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Copyright© Priscilla Lima

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Diagramação/@autoraericaqueiros
Revisão/@marianarocha57
Capa/@almeidaadesigner
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra de qualquer forma ou quaisquer meios
eletrônicos, mecânicos e processo xerográfico, sem a permissão da autora (Lei9.610/98)
Essa é uma obra de ficção. Os nomes, lugares, e acontecimentos descritos na obra são
produto da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes acontecimentos reais é mera
coincidências.
Sumário
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Epílogo
Epílogo 2
Papo com a autora
Agradecimento
Dedicatória
A obsessão do governador viúvo
Órion Fantone é o governador da Califórnia. Ele é um homem frio, arrogante e viúvo e
vive salvando a sua filha adolescente e rebelde de problemas, deixando-a sem amor e carinho.
Trancado em seu gabinete, ele se fechou para o mundo. Discreto e com receio de escândalos, o
grande governador nunca achou que acabaria obcecado por uma jovem quase da idade de sua
filha e que acabaria a engravidando.
Abigail Lacoste é uma menina doce que sempre batalhou por uma vida melhor. Cursando
a faculdade de psicologia, ela nunca pensou que teria que ser transferida para Califórnia, para
terminar o seu curso e começar seu estágio, indo para casa da sua tia. Abigail pensou que tudo
seria perfeito, mas o destino estava lhe reservando algo inesperado, um homem arrogante que
mudará completamente sua vida e a do bebê que está em seu ventre.
Com meus trinta e nove anos, eu não me imaginava trancado em um gabinete sozinho
enquanto tomo meu uísque e fumo meu cigarro, apesar de ser um homem poderoso que está
concorrendo ao seu segundo mandato como governador da Califórnia. Minha família sempre
esteve envolvida na política, com um nome a zelar e um uma grande fortuna para ser
administrada, eu sempre vivi para os negócios para ampliar ainda mais o patrimônio dos
Fantone.
Olhei para o porta-retrato em minha mesa, me lembrando do dia que ganhei as eleições,
um dia memorável, onde as pessoas clamavam o meu nome até aquele pesadelo acontecer, um
disparo no meio da multidão foi dado e, para falar a verdade, eu queria que tivesse perfurado o
meu peito, e não o dela. Minha mulher se jogou em minha frente, levando com ela não só o meu
amor, mas também o de nossa filha, Melissa, que nunca mais foi a mesma. Sempre mimada e
rebelde, ela conseguia me envergonhar.
Respirei fundo, jogando as cinzas do cigarro em um cinzeiro de vidro. Minha mulher
odiava aquele vício, dizia que iria acabar com meus pulmões e com os dela também. Sorrindo, eu
ajeitei minha postura antes de me levantar da cadeira, caminhei em passos lentos até a enorme
janela de vidro do meu gabinete e coloquei as mãos em meu bolso, me sentindo mais uma vez
culpado por aquela maldita desgraça. Se ela tivesse ficado em nossa mansão, eu teria ido em seu
lugar, era para mim aquela bala, e não para a pobre Mary. A voz da minha assessora ao bater na
porta me fez voltar à realidade, me virei, encarando seus olhos, sabendo bem do que se tratava,
mais uma das merdas que a minha filha rebelde aprontou.
— O que foi dessa vez? — A mulher de seus trinta e cinco anos balançou a cabeça em
negação enquanto anotava algo em sua agenda, não estava sendo fácil abafar todos os escândalos
que Melissa se envolvia.
— Invadiu um clube privado e foi pega transando na piscina.
Respirei fundo, tentando não perder a cabeça. Minha filha tinha apenas dezenove anos,
depois da morte de sua mãe, ela se tornou rebelde como uma forma de me punir, perdeu um ano
de sua faculdade e agora estava cada vez pior.
— Onde ela está agora?
— Na mansão, tive que pagar uma fortuna para manter todos de boca fechada, se algo
assim sair em alguma página de revista, manchará o seu nome.
— E o que você quer que eu faça? Aquela garota não tem limites.
— Corte todos os cartões de créditos, tire todas as regalias dela e a force a estudar. Aquela
garota precisa de um pai que fale sério com ela.
Olhei para minha assessora, passando a mão em meus cabelos. Katarina é uma grande
mulher, além de trabalhar anos comigo, ela conhece bem minha família e se tornou amiga da
minha filha.
— Fale com ela. — Dei de ombros. — Você tem mais jeito com as palavras, Melissa te
escutará.
Sorriu, caminhando até mim e colocou a agenda em suas mãos na mesa antes de me
encarar. Por anos, trabalhávamos juntos e ela já tinha total liberdade para falar o que pensa em
minha cara, na verdade, eu dizia que Katarina era a minha consciência em dias difíceis.
— Órion, você é o pai daquela adolescente, depois da morte da sua esposa, a garota quase
não o vê e, quando isso acontece, você não troca nem ao menos duas palavras com ela. —
Balançou a cabeça em descontentamento. — Melissa não precisa de uma amiga, mas, sim, do pai
dela.
— Estou ocupado para uma reunião de família e te pago uma fortuna para cuidar de todos
os meus problemas.
Dei alguns passos para o lado, dando a volta na mesa, me sentei em minha cadeira
pegando um cigarro em minha mão, e acendi antes de tragar a fumaça, era de nicotina que eu
precisava para me manter calmo.
— Ela não é só um problema, é sua filha, e precisa do pai.
— Corte os cartões de crédito e mande os seguranças mantê-la dentro da mansão. Quando
eu tiver tempo, passarei lá para conversar com ela — disse, olhando para alguns papéis em
minha mesa. A verdade é que eu queria fugir da minha filha, não queria olhar para ela e lembrar
de sua mãe ou de como ela me culpava pela sua morte.
— Posso cancelar suas reuniões, todos vão entender se você tirar um tempinho para a
única família que te restou.
— Katarina, ouviu as minhas ordens? — Olhei para minha assessora. — Agora saia da
minha sala e diga a todos que não quero ser interrompido.
— Você que sabe, governador. — Ela pegou sua agenda antes de sorrir, deu alguns passos
até a porta e saiu, me deixando sozinho com meus pensamentos.
Eu era um bom marido e pai antes de tudo, vivia para minha família mesmo sendo um
homem ocupado demais, todavia, quando tudo aconteceu, eu me joguei no trabalho, ficando o
mais longe de Melissa e de todas as lembranças que nossa mansão me traz, um grande covarde.
Tentei a todo custo focar na papelada em minha mesa sem perceber a hora passar, era
tarde e já tinha passado do meu expediente, infelizmente, era hora de voltar para casa e ver todas
as coisas que me fazem lembrar de Mary.
— Senhor. Boa noite! — o chefe de segurança disse assim que me viu sair do gabinete.
Em sua equipe, tem exatamente vinte seguranças, dez comigo e mais dez com minha filha, eu me
preocupava com a segurança dela, a pessoa que tinha atirado em sua mãe não tinha sido pega e
talvez pudesse tentar algo de novo contra nós.
— Boa noite, Alder — cumprimentei, caminhando até o carro, eu deveria ir para casa, mas
precisava espairecer. — Direto para o meu flat, ligue para a agência e mande uma garota para
mim essa noite.
— Farei isso agora.
Todos que trabalhavam para mim eram discretos, o grande governador não poderia se
meter em escândalos e isso envolvia ser pego com garotas de programas. Era por isso que eu
ficava apenas uma única noite com elas e tudo por debaixo dos panos, com uma agência de
confiança que estava sendo bem paga para mandar as suas garotas mais formosas para mim.
Ao entrar no carro, eu desbloqueei o meu celular, vendo as mensagens da minha assessora,
ela dizia que estava feito, minha filha estava sem cartões de crédito e trancada na mansão,
naquele lugar escuro e sem vida.
Desliguei o celular assim que chegamos no enorme prédio, era um lugar reservado que eu
costumava ter alguns casuais, algo banal apenas para suprir a necessidade com garotas de
programa que faziam o seu serviço bem-feito sem tentar algo a mais.
— Tire a roupa — foi tudo que disse, fechando a porta do quarto. A garota fez o que eu
pedi, obediente.
As transar com elas, eram apenas fodas sem importância, apenas um homem suprindo suas
necessidades, sem nenhum tipo de sentimento, sem pele com pele e muito menos olho no olho,
algo físico.
Era engraçado pensar que todas as minhas amigas já estavam com seus namoradinhos,
indo a festas e enchendo a cara, enquanto eu ficava dentro de um quarto rodeada de livros. Com
apenas vinte e três anos, eu estava cursando o quarto período da faculdade de psicologia em uma
universidade simples do Texas, porém, sonhando com uma bolsa de estudos na Califórnia, onde
minha tia mora e onde eu sou louca para cursar o meu estágio em um dos hospitais de lá. Ao
abrir o notebook com o resultado que eu tanto almejava, quase caí para trás com o nome escrito
em negrito “Aprovada”. Tirei os óculos, pisquei algumas vezes e, por fim, me belisquei, eu tinha
sido aprovada em uma das melhores universidades da Califórnia, poderia terminar o curso e
estagiar no hospital dos meus sonhos. Aquilo era algo surreal que eu precisava contar aos meus
pais, que dormiam ao lado do meu quarto. Me levantei da cadeira rosa de frente a minha
escrivaninha surrada de madeira, calcei as minhas pantufas antes de dar um nó no meu roupão e
corri o mais rápido que pude, abrindo a porta do meu quarto e indo direto para o deles.
— Aprovada — gritei alto para que eles pudessem acordar assim que pulei em cima dos
dois depois de abrir a porta com rapidez.
— Filha, o que está acontecendo? — O primeiro a acordar foi meu pai, eu nem tinha me
tocado que já se passava da meia-noite e os dois já estavam dormindo de tão cansados depois de
um longo dia de trabalho.
— Pai, eu fui aprovada. — Minha mãe se sentou sobre a cama, se dando conta do que
estava acontecendo, seus olhos já estavam vermelhos e eu sabia que não era só minha conquista,
e, sim, por ficar longe de mim. — Eu vou para Califórnia.
— Meu bebê. — Fui puxada para um abraço enquanto ela acariciava os meus cabelos.
Eu sou a filha mais nova de três irmãos, o mais velho é o Ítalo, com seus vinte e nove
anos, policial na nossa pequena cidadezinha, e o outro é o Sebastian, com vinte e cinco, dono de
uma academia. Nenhum de nós quis seguir o ramo da família e administrar a nossa pequena loja
de conveniência. Infelizmente, nossos pais ficaram tristes com nossas escolhas, todavia, felizes
por saber que cada um dos seus filhos estava seguindo seu destino.
— Mamãe, eu tenho vinte e três anos, sou bem grandinha.
— Sempre será nossa garotinha, Abigail — meu pai disse, me puxando para seus braços.
Eu poderia muito bem terminar minha faculdade aqui, na nossa pequena cidadezinha, mas
algo me puxava para longe e eu não conseguia explicar a sensação que sentia só de pensar em
morar na Califórnia, era meu destino, e eu tinha plena certeza disso.
No dia seguinte, toda a família já sabia da nova novidade, inclusive minha tia. Ela vivia
sozinha, pois não tinha casado e muito menos tido filhos. Ela estava feliz por saber que teria
minha companhia e animada para me mostrar os pontos turísticos da Califórnia. Eu sempre fui
uma garota responsável demais, nunca gostei de sair para festas, muito menos me entregar a
qualquer um, por isso guardei minha virgindade a sete chaves, esperando a hora certa e a pessoa
que faria meu coração disparar.
Foram três semanas de correria para organizar a viagem, a transferência para a nova
faculdade já estava feita e minha tia já estava a minha espera, puxei a mala para fora de casa,
vendo minha família pronta para a despedida, seria difícil ficar longe, mas sabia que era preciso
— Cuide-se, querida, não esqueça de ligar para nós todos os dias — meu pai disse,
enquanto minha mãe chorava sem parar nos braços de um dos meus irmãos.
— Pode deixar, ligarei. — Sorrindo, eu olhei para o lado, vendo ítalo, ele me abraçou
apertado antes de me entregar uma medalha de ouro, a favorita dele. — É a sua medalha de
quando ganhou o primeiro campeonato de futebol. — Algo que ele sempre foi apaixonado e
provavelmente, se não fosse policial, seria jogador.
— Ela sempre me deu sorte, todas as vezes que estava com medo, segurava forte e falava
baixinho que tudo ficaria bem. — Senti meus olhos queimarem com as lágrimas que eu estava
segurando para não cair, meus irmãos sempre estavam ao meu lado para me proteger e, pela
primeira vez ficaria sem eles, minha família era tudo para mim. — Quando estiver com medo e
com saudades de casa, segure ela firme e lembre-se, você é forte e estaremos sempre aqui para o
que precisar.
— Obrigada, maninho. — Abracei ele novamente, minha mãe continuava chorando nos
braços de Sebastian, ele se afastou dela, vindo até mim, e tirou meus óculos, limpando a lente em
sua blusa.
— Tenha cuidado com os garotos, qualquer coisa me ligue que irei quebrar a cara deles.
— Soltei uma gargalhada, abraçando meu irmão do meio, ele acha que tudo se resolve na
pancada. — Não estou brincando, o garoto que se meter com você terá que passar por cima de
mim.
— Chega, é a minha vez de me despedir da minha garotinha. — Minha mãe o empurrou
para o lado, secando suas lágrimas. — Saiba que você sempre terá um lugar para voltar, pode ir
quantas vezes quiser, mas a sua casa permanecerá aqui e sua família sempre estará de braços
abertos para te acolher.
O abraço de toda minha família fazia meu coração se aquecer, eu ficava feliz por saber que
eles me amam, que, mesmo não sendo uma família perfeita, sempre tivemos muito amor e
carinho uns pelos outros, algo que muitas vezes não existe, pois, frequentemente, os pais acabam
se distanciando dos seus filhos, apenas preenchendo o vazio com bens materiais e se esquecendo
do principal, o amor.
Foram horas até chegar ao meu destino, ao olhar por todos os lados, eu consegui dar de
cara com uma enorme placa escrito “Seja bem-vinda”. Minha tia correu até mim, me puxou para
os seus braços, feliz era como eu estava pelas mudanças na minha vida, não seria fácil começar
tudo do zero, todavia, eu sabia que era o certo a ser feito e, mesmo com medo, iria enfrentar a
vida. Segurando a medalha que meu irmão tinha me dado, eu olhei pela janela do carro e,
sorrindo, encarei as ruas cheias de árvores altas e prédios luxuosos, o trânsito estava intenso e
minha tia não parava de buzinar.
