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Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos são produtos da
imaginação da autora. Quaisquer semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais são mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
A cópia total ou parcial desta obra sem autorização expressa, por escrito, do autor é
proibida.
Plágio é crime.
A violação autoral é crime, previsto na lei nº 9.610/98, com aplicação legal pelo artigo 184
do Código Penal.
Criado no Brasil.
Obra Registrada.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
PLAYLIST
NOTA DA AUTORA
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
EPÍLOGO
CAPÍTULO BÔNUS – FELIZ DIA DOS NAMORADOS.
CAPÍTULO BÔNUS – SOU FELIZ, PORQUE TENHO VOCÊ.
AGRADECIMENTOS
SOBRE O UNIVERSO BILIONÁRIOS
PLAYLIST
Ouça, no Spotify através do link, a Playlist que combina perfeitamente com nosso
casal, Alexander e Raissa.
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— Por Deus! Eu não vou beber e dirigir nunca mais — falei em meio a um suspiro,
jogando o meu corpo para trás. Estava sentada no chão, com as costas apoiadas no sofá,
enquanto contava às minhas amigas toda a loucura do dia de hoje.
— Está me dizendo que o cara propôs que você se casasse com ele a troco de perdoar essa
dívida? — Beatriz perguntou, ao mesmo tempo em que Isabella apenas me olhava em choque.
— Sim — falei e me inclinei para frente, pegando a latinha de cerveja que estava sobre a
mesinha de centro.
— E o que mais estava incluso nessa proposta? — Beatriz arqueou a sobrancelha. Depois
de tomar um gole da bebida, eu voltei a minha atenção para ela.
— Não chegamos a discutir detalhes. Você me conhece, a não ser que não tenha escolha,
não vou me sujeitar a isso — disse, firme.
— E que escolha você tem, Rai? Mesmo a metade, é muito dinheiro — Isabella
questionou, balancei a cabeça em concordância, tendo ciência de que sim, ainda era uma puta
quantia de dinheiro.
— Eu sei, fiz o pedido de um empréstimo hoje, creio que tenha um retorno até terça-feira.
— Ah, Raissa. — Beatriz arfou e balançou a cabeça em negativa.
— Vai se atolar em dívidas quando poderia simplesmente se casar com o cara? — Isabella
falou, ao mesmo tempo em que franzia as sobrancelhas. — Eu não pensaria duas vezes em ir
pelo caminho mais fácil. Ele é tão feio assim?
— O problema não é esse. — Estremeci ao me lembrar daqueles olhos profundos sobre
mim. — O cara é extremamente gostoso, intenso e persuasivo. A ponto de me fazer sentir como
se estivesse prestes a vender a minha alma.
— A alma você vai vender no momento em que assinar um empréstimo com os juros
exorbitantes pagando duas ou três vezes o valor — Beatriz rebateu.
— É verdade, amiga, pensa bem nisso. É muita grana, talvez o melhor seja realmente pelo
menos ouvir a proposta dele — Isabella falou, o que me fez revirar os olhos.
Beatriz se levantou naquele momento e caminhou em direção à minha mesa na sala de
estar.
— Aonde está indo?
— Checar o conteúdo. — Ela deu uma risada e pegou o meu notebook, que estava ligado
sobre a mesa. O tirou do carregador e o trouxe para perto de nós. — Já que é um CEO, com
certeza deve ter fotos dele no google.
Dei um suspiro frustrado ao ouvi-la. Adiantaria rebater? Com certeza não!
Beatriz se sentou no tapete ao meu lado e empurrou a latinha de cerveja, ao mesmo tempo
em que colocou o notebook sobre a mesinha, enquanto Isabella se juntava a nós.
— Como você disse que era o nome do cara? — Beatriz perguntou, os olhos esperançosos
estavam sobre mim.
— Alexander Korfali — respondi, séria, ao mesmo tempo em que ela já digitava o nome
do cara no Google. Estranhamente, eu senti meu coração palpitar, apenas com a expectativa de
ver algumas fotos dele ali.
Eu estava ficando louca, bem louca.
— Puta que pariu — Beatriz falou, abrindo uma das fotos de Alexander.
E ali estava ele, lindo e gostoso, com o semblante sério e o ar de imponência que faltava
perfurar a minha alma. Aquele olhar, a boca carnuda e totalmente desenhada, vestindo um terno
azul-marinho sob medida.
— Credo... — Isabella disse em meio a um suspiro, chamando nossa atenção para ela. —
Que delícia!
Gargalhamos. Balancei minha cabeça em negativa e voltei a minha atenção para a tela. Eu
tinha que concordar com Isabella.
Credo, que delícia!
— Amiga, só vai. No seu lugar, eu teria oferecido antes que ele chegasse a propor
qualquer acordo. Posso pagar com o meu corpo? — Isabella brincou, à medida que ela e Beatriz
babavam em mais umas fotos de Alexander. — Sério, amiga, se você não quiser, eu quero.
— Isabella! — chamei a atenção dela, fazendo-a dar um sorriso.
— Brincadeirinha — Isabella disse, com uma pequena careta travessa nos lábios. Antes
que eu pudesse respondê-la, o som do meu celular tocando chamou a minha atenção.
Eu o peguei e olhei no visor constatando que era Vinicius novamente. Essa semana ele
estava ligando insistentemente, mas estava decidida a não falar com ele. Ele fazia isso quando
queria dinheiro, coisa que já havia dito que não daria mais.
Além de estar sempre pegando o meu dinheiro, foi o culpado por me colocar em uma
situação como essa. Suas ligações insistentes desviaram a minha atenção.
— O que foi, Rai? — Beatriz perguntou, atraindo a minha atenção para ela.
— Nada de importante — respondi, e deixei o celular de lado.
— Bem, que tal mais algumas bebidas enquanto olhamos um pouco mais esse gostoso? —
Isabella levantou a latinha de cerveja dela, nos mostrando que já estava vazia. Semicerrei os
olhos para ela que fez um pequeno beicinho. — Qual é, hoje é sexta-feira!
— Bebidas com toda certeza. Mas o gostosão aí, está fora de questão! — falei, um sorriso
brincou em meus lábios, ao notar a decepção das safadas quando fechei a tela do meu notebook e
o tirei das mãos delas.
Depois de o colocar em cima da mesa de jantar, fui para a cozinha buscar mais algumas
latinhas de cerveja, apenas torcendo para que o assunto fosse outro no momento em que eu
voltasse para perto delas.
As meninas com toda certeza estavam loucas. Era loucura, eu simplesmente não faria algo
assim, a não ser que não tivesse escolhas. Enquanto eu as tivesse, tentaria fugir.
Porque aquele envolvimento não seria real, além do mais, o pouco que conheci de
Alexander me levava a crer que ao final de tudo aquilo poderia me destruir. Uma mentira, como
isso poderia dar certo?
CAPÍTULO 07
Alexander Korfali
“Bom dia, Raissa.
Tomei a liberdade de montar um contrato listando todos os benefícios de fazermos um
acordo. Eu preciso de alguém para me ajudar com a minha avó e não consigo pensar em alguém
melhor do que você.
E com isso, você não teria que desembolsar o valor de R$210 mil. Ainda posso quitar
todas as dívidas pendentes em seu nome, como o financiamento do seu carro.
Pense bem, é um ganho mútuo. Mas não irei insistir, a decisão é sua.”
Eu deveria estar trabalhando, mas estava há cerca de uma hora olhando para o e-mail que
Alexander mandou hoje pela manhã, só queria entender como o cara conseguiu descobrir que eu
tinha um financiamento em meu nome.
Ainda assim, a curiosidade não me venceu. Estava buscando coragem para abrir o tal
contrato anexo, mas não fui capaz.
Tentação! Era exatamente o que era.
Uma tentação que eu não estava disposta a correr. Tudo que vem fácil, vai fácil.
Era exatamente por isso que nem mesmo me daria ao trabalho de checar aquele bendito
contrato. Não estava disposta a vender a minha alma a ele, pois era isso que parecia toda vez que
me lembrava daqueles olhos azuis e intensos sobre mim.
Cliquei em responder e, em seguida, pensei na melhor forma de dispensá-lo.
Raissa Campos
“Agradeço pela proposta, Alexander, mas não é do meu interesse. Seguirei tentando da
minha forma. Até sexta-feira o dinheiro estará em sua conta, obrigada!”
Suspirei e cliquei em enviar. Estava muito confiante que o empréstimo seria aprovado.
Então, não daria o braço a torcer, nem me veria tentada a tal proposta.
Uma batida à porta chamou a minha atenção. Fechei o e-mail e me ajeitei na cadeira.
— Pode entrar — respondi, observando Amanda abrir a porta.
— Ei, Raissa — ela me cumprimentou.
— Como estamos? — perguntei, notando que a cara dela não era das melhores.
— Estamos com o senhor George na linha. Tentei resolver, mas não tem jeito ele quer
falar com você e parece irritado.
— Poderia ter me passado antes. Transfira a ligação para o meu ramal e eu resolvo —
pedi, Amanda assentiu e saiu da sala.
Desviei a atenção para o telefone, apenas aguardando que me transferissem a ligação.
Estava totalmente ferrada com esse cliente. Ele tinha pressa para deixar tudo alinhado, pois
lançaria um novo produto na próxima semana, nos últimos dias eu estava deixando bastante a
desejar e sabia disso.
Como se já não fosse o bastante a ausência de Alexandre e Gabrielle, que eram peças
muito importantes a cada projeto.
Eu daria conta mesmo sem eles, porém, minha cabeça estava um turbilhão e isso estava
fazendo com que meu rendimento não fosse tão bom. O que geralmente não acontecia.
Além do retorno constante, eu precisava entregar tudo ao cliente no prazo. Então, estava
decidida que nem que eu fizesse hora extra, era exatamente o que faria.
Atendi a ligação e acalmei o cliente, prometendo que no máximo no dia seguinte
entregaria a ele tudo como prometido e daríamos andamento ao projeto.
Felizmente, consegui o acalmar, só depois de um longo bate-papo encerrei a ligação.
Estava pronta para começar a agilizar as coisas quando uma mensagem da minha gerente
chamou a minha atenção.
Fernanda: Ei, Raissa, tentei te ligar sem sucesso. Já temos um retorno, você pode vir à
agência hoje?
Chequei as horas e pensei um pouco antes de respondê-la. Estava realmente atolada no
trabalho, mas isso era algo que precisava checar.
Eu: Claro, estarei aí em meu horário de almoço. Por volta de 12h30, tudo bem?
Arqueei a sobrancelha quando a resposta veio de imediato.
Fernanda: Ótimo, estarei a sua espera.
Apenas balancei a cabeça em positivo para o celular e o deixei de lado. Tentando voltar a
minha atenção para o que realmente precisava no momento, o meu trabalho.
Foram as duas horas mais longas que tive em muito tempo. Apesar de confiante, estava
ansiosa para descobrir se aquele empréstimo realmente havia sido aprovado como previsto.
Era quase meio-dia quando resolvi adiantar as coisas. Avisei a Isabella que não almoçaria
com ela hoje de novo. Solícita, ela ofereceu o carro dela mais uma vez, mas recusei, afinal, tinha
pegado ontem o meu na oficina.
Fui diretamente para o banco com a intenção de almoçar, depois que saísse de lá. Como
sempre, ao me ver o segurança me deixou entrar e, então, fui diretamente para a ala onde a minha
gerente atendia.
Parei em frente à sala dela, dei duas batidas à porta ciente de que ela estava apenas me
esperando. Não demorou para que ela me dissesse para entrar.
Fernanda deu um pequeno sorriso ao me ver. Retribuí o sorriso e entrei na sala, sentando-
me na cadeira à frente, enquanto ela desviava a atenção para o computador à frente.
— Boa tarde, Raissa, tudo bem? — ela perguntou, voltando a atenção para mim quando
me acomodei na cadeira.
— Eu saberei no momento em que me confirmar a aprovação do empréstimo. — Dei um
pequeno sorriso para descontrair, o que fez ela ficar séria de repente.
Merda! Aquilo imediatamente fez com que o meu sorriso se dissipasse também.
— Eu gostaria de pedir desculpas, eu realmente pensei que estava praticamente aprovado.
— Não foi? — perguntei, sentindo meu coração vacilar. — O empréstimo foi recusado?
— Sim, infelizmente — ela respondeu e apertou os lábios.
— Céus! — Suspirei, sem saber como seguiria. — Você estava tão certa de que seria
aprovado.
A verdade era que eu havia ficado tão confiante que daria certo, que a notícia negativa me
tirou do eixo.
— Pela minha experiência sim, não faço ideia do motivo que foi recusado, até tentei fazer
uma nova simulação, mas aparentemente está bloqueado no sistema. Só poderemos fazer uma
segunda tentativa no prazo de três meses.
— Puta que pariu. — Deixei aquelas palavras escaparem, então olhei para a minha
gerente, ela estava visivelmente sem graça. — Me desculpe pelas palavras, só estou surpresa.
— Eu também estou — comentou, assenti.
— Não tem muito o que fazer então, né? — perguntei, a voz contida.
— Por agora, infelizmente, não.
— Tudo bem, eu tentarei outras alternativas. — Levantei-me da cadeira e forcei um
sorriso. — Muito obrigada por enquanto.
— Por nada, Raissa, qualquer novidade eu entro em contato.
— Certo, até mais — despedi-me, ela deu um aceno com a cabeça.
Saí da sala da minha gerente totalmente sem rumo.
Meu coração estava a mil, sentia como se um balde de água fria tivesse acabado de ser
jogado sobre mim. Estava tão convencida de que daria certo, que a situação nesse momento
parecia irreal.
Ainda assimilando aquela informação, caminhei em direção ao meu carro e dirigi
lentamente pelas ruas. Procurei um restaurante calmo para almoçar enquanto pensava em tudo.
Eu me vi cogitando várias possibilidades durante o almoço, mas nenhuma parecia certa.
Assim que terminei de almoçar, fui para a empresa. Esse assunto já estava atrapalhando
muito o meu rendimento, então no momento em que coloquei os meus pés lá, decidi que
concentraria a minha atenção no que havia prometido ao George.
Precisava finalizar todos os detalhes e entregar tudo até amanhã.
E assim eu fiz, quando aquele assunto vinha em minha mente, o mandava para longe.
Segui durante toda a tarde com a minha equipe ficando apenas alguns dados e detalhes para
ajustar.
Dispensei a todos e acabei ficando até mais tarde na empresa, decidida a terminar tudo
antes de ir para casa.
Estava dando graças a Deus por conseguir cumprir com excelência o meu objetivo. Tudo
estava nos conformes, apenas precisava checar mais uma vez o e-mail do cliente para conferir se
não havia deixado passar nada no meio de tantas exigências.
Estava prestes a buscar pelo e-mail da equipe de George quando um novo e-mail chamou a
minha atenção. Novamente, eu vi meu coração disparar apenas de ler aquele nome em minha
caixa de entrada.
Alexander Korfali.
E antes de verificar o que precisava, acabei entrando no e-mail de Alexander para checar a
sua resposta.
Alexander Korfali:
“Ótimo, Raissa, aguardarei o seu retorno até sexta-feira.”
Era um e-mail simples e objetivo. Ele aceitou muito bem a minha decisão, mas aquilo só
fez a minha ansiedade aumentar. Como eu faria? Eu teria até sexta-feira para tentar um
empréstimo em outro banco, ou, no fim, acabaria cedendo aos caprichos daquele homem.
Em um momento de insanidade, busquei por seu e-mail anterior e meus olhos foram para o
arquivo anexo que ele tinha me mandado pela manhã. Onde possivelmente tinha os termos do
contrato que ele desejaria comigo para quitar aquela dívida.
Suspirei e balancei a cabeça em negativa, no minuto seguinte, fechei o e-mail. Nunca
gostei de nada que viesse tão fácil para mim.
Aquilo era tentador, mas, ao mesmo tempo, assustador.
CAPÍTULO 08
— Bom trabalho, pessoal, agora que George aprovou todos os métodos sugeridos, é hora
de mandarmos ver. Como sempre, vamos fazer isso dar certo — falei, encerrando a reunião com
minha equipe, após ter um retorno muito positivo com o cliente. — Vocês são foda, sei que vão
arrasar mais uma vez.
— É isso, Rai. Esse será mais um projeto finalizado com excelência, eu tenho certeza —
Isabella completou, sorri e pisquei para ela.
Ela retribuiu o sorriso e se levantou, começando a juntar as anotações que havia feito ao
longo da reunião. Desviei a minha atenção para o restante da equipe, que fazia o mesmo.
— Você arrasa — Luiz Felipe falou, à medida que passava por mim.
— Nós arrasamos — respondi, observando-o deixar a sala.
Minha atenção estava em cada um que passava por mim, cumprimentando-me com um
sorriso no rosto. Se tinha algo que eu gostava muito era quando as coisas voltavam aos eixos,
como nesse momento.
Amava a sensação de dever cumprido. Entregar um resultado mais do que satisfatório ao
cliente era sempre a minha missão. Para mim, apenas entregar o que o cliente esperava, não era o
suficiente. Eu queria mais, gostava de surpreender. E sentia que, mais uma vez, seria assim.
Apesar de os atrasos iniciais, nós finalizamos com excelência e com os resultados acima da
média.
Assim que quase todos tinham se retirado da sala de reuniões, eu me virei para sair
também, assustei-me ao notar um dos sócios da empresa apoiado no batente da porta.
— Ei, Ricardo, o que está fazendo aqui? — perguntei, surpresa. — Digo, você não tem
aparecido por aqui na parte da manhã.
— Precisava conversar com você, com certa urgência — disse, sério.
— Claro, tenho ótimas notícias, devemos começar por isso? — perguntei, a fim de
descontrair, porém, o semblante de Ricardo continuou sério, o que me deixou sem graça.
Eu era uma pessoa alegre e comunicativa. Estava brincando sempre que possível, porém,
às vezes me esquecia de que diferente de Alexandre que era um chefe debochado e brincalhão,
Ricardo adotava uma postura mais séria.
Ainda assim, ele parecia mais sério do que o normal, o que me deixou em alerta sobre algo
estar errado.
— O que aconteceu? — perguntei de forma direta. Ele desviou a atenção para as duas
meninas da equipe, que continuavam na sala.
— Vamos conversar na sala do Alexandre, pode ser?
— Claro, vamos lá! — respondi e o observei dar as costas para mim e ir em direção à
saída. Fui logo atrás dele, acompanhando-o até chegarmos à sala.
Ricardo abriu a porta e me deu espaço para entrar. Ele fechou a porta atrás de nós e eu
caminhei em direção à mesa, em seguida me acomodei em uma das cadeiras.
Esperei que Ricardo fizesse o mesmo, sentando-se na cadeira de frente para mim. Ele me
mediu com o olhar e o semblante ainda mais sério fez meu coração saltar dentro do peito.
— Como estão as coisas? — perguntou, os olhos fixos em mim.
— Apesar da minha vida pessoal estar meio bagunçada, vai tudo bem. — Dei um sorriso e,
mais uma vez, ele não me acompanhou. — Mas imagino que não seja esse o motivo de me
chamar aqui, que tal ir direto ao ponto? O que precisa falar comigo de tão urgente?
— Sinceramente, Raissa, hoje eu vim até aqui para fazer uma das coisas mais difíceis que,
provavelmente, farei em minha vida — ele respondeu, firme.
— E o que seria isso, senhor? — perguntei e o medi com o olhar. Ricardo suspirou e se
recostou na cadeira.
— Demitir alguém que está conosco há tanto tempo, acho que foi nesse momento. — Seu
tom era como se aquilo realmente fosse doloroso.
À medida que assimilava suas palavras e toda seriedade envolta, senti meu coração
disparar e um nó se formou em minha garganta.
Céus! Ele estava se referindo a mim.
— O quê? — perguntei, a voz contida, incapaz de acreditar naquilo que acabei de ouvir.
— Por quê?
— Eu preciso que deixe o seu cargo ainda hoje — falou, ignorando o meu questionamento.
— Mas fique tranquila, receberá o aviso prévio e todos os seus direitos.
— Que tipo de brincadeira é essa? — perguntei, tentando identificar algum vestígio de que
isso seria uma brincadeira de muito mau gosto da parte dele.
Mas não, Ricardo continuou sério, de forma que nunca o vi antes. Isso confirmava a mim
que, de fato, ele não estaria brincando.
Engoli em seco naquele momento. Tentei pensar nos motivos para isso, minha única falha
fora no projeto atual, sempre fiz tudo tão bem, então me recusava a acreditar que o problema
havia sido esse.
— Sei que me atrasei um pouco com o projeto do George, mas isso nunca aconteceu antes.
Tem algo a ver com isso? — forcei-me a perguntar.
— Como eu posso confiar a minha empresa a alguém que, no momento em que mais
precisei, me causou problemas? George conversou comigo, até mesmo ligou para Alexandre, que
você sabe que não deveria ser incomodado nesse momento, simplesmente porque você não
estava cumprindo os prazos. — Ele suspirou. — Me desculpe, mas preciso de alguém que saiba
lidar com tudo na minha ausência, ou na de Alexandre.
Lágrimas se formaram em meus olhos, e eu segurei para não as deixar cair ao ouvi-lo.
— Eu admito que falhei, mas é algo que pode ser revertido, você me conhece e...
— A decisão já foi tomada — interrompeu-me, firme.
— Alexandre está ciente? — perguntei, a voz embargada.
— Eu me viro com ele, no momento estou pensando no que é melhor para a empresa. E,
infelizmente, Raissa, será impossível mantê-la.
— Gabrielle vai assumir o cargo? — perguntei, aceitando que aquela decisão era
irreversível.
— Não, peguei uma indicação de uma pessoa que seria mais adequada, contém uma
bagagem maior na área do marketing. Como eu disse, quero alguém que lide com tudo na minha
ausência, ou de Alexandre, e se ele estiver ausente, certamente Gabrielle também estará.
— Faz sentido. — Minha boca se curvou em um sorriso que não chegou aos olhos. —
Nesse caso, acho que não tenho o que fazer, a não ser aceitar.
Um silêncio pairou no ambiente, enquanto processava aquilo, confirmando a mim que era
realmente isso que estava acontecendo.
— Gosto muito de você, Raissa, e sou grato por tudo o que já fez por essa empresa. Espero
que não guarde ressentimentos.
— Eu entendo — respondi, a voz contida. — Mas e o projeto atual?
— Cuidarei pessoalmente de tudo, pelo menos até Alexandre e minha filha voltarem, e a
pessoa que assumirá a vaga já está estudando todo o projeto que fizeram.
Assenti ao ouvi-lo e me levantei da cadeira. Estava mesmo sendo substituída. E o mais
engraçado nisso tudo era que antes de me comunicarem, outra pessoa já estava revisando tudo.
Perfeito!
— Algo mais a me falar? — perguntei, tentando controlar os sentimentos.
— Olha, eu juro que isso é a última coisa que gostaria de fazer. Você é uma das melhores
gerentes de marketing que já conheci. Mas essa mudança realmente será necessária para o futuro
da empresa, para que eu consiga ficar ausente sem me preocupar se vou sobrecarregar Alexandre
ou minha filha.
— Tudo bem. Essas coisas acontecem. — Forcei um sorriso para ele. — Eu vou direto ao
RH e adiantarei ao máximo as coisas para liberar o mais rápido possível. Creio que até o horário
do almoço eu já tenha resolvido tudo.
Segurei.
Segurei muito as lágrimas enquanto resolvia toda a burocracia para dar entrada ao
desligamento do meu cargo. Algo que batalhei por anos.
Não foi fácil, anos de estudo, horas extras para mostrar o meu potencial. A faculdade, a
pós-graduação. Tudo em aperfeiçoamento para permanecer naquela empresa que sempre foi o
meu sonho trabalhar.
Foram sete anos de muito esforço naquele lugar para ser dispensada na primeira
oportunidade que tiveram de me substituir. E mais, no pior momento de minha vida.
Tudo isso foi caindo sobre mim, enquanto caminhava em direção ao meu apartamento. E
no momento em que fechei as portas atrás de mim, permiti que aquele sentimento angustiante
finalmente pudesse sair.
Encostei-me na porta e levei as mãos em meu peito, enquanto deixava meu corpo cair,
sentando-me no chão.
Meu peito doía tanto, a ponto de me fazer apertar ainda mais as minhas mãos sobre ele,
enquanto colocava todo aquele sentimento para fora.
Eu sabia que todos nós estávamos sujeitos a isso e que a empresa poderia fazer o que achar
melhor para ela. Mas eu sempre me doei tanto, sempre fiz tudo tão perfeito. E nesse momento, a
minha vida parecia virada de cabeça para baixo.
Um irmão que só sabia se meter em confusão e sugar tudo o que podia de mim, uma dívida
de 210 mil, o empréstimo que, segundo a minha gerente, estava garantido e fora negado, por
último o meu emprego.
O que diabos estava acontecendo comigo? Com a minha vida?
Então, eu estava chorando por tudo, permitindo-me chorar pela bagunça que minha vida
estava se tornando. E não fazia ideia por quanto tempo permaneci sentada no chão, permitindo-
me ser fraca pelo menos uma vez. Permitindo-me chorar, como não fazia há muito, muito tempo.
E quando senti que estava pelo menos um pouco mais calma, eu me levantei e fui para o
banheiro. Tirei as minhas roupas e fui para o chuveiro.
Deixei a água cair sobre mim por um longo tempo, enquanto pensava em como eu deveria
seguir. Ficar quieta chorando não fazia o meu estilo, precisava decidir se faria ou não o que
estava tentando evitar todo esse tempo.
Saí do banheiro decidida, a fazer aquilo que poderia ser a maior loucura da minha vida. A
fazer aquilo que poderia me destruir, mas que, no momento, era a minha melhor opção.
Melhor não. Aquela era a minha única opção.
Travei no momento em que peguei aquele cartão de visitas. Fiquei encarando-o por um
bom tempo, enquanto pensava em tudo.
Mesmo que eu conseguisse outro emprego, seria difícil. Ou era isso, ou perderia também o
meu apartamento e o meu carro. Voltando exatamente à estaca zero. Do que valeria todos os
meus esforços até o momento?
Foi o pensamento que me motivou a, finalmente, discar o número de Alexander e apenas
esperar que ele atendesse.
— Raissa. — A voz autoritária de Alexander pairou do outro lado da linha após o segundo
toque. Por um momento, quase me esqueci do motivo que me fez ligar para ele.
Foco! Eu precisava manter o foco e, com certeza, o foco não era a voz gostosa daquele
homem falando meu nome daquela forma.
— Eu recebi a sua proposta — comentei, a voz ainda abalada enquanto procurava uma
forma de confirmar se aquela proposta ainda estaria de pé.
— Eu sei, você respondeu que não era do seu interesse — Alexander falou, sério, embora
ele não pudesse me ver, ele havia conseguido me deixar corada com tão pouco.
— Ah... — Suspirei, sem saber ao certo como falar. Eu não sei se deveria ter ligado
quando meu emocional estava tão abalado, pois as palavras que saíram em seguida, não foram as
planejadas. — Você precisa mesmo fazer isso?
— Isso o quê?
— Me fazer pagar esse valor, quando você nem precisa dele.
— Raissa — Alexander chamou o meu nome, de forma autoritária. — Você acha que eu
teria o dinheiro que tenho hoje, se me dispusesse a pagar sempre pelos erros dos outros?
— Mas o erro não foi só meu... — Deixei aquelas palavras no ar, na tentativa de rebater,
mesmo sabendo que independentemente disso, eu estava errada e não tinha discussão quanto a
esse fato.
— Você sabe que as coisas não funcionam assim, além disso, eu concordei em arcar com
metade do prejuízo. Acha certo que eu pague por tudo, quando você sabe que estava errada
também? — ele perguntou, e quando não obteve resposta continuou. — E não estamos nem
falando do fato que você estava sob o efeito de álcool.
Balancei a cabeça em concordância, tendo ciência de que ele estava certo. E a verdade era
que eu me conhecia o suficiente para saber que se ele tivesse feito de outra forma, eu não
conseguiria dormir com tranquilidade à noite. Porque também tive a minha parcela de culpa e
detestava me sentir em dívida, então sim, ele estava certo.
Minha voz sumiu no momento em que pensei em dizê-lo o motivo de minha ligação.
Aceitar aquela proposta, era algo difícil, realmente muito difícil. A sensação de não ter outra
saída, a lembrança dele dizendo que sempre tinha aquilo o que queria, tudo tornava as coisas
ainda mais difíceis para mim.
Deixava-me intimidada saber que no final, mesmo sem fazer nada ele conseguiu
exatamente aquilo que queria.
Mas diante da situação que eu me encontrava, não tinha escolha. Estava prestes a vender a
minha alma ao diabo. Ou não, mas só o tempo poderia dizer isso.
— Raissa? — Alexander chamou ao não obter uma resposta. Suspirei e mordi o meu lábio
inferior.
Cheguei à conclusão de que não estava em meu juízo perfeito pela sensação que me
invadiu, ao me ver tendo que falar aquelas palavras a Alexander, pois sentia que parte de mim
ansiava por aceitar essa proposta desde o momento em que a ouvi, mas a mantivera escondida,
pois sabia que não seria nada saudável estar ligada a um homem como esse.
Mas, aqui estava eu, fazendo exatamente aquilo que tentei evitar a todo custo.
— Eu vou aceitar a sua proposta — falei, de repente. Meu coração naquele momento
faltava sair pela boca, enquanto o silêncio se instaurava do outro lado da linha.
— Ótimo — Alexander finalmente respondeu, sem dar qualquer sinal de como aquela
informação havia o atingido. — Isso será algo benéfico para nós dois.
Fui incapaz de respondê-lo. Tinha minhas dúvidas quanto a isso, contudo, no meio daquela
batalha que eu travava sobre querer ou não aquilo, não conseguia pensar em outra saída.
Alexander não disse nem uma palavra a mais, o que me fez tomar a iniciativa de continuar
aquela conversa alguns instantes depois.
— Qual é o próximo passo?
— Você chegou a ler todo o contrato? — ele perguntou, ignorando em partes a minha
pergunta.
— Não, para falar a verdade eu nem mesmo o abri — fui sincera, fazendo com que
novamente o silêncio pairasse sobre nós. E eu me arrependi de deixá-lo ter aquela informação.
— Está aceitando sem saber o que de fato eu propus? — Alexander perguntou, fazendo-
me arrepiar com a diversão em sua voz. — Significa que está disposta a aceitar qualquer termo
que eu tenha colocado, Raissa? Isso é realmente algo perigoso.
— Não é bem assim. As coisas serão nos meus termos — respondi, tentando contornar a
impressão de que havia passado há pouco.
— Bem, não é o que parece.
— Apenas prefiro discutir tudo pessoalmente. Não ache que por eu ainda não ter lido,
signifique que aceitarei qualquer coisa — respondi, séria, deixando-o sem palavras mais uma
vez. E naquele momento, eu soube que ele havia perdido aquela confiança que se fazia presente
há pouco.
— Então vamos fazer isso o mais rápido possível — Alexander disse, autoritário. — Pode
me encontrar na empresa em duas horas?
Meu coração acelerou com a ideia de vê-lo, mas não respondi de imediato. Sabia que
precisaria de um pouco mais do que isso para me organizar.
— Te encontro lá em quatro horas — sugeri.
Um silêncio se formou do outro lado da linha. Resolvi aguardar o seu retorno sem
demonstrar que não estava tão segura daquilo.
Claro, eu precisava mostrá-lo desde já que as coisas não seriam apenas nos termos dele. E
pretendia também dar uma lida naquele contrato antes de nos encontrarmos. Eu precisava disso.
— Tendo em mente que isso será por volta de 19h, o que acha de discutirmos isso durante
o jantar?
Ao ouvi-lo eu pensei em negar, mas me segurei no momento em que pesei o que seria pior.
Encontrá-lo por volta de 19h na empresa, me parecia muito mais arriscado do que em algum
restaurante.
— Isso parece bom.
— Perfeito, providenciarei duas vias do contrato para que possamos discutir os termos
em um local reservado.
— Tudo bem, e onde devo encontrá-lo?
— Te esperarei na entrada do seu prédio às 19h em ponto, esteja pronta — ele falou,
autoritário. E sem me dar tempo de responder, apenas encerrou a ligação.
Minha mente vagou primeiramente para o fato de que o homem disse que estaria aqui às
19h. Como ele sabia onde eu morava?
Quanto mais eu pensava, pior era.
Alexander era um homem determinado e parecia estar decidido a ter aquilo o que queria.
Seria eu capaz de cortar todas as suas investidas? Ou eu iria desejar que ele as fizesse o mais
rápido possível?
Jesus! O que de fato eu estava fazendo com a minha vida?
CAPÍTULO 09
Olhei-me no espelho uma última vez para checar o visual.
Optei por um vestido pouco acima do joelho de gola sweetheart na cor azul-marinho, que
se adequava muito bem em meu corpo. Deixei os cabelos soltos, fazendo cachos na ponta como
sempre e fiz uma maquiagem leve, finalizando com um batom cor nude.
Eu queria estar bonita, mas não a ponto de ele pensar que havia me arrumado demais para
ele. O cretino, certamente pensaria isso se eu exagerasse.
Satisfeita com o resultado, chequei as horas, constatando que eram 19h05, peguei a minha
bolsa e chaves, em seguida fui em direção à frente do prédio, a fim de esperar Alexander.
Deparei-me com uma Mercedes Maybach S600 Pullman Guard assim que saí. E pelo
modelo deduzi que fosse Alexander, pois não era nada convencional. Confirmando a minha
suspeita, a porta traseira se abriu, revelando o homem que eu estava para encontrar.
Alexander saiu do carro e caminhou em minha direção. Ele usava um terno slim que
acentuava em seu corpo. Como sempre os cabelos muito bem alinhados, um cheiro
extremamente audacioso o acompanhava, mostrando que ele não estava vindo direto do trabalho.
O pensamento de ele ter passado em casa para tomar banho fez borboletas invadirem o
meu estômago. E, porra, isso definitivamente não estava certo.
— Boa noite, Raissa — Alexander disse e estendeu a mão em minha direção.
Peguei a mão dele em um aperto firme, imaginando que esse seria o nosso maior contato
naquele momento. Mas para a minha surpresa, Alexander me puxou ao seu encontro, ao mesmo
tempo em que se inclinou em minha direção.
Alexander deixou um beijo suave em meu rosto, mais precisamente a poucos centímetros
de meus lábios, fazendo-me estremecer com aquela proximidade.
— Alexander — disse, em um fio de voz.
Lentamente, ele se afastou, e eu pude sentir seu hálito quente próximo ao meu ouvido.
— Você está linda — sussurrou, em seguida os olhos vieram ao encontro dos meus.
— Obrigada — respondi, tentando não demonstrar o quão afetada me sentia naquele
momento. Desvinculei-me de seu contato e me afastei para encará-lo. — Nós podemos ir?
Alexander me mediu com o olhar, como se buscasse qualquer sinal de que havia me
afetado, o que trabalhei muito para não demonstrar.
— Claro — ele concordou e me deu espaço para passar.
Passei por ele e sem demora, entrei no carro.
Peguei-me admirando o interior do mesmo, era confortável e espaçoso. O que me causou
um frio na barriga foi perceber que a divisória entre nós e o motorista estava fechada. Naquele
instante, tentei me convencer de que precisaríamos de privacidade para discutir qualquer coisa
sobre o contrato.
Alexander se sentou no banco à minha frente e fechou a porta. Em seguida, apertou um
botão e ordenou que o motorista desse partida.
Meus pensamentos mais uma vez me atormentaram sobre o fato de Alexander saber
exatamente onde eu morava. Porém, isso me parecia muito óbvio nesse momento. O homem
tinha acesso aos meus dados, sabia até mesmo quais eram as dívidas que eu tinha em meu nome.
Em contrapartida, eu não sabia nada sobre ele. E saber que aquele homem sabia
exatamente tudo sobre mim, causava-me arrepios.
— Pensei que não me ligaria antes de sexta-feira — Alexander falou, suavemente, tirando-
me dos meus pensamentos.
— Acredite, eu também — disse, e forcei um sorriso.
— O que aconteceu para mudar de ideia?
— Nada que valha a pena falar — respondi, firme, a fim de cortar o assunto. — O que
importa é que estou aqui agora, esperando para ouvir o que você tem a propor.
— Por que ir direto ao ponto de forma tão rápida, quando podemos conversar um pouco
antes? — perguntou, estudando-me com o olhar.
— Porque é o motivo de estarmos aqui, falar sobre o contrato e acertar os detalhes de tudo,
não é?
— Não tem que ser assim, eu não quero que seja — ele disse, firme. — Se vamos fazer
isso, precisamos ao menos ficar mais confortáveis na presença um do outro, afinal, como as
pessoas acreditarão que estamos em um relacionamento se tivermos um tratamento tão formal
um com o outro?
Ponderei sobre suas palavras, compreendendo, e assenti.
Alexander queria que o clima fosse mais leve e, nesse ponto, eu teria que concordar. Seria
mais fácil dessa forma, tanto para discutir qualquer acordo, quanto para fazermos isso dar certo.
Foi então que decidi baixar um pouco a guarda e ver como aquele jantar seguiria.
— Tudo bem, você está certo — respondi, por fim.
— Ótimo. Conversaremos sobre os termos do contrato após o jantar, antes disso, você será
apenas a minha acompanhante.
— Me dê um motivo para concordar com isso — pedi, fazendo com que ele me fitasse
com o olhar. Arqueei as sobrancelhas. — Afinal, nós não temos nenhum acordo ainda.
Apesar de achar a ideia interessante, eu não facilitaria, claro!
— Quero que veja que não sou um cara tão ruim quanto você parece julgar que seja,
apenas tenho sido objetivo — disse, fazendo-me ponderar por um instante. — E bem, isso seria
um teste para saber como nos sairíamos juntos.
Não sabia se poderia realmente confiar, na verdade, sentia dentro de mim que não. Mas, ao
mesmo tempo, estranhamente eu queria, então decidi que deveria ao menos observar.
— Tudo bem, eu lhe darei essa chance — respondi, séria, fazendo com que um sorriso de
lado se formasse nos lábios dele.
Desviei o meu olhar para a janela, a fim de quebrar um pouco aquela tensão que estava se
formando entre nós. Eu precisava disso, precisava de uma distância para me sentir segura.
Assim que o motorista estacionou e nos avisou que havíamos chegado ao destino,
Alexander saiu do carro e esperou que eu saísse em seguida. Então, sem permissão, ele levou a
mão em minhas costas, fazendo com que um arrepio percorresse todo o meu corpo.
Percebi que estávamos no principal hotel Korfali do Rio de Janeiro. Claro, o restaurante
daqui era um dos melhores da cidade.
Tentei me manter ao máximo impassível, enquanto ele me guiava em direção à entrada do
hotel. Eu não disse nada enquanto ele me guiou em direção ao elevador, atraindo alguns olhares
curiosos sobre nós.
Uma mistura de excitação e pânico se fez presente no momento, pois ao invés de
selecionar o segundo andar, listado como o restaurante, Alexander selecionou a cobertura.
— Pensei que estávamos indo para o restaurante do hotel — comentei e o medi com o
olhar. Alexander me lançou um olhar divertido, à medida que sua mão se tornava ainda mais
firme em minhas costas.
— Eu disse que a levaria a um lugar onde pudéssemos discutir com privacidade.
— Mas também disse que eu seria a sua acompanhante, o que me fez pensar que estava
falando sobre as pessoas nos verem juntos.
— No sentido de que seríamos apenas duas pessoas jantando e se conhecendo melhor —
explicou. — Não quero ter interrupções, o jantar em público deixaremos para outro dia.
— Espero que não esteja confundindo as coisas aqui, Alexander.
— Vamos jantar e nos conhecer um pouco, em seguida discutir sobre os termos do
contrato. Como eu poderia confundir isso? — Arqueei a sobrancelha para o safado, que não me
convenceu nadinha com aquelas palavras. — Não se preocupe, não farei nada que não queira.
Prendi os lábios e fiz uma careta. Era novidade lidar com tanta ousadia vindo de um
homem tão autoritário como Alexander, isso acabava me fazendo perder o rumo, mais do que
gostaria. E eu odiava o fato de, às vezes, não conseguir disfarçar, como nesse momento, quando
ele estava com aquele olhar divertido e intenso sobre mim.
Felizmente o elevador se abriu, desviei a minha atenção para frente e fui em direção à
saída. Alexander não estava disposto a me deixar escapar de seus braços, então logo me
acompanhou, guiando-me para uma porta enorme a qual julguei ser da cobertura.
Ele tirou um cartão de acesso do bolso e abriu o quarto. Entrei sem dizer uma palavra e
passei meus olhos pelo ambiente. Uma suíte enorme, uma cama luxuosa e lençóis que
aparentavam ser tão macios, que fez com que meus pensamentos me traíssem, ao pensar em
como seria terminar a noite naquela cama com o sem-vergonha à minha frente.
Isso era jogo baixo, era a porra de um jogo muito baixo.
Estava prestes a protestar quando vi dois funcionários na porta onde deduzi ser a sacada.
Minha surpresa devia ter ficado evidente, pois ele deu um meio-sorriso antes de me guiar em
direção aos rapazes.
— Boa noite, senhores — um dos rapazes nos cumprimentou com um sorriso, enquanto o
outro apenas nos lançou um sorriso. Então eles deram espaço para que passássemos.
— Boa noite. Tudo conforme pedi? — Alexander perguntou ao rapaz que nos
acompanhava.
— Sim, senhor. Preparamos a mesa ao ar livre e deixamos o cardápio sobre a mesa,
estaremos a postos esperando que façam o pedido e, em seguida, deixaremos vocês à vontade. —
Enquanto o rapaz falava com Alexander, meus olhos foram para a mesa ao lado de fora da
sacada, organizada de forma deslumbrante.
A mesa se encontrava posta e no lugar ideal para que pudéssemos jantar de frente para
uma vista privilegiada da cidade.
Paramos de frente para a mesa. Alexander puxou a cadeira e esperou que eu me sentasse,
em seguida ele deu a volta e se sentou na cadeira à minha frente. Seus olhos pairaram sobre mim
de forma intensa. Inconscientemente, mordi meu lábio inferior, apenas com aquela mesma
sensação de familiaridade caindo sobre mim mais uma vez.
Eu devia estar ficando louca, pois não havia chances de conhecê-lo de qualquer outro
lugar. Então que sentimento era esse que me invadia a cada vez que olhava dentro desses olhos
azuis e profundos?
CAPÍTULO 10
Se eu estava na chuva, era para me molhar, não é?
Foi o que coloquei na cabeça no momento em que decidi que daria a Alexander a chance
de me mostrar que ele não era como eu estava pensando. Então sim, estava disposta a jantar com
ele sem estar na defensiva e apenas conhecê-lo um pouco melhor.
— Você parece bem familiarizada com cada prato — Alexander comentou, atraindo a
minha atenção para ele no momento em que os dois garçons nos deixaram a sós. — Não
imaginei que tinha costume com lugares assim.
Sorri e o medi com o olhar, satisfeita. Se tinha algo que meu trabalho e salário alto me
proporcionou foi ter a possibilidade de frequentar lugares assim. Eu gostava de pratos
sofisticados, portanto, estava por dentro do que era realmente bom. E ver a cara de Alexander ao
me ver pedir tão decidida o que eu queria e sem aceitar qualquer sugestão, foi algo realmente
gostoso.
— Estou impressionada por não ter conseguido essa informação, afinal, você parece ter
feito bem o dever de casa — falei, sugestiva.
— Há coisas que só conseguirei descobrir com o tempo.
— E você quer... — Fiz uma pausa, notando algo mudar em seu olhar. — Descobrir?
A minha pergunta visivelmente o pegou de surpresa, ele piscou algumas vezes antes de
voltar àquela mesma postura de sempre.
— Se quisermos enganar a minha avó, é necessário — respondeu e me mediu com o olhar.
— Afinal, que homem apaixonado não conheceria a sua mulher?
Sua mulher.
Balancei a cabeça em negativa, tentando me concentrar no que era realmente importante.
Obviamente, não eram aquelas palavras.
— Então, teremos que enganar ela — falei, à medida que assimilava aquela informação.
— Sim, principalmente ela — ele enfatizou, eu assenti, lembrando-me de que ele havia
comentado isso em nossa primeira conversa, ele queria sair do radar da velha.
— Com licença, senhores — um dos garçons nos interrompeu, trazendo com ele uma
garrafa de vinho.
Alexander deu um aceno com a cabeça e seguimos apenas observando, enquanto ele servia
nossas taças. Sorri em agradecimento para o garçom e desviei a atenção para a vista da cidade,
deixando meus pensamentos irem longe.
Não havia como voltar atrás depois desse momento, eu poderia realmente lidar com tudo?
— Conte-me mais sobre você. — A voz de Alexander me trouxe de volta à realidade. Foi
quando percebi que o garçom havia nos deixado a sós.
— Que tal você contar um pouco sobre você? — Forcei o sorriso, sem saber ao certo o que
ele queria saber. — Aposto que você sabe muito mais sobre mim, do que o contrário.
— O principal fator, é eu estar envolvido a ponto de saber tudo sobre você. — Ele arqueou
a sobrancelha e eu mordi o lábio, ao perceber que estava sendo flagrada em minha curiosidade de
saber mais sobre ele.
— Hum... — gemi, tentando pensar em uma forma de rebatê-lo.
— Se realmente quer que eu não faça nada, Raissa, não deveria morder o lábio dessa
forma, muito menos dar um pequeno gemido em seguida. — A voz séria e rouca ressoou,
fazendo-me parar imediatamente. — É perturbador.
— Não foi de propósito — falei e ajeitei a minha postura na cadeira, sentindo seu olhar
intenso sobre mim. — O que quer saber? — perguntei em seguida, na tentativa de mudar o rumo
daquela conversa.
— Você está saindo com alguém? — ele perguntou, minha boca se curvou em um sorriso.
Peguei a taça de vinho e tomei um pouco, prolongando um pouco a resposta que ele queria.
— Está preocupado com isso agora? — Foi impossível não o provocar, já que ele estava
tão seguro de si. — E se eu estiver?
— Você não está — respondeu, firme.
— E o que te faz pensar isso? — perguntei, curiosa. Então foi a vez dele de levar a taça de
vinho à boca.
— Que homem em sã consciência deixaria você andar por aí sem um anel no dedo? Ou a
deixaria jantar livremente com um homem como eu?
— Talvez o relacionamento apenas não esteja sério o suficiente para que ele faça coisas
desse tipo. É algo totalmente possível, não acha? — perguntei e tive o prazer de ver seu maxilar
travar.
Deixei aquelas palavras no ar e levei a taça à boca, tomando mais um gole do vinho.
— Não brinque comigo, Raissa — disse, a voz contida.
Sorri e coloquei a taça sobre a mesa, então, o medi com o olhar.
— Você está certo, eu não estou — respondi, por fim, fazendo-o relaxar.
— Está achando isso engraçado? — questionou e pude ver um brilho diferente em seu
olhar.
— Talvez um pouco.
— Interessante — ele falou e desviou a atenção para a porta da sacada. Acompanhei o
olhar dele, percebendo que os dois garçons estavam voltando com o nosso pedido.
Observei-os servir o nosso pedido com agilidade. E depois de nos desejar um ótimo jantar,
se retiraram.
Não voltamos àquele assunto anterior quando ficamos a sós. Começamos a jantar,
enquanto falávamos sobre coisas simples e sem importância, como o fato da vista daqui de cima
ser estonteante.
O que eu percebi com isso foi que Alexander parecia realmente estar se esforçando para
tirar aquela imagem negativa que eu havia construído dele. E eu estava me deixando levar um
pouco, mas não tanto.
Não era boba, sabia muito bem como os homens agiam quando queriam conquistar uma
mulher. Então, permiti-me aproveitar aquele jantar, e até mesmo baixei um pouco a minha
guarda, mas apenas o suficiente para que o clima ficasse bom.
— Bem, quando vamos começar a falar do que realmente importa? — perguntei, à medida
que dava a última colherada na sobremesa.
Alexander parecia estar dando o seu melhor para adiar o máximo possível aquela conversa.
— Faremos isso agora — respondeu e se levantou em seguida. — Vou pegar as vias do
contrato.
— Ótimo, quanto antes melhor.
Ele me mediu com o olhar e, sem dizer uma palavra sequer se virou. Segui observando,
enquanto ele ia em direção ao quarto. No momento em que ele sumiu da minha vista, voltei a
olhar para a cidade.
Meu coração entrou em descompasso quando pensei ter ouvido o barulho característico do
trinco da porta, denunciando que de forma alguma seríamos interrompidos daqui em diante.
O pensamento fez com que tudo se agitasse dentro de mim.
— Creio que precisará de um tempo para ler o contrato antes que possamos seguir —
Alexander falou, ao mesmo tempo em que voltou à sacada com os documentos em mãos.
Ele estendeu uma via para mim e se sentou mais uma vez à minha frente, estendendo uma
via do contrato para mim.
— Não necessariamente. Eu consegui ler mais cedo, antes de nos encontrarmos —
respondi e peguei os papéis oferecidos a mim.
— Ótimo, e tem alguma objeção? — perguntou, colocando a outra via sobre a mesa.
Desviei a minha atenção dele para o contrato e comecei a passar os olhos por todas as
informações novamente.
— Sigilo absoluto, não podendo contar a ninguém que estamos em um relacionamento
falso. — Balancei a cabeça positivamente. — Tudo tranquilo com isso.
Mostrei tranquilidade, mesmo ciente de que eu já havia quebrado essa primeira regra. Mas
apenas teria que pedir às meninas segredo, então, estava tranquila quanto a isso.
— Ótimo — respondeu, segui passando os olhos pelo documento.
— Não concordo com os benefícios ao firmarmos esse acordo — falei e desviei a atenção
para Alexander, que me olhava atentamente.
— Com o que exatamente não concorda?
— Aqui diz que eu não precisarei arcar com o conserto do seu carro, com isso estou de
acordo. Mas o restante... — suspirei e arqueei as sobrancelhas. — Quitar imediatamente todas as
dívidas em meu nome, no valor de 60 mil.
Ainda estava incrédula com aquela informação, mesmo que não fosse a primeira vez que a
via. Não saber exatamente o quanto o homem à minha frente tinha conhecimento, era assustador.
— Prossiga, Raissa — pediu, sério.
— E depositar a quantia de um milhão em minha conta.
— Exatamente — confirmou, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
Balancei a minha cabeça em negativa e suspirei.
— Eu não concordo com isso, posso trabalhar e pagar as minhas dívidas, não preciso de
um milhão na minha conta. Apenas preciso que estejamos quites sobre o conserto do carro. O
valor é exorbitante, não é certo.
— Quando se torna algo de meu interesse as coisas mudam, você estará me ajudando com
esse relacionamento falso, portanto, para mim, isso não será nada perto do que conseguirei. É
uma troca justa.
— Ainda assim, não acho isso certo.
— Mas está decidido, eu quero fazer isso por você. É a única coisa que não é negociável
nesse contrato — disse, mais autoritário que o normal. — Prossiga.
Naquele instante, senti que não adiantaria negar, ao final, aquele valor estaria em minha
conta. Quer eu queira, ou não.
Balancei a cabeça em positivo e voltei a atenção para o contrato, buscando uma
informação que havia notado mais cedo.
— Aqui diz que o acordo será por tempo indeterminado. — Desviei a minha atenção para
ele. — Não vou assinar um contrato onde não diz por quanto tempo seguiremos com isso.
— Não estou certo quanto a isso, vamos apenas deixar assim — disse com aquela mesma
firmeza.
Porém, isso não era algo que eu poderia deixar passar.
— Negativo. Precisamos estipular um tempo — rebati, ainda mais firme.
— Não vamos nos casar de imediato, temos que resolver um pequeno problema antes.
Como estipular um tempo certo diante disso?
— Que problema?
— Minha avó, nós precisamos conseguir a aprovação dela para nos casar. E só então
poderemos dar início a esse passo.
— Por que precisa da aprovação dela para casar? — perguntei e franzi as sobrancelhas.
— Porque a empresa está no nome dela e ela só aceitará que eu não me case com alguém
da escolha dela, caso seja por amor — disse, o sorriso debochado não passou despercebido por
mim.
Naquele momento, percebi que a mulher tinha Alexander nas mãos.
— Isso significa que teremos que mostrar a ela que estamos apaixonados. — Olhei para
ele surpresa. — Espero que ela não seja tão esperta quanto parece.
— De fato, ela é. — A boca de Alexander se curvou em um sorriso de lado. — É por isso
que temos que estar à vontade um com o outro.
Balancei a cabeça positivamente, compreendendo um pouco mais o motivo do jantar.
— Tudo bem. Não sabemos o tempo que levaremos para convencê-la, mas podemos
estipular o tempo em que ficaremos casados. O que acha?
— Três anos — respondeu, sua firmeza me fez arquear as sobrancelhas.
— Um ano — rebati. — O tempo que levaremos para convencer a sua avó e mais um ano
depois de casados.
Alexander permaneceu em silêncio, como se pensasse sobre isso. Mantive-me firme,
apenas esperando sua resposta. De forma alguma, eu me prenderia a ele por três anos.
— Tudo bem, creio que seja o suficiente — disse por fim, surpreendendo-me pela
facilidade em aceitar um terço do tempo proposto de início.
— Está concordando tão facilmente — falei de forma divertida. Aquilo, estava sendo um
jogo legal para mim. Ele deu de ombros.
— Você disse que seria nos seus termos. Digamos que estou apenas concordando que
realmente será. — Medi-o com o olhar antes de voltar a atenção para o contrato.
— Iremos morar juntos após o casamento — Balancei a cabeça em concordância. De fato,
seria estranho se não morássemos, quanto a isso não tinha muito o que falar. — Mas os demais
detalhes serão acordados quando estivermos prestes a nos casar.
— Exatamente.
— E quando começaríamos com tudo isso? — perguntei, à medida que passava os olhos
lentamente pelo restante das cláusulas.
— Minha avó quer que eu a leve para conhecê-la formalmente. O que acha de fazermos
isso nesse final de semana?
— Se pretende começar desta forma, por mim tudo bem, mas sinceramente antes de tudo
eu tenho que te falar. Eu não acho que seja a pessoa certa para o trabalho. Não quero que depois
você diga que tenho que te pagar o dobro pelo dano com sua avó. — Soltei aquelas palavras de
uma vez, ao mesmo tempo em que voltei o olhar para ele. — Na verdade, acho que devíamos até
mesmo colocar uma cláusula assim para me resguardar.
— E por que eu faria isso? — perguntou em um tom divertido.
— Me desculpe a sinceridade, mas sei que não nos daremos bem. E eu não sou muito de
levar desaforo para casa, então, não me responsabilizo se em algum momento eu acabar dando
na cara dela — falei em tom de brincadeira. Mas sabíamos que aquilo tinha um toque de
verdade. E foi naquele momento que assimilei o que esse sem-vergonha estava tramando. —
Esse é o motivo para eu ser a pessoa ideal, não é? Não acredito que você queira tanto
enlouquecer a sua avó. Vai matá-la do coração, seu ingrato!
Alexander gargalhou ao me ouvir, uma risada gostosa, descontraída e familiar, muito
familiar.
Meus olhos se arregalaram e meu coração acelerou de forma que não fazia há muito tempo
enquanto minha mente vagava para oito anos atrás. Aquela semelhança me causou arrepios.
Aquela risada, seria possível? Era esse o motivo de ele ser tão familiar para mim?
CAPÍTULO 11
Aquela gargalhada gostosa foi algo que ficou em minha mente.
E nesse momento, vendo Alexander gargalhando desta forma, o vislumbre daquele rapaz
sentado na areia pairou sobre mim. Senti-me sem rumo ao pensar naquela possibilidade insana.
— Nós nos conhecemos de algum lugar? Por acaso, oito anos atrás você... — Parei de falar
no momento em que a expressão dele se fez diferente.
Eu queria identificar o que de fato significava aquela mudança, mas eu sinceramente não
consegui.
— Já passamos da fase onde usamos esse tipo de cantada. — Ele me mediu com o olhar e
um sorriso se formou no canto dos seus lábios. — Se você quer, é só pedir, Raissa.
— Eu estou perguntando sério. Desde que o vi pela primeira vez, tenho a sensação que te
conheço. Eu não sei e, agora, te vendo gargalhar desta forma. É tão familiar que... — interrompi
a fala mais uma vez.
Ele falaria que sou louca? Quais as chances de ser ele o cara de Búzios? A gargalhada
havia me arremetido a ele, e olhando agora, os olhos eram azuis e tão intensos quanto.
Mas o visual era bem despojado, os cabelos eram grandes e aquele cara, apesar de
misterioso, era alegre e gentil. Muito diferente do homem à minha frente nesse momento.
Ainda assim, Alexander me lembrava perfeitamente daquele rapaz. Mas isso seria
impossível, não é?
— Há oito anos, por acaso, você esteve em Búzios? — perguntei, direta, quebrando o
silêncio que se instaurou.
— Não — Alexander respondeu, sem hesitar. — Não é um lugar que eu tinha costume de
frequentar nessa época.
— Ah... — Forcei um pequeno sorriso. — Devo ter me confundido.
Eu tentei disfarçar, mas, no fundo, estava decepcionada por ele nem mesmo hesitar em
negar. Significava que apenas o estava assemelhando a alguém que me marcou positivamente,
em um dia que foi horrível para mim. Mas não era ele.
Ainda me amaldiçoava por ter bebido tanto naquele dia e não ter me dado a chance de
conhecer aquele cara. Deveria ter ao menos perguntado o seu nome, ou passado o número certo a
ele, afinal, perto dos caras que conheci ao longo dos anos, ele foi o mais decente. Não só isso, o
mais intenso.
Eu seria capaz de reconhecê-lo se o visse novamente algum dia?
— Está de acordo com a multa caso um de nós venha a rescindir o contrato antes do
tempo? — A voz de Alexander me tirou dos meus devaneios. Medi-o com o olhar e decidi seguir
o fluxo.
R$420 mil, exatamente o valor do conserto.
— Sim, de acordo.
— Algo mais que gostaria de pontuar sobre o contrato?
— Hum... — Voltei a minha atenção para os papéis em minha mão. — Na última cláusula
diz que eu não posso me envolver com outra pessoa no período do contrato. — Desviei a minha
atenção para ele. — Por que não tem nada sobre você?
— Porque essa é uma cláusula específica para você — ele falou, sério. — A partir do
momento em que for anunciada como a minha noiva, e posteriormente a minha mulher, não
poderá ser vista por aí com outro homem.
— E quanto a você? — O fitei com o olhar.
— Se você concordar em ser minha nesse período, eu serei apenas seu.
Jesus! O homem realmente queria me matar falando dessa forma.
— E se eu não concordar? — perguntei, em um fio de voz. — É por isso que não tem nada
aqui sobre você? Por que se eu não concordar, você irá sair com outras mulheres, enquanto eu
tenho que abdicar mais de um ano de relacionamentos por sua causa?
Alexander me mediu com o olhar. Ele não disse nada e não sabia o que aquilo significava,
deixava-me realmente confusa. Mas eu precisava mostrar a ele, que, de fato, não era algo que eu
aceitaria.
— Isso não irá acontecer, Alexander. Independentemente de qualquer coisa que possa
acontecer, quero que adicione a cláusula igualmente para você, se eu não sair com ninguém
durante esse período, você também não irá — exigir, firme.
Alexander permaneceu me olhando por um tempo, sem dizer uma palavra. Mas isso não
me fez perder a compostura, eu estava decidida.
— Tudo bem, faremos nos seus termos — respondeu, por fim. — Eu serei apenas seu
durante esse período, está bom assim para você?
Engoli em seco com aquela pergunta, por não saber de fato se isso era o que eu queria. Ter
a atenção dele toda para mim, seria bom? Ou seria mais difícil? Que tipo de acordo era esse que
ele estava propondo?
— Não irei lhe obrigar a nada, Raissa, nada mesmo — ele voltou a falar, como se lesse
perfeitamente os meus pensamentos. — Mas não posso prometer que não tentarei de todas as
formas que se entregue a mim por livre e espontânea vontade. Porque isso é exatamente o que
farei, portanto, espero que esteja preparada para isso.
Meu coração entrou em descompasso e senti minha cabeça girar, à medida que seus olhos
intensos escureceram, perfurando a minha alma.
— O quê? — perguntei, em um fio de voz.
— Eu pretendo fodê-la durante todo esse tempo que tivermos o acordo.
Levantei-me em um rompante. Que porra eu falaria diante disso? Que eu não queria?
— Acho melhor irmos embora — falei, a voz entrecortada.
— Tem certeza de que é isso que você quer? — Ele se levantou e fez menção de se
aproximar.
Aquele era um convite explícito para ficar.
Senti minha cabeça rodar. Virei-me e fui em direção à saída, em busca de distância
daquele homem.
Droga!
— Raissa — ele chamou, fazendo-me estremecer.
Virei-me para encontrar seu olhar e pedir que ele apenas me levasse para casa, mas para a
minha surpresa ele estava perto demais. Aquilo fez com que, por um momento, eu me
desestabilizasse. E antes que eu pudesse me equilibrar, as mãos dele passaram em volta da minha
cintura e ele colocou meu corpo no dele.
Eu me assustei com aquele toque e senti o coração disparar.
— Eu peguei você — ele disse, a voz cheia de desejo.
Senti meu corpo inteiro queimar com o toque, o olhar e a voz daquele homem sobre mim.
E, miseravelmente, eu fiz aquilo que não devia, desci meus olhos quase que em câmera lenta
para os lábios gostosos e lambi os meus.
Aquilo foi o suficiente. Alexander reivindicou meus lábios naquele instante, de forma tão
possessiva e urgente, o sentimento foi como se eu fosse dele. Eu não lutei contra isso, entreguei-
me por completo aquele beijo.
Levei as minhas mãos em seu peitoral e um gemido escapou dos meus lábios, enquanto
abria espaço para que a língua dele explorasse a minha.
E naquele momento, enquanto nos beijávamos tão intensamente, uma sensação que não
sentia há muito tempo pairou sobre mim. Sensação essa que senti apenas uma vez na vida, oito
anos atrás.
Senti as mãos de Alexander deslizarem pelo meu corpo, uma trilha de excitação foi se
formando pelo caminho gostoso que ele fazia. Um arrepio percorreu todo o meu corpo quando
ele tocou a minha bunda por baixo do vestido, enquanto lentamente o levantava.
Precisava controlar os meus sentimentos, precisava parar isso antes que fosse tarde demais.
Eu, definitivamente, não estava pronta para isso agora.
Enrolei as minhas mãos na camisa social, procurando forças e o empurrei um pouco para
trás, fazendo com que interrompêssemos aquele beijo de forma ofegante.
Meu coração disparou ainda mais ao ver aqueles olhos sobre mim. Que porra estava
acontecendo comigo? Por que minha mente estava associando Alexander tão intensamente ao
cara de oito anos atrás, mesmo quando ele disse com todas as letras que não era ele?
— Eu... — Resfolegou. — E-eu preciso ir.
— Você não tem que ir, Raissa. — A voz saiu rouca e tão gostosa, de forma que me
causou arrepios. Levei alguns instantes para conseguir me recompor.
— Sim, eu preciso e espero que me deixe ir.
Ao me ouvir, Alexander se afastou um pouco mais e me deu espaço para passar por ele.
Olhei-o por mais um instante, constatando que ele havia se abalado tanto quanto eu.
— Me dê cinco minutos e eu te deixarei em casa — ele falou, a voz contida. Minha mente
vagou para aquele carro, a divisória fechada e a tensão que seria estar com Alexander em um
ambiente tão apertado e propício.
Essa não era uma boa ideia.
— Eu consigo me virar, obrigada — falei e passei por ele, sem esperar uma resposta.
Precisava sair dali, antes que enlouquecesse.
— Eu entrei em contato durante a semana. — Ouvi a voz de Alexander um pouco distante
quando estava chegando próximo à porta do quarto.
Virei-me e o encontrei parado no mesmo lugar que eu o havia deixado. Fiquei mais tempo
do que necessário observando o peito subir e descer, à medida que ele parecia se recompor.
Com dificuldade, balancei a cabeça em concordância e pronta para destrancar a porta e sair
daquele quarto, o respondi:
— Tudo bem, vou esperar por isso.
CAPÍTULO 12
Os lábios macios e gostosos, o cheiro doce e convidativo, a pele macia contra a minha.
Toda a sensação enlouquecedora caiu sobre mim, no momento em que toquei aqueles lábios
mais uma vez.
Eu queria mais, porra, como eu queria estar dentro daquela mulher.
Acordei em um rompante, a respiração ofegante e suado. Sentei-me na cama, enquanto a
lembrança de como aquela mulher me deixou no quarto de hotel na noite anterior pairava sobre
mim.
Por um momento, eu tive a certeza de que Raissa seria minha. Mas como as coisas com
Raissa eram sempre uma surpresa, ela recuou, deixando-me fodidamente excitado e louco para
estar dentro dela.
E não a ter naquele instante, foi ainda mais perturbador do que há oito anos.
Levantei-me e fui em direção ao banheiro, pronto para tomar um banho frio para tentar
acabar com o tormento, que eu suspeitava que só iria embora no momento em que a tivesse em
meus braços.
Perdi a noção do tempo que deixei que a água caísse sobre mim, a mente apenas ia ao
encontro daquela morena. Tinha que admitir, Raissa era uma mulher de atitude e eu gostava
muito disso. Arriscava dizer que o motivo de todo o meu fascínio, era exatamente por isso.
O barulho da campainha me trouxe de volta à realidade. Desliguei o chuveiro e peguei
uma toalha, sequei-me e saí do banheiro, ao mesmo tempo em que me enrolava na toalha.
Fui até a porta e acionei o interfone, deparando-me com o último que eu queria ver
naquele instante. Suspirei profundo e abri a porta, dando de cara com Rodolfo.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, sem fazer questão de esconder o desgosto em
meu tom.
— Você não me atendeu, eu arrisquei passar por aqui — disse, à medida que forçou sua
entrada. — Quando vi seu carro na garagem, soube que estava aqui. O que significa que não deu
muito certo ontem, não é?
— Raissa poderia estar aqui — falei enquanto fechava a porta atrás de nós.
— Impossível — falou, a voz debochada atraiu a minha atenção. — Se estivesse com
Raissa, tenho certeza de que não seria aqui na sua casa.
Olhei-o por um instante e passei direto, indo em direção ao meu quarto. Pensei que ele não
me acompanharia quando passei pela porta do closet, mas senti sua presença atrás de mim,
enquanto escolhia um terno.
— Conseguiu? — perguntou, fazendo com que eu desviasse o olhar para ele.
Pela primeira vez, não queria compartilhar com ele como tudo estava indo a meu favor.
Era por que não fazíamos isso há muito tempo? Era por que se tratava de Raissa?
Certamente, era porque eu queria ele fora.
— Não faz tanto suspense, cara. — Rodolfo voltou a falar, tirando-me do estado de torpor.
— Estou realmente curioso para saber se nossa jogada foi o suficiente para que ela aceitasse, ou
se precisaremos pensar em alguma outra estratégia.
— Se não se importa, gostaria de me trocar antes de conversarmos — respondi, Rodolfo
caminhou em direção a uma das poltronas que continha ali e se acomodou.
— Vá em frente, não ligo.
— Sim, ela aceitou — respondi, impaciente, ao mesmo tempo em que comecei a me
trocar.
A sensação que me invadiu era que eu me arrependeria de ter enfiado Rodolfo nisso, pois
dessa vez meus objetivos eram diferentes. Não queria machucar Raissa, precisava deixá-la longe
de qualquer sujeira que Rodolfo pudesse cogitar fazer.
Depois de me vestir, fui em direção ao espelho, a fim de ajeitar a gravata.
— Qual será o próximo passo? — Rodolfo perguntou, aquele interesse estava mexendo
negativamente com o meu humor.
Como eu deixaria Rodolfo de fora, quando o coloquei nisso para que me ajudasse a
consegui-la?
Depois de ajeitar a gravata me virei de frente para Rodolfo, olhando-o de forma incisiva.
— Não tem próximo passo, eu parei com essas coisas e você sabe.
— Você não pensou nisso quando me ligou de madrugada e pediu para...
— Chega, cara, ela não tem os requisitos para seguir adiante — interrompi-o, sem
paciência.
Há oito anos, eu estaria eufórico com essa conversa, fazendo planos para ferrar com o
psicológico de Raissa. Mas depois de tanto tempo, não queria voltar por esse caminho.
A verdade era que eu não queria ser esse cara, não mais.
—Você mesmo disse que ela era sua falha. Não foi por isso que quis tanto que ela ficasse
em suas mãos? — ele me instigou. — Qual é, Alexander, nós podemos relembrar os velhos
tempos.
Ver aquela euforia em Rodolfo me causou arrepios. Por um momento, eu pensei em tudo,
em como induzi Rodolfo a gostar desse jogo, em como o convenci a entrar nessa comigo. E
mesmo quando eu quis parar, ele insistiu para que continuássemos.
Mas eu sabia que era o pior. Havia começado isso, de forma fria e calculista. Seria eu, a
pessoa que o transformou, de forma que quando encontrei os meus motivos para parar com
aquilo, ele não conseguiu.
— Você ainda faz isso? — perguntei, à medida que um nó se formou em minha garganta.
Nós éramos amigos e saíamos para beber às vezes, mas não falávamos sobre essa parte do
nosso passado há um bom tempo, esse era um assunto que havia se tornado proibido, de certa
forma.
Proibido, até o momento em que toquei nele novamente. Proibido até o momento em que
eu o arrastei, mais uma vez.
— Samantha e eu ainda nos divertimos juntos, mas não é a mesma coisa sem você, meu
amigo. Lembra de como éramos bons juntos? Esse é o momento de relembrarmos os velhos
tempos.
— Não vejo motivos para isso — disse e o medi com o olhar, sentindo um arrepio na
espinha.
