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Todos os direitos reservados.

Capa: Vic Designer


Revisão: Patrícia Suellen
Leitora Beta: Paula Santos
Leitura final: Andrêa Borges e Patrícia Suellen.
Diagramação: Mayara Dias
Ilustração: Mr. Greek Arts
Imagens: Canva e Depositphotos.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos são produtos da
imaginação da autora. Quaisquer semelhanças com nomes, datas e acontecimentos reais são mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
A cópia total ou parcial desta obra sem autorização expressa, por escrito, do autor é
proibida.
Plágio é crime.
A violação autoral é crime, previsto na lei nº 9.610/98, com aplicação legal pelo artigo 184
do Código Penal.
Criado no Brasil.
Obra Registrada.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
PLAYLIST
NOTA DA AUTORA
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01
CAPÍTULO 02
CAPÍTULO 03
CAPÍTULO 04
CAPÍTULO 05
CAPÍTULO 06
CAPÍTULO 07
CAPÍTULO 08
CAPÍTULO 09
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
EPÍLOGO
CAPÍTULO BÔNUS – FELIZ DIA DOS NAMORADOS.
CAPÍTULO BÔNUS – SOU FELIZ, PORQUE TENHO VOCÊ.
AGRADECIMENTOS
SOBRE O UNIVERSO BILIONÁRIOS
PLAYLIST
Ouça, no Spotify através do link, a Playlist que combina perfeitamente com nosso
casal, Alexander e Raissa.
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Se preferir, leia o código abaixo no aplicativo:


Às vezes, o trem errado leva você na direção certa.
Pousando no amor.
NOTA DA AUTORA
Olá, leitoras maravilhosas!
Primeiramente gostaria de pontuar que, apesar do livro fazer parte do UNIVERSO
BILIONÁRIOS, pode ser lido separadamente pois se trata de uma história independente, com
final fechado para o casal e você não pegará spoiler dos livros anteriores nessa história.
Agradeço imensamente a você que está dando a oportunidade de conhecer esse casal que
me marcou de forma que nem imaginam. Espero que, Alexander e Raissa possam tocar vocês
com uma história de amor intensa e avassaladora, que eles possam fazê-las mergulhar no
universo deles e consigam arrancar surtos e risadas de cada uma, é o que espero.
Boa leitura a todos, beijos!
SINOPSE
Fake Dating + Contrato de Casamento + Mocinha Virgem + Segunda Chance.
Ele é um CEO implacável, dono do maior conglomerado de hotéis do país;
Ela é uma gerente de marketing decidida;
Ele não tolera falhas, muito menos as suas.
Ela era apenas uma virgem que atravessou o seu caminho e desapareceu.
Raissa Campos sofreu uma grande decepção há oito anos, o que a fez se tornar uma
mulher independente, decidida e forte, que não se permite baixar a guarda facilmente.
Por ironia do destino seus caminhos se cruzam mais uma vez e um pequeno incidente dará
a Alexander Korfali a oportunidade de ter àquela mulher em suas mãos, afinal, ele não consegue
esquecê-la mesmo depois de anos.
Uma proposta inusitada será feita, Raissa tentará de todas as formas recusá-la. Mas se
tratando de Alexander, isso seria possível?
PRÓLOGO
OITO ANOS ANTES
— E então, amiga? — Alana perguntou, chamando a minha atenção. — O que pretende
fazer?
Suspirei profundo, os olhos cheios de lágrimas.
— Eu não sei — respondi, a voz contida. — Eu amo o Matheus, mas...
Não consegui completar a frase, lágrimas começaram a cair sobre meu rosto sem
permissão, à medida que as palavras de Matheus ecoaram em minha mente.
— São quase três anos, Raissa — ele disse e suspirou. — Eu planejei algo especial nessa
viagem, mas se me disser que ainda não está pronta, significa apenas uma coisa para mim. Você
não me ama, anjo.
— Matheus... — disse, trêmula.
— Não precisa me dar uma resposta agora, mas quero que pense sobre isso. Você diz me
amar, mas não se sente segura para transar comigo?
— Sabe o que eu acho, amiga? — Alana indagou, trazendo-me de volta à realidade. — Se
não se sente pronta, não deveria transar com ele. Ele tem que estar disposto a esperar você, e se
não estiver, significa apenas uma coisa: ele não é pra você.
Desviei o meu olhar para ela no momento em que as mãos dela foram ao encontro das
minhas, ela me deu um sorriso cúmplice e naquele instante, me senti grata por ter Alana comigo.
— Obrigada, de coração — disse, sem querer prolongar aquele assunto eu tirei a minha
mão da dela, e me levantei. — Preciso de um banho e colocar a cabeça no lugar.
— Isso mesmo, a nossa turma sairá para a boate em duas horas e eu não aceito um não
como resposta — ela falou, tentando me animar.
Apenas fui capaz de assentir, antes de ir em direção ao banheiro. Em passos lentos, com a
mente em um turbilhão, eu tirei a minha roupa e entrei no chuveiro, a fim de clarear as ideias.
Eu amava o Matheus e durante todo esse tempo ele respeitou o meu tempo, então, o que
faltava?
Perdi a noção do tempo enquanto apenas tentava achar a resposta para aquela pergunta. E
ao final de um banho que pareceu lavar toda a confusão que estava sentindo, conseguia
compreender o lado do meu namorado.
Eram quase três anos.
Nada poderia faltar, não quando ele tinha preparado algo tão especial para nós.
— Alana? — chamei minha amiga, ao mesmo tempo em que me enrolei na toalha. Sem
obter resposta, saí do banheiro e voltei para o quarto. — Oh, ela saiu?
Depois de me certificar de que realmente estava sozinha, fui até a mala e peguei um
vestido preto cintilante, que continha o decote solto e valorizava as minhas curvas. Perfeito para
a boate mais tarde e sexy para o momento. Para acompanhar, escolhi um conjunto de lingerie de
renda preto e um salto scarpin na mesma cor.
Com o look montado, eu me vesti e voltei para o banheiro, a fim de arrumar os meus
cabelos e fazer uma maquiagem leve, mas que realçasse meus traços. Então, eu estava pronta.
Fui até a minha mala e peguei o cartão de acesso ao quarto que Matheus havia reservado
para nós. Ele havia me dado aquele cartão, para caso eu mudasse de ideia e decidisse dormir com
ele essa noite.
Mas eu não queria esperar, não poderia.
O coração quase saiu pela boca ao pensar no que eu estava prestes a fazer.
Guardei aquele cartão na bolsa e acabei avistando um post-it. Foi quando tive a ideia de
deixar um recado para Alana, ou ela surtaria por não me encontrar aqui.
“Amiga, não sei onde se meteu, mas eu decidi que é hora sim de dar um passo a mais com
Matheus, te encontro mais tarde na boate. Me deseje sorte! Beijo.”
Depois de deixar o post-it no móvel ao lado da cama, respirei fundo e saí do quarto. Pronta
para encontrar Matheus no andar em que ele estava hospedado.
Jesus! Eu estava nervosa e ansiosa, mas estava decidida!
Decidida a provar ao Matheus que o amava e que tudo que eu queria era estar com ele.
Era o certo, não era?
Ao parar na porta do quarto, peguei o cartão em minha bolsa, levei-o à porta e a
destranquei. No momento em que levei a mão à maçaneta me vi congelar, ao escutar o que
parecia ser um gemido vindo daquele quarto.
Olhei ao redor, notando que o outro quarto estava distante demais para que os gemidos
estivessem vindo de lá, ainda assim, eu quis me convencer de que, só poderia ter vindo de lá.
Senti meu coração acelerar e minhas mãos ficaram trêmulas. Lentamente, abri a porta e a
encostei. Passei pela divisória do quarto e a cada passo em direção ao local onde ficava a cama,
mais eu sentia o coração apertar.
Naquele momento, a certeza de que os gemidos vinham do quarto de Matheus me atingiu.
Quando eu finalmente passei pela divisória do quarto, confirmei aquilo que já sabia.
Mas, de forma alguma, eu imaginei que a pessoa que cavalgava como uma cadela em cima
do meu namorado era minha melhor amiga, Alana.
Meus olhos se encheram de lágrimas e mesmo com a visão embaçada me forcei a
caminhar na direção deles.
— Ele tem que estar disposto a esperar você, senão significa que ele não é homem para
você — gritei os conselhos que Alana havia me dado em meu momento mais vulnerável. — É
claro, assim você pode continuar transando com ele.
— Ah, meu Deus, Rai, isso... — A cretina começou a falar, à medida que saía de cima do
Matheus, que, no momento, estava como se tivesse visto um fantasma. Alana puxou o lençol e
cobriu o seu corpo. — Eu posso explicar.
— Amor, não é nada disso que...
— Vocês dois são uns grandes filhos da puta! — vociferei, deixando a raiva tomar conta
de mim, pensando nos infinitos momentos em que eu confiei nos dois juntos.
Meus olhos foram para as decorações do quarto e em um momento de fúria, saí pegando
tudo o que via pela frente e comecei a jogar neles. Sim, como uma louca que não levava desaforo
para casa.
Eu quebrei alguns vasos, quadros e até mesmo uma garrafa de vinho. Coisas que eu sabia
que o filho da puta teria que ao menos desembolsar uma grana para pagar. Mas para ele? Não
faria diferença, infelizmente.
— Raissa, pelo amor de Deus! — Alana falou ao mesmo tempo em que levou a mão em
frente ao corpo e rosto para se proteger.
— Há quanto tempo? Hã?
— Foi a primeira vez — Matheus respondeu, eu dei uma risada cheia de nervosismo.
Filho da puta, um grande filho da puta que não valia o meu tempo.
Balancei a cabeça em negativa e me virei para sair do quarto, antes que eu fizesse qualquer
besteira maior.
— Não teria acontecido se estivesse fazendo o seu papel de namorada e transado comigo.
— Aquelas palavras me fizeram parar no lugar.
Tomada pela raiva eu me virei para olhá-los mais uma vez.
— Você sabe o que vim fazer aqui, seu cretino? — perguntei e dei alguns passos em
direção ao Matheus. Alana se manteve afastada, enquanto eu me direcionava ao filho da puta. —
E graças a Deus eu vi essa cena antes de te entregar algo que não merece. — Cuspi aquelas
palavras para ele. — E quer saber? Você não merece, mas hoje eu darei para o primeiro cara que
chamar minha atenção na boate.
— Raissa, você não está pensando direito — Matheus disse e se apoiou na cama, fazendo
menção de vir até mim.
— Não se atreva a sair daí, não se atreva de forma alguma a vir atrás de mim, você sabe
que eu não mudo de roupa para dar na sua cara — ameacei e olhei para Alana, que estava calada
apenas ouvindo tudo. — E você, minha amiga, trate de pegar suas coisas no quarto e trazer para
cá, antes que eu esteja de volta, pois eu me recuso a dividir o quarto com uma pessoa tão imunda
igual a você.
Ao dizer aquelas palavras, eu me virei e saí sem ter paciência para permanecer naquele
lugar. Eu estava segurando, segurando muito as lágrimas e tentando me manter forte.
Deus! Como eu pude ser tão idiota? Como eu pude não perceber isso antes?
Entrei no elevador e selecionei o terceiro andar. Estava absorta em meus pensamentos,
tentando decidir se cumpriria a promessa que fiz àquele desgraçado.
Quando a porta se abriu, eu me deparei com quatro colegas da turma, esperando na
entrada.
— Rai, você já está indo para a boate, ou vai esperar o Matheus? — Beatriz perguntou e
levou a mão à porta, impedindo que ela se fechasse.
— Ei, o que aconteceu com você? — Isabella questionou, preocupada enquanto Athos e
Luíz Felipe me olhavam curiosos.
— Eu e Matheus terminamos. Então adivinha? A única coisa que eu quero agora é curtir
— falei, tentando transparecer que aquilo não havia me afetado.
Mas é claro que afetou, aquilo estava prestes a acabar comigo. Porém, eu não estava
disposta a ficar no quarto chorando.
— Está tudo bem? — Beatriz perguntou, preocupada.
— Vai ficar — respondi e forcei um sorriso. — Eu só preciso passar no quarto e dar uma
leve retocada na maquiagem.
Após uma analisada em mim, eles assentiram. Isabella foi comigo até o quarto para me
ajudar com os retoques.
Aquela era uma viagem que planejamos durante todo o ano com a turma. Uma despedida
decente da nossa formatura, o qual tivemos que balançar muito para convencer os nossos pais a
nos deixar vir, já que havíamos acabado de alcançar a maioridade.
Era para ser algo especial, mas eu sabia que ficaria marcado em minha memória como um
grande pesadelo. Estávamos no quarto dia de viagem, ainda faltavam dois para irmos embora.
Aqueles seriam dois longos dias com toda a certeza.

Eu dançava conforme as batidas da música. Essa, definitivamente, foi a melhor escolha


que poderia fazer. Ficar trancada chorando por aquele imbecil? Eu não faria isso, não nesse
instante. Mas sabia que aconteceria em algum momento.
Estava apenas adiando e seguiria fazendo isso enquanto pudesse.
No momento, eu me concentraria apenas em me divertir, dançar e beber.
Isso, eu precisava de mais uma bebida.
— Ei, Rai, aonde vai? — Isabella chamou a minha atenção para ela.
— Eu vou para o bar, buscar uma bebida e aproveitar um pouco a vista. Tem tanto cara
gato aqui, preciso dar uma sondada.
— Amiga... — Ela me olhou preocupada. Eu sabia que não deveria ter contado a ela a
promessa que eu tinha feito ao Matheus. — Eu vou também.
— Nada disso! Você fique aí — falei e dei uma piscadinha para ela, que balançou a cabeça
em negativa com um pequeno sorriso nos lábios.
Então, eu fui para o bar e pedi ao barman um coquetel.
Eu não tinha o hábito de beber, sabia que o pouco que estava tomando iria me derrubar por
completo. Na verdade, no momento, eu já me sentia feliz demais. Isso com toda a certeza era a
influência do álcool.
— Você está bem animada. — Uma voz rouca tão próxima a mim, causou-me arrepios.
Olhei para o lado encontrando um par de olhos azuis e intensos sobre mim.
— Eu estou bem quieta no momento, na verdade — falei ao mesmo tempo em que o medi
com o olhar. O cara deu um sorriso de lado, abalando totalmente as minhas estruturas.
— Mas não estava há alguns minutos na pista de dança — ele respondeu, meu coração
palpitou com o pensamento de que aquele homem estava me observando há algum tempo.
Deus! Não era essa a sensação que eu deveria estar sentindo agora.
— Então você estava me observando — falei e me virei para o barman, em seguida peguei
a minha bebida.
— Pode colocar na minha conta, por favor — informou ao barman, que assentiu. — E para
mim mais uma dose de uísque.
— Posso perfeitamente pagar a minha bebida — respondi, fazendo-o dar outro sorriso.
— Eu sei que pode — disse e me estudou com o olhar. — Mas eu também posso fazer isso
pela morena que estou totalmente interessado.
Estremeci com a forma direta e intensa, mas não o respondi. Bebi o coquetel, coloquei a
taça sobre o balcão e, sem dizer uma palavra, voltei para a pista de dança.
Estava dançando novamente com os meus amigos quando senti mãos fortes contornarem a
minha cintura e me puxar para uma dança. Primeiramente, fui tomada pelo susto, mas relaxei ao
perceber que se tratava do mesmo homem de minutos atrás.
Eu não o afastei.
Dançamos uma música inteira sem quebrar o contato visual. Ele era muito bonito,
aparentava ter seus vinte e oito anos. E claro, eu sentia que era problema na certa.
Ele exalava perfeitamente isso.
Mas saber disso não me impediu de passar as mãos em volta do pescoço dele, tampouco de
corresponder no momento em que seus lábios tocaram os meus sem pedir permissão.
A língua dele invadiu minha boca, ao passo que me tomava em um beijo gostoso. A
mistura do coquetel com o uísque deu um gosto realmente delicioso àquele beijo.
Ele se afastou um pouco descendo os lábios para a curva do meu pescoço, causando
arrepios por todo o meu corpo. Então, se voltou para mim.
— O que acha de sairmos daqui? — perguntou de forma sugestiva, fazendo meu coração
acelerar. Estava muito perto de pedir para ficarmos, ainda mais quando vi Matheus e Alana se
aproximarem da galera que estava a poucos centímetros de nós.
Eles tinham sido cara de pau o suficiente para dar as caras, e juntos.
Felizmente, eu estava muito bem acompanhada no momento. Sem obter resposta o homem
à minha frente deu uma olhada para os meus amigos, acompanhando o meu olhar antes de se
voltar para mim.
— Acho que seria perfeito — respondi, sentindo o olhar enfurecido de Matheus sobre
mim.
Desviei a atenção para Beatriz, que também estava de olho em mim.
Ao notar meu olhar sobre ela Beatriz fez um sinal de joia e mexeu os lábios
expressivamente: “Porra, que gostoso”. Dei uma risadinha, disposta a seguir.
Talvez eu estivesse um pouco alta pela bebida, mas quem ligava, afinal?
— Você quer avisar alguém? — o homem chamou a minha atenção para ele.
— Não, quem precisa saber já está ciente — respondi, sem hesitar.
Sem pestanejar, ele desceu suas mãos ao encontro das minhas e me guiou entre as pessoas,
levando-me para fora da boate. Caminhamos até chegarmos próximo a um carro nada
convencional no estacionamento, o que me mostrou que era mais um desses caras cheios da
grana.
Em um piscar de olhos, estava sendo pressionada contra aquele carro, enquanto o homem
tomava minha boca mais uma vez em um beijo voraz e gostoso. Gostoso demais, sim, muito mais
do que deveria.
Ele desceu as mãos lentamente pelo meu vestido e as passou por baixo dele, tocando a
minha bunda, sua ação enviou uma onda de excitação por todo o meu corpo.
Tive um lapso momentâneo sobre o que estava prestes a fazer. Estava prestes a entrar em
um carro com um estranho o qual o nem sabia o nome e dar a ele algo que eu poderia me
arrepender depois.
Pior, eu estava fazendo isso como forma de me vingar de um filho da puta desgraçado. E
esse não era o motivo certo.
Sempre quis que o momento fosse especial. Então eu me recusava a deixar que Matheus,
além de quebrar o meu coração, fosse o culpado por um arrependimento futuro.
Sem pensar muito, encerrei aquele beijo ao mesmo tempo em que tirava as mãos do
homem de mim. Ele me lançou um olhar interrogativo, enquanto acalmávamos a respiração.
— Tem algo errado? — perguntou e levou a mão em meu cabelo, colocando uma mecha
atrás da minha orelha.
— Eu definitivamente não devo ir por esse caminho. Eu... — Suspirei ao olhar naqueles
olhos azuis e profundos sobre mim. — Estou tendo um dia péssimo, peguei o meu namorado na
cama com a minha melhor amiga. Queria dar o troco desta forma. Mas a verdade é que eu nunca
fiquei com alguém antes, então acho que fazer isso com um completo estranho é algo que possa
me arrepender depois.
Soltei o ar, percebendo que eu era sincera demais. O cara que, no início, estava sério
demais, no momento exibia um sorriso nos lábios.
Ele, com toda certeza, estava me achando muito maluca agora.
— Bom, acho que eu deveria voltar para lá. — Voltei a falar quando ele não disse nada.
— É o cara que chegou à sua roda de amigos no momento em que estávamos saindo? —
perguntou, surpreendendo-me.
Eu jurava que ele não havia notado aquilo.
— É, ele mesmo. — Fui sincera.
— E a menina que chegou com ele, suponho que seja a sua melhor amiga. — Assenti ao
ouvi-lo. — O que acha de ao invés de voltar para lá e mostrar que você está afetada, irmos
conversar em um lugar bem perto daqui?
Olhei-o por um instante, sem ter certeza de que isso seria algo certo, ou confiável a se
fazer. Mas entre ir com o estranho ou voltar e encarar aqueles dois cretinos, eu preferiria a
primeira opção.
O homem entrelaçou as nossas mãos e começou a caminhar comigo pela rua. O silêncio se
instaurou por alguns minutos, enquanto ele me guiava para algum lugar.
— Eu estou te acompanhando sem saber aonde quer me levar. Você não vai me sequestrar,
não é? — perguntei em tom de brincadeira.
Mas não podia negar que estava um pouco nervosa pela loucura de sair por aí, em uma
cidade que não conhecia, com um estranho.
— Não vou. — Ele deu um sorriso. — Mas tenho que admitir se essa fosse a minha
intenção, jamais eu diria.
— Ai, meu Deus! — disse, dando um sorriso mais tranquilo, sentindo seu tom de
brincadeira.
— Estamos chegando — falou enquanto virávamos a esquina. Naquele momento, pude ver
o mar um pouco à frente.
— A praia — comentei, enquanto ele me guiava ainda mais em direção à areia.
— É um bom lugar para pensar.
Estava escuro, mas o ambiente era agradável. As ondas do mar um pouco mais agitadas, o
vento gostoso em nossa direção, e as estrelas no céu dando um contraste a mais naquele lugar.
Ele me puxou para me sentar na areia e não disse nada por um momento. Senti um arrepio
quando a mão quente do homem tocou as minhas costas, eu o olhei por um instante e sorri, em
seguida voltei a atenção para o mar, enquanto ele acariciava minhas costas.
Eu não sabia por quanto tempo permanecemos ali, em um silêncio que me fez pensar em
tudo que vivi com Matheus até o momento, em como deixei de fazer muitas coisas por causa
dele e em como fui trouxa por todo esse tempo.
— Então, você quer conversar? — Aquela voz gostosa pairou pelo ambiente chamando
minha atenção para ele.
— Sinceramente, não sei — fui vaga. Pensei um pouco em como poderia descontrair. Não
queria compartilhar como eu realmente estava. Ou o que eu estava pensando naquele momento.
Portanto, fiz o que sei fazer de melhor. — Eu deveria te contar como eu joguei tudo que vi pela
frente naqueles dois quando vi a cena? — perguntei com um sorriso, fazendo-o gargalhar. — É
sério, eu acabei com eles.
Ele continuou com uma gargalhada suave e gostosa, que me deu arrepios. Permiti-me o
olhar melhor por mais um momento. O homem era bonito, muito bonito e gostoso. E para matar,
seu sorriso era de arrepiar.
— O que foi? — perguntou ao perceber meu olhar fixo sobre ele.
— Nada. Eu acho melhor ir embora. Está tarde e meus amigos ficarão preocupados
comigo — disse e me levantei, tentando não pensar naquela química gostosa que se fazia cada
vez mais presente entre nós dois.
Química que apenas me lembrava que eu deveria me manter longe.
— Me passa o seu número — pediu, ao mesmo tempo em que se levantou. Então levou a
mão no bolso e pegou seu telefone celular, desbloqueou-o e o estendeu para mim.
— Tudo bem.
Peguei o celular, hesitante. Sem pensar demais, coloquei um número qualquer e o agendei
com o meu nome, logo devolvi o aparelho para ele.
— Você mora aqui em Búzios? — perguntou, era evidente sua vontade de prolongar nosso
assunto.
— Não, estou aqui com a minha turma de formatura — respondi, ele me olhou fixamente e
balançou a cabeça em concordância.
— Posso te acompanhar. Em que hotel está hospedada?
— Não precisa, obrigada! — respondi, prontamente.
Assim como da primeira vez, sem pedir permissão, o homem se aproximou e me puxou
para ele. Seus lábios macios e, totalmente, deliciosos me guiavam em um beijo gostoso e
envolvente, fazendo com que eu me perdesse mais uma vez naquele sentimento estranho que me
envolvia a cada vez que ele me tocava.
Senti-o morder o meu lábio inferior e o puxar de forma suave ao encerrar o beijo. Então, se
afastou e sorriu de lado. A atenção dele foi para o celular, ele olhou o visor por um momento
antes de voltar o olhar para mim.
— A gente se vê, Raissa.
— Sim, nos vemos por aí. — Forcei um sorriso, sabendo perfeitamente que isso não
aconteceria.
Afastei-me, procurando ir em direção a um ponto de táxi que havia logo à frente. Eu havia
acabado de sair de uma situação complicada. Um relacionamento de quase três anos onde me
dediquei totalmente ao Matheus, enquanto ele comia a minha “amiga” pelas minhas costas.
A última coisa que eu queria, era me envolver com alguém. A última coisa que eu queria
nesse momento, era deixar qualquer homem se aproximar, por mais legal que ele pudesse
parecer, sentia que não era a escolha certa. Ainda mais quando estava escrito problema por toda a
parte.
Então, eu fui embora, sem pretensão alguma de ver aquele cara que nem mesmo fiz
questão de saber o nome. Eu terminaria essa viagem idiota, e me concentraria totalmente em
meus estudos, era exatamente isso que eu faria daqui para frente.
CAPÍTULO 01
A atmosfera agitada me invadiu no momento em que passei pela porta da Duo Beat Night.
À medida que eu passava entre as pessoas, amaldiçoava-me internamente por ter caído nas
graças das minhas amigas, que definitivamente não me deixariam em paz, se eu me negasse mais
uma vez. Então, poderíamos dizer que estava nesse ambiente por livre e espontânea pressão.
Demorou alguns minutos para que, enfim, eu as avistasse. Elas estavam em uma mesa
mais reservada, próximo ao bar, tomando alguns drinques.
Estava prestes a ir em direção a elas quando o meu celular começou a vibrar. Abri a bolsa
e o chequei rapidamente, notando que se tratava de Vinicius, meu irmão.
Como sabia exatamente o que ele queria, apenas bloqueei a tela e joguei o aparelho dentro
da bolsa mais uma vez. Então, fui em direção às minhas amigas.
— Aqui estou eu — falei, chamando a atenção das duas para mim.
— Oi, Rai — Isabella me cumprimentou, com um sorriso de canto a canto. — Eu disse
que ela viria.
Sentei-me na cadeira vazia e arqueei as sobrancelhas.
— Não me diga que estavam apostando que eu não viria de novo?
— Você sabe como é — Beatriz comentou, o tom debochado não passou despercebido por
mim.
Balancei a cabeça em negativa e dei uma risadinha, ao mesmo tempo em que fiz um aceno
para o garçom. Quando ele se aproximou, pedi que me trouxesse um coquetel, só então voltei a
olhar para as minhas amigas.
— Noite das meninas, hum? — indaguei, medindo-as com o olhar.
As safadas se entreolharam, em seguida Beatriz fez uma pequena careta.
— Antes de você chegar, eu e Isabella estávamos conversando sobre como você se fechou
para tudo depois do Matheus — falou, revirei os olhos já sabendo muito bem aonde aquele
assunto nos levaria.
— Que mal tem em querer focar nos estudos e na profissão? — questionei, começando a
me arrepender por aceitar aquele convite.
— Amiga, nenhum acredite — Isabella falou e suspirou. — Não queremos que fique com
raiva, só nos preocupamos com a forma que você se fechou para qualquer relacionamento. Você
já tem 26 anos, Rai. Sair, curtir, beijar na boca e dormir com um cara qualquer. Não há mal
algum em ter essas experiências também.
— Eu sei, é só que... — Deixei aquelas palavras no ar e dei um suspiro.
Então, meus olhos foram para o garçom que serviu minha bebida com um sorriso
amigável. Retribuí o seu cumprimento e peguei o copo, virando metade de uma única vez.
— Rai, não estamos te forçando a nada — Beatriz falou, chamando a nossa atenção. —
Mas acho que está na hora de olhar além dos estudos e trabalho.
— Sou perfeitamente capaz de decidir quando sair com alguém — disse, sem esconder o
quanto estava incomodada.
— Tudo bem, vamos apenas curtir a noite, sem neura — Isabella falou, estendi meus
braços e puxei as duas para um abraço desajeitado.
Elas me amavam, eu sabia disso, porém, precisava que elas entendessem que eu não estava
disposta a sair com os babacas que elas sempre tentavam jogar para cima de mim.
— Chega de tudo isso — Beatriz falou de repente, enquanto nos afastávamos. Em seguida,
se levantou. — Nós viemos aqui para nos divertir, então, vamos para a pista de dança.
A careta foi inevitável.
Eu amava dançar, porém, com o passar do tempo, passei a não gostar tanto de toda aquela
agitação. Mas, ainda assim, isso não me impediu de aceitar a mão da minha amiga e cair com
elas na pista de dança.
E tinha que admitir, o momento fora realmente agradável.
Nós nos revezamos entre dançar e voltar à mesa para beber por um longo tempo.
Dispensamos alguns caras que tentaram interromper nossa noite por boa parte do tempo. Mas
aquelas safadas não conseguiram segurar por tanto tempo assim.
O resultado disso? Ao final, elas estavam querendo me empurrar para alguém para que
elas pudessem curtir cada uma com um cara diferente. Pensei em ouvir o conselho delas e
aproveitar, porém, as mãos atrevidas do cara estavam a ponto de me tirar do sério.
— Ei, segura a onda, bonitão — falei, ao mesmo tempo em que barrei sua tentativa de
tocar nos meus seios.
— Qual é, delícia, aposto que não é nada que já não tenha feito antes — sussurrou e se
inclinou para beijar o meu pescoço. — Que tal eu te apresentar melhor o banheiro da área VIP?
Arqueei as sobrancelhas, incrédula, e empurrei-o suavemente.
Eu parecia ter um ímã para caras assim, parecia piada, pensar em ter minha primeira vez
em um banheiro de boate.
A verdade era que eu não soube reconhecer quando o cara ideal chegou em mim e todas as
tentativas depois, foram falhas. Meu coração se agitava, apenas em pensar naquele desconhecido
e em como tudo poderia ter sido especial.
— Se te ofendeu te chamar para o banheiro, podemos ir a outro lugar — sugeriu, tirando-
me daqueles devaneios.
— Agradeço, mas isso não vai rolar — falei e me afastei.
Alguns passos foram o suficiente para que as mãos dele contornassem a minha cintura,
então, ele me puxou de volta para ele.
— Que isso, linda, vamos lá — pediu com um sorriso nada decente.
O cara era muito bonito e com essa carinha de playboy, tinha certeza de que conseguia que
muitas fizessem exatamente o que ele queria, porém, isso definitivamente não era para mim.
Forcei um sorriso e tirei as mãos dele de mim.
— Não estou a fim, e se me der licença, estou indo embora — respondi, séria.
Ele levantou as mãos em rendição e deu alguns passos para trás.
— Se mudar de ideia, sabe onde me encontrar.
Balancei a cabeça em concordância e me virei, fui em direção à mesa onde estava mais
cedo, porém, não havia nem sinal das minhas amigas. Peguei o celular para mandar uma
mensagem avisando que estava indo embora.
Não me surpreendeu ter mais duas ligações perdidas de Vinicius, mas não me dei o
trabalho de retornar. Apenas enviei as mensagens para as minhas amigas enquanto caminhava
em direção ao estacionamento.
Entrei no carro e depois de colocar a bolsa no banco, coloquei o celular no console. Só
então, dei partida no carro, pronta para encerrar a noite.
Vir a ambientes como esse não era algo que costumava fazer com frequência. E momentos
assim apenas me mostravam que eu fazia bem em preferir passar a noite em casa, a ter a
companhia de algum babaca por um tempo.
O sinal estava aberto e pela velocidade do carro à minha frente eu sabia que ele não pararia
naquele sinal. E contando que daria para eu passar também antes de fechar, acelerei um pouco
mais.
Foi quando meu telefone tocou e eu acabei fazendo aquilo que definitivamente não
deveria. Desviei a minha atenção por um breve momento para checar no visor quem era.
Vinicius, meu irmão.
Bufei decidida a ignorar antes de voltar a atenção para frente. Um breve momento de
distração que eu pensei que não influenciaria em nada. E, porra, eu estava errada.
Pisei no freio abruptamente ao perceber que o filho da puta do carro esportivo freou de
uma vez, decidindo não passar pelo sinal que acabara de fechar.
Ah, merda!
Por mais que eu tivesse tentado frear, o impacto veio antes que conseguisse concretizar
essa ação. Meu corpo foi jogado levemente para frente com o impacto da batida, mas logo
voltou para trás por conta do cinto de segurança, felizmente sem causar dano algum a mim.
Pisquei algumas vezes e levei a mão brevemente aos olhos, assustada. Então, após um
suspiro profundo voltei a minha atenção para frente.
Aparentemente tinha sido apenas um susto. Mas o estrago aconteceu logo à frente, em
nossos carros. Puta que pariu!
Desviei a minha atenção para um pouco mais à frente, observando o condutor sair do
veículo. Semicerrei os olhos ao vê-lo ajeitar a calça e fechar o zíper. Em seguida, uma mulher
saiu do carro, arrumando os cabelos.
É sério isso, produção? Não! Eu estava vendo coisas, não era possível.
Saí do carro e cruzei os braços, apenas observando o indivíduo enrolar um pouco para
começar a vir em minha direção. Estava prestes a xingar, claro! Mas a cada passo daquele
homem em minha direção, menor era a vontade de fazer isso.
Ele parou à minha frente, parecendo tão afetado quanto eu, o que era estranho, muito
estranho.
Pior foi a sensação de familiaridade que caiu sobre mim quando tive a atenção dele. Seus
cabelos pretos perfeitamente alinhados, a barba por fazer, os olhos azuis e intensos congelados
em mim.
Senti meu coração palpitar e eu perdi o rumo por um momento. Ele seria algum famoso?
Por que, de repente, eu senti que ele era tão familiar?
Eu quis perguntar, mas me segurei no momento em que o vi raspar a garganta, trazendo-
me de volta para a nossa realidade. Ele estava sério, sua expressão não era das melhores.
— Você bateu no meu carro — ele soltou aquelas palavras, fazendo-me sentir que a culpa
era única e exclusivamente minha.
— Você freou bruscamente, droga!
— O sinal havia fechado, se você estivesse prestando atenção não teria batido na traseira.
Ou vai me dizer que pretendia furar o sinal? — Ele arqueou a sobrancelha, fazendo-me dar um
suspiro.
Merda! Era apenas isso que me faltava, não bastava o idiota do meu irmão ter sugado as
minhas economias no mês passado, teria que lidar com a porra de um conserto que levaria a
minha alma.
O homem se aproximou de mim e senti meu coração quase sair pela boca. Por um instante,
duvidei se seria o conserto do carro que levaria a minha alma, ou o próprio dono dele.
Prendi a respiração no momento em que ele se inclinou, ficando bem próximo aos meus
lábios pelo que pareceu ser uma eternidade. Só quando ele se afastou eu consegui voltar a
respirar.
— E para piorar você ainda bebeu — comentou, fazendo com que eu ficasse sem reação.
— Sim, eu me distraí por um momento e jurei que daria tempo de passarmos o sinal. Mas
você não está tão certo assim também, ou acha que eu não percebi o motivo de não estar tão
atento ao trânsito e ter freado tão bruscamente? — questionei e arqueei as sobrancelhas, fazendo
com que um sorriso de lado se formasse nos lábios do safado, apenas confirmando que sim, ele
realmente estava se divertindo com a mulher há pouco.
Desviei a minha atenção para a loira que apenas observava tudo de longe. Ele acompanhou
o meu olhar e após uma breve olhada, se voltou para mim, ele levou a mão no bolso da calça e
tirou um aparelho celular, desbloqueou-o e o estendeu para mim.
— Ainda assim, o sinal estava fechado — ele falou, firme.
— Sim, estava.
Suspirei, sabendo que no todo, eu não deveria ter desviado a atenção para a droga do meu
celular.
— Me passe o seu contato e endereço de e-mail. Vou mandar avaliar o valor desse estrago.
— Os olhos dele foram para os carros, eu o acompanhei, apenas confirmando o quão ferrada eu
estava. — Vamos conversando e resolveremos da forma correta.
Assenti e peguei o celular da mão dele, coloquei o meu número e acrescentei o e-mail,
agendando o contato com o meu nome. Ao terminar, entreguei o aparelho a ele.
Os olhos dele foram para o telefone e permaneceram naquela tela por um tempo maior do
que deveria. Então, sua atenção foi para mim mais uma vez.
Ele me mediu com o olhar, no instante seguinte se afastou, mirou o celular para a placa do
meu carro.
O cara estava tirando fotos, claro!
Semicerrei os olhos para ele no momento em que ele mirou o celular em minha direção e
tirou algumas fotos. O ponto de interrogação em minha mente deve ter ficado muito evidente,
pois ele guardou o celular e me olhou, sério.
— Apenas me certificando de que conseguirei te achar, caso tenha me passado um número
errado — explicou, fazendo o meu sangue ferver.
— E por que eu faria isso? — questionei.
Ele não respondeu de imediato, segui observando. O homem pegou a carteira e começou a
procurar por algo.
— Não seria a primeira vez — respondeu e desviou a atenção mais uma vez para mim.
Eu tive que me controlar ao ouvir aquelas palavras. A forma que ele disse, comparando-me
a qualquer outra pessoa que tivesse dado o golpe nele, mexeu profundamente com a minha
dignidade.
— Não vou fugir das minhas responsabilidades — falei, ofendida.
Queria apenas que ele entendesse que eu não era esse tipo de pessoa. O homem voltou a
atenção para a carteira e pude notar o vislumbre do sorriso que, apesar de discreto, não passou
despercebido por mim.
— Bem, que seja. É só uma garantia, entrarei em contato assim que possível — falou, em
seguida estendeu para mim o que parecia ser um cartão de visitas. Eu o peguei, confirmando
assim o meu palpite. — Eu entro em contato com você.
Sem me dar chance de responder, ele se virou e caminhou em direção ao carro. Fiquei
parada observando, enquanto ele entrava no carro. A mulher o acompanhou sem demora.
Então, ele deu partida e foi embora.
Respirei fundo e desviei o olhar para o cartão de visitas em minha mão.
Alexander Korfali.
Franzi o cenho ao ler as informações no cartão. Naquele instante, tive a certeza de que
provavelmente eu já tinha visto fotos dele em alguma notícia, ou pesquisas relacionadas ao
trabalho.
Ele era CEO do Korfali Hotel Group, um dos principais grupos de hotéis do país.
Como eu suspeitei, o cara era cheio da grana.
Era pedir muito que ele pagasse o conserto de seu precioso carro e deixasse esse incidente
com uma mera mortal, como eu, para lá?
CAPÍTULO 02
O mundo era realmente pequeno.
Foi impossível não me lembrar de Raissa no momento em que meus olhos caíram sobre
ela. Haviam se passado oito anos, ela estava mais madura com certeza, mas continuava
exatamente da mesma forma.
Os cabelos longos e lisos com cachos nas pontas, o olhar intenso, a boca carnuda que,
imediatamente, me fez pensar em como seria tê-la em meu pau.
Deus! Eu estava muito fodido.
Aquele sorriso sincero em meio a tempestade. Eu, miseravelmente, me lembrava de tudo,
contudo, estava claro que diferente de mim, ela não se lembrava. Não consegui identificar
qualquer traço de que ela havia me reconhecido.
Saber que eu fiquei com aquela noite em minha mente por tantos anos, enquanto a garota
nem mesmo era capaz de me reconhecer, trouxe-me uma sensação estranha.
Claramente, não me agradava saber que ela não se lembrava de mim.
Não fazia ideia do que faria, mas estava agradecido por ela ser a errada da situação. Eu não
hesitaria em usar isso a meu favor.
— Está tudo bem? O que resolveram? — A loira ao meu lado perguntou, tirando-me dos
meus devaneios.
Dei uma última olhada para o retrovisor, avistando Raissa ainda parada, olhando em
direção ao carro.
— Nada que seja do seu interesse — respondi e desviei o olhar para frente. Senti a mão
dela deslizar pelo meu abdômen e fazer o caminho em direção à minha calça, como se
pretendesse continuar de onde parou. Levei a mão sobre a dela e olhei na direção dela. — Onde
eu posso deixá-la?
— Eu pensei que...
— Não mais — interrompi-a, firme.
Como eu teria qualquer clima para foder alguém, enquanto minha cabeça estava apenas
naquela mulher, que, em apenas alguns minutos, foi capaz de deixar minha cabeça a mil.
— Me leve de volta para o bar — ela pediu, a voz contida.
— Ótimo — respondi e dei partida no carro.
Não fui capaz de me importar com a cara de decepção que a loira fez ao perceber que eu
não mudaria de ideia. Levei-a para o bar e desejei uma boa-noite a ela, que saiu do carro sem
nem mesmo olhar para trás.
Balancei a cabeça em negativa e coloquei o carro em movimento, indo direto para casa.
Tomei um banho gelado, tentando decidir como eu poderia agir com Raissa agora que
havia a encontrado. Não sabia o que fazer, mas sabia que estava fora de questão deixar a
oportunidade passar.
Depois de tanto tempo, essa era a minha chance.
Saí do banheiro e segui para o quarto, deitei-me na cama e rolei de um lado para o outro,
sentindo-me inquieto. Sem querer esperar até amanhecer, peguei o celular e liguei para Rodolfo,
o amigo que todos na vida deveriam ter.
— Porra, cara, isso são horas de ligar? — Ele atendeu no quinto toque, a voz sonolenta
fez minha boca se curvar em um sorriso. — Duas horas da madrugada, cacete.
— Estou ciente, mas não posso esperar até amanhã — falei, ele bufou do outro lado da
linha.
— O que você quer?
— Preciso de um favor — fui direto.
— Hum, fala.
— Vou te enviar algumas informações e preciso que faça a busca completa de uma pessoa
para mim.
— Porra, isso não poderia esperar até amanhã? — perguntou, senti naquele instante que
a irritação dele apenas se fazia maior.
E eu, certamente, era um grande filho da puta, que conseguia apenas achar graça de toda a
cena.
— Acredite, meu amigo, é alguém que não me deixaria dormir sem conseguir algumas
confirmações.
— O que você está aprontando? — perguntou ao mesmo tempo em que um barulho
abrupto se fez presente do outro lado da linha. Dei um meio-sorriso, imaginando a cena do filho
da puta se levantando às pressas ao me ouvir.
— Digamos que essa mulher que vou te mandar os dados é a minha única falha.
Um silêncio se instaurou do outro lado da linha, e eu apenas esperei que ele assimilasse o
que eu acabara de falar.
— A morena de Búzios — ele finalmente concluiu.
— Exatamente.
— Mas como sabe? Me lembro que ela te passou o número errado e você não sabia nem
se o nome que ela colocou era o dela.
— Te conto os detalhes pessoalmente, mas eu a vi hoje, coincidentemente. — Dei um
sorriso ao me lembrar. — E sim, o nome dela realmente é Raissa.
— Como conseguiu se lembrar dela depois de tanto tempo? Acho que se eu a visse na rua
não faria ideia de que era ela — comentou, o silêncio se instaurou novamente, enquanto eu
pensava em como o responderia.
— Como esquecer a única mulher que sumiu antes que pudéssemos jogar com ela?
— Por um momento, me preocupei achando que a mulher tinha se entranhado em sua
mente, afinal, depois daquela época...
— Já te disse que não é isso — interrompi-o, bruscamente, não suportava nem mesmo
ouvir aquela insinuação.
— Porra, se naquela época tivéssemos todos os recursos que temos hoje em dia, a
acharíamos sem demora — ele disse, eufórico.
Tirei o celular do ouvido por um instante e mandei para Rodolfo as fotos que tirei um
pouco mais cedo.
— Acabei de te mandar as informações, checa para mim se chegou — falei, ao mesmo
tempo em que voltei o celular para o ouvido.
Permaneci na linha apenas aguardando, se passaram alguns minutos, até que pude ouvi-lo
pegar o celular mais uma vez.
— Caralho, eu sabia que não a reconheceria se a visse de novo — falou, arqueei as
sobrancelhas, confuso.
— A conhece?
— Sim e não — falou, deixando-me ainda mais confuso. — Eu já a vi em alguns eventos.
Se não me engano, ela é funcionária do Alexandre Sanchez.
— Interessante, isso quer dizer que ela trabalha com marketing — comentei, guardando
aquela informação.
— Vou confirmar isso pela manhã. Agora me conte, vai voltar a jogar? — A animação na
voz do canalha era evidente.
Por um momento, eu me vi pensando naquela pergunta, era isso o que eu queria com
Raissa? Sustentar o meu ego ferido?
— Talvez.
— Seu filho da puta. — Uma risada se fez presente do outro lado da linha. — Velhos
hábitos nunca morrem.
— Apenas faça a busca sobre a vida dela para mim, ainda não decidi o que fazer — cortei-
o, antes que se empolgasse demais.
— Nós sabemos aonde isso vai dar, então, espere que eu retornarei o quanto antes.
Não tinha tanta certeza de que queria voltar ao jogo, mas não deixaria tão evidente ao filho
da puta, afinal, ele resistiria a me ajudar se pensasse o contrário. E foi por isso que ao invés de
negar, apenas o respondi:
— Perfeito.
CAPÍTULO 03
A semana que passou foi uma das mais apreensivas que eu tive em muito tempo.
Estava sentada em minha sala, encarando o cartão de Alexander pela quinta vez essa
semana. Ele não ligou, não mandou e-mail e não deu sinal de vida.
Tudo tinha acontecido há uma semana, eu deveria ligar para ele?
Balancei a cabeça em negativa, mandando essa ideia para longe. E se ele decidiu que
arcaria com tudo e minha ligação o fizer mudar de ideia?
Esse era um risco que não estava disposta a correr. Precisava manter a calma e apenas
acreditar que o homem tinha um coração enorme. Era isso.
O pensamento deveria me deixar tranquila, pois a cada dia sem seu contato as chances de
ele ter resolvido deixar para lá, eram maiores, mas aquela sensação de familiaridade ainda se
fazia presente. Isso me incomodava, fazia-me, de certa forma, querer vê-lo de novo.
Mas, definitivamente, não ter notícias era melhor.
— Raissa. — Uma voz feminina chamou a minha atenção. Olhei para porta constatando
que era Amanda, uma das meninas que fazia parte da minha equipe de marketing. Ela estava
apenas com a cabeça para dentro, através da fresta que eu havia deixado.
— Sim? — perguntei, forçando um sorriso a ela, ao mesmo tempo em que guardava o
cartão de Alexander na gaveta da minha mesa.
Amanda abriu a porta um pouco mais, mas não entrou.
— Estamos finalizando a coleta de informações com base nos dados que nos passou
ontem. André Felipe está apenas terminando o balanço e teremos tudo o que pediu.
— Ótimo, marque uma reunião com a equipe para depois que todos voltarem do almoço.
Vamos fazer o planejamento e montar o cronograma para apresentar à empresa o quanto antes.
— Tudo bem, vou marcar para as 14h30 — respondeu de pronto. Balancei a cabeça em
concordância.
— Perfeito!
Amanda me lançou um sorriso antes de se virar e fechar a porta. Dei um pequeno suspiro e
desviei a atenção para o meu notebook, a fim de checar o e-mail do cliente com todas as
exigências propostas.
Alexandre Sanchez, um dos sócios, era quem geralmente fazia a primeira reunião com a
equipe, mas seria eu a encarregada por isso durante um bom tempo, já que ele acabou de se casar
com Gabrielle e estava em lua de mel.
Abri a caixa de e-mail e, à medida que passava os olhos procurando o nome do cliente,
meu coração quase pulou para fora do peito.
Alexander Korfali.
Aquele nome que eu não tinha certeza se queria ver à minha frente, havia me mandado um
e-mail há pouco mais de trinta minutos.
Suspirei profundo ao mesmo tempo em que cliquei sobre o e-mail, a fim de conferir o
conteúdo.
Alexander Korfali:
“Olá, Raissa.
Tomei a liberdade de levar o carro em uma oficina de confiança, fiz um orçamento
particular, segue anexo o orçamento e informações bancárias para onde o valor do conserto
deve ser transferido.
Autorizei que fizessem o serviço, e o prazo que me pediram foi de uma semana. Esse é o
prazo que lhe darei para transferir o valor para a minha conta.
Espero que possamos resolver tudo pacificamente. Obrigado!”
Arqueei as sobrancelhas e peguei o meu celular, a fim de checar se havia alguma chamada
perdida.
E, para a minha surpresa, não tinha.
— Ele nem se deu o trabalho de tentar me ligar — murmurei, enquanto deixava o celular
sobre a mesa.
Voltei a minha atenção para o e-mail e cliquei no anexo para ver as informações sobre o
conserto do veículo. Meus olhos foram diretamente para o valor total.
— Puta que pariu! — Aquelas palavras saíram no automático no momento em que
visualizei o valor absurdo.
R$420.000,00.
Ah, porra! Estava a ponto de infartar. Isso só poderia ser uma brincadeira de muito mau
gosto.
Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e levei as mãos ao rosto, afundando-me
completamente enquanto um suspiro deixava os meus lábios.
Eu precisava me controlar, precisava me controlar, merda!
Contei mentalmente até dez e comecei a pensar no que fazer. Me ajeitei na cadeira e
peguei o meu telefone mais uma vez. Em seguida, abri a gaveta e peguei o cartão de visitas de
Alexander.
Com as mãos trêmulas, digitei o número dele e levei o celular ao ouvido. Ansiosa, a cada
toque para que ele atendesse.
E a cada toque não atendido, mais o desespero tomava conta de mim. Eu precisava falar
com ele o quanto antes, ou não seria capaz de fazer nada mais durante o dia.
Amaldiçoei-o algumas vezes quando a chamada caiu na caixa postal. Tentei ligar mais
algumas vezes, sem sucesso, no prazo de trinta minutos.
Olhei no visor do celular, constatando que era quase meio-dia. Foi quando resolvi tentar
contato com ele por mensagem de texto.
Eu: Alexander, sinto que você está brincando com a minha cara. R$420.000,00? Eu não
tenho esse dinheiro. Precisamos conversar, por favor, me retorne.
Permaneci olhando para a tela do celular incapaz de fazer qualquer coisa por cerca de
quinze minutos.
Droga, o homem realmente não iria me responder?
Sem pensar muito, fechei a tampa do meu notebook, peguei o cartão de visitas e minha
bolsa. Guardei-o juntamente com o meu celular, então, levantei-me e saí da minha sala.
Passei os olhos pelo ambiente, notando a equipe trabalhando de forma concentrada em
suas respectivas baias. Meus olhos foram para Isabella, agradecendo muito por ela ainda não ter
saído para almoçar. Afinal, ela era a única que poderia me socorrer, enquanto meu carro ainda
estava na oficina.
— Preciso resolver algo urgente que surgiu — sussurrei, a voz contida. — Pode me
emprestar o seu carro?
Demorou uma fração de segundos para ela desviar a atenção do computador para mim.
— Claro! — respondeu de pronto e pegou a sua bolsa. Alguns instantes depois, tirou a
chave do carro e a entregou para mim. — Aconteceu alguma coisa?
— Eu te conto depois — falei, ao mesmo tempo em que guardei as chaves. — Obrigada,
não me espere para almoçar. Eu volto para a reunião.
— Tudo bem, amiga, no seu tempo — Isabella respondeu e me deu um sorriso amigável.
Assenti, sem estrutura alguma para sorrir de volta. Então, virei-me e fui em direção ao elevador
sem conseguir controlar a agitação.
Cheguei ao estacionamento da empresa e fui diretamente para a vaga que eu sabia que
Isabella costumava usar. Quando o avistei, desativei o alarme e fui em direção ao pequeno
KIWD.
Entrei no carro e peguei o meu celular, na tentativa de ligar para Alexander mais uma vez.
E assim como das outras vezes, ele não atendeu, o que me deixou ainda mais nervosa.
Como ele ousou mandar um e-mail daquele e, simplesmente, não atender a droga do
celular?
Decidida a falar com ele de qualquer forma, conferi no cartão de visitas o endereço da
matriz dos hotéis Korfali.
Depois de quinze minutos, estacionava na frente da empresa. Pelo que pesquisei, ali era
onde eles gerenciavam todos os hotéis, é claro que se tratando de um grupo tão grande, teria uma
empresa apenas para cuidar de todos os assuntos.
Suspirei profundo e saí do carro, indo em direção ao hall de entrada.
Perfeito! Nesse momento, apenas precisava chegar até ele.
Caminhei em direção à recepção, encontrando uma mulher atraente, com um sorriso
simpático.
— Bom dia, senhorita, em que posso ajudá-la?
— Eu gostaria de falar com o Alexander Korfali, ele se encontra? — De repente, a postura
da mulher enrijeceu e o sorriso se dissipou.
— A senhorita tem horário marcado com ele? — perguntou, séria.
— Não, mas...
— Infelizmente, eu não poderei ajudá-la, sinto muito — ela me interrompeu.
Claro! Como eu pude pensar que falar com ele seria algo fácil?
— Você pode apenas dizer a ele o meu nome e que estou aqui querendo falar com ele?
Tenho certeza de que Alexander irá me atender. — Fiz mais uma tentativa, que pela cara da
moça era totalmente perda de tempo.
Ela abriu a boca para me responder, mas logo a fechou.
— Ah, querida. Acha mesmo que ele a atenderá só porque vocês treparam algumas vezes?
— Uma voz feminina carregada no deboche pairou sobre o ambiente, atraindo a minha atenção
para ela.
Era uma mulher mais velha, cabelos tingidos de vermelho e o nariz em pé, achando ser a
dona da razão.
— Quem a senhora pensa que é para falar comigo desse jeito? — perguntei, indignada.
Era só o que me faltava, não bastava o problema que eu teria com o tal Alexander, ainda
teria que lidar com essa velha ignorante?
— Se nem você se dá o valor, acha mesmo que ele irá? Vir aqui atrás dele e se humilhar
para ser recebida. Acha que é a primeira que faz isso? Não é a primeira e não será a última. — A
mulher continuou de forma grossa, fazendo-me querer voar nela.
E eu faria, se não fosse uma senhora que aparentava ter seus setenta e cinco anos de pura
ignorância.
— Olha só, eu não sei quem é você, tampouco tenho culpa de você ser uma velha mal-
amada que só quer destilar ódio. O que é isso? Vontade de dar para ele e saber que não vai
poder? — perguntei e pude sentir o sangue da velha ferver.
— Sua prostituta insolente! — vociferou.
Em um instante, a velha levantou a mão, e eu sabia exatamente o que aconteceria a seguir,
porém, ela estava enganada se pensava que eu permitiria. Estava prestes a levar minha mão até a
dela, para barrar aquele movimento, mas alguém foi mais rápido. Senti uma presença imponente
pairar sobre nós e segurar suavemente o braço da velha desequilibrada à minha frente.
Meus olhos subiram lentamente, enquanto meu coração quase saía pela boca ao constatar
que era Alexander quem estava ali, com aqueles olhos profundos sobre mim.
E, Deus, ele estava ainda mais bonito do que eu me lembrava.
Sem dizer uma palavra sequer, Alexander desviou a atenção de mim para a velha. E meu
coração saltou, com as palavras que saíram da boca daquele homem naquele momento.
— Dona Madalena, o que está fazendo? Isso são modos de tratar a minha noiva?
CAPÍTULO 04
— O quê? — A velha perguntou, ao mesmo tempo em que eu tentava encontrar a minha
voz. O cara simplesmente havia enlouquecido.
— É isso que a senhora ouviu. Minha noiva — ele repetiu aquelas palavras com tanta
convicção que me assustou. — Mas não é hora para falar sobre isso, eu preciso conversar com
ela, e quando acabar vou para a sua casa.
— Alexander... — A voz dela falhou. Madalena estava tão surpresa quanto eu, a ponto de
não dizer nada.
— Sem discussão, vó, conversamos depois. — Ele se manteve firme.
Puta que pariu. Avó. Eu ouvi certo?
Alexander se virou para mim sem esperar qualquer retorno da avó e levou a mão até as
minhas costas. Senti uma eletricidade percorrer o meu corpo, com o seu toque repentino em
mim.
— Vamos conversar em outro lugar — ele avisou, autoritário. Em seguida, me levou com
ele pelos corredores da empresa, sem esperar qualquer retorno da minha parte.
Tanto a Madalena, quanto a recepcionista e os funcionários não escondiam a sua surpresa.
Permaneci em silêncio, assimilando o lapso de insanidade de Alexander, até que ele abriu
uma porta e deu espaço para que eu entrasse.
Passei por ele e desviei o olhar pelo ambiente, chegando à conclusão de que, certamente,
aquela era a sala dele. Tons neutros em toda a decoração, e um luxo fora do comum.
Ouvi Alexander fechar a porta atrás de nós, só então me virei para ele.
— Pode me explicar que alucinação foi essa? — perguntei, tentando entender de fato o que
se passava na cabeça dele.
— O que estava fazendo aqui? — questionou, ignorando a minha pergunta.
— Você não me atendeu, não respondeu. O que achou que eu faria depois de mandar um
e-mail com aquele valor absurdo e, simplesmente, sumir?
— Eu não sumi, estava em reunião — respondeu, firme. — E não é um valor absurdo, está
totalmente dentro da margem do tipo de serviço.
— Você disse que levou em uma oficina particular, por que não acionou o seguro? Pensei
que eu fosse pagar a franquia — questionei. Ele deu uma risada suave, capaz de arrepiar todos os
pelos do meu corpo. — O que é tão engraçado?
— É um Bugatti — falou. Franzi as sobrancelhas e apenas esperei que ele continuasse. —
O carro custa cerca de 17 milhões, a franquia é em torno de 1,7 milhões. O conserto particular,
nesse caso, é a melhor opção.
Puta que pariu! Eu estava ferrada, estava realmente ferrada.
— Você não deveria sair por aí com um carro desses — falei em meio a um suspiro, ele
arqueou as sobrancelhas.
— Vamos nos sentar — disse, autoritário. — Assim poderemos conversar melhor.
Aceitei o seu convite e caminhei com ele em direção às poltronas ao lado direito da sala.
Porém, a cada passo, minha cabeça vagava para a pergunta não respondida. Antes de nos sentar,
eu me virei para ele, parando a poucos centímetros.
— Por que diabos disse àquela mulher que sou a sua noiva?
Um pequeno sorriso se formou no canto da boca dele.
— Digamos que quando eu vi como a minha avó gostou de você, pensei que seria a pessoa
perfeita — respondeu. Franzi as sobrancelhas ao perceber um vestígio de empolgação na voz
dele, como se aquilo fosse algo brilhante.
— Perfeita para quê?
— Para se casar comigo — disse, como se aquilo não fosse nada de mais.
Naquele instante, eu tive a certeza de que o homem certamente não estava em seu juízo
perfeito.
— Ah, meu Deus. — Suspirei, notando que o homem falava sério. Então cruzei os meus
braços e o estudei com o olhar. — E por que você acha que eu me casaria com você?
— Vejamos bem, pela mensagem que mandou, acredito que não tenha como pagar o
conserto do carro. Nessas circunstâncias, você me deve. Podemos fazer um contrato, onde
ficaríamos casados por um tempo e... — Ele interrompeu sua fala e me olhou seriamente,
provavelmente percebendo a descrença em meu olhar. — Como pensa em pagar? Processar você
não é algo que eu queira fazer, mas...
— Você quer foder com a minha vida? — interrompi-o, indignada. — Porque parece que é
exatamente isso que quer fazer. Em que mundo alguém com um emprego comum tem esse
dinheiro dando sopa por aí?
Era o que ele queria que eu fizesse para não ser processada? Era só o que faltava.
Alexander deu um passo em minha direção, obrigando-me a recuar.
— Eu adoraria foder você, mas não desta forma — disse, a voz séria e rouca me pegou
desprevenida. Um rubor invadiu meu rosto, pensando no rumo que os pensamentos dele
tomaram.
— Não sou uma prostituta — respondi, lembrando-me exatamente das palavras daquela
velha.
— Não me interprete mal, eu não pretendo pagar por sexo. — Ele me mediu com o olhar,
fazendo-me corar ao sentir seu olhar intenso sobre mim. — Eu quero você, mas de forma alguma
pagarei por isso.
Eu quero você.
Aquelas palavras saindo de forma tão autoritária fizeram meu corpo esquentar. Eu não
deveria, mas, por um momento, me vi pensando naquela possibilidade. Como seria ir para a
cama com um homem desses? Como seria ter uma primeira vez com ele?
Não, não, não! Eu não preciso de mais um problema em minha vida!
— Você está louco se acha que eu vou ser mais uma a ir para a cama com você — falei ao
mesmo tempo em que balancei a cabeça em negativa. — Na verdade, está louco se acha que
toparei qualquer acordo absurdo que esteja pensando.
— Você não iria para cama comigo? — ele perguntou e deu mais um passo em minha
direção, fazendo meu coração entrar em descompasso.
Porra, ele deveria focar no resto. Em todo o resto.
— Não — menti.
Sim, eu menti, pois apesar de ele não ser o cara certo, eu sentia que iria tão facilmente para
a cama com ele, que chegava a me assustar.
— E por que não? — perguntou, tão perto, que eu tive que dar mais um passo para trás.
Senti os olhos dele irem ao meu encontro, como se eu fosse naquele momento uma presa.
Deus! Esse homem queria definitivamente me enlouquecer. Uma mistura de excitação e
ódio pelo que ele estava me propondo de maneira tão descarada estava sobre mim.
— Você não faz o meu tipo. — Forcei-me a mentir mais uma vez.
Ele fazia, fazia muito o meu tipo.
— Seu corpo me diz outra coisa — Alexander respondeu, à medida que me olhava de
forma profunda. Ele desceu os olhos por todo o meu corpo, de forma que me senti exposta. — A
respiração está em descompasso, posso ver pelo seu peito subindo e descendo de forma tão
descontrolada. — Então ele subiu seus olhos para mim novamente. — Seu nervosismo, também
é evidente.
Alexander deu mais um passo, naquele momento meu corpo me traiu, denunciando
perfeitamente que estava certo. Senti que ele estava pronto para se aproveitar disso. Sim, ele
estava vindo em minha direção como uma raposa prestes a dar o bote, eliminando totalmente a
distância entre nós.
— Não — falei, firme, sentindo a surpresa em seu olhar.
Claro, ele provavelmente não estava acostumado com um não em uma situação tão
tentadora como essa. Mas por mais que fosse tentadora, seria também perturbadora. Eu não
poderia.
— Eu não quero nada disso, nem você, muito menos fingir que sou a sua noiva, menos
ainda me casar. — Soltei aquelas palavras de repente, quebrando toda aquela tensão que ele
criara.
Alexander já não estava tão confiante como antes, poderia dizer que havia hesitação em
seu olhar. Senti-o recuar um pouco, à medida que me estudava com o olhar.
— Apenas pense na minha proposta, Raissa, nós dois ganharíamos com isso. Você não
terá que me pagar, e eu não terei que me casar com uma dessas mulheres fúteis que a minha avó
tanto quer.
— Você já tem a minha resposta, não — respondi, sem hesitar, estava decidida a mostrar
que realmente não estava interessada.
Alexander permaneceu com os olhos fixos a mim por um tempo incalculável, que pareceu
uma eternidade. Fui incapaz de me mover, esperando apenas que ele dissesse algo.
— Tudo bem — concordou, sério. — Como você sugere que resolvamos isso então? Já
que você mesma disse que não tem esse dinheiro para me pagar.
Merda! R$420 mil era muita grana.
— A metade. Acho que o justo seria você arcar com metade do prejuízo — sugeri, de
repente. Ele arqueou as sobrancelhas. Então, resolvi apelar. — Qual é, eu estava errada, mas
você também.
Alexander não respondeu de imediato, apenas aguardei ansiosa. Desde que ele não negou
no momento em que falei, significava que ele estava ponderando sobre isso.
— Tudo bem — respondeu, fazendo com que o alívio pairasse sobre mim. — Digamos
que faremos assim. Você tem a metade para me passar até semana que vem?
— Não tenho, mas darei um jeito — falei, decidida.
— Faremos assim então. Mas pense sobre a proposta, é algo que pode ser benéfico para os
dois. E bem, facilitaria muito para mim.
— Facilitar? Você pode propor isso a qualquer mulher. — Fiz uma pausa para refletir. —
Aposto que você tem uma fila enorme de mulheres que adorariam fazer parte disso.
— Sim, você está certa. Mas eu quero você.
— Por que eu? — aquela pergunta saiu de forma tão espontânea, que me fez assustar com
tamanha curiosidade. Mas não conseguia entender todo aquele interesse para que eu aceitasse.
— Porque eu escolhi você, quero você. — Seu tom autoritário fez meu coração entrar em
descompasso. — E digamos que eu sempre tenho o que eu quero.
Aquelas palavras terminaram de me desestabilizar. A insinuação saindo daquela forma da
boca dele fez a minha cabeça girar.
Merda! Eu precisava sair daqui, ou esse homem pensaria que sim, aquilo aconteceria. E
nós, definitivamente, não faríamos isso.
— Para tudo se tem a primeira vez, inclusive para não se ter aquilo o que quer — forcei-
me a falar. E eu pude jurar que ele segurou muito bem um sorriso naquele momento, como se
ainda não estivesse convencido disso.
— É uma mulher interessante, Raissa — comentou.
Em um movimento involuntário, mordi o lábio inferior e me amaldiçoei por isso no
instante em que percebi a minha falha.
— Se me der licença, tenho que voltar para o trabalho. Eu te ligarei durante a semana —
disse, a fim de sair daquela situação.
— Tudo bem. — Ele me mediu com o olhar, então, deu um passo para o lado, dando
espaço para que eu passasse. — Se mudar de ideia, tem o meu número.
Alexander continuou me olhando intensamente. Fui incapaz de respondê-lo. Balancei a
cabeça em concordância e passei por ele, saindo de imediato da sala, enquanto sentia seu olhar
sobre mim.
Com tudo que acabou de acontecer, saí daquela empresa com apenas um pensamento em
mente.
Eu precisava conseguir aquele dinheiro de qualquer forma, ou então, estaria totalmente em
apuros nas mãos daquele homem que parecia ter vindo para foder com o meu juízo.
E o pior era que ele parecia nem mesmo ligar para isso.
CAPÍTULO 05
— Algo me diz que você vai mudar de ideia, minha linda preciosa — murmurei, no
momento em que Raissa fechou a porta, deixando claro com aquele movimento forte sua
indignação.
Caminhei em direção à minha mesa e me sentei na cadeira confortável. Os olhos
permaneceram fixos na porta, enquanto analisava tudo o que acabara de acontecer.
Quando mandei o valor cheio para ela, a minha intenção era realmente complicar a vida
dela.
Sim, levei o carro em uma oficina de confiança, ciente de que era a melhor e a mais cara,
apenas para que o valor fosse impossível para que Raissa pagasse. Porque eu simplesmente
queria que ela dependesse de mim, queria que ela viesse até mim e implorasse para que eu não a
processasse.
As coisas não saíram como eu planejara. Ainda.
O barulho do meu celular tocando me tirou daquele estado de torpor. Tirei o aparelho do
bolso e chequei o visor, constatando que se tratava de Rodolfo.
Aquele filho da puta impaciente.
— Fala, cara — disse, no momento em que atendi.
— Enviou o e-mail para ela? — perguntou, direto.
— Estou bem sim, e você, como vai? — perguntei, segurando o sorriso que queria brincar
em meus lábios.
— Não dou a mínima — disse, o tom de deboche era evidente. — Eu quero saber da
garota.
— Enviei e tudo correu melhor do que pensei — falei, ao mesmo tempo em que ajeitei a
postura. — Quando cheguei à empresa, ela estava aqui a ponto de sair no tapa com a minha avó,
isso me arremeteu as chantagens que dona Madalena tem feito para que eu me case, então,
simplesmente disse que ela era minha noiva.
— Caralho, boa — respondeu, com animação. — Imagino a confusão da coitada, você
propôs algo a ela?
— Um contrato, que ela se case comigo para que eu esqueça a dívida — falei, ouvindo a
agitação que se tornou do outro lado da linha,
— Cara, você é o melhor, isso vai obrigá-la a ficar perto.
De repente, senti algo estranho dentro do peito. Estava compartilhando com Rodolfo,
simplesmente porque eu precisava dele, porém, não estava disposto a compartilhá-la com ele.
Não estava voltando para aquele jogo sujo, eu apenas queria Raissa para mim.
— Ela aceitou, né? — voltou a falar, chamando a minha atenção.
— Não, isso significa que eu precisarei de você para darmos início ao plano B.
— Não se preocupe, ela não terá escolhas — Rodolfo falou, meus olhos brilharam com a
possibilidade de ter Raissa para mim.
— Não, ela não terá — falei e me levantei. — Agora preciso conversar com dona
Madalena, nos falamos depois.
— Claro, eu te ligo — comentou, e sem me preocupar em responder encerrei a ligação.
Rodolfo era intenso pra caralho, então aquela situação me fazia pensar se havia feito certo
em contar a ele quem era Raissa. Talvez eu não devesse, porém, era tarde demais para me
arrepender disso.
Peguei as chaves do carro e saí da sala. No momento em que avistei a minha secretária, dei
alguns passos em direção a ela.
— Emanuela — chamei, tirando a atenção dela da pilha de papéis que analisava. —
Cancele todos os meus compromissos da parte da tarde, eu voltarei apenas amanhã.
— Sim, senhor Korfali — ela respondeu, assenti antes de me virar e ir rumo à saída.
Dirigi-me à casa de dona Madalena sem demora. Cheguei cerca de cinco minutos depois,
afinal, a casa dela era mais perto do que eu gostaria, ela queria estar de olho em tudo que
acontecia na empresa.
Empresa que seria minha, pois eu era o único herdeiro de todo o grupo que meus avós
construíram. E era isso que dona Madalena usava para me chantagear. Ela sabia como eu me
importava com aquele legado e como dei a vida desde sempre para gerenciar tudo depois que os
meus pais faleceram.
— Dona Madalena, estou aqui — falei, à medida que caminhava pela casa.
Não havia sinal algum dela. Sem perder tempo fui em direção ao jardim, onde ela gostava
de ficar a maior parte do seu dia.
E como imaginei, ela estava sentada em uma namoradeira com a cara fechada. Que se
tornou ainda mais carrancuda, quando notou a minha presença.
— Que palhaçada foi aquela, Alexander? — perguntou, a voz exaltada.
— Não foi palhaçada, eu falei sério.
— Não aprovo o seu relacionamento com aquela mulher — disse, firme. — Ela é
desrespeitosa e insolente.
Um sorriso se formou no canto da minha boca, ao me lembrar da cena que vi ao entrar na
empresa no momento em que elas discutiam. Nada parecia ter mudado. Raissa era uma mulher
que não levava desaforo para casa, e eu gostava disso.
— A senhora a desrespeitou primeiro — falei ao mesmo tempo em que me sentei no
espaço vazio ao seu lado. Ela se afastou um pouco, disposta a manter aquela pose durona.
— Não importa, ela tem que respeitar os mais velhos.
— Mesmo quando é chamada de prostituta? — Arqueei a sobrancelha para dona
Madalena, sabendo que ela não daria o braço a torcer. — Imagine como ela se sentiu ofendida,
quando ela nunca foi uma prostituta, mas sim a minha noiva.
Minha avó me olhou séria e balançou a cabeça em negativa.
— Você não me convenceu com essa história — falou, de forma convicta. — Eu vi o
artigo que publicaram sobre a loira da semana passada, você continua sendo flagrado com essas
prostitutas em momentos nada propícios.
— Não são prostitutas — defendi-me.
— Mulheres que saem com você interessadas em tudo que você pode proporcionar a elas
financeiramente, não são prostitutas?
— Não são, vó, realmente não...
— Estou cansada de ver o nome dos hotéis atrelado as suas sem-vergonhices — ela me
interrompeu. — Então, vamos tentar mais uma vez. Vou procurar uma mulher de classe para que
se aquiete, uma mulher que venha a te amar verdadeiramente. E se você se opor, serei obrigada a
tirá-lo do cargo e colocar alguém que seja da minha confiança.
Suspirei, conhecendo bem toda essa narrativa.
— Não posso concordar com isso, dona Madalena, eu amo aquela mulher. Não consigo me
imaginar vivendo a minha vida com outra. Por ela, eu vou mudar. — Mantive-me firme naquela
mentira, mesmo que Raissa não tivesse concordado ainda, eu sabia que ela faria.
— Quem me garante? Nem sabia que estava noivo daquela... — Ela suspirou, deixando
aquelas palavras no ar.
— Eu prometi a Raissa que mudaria, não tive tempo de contar, porque nos resolvemos
ontem à noite — falei, tentando soar mais convincente.
Minha avó seguiu me estudando com o olhar, e mesmo sabendo que era pouco provável,
esperei que ela acreditasse naquela mentira.
— Tudo bem. — Ela me surpreendeu ao concordar tão rápido. — Eu não irei me opor ao
casamento com aquela mulher.
— Que bom que entende, dona Madalena. — Um sorriso se formou em minha boca.
A facilidade de convencê-la a não me empurrar goela abaixo uma daquelas mulheres
insuportáveis, era uma vitória e tanto.
— Porém, eu preciso ver com os meus próprios olhos o quão apaixonados estão.
E assim o meu sorriso se foi.
— O que exatamente está querendo dizer com isso?
— É isso mesmo que ouviu, eu quero ver vocês, quero sentir o amor de vocês. E caso seja
um de seus truques para me enganar, eu juro a você, Alexander, que vendo essa empresa, doo
parte do dinheiro para caridade, mas não a deixo para você.
— Eu não sou uma criança, acha mesmo que precisa disso? — questionei, sentindo-me
realmente ofendido com aquelas palavras.
Eu não era fácil e sabia muito bem disso. Mas dava duro nas empresas há mais de quinze
anos. Fui eu quem subiu o conceito e fez com que o negócio se expandisse tanto. Por esse
motivo, achava injusto quando ela tentava me chantagear com uma coisa que, de fato, se tornou
o melhor no país após eu começar a gerenciar.
— Se não está mentindo para mim, não tem motivos para temer — disse, firme, tirando-
me dos meus devaneios.
A ideia que dificultaria totalmente os meus planos, pois eu apenas queria desfilar um
pouco com Raissa para tirar algumas pessoas do meu pé, e foder com ela muitas vezes no
processo.
Era isso o que eu queria.
Mas, aparentemente, não seria tão fácil assim.
— Tudo bem, não vejo a hora de me casar com Raissa. O mais rápido possível.
— Tudo dependerá de você, Alexander — minha vó falou, de forma despreocupada. E eu
a conhecia o suficiente para saber que algo estava errado. Ela estava concordando fácil demais.
— Quero que a traga aqui o quanto antes para que possa me apresentá-la formalmente.
Forcei um sorriso para ela, pensando no problema que eu me meteria se minha avó fosse
esperta o suficiente para sacar que sim, eu estava tentando passar a perna nela.
Mas, ainda assim, eu arriscaria. Pois me recusava a deixar que dona Madalena escolhesse
qualquer pessoa para mim. Não estava disposto a atender aqueles seus caprichos, aquele era um
caminho sem volta e eu não iria por ele.
Isso apenas era mais um motivo para que eu me empenhasse para conseguir aquilo que eu
queria. Raissa à minha mercê.
CAPÍTULO 06
— Isabella, remarque a reunião para as 16h, vou precisar de mais tempo para resolver as
coisas — falei no momento em que ela atendeu a ligação.
— Tudo bem, eu aviso a todos. — Sua voz soou preocupada. — Está tudo bem?
Olhei para os lados e atravessei a rua, indo em direção ao carro da minha amiga.
— Está, amiga, eu acabei de almoçar em um restaurante, mas ainda preciso resolver
algumas questões sobre o carro que bati na sexta-feira.
— O cara te ligou? E aí, qual o valor do estrago? — ela perguntou, suspirei e destravei o
alarme do carro.
Abri a porta e entrei um pouco abafada com a situação.
— Te dou os detalhes à noite, que tal? Vou ligar para Beatriz e nos encontramos no meu
apartamento, então solto a bomba de uma vez só — expliquei ao mesmo tempo em que me
ajeitei no banco do motorista.
— Tudo bem, posso aguentar até mais tarde — ela brincou. — Qualquer coisa me liga.
— Obrigada, até mais tarde.
Sem demora, encerrei a ligação e coloquei o celular no console do carro. Suspirei profundo
recapitulando o meu planejamento enquanto dava partida no carro.
Iria até o meu banco para conversar com a minha gerente. A solução mais plausível, até o
momento, seria pegar um empréstimo, que provavelmente eu pagaria a vida toda, porém, era o
certo a se fazer.
Quando estacionei, entrei e fui direto para a sala da minha gerente, agradecendo por ter o
benefício de não precisar pegar filas para resolver qualquer coisa. Já tinha a avisado que viria,
então, Fernanda estava apenas me esperando.
Demorou apenas cinco minutos para que ela me chamasse depois que cheguei, então, sem
perder tempo expliquei a ela que precisava de um empréstimo no valor de R$210 mil reais.
Fernanda se mostrou solícita e de pronto fez uma simulação, à medida que me explicou como
funcionaria as taxas e prazos. Montamos juntas as melhores propostas e ela enviou o formulário
no sistema.
— Prontinho, Raissa, agora é só aguardar — ela falou, e me deu um sorriso simpático.
— Com a sua experiência, quais as chances? — perguntei, sentindo-me ansiosa por uma
resposta.
Fernanda pareceu distante por um instante, antes de voltar a sua atenção para mim.
— Levando em consideração o seu salário, seu score e a forma pontual que lida com suas
contas e financiamento do carro, é quase cem por cento de certeza de que consiga esse
empréstimo. Enviei a solicitação para análise, por ser um valor maior creio que até terça-feira
tenhamos um retorno.
— Ótimo — respondi, um pouco mais tranquila. — Muito obrigada por tudo.
— Eu que agradeço, precisando estamos aqui. — Ela deu um sorriso simpático. Eu o
retribuí e me levantei, pronta para ir embora.
Chequei as horas, à medida que caminhava em direção ao carro. Pretendia passar
rapidamente na oficina para saber se a peça pendente já havia chegado e confirmar a previsão
para a liberação do meu carro, porém, o horário estava apertado demais.
Então, decidi me concentrar em voltar para a empresa. Eu ainda teria uma semana para
resolver todo o caos que estava se formando em minha vida.
Era isso, uma semana era mais que suficiente.

— Por Deus! Eu não vou beber e dirigir nunca mais — falei em meio a um suspiro,
jogando o meu corpo para trás. Estava sentada no chão, com as costas apoiadas no sofá,
enquanto contava às minhas amigas toda a loucura do dia de hoje.
— Está me dizendo que o cara propôs que você se casasse com ele a troco de perdoar essa
dívida? — Beatriz perguntou, ao mesmo tempo em que Isabella apenas me olhava em choque.
— Sim — falei e me inclinei para frente, pegando a latinha de cerveja que estava sobre a
mesinha de centro.
— E o que mais estava incluso nessa proposta? — Beatriz arqueou a sobrancelha. Depois
de tomar um gole da bebida, eu voltei a minha atenção para ela.
— Não chegamos a discutir detalhes. Você me conhece, a não ser que não tenha escolha,
não vou me sujeitar a isso — disse, firme.
— E que escolha você tem, Rai? Mesmo a metade, é muito dinheiro — Isabella
questionou, balancei a cabeça em concordância, tendo ciência de que sim, ainda era uma puta
quantia de dinheiro.
— Eu sei, fiz o pedido de um empréstimo hoje, creio que tenha um retorno até terça-feira.
— Ah, Raissa. — Beatriz arfou e balançou a cabeça em negativa.
— Vai se atolar em dívidas quando poderia simplesmente se casar com o cara? — Isabella
falou, ao mesmo tempo em que franzia as sobrancelhas. — Eu não pensaria duas vezes em ir
pelo caminho mais fácil. Ele é tão feio assim?
— O problema não é esse. — Estremeci ao me lembrar daqueles olhos profundos sobre
mim. — O cara é extremamente gostoso, intenso e persuasivo. A ponto de me fazer sentir como
se estivesse prestes a vender a minha alma.
— A alma você vai vender no momento em que assinar um empréstimo com os juros
exorbitantes pagando duas ou três vezes o valor — Beatriz rebateu.
— É verdade, amiga, pensa bem nisso. É muita grana, talvez o melhor seja realmente pelo
menos ouvir a proposta dele — Isabella falou, o que me fez revirar os olhos.
Beatriz se levantou naquele momento e caminhou em direção à minha mesa na sala de
estar.
— Aonde está indo?
— Checar o conteúdo. — Ela deu uma risada e pegou o meu notebook, que estava ligado
sobre a mesa. O tirou do carregador e o trouxe para perto de nós. — Já que é um CEO, com
certeza deve ter fotos dele no google.
Dei um suspiro frustrado ao ouvi-la. Adiantaria rebater? Com certeza não!
Beatriz se sentou no tapete ao meu lado e empurrou a latinha de cerveja, ao mesmo tempo
em que colocou o notebook sobre a mesinha, enquanto Isabella se juntava a nós.
— Como você disse que era o nome do cara? — Beatriz perguntou, os olhos esperançosos
estavam sobre mim.
— Alexander Korfali — respondi, séria, ao mesmo tempo em que ela já digitava o nome
do cara no Google. Estranhamente, eu senti meu coração palpitar, apenas com a expectativa de
ver algumas fotos dele ali.
Eu estava ficando louca, bem louca.
— Puta que pariu — Beatriz falou, abrindo uma das fotos de Alexander.
E ali estava ele, lindo e gostoso, com o semblante sério e o ar de imponência que faltava
perfurar a minha alma. Aquele olhar, a boca carnuda e totalmente desenhada, vestindo um terno
azul-marinho sob medida.
— Credo... — Isabella disse em meio a um suspiro, chamando nossa atenção para ela. —
Que delícia!
Gargalhamos. Balancei minha cabeça em negativa e voltei a minha atenção para a tela. Eu
tinha que concordar com Isabella.
Credo, que delícia!
— Amiga, só vai. No seu lugar, eu teria oferecido antes que ele chegasse a propor
qualquer acordo. Posso pagar com o meu corpo? — Isabella brincou, à medida que ela e Beatriz
babavam em mais umas fotos de Alexander. — Sério, amiga, se você não quiser, eu quero.
— Isabella! — chamei a atenção dela, fazendo-a dar um sorriso.
— Brincadeirinha — Isabella disse, com uma pequena careta travessa nos lábios. Antes
que eu pudesse respondê-la, o som do meu celular tocando chamou a minha atenção.
Eu o peguei e olhei no visor constatando que era Vinicius novamente. Essa semana ele
estava ligando insistentemente, mas estava decidida a não falar com ele. Ele fazia isso quando
queria dinheiro, coisa que já havia dito que não daria mais.
Além de estar sempre pegando o meu dinheiro, foi o culpado por me colocar em uma
situação como essa. Suas ligações insistentes desviaram a minha atenção.
— O que foi, Rai? — Beatriz perguntou, atraindo a minha atenção para ela.
— Nada de importante — respondi, e deixei o celular de lado.
— Bem, que tal mais algumas bebidas enquanto olhamos um pouco mais esse gostoso? —
Isabella levantou a latinha de cerveja dela, nos mostrando que já estava vazia. Semicerrei os
olhos para ela que fez um pequeno beicinho. — Qual é, hoje é sexta-feira!
— Bebidas com toda certeza. Mas o gostosão aí, está fora de questão! — falei, um sorriso
brincou em meus lábios, ao notar a decepção das safadas quando fechei a tela do meu notebook e
o tirei das mãos delas.
Depois de o colocar em cima da mesa de jantar, fui para a cozinha buscar mais algumas
latinhas de cerveja, apenas torcendo para que o assunto fosse outro no momento em que eu
voltasse para perto delas.
As meninas com toda certeza estavam loucas. Era loucura, eu simplesmente não faria algo
assim, a não ser que não tivesse escolhas. Enquanto eu as tivesse, tentaria fugir.
Porque aquele envolvimento não seria real, além do mais, o pouco que conheci de
Alexander me levava a crer que ao final de tudo aquilo poderia me destruir. Uma mentira, como
isso poderia dar certo?
CAPÍTULO 07
Alexander Korfali
“Bom dia, Raissa.
Tomei a liberdade de montar um contrato listando todos os benefícios de fazermos um
acordo. Eu preciso de alguém para me ajudar com a minha avó e não consigo pensar em alguém
melhor do que você.
E com isso, você não teria que desembolsar o valor de R$210 mil. Ainda posso quitar
todas as dívidas pendentes em seu nome, como o financiamento do seu carro.
Pense bem, é um ganho mútuo. Mas não irei insistir, a decisão é sua.”
Eu deveria estar trabalhando, mas estava há cerca de uma hora olhando para o e-mail que
Alexander mandou hoje pela manhã, só queria entender como o cara conseguiu descobrir que eu
tinha um financiamento em meu nome.
Ainda assim, a curiosidade não me venceu. Estava buscando coragem para abrir o tal
contrato anexo, mas não fui capaz.
Tentação! Era exatamente o que era.
Uma tentação que eu não estava disposta a correr. Tudo que vem fácil, vai fácil.
Era exatamente por isso que nem mesmo me daria ao trabalho de checar aquele bendito
contrato. Não estava disposta a vender a minha alma a ele, pois era isso que parecia toda vez que
me lembrava daqueles olhos azuis e intensos sobre mim.
Cliquei em responder e, em seguida, pensei na melhor forma de dispensá-lo.
Raissa Campos
“Agradeço pela proposta, Alexander, mas não é do meu interesse. Seguirei tentando da
minha forma. Até sexta-feira o dinheiro estará em sua conta, obrigada!”
Suspirei e cliquei em enviar. Estava muito confiante que o empréstimo seria aprovado.
Então, não daria o braço a torcer, nem me veria tentada a tal proposta.
Uma batida à porta chamou a minha atenção. Fechei o e-mail e me ajeitei na cadeira.
— Pode entrar — respondi, observando Amanda abrir a porta.
— Ei, Raissa — ela me cumprimentou.
— Como estamos? — perguntei, notando que a cara dela não era das melhores.
— Estamos com o senhor George na linha. Tentei resolver, mas não tem jeito ele quer
falar com você e parece irritado.
— Poderia ter me passado antes. Transfira a ligação para o meu ramal e eu resolvo —
pedi, Amanda assentiu e saiu da sala.
Desviei a atenção para o telefone, apenas aguardando que me transferissem a ligação.
Estava totalmente ferrada com esse cliente. Ele tinha pressa para deixar tudo alinhado, pois
lançaria um novo produto na próxima semana, nos últimos dias eu estava deixando bastante a
desejar e sabia disso.
Como se já não fosse o bastante a ausência de Alexandre e Gabrielle, que eram peças
muito importantes a cada projeto.
Eu daria conta mesmo sem eles, porém, minha cabeça estava um turbilhão e isso estava
fazendo com que meu rendimento não fosse tão bom. O que geralmente não acontecia.
Além do retorno constante, eu precisava entregar tudo ao cliente no prazo. Então, estava
decidida que nem que eu fizesse hora extra, era exatamente o que faria.
Atendi a ligação e acalmei o cliente, prometendo que no máximo no dia seguinte
entregaria a ele tudo como prometido e daríamos andamento ao projeto.
Felizmente, consegui o acalmar, só depois de um longo bate-papo encerrei a ligação.
Estava pronta para começar a agilizar as coisas quando uma mensagem da minha gerente
chamou a minha atenção.
Fernanda: Ei, Raissa, tentei te ligar sem sucesso. Já temos um retorno, você pode vir à
agência hoje?
Chequei as horas e pensei um pouco antes de respondê-la. Estava realmente atolada no
trabalho, mas isso era algo que precisava checar.
Eu: Claro, estarei aí em meu horário de almoço. Por volta de 12h30, tudo bem?
Arqueei a sobrancelha quando a resposta veio de imediato.
Fernanda: Ótimo, estarei a sua espera.
Apenas balancei a cabeça em positivo para o celular e o deixei de lado. Tentando voltar a
minha atenção para o que realmente precisava no momento, o meu trabalho.
Foram as duas horas mais longas que tive em muito tempo. Apesar de confiante, estava
ansiosa para descobrir se aquele empréstimo realmente havia sido aprovado como previsto.
Era quase meio-dia quando resolvi adiantar as coisas. Avisei a Isabella que não almoçaria
com ela hoje de novo. Solícita, ela ofereceu o carro dela mais uma vez, mas recusei, afinal, tinha
pegado ontem o meu na oficina.
Fui diretamente para o banco com a intenção de almoçar, depois que saísse de lá. Como
sempre, ao me ver o segurança me deixou entrar e, então, fui diretamente para a ala onde a minha
gerente atendia.
Parei em frente à sala dela, dei duas batidas à porta ciente de que ela estava apenas me
esperando. Não demorou para que ela me dissesse para entrar.
Fernanda deu um pequeno sorriso ao me ver. Retribuí o sorriso e entrei na sala, sentando-
me na cadeira à frente, enquanto ela desviava a atenção para o computador à frente.
— Boa tarde, Raissa, tudo bem? — ela perguntou, voltando a atenção para mim quando
me acomodei na cadeira.
— Eu saberei no momento em que me confirmar a aprovação do empréstimo. — Dei um
pequeno sorriso para descontrair, o que fez ela ficar séria de repente.
Merda! Aquilo imediatamente fez com que o meu sorriso se dissipasse também.
— Eu gostaria de pedir desculpas, eu realmente pensei que estava praticamente aprovado.
— Não foi? — perguntei, sentindo meu coração vacilar. — O empréstimo foi recusado?
— Sim, infelizmente — ela respondeu e apertou os lábios.
— Céus! — Suspirei, sem saber como seguiria. — Você estava tão certa de que seria
aprovado.
A verdade era que eu havia ficado tão confiante que daria certo, que a notícia negativa me
tirou do eixo.
— Pela minha experiência sim, não faço ideia do motivo que foi recusado, até tentei fazer
uma nova simulação, mas aparentemente está bloqueado no sistema. Só poderemos fazer uma
segunda tentativa no prazo de três meses.
— Puta que pariu. — Deixei aquelas palavras escaparem, então olhei para a minha
gerente, ela estava visivelmente sem graça. — Me desculpe pelas palavras, só estou surpresa.
— Eu também estou — comentou, assenti.
— Não tem muito o que fazer então, né? — perguntei, a voz contida.
— Por agora, infelizmente, não.
— Tudo bem, eu tentarei outras alternativas. — Levantei-me da cadeira e forcei um
sorriso. — Muito obrigada por enquanto.
— Por nada, Raissa, qualquer novidade eu entro em contato.
— Certo, até mais — despedi-me, ela deu um aceno com a cabeça.
Saí da sala da minha gerente totalmente sem rumo.
Meu coração estava a mil, sentia como se um balde de água fria tivesse acabado de ser
jogado sobre mim. Estava tão convencida de que daria certo, que a situação nesse momento
parecia irreal.
Ainda assimilando aquela informação, caminhei em direção ao meu carro e dirigi
lentamente pelas ruas. Procurei um restaurante calmo para almoçar enquanto pensava em tudo.
Eu me vi cogitando várias possibilidades durante o almoço, mas nenhuma parecia certa.
Assim que terminei de almoçar, fui para a empresa. Esse assunto já estava atrapalhando
muito o meu rendimento, então no momento em que coloquei os meus pés lá, decidi que
concentraria a minha atenção no que havia prometido ao George.
Precisava finalizar todos os detalhes e entregar tudo até amanhã.
E assim eu fiz, quando aquele assunto vinha em minha mente, o mandava para longe.
Segui durante toda a tarde com a minha equipe ficando apenas alguns dados e detalhes para
ajustar.
Dispensei a todos e acabei ficando até mais tarde na empresa, decidida a terminar tudo
antes de ir para casa.
Estava dando graças a Deus por conseguir cumprir com excelência o meu objetivo. Tudo
estava nos conformes, apenas precisava checar mais uma vez o e-mail do cliente para conferir se
não havia deixado passar nada no meio de tantas exigências.
Estava prestes a buscar pelo e-mail da equipe de George quando um novo e-mail chamou a
minha atenção. Novamente, eu vi meu coração disparar apenas de ler aquele nome em minha
caixa de entrada.
Alexander Korfali.
E antes de verificar o que precisava, acabei entrando no e-mail de Alexander para checar a
sua resposta.
Alexander Korfali:
“Ótimo, Raissa, aguardarei o seu retorno até sexta-feira.”
Era um e-mail simples e objetivo. Ele aceitou muito bem a minha decisão, mas aquilo só
fez a minha ansiedade aumentar. Como eu faria? Eu teria até sexta-feira para tentar um
empréstimo em outro banco, ou, no fim, acabaria cedendo aos caprichos daquele homem.
Em um momento de insanidade, busquei por seu e-mail anterior e meus olhos foram para o
arquivo anexo que ele tinha me mandado pela manhã. Onde possivelmente tinha os termos do
contrato que ele desejaria comigo para quitar aquela dívida.
Suspirei e balancei a cabeça em negativa, no minuto seguinte, fechei o e-mail. Nunca
gostei de nada que viesse tão fácil para mim.
Aquilo era tentador, mas, ao mesmo tempo, assustador.
CAPÍTULO 08
— Bom trabalho, pessoal, agora que George aprovou todos os métodos sugeridos, é hora
de mandarmos ver. Como sempre, vamos fazer isso dar certo — falei, encerrando a reunião com
minha equipe, após ter um retorno muito positivo com o cliente. — Vocês são foda, sei que vão
arrasar mais uma vez.
— É isso, Rai. Esse será mais um projeto finalizado com excelência, eu tenho certeza —
Isabella completou, sorri e pisquei para ela.
Ela retribuiu o sorriso e se levantou, começando a juntar as anotações que havia feito ao
longo da reunião. Desviei a minha atenção para o restante da equipe, que fazia o mesmo.
— Você arrasa — Luiz Felipe falou, à medida que passava por mim.
— Nós arrasamos — respondi, observando-o deixar a sala.
Minha atenção estava em cada um que passava por mim, cumprimentando-me com um
sorriso no rosto. Se tinha algo que eu gostava muito era quando as coisas voltavam aos eixos,
como nesse momento.
Amava a sensação de dever cumprido. Entregar um resultado mais do que satisfatório ao
cliente era sempre a minha missão. Para mim, apenas entregar o que o cliente esperava, não era o
suficiente. Eu queria mais, gostava de surpreender. E sentia que, mais uma vez, seria assim.
Apesar de os atrasos iniciais, nós finalizamos com excelência e com os resultados acima da
média.
Assim que quase todos tinham se retirado da sala de reuniões, eu me virei para sair
também, assustei-me ao notar um dos sócios da empresa apoiado no batente da porta.
— Ei, Ricardo, o que está fazendo aqui? — perguntei, surpresa. — Digo, você não tem
aparecido por aqui na parte da manhã.
— Precisava conversar com você, com certa urgência — disse, sério.
— Claro, tenho ótimas notícias, devemos começar por isso? — perguntei, a fim de
descontrair, porém, o semblante de Ricardo continuou sério, o que me deixou sem graça.
Eu era uma pessoa alegre e comunicativa. Estava brincando sempre que possível, porém,
às vezes me esquecia de que diferente de Alexandre que era um chefe debochado e brincalhão,
Ricardo adotava uma postura mais séria.
Ainda assim, ele parecia mais sério do que o normal, o que me deixou em alerta sobre algo
estar errado.
— O que aconteceu? — perguntei de forma direta. Ele desviou a atenção para as duas
meninas da equipe, que continuavam na sala.
— Vamos conversar na sala do Alexandre, pode ser?
— Claro, vamos lá! — respondi e o observei dar as costas para mim e ir em direção à
saída. Fui logo atrás dele, acompanhando-o até chegarmos à sala.
Ricardo abriu a porta e me deu espaço para entrar. Ele fechou a porta atrás de nós e eu
caminhei em direção à mesa, em seguida me acomodei em uma das cadeiras.
Esperei que Ricardo fizesse o mesmo, sentando-se na cadeira de frente para mim. Ele me
mediu com o olhar e o semblante ainda mais sério fez meu coração saltar dentro do peito.
— Como estão as coisas? — perguntou, os olhos fixos em mim.
— Apesar da minha vida pessoal estar meio bagunçada, vai tudo bem. — Dei um sorriso e,
mais uma vez, ele não me acompanhou. — Mas imagino que não seja esse o motivo de me
chamar aqui, que tal ir direto ao ponto? O que precisa falar comigo de tão urgente?
— Sinceramente, Raissa, hoje eu vim até aqui para fazer uma das coisas mais difíceis que,
provavelmente, farei em minha vida — ele respondeu, firme.
— E o que seria isso, senhor? — perguntei e o medi com o olhar. Ricardo suspirou e se
recostou na cadeira.
— Demitir alguém que está conosco há tanto tempo, acho que foi nesse momento. — Seu
tom era como se aquilo realmente fosse doloroso.
À medida que assimilava suas palavras e toda seriedade envolta, senti meu coração
disparar e um nó se formou em minha garganta.
Céus! Ele estava se referindo a mim.
— O quê? — perguntei, a voz contida, incapaz de acreditar naquilo que acabei de ouvir.
— Por quê?
— Eu preciso que deixe o seu cargo ainda hoje — falou, ignorando o meu questionamento.
— Mas fique tranquila, receberá o aviso prévio e todos os seus direitos.
— Que tipo de brincadeira é essa? — perguntei, tentando identificar algum vestígio de que
isso seria uma brincadeira de muito mau gosto da parte dele.
Mas não, Ricardo continuou sério, de forma que nunca o vi antes. Isso confirmava a mim
que, de fato, ele não estaria brincando.
Engoli em seco naquele momento. Tentei pensar nos motivos para isso, minha única falha
fora no projeto atual, sempre fiz tudo tão bem, então me recusava a acreditar que o problema
havia sido esse.
— Sei que me atrasei um pouco com o projeto do George, mas isso nunca aconteceu antes.
Tem algo a ver com isso? — forcei-me a perguntar.
— Como eu posso confiar a minha empresa a alguém que, no momento em que mais
precisei, me causou problemas? George conversou comigo, até mesmo ligou para Alexandre, que
você sabe que não deveria ser incomodado nesse momento, simplesmente porque você não
estava cumprindo os prazos. — Ele suspirou. — Me desculpe, mas preciso de alguém que saiba
lidar com tudo na minha ausência, ou na de Alexandre.
Lágrimas se formaram em meus olhos, e eu segurei para não as deixar cair ao ouvi-lo.
— Eu admito que falhei, mas é algo que pode ser revertido, você me conhece e...
— A decisão já foi tomada — interrompeu-me, firme.
— Alexandre está ciente? — perguntei, a voz embargada.
— Eu me viro com ele, no momento estou pensando no que é melhor para a empresa. E,
infelizmente, Raissa, será impossível mantê-la.
— Gabrielle vai assumir o cargo? — perguntei, aceitando que aquela decisão era
irreversível.
— Não, peguei uma indicação de uma pessoa que seria mais adequada, contém uma
bagagem maior na área do marketing. Como eu disse, quero alguém que lide com tudo na minha
ausência, ou de Alexandre, e se ele estiver ausente, certamente Gabrielle também estará.
— Faz sentido. — Minha boca se curvou em um sorriso que não chegou aos olhos. —
Nesse caso, acho que não tenho o que fazer, a não ser aceitar.
Um silêncio pairou no ambiente, enquanto processava aquilo, confirmando a mim que era
realmente isso que estava acontecendo.
— Gosto muito de você, Raissa, e sou grato por tudo o que já fez por essa empresa. Espero
que não guarde ressentimentos.
— Eu entendo — respondi, a voz contida. — Mas e o projeto atual?
— Cuidarei pessoalmente de tudo, pelo menos até Alexandre e minha filha voltarem, e a
pessoa que assumirá a vaga já está estudando todo o projeto que fizeram.
Assenti ao ouvi-lo e me levantei da cadeira. Estava mesmo sendo substituída. E o mais
engraçado nisso tudo era que antes de me comunicarem, outra pessoa já estava revisando tudo.
Perfeito!
— Algo mais a me falar? — perguntei, tentando controlar os sentimentos.
— Olha, eu juro que isso é a última coisa que gostaria de fazer. Você é uma das melhores
gerentes de marketing que já conheci. Mas essa mudança realmente será necessária para o futuro
da empresa, para que eu consiga ficar ausente sem me preocupar se vou sobrecarregar Alexandre
ou minha filha.
— Tudo bem. Essas coisas acontecem. — Forcei um sorriso para ele. — Eu vou direto ao
RH e adiantarei ao máximo as coisas para liberar o mais rápido possível. Creio que até o horário
do almoço eu já tenha resolvido tudo.
Segurei.
Segurei muito as lágrimas enquanto resolvia toda a burocracia para dar entrada ao
desligamento do meu cargo. Algo que batalhei por anos.
Não foi fácil, anos de estudo, horas extras para mostrar o meu potencial. A faculdade, a
pós-graduação. Tudo em aperfeiçoamento para permanecer naquela empresa que sempre foi o
meu sonho trabalhar.
Foram sete anos de muito esforço naquele lugar para ser dispensada na primeira
oportunidade que tiveram de me substituir. E mais, no pior momento de minha vida.
Tudo isso foi caindo sobre mim, enquanto caminhava em direção ao meu apartamento. E
no momento em que fechei as portas atrás de mim, permiti que aquele sentimento angustiante
finalmente pudesse sair.
Encostei-me na porta e levei as mãos em meu peito, enquanto deixava meu corpo cair,
sentando-me no chão.
Meu peito doía tanto, a ponto de me fazer apertar ainda mais as minhas mãos sobre ele,
enquanto colocava todo aquele sentimento para fora.
Eu sabia que todos nós estávamos sujeitos a isso e que a empresa poderia fazer o que achar
melhor para ela. Mas eu sempre me doei tanto, sempre fiz tudo tão perfeito. E nesse momento, a
minha vida parecia virada de cabeça para baixo.
Um irmão que só sabia se meter em confusão e sugar tudo o que podia de mim, uma dívida
de 210 mil, o empréstimo que, segundo a minha gerente, estava garantido e fora negado, por
último o meu emprego.
O que diabos estava acontecendo comigo? Com a minha vida?
Então, eu estava chorando por tudo, permitindo-me chorar pela bagunça que minha vida
estava se tornando. E não fazia ideia por quanto tempo permaneci sentada no chão, permitindo-
me ser fraca pelo menos uma vez. Permitindo-me chorar, como não fazia há muito, muito tempo.
E quando senti que estava pelo menos um pouco mais calma, eu me levantei e fui para o
banheiro. Tirei as minhas roupas e fui para o chuveiro.
Deixei a água cair sobre mim por um longo tempo, enquanto pensava em como eu deveria
seguir. Ficar quieta chorando não fazia o meu estilo, precisava decidir se faria ou não o que
estava tentando evitar todo esse tempo.
Saí do banheiro decidida, a fazer aquilo que poderia ser a maior loucura da minha vida. A
fazer aquilo que poderia me destruir, mas que, no momento, era a minha melhor opção.
Melhor não. Aquela era a minha única opção.
Travei no momento em que peguei aquele cartão de visitas. Fiquei encarando-o por um
bom tempo, enquanto pensava em tudo.
Mesmo que eu conseguisse outro emprego, seria difícil. Ou era isso, ou perderia também o
meu apartamento e o meu carro. Voltando exatamente à estaca zero. Do que valeria todos os
meus esforços até o momento?
Foi o pensamento que me motivou a, finalmente, discar o número de Alexander e apenas
esperar que ele atendesse.
— Raissa. — A voz autoritária de Alexander pairou do outro lado da linha após o segundo
toque. Por um momento, quase me esqueci do motivo que me fez ligar para ele.
Foco! Eu precisava manter o foco e, com certeza, o foco não era a voz gostosa daquele
homem falando meu nome daquela forma.
— Eu recebi a sua proposta — comentei, a voz ainda abalada enquanto procurava uma
forma de confirmar se aquela proposta ainda estaria de pé.
— Eu sei, você respondeu que não era do seu interesse — Alexander falou, sério, embora
ele não pudesse me ver, ele havia conseguido me deixar corada com tão pouco.
— Ah... — Suspirei, sem saber ao certo como falar. Eu não sei se deveria ter ligado
quando meu emocional estava tão abalado, pois as palavras que saíram em seguida, não foram as
planejadas. — Você precisa mesmo fazer isso?
— Isso o quê?
— Me fazer pagar esse valor, quando você nem precisa dele.
— Raissa — Alexander chamou o meu nome, de forma autoritária. — Você acha que eu
teria o dinheiro que tenho hoje, se me dispusesse a pagar sempre pelos erros dos outros?
— Mas o erro não foi só meu... — Deixei aquelas palavras no ar, na tentativa de rebater,
mesmo sabendo que independentemente disso, eu estava errada e não tinha discussão quanto a
esse fato.
— Você sabe que as coisas não funcionam assim, além disso, eu concordei em arcar com
metade do prejuízo. Acha certo que eu pague por tudo, quando você sabe que estava errada
também? — ele perguntou, e quando não obteve resposta continuou. — E não estamos nem
falando do fato que você estava sob o efeito de álcool.
Balancei a cabeça em concordância, tendo ciência de que ele estava certo. E a verdade era
que eu me conhecia o suficiente para saber que se ele tivesse feito de outra forma, eu não
conseguiria dormir com tranquilidade à noite. Porque também tive a minha parcela de culpa e
detestava me sentir em dívida, então sim, ele estava certo.
Minha voz sumiu no momento em que pensei em dizê-lo o motivo de minha ligação.
Aceitar aquela proposta, era algo difícil, realmente muito difícil. A sensação de não ter outra
saída, a lembrança dele dizendo que sempre tinha aquilo o que queria, tudo tornava as coisas
ainda mais difíceis para mim.
Deixava-me intimidada saber que no final, mesmo sem fazer nada ele conseguiu
exatamente aquilo que queria.
Mas diante da situação que eu me encontrava, não tinha escolha. Estava prestes a vender a
minha alma ao diabo. Ou não, mas só o tempo poderia dizer isso.
— Raissa? — Alexander chamou ao não obter uma resposta. Suspirei e mordi o meu lábio
inferior.
Cheguei à conclusão de que não estava em meu juízo perfeito pela sensação que me
invadiu, ao me ver tendo que falar aquelas palavras a Alexander, pois sentia que parte de mim
ansiava por aceitar essa proposta desde o momento em que a ouvi, mas a mantivera escondida,
pois sabia que não seria nada saudável estar ligada a um homem como esse.
Mas, aqui estava eu, fazendo exatamente aquilo que tentei evitar a todo custo.
— Eu vou aceitar a sua proposta — falei, de repente. Meu coração naquele momento
faltava sair pela boca, enquanto o silêncio se instaurava do outro lado da linha.
— Ótimo — Alexander finalmente respondeu, sem dar qualquer sinal de como aquela
informação havia o atingido. — Isso será algo benéfico para nós dois.
Fui incapaz de respondê-lo. Tinha minhas dúvidas quanto a isso, contudo, no meio daquela
batalha que eu travava sobre querer ou não aquilo, não conseguia pensar em outra saída.
Alexander não disse nem uma palavra a mais, o que me fez tomar a iniciativa de continuar
aquela conversa alguns instantes depois.
— Qual é o próximo passo?
— Você chegou a ler todo o contrato? — ele perguntou, ignorando em partes a minha
pergunta.
— Não, para falar a verdade eu nem mesmo o abri — fui sincera, fazendo com que
novamente o silêncio pairasse sobre nós. E eu me arrependi de deixá-lo ter aquela informação.
— Está aceitando sem saber o que de fato eu propus? — Alexander perguntou, fazendo-
me arrepiar com a diversão em sua voz. — Significa que está disposta a aceitar qualquer termo
que eu tenha colocado, Raissa? Isso é realmente algo perigoso.
— Não é bem assim. As coisas serão nos meus termos — respondi, tentando contornar a
impressão de que havia passado há pouco.
— Bem, não é o que parece.
— Apenas prefiro discutir tudo pessoalmente. Não ache que por eu ainda não ter lido,
signifique que aceitarei qualquer coisa — respondi, séria, deixando-o sem palavras mais uma
vez. E naquele momento, eu soube que ele havia perdido aquela confiança que se fazia presente
há pouco.
— Então vamos fazer isso o mais rápido possível — Alexander disse, autoritário. — Pode
me encontrar na empresa em duas horas?
Meu coração acelerou com a ideia de vê-lo, mas não respondi de imediato. Sabia que
precisaria de um pouco mais do que isso para me organizar.
— Te encontro lá em quatro horas — sugeri.
Um silêncio se formou do outro lado da linha. Resolvi aguardar o seu retorno sem
demonstrar que não estava tão segura daquilo.
Claro, eu precisava mostrá-lo desde já que as coisas não seriam apenas nos termos dele. E
pretendia também dar uma lida naquele contrato antes de nos encontrarmos. Eu precisava disso.
— Tendo em mente que isso será por volta de 19h, o que acha de discutirmos isso durante
o jantar?
Ao ouvi-lo eu pensei em negar, mas me segurei no momento em que pesei o que seria pior.
Encontrá-lo por volta de 19h na empresa, me parecia muito mais arriscado do que em algum
restaurante.
— Isso parece bom.
— Perfeito, providenciarei duas vias do contrato para que possamos discutir os termos
em um local reservado.
— Tudo bem, e onde devo encontrá-lo?
— Te esperarei na entrada do seu prédio às 19h em ponto, esteja pronta — ele falou,
autoritário. E sem me dar tempo de responder, apenas encerrou a ligação.
Minha mente vagou primeiramente para o fato de que o homem disse que estaria aqui às
19h. Como ele sabia onde eu morava?
Quanto mais eu pensava, pior era.
Alexander era um homem determinado e parecia estar decidido a ter aquilo o que queria.
Seria eu capaz de cortar todas as suas investidas? Ou eu iria desejar que ele as fizesse o mais
rápido possível?
Jesus! O que de fato eu estava fazendo com a minha vida?
CAPÍTULO 09
Olhei-me no espelho uma última vez para checar o visual.
Optei por um vestido pouco acima do joelho de gola sweetheart na cor azul-marinho, que
se adequava muito bem em meu corpo. Deixei os cabelos soltos, fazendo cachos na ponta como
sempre e fiz uma maquiagem leve, finalizando com um batom cor nude.
Eu queria estar bonita, mas não a ponto de ele pensar que havia me arrumado demais para
ele. O cretino, certamente pensaria isso se eu exagerasse.
Satisfeita com o resultado, chequei as horas, constatando que eram 19h05, peguei a minha
bolsa e chaves, em seguida fui em direção à frente do prédio, a fim de esperar Alexander.
Deparei-me com uma Mercedes Maybach S600 Pullman Guard assim que saí. E pelo
modelo deduzi que fosse Alexander, pois não era nada convencional. Confirmando a minha
suspeita, a porta traseira se abriu, revelando o homem que eu estava para encontrar.
Alexander saiu do carro e caminhou em minha direção. Ele usava um terno slim que
acentuava em seu corpo. Como sempre os cabelos muito bem alinhados, um cheiro
extremamente audacioso o acompanhava, mostrando que ele não estava vindo direto do trabalho.
O pensamento de ele ter passado em casa para tomar banho fez borboletas invadirem o
meu estômago. E, porra, isso definitivamente não estava certo.
— Boa noite, Raissa — Alexander disse e estendeu a mão em minha direção.
Peguei a mão dele em um aperto firme, imaginando que esse seria o nosso maior contato
naquele momento. Mas para a minha surpresa, Alexander me puxou ao seu encontro, ao mesmo
tempo em que se inclinou em minha direção.
Alexander deixou um beijo suave em meu rosto, mais precisamente a poucos centímetros
de meus lábios, fazendo-me estremecer com aquela proximidade.
— Alexander — disse, em um fio de voz.
Lentamente, ele se afastou, e eu pude sentir seu hálito quente próximo ao meu ouvido.
— Você está linda — sussurrou, em seguida os olhos vieram ao encontro dos meus.
— Obrigada — respondi, tentando não demonstrar o quão afetada me sentia naquele
momento. Desvinculei-me de seu contato e me afastei para encará-lo. — Nós podemos ir?
Alexander me mediu com o olhar, como se buscasse qualquer sinal de que havia me
afetado, o que trabalhei muito para não demonstrar.
— Claro — ele concordou e me deu espaço para passar.
Passei por ele e sem demora, entrei no carro.
Peguei-me admirando o interior do mesmo, era confortável e espaçoso. O que me causou
um frio na barriga foi perceber que a divisória entre nós e o motorista estava fechada. Naquele
instante, tentei me convencer de que precisaríamos de privacidade para discutir qualquer coisa
sobre o contrato.
Alexander se sentou no banco à minha frente e fechou a porta. Em seguida, apertou um
botão e ordenou que o motorista desse partida.
Meus pensamentos mais uma vez me atormentaram sobre o fato de Alexander saber
exatamente onde eu morava. Porém, isso me parecia muito óbvio nesse momento. O homem
tinha acesso aos meus dados, sabia até mesmo quais eram as dívidas que eu tinha em meu nome.
Em contrapartida, eu não sabia nada sobre ele. E saber que aquele homem sabia
exatamente tudo sobre mim, causava-me arrepios.
— Pensei que não me ligaria antes de sexta-feira — Alexander falou, suavemente, tirando-
me dos meus pensamentos.
— Acredite, eu também — disse, e forcei um sorriso.
— O que aconteceu para mudar de ideia?
— Nada que valha a pena falar — respondi, firme, a fim de cortar o assunto. — O que
importa é que estou aqui agora, esperando para ouvir o que você tem a propor.
— Por que ir direto ao ponto de forma tão rápida, quando podemos conversar um pouco
antes? — perguntou, estudando-me com o olhar.
— Porque é o motivo de estarmos aqui, falar sobre o contrato e acertar os detalhes de tudo,
não é?
— Não tem que ser assim, eu não quero que seja — ele disse, firme. — Se vamos fazer
isso, precisamos ao menos ficar mais confortáveis na presença um do outro, afinal, como as
pessoas acreditarão que estamos em um relacionamento se tivermos um tratamento tão formal
um com o outro?
Ponderei sobre suas palavras, compreendendo, e assenti.
Alexander queria que o clima fosse mais leve e, nesse ponto, eu teria que concordar. Seria
mais fácil dessa forma, tanto para discutir qualquer acordo, quanto para fazermos isso dar certo.

Foi então que decidi baixar um pouco a guarda e ver como aquele jantar seguiria.
— Tudo bem, você está certo — respondi, por fim.
— Ótimo. Conversaremos sobre os termos do contrato após o jantar, antes disso, você será
apenas a minha acompanhante.
— Me dê um motivo para concordar com isso — pedi, fazendo com que ele me fitasse
com o olhar. Arqueei as sobrancelhas. — Afinal, nós não temos nenhum acordo ainda.
Apesar de achar a ideia interessante, eu não facilitaria, claro!
— Quero que veja que não sou um cara tão ruim quanto você parece julgar que seja,
apenas tenho sido objetivo — disse, fazendo-me ponderar por um instante. — E bem, isso seria
um teste para saber como nos sairíamos juntos.
Não sabia se poderia realmente confiar, na verdade, sentia dentro de mim que não. Mas, ao
mesmo tempo, estranhamente eu queria, então decidi que deveria ao menos observar.
— Tudo bem, eu lhe darei essa chance — respondi, séria, fazendo com que um sorriso de
lado se formasse nos lábios dele.
Desviei o meu olhar para a janela, a fim de quebrar um pouco aquela tensão que estava se
formando entre nós. Eu precisava disso, precisava de uma distância para me sentir segura.

