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Almeidaadesigner
Diagramação
Katherine Salles
Livro Digital
1ª Edição
Aline Damasceno
https://www.instagram.com/autoraalinedamasceno/
Nota:
Apesar de ser um livro independente, com início, meio e fim, A
Caso você não se incomode com isso, pode prosseguir a leitura sem
medo. Você não precisa ler o outro livro para entender esse.
esposa do melhor amigo dele, não imaginava que a atração seria instantânea
e muito menos que ela cativaria seus irmãos gêmeos de imediato.
O CEO fez de tudo para suprimir o desejo que sentia por ela, afinal,
envolvimento romântico não estava nos seus planos, muito menos com uma
garota que sonha com um príncipe encantado.
Edgar tinha duas crianças abandonadas pela mãe sob sua
Thais em sua casa depois que ela teve uma discussão com o pai dela, e
acabou a contratando para ser a babá dos gêmeos, e que com a convivência
Regina Belle[1]
Índice
Nota
Sinopse
Cinco meses antes…
Capítulo um
Capítulo dois
Capítulo três
Capítulo quatro
Capítulo cinco
Capítulo seis
Capítulo sete
Capítulo oito
Capítulo nove
Capítulo dez
Capítulo onze
Capítulo doze
Capítulo treze
Capítulo quatorze
Capítulo quinze
Capítulo dezesseis
Capítulo dezessete
Capítulo dezoito
Capítulo dezenove
Capítulo vinte
Capítulo vinte e um
Capítulo vinte e dois
Capítulo vinte e três
Capítulo vinte e quatro
Capítulo vinte e cinco
Capítulo vinte e seis
Capítulo vinte e sete
Capítulo vinte e oito
Capítulo vinte e nove
Capítulo trinta
Capítulo trinta e um
Capítulo trinta e dois
Capítulo trinta e três
Capítulo trinta e quatro
Capítulo trinta e cinco
Capítulo trinta e seis
Capítulo trinta e sete
Capítulo trinta e oito
Capítulo trinta e nove
Capítulo quarenta
Capítulo quarenta e um
Capítulo quarenta e dois
Capítulo quarenta e três
Capítulo quarenta e quatro
Capítulo quarenta e cinco
Epílogo
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Agradecimentos
Cinco meses antes…
milhões que havia ganhado com uns colegas em uma startup de tecnologia
limpa voltada para o mercado agrícola, quase entrei em um negócio que iria
foder com tudo. Um conselho dito no elevador fez com que eu não fizesse a
Porra!
Eu tinha batalhado muito para sair da merda de onde vim, e quase vi
que cresci sem conhecer o pai, cujos avós tinham morrido lutando pela
mais. Ele não havia me deixado cair no início de nossa parceria, e eu não o
deixei cair quando ele mais precisou de alguém que lutasse por ele. Eu
— Caralho!
Batata.
direção a eles com minhas pernas trêmulas, sem me importar com Riccardo.
— Não faça mais isso, droga! Ou não vou deixar vocês nunca mais
Caralho!
para mim quando eu tinha apenas vinte e três anos, mas ser "pai" de duas
crianças era tão difícil! Era uma tarefa árdua e frustrante, e, a todo o
momento, me questionava se estava fazendo a coisa certa por eles.
— Me desculpem por ter gritado com vocês, ferinhas, mas o que eu
falei sobre pular próximo a borda? — Adotei um tom mais suave, tentando
não ser um babaca com eles por não ser capaz de assumir meus erros.
— Por mais que vocês sejam ótimos nadadores, não quero que se
machuquem, ferinhas, ou pior, que aconteça algo grave com vocês. Eu amo
Não tive chance de falar mais nada quando, latindo e fazendo festa,
Batata passou em frente a eles, jogando água para tudo quanto é lado com o
Riccardo, que eu podia ver que estava extremamente ansioso pela chegada
gargalhei.
calças.
Ri ainda mais.
pessoalmente, ele era muito mais fofinho e bonito. Era a cara do pai. Fiz
Riccardo de bonito.
olhava para o homem ao meu lado faria qualquer um cair aos seus pés.
dele.
apesar de ser muito jovem. Continuei a encarar o corpo lindo até que meu
olhar encontrou o dela.
Meu coração disparou como nunca antes enquanto mergulhava
naqueles olhos castanhos escuros emoldurados por cílios que, pela sua
extensão, com certeza eram artificiais.
me para Riccardo, que era entretido pelo filho, enquanto tentava não babar
pela mulher que gostava. Realmente ele estava fodido.
— Entendo — murmurou.
Riccardo bufou e os olhos dela brilharam enquanto uma espécie de
o conhecia bem o suficiente para ver que ele estava um pouco frustrado.
Apesar do que fez para forçar sua aproximação com Juliana, o que
quase fodeu com tudo, eu sabia que para ele a situação estava longe do
ideal.
aos meninos.
Juliana o segurou pela mãozinha, já que ele quis dar pequenos
Meu olhar recaiu sobre a bunda que, ainda que o vestido solto não a
valorizasse, era gostosa pra caralho. Quando o meu pau começou a querer
ganhar vida só por olhar o traseiro da garota, em um descontrole sem
rir da cara dele. — Por que você não faz então, caralho?
— Sou seu convidado!
duas crianças em direção a piscina, a risada dela mexendo com o meu brio e
se infiltrando no meu corpo de uma forma estranha.
— Nunca se sabe…
— Já foi mais inteligente, Edgar…
Foi a vez dele rir da minha cara.
Diferente de Riccardo, não achei graça nenhuma, já que todo o meu
foco estava na mulher que deixava a piscina, o vestido molhado colando nas
Eu tentei mentir para mim mesmo, que eu olhava para a piscina para
cuidar dos gêmeos, mas até Riccardo percebeu meu interesse pela garota e
começou a me provocar, dizendo ladainhas de um cara apaixonado, o que
me deixou ainda mais puto.
Queimar o churrasco por agir como um maldito obcecado pelo
corpo dela foi infernal, tinha sido o cúmulo. Uma idiotice. Eu havia
chamado a atenção demais, mas pior foi a ideia de entrar na piscina.
Cansado de ouvir Riccardo falando o quanto os gêmeos gostaram da jovem,
algo que eu nunca admitiria em voz alta, entrei na água e acabei interagindo
com a moça ao brincar de vôlei com ela, Jax e Spencer e fiquei bastante
ciente dos sorrisos dela direcionados a mim.
Fiquei ciente também que, diferente de mim, a garota não parecia
sofrer com nenhuma agitação estranha, e que ela não parecia nem um pouco
interessada em mim. Um baque no meu ego. O estopim.
mas me contive.
Que porra!
Com o canto do olho, vi que a alegria dela se transformou em tensão
e ela se ergueu do sofá para atender em um canto, falando em sussurros.
Não era da minha conta, mas não gostei da mudança no semblante de Thais.
Por quê? Preferi não pensar que era algo que ia muito mais além do que
somente preocupação por alguém que foi gentil o tempo todo com os
gêmeos.
a caminho.
— Tudo bem, então. — Não insisti, mascarando a pontada de
decepção que nem sequer deveria sentir. Me ergui. — Vamos nessa,
ferinhas? Realmente está ficando tarde e, pelo que me lembro, vocês têm
uma atividade escolar para fazer e entregar amanhã.
que eles ficassem parecidos com a nossa mãe, uma mentirosa do caralho
que, além de usar a falsidade para benefício próprio, também usava as
mentiras para destruir vidas.
— Podemos ficar mais um pouco? — Spencer mudou de tática. —
falou.
— Valeu, tio! — Pareceram empolgados, e eu vi meu melhor amigo
dar um sorriso torto.
As despedidas duraram vários minutos, já que os gêmeos enrolaram
bastante, mas aquele tempo não foi o suficiente para afastar a eletricidade
que percorreu o meu corpo quando eu segurei os dedos da garota em um
simples aperto de mão que nada significava, e isso me fez ficar mais mal-
humorado.
— É? — falaram, empolgados.
— Ela é a melhor amiga da esposa do Riccardo…
— Eeee — gritaram ao ponto de eu sentir meu ouvido doer.
Outro latido.
minha amiga toda irradiava felicidade por casar-se com o homem que ela
amava.
achar linda.
— Duvido! — Me provocou.
eu tanto amei, mas… — Dei de ombros e minha melhor amiga soltou uma
casasse, afinal, hoje, não era o momento de falar sobre mim e o quanto,
tão radiante com a felicidade da minha amiga que nem me importei com a
zombaria do milionário.
Aceitei de imediato o convite, mas logo depois caiu a minha ficha
de que talvez meu pai não fosse gostar. E James não gostou. No entanto,
pela primeira vez, bati o pé por algo que eu queria. Eu nunca perderia
Mesmo que a noiva sempre se atrase, ficamos mais tempo no spa do que
esperar…
amiga.
não é fura-olho!
bobagem.
— Eu já estou!
— Um pouco!
— Ju!
murmurou.
— Você vai me fazer chorar, sua vaca! — Afrouxei o aperto.
— Você que começou, amiga! — Os olhos estavam marejados.
— Okay!
por Juliana.
Capítulo dois
nervosa.
Engoli um é fácil para você dizer isso, já que não é você que irá
ouvir depois poucas e boas do seu pai por estar tocando um homem e fingi
um sorriso, tentando relaxar os meus músculos, mas sem sucesso.
consciente do perfume amadeirado que ele usava, do calor dele sob a minha
palma, mesmo que o tecido grosso do smoking cobrisse o seu braço. E não
ajudava em nada ele ser muito bonito, mas era só. Não que ele fosse ríspido
martírio para ele. Eu tive pena, afinal, ser obrigado a ficar próximo a
pessoa que acreditava que podia acontecer de não gostar de alguém só pela
cara dela, e eu respeitava isso.
Tentei focar minha atenção não no homem ao meu lado, mas no corredor de
Deve ter durado um minuto ou dois, mas parecia ser o caminho mais
que acabaria escutando poucas e boas mais tarde. O caminho até a recepção
seria extremamente longo pelo jeito, mais longo do que aquele que fiz na
estava de mãozinha dada com o pai. Alternei meu olhar entre ela e o noivo,
presenciar tal amor entre duas pessoas era tocante. Tornava a fantasia em
algo real.
Não sei a razão, mas acabei encarando Edgar, que olhava
ele.
— Ela é a noiva mais linda do mundo, não é mesmo, figlio? —
totalmente infundada.
— Ma-ma! — tornou a gritar o pequeno.
deixava levar pelas emoções em forma de lágrimas. Tentei não fungar tanto,
como uma criança, mas era uma cena terna de se assistir. Tudo ficou ainda
Lucca deu outro gritinho que duvidava muito que fosse uma
fosse.
Confesso que não prestei muita atenção nas palavras do padre, por
mais que o sacramento tenha sido algo breve, com algumas interrupções
falou.
quanto eu te quero, o quanto você e Lucca são as coisas mais lindas que
— Abriu um sorriso.
seu ouvido que eu quero uma eternidade com você, mesmo sabendo que
não será tempo suficiente. Que eu não existo sem você. Que você me
você é a minha força. Que essas palavras, que ainda que sejam mais ou
menos bonitas, não expressam com exatidão meu amor por você.
— Não, figlio?
palminha.
Mais gargalhadas.
Demonstrarei todos os dias o quanto sou grato pelo amor que você me
dar o meu melhor para você. Sempre serei sua amiga. Sua companheira.
mas sabia que era em vão, já que continuavam escorrendo dos meus olhos.
espalhando pétalas de flores pelo caminho, fiquei feliz por eles estarem
fazendo tudo bonitinho, já que os ensaios indicaram que não sairia nada do
tipo. Com o canto do olho, procurei por Edgar e o sorriso orgulhoso que
levaram para se sentar com eles em uma escadinha, para aguardarem o final
da cerimônia. Mesmo no fim, com o beijo apaixonado que trocaram depois
Por mais que eu amasse muito o meu melhor amigo e tenha ficado
muito feliz por ele, a cerimônia foi bastante cansativa e eu contei os
chegando bem próximo a bunda linda que era ressaltada pelo vestido justo,
me atraia ainda mais, tanto que eu podia me imaginar envolvendo a massa
recordou que eu estava em um local sacro e que eu era um filho da puta por
A fúria instantânea que sentia por mim mesmo era apenas mais um
vem perdurando por tempo demais. Pouco convivemos, isso era um fato,
mas nos almoços ou jantares, ou nas vezes que nos encontrávamos quando
eu dava uma passada na casa de Riccardo, eu agia como um desgraçado,
foi um inferno, e mil vezes mais inferno foi disfarçar o que o toque sutil
dela produzia em mim. Bem, meu estoicismo não enganou o meu melhor
amigo que me olhava e erguia uma sobrancelha para mim. O fato da tensão
tirando do transe.
— Sim? — respondi secamente, querendo rir de escárnio com o
— Okay!
Escutei a risadinha dos meus irmãos, mas não podia culpá-los, era
pose.
feito.
Porra!
Que direito eu tinha de tocá-la? Ainda mais dessa forma levemente
possessiva?
na coxa dela.
corpo. Ignorei a sensação, bem como o leve ardor nas pontas dos meus
dedos.
Thais.
— Eu…
— Pu favorrrr…
si.
encontrei nenhuma.
sequer se moveu e minha atenção recaiu sobre ela, que parecia preocupada.
estranho.
Franzi o cenho por ela ter me chamado pelo sobrenome, já que ela
medo.
Tolo!
Antes tinha medo de fracassar nos negócios, agora, meu único medo
era não ser capaz de cuidar dos meus irmãos.
real não é igual aos filmes que você assiste — o homem falou
grosseiramente.
Não, não era. Na verdade, o amor poderia ser algo bem cruel. Estava
longe de ser o mar de rosas, a perfeição romantizada pela indústria do
entretenimento.
Era sofrimento.
Era dor.
Era ver a outra pessoa definhar com a perda.
— Você não vai viver essa idiotice toda! — completou.
Uma onda de raiva me invadiu ao ver o semblante dela ficar um
Quem ele pensava que era para tentar destruir os sonhos românticos
dela?
— Bobagem ou não, senhor, não pode ter certeza se a sua filha irá
viver ou não algo parecido — disse secamente.
economizar uma grana alta! Bem que ele podia nos levar para casa
também…
Thais pareceu querer se afundar no chão de tanta vergonha.
— Espero que essa festa não seja regrada… Esses ricos são muito
mesquinhos — continuou a resmungar.
e eu arqueei a sobrancelha.
— A Thais vai com a gente, mano? — Jax questionou.
— Sim, ferinha.
— Eeeee! — Meus irmãos gritaram, superempolgados.
legítimos. Ela era paciente com eles, e até mesmo poderia dizer que era
bastante afetuosa, afeto que a nossa mãe negava a eles.
já que não havia nada que eu detestasse mais do que pessoas que tratavam
meus irmãos dessa maneira ou que pudessem ferir seus sentimentos, bem
como o meu desejo de desfazer a oferta, passei por ele com passos
calculados.
Porra! Iria ser um trajeto longo.
garota sobre alguns filmes infantis, o pai dela conseguiu azedar o meu
humor. Eu queria dizer que ele era o único culpado da minha irritação, mas
conviver com ele, não duvidava que eu poderia cometer uma atrocidade.
Na verdade, eu estava a ponto de cometer uma violência contra mim
mesmo, já que eu buscava por Thais pelo retrovisor em todas as paradas.
Caralho!
O pior de tudo é que eu nem poderia tomar o whisky delicioso que,
estávamos sentados.
Suspirei.
quis sumir. Pensar no milionário fez com que os meus olhos buscassem por
caminho, uma porta de vidro aberta que dava para uma sacada mal
iluminada pelos últimos raios de luz me chamou a atenção e os meus passos
completamente bem-vindos.
Apoiando os meus cotovelos no balaústre, respirei fundo e
surpreendendo.
Esperava o julgamento, afinal, meu pai havia sido muito rude com
—, e também por ele ter sido seco com os meninos sem razão alguma. Não
sabe a vergonha que senti por isso.
— Você não tem que se desculpar pelos atos que não cometeu,
Thais.
— Como James nunca irá fazer isso, eu preciso fazer por ele.
onda de ternura por ele, ainda mais quando achava que Edgar não ia muito
— Não, não é.
Ele deu um passo, depois outro, e mesmo que houvesse uma curta
meu.
ele me despertava.
perguntou à queima-roupa.
— Como…
— Sua tensão quando ele pede uma bebida deixa isso claro.
amiga?
Nem sei como ele ainda não estragou ao fazer um escândalo por
causa de você, Edgar. Talvez meu pai ainda tivesse algum senso perante a
— Não, também não quero que ele arruíne a festa do meu melhor
— O que você está fazendo sozinha com esse homem? — Uma voz
meus lábios.
Merda!
Capítulo cinco
estou falando com você, mas, sim, com essa fedelha! O que você pensa que
com a sua filha. — O tom de Edgar foi perigoso e eu olhei para as costas
elegantes do homem.
irritado comigo. — Olha o jeito que ele te trata sem você ter feito nada.
Meu estômago deu um nó.
disfarçar que está saindo com esse cara. Saiba que eu não vou tolerar você
agindo como uma puta.
Ouvi um rosnado.
— Acha que eu sou cego? Todo mundo na igreja viu vocês entrando
na igreja juntos…
— Éramos padrinhos dos noivos. Etiqueta… algo que você não deve
ter conhecimento, já que te falta uma — Edgar falou secamente.
cabelos.
— Tocar nela como se ela fosse sua posse também faz parte da
sobre os meus quadris, mas o peso das palavras do meu pai eram maiores
amiga.
dorme com ele, age como uma prostituta na frente de todo mundo. Com
certeza, foi influenciada por essa mulher que chama de amiga que foi
que quiser, seu desgraçado, mas nunca mais ouse falar do meu melhor
diferente de você que é um maldito verme que nem vale essa porra de terno
de segunda mão.
— Eu vou foder a sua vida, velho! Como eu ainda não sei, mas eu
todo dolorido, mas não consegui sentir pena de James. Na verdade, quando
frente dele, não apenas tentando tomar o controle da situação, mas, sim, da
o seu pai!
— Pode até ser o meu pai, mas tudo o que eu sinto por você é nojo,
desgosto por ver que é tão preconceituoso, vergonha por você ser assim!
— Sua fedelha…
— Estou cansada desses escândalos que você faz toda vez que um
— Eu só quero te proteger!
— De ser usada por homens como esse riquinho, mas vi que falhei,
— Pode não acreditar, mas nem todo homem me quer. Sua filha não
é essa beleza toda que você acha que ela é. Olhe bem para mim!
homens — fui desdenhosa, não me deixando levar pela doçura das palavras
rir.
a sua boceta. Se não te comeu ainda, fará de tudo para comer e você irá cair
na lábia dele.
Edgar partiu para cima do meu pai, mas eu segurei seu braço para
contê-lo, mesmo sabendo que eu não tinha força nenhuma para impedir que
ele avançasse.
terno, ajeitando-o.
— Vá embora! — gritei, sentindo o calor de Edgar transpassar o
tecido de seu paletó e alcançar as pontas dos meus dedos, mas eu não
queria me permitir!
— Bobagem!
— Você teve a sua carreira!
— Puta ingrata!
Me encolhi quando papai se aproximou de mim com a mão em riste,
como se fosse me bater, porém Edgar interveio, segurando o pulso dele com
força.
mim, continuou: — Fique sabendo, fedelha, que enquanto não voltar atrás e
me pedir perdão, você não vai poder pegar suas coisas. Afinal, você quer
ser independente, então que seja! Vamos ver se o seu riquinho e sua amiga
golpista vão te ajudar.
palavrões.
Tive vontade de ir atrás dele, queria defender minha posição, mas
sabia que se eu fizesse isso levaria a discussão para o salão, o que se
com ódio, ódio que parecia alimentar todos os impulsos violentos dentro de
mim.
Porra!
Desgraçado!
outras circunstâncias, me faria cometer uma loucura sem volta, pois queria
dela.
afastou e deu um passo para trás, meu corpo protestou contra a distância.
Dei um passo à frente, nos aproximando outra vez, tão
hora atrás quando a vi indo para a sacada. Eu não era idiota. Por mais que
somar dois mais dois, como foi igualmente fácil impedir que os garçons
— Não é a primeira vez que James faz esse tipo de coisa. — A voz
soou fraca, e não escondia a dor. — Papai muitas vezes cria situações
ridículas na cabeça dele. Não podem falar um oi para mim que ele acha que
Deu uma risada com o próprio comentário, mas não consegui achar
graça. Na verdade, meu asco pelo pai dela aumentou ainda mais.
— O problema está longe de ser você, Edgar. Se tem algum culpado
nisso tudo é papai... e eu também, que deixei essa situação ir longe demais e
Edgar.
— Faz parte…
Sabia que Jax e Spencer sentiam falta do amor materno e que aquilo
baixinho.
— Provavelmente…
não pudesse ter certeza, eu sentia que nossos olhares estavam presos um ao
uma distância entre nós. Dessa vez não me movi, apenas ignorei a sensação
de rejeição.
— Por favor, não conte para Riccardo nem para Juliana o que
Fora que eles vão viajar amanhã cedo, não quero que os meus problemas
estraguem a lua de mel deles. Minha amiga vai ficar preocupada comigo.
— E com razão, Thais. Você foi expulsa de casa, seu pai está
fazendo chantagem para que você volte rastejando e aceite as condições que
ele te impôs. — Fiz uma pausa, a raiva que sentia por esse cara me
próximos?
— Não.
— Eu sei, mas não posso fazer isso com Ju, Edgar, não quando já
ela me deu tanto em troca. Juliana me deu uma ocupação, me deu a amizade
dela. Ela enxugou as minhas lágrimas sempre que precisei. Estou com um
pouco de medo? Sim. Estou perdida? Sim. Queria o abraço dela nesse
momento? Sim. Mas eu não quero ser egoísta e estragar esse momento
— Entendo.
— Caralho! — rosnei.
Bufei.
— Você disse que não tinha para onde ir. Meu apartamento tem
várias suítes vagas.
essa merda!
— Você não pode me impedir, Edgar.
— Posso e vou!
gritar outra vez. — Riccardo vai me matar se souber que eu deixei você ir
para um motel, lugar sem segurança nenhuma!
— E daí?
— Não seja cabeça dura, Thaís! — resmunguei. — Você vai para a
tanto, muito menos a razão pela qual estava insistindo tanto. Eu deveria
estar ficando maluco ao querer essa mulher dentro da minha casa. A
ombros.
— Você não faria uma coisa dessas! — gritou.
— Isso é chantagem.
— Se você acha…
Suspirou.
— Não será um incômodo?
minha bochecha.
Uma onda avassaladora de desejo se apoderou do meu corpo. Fechei
certeza Ju deve ter notado o meu sumiço e que meu pai foi embora.
— O que você vai dizer a ela?
— Eu também não, Edgar, mas ela irá entender por que eu fiz isso.
Fiquei em silêncio, ponderando.
— Tudo bem.
— Agora deixe eu ir antes que eu acabe perdendo a oportunidade de
tentar pegar o buquê. Quem sabe eu tenho sorte! — Falou em meio a uma
risada juvenil antes de se afastar de mim.
casamento, mas as palavras dela soaram como uma sentença sobre mim.
Emiti um som de desagrado.
maldito buquê.
Capítulo sete
Mentir para Juliana por que não fui embora com meu pai foi uma
das coisas mais difíceis que eu tive que fazer, mas ver o sorriso com que ela
deixou a festa me deu a certeza de que eu havia feito a coisa certa em não a
preocupar.
mão mesmo que não passássemos de meros conhecidos. Ele poderia ter
deveria ter aceitado, que era melhor eu tentar dar um jeito sozinha, sendo
insistência dele...
Eu não queria pensar muito no que fazer, mas sabia que eu não
podia ficar muitos dias no apartamento de Edgar, não sem ser um tremendo
incômodo. Eles tinham uma rotina a ser seguida, e sabia que, bem ou mal,
eu acabaria atrapalhando.
Comecei a fazer uma lista mental de coisas que eu deveria fazer
Só então a minha ficha caiu sobre a realidade imposta pelo meu pai.
— Sim.
para trás, temendo ter acordado os gêmeos que, cansados, há muito tinham
Terminei em um cochicho.
Revirei os olhos.
Edgar deu uma risada e temi que ele acordasse os meninos, o que
— Okay. Tamanho?
dos gêmeos.
— Tá.
— Ah, não!
— Nada de ah!
— Ah!
cinto.
Assim que Edgar abriu a única porta do andar com sua digital, um
cachorro sapeca, balançando o rabo freneticamente, saiu por ela para fazer
festa.
alguém amigo.
cachorro que não sabia para quem dava atenção primeiro. Não me
endossou o coro.
— Já para o banho!
apartamento.
Batata, achando que era uma brincadeira, os seguiu animado,
latindo. Dei uma risada e tentei me levantar, mas sem muito sucesso.
Edgar se aproximou e estendeu a mão para mim.
— Obrigada!
Sorri ao colocar a minha palma sobre a dele e o contato, mesmo que
breve, fez com que uma espécie de calor me dominasse. Ficar de pé tornou-
se difícil, já que minhas pernas ficaram instáveis.
a minha mente.
— Foi por isso que eu comprei esse apartamento — disse em meio a
um arfar. — Acho mais bonita no fim de tarde.
para trás, a expressão se tornando pétrea, como se não tivesse sequer por
um minuto sentido algo.
— Claro!
O segui em silêncio e, quando alcançamos o fim do corredor, ele
abriu a porta de uma suíte. Eu passei por ela, junto com Batata, que trotava
ao meu lado.
Com um último olhar, que não conseguir decifrar nada, mas que me
deixou de pernas bambas, deu as costas para mim e, fazendo um gesto para
abri a porta certa e, quando entrei no cômodo, uma exclamação escapou dos
meus lábios ao ver a banheira de hidromassagem que mais parecia uma
Quanto tempo eu não entrava em uma banheira que me cabia, que não tinha
que encolher as minhas pernas?
músculos tensos.
Os sons de prazer me deixavam sem que eu me desse conta. Eu não
Fiquei mortificada.
Minha cara queimava.
derreter. O desejo que eu não deveria sentir por Edgar se espalhou com
rapidez.
Ou talvez sim.
Deus!
— Então, boa noite.
— Boa noite! — Não sei se ele escutou, já que minha voz saiu
baixa.
A magia da banheira havia se extinguido, mas, mesmo assim, tomei
o coração aos saltos, apertando o roupão que encontrei atrás da porta contra
o meu corpo, como se Edgar estivesse me esperando no quarto. Claro que
ponta do dedo.
Era uma calcinha, sem dúvidas, mas que diabos eu faria com aquela
calcinha minúscula?
Capítulo oito
Caralho!
Odiava dançar conforme a música dos outros e me perguntava o
porquê de uma sociedade com Matsumoto ser algo tão importante para
mim.
Bom... Dinheiro.
Seriam milhares de dólares e ienes que iriam me aproximar mais da
parceria.
Meus lábios se torceram com amargura.
maldito desejo insano que eu sentia por Thais, desejo que se tornou ainda
maior quando a provoquei ao falar para ela andar nua no meu apartamento.
Caralho!
estava destrancada, para levar as roupas que uma das grifes rapidamente me
enviou, e parei próximo a porta do banheiro, todo o meu autocontrole tinha
Eu fiquei fodido.
dando-se prazer. Tinha sido extremamente difícil não girar a maçaneta para
quem sabe, acabar tendo um vislumbre do corpo gostoso. Ia agir não apenas
isso.
deixando mais puto. Passei a madrugada duro, pois cedi a minha mente
perversa bastante criativa, que tinha sido capaz de fantasiar com ela nua
mesmo que por poucas horas, foi surpreendente, ainda mais quando, como
mexendo debaixo do meu corpo ao passo que retribuía o meu beijo com um
ficar duro outra vez, latejando contra o meu short, e abri meus olhos, a
claridade me cegando.
Pisquei os olhos várias vezes, acariciando a barba que cobria o meu rosto,
Meu melhor amigo poderia dizer que a baía não passava de águas
sujas e que vista de verdade era das montanhas italianas, mas havia algo na
imagem que exercia um magnetismo sobre mim e que me fazia ser capaz de
olhar para Thais. Não, estava longe de ser. A atração que sentia pela
Dei um soco na cama, com raiva. Desferi vários outros até que,
sabendo que eu estava fazendo um papel ridículo, ergui-me e prossegui com
o meu dia.
mais em Thais.
para afastar o cachorro que xeretava com o focinho, querendo pegar alguma
coisa. Por mais que fossem nove horas, como eles foram dormir tarde,
— Vocês estão rindo da minha cara, mas realmente sou muito rápida
feito um coque no topo da cabeça, meu olhar foi para a bunda arrebitada
destacada pelo vestido que, para a minha irritação, não era apertado ou
curto. Não podia negar que o vermelho vivo da peça contrastava com a pele
continuou.
— Sério?
pessoas.
— Ele é legal! — Jax moveu os braços para o alto.
— Não mesmo!