— Não importa se hoje ela não se enquadra. Em Búzios, ela se enquadrou. — Rodolfo
tentou me instigar mais uma vez.
Na verdade, Raissa nunca se enquadrou. Mas eu não o deixaria saber. Não queria
questionamentos sobre os meus motivos para procurá-la na época, quando ela nem mesmo
atingia aqueles malditos requisitos que estipulávamos a cada jogo.
— Vou pensar sobre isso — disse, a fim de ganhar mais tempo para pensar em como tirá-
lo da jogada. — Preciso passar na casa da minha avó antes de ir para a empresa.
— Tudo bem — ele respondeu e levantou as mãos em rendição. — Tenho que passar no
banco também, meu pai quer falar comigo.
— Ainda assim, arrumou um tempo para vir me atormentar — falei, arrancando uma
risadinha cheia de deboche do filho da puta.
— Minha casa é logo ali — disse, eu peguei o blazer e saí do closet. Ouvi Rodolfo se
levantar, em seguida, ele me acompanhou até a saída.
Tentei manter a compostura, para que ele não notasse o quanto a situação atual me
incomodava. Mas era impossível evitar o tormento que estava em minha mente.
Que porra eu faria com Rodolfo? Eu o deixaria continuar achando que estávamos fazendo
aquilo, até ter a certeza de que Raissa seria minha?
Minha boca se curvou em um sorriso no minuto em que meus olhos encontraram minha
avó. Como de praxe, ela estava em seu jardim. Dessa vez, admirando algumas rosetas.
— Olá, dona Madalena — falei, atraindo o olhar dela para mim.
— Ah, é você — disse, sem demonstrar qualquer animação.
Caminhei até ela e a cumprimentei com um abraço. A carranca não a deixou, o que fez
minha boca se curvar em um sorriso.
— Isso são modos de receber o seu neto? — perguntei, fingindo mágoa.
— Desde o minuto em que está disposto a me dar um desgosto tão grande, não posso fazer
muito.
Afastei-me para encará-la.
— Então, a senhora está dizendo que quer que eu vá embora? — Arqueei a sobrancelha.
— Não seja malcriado, se está aqui pelo menos tome o café da manhã comigo.
— É exatamente para isso que eu vim — disse, atraindo seu olhar duvidoso para mim.
— Não tenho tanta certeza. Aconteceu alguma coisa na empresa?
— Por que teria acontecido?
— Você não é de aparecer assim, não sem que eu peça.
— Apenas vim ver a senhora. — O olhar duvidoso aumentou. Foi quando resolvi abrir o
jogo. — Também queria falar sobre trazer minha noiva para você conhecê-la melhor no final de
semana.
— Ah! — Minha avó suspirou, sem esconder sua insatisfação. — Vou pedir a Mônica para
colocar mais um prato à mesa.
Ela saiu caminhando pelo jardim. Eu segui a acompanhando sem conseguir conter o
sorriso nos lábios.
Conhecia a peça o suficiente para saber que minha avó precisava de um tempo. Ela havia
sugerido aquele encontro, mas certamente não achou que eu traria Raissa aqui. Porém, satisfazer
os caprichos dela estava fora de questão, então apenas aguardei que ela falasse algo.
Mônica prontamente colocou mais um prato à mesa e nos deixou a sós para que
pudéssemos conversar. Servi-me com frios e algumas frutas, enquanto minha avó fazia o mesmo.
— Você pode trazê-la para um jantar no sábado — minha avó falou de repente, atraindo o
meu olhar para ela.
— Perfeito.
— Não fique animado demais, ainda posso não a aprovar e arrumar alguém como Amelia
para você. — Fiz uma careta ao ouvi-la. — Se for para se casar sem amor, que seja pelo menos
com alguém que gosta de você, que vai cuidar de você e...
— Não vamos precipitar as coisas, dona Madalena — interrompi-a, firme.
Dessa vez, foi ela quem fez uma pequena careta. Ela sabia que ceder aos caprichos dela
seria algo realmente difícil.
Minha boca se curvou em um sorriso e não consegui evitar meu movimento seguinte.
Peguei o meu celular e depois de uma breve olhada, fui até o contato de Raissa, pronto para
enviar-lhe uma mensagem.
Eu: Raissa, jantaremos com a minha avó no sábado. Eu te esperarei em frente ao seu
prédio às 19h30, esteja pronta.
Ao enviar a mensagem, guardei o celular e voltei a comer, apenas torcendo para que meu
plano desse certo. Dessa forma, conseguiria o que, de fato, queria.
Matar dois coelhos com uma cajadada só.
CAPÍTULO 13
— Seria essa a opção ideal? — murmurei para mim mesma, enquanto me analisava no
espelho.
Eu não gostava da velha, mas precisava agradá-la.
Suspirei profundo pensando no que estava prestes a enfrentar. Desde que Alexander me
enviou uma mensagem sobre o jantar, vinha me sentindo agitada. Fingir uma relação, ver
novamente aquela mulher arrogante, tudo parecia errado demais.
Meu celular vibrou sobre a escrivaninha tirando-me daquele tormento. Levei a mão até ela
e peguei-o, identificando que se tratava de um e-mail. Dos mesmos que eu vinha recebendo
durante o restante da semana, desde que o cadastrei em um site de vagas de emprego.
Abri-o sem demora, constatando que era mais uma vaga que, apesar de ser na minha área,
pagava razoavelmente bem. Não perdi tempo em deletar o e-mail, descartando a proposta.
Como eu tinha um período para me decidir, eu me permitiria escolher um pouco mais e, ao
menos, conseguir um emprego à altura do anterior.
Meus olhos foram para as horas, notando que eram quase 19h30, bloqueei a tela e peguei a
minha bolsa, pronta para ir ao encontro daquele homem.
No instante em que saí do prédio, senti o coração entrar em descompasso. Alexander
estava mexendo no celular, encostado no carro enquanto me aguardava.
Alguns passos foram o suficiente para que ele notasse minha presença, então, ele guardou
o celular e a atenção dele estava toda sobre mim.
— Está linda — Alexander falou, à medida que os olhos me analisavam por completo.
Já não estava nem contando mais com o coração traidor, que insistia em balançar por esse
o qual o nome cafajeste estava estampado em sua testa.
Eu não era boba, sabia exatamente o que ele queria. E apesar daquele beijo ter me tirado
noites de sono, ainda estava me decidindo até que ponto eu me permitiria chegar com ele.
— Obrigada — respondi, ao mesmo tempo em que lancei a ele um sorriso.
Passei por ele e fui em direção à porta do carro, Alexander suavemente a fechou, atraindo
o meu olhar para ele.
Fitei-o com o olhar no momento que a boca dele se curvou em um sorriso.
— Minha noiva não entraria no carro sem me cumprimentar devidamente antes — disse, o
olhar intenso sobre mim analisando atentamente a minha reação.
— Sua noiva não está de bom humor, está indo visitar a avó ranzinza — respondi, fazendo
com que aquele pequeno sorriso virasse uma gargalhada suave.
E, porra! Ele definitivamente deveria sorrir mais vezes.
Não apenas por me trazer lembranças boas, mas porque aquele sorriso gostoso e
descontraído era lindo. Sim, ele conseguia ficar ainda mais bonito quando sorria.
Aproximei-me de Alexander e levei a minha mão em seu peito. O sorriso dele se desfez
lentamente, acredito que por não esperar minha atitude. Mas isso não me impediu de continuar,
inclinei-me e deixei um beijo no canto da boca dele, em seguida, levei os lábios próximo ao
ouvido dele.
— Desde que sorria mais vezes, eu posso fazer isso — sussurrei e me afastei.
Quando meus olhos encontraram os dele, perdi um pouco daquela confiança, ao passo que
sentia o coração disparar mais uma vez.
Aquele olhar que perfurava a minha alma, estava presente.
Sem dizer uma palavra, Alexander abriu a porta e me deu espaço para entrar. Ele veio logo
atrás de mim, como da outra vez, sentando-se no banco de frente para mim. Então, da mesma
forma de antes, ele apertou um botão para informar o motorista que poderia ir.
— Quando assinaremos o contrato? — perguntei no momento em que a atenção de
Alexander se voltou para mim.
— No início da semana, pedi que fosse revisado e acrescentadas as suas novas exigências.
— Ele me mediu com o olhar, balancei a cabeça em concordância.
— Isso é bom.
— Sim. E dependendo de como nos sairmos hoje, talvez consigamos nos casar mais rápido
do que pensamos — Alexander falou, o tom totalmente sugestivo fez com que a ansiedade caísse
sobre mim.
Eu sabia que teria que morar com Alexander depois de nos casarmos. E a verdade era que
eu não tinha parado para pensar na tentação que seria morarmos sob o mesmo teto. Mas ele,
aparentemente, estava pensando muito.
— Seria ótimo, quanto mais rápido nos casarmos, mais rápido acabamos com tudo —
pontuei. Alexander balançou a cabeça em concordância e desviou o olhar para a janela.
Suspirei e fiz o mesmo. Apesar daquelas palavras, estava torcendo para que as coisas não
fossem tão rápidas. Eu queria conhecer um pouco mais de Alexander antes de estar debaixo do
mesmo teto que ele.
Por alguns minutos, nós não falamos mais nada, senti o olhar de Alexander vir para mim
no instante em que a voz do motorista ressoou, avisando que havíamos chegado.
Alexander se ajeitou no banco e me olhou fixamente.
— Apesar de não termos assinado o contrato ainda, hoje será a nossa primeira... — Ele fez
uma pausa, como se medisse as palavras. — Atuação, acho que podemos colocar assim.
— Sim — concordei.
— Há apenas uma coisa que não foi falado e apesar de saber que você deve ter noção,
sinto que deveríamos colocar em palavras.
— O quê? — perguntei, totalmente envolvida em seu olhar sobre mim.
— Quando estivermos na presença da minha avó, eu agirei como um homem que está
apaixonado por sua noiva e que não vê a hora de se casar. Mas nenhuma dessas ações será algo
verdadeiro. Você entende?
— Tudo não passará de uma farsa, estou ciente disso — disse, séria.
Alexander levou a mão na maçaneta, e quando pensei que abriria a porta, os olhos
voltaram para mim mais uma vez.
— Não cometa o erro de se apaixonar por mim, pois nunca poderei correspondê-la dessa
forma.
Ao ouvir aquele aviso, eu deveria rir.
E faria isso, se estivesse confiante de que não tinha chances de acontecer algo assim. Mas
sabia que, inconscientemente, estava ligando Alexander a alguém que eu queria ver de novo,
alguém que esteve em minha mente por tanto tempo.
Isso era perigoso, eu precisava parar. Precisava aquietar o meu coração e repetir até que ele
entendesse que não havia chances desse cara à minha frente ser o cara de oito anos atrás.
Nesse momento, precisava também dizer ao meu coração que nunca poderia me apaixonar
por esse homem.
— Eu não farei isso — disse, a voz firme.
— Você parece tão confiante quanto a isso — observou, o vislumbre de decepção em seu
olhar me fez franzir as sobrancelhas.
Eu só poderia estar ficando louca, por qual motivo fazer o que ele pediu, o
decepcionaria?
— Digamos que no período de oito anos, isso não aconteceu. Mesmo convivendo com
pessoas que eu sabia que gostavam de mim, não fui capaz de me envolver, então estou confiante
que posso fazer isso — respondi e o medi com o olhar. — Acho que me desiludi com esse
sentimento.
Pela primeira vez, fui capaz de falar em voz alta sobre aquilo que rondava a minha mente
há anos. Esse era o real motivo de nunca querer me envolver, desilusão.
E pensando bem, depois de tudo o que passei e sabendo as reais intenções de Alexander,
quais eram as chances?
— Ótimo — respondeu, sério. Por um instante, poderia jurar que senti seu olhar vacilar,
mas então, se tornou algo indecifrável para mim.
Eu havia percebido aquele mesmo olhar sobre mim algumas vezes e apesar de ser muito
boa em ler feições, em nenhuma delas consegui decifrar qual o significado.
Alexander quebrou aquele contato e abriu a porta, em um movimento rápido, levei a minha
mão sobre a dele, atraindo seu olhar mais uma vez para mim.
— Nós não chegamos a combinar nada, não faço ideia de como agir.
— Não precisamos. Apenas seja a minha noiva e aja conforme o momento pedir —
Alexander respondeu, e sem me dar chance para resposta, empurrou a porta e saiu. Em seguida,
estendeu a mão para me ajudar a sair também.
Senti a mão dele pairar em minhas costas, causando-me um arrepio gostoso. Suspirei
enquanto ele me guiava para a entrada de uma casa muito luxuosa. O caminho era de pedra e o
jardim de entrada era deslumbrante.
Ao pararmos em frente à porta, Alexander levou a mão à fechadura e colocou sua digital.
Após a porta se abrir, ele me levou para dentro daquela casa, que era elegante por dentro e por
fora.
— Ela deve estar no jardim — comentou, à medida que me guiava pela casa.
Estávamos passando por um corredor quando a gargalhada da velha se fez presente.
Alexander parou no meio do caminho e franziu as sobrancelhas, em seguida, virou-me para
irmos na direção oposta.
— O que foi? — perguntei, atraindo seu olhar para mim.
— Ao que parece ela está nos esperando na sala de jantar.
Balancei a cabeça em compreensão e o acompanhei em direção à porta. As mãos de
Alexander estranhamente se tornaram rígidas em minhas costas no momento em que entramos na
sala de jantar.
Passei os olhos pelo lugar identificando que dona Madalena ainda gargalhava enquanto
conversava com um homem que tinha uma beleza estonteante. Os olhos dele encontraram os
meus e a boca se curvou em um sorriso.
Ele era moreno, os cabelos pretos e os olhos eram verdes.
Definitivamente um homem gostoso, mas que assim como Alexander, gritava problema.
— Finalmente vamos conhecer a noiva do Alexander? — o moreno perguntou sem tirar o
sorriso do rosto.
Senti Alexander enrijecer ainda mais, o que fez com que eu imediatamente olhasse na
direção dele. Ele estava visivelmente tenso, o que me fez questionar: quem era o homem à nossa
frente? E por qual motivo a presença dele afetou tanto Alexander?
CAPÍTULO 14
Rodolfo era simplesmente inacreditável.
Não queria acreditar que aquele filho da puta andava me observando, mas parecia óbvio
demais.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, ríspido, deixando claro para ele o que eu estava
sentindo, diante de tal invasão.
— Estava visitando a minha mãe, então decidi passar e cumprimentar dona Madalena, não
a via há um bom tempo — disse e me mediu com o olhar.
Obviamente, aquilo colou somente para a minha avó e Raissa. Eu sabia que havia muito
mais por trás daquela visita inesperada.
— Sim, aí o chamei para ficar e jantar conosco — minha avó falou, atraindo a minha
atenção para ela.
— Hoje, eu trouxe Raissa para conhecê-la, vó, deveria ser um jantar em família —
respondi, entredentes.
— E desde quando Rodolfo não é família? — minha avó perguntou confusa. — Vocês
cresceram juntos.
— Sim — respondi, a voz contida. Em seguida, desviei meus olhos para Rodolfo que em
um instante se levantou e começou a vir em nossa direção. — Você tem razão, ele é família.
Rodolfo parou à nossa frente e aquilo me deixou ainda mais tenso. Desde o momento que
eu o vi aqui, soube que sua intenção era apenas uma: se aproximar de Raissa.
— Boa noite, bela dama — Rodolfo cumprimentou-a enquanto estendia a mão para
Raissa.
Fiz questão de deslizar a minha mão um pouco mais para a cintura dela e a trouxe um
pouco mais para mim, para que ele ficasse ciente de que o maior contato que ele teria com ela
seria o aperto de mão.
— Boa noite. — Raissa o cumprimentou em um aperto firme e forçou um sorriso.
— Boa noite, Rodolfo, vamos nos sentar — disse, forçando-o a soltar a mão de Raissa.
Rodolfo nos mediu com o olhar e se afastou, dando-nos espaço para passar. Caminhei
levando Raissa em direção à minha avó, que apenas nos observava de longe.
— Boa noite, dona Madalena — Raissa a saudou, confiante. — Não vou me desculpar
pelo nosso último encontro, mas espero que possamos começar de novo.
Arqueei as sobrancelhas quando ela sem demora, estendeu a mão para minha avó, que
enquanto assimilava as palavras a mediu com o olhar.
Aquilo foi tão natural que não consegui conter o sorriso. Pensei que eu teria que apresentá-
las novamente pelo último contato delas, mas ali estava Raissa, surpreendendo-me mais uma vez.
— Boa noite...? — Minha avó falou enquanto estendia a mão para Raissa.
— Raissa — completou, de pronto, e saudou minha avó em um aperto firme.
— Vamos ver como nos sairemos daqui para frente — minha avó a respondeu, sem dar o
braço a torcer. — Sentem-se.
— Fiquei realmente curioso para saber o que aconteceu nesse último encontro — Rodolfo
disse de repente, lembrando-me de sua presença inconveniente.
Desviei o olhar para ele, que estava sentado tranquilamente em uma das cadeiras.
— Nada que valha a pena ser relembrado — cortei-o.
Em seguida, puxei a cadeira ao lado da minha avó, para Raissa se sentar. Depois de ajeitá-
la para que ficasse confortável, acomodei-me ao lado dela.
Foi quando uma das funcionárias da minha avó passou pela porta, atraindo a nossa
atenção.
— Senhora, podemos servir o jantar? — perguntou, ao mesmo tempo em que deu um
sorriso para todos.
— Por favor — minha avó respondeu.
Não demorou para que ela voltasse, junto a outra funcionária. Enquanto elas serviam o
jantar, voltei a minha atenção para Rodolfo, que estava com os olhos fixos em Raissa.
Desviei meus olhos para ela, tentando descobrir o que de fato aquilo estava causando nela.
Mas Raissa se encontrava distraída, observando enquanto as meninas serviam o jantar.
Levei a minha mão na coxa dela por baixo da mesa, a fim de chamar a sua atenção. Senti-a
estremecer com o contato, mas não o evitou. Então, seus olhos estavam sobre os meus.
— Está tudo bem? — perguntei, ciente de que tínhamos a atenção da minha avó.
— Sim, tudo ótimo. — Raissa deu um sorriso e levou a mão sobre a minha.
Sabia que ela tentaria tirar a minha mão, por isso a lancei um olhar furtivo, que, por sua
vez, foi suficiente para que ela desistisse de tal ação. Apenas disfarçando com uma carícia nada
gentil.
— Já que estamos todos aqui, por que não nos conhecer melhor? Há algo que estou bem
curiosa — minha avó falou, de repente, e no momento em que teve a nossa atenção, indagou: —
Como você e Alexander se conheceram, Raissa?
Tive que conter o sorriso que quis se formar em meus lábios diante de tal pergunta. Não
havia programado nada com Raissa, propositalmente. Eu queria testar o quanto ela poderia ser
boa improvisando. Olhei-a por um instante, percebendo que ela havia sido surpreendida.
Isso seria algo realmente divertido.
— Foi uma situação embaraçosa, na verdade — começou, sem demora. — Eu estava tendo
um dia ruim e Alexander apareceu. De forma espontânea e divertida fez com que eu esquecesse o
que me afligia. — Meu olhar para ela se tornou interrogativo. Raissa desviou a atenção para mim
e sorriu, descontraída. Em seguida voltou a sua atenção para Rodolfo, posteriormente para a
minha avó, que apenas ouvia de forma impassível. — Começamos a sair desde então.
— Alexander? Divertido? — Rodolfo perguntou, o deboche evidente em seu tom.
— Rodolfo, menos — avisei-o.
— Tudo bem — Raissa disse, fazendo com que desviasse minha atenção para ela. — Sim,
divertido, inclusive ele deveria sorrir mais vezes.
— Uau, vocês parecem se conhecer muito bem — Rodolfo disse e lançou um olhar em
minha direção.
— Nem tudo é o que parece — minha avó rebateu, deixando claro que não a tínhamos
convencido.
— Você tem razão — Rodolfo concordou, então, os olhos dele foram para Raissa. — Mate
a nossa curiosidade e nos diga, o que você faz da vida?
Estremeci com sua ousadia. Que porra ele estava fazendo?
Raissa deu um pequeno suspiro e olhou brevemente para mim.
— É algo que eu também gostaria de saber — minha avó falou, antes que eu pudesse
interferir.
— Eu sou gerente de marketing — respondeu. Por um momento, um vislumbre de
surpresa atingiu o rosto de minha avó.
— Isso é interessante, bonita e inteligente — Rodolfo comentou. — Em qual empresa está
atualmente?
— Trabalhei por sete anos na ALX marketing e publicidade. Mas fui demitida essa semana
— respondeu, a voz contida.
— Estou estudando a possibilidade de colocá-la no marketing de nossa rede de hotéis —
disse, a fim de evitar qualquer comentário desagradável.
Raissa me olhou surpresa.
— Interessante... — Minha atenção foi para o Rodolfo, sabendo que ele estava pensando
em alguma maneira de continuar a me tirar do sério.
— Rodolfo — chamei-o, tentando não transparecer o quão irritado estava. — Tem algo
que quero averiguar com você sobre aqueles arquivos da semana passada, se importam de
sairmos um pouco antes de jantar? — perguntei, olhando para a minha avó e para Raissa.
— Por mim tudo bem — Raissa disse e forçou um sorriso.
— Não demorem — minha avó pediu. Assenti e me levantei, os olhos fixos em Rodolfo,
que se levantou em seguida.
Saí da sala de jantar e ele me acompanhou, segui em direção ao jardim sem dizer uma
palavra. Abri a porta e esperei que ele passasse, então a fechei, me certificando de que ninguém
nos interromperia.
— Que porra está fazendo, cara?
— Não estou fazendo nada — respondeu, contendo o deboche. — Tinha que ver a sua
cara.
— Você tem que parar, tem que parar agora. Para começo de conversa, você não deveria
estar aqui.
— Eu não estaria, se você tivesse me contado o que pretendia. Tive que dar um jeito de
confirmar por mim mesmo, já que agora você parece querer me deixar de fora.
— Não estou jogando com a Raissa, quero que fique fora disso — exigi, sério.
— Ei, cara, não é para tanto.
— É, no momento em que invadiu a minha privacidade. Está me vigiando agora?
— Você está esquisito, nem me contou que a apresentaria à sua avó. E agora está dizendo
que vai contratá-la para trabalhar com a equipe do hotel? Se quer devolver o emprego para ela,
pode apenas pedir que a recontratem na empresa que ela trabalhava.
— Não te contei porque não te devo satisfação da minha vida. Não confunda as coisas,
Rodolfo, há muito tempo que quem eu fodo, ou não, não é da sua conta.
— Mas é sobre a Raissa que estamos falando — pontuou com um brilho nos olhos.
A obsessão dele por ela parecia maior do que qualquer outra. Aquilo estava me fazendo
me arrepender amargamente por ter revelado a ele quem ela realmente era.
— Ela não é um jogo. Então se mantenha longe.
— Não foi por isso que me envolveu? — Ele deu um sorriso.
Cerrei os punhos, segurando para não falar nada. Eu não gostava nada disso, não queria ser
tão direto por saber que isso apenas o deixaria mais animado a machucar Raissa de alguma
forma.
— Eu te disse que pensaria, apenas se mantenha longe — forcei-me a falar.
— Prometo me comportar. — O sarcasmo em sua voz fez meu sangue ferver.
— Você vai embora, agora.
— O que está acontecendo com você, Alexander? Somos parceiros.
— Você está passando de todos os limites.
— O que aconteceu entre você e essa mulher? — questionou, sério.
— Do que está falando?
— Você pode negar mais quinhentas vezes e dizer que é coincidência. Mas seu
desinteresse pelo jogo começou há oito anos, depois de Búzios.
— Não vamos ter essa conversa de novo. Você precisa ir embora, agora.
— Tudo bem, eu vou — disse, ao mesmo tempo em que levantou as duas mãos em
rendição. — Se me prometer que vai pensar um pouco mais sobre o assunto, eu realmente sinto
que é a chance de estarmos de volta depois de tanto tempo.
— Tudo bem, até então não falamos mais nisso. — Medi-o com o olhar, sabendo que ele
não me deixaria em paz.
— Aguardarei ansioso, amigo — disse e sorriu. Em seguida passou por mim e abriu a
porta, deixando-me ali.
Permaneci no lugar por alguns instantes pensando em como aquela atitude de Rodolfo que
antes me deixava eufórico, estava me fazendo perder a cabeça. Que porra estava acontecendo
comigo?
Independentemente do jogo, Rodolfo sempre foi meu amigo. Nós saímos muito, mas
sempre que o via falando de Raissa, minha paciência com ele era quase zero.
Temia que ele pudesse machucá-la. Eu não o queria perto dela de forma alguma. Mas por
quê? Por que, de repente, essa preocupação estava sobressaindo à nossa amizade de anos?
CAPÍTULO 15
— Alexander disse que vocês estão juntos há cerca de oito meses — Madalena soltou
aquelas palavras, de repente.
Suspirei e desviei o olhar na direção dela, enquanto amaldiçoava Alexander pela brilhante
ideia de me deixar sozinho com ela, quando era óbvio que algo assim poderia acontecer.
Droga! Como eu saberia se ela está blefando, ou se ele realmente falou algo com ela?
— Eu e Alexander temos um início complicado — respondi, de forma vaga, a fim de não
me comprometer.
— Está me dizendo que não são oito meses? — ela insistiu.
— N-não — respondi, hesitante, e a medi com o olhar. Naquele instante, senti que ela
estava blefando. — Depende do ponto de vista de cada um, para mim foi mais do que isso.
Muitas idas e vindas nesse tempo. Mas devido à posição de Alexander, assumimos há pouco
tempo.
Levei a minha mão sobre a mesa, ajeitando a taça que estava à minha frente, a fim de me
distrair, à medida que dizia a mim mesma que para ela acreditar, eu deveria estar o mais
confiante possível quando a respondesse.
— Ainda acho que isso é uma farsa — Madalena falou, atraindo o meu olhar de volta para
ela.
— Eu não teria tanta certeza assim.
— Ele nem mesmo colocou um anel de brilhantes em seu dedo — comentou. Ao mesmo
tempo em que desviou o olhar para a minha mão. Mantive-me no mesmo lugar, apenas o
amaldiçoando por esquecer algo tão importante.
Forcei um sorriso e esperei que seu olhar voltasse para mim.
— Uma coisa que irá aprender sobre mim com o tempo, é que eu não sou uma mulher fútil
e que se importa com essas coisas. Não estou interessada em um anel de brilhantes, para mim o
que importa é Alexander. O pedido, mesmo sem um anel, foi único.
Em partes, aquilo era verdade. Mesmo que não se tratasse de um relacionamento falso. Um
anel de brilhantes, quem liga?
— Ainda assim, ele não te deu um anel — ela debateu, mas dessa vez não tão confiante.
— Achei que conhecia o seu neto o suficiente para saber que ele tem um jeito um tanto
diferenciado para fazer as coisas — arrisquei, por incrível que parecesse ela pareceu concordar.
— Parece que só o tempo vai me dizer realmente se sou eu quem não o conhece, ou você.
— Terei que concordar — respondi, sentindo o alívio quando Rodolfo apareceu. Inclinei-
me para sussurrar de forma que apenas ela ouvisse: — E eu realmente espero que seja você quem
não o conheça de verdade.
— Dona Madalena — Rodolfo falou, antes que ela tivesse tempo de retrucar. — Acabei de
receber uma ligação e terei que ir para resolver um problema, mas foi bom revê-la.
— Isso é realmente uma pena. — Rodolfo se aproximou, pegou a mão dela e deu um beijo
rápido. — Não demore a voltar.
— Claro, pode deixar — respondeu, solícito, então a atenção dele estava sobre mim. —
Espero te ver mais vezes, Raissa.
— Até mais — respondi, educadamente. Ele piscou e sorriu.
Alexander apareceu naquele instante, o semblante sério não passou despercebido por mim.
Ele passou por Rodolfo sem dizer uma palavra sequer e se aproximou, sentando-se ao meu lado.
— Nós nos falamos, Alexander — Rodolfo se dirigiu a ele, que apenas foi capaz de
balançar a cabeça em concordância.
— Eu te acompanho — Madalena disse e se levantou, Rodolfo negou com a cabeça.
— Imagina, aproveite a noite, eu sei onde é a saída — disse, Madalena assentiu, então ele
se virou, saindo daquele ambiente.
Naquele momento, os olhos de Alexander encontraram os meus e não soube decifrar o que
significava. Mas era um olhar diferente de todos que ele já havia me dado, e aquilo foi capaz de
me causar até mesmo borboletas no estômago.
O que, afinal, significaria? Ele disse que não era capaz de ter qualquer sentimento, então
que olhar era esse?
Aquilo poderia ser real? Ou era apenas um show para a avó dele?
— Como você queria, Alexander, agora somos apenas nós três — Madalena falou, nos
tirando daquele transe. Desviei a minha atenção para ela, que nos olhava fixamente.
— Perfeito — Alexander respondeu, visivelmente mais à vontade. — Vamos jantar?
Ela assentiu e apesar do silêncio, sentia que a tensão se foi, juntamente com Rodolfo.
Alexander pegou o prato à minha frente e me entregou, incentivando-me a me servir. Em
seguida, fez o mesmo.
O jantar começou de forma tranquila, seguimos apenas apreciando a comida que estava
deliciosa. Apesar de ter várias opções à mesa, eu escolhi risoto de shitake. Uma das minhas
comidas preferidas.
— Nos conte sobre a sua família — Madalena perguntou, de repente. — O que eles
fazem?
— Se quer saber se venho de uma família como a de vocês, a resposta é não. Meus pais
são pessoas simples, que batalharam a vida toda e trabalharam para que eu tivesse uma boa
profissão.
Forcei um sorriso, decidindo ser sincera sem tentar criar caso com aquela pergunta. Afinal,
eu tinha muito orgulho dos meus pais.
— Por isso escolheu, Alexander? — A voz exalava ironia. — Para que ele possa lhe
proporcionar o que...
— Eu a escolhi, vó — Alexander interrompeu, firme e autoritário. — Foi eu quem insistiu
loucamente para que ela me desse uma chance. Então não comece com essas suposições, não
com ela.
Arregalei os olhos com a forma que ele soltou aquelas palavras. Meus olhos foram de
imediato para Madalena, que parecia estar tão surpresa quanto eu.
— Certo, Alexander — disse, parecendo se recompor.
Desviei meu olhar para Alexander, percebendo seus olhos fixos sobre mim. Eu sabia que
não deveria deixar o meu coração palpitar por algo assim, algo que claramente era atuação.
Se ele supostamente gostava de mim, era certo que não a deixasse me ofender. Mas, ainda
assim, eu me vi balançada por um momento. Desviei a minha atenção para a jarra de suco e levei
minha mão para pegá-la. Mas Alexander foi mais rápido.
— Deixa isso comigo — ele falou e inclinou a jarra, servindo mais suco para mim. Sorri
em agradecimento, peguei a taça e tomei um longo gole, antes de voltar a comer, em silêncio.
Madalena não soltou mais uma indireta sequer durante o restante do jantar. Ela parecia
mais interessada em observar nossa interação, mas eu não sabia ao certo, se foi pelas palavras de
Alexander, ou se o motivo real foi a falta de oportunidades.
Conseguimos chegar ao final do jantar sem trocar qualquer farpa, conseguindo até mesmo
que ela nos acompanhasse até a porta quando decidimos ir embora.
Isso me fazia gostar dela? Definitivamente não.
Mas estava tentando ser o mais tranquila possível, afinal, precisávamos que ela aprovasse
o casamento para o acordo seguir e eu poder pagar a Alexander aquilo que o devia.
Não abaixaria a minha cabeça jamais, mas não queria viver o próximo ano em um pé de
guerra com a velha.
— Qual foi o combinado entre vocês? — Madalena perguntou, de repente, quando
paramos em frente à porta.
Aquela pergunta me deixou sem reação. Nós havíamos sido descobertos?
— Como assim, vó? — Alexander perguntou, de forma cautelosa. Meus olhos foram para
Madalena, que deu um pequeno sorriso, como se aquilo fosse divertido.
— É isso que você ouviu. Qual foi o combinado entre vocês, para o casamento? — ela
perguntou e nos estudou com o olhar, sem tirar aquele sorriso dos lábios. — Pretendem casar em
quanto tempo?
Senti meu corpo relaxar. Merda! Aquilo era uma pegadinha da velha?
— Não chegamos a um acordo ainda — Alexander respondeu, sério. — Como poderíamos
organizar isso, se ainda não temos a sua aprovação?
— Realmente vocês ainda não têm — ela disse, firme. — Vão precisar se esforçar mais.
Quando os olhos dela foram para mim, tive que conter a vontade de dizer poucas e boas.
— Tudo bem, por Alexander vale a pena. — Mantive-me firme.
— Ótimo. — Ela me fitou com o olhar. — Quero falar algo com você antes que vá
embora.
— Estou ouvindo — respondi, já esperando a bomba que ela jogaria em minhas mãos,
torcendo para que eu conseguisse me segurar.
— A sós — ela falou e olhou para Alexander. — Você fique aqui, ela voltará para ir
embora em alguns minutos.
— Tudo bem para você, Raissa? — ele perguntou, ignorando a avó.
— Sim. — Forcei um sorriso. — Apenas espere por mim.
Ao me ouvir, ele retirou as mãos de mim e eu acompanhei, enquanto Madalena caminhava
em direção a uma porta. Ela a abriu e me deu espaço para passar. Entrei, então ela a fechou atrás
de nós.
Uma breve olhada me fez confirmar que estávamos em um escritório. Fiquei esperando
para saber se nos sentaríamos, ou permaneceríamos ali, mas sem cerimônia ela se virou e olhou
para mim.
— Sinceramente? Eu não gosto de você — Madalena falou, direta. — Você é uma mulher
um tanto insolente.
— Se está achando que vou ficar calada enquanto f...
— Me deixe terminar — ela me interrompeu firme e levantou a mão fazendo sinal para
que eu a deixasse falar. E, estranhamente, aquilo me fez querer ouvir tudo. — Mas eu pensei que
nunca veria Alexander balançado por mulher alguma. Não depois de tudo que ele já passou.
— Do que você está falando? O que aconteceu com ele? — Baixei a minha guarda,
desejando obter aquela informação.
Ela me estudou por um instante, como se decidisse o que responder.
— Não serei eu a pessoa a te contar isso. Se você realmente quer saber, tem que fazê-lo se
abrir com você. Isso é o que posso te contar por ora, eu vi em você durante esse jantar a
esperança para ele. — Suspirou. — É por esse motivo que estou disposta a lhe dar a chance de
me provar que estou errada sobre você.
Por um momento, eu me vi sem palavras.
Sim, pela primeira vez eu não queria respondê-la, apenas queria que ela me contasse o que
aconteceu com Alexander, mas ela havia deixado claro que não contaria. E pior, saber que
certamente eu não conseguiria arrancar aquilo de Alexander me deixava sem saber o que fazer.
Eu não deveria me meter, mas me vi querendo descobrir. Seria por isso que ele não era
capaz de corresponder a qualquer sentimento?
— Por ora, apenas diga a Alexander que vocês não têm a minha aprovação. Mas estou
disposta a repensar, portanto, venha mais vezes com ele.
— Tudo bem — respondi, ao mesmo tempo em que balançava a minha cabeça
positivamente. — Vou voltar para ele então.
— Faça isso — ela completou e me deu espaço para passar, assenti e saí do escritório, indo
novamente para a saída.
Encontrei Alexander me esperando do lado de fora. No momento em que notou a minha
presença, sua atenção foi completamente para mim.
— O que ela queria falar com você? — ele perguntou, curioso. Fiz uma pequena careta.
— Que não gostava de mim e que eu era insolente. — Dei uma risada, fazendo com que
ele me acompanhasse. — Mas disse que apesar de não aprovar, me daria a chance de mostrar que
estava errada.
Medi-o com o olhar, disposta a deixar a outra parte de fora da nossa conversa.
— Isso é a cara dela. — Ele balançou a cabeça em negativa. — Parece que teremos um
pouco mais de trabalho então.
— Provavelmente, para isso dar certo, temos que acertar algumas coisas — sussurrei,
lembrando-me de como a velha esperta estava disposta a nos testar. Senti as mãos de Alexander
tocarem as minhas costas, fazendo meu corpo reagir instantaneamente.
— Vamos continuar essa conversa em outro lugar — Alexander falou e me guiou em
direção ao carro.
O motorista estava de prontidão ao lado de fora esperando.
Alexander abriu a porta para mim e me deu espaço para entrar. Acomodei-me enquanto ele
trocava algumas palavras com o motorista. Alguns instantes depois, ele se acomodou de frente
para mim.
— Temos que combinar algumas coisas com certeza. Ou ela definitivamente irá nos pegar
— falei, atraindo seu olhar para mim.
— Você se saiu muito bem, eu gostei. — A boca dele se curvou em um sorriso, ao mesmo
tempo em que ele fechou a porta do carro.
— Não combinou nada antes de propósito, não foi?
— Sim, foi exatamente isso — confessou, o sorriso nos lábios dele se desfez. — E algo me
deixou muito curioso durante o jantar, Raissa.
— E o que seria? — Aquele tom fez com que eu ignorasse completamente o que ele
acabara de admitir.
— Como você conseguiu criar uma história tão rápida e convincente para a minha avó? —
A pergunta repentina me fez corar. — Eu realmente gostaria de saber.
— Eu não criei. — Mordi o lábio inferior.
Os olhos dele escureceram, com uma intensidade avassaladora. Ele conseguiu me afetar da
mesma forma que da última vez em que teve aquele olhar sobre mim. E o pensamento, fez-me
querer beijá-lo mais uma vez.
Antes que eu fizesse algo por impulso, apenas voltei a minha atenção para sua pergunta
anterior. Dei um pequeno suspiro e tentei me concentrar.
— Bem, eu acrescentei um pouco na história. Mas há alguns anos aconteceu algo parecido,
uma pessoa apareceu em um dia muito ruim e, graças a ela, hoje eu não tenho uma lembrança tão
pesada daquele dia. Foi especial. — Minha boca se curvou em um sorriso cheio de nervosismo.
— Achei que contar meia-verdade ajudaria a tornar tudo mais convincente.
— E onde está essa pessoa? — ele perguntou, sem tirar os olhos dos meus.
Aquele olhar me desconcertou.
— Eu não faço ideia — respondi, em um fio de voz.
Alexander se inclinou em minha direção e estendeu a mão para mim. Apesar de não
entender aquele gesto, aceitei, curiosa para descobrir sua intenção com aquela atitude.
Assim que a minha mão tocou a dele, ele me puxou em direção a ele, fazendo-me cair
diretamente em seus braços.
— O que está fazendo? — perguntei, envolvida demais para recuar.
— Depois que mordeu o lábio, eu só consegui pensar em como quero te beijar agora —
falou, sério, à medida que deslizava a mão sobre mim, fazendo-me sentar de frente em seu colo.
Não protestei, apenas deixei que ele fizesse aquilo, mesmo sabendo o que aconteceria em
seguida. Eu sabia que não deveria ir adiante com isso, mas, porra, naquele momento eu queria
tanto quanto ele.
E sem pedir permissão, Alexander tomou meus lábios para ele. O beijo era quente e cheio
de necessidade. Passei as mãos em volta do pescoço dele, enquanto sentia as mãos dele
deslizarem pelas minhas costas, foi quando ele me puxou ainda mais em sua direção.
A língua invadiu a minha boca, fazendo-me sentir ondas de excitação por todo o meu
corpo, as mãos dele foram para debaixo do meu vestido tocando a minha coxa, subindo para
pegar a minha bunda, sem pudor algum.
Um gemido escapou de meus lábios quando ele apertou a minha bunda e friccionou meu
corpo para frente, fazendo-me ter a certeza de que ele estava completamente duro.
Aquele contato me deixou em chamas, ao mesmo tempo em que me lembrou que eu tinha
limites que não me sentia pronta para ultrapassar. E antes que eu pudesse protestar, os lábios dele
deixaram os meus e, lentamente, desceram pelo meu pescoço, fazendo um caminho em direção
ao decote exposto pelo vestido.
Um arrepio percorreu todo o meu corpo no momento em que os lábios dele tocaram a parte
superior de meus seios. Estremeci no instante em que ele começou a chupar toda aquela área
exposta.
Aquilo era gostoso. Porra, sentir a boca dele ali era gostoso demais.
— Alexander... — chamei a atenção dele em meio a um gemido. Ao invés de parar, ele fez
o caminho até o meu outro seio, enquanto deslizava a mão em um movimento sutil em direção à
minha calcinha.
Lentamente, levei a minha mão em direção a dele, antes que eu perdesse o pouco de juízo
que me pedia para parar.
Alexander soltou um gemido totalmente frustrado, que me fez arrepiar de forma deliciosa.
E por mais que a intensidade me fizesse querer continuar, aquele era um passo que eu não estava
disposta a dar.
Ele se afastou um pouco, levando o olhar ao encontro dos meus.
— Porra, Raissa, vai me matar assim — sussurrou, a voz cheia de desejo e os olhos
intensos sobre mim.
Senti-o me pressionar ainda mais contra ele, fazendo-me gemer com o contato de seu pau
contra minha boceta.
— Não ultrapasse os limites, Alexander — pedi.
E antes que ele pudesse responder, a voz do motorista se fez presente, nos informando que
havíamos chegado.
— Que limites? — perguntou, ignorando o motorista.
— Os meus — respondi. Ele suspirou enquanto os olhos confusos estavam sobre mim.
— O que você está fazendo comigo? — perguntou, em um fio de voz.
Não sabia de fato se ele queria uma resposta, mas não a tinha.
Sem pensar muito, inclinei-me novamente em direção a ele e o beijei com vontade. Não
queria deixá-lo ir adiante, mas queria sentir seus lábios nos meus mais uma vez antes de sair do
carro.
Alexander não perdeu tempo para corresponder. Ele levou a mão em minhas costas e me
colou nele, à medida que o beijo se tornava cada vez mais quente.
Apesar de continuar explorando meu corpo sem pudor, ele não tentou novamente
ultrapassar os meus limites. E quando senti que as coisas estavam mais quentes do que deveriam,
afastei-me devagar encerrando o beijo.
— Eu preciso ir, Alexander — disse, ofegante, ao mesmo tempo em que saía do colo dele.
Inicialmente, ele se mostrou relutante em me soltar, mas, mesmo a contragosto, ele o fez. — Boa
noite.
— Boa não será, mas tenho certeza de que será longa — sussurrou, os olhos fixos em mim.
Sorri antes de abrir a porta e sair, disposta a encerrar aquela noite ali.
Alexander estava certo, essa, com certeza, seria uma noite longa.
CAPÍTULO 16
Alexander estava certo quando disse que a noite seria longa, realmente, foi uma das noites
mais longas que tive, onde meus pensamentos se fixaram naquele beijo intenso e em tudo que
poderia ter acontecido se eu me deixasse levar, até finalmente conseguir pegar no sono.
E quando acordei pela manhã, não consegui me levantar da cama de imediato. Estava me
revirando na cama há cerca de uma hora.
Sempre fui uma mulher decidida, mas pela primeira vez eu me vi confusa sobre o que
queria. Alexander definitivamente não era o cara certo, por isso não tinha certeza de até que
ponto eu deveria o permitir chegar.
Mas pela primeira vez eu me vi realmente balançar sobre isso. Talvez por ele ser um
homem gostoso e intenso, ou pelo seu modo autoritário, por estar escrito na cara dele que não
prestava nadinha, ou até mesmo pela familiaridade que ele tinha com o cara que conheci em
Búzios e que ficou entranhado em minha memória por todos esses anos.
Certamente, o motivo era um desses, ou todos eles. Eu não sabia ao certo, mas não parei
de pensar em Alexander por um segundo sequer.
O barulho de notificação do meu celular me trouxe de volta à realidade, fazendo com que
eu o pegasse no móvel ao lado da cama. Ao desbloqueá-lo notei uma mensagem de Isabella. Abri
o aplicativo de mensagem e estava prestes a abrir a mensagem dela quando vi um pouco mais
abaixo uma mensagem de Alexander.
Minha atenção foi para ela. Abri a conversa dele, curiosa para saber o conteúdo.
Alexander: Quais são os seus limites, Raissa?
Arqueei as sobrancelhas ao ver a hora que a mensagem foi enviada. Exatamente às 03h.
Não pude evitar o sorriso que se formou em meus lábios, ao pensar que a essa hora da
madrugada os pensamentos dele estavam em mim.
Pensei um pouco antes de enviar uma resposta.
Eu: Eu gosto de ir devagar.
Estava prestes a ir para a conversa de Isabella quando o vi ficar on-line.
Tentada a descobrir o que ele falaria, acabei permanecendo em sua conversa. Demorou
uma fração de segundos para que sua resposta chegasse até mim.
Alexander: Você já deve saber que ir devagar não faz o meu estilo.
Senti-me ansiosa com aquela mensagem. Mordi o lábio inferior enquanto digitava uma
resposta a ele.
Eu: Sim, eu imaginei. Mas também sei que você não vai ir além sem que eu permita antes.
Minha boca se curvou em um sorriso quando ele começou a digitar mais uma vez, por
mais tempo do que deveria. E no momento em que a mensagem chegou, eu perdi o ar.
Alexander: Ah, Raissa. Não tenha dúvidas de que em breve vou te foder bem gostoso. Eu
sei que você também quer isso.
Li aquela mensagem mais duas vezes antes de decidir bloquear a tela do celular e o jogar
de lado. Decidida a ignorar a mensagem, eu me levantei e fui para o banheiro, a fim de jogar
água no rosto e mandar os pensamentos impuros que queriam rondar minha mente para longe.
Estava saindo do banheiro quando o barulho da campainha chamou a minha atenção.
Franzi as minhas sobrancelhas e fui em direção à porta para checar quem poderia ser.
Antes de abrir a porta eu conferi o olho mágico, confirmando que aquilo que eu estava
adiando acabara de acontecer.
Beatriz e Isabella estavam ali, e eu sabia que naquele momento já não seria mais possível
evitá-las. Então, abri a porta e encontrei o olhar de reprovação das duas em minha direção.
— Bonito, dona Raissa — Beatriz falou, fazendo que uma pequena careta se formasse em
meus lábios. — Iria nos ignorar até quando?
— Eu pensei que conseguiria um pouco mais. — Fui sincera, ao mesmo tempo em que dei
espaço para entrarem.
— E ainda não tem vergonha na cara em admitir. Ainda bem que não leu a minha
mensagem, ou iria fugir com certeza — Isabella falou, enquanto passava por mim.
Sorri de forma travessa e fechei a porta no momento em que as duas estavam dentro do
apartamento.
— Eu nem tomei café, hum... que tal conversarmos na cozinha? — perguntei e sem
esperar resposta fui em direção à cozinha, pois sabia que elas viriam atrás de mim.
— Como você está? — Isabella perguntou, enquanto eu pegava a chaleira e colocava água
no fogo para fazer um café.
— Eu estou bem... hã... A nova gerente de marketing já apareceu por lá? — perguntei e
forcei um sorriso.
— Está todo mundo sem entender nada — ela respondeu, ao mesmo tempo em que se
sentava ao lado de Beatriz em uma das banquetas na cozinha. — Não acredito que tiraram você
que se dava superbem com todos na equipe, para colocar uma metida que se acha a dona de tudo.
— Ah, para. — Sorri, à medida em que colocava a porção de pó de café no passador.
Então, virei-me para ela, sabendo que o julgamento dela era porque a mulher estava me
substituindo. — Não exagera.
— Eu estou falando sério — Isabella insistiu.
— Ai, Isa, não vamos falar nisso — Beatriz disse, antes de desviar a atenção para mim. —
Se você está bem mesmo, por que estava nos ignorando?
Um suspiro escapou de meus lábios ao ouvi-la. Eu seguia as ignorando desde que deixei a
empresa.
— Eu não queria falar sobre o que aconteceu no emprego, não queria falar sobre a bagunça
que está a minha vida. Nem sobre Alexander — fui sincera.
— Alexander? — Beatriz perguntou, fazendo um sorriso se formar em minha boca. — Isso
quer dizer que temos novidades?
A safada não ligava para o meu emprego, muito menos para estar tudo uma bagunça, ela
apenas queria saber sobre o último assunto.
Balancei a cabeça em negativa enquanto me virava para passar o café.
— Não faz esse suspense todo, Rai — Isabella falou, fazendo-me olhar para ela
novamente.
— Eu aceitei a proposta dele — falei e fechei a garrafa, em seguida a levei em direção à
bancada.
— Ai, meu Deus! — Beatriz vibrou, Isabella a acompanhou com um gritinho.
— Você vai se casar então? — Isabella perguntou, entusiasmada, à medida que eu me
sentava junto a elas em uma das banquetas. — Ah, sua cretina, como pode deixar a gente de fora
disso?
— Eu não deixei vocês de fora — defendi-me e servi uma xícara de café para mim. —
Vocês aceitam?
— Não desvia o assunto, queremos saber tudo — Isabella falou e Beatriz concordou.
— Não vamos nos casar, ainda — expliquei e, em seguida, tomei um gole de café. —
Inclusive, no contrato há uma cláusula falando que eu não posso contar para ninguém que o
casamento é um acordo.
Arqueei a sobrancelha para as duas, que no mesmo momento levaram as mãos à boca, com
a promessa de segredo.
— Isso morre aqui — Beatriz falou e Isabella prontamente concordou.
— Mas não é isso que queremos saber, você encontrou com ele depois disso? — Beatriz
perguntou e eu sorri. — Por favor, me diz que você já deu pelo menos uns pega naquele gostoso.
— Não foi esse o motivo de aceitar o contrato. É um acordo estritamente profissional —
respondi, firme. Mesmo não gostando de mentir para elas, isso não era algo que eu queria
compartilhar por enquanto.
— Ai, Raissa. — Isabella suspirou, fazendo-me dar uma gargalhada.
— Você é inacreditável — Beatriz completou. Balancei a cabeça em negativa e me
levantei, indo em direção ao armário.
— Ei, volta aqui — Isabella falou.
— Só vou pegar algumas torradas, não estou fugindo — falei e peguei um pacote de
torradas, em seguida o mostrei para elas.
Então, caminhei na direção delas e me sentei novamente.
— Por que não irão se casar ainda? O que de fato será esse acordo? — Isabella perguntou,
curiosa como sempre.
Suspirei e me sentei, decidida a explicar às meninas o que conversei com Alexander. E na
próxima hora contei tudo a elas, claro, deixando de fora as cláusulas de envolvimento. Também
ocultei o fato de que, por duas vezes, eu já havia me deliciado naqueles lábios gostosos.
E por mais que eu dissesse que não rolaria nada, as duas não pareciam acreditar nisso.
Estavam totalmente eufóricas com a ideia de que eu estaria em breve debaixo do mesmo teto que
aquele pedaço de mau caminho.
A quem eu queria enganar? Nem eu mesma era capaz de acreditar nas minhas palavras.
Mas quando elas começaram a me atormentar demais, dei um jeito de mudar o rumo da
conversa.
Quando se aproximou do horário do almoço nós pedimos comida e passamos boa parte do
dia na frente da TV, conversando e assistindo um dos nossos mais novos vícios: doramas.
Eu sabia que elas tiraram o dia para me animar e eu me sentia muito grata por isso. Grata
por ter elas como amigas de verdade e por se preocuparem tanto comigo.
— É um aviso, Rai, se nos ignorar de novo não vamos perdoar — Isabella falou, ao
mesmo tempo em que me abraçou forte. — Só estou indo porque prometi a Mel que iríamos ao
parque hoje, mas pode me ligar a qualquer momento.
— Obrigada, Isa — disse, retribuindo o abraço. — Mande um abraço para ela e diga que
em breve eu vou visitá-la.
— Não se atreva a aparecer lá sem um presente, sabe que ela é exigente — Isabella
brincou, à medida que nos afastávamos.
— Claro, ela é exigente igual a mãe — Beatriz brincou, Isabella deu de ombros.
— Ela tem que aproveitar o lado bom da vida e isso inclui arrancar presentes das minhas
amigas — disse, entrando na brincadeira.
Gargalhei ao mesmo tempo em que balancei a cabeça em negativo. Então, foi a vez de
Beatriz vir até mim e me dar um abraço apertado.
— Te amo, amiga, sabe que pode contar com a gente — Bia falou, balancei a cabeça em
concordância enquanto a correspondia.
— Obrigada — disse e me afastei, passando o olhar entre as duas. — Eu amo vocês.
As duas sorriram e, como as amigas incríveis que sempre foram, se juntaram em mim mais
uma vez, antes de irem embora. O dia havia sido gostoso e serviu para me distrair um pouco da
loucura que minha vida estava.
Depois de tomar um banho, eu me deitei na cama e peguei o celular, que havia
permanecido no móvel ao lado da cama, durante todo o dia.
Como não havia respondido Alexander, não imaginei que teria qualquer mensagem dele,
mas estava enganada. Prendi a respiração no momento em que meus olhos foram ao encontro do
seu nome, denunciando uma notificação de mensagem enviada há algumas horas.
Alexander: Amanhã às 11h, a esperarei na empresa para assinar o contrato e acertar
algumas questões pendentes. Não se atrase, eu tenho uma reunião às 13h.
CAPÍTULO 17
Estacionei na frente da empresa de Alexander exatamente às 10h50.
Sem demora, entrei no edifício e caminhei em direção à recepção. Ao me avistar, a
recepcionista abriu um sorriso gentil.
— Bom dia — cumprimentei-a, séria.
— Bom dia, Raissa, Alexander está esperando por você — respondeu de pronto. — Quer
que eu te acompanhe até lá?
— Não precisa, obrigada. — Minha boca se curvou em um sorriso e eu dei a ela um aceno,
sem deixar de notar como o tratamento havia mudado depois que ela ouviu naquele dia que eu
era noiva de Alexander.
— Certo, vou liberar a sua entrada e logo em seguida avisarei à secretária de Alexander
para que a deixe entrar. Fique à vontade.
Assenti e segui pelos corredores da empresa, fazendo o mesmo caminho que ele fez no dia
em que estive aqui. Quando cheguei em frente à sala dele, a secretária que se encontrava em uma
mesa do lado de fora sorriu e apenas disse que eu poderia entrar.
Retribuí o sorriso e entrei na sala, onde encontrei Alexander com a atenção em seu
notebook. Mas no momento em que percebeu a minha presença, ele o fechou e sua atenção foi
por completo para mim.
— Raissa — disse, o tom autoritário enviou uma eletricidade por todo o meu corpo.
Fechei a porta e caminhei em direção a ele.
— Bom dia — cumprimentei, séria, à medida que ele se levantava. Lutei contra a vontade
de morder o lábio, enquanto a lembrança do nosso último encontro pairou sobre mim.
De uma coisa as meninas estavam realmente certas, o homem era gostoso. E seria
inevitável não estar na cama dele em algum momento, afinal, seria um longo ano em sua
companhia.
Eu só queria me sentir segura quanto a essa escolha.
A aproximação de Alexander me trouxe de volta à realidade. Ele estava tão perto, que me
fez sentir o coração em descompasso.
— Por onde começamos? — perguntei, a fim de quebrar aquela tensão que estava
instaurada no ar.
Sem dizer uma palavra, Alexander estendeu a mão para que eu fosse em direção a um sofá
que se encontrava um pouco à frente. Eu caminhei em direção a ele e me sentei.
Alexander se sentou em seguida, suavemente me ajeitei, afastando-me um pouco dele.
Precisava manter uma distância maior para o bem da minha sanidade.
Ele abriu a gaveta da mesinha de centro à nossa frente e pegou um envelope, tirou algumas
guias de dentro e as estendeu em minha direção.
— Vamos começar resolvendo a questão do contrato — falou enquanto eu pegava as
folhas em sua mão.
Balancei a cabeça em concordância antes de desviar a minha atenção para o contrato.
Tentei me concentrar em confirmar cada informação, mesmo sentindo os olhos de Alexander de
forma intensa sobre mim.
Sobre os benefícios, assim como ele disse nada foi alterado. Ele estava mesmo decidido a
me dar todo aquele valor ao final.
Balancei a cabeça positivamente ao notar que ele havia estipulado o tempo de um ano para
a duração do casamento e ao final, na cláusula sobre compromisso, ali estava a alteração.
Alexander se comprometendo a partir da assinatura do contrato ser meu e apenas meu.
Assim como eu deveria me comprometer a ser apenas dele, durante a vigência daquele
documento.
Desviei meus olhos para ele, sentindo um rubor no rosto ao notar seu olhar sobre mim. Ele
sabia exatamente a parte em que eu estava lendo e aquele olhar fez com que me sentisse exposta,
como se ele tivesse conhecimento dos meus pensamentos mais ocultos.
— Tudo exatamente conforme você pediu — ele frisou, sem tirar os olhos de mim.
— Eu não pedi você. — Fitei-o com o olhar. — Também não concordei em ser sua.
— Por que resistir ao inevitável?
— Porque eu preciso de tempo — expliquei.
— Quanto tempo? — ele perguntou. E a frustração estava visível em seu tom. Minha boca
se curvou em um sorriso, à medida que pensava em como respondê-lo.
— Tudo vai depender de você. — Não perdi a oportunidade de o provocar, ao passo que
colocava as guias do contrato sobre a mesa.
Em um movimento rápido, Alexander me deitou no sofá e veio com seu corpo para cima
do meu. O susto com o movimento se fez presente por alguns segundos, antes daquele
sentimento ser substituído pela excitação de tê-lo tão perto, encaixado perfeitamente no meio de
minhas pernas.
A respiração se tornou irregular, sentindo-o me devorar com o olhar.
— Não brinca comigo, Raissa — Alexander pediu, roçando suavemente o corpo no meu,
fazendo meu corpo inteiro se arrepiar ao sentir como ele estava completamente duro. A tensão, a
excitação e o desejo estavam cada vez mais incontroláveis a cada encontro.
Ele permaneceu com os olhos fixos a mim. De forma ousada, levei a minha mão à gravata
dele e o puxei um pouco mais em minha direção.
— Você vai... respeitar os meus limites? — perguntei, em um fio de voz, tentando o
lembrar do que eu havia pedido. A mão dele deslizou pela minha coxa suavemente, enviando
uma onda de excitação sobre mim.
Senti meu vestido sendo levado para cima. Então a mão dele deslizou em direção à minha
virilha. Os olhos dele não deixaram os meus, por um minuto sequer.
Estremeci no momento em que ele jogou a minha calcinha para o lado, e um gemido
escapou dos meus lábios quando senti os dedos dele tocarem suavemente a minha boceta.
Coloquei um pouco mais de força no aperto em sua gravata.
Alexander ofegou quando os dedos dele tocaram a minha entrada, constatando o quão
excitada eu estava naquele instante.
— Você está tão molhada, que eu comeria você com facilidade aqui nesse sofá —
sussurrou, sem conseguir esconder a surpresa por trás daquela fala, por um momento a ansiedade
e o medo de que ele realmente fizesse aquilo tomaram conta.
E antes que eu pudesse protestar, Alexander subiu os dedos em direção ao meu clitóris. Ele
começou a me tocar em movimentos circulares enquanto os olhos me devoravam por inteiro.
Como se ele estivesse totalmente fora de controle.
Seus olhos fixos aos meus, os movimentos aumentando de forma gradativa em meu
clitóris, a admiração em seu olhar quando gemidos contidos começaram a sair de meus lábios.
Tornava tudo mais quente e difícil de resistir.
— Você quer mesmo que eu respeite? — perguntou em um pequeno rosnado, à medida
que os dedos começaram de forma precisa a enviar sensações novas pelo meu corpo.
Ser tocada por outra pessoa, aquilo era diferente. E gostoso, tão gostoso que estava me
fazendo perder o juízo.
Naquele momento, eu me perdi totalmente em seu toque. Os lábios dele encontraram os
meus com fervor, não hesitei em retribuir enquanto os movimentos em meu clitóris aumentavam,
deixando-me fora de controle.
Senti meu sexo apertar e a intensidade aumentar. Alexander deixou os meus lábios para
encontrar meus olhos. E foi naquele momento, com um gemido incontrolável e olhando dentro
daqueles olhos azuis profundos, que eu me desmanchei em seus dedos. Permiti-me curtir cada
sensação que o momento estava me proporcionando.
— Mulher gostosa do caralho — ele rosnou, fazendo-me estremecer com aquela
intensidade.
Corei por ter toda a sua atenção em mim, foi por isso que puxei a gravata dele em minha
direção, em um instante nossos lábios se uniram. Eu senti todo o seu desejo e descontrole
naquele beijo.
Sabia exatamente que eu estava brincando com fogo, pedindo-o para se controlar quando
eu não estava facilitando. Mas ansiava por segurança, ansiava para que ele me passasse essa
sensação.
E foi por isso que quando os lábios dele deixaram os meus, enquanto a nossa respiração
ainda estava em descompasso, senti que precisava que ele me tranquilizasse.
— Me promete uma coisa — pedi, a respiração irregular.
— O quê? — perguntou, em meio a um rosnado contido.
— Você não vai além disso, sem que eu te diga que eu quero — sussurrei, fazendo-o me
encarar por alguns instantes.
Tinha a sensação de que ele estava lutando contra o desejo, ao mesmo tempo em que
tentava assimilar o meu pedido.
— Que porra de jogo é esse que está tentando fazer comigo, Raissa?
— Não é jogo, eu apenas preciso saber que posso confiar em você quanto a isso. Eu não
sou uma dessas mulheres com quem você sai, não sou o tipo que fode com qualquer cara.
Ele me mediu com o olhar, como se decidisse o que fazer comigo naquele momento.
Permaneci com os olhos fixos a ele, aguardando ansiosamente a sua resposta.
Falar com ele sobre a minha real situação estava fora de questão. Afinal, quem acreditaria
nisso a essa altura do campeonato?
— Prometo não foder você sem que esteja pronta para isso — rosnou e me mediu com o
olhar. — Só não demore muito, não sou tão paciente.
Em um piscar de olhos, Alexander saiu de cima de mim. Ele se levantou e caminhou na
direção oposta, ficando de costas para mim. Então, levou as mãos à cintura, à medida que soltava
um suspiro cheio de frustração.
Um sorriso se formou em meus lábios, ao perceber que ele estava controlando-se para não
fazer nada. Eu não deveria achar isso divertido, mas, no fundo, era exatamente o que era.
Sentei-me no sofá e voltei a atenção para Alexander. Ele se virou em minha direção de
repente.
— Você já almoçou? — perguntou, a voz contida.
— Ainda não.
— Ótimo, você pode usar o banheiro. — Ele apontou para uma porta no canto esquerdo da
sala. — Se ajeite e vamos terminar essa conversa enquanto almoçamos, ou serei obrigado a
retirar essa maldita promessa que acabei de fazer.
CAPÍTULO 18
Suspirei profundamente, enquanto observava minha imagem no espelho do banheiro.
Estava com o rosto corado, a sensação era de que no momento que saísse daquela sala, todos
saberiam que aquele homem estava com suas mãos em mim, tocando-me sem qualquer pudor.
A lembrança fazia o coração se agitar, ao mesmo tempo em que meu corpo reagia ao me
lembrar de como era, sentir o toque dele em mim.
— Podemos ir? — A voz de Alexander ressoou através da porta, acompanhada de duas
batidas suaves.
Mordi o lábio inferior e fui em direção à porta. Quando a abri, deparei-me com aquele par
de olhos azuis sobre mim.
— Sim, preciso apenas pegar a minha bolsa — avisei, Alexander me mediu com o olhar e
me deu espaço.
Passei por ele e fui até o sofá, inclinando-me e pegando a bolsa. Meus olhos foram em
direção ao contrato, sobre a mesinha de centro.
— Vamos? — A voz dele atraiu a minha atenção, ele já estava parado na porta me
esperando.
— E o contrato? — Desviei meu olhar mais uma vez para aqueles papéis.
— Assinamos na volta — respondeu, firme.
Balancei a cabeça em concordância e caminhei em direção a ele. Alexander levou a mão às
minhas costas e abriu a porta para que saíssemos. Ele não se dirigiu a mim durante todo o trajeto
pela empresa. Apenas me guiou para o estacionamento, parando em frente ao meu pesadelo.
Fiz uma careta enquanto olhava o Bugatti de 17 milhões.
— Você realmente não deveria andar com isso por aí. — Aquelas palavras saíram da
minha boca, à medida que Alexander abria a porta para mim.
A boca dele se curvou em um sorriso, agradeci internamente por ser tão boca grande.
Afinal, todo aquele silêncio depois do que aconteceu na sala era incômodo.
— Graças a isso, eu encontrei você — Alexander comentou e o sorriso em seu rosto se
dissipou. Naquele momento, pude jurar que vi um vestígio de confusão em seu olhar.
Sem saber o que responder, entrei no carro, ele fechou a porta e deu a volta, assumindo a
direção. Coloquei o cinto de segurança e mantive a minha atenção na janela.
Estava confusa. Confusa com o fato de ele dizer que não era capaz de retribuir qualquer
sentimento, mas por parecer feliz pelo carro ter feito com que ele me encontrasse.
Mas, certamente, a felicidade não era por mim em si, mas porque eu era a mulher perfeita
para irritar a avó dele, evitar que ela o casasse com alguma mulher irritante que ela poderia vir a
escolher, até porque ele não poderia dar algo que em algum momento cobrariam: amor.
Eu sabia que isso, era algo que não deveria esperar dele. Mas também foi algo que eu não
consegui fazer depois de Matheus. Amar...
Então talvez, isso pudesse vir a dar certo, não é?
— Chegamos. — A voz de Alexander me trouxe de volta à realidade. Arqueei a
sobrancelha ao constatar que nem mesmo fui capaz de perceber quando ele estacionou.
— Certo, vamos lá. — Forcei um sorriso e tirei o cinto de segurança.
Saí do carro e fechei a porta. No instante seguinte, olhei para frente, constatando que
estávamos no Korfali Hotel Group, o mesmo hotel em que nos encontramos para discutir sobre o
contrato.
Congelei com a possibilidade de ele me levar mais uma vez para a cobertura. Da forma
que as coisas estavam há pouco em sua sala, não tinha certeza de que conseguiria negar suas
investidas.
— Nós vamos almoçar no restaurante — Alexander disse ao mesmo tempo em que a mão
ia ao encontro das minhas costas. — No segundo andar.
Então, ele estava me levando para o edifício. Não o respondi, acompanhei-o até o elevador
que nos levou exatamente para onde ele havia falado. O segundo andar.
Fomos recepcionados por um funcionário que estava visivelmente surpreso com a
presença de Alexander. O que me fez pensar que ele não vinha com frequência para almoçar.
Assim como ele pediu, fomos encaminhados para uma mesa mais reservada no canto e, em
seguida, outro funcionário colocou algumas plaquinhas de reservado nas mesas mais próximas a
nós.
O garçom nos entregou o cardápio e aguardou que escolhêssemos a refeição. Eu optei por
risoto mais uma vez, já Alexander por filé mignon e salada, para beber escolhemos suco de
laranja.
— Prato preferido? — Alexander perguntou assim que o garçom nos deixou a sós.
— Sim — respondi, sorri ao notar que todas as vezes em que comemos juntos foi
exatamente o que eu escolhi. — Se almoçarmos aqui dez vezes, é provável que eu peça risoto
pelo menos sete.
— Interessante. — Ele me fitou com o olhar.
Arqueei as sobrancelhas quando os pratos escolhidos para o jantar na casa da avó dele
pairaram em minha mente.
— Vai me dizer que o risoto de shitake na casa de sua avó foi coincidência?
— Foi um palpite certeiro, graças ao nosso primeiro jantar — ele afirmou, fazendo-me
entender.
— Sua avó te perguntou — concluí.
— Exatamente, risoto era a única coisa que eu tinha certeza de que você gostava.
— É por isso que temos que tentar nos conhecer. No sábado, ela parecia determinada a nos
testar.
— E mesmo não combinando nada, nós nos saímos muito bem.
— Mas poderia ter dado errado — pontuei, lembrando-me da abordagem de Madalena
quando ele nos deixou a sós. — Você disse a ela que estávamos juntos há oito meses?
— Não, eu não falei.
— Como eu suspeitei. — Balancei a cabeça em afirmativa. — Quando você nos deixou a
sós, ela me afirmou que você tinha a dado essa informação e se eu tivesse confirmado?
— Então teríamos um problema — respondeu, despreocupado. — O que você falou?
— Que eu considerava que fosse mais, pois foi tudo muito complicado com idas e vindas.
Afinal, não faço ideia de quantas vezes você foi pego por ela com alguma mulher nesse tempo
que ela estipulou. Respondi que nós nos assumimos há pouquíssimo tempo.
— Está vendo? Se saiu perfeitamente bem. — Seu tom era de admiração. Estranhamente,
eu gostei daquilo. — Vamos usar isso.
— E sobre quando nos conhecemos?
— Gostei muito de como explicou, vamos manter exatamente daquela forma. Foi a partir
dali que nos envolvemos.
Minha boca se curvou em um sorriso, notando que o clima estava se tornando mais
confortável. Naquele momento, o garçom nos interrompeu, pedindo licença para nos servir.
Enquanto recapitulava sobre o jantar, minha mente foi para o moreno de olhos verdes que
se encontrava na casa da avó de Alexander quando chegamos.
— Sobre Rodolfo, quem é ele exatamente? — perguntei, curiosa, no momento em que o
garçom nos deixou a sós.
— Isso é realmente algo relevante? — perguntou, sério. E assim como suspeitei durante o
jantar, a presença do cara parecia o incomodar.
— Sim, como sua noiva eu deveria saber sobre isso — justifiquei, Alexander me mediu
com o olhar, como se decidisse o que falar.
— Crescemos juntos e nos tornamos amigos — ele foi direto. — É apenas isso que precisa
saber.
— Por que eu tive a sensação de que estava incomodado com a presença dele?