Assim que o motorista estacionou e nos avisou que havíamos chegado ao destino,
Alexander saiu do carro e esperou que eu saísse em seguida. Então, sem permissão, ele levou a
mão em minhas costas, fazendo com que um arrepio percorresse todo o meu corpo.
Percebi que estávamos no principal hotel Korfali do Rio de Janeiro. Claro, o restaurante
daqui era um dos melhores da cidade.
Tentei me manter ao máximo impassível, enquanto ele me guiava em direção à entrada do
hotel. Eu não disse nada enquanto ele me guiou em direção ao elevador, atraindo alguns olhares
curiosos sobre nós.
Uma mistura de excitação e pânico se fez presente no momento, pois ao invés de
selecionar o segundo andar, listado como o restaurante, Alexander selecionou a cobertura.
— Pensei que estávamos indo para o restaurante do hotel — comentei e o medi com o
olhar. Alexander me lançou um olhar divertido, à medida que sua mão se tornava ainda mais
firme em minhas costas.
— Eu disse que a levaria a um lugar onde pudéssemos discutir com privacidade.
— Mas também disse que eu seria a sua acompanhante, o que me fez pensar que estava
falando sobre as pessoas nos verem juntos.
— No sentido de que seríamos apenas duas pessoas jantando e se conhecendo melhor —
explicou. — Não quero ter interrupções, o jantar em público deixaremos para outro dia.
— Espero que não esteja confundindo as coisas aqui, Alexander.
— Vamos jantar e nos conhecer um pouco, em seguida discutir sobre os termos do
contrato. Como eu poderia confundir isso? — Arqueei a sobrancelha para o safado, que não me
convenceu nadinha com aquelas palavras. — Não se preocupe, não farei nada que não queira.
Prendi os lábios e fiz uma careta. Era novidade lidar com tanta ousadia vindo de um
homem tão autoritário como Alexander, isso acabava me fazendo perder o rumo, mais do que
gostaria. E eu odiava o fato de, às vezes, não conseguir disfarçar, como nesse momento, quando
ele estava com aquele olhar divertido e intenso sobre mim.
Felizmente o elevador se abriu, desviei a minha atenção para frente e fui em direção à
saída. Alexander não estava disposto a me deixar escapar de seus braços, então logo me
acompanhou, guiando-me para uma porta enorme a qual julguei ser da cobertura.
Ele tirou um cartão de acesso do bolso e abriu o quarto. Entrei sem dizer uma palavra e
passei meus olhos pelo ambiente. Uma suíte enorme, uma cama luxuosa e lençóis que
aparentavam ser tão macios, que fez com que meus pensamentos me traíssem, ao pensar em
como seria terminar a noite naquela cama com o sem-vergonha à minha frente.
Isso era jogo baixo, era a porra de um jogo muito baixo.
Estava prestes a protestar quando vi dois funcionários na porta onde deduzi ser a sacada.
Minha surpresa devia ter ficado evidente, pois ele deu um meio-sorriso antes de me guiar em
direção aos rapazes.
— Boa noite, senhores — um dos rapazes nos cumprimentou com um sorriso, enquanto o
outro apenas nos lançou um sorriso. Então eles deram espaço para que passássemos.
— Boa noite. Tudo conforme pedi? — Alexander perguntou ao rapaz que nos
acompanhava.
— Sim, senhor. Preparamos a mesa ao ar livre e deixamos o cardápio sobre a mesa,
estaremos a postos esperando que façam o pedido e, em seguida, deixaremos vocês à vontade. —
Enquanto o rapaz falava com Alexander, meus olhos foram para a mesa ao lado de fora da
sacada, organizada de forma deslumbrante.
A mesa se encontrava posta e no lugar ideal para que pudéssemos jantar de frente para
uma vista privilegiada da cidade.
Paramos de frente para a mesa. Alexander puxou a cadeira e esperou que eu me sentasse,
em seguida ele deu a volta e se sentou na cadeira à minha frente. Seus olhos pairaram sobre mim
de forma intensa. Inconscientemente, mordi meu lábio inferior, apenas com aquela mesma
sensação de familiaridade caindo sobre mim mais uma vez.
Eu devia estar ficando louca, pois não havia chances de conhecê-lo de qualquer outro
lugar. Então que sentimento era esse que me invadia a cada vez que olhava dentro desses olhos
azuis e profundos?
CAPÍTULO 10
Se eu estava na chuva, era para me molhar, não é?
Foi o que coloquei na cabeça no momento em que decidi que daria a Alexander a chance
de me mostrar que ele não era como eu estava pensando. Então sim, estava disposta a jantar com
ele sem estar na defensiva e apenas conhecê-lo um pouco melhor.
— Você parece bem familiarizada com cada prato — Alexander comentou, atraindo a
minha atenção para ele no momento em que os dois garçons nos deixaram a sós. — Não
imaginei que tinha costume com lugares assim.
Sorri e o medi com o olhar, satisfeita. Se tinha algo que meu trabalho e salário alto me
proporcionou foi ter a possibilidade de frequentar lugares assim. Eu gostava de pratos
sofisticados, portanto, estava por dentro do que era realmente bom. E ver a cara de Alexander ao
me ver pedir tão decidida o que eu queria e sem aceitar qualquer sugestão, foi algo realmente
gostoso.
— Estou impressionada por não ter conseguido essa informação, afinal, você parece ter
feito bem o dever de casa — falei, sugestiva.
— Há coisas que só conseguirei descobrir com o tempo.
— E você quer... — Fiz uma pausa, notando algo mudar em seu olhar. — Descobrir?
A minha pergunta visivelmente o pegou de surpresa, ele piscou algumas vezes antes de
voltar àquela mesma postura de sempre.
— Se quisermos enganar a minha avó, é necessário — respondeu e me mediu com o olhar.
— Afinal, que homem apaixonado não conheceria a sua mulher?
Sua mulher.
Balancei a cabeça em negativa, tentando me concentrar no que era realmente importante.
Obviamente, não eram aquelas palavras.
— Então, teremos que enganar ela — falei, à medida que assimilava aquela informação.
— Sim, principalmente ela — ele enfatizou, eu assenti, lembrando-me de que ele havia
comentado isso em nossa primeira conversa, ele queria sair do radar da velha.
— Com licença, senhores — um dos garçons nos interrompeu, trazendo com ele uma
garrafa de vinho.
Alexander deu um aceno com a cabeça e seguimos apenas observando, enquanto ele servia
nossas taças. Sorri em agradecimento para o garçom e desviei a atenção para a vista da cidade,
deixando meus pensamentos irem longe.
Não havia como voltar atrás depois desse momento, eu poderia realmente lidar com tudo?
— Conte-me mais sobre você. — A voz de Alexander me trouxe de volta à realidade. Foi
quando percebi que o garçom havia nos deixado a sós.
— Que tal você contar um pouco sobre você? — Forcei o sorriso, sem saber ao certo o que
ele queria saber. — Aposto que você sabe muito mais sobre mim, do que o contrário.
— O principal fator, é eu estar envolvido a ponto de saber tudo sobre você. — Ele arqueou
a sobrancelha e eu mordi o lábio, ao perceber que estava sendo flagrada em minha curiosidade de
saber mais sobre ele.
— Hum... — gemi, tentando pensar em uma forma de rebatê-lo.
— Se realmente quer que eu não faça nada, Raissa, não deveria morder o lábio dessa
forma, muito menos dar um pequeno gemido em seguida. — A voz séria e rouca ressoou,
fazendo-me parar imediatamente. — É perturbador.
— Não foi de propósito — falei e ajeitei a minha postura na cadeira, sentindo seu olhar
intenso sobre mim. — O que quer saber? — perguntei em seguida, na tentativa de mudar o rumo
daquela conversa.
— Você está saindo com alguém? — ele perguntou, minha boca se curvou em um sorriso.
Peguei a taça de vinho e tomei um pouco, prolongando um pouco a resposta que ele queria.
— Está preocupado com isso agora? — Foi impossível não o provocar, já que ele estava
tão seguro de si. — E se eu estiver?
— Você não está — respondeu, firme.
— E o que te faz pensar isso? — perguntei, curiosa. Então foi a vez dele de levar a taça de
vinho à boca.
— Que homem em sã consciência deixaria você andar por aí sem um anel no dedo? Ou a
deixaria jantar livremente com um homem como eu?
— Talvez o relacionamento apenas não esteja sério o suficiente para que ele faça coisas
desse tipo. É algo totalmente possível, não acha? — perguntei e tive o prazer de ver seu maxilar
travar.
Deixei aquelas palavras no ar e levei a taça à boca, tomando mais um gole do vinho.
— Não brinque comigo, Raissa — disse, a voz contida.
Sorri e coloquei a taça sobre a mesa, então, o medi com o olhar.
— Você está certo, eu não estou — respondi, por fim, fazendo-o relaxar.
— Está achando isso engraçado? — questionou e pude ver um brilho diferente em seu
olhar.
— Talvez um pouco.
— Interessante — ele falou e desviou a atenção para a porta da sacada. Acompanhei o
olhar dele, percebendo que os dois garçons estavam voltando com o nosso pedido.
Observei-os servir o nosso pedido com agilidade. E depois de nos desejar um ótimo jantar,
se retiraram.
Não voltamos àquele assunto anterior quando ficamos a sós. Começamos a jantar,
enquanto falávamos sobre coisas simples e sem importância, como o fato da vista daqui de cima
ser estonteante.
O que eu percebi com isso foi que Alexander parecia realmente estar se esforçando para
tirar aquela imagem negativa que eu havia construído dele. E eu estava me deixando levar um
pouco, mas não tanto.
Não era boba, sabia muito bem como os homens agiam quando queriam conquistar uma
mulher. Então, permiti-me aproveitar aquele jantar, e até mesmo baixei um pouco a minha
guarda, mas apenas o suficiente para que o clima ficasse bom.
— Bem, quando vamos começar a falar do que realmente importa? — perguntei, à medida
que dava a última colherada na sobremesa.
Alexander parecia estar dando o seu melhor para adiar o máximo possível aquela conversa.
— Faremos isso agora — respondeu e se levantou em seguida. — Vou pegar as vias do
contrato.
— Ótimo, quanto antes melhor.
Ele me mediu com o olhar e, sem dizer uma palavra sequer se virou. Segui observando,
enquanto ele ia em direção ao quarto. No momento em que ele sumiu da minha vista, voltei a
olhar para a cidade.
Meu coração entrou em descompasso quando pensei ter ouvido o barulho característico do
trinco da porta, denunciando que de forma alguma seríamos interrompidos daqui em diante.
O pensamento fez com que tudo se agitasse dentro de mim.
— Creio que precisará de um tempo para ler o contrato antes que possamos seguir —
Alexander falou, ao mesmo tempo em que voltou à sacada com os documentos em mãos.
Ele estendeu uma via para mim e se sentou mais uma vez à minha frente, estendendo uma
via do contrato para mim.
— Não necessariamente. Eu consegui ler mais cedo, antes de nos encontrarmos —
respondi e peguei os papéis oferecidos a mim.
— Ótimo, e tem alguma objeção? — perguntou, colocando a outra via sobre a mesa.
Desviei a minha atenção dele para o contrato e comecei a passar os olhos por todas as
informações novamente.
— Sigilo absoluto, não podendo contar a ninguém que estamos em um relacionamento
falso. — Balancei a cabeça positivamente. — Tudo tranquilo com isso.
Mostrei tranquilidade, mesmo ciente de que eu já havia quebrado essa primeira regra. Mas
apenas teria que pedir às meninas segredo, então, estava tranquila quanto a isso.
— Ótimo — respondeu, segui passando os olhos pelo documento.
— Não concordo com os benefícios ao firmarmos esse acordo — falei e desviei a atenção
para Alexander, que me olhava atentamente.
— Com o que exatamente não concorda?
— Aqui diz que eu não precisarei arcar com o conserto do seu carro, com isso estou de
acordo. Mas o restante... — suspirei e arqueei as sobrancelhas. — Quitar imediatamente todas as
dívidas em meu nome, no valor de 60 mil.
Ainda estava incrédula com aquela informação, mesmo que não fosse a primeira vez que a
via. Não saber exatamente o quanto o homem à minha frente tinha conhecimento, era assustador.
— Prossiga, Raissa — pediu, sério.
— E depositar a quantia de um milhão em minha conta.
— Exatamente — confirmou, como se aquilo fosse a coisa mais normal do mundo.
Balancei a minha cabeça em negativa e suspirei.
— Eu não concordo com isso, posso trabalhar e pagar as minhas dívidas, não preciso de
um milhão na minha conta. Apenas preciso que estejamos quites sobre o conserto do carro. O
valor é exorbitante, não é certo.
— Quando se torna algo de meu interesse as coisas mudam, você estará me ajudando com
esse relacionamento falso, portanto, para mim, isso não será nada perto do que conseguirei. É
uma troca justa.
— Ainda assim, não acho isso certo.
— Mas está decidido, eu quero fazer isso por você. É a única coisa que não é negociável
nesse contrato — disse, mais autoritário que o normal. — Prossiga.
Naquele instante, senti que não adiantaria negar, ao final, aquele valor estaria em minha
conta. Quer eu queira, ou não.
Balancei a cabeça em positivo e voltei a atenção para o contrato, buscando uma
informação que havia notado mais cedo.
— Aqui diz que o acordo será por tempo indeterminado. — Desviei a minha atenção para
ele. — Não vou assinar um contrato onde não diz por quanto tempo seguiremos com isso.
— Não estou certo quanto a isso, vamos apenas deixar assim — disse com aquela mesma
firmeza.
Porém, isso não era algo que eu poderia deixar passar.
— Negativo. Precisamos estipular um tempo — rebati, ainda mais firme.
— Não vamos nos casar de imediato, temos que resolver um pequeno problema antes.
Como estipular um tempo certo diante disso?
— Que problema?
— Minha avó, nós precisamos conseguir a aprovação dela para nos casar. E só então
poderemos dar início a esse passo.
— Por que precisa da aprovação dela para casar? — perguntei e franzi as sobrancelhas.
— Porque a empresa está no nome dela e ela só aceitará que eu não me case com alguém
da escolha dela, caso seja por amor — disse, o sorriso debochado não passou despercebido por
mim.
Naquele momento, percebi que a mulher tinha Alexander nas mãos.
— Isso significa que teremos que mostrar a ela que estamos apaixonados. — Olhei para
ele surpresa. — Espero que ela não seja tão esperta quanto parece.
— De fato, ela é. — A boca de Alexander se curvou em um sorriso de lado. — É por isso
que temos que estar à vontade um com o outro.
Balancei a cabeça positivamente, compreendendo um pouco mais o motivo do jantar.
— Tudo bem. Não sabemos o tempo que levaremos para convencê-la, mas podemos
estipular o tempo em que ficaremos casados. O que acha?
— Três anos — respondeu, sua firmeza me fez arquear as sobrancelhas.
— Um ano — rebati. — O tempo que levaremos para convencer a sua avó e mais um ano
depois de casados.
Alexander permaneceu em silêncio, como se pensasse sobre isso. Mantive-me firme,
apenas esperando sua resposta. De forma alguma, eu me prenderia a ele por três anos.
— Tudo bem, creio que seja o suficiente — disse por fim, surpreendendo-me pela
facilidade em aceitar um terço do tempo proposto de início.
— Está concordando tão facilmente — falei de forma divertida. Aquilo, estava sendo um
jogo legal para mim. Ele deu de ombros.
— Você disse que seria nos seus termos. Digamos que estou apenas concordando que
realmente será. — Medi-o com o olhar antes de voltar a atenção para o contrato.
— Iremos morar juntos após o casamento — Balancei a cabeça em concordância. De fato,
seria estranho se não morássemos, quanto a isso não tinha muito o que falar. — Mas os demais
detalhes serão acordados quando estivermos prestes a nos casar.
— Exatamente.
— E quando começaríamos com tudo isso? — perguntei, à medida que passava os olhos
lentamente pelo restante das cláusulas.
— Minha avó quer que eu a leve para conhecê-la formalmente. O que acha de fazermos
isso nesse final de semana?
— Se pretende começar desta forma, por mim tudo bem, mas sinceramente antes de tudo
eu tenho que te falar. Eu não acho que seja a pessoa certa para o trabalho. Não quero que depois
você diga que tenho que te pagar o dobro pelo dano com sua avó. — Soltei aquelas palavras de
uma vez, ao mesmo tempo em que voltei o olhar para ele. — Na verdade, acho que devíamos até
mesmo colocar uma cláusula assim para me resguardar.
— E por que eu faria isso? — perguntou em um tom divertido.
— Me desculpe a sinceridade, mas sei que não nos daremos bem. E eu não sou muito de
levar desaforo para casa, então, não me responsabilizo se em algum momento eu acabar dando
na cara dela — falei em tom de brincadeira. Mas sabíamos que aquilo tinha um toque de
verdade. E foi naquele momento que assimilei o que esse sem-vergonha estava tramando. —
Esse é o motivo para eu ser a pessoa ideal, não é? Não acredito que você queira tanto
enlouquecer a sua avó. Vai matá-la do coração, seu ingrato!
Alexander gargalhou ao me ouvir, uma risada gostosa, descontraída e familiar, muito
familiar.
Meus olhos se arregalaram e meu coração acelerou de forma que não fazia há muito tempo
enquanto minha mente vagava para oito anos atrás. Aquela semelhança me causou arrepios.
Aquela risada, seria possível? Era esse o motivo de ele ser tão familiar para mim?
CAPÍTULO 11
Aquela gargalhada gostosa foi algo que ficou em minha mente.
E nesse momento, vendo Alexander gargalhando desta forma, o vislumbre daquele rapaz
sentado na areia pairou sobre mim. Senti-me sem rumo ao pensar naquela possibilidade insana.
— Nós nos conhecemos de algum lugar? Por acaso, oito anos atrás você... — Parei de falar
no momento em que a expressão dele se fez diferente.
Eu queria identificar o que de fato significava aquela mudança, mas eu sinceramente não
consegui.
— Já passamos da fase onde usamos esse tipo de cantada. — Ele me mediu com o olhar e
um sorriso se formou no canto dos seus lábios. — Se você quer, é só pedir, Raissa.
— Eu estou perguntando sério. Desde que o vi pela primeira vez, tenho a sensação que te
conheço. Eu não sei e, agora, te vendo gargalhar desta forma. É tão familiar que... — interrompi
a fala mais uma vez.
Ele falaria que sou louca? Quais as chances de ser ele o cara de Búzios? A gargalhada
havia me arremetido a ele, e olhando agora, os olhos eram azuis e tão intensos quanto.
Mas o visual era bem despojado, os cabelos eram grandes e aquele cara, apesar de
misterioso, era alegre e gentil. Muito diferente do homem à minha frente nesse momento.
Ainda assim, Alexander me lembrava perfeitamente daquele rapaz. Mas isso seria
impossível, não é?
— Há oito anos, por acaso, você esteve em Búzios? — perguntei, direta, quebrando o
silêncio que se instaurou.
— Não — Alexander respondeu, sem hesitar. — Não é um lugar que eu tinha costume de
frequentar nessa época.
— Ah... — Forcei um pequeno sorriso. — Devo ter me confundido.
Eu tentei disfarçar, mas, no fundo, estava decepcionada por ele nem mesmo hesitar em
negar. Significava que apenas o estava assemelhando a alguém que me marcou positivamente,
em um dia que foi horrível para mim. Mas não era ele.
Ainda me amaldiçoava por ter bebido tanto naquele dia e não ter me dado a chance de
conhecer aquele cara. Deveria ter ao menos perguntado o seu nome, ou passado o número certo a
ele, afinal, perto dos caras que conheci ao longo dos anos, ele foi o mais decente. Não só isso, o
mais intenso.
Eu seria capaz de reconhecê-lo se o visse novamente algum dia?
— Está de acordo com a multa caso um de nós venha a rescindir o contrato antes do
tempo? — A voz de Alexander me tirou dos meus devaneios. Medi-o com o olhar e decidi seguir
o fluxo.
R$420 mil, exatamente o valor do conserto.
— Sim, de acordo.
— Algo mais que gostaria de pontuar sobre o contrato?
— Hum... — Voltei a minha atenção para os papéis em minha mão. — Na última cláusula
diz que eu não posso me envolver com outra pessoa no período do contrato. — Desviei a minha
atenção para ele. — Por que não tem nada sobre você?
— Porque essa é uma cláusula específica para você — ele falou, sério. — A partir do
momento em que for anunciada como a minha noiva, e posteriormente a minha mulher, não
poderá ser vista por aí com outro homem.
— E quanto a você? — O fitei com o olhar.
— Se você concordar em ser minha nesse período, eu serei apenas seu.
Jesus! O homem realmente queria me matar falando dessa forma.
— E se eu não concordar? — perguntei, em um fio de voz. — É por isso que não tem nada
aqui sobre você? Por que se eu não concordar, você irá sair com outras mulheres, enquanto eu
tenho que abdicar mais de um ano de relacionamentos por sua causa?
Alexander me mediu com o olhar. Ele não disse nada e não sabia o que aquilo significava,
deixava-me realmente confusa. Mas eu precisava mostrar a ele, que, de fato, não era algo que eu
aceitaria.
— Isso não irá acontecer, Alexander. Independentemente de qualquer coisa que possa
acontecer, quero que adicione a cláusula igualmente para você, se eu não sair com ninguém
durante esse período, você também não irá — exigir, firme.
Alexander permaneceu me olhando por um tempo, sem dizer uma palavra. Mas isso não
me fez perder a compostura, eu estava decidida.
— Tudo bem, faremos nos seus termos — respondeu, por fim. — Eu serei apenas seu
durante esse período, está bom assim para você?
Engoli em seco com aquela pergunta, por não saber de fato se isso era o que eu queria. Ter
a atenção dele toda para mim, seria bom? Ou seria mais difícil? Que tipo de acordo era esse que
ele estava propondo?
— Não irei lhe obrigar a nada, Raissa, nada mesmo — ele voltou a falar, como se lesse
perfeitamente os meus pensamentos. — Mas não posso prometer que não tentarei de todas as
formas que se entregue a mim por livre e espontânea vontade. Porque isso é exatamente o que
farei, portanto, espero que esteja preparada para isso.
Meu coração entrou em descompasso e senti minha cabeça girar, à medida que seus olhos
intensos escureceram, perfurando a minha alma.
— O quê? — perguntei, em um fio de voz.
— Eu pretendo fodê-la durante todo esse tempo que tivermos o acordo.
Levantei-me em um rompante. Que porra eu falaria diante disso? Que eu não queria?
— Acho melhor irmos embora — falei, a voz entrecortada.
— Tem certeza de que é isso que você quer? — Ele se levantou e fez menção de se
aproximar.
Aquele era um convite explícito para ficar.
Senti minha cabeça rodar. Virei-me e fui em direção à saída, em busca de distância
daquele homem.
Droga!
— Raissa — ele chamou, fazendo-me estremecer.
Virei-me para encontrar seu olhar e pedir que ele apenas me levasse para casa, mas para a
minha surpresa ele estava perto demais. Aquilo fez com que, por um momento, eu me
desestabilizasse. E antes que eu pudesse me equilibrar, as mãos dele passaram em volta da minha
cintura e ele colocou meu corpo no dele.
Eu me assustei com aquele toque e senti o coração disparar.
— Eu peguei você — ele disse, a voz cheia de desejo.
Senti meu corpo inteiro queimar com o toque, o olhar e a voz daquele homem sobre mim.
E, miseravelmente, eu fiz aquilo que não devia, desci meus olhos quase que em câmera lenta
para os lábios gostosos e lambi os meus.
Aquilo foi o suficiente. Alexander reivindicou meus lábios naquele instante, de forma tão
possessiva e urgente, o sentimento foi como se eu fosse dele. Eu não lutei contra isso, entreguei-
me por completo aquele beijo.
Levei as minhas mãos em seu peitoral e um gemido escapou dos meus lábios, enquanto
abria espaço para que a língua dele explorasse a minha.
E naquele momento, enquanto nos beijávamos tão intensamente, uma sensação que não
sentia há muito tempo pairou sobre mim. Sensação essa que senti apenas uma vez na vida, oito
anos atrás.
Senti as mãos de Alexander deslizarem pelo meu corpo, uma trilha de excitação foi se
formando pelo caminho gostoso que ele fazia. Um arrepio percorreu todo o meu corpo quando
ele tocou a minha bunda por baixo do vestido, enquanto lentamente o levantava.
Precisava controlar os meus sentimentos, precisava parar isso antes que fosse tarde demais.
Eu, definitivamente, não estava pronta para isso agora.
Enrolei as minhas mãos na camisa social, procurando forças e o empurrei um pouco para
trás, fazendo com que interrompêssemos aquele beijo de forma ofegante.
Meu coração disparou ainda mais ao ver aqueles olhos sobre mim. Que porra estava
acontecendo comigo? Por que minha mente estava associando Alexander tão intensamente ao
cara de oito anos atrás, mesmo quando ele disse com todas as letras que não era ele?
— Eu... — Resfolegou. — E-eu preciso ir.
— Você não tem que ir, Raissa. — A voz saiu rouca e tão gostosa, de forma que me
causou arrepios. Levei alguns instantes para conseguir me recompor.
— Sim, eu preciso e espero que me deixe ir.
Ao me ouvir, Alexander se afastou um pouco mais e me deu espaço para passar por ele.
Olhei-o por mais um instante, constatando que ele havia se abalado tanto quanto eu.
— Me dê cinco minutos e eu te deixarei em casa — ele falou, a voz contida. Minha mente
vagou para aquele carro, a divisória fechada e a tensão que seria estar com Alexander em um
ambiente tão apertado e propício.
Essa não era uma boa ideia.
— Eu consigo me virar, obrigada — falei e passei por ele, sem esperar uma resposta.
Precisava sair dali, antes que enlouquecesse.
— Eu entrei em contato durante a semana. — Ouvi a voz de Alexander um pouco distante
quando estava chegando próximo à porta do quarto.
Virei-me e o encontrei parado no mesmo lugar que eu o havia deixado. Fiquei mais tempo
do que necessário observando o peito subir e descer, à medida que ele parecia se recompor.
Com dificuldade, balancei a cabeça em concordância e pronta para destrancar a porta e sair
daquele quarto, o respondi:
— Tudo bem, vou esperar por isso.
CAPÍTULO 12
Os lábios macios e gostosos, o cheiro doce e convidativo, a pele macia contra a minha.
Toda a sensação enlouquecedora caiu sobre mim, no momento em que toquei aqueles lábios
mais uma vez.
Eu queria mais, porra, como eu queria estar dentro daquela mulher.
Acordei em um rompante, a respiração ofegante e suado. Sentei-me na cama, enquanto a
lembrança de como aquela mulher me deixou no quarto de hotel na noite anterior pairava sobre
mim.
Por um momento, eu tive a certeza de que Raissa seria minha. Mas como as coisas com
Raissa eram sempre uma surpresa, ela recuou, deixando-me fodidamente excitado e louco para
estar dentro dela.
E não a ter naquele instante, foi ainda mais perturbador do que há oito anos.
Levantei-me e fui em direção ao banheiro, pronto para tomar um banho frio para tentar
acabar com o tormento, que eu suspeitava que só iria embora no momento em que a tivesse em
meus braços.
Perdi a noção do tempo que deixei que a água caísse sobre mim, a mente apenas ia ao
encontro daquela morena. Tinha que admitir, Raissa era uma mulher de atitude e eu gostava
muito disso. Arriscava dizer que o motivo de todo o meu fascínio, era exatamente por isso.
O barulho da campainha me trouxe de volta à realidade. Desliguei o chuveiro e peguei
uma toalha, sequei-me e saí do banheiro, ao mesmo tempo em que me enrolava na toalha.
Fui até a porta e acionei o interfone, deparando-me com o último que eu queria ver
naquele instante. Suspirei profundo e abri a porta, dando de cara com Rodolfo.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, sem fazer questão de esconder o desgosto em
meu tom.
— Você não me atendeu, eu arrisquei passar por aqui — disse, à medida que forçou sua
entrada. — Quando vi seu carro na garagem, soube que estava aqui. O que significa que não deu
muito certo ontem, não é?
— Raissa poderia estar aqui — falei enquanto fechava a porta atrás de nós.
— Impossível — falou, a voz debochada atraiu a minha atenção. — Se estivesse com
Raissa, tenho certeza de que não seria aqui na sua casa.
Olhei-o por um instante e passei direto, indo em direção ao meu quarto. Pensei que ele não
me acompanharia quando passei pela porta do closet, mas senti sua presença atrás de mim,
enquanto escolhia um terno.
— Conseguiu? — perguntou, fazendo com que eu desviasse o olhar para ele.
Pela primeira vez, não queria compartilhar com ele como tudo estava indo a meu favor.
Era por que não fazíamos isso há muito tempo? Era por que se tratava de Raissa?
Certamente, era porque eu queria ele fora.
— Não faz tanto suspense, cara. — Rodolfo voltou a falar, tirando-me do estado de torpor.
— Estou realmente curioso para saber se nossa jogada foi o suficiente para que ela aceitasse, ou
se precisaremos pensar em alguma outra estratégia.
— Se não se importa, gostaria de me trocar antes de conversarmos — respondi, Rodolfo
caminhou em direção a uma das poltronas que continha ali e se acomodou.
— Vá em frente, não ligo.
— Sim, ela aceitou — respondi, impaciente, ao mesmo tempo em que comecei a me
trocar.
A sensação que me invadiu era que eu me arrependeria de ter enfiado Rodolfo nisso, pois
dessa vez meus objetivos eram diferentes. Não queria machucar Raissa, precisava deixá-la longe
de qualquer sujeira que Rodolfo pudesse cogitar fazer.
Depois de me vestir, fui em direção ao espelho, a fim de ajeitar a gravata.
— Qual será o próximo passo? — Rodolfo perguntou, aquele interesse estava mexendo
negativamente com o meu humor.
Como eu deixaria Rodolfo de fora, quando o coloquei nisso para que me ajudasse a
consegui-la?
Depois de ajeitar a gravata me virei de frente para Rodolfo, olhando-o de forma incisiva.
— Não tem próximo passo, eu parei com essas coisas e você sabe.
— Você não pensou nisso quando me ligou de madrugada e pediu para...
— Chega, cara, ela não tem os requisitos para seguir adiante — interrompi-o, sem
paciência.
Há oito anos, eu estaria eufórico com essa conversa, fazendo planos para ferrar com o
psicológico de Raissa. Mas depois de tanto tempo, não queria voltar por esse caminho.
A verdade era que eu não queria ser esse cara, não mais.
—Você mesmo disse que ela era sua falha. Não foi por isso que quis tanto que ela ficasse
em suas mãos? — ele me instigou. — Qual é, Alexander, nós podemos relembrar os velhos
tempos.
Ver aquela euforia em Rodolfo me causou arrepios. Por um momento, eu pensei em tudo,
em como induzi Rodolfo a gostar desse jogo, em como o convenci a entrar nessa comigo. E
mesmo quando eu quis parar, ele insistiu para que continuássemos.
Mas eu sabia que era o pior. Havia começado isso, de forma fria e calculista. Seria eu, a
pessoa que o transformou, de forma que quando encontrei os meus motivos para parar com
aquilo, ele não conseguiu.
— Você ainda faz isso? — perguntei, à medida que um nó se formou em minha garganta.
Nós éramos amigos e saíamos para beber às vezes, mas não falávamos sobre essa parte do
nosso passado há um bom tempo, esse era um assunto que havia se tornado proibido, de certa
forma.
Proibido, até o momento em que toquei nele novamente. Proibido até o momento em que
eu o arrastei, mais uma vez.
— Samantha e eu ainda nos divertimos juntos, mas não é a mesma coisa sem você, meu
amigo. Lembra de como éramos bons juntos? Esse é o momento de relembrarmos os velhos
tempos.
— Não vejo motivos para isso — disse e o medi com o olhar, sentindo um arrepio na
espinha.
— Não importa se hoje ela não se enquadra. Em Búzios, ela se enquadrou. — Rodolfo
tentou me instigar mais uma vez.
Na verdade, Raissa nunca se enquadrou. Mas eu não o deixaria saber. Não queria
questionamentos sobre os meus motivos para procurá-la na época, quando ela nem mesmo
atingia aqueles malditos requisitos que estipulávamos a cada jogo.
— Vou pensar sobre isso — disse, a fim de ganhar mais tempo para pensar em como tirá-
lo da jogada. — Preciso passar na casa da minha avó antes de ir para a empresa.
— Tudo bem — ele respondeu e levantou as mãos em rendição. — Tenho que passar no
banco também, meu pai quer falar comigo.
— Ainda assim, arrumou um tempo para vir me atormentar — falei, arrancando uma
risadinha cheia de deboche do filho da puta.
— Minha casa é logo ali — disse, eu peguei o blazer e saí do closet. Ouvi Rodolfo se
levantar, em seguida, ele me acompanhou até a saída.
Tentei manter a compostura, para que ele não notasse o quanto a situação atual me
incomodava. Mas era impossível evitar o tormento que estava em minha mente.
Que porra eu faria com Rodolfo? Eu o deixaria continuar achando que estávamos fazendo
aquilo, até ter a certeza de que Raissa seria minha?
Minha boca se curvou em um sorriso no minuto em que meus olhos encontraram minha
avó. Como de praxe, ela estava em seu jardim. Dessa vez, admirando algumas rosetas.
— Olá, dona Madalena — falei, atraindo o olhar dela para mim.
— Ah, é você — disse, sem demonstrar qualquer animação.
Caminhei até ela e a cumprimentei com um abraço. A carranca não a deixou, o que fez
minha boca se curvar em um sorriso.
— Isso são modos de receber o seu neto? — perguntei, fingindo mágoa.
— Desde o minuto em que está disposto a me dar um desgosto tão grande, não posso fazer
muito.
Afastei-me para encará-la.
— Então, a senhora está dizendo que quer que eu vá embora? — Arqueei a sobrancelha.
— Não seja malcriado, se está aqui pelo menos tome o café da manhã comigo.
— É exatamente para isso que eu vim — disse, atraindo seu olhar duvidoso para mim.
— Não tenho tanta certeza. Aconteceu alguma coisa na empresa?
— Por que teria acontecido?
— Você não é de aparecer assim, não sem que eu peça.
— Apenas vim ver a senhora. — O olhar duvidoso aumentou. Foi quando resolvi abrir o
jogo. — Também queria falar sobre trazer minha noiva para você conhecê-la melhor no final de
semana.
— Ah! — Minha avó suspirou, sem esconder sua insatisfação. — Vou pedir a Mônica para
colocar mais um prato à mesa.
Ela saiu caminhando pelo jardim. Eu segui a acompanhando sem conseguir conter o
sorriso nos lábios.
Conhecia a peça o suficiente para saber que minha avó precisava de um tempo. Ela havia
sugerido aquele encontro, mas certamente não achou que eu traria Raissa aqui. Porém, satisfazer
os caprichos dela estava fora de questão, então apenas aguardei que ela falasse algo.
Mônica prontamente colocou mais um prato à mesa e nos deixou a sós para que
pudéssemos conversar. Servi-me com frios e algumas frutas, enquanto minha avó fazia o mesmo.
— Você pode trazê-la para um jantar no sábado — minha avó falou de repente, atraindo o
meu olhar para ela.
— Perfeito.
— Não fique animado demais, ainda posso não a aprovar e arrumar alguém como Amelia
para você. — Fiz uma careta ao ouvi-la. — Se for para se casar sem amor, que seja pelo menos
com alguém que gosta de você, que vai cuidar de você e...
— Não vamos precipitar as coisas, dona Madalena — interrompi-a, firme.
Dessa vez, foi ela quem fez uma pequena careta. Ela sabia que ceder aos caprichos dela
seria algo realmente difícil.
Minha boca se curvou em um sorriso e não consegui evitar meu movimento seguinte.
Peguei o meu celular e depois de uma breve olhada, fui até o contato de Raissa, pronto para
enviar-lhe uma mensagem.
Eu: Raissa, jantaremos com a minha avó no sábado. Eu te esperarei em frente ao seu
prédio às 19h30, esteja pronta.
Ao enviar a mensagem, guardei o celular e voltei a comer, apenas torcendo para que meu
plano desse certo. Dessa forma, conseguiria o que, de fato, queria.
Matar dois coelhos com uma cajadada só.
CAPÍTULO 13
— Seria essa a opção ideal? — murmurei para mim mesma, enquanto me analisava no
espelho.
Eu não gostava da velha, mas precisava agradá-la.
Suspirei profundo pensando no que estava prestes a enfrentar. Desde que Alexander me
enviou uma mensagem sobre o jantar, vinha me sentindo agitada. Fingir uma relação, ver
novamente aquela mulher arrogante, tudo parecia errado demais.
Meu celular vibrou sobre a escrivaninha tirando-me daquele tormento. Levei a mão até ela
e peguei-o, identificando que se tratava de um e-mail. Dos mesmos que eu vinha recebendo
durante o restante da semana, desde que o cadastrei em um site de vagas de emprego.
Abri-o sem demora, constatando que era mais uma vaga que, apesar de ser na minha área,
pagava razoavelmente bem. Não perdi tempo em deletar o e-mail, descartando a proposta.
Como eu tinha um período para me decidir, eu me permitiria escolher um pouco mais e, ao
menos, conseguir um emprego à altura do anterior.
Meus olhos foram para as horas, notando que eram quase 19h30, bloqueei a tela e peguei a
minha bolsa, pronta para ir ao encontro daquele homem.
No instante em que saí do prédio, senti o coração entrar em descompasso. Alexander
estava mexendo no celular, encostado no carro enquanto me aguardava.
Alguns passos foram o suficiente para que ele notasse minha presença, então, ele guardou
o celular e a atenção dele estava toda sobre mim.
— Está linda — Alexander falou, à medida que os olhos me analisavam por completo.
Já não estava nem contando mais com o coração traidor, que insistia em balançar por esse
o qual o nome cafajeste estava estampado em sua testa.
Eu não era boba, sabia exatamente o que ele queria. E apesar daquele beijo ter me tirado
noites de sono, ainda estava me decidindo até que ponto eu me permitiria chegar com ele.
— Obrigada — respondi, ao mesmo tempo em que lancei a ele um sorriso.
Passei por ele e fui em direção à porta do carro, Alexander suavemente a fechou, atraindo
o meu olhar para ele.
Fitei-o com o olhar no momento que a boca dele se curvou em um sorriso.
— Minha noiva não entraria no carro sem me cumprimentar devidamente antes — disse, o
olhar intenso sobre mim analisando atentamente a minha reação.
— Sua noiva não está de bom humor, está indo visitar a avó ranzinza — respondi, fazendo
com que aquele pequeno sorriso virasse uma gargalhada suave.
E, porra! Ele definitivamente deveria sorrir mais vezes.
Não apenas por me trazer lembranças boas, mas porque aquele sorriso gostoso e
descontraído era lindo. Sim, ele conseguia ficar ainda mais bonito quando sorria.
Aproximei-me de Alexander e levei a minha mão em seu peito. O sorriso dele se desfez
lentamente, acredito que por não esperar minha atitude. Mas isso não me impediu de continuar,
inclinei-me e deixei um beijo no canto da boca dele, em seguida, levei os lábios próximo ao
ouvido dele.
— Desde que sorria mais vezes, eu posso fazer isso — sussurrei e me afastei.
Quando meus olhos encontraram os dele, perdi um pouco daquela confiança, ao passo que
sentia o coração disparar mais uma vez.
Aquele olhar que perfurava a minha alma, estava presente.
Sem dizer uma palavra, Alexander abriu a porta e me deu espaço para entrar. Ele veio logo
atrás de mim, como da outra vez, sentando-se no banco de frente para mim. Então, da mesma
forma de antes, ele apertou um botão para informar o motorista que poderia ir.
— Quando assinaremos o contrato? — perguntei no momento em que a atenção de
Alexander se voltou para mim.
— No início da semana, pedi que fosse revisado e acrescentadas as suas novas exigências.
— Ele me mediu com o olhar, balancei a cabeça em concordância.
— Isso é bom.
— Sim. E dependendo de como nos sairmos hoje, talvez consigamos nos casar mais rápido
do que pensamos — Alexander falou, o tom totalmente sugestivo fez com que a ansiedade caísse
sobre mim.
Eu sabia que teria que morar com Alexander depois de nos casarmos. E a verdade era que
eu não tinha parado para pensar na tentação que seria morarmos sob o mesmo teto. Mas ele,
aparentemente, estava pensando muito.
— Seria ótimo, quanto mais rápido nos casarmos, mais rápido acabamos com tudo —
pontuei. Alexander balançou a cabeça em concordância e desviou o olhar para a janela.
Suspirei e fiz o mesmo. Apesar daquelas palavras, estava torcendo para que as coisas não
fossem tão rápidas. Eu queria conhecer um pouco mais de Alexander antes de estar debaixo do
mesmo teto que ele.
Por alguns minutos, nós não falamos mais nada, senti o olhar de Alexander vir para mim
no instante em que a voz do motorista ressoou, avisando que havíamos chegado.
Alexander se ajeitou no banco e me olhou fixamente.
— Apesar de não termos assinado o contrato ainda, hoje será a nossa primeira... — Ele fez
uma pausa, como se medisse as palavras. — Atuação, acho que podemos colocar assim.
— Sim — concordei.
— Há apenas uma coisa que não foi falado e apesar de saber que você deve ter noção,
sinto que deveríamos colocar em palavras.
— O quê? — perguntei, totalmente envolvida em seu olhar sobre mim.
— Quando estivermos na presença da minha avó, eu agirei como um homem que está
apaixonado por sua noiva e que não vê a hora de se casar. Mas nenhuma dessas ações será algo
verdadeiro. Você entende?
— Tudo não passará de uma farsa, estou ciente disso — disse, séria.
Alexander levou a mão na maçaneta, e quando pensei que abriria a porta, os olhos
voltaram para mim mais uma vez.
— Não cometa o erro de se apaixonar por mim, pois nunca poderei correspondê-la dessa
forma.
Ao ouvir aquele aviso, eu deveria rir.
E faria isso, se estivesse confiante de que não tinha chances de acontecer algo assim. Mas
sabia que, inconscientemente, estava ligando Alexander a alguém que eu queria ver de novo,
alguém que esteve em minha mente por tanto tempo.
Isso era perigoso, eu precisava parar. Precisava aquietar o meu coração e repetir até que ele
entendesse que não havia chances desse cara à minha frente ser o cara de oito anos atrás.
Nesse momento, precisava também dizer ao meu coração que nunca poderia me apaixonar
por esse homem.
— Eu não farei isso — disse, a voz firme.
— Você parece tão confiante quanto a isso — observou, o vislumbre de decepção em seu
olhar me fez franzir as sobrancelhas.
Eu só poderia estar ficando louca, por qual motivo fazer o que ele pediu, o
decepcionaria?
— Digamos que no período de oito anos, isso não aconteceu. Mesmo convivendo com
pessoas que eu sabia que gostavam de mim, não fui capaz de me envolver, então estou confiante
que posso fazer isso — respondi e o medi com o olhar. — Acho que me desiludi com esse
sentimento.
Pela primeira vez, fui capaz de falar em voz alta sobre aquilo que rondava a minha mente
há anos. Esse era o real motivo de nunca querer me envolver, desilusão.
E pensando bem, depois de tudo o que passei e sabendo as reais intenções de Alexander,
quais eram as chances?
— Ótimo — respondeu, sério. Por um instante, poderia jurar que senti seu olhar vacilar,
mas então, se tornou algo indecifrável para mim.
Eu havia percebido aquele mesmo olhar sobre mim algumas vezes e apesar de ser muito
boa em ler feições, em nenhuma delas consegui decifrar qual o significado.
Alexander quebrou aquele contato e abriu a porta, em um movimento rápido, levei a minha
mão sobre a dele, atraindo seu olhar mais uma vez para mim.
— Nós não chegamos a combinar nada, não faço ideia de como agir.
— Não precisamos. Apenas seja a minha noiva e aja conforme o momento pedir —
Alexander respondeu, e sem me dar chance para resposta, empurrou a porta e saiu. Em seguida,
estendeu a mão para me ajudar a sair também.
Senti a mão dele pairar em minhas costas, causando-me um arrepio gostoso. Suspirei
enquanto ele me guiava para a entrada de uma casa muito luxuosa. O caminho era de pedra e o
jardim de entrada era deslumbrante.
Ao pararmos em frente à porta, Alexander levou a mão à fechadura e colocou sua digital.
Após a porta se abrir, ele me levou para dentro daquela casa, que era elegante por dentro e por
fora.
— Ela deve estar no jardim — comentou, à medida que me guiava pela casa.
Estávamos passando por um corredor quando a gargalhada da velha se fez presente.
Alexander parou no meio do caminho e franziu as sobrancelhas, em seguida, virou-me para
irmos na direção oposta.
— O que foi? — perguntei, atraindo seu olhar para mim.
— Ao que parece ela está nos esperando na sala de jantar.
Balancei a cabeça em compreensão e o acompanhei em direção à porta. As mãos de
Alexander estranhamente se tornaram rígidas em minhas costas no momento em que entramos na
sala de jantar.
Passei os olhos pelo lugar identificando que dona Madalena ainda gargalhava enquanto
conversava com um homem que tinha uma beleza estonteante. Os olhos dele encontraram os
meus e a boca se curvou em um sorriso.
Ele era moreno, os cabelos pretos e os olhos eram verdes.
Definitivamente um homem gostoso, mas que assim como Alexander, gritava problema.
— Finalmente vamos conhecer a noiva do Alexander? — o moreno perguntou sem tirar o
sorriso do rosto.
Senti Alexander enrijecer ainda mais, o que fez com que eu imediatamente olhasse na
direção dele. Ele estava visivelmente tenso, o que me fez questionar: quem era o homem à nossa
frente? E por qual motivo a presença dele afetou tanto Alexander?
CAPÍTULO 14
Rodolfo era simplesmente inacreditável.
Não queria acreditar que aquele filho da puta andava me observando, mas parecia óbvio
demais.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, ríspido, deixando claro para ele o que eu estava
sentindo, diante de tal invasão.
— Estava visitando a minha mãe, então decidi passar e cumprimentar dona Madalena, não
a via há um bom tempo — disse e me mediu com o olhar.
Obviamente, aquilo colou somente para a minha avó e Raissa. Eu sabia que havia muito
mais por trás daquela visita inesperada.
— Sim, aí o chamei para ficar e jantar conosco — minha avó falou, atraindo a minha
atenção para ela.
— Hoje, eu trouxe Raissa para conhecê-la, vó, deveria ser um jantar em família —
respondi, entredentes.
— E desde quando Rodolfo não é família? — minha avó perguntou confusa. — Vocês
cresceram juntos.
— Sim — respondi, a voz contida. Em seguida, desviei meus olhos para Rodolfo que em
um instante se levantou e começou a vir em nossa direção. — Você tem razão, ele é família.
Rodolfo parou à nossa frente e aquilo me deixou ainda mais tenso. Desde o momento que
eu o vi aqui, soube que sua intenção era apenas uma: se aproximar de Raissa.
— Boa noite, bela dama — Rodolfo cumprimentou-a enquanto estendia a mão para
Raissa.
Fiz questão de deslizar a minha mão um pouco mais para a cintura dela e a trouxe um
pouco mais para mim, para que ele ficasse ciente de que o maior contato que ele teria com ela
seria o aperto de mão.
— Boa noite. — Raissa o cumprimentou em um aperto firme e forçou um sorriso.
— Boa noite, Rodolfo, vamos nos sentar — disse, forçando-o a soltar a mão de Raissa.
Rodolfo nos mediu com o olhar e se afastou, dando-nos espaço para passar. Caminhei
levando Raissa em direção à minha avó, que apenas nos observava de longe.
— Boa noite, dona Madalena — Raissa a saudou, confiante. — Não vou me desculpar
pelo nosso último encontro, mas espero que possamos começar de novo.
Arqueei as sobrancelhas quando ela sem demora, estendeu a mão para minha avó, que
enquanto assimilava as palavras a mediu com o olhar.
Aquilo foi tão natural que não consegui conter o sorriso. Pensei que eu teria que apresentá-
las novamente pelo último contato delas, mas ali estava Raissa, surpreendendo-me mais uma vez.
— Boa noite...? — Minha avó falou enquanto estendia a mão para Raissa.
— Raissa — completou, de pronto, e saudou minha avó em um aperto firme.
— Vamos ver como nos sairemos daqui para frente — minha avó a respondeu, sem dar o
braço a torcer. — Sentem-se.
— Fiquei realmente curioso para saber o que aconteceu nesse último encontro — Rodolfo
disse de repente, lembrando-me de sua presença inconveniente.
Desviei o olhar para ele, que estava sentado tranquilamente em uma das cadeiras.
— Nada que valha a pena ser relembrado — cortei-o.
Em seguida, puxei a cadeira ao lado da minha avó, para Raissa se sentar. Depois de ajeitá-
la para que ficasse confortável, acomodei-me ao lado dela.
Foi quando uma das funcionárias da minha avó passou pela porta, atraindo a nossa
atenção.
— Senhora, podemos servir o jantar? — perguntou, ao mesmo tempo em que deu um
sorriso para todos.
— Por favor — minha avó respondeu.
Não demorou para que ela voltasse, junto a outra funcionária. Enquanto elas serviam o
jantar, voltei a minha atenção para Rodolfo, que estava com os olhos fixos em Raissa.
Desviei meus olhos para ela, tentando descobrir o que de fato aquilo estava causando nela.
Mas Raissa se encontrava distraída, observando enquanto as meninas serviam o jantar.
Levei a minha mão na coxa dela por baixo da mesa, a fim de chamar a sua atenção. Senti-a
estremecer com o contato, mas não o evitou. Então, seus olhos estavam sobre os meus.
— Está tudo bem? — perguntei, ciente de que tínhamos a atenção da minha avó.
— Sim, tudo ótimo. — Raissa deu um sorriso e levou a mão sobre a minha.
Sabia que ela tentaria tirar a minha mão, por isso a lancei um olhar furtivo, que, por sua
vez, foi suficiente para que ela desistisse de tal ação. Apenas disfarçando com uma carícia nada
gentil.
— Já que estamos todos aqui, por que não nos conhecer melhor? Há algo que estou bem
curiosa — minha avó falou, de repente, e no momento em que teve a nossa atenção, indagou: —
Como você e Alexander se conheceram, Raissa?
Tive que conter o sorriso que quis se formar em meus lábios diante de tal pergunta. Não
havia programado nada com Raissa, propositalmente. Eu queria testar o quanto ela poderia ser
boa improvisando. Olhei-a por um instante, percebendo que ela havia sido surpreendida.
Isso seria algo realmente divertido.
— Foi uma situação embaraçosa, na verdade — começou, sem demora. — Eu estava tendo
um dia ruim e Alexander apareceu. De forma espontânea e divertida fez com que eu esquecesse o
que me afligia. — Meu olhar para ela se tornou interrogativo. Raissa desviou a atenção para mim
e sorriu, descontraída. Em seguida voltou a sua atenção para Rodolfo, posteriormente para a
minha avó, que apenas ouvia de forma impassível. — Começamos a sair desde então.
— Alexander? Divertido? — Rodolfo perguntou, o deboche evidente em seu tom.
— Rodolfo, menos — avisei-o.
— Tudo bem — Raissa disse, fazendo com que desviasse minha atenção para ela. — Sim,
divertido, inclusive ele deveria sorrir mais vezes.
— Uau, vocês parecem se conhecer muito bem — Rodolfo disse e lançou um olhar em
minha direção.
— Nem tudo é o que parece — minha avó rebateu, deixando claro que não a tínhamos
convencido.
— Você tem razão — Rodolfo concordou, então, os olhos dele foram para Raissa. — Mate
a nossa curiosidade e nos diga, o que você faz da vida?
Estremeci com sua ousadia. Que porra ele estava fazendo?
Raissa deu um pequeno suspiro e olhou brevemente para mim.
— É algo que eu também gostaria de saber — minha avó falou, antes que eu pudesse
interferir.
— Eu sou gerente de marketing — respondeu. Por um momento, um vislumbre de
surpresa atingiu o rosto de minha avó.
— Isso é interessante, bonita e inteligente — Rodolfo comentou. — Em qual empresa está
atualmente?
— Trabalhei por sete anos na ALX marketing e publicidade. Mas fui demitida essa semana
— respondeu, a voz contida.
— Estou estudando a possibilidade de colocá-la no marketing de nossa rede de hotéis —
disse, a fim de evitar qualquer comentário desagradável.
Raissa me olhou surpresa.
— Interessante... — Minha atenção foi para o Rodolfo, sabendo que ele estava pensando
em alguma maneira de continuar a me tirar do sério.
— Rodolfo — chamei-o, tentando não transparecer o quão irritado estava. — Tem algo
que quero averiguar com você sobre aqueles arquivos da semana passada, se importam de
sairmos um pouco antes de jantar? — perguntei, olhando para a minha avó e para Raissa.
— Por mim tudo bem — Raissa disse e forçou um sorriso.
— Não demorem — minha avó pediu. Assenti e me levantei, os olhos fixos em Rodolfo,
que se levantou em seguida.
Saí da sala de jantar e ele me acompanhou, segui em direção ao jardim sem dizer uma
palavra. Abri a porta e esperei que ele passasse, então a fechei, me certificando de que ninguém
nos interromperia.
— Que porra está fazendo, cara?
— Não estou fazendo nada — respondeu, contendo o deboche. — Tinha que ver a sua
cara.
— Você tem que parar, tem que parar agora. Para começo de conversa, você não deveria
estar aqui.
— Eu não estaria, se você tivesse me contado o que pretendia. Tive que dar um jeito de
confirmar por mim mesmo, já que agora você parece querer me deixar de fora.
— Não estou jogando com a Raissa, quero que fique fora disso — exigi, sério.
— Ei, cara, não é para tanto.
— É, no momento em que invadiu a minha privacidade. Está me vigiando agora?
— Você está esquisito, nem me contou que a apresentaria à sua avó. E agora está dizendo
que vai contratá-la para trabalhar com a equipe do hotel? Se quer devolver o emprego para ela,
pode apenas pedir que a recontratem na empresa que ela trabalhava.
— Não te contei porque não te devo satisfação da minha vida. Não confunda as coisas,
Rodolfo, há muito tempo que quem eu fodo, ou não, não é da sua conta.
— Mas é sobre a Raissa que estamos falando — pontuou com um brilho nos olhos.
A obsessão dele por ela parecia maior do que qualquer outra. Aquilo estava me fazendo
me arrepender amargamente por ter revelado a ele quem ela realmente era.
— Ela não é um jogo. Então se mantenha longe.
— Não foi por isso que me envolveu? — Ele deu um sorriso.
Cerrei os punhos, segurando para não falar nada. Eu não gostava nada disso, não queria ser
tão direto por saber que isso apenas o deixaria mais animado a machucar Raissa de alguma
forma.
— Eu te disse que pensaria, apenas se mantenha longe — forcei-me a falar.
— Prometo me comportar. — O sarcasmo em sua voz fez meu sangue ferver.
— Você vai embora, agora.
— O que está acontecendo com você, Alexander? Somos parceiros.
— Você está passando de todos os limites.
— O que aconteceu entre você e essa mulher? — questionou, sério.
— Do que está falando?
— Você pode negar mais quinhentas vezes e dizer que é coincidência. Mas seu
desinteresse pelo jogo começou há oito anos, depois de Búzios.
— Não vamos ter essa conversa de novo. Você precisa ir embora, agora.
— Tudo bem, eu vou — disse, ao mesmo tempo em que levantou as duas mãos em
rendição. — Se me prometer que vai pensar um pouco mais sobre o assunto, eu realmente sinto
que é a chance de estarmos de volta depois de tanto tempo.
— Tudo bem, até então não falamos mais nisso. — Medi-o com o olhar, sabendo que ele
não me deixaria em paz.
— Aguardarei ansioso, amigo — disse e sorriu. Em seguida passou por mim e abriu a
porta, deixando-me ali.
Permaneci no lugar por alguns instantes pensando em como aquela atitude de Rodolfo que
antes me deixava eufórico, estava me fazendo perder a cabeça. Que porra estava acontecendo
comigo?
Independentemente do jogo, Rodolfo sempre foi meu amigo. Nós saímos muito, mas
sempre que o via falando de Raissa, minha paciência com ele era quase zero.
Temia que ele pudesse machucá-la. Eu não o queria perto dela de forma alguma. Mas por
quê? Por que, de repente, essa preocupação estava sobressaindo à nossa amizade de anos?
CAPÍTULO 15
— Alexander disse que vocês estão juntos há cerca de oito meses — Madalena soltou
aquelas palavras, de repente.
Suspirei e desviei o olhar na direção dela, enquanto amaldiçoava Alexander pela brilhante
ideia de me deixar sozinho com ela, quando era óbvio que algo assim poderia acontecer.
Droga! Como eu saberia se ela está blefando, ou se ele realmente falou algo com ela?
— Eu e Alexander temos um início complicado — respondi, de forma vaga, a fim de não
me comprometer.
— Está me dizendo que não são oito meses? — ela insistiu.
— N-não — respondi, hesitante, e a medi com o olhar. Naquele instante, senti que ela
estava blefando. — Depende do ponto de vista de cada um, para mim foi mais do que isso.
Muitas idas e vindas nesse tempo. Mas devido à posição de Alexander, assumimos há pouco
tempo.
Levei a minha mão sobre a mesa, ajeitando a taça que estava à minha frente, a fim de me
distrair, à medida que dizia a mim mesma que para ela acreditar, eu deveria estar o mais
confiante possível quando a respondesse.
— Ainda acho que isso é uma farsa — Madalena falou, atraindo o meu olhar de volta para
ela.
— Eu não teria tanta certeza assim.
— Ele nem mesmo colocou um anel de brilhantes em seu dedo — comentou. Ao mesmo
tempo em que desviou o olhar para a minha mão. Mantive-me no mesmo lugar, apenas o
amaldiçoando por esquecer algo tão importante.
Forcei um sorriso e esperei que seu olhar voltasse para mim.
— Uma coisa que irá aprender sobre mim com o tempo, é que eu não sou uma mulher fútil
e que se importa com essas coisas. Não estou interessada em um anel de brilhantes, para mim o
que importa é Alexander. O pedido, mesmo sem um anel, foi único.
Em partes, aquilo era verdade. Mesmo que não se tratasse de um relacionamento falso. Um
anel de brilhantes, quem liga?
— Ainda assim, ele não te deu um anel — ela debateu, mas dessa vez não tão confiante.
— Achei que conhecia o seu neto o suficiente para saber que ele tem um jeito um tanto
diferenciado para fazer as coisas — arrisquei, por incrível que parecesse ela pareceu concordar.
— Parece que só o tempo vai me dizer realmente se sou eu quem não o conhece, ou você.
— Terei que concordar — respondi, sentindo o alívio quando Rodolfo apareceu. Inclinei-
me para sussurrar de forma que apenas ela ouvisse: — E eu realmente espero que seja você quem
não o conheça de verdade.
— Dona Madalena — Rodolfo falou, antes que ela tivesse tempo de retrucar. — Acabei de
receber uma ligação e terei que ir para resolver um problema, mas foi bom revê-la.
— Isso é realmente uma pena. — Rodolfo se aproximou, pegou a mão dela e deu um beijo
rápido. — Não demore a voltar.
— Claro, pode deixar — respondeu, solícito, então a atenção dele estava sobre mim. —
Espero te ver mais vezes, Raissa.
— Até mais — respondi, educadamente. Ele piscou e sorriu.
Alexander apareceu naquele instante, o semblante sério não passou despercebido por mim.
Ele passou por Rodolfo sem dizer uma palavra sequer e se aproximou, sentando-se ao meu lado.
— Nós nos falamos, Alexander — Rodolfo se dirigiu a ele, que apenas foi capaz de
balançar a cabeça em concordância.
— Eu te acompanho — Madalena disse e se levantou, Rodolfo negou com a cabeça.
— Imagina, aproveite a noite, eu sei onde é a saída — disse, Madalena assentiu, então ele
se virou, saindo daquele ambiente.
Naquele momento, os olhos de Alexander encontraram os meus e não soube decifrar o que
significava. Mas era um olhar diferente de todos que ele já havia me dado, e aquilo foi capaz de
me causar até mesmo borboletas no estômago.
O que, afinal, significaria? Ele disse que não era capaz de ter qualquer sentimento, então
que olhar era esse?
Aquilo poderia ser real? Ou era apenas um show para a avó dele?
— Como você queria, Alexander, agora somos apenas nós três — Madalena falou, nos
tirando daquele transe. Desviei a minha atenção para ela, que nos olhava fixamente.
— Perfeito — Alexander respondeu, visivelmente mais à vontade. — Vamos jantar?
Ela assentiu e apesar do silêncio, sentia que a tensão se foi, juntamente com Rodolfo.
Alexander pegou o prato à minha frente e me entregou, incentivando-me a me servir. Em
seguida, fez o mesmo.
O jantar começou de forma tranquila, seguimos apenas apreciando a comida que estava
deliciosa. Apesar de ter várias opções à mesa, eu escolhi risoto de shitake. Uma das minhas
comidas preferidas.
— Nos conte sobre a sua família — Madalena perguntou, de repente. — O que eles
fazem?
— Se quer saber se venho de uma família como a de vocês, a resposta é não. Meus pais
são pessoas simples, que batalharam a vida toda e trabalharam para que eu tivesse uma boa
profissão.
Forcei um sorriso, decidindo ser sincera sem tentar criar caso com aquela pergunta. Afinal,
eu tinha muito orgulho dos meus pais.
— Por isso escolheu, Alexander? — A voz exalava ironia. — Para que ele possa lhe
proporcionar o que...
— Eu a escolhi, vó — Alexander interrompeu, firme e autoritário. — Foi eu quem insistiu
loucamente para que ela me desse uma chance. Então não comece com essas suposições, não
com ela.
Arregalei os olhos com a forma que ele soltou aquelas palavras. Meus olhos foram de
imediato para Madalena, que parecia estar tão surpresa quanto eu.
— Certo, Alexander — disse, parecendo se recompor.
Desviei meu olhar para Alexander, percebendo seus olhos fixos sobre mim. Eu sabia que
não deveria deixar o meu coração palpitar por algo assim, algo que claramente era atuação.
Se ele supostamente gostava de mim, era certo que não a deixasse me ofender. Mas, ainda
assim, eu me vi balançada por um momento. Desviei a minha atenção para a jarra de suco e levei
minha mão para pegá-la. Mas Alexander foi mais rápido.
— Deixa isso comigo — ele falou e inclinou a jarra, servindo mais suco para mim. Sorri
em agradecimento, peguei a taça e tomei um longo gole, antes de voltar a comer, em silêncio.
Madalena não soltou mais uma indireta sequer durante o restante do jantar. Ela parecia
mais interessada em observar nossa interação, mas eu não sabia ao certo, se foi pelas palavras de
Alexander, ou se o motivo real foi a falta de oportunidades.
Conseguimos chegar ao final do jantar sem trocar qualquer farpa, conseguindo até mesmo
que ela nos acompanhasse até a porta quando decidimos ir embora.
Isso me fazia gostar dela? Definitivamente não.
Mas estava tentando ser o mais tranquila possível, afinal, precisávamos que ela aprovasse
o casamento para o acordo seguir e eu poder pagar a Alexander aquilo que o devia.
Não abaixaria a minha cabeça jamais, mas não queria viver o próximo ano em um pé de
guerra com a velha.
— Qual foi o combinado entre vocês? — Madalena perguntou, de repente, quando
paramos em frente à porta.
Aquela pergunta me deixou sem reação. Nós havíamos sido descobertos?
— Como assim, vó? — Alexander perguntou, de forma cautelosa. Meus olhos foram para
Madalena, que deu um pequeno sorriso, como se aquilo fosse divertido.
— É isso que você ouviu. Qual foi o combinado entre vocês, para o casamento? — ela
perguntou e nos estudou com o olhar, sem tirar aquele sorriso dos lábios. — Pretendem casar em
quanto tempo?
Senti meu corpo relaxar. Merda! Aquilo era uma pegadinha da velha?
— Não chegamos a um acordo ainda — Alexander respondeu, sério. — Como poderíamos
organizar isso, se ainda não temos a sua aprovação?
— Realmente vocês ainda não têm — ela disse, firme. — Vão precisar se esforçar mais.
Quando os olhos dela foram para mim, tive que conter a vontade de dizer poucas e boas.
— Tudo bem, por Alexander vale a pena. — Mantive-me firme.
— Ótimo. — Ela me fitou com o olhar. — Quero falar algo com você antes que vá
embora.
— Estou ouvindo — respondi, já esperando a bomba que ela jogaria em minhas mãos,
torcendo para que eu conseguisse me segurar.
— A sós — ela falou e olhou para Alexander. — Você fique aqui, ela voltará para ir
embora em alguns minutos.
— Tudo bem para você, Raissa? — ele perguntou, ignorando a avó.
— Sim. — Forcei um sorriso. — Apenas espere por mim.
Ao me ouvir, ele retirou as mãos de mim e eu acompanhei, enquanto Madalena caminhava
em direção a uma porta. Ela a abriu e me deu espaço para passar. Entrei, então ela a fechou atrás
de nós.
Uma breve olhada me fez confirmar que estávamos em um escritório. Fiquei esperando
para saber se nos sentaríamos, ou permaneceríamos ali, mas sem cerimônia ela se virou e olhou
para mim.
— Sinceramente? Eu não gosto de você — Madalena falou, direta. — Você é uma mulher
um tanto insolente.
— Se está achando que vou ficar calada enquanto f...
— Me deixe terminar — ela me interrompeu firme e levantou a mão fazendo sinal para
que eu a deixasse falar. E, estranhamente, aquilo me fez querer ouvir tudo. — Mas eu pensei que
nunca veria Alexander balançado por mulher alguma. Não depois de tudo que ele já passou.
— Do que você está falando? O que aconteceu com ele? — Baixei a minha guarda,
desejando obter aquela informação.
Ela me estudou por um instante, como se decidisse o que responder.
— Não serei eu a pessoa a te contar isso. Se você realmente quer saber, tem que fazê-lo se
abrir com você. Isso é o que posso te contar por ora, eu vi em você durante esse jantar a
esperança para ele. — Suspirou. — É por esse motivo que estou disposta a lhe dar a chance de
me provar que estou errada sobre você.
Por um momento, eu me vi sem palavras.
Sim, pela primeira vez eu não queria respondê-la, apenas queria que ela me contasse o que
aconteceu com Alexander, mas ela havia deixado claro que não contaria. E pior, saber que
certamente eu não conseguiria arrancar aquilo de Alexander me deixava sem saber o que fazer.
Eu não deveria me meter, mas me vi querendo descobrir. Seria por isso que ele não era
capaz de corresponder a qualquer sentimento?
— Por ora, apenas diga a Alexander que vocês não têm a minha aprovação. Mas estou
disposta a repensar, portanto, venha mais vezes com ele.
— Tudo bem — respondi, ao mesmo tempo em que balançava a minha cabeça
positivamente. — Vou voltar para ele então.
— Faça isso — ela completou e me deu espaço para passar, assenti e saí do escritório, indo
novamente para a saída.
Encontrei Alexander me esperando do lado de fora. No momento em que notou a minha
presença, sua atenção foi completamente para mim.
— O que ela queria falar com você? — ele perguntou, curioso. Fiz uma pequena careta.
— Que não gostava de mim e que eu era insolente. — Dei uma risada, fazendo com que
ele me acompanhasse. — Mas disse que apesar de não aprovar, me daria a chance de mostrar que
estava errada.
Medi-o com o olhar, disposta a deixar a outra parte de fora da nossa conversa.
— Isso é a cara dela. — Ele balançou a cabeça em negativa. — Parece que teremos um
pouco mais de trabalho então.
— Provavelmente, para isso dar certo, temos que acertar algumas coisas — sussurrei,
lembrando-me de como a velha esperta estava disposta a nos testar. Senti as mãos de Alexander
tocarem as minhas costas, fazendo meu corpo reagir instantaneamente.
— Vamos continuar essa conversa em outro lugar — Alexander falou e me guiou em
direção ao carro.
O motorista estava de prontidão ao lado de fora esperando.
Alexander abriu a porta para mim e me deu espaço para entrar. Acomodei-me enquanto ele
trocava algumas palavras com o motorista. Alguns instantes depois, ele se acomodou de frente
para mim.
— Temos que combinar algumas coisas com certeza. Ou ela definitivamente irá nos pegar
— falei, atraindo seu olhar para mim.
— Você se saiu muito bem, eu gostei. — A boca dele se curvou em um sorriso, ao mesmo
tempo em que ele fechou a porta do carro.
— Não combinou nada antes de propósito, não foi?
— Sim, foi exatamente isso — confessou, o sorriso nos lábios dele se desfez. — E algo me
deixou muito curioso durante o jantar, Raissa.
— E o que seria? — Aquele tom fez com que eu ignorasse completamente o que ele
acabara de admitir.
— Como você conseguiu criar uma história tão rápida e convincente para a minha avó? —
A pergunta repentina me fez corar. — Eu realmente gostaria de saber.
— Eu não criei. — Mordi o lábio inferior.
Os olhos dele escureceram, com uma intensidade avassaladora. Ele conseguiu me afetar da
mesma forma que da última vez em que teve aquele olhar sobre mim. E o pensamento, fez-me
querer beijá-lo mais uma vez.
Antes que eu fizesse algo por impulso, apenas voltei a minha atenção para sua pergunta
anterior. Dei um pequeno suspiro e tentei me concentrar.
— Bem, eu acrescentei um pouco na história. Mas há alguns anos aconteceu algo parecido,
uma pessoa apareceu em um dia muito ruim e, graças a ela, hoje eu não tenho uma lembrança tão
pesada daquele dia. Foi especial. — Minha boca se curvou em um sorriso cheio de nervosismo.
— Achei que contar meia-verdade ajudaria a tornar tudo mais convincente.
— E onde está essa pessoa? — ele perguntou, sem tirar os olhos dos meus.
Aquele olhar me desconcertou.
— Eu não faço ideia — respondi, em um fio de voz.
Alexander se inclinou em minha direção e estendeu a mão para mim. Apesar de não
entender aquele gesto, aceitei, curiosa para descobrir sua intenção com aquela atitude.
Assim que a minha mão tocou a dele, ele me puxou em direção a ele, fazendo-me cair
diretamente em seus braços.
— O que está fazendo? — perguntei, envolvida demais para recuar.
— Depois que mordeu o lábio, eu só consegui pensar em como quero te beijar agora —
falou, sério, à medida que deslizava a mão sobre mim, fazendo-me sentar de frente em seu colo.
Não protestei, apenas deixei que ele fizesse aquilo, mesmo sabendo o que aconteceria em
seguida. Eu sabia que não deveria ir adiante com isso, mas, porra, naquele momento eu queria
tanto quanto ele.
E sem pedir permissão, Alexander tomou meus lábios para ele. O beijo era quente e cheio
de necessidade. Passei as mãos em volta do pescoço dele, enquanto sentia as mãos dele
deslizarem pelas minhas costas, foi quando ele me puxou ainda mais em sua direção.
A língua invadiu a minha boca, fazendo-me sentir ondas de excitação por todo o meu
corpo, as mãos dele foram para debaixo do meu vestido tocando a minha coxa, subindo para
pegar a minha bunda, sem pudor algum.
Um gemido escapou de meus lábios quando ele apertou a minha bunda e friccionou meu
corpo para frente, fazendo-me ter a certeza de que ele estava completamente duro.
Aquele contato me deixou em chamas, ao mesmo tempo em que me lembrou que eu tinha
limites que não me sentia pronta para ultrapassar. E antes que eu pudesse protestar, os lábios dele
deixaram os meus e, lentamente, desceram pelo meu pescoço, fazendo um caminho em direção
ao decote exposto pelo vestido.
Um arrepio percorreu todo o meu corpo no momento em que os lábios dele tocaram a parte
superior de meus seios. Estremeci no instante em que ele começou a chupar toda aquela área
exposta.
Aquilo era gostoso. Porra, sentir a boca dele ali era gostoso demais.
— Alexander... — chamei a atenção dele em meio a um gemido. Ao invés de parar, ele fez
o caminho até o meu outro seio, enquanto deslizava a mão em um movimento sutil em direção à
minha calcinha.
Lentamente, levei a minha mão em direção a dele, antes que eu perdesse o pouco de juízo
que me pedia para parar.
Alexander soltou um gemido totalmente frustrado, que me fez arrepiar de forma deliciosa.
E por mais que a intensidade me fizesse querer continuar, aquele era um passo que eu não estava
disposta a dar.
Ele se afastou um pouco, levando o olhar ao encontro dos meus.
— Porra, Raissa, vai me matar assim — sussurrou, a voz cheia de desejo e os olhos
intensos sobre mim.
Senti-o me pressionar ainda mais contra ele, fazendo-me gemer com o contato de seu pau
contra minha boceta.
— Não ultrapasse os limites, Alexander — pedi.
E antes que ele pudesse responder, a voz do motorista se fez presente, nos informando que
havíamos chegado.
— Que limites? — perguntou, ignorando o motorista.
— Os meus — respondi. Ele suspirou enquanto os olhos confusos estavam sobre mim.
— O que você está fazendo comigo? — perguntou, em um fio de voz.
Não sabia de fato se ele queria uma resposta, mas não a tinha.
Sem pensar muito, inclinei-me novamente em direção a ele e o beijei com vontade. Não
queria deixá-lo ir adiante, mas queria sentir seus lábios nos meus mais uma vez antes de sair do
carro.
Alexander não perdeu tempo para corresponder. Ele levou a mão em minhas costas e me
colou nele, à medida que o beijo se tornava cada vez mais quente.
Apesar de continuar explorando meu corpo sem pudor, ele não tentou novamente
ultrapassar os meus limites. E quando senti que as coisas estavam mais quentes do que deveriam,
afastei-me devagar encerrando o beijo.
— Eu preciso ir, Alexander — disse, ofegante, ao mesmo tempo em que saía do colo dele.
Inicialmente, ele se mostrou relutante em me soltar, mas, mesmo a contragosto, ele o fez. — Boa
noite.
— Boa não será, mas tenho certeza de que será longa — sussurrou, os olhos fixos em mim.
Sorri antes de abrir a porta e sair, disposta a encerrar aquela noite ali.
Alexander estava certo, essa, com certeza, seria uma noite longa.
CAPÍTULO 16
Alexander estava certo quando disse que a noite seria longa, realmente, foi uma das noites
mais longas que tive, onde meus pensamentos se fixaram naquele beijo intenso e em tudo que
poderia ter acontecido se eu me deixasse levar, até finalmente conseguir pegar no sono.
E quando acordei pela manhã, não consegui me levantar da cama de imediato. Estava me
revirando na cama há cerca de uma hora.
Sempre fui uma mulher decidida, mas pela primeira vez eu me vi confusa sobre o que
queria. Alexander definitivamente não era o cara certo, por isso não tinha certeza de até que
ponto eu deveria o permitir chegar.
Mas pela primeira vez eu me vi realmente balançar sobre isso. Talvez por ele ser um
homem gostoso e intenso, ou pelo seu modo autoritário, por estar escrito na cara dele que não
prestava nadinha, ou até mesmo pela familiaridade que ele tinha com o cara que conheci em
Búzios e que ficou entranhado em minha memória por todos esses anos.
Certamente, o motivo era um desses, ou todos eles. Eu não sabia ao certo, mas não parei
de pensar em Alexander por um segundo sequer.
O barulho de notificação do meu celular me trouxe de volta à realidade, fazendo com que
eu o pegasse no móvel ao lado da cama. Ao desbloqueá-lo notei uma mensagem de Isabella. Abri
o aplicativo de mensagem e estava prestes a abrir a mensagem dela quando vi um pouco mais
abaixo uma mensagem de Alexander.
Minha atenção foi para ela. Abri a conversa dele, curiosa para saber o conteúdo.
Alexander: Quais são os seus limites, Raissa?
Arqueei as sobrancelhas ao ver a hora que a mensagem foi enviada. Exatamente às 03h.
Não pude evitar o sorriso que se formou em meus lábios, ao pensar que a essa hora da
madrugada os pensamentos dele estavam em mim.
Pensei um pouco antes de enviar uma resposta.
Eu: Eu gosto de ir devagar.
Estava prestes a ir para a conversa de Isabella quando o vi ficar on-line.
Tentada a descobrir o que ele falaria, acabei permanecendo em sua conversa. Demorou
uma fração de segundos para que sua resposta chegasse até mim.
Alexander: Você já deve saber que ir devagar não faz o meu estilo.
Senti-me ansiosa com aquela mensagem. Mordi o lábio inferior enquanto digitava uma
resposta a ele.
Eu: Sim, eu imaginei. Mas também sei que você não vai ir além sem que eu permita antes.
Minha boca se curvou em um sorriso quando ele começou a digitar mais uma vez, por
mais tempo do que deveria. E no momento em que a mensagem chegou, eu perdi o ar.
Alexander: Ah, Raissa. Não tenha dúvidas de que em breve vou te foder bem gostoso. Eu
sei que você também quer isso.
Li aquela mensagem mais duas vezes antes de decidir bloquear a tela do celular e o jogar
de lado. Decidida a ignorar a mensagem, eu me levantei e fui para o banheiro, a fim de jogar
água no rosto e mandar os pensamentos impuros que queriam rondar minha mente para longe.
Estava saindo do banheiro quando o barulho da campainha chamou a minha atenção.
Franzi as minhas sobrancelhas e fui em direção à porta para checar quem poderia ser.
Antes de abrir a porta eu conferi o olho mágico, confirmando que aquilo que eu estava
adiando acabara de acontecer.
Beatriz e Isabella estavam ali, e eu sabia que naquele momento já não seria mais possível
evitá-las. Então, abri a porta e encontrei o olhar de reprovação das duas em minha direção.
— Bonito, dona Raissa — Beatriz falou, fazendo que uma pequena careta se formasse em
meus lábios. — Iria nos ignorar até quando?
— Eu pensei que conseguiria um pouco mais. — Fui sincera, ao mesmo tempo em que dei
espaço para entrarem.
— E ainda não tem vergonha na cara em admitir. Ainda bem que não leu a minha
mensagem, ou iria fugir com certeza — Isabella falou, enquanto passava por mim.
Sorri de forma travessa e fechei a porta no momento em que as duas estavam dentro do
apartamento.
— Eu nem tomei café, hum... que tal conversarmos na cozinha? — perguntei e sem
esperar resposta fui em direção à cozinha, pois sabia que elas viriam atrás de mim.
— Como você está? — Isabella perguntou, enquanto eu pegava a chaleira e colocava água
no fogo para fazer um café.
— Eu estou bem... hã... A nova gerente de marketing já apareceu por lá? — perguntei e
forcei um sorriso.
— Está todo mundo sem entender nada — ela respondeu, ao mesmo tempo em que se
sentava ao lado de Beatriz em uma das banquetas na cozinha. — Não acredito que tiraram você
que se dava superbem com todos na equipe, para colocar uma metida que se acha a dona de tudo.
— Ah, para. — Sorri, à medida em que colocava a porção de pó de café no passador.
Então, virei-me para ela, sabendo que o julgamento dela era porque a mulher estava me
substituindo. — Não exagera.
— Eu estou falando sério — Isabella insistiu.
— Ai, Isa, não vamos falar nisso — Beatriz disse, antes de desviar a atenção para mim. —
Se você está bem mesmo, por que estava nos ignorando?
Um suspiro escapou de meus lábios ao ouvi-la. Eu seguia as ignorando desde que deixei a
empresa.
— Eu não queria falar sobre o que aconteceu no emprego, não queria falar sobre a bagunça
que está a minha vida. Nem sobre Alexander — fui sincera.
— Alexander? — Beatriz perguntou, fazendo um sorriso se formar em minha boca. — Isso
quer dizer que temos novidades?
A safada não ligava para o meu emprego, muito menos para estar tudo uma bagunça, ela
apenas queria saber sobre o último assunto.
Balancei a cabeça em negativa enquanto me virava para passar o café.
— Não faz esse suspense todo, Rai — Isabella falou, fazendo-me olhar para ela
novamente.
— Eu aceitei a proposta dele — falei e fechei a garrafa, em seguida a levei em direção à
bancada.
— Ai, meu Deus! — Beatriz vibrou, Isabella a acompanhou com um gritinho.
— Você vai se casar então? — Isabella perguntou, entusiasmada, à medida que eu me
sentava junto a elas em uma das banquetas. — Ah, sua cretina, como pode deixar a gente de fora
disso?
— Eu não deixei vocês de fora — defendi-me e servi uma xícara de café para mim. —
Vocês aceitam?
— Não desvia o assunto, queremos saber tudo — Isabella falou e Beatriz concordou.
— Não vamos nos casar, ainda — expliquei e, em seguida, tomei um gole de café. —
Inclusive, no contrato há uma cláusula falando que eu não posso contar para ninguém que o
casamento é um acordo.
Arqueei a sobrancelha para as duas, que no mesmo momento levaram as mãos à boca, com
a promessa de segredo.
— Isso morre aqui — Beatriz falou e Isabella prontamente concordou.
— Mas não é isso que queremos saber, você encontrou com ele depois disso? — Beatriz
perguntou e eu sorri. — Por favor, me diz que você já deu pelo menos uns pega naquele gostoso.
— Não foi esse o motivo de aceitar o contrato. É um acordo estritamente profissional —
respondi, firme. Mesmo não gostando de mentir para elas, isso não era algo que eu queria
compartilhar por enquanto.
— Ai, Raissa. — Isabella suspirou, fazendo-me dar uma gargalhada.
— Você é inacreditável — Beatriz completou. Balancei a cabeça em negativa e me
levantei, indo em direção ao armário.
— Ei, volta aqui — Isabella falou.
— Só vou pegar algumas torradas, não estou fugindo — falei e peguei um pacote de
torradas, em seguida o mostrei para elas.
Então, caminhei na direção delas e me sentei novamente.
— Por que não irão se casar ainda? O que de fato será esse acordo? — Isabella perguntou,
curiosa como sempre.
Suspirei e me sentei, decidida a explicar às meninas o que conversei com Alexander. E na
próxima hora contei tudo a elas, claro, deixando de fora as cláusulas de envolvimento. Também
ocultei o fato de que, por duas vezes, eu já havia me deliciado naqueles lábios gostosos.
E por mais que eu dissesse que não rolaria nada, as duas não pareciam acreditar nisso.
Estavam totalmente eufóricas com a ideia de que eu estaria em breve debaixo do mesmo teto que
aquele pedaço de mau caminho.
A quem eu queria enganar? Nem eu mesma era capaz de acreditar nas minhas palavras.
Mas quando elas começaram a me atormentar demais, dei um jeito de mudar o rumo da
conversa.
Quando se aproximou do horário do almoço nós pedimos comida e passamos boa parte do
dia na frente da TV, conversando e assistindo um dos nossos mais novos vícios: doramas.
Eu sabia que elas tiraram o dia para me animar e eu me sentia muito grata por isso. Grata
por ter elas como amigas de verdade e por se preocuparem tanto comigo.
— É um aviso, Rai, se nos ignorar de novo não vamos perdoar — Isabella falou, ao
mesmo tempo em que me abraçou forte. — Só estou indo porque prometi a Mel que iríamos ao
parque hoje, mas pode me ligar a qualquer momento.
— Obrigada, Isa — disse, retribuindo o abraço. — Mande um abraço para ela e diga que
em breve eu vou visitá-la.
— Não se atreva a aparecer lá sem um presente, sabe que ela é exigente — Isabella
brincou, à medida que nos afastávamos.
— Claro, ela é exigente igual a mãe — Beatriz brincou, Isabella deu de ombros.
— Ela tem que aproveitar o lado bom da vida e isso inclui arrancar presentes das minhas
amigas — disse, entrando na brincadeira.
Gargalhei ao mesmo tempo em que balancei a cabeça em negativo. Então, foi a vez de
Beatriz vir até mim e me dar um abraço apertado.
— Te amo, amiga, sabe que pode contar com a gente — Bia falou, balancei a cabeça em
concordância enquanto a correspondia.
— Obrigada — disse e me afastei, passando o olhar entre as duas. — Eu amo vocês.
As duas sorriram e, como as amigas incríveis que sempre foram, se juntaram em mim mais
uma vez, antes de irem embora. O dia havia sido gostoso e serviu para me distrair um pouco da
loucura que minha vida estava.
Depois de tomar um banho, eu me deitei na cama e peguei o celular, que havia
permanecido no móvel ao lado da cama, durante todo o dia.
Como não havia respondido Alexander, não imaginei que teria qualquer mensagem dele,
mas estava enganada. Prendi a respiração no momento em que meus olhos foram ao encontro do
seu nome, denunciando uma notificação de mensagem enviada há algumas horas.
Alexander: Amanhã às 11h, a esperarei na empresa para assinar o contrato e acertar
algumas questões pendentes. Não se atrase, eu tenho uma reunião às 13h.
CAPÍTULO 17
Estacionei na frente da empresa de Alexander exatamente às 10h50.
Sem demora, entrei no edifício e caminhei em direção à recepção. Ao me avistar, a
recepcionista abriu um sorriso gentil.
— Bom dia — cumprimentei-a, séria.
— Bom dia, Raissa, Alexander está esperando por você — respondeu de pronto. — Quer
que eu te acompanhe até lá?
— Não precisa, obrigada. — Minha boca se curvou em um sorriso e eu dei a ela um aceno,
sem deixar de notar como o tratamento havia mudado depois que ela ouviu naquele dia que eu
era noiva de Alexander.
— Certo, vou liberar a sua entrada e logo em seguida avisarei à secretária de Alexander
para que a deixe entrar. Fique à vontade.
Assenti e segui pelos corredores da empresa, fazendo o mesmo caminho que ele fez no dia
em que estive aqui. Quando cheguei em frente à sala dele, a secretária que se encontrava em uma
mesa do lado de fora sorriu e apenas disse que eu poderia entrar.
Retribuí o sorriso e entrei na sala, onde encontrei Alexander com a atenção em seu
notebook. Mas no momento em que percebeu a minha presença, ele o fechou e sua atenção foi
por completo para mim.
— Raissa — disse, o tom autoritário enviou uma eletricidade por todo o meu corpo.
Fechei a porta e caminhei em direção a ele.
— Bom dia — cumprimentei, séria, à medida que ele se levantava. Lutei contra a vontade
de morder o lábio, enquanto a lembrança do nosso último encontro pairou sobre mim.
De uma coisa as meninas estavam realmente certas, o homem era gostoso. E seria
inevitável não estar na cama dele em algum momento, afinal, seria um longo ano em sua
companhia.
Eu só queria me sentir segura quanto a essa escolha.
A aproximação de Alexander me trouxe de volta à realidade. Ele estava tão perto, que me
fez sentir o coração em descompasso.
— Por onde começamos? — perguntei, a fim de quebrar aquela tensão que estava
instaurada no ar.
Sem dizer uma palavra, Alexander estendeu a mão para que eu fosse em direção a um sofá
que se encontrava um pouco à frente. Eu caminhei em direção a ele e me sentei.
Alexander se sentou em seguida, suavemente me ajeitei, afastando-me um pouco dele.
Precisava manter uma distância maior para o bem da minha sanidade.
Ele abriu a gaveta da mesinha de centro à nossa frente e pegou um envelope, tirou algumas
guias de dentro e as estendeu em minha direção.
— Vamos começar resolvendo a questão do contrato — falou enquanto eu pegava as
folhas em sua mão.
Balancei a cabeça em concordância antes de desviar a minha atenção para o contrato.
Tentei me concentrar em confirmar cada informação, mesmo sentindo os olhos de Alexander de
forma intensa sobre mim.
Sobre os benefícios, assim como ele disse nada foi alterado. Ele estava mesmo decidido a
me dar todo aquele valor ao final.
Balancei a cabeça positivamente ao notar que ele havia estipulado o tempo de um ano para
a duração do casamento e ao final, na cláusula sobre compromisso, ali estava a alteração.
Alexander se comprometendo a partir da assinatura do contrato ser meu e apenas meu.
Assim como eu deveria me comprometer a ser apenas dele, durante a vigência daquele
documento.
Desviei meus olhos para ele, sentindo um rubor no rosto ao notar seu olhar sobre mim. Ele
sabia exatamente a parte em que eu estava lendo e aquele olhar fez com que me sentisse exposta,
como se ele tivesse conhecimento dos meus pensamentos mais ocultos.
— Tudo exatamente conforme você pediu — ele frisou, sem tirar os olhos de mim.
— Eu não pedi você. — Fitei-o com o olhar. — Também não concordei em ser sua.
— Por que resistir ao inevitável?
— Porque eu preciso de tempo — expliquei.
— Quanto tempo? — ele perguntou. E a frustração estava visível em seu tom. Minha boca
se curvou em um sorriso, à medida que pensava em como respondê-lo.
— Tudo vai depender de você. — Não perdi a oportunidade de o provocar, ao passo que
colocava as guias do contrato sobre a mesa.
Em um movimento rápido, Alexander me deitou no sofá e veio com seu corpo para cima
do meu. O susto com o movimento se fez presente por alguns segundos, antes daquele
sentimento ser substituído pela excitação de tê-lo tão perto, encaixado perfeitamente no meio de
minhas pernas.
A respiração se tornou irregular, sentindo-o me devorar com o olhar.
— Não brinca comigo, Raissa — Alexander pediu, roçando suavemente o corpo no meu,
fazendo meu corpo inteiro se arrepiar ao sentir como ele estava completamente duro. A tensão, a
excitação e o desejo estavam cada vez mais incontroláveis a cada encontro.
Ele permaneceu com os olhos fixos a mim. De forma ousada, levei a minha mão à gravata
dele e o puxei um pouco mais em minha direção.
— Você vai... respeitar os meus limites? — perguntei, em um fio de voz, tentando o
lembrar do que eu havia pedido. A mão dele deslizou pela minha coxa suavemente, enviando
uma onda de excitação sobre mim.
Senti meu vestido sendo levado para cima. Então a mão dele deslizou em direção à minha
virilha. Os olhos dele não deixaram os meus, por um minuto sequer.
Estremeci no momento em que ele jogou a minha calcinha para o lado, e um gemido
escapou dos meus lábios quando senti os dedos dele tocarem suavemente a minha boceta.
Coloquei um pouco mais de força no aperto em sua gravata.
Alexander ofegou quando os dedos dele tocaram a minha entrada, constatando o quão
excitada eu estava naquele instante.
— Você está tão molhada, que eu comeria você com facilidade aqui nesse sofá —
sussurrou, sem conseguir esconder a surpresa por trás daquela fala, por um momento a ansiedade
e o medo de que ele realmente fizesse aquilo tomaram conta.
E antes que eu pudesse protestar, Alexander subiu os dedos em direção ao meu clitóris. Ele
começou a me tocar em movimentos circulares enquanto os olhos me devoravam por inteiro.
Como se ele estivesse totalmente fora de controle.
Seus olhos fixos aos meus, os movimentos aumentando de forma gradativa em meu
clitóris, a admiração em seu olhar quando gemidos contidos começaram a sair de meus lábios.
Tornava tudo mais quente e difícil de resistir.
— Você quer mesmo que eu respeite? — perguntou em um pequeno rosnado, à medida
que os dedos começaram de forma precisa a enviar sensações novas pelo meu corpo.
Ser tocada por outra pessoa, aquilo era diferente. E gostoso, tão gostoso que estava me
fazendo perder o juízo.
Naquele momento, eu me perdi totalmente em seu toque. Os lábios dele encontraram os
meus com fervor, não hesitei em retribuir enquanto os movimentos em meu clitóris aumentavam,
deixando-me fora de controle.
Senti meu sexo apertar e a intensidade aumentar. Alexander deixou os meus lábios para
encontrar meus olhos. E foi naquele momento, com um gemido incontrolável e olhando dentro
daqueles olhos azuis profundos, que eu me desmanchei em seus dedos. Permiti-me curtir cada
sensação que o momento estava me proporcionando.
— Mulher gostosa do caralho — ele rosnou, fazendo-me estremecer com aquela
intensidade.
Corei por ter toda a sua atenção em mim, foi por isso que puxei a gravata dele em minha
direção, em um instante nossos lábios se uniram. Eu senti todo o seu desejo e descontrole
naquele beijo.
Sabia exatamente que eu estava brincando com fogo, pedindo-o para se controlar quando
eu não estava facilitando. Mas ansiava por segurança, ansiava para que ele me passasse essa
sensação.
E foi por isso que quando os lábios dele deixaram os meus, enquanto a nossa respiração
ainda estava em descompasso, senti que precisava que ele me tranquilizasse.
— Me promete uma coisa — pedi, a respiração irregular.
— O quê? — perguntou, em meio a um rosnado contido.
— Você não vai além disso, sem que eu te diga que eu quero — sussurrei, fazendo-o me
encarar por alguns instantes.
Tinha a sensação de que ele estava lutando contra o desejo, ao mesmo tempo em que
tentava assimilar o meu pedido.
— Que porra de jogo é esse que está tentando fazer comigo, Raissa?
— Não é jogo, eu apenas preciso saber que posso confiar em você quanto a isso. Eu não
sou uma dessas mulheres com quem você sai, não sou o tipo que fode com qualquer cara.
Ele me mediu com o olhar, como se decidisse o que fazer comigo naquele momento.
Permaneci com os olhos fixos a ele, aguardando ansiosamente a sua resposta.
Falar com ele sobre a minha real situação estava fora de questão. Afinal, quem acreditaria
nisso a essa altura do campeonato?
— Prometo não foder você sem que esteja pronta para isso — rosnou e me mediu com o
olhar. — Só não demore muito, não sou tão paciente.
Em um piscar de olhos, Alexander saiu de cima de mim. Ele se levantou e caminhou na
direção oposta, ficando de costas para mim. Então, levou as mãos à cintura, à medida que soltava
um suspiro cheio de frustração.
Um sorriso se formou em meus lábios, ao perceber que ele estava controlando-se para não
fazer nada. Eu não deveria achar isso divertido, mas, no fundo, era exatamente o que era.
Sentei-me no sofá e voltei a atenção para Alexander. Ele se virou em minha direção de
repente.
— Você já almoçou? — perguntou, a voz contida.
— Ainda não.
— Ótimo, você pode usar o banheiro. — Ele apontou para uma porta no canto esquerdo da
sala. — Se ajeite e vamos terminar essa conversa enquanto almoçamos, ou serei obrigado a
retirar essa maldita promessa que acabei de fazer.
CAPÍTULO 18
Suspirei profundamente, enquanto observava minha imagem no espelho do banheiro.
Estava com o rosto corado, a sensação era de que no momento que saísse daquela sala, todos
saberiam que aquele homem estava com suas mãos em mim, tocando-me sem qualquer pudor.
A lembrança fazia o coração se agitar, ao mesmo tempo em que meu corpo reagia ao me
lembrar de como era, sentir o toque dele em mim.
— Podemos ir? — A voz de Alexander ressoou através da porta, acompanhada de duas
batidas suaves.
Mordi o lábio inferior e fui em direção à porta. Quando a abri, deparei-me com aquele par
de olhos azuis sobre mim.
— Sim, preciso apenas pegar a minha bolsa — avisei, Alexander me mediu com o olhar e
me deu espaço.
Passei por ele e fui até o sofá, inclinando-me e pegando a bolsa. Meus olhos foram em
direção ao contrato, sobre a mesinha de centro.
— Vamos? — A voz dele atraiu a minha atenção, ele já estava parado na porta me
esperando.
— E o contrato? — Desviei meu olhar mais uma vez para aqueles papéis.
— Assinamos na volta — respondeu, firme.
Balancei a cabeça em concordância e caminhei em direção a ele. Alexander levou a mão às
minhas costas e abriu a porta para que saíssemos. Ele não se dirigiu a mim durante todo o trajeto
pela empresa. Apenas me guiou para o estacionamento, parando em frente ao meu pesadelo.
Fiz uma careta enquanto olhava o Bugatti de 17 milhões.
— Você realmente não deveria andar com isso por aí. — Aquelas palavras saíram da
minha boca, à medida que Alexander abria a porta para mim.
A boca dele se curvou em um sorriso, agradeci internamente por ser tão boca grande.
Afinal, todo aquele silêncio depois do que aconteceu na sala era incômodo.
— Graças a isso, eu encontrei você — Alexander comentou e o sorriso em seu rosto se
dissipou. Naquele momento, pude jurar que vi um vestígio de confusão em seu olhar.
Sem saber o que responder, entrei no carro, ele fechou a porta e deu a volta, assumindo a
direção. Coloquei o cinto de segurança e mantive a minha atenção na janela.
Estava confusa. Confusa com o fato de ele dizer que não era capaz de retribuir qualquer
sentimento, mas por parecer feliz pelo carro ter feito com que ele me encontrasse.
Mas, certamente, a felicidade não era por mim em si, mas porque eu era a mulher perfeita
para irritar a avó dele, evitar que ela o casasse com alguma mulher irritante que ela poderia vir a
escolher, até porque ele não poderia dar algo que em algum momento cobrariam: amor.
Eu sabia que isso, era algo que não deveria esperar dele. Mas também foi algo que eu não
consegui fazer depois de Matheus. Amar...
Então talvez, isso pudesse vir a dar certo, não é?
— Chegamos. — A voz de Alexander me trouxe de volta à realidade. Arqueei a
sobrancelha ao constatar que nem mesmo fui capaz de perceber quando ele estacionou.
— Certo, vamos lá. — Forcei um sorriso e tirei o cinto de segurança.
Saí do carro e fechei a porta. No instante seguinte, olhei para frente, constatando que
estávamos no Korfali Hotel Group, o mesmo hotel em que nos encontramos para discutir sobre o
contrato.
Congelei com a possibilidade de ele me levar mais uma vez para a cobertura. Da forma
que as coisas estavam há pouco em sua sala, não tinha certeza de que conseguiria negar suas
investidas.
— Nós vamos almoçar no restaurante — Alexander disse ao mesmo tempo em que a mão
ia ao encontro das minhas costas. — No segundo andar.
Então, ele estava me levando para o edifício. Não o respondi, acompanhei-o até o elevador
que nos levou exatamente para onde ele havia falado. O segundo andar.
Fomos recepcionados por um funcionário que estava visivelmente surpreso com a
presença de Alexander. O que me fez pensar que ele não vinha com frequência para almoçar.
Assim como ele pediu, fomos encaminhados para uma mesa mais reservada no canto e, em
seguida, outro funcionário colocou algumas plaquinhas de reservado nas mesas mais próximas a
nós.
O garçom nos entregou o cardápio e aguardou que escolhêssemos a refeição. Eu optei por
risoto mais uma vez, já Alexander por filé mignon e salada, para beber escolhemos suco de
laranja.
— Prato preferido? — Alexander perguntou assim que o garçom nos deixou a sós.
— Sim — respondi, sorri ao notar que todas as vezes em que comemos juntos foi
exatamente o que eu escolhi. — Se almoçarmos aqui dez vezes, é provável que eu peça risoto
pelo menos sete.
— Interessante. — Ele me fitou com o olhar.
Arqueei as sobrancelhas quando os pratos escolhidos para o jantar na casa da avó dele
pairaram em minha mente.
— Vai me dizer que o risoto de shitake na casa de sua avó foi coincidência?
— Foi um palpite certeiro, graças ao nosso primeiro jantar — ele afirmou, fazendo-me
entender.
— Sua avó te perguntou — concluí.
— Exatamente, risoto era a única coisa que eu tinha certeza de que você gostava.
— É por isso que temos que tentar nos conhecer. No sábado, ela parecia determinada a nos
testar.
— E mesmo não combinando nada, nós nos saímos muito bem.
— Mas poderia ter dado errado — pontuei, lembrando-me da abordagem de Madalena
quando ele nos deixou a sós. — Você disse a ela que estávamos juntos há oito meses?
— Não, eu não falei.
— Como eu suspeitei. — Balancei a cabeça em afirmativa. — Quando você nos deixou a
sós, ela me afirmou que você tinha a dado essa informação e se eu tivesse confirmado?
— Então teríamos um problema — respondeu, despreocupado. — O que você falou?
— Que eu considerava que fosse mais, pois foi tudo muito complicado com idas e vindas.
Afinal, não faço ideia de quantas vezes você foi pego por ela com alguma mulher nesse tempo
que ela estipulou. Respondi que nós nos assumimos há pouquíssimo tempo.
— Está vendo? Se saiu perfeitamente bem. — Seu tom era de admiração. Estranhamente,
eu gostei daquilo. — Vamos usar isso.
— E sobre quando nos conhecemos?
— Gostei muito de como explicou, vamos manter exatamente daquela forma. Foi a partir
dali que nos envolvemos.
Minha boca se curvou em um sorriso, notando que o clima estava se tornando mais
confortável. Naquele momento, o garçom nos interrompeu, pedindo licença para nos servir.
Enquanto recapitulava sobre o jantar, minha mente foi para o moreno de olhos verdes que
se encontrava na casa da avó de Alexander quando chegamos.
— Sobre Rodolfo, quem é ele exatamente? — perguntei, curiosa, no momento em que o
garçom nos deixou a sós.
— Isso é realmente algo relevante? — perguntou, sério. E assim como suspeitei durante o
jantar, a presença do cara parecia o incomodar.
— Sim, como sua noiva eu deveria saber sobre isso — justifiquei, Alexander me mediu
com o olhar, como se decidisse o que falar.
— Crescemos juntos e nos tornamos amigos — ele foi direto. — É apenas isso que precisa
saber.
— Por que eu tive a sensação de que estava incomodado com a presença dele?
— É coisa da sua cabeça. — Ele balançou a cabeça em uma negativa. Em seguida, desviou
a atenção para o almoço.
— Hum... Tudo bem.
Assim como Alexander, resolvi começar a comer, à medida que assimilava aquela
informação. Eu poderia ter entendido realmente errado. Talvez pelo cara não ter me passado uma
sensação boa, portanto, estava deixando isso atrapalhar o meu julgamento.
Talvez, aquele apenas fosse Alexander quando tinha a sua privacidade invadida, como ele
mesmo disse naquele dia.
— Minha comida preferida é pizza e detesto comida japonesa. — Alexander soltou aquela
informação de repente, atraindo minha atenção para ele.
— Bom, acho que temos isso em comum — respondi em meio a um sorriso. — Amo
pizza, mas comida japonesa...
Deixei aquelas palavras no ar, à medida que uma careta se formou em meus lábios.
— Ótimo, sem comida japonesa então — disse e sorriu, antes de pegar o copo e tomar um
gole do suco. Aproveitei para voltar a comer.
Naquele momento, comecei a considerar tudo para que não deixasse nada passar. Foi
quando me lembrei de algo importante e que não havíamos combinado, então voltei a minha
atenção para ele.
— Alexander — chamei a atenção dele para mim. — O que faremos a partir de agora?
Qual será exatamente o meu papel como sua noiva?
— Como minha noiva, você deve me acompanhar em todos os compromissos de agora em
diante. As pessoas precisam nos ver juntos e, consequentemente, a minha avó, pois tenho certeza
de que ficará de olho em cada manchete sobre mim daqui para frente.
— Será totalmente público — concluí.
— Não tem como não ser — disse, eu balancei a cabeça em concordância, assimilando. —
Jantares de negócios, eventos ou qualquer lugar que eu precise estar em público que minha noiva
certamente me acompanharia.
— Faz sentido — respondi, sabendo que não havia como rebater. Alexander estava sempre
na mídia, era inevitável.
— Inclusive, no sábado terá um evento que precisarei que me acompanhe.
— Que tipo de evento?
— Um evento beneficente.
— Tudo bem, eu posso fazer isso — disse e peguei o copo de suco, a fim de desviar minha
atenção.
— Algo que eu precise saber sobre a sua família? — Alexander perguntou, me vi hesitar
ao me lembrar do meu irmão.
Demorei alguns instantes, antes de o olhar novamente.
— Meus pais moram a três horas daqui. Eu vim para a capital estudar, e meu irmão me
acompanhou um tempo depois. Acho que não tem muito o que saber. Mas... — interrompi a fala,
pensando no quão estranho seria envolver a minha família em tudo isso.
— Mas...?
— Seria estranho casarmos sem que eles soubessem — pontuei. — Sabe, com tudo isso da
mídia.
— Sim, eu iria sugerir para que pudéssemos nos encontrar antes do casamento.
— Podemos fazer isso depois que conseguirmos a aprovação da sua avó e tivermos com a
data marcada — sugeri, Alexander arqueou as sobrancelhas.
— Por que eu tenho a sensação de que quer adiar isso ao máximo?
— Eu só não quero os envolver nisso, eles não precisam conhecer você ou nada do tipo, só
precisam estar cientes. Afinal, isso não vai durar mais do que um ano — fui sincera, ele balançou
a cabeça em concordância.
— Você está certa.
Assenti e, mais uma vez, voltei a atenção para a minha comida.
Terminamos o almoço, enquanto conversávamos sobre coisas pouco relevantes. Então,
depois de acertar alguns detalhes com os funcionários do hotel, voltamos para a empresa sob os
mesmos olhares curiosos, principalmente dos funcionários. E pelas caras, eu julgava que
Alexander nunca foi visto com alguma mulher de fato.
Assim que destrancou a porta de sua sala, ele me deu espaço para entrar. Ele fechou a
porta atrás de nós e os olhos vieram ao encontro dos meus.
— Sente-se, vou pegar o contrato — disse, autoritário, à medida que apontava para a
cadeira à frente da mesa dele.
Permaneci na porta, enquanto ele caminhava em direção ao sofá onde estávamos mais
cedo. Foi impossível não sentir o coração palpitar ou a excitação pelo corpo ao me lembrar o que
de fato aconteceu.
E pelo visto, não só para mim. Alexander olhou por mais tempo do que deveria para
aquele sofá, antes de pegar as vias do contrato e olhar em minha direção.
Ao sentir aquele olhar, prontamente caminhei em direção à mesa e me sentei. Ele veio logo
atrás de mim, sentando-se na cadeira à frente.
— Mais alguma coisa que gostaria de pontuar sobre o contrato? — perguntou, ajeitando-se
na cadeira.
— Não, eu concordo com todas as cláusulas — falei, pensando especialmente na última.
— Perfeito. — Os olhos dele brilharam.
Então, ele desviou a atenção para as vias e as assinou igualmente. Em seguida, as entregou
para mim, juntamente com o envelope e a caneta. Eu as peguei e comecei a assinar as vias da
mesma forma.
— Raissa — Alexander chamou a minha atenção, à medida que eu terminava de assinar o
contrato. — Eu falei sério na casa da minha avó sobre colocá-la na área de marketing da
empresa.
Olhei-o, percebendo que eu havia esquecido de tocar em algo muito importante.
— Agradeço, mas não concordo com isso — respondi, firme.
— E qual seria o motivo? É uma ótima oportunidade e você sabe.
— Não seria por mérito, ou por capacidade — pontuei. — Também sei que vou tirar o
cargo de alguém que batalhou para estar ali, exatamente como fizeram comigo.
Talvez meu tom tivesse saído mais decepcionado do que pretendia, pude sentir que aquela
informação o balançou por alguns segundos. Claro, decerto o fato de que eu havia passado por
algo parecido com o que ele pretendia fazer, o desarmou.
— E se ninguém tivesse que ser demitido? — perguntou de repente. — E se eu lhe desse
um projeto para testar a sua capacidade e dependendo de como se saísse, posso te introduzir na
empresa sem ter que tirar o emprego de alguém?
— Bom. — Fiz uma pausa para organizar as minhas ideias. — Isso é algo que podemos
conversar daqui a alguns meses.
Ele me mediu com o olhar, sem dizer uma palavra. Permaneci firme, mostrando a ele que
não importava o que falasse, eu não estava disposta a ir pelo caminho mais fácil.
— Tudo bem, eu desisto. — Suspirou, enquanto me olhava intensamente.
— É uma escolha sábia — falei, ele negou com a cabeça.
— Por enquanto — enfatizou. Seu tom fez com que o coração palpitasse.
Aquelas sensações tão frequentes não eram algo que eu estava acostumada. Mas
Alexander estava se mostrando capaz de despertá-las a cada instante.
Disposta a não o deixar perceber o quanto aquilo me perturbou, coloquei uma das vias do
contrato no envelope e me levantei.
— Vou esperar que entre em contato comigo para me dar mais detalhes sobre o evento.
— Tudo bem — concordou, sem tirar os olhos de mim. — Nos vemos no sábado.
CAPÍTULO 19
A semana passou em passos bem lentos. Talvez pelo fato de não estar acostumada a ficar
tanto tempo em casa, sem muito o que fazer, ou pelo fato de que Alexander não entrou em
contato desde segunda-feira, levando para longe qualquer novidade que poderia ter em minha
vida.
A quarta-feira foi a menos parada, pois foi quando Beatriz e Isabella resolveram aparecer
em meu apartamento, tentando me arrastar para algum barzinho. O que de fato, não aconteceu.
Então ficamos em casa, apenas jogando um pouco de conversa fora.
Mas a sexta-feira estava impossível. Eu havia me levantado às 08h, já havia dado uma bela
faxina na casa e estava terminando de almoçar, porém, não era nem meio-dia.
Aquele era um tipo de rotina gostosa a se fazer de vez enquanto, mas admitia que pensar
em passar alguns meses assim estava me enlouquecendo.
Sentia falta das pessoas que estavam no meu dia a dia, do trabalho, da minha equipe.
Não, eles não eram mais a minha equipe.
O barulho do meu telefone tocando chamou a minha atenção. Eu levei a mão até ele e o
peguei, a fim de checar quem poderia ser. Franzi as sobrancelhas ao notar que era a minha mãe.
Era sempre eu quem ligava para ela, isso era incomum.
— Oi, mãe, tudo bem? — perguntei, atendendo de pronto.
— Oi, filha, você tem visto o seu irmão? — questionou, direta, o que me fez revirar os
olhos.
— Não, falei com ele no mês passado.
— Raissa minha filha, você é a única pessoa que seu irmão tem aí na capital. Deveria
estar em contato constante com ele.
— O que aconteceu dessa vez? — perguntei, sem paciência.
— Ele me disse que você tem o ignorado, o que está acontecendo com você, minha filha?
Suspirei profundo, tentando manter o controle.
— O Vinícius só me liga para pedir dinheiro, mãe, eu não sou banco — respondi, a voz
contida. Olhei para o prato à minha frente e o empurrei para frente, perdendo a fome. — Não sou
obrigada a ficar bancando enquanto ele paga de playboy.
— Não foi você quem sempre disse que o seu intuito era dar a sua família uma vida
melhor? Para que esse tanto de dinheiro se vai guardar?
— Mãe! — chamei a atenção dela, indignada. — Eu sempre faço tudo por vocês, mas o
Vinicius está passando dos limites. Se ele quer um carro, ou qualquer merda que seja, ele que
trabalhe para ter. Eu batalhei muito para conseguir o que tenho hoje.
— Eu sei — respondeu, a voz visivelmente abalada.
O silêncio se fez presente do outro lado da linha e logo eu me arrependi de descontar nela.
— Desculpa, mãe, é só que... — Suspirei. — Eu fui demitida, está bem?
— Ah, minha filha. — Arfou, a voz preocupada. — Por que você não me contou? Você
está bem?
Eu sabia que ela não fazia por mal, Vinicius com certeza havia ligado para eles me
colocando como a pior pessoa do mundo, era o que ele fazia sempre. E era dessa forma que ele
conseguia tudo de mim, pois não suportava ver os meus pais chateados com as nossas brigas.
— Raissa? — minha mãe voltou a chamar a minha atenção.
— Não se preocupe, está tudo bem — tranquilizei-a. — Eu já estou procurando outro
emprego, mas não vou mais dar dinheiro para o Vinícius, ele que trabalhe para conquistar as
próprias coisas.
— Você estava há tanto tempo naquela empresa — disse, triste, e aquilo fez meu coração
apertar.
Eu sabia como minha mãe se sentia feliz em me ver tendo sucesso na vida, o quanto ela
sacrificou para que eu conseguisse.
E, no fundo, era por isso que eu sempre cedia ao Vinicius, mas o problema era que ele ao
invés de aproveitar como eu, estava tentando viver às minhas custas.
— Logo, logo eu consigo algo melhor, mãe, você me conhece. — Forcei um sorriso. —
Sua filha é boa no que faz.
— Ah, minha filha. — Ela deu uma risada. — Você é realmente uma menina de ouro.
— Eu vou ligar para o Vinicius, está bem?
— Você está certa sobre ele — ela falou, surpreendendo-me. — Apenas lembre-se de que
pode me ligar em qualquer situação, viu?
Meu coração aquiesceu ao ouvi-la. No dia em que tudo aconteceu, eu quis ligar para ela e
bancar a menina da mamãe. Mas não fiz, não queria preocupá-la, também não queria ser fraca.
— Tudo bem. Eu prometo ir visitar vocês em breve.
— Ótimo, me avise antes para que eu possa fazer aquele bolo de arroz! — ela falou,
fazendo-me sorrir.
Aquele, definitivamente, era o meu preferido.
— Hm... Eu não vejo a hora.
— Então não demora.
— Pode deixar. Até mais, mãe.
Encerrei a ligação com um sorriso fraco nos lábios. Eu sentia falta de passar mais tempo
com os meus pais, deveria visitá-los com mais frequência agora que não tinha que me preocupar
com nenhum prazo, ou trabalho.
Ainda com o telefone na mão, procurei em minha agenda o número de Vinícius e disquei.
— Olha só quem resolveu ligar — Vinicius disse ao atender.
Revirei os olhos e suspirei.
— O que você quer dessa vez? — fui direta. O silêncio se fez presente do outro lado da
linha por alguns instantes. — Vinicius?
— Você sabe o que eu quero.
Claro, aquilo era óbvio!
— É exatamente por isso que eu estava te ignorando. E vou continuar a partir de agora —
disse, decidida a encerrar aquela ligação.
— É sério dessa vez — Vinicius falou, seu tom me fez hesitar.
— No mês passado também era, só que agora eu não posso te ajudar mais. — Suspirei. —
Eu fui demitida.
Fiz questão de avisar logo, para que ele tirasse o cavalinho da chuva.
— Significa que irá pegar um valor bom no acerto, não é? — Vinicius perguntou, apesar
do tom hesitante, fez-me perder a paciência.
Era inacreditável a ousadia que ele tinha às vezes.
Antes que eu pudesse respondê-lo o som do interfone pairou no ambiente, dando-me a
desculpa perfeita para encerrar aquele assunto.
— Falo com você depois, o interfone está tocando e eu preciso atender.
— E eu tenho escolha? — Vinicius perguntou. Disposta a ignorá-lo, eu apenas encerrei a
ligação.
Suspirei e deixei o celular sobre a mesa, antes de me levantar. Caminhei em direção ao
interfone e o levei ao ouvido, constatando que era da recepção.
— Sim?
— Raissa, tem uma encomenda para você aqui na portaria. Posso deixar que o
entregador suba? — O porteiro do prédio perguntou.
— Oi, Andrey, sim... por favor — concordei, tentando me lembrar se eu tinha pedido algo
na internet recentemente.
— Tudo bem, vou liberar a entrada.
Ao ouvi-lo, coloquei o interfone no lugar e fui ao quarto para trocar de roupa. Cerca de
três minutos depois a campainha tocou, fazendo-me ir até a porta para abri-la.
Sorri para o entregador e voltei a minha atenção para o que estava em sua mão. Uma caixa
grande e um tanto chamativa.
— Olá — cumprimentei-o. Então arqueei a sobrancelha para ele. —Tem certeza de que
isso é para mim?
— Senhorita Raissa Campos? — ele perguntou. Balancei a cabeça em concordância, o
homem estendeu a caixa para mim, junto com uma guia para assinar. — É para senhorita mesmo,
não tem erro.
— Hum... Obrigada — respondi enquanto assinava. Em seguida, peguei a caixa. O
entregador me deu um sorriso antes de se virar para ir embora.
Desviei a minha atenção para a caixa, curiosa com o que poderia ser. Apesar de que, ao
julgar pelo estilo da caixa, só poderia ser uma pessoa a me mandar.
Sem querer esperar, entrei no apartamento e fechei a porta. Em seguida, fui em direção à
mesa da copa e coloquei a caixa sobre a mesa. Foi quando decidi abri-la.
Havia um vestido vermelho.
Eu não precisava nem mesmo tirá-lo da caixa para saber que aquele era o vestido.
E antes que eu pudesse vê-lo mais de perto, percebi um cartão no canto direito da caixa. A
ansiedade caiu sobre mim no momento em que peguei aquele cartão para ler.
“Já posso imaginar como você ficará sexy e gostosa com esse vestido. Mal posso esperar
para vê-lo em você. Te pego amanhã às 19h.”
Permaneci olhando aquele pequeno cartão por mais tempo que deveria, apenas pensando
no dia de amanhã. Um evento beneficente ao lado de Alexander, aparecendo oficialmente como
noiva dele.
Eu não deveria estar ansiando para encontrá-lo, mas naquele momento aquilo parecia ser
certo.
CAPÍTULO 20
— Surpresa! — Beatriz e Isabella falaram em uníssono no momento em que abri a porta
do meu apartamento.
Franzi minhas sobrancelhas, à medida que as analisava. Logo, minha boca se curvou em
um sorriso ao notar a presença da Mel, filha da Isabella.
— Oi, tia — ela me cumprimentou, à medida que vinha em minha direção, com os braços
abertos.
Abaixei e a abracei, apertando-a forte.
— Que saudades, pequena — disse e dei alguns beijos na bochecha.
— Nós também estávamos morrendo de saudades, gata — Isabella disse e me cutucou
para dar espaço para elas.
Deixei Mel e olhei na direção das minhas amigas.
— O que vocês estão fazendo aqui? Sabem que eu tenho que me arrumar e sair em duas
horas — informei, dando espaço para que entrassem.
As malucas haviam vindo de mala e cuia.
— O que acha? Viemos te ajudar a fazer uma superprodução! — Beatriz disse, animada,
enquanto passava por mim. Revirei os olhos ao mesmo tempo em que Isabella e Mel entravam
também.
— Sou perfeitamente capaz de me arrumar sozinha — rebati e fechei a porta.
Virei-me para encará-las.
— Sim, nós sabemos. Mas hoje você vai ao evento com o gostosão e estamos aqui para
nos certificar de que você ficará completamente à altura — Beatriz disse e piscou para mim.
— Ei! — Isabella chamou a atenção da Bia, apontando com a cabeça para Mel, que olhava
atentamente para nós. — Mamãe vai colocar aquele desenho para você terminar de assistir.
Balancei a cabeça em negativa em meio a um sorriso, assistindo a minha amiga guiar Mel
até a sala de TV, ao mesmo tempo em que deixava algumas sacolas no sofá. Beatriz a
acompanhou.
— Por que trouxeram isso tudo? — perguntei, curiosa.
— Algumas coisas necessárias para nos ajudar com a produção e... — Beatriz olhou para
Isabella antes de se voltar para mim. — Precisaremos saber em primeira-mão como tudo foi,
portanto, viemos preparadas para dormir!
— Ah, meu Deus! Vocês estão demais, sério. — As duas gargalharam. — Mas fiquem à
vontade, suas malucas.
Elas vibraram ao me ouvir, então, depois de entreter a pequena Mel com um desenho,
vieram ao meu encontro.
— Você já escolheu o vestido? — Isabella perguntou.
— Digamos que escolheram por mim — respondi e fui em direção ao meu quarto.
— Ele mandou um vestido para você? — Beatriz perguntou, animada, à medida que me
acompanhavam.
— Não só o vestido, como o sapato e até mesmo a bolsa — respondi, apontando para a
caixa em cima do móvel no meu quarto.
— Você. — Beatriz apontou para mim. — Vá tomar banho e se preparar, nós vamos
checar o vestido e preparar tudo para você arrasar.
Sorri e caminhei em direção ao banheiro para começar a me arrumar. Tomei um banho
caprichado e depois de me enrolar na toalha, voltei para o quarto, encontrando-as com uma
cadeira preparada em frente ao espelho, organizando as maquiagens.
Em cima da cama, elas já haviam alinhado o vestido e, para a minha surpresa, tinha
também um conjunto de lingerie que eu havia comprado há um bom tempo, mas não havia usado
ainda. Ele era vermelho, todo rendado com detalhes delicados. Era um conjunto sexy e
romântico na medida certa.
— Vocês sabem que nada vai acontecer — falei, atraindo a atenção delas enquanto pegava
aquele conjunto.
— Com um vestido desses? — Beatriz perguntou e se virou em minha direção. — Eu,
sinceramente, espero que você não volte para casa hoje, então por favor trate de usar o conjunto.
Balancei a cabeça em negativa, ao mesmo tempo em que o pegava para vestir. Era
exatamente por isso que eu não havia contado a elas que nós havíamos dado alguns amassos.
Imagina só se as loucas soubessem?
Depois de vestir a lingerie, fiz o mesmo com o vestido. Era um vestido longo, com uma
fenda lateral que o deixava sexy na medida certa.
Ele veio acompanhado de um salto na cor prata e uma bolsa de mão na mesma cor.
Assustadoramente tudo se encaixou com perfeição em mim.
Beatriz e Isabella se encarregaram de fazer uma maquiagem clássica, finalizando com um
delineado perfeito e um batom vermelho, deixando-me pronta na hora certa.
Tinha que admitir, eu não teria tal resultado sozinha.
Notando que estava em cima da hora, despedi-me das meninas e dei um abraço em Mel,
antes de descer para me encontrar com Alexander. E assim como imaginei, quando cheguei em
frente ao prédio, vi o carro de sempre estacionado a poucos metros.
Alexander abriu a porta e saiu, acertando-me em cheio com sua presença imponente. Ele
vestia um smoking preto, fazendo-me comprovar que ele conseguia ficar ainda mais bonito em
um traje como aquele.
Dei alguns passos na direção dele, ao mesmo tempo em que estendeu a mão para mim. Eu
prontamente a peguei e, devagar ele me puxou ao seu encontro e deixou um selinho tentador no
canto da minha boca, antes de se afastar e me olhar de forma que sempre me desestabilizava por
completo.
— Sexy e gostosa — sussurrou e me mediu com o olhar. — Totalmente como imaginei.
— Você também não está nada mal — respondi.
Um sorriso se formou no canto da boca dele.
Em seguida, ele deu espaço para que eu entrasse e veio logo em seguida. Depois de se
acomodar, Alexander avisou ao motorista que poderíamos ir e se voltou para mim.
— Temo que esqueci de lhe dar algo importante — falou e pegou uma caixinha de veludo
no apoio do carro.
Aquele movimento fez meu coração acelerar, mesmo que não devesse. Alexander abriu a
caixinha, revelando um anel de brilhantes simplesmente perfeito.
Sim, completamente a altura de alguém que estaria noiva dele.
— Sua avó falou com você? — perguntei, tentando ao máximo não expressar que a ideia
daquilo tornar tudo mais real mexia comigo.
— E como... dona Madalena não deixa passar nada. — Ele deu um pequeno sorriso. Então
seus olhos estavam fixos aos meus. — O que acha?
— É bonito — respondi, admirando-o. — É perfeito.
— Ótimo — ele falou ao mesmo tempo em que o tirou da caixinha, em seguida se inclinou
e pegou a minha mão.
Alexander colocou o anel em meu dedo sem cerimônia. No instante seguinte, levou minha
mão à boca e beijou o dorso, antes de voltar o olhar para mim.
— Pronto, agora posso dizer que você é oficialmente a minha noiva — voltou a falar, os
olhos fixos em mim.
Devagar, retirei a minha mão da dele, a fim de quebrar aquele contato que, estranhamente,
estava me causando borboletas no estômago. Não estava acostumada com ele falando coisas
assim e isso era algo que eu não deveria me acostumar.
— E eu deveria me portar de alguma forma hoje? O que espera? — perguntei, a fim de
mudar o foco daquela conversa.
— Apenas seja a minha noiva.
Deveria ser a noiva dele, apenas isso.
Balancei a cabeça em concordância e desviei o olhar para a janela, a fim de mandar os
pensamentos traiçoeiros para longe.
Não demorou para que o motorista estacionasse e nos avisasse que tínhamos chegado. A
surpresa caiu sobre mim quando percebi que estávamos no mesmo hotel que viemos das duas
últimas vezes.
Mas não era de se estranhar, os hotéis da família dele eram os mais luxuosos do Rio de
Janeiro.
— Que tipo de evento é esse, afinal? — perguntei, curiosa, enquanto Alexander parava ao
meu lado. Havia uma fila, onde algumas pessoas aguardavam a liberação para entrar. — É algo
organizado por você?
— É um baile de gala. — Ele levou a mão em minhas costas. — Como o hotel tem muita
visibilidade, eu sou um dos principais patrocinadores, sempre cedo o espaço para que possam
arrecadar fundos para algumas instituições de caridade.
Arqueei as sobrancelhas, surpresa com aquela informação.
— Enfim, parece que você também pode ser solidário — falei e o estudei com o olhar.
— Shh... — Alexander se inclinou um pouco em minha direção. — Não deixe que criem
expectativas sobre isso.
Ele piscou antes de olhar para frente e caminhar comigo em direção à portaria.
Balancei a cabeça em negativa com um sorriso brincando nos lábios, enquanto o
acompanhava. Os funcionários estavam na entrada checando os convites de todos que entravam.
Mas Alexander definitivamente não precisava de convite. O rapaz que estava recepcionando a
todos, abriu um sorriso simpático assim que os olhos dele foram sobre nós.
— Boa noite, senhor Alexander. — Desviou a atenção para mim. — Senhorita.
— Boa noite — Alexander respondeu.
— Aproveitem bem a noite — o rapaz disse, dando-nos espaço para entrar.
Diferente das outras vezes, Alexander não me guiou para o elevador. Caminhamos pelo
lobby no primeiro andar, fomos direcionados para um salão de festas enorme e, completamente,
deslumbrante.
Havia muitas pessoas pelo lugar, mesas muito bem distribuídas e um palco no centro.
Conforme andávamos, percebi uma atenção fora do comum sobre nós. Alguns flashes se fizeram
presentes, ao mesmo tempo em que algumas pessoas nos olhavam curiosos.
Nesse momento, agradeci internamente por Alexander ter escolhido um vestido a altura
para mim, pois a atenção que estávamos tendo era fora do comum.
Mas claro, o CEO da rede de hotéis estava chegando, como isso não chamaria a atenção?
— Alexander, meu caro! — Uma voz masculina e animada me fez desviar o olhar na
direção dele, avistando um senhor se aproximava com um sorriso no rosto.
— Osmar. — Alexander o cumprimentou com um aperto firme, então a atenção do homem
foi para mim. — Essa é Raissa, minha noiva.
— É um prazer, querida. — Osmar estendeu a mão em minha direção e me cumprimentou
com um sorriso no rosto.
— Igualmente — respondi, à medida que ele voltava a atenção para Alexander.
— Tudo está muito bonito e organizado, como sempre.
— Obrigado, aproveite a noite — Alexander disse, cordialmente. Osmar se despediu de
nós com um sorriso antes de se afastar.
Continuamos caminhando atraindo a atenção. Algumas pessoas, da mesma forma que
Osmar, vieram até nós e nos cumprimentaram, outras apenas nos olhavam de longe.
Alexander me guiou para uma das mesas que se encontrava no centro. Certamente, aquela
era reservada para as pessoas próximas a ele e para a minha tristeza, ali estava alguém que eu
queria evitar, mas sabia que não era possível.
Madalena, ou como eu gostava de dizer, a velha mal-amada.
— Você a trouxe mesmo — Madalena disse, assim que paramos na frente dela.
— Claro, vó, ela é minha noiva — Alexander respondeu, firme. Madalena balançou a
cabeça em concordância e se virou para mim.
— Boa noite — ela me cumprimentou, cordialmente.
— Boa noite, Madalena — disse, à medida que Alexander puxava uma cadeira para eu me
sentar.
Assim eu fiz, em seguida, ele fez o mesmo, sentando-se ao lado de sua avó.
— Qual será a forma de arrecadação? — perguntei, curiosa.
— Faremos um leilão — ele respondeu, balancei a cabeça em concordância.
Logo, minha atenção foi para um rosto familiar, que se aproximava.
— Boa noite, esperava vê-lo aqui apenas mais tarde, Alexander — Rodolfo falou, ao
mesmo tempo em que parou de frente para nós.
— Rodolfo — Alexander o cumprimentou, sério. — Seus pais também vieram?
— Sim, estão com os Molina — respondeu, um sorriso brincava em seus lábios. — Espero
que não se importem de eu me sentar com vocês.
— Claro que não, Rodolfo, sinta-se à vontade — Madalena respondeu de pronto, mais
uma vez eu senti como se Alexander estivesse tenso.
Ele disse que eu estava vendo coisas, mas por que não parecia?
Rodolfo se acomodou e desviou o olhar para mim.
— Olá, bela dama — cumprimentou-me. Forcei um sorriso e dei um leve aceno com a
cabeça.
De repente, uma voz feminina ressoou pelo ambiente. Minha atenção foi automaticamente
para o palco, onde o evento estava a ponto de começar. A mulher começou a apresentação,
explicando para onde seria destinado o dinheiro arrecadado, então, começou a anunciar o
primeiro item.
Em meio a um ou outro item, a conversa rolava solta na mesa. Os pais de Rodolfo se
juntaram a nós algum tempo depois, felizmente distraindo Madalena. Eu não poderia estar mais
grata, por ter a atenção da velha longe de mim.
Um quadro de artes, um colar de brilhantes, uma escultura de barro e muitos outros itens
estavam sendo leiloados. Os lances a cada item eram altos e fora de série. Era muito dinheiro
arrecadado, felizmente para uma boa finalidade.
Estava atenta a cada anúncio, quando foi anunciado algo que me chamou a atenção.
A estadia de um final de semana inteiro no Korfali Hotel Group em Búzios, o plano era o
premium master, com direito a um acompanhante e desfrutar de uma praia particular.
Todas as vezes em que eu me lembrava desse lugar, um misto de sensações pairava sobre
mim. A sensação de pegar Matheus e Alana na cama, como tudo me afetou e estava a ponto de
me destruir. Mas não só isso, eu me lembrava daquele homem misterioso, de olhos azuis e
intensos, aquele que tornou toda aquela dor suportável.
Lembrar-me dele me fez olhar de imediato para Alexander. Eu sabia que não era ele, mas
gostava da sensação que me causava aquela semelhança.
Naquele momento, Alexander me olhou também. Não soube explicar o que senti quando
ele levou a mão em minha coxa e a acariciou suave. Mas logo a compreensão do seu real motivo
chegou.
Madalena nos olhava com muita atenção. A decepção foi inevitável, com a certeza de que
tudo não passava de uma atuação para a velha.
Onde eu estava com a cabeça, afinal?
— Cem mil. — A voz de Rodolfo chamou a nossa atenção. Quando meus olhos o
encontraram, percebi que ele estava dando um lance.
— Alguém dá mais? — a mulher no palco perguntou. Obviamente, ninguém se
manifestou. Depois de passar os olhos pelo ambiente, a mulher bateu o martelo. — Vendido!
Um sorriso brincou nos lábios de Rodolfo, ao mesmo tempo em que ele desviou o olhar
para nós.
— O que acham de irmos todos para Búzios e aproveitar? — Rodolfo perguntou, logo, o
aperto de Alexander em minha perna se tornou mais firme.
— É inviável no momento, tenho muito o que fazer nos próximos dias — Alexander
respondeu, sério.
— Qual é, meu amigo, uma estadia dessas em Búzios quem não gostaria? — Rodolfo
perguntou, foi quando os olhos vieram em minha direção. — Aposto que Raissa não hesitaria em
aceitar o convite.
Arqueou as sobrancelhas, sugestivo.
— Quem sabe em um momento onde Alexander não esteja com tanto trabalho —
respondi, tentando ser o mais simpática possível, enquanto levava a mão sobre a de Alexander.
Ele me olhou por um breve instante, antes de se virar para Rodolfo e assentir.
— Falaremos disso depois — Alexander permaneceu firme.
— Ótimo. — Rodolfo sorriu, o tom debochado não passou desapercebido por mim. Ele se
levantou e passou o olhar por todos à mesa. — Para mim esse baile já deu, vejo vocês por aí.
— Claro, até mais — Alexander respondeu, forcei um sorriso, à medida que o observava ir
até os mais velhos e deixar um beijo em cada um antes de sair.
Após a saída de Rodolfo, permanecemos na mesa conversando e assistindo ao restante do
leilão. Assim que leiloaram o último item, Alexander se voltou para mim.
— Como você está? — ele perguntou, medindo-me com o olhar.
— Estou bem. — Forcei um sorriso.
Geralmente, em eventos assim eu estava por trás da organização, concentrada demais em
tudo, e precisava admitir que era interessante estar do outro lado, apreciando tudo.
— Preciso conversar com algumas pessoas, se importa de me esperar aqui?
— Não, fique à vontade — respondi, Alexander se inclinou e deixou um selinho casto em
meus lábios.
Aquele movimento me pegou de surpresa, mas tentei disfarçar e retribuí. Era notável que
aquela demonstração de carinho era uma pequena atuação para dona Madalena ou qualquer outra
pessoa que estivesse de olho em nós.
— Eu não demoro — avisou e se levantou, em seguida começou a caminhar em direção a
um grupo de homens.
Observei-o por alguns momentos, à medida que ele conversava com algumas pessoas. A
minha intenção com isso era não ficar ociosa o suficiente para que Madalena tivesse a
oportunidade de me importunar.
Como não estávamos sozinhas à mesa, ela seguiu se comportando. A fim de me distrair
um pouco, eu me levantei, atraindo o olhar de quem ali estava, então, avisei que iria ao banheiro.
Obtendo apenas um aceno de cabeça, virei-me e caminhei pelo salão, observando o
ambiente à minha volta. Parei no instante em que meus olhos encontraram um rosto familiar,
mas nada agradável.
Matheus, o filho da puta do meu ex.
Para a minha surpresa, ele já havia me encontrado. Os olhos dele estavam presos a mim, à
medida que vinha em minha direção.
— Raissa... — chamou, ao mesmo tempo em que parou em minha frente. — Desde o
momento em que te vi, tenho me perguntado o que você poderia estar fazendo aqui, ainda mais
acompanhada com alguém como Alexander.
CAPÍTULO 21
— Isso não é da sua conta — disse, firme. — Se me der licença, tenho mais o que fazer.
Sem esperar uma resposta, virei-me, decidida a não prolongar aquele encontro
desagradável. Havia muito tempo que eu não encontrava Matheus, a última vez que tive notícias,
foi quando Isabella me disse que ele e Alana estavam envolvidos em um escândalo.
Eu não fui a única traída, afinal.
— Por que tanta pressa, anjo? — A voz dele ressoou, ao mesmo tempo em que senti sua
mão contornar o meu braço, puxando-me para ele mais uma vez.
— Por favor, mantenha as suas mãos longe de mim — falei e puxei o meu braço, livrando-
me do toque incômodo.
Os olhos dele desceram pelo meu corpo, antes de ele voltar a me olhar. Aquela atitude me
causou repulsa.
— Não te vejo há tanto tempo, tá gostosa.
— Ah, meu Deus! — disse, sem acreditar. — Eu realmente não vou ficar aqui para ouvir
isso.
— Espera — Matheus pediu, a voz um pouco mais alta fez com que eu não me movesse.
— Se você chegou a esse ponto para subir de vida, saiba que eu também posso proporcionar isso
a você. Basta me dar aquilo que eu esperei de você por três anos.
Era inacreditável. Oito anos haviam se passado, mas o idiota não mudou. Simplesmente,
não dava para acreditar que o filho da puta estava falando daquela forma comigo.
— Temos algum problema aqui? — A voz gostosa e firme de Alexander pairou sobre nós,
antes que eu pudesse o responder a altura.
Aquilo só poderia ser um sinal dos céus, ou eu poderia ter feito uma cena a ponto de
chamar a atenção de pessoas que não deveria. Droga! Como noiva de Alexander, definitivamente
não deveria fazer isso.
— Só estamos tendo uma conversa amigável — Matheus respondeu, fazendo-me revirar
os olhos.
Senti a mão de Alexander tocar as minhas costas e deslizar pela minha cintura em um
aperto forte. Olhei em direção a ele, que me lançou um olhar indecifrável, antes de se voltar para
Matheus.
— Tudo bem, se não se importar, vou levá-la comigo — Alexander disse, autoritário.
Então, virou-se e me guiou para direção oposta. Mas em um rompante, ele parou e voltou a
atenção para Matheus. — Não posso fazer isso sem antes fazer uma observação.
— Sim? — Matheus perguntou, confuso.
A mudança de humor do filho da puta na presença de Alexander era inacreditável.
— Sobre o que disse há pouco, tenho que pontuar que fui eu quem desesperadamente
pediu a Raissa uma chance. E sobre sua afirmação sobre você poder proporcionar algo a ela... —
Alexander o olhou com desdém. — Creio que não tenha ninguém nesse lugar que não saiba
quem sou eu, mas quem é você mesmo?
— E-eu... — ele gaguejou, surpreso.
— Espero não o ver perto da minha noiva nunca mais — Alexander voltou a falar,
incisivo. — Creio que já tenha ouvido falar qual a minha forma de trabalhar, não me faça ter que
usar os piores métodos com você, estamos entendidos?
Matheus engoliu em seco enquanto eu assimilava aquelas palavras de Alexander.
— Me desculpe, eu juro que não foi a minha intenção — Matheus disse, a voz contida.
— Não é a mim que você deve desculpas — Alexander pontuou. No instante seguinte,
senti o olhar dele sobre mim.
Matheus seguiu o olhar de Alexander, parando a atenção em mim.
— Me desculpe, Raissa, eu prometo que não vai se repetir — Matheus se desculpou,
arqueei sobrancelhas enquanto o media com o olhar.
Então, esse era o poder de Alexander Korfali?
— Tudo bem, desde que se mantenha longe — respondi e desviei a atenção para
Alexander. — Podemos ir?
Alexander balançou a cabeça em concordância e sem se dar ao trabalho de olhar para
Matheus, apenas me levou para longe daquele traste. Notei que não estávamos indo em direção à
mesa.
— Aonde estamos indo? — perguntei, atraindo o olhar sério de Alexandre para mim.
— Vou levá-la para conversarmos em outro lugar, só preciso me despedir de algumas
pessoas antes — respondeu, firme.
— Tudo bem — disse, à medida que íamos em direção a um grupo de senhores.
Sabia que não deveria fazer suposições, mas a forma com que Alexander falou com
Matheus, não parecia ser apenas uma cena. Alexander parecia realmente irritado com o que
ouvira.
E, sinceramente, por mais que não devesse, eu gostei, gostei de ter alguém me defendendo
com tanto afinco, gostei da severidade dele e de como ele fez Matheus pedir desculpas para mim.
Fui tirada daqueles pensamentos no momento em que Alexander parou em frente àqueles
homens.
— Marcelo, vamos discutir essa proposta com calma na segunda-feira — Alexander falou,
atraindo a atenção do homem para ele. — É uma boa ideia, mas sinto que já deixei a minha noiva
sozinha por tempo demais.
Corei no momento em que a atenção de todos os senhores pairou sobre mim. Sorri
educadamente, à medida que me olhavam de forma curiosa.
— Agora eu entendo por que não tirou os olhos dela por um segundo sequer — Marcelo
comentou, fazendo-me entender como Alexander chegou tão rápido.
Ele estava de olho em mim o tempo todo.
— Tenho que cuidar do que é meu. — O tom autoritário me causou borboletas no
estômago.
Os homens deram uma risada, enquanto balançavam a cabeça positivamente. Alexander
deu um sorriso cordial antes de se despedir e me levar para fora do salão de festas.
— Não vamos nos despedir da sua avó? — perguntei, à medida que íamos para a portaria
do hotel.
— Não precisa, eu falo com ela amanhã.
Balancei a cabeça em concordância, enquanto saíamos do hotel. Conforme nos
aproximamos, o motorista saiu do carro e aguardou. Alexander caminhou em direção a ele.
— Fernando — Alexander o cumprimentou.
— Senhor.
— Preciso que aguarde o meu comando antes de dar partida no carro. — Alexander me
deu uma breve olhada antes de se voltar para Fernando. — Em seguida, você pode seguir o
caminho para a casa de Raissa.
— Sim, senhor.
Sem cerimônia, Alexander me levou em direção ao carro. Acomodei-me e esperei que
Alexander se sentasse no banco à minha frente, como sempre.
— De onde conhece aquele cara? E o que ele quis dizer com essa história de três anos? —
ele perguntou, no momento que fechou a porta.
— Ah... — Suspirei, ponderando o quão sincera deveria ser. — O nome dele é Matheus,
foi meu namorado há cerca de oito anos. Lembra do dia ruim que eu te contei? — O maxilar de
Alexander travou. — Peguei ele na cama com a minha melhor amiga.
— É esse filho da puta? — perguntou, a indignação maior do que deveria.
De repente, ele levou a mão no bolso e tirou o celular.
— Sim — respondi, em um fio de voz enquanto o observava com a atenção total no seu
aparelho.
Semicerrei os olhos, aguardando que voltasse a atenção para mim. Mas Alexander não o
fez, mesmo depois de alguns minutos, parecia concentrado demais.
— Você realmente tem que fazer isso agora? — perguntei, sem esconder a indignação.
— Matheus Albuquerque?
— O que está fazendo? — perguntei, confusa.
Alexander virou o celular para mim, mostrando uma lista de nomes. Mais precisamente a
lista de convidados do baile.
— Me certificando de que esse idiota aprenda com os erros. — Ele voltou a mexer no
celular.
Aquela atitude me surpreendeu, aquele homem estava realmente disposto a isso?
— Alexander... — disse em um fio de voz. Ao perceber que ele não tinha a intenção de
parar, levantei-me e fui em direção a ele. — Já passou tempo demais.
Alexander parou no momento em que eu levei a minha mão no seu celular, naquele
instante, tive os olhos dele fixos aos meus.
O significado daquele olhar, eu não soube explicar, tampouco a atitude que eu tive pouco
depois.
Sem dizer uma palavra, acomodei-me no colo dele de forma que eu sabia que não deveria,
mas não queria vê-lo irritado por alguém como Matheus, não queria que ele fizesse nada daquilo
que ele tinha em mente, eu não precisava.
— Fico lisonjeada por querer que ele pague, mas... — deixei aquelas palavras no ar, à
medida que Alexander deixava o celular de lado. — Para mim, ver a cara daquele idiota,
enquanto você o intimidava daquela forma foi o suficiente.
— O que está fazendo? — perguntou, um sussurro tão gostoso que foi capaz de me
desestabilizar.
— Nós já passamos dessa fase, Alexander — respondi, em um fio de voz.
Em um rompante, Alexander passou as mãos em volta de mim e me puxou. Seus lábios
tomaram os meus em um beijo avassalador, ao mesmo tempo em que a mão deslizava pelo meu
corpo de forma forte e possessiva.
Correspondi aquele beijo à altura, enquanto levava a minha mão em volta do pescoço dele
e as enfiava em seus cabelos. Sem pudor.
As coisas estavam esquentando rápido demais, e eu sabia exatamente onde terminaríamos,
caso continuássemos daquela forma.
Mas, dessa vez, eu não me importei. Segui deixando que Alexander fizesse cada investida,
enquanto aprofundávamos ainda mais aquele beijo de forma enlouquecedora.
Um gemido contido escapou dos meus lábios no momento em que o senti encerrar o beijo,
então, se inclinou para trás e me olhou nos olhos.
— Ah, Raissa... — Alexander arfou, perturbado. — Eu não estou disposto a cumprir
aquela promessa. Não quando você geme desta forma para mim.
Alexander levou a mão na alça do meu vestido e a desceu, deixando o meu ombro nu.
Acompanhei aquele movimento sem protestar. Senti meu corpo inteiro tremer no momento que
senti o olhar escuro de desejo sobre mim.
— Então, não cumpra — sussurrei, os lábios a poucos centímetros dos dele. — Eu quero
que quebre a promessa... essa noite.
CAPÍTULO 22
— Você é uma caixinha de surpresas, Raissa — disse, a voz rouca fez meu corpo inteiro
arrepiar.
Mordi o lábio inferior, à medida que os olhos permaneciam fixos aos meus. Em um
movimento suave, Alexander levou a mão no botão que usava para se comunicar com o
motorista, ao notar, coloquei a mão sobre a dele o impedindo por um instante.
— Eu quero que me leve para a sua casa — pedi, a voz entrecortada enquanto me
lembrava que havia duas intrusas e meia no meu apartamento.
Alexander me mediu com o olhar, como se estivesse decidindo sobre isso. Afastei a mão,
liberando-o para seguir. Logo, ele apertou o botão, iniciando a comunicação com o motorista.
— Fernando, mudança de planos. Nos leve para a minha casa — ordenou, firme.
— O apartamento no Ipanema, certo? — Fernando questionou, a voz confusa.
— Fui claro quando disse que nos leve para a minha casa — falou, autoritário. — Leblon.
— Me desculpe, senhor, mas nunca me pede para ir para lá quando...
— Apenas siga as minhas ordens — Alexander o interrompeu, fazendo com que a frase
que fez meu coração palpitar ficasse pela metade.
Sem demora, ele cortou a comunicação com o motorista.
Seus olhos encontraram os meus da mesma forma intensa e cheia de desejo. Sedento, as
mãos deslizaram em direção à parte superior do meu vestido, descendo um pouco mais as alças
para que tivesse acesso maior aos meus seios.
Não o impedi quando se inclinou e começou a deixar beijos suaves por todo o meu
pescoço. Senti o corpo inteiro se arrepiar quando os lábios desceram em direção à área sensível
rumo aos meus seios.
Sem pudor, Alexander exerceu uma pressão maior ao chupar por cima dos meus seios. Um
gemido contido deixou os meus lábios, à medida que cravei as unhas nos braços fortes.
Isso apenas o incentivou a continuar. A língua gostosa deslizou com habilidade, levando
meu sutiã para baixo, ao mesmo tempo em que abocanhou meu seio com vontade. A ansiedade
aumentou dentro do peito, o coração estava a ponto de sair pela boca ao pensar no que estava
para acontecer.
Eu estava prestes a ir para cama com esse homem.
Pela primeira vez na vida eu me sentia confiante quanto a isso. Era a sensação que busquei
por tanto tempo e nunca encontrei. Esse era o motivo de nunca dizer sim.
Mas Alexander mexia comigo de forma inexplicável.
Gemi quando os lábios começaram a exercer uma pressão inexplicável em meu seio. Uma
sensação completamente nova e deliciosa. A ansiedade aumentou ao tentar imaginar como
poderia ser todo o resto.
Alexander deixou um rastro molhado de desejo, levando os lábios para o meu outro seio,
enquanto a mão continuava a estimular o seio que acabara de dar um trato especial.
Então, começou a sugá-lo da mesma forma, com fervor. Alexander me devorava de forma
tão intensa que eu me vi chegando ao limite facilmente. Tudo era insano demais.
O estímulo continha tanto fervor que me assustei ao sentir uma sensação avassaladora cair
sobre mim, à medida que o corpo se entregava por completo àquele momento.
— Puta merda! — O gemido intenso foi inevitável, ao mesmo tempo em que as mãos
afoitas o apertavam ainda mais.
Alexander não parou, seguiu com os movimentos, de forma mais sutil enquanto tentava
controlar a intensidade. Quando se afastou os olhos cheios de admiração foram ao encontro dos
meus.
— Ah, Raissa... você é tão sensível... — sussurrou, denunciando em seu tom o quanto ele
estava extasiado. — Você quer me deixar louco, não quer?
Incapaz de respondê-lo, neguei com a cabeça e passei a língua nos lábios.
Em um rompante, seus lábios estavam sobre os meus mais uma vez. Um beijo intenso e
cheio de necessidade, deixando-me completamente envolvida.
— Senhor, chegamos. — A voz do motorista invadiu o ambiente, fazendo com que
saíssemos daquela bolha que havíamos criado.
Nós nos afastamos com dificuldade, a respiração irregular. Alexander não se preocupou
em responder o motorista. Os olhos dele foram diretamente para mim e não precisou dizer uma
única palavra. A promessa, mesmo que silenciosa, fez meu corpo tremer.
Alexander levou as mãos em meu vestido e o ajeitou. Em seguida, levou a mão ao botão,
iniciando contato com o motorista.
— Você está dispensado por hoje — falou, direto.
— Tudo bem.
Sem demora, Alexander abriu a porta. Levantei-me e saí do carro, sentindo-o vir logo atrás
de mim.
O carro estava estacionado em uma garagem de conceito aberto em uma casa
extremamente luxuosa. Alexander levou a mão em minha cintura e me levou em direção à
entrada.
Após usar a sua digital e destrancar a porta, deu-me espaço para entrar. Assim eu fiz. Em
um piscar de olhos, estava sendo pressionada sem qualquer pudor contra a parede.
As mãos urgentes passeavam pelo meu corpo, ao mesmo tempo em que os lábios vinham
em minha direção. Nós estávamos a ponto de entrar em combustão, estava tão excitada que
pensei nem ser possível.
Enquanto ele me devorava, senti a ansiedade me tomar sem saber ao certo até que ponto
ser sincera. Eu não sabia se deveria contar que nunca havia ultrapassado certos limites antes.
Quem no mundo ainda era virgem aos 26 anos? Alexander com toda certeza não
acreditaria.
E se não contasse, ele seria capaz de perceber?
Não estava disposta a ter seu olhar duvidoso sobre mim, o que me fez optar pela opção
mais segura, guardar a informação apenas para mim.
Alexander levou a mão em meu quadril e me levantou, em seguida, encerrou o beijo e os
olhos vieram em minha direção.
— Está tudo bem? — perguntou, ofegante, enquanto me media com o olhar.
Só então notei que ele foi capaz de perceber a minha hesitação em meio a todo aquele
beijo quente. Sem saber ao certo o que dizer, balancei a cabeça em concordância.
— Passa as pernas em volta da minha cintura — pediu, autoritário, e assim eu fiz.
Então, os lábios dele estavam sobre os meus, mas dessa vez, comedidos.
Seguimos pela casa em meio aos beijos quentes e gostosos. Quando entramos no quarto,
ele deixou os meus lábios e me colocou no chão. Segui acompanhando-o, à medida que fechou a
porta, ligou o ar-condicionado e deixou apenas uma luz ambiente.
Logo, os olhos dele estavam sobre mim.
Sem dizer uma palavra, Alexander veio em minha direção e, lentamente, me despiu.
Pensei que ele viria com tudo para cima de mim e isso era o que estava me deixando mais
nervosa.
Mas não, ele estava apreciando aquele momento, sem pressa, dando-me tempo para me
sentir confortável.
Alexander havia percebido que eu estava nervosa?
Os olhos ainda estavam queimando sobre mim, à medida que me levava para a cama, com
muita luxúria e desejo.
Depois de um beijo gostoso e envolvente, Alexander começou a descer os beijos por todo
o meu corpo. Corei ao senti-lo descer cada vez mais. Os olhos dele encontraram os meus no
instante em que notou minha relutância em deixá-lo seguir para o meio das minhas pernas.
— Ah, Raissa... — rosnou, suave. — Não tem a mínima chance de eu não sentir seu gosto
aqui e agora.
Ao dizer aquelas palavras, afastou a minha perna, não me deixando escolhas a não ser dar
espaço para ele. Corei ainda mais ao notar a forma que ele parecia hipnotizado com o olhar sobre
o meu corpo. Ao mesmo tempo, sentia-me excitada em saber que era eu quem estava o deixando
daquela forma.
Alexander se inclinou e os lábios quentes tocaram a minha boceta. Um gemido escapou
dos meus lábios quando passou a língua tão suavemente por todo o meu sexo.
— Deliciosa — disse, a voz cheia de desejo e os olhos profundos sobre mim.
Sem aviso, os lábios dele estavam em mim mais uma vez. Alexander começou com
movimentos suaves, mas que aumentavam a cada nova investida.
Porra, isso era bom... Isso era bom demais.
Ele começou a sugar e chupar o meu clitóris tão intensamente, de forma que meus gemidos
começaram a aumentar. Aquela mesma pressão enlouquecedora que ele usara mais cedo em
meus seios se fazia presente naquele momento.
Senti meu sexo tremer de forma que nunca havia acontecido antes. A cada deslize da
língua gostosa em mim, mais perto eu estava do clímax. Precisando urgentemente de apoio,
joguei as minhas costas na cama e enrolei as mãos nos lençóis macios.
— Ah... Alexander — gemi, enquanto me rendia àquela sensação que vinha com tudo
sobre mim. — Isso... Ah!
Arqueei as minhas costas com o choque gostoso da língua dele ainda deslizando em minha
boceta, diminuindo lentamente o ritmo, até o momento que ele se afastou.
— Você quer me matar, minha linda preciosa — rosnou, o olhar fixo ao meu. — Seus
gemidos estão acabando comigo, não consigo esperar mais para me enterrar em você.
— Preciosa? — perguntei em um fio de voz, tentando controlar a sensação que me tomou.
Um olhar foi o suficiente para saber que Alexander não falaria nada sobre a forma que me
chamou há pouco. Observei-o ir em direção ao móvel ao lado da cama, em seguida, jogou alguns
pacotes de preservativo sobre a cama.
O movimento fez com que uma onda maior de excitação invadisse todo o meu corpo.
Estava curiosa para saber como seria tê-lo dentro de mim.
Alexander começou a se despir, sem tirar os olhos de mim. A respiração ficava mais
pesada a cada peça dispensada. E, por Deus, senti a ansiedade aumentar ainda mais no instante
em que liberou o pau, deixando-o à mostra.
Engoli em seco, imaginando se eu conseguiria aguentar aquilo tudo. Alexander pareceu
entender muito bem o meu olhar, pois um sorriso se formou nos lábios dele, à medida que ele
pegava um preservativo e o colocava.
Em seguida ele veio em minha direção e, sem cerimônia, ajoelhou-se na cama e começou a
vir para o meio das minhas pernas.
— Você pode... Hm... ir com calma? — perguntei, hesitante, no momento em que o corpo
grande e quente se acomodou sobre o meu.
— Não se preocupe, pretendo deixá-la se acostumar comigo antes de te foder exatamente
da forma que eu quero.
Aquela promessa me desestabilizou ainda mais.
Passei as mãos em volta do seu pescoço e mordi o lábio inferior, ao senti-lo se posicionar
em minha entrada. O contato se tornou maior, à medida que ele começou a espalhar a minha
lubrificação.
Meu coração estava quase saindo pela boca com a expectativa, a excitação e a ansiedade
que pairava sobre mim.
E foi então que aconteceu.
No instante em que o senti se afundar em mim, apertei as minhas mãos com força e cravei
as unhas em seu pescoço, ao mesmo tempo em que um gemido frustrado escapou dos meus
lábios. Alexander parou o movimento e os olhos buscaram os meus de forma afoita.
A dor foi maior do que imaginei, de forma que foi impossível disfarçar o desconforto.
— Puta que pariu, Raissa. — Seu tom era de puro espanto. — Você... Você nunca... —
Ele nem mesmo conseguiu completar aquela frase, enquanto seus olhos estavam sobre mim de
forma indecifrável.
Então, ele percebeu.
— Não... — sussurrei, sem conseguir identificar ao certo de que forma aquela informação
o atingiu. Sem resposta, criei coragem para continuar a falar: — Você será o meu primeiro.
Não suportando encarar seu olhar, desviei a atenção para um ponto qualquer, mas
Alexander barrou aquele movimento. Senti a mão dele em meu rosto, ao mesmo tempo em que
trazia meu olhar de volta para ele.
Sem dizer uma palavra, levou uma mecha de cabelo para trás da minha orelha, olhando-me
de forma que eu não conseguia decifrar.
— Ei... fala alguma coisa — pedi, trazendo-o de volta para a realidade.
— Parece que tinha que ser eu. — Alexander pareceu se espantar com a afirmação que
acabara de fazer.
— O quê? — perguntei, em total confusão.
— A ser o seu primeiro — disse, olhando-me com uma intensidade fora do normal,
fazendo meu coração quase pular para fora ao pensar no significado das palavras seguintes. —
Tinha que ser eu.
Oh, Deus! Isso era uma confirmação? Alexander estava confirmando aquilo para mim?
— Era realmente você? Há oito anos, o cara que eu...
Alexander não me deixou continuar, naquele instante fui calada com um beijo. Ele
começou a explorar a minha boca de forma lenta, sem se movimentar dentro de mim.
As mãos deslizaram agarrando a minha cintura, seus lábios exploravam os meus diferente
de minutos atrás. Poderia até dizer que era de forma doce.
Ele se afastou depois de alguns minutos, fazendo meu coração entrar em um descompasso
maior, ao sentir o olhar profundo sobre mim. Aqueles olhos azuis, o olhar intenso, tão familiar...
era realmente familiar.
— No início será um pouco desconfortável, mas farei o possível para que você possa curtir
isso.
Balancei a cabeça positivamente ao ouvi-lo.
— Eu preciso saber, era realmente você? — insisti e mesmo em silêncio, no seu olhar eu
obtive a confirmação que eu precisava.
Alexander poderia negar o quanto quisesse, agora... eu sabia, era ele.
Senti-o se retirando lentamente, o incômodo se fez presente, mas no instante em que ele
estava fora, senti falta daquele contato. Eu queria mais.
Observei-o retirar o preservativo, em seguida colocou-o de lado sobre o móvel da cama.
— Vai ser melhor assim — avisou, ao passo que se posicionou mais uma vez em mim. —
Não se preocupe, eu nunca deixo de usar e meus exames estão todos em dia.
— Eu tomo pílula — avisei. — Controle hormonal.
Alexander balançou a cabeça em concordância e empurrou lentamente para dentro de mim.
Mais uma vez, senti-o como se estivesse abrindo espaço, porém, dessa vez de forma cuidadosa.
Seus olhos estavam fixos aos meus, enquanto ele seguia abrindo espaço, vagarosamente.
— Ah... Raissa... — resfolegou, ao me penetrar profundamente.
Então, Alexander retrocedeu e deslizou mais uma vez, ele estava me deixando acostumar
com a sensação de tê-lo dentro de mim sem pressa. Prendi as minhas pernas à sua volta e o senti
lentamente aumentar as investidas, conforme eu me mostrava receptiva.
Era uma sensação nova, uma dor estranhamente prazerosa começou a tomar conta. E
naquele momento, senti-o levar o polegar em meu clitóris e o massagear em movimentos
circulares, enquanto seguia aumentando o ritmo de suas estocadas em mim.
Uma mistura de prazer e dor começou a me enlouquecer. Uma tortura diferente e tão
gostosa que logo meu corpo esquentou, a dor se dissipou, aos poucos, e os gemidos
incontroláveis se fizeram cada vez mais presentes, à medida que a sensação aumentava dentro de
mim.
— Puta merda — gemi, manhosa.
— Você é tão apertada — rosnou e se inclinou lentamente. — Tão gostosa...
Os lábios de Alexander se uniram aos meus, lentamente me guiou em um beijo tão
envolvente, cheio de luxúria e paixão. E a cada nova investida junto com seu estímulo em meu
clitóris, mais eu sentia que iria desmanchar a qualquer momento.
Um grito escapou dos meus lábios no instante em que uma onda forte de prazer caiu sobre
mim. Aquela sensação era nova, o momento era único e a pessoa não poderia ser outra.
Rendida, eu estava completamente rendida a ele.
— Ah, porra... Raissa — rosnou, de forma tão sexy que fez meu corpo inteiro tremer, à
medida que ele me envolvia em seus braços em um aperto firme, enquanto sentia seu jato quente
dentro de mim.
Não fazia ideia de quanto tempo permanecemos exatamente naquela posição, Alexander
me envolveu completamente, nossos corpos conectados, a respiração ofegante e um silêncio que
dava espaço para pensar no que acabou de acontecer.
Após se acalmar um pouco, Alexander apoiou o braço no colchão e seus olhos se fixaram
nos meus.
O coração ainda estava descontrolado, toda aquela intensidade e conexão havia mexido
profundamente comigo. Sim, naquele momento eu sabia que tínhamos ultrapassado todo e
qualquer limite que poderíamos ter.
Alexander poderia até mesmo negar, mas tinha a certeza de que eu não era a única a sentir
aquilo.
CAPÍTULO 23
Raissa me pegou de surpresa.
Nunca no mundo eu imaginaria que o motivo de sua resistência, ou o motivo de seu
nervosismo quando chegamos, fosse porque ela nunca havia ficado com alguém antes.
No fundo, eu gostei.
Gostei muito de saber que fui o primeiro. Talvez, pelo fato de que naquela época, quando
ela me revelou aquela informação, eu desejei ser. Era por isso, tinha que ser.
Aquele havia sido o sexo mais doce que eu já tive. Foi a primeira vez em que senti uma
conexão maior, a primeira vez onde o prazer de uma mulher fora mais importante do que o meu.
Eu não conseguia explicar, mas queria que fosse especial para Raissa. Sentia a necessidade
de tornar essa, uma noite única para ela. Mas ao fim, eu percebi que tinha sido especial não só
para ela, mas, de alguma forma, para mim também.
Desisti de tentar entender o que estava sentindo, então comecei a acariciar os cabelos
macios e sedosos, com os olhos fixos aos dela.
— Como está se sentindo? — perguntei, ao mesmo tempo em que saía de dentro dela, com
cuidado.
— Muito bem... Hm... — Raissa respondeu. Minha boca se curvou em um sorriso com seu
desconcerto, se tinha algo que era raro, era ver Raissa da forma que se encontrava agora. — Isso
foi único.
Inclinei-me e tomei os lábios dela em um beijo cheio de luxúria. Raissa cedeu espaço tão
facilmente para minha língua a explorar que isso fez com que meu desejo apenas aumentasse.
Passei a minha mão na parte de baixo das costas dela e a apertei contra mim. Raissa soltou
um gemido gostoso. E eu já sentia meu pau querendo dar sinal de vida mais uma vez, encerrei o
beijo e levei meus olhos ao encontro dos dela.
— É melhor estar preparada, pois eu não pretendo deixá-la ir embora tão cedo.
— O-o quê? — perguntou, surpresa.
— É isso, preciosa. — Inclinei-me para sussurrar no ouvido dela: — Vou te ensinar a
foder bem gostoso.
Raissa não respondeu, soltou mais um daqueles gemidos contidos que me deixavam
completamente louco. E antes que eu pudesse perder a cabeça, levantei-me e estendi a minha
mão para que me acompanhasse.
Enquanto sentava-se, os olhos cheios de preocupação foram para o lençol. Acompanhei o
seu olhar vendo ali uma mancha de sangue. Quando voltei a encará-la, vi o rubor sobre o seu
lindo rosto.
— Não se preocupe com isso — falei e a puxei para que terminasse de se levantar. — Vou
mandar para a lavanderia na segunda-feira.
Raissa balançou a cabeça em concordância. Peguei o lençol e o tirei da cama, a fim de
deixá-la mais confortável, fui até os armários e peguei outro, jogando-o sobre a cama.
Então, fui na direção dela e segurei a sua mão.
— Vamos tomar banho e pedir algo para comer — disse, à medida que a guiava para o
banheiro.
— Pizza? — perguntou, minha boca se curvou em um sorriso ao notar sua animação. —
Eu estou faminta.
— Com toda certeza — respondi, levando-a para o boxe.
Liguei o chuveiro e controlei a temperatura antes de dar espaço para que Raissa entrasse.
E, porra, eu teria que ser muito forte para olhar para aquele corpo gostoso e não a foder enquanto
tomávamos banho.
Eu não faria isso, não agora.
Raissa precisava de um tempo. E pela primeira vez na vida, estava me segurando na frente
de uma mulher.
Permanecemos em silêncio durante todo o banho, após sairmos do banheiro entreguei a
Raissa uma camisa confortável e vesti uma cueca boxer. Em seguida, a levei para a sala para que
pudéssemos pedir a pizza e aguardar.
Nós nos sentamos no sofá e escolhemos o sabor da pizza. Depois disso, confirmei algumas
informações para a entrega e me voltei para Raissa, encontrando os olhos intensos sobre mim.
— Por que negou quando eu perguntei se era você? — Raissa perguntou, em um fio de
voz.
Naquele momento, em que confessou que eu seria o seu primeiro, acabei ficando surpreso
a ponto de deixar escapar a confirmação que tanto tentei esconder.
— Isso não mudaria em nada — respondi, firme. Ela me mediu com o olhar e balançou a
cabeça em concordância.
— Você costumava ser um cara mais alegre... e gentil.
— Não... eu não era — pontuei. — Aquela foi a única vez em que eu me permiti
descontrair daquela forma. Foi a única vez em que quis, de alguma forma, tornar o dia de alguém
melhor.
— Por quê? — perguntou, levando aquela conversa para um lugar que eu não gostaria.
— Foi exatamente por isso que eu não contei — expliquei, sério. — Eu não sou esse tipo
de cara, nem nunca fui.
Suspirei, sem paciência.
Não queria ter que explicar algo que nem eu mesmo entendia. Seguia dizendo para mim
que era pelo que ela tinha passado naquele dia, mas não era algo que eu gostaria de compartilhar.
— Porque você é incapaz de ter qualquer sentimento — disse, em um fio de voz,
desviando a atenção de mim.
— Exatamente — confirmei e me aproximei um pouco mais. Eu sabia que não deveria me
importar com o seu tom de voz, não deveria agir como se me importasse. Mas me peguei
levando as mãos ao rosto dela, trazendo seu olhar de volta para mim. — Apenas... não se esqueça
disso.
Tinha ciência de que Raissa estava mexendo comigo de forma que nunca imaginei, mas
também me conhecia perfeitamente bem para saber quais eram os meus limites. Então, eu
precisava que ela não se esquecesse disso.
Pois esse amor que as pessoas descrevem onde são incapazes de viver sem a pessoa... Eu
nunca fui capaz de sentir.