— Geralmente, não tem tanto trânsito assim, mas hoje terá um grande evento político com
alguns candidatos e suas propostas — comentava enquanto eu continuava a olhar para todos os
lados. — O povo está lá com suas bandeiras gritando e adorando aqueles babacas do governo.
— A senhora sempre detestou a política. — Sorrindo, olhei para ela, minha tia sempre
dizia que os políticos são grandes atores que amam iludir os seus eleitores.
— Não suporto aqueles homens prepotentes, o pior deles são os governadores, nos
prometeram tantas coisas nas eleições e até hoje não fizeram nada pela classe inferior, tudo que
eles querem é tirar de nós para encherem seus bolsos fartos. — Passou a mão nos cabelos antes
de olhar para o relógio em seu pulso. — Até que tem um que se salva, ele é um bom homem e
nunca se envolveu em nenhum escândalo, não que eu saiba.
Mais uma vez ela buzinou, o trânsito estava parado, várias pessoas passaram por nós com
suas bandeiras, talvez estivessem indo para o tal evento, gritando em bom som o nome de um
dos candidatos.
— Órion — repeti, ouvindo um grito de uma mulher loira que passou ao lado da janela.
— Como soube que é ele? Órion está tentando se reeleger ao cargo de governador, um
homem muito bonito, de uma família bilionária. — Balançou a cabeça em negação e olhou para
mim. — Não sei o que foi fazer na política, um CEO poderoso como ele nunca passou uma
necessidade na vida. Como pode saber o que fazer para ajudar pessoas como nós? Pelo menos
ele não se mete em escândalos e, como eu disse anteriormente, é um bom homem e talvez seja
um dos melhores que ocupe o gabinete. — Dei de ombro.
— Às vezes ele só quer ficar mais rico — brinquei.
— E tem como? Ele vem de berço de ouro, pelo que pesquisei a seu respeito, sua família
inteira faz parte da política e seu sonho era se tornar governador. Conseguiu e, no mesmo dia que
seu sonho se realizou, acabou perdendo sua esposa. — Olhei para ela impressionada, minha tia
odiava a política e, ao mesmo tempo, era completamente obcecada pelos políticos. — O que é?
Sou jornalista, tenho que saber dessas coisas.
— Eu não disse nada. — Levantei as mãos.
Antes que ela pudesse retrucar, seu celular começou a tocar, minha tia atendeu a ligação,
falando por um breve momento com a outra pessoa do outro lado da linha.
— Mudança de planos, a menina que foi escalada para fazer a reportagem do evento de
hoje ficou doente, eu terei que cobri-la, você se importa de ir comigo?
— Para o evento dos políticos que você odeia? — Ela soltou uma gargalhada. — Claro
que não, vamos, estou louca para te ver em ação.
Tudo na minha vida estava acontecendo rápido demais, eu estava louca para conhecer a
Califórnia, mas não imaginava que, no primeiro dia, eu já iria para um evento grandioso e que
minha tia cobriria tudo, e eu ficaria como sua ajudante, ouvindo suas entrevistas com aqueles
homens poderosos e arrogantes.
e olhei no espelho, arrumando minha gravata. Mais um dia como todos os outros, onde eu
desperto, sem muito ânimo, apenas seguindo a minha agenda, cheia de eventos importantes com
homens como eu, que sabem o quanto meu sobrenome é importante e o quanto minha conta
bancária é gorda. Dizem que o dinheiro traz felicidade, para muitos, realmente as cédulas podem
proporcionar o êxtase sem fim, mas, para mim, para alguém que perdeu a esposa cedo demais e
que ficou com uma filha extremamente problemática, as coisas são diferentes, nem todo dinheiro
do mundo me faz ser feliz novamente, muito menos conseguir encontrar um motivo para viver
intensamente igual eu fazia com minha amada esposa. Estava pronto para o grande evento, onde
os candidatos ao senado vão se encontrar e debater suas propostas, minha assessora me entregou
uma pasta com meu discurso, coloquei meus óculos, entrando no carro e arrumei minha postura
antes de começar a ler tudo que estava escrito naquele papel, eu não gostava muito da ideia de
que outras pessoas escrevessem por mim, parecia palavras mentirosas, porém, naquele momento,
eu faria qualquer coisa para ganhar.
— Sua filha está indo no outro carro atrás de nós, ela prometeu que vai se comportar. —
Continuei lendo o discurso. — Órion, você já conversou com ela? A faculdade começa semana
que vem, ela não pode deixar de ir, isso é péssimo para sua imagem.
— Você já conversou, não preciso fazer o mesmo, Melissa é grandinha o suficiente para
entender que, se não andar na linha, não terá mais nada de mim.
Quando eu descobri que Mary estava grávida, eu quase surtei, estávamos juntos na
faculdade, foi um choque descobrir que, nos meus vinte anos, seria pai, mas não me arrependo de
ter dito a ela para continuar com a gestação, na verdade, sempre amei minha filha e, mesmo que
ela me culpe pela perda da mãe, eu vou estar ao seu lado em todos os momentos, mesmo de
longe. O caminho até o lugar do evento demorou mais do que o esperado, continuei lendo aquele
discurso enquanto minha assessora passava a minha agenda, eu não tinha tempo nem ao menos
de me sentar em um pub qualquer e encher a cara, na verdade, um homem com um nome a zelar
como eu não poderia ser visto em tal lugar, tudo muito discreto e bem planejado.
— Chegamos, como eu te disse, Órion, sua filha me prometeu se comportar, vamos até a
sala onde todos os repórteres estão à sua espera para fazer as entrevistas e depois alguns
fotógrafos vão tirar fotos suas com Melissa.
— Vamos, o quanto mais rápido eu for, mais rápido eu estarei livre desse circo.
— Sorriso no rosto, você vai se reeleger a governador da Califórnia, mostre o quanto é
bondoso e esteja disposto a continuar com seus projetos.
— Não precisa ensinar o meu trabalho, Katarina, já estou no poder há algum tempo e sei
como me comportar nas campanhas, não é à toa que me elegi como um dos governadores mais
bem votados de toda Califórnia.
— Mas isso foi antes, agora você tem um candidato à altura, e ele está louco para tomar o
seu lugar. — Caminhou até mim, arrumando minha gravata. — Não vamos deixar que aquele
ordinário do Gregory tome o seu lugar. — Sorriu amargamente, aquele homem tinha chegado do
nada no capitólio e se candidatado, e estava disposto a passar por cima de mim para se tornar o
governador, mas ele não me conhece para entender que, mesmo que tente, não me ganhará nas
eleições.
— Fique tranquila, não pretendo perder essas eleições e muito menos deixar que um
homem como ele tome o meu lugar, ainda tenho muitos projetos inacabados.
— Faça o que estou mandando e será o candidato mais votado do país.
Ela sorriu antes de eu sair caminhando até a porta que dava passagem para o lugar onde o
comitê já estava, assim como o bando de repórteres loucos para nos bombardear com várias
perguntas. Com tranquilidade, eu me sentei, a enorme mesa estava posta com os candidatos não
só para o cargo de governador, como também a senador. Cumprimentei todos que estavam ali
com um aperto de mãos e me sentei ao lado do meu concorrente antes de pegar o microfone
sobre a mesa, o show estava prestes a começar e tudo que eu queria era fugir para bem longe de
toda aquela loucura, porém, meu dever com o povo é mais importante e todas as minhas
promessas seriam cumpridas.
Aos poucos, os repórteres começaram com o questionamento e, com elegância, eu
respondia todas as perguntas. Quando olhei para o lado, percebi duas mulheres vindo como
furacão para a frente, uma delas eu já conhecia de outras entrevistas, uma jornalista requisitada
que sempre me colocava contra a parede, já a outra, eu nunca tinha visto, branca, de cabelos
loiros e olhos azuis como o oceano, sua boca é avermelhada e tudo nela me encanta no primeiro
momento que meus olhos cruzaram os seus.
— Governador. — O grito de mais um repórter me fez despertar dos meus devaneios.
— Sim, pode perguntar — falei com os olhos na garota, me perguntando de onde ela tinha
saído, tão linda com seus cachinhos dourados, um verdadeiro anjo.
— Eu acabei de fazer a pergunta. — Pisquei algumas vezes antes de levar uma das mãos
até o copo de água, e tomei um gole.
— Deixa que eu respondo — Gregory chamou a atenção para ele, respondendo à pergunta
que o repórter tinha acabado de fazer, mas eu não tinha ouvido, na verdade, depois que aquela
garota desconhecida apareceu, eu não conseguia mais me concentrar.
Sorrindo, o meu concorrente respondia às perguntas enquanto eu estava inebriado pela
beleza daquela mulher, mesmo que eu tentasse me concentrar meus olhos estavam nela, em seus
cabelos loiros e seus olhos claros, ela me olhou por um breve momento e sorriu timidamente,
aquilo fez meu coração disparar, em nunca em toda minha vida, eu senti um interesse instantâneo
e tão grande por alguém que vi pela primeira vez como estou sentindo nesse instante. Desviei
minha atenção assim que a minha assessora me cutucou por trás, eu olhei para frente, vendo a
repórter que eu já conhecia com o microfone em suas mãos.
— Essa pergunta vai para o governador Órion Fantone. — Prestei atenção, aquele debate
era importante para que eu pudesse me reeleger e, mesmo que ainda estivesse encantado com a
garota de cachinhos dourados, eu precisava focar. — O senhor implantou algumas bolsas de
estudos em algumas faculdades requisitadas do estado, pretende continuar com esse projeto caso
cumpra um novo mandato?
— Não só vou continuar, como também pretendo aumentar o número de bolsas para
jovens de família simples, eu quero que todos tenham direito a boas faculdades e se tornem bons
profissionais em suas distintas áreas.
A repórter sorriu, voltando a se sentar ao lado da garota loira. As duas conversavam entre
si e, mesmo respondendo às novas perguntas do debate, eu me sentia ansioso para saber tudo
sobre a jovem de sorriso encantador. Algum tempo se passou e finalmente as perguntas
acabaram, me levantei da mesa, abotoando os botões do meu blazer, olhei para minha assessora
que estava com tablet em suas mãos, digitando algo, e desviei o olhar, procurando a garota, mas
não a encontrei.
— Katarina, eu preciso que você investigue a vida de uma repórter que estava aqui nessa
tarde, na verdade, preciso saber tudo sobre a garota que estava ao seu lado.
— Repórter? Eu não sei de quem se trata.
— É por isso que estou mandando você investigá-la, chegando nela, eu descobrirei quem é
a jovem que estava ao seu lado.
— Está falando das duas que chegaram por último? Órion, o que está planejando? Você
está em campanha para se reeleger, não pode nem sequer cogitar entrar em um escândalo.
— Faça o que estou pedindo, descubra tudo sobre as duas.
A contragosto, ela respirou fundo, afirmando com a cabeça. Caminhei até a sala ao lado,
onde tiraria algumas fotos com os candidatos e com minha filha. Melissa veio até mim, deu um
beijo em meu rosto, antes de sussurrar em meus ouvidos.
— Você está me devendo uma, quero meus cartões de crédito de volta. — Sorri
amargamente, não tínhamos uma boa convivência, nossas conversas acabavam sempre em uma
discussão, era assim desde que tudo aconteceu.
— Sorria, filha, mostre o quantos somos uma família feliz — falei em seu ouvido antes de
beijar sua testa. Eu pensava que a fase da rebeldia passaria quando ela completasse seus dezoito
anos, todavia, tudo piorou, ela está ainda pior.
Já era noite quando tudo acabou. Exausto, eu entrei em meu carro assim que um dos meus
seguranças abriu a porta. Minha filha também fez o mesmo, nós dois voltaríamos para casa
juntos, era algo que quase nunca acontecia, mas, como todos estavam de olho, e eu precisava
passar uma boa impressão.
— Eu fiz o que você pediu, agora devolva meus cartões de crédito e o meu carro.
— Suas aulas começam na próxima semana, e você retornará para faculdade, me mostre
que consegue uma vez na vida ser responsável. — Olhei para ela, vendo seus olhos iguais aos da
sua mãe. — Está na hora de você colocar a cabeça no lugar e parar com sua rebeldia, faça o que
eu estou pedindo e eu prometo que vou devolver seus cartões.
— Não entendo. Por que preciso estudar? Sou herdeira. — Deu de ombros. — Vou herdar
uma fortuna e nunca vou ter que trabalhar.
Sorri, acendendo um cigarro, ela estava enganada, eu nunca deixaria minha herança de
mãos beijadas para uma jovem tão irresponsável como Melissa, minha filha precisava de limites
e eu teria que ser firme.
— Melissa, eu não pretendo morrer tão cedo e muito menos deixar minha herança para
uma garota mimada e prepotente igual a você — disse, rígido. — Sua mãe teria vergonha da
garota irresponsável que se tornou.
— Para a porra do carro! — gritou ela com os olhos cheios de lágrimas, o motorista faz o
que ela pediu, ela abriu a porta, secando suas lágrimas. — Era para você está morto, e não ela.
Fechei os olhos, sentindo uma dor imensa em meu coração, mandei que um dos
seguranças fosse atrás dela antes de jogar a cabeça para trás ao encontro do encosto do carro, não
tinha sido fácil ficar com uma adolescente e muito menos carregar a culpa da morte de sua mãe,
mas ela nunca tinha me dito algo assim e isso partiu meu coração, eu não era um bom pai e não
tinha sido um bom marido.
Sentada naquele evento, eu me sentia incomodada com os olhares daquele homem, ele era
tão elegante, com cabelos pretos, olhos azuis iguais ao mar, barba bem-feita e um sorriso lindo,
um verdadeiro Deus grego. Sorrindo timidamente, eu coloquei uma mecha de cabelo para trás da
orelha, os repórteres continuam as perguntas, mas seus olhos continuaram em mim, estava
constrangida e sentia algo estranho em meu coração, nunca tinha visto alguém que me deixasse
tão desconcertada. Olhei para o lado, vendo minha tia se levantar da cadeira ao meu lado, ela
estava com um pequeno caderninho em sua mão e uma caneta, sua pergunta foi direta para
Órion, ele desviou o olhar prestando atenção em minha tia e sorriu.
— Não só vou continuar, como também pretendo aumentar o número de bolsas para
jovens de família simples, eu quero que todos tenham direito a boas faculdades e se tornem bons
profissionais em suas distintas áreas.
Nesse momento, a ficha caiu, era ele o governador que tinha implantado aquele projeto e
era graças àquele homem que eu tinha conseguido uma bolsa de estudos na faculdade dos meus
sonhos. Algum tempo depois, as entrevistas acabaram e fomos direto para casa da minha tia, ela
me mostrou o quarto em que eu ficarei, e guardei minhas coisas enquanto pensava naquele
governador. O homem tinha se infiltrado em meus pensamentos e eu precisava saber a respeito
sobre ele.