— É coisa da sua cabeça. — Ele balançou a cabeça em uma negativa. Em seguida, desviou
a atenção para o almoço.
— Hum... Tudo bem.
Assim como Alexander, resolvi começar a comer, à medida que assimilava aquela
informação. Eu poderia ter entendido realmente errado. Talvez pelo cara não ter me passado uma
sensação boa, portanto, estava deixando isso atrapalhar o meu julgamento.
Talvez, aquele apenas fosse Alexander quando tinha a sua privacidade invadida, como ele
mesmo disse naquele dia.
— Minha comida preferida é pizza e detesto comida japonesa. — Alexander soltou aquela
informação de repente, atraindo minha atenção para ele.
— Bom, acho que temos isso em comum — respondi em meio a um sorriso. — Amo
pizza, mas comida japonesa...
Deixei aquelas palavras no ar, à medida que uma careta se formou em meus lábios.
— Ótimo, sem comida japonesa então — disse e sorriu, antes de pegar o copo e tomar um
gole do suco. Aproveitei para voltar a comer.
Naquele momento, comecei a considerar tudo para que não deixasse nada passar. Foi
quando me lembrei de algo importante e que não havíamos combinado, então voltei a minha
atenção para ele.
— Alexander — chamei a atenção dele para mim. — O que faremos a partir de agora?
Qual será exatamente o meu papel como sua noiva?
— Como minha noiva, você deve me acompanhar em todos os compromissos de agora em
diante. As pessoas precisam nos ver juntos e, consequentemente, a minha avó, pois tenho certeza
de que ficará de olho em cada manchete sobre mim daqui para frente.
— Será totalmente público — concluí.
— Não tem como não ser — disse, eu balancei a cabeça em concordância, assimilando. —
Jantares de negócios, eventos ou qualquer lugar que eu precise estar em público que minha noiva
certamente me acompanharia.
— Faz sentido — respondi, sabendo que não havia como rebater. Alexander estava sempre
na mídia, era inevitável.
— Inclusive, no sábado terá um evento que precisarei que me acompanhe.
— Que tipo de evento?
— Um evento beneficente.
— Tudo bem, eu posso fazer isso — disse e peguei o copo de suco, a fim de desviar minha
atenção.
— Algo que eu precise saber sobre a sua família? — Alexander perguntou, me vi hesitar
ao me lembrar do meu irmão.
Demorei alguns instantes, antes de o olhar novamente.
— Meus pais moram a três horas daqui. Eu vim para a capital estudar, e meu irmão me
acompanhou um tempo depois. Acho que não tem muito o que saber. Mas... — interrompi a fala,
pensando no quão estranho seria envolver a minha família em tudo isso.
— Mas...?
— Seria estranho casarmos sem que eles soubessem — pontuei. — Sabe, com tudo isso da
mídia.
— Sim, eu iria sugerir para que pudéssemos nos encontrar antes do casamento.
— Podemos fazer isso depois que conseguirmos a aprovação da sua avó e tivermos com a
data marcada — sugeri, Alexander arqueou as sobrancelhas.
— Por que eu tenho a sensação de que quer adiar isso ao máximo?
— Eu só não quero os envolver nisso, eles não precisam conhecer você ou nada do tipo, só
precisam estar cientes. Afinal, isso não vai durar mais do que um ano — fui sincera, ele balançou
a cabeça em concordância.
— Você está certa.
Assenti e, mais uma vez, voltei a atenção para a minha comida.
Terminamos o almoço, enquanto conversávamos sobre coisas pouco relevantes. Então,
depois de acertar alguns detalhes com os funcionários do hotel, voltamos para a empresa sob os
mesmos olhares curiosos, principalmente dos funcionários. E pelas caras, eu julgava que
Alexander nunca foi visto com alguma mulher de fato.
Assim que destrancou a porta de sua sala, ele me deu espaço para entrar. Ele fechou a
porta atrás de nós e os olhos vieram ao encontro dos meus.
— Sente-se, vou pegar o contrato — disse, autoritário, à medida que apontava para a
cadeira à frente da mesa dele.
Permaneci na porta, enquanto ele caminhava em direção ao sofá onde estávamos mais
cedo. Foi impossível não sentir o coração palpitar ou a excitação pelo corpo ao me lembrar o que
de fato aconteceu.
E pelo visto, não só para mim. Alexander olhou por mais tempo do que deveria para
aquele sofá, antes de pegar as vias do contrato e olhar em minha direção.
Ao sentir aquele olhar, prontamente caminhei em direção à mesa e me sentei. Ele veio logo
atrás de mim, sentando-se na cadeira à frente.
— Mais alguma coisa que gostaria de pontuar sobre o contrato? — perguntou, ajeitando-se
na cadeira.
— Não, eu concordo com todas as cláusulas — falei, pensando especialmente na última.
— Perfeito. — Os olhos dele brilharam.
Então, ele desviou a atenção para as vias e as assinou igualmente. Em seguida, as entregou
para mim, juntamente com o envelope e a caneta. Eu as peguei e comecei a assinar as vias da
mesma forma.
— Raissa — Alexander chamou a minha atenção, à medida que eu terminava de assinar o
contrato. — Eu falei sério na casa da minha avó sobre colocá-la na área de marketing da
empresa.
Olhei-o, percebendo que eu havia esquecido de tocar em algo muito importante.
— Agradeço, mas não concordo com isso — respondi, firme.
— E qual seria o motivo? É uma ótima oportunidade e você sabe.
— Não seria por mérito, ou por capacidade — pontuei. — Também sei que vou tirar o
cargo de alguém que batalhou para estar ali, exatamente como fizeram comigo.
Talvez meu tom tivesse saído mais decepcionado do que pretendia, pude sentir que aquela
informação o balançou por alguns segundos. Claro, decerto o fato de que eu havia passado por
algo parecido com o que ele pretendia fazer, o desarmou.
— E se ninguém tivesse que ser demitido? — perguntou de repente. — E se eu lhe desse
um projeto para testar a sua capacidade e dependendo de como se saísse, posso te introduzir na
empresa sem ter que tirar o emprego de alguém?
— Bom. — Fiz uma pausa para organizar as minhas ideias. — Isso é algo que podemos
conversar daqui a alguns meses.
Ele me mediu com o olhar, sem dizer uma palavra. Permaneci firme, mostrando a ele que
não importava o que falasse, eu não estava disposta a ir pelo caminho mais fácil.
— Tudo bem, eu desisto. — Suspirou, enquanto me olhava intensamente.
— É uma escolha sábia — falei, ele negou com a cabeça.
— Por enquanto — enfatizou. Seu tom fez com que o coração palpitasse.
Aquelas sensações tão frequentes não eram algo que eu estava acostumada. Mas
Alexander estava se mostrando capaz de despertá-las a cada instante.
Disposta a não o deixar perceber o quanto aquilo me perturbou, coloquei uma das vias do
contrato no envelope e me levantei.
— Vou esperar que entre em contato comigo para me dar mais detalhes sobre o evento.
— Tudo bem — concordou, sem tirar os olhos de mim. — Nos vemos no sábado.
CAPÍTULO 19
A semana passou em passos bem lentos. Talvez pelo fato de não estar acostumada a ficar
tanto tempo em casa, sem muito o que fazer, ou pelo fato de que Alexander não entrou em
contato desde segunda-feira, levando para longe qualquer novidade que poderia ter em minha
vida.
A quarta-feira foi a menos parada, pois foi quando Beatriz e Isabella resolveram aparecer
em meu apartamento, tentando me arrastar para algum barzinho. O que de fato, não aconteceu.
Então ficamos em casa, apenas jogando um pouco de conversa fora.
Mas a sexta-feira estava impossível. Eu havia me levantado às 08h, já havia dado uma bela
faxina na casa e estava terminando de almoçar, porém, não era nem meio-dia.
Aquele era um tipo de rotina gostosa a se fazer de vez enquanto, mas admitia que pensar
em passar alguns meses assim estava me enlouquecendo.
Sentia falta das pessoas que estavam no meu dia a dia, do trabalho, da minha equipe.
Não, eles não eram mais a minha equipe.
O barulho do meu telefone tocando chamou a minha atenção. Eu levei a mão até ele e o
peguei, a fim de checar quem poderia ser. Franzi as sobrancelhas ao notar que era a minha mãe.
Era sempre eu quem ligava para ela, isso era incomum.
— Oi, mãe, tudo bem? — perguntei, atendendo de pronto.
— Oi, filha, você tem visto o seu irmão? — questionou, direta, o que me fez revirar os
olhos.
— Não, falei com ele no mês passado.
— Raissa minha filha, você é a única pessoa que seu irmão tem aí na capital. Deveria
estar em contato constante com ele.
— O que aconteceu dessa vez? — perguntei, sem paciência.
— Ele me disse que você tem o ignorado, o que está acontecendo com você, minha filha?
Suspirei profundo, tentando manter o controle.
— O Vinícius só me liga para pedir dinheiro, mãe, eu não sou banco — respondi, a voz
contida. Olhei para o prato à minha frente e o empurrei para frente, perdendo a fome. — Não sou
obrigada a ficar bancando enquanto ele paga de playboy.
— Não foi você quem sempre disse que o seu intuito era dar a sua família uma vida
melhor? Para que esse tanto de dinheiro se vai guardar?
— Mãe! — chamei a atenção dela, indignada. — Eu sempre faço tudo por vocês, mas o
Vinicius está passando dos limites. Se ele quer um carro, ou qualquer merda que seja, ele que
trabalhe para ter. Eu batalhei muito para conseguir o que tenho hoje.
— Eu sei — respondeu, a voz visivelmente abalada.
O silêncio se fez presente do outro lado da linha e logo eu me arrependi de descontar nela.
— Desculpa, mãe, é só que... — Suspirei. — Eu fui demitida, está bem?
— Ah, minha filha. — Arfou, a voz preocupada. — Por que você não me contou? Você
está bem?
Eu sabia que ela não fazia por mal, Vinicius com certeza havia ligado para eles me
colocando como a pior pessoa do mundo, era o que ele fazia sempre. E era dessa forma que ele
conseguia tudo de mim, pois não suportava ver os meus pais chateados com as nossas brigas.
— Raissa? — minha mãe voltou a chamar a minha atenção.
— Não se preocupe, está tudo bem — tranquilizei-a. — Eu já estou procurando outro
emprego, mas não vou mais dar dinheiro para o Vinícius, ele que trabalhe para conquistar as
próprias coisas.
— Você estava há tanto tempo naquela empresa — disse, triste, e aquilo fez meu coração
apertar.
Eu sabia como minha mãe se sentia feliz em me ver tendo sucesso na vida, o quanto ela
sacrificou para que eu conseguisse.
E, no fundo, era por isso que eu sempre cedia ao Vinicius, mas o problema era que ele ao
invés de aproveitar como eu, estava tentando viver às minhas custas.
— Logo, logo eu consigo algo melhor, mãe, você me conhece. — Forcei um sorriso. —
Sua filha é boa no que faz.
— Ah, minha filha. — Ela deu uma risada. — Você é realmente uma menina de ouro.
— Eu vou ligar para o Vinicius, está bem?
— Você está certa sobre ele — ela falou, surpreendendo-me. — Apenas lembre-se de que
pode me ligar em qualquer situação, viu?
Meu coração aquiesceu ao ouvi-la. No dia em que tudo aconteceu, eu quis ligar para ela e
bancar a menina da mamãe. Mas não fiz, não queria preocupá-la, também não queria ser fraca.
— Tudo bem. Eu prometo ir visitar vocês em breve.
— Ótimo, me avise antes para que eu possa fazer aquele bolo de arroz! — ela falou,
fazendo-me sorrir.
Aquele, definitivamente, era o meu preferido.
— Hm... Eu não vejo a hora.
— Então não demora.
— Pode deixar. Até mais, mãe.
Encerrei a ligação com um sorriso fraco nos lábios. Eu sentia falta de passar mais tempo
com os meus pais, deveria visitá-los com mais frequência agora que não tinha que me preocupar
com nenhum prazo, ou trabalho.
Ainda com o telefone na mão, procurei em minha agenda o número de Vinícius e disquei.
— Olha só quem resolveu ligar — Vinicius disse ao atender.
Revirei os olhos e suspirei.
— O que você quer dessa vez? — fui direta. O silêncio se fez presente do outro lado da
linha por alguns instantes. — Vinicius?
— Você sabe o que eu quero.
Claro, aquilo era óbvio!
— É exatamente por isso que eu estava te ignorando. E vou continuar a partir de agora —
disse, decidida a encerrar aquela ligação.
— É sério dessa vez — Vinicius falou, seu tom me fez hesitar.
— No mês passado também era, só que agora eu não posso te ajudar mais. — Suspirei. —
Eu fui demitida.
Fiz questão de avisar logo, para que ele tirasse o cavalinho da chuva.
— Significa que irá pegar um valor bom no acerto, não é? — Vinicius perguntou, apesar
do tom hesitante, fez-me perder a paciência.
Era inacreditável a ousadia que ele tinha às vezes.
Antes que eu pudesse respondê-lo o som do interfone pairou no ambiente, dando-me a
desculpa perfeita para encerrar aquele assunto.
— Falo com você depois, o interfone está tocando e eu preciso atender.
— E eu tenho escolha? — Vinicius perguntou. Disposta a ignorá-lo, eu apenas encerrei a
ligação.
Suspirei e deixei o celular sobre a mesa, antes de me levantar. Caminhei em direção ao
interfone e o levei ao ouvido, constatando que era da recepção.
— Sim?
— Raissa, tem uma encomenda para você aqui na portaria. Posso deixar que o
entregador suba? — O porteiro do prédio perguntou.
— Oi, Andrey, sim... por favor — concordei, tentando me lembrar se eu tinha pedido algo
na internet recentemente.
— Tudo bem, vou liberar a entrada.
Ao ouvi-lo, coloquei o interfone no lugar e fui ao quarto para trocar de roupa. Cerca de
três minutos depois a campainha tocou, fazendo-me ir até a porta para abri-la.
Sorri para o entregador e voltei a minha atenção para o que estava em sua mão. Uma caixa
grande e um tanto chamativa.
— Olá — cumprimentei-o. Então arqueei a sobrancelha para ele. —Tem certeza de que
isso é para mim?
— Senhorita Raissa Campos? — ele perguntou. Balancei a cabeça em concordância, o
homem estendeu a caixa para mim, junto com uma guia para assinar. — É para senhorita mesmo,
não tem erro.
— Hum... Obrigada — respondi enquanto assinava. Em seguida, peguei a caixa. O
entregador me deu um sorriso antes de se virar para ir embora.
Desviei a minha atenção para a caixa, curiosa com o que poderia ser. Apesar de que, ao
julgar pelo estilo da caixa, só poderia ser uma pessoa a me mandar.
Sem querer esperar, entrei no apartamento e fechei a porta. Em seguida, fui em direção à
mesa da copa e coloquei a caixa sobre a mesa. Foi quando decidi abri-la.
Havia um vestido vermelho.
Eu não precisava nem mesmo tirá-lo da caixa para saber que aquele era o vestido.
E antes que eu pudesse vê-lo mais de perto, percebi um cartão no canto direito da caixa. A
ansiedade caiu sobre mim no momento em que peguei aquele cartão para ler.
“Já posso imaginar como você ficará sexy e gostosa com esse vestido. Mal posso esperar
para vê-lo em você. Te pego amanhã às 19h.”
Permaneci olhando aquele pequeno cartão por mais tempo que deveria, apenas pensando
no dia de amanhã. Um evento beneficente ao lado de Alexander, aparecendo oficialmente como
noiva dele.
Eu não deveria estar ansiando para encontrá-lo, mas naquele momento aquilo parecia ser
certo.
CAPÍTULO 20
— Surpresa! — Beatriz e Isabella falaram em uníssono no momento em que abri a porta
do meu apartamento.
Franzi minhas sobrancelhas, à medida que as analisava. Logo, minha boca se curvou em
um sorriso ao notar a presença da Mel, filha da Isabella.
— Oi, tia — ela me cumprimentou, à medida que vinha em minha direção, com os braços
abertos.
Abaixei e a abracei, apertando-a forte.
— Que saudades, pequena — disse e dei alguns beijos na bochecha.
— Nós também estávamos morrendo de saudades, gata — Isabella disse e me cutucou
para dar espaço para elas.
Deixei Mel e olhei na direção das minhas amigas.
— O que vocês estão fazendo aqui? Sabem que eu tenho que me arrumar e sair em duas
horas — informei, dando espaço para que entrassem.
As malucas haviam vindo de mala e cuia.
— O que acha? Viemos te ajudar a fazer uma superprodução! — Beatriz disse, animada,
enquanto passava por mim. Revirei os olhos ao mesmo tempo em que Isabella e Mel entravam
também.
— Sou perfeitamente capaz de me arrumar sozinha — rebati e fechei a porta.
Virei-me para encará-las.
— Sim, nós sabemos. Mas hoje você vai ao evento com o gostosão e estamos aqui para
nos certificar de que você ficará completamente à altura — Beatriz disse e piscou para mim.
— Ei! — Isabella chamou a atenção da Bia, apontando com a cabeça para Mel, que olhava
atentamente para nós. — Mamãe vai colocar aquele desenho para você terminar de assistir.
Balancei a cabeça em negativa em meio a um sorriso, assistindo a minha amiga guiar Mel
até a sala de TV, ao mesmo tempo em que deixava algumas sacolas no sofá. Beatriz a
acompanhou.
— Por que trouxeram isso tudo? — perguntei, curiosa.
— Algumas coisas necessárias para nos ajudar com a produção e... — Beatriz olhou para
Isabella antes de se voltar para mim. — Precisaremos saber em primeira-mão como tudo foi,
portanto, viemos preparadas para dormir!
— Ah, meu Deus! Vocês estão demais, sério. — As duas gargalharam. — Mas fiquem à
vontade, suas malucas.
Elas vibraram ao me ouvir, então, depois de entreter a pequena Mel com um desenho,
vieram ao meu encontro.
— Você já escolheu o vestido? — Isabella perguntou.
— Digamos que escolheram por mim — respondi e fui em direção ao meu quarto.
— Ele mandou um vestido para você? — Beatriz perguntou, animada, à medida que me
acompanhavam.
— Não só o vestido, como o sapato e até mesmo a bolsa — respondi, apontando para a
caixa em cima do móvel no meu quarto.
— Você. — Beatriz apontou para mim. — Vá tomar banho e se preparar, nós vamos
checar o vestido e preparar tudo para você arrasar.
Sorri e caminhei em direção ao banheiro para começar a me arrumar. Tomei um banho
caprichado e depois de me enrolar na toalha, voltei para o quarto, encontrando-as com uma
cadeira preparada em frente ao espelho, organizando as maquiagens.
Em cima da cama, elas já haviam alinhado o vestido e, para a minha surpresa, tinha
também um conjunto de lingerie que eu havia comprado há um bom tempo, mas não havia usado
ainda. Ele era vermelho, todo rendado com detalhes delicados. Era um conjunto sexy e
romântico na medida certa.
— Vocês sabem que nada vai acontecer — falei, atraindo a atenção delas enquanto pegava
aquele conjunto.
— Com um vestido desses? — Beatriz perguntou e se virou em minha direção. — Eu,
sinceramente, espero que você não volte para casa hoje, então por favor trate de usar o conjunto.
Balancei a cabeça em negativa, ao mesmo tempo em que o pegava para vestir. Era
exatamente por isso que eu não havia contado a elas que nós havíamos dado alguns amassos.
Imagina só se as loucas soubessem?
Depois de vestir a lingerie, fiz o mesmo com o vestido. Era um vestido longo, com uma
fenda lateral que o deixava sexy na medida certa.
Ele veio acompanhado de um salto na cor prata e uma bolsa de mão na mesma cor.
Assustadoramente tudo se encaixou com perfeição em mim.
Beatriz e Isabella se encarregaram de fazer uma maquiagem clássica, finalizando com um
delineado perfeito e um batom vermelho, deixando-me pronta na hora certa.
Tinha que admitir, eu não teria tal resultado sozinha.
Notando que estava em cima da hora, despedi-me das meninas e dei um abraço em Mel,
antes de descer para me encontrar com Alexander. E assim como imaginei, quando cheguei em
frente ao prédio, vi o carro de sempre estacionado a poucos metros.
Alexander abriu a porta e saiu, acertando-me em cheio com sua presença imponente. Ele
vestia um smoking preto, fazendo-me comprovar que ele conseguia ficar ainda mais bonito em
um traje como aquele.
Dei alguns passos na direção dele, ao mesmo tempo em que estendeu a mão para mim. Eu
prontamente a peguei e, devagar ele me puxou ao seu encontro e deixou um selinho tentador no
canto da minha boca, antes de se afastar e me olhar de forma que sempre me desestabilizava por
completo.
— Sexy e gostosa — sussurrou e me mediu com o olhar. — Totalmente como imaginei.
— Você também não está nada mal — respondi.
Um sorriso se formou no canto da boca dele.
Em seguida, ele deu espaço para que eu entrasse e veio logo em seguida. Depois de se
acomodar, Alexander avisou ao motorista que poderíamos ir e se voltou para mim.
— Temo que esqueci de lhe dar algo importante — falou e pegou uma caixinha de veludo
no apoio do carro.
Aquele movimento fez meu coração acelerar, mesmo que não devesse. Alexander abriu a
caixinha, revelando um anel de brilhantes simplesmente perfeito.
Sim, completamente a altura de alguém que estaria noiva dele.
— Sua avó falou com você? — perguntei, tentando ao máximo não expressar que a ideia
daquilo tornar tudo mais real mexia comigo.
— E como... dona Madalena não deixa passar nada. — Ele deu um pequeno sorriso. Então
seus olhos estavam fixos aos meus. — O que acha?
— É bonito — respondi, admirando-o. — É perfeito.
— Ótimo — ele falou ao mesmo tempo em que o tirou da caixinha, em seguida se inclinou
e pegou a minha mão.
Alexander colocou o anel em meu dedo sem cerimônia. No instante seguinte, levou minha
mão à boca e beijou o dorso, antes de voltar o olhar para mim.
— Pronto, agora posso dizer que você é oficialmente a minha noiva — voltou a falar, os
olhos fixos em mim.
Devagar, retirei a minha mão da dele, a fim de quebrar aquele contato que, estranhamente,
estava me causando borboletas no estômago. Não estava acostumada com ele falando coisas
assim e isso era algo que eu não deveria me acostumar.
— E eu deveria me portar de alguma forma hoje? O que espera? — perguntei, a fim de
mudar o foco daquela conversa.
— Apenas seja a minha noiva.
Deveria ser a noiva dele, apenas isso.
Balancei a cabeça em concordância e desviei o olhar para a janela, a fim de mandar os
pensamentos traiçoeiros para longe.
Não demorou para que o motorista estacionasse e nos avisasse que tínhamos chegado. A
surpresa caiu sobre mim quando percebi que estávamos no mesmo hotel que viemos das duas
últimas vezes.
Mas não era de se estranhar, os hotéis da família dele eram os mais luxuosos do Rio de
Janeiro.
— Que tipo de evento é esse, afinal? — perguntei, curiosa, enquanto Alexander parava ao
meu lado. Havia uma fila, onde algumas pessoas aguardavam a liberação para entrar. — É algo
organizado por você?
— É um baile de gala. — Ele levou a mão em minhas costas. — Como o hotel tem muita
visibilidade, eu sou um dos principais patrocinadores, sempre cedo o espaço para que possam
arrecadar fundos para algumas instituições de caridade.
Arqueei as sobrancelhas, surpresa com aquela informação.
— Enfim, parece que você também pode ser solidário — falei e o estudei com o olhar.
— Shh... — Alexander se inclinou um pouco em minha direção. — Não deixe que criem
expectativas sobre isso.
Ele piscou antes de olhar para frente e caminhar comigo em direção à portaria.
Balancei a cabeça em negativa com um sorriso brincando nos lábios, enquanto o
acompanhava. Os funcionários estavam na entrada checando os convites de todos que entravam.
Mas Alexander definitivamente não precisava de convite. O rapaz que estava recepcionando a
todos, abriu um sorriso simpático assim que os olhos dele foram sobre nós.
— Boa noite, senhor Alexander. — Desviou a atenção para mim. — Senhorita.
— Boa noite — Alexander respondeu.
— Aproveitem bem a noite — o rapaz disse, dando-nos espaço para entrar.
Diferente das outras vezes, Alexander não me guiou para o elevador. Caminhamos pelo
lobby no primeiro andar, fomos direcionados para um salão de festas enorme e, completamente,
deslumbrante.
Havia muitas pessoas pelo lugar, mesas muito bem distribuídas e um palco no centro.
Conforme andávamos, percebi uma atenção fora do comum sobre nós. Alguns flashes se fizeram
presentes, ao mesmo tempo em que algumas pessoas nos olhavam curiosos.
Nesse momento, agradeci internamente por Alexander ter escolhido um vestido a altura
para mim, pois a atenção que estávamos tendo era fora do comum.
Mas claro, o CEO da rede de hotéis estava chegando, como isso não chamaria a atenção?
— Alexander, meu caro! — Uma voz masculina e animada me fez desviar o olhar na
direção dele, avistando um senhor se aproximava com um sorriso no rosto.
— Osmar. — Alexander o cumprimentou com um aperto firme, então a atenção do homem
foi para mim. — Essa é Raissa, minha noiva.
— É um prazer, querida. — Osmar estendeu a mão em minha direção e me cumprimentou
com um sorriso no rosto.
— Igualmente — respondi, à medida que ele voltava a atenção para Alexander.
— Tudo está muito bonito e organizado, como sempre.
— Obrigado, aproveite a noite — Alexander disse, cordialmente. Osmar se despediu de
nós com um sorriso antes de se afastar.
Continuamos caminhando atraindo a atenção. Algumas pessoas, da mesma forma que
Osmar, vieram até nós e nos cumprimentaram, outras apenas nos olhavam de longe.
Alexander me guiou para uma das mesas que se encontrava no centro. Certamente, aquela
era reservada para as pessoas próximas a ele e para a minha tristeza, ali estava alguém que eu
queria evitar, mas sabia que não era possível.
Madalena, ou como eu gostava de dizer, a velha mal-amada.
— Você a trouxe mesmo — Madalena disse, assim que paramos na frente dela.
— Claro, vó, ela é minha noiva — Alexander respondeu, firme. Madalena balançou a
cabeça em concordância e se virou para mim.
— Boa noite — ela me cumprimentou, cordialmente.
— Boa noite, Madalena — disse, à medida que Alexander puxava uma cadeira para eu me
sentar.
Assim eu fiz, em seguida, ele fez o mesmo, sentando-se ao lado de sua avó.
— Qual será a forma de arrecadação? — perguntei, curiosa.
— Faremos um leilão — ele respondeu, balancei a cabeça em concordância.
Logo, minha atenção foi para um rosto familiar, que se aproximava.
— Boa noite, esperava vê-lo aqui apenas mais tarde, Alexander — Rodolfo falou, ao
mesmo tempo em que parou de frente para nós.
— Rodolfo — Alexander o cumprimentou, sério. — Seus pais também vieram?
— Sim, estão com os Molina — respondeu, um sorriso brincava em seus lábios. — Espero
que não se importem de eu me sentar com vocês.
— Claro que não, Rodolfo, sinta-se à vontade — Madalena respondeu de pronto, mais
uma vez eu senti como se Alexander estivesse tenso.
Ele disse que eu estava vendo coisas, mas por que não parecia?
Rodolfo se acomodou e desviou o olhar para mim.
— Olá, bela dama — cumprimentou-me. Forcei um sorriso e dei um leve aceno com a
cabeça.
De repente, uma voz feminina ressoou pelo ambiente. Minha atenção foi automaticamente
para o palco, onde o evento estava a ponto de começar. A mulher começou a apresentação,
explicando para onde seria destinado o dinheiro arrecadado, então, começou a anunciar o
primeiro item.
Em meio a um ou outro item, a conversa rolava solta na mesa. Os pais de Rodolfo se
juntaram a nós algum tempo depois, felizmente distraindo Madalena. Eu não poderia estar mais
grata, por ter a atenção da velha longe de mim.
Um quadro de artes, um colar de brilhantes, uma escultura de barro e muitos outros itens
estavam sendo leiloados. Os lances a cada item eram altos e fora de série. Era muito dinheiro
arrecadado, felizmente para uma boa finalidade.
Estava atenta a cada anúncio, quando foi anunciado algo que me chamou a atenção.
A estadia de um final de semana inteiro no Korfali Hotel Group em Búzios, o plano era o
premium master, com direito a um acompanhante e desfrutar de uma praia particular.
Todas as vezes em que eu me lembrava desse lugar, um misto de sensações pairava sobre
mim. A sensação de pegar Matheus e Alana na cama, como tudo me afetou e estava a ponto de
me destruir. Mas não só isso, eu me lembrava daquele homem misterioso, de olhos azuis e
intensos, aquele que tornou toda aquela dor suportável.
Lembrar-me dele me fez olhar de imediato para Alexander. Eu sabia que não era ele, mas
gostava da sensação que me causava aquela semelhança.
Naquele momento, Alexander me olhou também. Não soube explicar o que senti quando
ele levou a mão em minha coxa e a acariciou suave. Mas logo a compreensão do seu real motivo
chegou.
Madalena nos olhava com muita atenção. A decepção foi inevitável, com a certeza de que
tudo não passava de uma atuação para a velha.
Onde eu estava com a cabeça, afinal?
— Cem mil. — A voz de Rodolfo chamou a nossa atenção. Quando meus olhos o
encontraram, percebi que ele estava dando um lance.
— Alguém dá mais? — a mulher no palco perguntou. Obviamente, ninguém se
manifestou. Depois de passar os olhos pelo ambiente, a mulher bateu o martelo. — Vendido!
Um sorriso brincou nos lábios de Rodolfo, ao mesmo tempo em que ele desviou o olhar
para nós.
— O que acham de irmos todos para Búzios e aproveitar? — Rodolfo perguntou, logo, o
aperto de Alexander em minha perna se tornou mais firme.
— É inviável no momento, tenho muito o que fazer nos próximos dias — Alexander
respondeu, sério.
— Qual é, meu amigo, uma estadia dessas em Búzios quem não gostaria? — Rodolfo
perguntou, foi quando os olhos vieram em minha direção. — Aposto que Raissa não hesitaria em
aceitar o convite.
Arqueou as sobrancelhas, sugestivo.
— Quem sabe em um momento onde Alexander não esteja com tanto trabalho —
respondi, tentando ser o mais simpática possível, enquanto levava a mão sobre a de Alexander.
Ele me olhou por um breve instante, antes de se virar para Rodolfo e assentir.
— Falaremos disso depois — Alexander permaneceu firme.
— Ótimo. — Rodolfo sorriu, o tom debochado não passou desapercebido por mim. Ele se
levantou e passou o olhar por todos à mesa. — Para mim esse baile já deu, vejo vocês por aí.
— Claro, até mais — Alexander respondeu, forcei um sorriso, à medida que o observava ir
até os mais velhos e deixar um beijo em cada um antes de sair.
Após a saída de Rodolfo, permanecemos na mesa conversando e assistindo ao restante do
leilão. Assim que leiloaram o último item, Alexander se voltou para mim.
— Como você está? — ele perguntou, medindo-me com o olhar.
— Estou bem. — Forcei um sorriso.
Geralmente, em eventos assim eu estava por trás da organização, concentrada demais em
tudo, e precisava admitir que era interessante estar do outro lado, apreciando tudo.
— Preciso conversar com algumas pessoas, se importa de me esperar aqui?
— Não, fique à vontade — respondi, Alexander se inclinou e deixou um selinho casto em
meus lábios.
Aquele movimento me pegou de surpresa, mas tentei disfarçar e retribuí. Era notável que
aquela demonstração de carinho era uma pequena atuação para dona Madalena ou qualquer outra
pessoa que estivesse de olho em nós.
— Eu não demoro — avisou e se levantou, em seguida começou a caminhar em direção a
um grupo de homens.
Observei-o por alguns momentos, à medida que ele conversava com algumas pessoas. A
minha intenção com isso era não ficar ociosa o suficiente para que Madalena tivesse a
oportunidade de me importunar.
Como não estávamos sozinhas à mesa, ela seguiu se comportando. A fim de me distrair
um pouco, eu me levantei, atraindo o olhar de quem ali estava, então, avisei que iria ao banheiro.
Obtendo apenas um aceno de cabeça, virei-me e caminhei pelo salão, observando o
ambiente à minha volta. Parei no instante em que meus olhos encontraram um rosto familiar,
mas nada agradável.
Matheus, o filho da puta do meu ex.
Para a minha surpresa, ele já havia me encontrado. Os olhos dele estavam presos a mim, à
medida que vinha em minha direção.
— Raissa... — chamou, ao mesmo tempo em que parou em minha frente. — Desde o
momento em que te vi, tenho me perguntado o que você poderia estar fazendo aqui, ainda mais
acompanhada com alguém como Alexander.
CAPÍTULO 21
— Isso não é da sua conta — disse, firme. — Se me der licença, tenho mais o que fazer.
Sem esperar uma resposta, virei-me, decidida a não prolongar aquele encontro
desagradável. Havia muito tempo que eu não encontrava Matheus, a última vez que tive notícias,
foi quando Isabella me disse que ele e Alana estavam envolvidos em um escândalo.
Eu não fui a única traída, afinal.
— Por que tanta pressa, anjo? — A voz dele ressoou, ao mesmo tempo em que senti sua
mão contornar o meu braço, puxando-me para ele mais uma vez.
— Por favor, mantenha as suas mãos longe de mim — falei e puxei o meu braço, livrando-
me do toque incômodo.
Os olhos dele desceram pelo meu corpo, antes de ele voltar a me olhar. Aquela atitude me
causou repulsa.
— Não te vejo há tanto tempo, tá gostosa.
— Ah, meu Deus! — disse, sem acreditar. — Eu realmente não vou ficar aqui para ouvir
isso.
— Espera — Matheus pediu, a voz um pouco mais alta fez com que eu não me movesse.
— Se você chegou a esse ponto para subir de vida, saiba que eu também posso proporcionar isso
a você. Basta me dar aquilo que eu esperei de você por três anos.
Era inacreditável. Oito anos haviam se passado, mas o idiota não mudou. Simplesmente,
não dava para acreditar que o filho da puta estava falando daquela forma comigo.
— Temos algum problema aqui? — A voz gostosa e firme de Alexander pairou sobre nós,
antes que eu pudesse o responder a altura.
Aquilo só poderia ser um sinal dos céus, ou eu poderia ter feito uma cena a ponto de
chamar a atenção de pessoas que não deveria. Droga! Como noiva de Alexander, definitivamente
não deveria fazer isso.
— Só estamos tendo uma conversa amigável — Matheus respondeu, fazendo-me revirar
os olhos.
Senti a mão de Alexander tocar as minhas costas e deslizar pela minha cintura em um
aperto forte. Olhei em direção a ele, que me lançou um olhar indecifrável, antes de se voltar para
Matheus.
— Tudo bem, se não se importar, vou levá-la comigo — Alexander disse, autoritário.
Então, virou-se e me guiou para direção oposta. Mas em um rompante, ele parou e voltou a
atenção para Matheus. — Não posso fazer isso sem antes fazer uma observação.
— Sim? — Matheus perguntou, confuso.
A mudança de humor do filho da puta na presença de Alexander era inacreditável.
— Sobre o que disse há pouco, tenho que pontuar que fui eu quem desesperadamente
pediu a Raissa uma chance. E sobre sua afirmação sobre você poder proporcionar algo a ela... —
Alexander o olhou com desdém. — Creio que não tenha ninguém nesse lugar que não saiba
quem sou eu, mas quem é você mesmo?
— E-eu... — ele gaguejou, surpreso.
— Espero não o ver perto da minha noiva nunca mais — Alexander voltou a falar,
incisivo. — Creio que já tenha ouvido falar qual a minha forma de trabalhar, não me faça ter que
usar os piores métodos com você, estamos entendidos?
Matheus engoliu em seco enquanto eu assimilava aquelas palavras de Alexander.
— Me desculpe, eu juro que não foi a minha intenção — Matheus disse, a voz contida.
— Não é a mim que você deve desculpas — Alexander pontuou. No instante seguinte,
senti o olhar dele sobre mim.
Matheus seguiu o olhar de Alexander, parando a atenção em mim.
— Me desculpe, Raissa, eu prometo que não vai se repetir — Matheus se desculpou,
arqueei sobrancelhas enquanto o media com o olhar.
Então, esse era o poder de Alexander Korfali?
— Tudo bem, desde que se mantenha longe — respondi e desviei a atenção para
Alexander. — Podemos ir?
Alexander balançou a cabeça em concordância e sem se dar ao trabalho de olhar para
Matheus, apenas me levou para longe daquele traste. Notei que não estávamos indo em direção à
mesa.
— Aonde estamos indo? — perguntei, atraindo o olhar sério de Alexandre para mim.
— Vou levá-la para conversarmos em outro lugar, só preciso me despedir de algumas
pessoas antes — respondeu, firme.
— Tudo bem — disse, à medida que íamos em direção a um grupo de senhores.
Sabia que não deveria fazer suposições, mas a forma com que Alexander falou com
Matheus, não parecia ser apenas uma cena. Alexander parecia realmente irritado com o que
ouvira.
E, sinceramente, por mais que não devesse, eu gostei, gostei de ter alguém me defendendo
com tanto afinco, gostei da severidade dele e de como ele fez Matheus pedir desculpas para mim.
Fui tirada daqueles pensamentos no momento em que Alexander parou em frente àqueles
homens.
— Marcelo, vamos discutir essa proposta com calma na segunda-feira — Alexander falou,
atraindo a atenção do homem para ele. — É uma boa ideia, mas sinto que já deixei a minha noiva
sozinha por tempo demais.
Corei no momento em que a atenção de todos os senhores pairou sobre mim. Sorri
educadamente, à medida que me olhavam de forma curiosa.
— Agora eu entendo por que não tirou os olhos dela por um segundo sequer — Marcelo
comentou, fazendo-me entender como Alexander chegou tão rápido.
Ele estava de olho em mim o tempo todo.
— Tenho que cuidar do que é meu. — O tom autoritário me causou borboletas no
estômago.
Os homens deram uma risada, enquanto balançavam a cabeça positivamente. Alexander
deu um sorriso cordial antes de se despedir e me levar para fora do salão de festas.
— Não vamos nos despedir da sua avó? — perguntei, à medida que íamos para a portaria
do hotel.
— Não precisa, eu falo com ela amanhã.
Balancei a cabeça em concordância, enquanto saíamos do hotel. Conforme nos
aproximamos, o motorista saiu do carro e aguardou. Alexander caminhou em direção a ele.
— Fernando — Alexander o cumprimentou.
— Senhor.
— Preciso que aguarde o meu comando antes de dar partida no carro. — Alexander me
deu uma breve olhada antes de se voltar para Fernando. — Em seguida, você pode seguir o
caminho para a casa de Raissa.
— Sim, senhor.
Sem cerimônia, Alexander me levou em direção ao carro. Acomodei-me e esperei que
Alexander se sentasse no banco à minha frente, como sempre.
— De onde conhece aquele cara? E o que ele quis dizer com essa história de três anos? —
ele perguntou, no momento que fechou a porta.
— Ah... — Suspirei, ponderando o quão sincera deveria ser. — O nome dele é Matheus,
foi meu namorado há cerca de oito anos. Lembra do dia ruim que eu te contei? — O maxilar de
Alexander travou. — Peguei ele na cama com a minha melhor amiga.
— É esse filho da puta? — perguntou, a indignação maior do que deveria.
De repente, ele levou a mão no bolso e tirou o celular.
— Sim — respondi, em um fio de voz enquanto o observava com a atenção total no seu
aparelho.
Semicerrei os olhos, aguardando que voltasse a atenção para mim. Mas Alexander não o
fez, mesmo depois de alguns minutos, parecia concentrado demais.
— Você realmente tem que fazer isso agora? — perguntei, sem esconder a indignação.
— Matheus Albuquerque?
— O que está fazendo? — perguntei, confusa.
Alexander virou o celular para mim, mostrando uma lista de nomes. Mais precisamente a
lista de convidados do baile.
— Me certificando de que esse idiota aprenda com os erros. — Ele voltou a mexer no
celular.
Aquela atitude me surpreendeu, aquele homem estava realmente disposto a isso?
— Alexander... — disse em um fio de voz. Ao perceber que ele não tinha a intenção de
parar, levantei-me e fui em direção a ele. — Já passou tempo demais.
Alexander parou no momento em que eu levei a minha mão no seu celular, naquele
instante, tive os olhos dele fixos aos meus.
O significado daquele olhar, eu não soube explicar, tampouco a atitude que eu tive pouco
depois.
Sem dizer uma palavra, acomodei-me no colo dele de forma que eu sabia que não deveria,
mas não queria vê-lo irritado por alguém como Matheus, não queria que ele fizesse nada daquilo
que ele tinha em mente, eu não precisava.
— Fico lisonjeada por querer que ele pague, mas... — deixei aquelas palavras no ar, à
medida que Alexander deixava o celular de lado. — Para mim, ver a cara daquele idiota,
enquanto você o intimidava daquela forma foi o suficiente.
— O que está fazendo? — perguntou, um sussurro tão gostoso que foi capaz de me
desestabilizar.
— Nós já passamos dessa fase, Alexander — respondi, em um fio de voz.
Em um rompante, Alexander passou as mãos em volta de mim e me puxou. Seus lábios
tomaram os meus em um beijo avassalador, ao mesmo tempo em que a mão deslizava pelo meu
corpo de forma forte e possessiva.
Correspondi aquele beijo à altura, enquanto levava a minha mão em volta do pescoço dele
e as enfiava em seus cabelos. Sem pudor.
As coisas estavam esquentando rápido demais, e eu sabia exatamente onde terminaríamos,
caso continuássemos daquela forma.
Mas, dessa vez, eu não me importei. Segui deixando que Alexander fizesse cada investida,
enquanto aprofundávamos ainda mais aquele beijo de forma enlouquecedora.
Um gemido contido escapou dos meus lábios no momento em que o senti encerrar o beijo,
então, se inclinou para trás e me olhou nos olhos.
— Ah, Raissa... — Alexander arfou, perturbado. — Eu não estou disposto a cumprir
aquela promessa. Não quando você geme desta forma para mim.
Alexander levou a mão na alça do meu vestido e a desceu, deixando o meu ombro nu.
Acompanhei aquele movimento sem protestar. Senti meu corpo inteiro tremer no momento que
senti o olhar escuro de desejo sobre mim.
— Então, não cumpra — sussurrei, os lábios a poucos centímetros dos dele. — Eu quero
que quebre a promessa... essa noite.
CAPÍTULO 22
— Você é uma caixinha de surpresas, Raissa — disse, a voz rouca fez meu corpo inteiro
arrepiar.
Mordi o lábio inferior, à medida que os olhos permaneciam fixos aos meus. Em um
movimento suave, Alexander levou a mão no botão que usava para se comunicar com o
motorista, ao notar, coloquei a mão sobre a dele o impedindo por um instante.
— Eu quero que me leve para a sua casa — pedi, a voz entrecortada enquanto me
lembrava que havia duas intrusas e meia no meu apartamento.
Alexander me mediu com o olhar, como se estivesse decidindo sobre isso. Afastei a mão,
liberando-o para seguir. Logo, ele apertou o botão, iniciando a comunicação com o motorista.
— Fernando, mudança de planos. Nos leve para a minha casa — ordenou, firme.
— O apartamento no Ipanema, certo? — Fernando questionou, a voz confusa.
— Fui claro quando disse que nos leve para a minha casa — falou, autoritário. — Leblon.
— Me desculpe, senhor, mas nunca me pede para ir para lá quando...
— Apenas siga as minhas ordens — Alexander o interrompeu, fazendo com que a frase
que fez meu coração palpitar ficasse pela metade.
Sem demora, ele cortou a comunicação com o motorista.
Seus olhos encontraram os meus da mesma forma intensa e cheia de desejo. Sedento, as
mãos deslizaram em direção à parte superior do meu vestido, descendo um pouco mais as alças
para que tivesse acesso maior aos meus seios.
Não o impedi quando se inclinou e começou a deixar beijos suaves por todo o meu
pescoço. Senti o corpo inteiro se arrepiar quando os lábios desceram em direção à área sensível
rumo aos meus seios.
Sem pudor, Alexander exerceu uma pressão maior ao chupar por cima dos meus seios. Um
gemido contido deixou os meus lábios, à medida que cravei as unhas nos braços fortes.
Isso apenas o incentivou a continuar. A língua gostosa deslizou com habilidade, levando
meu sutiã para baixo, ao mesmo tempo em que abocanhou meu seio com vontade. A ansiedade
aumentou dentro do peito, o coração estava a ponto de sair pela boca ao pensar no que estava
para acontecer.
Eu estava prestes a ir para cama com esse homem.
Pela primeira vez na vida eu me sentia confiante quanto a isso. Era a sensação que busquei
por tanto tempo e nunca encontrei. Esse era o motivo de nunca dizer sim.
Mas Alexander mexia comigo de forma inexplicável.
Gemi quando os lábios começaram a exercer uma pressão inexplicável em meu seio. Uma
sensação completamente nova e deliciosa. A ansiedade aumentou ao tentar imaginar como
poderia ser todo o resto.
Alexander deixou um rastro molhado de desejo, levando os lábios para o meu outro seio,
enquanto a mão continuava a estimular o seio que acabara de dar um trato especial.
Então, começou a sugá-lo da mesma forma, com fervor. Alexander me devorava de forma
tão intensa que eu me vi chegando ao limite facilmente. Tudo era insano demais.
O estímulo continha tanto fervor que me assustei ao sentir uma sensação avassaladora cair
sobre mim, à medida que o corpo se entregava por completo àquele momento.
— Puta merda! — O gemido intenso foi inevitável, ao mesmo tempo em que as mãos
afoitas o apertavam ainda mais.
Alexander não parou, seguiu com os movimentos, de forma mais sutil enquanto tentava
controlar a intensidade. Quando se afastou os olhos cheios de admiração foram ao encontro dos
meus.
— Ah, Raissa... você é tão sensível... — sussurrou, denunciando em seu tom o quanto ele
estava extasiado. — Você quer me deixar louco, não quer?
Incapaz de respondê-lo, neguei com a cabeça e passei a língua nos lábios.
Em um rompante, seus lábios estavam sobre os meus mais uma vez. Um beijo intenso e
cheio de necessidade, deixando-me completamente envolvida.
— Senhor, chegamos. — A voz do motorista invadiu o ambiente, fazendo com que
saíssemos daquela bolha que havíamos criado.
Nós nos afastamos com dificuldade, a respiração irregular. Alexander não se preocupou
em responder o motorista. Os olhos dele foram diretamente para mim e não precisou dizer uma
única palavra. A promessa, mesmo que silenciosa, fez meu corpo tremer.
Alexander levou as mãos em meu vestido e o ajeitou. Em seguida, levou a mão ao botão,
iniciando contato com o motorista.
— Você está dispensado por hoje — falou, direto.
— Tudo bem.
Sem demora, Alexander abriu a porta. Levantei-me e saí do carro, sentindo-o vir logo atrás
de mim.
O carro estava estacionado em uma garagem de conceito aberto em uma casa
extremamente luxuosa. Alexander levou a mão em minha cintura e me levou em direção à
entrada.
Após usar a sua digital e destrancar a porta, deu-me espaço para entrar. Assim eu fiz. Em
um piscar de olhos, estava sendo pressionada sem qualquer pudor contra a parede.
As mãos urgentes passeavam pelo meu corpo, ao mesmo tempo em que os lábios vinham
em minha direção. Nós estávamos a ponto de entrar em combustão, estava tão excitada que
pensei nem ser possível.
Enquanto ele me devorava, senti a ansiedade me tomar sem saber ao certo até que ponto
ser sincera. Eu não sabia se deveria contar que nunca havia ultrapassado certos limites antes.
Quem no mundo ainda era virgem aos 26 anos? Alexander com toda certeza não
acreditaria.
E se não contasse, ele seria capaz de perceber?
Não estava disposta a ter seu olhar duvidoso sobre mim, o que me fez optar pela opção
mais segura, guardar a informação apenas para mim.
Alexander levou a mão em meu quadril e me levantou, em seguida, encerrou o beijo e os
olhos vieram em minha direção.
— Está tudo bem? — perguntou, ofegante, enquanto me media com o olhar.
Só então notei que ele foi capaz de perceber a minha hesitação em meio a todo aquele
beijo quente. Sem saber ao certo o que dizer, balancei a cabeça em concordância.
— Passa as pernas em volta da minha cintura — pediu, autoritário, e assim eu fiz.
Então, os lábios dele estavam sobre os meus, mas dessa vez, comedidos.
Seguimos pela casa em meio aos beijos quentes e gostosos. Quando entramos no quarto,
ele deixou os meus lábios e me colocou no chão. Segui acompanhando-o, à medida que fechou a
porta, ligou o ar-condicionado e deixou apenas uma luz ambiente.
Logo, os olhos dele estavam sobre mim.
Sem dizer uma palavra, Alexander veio em minha direção e, lentamente, me despiu.
Pensei que ele viria com tudo para cima de mim e isso era o que estava me deixando mais
nervosa.
Mas não, ele estava apreciando aquele momento, sem pressa, dando-me tempo para me
sentir confortável.
Alexander havia percebido que eu estava nervosa?
Os olhos ainda estavam queimando sobre mim, à medida que me levava para a cama, com
muita luxúria e desejo.
Depois de um beijo gostoso e envolvente, Alexander começou a descer os beijos por todo
o meu corpo. Corei ao senti-lo descer cada vez mais. Os olhos dele encontraram os meus no
instante em que notou minha relutância em deixá-lo seguir para o meio das minhas pernas.
— Ah, Raissa... — rosnou, suave. — Não tem a mínima chance de eu não sentir seu gosto
aqui e agora.
Ao dizer aquelas palavras, afastou a minha perna, não me deixando escolhas a não ser dar
espaço para ele. Corei ainda mais ao notar a forma que ele parecia hipnotizado com o olhar sobre
o meu corpo. Ao mesmo tempo, sentia-me excitada em saber que era eu quem estava o deixando
daquela forma.
Alexander se inclinou e os lábios quentes tocaram a minha boceta. Um gemido escapou
dos meus lábios quando passou a língua tão suavemente por todo o meu sexo.
— Deliciosa — disse, a voz cheia de desejo e os olhos profundos sobre mim.
Sem aviso, os lábios dele estavam em mim mais uma vez. Alexander começou com
movimentos suaves, mas que aumentavam a cada nova investida.
Porra, isso era bom... Isso era bom demais.
Ele começou a sugar e chupar o meu clitóris tão intensamente, de forma que meus gemidos
começaram a aumentar. Aquela mesma pressão enlouquecedora que ele usara mais cedo em
meus seios se fazia presente naquele momento.
Senti meu sexo tremer de forma que nunca havia acontecido antes. A cada deslize da
língua gostosa em mim, mais perto eu estava do clímax. Precisando urgentemente de apoio,
joguei as minhas costas na cama e enrolei as mãos nos lençóis macios.
— Ah... Alexander — gemi, enquanto me rendia àquela sensação que vinha com tudo
sobre mim. — Isso... Ah!
Arqueei as minhas costas com o choque gostoso da língua dele ainda deslizando em minha
boceta, diminuindo lentamente o ritmo, até o momento que ele se afastou.
— Você quer me matar, minha linda preciosa — rosnou, o olhar fixo ao meu. — Seus
gemidos estão acabando comigo, não consigo esperar mais para me enterrar em você.
— Preciosa? — perguntei em um fio de voz, tentando controlar a sensação que me tomou.
Um olhar foi o suficiente para saber que Alexander não falaria nada sobre a forma que me
chamou há pouco. Observei-o ir em direção ao móvel ao lado da cama, em seguida, jogou alguns
pacotes de preservativo sobre a cama.
O movimento fez com que uma onda maior de excitação invadisse todo o meu corpo.
Estava curiosa para saber como seria tê-lo dentro de mim.
Alexander começou a se despir, sem tirar os olhos de mim. A respiração ficava mais
pesada a cada peça dispensada. E, por Deus, senti a ansiedade aumentar ainda mais no instante
em que liberou o pau, deixando-o à mostra.
Engoli em seco, imaginando se eu conseguiria aguentar aquilo tudo. Alexander pareceu
entender muito bem o meu olhar, pois um sorriso se formou nos lábios dele, à medida que ele
pegava um preservativo e o colocava.
Em seguida ele veio em minha direção e, sem cerimônia, ajoelhou-se na cama e começou a
vir para o meio das minhas pernas.
— Você pode... Hm... ir com calma? — perguntei, hesitante, no momento em que o corpo
grande e quente se acomodou sobre o meu.
— Não se preocupe, pretendo deixá-la se acostumar comigo antes de te foder exatamente
da forma que eu quero.
Aquela promessa me desestabilizou ainda mais.
Passei as mãos em volta do seu pescoço e mordi o lábio inferior, ao senti-lo se posicionar
em minha entrada. O contato se tornou maior, à medida que ele começou a espalhar a minha
lubrificação.
Meu coração estava quase saindo pela boca com a expectativa, a excitação e a ansiedade
que pairava sobre mim.
E foi então que aconteceu.
No instante em que o senti se afundar em mim, apertei as minhas mãos com força e cravei
as unhas em seu pescoço, ao mesmo tempo em que um gemido frustrado escapou dos meus
lábios. Alexander parou o movimento e os olhos buscaram os meus de forma afoita.
A dor foi maior do que imaginei, de forma que foi impossível disfarçar o desconforto.
— Puta que pariu, Raissa. — Seu tom era de puro espanto. — Você... Você nunca... —
Ele nem mesmo conseguiu completar aquela frase, enquanto seus olhos estavam sobre mim de
forma indecifrável.
Então, ele percebeu.
— Não... — sussurrei, sem conseguir identificar ao certo de que forma aquela informação
o atingiu. Sem resposta, criei coragem para continuar a falar: — Você será o meu primeiro.
Não suportando encarar seu olhar, desviei a atenção para um ponto qualquer, mas
Alexander barrou aquele movimento. Senti a mão dele em meu rosto, ao mesmo tempo em que
trazia meu olhar de volta para ele.
Sem dizer uma palavra, levou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha, olhando-me
de forma que eu não conseguia decifrar.
— Ei... fala alguma coisa — pedi, trazendo-o de volta para a realidade.
— Parece que tinha que ser eu. — Alexander pareceu se espantar com a afirmação que
acabara de fazer.
— O quê? — perguntei, em total confusão.
— A ser o seu primeiro — disse, olhando-me com uma intensidade fora do normal,
fazendo meu coração quase pular para fora ao pensar no significado das palavras seguintes. —
Tinha que ser eu.
Oh, Deus! Isso era uma confirmação? Alexander estava confirmando aquilo para mim?
— Era realmente você? Há oito anos, o cara que eu...
Alexander não me deixou continuar, naquele instante fui calada com um beijo. Ele
começou a explorar a minha boca de forma lenta, sem se movimentar dentro de mim.
As mãos deslizaram agarrando a minha cintura, seus lábios exploravam os meus diferente
de minutos atrás. Poderia até dizer que era de forma doce.
Ele se afastou depois de alguns minutos, fazendo meu coração entrar em um descompasso
maior, ao sentir o olhar profundo sobre mim. Aqueles olhos azuis, o olhar intenso, tão familiar...
era realmente familiar.
— No início será um pouco desconfortável, mas farei o possível para que você possa curtir
isso.
Balancei a cabeça positivamente ao ouvi-lo.
— Eu preciso saber, era realmente você? — insisti e mesmo em silêncio, no seu olhar eu
obtive a confirmação que eu precisava.
Alexander poderia negar o quanto quisesse, agora... eu sabia, era ele.
Senti-o se retirando lentamente, o incômodo se fez presente, mas no instante em que ele
estava fora, senti falta daquele contato. Eu queria mais.
Observei-o retirar o preservativo, em seguida colocou-o de lado sobre o móvel da cama.
— Vai ser melhor assim — avisou, ao passo que se posicionou mais uma vez em mim. —
Não se preocupe, eu nunca deixo de usar e meus exames estão todos em dia.
— Eu tomo pílula — avisei. — Controle hormonal.
Alexander balançou a cabeça em concordância e empurrou lentamente para dentro de mim.
Mais uma vez, senti-o como se estivesse abrindo espaço, porém, dessa vez de forma cuidadosa.
Seus olhos estavam fixos aos meus, enquanto ele seguia abrindo espaço, vagarosamente.
— Ah... Raissa... — resfolegou, ao me penetrar profundamente.
Então, Alexander retrocedeu e deslizou mais uma vez, ele estava me deixando acostumar
com a sensação de tê-lo dentro de mim sem pressa. Prendi as minhas pernas à sua volta e o senti
lentamente aumentar as investidas, conforme eu me mostrava receptiva.
Era uma sensação nova, uma dor estranhamente prazerosa começou a tomar conta. E
naquele momento, senti-o levar o polegar em meu clitóris e o massagear em movimentos
circulares, enquanto seguia aumentando o ritmo de suas estocadas em mim.
Uma mistura de prazer e dor começou a me enlouquecer. Uma tortura diferente e tão
gostosa que logo meu corpo esquentou, a dor se dissipou, aos poucos, e os gemidos
incontroláveis se fizeram cada vez mais presentes, à medida que a sensação aumentava dentro de
mim.
— Puta merda — gemi, manhosa.
— Você é tão apertada — rosnou e se inclinou lentamente. — Tão gostosa...
Os lábios de Alexander se uniram aos meus, lentamente me guiou em um beijo tão
envolvente, cheio de luxúria e paixão. E a cada nova investida junto com seu estímulo em meu
clitóris, mais eu sentia que iria desmanchar a qualquer momento.
Um grito escapou dos meus lábios no instante em que uma onda forte de prazer caiu sobre
mim. Aquela sensação era nova, o momento era único e a pessoa não poderia ser outra.
Rendida, eu estava completamente rendida a ele.
— Ah, porra... Raissa — rosnou, de forma tão sexy que fez meu corpo inteiro tremer, à
medida que ele me envolvia em seus braços em um aperto firme, enquanto sentia seu jato quente
dentro de mim.
Não fazia ideia de quanto tempo permanecemos exatamente naquela posição, Alexander
me envolveu completamente, nossos corpos conectados, a respiração ofegante e um silêncio que
dava espaço para pensar no que acabou de acontecer.
Após se acalmar um pouco, Alexander apoiou o braço no colchão e seus olhos se fixaram
nos meus.
O coração ainda estava descontrolado, toda aquela intensidade e conexão havia mexido
profundamente comigo. Sim, naquele momento eu sabia que tínhamos ultrapassado todo e
qualquer limite que poderíamos ter.
Alexander poderia até mesmo negar, mas tinha a certeza de que eu não era a única a sentir
aquilo.
CAPÍTULO 23
Raissa me pegou de surpresa.
Nunca no mundo eu imaginaria que o motivo de sua resistência, ou o motivo de seu
nervosismo quando chegamos, fosse porque ela nunca havia ficado com alguém antes.
No fundo, eu gostei.
Gostei muito de saber que fui o primeiro. Talvez, pelo fato de que naquela época, quando
ela me revelou aquela informação, eu desejei ser. Era por isso, tinha que ser.
Aquele havia sido o sexo mais doce que eu já tive. Foi a primeira vez em que senti uma
conexão maior, a primeira vez onde o prazer de uma mulher fora mais importante do que o meu.
Eu não conseguia explicar, mas queria que fosse especial para Raissa. Sentia a necessidade
de tornar essa, uma noite única para ela. Mas ao fim, eu percebi que tinha sido especial não só
para ela, mas, de alguma forma, para mim também.
Desisti de tentar entender o que estava sentindo, então comecei a acariciar os cabelos
macios e sedosos, com os olhos fixos aos dela.
— Como está se sentindo? — perguntei, ao mesmo tempo em que saía de dentro dela, com
cuidado.
— Muito bem... Hm... — Raissa respondeu. Minha boca se curvou em um sorriso com seu
desconcerto, se tinha algo que era raro, era ver Raissa da forma que se encontrava agora. — Isso
foi único.
Inclinei-me e tomei os lábios dela em um beijo cheio de luxúria. Raissa cedeu espaço tão
facilmente para minha língua a explorar que isso fez com que meu desejo apenas aumentasse.
Passei a minha mão na parte de baixo das costas dela e a apertei contra mim. Raissa soltou
um gemido gostoso. E eu já sentia meu pau querendo dar sinal de vida mais uma vez, encerrei o
beijo e levei meus olhos ao encontro dos dela.
— É melhor estar preparada, pois eu não pretendo deixá-la ir embora tão cedo.
— O-o quê? — perguntou, surpresa.
— É isso, preciosa. — Inclinei-me para sussurrar no ouvido dela: — Vou te ensinar a
foder bem gostoso.
Raissa não respondeu, soltou mais um daqueles gemidos contidos que me deixavam
completamente louco. E antes que eu pudesse perder a cabeça, levantei-me e estendi a minha
mão para que me acompanhasse.
Enquanto sentava-se, os olhos cheios de preocupação foram para o lençol. Acompanhei o
seu olhar vendo ali uma mancha de sangue. Quando voltei a encará-la, vi o rubor sobre o seu
lindo rosto.
— Não se preocupe com isso — falei e a puxei para que terminasse de se levantar. — Vou
mandar para a lavanderia na segunda-feira.
Raissa balançou a cabeça em concordância. Peguei o lençol e o tirei da cama, a fim de
deixá-la mais confortável, fui até os armários e peguei outro, jogando-o sobre a cama.
Então, fui na direção dela e segurei a sua mão.
— Vamos tomar banho e pedir algo para comer — disse, à medida que a guiava para o
banheiro.
— Pizza? — perguntou, minha boca se curvou em um sorriso ao notar sua animação. —
Eu estou faminta.
— Com toda certeza — respondi, levando-a para o boxe.
Liguei o chuveiro e controlei a temperatura antes de dar espaço para que Raissa entrasse.
E, porra, eu teria que ser muito forte para olhar para aquele corpo gostoso e não a foder enquanto
tomávamos banho.
Eu não faria isso, não agora.
Raissa precisava de um tempo. E pela primeira vez na vida, estava me segurando na frente
de uma mulher.
Permanecemos em silêncio durante todo o banho, após sairmos do banheiro entreguei a
Raissa uma camisa confortável e vesti uma cueca boxer. Em seguida, a levei para a sala para que
pudéssemos pedir a pizza e aguardar.
Nós nos sentamos no sofá e escolhemos o sabor da pizza. Depois disso, confirmei algumas
informações para a entrega e me voltei para Raissa, encontrando os olhos intensos sobre mim.
— Por que negou quando eu perguntei se era você? — Raissa perguntou, em um fio de
voz.
Naquele momento, em que confessou que eu seria o seu primeiro, acabei ficando surpreso
a ponto de deixar escapar a confirmação que tanto tentei esconder.
— Isso não mudaria em nada — respondi, firme. Ela me mediu com o olhar e balançou a
cabeça em concordância.
— Você costumava ser um cara mais alegre... e gentil.
— Não... eu não era — pontuei. — Aquela foi a única vez em que eu me permiti
descontrair daquela forma. Foi a única vez em que quis, de alguma forma, tornar o dia de alguém
melhor.
— Por quê? — perguntou, levando aquela conversa para um lugar que eu não gostaria.
— Foi exatamente por isso que eu não contei — expliquei, sério. — Eu não sou esse tipo
de cara, nem nunca fui.
Suspirei, sem paciência.
Não queria ter que explicar algo que nem eu mesmo entendia. Seguia dizendo para mim
que era pelo que ela tinha passado naquele dia, mas não era algo que eu gostaria de compartilhar.
— Porque você é incapaz de ter qualquer sentimento — disse, em um fio de voz,
desviando a atenção de mim.
— Exatamente — confirmei e me aproximei um pouco mais. Eu sabia que não deveria me
importar com o seu tom de voz, não deveria agir como se me importasse. Mas me peguei
levando as mãos ao rosto dela, trazendo seu olhar de volta para mim. — Apenas... não se esqueça
disso.
Tinha ciência de que Raissa estava mexendo comigo de forma que nunca imaginei, mas
também me conhecia perfeitamente bem para saber quais eram os meus limites. Então, eu
precisava que ela não se esquecesse disso.
Pois esse amor que as pessoas descrevem onde são incapazes de viver sem a pessoa... Eu
nunca fui capaz de sentir.
— Ah, meu Deus — minha avó gritou, desesperada, enquanto eu empurrava a porta do
escritório do meu pai. — Alexander, não!
Minha avó tentou me impedir, tentou desesperadamente correr em minha direção,
enquanto eu fazia aquilo que ela pediu em meio a gritos para não fazer.
Mas foi um ato falho, minha avó não chegou a tempo, e no momento em que um dos
policiais que estavam em minha casa cobriu os meus olhos, eu já tinha visto o que não
desejavam.
Aquela cena, fora a cena mais triste que um filho poderia ver. Meu coração desmanchou
em um descompasso grande quando o vislumbre daquilo que eu queria esquecer pairou
claramente em meu subconsciente.
Acordei assustado com a respiração totalmente irregular. Demorou uma fração de
segundos para que eu constatasse que estava em minha cama, e me lembrasse de que não estava
sozinho naquela noite.
Desviei a minha atenção para a cama, confirmando que Raissa estava dormindo
serenamente ao meu lado. Estava deitada de bruços, com uma perna entreaberta.
Por um momento, senti vontade de puxá-la para mim e abraçá-la fortemente. Eu queria
buscar nela a tranquilidade, senti que se a abraçasse todo aquele tormento passaria.
Levei minha mão até ela, mas parei o movimento pouco antes de tocá-la.
O que eu estava fazendo?
Depois de abaixar a mão, levantei-me da cama e caminhei em direção à sala. Eu deveria
fazer o que sempre fazia quando me sentia atormentado desta forma.
Caminhei para o centro da sala, indo em direção ao bar, em busca de uma bebida. Peguei
uma garrafa de uísque e um copo, então, depositei um pouco da bebida no copo e me sentei na
banqueta do bar.
Permiti-me beber um pouco enquanto pensava no pesadelo que acabara de ter. Aquelas
lembranças não me atormentavam há um bom tempo, mas elas vieram com tudo durante essa
noite, como um lembrete para mim mesmo de que eu estava indo longe demais.
Eu nunca havia trazido qualquer mulher para esta casa, nunca havia dormido com
nenhuma mulher, muito menos havia sido gentil, ou me preocupado com o sentimento de alguém
mais do que com o meu.
Não conseguia ver nada de bom nisso.
O que Raissa estava fazendo comigo, afinal?
Por que ser o seu primeiro foi algo que mexeu tanto comigo? Por qual motivo ela decidiu
se manter virgem até a essa altura do campeonato? E pior, por que a sensação de que eu não
queria que ela fosse de mais ninguém pairou sobre mim de forma inevitável em algum
momento?
Eram muitos questionamentos que seguiam me atormentando, à medida que eu tomava
algumas doses de uísque. Estava perdido em meus devaneios quando senti mãos suaves em meus
ombros, trazendo-me de volta para a realidade.
Meus olhos foram ao encontro dela, encontrando-a com os olhos fixos sobre mim.
— Está tudo bem? — perguntou, a voz denotava preocupação.
— Durante todo esse tempo... Por que nunca se permitiu ficar com alguém? — perguntei,
ignorando totalmente sua pergunta. Mas não de propósito, apenas não conseguia parar de pensar
naquilo.
— Hã... Eu não sei... — Ela arqueou as sobrancelhas. — Eu só não sentia que era o
momento... Ou o cara certo.
— Não havia encontrado o cara certo? — perguntei, hesitante.
Eu definitivamente não era o cara certo.
— Não se preocupe, sei muito bem onde meus sentimentos devem ficar e... não pretendo
de forma alguma nutrir sentimentos por você.
— Mesmo que eu te foda todos os dias? — perguntei, autoritário.
A porra do pensamento de que Raissa seria capaz de não nutrir qualquer sentimento por
mim, incomodou-me mais do que deveria.
— E você? — indagou, à medida que se acomodou no meio das minhas pernas. —
Realmente é incapaz de se apaixonar?
— Sim — respondi, firme.
— Então, você tem a sua resposta. Eu me manterei firme também, mesmo que me foda
todos os dias, não me apaixonarei por você — respondeu, os olhos fixos aos meus.
E porra, aquela ousadia me tirou totalmente do sério.
Deixei o copo de uísque sobre a bancada e levei minha mão na cintura dela, trazendo-a
para mim. O corpo pequeno se chocou ao meu e eu tomei os lábios dela sem pudor. Raissa não
protestou, ao invés disso, a senti passar as mãos em volta do meu pescoço e corresponder o beijo
à altura.
Desesperado por mais contato, levei as mãos aos botões da camisa social e a rasguei em
um movimento rápido. O susto durou apenas alguns segundos, antes que Raissa continuasse a me
beijar com fervor.
As mãos foram para os seios livres, então, contornei-os e os senti endurecer ainda mais
com o meu toque, ao mesmo tempo em que um gemido sensual escapou dos lábios dela,
fazendo-me perder a cabeça.
Deslizei uma das mãos para a boceta gostosa e estremeci ao notar que aquela mulher já
estava completamente molhada para mim. Comecei a tocar o clitóris inchado, em movimentos
circulares, à medida que deixava seus lábios.
Comecei a depositar beijos e chupões por toda sua pele, fazendo um caminho molhado de
desejo, enquanto meus dedos trabalhavam de forma ágil em seu clitóris.
— Ah... — Raissa soltou um gemido sexy, ao mesmo tempo em que cravava as unhas em
minhas costas, entregando-se a um orgasmo sem qualquer pudor.
— Puta merda — rosnei, em resposta àquele movimento tão sensual.
A intensidade apenas fez com que a minha vontade de estar dentro dela aumentasse. Sem
perder tempo, levantei-me da banqueta e a guiei em direção ao sofá.