— Ah, meu Deus — minha avó gritou, desesperada, enquanto eu empurrava a porta do
escritório do meu pai. — Alexander, não!
Minha avó tentou me impedir, tentou desesperadamente correr em minha direção,
enquanto eu fazia aquilo que ela pediu em meio a gritos para não fazer.
Mas foi um ato falho, minha avó não chegou a tempo, e no momento em que um dos
policiais que estavam em minha casa cobriu os meus olhos, eu já tinha visto o que não
desejavam.
Aquela cena, fora a cena mais triste que um filho poderia ver. Meu coração desmanchou
em um descompasso grande quando o vislumbre daquilo que eu queria esquecer pairou
claramente em meu subconsciente.
Acordei assustado com a respiração totalmente irregular. Demorou uma fração de
segundos para que eu constatasse que estava em minha cama, e me lembrasse de que não estava
sozinho naquela noite.
Desviei a minha atenção para a cama, confirmando que Raissa estava dormindo
serenamente ao meu lado. Estava deitada de bruços, com uma perna entreaberta.
Por um momento, senti vontade de puxá-la para mim e abraçá-la fortemente. Eu queria
buscar nela a tranquilidade, senti que se a abraçasse todo aquele tormento passaria.
Levei minha mão até ela, mas parei o movimento pouco antes de tocá-la.
O que eu estava fazendo?
Depois de abaixar a mão, levantei-me da cama e caminhei em direção à sala. Eu deveria
fazer o que sempre fazia quando me sentia atormentado desta forma.
Caminhei para o centro da sala, indo em direção ao bar, em busca de uma bebida. Peguei
uma garrafa de uísque e um copo, então, depositei um pouco da bebida no copo e me sentei na
banqueta do bar.
Permiti-me beber um pouco enquanto pensava no pesadelo que acabara de ter. Aquelas
lembranças não me atormentavam há um bom tempo, mas elas vieram com tudo durante essa
noite, como um lembrete para mim mesmo de que eu estava indo longe demais.
Eu nunca havia trazido qualquer mulher para esta casa, nunca havia dormido com
nenhuma mulher, muito menos havia sido gentil, ou me preocupado com o sentimento de alguém
mais do que com o meu.
Não conseguia ver nada de bom nisso.
O que Raissa estava fazendo comigo, afinal?
Por que ser o seu primeiro foi algo que mexeu tanto comigo? Por qual motivo ela decidiu
se manter virgem até a essa altura do campeonato? E pior, por que a sensação de que eu não
queria que ela fosse de mais ninguém pairou sobre mim de forma inevitável em algum
momento?
Eram muitos questionamentos que seguiam me atormentando, à medida que eu tomava
algumas doses de uísque. Estava perdido em meus devaneios quando senti mãos suaves em meus
ombros, trazendo-me de volta para a realidade.
Meus olhos foram ao encontro dela, encontrando-a com os olhos fixos sobre mim.
— Está tudo bem? — perguntou, a voz denotava preocupação.
— Durante todo esse tempo... Por que nunca se permitiu ficar com alguém? — perguntei,
ignorando totalmente sua pergunta. Mas não de propósito, apenas não conseguia parar de pensar
naquilo.
— Hã... Eu não sei... — Ela arqueou as sobrancelhas. — Eu só não sentia que era o
momento... Ou o cara certo.
— Não havia encontrado o cara certo? — perguntei, hesitante.
Eu definitivamente não era o cara certo.
— Não se preocupe, sei muito bem onde meus sentimentos devem ficar e... não pretendo
de forma alguma nutrir sentimentos por você.
— Mesmo que eu te foda todos os dias? — perguntei, autoritário.
A porra do pensamento de que Raissa seria capaz de não nutrir qualquer sentimento por
mim, incomodou-me mais do que deveria.
— E você? — indagou, à medida que se acomodou no meio das minhas pernas. —
Realmente é incapaz de se apaixonar?
— Sim — respondi, firme.
— Então, você tem a sua resposta. Eu me manterei firme também, mesmo que me foda
todos os dias, não me apaixonarei por você — respondeu, os olhos fixos aos meus.
E porra, aquela ousadia me tirou totalmente do sério.
Deixei o copo de uísque sobre a bancada e levei minha mão na cintura dela, trazendo-a
para mim. O corpo pequeno se chocou ao meu e eu tomei os lábios dela sem pudor. Raissa não
protestou, ao invés disso, a senti passar as mãos em volta do meu pescoço e corresponder o beijo
à altura.
Desesperado por mais contato, levei as mãos aos botões da camisa social e a rasguei em
um movimento rápido. O susto durou apenas alguns segundos, antes que Raissa continuasse a me
beijar com fervor.
As mãos foram para os seios livres, então, contornei-os e os senti endurecer ainda mais
com o meu toque, ao mesmo tempo em que um gemido sensual escapou dos lábios dela,
fazendo-me perder a cabeça.
Deslizei uma das mãos para a boceta gostosa e estremeci ao notar que aquela mulher já
estava completamente molhada para mim. Comecei a tocar o clitóris inchado, em movimentos
circulares, à medida que deixava seus lábios.
Comecei a depositar beijos e chupões por toda sua pele, fazendo um caminho molhado de
desejo, enquanto meus dedos trabalhavam de forma ágil em seu clitóris.
— Ah... — Raissa soltou um gemido sexy, ao mesmo tempo em que cravava as unhas em
minhas costas, entregando-se a um orgasmo sem qualquer pudor.
— Puta merda — rosnei, em resposta àquele movimento tão sensual.
A intensidade apenas fez com que a minha vontade de estar dentro dela aumentasse. Sem
perder tempo, levantei-me da banqueta e a guiei em direção ao sofá.
Quando paramos em frente a ele, terminei de tirar a camisa que ainda estava sobre o corpo
dela e a joguei no chão, seus olhos encontraram os meus e eu me permiti apreciá-la ofegante, os
cabelos bagunçados e com a aparência totalmente sexy, enquanto se recuperava daquele orgasmo
que acabara de ter.
Sem conseguir esperar mais para me enterrar naquela mulher, virei-a de costas para mim.
— Fica de quatro para mim — ordenei, sério.
Sem demora, Raissa se ajoelhou no sofá, dando-me uma visão deliciosa de sua bunda
apontada para mim. Levei a mão às suas costas e a ajeitei para que pudesse ficar exatamente
como eu queria.
Em seguida, tirei a cueca boxer, liberando o meu pau, ele estava dolorido, e eu morrendo
de vontade de me enterrar nela, até que repensasse sobre aquilo que falou há alguns minutos.
— Se doer, você tem que me falar — avisei, enquanto afastava um pouco as pernas dela.
— Por favor — suplicou, fazendo-me perder o resto do juízo que poderia me restar.
Apoiei a mão em sua cintura, então me afundei nela. Não como eu gostaria ainda, pois não
conseguia não pensar que poderia machucá-la.
— Você é tão apertada, preciosa. — Tirei o pau quase todo e me afundei mais uma vez. —
Puta que pariu.
Inclinei-me e levei a mão em seus cabelos, juntei-os em minhas mãos em um rabo de
cavalo e os puxei, trazendo seu corpo mais para mim, conciliando cada estocada com o aperto
firme nos cabelos dela.
Raissa não protestou, pelo contrário. A safada aumentou os gemidos cada vez mais, à
medida que eu a mostrava como aquela intensidade poderia ser deliciosa. Segui arremetendo-a
cada vez mais profundo.
Puxei os cabelos um pouco mais e me apoiei para mordiscar o pescoço convidativo,
enquanto me enterrava por completo naquela boceta tão gostosa.
Depois de alguns deslizes profundos, arrancando alguns gemidos manhosos, aumentei o
ritmo. Soltei os cabelos, deixando-os cair sobre as costas e deslizei a mão, contornando a cintura,
ao mesmo tempo em que meus dedos iam ao encontro do clitóris, massageando-o em conjunto a
cada estocada.
Eu segui aquele momento e intensidade, avançando a cada vez que ela me dava sinal verde
com um gemido delicioso. Permiti-me socar da forma que eu desejava, enquanto os gemidos
gostosos se tornavam cada vez mais estonteantes.
— Alexander... — gemeu, manhosa.
Não demorou para que Raissa se desmanchasse mais uma vez, apertando a boceta em volta
do meu pau. Aquilo foi o suficiente para que eu a acompanhasse algumas estocadas depois,
rosnando o seu nome, enquanto liberava o meu prazer por completo.
Aquele momento foi totalmente intenso, mas não foi capaz de aliviar a sensação que havia
pairado sobre mim, no instante em que a cabeça assimilava que aquela mulher estava disposta a
não nutrir nenhum sentimento por mim.
E mesmo sem conseguir explicar, comecei a associar que ao final de tudo, acabaria sendo
eu a pessoa que sairia totalmente devastada com tudo isso que eu mesmo estava criando.
CAPÍTULO 24
Apesar de ter sido extremamente alucinante a experiência de ter Alexander me pegando
daquela forma no sofá, sentia que algo estava errado. Eu soube disso desde o momento em que
meus olhos foram para ele, enquanto estava sozinho no bar àquela hora da madrugada.
Por um momento, em meio aos questionamentos, confirmei cheia de convicção de que não
misturaria as coisas, mas a essa altura do campeonato, eu já sabia que havia misturado.
Suspeitava que Alexander também sentia isso, talvez... fosse esse o motivo pelo qual estava
tentando me distanciar desde então.
Não poderia ser coisa da minha cabeça, desde que acordamos, Alexander mal se dirigiu a
mim.
— Está tudo bem? — perguntei, atraindo o olhar dele para mim.
— Por que não estaria? — indagou, sério, apenas me confirmando que algo estava errado.
— Durante a madrugada, você estava sozinho bebendo uísque, não acho que isso seja
muito c...
— Eu só precisava de espaço — interrompeu-me.
Balancei a cabeça em concordância, à medida que assimilava aquelas palavras. Por um
momento, senti que estava invadindo a sua privacidade.
Voltei a atenção para o café, percebendo que naquele instante quem precisava de espaço
era eu.
— Tenho que resolver algumas coisas hoje e minhas amigas estão no meu apartamento,
provavelmente me esperando chegar — disse, firme. — Pode me levar para casa assim que
terminarmos o café?
— Tudo bem — Alexander concordou com tanta facilidade, que me surpreendeu.
Eu, simplesmente, não sabia o que pensar sobre aquela atitude, então, sem querer
prolongar mais aquele momento, me levantei e desviei o olhar para ele.
— Obrigada, vou me trocar e pegar as minhas coisas.
Alexander me estudou com o olhar e sem dizer uma palavra, balançou a cabeça
positivamente.
Segurei para me manter indiferente a sua atitude. Virei-me e fui em direção ao quarto.
Enquanto eu me vestia, Alexander entrou e foi em direção ao closet.
Estava tentando fechar o zíper do vestido quando o senti se aproximar. Sem dizer uma
palavra, as mãos dele tocaram a minha sobre o zíper. Tirei a minha mão, dando espaço para que
fechasse o vestido para mim.
Um arrepio percorreu o meu corpo quando senti sua mão em minhas costas tão
suavemente. Ele subiu o zíper com calma e deu alguns passos para trás.
— Podemos ir? — perguntei e me virei em direção a ele.
— Sim, vamos lá.
Alexander levou a mão às minhas costas e me guiou para fora do quarto. Observei-o pegar
sobre o móvel suas chaves antes de sairmos. Só no momento em que fomos para a garagem notei
que havia dois carros ali. O meu terror e ao lado um Maserati preto.
Ele me guiou pelos dois carros e destravou o Maserati, abrindo a porta do carona para
mim. Enquanto eu me acomodava, Alexander assumiu a direção em silêncio, e foi assim por todo
o caminho. Apesar de não termos tido nenhuma briga e tudo estar bem, o clima não estava dos
melhores.
Aquilo me magoou, a ponto de pensar em sair do carro sem dizer uma palavra. Estava
prestes a fazer isso, mas quando tentei abrir a porta senti a mão dele sobre o meu braço, fazendo-
me olhar para ele.
— Em duas semanas é o aniversário da minha avó, mas caso surja algo antes eu entro em
contato — avisou, magoando-me ainda mais.
— Tudo bem, estarei lá quando precisar — respondi, a voz contida.
Alexander me mediu com o olhar antes de afastar as mãos. Sem dizer uma palavra, abri a
porta e saí do carro indo em direção ao meu prédio.
Aquela mudança repentina me magoou. Não esperava que engatássemos algo sério, ou que
uma noite fosse capaz de mudar tudo, porém, aquela indiferença era cruel.
Não sabia se ele estava se fechando, ou se apenas já havia conseguido aquilo que queria.
Mas independentemente disso, eu não me arrependeria da minha decisão.
Controlei-me para não deixar que o sentimento que predominasse fosse a mágoa, afinal,
ele mesmo havia dito que era incapaz de corresponder a qualquer sentimento. Então, o que eu
estava esperando?
Suspirei fundo e fiz a minha melhor cara antes de abrir a porta do apartamento. E como
imaginei, mal coloquei os pés dentro do apartamento e fui capaz de vê-las eufóricas me
esperando sentadas no sofá.
— Eu sabia que você não voltaria, sua safada! — Beatriz falou, enquanto eu fechava a
porta.
— Como foi? — Isabella perguntou, animada. Forcei o sorriso para elas, tentando
disfarçar ao máximo o que acabara de acontecer.
— Onde está a Mel? — perguntei, à medida que passava os olhos pela sala.
— Dormindo, então, não poupe as palavras — Isabella disse e deu dois tapinhas no sofá.
Balancei a cabeça em negativa, observando-as com a curiosidade transbordando no olhar.
— Não existe a possibilidade de dar detalhes sobre isso — avisei, ao mesmo tempo em
que ia na direção delas.
— Não pense você que não irá nos contar nada — Beatriz falou. Fiz uma careta ao ouvi-la.
— Isso aí é digno de soltar fogos de artifício.
Gargalhei ao ouvi-las e me sentei no meio delas, pronta para me esquivar ao máximo das
perguntas indecentes que eu sabia que viria. E como imaginei, as meninas não perderam a
oportunidade de tirar bastante sarro de mim, antes de chegamos ao que realmente queriam saber.
Enrolei-as o máximo que pude, revelando o mínimo possível da noite que tive com
Alexander, então, depois que Mel acordou, elas desistiram de obter qualquer detalhe mais
sórdido e apenas passaram o dia comigo.
Guardei apenas para mim o fato de que Alexander era o cara de Búzios, também como as
coisas terminaram estranhas naquela manhã. Apesar de amar de paixão Beatriz e Isabella,
simplesmente não conseguia compartilhar coisas tão íntimas com alguém.
Aprendi que na vida não devemos confiar plenamente, afinal, até aquela pessoa que você
mais amava, podia te decepcionar.
Mas, apesar de tudo, me senti grata por tê-las ali.

— Um sorvete cairia bem agora — comentei, atraindo a atenção de Luiz Felipe para mim.
O sorriso dele se alargou no momento em que seus olhos encontraram os meus.
— Raissa, sua sumida! — disse, à medida que eu caminhava pela sorveteria, rumo ao
balcão de atendimento.
— Um pouco — respondi e parei em frente para ele, passando os olhos pelo ambiente. —
Seus pais não vieram hoje?
— Não. — Ele fez uma careta. — Tiraram o final de semana para viajar e me deixaram
por conta.
— Estão certos em aproveitar o filho que têm — disse e pisquei.
— Como se eu já não trabalhasse a semana toda — murmurou, fazendo-me dar uma
risada. — Não faz ideia de como está fazendo falta na empresa.
— As coisas por lá estão tão ruins assim?
— A nova gerente de marketing é o diabo em pessoa — falou e estendeu para mim o menu
de pedidos.
— Isabella também não gostou dela — comentei e passei os olhos pelo cardápio.
— Ninguém gostou, Raissa, a mulher não sabe trabalhar em equipe. — Ele me mediu com
o olhar. — E falando nisso, Gabrielle disse que ela e Alexandre tem tentado falar com você, mas
você segue ignorando suas ligações.
Fiz uma careta ao ouvi-lo. Amava aquela garota, porém, temia conversar com ela e acabar
criando um caso maior com a minha demissão, já que Ricardo era o seu pai.
— É complicado — disse, sem querer de fato justificar.
— Complicado ficou o clima entre Ricardo e Alexandre depois da sua demissão, é visível
que ele foi contra, Rai, não deveria ignorar as ligações deles, sabe que se importam com você.
— Não vamos falar sobre isso — disse, olhando-o firme. Ele apertou os lábios e balançou
a cabeça em concordância, visivelmente chateado com o meu corte.
— Você quem manda.
Coloquei o cardápio sobre o balcão e forcei um sorriso.
Não adiantaria remoer, já estava feito, e voltar a empresa contra a vontade de Ricardo não
era algo que pretendia, mesmo que amasse aquela equipe.
— Eu quero um sundae — pedi, tentando mudar o foco da conversa.
— É para já!
Luíz Felipe se virou para preparar o sorvete. Aproveitei para passar o olhar pelo ambiente,
notando apenas uma mulher com duas crianças em uma mesa distante.
— Para um sábado, está bem parado — comentei, atraindo o olhar dele para mim.
Não me lembrava de encontrar o lugar tão vazio em pleno sábado.
— Daqui a pouco começa a aumentar, é o horário — explicou, assenti, tendo ciência de
que eu realmente costumava vir um pouco mais tarde. — Pode ficar à vontade, eu levo para você
assim que terminar aqui.
— Vou te esperar lá fora.
— Tudo bem.
Forcei um sorriso e fui em direção à saída. Depois de analisar as mesas, sentei-me em uma
cadeira que me dava uma visão privilegiada do parque que havia do outro lado da rua. Apesar de
ser pouco mais de 09h, já estava se formando um número considerável de pessoas ali.
Segui observando o movimento, à medida que os pensamentos se tornavam distantes.
A semana havia seguido em passos lentos. Eu tentei seguir a minha nova rotina
normalmente, sem esperar qualquer ligação ou mensagem de Alexander, afinal, ele havia
deixado claro que o nosso próximo encontro até então era no aniversário da avó dele.
E mesmo tentando evitar pensar no assunto, foi inevitável em alguns momentos me
lembrar de cada detalhe, de como tudo foi intenso e como me senti magoada depois.
Sinceramente? Eu nem mesmo sabia como agiria quando o visse mais uma vez. Cogitei até
mesmo termos uma conversa séria para manter tudo profissional.
Estava confusa, mas, ao mesmo tempo, disposta a não passar o final de semana em casa
apenas deixando a confusão tomar conta de mim, era por isso que estava aqui, mas o movimento
foi totalmente falho, já que mesmo assim, não conseguia parar de pensar naquela noite.
— Aqui — Luiz Felipe disse, trazendo-me de volta à realidade.
Ele me entregou o sundae e puxou a cadeira de frente para mim.
— Obrigada — agradeci, enquanto o observava se sentar.
— Conta para mim, como está se sentindo?
— Bem... apenas um pouco ociosa demais. — Forcei um sorriso.
— Imagino, você não gosta muito de ficar parada.
— Exatamente, imagine? — respondi, pegando um pouco do sorvete.
— É fato que está surtando, mas aposto que não vai demorar a arrumar outro emprego.
— Sim, eu estou selecionando algumas vagas, mas nada que tenha chamado a minha
atenção ainda.
— Quando se pode escolher... — ele brincou.
Antes que eu pudesse respondê-lo uma mulher e duas meninas entraram na sorveteria.
Luiz Felipe fez uma careta e se levantou, indo atendê-las.
Aproveitei para tomar o sorvete, à medida que observava as pessoas no parque. Logo, mais
um casal entrou na sorveteria. Foi quando tive a certeza de que demoraria um pouco mais.
Congelei no lugar quando meus olhos foram ao encontro de uma pessoa que vinha logo à
frente.
Rodolfo, o amigo de Alexander, estava com uma roupa esportiva, correndo na pista do
parque.
Em um movimento automático me peguei acompanhando-o com o olhar, mas não
esperava que ele acabasse olhando em minha direção. Assim que o fez, parou abruptamente
notando a minha presença.
Rodolfo começou a vir em minha direção, fazendo a minha cabeça girar. Eu não fazia ideia
de como agir sozinha em sua presença. Não sabia se ele tinha ciência do meu acordo com
Alexander, ou se até mesmo tentaria flertar comigo da mesma forma que fez nas vezes em que o
encontrei.
Isso fez com que cada passo que dava em minha direção me deixasse ansiosa.
— Olá, bela dama — cumprimentou-me, parando à minha frente. E a incerteza que aquele
homem me causava, deixava-me desconfortável.
— Oi, Rodolfo.
— Que coincidência te encontrar por aqui! — disse, em seguida desviou a atenção para
dentro da sorveteria. — Eu volto em um minuto.
Balancei a cabeça em concordância e o observei entrar no estabelecimento. Eu me peguei
admirando-o enquanto pegava uma garrafa de água e ia para o balcão pagar.
O cara era um moreno muito atraente, exalava confiança onde passava e parecia simpático,
mas, inexplicavelmente, tinha algo nele que eu não gostava.
Talvez o fato de não ter senso, ou de usar uma camisa para correr e poupar meras mortais
como nós, de presenciar algo tão tentador, como aqueles músculos firmes?
Balancei a cabeça em negativa e desviei a atenção para o parque, querendo mandar aqueles
pensamentos para longe.
Peguei o meu celular e por um instante pensei em ligar para Alexander, a fim de avisá-lo
sobre Rodolfo, mas ele não havia dado as caras desde semana passada e tinha agido como um
completo idiota ao sumir daquela forma. Então, após um suspiro eu guardei o celular, decidindo
apenas não fazer nada.
— Voltei — Rodolfo disse, ao mesmo tempo em que se sentou na cadeira à minha frente.
Depositou o celular sobre a mesa e abriu a garrafa de água.
— Hã... oi — falei, surpresa por descobrir que ele estava com a intenção de ficar.
— Espero que não esteja te atrapalhando, está esperando alguém? — Rodolfo perguntou,
um sorriso brincava em seus lábios, à medida que a atenção ia para o celular.
— De forma alguma — respondi, e voltei a tomar o meu sorvete, sem saber ao certo como
agir em tal situação.
— Sabe, Raissa, há algo que estou muito curioso — Rodolfo começou, fazendo com que
minha atenção fosse para ele. — Você e Alexander, estão realmente sérios?
— Nós estamos noivos — respondi, constatando que ele não era amigo de Alexander o
suficiente para saber de nosso acordo.
— Eu sei, mas nunca vi Alexander com qualquer mulher que não fosse um caso de uma
noite, e agora, de repente, aqui está a sua noiva. — Ele me mediu com o olhar. — Ele parece tão
envolvido.
— Não foi de repente, estamos juntos há um tempo — menti, ignorando o comentário de
Rodolfo.
Não deveria me apegar a isso.
— Eu seria um péssimo amigo ao dizer que queria ter encontrado você antes? —
perguntou, tão direto que me deixou desconcertada.
Para todos eu era noiva do seu amigo, que merda ele estava fazendo flertando comigo
dessa forma?
— Não acho isso apropriado, Rodolfo, eu estou noiva do seu amigo — disse, séria,
deixando claro o quanto me ofendeu.
— Me desculpe pela indelicadeza. — Ele me mediu com o olhar de forma que me deixou
desconfortável.
Por que, de repente, isso parecia o divertir?
— Tudo bem, só não faça isso de novo.
— Interessante — disse, um brilho diferente nos olhos. — Você é uma mulher realmente
interessante, Raissa.
Naquele momento, Luiz Felipe apareceu do lado de fora da sorveteria. Forcei um sorriso
em sua direção, que parecia se decidir se deveria se aproximar.
— Está de volta? — perguntei, não dando escolhas para ele a não ser vir até nós.
— Por pouco tempo, certamente aquela mulher está vindo para cá. — Ele apontou com a
cabeça e eu fiz uma pequena careta, sabendo que ele certamente me deixaria a sós com Rodolfo.
Acompanhei a mulher com duas crianças até que passasse por nós, então ela entrou na
sorveteria.
— Vá lá. — Forcei um sorriso.
Era sempre assim quando eu vinha até aqui aos sábados, mas geralmente eu não ligava,
nos períodos em que Luíz Felipe estava atendendo eu costumava apenas ficar admirando o
parque, ou conversando com os pais dele. Porém, a presença de Rodolfo me fazia querer ir
embora.
Não me permiti olhar para Rodolfo, mas por reflexo notei que ele continuava a beber água
e mexer no celular. Voltei a atenção para o sorvete com a intenção de terminá-lo e ir embora,
caso não percebesse que eu estava desconfortável com sua presença.
— Olha só quem está aqui. — A voz de Rodolfo ressoou depois de alguns minutos em
silêncio, fazendo com que eu seguisse o seu olhar.
Surpreendi-me ao encontrar Alexander saindo do carro um pouco à frente. Depois de
fechar a porta, começou a caminhar em nossa direção.
— Avisou a ele que estava aqui comigo? — perguntei e o medi com o olhar.
— Ah, acabei comentando brevemente — falou, despreocupado, enquanto um sorriso
debochado se fazia presente. — Não imaginei que ele fosse chegar aqui tão rápido.
Para mim, naquele momento, ficou claro a intenção de Rodolfo, ele estava provocando
Alexander, eu não tinha dúvidas disso, mas por quê? Por qual motivo Alexander viria tão
rapidamente, quando nem mesmo se importava?
Acompanhei Alexander com o olhar, até que parou em nossa frente, os olhos fixos em
Rodolfo. Sua inquietação era visível, algo que mais uma vez me fez questionar suas atitudes.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, atraindo o olhar dele para mim.
— Eu vim buscar você — Alexander disse, autoritário.
Eu pensei em rebatê-lo, pensei em dizer que não havia pedido que me buscasse, mas seria
a fuga que eu precisava para me manter longe daquele amigo, que eu não fazia ideia das reais
intenções.
— Ah, meu amigo, por que a pressa? — Rodolfo perguntou, o mesmo tom despreocupado
se fazia presente. — Já que está aqui, apenas se sente.
— Não vamos fazer isso — Alexander disse, firme.
Naquele momento, senti como se não estivesse falando sobre se sentar. O que de fato me
deixou muito confusa. Estava prestes a questionar quando Rodolfo bateu os dedos na mesa.
Minha atenção foi para ele, que olhava de forma divertida para Alexander.
— Conte para nós, não vamos fazer o quê, Alexander?
CAPÍTULO 25
Alexander apertou a mandíbula, mostrando com aquele movimento sua tensão e
nervosismo. Observei-o colocar a mão no bolso da calça, ao mesmo tempo em que seu olhar
encontrou o meu. Franzi as sobrancelhas no momento em que pegou as chaves do carro e as
estendeu para mim.
— Raissa, por favor, vá para o carro. Eu vou pagar a conta e te encontro lá logo em
seguida — disse, autoritário.
— Eu estou de carro — informei, tentando evitar o fato de sair com ele para qualquer
lugar.
— Peço alguém para pegá-lo mais tarde, apenas preciso que você vá para o carro e me
espere lá — disse, incisivo. Desviei a atenção para Rodolfo, que havia voltado a tomar água com
tranquilidade, como se nada de mais estivesse acontecendo ali. — Raissa, por favor.
O tom de súplica fez o coração traidor amolecer. Mordi o lábio inferior, ao mesmo tempo
em que aceitei as chaves do carro. Temia ficar e Alexander pegar o amigo na porrada, já que a
intenção de provocação de Rodolfo era evidente.
— Até mais, bela dama — Rodolfo disse, assim que me levantei. Meus olhos encontraram
os dele, a tempo de vê-lo piscar para mim.
— Hm... Até — respondi e me virei para ir em direção ao carro.
Definitivamente essa não era a forma que eu esperava encontrar Alexander, em outra
ocasião eu nem mesmo seguiria seu pedido, mas dessa vez, apenas fiz.
Destravei o carro e entrei no lado do carona, em seguida voltei a minha atenção para
aqueles dois.
Alexander estava visivelmente irritado enquanto falava alguma coisa com o amigo. Sem
parecer estar abalado, Rodolfo se levantou e desviou o olhar para Alexander, então, com um
sorriso no rosto deu alguns tapinhas nas costas do amigo e pegou a garrafinha de água sobre a
mesa. Sem cerimônia, atravessou a rua e voltou a correr rumo à pista de caminhada do parque.
Alexander olhou em minha direção, certificando-se de que eu estava no carro, antes de
entrar na sorveteria. Cogitei sobre sair do carro e ir embora, ou aguardá-lo.
Mas, naquele momento, a curiosidade falou mais alto e me fez ficar. Alguns instantes
depois, Alexander saiu da sorveteria e veio ao encontro do carro, abriu a porta do motorista e se
acomodou ao meu lado.
Alexander suspirou profundo e apoiou as duas mãos no volante.
— Por que não avisou que havia o encontrado? — perguntou, apesar do tom firme, aquela
irritação inicial já não estava mais presente.
— Não achei que tinha necessidade — menti e o estudei com o olhar. — O que foi que
aconteceu ali?
— Não aconteceu nada. Rodolfo é apenas... complicado. — Alexander parecia medir as
palavras. Então, os olhos intensos encontraram os meus. — Eu não quero você perto dele.
De repente, eu me vi perder o ar com tal afirmação. Seu tom era autoritário, poderia dizer
que havia até mesmo um vestígio de possessividade.
— Mas ele é... seu amigo — disse, tentando não demonstrar que eu tinha noção dos
motivos de me querer longe.
Alexander conhecia o cara, certamente já sabia que o cretino tentaria dar em cima de mim,
caso contrário não estaria aqui dessa forma, agindo como se eu pertencesse a ele.
— Exatamente.
— Não vejo problema em conversar com ele, caso nos encontremos ocasionalmente, como
hoje — disse, tentando buscar qualquer sinal do que ele estava sentindo naquele momento.
— Raissa... — Seu tom era de aviso. — Você sabe muito bem quais são os termos do
nosso contrato.
— Não diz nada sobre eu ter amigos. — Arqueei as sobrancelhas.
— Rodolfo não quer ser a porra do seu amigo. — Alexander suspirou, irritado. — Eu não
vou deixar que ele se aproxime de você, isso não irá se repetir.
— Por que não vai? Você não pareceu se importar com quem eu estava durante toda a
semana. Depois de f... — interrompi a minha fala de repente.
Estava confusa e sentia que se continuasse acabaria falando mais do que devia. Pois dado
ao que Alexander já me falou, isso não era algo que eu devesse me importar.
Alexander não disse nada, apenas desviou a sua atenção para frente mais uma vez.
Por alguns minutos, o silêncio pairou sobre nós. Não me arrisquei a terminar aquela frase e
Alexander não fez questão de saber o que eu estava prestes a falar.
Ele respirou fundo, como se buscasse recuperar o controle. Segui observando-o em
silêncio.
— Eu estava em São Paulo, precisei viajar e resolver algumas questões de uma das filiais
— explicou, a voz visivelmente mais calma. Então, deu um sorriso, como se reconhecesse
perfeitamente o quão confuso estava naquele momento. — Mas seria hipócrita se dissesse que
não estava te evitando.
Aquela confissão me deixou ainda mais confusa. Tudo o que eu queria era entender o
significado daquilo.
— O que você quer de mim, Alexander? — perguntei em um fio de voz.
Aqueles olhos azuis e intensos tão de repente sobre mim, fizeram meu coração entrar em
descompasso.
— Honestamente? Eu não sei... só não quero deixar você ir para qualquer lugar agora,
quero levar você para minha casa e sentir v...
— Não acho que isso seja apropriado — interrompi-o, séria. — Vamos seguir conforme o
cronograma.
— E qual seria esse cronograma?
— Eu vou sair por essa porta agora e você vai me deixar ir. Então, nós nos veremos no
aniversário da sua avó, no sábado que vem.
— Raissa...
— Você não pode simplesmente agir tão frio comigo, sumir, admitir que estava me
evitando e, em seguida, querer me levar para sua cama. — Balancei a cabeça em negativa. — Eu
te disse, não sou uma prostituta, não vou admitir que me trate como uma.
Alexander não foi capaz de responder. Ele estava confuso, eu me encontrava do mesmo
jeito. E sentia que ir para casa dele seria muito para mim.
Precisava reorganizar as minhas ideias, precisava que ele reorganizasse as dele também. E
foi por isso que sem dizer mais uma palavra, eu saí do carro, decidida a ir embora.
Sempre fui muito certa das coisas que queria, naquele momento não estava disposta a ficar
à mercê de um homem que havia deixado claro ser incapaz de corresponder a qualquer
sentimento. Tampouco seria um objeto, onde ele sumia e aparecia quando queria foder.
Isso não iria acontecer.

Alexander: O que você quer de mim?


Alexander: Tentarei não me manter tão distante, mas não sou capaz de lhe dar mais do
que propus.
Estava sentada no sofá olhando para a tela do celular há cerca de quinze minutos, tentando
entender de fato o que as mensagens que Alexander mandou poderiam significar.
Sem saber ao certo como respondê-lo, bloqueei a tela do celular e me levantei e fui para o
meu quarto. Peguei uma mala pequena e em alguns instantes coloquei alguns pares de roupas
para usar durante a semana. Então, depois de ajeitar tudo, fui para o meu carro, decidida a ir para
a casa dos meus pais.
Eu não os via há um tempo considerável e sentia que precisava ficar longe de tudo isso.
Precisava pensar no que fazer e distrair a mente, ou iria enlouquecer.
Dirigi cerca de três horas e meia antes de estacionar na frente da casa dos meus pais. Dei
um pequeno suspiro e um sorriso se formou em meus lábios com a visão da casa deles. Estava
com saudades e não imaginava que era tanto, até finalmente estar aqui.
Saí do carro e peguei a mala, depois de travar o alarme fui em direção à porta, toquei a
campainha e aguardei.
Não demorou para que a porta se abrisse, revelando ali o olhar surpreso da minha mãe,
antes do sorriso a invadir enquanto vinha de encontro a mim.
— Oi, mãe...
— Oh, querida, que saudades. — Mamãe me abraçou calorosamente — Meu bem, nossa
menina está aqui.
Sorri e entrei, à medida que me deu espaço para passar. E da mesma forma calorosa, meu
pai veio ao meu encontro com um sorriso no rosto.
Eles ficaram surpresos com o fato de eu vir para ficar toda a semana, mas muito felizes
com isso. Meu pai logo se encarregou de pegar a minha mala para levar para o meu quarto, já
minha mãe me arrastou para a cozinha para fazer um café para nós. Pouco depois, meu pai se
juntou a nós na cozinha.
Inicialmente, conversamos sobre como estavam as coisas depois da demissão e o que eu
pretendia fazer daqui para frente. Naquele momento, eu omiti qualquer informação sobre
Alexander, mas sabia que em algum momento teria que comentar sobre ele.
Estava terminando de comer um dos bolos da minha mãe quando o assunto que eu,
definitivamente, não queria, veio à tona.
— Você conseguiu falar com o Vinicius? — minha mãe perguntou, atraindo a minha
atenção.
— Mais ou menos. — Fiz uma careta, ao mesmo tempo em que larguei o talher sobre a
mesa. — Eu liguei para ele no dia em que falei com você, mas... no momento em que disse que
era sobre dinheiro, eu desliguei e voltei a evitar as ligações.
— Eu estava conversando com a sua mãe sobre isso ontem, vocês passam muito a mão na
cabeça do Vinicius, por isso que ele é assim — meu pai falou, sério. Balancei a cabeça em
concordância. — Quantas vezes eu te pedi para não dar dinheiro a ele?
— Eu sei, mas...
— Não tem desculpa — papai me interrompeu. — Ele não é filho de rico e sabe disso,
vocês têm que deixá-lo se virar sozinho, ou nunca vai aprender.
— Eu só temo que esteja mexendo com coisa errada, não sei ele parecia nervoso quando
apareceu aqui da última vez — mamãe comentou.
— Isso foi quando? — perguntei.
— Um dia antes de te ligar, Vinicius veio nos pedir dinheiro.
Meu pai suspirou, visivelmente nervoso e se levantou, deixando-nos a sós. Acompanhei-o
com o olhar enquanto assimilava a situação.
Meus pais não eram de brigar, mas quando se tratava do meu irmão, era complicado.
Minha mãe queria fazer todas as vontades dele, meu pai achava que o correto era deixá-lo
crescer.
Nesse momento, eu conseguia ver que papai sempre teve razão. Vinicius havia se tornado
um cara mimado, mas também sabia que parte disso era culpa minha e da minha mãe.
— Você sabe que ele tem razão — disse e voltei meu olhar para ela, que apenas assentiu.
— Eu sei, filha, só estou preocupada com seu irmão — falou em meio a um suspiro. — E
com você também.
— Por que comigo? — perguntei e franzi as sobrancelhas.
— Porque te conheço perfeitamente bem, minha menina — mamãe disse, desarmando-me.
— Desde que chegou tem se esforçado bem, mas consigo ver que algo te aflige.
Olhei em direção a porta onde meu pai saiu, antes de me voltar para minha mãe.
— Hum... podemos conversar lá fora? — perguntei, querendo um pouco mais de
privacidade.
— Claro, vamos lá — disse e se levantou. Segui-a até a área de churrasco, então, nos
sentamos no balanço que havia no centro.
— O que está acontecendo? — mamãe perguntou assim que nos acomodamos.
— Tem um cara... hm... — comecei, desconcertada, sem saber ao certo o que contaria.
— Ah, filha... não imagina o quão feliz eu fico com isso. Vocês estão namorando?
— Mais ou menos isso. — Suspirei e olhei para a minha mão. — É complicado...
Naquele momento, senti-me mal por mentir para minha mãe. Sabia que posteriormente ela
ficaria feliz com a história do noivado. Afinal, sempre tivemos uma relação muito aberta e depois
de Matheus, foi ela quem acompanhou de perto como eu me fechei para todo o resto.
— Vocês estão com problemas? — questionou. O que me fez pensar em como seguir
aquela conversa sem expor toda a verdade.
— Alexander diz que não é capaz de amar... — falei, recebendo um olhar interrogativo da
minha mãe. — Isso é o que ele diz, mas suas atitudes muitas vezes me mostram o contrário. Eu
não sei o que de fato aconteceu no seu passado, mas ele é protetor e se preocupa comigo, eu sinto
isso... respeita todas as minhas decisões, mesmo quando não é o que ele quer. Mas, ao mesmo
tempo, me afasta e não me deixa entrar.
— E você, filha, o que sente em relação a esse homem? — perguntou, mantendo-se
impassível sobre as informações.
— Ele mexe comigo, muito mais do que eu gostaria de admitir... — Fiz uma pausa
tentando organizar meus pensamentos. — Amor não é exatamente o que estou procurando, mas...
— Você está com medo de se deixar levar e ele não ser capaz de corresponder — ela
concluiu, olhei-a por um instante e balancei a cabeça em concordância. — Não posso te dizer o
que fazer, mas em muito tempo, eu nem mesmo vi você cogitar algo assim, o que me faz pensar
que talvez você sinta que esse homem valha a pena.
— Eu não sei, Alexander é intenso e por mais que diga o contrário, eu sei que se importa
comigo — confessei.
Falar aquilo em voz alta fez meu coração palpitar. Era exatamente o que eu sentia, até
mesmo nos momentos em que ele dizia o contrário. Ele se preocupava comigo.
Minha mãe me mediu com o olhar, esperei ansiosa para que ela falasse algo.
— Acho que deveria arriscar — disse, por fim, surpreendendo-me. Então deu de ombros.
— Você mesma disse que as atitudes dele te fazem pensar diferente, portanto, talvez devesse sair
um pouco da sua zona de conforto. Sabe aquele famoso ditado: “O não você já tem?” — Ela
sorriu. — Apenas se permita, filha, sem cobranças, se for para ser... acredite, será.
Sorri ao ouvir aquelas palavras da minha mãe e me inclinei para abraçá-la, apenas
agradecendo os conselhos e matando a saudade.
Permanecemos conversando por um longo tempo antes de entrarmos. Resolvi ir para o
quarto para tomar banho, colocar as ideias em ordem e descansar.
Eu queria que mamãe me desse a certeza de que eu deveria me afastar, mas, ao invés disso,
ela me aconselhou a seguir e deixar rolar.
Comecei a pensar na conversa que tivemos, em como tudo ocorreu entre mim e Alexander.
De Búzios, até o último momento.
E, naquele instante, decidi que seguiria os conselhos da minha mãe. Não iria preocupar em
rotular o que tínhamos e me permitiria viver cada segundo do tempo que estaríamos nesse
contrato, se fosse para ser... apenas seria.
Pensando nisso, peguei o meu celular e respondi aquela mensagem de mais cedo.
Eu: Tudo bem, é o suficiente. Nos vemos no sábado.
CAPÍTULO 26
“Não se apegue a esse vestido, eu pretendo rasgá-lo no momento em que estivermos a sós,
e espero que não tente me impedir. Te pego às 19h30.
Alexander K.”
Desviei a atenção daquele bilhete para o espelho à minha frente. Senti o rosto corar tendo a
imagem de como o vestido se acentuou perfeitamente em meu corpo. Era um vestido longo azul-
marinho de alcinha com o modelo sereia.
Uma onda de excitação caiu pelo meu corpo ao imaginar Alexander rasgando aquele
vestido sem qualquer pudor. A ansiedade tomou conta, enquanto a mente traiçoeira se prendia
àquela expectativa.
Durante toda a semana que passei na casa dos meus pais poderia dizer que aproveitei
muito a presença deles, concentrei-me em esfriar a cabeça e os curtir um pouco.
Alexander me mandou algumas mensagens, quando eu não acordava com um bom-dia, iria
dormir com um boa-noite. Parecia que estava realmente se esforçando para não sumir do mapa.
Meu celular vibrou, trazendo-me de volta à realidade. Deixei aquele bilhete sobre a
escrivaninha e peguei o aparelho, constatando uma nova mensagem.
Alexander: Estou aqui, linda.
Sem querer deixá-lo esperando, peguei a minha bolsa e fui ao seu encontro. Assim como
das outras vezes, ele estava encostado no carro, apenas esperando que eu saísse.
Alexander ajeitou a postura e os olhos foram em minha direção, fazendo o coração entrar
em descompasso. Depois das duas últimas semanas, senti-me desconcertada em sua presença. E
apesar daquele bilhete ousado com o vestido, ele também parecia não ter certeza.
— Boa noite — cumprimentou-me e estendeu a mão para mim.
No momento em que correspondi, ele pegou a minha mão e a levou em direção à boca.
Assisti-o beijar o dorso suavemente, com os olhos fixos aos meus.
— Boa noite — respondi, à medida que ele soltava a minha mão.
Aquele foi o maior contato que tivemos depois de tudo. Alexander abriu a porta para mim
e me deu espaço para entrar. Acomodei-me sem demora e o observei entrar, em seguida ordenou
ao motorista que seguisse.
— O que temos para hoje? — perguntei, atraindo a sua atenção para mim.
— Minha avó está fazendo uma pequena comemoração em sua casa. Lá terá a presença de
algumas pessoas que fazem parte do nosso convívio, então não devemos esquecer que estarão de
olho em nós.
— Certo. — Balancei a cabeça em concordância.
O silêncio se instaurou no ar. Sentindo desconforto, desviei a atenção para a janela, em
busca de me sentir mais à vontade.
— Aproveitou bem a semana? — perguntou, de repente, fazendo com que eu voltasse a
olhá-lo.
Semicerrei meus olhos, tentando decifrar o teor daquela pergunta.
— Hm? — murmurei, medindo-o com o olhar.
Alexander não era o tipo de cara que perguntava como foi o dia, tão pouco a semana.
— Você estava na casa dos seus pais, não estava? — perguntou e como se fosse a coisa
mais normal do mundo ter essa informação, continuou. — Aproveitou?
— Como sabe disso? — perguntei, confusa.
— Eu apenas sei, Raissa — respondeu, endurecendo a postura, como se naquele momento
tivesse percebido o erro que acabara de cometer.
— Está me vigiando? — questionei e arqueei as sobrancelhas. Alexander não precisava
nem mesmo responder, seu olhar dizia claramente que sim. — Você não pode fazer isso.
— Eu sei, sei que não posso... — Então, seu tom de voz diminuiu um pouco. — Mas não
significa que eu não usarei os recursos que tenho para saber onde você está.
— Você pode simplesmente me perguntar, se quiser saber — sugeri, deixando-o
visivelmente pensativo.
Certamente, essa era a forma de Alexander fazer as coisas, afinal, toda a informação que
obteve de mim até o momento, foi sem me consultar. Mas não tinha que ser assim.
— Podemos nos comunicar — voltei a falar quando o silêncio prevaleceu. — Como
pessoas normais...
Alexander abriu e fechou a boca, como se não soubesse o que dizer. E antes que ele
pudesse chegar à qualquer conclusão, a voz do motorista ressoou, informando-nos que havíamos
chegado.
Sem demora, Alexander abriu a porta e saiu. Acompanhei-o aceitando quando ele estendeu
a mão para mim. Observei enquanto ele dispensava o motorista, em seguida, me guiou em
direção à casa de Madalena.
— Não está pensando em me fazer dormir aqui, não é? — perguntei, fazendo um sorriso se
formar no canto dos lábios dele.
— Meu carro está na garagem. — Apontou com a cabeça em direção ao Maserati, que
estava ao lado de uma SUV um pouco mais à frente.
Balancei a cabeça em concordância, segurando o sorriso. Então, Alexander me levou para
dentro da casa.
A movimentação já se fazia presente nos primeiros cômodos, conforme passávamos,
Alexander cumprimentou algumas pessoas, mas seguiu me guiando pelo ambiente.
Estava me perguntando onde a velha estava, quando entramos em um lindo jardim. Notei
que era onde estava a maior concentração de pessoas.
No centro, havia uma área grande com piso de pedra, onde algumas mesas estavam
distribuídas e o jardim estonteante cercava todo o lugar.
Tinha que admitir, tudo estava deslumbrante.
Minha atenção foi para frente quando Alexander voltou a caminhar pelo lugar. Segui o seu
olhar constatando que estava me levando para onde eu menos queria ir. Em direção à velha, que
sorria enquanto conversava com um grupo de senhoras.
— Alexander — Madalena o cumprimentou com um sorriso, logo se virou para mim. Sua
expressão não estava das mais felizes, mas ao menos forçou um sorriso para mim. — Raissa, eu
recebi o seu presente. Obrigada.
A surpresa me atingiu em cheio, mas fiz o possível para disfarçar, torcendo para que o
vislumbre de que eu não tinha nada a ver com o tal presente não tivesse ficado tão aparente.
Estendi a mão e a cumprimentei com um aperto amigável.
— Não foi nada, eu vim lhe desejar os parabéns pessoalmente — disse, dando a ela meu
melhor sorriso. Madalena pareceu um pouco surpresa, claro. Até mesmo eu ficaria.
Rapidamente, eu soltei a sua mão e Alexander tomou frente, dando-a um abraço e
sussurrou algo que não consegui discernir no ouvido dela. No minuto seguinte, afastou-se e
passou a mão em volta de mim.
— Boa noite a todas — cumprimentei o grupo de senhoras que acompanhava Madalena.
As senhoras abriram um sorriso de canto a canto, demonstrando que a única mal-amada do
grupo era Madalena.
— Vou mostrar à minha noiva o restante do jardim e aproveitar para apresentá-la a
algumas pessoas — Alexander avisou.
Madalena balançou a cabeça em concordância, então, Alexander seguiu me guiando pelo
jardim. Alguns instantes depois, ele se inclinou em minha direção.
— Parece que está cada dia mais fácil lidar com dona Madalena — sussurrou, olhei em
direção a ele, encontrando-o perto demais.
— Eu sei. — Suspirei e fiz uma careta. — Sei que você disse que me escolheu porque eu a
afrontaria, mas não estou a fim de viver em pé de guerra durante todo o ano, portanto, a não ser
que ela me provoque, vou a tratar dessa forma — expliquei, sabendo que provavelmente
Alexander esperava o contrário.
— Na verdade, gosto do fato de você não a deixar fazer o que quer, mas também gosto que
se deem bem — confessou, um sorriso brincava em seus lábios, deixando-me confusa.
— Hm... Tudo bem, sem puxões de cabelo então — respondi, Alexander gargalhou,
fazendo-me sentir um arrepio por todo o meu corpo.
Ah, Deus! Eu realmente deveria agradecer por ele não fazer tanto isso, ou certamente eu
entregaria muito mais do que o coração.
— O que foi? — Alexander chamou a minha atenção, foi quando percebi que estava
prendendo a respiração.
— Nada. — Disfarcei olhando em outra direção.
Felizmente, Alexander não pareceu perceber o meu desconcerto. Seguiu me guiando,
exibindo-me pelo jardim enquanto cumprimentava algumas pessoas e me apresentava como sua
noiva.
— Você deve estar cansada de cumprimentar tantas pessoas — disse, ao mesmo tempo em
que me levou em direção a uma das mesas reservadas.
— Está tudo bem. — Tentei disfarçar.
Sentar-me nesse momento seria bom, estava um pouco cansada de andar por aí com esse
homem que parecia não parar.
— Vou pedir que sirvam alguns aperitivos para nós e cumprimentar Rodolfo — avisou,
segui o olhar de Alexander e segurei para não sorrir ao constatar a presença do amigo, o qual ele
provavelmente queria me manter longe.
— Tudo bem, faça isso — concordei, Alexander me mediu com o olhar e se inclinou,
deixando um beijo casto em meus lábios.
Percebi que aquela era apenas uma demonstração de afeto para quem quer que estivesse
nos observando. Mas logo, senti as mãos dele me puxarem ao seu encontro e o beijo que era para
ser uma mera atuação, tomou vida.
Depois de toda aquela loucura, esse era nosso primeiro contato. Foi inevitável negar a
vontade que sentíamos de estar um com o outro, em meio a um beijo tão avassalador.
Retomando o controle, Alexander encerrou o beijo e se afastou com a respiração irregular,
senti meu coração quase sair pela boca com o seu olhar sobre mim.
— Mais tarde, isso é uma promessa — disse, a voz contida.
Balancei a cabeça em concordância, com a certeza de que não havia nada que eu quisesse
mais.
Alexander se afastou e puxou a cadeira para que me sentasse. E assim que me acomodei,
ele se virou e caminhou pelo jardim.
Segui acompanhando-o com os olhos até um dos garçons, onde permaneceu alguns
minutos instruindo-o, antes de caminhar em direção ao Rodolfo.
No instante em que ouvi a cadeira ao meu lado ser arrastada, desviei a minha atenção de
imediato para o lugar, mal acreditei ao ver a última pessoa que esperava, sentar-se e levar seu
olhar em minha direção.
— Parece que as coisas estão muito bem entre vocês — Madalena falou, medindo-me com
o olhar.
— Sim, estão.
— O presente, não foi você quem me deu, não é? — perguntou, desviei o olhar
brevemente para Alexander, antes de me voltar para ela.
— Hum... não — confessei. Sabia que a velha era esperta demais para que eu tentasse a
enganar, acabaria me enrolando com isso.
Ela assentiu e olhou em direção ao Alexander. Segui o seu olhar, percebendo que naquele
instante ele estava de olho em nós duas.
— Então ele realmente está se esforçando para que eu goste de você — concluiu.
— Por que diz isso? — perguntei, curiosa, voltando a minha atenção para ela.
— Segundo ele, você estava nervosa para escolher o presente. Queria me agradar, mas sem
saber como — falou e arqueou as sobrancelhas.
Foi inevitável a risada ao ouvi-la, de longe eu queria agradar a velha. Madalena me olhou
de forma interrogativa, fazendo com que o sorriso se dissipasse.
— Me desculpe, mas nossa relação não é das melhores. Não consigo me imaginar nervosa
para agradá-la — expliquei.
Para a minha surpresa, a boca dela se curvou em um pequeno sorriso.
— Nem eu — falou, por fim. — Apesar de não gostar de admitir, nós temos algumas
coisas em comum.
— Receio que sim — respondi, segurando a vontade de cutucá-la, dizendo que um dos
fatores principais, era a insolência que ela tanto detestava em mim. Eu sabia que não era muito
fácil às vezes, mas ela também não era. — O que ele te deu em meu nome?
Madalena sorriu e desviou o olhar para um ponto no centro do jardim.
— Vê aquelas orquídeas? — perguntou, fazendo com que eu buscasse pelo que ela estava
falando. Logo, meus olhos encontraram as orquídeas.
— São lindas e extremamente raras — disse, enquanto minha mente ia para longe,
lembrando-me de uma das mensagens aleatórias sobre orquídeas que Alexander havia me
mandado durante a semana. — Oh...
Voltei a atenção para Madalena, notando um olhar indecifrável sobre mim.
— Fico feliz que não tenha sido um presente seu, assim não vou me lembrar de você
sempre que olhar para elas — falou e apesar da arrogância, conseguia enxergar algo diferente em
seu tom.
Minha boca se curvou em um sorriso, lambi os lábios e respondi:
— Sinto decepcioná-la, mas talvez eu tenha o ajudado inconscientemente. — Medi-a com
o olhar. — Dentre as opções que ele me deu, essa era a que mais me fascinava.
— Você é mesmo uma garota insolente — disse, ao mesmo tempo em que se levantou,
então, voltou seu olhar para mim.
— A senhora não perde a oportunidade de atormentá-la, não é, dona Madalena? — A voz
de Alexander pairou sobre nós, interrompendo-nos.
— Estava a agradecendo pelo presente mais uma vez — Madalena respondeu, então
intercalou o olhar entre nós dois. — Voltem para almoçar comigo no próximo final de semana.
— Qual seria a ocasião? — Alexander perguntou.
— Se querem a minha aprovação, não deveriam vir com mais frequência para que eu a
conheça? — indagou. — Só não deixem de vir.
— Tudo bem — Alexander respondeu.
Madalena me olhou por um instante, antes de se virar e caminhar em direção às senhoras
que conversavam quando chegamos.
— Acha que ela vai nos dar essa aprovação? — perguntei, ao mesmo tempo em que
Alexander puxava a cadeira e se sentava ao meu lado.
— Sinceramente não faço ideia do que se passa na cabeça dela — comentou, pensativo.
— Ela te incomodou quando estavam sozinhas?
— Não se preocupe, não falamos nada de mais.
— Ótimo — falou e desviou a atenção para a frente, acompanhei-o, notando que um
garçom vinha em nossa direção, com uma bandeja — pedi coisas leves, creio que não queira
comer nada pesado por agora.
— Perfeito — respondi e observei o garçom se aproximar.
Observei-o servir algumas entradas, como bruschettas, batata recheada, tábua de frios e
algumas variedades de cannoli. Quando terminou, serviu-nos duas taças de vinho tinto e, em
seguida, nos deixou a sós.
— Devemos brindar? — Peguei a taça e a estendi em direção ao Alexander.
Ele sorriu de forma tão espontânea para mim, que fez meu coração quase sair pela boca.
Mordi o lábio inferior, tentando conter aquele sentimento que me invadiu.
Sem perder tempo, pegou a outra taça e se uniu a mim em um brinde.
— A noite que está apenas começando — disse, assenti e tomei um longo gole, sem tirar
os olhos dos dele, sentindo o coração descompassado.
Por mais que eu tentasse dizer a mim mesma que não sabia o que estava acontecendo, no
fundo, eu sabia perfeitamente.
O sorriso daquele homem era capaz de me desarmar por completo, a qualquer momento e
em qualquer lugar. Não havia como explicar, apenas, sentir.
Coloquei a taça sobre a mesa e peguei o prato à minha frente. Comecei a me servir com
alguns aperitivos, logo, Alexander fez o mesmo. Em meio a um silêncio nada constrangedor eu
experimentei um pouco de cada.
Quando meus olhos foram para Alexander, encontrei-o com os olhos fixos em mim.
— Orquídeas, hum? — indaguei, fazendo com que o sorriso se formasse nos lábios dele.
— Achei que não tinham conversado nada de mais — disse e tomou mais um gole do
vinho.
— Eu precisava saber o que escolhi, em meio a tanto nervosismo para agradá-la. —
Arqueei as sobrancelhas. — Você sabia que ela não iria acreditar nisso.
— Para falar a verdade, sim — confessou, eu balancei a cabeça em negativa.
— Tem noção de que eu ri na cara dela quando me contou? — disse e voltei a comer.
— Então esse foi o motivo da risada — falou, deixando-me ciente de que ele estava de
olho em nós. — Você é realmente uma mulher única e preciosa.
Senti os pelos do meu corpo inteiro se arrepiar com a voz rouca e intensa que me atingiu.
Meus olhos foram ao encontro dele, em um movimento involuntário, lambi os lábios, sentindo-o
queimar sobre mim.
— Já ficamos tempo demais por aqui — Alexander sussurrou. Senti a mão grande tocar
minha coxa por baixo da mesa, fazendo meu corpo esquentar. O toque era totalmente sugestivo,
dando-me perfeitamente a ideia do que se passava na mente dele. — Eu estou louco para...
— Olá, pombinhos. — Uma voz familiar interrompeu Alexander.
Saí daquele transe e desviei a minha atenção para o lado. Com a maior ousadia do mundo,
aquele que pensei que não se aproximaria de mim hoje, puxou a cadeira e se sentou de frente
para mim e Alexander.
— Ah, oi — respondi, em um fio de voz. A mão de Alexander se tornou mais rígida em
minha coxa, o que fez que eu desviasse o olhar em sua direção.
— Rodolfo... — Alexander o chamou, o tom autoritário e firme.
— Calma, meu amigo. — Rodolfo levantou as mãos em rendição. — Que indelicadeza
seria a minha se não viesse ao menos cumprimentar a sua noiva? — Então, os olhos dele se
fixaram em mim. — Concorda comigo, Raissa?
CAPÍTULO 27
Rodolfo parecia disposto a me arrastar para o bendito jogo e para isso, ele estava disposto
a me tirar do sério, tive que me conter naquele instante, para não ir para cima dele em meio a
todo o seu deboche.
— Eu não encararia desta forma, afinal, não o considero uma pessoa próxima — Raissa
respondeu, direta. Rodolfo sorriu e desviou o olhar para mim.
— Eu acho que seremos bons amigos — disse e me fitou com o olhar. — O que acha,
Alexander?
Eu sabia o que Rodolfo queria e pensar nele tentando seduzi-la, na possibilidade de ela
ceder a ele, apenas me deixava ainda mais irritado. Ainda mais me lembrando perfeitamente de
suas palavras para mim, tendo a certeza de que ele estava ali para me provocar, até me arrastar
para isso.
— Gostosa pra caralho — Rodolfo disse, os olhos fixos em Raissa. — Eu deveria
aproveitar o momento para me aproximar? Quanto tempo você acha que ela vai demorar para
ceder às minhas investidas?
— Ela não vai — respondi, sério. — Já disse para se manter longe por enquanto.
— Qual é, Alexander, precisa se decidir quando vamos começar. — Ele me mediu com o
olhar. — Ou vai dizer que tudo que eu fiz foi em vão e está se apaixonando por ela?
— Vá se foder, eu só não decidi ainda. Paramos há muito tempo, não sei ainda o que
quero — disse, tentando ganhar tempo.
Não queria machucar Raissa e temia que se admitisse que não faríamos aquilo, ele não
aceitasse.
— Claro, afinal, mesmo depois de tanto tempo, você não me deixou de fora — Rodolfo
falou, senti a mandíbula tensionar, arrependendo-me amargamente por ligar para ele naquela
noite.
Olhei para Raissa, notando que ela e minha avó estavam em meio a sorrisos, algo
inusitado que teve toda a minha atenção. Então, voltei o olhar para Rodolfo.
— Preciso ir, apenas se mantenha distante por ora.
O sangue ferveu ao reviver cada palavra dita por ele enquanto conversávamos a sós. O
olhar com um brilho diferente e cheio de expectativas estava a ponto de me fazer perder o
controle.
Eu não o queria perto de Raissa, nunca permitiria aquilo.
— Não, vocês não serão — respondi, sério.
Naquele momento, senti a mão de Raissa sobre a minha que estava firme na coxa dela.
— Foi gentil de sua parte vir me cumprimentar — Raissa falou, segurando a minha mão,
como se buscasse com aquele contato me acalmar. — Agradeço a consideração, mas nós
estávamos de saída, então, se não se importar...
Raissa deixou aquelas palavras no ar e olhou para mim. Eu não soube identificar o que a
mulher sentia naquele momento, mas aquele olhar foi capaz de mexer comigo muito mais do que
eu gostaria.
— A conversa fica para outra hora — completei, ao mesmo tempo em que me levantei. O
cretino deu uma risada de lado e assentiu, enquanto eu ajudava Raissa a me acompanhar.
— Aposto que nós ainda teremos muito o que conversar. — Rodolfo piscou para Raissa,
que pareceu não se abalar nem um pouco com aquela atitude. Ela assentiu educadamente, ao
mesmo tempo em que levei as mãos em suas costas e a levei para longe dali.
Naquele instante, eu entendi perfeitamente o que Rodolfo estava fazendo. A intenção dele
era me deixar ciente sobre o que havia insinuado, eu chamei por ele, então, não poderia o deixar
de fora.
Suspirei, à medida que seguia com Raissa pelo jardim, desejando que ela não percebesse a
minha inquietação, enquanto pensava em como manter Rodolfo, o mais longe possível dela,
minha linda preciosa.

Raissa estava calada demais, mas isso não fez com que mudássemos a rota. Eu a queria
ainda mais, precisava senti-la de forma que não tinha explicação. Precisava desesperadamente
sentir que o filho da puta do Rodolfo não iria conseguir o que queria, se colocar entre nós como
se ela fosse uma presa em meio a um jogo doente e sujo.
No momento que chegamos, Raissa entrou e eu fechei a porta atrás de nós, enquanto a
mente estava em um turbilhão. Considerando todo aquele silêncio, percebi que talvez o melhor
fosse avisá-la sobre Rodolfo antes de qualquer coisa.
— Sobre o Rodolfo... — comecei a falar, Raissa se virou para me olhar, enquanto eu dava
alguns passos em sua direção.
— Não vamos deixá-lo estragar a nossa noite, sinto que é exatamente o que ele queria —
Raissa me interrompeu. Os olhos escuros de desejo encontraram os meus, de forma que consegui
sentir perfeitamente o motivo de todo o silêncio. — Eu preciso que você cumpra aquela
promessa.
Raissa levou a mão em meu smoking de forma devassa. Seus lábios macios tocaram os
meus com necessidade, ao mesmo tempo em que ela passava o blazer pelos meus ombros.
E Jesus! Eu mal percebi quando aconteceu, mas aquele furacão já estava desabotoando a
minha camisa social.
Notar que ela estava tão desesperada quanto eu, deixou-me ainda mais louco para sentir o
seu corpo contra o meu. Deslizei a minha mão pelo corpo pequeno sem qualquer pudor.
A necessidade de tê-la completamente nua e explorar cada parte de seu corpo se fez
aumentar. Precisava estar dentro dela, sentir sua boceta quente e apertada.
E foi pensando nisso que minhas mãos foram para trás do vestido, a fim de tentar abrir o
zíper enquanto nos beijávamos em uma sintonia fora do comum.
Não estava falando sério quando disse que rasgaria a porra do vestido, mas eu precisava
dela com tanta urgência, que mal consegui puxar o zíper.
Logo, foi exatamente o que eu fiz. Sem pudor algum, puxei o tecido sem me importar com
o estrago que estava fazendo no caminho. Raissa separou nossos lábios e deu gritinho manhoso
com o susto, mas o sorriso safado veio logo em seguida.
Raissa se afastou um pouco para que eu pudesse terminar de tirar o vestido, então as mãos
atrevidas estavam sobre o meu peitoral. Ela passou a mão e se inclinou, passando a língua em
seguida, fazendo-me soltar um gemido.
— Puta que pariu. — Tentei recuperar o fôlego. — De onde está vindo tudo isso?
— É você, Alexander. — Sua voz estava abalada, cheia de desejo. — Você está me
deixando louca para senti-lo mais uma vez.
Em um rompante, as mãos de Raissa contornaram o meu pescoço, ao mesmo tempo em
que ela jogou as pernas sobre mim. Levei a mão em seu quadril, por um instante pensei em levá-
la para a minha mesa de jantar. Seria divino tê-la gemendo o meu nome sobre aquele lugar.
Contive-me em anotar aquela ideia e acabei a levando para o quarto. No momento, eu
queria senti-la por completo e temia que se levasse para a mesa, não conseguiria me segurar.
Coloquei-a no chão e terminei de tirar a sua roupa. Sem perder tempo, Raissa levou a mão
em minha calça e abriu o zíper, em seguida a desabotoou.
Era sexy para cacete vê-la tão desconcertada e afoita a cada movimento.
Raissa puxou a minha calça e a cueca em um único movimento, liberando o meu pau. Eu a
ajudei a terminar de tirar e quando voltei a minha atenção para ela, a cena que presenciei fez meu
pau pular de imediato.
O olhar dela sobre mim era uma mistura de curiosidade e excitação tão alucinante, que me
fez desejar imediatamente aquela boca gostosa em meu pau e, porra, já havia imaginado a cena
diversas vezes.
— Toque nele, Raissa — disse, autoritário, a voz cheia de desejo.
Os olhos curiosos se fixaram em mim, apenas fui capaz de dar um aceno com a cabeça
antes que a danada se ajoelhasse à minha frente e levasse a mão à minha base.
Raissa parecia um pouco hesitante, mas não deixou que isso a parasse. Ela se inclinou e
abocanhou o meu pau, fazendo um gemido escapar de meus lábios.
Ela começou a me sugar com suavidade. Tentei deixá-la controlar o ritmo por um tempo,
mas eu precisava loucamente sentir a boca gostosa mais forte.
Foi quando enrolei a mão em seus cabelos e comecei a ditar o ritmo, sentindo aquela boca
gostosa contornar perfeitamente o meu pau. Ela aceitou bem cada investida e, em seguida,
começou a passar a língua em torno da cabeça do meu pau, enquanto a fodia de forma deliciosa.
Poderia dizer que era uma boa aprendiz e curiosa. Sentia a cada deslize do meu pau dentro
daquela boquinha, que estava empenhada a me levar ao limite. Mas, definitivamente, não era
algo que eu permitiria naquele momento.
— Boquinha gostosa do caralho — rosnei, ao mesmo tempo em que puxava meu pau para
fora, antes que eu acabasse gozando antes do tempo. — Mas eu preciso desesperadamente ouvi-
la gemer o meu nome, enquanto eu estiver me acabando dentro de você.
Ela mordeu o lábio inferior, tirando o pouco juízo que eu ainda tinha. Em um movimento
rápido, puxei-a para cima e a levei para a cama.
Então meus lábios estavam sobre os dela. À medida que a beijava, minhas mãos
trabalhavam por seu corpo. Precisava tanto senti-la, que chegava a ser assustador.
Comecei a descer os beijos por todo o corpo gostoso. Segurei os dois seios com as mãos e
afundei o meu rosto no meio deles, em seguida comecei a alternar os meus lábios entre eles,
chupando-os com muito desejo e intensidade.
Seus gemidos manhosos aumentavam a cada investida, denunciando que estava quase lá, e
isso me deixava ainda mais louco. Desci meus beijos até o meio de suas pernas, e sem pensar
duas vezes passei a língua por toda a boceta gostosa.
A forma com que seu corpo reagia a mim, estava me deixando completamente louco. Era
inexplicável a vontade que eu sentia de querer agradá-la acima de tudo.
Não precisei de muito para que ela se desmanchasse em minha boca, apertando as pernas
em volta de mim, expulsando-me como se continuar fosse tortura demais.
Minha boca se curvou em um sorriso completamente satisfeito com a imagem perfeita de
Raissa ofegante e fora de si. Ajoelhei-me na cama e puxei suas pernas em minha direção.
Levei a mão em meu pau e, sem poder mais esperar, me posicionei em sua entrada.
Afundei-me aos poucos sentindo uma eletricidade gostosa pelo corpo e, porra, ela estava
molhada pra caralho.
Raissa arqueou o quadril e o movimentou, dando-me sinal para que agisse exatamente
como eu precisava. Levei a mão em sua coxa e a puxei um pouco mais, em seguida me afundei
por completo.
Juntei suas pernas e as levantei, apoiei-as em meu peito e comecei a fodê-la gostoso. A
cada golpe eu me enterrava com mais força, a cada gemido intenso que ela soltava maior era a
minha investida.
Buscando mais contato, soltei uma de suas pernas e a ajeitei. Uma perna sobre o meu peito
e a outra em volta da cintura, deixando-a completamente aberta para mim. Então, levei o meu
polegar em seu clitóris.
— Ah... eu gosto disso — Raissa gemeu no momento em que massageei o seu clitóris
suavemente. Segui me afundando como um louco, ao mesmo tempo em que os dedos brincavam
com o clitóris inchado.
Os gemidos de Raissa começaram a aumentar sem pudor algum, denunciando que ela
estava perto. Fui capaz de sentir cada gemido diretamente no meu pau.
Foi então que ela se rendeu tão intensamente, que quase me fez perder o rumo.
— Caralho, Raissa. — Afundei-me mais algumas vezes enquanto a acompanhava, em um
urro tão intenso, de forma que jamais havia experimentado.
— Ah... Deus! — Ela arfou, ao mesmo tempo em que me retirava e jogava meu corpo no
colchão ao seu lado. — Isso foi...
— Fodidamente incrível — completei e me virei na direção dela.
Passei os meus braços em volta dela e a puxei para mim, colando os nossos corpos.
Eu queria senti-la perto, de forma que nunca pensei que desejaria. Era um sentimento novo
e estranho, mas não era ruim. Na verdade, eu gostava muito do que estava sentindo naquele
momento.
CAPÍTULO 28
Alexander se inclinou e roçou os lábios em meu pescoço, fazendo um caminho suave até a
minha boca, à medida que nossa respiração se regulava. Senti um arrepio gostoso por todo o
corpo em meio aquele gesto, então, ele me beijou lentamente por alguns minutos, antes de se
afastar.
— Que tal um banho? — perguntou, os olhos fixos aos meus.
Naquele instante, eu me vi questionar tudo. Alexander realmente não era capaz de se
envolver? Então, o que de fato seria isso?
As mãos de Alexander se tornaram mais firmes em minha cintura, o que me trouxe de
volta à realidade. Minha boca se curvou em um sorriso e eu o medi com o olhar.
— Um banho seria ótimo — respondi, Alexander sorriu e se levantou. Em seguida,
estendeu a mão para mim, eu a peguei e deixei que me levasse para o banheiro.
Depois de toda adrenalina, lembrei-me de que Alexander queria falar sobre seu amigo
quando chegamos. Apesar de não querer que o assunto estragasse aquele momento, não
pretendia deixar para lá.
Foi por isso que levei a minha mão até as de Alexander quando estava prestes a abrir o
chuveiro. Os olhos dele vieram em minha direção, estudando-me com o olhar.
— Qual é a de Rodolfo? — questionei, sem rodeios.
A expressão de Alexander ficou tensa, confirmando as minhas suspeitas. Definitivamente,
alguma coisa estava acontecendo entre os dois.
— Eu já te disse ele é...
— Complicado? — interrompi-o. — Você já me disse isso, mas eu sei que não é só isso.
— Não é — confirmou, sério.
— Então o que é? Notei que todas as vezes em que Rodolfo vem até mim, é para provocá-
lo. Eu só não entendo o motivo, ou o que exatamente ele quer — disse, Alexander suspirou.
— Rodolfo quer que eu concorde com que ele seduza você e... — Deixou aquelas palavras
no ar, visivelmente incomodado.
— E... — incentivei-o a continuar.
— Ele quer foder você, Raissa — foi direto, deixando-me boquiaberta.
Abri e fechei a boca algumas vezes, sem saber ao certo o que pensar sobre suas palavras.
— E por qual motivo ele pensa que você concordaria com algo assim? — perguntei, em
um fio de voz.
— Porque é algo que costumávamos fazer no passado — confessou e desviou a atenção
para o registro, ligando o chuveiro.
Alexander havia conseguido me deixar perplexa. Naquele instante, queria entender o
motivo que levavam homens a fazer algo assim. Por Deus!
Forcei-me a olhar em direção ao Alexander, enquanto ele ajustava a temperatura do
chuveiro, evitando olhar em minha direção. E pela primeira vez poderia dizer que ele estava
hesitante.
— Vocês dividiam a mesma mulher? Tipo... — interrompi a fala, sem saber como
concluir. Eu já ouvi que coisas assim aconteciam entre homens, mas... não esperava que
Alexander fosse me contar algo assim.
Ele estava confessando aquilo para que eu não deixasse Rodolfo se aproximar? Toda
aquela tensão entre os dois a cada encontro tinha a ver com isso?
Eram muitas perguntas e tudo estava causando uma profusão de sentimentos.
— Mais ou menos por aí — respondeu, trazendo-me de volta à realidade.
Eu deveria repreendê-lo por tamanha safadeza, ou questionar que merda eles tinham na
cabeça. Mas a minha mente insana e esperançosa, apenas focou em outra informação que se
entranhou em meu subconsciente, à medida que processava tudo.
— Por que... você não concordou em fazer isso comigo? — perguntei, em um fio de voz,
atraindo o seu olhar para mim.
A hesitação não se fazia mais presente. O olhar estava diferente, tão intenso, que quase me
fez perder o ar.
Alexander deu dois passos em minha direção, diminuindo a distância entre nós.
— Por não estar disposto a dividir você. Nunca... — Alexander levou a mão em minha
cintura e me puxou para ele. — É por isso que eu preciso que me prometa que
independentemente de qualquer investida que Rodolfo faça, ou o quão gentil possa ser, você não
vai dar qualquer abertura para ele.
Meu coração entrou em descompasso ao ouvir aquelas palavras e aquele olhar quente,
totalmente possessivo sobre mim.
Alexander não conseguia notar? Realmente não era capaz de perceber o significado
disso?
— Raissa — chamou, o tom deliciosamente autoritário. Naquele instante, senti meu corpo
inteiro se arrepiar com a intensidade que aquele homem precisava da minha confirmação.
— Não se preocupe com isso. Eu serei apenas sua, não darei abertura para Rodolfo, nem
para qualquer outro.
As mãos quentes deslizaram para a minha bunda, fazendo com que um arrepio percorresse
por todo o caminho que fazia. Eu sabia que não deveria provocá-lo, mas decidi arriscar em algo
leve, a fim de colocá-lo para pensar.
Levei minhas mãos no peitoral firme e o olhei fixamente.
— Nesse período de um ano que estivermos juntos, será apenas você — voltei a falar, em
um fio de voz.
Seu aperto ficou mais firme na minha bunda e ele se inclinou, tomando meus lábios com
fervor. A língua invadiu a minha boca, marcando a cada movimento o seu espaço, mostrando
com aquela ação aquilo que eu já sabia. Eu era dele.
Gemi entre seus lábios e passei as mãos em volta de seu pescoço. Correspondendo aquele
beijo, enquanto as mãos quentes exploravam meu corpo, sem pudor.
Depois de alguns minutos, ele deixou os meus lábios, ofegante, os olhos cheios de desejo
se voltaram para mim.
— Ah, Raissa... eu vou te foder contra a parede desse banheiro, até que goze gostoso no
meu pau — rosnou. Em um rompante, fui virada de costas para ele.
— Por favor... — pedi, a voz cheia de desejo. O rugido que escapou dos lábios dele fez
meu corpo inteiro se arrepiar.
— Apoie as mãos na parede e empine essa bunda gostosa para mim — pediu, tão
autoritário que o gemido em antecipação fora inevitável.
Fiz exatamente como ele pediu, apoiei as mãos e empinei a bunda. Senti a mão gostosa em
minha bunda, Alexander a acariciou. Então, deu um tapa forte.
— Ah... — gemi, sentindo-me completamente encharcada.
Alexander me deu outro tapa, deixando um ardor agradável. Apenas sentir a mão forte e
quente me espalmando de forma tão sensual estava perto de me levar ao limite.
Quando fez mais uma vez, um gemido intenso deixou meus lábios. E, por um momento, eu
desejei que Alexander fizesse novamente, sentia que naquele ritmo, poderia até mesmo gozar
enquanto ele causava aquele choque gostoso em minha pele.
Senti-o se aproximar e colar o corpo no meu, a mão deslizou pela minha cintura e fez o
caminho até a minha virilha. Gemi quando os dedos tocaram a minha boceta, à medida que se
inclinava e passava a língua por toda extensão do meu pescoço.
— Ah... Raissa... — resfolegou. — Você está tão molhada para mim. Gosta disso?
— S-sim. — Minha voz falhou quando senti-o massagear meu clitóris.
O arrepio se fez maior quando ele se posicionou em minha entrada. Então, deslizou de
forma deliciosa, abrindo espaço em minha boceta, trazendo-me sensações tão gostosas e que
estavam a ponto de me enlouquecer.
Uma mão foi para a minha cintura, enquanto a outra massageava meu clitóris em
movimentos circulares. Alexander começou a aumentar as investidas, cada vez mais
intensamente.
A mão deixou o meu clitóris e ele se concentrou apenas em se afundar em mim. A única
coisa que esteve presente naquele momento foi o som dos nossos corpos se chocando e os
gemidos alucinantes que saíam de nossas bocas.
Um tempo incalculável, um desejo avassalador e uma única certeza: Cada vez que
Alexander arremetia com tanto fervor, levava-me a crer que ele queria me marcar, com tanto
afinco, para que eu nunca me esquecesse como era senti-lo em mim.
Mal ele sabia que sim, eu estava marcada. Alexander havia me estragado para qualquer
outro, exatamente como desejou, ele era o único capaz de me causar sensações tão intensas.
Era mais do que desejo, a conexão era inexplicável.
Cada estocada batendo fundo no lugar certo, levou-me rapidamente ao limite. Senti as
minhas pernas tremerem, meu sexo começou a apertar em volta do pau enquanto sentia que o
orgasmo estava cada vez mais perto.
— Isso, goza pra mim — urrou, enterrando-se ainda mais fundo.
Gritei quando o orgasmo explodiu sobre mim, Alexander seguiu as estocadas e me
acompanhou em seguida, liberando-se em um rosnado, chamando meu nome de forma tão
intensa que me fez perder o ar.
Não sabia ao certo onde estava me enfiando, não sabia se ele em algum momento me
deixaria entrar em seu coração. Mas estava disposta a arriscar.
Aquilo, não era algo apenas casual e de momento, aquela não era uma foda sem
sentimento. Era mais do que isso, e se fosse necessário que eu tivesse paciência para mostrar
exatamente o que estávamos fazendo, eu teria. Estava disposta a mostrar, mesmo que isso
pudesse me destroçar, que ele poderia chegar a amar.
Não era amor, mas poderia ser.