— O Homem de Ferro é o melhor! — Jax continuou.
meu pai havia me criado assim. Sabia que o meu carinho não supria
completamente a ausência do pai e da mãe na vida deles, mas eu fazia de
tudo para que eles se sentissem amados, e o amor vinha na forma de beijos,
abraços, conversas e brincadeiras.
— É…
— A Thay vai fazer panqueca! — Spencer disse com empolgação.
gêmeos.
— Não, claro que não.
Merda!
Odiava isso, mas o trabalho tinha sido uma válvula de escape, no
entanto, com o nascimento dos dois, tudo havia mudado. Eles haviam dado
um novo sentido a minha vida que nem sabia que precisava. Trabalhar
excessivamente, agora, não era tão atraente, preferia ficar com eles
brincando e rindo.
— Ah!
— Você tem que ir trabalhar mesmo?
— Ah, não!
— Infelizmente, não tenho como não ir.
Porra!
Será que ela não sabia o quanto era difícil para mim conciliar tudo?
Minha vida não era diferente da que a amiga dela levava antes de
reencontrar Riccardo, então, caralho, porque ela estaria me julgando?
Não era porque havia homens que muitas vezes não cumpriam o seu
papel com os filhos que eu era esse tipo de bosta.
Como se soubesse que eu a encarava, girou o pescoço e nossos
olhares se encontraram.
A raiva passou quando, depois de parecer entender o conflito que
— Eeeee.
— Enquanto isso, vocês têm que ficar quietinhos, brincando no
— Por que…
— Por que não, Edgar? — A voz feminina me cortou.
tocou.
Não precisei checar o visor para saber quem era: Matsumoto.
Eu estava atrasado e ele iria encher meu saco.
Merda!
A ligação caiu, mas voltou a tocar, então não tive dúvidas de quem
era.
Com uma calma que não deveria estar sentindo, enquanto meus
irmãos engatavam uma conversa novamente com a garota e o toque ecoava
pela cozinha, virei-me para pegar a minha caneca de café. Tomei um gole
da bebida forte, sem açúcar, degustando as notas mais amargas do grão
arábico produzido na Etiópia.
Beberiquei mais um pouco do líquido escuro. Excelente!
me massacrando.
Capítulo nove
Suspirei, cansado.
travesseiro.
Tinha uma reunião daqui meia hora, um encontro de negócios para
comparecer mais a noite que se sabe lá que horas iria terminar, além do
trabalho rotineiro. Acariciei minha barba por fazer. No dia seguinte, seria a
mesma correria. Isso que dava pedir ao secretário para encaixar todas as
reuniões possíveis em dois dias, só para poder voltar o mais rápido possível
para casa. Detestava Nova York com todas as forças, mesmo que eu não
tinha pedido a ele para entrar em contato com um dos meus advogados para
— Com quem? — A voz feminina afetada fez com que o meu corpo
ficasse rígido, a cabeça ficando imediatamente mais pesada.
Caralho!
— Hm.
mais.
— Ótimo! — a provoquei.
— Você está sendo injusto comigo, Edgar! Fui uma boa mãe!
— Para quem?
abandona os filhos?
compreensão.
continuou.
— Tá de sacanagem, né?
— Não.
— Estou em apuros…
— Financeiro?
— Bem…
Estalei a língua.
— Mesmo?
— Pare de cinismo.
— Sério?
disposição para gastar, em partes você deve a mim. Eu lutei pra caralho por
você. Não pude pagar uma escola privada, mas eu batalhei demais para
filho da puta, pois por mais que eu quisesse dizer o contrário, não podia.
Quando vovó adoeceu, foi Nicole quem trabalhou pra caramba para
manter a casa, se desdobrando para ajudar meu avô e eu a cuidar dela. Foi
perder vovó e depois meu avô por coração partido me tomou. Foi ela,
No entanto, tudo o que eu sentia era raiva e culpa. Raiva por ela não
lutar pelos meus irmãos da mesma forma que havia lutado por mim... Culpa
por Jax e Spencer não terem o amor dela que um dia eu tive.
Nada.
Tudo.
meninos no visor.
aula? Senti uma espécie de pressentimento ruim me invadir, mas tentei não
quando esse horário não é respeitado, mas como ninguém apareceu até o
momento e já se passou e muito do horário-limite para buscar os dois,
Porra!
A senhorita Collins trabalhava como babá dos gêmeos há quase oito
meses. Tinha que admitir que ela era uma espécie de faz tudo, pois dormia
no meu apartamento enquanto eu estava viajando ou quando estava
Caralho!
Que merda havia acontecido?
— Senhor?
— Vocês tentaram falar com a cuidadora dos meninos?
— Por quê?
— Preciso que você pegue os gêmeos na escola para mim e passe a
noite com eles — pedi, mas quando Nicole não falou nada, insisti: — Por
favor. Preciso de ajuda.
— Eles não têm uma babá?
— Têm, mas algo aconteceu e ela não foi buscar os dois hoje. Não
consigo falar com ela — expliquei.
— E a outra?
— Que outra?
— Pão duro o suficiente para não pagar duas babás? Tsc.
— E então? — insisti,
— Eu não posso ficar à noite com eles. Eu tenho um compromisso.
— Jax e Spencer são seus filhos! Eles são mais importantes do que a
porra de uma festa.
— Foda-se, Nicole!
— Você é meu filho!
— Não mais!
— E o dinheiro?
me senti tão de mãos atadas na vida, minha mente parecia ter dado um
branco enorme. Não sabia o que fazer até que o rosto de uma mulher surgiu
Suspirei.
Sabia que não tinha o direito de pedir que Thais assumisse aquela
pareciam não ter tido nenhum tipo de cuidado e precisavam ser substituídos
com urgência. O cheiro forte de cigarro também parecia impregnado nos
cômodos.
— Entendi — sussurrei.
achar linda, mas o sorriso lascivo e o brilho nos olhos fizeram com que eu
estremecesse.
Não sei por que eu ainda estava ali. Comecei a caminhar em direção
a porta automaticamente.
— Agradeço, Benjamin.
forma. Podemos nos conhecer melhor, sair, dar uns amassos... — Piscou.
estava preocupada.
confessar que estava sendo mais difícil do que eu imaginava. Nada parecia
outras despesas.
Os gêmeos pareciam não se importar com a minha presença na casa
piadas que contava, das histórias que eu inventava... Dia após dia, eu
falantes, mas era impossível não me sentir cativada pela doçura que havia
neles.
algo dentro de mim que eu não sabia dizer o que era. Talvez fosse a pureza
Mesmo que Edgar não dissesse uma única palavra, eu sabia que
estava atrapalhando a rotina deles, tanto que, quando ele chegava do
nessas horas, culpa por estar sendo exigente demais na escolha de um lugar,
com quem iria dividir o espaço. Me sentia culpada até mesmo por ter
encontrado um tempo para fazer minhas tranças box-braids, já que cuidar
pai e parar de ser um peso para Edgar, mas sabia que isso tornava a minha
Suspirei.
Se não era nem capaz de achar um lugar para morar, o que dirá ser
realmente independente?
meu celular. Torci para que fosse a minha melhor amiga, ainda que não
O que ele poderia querer comigo, ainda mais quando ele estava em
Nova York? Nada. Provavelmente foi uma discagem sem querer. Fiquei
— Oi!
— Porra, que bom que atendeu! — Sua voz estava tensa e uma
rodopiou com o tom que ele havia utilizado ao falar a palavra preciso. De
alguma forma, Edgar me fez sentir no meu íntimo que ele realmente
bêbado.
deixando nervosa.
— Sei que não tenho o direito de pedir isso, mas você poderia
buscar os gêmeos na escola e ficar com eles essa noite pra mim?
presença. Se eu fosse honesta, admitiria que eu também não fui muito com
a cara dela. Ela era seca com os dois, muito rigorosa, chata, cheia de
você quiser em troca, Thais, mas, por favor, os leve para casa e fique com
eles. Eu não confio em mais ninguém para fazer isso. Eu só tenho você. —
Conhecendo-os, eles devem estar assustados por ninguém ter ido buscá-los
Meu peito doeu por eles. Uma urgência monstra de sair correndo e ir
ao encontro das duas crianças fofas e sapecas surgiu dentro de mim, mas me
contive.
estação.
como se temesse que eu tivesse falado da boca para fora, mas não me
ofendi.
me ligando!
— Depois resolvemos isso. Fale que já estou a caminho e que em
pontada de alívio.
— E nem precisa, Edgar. Os abraços e os beijos que os dois me
— Certo. Obrigado.
— Nada! — falei, antes de desligar.
Menos de trinta segundos após encerrar a ligação, escutei o som de
abriu um sorriso.
— Sim, sou eu.
diretora da escola.
convulsivamente.
apertaram com força, mas não me importei. Não sabia que eu precisava
— Não precisa ter medo, querido, não mais. Eu estou aqui com
minha conta, mas de uma coisa eu tinha certeza: não entendia como alguém
— Por que ele não veio pra levar a gente pra casa? — Spencer
perguntou.
— Eu falei isso para ele — Jax falou com uma bravata que eu sabia
ser falsa, já que recomeçou a chorar.
mais perto, seu mano me pediu para vir buscar vocês. Eu devo servir, não é?
deles.
de pé. — Vamos dar tchau para a moça que ficou com vocês?
— Tá!
ombros.
— Obrigada por ficar com eles — falei para a funcionária, que tinha
irá acontecer mais — falei, mesmo que eu não pudesse garantir algo do
tipo.
Ela abriu um sorriso complacente.
Vamos?
— Sim!
indo para casa, querido. Ele me pediu para informar. — Digitei rapidamente
— Uhum…
— De quê?
eu poderia cumprir.
falei.
— Tá!
meu aparelho, como se nós três estivéssemos fazendo uma selfie, para que
o rosto dele me invadiu. Dei graças por Edgar estar do outro lado da tela e a
imprudente, algo que ele não desejaria. Edgar com certeza não queria minha
compaixão e não compartilharia o peso que ele sentia nesse exato momento
comigo.
— Não muito.
— Pepperoni?
— Não precisa se preocupar com isso, Edgar.
— Pepperoni? — Insistiu, arqueando a sobrancelha de forma
arrogante.
alugo um jato.
— Tá bom! A gente vai ter que ir pra escola amanhã? — Spencer
perguntou.
— Conversaremos sobre isso depois, okay?
que estava muito irritado com a babá quando os meninos citaram que não
queriam mais ficar com a mulher.
— O mano vai lidar com a situação da melhor forma possível,
ferinhas — disse por fim, em um tom calmo, que parecia bem contrário ao
— Obedeçam a Thais.
— Tá bom! — prometeram.
que tivesse acontecido algo grave, ela deveria ter avisado a Edgar para
tomar as providências necessárias. Deus! Ela era a responsável por Jax e
— É! — Spencer gritou.
Suspirei profundamente, sem saber o que dizer.
— Meninos?
Jax fez que não com a cabeça e Spencer se encolheu.
— Okay… Spencer?
— Ela só briga! — Jax tomou a frente.
— Entendi.
Tentei disfarçar a minha preocupação, dando um sorriso para eles.
Mesmo só ameaçar bater já era algo grave e duvidava muito que Edgar
gostaria de saber disso. Resolvi não insistir no assunto. Tentaria voltar ao
desgrudar de mim, achando que eu iria desaparecer nesse meio tempo. Foi
só a promessa de que eu ficaria esperando do lado de fora do banheiro e que
depois iríamos comer uma boa pizza, que os convenceu a entrar no chuveiro
e deixarem de ser os porquinhos que Edgar dizia que eles eram.
Capítulo doze
perguntas.
Tomei uma liberdade que talvez eu não devesse, que o irmão deles
poderia vir a achar ruim, mas quando eles me pediram para dormir no meu
quarto, não consegui dizer não. Também não pude evitar subir no colchão
junto com eles e abraçá-los, recebendo beijinhos no rosto que sem dúvidas
eram a minha maior recompensa. Não tinha como negar que eu me sentia
uma das enormes janelas, quando escutei saltos altos batendo contra o piso
achava que ele não tinha uma. Ou será que tinha? Se tinha mesmo, por que
ela não foi buscar os gêmeos na escola? Por que nunca tinha aparecido
nesse tempo todo que estou por aqui e nem foi na festa de casamento do
melhor amigo dele? Não sei exatamente por que, mas a perspectiva de ele
Tola!
como se tivesse saído de uma balada. Bom, pelo menos, eu achava. Vai lá
olhos —, ainda.
Balancei a cabeça.
— Onde você estava que não foi buscar os gêmeos, Lilly? Por que
— Grande coisa!
Mantive meu tom calmo. — Você poderia ter me pedido, que eu te faria
esse favor.
atenção.
saberia disso.
uma ralé que nem deveria estar aqui, muito menos interferindo na rotina
deles… é um ato de caridade de Edgar. Por quê? Não tenho a mínima ideia.
— Sobre amor e carinho, não sou paga para isso. Aqueles fedelhos
mãe deles, e mesmo que fosse, iria querer distância. Eles são sufocantes,
bagunceiros e mimados ao extremo.
Meus olhos se arregalaram com o choque. Cerrei minhas mãos em
punhos com a raiva que me tomou. Nunca tive tanta vontade de voar no
pescoço de alguém como eu tinha agora, mas duvidava que Edgar acharia
senhorita Lilly.
cheio de ódio misturado com outros sentimentos que eu não sabia bem
definir.
— Por que não continua a falar das virtudes dos meus irmãos na
minha frente, senhorita Lilly, ou só tem coragem de falar o que pensa para a
Ato de caridade?
Porra!
Thais havia sido a minha salvação. Ela poderia ter virado as costas
para o meu problema, mas a garota me estendeu a mão e acolheu os meus
irmãos.
rostos, parecendo bem animados, foi um alívio fodido. Não que o peso de
não estar ali com eles tivesse saído completamente dos meus ombros, eu
havia me questionado cada segundo dentro do voo, mas consegui me
Agora, frente a frente com aquela desgraçada que cuidava dos meus
massacrando.
— Já que sua bravata morreu, peço que você se retire da minha casa,
senhorita Lilly. A senhorita não trabalha mais para mim nem para os meus
irmãos. — Senti um amargor forte na minha boca ao proferir essas palavras
não foi buscar os meus irmãos na escola e nem atendeu a porra dos meus
telefonemas, mas depois de saber o que pensa deles, não me interessa mais.
— Fiz uma pausa. — É uma tola ao achar que irei perder meu tempo
senhorita foi muito clara em sua descrição! Carentes! Chatos! Porra, eles
— Eu estou bêbada! É claro que eu gosto dos dois! Eles são uns
idade!
absolutamente não é.
falou baixinho.
— O quê? — Encarei Thais sem acreditar naquilo que meus ouvidos
Porra!
— O que você sabe sobre educar uma criança? Nada. Você está
tempo todo.
Uma leoa.
Em meio a raiva que sentia, uma outra emoção forte pareceu querer
Porra!
Muito linda!
— Vá! — continuou.
retirar.
— Seu filho da puta!
Arqueei a sobrancelha.
outro.
— Por favor, Edgar! É o meu sustento! — Lágrimas surgiram nos
olhos dela.
resto de sua vida de ter falado dos meus irmãos dessa forma.
— Edgar…
Providenciarei para que seus objetos pessoais que estão no quarto lhe sejam
entregues.
o mal-entendido.
seguranças para você. — Thais foi firme e na expressão dela ficou mais do
que claro que a garota poderia muito bem remover Lilly de lá ela mesma.
Vi raiva cintilar nos olhos da babá e imaginei que ela faria um circo
por causa do jeito de Thais tratá-la. Não disse nada, apenas passou por mim
como se estivesse possuída por um demônio. Porra! Ela era o próprio
demônio.
parecendo se certificar que ela iria mesmo embora, voltando a ser a leoa
Os meus filhotes.
Outra vez, meu peito foi tomado por uma sensação estranha que
som.
— Pensei que ela não iria sair… — A garota parou de falar e andar
mim.
Era a primeira vez que Thais mostrava abertamente uma espécie de
desejo por mim e, porra, eu estava a ponto de perder a sanidade.
O brilho nos olhos castanhos, o entreabrir dos lábios, convidando-
me sem dizer uma palavra a prová-los com os meus, os seios pequenos
subindo e descendo em uma cadência acelerada fizeram com que meu pênis
começasse a crescer.
tecido da minha calça ao ver os bicos dos seios dela ficarem duros. Um
desejo insano de tomar as pequenas protuberâncias com meus lábios e sugá-
las me invadiu, bem como a vontade de deixar minha marca sobre elas.
Lutei para não me mover, para não ceder à tentação de ir até ela e aplacar o
fogo que me consumia, mas algo fez Thais dar um passo para trás e abaixar
o olhar.
A desgraça da vergonha.
— Preciso de um whisky — murmurei.
Passando a mão pela minha barba, ignorando meu pau, que latejava,
caminhei até o armário alto onde ficavam minhas bebidas, pegando uma
garrafa.
— Quer? — perguntei.
— Tome — falei.
Nossos dedos se roçaram e os olhares se encontraram. Mesmo que
tenha sido algo breve, o prazer que senti foi avassalador, roubando o fôlego.
Foi minha vez de ficar atordoado e recuar. Vi uma pontada de
brincar para disfarçar a tensão. Levantou o copo num brinde e foi se sentar
no banco alto.
— É!
Deu um sorriso divertido, antes de levar o copo aos lábios cheios e
convidativos, bebericando o líquido dourado. Diferente do que pensei, não
Bebi um gole mais longo do que o dela, ela pousou o copo sobre o
tampo do balcão.
para a memória.
Thais olhou para mim e eu senti como se ela pudesse ler a minha
achando que o trabalho dela era excelente, apesar de ela ser um pouco fria
com eles.
Não falou nada, e nem precisava. Continuei meu desabafo:
ameaçava bater neles, algo que eu abomino pra caralho! Inferno! — Bati
meu punho com força sobre o tampo, machucando a minha mão, que
latejou. — Seria preciso ela realmente ter batido neles para eu ter enxergado
o que estava acontecendo?
deveria ter colocado câmeras para vigiá-la. Que porra de irmão eu sou que
não conversou nunca com eles para perguntar o que achavam dela, se estava
tudo bem?
— Não é tão simples assim, Edgar…
Por mais que eu tente, eu falho com eles todo maldito dia! Falho em tudo,
caralho!
— Claro que não, Edgar! — Sua voz soou bastante alta, mas ela se
controlou, adotando um tom mais suave. — Você pode ter errado algumas
vezes, como qualquer ser humano, mas olhe bem para eles, são meninos
adoráveis, muito educados, amigáveis. Você é um irmão presente, paciente
e amoroso. Você mais acerta do que erra. Só não consegue ver isso agora
por estar aborrecido com tudo que aconteceu.
currículo impecável que ela tinha, por ela ter traído sua confiança. Irritado
por ter ouvido coisas horríveis sobre seus meninos. Você está assim porque
— O quê?
— Que tinha uma festa para ir com o desgraçado do amante, que só
ela não vê que a usa.
— Sinto muito.
— Só queria que ela fizesse o papel dela… Eu não sei mais o que
fazer…
Percebendo que estava falando demais, virei todo o líquido goela
abaixo, sentindo as lágrimas se formarem em meus olhos com a queimação.
Caralho!
admirável, ainda mais por ela ter dito que nunca tinha experimentado
whisky antes.
Thais era pequena, mas era forte.
Generosa.
Doce.
Carinhosa.
Parei minha reflexão quando senti uma mão pousar sobre o meu
ombro nu e fechei os olhos para apreciar melhor o calor de pele contra pele,
frente de tudo, tomar todas as decisões, mas, como disse uma vez para a Ju,
você não está sozinho. Posso ajudar sempre que precisar, como hoje.
Virei-me na direção dela e olhei dentro dos olhos castanhos
brilhantes, e o que vi me deixou trêmulo.
Vi companheirismo, um companheirismo que tinha uma natureza
bem diferente daquele que eu tinha com Riccardo, mas que poderia vir a se
tornar tão profundo quanto, forte, que poderia extrapolar limites. Era algo
intangível.
Um desejo estranho se apossou de mim, uma ânsia de aprofundar
aquele vínculo. Um querer insano de tomar aquele apoio emocional que ela
oferecia. De compartilhar com ela aquela carga que carregava.
Como amiga.
Como mulher.
Como companheira.
Porra!
Companheira?
Mulher?
Caralho!
— Edgar — murmurou o meu nome, o hálito quente me tocando, e
me senti afundar ainda mais naquele querer.
— Quantas vezes já disse que não é nenhum incômodo ter você
aqui? — sussurrei.
— Eu sou seu ato de caridade.
Senti raiva ao ouvi-la repetindo as palavras da babá.
— Eu que fui seu ato de caridade hoje, Thais. — Deslizei meu dedo
— Okay.
— Eu que preciso te agradecer pelo que fez por nós hoje.
— Você já disse isso mil vezes! — Revirou os olhos daquela forma
cômica dela, e eu me peguei sorrindo.
metafísico.
Eu deslizava meus lábios pelos dela, sem pressa, escutando os
pequenos estalos provocados com o encontro das bocas, me deixando levar
pelo desejo, ouvindo os sons suaves que escapavam da sua garganta.
não tinha pudor em explorar cada músculo do meu tronco, mas logo Thais
encontrou uma brecha por entre os meus lábios e a sua língua invadiu a
minha boca.
No início, os movimentos eram hesitantes, como se não tivesse
certeza de que me beijar era o certo, mas, assim como as mãos, logo ela se
pela nuca.
Um arfar baixo escapou pela garganta dela, o que me levou ao
extremo do prazer. Meus lábios e língua se tornaram mais urgentes,
devorando a boca macia que me retribuía com a mesma fome e ânsia.
Thais não queria pegar, não o homem que ela havia acabado de beijar e
excitar com tanta vontade.
— Mano! — Jaxon deu um gritinho e eu me virei, vendo ele correr
na minha direção.
— Oi, ferinha. — Inclinei-me para pegá-lo no colo.
Ignorei Batata, que também queria a minha atenção. Como ele não
conseguiu nenhuma carícia minha, com um latido, trotou em direção a
Thais buscando um chamego.
— Como você está? — Deixei um beijo no rosto redondo do meu
irmãozinho.
— Bem! — Coçou os olhos.
— O que está fazendo acordado a essa hora, Jax?
— A Thay sumiu! Vim procurá ela — falou com a sua vozinha
infantil.
Franzi o cenho, confuso.
— Ela está bem na nossa frente.
O menininho balançou a cabeça em negativa.
— Não?
Olhei na direção onde a mulher estava, como se eu precisasse da
confirmação de que eu não estava delirando e o beijo não tinha passado de
um sonho.
pesadelos ou por não conseguirem dormir, mas fiquei surpreso por Thais
concordar com o pedido deles, abrindo mão da sua privacidade por eles,
algo que, agora que pensava, duvidava que a senhorita Lilly poderia ter
feito algum dia pelos meus irmãos, se é que alguma vez ela consolou-os. A
Fez um biquinho.
— Sou pequena, mas forte — a jovem falou, me dando um sorriso
antes de esticar os braços novamente.
Meu irmão não hesitou em passar para o colo dela, que o pegou com
Agora que ela tinha falado, senti a fome apertar o meu estômago,
consequência das várias horas sem comer.
— Tem pizza na geladeira. Na verdade, muita pizza, já que um certo
alguém exagerou no pedido. — Revirou os olhos para mim e eu sorri. — É
só esquentar.
brincadeira.
— Por quê? — Foi maliciosa.
— Não quero escutar a ladainha dele pelo resto da minha vida sobre
o pecado que é comer pizza fria! — Passei a minha mão na nuca.
Ela deu uma risada que arrepiou os pelos da minha nuca. Eu quis
voltar a ter os lábios generosos contra os meus, dessa vez só desgrudando
nossas bocas quando ela explodisse em um orgasmo forte.
— Thay? — Jax choramingou, querendo ir para o quarto.
curvaram em um sorriso.
— Boa sorte! — Pisquei de um olho só para ela.
Rindo outra vez do meu comentário, mandou um beijinho no ar para
mim.
mesma cama todos os dias e deixa os dois filhos dormirem com a gente
após um pesadelo.
Capítulo quatorze
o meu estômago, ainda mais quando ele era tão bacana. Mesmo estando
bastante ocupado com o trabalho acumulado por conta da lua de mel,
em forma de apoio.
quando vi no semblante dela a mágoa, que ela não escondeu e deixou clara
— E é por isso que eu sei que você irá perdoar a minha omissão,
querida.
— Convencida!
d’água.
— Eu que quero chorar, Thay. — A voz dela estava embargada. —
Por que você é sempre tão generosa comigo, até mesmo quando está
sofrendo?
minha bochecha.
Não me surpreendeu quando Ju começou a chorar também.
— Seu pai foi tão covarde! Estou com tanta raiva dele! —
— É verdade, amiga.
sua festa. Nem sei como ele não fez... E pensando bem, eu odiaria ver meu
pai machucado... — Estremeci. Ainda bem que não tinha passado disso, de
uma possibilidade.
sofria por mim. — Sinto tanto. Deus, eu também sinto muito pela violência
emocional que você sofreu, com ele te proibindo de pegar as suas coisas.
importância do ocorrido.
Ainda estou à procura de um lugar para alugar. São quase quinze dias
morando de favor.
Revirou os olhos.
— Você vai poder encontrar um lugar legal, sem ter que dividir com
ninguém.
— Meu trabalho não vale mais do que você já paga, Ju. Já disse que
é muito!
— Não, amiga. Não é porque tem muito dinheiro agora que precisa
fazer isso.
Bufou.
— Você é ridícula!
daquela bobeira.
Gargalhei até sentir lágrimas surgindo nos meus olhos e minha
barriga doer.
olhos.
— O quê?
demitiu a babá deles, isso me faz sentir menos um peso morto dentro da
casa dele.
— Edgar disse alguma coisa que te fez sentir assim, como um peso
encontrasse.
— Não! — respondi rápido e alto demais.
apaixonada.
Ela…?
— Achei que era coisa criada pelo meu pai até que… — Me calei
Merda!
Quando minha língua adentrou a boca dele, pensei que Edgar iria me
rechaçar pela minha inexperiência, mas ele apenas se entregou ao beijo, me
dando mais confiança para continuar até que ele tomasse o controle.
Queria muito ser beijada por ele outra vez, ter aqueles olhos
mim, escutar os sons baixinhos que ele emitia enquanto minhas mãos
tom malicioso.
Eu devo ter feito algum som que revelou demais.
Merda!
— Tínhamos bebido um pouco — me justifiquei.
— Você? Deus!
Começou a rir da minha cara e eu fiz um bico enorme.
— Sim, eu bebi whisky pela primeira vez. Pouco, mas bebi, talvez o
suficiente para ficar bêbada.
ter ido buscar os gêmeos na escola — comecei a contar para Juliana, ciente
de que cedo ou tarde ela saberia através de Riccardo.
— Que cachorra! — rosnou.
você sentiu.
— É…
— Hey!
— Safada! E você dizendo que nunca iria ser beijada antes dos trinta
que era apenas para me provocar. Minha amiga só tinha olhos para o
italiano dela.
— Mesmo?
— Não se faça de sonsa, Thais! — resmungou.
— O que você quer que eu diga?
— Que admita!
— Humm…
— E por alguma razão estranha, ele me desejou naquela noite.
— E existe nível?
— Claro que sim — retruquei.
— Eu não sou idiota, amiga. Por mais romântica que eu seja, que
sonhe com o meu príncipe encantado, sei que o meu conto de fadas não
envolve um milionário bonitão que irá me levar para um castelo, como o
seu marido fez. O beijo foi só algo movido por vulnerabilidade e gratidão
mútua.
que ele vá querer assistir comédias românticas comigo, e isso eu não abro
mão — disse em tom de confidência e pisquei um olho para ela.
Começamos a rir. Também não consegui me controlar ao imaginar
Edgar assistindo um filme brega comigo. Não duvidava que soltaria uma
enxurrada de palavrões irritados.
pátio, que era cheio de árvores altas que circundavam a piscina que mais
parecia um espelho, o interior que era um contraste entre o rústico, o
— Sim, mas tenho certeza que você ficaria louca pela piscina
interna…
Mesmo que estivesse superfeliz por eles, pela família linda que
minha amiga havia conquistado, não pude negar que sentia uma pontinha de
inveja pelos inúmeros lugares na Toscana que ela conheceu. Nunca havia
saído de Washington e tinha tantos lugares que queria conhecer, como a
— Oi?
— Seu telefone está tocando.
— Ah!
— Tá!
Abri minha bolsa para pegar o meu aparelho e meu coração disparou
Edgar:
Oi
Eu:
Não, estou na casa da Ju
Pq? 🙃
Edgar:
Estou em uma reunião que não tem hora para acabar e não posso
sair. Busca os gêmeos e fica com eles para mim?
Eu:
Claro 😀😀
Edgar:
Eu:
Nada 😀😀
Boa reunião
Edgar:
Até mais tarde, Thay.
Eu:
Até
Edgar:
😘��
Fiquei encarando a tela do meu celular, atônita demais.
— Eu estava sorrindo?
— Ainda está! — Arqueou a sobrancelha para mim.
