora
disse que até amanhã de manhã eles conseguem liberar, aí você tenta não
quebrar mais nenhum telefone, ok?
— Não posso prometer muita coisa, não. — Dei de ombros,
sorrindo de lado. Ela sabia que eu era do time “quebre o celular na parede”
ao invés do “se segure e tenha um infarto”.
— Você só vai sossegar quando me deixar doida. Eu vou terminar
algumas coisas, enquanto o pessoal não chega aqui. Se precisar de mim é só
me avisar. Fique bem, meu filho, logo esses problemas vão se resolver. —
Me disse com carinho. Assenti, enquanto ela saía da sala.
Aproveitei esses minutos para ver algumas pendências fora dessa
confusão. Porque simplesmente não deixaria a empresa parar por conta
disso.
Depois de alguns minutos bateram na porta e liberei a entrada.
— Pediu que nos chamassem, Theo? — Lauren estava à frente da
sua equipe, não eram muitas pessoas, acredito que um total de sete.
— Sim, eu gostaria de saber por que eu fiquei sabendo o que estava
sendo falado na internet sobre a Rockefeller pela Athena, e não por vocês?
— Fui direto ao ponto, estava de saco cheio de tudo, sem tempo para mais
enrolação.
— Como assim, Theo? Que absurdo é esse? — Lauren pareceu
ofendida. — Vai querer dizer que esse robozinho faz o meu trabalho melhor
que eu?
— Pelo menos ela me avisou. Eu imagino que vocês já tenham uma
estratégia pronta, então pode me falar qual é.
Ela foi ficando vermelha.
— Não tenho ainda. Acredito que ninguém tenha olhado as redes e
visto a notícia. — Ela falou empinando o nariz.
— Lauren, vocês têm ferramentas que monitoram os sites! Como
assim não notou que estava em TODOS os lugares? Vocês estão sendo
pagos para ficar olhando pro teto, por acaso?
— Talvez possa ser isso. Devo precisar rever algumas pessoas da
equipe. — ela disse olhando para eles, que já estavam vermelhos. Emma
parecia prestes a explodir.
— Não sei o que você vai precisar fazer, porém como responsável e
na situação em que estamos, o mínimo que eu esperava era um serviço
bem-feito seu. Mas aparentemente, seu profissionalismo não é importante
para você hoje.
— É sim. Você não pode vir falar sobre o meu profissionalismo. É
um absurdo isso. Não posso fazer nada se tem pessoas inco…
— Lauren, chega! Pessoal, podem dar licença, por favor? Preciso
conversar com Theodore e Lauren — Emma a interrompeu e eu assenti para
que o restante da equipe saísse. — Theodore, me desculpe, mas não vou
engolir que Lauren fale assim da equipe. Se quiser me mandar embora
depois disso, eu não me importo. Mas assim que saiu a primeira mensagem
no Twitter fazendo menção à empresa, nós a avisamos — ela olhou dentro
dos olhos de Lauren enquanto falava —, e eu fui informada que ela estaria à
frente e que não era para nos metermos.
Emma estava respirando pesado, notei o quanto estava brava com
tudo isso. Nunca tinha visto ela perder a linha dessa forma, porém gostei do
que vi.
— Como ousa falar isso? Está louca? Você está DEMITIDA. —
Lauren estava revoltada. Cheguei mais perto porque fiquei com receio de
que ela pudesse avançar em Emma. — Theo, você não acredita nisso, né?
Ela perdeu o juízo, eu jamais faria isso.
— Eu tenho e-mails enviados para você que mostram exatamente a
hora que você soube. E se eu estou demitida, vou sair agora. Theodore a
equipe estava trabalhando em paralelo para soltarmos uma nota. — Ela não
me deu nem tempo de responder antes de falar.
— Emma, pode finalizar o trabalho e me passar o que será
repassado para a imprensa. — Quando ouvi um suspiro mais alto, como se
fosse me interromper, virei para Lauren. — Você pode ir para casa. Não sei
o que anda passando pela sua cabeça, mas o profissionalismo que você
tinha desceu pelo ralo. Amanhã o RH entra em contato com você. — Emma
assentiu e saiu da sala como se soubesse o show que viria em seguida.