Acordei com a cabeça voltada aos acontecimentos da noite anterior. Suspirei profundo e
me virei, a fim de buscar o corpo de Alexander, só então, notei que estava sozinha na cama.
Aquilo me fez questionar algo que estava evitando desde que decidi me entregar por
completo. Eu poderia lidar se o resultado ao final fosse negativo?
Balancei a cabeça em negativa e me levantei, decidida a descobrir onde Alexander havia se
enfiado. Saí do quarto e caminhei pela casa, sem sinal algum de Alexander.
Quando cheguei à sala, senti o aroma de café vindo da cozinha. Um sorriso se formou em
meus lábios, ao mesmo tempo em que dei alguns passos seguindo o cheiro gostoso.
Deparei-me com uma cena que me fez parar no lugar. Alexander estava terminando de
passar o café, vestindo apenas uma cueca boxer. Apoiei-me no batente da porta, em um
movimento inconsciente cruzei o braço na altura do peito e levei o polegar à boca, mordendo-o, à
medida que observava aquele homem.
As pernas bem definidas, os braços fortes e o físico totalmente em forma. A visão à minha
frente deixaria qualquer mulher babando, exatamente como eu estava nesse momento.
Como se sentisse que estava sendo observado, Alexander se virou, dando-me a visão da
frente, e a minha cara de pau foi tamanha a ponto de não disfarçar nadinha por onde meus olhos
passeavam.
— Bom dia, dormiu bem? — perguntou, atraindo a minha atenção. Demorou uma fração
de segundos para que eu desviasse meus olhos de seu abdômen absurdamente gostoso para focar
a atenção em seus olhos.
— Mais do que bem — respondi, um sorriso sexy se formou nos lábios dele.
— Ah, Raissa... eu adoro como você é safada — Alexander falou e caminhou em minha
direção.
Sem aviso, levou as mãos em volta da minha cintura e me puxou. Então, os lábios dele
estavam sobre os meus, sugando de forma suave e em um ritmo gostoso. Quando encerrou o
beijo eu me encontrava sem ar, ele sorriu, tendo ciência do efeito que tinha sobre mim.
— Café da manhã?
— Com toda certeza — respondi, a voz contida.
Alexander me guiou para a mesa e só quando notei a quantidade de comida, tive a noção
do quanto eu estava com fome. Servi-me de um sanduíche integral e um copo de café com leite,
Alexander optou por café puro e algumas torradas.
— Como está se sentindo? — Alexander perguntou, arqueei as sobrancelhas e dei um
meio-sorriso. — Digo, não faço ideia se o seu corpo estava preparado para tudo o que fizemos.
— Me sinto deliciosamente dolorida. — Pisquei, a boca dele se curvou em um sorriso, ele
assentiu e voltou a comer.
O silêncio predominou, nos concentramos em comer, mas vez ou outra trocávamos alguns
olhares.
Estava distante, pensando no que faríamos depois que terminássemos o café. Afinal,
Alexander não havia pedido que eu ficasse, mas também não tinha dado qualquer sinal de que eu
deveria ir.
Pensar nisso me fez olhar para o meu conjunto de lingerie. A única peça que tinha ficado
inteira.
— Algum problema? — Alexander perguntou, atraindo a minha atenção para ele.
— A única coisa que me sobrou foi o conjunto de lingerie. Não tenho o que vestir para ir
embora — disse, sem graça.
— Vou providenciar para que tragam para você ainda hoje, mas quero que fique até
amanhã.
— Hum... — Medi-o com o olhar. — Tudo bem.
Voltei a atenção para a comida, pensando que seria bom passar um tempo a mais com
Alexander. Quando terminamos, ajudei-o com a bagunça que fizemos, antes de irmos para a sala.
— Vou apenas fazer uma ligação e volto já — Alexander avisou, balancei a cabeça em
concordância.
Enquanto ele foi em direção ao quarto, segui até a mesinha da entrada, onde eu tinha
deixado a bolsa, peguei o meu celular para checá-lo.
Não havia nada dos meus pais, mas cinco ligações perdidas de Vinicius. Suspirei, sabendo
que estava sendo uma péssima irmã. Ligaria para ele amanhã, quando estivesse em casa, afinal,
não queria correr o risco de Alexander nos escutar.
Chequei as mensagens, constatando que não havia nada fora do habitual, enquanto matava
o tempo fui em direção à sala para me sentar no sofá.
No caminho, eu vi que Isabella estava tendo um mini surto com alguma matéria, dizendo
que eu tinha que ver aquilo, logo abaixo me mandou um link.
— Uou! — disse, assim que a matéria que ela havia enviado abriu.
O conteúdo daquela fofoca era nada mais, nada menos do que especulações entre mim e
Alexander. Havia fotos nossas no evento beneficente e, também, fotos de ontem na casa de sua
avó.
— Eles realmente são rápidos — murmurei, enquanto descia para ler o que estava escrito.
Fui tomada pelo susto quando as mãos de Alexander contornaram a minha cintura, ao
mesmo tempo em que ele se inclinou, encaixando o rosto na curva do meu pescoço.
— Está tudo bem?
— Sim... Hã, aparentemente nós já estamos chamando a atenção de alguns paparazzis —
falei e levei o celular em direção a ele, mostrando as fotos.
Alexander pegou o celular da minha mão e se afastou um pouco, deu um pequeno sorriso
em seguida.
— “Fontes confiáveis dizem que ela é a noiva dele.” “Alexander a apresentou dessa
forma para mim.” — Leu em voz alta.
— Pelo visto foi algum fofoqueiro que estava em um desses eventos que confirmou, hum?
— brinquei, ao mesmo tempo em que virei para encará-lo.
— Isso é bom, com as pessoas falando dona Madalena não poderá relutar por muito
tempo. — Ele me entregou o celular. — Gosto disso.
— De estar na mídia?
— De ser visto com uma mulher gostosa como você. — Os olhos dele desceram pelo meu
corpo. Aquele movimento fez meu corpo esquentar.
Desviei a atenção para o celular e bloqueei a tela. Então caminhei em direção à mesinha
que se encontrava próximo ao sofá. Era tentador os pensamentos que me invadiram. Mas havia
algo que eu também esperava desse final de semana. Fazer algo diferente com ele.
— O que você faz para ocupar o seu tempo livre? — perguntei e o olhei mais uma vez,
notando o seu olhar ainda mais intenso sobre mim.
— Trabalho... e sexo — respondeu, o tom sugestivo, à medida que caminhava em minha
direção.
Dei alguns passos para trás, pensando o quão fodida eu estava, pois estava prestes a
fracassar sem nem mesmo tentar.
— Que tal fazermos algo diferente? — sugeri, enquanto ele me alcançava. As mãos
grandes contornaram a minha cintura.
— Tipo? — perguntou, antes que eu pudesse responder, ele me virou e me jogou de costas
para o sofá macio.
Seu corpo quente veio sobre o meu, abrindo espaço para se encaixar entre as minhas
pernas. Suspirei enquanto tentava não cair na tentação de sugerir exatamente aquilo que ele
estava ansiando e, naquele instante, eu também.
— Que tal um filme? — Esforcei-me para perguntar enquanto o sentia ficar duro entre as
minhas pernas.
— Que tal você assistir um filme, enquanto minha boca venera cada parte do seu corpo?
— Ei, estou falando sério.
— Eu também — respondeu, em um movimento involuntário, levei a mão sobre o seu
peito e dei um soco leve, fazendo-o dar mais uma daquelas gargalhadas que me faziam perder o
ar.
Senti-me contagiada com aquele riso e me juntei a ele.
A quem eu queria enganar? Eu queria aquilo tanto quanto ele.
A risada foi se dissipando, dando lugar novamente àquele olhar cheio de desejo, que era
capaz de me desestabilizar por completo. Suspirei profundo, tentando voltar ao que eu realmente
queria dele, um tempo fora da cama.
— Quando estivermos morando juntos, de forma alguma ficaremos presos no quarto como
dois coelhos.
— Por que não? — Senti-o pressionar o pau em minha boceta, então, de forma suave
começou a roçar em mim, fazendo com que o corpo traidor me denunciasse no momento em que
um gemido involuntário escapou dos meus lábios. — Me parece um bom plano, não concorda?
— Sim... absolutamente. — Rendi-me facilmente, enquanto a excitação de tê-lo se
esfregando em mim de forma tão sensual tomava conta.
Aquilo foi o suficiente para que ele passasse a mão por baixo das minhas costas e se
inclinasse para levar a boca em direção aos meus seios. Ele com uma habilidade fora do comum,
afastou o sutiã usando a boca e abocanhou meu seio com vontade.
— Alexander... — Soltei um gemido contido.
Queria chamar a sua atenção para mim, mas já era simplesmente impossível.
Alexander sugava meu seio com vontade, então com um rastro molhado de puro desejo,
levou os lábios até o meu outro seio, explorando-o com o mesmo desejo e intensidade.
Eu já estava totalmente entregue quando a boca gostosa deixou os meus seios, para olhar
em meus olhos.
— Prometo que veremos um filme... Em algum momento durante à tarde, ou à noite. Mas
agora, eu preciso estar dentro de você.
CAPÍTULO 29
“Tinha uma reunião logo cedo, não quis acordá-la. Fique à vontade para fazer o que
quiser, enquanto eu estiver fora. Seria adorável chegar do trabalho e encontrá-la nua em minha
cama.
Alexander K.”
Depois de um final de semana muito intenso e gostoso, foi com a cama vazia e o bilhete ao
meu lado que acordei. Tinha que dizer que foi uma experiência deliciosa passar o tempo com
Alexander, por mais que ele fosse um grande safado que me virou do avesso o quanto pôde, tudo
foi incrível.
Até mesmo o momento em que eu fiquei assistindo um filme, enquanto ele checava alguns
e-mails no notebook. Ainda assim, os olhos intensos estavam em minha direção a cada momento.
Balancei a minha cabeça em negativa, ao mesmo tempo em que um sorriso brincava em
meus lábios, lendo o bilhete mais uma vez.
— Ficar o dia inteiro ociosa, apenas esperando-o voltar? — questionei-me em voz alta. —
Capaz!
Guardei o bilhete na bolsa e pedi um Uber, agradecendo mentalmente por Alexander ter
deixado um vestido confortável para mim no banheiro.
Não demorou para que o motorista chegasse e partisse rumo à minha casa. Agradeci-o ao
sair do carro e segui em direção a portaria do prédio. De repente, dois homens altos e
carrancudos entraram na minha frente, não me deixando escolhas a não ser parar.
— Raissa? — um dos homens perguntou e me mediu com o olhar.
A sensação não foi boa, tentei manter-me impassível diante deles.
— Sim?
— Você é a irmã do Vinicius, não é? — o outro homem perguntou. E naquele momento, a
sensação ruim aumentou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Sim, aconteceu que ele pegou uma grana boa com a gente e mesmo levando uma boa
surra, insiste em falar que não tem como pagar.
— Surra? — perguntei, a voz entrecortada. — Ele está bem?
O homem sorriu de lado e balançou a cabeça em concordância, trazendo-me ao menos
uma parcela de alívio.
— Sabe como funciona: você pega dinheiro emprestado, não paga dentro do prazo e tenta
fugir. Isso tem consequências, boneca.
Congelei ao ouvi-lo, à medida que assimilava as palavras e toda a insistência do meu
irmão em pedir cada vez mais dinheiro.
— Quanto o Vinicius deve e que prazos são esses? — perguntei, sentindo o nervosismo e a
incerteza tomar conta.
— Há dois meses ele não paga um centavo, o combinado foi que ele nos passasse cinco
mil por mês.
Puta que pariu! Então era por isso que aquele idiota estava me pedindo tanto dinheiro.
— O que vocês querem comigo? — questionei, fazendo-me de desentendida.
Eu sabia, é lógico que eu sabia.
— Eu preciso receber e desde que seu irmãozinho nos disse que era você quem estava
quitando a dívida aos poucos, tomei a liberdade de vir direto na fonte.
— Não tenho como ajudá-lo nesse momento. Eu fui...
— Será que não? — o homem me interrompeu. — Vinicius nos contou que você estava
prestes a receber uma rescisão de sete anos.
— Eu não assinei nada, muito menos peguei dinheiro com vocês. Não podem aparecer
aqui e...
— Você tem certeza disso? — o homem me interrompeu, dessa vez a voz ressoou mais
firme.
— Ela tem razão. — O outro homem que até o momento se mantinha calado resolveu
falar. — Mas preciso perguntar, não tem medo do que pode acontecer com seu irmão, caso ele
não nos pague?
— Sinceramente, o Vinicius jurava que você se importaria... que decepção. — O tom do
seu comparsa fez meu coração entrar em descompasso.
Sem dizer mais nada, eles simplesmente deram as costas para mim e começaram a se
afastar.
— Espera! — pedi, em súplica.
Vinicius era a porra de um irresponsável, mas era meu irmão. Como eu poderia deixá-lo
desta forma?
— Diga, boneca.
— Qual é a quantia que ele deve?
— R$70 mil.
— Puta merda! — Resfoleguei. — Como vocês emprestam esse dinheiro todo a um
moleque como Vinicius?
— Juros sobre juros, seu irmão está nos enrolando há muito tempo, mas é a primeira vez
que ele fica tanto tempo sem nos dar dinheiro.
Uma risada cheia de nervosismo escapou dos meus lábios. Os homens me olharam como
se fosse louca, mas a única coisa que eu conseguia pensar era que a vida só podia estar me
pregando uma peça para sugar todo e qualquer dinheiro que eu possa vir a conseguir. Nesse
momento, toda a minha reserva estava prestes a ir embora também, novamente eu ficaria
devendo até o que não tinha.
— O que é tão engraçado? — O homem semicerrou os olhos. O sorriso nervoso se desfez
e eu tentei me controlar. Afinal, os caras não pareciam estar para brincadeira.
— Não é... Hum... — Fiz uma pausa para pensar em como resolver aquilo. — Vocês
podem me dar essa semana? Eu não tenho todo esse dinheiro, mas passarei o que conseguir e
podemos quitar o restante o mais rápido possível. Eu apenas preciso conversar com Vinicius e
ver como posso fazer.
O homem balançou a cabeça em concordância e tirou um cartão do bolso da jaqueta.
Então, o estendeu para mim.
— Esperarei seu contato. Desde que pague o que aquele merda me deve, tudo ficará certo.
Não fizeram questão de uma resposta de minha parte. Mais uma vez, eles estavam indo
embora, deixando-me ali em meio a uma profusão de sentimentos, assimilando tudo o que
acabou de acontecer.
Quando os homens sumiram do meu campo de visão, forcei-me a ir em direção ao meu
apartamento. A cabeça estava a mil, enquanto tentava achar uma saída que não prejudicasse a
mim e minha família.
Peguei meu celular e disquei o número daquele inconsequente, à medida que ia direto para
o meu quarto.
— Oi, Raissa. — Vinicius atendeu, a voz desanimada.
Estava prestes a xingá-lo de todas as formas possíveis, à medida que jogava o meu corpo
sobre o colchão. Mas eu não conseguia ser assim, não quando ele não estava com o sarcasmo de
sempre.
Sabia que aqueles caras não eram bons e senti na voz dele que algo não estava certo.
— Como você está? Machucaram você? — Vinicius suspirou, apenas me confirmando que
sim, ele estava totalmente ciente do que eu estava falando.
— Eles foram até você? — A voz embargada. — Me desculpe, Raissa, eles estavam
dispostos a tudo para que eu falasse o seu nome.
— Você passou dos limites, eu vou dar tudo o que tenho e ainda não será suficiente. São
R$70 mil, droga! — repreendi-o. — Eu só espero que você tenha uma boa explicação, que porra
você fez com esse dinheiro? Quem são esses caras?
— Agiotas.
— Droga, Vinicius! — briguei. — Por que merda esses caras emprestaram essa grana para
você? Meu Deus... Você está me ferrando completamente.
— Foi por causa do cassino — confessou, naquele instante quis matá-lo.
— Voltou a frequentar essa merda? — perguntei com a voz alterada.
Não dava para acreditar. O inconsequente achava que a melhor forma de ter uma vida boa
era conseguir a porra do dinheiro fácil.
É por isso que eu digo que não confio em nada que vem fácil.
— Eu vou te pagar... prometo que vou.
— Nós sabemos que não vai. — Suspirei. — Fique longe desses caras e, pelo amor de
Deus, pare de ir a esses lugares em busca de dinheiro fácil. De um jeito de voltar para a
faculdade e...
— Eu sei... eu sei... — ele me interrompeu, como sempre.
— Apenas... me escute dessa vez, não vou ficar limpando suas sujeiras para sempre —
avisei-a, a voz contida, ao mesmo tempo em que me sentava na cama. — Não vou contar para os
nossos pais, mas essa é a última vez que eu faço isso por você.
— Obrigado, Rai — disse, desarmando-me.
Eu odiava ter o coração tão mole. Mas era família, o que eu poderia fazer?
— Como você está? Eles realmente bateram em você? — perguntei, preocupada.
— Bastante... terei que ficar algumas semanas sem visitar os nossos pais.
— Deveria ter me falado que era sério.
— Eu tentei, mas você tem ignorado minhas ligações há quase dois meses.
— Não teria feito isso se tivesse me contado que eu não teria escolha. Agora só... fica
longe de problemas, ou vai acabar matando os nossos pais de desgosto — soltei de uma vez.
O silêncio se fez presente do outro lado da linha, esperei que ele assimilasse aquela
informação.
— Obrigado... — falou, por fim.
— Entro em contato quando resolver as coisas... se cuida — avisei e encerrei a ligação,
sem esperar uma resposta.
Eu estava ferrada, muito ferrada.
Suspirei fundo e me levantei pronta para fazer aquilo que fazia de melhor. Resolver
problemas.
— Sim? — Uma voz grave e séria pairou do outro lado da linha.
— Oi, é a Raissa, irmã do Vinicius — falei, ajustando-me no sofá. Então, peguei a folha
com as minhas anotações.
— Não imaginei que fosse ligar tão rápido.
— Qual o seu nome? — perguntei, disposta a ignorá-lo.
— Pode me chamar de Rick.
— Tudo bem, Rick. Fiz algumas contas e consigo te passar hoje 35 mil, depois quito o
restante em parcelas mensais de 5 mil — falei, largando a folha sobre a mesa, sentindo o meu
coração ansioso pela resposta do cara.
O silêncio se fez presente, deixando-me ainda mais aflita.
Alexander havia quitado todas as minhas dívidas, mas o valor prometido ainda não havia
sido depositado em minha conta. E mesmo que fosse, a última coisa que eu queria era usar
aquele dinheiro.
— Me desculpe, eu não tenho como pagar tudo de uma só vez — voltei a falar.
— Nesse caso, eu terei que adicionar juros sobre o valor — disse, sério.
Suspirei fundo, levando a mão no rosto.
Um filho da puta oportunista, claro.
— Tudo bem, Rick, me mande o seu Pix e o valor atualizado.
— Não trabalho com pix, garota. — Ele alterou o tom de voz. — Vou te mandar o valor
atualizado, e combinamos de me entregar o dinheiro em mãos durante a semana.
— Ficamos combinados assim então.
— Nos falamos, boneca.
Enjoada com seu tom, encerrei a ligação e, em seguida, disquei o número de Vinicius.
Coloquei-o a par de tudo e desliguei, sem querer dar muito papo para ele.
Não era a primeira vez que Vinicius me arrumava problemas, mas era a primeira vez que
eles eram realmente sérios.
Juntei as minhas anotações e as guardei. Havia passado o dia todo em cima disso, fazendo
cálculos e decidindo qual a proposta que faria. Ainda que tivessem adicionado juros, depois de
conversar com eles sentia que poderia relaxar pelo menos um pouco.
Fui para o banheiro, a fim de tomar um banho quente e tentar tirar toda aquela confusão da
cabeça. Devo ter ficado mais de trinta minutos embaixo do chuveiro, tentando me concentrar em
coisas boas, como o final de semana com Alexander.
O som da campainha me tirou daqueles devaneios, obrigando-me a sair do chuveiro e
vestir algo rápido para atender a porta. Segurei a respiração no momento em que constatei no
olho mágico de quem se tratava a essa hora.
Levei a mão à maçaneta e abri a porta. Só então me permiti respirar com a visão completa
do homem à minha frente.
Alexander com aquele olhar intenso sobre mim, vestindo um terno que se ajustava
perfeitamente ao corpo e com uma garrafa de vinho na mão.
— Oi... — cumprimentei-o em um fio de voz.
— Pensei que te encontraria na minha cama, quando voltasse para casa — disse, sério,
enquanto me media com o olhar.
Com toda certeza essa seria a melhor parte do meu dia.
Forcei um sorriso, torcendo para que ele não notasse o turbilhão que minha mente estava,
então, indaguei:
— Parece que nem tudo acontece da forma que desejamos, não é, Alexander?
CAPÍTULO 30
— Não me deixou nenhuma escolha, linda, a não ser vir até você. — Um sorriso brincou
nos lábios de Alexander, ao mesmo tempo em que balançou a garrafa de vinho em suas mãos. —
Vai me convidar para entrar?
— Sim... Hum... — respondi, hesitante, e desviei o olhar, à medida que dei espaço para
que entrasse.
Mas ao invés de entrar aquele homem parou à minha frente e levou a mão livre em meu
rosto, forçando-me a encará-lo, então franziu as sobrancelhas.
— Está tudo bem? — perguntou com os olhos fixos aos meus. Sentir a preocupação em
sua voz fez meu coração palpitar.
Minha expressão suavizou um pouco.
— Sim, só tive um dia difícil. — Dei um meio-sorriso. — Problemas com meu irmão mais
novo.
— Quer falar sobre isso? — perguntou, surpreendendo-me com toda a atenção.
— Hum... não, eu apenas preciso relaxar um pouco... — Olhei-o de forma sugestiva, a fim
de desviar o assunto. — E nada como um bom vinho.
— Ah, claro. — Ele sorriu e se inclinou, deixando um beijo em meus lábios. — Tenho
algo melhor do que o vinho para você.
Piscou de um olho e me lançou um sorriso tão safado que fez meu coração quase saltar
para fora.
Alexander se afastou e entrou no meu apartamento. Fechei a porta e segui ao lado dele.
Minha boca se curvou em um sorriso enquanto o observava.
Não estava acostumada com essa versão dele, Alexander era sempre tão sério e autoritário,
mas nesse momento, estava visivelmente relaxado, em um momento de descontração.
— Onde é a cozinha? — perguntou, andando na direção certa.
— Exatamente aí — falei e o acompanhei.
Quando entramos na cozinha, ele deixou a garrafa sobre o balcão e passou os olhos pelo
local.
— Taças?
— Estão aqui. — Indiquei e passei por ele, então, abri a porta do armário e mostrei onde as
encontraria.
Depois de pegá-las, Alexander as colocou sobre a bancada.
— Saca-rolhas? — perguntou.
Peguei na primeira gaveta o entreguei. Alexander abriu a garrafa e serviu as taças. Em
seguida, depositou-a sobre a bancada e me entregou uma taça.
Estendi-a em direção a ele e aguardei que fizesse o mesmo, para que brindássemos. Depois
do brinde, Alexander levou a taça à boca e tomou um longo gole, os olhos fixos aos meus.
Sem quebrar aquele contato eu fiz o mesmo, tomando uma boa quantidade de vinho. Senti
meu corpo esquentar com o olhar tão intenso sobre mim.
— Devemos ir para sala? — perguntei, a fim de tirar o seu olhar sobre mim. Caso
contrário, como uma grande devassa, seria eu a primeira a acabar o atacando.
— Eu gosto da cozinha — disse, sério, em seguida tomou o restante do líquido em um
único gole.
No instante seguinte, a mão dele estava sobre a minha pegando a taça e a tirando de minha
mão.
— O que você...
— Shh... te farei relaxar. — Meu coração quase saiu pela boca com a voz autoritária ao
dizer aquelas palavras.
Sem aviso, Alexander levou a mão em minha cintura e me levantou, colocando-me sobre a
bancada. Alexander afastou-se um pouco e levou a mão à gravata. Começou a desfazer o nó
lentamente enquanto os olhos intensos e cheios de desejos estavam sobre mim.
Ao tirar a gravata, ele se aproximou e a colocou sobre os meus olhos.
— Alexander... — sussurrei, sentindo-o amarrá-la, como uma venda em meus olhos.
Ansiei por perguntá-lo o que estava fazendo, mas sabia que seria um ato falho, ele
certamente não contaria, então optei por esperar.
As mãos quentes foram para os meus braços, em seguida ele os ergueu. Permaneci daquela
forma, sentindo-o tocar a barra da minha blusa. Ele passou-a por cima da minha cabeça e a tirou.
— Apoie os braços no meu pescoço — pediu e se inclinou.
Quando o fiz, Alexander levou a mão no meu short jeans e o desabotoou. Levantei o
quadril enquanto me apoiava nele, ajudando-o a se livrar daquela peça, logo, ele fez o mesmo
com minha lingerie.
Então, Alexander se afastou.
Eu o sentia pelo ambiente, mas não sabia qual seria sua próxima ação. Alguns instantes
depois, senti meu corpo inteiro se arrepiar ao ouvir o som do zíper da calça, denunciando que ele
estava se despindo.
Eu não conseguia vê-lo, mas podia imaginar o corpo definido sendo exposto a cada som
emitido, isso era a porra de uma tortura e fez meu coração saltar com a expectativa.
Ao sentir sua aproximação, não perdi tempo em levar a mão em busca dele. Quando
consegui tocar os músculos firmes de seu abdômen, tive a certeza de que ele havia tirado a
roupa.
Senti seu toque sobre as minhas mãos, ele fez o caminho suavemente do meu braço até o
pescoço, meu corpo inteiro se arrepiou com aquele ato. Resfoleguei, sentindo-o colocar uma
pressão maior dos seus dedos em meu pescoço.
Sem aviso, Alexander me inclinou sobre a bancada, fazendo com que meu corpo se
estendesse na pedra, apoiei os meus cotovelos sobre ela, o gemido foi inevitável ao senti-lo
passar o pau em minha boceta, de forma tão erótica e sensual.
— Hoje você só vai sentir — falou, o tom autoritário apenas fez com que minha ansiedade
aumentasse ainda mais.
Então, senti os lábios macios em meu pescoço, à medida que ele se acomodava no meio
das minhas pernas. Alexander começou a deixar uma trilha molhada de beijos por toda parte,
enquanto as mãos deixavam o meu pescoço para deslizar em direção aos meus seios.
O ritmo era lento e torturante.
Estava a ponto de implorar que aquele homem acabasse logo com a tortura. Mas, ao
mesmo tempo, tudo aquilo era sensual demais e não conseguia pedi-lo para parar.
A sensação era gostosa, a ponto de gemidos contidos começarem a deixar meus lábios.
Conforme a boca hábil descia em direção aos meus seios, a ansiedade aumentava. Arqueei as
costas ao senti-lo abocanhar meu seio com uma pressão deliciosa, enquanto a outra mão deslizou
para agarrar meu seio livre.
Alexander sugou, lambeu e deu leves mordidinhas em cada um deles, enviando alguns
choques por todo o meu corpo, antes de começar a descer os beijos lentamente.
Apesar de não conseguir vê-lo, conseguia imaginá-lo perfeitamente descendo, segurando
as minhas coxas e se acomodando entre elas. A respiração ofegante contra a minha pele,
denunciava que ele estava tão envolvido quanto eu.
Fui tomada pelo susto quando ele abriu as minhas pernas de uma vez, mas se dissipou por
completo no instante em que senti a língua quente lamber a parte interna da minha coxa,
enviando alguns arrepios por todo o meu corpo.
Aquela era uma experiência que eu jamais esqueceria. E no momento, a tortura estava tão
grande que estava quase impossível suportar.
— Alexander... eu preciso de você — supliquei, entre gemidos.
— Tenha paciência, minha preciosa — pediu, a voz contida.
Então os lábios dele estavam em minha boceta. Alexander começou a sugar de forma
extremamente sensual, fazendo com que os gemidos fossem insuportáveis de segurar.
Estava tão sensível, que ele precisou apenas de algumas investidas para que eu me
rendesse totalmente em um gemido avassalador.
— Puta... merda... Alexander. Eu preciso de... você — disse, a voz entrecortada, enquanto
tentava me recuperar daquele orgasmo.
— Eu vou te dar. — Seu tom apenas me fez ficar mais ansiosa.
Notei que ele havia se levantado, alguns instantes depois ele estava se ajeitando no meio
das minhas pernas. Suas mãos tocaram as minhas costas e ele me puxou para cima, ajeitando-me
para ficar colada nele. O arrepio percorreu todo o meu corpo quando o senti se posicionar em
minha entrada.
— Passa as pernas em volta da minha cintura — ordenou. Eu prontamente o fiz.
Senti os lábios dele tocarem os meus, uma surpresa totalmente gostosa. Então, me beijou
de forma lenta e doce. Aquilo me fez lembrar exatamente da nossa primeira vez juntos.
Enquanto os lábios doces e lentos exploravam os meus, senti-o deslizar para dentro de
mim, fazendo nossos lábios se separarem por um breve momento. Nossos gemidos se
sincronizaram e, sem demora, ele voltou a me beijar.
Senti-o puxar o pau totalmente para fora, em seguida se afundar em mim mais uma vez.
Ele repetiu aquele movimento algumas vezes, quase me fazendo enlouquecer a cada movimento.
Estava tão sensível que sentia um choque intenso a cada deslize para dentro de mim. E
logo, o que era doce se transformou em algo mais intenso, e forte.
Seus beijos se tornam sem pudor, as investidas fortes e profundas aumentam de forma
alucinante. Eu já não estava mais em meu juízo perfeito. Conter os gemidos era algo impossível,
enquanto sentia que o clímax estava cada vez mais perto.
Uma das mãos fortes deslizou rumo ao meu pescoço mais uma vez e o senti apertá-lo
suavemente, enquanto os lábios devoravam os meus. O movimento novo trouxe um arrepio tão
gostoso, que me levou à beira do precipício, com a certeza de que eu era dele, apenas dele.
As pernas estavam trêmulas, os arrepios por todo o corpo a cada choque profundo, à
medida que eu me rendia completamente a ele.
— Ah... Raissa. — Alexander urrou, pude sentir em seguida o seu jato quente dentro de
mim, enquanto a mão apertava o meu pescoço de forma extremamente sensual. — Porra.
Logo, a mão dele deixou o meu pescoço, à medida que se inclinou, passando as mãos em
volta de mim e me apertando contra ele. A boca foi para a curva do meu pescoço, enquanto
sentia sua respiração totalmente irregular em meu ouvido.
— Vai ser uma tortura ficar uma semana sem ver você — disse, em meio a um resfolego.
— Uma semana? — perguntei, tentando recuperar o fôlego. Então o senti se ajeitar,
tirando o rosto da curva do meu pescoço, em seguida as mãos foram para o meu rosto e tirou a
venda, deixando-me contemplar como ele estava extremamente sexy naquele momento.
E, por um momento, eu quase me esqueci de suas últimas palavras. Mas arqueei as
sobrancelhas em um questionamento silencioso.
— Precisarei viajar para São Paulo amanhã pela manhã. — As mãos dele foram para o
meu rosto. — Mas voltarei a tempo para o almoço na minha avó.
— Você realm... — interrompi minha fala de forma abrupta.
Quem era eu para perguntar se ele precisava mesmo ir? Isso não era algo que eu deveria
deixar transparecer.
— Eu?
— Nada. Vai dormir aqui... comigo?
Ele me mediu com o olhar e não disse nada por um momento. Percebi naquele instante que
aqueles não eram os planos.
— Posso ficar se quiser — respondeu, os olhos fixos aos meus. Alexander abriu e fechou a
boca duas vezes, como se estivesse hesitante. Apenas aguardei que ele continuasse. — O que
aconteceu mais cedo com o seu irmão?
Um sorriso se formou em meus lábios. Ali estava a preocupação de Alexander. Para mim,
era tão claro. Gostava dessa sensação.
Alexander continuou me encarando, aguardando a minha resposta. Balancei a cabeça em
negativa, decidindo que não o meteria nos problemas do meu irmão.
— Prefiro gastar o nosso tempo juntos de outra forma — respondi e passei as minhas mãos
em volta do pescoço dele. — O que acha de irmos para o chuveiro?
A boca de Alexander se curvou em um sorriso cheio de malícia ao me ouvir.
— Acho que seria perfeito.
CAPÍTULO 31
— Ei, o que está acontecendo? — perguntei, observando Isabella suspirar profundamente
pela décima vez em menos de duas horas.
Minha amiga desviou o olhar para onde Mel se encontrava. Segui-a, notando que a
pequena estava absorta em seus jogos on-line.
Isabella se recostou no sofá e voltou a me olhar.
— Mel perguntou sobre o pai ontem. Eu sabia que essa pergunta chegaria, mas ela me
pegou desprevenida, então, não soube como contornar a situação — sussurrou, em uma mistura
de incerteza e preocupação.
— Era de se esperar — comentei, tentando tranquilizá-la. — Conforme as crianças veem
seus coleguinhas com os pais, a curiosidade naturalmente surge.
Minha amiga balançou a cabeça em concordância, deixando evidente o quanto estava
perdida.
— Eu sei, é que... — Deixou aquelas palavras no ar, como se buscasse a maneira certa de
dizer o que a estava incomodando.
— Há oito anos, eu tenho tentado descobrir quem é o pai da Mel. Uma hora você terá que
falar sobre ele — sugeri, suavemente.
— É passado, foi coisa de uma noite, e aposto que ele nem se lembra da minha existência
— disse, como sempre tentando afastar o assunto.
Permaneci com os olhos fixos a ela. Sempre fui o tipo de amiga que não se intrometia
quando notava que a outra parte não queria falar, mas vendo Isabella daquela forma, não
consegui segurar o questionamento que me rondava há um bom tempo.
— Se tem tanta certeza de que o cara não lembra de você, por que foge dele toda vez que o
vê?
— O quê? De onde tirou essa... — Ela congelou, visivelmente surpresa com a minha
observação.
— Eu não faço ideia de quem seja ele, mas notei que em alguns eventos que coordenamos,
você ficou estranha e sumiu. E nada me tira da cabeça que você está fugindo dele. Eu só queria
saber, quem poderia ser?
— Amiga... — Suspirou mais uma vez, desconcertada.
— Não estou aqui para julgá-la, tampouco para obrigar que se abra, mas já pensou que
talvez ele também queira saber que tem uma filha? Até porque, da forma que age, tenho certeza
de que nem mesmo contou para ele — disse, e o silêncio que se formou fez com que eu
confirmasse as minhas suspeitas.
Estava prestes a questioná-la quando a campainha tocou, quebrando o momento tenso.
— Está esperando por alguém? — Isabella perguntou, neguei com a cabeça.
— Só um minuto, eu vou checar.
Após dizer aquelas palavras, levantei-me e fui em direção à porta, sem saber ao certo quem
poderia ser a essa hora.
Ao abrir a porta, meu coração entrou em descompasso ao dar de cara com aqueles olhos
azuis e intensos que me balançavam por completo. Era Alexander, minha surpresa foi enorme,
visto que não fazia ideia de que ele já estava de volta ao Rio e a previsão era que nos víssemos
apenas amanhã, para irmos à casa da avó dele.
— Eu sabia que a semana seria torturante, mas isso é demais — disse, quebrando o
silêncio. — Eu acabei de chegar ao Rio e não consegui fazer outro caminho que não fosse vir até
você.
— Foi torturante para mim também. — Sorri nervosamente, sem a certeza do que
estávamos fazendo.
— Pombinhos. — A voz de Isabella ressoou, atraindo a nossa atenção. Foi quando notei
que ela estava com suas coisas e segurando a mão de Mel. — Não quero atrapalhá-los, nos
vemos depois.
Alexander deu um sorriso de lado e assentiu, em seguida, os olhos foram para a pequena
Mel, que se enfiou entre nós e sorriu.
— Até mais, tia — ela disse, inclinei-me para abraçá-la. Quando me afastei, os olhos
curiosos foram para Alexander. — Ele é seu namorado?
— Hum, sim — respondi, e dei espaço para que a pequena olhasse para Alexander.
— Oi, tio — Mel o cumprimentou, educada.
E sem esperar retorno, ela passou por nós, o que arrancou uma risada de todos. Em meio a
um sorriso, Isabella passou por nós e piscou para mim.
— Temos uma conversinha pendente, dona Isabella — avisei, ela fez uma careta e deu as
mão para Mel, seguindo em direção ao elevador.
Então, meus olhos foram para Alexander.
— Não vou me desculpar por atrapalhar a sua noite — disse e deu um passo em minha
direção, eliminando a distância, ao mesmo tempo em que passava as mãos em volta da minha
cintura.
— Serei uma péssima amiga em dizer que essa é a melhor forma de terminar a noite? —
perguntei, a boca dele se curvou em um sorriso.
— Definitivamente, não.
Intercalei o olhar entre os olhos e a boca, que estavam perto demais, e antes que
pudéssemos fazer qualquer cena para os vizinhos, falei:
— Vamos entrar Alexander, quero que me mostre do que mais sentiu falta durante a
semana.

— Estamos atrasados — Alexander disse, fazendo-me olhar através do espelho para


encará-lo.
O bonito estava sentado na borda da minha cama, enquanto me observava a terminar de
me maquiar.
— Por culpa sua! Eu já estaria pronta se não fosse por você — falei, ao mesmo tempo em
que peguei um batom cor nude, em seguida o passei em meus lábios.
Consegui ver através do espelho ele se levantar e vir em minha direção.
— Não gostou da surpresa? — perguntou, tocando suavemente o meu ombro.
Um toque que deveria ser inocente, mas que fez meu corpo esquentar, trazendo-me
lembranças de tudo o que fizemos durante a noite anterior. Como ele estava sedento, como urrou
o meu nome, dizendo o quanto tinha ficado com saudade de estar dentro de mim.
Corei com aquela recordação, desviei a minha atenção e coloquei o batom sobre o móvel.
— Não estou falando da noite passada, estou falando de agora de manhã... no chuveiro —
respondi e me levantei, desvinculando-me de seu toque.
Peguei o frasco do perfume que eu mais gostava e borrifei em mim. Alexander se
aproximou e suspirou profundamente, encaixando a cabeça no meu pescoço.
— Tão doce e cheirosa — disse, ao mesmo tempo em que as mãos pousaram em minha
cintura.
Em um movimento nada sutil, ele me virou para ele.
— Estamos atrasados.
— Você é tão bonita, Raissa — falou, ignorando completamente minhas palavras, com
aqueles olhos safados em cima de mim.
— Alexander... — repreendi-o.
Um sorriso se formou nos lábios dele, ao mesmo tempo em que deixou um beijo suave na
curva do meu pescoço. Então as mãos deixaram a minha cintura, à medida que se afastou um
pouco.
— Vamos, antes que eu acabe desistindo de levá-la para um almoço entediante com dona
Madalena.
— Que pecado — falei, tentando conter o sorriso.
Fui em direção à escrivaninha, peguei o meu celular e bolsa, voltando a olhá-lo. Alexander
levou a mão às minhas costas e me guiou em direção ao nosso destino.
Enquanto ele parecia concentrado no trânsito, a mente traiçoeira seguia fixando-se no fato
de que aquele homem mal chegou ao Rio e veio direto para mim.
A semana sem ele passou em passos lentos, chegamos a trocar algumas mensagens no
decorrer, mas de forma alguma imaginei que o homem bateria em minha porta ontem à noite.
Mas estava feliz, era algo bom em meio à tempestade. Afinal, aproveitei a semana para
entregar aos agiotas o valor combinado e me comprometi a pagar o restante em parcelas de cinco
mil reais.
Claramente, isso fez com que a dívida final fosse de 70 para 100 mil. Os caras estavam a
ponto de me deixar louca, aproveitando toda e qualquer oportunidade de me arrancar dinheiro.
Eu seguia preocupada, porém, no momento que Alexander entrou em meu apartamento,
tudo se foi. Pensar nisso, fez-me sair daqueles devaneios e voltar a minha atenção para ele.
— Alexander... — chamei a atenção dele para mim, que me mediu com o olhar antes de
voltar a atenção para o trânsito.
— Sim?
— Correu tudo bem na viagem? — perguntei, ele franziu as sobrancelhas.
— Por que a pergunta de repente?
— Você parecia tenso — falei, lembrando-me que apesar de disfarçar, não passou
despercebido por mim.
— Problemas com uma das filiais de São Paulo — respondeu, à medida que estacionava
em frente à casa de Madalena. — Bem, chegamos.
Assenti e o observei. Levei a mão na porta e a abri, quando Alexander saiu do carro. Ele
deu a volta e veio ao meu encontro.
— Você deveria esperar que eu abrisse a porta para você. — Ele levou a mão até o meu
rosto e me deu um beijo na testa. Minha confusão com aquele ato deve ter ficado visível, pois ele
deu um pequeno sorriso e tirou a mão do meu rosto, levando a mão em minhas costas para me
guiar. — Tem câmeras por toda a parte.
Eu não deveria ficar decepcionada com aquela informação, mas foi exatamente como me
senti. Decepcionada com o fato de que aquilo não passou de uma encenação, pois a avó dele
poderia checar as câmeras.
Enquanto me levava para a casa, deixei que aquela decepção predominasse. Ao mesmo
tempo em que eu sentia que Alexander se importava, eu sentia que talvez para ele fosse
realmente só sexo.
Eu adorava a nossa conexão na cama, mas isso me fazia pensar se algum dia, ele abriria
espaço para mais, ou se seguiria evitando e me afastando a cada vez que percebesse que estava
passando dos limites.
Talvez, Alexander realmente não fosse capaz de sentir nada mais do que isso. Talvez, eu
estivesse apenas me enganando sobre o homem, criando falsas esperanças de que eu poderia
conquistá-lo completamente.
— Raissa? — A voz de Alexander me trouxe de volta à realidade. Olhei para frente
percebendo que ele havia parado e me olhava com preocupação. — Está tudo bem?
— Sim, me desculpe... eu me distraí. — Forcei um sorriso.
Alexander se aproximou e seguiu me estudando com o olhar, como se buscasse em meus
olhos a confirmação do que falei. Desviei o meu olhar, como se ele pudesse saber exatamente o
que eu pensava. Isso não era algo que eu poderia deixar transparecer.
Suas mãos foram para o meu rosto, forçando-me a olhá-lo mais uma vez.
— Se algo estiver errado, tem que me dizer — insistiu.
— Está tudo bem, bem mesmo...
Foi então que ele se inclinou e deixou um beijo em meus lábios, lento e intenso. Como se
quisesse com aquele movimento me acalmar.
E funcionou.
Não era algo de seu feitio, mas que foi o suficiente para me confundir ainda mais sobre o
que realmente queria comigo.
Quando Alexander se afastou, os olhos foram em direção aos meus. Levei as minhas mãos
sobre as dele, mantendo-as exatamente ali.
— O que você está fazendo? — perguntei e, por um momento, pude jurar que vi a
confusão em seu olhar.
— Por Deus! Arrumem um quarto para vocês! — A voz de Madalena pairou no ambiente,
fazendo-nos afastar com tal repreensão.
Naquele instante, minha maior dúvida foi se aquele momento havia sido real, ou se era
apenas uma breve atuação para a velha.
— Não dê ideia, dona Madalena — Alexander falou, tirando-me daqueles devaneios. —
Eu estive muito perto de prender Raissa no quarto e te dar o bolo nesse almoço. O que eu queria
mesmo era... —
Não perdi tempo, ao notar o que estava prestes a sair daqueles lábios devassos, dei uma
cotovelada na sua costela, fazendo com que uma gargalhada gostosa escapasse de seus lábios.
Era algo que Alexander deixava transparecer poucas vezes, mas, no momento, ele parecia leve.
Como aquele homem poderia ser tão safado a ponto de falar isso para sua avó?
Alexander passou as mãos em volta de mim e me puxou para perto dele. E naquele
momento, eu desviei os olhos para Madalena, que o olhava com atenção e, surpreendentemente,
não havia reprovação em seu olhar.
Na verdade, ela parecia feliz com o que via.
Demorou uma fração de segundos para ela desviar o olhar ao perceber o meu olhar em sua
direção. Então, se tornou imparcial mais uma vez.
— Hm... Boa tarde — cumprimentei. Madalena me deu um aceno com a cabeça.
— Adriana acabou de servir o almoço no jardim — avisou, intercalando o olhar entre mim
e seu neto. — É melhor irmos antes que esfrie.
— Ao ar livre, eu gosto disso — Alexander comentou, fazendo a velha dar um meio-
sorriso. Em seguida, se virou em direção ao jardim.
Era engraçado, Madalena não estava disposta a dar o braço a torcer, mas o clima
claramente se tornava a cada dia mais aceitável.
— Tudo bem? — Alexander perguntou, em um fio de voz.
— Sim. Só... seja menos descarado — pedi, mais uma vez o sorriso sacana se formou nos
lábios dele.
— Ela quem começou — tentou justificar. Balancei a cabeça em negativa e semicerrei os
olhos. — Tudo bem, eu tentarei.
Sorri, ao mesmo tempo em que Alexander me puxou um pouco mais para ele e me guiou
em direção ao jardim.
Nesse momento, sem todas aquelas mesas e pessoas, podia ver completamente como o
lugar era bonito e um tanto diferenciado.
Havia apenas uma mesa no centro do jardim, próximo às orquídeas. Meu sorriso se
alargou, lembrando-me de toda a história por trás daquelas lindas orquídeas.
Sentamos à mesa e aproveitando que a comida estava quente, servimo-nos. Madalena
perguntou a Alexander sobre a viagem, que prontamente informou que conseguiu resolver o
problema e que tudo caminhava bem, como sempre.
O orgulho na feição dela não passou despercebido por mim, enquanto saboreava o almoço
gostoso.
A conversa fluía de forma natural, mas sobre nada em especial. Madalena quase não
dirigiu a palavra a mim, a grande maioria das vezes era a Alexander.
Na verdade, ela parecia estar mais curiosa em observar, do que conversar. Alexander
estava empenhando bem o seu papel na frente da avó. Um noivo prestativo e atencioso, era
exatamente como estava se portando.
E o coração traidor, em alguns momentos, desejou que tudo aquilo fosse real. Foi
totalmente inevitável.
Durante todo o almoço senti o olhar de Madalena diferente sobre mim. Aquele sentimento
de que ela me odiava, estranhamente não se fazia presente.
Tinha que admitir, aquele sentimento ruim, aos poucos, parecia estar se dissipando. Eu
ainda não era muito fã da velha, mas sentia que poderíamos ao menos ter uma convivência
decente.
Assim que terminamos de comer, nos foi servido uma sobremesa de panna cotta com calda
de morango. Eu não consegui esconder a minha satisfação na primeira colherada que coloquei
em minha boca, a sensação era quase a de um orgasmo.
— Gosta tanto assim? — Alexander perguntou, atraindo a minha atenção. Corei ao
perceber sua atenção em mim.
— Simplesmente amo — confessei, à medida que levava um pouco mais à boca.
— É o meu preferido também — Madalena disse, fazendo com que nosso olhar fosse em
sua direção.
— Acreditem, vocês têm mais em comum do que parece — Alexander comentou.
O sorriso fraco em meus lábios foi inevitável, lembrando-me de que foi exatamente isso
que Madalena disse para mim em nosso último encontro, aqui nesse jardim.
Nós tínhamos muito em comum, sinceridade, petulância e agora... sobremesa preferida.
Madalena parecia estar na mesma página que eu, afinal, consegui ver a tempo um sorriso contido
nos lábios dela.
Inacreditável! Eu realmente havia acabado de ter algo como uma piada interna com a
velha?
Desviei o olhar para Alexander, que estava com as sobrancelhas arqueadas para mim.
— Eu estou muito curioso — Alexander disse, fazendo meu sorriso aumentar.
— Não fique — disse e o medi com o olhar.
Alexander balançou a cabeça em concordância. Senti um rubor em meu rosto ao notar que
o olhar de Alexander estava diferente sobre mim. Não sabia se estava vendo coisas, mas ele
parecia gostar cada vez mais da minha aproximação com a velha.
O que era estranho, afinal, ele alegou que o motivo de ter me escolhido foi por ser alguém
que poderia a tirar do sério. Então, qual o motivo de sua satisfação?
— Vocês decidiram onde vão morar depois que se casarem? — Madalena perguntou,
trazendo-me mais uma vez à realidade. Notei que sua pergunta foi direcionada a mim.
— Não foi algo que discutimos ainda, hm... — Olhei para Alexander, hesitante.
— O que acha da casa? — Alexander perguntou, ao mesmo tempo em que levou a mão
sobre a minha perna.
— Eu gosto de lá — respondi, com sinceridade.
— Você já esteve na casa dele? — Madalena perguntou, a voz denotava surpresa.
— Sim. Seria estranho se eu não tivesse, afinal... — Dei um pequeno sorriso.
Os olhos de Madalena desviaram de mim para Alexander, confirmando-me aquilo que
havia subentendido com a fala do motorista de Alexander na noite em que me levou para sua
casa. Ele não tinha o hábito de levar qualquer mulher lá.
O pensamento de que eu era diferente, fazia com que algo perigoso brotasse dentro de
mim. Esperança.
— Ela é minha noiva — Alexander completou. Um sorriso se formou nos lábios de
Madalena.
— Sim. Ela é... — Os olhos dela foram de Alexander para mim. — Acho que vocês
deveriam começar a acertar esses detalhes logo. Como onde vão morar, em quanto tempo vão
casar, o lugar... não são coisas para se decidir do dia para noite.
As palavras repentinas de Madalena fizeram meu coração entrar em descompasso. A
surpresa foi tanta, que não fui capaz de dizer uma palavra sequer.
Madalena estava realmente fazendo isso?
— Você está dizendo que... — Alexander interrompeu a fala, parecendo estar tão surpreso
quanto eu.
— Sim, Alexander. Vocês têm a minha aprovação para se casar.
CAPÍTULO 32
— Como fiquei a semana toda fora, tenho algumas questões para resolver — Alexander
disse, no momento em que estacionou em frente ao meu prédio. — Mas, ao longo da semana,
vamos nos falando sobre os detalhes do casamento.
Mordi o lábio inferior e balancei a cabeça em concordância. Minha ficha ainda não tinha
caído sobre o que aconteceria desse momento em diante. Acreditava que como não tínhamos a
aprovação de Madalena, ainda não tinha assimilado que de fato nos casaríamos.
Mas após o almoço, minha ficha finalmente começou a cair.
A mão de Alexander tocou a minha, trazendo-me de volta à realidade.
— Tudo bem — respondi e forcei um sorriso, sem saber ao certo o que falar sobre isso.
Na verdade, eu não sabia nem mesmo como me portar no momento. Eu deveria beijá-lo
para me despedir? Deveria apenas sair e ir embora?
Foram questionamentos que passaram pela minha cabeça, deixando-me aflita com a
relação um pouco confusa que estávamos vivendo.
— Por mais que esse casamento seja apenas um negócio — enfatizou, respondendo os
questionamentos que pairavam em minha mente. — Quero que seja participativa da organização
e que faça tudo a seu gosto.
Ali estava ele, afastando-me mais uma vez.
De fato, Alexander parecia preocupado em não me deixar confundir as coisas, e isso era
decepcionante. Perceber que sempre que eu achava que tínhamos um avanço, ele fazia questão
de me lembrar de que tudo não passava de um acordo.
— Isso pode ser legal — falei, tentando ao máximo disfarçar que havia me sentido
incomodada com tal afirmação.
Levei a mão à porta do carro para abri-la, mas parei o movimento no instante em que
minha mente vagou para nossa interação quando chegamos à casa de Madalena. O pensamento
me fez olhá-lo mais uma vez.
— Está tudo bem? — perguntou, eu assenti.
— Quero confirmar algo — comecei, organizando os pensamentos. — Quando chegamos
à casa da sua avó, no momento que me beijou, notei alguns instantes depois que ela nos
observava... Aquilo foi verdade, ou atuação?
Alexander pareceu ponderar, segui medindo-o com o olhar, aguardando sua resposta.
— Eu queria de alguma forma acalmá-la — confessou. — Mas também vi a minha avó
chegar.
— E isso significa o quê? — perguntei, sentindo a decepção mais uma vez pairar sobre
mim.
— Que foi um pouco dos dois.
— Certo. — Balancei a cabeça em concordância, assimilando a informação. — Estou
indo, nos falamos no decorrer dos dias.
Estava pronta para sair, porém, a mão de Alexander se tornou mais firme sobre a minha,
fazendo com que eu voltasse a olhá-lo.
— Você tem certeza de que não quer ir para minha casa? — perguntou, e me mediu com o
olhar. — Tenho algumas coisas para resolver, mas se vier comigo posso resolver de casa e
teremos o restante do dia.
Senti meu coração se agitar com o pensamento. Eu queria estar com ele, mas, acima de
tudo, sentia que precisava colocar alguns limites, afinal, eu não poderia estar totalmente ao
dispor dele.
Não quando Alexander seguia enfatizando que tudo era apenas um negócio.
Mantive-me firme quando respondi:
— Sim, amanhã as minhas amigas virão para a minha casa, tenho que ajeitar algumas
coisas.
Sem aviso, ele me puxou em direção a ele. Os lábios macios tomaram os meus, deixando
um beijo mais indecente que o normal, fazendo-me perder o ar em tão pouco.
Quando se afastou, tive que conter a vontade de jogar tudo para o ar e seguir com ele. A
boca de Alexander se curvou em um sorriso, como se soubesse perfeitamente o efeito que tinha
sobre mim.
— Tem certeza? — insistiu, a voz rouca.
— Sim — respondi, em um fio de voz.
Alexander assentiu e antes de soltar a minha mão para deixar-me ir, disse:
— Nos falamos durante a semana, preciosa.
— Frios, vinho, chocolate e petiscos — murmurei, conferindo meu carrinho de compras,
tendo a certeza de que havia pegado tudo o que precisava.
Havia também alguns complementos para o almoço, mas era o de menos, tinha ciência de
que as meninas se importariam mais com todo o resto. E com a confirmação que nada faltava,
guiei o meu carrinho em direção ao caixa.
O supermercado estava agitado naquela manhã de domingo, com carrinhos de compras
movendo-se pelos corredores e o burburinho de conversas preenchia o ambiente.
Apesar disso, consegui encontrar um caixa livre e não perdi tempo em passar as compras e
efetuar o pagamento. No momento em que peguei todas as sacolas, direcionei o meu olhar para a
atendente e sorri.
— Obrigada! Tenha um ótimo domingo.
— Igualmente para você! — ela respondeu, retribuindo o sorriso.
Saí do mercado e comecei a caminhar em direção ao meu apartamento, que, felizmente,
era a poucos metros daquele mercado. Enquanto seguia o meu caminho, peguei o celular e dei
uma breve olhada no celular, constatando que não havia qualquer mensagem de Alexander.
Depois de ontem, não chegamos a trocar qualquer palavra. O que deixava ainda mais claro
que nossa interação se resumiria àquele contrato. Guardei o celular e desviei a minha atenção
para o céu, tentando não pensar demais e apenas me concentrar em como a manhã estava
radiante.
Contudo, uma sensação de inquietação começou a se instalar no instante em que meus
olhos encontraram aqueles dois homens que vinham me atormentando nas últimas duas semanas.
Eu queria dar a volta e fugir, mas não era possível, afinal, eles haviam me visto e me
esperavam com um sorriso no rosto.
Que porra eles queriam agora?
— Ora... Ora! — Rick disse, o tom cheio de deboche, no instante em que parei de frente
para eles. — Se não é quem estávamos esperando.
— O que vocês querem? — perguntei, sem delongas. — Eu dei o dinheiro que pediram e a
primeira parcela vence no mês que vem.
— Sim, Raissa. E quer saber? Nós quase caímos no seu papo de menina sofrida que não
tem dinheiro para nos pagar de uma vez. — Senti um arrepio na espinha com a insinuação.
— Do que está falando? — perguntei, a voz contida.
— Estou falando que alguém que é noiva de Alexander Korfali. — Rick arqueou as
sobrancelhas. — Um empresário renomado e dono da maior rede de hotéis do país, não teria
dificuldade para pagar um valor tão insignificante como cem mil reais.
Um nó se formou em minha garganta ao ouvir cada uma de suas palavras.
Merda, merda, merda, merda!
— Achou mesmo que não descobriríamos? — O outro homem que sempre o acompanhava
perguntou.
— Estou sentindo que fui feito de trouxa, Raissa, e eu não gosto disso — Rick voltou a
falar.
— Eu... Alexander não tem nada a ver com isso — disse, sem conseguir esconder o quanto
estava afetada. — Isso é algo entre mim e o meu irmão, por favor, apenas o deixe fora.
— Não vai dar... — Rick deu um sorriso. — A dor de cabeça que seu irmão nos deu e o
quanto ele nos enrolou. De repente, eu sinto que acabamos pegando leve nos juros, nas
cobranças.
— Concordo plenamente. — O outro homem concordou, com um sorriso cínico.
Porra! Isso definitivamente não poderia acontecer.
— Escuta, eu vou dar um jeito — disse, tentando pensar em uma solução que não
envolvesse Alexander. — Vou conseguir para vocês uma boa quantia, eu apenas preciso de
tempo.
— O quê? — Rick perguntou como se eu estivesse louca. — Por que eu esperaria quando
posso receber em um piscar de olhos?
— Se me der tempo, estou disposta a te dar quinhentos mil. Você sabe que Alexander não
vai te pagar mais do que isso — falei, fazendo com que Rick desse um sorriso satisfeito. O
homem me mediu com o olhar.
Eu sabia que era uma quantia alta, talvez fosse burrada colocar tanto dinheiro na mão
desses cretinos, porém, que escolha eu tinha? Se fosse necessário, eu entregaria o um milhão que
Alexander me prometeu, apenas para que o deixassem fora de toda a bagunça.
— Ele não sabe, não é? — Rick perguntou, fazendo-me congelar. — Sobre o seu irmão
problemático, ou sobre essa dívida, ele não sabe.
— Não. — Forcei-me a confirmar.
— Claro, você não quer que ele descubra antes do casamento. É uma garota esperta —
analisou, fazendo-me morder fortemente os lábios para não o responder.
Em outro momento, o mandaria facilmente à puta que pariu. Mas sabia que os caras não
eram pessoas que eu poderia enfrentar, muito menos se implicaria em envolver Alexander.
Engoli o meu orgulho e apenas esperei que ele continuasse.
— É uma proposta tentadora, não demore muito a conseguir esse dinheiro, Raissa, o
relógio está rodando. Nunca se sabe o que pode acontecer — Rick disse, firme. — Eu aparecerei
por aqui em breve.
— Tique-taque, tique-taque — o outro homem provocou.
Então, como dois grandes filhos da puta eles se viraram, deixando-me ali, parada em meio
a portaria do meu edifício.
— Ei, Raissa... Qual o teu problema? — Isabella perguntou, trazendo-me de volta à
realidade. — Você está distante desde a hora que chegamos.
— Me desculpe... Hã... — Tentei enrolar um pouco, a fim de decidir o que contaria a elas.
— Conta logo, vai — Beatriz pediu, aproximando-se de mim. — O que aconteceu?
Larguei a faca sobre a tábua e me virei na direção delas, que haviam parado de mexer com
as panelas para me encarar.
— Eu vi as notícias com o gostosão e vocês estavam bem íntimos nas fotos. Achei que as
coisas estavam indo bem para vocês — Beatriz disse, induzindo-me a dar a elas alguma coisa.
— Está. E tenho novidades para contar para vocês, mas...
— Mas? — Isabella me incentivou a continuar.
— Vinícius me meteu em um grande problema — disse, deixando sair aquilo que estava
me atormentando desde o momento em que os caras reapareceram.
Foi como se sentisse um peso saindo de mim por compartilhar com alguém.
— Ah, Raissa. — Beatriz revirou os olhos. — Vai me dizer que está resolvendo as cagadas
do seu irmão outra vez?
Apertei a boca e a encarei. Sabia que ela iria me repreender, afinal, ela sempre foi
totalmente contra eu sempre passar a mão na cabeça de Vinicius.
— Dessa vez, eu não tive escolha — sussurrei, lembrando-me exatamente da cena de mais
cedo, que escolha aqueles caras me dariam?
— O que aconteceu? — Isabella perguntou, preocupada.
— Agiotas.
— Porra! — Beatriz xingou. — Eu vou dar na cara do teu irmão.
— Por que não deixou o Vinicius se ferrar com eles? É por isso que aquele safado estava
te pedindo tanto dinheiro nos últimos meses — Isabella falou, balancei a cabeça em
concordância.
— O problema é que me ameaçaram, não tive escolha a não ser entrar em um acordo. E
estava indo tudo bem, mas... — Suspirei e levei as duas mãos no rosto, sem saber ao certo como
eu lidaria se a merda se espalhasse.
— O que houve, Raí? — Beatriz se aproximou, levando a mão sobre a minha para deixar
meu rosto livre.
— Descobriram que eu estou noiva de Alexander.
— Ah, merda! — Beatriz arfou. — Ai, Raissa, juro que vou matar o Vinícius. Você tinha
que ter um irmão tão problemático?
— Hoje os caras vieram atrás de mim, pediram mais dinheiro, pois alegaram que eu teria
de onde tirar, então, eu ofereci quinhentos mil, com a condição que deixassem Alexander fora
disso.
— Nossa, Raissa. — Dessa vez foi Isabella quem falou. — Ficou doida?
— Só pensei na merda depois que já tinha falado, eu não sou de agir por impulso e deveria
ter sido firme, mas não posso trazer Alexander para isso, os caras vão se aproveitar dele e
envolvê-lo será dever ainda mais para ele.
— Melhor dever a ele do que aos bandidos — Isabella pontuou. — Porque se estão te
ameaçando, Rai, significa que não são simples agiotas. Acredito que deveria contar ao
Alexander.
— Com o Alexander você pode ao menos passar o xerecard — Beatriz falou, dando uma
risada.
E por mais que a situação estivesse ruim, foi impossível não rir. Balancei a cabeça em
negativa, enquanto Beatriz levantava a mão para cima em rendição.
— Não posso meter Alexander nisso — disse, convicta.
— Aposto que ele saberia lidar com esses caras — Isabella falou e Beatriz assentiu.
Naquele momento, o meu sorriso se desfez e, mais uma vez, neguei.
— Sem essa. Já está decidido — falei, firme.
— E o que vai fazer? Acha mesmo que os caras vão parar por aí? Quanto mais você der,
mais eles irão pedir — Beatriz disse, e por mais que detestasse, sabia que era totalmente
possível.
— Ainda tenho quinhentos mil do um milhão que Alexander irá me passar. Então, caso
peçam mais ainda tenho como recorrer. Vou usar esse dinheiro para entrar em um acordo para
não correr risco de fazerem isso.
— Toma cuidado com isso, amiga — Isabella disse, a voz denotava preocupação. — Sabe
que pode contar com a gente se precisar, não é?
— Isso mesmo — Beatriz concordou, sorri, cheia de gratidão.
— Obrigada. Eu vou dar um jeito, sempre dou — falei e me virei em seguida de volta para
a bancada, peguei a faca novamente e voltei a cortar a cebola. — Vamos terminar o almoço logo,
para nos sentar e fofocar sobre coisas boas.
— Falando em coisas boas... que novidade é essa, hein? — Beatriz perguntou, cutucando-
me levemente fazendo com que um sorriso brincasse em meus lábios. Sabia que elas não
esperariam para ouvir o que eu queria contar, a fim de tirar os pensamentos ruins da mente.
Encarei-as por um momento, decidindo me render.
— Eu e Alexander vamos nos casar em um mês.
— Ah, meu Deus! — Isabella deu um gritinho.
— Não acredito, Rai — Beatriz falou em seguida, dando alguns pulinhos. — A velha mal-
amada finalmente aprovou?
— Sim. — Desviei a minha atenção para a tábua, tentando me distrair voltando a picar a
cebola. Então sussurrei: — Não se esqueçam de que não é real. Vocês sabem, tem um prazo de
validade.
— Não é real ainda, acha que não pode vir a ser? — Isabella perguntou, curiosa. Suspirei e
voltei a olhar para elas.
Poderia? Sinceramente, eu tinha as minhas dúvidas.
— Eu não sei — respondi, sem querer criar muitas expectativas. — Mas vou precisar de
vocês porque a organização vai ser por minha conta.
— Ah, eu preciso de detalhes! — Beatriz logo falou. Semicerrei os olhos para ela.
— Vamos terminar esse almoço primeiro, caso contrário não vamos sair dessa cozinha —
falei, apontando para as panelas.
— Tudo bem, mas vá falando — Isabella pediu, voltando a atenção para as panelas. Dei
uma risadinha, tendo ciência de que elas, definitivamente, não me deixariam em paz.
Enquanto preparávamos o almoço, contei um pouco do que aconteceu ontem, a conversa
com Madalena e os preparativos do casamento. Não demorou muito para terminarmos e nos
sentarmos à mesa para comer.
Como imaginei, o assunto Vinícius foi esquecido, elas ficaram animadas com o fato de que
poderiam me ajudar com os preparativos do casamento que foi o assunto do momento. Mas logo
dei um jeito de tirar a atenção delas desse tópico, afinal, pensar demais não era bom também.
Passamos a tarde inteira conversando e ao final, como Isabella tinha que buscar a Mel com
seus pais e Beatriz um encontro misterioso, elas se despediram de mim por volta de 19h, pedindo
que eu repensasse sobre contar a Alexander sobre os agiotas.
O que, definitivamente, não iria rolar.
Tomei um banho demorado e fui para o sofá para mexer no celular e tentar me distrair. E
por mais que eu tentasse evitar, era inevitável não pensar em tudo, não pensar em Alexander.
Então, permiti que minha mente vagasse para ele. Em uma perfeita sincronia, o som do
meu telefone indicou que Alexander estava ligando.
O coração entrou em descompasso, enquanto a mente traiçoeira se perguntava se ele
também estava com os pensamentos em mim.
Suspirei fundo e contei até três antes de, finalmente, atender.
— Alexander?
— Raissa. — A voz séria pairou do outro lado da linha.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, ao mesmo tempo em que franzi as
sobrancelhas.
— Sim. Estou te ligando porque terei que viajar amanhã pela manhã.
— Ah... — respondi, tentando não me sentir decepcionada com o fato de que ele mal
chegou e estava indo viajar mais uma vez. — Você não tinha algumas coisas para resolver ao
longo da semana agora que está de volta?
O silêncio se fez presente do outro lado da linha, aguardei que ele respondesse.
— Surgiu algo que não pude adiar.
— O que seria tão urgente? — perguntei, curiosa.
— Não se preocupe, posso lidar perfeitamente com isso — falou, sério. Mordi o lábio
inferior, tentando conter a vontade de insistir.
Já havia percebido que Alexander não gostava muito de falar sobre negócios, então, não
adiantaria tentar arrancar nada dele.
— Hum, tudo bem.
— É tempo o suficiente para que arrume as suas malas?
— O quê? — perguntei e arqueei as sobrancelhas.
— Você vai comigo a essa viagem, te pego amanhã às 08h — informou, autoritário.
— Como assim eu vou com você a essa viagem? — questionei.
— Eu preciso que vá comigo, Raissa. Minha noiva me acompanharia, portanto, apenas
esteja pronta pela manhã.
CAPÍTULO 33
— Para onde estamos indo? — perguntei, observando o motorista pegar a minha mala e
colocá-la no porta-malas do carro.
Alexander abriu a porta traseira e direcionou o olhar para mim.
— Você descobrirá em menos de uma hora — respondeu, fazendo com que uma pequena
careta se formasse em meus lábios.
Ao notar que ele não estava disposto a falar, entrei e me ajeitei.
De certa forma, sentia-me grata por o acompanhar. Precisava respirar um pouco longe do
meu apartamento, sem correr o risco de deparar com aqueles agiotas a cada vez que saía de casa.
Alexander foi em direção ao motorista e trocou algumas palavras com ele, em seguida
entrou e se acomodou à minha frente como sempre.
— Menos de uma hora? Tão perto assim? — perguntei, lembrando-me da única
informação que ele havia me dado até o momento.
— Nós estamos indo para o hangar — explicou. — Vamos viajar no meu jato particular.
— Hum... — respondi e o medi com o olhar. — E o que exatamente nós faremos nessa
viagem?
Alexander não me respondeu de imediato, apenas aguardei até que ele decidisse falar.
— Preciso checar algumas informações no hotel e aproveitarei para me encontrar com um
parceiro, fora isso...
— Está me dizendo que não terá algum evento ou jantar que precise da nossa presença? —
Arqueei as sobrancelhas.
— Não, não tem — respondeu, sério.
— E eu estou indo por quê?
— Porque não sei quanto tempo precisarei ficar e não quero ficar longe de você.
Aquela confissão fez meu coração palpitar.
— Está me levando apenas para que eu fique à sua mercê? — perguntei, sem acreditar que
o homem estava fazendo isso.
— E se for... — Ele lambeu os lábios, os olhos fixos aos meus. — Tem algo contra?
— Você não pode fazer isso, Alexander — chamei sua atenção.
— Sim, eu sei. Mas não significa que não farei.
O tom autoritário, fez com que uma onda de excitação caísse sobre mim. Não deveria
gostar disso, mas a verdade era que eu estava gostando e muito.
— Eu não vou protestar quanto a isso — respondi, em um fio de voz. — Mas só porque eu
precisava me distrair um pouco.
— E por qual motivo queria se distrair? Algo está acontecendo, Raissa? — perguntou,
sério.
— Não — menti, sem hesitar. — Apenas precisava sair da rotina.
Alexander me encarou por um instante, antes de balançar a cabeça em concordância.
Então, se ajeitou no banco do carro.
Desviei o olhar para a janela, sem pretensão alguma de seguir com aquele assunto. Afinal,
a última coisa que eu faria era meter Alexander no meio da minha bagunça.

— Chegamos, linda. — Vagamente ouvi a voz de Alexander, forçando-me a abrir os


olhos.
Devo ter cochilado em algum momento durante o voo, estava inclinada com a cabeça
apoiada no peito de Alexander. Segurei o pequeno sorriso que quis se formar em meus lábios e
levei meu olhar para ele.
— Onde estamos? — perguntei, a voz sonolenta.
— Se levante, vamos lá fora conferir — respondeu e levou a mão sobre mim para me
ajudar a levantar.
Alexander se levantou e me direcionou para fora do jatinho. Quando saímos, havia um
motorista pegando as nossas malas e as colocando no porta-malas de um carro estacionado a
alguns metros.
Não consegui identificar onde estávamos inicialmente, mas pensei que talvez fosse em São
Paulo, afinal, foi o destino de suas últimas duas viagens.
Depois que o motorista terminou de ajeitar as malas, entramos no carro para seguir um
destino, que até o momento era desconhecido por mim. Minha atenção permaneceu na janela,
olhando para o trânsito.
Meu coração descompassou no instante em que percebi que não estávamos em São Paulo.
O cenário à frente era muito familiar para mim.
Nós estávamos em Búzios.
Olhei em direção ao Alexander, encontrando-o com os olhos fixos em mim, acompanhado
de um pequeno sorriso, como se estivesse apenas aguardando o momento em que eu me daria
conta sobre onde estávamos.
— Pensei que gostaria de estar aqui — disse, suavemente.
— Foi por isso que me trouxe? — indaguei, ele assentiu.
Voltei a minha atenção para a janela, observando a paisagem. O sorriso foi inevitável
quando me dei conta de que depois de um longo tempo, essa era a primeira vez que vinha a
Búzios, sem ser a trabalho. E estar aqui com Alexander, traziam-me boas lembranças.
Não demorou para que chegássemos ao hotel Korfali Group. Alexander cumprimentou a
recepcionista e, em seguida, pediu que ela avisasse a algumas pessoas que ele havia chegado e
em alguns minutos desceria para a reunião. Fomos recepcionados muito bem e guiados para a
cobertura.
Acompanhei enquanto o rapaz que nos recepcionou levava as malas para o quarto.
— Deseja mais alguma coisa, senhor Alexander? — o rapaz perguntou, após ajeitar as
malas.
— Por enquanto é só, obrigado — Alexander respondeu, sério.
O rapaz assentiu e se retirou. Então, Alexander fechou a porta e se virou, vindo em minha
direção. Mordi o lábio, tentando controlar a sensação que insistia em me invadir a cada passo que
ele dava em direção a mim.
Sem dizer uma palavra sequer, envolveu os braços em volta da minha cintura e deslizou a
mão pelas minhas costas, puxando-me em sua direção, tomando minha boca sem permissão.
Sua urgência denunciava que ele estava se segurando para fazer isso desde o momento em
que colocou os olhos em mim.
Passei as mãos em volta do pescoço dele e correspondi da mesma forma, afinal, era como
me sentia também. Aproveitei cada instante, à medida que ele explorava minha boca.
Quando seus lábios deixaram os meus, nos encontrávamos totalmente ofegantes.
Alexander se afastou e encontrou o meu olhar. Encarou-me por um longo minuto, então, levou a
mão em meu rosto e deixou um beijo na pontinha do meu nariz.
Um gesto novo e um tanto confuso por se tratar dele, mas naquele instante, eu decidi não o
questionar. Apenas deixei que ele o fizesse.
— Como você está, Raissa? — perguntou, fazendo meu coração entrar em descompasso.
Eu não estava muito bem, mas não queria deixar transparecer, pensando nisso forcei um
sorriso e deixei um beijo rápido em seus lábios.
— Estou bem — respondi, sentindo sua análise sobre mim.
Queria desviar o olhar, mas seria muito óbvio que eu estava escondendo algo, fiz o
possível para seguir firme olhando para ele.
— Eu tenho que fazer algumas ligações e resolver algumas coisas com certa urgência. Mas
a noite será totalmente nossa — informou, balancei a cabeça em positivo. — Tudo bem para
você?
— Sim, vou aproveitar para checar os meus e-mails e resolver algumas coisas também —
respondi, grata por ter trazido o notebook para continuar a minha batalha de procurar empregos.
— Tudo bem, qualquer coisa pode me ligar, estarei por perto.
Assenti, em seguida ele se afastou. Observei-o pegar um dos cartões de acesso ao quarto
que estava sobre o móvel, então caminhou em direção à porta. Alexander a abriu, mas antes de
sair, os olhos vieram em minha direção.
— Você prefere sair para jantar fora ou ficar por aqui?
— Adoraria caminhar pela praia, porém, hoje eu quero apenas ficar aqui — respondi,
Alexander balançou a cabeça em concordância. Em seguida, piscou para mim.
— Ótimo, nos vemos um pouco mais tarde. — Alexander piscou de forma tão sexy que me
deixou sem reação.
Em seguida, saiu do quarto, deixando-me presa em pensamentos confusos.
Alexander havia sido claro sobre não se envolver, porém, a cada momento parecia se
entranhar mais em minha vida. O que ele estava tentando fazer, afinal?
CAPÍTULO 34
O dia passou sem qualquer sinal de Alexander e mesmo que eu tentasse evitar, o tempo
ocioso fez com que minha mente vagasse para a confusão que Vinicius havia me arrumado.
Meus olhos estavam fixos na visão privilegiada da cobertura, daqui eu conseguia ver a
praia particular do hotel. O som suave das ondas quebrando na areia criava uma trilha sonora
serena para a noite.
Suspirei e me virei pronta para sair daquele lugar. Porém, meus olhos foram mais uma vez
para a piscina que havia na cobertura, que parecia mais uma banheira luxuosa. A água refletia os
pontos luminosos no céu, convidando-me para um mergulho noturno.
Uma ideia súbita me envolveu, um desejo de aproveitar o momento a sós, deixando ir
embora tudo aquilo que me afligia.
Sem hesitar, decidi que a piscina seria meu refúgio temporário. Prendi o meu cabelo em
um coque alto, em seguida me despi, deixando as roupas caírem no chão da sacada, e senti a
brisa fresca pairar sobre mim.
Caminhei até a borda da piscina, deixando-me levar pela tentação da água convidativa. Ao
entrar, a sensação inicial de frescor se transformou em algo reconfortante, como se a água
soubesse exatamente o que eu precisava naquele momento.
De olhos fechados, permiti-me aproveitar um pouco, esquecendo as preocupações e os
questionamentos que insistiam em pairar sobre mim, atormentando-me.
— Isso me parece tentador. — A voz gostosa de Alexander ressoou, fazendo com que eu
abrisse os olhos.
Meu olhar foi para a porta da sacada, encontrando-o encostado no batente, com os olhos
fixos a mim.
— Está aí há muito tempo? — perguntei, movimentando-me na água. — Não o ouvi
chegar.
— Garanto que estou há menos tempo do que gostaria — disse, em seguida deu alguns
passos em direção à piscina.
— Eu deveria sair? — questionei e subi um pouco o corpo, deixando à mostra parte dos
meus seios.
— Nada disso, eu vou entrar — disse, ao mesmo tempo em que levou a mão nos botões da
camisa.
Observei-o começar a se despir lentamente. Não consegui desviar o olhar e a cada peça
dispensada, maior era a ansiedade. Como uma grande devassa, segui descendo o meu olhar sobre
os músculos firmes, até que ele estivesse nu, dando-me a visão do seu pau ereto, fazendo-me
salivar ao vê-lo pulsando.
Alexander veio em minha direção e entrou na piscina. Quando começou a vir em minha
direção, deixei que um sorriso brincasse em meus lábios, à medida que me afastava.
— Vamos fazer esse jogo? — perguntou, tentando me acompanhar.
— Não estou fazendo jogo algum — disse, ele sorriu e em um movimento hábil, veio em
minha direção.
Tentei ser mais rápida, mas tudo aconteceu em um piscar de olhos. Em um único
mergulho, as mãos dele foram capazes de contornar a minha cintura enquanto me puxava em sua
direção.
Dei uma gargalhada ao me encontrar tão perto, Alexander me acompanhou, fazendo tudo
em mim vibrar.
— Não seja uma garota má — falou, a voz rouca causando arrepios em meu corpo.
— Não sou — disse e passei as mãos em volta do pescoço dele. — É você quem é sem
graça, mal me deixou escapar.
— É porque não sou capaz — disse, a seriedade em sua voz estava a ponto de me causar
uma síncope.
— Como foi o seu dia? — perguntei de repente.
Alexander deu um sorriso e arqueou as sobrancelhas.
— Nada interessante — respondeu, ao mesmo tempo em que aumentou seu aperto em
volta da minha cintura.
Levei as mãos até as dele e as tirei de mim, dando-me espaço para afastar.
— Isso é tão vago — reclamei.
Alexander não respondeu de imediato, apenas me analisou. Como se decidisse o que falar.
— Passei o dia apenas resolvendo alguns problemas que não deveriam existir.
— Isso me parece bem chato. — Medi-o com o olhar.
— Como eu disse, nada interessante — falou, vindo mais uma vez em minha direção. —
Prefiro falar sobre você, como foi o seu dia?
— Hum... — comecei, à medida que fugia dele, com um sorriso travesso nos lábios. Dessa
vez, ele entrou em minha brincadeira, seguindo-me, sem avançar. — Nada fora do comum,
acabei passando o dia checando alguns e-mails e mandando alguns currículos.
O clima estava gostoso, a ponto de me fazer ser sincera. Ou quase, já que omiti a parte em
que eu estive a ponto de surtar, pensando nos malditos agiotas.
— Você não deveria ser tão teimosa — Alexander falou, fazendo com que minha atenção
se voltasse para ele. — Eu já disse que te darei um cargo na minha empresa.
— Isso é complicado — respondi e o medi com o olhar.
Mais uma vez, as mãos dele estavam sobre mim, à medida que me puxava para ele.
— Não, Raissa, não é. Na verdade, é você quem está complicando algo que é muito
simples.
— Como lidaremos com isso daqui a um ano, depois que o acordo acabar? — perguntei,
fazendo com que ele apertasse a mandíbula.
— Isso não é importante — respondeu, a hesitação em sua voz não passou despercebido.
Claro, Alexander nem mesmo sabia como seria.
— É muito importante.
— Vamos apenas nos preocupar com o hoje. Não vou te demitir nem nada assim. Apenas
aproveite os benefícios disso — insistiu. Suspirei, tentando ver isso como algo positivo.
Sabia que seria muito bom para mim, agregaria muito bem em meu currículo e faria total
diferença um salário bom. Porém, havia muito em jogo.
— Prometo que vou pensar sobre isso — disse, sentindo sua expressão suavizar.
— Tudo bem, acho que o melhor seria você começar depois do nosso casamento, quando
voltarmos de lua de mel — disse, fazendo-me arquear as sobrancelhas.
— Eu não disse sim. E... — Fiz uma pausa, recapitulando sua última fala. — Lua de mel?
Eu não estou sabendo disso, senhor Alexander.
Ele deu uma risada tão gostosa que fez meu corpo inteiro tremer.
— Me diga, o que as pessoas falarão se não tivermos uma lua de mel? Nós precisamos.
— Vou fingir que não percebi esse sorriso cafajeste em seus lábios quando se referiu a lua
de mel — falei, fazendo com que ele se entregasse ainda mais, dando a gargalhada mais perfeita,
daquelas que faziam o meu coração saltar.
Ah, merda! Eu estava muito, muito ferrada com esse homem!
Totalmente envolvida pelo momento, levei as minhas mãos em volta do pescoço de
Alexander, ao mesmo tempo em que peguei impulso, passando as minhas pernas em volta da
cintura dele.
Alexander segurou as minhas pernas, encaixando-me perfeitamente nele. Naquele instante,
o sorriso dele se dissipou, os olhos intensos intercalaram entre meus olhos e minha boca.
Lambi os meus lábios e, sem pudor, me inclinei em direção a ele, unindo os nossos lábios.
Alexander pediu espaço com a língua, envolvendo-me em um beijo cheio de desejo e luxúria.
Um gemido escapou dos meus lábios ao sentir as mãos grandes e quentes deslizarem para
a minha bunda, apertando-a sem pudor. Encerrei o beijo e dei uma leve mordida em seu lábio
inferior, afastei-me um pouco, ofegante, buscando o seu olhar.
— Eu quero você, Alexander — confessei, a voz entrecortada.
Sem desviar os olhos dos meus, Alexander deslizou a mão entre meu corpo, alcançando a
minha boceta, então, resfolegou ao tocá-la, espalhando a minha lubrificação.
— Porra, você já está tão molhada, tão pronta para mim — disse, seu tom denotava
espanto.
Logo, senti-o substituir os dedos pelo pau, espalhando a lubrificação, torturando-me ao
passá-lo apenas em minha entrada.
— Por favor.
Alexander sorriu e antes que eu pudesse protestar mais, senti-o se afundar lentamente. No
minuto seguinte, senti-o retroceder, ao mesmo tempo em que ajeitou as minhas pernas em sua
volta. Então, deslizou mais uma vez, abrindo espaço e se acomodando por completo em mim.
— Você é fodidamente gostosa — rosnou, entredentes, à medida que se movimentava,
fazendo com que o meu gemido se intensificasse, ao mesmo tempo em que apertei ainda mais as
mãos em volta dele.
As mãos quentes em volta da minha cintura, os movimentos cada vez mais descontrolados
e a respiração totalmente ofegante, enquanto nossos sexos se chocavam, estavam me levando
diretamente ao limite, fazendo com que o orgasmo tomasse conta de mim.
Mais uma vez, eu levei os meus lábios ao encontro dos dele com fervor, abrindo espaço
para que sua língua me explorasse com a mesma intensidade, enquanto me contorcia a sua volta,
correspondendo a cada mergulho que ele dava.
A cada deslize, eu sentia que estava perdendo tudo de mim, completamente. Foi quando
em um grito, deixei o orgasmo vir com tudo, tirando-me do eixo, sem me importar com nada
mais, que não fosse o momento e aquele homem à minha frente.
Alexander não aliviou, seguiu empurrando cada vez mais fundo dentro de mim, com uma
constância tão alucinante, que foi capaz de fazer com que um segundo clímax me invadisse em
um curto período.
Então, ele estava gozando junto comigo. De forma tão intensa, que me assustou, fazendo
com que eu buscasse seu olhar. A conexão e o momento, foram totalmente insanos e perfeitos.
Alexander também sentiu, ele claramente sentiu. Pois de imediato quebrou aquele contato,
levando os lábios até os meus, deixando um beijo devastador tomar conta. Como se buscasse
descontar o que sentia naquele beijo.
E eu apenas me permiti aceitar o sentimento daquela forma, retribuí aquele beijo a altura,
enquanto meu corpo sucumbia totalmente a profundidade daquele sentimento.
E mesmo que não devesse, ansiava por apenas uma coisa: mais.
CAPÍTULO 35
Estava acordada há cerca de uma hora, mas estava enrolando para levantar.
Na verdade, permiti-me curtir o momento. Alexander estava sentado ao meu lado,
concentrado em seu notebook desde bem cedo. E apesar disso, era gostoso sentir a sua presença
tão próximo a mim.
Não quis atrapalhá-lo, então, segui o observando, enquanto tudo o que fizemos noite
passada pairava em minha mente.
Depois daquele momento intenso na piscina, nós aproveitamos um pouco mais, antes de
sair e pedir algo para jantar. E mesmo a contragosto, Alexander não se opôs em me acompanhar
em um filme de comédia.
Mas se tratando dele, obviamente não consegui terminar o filme. Não podia dizer que não
gostei de terminar a noite em seus braços, enquanto ele demonstrava, da única forma possível,
sua adoração por mim.
Os olhos de Alexander desviaram para mim, pegando-me com um sorriso bobo nos lábios.
Ele arqueou a sobrancelha e meu sorriso começou a se dissipar.
Precisava me controlar, caso contrário, logo Alexander seria capaz de notar para onde os
meus sentimentos andavam.
— Estou realmente curioso para saber no que você tanto pensa — disse, medindo-me com
o olhar.
— Estou curiosa para saber até que horas vai ficar aí trabalhando — devolvi parte das
palavras, tentando mudar o rumo da conversa.
— Tenho que terminar de ler e avaliar uma proposta, quando terminar serei todo seu. —
Piscou, fazendo-me sorrir.
Meus olhos foram para a mesa, então, voltei o olhar para ele.
— A mesa não é mais confortável?
— Está confortável aqui — disse e desviou a atenção para a tela do notebook.
Minha boca se curvou em um sorriso, pensando que, assim como eu, Alexander estava
curtindo a nossa proximidade.
Sentei-me na cama e me inclinei para olhar a tela de seu computador.
— O que precisa aprovar? — perguntei, passando os olhos pelo documento.
— Uma proposta do setor de marketing — respondeu, sem tirar a atenção do notebook.
— Hum... Posso dar uma olhada? — perguntei, sem conseguir esconder a empolgação.
Nunca tinha ficado tanto tempo sem trabalhar, no fundo, sentia falta de fazer essas
análises. Alexander desviou a atenção para mim e me mediu com o olhar, como se avaliasse o
meu pedido.
— Que tal descermos para tomar café e na volta analisarmos juntos? — sugeriu, o sorriso
se alargou em meus lábios e eu balancei a cabeça em concordância.
— Isso me parece perfeito!

— Não vê como formamos uma dupla e tanto? — Alexander perguntou, fazendo-me


desviar a atenção do notebook para olhar em sua direção.
Levei a caneta que usava a boca e mordi a pontinha apenas, medindo-o com o olhar.
Quando saímos do quarto mais cedo, cogitei que a sua sugestão fosse apenas para me
distrair de tal ideia, mas não, no momento em que voltamos para o quarto, Alexander puxou uma
cadeira e pediu que eu me sentasse ao seu lado, pois assim poderia ajudá-lo com a análise da
proposta.
Desse jeito seguimos durante o restante da manhã e boa parte da tarde. Não fomos capazes
de sair do quarto nem mesmo para almoçar, decidimos pedir e comer por lá mesmo, à medida
que eu identificava pontos que poderiam ser falhos naquela proposta.
Fui trazida de volta à realidade, quando a mão dele foi sobre a minha, tirando a caneta dos
meus lábios.
— Talvez você esteja certo — disse, fazendo com que ele desse uma risadinha. — Eu
tenho uma longa bagagem, assim é fácil identificar esses pontos.
— E por isso insisto que seria perfeito tê-la conosco na empresa, estou firmando um
contrato com a empresa de Alexandre e com isso, você ainda poderá trabalhar em contato com
sua antiga equipe.
— Você é bom em negociar — disse, assimilando aquela informação.
No fundo, seria bom ter contato com aqueles que fizeram parte da minha vida por tanto
tempo.
— O que me diz? — insistiu, minha boca se curvou em um sorriso.
— É algo a se pensar, depois que voltarmos de lua de mel.
— É um começo — respondeu, fiz uma careta, tendo ciência de que Alexander era o tipo
de homem que, certamente, conseguia tudo aquilo que queria.
De repente, três batidas à porta do quarto interromperam-nos. Franzi as sobrancelhas e
voltei o olhar para Alexander.
— Pediu algo? — perguntei, curiosa.
— Sim, que trouxessem alguns biquínis para você. Pensei que poderíamos ir à praia —
disse, fazendo com que um sorriso se formasse em meus lábios.
— Isso é ótimo — falei e me levantei, indo em direção à porta a fim de atendê-la.
— Senhorita. — Uma mulher de aproximadamente 40 anos me cumprimentou com um
sorriso simpático. Então estendeu algumas sacolas de compra para mim. — Aqui estão os itens
que o senhor Alexander pediu.
Peguei as sacolas das mãos dela e retribuí aquele sorriso.
— Muito obrigada.
A mulher assentiu e, em seguida, se virou, caminhando em direção ao elevador. Observei-
a, pensando em como foi gostoso sentir que Alexander estava cuidando para que
aproveitássemos.
— Tudo certo, Raissa? — A voz de Alexander ressoou, trazendo-me à realidade.
Virei-me para entrar e fechei a porta atrás de mim.
— Sim, vou experimentar os biquínis. — Balancei as sacolas em direção a ele.
— Faça isso — disse, medindo-me com o olhar.
Caminhei em direção à cama e coloquei as sacolas. Depois de abri-la, comecei a checar os
modelos escolhidos. Coincidentemente, apesar de serem biquínis, todos eram muito bem
comportados.
Lindos e comportados.
— Ei, Alexander. Eu esperava algo como fio dental — provoquei-o.
— Sem chances — respondeu, firme.
— Hmm... Você vai ter que lidar com isso quando eu vier com os meus.
— Esses — Alexander apontou para a sacola. — São os seus.
— Por que isso?
— Não quero ninguém babando no que é meu, muito menos ter que ver uma foto sua
seminua em qualquer revista. — Ele balançou a cabeça em negativa.
Em seguida, levantou-se e caminhou em minha direção.
— Eu não sou sua — falei, o maxilar dele travou, os olhos encontraram os meus no
mesmo instante. — E não tem chance alguma de isso acontecer.
— Sim, você é —falou, sério, à medida que eliminava a distância entre nós. — Está no
contrato, Raissa. Assim como eu sou apenas seu — completou, enfatizando bem a última frase,
fazendo-me corar. — E sim, é totalmente possível, já que você é minha noiva.
Jesus! O homem realmente queria me matar. Ainda pediu para eu não me apaixonar?
Como não?
— Havia me esquecido disso — disse, em um fio de voz, ao mesmo tempo em que desviei
o olhar, voltando-o para os biquínis.
— São coisas que não devem ser esquecidas — disse, autoritário, em seguida, as mãos
dele estavam sobre as minhas. — Você entende?
— S-sim — respondi, ele mediu-me com o olhar e afastou-se um pouco.
— Vou enviar a proposta que alteramos e poderemos ir — avisou. — Arrume-se, caso
contrário não vamos sair do quarto.
Alexander se virou e foi em direção à mesa, suspirei profundo e decidi me concentrar em
algo que não fosse a intensidade daquele homem.
Passei a próxima hora me arrumando. Tomei banho e escolhi um dos biquínis, junto com a
saída de praia. Alexander desligou o notebook e veio pouco depois, acompanhando-me.
Como já era quase noite, mantive os cabelos soltos e não me preocupei com prendedores,
já que era inviável entrar no mar uma hora dessas, então, fiz uma maquiagem leve e aproveitei
para checar uma última vez no espelho.
— Está pronta? — Alexander perguntou, atraindo o meu olhar para ele.
— Sim, estou. — Dei um pequeno sorriso. — Aonde iremos?
— Pensei na praia privativa do hotel — sugeriu.
— O que acha de voltarmos àquela praia? — perguntei, mesmo que hesitante. Sentia a
necessidade de estar lá mais uma vez.
Alexander congelou, era visível a surpresa em seu olhar.
— Por quê? — perguntou, impassível.
— Que graça teria quando não terá ninguém? — perguntei, escondendo o verdadeiro
motivo de meu pedido. — Eu prefiro ir àquela praia.
— Tudo bem. — Ele balançou a cabeça positivamente. — Ainda temos a possibilidade de
nos verem juntos e manter a minha avó por dentro de como estamos.
— Ótimo, vamos — respondi, sem saber ao certo se Alexander estava sendo sincero, ou se
enganado sobre o real motivo de concordar tão facilmente.
Não fazia ideia se era proposital, mas Alexander me levou pelo mesmo caminho que
fizemos no passado. Estacionou o carro na rua de trás, então seguimos caminhando em silêncio e
de mãos dadas até a praia. Aquele momento foi totalmente nostálgico.
Suspirei tentando controlar o coração, que estava em descompasso.
Haviam se passado oito anos, desde que estive aqui nesse lugar. E por mais que em alguns
momentos eu me senti tentada, nunca me atrevi a voltar. No fundo, não queria me decepcionar,
pois tinha ciência de que a chance de o reencontrar era uma em um milhão.
Mas aqui estávamos nós.
— Tudo bem? — Alexander perguntou, atraindo a minha atenção para ele.
— Sim — respondi, incentivando-o a voltar a andar. Então, caminhamos para o mesmo
lugar que estivemos no passado.
Tudo estava exatamente da mesma forma. E eu não fazia ideia se era pelo fato de ser terça-
feira, ou de ser quase 20h, mas o lugar se encontrava praticamente vazio.
Alexander se sentou na areia, incentivando-me a fazer o mesmo. Eu me sentei ao seu lado,
por um momento, não dissemos nada.
A verdade era que eu sabia o que aquilo significava para mim, mas não fazia ideia do que
poderia significar para ele. Apenas olhei para a vista do mar e aproveitei aquele silêncio.
Alguns minutos se passaram sem qualquer palavra dita, foi quando arrisquei olhar para
Alexander, que permanecia da mesma forma. Ele parecia perdido em seus próprios pensamentos.
Sem querer quebrar o momento, voltei a atenção para o mar.
— Naquele dia... — Alexander começou, atraindo a minha atenção. Por que me passou um
número errado?
Medi-o com o olhar. Curiosamente, ele parecia interessado naquela resposta, por isso
decidi não a dar de imediato.
— Você cheirava a problema — respondi, fazendo com que ele desse uma gargalhada
daquelas que me desconcertava.
Voltei a olhar para o mar, enquanto um sorriso brincava em meus lábios.
De repente, Alexander veio para cima de mim, induzindo-me a deitar na areia. Os olhos
intensos, o sorriso cafajeste e as mãos apertando a minha cintura, mantendo-me presa a ele,
fizeram-me suspirar profundamente.
— Ah, aposto que ainda cheiro — sussurrou, próximo ao lóbulo da minha orelha. Aquilo
fez com que um arrepio percorresse todo o meu corpo. Então, os olhos dele vieram de encontro
aos meus.
— Definitivamente — respondi em um fio de voz. Alexander se inclinou e deu uma leve
mordida em meu lábio inferior, em seguida, voltou a sua atenção para mim.
— É sério, eu realmente quero saber — pediu, com aqueles mesmos olhos intensos. Quis
perguntar o motivo de sua curiosidade, mas antes que eu fizesse isso ele voltou a falar. — Foi
algo tão insignificante para você?
Aquela pergunta fez com que eu arqueasse as sobrancelhas. Era isso que ele pensava?
— Não, não foi isso — neguei de pronto. — Mesmo que eu não soubesse que era você,
falei sério quando confessei aquela vez que aquela pessoa tornou tudo melhor para mim. Você
me salvou de um dia ruim, Alexander.
— Por que fez isso então? — questionou, parecendo ainda mais confuso.
— Havia acabado de pegar o meu namorado na cama com outra, foi um relacionamento de
quase três anos. Eu estava magoada... Não queria me envolver com ninguém naquele momento
— expliquei, sendo completamente sincera.
— Você precisava de tempo — concluiu, balancei a cabeça em concordância.
— Acho que eu te contei naquela época. Foi uma traição dupla, não só Matheus, mas
Alana era minha melhor amiga. — Alexander assentiu.
— Sim, você disse que acabou com eles. — A boca dele se curvou em um sorriso, foi
inevitável não o acompanhar na risada quando ele parecia lembrar exatamente das palavras que
eu usei.
Se tinha algo que eu me orgulhava, era da forma que reagi ao pegá-los juntos.
Naquele momento, enquanto nosso sorriso se dissipava, eu vi a oportunidade perfeita para
perguntar aquilo que já havia se passado em minha cabeça depois de saber que Alexander foi o
cara.
— E você, por que foi tão gentil e se preocupou em me fazer bem, quando não é capaz de
se importar?
Alexander não respondeu de imediato, a pergunta certamente o pegou desprevenido.
— Foi exatamente por isso — respondeu alguns instantes depois. — Você queria se
mostrar forte, riu comigo, quando, na verdade, eu sabia que queria apenas chorar. Eu quis cuidar
de você, por entender completamente a sua dor.
— Por entender a minha dor? — perguntei, querendo entender o significado daquelas
palavras, mas me arrependi no instante em que senti ele se fechar completamente.
Com a mesma velocidade que veio para cima de mim, ele saiu. Achei que se levantaria,
mas apenas se sentou novamente, dobrando os joelhos e apoiando as mãos sobre eles. Então,
suspirou.
— Não é algo que eu queira falar — avisou, com a atenção no mar. Balancei a cabeça em
positivo e voltei a me sentar ao seu lado.
Observei-o enquanto parecia distante.
— Eu me arrependi — confessei, atraindo sua atenção para mim. — Me arrependi de ter
fugido, de não ter me dado a chance de conhecê-lo melhor.
— Por que se arrependeu?
— Porque em todos esses anos, nunca encontrei um cara que tenha feito tanto por mim em
tão pouco tempo, nunca encontrei um cara que tivesse tido uma conexão tão gostosa.
— Por isso não ficou com ninguém? — perguntou, assimilando aquela informação.
— Sim. — Fui sincera.
A verdade era que eu havia idealizado tanto aquele momento que todas as minhas
tentativas se tornaram frustradas. Simplesmente porque ninguém era ele.
— Raissa... — Seu tom era de aviso, e eu sabia que estava muito perto de afastá-lo
novamente se continuasse a ser tão sincera.
— Não se preocupe, Alexander, eu sei muito bem até que ponto o meu coração pode
gostar de alguém que não é capaz de corresponder — falei, mesmo suspeitando que Alexander
apenas não havia caído em si ainda, sobre a importância dele para mim.
Eu sentia que aquele homem já se importava demais. Mas ele não sabia, então, não era
algo que eu poderia deixar transparecer.
— Eu só estou dizendo que talvez eu devesse ter aproveitado aquela época, os últimos três
dias que eu estive aqui — menti.
A verdade era que sim, no fundo, eu tinha esperanças de que tudo pudesse ter sido
diferente, caso nos encontrássemos naquela época.
Alexander havia desviado os olhos dos meus, estava olhando para a frente, ainda com os
braços apoiados sobre os joelhos. Eu não disse mais nada, apenas esperei que ele pudesse falar
algo.
— Me dar o número errado foi a sua melhor escolha — sussurrou, alguns minutos depois.
— Por que diz isso?
— Eu teria destroçado você, acredite em mim. — Ele foi tão sincero, que, por um
momento, me vi sem palavras.
Tentei não me apegar a elas, eu não sabia do passado. E, para mim, o que importava era o
presente.
— E agora, Alexander? — perguntei, atraindo a atenção dele mais uma vez para mim. —
O que você quer?
— Tudo, menos machucar você. — Sua sinceridade fez o meu coração disparar. — É por
isso que tenho tentado ser o mais sincero sempre.
— Ah, claro... — Deixei aquelas palavras no ar, abstendo-me apenas a isso a fim de não
dizer algo que pudesse o assustar.
Alexander dizia que não era capaz de corresponder, mas o que estávamos fazendo nesse
momento? O que ele achava que isso significava?
Por quanto tempo mais ele insistiria em se enganar?
Porque para mim, estava a cada dia mais claro que, inconscientemente, ele estava
correspondendo cada vez mais aos meus sentimentos e a mim.
CAPÍTULO 36
Não sabia explicar ao certo o que Raissa fazia comigo.
Um sentimento novo me atormentava sempre que estava em sua presença.
Eu quero dar tudo a ela, mesmo quando não deveria. Quero protegê-la de tudo e de todos.
Inclusive de mim.
Era por isso que eu seguia mostrando-a, sempre que possível, que tudo era um acordo.
Raissa deveria controlar qualquer sentimento, pois eu não seria capaz de corresponder.
Não da forma que ela precisava, muito menos da forma que ela merecia.
Eu não queria magoá-la. Mas, no fundo, sabia que em algum momento aconteceria. Porque
eu fui egoísta o suficiente para trazê-la para a minha vida, mesmo quando eu não deveria.
Deus! Eu não deveria fazer muitas coisas, mas, ainda assim, quando se tratava de Raissa,
eu seguia fazendo. Inclusive, estar com ela em um local que poderia conter tanto significado.
Mais uma vez, eu não deveria.
Olhei para o lado, notando que Raissa continuava olhando em direção ao mar, perdida em
seus pensamentos. Não gostava do rumo que as coisas tinham ido, não gostava de como ela
ficara após as minhas últimas palavras. Queria a sentir mais do que qualquer coisa e isso me fez
ser egoísta mais uma vez.
Levei minha mão até ela, atraindo a sua atenção para mim. Então, puxei-a para que se
sentasse em meu colo. Raissa não protestou, pelo contrário, ela se inclinou e levou a mão em
meu rosto, em seguida, me beijou com fervor. Abracei-a completamente e retribuí o beijo,
sentido que aquela mulher precisava me sentir tanto quanto eu precisava dela.
Deslizei minha mão pelo seu corpo e apertei forte a bunda gostosa, fazendo com que ela
interrompesse o beijo, com um gemido contido nos lábios.
Raissa era simplesmente incrível.
Impaciente, agitei o quadril para senti-la melhor. Meus lábios começaram a descer pelo
pescoço, explorando-o lentamente.
— Alexander... — gemeu meu nome de forma tão manhosa que atingiu diretamente o meu
pau, fazendo-o pulsar, à medida que a sentia por completo, através do tecido de seu biquíni.
Desesperado por mais, interrompi o beijo devasso e passei o olhar pelo ambiente. Não
havia mais ninguém e onde estávamos, certamente não havia tanta possibilidade de sermos
flagrados.
Mas aquela pequena possibilidade, fez-me recuar.
Não poderia a expor dessa forma. Não quando eu sabia que seria o suficiente para uma
grande matéria. Eu não dava a mínima para as notícias a meu respeito, contudo, agora envolvia
Raissa.
Meus olhos se voltaram para ela, que assim como eu estava com a respiração irregular.
— Vamos voltar para o hotel — disse, os olhos fixos nela, enquanto minhas mãos seguiam
a apertando contra mim. — Eu quero muito você, mas não aqui, não dessa forma.
Raissa pareceu cogitar por um momento, passando os olhos pela praia, então, seu olhar
voltou para mim.
— Você tem razão.
Minhas mãos lentamente subiram pelo corpo pequeno, parando em sua nuca. Em seguida,
a puxei para mim mais uma vez, deixando um beijo intenso. As ações que eu tinha perto dela
eram muitas vezes estranhas para mim, sentia como se minha guarda em alguns momentos
estivesse abaixando mais do que deveria.
E eu não sabia se gostava disso.
Encerrei o beijo e busquei o seu olhar. Suspirei ao encontrá-lo, então disse:
— Devemos ir. Podemos voltar depois.
— Eu estou feliz com o tempo que ficamos. — Ela sorriu. — Vamos voltar para o hotel.
Ah, como eu disse. Ela era incrível.