Tentei me aprumar.
— Edgar me pediu para buscar os meninos na escola — fiz uma
— Sim, e eu fico feliz por Edgar confiar em você para cuidar deles
enquanto ele está ocupado, em reuniões e viagens.
— Não vou deixar de trabalhar para você, Ju!
— Será?
um sobre o outro, minha mãe me ligou várias vezes através de números pré-
meus irmãos quando disse que passaria a noite no escritório e não com eles,
me azedou.
atenção.
— Essa porra pode esperar — grunhi, desistindo de tentar me
Tinha sido perda de tempo vir até aqui quando o meu coração queria
outra coisa.
— Que se foda!
Continuava a falar comigo mesmo quando a notificação de
eu apenas ignorei e fechei meu notebook. Até mesmo iria fingir que a
minha direção.
atrás do móvel.
percepção dele sobre as coisas, mas também a minha. Passei a ver que meu
confortáveis.
solo.
consumiu todo o meu tempo, você sabe disso. — Nem sei por que estava
tentando me justificar.
— Sei.
relatórios e em reuniões quanto eu. No seu tempo livre, duvido que você
iria querer ficar de tititi comigo quando poderia estar com o seu filho ou
— Tem razão nisso, Edgar, realmente meu tempo foi bem gasto…
Senti meu corpo ficar rígido e a dor nos ombros e pescoço retornou.
— Caralho! Por que ela foi contar isso para a sua mulher? — rosnei.
a fúria que me consumia naquele momento. A garota era tola a esse ponto?
— Você pode ser o meu melhor amigo, Edgar, mas não vou permitir
que use esse tom desdenhoso ao falar da minha mulher!
Por mais que nós dois nos amássemos como irmãos, Riccardo nunca
Eu tinha certeza que se tivesse uma esposa teria feito a mesma coisa,
ou até pior, partiria para agressão. Não era eu quem queria surrar o pai de
olhos dele.
chegado da lua de mel, então ela me contou tudo o que você estava
escondendo de mim.
Caralho!
fria em mim.
— Entendo.
— Fui parte do problema dela com o pai, meu nome foi envolvido.
como você disse, ela é amiga da sua mulher. O que você esperaria que eu
pagar um quarto de hotel decente, mas ela é cabeça dura demais, sabia que
não ia aceitar.
sensação.
— Não pude mandar Thais embora, porque ela ainda está
forma sucinta tudo o que havia acontecido nos últimos dias. Vi várias
emoções passarem pelo rosto do meu melhor amigo, e percebi que ele me
entendia, principalmente o quanto me sentia vulnerável quando eu estava
melhor amigo.
— Porra! Tenho medo de cometer o mesmo erro ao buscar outra
babá. Tenho medo de descobrir que coloquei outra filha da puta dentro da
minha própria casa — falei algo que nunca tinha dito em voz alta, algo que
pauzinhos, mas eu sabia que não podia brincar com o destino dela.
Washington era um estado grande, a América, um país enorme.
— Eu confio em Thais e… — Calei-me, dando-me conta de que já
estava falando demais.
— E? — pressionou-me.
— Caralho, Riccardo! — rugi. — Não sou nenhum idiota! Vejo o
O ódio que senti do meu melhor amigo por ele ter razão fez com que
o meu maxilar trincasse.
— Eu estava vulnerável…
— Pessoas vulneráveis não saem beijando outras pessoas por aí,
Edgar.
sequer, por mais que eu tentasse apagar da minha mente, e mesmo depois de
tantos dias, eu podia jurar que conseguia sentir o sabor dela misturado ao do
whisky.
Toda vez que eu olhava para Thais, o desejo de voltar a sentir a
maciez dos lábios dela contra os meus, de agarrar o corpo gostoso, de tocá-
la, de deixá-la mole em meus braços, sedenta, me incendiava.
Eu queria mais beijos.
Eu mentia, mentia dia após dia para mim mesmo sobre o que sentia,
assim como quando tentava colocar na minha maldita cabeça que eu não
De muitas coisas.
— De não jogar videogame com os ferinhas hoje — imprimi um
tom de diversão na minha voz, mesmo que eu não me sentisse tão leve para
isso.
Na verdade, eu tinha medo dele descobrir que…
— Eu sei me cuidar.
Ele assentiu e girou a cadeira para dar as costas para mim. Fiquei
estacado no lugar.
— Claro!
— Certo… — ficou me encarando uns instantes, parecendo mais
— Não pretendo ficar pagando Thais para ser a babá dos seus
irmãos…
babá, então o mínimo que você pode fazer é pagar o salário dela e acertar as
horas extras que ela não é obrigada a fazer…
— Claro. Discutirei o assunto com Thais, ver se ela quer trabalhar
para mim… — minha voz soou firme, mas meu estômago embrulhava.
Porra!
O que eu faria se Thais não aceitasse o emprego e fosse embora,
levando com ela o carinho que dispensava aos meus irmãos?
Mesmo que eu fosse gastar uma boa soma de dinheiro, eu moveria
serviços de Thais.
Riccardo me olhou com uma expressão divertida.
— Boa sorte em tentar convencer a garota que cuidar de Jaxon,
Spencer e Batata vale muito mais com isso.
dizer que não estava acostumado a ser recebido por uma grande festa
comandada por Batata, que sabia que eu estava me aproximando pelo meu
cheiro, mas minha mordomia parecia que cada vez mais, chegava ao fim.
coberto, mas gostava de ficar sem camisa e acabei não abrindo mão do meu
hábito. Tinha o direito de me pôr confortável na minha própria casa, não era
para me exibir para a garota, querendo ver a luxúria nos olhos dela outra
Grunhi, sabendo que era mais uma das inúmeras mentiras que
ter ficado parado no escritório por longos minutos quando meu amigo saiu,
decidi que não perderia mais meu tempo me martirizando com isso.
a senhorita Lilly.
Com ela, não havia risadas nem muita conversa, apenas silêncio, um
Outra vez senti culpa me tomando, mas não tive tempo de deixá-la crescer
dentro de mim, já que, alertado pelos meus passos, Batata correu na minha
— Mano! — gritaram.
traseira do cachorro que se jogava contra mim, a língua para fora pela
excitação.
— É, mano, no computador.
contribuição.
mas, sim, trigêmeos, ainda que um deles tivesse bastante pelos e quatro
patas.
— Decidi que tenho coisa melhor pra fazer do que ficar o dia inteiro
erguendo.
— É? — Deram um sorrisinho esperançoso.
— Sim!
que havia feito a escolha certa. Logo uma risada feminina se juntou a dos
meus irmãos e meus olhos foram atraídos na direção dela.
baixei o olhar para a blusinha de alcinha fina, que poderia não ser cavada,
mas era colada ao corpo, deixando-me ver toda a curva dos seios delicados
e empinados.
Porra de lindos.
no bico daquele peito por cima da blusa, impregnou minha mente. Encarei
dando aquele sorrisinho manipulador que faria com que eu não conseguisse
minha direção.
concordando.
tudo era uma diversão enorme para Batata, ele começou a latir, cheirar e
Olhei para a garota e vi que ela fazia aquele biquinho injuriado que
era a minha maior desgraça. A mulher não sabia o quão sexy ela ficava e o
— Whoopie Pies! — Antes que ela pudesse abrir a boca, Jax gritou,
entusiasmado.
— Só que com confeitos! — Spencer demonstrou a mesma alegria
coletiva.
— Gosto de confeitos.
Olhei bem para ela. Era como se ela soubesse que estava tendo
acho que vou jogar videogame com vocês e deixar o doce para lá.
— Ah, não, Thay! — Jax bateu os pés enquanto Spencer cruzava os
braços.
— A culpa não é dela se vocês prometeram ajudar e não vão
peitoral.
Durou poucos segundos, já que meus irmãos exigiam a atenção dela
eletrizado.
Traguei o ar com força.
Não quis nem pensar no que o toque dela seria capaz de produzir em
mim se apenas o mero olhar dela já fazia um estrago.
Só o fato de não estarmos a sós impediu do meu pau reagir a Thais.
Porra!
dela e eu achei que deveria estar louco por achar aquele gesto bonitinho.
— Se não estiver no armário em que guardamos o liquidificador,
não temos. — Dei de ombros.
sofá.
— Me desculpe — murmurou, parecendo envergonhada.
bastante frequente quando passei a ficar mais tempo na rua, quando enchia
a cara... Na verdade, não havia uma razão específica, eu apenas falava e era
parecia decepcionado.
— Me deixe só lavar as mãos, meninos. Vai ser bom exercitar um
minha força.
Os três riram e eu dei um sorriso meio abobado.
processou, porque fiquei preso ao pronome “meus”, por mais que fosse uma
brincadeira.
parecia crescer dentro de mim, junto à admiração que tinha pela mulher.
Thais era fodidamente doce, talvez mais doce que as tortinhas que iríamos
preparar.
risadinha divertida.
Meus lábios se curvaram para cima.
— Quanto?
— 100 gramas de manteiga e duzentos e cinquenta gramas de
açúcar.
— Tá! — Balancei a cabeça em concordância, pegando o medidor
que estava próximo a ela. — Quem vai me ajudar?
— Eu! — Falaram ao mesmo tempo os dois, se aproximando de
mim.
Empolgados, os meninos me encheram de perguntas quando, com a
mesma paciência de Thais, fui mostrando aos meus irmãos as medidas dos
ingredientes, deixando que eles se divertissem ao misturar tudo na tigela.
Era a primeira vez que cozinhava com eles. Nunca imaginei que
fosse algo tão prazeroso para mim, prazer que ela também parecia
Dessa vez, fui mais rápido que o tapinha dela, conseguindo pegar
um punhado de confeitos, e levei a boca todos eles. Enquanto mastigava,
escutei um bufar em meio às gargalhadas dos meus irmãos.
— Você vai acabar com todo pacote! — falou, por fim, me fuzilando
com os olhos.
— O que posso fazer se está gostoso? — Dei de ombros.
Thais segurou a minha mão, me impedindo de pegar mais um
pouco. Vários choques me percorreram por ter pele contra pele, o contato
sendo pólvora para o meu desejo. A delicadeza da mão dela, que era
neutra, e eu tive a certeza de que Thais não era imune ao meu toque.
— Que má! — Estalei a língua para ela, tentando brincar, me
controlando para não imaginar como seria a reação da garota diante das
minhas carícias. — Vai me deixar sem confeitos?
— Vou! Você pode comprar mais depois!
— Sim, mano?
Eles ficaram retos, como se esperassem uma ordem.
— Eu seguro e vocês pegam?
Eles deram um sorriso sapeca, assentindo.
aproximei dela e, sem deixar que ela reagisse, passei um braço em torno da
cintura delgada e a tirei do chão sem nenhum esforço, já que ela era bem
levinha.
— Me põe no chão, Edgar!
— Tá! — gritaram.
— Você vai correr atrás de nós? — perguntei.
Ela não respondeu.
Acabei emitindo um impropério quando ela estremeceu com o meu
— Mesmo?
Ele girou o pescoço para me fitar e eu olhei para sua boca suja de
whoopie pie, que o garotinho havia devorado, e acabei sorrindo para ele.
pediu.
manter acordado.
— Muito! — Jax concordou, rindo também.
careta.
mesmo tempo.
corpo não parecia entender dessa forma. Por mais que eu quisesse esquecer
ter tido aquele braço forte me envolvendo para me suspender, por sentir a
mim.
— Vamos apostar?
ainda mais da minha cara e, Batata que até então estava quieto, tirando a
Merda!
rapidamente, fiz o comando de direcional para baixo mais o x para dar uma
vida.
Gargalhei.
vergonha.
desprevenida, me deu um golpe. Não foi uma surpresa eu ter perdido depois
— Você que foi injusto! — Outra vez mostrei a língua para ele, que
Edgar parecia sentir dor, que ele mascarou com um sorriso que não
tom divertido que me soou bastante falso. — Tenho certeza que da próxima
irei ganhar.
Emitiram um muxoxo.
tentou apaziguá-los.
têmpora.
Ele murmurou uma resposta, já cedendo ao sono. Continuei a
Não tive tempo de desejar boa noite a ele, já que o menino havia
dormido.
coração.
Capítulo dezoito
inexistente, já que os três haviam quase acabado com o pote, fez com que
eu emitisse um suspiro de deleite.
ficar calada.
Thais. Riccardo comeria até pedra se Juliana desse para ele comer.
doce. — Posso?
mal-educado.
— Que bom que gostou!
Sem pensar, peguei a almofada que estava sobre o sofá e taquei nele.
Edgar gargalhou, pois era óbvio que meu ataque não faria nenhum
efeito. Fiz uma carranca, que não consegui manter por muito tempo, já que
Edgar me cortou ao meio com as perguntas dele, mas tentei ser mais
racional do que emotiva.
— Posso continuar a te ajudar a cuidar deles enquanto não encontra
outra pessoa, Edgar. — Fiz uma pausa, tomando coragem para perguntar, já
assim?
— O que você quer que eu diga? — Olhou para frente, como se não
— Eu não pude…
Silêncio.
— Porra! Não confio em mim mesmo para escolher outra pessoa —
Foi impossível não sentir uma onda de compaixão por ele e, antes
que me desse conta, coloquei minha mão sobre o ombro dele onde tinha a
do homem.
dele irradiou pelo meu corpo, me fazendo entrar em uma espiral forte de
sensações, que ficou mais forte quando ele girou o pescoço para me olhar.
Me obriguei a continuar a tocá-lo, por mais que não me parecesse ser algo
— Quem garante?
— Então?
— Não seja tão duro consigo mesmo, Edgar! — resmunguei.
corpo dele.
— Sim, mas…
— Caralho! É tão ruim assim trabalhar para mim e ficar com os
meus irmãos? — Soou ressentido e eu quis gritar com ele mais alto do que
um vendedor de peixe.
— Você está me ofendendo! Essa é a sua tática para conseguir as
quando ela foi dita em um tom ainda mais desesperado do que da última
vez. Ou talvez fosse o fato de Edgar estar sentado bem perto de mim, me
olhando como se eu fosse a sua única salvação.
som forte.
mesmo que meu cérebro quisesse, meu coração não tinha forças para negar.
Juliana que não poderei cuidar de Lucca todos os dias como venho fazendo.
meu melhor amigo. Problema? O caralho que isso será um problema. Lucca
Estava feliz por Ju, por ela não estar mais sozinha para cuidar do
nos olhos dele, que de novo não soube definir o que era, só sabia que era
intenso, que deixava todo o meu interior mais esticado do que a corda de
uma harpa.
e quis ser engolida pelo sofá quando notei que ele passou a me encarar com
— Que coisas?
Senti minha boca subitamente seca e quase que umedeci os meus
Pigarreei.
— Salário, funções... — Fez uma pausa, voltando a se aprumar,
— Sei que tenho abusado muito da sua boa vontade, Edgar, mas,
assim que me mudar, só dormirei aqui quando for necessário.
carranca.
— Sério?
— Sério.
— Que porra!
— falei suavemente.
— Obrigada por dizer isso, mas sabemos que, mesmo sem querer,
— É.
— Merda!
ponto que eu queria tocar. — Para eles, é fácil gostar, porque eu brinco com
eles, converso, dou beijos e abraços. Mas e você? Você pode me dizer com
— Amizade? — Sorri.
— Foi ácido.
divertido.
banheira, Edgar.
que apesar de ser bonito, era uma bomba ambulante, era a minha
sexualidade sempre reprimida pelo meu pai, mas esse argumento não era
estará aqui.
— Não me parece ser um argumento tão bom assim, Edgar… —
informação? Minha mente não sabia, mas meu coração, idiota e romântico,
ficou contente em saber que Edgar não me detestava e nem me achava uma
entalado.
— Precisavam do que Edgar? — sussurrei, surpresa por eu ter
aberto a boca, ciente de que eu fazia pressão sobre ele.
Algo faiscou em seus olhos, mas mais uma vez não pude definir se
era algo bom ou ruim.
— Entendo…
Meu coração bateu com mais força enquanto meu cérebro tentava
Não.
Pensar sequer por um momento que eu poderia fazer o papel da
figura materna para os gêmeos era algo fantasioso demais. Eu não tinha
aquele direito. Seria a babá, uma amiga dos dois, mas desejar suprir aquela
ausência emocional dos menininhos por afeto materno eu sabia que era ir
longe demais.
— É muito fácil gostar deles — completei, dando um sorriso,
meu rosto.
Edgar me encarou de uma forma estranha, porém não disse nada.
Nem sei se ele entenderia o que se passava comigo.
como…
— Não está dando certo até agora? — O cenho se franziu.
— Sim, mas…
— Caralho! — Me interrompeu, voltando a ser o Edgar explosivo
— Okay!
— Isso é um sim?
Suspirei, resignada.
Sabia que deveria ser mais firme, que não deveria aceitar aquela
Eu podia não ter o direito de assumir o papel de mãe para eles, mas
confesso que gostava daqueles momentos com os dois, com Batata e Edgar.
Por mais que isso não fosse o que imaginava fazer quando saísse da casa do
meu pai, pensei que iria curtir baladas, festas, sair e fazer amigas, estender
mais um pouco aquele tempinho com eles seria bom, muito bom. Na
verdade, as outras coisas não pareciam tão divertidas quanto ganhar abraços
e beijinhos dos dois. E não era porque eu moraria ali que eu não poderia
sair no meu tempo livre.
— Sim, Edgar.
— Excelente! — Sorriu de forma arrogante e eu revirei os olhos
Ele fez uma cara de desgosto para mim e eu quis rir dele.
Deus! Aquele homem era terrível.
pressão forte que deixou meus pelos eriçados e fez meu sexo latejar com
desejo, ânsia que se tornou maior quando ele aproximou o meu rosto do
— Para quem?
— Eu…
Muito.
Odiava o fato de ela se rebaixar tanto, mas isso não me impedia de
beijá-la. Acho que nada nessa porra de mundo me impediria. Exceto Thais.
Por mais que minha vontade fosse de enfiar minha língua em sua
boca e beijá-la furiosamente, despertando nela o mesmo desejo que me
fodia, mantive o contato moroso, me deleitando com a calidez e textura
Porra!
somava aos meus que eram muito mais guturais, fruto do mais puro
lábios entre os dela, deixando um beijo delicado, que foi o meu paraíso e o
meu inferno, já que meu pau reagiu e começou a enrijecer, latejando quando
ela fez o mesmo com meu lábio inferior, voltando a deslizar a boca pela
minha.
deixar meu pênis pronto para ela só com um beijo. Mandei à merda esse
pensamento, e, com um gemido, continuando a acariciar toda a extensão da
que eu queria. A gostosa preferiu deslizar a língua pelo meu lábio superior.
confinamento. Enquanto ela lambia meu lábio, foi fácil imaginá-la fazendo
o mesmo por toda a cabeça do meu pau, brincando com a fenda, deixando a
meu pênis.
Foi a vez de Thais gemer alto quando a agarrei pela nuca com
firmeza, fazendo com que emitisse outro gemido quando puxei a cabeça
dela para trás e inclinava o meu rosto em direção ao dela. Não precisei
pedir, ela abriu a boca para mim e minha língua encontrou a dela, que não
beijo.
Como se fosse possível, meu pau ficou mais rígido ao sentir o gosto
dela na minha boca. Capturei cada um dos sons baixos que escapavam dela,
gemendo junto no processo.
que era, mas eu desejava com toda a porra do meu corpo e da minha mente
outro, nos perdendo naquelas sensações, até que eu senti as mãos pequenas
ela.
permiti sentir.
Ela deslizou as duas palmas pelo meu peito e meu coração bateu
Isso fez com que eu abrisse os olhos e então enrolei suas tranças em
uma das minhas mãos e a puxei para um beijo duro, exigente, querendo
troca de prazer, prazer que ela parecia mais do que disposta a receber.
corpo, e senti uma gota de pré-gozo escorrer pelo meu pau ao imaginar o
dentro dela. Queria escutá-la pedir por algo a mais... e eu daria. Esfregaria o
clitóris inchado até que ela se estilhaçasse em meus braços e suspirasse com
o orgasmo.
dar prazer a ela, na verdade, dar prazer a nós dois, me atingiu com força,
meu pau.
com os olhos.
— Gostosa!
— Má… — grunhi.
Arqueou a sobrancelha para mim, e eu rapidamente dei o que ela
queria.
Rocei a ponta dos meus dedos na curva suave do seio, que era do
dela que, apesar de pequena, tinha carne o suficiente para encher a minha
mão, e a mulher rebolou por instinto.
Porra de gostosa! Ela acabaria comigo em um piscar!
mas ganhei uma mulher imóvel. Foi como um balde de água gelada.
— Que houve? — Não consegui esconder minha frustração, ainda
— Tocou.
Não consegui responder já que estava ocupado em gemer, porque
ela se moveu no meu colo, a pelve roçando na minha de uma forma que fez
meu pau doer.
Porra!
Doeria muito mais se eu não gozasse.
— Edgar! — gritou.
Ignorando-a, apertei a coxa dela. Como Thais parecia não estar
muito disposta a continuar me beijando, não desperdiçaria o meu tempo
Não insisti.
— Perguntar só por perguntar? — Minha voz saiu mais seca do que
eu gostaria.
Me levantei também e a segui. A cada passo que eu dava ficava
mais ciente do quanto eu estava duro pelo desejo insatisfeito, duvidava que
tão cedo meu pau iria baixar.
— Bom, pode ser uma amiga sua...
explodindo: — Caralho, quem quer que seja, eu vou foder com a vida dele!
Ela olhou para mim, assustada, mas não dei importância. Apertei o
desculpe pelo número de vezes que interfonei, senhor, mas a senhora Pratt
está aqui na portaria e insiste em subir.
Caralho!
— Como deve saber, é regra do condomínio… — começou a se
justificar, mas não prestei atenção.
Girei o meu corpo para encarar a mulher que esteve entregue nos
meus braços poucos minutos atrás.
Era difícil negar a entrada da sua própria mãe em sua casa para
proteger os seus irmãos, mesmo que eles não viessem a saber que ela esteve
aqui por estarem dormindo, mas não podia correr o risco, não quando
podiam acordar e ela tratá-los com indiferença, isso iria machucá-los e me
ferir no processo.
Merda!
Sensitivo, Batata se aproximou de mim, jogando o corpo nas minhas
pernas, para depois lamber a minha mão.
— Edgar?
— Era Nicole.
— Entendo — sussurrou.
Ver a compaixão no olhar dela diminuiu um pouco a tensão que eu
minha recusa.
— Quer que eu lide com isso, Edgar? — murmurou, me dando um
sorriso fraco.
Fiz que não com a cabeça, por mais tentadora que fosse a oferta.
Apertei o botão.
— Sim?
— Me desculpe, senhor Pratt, estamos com um problema aqui
embaixo. A senhora Pratt insiste em subir. Poderia descer para resolver esse
problema?
— Se não conseguem lidar com ela, chamem a polícia — disse,
sentindo um aperto no peito, bem como a maldita culpa.
Merda!
— Me faça um favor. Chame um táxi, um motorista em que você
confie, e a mande para casa — pedi, me sentindo um covarde por não fazer
isso eu mesmo, por delegar esse trabalho a outra pessoa, sendo que era a
minha obrigação como filho era cuidar dela, garantir seu bem-estar. Mesmo
assim, continuei: — Acho que isso não será um problema para vocês.
— Claro que não, senhor — falou em um tom hesitante.
— Serão bem recompensados por essa ajuda, e o motorista também.
Peça para retorne aqui após deixá-la em seu endereço que eu acertarei o
valor da corrida e dos inconvenientes.
— Tudo bem, senhor.
— Qualquer problema, entre em contato novamente — falei, em
beijo que pareceu mais íntimo do que qualquer um dos que trocamos.
Essa droga foi fundo, tão fundo que eu não deveria querer mais um
Nicole, pouco antes de ela conhecer Chad. Estava tendo um dia difícil no
trabalho e na faculdade, e o abraço dela tinha sido um pequeno refúgio.
— Não, não é um covarde, Edgar — Thais disse, me dando outro
beijinho que lavou a minha alma e me fez arfar —, você só se sente ferido.
— Que tipo de filho eu sou por pedir que chamem a polícia para a
própria mãe?
— Um que só quer se defender.
— É errado!
machucava tanto. O pior de tudo era saber que não seria a última vez que
Nicole me faria me sentir assim, machucado.
Independente da forma, essa tal porra de amor doía.
Te fodia.
Te quebrava.
Te destruía.
Vi a ruína com os meus próprios olhos, várias vezes. Não queria ir
por esse caminho.
Linda... Perigosa.
Thais me olhava com doçura, a compreensão que via em sua
expressão me fazendo desejar construir com ela uma ligação emocional
forte, receber tudo mais o que ela pudesse me oferecer.
— Sim.
— Se precisar, estarei no meu quarto vendo um filme…
— Obrigado.
Passei por ela e por Batata, que deixou de mexer na sua vasilha de
depois outro, vacilando um pouco nos saltos altos e finos que me faziam
questionar como alguém conseguia se equilibrar sobre eles.
vestido preto justo, com uma fenda na coxa e um decote que ficaria melhor
pressionar sobre a aposta que eu havia ganhado há uma semana, achei uma
ideia ótima vir jantar num restaurante elegante, que só a estrutura de vidro e
conta, mas, mesmo assim, a plebeia quis viver aquele conto de fadas por
uma noite.
deslumbrada com um mundo que não era meu. Morar na casa de Edgar e
ser incluída em tudo que ele e os irmãos faziam, ser tratada como uma
amiga, uma igual, não como a babá, talvez não ajudasse muito a me trazer
para a realidade. O pensamento fez com que eu esmorecesse ainda mais e
eu quis me abraçar.
Tola!
— Vamos, Malévola? — Edgar sussurrou bem próximo a minha
tocou a minha lombar, meu coração disparou com a onda de excitação que
iria ao chão.
de Edgar, o que era absurdo, tão ridículo quanto desejar que Edgar tornasse
a me beijar e aplacasse o desejo que havia suscitado em mim. O mais
absurdo era ficar decepcionada por ele não ter voltado a tentar algo comigo.
capaz de contar para a Ju. Ele era um homem que eu não deveria desejar
teria lasanha.
para trás. Diferente de mim, que estava agitada, ele parecia tranquilo, imune
ao contato.
nossos documentos, já que a reserva era feita de forma nominal, o que nos
meus quadris.
que, mesmo que Edgar não tocasse diretamente a minha pele, meu corpo e
mídia e também dos irmãos dele. Nunca tive tanta vontade de sair correndo,
que ficava próximo a enorme janela panorâmica que tinha vista para a
outra ocasião, poderia muito bem ser uma cena de filme, ainda mais se ele
me abraçasse. No entanto, sabia que pensar em Edgar e comédia romântica
— É lindo aqui! Não que a vista seja mais bonita do que a do seu
apartamento, mas…
românticos e tolos com aquele elogio. — Está linda pra caralho com esse
época, eu havia suspirado pelo conto de fadas moderno, mas ela tinha
ficado irritada. Eu a chamei de chata, mas agora podia entender
perfeitamente o que sentiu.
— Obrigada.
— Nada. — Ajeitou a cadeira quando me sentei.
— Ferinhas? Vocês não estavam com fome?
idiota começou a acreditar nisso, já que ele tinha me feito sentir dessa
forma.
dos gêmeos.
Olhei para ele e outra vez quis dar uns tapas nele por sorrir daquela
acabei rindo.
— Não pode jantar chocolate, querido — falei.
— Por que não?
— Okay!
— Ovo também! — Spencer deu um gritinho.
Não consegui suprimir uma risada.
— É, ué.
— Ovo se pode comer todo dia em casa — expliquei.
— Isso foi tão… — Edgar começou, mas se interrompeu.
— Pobre?
Deu de ombros, sem graça.
— Tenho que aproveitar, afinal, não é todo dia que posso comer um
bife de wagyu — falei em meio a um sorriso
— Mole.
— Que mais que tem, mano?
Não duvidava de que Edgar tinha ciência que o lado paizão dele o
tornava atraente.
— Salada de pepino.
— Chocolate.
— Uhum…
— Vão mesmo? — Insistiu.
— Sim!
— Sim, mano!
— Tá. Escolheu algo além do wagyu, Malévola? — Me provocou.
mar…
— Edgar! — quase gritei com ele, sendo mais do que deselegante,
o mesmo. O gosto forte do presunto parma com o molho fez minha boca
salivar, e eu gemi baixinho ao comer mais um pedaço. Aquilo era bom.
— Como foi o dia de vocês na escola, ferinhas? — Edgar perguntou
ao dar um gole no refrigerante. Como sempre, me senti derreter com a
Edgar passou a mão pelo queixo barbado e fez uma pergunta diretamente
para mim.
— Sobre o que foi a reunião de hoje na escola, Thais?
Como um tal de Matsumoto tinha solicitado encontrá-lo aquela
tarde, Edgar acabou me pedindo para ir no lugar dele, mesmo que não fosse
minha função.
— Foi para falar sobre a peça que eles vão participar — respondi.
— Ainda existe isso?
ravioli.
— Muito bom, carinha.