Quando paramos em frente a ele, terminei de tirar a camisa que ainda estava sobre o corpo
dela e a joguei no chão, seus olhos encontraram os meus e eu me permiti apreciá-la ofegante, os
cabelos bagunçados e com a aparência totalmente sexy, enquanto se recuperava daquele orgasmo
que acabara de ter.
Sem conseguir esperar mais para me enterrar naquela mulher, virei-a de costas para mim.
— Fica de quatro para mim — ordenei, sério.
Sem demora, Raissa se ajoelhou no sofá, dando-me uma visão deliciosa de sua bunda
apontada para mim. Levei a mão às suas costas e a ajeitei para que pudesse ficar exatamente
como eu queria.
Em seguida, tirei a cueca boxer, liberando o meu pau, ele estava dolorido, e eu morrendo
de vontade de me enterrar nela, até que repensasse sobre aquilo que falou há alguns minutos.
— Se doer, você tem que me falar — avisei, enquanto afastava um pouco as pernas dela.
— Por favor — suplicou, fazendo-me perder o resto do juízo que poderia me restar.
Apoiei a mão em sua cintura, então me afundei nela. Não como eu gostaria ainda, pois não
conseguia não pensar que poderia machucá-la.
— Você é tão apertada, preciosa. — Tirei o pau quase todo e me afundei mais uma vez. —
Puta que pariu.
Inclinei-me e levei a mão em seus cabelos, juntei-os em minhas mãos em um rabo de
cavalo e os puxei, trazendo seu corpo mais para mim, conciliando cada estocada com o aperto
firme nos cabelos dela.
Raissa não protestou, pelo contrário. A safada aumentou os gemidos cada vez mais, à
medida que eu a mostrava como aquela intensidade poderia ser deliciosa. Segui arremetendo-a
cada vez mais profundo.
Puxei os cabelos um pouco mais e me apoiei para mordiscar o pescoço convidativo,
enquanto me enterrava por completo naquela boceta tão gostosa.
Depois de alguns deslizes profundos, arrancando alguns gemidos manhosos, aumentei o
ritmo. Soltei os cabelos, deixando-os cair sobre as costas e deslizei a mão, contornando a cintura,
ao mesmo tempo em que meus dedos iam ao encontro do clitóris, massageando-o em conjunto a
cada estocada.
Eu segui aquele momento e intensidade, avançando a cada vez que ela me dava sinal verde
com um gemido delicioso. Permiti-me socar da forma que eu desejava, enquanto os gemidos
gostosos se tornavam cada vez mais estonteantes.
— Alexander... — gemeu, manhosa.
Não demorou para que Raissa se desmanchasse mais uma vez, apertando a boceta em volta
do meu pau. Aquilo foi o suficiente para que eu a acompanhasse algumas estocadas depois,
rosnando o seu nome, enquanto liberava o meu prazer por completo.
Aquele momento foi totalmente intenso, mas não foi capaz de aliviar a sensação que havia
pairado sobre mim, no instante em que a cabeça assimilava que aquela mulher estava disposta a
não nutrir nenhum sentimento por mim.
E mesmo sem conseguir explicar, comecei a associar que ao final de tudo, acabaria sendo
eu a pessoa que sairia totalmente devastada com tudo isso que eu mesmo estava criando.
CAPÍTULO 24
Apesar de ter sido extremamente alucinante a experiência de ter Alexander me pegando
daquela forma no sofá, sentia que algo estava errado. Eu soube disso desde o momento em que
meus olhos foram para ele, enquanto estava sozinho no bar àquela hora da madrugada.
Por um momento, em meio aos questionamentos, confirmei cheia de convicção de que não
misturaria as coisas, mas a essa altura do campeonato, eu já sabia que havia misturado.
Suspeitava que Alexander também sentia isso, talvez... fosse esse o motivo pelo qual estava
tentando me distanciar desde então.
Não poderia ser coisa da minha cabeça, desde que acordamos, Alexander mal se dirigiu a
mim.
— Está tudo bem? — perguntei, atraindo o olhar dele para mim.
— Por que não estaria? — indagou, sério, apenas me confirmando que algo estava errado.
— Durante a madrugada, você estava sozinho bebendo uísque, não acho que isso seja
muito c...
— Eu só precisava de espaço — interrompeu-me.
Balancei a cabeça em concordância, à medida que assimilava aquelas palavras. Por um
momento, senti que estava invadindo a sua privacidade.
Voltei a atenção para o café, percebendo que naquele instante quem precisava de espaço
era eu.
— Tenho que resolver algumas coisas hoje e minhas amigas estão no meu apartamento,
provavelmente me esperando chegar — disse, firme. — Pode me levar para casa assim que
terminarmos o café?
— Tudo bem — Alexander concordou com tanta facilidade, que me surpreendeu.
Eu, simplesmente, não sabia o que pensar sobre aquela atitude, então, sem querer
prolongar mais aquele momento, me levantei e desviei o olhar para ele.
— Obrigada, vou me trocar e pegar as minhas coisas.
Alexander me estudou com o olhar e sem dizer uma palavra, balançou a cabeça
positivamente.
Segurei para me manter indiferente a sua atitude. Virei-me e fui em direção ao quarto.
Enquanto eu me vestia, Alexander entrou e foi em direção ao closet.
Estava tentando fechar o zíper do vestido quando o senti se aproximar. Sem dizer uma
palavra, as mãos dele tocaram a minha sobre o zíper. Tirei a minha mão, dando espaço para que
fechasse o vestido para mim.
Um arrepio percorreu o meu corpo quando senti sua mão em minhas costas tão
suavemente. Ele subiu o zíper com calma e deu alguns passos para trás.
— Podemos ir? — perguntei e me virei em direção a ele.
— Sim, vamos lá.
Alexander levou a mão às minhas costas e me guiou para fora do quarto. Observei-o pegar
sobre o móvel suas chaves antes de sairmos. Só no momento em que fomos para a garagem notei
que havia dois carros ali. O meu terror e ao lado um Maserati preto.
Ele me guiou pelos dois carros e destravou o Maserati, abrindo a porta do carona para
mim. Enquanto eu me acomodava, Alexander assumiu a direção em silêncio, e foi assim por todo
o caminho. Apesar de não termos tido nenhuma briga e tudo estar bem, o clima não estava dos
melhores.
Aquilo me magoou, a ponto de pensar em sair do carro sem dizer uma palavra. Estava
prestes a fazer isso, mas quando tentei abrir a porta senti a mão dele sobre o meu braço, fazendo-
me olhar para ele.
— Em duas semanas é o aniversário da minha avó, mas caso surja algo antes eu entro em
contato — avisou, magoando-me ainda mais.
— Tudo bem, estarei lá quando precisar — respondi, a voz contida.
Alexander me mediu com o olhar antes de afastar as mãos. Sem dizer uma palavra, abri a
porta e saí do carro indo em direção ao meu prédio.
Aquela mudança repentina me magoou. Não esperava que engatássemos algo sério, ou que
uma noite fosse capaz de mudar tudo, porém, aquela indiferença era cruel.
Não sabia se ele estava se fechando, ou se apenas já havia conseguido aquilo que queria.
Mas independentemente disso, eu não me arrependeria da minha decisão.
Controlei-me para não deixar que o sentimento que predominasse fosse a mágoa, afinal,
ele mesmo havia dito que era incapaz de corresponder a qualquer sentimento. Então, o que eu
estava esperando?
Suspirei fundo e fiz a minha melhor cara antes de abrir a porta do apartamento. E como
imaginei, mal coloquei os pés dentro do apartamento e fui capaz de vê-las eufóricas me
esperando sentadas no sofá.
— Eu sabia que você não voltaria, sua safada! — Beatriz falou, enquanto eu fechava a
porta.
— Como foi? — Isabella perguntou, animada. Forcei o sorriso para elas, tentando
disfarçar ao máximo o que acabara de acontecer.
— Onde está a Mel? — perguntei, à medida que passava os olhos pela sala.
— Dormindo, então, não poupe as palavras — Isabella disse e deu dois tapinhas no sofá.
Balancei a cabeça em negativa, observando-as com a curiosidade transbordando no olhar.
— Não existe a possibilidade de dar detalhes sobre isso — avisei, ao mesmo tempo em
que ia na direção delas.
— Não pense você que não irá nos contar nada — Beatriz falou. Fiz uma careta ao ouvi-la.
— Isso aí é digno de soltar fogos de artifício.
Gargalhei ao ouvi-las e me sentei no meio delas, pronta para me esquivar ao máximo das
perguntas indecentes que eu sabia que viria. E como imaginei, as meninas não perderam a
oportunidade de tirar bastante sarro de mim, antes de chegamos ao que realmente queriam saber.
Enrolei-as o máximo que pude, revelando o mínimo possível da noite que tive com
Alexander, então, depois que Mel acordou, elas desistiram de obter qualquer detalhe mais
sórdido e apenas passaram o dia comigo.
Guardei apenas para mim o fato de que Alexander era o cara de Búzios, também como as
coisas terminaram estranhas naquela manhã. Apesar de amar de paixão Beatriz e Isabella,
simplesmente não conseguia compartilhar coisas tão íntimas com alguém.
Aprendi que na vida não devemos confiar plenamente, afinal, até aquela pessoa que você
mais amava, podia te decepcionar.
Mas, apesar de tudo, me senti grata por tê-las ali.
— Um sorvete cairia bem agora — comentei, atraindo a atenção de Luiz Felipe para mim.
O sorriso dele se alargou no momento em que seus olhos encontraram os meus.
— Raissa, sua sumida! — disse, à medida que eu caminhava pela sorveteria, rumo ao
balcão de atendimento.
— Um pouco — respondi e parei em frente para ele, passando os olhos pelo ambiente. —
Seus pais não vieram hoje?
— Não. — Ele fez uma careta. — Tiraram o final de semana para viajar e me deixaram
por conta.
— Estão certos em aproveitar o filho que têm — disse e pisquei.
— Como se eu já não trabalhasse a semana toda — murmurou, fazendo-me dar uma
risada. — Não faz ideia de como está fazendo falta na empresa.
— As coisas por lá estão tão ruins assim?
— A nova gerente de marketing é o diabo em pessoa — falou e estendeu para mim o menu
de pedidos.
— Isabella também não gostou dela — comentei e passei os olhos pelo cardápio.
— Ninguém gostou, Raissa, a mulher não sabe trabalhar em equipe. — Ele me mediu com
o olhar. — E falando nisso, Gabrielle disse que ela e Alexandre tem tentado falar com você, mas
você segue ignorando suas ligações.
Fiz uma careta ao ouvi-lo. Amava aquela garota, porém, temia conversar com ela e acabar
criando um caso maior com a minha demissão, já que Ricardo era o seu pai.
— É complicado — disse, sem querer de fato justificar.
— Complicado ficou o clima entre Ricardo e Alexandre depois da sua demissão, é visível
que ele foi contra, Rai, não deveria ignorar as ligações deles, sabe que se importam com você.
— Não vamos falar sobre isso — disse, olhando-o firme. Ele apertou os lábios e balançou
a cabeça em concordância, visivelmente chateado com o meu corte.
— Você quem manda.
Coloquei o cardápio sobre o balcão e forcei um sorriso.
Não adiantaria remoer, já estava feito, e voltar a empresa contra a vontade de Ricardo não
era algo que pretendia, mesmo que amasse aquela equipe.
— Eu quero um sundae — pedi, tentando mudar o foco da conversa.
— É para já!
Luíz Felipe se virou para preparar o sorvete. Aproveitei para passar o olhar pelo ambiente,
notando apenas uma mulher com duas crianças em uma mesa distante.
— Para um sábado, está bem parado — comentei, atraindo o olhar dele para mim.
Não me lembrava de encontrar o lugar tão vazio em pleno sábado.
— Daqui a pouco começa a aumentar, é o horário — explicou, assenti, tendo ciência de
que eu realmente costumava vir um pouco mais tarde. — Pode ficar à vontade, eu levo para você
assim que terminar aqui.
— Vou te esperar lá fora.
— Tudo bem.
Forcei um sorriso e fui em direção à saída. Depois de analisar as mesas, sentei-me em uma
cadeira que me dava uma visão privilegiada do parque que havia do outro lado da rua. Apesar de
ser pouco mais de 09h, já estava se formando um número considerável de pessoas ali.
Segui observando o movimento, à medida que os pensamentos se tornavam distantes.
A semana havia seguido em passos lentos. Eu tentei seguir a minha nova rotina
normalmente, sem esperar qualquer ligação ou mensagem de Alexander, afinal, ele havia
deixado claro que o nosso próximo encontro até então era no aniversário da avó dele.
E mesmo tentando evitar pensar no assunto, foi inevitável em alguns momentos me
lembrar de cada detalhe, de como tudo foi intenso e como me senti magoada depois.
Sinceramente? Eu nem mesmo sabia como agiria quando o visse mais uma vez. Cogitei até
mesmo termos uma conversa séria para manter tudo profissional.
Estava confusa, mas, ao mesmo tempo, disposta a não passar o final de semana em casa
apenas deixando a confusão tomar conta de mim, era por isso que estava aqui, mas o movimento
foi totalmente falho, já que mesmo assim, não conseguia parar de pensar naquela noite.
— Aqui — Luiz Felipe disse, trazendo-me de volta à realidade.
Ele me entregou o sundae e puxou a cadeira de frente para mim.
— Obrigada — agradeci, enquanto o observava se sentar.
— Conta para mim, como está se sentindo?
— Bem... apenas um pouco ociosa demais. — Forcei um sorriso.
— Imagino, você não gosta muito de ficar parada.
— Exatamente, imagine? — respondi, pegando um pouco do sorvete.
— É fato que está surtando, mas aposto que não vai demorar a arrumar outro emprego.
— Sim, eu estou selecionando algumas vagas, mas nada que tenha chamado a minha
atenção ainda.
— Quando se pode escolher... — ele brincou.
Antes que eu pudesse respondê-lo uma mulher e duas meninas entraram na sorveteria.
Luiz Felipe fez uma careta e se levantou, indo atendê-las.
Aproveitei para tomar o sorvete, à medida que observava as pessoas no parque. Logo, mais
um casal entrou na sorveteria. Foi quando tive a certeza de que demoraria um pouco mais.
Congelei no lugar quando meus olhos foram ao encontro de uma pessoa que vinha logo à
frente.
Rodolfo, o amigo de Alexander, estava com uma roupa esportiva, correndo na pista do
parque.
Em um movimento automático me peguei acompanhando-o com o olhar, mas não
esperava que ele acabasse olhando em minha direção. Assim que o fez, parou abruptamente
notando a minha presença.
Rodolfo começou a vir em minha direção, fazendo a minha cabeça girar. Eu não fazia ideia
de como agir sozinha em sua presença. Não sabia se ele tinha ciência do meu acordo com
Alexander, ou se até mesmo tentaria flertar comigo da mesma forma que fez nas vezes em que o
encontrei.
Isso fez com que cada passo que dava em minha direção me deixasse ansiosa.
— Olá, bela dama — cumprimentou-me, parando à minha frente. E a incerteza que aquele
homem me causava, deixava-me desconfortável.
— Oi, Rodolfo.
— Que coincidência te encontrar por aqui! — disse, em seguida desviou a atenção para
dentro da sorveteria. — Eu volto em um minuto.
Balancei a cabeça em concordância e o observei entrar no estabelecimento. Eu me peguei
admirando-o enquanto pegava uma garrafa de água e ia para o balcão pagar.
O cara era um moreno muito atraente, exalava confiança onde passava e parecia simpático,
mas, inexplicavelmente, tinha algo nele que eu não gostava.
Talvez o fato de não ter senso, ou de usar uma camisa para correr e poupar meras mortais
como nós, de presenciar algo tão tentador, como aqueles músculos firmes?
Balancei a cabeça em negativa e desviei a atenção para o parque, querendo mandar aqueles
pensamentos para longe.
Peguei o meu celular e por um instante pensei em ligar para Alexander, a fim de avisá-lo
sobre Rodolfo, mas ele não havia dado as caras desde semana passada e tinha agido como um
completo idiota ao sumir daquela forma. Então, após um suspiro eu guardei o celular, decidindo
apenas não fazer nada.
— Voltei — Rodolfo disse, ao mesmo tempo em que se sentou na cadeira à minha frente.
Depositou o celular sobre a mesa e abriu a garrafa de água.
— Hã... oi — falei, surpresa por descobrir que ele estava com a intenção de ficar.
— Espero que não esteja te atrapalhando, está esperando alguém? — Rodolfo perguntou,
um sorriso brincava em seus lábios, à medida que a atenção ia para o celular.
— De forma alguma — respondi, e voltei a tomar o meu sorvete, sem saber ao certo como
agir em tal situação.
— Sabe, Raissa, há algo que estou muito curioso — Rodolfo começou, fazendo com que
minha atenção fosse para ele. — Você e Alexander, estão realmente sérios?
— Nós estamos noivos — respondi, constatando que ele não era amigo de Alexander o
suficiente para saber de nosso acordo.
— Eu sei, mas nunca vi Alexander com qualquer mulher que não fosse um caso de uma
noite, e agora, de repente, aqui está a sua noiva. — Ele me mediu com o olhar. — Ele parece tão
envolvido.
— Não foi de repente, estamos juntos há um tempo — menti, ignorando o comentário de
Rodolfo.
Não deveria me apegar a isso.
— Eu seria um péssimo amigo ao dizer que queria ter encontrado você antes? —
perguntou, tão direto que me deixou desconcertada.
Para todos eu era noiva do seu amigo, que merda ele estava fazendo flertando comigo
dessa forma?
— Não acho isso apropriado, Rodolfo, eu estou noiva do seu amigo — disse, séria,
deixando claro o quanto me ofendeu.
— Me desculpe pela indelicadeza. — Ele me mediu com o olhar de forma que me deixou
desconfortável.
Por que, de repente, isso parecia o divertir?
— Tudo bem, só não faça isso de novo.
— Interessante — disse, um brilho diferente nos olhos. — Você é uma mulher realmente
interessante, Raissa.
Naquele momento, Luiz Felipe apareceu do lado de fora da sorveteria. Forcei um sorriso
em sua direção, que parecia se decidir se deveria se aproximar.
— Está de volta? — perguntei, não dando escolhas para ele a não ser vir até nós.
— Por pouco tempo, certamente aquela mulher está vindo para cá. — Ele apontou com a
cabeça e eu fiz uma pequena careta, sabendo que ele certamente me deixaria a sós com Rodolfo.
Acompanhei a mulher com duas crianças até que passasse por nós, então ela entrou na
sorveteria.
— Vá lá. — Forcei um sorriso.
Era sempre assim quando eu vinha até aqui aos sábados, mas geralmente eu não ligava,
nos períodos em que Luíz Felipe estava atendendo eu costumava apenas ficar admirando o
parque, ou conversando com os pais dele. Porém, a presença de Rodolfo me fazia querer ir
embora.
Não me permiti olhar para Rodolfo, mas por reflexo notei que ele continuava a beber água
e mexer no celular. Voltei a atenção para o sorvete com a intenção de terminá-lo e ir embora,
caso não percebesse que eu estava desconfortável com sua presença.
— Olha só quem está aqui. — A voz de Rodolfo ressoou depois de alguns minutos em
silêncio, fazendo com que eu seguisse o seu olhar.
Surpreendi-me ao encontrar Alexander saindo do carro um pouco à frente. Depois de
fechar a porta, começou a caminhar em nossa direção.
— Avisou a ele que estava aqui comigo? — perguntei e o medi com o olhar.
— Ah, acabei comentando brevemente — falou, despreocupado, enquanto um sorriso
debochado se fazia presente. — Não imaginei que ele fosse chegar aqui tão rápido.
Para mim, naquele momento, ficou claro a intenção de Rodolfo, ele estava provocando
Alexander, eu não tinha dúvidas disso, mas por quê? Por qual motivo Alexander viria tão
rapidamente, quando nem mesmo se importava?
Acompanhei Alexander com o olhar, até que parou em nossa frente, os olhos fixos em
Rodolfo. Sua inquietação era visível, algo que mais uma vez me fez questionar suas atitudes.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, atraindo o olhar dele para mim.
— Eu vim buscar você — Alexander disse, autoritário.
Eu pensei em rebatê-lo, pensei em dizer que não havia pedido que me buscasse, mas seria
a fuga que eu precisava para me manter longe daquele amigo, que eu não fazia ideia das reais
intenções.
— Ah, meu amigo, por que a pressa? — Rodolfo perguntou, o mesmo tom despreocupado
se fazia presente. — Já que está aqui, apenas se sente.
— Não vamos fazer isso — Alexander disse, firme.
Naquele momento, senti como se não estivesse falando sobre se sentar. O que de fato me
deixou muito confusa. Estava prestes a questionar quando Rodolfo bateu os dedos na mesa.
Minha atenção foi para ele, que olhava de forma divertida para Alexander.
— Conte para nós, não vamos fazer o quê, Alexander?
CAPÍTULO 25
Alexander apertou a mandíbula, mostrando com aquele movimento sua tensão e
nervosismo. Observei-o colocar a mão no bolso da calça, ao mesmo tempo em que seu olhar
encontrou o meu. Franzi as sobrancelhas no momento em que pegou as chaves do carro e as
estendeu para mim.
— Raissa, por favor, vá para o carro. Eu vou pagar a conta e te encontro lá logo em
seguida — disse, autoritário.
— Eu estou de carro — informei, tentando evitar o fato de sair com ele para qualquer
lugar.
— Peço alguém para pegá-lo mais tarde, apenas preciso que você vá para o carro e me
espere lá — disse, incisivo. Desviei a atenção para Rodolfo, que havia voltado a tomar água com
tranquilidade, como se nada de mais estivesse acontecendo ali. — Raissa, por favor.
O tom de súplica fez o coração traidor amolecer. Mordi o lábio inferior, ao mesmo tempo
em que aceitei as chaves do carro. Temia ficar e Alexander pegar o amigo na porrada, já que a
intenção de provocação de Rodolfo era evidente.
— Até mais, bela dama — Rodolfo disse, assim que me levantei. Meus olhos encontraram
os dele, a tempo de vê-lo piscar para mim.
— Hm... Até — respondi e me virei para ir em direção ao carro.
Definitivamente essa não era a forma que eu esperava encontrar Alexander, em outra
ocasião eu nem mesmo seguiria seu pedido, mas dessa vez, apenas fiz.
Destravei o carro e entrei no lado do carona, em seguida voltei a minha atenção para
aqueles dois.
Alexander estava visivelmente irritado enquanto falava alguma coisa com o amigo. Sem
parecer estar abalado, Rodolfo se levantou e desviou o olhar para Alexander, então, com um
sorriso no rosto deu alguns tapinhas nas costas do amigo e pegou a garrafinha de água sobre a
mesa. Sem cerimônia, atravessou a rua e voltou a correr rumo à pista de caminhada do parque.
Alexander olhou em minha direção, certificando-se de que eu estava no carro, antes de
entrar na sorveteria. Cogitei sobre sair do carro e ir embora, ou aguardá-lo.
Mas, naquele momento, a curiosidade falou mais alto e me fez ficar. Alguns instantes
depois, Alexander saiu da sorveteria e veio ao encontro do carro, abriu a porta do motorista e se
acomodou ao meu lado.
Alexander suspirou profundo e apoiou as duas mãos no volante.
— Por que não avisou que havia o encontrado? — perguntou, apesar do tom firme, aquela
irritação inicial já não estava mais presente.
— Não achei que tinha necessidade — menti e o estudei com o olhar. — O que foi que
aconteceu ali?
— Não aconteceu nada. Rodolfo é apenas... complicado. — Alexander parecia medir as
palavras. Então, os olhos intensos encontraram os meus. — Eu não quero você perto dele.
De repente, eu me vi perder o ar com tal afirmação. Seu tom era autoritário, poderia dizer
que havia até mesmo um vestígio de possessividade.
— Mas ele é... seu amigo — disse, tentando não demonstrar que eu tinha noção dos
motivos de me querer longe.
Alexander conhecia o cara, certamente já sabia que o cretino tentaria dar em cima de mim,
caso contrário não estaria aqui dessa forma, agindo como se eu pertencesse a ele.
— Exatamente.
— Não vejo problema em conversar com ele, caso nos encontremos ocasionalmente, como
hoje — disse, tentando buscar qualquer sinal do que ele estava sentindo naquele momento.
— Raissa... — Seu tom era de aviso. — Você sabe muito bem quais são os termos do
nosso contrato.
— Não diz nada sobre eu ter amigos. — Arqueei as sobrancelhas.
— Rodolfo não quer ser a porra do seu amigo. — Alexander suspirou, irritado. — Eu não
vou deixar que ele se aproxime de você, isso não irá se repetir.
— Por que não vai? Você não pareceu se importar com quem eu estava durante toda a
semana. Depois de f... — interrompi a minha fala de repente.
Estava confusa e sentia que se continuasse acabaria falando mais do que devia. Pois dado
ao que Alexander já me falou, isso não era algo que eu devesse me importar.
Alexander não disse nada, apenas desviou a sua atenção para frente mais uma vez.
Por alguns minutos, o silêncio pairou sobre nós. Não me arrisquei a terminar aquela frase e
Alexander não fez questão de saber o que eu estava prestes a falar.
Ele respirou fundo, como se buscasse recuperar o controle. Segui observando-o em
silêncio.
— Eu estava em São Paulo, precisei viajar e resolver algumas questões de uma das filiais
— explicou, a voz visivelmente mais calma. Então, deu um sorriso, como se reconhecesse
perfeitamente o quão confuso estava naquele momento. — Mas seria hipócrita se dissesse que
não estava te evitando.
Aquela confissão me deixou ainda mais confusa. Tudo o que eu queria era entender o
significado daquilo.
— O que você quer de mim, Alexander? — perguntei em um fio de voz.
Aqueles olhos azuis e intensos tão de repente sobre mim, fizeram meu coração entrar em
descompasso.
— Honestamente? Eu não sei... só não quero deixar você ir para qualquer lugar agora,
quero levar você para minha casa e sentir v...
— Não acho que isso seja apropriado — interrompi-o, séria. — Vamos seguir conforme o
cronograma.
— E qual seria esse cronograma?
— Eu vou sair por essa porta agora e você vai me deixar ir. Então, nós nos veremos no
aniversário da sua avó, no sábado que vem.
— Raissa...
— Você não pode simplesmente agir tão frio comigo, sumir, admitir que estava me
evitando e, em seguida, querer me levar para sua cama. — Balancei a cabeça em negativa. — Eu
te disse, não sou uma prostituta, não vou admitir que me trate como uma.
Alexander não foi capaz de responder. Ele estava confuso, eu me encontrava do mesmo
jeito. E sentia que ir para casa dele seria muito para mim.
Precisava reorganizar as minhas ideias, precisava que ele reorganizasse as dele também. E
foi por isso que sem dizer mais uma palavra, eu saí do carro, decidida a ir embora.
Sempre fui muito certa das coisas que queria, naquele momento não estava disposta a ficar
à mercê de um homem que havia deixado claro ser incapaz de corresponder a qualquer
sentimento. Tampouco seria um objeto, onde ele sumia e aparecia quando queria foder.
Isso não iria acontecer.
Raissa estava calada demais, mas isso não fez com que mudássemos a rota. Eu a queria
ainda mais, precisava senti-la de forma que não tinha explicação. Precisava desesperadamente
sentir que o filho da puta do Rodolfo não iria conseguir o que queria, se colocar entre nós como
se ela fosse uma presa em meio a um jogo doente e sujo.
No momento que chegamos, Raissa entrou e eu fechei a porta atrás de nós, enquanto a
mente estava em um turbilhão. Considerando todo aquele silêncio, percebi que talvez o melhor
fosse avisá-la sobre Rodolfo antes de qualquer coisa.
— Sobre o Rodolfo... — comecei a falar, Raissa se virou para me olhar, enquanto eu dava
alguns passos em sua direção.
— Não vamos deixá-lo estragar a nossa noite, sinto que é exatamente o que ele queria —
Raissa me interrompeu. Os olhos escuros de desejo encontraram os meus, de forma que consegui
sentir perfeitamente o motivo de todo o silêncio. — Eu preciso que você cumpra aquela
promessa.
Raissa levou a mão em meu smoking de forma devassa. Seus lábios macios tocaram os
meus com necessidade, ao mesmo tempo em que ela passava o blazer pelos meus ombros.
E Jesus! Eu mal percebi quando aconteceu, mas aquele furacão já estava desabotoando a
minha camisa social.
Notar que ela estava tão desesperada quanto eu, deixou-me ainda mais louco para sentir o
seu corpo contra o meu. Deslizei a minha mão pelo corpo pequeno sem qualquer pudor.
A necessidade de tê-la completamente nua e explorar cada parte de seu corpo se fez
aumentar. Precisava estar dentro dela, sentir sua boceta quente e apertada.
E foi pensando nisso que minhas mãos foram para trás do vestido, a fim de tentar abrir o
zíper enquanto nos beijávamos em uma sintonia fora do comum.
Não estava falando sério quando disse que rasgaria a porra do vestido, mas eu precisava
dela com tanta urgência, que mal consegui puxar o zíper.
Logo, foi exatamente o que eu fiz. Sem pudor algum, puxei o tecido sem me importar com
o estrago que estava fazendo no caminho. Raissa separou nossos lábios e deu gritinho manhoso
com o susto, mas o sorriso safado veio logo em seguida.
Raissa se afastou um pouco para que eu pudesse terminar de tirar o vestido, então as mãos
atrevidas estavam sobre o meu peitoral. Ela passou a mão e se inclinou, passando a língua em
seguida, fazendo-me soltar um gemido.
— Puta que pariu. — Tentei recuperar o fôlego. — De onde está vindo tudo isso?
— É você, Alexander. — Sua voz estava abalada, cheia de desejo. — Você está me
deixando louca para senti-lo mais uma vez.
Em um rompante, as mãos de Raissa contornaram o meu pescoço, ao mesmo tempo em
que ela jogou as pernas sobre mim. Levei a mão em seu quadril, por um instante pensei em levá-
la para a minha mesa de jantar. Seria divino tê-la gemendo o meu nome sobre aquele lugar.
Contive-me em anotar aquela ideia e acabei a levando para o quarto. No momento, eu
queria senti-la por completo e temia que se levasse para a mesa, não conseguiria me segurar.
Coloquei-a no chão e terminei de tirar a sua roupa. Sem perder tempo, Raissa levou a mão
em minha calça e abriu o zíper, em seguida a desabotoou.
Era sexy para cacete vê-la tão desconcertada e afoita a cada movimento.
Raissa puxou a minha calça e a cueca em um único movimento, liberando o meu pau. Eu a
ajudei a terminar de tirar e quando voltei a minha atenção para ela, a cena que presenciei fez meu
pau pular de imediato.
O olhar dela sobre mim era uma mistura de curiosidade e excitação tão alucinante, que me
fez desejar imediatamente aquela boca gostosa em meu pau e, porra, já havia imaginado a cena
diversas vezes.
— Toque nele, Raissa — disse, autoritário, a voz cheia de desejo.
Os olhos curiosos se fixaram em mim, apenas fui capaz de dar um aceno com a cabeça
antes que a danada se ajoelhasse à minha frente e levasse a mão à minha base.
Raissa parecia um pouco hesitante, mas não deixou que isso a parasse. Ela se inclinou e
abocanhou o meu pau, fazendo um gemido escapar de meus lábios.
Ela começou a me sugar com suavidade. Tentei deixá-la controlar o ritmo por um tempo,
mas eu precisava loucamente sentir a boca gostosa mais forte.
Foi quando enrolei a mão em seus cabelos e comecei a ditar o ritmo, sentindo aquela boca
gostosa contornar perfeitamente o meu pau. Ela aceitou bem cada investida e, em seguida,
começou a passar a língua em torno da cabeça do meu pau, enquanto a fodia de forma deliciosa.
Poderia dizer que era uma boa aprendiz e curiosa. Sentia a cada deslize do meu pau dentro
daquela boquinha, que estava empenhada a me levar ao limite. Mas, definitivamente, não era
algo que eu permitiria naquele momento.
— Boquinha gostosa do caralho — rosnei, ao mesmo tempo em que puxava meu pau para
fora, antes que eu acabasse gozando antes do tempo. — Mas eu preciso desesperadamente ouvi-
la gemer o meu nome, enquanto eu estiver me acabando dentro de você.
Ela mordeu o lábio inferior, tirando o pouco juízo que eu ainda tinha. Em um movimento
rápido, puxei-a para cima e a levei para a cama.
Então meus lábios estavam sobre os dela. À medida que a beijava, minhas mãos
trabalhavam por seu corpo. Precisava tanto senti-la, que chegava a ser assustador.
Comecei a descer os beijos por todo o corpo gostoso. Segurei os dois seios com as mãos e
afundei o meu rosto no meio deles, em seguida comecei a alternar os meus lábios entre eles,
chupando-os com muito desejo e intensidade.
Seus gemidos manhosos aumentavam a cada investida, denunciando que estava quase lá, e
isso me deixava ainda mais louco. Desci meus beijos até o meio de suas pernas, e sem pensar
duas vezes passei a língua por toda a boceta gostosa.
A forma com que seu corpo reagia a mim, estava me deixando completamente louco. Era
inexplicável a vontade que eu sentia de querer agradá-la acima de tudo.
Não precisei de muito para que ela se desmanchasse em minha boca, apertando as pernas
em volta de mim, expulsando-me como se continuar fosse tortura demais.
Minha boca se curvou em um sorriso completamente satisfeito com a imagem perfeita de
Raissa ofegante e fora de si. Ajoelhei-me na cama e puxei suas pernas em minha direção.
Levei a mão em meu pau e, sem poder mais esperar, me posicionei em sua entrada.
Afundei-me aos poucos sentindo uma eletricidade gostosa pelo corpo e, porra, ela estava
molhada pra caralho.
Raissa arqueou o quadril e o movimentou, dando-me sinal para que agisse exatamente
como eu precisava. Levei a mão em sua coxa e a puxei um pouco mais, em seguida me afundei
por completo.
Juntei suas pernas e as levantei, apoiei-as em meu peito e comecei a fodê-la gostoso. A
cada golpe eu me enterrava com mais força, a cada gemido intenso que ela soltava maior era a
minha investida.
Buscando mais contato, soltei uma de suas pernas e a ajeitei. Uma perna sobre o meu peito
e a outra em volta da cintura, deixando-a completamente aberta para mim. Então, levei o meu
polegar em seu clitóris.
— Ah... eu gosto disso — Raissa gemeu no momento em que massageei o seu clitóris
suavemente. Segui me afundando como um louco, ao mesmo tempo em que os dedos brincavam
com o clitóris inchado.
Os gemidos de Raissa começaram a aumentar sem pudor algum, denunciando que ela
estava perto. Fui capaz de sentir cada gemido diretamente no meu pau.
Foi então que ela se rendeu tão intensamente, que quase me fez perder o rumo.
— Caralho, Raissa. — Afundei-me mais algumas vezes enquanto a acompanhava, em um
urro tão intenso, de forma que jamais havia experimentado.
— Ah... Deus! — Ela arfou, ao mesmo tempo em que me retirava e jogava meu corpo no
colchão ao seu lado. — Isso foi...
— Fodidamente incrível — completei e me virei na direção dela.
Passei os meus braços em volta dela e a puxei para mim, colando os nossos corpos.
Eu queria senti-la perto, de forma que nunca pensei que desejaria. Era um sentimento novo
e estranho, mas não era ruim. Na verdade, eu gostava muito do que estava sentindo naquele
momento.
CAPÍTULO 28
Alexander se inclinou e roçou os lábios em meu pescoço, fazendo um caminho suave até a
minha boca, à medida que nossa respiração se regulava. Senti um arrepio gostoso por todo o
corpo em meio aquele gesto, então, ele me beijou lentamente por alguns minutos, antes de se
afastar.
— Que tal um banho? — perguntou, os olhos fixos aos meus.
Naquele instante, eu me vi questionar tudo. Alexander realmente não era capaz de se
envolver? Então, o que de fato seria isso?
As mãos de Alexander se tornaram mais firmes em minha cintura, o que me trouxe de
volta à realidade. Minha boca se curvou em um sorriso e eu o medi com o olhar.
— Um banho seria ótimo — respondi, Alexander sorriu e se levantou. Em seguida,
estendeu a mão para mim, eu a peguei e deixei que me levasse para o banheiro.
Depois de toda adrenalina, lembrei-me de que Alexander queria falar sobre seu amigo
quando chegamos. Apesar de não querer que o assunto estragasse aquele momento, não
pretendia deixar para lá.
Foi por isso que levei a minha mão até as de Alexander quando estava prestes a abrir o
chuveiro. Os olhos dele vieram em minha direção, estudando-me com o olhar.
— Qual é a de Rodolfo? — questionei, sem rodeios.
A expressão de Alexander ficou tensa, confirmando as minhas suspeitas. Definitivamente,
alguma coisa estava acontecendo entre os dois.
— Eu já te disse ele é...
— Complicado? — interrompi-o. — Você já me disse isso, mas eu sei que não é só isso.
— Não é — confirmou, sério.
— Então o que é? Notei que todas as vezes em que Rodolfo vem até mim, é para provocá-
lo. Eu só não entendo o motivo, ou o que exatamente ele quer — disse, Alexander suspirou.
— Rodolfo quer que eu concorde com que ele seduza você e... — Deixou aquelas palavras
no ar, visivelmente incomodado.
— E... — incentivei-o a continuar.
— Ele quer foder você, Raissa — foi direto, deixando-me boquiaberta.
Abri e fechei a boca algumas vezes, sem saber ao certo o que pensar sobre suas palavras.
— E por qual motivo ele pensa que você concordaria com algo assim? — perguntei, em
um fio de voz.
— Porque é algo que costumávamos fazer no passado — confessou e desviou a atenção
para o registro, ligando o chuveiro.
Alexander havia conseguido me deixar perplexa. Naquele instante, queria entender o
motivo que levavam homens a fazer algo assim. Por Deus!
Forcei-me a olhar em direção ao Alexander, enquanto ele ajustava a temperatura do
chuveiro, evitando olhar em minha direção. E pela primeira vez poderia dizer que ele estava
hesitante.
— Vocês dividiam a mesma mulher? Tipo... — interrompi a fala, sem saber como
concluir. Eu já ouvi que coisas assim aconteciam entre homens, mas... não esperava que
Alexander fosse me contar algo assim.
Ele estava confessando aquilo para que eu não deixasse Rodolfo se aproximar? Toda
aquela tensão entre os dois a cada encontro tinha a ver com isso?
Eram muitas perguntas e tudo estava causando uma profusão de sentimentos.
— Mais ou menos por aí — respondeu, trazendo-me de volta à realidade.
Eu deveria repreendê-lo por tamanha safadeza, ou questionar que merda eles tinham na
cabeça. Mas a minha mente insana e esperançosa, apenas focou em outra informação que se
entranhou em meu subconsciente, à medida que processava tudo.
— Por que... você não concordou em fazer isso comigo? — perguntei, em um fio de voz,
atraindo o seu olhar para mim.
A hesitação não se fazia mais presente. O olhar estava diferente, tão intenso, que quase me
fez perder o ar.
Alexander deu dois passos em minha direção, diminuindo a distância entre nós.
— Por não estar disposto a dividir você. Nunca... — Alexander levou a mão em minha
cintura e me puxou para ele. — É por isso que eu preciso que me prometa que
independentemente de qualquer investida que Rodolfo faça, ou o quão gentil possa ser, você não
vai dar qualquer abertura para ele.
Meu coração entrou em descompasso ao ouvir aquelas palavras e aquele olhar quente,
totalmente possessivo sobre mim.
Alexander não conseguia notar? Realmente não era capaz de perceber o significado
disso?
— Raissa — chamou, o tom deliciosamente autoritário. Naquele instante, senti meu corpo
inteiro se arrepiar com a intensidade que aquele homem precisava da minha confirmação.
— Não se preocupe com isso. Eu serei apenas sua, não darei abertura para Rodolfo, nem
para qualquer outro.
As mãos quentes deslizaram para a minha bunda, fazendo com que um arrepio percorresse
por todo o caminho que fazia. Eu sabia que não deveria provocá-lo, mas decidi arriscar em algo
leve, a fim de colocá-lo para pensar.
Levei minhas mãos no peitoral firme e o olhei fixamente.
— Nesse período de um ano que estivermos juntos, será apenas você — voltei a falar, em
um fio de voz.
Seu aperto ficou mais firme na minha bunda e ele se inclinou, tomando meus lábios com
fervor. A língua invadiu a minha boca, marcando a cada movimento o seu espaço, mostrando
com aquela ação aquilo que eu já sabia. Eu era dele.
Gemi entre seus lábios e passei as mãos em volta de seu pescoço. Correspondendo aquele
beijo, enquanto as mãos quentes exploravam meu corpo, sem pudor.
Depois de alguns minutos, ele deixou os meus lábios, ofegante, os olhos cheios de desejo
se voltaram para mim.
— Ah, Raissa... eu vou te foder contra a parede desse banheiro, até que goze gostoso no
meu pau — rosnou. Em um rompante, fui virada de costas para ele.
— Por favor... — pedi, a voz cheia de desejo. O rugido que escapou dos lábios dele fez
meu corpo inteiro se arrepiar.
— Apoie as mãos na parede e empine essa bunda gostosa para mim — pediu, tão
autoritário que o gemido em antecipação fora inevitável.
Fiz exatamente como ele pediu, apoiei as mãos e empinei a bunda. Senti a mão gostosa em
minha bunda, Alexander a acariciou. Então, deu um tapa forte.
— Ah... — gemi, sentindo-me completamente encharcada.
Alexander me deu outro tapa, deixando um ardor agradável. Apenas sentir a mão forte e
quente me espalmando de forma tão sensual estava perto de me levar ao limite.
Quando fez mais uma vez, um gemido intenso deixou meus lábios. E, por um momento, eu
desejei que Alexander fizesse novamente, sentia que naquele ritmo, poderia até mesmo gozar
enquanto ele causava aquele choque gostoso em minha pele.
Senti-o se aproximar e colar o corpo no meu, a mão deslizou pela minha cintura e fez o
caminho até a minha virilha. Gemi quando os dedos tocaram a minha boceta, à medida que se
inclinava e passava a língua por toda extensão do meu pescoço.
— Ah... Raissa... — resfolegou. — Você está tão molhada para mim. Gosta disso?
— S-sim. — Minha voz falhou quando senti-o massagear meu clitóris.
O arrepio se fez maior quando ele se posicionou em minha entrada. Então, deslizou de
forma deliciosa, abrindo espaço em minha boceta, trazendo-me sensações tão gostosas e que
estavam a ponto de me enlouquecer.
Uma mão foi para a minha cintura, enquanto a outra massageava meu clitóris em
movimentos circulares. Alexander começou a aumentar as investidas, cada vez mais
intensamente.
A mão deixou o meu clitóris e ele se concentrou apenas em se afundar em mim. A única
coisa que esteve presente naquele momento foi o som dos nossos corpos se chocando e os
gemidos alucinantes que saíam de nossas bocas.
Um tempo incalculável, um desejo avassalador e uma única certeza: Cada vez que
Alexander arremetia com tanto fervor, levava-me a crer que ele queria me marcar, com tanto
afinco, para que eu nunca me esquecesse como era senti-lo em mim.
Mal ele sabia que sim, eu estava marcada. Alexander havia me estragado para qualquer
outro, exatamente como desejou, ele era o único capaz de me causar sensações tão intensas.
Era mais do que desejo, a conexão era inexplicável.
Cada estocada batendo fundo no lugar certo, levou-me rapidamente ao limite. Senti as
minhas pernas tremerem, meu sexo começou a apertar em volta do pau enquanto sentia que o
orgasmo estava cada vez mais perto.
— Isso, goza pra mim — urrou, enterrando-se ainda mais fundo.
Gritei quando o orgasmo explodiu sobre mim, Alexander seguiu as estocadas e me
acompanhou em seguida, liberando-se em um rosnado, chamando meu nome de forma tão
intensa que me fez perder o ar.
Não sabia ao certo onde estava me enfiando, não sabia se ele em algum momento me
deixaria entrar em seu coração. Mas estava disposta a arriscar.
Aquilo, não era algo apenas casual e de momento, aquela não era uma foda sem
sentimento. Era mais do que isso, e se fosse necessário que eu tivesse paciência para mostrar
exatamente o que estávamos fazendo, eu teria. Estava disposta a mostrar, mesmo que isso
pudesse me destroçar, que ele poderia chegar a amar.
Não era amor, mas poderia ser.
Acordei com a cabeça voltada aos acontecimentos da noite anterior. Suspirei profundo e
me virei, a fim de buscar o corpo de Alexander, só então, notei que estava sozinha na cama.
Aquilo me fez questionar algo que estava evitando desde que decidi me entregar por
completo. Eu poderia lidar se o resultado ao final fosse negativo?
Balancei a cabeça em negativa e me levantei, decidida a descobrir onde Alexander havia se
enfiado. Saí do quarto e caminhei pela casa, sem sinal algum de Alexander.
Quando cheguei à sala, senti o aroma de café vindo da cozinha. Um sorriso se formou em
meus lábios, ao mesmo tempo em que dei alguns passos seguindo o cheiro gostoso.
Deparei-me com uma cena que me fez parar no lugar. Alexander estava terminando de
passar o café, vestindo apenas uma cueca boxer. Apoiei-me no batente da porta, em um
movimento inconsciente cruzei o braço na altura do peito e levei o polegar à boca, mordendo-o, à
medida que observava aquele homem.
As pernas bem definidas, os braços fortes e o físico totalmente em forma. A visão à minha
frente deixaria qualquer mulher babando, exatamente como eu estava nesse momento.
Como se sentisse que estava sendo observado, Alexander se virou, dando-me a visão da
frente, e a minha cara de pau foi tamanha a ponto de não disfarçar nadinha por onde meus olhos
passeavam.
— Bom dia, dormiu bem? — perguntou, atraindo a minha atenção. Demorou uma fração
de segundos para que eu desviasse meus olhos de seu abdômen absurdamente gostoso para focar
a atenção em seus olhos.
— Mais do que bem — respondi, um sorriso sexy se formou nos lábios dele.
— Ah, Raissa... eu adoro como você é safada — Alexander falou e caminhou em minha
direção.
Sem aviso, levou as mãos em volta da minha cintura e me puxou. Então, os lábios dele
estavam sobre os meus, sugando de forma suave e em um ritmo gostoso. Quando encerrou o
beijo eu me encontrava sem ar, ele sorriu, tendo ciência do efeito que tinha sobre mim.
— Café da manhã?
— Com toda certeza — respondi, a voz contida.
Alexander me guiou para a mesa e só quando notei a quantidade de comida, tive a noção
do quanto eu estava com fome. Servi-me de um sanduíche integral e um copo de café com leite,
Alexander optou por café puro e algumas torradas.
— Como está se sentindo? — Alexander perguntou, arqueei as sobrancelhas e dei um
meio-sorriso. — Digo, não faço ideia se o seu corpo estava preparado para tudo o que fizemos.
— Me sinto deliciosamente dolorida. — Pisquei, a boca dele se curvou em um sorriso, ele
assentiu e voltou a comer.
O silêncio predominou, nos concentramos em comer, mas vez ou outra trocávamos alguns
olhares.
Estava distante, pensando no que faríamos depois que terminássemos o café. Afinal,
Alexander não havia pedido que eu ficasse, mas também não tinha dado qualquer sinal de que eu
deveria ir.
Pensar nisso me fez olhar para o meu conjunto de lingerie. A única peça que tinha ficado
inteira.
— Algum problema? — Alexander perguntou, atraindo a minha atenção para ele.
— A única coisa que me sobrou foi o conjunto de lingerie. Não tenho o que vestir para ir
embora — disse, sem graça.
— Vou providenciar para que tragam para você ainda hoje, mas quero que fique até
amanhã.
— Hum... — Medi-o com o olhar. — Tudo bem.
Voltei a atenção para a comida, pensando que seria bom passar um tempo a mais com
Alexander. Quando terminamos, ajudei-o com a bagunça que fizemos, antes de irmos para a sala.
— Vou apenas fazer uma ligação e volto já — Alexander avisou, balancei a cabeça em
concordância.
Enquanto ele foi em direção ao quarto, segui até a mesinha da entrada, onde eu tinha
deixado a bolsa, peguei o meu celular para checá-lo.
Não havia nada dos meus pais, mas cinco ligações perdidas de Vinicius. Suspirei, sabendo
que estava sendo uma péssima irmã. Ligaria para ele amanhã, quando estivesse em casa, afinal,
não queria correr o risco de Alexander nos escutar.
Chequei as mensagens, constatando que não havia nada fora do habitual, enquanto matava
o tempo fui em direção à sala para me sentar no sofá.
No caminho, eu vi que Isabella estava tendo um mini surto com alguma matéria, dizendo
que eu tinha que ver aquilo, logo abaixo me mandou um link.
— Uou! — disse, assim que a matéria que ela havia enviado abriu.
O conteúdo daquela fofoca era nada mais, nada menos do que especulações entre mim e
Alexander. Havia fotos nossas no evento beneficente e, também, fotos de ontem na casa de sua
avó.
— Eles realmente são rápidos — murmurei, enquanto descia para ler o que estava escrito.
Fui tomada pelo susto quando as mãos de Alexander contornaram a minha cintura, ao
mesmo tempo em que ele se inclinou, encaixando o rosto na curva do meu pescoço.
— Está tudo bem?
— Sim... Hã, aparentemente nós já estamos chamando a atenção de alguns paparazzis —
falei e levei o celular em direção a ele, mostrando as fotos.
Alexander pegou o celular da minha mão e se afastou um pouco, deu um pequeno sorriso
em seguida.
— “Fontes confiáveis dizem que ela é a noiva dele.” “Alexander a apresentou dessa
forma para mim.” — Leu em voz alta.
— Pelo visto foi algum fofoqueiro que estava em um desses eventos que confirmou, hum?
— brinquei, ao mesmo tempo em que virei para encará-lo.
— Isso é bom, com as pessoas falando dona Madalena não poderá relutar por muito
tempo. — Ele me entregou o celular. — Gosto disso.
— De estar na mídia?
— De ser visto com uma mulher gostosa como você. — Os olhos dele desceram pelo meu
corpo. Aquele movimento fez meu corpo esquentar.
Desviei a atenção para o celular e bloqueei a tela. Então caminhei em direção à mesinha
que se encontrava próximo ao sofá. Era tentador os pensamentos que me invadiram. Mas havia
algo que eu também esperava desse final de semana. Fazer algo diferente com ele.
— O que você faz para ocupar o seu tempo livre? — perguntei e o olhei mais uma vez,
notando o seu olhar ainda mais intenso sobre mim.
— Trabalho... e sexo — respondeu, o tom sugestivo, à medida que caminhava em minha
direção.
Dei alguns passos para trás, pensando o quão fodida eu estava, pois estava prestes a
fracassar sem nem mesmo tentar.
— Que tal fazermos algo diferente? — sugeri, enquanto ele me alcançava. As mãos
grandes contornaram a minha cintura.
— Tipo? — perguntou, antes que eu pudesse responder, ele me virou e me jogou de costas
para o sofá macio.
Seu corpo quente veio sobre o meu, abrindo espaço para se encaixar entre as minhas
pernas. Suspirei enquanto tentava não cair na tentação de sugerir exatamente aquilo que ele
estava ansiando e, naquele instante, eu também.
— Que tal um filme? — Esforcei-me para perguntar enquanto o sentia ficar duro entre as
minhas pernas.
— Que tal você assistir um filme, enquanto minha boca venera cada parte do seu corpo?
— Ei, estou falando sério.
— Eu também — respondeu, em um movimento involuntário, levei a mão sobre o seu
peito e dei um soco leve, fazendo-o dar mais uma daquelas gargalhadas que me faziam perder o
ar.
Senti-me contagiada com aquele riso e me juntei a ele.
A quem eu queria enganar? Eu queria aquilo tanto quanto ele.
A risada foi se dissipando, dando lugar novamente àquele olhar cheio de desejo, que era
capaz de me desestabilizar por completo. Suspirei profundo, tentando voltar ao que eu realmente
queria dele, um tempo fora da cama.
— Quando estivermos morando juntos, de forma alguma ficaremos presos no quarto como
dois coelhos.
— Por que não? — Senti-o pressionar o pau em minha boceta, então, de forma suave
começou a roçar em mim, fazendo com que o corpo traidor me denunciasse no momento em que
um gemido involuntário escapou dos meus lábios. — Me parece um bom plano, não concorda?
— Sim... absolutamente. — Rendi-me facilmente, enquanto a excitação de tê-lo se
esfregando em mim de forma tão sensual tomava conta.
Aquilo foi o suficiente para que ele passasse a mão por baixo das minhas costas e se
inclinasse para levar a boca em direção aos meus seios. Ele com uma habilidade fora do comum,
afastou o sutiã usando a boca e abocanhou meu seio com vontade.
— Alexander... — Soltei um gemido contido.
Queria chamar a sua atenção para mim, mas já era simplesmente impossível.
Alexander sugava meu seio com vontade, então com um rastro molhado de puro desejo,
levou os lábios até o meu outro seio, explorando-o com o mesmo desejo e intensidade.
Eu já estava totalmente entregue quando a boca gostosa deixou os meus seios, para olhar
em meus olhos.
— Prometo que veremos um filme... Em algum momento durante à tarde, ou à noite. Mas
agora, eu preciso estar dentro de você.
CAPÍTULO 29
“Tinha uma reunião logo cedo, não quis acordá-la. Fique à vontade para fazer o que
quiser, enquanto eu estiver fora. Seria adorável chegar do trabalho e encontrá-la nua em minha
cama.
Alexander K.”
Depois de um final de semana muito intenso e gostoso, foi com a cama vazia e o bilhete ao
meu lado que acordei. Tinha que dizer que foi uma experiência deliciosa passar o tempo com
Alexander, por mais que ele fosse um grande safado que me virou do avesso o quanto pôde, tudo
foi incrível.
Até mesmo o momento em que eu fiquei assistindo um filme, enquanto ele checava alguns
e-mails no notebook. Ainda assim, os olhos intensos estavam em minha direção a cada momento.
Balancei a minha cabeça em negativa, ao mesmo tempo em que um sorriso brincava em
meus lábios, lendo o bilhete mais uma vez.
— Ficar o dia inteiro ociosa, apenas esperando-o voltar? — questionei-me em voz alta. —
Capaz!
Guardei o bilhete na bolsa e pedi um Uber, agradecendo mentalmente por Alexander ter
deixado um vestido confortável para mim no banheiro.
Não demorou para que o motorista chegasse e partisse rumo à minha casa. Agradeci-o ao
sair do carro e segui em direção a portaria do prédio. De repente, dois homens altos e
carrancudos entraram na minha frente, não me deixando escolhas a não ser parar.
— Raissa? — um dos homens perguntou e me mediu com o olhar.
A sensação não foi boa, tentei manter-me impassível diante deles.
— Sim?
— Você é a irmã do Vinicius, não é? — o outro homem perguntou. E naquele momento, a
sensação ruim aumentou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Sim, aconteceu que ele pegou uma grana boa com a gente e mesmo levando uma boa
surra, insiste em falar que não tem como pagar.
— Surra? — perguntei, a voz entrecortada. — Ele está bem?
O homem sorriu de lado e balançou a cabeça em concordância, trazendo-me ao menos
uma parcela de alívio.
— Sabe como funciona: você pega dinheiro emprestado, não paga dentro do prazo e tenta
fugir. Isso tem consequências, boneca.
Congelei ao ouvi-lo, à medida que assimilava as palavras e toda a insistência do meu
irmão em pedir cada vez mais dinheiro.
— Quanto o Vinicius deve e que prazos são esses? — perguntei, sentindo o nervosismo e a
incerteza tomar conta.
— Há dois meses ele não paga um centavo, o combinado foi que ele nos passasse cinco
mil por mês.
Puta que pariu! Então era por isso que aquele idiota estava me pedindo tanto dinheiro.
— O que vocês querem comigo? — questionei, fazendo-me de desentendida.
Eu sabia, é lógico que eu sabia.
— Eu preciso receber e desde que seu irmãozinho nos disse que era você quem estava
quitando a dívida aos poucos, tomei a liberdade de vir direto na fonte.
— Não tenho como ajudá-lo nesse momento. Eu fui...
— Será que não? — o homem me interrompeu. — Vinicius nos contou que você estava
prestes a receber uma rescisão de sete anos.
— Eu não assinei nada, muito menos peguei dinheiro com vocês. Não podem aparecer
aqui e...
— Você tem certeza disso? — o homem me interrompeu, dessa vez a voz ressoou mais
firme.
— Ela tem razão. — O outro homem que até o momento se mantinha calado resolveu
falar. — Mas preciso perguntar, não tem medo do que pode acontecer com seu irmão, caso ele
não nos pague?
— Sinceramente, o Vinicius jurava que você se importaria... que decepção. — O tom do
seu comparsa fez meu coração entrar em descompasso.
Sem dizer mais nada, eles simplesmente deram as costas para mim e começaram a se
afastar.
— Espera! — pedi, em súplica.
Vinicius era a porra de um irresponsável, mas era meu irmão. Como eu poderia deixá-lo
desta forma?
— Diga, boneca.
— Qual é a quantia que ele deve?
— R$70 mil.
— Puta merda! — Resfoleguei. — Como vocês emprestam esse dinheiro todo a um
moleque como Vinicius?
— Juros sobre juros, seu irmão está nos enrolando há muito tempo, mas é a primeira vez
que ele fica tanto tempo sem nos dar dinheiro.
Uma risada cheia de nervosismo escapou dos meus lábios. Os homens me olharam como
se fosse louca, mas a única coisa que eu conseguia pensar era que a vida só podia estar me
pregando uma peça para sugar todo e qualquer dinheiro que eu possa vir a conseguir. Nesse
momento, toda a minha reserva estava prestes a ir embora também, novamente eu ficaria
devendo até o que não tinha.
— O que é tão engraçado? — O homem semicerrou os olhos. O sorriso nervoso se desfez
e eu tentei me controlar. Afinal, os caras não pareciam estar para brincadeira.
— Não é... Hum... — Fiz uma pausa para pensar em como resolver aquilo. — Vocês
podem me dar essa semana? Eu não tenho todo esse dinheiro, mas passarei o que conseguir e
podemos quitar o restante o mais rápido possível. Eu apenas preciso conversar com Vinicius e
ver como posso fazer.
O homem balançou a cabeça em concordância e tirou um cartão do bolso da jaqueta.
Então, o estendeu para mim.
— Esperarei seu contato. Desde que pague o que aquele merda me deve, tudo ficará certo.
Não fizeram questão de uma resposta de minha parte. Mais uma vez, eles estavam indo
embora, deixando-me ali em meio a uma profusão de sentimentos, assimilando tudo o que
acabou de acontecer.
Quando os homens sumiram do meu campo de visão, forcei-me a ir em direção ao meu
apartamento. A cabeça estava a mil, enquanto tentava achar uma saída que não prejudicasse a
mim e minha família.
Peguei meu celular e disquei o número daquele inconsequente, à medida que ia direto para
o meu quarto.
— Oi, Raissa. — Vinicius atendeu, a voz desanimada.
Estava prestes a xingá-lo de todas as formas possíveis, à medida que jogava o meu corpo
sobre o colchão. Mas eu não conseguia ser assim, não quando ele não estava com o sarcasmo de
sempre.
Sabia que aqueles caras não eram bons e senti na voz dele que algo não estava certo.
— Como você está? Machucaram você? — Vinicius suspirou, apenas me confirmando que
sim, ele estava totalmente ciente do que eu estava falando.
— Eles foram até você? — A voz embargada. — Me desculpe, Raissa, eles estavam
dispostos a tudo para que eu falasse o seu nome.
— Você passou dos limites, eu vou dar tudo o que tenho e ainda não será suficiente. São
R$70 mil, droga! — repreendi-o. — Eu só espero que você tenha uma boa explicação, que porra
você fez com esse dinheiro? Quem são esses caras?
— Agiotas.
— Droga, Vinicius! — briguei. — Por que merda esses caras emprestaram essa grana para
você? Meu Deus... Você está me ferrando completamente.
— Foi por causa do cassino — confessou, naquele instante quis matá-lo.
— Voltou a frequentar essa merda? — perguntei com a voz alterada.
Não dava para acreditar. O inconsequente achava que a melhor forma de ter uma vida boa
era conseguir a porra do dinheiro fácil.
É por isso que eu digo que não confio em nada que vem fácil.
— Eu vou te pagar... prometo que vou.
— Nós sabemos que não vai. — Suspirei. — Fique longe desses caras e, pelo amor de
Deus, pare de ir a esses lugares em busca de dinheiro fácil. De um jeito de voltar para a
faculdade e...
— Eu sei... eu sei... — ele me interrompeu, como sempre.
— Apenas... me escute dessa vez, não vou ficar limpando suas sujeiras para sempre —
avisei-a, a voz contida, ao mesmo tempo em que me sentava na cama. — Não vou contar para os
nossos pais, mas essa é a última vez que eu faço isso por você.
— Obrigado, Rai — disse, desarmando-me.
Eu odiava ter o coração tão mole. Mas era família, o que eu poderia fazer?
— Como você está? Eles realmente bateram em você? — perguntei, preocupada.
— Bastante... terei que ficar algumas semanas sem visitar os nossos pais.
— Deveria ter me falado que era sério.
— Eu tentei, mas você tem ignorado minhas ligações há quase dois meses.
— Não teria feito isso se tivesse me contado que eu não teria escolha. Agora só... fica
longe de problemas, ou vai acabar matando os nossos pais de desgosto — soltei de uma vez.
O silêncio se fez presente do outro lado da linha, esperei que ele assimilasse aquela
informação.
— Obrigado... — falou, por fim.
— Entro em contato quando resolver as coisas... se cuida — avisei e encerrei a ligação,
sem esperar uma resposta.
Eu estava ferrada, muito ferrada.
Suspirei fundo e me levantei pronta para fazer aquilo que fazia de melhor. Resolver
problemas.
— Sim? — Uma voz grave e séria pairou do outro lado da linha.
— Oi, é a Raissa, irmã do Vinicius — falei, ajustando-me no sofá. Então, peguei a folha
com as minhas anotações.
— Não imaginei que fosse ligar tão rápido.
— Qual o seu nome? — perguntei, disposta a ignorá-lo.
— Pode me chamar de Rick.
— Tudo bem, Rick. Fiz algumas contas e consigo te passar hoje 35 mil, depois quito o
restante em parcelas mensais de 5 mil — falei, largando a folha sobre a mesa, sentindo o meu
coração ansioso pela resposta do cara.
O silêncio se fez presente, deixando-me ainda mais aflita.
Alexander havia quitado todas as minhas dívidas, mas o valor prometido ainda não havia
sido depositado em minha conta. E mesmo que fosse, a última coisa que eu queria era usar
aquele dinheiro.
— Me desculpe, eu não tenho como pagar tudo de uma só vez — voltei a falar.
— Nesse caso, eu terei que adicionar juros sobre o valor — disse, sério.
Suspirei fundo, levando a mão no rosto.
Um filho da puta oportunista, claro.
— Tudo bem, Rick, me mande o seu Pix e o valor atualizado.
— Não trabalho com pix, garota. — Ele alterou o tom de voz. — Vou te mandar o valor
atualizado, e combinamos de me entregar o dinheiro em mãos durante a semana.
— Ficamos combinados assim então.
— Nos falamos, boneca.
Enjoada com seu tom, encerrei a ligação e, em seguida, disquei o número de Vinicius.
Coloquei-o a par de tudo e desliguei, sem querer dar muito papo para ele.
Não era a primeira vez que Vinicius me arrumava problemas, mas era a primeira vez que
eles eram realmente sérios.
Juntei as minhas anotações e as guardei. Havia passado o dia todo em cima disso, fazendo
cálculos e decidindo qual a proposta que faria. Ainda que tivessem adicionado juros, depois de
conversar com eles sentia que poderia relaxar pelo menos um pouco.
Fui para o banheiro, a fim de tomar um banho quente e tentar tirar toda aquela confusão da
cabeça. Devo ter ficado mais de trinta minutos embaixo do chuveiro, tentando me concentrar em
coisas boas, como o final de semana com Alexander.
O som da campainha me tirou daqueles devaneios, obrigando-me a sair do chuveiro e
vestir algo rápido para atender a porta. Segurei a respiração no momento em que constatei no
olho mágico de quem se tratava a essa hora.
Levei a mão à maçaneta e abri a porta. Só então me permiti respirar com a visão completa
do homem à minha frente.
Alexander com aquele olhar intenso sobre mim, vestindo um terno que se ajustava
perfeitamente ao corpo e com uma garrafa de vinho na mão.
— Oi... — cumprimentei-o em um fio de voz.
— Pensei que te encontraria na minha cama, quando voltasse para casa — disse, sério,
enquanto me media com o olhar.
Com toda certeza essa seria a melhor parte do meu dia.
Forcei um sorriso, torcendo para que ele não notasse o turbilhão que minha mente estava,
então, indaguei:
— Parece que nem tudo acontece da forma que desejamos, não é, Alexander?
CAPÍTULO 30
— Não me deixou nenhuma escolha, linda, a não ser vir até você. — Um sorriso brincou
nos lábios de Alexander, ao mesmo tempo em que balançou a garrafa de vinho em suas mãos. —
Vai me convidar para entrar?
— Sim... Hum... — respondi, hesitante, e desviei o olhar, à medida que dei espaço para
que entrasse.
Mas ao invés de entrar aquele homem parou à minha frente e levou a mão livre em meu
rosto, forçando-me a encará-lo, então franziu as sobrancelhas.
— Está tudo bem? — perguntou com os olhos fixos aos meus. Sentir a preocupação em
sua voz fez meu coração palpitar.
Minha expressão suavizou um pouco.
— Sim, só tive um dia difícil. — Dei um meio-sorriso. — Problemas com meu irmão mais
novo.
— Quer falar sobre isso? — perguntou, surpreendendo-me com toda a atenção.
— Hum... não, eu apenas preciso relaxar um pouco... — Olhei-o de forma sugestiva, a fim
de desviar o assunto. — E nada como um bom vinho.
— Ah, claro. — Ele sorriu e se inclinou, deixando um beijo em meus lábios. — Tenho
algo melhor do que o vinho para você.
Piscou de um olho e me lançou um sorriso tão safado que fez meu coração quase saltar
para fora.
Alexander se afastou e entrou no meu apartamento. Fechei a porta e segui ao lado dele.
Minha boca se curvou em um sorriso enquanto o observava.
Não estava acostumada com essa versão dele, Alexander era sempre tão sério e autoritário,
mas nesse momento, estava visivelmente relaxado, em um momento de descontração.
— Onde é a cozinha? — perguntou, andando na direção certa.
— Exatamente aí — falei e o acompanhei.
Quando entramos na cozinha, ele deixou a garrafa sobre o balcão e passou os olhos pelo
local.
— Taças?
— Estão aqui. — Indiquei e passei por ele, então, abri a porta do armário e mostrei onde as
encontraria.
Depois de pegá-las, Alexander as colocou sobre a bancada.
— Saca-rolhas? — perguntou.
Peguei na primeira gaveta o entreguei. Alexander abriu a garrafa e serviu as taças. Em
seguida, depositou-a sobre a bancada e me entregou uma taça.
Estendi-a em direção a ele e aguardei que fizesse o mesmo, para que brindássemos. Depois
do brinde, Alexander levou a taça à boca e tomou um longo gole, os olhos fixos aos meus.
Sem quebrar aquele contato eu fiz o mesmo, tomando uma boa quantidade de vinho. Senti
meu corpo esquentar com o olhar tão intenso sobre mim.
— Devemos ir para sala? — perguntei, a fim de tirar o seu olhar sobre mim. Caso
contrário, como uma grande devassa, seria eu a primeira a acabar o atacando.
— Eu gosto da cozinha — disse, sério, em seguida tomou o restante do líquido em um
único gole.
No instante seguinte, a mão dele estava sobre a minha pegando a taça e a tirando de minha
mão.
— O que você...
— Shh... te farei relaxar. — Meu coração quase saiu pela boca com a voz autoritária ao
dizer aquelas palavras.
Sem aviso, Alexander levou a mão em minha cintura e me levantou, colocando-me sobre a
bancada. Alexander afastou-se um pouco e levou a mão à gravata. Começou a desfazer o nó
lentamente enquanto os olhos intensos e cheios de desejos estavam sobre mim.
Ao tirar a gravata, ele se aproximou e a colocou sobre os meus olhos.
— Alexander... — sussurrei, sentindo-o amarrá-la, como uma venda em meus olhos.
Ansiei por perguntá-lo o que estava fazendo, mas sabia que seria um ato falho, ele
certamente não contaria, então optei por esperar.
As mãos quentes foram para os meus braços, em seguida ele os ergueu. Permaneci daquela
forma, sentindo-o tocar a barra da minha blusa. Ele passou-a por cima da minha cabeça e a tirou.
— Apoie os braços no meu pescoço — pediu e se inclinou.
Quando o fiz, Alexander levou a mão no meu short jeans e o desabotoou. Levantei o
quadril enquanto me apoiava nele, ajudando-o a se livrar daquela peça, logo, ele fez o mesmo
com minha lingerie.
Então, Alexander se afastou.
Eu o sentia pelo ambiente, mas não sabia qual seria sua próxima ação. Alguns instantes
depois, senti meu corpo inteiro se arrepiar ao ouvir o som do zíper da calça, denunciando que ele
estava se despindo.
Eu não conseguia vê-lo, mas podia imaginar o corpo definido sendo exposto a cada som
emitido, isso era a porra de uma tortura e fez meu coração saltar com a expectativa.
Ao sentir sua aproximação, não perdi tempo em levar a mão em busca dele. Quando
consegui tocar os músculos firmes de seu abdômen, tive a certeza de que ele havia tirado a
roupa.