O caminho de volta para o hotel pareceu uma eternidade. E quando chegamos, estacionei o
carro na entrada e deixei a chave com um dos manobristas.
Então, entrelacei as nossas mãos e a guiei pelo hall do hotel, com apenas um destino em
mente.
O nosso quarto.
— Alexander, até que enfim. — Aquela voz tão familiar me fez parar abruptamente. Virei-
me, incrédulo, à medida que o filho da puta se aproximava.
Não conseguia acreditar naquilo que estava à minha frente. E, sinceramente, pensei em
ignorar, mas eu o conhecia muito bem para saber que era perda de tempo. Portanto, decidi
esperar que Rodolfo parasse a minha frente.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, de forma ríspida.
— Vocês estão aqui voltando ao passado. Como poderiam fazer isso sem mim, já que
também faço parte disso? — Rodolfo cuspiu aquelas palavras
— Rodolfo — disse em tom de aviso.
— O que quer dizer com isso, Rodolfo? — Raissa perguntou, confusa, e eu entrei em
desespero com a possibilidade de o filho da puta falar demais.
— Ele está apenas fazendo o que faz de melhor, me irritar — falei, sério, tentando não
transparecer o quanto aquilo me afetou.
— Talvez, sim. Talvez não. — Rodolfo voltou a falar, sem esconder o deboche.
Sem perder tempo, tirei o cartão do quarto do bolso e me virei para Raissa.
— Pode me esperar lá em cima? Vou conversar com ele e prometo te explicar — pedi,
autoritário.
Raissa me mediu com o olhar e, em seguida, balançou a cabeça em concordância. Em
seguida, pegou o cartão de acesso em minha mão. Senti-me o pior cara do mundo, por usar a
minha autoridade para a convencê-la a fazer aquilo que eu queria, mas não poderia deixar que
Rodolfo fizesse aquilo, não poderia deixar que ela descobrisse qualquer coisa sobre o passado,
não daquela forma.
— Obrigado — agradeci-a.
— Até mais, boneca — Rodolfo despediu-se, Raissa se virou, ignorando-o, e foi em
direção ao elevador.
Sem dizer uma palavra, fui até a recepção e pedi à garota que estava atendendo, a chave da
sala privada que havia naquele andar. Depois que ela me entregou caminhei em direção a ela,
sentindo que Rodolfo me acompanhava com um sorriso nos lábios.
Quando chegamos em frente à sala, eu a abri. Dei espaço para que Rodolfo entrasse,
quando o fez, fechei a porta atrás de nós, então, me virei em direção a ele.
— O que pensa que está fazendo? Está a vigiando? Realmente está fazendo isso? —
perguntei, sem esconder o quanto estava puto.
Não havia outra explicação para tantas coincidências. Tanto na sorveteria, quanto nesse
momento.
— Estou animando as coisas — respondeu, ignorando as minhas perguntas, apenas me
confirmando que era exatamente o que estava fazendo.
De volta ao jogo, era como agíamos após escolher a garota.
— Animando? Se ela desiste por suas insinuações e a minha avó descobre o que estou
fazendo, eu perco a empresa e os hotéis. Tem noção disso? — perguntei, totalmente puto com o
jogo que o filho da puta estava fazendo.
— Tem certeza de que é por isso que está assim? — questionou, fazendo meu coração
estranhamente entrar em descompasso.
— O quê?
— Você sabe que sua avó te ama demais para tirar a empresa de você, nem sequer
precisaria desse contrato ou da Raissa. E eu sei que você é totalmente ciente disso. Então eu te
pergunto, você tem certeza de que é por isso?
Hesitei por um momento.
— É claro que é por isso.
— Vai me dizer que não se importa que aquela boneca descubra toda a sujeira que fizemos
no passado? Não está com medo de que ela saiba o quão baixo você já foi? — Aquelas perguntas
me fizeram vacilar.
Porra, o que Rodolfo estava fazendo?
— Não estou.
— Ótimo, então eu vou contar tudo. — Rodolfo fez menção de voltar para o hall do hotel,
aquela possibilidade me tirou do eixo.
Em um rompante, o agarrei pela gola da camisa e o prendi na parede.
— Não fode com a porra do meu juízo, cara — rosnei.
— O quê? Está com medo de que Raissa fique tão decepcionada que me procure para
consolá-la? — indagou, aquilo foi o suficiente para testar todo e qualquer limite que eu tinha.
Eu queria muito socar a cara dele.
Mas me segurei.
— Você não vai contar nada — avisei, firme, em um tom tão autoritário que o
desconcertou. — Pelos anos de amizade, eu vou te deixar ir. Mas não se aproxime de mim ou de
Raissa, senão juro que usarei tudo o que você sabe que eu tenho para pará-lo sem hesitar —
ameacei-o. — Você me conhece bem e sabe do que sou capaz.
— Você realmente se apaixonou por ela. — Aquelas palavras saíram da boca dele em um
fio de voz, como se nem ele acreditasse naquela loucura.
Um aperto se formou em meu peito.
Mas que porra... Isso não era amor... eu só não queria que ela conhecesse essa parte de
mim... não queria magoá-la.
— Você... Não sabe de nada — rosnei, entredentes, e o larguei, então me virei caminhando
para fora, antes que o idiota falasse qualquer outra merda.
— Veja os sinais, Alexander, você se apaixonou e no final ela vai acabar com você. —
Ouvi o apelo dele um pouco distante.
Decidi ignorá-lo e fui para o mais longe possível daquele imbecil.
Não, Raissa não acabaria comigo. Na verdade, temia que fosse eu, quem acabaria com ela
com toda a bagagem suja que carregava.
CAPÍTULO 37
Suspirei profundo ao parar em frente à porta do quarto. Minha cabeça estava uma bagunça,
pensando na melhor possibilidade para me esquivar das perguntas que eu sabia que viriam no
momento em que me deparasse com Raissa.
Sem querer prolongar a tortura, levei a mão à campainha e a toquei, então, esperei até que
em um rompante a porta se abriu, revelando os olhos sérios em minha direção.
Em um completo silêncio, Raissa me deu espaço para entrar.
E como poucas vezes na vida, eu estava hesitante, sentindo-me perdido por não ter o
controle da situação.
Passei por Raissa e caminhei pelo quarto, ao passo que fechou a porta atrás de nós.
Quando ela se virou para mim, mantive-me em silêncio, esperando para ter a dimensão de como
seria a reação daquela que foi capaz de me atormentar ainda mais, apenas com um olhar.
— Pode me explicar o que exatamente aconteceu há oito anos?
— Não vamos voltar ao passado, Raissa, não tem nada de bom lá — pedi, sério,
suplicando aos céus que ela deixasse esse assunto para lá.
— Você prometeu — enfatizou, fazendo com que eu me odiasse.
Raissa veio para o quarto sem questionar nada, exatamente pela minha promessa. Ela
confiou que daria as respostas, e que tipo de cara seria se não dissesse nada?
— O que você quer saber? — perguntei, sondando o que se passava em sua cabeça.
Eu não queria mentir, mas se pudesse omitir o início de tudo, eu faria.
— Quero que me conte o que está acontecendo entre você e Rodolfo, quero saber o que ele
quis dizer com: “eu faço parte disso”.
— Ele quer me tirar do sério, Raissa, exatamente por eu não concordar que ele tenha você
e, dessa vez, foi longe demais com isso.
— Esse cara ainda segue com essa ideia de que vocês dois possam me dividir? —
perguntou, arqueando as duas sobrancelhas. — Por que isso? Por que essa insistência em algo
que eu nunca concordaria?
Suspirei profundo, decidindo exatamente o que eu contaria a ela. Raissa merecia saber a
verdade para entender o motivo de Rodolfo ser tão insistente ou, pelo menos, parte dela.
— Não era apenas isso — comecei, sincero. — Nós tínhamos um esquema, dividíamos as
mulheres, mas elas não sabiam que tínhamos ciência de que estavam trepando com os dois —
expliquei, fazendo-a franzir as sobrancelhas.
— O que exatamente vocês faziam?
— Eu já fiz muitas coisas, muitas coisas das quais me arrependo amargamente, coisas que
não me orgulho, mas não tenho como mudar. Fazem parte do meu passado.
— O que vocês faziam, Alexander? — ela repetiu a pergunta, incisiva.
Desviei o meu olhar, sentia-me incapaz de confessar, tendo o peso do seu olhar sobre mim.
— Nós escolhíamos uma mulher e a seduzíamos individualmente, então começávamos a
criar situações para nos encontrar por coincidência. — Dei um sorriso amargo. — Pelo menos,
era isso que elas pensavam, que elas estavam fodidas com a infeliz coincidência de ter nós dois
no mesmo ambiente.
— Ah, meu Deus! — disse, em sobressalto. — Está me dizendo que quando Rodolfo
apareceu correndo próximo à sorveteria não foi coincidência?
— Não foi, ele certamente já estava observando você e montou todo aquele cenário,
querendo se aproximar de você para iniciar essa merda.
— Por isso você estava tão nervoso — concluiu, foi quando me arrisquei a olhá-la.
— Sim, porque eu disse a ele que não faríamos isso. Eu nunca quis, Raissa, que ele se
aproximasse.
— Eu sei... — Suspirou. — Então, esse é o motivo que o fez começar a provocar você
daquela forma.
— Sim, é o que ele tem feito desde que pôs os olhos em você.
— Por que Rodolfo está fazendo isso? Se você disse que não quer fazer isso...
— Porque ele me quer de volta em tudo isso — interrompi-a. — Mas eu parei... parei há
muitos anos.
— O que mais vocês faziam? — Sua pergunta me fez vacilar.
Eu queria ser sincero, ela precisava disso, mas não estava disposto a contar tudo, tinham
coisas que ela não deveria saber, nunca.
— Nós começávamos a brincar em meio a essas coincidências. Sabíamos de tudo, mas elas
pensavam que não, então começávamos a armar situações onde elas sentiam que poderiam ser
descobertas pela sujeira de estar com dois caras ao mesmo tempo, usávamos isso para deixá-las
completamente loucas.
Raissa cruzou os braços e me mediu com o olhar. Ela prendeu a boca, enquanto lágrimas
brilhavam em seus olhos. Desviei o meu olhar para o nada, sem dizer uma palavra. Queria a
deixar assimilar o que eu acabara de contar.
— Era um jogo sujo e psicológico — concluiu, a voz contida.
— Isso.
Naquele instante, sentia que era um peso que estava tirando do peito. Pelo menos, parte
dele.
— Como vocês as escolhiam? — Raissa perguntou, fazendo o meu corpo enrijecer. Eu não
poderia contá-la.
Raissa era esperta, se eu a contasse sacaria que sim, nós chegamos a cogitá-la para esse
jogo. E isso não era algo que eu queria que descobrisse. Não queria que descobrisse o quão perto
estivemos de jogar com ela, não suportaria que suspeitasse que fora uma opção.
— Alexander? — indagou, tirando-me do estado de torpor.
— Me pergunte outra coisa, Raissa, isso não é algo que eu queira relembrar — pedi, sério.
— Eu preciso saber, só assim eu vou entender você. Eu quero saber tudo. — A voz saiu
alterada. Senti que precisava recuar urgentemente.
Foi quando eu me afastei. Virei-me e caminhei pelo quarto em direção ao frigobar, em
busca de uma garrafa de uísque.
— Não há nada que eu possa te dizer em relação a isso — respondi, à medida que ouvia
seus passos em minha direção.
— Realmente não vai me contar? Por quê? — perguntou, parando um pouco distante,
fazendo-me suspirar.
— Porque não é relevante para que entenda a situação — respondi ao passo que pensava
em uma saída.
Peguei um copo e servi uma dose.
— Para mim é! — insistiu. — Como eu posso entendê-lo, se não me contar os motivos?
— Eu já te contei — fui firme. Então, a senti se aproximar de mim.
— Não, você está escondendo as coisas, não está me contando tudo.
— Estou te contando o suficiente para que entenda por que Rodolfo tem nos atormentado
tanto. — Virei-me na direção dela.
— Mas não está me contando o motivo de ele ser tão insistente comigo, tem que ter um
motivo por trás da forma que escolhiam as mulheres — disse e suspirou. — Já que faz anos que
não fazem isso, por que agora? Por que eu?
— Porque o Rodolfo é assim, ele percebeu o meu interesse e tudo se tornou mais
interessante. — Esquivei-me. — Mas não tem que se preocupar, ele não vai mais nos incomodar.
Não, eu não poderia contar a Raissa sobre isso. O que significaria para ela entender que
anos atrás, eu cogitei fazer isso com ela? Não, eu não queria que ela pensasse que tudo havia sido
um jogo. Porque não foi.
— O que de tão ruim vocês faziam para escolher, que não possa me contar? — ela
perguntou, denunciando que a porra da minha esquiva apenas a instigou a querer saber mais.
Levei o copo à boca e bebi um pouco, tentando ganhar tempo.
Agradeci quando o barulho do celular tocando me salvou de respondê-la. Peguei-a e olhei
na tela constatando que era Rodolfo. Suspirei profundo e atendi, com os olhos fixos em Raissa.
— Precisamos ter uma conversa decente — Rodolfo falou depois de alguns instantes de
silêncio.
— Onde você está? — perguntei, sério, sabendo que talvez aquele fosse o meu único
refúgio no momento.
— No bar do hotel.
— Estarei aí em cinco minutos — respondi e, sem esperar resposta, encerrei a ligação.
Desviei o olhar de Raissa e passei por ela, fui até o móvel do quarto e peguei um dos
cartões de acesso para a porta. Então, segui em direção à porta
— Alexander! — ela chamou a minha atenção.
A decepção era evidente em sua voz, mas eu simplesmente não poderia. Não poderia ver o
quanto eu já a estava a magoando nesse momento.
— Essa conversa não vai nos levar a nada, Raissa, preciso resolver algo e espero que esteja
mais calma quando voltar.
Ao dizer aquelas palavras, saí do quarto sem esperar qualquer resposta. Sentia-me um
grande filho da puta por deixá-la no meio de uma conversa, porém, seria melhor do que me
tornar o filho da puta que se aproximou dela em um momento tão frágil para destruí-la.
Fiz o caminho até o bar do hotel com a cabeça a mil, tentando achar uma saída que não
magoasse aquela mulher. Ela era preciosa demais, não podia deixar que tais informações
arruinassem uma memória tão especial.
Agradeci quando notei que o bar estava vazio. Rodolfo estava sentado em uma das
banquetas do bar, sozinho. Caminhei na direção dele, pronto para acabar de vez com qualquer
palhaçada que ele tentasse fazer.
— Uma dose de Macallan puro, por favor — pedi ao barman, ao mesmo tempo em que me
sentava na banqueta ao lado de Rodolfo.
— Certo, chefe — o barman respondeu e de pronto se virou para preparar a bebida.
Suspirei, sem saber o que esperar a seguir, então, virei-me para Rodolfo, que olhava para
frente, e bebia uma dose de uísque, totalmente perdido nos próprios pensamentos.
— O que você quer? — perguntei, atraindo sua atenção
Rodolfo me mediu com o olhar, alguns instantes depois sua atenção foi para o nada mais
uma vez, enquanto bebia um pouco mais.
— Quando você me pediu para buscar as informações sobre a Raissa, eu me senti eufórico.
O pensamento de que estaríamos juntos mais uma vez, fez com que eu começasse a buscar as
informações naquela mesma noite. — Rodolfo começou a falar, depositando o copo sobre a
bancada. Passei os olhos mais uma vez pelo bar, confirmando que realmente estávamos sozinhos
ali. Então, ele voltou a chamar a minha atenção. — Quando me pediu ajuda para barrar o
empréstimo que Raissa pediu no banco da minha família, a fim de deixá-la sem escapatória, eu
jurava que você estava de volta ao jogo, que nós estávamos — seguiu, fazendo-me enrijecer
completamente. — Você me deixou acreditar que sim, pois precisava da minha ajuda e sabia que
eu não ajudaria se não fosse do meu interesse.
— Aonde quer chegar, Rodolfo? — perguntei, tentando cortar aquele assunto.
Sabia muito bem a que ponto cheguei para conseguir aquilo que queria. Tinha noção de
que apesar de não querer jogar, não neguei isso de imediato para Rodolfo, porque eu precisava
dele.
Ele estava certo.
Mas, dessa vez, eu não me orgulhava nem um pouco disso. Na verdade, fazia eu me sentir
o pior cara do mundo. Reconhecer que sim, eu o usei.
— O que eu quero dizer com isso, Alexander, é que você conseguiu o que queria de mim
e, simplesmente, me tirou de jogada. Eu percebi você me deixando por fora de tudo aos poucos...
— A atenção dele foi para mim, sério. — E te achei um grande filho da puta por me tirar do jogo
depois de conseguir o que queria. — Assenti e esperei que continuasse. — Então, decidi que
seria mais filho da puta ainda com você.
O barman se aproximou, colocando a minha bebida sobre o balcão, fazendo com que
interrompêssemos o assunto.
— Por favor, traga a garrafa para mim — pedi antes que se retirasse.
— Claro, em um minuto, senhor — o barman respondeu. Suspirei e levei o copo à boca.
Rapidamente, meu pedido foi atendido. Dei um aceno com a cabeça e o rapaz se retirou,
deixando-nos a sós mais uma vez.
Minha atenção foi para Rodolfo, que apenas aguardava para continuar.
— Apesar disso, mesmo achando tudo totalmente uma furada, se tivesse sido sincero, eu
teria me afastado — disse por fim, pegando a garrafa de uísque a fim de completar copo. — Mas
ao invés disso se esquivou de mim, ao invés de admitir a que ponto seus sentimentos tinham
chegado, você apenas me dava respostas vagas.
— Não é isso. Eu só não quero machucá-la.
— Por que não? — questionou.
Tomei mais uma dose de uísque, em seguida voltei a atenção para ele.
— Apenas porque não quero.
Como eu explicar algo que para mim era tão inexplicável?
— Qual é, Alexander, vai mentir para você mesmo até quando? Você gosta dela. —
Aquela afirmação me apavorou. No fundo, porque eu já estava caindo em mim que era verdade.
— Você nunca se deixou levar tanto, nunca se envolveu tanto.
— É só que... Eu não posso. Em um ano isso vai acabar. Tem que acabar
— Não se esqueça de que todas caíram, Alexander, todas. — Ele foi firme.
— Mas ela não.
— Eu não estava tentando conquistá-la, não enquanto estivéssemos fora do jogo. Até o
momento, estava apenas confrontando você — falou, fazendo-me suspirar mais uma vez.
Era tudo tão complicado e, talvez, uma conversa sincera pudesse ter evitado muito. Mas
como eu poderia?
— Eu pensei que você faria com ela o que eu fiz com a Nathalia — confessei o meu maior
medo de tê-lo perto de Raissa. Senti-o enrijecer o corpo.
Por um momento, o silêncio se fez presente. Segui bebendo, apenas esperando que ele
falasse alguma coisa.
— Eu não faria isso com você — Rodolfo finalmente falou. Eu o olhei de forma
interrogativa.
— Você ameaçou contar tudo a ela meia hora atrás.
— Porque naquele instante suspeitei que você realmente gostava dela, quis tirar a prova de
até que ponto chegaria para esconder dela o que fazíamos. — Ele olhou para mim. — Apenas
não esqueça de como foi oito anos atrás... Raissa é assim também.
— Não, ela não é — respondi sem hesitar, ele balançou a cabeça em negativa. — Eu... —
interrompi a fala. E bebi um pouco de uísque.
De fato, eu deveria deixá-lo saber que queria a encontrar de novo, mesmo quando sabia
que ela não seria um alvo?
Raissa nunca foi um alvo de verdade.
— Sou eu quem não a merece — por fim concluí. Ele balançou a cabeça em negativa.
— Mulher nenhuma vale essa consideração, meu amigo, nem mesmo ela. Mas eu vou me
afastar. Não porque você me ameaçou, mas porque apesar de não dever, e mesmo que não
admita, você se apaixonou — Rodolfo falou, sério. Mais uma vez, ele parecia distante, como se
estivesse encaixando tudo em sua cabeça.
— Rodolfo, eu hoje n...
— Pensando bem em como tudo aconteceu depois dela... — interrompeu-me, ao passo que
batia os dedos no balcão. — Sinto que você se apaixonou há oito anos e isso te faz apenas mais
fodido. — Balançou a cabeça em negativa, enquanto a ficha parecia cair. — Porra, você não vai
aguentar, Alexander.
Dessa vez, eu não o rebati. Não adiantava, no fundo, eu sabia que ele estava
completamente certo.
— Queria conseguir liberá-la desse contrato. — Dei um sorriso amargo. — Mas sou
incapaz e eu não sei o que vou fazer quando o tempo acabar.
— Não tenho o que falar quanto a isso, você sabe o que penso — rebateu, firme, eu
assenti.
Se havia algo que eu e Rodolfo compartilhamos há muitos, muitos anos era exatamente
que esse tal amor era pura ilusão.
— Eu sei... — Peguei a garrafa para completar o meu copo. — Por ora, apenas me faça
companhia para mais algumas bebidas, porque eu não sei como vou lidar com a bagunça que
tudo se tornou por sua causa.
CAPÍTULO 38
No momento em que a compreensão sobre a gravidade do que Alexander e Rodolfo faziam
foi chegando, minha garganta apertou. O coração estava descontrolado, pois eu vi o pavor em
seu olhar diante do meu questionamento.
E tive a certeza de que era pior do que imaginava, no instante em que ele virou as costas e
me deixou ali, sozinha.
Parecia que o mundo estava desabando em minha frente, sabia que ele não era perfeito,
mas não esperava que me confessasse algo assim. Lágrimas invadiram os meus olhos enquanto
fazia o possível para não julgar algo que ele fez anos atrás, isso estava no passado e ele,
claramente, se arrependia, eu pude ver na sua expressão e confissão.
Mas era difícil, sujo demais.
Chorei pelo que acabara de acontecer, pelo que descobri e, principalmente, por Alexander
se negar a me contar tudo. Eu não queria acreditar que o homem que eu já estava tão envolvida,
tivesse sido capaz de algo sujo como isso.
E nesse lapso, enquanto as lágrimas caíam, eu peguei a minha mala e a coloquei sobre a
cama, fui ao banheiro pegar as minhas coisas e comecei a guardar tudo, queria ir para longe,
longe de tudo.
Mas, porra, eu não poderia.
Afastei-me da mala e baguncei os cabelos, então, comecei a andar de um lado para o outro,
eu precisava pensar. Minha cabeça maluca e o meu coração traidor, queriam muito acreditar que
ele realmente mudou, que se arrependia de seus atos, que não se orgulhava. Queria acreditar
naquelas palavras.
Desde que ele tivesse se arrependido verdadeiramente, o passado não importava. Eu não
poderia partir ainda, não sem tentar conversar mais uma vez, não sem tentar fazê-lo se abrir
comigo.
Eu queria acreditar.
Queria acreditar, pois sabia que confessar algo tão sujo do seu passado deveria ter sido
difícil.
Talvez, Alexander precisasse apenas de um tempo.
Agarrei-me nessa possibilidade e decidi que o esperaria voltar para tentar mais uma vez,
antes de tomar uma decisão precipitada. Era algo que fazia parte de mim, pensar e depois agir.
— Mas que droga, Alexander — murmurei, a voz embargada.
Fui mais uma vez em direção à mala, peguei o necessário para um banho e fui para o
banheiro.
Deixei a água cair por um tempo incalculável, enquanto pensava em tudo que Alexander
me mostrara até o momento, tudo o que passamos, tudo o que estávamos criando.
Depois de um tempo, resolvi desligar o chuveiro e me secar, vesti meu pijama e fui para
cama. Aquelas palavras de Alexander ficaram indo e vindo em minha mente por um longo
tempo. Eu queria o esperar acordada para conversar, mas, em algum momento, eu fui vencida
pelo cansaço emocional e o sono.
Despertei com o barulho da porta se fechando, mas não me movi. Permaneci em silêncio,
decidida que conversar pela manhã seria melhor. Então, eu permaneci quieta, como se estivesse
dormindo.
Senti o corpo de Alexander cair pesadamente sobre a cama. Pelo tempo, havia deitado sem
nem mesmo se preocupar em trocar de roupa.
Não me movi. Apenas senti, à medida que se acomodava ao meu lado.
— Raissa — Alexander chamou, a voz visivelmente abalada. A surpresa foi tanta, que não
fui capaz de dizer nada.
Foi então que senti as mãos fortes dele virem ao encontro da minha cintura, em um
movimento rápido, me puxou em sua direção.
— O que está fazendo? — perguntei, tentando sair dos braços dele, indignada por sua
audácia de se aproximar daquela forma, quando me deixou sozinha para encontrar alguém sem
pensar duas vezes.
Ele não me soltou, apertou-me ainda mais forte.
— Eu... eu... sei que eu não a mereço, Raissa, mas sou incapaz de deixá-la ir —
resmungou.
Isso fez com que eu me debatesse nos braços dele e me virasse de frente, encarando-o, ao
mesmo tempo em que franzia as sobrancelhas.
— O quanto você bebeu? — perguntei, mesmo sabendo o óbvio.
Era muito. O cheiro do álcool e a voz arrastada estavam visíveis.
— Não desista de mim — falou por fim, e o coração traidor saltou para fora.
Cada palavra que saía de sua boca estava me afetando. Aquela fragilidade, estava me
tocando profundamente. E sentia que não poderia deixar que se safasse assim.
Fazendo uma força maior, consegui sair de seus braços.
— Raissa. — Ele voltou a resmungar quando me afastei.
Ignorando-o eu caminhei até o interruptor e acendi a luz.
Alexander levou as duas mãos no rosto, cobrindo-o completamente, então, deu mais
alguns resmungos, como uma criança. Eu não deveria, mas ri de seu protesto.
Balançando a cabeça em negativa, caminhei até parar de frente para a cama.
— Vem — falei e me inclinei para puxá-lo. Alexander abriu os olhos, mais uma vez, e
senti seus olhos brilharem ao me olhar.
Deus! Era difícil, muito difícil quando ele parecia tão vulnerável.
Alexander pegou a minha mão e trouxe o corpo para mim, sentando-se na borda da cama.
Então, antes que eu pudesse incentivá-lo a se levantar, suas mãos deixaram as minhas e
circularam a minha cintura. Ele me abraçou fortemente e apoiou a cabeça em minha barriga.
Essa era uma visão que eu não estava acostumada. Chegava a ser engraçado vê-lo como
uma grande criança, quando era sempre um homem sério e autoritário.
Eu me permiti rir de sua atitude, ciente de que, provavelmente, não se lembraria disso,
então levei a mão em seu cabelo e o acariciei por um momento.
Estava apaixonada por ele, tanto que estava me sentindo frágil. Sem querer prolongar o
sentimento, deixei os seus cabelos e levei as minhas mãos sobre as dele, afastando-o com
dificuldade.
— Não... por favor — pediu.
— Apenas venha, Alexander, amanhã, conversamos.
Ele se levantou e o apoiei em mim, levando-o para o banheiro. Com dificuldade, coloquei-
o dentro do boxe e o sentei no chão. Em seguida afastei-me um pouco e liguei a água gelada,
deixando-a cair sobre ele.
Eu me diverti perante aos protestos do homem. Alexander se levantou alguns instantes
depois e logo me fez provar do meu próprio veneno. Puxou-me para perto com tudo, enquanto a
água fria caía sobre nós. Abraçando-me, como se precisasse disso mais do que qualquer coisa.
A que ponto eu havia chegado?
O homem havia me deixado sozinha, enchido a cara e aqui estava eu, cuidando dele.
Ajudei-o a tirar a roupa e, depois do banho o ajudei a se trocar. Então, levei-o de volta para
cama.
Alexander ainda não estava em si, mas sua calma era perceptível. Dormiu com facilidade,
dormi um pouco depois, enquanto meus pensamentos assimilavam o estado que ele havia
chegado e as palavras que proferira para mim.
Estava ainda mais claro que ele também sentia algo forte por mim. A questão era, o que
faríamos em relação a isso, levando em consideração a nossa atual situação?
Foi o pensamento que tomou conta, até eu finalmente adormecer.
Acordei cedo no dia seguinte e me levantei. Liguei na recepção e pedi uma garrafa de café
bem forte, um kit para ressaca e uma refeição completa para o café da manhã.
Servi a mesa e tomei o meu café da manhã. Quando terminei, Alexander ainda não havia
acordado. Eu olhei em direção à cama, para o olhar por um momento.
Estava decidindo se o acordava, ou esperava um pouco mais, quando ele finalmente
começou a se mexer na cama. Não perdi tempo ao ver que ele estava acordando.
Peguei o comprimido do kit e um copo com água, em seguida fui em direção à cama no
momento em que ele se sentava na cama meio desnorteado, ao passo que parecia assimilar tudo
que aconteceu.
Então, seus olhos encontraram os meus. E eu pude ter o prazer de vê-lo congelar. Isso me
deu confiança para seguir em sua direção e agir como deveria.
Em silêncio, peguei um copo de água, um comprimido para ressaca e fui em direção à
cama, estendendo-os em sua direção.
— Bom dia, Alexander, estava esperando que acordasse para que pudéssemos conversar.
— Bom dia — respondeu em um fio de voz e aceitou o copo.
Sem questionar, pegou o comprimido da minha mão e o tomou, segui observando-o com
atenção.
— Me desculpe por ontem — voltou a falar, por fim.
— Pelo que, exatamente? Por sair e me deixar aqui... Ou por chegar tão bêbado quase fora
de si? — perguntei e arqueei as sobrancelhas.
Sem esperar uma resposta, virei-me e fui em direção à mesa esperando que ele tivesse
alguma reação.
— Raissa — Alexander chamou.
Peguei uma xícara e servi uma boa quantidade de café. Só então eu me virei, encontrando-
o com os olhos na minha mala pronta e, estrategicamente, colocada ali. Seus olhos desviaram da
mala e vieram em minha direção, ao passo que caminhava em sua direção.
— Pela forma que me deixou aqui ontem, teve sorte de me encontrar quando voltou —
falei, séria, à medida que me aproximava. — Eu resolvi te dar mais uma chance de me contar a
verdade, mas se não o fizer, eu vou embora hoje mesmo. — Estendi a xícara de café para ele. —
Isso vai ajudar.
Alexander pegou a xícara de café e a encarou por um momento. Senti que estava
apreciando o meu gesto.
— Vamos apenas deixar esse assunto para lá — suplicou.
Eu balancei a cabeça em negativa, não estava disposta a ceder, não depois da forma que
me deixou ontem.
— Preciso entender os seus motivos, Alexander, para isso preciso que me conte o que
preciso saber — falei, observando-o tomar um gole do café — Vou esperar que tome tudo. —
Apontei na direção da xícara. — Então, realmente espero que possamos conversar.
Não esperei que respondesse, afastei-me e fui para o banheiro. Precisava dar um tempo
para que ele assimilasse a minha imposição, ao mesmo tempo, tentava me recompor.
Estava me preparando para voltar quando vi o reflexo de Alexander através do espelho.
Suspirei com aqueles olhos perdidos em minha direção. Naquele momento, eu soube que, talvez,
meu pedido fosse demais. Mas, ainda assim, eu queria saber até que ponto ele faria por mim.
— Não quero magoá-la, são coisas que aconteceram há tanto tempo — sussurrou.
— Não vai. Sei que isso é o seu passado, não muda o agora... — Tentei tranquilizá-lo com
os olhos fixos nos dele pelo espelho. — Apenas preciso entender por que Rodolfo está tão
obcecado por mim.
— Ele não está mais — respondeu, fazendo-me virar para encará-lo. Não precisei dizer
nada, depois de um suspiro profundo, Alexander se rendeu. — Tudo bem, eu vou te contar, mas
vamos sair do banheiro antes. — Ele tentou me tocar, eu esquivei. Senti como se tivesse cravado
uma faca em seu peito naquele instante, aquilo fez meu coração saltar. — Não me afaste, por
favor.
— Eu não vou. — Levei a minha mão na dele e as entrelacei. Então, meus olhos foram ao
encontro dos dele.
Foi difícil manter apenas aquele toque. Não só para mim, eu senti nos olhos dele, na
respiração, o quanto queria mais. Mas não poderia me render assim, então, desviei os meus olhos
e o incentivei a sair do banheiro.
Caminhamos daquela forma até o quarto, sem querer perder tempo, ou correr o risco de
cair em tentação, soltei a sua mão e me virei para ficar de frente para ele.
— O que quer saber? — perguntou, fazendo-me cruzar os braços.
Ele sabia, sabia muito bem.
— Como vocês as escolhiam? — Repeti aquela pergunta que causou tudo.
— Raissa... — suplicou.
— Eu mereço essa resposta, Alexander. — Mantive-me firme.
— A nossa principal regra era que a mulher fosse comprometida. Tivesse namorado ou
marido.
— Nossa! — exclamei, enquanto assimilava aquela informação. — Vocês não só
brincavam com o psicológico, também ferravam o relacionamento delas.
— A escolha era sempre delas, mas sim — pontuou, sério.
— Escolhiam mesmo? — perguntei e arqueei as sobrancelhas. — Aposto que um de vocês
marcava em cima delas até... — interrompi minha fala no momento em que a minha ficha caiu
sobre aquilo, de repente, o motivo de ele estar tão relutante em me contar ficou claro como a
neve.
Meu estômago revirou, ao mesmo tempo em que o olhei com puro horror. E como se
soubesse exatamente para onde meus pensamentos foram, tentou se aproximar, mas eu dei dois
passos para trás.
— Raissa... — Sua voz era hesitante.
— Vocês me escolheram há oito anos — concluí, enquanto lágrimas invadiam os meus
olhos. — É por isso que Rodolfo estava insistente, você o contou sobre mim.
— Eu nunca quis jogar com você, Raissa, nem naquele dia, nem hoje.
— Mas vocês me escolheram — insisti.
— Sim, nós escolhemos — confessou.
— Como isso aconteceu?
— Nós havíamos te visto com o seu namorado e grupo de amigos, dois dias antes naquela
mesma boate.
— Mas ele poderia não ser meu namorado — falei, incrédula.
— Rodolfo esbarrou em uma das suas amigas quando ela foi ao banheiro e confirmou que
você era comprometida — explicou.
— Meu... Deus... — falei, pausadamente, enquanto assimilava a forma que agiam.
— Meus planos mudaram no momento em que você me contou o que aconteceu naquele
dia. Aquilo na praia foi real, a única coisa que eu queria era te ver bem. — Seu tom era
desesperado.
Aquilo era algo insano para mim. Todo o medo de Alexander ao me ver perto de Rodolfo,
nesse momento fazia total sentido. Não era apenas pelo fato de ele querer me conquistar, era
também porque não queria que eu descobrisse aquela sujeira.
— Por quê? — perguntei, em busca de entendê-lo, ao passo que lágrimas invadiam o meu
rosto sem permissão.
— Eu não sei, eu... queria te ver sorrir. O que te contei ontem na praia, foi real também, eu
não menti. — Alexander tentou se aproximar, eu recuei mais uma vez. — Tenho tentado ser o
mais sincero possível com você, quanto a tudo.
— Você disse que me destroçaria naquela época. — Lembrei-me com perfeição das
palavras que eu insisti em ignorar ontem.
— Porque eu era assim, mas hoje não penso assim, não mais.
Apesar das suas palavras, senti que precisava de espaço, estava tudo muito sufocante, eu
não o queria perto, precisava pensar em tudo.
— Isso é muito para mim, Alexander, eu preciso assimilar sozinha.
— Raissa — chamou-me, em súplica. — Você disse que não me afastaria.
— Eu só preciso pensar, por favor, me deixe ir — pedi, enquanto o olhar desesperado
aumentava. Ele cerrou os punhos e apesar da vontade de vir até mim estampada, permaneceu no
mesmo lugar.
Virei-me e fui em direção ao móvel do quarto. Peguei o cartão de acesso e fui em direção à
porta. Eu a abri e estava prestes a sair, quando a voz de Alexander em puro desespero voltou a
pairar pelo ambiente.
— Eu parei há oito anos, Raissa, parei com esse jogo por sua causa.
CAPÍTULO 39
Aquelas palavras me fizeram congelar por um instante.
Ele parou por mim?
Virei-me e o encontrei no mesmo lugar. Alexander lentamente começou a caminhar em
minha direção.
— Não — disse, firme, fazendo com que parasse no lugar.
Provavelmente, ele havia pensado que aquelas palavras seriam o suficiente para me fazer
ficar.
E, Deus, quase foram.
— Você não tem que...
— Por quê? — interrompi-o.
— Eu não sei, eu só... — Alexander deixou as palavras no ar e suspirou, ao mesmo tempo
em que jogava as mãos para o ar. Ele não era capaz de responder.
Mas, ainda assim, tive a confirmação de que sim, fui tão importante para ele há oito anos,
quanto ele foi para mim. Apesar de não conseguir expressar verbalmente, eu podia sentir no seu
olhar e em cada ação.
Alexander não conseguia admitir isso. Algum dia seria capaz?
Balancei a minha cabeça em negativa e desviei o meu olhar, incapaz de seguir o olhando.
— Eu preciso disso — disse e saí, fechando a porta sem dar tempo de resposta.
Caminhei em direção ao elevador e enquanto aguardava, levei a mão ao rosto, limpando as
lágrimas que haviam caído há pouco. Quando a porta se abriu, entrei e selecionei o hall do hotel.
Antes que as portas se fechassem, subi o meu olhar, encontrando Alexander na porta do quarto,
observando-me até que as portas se fecharam.
Só então consegui soltar o ar que prendi quando o vi.
Eu queria ficar, quase fiquei.
Mas precisava pensar em tudo, reorganizar os pensamentos, antes de terminar aquela
conversa, antes de tomar qualquer decisão.
Quando o elevador abriu, eu saí e parei para decidir o que faria. Estava longe de casa e não
tinha muito onde ir. Não queria ficar pelo hotel, queria distância de tudo.
Enquanto eu pensava, meus olhos foram para a portaria, encontrando o mesmo rapaz
responsável por liberar o carro para nós ontem. Foi quando eu resolvi aproveitar dos benefícios
de ser a noiva de Alexander.
Caminhei em direção à portaria e parei na frente do rapaz.
— Bom dia. — Forcei um sorriso, o rapaz prontamente retribuiu.
— Bom dia, senhorita, em que posso ajudá-la? — perguntou, gentil.
— Eu preciso do carro.
— Claro, aguarde só um instante e eu o trarei para você — respondeu, então, sem deixar
de sorrir se afastou, seguindo na mesma direção de ontem.
Um suspiro escapou dos meus lábios no instante em que o vi tirar o celular do bolso, ao
passo que ia em direção ao estacionamento. Claro, obviamente estava me delatando para
Alexander.
Decidi aguardar por longos minutos. E pela demora, estava quase me dando por vencida de
que isso não seria possível, mas para a minha surpresa, o vi saindo do estacionamento com o
mesmo carro.
O rapaz saiu do carro e caminhou em minha direção.
— Senhorita, aqui estão as chaves — falou e a estendeu para mim. Depois que eu a peguei,
o rapaz colocou a mão no bolso e tirou um cartão de visitas, entregando-me também. — Pode me
ligar se precisar, eu estarei à sua disposição.
— Obrigada — respondi e o medi com o olhar. O rapaz me deu um aceno com a cabeça e
se afastou. Só então, fui em direção ao carro.
Quando me sentei no banco do motorista compreendi o motivo de sua demora. O meu
celular estava no apoio, juntamente com uma quantia de dinheiro considerável e a minha bolsa,
onde estavam os meus documentos.
Senti-me balançada por sua atitude, senti-me cuidada. E, porra, eu estava sensível, pois
aquilo foi o suficiente para fazer meus olhos merejarem.
Como Alexander poderia dizer que não era capaz de se importar? Do que ele tinha tanto
medo? O que o fez ser assim?
Foram perguntas que invadiram a minha mente de uma só vez. Olhei para o lado,
constatado que o rapaz ainda me olhava atentamente. Disposta a seguir coloquei o cinto de
segurança e dei partida no carro.
Segui dirigindo sem rumo pela cidade, enquanto organizava os meus pensamentos. Era
muita coisa em jogo, mas o principal, o que o meu coração gritava era: tudo estava no passado.
Sim, eles me escolheram, mas não era intenção de Alexander jogar comigo.
Eu acreditava nessa afirmação. Talvez a minha mente fosse insana demais, mas conseguia
ver a sinceridade de Alexander em cada ação. Não poderia negar que ele afastou o Rodolfo desde
o início, e apesar de suas palavras mostrarem que ele não podia corresponder a mim, suas
atitudes foram contrárias.
Ele seguia correspondendo a cada ato, seguia me respeitando e me mostrando que se
importava, mesmo quando dizia que não era capaz. E depois de ontem, as palavras enquanto
estava fora de si, mostraram-me que eu estava certa quanto a isso.
O que eu precisava realmente ponderar era: Eu conseguiria lidar com isso? Conseguiria
esperar até que ele conseguisse se abrir? Conseguiria suportar caso Alexander decidisse partir ao
final de um ano?
Ele disse que não era capaz de me deixar ir. Eu deveria me apegar a isso?
Foram perguntas que me atormentaram durante todo o dia. Eu parei para almoçar em um
restaurante e de tardezinha, liguei o GPS indo em direção à praia.
Fui exatamente para o mesmo lugar, permiti-me sorrir ao pensar que aquele estava se
tornando o nosso lugar. E não sabia se deveria, mas era o lugar que eu mais gostava.
Não fazia ideia de quanto tempo fiquei ali, olhando para o mar e pensando em tudo.
Aquele tempo, era necessário para mim, para Alexander também. Eu não tinha ideia de como
tudo seria quando eu voltasse para o quarto.
Em meio a esses devaneios, senti a presença inconfundível daquele homem próximo a
mim. Meu coração entrou em descompasso, não precisava nem mesmo olhar para saber que era
ele quem estava se sentando ao meu lado naquele instante.
Por um momento, nada foi dito. Eu nem mesmo me atrevi a olhar em sua direção, apenas
permaneci olhando para o mar e as ondas que se formavam à nossa frente.
— Depois de oito anos, nós estamos aqui mais uma vez — Alexander falou, sério. — Mas
agora, sou eu a pessoa quem está a magoando.
Ouvi aquelas palavras em silêncio, não fui capaz de respondê-las de imediato, apenas me
permiti refletir. Já não estava brava com aquilo que descobri, após uma longa reflexão sobre
tudo, decidi deixar tudo onde deveria ficar: no passado.
Afinal, as suas atitudes, até o momento, me mostravam que ele realmente se arrependeu. E
minha mente insana, apenas queria se apegar ao fato de que se não tivesse feito essa escolha no
passado, nós não teríamos chegado ao ponto em que estávamos no momento.
Aquele dia não teria acontecido e se eu não tivesse o conhecido exatamente da forma que
foi, a dor por tudo que aconteceu seria maior.
— Esse era o motivo de não querer te contar... — ele voltou a falar, a voz contida. — Eu
não queria magoar você.
Aquelas palavras aqueceram o meu coração. Era muito visível como Alexander tentou
esconder tudo de mim com todas as forças. Mas apesar disso, eu permaneci impassível quando o
olhei.
— Mesmo sabendo de tudo isso... — comecei, séria. — Eu não mudaria nada do que
aconteceu há oito anos.
Senti o alívio em seu olhar no momento em que aquelas palavras saíram da minha boca.
Ele permaneceu com o olhar fixo em mim, enquanto assimilava aquilo que eu estava
confessando.
Apesar de tudo, eu não tinha arrependimentos.
— Eu também — Alexander respondeu, aquela mesma intensidade de sempre. Dessa vez,
fui eu quem suspirou. Observei-o desviar o olhar para o mar. — É por isso que não vou me
desculpar por minhas escolhas, porque elas me levaram até você.
Senti meu coração vacilar com aquela confissão.
— E o que isso significa para você? — perguntei, em um fio de voz.
Permiti-me observá-lo enquanto aguardava sua resposta. Seu olhar estava distante. Ele
apertou os lábios e balançou a cabeça positivamente.
— A cura. — Surpreendeu-me mais uma vez. — A consciência do quão errado eu estava
naquela época... — Seus olhos voltaram para mim. — Eu não me perdoaria nunca se tivesse
machucado você de alguma forma.
Apenas assenti em compreensão ao ouvi-lo. Então, foi a minha vez de desviar o meu olhar
para a frente. Comecei a ponderar tudo o que aconteceu até o momento, inclusive, o contrato
proposto a mim.
— Alexander... — chamei-o, atraindo sua atenção para mim. — Esse contrato e os
motivos pelos quais me propôs aquilo são realmente aqueles? — perguntei, hesitante, notando
sua expressão ficar mais séria.
Senti como se aquela pergunta necessitasse que ele estivesse de volta ao controle.
— Sim, eu queria juntar o útil ao agradável. O acidente realmente foi uma coincidência —
respondeu, firme.
Senti meu coração despencar com a expectativa de que ele talvez pudesse admitir que os
seus motivos fossem outros. Porque depois de tudo, eu tinha esperança de que fossem.
— Entendi. — Balancei a cabeça em concordância. Então, meu olhar foi ao seu encontro.
— E o que veio fazer aqui?
— Vim buscar você — respondeu, os olhos fixos aos meus.
— Colocou alguém para me vigiar? — Arqueei as sobrancelhas, percebendo que ele estar
ali, foi realmente algo deliberado.
— Não vou me sentir mal por cuidar do que é meu.
— Eu não sou sua.
— Já tivemos essa conversa antes — respondeu, sério, com o olhar se fixando ao mar mais
uma vez. — Sempre vou cuidar de você, quer queira, ou não.
— No período de um ano — afirmei, tentando buscar qualquer sinal de mudança.
Alexander deixou um suspiro escapar dos lábios, ao mesmo tempo em que bagunçou os
cabelos, então, os olhos intensos estavam sobre mim. Tive que me segurar para não demonstrar o
quanto a sua reação me deixou satisfeita.
Era esse tipo de atitude que me fazia querer lutar por ele, por nós.
— Devemos ir, já consegui resolver tudo o que precisava.
Alexander se levantou e parou à minha frente, em seguida estendeu a mão em minha
direção.
— Voltaremos ainda hoje? — perguntei, ao passo que pegava sua mão, pondo-me de pé.
— Sim, acho que é o melhor.
Balancei a cabeça em concordância, enquanto o media com o olhar.
Alexander estava certo, aliás, mais uma vez me mostrou que estava pensando em mim.
Pois poderia prolongar a viagem, mas ao invés disso, estava me levando para o lugar onde eu
realmente me sentiria em casa.

O motorista de Alexander estava nos esperando no momento em que pousamos no Rio.


Observei-o guardar as nossas malas, à medida que me acomodava no carro.
— Fernando, nos leve para a casa da minha noiva — Alexander pediu, em seguida entrou
no carro, acomodando-se de frente para mim.
Mordi o lábio e o medi com o olhar, mas quando tive sua atenção em mim, desviei a
atenção para a janela, sentindo um aperto estranho no coração.
Depois daquela loucura, poderia dizer que estávamos bem, porém, mantivemos certa
distância durante todo o voo. E no momento, eu me sentia perdida demais para reagir.
— Raissa. — A voz de Alexander me tirou do estado de torpor, só então percebi que já
estávamos na rua do meu apartamento. — Não podemos mais adiar conhecer a sua família,
temos que informar seus pais sobre o casamento.
Seu tom era sério, a postura rígida.
Naquele momento, eu soube que aquela leveza durante a viagem havia ficado de lado,
Alexander tinha voltado ao seu modo autoritário de sempre.
— Sim, nós temos que fazer isso.
Balancei a cabeça em concordância, ciente de que independentemente de qualquer coisa, o
casamento aconteceria em breve.
— Consegue programar para irmos no final de semana?
— Hum... provavelmente sim. Vou ligar para os meus pais e avisá-los.
— Ótimo!
Antes que eu pudesse falar qualquer coisa, a voz do motorista interrompeu-nos, avisando
que havíamos chegado. Alexander abriu a porta, e esperou que eu saísse. Quando coloquei os pés
fora do carro, meu coração entrou em descompasso.
Eu estava de volta à realidade.
Por um momento, havia me esquecido do quão problemático tudo estava. Nem mesmo tive
a oportunidade de sondar com Alexander quando seria depositado o valor em minha conta.
O pavor tomou conta com a possibilidade daqueles caras estarem por aqui. Meus olhos
vasculharam com precisão toda a área. Não poderia correr o risco de ser abordada por eles na
presença de Alexander.
— Vamos? — A voz de Alexander me fez dar um pulo, assustada. Olhei em direção a ele,
vendo-o com a minha mala na mão. — Está tudo bem?
Ignorando a sua pergunta, levei a mão em direção à mala e tentei a pegar, mas não foi
possível.
— Eu agradeço, mas... você não precisa... Eu... Posso levar isso — falei, em desconcerto.
— Eu quero — respondeu, autoritário. — Vou te acompanhar até a porta do seu
apartamento.
— Você realmente... — interrompi a fala quando a mão livre se entrelaçou na minha em
um aperto firme. Então, seguiu me guiando em direção a portaria do prédio.
Meu coração estava quase saindo pela boca, enquanto meus olhos atentamente circulavam
o lugar. Deus! Eu só consegui respirar novamente no momento em que entramos no prédio. Foi
quando eu me senti segura por completo.
Alexander me acompanhou por todo o caminho em silêncio, aparentemente aéreo a minha
preocupação. Ele parou em frente à porta do apartamento e seu olhar foi para mim. Desviei o
olhar para pegar as minhas chaves e abrir a porta. Então, dei espaço para que entrasse.
Depois que passou por mim, caminhou para o centro da sala. Fechei a porta atrás de nós e
quando me virei, peguei seu olhar de forma interrogativa sobre mim.
— Você pareceu afoita quando chegamos aqui. Está acontecendo alguma coisa, Raissa? —
ele perguntou, denunciando que não estava tão aéreo quanto pensei.
— Não, não... está tudo bem — respondi, ao mesmo tempo em que fui em direção à janela
e a abri, buscando ar fresco.
O suspiro profundo de Alexander chamou a minha atenção.
— Eles não irão te incomodar mais, pode ficar tranquila quanto a isso. — A voz firme
pairou pelo ambiente me fazendo estremecer.
— D-do que você está falando? — perguntei, a voz entrecortada.
Em passos lentos, fui em direção a ele.
Alexander colocou as duas mãos no bolso e se apoiou na parte de trás do sofá, medindo-
me com o olhar. O olhar sério, fez-me estremecer mais uma vez.
— Achou mesmo que eu não saberia, Raissa?
— Ah, meu Deus. Eles foram até você? — perguntei, amaldiçoando-os por serem tão
baixos.
— Não, eu fui até eles. O meu pessoal foi nos últimos dias — respondeu e deu alguns
passos em minha direção. — Se precisava de ajuda, tinha que me falar.
— É o meu irmão, Alexander... Meu problema, não queria te meter nisso.
— Você deve me meter nisso — disse, incisivo. Então, levou a mão ao meu rosto. O
contato fez o meu coração palpitar, mesmo quando não deveria. — Por quê? Por que não veio até
mim e me pediu ajuda?
Sua atitude firme e aquelas palavras, desarmaram-me por completo. Senti que tudo o que
Alexander disse na praia sobre cuidar de mim era muito real. Eu não queria o meter nisso, mas,
naquele instante, me senti totalmente cuidada. E eu gostei disso, gostei muito mais do que
deveria.
— Não queria te incomodar com isso. Não tem nada a ver com você — sussurrei, tentando
desviar o olhar.
— Raissa — chamou, mantendo o meu olhar preso a ele. O sentimento que pairou sobre
mim em suas próximas palavras foi inexplicável. — Você é a única mulher que pode me
incomodar. Pode me pedir qualquer coisa, e a qualquer momento, e eu farei por você.
— Por quê?
— Porque você será a minha esposa, então, não hesite em me pedir ajuda. Preciso que me
prometa isso.
— Mas não é real, eu não serei realmente a sua esposa. Você não será a minha família.
— Eu estou deixando claro que você é a única mulher que pode me pedir qualquer coisa a
qualquer momento. O que mais você quer?
— Realmente não sabe? — questionei, sentindo seu olhar vacilar.
A compreensão do que eu queria, certamente estava chegando e isso fez com que ele
tentasse se afastar, mas não deixei. Levei as minhas mãos nas dele, fazendo com que
permanecêssemos ali.
— Eu não posso...
— Então, me mostre aqui e agora o que você pode me dar? — perguntei, em um fio de
voz, com os olhos fixos aos dele.
Sem pensar duas vezes, os lábios gostosos estavam nos meus. A língua buscou a minha
com necessidade, enquanto me explorava com uma paixão avassaladora.
As mãos desceram para a minha cintura e me puxaram em sua direção, aproveitei para
passar as mãos em volta do seu pescoço, deixando que todo o sentimento e necessidade que
estava guardando para mim tomasse conta.
E mesmo que Alexander dissesse o contrário, naquele momento eu me permiti acreditar
que sim, nós poderíamos ficar juntos nos termos dele. Mesmo que se negasse a admitir, eu sentia
em cada toque o quanto ele também estava entregue a mim.
Por ora, isso poderia ser o suficiente.
CAPÍTULO 40
Eu havia parado por causa dela.
Aquela confissão não surpreendeu apenas Raissa, podia dizer que me surpreendeu muito
mais. Algo que durante muito tempo me neguei a admitir, mas estava claro como a neve. Sempre
foi por causa dela.
Soube no instante em que a beijei com tanto fervor que deveria me afastar completamente.
Eu era um fodido, pois não havia nada que não faria por essa mulher.
O sentimento era novo, mas a compreensão veio em seguida. Então, era esse o amor que as
pessoas tanto falavam.
Sentir-se incapaz de viver sem a pessoa, sem os seus toques e o perfume doce.
Eu não era digno disso. Conhecia muito bem o final e, simplesmente, não poderia. Mas
sendo um filho da puta egoísta, eu me permiti aproveitar tudo o que ela me desse. Não poderia
contar como me sentia, mas poderia mostrar exatamente da forma que precisávamos.
Totalmente perdidos um no outro, nós tropeçamos pela sala e fomos em direção ao sofá,
ao passo que tirávamos a nossa roupa. Estávamos ansiosos, cheios de necessidade para nos
conectarmos mais uma vez.
— Ah! — Raissa deu um gritinho no momento em que a joguei no sofá, à medida que meu
corpo acompanhava o movimento.
Ela dobrou os joelhos e abriu as pernas, à medida que me acomodava no meio delas. Meus
beijos foram para o pescoço, enquanto os dedos deslizaram para a boceta gostosa.
Estremeci ao tocar a sua entrada e constatar que ela já estava pronta para mim. Meus olhos
foram ao encontro dos seus em pura admiração.
— Caralho — rosnei, deslizando os dedos por sua boceta, sentindo-a estremecer.
— Alexander, por favor... — ela gemeu, enviando sensações por todo o meu corpo.
Simplesmente adorava meu nome saindo da sua boca dessa forma.
— Eu quero ouvir de novo — pedi, intensificando os movimentos em seu clitóris.
— Alexander... — repetiu, fazendo-me gemer com ela. — Eu quero você agora.
Eu já estava fora de mim, aquelas palavras foram o suficiente para que eu lhe desse o que
queria. Sem perder tempo, posicionei-me e mergulhei profundamente, sentindo a boceta apertada
pulsar em meu pau.
Ah, céus! Como isso era bom.
Dobrei os seus joelhos e comecei a me movimentar de forma lenta e profunda, mantendo
os olhos fixos nos dela, deixando-a me consumir por completo com toda sua intensidade e
luxúria.
Raissa começou a se contorcer, em meio a expressões tão eróticas que estavam a ponto de
me enlouquecer. De repente, minha mão contornou o pescoço convidativo e o apertei de forma
suave, sentindo-a arrepiar-se por inteiro.
Os gemidos se tornaram incontroláveis, deixando-me muito perto de perder o controle da
situação. Arremeti-a com força, fodendo-a exatamente da forma que gostávamos.
Os sons de nosso corpo se chocando, os seios saltando em minha frente e os gemidos
gostosos, levaram-me muito próximo ao meu limite.
Eu estava perto, tão perto que estava difícil controlar.
— Sexy… para... caralho — disse em um urro desesperado. — Preciso que goze comigo.
E como se fosse apenas um comando que precisasse, senti-a cravar as unhas em minhas
costas em meio a um gemido sexy, seguido do apertar da sua boceta no meu pau.
Aquilo foi o suficiente para me fazer acompanhá-la no mesmo instante. O êxtase veio para
mim, no mesmo instante que para ela.
E, porra, era bom pra caralho sentir seu corpo pequeno desmanchar por completo embaixo
do meu.
Tirei a mão do pescoço, gostando mais do que devia da leve linha vermelha que se formou,
enquanto ela puxava o ar, tentando controlar a respiração.
— Isso foi demais — resfolegou. Então, os seus olhos abriram e foram de encontro aos
meus.
O sentimento foi tão profundo que me senti incapaz de manter o contato. Inclinei-me e
tomei os lábios macios em um beijo bruto, sem pudor, tomando para mim o que me era ofertado.
Agradeci aos céus por ser um filho da puta sortudo, por poder tê-la para mim, mesmo que apenas
por um período de tempo.
De repente, eu me afastei, assustado com a proporção que os pensamentos tomaram. Saí de
cima de Raissa e me sentei no sofá. Inclinei a cabeça para trás e fechei os olhos, tentando me
recompor.
Que porra eu estava fazendo?
Foi a pergunta que pairou em minha mente repetidamente, até senti-la sentar em meu colo,
ajeitando as pernas em volta de mim. Levantei a cabeça e a olhei por um longo momento. Raissa
me deu um sorriso e de forma involuntária levei as mãos em sua cintura, buscando mais contato.
Joguei a cabeça para trás mais uma vez, sem dizer uma palavra, senti-a acomodando-se em
meu peito. Incapaz de lutar contra qualquer explicação levei a mão em seu cabelo e me permiti o
acariciar.
Depois de um tempo incalculável, parei aquele movimento, ao mesmo tempo em que ela
levantava a cabeça e se afastava um pouco.
— Como você descobriu sobre os agiotas? — Raissa perguntou, fazendo-me abrir os
olhos, encontrando os seus fixos sobre mim.
— Quer mesmo falar disso agora? — perguntei e agitei um pouco o quadril, fazendo-a
soltar um gemido frustrado, o que me fez dar um sorriso.
— Sim, eu quero saber — insistiu.
— Dois caras estranhos te abordando mais de uma vez na porta do seu prédio? — Arqueei
a sobrancelha. — Na primeira vez, eu deixei passar. Na segunda, pedi que investigassem os
sujeitos.
De forma alguma, deixaria que aquilo continuasse a se repetir.
— Você está colocando alguém para me vigiar constantemente? — perguntou em meio a
um suspiro. — Já te falei que não pode fazer isso.
— Se eu não estivesse cuidando de você, você estaria toda enrolada com esses caras. Tem
noção de onde estava se metendo, Raissa? Meio milhão? Eu tive que barrar a transferência que
havia programado para sua conta, ou temia que acabasse dando tudo para aqueles filhos da puta.
— O quê? — questionou, assustada.
— Acha mesmo que iriam parar de chantageá-la quando oferecesse um valor tão alto? —
repreendi-a.
Não conseguia compreender como podia ser tão ingênua, quando costumava ser tão
inteligente com tudo.
— Foi por você — respondeu, a voz entrecortada, fazendo meu coração despencar. — Eu
não pensei, quando ameaçaram te contar, eu apenas fiz o que estava ao meu alcance para tentar te
manter longe.
— Nunca mais faça isso — pedi, autoritário. — Eu quero que me deixe ajudá-la, sempre.
Dessa vez, Raissa não discutiu. Balançou a cabeça em concordância enquanto me media
com o olhar.
— Como você resolveu com os caras? — perguntou, ao mesmo tempo em que levou as
mãos em meus cabelos, em seguida começou a acariciá-los. Era um movimento que geralmente
eu não permitia, mas dessa vez, apenas deixei que seguisse.
Tive que conter o sorriso, ao lembrar-me perfeitamente de tudo.
— Onde eles estão? — perguntei ao Marcelo, o chefe da segurança.
— Lá dentro, tivemos que amarrá-los para que nos dessem paz.
— Descobriu mais alguma coisa?
— Não, apenas o que te passei ao longo da semana.
Balancei a cabeça em concordância e caminhei em direção ao galpão, quando entrei,
encontrei-os com as mãos para trás, presos nas cadeiras.
— Seu filho da p...
— É melhor ter cuidado com o que fala — interrompi o capanga, a voz denotava o mais
puro aviso do quanto estava puto. — Acha que pode chantagear a minha noiva e sair impune?
— Nós cometemos um erro — Rick falou, apressado.
— Sim, vocês cometeram — fui firme. — Se fossem espertos, conhecendo minha forma de
resolver as coisas, jamais se atreveriam a sequer chegar perto de Raissa.
— Não vai se repetir.
— Não vai — avisei, puxei a cadeira de frente para eles e me sentei. — Vou falar
exatamente como vai funcionar: Meu pessoal vai lidar com a burocracia e passar a vocês o
valor que o irmão da Raissa deve, sem juros, e uma quantia considerável por aquele cassino de
merda que vocês têm. Esse dinheiro, vocês usarão para sumir dessa cidade com suas famílias,
não quero vê-los nunca mais, nem perto de Raissa ou do irmão dela.
— Acha mesmo que pode fazer isso? — Rick vociferou. Minha boca se curvou em um
sorriso.
— Não estou sendo claro o suficiente? — indaguei, ainda mais ameaçador. — Vocês vão
dar o fora, ou ao invés de dar a oportunidade de ir para longe, vou apenas fazer algumas
ligações e foder com tudo. Peguem a chance que estou dando de bom grado, caso contrário
aquele império que acham que tem irá por água abaixo.
— Parece que não temos outra escolha — o capanga sussurrou, Rick assentiu.
— Daremos um jeito — Rick falou, por fim, levantei-me e direcionei o olhar sério para os
dois.
— Vocês têm cerca de dois dias para desaparecer — avisei e, sem esperar aviso, fui em
direção à saída.
Encontrei Marcelo um pouco a frente, caminhei em direção a ele.
— Mostre-os o que pode acontecer se não fizerem o que pedi, ou cruzarem os limites. Vou
levar Raissa para fora da cidade para assegurar que eles não tentarão qualquer gracinha antes
de dar o fora. Avise-me quando a barra estiver limpa.
— Certo, chefe.
— Alexander? — Raissa chamou, tirando-me dos meus devaneios.
— Paguei os R$70.000 que o seu irmão devia — respondi, omitindo uma pequena parte.
— Eles aceitaram isso? — perguntou, incrédula.
— Não há chantagem no mundo que funcione comigo, Raissa. Eu poderia foder facilmente
com a vida deles, então foram espertos quando aceitaram a minha proposta.
— Você os ameaçou?
— O importante é que foi resolvido. — Ela me lançou um olhar desconfiado. Apertei as
minhas mãos sobre a cintura dela e me inclinei roçando a barba em seu pescoço, querendo
desviar o foco daquele assunto.
— Sim, hum... obrigada — agradeceu, fazendo-me voltar a atenção para ela.
— Como você está? Estamos realmente bem? — A pergunta que não deveria, escapou de
meus lábios, tentando identificar como Raissa se sentia naquele instante.
Raissa apertou o lábio inferior e mediu-me com o olhar.
— Sobre toda essa coisa do passado, e sobre nós... Há algo mais que eu deveria saber? —
perguntou, fazendo meu coração entrar em descompasso.
Eu deveria contar que sim, havia mais. Mas sabia que existia a possibilidade de Raissa não
suportar ouvir tal verdade. Sabia que as minhas ações para a conseguir eram muito piores do que
o que fiz no passado.
Então, eu não poderia.
Passei a mão em seus cabelos, um movimento involuntário enquanto organizava as minhas
ideias. Esse era um segredo imperdoável e por mais que doesse, tomei a decisão que julguei que
fosse melhor.
— Não, Raissa, não há mais nada — respondi, sério, detestando muito o que eu estava
fazendo. Queria acreditar que o que estava fazendo era por ela, mas, no fundo, sabia que estava
apenas sendo um filho da puta egoísta de novo.
Tive a certeza quando ela abriu um dos seus sorrisos mais lindos e disse:
— Então sim, estamos bem.
CAPÍTULO 41
— Conseguiu checar tudo o que mandei na quinta? — Alexander perguntou, chamando a
minha atenção para ele.
— Quase tudo. — Alexander me olhou brevemente, antes de voltar a atenção para o
trânsito. — Na segunda-feira decido o que falta e te mando o arquivo completo.
— Ótimo, quanto antes resolvermos todos esses detalhes, melhor.
Balancei a cabeça em concordância e desviei o olhar para a paisagem à nossa frente.
Nos últimos dois dias, fiquei por conta de revisar uma lista enorme de detalhes a verificar
sobre o casamento. Era gostoso e me senti tentada a pensar que tudo pudesse ser real em alguns
momento.
Mas não, não era.
— Seus pais já sabem? — perguntou, atraindo a minha atenção de volta.
— Sobre o casamento?
— Sobre nós.
— Eles devem imaginar que estou levando um namorado. Não quis entrar em detalhes,
pois como foi tudo tão de repente, achei melhor conversar pessoalmente.
— Sim, é melhor — respondeu, encerrando o assunto.
Voltei a minha atenção para a janela e me permiti olhar o trânsito, enquanto divagava em
meus pensamentos.
Alexander seguia me afastando sempre que as coisas pareciam intensas demais. Era
notável como estávamos cada vez mais conectados, estava claro que a viagem havia colaborado
muito para isso.
Porém, depois que foi embora naquela noite, conversou comigo apenas sobre os detalhes
do casamento, sempre dizendo que estava trabalhando demais pelo fato de ter ficado uma
semana e meia longe da empresa.
No fundo, eu sabia que era apenas uma desculpa para se manter distante. Isso fazia meu
coração despencar com a incerteza de ser sempre assim. Poderia num futuro, tudo ser diferente?
Tinha ciência de que deveria ser paciente, mas queria conhecer mais dele, que se abrisse
cada vez mais comigo. Mas ao invés disso, Alexander seguia dando um passo para trás sempre
que nos aproximávamos.
Era frustrante não saber o que realmente se passava na cabeça dele. Até quando poderia
suportar?
— Chegamos — Alexander falou, trazendo-me de volta à realidade.
Assustei-me ao perceber que fiquei mais tempo do que imaginara perdida em meus
pensamentos, pois estávamos parados na frente da casa dos meus pais.
— Maravilha — disse e desviei o olhar em sua direção. — Bom, se prepare, pois o meu
pai é tranquilo, mas a minha mãe...
Saí do carro deixando aquelas palavras no ar. Alexander logo veio de encontro a mim.
Entrelaçou as nossas mãos, fazendo com que eu tivesse que conter o sorriso que ameaçou se
formar em meus lábios ao notar o quão natural o gesto foi.
Tomei a iniciativa de ir em direção à porta, toquei a campainha e seguimos esperando, até
que minha mãe abriu a porta. Primeiro, os olhos dela foram para as nossas mãos, em seguida, o
sorriso se alargou enquanto analisava Alexander sem qualquer descrição.
O sorriso se formou em meus lábios quando os olhos dela encontraram os meus.
— Oi, mãe — disse e soltei a mão de Alexander para apresentá-los. — Mãe, esse é o
Alexander. Alexander, essa é a Sônia, minha mãe.
— Sônia, é um prazer finalmente conhecê-la — Alexander falou e saudou-a em um aperto
firme. Tive que segurar o riso quando, de repente, ela o puxou para um abraço.
— É um prazer conhecê-lo, meu filho, estou tão feliz que você e Rai finalmente se
acertaram — disse, fazendo meu coração descompassar.
Droga! Ela tinha que me entregar dessa forma?
— Finalmente nos acertamos? — Alexander arqueou a sobrancelha, à medida que se
afastava de minha mãe.
— Ah, isso é bobagem da cabeça dela — falei, ao passo que desviei o olhar e me
aproximei da minha mãe, puxando-a para um abraço. — O papai está em casa?
Em uma sincronia perfeita, meu pai apareceu atrás da mamãe com um sorriso enorme nos
lábios. Apressei-me em apresentar Alexander a ele, que não fez questão de esconder o quanto
estava satisfeito com o fato de eu, finalmente, levar alguém para apresentá-los.
— Vamos entrar — mamãe falou, nos dando espaço para entrar.
Então, fomos guiados pela casa até o pequeno jardim, onde nos acomodamos em uma
mesa no centro.
— Estamos curiosos para saber o que tem para nos contar, filha — minha mãe sondou,
enquanto nos sentávamos.
— O Vinícius já chegou? — perguntei, a fim de informar a todos juntos sobre o noivado.
— Não, mas ligou um pouco mais cedo e disse que já estava a caminho — respondeu e
desviou o olhar para Alexander. — Falando nisso, eu serei imensamente grata pelo que está
fazendo por ele, querido.
Franzi as sobrancelhas, confusa com as palavras da minha mãe.
— Não foi nada — Alexander respondeu, fazendo a minha cabeça girar.
— O que não foi nada? — questionei, semicerrando os olhos.
— Você não sabe? — papai perguntou, deixando-me ciente de que aparentemente eu era a
única por fora do assunto.
— Alexander está dando uma oportunidade ao Vinícius na área de administração na
empresa dele — minha mãe contou, animada. — Nosso garoto vai voltar para a faculdade e
estagiar com ele.
Meus olhos foram ao encontro de Alexander, sentindo meu coração se agitar ao tentar
compreender o motivo de sua atitude. De repente, senti as mãos grandes sobre as minhas, à
medida que um sorriso se formava em seus lábios. Senti-me presa em seus olhos intensos,
impassíveis, tentando compreender de fato como aconteceu.
Virei-me para os meus pais, intercalando o olhar entre eles.
— Por que não me contaram quando liguei? E como sabem que foi o Alexander?
— Vinícius nos contou quando ligou mais cedo — mamãe falou, enquanto meu pai foi
capaz apenas de fazer uma careta.
— Ah! — respondi enquanto assimilava aquela informação.
— Só espero que não passe a mão na cabeça dele, Alexander, assim como essas duas
fizeram a vida toda — meu pai o avisou.
— Não se preocupe, senhor Antônio, vou colocá-lo na linha — respondeu, firme, de forma
que me fez crer que sim, dessa vez Vinícius finalmente entraria na linha.
— Serei eternamente grato.
— Nós seremos — mamãe completou.
Meu olhar foi em direção ao Alexander, sem conseguir entender ao certo o sentimento que
me tomou. Era uma mistura de gratidão e admiração inexplicável.
Mais uma vez aquele homem estava fazendo as coisas para cuidar de mim, da minha
família. Isso me deixava ainda mais confusa sobre tudo.
Por que ele relutava tanto contra isso?
— O que foi, linda? — Alexander perguntou, tirando-me de meus devaneios. Demorei
alguns instantes para de fato voltar à realidade.
— Por que não me contou? — perguntei em um fio de voz.
— Me deixaria fazer isso se soubesse? — indagou, sério, fazendo minha boca se curvar
em uma careta.
— Nossa menina é orgulhosa demais — minha mãe respondeu, atraindo a nossa atenção.
— Certamente, não aceitaria — confessei. Então, voltei meu olhar para Alexander. — O
Vinicius sabe?
— Mais ou menos. Pedi que mantivesse segredo por enquanto — Alexander respondeu,
vago.
— Tudo bem.
— Ai, essa conversa entre códigos me mata! — minha mãe falou, arrancando de nós uma
gargalhada suave.
— Vamos esperar Vinícius chegar — informei, notando que ansiedade já era o sobrenome
dela.
— Você e essas manias — reclamou, fazendo-nos rir ainda mais. — Vou passar um café
para nós enquanto aguardamos.
Mamãe se levantou, observei-a antes de voltar a atenção para Alexander.
— Eu volto já — avisei, em seguida, levantei-me e fui em direção à cozinha, deixando que
meu pai e Alexander conversassem um pouco.
Estava pronta para perguntar a mamãe se precisava de ajuda quando a campainha tocou,
sorri para ela e fui direto para a porta, suspeitando que fosse meu irmão.
Dito e feito. Ao abrir a porta encontrei Vinícius com aquele sorriso de moleque, de forma
tão tranquila que eu quis dar uns tapas nele.
— Oi, maninha — falou e caminhou em minha direção, dando-me um abraço forte em
seguida.
Dar uns tapas nele. Que mentira!
Retribuí aquele abraço, só então me dei conta do quanto eu sentia sua falta. Ele podia ser
inconsequente e fazia muita merda, mas era meu irmão. Já fizemos muito um pelo outro durante
toda a vida.
— Como estamos, feioso? — perguntei, afastando-me.
— Me desculpe por todo o problema que causei — disse, visivelmente envergonhado.
— Só não me arrume outra dessa.
— Que nada! Agora não tem como — respondeu, de pronto, fazendo-me franzir as
sobrancelhas.
— Como assim?
— Você sabe. — O sorriso moleque brincou em seus lábios, então fui capaz de
compreender.
— Alexander — disse, ele balançou a cabeça em concordância.
— Ele está aí, não está? — perguntou, à medida que olhava para o corredor como se
buscasse confirmar.
— Sim, com os nossos pais.
— Vamos entrar — Vinicius falou e passou por mim.
Não me movi do lugar, apenas tentei assimilar aquilo. Toda aquela intimidade que não
deveria existir, aquela empolgação que se gerou ao confirmar que Alexander estava aqui. O que
eu estava perdendo?
— Você não vem? — Vinícius chamou a minha atenção. Fechei a porta e voltei a olhá-lo.
— Você conhece o Alexander?
— Como não? O cara é uma lenda. Não acredito que vocês realmente estão juntos —
Vinicius respondeu, permaneci imóvel e arqueei as sobrancelhas. Seu sorriso aumentou. —
Talvez ele tenha tido uma conversa amigável comigo.
Vinicius veio em minha direção e passou o braço em volta do meu pescoço, então
começou a me guiar pela casa, antes que eu pudesse voltar a questioná-lo.
— Onde todos estão? — perguntou quando não viu sinal de ninguém na sala.
— Sentados à mesa no jardim.
Quando chegamos, minha mãe já havia levado o café e estava servindo algumas
guloseimas à mesa. Vinícius me largou e cumprimentou os nossos pais, por último
cumprimentou Alexander com uma animação fora do comum, denunciando que realmente
tiveram uma boa conversa.
Sentei-me à mesa ao lado do Alexander e Vinícius se sentou à frente, ao lado dos nossos
pais. Começamos a conversar um pouco sobre o que Alexander propôs ao Vinícius, por isso tive
a confirmação de que eles se encontraram pessoalmente depois que voltamos de Búzios.
Alexander parecia empenhado em ajudar Vinícius, meu irmão estava animado com isso.
Não apenas eles, os meus pais também.
Isso foi realmente algo gentil da parte dele. Algo que fez meu coração acelerar ainda mais
e crer que ele se importava mais do que gostaria de admitir.

A conversa estava fluindo bem e a cada assunto abordado, mais nervosa eu ficava. Quando
minha mãe questionou mais uma vez, sobre o tal assunto misterioso, percebi que não tinha mais
como adiar.
Suspirei e me preparei para contar aos meus pais, o motivo da visita
— O que eu não havia contado a vocês até agora, é que eu e Alexander estamos noivos —
soltei de uma vez, fazendo com que meu pai e minha mãe arqueassem as sobrancelhas. Já
Vinícius apenas balançou a cabeça positivamente com um sorriso nos lábios, deixando-me ciente
de que ele já sabia dessa informação. — Mas não é isso que eu tenho para contar...
Deixei as palavras no ar, sentindo as mãos suarem. Involuntariamente, eu as esfreguei na
calça enquanto encontrava coragem para contar.
Meus pais eram tranquilos, mas essa notícia os pegaria totalmente de surpresa. Isso me
deixava um pouco ansiosa para descobrir qual seria a reação deles.
— Bem... — Voltei a falar. Então, senti a mão de Alexander sobre a minha, fazendo-me
olhar em sua direção.
— Senhor Antônio, dona Sônia. — Alexander tomou à frente. — Hoje eu vim aqui para
conhecê-los pessoalmente e pedir o consentimento para que eu e Raissa possamos nos casar em
três semanas.
— Uou! — Vinícius foi o primeiro a se manifestar. Meus pais estavam tão surpresos que
foram incapazes de reagir de imediato.
— Por que tão de repente, meninos? — meu pai perguntou, enquanto mamãe apenas
assimilava.
— Nós estamos muito certo do que queremos para nós, não vemos motivo para adiar o
inevitável — Alexander respondeu, firme.
— É isso, pai, somos adultos e estamos a cada dia mais presentes na vida do outro,
portanto, decidimos formalizar — completei, dando um pequeno sorriso. Meu pai sorriu e
assentiu.
Vinícius parecia se divertir ao olhar para a cara de minha mãe, que desviou sua atenção
para mim e me olhou fixamente, fazendo o meu coração acelerar ainda mais. E deixando-me
ainda mais nervosa, perguntou:
— Filha, nós podemos conversar a sós?
CAPÍTULO 42
— Raissa... — A voz de mamãe ressoou séria, à medida que fechava a porta atrás de nós.
Sentei-me na cama e desviei meu olhar para ela, que dava alguns passos em minha direção
acompanhada daquele olhar que eu conhecia muito bem.
O olhar que já vi muitas vezes em minha vida. Preocupação.
— Oi, mãe — respondi, observando-a sentar no espaço vazio ao meu lado.
Carinhosamente, levou a mão sobre a minha e as depositou em seu colo, minha boca se
curvou em um sorriso com aquele gesto.
— Eu disse que deveria arriscar se estava certa dos seus sentimentos, mas casamento,
filha? — perguntou, os olhos fixos aos meus.
— Sim, mãe. É o que eu quero — respondi, firme, sentindo seu olhar me estudar.
— Há quase um mês quando esteve aqui, estava tão confusa sobre vocês, por que estão
correndo para casar? Por acaso você está grávida? — perguntou, fazendo-me arquear as
sobrancelhas.
— O quê? — perguntei, surpresa. Ao notar que falava sério, balancei a cabeça em negativa
e sorri. — Não, eu não estou grávida. Eu estou apaixonada por ele, eu quero isso.
— Mas e o Alexander, querida, ama você? — perguntou, fazendo meu coração acelerar.
— Quando conversamos disse que ele não era capaz de amar, isso me preocupa, meu bem.
— Eu sei, mãe, mas a gente se acertou. Estamos apaixonados e certos quanto a isso.
O aperto nas minhas mãos se intensificou e mamãe não disse nada por um momento,
apenas pareceu perdida nos próprios pensamentos. Esperei, até que seu olhar se voltasse para
mim mais uma vez.
— Ele parece ser um bom homem... O que me tranquiliza é que consigo sentir a sintonia
de vocês quando se olham, consigo ver a preocupação dele ao querer tanto colocar Vinícius na
linha. — Ela fez uma pausa, mantendo os olhos fixos a mim, fazendo meu coração
descompassar. — Mas acho que estão correndo com algo que não deveriam. Casamento é coisa
séria.
— Eu sei que é rápido demais. É só que...
— Não irei me opor — interrompeu-me, pressionando minha mão com as dela, como se
tentasse me tranquilizar. — Nem eu, nem o seu pai. Sei que nossa opinião é importante, mas
vocês já têm idade o suficiente para decidir o que querem. E se acham que é o melhor, apenas
desejo felicidade. Só fico preocupada, pois está acontecendo rápido demais.
Minha boca se curvou em um sorriso, então, assenti.
— Não se preocupe, mãe, é o que queremos.
— Tudo bem, saiba que estarei aqui para o que precisar.
— Obrigada — respondi, tirando a minha mão das dela, em seguida me inclinei para
abraçá-la. Mamãe levou a mão aos meus cabelos e os acariciou.
Depois de alguns minutos naquele afago, resolvemos voltar para o jardim, encontrando o
meu pai, Vinícius e Alexander conversando tranquilamente. Quando perceberam a nossa
presença, o silêncio se instaurou, à medida que nos olharam de forma curiosa.
— O casamento será em três semanas, não é? — Minha mãe foi a primeira a quebrar o
silêncio, direcionando aquela pergunta ao Alexander, enquanto sentava-se ao lado do meu pai.
— Sim, dona Sônia — Alexander respondeu, sério, ao passo que eu me acomodava ao seu
lado. Poderia jurar que ele estava tenso.
Sorri e levei a mão sobre a dele.
— Esperaremos ansiosamente por isso. Se é o que querem, apoiaremos com toda a
felicidade — mamãe falou, por fim. Foi nesse exato momento que senti Alexander relaxar.
Foi algo realmente engraçado, afinal, não imaginei que a situação fosse afetá-lo de alguma
forma.
— Se estão certos disso, estaremos aqui para apoiar e ajudar no que precisar. — Dessa
vez, foi meu pai quem falou.
— Obrigada, mesmo — agradeci-os sem esconder o sorriso, feliz pelo apoio.
— Parabéns ao casal — Vinicius falou, atraindo nossa atenção. — Estou feliz com a
notícia e com o sobrinho que vem por aí.
— Idiota. — Revirei os olhos. — Eu não estou grávida.
— Obrigada por sanar a nossa dúvida — papai comentou com um sorriso brincando nos
lábios, foi o suficiente para ouvir a gargalhada gostosa vindo de Alexander e os demais.
Tentei não focar no quando sua risada me afetou e direcionei a atenção ao meu pai.
—Até você — falei, indignada.
— Me desculpe, querida, mas foi muito repentino. — Deu de ombros, de forma
despreocupada.
Estava prestes a protestar, quando senti Alexander me puxar em sua direção.
— Não vá brigar com eles — Alexander disse, um sorriso suave nos lábios.
— Ah, mas são realmente lindos — minha mãe comentou. Minha boca se curvou em uma
careta. — Agora com tudo esclarecido, nos contem, já começaram os preparativos do
casamento?
— Eu já adianto que se precisarem de alguém para administrar a grana... — Vinícius falou
com aquele sorriso moleque, fazendo-me suspirar.
— Não tem vergonha de brincar com isso não, garoto? — meu pai perguntou e eu apenas
ri.
Não, ele não tinha mesmo.
Passamos a tarde com muita descontração, enquanto contávamos um pouco sobre o que já
tínhamos acertado sobre o casamento, depois o assunto se voltou para como nos conhecemos, de
forma bem agradável.
Mais tarde, nós pedimos algumas pizzas, enquanto aguardávamos pegamos as nossas
malas no carro para guardá-las. Nós nos acomodamos no meu quarto, enquanto Alexander
parecia observar cada canto, reuni um par de roupas para tomar banho.
— Raissa — Alexander chamou a minha atenção antes que eu entrasse no banheiro.
— Sim?
— O que a sua mãe falou com você mais cedo? — perguntou, colocando a mala pequena
sobre a cama.
— Só queria saber se eu tinha certeza. — Sorri. — Coisas de mãe.
— Hum. — Ele me mediu com o olhar.
Parecia analisar se acreditava no que eu disse.
— Bom, eu vou tomar banho e você vem depois, estão nos esperando e a pizza logo chega.
— Talvez seja mais rápido se tomarmos juntos — brincou, à medida que pegava uma peça
de roupa na mala.
— Acha que é a solução? — perguntei e balancei a cabeça em negativa. Ele me deu aquele
sorriso cafajeste que eu não sabia se amava, ou odiava.
— Na verdade, acho que pode ser perigoso — falou por fim, passando aqueles olhos
cheios de desejo sobre mim.
— Definitivamente — respondi e fui para o banheiro sem dar muita abertura para o sem-
vergonha.
Depois que tomamos banho voltamos para encontrar todos na sala. Não demorou para que
as pizzas chegassem.
Passamos boa parte da noite conversando. O clima estava gostoso e leve de forma que há
muito tempo não se encontrava. Depois dos problemas com Vinícius, acabamos perdendo um
pouco o hábito de nos reunir.
Então, eu sentia falta disso. E o fato de ter Alexander aqui, interagindo com todos de
forma cada vez mais à vontade, deixava-me ainda mais feliz.

— Finalmente podemos descansar um pouco — disse, em meio a um suspiro, à medida


que trancava a porta do quarto.
— Sim, o dia foi longo — Alexander concordou, então, caminhou até a mala e pegou uma
calça de moletom.
Determinada a me trocar também, peguei um conjunto de baby-doll. Ao notar que eu iria
me trocar, Alexander colocou a calça de lado e se sentou na cama. Os olhos estavam fixos em
mim, apenas esperando que eu começasse a me despir.
— Não devemos fazer isso aqui — alertei, ao passo que tirava o short.
— Não devemos — concordou, sem tirar os olhos de mim.
Tirei a blusa, o sutiã e rapidamente tratei de vestir o pijama, antes que aqueles olhos azuis
e intensos acabassem me devorando por completo.
— Não vai se trocar? — indaguei, à medida que ia em direção à cama.
Estava pronta para deitar quando aquelas mãos gostosas e fortes me puxaram, fazendo-me
encaixar entre suas pernas.
Alexander levou a mão na parte de cima do meu baby-doll e o puxou para baixo, sem
aviso, abocanhou meu seio, fazendo com que eu tivesse um esforço enorme para segurar o
gemido. Então, começou a sugar e lamber lentamente, em movimentos tão sensuais, que estavam
a ponto de me tirar do eixo.
A respiração estava em total descompasso, cravei as unhas em seu ombro, em busca de
apoio para me controlar. As mãos firmes deslizaram pela minha cintura e foram ao encontro da
barra do meu short quando a voz da minha mãe falando algo com Vinícius no corredor nos tirou
daquele estado de luxúria.
Nós éramos barulhentos, sabíamos que não daria certo, não quando meu quarto estava no
centro de tudo e todos estavam acordados caminhando por aí.
Dei uma risada contida, ao mesmo tempo em que saía dos braços de Alexander.
— Eu te disse, não é uma boa ideia — falei e aproveitei seu estado de torpor para me
deitar na cama, fazendo com que ele desistisse por ora.
Dando-se por vencido, Alexander se levantou e começou a tirar a roupa. Meus olhos
permaneceram fixos a ele, fazendo-me salivar com a visão do seu pau tão duro, as veias
saltavam.
Tive que ter um autocontrole muito grande para não me ajoelhar à sua frente e passar a
minha língua na cabeça rosada e convidativa.
— Tem certeza? — perguntou, a voz rouca enviando uma eletricidade gostosa por todo o
meu corpo.
Mordi o lábio inferior e apenas balancei a cabeça em concordância. Alexander deu um
sorriso de lado e vestiu a calça de moletom, em seguida, acomodou-se ao meu lado embaixo do
edredom, em seguida se virou de frente para mim.
Minhas mãos lentamente fizeram o caminho até ele, eu queria tocá-lo, mas também queria
conversar um pouco. Logo, decidi que aproveitaria aquele momento um pouco mais, parando a
minha mão no meio do caminho.
— O dia foi muito chato? — perguntei, hesitante.
— De forma alguma. Seus pais são pessoas incríveis — respondeu, não consegui conter o
sorriso. — Eu não me lembro de ter vivido algum momento assim, então posso dizer que gostei
muito.
— Sabe o que eu percebi agora?
— O quê? — indagou, os olhos fixos aos meus.
— Seus pais... você nunca me falou nada sobre eles. — Arrependi-me no momento que
senti-o enrijecer.
Por um instante, ele pareceu distante e o incômodo era visível.
— Ei, o que foi? — perguntei, atraindo o olhar perdido para mim.
Só naquele minuto percebi que o assunto sobre os pais era delicado. O que me fez
questionar se o motivo da barreira erguida em seu coração, tinha a ver com eles.
— Não quero falar sobre isso — disse, por fim.
Balancei a cabeça em concordância, tentando não me sentir chateada com a forma que se
fechou. Queria que Alexander pudesse falar comigo sobre qualquer coisa, mas a postura que
adotou, demonstrava que não seria tão fácil.
Levei a mão nos cabelos macios, a fim de confortá-lo, porém, meu coração se quebrou
quando as suas mãos vieram ao encontro das minhas e sutilmente as tirou. Ele disfarçou,
levando-a à boca e deixou um beijo no dorso, mas apesar disso eu percebi, que apenas estava me
afastando.
— Devemos dormir, está tarde — Alexander disse, ao passo que deixou a minha mão
sobre o colchão.
— Sim, está certo.
— Durma bem — falou e se inclinou, a fim de deixar um selinho em meus lábios.
Então, sem qualquer contato maior, Alexander se virou para dormir. Eu quis tentar
conversar, mas sentia que fosse lá o que tivesse acontecido, ele precisava de um tempo.
Tentando não me chatear, levei a mão ao apagador sobre a cama e desliguei a luz. Em
seguida, virei-me para tentar dormir também.
Com a cabeça a mil, tentando imaginar o que poderia ter acontecido para Alexander ficar
dessa forma, acabei demorando muito para pegar no sono, mas, em algum momento, aconteceu.
Acordei assustada, sentindo a respiração de Alexander totalmente irregular.
— Por quê? Por quê? — ele sussurrava.
Sentei-me na cama e o olhei, notando que parecia totalmente perturbado. Levei a mão em
seu braço para tentar despertá-lo do que parecia ser um pesadelo.
— Ei... Alexander — chamei-o algumas vezes, até finalmente acordou assustado.
Alexander se sentou na cama ainda perdido. Esperei um tempo, mas como não se moveu,
resolvi levar minha mão sobre a dele.
— Está tudo bem? — perguntei em um fio de voz, atraindo aqueles olhos cheios de dor
para mim.
Ele não respondeu, mas não precisou. Fosse o que fosse, era algo que havia o afetado
muito.
Em um movimento impensado, e sem cogitar sobre o que acharia da minha atitude, fui
para cima dele. Passei as minhas pernas em sua volta e o puxei para mim em um abraço.
Alexander não protestou, pelo contrário, as mão circularam meu corpo, a cabeça se
afundou em meus seios, e então, me apertou em um abraço forte.
— Eu estou aqui com você — sussurrei e levei a mão em seus cabelos, acariciando-os. —
Não sei o que está se passando aí na sua cabeça, mas quero que saiba que eu estou aqui e sempre
estarei.
— Raissa. — A voz saiu embargada, ao passo que me apertou ainda mais.
— Você tem a mim, ouviu?
Com a respiração ainda irregular, os olhos foram ao encontro dos meus. Senti que ele
precisava de mim.
Foi quando me inclinei e levei os lábios até os dele, ao mesmo tempo em que as mãos
firmes estavam em seus cabelos.
Alexander correspondeu com fervor. Uma intensidade que eu não esperava, como se ele
estivesse desesperado por me sentir. As mãos deslizaram fortemente pelas minhas costas,
fazendo-me arrepiar por inteiro, enquanto a boca me explorava ferozmente.
Sentir toda aquela necessidade, fez uma onda de excitação percorrer todo o meu corpo. Eu
correspondi à altura, queria que ele soubesse, que eu estaria aqui para o que precisasse, afinal, eu
o amava.
E como eu não poderia falar isso em voz alta, mostraria da forma que ele não protestaria.
Rebolei lentamente em seu colo, sentindo perfeitamente sua ereção contra o meu sexo.
Alexander gemeu baixinho e, em um rompante, me virou em direção à cama, deitando-me
com as costas para o colchão, em seguida veio para cima de mim. Ele voltou a me beijar
intensamente, com urgência e necessidade.
Então, começou a distribuir beijos por todo o meu corpo, à medida que tirava cada peça do
meu baby-doll.
No momento em que me encontrei totalmente nua, observei-o se levantar e tirar a calça de
moletom, liberando o pau, fazendo-me suspirar profundamente ao contemplá-lo.
Meu corpo tremeu, apenas ansiando tê-lo dentro de mim.
Alexander terminou de se despir e veio para cima de mim. Abri as minhas pernas para que
ele se acomodasse. Sem perder tempo, ajeitou-se e se posicionou, um gemido contido escapou
dos meus lábios no momento em que ele passou o pênis em minha entrada, espalhando um pouco
da minha lubrificação.
Ele fixou sua atenção em mim.
— Sem fazer barulho, minha preciosa, não queremos que alguém nos escute — sussurrou,
o tom autoritário me fez assentir.
Então os lábios dele estavam sobre os meus sem pudor, ao passo que senti-o deslizar de
forma profunda e forte.
Nossos gemidos foram abafados pela pressão dos nossos lábios.
Levei as mãos em suas costas e cravei unhas em busca de controle. Alexander seguiu se
afundando em mim, tocando um ponto tão sensível, que estava a ponto de me fazer perder o
controle.
Não tinha noção se era como tudo estava acontecendo, a intensidade ou a necessidade de
senti-lo. Mas cada deslize, levava tudo, tudo de mim.
Intenso. Forte. Arrebatador.
Uma conexão única, a ponto de marcar não só o meu coração, mas a minha alma.
Alguns gemidos contidos escaparam dos meus lábios, fazendo com que Alexander
intensificasse ainda mais os beijos em meus lábios, abafando todo e qualquer gemido que
quisesse escapar.
Alexander manteve um ritmo mais calmo que o habitual. Aquelas sensações estavam a
ponto de me enlouquecer, depois de minutos intensos, à medida que nossos corpos se uniam em
uma conexão surreal, senti que estava chegando lá.
Meu corpo inteiro começou a formigar, a respiração se tornou mais ofegante e as coxas
mais rígidas.
Naquele momento, Alexander deixou os meus lábios e pegou as minhas mãos que estavam
nas costas dele. Ele as levou para cima da cabeça, entrelaçando-as fortemente com os olhos fixos
aos meus.
Não esperava aquele movimento vindo dele, aquela intimidade e conexão ainda mais
profundas.
As barreiras estavam sendo derrubadas, naquele instante, eram apenas nós dois, sem
limites e pudor.
Desmanchei-me completamente nos braços dele, os lábios sedentos vieram ao encontro
dos meus, contendo-me mais uma vez. Então, eu o senti se entregar àquele clímax juntamente
comigo.
Com a mão ainda entrelaçada na minha, Alexander deixou os meus lábios e me olhou
fixamente. Meu coração quase saiu pela boca com aquele olhar cheio de intensidade e algo
mais...
Amor... Aquilo era amor.
Não tinha outro nome para o que acabara de acontecer, não tinha outra explicação para
esse olhar sobre mim, ou para todo o sentimento intenso e revigorante que compartilhamos.
Não nos atrevemos a dizer uma palavra sequer. Permanecemos naquela posição alguns
minutos, antes de Alexander sair de cima de mim, jogando o corpo para o lado.
Então, senti suas mãos me puxarem para ele, abraçando-me de forma que nunca fez antes.
— Só preciso te sentir assim, por essa noite — sussurrou, à medida que minha cabeça foi
apoiada em seu peito, então, Alexander levou a mão livre em meus cabelos.
Eu não sabia o que de fato estava fazendo, mas não me atreveria a quebrar o momento para
perguntar. Ficamos calados, enquanto ele seguia apenas me acariciando lentamente.
Toda aquela intensidade me levou ao limite, meus olhos começaram a pesar e em algum
momento, enquanto ele sussurrava algumas palavras inelegíveis, eu adormeci.
Alexander finalmente, estava se deixando levar, isso me deixava em êxtase. Mas, ao
mesmo tempo, preocupada com o motivo do que poderia o atormentar.
Acordei com um sorriso bobo me lembrando das carícias que trocamos antes de
adormecer.
Deus! Eu me sentia uma adolescente agora.
Virei-me para o lado percebendo que Alexander não se encontrava na cama. Naquele
instante, eu me sentei e peguei o meu celular que estava no móvel ao lado da cama e chequei as
horas.
Arregalei os olhos ao notar que eram quase 10h, a fim de ir atrás de Alexander, levantei-
me e caminhei até a minha mala para pegar um par de roupas.
Congelei no instante em que percebi que a mala de Alexander não estava ao lado da
minha, como foi deixada ontem.
Passei os meus olhos pelo quarto, apenas confirmando as minhas suspeitas.
Alexander, certamente havia ido embora.
CAPÍTULO 43
— Acordou a margarida — Vinícius falou no instante em que entrei na cozinha. Fiz uma
pequena careta e fui ao encontro dele, sentando-me na banqueta vazia ao seu lado.
— Bom dia, filha — mamãe me saudou, ao passo que colocou a garrafa de café ao meu
lado, então sorriu. — Dormiu bem?
— Sim... hum... — Corei com o pensamento que pairou sobre a minha mente. Apesar do
pesadelo de Alexander, nós tínhamos dormido muito bem.
Levei minha mão à garrafa e me servi uma xícara de café, tentando controlar as emoções
que pairaram sobre mim.
— Ah, não escutamos nada, maninha, mas sua cara agora te condenou — Vinícius me
provocou.
— Menino! — minha mãe o repreendeu. Revirei os olhos, fazendo-o gargalhar.
— Na verdade, eu estou pensando onde Alexander se enfiou, idiota. — disse, fazendo com
que apenas risse ainda mais.
Juízo? Não tinha. Noção? Muito menos.
— Ah, querida — mamãe chamou a minha atenção. — Alexander recebeu uma ligação
pela manhã, parece que teve problemas com a filial de um dos hotéis. Disse para ele acordá-la,
mas insistiu em deixá-la dormir e aproveitar o resto do dia conosco, já que não vem com tanta
frequência.
Balancei a cabeça em concordância, tendo ciência do motivo real de Alexander ter ido
embora.
Fiz o meu melhor para não deixar transparecer o sentimento de decepção que caiu sobre
mim. No fundo, tinha esperanças de que ele tivesse apenas colocado a mala no carro, ou
esperava qualquer outra explicação.
Mas não, ele estava fugindo. Mais uma vez.
— Ah... — forcei-me a responder, ignorando o nó que se formou em minha garganta.
— Alexander estava preocupado sobre como você ficaria, mas pareceu ser algo que não
poderia esperar — mamãe voltou a falar, enquanto me media com o olhar.
— É, ele está tendo alguns problemas com um dos hotéis — comentei, a fim de tornar a
mentira dele mais crível. Pareceu funcionar, pois ela me deu um sorriso doce.
— Ele prometeu que irá programar um final de semana para passar conosco sem
interrupções.
— Isso é a cara dele. — Sorri, à medida que assimilava aquela informação. — Agora só
preciso descobrir como vou embora.
— Já está decidido, maninha. — Vinicius logo falou. — O meu cunhado me fez garantir
que a levaria para casa em segurança, portanto, aproveite bem o dia com nossos pais e mais tarde
cairemos na estrada.
— Claro, eu vou. — Sorri mais uma vez para minha mãe que após corresponder se virou
para mexer nas panelas. Foi quando me virei para Vinícius. — Onde está o pai?
— Foi comprar carne para fazermos um churrasco mais tarde — respondeu, animado.
— Maravilha — respondi e levei a xícara à boca, tomando um gole do café. — Vamos
aproveitar bem então.

Tentei concentrar ao máximo a atenção na minha família. Não queria deixar a atitude de
Alexander abalar o momento que tinha com todos.
Passamos o dia como não fazíamos há muito tempo, aquele churrasco gostoso, uma
música boa para descontrair, muita conversa, e claro, muita asneira falada por Vinícius.
Eram quase 16h quando decidimos juntar as nossas coisas e colocar no carro para ir
embora. Quando terminamos, nós nos despedimos dos nossos pais com um abraço forte e fomos
em direção ao carro.
Em um movimento rápido, peguei as chaves da mão de Vinícius.
— Ei — protestou, ao mesmo tempo em que tentava a pegar de volta.
— Só tem uma forma de ir com você, eu dirijo, mané — avisei e fui em direção à porta do
motorista. Vinicius não protestou, apenas deu aquele sorriso que era de praxe dele.
Após nos acomodarmos, dei partida no carro. Vinícius ligou o som, deixando tocar
Engenheiros do Hawaii. Quando dei por mim, nós dois estávamos cantando em sincronia uma
das músicas em um clima tranquilo.
— Há quanto tempo não tínhamos um momento assim? — perguntei quando a música
acabou.
— Muito.
Nós tínhamos o costume de ouvir essas músicas em nossa adolescência, aprendemos com
os nossos pais.
— Eu sinto falta de você, Rai, mas estraguei tudo, não é? — comentou um tempo depois,
olhei-o brevemente constatando em seu olhar que falava sério.
Levei a mão ao volume do carro e o abaixei um pouco para que pudéssemos conversar.
Sentia que ele precisava dessa conversa mais madura.
— Você realmente tem feito muita merda e isso nos distanciou. Mas não significa que
tenhamos que permanecer assim... — falei, ao passo que voltei a atenção para a estrada. —
Quantas vezes eu tenho que dizer que tudo que vem fácil, vai fácil?
— Eu sei, e dá muita dor de cabeça.
— Exatamente — concordei, surpresa com as suas falas.
— É por isso que eu vou me empenhar, Raissa, quero chegar aonde você chegou. Estudar
e aproveitar essa oportunidade — disse, fazendo-me arquear as sobrancelhas.
Vinícius sempre foi um moleque inconsequente e por isso que nos afastamos. Não poderia
mais lidar com a vida fácil que ele queria levar às minhas custas.
— Estou curiosa, o que te fez querer essa mudança? — perguntei e o olhei mais uma vez,
estava orgulhosa de vê-lo querer tomar um rumo.
— Em primeiro lugar: a confusão com os agiotas, eu queria triplicar o dinheiro, mas não
queria te colocar em risco. Depois de apanhar muito, pegaram o meu celular, prontos para ligar
para os nossos pais, então no desespero eu falei de você. Pensei que você me socorreria, como
sempre.
— Sim, eu faria. Mas, dessa vez, foi Alexander quem resolveu.
— É, ele também teve uma conversa séria comigo. Me mostrou o que as minhas ações
poderiam ter causado a você... — Suspirou, dando-me a compreensão. A conversa com
Alexander, certamente foi bem séria. — Alexander me fez prometer que não faria mais nada que
pudesse te meter em confusão, então, ele apoiaria a minha carreira.
— Fico feliz, principalmente por fazê-lo tomar um jeito — disse, ajeitando-me no banco,
em seguida, voltei a minha atenção para a estrada.
Queria perguntar sobre a conversa que tiveram, mas temia que meu coração pudesse
balançar mais, e no momento não era algo que eu permitiria.
Eu não poderia.
— Ei, maninha. — Vinícius me chamou mais uma vez. — Alexander é um cara legal,
parece o tipo de cara que daria o mundo dele a você.
Balancei a cabeça em concordância, tentando não absorver as falas de meu irmão.
Alexander certamente faria de tudo para que as pessoas pensassem dessa forma.
Vinicius aumentou um pouco o som e um sorriso se formou em minha boca, apreciando o
que toda a situação havia nos proporcionado.
— Senti sua falta também, feioso — disse, vendo de relance o sorriso do meu irmão se
alargar.
Evitei falar de Alexander o resto do caminho, procurei conversar com Vinicius sobre
coisas aleatórias e pedi que mantivéssemos o contato mais frequente. Fui em direção à minha
casa e depois de pegar a mala, despedi-me dele e fui para o meu apartamento.
Só então, depois de guardar as minhas coisas no quarto, sentei-me na cama e peguei o
celular para checar.
Alexander não se atreveu a mandar uma mensagem sequer.
Tive que disfarçar o dia todo, mas sabia exatamente o que ele estava fazendo e por mais
que meu coração balançasse loucamente por ele, não via como poderíamos avançar dessa forma.
A verdade era que ele nunca me deixará entrar e, no final desse contrato maldito,
acabaríamos nos separando. A única magoada seria eu, porque Alexander não estava disposto a
ceder. E por mais que não conhecesse os seus motivos, para mim era demais.
Querendo lavar aquilo tudo da alma, peguei um pijama e fui para o banheiro. Não fazia
ideia de quanto tempo fiquei ali, debaixo do chuveiro, deixando aquela angústia sair. Não era
capaz de lidar com isso, não quando nos conectamos tanto, como nessa madrugada, e ele teve a
capacidade de fugir pela manhã.
Eu chorei, mas prometi a mim mesma que não seria algo recorrente, não deixaria
Alexander brincar dessa forma comigo. Não deixaria que a sua indecisão, colocasse-me em mais
momentos como esses.
Saí do banho, sequei os cabelos, vesti o pijama e fui para a cozinha procurar algo para
comer.
Eu precisava de doce, urgentemente.
Para minha felicidade, ainda restavam em meu estoque dois potes de pasta de amendoim
do Dr. Peanut. Escolhi o sabor bueníssimo e decidi que eu afogaria as minhas mágoas ali.
Peguei uma colher bem generosa e a levei à boca, apenas sentindo o sabor maravilhoso.
Estava pronta para ir em direção ao sofá com o pote quando a campainha tocou.
Fechei o pote e o deixei sobre a bancada antes de caminhar em direção a porta. Como de
costume, chequei no olho mágico constatando que era o culpado pelo que estava sentindo nesse
momento.
Eu não sabia o que sentir ao certo. O coração traidor disparou, mas a cabeça se voltou para
a mágoa grande por sua covardia. Respirei fundo, sabendo que Alexander tentaria me convencer
daquela mesma mentira que contou aos meus pais quando foi embora pela manhã.
Um problema em um dos hotéis.
Sorri de nervosismo ao pensar sobre isso. Eu realmente não engoliria sua desculpa.
Abri a porta e encontrei aqueles olhos perdidos sobre mim. E eu quase, quase vacilei. Mas
havia coisas que não poderiam passar. Tudo tinha limites, até mesmo para ele.
Mantive-me séria. Dei um passo para trás quando Alexander fez menção de se aproximar.
— Raissa... — Sua voz saiu em um sussurro.
Suspirei e o medi com o olhar.
Estava cogitando deixar sair tudo o que estava entalado em minha garganta. Eu não
poderia mais, não conseguiria mais fazer isso.
— Alexander — disse, séria. Estava pronta para acabar com tudo. — Sinceramente, eu...
— Eu te amo — interrompeu-me, fazendo meu coração vacilar.
Eu havia escutado certo?
— O-o quê? — Minha voz saiu entrecortada, enquanto eu tentava assimilar aquelas
palavras.
Alexander se aproximou, aproveitando meu desconcerto, levou a mão em meu rosto,
fazendo-me olhar fixamente dentro daqueles olhos azuis e tão intensos, que quase me fizeram
perder o ar.
— Eu te amo, Raissa.
CAPÍTULO 44
— Parece que lembrou que tem uma avó — dona Madalena disse ao atender.
— Não saia de casa, estarei aí em cerca de duas horas — avisei, em seguida, encerrei a
ligação, concentrando-me apenas na estrada.
Eu havia acabado de sair da casa dos pais de Raissa, deixando-a dormindo, como um
grande covarde, ao passo que a mente traiçoeira seguia atirando dúvidas para mim, dúvidas que
estavam a ponto de me enlouquecer.
Pela primeira vez na vida, eu estava me perguntando algo que jamais imaginei que fosse
capaz.
E se...?
Aqueles olhos intensos e doces transmitiam perfeitamente que aquele sentimento que
sentia por ela era recíproco. Aquilo me fez pensar além.
E eu desejei, desejei com todas as forças que pudesse ser real.
Que pudéssemos fazer dar certo, não só agora, não só por um ano.
Mas para sempre.
Que eu pudesse abraçá-la sempre que me sentisse inseguro e que Raissa estivesse para
mim, assim como eu estaria para ela, que pudéssemos fazer amor intensamente, assim como
fizemos durante a madrugada.
Era o que eu queria, mas seríamos capazes?
Eu seria o suficiente para ela? Deveria ser egoísta, mesmo quando fiz coisas tão terríveis
para tê-la?
Foi o que passou em minha cabeça durante toda a noite e, no momento, os pensamentos
seguiam me atormentando. Era uma briga constante entre a razão e a emoção.
Eu queria Raissa, mas, no fundo, sabia que o melhor seria liberá-la desse contrato e me
afastar.
Ter que me afastar me destruiria, mas talvez fosse o melhor para ela, minha linda preciosa.
A viagem foi longa e pela primeira vez na vida, eu realmente não sabia o que fazer. Foi
isso que me levou exatamente para a casa da minha avó.
Inclinei-me e encostei a cabeça no volante, enquanto decidia se deveria entrar e tentar uma
conversa sincera. Dona Madalena era a única que poderia me dizer o que fazer nesse momento,
ela me conhecia como ninguém, era a única que eu poderia confiar.
Saí do carro e entrei na casa, procurando algum sinal de sua presença. Fui para o lugar que
ela mais gostava.
O jardim.
E lá estava ela, sentada em uma namoradeira, tomando um pouco de sol, perdida nos
próprios pensamentos. A cada passo em direção a ela, mais as dúvidas me atingiam, mais aflito
eu me sentia por respostas.
— E se eu não for o suficiente? — perguntei ao mesmo tempo em que parei de frente para
minha avó.
— Jesus, Alexander, que susto! — Em um movimento automático, levou a mão no
coração. Então, franziu as sobrancelhas e me mediu com o olhar. — O que aconteceu?
— Nada, é só que... — Suspirei e levei as duas mãos à cintura, observando-a dar dois
tapinhas para que eu me sentasse ao lado dela.
— Agora que o casamento está chegando, você está surtando, não está? — perguntou, o
olhar cheio de preocupação.
Suspirei mais uma vez e baguncei os cabelos, apenas tentando não pirar. Não era o
casamento em si, era o sentimento vindo à tona, era a vontade de fazer com que tudo fosse real,
mesmo quando não devia.
— Acho que o que temos agora não vai durar, e se eu não for o suficiente? Eu sou um
homem com muitas responsabilidades, então, se Raissa começar a se sentir sozinha e... — Minha
voz falhou com aquele pensamento.
— Alexander... — chamou, séria, e levou a mão até mim. Aceitei seu contato e me deixei
levar, sentando-me ao seu lado.
— Meu pai trabalhava muito, isso fez com que... — engoli em seco. — Aquela mulher
dizia que era infeliz com ele, não é?
— Querido, você era novo na época. Haviam muitas coisas que não entendia. — Olhou-
me com compaixão e balançou a cabeça em negativa. — Não foi porque o seu pai não era o
suficiente, não foi por ausência, sabe muito bem que ele dava a vida por vocês — pontuou, eu
assenti. Mesmo quando minha mãe dizia, não me lembrava de ter um pai ausente. — Seu pai era
louco por aquela mulher. O que ela fez, foi por ser uma sem-vergonha, que apenas queria a vida
boa que meu filho poderia proporcionar. E eu o avisei, querido, desde o início ele soube, mas a
amava tanto que não quis enxergar.
Respirei profundamente, sem saber o que fazer. Havia duas razões para que eu não fizesse
aquilo que realmente queria, mas a verdade era que não me sentia capaz de deixar Raissa ir.
— Tudo o que aconteceu foi consequência do seu pai não enxergar o que estava à frente
dele. — Minha avó voltou a falar, atraindo a minha atenção. — Quer saber o que eu
acho?
— O quê?
— Primeiro, você não deve basear sua relação com a Raissa na que seus pais tiveram.
Segundo, Raissa, claramente, não é igual aquela mulher. — disse e acariciou o meu braço. — Ela
é diferente, tenho que admitir que vendo vocês juntos me acometeu que Raissa é a mulher ideal.
Você precisa de alguém como ela ao seu lado.
— Achei que não gostasse dela — comentei, surpreso. Dessa vez, foi ela quem suspirou e
desviou o olhar para a frente.
— Quando eu pensei que ela era apenas mais uma daquelas prostitutas que apareciam
procurando você, querendo o seu dinheiro, eu realmente a odiei. Senti medo de você ir pelo
mesmo caminho do seu pai. — Minha avó voltou a me olhar. — Mas o pouco que eu vi foi o
suficiente para saber que ela vai te fazer feliz, vai te amar, assim como você a ama — disse,
fazendo-me vacilar. — Eu vi a forma como se olham, Alexander, a forma que vocês têm
evoluído juntos a cada encontro que temos. Foi por isso que aprovei o casamento, por acreditar
fielmente que vocês se amam.
Por um momento, eu não soube o que responder. Minha avó sempre foi uma mulher muito
dura e sincera. Não me lembrava de uma conversa tão madura entre nós dois, como essa.
Voltar ao passado era difícil para todos nós, mas era necessário. Olhei para baixo e mexi
em minhas mãos, enquanto lágrimas invadiam os meus olhos sem permissão. Naquele momento,
eu consegui sentir perfeitamente o que minha avó queria quando tentava me empurrar aquelas
mulheres, ou quando me aporrinhava para não seguir vivendo da forma que eu estava.
Ela queria que eu fosse feliz, não queria que me prendesse na vida dos meus pais. Mas foi
exatamente o que eu fiz, a vida toda. Eu me convenci que nunca seria o suficiente, que mulher
alguma fosse capaz de me amar fielmente.
Mas Raissa despertava em mim um sentimento único. Eu queria tentar, mesmo que ao
final isso me destruísse, eu apenas precisava dela.
— Deveria seguir com isso, mesmo quando eu sei que não a mereço? Mesmo quando no
final nós possamos apenas magoar um ao outro? — perguntei, a voz contida.
— Não faça isso com você mesmo, Alexander, apenas confie mais em seu coração. Acha
que pode a fazer feliz? — perguntou, balancei a cabeça positivamente.
Oh, Céus! E como, eu faria tudo por aquela mulher.
— Acha que Raissa pode te fazer feliz?
— Sem qualquer sombra de dúvida... — Meu coração se apertou com a dúvida que surgiu
quanto a tudo que eu já tinha feito a ela. — Mas...
— Sem mais, você já tem a sua resposta — minha vó interrompeu. — Podem lidar com
todo o resto, enquanto o amor prevalecer.
Ela estava certa, nós poderíamos lidar com todo o resto, desde que estivéssemos juntos. A
dor maior seria não a ter comigo.

A conversa com a minha avó foi algo que me fez ter ainda mais esperanças. Por um
momento, pensei que ao expor aqueles sentimentos dona Madalena me falaria para desistir de
Raissa.
Mas não, aquilo que eu ansiei, mesmo de maneira inconsciente, aconteceu, Raissa havia
conquistado a minha avó verdadeiramente.
E no momento, poderia dizer que estava agitado. Havia abandonado aquela mulher, depois
de tudo o que compartilhamos. Meu desespero era tamanho que assim que deixei a casa da
minha avó, cogitei dirigir até a casa dos pais dela mais uma vez.
Mas poderíamos nos desencontrar e o local não era o ideal para ter essa conversa, então,
racionalmente fui para a minha casa.
Assim que cheguei, peguei o celular e disquei o número de Marcelo, um dos seguranças de
minha confiança.
— Alexander. — Ele atendeu no segundo toque.
— Preciso que me informe quando Raissa chegar em seu apartamento.
— Certo, senhor, estarei de prontidão.
— Ótimo.
Encerrei a ligação e fui até o contato de Raissa, permaneci alguns instantes encarando o
visor, mas, por fim, acabei bloqueando a tela e colocando o aparelho sobre o móvel próximo à
entrada.
Não poderia correr o risco de ligar para ela e falar demais, aquela conversa deveria ser
pessoalmente.
Fui para o banheiro e enquanto deixava a água cair sobre mim, deixei a mente divagar em
torno de todos os momentos que vivi com Raissa, desde a primeira vez que a vi, até a noite
anterior. Não havia dúvidas quanto ao meu sentimento por ela.
Eu a amava.
Porra, como eu a amava.
Nem mesmo se quisesse, seria capaz de deixá-la. Eu precisava dela e a cada hora que se
passava, maior era a vontade de deixá-la saber. Sim, eu estava decidido, precisava me abrir para
aquela mulher e apenas esperar que ela não estivesse magoada demais comigo.
Eram pouco mais de 19h quando Marcelo ligou, informando que Raissa havia chegado.
Não perdi tempo e fui ao seu encontro, tinha que admitir, quando Raissa abriu a porta, senti meu
corpo congelar.
A decepção em seu olhar era evidente. Mais do que isso, senti naquele momento, que ela
poderia estar magoada a ponto de desistir de mim. E quando ela evitou o meu toque, tive a
confirmação de que estava muito perto de perdê-la.
Foi por isso que, quando ela começou a falar tão seriamente, o desespero para deixá-la
saber o que eu sentia, tomou conta, fazendo-me confessar.
Eu a amava, a amava com todas as forças.
Senti-me aliviado quando ela me deixou aproximar, então, levei a mão em seu rosto e
repeti aquelas palavras que fizeram meu coração acelerar:
— Eu te amo, Raissa.
— Alexander... — chamou-me. Só então compreendi a dimensão de tê-la deixado lá, havia
representado.
— Me desculpe por hoje, eu realmente precisav...
— Você me magoou muito — interrompeu-me com a voz embargada, fazendo meu
coração se despedaçar.
Deslizei meus braços em volta dela e a puxei para mim.
— Me perdoe, eu juro que não queria... — Suspirei, apenas afagando os seus cabelos
quando ela parecia tão frágil. — Prometo que não vou fugir mais, nunca mais.
Ela suspirou ao me ouvir e me apertou ainda mais forte.
— Você pode repetir? — pediu, fazendo com que um misto de alívio e felicidade me
envolvessem naquele momento.
— Eu te amo, tanto que não sou capaz de te deixar ir. Nem agora, nem em um ou cinco
anos — repeti aquelas palavras que pairaram em minha mente durante todo o dia.
Ela se afastou um pouco, encontrando os meus olhos totalmente surpresos.
— O que quer dizer com isso, Alexander? — A voz saiu em um sussurro.
— Que eu quero você na minha vida, Raissa, não só hoje, mas sempre.
CAPÍTULO 45
Ele me amava.
Oh, Deus! Não apenas isso.
Alexander não estava apenas assumindo os sentimentos, ele estava me dizendo que me
queria em sua vida para sempre. E isso era muito mais do que um avanço.
Meu coração entrou em descompasso, enquanto assimilava o fato de que ele estava tão
entregue quanto eu, que ele queria aquilo, tanto quanto eu.
— O-o que a gente faz agora? — perguntei, a voz entrecortada, ansiando por uma
confirmação. Eu precisava ouvir mais, precisava desesperadamente saber o que se passava em
sua cabeça.
— Depende apenas de você. — Acariciou o meu rosto suavemente. — Eu quero que
deixemos o contrato de lado, mas quero seguir com tudo — falou, sério, fazendo meu coração
quase sair pela boca. — Quero me casar com você em três semanas, quero que vá morar comigo
e quero que possamos começar verdadeiramente a partir de agora.
Não respondi de imediato, minha cabeça começou a dar voltas enquanto eu absorvia
aquelas informações.
Alexander se inclinou, encostando a testa na minha, e fechou os olhos, apenas esperando a
minha resposta. Minha voz sumiu completamente, eu não esperava por nada assim, mas aqui
estava ele, vulnerável para mim.
— Me responde, por favor, ou vou enlouquecer — sussurrou, fazendo meu corpo inteiro se
arrepiar, sentindo em cada palavra dita, o quanto falava sério.
Eu tinha muitas dúvidas, muitas perguntas, mas apenas queria curtir aquele momento e
dizer a ele aquilo que eu mantive preso a mim, por medo de o afastar.
— Eu te amo, Alexander. — Deixei aquelas palavras saírem, os olhos dele se abriram e
foram intensamente ao encontro dos meus. — E não há nada que eu queira mais, do que seguir
exatamente da forma que estamos agora.
— Ah, Raissa... — Alexander acabou com o pouco de distância que ainda restava entre
nós, roçando os lábios nos meus suavemente, fazendo uma onda de excitação percorrer todo o
meu corpo.
Um gemido contido escapou de meus lábios, quando sua mão foi para minha nuca. Então,
nossos lábios se uniram. Correspondi aquele beijo com a mesma intensidade, a ansiedade tomou
conta, logo o que era lento e hesitante, tornou-se pura necessidade e luxúria.
Ansiando por mais contato, levei minha mão ao encontro dele e a deslizei por suas costas.
O alívio, em saber que ficaríamos bem tomou conta, e a urgência de senti-lo se tornou maior.
Alexander encerrou o beijo, sugando meu lábio inferior, e se afastou para me olhar. A
respiração estava ofegante e em uma sincronia surreal sobre o que queríamos nesse momento.
As mãos quentes desceram para a minha cintura e, em um rompante, colou os nossos
corpos, fazendo-me sentir sua ereção. Um gemido escapou dos meus lábios, enquanto eu
pressionava meu corpo ainda mais contra o dele, sem desviar o olhar, dando a permissão que
queria para seguir adiante.
Alexander deslizou a mão pelas minhas coxas e me tirou do chão. Passei as mãos em volta
do seu pescoço, ao mesmo tempo em que minhas pernas estavam em volta da sua cintura.
Então, seus lábios estavam contra os meus mais uma vez.
Ele me levou para dentro e fechou a porta atrás de nós, levando-nos para o meu quarto.
Alexander me deitou no colchão macio, trazendo seu corpo junto ao meu, sem perder
tempo levei as mãos em sua camisa, desabotoando-a, deixando o peitoral gostoso à mostra. Ele
jogou o corpo para trás, quebrando um pouco o contato para me ajudar a tirar a blusa.
Minhas mãos foram para a calça, puxando-o para cima de mim. Enquanto a abria e
abaixava o zíper, joguei meu corpo para frente, deixando uma mordida na curva do pescoço dele.
— Puta que pariu, Raissa. — Alexander deu um pequeno rosnado e deslizou as mãos
grandes pelo meu corpo, tirando meu baby-doll, em seguida, tirou a única peça que ainda restava
em meu corpo, a minha calcinha.
— Ontem, eu não pude te saborear direito, mas hoje eu preciso. Preciso de você por
completo — sussurrou, a voz cheia de desejo e paixão.
Eu o queria urgentemente dentro de mim, mas o conhecia bem para saber que ele não faria
diferente do que acabara de falar, então, apenas suspirei em antecipação, observando-o, enquanto
ele se levantava para tirar o restante das peças que ainda estavam presentes em seu corpo.
Mordi os lábios quando ele liberou o pau, completamente ereto, e aquela mesma ansiedade
de sempre pairou sobre mim. Alexander se ajoelhou sobre a cama e começou a beijar a minha
perna lentamente. Como uma doce tortura, ele fez uma trilha de beijos molhados, até chegar à
parte interna da minha coxa.
Ele acomodou as minhas pernas sobre o seu ombro, então, sua boca estava onde eu mais
ansiava. Lambendo-me e chupando de forma voraz, fazendo com que gemidos incontroláveis
escapassem de meus lábios, a cada nova investida.
Para acabar de vez com a minha sanidade, penetrou dois dedos dentro de mim. Arqueei
meu quadril, enquanto ele seguia me chupando, levando-me completamente à beira de um
orgasmo.
Enquanto eu estremecia em sua boca, senti-o tirar as minhas pernas de seu ombro e subir,
deixando uma trilha de beijos por todo o meu corpo, até tomar meus lábios com necessidade,
deixando-me sentir o meu gosto em sua boca.
Senti seu pau em contato com a minha boceta e aquilo me fez estremecer. E mesmo
quando passei as minhas pernas em sua volta incentivando-o a seguir, ele não o fez.
Alexander se afastou para me olhar, fazendo-me suspirar.
— Você é tão linda... tão sexy — ele sussurrou com os olhos fixos aos meus. Mordi o
lábio inferior, enquanto senti-o desviar a atenção para os meus seios.
Alexander se inclinou e abocanhou um deles, fazendo-me gemer, recebi uma mordidinha
que me arrepiou inteira. Então, desviou a atenção para o outro seio, repetindo aquele mesmo
gesto gostoso.
— Alexander — gemi em súplica, apertando ainda mais as minhas pernas em volta dele,
fazendo os olhos virem ao encontro dos meus. — Preciso sentir você, por favor.
Os olhos dele escureceram ainda mais, senti-o passar o pau em minha boceta, espalhando
minha lubrificação. E acabando com o meu tormento, deslizou lentamente da mesma maneira
que fez ontem. Um movimento forte e profundo, fazendo-me gemer sentindo-o me preencher por
completo.
O olhar intenso estava sobre mim. Aquela mesma conexão, estava cada vez mais presente,
ao passo que retrocedia e se afundava mais uma vez, arrancando-me mais um gemido intenso.
— Case-se comigo, Raissa — rosnou, fazendo-me perder o ar. O coração quase saiu pela
boca, e como se não fosse o suficiente, deslizou mais uma vez, profundamente. — Quero que
seja a minha mulher.
— Por favor — pedi, ansiando por mais. — Sim, não há nada que eu queira mais. Eu... —
Levei as mãos à nuca dele, cravando as minhas unhas, enquanto ele repetia aquele movimento
torturante dentro de mim.
Alexander deu um sorriso gostoso, as mãos seguraram as minhas, em um movimento
rápido, ele saiu de cima de mim e ficou de lado, levando-me junto.
Passei a minha perna em torno da dele, enquanto o sentia me penetrar de forma intensa.
Virei meu rosto buscando seus lábios, beijando-o com necessidade. Alexander levou os dedos
em meu clitóris e começou a massageá-lo, à medida que deslizava profundamente.
Alexander adotou um ritmo constante, uma mão estava entrelaçada à minha, enquanto a
outra trabalhava com maestria em meu clitóris, fazendo-me estremecer a cada deslize.
Então, o orgasmo me invadiu e enquanto um gemido saía de meus lábios, ele seguiu
investindo em mim e a forma com que estava atingindo aquele ponto tão sensível, deixou-me
completamente em êxtase.
Era insano, arrebatador e surreal.
Ele seguiu me torturando em meu ponto sensível, arremetendo sem pudor.
Uma dança erótica e sensual, a ponto de me fazer ter uma síncope com tamanha
intensidade.
Então, mais uma vez eu estava à beira do precipício.
— Delícia... Ah! — gemi, enquanto ele me empurrava imediatamente a outro clímax,
ainda mais intenso, de forma que não pensei ser possível.
Cravei minhas unhas em seu braço, ao mesmo tempo em que ele mordiscava a curva do
meu pescoço, aumentando um pouco mais a velocidade, ouvi um urro sexy escapar de seus
lábios quando atingiu sua libertação.
— Raissa... Raissa! — urrou, a respiração totalmente irregular.
Enquanto nos acalmávamos, senti a mão dele deslizar pelo meu corpo, pousando em volta
da minha cintura, puxando-me para ele. Ainda ofegante, acomodou a cabeça na curva do meu
pescoço, deixando alguns beijos suaves naquela região.
— Eu vou te dar o mundo, Raissa — sussurrou, fazendo meu coração entrar em um
descompasso maior, percebendo que ele realmente estava disposto a se abrir comigo. — Só
preciso de você comigo, nada mais.