— Posso pegar um?
— Spencer, é feio pedir algo do prato de outra pessoa — Edgar o
em um tom baixo.
Me encarou e eu senti vários arrepios. Não era apenas desejo sexual
que vi ali, mas havia algo de mais forte naquele olhar, uma necessidade que
era muito mais do que luxúria. Parecia uma ânsia emocional, ou assim eu
quis interpretar.
— Claro que não! — Forcei minha voz depois de um pigarrear. —
A batata frita parece bem gostosa também, meninos!
— Tá muito gostosa! — Jax concordou.
da massa.
— Não você!
— Sempre malvada! — fez um som desdenhoso, levando a comida
à boca. — Isso realmente está bom.
— É!
— Tão bom que me sinto tentado a pegar mais um!
— Edgar! — Fiquei indignada quando ele realmente pegou. — Pede
para você!
— Você só queria um dos pratos mesmo — provocou.
Bufei.
— Dizem que roubado é mais gostoso! — completou fazendo os
meninos rirem.
Os olhos escuros de Edgar brilharam de luxúria, como se se
recordasse dos beijos que havia roubado de mim, que nem sei se eram tão
roubados assim.
— Fique à vontade para roubar o que quiser de mim…
— Vou pegar seu cartão de crédito então. Só vai faltar a senha.
— Acho que é meio óbvio... — sussurrou.
— Edgar! — Você…— Arfei quando minha mente processou que a
senha era o aniversário dos gêmeos e que ele realmente havia me passado.
— Faça bom uso da informação, Malévola.
arrogante, que durou apenas alguns segundos, já que ele pareceu ficar rígido
ao fitar algo atrás de mim. — Que merda!
— O que aconteceu, Edgar? — perguntei, confusa com a mudança
súbita dele.
dela era tomado por botox, os cabelos compridos eram pintados de um loiro
platinado e era muito mais baixa do que ele.
O homem que acariciava o braço dela de forma lasciva era
praticamente da idade de Edgar. Com cabelos longos, olhos incrivelmente
azuis e corpo atlético, ele era bonito, mas havia algo de falso nele,
incomodado.
— Deveria dar mais educação a esses pirralhos, Edgar. Faz parte da
etiqueta não comentar sobre a pessoa na frente dela, só pelas costas — a
mulher retrucou de forma ácida.
nada que se arrependesse depois. Edgar poderia ser explosivo, mas nunca
agia de forma bruta na frente dos gêmeos. Eu o admirava por sempre
mostrar a melhor versão dele para os dois.
Alheios a falta de empolgação da mãe, os gêmeos jogaram os
começou a chorar.
Jax, assustado com a reação do irmão gêmeo, também começou a
chorar. Sentindo o meu peito se apertar, movida pelo instinto protetor, me
ergui da cadeira com um pulo.
fúria me tomar, mas me controlei para não chamar mais ainda a atenção.
Seríamos o assunto da noite.
— Quem é você para me criticar, garota? — A mulher fez uma
carranca.
— Uma puta qualquer, amor — o homem falou, me olhando de
cima a baixo. — Uma de muito mal gosto por sinal. É, realmente dinheiro
não faz a gente comer coisas boas.
— Ela até que tem um rostinho bonitinho…
uns tapas naquela mulher por fazer os dois chorarem, por ser ausente na
vida deles, por rejeitá-los, mas tinha que me conter pelo bem dos gêmeos.
Nicole e o homem obedeceram ao comando, mas assim que se
sentaram continuaram o ataque:
a coitada.
Riram.
Tentei me manter ereta, mas a minha vontade era de me encolher.
Mesmo que várias vezes eu mesma tivesse dito que queria colocar silicone,
ouvir alguém zombar dos meus seios era doloroso.
— Talvez eu devesse ensinar o seu filho a pegar uma mulher
gostosa, se é que ele realmente gosta disso.
saia daqui!
O esforço que fazia para se controlar era visível. A raiva que sentia
transformou-se em pesar e eu acabei pousando uma mão no ombro de
ou talvez mais.
— O que você quer, Nicole? Já fodeu a porra da minha noite e
conversar.
— Estou tentando falar com você há dias, mas você não me atende.
Você deveria ter vergonha de fazer isso com a sua mãe. — Fez beicinho,
como uma criança birrenta.
que você bloqueou no celular, que ameaçou chamar a polícia para ela
a cortou secamente.
— Precisamos nos divertir de vez em quando… O que tem se
de Edgar choramingou.
— Quero ver se essa sua marra irá durar quando eu tirar os gêmeos
de você!
Edgar ficou paralisado quando ouviu a ameaça e confesso que eu
dois, e com uma segurança que me encheu de alívio da cabeça aos pés,
porra!
— Não é preciso. Tem a máquina de cartão aí? Passe dez mil. Isso
— Sim, senhor.
Mais do que rápido, o rapaz fez o que foi ordenado e Edgar fez o
— Claro! — murmurei.
Nos olhamos por alguns segundos, mas foi o suficiente para que eu
visse raiva, tristeza, dor e culpa nos olhos dele. Levantou-se com os
meninos no colo e se dirigiu para a saída. Pegando a minha bolsa, que havia
que tive medo de Nicole nos seguir, insistindo até conseguir o que desejava.
— Você pode não me dar o dinheiro que pedi, mas sabe de uma
coisa? Seus irmãos nunca irão saber o que é o amor de uma mãe — berrou
para todos ouvirem. — Bastardos indesejados! — continuou a gritar. —
sem vida.
sangrava. Não queria nem imaginar a dor dos meninos por escutar algo tão
cruel, muito menos o que Edgar estaria sentindo. Ele se cobrava muito,
queria a todo custo proteger os gêmeos daquela víbora. Por serem tão
novinhos, torcia para que não entendessem o que ela queria dizer com
‘bastardos indesejados’.
reagiu.
um pedido:
— Você pode ir no banco de trás com os meninos? — Me encarou,
— Tá — responderam baixinho.
Entraram no carro e eu os segui, ajudando os dois a afivelarem o
dolorido. Meu coração ficou mais machucado pela pergunta inocente, pela
rejeição que ele sentia.
atos da mãe.
Como se fosse possível, as garras invisíveis que já massacravam o
— Mas que pergunta! — Fiz uma careta para ele. — Claro que
gosto!
Deu uma risadinha quando passei a fazer cócegas nele.
— Tá achando que sou boba, é? — Continuei a provocá-lo, até que
de vocês! Okay?
Parei de fazer cócegas nele antes que o menininho fizesse xixi nas
papai, aí você arruma uma namorada e ela vira nossa mamãe, né?
mas tem muito mais coisas. Uma mamãe ou um papai de coração que vai
morar junto com as crianças acabam pegando responsabilidades, como
pessoas estão dispostas a isso. Se ela quiser ser a “mãe” de vocês, ótimo, é
um bônus. Se não, isso não mudará o carinho que a namorada do seu irmão
— Hey, mas pra que ficar pensando nisso agora? Eu estou aqui com
vocês, não estou? — falei, animada, ignorando o quanto minha frase era
presunçosa e arrogante.
— É!
— Você gosta da gente mesmo, Thay? — Jax insistiu.
arrancando uma risada deles. — Acho que esse menino também precisa de
uma lição!
Fiz de tudo ao meu alcance para desviar a atenção dos dois daquele assunto
infeliz e eu pensei que tinha conseguido, mas soube que eu havia falhado no
Não conseguiria dormir. Isso ficou mais do que claro quando rolei
Suspirei fundo.
patadas, lambidas, além de jogar todo o seu charme canino para cima deles.
Edgar.
fiquei incerta se ele iria querer isso ou não. Como da última vez que Edgar
ficou transtornado com a mãe, achei melhor deixá-lo sozinho, ainda que o
cozinha.
Chá não resolveria os meus problemas, nem diminuiria aquela
sensação opressora que tomava o meu peito ao pensar em Edgar, mas seria
Nas pontas dos pés, cruzei o cômodo e, com cuidado, tentei ajeitar o
menininho, mas ele acabou acordando, e eu senti um pouquinho de culpa.
não se passaram cinco minutos para que ele voltasse a pegar no sono.
passos quando percebi que a porta da suíte de Edgar estava aberta, algo que
não era muito recorrente. Minha pulsação disparou. Lutei contra mim
gêmeos?
— Você também precisa de uma lição, Edgar, como a que dei a eles
eu me senti tomada por uma agitação que tinha muito a ver com o desejo.
Tola! Eu não deveria pensar em beijá-lo, não quando ele estava mal.
que parecia enxergar o meu íntimo, até que por fim falou:
racional, ainda que eu não fosse nada fácil ser racional nesse momento. Eu
era mais emocional do que tudo.
ele pedia, mas não consegui, já que fui arrastada para o meio de um furacão,
o furacão Edgar, que poderia me devastar por dentro, me destruir, mas que
mesmo sabendo disso, eu estava tentada a enfrentar, por ele, por mim...
porta e a fechei. O clique da chave na fechadura selou o que quer que fosse
consciência de que não havia nada em mim a ser admirado. A minha pele
e afaste toda essa merda de culpa, essa droga de mágoa que eu sinto, da
minha mente. Me faça esquecer que ela pode ferir aqueles que eu mais amo,
— Porra!
Os olhos cintilantes e analíticos me contemplaram da cabeça aos
mim, que transbordava de dentro para fora, ao passo que lutava contra o
pensamento de que ele seria doido para querer algo tão sem sal como eu.
peito.
meu sexo.
— Sim — murmurei.
carícias suaves fizeram com que eu me sentasse sobre uma das coxas
Edgar arfou outra vez com o roçar dos nossos corpos, e eu infiltrei
meus dedos nos cabelos macios e fiz o rosto dele baixar para que meus
lábios encontrassem os dele. Não o beijei, não da forma que ele desejava,
agonia.
Quando Edgar abriu a boca, sem nenhum pudor, segurei uma mecha
de cabelo dele com mais pressão e lambi os lábios macios, fazendo com que
colo dele, sentindo uma ardência no meu sexo, que ficava úmido.
boca dele, dando atenção a cada pedaço, atiçando-o, mesmo que o feitiço
estivesse virando cada vez mais contra mim, que precisava dele. — Que se
foda-se!
suficiente para que a língua dele me invadisse, tomando o que ele queria.
Diferente da pressa com que ele me tomou, da fome que havia nos
atormentavam, mas sabia que eu não tinha esse poder e nunca teria. Ainda
assim, entreguei tudo o que eu era para ele, dando o meu corpo, minha
emoção, fazendo amor com a boca dele, passando a acariciar a linha dos
ombros.
apertando o meu seio quando fiz carinho na parte de trás do pescoço dele.
coisa a não ser beijá-lo enquanto me esfregava nele, quase que cavalgando
minhas pernas.
desmanchava nos braços dele, meus movimentos ficando lentos ainda que
continuar.
— Edgar — sussurrei, perdida, prendendo alguns fios dos cabelos
abdômen.
Suspirei.
dos lábios dele voltarem a correr pela minha pele, deixando uma trilha
úmida.
— Eu tenho certeza que não, Edgar — minha voz soou rouca.
— Deveria dizer que sim, mulher má! Que você só está usando para
mim. — Ergueu um pouco o rosto para me encarar.
explorá-lo.
O desejo era tão forte que os músculos da minha boceta se
dele.
Concentrar em tocar a ereção dele se tornou difícil com o homem
mais quentes, digno dos filmes que adorava assistir, outros mais ternos e
doces, temperados com selinhos que deixavam tudo muito mais especial.
Por mais que meu corpo estivesse em chamas e meu sexo latejasse,
eu não me importava de ele continuar a me dar aqueles beijinhos suaves,
mas Edgar, cada vez mais rígido, parecia não concordar comigo.
A boca e a língua estavam afoitas pela minha e ele roubou meu
fôlego quando passou a acariciar minha pele com os lábios. Em meio a
gemidos, ele beijava, sugava, raspava os dentes nas zonas erógenas do meu
pescoço, descendo o rosto cada vez mais.
controlar.
— Thais? — A voz era rouca.
Ergueu o rosto para me olhar quando não respondi e, diferente do
— Nada.
Com um sorriso amarelo, me inclinei para beijá-lo outra vez,
retomando de onde havíamos parado, me sentindo uma idiota, mas ele não
me deixou continuar.
— Bobagem.
— Não precisamos continuar se não quiser. Não quero que se sinta
Malévola.
Fez uma careta e eu acabei rindo, meio abobada.
— Hum. — Gemi, deixando um beijinho nos lábios dele. — Que
terrível, Edgar!
— Muito. Te excita?
estrangulada.
Um pesar enorme me preencheu por ter acabado de vez com o nosso
clima. Eu tive que conter a vontade de chorar que nem uma criança quando
ele não fez nada para me impedir de sair do seu colo dele e dar vários
— Conta outra!
— Pensando bem, eles podem ficar mais perfeitos!
— Tá vendo? — Cruzando os braços na frente do corpo, tentei
escondê-los.
mais febril.
Ele se levantou da cama e se aproximou de mim. Parou na minha
Abri e fechei a boca para dizer alguma coisa, mas não consegui
pronunciar nada, não quando ele roçou as pontas dos dedos por um dos
gemido.
perfeitos, Thais!
— Eu…
— E a sua pele… — continuou, os dedos subindo em direção a
— Olhe para você, Edgar! Quem vai reparar nisso quando você é o
mim, e sim de você. — Tornou a ficar sério. — É uma mulher linda, Thais!
falando?
— Thais?
meu pescoço, mas com gentileza, me obrigando a olhar para ele. — O que
Achava que a personagem era doida por querer aquilo, mas a verdade era
— Eu quero você!
Não sabe o quanto quis tirar o seu biquíni e ter você na piscina do meu
troço.
inferno, porque também desejei te ter dentro de uma igreja. Eu babo por
verá que não estou brincando quando digo que estou ficando melado…
não, você tendo marcas de espinha ou não, você estar coberta por um
ereção pressionada contra o meu abdômen, mas não tive tempo de dizer
que ele havia falado. Estava cada vez mais mole e ofegante, e Edgar
os olhos e tentei não pensar em nada que não fosse a sensação da língua
dele deslizando pela minha pele, do calor da palma dele que tornava a tentar
ajudando a remover minha roupa, passando um dos meus braços pela alça,
depois o outro.
me esconder dele.
Ele segurou os meus seios, que pareceram ficar mais pesados contra
meu seio, que eu acabei empinando na direção dele. — Veja o quanto seu
olhar de Edgar, que não me deixou por um momento, que me fez sentir
linda e me emocionou de uma forma inexplicável. Não tive dúvidas de que
fazer dele o meu primeiro em tudo era uma decisão mais do que acertada.
Eu não me arrependeria.
Fiz o que ele pediu e ele me tirou do chão com facilidade. Foram
poucos passos até a cama, mas eu achei extremamente romântico ele me
gemas dos dedos acariciaram o meu seio, que praticamente sumia quando
eu estava deitada.
abdômen.
Ao aplicar uma pressão deliciosa, acabei dobrando as minhas pernas
com a contração forte no meu baixo-ventre. Gemi ao roçar minhas coxas
mão até encontrar o meu sexo. — E que caralho de calcinha sexy é essa?
Passou o dedo pelo elástico verde-água que contrastava com os
de malícia, e deu uma risada rouca, que morreu no momento em que ele
encostou no tecido e sentiu a umidade. — Porra! Você está encharcada!
— Hum… — Gemi, esticando todo o meu corpo como se eu fosse
calcinha.
No momento em que encontrou o ponto latejante, eu senti que
incômodo.
— Edgar! — gritei, observando-o rolar da cama e se pôr de pé.
vidrada na fina camada de suor que já cobria a pele dele, ressaltando ainda
mais os desenhos que tinha feito no corpo.
abdômen.
Assisti cada carícia lenta que ele fazia em si mesmo, hipnotizada,
Edgar parou o que fazia para me assistir. Outra vez me senti linda,
com aquele olhar penetrante que não perdia um movimento que eu fazia.
O meu desejo por Edgar não conhecia limites, ele vinha da minha
parte primitiva, e, mesmo em minha inexperiência, me peguei imaginando
como seria acariciá-lo, como seria tomá-lo em minha boca e dar prazer a
ele.
— Você fez essa porra! Então nunca duvide do quão gostosa é —
espalhadas, deixando meu olhar recair na bunda quadrada que era bonita.
— Pensei que não iria achar essa porra nunca — resmungou e, se
Disposta a dar toda a ternura que ele me pedia, deslizei uma mão
pelo pescoço dele, subindo e descendo suavemente, ouvindo-o arfar
cabelo e o beijei.
Tudo parecia diferente dessa vez, tanto o gosto quanto o cheiro e as
carícias que ele passou a fazer no meu corpo. O desejo ainda era puro fogo,
mas havia algo a mais. Tudo era melhor, mais gostoso, mais significativo.
Os suspiros eram mais altos, síncronos, formando uma música só.
Nós dois éramos capazes de nos comunicarmos apenas com os
Com o coração aos saltos, sem nenhum pudor, fiz o que ele pediu.
Segurando a base do pênis dele, comecei a remover o látex, os meus
movimentos fazendo com que ele emitisse sons incoerentes.
— Isso — ronronou, quando finalmente desencapei o pau dele e
enviava um impulso para o meu canal, cada vez mais contraído e úmido.
Arfou quando deslizei meu indicador pela pequena fenda onde um
líquido já saía, molhando a ponta do meu dedo.
— Bom? — Continuei a brincar com a glande, excitando-o ainda
mais.
Gemeu, ou eu gemi, ou talvez os dois, quando deslizei minha mão e,
ao alcançar a base, rodeei o pau dele e dei uma leve apertada que o fez
estocar contra a minha mão.
Repeti uma, duas vezes e recebi a mesma reação visceral dele. Foi o
combustível para o meu desejo e o de Edgar inflamarem.
Enquanto subia e descia a mão pela extensão rígida, apertando
alguns pontos que faziam ele babar contra os meus dedos, Edgar se curvou
em direção ao meu pescoço e deixou uma mordida que me roubou o eixo e
parasse subitamente.
— Sim, deusa — sussurrou contra a minha pele.
Manteve aquela constância, ao passo que os lábios deslizaram em
direção ao meu peito. Empinei, me oferecendo para ele, e Edgar não me
chamas.
Fechei os olhos e me deixei levar pelas sensações provocadas pela
sucção no meu mamilo, que pareceu encontrar o mesmo ritmo que as
carícias que Edgar fazia dentro de mim.
aquela dança lenta das bocas. Em meio ao beijo, senti que o peso do corpo
dele finalmente cobria o meu e uma mão segurava as minhas coxas, me
abrindo para ele.
Uma mistura de tensão e excitação me varreu. Tentei focar nos
lábios doces que faziam mais uma vez amor comigo, no olhar penetrante e
— Sério?
— Mu-i-to — respondeu em meio a beijocas, os dedos dele
entrelaçando aos meus.
Apesar da dor, acabei sorrindo.
— Perfeita... Quente!
Continuou a me distrair com beijinhos e elogios. Lentamente, ele se
retirou um pouco, antes de prosseguir com pequenas estocadas.
A dor era muito incômoda, mais do que sequer eu poderia imaginar.
A cada invasão, ainda que algo pulsasse no meu sexo, eu me sentia
sendo rasgada ao meio. Com uma paciência que me emocionava e que não
imaginava que ele fosse capaz de ter, ele se movimentava sem pressa, sem
deixar de me olhar nos olhos, querendo ter a certeza que eu estava bem.
Devagar, acabei me acostumando à cadência que ele impunha e que
eu via que ele se esforçava para manter.
Me sentindo mais conectada a aquele homem e querendo cumprir
minha promessa de fazê-lo esquecer tudo, pelo menos por essa noite, passei
segurar…
— Se entregue para mim... — pedi, levantando minhas ancas do
colchão.
— Caralho! — Com um rosnar baixo, voltou a capturar os meus
lábios com urgência enquanto passava a mover os quadris com mais afinco.
Nossos corpos passaram a se mover em sincronia, se buscando de
forma incessante.
A cada estocada, o pau dele latejava dentro de mim. O barulho das
forma perfeita. Pensar que éramos um só corpo fez com que várias ondas de
prazer se espalhassem pela minha espinha, diminuindo o incômodo.
Edgar gemeu alto, perdendo finalmente o controle, bombeando com
força para dentro de mim, em uma velocidade cada vez mais difícil de
acompanhar.
Continuei a recebê-lo dentro de mim, a ser devorada pela boca, a ter
os olhos fixos nos meus, até que, segurando minhas mãos com mais força,
prendeu-as contra o colchão. Impulsionou os quadris para trás antes de me
insegurança, mesmo que ela fosse linda pra caralho, e era sua primeira vez.
Tentei fazer com que fosse bom para ela da mesma forma que era
para mim, mas falhei, porque deixei-me levar pelas palavras compreensivas
Caralho!
toque, um único olhar tinha sido capaz de me arruinar. Não sabia se alguma
vez fui capaz de conseguir esquecer de tudo, até mesmo do meu nome, nos
quanto eu tive ao estar dentro de Thais. O que eu sabia era que nunca havia
Nunca fiquei tão conectado a alguém, como eu estava ligado a ela. Nunca
Porra!
me convencer de que era apenas físico, que era só desejo, e que não havia
nada de amor, carinho ou ternura. Essas eram coisas que eu não queria.
Mentia para mim mesmo ao dizer que o que tivemos não foi
nela não tinha nada a ver com a história de amor à primeira vista do meu
avô.
Não era nada fácil, mas, mesmo assim, tentava colocar isso na
Desgraçado!
Maldito mentiroso!
mesmo.
Caralho! Eu queria socar a porra da minha cara até que eu ficasse
irreconhecível.
Uma dor tomou o meu peito. O meu medo de sofrer, que me fazia
mentir para mim mesmo, não era nada se comparado aquela pontada
Sentindo o meu maxilar trincar com a raiva, só rolei para o lado para
não correr o risco da camisinha ficar presa dentro dela e causar uma merda
realidade era que, por mais que eu tentasse me enganar, eu ainda precisava
dela com todo o meu ser. Eu precisava me aferrar a Thais como se ela fosse
eu mesmo.
Segurei a porra do lençol com força, apertando o tecido até que meus nós
— Está tudo bem, Edgar. Não preciso que você se justifique para
pela cabeça.
lembra?
a ela.
eu desejei que ela gritasse comigo, não que usasse aquele tom baixo e
ferido. — Me fazer acreditar que eu sou a mulher mais linda do mundo, que
acreditava em mim. — Mas sabe de uma coisa, Edgar? Se você tivesse dito
que só queria sexo comigo desde o início, eu teria dado o meu corpo a você
da mesma forma.
Eu não quero apenas o seu corpo, droga!
Por que aquela merda de frase era tão difícil de ser dita?
Porque você é um cagão de merda, que não consegue consertar as
— Thais…
— Sei que sou uma sonhadora, uma fã de comédias românticas
ridículas, mas é muita arrogância a sua pensar que só porque eu fui para
cama com você, que eu iria achar que nós ficaríamos juntos — continuou o
— Nunca tive ilusões de que você teria algum sentimento por mim
além da gratidão, Edgar…
Porra!
Ela não ia me deixar!
— Discordo. E isso não diz respeito apenas a nós dois. — Sabia que
estava sendo um filho da puta, mas não consegui parar: — E meus irmãos?
— Não torne as coisas mais difíceis para mim, Edgar, porque já está
bastante… — falou num tom mais alto, e eu vi fúria cintilar nos olhos dela.
Comigo.
— Não posso, Edgar. — Balançou a cabeça. — Estou apaixonada
por Jax e Spencer? Sim. Adoro tomar café da manhã e colocar os dois para
dormir? Sim. Mas não posso continuar a agir como se tivesse direito a isso,
de fazer parte de todos os momentos das vidinha deles, até mesmo daqueles
quando eles estão com você!
Franzi o cenho.
— Não será bem-vinda para quem?
— Caralho, Thais!
Senti raiva de mim mesmo por merecer ouvir aquelas palavras e
vez, demonstrando o quanto ela era, sim, insubstituível, beijando Thais até
que ela se esquecesse da merda que eu havia feito.
— Você não querer nada comigo não significa que não pode
encontrar uma pessoa legal no futuro, que não possa se apaixonar e querer
que ela conviva com os seus irmãos.
— Isso não irá acontecer, Thais. — Senti o meu maxilar pulsar com
a tensão.
— Você não pode prever esse tipo de coisa, Edgar… — suspirou. —
dela, algo que mexeu com todo o meu ser, me dando a certeza que eu estava
mais do que fodido.
que seria a melhor coisa a ser feita em prol de um relacionamento meu que
nunca existiria.
experiências ruins que teve com a sua mãe — confessou com ternura.
Fez uma pausa, parecendo emocionada, mas logo continuou:
— Por mais que as pessoas não possam acreditar nisso, nem você,
eu os amei desde quando os vi pela primeira vez.
la.
Se eu não tivesse crescido ouvindo a história dos meus avós, que
tinha sido quase um conto de fadas moderno, eu não duvidaria do amor à
primeira vista porque presenciei isso acontecer com o meu melhor amigo,
que se apaixonou pela sua sirena desde a primeira vez que a viu.
Essa porra existia.
— E é por amor aos dois que eu irei morar apenas por mais uma
semana aqui, Edgar. Nesse meio tempo, conseguiremos explicar que eu sou
uma funcionária, que preciso ir para a minha própria casa, mas que isso não
muda o amor e o carinho que eu tenho por eles, e que os beijos e abraços
irão continuar.
para me deixar.
O som da chave girando na fechadura foi doloroso.
— Edgar? — murmurou, com a mão na maçaneta, parecendo
hesitar.
— Sim?
— Você não é o meu príncipe encantado e nunca será. Ele não
falaria tantos palavrões como você… — falou antes de abrir a porta e sair.
Assisti, atordoado, Thais passar pela soleira e fechar a porta com
príncipe ridículo que compraria rosas enormes, a levaria para jantar à luz de
velas, iria dizer um monte de balelas tolas e românticas, só para transar com
ela.
resgatar das chamas. Todas as outras haviam sido queimadas pelo meu avô
quando ele achou que destruindo todos os registros do amor dos dois
espalhados pela casa, ele conseguiria mitigar a dor que sentia pela perda da
vovó.
Paixão à primeira vista que se tornou amor.
tudo para não derramar na frente do Edgar, deslizarem pela minha face. Não
fiz nada para impedir. Quem sabe a tristeza que eu sentia fosse embora
Sabia que era apenas mais uma ilusão minha, era impossível a dor
passar tão rápido. Levava dias para um machucado se curar, e alguns deles
A dor no meu peito era tão grande que, naquele momento, toda a
usada não tinha sido a pior coisa que havia ocorrido. Ouvir as mentiras
contadas por Edgar sobre gostar de mim apenas para continuar a transar
comigo e ter que colocar limites na minha relação com Jax e Spencer doía
bastante também.
Mesmo que eu ainda estivesse presente todos os dias na vida dos
menininhos, que eu fosse dormir várias noites ali, que eu teria e daria o
mesmo carinho aos pequenos, que isso não mudaria, sabia que tinha que
momentos em que o irmão mais velho dos gêmeos estava presente, não da
mesma forma que era antes. Não teria mais os sorrisos cúmplices, não teria
provocações, toques e olhares com Edgar. Tinha que ser séria, tinha que
mudar o meu comportamento. Não éramos amigos, e nem podíamos ser.
dor.
A fantasia que criei ao participar da dinâmica familiar foi mais
quanto ela era nociva para o meu coração. Eu não havia protegido meus
devastada.
Desde quando passei a desejar fazer parte daquela família?
de perda começou a me sufocar. Mesmo sabendo que não era nada meu
querendo me ferir ainda mais. — Você não precisa cobiçar família alheia,
Thay, uma família que nunca será sua, apesar de você ter interagido com
ela. Ainda tem tempo de conseguir a sua própria com o seu príncipe
encantado…
Queria atingi-lo da mesma forma que ele tinha feito comigo, mas,
agora que pensava melhor, sabia que era algo ridículo de se fazer. Como
essa acusação besta o incomodaria se Edgar não dava a mínima para mim?
Eu fui apenas uma conquista, nada mais, e ele deixou isso bem claro. Quem
procurar nos braços dela, nas palavras que ela diria, a boia salva-vidas que
mar tempestuoso.
fosse brigar comigo depois por não ter feito isso, porque era o que eu faria
Drama.
banheiro.
banhos longos, com vários sais, usando-a como se fosse o meu SPA
— Aqui não é a sua casa, Thay, você está no seu local de trabalho
— falei em voz alta e o som que ecoou pelo cômodo pareceu ferir os meus
ouvidos.
e do menininho
— Ta-ta-tá! — Lucca deu um gritinho assim que me viu e, com um
empilhava.
Não prestei atenção na minha melhor amiga que estava sentada no
bracinhos.
— Oi, meu amor!
pelas minhas narinas. Sem resistir, deixei vários beijinhos nas bochechas
gordinhas dele.
braços.
esticou os bracinhos, querendo me abraçar. Fiz aquilo que ele queria, mas
logo ele me soltou, dando as costas para mim.
brinquedos.