— Você não pode fazer isso comigo! Nos conhecemos há anos, eu
fui sua namorada, tivemos uma história e agora por causa daquelazinha
você quer me expulsar da empresa? — ela falava, apontando o dedo no meu
rosto.
— Sophia não tem nada a ver com isso, você está sendo desligada
porque perdeu a noção de como trabalhar. Não conseguiu separar o pessoal
do profissional. Não posso ter comigo alguém que não tem estrutura para
saber o ponto final das coisas, e com isso prejudicar a minha empresa.
— Ah, claro, a sua empresa! Ela sempre é mais importante que
qualquer coisa. Quero ver só quanto tempo vai durar essa ceninha de vocês,
quando ela perceber que você ama a empresa acima de qualquer coisa. Mas
não vai durar muito. Talvez nem tenha uma empresa para contar a história
se vazar tudo isso. — ela falava rindo.
— Você sabe de alguma coisa, Lauren? Acho melhor me falar agora.
— Não sei de nada, e mesmo se soubesse, não diria. Quero que você
se foda com a sua empresa, seus amigos e aquela lá.
— Já chega, pode sair daqui. — Fui até minha mesa e pedi que um
segurança a acompanhasse até a saída, que entregassem somente sua bolsa e
outro dia voltasse para pegar as coisas pessoais.
— Vou acompanhar sua queda no meu camarote. Aquele dia ver
você correndo atrás da Sophia foi só o começo. — Ela não sabia que nós
havíamos voltado, então tratava como se eu estivesse realmente perdendo
tudo.
O segurança do andar bateu na porta.
— Você vai me fazer sair daqui como uma criminosa? Tem noção
do quão errado isso é? Vou te processar, Theodore Rockefeller. — Seu
maior medo era a humilhação pública, então sair acompanhada dos
seguranças era o cúmulo.
— Meus advogados vão aguardar. — Abri a porta e esperei que
passassem para fechar.
Nesse momento me perguntei como consegui ficar anos da minha
vida sem perceber quem era a Lauren de verdade, como fui idiota assim?
Acho que estava acomodado demais com tudo isso para perceber
algo além do meu umbigo.
Voltei para a sala com um pensamento que poderia nos ajudar a
fechar a ponta solta.
— Acredito que podemos ter uma pista.
— Fala então, porque eu estou perdida aqui.
— O dia que Sophia saiu correndo da minha sala, Lauren ficou
sozinha lá por alguns minutos. Meu computador tem um sistema de leitura
de retina, qualquer uma diferente da minha, ele automaticamente começa a
gravar a tela e liga a câmera, vou puxar o histórico desse dia.
Imediatamente busquei nos arquivos o dia e realmente tinha uma
gravação do horário.
— Não sei se eu fico feliz, ou me preocupo por você ter esse tipo de
software e eu não saber. — Karen levantou uma sobrancelha como se me
questionasse.
— São testes que eu faço.
Alguém bateu na porta e como estamos com muitas coisas
confidenciais, fui ver quem era antes de liberar a entrada.
— Vai ficar me olhando e não me deixar entrar? — David disse
quando abri a porta.
— Poderia te deixar lá fora mesmo.
— Você jamais faria isso. Agora me fale como estão as coisas, vim
ajudar.
Contei exatamente tudo que descobrimos, enquanto olhávamos o
que Lauren fez no meu computador.
— Aquela filha da mãe instalou um programa que passou batido por
nós, porque simplesmente tem os mesmos códigos que usamos. Foi criado
com base no nosso próprio sistema de segurança, por isso passamos a
receber tantos ataques. Acredito que quem fez isso não imaginou que
estávamos mudando todos os dias de forma automática as defesas. — Karen
parecia incrédula. — Eu já abri o código inteiro, como a base é nossa, achar
a diferença é fácil.
Ela mostrou na tela os pontos diferentes e explicou como o
programa atuou e a diferença com o de Paris. Se nós não tivéssemos ficado
tão espertos com o último ataque, a empresa teria sido completamente
destruída. Não sobraria uma informação que eles não tivessem pegado.
— Eu acho que conheço essa assinatura. Lembro de ter visto em um
projeto na faculdade. — David mostrou do que se tratava.