Senti seu toque sobre as minhas mãos, ele fez o caminho suavemente do meu braço até o
pescoço, meu corpo inteiro se arrepiou com aquele ato. Resfoleguei, sentindo-o colocar uma
pressão maior dos seus dedos em meu pescoço.
Sem aviso, Alexander me inclinou sobre a bancada, fazendo com que meu corpo se
estendesse na pedra, apoiei os meus cotovelos sobre ela, o gemido foi inevitável ao senti-lo
passar o pau em minha boceta, de forma tão erótica e sensual.
— Hoje você só vai sentir — falou, o tom autoritário apenas fez com que minha ansiedade
aumentasse ainda mais.
Então, senti os lábios macios em meu pescoço, à medida que ele se acomodava no meio
das minhas pernas. Alexander começou a deixar uma trilha molhada de beijos por toda parte,
enquanto as mãos deixavam o meu pescoço para deslizar em direção aos meus seios.
O ritmo era lento e torturante.
Estava a ponto de implorar que aquele homem acabasse logo com a tortura. Mas, ao
mesmo tempo, tudo aquilo era sensual demais e não conseguia pedi-lo para parar.
A sensação era gostosa, a ponto de gemidos contidos começarem a deixar meus lábios.
Conforme a boca hábil descia em direção aos meus seios, a ansiedade aumentava. Arqueei as
costas ao senti-lo abocanhar meu seio com uma pressão deliciosa, enquanto a outra mão deslizou
para agarrar meu seio livre.
Alexander sugou, lambeu e deu leves mordidinhas em cada um deles, enviando alguns
choques por todo o meu corpo, antes de começar a descer os beijos lentamente.
Apesar de não conseguir vê-lo, conseguia imaginá-lo perfeitamente descendo, segurando
as minhas coxas e se acomodando entre elas. A respiração ofegante contra a minha pele,
denunciava que ele estava tão envolvido quanto eu.
Fui tomada pelo susto quando ele abriu as minhas pernas de uma vez, mas se dissipou por
completo no instante em que senti a língua quente lamber a parte interna da minha coxa,
enviando alguns arrepios por todo o meu corpo.
Aquela era uma experiência que eu jamais esqueceria. E no momento, a tortura estava tão
grande que estava quase impossível suportar.
— Alexander... eu preciso de você — supliquei, entre gemidos.
— Tenha paciência, minha preciosa — pediu, a voz contida.
Então os lábios dele estavam em minha boceta. Alexander começou a sugar de forma
extremamente sensual, fazendo com que os gemidos fossem insuportáveis de segurar.
Estava tão sensível, que ele precisou apenas de algumas investidas para que eu me
rendesse totalmente em um gemido avassalador.
— Puta... merda... Alexander. Eu preciso de... você — disse, a voz entrecortada, enquanto
tentava me recuperar daquele orgasmo.
— Eu vou te dar. — Seu tom apenas me fez ficar mais ansiosa.
Notei que ele havia se levantado, alguns instantes depois ele estava se ajeitando no meio
das minhas pernas. Suas mãos tocaram as minhas costas e ele me puxou para cima, ajeitando-me
para ficar colada nele. O arrepio percorreu todo o meu corpo quando o senti se posicionar em
minha entrada.
— Passa as pernas em volta da minha cintura — ordenou. Eu prontamente o fiz.
Senti os lábios dele tocarem os meus, uma surpresa totalmente gostosa. Então, me beijou
de forma lenta e doce. Aquilo me fez lembrar exatamente da nossa primeira vez juntos.
Enquanto os lábios doces e lentos exploravam os meus, senti-o deslizar para dentro de
mim, fazendo nossos lábios se separarem por um breve momento. Nossos gemidos se
sincronizaram e, sem demora, ele voltou a me beijar.
Senti-o puxar o pau totalmente para fora, em seguida se afundar em mim mais uma vez.
Ele repetiu aquele movimento algumas vezes, quase me fazendo enlouquecer a cada movimento.
Estava tão sensível que sentia um choque intenso a cada deslize para dentro de mim. E
logo, o que era doce se transformou em algo mais intenso, e forte.
Seus beijos se tornam sem pudor, as investidas fortes e profundas aumentam de forma
alucinante. Eu já não estava mais em meu juízo perfeito. Conter os gemidos era algo impossível,
enquanto sentia que o clímax estava cada vez mais perto.
Uma das mãos fortes deslizou rumo ao meu pescoço mais uma vez e o senti apertá-lo
suavemente, enquanto os lábios devoravam os meus. O movimento novo trouxe um arrepio tão
gostoso, que me levou à beira do precipício, com a certeza de que eu era dele, apenas dele.
As pernas estavam trêmulas, os arrepios por todo o corpo a cada choque profundo, à
medida que eu me rendia completamente a ele.
— Ah... Raissa. — Alexander urrou, pude sentir em seguida o seu jato quente dentro de
mim, enquanto a mão apertava o meu pescoço de forma extremamente sensual. — Porra.
Logo, a mão dele deixou o meu pescoço, à medida que se inclinou, passando as mãos em
volta de mim e me apertando contra ele. A boca foi para a curva do meu pescoço, enquanto
sentia sua respiração totalmente irregular em meu ouvido.
— Vai ser uma tortura ficar uma semana sem ver você — disse, em meio a um resfolego.
— Uma semana? — perguntei, tentando recuperar o fôlego. Então o senti se ajeitar,
tirando o rosto da curva do meu pescoço, em seguida as mãos foram para o meu rosto e tirou a
venda, deixando-me contemplar como ele estava extremamente sexy naquele momento.
E, por um momento, eu quase me esqueci de suas últimas palavras. Mas arqueei as
sobrancelhas em um questionamento silencioso.
— Precisarei viajar para São Paulo amanhã pela manhã. — As mãos dele foram para o
meu rosto. — Mas voltarei a tempo para o almoço na minha avó.
— Você realm... — interrompi minha fala de forma abrupta.
Quem era eu para perguntar se ele precisava mesmo ir? Isso não era algo que eu deveria
deixar transparecer.
— Eu?
— Nada. Vai dormir aqui... comigo?
Ele me mediu com o olhar e não disse nada por um momento. Percebi naquele instante que
aqueles não eram os planos.
— Posso ficar se quiser — respondeu, os olhos fixos aos meus. Alexander abriu e fechou a
boca duas vezes, como se estivesse hesitante. Apenas aguardei que ele continuasse. — O que
aconteceu mais cedo com o seu irmão?
Um sorriso se formou em meus lábios. Ali estava a preocupação de Alexander. Para mim,
era tão claro. Gostava dessa sensação.
Alexander continuou me encarando, aguardando a minha resposta. Balancei a cabeça em
negativa, decidindo que não o meteria nos problemas do meu irmão.
— Prefiro gastar o nosso tempo juntos de outra forma — respondi e passei as minhas mãos
em volta do pescoço dele. — O que acha de irmos para o chuveiro?
A boca de Alexander se curvou em um sorriso cheio de malícia ao me ouvir.
— Acho que seria perfeito.
CAPÍTULO 31
— Ei, o que está acontecendo? — perguntei, observando Isabella suspirar profundamente
pela décima vez em menos de duas horas.
Minha amiga desviou o olhar para onde Mel se encontrava. Segui-a, notando que a
pequena estava absorta em seus jogos on-line.
Isabella se recostou no sofá e voltou a me olhar.
— Mel perguntou sobre o pai ontem. Eu sabia que essa pergunta chegaria, mas ela me
pegou desprevenida, então, não soube como contornar a situação — sussurrou, em uma mistura
de incerteza e preocupação.
— Era de se esperar — comentei, tentando tranquilizá-la. — Conforme as crianças veem
seus coleguinhas com os pais, a curiosidade naturalmente surge.
Minha amiga balançou a cabeça em concordância, deixando evidente o quanto estava
perdida.
— Eu sei, é que... — Deixou aquelas palavras no ar, como se buscasse a maneira certa de
dizer o que a estava incomodando.
— Há oito anos, eu tenho tentado descobrir quem é o pai da Mel. Uma hora você terá que
falar sobre ele — sugeri, suavemente.
— É passado, foi coisa de uma noite, e aposto que ele nem se lembra da minha existência
— disse, como sempre tentando afastar o assunto.
Permaneci com os olhos fixos a ela. Sempre fui o tipo de amiga que não se intrometia
quando notava que a outra parte não queria falar, mas vendo Isabella daquela forma, não
consegui segurar o questionamento que me rondava há um bom tempo.
— Se tem tanta certeza de que o cara não lembra de você, por que foge dele toda vez que o
vê?
— O quê? De onde tirou essa... — Ela congelou, visivelmente surpresa com a minha
observação.
— Eu não faço ideia de quem seja ele, mas notei que em alguns eventos que coordenamos,
você ficou estranha e sumiu. E nada me tira da cabeça que você está fugindo dele. Eu só queria
saber, quem poderia ser?
— Amiga... — Suspirou mais uma vez, desconcertada.
— Não estou aqui para julgá-la, tampouco para obrigar que se abra, mas já pensou que
talvez ele também queira saber que tem uma filha? Até porque, da forma que age, tenho certeza
de que nem mesmo contou para ele — disse, e o silêncio que se formou fez com que eu
confirmasse as minhas suspeitas.
Estava prestes a questioná-la quando a campainha tocou, quebrando o momento tenso.
— Está esperando por alguém? — Isabella perguntou, neguei com a cabeça.
— Só um minuto, eu vou checar.
Após dizer aquelas palavras, levantei-me e fui em direção à porta, sem saber ao certo quem
poderia ser a essa hora.
Ao abrir a porta, meu coração entrou em descompasso ao dar de cara com aqueles olhos
azuis e intensos que me balançavam por completo. Era Alexander, minha surpresa foi enorme,
visto que não fazia ideia de que ele já estava de volta ao Rio e a previsão era que nos víssemos
apenas amanhã, para irmos à casa da avó dele.
— Eu sabia que a semana seria torturante, mas isso é demais — disse, quebrando o
silêncio. — Eu acabei de chegar ao Rio e não consegui fazer outro caminho que não fosse vir até
você.
— Foi torturante para mim também. — Sorri nervosamente, sem a certeza do que
estávamos fazendo.
— Pombinhos. — A voz de Isabella ressoou, atraindo a nossa atenção. Foi quando notei
que ela estava com suas coisas e segurando a mão de Mel. — Não quero atrapalhá-los, nos
vemos depois.
Alexander deu um sorriso de lado e assentiu, em seguida, os olhos foram para a pequena
Mel, que se enfiou entre nós e sorriu.
— Até mais, tia — ela disse, inclinei-me para abraçá-la. Quando me afastei, os olhos
curiosos foram para Alexander. — Ele é seu namorado?
— Hum, sim — respondi, e dei espaço para que a pequena olhasse para Alexander.
— Oi, tio — Mel o cumprimentou, educada.
E sem esperar retorno, ela passou por nós, o que arrancou uma risada de todos. Em meio a
um sorriso, Isabella passou por nós e piscou para mim.
— Temos uma conversinha pendente, dona Isabella — avisei, ela fez uma careta e deu as
mão para Mel, seguindo em direção ao elevador.
Então, meus olhos foram para Alexander.
— Não vou me desculpar por atrapalhar a sua noite — disse e deu um passo em minha
direção, eliminando a distância, ao mesmo tempo em que passava as mãos em volta da minha
cintura.
— Serei uma péssima amiga em dizer que essa é a melhor forma de terminar a noite? —
perguntei, a boca dele se curvou em um sorriso.
— Definitivamente, não.
Intercalei o olhar entre os olhos e a boca, que estavam perto demais, e antes que
pudéssemos fazer qualquer cena para os vizinhos, falei:
— Vamos entrar Alexander, quero que me mostre do que mais sentiu falta durante a
semana.
O caminho de volta para o hotel pareceu uma eternidade. E quando chegamos, estacionei o
carro na entrada e deixei a chave com um dos manobristas.
Então, entrelacei as nossas mãos e a guiei pelo hall do hotel, com apenas um destino em
mente.
O nosso quarto.
— Alexander, até que enfim. — Aquela voz tão familiar me fez parar abruptamente. Virei-
me, incrédulo, à medida que o filho da puta se aproximava.
Não conseguia acreditar naquilo que estava à minha frente. E, sinceramente, pensei em
ignorar, mas eu o conhecia muito bem para saber que era perda de tempo. Portanto, decidi
esperar que Rodolfo parasse a minha frente.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, de forma ríspida.
— Vocês estão aqui voltando ao passado. Como poderiam fazer isso sem mim, já que
também faço parte disso? — Rodolfo cuspiu aquelas palavras
— Rodolfo — disse em tom de aviso.
— O que quer dizer com isso, Rodolfo? — Raissa perguntou, confusa, e eu entrei em
desespero com a possibilidade de o filho da puta falar demais.
— Ele está apenas fazendo o que faz de melhor, me irritar — falei, sério, tentando não
transparecer o quanto aquilo me afetou.
— Talvez, sim. Talvez não. — Rodolfo voltou a falar, sem esconder o deboche.
Sem perder tempo, tirei o cartão do quarto do bolso e me virei para Raissa.
— Pode me esperar lá em cima? Vou conversar com ele e prometo te explicar — pedi,
autoritário.
Raissa me mediu com o olhar e, em seguida, balançou a cabeça em concordância. Em
seguida, pegou o cartão de acesso em minha mão. Senti-me o pior cara do mundo, por usar a
minha autoridade para a convencê-la a fazer aquilo que eu queria, mas não poderia deixar que
Rodolfo fizesse aquilo, não poderia deixar que ela descobrisse qualquer coisa sobre o passado,
não daquela forma.
— Obrigado — agradeci-a.
— Até mais, boneca — Rodolfo despediu-se, Raissa se virou, ignorando-o, e foi em
direção ao elevador.
Sem dizer uma palavra, fui até a recepção e pedi à garota que estava atendendo, a chave da
sala privada que havia naquele andar. Depois que ela me entregou caminhei em direção a ela,
sentindo que Rodolfo me acompanhava com um sorriso nos lábios.
Quando chegamos em frente à sala, eu a abri. Dei espaço para que Rodolfo entrasse,
quando o fez, fechei a porta atrás de nós, então, me virei em direção a ele.
— O que pensa que está fazendo? Está a vigiando? Realmente está fazendo isso? —
perguntei, sem esconder o quanto estava puto.
Não havia outra explicação para tantas coincidências. Tanto na sorveteria, quanto nesse
momento.
— Estou animando as coisas — respondeu, ignorando as minhas perguntas, apenas me
confirmando que era exatamente o que estava fazendo.
De volta ao jogo, era como agíamos após escolher a garota.
— Animando? Se ela desiste por suas insinuações e a minha avó descobre o que estou
fazendo, eu perco a empresa e os hotéis. Tem noção disso? — perguntei, totalmente puto com o
jogo que o filho da puta estava fazendo.
— Tem certeza de que é por isso que está assim? — questionou, fazendo meu coração
estranhamente entrar em descompasso.
— O quê?
— Você sabe que sua avó te ama demais para tirar a empresa de você, nem sequer
precisaria desse contrato ou da Raissa. E eu sei que você é totalmente ciente disso. Então eu te
pergunto, você tem certeza de que é por isso?
Hesitei por um momento.
— É claro que é por isso.
— Vai me dizer que não se importa que aquela boneca descubra toda a sujeira que fizemos
no passado? Não está com medo de que ela saiba o quão baixo você já foi? — Aquelas perguntas
me fizeram vacilar.
Porra, o que Rodolfo estava fazendo?
— Não estou.
— Ótimo, então eu vou contar tudo. — Rodolfo fez menção de voltar para o hall do hotel,
aquela possibilidade me tirou do eixo.
Em um rompante, o agarrei pela gola da camisa e o prendi na parede.
— Não fode com a porra do meu juízo, cara — rosnei.
— O quê? Está com medo de que Raissa fique tão decepcionada que me procure para
consolá-la? — indagou, aquilo foi o suficiente para testar todo e qualquer limite que eu tinha.
Eu queria muito socar a cara dele.
Mas me segurei.
— Você não vai contar nada — avisei, firme, em um tom tão autoritário que o
desconcertou. — Pelos anos de amizade, eu vou te deixar ir. Mas não se aproxime de mim ou de
Raissa, senão juro que usarei tudo o que você sabe que eu tenho para pará-lo sem hesitar —
ameacei-o. — Você me conhece bem e sabe do que sou capaz.
— Você realmente se apaixonou por ela. — Aquelas palavras saíram da boca dele em um
fio de voz, como se nem ele acreditasse naquela loucura.
Um aperto se formou em meu peito.
Mas que porra... Isso não era amor... eu só não queria que ela conhecesse essa parte de
mim... não queria magoá-la.
— Você... Não sabe de nada — rosnei, entredentes, e o larguei, então me virei caminhando
para fora, antes que o idiota falasse qualquer outra merda.
— Veja os sinais, Alexander, você se apaixonou e no final ela vai acabar com você. —
Ouvi o apelo dele um pouco distante.
Decidi ignorá-lo e fui para o mais longe possível daquele imbecil.
Não, Raissa não acabaria comigo. Na verdade, temia que fosse eu, quem acabaria com ela
com toda a bagagem suja que carregava.
CAPÍTULO 37
Suspirei profundo ao parar em frente à porta do quarto. Minha cabeça estava uma bagunça,
pensando na melhor possibilidade para me esquivar das perguntas que eu sabia que viriam no
momento em que me deparasse com Raissa.
Sem querer prolongar a tortura, levei a mão à campainha e a toquei, então, esperei até que
em um rompante a porta se abriu, revelando os olhos sérios em minha direção.
Em um completo silêncio, Raissa me deu espaço para entrar.
E como poucas vezes na vida, eu estava hesitante, sentindo-me perdido por não ter o
controle da situação.
Passei por Raissa e caminhei pelo quarto, ao passo que fechou a porta atrás de nós.
Quando ela se virou para mim, mantive-me em silêncio, esperando para ter a dimensão de como
seria a reação daquela que foi capaz de me atormentar ainda mais, apenas com um olhar.
— Pode me explicar o que exatamente aconteceu há oito anos?
— Não vamos voltar ao passado, Raissa, não tem nada de bom lá — pedi, sério,
suplicando aos céus que ela deixasse esse assunto para lá.
— Você prometeu — enfatizou, fazendo com que eu me odiasse.
Raissa veio para o quarto sem questionar nada, exatamente pela minha promessa. Ela
confiou que daria as respostas, e que tipo de cara seria se não dissesse nada?
— O que você quer saber? — perguntei, sondando o que se passava em sua cabeça.
Eu não queria mentir, mas se pudesse omitir o início de tudo, eu faria.
— Quero que me conte o que está acontecendo entre você e Rodolfo, quero saber o que ele
quis dizer com: “eu faço parte disso”.
— Ele quer me tirar do sério, Raissa, exatamente por eu não concordar que ele tenha você
e, dessa vez, foi longe demais com isso.
— Esse cara ainda segue com essa ideia de que vocês dois possam me dividir? —
perguntou, arqueando as duas sobrancelhas. — Por que isso? Por que essa insistência em algo
que eu nunca concordaria?
Suspirei profundo, decidindo exatamente o que eu contaria a ela. Raissa merecia saber a
verdade para entender o motivo de Rodolfo ser tão insistente ou, pelo menos, parte dela.
— Não era apenas isso — comecei, sincero. — Nós tínhamos um esquema, dividíamos as
mulheres, mas elas não sabiam que tínhamos ciência de que estavam trepando com os dois —
expliquei, fazendo-a franzir as sobrancelhas.
— O que exatamente vocês faziam?
— Eu já fiz muitas coisas, muitas coisas das quais me arrependo amargamente, coisas que
não me orgulho, mas não tenho como mudar. Fazem parte do meu passado.
— O que vocês faziam, Alexander? — ela repetiu a pergunta, incisiva.
Desviei o meu olhar, sentia-me incapaz de confessar, tendo o peso do seu olhar sobre mim.
— Nós escolhíamos uma mulher e a seduzíamos individualmente, então começávamos a
criar situações para nos encontrar por coincidência. — Dei um sorriso amargo. — Pelo menos,
era isso que elas pensavam, que elas estavam fodidas com a infeliz coincidência de ter nós dois
no mesmo ambiente.
— Ah, meu Deus! — disse, em sobressalto. — Está me dizendo que quando Rodolfo
apareceu correndo próximo à sorveteria não foi coincidência?
— Não foi, ele certamente já estava observando você e montou todo aquele cenário,
querendo se aproximar de você para iniciar essa merda.
— Por isso você estava tão nervoso — concluiu, foi quando me arrisquei a olhá-la.
— Sim, porque eu disse a ele que não faríamos isso. Eu nunca quis, Raissa, que ele se
aproximasse.
— Eu sei... — Suspirou. — Então, esse é o motivo que o fez começar a provocar você
daquela forma.
— Sim, é o que ele tem feito desde que pôs os olhos em você.
— Por que Rodolfo está fazendo isso? Se você disse que não quer fazer isso...
— Porque ele me quer de volta em tudo isso — interrompi-a. — Mas eu parei... parei há
muitos anos.
— O que mais vocês faziam? — Sua pergunta me fez vacilar.
Eu queria ser sincero, ela precisava disso, mas não estava disposto a contar tudo, tinham
coisas que ela não deveria saber, nunca.
— Nós começávamos a brincar em meio a essas coincidências. Sabíamos de tudo, mas elas
pensavam que não, então começávamos a armar situações onde elas sentiam que poderiam ser
descobertas pela sujeira de estar com dois caras ao mesmo tempo, usávamos isso para deixá-las
completamente loucas.
Raissa cruzou os braços e me mediu com o olhar. Ela prendeu a boca, enquanto lágrimas
brilhavam em seus olhos. Desviei o meu olhar para o nada, sem dizer uma palavra. Queria a
deixar assimilar o que eu acabara de contar.
— Era um jogo sujo e psicológico — concluiu, a voz contida.
— Isso.
Naquele instante, sentia que era um peso que estava tirando do peito. Pelo menos, parte
dele.
— Como vocês as escolhiam? — Raissa perguntou, fazendo o meu corpo enrijecer. Eu não
poderia contá-la.
Raissa era esperta, se eu a contasse sacaria que sim, nós chegamos a cogitá-la para esse
jogo. E isso não era algo que eu queria que descobrisse. Não queria que descobrisse o quão perto
estivemos de jogar com ela, não suportaria que suspeitasse que fora uma opção.
— Alexander? — indagou, tirando-me do estado de torpor.
— Me pergunte outra coisa, Raissa, isso não é algo que eu queira relembrar — pedi, sério.
— Eu preciso saber, só assim eu vou entender você. Eu quero saber tudo. — A voz saiu
alterada. Senti que precisava recuar urgentemente.
Foi quando eu me afastei. Virei-me e caminhei pelo quarto em direção ao frigobar, em
busca de uma garrafa de uísque.
— Não há nada que eu possa te dizer em relação a isso — respondi, à medida que ouvia
seus passos em minha direção.
— Realmente não vai me contar? Por quê? — perguntou, parando um pouco distante,
fazendo-me suspirar.
— Porque não é relevante para que entenda a situação — respondi ao passo que pensava
em uma saída.
Peguei um copo e servi uma dose.
— Para mim é! — insistiu. — Como eu posso entendê-lo, se não me contar os motivos?
— Eu já te contei — fui firme. Então, a senti se aproximar de mim.
— Não, você está escondendo as coisas, não está me contando tudo.
— Estou te contando o suficiente para que entenda por que Rodolfo tem nos atormentado
tanto. — Virei-me na direção dela.
— Mas não está me contando o motivo de ele ser tão insistente comigo, tem que ter um
motivo por trás da forma que escolhiam as mulheres — disse e suspirou. — Já que faz anos que
não fazem isso, por que agora? Por que eu?
— Porque o Rodolfo é assim, ele percebeu o meu interesse e tudo se tornou mais
interessante. — Esquivei-me. — Mas não tem que se preocupar, ele não vai mais nos incomodar.
Não, eu não poderia contar a Raissa sobre isso. O que significaria para ela entender que
anos atrás, eu cogitei fazer isso com ela? Não, eu não queria que ela pensasse que tudo havia sido
um jogo. Porque não foi.
— O que de tão ruim vocês faziam para escolher, que não possa me contar? — ela
perguntou, denunciando que a porra da minha esquiva apenas a instigou a querer saber mais.
Levei o copo à boca e bebi um pouco, tentando ganhar tempo.
Agradeci quando o barulho do celular tocando me salvou de respondê-la. Peguei-a e olhei
na tela constatando que era Rodolfo. Suspirei profundo e atendi, com os olhos fixos em Raissa.
— Precisamos ter uma conversa decente — Rodolfo falou depois de alguns instantes de
silêncio.
— Onde você está? — perguntei, sério, sabendo que talvez aquele fosse o meu único
refúgio no momento.
— No bar do hotel.
— Estarei aí em cinco minutos — respondi e, sem esperar resposta, encerrei a ligação.
Desviei o olhar de Raissa e passei por ela, fui até o móvel do quarto e peguei um dos
cartões de acesso para a porta. Então, segui em direção à porta
— Alexander! — ela chamou a minha atenção.
A decepção era evidente em sua voz, mas eu simplesmente não poderia. Não poderia ver o
quanto eu já a estava a magoando nesse momento.
— Essa conversa não vai nos levar a nada, Raissa, preciso resolver algo e espero que esteja
mais calma quando voltar.
Ao dizer aquelas palavras, saí do quarto sem esperar qualquer resposta. Sentia-me um
grande filho da puta por deixá-la no meio de uma conversa, porém, seria melhor do que me
tornar o filho da puta que se aproximou dela em um momento tão frágil para destruí-la.
Fiz o caminho até o bar do hotel com a cabeça a mil, tentando achar uma saída que não
magoasse aquela mulher. Ela era preciosa demais, não podia deixar que tais informações
arruinassem uma memória tão especial.
Agradeci quando notei que o bar estava vazio. Rodolfo estava sentado em uma das
banquetas do bar, sozinho. Caminhei na direção dele, pronto para acabar de vez com qualquer
palhaçada que ele tentasse fazer.
— Uma dose de Macallan puro, por favor — pedi ao barman, ao mesmo tempo em que me
sentava na banqueta ao lado de Rodolfo.
— Certo, chefe — o barman respondeu e de pronto se virou para preparar a bebida.
Suspirei, sem saber o que esperar a seguir, então, virei-me para Rodolfo, que olhava para
frente, e bebia uma dose de uísque, totalmente perdido nos próprios pensamentos.
— O que você quer? — perguntei, atraindo sua atenção
Rodolfo me mediu com o olhar, alguns instantes depois sua atenção foi para o nada mais
uma vez, enquanto bebia um pouco mais.
— Quando você me pediu para buscar as informações sobre a Raissa, eu me senti eufórico.
O pensamento de que estaríamos juntos mais uma vez, fez com que eu começasse a buscar as
informações naquela mesma noite. — Rodolfo começou a falar, depositando o copo sobre a
bancada. Passei os olhos mais uma vez pelo bar, confirmando que realmente estávamos sozinhos
ali. Então, ele voltou a chamar a minha atenção. — Quando me pediu ajuda para barrar o
empréstimo que Raissa pediu no banco da minha família, a fim de deixá-la sem escapatória, eu
jurava que você estava de volta ao jogo, que nós estávamos — seguiu, fazendo-me enrijecer
completamente. — Você me deixou acreditar que sim, pois precisava da minha ajuda e sabia que
eu não ajudaria se não fosse do meu interesse.
— Aonde quer chegar, Rodolfo? — perguntei, tentando cortar aquele assunto.
Sabia muito bem a que ponto cheguei para conseguir aquilo que queria. Tinha noção de
que apesar de não querer jogar, não neguei isso de imediato para Rodolfo, porque eu precisava
dele.
Ele estava certo.
Mas, dessa vez, eu não me orgulhava nem um pouco disso. Na verdade, fazia eu me sentir
o pior cara do mundo. Reconhecer que sim, eu o usei.
— O que eu quero dizer com isso, Alexander, é que você conseguiu o que queria de mim
e, simplesmente, me tirou de jogada. Eu percebi você me deixando por fora de tudo aos poucos...
— A atenção dele foi para mim, sério. — E te achei um grande filho da puta por me tirar do jogo
depois de conseguir o que queria. — Assenti e esperei que continuasse. — Então, decidi que
seria mais filho da puta ainda com você.
O barman se aproximou, colocando a minha bebida sobre o balcão, fazendo com que
interrompêssemos o assunto.
— Por favor, traga a garrafa para mim — pedi antes que se retirasse.
— Claro, em um minuto, senhor — o barman respondeu. Suspirei e levei o copo à boca.
Rapidamente, meu pedido foi atendido. Dei um aceno com a cabeça e o rapaz se retirou,
deixando-nos a sós mais uma vez.
Minha atenção foi para Rodolfo, que apenas aguardava para continuar.
— Apesar disso, mesmo achando tudo totalmente uma furada, se tivesse sido sincero, eu
teria me afastado — disse por fim, pegando a garrafa de uísque a fim de completar copo. — Mas
ao invés disso se esquivou de mim, ao invés de admitir a que ponto seus sentimentos tinham
chegado, você apenas me dava respostas vagas.
— Não é isso. Eu só não quero machucá-la.
— Por que não? — questionou.
Tomei mais uma dose de uísque, em seguida voltei a atenção para ele.
— Apenas porque não quero.
Como eu explicar algo que para mim era tão inexplicável?
— Qual é, Alexander, vai mentir para você mesmo até quando? Você gosta dela. —
Aquela afirmação me apavorou. No fundo, porque eu já estava caindo em mim que era verdade.
— Você nunca se deixou levar tanto, nunca se envolveu tanto.
— É só que... Eu não posso. Em um ano isso vai acabar. Tem que acabar
— Não se esqueça de que todas caíram, Alexander, todas. — Ele foi firme.
— Mas ela não.
— Eu não estava tentando conquistá-la, não enquanto estivéssemos fora do jogo. Até o
momento, estava apenas confrontando você — falou, fazendo-me suspirar mais uma vez.
Era tudo tão complicado e, talvez, uma conversa sincera pudesse ter evitado muito. Mas
como eu poderia?
— Eu pensei que você faria com ela o que eu fiz com a Nathalia — confessei o meu maior
medo de tê-lo perto de Raissa. Senti-o enrijecer o corpo.
Por um momento, o silêncio se fez presente. Segui bebendo, apenas esperando que ele
falasse alguma coisa.
— Eu não faria isso com você — Rodolfo finalmente falou. Eu o olhei de forma
interrogativa.
— Você ameaçou contar tudo a ela meia hora atrás.
— Porque naquele instante suspeitei que você realmente gostava dela, quis tirar a prova de
até que ponto chegaria para esconder dela o que fazíamos. — Ele olhou para mim. — Apenas
não esqueça de como foi oito anos atrás... Raissa é assim também.
— Não, ela não é — respondi sem hesitar, ele balançou a cabeça em negativa. — Eu... —
interrompi a fala. E bebi um pouco de uísque.
De fato, eu deveria deixá-lo saber que queria a encontrar de novo, mesmo quando sabia
que ela não seria um alvo?
Raissa nunca foi um alvo de verdade.
— Sou eu quem não a merece — por fim concluí. Ele balançou a cabeça em negativa.
— Mulher nenhuma vale essa consideração, meu amigo, nem mesmo ela. Mas eu vou me
afastar. Não porque você me ameaçou, mas porque apesar de não dever, e mesmo que não
admita, você se apaixonou — Rodolfo falou, sério. Mais uma vez, ele parecia distante, como se
estivesse encaixando tudo em sua cabeça.
— Rodolfo, eu hoje n...
— Pensando bem em como tudo aconteceu depois dela... — interrompeu-me, ao passo que
batia os dedos no balcão. — Sinto que você se apaixonou há oito anos e isso te faz apenas mais
fodido. — Balançou a cabeça em negativa, enquanto a ficha parecia cair. — Porra, você não vai
aguentar, Alexander.
Dessa vez, eu não o rebati. Não adiantava, no fundo, eu sabia que ele estava
completamente certo.
— Queria conseguir liberá-la desse contrato. — Dei um sorriso amargo. — Mas sou
incapaz e eu não sei o que vou fazer quando o tempo acabar.
— Não tenho o que falar quanto a isso, você sabe o que penso — rebateu, firme, eu
assenti.
Se havia algo que eu e Rodolfo compartilhamos há muitos, muitos anos era exatamente
que esse tal amor era pura ilusão.
— Eu sei... — Peguei a garrafa para completar o meu copo. — Por ora, apenas me faça
companhia para mais algumas bebidas, porque eu não sei como vou lidar com a bagunça que
tudo se tornou por sua causa.
CAPÍTULO 38
No momento em que a compreensão sobre a gravidade do que Alexander e Rodolfo faziam
foi chegando, minha garganta apertou. O coração estava descontrolado, pois eu vi o pavor em
seu olhar diante do meu questionamento.
E tive a certeza de que era pior do que imaginava, no instante em que ele virou as costas e
me deixou ali, sozinha.
Parecia que o mundo estava desabando em minha frente, sabia que ele não era perfeito,
mas não esperava que me confessasse algo assim. Lágrimas invadiram os meus olhos enquanto
fazia o possível para não julgar algo que ele fez anos atrás, isso estava no passado e ele,
claramente, se arrependia, eu pude ver na sua expressão e confissão.
Mas era difícil, sujo demais.
Chorei pelo que acabara de acontecer, pelo que descobri e, principalmente, por Alexander
se negar a me contar tudo. Eu não queria acreditar que o homem que eu já estava tão envolvida,
tivesse sido capaz de algo sujo como isso.
E nesse lapso, enquanto as lágrimas caíam, eu peguei a minha mala e a coloquei sobre a
cama, fui ao banheiro pegar as minhas coisas e comecei a guardar tudo, queria ir para longe,
longe de tudo.
Mas, porra, eu não poderia.
Afastei-me da mala e baguncei os cabelos, então, comecei a andar de um lado para o outro,
eu precisava pensar. Minha cabeça maluca e o meu coração traidor, queriam muito acreditar que
ele realmente mudou, que se arrependia de seus atos, que não se orgulhava. Queria acreditar
naquelas palavras.
Desde que ele tivesse se arrependido verdadeiramente, o passado não importava. Eu não
poderia partir ainda, não sem tentar conversar mais uma vez, não sem tentar fazê-lo se abrir
comigo.
Eu queria acreditar.
Queria acreditar, pois sabia que confessar algo tão sujo do seu passado deveria ter sido
difícil.
Talvez, Alexander precisasse apenas de um tempo.
Agarrei-me nessa possibilidade e decidi que o esperaria voltar para tentar mais uma vez,
antes de tomar uma decisão precipitada. Era algo que fazia parte de mim, pensar e depois agir.
— Mas que droga, Alexander — murmurei, a voz embargada.
Fui mais uma vez em direção à mala, peguei o necessário para um banho e fui para o
banheiro.
Deixei a água cair por um tempo incalculável, enquanto pensava em tudo que Alexander
me mostrara até o momento, tudo o que passamos, tudo o que estávamos criando.
Depois de um tempo, resolvi desligar o chuveiro e me secar, vesti meu pijama e fui para
cama. Aquelas palavras de Alexander ficaram indo e vindo em minha mente por um longo
tempo. Eu queria o esperar acordada para conversar, mas, em algum momento, eu fui vencida
pelo cansaço emocional e o sono.
Despertei com o barulho da porta se fechando, mas não me movi. Permaneci em silêncio,
decidida que conversar pela manhã seria melhor. Então, eu permaneci quieta, como se estivesse
dormindo.
Senti o corpo de Alexander cair pesadamente sobre a cama. Pelo tempo, havia deitado sem
nem mesmo se preocupar em trocar de roupa.
Não me movi. Apenas senti, à medida que se acomodava ao meu lado.
— Raissa — Alexander chamou, a voz visivelmente abalada. A surpresa foi tanta, que não
fui capaz de dizer nada.
Foi então que senti as mãos fortes dele virem ao encontro da minha cintura, em um
movimento rápido, me puxou em sua direção.
— O que está fazendo? — perguntei, tentando sair dos braços dele, indignada por sua
audácia de se aproximar daquela forma, quando me deixou sozinha para encontrar alguém sem
pensar duas vezes.
Ele não me soltou, apertou-me ainda mais forte.
— Eu... eu... sei que eu não a mereço, Raissa, mas sou incapaz de deixá-la ir —
resmungou.
Isso fez com que eu me debatesse nos braços dele e me virasse de frente, encarando-o, ao
mesmo tempo em que franzia as sobrancelhas.
— O quanto você bebeu? — perguntei, mesmo sabendo o óbvio.
Era muito. O cheiro do álcool e a voz arrastada estavam visíveis.
— Não desista de mim — falou por fim, e o coração traidor saltou para fora.
Cada palavra que saía de sua boca estava me afetando. Aquela fragilidade, estava me
tocando profundamente. E sentia que não poderia deixar que se safasse assim.
Fazendo uma força maior, consegui sair de seus braços.
— Raissa. — Ele voltou a resmungar quando me afastei.
Ignorando-o eu caminhei até o interruptor e acendi a luz.
Alexander levou as duas mãos no rosto, cobrindo-o completamente, então, deu mais
alguns resmungos, como uma criança. Eu não deveria, mas ri de seu protesto.
Balançando a cabeça em negativa, caminhei até parar de frente para a cama.
— Vem — falei e me inclinei para puxá-lo. Alexander abriu os olhos, mais uma vez, e
senti seus olhos brilharem ao me olhar.
Deus! Era difícil, muito difícil quando ele parecia tão vulnerável.
Alexander pegou a minha mão e trouxe o corpo para mim, sentando-se na borda da cama.
Então, antes que eu pudesse incentivá-lo a se levantar, suas mãos deixaram as minhas e
circularam a minha cintura. Ele me abraçou fortemente e apoiou a cabeça em minha barriga.
Essa era uma visão que eu não estava acostumada. Chegava a ser engraçado vê-lo como
uma grande criança, quando era sempre um homem sério e autoritário.
Eu me permiti rir de sua atitude, ciente de que, provavelmente, não se lembraria disso,
então levei a mão em seu cabelo e o acariciei por um momento.
Estava apaixonada por ele, tanto que estava me sentindo frágil. Sem querer prolongar o
sentimento, deixei os seus cabelos e levei as minhas mãos sobre as dele, afastando-o com
dificuldade.
— Não... por favor — pediu.
— Apenas venha, Alexander, amanhã, conversamos.
Ele se levantou e o apoiei em mim, levando-o para o banheiro. Com dificuldade, coloquei-
o dentro do boxe e o sentei no chão. Em seguida afastei-me um pouco e liguei a água gelada,
deixando-a cair sobre ele.
Eu me diverti perante aos protestos do homem. Alexander se levantou alguns instantes
depois e logo me fez provar do meu próprio veneno. Puxou-me para perto com tudo, enquanto a
água fria caía sobre nós. Abraçando-me, como se precisasse disso mais do que qualquer coisa.
A que ponto eu havia chegado?
O homem havia me deixado sozinha, enchido a cara e aqui estava eu, cuidando dele.
Ajudei-o a tirar a roupa e, depois do banho o ajudei a se trocar. Então, levei-o de volta para
cama.
Alexander ainda não estava em si, mas sua calma era perceptível. Dormiu com facilidade,
dormi um pouco depois, enquanto meus pensamentos assimilavam o estado que ele havia
chegado e as palavras que proferira para mim.
Estava ainda mais claro que ele também sentia algo forte por mim. A questão era, o que
faríamos em relação a isso, levando em consideração a nossa atual situação?
Foi o pensamento que tomou conta, até eu finalmente adormecer.
Acordei cedo no dia seguinte e me levantei. Liguei na recepção e pedi uma garrafa de café
bem forte, um kit para ressaca e uma refeição completa para o café da manhã.
Servi a mesa e tomei o meu café da manhã. Quando terminei, Alexander ainda não havia
acordado. Eu olhei em direção à cama, para o olhar por um momento.
Estava decidindo se o acordava, ou esperava um pouco mais, quando ele finalmente
começou a se mexer na cama. Não perdi tempo ao ver que ele estava acordando.
Peguei o comprimido do kit e um copo com água, em seguida fui em direção à cama no
momento em que ele se sentava na cama meio desnorteado, ao passo que parecia assimilar tudo
que aconteceu.
Então, seus olhos encontraram os meus. E eu pude ter o prazer de vê-lo congelar. Isso me
deu confiança para seguir em sua direção e agir como deveria.
Em silêncio, peguei um copo de água, um comprimido para ressaca e fui em direção à
cama, estendendo-os em sua direção.
— Bom dia, Alexander, estava esperando que acordasse para que pudéssemos conversar.
— Bom dia — respondeu em um fio de voz e aceitou o copo.
Sem questionar, pegou o comprimido da minha mão e o tomou, segui observando-o com
atenção.
— Me desculpe por ontem — voltou a falar, por fim.
— Pelo que, exatamente? Por sair e me deixar aqui... Ou por chegar tão bêbado quase fora
de si? — perguntei e arqueei as sobrancelhas.
Sem esperar uma resposta, virei-me e fui em direção à mesa esperando que ele tivesse
alguma reação.
— Raissa — Alexander chamou.
Peguei uma xícara e servi uma boa quantidade de café. Só então eu me virei, encontrando-
o com os olhos na minha mala pronta e, estrategicamente, colocada ali. Seus olhos desviaram da
mala e vieram em minha direção, ao passo que caminhava em sua direção.
— Pela forma que me deixou aqui ontem, teve sorte de me encontrar quando voltou —
falei, séria, à medida que me aproximava. — Eu resolvi te dar mais uma chance de me contar a
verdade, mas se não o fizer, eu vou embora hoje mesmo. — Estendi a xícara de café para ele. —
Isso vai ajudar.
Alexander pegou a xícara de café e a encarou por um momento. Senti que estava
apreciando o meu gesto.
— Vamos apenas deixar esse assunto para lá — suplicou.
Eu balancei a cabeça em negativa, não estava disposta a ceder, não depois da forma que
me deixou ontem.
— Preciso entender os seus motivos, Alexander, para isso preciso que me conte o que
preciso saber — falei, observando-o tomar um gole do café — Vou esperar que tome tudo. —
Apontei na direção da xícara. — Então, realmente espero que possamos conversar.
Não esperei que respondesse, afastei-me e fui para o banheiro. Precisava dar um tempo
para que ele assimilasse a minha imposição, ao mesmo tempo, tentava me recompor.
Estava me preparando para voltar quando vi o reflexo de Alexander através do espelho.
Suspirei com aqueles olhos perdidos em minha direção. Naquele momento, eu soube que, talvez,
meu pedido fosse demais. Mas, ainda assim, eu queria saber até que ponto ele faria por mim.
— Não quero magoá-la, são coisas que aconteceram há tanto tempo — sussurrou.
— Não vai. Sei que isso é o seu passado, não muda o agora... — Tentei tranquilizá-lo com
os olhos fixos nos dele pelo espelho. — Apenas preciso entender por que Rodolfo está tão
obcecado por mim.
— Ele não está mais — respondeu, fazendo-me virar para encará-lo. Não precisei dizer
nada, depois de um suspiro profundo, Alexander se rendeu. — Tudo bem, eu vou te contar, mas
vamos sair do banheiro antes. — Ele tentou me tocar, eu esquivei. Senti como se tivesse cravado
uma faca em seu peito naquele instante, aquilo fez meu coração saltar. — Não me afaste, por
favor.
— Eu não vou. — Levei a minha mão na dele e as entrelacei. Então, meus olhos foram ao
encontro dos dele.
Foi difícil manter apenas aquele toque. Não só para mim, eu senti nos olhos dele, na
respiração, o quanto queria mais. Mas não poderia me render assim, então, desviei os meus olhos
e o incentivei a sair do banheiro.
Caminhamos daquela forma até o quarto, sem querer perder tempo, ou correr o risco de
cair em tentação, soltei a sua mão e me virei para ficar de frente para ele.
— O que quer saber? — perguntou, fazendo-me cruzar os braços.
Ele sabia, sabia muito bem.
— Como vocês as escolhiam? — Repeti aquela pergunta que causou tudo.
— Raissa... — suplicou.
— Eu mereço essa resposta, Alexander. — Mantive-me firme.
— A nossa principal regra era que a mulher fosse comprometida. Tivesse namorado ou
marido.
— Nossa! — exclamei, enquanto assimilava aquela informação. — Vocês não só
brincavam com o psicológico, também ferravam o relacionamento delas.
— A escolha era sempre delas, mas sim — pontuou, sério.
— Escolhiam mesmo? — perguntei e arqueei as sobrancelhas. — Aposto que um de vocês
marcava em cima delas até... — interrompi minha fala no momento em que a minha ficha caiu
sobre aquilo, de repente, o motivo de ele estar tão relutante em me contar ficou claro como a
neve.
Meu estômago revirou, ao mesmo tempo em que o olhei com puro horror. E como se
soubesse exatamente para onde meus pensamentos foram, tentou se aproximar, mas eu dei dois
passos para trás.
— Raissa... — Sua voz era hesitante.
— Vocês me escolheram há oito anos — concluí, enquanto lágrimas invadiam os meus
olhos. — É por isso que Rodolfo estava insistente, você o contou sobre mim.
— Eu nunca quis jogar com você, Raissa, nem naquele dia, nem hoje.
— Mas vocês me escolheram — insisti.
— Sim, nós escolhemos — confessou.
— Como isso aconteceu?
— Nós havíamos te visto com o seu namorado e grupo de amigos, dois dias antes naquela
mesma boate.
— Mas ele poderia não ser meu namorado — falei, incrédula.
— Rodolfo esbarrou em uma das suas amigas quando ela foi ao banheiro e confirmou que
você era comprometida — explicou.
— Meu... Deus... — falei, pausadamente, enquanto assimilava a forma que agiam.
— Meus planos mudaram no momento em que você me contou o que aconteceu naquele
dia. Aquilo na praia foi real, a única coisa que eu queria era te ver bem. — Seu tom era
desesperado.
Aquilo era algo insano para mim. Todo o medo de Alexander ao me ver perto de Rodolfo,
nesse momento fazia total sentido. Não era apenas pelo fato de ele querer me conquistar, era
também porque não queria que eu descobrisse aquela sujeira.
— Por quê? — perguntei, em busca de entendê-lo, ao passo que lágrimas invadiam o meu
rosto sem permissão.
— Eu não sei, eu... queria te ver sorrir. O que te contei ontem na praia, foi real também, eu
não menti. — Alexander tentou se aproximar, eu recuei mais uma vez. — Tenho tentado ser o
mais sincero possível com você, quanto a tudo.
— Você disse que me destroçaria naquela época. — Lembrei-me com perfeição das
palavras que eu insisti em ignorar ontem.
— Porque eu era assim, mas hoje não penso assim, não mais.
Apesar das suas palavras, senti que precisava de espaço, estava tudo muito sufocante, eu
não o queria perto, precisava pensar em tudo.
— Isso é muito para mim, Alexander, eu preciso assimilar sozinha.
— Raissa — chamou-me, em súplica. — Você disse que não me afastaria.
— Eu só preciso pensar, por favor, me deixe ir — pedi, enquanto o olhar desesperado
aumentava. Ele cerrou os punhos e apesar da vontade de vir até mim estampada, permaneceu no
mesmo lugar.
Virei-me e fui em direção ao móvel do quarto. Peguei o cartão de acesso e fui em direção à
porta. Eu a abri e estava prestes a sair, quando a voz de Alexander em puro desespero voltou a
pairar pelo ambiente.
— Eu parei há oito anos, Raissa, parei com esse jogo por sua causa.
CAPÍTULO 39
Aquelas palavras me fizeram congelar por um instante.
Ele parou por mim?
Virei-me e o encontrei no mesmo lugar. Alexander lentamente começou a caminhar em
minha direção.
— Não — disse, firme, fazendo com que parasse no lugar.
Provavelmente, ele havia pensado que aquelas palavras seriam o suficiente para me fazer
ficar.
E, Deus, quase foram.
— Você não tem que...
— Por quê? — interrompi-o.
— Eu não sei, eu só... — Alexander deixou as palavras no ar e suspirou, ao mesmo tempo
em que jogava as mãos para o ar. Ele não era capaz de responder.
Mas, ainda assim, tive a confirmação de que sim, fui tão importante para ele há oito anos,
quanto ele foi para mim. Apesar de não conseguir expressar verbalmente, eu podia sentir no seu
olhar e em cada ação.
Alexander não conseguia admitir isso. Algum dia seria capaz?
Balancei a minha cabeça em negativa e desviei o meu olhar, incapaz de seguir o olhando.
— Eu preciso disso — disse e saí, fechando a porta sem dar tempo de resposta.
Caminhei em direção ao elevador e enquanto aguardava, levei a mão ao rosto, limpando as
lágrimas que haviam caído há pouco. Quando a porta se abriu, entrei e selecionei o hall do hotel.
Antes que as portas se fechassem, subi o meu olhar, encontrando Alexander na porta do quarto,
observando-me até que as portas se fecharam.
Só então consegui soltar o ar que prendi quando o vi.
Eu queria ficar, quase fiquei.
Mas precisava pensar em tudo, reorganizar os pensamentos, antes de terminar aquela
conversa, antes de tomar qualquer decisão.
Quando o elevador abriu, eu saí e parei para decidir o que faria. Estava longe de casa e não
tinha muito onde ir. Não queria ficar pelo hotel, queria distância de tudo.
Enquanto eu pensava, meus olhos foram para a portaria, encontrando o mesmo rapaz
responsável por liberar o carro para nós ontem. Foi quando eu resolvi aproveitar dos benefícios
de ser a noiva de Alexander.
Caminhei em direção à portaria e parei na frente do rapaz.
— Bom dia. — Forcei um sorriso, o rapaz prontamente retribuiu.
— Bom dia, senhorita, em que posso ajudá-la? — perguntou, gentil.
— Eu preciso do carro.
— Claro, aguarde só um instante e eu o trarei para você — respondeu, então, sem deixar
de sorrir se afastou, seguindo na mesma direção de ontem.
Um suspiro escapou dos meus lábios no instante em que o vi tirar o celular do bolso, ao
passo que ia em direção ao estacionamento. Claro, obviamente estava me delatando para
Alexander.
Decidi aguardar por longos minutos. E pela demora, estava quase me dando por vencida de
que isso não seria possível, mas para a minha surpresa, o vi saindo do estacionamento com o
mesmo carro.
O rapaz saiu do carro e caminhou em minha direção.
— Senhorita, aqui estão as chaves — falou e a estendeu para mim. Depois que eu a peguei,
o rapaz colocou a mão no bolso e tirou um cartão de visitas, entregando-me também. — Pode me
ligar se precisar, eu estarei à sua disposição.
— Obrigada — respondi e o medi com o olhar. O rapaz me deu um aceno com a cabeça e
se afastou. Só então, fui em direção ao carro.
Quando me sentei no banco do motorista compreendi o motivo de sua demora. O meu
celular estava no apoio, juntamente com uma quantia de dinheiro considerável e a minha bolsa,
onde estavam os meus documentos.
Senti-me balançada por sua atitude, senti-me cuidada. E, porra, eu estava sensível, pois
aquilo foi o suficiente para fazer meus olhos merejarem.
Como Alexander poderia dizer que não era capaz de se importar? Do que ele tinha tanto
medo? O que o fez ser assim?
Foram perguntas que invadiram a minha mente de uma só vez. Olhei para o lado,
constatado que o rapaz ainda me olhava atentamente. Disposta a seguir coloquei o cinto de
segurança e dei partida no carro.
Segui dirigindo sem rumo pela cidade, enquanto organizava os meus pensamentos. Era
muita coisa em jogo, mas o principal, o que o meu coração gritava era: tudo estava no passado.
Sim, eles me escolheram, mas não era intenção de Alexander jogar comigo.
Eu acreditava nessa afirmação. Talvez a minha mente fosse insana demais, mas conseguia
ver a sinceridade de Alexander em cada ação. Não poderia negar que ele afastou o Rodolfo desde
o início, e apesar de suas palavras mostrarem que ele não podia corresponder a mim, suas
atitudes foram contrárias.
Ele seguia correspondendo a cada ato, seguia me respeitando e me mostrando que se
importava, mesmo quando dizia que não era capaz. E depois de ontem, as palavras enquanto
estava fora de si, mostraram-me que eu estava certa quanto a isso.
O que eu precisava realmente ponderar era: Eu conseguiria lidar com isso? Conseguiria
esperar até que ele conseguisse se abrir? Conseguiria suportar caso Alexander decidisse partir ao
final de um ano?
Ele disse que não era capaz de me deixar ir. Eu deveria me apegar a isso?
Foram perguntas que me atormentaram durante todo o dia. Eu parei para almoçar em um
restaurante e de tardezinha, liguei o GPS indo em direção à praia.
Fui exatamente para o mesmo lugar, permiti-me sorrir ao pensar que aquele estava se
tornando o nosso lugar. E não sabia se deveria, mas era o lugar que eu mais gostava.
Não fazia ideia de quanto tempo fiquei ali, olhando para o mar e pensando em tudo.
Aquele tempo, era necessário para mim, para Alexander também. Eu não tinha ideia de como
tudo seria quando eu voltasse para o quarto.
Em meio a esses devaneios, senti a presença inconfundível daquele homem próximo a
mim. Meu coração entrou em descompasso, não precisava nem mesmo olhar para saber que era
ele quem estava se sentando ao meu lado naquele instante.
Por um momento, nada foi dito. Eu nem mesmo me atrevi a olhar em sua direção, apenas
permaneci olhando para o mar e as ondas que se formavam à nossa frente.
— Depois de oito anos, nós estamos aqui mais uma vez — Alexander falou, sério. — Mas
agora, sou eu a pessoa quem está a magoando.
Ouvi aquelas palavras em silêncio, não fui capaz de respondê-las de imediato, apenas me
permiti refletir. Já não estava brava com aquilo que descobri, após uma longa reflexão sobre
tudo, decidi deixar tudo onde deveria ficar: no passado.
Afinal, as suas atitudes, até o momento, me mostravam que ele realmente se arrependeu. E
minha mente insana, apenas queria se apegar ao fato de que se não tivesse feito essa escolha no
passado, nós não teríamos chegado ao ponto em que estávamos no momento.
Aquele dia não teria acontecido e se eu não tivesse o conhecido exatamente da forma que
foi, a dor por tudo que aconteceu seria maior.
— Esse era o motivo de não querer te contar... — ele voltou a falar, a voz contida. — Eu
não queria magoar você.
Aquelas palavras aqueceram o meu coração. Era muito visível como Alexander tentou
esconder tudo de mim com todas as forças. Mas apesar disso, eu permaneci impassível quando o
olhei.
— Mesmo sabendo de tudo isso... — comecei, séria. — Eu não mudaria nada do que
aconteceu há oito anos.
Senti o alívio em seu olhar no momento em que aquelas palavras saíram da minha boca.
Ele permaneceu com o olhar fixo em mim, enquanto assimilava aquilo que eu estava
confessando.
Apesar de tudo, eu não tinha arrependimentos.
— Eu também — Alexander respondeu, aquela mesma intensidade de sempre. Dessa vez,
fui eu quem suspirou. Observei-o desviar o olhar para o mar. — É por isso que não vou me
desculpar por minhas escolhas, porque elas me levaram até você.
Senti meu coração vacilar com aquela confissão.
— E o que isso significa para você? — perguntei, em um fio de voz.
Permiti-me observá-lo enquanto aguardava sua resposta. Seu olhar estava distante. Ele
apertou os lábios e balançou a cabeça positivamente.
— A cura. — Surpreendeu-me mais uma vez. — A consciência do quão errado eu estava
naquela época... — Seus olhos voltaram para mim. — Eu não me perdoaria nunca se tivesse
machucado você de alguma forma.
Apenas assenti em compreensão ao ouvi-lo. Então, foi a minha vez de desviar o meu olhar
para a frente. Comecei a ponderar tudo o que aconteceu até o momento, inclusive, o contrato
proposto a mim.
— Alexander... — chamei-o, atraindo sua atenção para mim. — Esse contrato e os
motivos pelos quais me propôs aquilo são realmente aqueles? — perguntei, hesitante, notando
sua expressão ficar mais séria.
Senti como se aquela pergunta necessitasse que ele estivesse de volta ao controle.
— Sim, eu queria juntar o útil ao agradável. O acidente realmente foi uma coincidência —
respondeu, firme.
Senti meu coração despencar com a expectativa de que ele talvez pudesse admitir que os
seus motivos fossem outros. Porque depois de tudo, eu tinha esperança de que fossem.
— Entendi. — Balancei a cabeça em concordância. Então, meu olhar foi ao seu encontro.
— E o que veio fazer aqui?
— Vim buscar você — respondeu, os olhos fixos aos meus.
— Colocou alguém para me vigiar? — Arqueei as sobrancelhas, percebendo que ele estar
ali, foi realmente algo deliberado.
— Não vou me sentir mal por cuidar do que é meu.
— Eu não sou sua.
— Já tivemos essa conversa antes — respondeu, sério, com o olhar se fixando ao mar mais
uma vez. — Sempre vou cuidar de você, quer queira, ou não.
— No período de um ano — afirmei, tentando buscar qualquer sinal de mudança.
Alexander deixou um suspiro escapar dos lábios, ao mesmo tempo em que bagunçou os
cabelos, então, os olhos intensos estavam sobre mim. Tive que me segurar para não demonstrar o
quanto a sua reação me deixou satisfeita.
Era esse tipo de atitude que me fazia querer lutar por ele, por nós.
— Devemos ir, já consegui resolver tudo o que precisava.
Alexander se levantou e parou à minha frente, em seguida estendeu a mão em minha
direção.
— Voltaremos ainda hoje? — perguntei, ao passo que pegava sua mão, pondo-me de pé.
— Sim, acho que é o melhor.
Balancei a cabeça em concordância, enquanto o media com o olhar.
Alexander estava certo, aliás, mais uma vez me mostrou que estava pensando em mim.
Pois poderia prolongar a viagem, mas ao invés disso, estava me levando para o lugar onde eu
realmente me sentiria em casa.
A conversa estava fluindo bem e a cada assunto abordado, mais nervosa eu ficava. Quando
minha mãe questionou mais uma vez, sobre o tal assunto misterioso, percebi que não tinha mais
como adiar.
Suspirei e me preparei para contar aos meus pais, o motivo da visita
— O que eu não havia contado a vocês até agora, é que eu e Alexander estamos noivos —
soltei de uma vez, fazendo com que meu pai e minha mãe arqueassem as sobrancelhas. Já
Vinícius apenas balançou a cabeça positivamente com um sorriso nos lábios, deixando-me ciente
de que ele já sabia dessa informação. — Mas não é isso que eu tenho para contar...
Deixei as palavras no ar, sentindo as mãos suarem. Involuntariamente, eu as esfreguei na
calça enquanto encontrava coragem para contar.
Meus pais eram tranquilos, mas essa notícia os pegaria totalmente de surpresa. Isso me
deixava um pouco ansiosa para descobrir qual seria a reação deles.
— Bem... — Voltei a falar. Então, senti a mão de Alexander sobre a minha, fazendo-me
olhar em sua direção.
— Senhor Antônio, dona Sônia. — Alexander tomou à frente. — Hoje eu vim aqui para
conhecê-los pessoalmente e pedir o consentimento para que eu e Raissa possamos nos casar em
três semanas.
— Uou! — Vinícius foi o primeiro a se manifestar. Meus pais estavam tão surpresos que
foram incapazes de reagir de imediato.
— Por que tão de repente, meninos? — meu pai perguntou, enquanto mamãe apenas
assimilava.
— Nós estamos muito certo do que queremos para nós, não vemos motivo para adiar o
inevitável — Alexander respondeu, firme.
— É isso, pai, somos adultos e estamos a cada dia mais presentes na vida do outro,
portanto, decidimos formalizar — completei, dando um pequeno sorriso. Meu pai sorriu e
assentiu.
Vinícius parecia se divertir ao olhar para a cara de minha mãe, que desviou sua atenção
para mim e me olhou fixamente, fazendo o meu coração acelerar ainda mais. E deixando-me
ainda mais nervosa, perguntou:
— Filha, nós podemos conversar a sós?
CAPÍTULO 42
— Raissa... — A voz de mamãe ressoou séria, à medida que fechava a porta atrás de nós.
Sentei-me na cama e desviei meu olhar para ela, que dava alguns passos em minha direção
acompanhada daquele olhar que eu conhecia muito bem.
O olhar que já vi muitas vezes em minha vida. Preocupação.
— Oi, mãe — respondi, observando-a sentar no espaço vazio ao meu lado.
Carinhosamente, levou a mão sobre a minha e as depositou em seu colo, minha boca se
curvou em um sorriso com aquele gesto.
— Eu disse que deveria arriscar se estava certa dos seus sentimentos, mas casamento,
filha? — perguntou, os olhos fixos aos meus.
— Sim, mãe. É o que eu quero — respondi, firme, sentindo seu olhar me estudar.
— Há quase um mês quando esteve aqui, estava tão confusa sobre vocês, por que estão
correndo para casar? Por acaso você está grávida? — perguntou, fazendo-me arquear as
sobrancelhas.
— O quê? — perguntei, surpresa. Ao notar que falava sério, balancei a cabeça em negativa
e sorri. — Não, eu não estou grávida. Eu estou apaixonada por ele, eu quero isso.
— Mas e o Alexander, querida, ama você? — perguntou, fazendo meu coração acelerar.
— Quando conversamos disse que ele não era capaz de amar, isso me preocupa, meu bem.
— Eu sei, mãe, mas a gente se acertou. Estamos apaixonados e certos quanto a isso.
O aperto nas minhas mãos se intensificou e mamãe não disse nada por um momento,
apenas pareceu perdida nos próprios pensamentos. Esperei, até que seu olhar se voltasse para
mim mais uma vez.
— Ele parece ser um bom homem... O que me tranquiliza é que consigo sentir a sintonia
de vocês quando se olham, consigo ver a preocupação dele ao querer tanto colocar Vinícius na
linha. — Ela fez uma pausa, mantendo os olhos fixos a mim, fazendo meu coração
descompassar. — Mas acho que estão correndo com algo que não deveriam. Casamento é coisa
séria.
— Eu sei que é rápido demais. É só que...
— Não irei me opor — interrompeu-me, pressionando minha mão com as dela, como se
tentasse me tranquilizar. — Nem eu, nem o seu pai. Sei que nossa opinião é importante, mas
vocês já têm idade o suficiente para decidir o que querem. E se acham que é o melhor, apenas
desejo felicidade. Só fico preocupada, pois está acontecendo rápido demais.
Minha boca se curvou em um sorriso, então, assenti.
— Não se preocupe, mãe, é o que queremos.
— Tudo bem, saiba que estarei aqui para o que precisar.
— Obrigada — respondi, tirando a minha mão das dela, em seguida me inclinei para
abraçá-la. Mamãe levou a mão aos meus cabelos e os acariciou.
Depois de alguns minutos naquele afago, resolvemos voltar para o jardim, encontrando o
meu pai, Vinícius e Alexander conversando tranquilamente. Quando perceberam a nossa
presença, o silêncio se instaurou, à medida que nos olharam de forma curiosa.
— O casamento será em três semanas, não é? — Minha mãe foi a primeira a quebrar o
silêncio, direcionando aquela pergunta ao Alexander, enquanto sentava-se ao lado do meu pai.
— Sim, dona Sônia — Alexander respondeu, sério, ao passo que eu me acomodava ao seu
lado. Poderia jurar que ele estava tenso.
Sorri e levei a mão sobre a dele.
— Esperaremos ansiosamente por isso. Se é o que querem, apoiaremos com toda a
felicidade — mamãe falou, por fim. Foi nesse exato momento que senti Alexander relaxar.
Foi algo realmente engraçado, afinal, não imaginei que a situação fosse afetá-lo de alguma
forma.
— Se estão certos disso, estaremos aqui para apoiar e ajudar no que precisar. — Dessa
vez, foi meu pai quem falou.
— Obrigada, mesmo — agradeci-os sem esconder o sorriso, feliz pelo apoio.
— Parabéns ao casal — Vinicius falou, atraindo nossa atenção. — Estou feliz com a
notícia e com o sobrinho que vem por aí.
— Idiota. — Revirei os olhos. — Eu não estou grávida.
— Obrigada por sanar a nossa dúvida — papai comentou com um sorriso brincando nos
lábios, foi o suficiente para ouvir a gargalhada gostosa vindo de Alexander e os demais.
Tentei não focar no quando sua risada me afetou e direcionei a atenção ao meu pai.
—Até você — falei, indignada.
— Me desculpe, querida, mas foi muito repentino. — Deu de ombros, de forma
despreocupada.
Estava prestes a protestar, quando senti Alexander me puxar em sua direção.
— Não vá brigar com eles — Alexander disse, um sorriso suave nos lábios.
— Ah, mas são realmente lindos — minha mãe comentou. Minha boca se curvou em uma
careta. — Agora com tudo esclarecido, nos contem, já começaram os preparativos do
casamento?
— Eu já adianto que se precisarem de alguém para administrar a grana... — Vinícius falou
com aquele sorriso moleque, fazendo-me suspirar.
— Não tem vergonha de brincar com isso não, garoto? — meu pai perguntou e eu apenas
ri.
Não, ele não tinha mesmo.
Passamos a tarde com muita descontração, enquanto contávamos um pouco sobre o que já
tínhamos acertado sobre o casamento, depois o assunto se voltou para como nos conhecemos, de
forma bem agradável.
Mais tarde, nós pedimos algumas pizzas, enquanto aguardávamos pegamos as nossas
malas no carro para guardá-las. Nós nos acomodamos no meu quarto, enquanto Alexander
parecia observar cada canto, reuni um par de roupas para tomar banho.
— Raissa — Alexander chamou a minha atenção antes que eu entrasse no banheiro.
— Sim?
— O que a sua mãe falou com você mais cedo? — perguntou, colocando a mala pequena
sobre a cama.
— Só queria saber se eu tinha certeza. — Sorri. — Coisas de mãe.
— Hum. — Ele me mediu com o olhar.
Parecia analisar se acreditava no que eu disse.
— Bom, eu vou tomar banho e você vem depois, estão nos esperando e a pizza logo chega.
— Talvez seja mais rápido se tomarmos juntos — brincou, à medida que pegava uma peça
de roupa na mala.
— Acha que é a solução? — perguntei e balancei a cabeça em negativa. Ele me deu aquele
sorriso cafajeste que eu não sabia se amava, ou odiava.
— Na verdade, acho que pode ser perigoso — falou por fim, passando aqueles olhos
cheios de desejo sobre mim.
— Definitivamente — respondi e fui para o banheiro sem dar muita abertura para o sem-
vergonha.
Depois que tomamos banho voltamos para encontrar todos na sala. Não demorou para que
as pizzas chegassem.
Passamos boa parte da noite conversando. O clima estava gostoso e leve de forma que há
muito tempo não se encontrava. Depois dos problemas com Vinícius, acabamos perdendo um
pouco o hábito de nos reunir.
Então, eu sentia falta disso. E o fato de ter Alexander aqui, interagindo com todos de
forma cada vez mais à vontade, deixava-me ainda mais feliz.
Tentei concentrar ao máximo a atenção na minha família. Não queria deixar a atitude de
Alexander abalar o momento que tinha com todos.
Passamos o dia como não fazíamos há muito tempo, aquele churrasco gostoso, uma
música boa para descontrair, muita conversa, e claro, muita asneira falada por Vinícius.
Eram quase 16h quando decidimos juntar as nossas coisas e colocar no carro para ir
embora. Quando terminamos, nós nos despedimos dos nossos pais com um abraço forte e fomos
em direção ao carro.
Em um movimento rápido, peguei as chaves da mão de Vinícius.
— Ei — protestou, ao mesmo tempo em que tentava a pegar de volta.
— Só tem uma forma de ir com você, eu dirijo, mané — avisei e fui em direção à porta do
motorista. Vinicius não protestou, apenas deu aquele sorriso que era de praxe dele.
Após nos acomodarmos, dei partida no carro. Vinícius ligou o som, deixando tocar
Engenheiros do Hawaii. Quando dei por mim, nós dois estávamos cantando em sincronia uma
das músicas em um clima tranquilo.
— Há quanto tempo não tínhamos um momento assim? — perguntei quando a música
acabou.
— Muito.
Nós tínhamos o costume de ouvir essas músicas em nossa adolescência, aprendemos com
os nossos pais.
— Eu sinto falta de você, Rai, mas estraguei tudo, não é? — comentou um tempo depois,
olhei-o brevemente constatando em seu olhar que falava sério.
Levei a mão ao volume do carro e o abaixei um pouco para que pudéssemos conversar.
Sentia que ele precisava dessa conversa mais madura.
— Você realmente tem feito muita merda e isso nos distanciou. Mas não significa que
tenhamos que permanecer assim... — falei, ao passo que voltei a atenção para a estrada. —
Quantas vezes eu tenho que dizer que tudo que vem fácil, vai fácil?
— Eu sei, e dá muita dor de cabeça.
— Exatamente — concordei, surpresa com as suas falas.
— É por isso que eu vou me empenhar, Raissa, quero chegar aonde você chegou. Estudar
e aproveitar essa oportunidade — disse, fazendo-me arquear as sobrancelhas.
Vinícius sempre foi um moleque inconsequente e por isso que nos afastamos. Não poderia
mais lidar com a vida fácil que ele queria levar às minhas custas.
— Estou curiosa, o que te fez querer essa mudança? — perguntei e o olhei mais uma vez,
estava orgulhosa de vê-lo querer tomar um rumo.
— Em primeiro lugar: a confusão com os agiotas, eu queria triplicar o dinheiro, mas não
queria te colocar em risco. Depois de apanhar muito, pegaram o meu celular, prontos para ligar
para os nossos pais, então no desespero eu falei de você. Pensei que você me socorreria, como
sempre.