Eu me mexi nos braços do Alexander, até ficarmos de frente um para o outro. As mãos
gostosas continuaram em volta da minha cintura, seu olhar para mim era intenso. Mas tinha algo
mais, algo que não consegui identificar.
Aproximei-me e levei as mãos em seu rosto, deixando um beijo suave em seus lábios. Ele
correspondeu na mesma intensidade, por longos minutos. Encerramos o beijo e nos afastamos,
minhas mãos permaneceram no mesmo lugar, acariciando-o sem dizer uma palavra.
— Nós podemos fazer dar certo, não é? — perguntou, denunciando que, no fundo, ele
tinha medo.
E tudo o que eu queria era entendê-lo.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu balancei a cabeça em concordância. Alexander
retribuiu aquele sorriso e levou a mão sobre a minha, entrelaçando-as.
Mesmo não querendo quebrar aquele clima gostoso, havia algumas coisas que eu precisava
saber. Mesmo que ele tivesse se declarado, eu realmente sentia a necessidade de ter essa
conversa. Então, decidi tomar a iniciativa.
— Você realmente teve algum problema nos hotéis?
— Não... sei que te magoei por sair daquela forma, mas depois do que compartilhamos
noite passada, eu precisei desesperadamente de um tempo para pensar em tudo o que estava
sentindo — foi sincero. Assenti, entendendo-o perfeitamente.
— E o que te fez mudar de ideia sobre nós? — perguntei, tentando compreender sua
mudança repentina.
— Não suportar a ideia de te deixar ir, me questionar se o amor seria o suficiente para que
pudéssemos fazer dar certo, mesmo quando... — A voz dele falhou, dando-me brecha para jogar
as perguntas que passeavam sem respostas em minha cabeça.
— Por que tem tanto medo, Alexander? O que aconteceu na noite passada? Se queremos
fazer dar certo, precisamos ser honestos um com o outro. Eu preciso saber.
Ele não respondeu de imediato, parecia pensar no que responderia. Senti seu olhar distante.
Não me atrevi a me mover, apenas esperei que decidisse, sem forçar a barra para compartilhar
aquilo comigo.
— Não tive o melhor exemplo dentro de casa, cresci acreditando que esse sentimento não
bastava. Para mim, o amor nunca passou de uma ilusão — disse, sério, evitando o meu olhar.
— Por quê?
— Meu pai sempre fez tudo o que pôde para a mulher que me deu à luz, dava a vida por
ela, mas nunca foi o suficiente. — Suspirou. Arqueei as sobrancelhas pela forma com que ele se
dirigiu a mãe. — Ela...
Alexander deixou as palavras no ar, deixando claro o quanto aquele assunto era difícil. Os
olhos vieram ao encontro dos meus, fazendo meu coração apertar com a dor e mágoa tão
profundas neles.
— Não precisa contar se não quiser — disse e voltei a acariciar seu rosto.
— Eu preciso... — Suspirou mais uma vez. — Se vamos fazer isso direito, eu preciso que
saiba sobre os meus pais.
— Tudo bem, no seu tempo.
— Meu pai não era o suficiente, então, aquela mulher começou a trai-lo com o melhor
amigo. — Alexander sorriu amargurado. — Quando meu pai descobriu, ela disse que era infeliz
ao lado dele, mesmo quando eu sempre o vi fazendo tudo, para ela não era suficiente.
Lágrimas se formaram em meus olhos, diante da dificuldade que Alexander expressava em
dizer cada palavra, ao mesmo tempo em que eu começava o compreender completamente.
— Depois que meu pai descobriu, o amigo se afastou e eles tentaram seguir com aquilo
que chamavam de casamento. Portanto, ele não estava indo cuidar da empresa mais como antes,
as brigas aumentaram... Meu pai desenvolveu um quadro de depressão e, no fim, ele tirou a vida
dela e... — A voz dele falhou. — Deu um tiro na própria cabeça em seguida — ele completou,
fazendo-me soluçar. — Desde então, sou apenas eu e minha avó.
As lágrimas já eram impossíveis de segurar, o aperto no peito era imenso, enquanto a
compreensão de tudo vinha à tona. Não era só pelo que aconteceu com os pais que eu estava
chorando, era por ele guardar tudo isso, era por pensar na luta que deveria o corroer a cada
momento, a cada vez que ele me empurrou para longe.
— Os pesadelos... são sobre isso? — perguntei entre soluços. Ele suspirou e assentiu. —
Ah, meu Deus... — Em um movimento rápido, fui com o meu corpo sobre o dele, deixando-o de
costas para o colchão, abraçando-o fortemente.
Alexander não disse nada, apenas me apertou com a mesma intensidade, enquanto eu me
acalmava.
— Me desculpe por fazê-lo trazer isso à tona — disse, em um fio de voz.
Senti-me culpada por fazê-lo relembrar tudo. Era algo doloroso e triste, muito triste.
— Está tudo bem... faz muito tempo — falou, a voz contida. — Falar isso em voz alta,
apenas me traz a confirmação de que você é diferente.
Ao ouvi-lo, eu me afastei um pouco para encontrar seus olhos. Apesar de aquilo
visivelmente o afetar, ele não se entregou ao sentimento. Os olhos brilhavam com as lágrimas
contidas, mas ele permanecia sério.
Ele levou as mãos em meu rosto e o acariciou.
— Você me faz querer tentar, me faz acreditar que nós podemos ser o suficiente um para o
outro — sussurrou, os olhos presos aos meus. — Eu quero acreditar nisso, desesperadamente.
— Então apenas acredite, Alexander. Nós seremos, pois eu jamais faria algo nem parecido.
— Fui sincera. — Nunca, ouviu?
— Eu sei, e é por isso que estou aqui — falou e me puxou ao encontro dos lábios dele, sem
me dar tempo para respondê-lo.
O beijo era lento. O gosto salgado das minhas lágrimas, não nos impediu de continuar a
entrega. Senti a mão dele deslizar pelo meu corpo, afastando as minhas pernas, fazendo-me
acomodá-las à sua volta, enquanto a língua pedia espaço para explorar meus lábios.
Então as mãos dele subiram para os meus seios, ele os acariciou, enviando uma onda de
excitação por todo o meu corpo. E enquanto aprofundávamos o beijo, senti-o ficando cada vez
mais duro no meio das minhas pernas.
A mão foi para tocar o pau, pedindo-me espaço, eu o dei, enquanto ele encerrava o beijo,
chupando meu lábio inferior. Os olhos dele encontraram os meus, enquanto ele passava o pau em
minha entrada, espalhando ali a lubrificação dos orgasmos anteriores.
Alexander deslizou lentamente, fazendo-me soltar um gemido contido com aquela
investida.
— Agora, eu vou fazer amor com você bem devagar, até que se desmanche completamente
em meus braços — disse, sua rouquidão fez uma onda de excitação pairar por todo o meu corpo.
Alexander se moveu, fazendo minhas mãos voarem em seu ombro. Meus olhos não
deixaram os dele, pude enxergar naquele momento, algo muito além do que jamais imaginei ser
capaz.
Um amor avassalador, intenso, cheio de desejo, paixão e pura conexão. A confirmação de
que, desde que nos mantivéssemos sempre assim, seria o suficiente.
Estava disposta a entregar tudo a ele e deixar que esse amor arrebatador tomasse conta de
nós, sem barreiras, seriamos apenas nós dois.
Mordi meu lábio inferior e sem deixar os seus olhos intensos, eu disse:
— Isso é exatamente o que eu preciso. Faça amor comigo, Alexander.
CAPÍTULO 46
— Não acredito que vai se casar — Beatriz falou, animada, enquanto saía do provador.
Passei meus olhos pelo vestido, dando um sorriso ao constatar o quanto havia ficado
perfeito nela. Era cor verde-água, a peça se ajustava perfeitamente às curvas e à pele de Beatriz.
— Uau, ficou perfeito — disse, ao passo que ela dava uma voltinha, toda cheia de charme.
— Você diz isso porque ainda não me viu — Isabella falou e saiu do outro provador se
exibindo.
Meu sorriso se alargou, enquanto eu constatava o quanto aquela cor caía bem nas duas. O
contraste da cor na pele levemente bronzeada de Isabella também estava perfeito.
— Arrasou demais nas escolhas, amiga — Beatriz falou, passando os olhos em mim,
enquanto duas mulheres ajustavam o vestido de noiva em meu corpo. — Mal posso esperar para
te ver nesse vestido, com todos os ajustes prontos.
— Eu também. — Sorri.
— E então, sobre Alexander... — Beatriz voltou a falar curiosa. Eu não havia dado
detalhes, mas não consegui segurar a notícia de que tudo havia se tornado real.
Desviei o meu olhar das meninas e para as duas mulheres, então, voltei meu olhar para elas
como um aviso para que tomassem cuidado com o que falavam.
— Agora e para sempre, é o que o casamento significa, não é? — respondi, fazendo-as
vibrar. — Parece que é o que estamos fazendo.
— Não parece, é — Beatriz disse.
— Noite das garotas, o que acham? Assim posso contar tudo o que querem saber —
sugeri, tentando evitar que as loucas acabassem soltando algo que não deviam. Na minha casa,
poderíamos conversar com tranquilidade.
— Hoje para mim não dá, amiga. — Isabela fez um biquinho. — Podemos marcar para
amanhã?
— Eu estou dentro. — Beatriz logo falou.
— Ótimo, combinamos para amanhã, então.
— Vai ser demais — Beatriz completou. — Seus pais chegam quando?
— Eles vêm durante a semana para dar tempo de escolher as roupas, e passar um tempo
conosco.
— Que ótimo, me avisa, estou morrendo de saudades, seria bom vê-los antes do casamento
— Isabella pediu.
Sempre fomos grandes amigas e ela ia com frequência lá em casa.
— Claro, não se esqueça de levar a Mel — avisei, ela sorriu. A presença da pequena era
indispensável.
— Senhorita. — Monica, uma das mulheres que ajustava o vestido chamou a minha
atenção. — Terminei os ajustes, pode conferir se está do seu agrado?
— Claro, obrigada. — Dei um sorriso quando ela se afastou, então, desci do lugar que
estava para que ela ajeitasse e fui em direção ao espelho.
O modelo era ombro a ombro, estilo princesa. Elegante e valorizava todas as minhas
curvas. Exatamente da forma que eu sempre sonhei.
— Está mais do que perfeito — Isabella falou, fazendo meu sorriso alargar.
Meu coração acelerou com a ideia de que esse momento era real, eu estava fazendo isso
para mim, sem farsas, sem fingimentos. Aquilo era real.
— Ah, meu Deus, Raissa. O que foi? — A voz preocupada de Beatriz me trouxe de volta à
realidade, só então, eu me dei conta que lágrimas caíam pelo meu rosto sem permissão.
— Está tudo bem — respondi, a voz contida. Em seguida levei a mão ao rosto para limpar
aquelas lágrimas intrusas, enquanto um sorriso bobo se formava em meus lábios.
Céus! Dava para acreditar?
— É algo comum, acreditem — Monica falou, de forma simpática olhando para as minhas
amigas, que deviam estar me achando uma louca, afinal, me ver chorar não era algo que elas
estavam acostumadas, visto que sempre me mostrei muito forte.
Mas, de repente, aquilo me deixou emocionada.
Casar, quando foi que eu pensei que faria isso verdadeiramente em tão pouco tempo?
Eu e Alexander éramos loucos, simples assim. Mas eu estava feliz, feliz com toda a
loucura.
— Bem, eu amei — falei, virando-me para Monica. — Está perfeito assim.
— Ótimo, vamos tirá-lo e eu farei os ajustes. Você pode pegá-lo comigo em uma semana e
se precisar, ajustamos mais uma vez.
Assenti e voltei para o mesmo lugar, para que Monica e sua ajudante me ajudassem a tirar
o vestido. Beatriz e Isabella fizeram alguns joias com as mãos, fazendo-me sorrir, enquanto elas
voltavam para o provador para tirar os vestidos.
Depois de me trocar, fui em direção às meninas que me esperavam sentadas nas poltronas.
— Vamos? — Pisquei para elas que sorriram e vieram em minha direção.
Nós fomos para o caixa, então a recepcionista calculou tudo junto e me passou a nota com
os valores. Tirei o cartão e entreguei para que ela fizesse a cobrança.
— Vejamos que nossa amiga está mesmo chique — Beatriz comentou, fazendo-me revirar
os olhos.
Estava usando um cartão black que Alexander havia deixado comigo para todo e qualquer
gasto referente ao casamento.
De início, eu não quis aceitar, mas diante das recomendações de lojas e gastos exorbitantes
que ele estava me encaminhando, eu não tive muita escolha. Afinal, apesar de optarmos por algo
mais íntimo, era do casamento de Alexander Korfali que estávamos falando, então, eu acabei
aceitando. O que o deixou com um sorriso de orelha a orelha.
— Em que a senhorita está pensando, hein? — Isabella chamou a minha atenção, fazendo
com que eu controlasse o sorriso bobo que formou em meus lábios ao me lembrar daquele
sorriso gostoso de Alexander.
— Com certeza é naquele gostoso pelad...
— Beatriz! — interrompi-a, dando alguns tapas na cretina, que estava com um sorriso
cheio de malícia nos lábios.
Então, eu me voltei para digitar a senha do cartão.
— Está tão apaixonada que não consegue esconder. — Isabella deu um sorriso divertido.
Balancei a cabeça em negativa, enquanto pegava o cartão da mão da recepcionista, que
tentava disfarçar ao máximo o sorriso com as palhaçadas das meninas.
Depois que paguei, nós fomos em direção à saída, paramos na porta para nos despedir,
afinal, a única que não trabalhava era eu, as meninas estavam em horário de almoço.
— Nos vemos amanhã na sua casa? — Isabella perguntou com um sorriso.
— Com toda certeza, tenho novidades que irão adorar.
— Estou louca para saber como tudo se tornou real — Beatriz falou, eufórica.
— Shhh... — Dei um tapinha nela que apenas deu uma risada. — Amanhã, por volta das
20h, tudo bem?
— Fechado. — Beatriz piscou. — Nos vemos amanhã, preciso correr, pois já estou
atrasada. — Ela me deu um abraço e caminhou na direção oposta, onde estava o carro dela.
— Vou também, amiga, você sabe, a nova gerente é um porre. — Isabella fez uma careta.
— Obrigada pelo almoço e por todo o resto.
— Não foi nada. Até amanhã. — falei com um sorriso, enquanto a abraçava. Ela se afastou
e foi em direção ao carro, que estava logo à frente.
Como eu não tive tanta sorte, o meu carro estava um pouco mais atrás. Havia chegado um
pouco atrasada e estava no horário de maior movimento.
No momento, tudo parecia mais calmo.
Caminhei lentamente enquanto olhava pelas vitrines das lojas. Estávamos em um bairro
nobre, nem em meus sonhos, pensei que chegaria a comprar algo em uma loja assim. Mas aqui
estava, pegando um vestido caríssimo e tudo o que tinha direito, porque Alexander simplesmente
queria me mimar. E apesar de ser muito independente com tudo, estava gostando muito disso.
Eu estava distraída, indo para o meu carro, quando dei um pulo, ao sentir uma mão forte
contornar o meu pulso.
— Veja só, eu estava mesmo querendo te encontrar, sua filha da puta. — Aquela voz
familiar, fez com que um frio na espinha me atingisse.
Tentei puxar meu braço, enquanto me virava para confirmar se a voz familiar era de quem
eu estava imaginando E sim, meu humor que há pouco era um dos melhores, se tornou em um
dos piores em uma fração de segundos.
— Perdeu a noção do perigo, imbecil? — perguntei, tentando puxar a minha mão mais
uma vez.
Era só o que me faltava, depois de oito anos, Matheus querer testar a minha paciência.
— E você? Parece que não tem noção alguma. Não superou ainda o que aconteceu há oito
anos? É por isso?
— Do que está falando? — perguntei e franzi as sobrancelhas, para as insinuações sem
sentido daquele idiota.
— Vai me dizer que não sabe que o seu querido noivo está ferrando a empresa do meu pai
desde o dia que nos reencontramos? — Ele puxou o meu braço mais forte. — Foi você quem
pediu?
— O quê? Não! — rebati, incrédula, tentando me soltar. — Pode me soltar?
— Não antes que me responda, contou a ele sobre nós?
— Sim, Alexander sabe sobre nós — fui sincera.
— Ele não iria quebrar uma parceria de anos, por nada. O que você fez? Fez a minha
caveira com ele para que me arruinasse, vadia.
— Não fiz nada, droga! — gritei. — Ele sabe de tudo que aconteceu, porque estava lá! É o
cara que eu saí da boate naquela noite.
— Acha que vou acreditar nisso? — rosnou, apertando ainda mais o meu pulso. — Isso é
baixo demais, Raissa, até para você.
— O que está acontecendo aqui? — Uma voz firme e grossa pairou sobre nós. Enquanto
mãos firmes agarravam a mão de Matheus, o qual ele estava usando para me segurar.
Olhei para o lado, constatando um homem alto que tinha certamente quase dois metros de
altura, forte, vestindo um terno bem elegante. O homem me era familiar, já havia o visto antes,
mas não fazia ideia de quem fosse ou de onde realmente havia me esbarrado com ele.
— Nada que é da sua conta, babaca — Matheus o respondeu, fazendo-me voltar a olhá-lo.
Ele tentou se livrar do aperto do homem, que intensificou a força sobre Matheus, fazendo-
o me soltar com um gemido de dor, balançando a mão.
— É fácil usar a força contra uma mulher, posso te dar uma lição. Acho que precisa de
uma. — O homem deu um passo à frente, fazendo Matheus recuar. Para não perder Matheus, ele
o segurou, então, os olhos dele foram em minha direção.
— Senhorita Raissa, você pode ir. Eu cuido das coisas daqui em diante — o homem disse,
a voz tranquila destinada a mim.
— Quem é você? — perguntei, mesmo já tendo ciência de quem poderia ser o homem, já
que parecia saber perfeitamente quem eu era.
— Sou Marcelo, estou encarregado de manter a sua segurança.
— Ah, é o dedo-duro. — Pensei em voz alta, um vislumbre de sorriso se formou no canto
da boca dele, porém, deu o seu melhor para se manter sério e assentiu para mim.
— Era só o que faltava — Matheus falou, fazendo-me lembrar de que o imbecil ainda
estava ali. O segurança apertou um pouco mais seu braço, fazendo-o xingar.
Eu poderia pedir que o cara não fizesse isso, mas, na verdade, ele estava merecendo.
Então, o ignorei e me concentrei apenas no segurança.
— Bem, obrigada por isso.
— Disponha — respondeu, antes de se voltar para Matheus.
Eu me virei e comecei a caminhar em direção ao meu carro.
— Você é mais baixa do que pensei, Raissa, vai fugir? — Ao ouvi-lo, eu me virei
rapidamente em direção aos dois.
O segurança estava com o olhar duro para o babaca, mas parecia estar esperando que eu
me afastasse para fazer o que quer que fosse.
— Eu não o pedi para fazer nada! Está enganado. — Foi o que eu disse antes de voltar a
seguir o meu caminho. Tentei ignorar o grito de Matheus, apenas pedindo para que eu resolvesse
aquela merda.
Acomodei-me no carro, em um movimento involuntário levei a mão ao pulso e o
massageei, constatando que o idiota havia deixado uma marca.
Que porra Alexander estava fazendo? Ele realmente estava ferrando a empresa dos pais
de Matheus?
Depois de um suspiro profundo, balancei a cabeça em negativa e dei partida no carro. Não
poderia esperar, tinha que descobrir logo se Alexander estava fazendo isso. Então, meu destino já
estava em mente.
Quinze minutos mais tarde, estacionei em frente à empresa de Alexander. Passei direto
pela recepção e dei um sorriso forçado para a recepcionista, fingindo a plenitude que
definitivamente não estava tendo e fui em direção ao meu único destino.
— Alexander está em sua sala? — perguntei a secretária, à medida que passava por ela.
— Sim, mas...
Não esperei que terminasse, levei a mão na maçaneta e abri a porta.
— Isso seria perfei... — Alexander interrompeu sua fala no momento que seus olhos
cruzaram os meus.
Amaldiçoei-me quando percebi que não estava sozinho. A atenção dele e de mais três
caras estavam diretamente em mim. O olhar de Alexander para mim estava sério, senti sua
repreensão mesmo que não dissesse nada.
Droga! Estava com tanta raiva, que nem mesmo pensei que ele poderia estar com
companhia.
— Me desculpem — disse a todos e fiz uma careta totalmente sem graça. Em seguida, meu
olhar foi para Alexander. — Não imaginei que estava ocupado. Vou aguardar lá fora.
Levei a mão à maçaneta pronta para fechar a porta.
— Raissa. — A voz firme de Alexander ressoou pelo ambiente. Eu encontrei seus olhos
mais uma vez. — Eu já estou acabando, você pode esperar aqui. Por favor, entre.
— Ah!
Olhei para os homens e fechei a porta, então, entrei na sala.
— Senhores, me perdoem, faltam apenas duas semanas para o casamento, com prazos tão
curtos, minha noiva às vezes precisa falar comigo com certa urgência.
— Ela é a mulher que o fisgou — um dos homens falou e me mediu com o olhar.
— Sim, ela é a mulher que tem tudo de mim — respondeu, os olhos fixos em mim,
fazendo-me corar.
— Vejam só como até os corações mais duros se desmancham quando acham a mulher
certa — o homem falou, fazendo os demais rirem.
— Vou levar isso como um elogio — Alexander disse enquanto dava dois tapinhas no sofá
ao lado dele.
— Oh, sim, pode ter certeza. — O homem logo se defendeu.
Sentei-me ao lado de Alexander, que me apresentou brevemente aos homens, levando a
minha bola lá em cima como uma excelente gerente de marketing, contando sobre a empresa que
eu trabalhava anteriormente.
O que não me surpreendeu, afinal, o que ele não sabia sobre mim?
Durante aquela interação quase me esqueci que estava puta com ele, quase.
Mais alguns minutos de conversa e encerraram a reunião, então, se despediram
educadamente de mim. Alexander os acompanhou até a porta e após a trancá-la, olhou para mim
seriamente.
— Raissa — chamou, firme, à medida que caminhou em minha direção. — Isso não foi
legal. É adorável que venha me visitar de surpresa, mas se tivéssemos em algum ponto
importante da reunião, seria embaraçoso para mim.
Levantei-me e eliminei a distância entre nós. Eu deveria me desculpar, mas o que saiu da
minha boca foi outra coisa.
— Você está ferrando a empresa dos pais do Matheus?
Alexander me estudou com o olhar, permanecendo sério.
— Onde conseguiu essa informação? — perguntou, sem qualquer vestígio de remorso.
Droga! Ele realmente estava fazendo isso.
— Seu segurança não te avisou quem me importunou há pouco? — ironizei.
— Matheus foi atrás de você?
Alexander levou a mão no bolso do terno. Rapidamente tirou o celular e o checou por
alguns segundos.
— Idiota, ele machucou você? — perguntou e levou a mão em meu pulso, vendo a pele
ainda vermelha do aperto forte de Matheus.
Puxei a minha mão e o encarei.
— Me diz que você não está fazendo isso — pedi, vendo o maxilar dele travar.
— Por que parece tão decepcionada? — ele perguntou e deu um passo em minha direção,
ficando extremamente perto. Dei um passo para trás no mesmo instante. — Ainda sente alguma
coisa por ele?
Não fui capaz de responder de imediato. Um sorriso cheio de nervoso se formou em meus
lábios, enquanto Alexander apenas arqueava a sobrancelha para mim. Quando percebi a
seriedade, meu olhar se tornou incrédulo.
— Deus, Alexander. Não! — Levantei as mãos para cima com falas tão absurdas. — Não
tem nada a ver com isso, se trata do que te pedi para não fazer, lembra? — falei, agora um pouco
mais calma e me aproximei dele.
Precisava disso, para que ele não interpretasse as coisas de forma errada.
Levei as mãos no rosto dele, que permaneceu imóvel.
— Se trata de nós. — Suspirei. — Não preciso de nada disso, preciso de você. Não quero
que saia por aí punindo pessoas que não tem nada a ver com o que o idiota do Matheus fez. Não
quero que fique desenterrando com essas atitudes algo que foi enterrado há muito tempo.
Alexander pareceu entender o que eu estava falando. Balançou a cabeça em concordância
e quando falou, a voz estava séria, porém, controlada.
— Nada me impede de romper parcerias. Eu já queria fazer isso, foi só um incentivo para
minha decisão final. — Deu de ombros. — O que ele falou com você?
— Ele acha que eu te persuadi a fazer isso, você tem que parar. Se quis cancelar a parceria,
tudo bem. Mas, por favor, não use sua influência para fazer com que outros cancelem. Tudo que
eu não preciso agora é esse idiota no meu pé.
— E não vai, não vai chegar perto de você mais — falou, autoritário.
Epa!
— Alexander, não faça nada p...
De repente, a boca dele estava esmagando a minha com fervor. Demorei alguns segundos
para corresponder aquele beijo bruto, mas que arrepiou cada parte do meu corpo, enquanto as
mãos grandes passeavam sem pudor algum sobre mim.
Alguns minutos depois, afastou-se ofegante e me mediu com o olhar. Como se analisasse a
minha reação.
— Não pode fazer isso enquanto estamos conversando algo sério — repreendi-o, a
respiração irregular.
— Não gosto de como isso soa. Não quero ouvi-la me pedindo para não foder aquele
desgraçado.
Droga! Seria errado dizer que isso foi incrivelmente excitante?
— E eu não quero, que acabe com o legado que alguém batalhou para construir por causa
de um idiota — expliquei. — Não quero que faça essas coisas.
— Não fiz nada, apenas cortei parcerias que não eram relevantes para mim. — Teve a cara
de pau de falar, passando a mão por baixo da minha saia, levando-a para cima, em seguida
apertou minha bunda.
Ao invés de responder, um gemido escapou de meus lábios. O que o deu liberdade para se
inclinar e mordiscar o meu pescoço.
— Ele merece com toda certeza, mas não é certo.
— Não vou retomar a parceria com a empresa dos pais dele, se é isso que está tentando me
pedir — avisou, em seguida mordeu o lóbulo da minha orelha.
— Não quero que faça isso, só não dificulte mais.
Alexander não disse nada, em um rompante me tirou do chão e me levou até sua mesa.
— O que está fazendo? — perguntei, ao mesmo tempo em que me sentava sobre ela,
afastando qualquer coisa que ficasse no caminho.
— Há dois meses eu venho pensando em fodê-la em cima dessa mesa. Eu quero fazer isso
agora.
— Eu ainda não terminei de falar — protestei.
— Precisamos mesmo falar sobre esse idiota? — Alexander perguntou, levantando a
minha saia acima da barriga.
— Sim, nós precisamos. Não só dele, mas sobre o segurança também — completei,
fazendo-o suspirar.
Antes que Alexander pudesse responder, o telefone em sua mesa tocou. Ele amaldiçoou
baixinho, antes de tirá-lo do gancho e o levar ao ouvido.
— Cancele, por favor — Alexander pediu, sério, após alguns instantes. Então, bufou. —
Merda! Eu me esqueci. — Fez uma pausa, apenas escutando a pessoa do outro lado da linha. Por
fim, completou. — Tudo bem, me dê alguns minutos.
Alexander desligou o telefone e me mediu com o olhar. Em seguida, as mãos foram para a
borda da minha calcinha. Levei as mãos sobre a dele, fazendo-o encontrar o meu olhar.
— Não tem algum compromisso agora? — perguntei, enquanto ele ignorava meu toque e
retirava a minha calcinha.
Sem cerimônia, afastou as minhas pernas e se acomodou entre elas, no instante seguinte se
ajoelhou, sem tirar os olhos dos meus.
— Sim, eu tenho, vamos ter que terminar essa conversa mais tarde na nossa casa — disse,
fazendo a droga do coração traidor balançar por completo. — Mas não antes de lembrá-la porque
não devemos perder tempo falando daquele idiota.
— Nossa casa? — sussurrei, a voz carregada de desejo.
— Sim, nossa casa.
CAPÍTULO 47
— Conseguiu resolver o problema? — perguntei, firme, os olhos fixos na porta do
banheiro.
— Dei um aviso ao cara, o fiz entender quais seriam as consequências se a abordasse
novamente. Talvez eu tenha deslocado, ou quebrado, um ou dois dedos. Mas quem liga? —
Marcelo respondeu, minha boca se curvou em um sorriso, à medida que me recostei na parte
traseira do sofá.
— Não dou a mínima — respondi, firme. — Qual foi a reação dela em relação a você?
— Tranquilo, não se espantou, apenas me chamou de dedo-duro e agradeceu — falou em
um tom divertido, meu sorriso se alargou.
Naquele instante, Raissa abriu a porta do banheiro e saiu.
— Obrigado, continue de olho em tudo. Nos falamos depois.
— Certo, Alexander.
Encerrei a ligação, enquanto Raissa caminhava em minha direção. Meus olhos
permaneceram fixamente sobre ela, ao passo que guardava o celular no bolso.
Os cabelos, mesmo que ajeitados, visivelmente desgrenhados, o rosto corado e aquele
sorriso gostoso nos lábios me faziam querer uma segunda rodada urgentemente.
Meus olhos foram de imediato para a minha mesa, enquanto a imagem de Raissa de costas
para mim, inclinada com a bunda para cima, dando alguns gemidos contidos, à medida que eu
puxava seus cabelos em um rabo de cavalo, fez-me cogitar cancelar tudo.
Droga! Estava ficando duro mais uma vez, e o pior de tudo, estava atrasado para uma
reunião importante que não poderia ser adiada.
— Algo interessante na mesa? — Raissa perguntou, atraindo a minha atenção para ela.
O sorriso dela se alargou, como se soubesse perfeitamente por onde andavam os meus
pensamentos.
— Você não faz ideia — respondi, ao mesmo tempo em que ela parou em minha frente.
Sem cerimônia, passou os braços em volta do meu pescoço e se inclinou para deixar um
selinho em meus lábios. Minha mãos foram para seu quadril e colei seu corpo no meu, fazendo-a
arquear as sobrancelhas ao notar o quão duro eu já estava.
— Vou resolver as coisas com a minha equipe e em aproximadamente duas horas estarei
em casa — falei, a voz mais rouca que o normal. — Precisa que eu repita a senha?
Raissa balançou a cabeça em negativa.
— Vou esperar, ansiosamente... — Ela se afastou. — Para conversarmos.
— Claro. — Minha boca se curvou em um sorriso, sabendo que a conversa poderia até
acontecer, mas não antes de continuarmos o que começamos aqui.
— Não quero atrapalhar a sua reunião, então. — Piscou para mim e apontou para a porta.
— Vejo que está mais tranquila — disse, diante de sua provocação.
— Você parece ter esse poder de me acalmar — confessou, fazendo meu sorriso se
alargar. — Mas não significa que eu concorde com o que está fazendo.
Estendi a mão em sua direção, ela me mediu com o olhar antes de aceitar, então a puxei
mais uma vez. Era para ser apenas um selinho, mas no instante seguinte, a envolvi em meus
braços e aprofundei o beijo.
Droga! Eu estava fodido.
Quando nos separamos, estávamos sem fôlego. Raissa mordeu o lábio inferior e sem dizer
uma palavra sequer, virou-se e caminhou pela sala, acompanhei-a com o olhar até que abriu a
porta e saiu.
Aquela atitude tornou tudo ainda mais sexy.
Tive que aguardar alguns minutos para me controlar e ir para a sala de reuniões.
Estava atrasado, claro. Toda a equipe estava me esperando para discutir o que faríamos no
próximo mês, afinal, daqui a alguns meses, começava a época de maiores reservas do ano. Então,
precisávamos nos organizar.
Estava me reunindo com o gerente responsável por cada sede de hotel, recebendo algumas
informações que poderiam ser importantes. E, à medida que explicava que a partir desse
momento trabalharíamos junto com a ALX marketing e publicidade, minha mente vagava para a
possibilidade de Raissa se integrar na empresa.
Parte de mim, queria ver em prática tudo aquilo que me mostrou em apenas um dia de
trabalho comigo, mas a outra parte, era culpa, por tirar dela algo que visivelmente a fazia tão
bem.
Achava que se conseguisse dar um bom emprego, uma grande oportunidade, ao mesmo
tempo em que tivesse ao menos um pouco de contato com sua antiga equipe, amenizaria o fato
de que eu ferrei, literalmente, a sua vida profissional.
Quando a reunião acabou, despedi-me daqueles que estavam se preparando para voltar
para a sua cidade ainda hoje e, em seguida, dei uma passada em minha sala para confirmar que
tudo estava em ordem para ir ao encontro da minha mulher.
Desliguei o meu notebook, guardei alguns papéis e estava prestes a ir embora quando o
telefone em minha mesa tocou.
— Sim? — Atendi no quarto toque.
— Senhor Alexander, tem uma pessoa querendo falar com você.
— Emanuela, eu disse que não receberia mais ninguém hoje — repreendi-a.
— Eu sei, senhor, mas fui informada que é urgente, e como se trata de um dos nossos
parceiros, achei que deveria saber.
— Quem está aí?
— Matheus Albuquerque. — Arqueei minha sobrancelha ao ouvir o nome.
Se fosse qualquer outra pessoa, eu realmente não receberia. Porém, o filho da puta teve a
audácia de vir até aqui, então precisava ao menos saber o que pretendia.
— Pode deixá-lo entrar — respondi, sério, e coloquei o telefone no gancho.
Dei a volta na mesa e me sentei na cadeira, afrouxando a gravata e esperando que o cara
entrasse.
Não demorou muito para a porta se abrir, Emanuela me deu um sorriso sem graça e deu
espaço para que o idiota entrasse. Em seguida, fechou a porta nos deixando a sós.
— Matheus — disse, observando-o caminhar em direção à minha mesa. — É muita
audácia aparecer aqui depois do que fez hoje.
Tive que conter o sorriso ao notar a mão enfaixada.
— Marcelo fez um bom trabalho. — Voltei a falar, ele fez uma careta e acompanhou meus
olhos para a mão.
Um ótimo lembrete para deixar as mãos sujas longe de Raissa.
— Eu perdi a cabeça quando a vi, esse último mês não foi fácil. — Suspirou.
— Nada justifica — falei, duramente. — O que você quer?
Eu sabia o que ele queria, sabia muito bem. Mas não facilitaria, queria ouvi-lo falar. Sabia
que podia ser o maior filho da puta por pensar assim, mas gostava de ver o cretino se
humilhando, afinal, para mim, ele merecia.
Não só pelo que fez a Raissa há oito anos. Mas também pela forma que falou com ela no
evento. O desgraçado a tratou de forma que só de lembrar, fazia-me querer sacaneá-lo ainda
mais.
Pessoas assim, sinceramente não sentia remorso algum de foder, completamente.
— Vim conversar sobre o rompimento da parceria dos hotéis com a agência de turismo da
minha família — finalmente falou, em um fio de voz, como se odiasse o que estava fazendo.
— Fale, estou ouvindo. — Recostei-me na cadeira e o encarei.
— Nós não aguentaremos muito sem a parceria, são tantos anos, tantos clientes e
benefícios. Detesto admitir que nossa gama principal vem dos seus hóspedes. — Suspirou mais
uma vez. — O caixa em breve estará negativo e...
— Não quero fazer qualquer negócio com você. Deveria saber que meu problema é mais
do que pessoal — interrompi-o. — Seu pai gerenciava melhor as coisas. Eu não vejo mais
vantagens desde que você assumiu, foi por isso que quebrei uma parceria de tantos anos.
— Nós sabemos que é mais pessoal — rebateu, entredentes.
— Um pouco dos dois, com certeza. Se não fosse tão babaca talvez essa parceria se
mantivesse — fui sincero.
Era visível em seu olhar o quanto aquelas palavras o enfureceram, mas claro, o merdinha
segurou as pontas.
— Tem algo que eu possa fazer para mudar isso?
— Não, se veio aqui para isso, sinto que perdeu o seu tempo.
Então, Matheus se levantou balançando a cabeça em negativa.
O coitado estava perdido. E eu não dava a mínima, mas as palavras de Raissa pairaram em
minha mente.
Não quero que saia por aí punindo pessoas que não tem nada a ver com o que o idiota do
Matheus fez.
Amaldiçoei-me por me importar tanto com a opinião daquela mulher, suspirei e voltei o
olhar para o idiota.
— Aliás... — chamei sua atenção antes que saísse da minha sala. — Há algo que pode
fazer sim.
— O quê?
— Renuncie ao seu cargo de CEO — pedi, fazendo-o arregalar os olhos.
— Está brincando, não é?
— Nunca falei tão sério. Não faço negócios com você, mas se, porventura, decidir que vai
renunciar, posso voltar a fazer negócios com o seu pai.
— Você está louco.
— A oferta está feita. Quer salvar a empresa? Essa é a alternativa que lhe dou. É pegar, ou
largar.
— Vai me pagar por isso, Alexander.
— Talvez quando as ações caírem um pouco mais, eu deva comprar algumas e me tornar o
sócio majoritário? Isso também seria interessante, você me conhece bem para saber que não teria
dificuldade alguma de fazer acontecer. — Olhei-o, de forma incisiva. — É melhor nem tentar.
— Você é realmente tudo aquilo que dizem — disse e levou a mão à maçaneta, em seguida
abriu a porta.
— Só com aqueles que merecem — disse, firme. Os olhos dele encontraram os meus mais
uma vez, antes de sair da minha sala.
Eu sabia que era questão de tempo até que cedesse, afinal, deixar a direção da empresa nas
mãos do pai era melhor do que a minha presença lá dentro, fazendo tudo à minha forma.
Poderia sim ser considerado um homem impiedoso, mas essa era a minha forma de
trabalhar. Eu não sentia qualquer remorso por pagar na mesma moeda.
Alguém tinha que fazer isso, afinal.
Então sim, eu seguiria passando por cima de tudo e todos, para conseguir aquilo o que
queria.
Com isso em mente, levantei-me, decidido a ir ao encontro da única pessoa que realmente
importava para mim, a única que eu queria loucamente sentir, nesse momento mais do que
nunca.

Abcdfu - Gayle tocava em alto e bom som quando eu cheguei em casa.


Franzi as sobrancelhas enquanto fechava a porta suavemente, procurando não fazer
barulho. Caminhei em direção ao som, tendo a certeza de que vinha da cozinha.
Então, eu me deparei com Raissa no fogão, cantarolando juntamente com a música.
Pensei que ela poderia se chatear por eu ter me atrasado mais do que o estipulado, mas
não, aqui estava ouvindo uma música um tanto duvidosa, apesar de animada, mandava todo
mundo se foder.
Apoiei-me no batente da porta e cruzei os braços. Minha boca se curvou em um sorriso
enquanto a observava. Meus olhos passearam por suas pernas expostas e pararam em sua bunda,
que se remexia de forma tão sexy, enviando sensações deliciosas diretamente para o meu pau.
Continuei a olhá-la, sentindo cada vez mais a necessidade de tocá-la.
Diferente de mais cedo, Raissa estava com um vestidinho solto e curto. O que denunciava
que havia passado em casa para se arrumar. O cabelo, estava em um coque sexy, deixando à
mostra o pescoço e a única coisa que consegui pensar, foi mordiscar toda a área exposta
enquanto apertava aquela bunda gostosa.
Caminhei em sua direção, apenas querendo seguir os meus pensamentos. Mas Raissa se
virou antes que pudesse alcançá-la, meu sorriso se alargou quando deu um pequeno gritinho.
— Você chegou — disse, a voz contida, enquanto meus olhos apreciavam a visão ainda
mais gostosa de frente.
— Espero que essa música não seja uma indireta para mim — falei, e um sorriso brincou
em seus lábios.
— Quem sabe, você se atrasou... E muito. — Arqueou as sobrancelhas.
— É mesmo? — perguntei, à medida que dei passo em sua direção. Por um momento, ela
pareceu desconcertada com meu olhar.
— Como estava demorando, decidi preparar algo para comermos. Está com fome? —
perguntou, tentando tirar o meu foco.
— Não imagina o quanto — respondi e passei a mão em volta da cintura dela e a puxei
para mim em um movimento rápido.
Pressionei aquele corpo pequeno contra o meu e esfreguei minha ereção contra ela,
fazendo-a gemer.
— Alexander...
— Você é gostosa demais — sussurrei, pressionando-a ainda mais.
— Preciso voltar para o fogão, vai queimar — alertou-me.
— O que está fazendo para nós? — perguntei, os olhos fixos nela.
— Um molho rosé para combinar com o macarrão. Estava te esperando chegar para
colocá-lo para cozinhar.
— Hum... — Inclinei-me, mordiscando de leve os seios expostos. Ela me presenteou com
um gemido contido, fazendo minha mão deslizar pelas costas, aprofundando aquela investida.
— Espero que goste de massa. — Sua voz saiu em um fio, lembrando-me da panela que
estava no fogo.
Afastei-me um pouco, sentindo a respiração ofegante e os olhos fixos aos meus.
— Adoro — disse, ao passo que levei uma mão ao fogão e desliguei as chamas, em
seguida empurrei a tampa para cobrir a panela. — Ainda bem que não começou a cozinhar o
macarrão, ou teríamos que comê-lo frio e grudento. — Voltei a minha atenção para ela, que não
conseguiu disfarçar enquanto o sorriso safado brincava nos lábios.
— Nós temos que conversar.
— Sim, nós temos.
Então, sem aviso, meus lábios estavam sobre os dela. As minhas mãos foram para a bunda,
por debaixo do vestido, enquanto eu a guiava pela casa.
Eu a levei em direção à sala, sem separar nossos lábios. Quando chegamos próximo ao
sofá encerrei o beijo e a olhei fixamente. Minhas mãos foram para a barra do vestido e o tirei, em
seguida fiz o mesmo com a lingerie.
Meus olhos passaram por todo o corpo gostoso, apreciando a beleza exótica daquela
mulher.
Ela era linda.
Sexy pra caralho.
Tinha ali a visão do paraíso.
Raissa piscou para mim e se virou de costas, tirando todo o meu juízo, posicionou-se de
quatro no sofá, então, virou o rosto em minha direção, lançando-me o olhar cheio de desejo.
— Puta que pariu — disse, a voz entrecortada.
— Sou toda sua, Alexander — sussurrou, enviando uma onda de eletricidade diretamente
para o meu pau.
Não estava pensando direito, apenas precisava me enfiar na boceta gostosa. Dei alguns
passos em direção a ela, sedento.
— Abra mais as pernas para mim — pedi, ao mesmo tempo em que minhas mãos as
ajudava e as separava.
Um gemido deixou meus lábios quando meus dedos deslizaram por ela, percebendo o
quanto ela estava encharcada.
— Gosta de ser fodida dessa forma, Raissa? — perguntei, em um fio de voz, à medida que
meus dedos deslizavam pela boceta, massageando o clítoris inchado.
Ela deu um gemido em resposta, fazendo meu pau doer dentro da cueca.
— Puta merda! — rosnei, perdendo completamente a sanidade a cada gemido erótico que
saía dos lábios daquela morena deliciosa.
Não conseguia lidar com a sensação, precisava com urgência me afundar nela. Afastei-me
e comecei a tirar minha roupa, observando a obra de arte que era ter Raissa de quatro com a
bunda redondinha e empinada para mim.
Quando terminei, eliminei a distância entre nós e levei a mão aos cabelos macios, desfiz o
coque, fazendo que os fios caíssem em torno das costas.
— Eu gosto muito disso — sussurrou no instante em que os juntei em um rabo de cavalo.
Minha boca se curvou em um sorriso, ao passo que os puxava suavemente. O arrepio em
todo o corpo, denunciava que ela realmente gostava daquilo.
Louco para senti-la, levei a mão livre ao pau e me posicionei em sua entrada, espalhei a
lubrificação por alguns instantes observando o quando era sexy meu pau entre os lábios
carnudos.
Era uma das cenas mais hipnotizantes do mundo, mas que fora interrompida quando
Raissa começou a rebolar impaciente, fazendo-me arfar.
— Poderia seguir torturando-a — sussurrei, posicionando-me. — Mas seria eu a perder
todo o controle.
Então, afundei-me de uma vez, profundo.
Nossos gemidos foram sincronizados.
Puxei os cabelos e deslizei ainda mais fundo, provocando gemidos fortes. Inclinei-me
sobre ela e procurei a boca, que veio com facilidade ao encontro da minha, enquanto eu
arremetia cada vez mais intensamente, sentindo a boceta gostosa se apertar em meu pau.
Querendo sentir mais, deixei os cabelos e levei minhas duas mãos em seus seios,
colocando-os perfeitamente em minhas mãos, massageando-os com a pressão que eu sabia que
Raissa gostava. Nós estávamos completamente conectados em uma sincronia perfeita de desejo,
paixão e luxúria.
Eu necessitava fodê-la fortemente, o corpo dela denunciava, que isso era exatamente o que
precisava também. Foi por isso que a cada investida eu ia mais forte e profundo.
Os gemidos aumentaram, e eu soube que ela estava muito perto, aquilo estava me
deixando louco. A sensação era que eu nunca teria o suficiente daquela mulher.
Uma mistura louca de sentimentos jamais experimentada por mim antes. Um amor
avassalador, o desejo intenso e uma paixão arrebatadora.
Deixei os lábios e me inclinei para sussurrar em seu ouvido, ao passo que a mão contornou
o pescoço em um aperto suave.
— Goza para mim, gostosa. — Dei um pequeno rosnado, Raissa ergueu a mão para trás,
ao encontro da minha nuca e cravou a unha forte, enquanto se desmanchava em um orgasmo
completamente intenso.
E foi o que eu precisava para segui-la. Aquele gemido louco e descontrolado, enquanto a
boceta apertava meu pau, foi o suficiente para me fazer gozar junto com ela.
Deslizei a mão pelo corpo e passei as mãos em volta dela, então, apertei seu corpo no meu.
Eu necessitava daquele contato de uma forma inexplicável.
Nossas respirações completamente irregulares, a conexão forte era totalmente visível.
Raissa deixou o corpo cair no sofá alguns instantes depois, eu a acompanhei e joguei o
corpo para o lado, a fim de não deixar o meu peso sobre ela.
Permanecemos alguns minutos, tentando controlar a respiração. Minha mente vagou para
como isso foi gostoso e excitante. Chegar em casa, vê-la dançando enquanto cozinhava, o que de
imediato nos levou ao ponto em que estávamos, nesse momento.
— Eu poderia me acostumar com isso tão facilmente — confessei, atraindo os olhos dela
para mim.
— Eu também — respondeu, ao mesmo tempo em que se virou em minha direção.
— Por que não vem para cá de uma vez? Não precisamos esperar até o casamento para
morarmos juntos.
Sentia-me ansioso para tê-la comigo a todo momento, essa era a verdade.
— Não, não precisamos. — Sorriu. — Mas já estamos apressando bem as coisas, portanto,
eu quero esperar essas duas semanas para me mudar.
— Tem certeza disso? — perguntei, deslizando a mão pelo corpo dela. — Posso te mostrar
bons motivos para que mude de ideia.
— Sim — respondeu, sem hesitar. Então levou as mãos sobre as minhas com um sorriso
divertido. — Bem, vamos tomar um banho e terminar o jantar.
— Eu não vou desistir, Raissa — falei, enquanto ela se levantava. Sorri ao observar o
traseiro gostoso, caminhando em direção ao meu quarto.
A mulher era decidida no que queria, e por mais que eu quisesse muito que estivesse aqui
de vez, adorava o fato de que ela estava brincando comigo.
Seria interessante, passar as próximas duas semanas tentando convencê-la de algo que,
provavelmente, não iria ceder. Esse era um jogo muito melhor do que qualquer outro.
CAPÍTULO 48
— No que tanto pensa? — A voz de Raissa ressoou, tirando-me do estado de torpor.
Meus olhos foram para as minhas mãos, constatando que o macarrão já havia escorrido,
então, virei-me para ela.
— Em como formamos uma bela dupla.
— Sim, nós formamos — respondeu sem conseguir esconder o sorriso gostoso.
Raissa estendeu a mão para mim, entreguei o escorredor e a observei começar a montar o
macarrão em uma travessa, revezando molhos e frios.
Liguei o forno e quando me virei, ela estava terminando de colocar a última camada de
muçarela. Aproximei-me e quando tive sua atenção, inclinei-me para deixar um selinho nos
lábios macios, ao mesmo tempo em que peguei a travessa.
Levei-a para o forno e enquanto esperávamos o queijo gratinar, fomos arrumar a mesa.
Não imaginava que ter alguém para fazer coisas simples, como uma simples refeição, poderia ser
tão gostoso e me faria sentir tão vivo.
Era isso, eu me sentia de forma que nunca senti, e até o momento não conseguia identificar
de fato o que era de fato o sentimento, mas poderia dizer com certeza: Eu me sentia vivo ao lado
dela.
Quando terminamos a mesa, puxei a cadeira para que Raissa se sentasse e nos servi uma
taça de vinho. Antes que pudéssemos brindar, o forno apitou, denunciando que nosso jantar
estava pronto.
— Fique aqui, eu pego — avisei, Raissa balançou a cabeça em concordância, então, fiz o
caminho até a cozinha e peguei a travessa de macarrão.
Coloquei-a na mesa e me sentei de frente para Raissa.
— Agora sim, tudo está perfeito — falou e abriu um sorriso ao olhar para a minha mão.
— Perfeito. — Sorri. — Não há palavra que se encaixe mais do que essa.
Entreguei uma das taças a Raissa e estendi a minha em sua direção para um brinde.
— A que estamos brindando? — perguntou.
— A nós — respondi, enquanto ela inclinava a taça para brindar comigo.
— A nós, gostei disso.
Brindamos, sem conseguir tirar os olhos um do outro. Permanecemos daquela forma
alguns instantes, antes de quebrar aquele contato e começarmos a nos servir do macarrão.
Enquanto esperava que ela terminasse de servir o prato dela, eu tomei um pouco mais de
vinho. Em seguida, peguei o garfo para experimentar. Senti o olhar cheio de expectativa de
Raissa sobre mim, sorri enquanto pegava uma boa quantidade e levava à boca.
Independentemente de como estivesse, a minha intenção era fazer uma cara boa. Mas não
foi preciso esforço, na verdade, um gemido involuntário escapou dos meus lábios enquanto
saboreava lentamente o macarrão.
O molho deu um toque tão especial, que me surpreendeu.
— Gostou? — perguntou, atraindo a minha atenção.
— Demais — falei, ao passo que dei mais uma garfada generosa. — Esse molho... a
combinação está simplesmente divina.
— Não há ninguém que resista a esse molho — disse, com um sorriso de canto a canto.
Então, deu uma garfada em seu próprio prato e o levou à boca.
— Há muitas coisas que eu não resisto vindo de você — disse, atraindo o olhar sério dela
para mim. — Tem ideia de como minha vida virou do avesso quando chegou?
Raissa lambeu os lábios, os olhos fixos aos meus.
— Você me obrigou a ficar, procurou por isso, Alexander — provocou-me.
Permaneci com os olhos fixos a ela, apenas me perguntando: Ela tinha noção do quanto os
últimos dias haviam sido valiosos para mim?
Acreditava que não.
— E eu faria tudo de novo, se me levasse a perceber que não há nada melhor do que esse
novo sentimento que toma conta de mim quando estou com você, minha preciosa.
Raissa sorriu.
Deus! Ela sorriu lindamente antes de voltar a atenção para a taça de vinho, tomando um
longo gole.
Seguimos aquele jantar em um clima gostoso, apreciando aquele bom vinho enquanto
conversávamos. Comemos tanto que seria impossível fazer qualquer coisa que não envolvesse
ficar quieto.
Limpamos a mesa e colocamos as vasilhas na lava louça, antes de me virar para ela.
— Então, o que quer fazer agora? — perguntei, dando alguns passos na direção de Raissa.
— Precisamos conversar sobre mais cedo — disse, séria.
Pensei que ela havia desistido de conversar, pois não tocou em nenhum momento sobre
qualquer assunto. Não fiz questão de lembrar, até o momento. Porém, seu olhar me dizia que não
teria escapatória.
— Tudo bem, vamos fazer isso.
Levei meus braços em sua volta e a levei em direção ao jardim. Era um lugar da casa que
quase não ia, mas nesse momento me parecia certo aproveitarmos um pouco o ar livre.
Sentei-me na namoradeira confortável e ajeitei as minhas pernas, de forma que Raissa se
acomodou no meio delas, à medida que deitou a cabeça em meu peito.
— Aqui é bonito — comentou, apreciando o ambiente.
— Sim, é — concordei, acariciando seus cabelos.
Permiti-me observar o jardim de forma que nunca fiz antes. O aroma doce das flores
exóticas pairava no ar, enquanto o murmúrio suave da água de uma fonte distante acrescentava
uma sensação de serenidade ao ambiente.
As luzes baixas criavam uma atmosfera íntima e acolhedora, iluminando delicadamente os
caminhos de pedra entre as exuberantes plantas e árvores, o lugar era realmente aconchegante.
— Isso é algo que faz com frequência? — Raissa perguntou, em um fio de voz, atraindo a
minha atenção para ela.
— Do que está falando?
— Está ferrando uma família inteira por causa de uma pessoa. É por isso que as pessoas
têm medo de você?
Sua dúvida me fez congelar.
Eu não me importava muito com essas coisas quando queria ferrar alguém. Também não
era o tipo de cara que tinha tais atitudes a troco de nada. Geralmente, eram pessoas que mereciam
ser ferradas até o último momento.
Mas eu não queria ir por esse caminho, Raissa não precisava saber desse lado meu.
— Não vou ferrar a família toda, apenas o Matheus — disse, por fim, tentando atrair a
atenção dela para essa informação.
— Como assim? — questionou, em confusão. — Você está ferrando a empresa inteira,
então...
— Hoje tivemos uma conversa séria, disse a ele para renunciar ao cargo de CEO, então eu
retomaria a parceria.
— Hum... Vemos uma mudança aí — respondeu, ao passo que os olhos vieram ao
encontro dos meus. — Não há nada que o faça mudar de ideia, não é?
— Não. — Fui sincero.
Raissa balançou a cabeça em concordância.
— Bem, você está no seu direito, é a sua empresa.
— Não me importaria em mudar parte da decisão, eu fiz por você.
— Obrigada — respondeu, então, contornou as mãos pequenas em minha cintura ao
mesmo tempo que me abraçava. — Sobre o segurança, estava pensando em pedir para que
parasse de colocá-lo para me seguir.
— Raissa... — comecei, a voz contida.
— Eu sei, você ficaria preocupado — concluiu, fazendo-me arquear as sobrancelhas. —
Foi bom ter alguém para tirar o Matheus de perto de mim.
— Obrigado.
Quando coloquei os seguranças no início, era apenas para ficar de olho nela, saber o que
andava fazendo. Mas nesse momento, era diferente, sentia que precisava cuidar dela, precisava
da certeza de que estava segura, a todo momento.
Novamente, o silêncio se fez presente. Eu segui acariciando seus cabelos, perdendo-me em
meus próprios pensamentos. Seguia divagando sobre tudo o que já fiz.
Definitivamente, não poderia me considerar uma boa pessoa, não quando não hesitava em
punir pessoas e passava por cima de tudo para chegar aos meus objetivos.
Mas também não me considerava uma pessoa ruim, desde que nunca atravessei os limites.
E diante de tudo, havia uma coisa que eu me arrependia amargamente. Aquilo, seria algo
perdoável?
Suspirei profundo, sentindo o peso em meu peito. Naquele momento, resolvi sondar
Raissa. Eu precisava.
— E se alguém fizesse algo a você, muito ruim... seria capaz de perdoar? — perguntei, em
um fio de voz.
Não obtive resposta de imediato. Meu coração entrou em descompasso e eu me senti
ansioso por uma resposta.
Mas ela não veio.
Raissa deu uma leve fungada, e eu pensei que talvez estivesse chorando. Ela sabia de
algo?
Levei a minha mão em seu rosto e o puxei suavemente para mim. E de forma egoísta,
senti-me aliviado por ter errado no palpite. Raissa estava dormindo profundamente. Estava frio,
então, deveria a levar para o quarto.
Mas antes disso, resolvi a olhar um pouco mais.
Estávamos em uma sintonia perfeita, prestes a nos casar. Conhecendo seu gênio forte, as
chances de não aceitar isso eram grandes. Isso me deixava inseguro em contar.
Então, eu me permitiria ser egoísta um pouco mais e guardaria esse segredo comigo até a
morte.
Afinal, a dor de perdê-la, com certeza, seria maior do que o peso desse segredo em meu
coração.
Aceitei, que o fato de ela ter dormido profundamente em meus braços, era um sinal para
que eu fizesse isso, levasse esse segredo comigo custe o que custasse.
Eu suportaria tudo, menos sua ausência em minha vida.
CAPÍTULO 49
Alexandre - Chefe: Raissa, você não é o tipo de pessoa que segue ignorando as coisas
dessa forma. Sinto muito que tudo tenha acontecido enquanto estava em lua de mel, Gabrielle
está arrasada por sua ausência, mas decidimos dar um tempo para se sentir à vontade para nos
procurar, apenas saiba que te consideramos muito.
Pela terceira vez, eu estava lendo a mensagem que havia recebido de Alexandre depois de
inúmeras tentativas de falar comigo. Depois disso, tanto ele quanto Gabrielle deixaram de
insistir, então eu sentia que era hora de finalmente falar com eles.
No início, pensei que foi um golpe baixo, onde duas pessoas que eu considerava muito
saíram de lua de mel e deixaram o trabalho sujo para Ricardo.
Mas não, depois do que Luiz Felipe me contou do clima tenso no escritório entre
Alexandre e Ricardo, foi que caiu a ficha de que eles não estavam por dentro da decisão.
Pensando nisso, bloqueei o celular e o guardei na bolsa, em seguida saí do carro e fui em
direção à empresa, confesso que um pouco nervosa. Era a primeira vez que pisava naquele
ambiente depois que fui demitida.
A sensação de nostalgia me inundou assim que pisei novamente nos corredores tão
familiares. Cada passo que eu dava parecia reavivar memórias de dias repletos de trabalho árduo,
risadas compartilhadas e momentos de realizações.
Ao entrar no elevador, pressionei o botão para o último andar, onde minha equipe
costumava se concentrar, uma mistura de emoções me invadiu. Eu sabia que seria difícil retornar
após ter sido demitida, mas não estava preparada para a onda de nostalgia que me atingiu.
Assim que as portas do elevador se abriram, me vi caminhando pelos corredores,
cumprimentando colegas de trabalho que passavam por mim com sorrisos cúmplices. Parei no
meio do caminho, olhando para as baias. Encontrando ali Isabelle e Gabrielle em uma interação
rotineira.
Demorou alguns instantes para que os olhos de Gabrielle encontrassem os meus, vi o
brilho das lágrimas em seus olhos e um aperto se formou em meu peito.
Sem aviso, Gabrielle se levantou e veio em minha direção. Antes que eu pudesse reagir,
ela envolveu-me em um abraço apertado.
— Você é uma cretina safada, que tipo de madrinha some dessa forma? — indagou, a voz
contida. — Foi muito injusta comigo, quando meu pai fez essa mer...
— Gab, não vamos falar sobre isso — interrompi-a, em seguida afastei-me para olhá-la. —
Me desculpe, eu só precisava de um tempo para colocar a cabeça no lugar.
Gabrielle assentiu, naquele instante me dei conta do quanto tinha sido injusta com alguém
que não tinha nada a ver com o que aconteceu e que me adorava.
— Só não pirei porque Isabella me manteve informada da loucura que está sua vida —
comentou e me mediu com o olhar.
— Aquela bocuda — disse, fazendo com que ela desse uma risada. — Senti sua falta.
Naquele instante, soube que estávamos bem.
— Eu também. — Gabrielle levou as mãos nas minhas e as apertou com carinho. — E cá
para nós, não é como se fosse segredo de estado, já que está em toda a mídia, futura senhora
Korfali.
Fiz uma careta.
— Falando nisso... gostaria de falar com você e Alexandre. Isabella me disse que agora
estava mais tranquilo.
— Sim, vamos até a sala dele — concordou, de pronto.
Então, acompanhei-a pelo corredor até a sala de Alexandre. Gabrielle passou pela
secretária, deu duas batidas à porta e entrou.
— Não vai acreditar em quem resolveu aparecer — Gabrielle disse, ao passo que entrava
na sala.
Segui atrás dela, revelando-me antes que Alexandre pudesse questioná-la. Fechei a porta
atrás de nós e parei no meio do caminho, observando-os.
— Raissa — Alexandre falou, em seguida olhou para Gabrielle, dando a ela um sorriso
cúmplice.
Aproveitei o momento e levei a mão na bolsa, então, tirei o convite de casamento, tentando
dissipar qualquer tensão que pudesse haver entre nós.
— Sei que deveria ter vindo antes e quero muito saber como foi a lua de mel de vocês,
porém, o motivo da minha vinda é para convidá-los pessoalmente para fazerem parte de um dia
especial para mim — falei, ao mesmo tempo em que depositei o convite sobre a mesa.
Gabrielle foi mais rápida, sem conter a animação, pegou-o e me olhou surpresa.
— Como assim? Eu não acredito — disse, e trocou um olhar com Alexandre.
— Espero que possam me dar a honra de serem meus padrinhos.
— Está certa disso, Raissa? — Alexandre perguntou, de repente. Arqueei as sobrancelhas,
surpresa com o tom de preocupação que deixou os lábios dele.
— Há algo que eu deveria saber? — indaguei, fazendo com que ele abrisse e fechasse a
boca algumas vezes.
— Se tiver, é bom falar agora, meu amor — Gabrielle disse, estudando-o com o olhar.
Permaneci com os olhos fixos a ele, esperando uma resposta.
Alexandre balançou a cabeça em negativa e suspirou.
— É só que Alexander é conhecido em nosso meio como um cara... peculiar — comentou,
minha boca se curvou em um sorriso.
— Claro, e você não era — Gabrielle comentou, fazendo meu sorriso aumentar. — O
maior indecente de todos.
— É diferente — Alexandre se defendeu. Balancei a cabeça em negativa, tentando
controlar o riso.
— Claro que é muito diferente — falei, Gabrielle visivelmente compartilhava da mesma
opinião que a minha.
Homens!
— Quando é o casamento? — Alexandre perguntou.
— Em duas semanas.
— Uou! Olha ela — Gabrielle vibrou. — Não está grávida, não é, amiga?
— Por que diabos todo mundo pensa isso? — questionei, fazendo-a levantar as mãos em
rendição.
— Isso é muito rápido, não me julgue.
— Gabrielle tem razão, é muito rápido, Raissa, espero que realmente esteja certa disso.
— Não tem que se preocupar. — Forcei um sorriso. — Estou certa e apenas espero que
estejam lá, me apoiando.
— Claro que sim — Gabrielle respondeu, de pronto. Então, meus olhos foram para
Alexandre.
— Conte com a gente — respondeu, por fim.
— Bom, não vou tomar o tempo de vocês porque estão no expediente, mas vamos nos
encontrar no decorrer da semana, Gab, preciso saber como foi a lua de mel. — Arqueei as
sobrancelhas, sugestiva.
Alexandre abriu um de seus sorrisos cafajestes, ao passo que Gabrielle deu uma risadinha.
— Com toda certeza, espero que não suma mais — Gabrielle falou, eu assenti.
— Não vou, agora eu estou em paz. — Forcei um sorriso. — Vejo vocês em breve, hum?
— Raissa — Alexandre me chamou, antes que eu pudesse me virar.
— Sim?
— Eu quero que saiba que quando voltei de viagem, quis muito reverter a situação. Juro
que se eu pudesse...
— Ei... — interrompi-o, sem deixar passar a voz embargada que o tomou. — Está tudo
bem, de verdade. E talvez trabalhemos indiretamente, estou pensando em aceitar gerenciar a
parte de marketing dos hotéis do grupo Korfali.
— Isso é maravilhoso, Rai — Gabrielle disse, animada.
— É a melhor gerente de marketing que já conheci, nunca se esqueça disso — Alexandre
falou. Sorri, tendo a certeza de que sim, ele realmente era contra a atitude de seu sócio.
— Obrigada — respondi, sentindo-me muito grata pelo tempo que passei nessa empresa.
Foi um crescimento enorme para mim, sete anos de muito aprendizado. De certa forma,
devia a Alexandre pela oportunidade que me tornou a profissional que sou.
— Vamos descer para a cafeteria em frente, podemos tomar um café antes do meu
próximo compromisso — Alexandre sugeriu.
Pensei em negar, mas quando passei os olhos por aqueles dois, tornou-se impossível.
Poderíamos fazer isso, nosso relacionamento ia além do profissional, havia uma amizade
genuína. E foi por isso que assenti e respondi:
— Claro, por que não?
CAPÍTULO 50
Nós realmente nos casaremos?
Foi a pergunta que eu me fiz pelo menos cinco vezes na última hora.
Era loucura, mas o sentimento que eu tinha era que poderíamos fazer isso, mesmo em tão
pouco tempo. Seríamos capazes de fazer dar certo, pois não havia nada que eu queira mais do
que esse homem em minha vida.
As últimas três semanas depois que nos acertamos foram incríveis. Um pouco corridas,
pelo prazo para organizar tudo do casamento, mas estivemos juntos quase todos os dias, exceto a
noite em que as meninas foram para o meu apartamento e os últimos três dias até o grande dia, a
intenção era deixar um gostinho de saudade.
E aqui estava eu, apenas admirando o quão bonita estava. O vestido havia caído
maravilhosamente bem, parecia uma princesa. Para completar o visual, optei por um coque com
mechas soltas e uma pequena coroa de strass para prender o véu.
Um misto de emoções estava sobre mim, enquanto admirava meu reflexo no espelho.
Ansiosa, nervosa e a ponto de enlouquecer, com certeza essas palavras definiam bem, em
conjunto com apaixonada e confiante com esse passo em nossas vidas.
Ah, Deus!
Um sorriso bobo se formou em meus lábios com a imagem que pairou em minha mente,
Alexander sorrindo de forma tão gostosa para mim, com aqueles lindos olhos azuis.
Sim, aqueles mesmos olhos azuis e intensos de oito anos atrás.
Quais eram as chances desse reencontro? Uma em um milhão, mas aqui estávamos nós.
— Ah, querida, a vendo agora me sinto tranquila quanto a sua decisão. — A voz da minha
mãe pairou pelo ambiente e me trouxe de volta para a realidade. — Você realmente o ama muito,
não é?
Olhei através do espelho, encontrando-a um pouco distante me observando. Balancei a
cabeça em concordância em meio a um sorriso.
— Tem uma coisa que eu nunca te contei — disse, em seguida virei-me em sua direção.
— O quê? — Ela me mediu com o olhar.
— Lembra do cara de Búzios?
Mamãe arqueou as sobrancelhas. Dei alguns passos em sua direção e parei em sua frente.
— Está falando daquele que deixou tudo mais leve quando Matheus fez aquela cachorrada
com você? — questionou, eu assenti. — Ah, filha, ainda pensa nele? Não deveria se prender a
isso, sabe que é praticamente imp...
— É o Alexander, mãe — interrompi-a, ao mesmo tempo em que levei minha mão em sua
direção. — Alexander é o cara que eu conheci há oito anos. Foi ele que tornou tudo melhor.
Os olhos dela se encheram de lágrimas, e eu tive que segurar muito para que não a
acompanhasse. Não poderia estragar a maquiagem antes da cerimônia.
— Isso é tão... — A voz dela falhou, então, me deu um sorriso doce. — Parece que era
para ser.
Era para ser.
— Alexander disse a mesma coisa — confessei, o coração entrou em descompasso ao me
lembrar de como ele havia me dito isso, em nossa primeira vez e no decorrer dessa semana.
— Fico ainda mais feliz por vocês, minha filha, isso mostra que você também foi
importante para ele — concluiu, balancei a cabeça em concordância.
Sim, eu fui muito importante para Alexander também. Talvez, mais do que ele foi para
mim.
— Obrigada, mãe — agradeci e me inclinei para abraçá-la.
— Tudo certo por aqui? — A voz do meu pai pairou pelo ambiente, fazendo com que nos
afastássemos.
— Sim, tudo certo — respondi enquanto caminhava em nossa direção.
— Agora é a hora, minha filha. Estão todos aguardando por você.
— Todos já entraram? — perguntei, sentindo-me ainda mais ansiosa.
— Sim, querida — meu pai respondeu e parou à minha frente.
Então, passou os olhos por mim e por minha mãe.
— Bem, parece que é o início de um sonho — disse, entrelaçando a mão nos braços dos
dois. Incentivando-os a ir para fora da sala de recepção que estávamos.
A cerimônia estava acontecendo na área aberta do hotel, achei que seria o local ideal.
Afinal, era um dos lugares mais procurados para casamentos do Rio de Janeiro e ainda era o
legado da família de Alexander.
Era especial.
Optamos por uma cerimônia íntima, apenas com as pessoas mais próximas. Então, depois
de me arrumar com as madrinhas em um SPA maravilhoso, eu havia vindo para o hotel para
aguardar na sala de recepção até a entrada.
Alguns repórteres estavam ao lado de fora esperando para conseguir uma boa foto, mesmo
que de longe. Eles conseguiram tirar algumas de mim quando cheguei e creio que também
conseguiriam algumas da cerimônia.
Decidi entrar com o meu pai e minha mãe.
Não era algo tão comum, mas era o que eu queria, os dois ao meu lado nesse momento tão
especial.
Quando chegamos à área externa, parei e me permiti passar os olhos por todo o lugar,
constatando o quanto tudo estava perfeito. Os arranjos de flores brancas, o tapete em um tom
claro, tudo muito bem organizado e, claro, exatamente da forma que eu queria.
Conforme meus olhos passavam por todos que estavam ali, encontrei rostos familiares de
pessoas que eu amava tanto.
Beatriz, Isabella, Vinicius, Alexandre, Gabrielle e Luiz Felipe estavam mais à frente. Eles
foram os escolhidos para serem meus padrinhos e madrinhas, com seus respectivos
acompanhantes, Alexander, por sua vez, escolheu o mala do amigo e mais três homens que eu
ainda não conhecia.
Meus olhos encontraram os de Madalena por um momento. Eu não a via há um tempo e
seu olhar sobre mim me surpreendeu. A velha parecia realmente feliz, o que me fez dar um
pequeno sorriso a ela, antes de desviar o olhar.
Então, meus olhos foram para frente, onde se encontrava o homem que seguia balançando
todas as minhas estruturas. Estava evitando o olhar antes de sondar o ambiente, pois sabia que no
momento em que nossos olhos se encontrassem, seria impossível desviar.
A atenção dele estava em mim e quando pensei que a música tradicional de entrada para
noiva começaria a tocar, outra música se fez presente.
Uma música que eu conhecia bem e a amava.
Como se percebesse a minha hesitação, Alexander balançou a cabeça positivamente para
que eu seguisse.
E assim eu fiz, comecei a andar pelo tapete acompanhada de meus pais ao som de Bryan
Adams - (Everything I Do) I Do It For You – Tudo o que eu faço, eu faço por você.
A cada verso cantado, mais rápido o meu coração batia. Alexander seguia sussurrando
cada verso para mim, como se fosse apenas nós dois.
Aquilo era uma declaração.
Uma linda declaração que não poderia ser mais perfeita. Não havia música melhor para
descrever o nosso relacionamento. Estava lutando muito contra as lágrimas, enquanto nos
aproximávamos dele.
Jesus! Como eu amava esse homem.
Quando paramos em sua frente, os olhos profundos estavam fixos em mim. Ele
cumprimentou meus pais brevemente e pegou a minha mão. Observamos se afastarem e se
acomodarem no local reservado.
E antes de seguirmos, Alexander sussurrou em conjunto com a música.
— Até o fim, sim. — Fez uma pausa, e completou por conta própria. — Eu e você, meu
amor.
Sorri, com os lábios completamente trêmulos, era a primeira vez que ele usava aquela
palavra para se referir a mim. E eu não sabia que gostaria tanto, até ouvir.
— Sim, até o fim, amor.
Os olhos permaneceram fixos aos meus, por um tempo maior do que deveria. Então, ele
foi o primeiro a decidir quebrar aquele momento, precisávamos seguir.
— Você está linda — Alexander sussurrou antes de me incentivar a passar o braço no seu,
para seguirmos em direção ao altar da cerimônia.
A música chegou ao fim. Logo a cerimônia começou, o celebrante nos cumprimentou e
nos presenteou com lindas palavras, apenas me fazendo crer cada vez mais que isso era o certo.
Quando ele finalizou, nos incentivou a fazer os votos e colocar as alianças. Eu esperei que
Alexander tivesse a iniciativa. Nós nos viramos de frente um para o outro, então, Alexander
pegou a aliança e segurou minha mão esquerda.
— Tudo começou há oito anos — Alexander começou a falar com a voz contida. Sim, o
inabalável Alexander, estava tão nervoso quanto eu. Isso era raro, mas adorável. — E, nesse
momento, eu quero que saiba o quanto é importante para mim. — Ele fez uma pausa, sorri com
os lábios trêmulos. Sentindo a ansiedade aumentar cada vez mais, diante de cada palavra dita.
Palavras que nós dois entenderíamos perfeitamente. — Eu te amei muito antes que pudesse sentir
qualquer coisa por mim. Desde o primeiro momento, você teve o meu coração.
Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Lágrimas invadiram os meus olhos, ao entender
aquilo que estava falando.
Apesar de relutar tanto, ele sempre soube.
Mesmo quando ele foi importante para mim, eu não posso dizer que o amei desde o
primeiro momento. Meu coração estava partido, mas senti uma conexão surreal com ele desde o
primeiro momento.
— Foi em Búzios que tudo começou — Alexander voltou a falar. — Naquela noite, fui
contra tudo que eu acreditava, quis cuidar de você quando parecia tão frágil. — A voz saiu
entrecortada. — E mesmo agora, vendo-a como uma mulher forte e independente, a única coisa
que eu quero, é cuidar de você. Eu quero te dar o mundo, Raissa, porque você é a mulher da
minha vida — ele completou, colocando a aliança em meu dedo lentamente. Alexander levou a
minha mão em direção à boca, deixando um selinho no dorso. Então, voltou aqueles olhos azuis
e profundos para mim. — Eu te amo.
Desconcertei-me completamente em cada palavra. Eu tinha em mente o que queria dizer,
mas nada que eu dissesse, superaria esse momento.
Peguei a aliança e fiz da mesma forma que Alexander, segurei a mão dele, e voltei meu
olhar ao seu encontro.
— Você foi o responsável por eu não desabar completamente naquele dia. — Fiz uma
pausa, tentando controlar a voz trêmula. — Tinha que ser você, Alexander. Eu nunca pensei que
fosse possível viver um amor tão avassalador. É o que sinto em sua presença, é inexplicável e
surreal... Somos eu e você. — Comecei a colocar a aliança no dedo dele. — Agora e para
sempre.
— Agora e para sempre — repetiu, em um fio de voz.
— Eu te amo — falei, terminando de colocar a aliança.
Quando meus olhos foram ao encontro dos dele mais uma vez, senti uma necessidade
inexplicável de beijá-lo. Alexander não se moveu.
— Eu vos declaro, marido e mulher — o celebrante falou, entendendo que havíamos
finalizado os votos, então, para nosso alívio, continuou. — O noivo pode beijar a noiva.
Sem perder tempo, Alexander me puxou com urgência. Senti que ele precisava tanto
quanto eu desse contato, de sentir os lábios convidativos nos meus com a confirmação de que
sim, estávamos realmente fazendo isso.
Sem me preocupar com os gritos loucos das minhas amigas, passei os braços em volta de
seu pescoço e correspondi aquele beijo sem hesitar. Não me importava com o show que
estávamos dando, para os convidados ou para os repórteres, apenas precisava sentir seus lábios
contra os meus.
Selando ali, uma confirmação silenciosa de que fomos feitos um para o outro. Parecia
bobo analisar dessa forma, mas, ao mesmo tempo, certo demais.
CAPÍTULO 51
Vi-me parando no meio do caminho para apreciar o que estava à minha frente.
Ali estava ela.
Raissa sorria de forma adorável, enquanto falava com as amigas. Minha boca se curvou em
um sorriso enquanto a admirava.
O coração estava batendo forte com aquela cena, coisa que nunca imaginei que fosse sentir
por mulher alguma. Mas então, aqui estava eu.
Não foi o que imaginei sentir quando quis obrigá-la a casar comigo. Não esperava que
tudo pudesse se transformar dessa forma, mas eu simplesmente amava ter chegado a isso.
Não sabia que precisava tanto de Raissa em minha vida, até finalmente tê-la. E nesse
momento, já não consigo imaginar minha vida sem ela. Era um sentimento novo e, às vezes,
chegava a ser assustador toda a sua intensidade.
Mas eu só conseguia pensar no quanto desejava tê-la encontrado antes. Poderíamos estar
vivendo isso há oito anos? Ou o momento certo para tudo acontecer era esse?
— Achei que não fosse conseguir falar com você a sós. — A voz de Rodolfo pairou no
ambiente, chamando a minha atenção. — Vocês não se desgrudaram em momento algum.
— Tinha um cronograma a seguir — falei e o medi com o olhar.
— Aqueles votos me pareceram reais demais — comentou, sério. Claro, ele estava me
sondando.
Estive o evitando depois de Búzios. Havíamos trocado poucas palavras desde então.
Rodolfo era um bom amigo e tínhamos uma história juntos, mas estamos em momentos
totalmente opostos. Eu ainda não estava pronto para admitir o que estava acontecendo, não até o
momento.
— Porque eles foram reais... Eles são reais — fui sincero.
— Tudo que nós presenciamos até hoje não foi o suficiente para saber aonde isso vai dar?
— perguntou, ao mesmo tempo em que desviou o olhar para a frente.
— Talvez nós só estivéssemos procurando no lugar errado. Raissa não é assim, confio que
assim como eu nunca a trairia, ela não faria também.
— É ilusão. — Manteve-se firme, como imaginei. — Você tem seus motivos para não
fazer isso. Mas há oito anos, sabe o que ela fez, acha que mudou? — perguntou, voltando a
atenção para mim.
Suspirei profundamente pensando na melhor forma de finalmente confessar a verdade.
— Há algo que eu nunca te contei sobre ela todos esses anos — disse, ele semicerrou os
olhos para mim. — Raissa nunca se encaixou nas regras daquele nosso jogo sujo.
— Ela tinha namorado e ficou com você naquele dia sem pensar duas vezes. Como não se
encaixava?
Olhei à nossa volta para ter certeza de que ninguém poderia nos ouvir onde estávamos.
Então, voltei minha atenção para ele.
— Raissa e o namorado tinham terminado naquela noite. Ela tinha pegado o idiota com a
amiga na cama.
— Por que escondeu isso?
— Eu não sei... queria vê-la de novo e se te contasse teria que justificar algo que nem
mesmo entendia, mas agora eu sei.
— Você realmente se apaixonou desde o primeiro momento — concluiu.
— Sim, e não me perdoaria se tivéssemos jogado com ela sem saber o que realmente
aconteceu — fui sincero, ele balançou a cabeça em concordância.
— Por isso não quis mais jogar. Sempre foi por ela, não foi?
— Eu vi em Raissa a esperança e me apeguei a isso, mesmo inconscientemente. Hoje vejo
claramente o significado. — Suspirei. Rodolfo não disse nada, parecia assimilar cada
informação. Então, decidi continuar: — Não faço ideia de onde isso vai dar, mas realmente quero
tentar. O que sempre pensamos que era ilusão, eu sinto que com ela é real, real demais.
— Entendo.
Percebi que Rodolfo parecia distante. Isso me levou há cerca de quatorze anos atrás, me
levou a pensar em Nathalia.
— Eu me arrependo da forma com que fiz você entrar nesse jogo, não tinha o direito de
fazer o que fiz. Mas não se apegue ao que aconteceu naquela época, há mulheres que realmente
valem a pena. E eu só consegui enxergar isso agora.
— Espero que você esteja certo quanto a isso — Rodolfo disse, sério.
— Eu também — concordei, fazendo-o me olhar brevemente. — E desejo que você
também mude o seu pensamento quanto a tudo, só percebi o quão ruim era ser solitário depois
que permiti Raissa entrar. Espero que se permita algum dia também. — Rodolfo assentiu com os
olhos fixos à frente.
Eu acompanhei seu olhar, vendo que os olhos dele estavam sobre Raissa e as duas amigas,
que continuavam conversando de forma descontraída. Naquele instante, tive a impressão de que
os olhos dele estavam em Isabella.
— Ela é uma das melhores amigas da Raissa, não ouse — avisei, os olhos dele vieram em
direção a mim.
— É melhor convencer Samantha disso — ele comentou, olhando brevemente para a
mulher que o acompanhava, então, voltou o olhar para Isabella.
— Tinha que trazer justo ela? — perguntei, arqueando as sobrancelhas, ao mesmo tempo
em que temia pela merda que poderia dar.
— Você sabe que quando preciso é ela quem costuma me acompanhar.
Quando meus olhos foram mais uma vez para Isabella, inconscientemente o rostinho da
garotinha que a acompanhava da última vez que a vi na casa de Raissa pairou em minha mente.
Meus olhos foram para Rodolfo, assimilando, enfim, de onde vinha tal familiaridade com
os olhos da pequena em uma mistura de verdes-acinzentados. Segurei o impulso de perguntar se
ele havia ficado com Isabella há oito anos, temendo que aquela possibilidade o instigasse a
sondá-la.
— Que seja. — Dei de ombros. — Espero que tire essa ideia louca da cabeça de Samantha,
vou falar com a Raissa.
— Não vou prometer nada — respondeu, suspirei e desisti de repreendê-lo.
Conhecia-o bem para saber que minha indignação apenas o instigaria.
— Nos vemos depois que eu voltar de viagem, podemos tomar uma bebida e conversar.
— Claro! — Rodolfo me lançou um sorriso.
Retribuí, antes de me afastar. Comecei a andar em direção a Raissa. Conforme fui me
aproximando, percebi que as amigas pararam de falar e apenas me acompanharam com o olhar.
Raissa acompanhou o olhar delas e sorriu quando os olhos encontraram os meus.
— Você demorou — comentou.
— Encontrei com Rodolfo saindo do banheiro, conversamos um pouco.
— Ah, sim...
— Nós vamos deixar os pombinhos a sós e aproveitar um pouco mais a festa — uma das
amigas de Raissa falou chamando nossa atenção e deu uma piscadinha para nós.
Raissa sorriu e se virou, a fim de puxá-las para um abraço em conjunto. Apenas observei a
amizade das três, enquanto Raissa dizia que as amava, elas correspondiam na mesma proporção.
Meus olhos mais uma vez foram para Isabella, e a vontade foi de jogar algumas palavras
no ar para descobrir a idade de sua filha a fim de tirar aquela ideia insana da minha mente, mas a
verdade era que não era da minha conta, então preferia não me meter.
Afinal, se a garotinha fosse filha de Rodolfo, não seria eu a contar, ainda mais
conhecendo-o.
Depois de nos parabenizar mais uma vez, saíram em direção à pista de dança. Raissa as
acompanhou com o olhar, antes de voltar a atenção para mim.
— Bom... — falei e levei a mão na cintura de Raissa, puxando-a para ficar de frente para
mim. — Nós já falamos com seus pais, com a minha vó, seus amigos e cumprimentamos pessoas
o suficiente.
— E tiramos fotos maravilhosas — completou, animada.
— O que acha de seguirmos para a nossa lua de mel? — perguntei, os olhos fixos nos dela.
O sorriso gostoso e sexy se fez presente, a única coisa que eu queria era ir embora o mais
rápido possível.
— Estava só esperando que sugerisse. É melhor irmos, com toda certeza — disse, em um
tom sugestivo. — Qual será o nosso primeiro destino?
Sorri ao ouvi-la. Havia programado duas semanas para que pudéssemos conhecer alguns
lugares, que para ela eram o puro mistério até o momento.
— Maldivas nos espera. — Raissa arqueou as sobrancelhas.
Sem aviso, passei as mãos em volta dela e a peguei no colo.
— Uou! — deu um gritinho, sendo tomada pela surpresa.
Aquele gesto instantaneamente chamou a atenção dos convidados presentes. Claro, sempre
fui um homem muito sério e reservado. Decerto não era algo que esperavam ver, mas como não?
— Alexander... — Raissa me chamou, em um fio de voz.
Minha boca se curvou em um sorriso, notando o rubor em seu rosto.
— Não podemos deixar de seguir a tradição. — Pisquei para ela, que apoiou a cabeça em
meu peito na tentativa de fugir dos olhares que estávamos recebendo.
Aqui estávamos nós.
Independentemente de onde poderíamos chegar, eu queria arriscar. Queria viver totalmente
esse sentimento novo ao lado dessa mulher.
A minha mulher.
Porque ela valia totalmente a pena.
CAPÍTULO 52
Não tive tempo nem mesmo para trocar de roupa. O destino após deixar a nossa festa foi o
hangar, onde decolaríamos rumo às Maldivas. Nossas malas já estavam prontas e, devidamente
guardadas, faltavam apenas nós para dar início à viagem.
Franzi as minhas sobrancelhas quando paramos em frente ao jato que estava pronto para
nos receber. Aquele, definitivamente não era o mesmo que usamos quando fomos a Búzios.
— Boa noite, senhor e senhora Korfali — o piloto nos cumprimentou com um sorriso no
rosto.
E apenas aquele cumprimento me causou borboletas no estômago.
Senhora Korfali. Eu gostei disso, mais do que deveria.
— Boa noite — Alexander o respondeu, enquanto assenti com um sorriso no rosto.
Depois de nos cumprimentar, o piloto nos deu espaço para passar. Encontramos um pouco
à frente a comissária de bordo, que nos cumprimentou da mesma forma que o piloto, com um
sorriso gentil.
Apesar do jato ser diferente, tanto o piloto quanto a comissária eram os mesmos de nossa
última viagem. Passei os olhos pelo lugar, constatando que tinha uma dose a mais de elegância e
luxo. Tinham ali poltronas normais e longos sofás.
Alexander me guiou em direção ao sofá. Eu me sentei e ele se sentou ao meu lado.
— Esse não é o seu jato — falei, e o medi com o olhar.
— Agora é o nosso jato — disse, o sorriso foi inevitável. — A viagem durará cerca de 16
horas, quanto mais confortável, melhor.
— E por dizer confortável, eu preciso tirar esse vestido. — Arqueei as sobrancelhas.
— Me desculpe por isso, mas quero ter o prazer de tirá-lo — confessou, fazendo-me
balançar a cabeça em negativa.
De repente, a voz do piloto ressoou pelo ambiente nos instruindo a colocar o cinto de
segurança. Levei a mão no cinto e antes de eu pudesse afivelá-lo, Alexander levou a mão sobre a
minha e assumiu aquele movimento.
Então, depois de devidamente segura, ele colocou o seu próprio cinto de segurança.
— Eu vou tirar esse vestido, depois da decolagem — Alexander voltou a falar, chamando
a minha atenção de volta para ele.
— Não acho que seja apropriado, senhor Korfali — provoquei-o.
— É mais do que apropriado, senhora Korfali. — Estudou-me com o olhar. — Vai me
impedir?
— Na verdade, estou ansiosa por isso — confessei.
Não sabia o que Alexander estava aprontando, mas ansiava por descobrir.
Alexander levou a mão sobre a minha e as entrelaçou, em seguida levou-a até a boca,
deixando beijos no dorso.
Então, sua atenção foi para mim. Não consegui decifrar o que aquele olhar significava,
mas eu gostei, gostei muito.
A decolagem foi silenciosa, permanecemos com aquele contato gostoso durante toda ela.
A voz do piloto ressoou novamente nos informando que poderíamos tirar o cinto de segurança.
Levei a mão ao cinto, mas parei quando percebi que a comissária se aproximava.
— Tudo foi organizado conforme o senhor pediu.
— Ótimo, obrigado! — respondeu, em seguida ela passou o olhar sobre nós dois com um
sorriso gentil.
— Estarei de prontidão com o piloto, qualquer coisa que precise, basta acionar aquele
botão. — Ela apontou para um botão no centro, próximo a uma mesa pequena. — Então virei até
aqui, fora isso, servirei o café da manhã por volta das 9h.
— Perfeito — Alexander respondeu, em seguida a mulher se virou e foi em direção à
cabine.
— O que está aprontando, hum? — perguntei, ao passo que arqueei as sobrancelhas.
— Apenas solicitei um pouco de privacidade, para ter uma viagem tranquila com a minha
mulher.
Mordi o lábio inferior ao ouvi-lo.
— Sua mulher, é? — perguntei, enquanto ele levava a mão em meu cinto e o tirava.
— Sim, minha mulher — repetiu, fazendo meu coração disparar.
Alexander se levantou e estendeu a mão para mim. Sem questionar, peguei sua mão e
deixei que me guiasse pelo jato, levando-nos para uma porta. Quando a abriu, eu me surpreendi
ao notar que se tratava de um quarto.
Ele me deu espaço para entrar, caminhei e parei ao centro do cômodo, observando as luzes
ambientes, dando um ar sexy e romântico. Havia uma cama de casal com LED em volta, que
estava decorada com rosas vermelhas e uma pequena mesa ao lado com velas, vinho e uma tábua
de frios.
O barulho da porta se fechando atrás de mim trouxe minha atenção de volta para
Alexander. A expectativa aumentou quando o ouvi a trancar. Então, lentamente eu me virei para
encará-lo.
— Você é tão linda — sussurrou, ao mesmo tempo em que entrelaçou nossas mãos.
— Você é suspeito de falar, mas obrigada.
Alexander sorriu e se inclinou, deixando um beijo em minha testa.
Jesus! O que o homem estava fazendo? Estava me deixando tão nervosa, que parecia a
nossa primeira vez.
As mãos quentes deixaram as minhas e foram para o meu rosto, incentivando-me a
encontrar seus olhos. Então se inclinou um pouco mais, unindo nossos lábios.
Cedi espaço para que sua língua explorasse a minha lentamente, enquanto minhas mãos
contornavam sua cintura. Alexander manteve uma das mãos no meu rosto e a outra circulou a
minha cintura.
Ele me apertou fortemente enquanto aprofundava o beijo, em uma mistura de paixão,
luxúria e desejo, tomando conta a cada movimento.
Quando se afastou, meu corpo já estava em chamas. O desejo e a saudade por estar sem
qualquer contato com ele há três dias veio à tona naquele momento.
Não apenas para mim, seu olhar me dizia que ele se sentia da mesma forma.
Alexander me virou de costas e começou a abrir o zíper do vestido. Senti meu corpo se
arrepiar por inteiro quando as mãos quentes entraram em contato com minha pele nua.
Suavemente, deslizou a mão por minhas costas nuas, levando as mãos para as alças do
vestido em meu ombro. Então, lentamente começou a descê-las, revelando aos poucos a lingerie
que eu havia escolhido para aquele momento.
Ele tirou o vestido com paciência, como se apreciasse cada gesto. E antes de deslizá-lo
pelo meu corpo, senti-o se aproximar um pouco mais, então inclinou-se para deixar alguns beijos
na curva do meu pescoço e na parte exposta do meu ombro, fazendo-me estremecer.
Os lábios fizeram o caminho até o lóbulo da minha orelha.
— Eu vou fazer amor com você lentamente por um longo tempo, saboreando-a por
completo — sussurrou, em seguida deu uma leve mordida em meu lóbulo, suspirei em
antecipação. — Depois, vou te foder da forma que eu sei que adora, até que me diga que não
aguenta mais. Essa será uma longa noite, Raissa.
— Eu aposto que sim — respondi, a voz entrecortada.
Foi então que senti o vestido cair aos meus pés. Alexander se abaixou e o ajudei a terminar
de tirar o vestido. Em seguida, eu me virei em sua direção.
Senti seus olhos queimarem por todo o meu corpo, apreciando lentamente a minha
lingerie. Ele se levantou e deixou o meu vestido na cadeira ao lado, sem tirar os olhos de mim.
Alexander estava hipnotizado. E tinha que admitir, era excitante para um caralho.
Aproveitando aquele momento decidi que seria eu a dar a primeira cartada. Fui ao seu
encontro e levei a mão na calça. Enquanto meus lábios foram ao encontro dos dele, minhas mãos
começaram a trabalhar agilmente tirando o cinto, desabotoando-a e abrindo o zíper.
Afastei-me para abaixar a calça e a cueca, liberando seu pau. Enquanto ele me ajudava a se
livrar das peças, também aproveitou para tirar o blazer, a gravata e a blusa.
Joguei as peças para o lado e permaneci ajoelhada. Minha mão contornou a base de seu
pau, meus olhos foram em sua direção, enquanto me inclinava, passando a língua por todo o seu
comprimento.
Alexander deu um gemido rouco e sexy, enviando uma onda de excitação por todo o meu
corpo. O que me fez repetir aquele movimento antes de abocanhá-lo por completo.
Comecei a sugá-lo enquanto a mão bombeava sua base. Alexander levou a mão em meu
cabelo, segurando-o. Sua respiração estava a cada minuto mais irregular. Então, ele começou a
aprofundar os movimentos em minha boca, ao mesmo tempo em que eu passava a língua
habilmente em volta da sua glande.
— Porra. — Resfolegou, aumentando o aperto nos meus cabelos. As pernas dele estavam
firmes e a respiração ofegante. — Eu vou gozar — avisou, mas ao invés de parar, aquilo fez com
que eu me empenhasse mais a cada investida. Levei minha mão livre para acariciar suas bolas,
enquanto o engolia por completo.
Não havia nada que eu queria mais nesse momento do que vê-lo chegar ao ápice.
A excitação tomou conta de mim, quando Alexander se rendeu em meio a um rosnado
forte, liberando seu prazer em minha boca.
Não havia nada mais prazeroso do que o rosnado gostoso, enquanto ele estava totalmente
em êxtase para mim. Permaneci mantendo-o fundo em minha garganta, sugando até a última gota
de seu prazer.
Eu o tirei da minha boca quando o senti relaxar seu aperto em meus cabelos, então, me
levantei com sua ajuda.
Em um rompante, seus lábios estavam envolvendo os meus, sem pudor. Ele começou a me
guiar até que minhas pernas esbarrassem na beirada da cama. Então, jogou meu corpo sobre o
colchão macio.
Alexander deixou meus lábios, ainda ofegante.
— Porra de boca gostosa — falou, deixando-me em êxtase com o fato de que eu o havia
deixado assim.
Alexander se inclinou para me beijar de forma lenta, tentando controlar um pouco da
respiração. Eu sabia exatamente o que ele queria, pisar no freio para fazer exatamente como
prometeu.
Quando deixou meus lábios, começou a retirar lentamente minha lingerie, ao mesmo
tempo em que deixava um rastro molhado de puro desejo por todo o meu corpo.
Primeiramente, retirou meu sutiã, em seguida sugou e lambeu com fervor os meus seios.
Revezando entre os lábios gostosos e as mãos firmes, enviando arrepios pelo meu corpo a cada
toque.
Depois de um tempo considerável, começou a descer os beijos pela minha costela, parando
na barra da minha calcinha rendada. Tirou-a lentamente, enquanto brincava com os lábios em
minha virilha.
Estava a ponto de ficar louca e implorar que parasse com aquela tortura, mas não o fiz,
pois, no fundo, eu adorava aquela sensação.
Depois de me deixar nua, começou os beijos em minhas pernas e subiu pelas minhas
coxas, dando algumas mordidas na parte interna, em seguida parou exatamente onde eu ansiava.
Minha boceta.
Alexander começou a chupar e sugar, enviando arrepios gostosos e alucinantes por todo o
meu corpo. Ele me saboreava como uma fruta suculenta, lentamente, explorando por completo.
Agarrei seus cabelos com força e os puxei em meio a um gemido intenso.
— Eu... preciso... Ah! — minha voz falhou, quando ele me deu exatamente o que eu
precisava. O orgasmo desceu com tudo, enquanto mantinha as mãos firmes em seus cabelos.
Era sempre surreal, intenso demais!
Comecei a relaxar, mas alguns espasmos me atingiram quando Alexander suavemente
começou a me provocar com os lábios mais uma vez. Para o meu desespero, o homem seguiu me
chupando e lambendo, ao passo que deslizava um dedo para dentro de mim.
Pensei que fosse enlouquecer no momento em que o senti me penetrar com mais um,
enquanto continuava a me sugar e aumentava a pressão a cada investida.
A sensação era nova para mim, mas boa. Em poucos instantes, eu estava totalmente
entregue às sensações mais uma vez. E para minha surpresa, não demorou para que eu estivesse à
beira de outro orgasmo, com as pernas trêmulas, contorcendo-me em sua boca em êxtase total.
Minha visão ficou turva, ao passo que tentava me recuperar de toda aquela intensidade que
acabara de experimentar. Senti-o se afastar vagamente, logo o corpo dele estava sobre o meu
antes que eu pudesse recobrar totalmente a razão. Senti seu pau já ereto pressionar a minha
boceta, mas ele não se moveu.
— Amo como você se entrega a mim por completo — sussurrou, os olhos fixos aos meus.
Então, entrelaçou as nossas mãos e as colocou um pouco acima da minha cabeça. Enrolei
as minhas pernas em sua volta, empurrando meu quadril contra ele, ao mesmo tempo em que
encontrei o seu olhar mais uma vez. Meu coração quase saiu pela boca, enquanto assimilava
como aquele gesto era intenso e íntimo.
Foi naquele momento que o senti me penetrar profundamente.
Estávamos cada vez mais sincronizados e como prometido, Alexander começou em um
ritmo lento e doce, enlouquecendo-me a cada investida, aproveitando cada segundo como se
fosse único.
Aconteceu exatamente da forma que ele disse, nós fizemos amor por um longo tempo,
entregando-nos completamente um ao outro, de corpo e alma, deixando que nossos corpos
conversassem a cada instante, a cada investida, a cada beijo, a cada troca de olhar.
Alexander me mostrou a cada momento que aquilo que tínhamos era único. Mostrou-me
que só ele poderia me fazer sentir assim. E somente eu poderia ter o seu coração por completo.
Eu me sentia feliz com isso e pronta para dar tudo de mim a ele, assim como ele estava dando
tudo de si para mim.

— Enfim, chegamos — Alexander falou, atraindo meu olhar para ele.


Havíamos acabado de descer do iate que nos levou para a ilha, pouco depois que pousamos
na pista de aeroporto doméstico.
Minha boca se curvou em um sorriso, à medida que admirava o lugar. Fui
instantaneamente envolvida por uma paisagem de tirar o fôlego. A água cristalina refletia o azul
profundo do céu, criando uma visão de serenidade absoluta. As palmeiras ondulantes ao longo da
costa balançavam suavemente ao frescor da brisa, como guardiãs silenciosas deste paraíso
tropical.
Caminhei pela areia branca e macia, sentindo-a sob meus pés descalços, enquanto o sol
banhava tudo ao meu redor com sua luz dourada. À nossa frente, uma estrutura luxuosa se erguia
majestosamente, com bangalôs sobre palafitas que se estendiam sobre as águas calmas e
transparentes.
— Isso aqui é incrível — disse, enquanto caminhávamos rumo aos bangalôs.
— Sim, é lindo — concordou e me incentivou a andar pela passarela de madeira.
Alguns funcionários do local nos aguardavam alguns passos à frente com um sorriso
amigável, ao passo que outros dois carregavam nossas malas atrás de nós.
— Boa tarde, senhor, senhora Korfali, é um prazer enorme recebê-los. — O homem nos
cumprimentou em inglês, fazendo-me dar um pequeno sorriso. — Eu me chamo Henry e estarei
à disposição durante toda a semana, os auxiliando com o que precisarem.
— Obrigado — Alexander agradeceu e levou as mãos em minhas costas para que
pudéssemos acompanhar o homem pela passarela de madeira.
Paramos em frente a um dos bangalôs e esperamos, enquanto Henry abria a porta e nos
dava espaço para passar.
Quando entramos, tive um vislumbre ainda maior sobre o lugar. Luxo e elegância eram
palavras rasas para descrever a vista que estava à minha frente.
Era um lugar bem completo e sofisticado. Enquanto os rapazes acomodavam as nossas
malas, Henry começou a nos guiar por cada cômodo, apresentando-nos o lugar.
Iniciamos por uma sala confortável, com portas de vidro de fora a fora, com uma vista
estonteante para o mar. Ele nos mostrou a varanda um pouco à frente, com namoradeiras, um
balanço elegante e uma linda piscina.
Passamos brevemente por uma cozinha, então, fomos para a direção oposta, onde Henry
nos mostrou um pequeno escritório e o quarto.
Minha boca se curvou em um sorriso ao notar a decoração inusitada do quarto. Pétalas de
rosas, aparentemente eram as escolhas preferidas de Alexander para toda essa viagem.
Por último, ele nos mostrou o terraço, onde tinha uma banheira de hidromassagem e um
toboágua que nos levava diretamente para o mar. Ao lado, uma mesa com champanhe e taças,
segundo Henry para as nossas boas-vindas.
Depois de um tour, acompanhamos Henry até a saída, que se despediu e disse que
poderíamos o chamar a qualquer hora. Agradecemos e aguardamos até que estivéssemos
totalmente a sós.
Senti as mãos de Alexander em minha cintura, ao mesmo tempo em que me puxou em sua
direção.
— O que achou do lugar?
— Simplesmente incrível — respondi, sem esconder o brilho no olhar.
— Então, vamos começar com um brinde?
— Perfeito, devemos experimentar aquele enorme toboágua em seguida?
Alexander arqueou as sobrancelhas, então, os lábios dele se curvaram em um sorriso
divertido.
— Por que não? — perguntou. Sorri e entrelacei as nossas mãos para que pudéssemos
entrar.
Quando entramos no quarto, fui em direção à minha mala, peguei uma peça de biquíni e
me troquei, ao passo que Alexander fazia o mesmo. Em seguida nós fomos para o terraço.
Minha atenção foi mais uma vez para as águas cristalinas. Respirei fundo, permitindo-me
absorver cada detalhe desta paisagem deslumbrante. Era como se o tempo tivesse desacelerado,
permitindo-me apreciar plenamente a beleza e a serenidade do paraíso tropical.
Desviei o olhar para Alexander no instante em que estendeu uma das taças para mim.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu me juntei a ele em um brinde silencioso.
A que estávamos brindando? A nós, sempre a nós.
Depois que terminamos o brinde, coloquei a taça sobre a mesinha disponível e me permiti
medir meu marido com o olhar. Estava sendo uma experiência única e extravagante. Claramente,
dinheiro não era problema para Alexander.
— No que tanto pensa? — perguntou e deixou a taça ao lado da minha, logo veio em
minha direção.
— Foi de propósito, não foi? — indaguei, enquanto ele passava a mão em volta da minha
cintura.
— Se não for específica, eu não saberei do que está falando.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu assenti.
— A pressão para que eu lhe pagasse o conserto do carro em uma semana, foi de propósito
— afirmei. — Você viu que eu era a menina de oito anos atrás, que passou o número errado e
sumiu, então, quis me punir por isso.
— De onde veio isso? — Arqueou as sobrancelhas e meu sorriso se alargou, enquanto
aceitava completamente aquela ideia.
— Cretino! — Dei um tapinha em seu peitoral. — Dinheiro não parece ser problema para
você.
— Eu te expliquei que se fizesse isso com t...
— Jura? — interrompi-o e pude ouvir o soar do seu sorriso. Ele se entregou
completamente com aquele sorriso tão safado. — Você poderia apenas me chamar para sair, me
deixou louca quando me pressionou com aqueles prazos tão curtos, se soubesse o que eu passei
naquela semana...
— Se arrepende? — questionou, balancei a cabeça em negativa.
Eu gostava da forma com que tudo aconteceu, afinal, as outras coisas acontecendo à minha
volta, não permitiram que eu pensasse demais em como Ricardo havia me demitido de forma
injusta.
Cheguei à conclusão de que se tivesse sido demitida sem nada mais para concentrar minha
atenção, eu teria desmoronado completamente. Teria sentido mais a perda de algo tão precioso
para mim, porém, o fato de ter muito o que resolver não me deixou pensar demais.
Alexander aumentou o aperto em minha cintura, trazendo-me de volta a realidade.
— Nem um pouco, e você? — respondi, convicta.
Poderia jurar que um vestígio de hesitação percorreu o seu rosto, mas foi tão rápido,
quanto ao movimento que ele fez, colando os nossos corpos por completo.
— Talvez, eu devesse ter lhe dado prazos menores, assim não sofreria durante uma
semana.
— Você tem um jeito um tanto curioso de fazer as coisas, de descobrir as coisas.
— E isso é ruim?
— Não, não é. — Passei as mãos em volta do pescoço dele, enquanto o olhava fixamente.
— Eu gosto e me sinto cuidada, como nunca me senti antes.
Alexander não respondeu. Seus lábios vieram ao encontro dos meus, ao mesmo tempo que
as mãos me apertaram mais forte contra ele. Correspondi aquele beijo com a mesma intensidade.
Pouco depois, Alexander encerrou aquele beijo com alguns selinhos.
— Eu te amo — sussurrou e levou as mãos ao meu rosto, acariciando-o. Meu coração
palpitou, com aquele tom, aquele olhar e aquele gesto.
E a única coisa que eu me perguntava, era se eu me acostumaria com isso algum dia.
— Eu amo você — respondi.
Ele se inclinou, deixando um beijo rápido em meus lábios.
— Um mergulho, antes de sairmos para comer algo?
— Isso seria perfeito — respondi, enquanto ele entrelaçava as nossas mãos. — O que
temos programado para hoje?
— Nada — respondeu, sério. — A viagem até aqui foi longa, então pretendo te levar para
jantar em um dos restaurantes submersos e voltar diretamente para cá, pelo menos nos próximos
dois dias.
— Descansar, hum? — Pisquei para ele.
— Mas não antes de eu te mostrar pessoalmente cada canto desse lugar. — Inclinou-se
para sussurrar em meu ouvido. — Quero te foder em todos eles.
— Hmmm. — Mordi o lábio inferior e olhei fundo em seus olhos. — Eu estou contando
com isso, senhor Korfali.
CAPÍTULO 53
Era domingo à noite quando pousamos no Rio de Janeiro. E a viagem de lua de mel que
era para ser de duas semanas, acabou se tornando três.
Foram as três semanas mais incríveis que eu já tive na vida.
Permanecemos uma semana e meia nas Maldivas. Aproveitando dias preguiçosos cercados
pela beleza natural das ilhas. Em seguida, partimos para Dubai, onde passamos quatro dias
imersos na grandiosidade e modernidade da cidade. Admiramos os arranha-céus deslumbrantes,
exploramos os souks tradicionais e até mesmo nos aventuramos pelo deserto em um passeio de
camelo ao pôr do sol.
Por fim, fomos a Paris onde passamos uma semana romântica e inesquecível. Passeamos
pelas margens do Sena, exploramos os museus mundialmente famosos, como o Louvre, e nos
deliciamos com a culinária requintada da cidade luz.
Tivemos momentos tão íntimos e intensos que ficariam marcados para sempre no meu
coração. Essa viagem, com certeza, foi um ponto importante em nosso relacionamento.
Estávamos melhores do que nunca, mas definitivamente cansados.
Quando chegamos em nossa casa, fomos para a cama dormir. O dia havia sido longo, a
volta para casa cansativa.
Nesse momento, começaríamos uma nova rotina. Uma rotina que me deixava ansiosa, pois
não fazia ideia de como tudo seria.
Na manhã seguinte, fui acordada às 06h com beijos gostosos, que logo se tornaram
quentes. O amasso começou no quarto e terminou no chuveiro, com Alexander me fodendo
contra a parede do banheiro.
Então, depois de um belo bom-dia, fomos para a cozinha tomar o nosso café da manhã.
— Te pego por volta de meio-dia para almoçarmos juntos? — Alexander perguntou,
trazendo-me de volta à realidade.
Levei a xícara de café à boca e tomei um gole enquanto ponderava o que eu havia
planejado para o dia. Havia coisas que queria resolver logo, então, sorri e coloquei a xícara sobre
a mesa.
— Na verdade, eu estava pensando em almoçar com Gabrielle, Isabella e Luiz Felipe —
informei, ele balançou a cabeça em concordância. — Preciso me assegurar que tudo está certo
para que se juntem a nós no projeto.
— É certo que sim, mas se sentir mais confortável em falar com todos, faça isso —
apoiou-me. — Hoje eu vou verificar como estamos e na semana que vem espero que possam dar
início ao projeto.
— Estou ansiosa quanto a isso. — Sorri, sem conseguir esconder a animação. Alexander
levou a mão sobre a minha e a pegou.
— Tenho certeza de que você se sairá bem — disse, ao se levantar e vir em minha direção.
Virei-me de frente para ele, suas mãos foram para o meu rosto, então, se inclinou e deixou
um beijo rápido em meus lábios.
— Nos vemos no jantar?
— Claro, esperarei você. — Pisquei para ele.
Depois de me dar outro beijo, Alexander se afastou para pegar o blazer que estava na
cadeira e o vestiu, em seguida saiu para cumprir os compromissos na empresa.
Durante a nossa viagem, Alexander havia proposto algo irrecusável. Eu queria voltar a
trabalhar, ele queria me levar para a empresa a todo custo e para garantir que eu aceitasse,
sugeriu que meu primeiro projeto fosse coordenar junto a equipe da minha antiga empresa, para
uma campanha de marketing pesado na temporada de Búzios.
Aquilo rapidamente me empolgou e o deixou muito feliz, claro.
Eu tinha um carinho especial por Búzios, como recusaria algo assim?
Então, eu aceitei. Apenas precisava me certificar de que o clima não ficaria estranho, por
conta de Ricardo, afinal, indiretamente estaria trabalhando com todos mais uma vez.
Estava familiarizada com o trabalho deles, seria bom tê-los por perto.
Alexander gostou muito da minha sugestão, só precisava confirmar pessoalmente sobre
tudo o que conversamos por telefone enquanto eu ainda estava em viagem.
Estacionei próximo ao restaurante combinado e caminhei em direção a ele. Por um
momento, eu me vi olhar para o outro lado da rua, onde ficava o prédio o qual eu tive que vir
diariamente durante sete anos da minha vida.
Apesar de tudo, não poderia dizer que não tive boas lembranças e conquistas naquele
lugar.
— Olha ela! — A voz de Isabella me fez voltar a atenção para a frente, encontrando-a
sentada em uma cadeira ao lado de fora, juntamente com Luiz Felipe e Gabrielle.
— Estão aqui há muito tempo?
— Acabamos de chegar — Luiz Felipe respondeu com um sorriso amigável.
— Como vocês estão? — perguntei, ao mesmo tempo em que Isabella e Gabrielle se
levantaram para me dar um abraço.
— Com saudades — Isabella respondeu e me apertou forte, em seguida, fui envolvida
pelos braços de Gabrielle. Quando nos afastamos, minha atenção foi para Luiz Felipe.
— Até agora eu não acredito que você se casou — disse, fazendo um sorriso brincar em
meus lábios.
— Não é? Nós estávamos preocupados com a gata e ela passou na frente de todos em um
instante — Isabella comentou, revirei os olhos e me sentei na cadeira vazia.
A cretina gargalhou, levando Luiz Felipe e Gabi a fazerem o mesmo.
— Já pediram? — perguntei, eles negaram com a cabeça.
— Nós realmente acabamos de chegar — Isabella reforçou.
— Vamos pedir então para não atrasar vocês — falei, enquanto chamava a atenção do
garçom.
O garçom nos atendeu e anotou o nosso pedido, quando se afastou, os olhos curiosos
estavam sobre mim, aguardando que eu falasse. Sabia que eles estavam tão empolgados quanto
eu com a possibilidade, afinal, não era segredo que um projeto nos hotéis Korfali agregaria e
muito no currículo de cada um.
Estava prestes a começar a falar quando a minha atenção foi para uma loira muito familiar
que saía da empresa. Meus olhos a acompanharam, até que foi para um carro conversível e
entrou.
— Não imagina a minha surpresa quando a vimos entrando com um bonitão no seu
casamento — Gabrielle falou, atraindo a minha atenção.
— O quê? — perguntei, franzindo as sobrancelhas.
— A Samantha, ela é o nosso terror — Luiz Felipe respondeu, enquanto eu assimilava a
informação.
— E, aparentemente, as companhias fodidas dizem muito sobre ela — Isabella murmurou,
franzi as sobrancelhas enquanto as informações eram bombardeadas em minha direção.
— Samantha? — perguntei, olhando em direção ao carro.
— O diabo em pessoa — Luiz Felipe brincou, e eu balancei a cabeça em negativa.
Aqueles certamente eram puxa-sacos, que não queriam dar o braço a torcer com a
mudança. Não era possível que a mulher fosse tão ruim assim.
— Naquela correria não tive tempo de comentar isso com você — Gabrielle falou com
aquela empolgação de quando tem uma boa fofoca. — Ela estava com um dos padrinhos do seu
marido, notei que Alexandre não gosta muito do cara.
— Que mundo pequeno. — Bati os dedos suavemente na mesa enquanto acompanhava o
carro da loira ir embora. Tentando me lembrar de qual dos homens ela estava acompanhada. Mas
decidida a deixar para lá, voltei a olhar para os meus amigos. — Como Ricardo reagiu ao saber
que designariam vocês para trabalhar nesse projeto do grupo Korfali comigo?
— Meu pai sorriu e disse que ficava feliz por mantermos contato e desejava sucesso na sua
nova jornada — Gabrielle falou, então, levou a mão até a minha. — Sem neura, Rai, não sei de
fato o que aconteceu, porém, ele não odeia você.
— Eu sei. — Suspirei. — Só que é difícil saber se o clima não ficará estranho, como se
estivesse impondo minha presença, sabe?
— Bobagem — Gabrielle rebateu.
— E mesmo se Ricardo não gostasse, você não terá contato direto com ele. Seremos nós a
passar os próximos meses no grupo Korfali organizando tudo junto a vocês — Isabella disse, e
deu de ombros.
— Pelo menos ficaremos livres da Samantha por boa parte do tempo — Gabrielle disse em
meio a uma risada contida.
— Vocês são uns cretinos, coitada da mulher.
— Mudaria de opinião se tivesse que suportá-la por mais de uma semana, baby — Luiz
Felipe falou, fazendo-me gargalhar.
— Estou animada em trabalharmos juntos mais uma vez, sentimos sua falta, Rai —
Isabella comentou e um sorriso se formou em meus lábios.
— Eu também.
Gabrielle abriu a boca para falar algo, quando o garçom nos pediu licença para servir o
nosso almoço.
Enquanto almoçávamos, conversamos um pouco sobre os próximos passos e o que
aconteceria na semana seguinte, tendo a certeza de que tudo sairia conforme estávamos
alinhando.
Eu estava feliz. Realmente feliz com tudo.
Meu relacionamento com Alexander estava cada dia melhor. Havia também conseguido
melhorar muito o relacionamento com Vinicius e estava falando cada vez mais com meus pais.
A avó de Alexander não me odiava mais. E nesse momento estava prestes a retomar a
minha vida profissional. Eu, definitivamente, não sabia como poderia ser melhor do que isso.