— Essa foi minha principal desconfiança. Só não tive cem por cento
de certeza, porque lembrava por alto de ter visto.
— Não entendo o motivo que ele tem para fazer isso. Mas uma
coisa é certa, nós vamos pegá-lo. Ele vai apodrecer na cadeia junto com a
Lauren.
— O que faremos para provar? — David perguntou.
— Vou fazer aquilo que eu faço de melhor. Hackear a vida dele,
fazendo ele cair em uma armadilha para que consigamos deixar claro o seu
envolvimento e chamar meu advogado aqui, porque amanhã quero que ele
seja acusado de muitas coisas.
Ninguém mexia na minha empresa, ridicularizava o meu trabalho e
saía impune.
Capítulo 48
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Passar a noite sem ver Theo, ou ao menos conseguir falar com ele,
foi torturante. Ontem, com a correria, não consegui nem me despedir dele.
Agora daria um jeito de vê-lo assim que chegasse na empresa.
Me arrumei com calma, colocando um vestido rosa de lã por cima
das roupas térmicas para me ajudar com o frio, e separei um sobretudo
preto, para poder andar até a confeitaria que eu estava pensando desde o
momento que acordei.
Desci para a cozinha e novamente não consegui tomar café.
Aproveitaria para comprar para o trio ternura e comer um bolinho de
chocolate.
Encontrei Gerald na garagem.
— Bom dia, Gerald!
— Bom dia, Sophia. Iremos direto para a empresa?
— Não, quero passar naquela confeitaria que fica lá perto, aquela
que vende o bolinho que eu gosto.
Ele assentiu sorrindo, porque sabia exatamente qual era.
— Tem alguma notícia deles?
— Falei mais cedo com o Sr. Rockefeller. Aparentemente eles
tiveram bons resultados essa noite.
— Que bom. Espero que consigam resolver de vez essa questão.
— Sophia, iremos atrasar um pouco, porque tive que pegar uma rua
diferente devido à neve.
— Ok, contanto que a gente chegue lá, não tem problema. — disse
rindo.
Aproveitei o momento para combinar com Sarah um almoço. Não
tinha conseguido explicar a ela sobre como tinha sido minha conversa com
Theo.
Alguns minutos depois, Gerald parou em frente à porta.
— Não vou conseguir parar no estacionamento da frente, vou parar
na lateral.
— Ok, vou descer aqui mesmo, então.
— Cuidado com a neve que ainda está em alguns pontos. Já volto
para te encontrar. — Assenti e saí do carro, prestando atenção onde pisava.
Senti novamente a sensação de que estava sendo observada, Olhei em volta
e não vi ninguém me olhando diretamente, achei que pudesse ser impressão
minha. Voltei a prestar atenção no que fazia antes que congelasse naquele
frio ou escorregasse, reparei nos meninos que estavam limpando a calçada,
mas a neve que caía não ajudava na missão deles.
Entrei no quentinho, me sentando em um canto. Fiz o meu pedido e
recebi uma mensagem de Karen.
Theodore Rockefeller
Theodore Rockefeller
Sophia Clarck
Theodore Rockefeller
Terei coragem
Não deixarei nada levar embora
O que está à minha frente
Cada suspiro
Cada momento nos trouxe aqui
Um pouco mais perto
Eu morri todos os dias esperando você
Querido, não tenha medo, eu te amei
Por mil anos
Eu te amarei por mais mil
A Thousand Years - Christina Perri
Depois de todas essas emoções, saber que seria pai fez algo muito
importante em mim, despertar. Eu olhava para a barriga ainda discreta de
Sophia e pensava como poderia amar tanto alguém que eu nem conhecia.
Era completamente louco imaginar isso. Queria passar o dia todo só
agarrado a ela, mas a minha vida não era tão simples.
Nós estávamos apagando incêndios devido a toda questão divulgada
na mídia. Emma e a equipe fizeram um excelente trabalho em parecer que
tudo foi uma grande mentira. Inclusive a promovi para o lugar de Lauren,
que ficou tão humilhada com a prisão, que depois de pagar uma fiança
milionária, não estava nem saindo de casa enquanto aguardava o
julgamento. Fiz questão de garantir que ela e Josh pagassem pelo que
fizeram. Ele passaria bons anos na cadeia, e o que ele queria que
acontecesse comigo, se virou contra ele. Sua empresa ficou completamente
desmoralizada.