— A fase de contradizer para chamar atenção. — Ju balançou a
abraço.
para me encarar.
para em seguida gritar, toda alegre: — Deus! Minha melhor amiga vai para
a Universidade!
— É a verdade! — retrucou.
— Não venha com essa, Thay! — Fechou a cara para mim. — Você
mais força.
— É…
pública. — Tocou o meu rosto quando quis olhar para Lucca, e não nos
— Porque você é capaz… Por que você se coloca tanto para baixo?
É inteligente e sabe disso, amiga — sussurrou.
Dei de ombros.
instantes.
Ju, vendo que Lucca tinha derrubado os bloquinhos para voltar a empilhá-
los.
— Tá vendo? — provoquei.
sacola no chão.
direção ao sofá.
pulseira prateada.
— Sei que não dá para usar no dia a dia, que não é algo tão chique
como você merece, Ju... — ela fez uma careta —, mas escolhi os berloques
representando tudo aquilo que você é, o que você gosta e a nossa amizade.
corpo.
bebê, já sabe…
daquele caos.
Tentei não pensar muito no quão difícil foram aqueles quatro dias
depois da minha noite com Edgar.
Foi pesado ter uma conversa séria com os gêmeos sobre a minha
mudança cada vez mais breve. Manter uma normalidade para os dois
o meu desconforto.
— Também te amo, amiga — sussurrei e senti uma lágrima escorrer
brinquedo.
Lucca deu um gritinho animado e desconexo bem fofo.
— fez um bico.
— Foi menos de nove meses, amiga — cutuquei.
— Você entendeu… — Revirou os olhos, apenas para continuar
fazendo careta.
— Papà! — Lucca berrou de forma estridente.
novamente.
Meu inconsciente fez meus olhos procurarem por Edgar, sabendo
meu corpo com a lembrança daquele mesmo olhar enquanto ele mergulhava
dentro de mim.
sim.
Estava tão distraída que só então me dei conta de que Riccardo e o
vez, me senti péssima ao ser tomada por uma pontinha de inveja, inveja do
beijo, do carinho, do companheirismo... de algo que eu não tinha, de algo
inventar que Edgar sofria por mim, por nós, pelo beijo que não aconteceria?
Deus! Eu era patética, mais do que eu poderia imaginar.
Senti tanta raiva de mim mesma, mas tanta, que eu quis sentar e
chorar.
— O que você está fazendo aqui, amor? Pensei que iria ficar no
escritório a tarde inteira. — Escutei a voz da minha melhor amiga e vi que
apalpá-la.
Dessa vez, consegui suprimir o sentimento nocivo de inveja e acabei
rindo da careta que o italiano fez.
— Ninguém merece esses recém-casados! — O homem que só
é, cara?
— Se você diz, Rafael. — A voz de Edgar soou rouca e eu senti o
olhar dele pousado sobre mim.
Dessa vez, não o encarei.
Ele…
Engoli a raiva que voltou a me atingir. Eu não me cansava de
imaginar situações irreais e sofrer com elas?
Deus! Só podia ser mesmo uma masoquista.
apresentados.
— Thais... e eu era a madrinha da Ju e do Riccardo.
— Junto de Edgar… Agora estou entendendo — sussurrou depois
de olhar para mim e Edgar de forma analítica, me deixando confusa. Um
aperto firme.
— O prazer é todo o meu.
— Você pretende ficar muito tempo aqui, Malévola? — Edgar me
perguntou diretamente.
Meu coração galopou no peito com o uso do apelido que ele havia
me dado, e eu me senti uma grande idiota.
— Só dei uma passada para abraçar a Ju. Por quê?
— Se quiser, podemos ir embora juntos… — fez uma pausa e
completou quando eu não disse nada: — Acho que devo me demorar umas
duas horas aqui.
Prendi o ar nos meus pulmões ao processar que era mais uma
tentativa da parte dele de ficarmos a sós para conversarmos, para que ele
remover a decepção em seus olhos, que parecia não ser fingida, ou assim
meu coração tolo queria acreditar.
— Okay. — Passou a mão pelos cabelos, desorganizando-os, o gesto
produzindo mais dor em mim — Te vejo mais tarde então?
absurdo já que ele não sairia para me procurar por toda casa.
— Sou eu, amiga — Ju falou com um tom de voz preocupado,
enfiando a cara pela abertura. — Queria ver como você está. Posso?
— Claro, a casa é sua, Ju, e você é a minha amiga — sussurrei.
— As duas coisas não me dão o direito de entrar.
— Por que Edgar tem que dificultar tanto as coisas para mim? Por
que ele me faz sentir alguém infantil?
— Não é infantilidade querer se proteger, amiga.
— Toda vez que eu falo não, me esquivo, sinto que me comporto
como uma criança, Ju, e uma das bem birrentas, que está fazendo isso para
conseguir o que quer…
— Isso não é verdade. — Deixou um beijo no topo da minha cabeça
e emitiu um suspiro.
Deus.
Não. Não. Não.
Eu não podia…
— Thais? É tão impossível assim se apaixonar por Edgar, amiga? —
— Não por ele, Ju. Edgar está longe de ser o tipo de cara que
esperava me apaixonar! — Estava desesperada.
— Como uma romântica viciada em filmes de romance, deveria
saber que a mocinha sempre se apaixona pelo cara improvável — brincou,
mas nós duas não conseguimos rir. Como eu não disse nada, continuou: —
Edgar tem boca suja? Sim. É arrogante e estourado? Em excesso para o
próprio bem dele. Mas ele é um homem carinhoso com os irmãos e com
Lucca. Ele é protetor, responsável, honesto... leal. Isso são coisas difíceis de
se encontrar em um homem hoje em dia.
— Eu sei… — murmurei, ciente de que a lista de qualidades dele
era muito mais extensa, coisas que me fazem admirá-lo.
paga.
— Sabe que não é pelo dinheiro. Só não quero me afastar de
Spencer e Jaxon, não ainda…
Ficou me encarando de forma analítica, mas assentiu.
Fiz cara feia para ela, mas não consegui manter por muito tempo. A
vontade de rir foi bem maior e nós duas caímos na risada.
— O que vai acontecer agora, Ju? — perguntei, voltando a ficar
melancólica e chorosa.
— Não sei, amiga, ainda mais quando você continuará a trabalhar
para ele… — Me envolveu em um abraço.
— É a coisa certa a se fazer… — murmurei.
— Não sei se seria tão madura quanto você, Thay.
que me invadiu ao imaginar uma mulher nos braços de Edgar. Por mais que
ele tivesse dito que não estava saindo com ninguém, sabia que um dia isso
ocorreria.
— Muito — abriu um sorriso enorme, os olhos brilhando, repletos
animado.
— Sabe que foi uma desculpa para não ficar a sós com Edgar… —
sussurrei. — Não posso correr o risco de ouvir mais mentiras doces que só
coração partido!
— Que seria...?
— Filmes bregas que nos farão chorar horrores, chocolate e sorvete.
— De novo?
— Eu sei disso.
— Não prometo que não irei julgar as suas escolhas, afinal, amigas
— Okay.
— Thay?
— Sim? — Olhei para ela através do espelho.
Abri a torneira e inclinei-me para lavar o meu rosto antes que uma
destilado, e virei-me a tempo de ver meu melhor amigo passar pela porta
larga com Lucca no colo, que balbuciava algo na linguagem de bebê. Para
minha surpresa, Rafael entrou no escritório também.
O ele não falaria tantos palavrões como você era como um espinho
cravado na minha carne, uma pedra no meu sapato. E todas as vezes que me
ano. Além das fotografias espalhadas por todo e qualquer canto, em nichos
— O quê?
— O até você, Edgar.
— Mas é meu amigo. Vovó gosta de saber de tudo sobre com quem
Amigo ou não, essa é uma fofoca suculenta para contar para vovó.
não me adianta dizer que não fez nada. Thais não agiria assim à toa…
por ser pressionado a falar algo. — Ela é amiga da sua mulher, não sua.
— Certo, mas você é meu amigo e sei que, por mais que tente
esconder de mim, que está sofrendo em silêncio, amico, e não é pelo que
aconteceu na minha sala de estar. Tentei não fazer perguntas, mas é que me
para o homem que eu tinha como um irmão e que iria me repreender, com
certeza? Meus sentimentos e tudo que eles causavam em mim já eram o
whisky.
falou suavemente.
— Ca-ca?
palavra. Nós três batemos palmas para incentivá-lo, mesmo que a palavra
tivesse que ser repetida até que Lucca a adicionasse ao seu pequeno
vocabulário.
voltando ao assunto.
— Alguém já te disse que é muito inconveniente? — Olhei
Acabamos rindo.
completou.
com força.
dei dinheiro para ela… — Comecei a explicar, em meio aos sons que Lucca
emitia ao brincar.
— E? — O mexicano insistiu.
desejando me livrar da culpa que sinto por Nicole tratar meus irmãos com
Eu só fazia merda.
— Pronto, pronto. Melhor assim, meu amor — falou quando os sons
direção dela.
— Oi, meu amor — falou quando ele se aproximou e esticou os
O olhar dele estava tomado por uma decepção que eu nunca havia
visto antes. Senti meu estômago revirar.
— Acha que me orgulho disso, caralho? Acha que não me odeio por
ter deixado essas malditas palavras escaparem da minha boca sem querer,
depois do que aconteceu entre nós? — Balancei a cabeça com força, como
um animal tentando se livrar da corrente que o prendia. — Não precisa vir
com um sermão, Riccardo. A cada segundo desde que essa porra toda
aconteceu, eu só quero me bater por ter falado isso para ela.
para não desferir outro soco na superfície da mesa. — Medo daquilo que
houve entre nós. Medo de ficar dependente dela. Medo por querer o que nós
dois tivemos, uma, duas, várias vezes, por acabar me apaixonando por ela e
sofrer depois. O medo me fez mentir para ela, para mim.
ombros.
— Valeu a pena se proteger, Edgar? — Riccardo perguntou em um
tom sério. — Valeu a pena mentir para você mesmo esse tempo todo?
Porque nós dois sabemos que você se sentiu atraído por ela desde a primeira
— Usei o amor dela pelos dois para que ficasse conosco… Eu não
poderia fazer os meus irmãos pagarem pelo meu erro, não seria justo.
— Você está indo longe demais, Edgar. Você não pode manipular as
pessoas dessa forma.
— Já está sendo difícil eles entenderem que ela irá se mudar. Estou
sendo egoísta, eu sei, mas Jaxon e Spencer precisam do amor dela, e Thais
Rafael sussurrou.
Não respondi, não era necessário, mas eu me questionava qual o
— Sororidade masculina?
— Eu deveria virar as minhas costas para você, mas, mesmo que
você tenha sido o causador de todo esse problema, não posso não estender a
minha mão quando eu sei que está sofrendo. Não sabe o quanto quero que
— Nunca se sabe.
— É um tolo apaixonado, sabia, Riccardo? — Nem eu consegui
achar graça da minha tentativa de brincar.
— Eu que sou o maior idiota por ter negócios com vocês dois.
— Riccardo?
— Um whisky vai cair bem.
Assenti e fui até o decantador dele, servindo três copos cheios
enquanto Riccardo se colocava à frente do notebook dele.
minha parte reclamar para o responsável pelo prédio sobre Beiley ocupar
minhas vagas com a coleção de automóveis dele, já que tinha mais cinco à
— Brigar com alguém não vai afastar a raiva que sente de si mesmo
— sussurrei, tentando ser racional.
A hora havia chegado e eu não estava sabendo lidar com isso. Passei
mesmo ciente de que eu enrolar para subir não mudava o fato de que Thais
— É! — Jaxon concordou.
um bico enorme para os dois. Era algo idiota, mas mesmo emburrada, eu a
tinha achado bonita, mas quando Thais não estava bonita aos meus olhos?
congelando.
já que Thais sempre tinha umas ideias mirabolantes nas histórias que
contava.
segredo.
Mercedes…
— Sim, mas é algo que ele esconde de todos, até mesmo do Frost.
— Por quê?
— Uhum.
— Também.
— É! — concordaram.
— Eu também quero!
— Acho que não seria uma boa ideia, ferinhas — acabei falando,
caminho.
enquanto, gargalhando, meu irmão ficava nas pontas dos pés para me dar
um beijo no rosto.
— Legal!
— Mesmo?
— Qual filme?
— Jax?
perguntou.
encará-la e a dor foi instantânea por saber que o que eu queria não poderia
ter...
Olhei para Jax, que ficou parado no mesmo lugar. Ele estava ainda
mais tenso e eu fiquei preocupado.
— Você tem que ir embora mesmo, Thay? — Spencer perguntou
— É?
— Aham. Mudança sempre dá um trabalhão, mesmo que eu não
perigosas e te machucar…
— É?
— É. Não vai me dar um abraço também, Jax? — Abriu um sorriso
para o outro gêmeo.
— Fica aqui com a gente, Thay! — Jax gritou e eu não gostei nada
da reação dele, que praticamente fez Thais se encolher como se tivesse
levado um tapa.
Sentando-me sobre os meus calcanhares, olhei nos olhos do meu
irmão.
— Por que está gritando com a Thais, Jaxon? — retruquei em um
claramente Jaxon estava sofrendo. Me senti amargo por saber que fui eu
quem havia provocado aquilo. Thais não precisaria ir embora se eu não
lágrimas.
— Eu não quero, mano.
— Já conversamos sobre isso, Jaxon. — Respirei fundo, engolindo a
Sim, ferinha, o lugar dela é aqui, com a gente, guardei também esse
outro pensamento para mim.
— Meu bem, a tia precisa do próprio canto dela… — Thais
respondeu antes que eu pudesse retrucar. — Eu prometo que nada irá mudar
entre a gente e eu vou continuar a passar bastante tempo com vocês!
toque, sair correndo em direção ao quarto, sendo seguido pelo cachorro, que
ficou agitado.
esperar por nós, com passos apressados, fui até ao quarto dos gêmeos,
encontrando a porta aberta.
aproximando dele.
Sentei na beirada da cama, ganhando uma rabada do Batata, e toquei
— Okay.
— Promete que não vai brigar comigo? — perguntou depois de uns
instantes em silêncio.
— Sim, prometo que só vamos conversar. O mano não está com
raiva de você.
— Tá bom!
Ainda demorou um pouco para se sentar. Batata, que tomava tudo
como farra, subiu em cima dele e lambidas, rabadas e patadas se fizeram
algo, mas quando não acontece como a gente planejou, a gente fica assim,
como você está agora.
— Entendi.
— Várias vezes eu me senti frustrado também.
— É?
— Sim, ferinha. Muitos planos dão errado e nem sempre temos tudo
o que queremos.
— Mesmo?
— Uhum. Mas não podemos gritar com a outra pessoa por causa
disso.
— Por que não?
— Além de ser algo feio, isso pode acabar deixando a outra pessoa
triste também.
— Ah! Thay ficou triste?
Estiquei a minha mão para acariciar o rosto úmido.
— O que você acha, Jax? Ela ficou triste porque ama você, ferinha,
e você falou alto com ela, o que não é legal — falei o mais suave possível,
mas aquela merda não era fácil. Novas lágrimas rolaram pelas bochechas
dele, e ele não disse nada, só chorou.
— Desculpa — disse quando se acalmou um pouco.
— Não é para mim que você tem que pedir desculpa, Jaxon, mas
para ela.
— Tá. — concordou, passando as mãozinhas no rosto para secar as
lágrimas. — Ela tem que ir embora mesmo?
— Sim, Jaxon, mas tanto eu quanto ela temos a certeza de que nada
mudou.
— E se ela não voltar nunca mais? — perguntou, com uma carinha
triste de cortar o coração.
— Você não ouviu o que eu disse, carinha? Thais não vai sumir da
vida de vocês. Amanhã ela estará aqui.
— Mas eu fui mau com ela.
— Você errou com ela? Errou, ferinha, mas a Thais é ainda a babá
deveria.
— Agora você precisa fazer uma coisa.
— O quê, mano?
— Pedir desculpas para ela.
— Ah!
— Deem um último beijo nela e já para o banho. — Acabei dizendo,
mesmo que uma parte idiota minha torcia para que eles a convencessem a
ficar.
estadia dela.
— Não precisa.
Arqueei a sobrancelha para ela, para que soubesse que não adiantava
me contradizer.
— De verdade…
Sem que me desse conta da merda que fazia, cruzei a distância entre
nós e a envolvi nos meus braços; ela não me repeliu.
Naqueles segundos, o calor do corpo dela irradiou para o meu,
Era ridículo querer chorar por aquilo, mas, droga, eu sentia que por
ela, pela ausência dela, eu era capaz de chorar.
— Nos vemos amanhã?
Concordei com a cabeça, incapaz de dizer algo no momento, e ela
— Sim, ligo.
— Okay.
Respirou fundo e foi embora, deixando um vazio no meu
apartamento e no meu peito.
perdi a batalha contra mim mesma quando o Titanic começou a afundar nas
águas profundas do Atlântico Norte.
Funguei.
Talvez fosse masoquista por ver aquele filme, ainda mais quando eu
ainda juntava as minhas migalhas que pareciam se colar lentamente com o
passar dos dias, mas, na verdade, eu não via somente o romance de Jack e
além de mostrar que muitas pessoas sofreram, quase uma cidade inteira
ficou órfã.
Estava tão imersa no longa que que nem me preocupei com Batata
saindo dos meus pés e ter começado a latir, mas o som de passos se
devido o susto enorme, meu coração quase saindo pela boca. Meu celular
caiu no sofá.
— Te assustei? — Escutei a voz de Edgar em meio aos sons do
assombração, mas a pulsação acelerada não era mais só pelo susto, mas,
sim, por vê-lo ali, parado na minha frente.
Por que aquela sensação que parecia deixar o meu corpo como um
— Você está chorando? — Fez com que iria esticar a mão para tocar
o meu rosto, mas se impediu.
me percorria.
que usava havia subido demais, mostrando muito das minhas coxas e até
mesmo a calcinha.
Droga!
— Acho que eu tinha uns cinco anos da última vez que fiz isso,
Malévola.
pergunta.
— Por quê, Malévola? Por que você não pode me perguntar isso? —
retrucou em um sussurro.
Me encarou atordoado.
— Porra!
Batata.
— Não aguento mais essa merda! Não aguento mais! — Parou na
mas eu era fraca, incapaz de não me deixar levar pela minha mente
Tola, eu era uma tola. Uma boboca que ficava com o coração
apertado por ele, por aquilo que eu achava que Edgar estava sentindo.
— Não finja que não houve nada, droga! — Passou a mão pelos
cabelos, frustrado.
para o outro. — Tentei soar indiferente, como uma mulher madura que
levou um fora, mas não sei se era capaz de executar bem aquele papel.
Edgar fez meu peito doer, e doeu ainda mais quando uma
sussurrei.
machuquei.
confiança e ser enganada, de ele me jogar fora na manhã seguinte, era muito
grande.
— Quem é?
— Não sei — respondi, mesmo que não fosse da conta dele. — Já é
— Duvido.
Dei de ombros, mas ele continuou a me encarar.
— Você me deve dez dólares se for algum vendedor chato. — Foi
automático brincar com Edgar e antes que a ligação caísse, deslizei o dedo
para atender. — Alô?
Você está recebendo uma ligação do King County Correctional
gosto, quando um bipe ecoou nos meus ouvidos e eu escutei uma voz que
me fez estacar:
não atendeu o telefone antes? Quer me ferrar ainda mais com os policiais?
— O quê? — Dei um grito, meu sangue gelando.
Minha mão ficou tão trêmula com o choque que parecia que, a
qualquer momento, o celular escorregaria dos meus dedos.
acontecendo.
— É burra ou o quê, fedelha? — Foi a vez dele gritar. — Preciso de
um doutor para me arrancar daqui antes que eu seja transferido, mas um que
seja bom, não qualquer merdinha.
— Um mal-entendido.
— Mal-entendido? — Tive que me conter para não gritar de novo
com ele.
— Sim!
— O senhor está preso por um mal-entendido? — Dizer aquelas
uma carícia sutil de Edgar em meu ombro que me fez desabar ainda mais.
Meu pai poderia ser muitas coisas: controlador, arrogante, um viciado em
de alguns segundos.
— Não importa! — Eu estava nervosa, sentindo o meu peito rasgar.
— Roubou o cara?
Não houve mais tristeza, ela foi substituída pela raiva, uma raiva
bruta dele. As lágrimas, que não paravam, faziam meus olhos arderem.
— Peguei emprestado — me corrigiu.
Quando olhei para ele, além da raiva que sentia pelo ato do meu pai,
também senti vergonha por ele ter roubado alguém. Ainda não havia sido
comida, e agora que estou velho, você me abandonou, Thais. Esse tempo
todo, não me fez uma ligação sequer para perguntar se eu estava bem, se eu
precisava de algo…
Mesmo que pudesse retrucar, dizer que foi ele quem me proibiu de
injusta comigo mesma, mas me senti mal ao imaginar meu pai passando por
aquilo.
— Eu não sei, Edgar. A única coisa que eu sei é que preciso fazer
algo pelo meu pai. É um ladrão, mas é o meu pai.
para ajudá-lo. Ele está velho já, como ele bem disse...
— Eu entendo.
— É irônico que ele diga que está velho para não ir para a cadeia,
mas é sem-vergonha o suficiente para furtar sabe-se lá quanto do dono do
bar.
Edgar permaneceu em silêncio, apenas ouvia meu desabafo.
estou arrependido pela merda que eu fiz naquela noite, então me deixe
demonstrar com gestos, Thais. — Deu um sorriso triste. — Porra! Estou
desesperado para que acredite em mim, que acredite que eu gosto de você,
de que não foi apenas uma foda, mas não consigo ver uma saída desse poço
apaixonei por você desde o primeiro momento em que eu te vi. Posso não
ser o seu príncipe encantado, mas você é a minha princesa, Malévola.
— Sabe que Malévola não é uma princesa, mas, sim, uma fada que
foi traída, não é?
beijo, era o meu sim. Sim para a explicação dele. Sim para a possibilidade
de no futuro ele me machucar ainda mais.
Eu estava com medo, na verdade, aterrorizada pelo passo que estava
dando. Mesmo assim, me peguei movendo meus lábios contra os dele, me
rendendo.
O suspiro de contentamento de Edgar ateou fogo no meu corpo, me
lembrando do tempo que não teve o dele. Dando vários selinhos nele,
fascinada pelo brilho dos seus olhos, passei minha língua em seus lábios,
querendo que ele abrisse a boca para mim, mas ele interrompeu o beijo.
— Obrigado — sussurrou, para depois deixar um beijinho na minha
testa.
— Não me machuque mais, Edgar — pedi. — Não terá uma outra
chance.
— Prefiro cortar um braço a te ferir outra vez — falou com voz
séria. — Eu prometo não te magoar novamente.
Não respondi, pois isso só o tempo diria. É, tínhamos muito o que
conversar.
com certeza terão alguém para indicar que saiba nos orientar como devemos
proceder — disse, puxando o celular do bolso.
— Vai ser caro…
localização da delegacia em que o seu pai está e outros dados dele que você
se lembrar?
Se curvou para me dar um selinho.
Por um momento eu fiquei atônita, sentindo que eu deveria protestar
e que não deveria deixar que ele interferisse, que ele tomasse o controle da
situação, mas acabei me levantando para buscar papel e caneta para anotar o
que ele me pediu, afinal, eu estava extremamente perdida no que fazer para
ajudar o meu pai, e confesso, que estava impactada demais para pensar…
Capítulo trinta e um
minutos, os policiais trariam James. Não sei como conseguiria olhar na cara
dele. Só o pensamento, fazia com que bile subisse queimando pelo meu
na testa e eu suspirei.
que ele fez por mim, por James. Além de me incentivar a contar para
Juliana, dizendo que eu não precisava ter vergonha, Edgar havia movido o
mundo para ajudar o meu pai, fazendo inúmeras ligações, uma seguida da
James.
Mal-entendido.
Meu pai estava louco se achava que furto, seguido de lesão corporal
sinais de embriaguez quando foi detido em flagrante, dia atrás, isso não
diminuía a minha repulsa por ele. O pensamento de que tudo seria diferente
se eu estivesse com ele passou pela minha mente, mas fiz de tudo para não
me deixar levar por ele. Foi meu pai quem escolheu encher a cara, ninguém
Meu pai tinha sorte de o advogado ter conseguido na Corte que ele
arrependimento seria uma delas, mas o deboche do meu pai pela situação,
era um tapa na minha cara. Eu havia sofrido por ele, chorado, senti culpa
por ele ser idoso, mas, para quê? Para ele rir. Zombar.
passavam.
— Não deixarei que você fale assim com ela — Edgar retrucou em
um tom frio e baixo, que não escondia sua fúria, mas meu pai o ignorou.
— Você deveria ter vergonha de ser uma prostituta barata, fedelha.
Era isso que você estava fazendo o tempo todo em que me abandonou?
demais e a me ofender.
o braço dele.
foi ríspido. — Me deixa doente você ter trocado o próprio pai, que precisa
— Tem vários policiais olhando para nós nesse momento. Quer ser
pai. Mais uma vez naquelas vinte e quatro horas, o milionário era o meu
pilar.
falar:
o senhor. Nesse momento, sou eu quem estou enojada de ser a sua filha.
rapidamente, não querendo ver o meu pai ser levado outra vez para o
ele ficou ainda mais em pânico quando se dirigiu a ele: — Aqui não é a sua
— Talvez seja melhor para nós que essa seja a nossa última
conversa, pai. — Fui firme, mesmo que por dentro eu sentisse prestes a
desabar.
beira das lágrimas. A possibilidade de nunca mais falar com ele era
dolorosa, mas sabia que era o melhor a se fazer. Não queria mais acusações.
Não queria lidar com o egoísmo dele. Com o ódio que ele voltava contra
Edgar.
Tentei pensar em coisas boas que ele havia feito para mim nos
últimos anos, mas, não consegui pensar em nada além das cobranças,
Eu precisava colocar esse fim. Era para isso que eu estava lá, e ver o
no peito de Edgar, me segurando nele, como se ele fosse uma coluna que
mantinha de pé.
— Vai escolher ficar com essa bostinha que só está te usando do que
comigo?
— Que seja, fedelha. Acha que vou sentir sua falta? Está enganada.
Dorothy tem me tratado como um rei, coisa que você nunca fez, e com
— Vamos ver até quando. Duvido que irá durar muito, não quando
descobrir quem Thais é de verdade, quando ela te trair da mesma forma que
ela me traiu. Você logo vai ver que o seu dinheiro pode comprar algo
melhor, bostinha.
também.
— Só vou agradecer o advogado — concordei, dando um selinho
nele.
Estava ciente de que ele me levaria para o apartamento dele, não
para o meu. Não me importei. Naquele momento, não havia nada que eu
queria mais do que o abraço de Ju e vários beijinhos dos gêmeos que eu
que fizeram bastante perguntas, já que estavam assustados por terem ficado
algum tempo com Riccardo e a esposa.
Thais que ela era importante para mim, eu tinha que respeitar o tempo dela.
parede.
Abri uma fresta da porta e fiquei surpreso por uma rajada de vento
tocar o meu corpo, já que o dia inteiro havia feito um calor forte. Permaneci
ali, deixando que o frio agisse sobre mim, como se ele fosse capaz de
para encará-la, como se temesse que fosse o meu desejo por ficar próximo
dela quem a materializasse.
Thais estava ali, me deixando ver parte do rosto dela pela fresta.
Com o meu corpo fervendo com uma antecipação que não deveria
estar sentindo por ter ela ali, fui ao encontro dela, sem deixar de encarar o
Ela era linda... E meu pau era uma besta, já que começou a reagir a
ela.
Suspirou.
Caralho.
— Sim! — Concordei.
meu peito.
— A única coisa que sei é que não quero ficar sozinha — falou
— Então por que não foi atrás de mim? Sabe onde fica o meu
quarto…
mão dela tocou o meu pescoço, naquela região que ela sabia ser sensível,
amor com você até que nós dois estivéssemos cansados demais para
continuar.
— Parece bom. — Sentia uma luxúria tão forte que precisei sufocar
Engoli em seco ao sentir que meu pau ficava rígido com o modo
— Mas? — Insistiu.
— É…
uma mecha do cabelo dela atrás da orelha, vendo que tinha ficado um
pouco tensa. Porra! Me detestei por entrar naquele assunto. — Não quero
quero que pense que estou usando isso ao meu favor para te manipular.
— Eu…
— Que tal apenas dormirmos de conchinha, hoje?
costas dela.
— Mesmo?
com o pensamento brega, mas que era real, porém, apenas gemi em resposta
ao suspiro delicado que escapou da garganta dela enquanto o aperto dela se
afrouxava.
Meu sangue ferveu nas veias quando Thais mordeu um dos meus
controle do beijo outra vez. Suspirei. Como eu tinha sentido falta da textura
dos cabelos dela, de ter os meus dedos emaranhados nos fios.
Porra! Nunca na minha vida eu queria ficar mais sem poder tocá-los.