— Sim, eu faria. Mas, dessa vez, foi Alexander quem resolveu.
— É, ele também teve uma conversa séria comigo. Me mostrou o que as minhas ações
poderiam ter causado a você... — Suspirou, dando-me a compreensão. A conversa com
Alexander, certamente foi bem séria. — Alexander me fez prometer que não faria mais nada que
pudesse te meter em confusão, então, ele apoiaria a minha carreira.
— Fico feliz, principalmente por fazê-lo tomar um jeito — disse, ajeitando-me no banco,
em seguida, voltei a minha atenção para a estrada.
Queria perguntar sobre a conversa que tiveram, mas temia que meu coração pudesse
balançar mais, e no momento não era algo que eu permitiria.
Eu não poderia.
— Ei, maninha. — Vinícius me chamou mais uma vez. — Alexander é um cara legal,
parece o tipo de cara que daria o mundo dele a você.
Balancei a cabeça em concordância, tentando não absorver as falas de meu irmão.
Alexander certamente faria de tudo para que as pessoas pensassem dessa forma.
Vinicius aumentou um pouco o som e um sorriso se formou em minha boca, apreciando o
que toda a situação havia nos proporcionado.
— Senti sua falta também, feioso — disse, vendo de relance o sorriso do meu irmão se
alargar.
Evitei falar de Alexander o resto do caminho, procurei conversar com Vinicius sobre
coisas aleatórias e pedi que mantivéssemos o contato mais frequente. Fui em direção à minha
casa e depois de pegar a mala, despedi-me dele e fui para o meu apartamento.
Só então, depois de guardar as minhas coisas no quarto, sentei-me na cama e peguei o
celular para checar.
Alexander não se atreveu a mandar uma mensagem sequer.
Tive que disfarçar o dia todo, mas sabia exatamente o que ele estava fazendo e por mais
que meu coração balançasse loucamente por ele, não via como poderíamos avançar dessa forma.
A verdade era que ele nunca me deixará entrar e, no final desse contrato maldito,
acabaríamos nos separando. A única magoada seria eu, porque Alexander não estava disposto a
ceder. E por mais que não conhecesse os seus motivos, para mim era demais.
Querendo lavar aquilo tudo da alma, peguei um pijama e fui para o banheiro. Não fazia
ideia de quanto tempo fiquei ali, debaixo do chuveiro, deixando aquela angústia sair. Não era
capaz de lidar com isso, não quando nos conectamos tanto, como nessa madrugada, e ele teve a
capacidade de fugir pela manhã.
Eu chorei, mas prometi a mim mesma que não seria algo recorrente, não deixaria
Alexander brincar dessa forma comigo. Não deixaria que a sua indecisão, colocasse-me em mais
momentos como esses.
Saí do banho, sequei os cabelos, vesti o pijama e fui para a cozinha procurar algo para
comer.
Eu precisava de doce, urgentemente.
Para minha felicidade, ainda restavam em meu estoque dois potes de pasta de amendoim
do Dr. Peanut. Escolhi o sabor bueníssimo e decidi que eu afogaria as minhas mágoas ali.
Peguei uma colher bem generosa e a levei à boca, apenas sentindo o sabor maravilhoso.
Estava pronta para ir em direção ao sofá com o pote quando a campainha tocou.
Fechei o pote e o deixei sobre a bancada antes de caminhar em direção a porta. Como de
costume, chequei no olho mágico constatando que era o culpado pelo que estava sentindo nesse
momento.
Eu não sabia o que sentir ao certo. O coração traidor disparou, mas a cabeça se voltou para
a mágoa grande por sua covardia. Respirei fundo, sabendo que Alexander tentaria me convencer
daquela mesma mentira que contou aos meus pais quando foi embora pela manhã.
Um problema em um dos hotéis.
Sorri de nervosismo ao pensar sobre isso. Eu realmente não engoliria sua desculpa.
Abri a porta e encontrei aqueles olhos perdidos sobre mim. E eu quase, quase vacilei. Mas
havia coisas que não poderiam passar. Tudo tinha limites, até mesmo para ele.
Mantive-me séria. Dei um passo para trás quando Alexander fez menção de se aproximar.
— Raissa... — Sua voz saiu em um sussurro.
Suspirei e o medi com o olhar.
Estava cogitando deixar sair tudo o que estava entalado em minha garganta. Eu não
poderia mais, não conseguiria mais fazer isso.
— Alexander — disse, séria. Estava pronta para acabar com tudo. — Sinceramente, eu...
— Eu te amo — interrompeu-me, fazendo meu coração vacilar.
Eu havia escutado certo?
— O-o quê? — Minha voz saiu entrecortada, enquanto eu tentava assimilar aquelas
palavras.
Alexander se aproximou, aproveitando meu desconcerto, levou a mão em meu rosto,
fazendo-me olhar fixamente dentro daqueles olhos azuis e tão intensos, que quase me fizeram
perder o ar.
— Eu te amo, Raissa.
CAPÍTULO 44
— Parece que lembrou que tem uma avó — dona Madalena disse ao atender.
— Não saia de casa, estarei aí em cerca de duas horas — avisei, em seguida, encerrei a
ligação, concentrando-me apenas na estrada.
Eu havia acabado de sair da casa dos pais de Raissa, deixando-a dormindo, como um
grande covarde, ao passo que a mente traiçoeira seguia atirando dúvidas para mim, dúvidas que
estavam a ponto de me enlouquecer.
Pela primeira vez na vida, eu estava me perguntando algo que jamais imaginei que fosse
capaz.
E se...?
Aqueles olhos intensos e doces transmitiam perfeitamente que aquele sentimento que
sentia por ela era recíproco. Aquilo me fez pensar além.
E eu desejei, desejei com todas as forças que pudesse ser real.
Que pudéssemos fazer dar certo, não só agora, não só por um ano.
Mas para sempre.
Que eu pudesse abraçá-la sempre que me sentisse inseguro e que Raissa estivesse para
mim, assim como eu estaria para ela, que pudéssemos fazer amor intensamente, assim como
fizemos durante a madrugada.
Era o que eu queria, mas seríamos capazes?
Eu seria o suficiente para ela? Deveria ser egoísta, mesmo quando fiz coisas tão terríveis
para tê-la?
Foi o que passou em minha cabeça durante toda a noite e, no momento, os pensamentos
seguiam me atormentando. Era uma briga constante entre a razão e a emoção.
Eu queria Raissa, mas, no fundo, sabia que o melhor seria liberá-la desse contrato e me
afastar.
Ter que me afastar me destruiria, mas talvez fosse o melhor para ela, minha linda preciosa.
A viagem foi longa e pela primeira vez na vida, eu realmente não sabia o que fazer. Foi
isso que me levou exatamente para a casa da minha avó.
Inclinei-me e encostei a cabeça no volante, enquanto decidia se deveria entrar e tentar uma
conversa sincera. Dona Madalena era a única que poderia me dizer o que fazer nesse momento,
ela me conhecia como ninguém, era a única que eu poderia confiar.
Saí do carro e entrei na casa, procurando algum sinal de sua presença. Fui para o lugar que
ela mais gostava.
O jardim.
E lá estava ela, sentada em uma namoradeira, tomando um pouco de sol, perdida nos
próprios pensamentos. A cada passo em direção a ela, mais as dúvidas me atingiam, mais aflito
eu me sentia por respostas.
— E se eu não for o suficiente? — perguntei ao mesmo tempo em que parei de frente para
minha avó.
— Jesus, Alexander, que susto! — Em um movimento automático, levou a mão no
coração. Então, franziu as sobrancelhas e me mediu com o olhar. — O que aconteceu?
— Nada, é só que... — Suspirei e levei as duas mãos à cintura, observando-a dar dois
tapinhas para que eu me sentasse ao lado dela.
— Agora que o casamento está chegando, você está surtando, não está? — perguntou, o
olhar cheio de preocupação.
Suspirei mais uma vez e baguncei os cabelos, apenas tentando não pirar. Não era o
casamento em si, era o sentimento vindo à tona, era a vontade de fazer com que tudo fosse real,
mesmo quando não devia.
— Acho que o que temos agora não vai durar, e se eu não for o suficiente? Eu sou um
homem com muitas responsabilidades, então, se Raissa começar a se sentir sozinha e... — Minha
voz falhou com aquele pensamento.
— Alexander... — chamou, séria, e levou a mão até mim. Aceitei seu contato e me deixei
levar, sentando-me ao seu lado.
— Meu pai trabalhava muito, isso fez com que... — engoli em seco. — Aquela mulher
dizia que era infeliz com ele, não é?
— Querido, você era novo na época. Haviam muitas coisas que não entendia. — Olhou-
me com compaixão e balançou a cabeça em negativa. — Não foi porque o seu pai não era o
suficiente, não foi por ausência, sabe muito bem que ele dava a vida por vocês — pontuou, eu
assenti. Mesmo quando minha mãe dizia, não me lembrava de ter um pai ausente. — Seu pai era
louco por aquela mulher. O que ela fez, foi por ser uma sem-vergonha, que apenas queria a vida
boa que meu filho poderia proporcionar. E eu o avisei, querido, desde o início ele soube, mas a
amava tanto que não quis enxergar.
Respirei profundamente, sem saber o que fazer. Havia duas razões para que eu não fizesse
aquilo que realmente queria, mas a verdade era que não me sentia capaz de deixar Raissa ir.
— Tudo o que aconteceu foi consequência do seu pai não enxergar o que estava à frente
dele. — Minha avó voltou a falar, atraindo a minha atenção. — Quer saber o que eu
acho?
— O quê?
— Primeiro, você não deve basear sua relação com a Raissa na que seus pais tiveram.
Segundo, Raissa, claramente, não é igual aquela mulher. — disse e acariciou o meu braço. — Ela
é diferente, tenho que admitir que vendo vocês juntos me acometeu que Raissa é a mulher ideal.
Você precisa de alguém como ela ao seu lado.
— Achei que não gostasse dela — comentei, surpreso. Dessa vez, foi ela quem suspirou e
desviou o olhar para a frente.
— Quando eu pensei que ela era apenas mais uma daquelas prostitutas que apareciam
procurando você, querendo o seu dinheiro, eu realmente a odiei. Senti medo de você ir pelo
mesmo caminho do seu pai. — Minha avó voltou a me olhar. — Mas o pouco que eu vi foi o
suficiente para saber que ela vai te fazer feliz, vai te amar, assim como você a ama — disse,
fazendo-me vacilar. — Eu vi a forma como se olham, Alexander, a forma que vocês têm
evoluído juntos a cada encontro que temos. Foi por isso que aprovei o casamento, por acreditar
fielmente que vocês se amam.
Por um momento, eu não soube o que responder. Minha avó sempre foi uma mulher muito
dura e sincera. Não me lembrava de uma conversa tão madura entre nós dois, como essa.
Voltar ao passado era difícil para todos nós, mas era necessário. Olhei para baixo e mexi
em minhas mãos, enquanto lágrimas invadiam os meus olhos sem permissão. Naquele momento,
eu consegui sentir perfeitamente o que minha avó queria quando tentava me empurrar aquelas
mulheres, ou quando me aporrinhava para não seguir vivendo da forma que eu estava.
Ela queria que eu fosse feliz, não queria que me prendesse na vida dos meus pais. Mas foi
exatamente o que eu fiz, a vida toda. Eu me convenci que nunca seria o suficiente, que mulher
alguma fosse capaz de me amar fielmente.
Mas Raissa despertava em mim um sentimento único. Eu queria tentar, mesmo que ao
final isso me destruísse, eu apenas precisava dela.
— Deveria seguir com isso, mesmo quando eu sei que não a mereço? Mesmo quando no
final nós possamos apenas magoar um ao outro? — perguntei, a voz contida.
— Não faça isso com você mesmo, Alexander, apenas confie mais em seu coração. Acha
que pode a fazer feliz? — perguntou, balancei a cabeça positivamente.
Oh, Céus! E como, eu faria tudo por aquela mulher.
— Acha que Raissa pode te fazer feliz?
— Sem qualquer sombra de dúvida... — Meu coração se apertou com a dúvida que surgiu
quanto a tudo que eu já tinha feito a ela. — Mas...
— Sem mais, você já tem a sua resposta — minha vó interrompeu. — Podem lidar com
todo o resto, enquanto o amor prevalecer.
Ela estava certa, nós poderíamos lidar com todo o resto, desde que estivéssemos juntos. A
dor maior seria não a ter comigo.
A conversa com a minha avó foi algo que me fez ter ainda mais esperanças. Por um
momento, pensei que ao expor aqueles sentimentos dona Madalena me falaria para desistir de
Raissa.
Mas não, aquilo que eu ansiei, mesmo de maneira inconsciente, aconteceu, Raissa havia
conquistado a minha avó verdadeiramente.
E no momento, poderia dizer que estava agitado. Havia abandonado aquela mulher, depois
de tudo o que compartilhamos. Meu desespero era tamanho que assim que deixei a casa da
minha avó, cogitei dirigir até a casa dos pais dela mais uma vez.
Mas poderíamos nos desencontrar e o local não era o ideal para ter essa conversa, então,
racionalmente fui para a minha casa.
Assim que cheguei, peguei o celular e disquei o número de Marcelo, um dos seguranças de
minha confiança.
— Alexander. — Ele atendeu no segundo toque.
— Preciso que me informe quando Raissa chegar em seu apartamento.
— Certo, senhor, estarei de prontidão.
— Ótimo.
Encerrei a ligação e fui até o contato de Raissa, permaneci alguns instantes encarando o
visor, mas, por fim, acabei bloqueando a tela e colocando o aparelho sobre o móvel próximo à
entrada.
Não poderia correr o risco de ligar para ela e falar demais, aquela conversa deveria ser
pessoalmente.
Fui para o banheiro e enquanto deixava a água cair sobre mim, deixei a mente divagar em
torno de todos os momentos que vivi com Raissa, desde a primeira vez que a vi, até a noite
anterior. Não havia dúvidas quanto ao meu sentimento por ela.
Eu a amava.
Porra, como eu a amava.
Nem mesmo se quisesse, seria capaz de deixá-la. Eu precisava dela e a cada hora que se
passava, maior era a vontade de deixá-la saber. Sim, eu estava decidido, precisava me abrir para
aquela mulher e apenas esperar que ela não estivesse magoada demais comigo.
Eram pouco mais de 19h quando Marcelo ligou, informando que Raissa havia chegado.
Não perdi tempo e fui ao seu encontro, tinha que admitir, quando Raissa abriu a porta, senti meu
corpo congelar.
A decepção em seu olhar era evidente. Mais do que isso, senti naquele momento, que ela
poderia estar magoada a ponto de desistir de mim. E quando ela evitou o meu toque, tive a
confirmação de que estava muito perto de perdê-la.
Foi por isso que, quando ela começou a falar tão seriamente, o desespero para deixá-la
saber o que eu sentia, tomou conta, fazendo-me confessar.
Eu a amava, a amava com todas as forças.
Senti-me aliviado quando ela me deixou aproximar, então, levei a mão em seu rosto e
repeti aquelas palavras que fizeram meu coração acelerar:
— Eu te amo, Raissa.
— Alexander... — chamou-me. Só então compreendi a dimensão de tê-la deixado lá, havia
representado.
— Me desculpe por hoje, eu realmente precisav...
— Você me magoou muito — interrompeu-me com a voz embargada, fazendo meu
coração se despedaçar.
Deslizei meus braços em volta dela e a puxei para mim.
— Me perdoe, eu juro que não queria... — Suspirei, apenas afagando os seus cabelos
quando ela parecia tão frágil. — Prometo que não vou fugir mais, nunca mais.
Ela suspirou ao me ouvir e me apertou ainda mais forte.
— Você pode repetir? — pediu, fazendo com que um misto de alívio e felicidade me
envolvessem naquele momento.
— Eu te amo, tanto que não sou capaz de te deixar ir. Nem agora, nem em um ou cinco
anos — repeti aquelas palavras que pairaram em minha mente durante todo o dia.
Ela se afastou um pouco, encontrando os meus olhos totalmente surpresos.
— O que quer dizer com isso, Alexander? — A voz saiu em um sussurro.
— Que eu quero você na minha vida, Raissa, não só hoje, mas sempre.
CAPÍTULO 45
Ele me amava.
Oh, Deus! Não apenas isso.
Alexander não estava apenas assumindo os sentimentos, ele estava me dizendo que me
queria em sua vida para sempre. E isso era muito mais do que um avanço.
Meu coração entrou em descompasso, enquanto assimilava o fato de que ele estava tão
entregue quanto eu, que ele queria aquilo, tanto quanto eu.
— O-o que a gente faz agora? — perguntei, a voz entrecortada, ansiando por uma
confirmação. Eu precisava ouvir mais, precisava desesperadamente saber o que se passava em
sua cabeça.
— Depende apenas de você. — Acariciou o meu rosto suavemente. — Eu quero que
deixemos o contrato de lado, mas quero seguir com tudo — falou, sério, fazendo meu coração
quase sair pela boca. — Quero me casar com você em três semanas, quero que vá morar comigo
e quero que possamos começar verdadeiramente a partir de agora.
Não respondi de imediato, minha cabeça começou a dar voltas enquanto eu absorvia
aquelas informações.
Alexander se inclinou, encostando a testa na minha, e fechou os olhos, apenas esperando a
minha resposta. Minha voz sumiu completamente, eu não esperava por nada assim, mas aqui
estava ele, vulnerável para mim.
— Me responde, por favor, ou vou enlouquecer — sussurrou, fazendo meu corpo inteiro se
arrepiar, sentindo em cada palavra dita, o quanto falava sério.
Eu tinha muitas dúvidas, muitas perguntas, mas apenas queria curtir aquele momento e
dizer a ele aquilo que eu mantive preso a mim, por medo de o afastar.
— Eu te amo, Alexander. — Deixei aquelas palavras saírem, os olhos dele se abriram e
foram intensamente ao encontro dos meus. — E não há nada que eu queira mais, do que seguir
exatamente da forma que estamos agora.
— Ah, Raissa... — Alexander acabou com o pouco de distância que ainda restava entre
nós, roçando os lábios nos meus suavemente, fazendo uma onda de excitação percorrer todo o
meu corpo.
Um gemido contido escapou de meus lábios, quando sua mão foi para minha nuca. Então,
nossos lábios se uniram. Correspondi aquele beijo com a mesma intensidade, a ansiedade tomou
conta, logo o que era lento e hesitante, tornou-se pura necessidade e luxúria.
Ansiando por mais contato, levei minha mão ao encontro dele e a deslizei por suas costas.
O alívio, em saber que ficaríamos bem tomou conta, e a urgência de senti-lo se tornou maior.
Alexander encerrou o beijo, sugando meu lábio inferior, e se afastou para me olhar. A
respiração estava ofegante e em uma sincronia surreal sobre o que queríamos nesse momento.
As mãos quentes desceram para a minha cintura e, em um rompante, colou os nossos
corpos, fazendo-me sentir sua ereção. Um gemido escapou dos meus lábios, enquanto eu
pressionava meu corpo ainda mais contra o dele, sem desviar o olhar, dando a permissão que
queria para seguir adiante.
Alexander deslizou a mão pelas minhas coxas e me tirou do chão. Passei as mãos em volta
do seu pescoço, ao mesmo tempo em que minhas pernas estavam em volta da sua cintura.
Então, seus lábios estavam contra os meus mais uma vez.
Ele me levou para dentro e fechou a porta atrás de nós, levando-nos para o meu quarto.
Alexander me deitou no colchão macio, trazendo seu corpo junto ao meu, sem perder
tempo levei as mãos em sua camisa, desabotoando-a, deixando o peitoral gostoso à mostra. Ele
jogou o corpo para trás, quebrando um pouco o contato para me ajudar a tirar a blusa.
Minhas mãos foram para a calça, puxando-o para cima de mim. Enquanto a abria e
abaixava o zíper, joguei meu corpo para frente, deixando uma mordida na curva do pescoço dele.
— Puta que pariu, Raissa. — Alexander deu um pequeno rosnado e deslizou as mãos
grandes pelo meu corpo, tirando meu baby-doll, em seguida, tirou a única peça que ainda restava
em meu corpo, a minha calcinha.
— Ontem, eu não pude te saborear direito, mas hoje eu preciso. Preciso de você por
completo — sussurrou, a voz cheia de desejo e paixão.
Eu o queria urgentemente dentro de mim, mas o conhecia bem para saber que ele não faria
diferente do que acabara de falar, então, apenas suspirei em antecipação, observando-o, enquanto
ele se levantava para tirar o restante das peças que ainda estavam presentes em seu corpo.
Mordi os lábios quando ele liberou o pau, completamente ereto, e aquela mesma ansiedade
de sempre pairou sobre mim. Alexander se ajoelhou sobre a cama e começou a beijar a minha
perna lentamente. Como uma doce tortura, ele fez uma trilha de beijos molhados, até chegar à
parte interna da minha coxa.
Ele acomodou as minhas pernas sobre o seu ombro, então, sua boca estava onde eu mais
ansiava. Lambendo-me e chupando de forma voraz, fazendo com que gemidos incontroláveis
escapassem de meus lábios, a cada nova investida.
Para acabar de vez com a minha sanidade, penetrou dois dedos dentro de mim. Arqueei
meu quadril, enquanto ele seguia me chupando, levando-me completamente à beira de um
orgasmo.
Enquanto eu estremecia em sua boca, senti-o tirar as minhas pernas de seu ombro e subir,
deixando uma trilha de beijos por todo o meu corpo, até tomar meus lábios com necessidade,
deixando-me sentir o meu gosto em sua boca.
Senti seu pau em contato com a minha boceta e aquilo me fez estremecer. E mesmo
quando passei as minhas pernas em sua volta incentivando-o a seguir, ele não o fez.
Alexander se afastou para me olhar, fazendo-me suspirar.
— Você é tão linda... tão sexy — ele sussurrou com os olhos fixos aos meus. Mordi o
lábio inferior, enquanto senti-o desviar a atenção para os meus seios.
Alexander se inclinou e abocanhou um deles, fazendo-me gemer, recebi uma mordidinha
que me arrepiou inteira. Então, desviou a atenção para o outro seio, repetindo aquele mesmo
gesto gostoso.
— Alexander — gemi em súplica, apertando ainda mais as minhas pernas em volta dele,
fazendo os olhos virem ao encontro dos meus. — Preciso sentir você, por favor.
Os olhos dele escureceram ainda mais, senti-o passar o pau em minha boceta, espalhando
minha lubrificação. E acabando com o meu tormento, deslizou lentamente da mesma maneira
que fez ontem. Um movimento forte e profundo, fazendo-me gemer sentindo-o me preencher por
completo.
O olhar intenso estava sobre mim. Aquela mesma conexão, estava cada vez mais presente,
ao passo que retrocedia e se afundava mais uma vez, arrancando-me mais um gemido intenso.
— Case-se comigo, Raissa — rosnou, fazendo-me perder o ar. O coração quase saiu pela
boca, e como se não fosse o suficiente, deslizou mais uma vez, profundamente. — Quero que
seja a minha mulher.
— Por favor — pedi, ansiando por mais. — Sim, não há nada que eu queira mais. Eu... —
Levei as mãos à nuca dele, cravando as minhas unhas, enquanto ele repetia aquele movimento
torturante dentro de mim.
Alexander deu um sorriso gostoso, as mãos seguraram as minhas, em um movimento
rápido, ele saiu de cima de mim e ficou de lado, levando-me junto.
Passei a minha perna em torno da dele, enquanto o sentia me penetrar de forma intensa.
Virei meu rosto buscando seus lábios, beijando-o com necessidade. Alexander levou os dedos
em meu clitóris e começou a massageá-lo, à medida que deslizava profundamente.
Alexander adotou um ritmo constante, uma mão estava entrelaçada à minha, enquanto a
outra trabalhava com maestria em meu clitóris, fazendo-me estremecer a cada deslize.
Então, o orgasmo me invadiu e enquanto um gemido saía de meus lábios, ele seguiu
investindo em mim e a forma com que estava atingindo aquele ponto tão sensível, deixou-me
completamente em êxtase.
Era insano, arrebatador e surreal.
Ele seguiu me torturando em meu ponto sensível, arremetendo sem pudor.
Uma dança erótica e sensual, a ponto de me fazer ter uma síncope com tamanha
intensidade.
Então, mais uma vez eu estava à beira do precipício.
— Delícia... Ah! — gemi, enquanto ele me empurrava imediatamente a outro clímax,
ainda mais intenso, de forma que não pensei ser possível.
Cravei minhas unhas em seu braço, ao mesmo tempo em que ele mordiscava a curva do
meu pescoço, aumentando um pouco mais a velocidade, ouvi um urro sexy escapar de seus
lábios quando atingiu sua libertação.
— Raissa... Raissa! — urrou, a respiração totalmente irregular.
Enquanto nos acalmávamos, senti a mão dele deslizar pelo meu corpo, pousando em volta
da minha cintura, puxando-me para ele. Ainda ofegante, acomodou a cabeça na curva do meu
pescoço, deixando alguns beijos suaves naquela região.
— Eu vou te dar o mundo, Raissa — sussurrou, fazendo meu coração entrar em um
descompasso maior, percebendo que ele realmente estava disposto a se abrir comigo. — Só
preciso de você comigo, nada mais.
Eu me mexi nos braços do Alexander, até ficarmos de frente um para o outro. As mãos
gostosas continuaram em volta da minha cintura, seu olhar para mim era intenso. Mas tinha algo
mais, algo que não consegui identificar.
Aproximei-me e levei as mãos em seu rosto, deixando um beijo suave em seus lábios. Ele
correspondeu na mesma intensidade, por longos minutos. Encerramos o beijo e nos afastamos,
minhas mãos permaneceram no mesmo lugar, acariciando-o sem dizer uma palavra.
— Nós podemos fazer dar certo, não é? — perguntou, denunciando que, no fundo, ele
tinha medo.
E tudo o que eu queria era entendê-lo.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu balancei a cabeça em concordância. Alexander
retribuiu aquele sorriso e levou a mão sobre a minha, entrelaçando-as.
Mesmo não querendo quebrar aquele clima gostoso, havia algumas coisas que eu precisava
saber. Mesmo que ele tivesse se declarado, eu realmente sentia a necessidade de ter essa
conversa. Então, decidi tomar a iniciativa.
— Você realmente teve algum problema nos hotéis?
— Não... sei que te magoei por sair daquela forma, mas depois do que compartilhamos
noite passada, eu precisei desesperadamente de um tempo para pensar em tudo o que estava
sentindo — foi sincero. Assenti, entendendo-o perfeitamente.
— E o que te fez mudar de ideia sobre nós? — perguntei, tentando compreender sua
mudança repentina.
— Não suportar a ideia de te deixar ir, me questionar se o amor seria o suficiente para que
pudéssemos fazer dar certo, mesmo quando... — A voz dele falhou, dando-me brecha para jogar
as perguntas que passeavam sem respostas em minha cabeça.
— Por que tem tanto medo, Alexander? O que aconteceu na noite passada? Se queremos
fazer dar certo, precisamos ser honestos um com o outro. Eu preciso saber.
Ele não respondeu de imediato, parecia pensar no que responderia. Senti seu olhar distante.
Não me atrevi a me mover, apenas esperei que decidisse, sem forçar a barra para compartilhar
aquilo comigo.
— Não tive o melhor exemplo dentro de casa, cresci acreditando que esse sentimento não
bastava. Para mim, o amor nunca passou de uma ilusão — disse, sério, evitando o meu olhar.
— Por quê?
— Meu pai sempre fez tudo o que pôde para a mulher que me deu à luz, dava a vida por
ela, mas nunca foi o suficiente. — Suspirou. Arqueei as sobrancelhas pela forma com que ele se
dirigiu a mãe. — Ela...
Alexander deixou as palavras no ar, deixando claro o quanto aquele assunto era difícil. Os
olhos vieram ao encontro dos meus, fazendo meu coração apertar com a dor e mágoa tão
profundas neles.
— Não precisa contar se não quiser — disse e voltei a acariciar seu rosto.
— Eu preciso... — Suspirou mais uma vez. — Se vamos fazer isso direito, eu preciso que
saiba sobre os meus pais.
— Tudo bem, no seu tempo.
— Meu pai não era o suficiente, então, aquela mulher começou a trai-lo com o melhor
amigo. — Alexander sorriu amargurado. — Quando meu pai descobriu, ela disse que era infeliz
ao lado dele, mesmo quando eu sempre o vi fazendo tudo, para ela não era suficiente.
Lágrimas se formaram em meus olhos, diante da dificuldade que Alexander expressava em
dizer cada palavra, ao mesmo tempo em que eu começava o compreender completamente.
— Depois que meu pai descobriu, o amigo se afastou e eles tentaram seguir com aquilo
que chamavam de casamento. Portanto, ele não estava indo cuidar da empresa mais como antes,
as brigas aumentaram... Meu pai desenvolveu um quadro de depressão e, no fim, ele tirou a vida
dela e... — A voz dele falhou. — Deu um tiro na própria cabeça em seguida — ele completou,
fazendo-me soluçar. — Desde então, sou apenas eu e minha avó.
As lágrimas já eram impossíveis de segurar, o aperto no peito era imenso, enquanto a
compreensão de tudo vinha à tona. Não era só pelo que aconteceu com os pais que eu estava
chorando, era por ele guardar tudo isso, era por pensar na luta que deveria o corroer a cada
momento, a cada vez que ele me empurrou para longe.
— Os pesadelos... são sobre isso? — perguntei entre soluços. Ele suspirou e assentiu. —
Ah, meu Deus... — Em um movimento rápido, fui com o meu corpo sobre o dele, deixando-o de
costas para o colchão, abraçando-o fortemente.
Alexander não disse nada, apenas me apertou com a mesma intensidade, enquanto eu me
acalmava.
— Me desculpe por fazê-lo trazer isso à tona — disse, em um fio de voz.
Senti-me culpada por fazê-lo relembrar tudo. Era algo doloroso e triste, muito triste.
— Está tudo bem... faz muito tempo — falou, a voz contida. — Falar isso em voz alta,
apenas me traz a confirmação de que você é diferente.
Ao ouvi-lo, eu me afastei um pouco para encontrar seus olhos. Apesar de aquilo
visivelmente o afetar, ele não se entregou ao sentimento. Os olhos brilhavam com as lágrimas
contidas, mas ele permanecia sério.
Ele levou as mãos em meu rosto e o acariciou.
— Você me faz querer tentar, me faz acreditar que nós podemos ser o suficiente um para o
outro — sussurrou, os olhos presos aos meus. — Eu quero acreditar nisso, desesperadamente.
— Então apenas acredite, Alexander. Nós seremos, pois eu jamais faria algo nem parecido.
— Fui sincera. — Nunca, ouviu?
— Eu sei, e é por isso que estou aqui — falou e me puxou ao encontro dos lábios dele, sem
me dar tempo para respondê-lo.
O beijo era lento. O gosto salgado das minhas lágrimas, não nos impediu de continuar a
entrega. Senti a mão dele deslizar pelo meu corpo, afastando as minhas pernas, fazendo-me
acomodá-las à sua volta, enquanto a língua pedia espaço para explorar meus lábios.
Então as mãos dele subiram para os meus seios, ele os acariciou, enviando uma onda de
excitação por todo o meu corpo. E enquanto aprofundávamos o beijo, senti-o ficando cada vez
mais duro no meio das minhas pernas.
A mão foi para tocar o pau, pedindo-me espaço, eu o dei, enquanto ele encerrava o beijo,
chupando meu lábio inferior. Os olhos dele encontraram os meus, enquanto ele passava o pau em
minha entrada, espalhando ali a lubrificação dos orgasmos anteriores.
Alexander deslizou lentamente, fazendo-me soltar um gemido contido com aquela
investida.
— Agora, eu vou fazer amor com você bem devagar, até que se desmanche completamente
em meus braços — disse, sua rouquidão fez uma onda de excitação pairar por todo o meu corpo.
Alexander se moveu, fazendo minhas mãos voarem em seu ombro. Meus olhos não
deixaram os dele, pude enxergar naquele momento, algo muito além do que jamais imaginei ser
capaz.
Um amor avassalador, intenso, cheio de desejo, paixão e pura conexão. A confirmação de
que, desde que nos mantivéssemos sempre assim, seria o suficiente.
Estava disposta a entregar tudo a ele e deixar que esse amor arrebatador tomasse conta de
nós, sem barreiras, seriamos apenas nós dois.
Mordi meu lábio inferior e sem deixar os seus olhos intensos, eu disse:
— Isso é exatamente o que eu preciso. Faça amor comigo, Alexander.
CAPÍTULO 46
— Não acredito que vai se casar — Beatriz falou, animada, enquanto saía do provador.
Passei meus olhos pelo vestido, dando um sorriso ao constatar o quanto havia ficado
perfeito nela. Era cor verde-água, a peça se ajustava perfeitamente às curvas e à pele de Beatriz.
— Uau, ficou perfeito — disse, ao passo que ela dava uma voltinha, toda cheia de charme.
— Você diz isso porque ainda não me viu — Isabella falou e saiu do outro provador se
exibindo.
Meu sorriso se alargou, enquanto eu constatava o quanto aquela cor caía bem nas duas. O
contraste da cor na pele levemente bronzeada de Isabella também estava perfeito.
— Arrasou demais nas escolhas, amiga — Beatriz falou, passando os olhos em mim,
enquanto duas mulheres ajustavam o vestido de noiva em meu corpo. — Mal posso esperar para
te ver nesse vestido, com todos os ajustes prontos.
— Eu também. — Sorri.
— E então, sobre Alexander... — Beatriz voltou a falar curiosa. Eu não havia dado
detalhes, mas não consegui segurar a notícia de que tudo havia se tornado real.
Desviei o meu olhar das meninas e para as duas mulheres, então, voltei meu olhar para elas
como um aviso para que tomassem cuidado com o que falavam.
— Agora e para sempre, é o que o casamento significa, não é? — respondi, fazendo-as
vibrar. — Parece que é o que estamos fazendo.
— Não parece, é — Beatriz disse.
— Noite das garotas, o que acham? Assim posso contar tudo o que querem saber —
sugeri, tentando evitar que as loucas acabassem soltando algo que não deviam. Na minha casa,
poderíamos conversar com tranquilidade.
— Hoje para mim não dá, amiga. — Isabela fez um biquinho. — Podemos marcar para
amanhã?
— Eu estou dentro. — Beatriz logo falou.
— Ótimo, combinamos para amanhã, então.
— Vai ser demais — Beatriz completou. — Seus pais chegam quando?
— Eles vêm durante a semana para dar tempo de escolher as roupas, e passar um tempo
conosco.
— Que ótimo, me avisa, estou morrendo de saudades, seria bom vê-los antes do casamento
— Isabella pediu.
Sempre fomos grandes amigas e ela ia com frequência lá em casa.
— Claro, não se esqueça de levar a Mel — avisei, ela sorriu. A presença da pequena era
indispensável.
— Senhorita. — Monica, uma das mulheres que ajustava o vestido chamou a minha
atenção. — Terminei os ajustes, pode conferir se está do seu agrado?
— Claro, obrigada. — Dei um sorriso quando ela se afastou, então, desci do lugar que
estava para que ela ajeitasse e fui em direção ao espelho.
O modelo era ombro a ombro, estilo princesa. Elegante e valorizava todas as minhas
curvas. Exatamente da forma que eu sempre sonhei.
— Está mais do que perfeito — Isabella falou, fazendo meu sorriso alargar.
Meu coração acelerou com a ideia de que esse momento era real, eu estava fazendo isso
para mim, sem farsas, sem fingimentos. Aquilo era real.
— Ah, meu Deus, Raissa. O que foi? — A voz preocupada de Beatriz me trouxe de volta à
realidade, só então, eu me dei conta que lágrimas caíam pelo meu rosto sem permissão.
— Está tudo bem — respondi, a voz contida. Em seguida levei a mão ao rosto para limpar
aquelas lágrimas intrusas, enquanto um sorriso bobo se formava em meus lábios.
Céus! Dava para acreditar?
— É algo comum, acreditem — Monica falou, de forma simpática olhando para as minhas
amigas, que deviam estar me achando uma louca, afinal, me ver chorar não era algo que elas
estavam acostumadas, visto que sempre me mostrei muito forte.
Mas, de repente, aquilo me deixou emocionada.
Casar, quando foi que eu pensei que faria isso verdadeiramente em tão pouco tempo?
Eu e Alexander éramos loucos, simples assim. Mas eu estava feliz, feliz com toda a
loucura.
— Bem, eu amei — falei, virando-me para Monica. — Está perfeito assim.
— Ótimo, vamos tirá-lo e eu farei os ajustes. Você pode pegá-lo comigo em uma semana e
se precisar, ajustamos mais uma vez.
Assenti e voltei para o mesmo lugar, para que Monica e sua ajudante me ajudassem a tirar
o vestido. Beatriz e Isabella fizeram alguns joias com as mãos, fazendo-me sorrir, enquanto elas
voltavam para o provador para tirar os vestidos.
Depois de me trocar, fui em direção às meninas que me esperavam sentadas nas poltronas.
— Vamos? — Pisquei para elas que sorriram e vieram em minha direção.
Nós fomos para o caixa, então a recepcionista calculou tudo junto e me passou a nota com
os valores. Tirei o cartão e entreguei para que ela fizesse a cobrança.
— Vejamos que nossa amiga está mesmo chique — Beatriz comentou, fazendo-me revirar
os olhos.
Estava usando um cartão black que Alexander havia deixado comigo para todo e qualquer
gasto referente ao casamento.
De início, eu não quis aceitar, mas diante das recomendações de lojas e gastos exorbitantes
que ele estava me encaminhando, eu não tive muita escolha. Afinal, apesar de optarmos por algo
mais íntimo, era do casamento de Alexander Korfali que estávamos falando, então, eu acabei
aceitando. O que o deixou com um sorriso de orelha a orelha.
— Em que a senhorita está pensando, hein? — Isabella chamou a minha atenção, fazendo
com que eu controlasse o sorriso bobo que formou em meus lábios ao me lembrar daquele
sorriso gostoso de Alexander.
— Com certeza é naquele gostoso pelad...
— Beatriz! — interrompi-a, dando alguns tapas na cretina, que estava com um sorriso
cheio de malícia nos lábios.
Então, eu me voltei para digitar a senha do cartão.
— Está tão apaixonada que não consegue esconder. — Isabella deu um sorriso divertido.
Balancei a cabeça em negativa, enquanto pegava o cartão da mão da recepcionista, que
tentava disfarçar ao máximo o sorriso com as palhaçadas das meninas.
Depois que paguei, nós fomos em direção à saída, paramos na porta para nos despedir,
afinal, a única que não trabalhava era eu, as meninas estavam em horário de almoço.
— Nos vemos amanhã na sua casa? — Isabella perguntou com um sorriso.
— Com toda certeza, tenho novidades que irão adorar.
— Estou louca para saber como tudo se tornou real — Beatriz falou, eufórica.
— Shhh... — Dei um tapinha nela que apenas deu uma risada. — Amanhã, por volta das
20h, tudo bem?
— Fechado. — Beatriz piscou. — Nos vemos amanhã, preciso correr, pois já estou
atrasada. — Ela me deu um abraço e caminhou na direção oposta, onde estava o carro dela.
— Vou também, amiga, você sabe, a nova gerente é um porre. — Isabella fez uma careta.
— Obrigada pelo almoço e por todo o resto.
— Não foi nada. Até amanhã. — falei com um sorriso, enquanto a abraçava. Ela se afastou
e foi em direção ao carro, que estava logo à frente.
Como eu não tive tanta sorte, o meu carro estava um pouco mais atrás. Havia chegado um
pouco atrasada e estava no horário de maior movimento.
No momento, tudo parecia mais calmo.
Caminhei lentamente enquanto olhava pelas vitrines das lojas. Estávamos em um bairro
nobre, nem em meus sonhos, pensei que chegaria a comprar algo em uma loja assim. Mas aqui
estava, pegando um vestido caríssimo e tudo o que tinha direito, porque Alexander simplesmente
queria me mimar. E apesar de ser muito independente com tudo, estava gostando muito disso.
Eu estava distraída, indo para o meu carro, quando dei um pulo, ao sentir uma mão forte
contornar o meu pulso.
— Veja só, eu estava mesmo querendo te encontrar, sua filha da puta. — Aquela voz
familiar, fez com que um frio na espinha me atingisse.
Tentei puxar meu braço, enquanto me virava para confirmar se a voz familiar era de quem
eu estava imaginando E sim, meu humor que há pouco era um dos melhores, se tornou em um
dos piores em uma fração de segundos.
— Perdeu a noção do perigo, imbecil? — perguntei, tentando puxar a minha mão mais
uma vez.
Era só o que me faltava, depois de oito anos, Matheus querer testar a minha paciência.
— E você? Parece que não tem noção alguma. Não superou ainda o que aconteceu há oito
anos? É por isso?
— Do que está falando? — perguntei e franzi as sobrancelhas, para as insinuações sem
sentido daquele idiota.
— Vai me dizer que não sabe que o seu querido noivo está ferrando a empresa do meu pai
desde o dia que nos reencontramos? — Ele puxou o meu braço mais forte. — Foi você quem
pediu?
— O quê? Não! — rebati, incrédula, tentando me soltar. — Pode me soltar?
— Não antes que me responda, contou a ele sobre nós?
— Sim, Alexander sabe sobre nós — fui sincera.
— Ele não iria quebrar uma parceria de anos, por nada. O que você fez? Fez a minha
caveira com ele para que me arruinasse, vadia.
— Não fiz nada, droga! — gritei. — Ele sabe de tudo que aconteceu, porque estava lá! É o
cara que eu saí da boate naquela noite.
— Acha que vou acreditar nisso? — rosnou, apertando ainda mais o meu pulso. — Isso é
baixo demais, Raissa, até para você.
— O que está acontecendo aqui? — Uma voz firme e grossa pairou sobre nós. Enquanto
mãos firmes agarravam a mão de Matheus, o qual ele estava usando para me segurar.
Olhei para o lado, constatando um homem alto que tinha certamente quase dois metros de
altura, forte, vestindo um terno bem elegante. O homem me era familiar, já havia o visto antes,
mas não fazia ideia de quem fosse ou de onde realmente havia me esbarrado com ele.
— Nada que é da sua conta, babaca — Matheus o respondeu, fazendo-me voltar a olhá-lo.
Ele tentou se livrar do aperto do homem, que intensificou a força sobre Matheus, fazendo-
o me soltar com um gemido de dor, balançando a mão.
— É fácil usar a força contra uma mulher, posso te dar uma lição. Acho que precisa de
uma. — O homem deu um passo à frente, fazendo Matheus recuar. Para não perder Matheus, ele
o segurou, então, os olhos dele foram em minha direção.
— Senhorita Raissa, você pode ir. Eu cuido das coisas daqui em diante — o homem disse,
a voz tranquila destinada a mim.
— Quem é você? — perguntei, mesmo já tendo ciência de quem poderia ser o homem, já
que parecia saber perfeitamente quem eu era.
— Sou Marcelo, estou encarregado de manter a sua segurança.
— Ah, é o dedo-duro. — Pensei em voz alta, um vislumbre de sorriso se formou no canto
da boca dele, porém, deu o seu melhor para se manter sério e assentiu para mim.
— Era só o que faltava — Matheus falou, fazendo-me lembrar de que o imbecil ainda
estava ali. O segurança apertou um pouco mais seu braço, fazendo-o xingar.
Eu poderia pedir que o cara não fizesse isso, mas, na verdade, ele estava merecendo.
Então, o ignorei e me concentrei apenas no segurança.
— Bem, obrigada por isso.
— Disponha — respondeu, antes de se voltar para Matheus.
Eu me virei e comecei a caminhar em direção ao meu carro.
— Você é mais baixa do que pensei, Raissa, vai fugir? — Ao ouvi-lo, eu me virei
rapidamente em direção aos dois.
O segurança estava com o olhar duro para o babaca, mas parecia estar esperando que eu
me afastasse para fazer o que quer que fosse.
— Eu não o pedi para fazer nada! Está enganado. — Foi o que eu disse antes de voltar a
seguir o meu caminho. Tentei ignorar o grito de Matheus, apenas pedindo para que eu resolvesse
aquela merda.
Acomodei-me no carro, em um movimento involuntário levei a mão ao pulso e o
massageei, constatando que o idiota havia deixado uma marca.
Que porra Alexander estava fazendo? Ele realmente estava ferrando a empresa dos pais
de Matheus?
Depois de um suspiro profundo, balancei a cabeça em negativa e dei partida no carro. Não
poderia esperar, tinha que descobrir logo se Alexander estava fazendo isso. Então, meu destino já
estava em mente.
Quinze minutos mais tarde, estacionei em frente à empresa de Alexander. Passei direto
pela recepção e dei um sorriso forçado para a recepcionista, fingindo a plenitude que
definitivamente não estava tendo e fui em direção ao meu único destino.
— Alexander está em sua sala? — perguntei a secretária, à medida que passava por ela.
— Sim, mas...
Não esperei que terminasse, levei a mão na maçaneta e abri a porta.
— Isso seria perfei... — Alexander interrompeu sua fala no momento que seus olhos
cruzaram os meus.
Amaldiçoei-me quando percebi que não estava sozinho. A atenção dele e de mais três
caras estavam diretamente em mim. O olhar de Alexander para mim estava sério, senti sua
repreensão mesmo que não dissesse nada.
Droga! Estava com tanta raiva, que nem mesmo pensei que ele poderia estar com
companhia.
— Me desculpem — disse a todos e fiz uma careta totalmente sem graça. Em seguida, meu
olhar foi para Alexander. — Não imaginei que estava ocupado. Vou aguardar lá fora.
Levei a mão à maçaneta pronta para fechar a porta.
— Raissa. — A voz firme de Alexander ressoou pelo ambiente. Eu encontrei seus olhos
mais uma vez. — Eu já estou acabando, você pode esperar aqui. Por favor, entre.
— Ah!
Olhei para os homens e fechei a porta, então, entrei na sala.
— Senhores, me perdoem, faltam apenas duas semanas para o casamento, com prazos tão
curtos, minha noiva às vezes precisa falar comigo com certa urgência.
— Ela é a mulher que o fisgou — um dos homens falou e me mediu com o olhar.
— Sim, ela é a mulher que tem tudo de mim — respondeu, os olhos fixos em mim,
fazendo-me corar.
— Vejam só como até os corações mais duros se desmancham quando acham a mulher
certa — o homem falou, fazendo os demais rirem.
— Vou levar isso como um elogio — Alexander disse enquanto dava dois tapinhas no sofá
ao lado dele.
— Oh, sim, pode ter certeza. — O homem logo se defendeu.
Sentei-me ao lado de Alexander, que me apresentou brevemente aos homens, levando a
minha bola lá em cima como uma excelente gerente de marketing, contando sobre a empresa que
eu trabalhava anteriormente.
O que não me surpreendeu, afinal, o que ele não sabia sobre mim?
Durante aquela interação quase me esqueci que estava puta com ele, quase.
Mais alguns minutos de conversa e encerraram a reunião, então, se despediram
educadamente de mim. Alexander os acompanhou até a porta e após a trancá-la, olhou para mim
seriamente.
— Raissa — chamou, firme, à medida que caminhou em minha direção. — Isso não foi
legal. É adorável que venha me visitar de surpresa, mas se tivéssemos em algum ponto
importante da reunião, seria embaraçoso para mim.
Levantei-me e eliminei a distância entre nós. Eu deveria me desculpar, mas o que saiu da
minha boca foi outra coisa.
— Você está ferrando a empresa dos pais do Matheus?
Alexander me estudou com o olhar, permanecendo sério.
— Onde conseguiu essa informação? — perguntou, sem qualquer vestígio de remorso.
Droga! Ele realmente estava fazendo isso.
— Seu segurança não te avisou quem me importunou há pouco? — ironizei.
— Matheus foi atrás de você?
Alexander levou a mão no bolso do terno. Rapidamente tirou o celular e o checou por
alguns segundos.
— Idiota, ele machucou você? — perguntou e levou a mão em meu pulso, vendo a pele
ainda vermelha do aperto forte de Matheus.
Puxei a minha mão e o encarei.
— Me diz que você não está fazendo isso — pedi, vendo o maxilar dele travar.
— Por que parece tão decepcionada? — ele perguntou e deu um passo em minha direção,
ficando extremamente perto. Dei um passo para trás no mesmo instante. — Ainda sente alguma
coisa por ele?
Não fui capaz de responder de imediato. Um sorriso cheio de nervoso se formou em meus
lábios, enquanto Alexander apenas arqueava a sobrancelha para mim. Quando percebi a
seriedade, meu olhar se tornou incrédulo.
— Deus, Alexander. Não! — Levantei as mãos para cima com falas tão absurdas. — Não
tem nada a ver com isso, se trata do que te pedi para não fazer, lembra? — falei, agora um pouco
mais calma e me aproximei dele.
Precisava disso, para que ele não interpretasse as coisas de forma errada.
Levei as mãos no rosto dele, que permaneceu imóvel.
— Se trata de nós. — Suspirei. — Não preciso de nada disso, preciso de você. Não quero
que saia por aí punindo pessoas que não tem nada a ver com o que o idiota do Matheus fez. Não
quero que fique desenterrando com essas atitudes algo que foi enterrado há muito tempo.
Alexander pareceu entender o que eu estava falando. Balançou a cabeça em concordância
e quando falou, a voz estava séria, porém, controlada.
— Nada me impede de romper parcerias. Eu já queria fazer isso, foi só um incentivo para
minha decisão final. — Deu de ombros. — O que ele falou com você?
— Ele acha que eu te persuadi a fazer isso, você tem que parar. Se quis cancelar a parceria,
tudo bem. Mas, por favor, não use sua influência para fazer com que outros cancelem. Tudo que
eu não preciso agora é esse idiota no meu pé.
— E não vai, não vai chegar perto de você mais — falou, autoritário.
Epa!
— Alexander, não faça nada p...
De repente, a boca dele estava esmagando a minha com fervor. Demorei alguns segundos
para corresponder aquele beijo bruto, mas que arrepiou cada parte do meu corpo, enquanto as
mãos grandes passeavam sem pudor algum sobre mim.
Alguns minutos depois, afastou-se ofegante e me mediu com o olhar. Como se analisasse a
minha reação.
— Não pode fazer isso enquanto estamos conversando algo sério — repreendi-o, a
respiração irregular.
— Não gosto de como isso soa. Não quero ouvi-la me pedindo para não foder aquele
desgraçado.
Droga! Seria errado dizer que isso foi incrivelmente excitante?
— E eu não quero, que acabe com o legado que alguém batalhou para construir por causa
de um idiota — expliquei. — Não quero que faça essas coisas.
— Não fiz nada, apenas cortei parcerias que não eram relevantes para mim. — Teve a cara
de pau de falar, passando a mão por baixo da minha saia, levando-a para cima, em seguida
apertou minha bunda.
Ao invés de responder, um gemido escapou de meus lábios. O que o deu liberdade para se
inclinar e mordiscar o meu pescoço.
— Ele merece com toda certeza, mas não é certo.
— Não vou retomar a parceria com a empresa dos pais dele, se é isso que está tentando me
pedir — avisou, em seguida mordeu o lóbulo da minha orelha.
— Não quero que faça isso, só não dificulte mais.
Alexander não disse nada, em um rompante me tirou do chão e me levou até sua mesa.
— O que está fazendo? — perguntei, ao mesmo tempo em que me sentava sobre ela,
afastando qualquer coisa que ficasse no caminho.
— Há dois meses eu venho pensando em fodê-la em cima dessa mesa. Eu quero fazer isso
agora.
— Eu ainda não terminei de falar — protestei.
— Precisamos mesmo falar sobre esse idiota? — Alexander perguntou, levantando a
minha saia acima da barriga.
— Sim, nós precisamos. Não só dele, mas sobre o segurança também — completei,
fazendo-o suspirar.
Antes que Alexander pudesse responder, o telefone em sua mesa tocou. Ele amaldiçoou
baixinho, antes de tirá-lo do gancho e o levar ao ouvido.
— Cancele, por favor — Alexander pediu, sério, após alguns instantes. Então, bufou. —
Merda! Eu me esqueci. — Fez uma pausa, apenas escutando a pessoa do outro lado da linha. Por
fim, completou. — Tudo bem, me dê alguns minutos.
Alexander desligou o telefone e me mediu com o olhar. Em seguida, as mãos foram para a
borda da minha calcinha. Levei as mãos sobre a dele, fazendo-o encontrar o meu olhar.
— Não tem algum compromisso agora? — perguntei, enquanto ele ignorava meu toque e
retirava a minha calcinha.
Sem cerimônia, afastou as minhas pernas e se acomodou entre elas, no instante seguinte se
ajoelhou, sem tirar os olhos dos meus.
— Sim, eu tenho, vamos ter que terminar essa conversa mais tarde na nossa casa — disse,
fazendo a droga do coração traidor balançar por completo. — Mas não antes de lembrá-la porque
não devemos perder tempo falando daquele idiota.
— Nossa casa? — sussurrei, a voz carregada de desejo.
— Sim, nossa casa.
CAPÍTULO 47
— Conseguiu resolver o problema? — perguntei, firme, os olhos fixos na porta do
banheiro.
— Dei um aviso ao cara, o fiz entender quais seriam as consequências se a abordasse
novamente. Talvez eu tenha deslocado, ou quebrado, um ou dois dedos. Mas quem liga? —
Marcelo respondeu, minha boca se curvou em um sorriso, à medida que me recostei na parte
traseira do sofá.
— Não dou a mínima — respondi, firme. — Qual foi a reação dela em relação a você?
— Tranquilo, não se espantou, apenas me chamou de dedo-duro e agradeceu — falou em
um tom divertido, meu sorriso se alargou.
Naquele instante, Raissa abriu a porta do banheiro e saiu.
— Obrigado, continue de olho em tudo. Nos falamos depois.
— Certo, Alexander.
Encerrei a ligação, enquanto Raissa caminhava em minha direção. Meus olhos
permaneceram fixamente sobre ela, ao passo que guardava o celular no bolso.
Os cabelos, mesmo que ajeitados, visivelmente desgrenhados, o rosto corado e aquele
sorriso gostoso nos lábios me faziam querer uma segunda rodada urgentemente.
Meus olhos foram de imediato para a minha mesa, enquanto a imagem de Raissa de costas
para mim, inclinada com a bunda para cima, dando alguns gemidos contidos, à medida que eu
puxava seus cabelos em um rabo de cavalo, fez-me cogitar cancelar tudo.
Droga! Estava ficando duro mais uma vez, e o pior de tudo, estava atrasado para uma
reunião importante que não poderia ser adiada.
— Algo interessante na mesa? — Raissa perguntou, atraindo a minha atenção para ela.
O sorriso dela se alargou, como se soubesse perfeitamente por onde andavam os meus
pensamentos.
— Você não faz ideia — respondi, ao mesmo tempo em que ela parou em minha frente.
Sem cerimônia, passou os braços em volta do meu pescoço e se inclinou para deixar um
selinho em meus lábios. Minha mãos foram para seu quadril e colei seu corpo no meu, fazendo-a
arquear as sobrancelhas ao notar o quão duro eu já estava.
— Vou resolver as coisas com a minha equipe e em aproximadamente duas horas estarei
em casa — falei, a voz mais rouca que o normal. — Precisa que eu repita a senha?
Raissa balançou a cabeça em negativa.
— Vou esperar, ansiosamente... — Ela se afastou. — Para conversarmos.
— Claro. — Minha boca se curvou em um sorriso, sabendo que a conversa poderia até
acontecer, mas não antes de continuarmos o que começamos aqui.
— Não quero atrapalhar a sua reunião, então. — Piscou para mim e apontou para a porta.
— Vejo que está mais tranquila — disse, diante de sua provocação.
— Você parece ter esse poder de me acalmar — confessou, fazendo meu sorriso se
alargar. — Mas não significa que eu concorde com o que está fazendo.
Estendi a mão em sua direção, ela me mediu com o olhar antes de aceitar, então a puxei
mais uma vez. Era para ser apenas um selinho, mas no instante seguinte, a envolvi em meus
braços e aprofundei o beijo.
Droga! Eu estava fodido.
Quando nos separamos, estávamos sem fôlego. Raissa mordeu o lábio inferior e sem dizer
uma palavra sequer, virou-se e caminhou pela sala, acompanhei-a com o olhar até que abriu a
porta e saiu.
Aquela atitude tornou tudo ainda mais sexy.
Tive que aguardar alguns minutos para me controlar e ir para a sala de reuniões.
Estava atrasado, claro. Toda a equipe estava me esperando para discutir o que faríamos no
próximo mês, afinal, daqui a alguns meses, começava a época de maiores reservas do ano. Então,
precisávamos nos organizar.
Estava me reunindo com o gerente responsável por cada sede de hotel, recebendo algumas
informações que poderiam ser importantes. E, à medida que explicava que a partir desse
momento trabalharíamos junto com a ALX marketing e publicidade, minha mente vagava para a
possibilidade de Raissa se integrar na empresa.
Parte de mim, queria ver em prática tudo aquilo que me mostrou em apenas um dia de
trabalho comigo, mas a outra parte, era culpa, por tirar dela algo que visivelmente a fazia tão
bem.
Achava que se conseguisse dar um bom emprego, uma grande oportunidade, ao mesmo
tempo em que tivesse ao menos um pouco de contato com sua antiga equipe, amenizaria o fato
de que eu ferrei, literalmente, a sua vida profissional.
Quando a reunião acabou, despedi-me daqueles que estavam se preparando para voltar
para a sua cidade ainda hoje e, em seguida, dei uma passada em minha sala para confirmar que
tudo estava em ordem para ir ao encontro da minha mulher.
Desliguei o meu notebook, guardei alguns papéis e estava prestes a ir embora quando o
telefone em minha mesa tocou.
— Sim? — Atendi no quarto toque.
— Senhor Alexander, tem uma pessoa querendo falar com você.
— Emanuela, eu disse que não receberia mais ninguém hoje — repreendi-a.
— Eu sei, senhor, mas fui informada que é urgente, e como se trata de um dos nossos
parceiros, achei que deveria saber.
— Quem está aí?
— Matheus Albuquerque. — Arqueei minha sobrancelha ao ouvir o nome.
Se fosse qualquer outra pessoa, eu realmente não receberia. Porém, o filho da puta teve a
audácia de vir até aqui, então precisava ao menos saber o que pretendia.
— Pode deixá-lo entrar — respondi, sério, e coloquei o telefone no gancho.
Dei a volta na mesa e me sentei na cadeira, afrouxando a gravata e esperando que o cara
entrasse.
Não demorou muito para a porta se abrir, Emanuela me deu um sorriso sem graça e deu
espaço para que o idiota entrasse. Em seguida, fechou a porta nos deixando a sós.
— Matheus — disse, observando-o caminhar em direção à minha mesa. — É muita
audácia aparecer aqui depois do que fez hoje.
Tive que conter o sorriso ao notar a mão enfaixada.
— Marcelo fez um bom trabalho. — Voltei a falar, ele fez uma careta e acompanhou meus
olhos para a mão.
Um ótimo lembrete para deixar as mãos sujas longe de Raissa.
— Eu perdi a cabeça quando a vi, esse último mês não foi fácil. — Suspirou.
— Nada justifica — falei, duramente. — O que você quer?
Eu sabia o que ele queria, sabia muito bem. Mas não facilitaria, queria ouvi-lo falar. Sabia
que podia ser o maior filho da puta por pensar assim, mas gostava de ver o cretino se
humilhando, afinal, para mim, ele merecia.
Não só pelo que fez a Raissa há oito anos. Mas também pela forma que falou com ela no
evento. O desgraçado a tratou de forma que só de lembrar, fazia-me querer sacaneá-lo ainda
mais.
Pessoas assim, sinceramente não sentia remorso algum de foder, completamente.
— Vim conversar sobre o rompimento da parceria dos hotéis com a agência de turismo da
minha família — finalmente falou, em um fio de voz, como se odiasse o que estava fazendo.
— Fale, estou ouvindo. — Recostei-me na cadeira e o encarei.
— Nós não aguentaremos muito sem a parceria, são tantos anos, tantos clientes e
benefícios. Detesto admitir que nossa gama principal vem dos seus hóspedes. — Suspirou mais
uma vez. — O caixa em breve estará negativo e...
— Não quero fazer qualquer negócio com você. Deveria saber que meu problema é mais
do que pessoal — interrompi-o. — Seu pai gerenciava melhor as coisas. Eu não vejo mais
vantagens desde que você assumiu, foi por isso que quebrei uma parceria de tantos anos.
— Nós sabemos que é mais pessoal — rebateu, entredentes.
— Um pouco dos dois, com certeza. Se não fosse tão babaca talvez essa parceria se
mantivesse — fui sincero.
Era visível em seu olhar o quanto aquelas palavras o enfureceram, mas claro, o merdinha
segurou as pontas.
— Tem algo que eu possa fazer para mudar isso?
— Não, se veio aqui para isso, sinto que perdeu o seu tempo.
Então, Matheus se levantou balançando a cabeça em negativa.
O coitado estava perdido. E eu não dava a mínima, mas as palavras de Raissa pairaram em
minha mente.
Não quero que saia por aí punindo pessoas que não tem nada a ver com o que o idiota do
Matheus fez.
Amaldiçoei-me por me importar tanto com a opinião daquela mulher, suspirei e voltei o
olhar para o idiota.
— Aliás... — chamei sua atenção antes que saísse da minha sala. — Há algo que pode
fazer sim.
— O quê?
— Renuncie ao seu cargo de CEO — pedi, fazendo-o arregalar os olhos.
— Está brincando, não é?
— Nunca falei tão sério. Não faço negócios com você, mas se, porventura, decidir que vai
renunciar, posso voltar a fazer negócios com o seu pai.
— Você está louco.
— A oferta está feita. Quer salvar a empresa? Essa é a alternativa que lhe dou. É pegar, ou
largar.
— Vai me pagar por isso, Alexander.
— Talvez quando as ações caírem um pouco mais, eu deva comprar algumas e me tornar o
sócio majoritário? Isso também seria interessante, você me conhece bem para saber que não teria
dificuldade alguma de fazer acontecer. — Olhei-o, de forma incisiva. — É melhor nem tentar.
— Você é realmente tudo aquilo que dizem — disse e levou a mão à maçaneta, em seguida
abriu a porta.
— Só com aqueles que merecem — disse, firme. Os olhos dele encontraram os meus mais
uma vez, antes de sair da minha sala.
Eu sabia que era questão de tempo até que cedesse, afinal, deixar a direção da empresa nas
mãos do pai era melhor do que a minha presença lá dentro, fazendo tudo à minha forma.
Poderia sim ser considerado um homem impiedoso, mas essa era a minha forma de
trabalhar. Eu não sentia qualquer remorso por pagar na mesma moeda.
Alguém tinha que fazer isso, afinal.
Então sim, eu seguiria passando por cima de tudo e todos, para conseguir aquilo o que
queria.
Com isso em mente, levantei-me, decidido a ir ao encontro da única pessoa que realmente
importava para mim, a única que eu queria loucamente sentir, nesse momento mais do que
nunca.
Estava tirando duas malas do carro quando Alexander estacionou ao meu lado. Fechei o
porta-malas e o observei caminhar em minha direção.
— Chegou agora? — perguntou e que passou a mão em volta da minha cintura, então me
puxou em sua direção.
— Sim, fui até o meu apartamento e peguei alguns itens essenciais que acabei deixando
para trás com a correria do casamento.
Alexander se inclinou e deixou um beijo gostoso em meus lábios. Sorri com a respiração
irregular quando ele se afastou.
— Ainda tem o que buscar lá? Você poderia ter me esperado — falou, enquanto pegava as
malas no chão.
— Eram poucas coisas, não tinha necessidade — disse, ao pegar uma maleta que continha
minhas maquiagens e produtos para higiene pessoal.
— Você e essa mania de querer fazer tudo sozinha — reclamou. — Já te disse que pode
me ligar a qualquer hora.
— Hoje foi seu primeiro dia na empresa depois de três semanas, não queria te incomodar
com algo que poderia fazer sozinha — expliquei, acompanhando-o em direção à nossa casa.
Levamos as minhas coisas para o nosso quarto, eu iria colocar tudo no canto onde estava
as minhas malas de viagem, mas Alexander me levou para o seu closet.
O lugar era tão grande quanto um quarto. Tinha um espaço separado para roupas, sapatos e
produtos de higiene.
Sorri, ao notar que ele havia deixado vago um espaço enorme em cada divisão.
— Deixei esse espaço vago para você, é o suficiente? — perguntou e colocou as malas no
chão. Então se virou para mim.
— É mais do que suficiente. Amanhã vou organizar tudo — falei, colocando próximo às
malas aquela maleta que estava em minhas mãos.
— Posso pedir a Rute para vir amanhã e organizar tudo.
— De jeito nenhum. Prefiro organizar à minha maneira.
— Você quem manda. — Ele piscou, fazendo-me sorrir.
Apesar de seu jeito descontraído, eu conseguia ver o cansaço em seu olhar.
— Como foi na empresa hoje? Parece cansado — falei e me aproximei dele.
— Nunca fiquei tanto tempo longe de tudo — confessou com um sorriso fraco. — Então
tem muitos documentos para revisar e assinar, propostas para avaliar pessoalmente, mas logo
ajeito tudo. — Passou as mãos em volta da minha cintura. — E o seu dia, como foi?
— Meu dia foi tranquilo, almocei com os meus amigos como te disse mais cedo. — Levei
a mão à gravata dele, desfazendo o nó. — Eles estão tão empolgados quanto eu para começar.
Quando falei do almoço, minha mente instintivamente vagou para a loira que estivera em
nosso casamento. Larguei a sua gravata e meus olhos foram ao encontro dos dele.
— Se você está feliz, eu também estou — disse, acariciando a minha cintura.
— Conhece alguma Samantha? — perguntei de repente.
— Não que eu esteja me lembrando agora. — Mediu-me com o olhar, à medida que as
mãos pararam em minha cintura. Então, seu tom se tornou curioso. — Qual o sobrenome?
— Não sei... — respondi e levei as mãos em seu peitoral. — Parece que a mulher que
tomou o meu lugar em meu antigo emprego, coincidentemente entrou com um dos seus
padrinhos — comentei, ao passo que comecei a desabotoar a camisa lentamente. — Fiquei
pensando se você a conhecia.
Meus olhos encontraram os dele mais uma vez.
Alexander não respondeu de imediato, ele parecia surpreso com a informação que eu
acabei de passar. Continuei tirando a blusa, enquanto aguardava que falasse algo.
— Só pode ser a acompanhante de Rodolfo — afirmou enquanto as mãos dele voltavam a
me acariciar. — O mundo é realmente pequeno.
— Eu disse o mesmo quando descobri. — Sorri com a semelhança em nossas falas.
— Quer que eu averígue isso? — perguntou, eu neguei com a cabeça.
— Não precisa — respondi e me afastei um pouco, tirando o seu blazer. — Eu deveria
imaginar que era alguma paquera de Rodolfo. Acredito que seja só uma coincidência, afinal, ele
pega geral, não é?
Alexander deu um sorriso fraco, enquanto me ajudava a me livrar do blazer.
— Homem que leva aquela vida de solteiro, sabe como é. — Tentou justificar, ao mesmo
tempo em que eu fazia uma careta, eu sabia que essa era a vida que Alexander vivia antes de
mim.
Depois de tirar o blazer, eu me livrei da camisa social, deixando exposto o peitoral gostoso
e firme. Deslizei minhas mãos pelo peito, subindo em direção ao ombro.
— Você parece tenso, o dia realmente deve ter sido cansativo — comentei com um meio-
sorriso enquanto massageava alguns pontos.
— E foi, mas eu deixaria acumular tudo de novo, se fosse para estar em um lugar
tranquilo, onde fosse apenas nós dois.
— Humm... — Um sorriso bobo escapou dos meus lábios diante de tal alegação. — O que
acha de uma massagem gostosa depois do banho?
— Eu adoraria... — As mãos dele deslizaram para a minha bunda, então a apertou me
fazendo suspirar. — Depois podemos preparar o jantar juntos.
— Isso é perfeito — falei, deslizando uma das mãos novamente pelo peitoral.
Alexander levou a mão à barra da minha blusa, e eu me afastei para que pudesse tirá-la.
Em seguida, levou a mão ao botão da minha calça e se inclinou, livrando-se daquela peça
também.
— Deveríamos fazer isso no banheiro — disse em meio a um pequeno suspiro, enquanto
os lábios de Alexander levemente passavam por minha pele, arrepiando-a completamente, à
medida que voltava a atenção para mim.
— Podemos fazer isso em qualquer lugar — sussurrou, fazendo-me dar um sorriso
travesso.
Ele tirou a minha lingerie lentamente. Depois de me deixar nua, eu levei as minhas mãos
nas calças dele e o ajudei a terminar de se despir.
Deixando as roupas em um montinho no chão, Alexander levou as mãos em minhas coxas
e me levantou, fazendo com que eu passasse as pernas em volta dele.
Começou a caminhar comigo no colo, saindo do closet, indo para o quarto. Inclinei-me e
comecei a mordiscar a curva do pescoço, fazendo um gemido sexy escapar dos seus lábios. Uma
onda de excitação subiu pelo meu corpo, enquanto meus lábios passeavam por seu pescoço,
fazendo uma trilha até chegar em sua boca.
Os lábios dele capturaram os meus de forma bruta e deliciosa, enquanto as mãos fortes me
apertavam contra ele. Naquele momento, eu soube que nós faríamos amor de forma voraz.
Meu corpo esquentou, a excitação foi inevitável com a ideia de ser consumida dessa
forma. Minhas mãos foram para os seus cabelos, agarrando-os de forma desesperada.
Alexander me colocou no chão e, em seguida, me prensou com as mãos firmes e quentes
na parede do quarto. Meu gemido o fez suspirar.