Com tudo isso, eu precisei lidar com os clientes e acalmar as
empresas que ficaram com medo de um ataque de “verdade” acontecer.
Me senti péssimo por ter que trabalhar demais e ver um mês passar
correndo na minha frente, sem conseguir ficar completamente presente com
a minha noiva e ajudar nos preparativos do casamento. Alguns dias eu
chegava em casa e ela já estava dormindo.
Isso estava dominando meus pensamentos.
Olhava pela janela do escritório uma Manhattan que não parava.
Pensava em uma solução, mas não sabia se me sentia preparado para
entregar a empresa para outro CEO e ficar somente como presidente. Tinha
medo de que meu pai se sentisse traído.
Meu telefone da mesa tocou e era Dorothy avisando que Robert
Rockefeller estava aqui. Pedi que entrasse.
— Oi, meu filho. — Ele veio até mim.
— Desde quando você precisa ser anunciado? — abracei ele, e
continuei observando a vista.
— Desde que me aposentei. Você é quem manda aqui, preciso
respeitar. — falou e se virou para a mesma direção que eu. — Sabe uma
coisa? Eu sempre olhava essa vista por todos esses anos em que trabalhei
aqui. Me acalmava quando eu precisava pensar.
— Tenho a mesma sensação, pai. — Respirei fundo, voltando meu
olhar para ele. — Em que eu posso te ajudar?
— Na verdade, eu vim dar minha opinião não solicitada. — Papai
sempre gostou de se meter em tudo, só deu um passo para trás quando
mamãe o obrigou.
— Sabe que eu respeito as suas opiniões, mesmo que nem sempre
concorde. Pode falar. — Indiquei o sofá para que pudéssemos nos sentar
mais à vontade.
— Percebi que você está vivendo alguns dilemas e eu não quero que
você passe pelos mesmos estresses que eu. Está começando a sua família
agora, então o mínimo que você deve fazer é se dedicar a eles.
Assenti, tentando entender aonde ele chegaria com essa conversa.
— Você já pensou em contratar alguém para dividir essas
responsabilidades?
— Eu estava considerando isso agora há pouco. Não sei se consigo
mais seguir deixando Sophia em casa para viver trabalhando. Ela é muito
compreensiva, não me cobra em nada, mas quero estar mais presente nos
momentos da sua gestação e depois na criação do nosso bebê.
— Esse é o pensamento, meu filho. Um dia, quando você acordar,
vão ter passado dezoito anos e seu filho sairá de casa, aí você se perguntará:
será que eu fiz tudo que poderia? Fui o melhor pai que ele merecia?
— Se esse for o seu medo, pode ter certeza que sim. Sempre foi e
sempre será o melhor pai. — O abracei apertado. Tinha muito orgulho dele.
— Uma coisa que me deixou preocupado, foi se você não se chatearia caso
eu contratasse um CEO e ficasse apenas como presidente.
— Theodore, eu sei que mesmo você apenas como presidente não
vai abandonar a empresa. E se você falasse que ia vender tudo, eu
concordaria. Só quero que você seja feliz e não morra infartado. — Nós
rimos, hoje tinha virado piada, mas quando papai ficou doente, nós
achamos de verdade que o perderíamos.
— Você não sabe o peso que me tirou. Era uma situação que eu
estava remoendo há semanas.
— Fique em paz. Tenho certeza de que você será um ótimo pai.
Conversamos mais algumas coisas até ele ir embora. Avisei a
Dorothy para abrir a vaga de CEO e começar todos os trâmites. Antes do
meu casamento queria estar com isso resolvido. Faria uma surpresa para
Sophia.
Passei duas semanas em uma correria sem fim entre ajudar Sophia
com o casamento, e fazer entrevistas sigilosas. Finalmente consegui
contratar uma pessoa para o cargo, que começaria na próxima semana,
exatamente uma antes do nosso casamento.
Lembrar de toda a loucura que foi fazer essa contratação em tão
pouco tempo, me trazia alívio agora, ao saber que poderia viver momentos
como esse, que era estar em casa me arrumando para irmos em uma
consulta médica de rotina.