Sem resistir, movendo meus lábios contra os dela, dei um puxão
suave, arrancando um som excitado que fez o meu pau pulsar. Em uma
resposta primitiva, Thais se esfregou os quadris nos meus, ao passo que as
— Por que não tenho nenhuma dúvida de que você pode, sim,
continuar.
— Porra!
Ela me deu um sorriso malicioso ao prosseguir subindo e descendo
acelerada.
— Okay — soltou um muxoxo —, parece bom também.
Me deu um beijo no peito que me fez praguejar outra vez. Abri uma
carranca quando a garota riu da minha cara, mas fiquei bambo quando ficou
nas pontas dos pés e deixou um beijinho no meu queixo, antes de sussurrar
Arfei quando a imagem dela rebolando para tomar meu pau surgiu
na minha mente e eu enrijeci ainda mais.
Com passos rápidos, ofegando com o desejo latente em todos os
nenhuma delicadeza.
Com as línguas se enroscando, sedentas, minhas mãos pareceram
criar vida sobre o corpo feminino, traçando cada curva, ciente dos pontos
que faziam a respiração dela falhar, que deixavam os olhos ainda mais vivos
com luxúria.
Espalmou as mãos nos meus ombros, tombando um pouco a cabeça,
quadris.
— Edgar? — Insistiu, se contorcendo quando mordisquei a junção
— Entende?
— Acho que sim. — Sorriu e para a minha surpresa, levou a mão ao
— Sei que estamos cansados, Edgar, que talvez não seja uma boa
hora, mas eu preciso. — Me encarou com seriedade. — Hoje coloquei uma
causou.
— Entendo. — Emiti um suspiro cansado, sentindo uma pontada de
meu torso.
— Não estamos brigados agora, Malévola. — A trouxe para mais
perto do meu corpo, quase que nós fundindo.
— Não, na verdade, não.
dificulto não!
— Dificulta bastante — revidei com um tapinha também, só que na
bunda dela, e acabei gargalhando quando a careta ficou maior.
— Não vejo em que…
— E você é má!
sorriso com a recordação do meu avô contando, e porra, senti uma falta
tremenda dele.
— Huum…
— Como você, ela nem olhou para o meu avô…
— Meu avô se apaixonou por ela assim que a olhou, ele a quis para
si, da mesma forma que eu quis você, só que diferente de mim, ele não
negou… — Uma pontada de raiva voltada para mim mesmo me invadiu.
— Entendo.
— Que plano?
— Ele iria fingir tropeçar nela, só para dizer oi.
— O que deu errado? — Pareceu curiosa, os olhos brilhando, de
forma sonhadora, e eu desejei sentir da forma que ela se sentia, mas sabia
Foi óbvio que ela recusou, com medo do pai, mas, dia após dia, nas
conversas breves sobre música, flores, nos bons-dias, eles se apaixonaram.
O amor é irracional, e sem pensar nas consequências, eles passaram a se
encontrar em segredo, em uma tarde, em um contêiner vazio, eles se
hospital.
A expressão antes sonhadora, se entristeceu, e vi que ela lutava
contra as lágrimas.
— Eles fugiram juntos para uma cidade do interior para criar a
criança que felizmente sobreviveu e foi a única que eles puderam ter, mas
foi uma vida cheia de privações, fome, frio, trabalho árduo. Os pais dela
nunca mais falaram com ela, nunca se preocuparam com o bem-estar da
criança. Sabe que não nasci rico, não sabe?
— Sim, tinha, mas esse mesmo amor foi a ruína de ambos. Quando
eu tinha lá pelos meus dez anos, minha avó ficou gravemente doente, e eu
vi tanto meu avô quanto Nicole se afundarem para tentar pagar os
tratamentos dela — meu coração se afundou no peito, e senti uma lágrima
dela me molhar —, mas foi em vão. Os recursos mais modernos eram caros
e até hoje me lembro de escutar uma discussão dos dois na cozinha sobre
isso. Ele querendo dar tudo, vovó se recusando. Quando ela decidiu tentar,
ela já não conseguia mais responder.
dentro de mim.
Em silêncio, Thais me abraçou com força e eu me aferrei a ela, com
desespero. O calor da pele dela contra a minha, era uma espécie de bálsamo
que ainda que não curasse aquele sentimento, o amenizava. Ela me
confortava de várias formas, de corpo, de alma. E eu tomava aquele
acalento,
— Ele a amava com força, Thais. Ele a amava tanto, que não
suportou a perda. Assisti não apenas minha avó definhar pela doença, mas
também vi o meu avô se perder por causa da dor. O homem doce, se
não iria passar por isso, que eu não iria sofrer desse mal, que eu não me
entregaria a ele. Que nunca me perderia, mudaria por ele…
Levei uma mão ao rosto dela, o segurando em concha.
— Depois de ter você naquela noite, eu tive medo, Thais. Medo de
me trair, medo da dependência que eu senti de você. Eu também tive medo
mudar comigo, fizeram com que você se afastasse e não me desse uma
oportunidade de falar.
— Eu precisava me proteger de você, Edgar — sussurrou.
— Eu sei e não te julgo. Eu mesmo não achava que estava fazendo
isso? Me protegendo?
Fez que sim com um assentir de leve.
— O único culpado dessa merda toda sou eu, Malévola. Eu que fui
um imbecil ao tentar me convencer de que não era nada, quando você se
tornou especial. Mas, mesmo assim, ter você longe de mim, perder aquilo
que tínhamos, doeu, me machucou de uma forma que eu não soube
descrever.
— Doeu em mim também, Edgar. Não sabe quantas vezes você me
feriu ao insistir em ficar próximo, o quanto me incomodou ter que dizer não
quando me fazia um convite. Do quanto senti falta dos momentos de vocês.
Eu chorei várias vezes.
Um nó se formou na minha garganta.
— Sinto muito por ter te trazido tanta dor, para você, para nós... mas
eu estava com tanto medo de me envolver, de me transformar em algo
repulsivo, como o meu avô e minha mãe…
— Nunca iria pedir que você mudasse por mim, e odiaria se você
— Nunca iria querer que você mude a sua essência, Edgar — fez
uma pausa, envergonhada —, não que nós dois temos alguma coisa nesse
nível, se é que me entende.
— É algo que eu quero para nós, Thais — acabei confessando.
chorar…
Ficou em silêncio e eu senti uma agonia estranha.
— Me desculpa pelas minhas palavras impensadas? Me perdoa por
ser um babaca com você? — Tornei a tocar os cabelos dela.
do toque dela no meu rosto ficasse maior, fazendo com que o desejo
corresse de forma furiosa dentro de mim. Tentando pensar no bem-estar
dela, eu apenas me manteria nos beijos e nos toques que não tinham nada de
inocente, por mais que minha ereção estivesse mais do que pronta para
sentir o canal contraído dela.
Ficamos nos beijando até que perdemos o fôlego. Deixei vários
beijinhos pelo rosto lindo, fazendo várias carícias suaves com a intenção de
fazê-la relaxar ainda mais. Com o passar dos minutos, vi o cansaço se
— A conchinha…
— Ah!
— Deite de lado — pedi.
Se moveu na cama, dando as costas e depois de ajeitar o meu
meu pau.
Respirei fundo e tentei pensar em nada que não fosse o calor de pele
contra pele. Me senti extremamente bem tendo Thais assim.
— Isso é bom! — Ecoou os meus pensamentos.
— Sim.
— Huumm…
— Você é a minha primeira em muitas coisas, Thais, e será a minha
— Não acho.
— Okay.
— Foi a primeira a fazer amor comigo, foi a mulher que eu escolhi
— Quanto?
— Quer mesmo saber?
— Sem mentiras…
altura da costela que eu havia acabado de receber, mas acabei sorrindo com
o contentamento que preenchia o meu corpo ao saber que minha cama não
Olhei para fora, vendo que, apesar do quarto estar bastante claro,
deveria ser umas sete da manhã.
não a remover, para não a tocar, para não a beijar, e apenas observei a face
marcada pelo sono, o seio empinado que subia e descia pela respiração
que ela era perfeita com as suas pequenas imperfeições. Tão perfeita que
cada detalhe dela, me excitava. Tanto que, por mais que eu tentasse, não
pudesse tê-la outra vez. E depois outra, mais outra, de várias formas.
Algo me dizia que eu seria insaciável por ela e o meu desejo nunca
teria fim. O pensamento deveria me assustar, já que beirava a uma obsessão,
mas, incrivelmente, senti euforia, fora que, nunca entendi tão bem o meu
melhor amigo como agora. De alguma forma, essa ânsia pelo corpo dela
— Merda! Te acordei?
— Não.
Me encarou, abrindo um sorriso para mim enquanto movia o corpo
lábios dela.
Senti meu corpo estremecer, meu pau ficar ainda mais rígido com o
toque dela.
dos chutes.
gargalhada eufórica, por saber que eu poderia beijar ela sempre que eu
conseguia pensar em nada que não fosse beijos, toques, ter a boca dela
com os pés até alcançar o meu pênis. Me surpreendi com a fantasia, já que
não podia dizer que eu era um aficionado por aquela parte do corpo.
chiado quando ela parou de me tocar com os pés, mas acabei gemendo
quando ela roçou de leve o meu pênis. — Me ensina? Isso se você não tiver
que ir trabalhar, ou quiser dormir, Edgar. Diferente de mim, não sei se ainda
tá cansado.
não fosse fazer amor com aquela mulher, antes que ela pudesse dizer
qualquer coisa, minha boca voltou a cobrir a dela. Eu não tive nenhum
pudor em segurar o pulso dela, mantendo sua mão próxima ao meu pau.
mergulhar minha língua dentro dela, matando a ânsia que me consumia pelo
gosto dela, pela retribuição e por tudo que eu sabia que a minha mulher me
daria.
Thais era minha. Só minha. Minha para beijar, minha para tocar, minha para
amar.
doce, por mais que a minha alma pedisse para que fizéssemos um amor
mantinha cativa ao passo que a outra mão estava enterrada em uma das
nádegas, aplicando uma pressão que a fez gemer contra a minha boca.
Eu era uma besta furiosa que não parecia ter o suficiente do beijo,
do toque dela.
Ver nos olhos de Thais que a minha selvageria a excitava, só
Thais.
nossas salivas, fazendo com que um som baixo, uníssono, escapasse de nós
dois.
acumulando na ponta.
Senti uma gota de suor escorrer pela minha coluna e tive problemas
prazer que sentia por continuar a subir e descer pelo meu pau, mas também
autoconfiança por saber que era capaz de me enlouquecer.
sentisse ainda mais confiante, de que Thais tivesse mais certeza de que o
meu corpo era dela.
Não precisei pedir outra vez. Com a mão livre, minha mulher usou
as pontas dos dedos para acariciar os meus testículos que ficaram ainda
toda a minha pele, o instinto me fazendo mover meus quadris para frente e
para trás, estocando a mão dela, em uma busca cega pelo ápice que não
demoraria a vir.
Tudo ficou mais intenso quando fechei os meus olhos e me
entreguei de vez à minha mulher, permitindo que ela fizesse o que quisesse
do meu corpo. E Thais brincou comigo, terminando de me enlouquecer,
fazendo com que uma onda forte de felicidade me afogasse, tanto que eu
poderia rir alto, sem controle.
mulher,
Suspirando, ela beijou cada uma das minhas tatuagens, e eu me senti
meu nome.
Eu não conseguia me privar dela, precisava daqueles beijinhos como
precisava de ar.
— Gostoso! — sussurrou antes de deslizar a língua por todo o meu
subiu, acompanhando o movimento que ela fez no meu pau que ficou ainda
mais melado por ela.
meu pau à flor da pele. A umidade da saliva, o tato da língua contra a minha
carne fez com que eu praticamente me esfregasse nela com o enlevo que
banhava as minhas veias.
produzia em mim.
— Thais — sussurrei, baixinho, pedindo pelo êxtase, dando um
encontro ao rosto dela, assisti Thais segurar o meu pau e envolver a minha
glande com os lábios carnudos.
nome dela sendo gritado por mim, ecoando pelo quarto em meio ao jato
quente que lambuzava o meu abdômen.
testa.
— Me desculpe, Malévola, eu não consegui me conter — acariciei
os lábios dela, a lembrança da boca dela no meu pau voltou a minha mente,
agitando-me.
— Tudo bem.
— Minha única desculpa, uma das bens ruins, é você ser muito
gostosa — brinquei.
Revirou os olhos, como se não acreditasse em mim.
de regojizo em tocar ela da forma que eu queria, por saber que Thais
também apreciava a porra da minha pegada.
Enroscou a perna na minha, se insinuando, ao passo que as pontas
dos dedos roçavam no meu abdômen.
Não tive dúvidas de que ela foderia todos os meus miolos e eu
permitiria de bom grado.
minha porra. — Você me faz querer a sua boca no meu pau outra vez.
— Hum… Posso? — Abriu um sorriso cheio de malícia, deslizando
a mão, até agarrar o meu pau, apertando-o suavemente.
Ca-ra-lho!
sorrindo.
Segurando com mais força os punhos de Thais, baixei meu corpo
ainda mais, prensando os seios macios contra o meu peitoral, sentindo o
bico duro estimular o meu mamilo, enquanto aproximava o meu rosto do
dela.
Por mais que minha mulher abriu levemente a boca para receber
minha língua, por mais que o meu corpo sentia urgência pelo dela, não tive
nenhuma pressa em degustá-la.
que o meu quarto fosse repleto de espelhos, para que ela visse o quão
fodidamente erótico, o quão sensual nós dois éramos juntos, o quanto
nossos corpos se complementam.
— Ande, Thais — insisti, mordiscando o ossinho da clavícula, um
arfar escapando dela. — Não vou continuar até que você me olhe.
— Sério? — sussurrou.
— Sim! Dê prazer ao seu homem em saber que você o observa,
gostosa… — Deixei outro beijinho. — O que vai ser?
Timidamente, voltou a me fitar, e forçando-a a manter os olhos
sobre mim, meus lábios percorreram cada uma das marcas, venerando-as,
querendo que ela se sentisse linda, porque ela era mesmo maravilhosa.
Eu adorava cada um dos traços de Thais, cada célula do corpo dela,
cada imperfeição e torcia para que um dia ela também se adorasse, que ela
se visse como eu a via.
Me sentindo ainda mais determinado em ajudá-la nesse processo,
continuei a deixar vários beijinhos no tórax até que o prazer falasse mais
alto e o corpo dela precisasse de mais do que meros beijos. Senti que Thais
se deixava levar pelo desejo.
— Edgar! — Os suspiros, ofegos, ecoaram no ar, e ela erguia o
tronco, oferecendo os seios sensíveis para mim, presa em um frenesi
intenso.
Assistir ao desejo crescente da minha mulher, alimentou ainda mais
o meu, e, com o meu pau pulsando, continuando a olhar para ela, soltando
as mãos dela, enterrei meu rosto no peito dela. Permaneci ali, no meu
paraíso particular, até que com um som baixo, querendo ação, minha
mulher entrelaçou os dedos nos meus cabelos, trazendo-me ainda mais
contra si.
Deslizei minha língua pelo vale entre os seios, lambendo lentamente
o suor que a cobria, fazendo Thais se arquear contra o meu rosto enquanto
segurava meus fios com força, até alcançar o umbigo.
Todo o desejo em torturar minha mulher, em subir com a lambida,
para alcançar os bicos atrevidos e chupá-los até que ela implorasse, morreu
quando o cheiro pungente da excitação dela invadiu as minhas narinas.
Senti minha boca encher de água, o desejo por descobrir o sabor que
teria o prazer dela se tornando mais intenso do que qualquer coisa.
Tentou me puxar para cima, mas, contrariando-a, desci ainda mais,
Inspirei fundo a fragrância dela, ficando ainda mais louco por Thais,
o desejo pulsando de forma brutal. Cada segundo sem tê-la era um martírio.
A resposta dela foi segurar os meus fios com mais força, emitindo
um suspiro.
Beijei um pedaço da coxa dela e olhei para ela, em expectativa, mas
em direção a minha face, no modo como o meu coração batia ainda mais
rápido com o prazer de fazer oral nela.
Sem pressa, sem dar aquilo que eu sabia que tanto eu quanto ela
precisava, explorei cada canto do sexo molhado, lambendo os pequenos e
espalhar pelo meu peito que de alguma forma, causou uma pane em mim,
me deixando abobado.
Ed. Ela me deu um apelido...
— Por favor, Ed — pediu, jogando os quadris para frente.
toda a extensão da vagina dela com uma lambida que fez com que ela
choramingasse outra vez, mergulhei minha boca dentro de Thais e encontrei
a carne inchada com a ponta da língua.
Traçando pequenos círculos na região, fiz minha mulher gemer
apenas baixei meus lábios, encontrando um outro local que faria ela
espichar contra o colchão.
Ficando mais ofegante, preso no meu próprio prazer, sentindo Thais
ficar cada vez mais mole, alternei minha atenção naqueles dois pontos,
Senti vivo como nunca antes, um uivo gutural subindo pela minha
garganta no momento em que, beliscando o clitóris dela, deixei várias
pancadas, Thais cravou os dedos na parte posterior das minhas costas,
deixando um vergão ardido, doloroso, um contraste com a carícia que ela
mesma, me fazendo inveja por não ser os meus dedos. Os nossos gemidos
que mais uma vez se tornaram uma única coisa, o prazer de dar e receber.
Enfiei mais um dedo dentro do canal contraído e escorregadio, e
comecei a entrar e sair, imitando os movimentos que eu faria nela em
breve, brincando com as paredes cada vez mais tensas e que tentavam me
prender enquanto eu devorava a carne inchada e excitada.
— Ed — choramingou em meio a um suspiro.
Apliquei mais velocidade aos meus movimentos, o ar queimando
entregou-se ao orgasmo.
— Ed — a voz era fraca, mas foi capaz de me excitar ainda mais.
Perdendo o controle, lambi toda a excitação dela e continuei a
chupar o clitóris e a penetrei com os três dedos juntos em um tranco,
prolongando o êxtase dela, fazendo com que ela reunisse as últimas forças
para erguer e descer os quadris na busca por outra onda, mas eu a
foi eu quem gemi, mas não me importei, roçando a minha ereção na barriga
dela, sentindo o meu pré-gozo se misturando ao suor dela.
— Tema camisinha?
— Merda! — Me xinguei por ter esquecido do preservativo.
de abrir o pacotinho.
— Porra!
o que fez com que ela emitisse um som estrangulado, arqueando o tronco na
minha direção.
pênis esfregasse neles. Removi meu pau antes que eu gozasse ali mesmo.
— Ed…
— Porra! Adoro ouvir você me chamar assim.
Mesmo que soubesse que era imprudente fazer isso, rasguei a merda
— Me beija — pedi.
apenas para ir para frente, e a luxúria dela e o ato de ela voltar a me beijar,
Com o desejo pulsando entre nós, fui para trás e para frente,
amando-a lentamente, sentindo o prazer de ter os corpos deslizando um
envolvia almas, uma conexão mais profunda, que tornava o nosso encontro
ainda mais especial. E o ponto chave era o olhar preso um ao outro, também
se amando.
— Ed — pediu, mordendo os meus lábios de uma forma que me fez
fricção dos nossos sexos, com o corpo que me recebia com desejo, com as
contrações cada vez mais fortes que ela exercia no meu pau, oferecendo um
atrito prazeroso, doloroso.
cruzaram nas minhas costas e Thais segurou nos meus ombros, buscando
um novo ângulo que lhe desse mais prazer.
minha mulher emitia enquanto brincava de roçar aquele ponto sensível que
a fazia se segurar em mim com mais força. Eu ficava mais tenso a cada
segundo que se passava, tentando manter o foco em dar prazer a ela, mas eu
me perdia na busca do meu orgasmo todas as vezes que tirava o pau
tranco firme.
Soltei uma blasfêmia ao sentir os lábios dela tocarem o meu
mordeu.
— Caralho, Thais! — urrei quando mordiscou o meu pescoço, e
meti mais forte, o gemido dela sendo combustível para o meu prazer.
suave nos cabelos dela, juntos, olhando um para o outro, fomos engolfados
pelo êxtase que me fez minha mulher emitir um grito abafado, apertando o
com o meu peso, suspirando com o nosso encaixe perfeito que fazia o bico
dos seios atitarem com os meus.
costas.
— Maravilhoso! — retruquei.
— Perfeita.
— Hum.
— Gostosa?
— Mesmo?
— Sim.
— Acho que você precisa ver alguns filmes para aumentar o seu
— Uhum.
— E qual é?
Para dramatizar, levei as minhas mãos a bunda dela e a agarrei com
Deveria ficar com medo dessas palavras, mas não tive, pelo
anterior.
— Besta!
— Me apaixonei por você, Thais — sussurrei a confissão,
acariciando o rosto dela, e eu vi várias emoções passarem nos seus olhos.
— Edgar…
Revirou os olhos.
encontravam.
Caralho! Thais estava se apaixonando por mim!
lado. Emiti um muxoxo quando ela se ergueu do colchão, mas logo gemi ao
olhar para a bunda dela, minha mente entrando em um torvelinho. Senti
— Preciso de um banho.
— Okay, pode usar o nosso banheiro.
— Melhor não.
Arqueou a sobrancelha.
Porra!
nossa relação aos meninos, não quando estava de tão bom humor, quando
me sentia feliz por ter meus sentimentos retribuídos.
cavernas, passei meu braço pelo joelho dela e a ergui sobre os ombros. —
Me põe no chão!
Desferi outro tapa na bunda da mulher, gargalhando, começando a
caminhar em direção ao banheiro com Thais pendurada em mim, que
Ri ainda mais.
Não tive dúvidas de que eu era melhor do que qualquer galã dos
atuação.
Capítulo trinta e quatro
quando Rafael passou pela porta do meu escritório, fechando-o atrás de si.
— Dando chilique logo pela manhã, Edgar? — Arqueou a
mais irritante.
— Vá se foder — grunhi —, está atrasado.
cabelos.
— Saísse mais cedo, porra! Você que marcou esse maldito horário!
meu whisky.
— Tive uma madrugada péssima — grunhiu, bebendo um gole
longo.
— Algo sério? — Não tive pena dele, mesmo que agora eu pudesse
pouco de álcool.
me encarando.
— Carajo! Não fará essa mierda.
— Sim, mas…
— Então a vovó vai adorar saber o que o netinho querido dela bebe
precioso demais.
— Estou errado?
ciúmes tremenda por saber que ele achava a minha mulher bonita. — Você
que não tem que achar nada.
Riu.
— Imbecil.
fofoca que você vai contar para a sua avó é de como acabou com o rosto
Rosnei.
— me alfinetou.
— Espero que não tenha marcado essa reunião para discutir minha
— Mas não irá querer fazer uma velhinha infeliz por não ter o
— Tenho certeza de que ela está bastante envolvida com outra coisa
no momento.
— Porra!
— Faça minha avó feliz, Edgar.
mais que ache que isso não aconteceu do dia para a noite. Levou dias depois
acabei cedendo, já que não era nada que eu não tivesse falado no
— Sim. Um pouco incômodo saber que fui eu quem fiz isso com
ela? Sim, muito, mas os dias fez com que Thais acreditasse no que sinto.
mim mesmo de que eu demonstraria a Thais que ela foi uma das melhores
não tenho mais medo disso. Na verdade, tenho orgulho de ser apaixonado
por ela.
juntos.
Bufou.
pólvora para continuar, fazendo a mesma pergunta que um dia meu melhor
tinha em comum com o homem à minha frente, algo que poderia fazer ele
— Muitas coisas.
— Vá se foder, porra!
— Quem começou esse assunto foi você. — Foi a minha vez de dar
de ombros.
— Cabrón[2]!
breve irei pedir minha mulher em namoro, apesar que me sinto preparado
para dar passos muito mais além disso… — acabei falando demais.
Senti-me arrependido no segundo seguinte, ainda mais que, as
transações financeiras que tínhamos em comum, não necessariamente,
Eu não tinha nem mesmo falado para Riccardo sobre aquele assunto
que vinha dando voltas na minha cabeça, por mais precipitado que fosse,
ainda mais que, nem eu e nem Thais havíamos declarado em voz alta que a
paixão virou amor.
Afinal, levava tempo para isso acontecer, não?
Sim, eu desejava pra caralho que Thais voltasse a morar com a gente
e não no apartamento que ela tinha alugado desde a nossa briga, ainda que a
gêmeos enquanto fortalecíamos ainda mais a nossa relação, para não criar
expectativa nos dois, mas eu não aguentava mais me conter.
Queria que fôssemos um casal para todo mundo ver, e isso incluía
meus irmãos verem troca de afeto entre nós dois.
Fechei a cara.
— Và pra merda, Rafael!
Arqueou a sobrancelha.
— Podemos apostar, Edgar. — Abriu um sorriso como se tivesse
juntinho todos os dias, que está mais do que apaixonado por ela, mas se
impor não é a solução. Vocês têm o quê? Nem seis meses juntos. É loucura.
— Porque sou mais racional do que você, fora que sou um homem
prático.
Riccardo?
— Já perdemos tempo demais com uma conversa que não vai nos
— Sim. Nós dois temos coisas mais importantes para fazer do que
ficar falando bobagens pelos cotovelos.
— Fiquei sabendo de um edital de concessão do governo mexicano
Rafael? Eu não vou entrar em algo sabendo que você tem outras razões por
trás.
Pareceu pensativo.
— O dinheiro que iria para alguém que eu não gosto? — o tom de
voz era seco. — Se não te interessa, Edgar, encontrarei alguém que queira
se beneficiar.
— Explique-me mais sobre essa concessão — concordei, afinal das
contas, negócio era negócio, e não podia negar que seria bom ver a minha
empresa crescer para além das fronteiras, por mais trabalhoso que fosse.
Porra! Eu precisava dar esse passo, por mim, por nós, mas, não tinha
ideia do que faria de romântico. Poderia perguntar para o homem à minha
frente ou para Riccardo se tinham alguma ideia, mas não tive vontade
nenhuma de entrar naquele terreno sentimental e escutar baboseiras.
É, talvez ver umas comédias românticas com Thais não fosse de
todo ruim.
— É — Jax concordou.
— Graças a ajuda de vocês, carinhas — brinquei, dando uma
feito.
— Um ou outro, até vai, mas meio pacote? — Tentei focar na minha
argumentação que divertia os dois menininhos e não nas noites quentes que
dele.
— Sei — bufei, não acreditando nem um pouco na desculpa
latindo alto.
outro, fazendo carinhas de cachorro pidão que poderia muito bem ter sido
alguma forma, sabendo que o meu coração molenga iria dizer sempre sim
para eles.
— Só mais um, ferinha, vocês já comeram demais. — Edgar foi
sério
— Comer muitos de uma vez faz mal, querido, deixa a gente com
— Não sabia explicar sobre isso e também não sabia se ele conseguiria
— Tá! — O menininho ficou bem chateado por ter que esperar, mas
mesma forma apaixonante e que fazia meu coração molenga querer ceder.
— Ah, mano!
— Sem ah, bicos e reclamações. — Foi firme e eu e Edgar trocamos
um olhar que deixava claro o quanto detestava ter que fazer aquele papel
intransigente.
oferecendo minha compreensão e apoio, mas, por mais que nós dois
estivéssemos apaixonados um pelo outro e envolvidos emocionalmente, que
Edgar tenha demonstrado nesse último mês com gestos e palavras que
queria algo sério comigo, eu ainda pedia cautela, precaução que cada vez
mais eu me questionava se era tão necessária assim, afinal, eu tinha passado
Todos os dias, o ouvia dizer que estava apaixonado por mim. Podia
não ser o sonhado eu te amo, mas, os sentimentos dele por mim eram fortes
Por mais que Edgar não falasse uma palavra sequer sobre o assunto,
eu sabia que ele estava um pouco frustrado por nós mantermos nosso
Suspirei.
Não queria fazê-lo sofrer por algo tão bobo. Mais tarde, conversaria
com Edgar para encontrarmos um jeito de contar para os irmãos dele que
nós dois estamos em um relacionamento que podia ficar mais sério. Havia
mas, falar para os gêmeos parecia ser algo importante para ele.
— Por que vocês não ligam o videogame enquanto ajudo a
Não precisou dizer mais uma vez para que, em meio aos sons de
ganhar uma hora extra para jogar videogame com o irmão mais velho.
pescoço.
— Mentirosa.
— Sim — confessei.
Me girou nos braços dele para que nós dois nos fitássemos.
— Sim…
Mais e mais, Edgar se tornava o meu príncipe. Boca suja, mais meu
príncipe.
Boris.
namoro como minha melhor amiga fez com o seu melhor amigo.
— Não.
— Entendi.
— Mas seria bem romântico ser pedido em namoro, Malévola —
maliciosa.
— Para quem?
Bufei.
brincar.
Balancei a cabeça em negativa.
um muxoxo.
— Hey! — Dei uns tapinhas no ombro dele.
ficando ciente de que mais um pouco, eu deixaria ele duro, o que não era a
minha intenção.
contato moroso.
— Tem planos para hoje à noite?
— Como?