Me sentei na cadeira de frente à escrivaninha, minha tia tinha montado um belo quarto
para mim e eu me sentia grata por sua ajuda, e digitei o nome dele na barra de pesquisa,
encontrando suas fotos, ele estava abraçado com uma jovem que provavelmente tem a mesma
idade que eu, os dois parecem felizes e logo embaixo tem algumas informações que fizeram meu
coração doer. A sua mulher tinha sofrido um atentado no dia em que ele ganhou as eleições e
Órion ficou viúvo com sua filha de quinze anos. Fazia quatro anos que ele vivia solitário, se
dedicando ao povo e criando sua única filha.
— Pobre homem — pensei alto, passando a mão na tela do computador. Por mais que na
foto Órion estivesse sorrindo, eu podia ver em seus olhos a dor que carregava e isso me doía,
como se ele fosse alguém próximo que eu precisava cuidar ou algo do tipo. — Isso é loucura. —
Fechei a página, me levantando da cadeira, andei até a cama me jogando sobre ela e passei as
mãos no meu cabelo. Como que um homem desconhecido pode mexer tanto comigo?
— Abigail. — Me levantei, deixando meus pensamentos de lado. — Vou fazer
macarronada, quer me ajudar?
— Claro, tia, estou indo.
Caminhei até a cozinha, o apartamento da minha tia era simples, porém, muito
aconchegante, com dois quartos, uma sala, um banheiro, uma cozinha americana e uma
lavanderia, tudo organizado e com um ar familiar. Segurei a panela que ela me passou cheia de
água, levando até o fogão, minha tia mostrou o pacote de macarrão antes de começar a cortar os
temperos. Retirei o meu celular de dentro do bolso dando o play em um rock dos anos noventa,
minha tia deu um gritinho dançando, nossa família sempre foi muito amorosa, eu tinha crescido
em um lar humilde, mas cheio de amor, algo que nunca faltou para nós.
— Bem-vinda a sua nova vida, querida! — comentou, me puxando para dançar.
Soltei uma gargalhada, me requebrando e deixando que as imagens de Órion saíssem de
minha cabeça, aquele governador é um homem poderoso, nunca notaria uma simples jovem
como eu e nem sabe que eu existo, talvez ele nem estivesse olhando para mim e, sim, perdido em
seus pensamentos. Precisava esquecê-lo e focar nos meus estudos e no meu estágio, deixando
minha família orgulhosa.
— Viva intensamente, a Califórnia é sua e aqui tem vários gatinhos para você aproveitar.
— Minha tia sempre foi liberal, até demais e, quando decidi morar com ela, meus irmãos ficaram
loucos, com ciúmes de que eu pudesse arrumar alguém e eles teriam que vir até aqui para
cumprir o papel de irmãos ciumentos.
— Eu não sei, tia, não estou à procura disso, só quero terminar minha faculdade e arrumar
um bom serviço.
— Pare com isso. — Ela alisou os meus cabelos. — Não seja igual a mim, a tia solitária.
Se apaixone, querida, e se entregue ao amor, nessa idade, a melhor coisa que pode acontecer é
você encontrar uma paquera na faculdade.
— Quem sabe. O destino é imprevisível, agora vamos terminar essa macarronada que
estou morrendo de fome.
Ficamos juntas ali conversando, sentamo-nos na mesa e jantamos juntas, um costume de
nossa família, mesmo que todos tivessem seus compromissos, a hora do jantar é sagrada e todos
precisam se sentar na mesa e contar como foi seu dia, não seria diferente aqui com minha tia e,
para falar a verdade, ela amava isso, sempre me contava que estava solitária demais e precisava
de uma companhia e que eu seria a pessoa ideal.
— O que você achou dos candidatos? — comentou ela, olhei para o macarrão em meu
garfo me lembrando dos olhos de Órion.
— Acho que tenho um favorito. — Dei de ombro sorrindo. — Órion Fantone, se não fosse
por ele, eu não estaria aqui, não teria ganhado a bolsa e sido transferida para uma faculdade tão
prestigiada.
— Ele vai ganhar, isso é fato, todos o amam. — Sorrindo, ela despejou vinho em minha
taça ao lado do meu prato. — Ainda sinto pena dele pelo que aconteceu a sua esposa, o tiro era
para ter sido em seu peito, e não no dela.
— Mas ele não teve culpa pelo que eu li. — Levantou as sobrancelhas, me encarando.
— Você estava pesquisando sobre ele? — Tomou um gole de vinho depois de encher sua
taça. — Abigail, por que pesquisou sobre aquele homem?
— Só queria saber mais sobre o homem que mudou minha vida, você sabe que sempre
sonhei em estudar aqui e, se hoje estou realizando, é graças a ele.
— Hum, eu percebi os olhos dele para você. — Minha tia levou sua mão até a minha e
acariciou, me encarando. — Querida, você pode ficar com todos os garotos da faculdade, mas
Órion é algo proibido, um homem poderoso que não se importa com os sentimentos de uma
menina inocente como você.
— Tia, você está viajando na maionese. — Me levantei da cadeira, caminhando até a pia,
e coloquei meu prato, me virando para encará-la. — Só estava curiosa, só isso.
— Espero que seja só isso, fique longe dele.
Passei a mão em meus cabelos, sorrindo amargamente, era óbvio que eu ficaria longe de
Órion, ele era algo impossível para mim além disso, tudo que quero é terminar a faculdade e não
me meter em problemas. Naquela mesma noite, eu fiquei por horas acordada, tentando a todo
custo dormir, mas não consegui e tudo que eu conseguia ver ao fechar os olhos era o seu sorriso,
como se o destino estivesse me jogando para um abismo sem fim, onde eu acabaria entrando em
uma bela enrascada.
O dia amanheceu cedo, na verdade, eu não tinha conseguido pregar o olho, aquela garota
de cachinhos dourados se infiltrou em meus pensamentos e todas as vezes que fechava os olhos
conseguia vê-la, seu sorriso tímido e até mesmo a pequena covinha em sua bochecha ao sorrir, eu
só tinha a visto uma única vez e, mesmo assim, algo dentro de mim estava diferente, como se
meu corpo inteiro estivesse desesperado para sentir o cheiro dela ou ao menos trocá-la. Joguei as
cobertas para o lado da cama, me sentando nela, passei a mão em meus cabelos, fechando os
olhos e respirando fundo, não era hora de distrações, eu precisava focar nas eleições e me
reeleger para continuar com meus projetos.
Me levantei, indo direto para o banheiro, liguei o chuveiro assim que arranquei as roupas
do meu corpo e, debaixo daquela água morna, me lembrava de tudo que fiz para chegar até aqui,
de como eu dediquei minha vida a política e de como fui negligente com minha querida Mary,
ela era tão doce e tão imatura quando nos conhecemos na faculdade, logo veio a notícia de sua
gravidez, em seguida, nosso casamento, não tinha dado tempo nem mesmo de construirmos algo
sólido, algo que fizesse meu coração disparar. Talvez o nosso romance tenha sido mais por
necessidade, e não por amor, e foi por isso que acabei deixando-a de lado, sem me dar conta da
mulher incrível que eu tinha a meus pés, sendo péssimo marido.
Coloquei minhas duas mãos na parede enquanto a água escorria pelos meus cabelos, o
barulho que fazia ao se chocar no chão me deixava tranquilo e me fazia reviver o passado.
Mary me olhou sorridente, ela estava com uma cesta de piquenique cheia de
guloseimas. Animada, ela beijou meu rosto antes de perguntar se eu gostei do seu vestido de
bolinha, nem parecia a futura primeira-dama. Balancei a cabeça em afirmação, continuando
a olhar para a folha em branco em minha mesa. Estava escrevendo o discurso e, naquele dia,
nada me faria sair do meu escritório.
— Ainda faltam vários dias, apenas hoje saia com sua família — implorava por
atenção. — Melissa, precisa de você, nós precisamos de você e …
— Amor, eu estou ocupado, pode ir com nossa filha, se divirtam. — Nem ao menos
olhei para ela, tão concentrado na merda do discurso.
— Claro, só servimos para tirar fotos mostrando a família feliz que somos, uma grande
mentira.
— Você já vai começar? Pelo amor de Deus, Mary. — Depositei a caneta sobre a mesa,
cruzando os braços para encará-la. — Hoje não, estou nervoso, as eleições estão chegando e
você sabe o quanto isso é importante para mim.
— Tudo bem, eu respeito seu tempo, apenas sinto falta do jovem que encontrei na
faculdade, que amava fugir para ver as estrelas ou apenas assistir a um filme.
— Essa época passou, já não tenho idade e nem tempo para essas baboseiras.
Abri os olhos, sentindo mais uma vez a culpa cair sobre os meus ombros, ela merecia
mais, e eu, tão focado na porra das eleições, não me dei conta do que estava perdendo, de como
estava deixando minha esposa e filha de lado, mas agora é tarde demais e, mesmo que eu queira
ser um bom pai para Melissa, não consigo nem ao menos olhar em seus olhos. Como farei isso
sabendo que sua mãe morreu por culpa minha? Aquela bala era para estar no meu peito, e não no
dela. Alisei o meu peito esquerdo antes de desligar o chuveiro, aquela dor nunca passaria e eu só
poderia continuar existindo, tentando levar uma vida miserável e mostrando para todos o quanto
Órion Fantone é um homem poderoso e sem sentimento.
— Está atrasado. — Ao sair do banheiro com a toalha em minha cintura, enquanto seco
meu cabelo com outra, vejo minha assessora, ela tem uma pasta em suas mãos — Já deveria estar
no gabinete, faz meia hora que estou à sua espera.
— Descobriu o que te pedi? — falei, caminhando até o meu closet.
— O que você quer com aquela garota, Órion? — Retirei um blazer azul-escuro do cabide
antes de encarar minha assessora, ela estava em pé, de frente para mim.
— O que descobriu? — Arqueei a sobrancelha inquieto demais, estava louco para saber
mais sobre cachinhos dourados. Katarina abriu a pasta em suas mãos e tirou um papel de dentro
dela.
— Abigail Lacoste, sobrinha de Dakota Lacoste, a repórter que vive te perseguindo. —
Parou de ler me observando por um tempo, mas logo voltou a ler. — Com apenas vinte e três
anos, ela está no quarto período da faculdade de psicologia e acabou de ganhar uma bolsa na
faculdade da Califórnia.
— Uma bolsa? Ela …
— Sim, ela passou com honra na prova, ganhando uma bolsa na faculdade que a sua filha
estuda e, melhor, uma bolsa que você mesmo deu em seu governo.
Olhei para o chão sentindo o peso das palavras da minha assessora. Cachinhos dourados
tem quase a idade da minha filha, não é uma mulher, e, sim, uma jovem que está começando a
viver, alguém impossível para mim, alguém que eu teria que ficar o mais longe possível para não
arrumar problemas para minha campanha.
— Precisa saber mais alguma coisa sobre ela, ou já podemos continuar nossas vidas como
se você não se interessou em uma jovem com a idade da sua filha?
— Eu não me interessei. — Dei de ombro, abrindo uma gaveta para pegar uma gravata. —
Foi apenas uma curiosidade. — Katarina soltou uma gargalhada.
— Faz mais de cinco anos que te conheço, senhor governador. — Guardou a folha de
papel na pasta. — Pode até enganar outras pessoas, mas não me engane, eu percebi seus olhares,
você gostou da garota.
— Sim, eu gostei, mas pensei que ela fosse uma mulher, e não uma jovenzinha, pelas suas
roupas e seu jeito, não parece ser tão nova.
— Agora que sabe, fique longe dela. — Deu meia-volta, saindo do meu closet. — Longe
— gritou.
Continuei dentro do closet, me vesti e fui direto para o gabinete com minha assessora,
aquelas informações ficaram em minha mente, eu não conseguia tirar aquela garota dos meus
pensamentos, todavia, agora tinha a certeza de que ela é algo impossível para mim. Onde já se
viu um governador interessado em uma garota anos mais nova? Ainda por cima, uma garota que
vai estudar na mesma faculdade que sua filha? Só pode ser uma piada do destino. Já no carro,
minha assessora falava sobre todas as reuniões que eu teria naquela manhã, mas não conseguia
prestar atenção, tudo que eu queria era descobrir o motivo de, em um simples olhar, eu me sentir
tão hipnotizado, tão inebriado por aquela jovem de cachinhos dourados.
— Você está me ouvindo? — perguntou ela.
— Sim, continue. — Deitei a cabeça no banco do carro, fechando os olhos.
— Sua filha falou sobre a faculdade?
— Melissa já está ciente de tudo e vai fazer o que estou mandando. Minha filha detesta
ficar sem suas regalias de herdeira, não vai querer passar a vida sem seus cartões de crédito.
— Do jeito que você fala, parece que está comprando sua filha. — Abri os olhos, sorrindo
amargamente. Esta é a pura verdade, tudo que faço é tentar comprar o amor de Melissa e talvez o
seu perdão. — Nem tudo se resolve com dinheiro, Órion.
— Talvez não, mas, por enquanto, ele está amenizando as birras da minha filha.
Katarina balançou a cabeça em negação, mas não disse nada, apenas voltou a olhar para
minha agenda. Eu não queria que fosse assim, todavia, fugir da culpa era mais fácil do que
enfrentar Melissa, e isso me consumia aos poucos, um homem que aparenta ter tudo, mas, na
verdade, não tem nada, nem mesmo boas noites de sono.
Alguns dias depois
Meu coração estava disparado, a ansiedade me consumia, era um sonho realizado e,
mesmo entusiasmada, eu me sentia nervosa. O primeiro dia de aula na nova faculdade não seria
fácil, até porque não era qualquer uma, é a dos meus sonhos, aonde eu vou me formar e começar
meu estágio no lugar que sempre quis morar. Respirei fundo, seguindo para dentro da sala,
minhas mãos estavam trêmulas e, quando encontrei o professor tão prestigiado, minhas pernas
ficaram bambas, ele é um ícone da psicologia e agora eu sou sua aluna.
— Você deve ser a nova aluna — falou, vindo me cumprimentar, eu não consegui abrir a
boca, as palavras não saíam de tão nervosa que eu estava. — Abigail Lacoste.
— Ela é muda — gritou um garoto atrás de nós, eu sorri amargamente, estava fazendo
papel de boba.
— Isso, Abigail. — Cumprimentei com um sorriso tímido. — O senhor é Mason Jones.
— Sim, seja muito bem-vinda, escolha um lugar e se sente.