Eu estava passando dias de muita preocupação com Sophia. Não
estava sendo fácil controlar sua pressão, o que requisitava uma atenção
maior nossa em relação à sua saúde e do nosso bebê.
Parei, admirando-a andando de um lado ao outro do closet
separando suas roupas. Até não resistir mais e finalmente ir ao seu
encontro. Ela apoiou o pé em uma poltrona, enquanto passava creme pela
perna.
Sentei-me na pontinha fazendo o trabalho por ela.
— Sabia que eu adoro quando você faz isso?
— Isso o quê? Passar creme em você?
— Não só creme, eu adoro a sensação das suas mãos pelo meu
corpo.
— Que bom, meu amor, porque se depender de mim, elas nunca
estarão longe. — Abri o robe de seda que ela usava, passando creme na
barriguinha que já começava a aparecer. — Oi, bebê. O papai ama você e a
sua mamãe. Nós estamos indo te ver daqui a pouquinho. — Dei um beijo
ali.
— Nós também te amamos, meu amor. Tenho certeza de que nosso
bebê será grudado em você. Comentei isso com Megan ontem. — Sophia
decidiu que faria terapia um pouco depois de descobrir a gravidez.
Ela queria se sentir segura para o nascimento do neném, a evolução
dela nesses quase dois meses era perceptível. A sua confiança aumentou, e
ela já falava do seu passado sem medo de que aquilo pudesse voltar a
acontecer. Até porque, se dependesse de mim, jamais deixaria que alguém a
magoasse novamente.
Terminamos de nos vestir e fomos até a clínica. Como hoje teríamos
a possibilidade de descobrir o sexo do bebê, a consulta virou um evento.
Todos os nossos amigos, meus pais e sogros estavam presentes, meus avós
fizeram questão de vir da Itália antes do casamento para acompanhar.
Sophia sempre ficava ansiosa quando tinha consulta, e eu não era
nem um pouco diferente. Mas hoje estávamos mais ainda, porque era um
momento único para nós dois.
A enfermeira chamou Sophia para se preparar, aferir a pressão, peso,
essas coisas, enquanto nós aguardávamos na sala de exames.
Ter dinheiro nessas horas era algo muito vantajoso, porque
fechamos uma ala da clínica apenas para a nossa família. Como era algo
que não queríamos que fosse divulgado na internet, a clínica estava sendo
extremamente discreta quanto às nossas visitas. Mas hoje, com toda a
comitiva que viemos, se não isolássemos a área, alguém poderia ver a
comoção e divulgar antes da hora.
— Meu filho, cadê essa médica com a Sophia? Quero ver o meu
bisneto.
— Vovó fica tranquila, eles estão vindo, só estão fazendo a rotina
antes da ultra. E a senhora insiste que é um menino?
— Theo, desde que ela descobriu, ela não parou um minuto de falar
que seria um menino. É porque viemos da casa da sua mãe direto pra cá,
senão você teria visto a mala de coisas que ela já comprou e bordou com o
nome da criança. — meu avô falou, como se já tivesse desistido de tentar
contrariar a mulher.
— Mãe, a senhora não acha que se precipitou em fazer tudo isso
antes de ter certeza de que seria um menino? — Meu pai parecia em choque
com o que ouviu.
— Nada, meu filho. Eu tenho certeza! Nunca me enganei antes, nem
quando engravidei de você ou dos seus irmãos, ou quando vocês tiveram
filhos. — Isso era algo que sempre foi comentado na família, que ela jamais
errava o sexo dos bebês.
— Eu concordo com a Janet. Desde que descobrimos a gravidez já
sentia que seria um menino. Meu afilhado será perfeito. — Karen falou,
enquanto Sophia voltava para a sala em que estávamos.
Só isso evitou a terceira guerra estourar naquele quarto, porque
essas meninas estavam quase se estapeando para saber quem seriam os
padrinhos do nosso neném.
Quando a médica começava a fazer o ultrassom e eu via nosso
neném, meu coração explodia de emoção.
— Vocês estão preparados para descobrir o sexo?
Concordamos, esse negócio de surpresa não era conosco.
— Parabéns, papai e mamãe, é um menino. — disse mostrando na
tela.