— Recolher a louça e jogar videogame com os gêmeos — falou em
tom divertido antes de baixar a mão dos meus quadris para lidar com os
pratos, talheres e copos esquecidos.
— Tenho.
— Que me envolvessem.
nos olhos e com isso pude ver várias emoções cruzarem os olhos dele.
— Dificilmente não gostariam. Jax e Spencer gostam de tudo que eu
faço.
— Eles amam muito você, Malévola. — A voz era séria.
gêmeos e também ter um caso com Edgar não fazia dali minha casa. Eu me
obrigava a ir, pensando que era o correto. Afinal, éramos algo próximo de
deveria ter falado nada. Eu não quero te assustar ou foder com tudo de
novo.
Tentei sair dos braços de Edgar por força do hábito, mas quando
consegui escapar, ele passou um braço em torno da minha cintura e me
puxou de volta.
— Culpa da Malévola, ferinha — respondeu em um tom cheio de
diversão.
— Por quê?
— É?
— Sim.
Edgar murmurou.
— Ah, tá! — disseram um seguido do outro, não sei se tão
convencidos assim, e Batata latiu.
— Por que não levam a Malévola para jogar com vocês, ferinhas?
contradizer Edgar. Nem discuti, mesmo que ele não deveria falar por mim,
porque, antes mesmo de começarmos aquela conversa, eu já tinha toda a
intenção de passar minha sexta com eles. Edgar ter dito que me queria ali,
nesse jogo.
sempre acontecia por ela me chamar pelo apelido que tinha me dado.
Minha mulher, que já fazia isso quando era apenas amiga e babá,
agora que estávamos juntos, parecia ainda mais livre em chamar atenção
dos dois.
comigo.
— Estou querendo te ajudar, Ed.
— me provocou.
quem acabei ganhando, já que havíamos nos beijado outra vez e a tive no
outros planos que não envolviam uma cama ou outra superfície qualquer.
— Melhor de três.
— Eeee! — Meus irmãos ficaram animados e Batata latiu.
minutos atrás.
Senti que apertei os dentes com uma fúria fora de hora, voltada
forma zombeteira, o que me fez ficar ainda mais puto comigo mesmo.
fato de Thais achar bonitinho não significava que ela concordaria em deixar
Não falei nada e tentei focar na partida para despistá-la, mas, com os
— É! — Jax concordou.
— Isso não teve graça, Edgar.
— Por quê? — Me virei para ela, vendo que tinha um bico de todo
tamanho.
Tive uma vontade imensa de dar um beijo nos lábios dela, mas me
impedi.
possibilidade.
irmãos.
doce, para depois falar como se fosse superior a mim: — nem fiz nenhum
Os dois meninos riram com a careta afetada que ela tinha feito e eu
erguer do sofá.
caixa com o enorme laço dourado que estava guardado à vista para quem
abrisse o guarda-roupas do closet, me sentindo inseguro.
romântico, mas sempre que pensava em dar a ela, eu hesitava, como agora.
conteúdo daquela caixa foi a única coisa que consegui elaborar sem a ajuda
de ninguém.
— Sério?
— Tanto que eu estava quase indo atrás de você, Ed — Thais falou
a atenção de Batata.
Nossos olhares se encontraram, cúmplices, e igual a mim, ela havia
mim.
Acabei gargalhando também.
— E então? — perguntou.
— O quê? — sussurrei.
trêmulos.
— Sobre? — Minha voz soou estranha aos meus próprios ouvidos e
pra caramba, ou dramático, não soube dizer, mas, senti um aperto estranho
no peito.
— Thay?
— É a primeira vez que eu ganho uma pelúcia, Jax. Estou
— Sabe que sou apaixonado por você, droga, nos últimos vinte dias
eu só falo sobre isso, sobre o quanto você é maravilhosa, linda, inteligente.
O quanto eu adoro o seu sorriso, seus olhos, seus cabelos, seus lábios — me
interrompi, quando me dei conta que iria falar algo de conotação mais
expressar o quanto ele gosta, melhor, ama a Thais, e quer que ele seja a
garota dele.
apartamento dele, fazendo tudo precipitado, mas ele não aguenta mais
esperar. Ele não pode passar mais um minuto sequer sabendo que ele não é
o seu namorado.
— Ed… — Fungou.
pausa, tentando organizar as palavras que saiam como uma cachoeira pela
minha boca. — Ele pode ser péssimo com essas coisas, mas ele promete
continuar tentando, todos os dias, por amar você. Ele jura que um dia ele
passará de sapo a príncipe.
nós, depois o outro. Batata foi atraído pelos meninos que continuaram com
a algazarra.
Thais fez com que fosse levantar também, mas não deixei,
mantendo os meus braços em torno dela. Tombou um pouco a cabeça para
trás.
— Prometo que o próximo pedido será especial.
— Esse pedido foi mais do que especial, Edgar. — Abriu um sorriso
enorme, e o semblante todo tomado por alegria, me contagiou.
duas crianças que me amam muito e um cachorro que suponho que me ama
também. O que mais uma garota pode querer?
— Não sei. — E realmente não sabia.
— Sou muito sortuda. Nada dos filmes chegam aos pés ao seu
fizeram com que por uma onda eufórica me tomasse e eu gargalhei alto
antes de infiltrar a mão nos cabelos dela e puxá-la para um beijo contido,
mas não tão casto. A paixão teria que ficar para depois e pelo olhar de
Thais, mesmo que as lágrimas ainda caíssem, pela linguagem do corpo dela,
eu sabia que ainda no fim daquela noite, nos amaríamos lentamente, com
Soltei uma risada quando, mais do que depressa, ela saiu de cima de
mim.
Me levantei também, sentando próximo a ela.
Vi Thais mexer no bolsinho e o choque estampado na cara dela ao
choro ao pegar a minha mão, para deslizar a meia-aliança pelo meu dedo.
O contato do metal contra a minha pele fez meu coração saltar, meu
corpo estremecer.
Era uma peça simples, mas, mesmo assim, o significado dele era
nos meninos.
Trocando um olhar cúmplice com Thais, acabei rindo junto dela
com a algazarra que a minha sala havia se transformado. Nem por um
segundo sequer duvidei que a reação dos gêmeos seria diferente. Eles a
amavam.
Me movimentei para abraçar a minha então namorada que pousou a
cabeça sobre os meus ombros e a mão dela procurou a minha.
Olhei para os anéis em nossos dedos e foi como se eu tivesse sido
atingido por um raio outra vez. A satisfação que eu sentia por isso, era
monstruosa.
— Nem acredito que comprou uma aliança para você também —
sussurrou.
— Por quê? — Franzi o cenho.
divertido.
— Ah, não! — Mais resmungo.
— Por quê, mano? — Spencer perguntou, ainda fazendo cara de
nojo.
— Namorados demonstram afeto — expliquei. — Não é bacana ver
que eu gosto da Thais, Spen?
— A Thay é a minha namorada também? — Jax perguntou,
falei.
— Sou grande já!
— A Thay é do mano — Jax respondeu.
— Isso mesmo, ferinha. — Sorri, convencido.
que posso, como a sua funcionária, sua amiga, mas, principalmente como
sua namorada…
Vi certa hesitação nela, não por temer me desagradar, mas, sim, por
achar que ao se intitular assim, ela estaria ultrapassando limites.
ser tomado por várias emoções e uma certeza: eu amei minha namorada
ainda mais por ela estar disposta a tentar preencher um pouco daquela
lacuna que nunca seria preenchida.
Odiava quando isso acontecia, mas, era inevitável não fazer carinho
neles sempre que voltava de viagem, por mais curta que fosse. Era como
uma espécie de ritual, um rito que tão cedo queria que acabasse.
— Volte a dormir, ferinha — pedi, tirando uma mecha de cabelo que
— Não.
— Ferinha…
para lá de agitado que eles tiveram com a minha Malévola no parque, onde
Sem pressa, velei o sono dele por alguns minutos para depois,
tomando cuidado para Batata não latir, deixar um beijo na fronte de Jaxon
Dois dias sem poder beijá-la tornou-se tempo demais para mim e
por mais cansado que eu estivesse, precisava dos beijos e da pele dela.
— Não vai receber o seu homem? — Perguntei, quando ela sequer
muxoxo.
Fechei a cara.
costas dela.
— Muito!
ainda mais os seios no meu peitoral. — Vai me fazer repetir que você é o
único?
— O quê?
meus lábios.
minha língua. O beijo foi temperado com o suspiro satisfeito que deixava
nossas gargantas, com a ânsia do tempo em que passamos separados. Eu
tentei me fartar dela, roubando o fôlego da minha Malévola, sentindo-a
ao outro. Meu pau latejava ao se esfregar nela, querendo sentir outra vez o
agarrei ela pelos cabelos, sabendo que eu a deixaria ainda mais molhada.
excitação.
— Talvez seja o que eu quero que você faça. — Era pura malícia.
Grunhi.
conseguimos conversar.
Senti meu coração bater mais forte só por Thais perguntar como foi
— Eu também.
Sorriu, me olhando com tanta ternura, amor, que eu imaginei que ela
iria se declarar naquele momento, mas isso não aconteceu. Toda minha
frustração e anseio de ouvir ela dizer que me amava de volta, algo que eu
vinha esperando de forma incessante, morreu quando ficou nas pontas dos
pés e outra vez beijou os meus lábios de forma doce e igualmente quente.
— Nunca me atrapalha.
Bufou.
irá acontecer.
— Dizem por aí que sonhar não custa nada — dei um sorriso torto.
— Seria sexy!
— Sei.
— Muito.
— Pervertido.
— Você quer enviar essa foto para mim, Thais, só não quer admitir.
— Muito.
— O foda que eu preciso de um banho. Não tive tempo de passar no
— Eu não recusaria.
— Safada. Mas tenho um plano melhor…
— Confeitos?
— Ficará mais romântico com confeitos.
— Não é morango e champanhe?
— Será!
— Okay! — Abriu um sorriso, mas logo fez uma careta. — Só não
suíte com passos rápidos. Por mais cansado que eu estivesse, me sentia
mais do que pronto para amá-la a noite e madrugada inteira.
Capítulo trinta e oito
banho.
decepção que senti por saber que não havia nenhuma pétala para que eu
pudesse jogar na água.
Estava sendo uma tola por desejar uma pitada de romantismo, sendo
o deixava com uma aparência ainda mais poderosa. Era o olhar faminto
camisinha.
— Estou esperando certo alguém me despir — tentei adotar um tom
— Sim?
homem, mas, eu torcia para que um dia eu me acostumasse com isso, como
dia após dia, a ideia de eu amar Edgar parecia menos teoria e mais real.
virtudes.
Suspirei.
Talvez tenha começado a amá-lo quando, me surpreendendo, Ed não
teve vergonha de mim e postou primeiro que eu uma foto de nós dois juntos
mundo.
— Não vai despir o seu homem, Malévola? — Me provocou quando
esfriar?
— Sabe que a banheira mentem a água aquecida, Ed. — Semicerrei
meus olhos.
— Sei.
— Só quero que me toque, amor. Senti falta das suas mãos em mim.
Toquei o rosto dele com as duas mãos e me pus nas pontas dos pés,
— Romântico.
A iluminação feita por lâmpadas de led branca deu lugar para uma
luz amarelada baixa, deixando todo o banheiro a meia luz. Uma música
Com uma única palavra, Edgar havia tornado tudo mais romântico,
mais especial.
que eu o encarasse.
— Sabe que sim. — Suspirei outra vez. — Nem sabia que tinha esse
comando para deixar o banheiro assim. Você deveria ter me contado antes,
eletrizada.
— Bobo!
— Com razão.
tão romântico.
— Sabe o que vai ser ainda mais romântico?
— Sim?
da respiração dele tocar a minha pele —, nos amando, nos entregando, nos
rendendo.
meio a um gemido.
se contraiam ao meu toque, enquanto a minha língua fazia amor com a dele,
Não tivemos pressa ainda que nossas peles ficavam mais arrepiadas
ao toque, nossos corpos cada vez mais ansiosos pelo do outro, pela fusão
que viria.
Tombei um pouco a cabeça para trás ao interromper o beijo e ofereci
a minha garganta para os lábios dele. Com um som faminto, não hesitou em
beijar e mordiscar meu pescoço, a barba oferecendo um atrito delicioso que
me fazia retorcer.
tomasse, me despisse e fizesse o que quiser comigo, desde que ele aplacasse
o fogo que consumia toda a região do meu baixo-ventre.
— Ed!
— Cheirosa!
Arfei.
Continuou a me atormentar, me lambendo ao passo que enterrou as
pressão que roubou todo o meu fôlego e me fez segurar nos ombros dele
com força, com medo de cair tamanha bambeza que me acometeu.
meu namorado que dava atenção ao outro seio, pelo modo como ele me
encarava, cheio de desejo ao chupar meu mamilo, por me tocar.
A expectativa cresceu ainda mais no meu interior quando Edgar
boceta a qual tentei aplacar ao roçar as coxas uma na outra, suspirando com
o atrito perfeito.
dele.
— Dominadora! — Deu um tapa na minha nádega nua, já que o fio
dental nada cobria, o impacto do tapa fazendo com que eu mordesse meus
lábios para conter um som mais alto.
caralho, deusa!
— Sim.
— E nem começamos.
Poderia discordar, já que desde o primeiro beijo, eu havia ficado
assim, mas arfei o nome de Edgar baixinho, sentindo meu corpo entrar em
uma espécie de frenesi quando ele deixou um beijo no interior das minhas
não fiz nada para impedir ele de tirar a peça pela minha cabeça e jogá-la
para o lado.
escureceram.
Como todas as vezes, me senti poderosa pela reação visceral de
Edgar a mim.
Gemeu quando dei um apertão de leve no pau dele, querendo deixá-
— Sabe que sim! — falou com a voz rasgada quando por minutos a
fio continuei a manuseá-lo por cima do tecido ao ponto de deixá-lo não
apenas ofegante, mas que eu sentisse o pau dele estocar a minha mão em
vários espasmos.
— Hum.
Abri o botão da calça e baixei o zíper, apenas para enfiar minha mão
dentro da cueca dele, iniciando minhas provocações ao brincar com o saco,
extensão.
Brinquei com a cabeça do pênis, impregnando ainda mais a ponta do
indicador com o pré-gozo.
Senti o meu canal se apertar com força, com o impacto das palavras
dele, com o beijo exigente.
suspirando baixinho com o prazer que me invadia só por ele ser meu. Logo,
em minutos, eu removia a calça junto com a cueca deixando vários beijos
pela pele tatuada, provocando o meu homem da mesma forma que ele tinha
feito, nos excitando no processo.
Fiz que sim e, enquanto ele pegava uma camisinha, para encapar o
pau dele, aproveitei para fazer um coque no topo da minha cabeça, ainda
que eu duvidasse que eu não acabaria molhando os fios.
Edgar pegou a minha mão e como se eu fosse uma princesa,
dele se fechou no meu seio e ele o massageou antes de aplicar uma espécie
de pressão deliciosa, forte, mas não ao ponto de me machucar.
Talvez fosse o modo como ele brincava, ou como a palma cobria o mamilo
todo.
Deixando uma mordidinha na parte de trás do meu ombro, acariciou
o meu seio de cima a baixo, brincando com o glóbulo que parecia mais
pesado às carícias, fazendo o meu sexo se contrair ao beliscar o bico
sensível.
miríades de sensações que não tinha nada a ver com sexo, mas com carinho,
amor, companheirismo.
Aquilo era bom, muito bom. E romântico, extremamente romântico.
Outro suspiro.
— Gostoso — murmurei.
— Gostosa! — Retrucou contra a minha orelha, a respiração quente
me arrepiando, fazendo arquear minha coluna, quando passou o bombom
pela minha pele, apenas para lamber o traço que havia ficado.
olhar cada vez mais escuro, com um desejo bruto, me tornando cativa.
— Thais? — Questionou de forma retardatária.
— Não posso mais esperar, e sei que você também não, Edgar...
bem próximas daquilo que sentíamos, pelo menos eu. Eu senti uma falta
enorme de estar com ele, de ter o corpo dele de encontro ao meu, do beijo,
da pele, do cheiro, do calor, do friozinho na barriga que sempre me
acometia com o toque ou com um mero olhar.
o principal tempero era a conexão que havia entre nós, física, emocional, de
almas.
O tempo me pareceu entrar em uma espécie de suspensão. Só
existiam eu e Edgar.
Meus ouvidos pareciam captar somente os gemidos, o som daqueles
produzidos pela água com o mover dos corpos.
O ambiente em que estávamos não importava, só o beijo, a mão
forte que deslizava pelas minhas costas ao passo que me trazia mais de
encontro ao peito dele.
Sem afastar o olhar um do outro, passámos a gemer em uníssono
com o roçar do meu sexo na ereção, adotando mais e mais, uma cadência
alucinante.
Meu peito parecia prestes a explodir, os músculos do meu sexo se
esticavam, ansiosos para receber o pau de Ed, ao passo que acariciando o
pescoço do homem a quem eu nutria sentimentos profundos, eu percebia o
quão ele lutava para não me penetrar, continuando a roçar o pênis dele na
mordesse os lábios para conter um gemido alto. Edgar estava tão sexy que
eu senti meu corpo entrar em uma espécie de combustão, o prazer dele
mesclando-se ao meu.
Precisando levar o meu homem a algo mais profundo, me acomodei
no colo dele e segurando a carne rija, levei o pau dele a minha entrada.
— Olhe para mim! — ordenei da mesma forma que ele fazia muitas
vezes comigo. — Olhe a expressão da sua mulher sendo empalada pelo seu
pau.
Malvado.
Dominador.
Gostoso.
Meu.
Todo meu.
Com um som animalesco, ao mesmo tempo que Edgar me puxava
para um beijo duro, exigente, deslizei sobre a ereção com um tranco,
sentindo a pequena pressão da água com o impacto, mas estava presa
novo patamar, um patamar em que, agora que conheci, sempre iria querer
visitar.
Sentei com mais força nele e o rosnado baixo contra os meus lábios
e um impulsionar de quadris forte, me estocando, atingiu minhas veias e foi
Meu corpo e minha alma queriam se entregar a Edgar mais uma vez.
O beijo foi a minha redenção e eu não precisei de mais nada para
que a sensação poderosa me dominasse.
Por vários minutos, as únicas coisas que tive ciência era do ponto
em que os nossos corpos se uniam e a pressão dos lábios, até que a força do
ápice dele com uma estocada curta me atingiu e, alcançando um outro
orgasmo sublime, eu sussurrei uma única palavra que expressava tudo o que
eu sentia:
— Amor!
— Amor? — repetiu contra a minha boca, obrigando a manter o
meu olhar preso nos deles e eu vi meus sentimentos espelhados na íris do
homem que eu amava naquele curto espaço de tempo.
outra vez, um único beijo foi capaz dizer aquilo que não poderia ser
verbalizado, apenas sentido.
Capítulo trinta e nove
meninos.
— Dinossauro! — Spencer foi tomado pela animação.
— É!
— Duvido muito que ela vá gostar de receber um boneco de
— Blusa!
Arqueei a sobrancelha, mas logo lutei para não rir da sugestão dele.
— Você gostaria de receber uma blusa de presente, Jax? —
provoquei.
— É chato!
— Então…
— Tem certeza?
— Legal! — Comemoraram.
tinha coragem de comprar, apesar de Edgar ter falado para eu escolher algo
que acabei tomando um susto quando algo me fez desviar o olhar da cascata
enorme de chocolate de uma das lojas e olhasse para o lado a tempo de ver
Eu não queria conversar com aquela mulher, por mais que ela
fez sentir mais calafrios. A única vez que estive na frente dela me foi o
suficiente.
não podia deixar Nicole se aproximar deles. Por mais sorridente que ela
estivesse, não podia permitir que ela machucasse os pequenos outra vez
com palavras e com sua indiferença. Seria o que Edgar gostaria que eu
fizesse.
— É.
— Vamos? — Insisti.
olho que ele havia parado de andar, parecendo assumir uma posição
defensiva.
— Sim, Spen, mas não iremos falar com ela agora, então vamos
andando, carinhas. — Mal disse aquelas palavras quando senti uma mão
soando baixa.
virei para encará-la, já que a mãe dos meninos parecia bem-disposta a nos
perseguir.
— Não temos nada para conversar. Agora, se nos der licença, temos
que ir.
Por mais que os dois fossem crianças e não tinham muito poder de
Mesmo que não devesse, senti muita falta daquela rotina com eles e
eu não poderia estar mais feliz com a minha vida, por poder ficar
filmes e passeios.
dela.
afetado, ainda que uma pontada de raiva cintilou nos olhos escuros.
— completou. — Até pensei que meu filho não gostasse mais de mulher.
papel, impediu que aquele sentimento viesse à tona e eu não pensasse nisso.
— Essa garota não é a sua mãe, eu que sou a mãe de vocês! — falou
animado.
— Igual a Chantel, que tem duas! — Jax concordou.
Lutei muito para não dar uns tapas na cara daquela mulher ao sentir
os dois agarrarem a minha perna, com medo. Agora que eu não deixaria que
autoridade para, quando ele estiver fora, eu tomar todas as decisões com
relação ao bem-estar dos dois, e eles não querem ficar próximos de você.
dinheiro e que banca a boazinha com essas duas crianças horrorosas só para
fazer média.
— Não fale assim deles! Eles são duas crianças lindas e doces. Você
saberia disso se convivesse com seus filhos. — Mesmo que sentisse
vontade de gritar com ela, mantive meu tom baixo para não assustar ainda
mais os dois pequenos, principalmente Spencer que estava quase chorando.
falsas, e meu filho é burro o suficiente para acreditar nessa sua carinha
angelical, mas o que dizer? Ele é um grande tapado por escolher uma
mulherzinha feia que nem você.
— Vamos, meninos?
Eu não precisava provar nada para ela, então segurei as mãos dos
ombro.
— Quem é você para dar as costas para mim, piranha?
Você é um lixo!
— O que vai ser? — Não iria discutir.
— Edgar vai ficar sabendo como você trata a mãe dele — cuspiu. —
Duvido muito que ele achará graça quando souber que você só fica
bancando a boazinha com esses fedelhos por interesse nas coisas que ele
tem.
responder.
Com um olhar desdenhoso, ela empinou o queixo e, dando as costas
para mim, com passos duros, os saltos ecoando por todo o corredor, entrou
em uma loja qualquer.
esganiçada.
— Não fale assim dela, Jax — me forcei a dizer, mesmo que
também achasse isso dela. Encher a cabeça dos meninos ainda mais de
coisas contra mãe não me levaria a lugar algum e só criaria mais problemas.
gosta.
— Ah!
— Chamar sua mãe de bruxa não nos torna melhores que ela.
— Entendi — Jax sussurrou.
— Mas que tal a gente deixar para lá o que aconteceu e focar no que
viemos fazer aqui? Ainda precisamos do presente da Chantel.
— Vocês têm que parar de pensar que seu irmão vai brigar com
vocês a toda hora — ralhei, arrancando dos dois um sorriso tímido —, ele
só corrige vocês, o que é diferente. E não, ele não vai brigar. Ele me deu
permissão.
— Promete?
— Prometo. — Pisquei de um olho só.
que era uma esperança em vã, já que ela tinha a tendência de sempre
esbarrar em nós. Infelizmente não contive um leve estremecer com o
Por mais que toda vez eu olhasse várias vezes para trás para conferir
diabólico.
Contive a vontade de emitir um som cansado e deixar o shopping
naquele mesmo momento, indo para outro qualquer, mas não iria agir de
embora.
— Não corram na minha frente, meninos — pedi quando os dois
— É.
Balancei a cabeça em negativa.
uma risadinha.
alerta.
brinquedo.
— É, Thay! — Spencer concordou.
pelo interior da loja, mas, sem resistir, os dois meninos logo soltaram a
minha mão para olhar melhor os brinquedos nas gôndolas, que iam desde
valores mais acessíveis até outros que me fizeram arregalar os olhos. Era
loja.
se tivessem esquecido do encontro com a mãe deles, e também por ver que,
por mais que eles amassem tecnologia, videogames, eles ainda eram
— Nem sabia que isso ainda existia — falei, meio surpresa, ao ver
uma caixa com um dos jogos que eu sempre quis ter e nunca pude.
minha época?
— É? — Spencer murmurou.
uma risadinha.
Ficarão tão velhos, que várias verrugas surgirão na cara enrugada de vocês!
Sorri.
— Muito.
menininho.
tabuleiro.
— Fiquem por perto, meninos — pedi quando o meu celular
começou a tocar.
— Tá! — Os dois responderam sem de fato prestarem atenção.
você, palhaça.
— É… — Não tinha argumentos para me contestar.
— Eu sei, mas, você não pode desistir só por uma prova que nem
sabe se foi bem, amiga. E se você foi mal, dá tempo de recuperar. Essa não
Virei meu pescoço para encarar a pessoa e senti meu coração gelar.
— Amiga? — Escutei a voz de Ju do outro lado da linha, mas não
consegui responder, já que o pânico pareceu colocar um bolo na minha
garganta.
— Me desculpe, eu tropecei nos meus saltos — Nicole falou
— Não que precise dar satisfação a você. Até onde sei, meu filho
não é dono desse lugar e o shopping é público. Então, se me der licença...
Antes que eu pudesse dizer que era mentira, que ela estava nos
tirando do transe.
— É a mãe dos gêmeos outra vez, te ligo daqui a pouco — falei com
a voz trêmula.
Sabendo que Juliana entenderia a gravidade da situação e que
— É. — Concordou, baixinho.
— Vamos pagar as coisas e ir para casa? — Falei para os dois,
dando um sorriso amarelo, fingindo uma calma que eu não sentia
— Tá!
Contive um suspiro quando consegui convencer os meninos a irem
embora e conduzindo o carrinho pela loja, torci para não encontrar mais a
mãe dos gêmeos pelos corredores e também no caixa.
Eu já estava esgotada pelos dois encontros, todos os meus músculos
irradiando tensão, e não queria um terceiro.
era de Edgar, apenas peguei o cartão de débito que o meu namorado havia
me dado e que eu tinha guardado no bolso da frente, aproximando da
maquininha.
Depois eu resolveria aquilo com uma transferência.
passar pela entrada, um apito alto dos detectores ecoou. Mordi os lábios
enquanto os meninos achavam graça do som.
— Pode dar um passo para trás e passar novamente, senhora? —
Um dos seguranças da loja pediu e, apesar de ser grandalhão, o achei bem-
Droga!
Era só o que me faltava, passar pelo constrangimento de ter vários
pares de olhos sobre mim por terem esquecido de passar o brinquedo no
desmagnetizador. Sabia que as pessoas próximas me encaravam, ainda que
eu não olhasse diretamente para elas, com medo do julgamento que eu
poderia encontrar.
— Que legal! — Jaxon comentou.
— Nem tanto, querido — murmurei.
— Por quê?
— É algo ruim.
— Ah!
— Você pode me acompanhar até uma sala para verificação,
senhora? — O homem questionou.
Assim que terminei, dei um passo para trás, permitindo que eles
olhassem tudo à vontade, e dei as mãos para os gêmeos, que pareciam
bastante ansiosos, enquanto o segurança passava uma espécie de detector e
encontrariam nada.
Abriram minha bolsa e foram retirando tudo de dentro dela,
deixando os itens sobre a mesa.
Minha confiança se extinguiu no momento em que o segurança se
disparou, sem acreditar que aquele brinquedo estava dentro da minha bolsa.
— Eu não peguei isso! — comecei a falar em um tom esganiçado
Eu não entendia.
— Thay? — Escutei a voz de um dos meninos soar amedrontada e
eu apertei a mãozinha dele com mais firmeza.
— É, mas estava na sua bolsa e não consta nos itens na nota fiscal
que a senhora apresentou — a vendedora me olhava de forma acusatória.
— Eu não sei dizer como isso aconteceu.
Sentindo-me péssima, como uma criminosa, olhei para ela, com
face.
— Eu não roubei nada! Eu juro! Eu nunca faria isso! Eu não sou
uma ladra! — Cedi ao desespero, não conseguindo controlar o meu tom de
voz.
— Tem certeza?
— Eles não fariam isso. Bom, eu não sei como isso aconteceu, mas
não foi nenhum de nós.
Senti minhas lágrimas voltarem a brotar com força, mas me segurei.
— Irei chamar a gerente para ver como resolver a questão — a
vendedora falou.
Nunca me senti tão humilhada. Estava horrorizada ao pensar que
eles iriam me acusar de furto.
Olhei para ela, engolindo a bile que subiu para a minha garganta.
— Deveríamos prestar queixa por furto, mas a minha funcionária
me informou que a reconheceu como a namorada do senhor Pratt, que
sabemos ser um empresário influente da nossa cidade, e como nossa loja
não quer seu nome exposto em uma propaganda negativa apenas pela
tentativa de subtração de um brinquedo de valor tão irrisório, não faremos
isso e a liberaremos se pagar pelo produto que pegou...
— Eu não peguei nada! — repeti.
— Tudo bem, senhora, isso não importa agora, estamos dispostos a
esquecer o ocorrido. É só passar no caixa e pagar pelo brinquedo
encontrado em sua bolsa e está tudo resolvido.
estar.