Estava tirando duas malas do carro quando Alexander estacionou ao meu lado. Fechei o
porta-malas e o observei caminhar em minha direção.
— Chegou agora? — perguntou e que passou a mão em volta da minha cintura, então me
puxou em sua direção.
— Sim, fui até o meu apartamento e peguei alguns itens essenciais que acabei deixando
para trás com a correria do casamento.
Alexander se inclinou e deixou um beijo gostoso em meus lábios. Sorri com a respiração
irregular quando ele se afastou.
— Ainda tem o que buscar lá? Você poderia ter me esperado — falou, enquanto pegava as
malas no chão.
— Eram poucas coisas, não tinha necessidade — disse, ao pegar uma maleta que continha
minhas maquiagens e produtos para higiene pessoal.
— Você e essa mania de querer fazer tudo sozinha — reclamou. — Já te disse que pode
me ligar a qualquer hora.
— Hoje foi seu primeiro dia na empresa depois de três semanas, não queria te incomodar
com algo que poderia fazer sozinha — expliquei, acompanhando-o em direção à nossa casa.
Levamos as minhas coisas para o nosso quarto, eu iria colocar tudo no canto onde estava
as minhas malas de viagem, mas Alexander me levou para o seu closet.
O lugar era tão grande quanto um quarto. Tinha um espaço separado para roupas, sapatos e
produtos de higiene.
Sorri, ao notar que ele havia deixado vago um espaço enorme em cada divisão.
— Deixei esse espaço vago para você, é o suficiente? — perguntou e colocou as malas no
chão. Então se virou para mim.
— É mais do que suficiente. Amanhã vou organizar tudo — falei, colocando próximo às
malas aquela maleta que estava em minhas mãos.
— Posso pedir a Rute para vir amanhã e organizar tudo.
— De jeito nenhum. Prefiro organizar à minha maneira.
— Você quem manda. — Ele piscou, fazendo-me sorrir.
Apesar de seu jeito descontraído, eu conseguia ver o cansaço em seu olhar.
— Como foi na empresa hoje? Parece cansado — falei e me aproximei dele.
— Nunca fiquei tanto tempo longe de tudo — confessou com um sorriso fraco. — Então
tem muitos documentos para revisar e assinar, propostas para avaliar pessoalmente, mas logo
ajeito tudo. — Passou as mãos em volta da minha cintura. — E o seu dia, como foi?
— Meu dia foi tranquilo, almocei com os meus amigos como te disse mais cedo. — Levei
a mão à gravata dele, desfazendo o nó. — Eles estão tão empolgados quanto eu para começar.
Quando falei do almoço, minha mente instintivamente vagou para a loira que estivera em
nosso casamento. Larguei a sua gravata e meus olhos foram ao encontro dos dele.
— Se você está feliz, eu também estou — disse, acariciando a minha cintura.
— Conhece alguma Samantha? — perguntei de repente.
— Não que eu esteja me lembrando agora. — Mediu-me com o olhar, à medida que as
mãos pararam em minha cintura. Então, seu tom se tornou curioso. — Qual o sobrenome?
— Não sei... — respondi e levei as mãos em seu peitoral. — Parece que a mulher que
tomou o meu lugar em meu antigo emprego, coincidentemente entrou com um dos seus
padrinhos — comentei, ao passo que comecei a desabotoar a camisa lentamente. — Fiquei
pensando se você a conhecia.
Meus olhos encontraram os dele mais uma vez.
Alexander não respondeu de imediato, ele parecia surpreso com a informação que eu
acabei de passar. Continuei tirando a blusa, enquanto aguardava que falasse algo.
— Só pode ser a acompanhante de Rodolfo — afirmou enquanto as mãos dele voltavam a
me acariciar. — O mundo é realmente pequeno.
— Eu disse o mesmo quando descobri. — Sorri com a semelhança em nossas falas.
— Quer que eu averígue isso? — perguntou, eu neguei com a cabeça.
— Não precisa — respondi e me afastei um pouco, tirando o seu blazer. — Eu deveria
imaginar que era alguma paquera de Rodolfo. Acredito que seja só uma coincidência, afinal, ele
pega geral, não é?
Alexander deu um sorriso fraco, enquanto me ajudava a me livrar do blazer.
— Homem que leva aquela vida de solteiro, sabe como é. — Tentou justificar, ao mesmo
tempo em que eu fazia uma careta, eu sabia que essa era a vida que Alexander vivia antes de
mim.
Depois de tirar o blazer, eu me livrei da camisa social, deixando exposto o peitoral gostoso
e firme. Deslizei minhas mãos pelo peito, subindo em direção ao ombro.
— Você parece tenso, o dia realmente deve ter sido cansativo — comentei com um meio-
sorriso enquanto massageava alguns pontos.
— E foi, mas eu deixaria acumular tudo de novo, se fosse para estar em um lugar
tranquilo, onde fosse apenas nós dois.
— Humm... — Um sorriso bobo escapou dos meus lábios diante de tal alegação. — O que
acha de uma massagem gostosa depois do banho?
— Eu adoraria... — As mãos dele deslizaram para a minha bunda, então a apertou me
fazendo suspirar. — Depois podemos preparar o jantar juntos.
— Isso é perfeito — falei, deslizando uma das mãos novamente pelo peitoral.
Alexander levou a mão à barra da minha blusa, e eu me afastei para que pudesse tirá-la.
Em seguida, levou a mão ao botão da minha calça e se inclinou, livrando-se daquela peça
também.
— Deveríamos fazer isso no banheiro — disse em meio a um pequeno suspiro, enquanto
os lábios de Alexander levemente passavam por minha pele, arrepiando-a completamente, à
medida que voltava a atenção para mim.
— Podemos fazer isso em qualquer lugar — sussurrou, fazendo-me dar um sorriso
travesso.
Ele tirou a minha lingerie lentamente. Depois de me deixar nua, eu levei as minhas mãos
nas calças dele e o ajudei a terminar de se despir.
Deixando as roupas em um montinho no chão, Alexander levou as mãos em minhas coxas
e me levantou, fazendo com que eu passasse as pernas em volta dele.
Começou a caminhar comigo no colo, saindo do closet, indo para o quarto. Inclinei-me e
comecei a mordiscar a curva do pescoço, fazendo um gemido sexy escapar dos seus lábios. Uma
onda de excitação subiu pelo meu corpo, enquanto meus lábios passeavam por seu pescoço,
fazendo uma trilha até chegar em sua boca.
Os lábios dele capturaram os meus de forma bruta e deliciosa, enquanto as mãos fortes me
apertavam contra ele. Naquele momento, eu soube que nós faríamos amor de forma voraz.
Meu corpo esquentou, a excitação foi inevitável com a ideia de ser consumida dessa
forma. Minhas mãos foram para os seus cabelos, agarrando-os de forma desesperada.
Alexander me colocou no chão e, em seguida, me prensou com as mãos firmes e quentes
na parede do quarto. Meu gemido o fez suspirar.
— Ah, Raissa — rosnou antes de tomar meus lábios mais uma vez.
Em um movimento rápido, nós tomamos a direção contrária do que eu imaginei. Ao invés
de ir para o banheiro, Alexander me levou para cama.
Quando meu corpo caiu sobre o colchão macio, ele veio com tudo para cima de mim. Os
lábios deixaram os meus e desceram para chupar meus seios sem pudor.
Gemidos intensos escapavam dos meus lábios, enquanto sugava meus seios com fervor.
Ele revezou entre um e outro, enquanto o dedo descia em direção à minha boceta.
Então, deixou os meus seios e os olhos vieram em minha direção. Uma mistura de surpresa
e admiração tomava conta de seu rosto.
— Porra — sussurrou, ao mesmo tempo em que os dedos passavam por minha entrada,
espalhando a minha lubrificação. — Nunca vou me acostumar com o quanto é receptiva para
mim.
— Preciso sentir você. — Resfoleguei, enquanto os dedos ágeis massageavam meu
clitóris. — Alexander...
Os dedos de Alexander deixaram a minha boceta, ele se ajeitou no meio das minhas pernas
e se posicionou.
Senti-o deslizar em um movimento profundo, abrindo espaço, preenchendo-me de forma
intensa, sendo capaz de quase me levar ao êxtase com apenas aquela investida feroz.
— Eu... Preciso de você — ele enfatizou em meio a um rosnado gostoso. Então, as mãos
dele foram para as minhas pernas, a fim de dobrá-las, e se inclinou para ir mais fundo. — Preciso
tanto... Tanto... — Então, o senti retroceder e repetir o movimento, fazendo-me arfar. — Nunca
se esqueça que é tudo pra mim.
A cada palavra, mais fundo ia, maior parecia a urgência de me sentir.
— Eu... também. — Foi o que eu fui capaz de dizer, em meio a um resfolego. Porra,
aquilo, era demais.
— Preciso... De... você comigo. — Ao terminar de dizer aquelas palavras em meio a
rosnados entrecortados, ele deslizava para dentro de mim de forma intensa, enviando arrepios
por todo o meu corpo em cada investida.
Levei a minha mão em seu rosto, atraindo o olhar totalmente para mim. Precisava daquele
contato, assim como sentia, que ele também precisava. Eu simplesmente amava aquela conexão
que estava cada vez mais forte e intensa sobre nós.
Abri as minhas pernas, forçando que ele estivesse mais perto de mim, acomodando-se
totalmente no meio delas, enquanto ele se afundava mais uma vez.
Tentei me recompor para dizer a ele exatamente como me sentia, diante de cada palavra,
rosnado ou gemido que ele proferia em cada golpe.
— Eu... estou... com... você, Alexander — disse, em meio a gemidos, levando as duas
mãos no rosto dele. — Tudo que eu preciso, é de você.
Aquilo foi o suficiente para acabar de vez com qualquer vestígio de sanidade. Enrolei as
pernas em volta dele, enquanto os movimentos aumentaram dentro de mim. Cada deslize era
intenso, profundo, forte.
Cheio de amor e paixão. Seus golpes atingiram fundo meu ponto sensível, instintivamente
arqueei meu quadril, indo ao seu encontro a cada investida. Alexander me levou rapidamente a
um limite que pensei ser inatingível.
Ah, porra! Aquilo era demais.
Um grito intenso e descontrolado saiu de meus lábios, levando-me diretamente para um
orgasmo alucinante, enquanto seguia se afundando em mim de forma constante.
Alexander liberou o seu prazer dentro de mim, enquanto passava os braços à minha volta e
me apertava forte, assim como fez em nossa primeira vez.
Então, os lábios estavam sobre os meus, beijando-me com uma paixão avassaladora,
enquanto apenas me entregava completamente àquele momento, abraçando-o da mesma forma, à
medida que nos acalmávamos.
Não sabia ao certo como havia sido o dia, mas entendia perfeitamente o que acabou de
acontecer. A sensação de que não importava o quão estressante poderia ser, ao fim de cada dia,
independentemente de qualquer coisa, estaríamos aqui um para o outro.
Era uma sensação nova que estávamos descobrindo juntos, mas que poderia tornar tudo
melhor. Ele precisava de mim, mais do que tudo. Poderia dizer que era assim que eu me sentia
também.
E eu o deixaria saber, pois entendia que Alexander precisava ser amado mais que tudo, se
sentir realmente amado.
E ele era, intensamente.
CAPÍTULO 54
Alexander falava com alguém ao telefone no momento em que eu saí do quarto. Enquanto
parecia ouvir a pessoa do outro lado da linha, seus olhos se fixaram em mim, meu coração
descompassou com aquele olhar sobre mim.
— Estaremos aí mais tarde. — Ele fez uma pausa, então continuou: — Um abraço.
Franzi minhas sobrancelhas, observando-o encerrar a ligação. Depois que guardou o
celular no bolso veio ao meu encontro.
— Você está simplesmente linda e sexy. — As mãos quentes contornaram a minha cintura.
— Talvez eu não devesse deixá-la sair se vestindo dessa forma.
— Está com ciúme, senhor Korfali? — perguntei. Ele me puxou e um sorriso se formou
em meus lábios.
— Estou. — A voz rouca ressoou enquanto as mãos me apertavam. Logo sua boca se
curvou em um sorriso. Aquele riso descontraído, que me encantou desde o primeiro momento.
Eu gostava muito dessa versão de Alexander mais descontraído e leve a cada dia mais.
— Acho melhor irmos, se não quiser se atrasar em seu primeiro dia.
— Definitivamente — disse e me afastei, então o medi com o olhar. — Estaremos aí mais
tarde?
Demorou uma fração de segundos para que associasse o que eu estava falando com suas
últimas palavras na ligação.
— Dona Madalena chegou de viagem hoje, pediu que fôssemos jantar com ela, tudo bem
para você?
— Sim, tudo bem — respondi, enquanto era guiada em direção à porta.
— Ótimo.
Alexander me levou até o carro e abriu a porta do passageiro para mim, em seguida
assumiu a direção.
Durante o caminho para a empresa, tentei repassar em minha mente todo o planejamento
que fiz durante a semana para a primeira reunião que teríamos com a equipe de marketing.
Estava confiante que tudo correria bem, eu era boa no que fazia e estava acostumada com
quase todos, mas isso não diminuía a ansiedade que estava sentindo para saber como todos me
receberiam.
— Pronta? — Alexander perguntou, chamando a minha atenção para si. Sorri um pouco
nervosa, notando que eu nem me dei conta de que havíamos chegado.
— Ansiosa.
— Tenho certeza de que você vai se sair muito bem. — Levou a mão até a minha. Então a
levou à boca, deixando um beijo no dorso.
— Obrigada.
Depois de soltar sua mão, tirei o cinto de segurança e saí do carro. Alexander logo me
acompanhou, levou a mão em minha cintura e me guiou pelo estacionamento.
Depois de pegar o elevador, fomos parar no primeiro andar. Ele nos guiou em direção a
uma sala de reuniões. Quando entramos, todos estavam terminando de se ajustar.
A reunião seria para me introduzir na empresa com a equipe que ajudaria a realizar tudo,
em seguida alinharia com a ALX marketing e publicidade a sessão de brainstorm.
Felizmente, Alexander não teve problemas em alinhar para que Gabrielle, Isabella e Luiz
Felipe fossem os designados para o projeto, que seria desenvolvido cem por cento na sede dos
hotéis Korfali, diminuindo assim qualquer desconforto, à medida que organizávamos tudo para a
temporada.
Meus olhos foram de imediato para aqueles três que significavam meu porto seguro, onde
eu não me sentiria tão fora da caixa com rostos tão familiares por perto. Troquei um sorriso com
meus amigos, antes de terminar minha varredura pelo local, observando cada rosto que mantinha
a atenção em mim e em Alexander.
— Bom dia, todos já estão aqui? — Alexander perguntou, sério, atraindo a atenção de
todos.
— Sim, senhor — uma voz feminina confirmou.
Quando encontrei seu olhar, percebi que era a secretária de Alexander, ela sorriu para mim
e se sentou. Assim que todos se acomodaram, toda a atenção estava em nós, que nos
encontrávamos no centro da sala.
— Como todos sabem há um tempo, eu venho pensando na possibilidade de contratar uma
equipe de marketing a parte para aliviar a carga e focar apenas nos grandes eventos
Algumas pessoas concordaram, com a atenção total nas palavras de Alexander.
— Chegou a hora de fazermos dessa forma. Marcela continuará de São Paulo coordenando
os pequenos projetos e minha esposa coordenará de forma presencial os projetos maiores,
liderando as equipes e dando uma atenção especial para o projeto de Búzios. — O olhar dele foi
para Gabrielle, Isabella e Luiz Felipe. — Por isso, teremos uma equipe excelente de suporte,
vamos dar as boas-vindas aos membros da ALX marketing e publicidade. Sejam bem-vindos.
— Obrigada! — Isabella e Gabrielle agradeceram em uníssono, Luiz Felipe deu um aceno
de cabeça.
— Raissa assumirá a reunião de agora em diante, por favor, ajam como se eu não estivesse
aqui — Alexander avisou, então, de forma suave tirou a mão das minhas costas e se sentou em
uma das cadeiras.
A atenção estava toda em mim. Deixando ao máximo o nervosismo de lado, dei um sorriso
a todos, pronta para começar.
— Bom dia, equipe, me chamo Raissa Cardoso... Korfali — completei diante do olhar de
Alexander, que deu um pequeno sorriso ao me ouvir. Desviei a atenção dele e me voltei para
todos. — Estou na área de marketing há sete anos e atuo como gerente há quatro, espero que
possamos fazer um bom trabalho juntos.
— Estou animada com isso! — Isabella comentou, e eu sorri, lembrando-me de que ela era
a pessoa que em cada discurso, estava sempre dizendo palavras positivas.
Percebi que enquanto me escutavam atentamente, algumas pessoas balançavam a cabeça
em concordância.
Senti-me grata pelo apoio de Isabella naquele instante.
— Hoje, eu quero conhecer um pouco de cada um aqui presente. Quero que me digam qual
a participação em cada projeto na empresa até o momento, para decidirmos qual será o melhor
formato para começarmos a estruturar o projeto de Búzios juntamente com a equipe da ALX, que
modéstia parte já conheço tanto.
Pude ver enquanto falava a animação de cada um com o que eu estava propondo. Sabia
que alguns gerentes apenas designavam as funções sem se importar em qual área cada um
gostava de trabalhar.
Eu preferia fazer diferente, procurava sempre ter uma boa relação com cada um e sempre
que possível, deixá-los encarregados com tarefas que mais se adaptavam.
Para fazer dar certo, eu tinha que conhecer melhor a todos, afinal, os únicos ali que eu
sabia dos hábitos no momento, eram Gabrielle, Isabella e Luiz Felipe.
A reunião foi tranquila, conheci um pouco de cada um presente e fiz algumas anotações
quando achei necessário.
Ao fim, eu disse a eles minha expectativa para o próximo mês, combinamos de nos reunir
mais uma vez amanhã para descobrir a perspectiva deles sobre nosso público-alvo: os turistas.
Deixei como tarefa que pensassem nos principais fatores que atraíram mais o nosso público-alvo
a fazer reservas no hotel.
A ideia era reunir a opinião de todos e montar pontos fortes para o marketing. Enquanto
isso, eu procuraria analisar até a próxima reunião alguns gráficos que separei de estratégias que
utilizei em projetos passados, para incrementar.
Alexander estranhamente não disse nada durante toda a reunião. Mal saberia que ele estava
ali se não fosse o olhar profundo e intenso sobre mim a cada vez que eu olhava em sua direção.
Tive que fazer um enorme esforço em alguns momentos, para me manter concentrada no
que estava propondo a todos. Mas apesar disso, eu finalizei aquela reunião com excelência, feliz
com o resultado do primeiro contato.
Percebi Alexander se aproximar de esguelha, enquanto eu juntava as minhas anotações.
— Emanuela — ele chamou a atenção da sua secretária.
— Sim, senhor Alexander?
— Por favor, mostre a Gabrielle, Isabella e Luiz Felipe o local de trabalho deles
juntamente com o restante da equipe de marketing, também os auxilie conforme precisar. Eu
mostrarei a Raissa a sala dela e, em seguida, acertaremos alguns detalhes.
— Tudo bem — concordou, de pronto.
Sem questionar, dei um sorriso aos meus amigos e peguei as minhas coisas. Então deixei
que Alexander me guiasse pela empresa. Nós entramos no setor de marketing, passando próximo
à algumas baias, enquanto a equipe se acomodava aos poucos em seus lugares.
Alexander abriu a porta de uma sala e me deu espaço para que entrasse. Passei os olhos
pelo ambiente constatando os móveis extremamente novos e uma decoração muito aconchegante.
— Sinto que se não fosse eu, essa sala não estaria tão impecável — comentei, ao passo que
me virei na direção dele.
Alexander fechou a porta e caminhou em minha direção, com um olhar tão profundo que
fez meu coração entrar em descompasso.
— Você está certa, cuidei pessoalmente de tudo — respondeu, sério. Mas seu foco não
parecia estar naquela fala.
— Está tão sério desde a reunião — sussurrei, enquanto ele passava as mãos em volta de
mim.
— Estou encantado — disse, fazendo-me suspirar. — Linda, sexy e inteligente para
caramba.
— Alexander...
— Fiquei louco vendo como você conduziu tudo, sem hesitar um minuto sequer. Tem algo
mais sobre você que eu ainda não saiba?
Sorri e levei a mão na gravata dele, puxando-o para mim.
Eu amava esse homem, como amava.
A mão firme foi para minha nuca e, em um rompante, meu corpo estava colado ao dele, ao
mesmo tempo em que os seus lábios encontraram os meus sem pudor. Sabia que não deveríamos
nos pegar naquele momento, mas eu me permiti curtir aquele beijo gostoso por alguns minutos.
Levei a mão em seu peito e tomei força para o afastar, totalmente ofegante.
— Não vamos fazer isso aqui — avisei, a voz entrecortada. — Preciso analisar algumas
informações na próxima hora.
— Você tem razão — sussurrou, fazendo-me sorrir. Então, ele levou a mão em meu rosto
e se inclinou, deixando um beijo em minha testa. — Eu estarei livre por volta das 16h.
— Devo passar na sua sala por volta desse horário? — perguntei, fazendo-o me apertar um
pouco mais.
— Sim, estou realmente contando com isso.

Eu não via Madalena desde o casamento. E apesar de sentir que estava mais
condescendente comigo, os encontros com ela ainda me deixavam ansiosa e sem saber ao certo
como agir.
Afinal, Madalena era alguém importante para Alexander, era a única pessoa que o homem
que eu amava tinha, então, no fundo, eu sentia a necessidade de estar bem com ela.
— Podemos ir? — Alexander perguntou, enquanto eu me olhava no espelho. Havia
escolhido um vestido romântico e simples.
— Claro. — Sorri e fui em sua direção.
Alexander me deu um beijo rápido, antes de irmos para o nosso destino. O jantar com
Madalena.
O caminho foi tranquilo e quando chegamos, fomos recebidos com um sorriso simpático.
Madalena claramente estava cada vez mais à vontade em minha presença, mas sempre impondo
em algum momento a distância. O muro entre nós não estava derrubado por completo, mas sabia
que era questão de tempo.
O jantar correu bem e tranquilo, assim como nossos últimos encontros antes do casamento,
fomos capazes de conversar de forma descontraída e sem qualquer dificuldade.
E tudo estava indo muito bem, até que Madalena pediu para falar a sós comigo. Alexander
não pareceu se incomodar com isso, na verdade, parecia feliz.
Madalena me levou para aquele mesmo escritório, onde disse aquelas palavras duras no
nosso primeiro jantar. E nada poderia me surpreender mais do que as palavras que saíram da
boca dela no instante em que fechou a porta atrás de nós.
— Me desculpe, Raissa — Madalena falou, sem hesitar. — Você me mostrou, não com
palavras, mas em cada atitude sua em tão pouco tempo que a julguei errado. Então, sinto que te
devo esse pedido de desculpas.
As palavras me pegaram de surpresa, foi impossível disfarçar o quanto mexeu comigo.
— Bem... Hã... — comecei, hesitante, pensando em todos os nossos encontros até o
momento. Decidi que faria algo que pensei ser impossível. Mas se ela estava decidida a ter tal
atitude, eu deveria seguir pelo mesmo caminho. — Creio que eu também te devo desculpas,
pelas palavras desrespeitosas em nosso primeiro encontro.
Madalena sorriu, sua atitude me fez querer rir também. Eu havia dito que ela queria dar
para Alexander.
Jesus! Onde eu estava com a cabeça? Eu daria na cara dela se Alexander não tivesse
intervindo.
— Que fique tudo no passado, eu estou feliz que Alexander encontrou você. — Aquelas
palavras sinceras fizeram meu coração acelerar. Eu me sentia feliz em perceber que tínhamos sua
aprovação por completo.
Não só isso, do nosso jeito torto poderia dizer que nos entendíamos muito bem.
Dei meu sorriso mais sincero, decidida a começar um ciclo novo em meio a mais pura
sinceridade, respondi-a:
— Eu também estou feliz por encontrá-lo.
CAPÍTULO 55
— Alexander — chamei sua atenção de forma suave, os olhos surpresos foram para mim.
Ele estava tão concentrado, que nem mesmo percebeu quando eu abri a porta de sua sala.
— Já está na hora do almoço? — perguntou, ao largar alguns papéis e desviar o olhar para
a tela do notebook.
— Não, eu vim mais cedo. — Sorri e fechei a porta atrás de mim, então caminhei na
direção dele enquanto os seus olhos encontravam os meus mais uma vez. — Muito ocupado?
— Para você, nunca.
Eu me acostumaria? Era provável que não.
Alexander se levantou e veio em minha direção, antes que eu pudesse me sentar. Como
sempre, envolveu-me em seus braços e me deu um beijo gostoso.
Quando se afastou, levou a mão em meu rosto e o acariciou. Aquilo ainda parecia irreal.
Mesmo depois de um mês trabalhando aqui e seguirmos sempre trocando esse carinho sempre
que estávamos a sós, ainda parecia um sonho.
— Está precisando de alguma coisa?
— Não, eu passei para te avisar que vou almoçar com Vinícius, quero aproveitar que hoje
consegui pegá-lo livre. Tudo bem?
— Claro, vou aproveitar para almoçar com Rodolfo, estou devendo isso a ele. — Fiz uma
pequena careta ao ouvi-lo.
Aquele cara ainda não me descia.
— Deveria se manter longe de alguém como ele — arrependi-me no momento em que
proferi aquelas palavras, com o vestígio de decepção que pairou no rosto de Alexander.
— Alguém como ele? — Ele forçou um sorriso e apenas me acariciou um pouco mais. —
Eu era igual a ele no passado. Ele tem os motivos dele, assim como tive os meus.
Eu queria dizer que era diferente, que ele não fazia aquela sujeira há oito anos, enquanto o
amigo o tentou puxar para baixo de todo jeito.
Alexander era diferente, eu sabia disso.
Mas quem era eu para julgar? Aquela conversa apenas o magoaria, porque, infelizmente, a
realidade era que eu querendo ou não, fazia parte dele, do seu passado.
— Me desculpe, eu não deveria julgá-lo assim.
— Tudo bem — Alexander falou, inclinando-se, e deixou outro beijo em meus lábios. —
Nos vemos no final do expediente?
Sem esperar uma resposta, começou a se afastar. Levei as minhas duas mãos em seu rosto,
impedindo-o, e o puxei para um beijo cheio de necessidade e paixão.
As mãos dele contornaram meu corpo, à medida que aprofundou o beijo sem pensar duas
vezes. Alguns minutos depois, o beijo foi se suavizando, até que eu o encerrei mantendo as mãos
no rosto dele, prendendo seu olhar no meu.
— Eu te amo. Com todo o seu passado, suas cicatrizes e suas falhas. Nada disso me
importa. — Ele não me respondeu de imediato, mas entendia completamente o peso das minhas
palavras para ele.
— Eu amo você — respondeu, em um fio de voz.
Minhas mãos caíram para o lado do meu corpo e me afastei, decidida a deixá-lo trabalhar.
— Nos vemos mais tarde, assim que o expediente acabar.
Virei-me e fui em direção à porta, mas não antes de conseguir ver o sorriso gostoso que
formou em seus lábios.
Então, eu saí da sala e enviei uma mensagem para Vinícius, confirmando nosso almoço em
aproximadamente uma hora. Logo em seguida, voltei para a minha sala, a fim de revisar os
tópicos para a reunião de mais tarde, havia muita coisa importante para o dia.
Tinha que reconhecer que esse mês na empresa, foi um dos mais agitados que tive em
muito tempo. O processo de adaptação, com inúmeros dados e estatísticas para avaliar, o
conhecimento total da empresa. O que aliviava, eram os amassos que eu e Alexander dávamos
sempre que podíamos, algo que era errado, mas deliciosamente frequente entre nós.
Depois de revisar tudo o que precisava, peguei a minha bolsa e me encontrei com Vinícius
no setor de administração.
Decidimos ir a um restaurante próximo à empresa, era prático, rápido e poderíamos
conversar um pouco. Afinal, apesar de ele estar na empresa, não estávamos nos esbarrando tanto,
por conta da correria.
— Então, como está sendo a experiência? — perguntei ao Vinícius no momento em que o
garçom se afastou, depois de anotar o nosso pedido.
— Incrível, mal vejo a hora de finalizar o estágio e pegar o cargo de forma definitiva.
— Tem que batalhar muito para isso. — Arqueei as sobrancelhas, ele deu aquele sorriso
moleque.
— Eu sei e estou. Alexander disse que não vai facilitar por eu ser seu irmão. — Ele
balançou a cabeça em negativa. — Na verdade, disse que dificultaria.
— É por isso que eu amo esse homem. — Vinícius fez uma careta.
Sabia que certamente, Alexander daria o cargo para Vinicius, mas queria vê-lo se
esforçando, afinal, dessa forma tornava ainda mais interessante.
— E você? O projeto está correndo bem?
— Sim, estamos quase finalizando. Nas próximas semanas, eu vou para Búzios
acompanhar tudo de perto.
— Que demais! Férias em meio ao trabalho — brincou. — Acho que eu deveria mudar de
ramo.
— Será a recompensa por tanto esforço ao longo do mês — falei com um sorriso divertido.
— Quando eu voltar, deveríamos reunir nossos pais e fazer uma programação legal, afinal, nós
estamos começando a ficar desnaturados de novo.
— Você tem razão, nossos pais vão adorar.
— Vamos combinar quando eu voltar, então.

Eram quase 13h30 quando entrei na sala de reuniões. Encontrei a equipe finalizando a
organização. Cumprimentei-os com um sorriso simpático e aguardei todos estarem prontos para,
enfim, darmos início.
Começamos a reunião recapitulando tudo o que estruturamos no último mês. Estávamos
entrando na última fase, cheios de expectativa sobre tudo.
Executar e acompanhar.
Uma das fases mais importantes para mim, quando os resultados de tudo o que planejamos
começassem a vir à tona.
Nossos objetivos, metas e programações estavam bem sólidos. A divulgação vinha com
uma inovação das grandes, e eu me sentia ansiosa por isso.
— Luiz Felipe e Fernando, vocês ficarão por conta de todo o lado digital a partir de agora
— avisei.
— Certo, chefe! — Luiz Felipe respondeu e eu sorri. Algumas coisas, aparentemente, não
mudavam.
— Isabella e Ana Luísa, teriam alguma restrição, caso precise que me acompanhem até
Búzios dentro das próximas semanas?
— Nenhuma — Ana Beatriz respondeu, de forma gentil.
— De forma alguma — Isabella falou, animada.
— Eu me voluntario — Luiz Felipe falou, fazendo-me dar uma risada.
— E a sorveteria dos seus pais, como fica no final de semana? — perguntei. Ele fez uma
pequena careta para mim.
— Não vou ficar chateada por não me chamar, afinal, já sabemos que Alexandre nunca me
liberaria — Gabrielle entrou na brincadeira.
Apontei para ela e balancei a cabeça em concordância, sabendo muito bem que seria o
mesmo que assinar a minha sentença, se a designasse.
— Eu consegui fechar a parceria com aquelas duas influencers que decidimos na última
reunião, está quase tudo resolvido. Precisamos apenas checar os indicadores dos anos anteriores
e montar nosso quadro para comparação para segunda-feira. — Virei-me para Amanda. —
Conseguiu os documentos para mim?
Amanda arregalou os olhos com a minha pergunta. Algo que eu não gostava nada a essa
altura do campeonato.
— Ai, meu Deus, eu me esqueci completamente. — Ela deu um pulo da cadeira. Eu fiz o
possível para permanecer impassível. — Vou tentar conseguir ag...
— Não precisa — interrompi-a, fazendo que parasse no lugar. — Apenas se atente a esses
detalhes no futuro, isso é algo que não poderia ser esquecido em um momento como esse.
Eu a daria uma advertência por esquecer algo tão importante, mas não na frente de todos,
então, sem querer prolongar, passei o olhar pela sala.
— Pessoal, repassem os detalhes, eu vou verificar se consigo esses documentos para
finalizarmos tudo ainda hoje.
— Fica tranquila, faremos o que for possível — Fernando falou de forma gentil, e eu sorri.
Então, saí da sala de reunião e fui em direção à sala de Alexander, sabia que a forma mais
rápida de conseguir o que precisava era através dele.
— Emanuela, Alexander já voltou do almoço? — perguntei, atraindo sua atenção para
mim.
— Não, ele tinha uma reunião com um parceiro, creio que chegue mais tarde.
Suspirei ao ouvi-la. Eu queria finalizar essa etapa antes do final do expediente e a falta dos
documentos complicaria.
— Preciso de alguns documentos sobre Búzios, os indicadores e balanços dos últimos
anos, consegue para mim?
— Consigo solicitar a filial de lá, creio que na segunda-feira posso te entregar uma cópia.
— Alguma possibilidade de conseguir mais rápido? — perguntei. Emanuela não me
respondeu de imediato, aguardei até ela finalmente falar.
— Alexander costuma ter uma cópia de todas as filiais no cofre em sua sala, mas eu não
tenho acesso.
— Tudo bem, posso dar uma olhada? — perguntei em expectativa, eu poderia explicar a
ele depois, que, com certeza, entenderia.
— Fique à vontade, a senhora tem total liberdade.
Mal consegui esconder o sorriso que se formou em meu rosto, palavras que eu gostava
muito de ouvir, e que Alexander fazia questão de que eu ouvisse a cada pedido.
— Já disse para me chamar de Raissa — tentei disfarçar. — Obrigada.
Então, ela me entregou uma cópia da chave da sala.
Sem perder tempo, fui em direção à sala de Alexander.
Entrei e acendi as luzes, em seguida passei os olhos pelo lugar, encontrando o cofre sem
dificuldade.
Claro, eu já estive sobre ele em um momento nesse mês.
Só quando eu parei em frente ao cofre, que assimilei as falas de Emanuela. Eu não tenho
acesso.
Eu também não tinha acesso. Não queria incomodar Alexander, mas não teria jeito. Peguei
o telefone para ligar para ele e perguntar.
Enquanto o telefone tocava, eu levei a mão ao painel, porque a minha cabeça maluca
resolveu tentar a senha usada para abrir a nossa casa. Quais eram as chances? Afinal, não era
algo que ele compartilhava com alguém.
Meu sorriso se alargou quando o cofre abriu. Desliguei a chamada e me concentrei em
abri-lo. Era grande e bem organizado. Havia pastas enumerando cada estado, cidade e locais.
Não precisei olhar muito, para encontrar tudo o que eu precisava sobre Búzios.
Estava comemorando silenciosamente, animada por conseguir fechar tudo dentro do prazo
que estipulei. Depois de conferir que havia separado em cima do cofre todos os documentos,
levei a mão à porta para fechar o cofre, foi quando meus olhos foram para algo que me chamou a
atenção.
Em um canto separado, algo que me deu dor de cabeça. O contrato que eu e Alexander
assinamos no início de tudo.
Aquilo ainda estar guardado era, no mínimo, engraçado.
Peguei as vias, conferindo a nossa assinatura no verso. Meus olhos instintivamente foram
para o sofá, onde Alexander me tocou pela primeira vez.
Meu corpo esquentou com aquela lembrança, ao mesmo tempo em que um rubor subiu
pelo meu rosto.
O quão louco eu o deixei antes de, finalmente, decidir ser dele?
Com um sorriso no rosto, eu me voltei para o cofre para guardar o contrato no lugar que
estava. Mas congelei no momento em que meus olhos passaram para a folha que estava embaixo.
Ela carregava um símbolo familiar.
Era a logomarca da empresa em que eu trabalhava. E eu não senti nada de bom em vê-la
ali dentro do cofre. Sem pensar muito, guardei o contrato e peguei os papéis que continham para
checar do que se tratava.
Franzi as sobrancelhas, constatando um acordo de confidencialidade entre Alexander e
Ricardo. Passei as vias, notando que algumas folhas depois, também havia a assinatura de
Alexandre.
Confusa, com as mãos trêmulas voltei para a primeira assinatura, constatando que a data
era da semana que fui demitida. Senti algo se agitar dentro de mim, ao perceber que a assinatura
de Alexandre era de duas semanas depois, no momento em que chegou de lua de mel.
Bastou passar os olhos em algumas cláusulas para identificar um acordo firmado na via de
Alexandre que fez meu coração despencar. Alexander se comprometia com meu ex-chefe a me
pagar uma quantia de 1 milhão de reais. Minha cabeça girou, enquanto tentava compreender o
significado de todos aqueles documentos.
Eu queria que tudo fosse loucura, mas as datas, o valor e tudo o que aconteceu de forma
repentina e com um motivo fraco demais, caiu sobre mim como uma bomba.
Naquele momento, eu ainda tentava encontrar uma boa razão para aquilo. Alexander não
iria tão baixo, mas todo o acordo que continha nesses papéis, firmados na semana que fui
demitida, levou-me a crer o pior.
Eu queria acreditar que aquilo era apenas coincidência, mas como poderia?
O coração não queria aceitar que Alexander fez algo tão cruel. Mas, no fundo, eu sabia que
era totalmente possível. O cara que fazia tudo para ter aquilo o que queria.
O que magoava ainda mais, era saber que ele tinha a consciência tranquila, escondendo de
mim esse fato, mesmo depois de tudo o que vivemos nos últimos meses. Ele não teve a decência
de contar. Por quê?
Dei um suspiro profundo e fechei o cofre. Segurei as lágrimas que queriam sair. Precisava
ser forte, precisava pensar direito, não poderia deixar as emoções aflorar. Não aqui, não nesse
momento.
Então, procurei me recompor por alguns minutos e peguei os documentos que precisava
para a reunião. Decidi levar também aquele acordo entre meus antigos chefes.
Sem pensar demais, saí da sala de Alexander.
— Emanuela — chamei a atenção da secretária, que sorriu ao ver os documentos em
minhas mãos. — Eu consegui pegar os documentos, deixe que mais tarde eu explico para
Alexander sobre isso, tudo bem?
— Claro, faremos dessa forma. — Balançou a cabeça em concordância.
Em seguida, fui para a sala de reuniões, encontrando ali todos concentrados em rever todos
os pontos. Quando fechei a porta atrás de mim, todos olharam em minha direção com
expectativa.
— Consegui o que precisávamos — falei, séria. E uma pequena comemoração foi feita
entre a equipe.
— Ah, que ótimo — Isabella falou no momento em que se virou para mim, mas logo que
os olhos encontraram os meus sua expressão mudou.
— Não estou me sentindo bem, vou precisar me ausentar o restante do dia. Vocês
conseguem lidar com isso sem mim?
— Com certeza! Se cuida, Raissa, a gente consegue finalizar — Gabrielle prontamente
respondeu, enquanto o restante da equipe assentiu.
— Ótimo, eu... analiso tudo na segunda-feira. — Com exceção do contrato de compra e
venda, entreguei os documentos a Isabella. Eu sabia que não teria problemas algum se
estivessem com ela. — Fica na sua responsabilidade.
— Posso falar com você antes de ir, Rai? — Isabella perguntou, enquanto pegava os
documentos da minha mão, eu assenti.
— Vou passar na minha sala para pegar minhas coisas, vamos lá. — Isabella se levantou,
então minha atenção foi para todos que estavam na sala. — Tenham um ótimo final de semana,
estejam descansados para segunda-feira.
— Deixa com a gente! — Fernando falou, e eu forcei um sorriso antes de me virar e sair
da sala.
Senti Isabella me acompanhar, mas ela não disse nada.
Permanecemos em silêncio total, até o momento em que entramos em minha sala. Eu
fechei a porta e a olhei em seguida.
— O que aconteceu? — ela perguntou, a voz denotava preocupação.
— Por que acha que aconteceu alguma coisa?
— Você está pior do que no dia em que foi mandada embora. — Meu coração apertou ao
ouvi-la. — Naquele dia, você passou a manhã resolvendo as coisas de forma séria e centrada,
mas o olhar... era exatamente como está agora. Então, no final do dia fomos comunicados da sua
demissão pelo gerente. — Ela suspirou e se aproximou. — Está disfarçando bem, mas eu te
conheço demais.
Quase desmoronei ao ouvi-la. Mas aqui, não era hora ou lugar, eu precisava colocar a
minha cabeça em ordem, antes de qualquer coisa.
— Você está certa, algo aconteceu — confessei sem perder a postura. — Mas não posso
contar agora, prometo te dizer assim que colocar a cabeça em ordem.
— Tudo bem, eu vou esperar — falou e me mediu com o olhar. — Não tem que segurar a
barra sozinha.
Um sorriso fraco se formou em meus lábios.
— Obrigada. — Dei um abraço nela. Então me afastei. — Se Alexander perguntar por
mim, diga apenas que fui embora mais cedo.
— Quer o meu carro?
— Não precisa, vou pegar um Uber.
— Tudo bem.
— Demore o tempo que precisar, esperarei — o motorista avisou, solícito, no instante que
o entreguei uma nota de R$200.
— Obrigada — disse, em seguida saí do carro.
Em passos determinados, segui em direção ao único que poderia acabar de vez com o meu
tormento. Fui diretamente para o último andar e mal cumprimentei as pessoas que estavam à
minha frente, parei apenas em frente à mesa da secretária.
— Alexandre está disponível?
— Oi, Rai — ela cumprimentou-me com um sorriso, fui incapaz de retribuir. — Sim, vou
avisar a ele que...
Não esperei que terminasse, virei-me e fui em direção à sala. Abri-a em um rompante.
Naquele instante, Alexandre desviou a atenção do notebook para mim.
Fechei a porta e caminhei em passos largos em direção a ele.
— Raissa, eu queria mesmo falar com você — Deu um sorriso de lado. — Levar Isabella e
Luíz Felipe por um tempo eu entendo, mas a minha Gabrielle é tortu...
— Você disse que se pudesse reverter minha demissão no momento em que chegou de
viagem, teria feito. O que quis dizer com isso? — perguntei, interrompendo-o.
O sorriso se esvaiu de seu rosto. Alexandre abriu e fechou a boca algumas vezes, antes de
finalmente responder:
— Que a decisão já havia sido tomada.
— Alexander chantageou vocês? — perguntei, direta.
Alexandre foi surpreendido com o meu questionamento, era evidente.
— Não sei do que está falando, Raissa.
Minha boca se curvou em um sorriso trêmulo e eu balancei a cabeça em concordância.
— O acordo de confidencialidade, eu me esqueci.
Alexandre prendeu os lábios e não precisou dizer uma palavra sequer para que eu
compreendesse que meu palpite estava correto. Eu o conhecia bem demais para saber que se
fosse coisa da minha cabeça a essa hora um sorriso debochado estaria em seus lábios, enquanto
ele me chamava de louca.
Mas isso não aconteceu, seu olhar demonstrava culpa.
— Me desculpe — disse, em um fio de voz.
— Se realmente sente muito, peço que essa conversa não saia daqui. Quero que Alexander
saiba por mim.
— Tem a minha palavra.
Não fui capaz de responder. Dei um aceno de cabeça e me virei, saindo daquele ambiente.
Sentia meu mundo desabar a cada passo em direção ao motorista que ainda me esperava.
O caminho para casa pareceu uma eternidade, eu queria deixar tudo sair, mas não poderia,
não ainda.
Segurar, conter.
Eu era boa nisso.
Minha mente começou a analisar cada atitude de Alexander comigo até o momento. Como
ele ficava nervoso no início, como Rodolfo me questionou naquele primeiro jantar sobre meu
emprego, parecendo se divertir a todo momento com o fato de eu ter sido demitida. As
provocações sem sentido que, nesse momento, faziam total sentido.
Aqueles dois estavam juntos até que ponto?
Se Alexander queria manter Rodolfo longe a todo custo como me contou, por qual motivo
ele parecia saber de todas essas tramoias?
Ele teria o influenciado? Eu queria acreditar que sim.
Rodolfo levou a mulher que me substituiu no emprego em nosso casamento, mas
Alexander foi muito bom em dizer que não a conhecia.
— Só pode ser a acompanhante de Rodolfo — afirmou enquanto as mãos dele voltavam a
me acariciar. — O mundo é realmente pequeno.
— Eu disse o mesmo quando descobri. — Sorri com a semelhança em nossas falas.
— Quer que eu averígue isso? — perguntou, eu neguei com a cabeça.
— Não precisa.
Aquela lembrança me enjoou ainda mais, quanto mais eu pensava, maior parecia sua
mentira para mim.
Quando cheguei em casa minha cabeça estava a mil, a primeira coisa que fiz foi ir para o
escritório de Alexander. Liguei o computador e em um lapso, comecei a buscar mais
informações sobre aquele homem que, por um momento, eu pensei que conhecia bem.
Queria seu histórico, descobrir se ele poderia estar relacionado com alguém do banco onde
eu tinha a minha conta. Porém, não encontrei nada.
Foi quando descendo a barra do navegador em pesquisas relacionadas, acabei vendo o
rosto daquele que não me descia e que parecia estar mais por dentro de tudo do que eu
imaginava.
Rodolfo Baumont.
Decidi analisar seu perfil, assim como fiz com Alexander.
Não foi novidade as fotos com inúmeras mulheres diferentes. Cada matéria, algum
escândalo.
Quando associei o nome dele ao meu banco, tive a segunda confirmação que precisava
para ter a certeza de que até o empréstimo negado, sem explicação, tinha o dedo deles.
Bastou pesquisar um pouco mais, para descobrir que o pai do cretino era o fundador do
banco.
Em outro momento, eu pensaria que isso não interferia em nada. Mas agora? Tudo parecia
se encaixar perfeitamente.
Rodolfo e Alexander estavam juntos nessa.
Como eu poderia confiar depois disso? Como eu e Alexander poderíamos sobreviver no
meio de tantos segredos e sujeira?
Me amou desde o primeiro momento? Amou mesmo?
Desliguei o computador, peguei o bendito contrato e fui para a sala. Sentei-me no sofá,
tentando colocar a cabeça em ordem sobre tudo que Alexander e eu vivemos até aqui, pesando
com essa grande mentira.
Eu parecia fora de mim. Depois de tudo que vi, não consegui ter reação alguma, apenas
queria que Alexander chegasse. E não fazia ideia de quanto tempo permaneci sentada no mesmo
lugar, apenas pesando em tudo.
Fui trazida para a realidade no momento em que o barulho da porta se abrindo se fez
presente. Permaneci olhando para lá, até que Alexander apareceu.
Ele fechou a porta e veio em minha direção. Permaneci olhando para um ponto na parede,
sem querer fazer contato visual.
— Ei, meu amor, tudo bem? — Alexander perguntou, a voz cheia de preocupação. — Me
disseram que você não se sentiu bem e veio embora, por que não me ligou?
— Quando estávamos nas Maldivas — comecei a falar, séria, sem me importar com seus
questionamentos iniciais. — Eu te fiz uma pergunta. Mas pensando agora, não consigo me
lembrar de uma resposta exata. Sabe por quê? Porque você não me respondeu.
— O quê? — perguntou, confuso.
— Se arrepende de alguma coisa que fez? — Meus olhos foram ao encontro dos dele,
sentindo-me destroçada com aquele contato.
— Raissa... — Seu tom se tornou hesitante. Então começou a se aproximar de mim. — Por
que isso agora?
Peguei a prova maior de seu crime e a joguei bruscamente sobre a mesinha de centro em
frente ao sofá. Os olhos dele seguiram o meu movimento, parando por um momento nos
documentos. Em seguida subiram novamente para mim, mostrando-me claramente que a
preocupação de segundos atrás, havia sido substituída por desespero.
— Se arrepende?
CAPÍTULO 56
Antes que Alexander pudesse chegar até mim, eu me levantei. Mantive os meus olhos
fixos a ele. Precisava que me respondesse olhando dentro dos meus olhos, precisava também
estar à sua altura.
— Eu posso explicar — disse, ao mesmo tempo em que dava mais alguns passos
hesitantes em minha direção.
— Responda a minha pergunta. — Minha voz falhou, eu não conseguia esconder a mágoa
e a decepção.
Eu queria, precisava ouvir.
— Não há nada que eu me arrependa mais do que ter causado dor a você — respondeu,
deixando-me ainda mais atordoada. Foi como se naquele instante, eu tivesse caído em mim sobre
tudo o que descobri hoje.
Ainda assim, me permiti acreditar em uma de minhas teorias, a minha cabeça insana, a
frente do homem que eu amava queria muito acreditar que eu estava certa.
— Meu empréstimo foi recusado, mesmo quando minha gerente assegurou que seria
aprovado — comecei, medindo-o com o olhar. — Então, depois de achar esses papéis, eu fiz
uma boa pesquisa e descobri que a família de Rodolfo é dona do banco.
Alexander congelou ao me ouvir.
— Raissa... — Sua voz era falha, o que apenas confirmava a minha suspeita. Mas eu
precisava de respostas, então segui, pela insanidade.
— Rodolfo o influenciou? Se deixou levar por ele? Foi por isso que você foi tão baixo? —
perguntei, querendo desesperadamente acreditar naquela possibilidade. Eu queria que ele
dissesse sim, que havia se deixado levar por aquele cara.
Eu precisava me agarrar em algo, pois só assim saberia se tínhamos alguma salvação. Que
eu não era alguém que ele tratasse daquela forma manipuladora.
— Eu poderia jogar toda a culpa no Rodolfo, e sei muito bem que ele não se importaria
com isso, mas seria outra mentira — Alexander respondeu, dando mais um passo em minha
direção. Eu recuei, entendendo perfeitamente aonde aquilo chegaria.
— Alexander... — Balancei a cabeça em negativa.
Meus olhos se encheram de lágrimas e pela primeira vez, eu queria que ele mentisse, pois
a verdade era demais para mim.
— Ninguém me influencia em nada, Raissa, tudo o que fiz foi porque quis. Estava
plenamente ciente das minhas ações, mas naquela época, não me importava, desde que
conseguisse atingir o meu objetivo.
— Me fazer aceitar aquela merda de contrato — disse, a voz alterada. — Ainda tem a
coragem de dizer que me amou desde o primeiro momento?
— Naquela época, eu não fazia ideia de que era amor. Eu sabia que te queria perto, porque
gostava de quem fui quando estava perto de você. Eu queria mais daquilo, queria mais de você.
— Então, você fez aquilo que faz de melhor — concluí com a voz trêmula. Enquanto
aceitava o fato de que não, não tínhamos salvação.
— Não queria machucar você, Raissa, nunca pensei em te colocar em qualquer jogo, eu só
queria que você aceitasse aquele contrato de qualquer forma — falou, balancei a cabeça em
concordância. — Eu apenas precisava de você.
— Como Rodolfo sabia de tudo? Por que ele te ajudou nisso?
— Eu contei... o deixei acreditar que era um jogo, apenas para que me ajudasse a dificultar
para você, mas nunca foi a minha intenção... — A voz de Alexander falhou.
As lágrimas começaram a invadir o meu rosto sem permissão enquanto eu entendia os
motivos de Rodolfo. Alexander o havia usado também.
Alexander tinha algum limite? A que ponto seria capaz de chegar para conseguir o que
quer?
— Quer saber? Isso... é o que você é, Alexander. Passa por cima de tudo e de todos para
conseguir o que quer. Você fez comigo, fez com a empresa dos pais de Matheus, fez com o seu
próprio amigo — joguei aquelas palavras. — Com quem mais? Quantas vezes você ainda seguirá
agindo assim para seu próprio benefício? — A dor se tornou maior, quando eu caí em mim sobre
nossa atual situação. E com a voz embargada, eu deixei as palavras saírem, cheia de decepção.
— Se eu falasse que não trabalharia com você, ia fazer com que as outras empresas não me
contratassem, até que não tivesse outra saída?
— Não, Raissa, não é assim... — tentou se explicar, mas para mim era claro demais.
— Não posso viver isso, Alexander, não posso viver uma vida em que você vai manipular
tudo para eu estar onde quer.
— Mas eu não estou fazendo isso, não mais. Foi algo que aconteceu no início, apenas. —
Balancei a cabeça em negativa.
Como posso acreditar naquelas palavras, quando suas atuais ações me mostram o
contrário?
— É por isso que estou trabalhando na sua empresa? Por que você não segue mais me
colocando exatamente onde quer? — Alexander pareceu atordoado com aquelas perguntas.
— Isso é diferente, não foi a minha intenção. Você precisava de um emprego e eu tinha
como ajudá-la.
— Está errado, Alexander, é exatamente a mesma coisa. Você me colocou no projeto de
Búzios, porque sabia que eu não o recusaria, pela importância que aquele lugar tem para nós. —
Dizer aquilo em voz alta fez um buraco abrir em meu peito. — Você sabia!
Era isso, não era? Mais uma vez, ele usou o que tinha para me fazer aceitar aquilo que
queria.
— Mas só porque você é orgulhosa demais. — A voz dele falhou. — Eu... me sentia
culpado pelo que fiz, sabia que você queria voltar a trabalhar, e a minha empresa lhe daria
grandes oportunidades. Isso eu fiz por você.
— Ah, claro. — Um sorriso cheio de nervosismo se fez presente em meus lábios. — E
quando obrigou Ricardo e Alexandre a me demitirem de forma humilhante, também foi por
mim?
— Não. Isso...
— Em algum momento... — interrompi-o. — Você pensou em como eu me sentiria, tendo
a vida desmoronando completamente enquanto me pressionava para lhe pagar em uma semana?
Pensou em como minha cabeça ficou, quando além de perder o emprego, estava sujeita a ser
processada e perder tudo o que eu lutei para conseguir?
Alexander não respondeu, as mãos trêmulas foram para o rosto e subiram para o cabelo,
ele os bagunçou antes de voltar o olhar suplicante para mim.
— Eu não me orgulho nada do que fiz, Raissa, mas nunca seguiria interferindo em sua
vida dessa forma — falou, sério.
Amaldiçoei-me por conseguir ver a sinceridade naquelas palavras. O coração traidor, a
mente traiçoeira, queria acreditar que estava falando a verdade. Mas quando escondeu algo
assim, como poderia acreditar em suas intenções?
— Quer saber? Não é o que parece. Depois de tudo que compartilhamos, você não me
contou. O que me faz pensar que talvez você não tenha se arrependido de verdade. — Suspirei,
enquanto minha cabeça bombardeava os motivos. — Talvez, porque assim você poderia seguir
fazendo essas merdas, manipulando a minha vida.
— O único motivo para eu não te contar foi para que isso não destruísse você... nós —
disse, em desespero, notei que ele estava se segurando para não se aproximar.
— Adivinhe? Você não contou, isso nos destruiu muito mais — falei, em meio a um
soluço. — Não consigo confiar em você, nas suas intenções. Você foi baixo demais, Alexander.
Mexeu no meu psicológico, na minha profissão, nas minhas conquistas, algo que batalhei muito
para conseguir.
— Raissa, por favor.
— Mas, acima de tudo, você não me contou — fiz questão de frisar. — Isso dói,
Alexander. Dói demais.
De repente, o ambiente estava pesado demais. A dor era forte, as emoções estavam à flor
da pele, impossíveis de controlar. Não dava, não dava mais. Foi por isso que eu me virei,
necessitando ir para longe dele, longe de tudo.
— Me deixe te contar tudo do início, eu prometo que não vou esconder uma vírgula,
apenas me escute um pouco mais. — Voltei-me para ele e balancei a cabeça em negativa.
— Agora... é tarde demais... Eu... já sei. — Minha voz saiu entrecortada.
— Não, você está tirando conclusões sobre o que viu, mas não foi assim que aconteceu,
não depois que...
— Não, chega! — gritei, interrompendo-o. Não daria a ele a chance de manipular a
situação. — Eu preciso ir embora. Isso. — Apontei para mim e para ele em seguida. — Isso
acaba aqui.
Dei as costas sem esperar qualquer reação da parte dele. Eu precisava sair, mas fui
impedida, sentindo as mãos fortes circularem meu corpo e Alexander me abraçar fortemente por
trás.
— Não, eu não vou te deixar ir... não posso, Raissa — sussurrou, a voz trêmula.
O nó se formou em minha garganta. Seu toque doía, eu não poderia suportar.
— Se realmente sente algo por mim, não vai me seguir. Vai respeitar a minha decisão —
disse firme, controlando a voz, enquanto levava as minhas mãos nas dele e as tirava de mim.
Alexander não me impediu, então, sem olhar para trás fui para o quarto.
Meu coração estava destroçado. Não queria acreditar que aquilo realmente estava
acontecendo, mas não poderia ficar, não depois de Alexander confirmar tudo.
Eu ainda tinha esperanças de que Rodolfo o tivesse influenciado, pelo menos um pouco,
contudo, ele foi claro ao dizer que não.
Aquele era o Alexander.
Fodendo quem fosse para conseguir o que queria.
Eu o amava, amava com todas as forças, mas como poderia estar ao lado de alguém assim?
Como poderia confiar que ele não seguiria manipulando situações para que tudo acontecesse da
forma que queria?
Não dava, era por isso que eu precisava ir embora.
Fui para o closet e peguei uma das minhas malas. Coloquei-a sobre uma parte vaga e a
abri. Então, segui pegando os itens essenciais.
Depois de juntar o que precisava, fechei a mala e respirei fundo, tentando controlar a
minha vontade de desmoronar. Mas não ia, não enquanto estivesse aqui. Eu precisava ser forte e
me afastar de tudo para pensar com clareza.
Peguei a minha bolsa com documentos e a mala, tendo a certeza de que não faltava nada,
passei pela porta.
Alexander se encontrava no mesmo lugar que eu o havia deixado. Os olhos afoitos foram
de mim, em seguida para a mala em minhas mãos. Apertei a mala firme e decidi seguir o meu
caminho.
Quando voltei a andar, os olhos de Alexander foram ao encontro dos meus. Então, ele caiu
no chão de joelhos. Seu olhar me pedia socorro, em total desespero. Aquilo me fez congelar por
um instante e a porra do coração traidor quase, quase me fez ir tirá-lo do chão.
Mas eu não poderia, não depois do que ele fez.
Respirei fundo e mais uma vez eu segui para a porta, apenas o acompanhando pela visão
periférica.
— Raissa, por favor, não desista de nós... Eu te amo, te amo demais. — Alexander fez
um último apelo, no momento em que passei por ele.
Eu parei mais uma vez.
— Eu também te amo... — Meus olhos foram duramente em sua direção. — Mas amor
nem sempre é o suficiente.
O coração estava despedaçado, sentia-me extremamente magoada e enganada por aquele
homem. Foi por isso que, mesmo diante do que sentia por ele, eu fiz aquilo que deveria.
Eu precisava e fui embora.
CAPÍTULO 57
Como poderíamos seguir depois disso?
Foi o que me perguntei durante todo o caminho para o meu apartamento.
Talvez, a minha atitude tivesse sido precipitada, em contrapartida, eu precisava estar o
mais distante possível para pensar em tudo. Sentia-me sufocada naquela casa. E temia que o
coração traiçoeiro acabasse caindo em tentação ao vê-lo tão vulnerável.
Apenas me permiti desabar quando cheguei em casa.
Aquilo me atingiu de uma forma que nunca pensei ser possível. Não me lembrava de ter
sofrido uma decepção tão intensa durante toda a minha vida.
As emoções estavam descontroladas e o aperto no peito, me fizeram chorar por um longo
tempo.
Foi cruel, traiçoeiro.
Queria me apegar no amor de Alexander por mim, porque, sim, eu sabia que ele me
amava, sabia que aquele homem havia sofrido muito na vida. Mas isso não mudava as coisas,
não mudava o que fez, como agiu ao mentir para mim durante todo o tempo, na tentativa de
esconder o seu erro.
Não sabia se poderia perdoá-lo por ter ido tão longe. Além de tudo, ele permaneceu no
erro.
Sim, doía demais perceber que para esconder o seu erro, Alexander esteve mentindo e
contornando situações deliberadamente durante esse tempo que estávamos juntos.
Como ele poderia dizer que se arrependia, quando permanecia mentindo para encobrir
aquela sujeira?
Depois de um longo tempo chorando, fui para o banheiro tomar um banho longo e
doloroso. Quando cansei de ficar embaixo do chuveiro me sequei e fui para o quarto, vesti um
baby-doll, peguei um edredom no guarda-roupa e me deitei na cama, enquanto me enrolava
completamente no edredom.
Passou-se um longo tempo, até que eu finalmente consegui apagar. E quando consegui,
desejei do fundo do coração que aquilo apenas fosse um pesadelo, um pesadelo muito ruim, pois
o homem que eu conhecia jamais faria algo para me machucar tanto.
Na manhã seguinte, tive a desilusão de perceber que não era um pesadelo. Tudo era real.
Eu ainda estava enrolada no edredom, pensando em como seguiria quando o barulho da
campainha me tirou de meus devaneios. Não havia como ninguém saber que eu estava aqui,
exceto ele.
Foi por isso que não me levantei. Permaneci na cama, decidida a não o atender de forma
alguma. Porém, me surpreendi quando gritos e batidas à porta se fizeram presentes. Não era ele,
mas conhecia perfeitamente aquelas vozes loucas e insanas que se faziam presentes.
Dei um pulo da cama e fui para a porta checar se estava ouvindo certo.
— Eu sei que você está aí. — A voz de Beatriz ressoou.
— Não vamos embora enquanto não abrir a porta, Rai — Isabella gritou enquanto eu
pegava as chaves para destrancar a porta.
Quando a abri, tive a confirmação de que não estava ficando louca. Deparei-me com a
dupla explosiva, Isabella e Beatriz estavam paradas à frente, com sacolas nas mãos e olhares
preocupados sobre mim.
Sem pedir permissão, elas passaram por mim, fazendo-me dar espaço para que entrassem.
— O que estão fazendo aqui? — perguntei, ao passo que fechei a porta, quando meus
olhos as alcançaram, encontrei-as como se estivessem em casa, colocando as sacolas sobre a
mesa da copa.
— Viemos saber como está e descobrir o que aconteceu — Beatriz falou enquanto eu me
aproximava.
— Foi o Alexander que contou a vocês que eu estava aqui? — perguntei, a voz contida.
— Quem mais seria, amiga? — Isabella perguntou e se virou para me olhar. — Não faço
ideia do que aconteceu ou o motivo pelo qual está aqui, mas ele parecia preocupado com você
sozinha e presa nesse apartamento sem nada para comer.
— Não estou sem nada para comer — menti. Estava tão atônita, que nem mesmo havia
pensado em comer qualquer coisa.
— Você não vem aqui há mais de um mês e veio direto para cá, não saiu para comprar
nada. Jura que comeu algo? — Isabella indagou, dando-me a certeza de que os seguranças
seguiam de olho em mim.
Não sabia se isso aquecia o meu coração, ou me deixava mais nervosa. Ele tinha que
controlar tudo?
— Foi tão sério a ponto de você sair de casa, amiga? O que aconteceu? — Beatriz
perguntou, meus olhos encheram-se de lágrimas só em pensar em falar aquilo em voz alta.
Eu iria chorar? De novo?
Isabella caminhou em minha direção e me abraçou forte. Eu recebi seu aperto na mesma
intensidade, enquanto deixava sair aquela angústia. Não me lembrava de ter ficado tão esgotada
emocionalmente, tão descontrolada em relação às minhas emoções.
Isso nunca havia acontecido, nem mesmo com a traição de Matheus. Não me permitia
chorar, afinal, sempre controlava, mas nesse momento tudo parecia pesado demais. Insuportável.
— Não precisa contar se não quiser. Mas tem que comer alguma coisa — Isabella
sussurrou, e eu assenti.
Precisava deixar sair. Por mais que fosse doloroso, eu precisava.
— Foi tudo culpa dele! — falei em meio a soluços.
— Tudo o que, Rai? — Isabella perguntou, ao mesmo tempo em que senti outra mão
acariciar minhas costas.
Só então me dei conta de que Beatriz havia se aproximado.
— Foi Alexander quem barrou o meu empréstimo, como se não fosse o suficiente,
chantageou o Ricardo e o Alexandre para me mandarem embora. Ele foi baixo a ponto de fazer
com que eu fosse mandada embora daquela forma, sem aviso prévio, como se não vissem a hora
de estar livre de mim.
Deixei tudo aquilo que estava entalado no peito sair.
— Ah... meu... Deus... — Isabella falou, pausadamente, em choque.
— Tem certeza disso, amiga? — Beatriz perguntou, afastei-me do abraço de Isabella para
olhá-las.
— Vamos nos sentar, eu vou contar tudo a vocês.
— Não antes de prepararmos algo para você comer — Isabella disse, incisiva.
Depois de me obrigarem a sentar na banqueta da cozinha, Isabella e Beatriz tomaram conta
do lugar, lavando as vasilhas e preparando algo para que eu pudesse comer.
Naquele momento, evitaram o assunto principal. Consegui sorrir um pouco, enquanto as
loucas faziam aquilo que sabiam fazer de melhor, me animar.
Permiti-me tirar um pouco a mente de tudo, mesmo que não fosse possível desligar
completamente e deixei que elas cuidassem de mim.
Depois de comer, minhas amigas seguiram conversando comigo sem pressão, até que eu as
puxei para a sala e as contei como tudo aconteceu.
Isabella ficou muito revoltada, isso sem saber a história toda, afinal, eu deixei de fora a
questão do jogo, já que foi algo que ficou no passado. Beatriz já tentava ver os dois lados.
Ainda assim, era muito para assimilar. Elas tentaram não opinar muito, mas se
concentraram em estar ali para mim com uma palavra amiga, um abraço apertado e todo o
conforto que eu precisava naquele momento.
Meu coração apertou em pensar em como Alexander poderia estar. Eu sabia que ele não
tinha ninguém a quem recorrer, sabia que, provavelmente, estava sozinho.
Ainda assim, se preocupou para que eu não passasse por tudo sozinha. Pensando nisso,
peguei o meu celular. Abri o contato de Alexander, tentada a mandar uma mensagem.
Digitei algumas vezes coisas como: “Como você está?”, “Espero que esteja bem”, porém,
em um momento de lucidez, apaguei qualquer mensagem. Eu era tão fraca assim?
— O que você pretende fazer? — A voz de Isabella chamou a minha atenção.
Antes de olhá-la bloqueei a tela do celular e o joguei de lado, decidindo que não faria isso.
Eu não estava pronta.
— Está pensando em se separar ou apenas dando um gelo nele? — Beatriz perguntou,
quando não respondi.
— Sinceramente... eu não sei. Minha cabeça está em um turbilhão, então preciso descobrir
o caminho a seguir. Não sei se posso confiar, não sei como poderíamos seguir depois de tudo.
— É visível que o cara te ama, Rai, ele se preocupa. Mas só você pode decidir se é capaz
de perdoar. Perdoar é essencial para que vocês possam seguir em frente — Beatriz disse,
balancei a cabeça em concordância.
— Independentemente do que decidir, saiba que estaremos aqui para você. Se quiser se
separar, nós vamos apoiar, mas se decidir perdoar torceremos por vocês dois — Isabella falou,
minha boca se curvou em um sorriso fraco com todo aquele apoio.
— Eu sei, e é por isso que eu amo vocês.

Passei o final de semana inteiro presa em meu apartamento. Apesar disso, não estava
sozinha. Beatriz e Isabella fizeram questão de dormir comigo na noite de sábado, foram embora
apenas no domingo de tarde.
Estava pensativa sobre tudo. Deveria ter uma conversa com Alexander, mas ainda não me
sentia pronta para isso, queria deixar a cabeça esfriar por completo, e apesar de ainda não querer
conversar com ele, não iria me privar de trabalhar e terminar aquilo que comecei.
Na verdade, trabalhar me faria bem, me distrairia de todo o resto. Foi por isso que me
levantei às 6h e me arrumei para ir para a empresa.
Apesar de não ter me decidido sobre como agir perante a tudo, também queria analisar
como seria a sua atitude diante de mim. No fundo, eu queria vê-lo, mesmo que fosse por alguns
segundos.
Cheguei por volta de 7h30, torcendo para que ninguém notasse o quanto estava péssima.
Como estava adiantada, havia poucas pessoas pelo caminho, cumprimentei-as com um
sorriso forçado, ao passo que recebia alguns olhares, provavelmente por chegar sem Alexander,
afinal, durante todo o tempo que estava na empresa não chegamos separados um dia sequer.
— Bom dia, Raissa, se sente melhor? — Fernando passou por mim, com um sorriso no
rosto. Forcei a ele um sorriso e evitei o seu olhar.
— Sim, estou bem, obrigada — falei enquanto ele se sentava em sua baia.
— Deixamos a conclusão da reunião em seu escritório — informou, balancei a cabeça em
concordância.
— Isabella me disse quando me deu um resumo do restante do dia — disse, simpática. —
Você chegou cedo.
— Algumas coisas para revisar antes da reunião.
— Ótimo, nos vemos mais tarde para os últimos detalhes — falei, encerrando o assunto
antes de seguir o meu caminho.
Entrei em minha sala e fechei a porta, então, procurei os documentos que Isabella havia
dito que deixaram para mim, a fim de verificar o que fizeram depois que fui embora na sexta-
feira.
Estava orgulhosa da minha equipe, mesmo sem mim conseguiram executar o que faltava
com excelência. A cada página lida, maior era o orgulho.
— Quando você vai voltar para casa? — A voz séria de Alexander pairou no ambiente,
fazendo-me dar um pulo, estava tão concentrada que não ouvi o barulho da porta.
O coração entrou em descompasso, enquanto meus olhos foram de encontro aos dele.
Naquele momento, percebi que o coração era mesmo traidor, pois mesmo depois de tudo, vê-lo
parado com a porta entreaberta me fez sentir balançada.
Eu achava que estava péssima, mas só porque não tinha visto Alexander. Ele estava
acabado.
Os olhos fundos, a barba por fazer, os cabelos desgrenhados de forma que nunca tinha
visto. Estava visivelmente desorientado, isso me fez baixar a guarda por um instante.
Queria correr e abraçá-lo, queria dizer que voltaria nesse momento. Mas não poderia ser
tão fraca, ou assim seria a minha vida com ele. Eu precisava entendê-lo e precisava que ele
entendesse o quão errado foi para que pudéssemos ter a chance de recomeçar.
— Quando vai voltar para mim, minha preciosa? — voltou a perguntar quando o silêncio
prevaleceu.
Suspirei profundo, pensando em como o responderia.
— Estar aqui na empresa não significa voltar para você, sabe disso, não é? — perguntei,
em um fio de voz.
Alexander fechou a porta e caminhou em minha direção, fazendo-me vacilar.
— Por que está aqui quando sabe que vai me encontrar? — perguntou, à medida que se
aproximava. — Sabia que eu viria para você no momento em que colocasse os pés aqui.
Não impedi quando ele se ajoelhou e puxou a cadeira para que eu ficasse de frente para
ele.
Fiquei sem ar ao senti-lo tão perto. Como não? Eu o amava. Apesar de tudo, eu o amava.
Mas a dor de sua atitude ainda estava muito vívida em meu coração.
— Estou aqui porque eu honro com os meus compromissos, eu... eu vou sair depois que
finalizar esse projeto — respondi, tirando um pouco a confiança de alguns segundos atrás.
— Não seja extremista, meu amor — pediu, ao mesmo tempo em que levou a mão em
direção à minha, recuei ao seu toque, fazendo-o deixar a mão cair ao lado do corpo sem me tocar.
— Por favor.
— Eu preciso de tempo — disse e afastei a cadeira para trás, tentando me distanciar. Mas
Alexander levou a mão nela e me impediu.
— Por que adiar o inevitável? — Seu tom era de puro desespero.
Balancei a cabeça em negativa e o afastei mais uma vez.
Mesmo contra sua vontade, forcei a cadeira para trás e me levantei, buscando espaço.
— Não é assim que as coisas funcionam, Alexander, não é inevitável. Pode ser que eu
nunca volte — disse, ao mesmo tempo em que cruzei os braços e o medi com o olhar.
Era sobre isso também. Ele não estava disposto a dar o tempo que pedi, além de tudo já
havia batido o martelo que eu voltaria para a casa, era inevitável.
— Foi por isso que não te contei, você é orgulhosa demais. Se eu contasse, teria se casado
comigo? — perguntou, fazendo-me congelar. — Teria se permitido viver tudo o que vivemos?
Alexander se levantou e veio em minha direção.
— Não sei, talvez eu não teria me casado com você — fui sincera. — É muito provável
que eu não o visse nunca mais.
— É por isso que eu não te contei e não me arrependo disso. Se tivesse a chance levaria
esse segredo para o túmulo comigo.
— Para poder seguir me manipulando como quer — concluí, a voz contida. Isso era algo
que eu não poderia permitir, nunca.
— Não! — Levou a mão nos cabelos e os bagunçou. Já havia percebido que era uma
mania quando estava nervoso. Então, aqueles mesmos olhos suplicantes voltaram para mim. —
Por medo... medo de te perder.
Ele me quebrou.
Céus! Ele me quebrou naquele momento.
— Você ao menos entende o que fez? — perguntei, magoada com sua confissão.
Como ele poderia dizer que se arrependia se estava disposto a permanecer no erro?
— Sim, eu errei, errei feio e pretendo dedicar o resto da minha vida para consertar isso.
Oh, eu estava perto de ceder, muito perto. Mas travei no lugar, quando algo que passou
muitas vezes em minha cabeça no final de semana, veio à tona.
— Sobre a Samantha — comecei, notei seu maxilar travar. — Você realmente não a
conhecia? Aquela leveza ao falar sobre ela foi real? — perguntei, Alexander não respondeu.
Meus olhos estavam fixos aos dele, enquanto via sua relutância em responder. — Responde, eu
preciso saber!
— Samantha é uma amiga de longa data do Rodolfo. Eu a encontrei algumas vezes ao
longo da vida — Alexander confessou, e eu prendi os lábios.
Ele a conhecia, a conhecia demais. Olhei brevemente para o relógio, decidida a encerrar
aquela conversa.
— Eu estava com medo, Raissa, ainda estou — sussurrou.
— Como soube que eu estava aqui a essa hora? Foi o segurança, não foi? — perguntei,
ignorando sua última fala ou desmoronaria. Quando ele não respondeu, resolvi continuar: — Eu
quero que ele pare de me seguir, quero que a partir de hoje pare de reportar o que faço a você.
— Não — Alexander foi firme, aquilo fez a mágoa aumentar. — Isso é para o seu bem. O
segurança é a sua proteção.
— Será mesmo? — Arqueei as sobrancelhas. — Ou é apenas uma forma de você saber o
tempo inteiro o que acontece comigo?
Seu olhar vacilou, denunciando que era um pouco dos dois.
— Isso não é negociável, Marcelo fica — disse, ignorando as minhas perguntas. Balancei
a cabeça em concordância, assimilando tudo.
— Tudo bem. — Medi-o com o olhar. — O Marcelo fica, mas eu não vou voltar para casa
e... — Interrompi minha fala quando ele veio em minha direção. As mãos dele seguraram as
minhas, enviando um misto de emoções em meu corpo.
— Raissa...
— Não, não encosta em mim — falei e puxei a mão, fazendo-o recuar. — Quero que você
saia. E se voltar aqui, eu juro que eu não piso na empresa mais, mesmo que tenha que abandonar
o projeto. Juro que eu vou sumir.
Alexander congelou ao me ouvir.
— Por favor, vá embora. — Ele suspirou e abriu a boca para falar, mas antes que pudesse,
algumas batidas è porta se fizeram presentes.
— Pode abrir — falei sem tirar os olhos dele.
Para o meu alívio, era Isabella.
— Rai, sobre a r... — ela interrompeu a fala quando os olhos foram para Alexander. — Me
desculpe, eu não sabia que...
— Tudo bem, nós já acabamos — disse, firme.
Alexander me olhou uma última vez, se virou e foi em direção à porta.
Ele saiu sem questionar.
Exatamente como eu queria, então por que isso não fazia a dor diminuir?
— Está tudo bem, Rai? — Isabella perguntou, tirando-me do estado de torpor.
— Sim, está... só é difícil decidir — confessei em meio a um suspiro.
— O que exatamente? — Isabella perguntou, ao mesmo tempo em que fechou a porta atrás
dela. Em seguida, caminhou em minha direção.
Levei as mãos na cintura e a medi com o olhar, então, fiz a confissão mais dolorosa:
— Qual dor é maior. A de descobrir tudo o que Alexander fez e perceber como foi fácil
mentir para encobrir o erro, ou a de não conseguir viver sem ele.
CAPÍTULO 58
Eu achei que o final de semana seria o pior, mas estava errada. Não me lembrava de ter
tido uma semana tão pesada.
Estava começando o meu dia sempre determinada a ir à empresa e dar o meu melhor, mas
terminava o dia embaixo das cobertas, ainda sem conseguir aceitar o que Alexander fez.
Ele se manteve distante durante todo o período que eu estava dentro da empresa.
Alexander parecia estar disposto a me dar espaço. Ou pelo menos estava tentando. Em
alguns momentos, fingi que não estava o vendo me observar. Não sabia ao certo como me sentia
ao notar a sua presença.
Quando eu ia almoçar com Isabella em nosso tempo livre, no carro próximo ao meu
apartamento, quando eu ia à padaria pela manhã, ou quando eu tinha qualquer reunião fora da
empresa.
Eu fingi não perceber, mas sabia que ele estava sempre presente, de olho em mim.
Sabia que ele também estava sofrendo.
Queria dar a ele uma chance de se explicar e faria isso quando eu me sentisse pronta. Mas,
no momento, a necessidade de adiar essa conversa, prevalecia. A angústia ainda estava ganhando
de qualquer outro sentimento.
A sexta-feira estava sendo bem agitada. Estava auxiliando a equipe em projetos pequenos,
tive uma reunião por chamada de vídeo com a Marcela, responsável pelos hotéis em São Paulo e
tentei me concentrar ao máximo nisso, enquanto ajeitava as coisas para minha viagem a Búzios
na semana que vem.
Estaria lá durante o final de semana para cuidar de alguns assuntos pessoalmente, junto
com Isabella e Ana.
Saí de minha sala por um instante, decidida a confirmar algumas informações com Luiz
Felipe, quando a voz de Isabella chamou a minha atenção para ela.
— Raissa, nós estamos pensando em mais tarde nos reunirmos no Open bar para
comemorar o sucesso do projeto.
— Não temos essa confirmação ainda. — Arqueei a sobrancelha para Isabella.
— Mas já sabemos que será um sucesso. — Luiz Felipe entrou na conversa, fazendo-me
dar uma risada. Passei os olhos pela equipe vendo os olhos atentos a minha resposta, então me
voltei para Isabella.
Eu não estava muito a fim de sair, mas toda aquela expectativa me fez pensar que talvez
fosse bom uma distração.
— É uma desculpa para sair. — Dei um pequeno sorriso, e depois de um suspense, resolvi
falar. — Tudo bem. Nos encontramos que horas? Por volta de 20h?
Ao me ouvir eles fizeram uma pequena comemoração. Sentia-me feliz com o
relacionamento que havia criado com cada um da equipe, eu gostava disso.
— Perfeito, chefa, nos vemos às 20h.

Um vestido pouco acima do joelho, um salto de scarpin preto, o cabelo solto, a maquiagem
um pouco mais pesada para disfarçar um pouco como a pele estava oleosa e o cansaço.
Foi o que eu escolhi para compor meu visual. Queria me sentir bonita e sabia que faria
bem sair um pouco de casa, ao invés de passar a noite chorando, assim como foram as minhas
últimas noites.
Não conseguia pensar em tudo sem chorar. Não sabia de fato por que estava tão emotiva,
ou por que pensar em ver Alexander me angustiava tanto. A decepção que eu sentia, era vívida e
quanto mais ele insistia, pior parecia.
Estava confusa, havia horas que eu queria a maior distância possível, mas em alguns
momentos, eu me sentia carente e o queria por perto. Mas não dei o braço a torcer em nenhuma
dessas vezes.
Sem querer pensar demais, peguei as minhas chaves e fui para o carro. O certo seria ir de
Uber, levando em conta que eu certamente beberia. Mas como eu não aprendia com os erros,
aqui estava eu, indo para o local marcado em meu carro.
Quando cheguei, observei a movimentação barulhenta de todos, eles estavam no bar,
sentados nas banquetas que o contornava. Isabella, Ana, Fernando e mais dois rapazes da equipe
falavam de forma animada.
Era engraçado, como Isabella tinha facilidade para enturmar em qualquer lugar, fazia parte
dela.
Quando me viram, logo bateram na banqueta ao meio de todos.
— Oi, Rai — Isabella me cumprimentou. Sorri para todos enquanto eu me sentava ao lado
da minha amiga.
— Como estamos? — perguntei, à medida que passava os olhos mais uma vez pelo lugar.
— E o Luiz Felipe? Ele é sempre o primeiro a chegar.
— Precisou ajudar os pais com algo, mas daqui a pouco chega — Isabella comentou.
— Tudo bem — falei, ao mesmo tempo em que acenava para o barman, para pedir uma
bebida.
Quando se aproximou, pedi um coquetel para começar. Luiz Felipe chegou e se sentou ao
meu lado, em seguida pediu uma bebida para nos acompanhar.
Segui conversando com todos, enquanto esperava o meu pedido.
E quando o barman me entregou, senti um aperto no peito. Não sei se por minha mente
estar muito em Alexander, mas o coquetel logo me arremeteu ao nosso primeiro encontro.
Eu bebi tantos coquetéis naquele dia, que mal fui capaz de reconhecê-lo oito anos depois.
Ele realmente devia ter ficado chateado com isso, eu ficaria.
Levantei a taça com o coquetel e a encarei por um momento. Aqui estava o culpado por eu
não o reconhecer de imediato. Tomei aquela bebida e me senti nostálgica. Eu estava um pouco
aérea nas conversas de todos, perdida em meus pensamentos.
Amava aquela bebida e amava as lembranças que eu tinha daquela noite.
Naquele momento, o coração fraco queria perdoá-lo. Não queria perder tudo aquilo que
construímos ao longo dos meses, o sentimento mais genuíno poderia sobrepor as sujeiras, se
Alexander tivesse disposto a não manipular as situações ao seu favor. Não comigo.
Por um momento, eu me senti pronta para ouvi-lo.
Suspirei ao ser chamada a atenção por Isabella, querendo fazer um brinde, pedi mais um
coquetel a fim de acompanhar a todos.
— Um brinde ao sucesso então? — Isabella indagou, chamando a atenção de todos quando
o barman terminou de nos servir.
Sorri e levei a minha taça em direção à louca.
Todos fizemos um brinde e eu tomei um gole do coquetel, antes de deixa-lo sobre a
bancada.
— Raissa. — Luiz Felipe me chamou, fazendo que meu olhar fosse em sua direção, pude
sentir sua preocupação sobre mim. Ele se inclinou um pouco para falar de forma que apenas eu
ouvisse. — Está tudo bem?
— Sim... — forcei um sorriso.
— Não é o que parece — falou, soltei um suspiro profundo.
Meus olhos permaneceram fixos a ele por um longo minuto, enquanto decidia como
respondê-lo. Não é como se fosse alguém que não me conhecesse, negar era perda de tempo.
— Eu sei, tudo parece uma bagunça, mas garanto que vai est... — interrompi minha fala
abruptamente.
O coração entrou em descompasso no momento em que senti aquela presença que eu
ignorei durante toda a semana. As mãos quentes tocaram a minha cintura e eu não precisava
olhar para ter a certeza de que era ele.
— Boa noite a todos. — Aquela voz rouca e séria me causou arrepios. Olhei em sua
direção, enquanto meu coração quase saltava para fora.
Todos o cumprimentaram de forma animada, como não faziam de forma alguma no
escritório, o que me fez constatar que todos já haviam bebido demais.
— O chefe veio se juntar a nós? — Fernando perguntou.
Alexander não respondeu, os olhos estavam fixos em mim.
— O que você está fazendo aqui? — perguntei, sem tirar os olhos dele.
— Eu vim buscar você — Alexander falou, autoritário.
Dessa vez, o olhar não estava suplicante como nos outros dias. Estava duro, sério. De
forma que eu não via há tanto tempo, que havia me esquecido que ele também podia ser assim.
— Alexander... Isso n... — parei de falar quando as mãos de Alexander me tiraram da
banqueta, em seguida me jogou sobre o ombro. Senti sua mão em minha coxa, ajeitando o
vestido. — Alexander! Me coloca no chão.
Ele me ignorou. Ainda comigo sobre o ombro se voltou para todos a mesa.
— Me desculpem por isso, mas vou levá-la mais cedo. — Alexander interrompeu a fala
quando os rapazes começaram a assobiar com a cena. — Eu vou cuidar dela — sussurrou e
deduzi que estava falando com Isabella.
Tive a confirmação ao ouvi-la concordar tão facilmente. Eu queria matá-la por isso.
Então, Alexander começou a andar.
A minha reação a sua atitude não foi das melhores, em um segundo, ele me fez esquecer
tudo o que eu havia cogitado minutos atrás. Mas me segurei em respeito a equipe, lembrando-me
da pessoa centrada que sempre fui.
Não iria fazer uma cena, pois provavelmente todos achavam que era só o marido
possessivo buscando a sua mulher por estar fora de casa.
Mas não, ele estava me levando à força.
Alexander parou, se inclinou e abriu a porta do carro, em seguida me colocou no banco do
passageiro. Eu queria sair, mas esperei que entrasse no carro.
— O que você pensa que está fazendo? — perguntei, séria, os olhos fixos ao nada.
— Coloque o cinto de segurança — falou, autoritário.
— Meu carro está no estacionamento — avisei, a voz contida.
— Peço ao Marcelo para buscá-lo depois — disse e levou a mão ao cinto, passando-o pelo
meu corpo, prendendo-me no banco do passageiro.
Então, sem dizer uma palavra, ele fez o mesmo e deu partida no carro.
Permaneci em silêncio, assimilando como deveria iniciar a conversa, levando em conta
que mais uma vez, ele estava me magoando. Foi quando percebi que o caminho que estava sendo
feito não me levaria até o apartamento. Ele estava me levando para casa.
— Não pode fazer isso, Alexander, você está errando de novo.
— Não estou, estou te levando para onde você nunca deveria ter saído — disse, firme. —
Já se passou uma semana, Raissa, estou te levando de volta para casa.
Meus olhos se encheram de lágrimas, enquanto o aperto se formava em meu peito.
— Eu não vou voltar — falei, a voz embargada. — Não quando você me...
— Não me faça ter que usar aquele contrato para fazer você voltar — interrompeu-me.
— Do que você está falando? — minha voz saiu entrecortada, enquanto sentia minha
cabeça girar.
— Acima de tudo, temos um contrato a cumprir. Não deve ficar longe de casa, estamos
casados. — Aquelas palavras saíram duramente de sua boca. E eu quase não acreditei, quase.
— De que contrato está falando?
— Você sabe de que contrato que estou falando, o primeiro que assinamos — disse, os
olhos fixos na estrada.
— Você não está falando sério, aquele contrato não vale mais... Ele...
— Está assinado e muito bem guardado. Então sim, ou você volta para casa, ou eu irei
rescindi-lo.
As lágrimas começaram a cair com aquela atitude.
Aí estava ele. Demorou, mas apareceu o homem que eu não estava disposta a perdoar. O
homem que usava de tudo para conseguir o que queria.
— Isso, faça isso, Alexander. Quebre o contrato e termine de ferrar com a minha vida.
Acho que você não ferrou com ela o suficiente — falei, entre soluços enquanto as mãos dele
travavam no volante. — Faça o que quiser, mas não, eu não voltarei para você. Aceite isso.
Com isso, eu o senti recuar. Alexander não respondeu de imediato e parecia assimilar cada
palavra que eu disse.
— Raissa... — ele chamou alguns instantes depois.
— Não, eu não quero conversar. Apenas faça e leve tudo de mim, acabe com o que restou.
As lágrimas se tornaram mais intensas e durante todo o caminho ele não disse uma palavra
sequer. Eu não me atrevi a olhá-lo. Apenas fiz aquilo que inevitavelmente a semana toda
aconteceu.
Chorei durante todo o caminho, só percebi que havíamos chegado quando a porta do carro
foi aberta, atraindo minha atenção. Alexander me incentivou a sair e só quando eu estava de pé,
percebi que não estávamos em casa.
Nós estávamos na porta do meu edifício.
Alexander me levou em silêncio até a portaria. Então, me puxou para ele e me abraçou
forte. Eu não o impedi, mas também não o retribui. Eu não consegui.
— Eu perdi a cabeça... Totalmente... Está tudo tão difícil sem você e... você tem me
afastado cada vez mais, e agora... — A voz dele falhou. Diferente do tom autoritário que usou há
alguns minutos dentro do carro, a voz de Alexander saiu de forma dolorosa. — Me perdoe pelas
palavras, nunca usaria aquele contrato para te obrigar a ficar comigo. Eu só não sei o que fazer
— sussurrou. O nó em minha garganta não deixou que o respondesse. — Você foi a melhor coisa
que me aconteceu, nunca foi minha intenção magoá-la. Eu apenas queria amá-la. Te mostrar que
apesar disso, nada mudou. Eu sou todo seu, Raissa.
Permaneci imóvel quando se inclinou e deixou um beijo demorado no topo da minha
cabeça. E se ele tivesse seguido, eu teria me rendido, pois hoje em especial eu me sentia carente.
Mas ao invés de pressionar, depois de acariciar o meu rosto de forma carinhosa, Alexander se
afastou e caminhou em direção ao carro.
Deixando-me onde deveria, no meu apartamento.
E sem olhar para trás, apenas deu partida no carro e foi embora.
Atenção: A todas que assim como eu, são curiosas de plantão e querem saber como tem
sido os dias de Alexander, o próximo capítulo será unicamente com o lado dele e de tudo desde o
dia onde tudo foi descoberto.
Espero que gostem, beijos <3
Aviso: Preparem o estoque de panos!
CAPÍTULO 59
— A vida de casado consiste em ignorar os velhos amigos? — Rodolfo perguntou quando
me aproximei. Sorri e me sentei em uma cadeira de frente para ele.
— Muito trabalho, muita coisa para colocar em dia depois das três semanas de férias que
tirei — confessei, ele deu um sorriso de lado.
— Ah, Alexander... Você realmente foi um filho da puta quando a pegou só para você —
brincou, por incrível que parecesse, meu sorriso se alargou quando o ouvi.
Aquele tom, eu conhecia muito bem, sabia que ele estava apenas me dizendo que eu era
um filho da puta muito sortudo.
— Eu sou — respondi, orgulhoso. — E você também pode seguir por esse caminho, te
garanto que é o melhor.
Rodolfo fez uma careta ao me ouvir.
— Eu nunca mais vou confiar em mulher alguma. Vivo a minha vida muito bem sem
amor.
— Talvez você não tenha o encontrado de verdade. — Medi-o com o olhar. Rodolfo ficou
tenso.
Queria dizer a ele que Nathalia nunca o amou, queria dizer que quando ele encontrasse
alguém que o amor fosse recíproco, nunca mais desejaria outra coisa. Mas sabia que essa
conversa não seria nada além de dolorosa. Então, optei por acabar com aquela tensão.
— Já pediu algo para comer? — perguntei. Ele balançou a cabeça em negativa.
— Estava esperando por você.
Chamei o garçom, a fim de fazer com que aquela conversa se dissipasse. O rapaz
prontamente nos atendeu e anotou os nossos pedidos. Quando se afastou, meu olhar se voltou
para Rodolfo, que estava me medindo com o olhar.
— Teve mais algum problema relacionado a Samantha? — perguntou, balancei a cabeça
em negativa.
Eu me sentia aliviado por Raissa não ter me questionado mais pela mulher depois daquele
dia em nosso closet. Não queria mentir para ela, senti-me horrível por omitir o fato de conhecer
Samantha bem. Porém, admitir isso, colocaria em risco a segurança daquele segredo.
— Por favor, só a mantenha longe de qualquer evento que Raissa possa estar, você pode
levar a mulher que quiser.
— Já te disse que não foi proposital, sempre que preciso a convido, foi automático.
— Eu sei, eu só não posso correr riscos — falei em meio a um suspiro.
Apenas pensar na possibilidade me dava um aperto no peito. Em um movimento
involuntário, levei as mãos aos cabelos e os baguncei, como se aquilo fosse diminuir o que quer
que fosse que eu estava sentindo.
— Você realmente a ama, ainda é inacreditável para mim — Rodolfo disse, chamando a
minha atenção para ele.
— Inacreditável? Que parte?
— Sua nova versão. Essa devoção a Raissa — sussurrou. — Parece tão vulnerável.
— Eu gosto dessa nova versão — falei, sério. Então, meus pensamentos foram para aquele
riso gostoso. — Não me importo de estar totalmente vulnerável para ela.
— Jesus! — exclamou, o olhar incrédulo sobre mim.
Só então eu percebi que havia pensado alto demais. Sorri ao analisar a expressão de
Rodolfo. Isso não era algo que eu falaria antigamente, com toda certeza não.
— É assustador, mas eu gosto disso.
— Se continuar assim, serei eu a te ignorar. Foder com duas, três... deixar que elas estejam
vulneráveis, eu gosto mais dessa versão. — Rodolfo voltou a falar.
— Com pensamentos tão distintos, acho que não deveríamos falar sobre mulheres, no
geral — disse, Rodolfo gargalhou.
— Com toda certeza, meu amigo.
Nossa amizade tinha seus altos e baixos, tinha a parte obscura e suja, parte que eu não
queria voltar nunca mais, mas era além disso, sempre nos apoiamos um no outro para qualquer
coisa e, por um momento, no meio de tudo, eu havia me esquecido completamente disso. Estava
tomado pelo medo de Rodolfo fazer com Raissa o que eu fiz com Nathalia.
Mas a verdade era que tínhamos uma história, nossa amizade era maior do que tudo isso.

Quando cheguei à empresa fui atrás de Raissa. Queria vê-la por um instante, antes de
continuar trabalhando. Mas logo fui informado de que ela havia ido embora, pois não estava se
sentindo bem.
Aquilo era, no mínimo, estranho, Raissa nunca havia ido embora sem mim.
Foi por isso que não hesitei em pedir a Emanuela para cancelar a reunião que eu tinha
marcado para a parte da tarde e fui para casa.
Quando cheguei, encontrei Raissa com uma expressão séria no sofá.
Meu mundo desabou quando ela jogou documentos que nunca deveria ter acesso sobre a
mesa. Congelei, sem saber como explicar a ela algo que era inexplicável.
Eu errei, errei feio para consegui-la. E quanto mais perguntas ela fazia, mais desesperado
eu ficava.
A cada palavra sentia o coração vacilar, aquele olhar de decepção e mágoa. Tudo indicava
que eu iria perdê-la e caso isso acontecesse, eu não conseguiria suportar.
Eu implorei que ela me deixasse explicar o meu ponto de vista, mesmo sabendo que não
mudaria muita coisa. Afinal, apesar de tudo eu errei e nada que dissesse anularia o meu erro. Pois
na época, eu não senti remorso por fazer o que fiz.
Mas o que poderia fazer para consertar, eu fiz. Por mais duro que fosse a verdade, decidi
que não mentiria mais para ela. Foi por isso que quando ela me perguntou algo decisivo, como a
participação de Rodolfo, não consegui jogar a culpa nele. Porque no fim, não foi.
Eu fiz tudo isso, com a ajuda dele, sim, mas foi eu quem fez.
Fiz o que pude para tentar me explicar, tentar mostrar a ela que não era como ela estava
pensando. Eu jamais continuaria a manipular as situações a meu favor, não com ela.
Quando a vi saindo do nosso quarto com a mala na mão, meu desespero foi total. Eu
estava a perdendo e não poderia, seria demais para mim.
Caí de joelhos no chão e implorei que Raissa não desistisse da gente, mas aquilo não a
impediu. Aquilo não foi capaz de fazê-la mudar de ideia.
Porque o amor nem sempre era o suficiente. Foram as palavras que me quebraram
totalmente.
Eu queria ir atrás dela, impedi-la de me deixar, mas não poderia. Então, a deixei ir.
Não fiz nada além de tirar o telefone do bolso e garantir que Marcelo e Renato iriam
revezar para ficar de olho em Raissa, após finalizar a ligação eu tentei me levantar, mas não tive
forças.
Encolhi-me ali mesmo e levei a mão no peito, deixando aquele sentimento ruim sair, de
forma que eu nunca fiz na vida. Já havia sofrido muito, mas não me lembrava de sentir algo tão
destruidor.
Chorei, chorei muito naquela noite, naquele chão.
Precisando de algo forte para aliviar aquela dor, fui para o bar que tinha ali na sala. Minha
companhia o restante da noite foi o bom e velho uísque, a solidão e a incerteza sobre o futuro.
E se ela me deixasse? Como eu poderia sobreviver a isso? Ela seria capaz de me perdoar?
Foram perguntas que estiveram em minha mente durante todo o tempo.

Estava tomando um banho frio, quando meu telefone tocou pela manhã. Era Marcelo antes
de largar o turno me avisando que Raissa não havia saído do apartamento por um minuto sequer.
Nenhuma entrega havia sido feita. Estava preocupado com ela estar sem comer nada desde a
hora que saiu daqui, afinal, ela tinha ido diretamente para o apartamento dela.
Eu também não havia conseguido comer, mas ela precisava, precisava se cuidar, não
queria que ela afundasse. Eu não poderia deixar.
Foi por isso que eu puxei os arquivos da empresa em meu notebook, peguei o celular da
amiga dela e liguei.
— Sim? — Uma voz sonolenta pairou do outro lado da linha no sexto toque.
— Isabella? — perguntei, a fim de confirmar se realmente era a amiga de Raissa.
— Sim, quem gostaria?
— Alexander... Raissa, está no apartamento dela desde ontem e devido ao f...
— O quê? Por que ela está lá? — ela me interrompeu. Suspirei.
— É melhor que ela te conte, creio que ela precise de uma amiga e sei que são próximas,
você pode ir verificar como ela está?
— Claro! — Isabella respondeu, e eu pude ouvir uma movimentação do outro lado da
linha.
— Ela não vai ao apartamento há mais de um mês e não saiu para comer. Meu segurança
esperará você ao lado de fora do prédio, com comida o suficiente, por favor, a faça comer... —
dei outro suspiro. — Não deixe que ela fique triste, a distraia, ela vai precisar de uma amiga.
— Ah, meu Deus! — ela respondeu. — Vocês brigaram?
— Mais do que isso — confessei. — Só... me prometa que vai distrai-la, vai cuidar dela
por mim.
— Eu vou tomar banho, ligar para uma amiga que está sempre com a gente e vamos
cuidar dela, não se preocupe — Isabella respondeu prontamente. Aquilo me aliviou.
— Obrigado... Isabella — chamei-a antes de encerrar a ligação.
— Sim?
— Independentemente de qualquer coisa, eu a amo. Aquela mulher é tudo para mim.
Encerrei a ligação assim que disse aquelas palavras à amiga. Dessa forma, senti-me mais
tranquilo, em saber que por mais que eu não pudesse estar perto para cuidar dela, as amigas
estariam.
Assim, eu poderia fazer aquilo que não me permiti a noite, encher a cara, até não me
lembrar de mais nada. Assim seria o meu final de semana.

Quando Renato me informou que Raissa estava na empresa na segunda-feira de manhã,


uma chama de esperança se acendeu em mim.
Eu pensei que não iria pisar lá tão cedo. Mas ela estava lá. Isso tinha que significar
alguma coisa, não é?
Foi com esse pensamento que fui correndo para a empresa. Disposto a implorar que ela
voltasse para casa. Não estava suportando a ideia de não a ter comigo.
Mas eu me precipitei.
Raissa não estava pronta para falar comigo. A mágoa era grande. Foi por isso que eu
guardei aquele segredo comigo, pois, no fundo, sabia que não teria ficado comigo se tivesse
contado antes. Se tornou tão difícil mesmo depois de tudo o que vivemos, como seria descobrir
antes?
Acreditava nas suas palavras de que, provavelmente, não se casaria comigo, por isso se eu
tivesse a oportunidade faria tudo de novo. Esconderia de novo, tentaria não deixar provas do
crime e levaria o segredo para o túmulo. Apenas para tê-la ao meu lado de forma egoísta. Mas eu
a trataria como uma rainha, silenciosamente compensaria toda a vida pelo que fiz.
Depois de sair da sala dela, eu fui para casa. Não poderia ficar na empresa, ou acabaria
tentando falar com ela de novo.

Tentei me manter distante, mas não era tão fácil. Sentia falta dela, sentia saudades do seu
riso, da sua companhia, do seu toque, de tudo.
E por isso que mesmo quando prometi me manter distante, não consegui. Aqui estava eu,
em plena terça-feira de manhã, tendo todo o cuidado para que Raissa não me visse no carro
esperando que saísse para seguir sua rotina.
Ela passou pela portaria do prédio a pé, eu saí do carro e do outro lado da rua
vagarosamente a segui, acompanhando-a de longe.
Minha mulher.
Raissa ainda era a minha mulher, a mulher que eu amava, a mulher por quem eu daria a
vida.
Ela era o meu mundo.
Era pouco a ver de longe, caminhar a mais de um metro de distância, acompanhando seus
passos, contudo, era o suficiente para mim por enquanto.
Estava virando um hábito, eu fiz isso durante toda a semana.
Toda a oportunidade que eu tinha, de conseguir vê-la sem ser notado, eu aproveitava.
Pegava cada migalha possível para vê-la.
Deus! O que estava fazendo? Por quanto tempo mais teria que suportar? Eu estava
enlouquecendo, seguindo-a, com a necessidade de vê-la a todo o momento. Já não conseguia
trabalhar, não conseguia pensar em nada.
Para mim, o que importava era apenas ter Raissa de volta.
Estava acostumado com o seu amor, seu carinho, sua companhia. Não sabia como seguir
sem ela.
A semana passou sem muita novidade, Raissa ia do trabalho para casa, de casa para o
trabalho. Estava fazendo o mesmo, com a diferença de que não conseguia me concentrar no
trabalho.
Estava em casa sexta-feira à noite, tentando produzir ao menos um pouco, mas a única
coisa que se passava pela minha cabeça era: por quanto tempo mais Raissa seguiria distante?
Quanto mais tentaria me afastar?
Meu telefone começou a tocar, tirando-me de meus devaneios. Constatei que era Marcelo
e atendi prontamente.
— Sim?
— A senhora Raissa acabou de sair, estou a seguindo e já te mando a localização —
Marcelo falou, sério.
— Certo, obrigado — falei e encerrei a ligação.
Fui para o banheiro e tomei um banho, enquanto aguardava a localização.
Saber que ela estava em um bar fez meu coração apertar.
Quando cheguei ao lugar, dispensei Marcelo e procurei algum lugar para me sentar.
Permiti-me observá-la por um tempo, de longe como sempre.
O alívio se formou quando percebi que ela estava com a amiga e o pessoal da equipe da
empresa. Tive que fazer um esforço enorme para só assistir enquanto ela sorria para os rapazes.
Eles estavam em seis, sabia que era a equipe e que ela estava descontraindo. E deveria
estar feliz por isso. Mas não suportei quando o novo funcionário, o cara que ela me pediu para
colocar na equipe junto com a amiga, se inclinou para falar com ela.
Senti que estava a perdendo. Isso foi perturbador.
Ela não recuou enquanto o cara falava com ela, e incapaz de ficar apenas assistindo a tudo,
saí de onde estava decidido a tirar Raissa daquele lugar. Eu não poderia, de forma alguma, perdê-
la assim.
Fiz algo que pensei ser a nossa salvação.
Mas, na verdade, a minha atitude, a insanidade ao tentar forçá-la a voltar para mim, tentar
repetir aquele mesmo erro de tê-la de qualquer forma, foi o nosso fim.
Eu nunca faria aquilo, realmente, jamais usaria o contrato para obrigá-la a nada, mas os
segundos em que aquela possibilidade passou pela minha cabeça fez-me sentir indigno dela. Ter
colocado aquelas palavras para fora, fez-me perceber que ela estava certa, eu não era digno.
Como eu poderia ter chegado a tanto? Naquela noite, percebi que o melhor para Raissa era
me afastar e aceitar que minha preciosa não estava disposta a perdoar.
Aquele era o nosso fim.
CAPÍTULO 60
Depois de sexta-feira não encontrei mais com Alexander. Não tive sinal algum dele
durante todo o final de semana, nem mesmo de qualquer segurança.
Estranhei quando na segunda-feira ele não estava me esperando sair para comprar o meu
café da manhã, assim como vinha fazendo todos os dias.
Na empresa ele também não apareceu.
Isso se prolongou por toda a semana, que apesar de corrida pela viagem para Búzios,
minha mente ainda me traía.
Ainda estava magoada com ele, mas a cada dia a dor parecia menor. Já não chorava mais
quando pensava em tudo o que ele causou, ou em como fodeu comigo por um simples capricho.
Com essa distância consegui pensar melhor, percebi que estava sendo dura demais com ele
nas palavras. O que estava acontecendo comigo?
Eu não sabia, mas também não conseguia dar um passo adiante. Não quando acreditava
que ele seria capaz de repetir o erro. Magoava-me saber que ele pensou em usar o contrato contra
mim, se o fizesse, não poderia perdoá-lo.
Estava chegando ao final do expediente de quinta-feira, tentando me concentrar em checar
os últimos detalhes que faltavam para viajar com as meninas amanhã pela manhã, quando duas
batidas leves chamaram a minha atenção.
Olhei em direção à porta e me espantei com a presença que estava à minha frente.
Jamais imaginei que a veria aqui. Não para mim.
— Madalena — sussurrei, a boca dela se curvou em um sorriso fraco.
— Nós podemos conversar por um momento? — perguntou, os olhos fixos aos meus.
Olhei para o relógio brevemente, constatando que o horário do expediente estava se
encerrando.
— Claro, aconteceu alguma coisa? — perguntei, preocupada. De repente, o aperto no peito
se fez presente.
— Podemos ir à cafeteria na esquina? — perguntou, deixando meu questionamento no ar.
Aquilo fez meu coração apertar ainda mais.
— Sim, claro.
Sem perder tempo, peguei meu celular e o guardei em minha bolsa, então, acompanhei-a
para sairmos dali.
Durante o caminho, Madalena não disse uma palavra sequer. E eu apenas me torturei um
pouco, sem ter noção do conteúdo da conversa. Sabia que provavelmente era algo relacionado ao
Alexander, mas não fazia ideia do que poderia ser.
Nós nos sentamos em uma mesa reservada, a garçonete prontamente nos atendeu, anotou
nosso pedido e se afastou.
— Como você está? — Madalena perguntou, séria.
Fiquei com receio sobre o que responder, não sabia se ela estava ciente do que estava
acontecendo entre mim e Alexander.
— Tentando ficar bem — sussurrei, decidindo ser sincera.
Madalena assentiu, com os olhos tristes e, então, tive a minha confirmação de que ela sabia
pelo menos alguma coisa sobre a nossa separação.
— Como ele está? — perguntei, ansiando por qualquer notícia daquele homem.
— Não muito diferente de você.
Balancei a cabeça positivamente, sem saber ao certo o que responder.
Mantive-me paciente, até o momento em que fomos servidas. Depois que a garçonete nos
deixou a sós mais uma vez, Madalena levou a xícara de café a boca e tomou um gole.
— Podemos ir direto ao ponto? — perguntei, ansiosa.
— Sim, devemos — falou, à medida que colocava a xícara sobre a mesa. Então, seus olhos
estavam fixos em mim. — Sei que o que Alexander fez não tem perdão, sei que ele pisou feio na
bola com você, mas gostaria de...
— Alexander contou a você o motivo da nossa briga? — interrompi-a, surpresa.
Por mais que Madalena soubesse que não estávamos bem, não esperava que ele falasse a
verdade. Eu precisava sondá-la, sobre até que ponto ela sabia.
— Sim, querida, e quero deixar claro que reprovo totalmente a atitude que ele teve ao
longo dos anos com Rodolfo. — Ela balançou a cabeça em negativa, seu desgosto era evidente.
— Essa coisa suja que eles faziam... E reprovo ainda mais como ele mexeu na sua vida para fazer
com que não tivesse escolha que não fosse aceitar os termos dele.
Alexander enlouqueceu?
— Ele realmente te contou tudo? — perguntei, a voz entrecortada.
— Sim, tudo — disse, firme. — Não estou aqui para tentar defendê-lo, apenas queria te
fazer olhar para a situação de uma forma diferente. Porque eu não posso passar por isso de novo.
— Sua voz saiu contida.
— Do que está falando?
— Eu vi o meu filho se afundar totalmente sozinho e não pude fazer nada por ele. Eu o
assisti sofrer e desistir de viver, mas não havia nada que eu pudesse fazer, não diante daquela
situação. — A voz dela saiu trêmula e lágrimas invadiram seus olhos. Inevitavelmente, as
lágrimas se fizeram presentes nos meus também, compreendendo o que estava tentando me
dizer. — Eu o vi acabar com a própria vida diante dos meus olhos... não vou suportar ver
Alexander ir pelo mesmo caminho... eu... não posso... assistir a isso sem fazer nada. — Ela fez
uma pausa, tentando se controlar.
— Ele foi muito baixo — falei, a voz trêmula.
— E eu te dou total razão nessa situação. Não o aprovo, mas o entendo... — Ela pareceu
distante por um momento. — Alexander não conhecia outra forma, ele nunca teve nada ao que se
apegar na vida, o medo o levou a fazer isso... — Suspirou. — De forma torta, de forma errada,
mas era amor — completou, fazendo meu coração disparar.
Isso era algo que havia passado em minha cabeça ao longo da semana. Alexander não
sabia fazer de outra forma, contudo, não significava que eu deveria aprovar sua atitude.
Com um nó na garganta, eu peguei o copo de suco e tomei um longo gole, tentando
assimilar tudo.
— Queria que soubesse que Alexander já mudou muito por sua causa, eu vejo claramente
isso — Madalena continuou a falar. — Então, se você o ama deve lutar por isso, por ele. Porque
você é completamente capaz de fazê-lo mudar. — Ela sorriu, tristemente. — Você o tem em suas
mãos.
— Não tenho certeza disso — sussurrei, sem saber ao certo o que pensar.
— Sim, você tem... — Ela me mediu com o olhar. — Não vou tomar mais o seu tempo, só
queria que soubesse disso, mas saiba que estou do seu lado. — Madalena pegou a bolsa e se
levantou. Mas antes de se virar, voltou em minha direção. — Eu vou entender, seja o que for que
decidir — frisou, eu balancei a cabeça em concordância.
— Obrigada — disse, o olhar fixo no dela. E pela primeira vez, seu sorriso em minha
direção foi simpático.
Madalena me deixou ali e foi para o caixa. Depois de pagar a conta, ela me olhou uma
última vez antes de se virar e sair pela porta, indo embora.

“Alexander já mudou muito por sua causa.”