— Meu amor, é o nosso Matthew. — Sophia falou chorando
emocionada.
— Sim, meu Chocolate. O nosso menininho. Obrigado por tudo
isso. Vocês completam a minha vida. — Dei um beijo nos seus cabelos e
acabei chorando também.
No final foi aquela confusão, de choros dos nossos pais, nossos
amigos brigando por quem havia errado ou acertado e eu só conseguia olhar
para Sophia e pensar no quanto estava feliz. Me sentia completo.
A médica acalmou a bagunça na sala e pediu que nós ficássemos
atentos à pressão de Sophia e que ela evitasse se estressar a todo custo.
Depois que saímos da clínica, levei minha noiva para jantar.
— Eu tenho uma novidade para você. — falei, pegando sua mão por
cima da mesa.
— Adoro novidades. Me diz, o que é?
— Contratei um CEO para a Rockefeller. — Sophia abriu a boca,
parecendo surpresa. — Te surpreendi muito?
— Sim, não imaginei que fosse fazer isso. A empresa é a sua vida.
— Não, vocês dois são a minha vida. A empresa é importante,
lógico. Eu ainda vou ser o presidente. Ter a última palavra em determinadas
situações, mas decidi que ter mais tempo ao seu lado era o que eu desejava
de verdade.
— Droga, Theo — ela falou fungando —, sabe que depois que eu
engravidei estou uma manteiga derretida. Não pode ficar me falando essas
coisas em público. Como eu pulo em você e te beijo do jeito que eu desejo?
— Sophia estava com um apetite sexual duas vezes maior do que o que ela
já tinha normalmente. Eu só agradecia.
— Sabe que todos os seus desejos são uma ordem. Quando
chegarmos em casa, irei realizar cada um.
Ela sorriu e mordeu o lábio, fazendo com que a minha vontade por
ela gritasse. Essa mulher me mataria ainda.
Capítulo 51
Theodore Rockefeller
Sophia Rockefeller
Fomos passar a lua de mel em Paris e depois iríamos até a Itália para
conhecer a casa dos avós de Theo.
— Meu amor, eu fiz um itinerário para esses dias que iremos passar
aqui. Quero evitar que você fique nervosa, então dê uma olhada se você
acha que tudo bem seguirmos assim. — Ele me estendeu o iPad enquanto
tomávamos o café da manhã no quarto.
Assenti e comecei a olhar os lugares e tinha exatamente cada um
dos que eu havia citado na última vez que estive aqui, Galerie Vivienne,
Parc des Buttes-Chaumont, La Promenade Plantée, Torre Eiffel e o Louvre.
— Você lembrou de todos os lugares que eu falei que queria
conhecer? — Fiquei emocionada por ele guardar cada detalhe.
— Claro! Era pra ser surpresa, mas como você anda muito sensível,
achei melhor evitá-las. Fiquei com medo da sua pressão subir.
— Theo, pelo amor de Deus!
— O que eu fiz de errado? — Ele esbugalhou os olhos na minha
direção.
— Você não fez nada de errado. Só queria agradecer a Deus por
você ser perfeito. — Um sorriso aliviado brotou nos seus lábios. —
Inclusive, acho que me lembro de um bolinho de chocolate que vinha com
calda, que experimentamos nesse mesmo quarto. Acredito que podemos
pedir para entregarem aqui. — falei me levantando.
— Você me assustou. — Ele ficou de pé, me levantando, fazendo
com que eu me assustasse e desse um gritinho. — Sempre fico com saudade
dos seus gritinhos. — Ri, enroscando minhas pernas nas suas costas. — Vou
pedir para entregarem um monte desse bolo com calda para nós dois. —
sussurrou, me arrepiando.
Ele me levou até a cama, me deitando com cuidado. A médica
recomendou que não fizéssemos sexo muito bruto. Theo era obediente aos
médicos, então nós estávamos sempre fazendo “amor”, como ele gostava de
falar. Mas com ele era sempre tudo tão intenso, que até o sexo mais simples
me deixava completamente em chamas.
— Sabe que eu adoro quando sou o seu café da manhã. — falei
baixo enquanto ele beijava o meu pescoço, passava a língua e deixava leves
mordidas.