— Ah, Raissa — rosnou antes de tomar meus lábios mais uma vez.
Em um movimento rápido, nós tomamos a direção contrária do que eu imaginei. Ao invés
de ir para o banheiro, Alexander me levou para cama.
Quando meu corpo caiu sobre o colchão macio, ele veio com tudo para cima de mim. Os
lábios deixaram os meus e desceram para chupar meus seios sem pudor.
Gemidos intensos escapavam dos meus lábios, enquanto sugava meus seios com fervor.
Ele revezou entre um e outro, enquanto o dedo descia em direção à minha boceta.
Então, deixou os meus seios e os olhos vieram em minha direção. Uma mistura de surpresa
e admiração tomava conta de seu rosto.
— Porra — sussurrou, ao mesmo tempo em que os dedos passavam por minha entrada,
espalhando a minha lubrificação. — Nunca vou me acostumar com o quanto é receptiva para
mim.
— Preciso sentir você. — Resfoleguei, enquanto os dedos ágeis massageavam meu
clitóris. — Alexander...
Os dedos de Alexander deixaram a minha boceta, ele se ajeitou no meio das minhas pernas
e se posicionou.
Senti-o deslizar em um movimento profundo, abrindo espaço, preenchendo-me de forma
intensa, sendo capaz de quase me levar ao êxtase com apenas aquela investida feroz.
— Eu... Preciso de você — ele enfatizou em meio a um rosnado gostoso. Então, as mãos
dele foram para as minhas pernas, a fim de dobrá-las, e se inclinou para ir mais fundo. — Preciso
tanto... Tanto... — Então, o senti retroceder e repetir o movimento, fazendo-me arfar. — Nunca
se esqueça que é tudo pra mim.
A cada palavra, mais fundo ia, maior parecia a urgência de me sentir.
— Eu... também. — Foi o que eu fui capaz de dizer, em meio a um resfolego. Porra,
aquilo, era demais.
— Preciso... De... você comigo. — Ao terminar de dizer aquelas palavras em meio a
rosnados entrecortados, ele deslizava para dentro de mim de forma intensa, enviando arrepios
por todo o meu corpo em cada investida.
Levei a minha mão em seu rosto, atraindo o olhar totalmente para mim. Precisava daquele
contato, assim como sentia, que ele também precisava. Eu simplesmente amava aquela conexão
que estava cada vez mais forte e intensa sobre nós.
Abri as minhas pernas, forçando que ele estivesse mais perto de mim, acomodando-se
totalmente no meio delas, enquanto ele se afundava mais uma vez.
Tentei me recompor para dizer a ele exatamente como me sentia, diante de cada palavra,
rosnado ou gemido que ele proferia em cada golpe.
— Eu... estou... com... você, Alexander — disse, em meio a gemidos, levando as duas
mãos no rosto dele. — Tudo que eu preciso, é de você.
Aquilo foi o suficiente para acabar de vez com qualquer vestígio de sanidade. Enrolei as
pernas em volta dele, enquanto os movimentos aumentaram dentro de mim. Cada deslize era
intenso, profundo, forte.
Cheio de amor e paixão. Seus golpes atingiram fundo meu ponto sensível, instintivamente
arqueei meu quadril, indo ao seu encontro a cada investida. Alexander me levou rapidamente a
um limite que pensei ser inatingível.
Ah, porra! Aquilo era demais.
Um grito intenso e descontrolado saiu de meus lábios, levando-me diretamente para um
orgasmo alucinante, enquanto seguia se afundando em mim de forma constante.
Alexander liberou o seu prazer dentro de mim, enquanto passava os braços à minha volta e
me apertava forte, assim como fez em nossa primeira vez.
Então, os lábios estavam sobre os meus, beijando-me com uma paixão avassaladora,
enquanto apenas me entregava completamente àquele momento, abraçando-o da mesma forma, à
medida que nos acalmávamos.
Não sabia ao certo como havia sido o dia, mas entendia perfeitamente o que acabou de
acontecer. A sensação de que não importava o quão estressante poderia ser, ao fim de cada dia,
independentemente de qualquer coisa, estaríamos aqui um para o outro.
Era uma sensação nova que estávamos descobrindo juntos, mas que poderia tornar tudo
melhor. Ele precisava de mim, mais do que tudo. Poderia dizer que era assim que eu me sentia
também.
E eu o deixaria saber, pois entendia que Alexander precisava ser amado mais que tudo, se
sentir realmente amado.
E ele era, intensamente.
CAPÍTULO 54
Alexander falava com alguém ao telefone no momento em que eu saí do quarto. Enquanto
parecia ouvir a pessoa do outro lado da linha, seus olhos se fixaram em mim, meu coração
descompassou com aquele olhar sobre mim.
— Estaremos aí mais tarde. — Ele fez uma pausa, então continuou: — Um abraço.
Franzi minhas sobrancelhas, observando-o encerrar a ligação. Depois que guardou o
celular no bolso veio ao meu encontro.
— Você está simplesmente linda e sexy. — As mãos quentes contornaram a minha cintura.
— Talvez eu não devesse deixá-la sair se vestindo dessa forma.
— Está com ciúme, senhor Korfali? — perguntei. Ele me puxou e um sorriso se formou
em meus lábios.
— Estou. — A voz rouca ressoou enquanto as mãos me apertavam. Logo sua boca se
curvou em um sorriso. Aquele riso descontraído, que me encantou desde o primeiro momento.
Eu gostava muito dessa versão de Alexander mais descontraído e leve a cada dia mais.
— Acho melhor irmos, se não quiser se atrasar em seu primeiro dia.
— Definitivamente — disse e me afastei, então o medi com o olhar. — Estaremos aí mais
tarde?
Demorou uma fração de segundos para que associasse o que eu estava falando com suas
últimas palavras na ligação.
— Dona Madalena chegou de viagem hoje, pediu que fôssemos jantar com ela, tudo bem
para você?
— Sim, tudo bem — respondi, enquanto era guiada em direção à porta.
— Ótimo.
Alexander me levou até o carro e abriu a porta do passageiro para mim, em seguida
assumiu a direção.
Durante o caminho para a empresa, tentei repassar em minha mente todo o planejamento
que fiz durante a semana para a primeira reunião que teríamos com a equipe de marketing.
Estava confiante que tudo correria bem, eu era boa no que fazia e estava acostumada com
quase todos, mas isso não diminuía a ansiedade que estava sentindo para saber como todos me
receberiam.
— Pronta? — Alexander perguntou, chamando a minha atenção para si. Sorri um pouco
nervosa, notando que eu nem me dei conta de que havíamos chegado.
— Ansiosa.
— Tenho certeza de que você vai se sair muito bem. — Levou a mão até a minha. Então a
levou à boca, deixando um beijo no dorso.
— Obrigada.
Depois de soltar sua mão, tirei o cinto de segurança e saí do carro. Alexander logo me
acompanhou, levou a mão em minha cintura e me guiou pelo estacionamento.
Depois de pegar o elevador, fomos parar no primeiro andar. Ele nos guiou em direção a
uma sala de reuniões. Quando entramos, todos estavam terminando de se ajustar.
A reunião seria para me introduzir na empresa com a equipe que ajudaria a realizar tudo,
em seguida alinharia com a ALX marketing e publicidade a sessão de brainstorm.
Felizmente, Alexander não teve problemas em alinhar para que Gabrielle, Isabella e Luiz
Felipe fossem os designados para o projeto, que seria desenvolvido cem por cento na sede dos
hotéis Korfali, diminuindo assim qualquer desconforto, à medida que organizávamos tudo para a
temporada.
Meus olhos foram de imediato para aqueles três que significavam meu porto seguro, onde
eu não me sentiria tão fora da caixa com rostos tão familiares por perto. Troquei um sorriso com
meus amigos, antes de terminar minha varredura pelo local, observando cada rosto que mantinha
a atenção em mim e em Alexander.
— Bom dia, todos já estão aqui? — Alexander perguntou, sério, atraindo a atenção de
todos.
— Sim, senhor — uma voz feminina confirmou.
Quando encontrei seu olhar, percebi que era a secretária de Alexander, ela sorriu para mim
e se sentou. Assim que todos se acomodaram, toda a atenção estava em nós, que nos
encontrávamos no centro da sala.
— Como todos sabem há um tempo, eu venho pensando na possibilidade de contratar uma
equipe de marketing a parte para aliviar a carga e focar apenas nos grandes eventos
Algumas pessoas concordaram, com a atenção total nas palavras de Alexander.
— Chegou a hora de fazermos dessa forma. Marcela continuará de São Paulo coordenando
os pequenos projetos e minha esposa coordenará de forma presencial os projetos maiores,
liderando as equipes e dando uma atenção especial para o projeto de Búzios. — O olhar dele foi
para Gabrielle, Isabella e Luiz Felipe. — Por isso, teremos uma equipe excelente de suporte,
vamos dar as boas-vindas aos membros da ALX marketing e publicidade. Sejam bem-vindos.
— Obrigada! — Isabella e Gabrielle agradeceram em uníssono, Luiz Felipe deu um aceno
de cabeça.
— Raissa assumirá a reunião de agora em diante, por favor, ajam como se eu não estivesse
aqui — Alexander avisou, então, de forma suave tirou a mão das minhas costas e se sentou em
uma das cadeiras.
A atenção estava toda em mim. Deixando ao máximo o nervosismo de lado, dei um sorriso
a todos, pronta para começar.
— Bom dia, equipe, me chamo Raissa Cardoso... Korfali — completei diante do olhar de
Alexander, que deu um pequeno sorriso ao me ouvir. Desviei a atenção dele e me voltei para
todos. — Estou na área de marketing há sete anos e atuo como gerente há quatro, espero que
possamos fazer um bom trabalho juntos.
— Estou animada com isso! — Isabella comentou, e eu sorri, lembrando-me de que ela era
a pessoa que em cada discurso, estava sempre dizendo palavras positivas.
Percebi que enquanto me escutavam atentamente, algumas pessoas balançavam a cabeça
em concordância.
Senti-me grata pelo apoio de Isabella naquele instante.
— Hoje, eu quero conhecer um pouco de cada um aqui presente. Quero que me digam qual
a participação em cada projeto na empresa até o momento, para decidirmos qual será o melhor
formato para começarmos a estruturar o projeto de Búzios juntamente com a equipe da ALX, que
modéstia parte já conheço tanto.
Pude ver enquanto falava a animação de cada um com o que eu estava propondo. Sabia
que alguns gerentes apenas designavam as funções sem se importar em qual área cada um
gostava de trabalhar.
Eu preferia fazer diferente, procurava sempre ter uma boa relação com cada um e sempre
que possível, deixá-los encarregados com tarefas que mais se adaptavam.
Para fazer dar certo, eu tinha que conhecer melhor a todos, afinal, os únicos ali que eu
sabia dos hábitos no momento, eram Gabrielle, Isabella e Luiz Felipe.
A reunião foi tranquila, conheci um pouco de cada um presente e fiz algumas anotações
quando achei necessário.
Ao fim, eu disse a eles minha expectativa para o próximo mês, combinamos de nos reunir
mais uma vez amanhã para descobrir a perspectiva deles sobre nosso público-alvo: os turistas.
Deixei como tarefa que pensassem nos principais fatores que atraíram mais o nosso público-alvo
a fazer reservas no hotel.
A ideia era reunir a opinião de todos e montar pontos fortes para o marketing. Enquanto
isso, eu procuraria analisar até a próxima reunião alguns gráficos que separei de estratégias que
utilizei em projetos passados, para incrementar.
Alexander estranhamente não disse nada durante toda a reunião. Mal saberia que ele estava
ali se não fosse o olhar profundo e intenso sobre mim a cada vez que eu olhava em sua direção.
Tive que fazer um enorme esforço em alguns momentos, para me manter concentrada no
que estava propondo a todos. Mas apesar disso, eu finalizei aquela reunião com excelência, feliz
com o resultado do primeiro contato.
Percebi Alexander se aproximar de esguelha, enquanto eu juntava as minhas anotações.
— Emanuela — ele chamou a atenção da sua secretária.
— Sim, senhor Alexander?
— Por favor, mostre a Gabrielle, Isabella e Luiz Felipe o local de trabalho deles
juntamente com o restante da equipe de marketing, também os auxilie conforme precisar. Eu
mostrarei a Raissa a sala dela e, em seguida, acertaremos alguns detalhes.
— Tudo bem — concordou, de pronto.
Sem questionar, dei um sorriso aos meus amigos e peguei as minhas coisas. Então deixei
que Alexander me guiasse pela empresa. Nós entramos no setor de marketing, passando próximo
à algumas baias, enquanto a equipe se acomodava aos poucos em seus lugares.
Alexander abriu a porta de uma sala e me deu espaço para que entrasse. Passei os olhos
pelo ambiente constatando os móveis extremamente novos e uma decoração muito aconchegante.
— Sinto que se não fosse eu, essa sala não estaria tão impecável — comentei, ao passo que
me virei na direção dele.
Alexander fechou a porta e caminhou em minha direção, com um olhar tão profundo que
fez meu coração entrar em descompasso.
— Você está certa, cuidei pessoalmente de tudo — respondeu, sério. Mas seu foco não
parecia estar naquela fala.
— Está tão sério desde a reunião — sussurrei, enquanto ele passava as mãos em volta de
mim.
— Estou encantado — disse, fazendo-me suspirar. — Linda, sexy e inteligente para
caramba.
— Alexander...
— Fiquei louco vendo como você conduziu tudo, sem hesitar um minuto sequer. Tem algo
mais sobre você que eu ainda não saiba?
Sorri e levei a mão na gravata dele, puxando-o para mim.
Eu amava esse homem, como amava.
A mão firme foi para minha nuca e, em um rompante, meu corpo estava colado ao dele, ao
mesmo tempo em que os seus lábios encontraram os meus sem pudor. Sabia que não deveríamos
nos pegar naquele momento, mas eu me permiti curtir aquele beijo gostoso por alguns minutos.
Levei a mão em seu peito e tomei força para o afastar, totalmente ofegante.
— Não vamos fazer isso aqui — avisei, a voz entrecortada. — Preciso analisar algumas
informações na próxima hora.
— Você tem razão — sussurrou, fazendo-me sorrir. Então, ele levou a mão em meu rosto
e se inclinou, deixando um beijo em minha testa. — Eu estarei livre por volta das 16h.
— Devo passar na sua sala por volta desse horário? — perguntei, fazendo-o me apertar um
pouco mais.
— Sim, estou realmente contando com isso.
Eu não via Madalena desde o casamento. E apesar de sentir que estava mais
condescendente comigo, os encontros com ela ainda me deixavam ansiosa e sem saber ao certo
como agir.
Afinal, Madalena era alguém importante para Alexander, era a única pessoa que o homem
que eu amava tinha, então, no fundo, eu sentia a necessidade de estar bem com ela.
— Podemos ir? — Alexander perguntou, enquanto eu me olhava no espelho. Havia
escolhido um vestido romântico e simples.
— Claro. — Sorri e fui em sua direção.
Alexander me deu um beijo rápido, antes de irmos para o nosso destino. O jantar com
Madalena.
O caminho foi tranquilo e quando chegamos, fomos recebidos com um sorriso simpático.
Madalena claramente estava cada vez mais à vontade em minha presença, mas sempre impondo
em algum momento a distância. O muro entre nós não estava derrubado por completo, mas sabia
que era questão de tempo.
O jantar correu bem e tranquilo, assim como nossos últimos encontros antes do casamento,
fomos capazes de conversar de forma descontraída e sem qualquer dificuldade.
E tudo estava indo muito bem, até que Madalena pediu para falar a sós comigo. Alexander
não pareceu se incomodar com isso, na verdade, parecia feliz.
Madalena me levou para aquele mesmo escritório, onde disse aquelas palavras duras no
nosso primeiro jantar. E nada poderia me surpreender mais do que as palavras que saíram da
boca dela no instante em que fechou a porta atrás de nós.
— Me desculpe, Raissa — Madalena falou, sem hesitar. — Você me mostrou, não com
palavras, mas em cada atitude sua em tão pouco tempo que a julguei errado. Então, sinto que te
devo esse pedido de desculpas.
As palavras me pegaram de surpresa, foi impossível disfarçar o quanto mexeu comigo.
— Bem... Hã... — comecei, hesitante, pensando em todos os nossos encontros até o
momento. Decidi que faria algo que pensei ser impossível. Mas se ela estava decidida a ter tal
atitude, eu deveria seguir pelo mesmo caminho. — Creio que eu também te devo desculpas,
pelas palavras desrespeitosas em nosso primeiro encontro.
Madalena sorriu, sua atitude me fez querer rir também. Eu havia dito que ela queria dar
para Alexander.
Jesus! Onde eu estava com a cabeça? Eu daria na cara dela se Alexander não tivesse
intervindo.
— Que fique tudo no passado, eu estou feliz que Alexander encontrou você. — Aquelas
palavras sinceras fizeram meu coração acelerar. Eu me sentia feliz em perceber que tínhamos sua
aprovação por completo.
Não só isso, do nosso jeito torto poderia dizer que nos entendíamos muito bem.
Dei meu sorriso mais sincero, decidida a começar um ciclo novo em meio a mais pura
sinceridade, respondi-a:
— Eu também estou feliz por encontrá-lo.
CAPÍTULO 55
— Alexander — chamei sua atenção de forma suave, os olhos surpresos foram para mim.
Ele estava tão concentrado, que nem mesmo percebeu quando eu abri a porta de sua sala.
— Já está na hora do almoço? — perguntou, ao largar alguns papéis e desviar o olhar para
a tela do notebook.
— Não, eu vim mais cedo. — Sorri e fechei a porta atrás de mim, então caminhei na
direção dele enquanto os seus olhos encontravam os meus mais uma vez. — Muito ocupado?
— Para você, nunca.
Eu me acostumaria? Era provável que não.
Alexander se levantou e veio em minha direção, antes que eu pudesse me sentar. Como
sempre, envolveu-me em seus braços e me deu um beijo gostoso.
Quando se afastou, levou a mão em meu rosto e o acariciou. Aquilo ainda parecia irreal.
Mesmo depois de um mês trabalhando aqui e seguirmos sempre trocando esse carinho sempre
que estávamos a sós, ainda parecia um sonho.
— Está precisando de alguma coisa?
— Não, eu passei para te avisar que vou almoçar com Vinícius, quero aproveitar que hoje
consegui pegá-lo livre. Tudo bem?
— Claro, vou aproveitar para almoçar com Rodolfo, estou devendo isso a ele. — Fiz uma
pequena careta ao ouvi-lo.
Aquele cara ainda não me descia.
— Deveria se manter longe de alguém como ele — arrependi-me no momento em que
proferi aquelas palavras, com o vestígio de decepção que pairou no rosto de Alexander.
— Alguém como ele? — Ele forçou um sorriso e apenas me acariciou um pouco mais. —
Eu era igual a ele no passado. Ele tem os motivos dele, assim como tive os meus.
Eu queria dizer que era diferente, que ele não fazia aquela sujeira há oito anos, enquanto o
amigo o tentou puxar para baixo de todo jeito.
Alexander era diferente, eu sabia disso.
Mas quem era eu para julgar? Aquela conversa apenas o magoaria, porque, infelizmente, a
realidade era que eu querendo ou não, fazia parte dele, do seu passado.
— Me desculpe, eu não deveria julgá-lo assim.
— Tudo bem — Alexander falou, inclinando-se, e deixou outro beijo em meus lábios. —
Nos vemos no final do expediente?
Sem esperar uma resposta, começou a se afastar. Levei as minhas duas mãos em seu rosto,
impedindo-o, e o puxei para um beijo cheio de necessidade e paixão.
As mãos dele contornaram meu corpo, à medida que aprofundou o beijo sem pensar duas
vezes. Alguns minutos depois, o beijo foi se suavizando, até que eu o encerrei mantendo as mãos
no rosto dele, prendendo seu olhar no meu.
— Eu te amo. Com todo o seu passado, suas cicatrizes e suas falhas. Nada disso me
importa. — Ele não me respondeu de imediato, mas entendia completamente o peso das minhas
palavras para ele.
— Eu amo você — respondeu, em um fio de voz.
Minhas mãos caíram para o lado do meu corpo e me afastei, decidida a deixá-lo trabalhar.
— Nos vemos mais tarde, assim que o expediente acabar.
Virei-me e fui em direção à porta, mas não antes de conseguir ver o sorriso gostoso que
formou em seus lábios.
Então, eu saí da sala e enviei uma mensagem para Vinícius, confirmando nosso almoço em
aproximadamente uma hora. Logo em seguida, voltei para a minha sala, a fim de revisar os
tópicos para a reunião de mais tarde, havia muita coisa importante para o dia.
Tinha que reconhecer que esse mês na empresa, foi um dos mais agitados que tive em
muito tempo. O processo de adaptação, com inúmeros dados e estatísticas para avaliar, o
conhecimento total da empresa. O que aliviava, eram os amassos que eu e Alexander dávamos
sempre que podíamos, algo que era errado, mas deliciosamente frequente entre nós.
Depois de revisar tudo o que precisava, peguei a minha bolsa e me encontrei com Vinícius
no setor de administração.
Decidimos ir a um restaurante próximo à empresa, era prático, rápido e poderíamos
conversar um pouco. Afinal, apesar de ele estar na empresa, não estávamos nos esbarrando tanto,
por conta da correria.
— Então, como está sendo a experiência? — perguntei ao Vinícius no momento em que o
garçom se afastou, depois de anotar o nosso pedido.
— Incrível, mal vejo a hora de finalizar o estágio e pegar o cargo de forma definitiva.
— Tem que batalhar muito para isso. — Arqueei as sobrancelhas, ele deu aquele sorriso
moleque.
— Eu sei e estou. Alexander disse que não vai facilitar por eu ser seu irmão. — Ele
balançou a cabeça em negativa. — Na verdade, disse que dificultaria.
— É por isso que eu amo esse homem. — Vinícius fez uma careta.
Sabia que certamente, Alexander daria o cargo para Vinicius, mas queria vê-lo se
esforçando, afinal, dessa forma tornava ainda mais interessante.
— E você? O projeto está correndo bem?
— Sim, estamos quase finalizando. Nas próximas semanas, eu vou para Búzios
acompanhar tudo de perto.
— Que demais! Férias em meio ao trabalho — brincou. — Acho que eu deveria mudar de
ramo.
— Será a recompensa por tanto esforço ao longo do mês — falei com um sorriso divertido.
— Quando eu voltar, deveríamos reunir nossos pais e fazer uma programação legal, afinal, nós
estamos começando a ficar desnaturados de novo.
— Você tem razão, nossos pais vão adorar.
— Vamos combinar quando eu voltar, então.
Eram quase 13h30 quando entrei na sala de reuniões. Encontrei a equipe finalizando a
organização. Cumprimentei-os com um sorriso simpático e aguardei todos estarem prontos para,
enfim, darmos início.
Começamos a reunião recapitulando tudo o que estruturamos no último mês. Estávamos
entrando na última fase, cheios de expectativa sobre tudo.
Executar e acompanhar.
Uma das fases mais importantes para mim, quando os resultados de tudo o que planejamos
começassem a vir à tona.
Nossos objetivos, metas e programações estavam bem sólidos. A divulgação vinha com
uma inovação das grandes, e eu me sentia ansiosa por isso.
— Luiz Felipe e Fernando, vocês ficarão por conta de todo o lado digital a partir de agora
— avisei.
— Certo, chefe! — Luiz Felipe respondeu e eu sorri. Algumas coisas, aparentemente, não
mudavam.
— Isabella e Ana Luísa, teriam alguma restrição, caso precise que me acompanhem até
Búzios dentro das próximas semanas?
— Nenhuma — Ana Beatriz respondeu, de forma gentil.
— De forma alguma — Isabella falou, animada.
— Eu me voluntario — Luiz Felipe falou, fazendo-me dar uma risada.
— E a sorveteria dos seus pais, como fica no final de semana? — perguntei. Ele fez uma
pequena careta para mim.
— Não vou ficar chateada por não me chamar, afinal, já sabemos que Alexandre nunca me
liberaria — Gabrielle entrou na brincadeira.
Apontei para ela e balancei a cabeça em concordância, sabendo muito bem que seria o
mesmo que assinar a minha sentença, se a designasse.
— Eu consegui fechar a parceria com aquelas duas influencers que decidimos na última
reunião, está quase tudo resolvido. Precisamos apenas checar os indicadores dos anos anteriores
e montar nosso quadro para comparação para segunda-feira. — Virei-me para Amanda. —
Conseguiu os documentos para mim?
Amanda arregalou os olhos com a minha pergunta. Algo que eu não gostava nada a essa
altura do campeonato.
— Ai, meu Deus, eu me esqueci completamente. — Ela deu um pulo da cadeira. Eu fiz o
possível para permanecer impassível. — Vou tentar conseguir ag...
— Não precisa — interrompi-a, fazendo que parasse no lugar. — Apenas se atente a esses
detalhes no futuro, isso é algo que não poderia ser esquecido em um momento como esse.
Eu a daria uma advertência por esquecer algo tão importante, mas não na frente de todos,
então, sem querer prolongar, passei o olhar pela sala.
— Pessoal, repassem os detalhes, eu vou verificar se consigo esses documentos para
finalizarmos tudo ainda hoje.
— Fica tranquila, faremos o que for possível — Fernando falou de forma gentil, e eu sorri.
Então, saí da sala de reunião e fui em direção à sala de Alexander, sabia que a forma mais
rápida de conseguir o que precisava era através dele.
— Emanuela, Alexander já voltou do almoço? — perguntei, atraindo sua atenção para
mim.
— Não, ele tinha uma reunião com um parceiro, creio que chegue mais tarde.
Suspirei ao ouvi-la. Eu queria finalizar essa etapa antes do final do expediente e a falta dos
documentos complicaria.
— Preciso de alguns documentos sobre Búzios, os indicadores e balanços dos últimos
anos, consegue para mim?
— Consigo solicitar a filial de lá, creio que na segunda-feira posso te entregar uma cópia.
— Alguma possibilidade de conseguir mais rápido? — perguntei. Emanuela não me
respondeu de imediato, aguardei até ela finalmente falar.
— Alexander costuma ter uma cópia de todas as filiais no cofre em sua sala, mas eu não
tenho acesso.
— Tudo bem, posso dar uma olhada? — perguntei em expectativa, eu poderia explicar a
ele depois, que, com certeza, entenderia.
— Fique à vontade, a senhora tem total liberdade.
Mal consegui esconder o sorriso que se formou em meu rosto, palavras que eu gostava
muito de ouvir, e que Alexander fazia questão de que eu ouvisse a cada pedido.
— Já disse para me chamar de Raissa — tentei disfarçar. — Obrigada.
Então, ela me entregou uma cópia da chave da sala.
Sem perder tempo, fui em direção à sala de Alexander.
Entrei e acendi as luzes, em seguida passei os olhos pelo lugar, encontrando o cofre sem
dificuldade.
Claro, eu já estive sobre ele em um momento nesse mês.
Só quando eu parei em frente ao cofre, que assimilei as falas de Emanuela. Eu não tenho
acesso.
Eu também não tinha acesso. Não queria incomodar Alexander, mas não teria jeito. Peguei
o telefone para ligar para ele e perguntar.
Enquanto o telefone tocava, eu levei a mão ao painel, porque a minha cabeça maluca
resolveu tentar a senha usada para abrir a nossa casa. Quais eram as chances? Afinal, não era
algo que ele compartilhava com alguém.
Meu sorriso se alargou quando o cofre abriu. Desliguei a chamada e me concentrei em
abri-lo. Era grande e bem organizado. Havia pastas enumerando cada estado, cidade e locais.
Não precisei olhar muito, para encontrar tudo o que eu precisava sobre Búzios.
Estava comemorando silenciosamente, animada por conseguir fechar tudo dentro do prazo
que estipulei. Depois de conferir que havia separado em cima do cofre todos os documentos,
levei a mão à porta para fechar o cofre, foi quando meus olhos foram para algo que me chamou a
atenção.
Em um canto separado, algo que me deu dor de cabeça. O contrato que eu e Alexander
assinamos no início de tudo.
Aquilo ainda estar guardado era, no mínimo, engraçado.
Peguei as vias, conferindo a nossa assinatura no verso. Meus olhos instintivamente foram
para o sofá, onde Alexander me tocou pela primeira vez.
Meu corpo esquentou com aquela lembrança, ao mesmo tempo em que um rubor subiu
pelo meu rosto.
O quão louco eu o deixei antes de, finalmente, decidir ser dele?
Com um sorriso no rosto, eu me voltei para o cofre para guardar o contrato no lugar que
estava. Mas congelei no momento em que meus olhos passaram para a folha que estava embaixo.
Ela carregava um símbolo familiar.
Era a logomarca da empresa em que eu trabalhava. E eu não senti nada de bom em vê-la
ali dentro do cofre. Sem pensar muito, guardei o contrato e peguei os papéis que continham para
checar do que se tratava.
Franzi as sobrancelhas, constatando um acordo de confidencialidade entre Alexander e
Ricardo. Passei as vias, notando que algumas folhas depois, também havia a assinatura de
Alexandre.
Confusa, com as mãos trêmulas voltei para a primeira assinatura, constatando que a data
era da semana que fui demitida. Senti algo se agitar dentro de mim, ao perceber que a assinatura
de Alexandre era de duas semanas depois, no momento em que chegou de lua de mel.
Bastou passar os olhos em algumas cláusulas para identificar um acordo firmado na via de
Alexandre que fez meu coração despencar. Alexander se comprometia com meu ex-chefe a me
pagar uma quantia de 1 milhão de reais. Minha cabeça girou, enquanto tentava compreender o
significado de todos aqueles documentos.
Eu queria que tudo fosse loucura, mas as datas, o valor e tudo o que aconteceu de forma
repentina e com um motivo fraco demais, caiu sobre mim como uma bomba.
Naquele momento, eu ainda tentava encontrar uma boa razão para aquilo. Alexander não
iria tão baixo, mas todo o acordo que continha nesses papéis, firmados na semana que fui
demitida, levou-me a crer o pior.
Eu queria acreditar que aquilo era apenas coincidência, mas como poderia?
O coração não queria aceitar que Alexander fez algo tão cruel. Mas, no fundo, eu sabia que
era totalmente possível. O cara que fazia tudo para ter aquilo o que queria.
O que magoava ainda mais, era saber que ele tinha a consciência tranquila, escondendo de
mim esse fato, mesmo depois de tudo o que vivemos nos últimos meses. Ele não teve a decência
de contar. Por quê?
Dei um suspiro profundo e fechei o cofre. Segurei as lágrimas que queriam sair. Precisava
ser forte, precisava pensar direito, não poderia deixar as emoções aflorar. Não aqui, não nesse
momento.
Então, procurei me recompor por alguns minutos e peguei os documentos que precisava
para a reunião. Decidi levar também aquele acordo entre meus antigos chefes.
Sem pensar demais, saí da sala de Alexander.
— Emanuela — chamei a atenção da secretária, que sorriu ao ver os documentos em
minhas mãos. — Eu consegui pegar os documentos, deixe que mais tarde eu explico para
Alexander sobre isso, tudo bem?
— Claro, faremos dessa forma. — Balançou a cabeça em concordância.
Em seguida, fui para a sala de reuniões, encontrando ali todos concentrados em rever todos
os pontos. Quando fechei a porta atrás de mim, todos olharam em minha direção com
expectativa.
— Consegui o que precisávamos — falei, séria. E uma pequena comemoração foi feita
entre a equipe.
— Ah, que ótimo — Isabella falou no momento em que se virou para mim, mas logo que
os olhos encontraram os meus sua expressão mudou.
— Não estou me sentindo bem, vou precisar me ausentar o restante do dia. Vocês
conseguem lidar com isso sem mim?
— Com certeza! Se cuida, Raissa, a gente consegue finalizar — Gabrielle prontamente
respondeu, enquanto o restante da equipe assentiu.
— Ótimo, eu... analiso tudo na segunda-feira. — Com exceção do contrato de compra e
venda, entreguei os documentos a Isabella. Eu sabia que não teria problemas algum se
estivessem com ela. — Fica na sua responsabilidade.
— Posso falar com você antes de ir, Rai? — Isabella perguntou, enquanto pegava os
documentos da minha mão, eu assenti.
— Vou passar na minha sala para pegar minhas coisas, vamos lá. — Isabella se levantou,
então minha atenção foi para todos que estavam na sala. — Tenham um ótimo final de semana,
estejam descansados para segunda-feira.
— Deixa com a gente! — Fernando falou, e eu forcei um sorriso antes de me virar e sair
da sala.
Senti Isabella me acompanhar, mas ela não disse nada.
Permanecemos em silêncio total, até o momento em que entramos em minha sala. Eu
fechei a porta e a olhei em seguida.
— O que aconteceu? — ela perguntou, a voz denotava preocupação.
— Por que acha que aconteceu alguma coisa?
— Você está pior do que no dia em que foi mandada embora. — Meu coração apertou ao
ouvi-la. — Naquele dia, você passou a manhã resolvendo as coisas de forma séria e centrada,
mas o olhar... era exatamente como está agora. Então, no final do dia fomos comunicados da sua
demissão pelo gerente. — Ela suspirou e se aproximou. — Está disfarçando bem, mas eu te
conheço demais.
Quase desmoronei ao ouvi-la. Mas aqui, não era hora ou lugar, eu precisava colocar a
minha cabeça em ordem, antes de qualquer coisa.
— Você está certa, algo aconteceu — confessei sem perder a postura. — Mas não posso
contar agora, prometo te dizer assim que colocar a cabeça em ordem.
— Tudo bem, eu vou esperar — falou e me mediu com o olhar. — Não tem que segurar a
barra sozinha.
Um sorriso fraco se formou em meus lábios.
— Obrigada. — Dei um abraço nela. Então me afastei. — Se Alexander perguntar por
mim, diga apenas que fui embora mais cedo.
— Quer o meu carro?
— Não precisa, vou pegar um Uber.
— Tudo bem.
— Demore o tempo que precisar, esperarei — o motorista avisou, solícito, no instante que
o entreguei uma nota de R$200.
— Obrigada — disse, em seguida saí do carro.
Em passos determinados, segui em direção ao único que poderia acabar de vez com o meu
tormento. Fui diretamente para o último andar e mal cumprimentei as pessoas que estavam à
minha frente, parei apenas em frente à mesa da secretária.
— Alexandre está disponível?
— Oi, Rai — ela cumprimentou-me com um sorriso, fui incapaz de retribuir. — Sim, vou
avisar a ele que...
Não esperei que terminasse, virei-me e fui em direção à sala. Abri-a em um rompante.
Naquele instante, Alexandre desviou a atenção do notebook para mim.
Fechei a porta e caminhei em passos largos em direção a ele.
— Raissa, eu queria mesmo falar com você — Deu um sorriso de lado. — Levar Isabella e
Luíz Felipe por um tempo eu entendo, mas a minha Gabrielle é tortu...
— Você disse que se pudesse reverter minha demissão no momento em que chegou de
viagem, teria feito. O que quis dizer com isso? — perguntei, interrompendo-o.
O sorriso se esvaiu de seu rosto. Alexandre abriu e fechou a boca algumas vezes, antes de
finalmente responder:
— Que a decisão já havia sido tomada.
— Alexander chantageou vocês? — perguntei, direta.
Alexandre foi surpreendido com o meu questionamento, era evidente.
— Não sei do que está falando, Raissa.
Minha boca se curvou em um sorriso trêmulo e eu balancei a cabeça em concordância.
— O acordo de confidencialidade, eu me esqueci.
Alexandre prendeu os lábios e não precisou dizer uma palavra sequer para que eu
compreendesse que meu palpite estava correto. Eu o conhecia bem demais para saber que se
fosse coisa da minha cabeça a essa hora um sorriso debochado estaria em seus lábios, enquanto
ele me chamava de louca.
Mas isso não aconteceu, seu olhar demonstrava culpa.
— Me desculpe — disse, em um fio de voz.
— Se realmente sente muito, peço que essa conversa não saia daqui. Quero que Alexander
saiba por mim.
— Tem a minha palavra.
Não fui capaz de responder. Dei um aceno de cabeça e me virei, saindo daquele ambiente.
Sentia meu mundo desabar a cada passo em direção ao motorista que ainda me esperava.
O caminho para casa pareceu uma eternidade, eu queria deixar tudo sair, mas não poderia,
não ainda.
Segurar, conter.
Eu era boa nisso.
Minha mente começou a analisar cada atitude de Alexander comigo até o momento. Como
ele ficava nervoso no início, como Rodolfo me questionou naquele primeiro jantar sobre meu
emprego, parecendo se divertir a todo momento com o fato de eu ter sido demitida. As
provocações sem sentido que, nesse momento, faziam total sentido.
Aqueles dois estavam juntos até que ponto?
Se Alexander queria manter Rodolfo longe a todo custo como me contou, por qual motivo
ele parecia saber de todas essas tramoias?
Ele teria o influenciado? Eu queria acreditar que sim.
Rodolfo levou a mulher que me substituiu no emprego em nosso casamento, mas
Alexander foi muito bom em dizer que não a conhecia.
— Só pode ser a acompanhante de Rodolfo — afirmou enquanto as mãos dele voltavam a
me acariciar. — O mundo é realmente pequeno.
— Eu disse o mesmo quando descobri. — Sorri com a semelhança em nossas falas.
— Quer que eu averígue isso? — perguntou, eu neguei com a cabeça.
— Não precisa.
Aquela lembrança me enjoou ainda mais, quanto mais eu pensava, maior parecia sua
mentira para mim.
Quando cheguei em casa minha cabeça estava a mil, a primeira coisa que fiz foi ir para o
escritório de Alexander. Liguei o computador e em um lapso, comecei a buscar mais
informações sobre aquele homem que, por um momento, eu pensei que conhecia bem.
Queria seu histórico, descobrir se ele poderia estar relacionado com alguém do banco onde
eu tinha a minha conta. Porém, não encontrei nada.
Foi quando descendo a barra do navegador em pesquisas relacionadas, acabei vendo o
rosto daquele que não me descia e que parecia estar mais por dentro de tudo do que eu
imaginava.
Rodolfo Baumont.
Decidi analisar seu perfil, assim como fiz com Alexander.
Não foi novidade as fotos com inúmeras mulheres diferentes. Cada matéria, algum
escândalo.
Quando associei o nome dele ao meu banco, tive a segunda confirmação que precisava
para ter a certeza de que até o empréstimo negado, sem explicação, tinha o dedo deles.
Bastou pesquisar um pouco mais, para descobrir que o pai do cretino era o fundador do
banco.
Em outro momento, eu pensaria que isso não interferia em nada. Mas agora? Tudo parecia
se encaixar perfeitamente.
Rodolfo e Alexander estavam juntos nessa.
Como eu poderia confiar depois disso? Como eu e Alexander poderíamos sobreviver no
meio de tantos segredos e sujeira?
Me amou desde o primeiro momento? Amou mesmo?
Desliguei o computador, peguei o bendito contrato e fui para a sala. Sentei-me no sofá,
tentando colocar a cabeça em ordem sobre tudo que Alexander e eu vivemos até aqui, pesando
com essa grande mentira.
Eu parecia fora de mim. Depois de tudo que vi, não consegui ter reação alguma, apenas
queria que Alexander chegasse. E não fazia ideia de quanto tempo permaneci sentada no mesmo
lugar, apenas pesando em tudo.
Fui trazida para a realidade no momento em que o barulho da porta se abrindo se fez
presente. Permaneci olhando para lá, até que Alexander apareceu.
Ele fechou a porta e veio em minha direção. Permaneci olhando para um ponto na parede,
sem querer fazer contato visual.
— Ei, meu amor, tudo bem? — Alexander perguntou, a voz cheia de preocupação. — Me
disseram que você não se sentiu bem e veio embora, por que não me ligou?
— Quando estávamos nas Maldivas — comecei a falar, séria, sem me importar com seus
questionamentos iniciais. — Eu te fiz uma pergunta. Mas pensando agora, não consigo me
lembrar de uma resposta exata. Sabe por quê? Porque você não me respondeu.
— O quê? — perguntou, confuso.
— Se arrepende de alguma coisa que fez? — Meus olhos foram ao encontro dos dele,
sentindo-me destroçada com aquele contato.
— Raissa... — Seu tom se tornou hesitante. Então começou a se aproximar de mim. — Por
que isso agora?
Peguei a prova maior de seu crime e a joguei bruscamente sobre a mesinha de centro em
frente ao sofá. Os olhos dele seguiram o meu movimento, parando por um momento nos
documentos. Em seguida subiram novamente para mim, mostrando-me claramente que a
preocupação de segundos atrás, havia sido substituída por desespero.
— Se arrepende?
CAPÍTULO 56
Antes que Alexander pudesse chegar até mim, eu me levantei. Mantive os meus olhos
fixos a ele. Precisava que me respondesse olhando dentro dos meus olhos, precisava também
estar à sua altura.
— Eu posso explicar — disse, ao mesmo tempo em que dava mais alguns passos
hesitantes em minha direção.
— Responda a minha pergunta. — Minha voz falhou, eu não conseguia esconder a mágoa
e a decepção.
Eu queria, precisava ouvir.
— Não há nada que eu me arrependa mais do que ter causado dor a você — respondeu,
deixando-me ainda mais atordoada. Foi como se naquele instante, eu tivesse caído em mim sobre
tudo o que descobri hoje.
Ainda assim, me permiti acreditar em uma de minhas teorias, a minha cabeça insana, a
frente do homem que eu amava queria muito acreditar que eu estava certa.
— Meu empréstimo foi recusado, mesmo quando minha gerente assegurou que seria
aprovado — comecei, medindo-o com o olhar. — Então, depois de achar esses papéis, eu fiz
uma boa pesquisa e descobri que a família de Rodolfo é dona do banco.
Alexander congelou ao me ouvir.
— Raissa... — Sua voz era falha, o que apenas confirmava a minha suspeita. Mas eu
precisava de respostas, então segui, pela insanidade.
— Rodolfo o influenciou? Se deixou levar por ele? Foi por isso que você foi tão baixo? —
perguntei, querendo desesperadamente acreditar naquela possibilidade. Eu queria que ele
dissesse sim, que havia se deixado levar por aquele cara.
Eu precisava me agarrar em algo, pois só assim saberia se tínhamos alguma salvação. Que
eu não era alguém que ele tratasse daquela forma manipuladora.
— Eu poderia jogar toda a culpa no Rodolfo, e sei muito bem que ele não se importaria
com isso, mas seria outra mentira — Alexander respondeu, dando mais um passo em minha
direção. Eu recuei, entendendo perfeitamente aonde aquilo chegaria.
— Alexander... — Balancei a cabeça em negativa.
Meus olhos se encheram de lágrimas e pela primeira vez, eu queria que ele mentisse, pois
a verdade era demais para mim.
— Ninguém me influencia em nada, Raissa, tudo o que fiz foi porque quis. Estava
plenamente ciente das minhas ações, mas naquela época, não me importava, desde que
conseguisse atingir o meu objetivo.
— Me fazer aceitar aquela merda de contrato — disse, a voz alterada. — Ainda tem a
coragem de dizer que me amou desde o primeiro momento?
— Naquela época, eu não fazia ideia de que era amor. Eu sabia que te queria perto, porque
gostava de quem fui quando estava perto de você. Eu queria mais daquilo, queria mais de você.
— Então, você fez aquilo que faz de melhor — concluí com a voz trêmula. Enquanto
aceitava o fato de que não, não tínhamos salvação.
— Não queria machucar você, Raissa, nunca pensei em te colocar em qualquer jogo, eu só
queria que você aceitasse aquele contrato de qualquer forma — falou, balancei a cabeça em
concordância. — Eu apenas precisava de você.
— Como Rodolfo sabia de tudo? Por que ele te ajudou nisso?
— Eu contei... o deixei acreditar que era um jogo, apenas para que me ajudasse a dificultar
para você, mas nunca foi a minha intenção... — A voz de Alexander falhou.
As lágrimas começaram a invadir o meu rosto sem permissão enquanto eu entendia os
motivos de Rodolfo. Alexander o havia usado também.
Alexander tinha algum limite? A que ponto seria capaz de chegar para conseguir o que
quer?
— Quer saber? Isso... é o que você é, Alexander. Passa por cima de tudo e de todos para
conseguir o que quer. Você fez comigo, fez com a empresa dos pais de Matheus, fez com o seu
próprio amigo — joguei aquelas palavras. — Com quem mais? Quantas vezes você ainda seguirá
agindo assim para seu próprio benefício? — A dor se tornou maior, quando eu caí em mim sobre
nossa atual situação. E com a voz embargada, eu deixei as palavras saírem, cheia de decepção.
— Se eu falasse que não trabalharia com você, ia fazer com que as outras empresas não me
contratassem, até que não tivesse outra saída?
— Não, Raissa, não é assim... — tentou se explicar, mas para mim era claro demais.
— Não posso viver isso, Alexander, não posso viver uma vida em que você vai manipular
tudo para eu estar onde quer.
— Mas eu não estou fazendo isso, não mais. Foi algo que aconteceu no início, apenas. —
Balancei a cabeça em negativa.
Como posso acreditar naquelas palavras, quando suas atuais ações me mostram o
contrário?
— É por isso que estou trabalhando na sua empresa? Por que você não segue mais me
colocando exatamente onde quer? — Alexander pareceu atordoado com aquelas perguntas.
— Isso é diferente, não foi a minha intenção. Você precisava de um emprego e eu tinha
como ajudá-la.
— Está errado, Alexander, é exatamente a mesma coisa. Você me colocou no projeto de
Búzios, porque sabia que eu não o recusaria, pela importância que aquele lugar tem para nós. —
Dizer aquilo em voz alta fez um buraco abrir em meu peito. — Você sabia!
Era isso, não era? Mais uma vez, ele usou o que tinha para me fazer aceitar aquilo que
queria.
— Mas só porque você é orgulhosa demais. — A voz dele falhou. — Eu... me sentia
culpado pelo que fiz, sabia que você queria voltar a trabalhar, e a minha empresa lhe daria
grandes oportunidades. Isso eu fiz por você.
— Ah, claro. — Um sorriso cheio de nervosismo se fez presente em meus lábios. — E
quando obrigou Ricardo e Alexandre a me demitirem de forma humilhante, também foi por
mim?
— Não. Isso...
— Em algum momento... — interrompi-o. — Você pensou em como eu me sentiria, tendo
a vida desmoronando completamente enquanto me pressionava para lhe pagar em uma semana?
Pensou em como minha cabeça ficou, quando além de perder o emprego, estava sujeita a ser
processada e perder tudo o que eu lutei para conseguir?
Alexander não respondeu, as mãos trêmulas foram para o rosto e subiram para o cabelo,
ele os bagunçou antes de voltar o olhar suplicante para mim.
— Eu não me orgulho nada do que fiz, Raissa, mas nunca seguiria interferindo em sua
vida dessa forma — falou, sério.
Amaldiçoei-me por conseguir ver a sinceridade naquelas palavras. O coração traidor, a
mente traiçoeira, queria acreditar que estava falando a verdade. Mas quando escondeu algo
assim, como poderia acreditar em suas intenções?
— Quer saber? Não é o que parece. Depois de tudo que compartilhamos, você não me
contou. O que me faz pensar que talvez você não tenha se arrependido de verdade. — Suspirei,
enquanto minha cabeça bombardeava os motivos. — Talvez, porque assim você poderia seguir
fazendo essas merdas, manipulando a minha vida.
— O único motivo para eu não te contar foi para que isso não destruísse você... nós —
disse, em desespero, notei que ele estava se segurando para não se aproximar.
— Adivinhe? Você não contou, isso nos destruiu muito mais — falei, em meio a um
soluço. — Não consigo confiar em você, nas suas intenções. Você foi baixo demais, Alexander.
Mexeu no meu psicológico, na minha profissão, nas minhas conquistas, algo que batalhei muito
para conseguir.
— Raissa, por favor.
— Mas, acima de tudo, você não me contou — fiz questão de frisar. — Isso dói,
Alexander. Dói demais.
De repente, o ambiente estava pesado demais. A dor era forte, as emoções estavam à flor
da pele, impossíveis de controlar. Não dava, não dava mais. Foi por isso que eu me virei,
necessitando ir para longe dele, longe de tudo.
— Me deixe te contar tudo do início, eu prometo que não vou esconder uma vírgula,
apenas me escute um pouco mais. — Voltei-me para ele e balancei a cabeça em negativa.
— Agora... é tarde demais... Eu... já sei. — Minha voz saiu entrecortada.
— Não, você está tirando conclusões sobre o que viu, mas não foi assim que aconteceu,
não depois que...
— Não, chega! — gritei, interrompendo-o. Não daria a ele a chance de manipular a
situação. — Eu preciso ir embora. Isso. — Apontei para mim e para ele em seguida. — Isso
acaba aqui.
Dei as costas sem esperar qualquer reação da parte dele. Eu precisava sair, mas fui
impedida, sentindo as mãos fortes circularem meu corpo e Alexander me abraçar fortemente por
trás.
— Não, eu não vou te deixar ir... não posso, Raissa — sussurrou, a voz trêmula.
O nó se formou em minha garganta. Seu toque doía, eu não poderia suportar.
— Se realmente sente algo por mim, não vai me seguir. Vai respeitar a minha decisão —
disse firme, controlando a voz, enquanto levava as minhas mãos nas dele e as tirava de mim.
Alexander não me impediu, então, sem olhar para trás fui para o quarto.
Meu coração estava destroçado. Não queria acreditar que aquilo realmente estava
acontecendo, mas não poderia ficar, não depois de Alexander confirmar tudo.
Eu ainda tinha esperanças de que Rodolfo o tivesse influenciado, pelo menos um pouco,
contudo, ele foi claro ao dizer que não.
Aquele era o Alexander.
Fodendo quem fosse para conseguir o que queria.
Eu o amava, amava com todas as forças, mas como poderia estar ao lado de alguém assim?
Como poderia confiar que ele não seguiria manipulando situações para que tudo acontecesse da
forma que queria?
Não dava, era por isso que eu precisava ir embora.
Fui para o closet e peguei uma das minhas malas. Coloquei-a sobre uma parte vaga e a
abri. Então, segui pegando os itens essenciais.
Depois de juntar o que precisava, fechei a mala e respirei fundo, tentando controlar a
minha vontade de desmoronar. Mas não ia, não enquanto estivesse aqui. Eu precisava ser forte e
me afastar de tudo para pensar com clareza.
Peguei a minha bolsa com documentos e a mala, tendo a certeza de que não faltava nada,
passei pela porta.
Alexander se encontrava no mesmo lugar que eu o havia deixado. Os olhos afoitos foram
de mim, em seguida para a mala em minhas mãos. Apertei a mala firme e decidi seguir o meu
caminho.
Quando voltei a andar, os olhos de Alexander foram ao encontro dos meus. Então, ele caiu
no chão de joelhos. Seu olhar me pedia socorro, em total desespero. Aquilo me fez congelar por
um instante e a porra do coração traidor quase, quase me fez ir tirá-lo do chão.
Mas eu não poderia, não depois do que ele fez.
Respirei fundo e mais uma vez eu segui para a porta, apenas o acompanhando pela visão
periférica.
— Raissa, por favor, não desista de nós... Eu te amo, te amo demais. — Alexander fez
um último apelo, no momento em que passei por ele.
Eu parei mais uma vez.
— Eu também te amo... — Meus olhos foram duramente em sua direção. — Mas amor
nem sempre é o suficiente.
O coração estava despedaçado, sentia-me extremamente magoada e enganada por aquele
homem. Foi por isso que, mesmo diante do que sentia por ele, eu fiz aquilo que deveria.
Eu precisava e fui embora.
CAPÍTULO 57
Como poderíamos seguir depois disso?
Foi o que me perguntei durante todo o caminho para o meu apartamento.
Talvez, a minha atitude tivesse sido precipitada, em contrapartida, eu precisava estar o
mais distante possível para pensar em tudo. Sentia-me sufocada naquela casa. E temia que o
coração traiçoeiro acabasse caindo em tentação ao vê-lo tão vulnerável.
Apenas me permiti desabar quando cheguei em casa.
Aquilo me atingiu de uma forma que nunca pensei ser possível. Não me lembrava de ter
sofrido uma decepção tão intensa durante toda a minha vida.
As emoções estavam descontroladas e o aperto no peito, me fizeram chorar por um longo
tempo.
Foi cruel, traiçoeiro.
Queria me apegar no amor de Alexander por mim, porque, sim, eu sabia que ele me
amava, sabia que aquele homem havia sofrido muito na vida. Mas isso não mudava as coisas,
não mudava o que fez, como agiu ao mentir para mim durante todo o tempo, na tentativa de
esconder o seu erro.
Não sabia se poderia perdoá-lo por ter ido tão longe. Além de tudo, ele permaneceu no
erro.
Sim, doía demais perceber que para esconder o seu erro, Alexander esteve mentindo e
contornando situações deliberadamente durante esse tempo que estávamos juntos.
Como ele poderia dizer que se arrependia, quando permanecia mentindo para encobrir
aquela sujeira?
Depois de um longo tempo chorando, fui para o banheiro tomar um banho longo e
doloroso. Quando cansei de ficar embaixo do chuveiro me sequei e fui para o quarto, vesti um
baby-doll, peguei um edredom no guarda-roupa e me deitei na cama, enquanto me enrolava
completamente no edredom.
Passou-se um longo tempo, até que eu finalmente consegui apagar. E quando consegui,
desejei do fundo do coração que aquilo apenas fosse um pesadelo, um pesadelo muito ruim, pois
o homem que eu conhecia jamais faria algo para me machucar tanto.
Na manhã seguinte, tive a desilusão de perceber que não era um pesadelo. Tudo era real.
Eu ainda estava enrolada no edredom, pensando em como seguiria quando o barulho da
campainha me tirou de meus devaneios. Não havia como ninguém saber que eu estava aqui,
exceto ele.
Foi por isso que não me levantei. Permaneci na cama, decidida a não o atender de forma
alguma. Porém, me surpreendi quando gritos e batidas à porta se fizeram presentes. Não era ele,
mas conhecia perfeitamente aquelas vozes loucas e insanas que se faziam presentes.
Dei um pulo da cama e fui para a porta checar se estava ouvindo certo.
— Eu sei que você está aí. — A voz de Beatriz ressoou.
— Não vamos embora enquanto não abrir a porta, Rai — Isabella gritou enquanto eu
pegava as chaves para destrancar a porta.
Quando a abri, tive a confirmação de que não estava ficando louca. Deparei-me com a
dupla explosiva, Isabella e Beatriz estavam paradas à frente, com sacolas nas mãos e olhares
preocupados sobre mim.
Sem pedir permissão, elas passaram por mim, fazendo-me dar espaço para que entrassem.
— O que estão fazendo aqui? — perguntei, ao passo que fechei a porta, quando meus
olhos as alcançaram, encontrei-as como se estivessem em casa, colocando as sacolas sobre a
mesa da copa.
— Viemos saber como está e descobrir o que aconteceu — Beatriz falou enquanto eu me
aproximava.
— Foi o Alexander que contou a vocês que eu estava aqui? — perguntei, a voz contida.
— Quem mais seria, amiga? — Isabella perguntou e se virou para me olhar. — Não faço
ideia do que aconteceu ou o motivo pelo qual está aqui, mas ele parecia preocupado com você
sozinha e presa nesse apartamento sem nada para comer.
— Não estou sem nada para comer — menti. Estava tão atônita, que nem mesmo havia
pensado em comer qualquer coisa.
— Você não vem aqui há mais de um mês e veio direto para cá, não saiu para comprar
nada. Jura que comeu algo? — Isabella indagou, dando-me a certeza de que os seguranças
seguiam de olho em mim.
Não sabia se isso aquecia o meu coração, ou me deixava mais nervosa. Ele tinha que
controlar tudo?
— Foi tão sério a ponto de você sair de casa, amiga? O que aconteceu? — Beatriz
perguntou, meus olhos encheram-se de lágrimas só em pensar em falar aquilo em voz alta.
Eu iria chorar? De novo?
Isabella caminhou em minha direção e me abraçou forte. Eu recebi seu aperto na mesma
intensidade, enquanto deixava sair aquela angústia. Não me lembrava de ter ficado tão esgotada
emocionalmente, tão descontrolada em relação às minhas emoções.
Isso nunca havia acontecido, nem mesmo com a traição de Matheus. Não me permitia
chorar, afinal, sempre controlava, mas nesse momento tudo parecia pesado demais. Insuportável.
— Não precisa contar se não quiser. Mas tem que comer alguma coisa — Isabella
sussurrou, e eu assenti.
Precisava deixar sair. Por mais que fosse doloroso, eu precisava.
— Foi tudo culpa dele! — falei em meio a soluços.
— Tudo o que, Rai? — Isabella perguntou, ao mesmo tempo em que senti outra mão
acariciar minhas costas.
Só então me dei conta de que Beatriz havia se aproximado.
— Foi Alexander quem barrou o meu empréstimo, como se não fosse o suficiente,
chantageou o Ricardo e o Alexandre para me mandarem embora. Ele foi baixo a ponto de fazer
com que eu fosse mandada embora daquela forma, sem aviso prévio, como se não vissem a hora
de estar livre de mim.
Deixei tudo aquilo que estava entalado no peito sair.
— Ah... meu... Deus... — Isabella falou, pausadamente, em choque.
— Tem certeza disso, amiga? — Beatriz perguntou, afastei-me do abraço de Isabella para
olhá-las.
— Vamos nos sentar, eu vou contar tudo a vocês.
— Não antes de prepararmos algo para você comer — Isabella disse, incisiva.
Depois de me obrigarem a sentar na banqueta da cozinha, Isabella e Beatriz tomaram conta
do lugar, lavando as vasilhas e preparando algo para que eu pudesse comer.
Naquele momento, evitaram o assunto principal. Consegui sorrir um pouco, enquanto as
loucas faziam aquilo que sabiam fazer de melhor, me animar.
Permiti-me tirar um pouco a mente de tudo, mesmo que não fosse possível desligar
completamente e deixei que elas cuidassem de mim.
Depois de comer, minhas amigas seguiram conversando comigo sem pressão, até que eu as
puxei para a sala e as contei como tudo aconteceu.
Isabella ficou muito revoltada, isso sem saber a história toda, afinal, eu deixei de fora a
questão do jogo, já que foi algo que ficou no passado. Beatriz já tentava ver os dois lados.
Ainda assim, era muito para assimilar. Elas tentaram não opinar muito, mas se
concentraram em estar ali para mim com uma palavra amiga, um abraço apertado e todo o
conforto que eu precisava naquele momento.
Meu coração apertou em pensar em como Alexander poderia estar. Eu sabia que ele não
tinha ninguém a quem recorrer, sabia que, provavelmente, estava sozinho.
Ainda assim, se preocupou para que eu não passasse por tudo sozinha. Pensando nisso,
peguei o meu celular. Abri o contato de Alexander, tentada a mandar uma mensagem.
Digitei algumas vezes coisas como: “Como você está?”, “Espero que esteja bem”, porém,
em um momento de lucidez, apaguei qualquer mensagem. Eu era tão fraca assim?
— O que você pretende fazer? — A voz de Isabella chamou a minha atenção.
Antes de olhá-la bloqueei a tela do celular e o joguei de lado, decidindo que não faria isso.
Eu não estava pronta.
— Está pensando em se separar ou apenas dando um gelo nele? — Beatriz perguntou,
quando não respondi.
— Sinceramente... eu não sei. Minha cabeça está em um turbilhão, então preciso descobrir
o caminho a seguir. Não sei se posso confiar, não sei como poderíamos seguir depois de tudo.
— É visível que o cara te ama, Rai, ele se preocupa. Mas só você pode decidir se é capaz
de perdoar. Perdoar é essencial para que vocês possam seguir em frente — Beatriz disse,
balancei a cabeça em concordância.
— Independentemente do que decidir, saiba que estaremos aqui para você. Se quiser se
separar, nós vamos apoiar, mas se decidir perdoar torceremos por vocês dois — Isabella falou,
minha boca se curvou em um sorriso fraco com todo aquele apoio.
— Eu sei, e é por isso que eu amo vocês.
Passei o final de semana inteiro presa em meu apartamento. Apesar disso, não estava
sozinha. Beatriz e Isabella fizeram questão de dormir comigo na noite de sábado, foram embora
apenas no domingo de tarde.
Estava pensativa sobre tudo. Deveria ter uma conversa com Alexander, mas ainda não me
sentia pronta para isso, queria deixar a cabeça esfriar por completo, e apesar de ainda não querer
conversar com ele, não iria me privar de trabalhar e terminar aquilo que comecei.
Na verdade, trabalhar me faria bem, me distrairia de todo o resto. Foi por isso que me
levantei às 6h e me arrumei para ir para a empresa.
Apesar de não ter me decidido sobre como agir perante a tudo, também queria analisar
como seria a sua atitude diante de mim. No fundo, eu queria vê-lo, mesmo que fosse por alguns
segundos.
Cheguei por volta de 7h30, torcendo para que ninguém notasse o quanto estava péssima.
Como estava adiantada, havia poucas pessoas pelo caminho, cumprimentei-as com um
sorriso forçado, ao passo que recebia alguns olhares, provavelmente por chegar sem Alexander,
afinal, durante todo o tempo que estava na empresa não chegamos separados um dia sequer.
— Bom dia, Raissa, se sente melhor? — Fernando passou por mim, com um sorriso no
rosto. Forcei a ele um sorriso e evitei o seu olhar.
— Sim, estou bem, obrigada — falei enquanto ele se sentava em sua baia.
— Deixamos a conclusão da reunião em seu escritório — informou, balancei a cabeça em
concordância.
— Isabella me disse quando me deu um resumo do restante do dia — disse, simpática. —
Você chegou cedo.
— Algumas coisas para revisar antes da reunião.
— Ótimo, nos vemos mais tarde para os últimos detalhes — falei, encerrando o assunto
antes de seguir o meu caminho.
Entrei em minha sala e fechei a porta, então, procurei os documentos que Isabella havia
dito que deixaram para mim, a fim de verificar o que fizeram depois que fui embora na sexta-
feira.
Estava orgulhosa da minha equipe, mesmo sem mim conseguiram executar o que faltava
com excelência. A cada página lida, maior era o orgulho.
— Quando você vai voltar para casa? — A voz séria de Alexander pairou no ambiente,
fazendo-me dar um pulo, estava tão concentrada que não ouvi o barulho da porta.
O coração entrou em descompasso, enquanto meus olhos foram de encontro aos dele.
Naquele momento, percebi que o coração era mesmo traidor, pois mesmo depois de tudo, vê-lo
parado com a porta entreaberta me fez sentir balançada.
Eu achava que estava péssima, mas só porque não tinha visto Alexander. Ele estava
acabado.
Os olhos fundos, a barba por fazer, os cabelos desgrenhados de forma que nunca tinha
visto. Estava visivelmente desorientado, isso me fez baixar a guarda por um instante.
Queria correr e abraçá-lo, queria dizer que voltaria nesse momento. Mas não poderia ser
tão fraca, ou assim seria a minha vida com ele. Eu precisava entendê-lo e precisava que ele
entendesse o quão errado foi para que pudéssemos ter a chance de recomeçar.
— Quando vai voltar para mim, minha preciosa? — voltou a perguntar quando o silêncio
prevaleceu.
Suspirei profundo, pensando em como o responderia.
— Estar aqui na empresa não significa voltar para você, sabe disso, não é? — perguntei,
em um fio de voz.
Alexander fechou a porta e caminhou em minha direção, fazendo-me vacilar.
— Por que está aqui quando sabe que vai me encontrar? — perguntou, à medida que se
aproximava. — Sabia que eu viria para você no momento em que colocasse os pés aqui.
Não impedi quando ele se ajoelhou e puxou a cadeira para que eu ficasse de frente para
ele.
Fiquei sem ar ao senti-lo tão perto. Como não? Eu o amava. Apesar de tudo, eu o amava.
Mas a dor de sua atitude ainda estava muito vívida em meu coração.
— Estou aqui porque eu honro com os meus compromissos, eu... eu vou sair depois que
finalizar esse projeto — respondi, tirando um pouco a confiança de alguns segundos atrás.
— Não seja extremista, meu amor — pediu, ao mesmo tempo em que levou a mão em
direção à minha, recuei ao seu toque, fazendo-o deixar a mão cair ao lado do corpo sem me tocar.
— Por favor.
— Eu preciso de tempo — disse e afastei a cadeira para trás, tentando me distanciar. Mas
Alexander levou a mão nela e me impediu.
— Por que adiar o inevitável? — Seu tom era de puro desespero.
Balancei a cabeça em negativa e o afastei mais uma vez.
Mesmo contra sua vontade, forcei a cadeira para trás e me levantei, buscando espaço.
— Não é assim que as coisas funcionam, Alexander, não é inevitável. Pode ser que eu
nunca volte — disse, ao mesmo tempo em que cruzei os braços e o medi com o olhar.
Era sobre isso também. Ele não estava disposto a dar o tempo que pedi, além de tudo já
havia batido o martelo que eu voltaria para a casa, era inevitável.
— Foi por isso que não te contei, você é orgulhosa demais. Se eu contasse, teria se casado
comigo? — perguntou, fazendo-me congelar. — Teria se permitido viver tudo o que vivemos?
Alexander se levantou e veio em minha direção.
— Não sei, talvez eu não teria me casado com você — fui sincera. — É muito provável
que eu não o visse nunca mais.
— É por isso que eu não te contei e não me arrependo disso. Se tivesse a chance levaria
esse segredo para o túmulo comigo.
— Para poder seguir me manipulando como quer — concluí, a voz contida. Isso era algo
que eu não poderia permitir, nunca.
— Não! — Levou a mão nos cabelos e os bagunçou. Já havia percebido que era uma
mania quando estava nervoso. Então, aqueles mesmos olhos suplicantes voltaram para mim. —
Por medo... medo de te perder.
Ele me quebrou.
Céus! Ele me quebrou naquele momento.
— Você ao menos entende o que fez? — perguntei, magoada com sua confissão.
Como ele poderia dizer que se arrependia se estava disposto a permanecer no erro?
— Sim, eu errei, errei feio e pretendo dedicar o resto da minha vida para consertar isso.
Oh, eu estava perto de ceder, muito perto. Mas travei no lugar, quando algo que passou
muitas vezes em minha cabeça no final de semana, veio à tona.
— Sobre a Samantha — comecei, notei seu maxilar travar. — Você realmente não a
conhecia? Aquela leveza ao falar sobre ela foi real? — perguntei, Alexander não respondeu.
Meus olhos estavam fixos aos dele, enquanto via sua relutância em responder. — Responde, eu
preciso saber!
— Samantha é uma amiga de longa data do Rodolfo. Eu a encontrei algumas vezes ao
longo da vida — Alexander confessou, e eu prendi os lábios.
Ele a conhecia, a conhecia demais. Olhei brevemente para o relógio, decidida a encerrar
aquela conversa.
— Eu estava com medo, Raissa, ainda estou — sussurrou.
— Como soube que eu estava aqui a essa hora? Foi o segurança, não foi? — perguntei,
ignorando sua última fala ou desmoronaria. Quando ele não respondeu, resolvi continuar: — Eu
quero que ele pare de me seguir, quero que a partir de hoje pare de reportar o que faço a você.
— Não — Alexander foi firme, aquilo fez a mágoa aumentar. — Isso é para o seu bem. O
segurança é a sua proteção.
— Será mesmo? — Arqueei as sobrancelhas. — Ou é apenas uma forma de você saber o
tempo inteiro o que acontece comigo?
Seu olhar vacilou, denunciando que era um pouco dos dois.
— Isso não é negociável, Marcelo fica — disse, ignorando as minhas perguntas. Balancei
a cabeça em concordância, assimilando tudo.
— Tudo bem. — Medi-o com o olhar. — O Marcelo fica, mas eu não vou voltar para casa
e... — Interrompi minha fala quando ele veio em minha direção. As mãos dele seguraram as
minhas, enviando um misto de emoções em meu corpo.
— Raissa...
— Não, não encosta em mim — falei e puxei a mão, fazendo-o recuar. — Quero que você
saia. E se voltar aqui, eu juro que eu não piso na empresa mais, mesmo que tenha que abandonar
o projeto. Juro que eu vou sumir.
Alexander congelou ao me ouvir.
— Por favor, vá embora. — Ele suspirou e abriu a boca para falar, mas antes que pudesse,
algumas batidas è porta se fizeram presentes.
— Pode abrir — falei sem tirar os olhos dele.
Para o meu alívio, era Isabella.
— Rai, sobre a r... — ela interrompeu a fala quando os olhos foram para Alexander. — Me
desculpe, eu não sabia que...
— Tudo bem, nós já acabamos — disse, firme.
Alexander me olhou uma última vez, se virou e foi em direção à porta.
Ele saiu sem questionar.
Exatamente como eu queria, então por que isso não fazia a dor diminuir?
— Está tudo bem, Rai? — Isabella perguntou, tirando-me do estado de torpor.
— Sim, está... só é difícil decidir — confessei em meio a um suspiro.
— O que exatamente? — Isabella perguntou, ao mesmo tempo em que fechou a porta atrás
dela. Em seguida, caminhou em minha direção.
Levei as mãos na cintura e a medi com o olhar, então, fiz a confissão mais dolorosa:
— Qual dor é maior. A de descobrir tudo o que Alexander fez e perceber como foi fácil
mentir para encobrir o erro, ou a de não conseguir viver sem ele.
CAPÍTULO 58
Eu achei que o final de semana seria o pior, mas estava errada. Não me lembrava de ter
tido uma semana tão pesada.
Estava começando o meu dia sempre determinada a ir à empresa e dar o meu melhor, mas
terminava o dia embaixo das cobertas, ainda sem conseguir aceitar o que Alexander fez.
Ele se manteve distante durante todo o período que eu estava dentro da empresa.
Alexander parecia estar disposto a me dar espaço. Ou pelo menos estava tentando. Em
alguns momentos, fingi que não estava o vendo me observar. Não sabia ao certo como me sentia
ao notar a sua presença.