Segurei meus cadernos em meu peito, caminhando para uma das cadeiras na frente, queria
prestar atenção em tudo, era um ídolo para mim. O tempo passou rápido demais, estava
arrumando minhas coisas quando um jovem de cabelos claros e olhos escuros parou em minha
frente, ele era o mesmo que tinha zombado de mim. Sorrindo, ele estendeu a mão.
— Prazer, eu sou Ethan Brown. — Estava prestes a pegar em sua mão quando uma jovem
de cabelos castanhos e olhos azuis se aproximou, e deu um tapa em sua mão antes de me encarar.
— O que pensa que está fazendo? — perguntou, cruzando os braços.
— Melissa, você voltou para a faculdade? — Fiquei parada, ouvindo os dois discutirem, e
tudo que eu podia deduzir é que, provavelmente, eles são namorados.
— Voltei hoje. — Me encarou com desprezo. — Quem é essa?
— Sou Abigail Lacoste. — Estendi a mão, mas a garota não me cumprimentou e puxou o
garoto quase o arrastando para longe de mim.
Dei de ombros, terminando de arrumar as coisas e indo para fora da sala de aula, estava
tão feliz que nada poderia tirar a minha paz. Caminhando pelos corredores, eu podia sentir os
olhares sobre mim, os famosos playboys sorrindo, enquanto eu, timidamente, abaixava minha
cabeça, não queria chamar atenção daquelas pessoas, muito menos ser a novidade da faculdade.
— Ei, você aí — gritou a garota de olhos azuis, se aproximando de mim. — É nova por
aqui. — Se aproximou, olhando para os meus materiais. — Pelas coisas que estão em suas mãos,
não deve ter dinheiro. Como está pagando a mensalidade? — A olhei de baixo para cima,
analisando seu rosto, logo vieram as lembranças em minha mente, ela é a filha do governador.
— Acredito que não te devo satisfação da minha vida — respondi, todos ao nosso redor
gritaram sorrindo.
Ela olhou para eles como fúria antes de voltar a me encarar. Melissa sorriu, eu não
deixaria que ela e nem ninguém me humilhasse.
— Para uma pobretona você tem uma língua muito afiada — zombou.
— Tenha uma ótima tarde. — Me virei, caminhando para longe dela. Aquela garota seria
um problema e eu precisava manter a calma para não perder a cabeça, eu estava realizando um
sonho e uma menina prepotente e mimada como ela não acabaria com isso, eu não deixaria que
Melissa me tirasse do sério.
Os dias seguintes passaram voando e o que era para ser um sonho virou um verdadeiro
pesadelo. Melissa fazia questão de me humilhar dia após dia, enchendo meu saco. Eu tentava a
todo custo conter a minha raiva, mas aquela mimada estava tirando minha paz e agora eu contava
os minutos para me ver livre da faculdade.
Ao sentar na cadeira do refeitório, eu dei um gole no meu suco de uva, o meu favorito, a
aula tinha acabado de terminar e estava comendo algo antes de ir para o ponto de ônibus, mas
respirei fundo quando percebi a filha do governador se aproximar. Me levantei, mas ela soltou
uma gargalhada, estava de mãos dadas com seu namorado.
— Olha só quem está aqui, a bolsista — falou ela para ele. — Deveria ser proibido colocar
gente da laia dela em uma faculdade tão prestigiada como essa.
Peguei minhas coisas em minhas mãos, contando mentalmente até dez, não era fácil ouvir
suas humilhações, porém, eu precisava me conter.
— Só está aqui por causa de alguma caridade, é piada uma bolsista frequentar o mesmo
ambiente que pessoas como nós.
Sorri amargamente, jogando meus materiais sobre a mesa ao lado, ficando apenas com o
copo de suco em minhas mãos. Eu estava cansada daquelas humilhações e, mesmo vindo de uma
família simples, meus pais sempre ensinaram a nunca deixar que outras pessoas me humilhassem
daquela forma.
— Escuta aqui — me virei, encarando seus olhos, se ninguém tinha colocado limites nela,
eu faria agora mesmo. — Eu tenho todo direito de estar aqui, eu estudei noites após noites para
passar em uma prova disputada por várias pessoas, eu ganhei minha bolsa de estudos por mérito,
por esforço meu, já você só está aqui por causa do papai e nunca saberá o que é batalhar por um
sonho.
— Além de pobre, é invejosa, admita, Abigail, você morre de inveja de mim, da minha
fortuna. — Soltei uma gargalhada.
— Eu tenho pena de você, uma garota mesquinha e mimada, que vive na sombra da
fortuna do pai.
— Vagabunda. — Ela partiu para cima de mim, mas abri a tampa do copo do meu suco,
jogando em sua cara. — Eu vou acabar com você — gritou, tentando dar um tapa em meu rosto.
Segurei sua mão sorrindo, ela tinha que aprender a ouvir umas verdades, entender que a
vida não é só aquele mundinho que ela vive e que até mesmo a pessoa mais rica do mundo não
pode humilhar as pessoas do jeito que ela fez comigo, dinheiro não é nada quando não se tem
caráter, e Melissa deixou claro que não tem.
— Cresce, garota, tenta ser algo, além de uma filhinha mimada e prepotente.
Empurrei seu corpo, a fazendo cair no chão, Melissa arrumou os cabelos enquanto me
encarava com ódio, seu namorado tentou ajudá-la, mas recusou, se levantando sozinha. Ela
pegou o celular em suas mãos, sorrindo.
— Você me pega, pobretona, eu vou acabar com sua vida, vou tirá-la dessa faculdade e te
jogar de volta no lugar de onde você veio.
Estava prestes a partir para cima dela quando ouvi o grito do reitor atrás de mim, meu
corpo inteiro tremia e só naquele momento eu me dava conta do que tinha feito, do que eu
poderia perder com aquela discussão. Meus sonhos estavam indo por água abaixo graças a uma
garota mimada. Seguimos juntas para a sala dele, ela sorria enquanto me encarava, meu coração
estava acelerado, minhas mãos suavam e tudo que me vinha na cabeça eram as noites em claro
que passei para chegar até aquele momento, para ganhar aquela bolsa e terminar o meu curso de
psicologia. Eu não deveria ter pedido a cabeça, não deveria ter me deixado levar pela raiva.
— Podem começar a falar. Que show foi aquele? — Cruzou as mãos sobre sua mesa, nos
encarando. Melissa e eu estávamos sentadas em poltronas em frente à mesa do reitor.
— Simples, vocês colocaram gente sem educação nessa escola e agora preciso conviver
com pessoas como Abigail, sem nenhum tipo de etiqueta.
— Abigail, você sabe que é bolsista, acabou de chegar e está brigando com uma aluna no
meio do refeitório.
— Senhor, eu … — Antes que eu pudesse me defender, a porta foi aberta e, para minha
total surpresa, o governador apareceu com seus olhos azuis e seu jeito imponente.
— Pai — falou Melissa, pulando da poltrona. Ela parecia surpresa com a presença dele. —
Você veio?
— Reitor, boa tarde. — Órion nem ao menos olhou para filha, caminhou até o reitor que já
estava de pé sorridente e estendeu a mão para cumprimentá-lo.
— Boa tarde, governador, é uma grande honra recebê-lo aqui.
Continuei em silêncio, apenas observando aquele homem em minha frente, o mesmo que
vivia em meus pensamentos, que me fazia pesquisar suas fotos e suspirar por ele, alguém
impossível para mim e que provavelmente tiraria minha bolsa de estudos.
Para ser bem sincero, eu nunca amei de verdade uma mulher. Minha história com Mary
tinha começado cedo demais e, em seguida, veio a gravidez. Ela era incrível, alguém que marcou
meu coração, a mãe da minha filha, todavia, eu nunca passei uma madrugada em claro, a
observando dormir, muito menos implorava pela sua companhia e era nesses pequenos detalhes
que eu tinha plena certeza que o amor ainda não tinha batido em minha porta. O respeito e a
paixão por ela era grande, mas amor, aquele que aquece o coração, nunca existiu por Mary.
Sentei-me na cama do meu flat, esperando a jovem daquela noite. A meu pedido, ela tinha
cabelos loiros e olhos claros, assim como a jovem que estava impregnada em meus pensamentos,
como se em um único olhar ela tivesse arrebatado meu coração e eu estava obcecado por
cachinhos dourados, mesmo sabendo que aquela garota é um verdadeiro problema para minha
vida.
— Pode entrar — ordenei assim que ouvi as batidas na porta. A garota sorriu sem jeito ao
entrar no quarto, o meu chefe de segurança tinha ido buscá-la para mim.
— Governador, é uma honra ser escolhido pelo senhor. — Me levantei, indo até ela, e
analisei o seu corpo antes de segurar o seu rosto com uma das minhas mãos. Olhei para seus
traços, parecida com a cachinhos dourados, porém, não era ela. — Algum problema,
governador?
— Nenhum, tire a roupa — falei, afrouxando a minha gravata. A acompanhante de luxo
tirou seu vestido, mostrando seu corpo espetacular. — Deita-se.
Ela fez o que eu pedi, desci o zíper de minha calça antes de colocar o meu pau para fora, e
fechei os olhos, me lembrando de Abigail. O desejo que consome o meu corpo é maior do que
tudo que já senti antes, estou duro, pronto para fodê-la, mas o meu tesão não é pela loira a minha
frente, e, sim, pela jovem proibida. Puxei o corpo dela para perto do meu e tirei do meu bolso
uma camisinha. Mesmo sabendo que todas elas se previnem adequadamente, eu nunca confiaria
transar sem uma proteção.
— Ah, governador — sussurrou em meu ouvido.
— Calada — falei assim que terminei de colocar o preservativo, puxei para o lado a sua
calcinha, deslizando em sua parte íntima, e mais uma vez fechei os olhos, recordando os traços
físicos da cachinhos dourados. — Abigail, eu te desejo tanto — pensei alto, a garota de luxo
continuou calada enquanto eu a fodia sem parar, imaginando outra mulher, a cachinhos, a doce e
ingênua Abigail.
Levou pouco tempo até eu me entregar ao prazer, me deitei sobre a cama sorrindo, e meu
coração estava acelerado e minha respiração ofegante. Só de imaginá-la em meus braços, eu já
estava em puro êxtase, imagina quando fosse seu corpo, seu toque e seu calor.
— Você foi incrível, governador. — A acompanhante se deitou em meu peito, eu não
tinha tirado minhas roupas, apenas colocado meu membro para fora sem muito entusiasmo, era
algo mecânico e sem emoção.
— Pode ir embora. — Me levantei da cama, indo até o banheiro para me limpar.
— Tem certeza? Podemos repetir.
— Me obedeça e saia desse quarto — ordenei, me virando para encará-la.
A garota pegou seu vestido, arrumando sua calcinha antes de correr para longe. Eu não me
importava com os sentimentos delas, para mim, era apenas uma foda sem importância e pagava
muito bem para ter aquele momento de prazer, algo casual e reservado.
Ao entrar no banheiro, eu arranquei as minhas roupas, indo para debaixo do chuveiro. A
água escorria pelo meu corpo, me fazendo relaxar depois de um dia conturbado, fechei os olhos
e, como todas as vezes, a imagem de Abigail veio em minha mente, era algo inexplicável, como
se o destino estivesse pregando uma bela peça em mim, uma simples jovenzinha pode me levar à
loucura.
No dia seguinte, eu acordei com uma bela ressaca, não estava acostumado a encher a cara
com uísque, mas, com tantas coisas em minha cabeça, a única coisa que poderia me fazer
companhia era a bebida. Olhei para minha assessora com um copo de água e um analgésico em
suas mãos. Ela não estava nada satisfeita com o meu desequilíbrio e eu me sentia um verdadeiro
robô, pronto para servir ao povo, deixando a vida passar sem nenhum tipo de felicidade.
— Que bonito, o governador da Califórnia fodeu uma garota de programa e depois encheu
a cara. — Sorriu amargamente.
— Fale baixo. — Caminhei até o meu escritório, eu não tinha comparecido no gabinete, e
Katarina sabia muito bem onde eu estava, ela sempre me encontrava no meu flat.
— Já cancelei todas as suas reuniões, você pode ficar em casa e curar essa ressaca. —
Peguei o analgésico, tomando um gole de água — Agora eu preciso ir, resolver mais um
problema da sua filha.
— Melissa, o que ela aprontou desta vez? — Cruzou os braços, respirando fundo.
— Como se você se importasse com o que aquela garota mimada faz.
— Sem rodeios, Katarina, fale de uma vez.
— Ela brigou com uma garota no refeitório da faculdade, o reitor ligou para avisar. —
Fechei os olhos, acariciando minha testa. — Pelo que ele me disse, ela brigou com a loira que
você estava interessado.
— Abigail — quase gritei, abrindo os olhos. Ela sorriu amargamente. — As duas estudam
na mesma sala?
— Não, mas, por incrível que pareça, sua filha a detesta. Entre tantas garotas, ela
simplesmente odeia Abigail. Todos os dias me conta o quanto ela é perfeitinha e o quanto todos
os garotos estão apaixonados por ela.
— Garotos? — Arregalei os olhos, já sentindo a raiva me dominando só em imaginar que
tem moleques de olho na minha cachinhos dourados. — Katarina, eu vou pessoalmente resolver
esse problema, está na hora da minha filha aprender a respeitar as pessoas.
Já estava em pé e peguei o meu celular sobre a mesa do escritório, assim como as chaves
do carro. Eu não estava vestido com um terno, mas, sim, com uma blusa de colarinho esportivo e
uma calça de linho preta. Ela soltou uma gargalhada antes de segurar meu braço e me encarou
com o olhar preocupado.
— Você está indo por causa da garota, Órion. — Balançou a cabeça em discordância. —
Pense bem no que vai fazer, você está em campanha para se reeleger, a menina é…
— Eu sei de tudo isso. — Puxei meu braço. — Fique tranquila, Katarina, eu serei discreto.
— Não acabe com tudo que construímos.
Sorri caminhando para longe dela, fazia quatro anos que eu servia ao povo, que minha
esposa tinha morrido e que todos os dias eu me sentia culpado por isso, vivendo uma vida cheia
de regras e agendas, sem um dia de felicidade, e agora que meu coração voltou a bater eu não
ficaria longe, precisava ter Abigail em meus braços, nem que fosse por uma única noite, apenas
para acabar a obsessão e poder seguir minha vida normalmente.
Ao entrar na sala do reitor, eu pude sentir um calafrio na espinha, minhas mãos suavam e
meu corpo inteiro congelou. Nunca, em toda minha vida, tinha ficado daquele jeito e, quando
nossos olhos se encontraram, foi como se o sol voltasse a brilhar em minha vida.
— Pai — Melissa gritou surpresa, eu não era um pai presente e todos os problemas dela
eram resolvidos pela assessora. — Você veio?