— É o meu preferido. Quando você não acorda passando mal, com
certeza é a minha escolha. — Ele riu, porque eu quase sempre passava mal
de manhã.
— Aproveite que hoje é um excelente dia pra você. Estou me
sentindo muito bem. — falei desamarrando o meu robe, ficando
completamente nua.
— Não entendo como é possível, mas cada dia que passa você fica
mais gostosa.
Ele começou a me beijar de forma calma, aumentando lentamente o
ritmo. Nos deixando sem ar. Foi descendo os beijos pelo meu pescoço, até
alcançar meu peito.
Passando a língua pelos bicos intumescidos, rodando eles um por
vez, me deixando louca porque estava extremamente sensível. Ele passou a
mamar, alternando entre eles, enquanto a sua mão já contornava meu
clitóris me fazendo gemer.
— Oh, Theo... Por favor... — implorava por algo que eu nem sabia o
que era, só queria que ele não parasse.
— Quer mais, meu Chocolate? Nós mal começamos e você já está
pronta para gozar? — falou, enfiando um dedo em mim. — Uma delícia,
encharcada.
Ele estava em pé fora da cama, me puxou para a pontinha do
colchão, abaixou para a minha altura e caiu de boca em minha boceta, me
levando ao céu em questão de minutos.
Enquanto ele alternava entre lamber e chupar, eu gritava no quarto,
rebolando na sua cara.
Agarrei o cabelo de Theo, o pressionando ainda mais em mim,
quando ele segurou meu montinho de nervos entre seus dentes, aumentei a
velocidade do meu rebolar contra o seu rosto enquanto sentia meu orgasmo
me arrebatando, tamanha força que me atingiu.
Gritei tão alto, que provavelmente todo o hotel ouviu. Theo
continuou me chupando até o último espasmo do meu corpo.
Se levantou depois, me puxando ainda mais para a ponta da cama,
apoiou uma perna minha no seu ombro e entrou lentamente em mim.
Essa posição fazia com que ele acertasse os lugares corretos, mesmo
que meu marido não usasse força, ele aumentava a velocidade.
Entrava e saia de forma que eu sentia meu corpo pronto para outro
êxtase.
Theo pegou a minha outra perna, juntando as duas, alterando assim
o ângulo que me penetrava e continuou com estocadas rítmicas e profundas,
me levando à completa loucura.
Me fez gritar novamente quando meu corpo já não suportava mais,
me sentia contrair no seu pau. Meu marido urrou em resposta, a cada
estocada se libertando dentro de mim.
Vê-lo tão entregue assim me fazia sentir no céu.
Ele se deitou ao meu lado recuperando o fôlego, pousando a mão
na minha barriga.
— Ele se mexeu, você sentiu? — Theo se levantou em um pulo,
ficando em êxtase.
— Sim, você achou que cutucar a casinha dele não ia fazê-lo
protestar? — Ri da empolgação dele, porque ele ficava fascinado quando
nosso bebê mexia.
— Desculpa, filho, mas o papai não consegue ficar longe da boceta
gostosa da sua mãe. — Dei um tapa nele. — Ai, sua mão é pesada.
— É pra você aprender a não falar essas coisas. Agora você é pai,
tem que ser exemplo. — Ele caiu na risada.
Falei brincando, mas eu tinha certeza de que Theodore seria um
excelente pai.
Nossos dias na França foram maravilhosos. Meu marido fez questão
de fazer cada mínimo detalhe ser incrível.
Na Itália não foi diferente. Seus avós me mimaram demais. Janet
estava muito feliz por mais um bisneto, e principalmente por ser de Theo,
ela falava que não tinha preferidos, mas era perceptível o carinho diferente
com que ela tratava o meu marido.
Tinha certeza de que meu menino seria muito amado e adoraria
visitar os bisavós na Itália.
Havia um mês desde que nós voltamos e, conversando com Theo e a
minha médica, achamos melhor que eu me afastasse da empresa. Não teve
um dia que a minha pressão não subisse, a médica pediu que eu desse um
passo atrás pois poderia prejudicar o meu filho. E carreira nenhuma valeria
a vida dele.