— Quer a sua via? — A vendedora perguntou quando apareceu
compra aprovada, e tudo o que eu escutei foi julgamento em seu tom de
voz.
guardar os brinquedos.
— Podemos ir? — perguntei, dando as mãos para os meninos,
mesmo que ficasse difícil com o tanto de sacolas que carregava.
— Claro.
erguida, mas meus passos eram tão pesados que pareciam ser feitos de
chumbo.
— A senhora esqueceu a boneca! — Escutei uma voz soando atrás
de mim, me fazendo congelar no lugar.
sentindo a alça de papel queimar meus dedos. Sem dizer uma palavra, dei as
costas para a vendedora e caminhei para fora da loja.
Vários arrepios percorreram a minha espinha quando alcançamos o
detector magnético. Eu suei frio, esperando que a qualquer momento o
alarme soasse, apontando-me como uma ladra outra vez.
O som não veio, mas a ausência não me trouxe alívio, já que eu tive
que encarar várias pessoas no corredor do shopping, que provavelmente não
sabiam o que tinha ocorrido dentro da loja, mas que, na minha imaginação,
sabia que era grave o suficiente para fazê-la se sentir mal e assustar os meus
irmãos. Isso foi o suficiente para deixar o meu corpo tenso e para que eu
não hesitasse em abandonar a reunião em que eu estava e que me geraria
Nada era mais importante na minha vida do que os três, e por eles eu
— Porra!
encontraram.
principalmente quando ela não se ergueu para ir até mim para me dar um
abraço e um beijo suave nos lábios.
Eu queria tirar dela o que quer que fosse que a incomodava e trazer
— Oi, ferinhas.
— Oi — falaram em uníssono e eu me agachei para receber o
— É. — Jax concordou.
olhei para Thais. Dentro da apatia toda, vi a culpa em seus olhos, algo que
Spencer e assegurei: — Nossa mãe não fará nada para machucar vocês.
meio à tristeza, à dor que parecia sentir, minha namorada se entregou aos
eu tentei deixar claro o quanto era grato, o quão eu admirava, o quanto ela
temesse falar comigo. Senti uma vontade imensa de bufar. Por que ela teria
medo de mim?
Em contramão a frustração que me invadiu, busquei os dedos de
Thais que estava sobre o colo e entrelacei aos meus, sentindo a palma fria e
ela.
chão, e estiquei minha mão para a minha namorada. Thais hesitou por
Não me respondeu.
Com um soluço, segurou a lapela do meu terno em desespero e
dando um passo para trás só para encarar o rosto dela, mas ela voltou a me
abraçar, se escondendo. — Por favor, me conte o que aconteceu. Eu não
—, mas saiba que o meu amor por você é muito maior que essa raiva. E o
quer que faça com que você se deteste, nós dois vamos dar um jeito de lidar
com isso juntos, até que você volte a se amar da mesma forma que eu te
amo.
caíram.
— Nem sei se você irá acreditar em mim. Deus! Nem sei se depois
Não sei por que, meu olhar se fixou no brinquedo jogado no chão, e eu senti
que ele era a razão do problema.
Quanto tempo ela precisou para começar a falar, eu não tive ideia,
mas foi difícil controlar a explosão furiosa que parecia um vulcão em
Thais em conversar com ela, sobre o medo que a nossa mãe havia colocado
nos gêmeos ao forçar a aproximação e depois os insultos. E em meio a
raiva, veio a velha culpa, que fiz de tudo para sufocar naquele momento.
Sabia que mais tarde eu acabaria ruminando a culpa, processando-a de
forma amarga, me martirizando.
Em meio a tudo isso, uma pergunta me invadiu: Por que minha mãe
se aproximou deles no shopping e foi atrás deles na loja de brinquedos?
Dinheiro era uma boa opção, mas não justificava por completo as
ações da minha mãe.
Nicole não era burra, ela sabia que não conseguiria nada de mim se
impondo aos gêmeos e ofendendo a minha namorada, então por que ela
seguiu os três?
soou uma vez, depois outra, e eles me levaram até uma sala e fizeram uma
revista nas sacolas, nas coisas… — a voz trêmula de Thais me tirou do
tempo dela para que ela conseguisse completar. Mas, porra! Eu sentia que
eu falhava a cada segundo perante aquela sensação de merda que me
tomava.
— Não sei como — fungou, tomando uma pausa longa —, mas eles
ao imaginar não somente pelo que Thais havia sentido ao ser acusado de
furto, mas também por ter os meus irmãos expostos a isso.
— Juro pela minha vida que eu não peguei nada, nunca roubaria
nada de ninguém. — Soou mais desesperada ao tentar se levantar do meu
colo, talvez achando que meu palavrão era direcionado para ela.
— Eu sei que você não faria isso, Malévola — sussurrei, passando
eu acreditava nela por mais que a situação não tivesse uma explicação
lógica.
— Eu não sei o que aconteceu — falou quando parecia não ter mais
forças para chorar, o que me partiu ao meio.
— Eu também não sei, Malévola — coloquei uma mecha atrás da
orelha dela, deixando um beijo na testa —, mas sei que não pegou o
tudo o que ele representava, pela dor que ele havia causado, me invadiu,
mas sabia que era ignorância.
— Por quê?
— Conheço o seu caráter, a sua doçura. — Deixei outro beijinho
nela. — E também sei que a sua índole não deixaria você dormir a noite se
tivesse feito.
— Provavelmente…
— Eu tenho certeza. Fora que não tem sentido pegar algo sendo que
sussurro dolorido —, não que os culpe. Acho que no lugar deles, não
acreditaria também, afinal, estava na minha bolsa.
Fiquei em silêncio.
Provavelmente acharia a mesma coisa.
queixa, me sinto péssima. Por mais que eu já tenha sido chamada de várias
coisas, de puta, de interesseira, nunca senti que o meu caráter tivesse uma
ainda mais a minha vergonha, já que praticamente assumi a culpa pelo ato
que não cometi.
— Sinto muito — murmurei, acariciando as costas dela, ofertando
compreensão e compaixão.
Eu poderia ter feito muitas coisas na minha adolescência de que eu
não me orgulhava, mas, nunca chegou a tanto. Então, não compreendia
com quem acordei hoje de manhã. A mesma gostosona que rouba todo o
meu fôlego, a mesma garota que, mesmo se odiando, acolheu os medos dos
meus irmãos
Começou a sorrir com as minhas palavras, mas se impediu.
— Nunca poderei limpar essa mácula, por mais injusta que seja —
falou, por fim.
— Podemos tentar descobrir o que aconteceu — falei depois de um
tempo em que só fiz carinho nas tranças dela.
— Acho difícil.
— Talvez… — Franzi o cenho, tentando pensar em algo, até que eu
tive um estalo: — podemos ver se as câmeras registraram alguma coisa. A
gerente chegou a checar as imagens?
Fez que não e eu senti um pingo de raiva por eles não terem feito
isso.
— Nem sei se tem alguma câmera lá — continuou desanimada.
— Acho difícil não ter. É uma loja de grande porte.
— Pode ser que nem gravem nada e que nem mesmo tenha ângulo
que prove a minha inocência.
— Já foi mais otimista, Malévola — tentei brincar com a minha
mulher, dando batidinhas na ponta do nariz dela. — Acho que está
pensamentos.
— Entrem, ferinhas — falei mais alto, ciente de que ir até ali foi
uma decisão conjunta dos dois.
Foi instantâneo Thais se ajustar no meu colo para não demonstrar a
sua vulnerabilidade.
A porta se abriu e eu dei um meio sorriso ao ver os dois,
comprovando a minha teoria.
— Está tudo certo? — questionei, quando eles entraram depois de
— Uhum! — disseram.
— Conversas de adulto as vezes demoram, ferinhas.
— É? — Spencer perguntou.
— Que chato! — Jaxon fez muxoxo e eu não consegui sufocar uma
risada.
conversa.
— É, sim! — Eles falaram um em seguida do outro.
— Não gosto! — Jax murmurou.
— Pobre maçã! O quanto ela é humilhada nessa casa! — brinquei e
— Família?
Se acomodou no meu colo para me encarar.
Vi várias emoções percorrerem os olhos marejados.
— Isso que nós quatro somos, Malévola: a sua família.
— Quer me fazer chorar?
— Quero que você sorria outra vez — retruquei.
Ela me abraçou com força e eu retribuí o contato. Não resisti e
roubei um beijo suave, sentindo o gosto de sal pelas lágrimas.
— Eu não tenho dúvidas de que ela irá largar tudo para vir até aqui.
— Você não pode ter essa certeza.
— Mas eu tenho…
— Por quê?
fui mais incisivo. — Vai continuar a doer muito. Você irá querer chorar
milhares de vezes, os pensamentos não te darão trégua, mas você vai tomar
seu banho, se alimentar, ligar para a sua amiga. Vou dizer toda hora até que
você entenda que não é esse monstro e que é inocente nessa merda. Pode se
passar um dia, uma semana, um mês, mas você vai superar isso e ver que
seu caráter ainda é o mesmo!
— Edgar…
outra vez.
Capítulo quarenta e dois
ouvidos.
— Ele está aqui? — Franzi o cenho, confuso, ao mesmo tempo que
— No momento não.
— Okay.
esperei.
um tom sério.
— Entendo.
resposta, principalmente por cada corredor da loja ter uma câmera e pela
gerente se prontificar a entregar uma cópia das imagens sem nenhum
aquela merda foi parar na bolsa dela? — questionei, quando o homem ficou
em silêncio.
— Felizmente não foi o caso, mas queria dizer que as notícias irão
— Sim — falei, ainda que eu quisesse dizer um sonoro não, que ela
estava atrapalhando.
— Crime?
— Sim. Um bem grave por sinal. — O vi mexer na pasta dele para
pegar um tablet.
obrigando a assistir.
Não queria acreditar naquilo que os meus olhos viam, então repeti
uma, duas, várias vezes, por mais que a imagem fosse nítida: minha mãe,
responder sem querer atender uma das ligações entre a minha mãe, sendo
Não conseguia compreender por que minha mãe havia feito aquela
merda, a razão pela qual ela havia colocado algo dentro da bolsa de Thais,
só para incriminá-la.
eu não conseguia assimilar, já que a minha namorada não havia feito nada
para ela.
minhas costas com as suas ações, culpado por não proteger Thais e meus
irmãos dela.
atitude.
E por quê?
Por uma esperança tola de que minha mãe pudesse voltar a ser quem
era.
gerando o constrangimento.
Senti repulsa por ser filho dela, asco de mim mesmo por ter deixado
eu tinha que dar um basta nisso. Não podia continuar a brincar com a
Por mais que Nicole fosse a minha mãe, ela era capaz de tudo, até
Meu estômago revirou ainda mais com a ideia e a culpa ficou maior.
Sem que me desse conta, pousei o tablet sobre a mesa, busquei pela
mais servia.
Em algum momento durante o trajeto curto, a dor, a tristeza, a raiva
chamá-la de mãe outra vez. — A senhora Nicole Pratt, acho que o número
dela é o 2006.
— Documento de identificação, por favor. Irei verificar se ela está e
mim mesmo enquanto esperava, já que eu tinha algo que ela desejava:
dinheiro.
bolso da calça.
me esperava na entrada.
Raiva.
Nojo.
Decepção.
Como ela podia sorrir para mim depois de tudo o que ela fez?
— Que bom que veio me visitar, filho. É a primeira vez que está
— Porra, Nicole! Não finja que é inocente, caralho! Não tente fazer
— Tá de sacanagem, comigo?
no sofá que parecia ser feito de pele de animal, um luxo que deveria cuidar
de milhares de dólares.
homem inteligente, tanto que foi por isso que eu forcei você a estudar, mas
Nicole.
Sei que ela te enfeitiçou filho, mas eu conheço tipo de mulheres como ela.
Ela é nociva, arrogante. Ela finge gostar dos gêmeos, só para te adular.
Você, como só pensa com a cabeça de baixo, não vê isso, mas, como sua
filho.
explodi de vez com ela, sentindo a raiva fluir em todos os meus poros.
cabelos, olhando bem nos olhos dela, tentando entender Nicole. — O que
arder nos olhos dela enquanto se colocava de pé, adotando uma postura
orgulhosa que me fez ter mais nojo dela. — Essa pirralha é dissimulada e
— Sua santinha contou que ela deu as costas para mim, sendo que
Porra!
— Você já foi melhor atriz, Nicole — fiz uma pausa quando minha
mente lerda juntou tudo — Era esse era o seu plano? Se aproximar deles, de
curvarem em irritação.
— Por que você não suporta a minha felicidade, Edgar? —
que você se comporta, agindo como um abstêmio, não duvido que deva ter
milhares dele. — Começou a rir, me causando mais repulsa.
em um momento de dificuldade.
— Dificuldade? Onde está essa merda de dificuldade? — Fiz um
o que eu não teria feito por Nicole se esse tempo todo ela não tivesse nos
traído.
— Porra! Você perdeu esse direito no momento que fingiu que eles
não existiam, que os assustou, que os chamou de bastardos indesejados. E
agora vem falar merda? Thais foi e é muito mais mãe para Jaxon e Spencer
do que você foi a vida toda, caralho.
com uma medida protetiva contra você, estipulando que você deve se
manter distante deles e da Thais.
— Não pode me denunciar. Posso ser presa — continuou naquele
tom baixo.
— Deveria ter pensado nisso antes, Nicole.
— Sempre quis ouvir essas palavras, Nicole, mas não posso, não
mais… — sussurrei, sentindo mais decepção, mais dor. — Nos vemos na
de Nicole que me feriram mais forte do que uma navalha, tanto que eu
desabei contra a parede do elevador, a dor se tornando profunda.
irmãos, me deram a certeza. Descobri que tinha mais uma pergunta a ser
feita para Nicole, mas eu não me atreveria a perguntar.
tenha sido resolvida e que tinha tido o apoio do homem que amava e da
minha melhor amiga, que acreditaram em mim, eu me sentia em um grande
daquela fossa.
causa disso? Bora superar isso e aprender química antes que você tenha
uma boa razão para ficar deprimida com os resultados do seu teste.
horrível.
latido. — Ele deve estar futricando no pote de ração querendo comer mais.
que o animal fazia. Ele latia e arranhava o piso com as suas unhas, que
precisavam ser cortadas urgente.
animal, já que era a pior desculpa que eu poderia ter dado, e olhei em
Medo.
Ansiedade.
bem pesado.
acusada…
querer?
olhos.
— Deus — sussurrei.
confusa.
vergonha do caralho!
sua bolsa.
Eu não disse nada por um momento. Estava em choque, sem
acreditar.
Por que Nicole havia feito aquilo comigo? Nem nos conhecíamos
direito!
Nada.
algo ruim.
— Por quê?
— Ela quis se vingar de você por ter se recusado a falar com ela,
— Sim.
sofrendo.
enquanto o braço livre o prendia com mais firmeza nos meus braços,
tentando ser uma espécie de pilar de apoio para ele.
— Sinto muito por isso, amor — sussurrei. — Sinto muito pela sua
mãe.
ele desabaria.
— Ela é um monstro. Ela não tem coração. Eu não posso perdoá-la
razões da sua mãe para tentar me incriminar? Que ela iria se aproximar só
para isso?
— Deus! — sussurrei.
— Foi tão difícil enxergar a nova versão dela, uma que eu não
— Que...?
— Meus irmãos estragaram tudo e que Nicole teria sido mais feliz
momentos em que uma mulher precisava tomar tal decisão difícil, mas,
Nicole tinha falado isso usando maldade, como se fosse uma decisão que
que eu pudesse me conter, falei, brava: — os amo tanto que eu quero dar
uns belos tapas na cara dela.
— Por que não me surpreende? — Tentou imprimir a voz um pouco
ele, afinal, não havia sentimento mais incondicional do que o dele pelos
gêmeos, mas minha voz soou falha.
Fiz que sim com a cabeça, ciente do quão complicado lidar com as
implicâncias, ordens, e nunca carinho.
— Eu sei.
— Dói demais conhecer e perder.
— Sei que não posso te pedir isso, que eu não sou criança para falar
isso por falar, mas seja a mãe deles de alma — murmurou e soube que ele
estava chorando. — Não os abandone como Nicole fez, não deixe que os
dois sintam o que é ser amado e depois ter isso tirado deles.
Meu coração voltou a bater apertado pela dor dele e também por
aquilo que Edgar me pedia. Eu não podia dar essa garantia a ele, ainda mais
que amanhã poderia acontecer algo que nos separasse.
Riccardo, mas não seria cotidiano, eu não participaria de tudo, como agora.
Desde quando eu comecei a exercer aquele papel na vida dos dois? Desde
quando minha função de babá, minha amizade, me fez mãe deles? Não de
sangue, mas de coração ou alma como ele tinha dito?
mágica, meu coração passou a cantar, alegre, tanto que eu podia dançar pela
sala e também cantar.
— Nunca se sabe.
— Disso eu sei. — Me apertou com mais força, possessivo.
emoção outra vez —, o destino não foi só generoso com os meus irmãos,
mas também comigo. Você me fez descobrir o amor, Malévola, um que eu
imaginei não ser para mim.
Sorri.
— Não é necessário
— Sim, é. Te fará se sentir ainda melhor — fez uma pausa —,
pedirei aos advogados para resolverem isso e também entrar com os
processos. — Assim que terminou de falar, a dor surgiu nos olhos dele.
— Como o Jake?
— Nem venha falar mal dele.
Dei um tapinha nos ombros de Edgar.
Mais careta.
brava assim por ter retrabalho. — Vamos ter que começar tudo de novo!
— Ah, sim!
— Não precisa. — Me deu um sorrisinho que sempre abalava todas
as minhas estruturas.
mim?
— Nada, ué! — Jax respondeu pelo irmão e os dois deram uma
risadinha.
Bufei.
olhar para o outro gêmeo, sentindo certo horror ao olhar para a face dele
que tinha virado uma mistura de cores. — O que aconteceu com o seu
rosto?
— Nada, ué! — repetiu a expressão que vinha se tornando cada vez
cauda.
— O que aconteceu?
— Nada, ué!
Balançou a cabeça.
— Por quê?
— Para ficarem mais bonitos, para criarem personagens…
riscos perfeitos.
— Sim.
— Sim!
Suspirei.
— Vamos não.
— É… — concordaram.
orgulhosos!
— Tá!
— Se vocês me deixar fazer a maquiagem direitinho e não passar a
presa em pensamentos.
Sorri para os dois, sentindo o meu amor por eles em cada pulsar.
mãe de coração dos dois e todos os dias eu tentava fazer o melhor possível,
ainda que fosse bem difícil ajudar meu namorado no papel de educar e ser
firme.
Como babá e namorada de Ed eu sempre dava um toque ou outro
Ser tachada de chata quando exigia mais firmeza não era tão legal
assim, preferia mil vezes ser a tia legal e das brincadeiras, mas era
Era difícil ser “mãe”, ainda mais quando eu era tecnicamente nova
demais para isso e eu tinha que conciliar esse papel com os estudos
Para minha surpresa, tinha ido muito bem no exame e, com o meu
Como a minha amiga Ju, que até então não tirou uma nota baixa
como ela tinha imaginado, eu surtei quando tive minha primeira avaliação
com menos de um mês de aula. Diferente da minha melhor amiga, fui mais
— Espero não estar muito atrasado e não ser xingado por isso…
escutar a voz de Edgar. Fiz uma careta com o comentário, já que, diferente
— Quatro e meia.
cara.
— Vê se não passa a mão no rosto, carinha — falei, afastando um
— Tá! — concordou.
acometia ao fitá-lo.
Com os cabelos desgrenhados, como se tivesse passado os dedos por
eles várias vezes, o torso desnudo, Ed sabia que ele era gostoso, tanto que
ele passou a mão pelo peitoral em um gesto sutil, me provocando.
Safado!
— Não quero que os dois se atrasem, então vá para o banho — falei,
Me colocou no chão apenas para me girar nos braços dele e para que
eu o fitasse.
minha, e ao som de vários barulhos de nojo, dos meninos dizerem eca mil
vezes, meu namorado me beijou.
que ele me puniria mais tarde por não o ter beijado quando chegou.
Mandão!
malicioso.
— Vou fingir que acredito — Provoquei.
— Sempre! — Foi mais firme, quase irritado e eu dei uma risada
por ele sempre cair nisso. — Muito linda!
Fiquei abobada.
— Obrigada, amor, mas vá para o banho agora — mandei, tentando
— Temos, mas não para ficar enrolando. Tenho bigodes para fazer e
você não pode ir fedendo de suor.
— Mano!
— Sempre obedeçam a uma mulher, ferinhas, ainda mais uma que
para ele.
— O que é isso? — Jaxon perguntou.
— É? — Spencer me questionou.
— Boa sorte em explicar, amor — falou, me roubando um selinho
lindo.
Na verdade, os meus gêmeos eram uma gracinha interpretando os
— Demais não?
— Falou a pessoa que chora por tudo — retruquei.
Com o canto do olho, vi a minha melhor amiga fazer uma careta.
Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Edgar apertou a minha coxa.
Mesmo que ele estivesse certo, que era falta de respeito, me senti
como uma criança, tendo que ser repreendida pelo pai por fazer bagunça.
Voltei-me para o palco, prestando atenção em cada declaração e
gesto, maravilhada, como se fosse uma peça teatral profissional e não algo
infantil.
Vez ou outra, acabava sorrindo com as partes cômicas e com as
palavrinhas gritadas de Lucca que, sem filtro por ser novinho, estava
bastante entediado no colo do pai.
Poderia não ser o local adequado para uma criança pequena, muito
fazer o giro de 360°, mas estava feliz por eles estarem ali.
Ju, Lucca e Riccardo, os meninos e meu namorado eram a única
ele acabou agredindo a companheira, indo preso de novo, já que ele violou
as regras da liberdade provisória e cometeu outro crime.
mais penoso para o meu namorado, apesar dos resultados a nosso favor.
Como era de se esperar, a mulher fez um escândalo horrível durante
a sessão, usando vários argumentos infundados que foram rapidamente
mas outra vez, senti a emoção tomar conta de mim. Para não ser alvo de
piadas da Ju, tentei me controlar, não obtendo muito sucesso.
Assim que eles terminaram a canção e colocando um fim a peça
curta com uma vênia, eu me ergui e, sorrindo, comecei a bater palmas, sem
assustado.
— Bata palma também, figlio! — falou, e imaginei que o ajudava a
bater a mãozinha uma na outra, o que não era necessário, já que na maioria
uma risada.
— Não tem graça.
— Realmente combina muito bem — continuei.
— Porra!
Graças a você, meus irmãos ficaram lindos bichinhos, amor. Assim está
melhor?
— Hum. Ainda não sei…
— Olha quem eu e Lucca trouxemos! — escutei a voz animada de
Ju.
— Edgar! — briguei com ele, minha voz soando mais alta do que
deveria, e eu morri de vergonha.
— Ta-tá! — Lucca deu um gritinho.
— Pode? — Spen perguntou.
— Claro que sim — falei, meio a contragosto.
estremecer.
— Mas muito felizes por tê-las! — O italiano sussurrou e o suspiro
da minha melhor amiga foi alto e longo, com certeza o marido dela olhava-
a da mesma forma quente e apaixonada.
— Sim. Eu não poderia ser mais feliz por ser apaixonado pela minha
Malévola — Ed concordou e eu olhei para ele, ficando abobada por ver o
amor direcionado para mim.
— E ela dizendo que seria uma solteirona a vida toda! — Ju me
provocou.
— Amiga! — Fiquei indignada por ela ter contado aquilo.
— Sério? — Ed murmurou.
— Dá para acreditar?
boca suja tatuado que virou príncipe e eu seria mãe aos dezenove anos de
dois menininhos lindos…
Epílogo
Um ano depois…
Minhas mãos nunca suaram tanto quanto agora, meu coração nunca
verde vivaz, laços e também treliças e arcos, meus olhos estavam presos em
um único ponto: na entrada do enorme corredor feito por folhas pela qual a
minha mulher passaria. Nem mesmo olhei para os convidados que enchiam
os bancos.
noiva ao ponto de querer ir com ela nos ateliês dos estilistas para ajudá-la a
piada.
— Tanto quanto nosso amigo, Edgar. Adora tanto, que não sai com
Rimos.
não pode falar nada, Riccardo. Era tão solteirão quanto eu. Só se deu bem
— Devo ter algum, afinal, estou casado com uma mulher linda e
Rimos.
nós.
— Provavelmente fugiu com ajuda da amiga dela — Rafael falou,
passei a mãos pelos meus cabelos, exasperado, mas queria manter o meu
irritante.
falhei.
Thais passar.
momento em que Thais sorriu para mim, eu me deixei levar pelo momento.
Estava emocionado.
Ignorei-o, bem como os tapinhas que ele dava sobre meus ombros,
forçando a minha vista nublada pelas lágrimas que tentava conter, não
ainda mais linda com os ombros e colo parcialmente à mostra pelo decote
estilo coração. Eu senti orgulho por ela não querer cobrir aquela parte que
— Hum…
— Agradeça se tornando a minha esposa, Malévola — disse.
lábios em um beijo.
— Esse daí é apressado — Rafael zombou, fazendo os convidados
No entanto, o beijo não durou pelo tempo que eu gostaria, já que ela
colocou um fim nele para que o juiz de paz pudesse iniciar a cerimônia.
de tanto chorar.
Quando nos encaramos nos olhos, as emoções voltaram a me
dominar.
Peguei a aliança da mão do juiz quando ele disse algumas palavras
que não consegui entender, sentindo os meus dedos trêmulos e, com a mão
livre, busquei a dela.
lábios dela.
Encarando-a nos olhos, pigarreei para tentar começar:
você e que te façam ser sentir amada. Todos os dias da minha vida. E
prometo fazer com que o seu amor por mim, nunca morra.
péssima com elas. Espero que não fique tão decepcionado pela minha falta
de romantismo — o discurso foi quebrado por risadas —, mas se você me
minha vida.
— Não há nada que eu queira mais — falei.
Assim que a minha mulher colocou a aliança no meu dedo anelar,
senti que eu desabava com as várias emoções que sentia e fui amparado
pelos braços dela que me envolveram em um abraço.
ao erguê-la.
— Eu também amo você, Ed. — Abriu um sorriso lindo que me deu
— Okay.
Nós viramos para o juiz e eu fiz um gesto discreto para que os
gêmeos pegassem os buquês deles.
— Okay.
Fiz outro gesto para os meus irmãos se aproximarem enquanto a
estava a mil.
— Edgar… O que é isso? — sussurrou com a voz trêmula ao ficar
de pé e se virar na nossa direção, os olhos repletos de lágrimas. —
rasos d’água.
— Eu já sou a mãe de vocês, carinhas — respondeu com a voz
Ainda que eles vez ou outra falassem para as pessoas que Thais era
a mãe deles, os gêmeos haviam me perguntado se podiam ficar chamando
Thais assim sempre, e confesso que minha única resposta foi que eles
tinham que perguntar para ela, algo que eles nunca fizeram, então tive essa
deles, amor.
Ela sorriu docemente.
— Só não vai achando que depois disso vai ser fácil você me pedir o
divórcio — brinquei.
não acabou!
É isso mesmo que vocês leram!
principal delas é por desejar algo a mais para a Juliana e para a Thais. Que
elas são excelentes mães, todas nós sabemos, mas elas são mulheres cheios
de sonhos a serem realizados e, não sei exatamente o porquê, mas para mim
italiano não imaginava que acabaria tendo uma madrugada quente com uma
que sair correndo para uma reunião de emergência, deixando apenas seu
Encantado, ele esperou uma ligação, mas que nunca veio. Sentindo-se
O que o bilionário não esperava era que, quase dois anos depois, ele
se veria frente a frente com a mulher que nunca esqueceu. Arrogante, estava
determinado a descobrir o porquê de ter sido rejeitado por Juliana, mas não
esperava que ela teria uma doce notícia para lhe contar...
Agradecimentos
seu amor por nós. Novamente, tentei te eternizar, só que, dessa vez, sinto
Monica, e é esse amor que faz com que todos os dias as suas gêmeas tentem
seguir em frente.
Amanda.
Um dia desses, você me disse algo engraçado, que a minha tentativa
de te animar não era tão fofa quanto a do seu namorado, já que eu sou o seu
pilar. Você tem razão. Não é fofo. É forte, é natural. É puro, é recíproco.
Você conhece todas as minhas dores, todas as minhas frustrações. Sabe que
nem sempre é fácil para mim escrever, trabalhar, mas me apoia todos os
dias para que eu continue a dar vida as minhas histórias. Obrigada por ser a
você sabe que eu não curto muito a palavra gratidão, mas sou sempre grata
por você tirar o seu tempo para dedicar-se a tornar minhas publicações
construir cada enredo. Um vício nos uniu e tomara que nunca nos
separaremos.
Por fim, o meu muito obrigada a você, leitor, que me acompanha,
que surta no meu privado, que sempre torce por mim e se encanta com as
minhas palavras, ou que chegou até o fim da minha história pela primeira
[2]
Desgraçado.