“Você é completamente capaz de fazê-lo mudar.”
Aquelas duas frases foram e voltaram em minha mente durante toda a noite. Eu
concordava com cada palavra dita por Madalena. Nossa conversa me deixou pensativa.
O resultado disso? Não consegui dormir muito bem.
Acordei agitada naquela manhã. O voo era às 9h e eu não estava conseguindo achar a
minha pasta. Foi quando me dei conta de que com a visita inesperada de Madalena, ela havia
ficado sobre a minha mesa. Para variar, eu tinha esquecido algo importante na empresa.
Havia combinado de me encontrar com Isabella e Ana no aeroporto, então, me apressei
para pegar a pasta com documentos antes de ir encontrá-las.
Quando cheguei, eu me vi encarar a porta da sala de Alexander. Por um instante, desejei
que a bendita se abrisse e me desse a visão dele saindo ali de dentro.
Meu coração disparou quando a porta realmente se abriu, mas ao invés de ser Alexander,
quem estava ali era Emanuela.
— Raissa! — Seu olhar para mim foi de pura surpresa. — Não imaginei que fosse
aparecer por aqui hoje.
— Só vim pegar a minha pasta e estou indo para o aeroporto — comentei. — Alexander
está aí?
— Não, dona Madalena está cuidando de algumas coisas — respondeu, eu assenti. Meu
coração estava apertado com toda aquela ausência, mas não me permiti pensar demais nesse
momento, ou acabaria perdendo o voo.
— Bom, estou atrasada então... — deixei as palavras no ar, dei um sorriso gentil, e virei-me,
pronta para seguir o meu caminho.
— Raissa... Só um minuto — Emanuela disse, atraindo a minha atenção de volta para
ela. — Alexander me pediu para entregar algo a você. Eu iria entregar na segunda-feira, mas já
que está aqui...
Franzi as sobrancelhas e a observei.
Emanuela foi até sua mesa e abriu uma gaveta, então, pegou um envelope e o estendeu em
minha direção. O coração acelerou ao pegá-lo
— Obrigada — agradeci, enquanto a incerteza crescia dentro de mim. — Agora, eu
preciso correr.
Emanuela balançou a cabeça em concordância, não perdi tempo e fui para a minha sala.
Meus olhos foram para a pasta que estava sobre a mesa, sentei-me na cadeira e olhei para o
envelope pardo, disposta a dar uma olhada antes de ir.
Estava prestes a abri-lo quando o meu celular começou a tocar. O peguei e chequei o
visor, constatando que era Isabella. Suspirei aflita querendo descobrir o que era aquele envelope,
mas, por fim, peguei a pasta e me levantei, decidindo averiguar com calma assim que possível.
Então, saí apressada.
Entrei no Uber que me aguardava e atendi Isabella. Conversamos durante quase todo o
caminho. Quando chegamos ao aeroporto, o motorista me ajudou pegando a minha mala e eu saí
apressada com receio de perder o voo.
Estava passando pela portaria quando congelei. Amaldiçoando o meu grande azar. Eu
havia ficado oito anos sem ver Matheus, mas, de repente, depois que o vi pela primeira vez, o
desgraçado parecia aparecer nos momentos mais inoportunos. Ele estava caminhando em direção
à saída, com uma mala nas mãos.
Ótimo, nosso encontro era inevitável.
Decidida a ignorar, segui o meu caminho torcendo que ele não criasse caso comigo. De
preferência, que fingisse não me conhecer.
Mas como nem tudo são flores...
— Raissa — chamou no instante em que passei por ele. Parei no meio do caminho e
suspirei, então, virei-me em sua direção.
— Matheus, hoje eu não estou com tempo para...
— Eu só queria te agradecer. — Seu tom era diferente de qualquer um que usou comigo
depois que nos reencontramos. Aquilo me desarmou.
— Oi?
Eu havia ouvido certo? Me agradecer? Enlouqueceu... simplesmente enlouqueceu.
— Em todo esse tempo que tenho no mundo dos negócios, nunca ouvi falar que Alexander
voltou atrás em qualquer atitude que teve — falou, assenti entendendo o motivo de seu
agradecimento. — E eu o vi fazer isso duas vezes em um curto espaço de tempo.
— Duas? — perguntei, confusa.
— A primeira foi quando decidiu não quebrar a parceria do meu pai, apesar de sua
condição, não é algo de praxe dele voltar atrás. E na segunda, mais ainda, quando ele retirou essa
exigência. Alexander disse para que eu apenas aprendesse com os meus erros e não tratasse
ninguém assim mais. — Fiquei totalmente sem palavras ao ouvi-lo. Matheus tentou se
aproximar, mas eu recuei. — Quando eu o agradeci, ele disse que não foi por mim, foi por você,
então eu te devo isso. Me desculpe, por ser tão baixo nas palavras quando nos reencontramos. Eu
deveria ter me desculpado ao invés de deixar o ego falar mais alto, tentado comprá-la com o meu
dinheiro.
— Alexander pediu que me contasse isso? — Foi a única coisa que consegui pronunciar
naquele instante. Matheus franziu as sobrancelhas em total confusão.
— Por que Alexander me pediria para te contar algo que ele mesmo pode contar se quiser?
Não é a esposa dele? — Meu coração disparou ao ouvi-lo. Eu balancei a minha cabeça em
concordância. Sim, apesar de tudo, eu ainda era.
— Ah, claro! — respondi, em um fio de voz, tentando disfarçar. — Bem... eu estou
atrasada, então... Obrigada por se desculpar.
Eu não tinha uma conversa decente com Matheus desde quando terminamos, portanto, isso
era no mínimo estranho.
Depois que ele assentiu, segui o meu caminho, apressando-me para não perder o voo.
Quando cheguei, Ana e Isabella estavam em pé me esperando. O alívio se fez presente quando
me viram. Corri até elas e juntas, seguimos para concluir os procedimentos de embarque.
Entramos no avião cerca de quinze minutos depois. Minha cabeça ainda estava rodando
quando eu me sentei em uma das poltronas. Só então eu pude respirar.
As meninas se acomodaram e estavam comentando sobre algo entre elas. Avisei-as que
precisava de um tempo para mim, toda aquela adrenalina não me fez bem, me sentia tonta e
precisava pensar.
Durante os primeiros minutos depois da decolagem, concentrei-me em repassar em minha
mente tudo que aconteceu essa semana. A decisão de Alexander em me dar espaço, o conflito
grande em minha cabeça durante toda a semana, a conversa com Madalena e esse encontro
esquisito com Matheus. O que mais poderia acontecer?
O envelope.
Meu coração acelerou quando me lembrei do envelope. Olhei para a pasta que felizmente
havia trazido como bagagem de mão para o avião e a abri. Meus olhos foram imediatamente para
o envelope que Emanuela havia me entregado mais cedo.
Eu o peguei e suspirei profundamente, sentia-me nervosa.
Por um momento, senti medo do que poderia estar ali. Meu coração entrou em
descompasso, enquanto eu abria-o, à medida que uma pergunta me atormentava.
O que, afinal, Alexander estava me mandando através desse envelope?
CAPÍTULO 61
Tirei o documento de dentro do envelope e logo passei os olhos para descobrir o que de
fato seria.
Lágrimas se fizeram presentes no momento em que me dei conta do que se tratava.
O contrato, o contrato que Alexander disse que usaria para me obrigar a voltar para ele
estava nesse momento em minhas mãos, com um x enorme em vermelho, mostrando-me que
aquele documento já não seria mais válido.
Quando chegou à última folha, percebi que não era só o contrato que estava ali. Eu o
coloquei em meu colo, para prestar atenção no envelope menor que estava junto àquela última
folha. Eu o abri e peguei o conteúdo.
As lágrimas começaram a cair pelo meu rosto sem permissão ao me dar conta que se
tratava de uma carta escrita à mão por ele.
“Pensei em colocar dentro desse envelope os papéis do divórcio também, mas não
consegui. É duro, é difícil aceitar que te perdi.
Mas se você me disser que é o que você quer, eu farei. Porque eu te amo e, acima de tudo,
não quero te forçar a ficar comigo. Sinto que te magoei demais, mas jamais omiti aquelas
informações para benefício próprio. Eu apenas estava morrendo de medo, por te conhecer
demais, por saber que você nunca me perdoaria pelo que fiz.
Eu estava certo e aceito o meu castigo, já que falhei em esconder de você o meu pior erro.
Eu te amo, sempre. Obrigado por me amar intensamente e me mostrar o quão genuíno é
esse sentimento. Meu amor, meu único amor.”
A sensação que me atingiu foi inexplicável. Uma mistura de alívio e entendimento do que
ele estava fazendo caiu sobre mim. A necessidade de conversar com ele, abraçá-lo forte e estar
em seus braços se fez maior do que qualquer outra coisa.
Chorar foi inevitável.
Era como se o que estava entalado em meu peito, finalmente pudesse sair. Aquele choro,
levou com ele toda a apreensão que eu estava sentindo.
Eu senti medo, com toda essa distância e seu afastamento repentino, eu temi encontrar no
meio daqueles documentos, os papéis do divórcio.
Mas não, aquilo era a maior prova de que ele realmente havia mudado. Por mim.
— O que aconteceu, Rai? — A voz desesperada de Isabella caiu sobre mim, e eu senti o
toque de suas mãos sobre as minhas. Só então eu percebi que ela estava agachada ao meu lado.
— O que aconteceu?
Incapaz de respondê-la, apenas entreguei-a o contrato e a carta. Ela o analisou por um
momento, surpresa.
— Ai... isso aqui é a via dele? — perguntou, e eu apenas balancei a cabeça em
concordância.
— O que eu estava fazendo? — perguntei, a voz contida ao mesmo tempo em que pegava
o meu celular. — Eu... eu preciso voltar.
Entrei no aplicativo e comecei a rolar a tela, estava disposta a comprar uma passagem para
voltar assim que pousasse.
— Raissa. — A voz séria de Isabella pairou no ambiente, ao mesmo tempo em que as
mãos barravam a minha no celular. Meus olhos se fixaram nela. — Eu sei que você está ansiosa
para falar com ele e quer fazer isso o mais rápido possível. Mas tem uma equipe que cancelou
compromissos, que adiou e separou um tempo para receber você, para receber suas instruções
para os próximos dias.
Meu coração apertou ao ouvi-la. Isabella estava certa, eu não poderia simplesmente voltar
quando tinha inúmeros compromissos por aqui.
— O Alexander te ama, estará esperando por você quando voltar. Tenho certeza de que ele
não vai a lugar algum.
— Você tem razão — respondi, ciente de que eu realmente não poderia voltar nesse
momento. — Não estou pensando direito ultimamente.
— Se quiser conversar, eu estou aqui, você sabe. Mas agora, você precisa se acalmar e se
preparar para quando pousarmos fazer aquilo que faz de melhor.
Assenti ao ouvi-la. Então, depois de permanecer mais alguns minutos ao meu lado,
Isabella voltou a me dar espaço, voltando para o seu assento.
A viagem pareceu ser uma eternidade. Meus pensamentos iam e vinham para tudo o que
aconteceu durante as últimas duas semanas. Nem mesmo eu conseguia entender o motivo de ter
sido tão radical, ou a razão pela qual me senti tão magoada com ele a ponto de não querer ouvi-
lo.
Era como se eu estivesse fora de mim, deixei a angústia e a mágoa dominar quando não
deveria ter chegado a tanto, depois de tudo o que vivemos.
Com esses pensamentos a minha ansiedade só aumentou. Queria tanto falar com
Alexander, na mesma intensidade que eu o queria longe, na mesma intensidade que me senti
angustiada, nesse instante apenas queria a sua presença.
Quando desembarcamos, um dos funcionários do hotel estava nos esperando. Ele nos
recepcionou e nos ajudou com as malas, levando-nos ao hotel e, em seguida, nos direcionou aos
nossos quartos.
Eu e Isabella acabamos ficando juntas em um quarto. Ana preferiu um quarto separado.
Quando nos acomodamos, eu fui para a sala de reuniões do hotel onde estavam os principais
envolvidos daquele projeto, as pessoas que estavam esperando por mim.
Depois de passar todas as instruções necessárias para as novas ações, eu encerrei a reunião.
Todos começaram a deixar a sala de reuniões, sentei-me, decidida a repassar as minhas
anotações enquanto Isabella se acomodava ao meu lado.
— Meninas, encontro vocês no restaurante por volta de 12h30? — Ana perguntou, olhei
em sua direção e assenti.
Ana sorriu e se virou, observei-a até que saiu da sala.
— Bom, parece que somos apenas eu e você — comentei, Isabella sorriu.
Enquanto fazia algumas anotações, levei a mão à minha bolsa e peguei um pacote de
salgadinhos que havia começado a comer durante o voo.
— Já é quase hora do almoço — Isabella chamou a minha atenção.
— Eu sei, só não vou aguentar esperar mais uma hora. — Fiz uma pequena careta, eu me
sentia faminta.
Isabella não respondeu, permaneceu com o olhar fixo em mim, enquanto eu comia e seguia
verificando as anotações.
— O que foi, Isabella? — perguntei quando não aguentei mais aquele olhar sobre mim.
— É que... — começou, hesitante. — Você tem estado tão... sensível, temperamental e
estressada ultimamente. Tão diferente do que você é...
— Você sabe mais do que ninguém o motivo.
Estava difícil, difícil demais.
— Eu sei, mas não é só isso.
— Desembucha — falei, minha boca se curvou em um sorriso. — Essa volta toda, isso
não é de praxe seu.
— Seu apetite... — Ela apontou para o pacote de salgadinhos. — Você está comendo a
todo momento nas últimas semanas.
— Ansiedade — justifiquei.
— Você está da mesma forma que eu estava quando... Bem... — Isabella interrompeu a
fala e apontou para minha barriga. — Sua menstruação está vindo normalmente? — perguntou,
fazendo meu coração acelerar.
Estava?
Ah, Deus!
— Eu não sei, tenho estado tão fora de mim ultimamente que nem sei... — interrompi
aquela fala enquanto tentava assimilar aquela possibilidade. Não me recordava quanto tempo
tinha desde a última menstruação, mas sabia que já era para ter descido. — Eu tomo remédio.
— E não falhou nem um dia nos últimos meses? — Congelei ao ouvi-la. Falhei? — Acho
que você deveria fazer o teste.
— Ah, meu Deus... Eu realmente deveria — falei enquanto pensava em tudo. Sabia que a
decepção havia sido grande, mas sentia que as emoções estavam muito descontroladas, e... Seria
possível?
Levantei-me de abrupto e meu olhar foi para ela.
— Preciso fazer isso agora — disse, sentindo-me mais ansiosa do que nunca para
confirmar ou eliminar aquela possibilidade.
Isabella se levantou em seguida.
— Eu vou com você, com certeza há algum laboratório que possa fazer o exame de
sangue. É mais confiável.
— Ótimo, vamos fazer isso então.

O restante do dia foi uma tortura. Tentei me concentrar no trabalho, mas a cabeça estava
no exame. A recepcionista me garantiu que até as 19h o resultado ficaria disponível no site.
Então, só me restava esperar.
Depois do almoço, eu me afundei no projeto para não enlouquecer.
Eram quase 19h quando fui para o quarto, constatando que o resultado ainda não estava
disponível.
Fui tomar um banho para tentar relaxar. Estava terminando de colocar um vestido quando
os gritos desesperados de Isabella se fizeram presentes. Meu coração acelerou enquanto eu saía
apressadamente do banheiro.
— Quer me matar? — perguntei, enquanto caminhava em sua direção.
— Ah, meu Deus, Rai. — Isabella deixou o notebook sobre a cama, caminhou em minha
direção e me envolveu em um abraço forte.
— Isso quer dizer que... — minha voz falhou, à medida que os meus olhos se encheram de
lágrimas. Ela não precisava falar, por sua reação eu já sabia qual era o resultado.
— Parabéns, mamãe — disse, em pura animação.
Quando Isabella se afastou, eu fui para a cama, peguei o notebook e o virei em minha
direção.
E lá estava o resultado positivo para gravidez.
Eu estava grávida.
Deus! Eu realmente estava grávida.
— Fala alguma coisa, Rai — Isabella pediu, ao passo que se sentou ao meu lado na cama.
— Eu... nem sei o que pensar — fui sincera, enquanto o coração quase saia pela boca.
Não era algo que eu estava esperando no momento, mas a ideia mexia com o meu coração.
Uma vida, havia uma vida dentro de mim.
Levei a mão na barriga e dei a ela um sorriso trêmulo.
— Eu... estou grávida. — Minha voz saiu entrecortada.
— Sim, você está. — Ela me abraçou.
— Agora mais do que nunca preciso conversar com Alexander.
— É isso, garota! — incentivou-me. Balancei a cabeça em negativa, sabia que apesar de
querer matá-lo inicialmente, aquela cretina estava do lado de Alexander desde o início, ela
certamente estava amando isso.
Mas não poderia julgá-la, porque eu também estava.
— E o que você vai fazer agora? — perguntou, com expectativa.
— Eu não sei — falei e me levantei. De repente, o quarto me pareceu abafado demais. —
Vou dar uma volta, preciso pensar em tudo e...
— Quer que eu vá com você? — perguntou, levantando-se. Eu balancei a cabeça em
negativa.
Havia apenas um lugar que eu queria estar nesse momento.
— Tem um lugar que eu quero ir, mas quero ir sozinha.
— Tudo bem. Só não demora, está ficando tarde.
— Pode deixar — respondi, ainda sem acreditar direito em tudo.
Peguei a minha bolsa, o celular e saí. Peguei um táxi e fui para aquele lugar que tanto
significava para nós. Pedi ao motorista que parasse no calçadão, um pouco longe do nosso lugar
e depois de tirar o chinelo, comecei a caminhar pela areia, pensando em tudo que aconteceu na
minha vida nos últimos meses.
Por um momento, eu pensei em ligar para Alexander. Peguei o celular e até mesmo disquei
o número dele, mas isso não era algo para se contar por telefone, tampouco a conversa que
deveríamos ter.
Foi por isso que eu abandonei a ideia e segui andando pela borda da praia. Sentindo a brisa
fresca do mar acariciar meu rosto. A luz prateada da lua dançava sobre as águas tranquilas,
transformando a costa em um cenário de serenidade sob o manto estrelado da noite.
O som suave das ondas quebrando na praia ecoava ao meu redor, cada passo na areia
macia e úmida era uma experiência reconfortante, conectando-me com o significado desse lugar
para mim.
Ainda não havia caído totalmente a ficha. Eu estava grávida e pensar nisso me dava um
frio na barriga.
Quando finalmente cheguei àquele lugar tão especial, parei de frente para o mar e suspirei,
apenas me perguntando: como chegamos até aqui?
Eu não fazia ideia, mas tinha a certeza de que não aguentava mais me manter distante.
Depois de tudo, a única coisa que eu queria, era vê-lo.
Em contrapartida, ainda tinha uma longa semana, eu estaria de volta apenas na terça-feira.
Poderia suportar até lá? Temia que não.
— Raissa. — Aquela voz tão gostosa, porém, com um toque de desespero me tirou do
estado de torpor, fazendo meu coração disparar.
Deus! Eu enlouqueci?
Virei-me em um movimento rápido, a fim de confirmar a minha insanidade.
Mas não, eu não havia enlouquecido. Quem vinha com o olhar desesperador em minha
direção, era ele.
Alexander.
CAPÍTULO 62
— O que você está fazendo aqui? — perguntei no momento em que Rodolfo balançou
uma garrafa de uísque para mim.
— Dona Madalena me ligou mais cedo. — Rodolfo me mediu com o olhar. — Disse que
você precisava de um amigo e agora entendo. Meu Deus, você está horrível — Rodolfo falou,
forçando-me a dar espaço para que ele entrasse.
— O que ela te falou?
Suspirei profundo, fechei a porta e segui atrás dele.
Como Rodolfo já conhecia bem a casa, foi diretamente para o bar e se sentou na banqueta.
— Não muito, depois que eu contei que não falava com você há duas semanas, ela apenas
disse que as coisas não estavam indo bem e que, certamente, precisaria de mim.
Peguei dois copos no bar e coloquei sobre a bancada antes de olhá-lo.
— Claro, ela tinha que se meter... — sussurrei, ao mesmo tempo em que me sentava na
banqueta ao lado.
— Eu estava me perguntando por que estava me evitando depois do nosso último
encontro. O que aconteceu?
— Não queria que jogasse na minha cara que me avisou — confessei, enquanto Rodolfo
abria a garrafa e nos servia uma dose de Macallan. — Raissa me largou. — Rodolfo parou de
colocar o uísque no copo e arqueou a sobrancelha para mim. — Ela descobriu tudo.
— Tudo o que, Alexander? — perguntou, ao passo que empurrou o copo para mim.
— Tudo. Sobre o emprego, o empréstimo, tudo. — Suspirei e levei o copo à boca.
— Puta merda! — xingou. — Quando foi isso?
— No dia em que almoçamos juntos — respondi ao mesmo tempo em que coloquei o copo
sobre o balcão.
— E como isso aconteceu?
Suspirei profundamente e comecei a contar a Rodolfo tudo que aconteceu quando cheguei
em casa naquele dia, também como as coisas correram nas últimas duas semanas.
Ele não falou muito, apenas me ouviu, enquanto bebíamos de forma moderada.
Por fim, contei o que eu havia feito por último, a carta que eu havia mandado e o contrato
para que ela decidisse o que fazer.
Depois de tomar de uma vez a dose de uísque, Rodolfo se voltou para mim.
— Por que não colocou a culpa em mim? Poderia dizer que eu fiz tudo e você não teve
como impedir. Ela não gosta de mim, tenho certeza de que...
— Seria outra mentira — interrompi-o. — Não queria mentir para ela, já a magoei
demais... Raissa merecia a verdade.
— E se ela disser que quer, você vai simplesmente dar o divórcio? — perguntou, fazendo
o aperto se formar em meu peito.
Apertei forte o copo e bebi mais um longo gole de uísque. Então, bati o copo na bancada e
o olhei.
— Na verdade, eu enviei para ela uma carta dizendo que faria isso se ela quisesse, também
enviei o contrato assinado por ela que a obrigava a ficar presa a mim. Se for o que ela deseja, o
que mais posso fazer? Me resta aceitar sua decisão.
Doía demais falar aquilo em voz alta, mas era a minha atual realidade. Eu não poderia
obrigá-la a ficar comigo. Raissa já havia desistido de nós, ela deixou claro que não voltaria para
mim.
— Esse não é o Alexander que eu conheço, desistindo tão fácil — falou em um tom
descontraído, fazendo-me o olhar.
— Não posso forçá-la a ficar comigo. Ela não vai me perdoar.
— Você não vai forçá-la — Rodolfo ponderou. — Enviar o contrato já mostra que não é o
que quer... Acho que você deveria lutar por ela, mostrar que você mudou. Porque isso é tão óbvio
que até cego vê. — Ele deu uma pequena risada. — Você está fodido, meu amigo.
— Não é você quem não acredita no amor? — perguntei, confuso com tudo o que Rodolfo
estava falando. — Achei que você fosse o mais feliz por descobrir que estava certo sobre tudo.
Você ganhou.
Rodolfo balançou a cabeça em negativa.
— Está errado, Alexander, amor não é algo que estou procurando, não é o que eu quero
para mim. Mas se você decidiu que queria isso para você, vou estar aqui quando precisar. E
bem... — Ele suspirou.
— O quê? — perguntei, enquanto ele me media com o olhar.
— Você precisa dela, não precisa ser vidente para adivinhar o que vai acontecer se apenas
deixá-la ir. Vai des... — ele interrompeu a fala, então voltou a falar. — Você está desmoronando.
Você não está indo trabalhar e está preso aqui durante quase toda a semana. Aonde isso vai
parar?
— Não há como...
— Vá atrás dela — Rodolfo falou e meu coração saltou com a possibilidade. — Não
amanhã, não depois. Vá agora. A deixe saber que não desistiu e que lutará, pois a essa altura, se
tiver lido sua carta, ela certamente acha que você desistiu.
Eu congelei com aquelas palavras, pensando em tudo o que Rodolfo havia me falado. Eu
estava desistindo muito fácil de algo tão precioso e tão importante para mim.
— Você está certo — disse, ao mesmo tempo em que me levantava da banqueta. — Como
eu posso desistir, se eu preciso dela para ser feliz?
— Não... Não me faça me arrepender de te incentivar, não quero ouvir isso — brincou e eu
ri, coisa que eu não fazia há duas semanas.
Então suspirei, sabendo que a encontrar hoje não seria tão fácil.
— Ela foi para Búzios — comentei em meio a um suspiro.
— Isso só quer dizer que as coisas estão a favor de vocês, não foi lá que tudo começou? —
perguntou, arqueando as sobrancelhas. — Acho que eu fiz bem em vir hoje.
Ouvir aquelas palavras de Rodolfo me fez balançar. Ele estava certo, como eu poderia
desistir sem lutar?
Se Raissa não se sentia pronta para me perdoar nesse momento, eu deveria lutar por ela,
deveria dedicar a minha vida a conquistá-la, a provar que eu havia mudado. Isso impediria que
eu desmoronasse.
— Você está certo. Eu preciso voar para Búzios ainda hoje — falei, determinado.
— Então ligue para seu piloto, arrume as suas malas e apare essa barba, pelo amor de
Deus. Eu vou te deixar no hangar para que possa ir atrás dela. — Eu o olhei por um instante, mal
reconhecendo Rodolfo, mas feliz por ele estar aqui.
— Obrigado.

Estava ansioso e totalmente incerto sobre o que estava prestes a fazer.


Durante o voo, percebi que não havia feito o principal.
Disse a Raissa que errei e que estava arrependido, mas não pedi perdão, em momento
algum eu fiz o principal.
Precisava pedir perdão e a deixar saber que não iria desistir. Eu faria o possível e o
impossível para ganhar o seu perdão.
Sem pressão, sem a forçar.
Eu faria de maneira gradativa, independentemente se demorasse para me perdoar.
Quando pousei em Búzios, Ryan já estava aguardando para me levar ao hotel. Fui durante
todo o caminho aflito, ansioso, pensando em como agiria quando a encontrasse.
Pedi que Ryan deixasse as minhas malas na suíte da cobertura e desci para descobrir em
que quarto Raissa estava. Então, sem poder esperar mais um segundo sequer fui até o quarto em
que ela estava hospedada.
Mas quando a porta se abriu, não foi Raissa quem atendeu, mas sim a sua amiga, Isabella.
— O que faz aqui? — perguntou, surpresa.
— Eu preciso falar com Raissa. — Meu tom era de súplica.
— Ela não...
— Eu sei, ela não quer me ver, não quer me ouvir... — interrompi-a, deduzindo o discurso
que estava prestes a fazer. — Mas eu realmente preciso falar com ela.
— Não é isso, ela não está aqui — Isabella respondeu, fazendo-me perder o rumo.
— E onde ela está?
— Eu não faço ideia... Raissa saiu há cerca de quarenta minutos. — Medi-a com o olhar.
— Ela queria pensar em tudo, disse que tinha um lugar que precisava ir sozinha.
Meu coração acelerou ao ouvir aquelas palavras e algo que eu não sentia nem de longe, se
fez presente em meu coração.
Esperança.
— Obrigado, serei eternamente grato — disse e me virei, pronto para ir atrás da minha
mulher, porém, em um rompante voltei o olhar para Isabella. — Não conte que estou aqui, por
favor, me dê esse tempo para tentar falar com ela.
— Fica tranquilo. — Sorriu. Aquele pequeno gesto me deixou mais ansioso.
Então, sem querer perder tempo fui até a portaria. Depois de pegar as chaves do carro,
segui em direção à praia.
Raissa estava no nosso lugar, eu tinha certeza de que estava lá. Aquilo me encheu de
esperança. Tinha que significar alguma coisa, não tinha?
Fui para lá o mais rápido que pude. Depois de estacionar, fui em direção ao local onde
tudo começou, estava torcendo para estar certo.
Meus olhos se encheram de lágrimas e meu coração saltou para fora quando vi Raissa em
pé, olhando para o mar. Exatamente onde nos sentamos a primeira vez.
Isso me deu ainda mais força para lutar. Se ela estava ali, significava que pelo menos uma
parte dela ainda queria estar comigo. E eu precisava me agarrar totalmente a isso.
— Raissa — chamei seu nome, enquanto ia ao seu encontro.
Instantaneamente, ela se virou para mim. Seus olhos encontraram os meus e eu não sabia
explicar a sensação que senti. A única coisa que eu sabia, naquele momento, era que não poderia
desistir dela. Nunca.
— Me perdoa... — comecei, a voz contida. — Eu te disse tudo, mas não fiz o principal. Eu
não pedi perdão... — Parei a sua frente, policiando-me para manter uma certa distância, não
queria invadir o seu espaço. — Me perdoa por ter sido tão filho da puta, me perdoa por mentir
para tentar esconder tudo. Me p...
— Alexander... — interrompeu-me, mas não estava disposto a deixar que ela falasse sem
antes eu dizer tudo o que precisava.
— Eu estive perto de desistir, mas desistir de você significa desistir da minha vida. Eu não
vou perdê-la, não estou disposto a isso. Então, acho melhor que aceite e se acostume com a ideia,
pois não vou desistir de nós. Um dia... estaremos juntos mais uma vez, como éramos antes,
construindo a nossa família.
Abri-me totalmente, eu precisava que ela entendesse que eu não seria capaz de deixá-la ir.
Lágrimas invadiram os olhos dela, e eu me segurei muito para não correr e abraçá-la.
Queria ser diferente, por isso me mantive imóvel.
— Levando em conta que já começamos a construir a nossa família... nós deveríamos nos
apressar em voltar ao início, antes que o nosso pequeno... possa vir ao mundo — Raissa disse
com a voz trêmula, levando a mão à barriga.
Eu congelei, meu coração disparou e lágrimas me atingiram em cheio. Eu era incapaz de
explicar a emoção que me invadiu naquele instante. Nosso pequeno?
Se tivesse entendido certo, significava apenas uma coisa: que eu era o filho da puta mais
sortudo do mundo.
CAPÍTULO 63
— Você está dizendo que... — A voz de Alexander falhou. E por mais que fosse visível a
sua vontade de se aproximar, ele se manteve a uma certa distância. — Você... Nós... — Seus
olhos foram para a minha mão sobre a barriga.
— Sim. — Um sorriso trêmulo se fez presente em meus lábios. — E eu preciso de você
comigo, preciso... — interrompi a minha fala quando as mãos fortes e desesperadas de Alexander
me envolveram por completo em seus braços.
Alexander afundou a cabeça na curva do meu pescoço e me abraçou forte. Foi quando
começou a chorar, atingindo-me com toda a sua intensidade. Pude sentir o alívio, a felicidade e a
saudade naquele movimento.
Deus! Quanto ele estava sofrendo?
Nós estávamos sofrendo com toda essa distância porque nos amávamos demais.
Foi inevitável.
Meu choro se uniu ao de Alexander, levei as minhas mãos em volta dele e retribuí aquele
abraço exatamente da mesma forma.
Forte e cheio de necessidade.
Alexander respirou profundamente e afundou a cabeça em meus cabelos, apertando-me
ainda mais.
— Senti tanta falta do seu cheiro... — sussurrou. — Eu estava com tanto medo de nunca
mais poder senti-lo. — A voz falhou. — De nunca mais poder te tocar. — Alexander se afastou
para encontrar meu olhar. — Eu te amo tanto, meu amor. Me desculpe por magoá-la tanto.
— Eu te amo demais — respondi, a voz embargada. — Vamos superar esse momento...
vamos superar qualquer coisa juntos.
Alexander balançou a cabeça em concordância, enquanto a mão limpava as minhas
lágrimas.
Fechei os olhos quando ele se inclinou, então, senti seus lábios macios no topo da minha
cabeça. De forma demorada, aquele beijo me lembrou nosso último encontro e aquilo me fez o
apertar mais.
Senti seus lábios em minha testa, em seguida na ponta do meu nariz.
A expectativa aumentou, parecia o nosso primeiro beijo, o nosso primeiro momento. Eu
me senti ansiosa por isso, até que senti seus lábios tocaram os meus, enviando aquela sensação
de que apenas ele era capaz de causar em mim, trazendo-me com aquele toque, a certeza de que
tudo daria certo.
Minhas mãos foram para o seu rosto, ao mesmo tempo em que retribuía o beijo, salgado
pela mistura de nossas lágrimas, mas cheio de saudades, amor e intensidade.
As mãos grandes deslizaram em direção ao meu quadril, ao mesmo tempo as minhas
foram para a nuca dele.
Em um movimento hábil, Alexander se sentou na areia me levando junto com ele. Eu me
ajeitei em seu colo, sem interromper o beijo. Precisava dele, precisava mais do que nunca o sentir
mais uma vez.
Senti as mãos deslizarem pelas minhas costas e me apertar, enviando um arrepio gostoso
por todo o corpo.
Eu sentia falta disso, sentia falta de seu toque, seu beijo, de tudo.
Depois de alguns minutos, Alexander encerrou o beijo e os olhos cheios de expectativa
foram em minha direção, ao passo que as mãos foram para a minha barriga.
— Você está falando sério? — perguntou, a respiração irregular. Balancei a cabeça em
concordância. — Nós vamos ter um bebê? Você está realmente... grávida?
Eu senti a emoção tão intensa em sua fala, que meu coração aqueceu. Ele estava feliz com
isso, isso me deixava ainda mais feliz.
— Sim, nós vamos ser papais. — Dei um pequeno sorriso, ao ver o rosto dele se iluminar.
Então, levei a minha mão sobre a dele em minha barriga. — O que você acha disso?
— Acho que eu sou o homem mais sortudo do mundo — sussurrou com a voz cheia de
emoção. — Estou tão feliz, prometo dedicar minha vida a vocês, completamente.
— Me desculpe por ter sido tão dura — falei, fazendo-o me olhar por um instante.
— Eu mereci.
Não fui capaz de discordar, pois sabia que tinha sido dura, mas, no fundo, o que aconteceu,
por mais doloroso, foi um crescimento e tanto para nós.
— Vamos apenas... deixar tudo para lá — disse e o medi com o olhar. — Como soube que
eu estava aqui?
— Isabella me contou que você queria ficar sozinha, e eu apostei tudo nesse lugar —
falou, enquanto deslizava as mãos mais uma vez para as minhas costas.
— Essa praia tem marcado tantos momentos especiais — disse, sentindo-me feliz por
termos um lugar assim, tão especial.
Um lugar que nos marcou tão profundamente.
— É um lugar realmente especial — sussurrou, surpreendendo-me com a sincronia. —
Nesses oito anos, todas as vezes em que eu vinha a Búzios, acabava vindo até aqui, às vezes de
forma inconsciente. Era engraçado como eu sempre acabava aqui.
Sua confissão me surpreendeu. Afinal, nem mesmo quando eu estava diante dele, ele não
foi capaz de reconhecer seu sentimento por mim, mas estava dizendo que veio aqui
inconscientemente?
— Por quê?
— Esperança? — Ele deu um sorriso fraco. — Eu queria vê-la de novo. Na época, eu dizia
para mim mesmo que era por você ser a minha falha, mas a verdade é que sempre foi amor.
Meu coração palpitou forte no peito ao ouvir aquelas palavras, levei as mãos à nuca de
Alexander e me inclinei para beijá-lo com uma necessidade fora do comum.
Ele colou nossos corpos mais uma vez, ao mesmo tempo em que a língua pedia espaço
para me explorar completamente. A cada deslize daquelas mãos quentes em minhas costas, mais
intenso tudo se tornava.
Para acabar com a minha sanidade, senti-o endurecer contra o tecido da minha calcinha.
Uma onda de excitação e desejo me invadiu em cheio, misturado com o amor e a saudade que eu
estava de senti-lo.
Esfreguei-me suavemente em seu colo, fazendo-o dar um pequeno gemido. Alexander
encerrou o beijo chupando meu lábio inferior, então, aqueles lindos olhos azuis encontraram os
meus com intensidade e desejo.
Ah, Deus! Como eu senti falta desse olhar sobre mim.
— Precisamos sair daqui — sussurrou, a voz entrecortada.
— Quero marcar esse lugar completamente, eu quero essa lembrança, aqui e agora —
disse, em um fio de voz.
Afastei-me, dando espaço o suficiente para que as minhas mãos trabalhassem em sua
calça. As mãos dele foram para as minhas, fazendo-me o olhar mais uma vez.
— Raissa...
— Não acho que seremos pegos a essa hora e mesmo se houver alguma possibilidade, eu
não me importo, desde que você esteja dentro de mim agora.
— Um de nós deveria ter juízo. — Deu um pequeno rosnado liberando a minha mão para
continuar.
Sem quebrar o contato visual, liberei o pau dele e me ajeitei sobre ele. Alexander levou a
mão em minha calcinha e apenas a afastou de lado.
Um gemido escapou dos lábios dele, no momento em que me tocou, constatando o quão
molhada e ansiosa eu estava para recebê-lo.
Sem perder tempo, posicionei e o empurrei para dentro lentamente. Gememos em total
sincronia. As mãos de Alexander agarraram a minha cintura, fazendo-me permanecer parada por
um momento.
— Eu senti tanto... tanto a sua falta. — Levou a mão no meu rosto e o acariciou.
— Eu também, senti... — interrompi a fala quando Alexander se movimentou dentro de
mim.
— O quê? — perguntou, incentivando-me a continuar.
— A sua falta.
— Então, não vamos fazer isso de novo — sussurrou, e eu apenas assenti.
Suas mãos contornaram as minhas costas, em seguida me apertou contra seu corpo, à
medida que começou a se afundar em mim, de forma lenta, levando-me exatamente onde eu
queria estar.
A tortura deliciosa de senti-lo com tanta precisão, intensidade e paixão, assim eram todos
os seus golpes, enquanto aquele homem fazia amor comigo de forma ensandecida.
— Você é minha... — Seu tom firme e autoritário fez meu corpo inteiro se arrepiar. —
Eu... sou seu... Para sempre...
— Sim... — Foi o que eu consegui sussurrar antes dos lábios de Alexander tomarem os
meus com fervor, consumindo-me por completo. Estava perdida e cada vez mais apaixonada por
ele. Alexander estava me mostrando com o toque de suas mãos, com suas investidas, com os
seus lábios, o quanto precisava de mim.
Em total sincronia com ele, entreguei-me completamente ao momento e me concentrei
apenas nele, apenas em nós.
Nesse momento, a conexão que estava sempre presente quando fazíamos amor estava
ainda mais forte, mais intensa com todas as emoções que compartilhamos.
Nós estávamos marcando mais uma vez aquele lugar, de forma diferente, de forma única,
selando ali a promessa de nunca mais permitir que qualquer coisa pudesse nos separar.
Pois éramos simplesmente incapazes de viver sem o outro, nós estávamos conectados,
totalmente conectados um ao outro.

Estava com um sorriso bobo no rosto, olhando pela janela do carro, pensando em tudo que
acabara de acontecer, enquanto Alexander estacionava o carro em frente ao hotel.
Senti a mão dele por cima da minha, entrelaçando-as, tirando-me imediatamente dos meus
devaneios.
— Ainda não acredito que estamos realmente fazendo isso — sussurrou, os olhos fixos aos
meus. Ele levou a minha mão à boca e deu um beijo no dorso.
— Sim, nós estamos. — Eu dei um meio-sorriso. — Sem mais segredos e mentiras de
agora para frente, certo? Não há mais nada que eu deva saber?
— Não há mais segredos, mentiras ou qualquer omissão. Agora você sabe de tudo que é
relacionado a mim, a nós. Então sim, sem mais segredos ou mentiras.
— Vamos fazer dar certo, independentemente de qualquer coisa. Alexander se inclinou e
deixou um beijo suave em meus lábios, enquanto tirava o meu cinto de segurança. Então, sorriu
para mim. Retribuí aquele sorriso e me virei para sair do carro.
Aguardei que Alexander saísse e parasse ao meu lado. Ele passou a mão em volta da
minha cintura, eu estava prestes a começar a andar em direção ao hotel quando em um
movimento rápido ele me pegou no colo, como uma noiva.
Dei um pequeno gritinho com o susto e meu olhar foi para ele, encontrando-o com aquele
sorriso gostoso e que me balançava por completo.
Eu iria protestar, mas como, quando ele sorria assim para mim?
— As pessoas vão olhar — comentei, já conseguindo perceber alguns olhares curiosos
sobre nós.
— Que olhem, nada que não tenham visto no nosso casamento. — Alexander se inclinou e
beijou os meus cabelos. — Quem sabe não tiram uma foto tão boa quanto aquela que saiu na
revista daquela semana?
Balancei a cabeça em negativa, tentando esconder o sorriso enquanto ele andava comigo
em direção à entrada.
Observei-o jogar a chave do carro para o manobrista e o dar um aceno de cabeça, enquanto
o rapaz entregava o cartão para o acesso. Em seguida, Alexander caminhou comigo para dentro
do hotel.
Estávamos atraindo olhares curiosos, como não?
Apoiei a cabeça no peito firme, tentando esconder o rubor no meu rosto. Entramos no
elevador para funcionários, ninguém se atreveu a nos acompanhar. Alexander selecionou a
cobertura e olhou para mim, medi-o com o olhar antes de perguntar:
— Vai ficar aqui quantos dias?
— Quantos dias você ficar, não pretendo tirar as minhas mãos de você enquanto estiver
aqui — avisou, os olhos intensos sobre mim.
Meu corpo esquentou com os pensamentos que invadiram a minha mente.
— Eu estou aqui a trabalho.
— Lute contra isso, Raissa, eu pretendo te mostrar assim que passarmos pela porta do
quarto o quanto senti a sua falta. Incessantemente, até que não aguente mais.
Suspirei em antecipação e segurei sua camisa com força. Sabia muito bem que era
exatamente o que Alexander faria, isso me deixou ansiosa.
— Agora, eu preciso apenas acompanhar um pouco do processo, mas... — Eu decidi me
render. — Teremos tempo o suficiente.
— Garanto que sim.
Mordi o lábio inferior, enquanto a porta do elevador se abria.
A ansiedade aumentou no momento em que ele levou o cartão a porta e a abriu,
lembrando-me perfeitamente do que me disse enquanto nos recuperávamos na praia.
"Amei isso, amei tudo isso, mas preciso desesperadamente fazer amor com você em uma
cama, onde eu possa saboreá-la por completo."
Eu me perdi naquelas palavras e apenas percebi que estávamos no banheiro quando
Alexander me colocou no chão.
Seu olhar cheio de fome e desejo estava sobre mim, ao passo que levava a mão à barra do
meu vestido para tirá-lo. Levantei as minhas mãos e deixei que o tirasse, em seguida tirou a
minha lingerie, apreciando o meu corpo completamente, assim como em nossa primeira vez.
Alexander se afastou e se despiu em seguida, as mãos foram para as minhas e ele me levou
para o boxe. Depois que ligou o chuveiro, ajustou a temperatura da água e voltou a atenção para
mim.
Poucos minutos depois, ele estava com um sabão nas mãos, ensaboando-me de forma
torturante e deliciosa.
As mãos grandes brincaram com os meus seios, deixando-me completamente envolvida
em seu toque gostoso. Então, desceu as mãos, elas demoraram mais tempo que o normal em
minha barriga, antes de se ajoelhar e me puxar para mais perto.
Os lábios dele foram suavemente para a minha barriga, ele beijou cada centímetro, antes
de encostar a cabeça e me abraçar.
Foi emocionante, muito emocionante assistir uma cena tão tocante.
Fazia-me pensar em nosso futuro, no bebê, em nós.
Alguns minutos depois, os olhos profundos foram para mim, enquanto as mãos voltavam a
trabalhar em meu corpo. Elas apertaram a minha cintura com uma pressão gostosa, antes dos
dedos começarem a descer para a minha virilha, de forma indecente, começou a brincar em
minha boceta enquanto seguia me ensaboando.
Alguns gemidos contidos escaparam dos meus lábios a cada nova investida. Depois de me
enxaguar, Alexander colocou a minha perna sobre o ombro, deixando-me exposta demais. Então,
os lábios gostosos estavam em mim, provando-me como se fosse a primeira vez.
Levei as mãos em seus cabelos, enquanto ele seguia aumentando gradativamente o seu
toque em mim. Começou a sugar e chupar meu clitóris saboreando-me tão intensamente, que me
levou à beira de um orgasmo insano com apenas mais algumas investidas.
Estava completamente no limite, mas Alexander não se importou em continuar, seguiu
com os lábios em minha boceta em um ritmo mais suave. Mas assim que minha sensibilidade
começou a se dissipar, voltou a me chupar com aquela pressão enlouquecedora.
Estava a ponto de ter uma síncope quando o senti me penetrar com um dedo, logo se
tornaram dois, ao passo que me sugava com fervor.
— Alexander... — Apertei as mãos mais forte em seus cabelos. Meus olhos se fecharam,
enquanto aquela sensação vinha com tudo sobre mim, e pela segunda vez em poucos minutos, eu
me desmanchei em seus lábios.
As minhas pernas estavam trêmulas e a visão turva. Fechei os olhos enquanto tentava me
acalmar. Senti a mão de Alexander em minha perna, tirando-a de seu ombro, em seguida se
levantou.
Logo, suas mãos estavam em minha cintura. Meus olhos foram ao encontro dos dele e não
estava preparada para seu olhar sobre mim. O único que aquecia por inteiro.
O olhar que eu definitivamente não poderia viver sem.
— Como se sente?
— Estou bem... só... — Sorri e mordi o lábio inferior.
Estava no limite, ele sabia.
— Vamos sair daqui.
Alexander se inclinou e deixou um beijo em meus lábios, antes de se afastar. Depois de se
assegurar que conseguia ficar em pé, deixou que eu terminasse de me lavar. Quando terminei,
peguei uma das toalhas para me secar, enquanto Alexander se lavava e vinha atrás de mim.
Minhas pernas ainda estavam bambas, mas apesar disso, a única coisa que eu queria era
mais, precisava senti-lo dentro de mim, precisava dele.
Quando chegamos ao quarto, Alexander me puxou em sua direção e me beijou com fervor.
Diferente de mais cedo, os lábios exploravam os meus com uma necessidade e fome maior.
Passei as mãos em volta do seu pescoço e deixei que me guiasse para a cama. Ele me
empurrou para o colchão macio e veio com o corpo para cima do meu.
Então, começou a distribuir beijos molhados de desejo por todo o meu pescoço, fazendo
uma trilha gostosa até os meus seios. Um gemido incontrolável escapou dos meus lábios quando
o senti sugá-los e chupá-los de forma bruta, com a pressão incrivelmente certa.
Depois de uma tortura extremamente enlouquecedora, seu olhar encontrou o meu enquanto
vinha em minha direção e se ajeitava no meio das minhas pernas.
Contornei sua cintura, ao mesmo tempo em que ele entrelaçava as nossas mãos, em
seguida, as levou acima da minha cabeça.
Sorri com aquele gesto tão íntimo e romântico. Era assim que eu gostava, amava quando
ele me pegava de forma bruta, mas, ao mesmo tempo, não deixava que o ato se resumisse apenas
em sexo.
Era amor, sempre foi.
Senti-o passar o pau em minha entrada, espalhando a minha lubrificação, enquanto os
olhos permaneciam fixos aos meus.
— Por favor... — pedi, sem conseguir esperar mais.
Foi então que o senti se afundar, preenchendo-me de forma intensa e profunda. Tocando o
ponto sensível que me deixava completamente louca.
Um gemido escapou dos meus lábios e algumas palavras inteligíveis saíram da boca dele,
enquanto retrocedia e se afundava mais uma vez, abrindo espaço, tomando cada pedacinho de
mim.
— Minha morena... gostosa... Tão gostosa — rosnou, repetindo o processo, arremetendo
em mim com estocadas intensas.
Seus lábios cobriram os meus, enquanto aumentava suas investidas em mim, deixando-me
completamente envolvida em seus braços, querendo loucamente apenas senti-lo e estar com ele.
Pois desde que estivéssemos juntos, nada mais importaria.
E daquela forma que adorávamos, Alexander começou a ir mais forte e profundo, fodendo-
me tão intensamente, trazendo sensações enlouquecedoras e arrepios gostosos a cada estocada.
Quando pensei que não aguentaria mais, Alexander me mostrou que eu poderia ir além.
Me adorou e venerou, no conceito mais puro e fiel das palavras, completa e incansavelmente, até
que entendesse como eu era tudo em sua vida.
Era isso, eu era tudo para ele.
CAPÍTULO 64
— Bom dia, meu amor — Alexander sussurrou, acariciando os meus cabelos
Sorri e me virei em sua direção, buscando encontrar seus olhos. Senti falta daquela voz
rouca, sussurrando em meu ouvido todos os dias pela manhã. Gostava muito dessa sensação.
A noite anterior, havia sido quente e apaixonante. E agora, eu não poderia me sentir
melhor, sentia-me feliz por completo.
— Bom dia, amor — respondi, enquanto Alexander dava lugar àquele sorriso gostoso que
eu tanto amava.
Respirei profundamente, sentindo o cheiro de café pelo quarto.
— Com fome? — perguntou, puxando-me para ele.
— Não faz ideia, estou comendo tanto esses dias — disse, dando uma risadinha.
— Eu percebi, ontem devorou a pizza. — Ele sorriu, escondi o meu rosto no peito dele.
— Você consumiu todas as minhas energias — tentei justificar.
— Eu ainda nem comecei. — Meus olhos foram ao encontro dos dele. — Mas não antes
de se alimentar e alimentar o nosso pequeno.
— Com toda certeza, eu preciso mesmo comer. — Alexander me puxou para um beijo
suave antes de se levantar.
Em seguida, ele estendeu a mão para me ajudar a levantar. Eu a peguei e fiquei em pé a
sua frente.
— Vou lavar o rosto e escovar os dentes — avisei, ele assentiu.
Deixei Alexander ali e fui ao banheiro, depois de fazer toda a minha higiene pessoal, voltei
para o quarto e o encontrei terminando de arrumar a mesa.
Quando me viu, puxou uma cadeira e esperou que eu me sentasse. Em seguida, ele fez o
mesmo, acomodando-se ao meu lado.
— Café ou suco? — perguntou. Apontei para a jarra de suco de laranja. Apesar do cheiro
do café aguçar a minha fome, eu não queria tomá-lo agora pela manhã.
Alexander assentiu e pegou a jarra, servindo-me um copo generoso. Depois de me
entregar, serviu uma xícara de café para ele. Passei os olhos pela mesa, decidindo o que eu queria
comer. Havia frutas, torradas e sanduíche natural.
— O café veio caprichado.
— Agora você come por dois, tem que estar bem alimentada — respondeu, olhei para ele e
sorri.
Então, minha atenção voltou para a mesa, decidindo começar com o sanduíche natural.
— Quando você descobriu sobre a gravidez? — Alexander chamou a minha atenção de
repente.
— Descobri ontem à noite, por isso fui para a praia àquela hora, queria pensar em tudo.
— Então mais ninguém ainda sabe, não é?
— Não, apenas a Isabella.
— Eu estava pensando... — Ele me mediu com o olhar. — Como deveríamos contar a
todos? Seus pais, minha avó...
Sorri notando que, decerto, estava ansioso por isso.
— Estava pensando em combinar com Vinícius de alugar um sítio, ou algo assim quando
voltasse de Búzios para passar um tempo com meus pais, por que não chamamos as pessoas
importantes para nós e contamos a todos juntos no final de semana?
— Seria perfeito — respondeu com um sorriso nos lábios. A empolgação era visível. —
Nós temos uma casa de praia enorme e eu queria mesmo te levar até lá... O que acha de
aproveitarmos? Piscina, área de churrasco, muitos quartos e uma vista incrível para o mar.
— Nós temos, é?
— Claro, tudo que é meu, é seu. Mesmo que seja orgulhosa demais para concordar, isso
não vai mudar.
— Tudo bem. Nós temos, faremos bom uso disso.
Seu olhar brilhou ao me ouvir, o que me fez sorrir ainda mais. Não conseguia entender por
que ele ficava tão feliz que eu concordasse que tudo era nosso.
Tomei um pouco de suco, enquanto começava a organizar na cabeça como faríamos no
final de semana.
— Raissa... — Alexander voltou a chamar a minha atenção. Franzi minhas sobrancelhas,
sentindo a hesitação em sua voz.
— Sim?
— Tem algo que não sai da minha cabeça... gostaria muito de saber.
— Então pergunte, te direi se souber.
— Sobre como tudo aconteceu ontem... me perdoou pelo bebê? — Seu olhar não deixou o
meu.
A ansiedade e hesitação eram tão visíveis, que se tornou fofo. Quem diria, Alexander?
Eu sorri e balancei a cabeça em negativa.
— Não sei ao certo quando eu te perdoei — fui sincera. — Ao longo da semana que você
esteve ausente, me senti preocupada com a distância, mas o espaço foi essencial para que eu
assimilasse tudo.
— Mesmo? — perguntou com um brilho diferente no olhar.
— Sim, e... foi um processo... Na quinta, conversei com a sua avó e ontem...
— Conversou com a minha avó? — perguntou, surpreso. Assenti. — O quê?
— Segredo. — Pisquei para ele. — Mas acho que te perdoei definitivamente ontem.
Encontrei com Matheus no aeroporto, ele me disse o que você fez... e... quando vi o contrato com
um risco, sem valor, e li a carta que deixou para mim, quis ir até você imediatamente, mas já
estava no avião. — Sorri. — Eu tinha uma agenda a cumprir, se você não tivesse vindo até mim,
iria até você quando voltasse. Independentemente da gravidez.
Alexander se levantou e se ajoelhou à minha frente, então, virou minha cadeira para ele.
Aquele gesto me lembrou nosso encontro depois da briga, mas diferente daquele dia, olhou-me
profundamente e segurou a minha mão.
— Eu te amo — sussurrou. Em seguida, deu mais um beijo em minha barriga e me
abraçou.
Eu o puxei para que se levantasse do chão e fiquei de pé em sua frente.
— Eu amo você — disse, em um fio de voz, à medida que acariciava seu rosto. Então,
passei as mãos em volta do seu pescoço e o abracei.
Estava vendo naquele instante a versão que apenas eu era capaz de ver, sentir e conhecer.
Sabia que isso era algo que apenas eu teria daquele homem.
Alexander vulnerável, totalmente vulnerável para mim.
CAPÍTULO 65
Nós voltamos facilmente ao que éramos antes de tudo acontecer.
Na verdade, não, nós estávamos ainda mais conectados, de forma surpreendentemente
deliciosa.
Eu tive que lutar para terminar o meu trabalho em Búzios com Alexander me sequestrando
a todo momento. Às vezes para um chamego, para um beijo, ou simplesmente para confirmar
que estávamos bem.
Foi gostoso, apesar de estar a trabalho, fomos capazes de criar novas memórias a cada dia
naquele lugar.
Voltamos para o Rio na quinta-feira e tiramos o resto da semana de folga, já que Madalena
parecia estar cuidando de algumas coisas na empresa e o novo projeto só começaríamos apenas
na segunda-feira. Sendo assim, não precisaria aparecer por lá antes disso, Alexander também
não.
Esse final de semana, nós tínhamos programado para fazer o que combinamos em Búzios,
reunir as pessoas mais próximas na casa de praia e contar o nosso segredo. Por mais que ainda
não soubéssemos o sexo do bebê, estávamos ansiosos para contar aos mais próximos a novidade.
E tinha que admitir, estava encantada com a beleza da casa de praia.
Esperava algo luxuoso, mas o lugar superou toda e qualquer expectativa que eu tinha. Era
um conceito bem moderno e deslumbrante. E o que mais me encantou foi a área externa.
Havia uma área com tudo o que tem direito para um bom churrasco, uma piscina enorme e
uma vista privilegiada para o mar, permitindo que fosse possível dar um mergulho e apreciar a
vista do mar como um grande bônus.
Era simplesmente perfeito.
— Gostou? — Alexander perguntou, tirando-me do estado de torpor e antes que pudesse
me virar para encontrá-lo, suas mãos circularam a minha cintura.
Eu estava há um tempo ali, apenas apreciando a vista do mar.
— Aqui é maravilhoso — respondi, enquanto Alexander afundava a cabeça na curva do
meu pescoço, deixando alguns selinhos, fazendo-me arrepiar facilmente ao sentir a barba roçar
suavemente em mim.
Alguns minutos depois, virei-me de frente para ele e levei a mão em volta do pescoço,
então, o beijei docemente.
Quando me afastei, aquele sorriso gostoso se fez presente nos lábios de Alexander.
— Como se sente? — ele perguntou, medindo-me com o olhar.
— Ansiosa.
Estava realmente ansiosa para contar aos meus pais sobre a gravidez.
— Posso te fazer relaxar enquanto não ch... — Alexander interrompeu sua fala no
momento em que o barulho que julguei ser a campainha se fez presente. Uma careta se formou
nos lábios dele, fazendo-me dar uma risada.
— Talvez mais tarde.
Alexander balançou a cabeça em concordância e deixou um selinho em meus lábios, então,
virou-se e entrou para ir averiguar quem era. Incapaz de ficar apenas esperando, fui atrás dele,
ansiosa para descobrir quem estava chegando.
Ele abriu a porta e logo foi surpreendido por Gabrielle, Isabella e Beatriz, o trio explosivo,
elas o cumprimentaram brevemente e passaram por ele, olhando ao redor, antes de me verem um
pouco mais atrás.
As três vieram até mim e me deram um abraço triplo, apertadíssimo.
— Estava com saudade de vocês — falei, enquanto nos afastávamos. — Você... eu vejo
todo dia — completei, ao notar a cara de convencida de Isabella.
— Eu também estava, não imagina como fiquei feliz em saber que voltou com o gostosão
ali — Beatriz falou, apontando a cabeça para Alexander.
Só então percebi que ele ainda estava com a porta aberta, à medida que trocava algumas
palavras com Alexandre. Sabia que os dois tinham certamente uma desavença pendente, porém,
não me meteria.
Logo, Alexandre juntou-se a nós.
— Raissa — disse, visivelmente sem rumo. Minha boca se curvou em um sorriso e eu o
puxei para um abraço.
— Está tudo bem, no fim, acho que devo agradecê-lo — disse, vagamente, sem saber até
que ponto Gabrielle sabia.
Apesar de ter me decepcionado com Alexandre, não havia deixado passar as condições
para me demitir e uma delas era que fosse me dado uma quantia de um milhão, o que foi digno
da parte dele.
Quando me afastei, notei que Alexander permanecia com a porta aberta, estava prestes a
questionar quando Vinicius passou pela porta, cumprimentando-o de forma animada.
Em questão de segundos, meus pais estavam cumprimentando Alexander. Minha atenção
foi de imediato para os que estavam ali comigo.
— Ninguém sabe do que aconteceu entre nós.
— Continuará assim — Isabella falou, enquanto Beatriz, Gabrielle e Alexandre
balançaram a cabeça em concordância.
— Maninha — Vinicius disse, ao passo que senti o seu braço em volta do meu pescoço,
enquanto ele me puxava para um abraço. Sorri e retribuí observando seu descaramento se tornar
maior, puxando Isabella e Beatriz para se juntarem ao abraço.
Elas protestaram, enquanto davam um leve puxão de orelha nele. Algo que era comum,
desde a época da escola.
Afastei-me quando os meus pais se aproximaram e os cumprimentei com um abraço forte.
Logo, as meninas fizeram o mesmo. Como tinham um carinho enorme pelos meus pais, era
sempre assim quando se encontravam.
Então, apresentei-os a Gabrielle e Alexandre.
Alexander se juntou a nós, convidando a todos para entrar e se acomodar. Nós os
acompanhamos e mostramos os quartos para que pudessem se trocar e guardar o que trouxeram
para passar o final de semana.
Ainda estava cedo, mas meu pai não gostava de perder tempo. Então, enquanto eu fazia
companhia às meninas, meu pai puxou Alexander e Alexandre para a churrasqueira, fazendo-me
gargalhar.
Eu havia pedido secretamente para fazer isso quando chegasse. Alexander havia sugerido
contratar alguém, mas que graça teria?
Queria que ele experimentasse a sensação gostosa ter pessoas que se importavam,
conversando, fazendo um churrasco gostoso e com isso descobrir o que era realmente estar em
família, o carinho e aconchego que não teve por perder os pais cedo, crescendo apenas com a avó
dura, dando o seu melhor para deixá-lo na linha.
Depois que as meninas se trocaram, fomos para a cozinha, pois queria que minha mãe
pudesse ver por si própria que não precisava fazer nada, afinal, eu e Alexander havíamos
comprado tudo pronto.
Então, fomos para a área externa. Acompanhei-as e as vi tão deslumbradas quanto eu
quando cheguei aqui.
Como não? Era incrível.
A cena que vi quando meus olhos foram para a área gourmet, aqueceu meu coração.
Alexander estava acompanhado do meu pai, Vinicius, Alexandre e uma presença que não estava
aqui antes, conversando e sorrindo.
Rodolfo estava com uma garrafa de cerveja na mão, servindo-os.
Não foi de todo ruim vê-lo ali. Não pretendia virar amiga dele, mas depois de uma
conversa com Alexander sobre tudo que o levou a ir até mim, percebi que, no fundo, ele e
Rodolfo eram amigos, e desde que se mantivesse assim, não tinha por que odiá-lo.
— É realmente incrível — Isabella falou, atraindo a minha atenção para ela, percebi que
ela estava olhando para quase o mesmo lugar que eu. Quase.
— Eu espero que esse olhar seja para Vinicius — disse, medindo-a com o olhar, tendo a
certeza de que ela estava olhando para o cretino do Rodolfo.
— É claro que é — respondeu e desviou o olhar, minha mãe deu uma risadinha, chamando
a nossa atenção.
Balancei a cabeça em negativa, tentando disfarçar o riso, e fui com elas em direção a
todos, a fim de perguntar se precisavam de ajuda e pegar uma bebida no freezer.
As meninas não perderam tempo em cumprimentar Rodolfo, enquanto eu pegava um suco
para mim. Quis dar na cara delas por se comportarem assim mesmo quando eu disse que o cara
era um cretino.
Quando elas vieram pegar as bebidas, eu me permiti olhar em direção a eles.
— Raissa — Rodolfo me cumprimentou sério. Dei a ele um aceno de cabeça.
Rodolfo pareceu querer falar algo, mas não o fez. Forcei um sorriso e me virei, voltando a
atenção para as meninas.
— Vamos para a beira da piscina? — perguntei, elas abriram um sorriso de orelha a
orelha.
Isabella foi quem se pronunciou:
— Eu estava me perguntando quando iria nos chamar.

Ainda não tínhamos almoçado, pois ainda faltava uma pessoa.


Os homens estavam concentrados na churrasqueira. Em alguns momentos, Alexander ou
Vinicius vinham até nós para trazer carne, pois não parávamos de falar.
Eu estava feliz, tinha muito tempo que não me unia com todos dessa forma e isso era
realmente muito gostoso.
Quando a campainha tocou mais uma vez, levantei-me e fui à porta para abri-la,
deparando-me com aquela que faltava para completar o momento.
Madalena, a avó de Alexander.
— Oi — cumprimentei-a com um sorriso e dei espaço para que entrasse.
Madalena estendeu a mão para mim, eu a peguei para um aperto firme, mas fui
surpreendida quando ao invés de um aperto de mão como sempre fazíamos, Madalena me puxou
para ela e me abraçou forte.
Demorou uma fração de segundos para que eu pudesse reagir. Aquela atitude e contato
eram realmente novos para mim. Mas não o rejeitei, passei a minha mão nas costas dela e retribuí
o abraço.
— Obrigada, filha. Obrigada — sussurrou, próximo ao meu ouvido.
Entendi perfeitamente sua atitude. Não conseguia imaginar o que ela havia sentido ao ver
Alexander desmoronando.
— Eu o amo — disse, à medida que nos afastávamos. — Eu vou estar com ele, sempre.
Ao me ouvir as duas mãos dela contornaram a minha, envolvendo-a completamente. Eu
sorri com aquele gesto. Quem diria Madalena, que aqui estaríamos nós, depois de um primeiro
encontro tão inusitado?
— Eu serei eternamente grata — falou, deixando a minha mão.
— Esse bate-papo secreto mudou muita coisa, hein? — A voz de Alexander pairou pelo
ambiente, fazendo-me dar um pulinho.
Madalena deu uma risada, eu a acompanhei.
Em seguida, Alexander a cumprimentou com um beijo. Quando se afastou, levou a mão às
minhas costas.
— Seus pais já chegaram? — Madalena perguntou.
Não fiquei surpresa com a pergunta, pois Isabella havia comentado que Madalena esteve
conversando um bom tempo com os meus pais, depois que eu e Alexander fomos embora no dia
do casamento.
— Sim, eles estão na área externa.
— Ótimo, vou cumprimentá-los — disse e passou por nós, com aquele mesmo jeito durão
de ser.
Eu sorri, pensando se Madalena resistiria quando contássemos sobre o novo membro que
estava para chegar à família.
Fechei a porta e me virei para Alexander, que mal conseguia disfarçar a felicidade que
sentia naquele momento.
— Eu também não sei como chegamos nesse ponto — brinquei, em um rompante fui
puxada em sua direção. Alexander me beijou, de novo e de novo, antes de finalmente se afastar.
— Não faz ideia do que significa para mim.
Sorri e balancei a cabeça em concordância.
— Eu sei, é por isso que estou feliz também — disse, Alexander se inclinou e me beijou
mais uma vez.
— O que acha de aproveitarmos que todos estão aqui e contar a novidade de uma vez? —
perguntou, fazendo-me dar um suspiro em antecipação.
— Seria perfeito.
Alexander entrelaçou as nossas mãos e me levou em direção à área externa. Quando
chegamos à porta, paramos e trocamos um olhar cheio de ansiedade e expectativa.
Então, voltei a atenção para o ambiente.
Gabriella, Isabella e Beatriz estavam à beira da piscina, Madalena estava conversando com
os meus pais, enquanto Alexandre, Rodolfo e Vinícius conversavam com o olhar fixo nas
meninas.
— Preparada? — Alexander perguntou, atraindo a minha atenção.
— Sim — respondi em meio a um suspiro.
Senti Alexander acariciar a minha mão com o polegar, antes de tirar um pequeno controle
do bolso da bermuda e pausar a música que tocava em som ambiente.
Esse único gesto atraiu a atenção de todos para nós.
— Eu e Raissa queremos aproveitar que todos estão aqui para compartilhar algo —
Alexander começou, atraindo olhares interrogativos para nós.
Isabella foi a primeira a se levantar, era a única que sabia o que iríamos revelar naquele
momento. Ela pegou a bolsa que estava sobre a mesinha, em seguida arrastou Gabrielle e Beatriz
em nossa direção.
Então, meus olhos foram para os meus pais e Madalena, que mesmo presos na conversa,
vinham lentamente para nós também.
— Que seria? — Vinícius perguntou, aproximando-se. Alexandre e Rodolfo vieram atrás.
— Logo vocês saberão — falei, dando um sorriso. Alexander olhou para mim quando
todos se aproximaram e eu apenas o incentivei a começar. Eu queria que ele contasse.
— Há coisas na vida que não pensamos e não sonhamos, mas que acontecem de forma tão
genuína que nos faz perguntar por que não aconteceram antes. Essa é a sensação que eu tenho em
relação a Raissa, eu queria que ela tivesse me salvado antes, há oito anos. Hoje, não imagino a
minha vida sem ela. E o que temos para compartilhar com vocês nesse momento, também não é
algo que eu esperava, mas me fez sentir da mesma forma, me faz sentir o homem mais feliz do
mundo.
— Ah, meu Deus! — Beatriz falou e pela sua cara, suspeitava que já estivesse
desconfiando.
— Conte para eles, amor — Alexander pediu, eu assenti.
— Eu estou grávida — fui direta, pegando todos de surpresa. — Nós vamos ter um... —
Interrompi a fala quando uma chuva de confetes foi jogada sobre nós, ao mesmo tempo em que a
louca da Isabella comemorava com animação.
Eu ri, assimilando o motivo de ela estar carregando aquela bolsa para baixo e para cima.
Estava se preparando para esse momento.
Fui surpreendida com um abraço apertado da minha mãe, enquanto meu pai puxava
Alexander para o abraçar, eles estavam muito emocionados enquanto nos davam os parabéns.
Quando se afastaram um pouco, meus olhos buscaram Madalena, ela parecia ter ficado em
choque. Não disse nada, não saiu do lugar. Quando a ficha dela pareceu ter caído, ela levou a
mão à boca e começou a chorar.
Mal pude acreditar no que estava vendo. Meus olhos não foram capazes de deixar os dela,
enquanto meus pais davam espaço para Gabriella, Alexandre, Beatriz, Isabella e Vinicius nos
parabenizar em total animação.
Eu apenas olhei para Alexander e o incentivei a ir até sua avó. Ele sorriu para mim e me
deixou com os demais. Quando chegou até ela, Alexander a abraçou forte.
Eu sorri com aquela cena. Afinal, eu sabia que não era algo de praxe deles demonstrar
afeto e sentimento.
O momento me fez refletir o quanto não só a minha vida, mas a deles também mudaram
depois que entrei na vida de Alexander.
Alexander se tornou um homem mais sensível, e a avó, mesmo lutando para se manter
durona, estava aos prantos, enquanto dividiam o sentimento mais lindo que poderia existir.
Amor.
— Agora está tudo explicado — Beatriz, chamou a minha atenção ao mesmo tempo que se
afastava. — Eu comentei com Isabella há uns dias que estava preocupada com toda essa
sensibilidade vinda de você ultimamente.
Fiz uma pequena careta ao ouvi-la.
— Parabéns, Rai, mal vejo a hora de conhecer esse baby — Gabrielle comentou, sorri, à
medida que intercalei o olhar entre ela e Alexandre.
— Quanto tempo vamos ter que esperar para eu mostrar que serei o melhor tio do mundo?
— Vinicius perguntou com aquele sorriso moleque.
— Não vai ensinar coisa errada, Vinicius, estamos todas de olho em você — Isabella
falou, e eu gargalhei.
E antes que eu pudesse responder, meus olhos foram para trás, encontrando aqueles olhos
verdes à frente. As meninas acompanharam o meu olhar e se entreolharam, antes de virar para
mim.
— Vamos falar com seus pais um pouco — Isabella falou, eu assenti. Elas saíram,
arrastando Vinicius e Alexandre atrás delas.
Meus olhos foram para Alexander, constatando que ele ainda estava falando com
Madalena, então, voltei meu olhar para Rodolfo.
— Estou feliz por vocês — Rodolfo disse e se aproximou um pouco mais. Eu não sabia se
poderia acreditar nas suas palavras, portanto, me mantive totalmente neutra.
— Obrigada — respondi, séria.
Novamente, eu senti que ele queria falar algo, logo permaneci o encarando, apenas
aguardando que prosseguisse.
— Eu sei que não começamos bem... gostaria de me desculpar por todas as vezes em que
fui inconveniente com vocês — Rodolfo falou, surpreendendo-me.
— Vamos apenas... deixar o passado no passado e começar do zero, tudo bem? — sugeri,
medindo-o com o olhar.
Dessa vez, foi ele quem pareceu estar surpreso.
— Claro, isso seria bom.
— Nos vemos por aí. — Sorri de forma gentil, antes de decidir ir ao encontro do
Alexander e Madalena.
— Raissa — Rodolfo chamou, fazendo-me o olhar por mais um instante. — Nunca vi
Alexander tão entregue e feliz, é diferente...
Ele pareceu distante por um momento e um sorriso se fez presente nos seus lábios, como
se aquilo realmente fosse algo inacreditável. E apesar de tudo, fui capaz de compreendê-lo.
— Mas isso me faz estar feliz por vocês — completou.
— Obrigada. — Dei a ele um sorriso sincero, ele retribuiu, antes de eu me virar e seguir o
caminho.
Apesar de achar a atitude de Rodolfo admirável, não pretendia ser sua amiga, então, não
procurei motivos para ficar.
Fui até Alexander e Madalena. Ela realmente havia ficado emocionada e feliz, isso era
muito visível em seu olhar.
Madalena me agradeceu mais uma vez e me abraçou, mesmo quando eu disse que não
tinha motivos para agradecer.
Aquela versão de Madalena, era nova, mas apesar disso tinha a certeza de que não
veríamos muitas vezes. Mas apesar disso, agora, eu sentia em meu coração que,
verdadeiramente, ela havia me aceitado. E eu gostava disso.
Todos acabaram se juntando a nós por um momento. Depois de um longo tempo,
decidimos ajeitar a mesa para o almoço, enquanto os homens estavam novamente na
churrasqueira, apenas nos preparando para um grande brinde durante o almoço.
O dia ao lado de todos foi maravilhoso, feliz, cheio de parabenizações e brincadeiras.
À noite, foi ainda melhor. Alexander não estava disposto a deixar passar a promessa de me
fazer relaxar. Depois de dar boa-noite a todos e ir para o nosso quarto, nós começamos pelo
banheiro.
Um banho gostoso, uma banheira incrível e um amor intenso.
Quando saímos do banheiro, eu estava exausta, mas relaxada, totalmente relaxada e feliz.
Depois de vestir um pijama, Alexander se deitou na cama ao meu lado e me puxou. Eu
deitei em seu peito e seguimos trocando aquele carinho gostoso, apenas esperando que o sono
chegasse.
Estava feliz com o rumo que as coisas tomaram em minha vida. Era exatamente como
Alexander falou... eu também não esperava nada disso, mas, hoje, não me imaginava sem.
Eu não sonhava com um amor, mas como poderia viver sem ele depois que experimentei?
Eu não sonhava em ter filhos, mas como poderia não ansiar por sua chegada?
O pensamento de uma vida crescendo dentro de mim, fazia meu coração saltar e a
imaginação fluir ansiosa por essa nova fase em minha vida.
Eu não sonhava com nada disso, mas não conseguia ver cenário melhor, não conseguia e
não queria imaginar a minha vida diferente disso. Porque sentia que estava exatamente onde
devia estar, mesmo depois de oito anos, o destino me trouxe exatamente para ele.
O homem que tocou minha vida há oito anos e voltou a tocar, mesmo antes de eu descobrir
que se tratava da mesma pessoa. O homem que eu amava, louca e incondicionalmente.
Eu não poderia estar mais feliz.
CAPÍTULO 66
Raissa caminhava em minha direção com um sorriso lindo no rosto. Meu coração saltava
do peito todas as vezes em que ela sorria assim para mim.
Minha morena, minha morena linda e gostosa.
Eu não conseguia parar de pensar em como eu era o cara mais sortudo do mundo em ter
essa mulher apenas para mim. Sempre.
Minha mulher.
Raissa trouxe luz, alegria e amor para a minha vida. Ela me deu um motivo para viver e
buscar ser melhor todos os dias. E depois de nossa reconciliação, há dois meses, vinha me
esforçado muito para mostrar a ela o quanto eu era grato pela segunda chance que nos deu.
Raissa era o meu mundo e não havia nada que eu não faria por ela.
— Está pronta para ir? — perguntei, quando parou à minha frente.
— Sim.
Levei a minha mão à sua cintura e a puxei para mim. Como sempre, eu colei os nossos
corpos e me inclinei para beijar seus lábios deliciosamente macios.
— Não deveríamos fazer isso aqui — disse com a respiração irregular passando o olhar à
nossa volta, certificando-se de que ninguém estava de olho em nós.
Eu sorri, antes de me inclinar e beijá-la mais uma vez. E apesar de dizer que não
deveríamos, não hesitou em passar as mãos em volta do meu pescoço e corresponder ao meu
beijo.
Nós estávamos em frente à empresa, pois enquanto ela terminava a reunião com a equipe
de marketing, havia me adiantado para pegar o carro no estacionamento e ficar a esperando
exatamente aqui.
Encerrei o beijo, dando uma mordida no lábio inferior, e a olhei fixamente.
— Não ligo para o que deveríamos ou não fazer, desde que seus lábios estejam tocando os
meus — sussurrei, fazendo com que me desse mais um daqueles sorrisos.
Então, eu me afastei e abri a porta do carro para que entrasse, em seguida dei a volta e
assumi a direção.
Hoje era um dia importante para nós. Faríamos o segundo ultrassom para ver como o bebê
estava.
Estava tentando ser positivo, falando sempre com Raissa que não se preocupasse, tudo
estava bem com o bebê. Tinha que estar.
Pois na primeira ultrassom que fizemos há pouco mais de um mês, não foi possível ver
nada. Aquilo nos deixou tensos, mas, segundo a doutora Marcia, pelo tempo de gravidez era algo
que poderia vir a acontecer, portanto, o certo era esperar mais.
Por recomendação da médica, somente hoje tentaríamos mais uma vez.
Olhei-a brevemente e percebi sua inquietação. Eu também estava nervoso, mas Raissa
precisava de mim. Então, tentei ao máximo me manter positivo. Era o necessário para o
momento, manter-se positivo e passar tranquilidade a ela.
Levei a minha mão livre sobre a dela e a olhei brevemente.
— Vai dar tudo certo — disse, ao mesmo tempo em que levei sua mão em direção à minha
boca, deixando um beijo demorado com a atenção fixa ao trânsito.
— Eu espero que sim — respondeu em meio a um suspiro.
Tirei a mão macia dos lábios, mas não a soltei. Mantive-a entrelaçada à minha, durante
todo o caminho para o hospital. Quando chegamos, fomos encaminhados para a sala da doutora
Marcia, que já estava nos esperando.
— Boa tarde, papais, como estão? — perguntou com um sorriso simpático no rosto.
— Ansiosos! Muito ansiosos — Raissa respondeu, fazendo o sorriso da médica se alargar.
— Faço das dela as minhas palavras — completei.
— Então, é melhor não perdermos tempo.
— Ótimo, essa é uma boa ideia — respondi, enquanto a doutora nos conduzia pela sala.
Raissa se deitou na maca e eu fui para o seu lado, procurando ficar perto dela e do visor.
Ela levantou a blusa e ajustou a calça para agilizar, enquanto a doutora se ajeitava com os
equipamentos. Pouco depois, começou o procedimento para iniciar o ultrassom.
Eu segurei a mão da minha linda mulher, tentando buscar nela apoio e tranquilidade,
enquanto tinha certeza de que a dava a mesma sensação.
Nós estávamos ali, um para o outro, nesse momento tão importante. Precisávamos do
contato um do outro, precisávamos saber que independentemente de qualquer coisa, estávamos
juntos.
— Vamos lá então, papais — doutora Márcia falou, começando a passar o aparelho na
barriga de Raissa.
Alguns minutos se passaram e nada foi dito.
Eu não soube ao certo o que significava a expressão que a doutora fazia. Olhar para a tela
sem conseguir entender nada do que estava à minha frente começou a me deixar aflito. Raissa
parecia conseguia gerir melhor toda aquela ansiedade.
— Está tudo bem, doutora? — perguntei em busca de confirmação. Ela passou os olhos de
mim para Raissa e abriu um sorriso de todo o tamanho.
— Tudo mais do que bem, Alexander, está tudo bem com eles — falou, enfatizando bem a
última palavra, fazendo meu coração quase sair pela boca.
Por um momento, eu me questionei se havia entendido certo.
— Eles? — Raissa perguntou, a voz contida.
— Sim, eu não acho que conseguiremos descobrir o sexo hoje, mas posso afirmar... — ela
novamente passou os olhos por nós dois, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. — São
dois.
A sensação que me invadiu, foi surreal.
— Ah, meu Deus! — Raissa resfolegou. Eu apertei a sua mão, enquanto assimilava aquela
informação.
A minha voz simplesmente não saiu. Fui incapaz de reagir, mas sabia que a emoção
presente, era uma mistura boa. Surpresa, felicidade e êxtase.
Nada menos que isso.
— Vou mostrar tudo a vocês, preparados para ouvir os coraçõezinhos deles? — doutora
Márcia perguntou, suavemente.
— Sim, sim... — Raissa respondeu, enquanto eu apenas assenti, sentindo uma necessidade
enorme de que ela continuasse.
Então, a doutora começou nos mostrando os dois bebês pelo visor, antes de nos deixar
ouvir o lindo coraçãozinho dos nossos dois bebês.
Aquela emoção foi única. Jamais seria capaz de superar o momento.
Não aguentamos e o choro veio sem aviso, enquanto ouvimos aquele som, que aqueceu
totalmente o nosso coração. Eu e Raissa fomos pegos totalmente de surpresa com a notícia, mas
não poderíamos estar mais felizes.
Nossa família estava maior do que pensávamos.
Não éramos três, nós éramos quatro.
EPÍLOGO
CINCO ANOS DEPOIS
Não havia nada que eu apreciava mais do que chegar em casa e encontrar a minha mulher
em um short minúsculo, enquanto fazia qualquer coisa que fosse.
Deus! Como eu amava essa mulher.
Nesse momento, Raissa estava cantarolando, à medida que arrumava alguns livros na
biblioteca.
Não sabia por quanto tempo permaneci encostado no batente da porta, babando, ao passo
que olhava aquela bunda gostosa.
Quando Raissa se virou de repente deu um gritinho, tomada pelo susto por breves
segundos, antes de abrir aquele sorriso gostoso para mim.
— Chegou cedo — Raissa falou, os olhos fixos em mim.
Minha boca se curvou em um sorriso e eu comecei a caminhar em sua direção.
— Estava com saudade — disse e levei as mãos em volta da sua cintura, então, puxei-a
para mim. — Tanta saudade que não estava conseguindo me concentrar em nada.
— Hum... — Deu aquele sorriso que balançava totalmente o meu mundo. — Viu o projeto
que te enviei mais cedo? — perguntou, assenti com os olhos fixos naquela boca gostosa.
— O que achou?
— Perfeito — respondi, ao mesmo tempo em que os olhos desciam para os peitos
deliciosos marcando totalmente a blusa regata que usava. — Completamente perfeitos.
Eu sabia que Raissa estava empolgada para saber o que achei do plano de marketing que
montou para a nova filial que estávamos abrindo, mas seria um cara ruim, ou um péssimo
marido, se não quisesse falar de trabalho agora? Porque era a última coisa que eu queria.
— Humm... — Ela deu um pequeno gemido, atraindo meu olhar para os dela, em seguida
mordeu o lábio inferior.
Talvez, não fosse tão terrível.
Era possível que ela também não quisesse falar de trabalho agora. Aquele olhar me dizia
que estava apenas brincando comigo.
— Davi e Ana Laura estão dormindo? — perguntei, torcendo que ela dissesse sim.
Raissa sorriu e balançou a cabeça em negativa.
— Bisa Madalena estava com saudade, por isso os pegou mais cedo e os levou para passar
o dia com ela. Combinei de irmos jantar mais tarde e buscá-los.
— Ah, mas eles estão adorando. — A pressão da minha mão na cintura dela se tornou
mais forte, então, colei os nossos corpos. — Passaram o final de semana com os seus pais, agora
estão com a bisa.
— Com certeza... estão amando.
— Eu também. — Medi-a com o olhar.
Tirei a mão de sua cintura e me afastei um pouco. Raissa pareceu confusa com o meu
afastamento. Mas ela estava toda cheirosa e gostosa, eu precisava estar à altura, logo, segui a
olhando por um momento.
— Eu quero que tire a roupa e me espere em nossa cama — ordenei.
— O-o quê? — perguntou, a voz entrecortada.
Levei a mão no pulso e comecei a tirar o relógio, sem quebrar nosso contato visual.
— Eu vou tomar um banho e quando sair do banheiro, quero você nua, esperando por mim
em nossa cama.
Ela suspirou em expectativa, denunciando o quão ansiosa as minhas palavras a deixaram.
— Tudo bem — Raissa concordou em um fio de voz. Minha boca se curvou em um sorriso
totalmente satisfeito com sua reação a mim.
Cinco anos se passaram, mas Raissa continuava reagindo a mim da mesma forma todas as
vezes, como se fosse a primeira vez. E não tinha nada que me deixava mais feliz do que isso.
Sem dizer mais uma palavra sequer, deixei o relógio sobre o móvel ao lado e levei a mão à
gravata, em seguida comecei a afrouxar o nó. Raissa lambeu os lábios e eu sorri, antes de me
virar para ir em direção ao banheiro.
Tirei a minha roupa e fui para o chuveiro, apenas ansiando por estar dentro da minha
mulher.
Meus pensamentos não conseguiam parar de pensar em como ela estava gostosa naquela
roupa minúscula e como estaria ainda mais gostosa nua, apenas esperando por mim por trás
daquela parede.
Apenas pensar nisso, enviava uma onda de excitação diretamente para o meu pau. Porra,
eu já estava duro, apenas em pensar que estaria me afundando naquela boceta gostosa em breve.
Terminei o banho e me sequei, não estava preparado para a cena que vi quando saí do
banheiro.
— Puta que pariu, Raissa — disse em meio a um suspiro com os olhos fixos nela.
Raissa estava nua como eu pedi, mas não apenas isso, ela estava de quatro, com aquela
bunda deliciosa virada em minha direção. Eu voltei a andar, apenas agradecendo por ser tão
safada a ponto de me enlouquecer.
Eu, simplesmente, amava ter aquela vista maravilhosa.
— Eu quero você — pediu, a voz manhosa.
Deslizei as mãos para a bunda e a acariciei suavemente.
— Você quer, é? — perguntei com a voz rouca, cheio de desejo.
— Sim — respondeu, em meio a um gemido gostoso, ao mesmo tempo em que eu deixava
um tapa em sua bunda.
— Gostosa, gostosa pra caralho — disse, repetindo a carícia, antes de espalmar mais uma
vez, agora do outro lado.
Raissa soltou mais um daqueles gemidos que atingiam diretamente o meu pau, que latejava
de vontade de estar dentro dela.
Então, os meus dedos foram para sua boceta totalmente exposta para mim. Ela já estava
molhada, porra, já estava tão molhada que era perturbador.
Sem conseguir resistir, separei um pouco mais suas pernas e me ajoelhei. O gemido foi
intenso, no momento em que a minha língua passou por toda a sua boceta gostosa.
Querendo ouvir aquele som delicioso mais uma vez, repeti aquele mesmo movimento e
não teve erro, lá estava ela, reagindo a cada investida que eu dava.
Segurei suas coxas e comecei a chupá-la como a sobremesa mais gostosa que eu já havia
provado na vida. Eu amava, amava o fato de saber que todos aqueles gemidos eram nada mais do
que a reação de seu corpo a mim.
Os gemidos de Raissa aumentaram, enquanto a sugava completamente. Não demorou
muito para o corpo dela começar a dar indícios de que estava em completo êxtase.
As mãos enroladas fortemente no lençol, as pernas trêmulas, o gemido estonteante e
intenso e o descontrole evidente. Afastei-me para admirá-la por um momento.
Não tinha cena mais bonita e sexy do que essa, não havia nada que superava isso.
— Isso é tão... — A voz ofegante falhou. — Eu preciso de mais, preciso agora.
Sem perder tempo, levantei-me e levei a mão na sua cintura, ajeitando-a antes de me
posicionar. Eu também precisava de mais, precisava estar dentro dela o quanto antes.
Então, deslizei fundo e abri espaço, sentindo a sua boceta gostosa apertando totalmente o
meu pau.
Nossos gemidos foram sincronizados.
Eu retrocedi e me afundei mais uma vez. Minhas mãos buscaram os cabelos macios,
juntando-os em um rabo de cavalo e a puxei para mim. Minhas estocadas aumentaram a cada
golpe, eu a mostrava o quanto precisava dela, o quanto a desejava e a amava.
Intensa e incondicionalmente.
E apesar de essa ser uma das minhas posições preferidas, havia algo que eu gostava e
ansiava mais. Eu precisava ver os seus olhos nos meus, loucamente.
Larguei os cabelos de Raissa e acariciei a sua bunda, antes de mais uma vez deixar a marca
da minha mão em cada lado, ouvindo aqueles gemidos a cada espalmada. Então, tirei o meu pau
de sua boceta e me afundei mais uma vez profundamente, antes de realmente sair e a virar de
frente em um movimento rápido.
Raissa se ajeitou na cama e eu fui com o meu corpo sobre o dela, encontrando aquele olhar
enlouquecido e cheio de desejo sobre mim.
As mãos pequenas circularam o meu pescoço e as pernas foram para a minha cintura. Eu
arremeti, fundo. Meus lábios tomaram os lábios macios com uma paixão avassaladora, abafando
o gemido gostoso, enquanto aumentava as estocadas intensas.
Quando senti que ela estava à beira do orgasmo mais uma vez, deixei seus lábios e levei
meus olhos ao encontro dos dela.
— Eu preciso desse olhar — rosnei, ao mesmo tempo em que me afundava em um
movimento forte e profundo. Repeti aquele movimento, de novo e de novo. — Preciso...
sempre... desse... olhar... de... você... — comecei a rosnar, enquanto repetia o movimento
gostoso, sentindo sua boceta apertar o meu pau cada vez mais a cada deslize.
— Delícia... preciso... — Ela fechou os olhos, deixando um gemido tão sexy sair dos
lábios, o que quase me levou ao limite. — De... você... — Voltou a falar em meio a gemidos.
Foi então que ela desmanchou em meus braços, acompanhei-a no mesmo instante com um
urro intenso. Eu a apertei forte, liberando o meu prazer, enquanto a sentia apertar as unhas e as
pernas, ao passo que se envolvia completamente a mim.
Meus lábios foram ao encontro dos dela e a beijei com necessidade, enquanto nos
acalmávamos.
Quando eu me afastei, sua boca se curvou em um sorriso gostoso. Eu correspondi na
mesma proporção e joguei o corpo para o lado, deitando-me de costas para o colchão. Em
seguida, puxei-a para que se acomodasse em meu peito.
Raissa levantou a cabeça e os olhos foram em minha direção, aquele brilho no olhar, fez
meu coração saltar.
Ah, eu amava, como eu amava essa mulher. Amava sentir o seu amor por mim, apenas em
um olhar. Era exatamente o que ela me transmitia.
— Eu te amo, meu amor — sussurrei e levei a mão em seu rosto, acariciando-o.
A intenção era aproveitar aquele momento, como sempre fazíamos, um carinho, um
chamego gostoso. Mas aquele olhar, ah... aquele olhar levava tudo de mim. Deixava-me
completamente perdido e me atingia profundamente. Assim como há cinco anos, nada havia
mudado.
— Eu amo você — falou, desci a mão para sua cintura e a puxei para mim.
Em um piscar de olhos, ela estava com o corpo sobre o meu, ajeitando-se em meu colo.
— Quanto tempo nós temos antes de ter que ir? — perguntei.
Raissa olhou para o relógio no móvel ao lado da cama, antes de sorrir e me responder.
— Cerca de duas horas.
Eu a puxei para colar o corpo completamente no meu, antes de sussurrar:
— Acho que podemos fazer amor mais uma vez, antes do jantar. — As mãos dela vieram
ao meu cabelo. E eu me mexi, mostrando que estava começando a ficar duro novamente.
Ela suspirou profundo, antes de responder:
— Eu concordo plenamente.

Quando chegamos à casa da minha avó, digitei a senha e abri a porta.


Levei a mão à cintura da Raissa e a guiei pela casa. Fomos direto para o jardim, o lugar
que agora, além de ser o preferido de dona Madalena, tornou-se dos nossos filhos também.
O sorriso se formou em meus lábios ao vê-los entretidos, enquanto dona Madalena soprava
algumas bolhas de sabão para eles.
Davi e Ana Laura pulavam e riam, tentando estourar as bolhas. Minha avó parecia se
divertir tanto quando eles. Era uma cena bonita de ver.
— Eu disse que eles estavam adorando — sussurrei, desviando o olhar para Raissa, que
sorriu antes de se virar mais uma vez para olhá-los.
Não demorou muito para que Davi olhasse em nossa direção e notasse a nossa presença.
Quando aconteceu, ele abriu o sorriso de orelha a orelha e correu para nós.
Eu me agachei e apenas esperei que meu garoto chegasse até mim.
Ele veio com tudo.
— Papai — Davi falou, eufórico, enquanto o pegava em meu colo e o abraçava.
— Como está o garotão do papai? — brinquei, meu menino sorriu e apenas mostrou um
joinha com as mãos, fazendo-nos gargalhar. Só então que Ana Laura nos viu e começou a correr
em nossa direção.
Entreguei Davi a Raissa e me agachei, da mesma forma eu a peguei.
— Minha princesinha — disse, correspondendo àquele abraço forte que me dava.
— Estava com saudades, papai — falou, eu a apertei ainda mais.
Meus olhos foram para a minha avó, que apenas sorria e acompanhava tudo de longe.
Ali estava.
A bisa mais babona que já conheci. A felicidade agora era constante, não só na minha
vida, mas na de dona Madalena também. Na verdade, a felicidade prevalecia em todos à nossa
volta.
Pensar nisso me fez instantaneamente olhar para Raissa, ela havia se distanciado um pouco
e brincava com Davi toda alegre, enquanto ia cumprimentar a minha avó.
Meu coração aqueceu naquele momento.
Hoje, eu podia dizer com todas as letras que era um homem feliz e totalmente realizado.
Tinha em minha vida uma mulher incrível e totalmente sexy, que dava a vida por mim,
assim como eu faria por ela. Tinha filhos maravilhosos e que eram presentes de Deus em minha
vida.
Podia dizer com todas as letras, hoje, eu sabia o que era felicidade, sentia-me totalmente
completo e feliz ao lado da mulher que eu amava e dos nossos frutos que traziam alegria para
nossa vida.
Então, sim... podia dizer que graças a Raissa, eu sabia o que era o tal amor incondicional.
Era isso, o significado de uma família que não era perfeita, mas era completamente feliz.
Minha mulher, os meus filhos, meu tudo.
Meus maiores tesouros e não os trocaria por nada no mundo.
O que eu poderia dizer? Eu realmente era o filho da puta mais sortudo do mundo.
CAPÍTULO BÔNUS – Feliz Dia dos Namorados.
Estava saindo da empresa quando avistei o motorista que ficava ao nosso dispor quando
precisávamos. Mas, geralmente, era algo esporádico.
Caminhei em direção a ele em passos largos.
— Oi, Fernando — cumprimentei-o. — Está esperando o Alexander?
— Não, senhora, estou te esperando.
— Eu? Alexander mandou você? — perguntei, apenas assimilando. Fernando balançou a
cabeça em concordância.
— Eu estarei por sua conta.
Um sorriso se formou em meus lábios. Alexander não deixava de cuidar de mim, um
minuto sequer.
Nós viemos juntos para a empresa, mas ele teve o dia cheio com reuniões externas, então,
em um momento, enquanto conversávamos disse que não precisava se preocupar, eu iria embora
sozinha depois de finalizar a última reunião com a equipe de marketing.
— Ótimo, preciso apenas que você passe no apartamento dos meus pais para pegar os
meus filhos antes de ir para casa.
Fernando assentiu e abriu a porta do carro para mim.
Entrei e coloquei o cinto, sem perder tempo, peguei o celular para cancelar o Uber que
havia pedido há alguns minutos com destino ao meu antigo apartamento.
Depois que descobrimos que nossos pequenos seriam gêmeos, meus pais decidiram se
mudar para o Rio, a fim de ficarem mais próximos de mim. Alexander queria que eles ficassem
na casa de praia, mas eles eram tão orgulhosos quanto eu, o que acarretou a ficarem no meu
apartamento que não era luxuoso, mas eles viviam bem ali durante os cinco anos que se
passaram.
Foi a melhor coisa que me aconteceu, nunca estive tão próxima à minha família, nunca
estive tão feliz emocional e profissionalmente.
A voz de Fernando ressoou, avisando que havíamos chegado.
Estava tão absorta em meus pensamentos que não percebi que Fernando não tinha feito o
caminho para o apartamento dos meus pais como pedi, nós estávamos parados em frente à minha
casa.
Foi quando apertei o botão para falar com ele.
— Fernando, você parece distraído hoje, esqueceu dos meus meninos? — Dei uma
risadinha, levando na esportiva.
— Não, senhora, são ordens do Alexander. Ele pediu que eu te falasse para não se
preocupar, seus meninos estão em boas mãos — avisou, deixando-me totalmente sem reação.
— Ai, Deus! O que esse homem está aprontando? — perguntei, fazendo Fernando dar uma
risada contida.
— Ele pediu que eu a trouxesse em casa para se arrumar. Esperarei aqui fora para irmos ao
próximo destino.
— E qual será o próximo destino?
— A senhora saberá quando chegarmos — respondeu, vagamente, o que me fez sorrir.
— Tão misterioso — falei, tirando o cinto, então abri a porta do carro. —Tudo bem, eu
não demorarei.
— Leve o tempo que precisar, como eu disse, estou por sua conta.
— Obrigada! — respondi e cortei a comunicação.
Saí do carro e fui em direção à casa, apenas pensando no que Alexander estava
aprontando.
Pensando bem, hoje estava mais sumido que o normal, mas eu estava com tanto para
resolver, que mal me liguei nisso. Abri a porta e caminhei pelos cômodos, constatando que
Alexander realmente não estava em casa. Então, fui para o quarto.
Percebi que havia uma caixa sobre a cama, um sorriso se formou em meus lábios naquele
instante. Eu não via algo assim há algum tempo, mas sabia perfeitamente que era mais um dos
charmes de Alexander.
Abri a caixa e o sorriso se alargou, ao confirmar que estava certa quanto a isso. Como
Alexander gostava de fazer, havia um vestido na cor vermelha. E para a minha surpresa, dessa
vez, também havia uma calcinha toda rendada na mesma cor do vestido.
Havia um cartão sobre as peças. O que não poderia faltar, claro, essa era a marca do meu
homem.
Eu o peguei para descobrir o que me aguardava.
"Hoje à noite é só nossa, te espero ansiosamente.
Feliz Dia dos Namorados, meu amor.
Alexander K."
O sorriso já não cabia em meu rosto. As borboletas já haviam tomado conta do estômago.
Eu havia esquecido completamente. Deus! Eu nem mesmo tive tempo de preparar nada.
Mas Alexander não foi capaz de esquecer. Era engraçado como todos os anos, ele insistia
em comemorar essa data com algo especial. Para ele, como nós não tivemos a oportunidade de
namorar antes de casar, eu seria sua eterna namorada. Então, fielmente durante todos esses cinco
anos, nós sempre comemoramos de alguma forma.
Ele parecia querer compensar o quão rápido tudo aconteceu e eu simplesmente amava isso.
Amava como ele estava disposto a me surpreender sempre, como nesse momento, com algo
totalmente inusitado.
A fim de descobrir o que ele estava planejando dessa vez, deixei a caixa sobre a cama e fui
para o banheiro. Tomei um banho caprichado, deixando a hidratação e os cuidados pessoais
totalmente em dia, antes de ir para o quarto e vestir as peças escolhidas por Alexander.
O vestido era longo, possuía um decote sexy, as costas nuas e havia uma abertura lateral
dando uma elegância a mais. Era simplesmente perfeito.
Depois de me vestir, arrumei os meus cabelos, deixando-os soltos com cachos nas pontas.
Fiz uma maquiagem leve e calcei um salto alto scarpin preto.
Então, depois de uma conferida no espelho, peguei uma bolsa que combinasse com tudo e
antes de sair, liguei para a minha mãe, apenas confirmando que tudo estava bem e que ela ficaria
com os netos a pedido de Alexander.
Como se ela fosse achar ruim, quando, na verdade, amava ter eles com ela.
Depois de encerrar a ligação, estava pronta para ir ao encontro do meu homem. Fernando
saiu do carro, conforme eu me aproximei, e abriu a porta para mim.
Sorri para ele antes de entrar, decidida a não perguntar nada mais e apenas deixar que
Alexander me surpreendesse. O caminho que Fernando estava fazendo me era familiar. Mas só
tive a confirmação de onde estávamos indo, quando ele estacionou em frente à casa.
Curiosamente, estávamos na casa de praia.
Nós quase não vínhamos aqui, apenas quando decidíamos reunir a família.
Fernando me confirmou que havíamos chegado ao destino e desejou uma ótima noite em
seguida. Eu agradeci e saí do carro, indo em direção à entrada.
Toquei a campainha algumas vezes, mas não obtive sucesso. Então, decidi levar a mão à
porta e tentar abri-la.
Para a minha surpresa, estava aberta. O ambiente estava escuro, o que fez meu coração
saltar para fora.
— Alexander? — chamei, pensando se deveria seguir ou aguardar.
Não obtive uma resposta imediata, mas, de repente, começou a tocar uma música em som
ambiente.
Fechei a porta atrás de mim e levei a mão ao interruptor, mas antes que eu tentasse
acender, uma luz ambiente se fez presente, fazendo-me perceber uma trilha de rosas no chão, o
que deduzi que deveria seguir.
Tirei a mão do interruptor a fim de não quebrar todo aquele clima romântico, então,
caminhei lentamente por aquela trilha. Ela me levou até a área externa.
Havia uma mesa no centro, a luz era ambiente e o som estava mais nítido. A vista do mar,
a brisa e a iluminação, tudo estava simplesmente perfeito.
Passei os olhos por tudo, sem conseguir identificar onde estava Alexander.
O coração já estava quase saindo pela boca e só piorou quando senti a presença única
daquele homem atrás de mim. As mãos dele tocaram meu ombro quando tentei me virar para vê-
lo.
— Alexander... — sussurrei, sentindo as mãos dele deslizar pelos meus braços.
Ele permaneceu em silêncio, mas o seu toque era inconfundível.
Senti as mãos dele irem até os meus cabelos, ele os pegou com cuidado e os colocou de
lado, deixando o pescoço livre. Senti o roçar daquela barba gostosa contra a minha pele, fazendo-
me arrepiar por completo.
Ele deixou um beijo demorado ali, então a boca subiu lentamente, parando a poucos
centímetros do meu ouvido.
— Boa noite, meu amor — Alexander falou, fazendo-me suspirar.
Eu me virei para olhá-lo.
Não pensei que isso fosse possível, mas ele estava ainda mais bonito.
Ele vestia um terno slim que se acentuava perfeitamente ao corpo, traçando a linha gostosa
de seus músculos, os cabelos estavam alinhados, a barba aparada, aqueles olhos azuis e intensos
estavam sobre mim, devorando-me e me mostrando a cada instante que eu o estava afetando da
mesma maneira.
— Você é tão linda, tão sexy — sussurrou, sem tirar os olhos de mim. — Se eu não
tivesse planejado tudo, com certeza te jogaria em cima daquela mesa agora.
— Alexander... — disse, em um fio de voz, totalmente presa a ele, como sempre.
Alexander deu um passo em minha direção, acabando com a distância que havia entre nós.
Ele se inclinou e tomou os meus lábios em um beijo lento e sensual, porém, comedido. Retribuí
da mesma forma. Sabia que se aprofundássemos o beijo, acabaríamos da mesma forma que em
nosso último jantar.
Fazendo tudo fora de ordem, comendo tudo frio.
Quando se afastou, guiou-me em direção à mesa, que estava estrategicamente posta de
frente para a vista sensacional do mar. Alexander puxou a cadeira para que eu me sentasse, em
seguida se acomodou à minha frente.
Ele serviu uma taça de vinho para cada um de nós, em silêncio. Então, os olhos vieram em
direção aos meus.
— A que brindaremos? — perguntei, arqueando a sobrancelha.
O sorriso gostoso se fez presente e ele estendeu a taça em minha direção, levei a minha ao
encontro da dele.
— Ao final de semana maravilhoso que passaremos aqui, totalmente sozinhos — disse,
surpreendendo-me.
— O final de semana?
— Sim, Davi e Ana Laura aproveitarão muito bem os avós enquanto isso — respondeu,
minha boca se curvou em um sorriso.
— Isso me parece perfeito — respondi, finalizando aquele brinde. — Ao final de semana
então.
Depois que brindamos, Alexander serviu algumas opções de entrada, comemos enquanto
conversávamos e tomávamos o vinho. Um tempo depois, nos serviu o jantar, a escolha do menu
não poderia ser outra a não ser o meu prato predileto, risoto de shitake, e, como sempre, estava
divinamente delicioso.
O ambiente estava totalmente agradável e íntimo. A música continuava tocando em som
ambiente.
Nós estávamos apreciando a sobremesa quando Alexander pegou um controle pequeno
sobre a mesa e o apontou para o som. Em seguida, começou a tocar uma música que eu conhecia
muito bem, era uma de suas playlists.
Então ele se levantou e caminhou em minha direção, parando em minha frente. Alexander
estendeu a mão para que eu a pegasse, não hesitei em fazer, logo me guiou para o espaço
estrategicamente livre e com a iluminação perfeita. Olhei-o curiosa, quando sorriu e deixou um
selinho em meus lábios.
— Não saia daqui, volto em um minuto.
Balancei a cabeça em concordância. Minha mente vagava para o que estava aprontando,
quando senti sua presença atrás de mim. Ele não estava brincando, foi realmente rápido.
Instantes depois, passou a mão em volta do meu pescoço, retirando o cabelo, dando espaço a um
acessório.
Olhei para baixo e levei a mão, constatando que era um colar.
Não consegui ver por completo, mas o pouco que vi, percebi que era um colar de ouro
branco e brilhantes, com o destaque de lindas pedras marinhas.
Era simplesmente perfeito.
— É tão lindo — disse, enquanto ele terminava de o abotoar.
— Esse é o meu presente para você — falou e me virou de frente para ele. Alexander
estendeu a mão para mim, atraindo a minha atenção, eu a peguei.
Foi quando eu percebi que não havia acabado.
Alexander deslizou um anel em meu dedo, deixando-o junto a aliança de casamento. O
anel também era em ouro branco, com diamantes e uma pedra marinha.
Comecei a admirar, não me lembrava de ver algo tão bonito, quanto a joia que estava em
meu dedo nesse momento.
— Sabe o que essa pedra representa? — Alexander perguntou, atraindo os meus olhos para
ele.
— Não faço ideia.
— Ela te lembra algo? — perguntou, levantando a minha mão para que eu pudesse ver
melhor.
Desviei a minha atenção mais uma vez para o anel, aquela cor tão vívida e bonita me
lembrava apenas uma coisa.
— O mar — respondi, os olhos fixos aos dele.
— Exatamente, e pensar no mar te lembra o quê?
— Búzios. Eu me lembro perfeitamente de Búzios.
— Sim, meu amor. Isso é para você lembrar de nós, sempre que o olhar. É o que nos
representa — disse, e levou a minha mão à boca, deixando um beijo no dorso.
Então, puxou-me para ele, fazendo nossos corpos se colarem com perfeição.
— Eu amei, obrigada — falei, passando as mãos em volta seu pescoço e o abracei. — Eu
não preparei nada para você.
Senti sua mão deslizar para a minha cintura, afastei-me quando segurou a outra mão.
— Meu presente é você — sussurrou, os olhos fixos aos meus.
Então, conforme a música tocava no ambiente, Alexander começou a me guiar em uma
dança. Eu o segui, instintivamente. O sorriso se formou em meus lábios, enquanto nossos corpos
se mexiam em uma sincronia perfeita.
Era uma mistura deliciosa de romance e sedução, paixão e desejo. Tudo definia como
estávamos perfeitamente conectados. Meu coração palpitou quando uma música tão presente em
nossas vidas, começou.
— Essa música que define tudo o que eu faria por você — disse, em um fio de voz,
guiando-me com as mãos ainda mais forte em minha cintura.
— É a nossa música.
— Eu mentiria por você, eu morreria por você. Eu te amo — disse, a voz tão gostosa,
enviando arrepios pelo meu corpo a cada palavra que saía de sua boca.
— Eu amo você.
Todas as vezes em que essa música tocava, era inevitável não me emocionar. Tendo a
certeza de que o homem à minha frente, definitivamente dedicava sua vida para mim e para os
nossos filhos.
Uma das mãos de Alexander foi para o meu rosto e ele o segurou firmemente. Com os
meus olhos inteiramente nele, falou:
— Feliz Dia dos Namorados, meu amor, minha mulher... minha eterna namorada.
Mordi o lábio inferior, com a certeza de que a melhor parte da noite, estava para começar
nesse exato momento. Com isso em mente, e o coração quase saindo pela boca, o respondi:
— Feliz Dia dos Namorados, meu amor.
CAPÍTULO BÔNUS – Sou Feliz, porque tenho você.
— Não, não... — A voz afoita de Alexander entrou em meu subconsciente, fazendo-me
acordar assustada.
Ainda sonolenta, olhei na direção dele, constatando que estava tendo mais um daqueles
pesadelos.
Levei a minha mão ao seu rosto e comecei a acariciá-lo.
— Alexander... — chamei-o, tentando o acordar.
Depois de alguns movimentos mais insistentes, ele despertou assustado, seus olhos
procuraram os meus. Um olhar perdido e assustado, que partia o meu coração a cada vez que se
fazia presente.
E assim como das outras vezes, ele se sentou e me puxou em sua direção, em seguida me
abraçou forte. Retribuí aquele abraço sem dizer uma palavra sequer. Apenas mostrando com
aquele gesto que eu estaria aqui para ele.
Sempre.
Esses pesadelos não eram recorrentes e vinham acontecendo cada vez menos, mas ainda o
atormentavam em alguns momentos. Já havia percebido que a maioria das vezes em que ele
tocava no nome dos pais, acontecia.
E hoje foi um dia assim. Alexander havia chegado da empresa com uma foto dos pais em
mãos. Segundo ele, havia achado no meio de suas coisas. Tentei distrair sua mente depois disso,
mas não foi o suficiente para evitar que os pesadelos viessem à tona.
Era doloroso quando acontecia, mas não havia muito o que eu pudesse fazer, apenas
poderia dar todo meu amor e carinho, mostrando-o que estava aqui.
Quando ele pareceu se sentir melhor, afastou-se para olhar em meus olhos.
— Melhor? — perguntei, levando as duas mãos em seu rosto o acariciando.
— Você sempre torna tudo melhor — sussurrou, minha boca se curvou em um sorriso, e
eu me inclinei para deixar um selinho em seus lábios.
— Que tal um drinque?
— Você realmente foi feita para mim.
Os olhos intensos foram para mim. Mordi o lábio inferior e o medi com o olhar.
Simplesmente amava como ele fazia questão de me deixar saber como se sentia, sempre.
— Sob medida — respondi e dei mais um selinho em seus lábios, antes de sair de seus
braços.
Alexander veio atrás de mim, passou os braços em volta da minha cintura e me abraçou
por trás, ao passo que saímos do quarto para ir em direção ao barzinho que havia no meio da
sala.
Passávamos pelo corredor e um resmungo vindo do quarto dos nossos pequenos tesouros
se fez presente.
Meus olhos encontraram os de Alexander no mesmo momento. Um sorriso se formou em
seus lábios, enquanto me guiava na direção do quarto deles.
A porta estava encostada.
Alexander veio para o meu lado e a abriu, como fazíamos constantemente, paramos no
meio das camas dos dois. Meus olhos foram para Ana Laura que dormia serenamente. Em
seguida, olhei em direção ao Davi.
Passei o braço em volta de Alexander com um sorriso bobo no rosto e deitei a minha
cabeça no peito dele, apenas observando Davi.
Ele estava sorrindo enquanto dormia.
— Às vezes eu não acredito em tudo que aconteceu nesses últimos anos — Alexander
sussurrou, passando os braços em volta de mim. — Nossos pequenos, nossa família.
Meus olhos se fixaram nele e aquele mesmo brilho se fazia presente em seu olhar. Havia
quatro anos que eles tinham nascido, mas ainda parecia surreal até para mim, que tinha em mente
que um dia teria uma família.
Imagine para Alexander, que nem sequer sonhava que isso um dia aconteceria com ele?
— Parece que foi ontem que eu vi você os pegando no colo pela primeira vez — disse,
enquanto minha mente vagava para aquele dia.
Foi um momento mágico. Uma das cenas mais lindas que já vi em minha vida, o olhar de
Alexander para nossos meninos no momento em que os viu, os pegou pela primeira vez, foi
único, marcante e recheado de muito amor e emoção.
Nunca pensei que ele fosse capaz de se doar tanto, como vinha fazendo nos últimos anos.
— E olha para eles agora, daqui a alguns anos já estarão nos dando trabalho.
— Minha aposta é que Davi será mestre nisso — disse em meio a um riso.
— Com certeza será a Ana Laura, ela tem a personalidade forte igual à sua.
— Davi tem o seu sorriso, e os dois tiveram a sorte de puxar os seus olhos.
— São a nossa cópia fiel. — A voz dele soou orgulhosa.
— Ah, Deus! Nós estamos ferrados.
Começamos a rir da situação.
Ana Laura resmungou mais uma vez, o que nos fez interromper a risada e fazer uma
pequena careta.
Então, Alexander me soltou para dar um beijo suave em cada um dos nossos pequenos. Eu
fiz um pequeno carinho nos dois e apesar de passarmos horas os observando se deixasse,
decidimos deixá-los dormir.
Alexander conferiu a babá eletrônica e da mesma forma que entramos, saímos do quarto e
fechamos a porta com muito cuidado para não correr o risco de os acordar.
Seguimos o nosso destino inicial. Enquanto Alexander foi providenciar os drinques, fui até
a cozinha para pegar alguns petiscos, afinal, não era recomendado beber de barriga vazia.
Cheguei à sala com uma tábua de frios, quando vi Alexander me esperando com uma
garrafa de vinhos.
— Vinho? — perguntei, indo na direção dele. — O que aconteceu com o bom e velho
uísque?
— Hoje me deu vontade de tomar vinho — falou, medi-o com o olhar e me aproximei,
deixando a tábua ao lado na bancada do bar.
— Hum...
Alexander colocou a garrafa de lado, em um movimento rápido me levantou, colocando-
me em cima do balcão.
Contive o grito pelo susto e sorri no instante seguinte, enquanto balançava a cabeça em
negativa. Sem perder tempo, serviu duas taças. Como de costume, fizemos um brinde e tomamos
o vinho, apenas trocando olhares.
Olhares que diziam o quanto nos amávamos, sem que tivéssemos que pronunciar uma
palavra sequer.
— Você está se sentindo melhor? — perguntei, quebrando aquele silêncio gostoso,
colocando a minha taça vazia ao lado.
— Sim, muito melhor — respondeu, pegando um dos palitos com uma combinação de
frios que estava sobre a tábua, ele o levou em minha direção. Eu abri a boca e deixei que me
alimentasse.
Alexander me assistiu comer e repetiu aquele gesto. Enquanto eu comia, pegou para ele
também. Eu peguei a minha taça e estendi para ele, atendendo ao meu pedido silencioso, pegou a
garrafa de vinho e serviu mais para mim.
Aproveitei para beber um pouco, enquanto ele completava sua taça também. Depois de
deixar a garrafa no balcão, Alexander se virou e lentamente me analisou. Então se acomodou no
meio das minhas pernas mais uma vez.
A mão dele foi para a alça da minha camisola, enquanto começou a descê-la lentamente.
Eu levei a minha mão sobre a dele e o lancei um olhar interrogativo.
— O que está fazendo, senhor Alexander? — perguntei, fazendo um sorriso se formar no
canto dos lábios dele.
— O que você acha que estou fazendo? — Seu tom era sugestivo. Permaneci com a mão
sobre a dele, enquanto pensava.
— Que tal levarmos o vinho para o quarto? — sugeri, lembrando-me perfeitamente que
havia dois pequenos que estavam em casa. E apesar de não terem o hábito de acordar a noite,
vacilar com algo assim não era uma opção.
Sua mão deixou a minha e foi para o meu rosto, em seguida o acariciou e se inclinou.
Alexander tomou os meus lábios em um beijo lento e sensual. Uma onda de excitação
percorreu todo o meu corpo, enquanto cedia espaço para sua língua me explorar completamente.
Seguimos nessa luxúria, paixão e desejo por longos minutos, até que Alexander encerrou o
beijo, chupando meu lábio inferior, causando arrepios em mim.
— Vamos levar o vinho e continuar em nosso quarto — falou, os olhos fixos aos meus.
— Sim, vamos — respondi, totalmente envolvida. Ele não quebrou aquele contato. Seu
olhar sobre mim fez borboletas invadirem o meu estômago. — O que foi?
— Eu sou feliz, porque tenho você, meu amor — Alexander sussurrou com tanta
intensidade, que quase me fez perder o ar.
Ele sempre fazia questão de me dizer coisas assim, a todo momento. Mas eu sentia que
nunca me acostumaria com isso.
— Eu também, meu amor, sou feliz porque tenho você. — Levei as minhas mãos sobre as
dele. — Me leve para o nosso quarto, eu preciso de você, apenas de você — falei, desejando
naquele momento que ele fizesse amor comigo.
Sempre que ele estava assim, tão vulnerável, sentia uma necessidade fora do comum de me
conectar com ele, de mostrar o quanto tinha o meu coração, o meu corpo, a minha alma.
— Você me tem, Raissa. Complemente e para todo o sempre.

FIM
AGRADECIMENTOS
Olá, minhas leitoras maravilhosas!
Chegamos ao fim de mais uma história, muito obrigada por acompanhar até aqui.
Agradeço primeiramente a Deus, por finalizar mais uma história.
A minha amiga e beta, que vem me acompanhando desde praticamente o início da minha
carreira como escritora. Aquela que aguenta todos os meus surtos, ataques de ansiedade e me
entende, como ninguém. Eu só tenho a agradecer a Paula Santos, por todo apoio sempre. Eu te
amo, amiga!
A Vanessa Pavan, uma pessoa maravilhosa que entrou na minha vida para colocar ordem
em tudo e que segue me permitindo enlouquecê-la sempre que posso, muito obrigada.
A Dani Oliveira (Devassa Literária) que entrou para o time recentemente e tem colocado
ordem nas minhas redes sociais e grupo de leitores, fazendo um marketing incrível para esse
lançamento, só tenho a agradecer.
A Patrícia Suellen que segue entregando uma revisão muito boa, deixando tudo mais
bonito e fluido. Sou muito grata por tê-la em minha equipe!
A Andrêa Borges, minha amiga e beta que está sempre de prontidão para fazer a leitura e
revisão final, sou muito grata pelo apoio sempre.
A Vic Design que segue aquecendo o meu coração com uma capa exatamente como eu
queria.
A Mr. Greek Arts, que mais uma vez deu vida aos meus personagens com ilustrações
perfeitas, fazendo-me surtar em cada uma delas. Sigo muito apaixonada a cada uma que me é
apresentada.
A todas as bookstans e parceiras que embarcaram comigo fazendo com que esse
lançamento chegasse ao maior número de leitoras possíveis, muito obrigada!
Ao meu marido e família, que estão sempre me apoiando e acreditando em mim. Eu amo
vocês.
Por último, mas não menos importante, a vocês que me acompanham desde o início, as
novas leitoras que chegaram no decorrer de cada livro, a vocês que estão sempre interagindo,
deixando avaliações e a todas do nosso grupo de WhatsApp, eu só tenho a agradecer
imensamente pelo carinho, pelas mensagens positivas e por me apoiarem em meus melhores e
piores momentos.
Vocês são maravilhosas demais!
SOBRE O UNIVERSO BILIONÁRIOS
O universo Bilionários é composto com a história independente dos personagens que se
entrelaçam em algum momento em meio aos livros. Deixarei abaixo cada um para quem gostou
da minha escrita e deseja conhecer um pouco mais de cada casal.
Atenção: Apesar de enumerar a ordem, os livros podem ser lidos fora delas. O que pode
acontecer é pegar pequenos spoilers no decorrer, porém, nada que atrapalhe a leitura, são livros
independentes, com final fechado para o casal.
VOCÊ PERTENCE A MIM – LIVRO 1 (Rafael e Bianca) | LEIA AQUI

Reencontro + CEO Rendido + Sob o Mesmo Teto.


SINOPSE:
Vocês acreditam em destino? Acreditam que duas pessoas que verdadeiramente se amam
e foram feitas uma para outra são capazes de se encontrar? Ou melhor, viver um amor, mesmo
com todos os percalços que podem encontrar pelo caminho?
Sim, Rafael e Bianca estão destinados, e este livro veio para mostrar a vocês que,
independentemente do cenário, ela pertencerá a ele.
Prontas para embarcar comigo nessa história?
Bianca Martins está finalmente alcançando o patamar que sempre desejou. Ela não vê a
hora de terminar a sua pós-graduação para colocar em prática tudo aquilo que aprendeu na
faculdade de Arquitetura paisagista.
Seu maior sonho é trabalhar na empresa de Carlos Mancini. Um arquiteto renomado,
conhecido como exemplo por todos da área.
Então, Bianca decide focar apenas nos estudos, sem dar brecha para romances que podem
afastá-la de seu objetivo.
E tudo está indo muito bem, até que em uma noite curtindo com sua melhor amiga, um
homem misterioso e imponente cruza o seu caminho.
Rafael Armani.
Ele é exatamente o tipo de homem que Bianca tenta se manter longe, desde sua desilusão
com um homem que ela pensou que fosse o amor de sua vida.
Mas quanto mais ela tenta fugir desse homem misterioso, mais o destino parece jogá-la
para ele.
Como se não fosse o suficiente ter que lidar com aquele homem, ela recebe uma notícia
que vira seu mundo do avesso.
Agora, ela se redescobrirá, ao mesmo tempo em que tentará de todas as formas não cair na
cama daquele homem misterioso.
Mas ele não desiste do que quer. Mesmo que Bianca proteste, ele já decidiu. Ela pertence a
ele.
Bianca conseguirá se manter longe da cama de Rafael Armani? Ou acabará cedendo aos
encantos desse homem que ela jura que será sua perdição?

SALVANDO O CEO – LIVRO 2 (Carlos e Vivian) | LEIA AQUI


Age Gap + Pai da melhor amiga + Romance Proibido + Segunda Chance.
SINOPSE:
Carlos Mancini é o CEO da maior empresa de Arquitetura e Paisagismo do país. Com o
passado cheio de mágoas, ele se fechou para o amor e dedicou a sua vida apenas aos negócios e a
cuidar de longe de sua filha, Bianca Martins. Depois de ter sua vida virada do avesso, ele
retomará o controle da sua empresa, ao mesmo tempo que finalmente se aproximará de sua filha.
O que Carlos não esperava era que, no momento em que sua filha entrasse para sua vida,
ele conheceria de perto sua melhor amiga, Vivian Bittencourt.
Uma mulher sexy, divertida e envolvente.
A atração entre os dois é imediata. E, geralmente, Carlos não é o tipo de homem que deixa
uma oportunidade passar, mas ele sabe que a única mulher com a qual ele não deveria se enfiar
era Vivian. Como se não bastasse a garota ser 20 anos mais nova, ainda era a melhor amiga de
sua filha.
Isso era loucura.
Carlos tentará lutar contra esse desejo, mas Vivian não está disposta a facilitar. Ela tomará
como seu objetivo salvá-lo de uma vida solitária e vazia. Ele tentará resistir, mas até quando?
A FILHA DO MEU SÓCIO – LIVRO 3 (Alexandre e Gabrielle) LEIA AQUI

Age Gap + Filha do sócio + Romance Proibido + Mocinha virgem

Ela é virgem, mais nova e proibida.


Ele é cafajeste, mais velho e acaba de quebrar uma regra: não se envolver com a filha do
seu sócio.
E agora eles serão obrigados a trabalhar juntos.
Gabrielle Alencar se formou em publicidade em uma renomada Universidade e quer
apenas trabalhar para o seu pai. Para celebrar a nova fase na sua carreira, nada melhor do que
muitos drinques com suas amigas e, por que não, perder sua virgindade com um homem
desconhecido e extremamente gostoso?
Seria perfeito se o homem que deveria se tornar lembrança não fosse justamente o sócio do
seu pai.
Alexandre Sanchez não imaginava que ser um cafajeste sem limites o faria se envolver e
desejar a única mulher que deveria estar fora do seu alcance e que, agora, se tornou o seu maior
pesadelo.
Ele deseja desesperadamente a mulher dezesseis anos mais nova, a única filha do seu
sócio, um território totalmente proibido.
Dizem que proibido é melhor, mas Alexandre arriscará os negócios e a amizade com seu
sócio, apenas pela luxúria?
PRÓXIMO LIVRO DO UNIVERSO BILIONÁRIOS: RODOLFO E ISABELLA.
Me siga no Instagram para saber mais sobre os próximos lançamentos: @autora.mayaradias
PS.: Sintam-se à vontade para surtar comigo no direct, eu amo!

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