— Reitor, boa tarde — disse, caminhando até o reitor, e estendi a mão sorridente para
cumprimentá-lo. Não queria estar ali, mas, pela cachinhos dourados, eu deixaria até mesmo a
ressaca de lado.
— Boa tarde, governador, é uma grande honra recebê-lo aqui.
— O que está acontecendo? — perguntei, voltando a encarar Abigail, que batia os pés no
chão, um pouco nervosa.
— Papai, é tudo culpa dela. — Minha filha estava com os olhos cheios de lágrimas. — Ela
jogou um copo de suco em meu cabelo.
Abigail sorriu discretamente, seu sorriso era tão lindo, junto das covinhas de sua bochecha
e do seu nariz empinado. Balancei a cabeça, tentando me concentrar, mesmo estando
completamente obcecado pela loira.
— Pode nos dar licença, reitor? — Ele afirmou com a cabeça, saindo da pequena sala, nos
deixando sozinhos.
— Olha só. — Abigail se levantou, vindo até mim, e colocou o dedo em meu rosto furiosa.
— Sua filha é uma mimada prepotente. Desde o dia que cheguei aqui, ela me humilha de várias
formas possíveis e eu não tenho sangue de barata para aguentar as provocações de uma
patricinha mimada — falou, exaltada.
— É tudo mentira dela — gritou Melissa.
— Senhorita Abigail — segurei seu dedo com carinho, sorrindo —, não precisa se
explicar, conheço muito bem a minha filha, eu sei do que ela é capaz.
— Sabe? E por que não age como um pai, eduque-a, mostre que não se deve humilhar
ninguém e que dinheiro não é tudo.
— Papai, você vai deixá-la falar assim com você?
— Melissa, fique quieta, com você, eu resolvo em casa — disse ríspido. Abigail olhou
para minha filha antes de puxar sua mão e sair de perto de mim.
— Olha, eu não quero perder minha bolsa, estudei muito para estar aqui, apenas eduque
sua filha. — falou, mas parecia que o mundo inteiro tinha parado naquele momento, eu não
conseguia nem sequer piscar os olhos, apenas apreciava sua beleza e sentia as batidas aceleradas
do meu coração. Talvez fosse apenas desejo, tesão de uma única noite, algo passageiro que
acabaria na cama.
Conversamos um pouco a respeito da briga das duas, no final, elas se desculparam, mesmo
a contragosto. Minha filha saiu na frente, furiosa, enquanto eu ainda olhava para cachinhos
dourados.
— Abigail. — Segurei seu braço, ela se virou, me encarando nervosa. — Sinto muito pela
minha filha, desde que sua mãe morreu, Melissa vem me dando muito trabalho e …
— Governador, eu sinto muito pela sua perda, mas isso não lhe isenta da responsabilidade
de pai, que é educar sua filha, mostrar para ela que só porque é rica não pode humilhar e
maltratar as pessoas por ser de uma classe social inferior à dela — falou bem séria, e eu acabei
sorrindo, porque ninguém tem coragem de falar assim comigo. — E o senhor precisa ser mais
presente na vida da sua filha, porque dá para perceber que ela faz tudo isso para chamar a sua
atenção — concluiu de forma firme.
— Farei isso e, como desculpas pelo que ela fez, te levarei a um jantar essa noite.
— O quê? — surpresa, ela gritou, puxando sua mão. — Não, eu não posso sair com o
senhor.
— Por que não? É apenas um jantar.
— Não pega bem e tenho outras coisas para fazer. Passar bem, governador. — Terminou a
frase caminhando para longe de mim.
Nervoso, chutei a poltrona em minha frente, um homem como eu implorando para uma
jovem me acompanhar em um jantar, era algo ridículo de se ver, porém, eu não desistiria assim
tão fácil. Abigail será minha, nem que eu tenha que persegui-la todos os dias até ela ceder e
acabar em meus braços.
Segurei os cadernos em meu peito, caminhando para longe daquele homem. O governador
me deixa desequilibrada, completamente fora de mim, me fazendo sentir algo estranho, que faz
meu coração disparar e minha pernas ficarem bambas. Talvez fosse apenas nervosismo por saber
que ele é um homem poderoso, que, com uma simples ligação, pode tirar minha bolsa e acabar
com meu sonho. Me permiti sorrir quando me lembrei do seu convite. Abigail, uma simples
garota do Texas, jantando com um dos homens mais importantes da Califórnia, só poderia ter
uma piada do destino, algo para tirar a minha paz, ou me fazer idealizar uma bela fanfic em
minha cabeça, impossível, essas coisas não acontecem na realidade, muito menos com alguém
como ele, treze anos mais velho do que eu, com uma filha desequilibrada que me odeia e uma
eleição a todo vapor, um verdadeiro escândalo se alguém encontrasse nos dois jantando juntos.
— Ele é louco, só pode — pensei alto assim que entrei no ônibus e me sentei na cadeira ao
lado de uma adolescente com seus quinze anos. — Onde já se viu? Um homem como ele me
chamando para sair.
— Perdão, você disse alguma coisa? — perguntou a menina.
— Nada, só pensei alto demais. — Ela deu de ombro, colocando fones de ouvido. Eu
estava tão nervosa que não conseguia parar de pensar naquele homem.
Fechei os olhos antes de pegar o meu celular no bolso da mochila e desbloqueei, vendo
uma mensagem que tinha acabado de chegar de um número desconhecido. Ao abrir, eu gelei, era
o governador e eu me perguntava como ele tinha descoberto o meu número.
— Ele é o governador, Abigail, é óbvio que é fácil para ele esse tipo de coisa — disse alto,
fazendo a jovem tirar os fones de ouvido e me encarar.
— Você está bem? — Merda, eu estava perdendo a cabeça.
— Estou, desculpa.
Ela, mais uma vez, deu de ombro, voltando a ouvir suas músicas. Eu olhei para o meu
celular, lendo mais uma vez a mensagem. Meu coração ainda estava disparado e minhas mãos
suavam, aquilo só poderia ser uma peça do destino, alguém lá de cima estava brincando com a
minha vida.
Abigail, eu sinto muito pela falta de educação da minha filha e peço que reconsidere o
meu pedido, me deixe levá-la para um jantar, será algo reservado e, se não se sentir à vontade,
poderá ir embora.
Órion Fantone.
— É brincadeira uma loucura dessas — gritei, chamando a atenção da jovem.

Ela se levantou da cadeira, pedindo licença e saindo de perto de mim. Eu estava tremendo, me
sentindo completamente perdida. Órion, o governador da Califórnia, mandando mensagem para
mim, só poderia ser uma armadilha, ou eu estava vendo coisa onde não tinha. Talvez seja um
jantar formal, apenas para ele poder se desculpar. Balancei a cabeça instantaneamente, não tem
como ser apenas um jantar, homens assim querem muito além disso, e eu não cairia no papinho
do governador, ele não destruiria minha vida. Segurei o celular em minhas mãos, digitando uma
bela resposta para nossa excelência, eu não cairia em seus papinhos.
Caro senhor governador, eu agradeço o convite, mas, como disse anteriormente, não
pega bem sermos vistos juntos, você está em plena campanha, e eu acabei de passar em uma
bolsa de estudos vinda do seu mandato.
Abigail Lacoste.
Bloqueei o celular, guardando dentro da bolsa da mochila. Por mais que Órion seja um
homem lindo, elegante, de olhos hipnotizantes e de um sorriso sedutor, eu não era boba, sabia
onde aquele tipo de história iria acabar, não seria bom para nenhuma das partes e, no final, eu
estaria de coração destruído por viver uma fantasia construída apenas em minha cabeça. Ao
chegar no apartamento da minha tia, fui direto para meu quarto, ela ainda estava trabalhando, e
eu fiquei feliz por estar sozinha, precisava pensar em tudo que tinha acontecido naquele dia.
Olhei para minha mochila antes de me segurar para não pegar o celular, estava curiosa e, ao
mesmo tempo, com medo da mensagem que poderia ter nele.
— Que merda está acontecendo? Órion, o que você quer comigo? — falei, andando de um
lado para o outro, observando a mochila largada sobre a cama. — Isso é loucura, um jantar com
um homem como ele. — Soltei uma gargalhada. — É loucura.
Eu estava parecendo uma louca, tentando, a todo custo, não olhar as mensagens, todavia, a
curiosidade sobressaiu e eu corri até o bolso da mochila, retirando o celular de dentro dela, então
desbloqueei na expectativa de ler algo, porém, ele tinha visualizado e não respondeu.
— Melhor assim, quanto mais longe eu ficar de você — Olhei para as mensagens. —
Melhor será para minha saúde mental.
Deixando os pensamentos de lado, eu fui para o banheiro, tomei um banho, coloquei um
vestido soltinho e me deitei na cama, pegando um livro qualquer para ler. Já se passavam das
seis horas da noite e, quando a campainha tocou, eu pulei da cama intrigada. Quem poderia ser?
Minha tia tem a chave, mas talvez tenha esquecido. Caminhei em passos largos até a sala, indo
até a porta e, ao abrir, fiquei pasma com o enorme buquê de rosas em minha frente.
— É a senhora Abigail? — perguntou o entregador.
— Sim, sou eu.
— São para a senhorita. — Arqueei as sobrancelhas, eu nunca tinha ganhado rosas antes.
— Tem certeza de que são para mim? — Cruzei os braços.
— Sim, mandaram entregar neste endereço para Abigail Lacoste.
— Hum. — Assinei o papel que ele colocou em minha frente antes de pegar o lindo buquê
em minhas mãos. Voltei para sala curiosa e, para minha sorte, tinha um pequeno bilhete. Abri,
sentindo algumas borboletas em meu estômago.
Eu não vou desistir, cachinhos dourados.
Não tinha nenhuma assinatura, mas eu sentia e sabia que era dele. Órion estava tentando
me seduzir e agora tudo tinha ficado claro para mim, ele pensa que sou uma garota ingênua que
cai no papinho do lobo mau, que irei para um jantar e ficarei apaixonada por ele, apenas para me
ter em seus braços e depois me jogar fora como eles sempre fazem. Com fúria, eu corri até o
quarto, voltando a pegar meu celular. Desbloqueei, digitando uma bela mensagem para nossa
excelência, ele precisa entender que não irei sair para nenhum jantar com ele e muito menos que
aceitarei ficar recebendo rosas do governador da Califórnia.
Governador, eu não sei que jogo perigoso é esse que está fazendo comigo, mas sei que
não irei cair, não sou nenhuma garota inocente, muito menos estou disposta a perder tudo que
construí para viver algum tipo de romance com o senhor.
Levou apenas alguns segundos para a resposta chegar.
Rsrs. Cachinhos dourados, eu apenas lhe convidei para um jantar, estou tentando ser
educado, nada além disso, acredito que a senhorita está tirando conclusões erradas sobre a
minha pessoa.
Além de cafajeste, é cínico. É óbvio que ele estava com segundas intenções, homem
nenhum manda rosas a essa hora da noite, sem querer algo mais do que amizade.
Digamos que eu acredite no senhor, vamos para um jantar juntos e depois? Aparece em
uma enorme manchete nos jornais que a vossa excelência está saindo com uma garota treze
anos mais nova e que ainda por cima estuda na mesma faculdade que sua filha.
Meu corpo inteiro estava queimando de raiva, ele deveria ficar longe, se colocar em seu
lugar e perceber que aquilo não nos levaria a algo bom.
O que pretende com tudo isso, senhor governador? Essa história vai acabar mal.
Sua resposta me deixou paralisada, por mais que ele seja um homem poderoso, não pode
ter tudo que quer, e eu não faria suas vontades.
Meu motorista te buscar às sete, esteja pronta.
Não, eu não iria para esse jantar, o senhor Órion perceberá que não sou uma jovenzinha
boba, que vai cair em seus encantos. O governador aprenderá a receber um não e aceitar. Ele
entenderá que nós dois juntos, nem que seja apenas como amigos, era praticamente um absurdo,
não vou cair em seu papinho.
Guardei meu celular sorrindo, um homem com trinta e nove anos, com um cargo de
governador e com uma reputação a zelar, não deveria estar correndo atrás de uma jovem com
idade para ser sua filha, mas cachinhos dourados tem meus pensamentos, meu coração dispara e
minhas mãos suam só de pensar nela. Talvez isso seja um tesão reprimido apenas pelo fato de ser
algo tão impossível e errado.
Me levantei da cadeira de frente do meu computador, estava em meu escritório e, desde
que cheguei da faculdade, minha filha se trancou em seu quarto furiosa, eu precisava resolver
nossa situação, mas algo me impedia, não era fácil olhar para ela e não pensar na morte de sua
mãe, no quão culpado eu sou. Caminhei para fora do escritório olhando em meu relógio,
faltavam três horas para o jantar com Abigail, e Katarina já estava mexendo seus pauzinhos para
arrumar um belo restaurante reservado para meu encontro. Mesmo a contragosto, minha
assessora não teve coragem de ir contra meu desejo, ela sabia que eu não ficaria em paz antes de
ter o que desejo.
— Posso entrar? — falei assim que dei algumas batidas na porta de Melissa.
— Pode — gritou ela. Ao entrar, eu pude notar seus olhos vermelhos, estava chorando e
isso quebrava meu coração e afirmava ainda mais o quanto sou um péssimo pai. — O que você
quer? — Sorriu amargamente, nem eu mesmo sabia o que eu estava fazendo naquele quarto, mas
as verdades que Abigail me falou ficou em minha cabeça, ela estava certa sobre tudo que falou
da minha filha, tudo que Melissa faz é só para chamar minha atenção.
— Filha, por que brigou com Abigail? — Me sentei ao lado dela em sua cama. — Ela é
uma boa garota. — Ela soltou uma gargalhada, estava sentada encostada na cabeceira de sua
cama com um travesseiro em seu colo.
— Você não a conhece, se veio defender aquela morta de fome, pode dar meia-volta.
— Não fale assim dela, na verdade, não deve falar desse jeito com ninguém, ela pode não
ter tido a mesma sorte que você, mas se esforçou muito para passar na prova e garantir sua bolsa
de estudos na faculdade.
— Falou como um belo governador que é, eu não preciso dos seus sermões, você nunca
fica do meu lado.
Tentei segurar sua mão, mas Melissa tirou rapidamente, se afastando. Respirei fundo,
voltando a olhar para o relógio, eu ainda precisava me arrumar para o jantar com a cachinhos
dourados.
— Não estou falando como governador, e, sim, como seu pai, trate de começar a respeitar
as pessoas, caso contrário, esqueça dos luxos que eu banco. — Me levantei da cama. — Sua mãe
teria vergonha da pessoa que você se transformou. — Dei as costas para ela, caminhando até a
porta do quarto. Com minha filha, não tem conversa, mesmo que eu queira me reaproximar, nada
consegue fazê-la ser menos prepotente.