Quando eu ia almoçar com Isabella em nosso tempo livre, no carro próximo ao meu
apartamento, quando eu ia à padaria pela manhã, ou quando eu tinha qualquer reunião fora da
empresa.
Eu fingi não perceber, mas sabia que ele estava sempre presente, de olho em mim.
Sabia que ele também estava sofrendo.
Queria dar a ele uma chance de se explicar e faria isso quando eu me sentisse pronta. Mas,
no momento, a necessidade de adiar essa conversa, prevalecia. A angústia ainda estava ganhando
de qualquer outro sentimento.
A sexta-feira estava sendo bem agitada. Estava auxiliando a equipe em projetos pequenos,
tive uma reunião por chamada de vídeo com a Marcela, responsável pelos hotéis em São Paulo e
tentei me concentrar ao máximo nisso, enquanto ajeitava as coisas para minha viagem a Búzios
na semana que vem.
Estaria lá durante o final de semana para cuidar de alguns assuntos pessoalmente, junto
com Isabella e Ana.
Saí de minha sala por um instante, decidida a confirmar algumas informações com Luiz
Felipe, quando a voz de Isabella chamou a minha atenção para ela.
— Raissa, nós estamos pensando em mais tarde nos reunirmos no Open bar para
comemorar o sucesso do projeto.
— Não temos essa confirmação ainda. — Arqueei a sobrancelha para Isabella.
— Mas já sabemos que será um sucesso. — Luiz Felipe entrou na conversa, fazendo-me
dar uma risada. Passei os olhos pela equipe vendo os olhos atentos a minha resposta, então me
voltei para Isabella.
Eu não estava muito a fim de sair, mas toda aquela expectativa me fez pensar que talvez
fosse bom uma distração.
— É uma desculpa para sair. — Dei um pequeno sorriso, e depois de um suspense, resolvi
falar. — Tudo bem. Nos encontramos que horas? Por volta de 20h?
Ao me ouvir eles fizeram uma pequena comemoração. Sentia-me feliz com o
relacionamento que havia criado com cada um da equipe, eu gostava disso.
— Perfeito, chefa, nos vemos às 20h.
Um vestido pouco acima do joelho, um salto de scarpin preto, o cabelo solto, a maquiagem
um pouco mais pesada para disfarçar um pouco como a pele estava oleosa e o cansaço.
Foi o que eu escolhi para compor meu visual. Queria me sentir bonita e sabia que faria
bem sair um pouco de casa, ao invés de passar a noite chorando, assim como foram as minhas
últimas noites.
Não conseguia pensar em tudo sem chorar. Não sabia de fato por que estava tão emotiva,
ou por que pensar em ver Alexander me angustiava tanto. A decepção que eu sentia, era vívida e
quanto mais ele insistia, pior parecia.
Estava confusa, havia horas que eu queria a maior distância possível, mas em alguns
momentos, eu me sentia carente e o queria por perto. Mas não dei o braço a torcer em nenhuma
dessas vezes.
Sem querer pensar demais, peguei as minhas chaves e fui para o carro. O certo seria ir de
Uber, levando em conta que eu certamente beberia. Mas como eu não aprendia com os erros,
aqui estava eu, indo para o local marcado em meu carro.
Quando cheguei, observei a movimentação barulhenta de todos, eles estavam no bar,
sentados nas banquetas que o contornava. Isabella, Ana, Fernando e mais dois rapazes da equipe
falavam de forma animada.
Era engraçado, como Isabella tinha facilidade para enturmar em qualquer lugar, fazia parte
dela.
Quando me viram, logo bateram na banqueta ao meio de todos.
— Oi, Rai — Isabella me cumprimentou. Sorri para todos enquanto eu me sentava ao lado
da minha amiga.
— Como estamos? — perguntei, à medida que passava os olhos mais uma vez pelo lugar.
— E o Luiz Felipe? Ele é sempre o primeiro a chegar.
— Precisou ajudar os pais com algo, mas daqui a pouco chega — Isabella comentou.
— Tudo bem — falei, ao mesmo tempo em que acenava para o barman, para pedir uma
bebida.
Quando se aproximou, pedi um coquetel para começar. Luiz Felipe chegou e se sentou ao
meu lado, em seguida pediu uma bebida para nos acompanhar.
Segui conversando com todos, enquanto esperava o meu pedido.
E quando o barman me entregou, senti um aperto no peito. Não sei se por minha mente
estar muito em Alexander, mas o coquetel logo me arremeteu ao nosso primeiro encontro.
Eu bebi tantos coquetéis naquele dia, que mal fui capaz de reconhecê-lo oito anos depois.
Ele realmente devia ter ficado chateado com isso, eu ficaria.
Levantei a taça com o coquetel e a encarei por um momento. Aqui estava o culpado por eu
não o reconhecer de imediato. Tomei aquela bebida e me senti nostálgica. Eu estava um pouco
aérea nas conversas de todos, perdida em meus pensamentos.
Amava aquela bebida e amava as lembranças que eu tinha daquela noite.
Naquele momento, o coração fraco queria perdoá-lo. Não queria perder tudo aquilo que
construímos ao longo dos meses, o sentimento mais genuíno poderia sobrepor as sujeiras, se
Alexander tivesse disposto a não manipular as situações ao seu favor. Não comigo.
Por um momento, eu me senti pronta para ouvi-lo.
Suspirei ao ser chamada a atenção por Isabella, querendo fazer um brinde, pedi mais um
coquetel a fim de acompanhar a todos.
— Um brinde ao sucesso então? — Isabella indagou, chamando a atenção de todos quando
o barman terminou de nos servir.
Sorri e levei a minha taça em direção à louca.
Todos fizemos um brinde e eu tomei um gole do coquetel, antes de deixa-lo sobre a
bancada.
— Raissa. — Luiz Felipe me chamou, fazendo que meu olhar fosse em sua direção, pude
sentir sua preocupação sobre mim. Ele se inclinou um pouco para falar de forma que apenas eu
ouvisse. — Está tudo bem?
— Sim... — forcei um sorriso.
— Não é o que parece — falou, soltei um suspiro profundo.
Meus olhos permaneceram fixos a ele por um longo minuto, enquanto decidia como
respondê-lo. Não é como se fosse alguém que não me conhecesse, negar era perda de tempo.
— Eu sei, tudo parece uma bagunça, mas garanto que vai est... — interrompi minha fala
abruptamente.
O coração entrou em descompasso no momento em que senti aquela presença que eu
ignorei durante toda a semana. As mãos quentes tocaram a minha cintura e eu não precisava
olhar para ter a certeza de que era ele.
— Boa noite a todos. — Aquela voz rouca e séria me causou arrepios. Olhei em sua
direção, enquanto meu coração quase saltava para fora.
Todos o cumprimentaram de forma animada, como não faziam de forma alguma no
escritório, o que me fez constatar que todos já haviam bebido demais.
— O chefe veio se juntar a nós? — Fernando perguntou.
Alexander não respondeu, os olhos estavam fixos em mim.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, sem tirar os olhos dele.
— Eu vim buscar você — Alexander falou, autoritário.
Dessa vez, o olhar não estava suplicante como nos outros dias. Estava duro, sério. De
forma que eu não via há tanto tempo, que havia me esquecido que ele também podia ser assim.
— Alexander... Isso n... — parei de falar quando as mãos de Alexander me tiraram da
banqueta, em seguida me jogou sobre o ombro. Senti sua mão em minha coxa, ajeitando o
vestido. — Alexander! Me coloca no chão.
Ele me ignorou. Ainda comigo sobre o ombro se voltou para todos a mesa.
— Me desculpem por isso, mas vou levá-la mais cedo. — Alexander interrompeu a fala
quando os rapazes começaram a assobiar com a cena. — Eu vou cuidar dela — sussurrou e
deduzi que estava falando com Isabella.
Tive a confirmação ao ouvi-la concordar tão facilmente. Eu queria matá-la por isso.
Então, Alexander começou a andar.
A minha reação a sua atitude não foi das melhores, em um segundo, ele me fez esquecer
tudo o que eu havia cogitado minutos atrás. Mas me segurei em respeito a equipe, lembrando-me
da pessoa centrada que sempre fui.
Não iria fazer uma cena, pois provavelmente todos achavam que era só o marido
possessivo buscando a sua mulher por estar fora de casa.
Mas não, ele estava me levando à força.
Alexander parou, se inclinou e abriu a porta do carro, em seguida me colocou no banco do
passageiro. Eu queria sair, mas esperei que entrasse no carro.
— O que você pensa que está fazendo? — perguntei, séria, os olhos fixos ao nada.
— Coloque o cinto de segurança — falou, autoritário.
— Meu carro está no estacionamento — avisei, a voz contida.
— Peço ao Marcelo para buscá-lo depois — disse e levou a mão ao cinto, passando-o pelo
meu corpo, prendendo-me no banco do passageiro.
Então, sem dizer uma palavra, ele fez o mesmo e deu partida no carro.
Permaneci em silêncio, assimilando como deveria iniciar a conversa, levando em conta
que mais uma vez, ele estava me magoando. Foi quando percebi que o caminho que estava sendo
feito não me levaria até o apartamento. Ele estava me levando para casa.
— Não pode fazer isso, Alexander, você está errando de novo.
— Não estou, estou te levando para onde você nunca deveria ter saído — disse, firme. —
Já se passou uma semana, Raissa, estou te levando de volta para casa.
Meus olhos se encheram de lágrimas, enquanto o aperto se formava em meu peito.
— Eu não vou voltar — falei, a voz embargada. — Não quando você me...
— Não me faça ter que usar aquele contrato para fazer você voltar — interrompeu-me.
— Do que você está falando? — minha voz saiu entrecortada, enquanto sentia minha
cabeça girar.
— Acima de tudo, temos um contrato a cumprir. Não deve ficar longe de casa, estamos
casados. — Aquelas palavras saíram duramente de sua boca. E eu quase não acreditei, quase.
— De que contrato está falando?
— Você sabe de que contrato que estou falando, o primeiro que assinamos — disse, os
olhos fixos na estrada.
— Você não está falando sério, aquele contrato não vale mais... Ele...
— Está assinado e muito bem guardado. Então sim, ou você volta para casa, ou eu irei
rescindi-lo.
As lágrimas começaram a cair com aquela atitude.
Aí estava ele. Demorou, mas apareceu o homem que eu não estava disposta a perdoar. O
homem que usava de tudo para conseguir o que queria.
— Isso, faça isso, Alexander. Quebre o contrato e termine de ferrar com a minha vida.
Acho que você não ferrou com ela o suficiente — falei, entre soluços enquanto as mãos dele
travavam no volante. — Faça o que quiser, mas não, eu não voltarei para você. Aceite isso.
Com isso, eu o senti recuar. Alexander não respondeu de imediato e parecia assimilar cada
palavra que eu disse.
— Raissa... — ele chamou alguns instantes depois.
— Não, eu não quero conversar. Apenas faça e leve tudo de mim, acabe com o que restou.
As lágrimas se tornaram mais intensas e durante todo o caminho ele não disse uma palavra
sequer. Eu não me atrevi a olhá-lo. Apenas fiz aquilo que inevitavelmente a semana toda
aconteceu.
Chorei durante todo o caminho, só percebi que havíamos chegado quando a porta do carro
foi aberta, atraindo minha atenção. Alexander me incentivou a sair e só quando eu estava de pé,
percebi que não estávamos em casa.
Nós estávamos na porta do meu edifício.
Alexander me levou em silêncio até a portaria. Então, me puxou para ele e me abraçou
forte. Eu não o impedi, mas também não o retribui. Eu não consegui.
— Eu perdi a cabeça... Totalmente... Está tudo tão difícil sem você e... você tem me
afastado cada vez mais, e agora... — A voz dele falhou. Diferente do tom autoritário que usou há
alguns minutos dentro do carro, a voz de Alexander saiu de forma dolorosa. — Me perdoe pelas
palavras, nunca usaria aquele contrato para te obrigar a ficar comigo. Eu só não sei o que fazer
— sussurrou. O nó em minha garganta não deixou que o respondesse. — Você foi a melhor coisa
que me aconteceu, nunca foi minha intenção magoá-la. Eu apenas queria amá-la. Te mostrar que
apesar disso, nada mudou. Eu sou todo seu, Raissa.
Permaneci imóvel quando se inclinou e deixou um beijo demorado no topo da minha
cabeça. E se ele tivesse seguido, eu teria me rendido, pois hoje em especial eu me sentia carente.
Mas ao invés de pressionar, depois de acariciar o meu rosto de forma carinhosa, Alexander se
afastou e caminhou em direção ao carro.
Deixando-me onde deveria, no meu apartamento.
E sem olhar para trás, apenas deu partida no carro e foi embora.
Atenção: A todas que assim como eu, são curiosas de plantão e querem saber como tem
sido os dias de Alexander, o próximo capítulo será unicamente com o lado dele e de tudo desde o
dia onde tudo foi descoberto.
Espero que gostem, beijos <3
Aviso: Preparem o estoque de panos!
CAPÍTULO 59
— A vida de casado consiste em ignorar os velhos amigos? — Rodolfo perguntou quando
me aproximei. Sorri e me sentei em uma cadeira de frente para ele.
— Muito trabalho, muita coisa para colocar em dia depois das três semanas de férias que
tirei — confessei, ele deu um sorriso de lado.
— Ah, Alexander... Você realmente foi um filho da puta quando a pegou só para você —
brincou, por incrível que parecesse, meu sorriso se alargou quando o ouvi.
Aquele tom, eu conhecia muito bem, sabia que ele estava apenas me dizendo que eu era
um filho da puta muito sortudo.
— Eu sou — respondi, orgulhoso. — E você também pode seguir por esse caminho, te
garanto que é o melhor.
Rodolfo fez uma careta ao me ouvir.
— Eu nunca mais vou confiar em mulher alguma. Vivo a minha vida muito bem sem
amor.
— Talvez você não tenha o encontrado de verdade. — Medi-o com o olhar. Rodolfo ficou
tenso.
Queria dizer a ele que Nathalia nunca o amou, queria dizer que quando ele encontrasse
alguém que o amor fosse recíproco, nunca mais desejaria outra coisa. Mas sabia que essa
conversa não seria nada além de dolorosa. Então, optei por acabar com aquela tensão.
— Já pediu algo para comer? — perguntei. Ele balançou a cabeça em negativa.
— Estava esperando por você.
Chamei o garçom, a fim de fazer com que aquela conversa se dissipasse. O rapaz
prontamente nos atendeu e anotou os nossos pedidos. Quando se afastou, meu olhar se voltou
para Rodolfo, que estava me medindo com o olhar.
— Teve mais algum problema relacionado a Samantha? — perguntou, balancei a cabeça
em negativa.
Eu me sentia aliviado por Raissa não ter me questionado mais pela mulher depois daquele
dia em nosso closet. Não queria mentir para ela, senti-me horrível por omitir o fato de conhecer
Samantha bem. Porém, admitir isso, colocaria em risco a segurança daquele segredo.
— Por favor, só a mantenha longe de qualquer evento que Raissa possa estar, você pode
levar a mulher que quiser.
— Já te disse que não foi proposital, sempre que preciso a convido, foi automático.
— Eu sei, eu só não posso correr riscos — falei em meio a um suspiro.
Apenas pensar na possibilidade me dava um aperto no peito. Em um movimento
involuntário, levei as mãos aos cabelos e os baguncei, como se aquilo fosse diminuir o que quer
que fosse que eu estava sentindo.
— Você realmente a ama, ainda é inacreditável para mim — Rodolfo disse, chamando a
minha atenção para ele.
— Inacreditável? Que parte?
— Sua nova versão. Essa devoção a Raissa — sussurrou. — Parece tão vulnerável.
— Eu gosto dessa nova versão — falei, sério. Então, meus pensamentos foram para aquele
riso gostoso. — Não me importo de estar totalmente vulnerável para ela.
— Jesus! — exclamou, o olhar incrédulo sobre mim.
Só então eu percebi que havia pensado alto demais. Sorri ao analisar a expressão de
Rodolfo. Isso não era algo que eu falaria antigamente, com toda certeza não.
— É assustador, mas eu gosto disso.
— Se continuar assim, serei eu a te ignorar. Foder com duas, três... deixar que elas estejam
vulneráveis, eu gosto mais dessa versão. — Rodolfo voltou a falar.
— Com pensamentos tão distintos, acho que não deveríamos falar sobre mulheres, no
geral — disse, Rodolfo gargalhou.
— Com toda certeza, meu amigo.
Nossa amizade tinha seus altos e baixos, tinha a parte obscura e suja, parte que eu não
queria voltar nunca mais, mas era além disso, sempre nos apoiamos um no outro para qualquer
coisa e, por um momento, no meio de tudo, eu havia me esquecido completamente disso. Estava
tomado pelo medo de Rodolfo fazer com Raissa o que eu fiz com Nathalia.
Mas a verdade era que tínhamos uma história, nossa amizade era maior do que tudo isso.
Quando cheguei à empresa fui atrás de Raissa. Queria vê-la por um instante, antes de
continuar trabalhando. Mas logo fui informado de que ela havia ido embora, pois não estava se
sentindo bem.
Aquilo era, no mínimo, estranho, Raissa nunca havia ido embora sem mim.
Foi por isso que não hesitei em pedir a Emanuela para cancelar a reunião que eu tinha
marcado para a parte da tarde e fui para casa.
Quando cheguei, encontrei Raissa com uma expressão séria no sofá.
Meu mundo desabou quando ela jogou documentos que nunca deveria ter acesso sobre a
mesa. Congelei, sem saber como explicar a ela algo que era inexplicável.
Eu errei, errei feio para consegui-la. E quanto mais perguntas ela fazia, mais desesperado
eu ficava.
A cada palavra sentia o coração vacilar, aquele olhar de decepção e mágoa. Tudo indicava
que eu iria perdê-la e caso isso acontecesse, eu não conseguiria suportar.
Eu implorei que ela me deixasse explicar o meu ponto de vista, mesmo sabendo que não
mudaria muita coisa. Afinal, apesar de tudo eu errei e nada que dissesse anularia o meu erro. Pois
na época, eu não senti remorso por fazer o que fiz.
Mas o que poderia fazer para consertar, eu fiz. Por mais duro que fosse a verdade, decidi
que não mentiria mais para ela. Foi por isso que quando ela me perguntou algo decisivo, como a
participação de Rodolfo, não consegui jogar a culpa nele. Porque no fim, não foi.
Eu fiz tudo isso, com a ajuda dele, sim, mas foi eu quem fez.
Fiz o que pude para tentar me explicar, tentar mostrar a ela que não era como ela estava
pensando. Eu jamais continuaria a manipular as situações a meu favor, não com ela.
Quando a vi saindo do nosso quarto com a mala na mão, meu desespero foi total. Eu
estava a perdendo e não poderia, seria demais para mim.
Caí de joelhos no chão e implorei que Raissa não desistisse da gente, mas aquilo não a
impediu. Aquilo não foi capaz de fazê-la mudar de ideia.
Porque o amor nem sempre era o suficiente. Foram as palavras que me quebraram
totalmente.
Eu queria ir atrás dela, impedi-la de me deixar, mas não poderia. Então, a deixei ir.
Não fiz nada além de tirar o telefone do bolso e garantir que Marcelo e Renato iriam
revezar para ficar de olho em Raissa, após finalizar a ligação eu tentei me levantar, mas não tive
forças.
Encolhi-me ali mesmo e levei a mão no peito, deixando aquele sentimento ruim sair, de
forma que eu nunca fiz na vida. Já havia sofrido muito, mas não me lembrava de sentir algo tão
destruidor.
Chorei, chorei muito naquela noite, naquele chão.
Precisando de algo forte para aliviar aquela dor, fui para o bar que tinha ali na sala. Minha
companhia o restante da noite foi o bom e velho uísque, a solidão e a incerteza sobre o futuro.
E se ela me deixasse? Como eu poderia sobreviver a isso? Ela seria capaz de me perdoar?
Foram perguntas que estiveram em minha mente durante todo o tempo.
Estava tomando um banho frio, quando meu telefone tocou pela manhã. Era Marcelo antes
de largar o turno me avisando que Raissa não havia saído do apartamento por um minuto sequer.
Nenhuma entrega havia sido feita. Estava preocupado com ela estar sem comer nada desde a
hora que saiu daqui, afinal, ela tinha ido diretamente para o apartamento dela.
Eu também não havia conseguido comer, mas ela precisava, precisava se cuidar, não
queria que ela afundasse. Eu não poderia deixar.
Foi por isso que eu puxei os arquivos da empresa em meu notebook, peguei o celular da
amiga dela e liguei.
— Sim? — Uma voz sonolenta pairou do outro lado da linha no sexto toque.
— Isabella? — perguntei, a fim de confirmar se realmente era a amiga de Raissa.
— Sim, quem gostaria?
— Alexander... Raissa, está no apartamento dela desde ontem e devido ao f...
— O quê? Por que ela está lá? — ela me interrompeu. Suspirei.
— É melhor que ela te conte, creio que ela precise de uma amiga e sei que são próximas,
você pode ir verificar como ela está?
— Claro! — Isabella respondeu, e eu pude ouvir uma movimentação do outro lado da
linha.
— Ela não vai ao apartamento há mais de um mês e não saiu para comer. Meu segurança
esperará você ao lado de fora do prédio, com comida o suficiente, por favor, a faça comer... —
dei outro suspiro. — Não deixe que ela fique triste, a distraia, ela vai precisar de uma amiga.
— Ah, meu Deus! — ela respondeu. — Vocês brigaram?
— Mais do que isso — confessei. — Só... me prometa que vai distrai-la, vai cuidar dela
por mim.
— Eu vou tomar banho, ligar para uma amiga que está sempre com a gente e vamos
cuidar dela, não se preocupe — Isabella respondeu prontamente. Aquilo me aliviou.
— Obrigado... Isabella — chamei-a antes de encerrar a ligação.
— Sim?
— Independentemente de qualquer coisa, eu a amo. Aquela mulher é tudo para mim.
Encerrei a ligação assim que disse aquelas palavras à amiga. Dessa forma, senti-me mais
tranquilo, em saber que por mais que eu não pudesse estar perto para cuidar dela, as amigas
estariam.
Assim, eu poderia fazer aquilo que não me permiti a noite, encher a cara, até não me
lembrar de mais nada. Assim seria o meu final de semana.
Tentei me manter distante, mas não era tão fácil. Sentia falta dela, sentia saudades do seu
riso, da sua companhia, do seu toque, de tudo.
E por isso que mesmo quando prometi me manter distante, não consegui. Aqui estava eu,
em plena terça-feira de manhã, tendo todo o cuidado para que Raissa não me visse no carro
esperando que saísse para seguir sua rotina.
Ela passou pela portaria do prédio a pé, eu saí do carro e do outro lado da rua
vagarosamente a segui, acompanhando-a de longe.
Minha mulher.
Raissa ainda era a minha mulher, a mulher que eu amava, a mulher por quem eu daria a
vida.
Ela era o meu mundo.
Era pouco a ver de longe, caminhar a mais de um metro de distância, acompanhando seus
passos, contudo, era o suficiente para mim por enquanto.
Estava virando um hábito, eu fiz isso durante toda a semana.
Toda a oportunidade que eu tinha, de conseguir vê-la sem ser notado, eu aproveitava.
Pegava cada migalha possível para vê-la.
Deus! O que estava fazendo? Por quanto tempo mais teria que suportar? Eu estava
enlouquecendo, seguindo-a, com a necessidade de vê-la a todo o momento. Já não conseguia
trabalhar, não conseguia pensar em nada.
Para mim, o que importava era apenas ter Raissa de volta.
Estava acostumado com o seu amor, seu carinho, sua companhia. Não sabia como seguir
sem ela.
A semana passou sem muita novidade, Raissa ia do trabalho para casa, de casa para o
trabalho. Estava fazendo o mesmo, com a diferença de que não conseguia me concentrar no
trabalho.
Estava em casa sexta-feira à noite, tentando produzir ao menos um pouco, mas a única
coisa que se passava pela minha cabeça era: por quanto tempo mais Raissa seguiria distante?
Quanto mais tentaria me afastar?
Meu telefone começou a tocar, tirando-me de meus devaneios. Constatei que era Marcelo
e atendi prontamente.
— Sim?
— A senhora Raissa acabou de sair, estou a seguindo e já te mando a localização —
Marcelo falou, sério.
— Certo, obrigado — falei e encerrei a ligação.
Fui para o banheiro e tomei um banho, enquanto aguardava a localização.
Saber que ela estava em um bar fez meu coração apertar.
Quando cheguei ao lugar, dispensei Marcelo e procurei algum lugar para me sentar.
Permiti-me observá-la por um tempo, de longe como sempre.
O alívio se formou quando percebi que ela estava com a amiga e o pessoal da equipe da
empresa. Tive que fazer um esforço enorme para só assistir enquanto ela sorria para os rapazes.
Eles estavam em seis, sabia que era a equipe e que ela estava descontraindo. E deveria
estar feliz por isso. Mas não suportei quando o novo funcionário, o cara que ela me pediu para
colocar na equipe junto com a amiga, se inclinou para falar com ela.
Senti que estava a perdendo. Isso foi perturbador.
Ela não recuou enquanto o cara falava com ela, e incapaz de ficar apenas assistindo a tudo,
saí de onde estava decidido a tirar Raissa daquele lugar. Eu não poderia, de forma alguma, perdê-
la assim.
Fiz algo que pensei ser a nossa salvação.
Mas, na verdade, a minha atitude, a insanidade ao tentar forçá-la a voltar para mim, tentar
repetir aquele mesmo erro de tê-la de qualquer forma, foi o nosso fim.
Eu nunca faria aquilo, realmente, jamais usaria o contrato para obrigá-la a nada, mas os
segundos em que aquela possibilidade passou pela minha cabeça fez-me sentir indigno dela. Ter
colocado aquelas palavras para fora, fez-me perceber que ela estava certa, eu não era digno.
Como eu poderia ter chegado a tanto? Naquela noite, percebi que o melhor para Raissa era
me afastar e aceitar que minha preciosa não estava disposta a perdoar.
Aquele era o nosso fim.
CAPÍTULO 60
Depois de sexta-feira não encontrei mais com Alexander. Não tive sinal algum dele
durante todo o final de semana, nem mesmo de qualquer segurança.
Estranhei quando na segunda-feira ele não estava me esperando sair para comprar o meu
café da manhã, assim como vinha fazendo todos os dias.
Na empresa ele também não apareceu.
Isso se prolongou por toda a semana, que apesar de corrida pela viagem para Búzios,
minha mente ainda me traía.
Ainda estava magoada com ele, mas a cada dia a dor parecia menor. Já não chorava mais
quando pensava em tudo o que ele causou, ou em como fodeu comigo por um simples capricho.
Com essa distância consegui pensar melhor, percebi que estava sendo dura demais com ele
nas palavras. O que estava acontecendo comigo?
Eu não sabia, mas também não conseguia dar um passo adiante. Não quando acreditava
que ele seria capaz de repetir o erro. Magoava-me saber que ele pensou em usar o contrato contra
mim, se o fizesse, não poderia perdoá-lo.
Estava chegando ao final do expediente de quinta-feira, tentando me concentrar em checar
os últimos detalhes que faltavam para viajar com as meninas amanhã pela manhã, quando duas
batidas leves chamaram a minha atenção.
Olhei em direção à porta e me espantei com a presença que estava à minha frente.
Jamais imaginei que a veria aqui. Não para mim.
— Madalena — sussurrei, a boca dela se curvou em um sorriso fraco.
— Nós podemos conversar por um momento? — perguntou, os olhos fixos aos meus.
Olhei para o relógio brevemente, constatando que o horário do expediente estava se
encerrando.
— Claro, aconteceu alguma coisa? — perguntei, preocupada. De repente, o aperto no peito
se fez presente.
— Podemos ir à cafeteria na esquina? — perguntou, deixando meu questionamento no ar.
Aquilo fez meu coração apertar ainda mais.
— Sim, claro.
Sem perder tempo, peguei meu celular e o guardei em minha bolsa, então, acompanhei-a
para sairmos dali.
Durante o caminho, Madalena não disse uma palavra sequer. E eu apenas me torturei um
pouco, sem ter noção do conteúdo da conversa. Sabia que provavelmente era algo relacionado ao
Alexander, mas não fazia ideia do que poderia ser.
Nós nos sentamos em uma mesa reservada, a garçonete prontamente nos atendeu, anotou
nosso pedido e se afastou.
— Como você está? — Madalena perguntou, séria.
Fiquei com receio sobre o que responder, não sabia se ela estava ciente do que estava
acontecendo entre mim e Alexander.
— Tentando ficar bem — sussurrei, decidindo ser sincera.
Madalena assentiu, com os olhos tristes e, então, tive a minha confirmação de que ela sabia
pelo menos alguma coisa sobre a nossa separação.
— Como ele está? — perguntei, ansiando por qualquer notícia daquele homem.
— Não muito diferente de você.
Balancei a cabeça positivamente, sem saber ao certo o que responder.
Mantive-me paciente, até o momento em que fomos servidas. Depois que a garçonete nos
deixou a sós mais uma vez, Madalena levou a xícara de café a boca e tomou um gole.
— Podemos ir direto ao ponto? — perguntei, ansiosa.
— Sim, devemos — falou, à medida que colocava a xícara sobre a mesa. Então, seus olhos
estavam fixos em mim. — Sei que o que Alexander fez não tem perdão, sei que ele pisou feio na
bola com você, mas gostaria de...
— Alexander contou a você o motivo da nossa briga? — interrompi-a, surpresa.
Por mais que Madalena soubesse que não estávamos bem, não esperava que ele falasse a
verdade. Eu precisava sondá-la, sobre até que ponto ela sabia.
— Sim, querida, e quero deixar claro que reprovo totalmente a atitude que ele teve ao
longo dos anos com Rodolfo. — Ela balançou a cabeça em negativa, seu desgosto era evidente.
— Essa coisa suja que eles faziam... E reprovo ainda mais como ele mexeu na sua vida para fazer
com que não tivesse escolha que não fosse aceitar os termos dele.
Alexander enlouqueceu?
— Ele realmente te contou tudo? — perguntei, a voz entrecortada.
— Sim, tudo — disse, firme. — Não estou aqui para tentar defendê-lo, apenas queria te
fazer olhar para a situação de uma forma diferente. Porque eu não posso passar por isso de novo.
— Sua voz saiu contida.
— Do que está falando?
— Eu vi o meu filho se afundar totalmente sozinho e não pude fazer nada por ele. Eu o
assisti sofrer e desistir de viver, mas não havia nada que eu pudesse fazer, não diante daquela
situação. — A voz dela saiu trêmula e lágrimas invadiram seus olhos. Inevitavelmente, as
lágrimas se fizeram presentes nos meus também, compreendendo o que estava tentando me
dizer. — Eu o vi acabar com a própria vida diante dos meus olhos... não vou suportar ver
Alexander ir pelo mesmo caminho... eu... não posso... assistir a isso sem fazer nada. — Ela fez
uma pausa, tentando se controlar.
— Ele foi muito baixo — falei, a voz trêmula.
— E eu te dou total razão nessa situação. Não o aprovo, mas o entendo... — Ela pareceu
distante por um momento. — Alexander não conhecia outra forma, ele nunca teve nada ao que se
apegar na vida, o medo o levou a fazer isso... — Suspirou. — De forma torta, de forma errada,
mas era amor — completou, fazendo meu coração disparar.
Isso era algo que havia passado em minha cabeça ao longo da semana. Alexander não
sabia fazer de outra forma, contudo, não significava que eu deveria aprovar sua atitude.
Com um nó na garganta, eu peguei o copo de suco e tomei um longo gole, tentando
assimilar tudo.
— Queria que soubesse que Alexander já mudou muito por sua causa, eu vejo claramente
isso — Madalena continuou a falar. — Então, se você o ama deve lutar por isso, por ele. Porque
você é completamente capaz de fazê-lo mudar. — Ela sorriu, tristemente. — Você o tem em suas
mãos.
— Não tenho certeza disso — sussurrei, sem saber ao certo o que pensar.
— Sim, você tem... — Ela me mediu com o olhar. — Não vou tomar mais o seu tempo, só
queria que soubesse disso, mas saiba que estou do seu lado. — Madalena pegou a bolsa e se
levantou. Mas antes de se virar, voltou em minha direção. — Eu vou entender, seja o que for que
decidir — frisou, eu balancei a cabeça em concordância.
— Obrigada — disse, o olhar fixo no dela. E pela primeira vez, seu sorriso em minha
direção foi simpático.
Madalena me deixou ali e foi para o caixa. Depois de pagar a conta, ela me olhou uma
última vez antes de se virar e sair pela porta, indo embora.
O restante do dia foi uma tortura. Tentei me concentrar no trabalho, mas a cabeça estava
no exame. A recepcionista me garantiu que até as 19h o resultado ficaria disponível no site.
Então, só me restava esperar.
Depois do almoço, eu me afundei no projeto para não enlouquecer.
Eram quase 19h quando fui para o quarto, constatando que o resultado ainda não estava
disponível.
Fui tomar um banho para tentar relaxar. Estava terminando de colocar um vestido quando
os gritos desesperados de Isabella se fizeram presentes. Meu coração acelerou enquanto eu saía
apressadamente do banheiro.
— Quer me matar? — perguntei, enquanto caminhava em sua direção.
— Ah, meu Deus, Rai. — Isabella deixou o notebook sobre a cama, caminhou em minha
direção e me envolveu em um abraço forte.
— Isso quer dizer que... — minha voz falhou, à medida que os meus olhos se encheram de
lágrimas. Ela não precisava falar, por sua reação eu já sabia qual era o resultado.
— Parabéns, mamãe — disse, em pura animação.
Quando Isabella se afastou, eu fui para a cama, peguei o notebook e o virei em minha
direção.
E lá estava o resultado positivo para gravidez.
Eu estava grávida.
Deus! Eu realmente estava grávida.
— Fala alguma coisa, Rai — Isabella pediu, ao passo que se sentou ao meu lado na cama.
— Eu... nem sei o que pensar — fui sincera, enquanto o coração quase saia pela boca.
Não era algo que eu estava esperando no momento, mas a ideia mexia com o meu coração.
Uma vida, havia uma vida dentro de mim.
Levei a mão na barriga e dei a ela um sorriso trêmulo.
— Eu... estou grávida. — Minha voz saiu entrecortada.
— Sim, você está. — Ela me abraçou.
— Agora mais do que nunca preciso conversar com Alexander.
— É isso, garota! — incentivou-me. Balancei a cabeça em negativa, sabia que apesar de
querer matá-lo inicialmente, aquela cretina estava do lado de Alexander desde o início, ela
certamente estava amando isso.
Mas não poderia julgá-la, porque eu também estava.
— E o que você vai fazer agora? — perguntou, com expectativa.
— Eu não sei — falei e me levantei. De repente, o quarto me pareceu abafado demais. —
Vou dar uma volta, preciso pensar em tudo e...
— Quer que eu vá com você? — perguntou, levantando-se. Eu balancei a cabeça em
negativa.
Havia apenas um lugar que eu queria estar nesse momento.
— Tem um lugar que eu quero ir, mas quero ir sozinha.
— Tudo bem. Só não demora, está ficando tarde.
— Pode deixar — respondi, ainda sem acreditar direito em tudo.
Peguei a minha bolsa, o celular e saí. Peguei um táxi e fui para aquele lugar que tanto
significava para nós. Pedi ao motorista que parasse no calçadão, um pouco longe do nosso lugar
e depois de tirar o chinelo, comecei a caminhar pela areia, pensando em tudo que aconteceu na
minha vida nos últimos meses.
Por um momento, eu pensei em ligar para Alexander. Peguei o celular e até mesmo disquei
o número dele, mas isso não era algo para se contar por telefone, tampouco a conversa que
deveríamos ter.
Foi por isso que eu abandonei a ideia e segui andando pela borda da praia. Sentindo a brisa
fresca do mar acariciar meu rosto. A luz prateada da lua dançava sobre as águas tranquilas,
transformando a costa em um cenário de serenidade sob o manto estrelado da noite.
O som suave das ondas quebrando na praia ecoava ao meu redor, cada passo na areia
macia e úmida era uma experiência reconfortante, conectando-me com o significado desse lugar
para mim.
Ainda não havia caído totalmente a ficha. Eu estava grávida e pensar nisso me dava um
frio na barriga.
Quando finalmente cheguei àquele lugar tão especial, parei de frente para o mar e suspirei,
apenas me perguntando: como chegamos até aqui?
Eu não fazia ideia, mas tinha a certeza de que não aguentava mais me manter distante.
Depois de tudo, a única coisa que eu queria, era vê-lo.
Em contrapartida, ainda tinha uma longa semana, eu estaria de volta apenas na terça-feira.
Poderia suportar até lá? Temia que não.
— Raissa. — Aquela voz tão gostosa, porém, com um toque de desespero me tirou do
estado de torpor, fazendo meu coração disparar.
Deus! Eu enlouqueci?
Virei-me em um movimento rápido, a fim de confirmar a minha insanidade.
Mas não, eu não havia enlouquecido. Quem vinha com o olhar desesperador em minha
direção, era ele.
Alexander.
CAPÍTULO 62
— O que você está fazendo aqui? — perguntei no momento em que Rodolfo balançou
uma garrafa de uísque para mim.
— Dona Madalena me ligou mais cedo. — Rodolfo me mediu com o olhar. — Disse que
você precisava de um amigo e agora entendo. Meu Deus, você está horrível — Rodolfo falou,
forçando-me a dar espaço para que ele entrasse.
— O que ela te falou?
Suspirei profundo, fechei a porta e segui atrás dele.
Como Rodolfo já conhecia bem a casa, foi diretamente para o bar e se sentou na banqueta.
— Não muito, depois que eu contei que não falava com você há duas semanas, ela apenas
disse que as coisas não estavam indo bem e que, certamente, precisaria de mim.
Peguei dois copos no bar e coloquei sobre a bancada antes de olhá-lo.
— Claro, ela tinha que se meter... — sussurrei, ao mesmo tempo em que me sentava na
banqueta ao lado.
— Eu estava me perguntando por que estava me evitando depois do nosso último
encontro. O que aconteceu?
— Não queria que jogasse na minha cara que me avisou — confessei, enquanto Rodolfo
abria a garrafa e nos servia uma dose de Macallan. — Raissa me largou. — Rodolfo parou de
colocar o uísque no copo e arqueou a sobrancelha para mim. — Ela descobriu tudo.
— Tudo o que, Alexander? — perguntou, ao passo que empurrou o copo para mim.
— Tudo. Sobre o emprego, o empréstimo, tudo. — Suspirei e levei o copo à boca.
— Puta merda! — xingou. — Quando foi isso?
— No dia em que almoçamos juntos — respondi ao mesmo tempo em que coloquei o copo
sobre o balcão.
— E como isso aconteceu?
Suspirei profundamente e comecei a contar a Rodolfo tudo que aconteceu quando cheguei
em casa naquele dia, também como as coisas correram nas últimas duas semanas.
Ele não falou muito, apenas me ouviu, enquanto bebíamos de forma moderada.
Por fim, contei o que eu havia feito por último, a carta que eu havia mandado e o contrato
para que ela decidisse o que fazer.
Depois de tomar de uma vez a dose de uísque, Rodolfo se voltou para mim.
— Por que não colocou a culpa em mim? Poderia dizer que eu fiz tudo e você não teve
como impedir. Ela não gosta de mim, tenho certeza de que...
— Seria outra mentira — interrompi-o. — Não queria mentir para ela, já a magoei
demais... Raissa merecia a verdade.
— E se ela disser que quer, você vai simplesmente dar o divórcio? — perguntou, fazendo
o aperto se formar em meu peito.
Apertei forte o copo e bebi mais um longo gole de uísque. Então, bati o copo na bancada e
o olhei.
— Na verdade, eu enviei para ela uma carta dizendo que faria isso se ela quisesse, também
enviei o contrato assinado por ela que a obrigava a ficar presa a mim. Se for o que ela deseja, o
que mais posso fazer? Me resta aceitar sua decisão.
Doía demais falar aquilo em voz alta, mas era a minha atual realidade. Eu não poderia
obrigá-la a ficar comigo. Raissa já havia desistido de nós, ela deixou claro que não voltaria para
mim.
— Esse não é o Alexander que eu conheço, desistindo tão fácil — falou em um tom
descontraído, fazendo-me o olhar.
— Não posso forçá-la a ficar comigo. Ela não vai me perdoar.
— Você não vai forçá-la — Rodolfo ponderou. — Enviar o contrato já mostra que não é o
que quer... Acho que você deveria lutar por ela, mostrar que você mudou. Porque isso é tão óbvio
que até cego vê. — Ele deu uma pequena risada. — Você está fodido, meu amigo.
— Não é você quem não acredita no amor? — perguntei, confuso com tudo o que Rodolfo
estava falando. — Achei que você fosse o mais feliz por descobrir que estava certo sobre tudo.
Você ganhou.
Rodolfo balançou a cabeça em negativa.
— Está errado, Alexander, amor não é algo que estou procurando, não é o que eu quero
para mim. Mas se você decidiu que queria isso para você, vou estar aqui quando precisar. E
bem... — Ele suspirou.
— O quê? — perguntei, enquanto ele me media com o olhar.
— Você precisa dela, não precisa ser vidente para adivinhar o que vai acontecer se apenas
deixá-la ir. Vai des... — ele interrompeu a fala, então voltou a falar. — Você está desmoronando.
Você não está indo trabalhar e está preso aqui durante quase toda a semana. Aonde isso vai
parar?
— Não há como...
— Vá atrás dela — Rodolfo falou e meu coração saltou com a possibilidade. — Não
amanhã, não depois. Vá agora. A deixe saber que não desistiu e que lutará, pois a essa altura, se
tiver lido sua carta, ela certamente acha que você desistiu.
Eu congelei com aquelas palavras, pensando em tudo o que Rodolfo havia me falado. Eu
estava desistindo muito fácil de algo tão precioso e tão importante para mim.
— Você está certo — disse, ao mesmo tempo em que me levantava da banqueta. — Como
eu posso desistir, se eu preciso dela para ser feliz?
— Não... Não me faça me arrepender de te incentivar, não quero ouvir isso — brincou e eu
ri, coisa que eu não fazia há duas semanas.
Então suspirei, sabendo que a encontrar hoje não seria tão fácil.
— Ela foi para Búzios — comentei em meio a um suspiro.
— Isso só quer dizer que as coisas estão a favor de vocês, não foi lá que tudo começou? —
perguntou, arqueando as sobrancelhas. — Acho que eu fiz bem em vir hoje.
Ouvir aquelas palavras de Rodolfo me fez balançar. Ele estava certo, como eu poderia
desistir sem lutar?
Se Raissa não se sentia pronta para me perdoar nesse momento, eu deveria lutar por ela,
deveria dedicar a minha vida a conquistá-la, a provar que eu havia mudado. Isso impediria que
eu desmoronasse.
— Você está certo. Eu preciso voar para Búzios ainda hoje — falei, determinado.
— Então ligue para seu piloto, arrume as suas malas e apare essa barba, pelo amor de
Deus. Eu vou te deixar no hangar para que possa ir atrás dela. — Eu o olhei por um instante, mal
reconhecendo Rodolfo, mas feliz por ele estar aqui.
— Obrigado.
Estava com um sorriso bobo no rosto, olhando pela janela do carro, pensando em tudo que
acabara de acontecer, enquanto Alexander estacionava o carro em frente ao hotel.
Senti a mão dele por cima da minha, entrelaçando-as, tirando-me imediatamente dos meus
devaneios.
— Ainda não acredito que estamos realmente fazendo isso — sussurrou, os olhos fixos aos
meus. Ele levou a minha mão à boca e deu um beijo no dorso.
— Sim, nós estamos. — Eu dei um meio-sorriso. — Sem mais segredos e mentiras de
agora para frente, certo? Não há mais nada que eu deva saber?
— Não há mais segredos, mentiras ou qualquer omissão. Agora você sabe de tudo que é
relacionado a mim, a nós. Então sim, sem mais segredos ou mentiras.
— Vamos fazer dar certo, independentemente de qualquer coisa. Alexander se inclinou e
deixou um beijo suave em meus lábios, enquanto tirava o meu cinto de segurança. Então, sorriu
para mim. Retribuí aquele sorriso e me virei para sair do carro.
Aguardei que Alexander saísse e parasse ao meu lado. Ele passou a mão em volta da
minha cintura, eu estava prestes a começar a andar em direção ao hotel quando em um
movimento rápido ele me pegou no colo, como uma noiva.
Dei um pequeno gritinho com o susto e meu olhar foi para ele, encontrando-o com aquele
sorriso gostoso e que me balançava por completo.
Eu iria protestar, mas como, quando ele sorria assim para mim?
— As pessoas vão olhar — comentei, já conseguindo perceber alguns olhares curiosos
sobre nós.
— Que olhem, nada que não tenham visto no nosso casamento. — Alexander se inclinou e
beijou os meus cabelos. — Quem sabe não tiram uma foto tão boa quanto aquela que saiu na
revista daquela semana?
Balancei a cabeça em negativa, tentando esconder o sorriso enquanto ele andava comigo
em direção à entrada.
Observei-o jogar a chave do carro para o manobrista e o dar um aceno de cabeça, enquanto
o rapaz entregava o cartão para o acesso. Em seguida, Alexander caminhou comigo para dentro
do hotel.
Estávamos atraindo olhares curiosos, como não?
Apoiei a cabeça no peito firme, tentando esconder o rubor no meu rosto. Entramos no
elevador para funcionários, ninguém se atreveu a nos acompanhar. Alexander selecionou a
cobertura e olhou para mim, medi-o com o olhar antes de perguntar:
— Vai ficar aqui quantos dias?
— Quantos dias você ficar, não pretendo tirar as minhas mãos de você enquanto estiver
aqui — avisou, os olhos intensos sobre mim.
Meu corpo esquentou com os pensamentos que invadiram a minha mente.
— Eu estou aqui a trabalho.
— Lute contra isso, Raissa, eu pretendo te mostrar assim que passarmos pela porta do
quarto o quanto senti a sua falta. Incessantemente, até que não aguente mais.
Suspirei em antecipação e segurei sua camisa com força. Sabia muito bem que era
exatamente o que Alexander faria, isso me deixou ansiosa.
— Agora, eu preciso apenas acompanhar um pouco do processo, mas... — Eu decidi me
render. — Teremos tempo o suficiente.
— Garanto que sim.
Mordi o lábio inferior, enquanto a porta do elevador se abria.
A ansiedade aumentou no momento em que ele levou o cartão a porta e a abriu,
lembrando-me perfeitamente do que me disse enquanto nos recuperávamos na praia.
"Amei isso, amei tudo isso, mas preciso desesperadamente fazer amor com você em uma
cama, onde eu possa saboreá-la por completo."
Eu me perdi naquelas palavras e apenas percebi que estávamos no banheiro quando
Alexander me colocou no chão.
Seu olhar cheio de fome e desejo estava sobre mim, ao passo que levava a mão à barra do
meu vestido para tirá-lo. Levantei as minhas mãos e deixei que o tirasse, em seguida tirou a
minha lingerie, apreciando o meu corpo completamente, assim como em nossa primeira vez.
Alexander se afastou e se despiu em seguida, as mãos foram para as minhas e ele me levou
para o boxe. Depois que ligou o chuveiro, ajustou a temperatura da água e voltou a atenção para
mim.
Poucos minutos depois, ele estava com um sabão nas mãos, ensaboando-me de forma
torturante e deliciosa.
As mãos grandes brincaram com os meus seios, deixando-me completamente envolvida
em seu toque gostoso. Então, desceu as mãos, elas demoraram mais tempo que o normal em
minha barriga, antes de se ajoelhar e me puxar para mais perto.
Os lábios dele foram suavemente para a minha barriga, ele beijou cada centímetro, antes
de encostar a cabeça e me abraçar.
Foi emocionante, muito emocionante assistir uma cena tão tocante.
Fazia-me pensar em nosso futuro, no bebê, em nós.
Alguns minutos depois, os olhos profundos foram para mim, enquanto as mãos voltavam a
trabalhar em meu corpo. Elas apertaram a minha cintura com uma pressão gostosa, antes dos
dedos começarem a descer para a minha virilha, de forma indecente, começou a brincar em
minha boceta enquanto seguia me ensaboando.
Alguns gemidos contidos escaparam dos meus lábios a cada nova investida. Depois de me
enxaguar, Alexander colocou a minha perna sobre o ombro, deixando-me exposta demais. Então,
os lábios gostosos estavam em mim, provando-me como se fosse a primeira vez.
Levei as mãos em seus cabelos, enquanto ele seguia aumentando gradativamente o seu
toque em mim. Começou a sugar e chupar meu clitóris saboreando-me tão intensamente, que me
levou à beira de um orgasmo insano com apenas mais algumas investidas.
Estava completamente no limite, mas Alexander não se importou em continuar, seguiu
com os lábios em minha boceta em um ritmo mais suave. Mas assim que minha sensibilidade
começou a se dissipar, voltou a me chupar com aquela pressão enlouquecedora.
Estava a ponto de ter uma síncope quando o senti me penetrar com um dedo, logo se
tornaram dois, ao passo que me sugava com fervor.
— Alexander... — Apertei as mãos mais forte em seus cabelos. Meus olhos se fecharam,
enquanto aquela sensação vinha com tudo sobre mim, e pela segunda vez em poucos minutos, eu
me desmanchei em seus lábios.
As minhas pernas estavam trêmulas e a visão turva. Fechei os olhos enquanto tentava me
acalmar. Senti a mão de Alexander em minha perna, tirando-a de seu ombro, em seguida se
levantou.
Logo, suas mãos estavam em minha cintura. Meus olhos foram ao encontro dos dele e não
estava preparada para seu olhar sobre mim. O único que aquecia por inteiro.
O olhar que eu definitivamente não poderia viver sem.
— Como se sente?
— Estou bem... só... — Sorri e mordi o lábio inferior.
Estava no limite, ele sabia.
— Vamos sair daqui.
Alexander se inclinou e deixou um beijo em meus lábios, antes de se afastar. Depois de se
assegurar que conseguia ficar em pé, deixou que eu terminasse de me lavar. Quando terminei,
peguei uma das toalhas para me secar, enquanto Alexander se lavava e vinha atrás de mim.
Minhas pernas ainda estavam bambas, mas apesar disso, a única coisa que eu queria era
mais, precisava senti-lo dentro de mim, precisava dele.
Quando chegamos ao quarto, Alexander me puxou em sua direção e me beijou com fervor.
Diferente de mais cedo, os lábios exploravam os meus com uma necessidade e fome maior.
Passei as mãos em volta do seu pescoço e deixei que me guiasse para a cama. Ele me
empurrou para o colchão macio e veio com o corpo para cima do meu.
Então, começou a distribuir beijos molhados de desejo por todo o meu pescoço, fazendo
uma trilha gostosa até os meus seios. Um gemido incontrolável escapou dos meus lábios quando
o senti sugá-los e chupá-los de forma bruta, com a pressão incrivelmente certa.
Depois de uma tortura extremamente enlouquecedora, seu olhar encontrou o meu enquanto
vinha em minha direção e se ajeitava no meio das minhas pernas.
Contornei sua cintura, ao mesmo tempo em que ele entrelaçava as nossas mãos, em
seguida, as levou acima da minha cabeça.
Sorri com aquele gesto tão íntimo e romântico. Era assim que eu gostava, amava quando
ele me pegava de forma bruta, mas, ao mesmo tempo, não deixava que o ato se resumisse apenas
em sexo.
Era amor, sempre foi.
Senti-o passar o pau em minha entrada, espalhando a minha lubrificação, enquanto os
olhos permaneciam fixos aos meus.
— Por favor... — pedi, sem conseguir esperar mais.
Foi então que o senti se afundar, preenchendo-me de forma intensa e profunda. Tocando o
ponto sensível que me deixava completamente louca.
Um gemido escapou dos meus lábios e algumas palavras inteligíveis saíram da boca dele,
enquanto retrocedia e se afundava mais uma vez, abrindo espaço, tomando cada pedacinho de
mim.
— Minha morena... gostosa... Tão gostosa — rosnou, repetindo o processo, arremetendo
em mim com estocadas intensas.
Seus lábios cobriram os meus, enquanto aumentava suas investidas em mim, deixando-me
completamente envolvida em seus braços, querendo loucamente apenas senti-lo e estar com ele.
Pois desde que estivéssemos juntos, nada mais importaria.
E daquela forma que adorávamos, Alexander começou a ir mais forte e profundo, fodendo-
me tão intensamente, trazendo sensações enlouquecedoras e arrepios gostosos a cada estocada.
Quando pensei que não aguentaria mais, Alexander me mostrou que eu poderia ir além.
Me adorou e venerou, no conceito mais puro e fiel das palavras, completa e incansavelmente, até
que entendesse como eu era tudo em sua vida.
Era isso, eu era tudo para ele.
CAPÍTULO 64
— Bom dia, meu amor — Alexander sussurrou, acariciando os meus cabelos
Sorri e me virei em sua direção, buscando encontrar seus olhos. Senti falta daquela voz
rouca, sussurrando em meu ouvido todos os dias pela manhã. Gostava muito dessa sensação.
A noite anterior, havia sido quente e apaixonante. E agora, eu não poderia me sentir
melhor, sentia-me feliz por completo.
— Bom dia, amor — respondi, enquanto Alexander dava lugar àquele sorriso gostoso que
eu tanto amava.
Respirei profundamente, sentindo o cheiro de café pelo quarto.
— Com fome? — perguntou, puxando-me para ele.
— Não faz ideia, estou comendo tanto esses dias — disse, dando uma risadinha.
— Eu percebi, ontem devorou a pizza. — Ele sorriu, escondi o meu rosto no peito dele.
— Você consumiu todas as minhas energias — tentei justificar.
— Eu ainda nem comecei. — Meus olhos foram ao encontro dos dele. — Mas não antes
de se alimentar e alimentar o nosso pequeno.
— Com toda certeza, eu preciso mesmo comer. — Alexander me puxou para um beijo
suave antes de se levantar.
Em seguida, ele estendeu a mão para me ajudar a levantar. Eu a peguei e fiquei em pé a
sua frente.
— Vou lavar o rosto e escovar os dentes — avisei, ele assentiu.
Deixei Alexander ali e fui ao banheiro, depois de fazer toda a minha higiene pessoal, voltei
para o quarto e o encontrei terminando de arrumar a mesa.
Quando me viu, puxou uma cadeira e esperou que eu me sentasse. Em seguida, ele fez o
mesmo, acomodando-se ao meu lado.
— Café ou suco? — perguntou. Apontei para a jarra de suco de laranja. Apesar do cheiro
do café aguçar a minha fome, eu não queria tomá-lo agora pela manhã.
Alexander assentiu e pegou a jarra, servindo-me um copo generoso. Depois de me
entregar, serviu uma xícara de café para ele. Passei os olhos pela mesa, decidindo o que eu queria
comer. Havia frutas, torradas e sanduíche natural.
— O café veio caprichado.
— Agora você come por dois, tem que estar bem alimentada — respondeu, olhei para ele e
sorri.
Então, minha atenção voltou para a mesa, decidindo começar com o sanduíche natural.
— Quando você descobriu sobre a gravidez? — Alexander chamou a minha atenção de
repente.
— Descobri ontem à noite, por isso fui para a praia àquela hora, queria pensar em tudo.
— Então mais ninguém ainda sabe, não é?
— Não, apenas a Isabella.
— Eu estava pensando... — Ele me mediu com o olhar. — Como deveríamos contar a
todos? Seus pais, minha avó...
Sorri notando que, decerto, estava ansioso por isso.
— Estava pensando em combinar com Vinícius de alugar um sítio, ou algo assim quando
voltasse de Búzios para passar um tempo com meus pais, por que não chamamos as pessoas
importantes para nós e contamos a todos juntos no final de semana?
— Seria perfeito — respondeu com um sorriso nos lábios. A empolgação era visível. —
Nós temos uma casa de praia enorme e eu queria mesmo te levar até lá... O que acha de
aproveitarmos? Piscina, área de churrasco, muitos quartos e uma vista incrível para o mar.
— Nós temos, é?
— Claro, tudo que é meu, é seu. Mesmo que seja orgulhosa demais para concordar, isso
não vai mudar.
— Tudo bem. Nós temos, faremos bom uso disso.
Seu olhar brilhou ao me ouvir, o que me fez sorrir ainda mais. Não conseguia entender por
que ele ficava tão feliz que eu concordasse que tudo era nosso.
Tomei um pouco de suco, enquanto começava a organizar na cabeça como faríamos no
final de semana.
— Raissa... — Alexander voltou a chamar a minha atenção. Franzi minhas sobrancelhas,
sentindo a hesitação em sua voz.
— Sim?
— Tem algo que não sai da minha cabeça... gostaria muito de saber.
— Então pergunte, te direi se souber.
— Sobre como tudo aconteceu ontem... me perdoou pelo bebê? — Seu olhar não deixou o
meu.
A ansiedade e hesitação eram tão visíveis, que se tornou fofo. Quem diria, Alexander?
Eu sorri e balancei a cabeça em negativa.
— Não sei ao certo quando eu te perdoei — fui sincera. — Ao longo da semana que você
esteve ausente, me senti preocupada com a distância, mas o espaço foi essencial para que eu
assimilasse tudo.
— Mesmo? — perguntou com um brilho diferente no olhar.
— Sim, e... foi um processo... Na quinta, conversei com a sua avó e ontem...
— Conversou com a minha avó? — perguntou, surpreso. Assenti. — O quê?
— Segredo. — Pisquei para ele. — Mas acho que te perdoei definitivamente ontem.
Encontrei com Matheus no aeroporto, ele me disse o que você fez... e... quando vi o contrato com
um risco, sem valor, e li a carta que deixou para mim, quis ir até você imediatamente, mas já
estava no avião. — Sorri. — Eu tinha uma agenda a cumprir, se você não tivesse vindo até mim,
iria até você quando voltasse. Independentemente da gravidez.
Alexander se levantou e se ajoelhou à minha frente, então, virou minha cadeira para ele.
Aquele gesto me lembrou nosso encontro depois da briga, mas diferente daquele dia, olhou-me
profundamente e segurou a minha mão.
— Eu te amo — sussurrou. Em seguida, deu mais um beijo em minha barriga e me
abraçou.
Eu o puxei para que se levantasse do chão e fiquei de pé em sua frente.
— Eu amo você — disse, em um fio de voz, à medida que acariciava seu rosto. Então,
passei as mãos em volta do seu pescoço e o abracei.
Estava vendo naquele instante a versão que apenas eu era capaz de ver, sentir e conhecer.
Sabia que isso era algo que apenas eu teria daquele homem.
Alexander vulnerável, totalmente vulnerável para mim.
CAPÍTULO 65
Nós voltamos facilmente ao que éramos antes de tudo acontecer.
Na verdade, não, nós estávamos ainda mais conectados, de forma surpreendentemente
deliciosa.
Eu tive que lutar para terminar o meu trabalho em Búzios com Alexander me sequestrando
a todo momento. Às vezes para um chamego, para um beijo, ou simplesmente para confirmar
que estávamos bem.
Foi gostoso, apesar de estar a trabalho, fomos capazes de criar novas memórias a cada dia
naquele lugar.
Voltamos para o Rio na quinta-feira e tiramos o resto da semana de folga, já que Madalena
parecia estar cuidando de algumas coisas na empresa e o novo projeto só começaríamos apenas
na segunda-feira. Sendo assim, não precisaria aparecer por lá antes disso, Alexander também
não.
Esse final de semana, nós tínhamos programado para fazer o que combinamos em Búzios,
reunir as pessoas mais próximas na casa de praia e contar o nosso segredo. Por mais que ainda
não soubéssemos o sexo do bebê, estávamos ansiosos para contar aos mais próximos a novidade.
E tinha que admitir, estava encantada com a beleza da casa de praia.
Esperava algo luxuoso, mas o lugar superou toda e qualquer expectativa que eu tinha. Era
um conceito bem moderno e deslumbrante. E o que mais me encantou foi a área externa.
Havia uma área com tudo o que tem direito para um bom churrasco, uma piscina enorme e
uma vista privilegiada para o mar, permitindo que fosse possível dar um mergulho e apreciar a
vista do mar como um grande bônus.
Era simplesmente perfeito.
— Gostou? — Alexander perguntou, tirando-me do estado de torpor e antes que pudesse
me virar para encontrá-lo, suas mãos circularam a minha cintura.
Eu estava há um tempo ali, apenas apreciando a vista do mar.
— Aqui é maravilhoso — respondi, enquanto Alexander afundava a cabeça na curva do
meu pescoço, deixando alguns selinhos, fazendo-me arrepiar facilmente ao sentir a barba roçar
suavemente em mim.
Alguns minutos depois, virei-me de frente para ele e levei a mão em volta do pescoço,
então, o beijei docemente.
Quando me afastei, aquele sorriso gostoso se fez presente nos lábios de Alexander.
— Como se sente? — ele perguntou, medindo-me com o olhar.
— Ansiosa.
Estava realmente ansiosa para contar aos meus pais sobre a gravidez.
— Posso te fazer relaxar enquanto não ch... — Alexander interrompeu sua fala no
momento em que o barulho que julguei ser a campainha se fez presente. Uma careta se formou
nos lábios dele, fazendo-me dar uma risada.
— Talvez mais tarde.
Alexander balançou a cabeça em concordância e deixou um selinho em meus lábios, então,
virou-se e entrou para ir averiguar quem era. Incapaz de ficar apenas esperando, fui atrás dele,
ansiosa para descobrir quem estava chegando.
Ele abriu a porta e logo foi surpreendido por Gabrielle, Isabella e Beatriz, o trio explosivo,
elas o cumprimentaram brevemente e passaram por ele, olhando ao redor, antes de me verem um
pouco mais atrás.
As três vieram até mim e me deram um abraço triplo, apertadíssimo.
— Estava com saudade de vocês — falei, enquanto nos afastávamos. — Você... eu vejo
todo dia — completei, ao notar a cara de convencida de Isabella.
— Eu também estava, não imagina como fiquei feliz em saber que voltou com o gostosão
ali — Beatriz falou, apontando a cabeça para Alexander.
Só então percebi que ele ainda estava com a porta aberta, à medida que trocava algumas
palavras com Alexandre. Sabia que os dois tinham certamente uma desavença pendente, porém,
não me meteria.
Logo, Alexandre juntou-se a nós.
— Raissa — disse, visivelmente sem rumo. Minha boca se curvou em um sorriso e eu o
puxei para um abraço.
— Está tudo bem, no fim, acho que devo agradecê-lo — disse, vagamente, sem saber até
que ponto Gabrielle sabia.
Apesar de ter me decepcionado com Alexandre, não havia deixado passar as condições
para me demitir e uma delas era que fosse me dado uma quantia de um milhão, o que foi digno
da parte dele.
Quando me afastei, notei que Alexander permanecia com a porta aberta, estava prestes a
questionar quando Vinicius passou pela porta, cumprimentando-o de forma animada.
Em questão de segundos, meus pais estavam cumprimentando Alexander. Minha atenção
foi de imediato para os que estavam ali comigo.
— Ninguém sabe do que aconteceu entre nós.
— Continuará assim — Isabella falou, enquanto Beatriz, Gabrielle e Alexandre
balançaram a cabeça em concordância.
— Maninha — Vinicius disse, ao passo que senti o seu braço em volta do meu pescoço,
enquanto ele me puxava para um abraço. Sorri e retribuí observando seu descaramento se tornar
maior, puxando Isabella e Beatriz para se juntarem ao abraço.
Elas protestaram, enquanto davam um leve puxão de orelha nele. Algo que era comum,
desde a época da escola.
Afastei-me quando os meus pais se aproximaram e os cumprimentei com um abraço forte.
Logo, as meninas fizeram o mesmo. Como tinham um carinho enorme pelos meus pais, era
sempre assim quando se encontravam.
Então, apresentei-os a Gabrielle e Alexandre.
Alexander se juntou a nós, convidando a todos para entrar e se acomodar. Nós os
acompanhamos e mostramos os quartos para que pudessem se trocar e guardar o que trouxeram
para passar o final de semana.
Ainda estava cedo, mas meu pai não gostava de perder tempo. Então, enquanto eu fazia
companhia às meninas, meu pai puxou Alexander e Alexandre para a churrasqueira, fazendo-me
gargalhar.
Eu havia pedido secretamente para fazer isso quando chegasse. Alexander havia sugerido
contratar alguém, mas que graça teria?
Queria que ele experimentasse a sensação gostosa ter pessoas que se importavam,
conversando, fazendo um churrasco gostoso e com isso descobrir o que era realmente estar em
família, o carinho e aconchego que não teve por perder os pais cedo, crescendo apenas com a avó
dura, dando o seu melhor para deixá-lo na linha.
Depois que as meninas se trocaram, fomos para a cozinha, pois queria que minha mãe
pudesse ver por si própria que não precisava fazer nada, afinal, eu e Alexander havíamos
comprado tudo pronto.
Então, fomos para a área externa. Acompanhei-as e as vi tão deslumbradas quanto eu
quando cheguei aqui.
Como não? Era incrível.
A cena que vi quando meus olhos foram para a área gourmet, aqueceu meu coração.
Alexander estava acompanhado do meu pai, Vinicius, Alexandre e uma presença que não estava
aqui antes, conversando e sorrindo.
Rodolfo estava com uma garrafa de cerveja na mão, servindo-os.
Não foi de todo ruim vê-lo ali. Não pretendia virar amiga dele, mas depois de uma
conversa com Alexander sobre tudo que o levou a ir até mim, percebi que, no fundo, ele e
Rodolfo eram amigos, e desde que se mantivesse assim, não tinha por que odiá-lo.
— É realmente incrível — Isabella falou, atraindo a minha atenção para ela, percebi que
ela estava olhando para quase o mesmo lugar que eu. Quase.
— Eu espero que esse olhar seja para Vinicius — disse, medindo-a com o olhar, tendo a
certeza de que ela estava olhando para o cretino do Rodolfo.
— É claro que é — respondeu e desviou o olhar, minha mãe deu uma risadinha, chamando
a nossa atenção.
Balancei a cabeça em negativa, tentando disfarçar o riso, e fui com elas em direção a
todos, a fim de perguntar se precisavam de ajuda e pegar uma bebida no freezer.
As meninas não perderam tempo em cumprimentar Rodolfo, enquanto eu pegava um suco
para mim. Quis dar na cara delas por se comportarem assim mesmo quando eu disse que o cara
era um cretino.
Quando elas vieram pegar as bebidas, eu me permiti olhar em direção a eles.
— Raissa — Rodolfo me cumprimentou sério. Dei a ele um aceno de cabeça.
Rodolfo pareceu querer falar algo, mas não o fez. Forcei um sorriso e me virei, voltando a
atenção para as meninas.
— Vamos para a beira da piscina? — perguntei, elas abriram um sorriso de orelha a
orelha.
Isabella foi quem se pronunciou:
— Eu estava me perguntando quando iria nos chamar.
FIM
AGRADECIMENTOS
Olá, minhas leitoras maravilhosas!
Chegamos ao fim de mais uma história, muito obrigada por acompanhar até aqui.
Agradeço primeiramente a Deus, por finalizar mais uma história.
A minha amiga e beta, que vem me acompanhando desde praticamente o início da minha
carreira como escritora. Aquela que aguenta todos os meus surtos, ataques de ansiedade e me
entende, como ninguém. Eu só tenho a agradecer a Paula Santos, por todo apoio sempre. Eu te
amo, amiga!
A Vanessa Pavan, uma pessoa maravilhosa que entrou na minha vida para colocar ordem
em tudo e que segue me permitindo enlouquecê-la sempre que posso, muito obrigada.
A Dani Oliveira (Devassa Literária) que entrou para o time recentemente e tem colocado
ordem nas minhas redes sociais e grupo de leitores, fazendo um marketing incrível para esse
lançamento, só tenho a agradecer.
A Patrícia Suellen que segue entregando uma revisão muito boa, deixando tudo mais
bonito e fluido. Sou muito grata por tê-la em minha equipe!
A Andrêa Borges, minha amiga e beta que está sempre de prontidão para fazer a leitura e
revisão final, sou muito grata pelo apoio sempre.
A Vic Design que segue aquecendo o meu coração com uma capa exatamente como eu
queria.
A Mr. Greek Arts, que mais uma vez deu vida aos meus personagens com ilustrações
perfeitas, fazendo-me surtar em cada uma delas. Sigo muito apaixonada a cada uma que me é
apresentada.
A todas as bookstans e parceiras que embarcaram comigo fazendo com que esse
lançamento chegasse ao maior número de leitoras possíveis, muito obrigada!
Ao meu marido e família, que estão sempre me apoiando e acreditando em mim. Eu amo
vocês.
Por último, mas não menos importante, a vocês que me acompanham desde o início, as
novas leitoras que chegaram no decorrer de cada livro, a vocês que estão sempre interagindo,
deixando avaliações e a todas do nosso grupo de WhatsApp, eu só tenho a agradecer
imensamente pelo carinho, pelas mensagens positivas e por me apoiarem em meus melhores e
piores momentos.
Vocês são maravilhosas demais!
SOBRE O UNIVERSO BILIONÁRIOS
O universo Bilionários é composto com a história independente dos personagens que se
entrelaçam em algum momento em meio aos livros. Deixarei abaixo cada um para quem gostou
da minha escrita e deseja conhecer um pouco mais de cada casal.
Atenção: Apesar de enumerar a ordem, os livros podem ser lidos fora delas. O que pode
acontecer é pegar pequenos spoilers no decorrer, porém, nada que atrapalhe a leitura, são livros
independentes, com final fechado para o casal.
VOCÊ PERTENCE A MIM – LIVRO 1 (Rafael e Bianca) | LEIA AQUI