— Theo, se eu ficar mais um dia trancada nessa casa, minha pressão
vai acabar subindo de nervoso. — Estava ficando entediada por passar tanto
tempo trancada aqui dentro.
— Eu tive uma ideia e inclusive conversei com Michele. O que você
acha de aumentar suas aulas no centro social para o meio da semana, de
segunda a sexta? Assim você terá o que fazer todos os dias, só não poderá
abusar dos exercícios.
— Meu marido, eu já disse o quanto te amo hoje? Você é tão
inteligente. — Abracei ele apertado.
— Disse, mas não me importo de ouvir diversas vezes. — Me deu
um beijo, me puxando para o seu colo. — Eu pensei em mais uma coisa
também. Nós podemos expandir um pouco mais o projeto. Eu vou
patrocinar algumas bolsas de estudos voltadas ao esporte. Como não dá pra
fazer um mega programa sozinho, porque essa não é a minha área de
atuação, você pode usar seus conhecimentos de marketing para promover a
ação e assim conseguirmos parceiros e instituições que estejam dispostas a
ajudar.
— Eu adorei a ideia! Vou conversar com Michele e começar a pôr
em prática amanhã mesmo. Você é maravilhoso, sabia?
— Nada demais, você precisava de algo que você gosta para passar
esse tempo. E quer algo que você goste mais do que o esporte? Sabia que
seria o ideal. E tenho certeza de que você vai conseguir fazer coisas
incríveis lá.
— Espero que sim. Obrigada por me ajudar a pensar em algo. Te
amo! E amo o tanto que você me conhece. — falei enchendo-o de beijinhos.
Sophia Rockefeller
Fim.
Agradecimentos
Carioca, mãe de pet e ama doces. Não vive sem ler e adora assistir
séries nas horas vagas.
Sua paixão por escrita começou ainda na infância quando sua mãe
lhe apresentava histórias de princesas. Desde então, ela nunca mais parou
com a leitura.
Em 2023, decidiu colocar no papel as histórias que trazia com ela,
transformando seu sonho em realidade, com a publicação de “Um
Irresistível Contrato” no ano seguinte.
Contato
Para saber mais sobre as obras e a autora, siga-a em suas redes sociais, e fique por dentro dos
lançamentos, eventos, sorteios e muito mais:
Facebook: D An Morgan
Instagram: @autoradanmorgan
d.an.morganautora@gmail.com
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futuros leitores. Obrigada!
[1]
J.A.R.V.I.S. é uma inteligência artificial criada por Tony Stark representado como uma interface
de computador altamente avançada que o ajuda em várias tarefas.
[2]
Turnover significa a rotatividade de pessoal, no contexto de gestão de pessoas, está relacionada
com o desligamento de alguns funcionários e entrada de outros para substituí-los, ou seja, a
rotatividade é caracterizada pelo fluxo de entradas e saídas de pessoas em uma organização.
[3]
Noah Lyles é um velocista norte-americano especializado nos 100 m e 200 m rasos, campeão
mundial e medalhista olímpico.
[4]
Os medicamentos biológicos, também conhecidos como biofármacos, são fabricados através da
engenharia genética e têm um modo de ação seletivo. Eles são projetados para bloquear e neutralizar
alvos específicos nos processos inflamatórios. Esses medicamentos são derivados de organismos
vivos, como células e bactérias, o que lhes permite agir de maneira direcionada. Em muitos casos,
esses medicamentos também têm o efeito de fortalecer a resposta imunológica do corpo.
[5]
Informações retiradas do site da marca https://www.bulgari.com/pt-br/acanthus-emerald-colar
[6]
O Mapa do Maroto é um objeto da série Harry Potter. Ele aparece pela primeira vez em Harry
Potter e o Prisioneiro de Azkaban. É um mapa mágico de Hogwarts, que exibe todos os corredores e
passagens secretas e o local exato das pessoas dentro da escola.
[7]
O Pomo de ouro é um objeto da série Harry Potter. Ele aparece pela primeira vez em Harry Potter
e a Pedra Filosofal. O Pomo de Ouro é a quarta e menor bola utilizada no Quadribol. É uma esfera
cor-de-ouro do tamanho de uma noz com asas de prata que voa em torno do campo de Quadribol em
altas velocidades, por vezes, parando e pairando em um lugar.