— Minha mãe? Onde ela está agora? — gritou, me fazendo parar, segurando a porta do
quarto. — Ah, é, ela está morta por culpa sua.
— Melissa, quantas vezes terei que pedir perdão? — Fechei os olhos, continuando de
costas para ela. — Eu sinto muito, filha, daria tudo para que aquela bala tivesse perfurado o meu
peito, e não o de Mary.
— Fecha a porta quando sair.
Fiz o que ela pediu, caminhando para o meu quarto. Eu não sabia mais o que fazer com
minha filha, não sabia como retornar a nossa amizade e receber o seu perdão. Faz quatro anos da
morte de sua mãe e todos os dias eu me sentia culpado, mas, mesmo pedindo perdão para
Melissa, nada a fazia tirar de sua cabeça que sua mãe está morta por minha causa. Um homem
aplaudido por muitos fora de casa e, dentro dela, um pai frustrado que não consegue receber nem
ao menos um abraço de sua filha.
— Órion. — Me virei para trás encarando Katarina, ela tinha em suas mãos uma caixinha
quadrada de veludo vermelha. — Consegui o que você pediu, o restaurante está à sua espera e
aqui está o bracelete.
Sorrindo, eu fui até ela, peguei de suas mãos a caixinha quadrada vermelha e, ao abrir,
notei a linda joia que tinha comprado para Abigail. Talvez fosse um exagero da minha parte, mas
eu estava há tanto tempo sem me interessar por uma mulher que já não sabia como era uma boa
paquera.
— Espero que essa aventura acabe logo, essa menina é um verdadeiro problema para sua
campanha eleitoral.
— Fique tranquila, Katarina, eu sei o que estou fazendo e, como você mesmo disse, é
apenas uma aventura. — Fechei a caixinha, voltando a caminhar para o meu quarto, mas, antes
de entrar nele, eu me virei, encarando mais uma vez minha assessora. — Tem mais uma coisa
que você precisa fazer para mim. — Ela cruzou os braços, me encarando. — Converse com
Melissa, essa menina precisa tomar juízo.
— Sim, senhor governador.
Voltei para meu quarto, indo até o meu closet. Pela primeira vez, em muito tempo, eu
estava sentindo um frio na barriga e isso me fazia sorrir, pois nem mesmo quando uma multidão
me esperava para fazer um discurso, eu ficava tão nervoso. Olhei para minhas roupas escolhendo
uma mais despojada, eu queria passar uma impressão diferente para Abigail, que ela pudesse me
ver não como um governador, e, sim, com Órion, um homem normal que a levaria para jantar em
noite estrelada.
Céus! Eu estava parecendo um adolescente bobo que vai encontrar pela primeira vez a sua
paquera. Escolhi as roupas antes de ir para o banheiro, tomei um banho rápido e me arrumei,
minhas mãos suavam e meu coração parecia que sairia pela boca.
— Senhor, podemos ir? — meu chefe de segurança disse assim que me viu descer as
escadas.
— Sim, quero poucos seguranças dessa vez, não preciso de um exército para sair para
jantar.
— Mas, governador… — Levantei a mão, fazendo Alder se calar.
— Esqueça que sou o governador por hoje, sou apenas Órion Fantone. — Sorri, passando
por ele. Arrumei minha roupa antes de um dos seguranças abrir a porta do carro para mim, nem
eu mesmo sabia o que estava fazendo, era apenas um encontro casual, mas eu me sentia ansioso,
diferente de todas as vezes que saía com uma mulher, talvez fosse porque Abigail era algo
proibido e isso me deixava ainda mais excitado.
Ao chegar no restaurante, a hostess veio até nós sorridente. E, como todas as outras, ela
puxou o meu saco dizendo as velhas frases que todo mundo fala: “É uma honra tê-lo aqui”.
“Vossa excelência, é um privilégio recebê-lo em nosso estabelecimento” e blá-blá-blá. Eu estava
cansado das pessoas me tratarem bem só pelo cargo que tenho no capitólio, isso me deixa
extremamente irritado, como se tudo que vivo fosse falso e sem nenhum tipo de reciprocidade.
Me sentei em uma das melhores mesas do lugar, estava fechado, éramos apenas eu e
cachinhos dourados essa noite, os seguranças e todos os empregados dos restaurantes assinaram
um contrato de confidencialidade, não queria que ninguém soubesse a respeito daquele meu
encontro casual não só por causa da campanha, mas também para segurança de Abigail, ela não
merecia se envolver em um escândalo por culpa minha.
— Vinho? — Afirmei com a cabeça, deixando que o garçom despejasse o líquido vinho
em minha taça. Olhei para o relógio, ela estava atrasada, e isso fez meu coração disparar ainda
mais.
— Senhor Órion — o chefe de segurança chamou minha atenção, se curvando para falar
em meu ouvido. — Ela não vem, o motorista acabou de chegar e mandou lhe entregar isso.
Olhei pasmo para o papel em suas mãos, me sentindo um verdadeiro idiota, Abigail
simplesmente me deixou esperando, me fez montar um belo circo e eu fui o palhaço da noite.
Abri o papel, lendo o seu pequeno bilhete.
Vossa excelência, eu sinto muito, mas não posso ir essa noite. Diferente das outras
garotas que o obedecem fielmente, eu não abaixarei a cabeça só pelo seu cargo ou o seu
dinheiro, aprenda que não é não, me esqueça.
Amassei o papel em minha mão antes de arremessar com força a taça no chão. Eu nunca
tinha recebido um não, nem mesmo antes de ser o governador, e agora Abigail estava me
fazendo de palhaço e cada vez que me rejeitava minha obsessão aumentava. Me levantei da mesa
arrumando minha roupa antes de sair do restaurante. Todos ficaram de olho sem entender nada
do que tinha acontecido ali, mas eu não me importei. Furioso, eu entrei no carro, indo embora. Se
ela queria pagar de difícil, eu a mostraria que não sou um homem que desiste tão fácil do que
quer, e eu a queria com tudo dentro de mim.
Mais uma vez eu tirei as cobertas de cima de mim, olhei para o lado, retirando o meu
celular da minha mesinha de canto e, ao desbloquear, eu pude ver o horário e sabia que Órion já
tinha recebido o meu bilhete, mas ele não tinha mandado mensagem e provavelmente entendeu
que não podemos sair juntos, muito menos continuar nos falando.
Aquela relação acabou antes de começar, ele precisava entender que eu não era uma garota
inocente que cairia em suas garras, meus objetivos e planos para o futuro são maiores que um
simples casinho com o governador. A noite passou, eu não consegui dormir e, pela manhã, já
tinha que ir direto para faculdade. Tomei uma xícara de café sem ao menos me sentar na cadeira
com minha tia, ela me observava correr pelo apartamento toda atrapalha, por sorte, o reitor não
ligou para ela e não tive uma grande punição por causa da briga, talvez isso se deva a Órion, ele
tratou de abafar o caso.
— Pode se sentar um pouco e tomar café com sua tia? — perguntou, me observando. Eu
estava tentando fugir das suas perguntas e não falar sobre o tal jantar que o governador me
convidou.
— Não, já estou atrasada e hoje a primeira aula é do Mason, eu não posso perder.
Caminhei até ela, dando um beijo em sua testa antes de me despedir sorrindo. Eu estava
com vários livros em minhas mãos quando senti o meu celular vibrar, meu coração gelou e, por
um breve minuto, eu pensei que poderia ser Órion, mas não, era apenas uma mensagem de um
dos meus irmãos, pedindo para eu tomar cuidado ao atravessar as ruas. Sorri, boba com a
preocupação deles, eu sou a irmãzinha que eles amam proteger e não poderia reclamar com sua
proteção desnecessária.
Ao chegar na rua, eu corri até o ponto de ônibus mais próximo, entrando nele e colocando
meus fones de ouvido para tocar uma música aleatória. O clima estava bom e o sol brilhava no
céu, fechei os olhos imaginando o que teria acontecido caso eu tivesse ido para o jantar, se ele
teria tentado me beijar ou teria apenas conversando sobre sua filha, como bons amigos.
Ao chegar na faculdade, fui direto para minha sala, o professor Mason já tinha começado
sua aula, ele é um dos maiores psicólogos de todos os tempos e eu me sinto privilegiada de poder
ser sua aluna. As horas se passaram e, quando a aula acabou, eu fiquei terminando de escrever
uma redação para lhe entregar.
— Abigail — me chamou, fazendo eu levantar a cabeça —, pode me entregar amanhã.
— Já estou terminando, professor. — Sorrindo, ele colocou as mãos na cintura, me
encarando.
— Largue essa caneta, você é muito esforçada, todos os outros nem ao menos começaram
a redação, e você já está terminado.
— Sou bolsista, não posso dar mole, diferente de todos os outros, meus pais não podem
pagar essa faculdade.
— Dei uma olhada nas suas notas na antiga faculdade e elas são ótimas, você se tornou,
em pouco tempo, a melhor da turma. — Caminhou até sua mesa, pegando suas coisas. —
Vamos, vou pagar um café para você e podemos conversar mais sobre sua redação.
— Tudo bem, estou morrendo de fome.
Arrumei minhas coisas sorrindo e juntos fomos para uma cafeteria ao lado da faculdade.
Mason falava sobre alguns livros importantes de psicologia e que eu precisava ler todos. Estava
animada, queria aprender cada vez mais sobre a área. Ao entrar na cafeteria, fomos direto para
uma mesa do lado de uma janela, a garçonete veio até nós, anotando nosso pedido, enquanto eu
entregava para o professor a minha redação e ele lia. Eu olhava para fora, distraída, até que ouvi
uma voz grossa ao nosso lado. Olhei para cima, vendo um homem de terno, com um fone
pequeno em seu ouvido. Ele falou algo em um microfone pregado em seu terno antes de olhar
para o meu professor e depois para mim.
— Senhorita Abigail, preciso que me acompanhe agora.
— O quê? — Sem entender, eu me levantei da cadeira. — Quem é você?
— Sem perguntas, apenas venha comigo. — Segurou forte em meu braço.
— Para onde o senhor está levando-a? — Meu professor se levantou nervoso.
— É um assunto que só diz respeito à senhorita. — Todos estavam prestando atenção na
nossa discussão, e eu sabia muito bem quem estava por trás daquelas ordens.
— Fique tranquilo, professor, tome seu café que eu já volto, vou resolver esse assunto de
uma vez por todas.
Puxei meu braço do aperto do cara que me segurava e caminhei o mais rápido possível
para fora da cafeteria. Eu estava furiosa, ele me acompanhou, mostrando uma rua ao lado da
cafeteria, abriu a porta e mandou eu entrar. Ao olhar para a pessoa dentro do carro preto, meu
rosto queimou, Órion só poderia ser louco, era a única alternativa plausível para uma situação
dessas.
— Olá, cachinhos dourados. — Cínico, ele sorriu. — Tudo bem?
— O que você tem na cabeça, governador? Eu já deixei bem claro que não quero nada
com você e agora isso. — Sorrio amargamente, encarando seus olhos. — Está me perseguindo?
— Você é muito linda, sabia disso? — Ele levantou seu braço direito, levando até as
minhas bochechas, meu corpo inteiro se arrepiou no momento que senti seu toque.
— Tire a mão de mim. — Dei um leve tapinha em sua mão, tirando do meu rosto. — Eu
vou embora, não me procure mais. — Tentei me afastar e abrir a porta do carro, mas escutei o
barulho assim que ele foi travado por fora. Os seguranças do governador já não estavam mais
dentro do carro, estávamos a sós.
— Eu só quero conversar, entender o motivo de não ter ido para o jantar, foi uma grande
desfeita, cachinhos dourados.
— O que você precisa entender? — Aponto para mim e depois para ele. — Isso aqui não
vai dar certo, Órion, você é o governador da Califórnia e está tentando se reeleger, e eu sou uma
bolsista na faculdade da sua filha.
— Sei de tudo isso, mas — passou a mão em seus cabelos, os deixando desalinhados —
eu não consigo ficar um segundo sem pensar em você. — Me encarou com seus olhos azuis,
senti um frio no estômago enquanto meu coração disparou.
— Você deve falar isso para todas, mas eu não sou igual às outras. — Balancei a cabeça
em negação. — Não vou cair no seu papinho, Órion.
— Apenas um jantar, eu prometo que não tentarei nada que você não queira. — Revirei os
olhos, percebendo que ele não me deixaria em paz.
— Se eu for a esse bendito jantar, você me deixará em paz? — Arqueei uma das
sobrancelhas, enquanto Órion segurou minha mão, levando até a sua boca, beijando-a, sorrindo,
e olhou para mim, fazendo o ar sumir dos meus pulmões.
— Eu prometo que farei o que desejar.
— Tudo bem, vossa excelência, vou jantar com o senhor essa noite.
— Apenas Órion. — Por um breve momento fiquei hipnotizada pelo seu sorriso até que
me dei conta o quanto ele era mais bonito de perto.
— Agora eu posso ir? — perguntei, passando a mão em minha nuca, estava
completamente desconcertada com a sua beleza.
— Não antes de me dizer o que estava fazendo com aquele professorzinho de merda? —
Seu sorriso se desfez. — Eu não te quero perto dele.
Soltei uma gargalhada, o governador realmente estava louco, estava praticamente me
obrigando a ir jantar ao seu lado e ainda por cima me dando ordens.
— Mason é o meu professor, e eu não te devo satisfação, agora peça para os seus
brutamontes abrirem a porta do carro, eu preciso voltar para a cafeteria e pegar os meus
materiais. — Eu tinha saído tão atordoada da cafeteria que deixei tudo sobre a mesa.
— Cachinhos dourados, você não vai voltar para aquele café, vou pedir para um dos
seguranças ir buscar seus materiais e a deixarei em casa.
— Você é louco.
Ele sorriu, retirando o celular do seu bolso e digitando algo. Um dos homens que tinha
saído entrou, se sentando no banco do motorista e ligou o carro, nos levando embora dali. Cruzei
os braços furiosa, ele não tinha esse direito.
— Um dos seguranças vai deixar seu material em seu apartamento, não se preocupe.
— Não estou preocupada com isso, Órion, estou preocupada com o que vão pensar, se
minha tia me vir saindo desse carro, fará várias perguntas, e eu …
— Calma. — Segurou minha mão. — Te deixarei em uma rua antes e eu sei muito bem
que, uma hora dessas, Dakota está no serviço.
— Parece que fez sua pesquisa, senhor governador e, para falar a verdade, muito me
admira um homem como o senhor está atrás de mim, você pode ter todas aos seus pés e, mesmo
assim, fica se humilhando para ter um simples jantar comigo.
— Acredite se quiser, cachinhos dourados, eu questiono, desde o primeiro dia que a vi, o
motivo de eu estar tão obcecado em conhecê-la melhor.
Olhei para baixo, o vendo ainda segurar minha mão, ele também olhou, e algo diferente
aconteceu e meu coração se derreteu. Órion me deixava em uma verdadeira montanha-russa, uma
hora estava ansiosa demais para ver em como aquela história acabaria e, em outros momentos,
estava com medo, gritando por dentro, apavorada em pensar que, no final daquela história, eu
poderia estar chorando em meu quarto, vivendo a minha primeira desilusão amorosa. Puxei
rapidamente a minha mão, olhando pela janela do carro, ele soltou uma gargalhada.
— Pode tentar fingir que não sente a mesma coisa que eu, mas seus olhos e seu corpo não
negam que temos uma química muito grande e uma atração muito forte um pelo outro, não tente
negar.
— Nos seus sonhos, governador — falei, voltando a olhar para ele.
Foi nesse momento que tudo aconteceu e nossos lábios se encontraram, fechei os olhos,
sentindo um leve arrepio em meu corpo, nossas línguas dançavam em nossas bocas. Meu coração
estava acelerado e eu podia sentir as borboletas dançarem enlouquecidamente em meu estômago,
eu juro que queria afastá-lo, mas não podia, estava gostando do seu beijo, do doce sabor que
aquele governador tinha ao tocar meus lábios. Assim que ficamos sem ar, ele se afastou de mim,
juntando nossas testas e me encarando com seus olhos azuis assim como os meus.
— Eu te espero no jantar.
Eu não tinha percebido ainda, mas já estávamos na rua de cima do edifício em que eu
morava. Sorri timidamente antes de finalmente conseguir abrir a porta do carro, e desci, sentindo
como se o chão embaixo dos meus pés fosse como nuvens, e eu estivesse flutuando no céu, boba
e talvez apaixonada por um homem que é impossível para mim.
Enquanto eu me arrumava, eu parei por um breve momento no meio do closet, acariciando
os meus lábios. Aquele beijo tinha despertado algo inexplicável dentro de mim e, quando senti o
sabor de sua boca, meu coração disparou e tudo dentro de mim gritava pela cachinhos dourados.
Eu estava completamente obcecado por ela e, se antes precisava tê-la em meus braços, agora era
uma obrigação eu acabar com aquele desejo. Arrumei o colarinho da minha camisa de botões
branca, de linho, antes de subir o zíper da minha calça chino, na cor bege, mais claro, coloquei
no pé um mocassim preto, era um estilo de roupa que quase não usava, vivia sempre de terno e
gravata, mas eu queria deixar Abigail confortável e mostrar que sou um homem comum como
todos os outros.
Olhei mais uma vez a hora em meu Rolex, fazia tempo que vivia algo tão intenso e que me
deixava completamente nervoso, finalmente, depois de anos, eu voltei a me sentir vivo
novamente e, mesmo que tudo aquilo fosse uma verdadeira loucura, eu queria ir a fundo com
aquele encontro.
— Tem certeza de que, desta vez, ela vem, governador? — Olhei feio para o chefe de
segurança que estava ao meu lado, estávamos indo até a mesa no mesmo restaurante de antes e,
se ela não aparecesse desta vez, eu seria motivo de chacota entre os funcionários.
— Ela vai aparecer — afirmei, tentando acalmar o meu coração, mas, antes de me sentar
na mesa, eu pude vê-la desfilar pelo lugar, seus cabelos soltos com alguns cachinhos na ponta,
seu vestido vermelho colado em seu corpo definindo, as suas curvas e seu sorriso me fizeram
suspirar. Abigail é a mulher mais bonita que já vi em toda minha vida.
— Boa noite, governador. — Fiquei, por um breve momento, admirando sua beleza.
— Uau, você está … está perfeita.
— Obrigada. — Ela analisou minha roupa, me olhando de baixo para cima. — Você
também não está nada mal, na verdade, é estranho te ver sem aquela roupa social.
— Hoje eu quero que você me conheça melhor, o verdadeiro Órion por trás de todos
aqueles protocolos — Abigail colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, me deixando
ainda mais encantado com sua beleza. — Podemos nos sentar? — Indiquei a mesa e um dos
garçons se aproximou para puxar a cadeira, mas o impedi, eu mesmo puxei a cadeira para a
cachinhos se sentar, ela agradeceu com suas bochechas levemente avermelhadas.
— Estou aqui, Órion, agora você terá que me deixar em paz. — Sorrindo, eu me sentei na
sua frente, encarando seus olhos claros.
— Eu farei o que você quiser no final desta noite.
Ela balançou a cabeça sorridente. Fiz o gesto para que o garçom despejasse o vinho em
minha taça, era o mesmo da noite passada, e eu sabia que é um dos melhores vinhos importados
da Itália. Tomei um gole, pedindo para servi-la. Abigail me olhava pensativa, e eu daria tudo
para saber o que estava se passando em sua cabeça.
— Perdão, eu não perguntei se você toma vinho — disse.
— Eu tomo, sim, obrigada. — Ela segurou a taça em suas mãos, tomando um gole e
olhando ao nosso redor. — É um belo lugar, muito requintado.
— Tenho bom gosto. — Dei de ombros. — Gosto muito por ser discreto e reservado, nada
do que acontecer pode sair daqui.
— E o que vai acontecer aqui? É apenas um jantar entre amigos.
— Claro. — Sorri. — Me fale sobre você, eu sei que está cursando psicologia. O que te
fez querer entrar nessa área?
— Eu sempre gostei de interpretar as emoções das pessoas, entender o que se passa em
suas cabeças e ajudá-las de alguma forma.
— Interessante, já conseguiu me interpretar, cachinhos dourados? — Ficamos em silêncio
por um breve momento, nos encarando até que um dos garçons pediu licença para servir a
comida. Era uma massa italiana que eu mesmo tinha pedido, um ravioli ao molho branco. — Eu
escolhi esse prato por causa de uma viagem que fiz para Itália, lá eles costumam comer muita
massa e eu sou apaixonado por macarrão.
— Está com uma cara boa. — Abigail não parava de observar tudo ao nosso redor, talvez
não estivesse confortável com vários seguranças ao nosso redor.
— Você está bem? — perguntei, levando minha mão até a sua, e a segurei, a fazendo mais
uma vez me encarar, sua mão estava gelada. — Se não gostou do prato, eu posso pedir para que
façam algo da sua escolha.
— Não, Órion, está tudo perfeito, muito além da minha realidade, nunca tinha sequer
sonhado com um restaurante tão luxuoso assim e não sei muito bem como me comportar.
Merda, Órion! Por que eu tinha que levá-la em um lugar tão chique? Abigail não era
nenhuma das mulheres elegantes e mimadas que eu costumava sair, ela não se importava com
coisas caras e isso poderia ter a deixado sem jeito.
— Desculpa, eu queria um lugar incrível para nosso jantar e acabei… — Ela apertou
minha mão, fazendo meu coração disparar.
— Fique tranquilo, você tem uma realidade totalmente diferente da minha, é normal que
escolha um lugar tão luxuoso assim.
Fiquei calado, apenas observando nossas mãos entrelaçadas, até que ela tirou sua mão para
começar a comer o ravioli. Levou um pouco até sua boca e soltou um leve suspiro. Ela fechou os
olhos, apreciando o gosto daquela comida antes de sorrir.
— É a melhor refeição que já comi em toda minha vida. — Relaxei na cadeira, me
sentindo mais tranquilo, pelo menos ela tinha gostado da comida.
— Que bom que gostou.
Continuamos conversando, ela me falou sobre seus irmãos, seus pais e de como sua
família é unida. Diferente de mim, Abigail tem uma boa convivência com seus parentes,
enquanto eu mal falo com minha filha e não tenho nenhum tipo de contato com meus irmãos
depois da morte dos nossos pais. Tomei mais um gole de vinho enquanto ela falava sem parar, eu
poderia passar a noite inteira admirando sua beleza, mas sabia que a cachinhos nunca passaria a
noite ao meu lado, mesmo que fosse apenas para dormir.
— O que foi? Por que está me olhando assim?
— Nada, apenas admirando sua beleza. — Segurei mais uma vez sua mão. — Cachinhos,
eu estou completamente obcecado por você.
— Órion, combinamos que seria apenas um jantar entre amigos. — Merda, eu estava
parecendo um adolescente bobo.
— Pode ser o que você quiser, cachinhos. — Bebi mais um pouco de vinho, as horas
estavam se passando, nossa conversa estava agradável, mas Abigail se levantou da mesa,
afirmando que precisava ir embora, pois sua aula começava cedo no dia seguinte, e eu me sentia
frustrado, porque queria tê-la em minha cama.
Me levantei da cadeira, acompanhando-a, e olhei para meu chefe de segurança, pedindo a
caixinha vermelha. Queria presenteá-la com algo que a faria sempre se lembrar de mim.
— Espere, tenho algo para você. — Abigail parou no meio do caminho, se virando para
me encarar. Peguei das mãos do chefe de segurança a caixinha e, ao abrir, mostrei o bracelete,
então ela arregalou os olhos, surpresa. — Um pequeno presente para você se lembrar de mim.
Soltando uma gargalhada, ela caminhou até mim e parou de frente, encarando o bracelete
em minhas mãos.
— Você acha que pode me comprar, governador? Eu não sou nenhuma das mulheres que
você sai.
— Cachinhos dourados, eu não estou tentando te comprar, é apenas um presente.
— Eu não quero, avisei para você que seria apenas um jantar, apenas isso. — Se virou,
caminhando para longe
— Me diga. — Dei alguns passos, segurando em seu braço. — Qual o seu valor? O que
você quer para ser minha?
O estalo do seu tapa em meu rosto ecoou pelo restaurante. Pasmo, eu fechei os olhos, me
sentindo um verdadeiro idiota por ter dito aquelas palavras. Abigail não era uma qualquer que
poderia comprar com joias e, muito menos, com dinheiro.
— Fique longe de mim, governador, eu não quero seu dinheiro.
Fiquei parado a vendo ir embora e fechei a caixinha com o bracelete, a entregando para o
chefe de segurança antes de sair correndo para fora do restaurante. Eu precisava consertar a
burrada que tinha acabado de fazer. Segurei mais uma vez o braço dela, a puxando para perto do
meu peito, e encarei seus olhos.
— Perdão, eu fui um cretino, mas estou tão louco por você que farei qualquer coisa para
tê-la.
— Eu não te quero, governador, já deixei bem claro. — Abigail olhou para meus lábios
me fazendo sorrir, eu podia sentir o seu desejo por mim.
— Tem certeza? E se eu … — Beijei sua boca, entrelaçando seus cabelos em minha mão.
Ela não se afastou, nossas línguas, mais uma vez, se encontraram, meu corpo inteiro queimava e
eu a queria cada vez mais.
— Senhor, alguém pode vê-los. — Ouvi o chefe de segurança. Abigail se afastou de mim,
dando alguns tapas em meu peito.
— Fique longe.
Parado, eu fiquei observando-a entrar no carro com um dos meus seguranças. Nosso
sentimento é recíproco, e eu sabia que aquilo era uma verdadeira loucura. Eu poderia perder tudo
que tinha construído em anos, perder o cargo de governador e afastar ainda mais a minha filha de
mim. Fechei os olhos, passando as mãos em meu cabelo, e tirei um cigarro de dentro do bolso,
acendendo. Estava nervoso demais e precisava da nicotina para me acalmar.
l
Se passaram alguns dias depois daquele jantar, foram dias perturbadores onde eu não
consegui dormir direito e sempre ficava entusiasmada com as mensagens que chegavam em meu
celular, na esperança que fosse ele. Eu nem deveria estar assim depois das propostas indevidas
que ele me fez. Onde já se viu querer me comprar com dinheiro? Suspirei, tentando tirar Órion
dos meus pensamentos, mas era impossível, eu me pegava pensando nele praticamente vinte
quatro horas por dia e sabia que aquilo já tinha se tornado uma paixão, que poderia negar para
todos e até mesmo para ele que não o queria, porém, meu coração estava gritando pelo
governador, totalmente rendido àquele sorriso sedutor e olhos azuis como o mar.
Peguei as chaves do apartamento da minha tia no bolso da minha mochila, eu tinha
acabado de chegar da faculdade, as coisas estavam indo bem e, por incrível que parecesse,
Melissa já não me irritava como antes, talvez seu pai tenha feito a lição de casa e dado educação
à filha.
— Cachinhos dourados. — A voz grossa atrás de mim fez meu coração quase sair pela
boca, me virei para encará-lo, pensando que talvez fosse um sonho daqueles que eu estava tendo
naqueles dias que o governador sumiu, mas não, era ele bem, ali em minha frente.
— Órion, o que faz aqui? — perguntei, abrindo a porta do apartamento.
— Podemos conversar? — Olhei para ele, vendo seus seguranças ao seu lado. — Fiquem
aqui — ordenou, antes de me acompanhar para dentro do apartamento.
— Minha tia vai chegar daqui a pouco, você precisa ir embora. — Joguei minha mochila
sobre o sofá, Órion colocou as mãos no bolso.
— Eu juro que tentei, a todo custo, tirá-la dos meus pensamentos, mas eu não sei que
feitiço você jogou em minha vida, cachinhos dourados. — Deu dois passos, se aproximando do
meu corpo, e tocou minhas bochechas, fazendo meus cabelos se arrepiarem. Minha parte íntima
já estava pegando fogo e, mesmo sendo virgem, eu sabia que aquilo era uma reação ao tesão que
sinto por ele.
— Governador… — Suspirei, mas Órion colocou seus dedos em meus lábios, me fazendo
fechar os olhos. Seu toque era um abismo, e eu estava prestes a cair nele. — Não faça isso.
— Me diga, olhando em meus olhos, que também não pensou em mim, que também não
perdeu noites imaginando o que estava fazendo. — Juntou nossas testas, fechando os olhos. Eu
queria mentir, precisava mentir, mas não tinha como fugir daquilo, daquele tesão reprimido, do
desejo que aquele homem me fazia ter mesmo longe.
— Merda! Isso vai acabar muito mal para nós dois.
Baixei totalmente minha guarda, puxando o governador para um beijo desesperado. Eu
sentia meu corpo inteiro queimar e minha parte íntima ficar ensopada por tantas noites sonhando
com aquele momento e me sentindo completamente entregue àquele homem. Órion me jogou
sobre o sofá, derrubando minha mochila no chão. Sorri quando ele me encarou um pouco
constrangido.
— Sua tia está mesmo chegando? — Beijou o meu pescoço, me fazendo delirar.
— Sim, você precisa ir embora — sussurrei em seu ouvido, mas ele segurou minha mão
direita, levando até sua calça, colocando em cima de sua parte íntima. Eu podia sentir seu pau
duro, mesmo que estivesse por debaixo do tecido grosso.
— Veja como você me deixa, completamente duro, cachinhos dourados, aperte. — Fiz o
que ele pediu, sentindo seu membro duro. Órion me encarou suspirando. — Meu motorista vem
te buscar hoje à noite, te levarei a um lugar que eu sei que você amará.
— Governador, eu preciso te dizer algo. — Ele saiu de cima do meu corpo, sentei-me no
sofá, arrumando minha roupa — Eu … eu …
— Pode falar, cachinhos, estarei aqui para qualquer coisa que me disser. — Acariciou os
meus cabelos.
— É que eu nunca fiz — encarei seus olhos, ele soltou uma gargalhada —, não ria de
mim, governador.
— Calma, não precisa se irritar por causa disso. Você está me dizendo que é virgem?
Afirmei com a cabeça, ele beijou minha testa, acariciando meus cabelos enquanto me
puxou para seus braços.
— Fique tranquila, eu não te obrigarei a nada, vamos deixar acontecer naturalmente. Caso
queira se entregar para mim, eu prometo que serei um verdadeiro cavalheiro.
— Obrigada, vossa excelência, agora você precisa ir embora.
Nós nos levantamos do sofá, ele me beijou mais uma vez, segurando minha mão, me
encarou por um breve momento, e isso me fez questionar o que se passava em sua cabeça.
— Nem acredito que estou fazendo isso, me sinto tão bem, tão vivo. — Deu um selinho
em minha mão. — Cachinhos, eu prometo que não farei nada para te magoar.
— Estou contando com isso, governador.
Nos despedimos, e ele foi embora. Ao fechar a porta do apartamento, eu me joguei no
sofá, sentindo um frio na barriga. Era uma loucura, mas já tinha tentado fugir várias vezes e nada
tinha dado certo, era hora de deixar acontecer e esperar pelos caminhos do destino, vendo até
onde aquele sentimento me levaria.
As horas se passaram voando, eu estava tão ansiosa pelo nosso encontro. Minha tia chegou
em casa apenas para arrumar suas malas, pois ficaria uma semana fora, assim que ela saiu, eu
corri para meu quarto, procurei uma roupa me sentindo empolgada, queria impressioná-lo.
Coloquei um vestido de coquetel justo, elegante e com um decote atraente, na cor preta e, em
meus pés, um salto quadrado vermelho. Coloquei também um brinco com apenas uma pedrinha,
delicado, soltei meus cabelos enquanto passava o babyliss, fazendo alguns cachinhos e espirrei o
perfume antes de ouvir a campainha tocar. Era um dos seguranças de Órion. As borboletas do
meu estômago dançavam enquanto eu seguia para o meu encontro com o governador.
Depois de quase uma hora, chegamos ao Griffin Park. Eu estava sem acreditar que Órion
tinha me levado para um dos cartões-postais de Los Angeles. Ao descer do carro, eu o vi com
seu jeito imponente, estava com uma roupa social e, em suas mãos, tinha um belo buquê de
rosas-vermelhas. Ele sorriu, estendendo a mão para que eu segurasse.
— É pouco dizer que você está linda esta noite. — Segurou em minha mão, me
entregando o buquê. — Cachinhos, você é uma obra de arte.
— Obrigada, governador. — Olhei ao redor, vendo apenas os seus seguranças de frente ao
Observatório Griffith. — O que está aprontando?
— Nosso passeio hoje será diferente, eu quero que você me conheça melhor e aqui é um
dos meus lugares favoritos. — Caminhamos juntos de mãos dadas para dentro do grandioso
lugar.
— Eu já vi algumas fotos e estou sem acreditar que agora estou aqui.
— Venha, o diretor fechou exclusivamente para nós dois — falou como se fosse algo
normal, ele tinha fechado um observatório só para o nosso encontro.
Sorrindo, eu andei com as rosas em minhas mãos. Tudo dentro daquele lugar era mágico,
com várias exposições sobre os planetas e o que mais chamou minha atenção foi a bobina de
Tesla. Entreguei as rosas para o Órion, correndo para ver se perto, encantada. Meus olhos
brilharam quando ela acendeu.
— Você sabia que essa bobina de Tesla acende a cada hora para mostrar o que conseguiu
um dos principais gênios do século XIX? — falei ao me virar para o governador. Ele sorriu,
passando o buquê para um dos seguranças
— Eu sabia que você amaria esse lugar. — Olhei para ele antes de pular em seus braços e
dei um beijo em sua boca. Aquilo era muito além do que eu tinha imaginado. — É o meu jeito de
te pedir desculpas, eu sei que não posso comprá-la com meu dinheiro, mas eu quero te conquistar
aos poucos e é por isso que trouxe isso para você. — Tirou de seu bolso a mesma caixinha de
antes, suspirei, não queria coisas caras vindas dele. — Todas as vezes que olhar para ele se
lembrará de mim.
— Órion. — Sem jeito, eu abri a caixinha, me surpreendendo, não era o bracelete luxuoso
de antes, e, sim, uma simples pulseira com um pingente de um pequeno livro. — Governador,
eu… eu amei.
— É algo simples, eu sei que não gosta de luxos e não se importa com o meu cargo ou o
meu dinheiro, por isso, escolhi essa pulseira, combina mais com você. — Ele tirou a pulseira da
caixinha antes de segurar meu braço direito e deu um beijo no dorso da mão antes de colocar a
joia. — Olhe para ela sempre que estiver com saudades de mim.
Beijei mais uma vez sua boca, Órion me segurou em seus braços, nossos corpos quentes e
nossa respiração acelerada, era difícil me conter com um homem tão lindo igual a ele, ainda mais
com seus encantos. Saí dos seus braços ao ver um enorme telescópio e corri até ele, dando alguns
pulinhos, eu poderia ver as estrelas.
— Acho que acertei em cheio no lugar desta vez. — Ouvi sua voz atrás de mim antes de
me curvar na frente do telescópio, vendo o brilho das estrelas através do ocular, elas pareciam
tão grandes que parecia que eu poderia pegá-las em minha mão.
— Obrigada, Órion, esse lugar é incrível — agradeci assim que me afastei do telescópio.
— Não precisa agradecer, cachinhos. — Ele se aproximou, beijando minha testa. —
Vamos até aquela sala.
Ele me puxou para uma sala ao lado e, ao abrir, demos de cara com uma enorme escada.
Subimos juntos até o andar de cima daquele lugar. Órion abriu mais uma porta e, quando notei,
havia uma mesa redonda com um jantar posto sobre ela. Me surpreendi mais uma vez, nosso
jantar à luz de velas no lugar mais alto do Observatório Griffith.
— Você não existe, vossa excelência — comentei, me virando para encarar seus olhos
azuis, ele beijou minha boca sorrindo.
— Mandei preparar algo que sei que vai amar. — Caminhou até a mesa, levantando o
cloche e me mostrando um belo hambúrguer gorduroso, soltei uma gargalhada. — Acertei dessa
vez?
— Acertou, mas tem certeza de que o grande governador — abracei ele por trás — Órion
Fantone irá comer um lanche tal gorduroso e cheio de calorias.
Foi a vez de ele soltar uma gargalhada e se virar para me encarar, seus olhos brilhavam
assim como os meus, meu coração continuava disparado desde o momento que o encontrei
naquela noite, parecia até que Órion ativava algo dentro de mim e que todo meu corpo entrava
em ebulição ao simples toque em minha pele.
— Minha nutricionista não gostaria de saber sobre o cardápio desta noite, mas irei
sobreviver.
— Certeza? — questionei. — Imagina as manchetes de amanhã se alguém pudesse ver
essa cena. — Levantei as mãos imaginando. — Grande governador é gente como a gente, é pego
comendo um simples hambúrguer e se lambuzando em seu molho.
Mais uma gargalhada, Órion me puxou para seus braços, passou as mãos em meus cabelos
colocando-os para trás e beijou o meu pescoço antes de cheirá-lo. Meu corpo inteiro se arrepiou
e eu pude sentir minha parte íntima queimar, seria difícil não ceder àquele desejo tão intenso.
As coisas com Abigail estavam cada vez mais intensas. No decorrer dos dias, eu mandava
buquê de rosas para ela, assim como também a levava para encontros e juntos andávamos de
mãos dadas enquanto sorria sem parar. Eu estava feliz pela primeira vez depois de anos, mesmo
sabendo que aquele romance teria consequências e que eu talvez, muito em breve teria que
deixá-la, mas meu coração estava rendido pela cachinhos dourados, um sentimento diferente que
eu tentava entender. Acariciei seu rosto, abrindo a porta do carro, eu a levaria para uma ilha
deserta, um final de semana longe de tudo e todos,
— Está me sequestrado, governador? — Ela sorriu, me encarando. Todas as vezes que
nossos olhos se encontravam, meu coração disparava.
— Sim, você será minha refém e o pagamento pelo seu resgate será uma noite inteira ao
meu lado. — Sem jeito, ela colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha, eu estava indo
com calma, não queria que ela se sentisse pressionada, mas meu pau estava louco para deslizar
em sua boceta.
— Órion, eu não sei se ainda estou pronta. — Baixou a cabeça, levei minha mão até suas
bochechas, acariciando.
— Cachinhos, eu estou louco para fazer amor com você. — Seus olhos brilharam. — Mas
eu sou paciente, se não quiser, poderá apenas dormir ao meu lado enquanto eu admiro sua
beleza.
— Você sabe usar bem as palavras, vossa excelência, seus discursos são impecáveis. —
Soltei uma gargalhada.
— Não é à toa que me tornei o governador da Califórnia e vou me reeleger.
— Confiante, mas estou vendo que está muito disperso esses dias, passamos a semana
inteira praticamente juntos e agora vamos passar o final de semana longe de todos. Tem certeza
de que isso não vai interferir no seu trabalho? Não quero ser um contratempo.
— Não é, eu preciso descansar um pouco, anos vivendo para política. — Passei a mão em
meus cabelos, negando com a cabeça. — Hora de um descanso.
— Então, vamos, me sequestre, governador.
Entrei no carro, pedindo as chaves para um dos meus seguranças. Dessa vez, eu iria dirigir
e eles iriam atrás de nós com dois carros. Liguei o motor do carro antes de olhar para Abigail e
passar o cinto de segurança, era a primeira vez em anos que eu ia até aquela ilha, um lindo lugar
para passar um final de semana, porém, com a correria do dia a dia, eu a deixei para lá. Quase
seis horas depois, chegamos e, ao sair do carro, cachinhos olhou para todos os lados, vendo o
chalé ao lado de uma enorme piscina. A única pessoa que ainda frequentava a ilha é o meu
caseiro que todos os dias cuida do lugar.
— Meu Deus, que lugar lindo! — gritou, animada, eu estava em pé atrás dela, observando.
Abigail tem uma felicidade contagiante que me deixa em êxtase — Órion, tem meu
consentimento para me sequestrar quando quiser — brincou.
— Venha, vamos ver o interior do chalé, tem uma lareira e eu mandei comprar
marshmallows. — Ela correu até mim, beijando minha boca.
— Você é incrível.
Entramos no chalé e mostrei todos os cômodos para ela, assim como a geladeira lotada de
guloseimas que eu sei que ela ama. Abigail e eu nos sentamos no sofá da sala, eu puxei seu corpo
para o meu peito, acariciando seus cabelos. Com ela, era tudo diferente, as mulheres que eu me
encontrava eram apenas fodas sem importância. Depois da minha mulher, nenhuma outra me fez
suspirar apenas por estar ao seu lado.
— Sua tia sabe sobre nós dois? — questionei com receio. As coisas estavam ficando sérias
demais e minha assessora tinha me dado várias regras. Se eu quisesse continuar com aquela
loucura, uma delas é ser o mais discreto possível.
— Não, eu sei que nossos encontros precisam permanecer em segredo, e ela não ficaria
feliz ao saber que estou saindo com você. — Arqueei as sobrancelhas, me sentindo ofendido. Por
mais que eu soubesse que aquele relacionamento é arriscado demais e que, se descobrissem,
minha reputação estaria acabada, eu queria ir a fundo.
— Por quê? Sou um ótimo partido. — Encarei seu rosto, questionando.
— Órion, somos de mundo diferentes, você está em plena campanha, eu tenho uma bolsa
de estudos graças a você. Se as pessoas descobrirem vão pensar que sou uma qualquer que quero
seu dinheiro. — Sua respiração ficou ofegante, Abigail se afastou dos meus braços, se
levantando do sofá. Merda! Aquele final de semana deveria ser para a gente esquecer todas
aquelas merdas e não ficarmos preocupados com o que poderia acontecer se caso viesse à tona
nosso relacionamento.
— Fique calma. — Me levantei, caminhando até ela, e passei a mão em sua cintura,
fazendo ela me encarar. — Ninguém vai descobrir, vamos apenas deixar acontecer e vê no que
vai dar.
Puxei ainda mais seu corpo para os meus braços e abracei com força, sentindo seu cheiro.
Aqueles dias ao lado de Abigail tinham sido inesquecíveis, como se eu tivesse voltado a minha
juventude, vivendo intensamente sem me importar com todos os meus compromissos, apenas eu,
vivendo um romance proibido com minha cachinhos dourados.
Depois daquela conversa, decidimos tomar um banho de piscina e relaxar um pouco. Eu
estava esperando-a atrás da porta do banheiro e, quando a porta se abriu, seu pequeno biquíni me
fez abrir a boca enquanto admirava sua beleza, e meu pau automaticamente endureceu, era difícil
não ver aquele corpo perfeito e não sentir tesão, eu estava queimando.
— Órion… Órion... — Saí dos meus devaneios escutando os estalos dos seus dedos.
Não tinha como resistir, empurrei seu corpo, fazendo Abigail bater suas costas na parede
atrás dela. Coloquei uma mão em cada lado do seu rosto, deixando-a encurralada e olhei no
fundo dos seus olhos antes de beijar sua boca, como algo intenso. Seguindo meu toque, Abigail
cedeu, segurando meu rosto, eu estava enlouquecendo.
— Me deixe tocá-la — sussurrei em seu ouvido, me afastando de sua boca enquanto
tentava controlar minha respiração. Abigail afirmou com a cabeça. Sorrindo, eu tirei minha mão
direita da parede e levei dois dedos até sua boca. — Chupe, — Me encarando, ela fez o que eu
pedi, deixando meus dedos ensopados.
— O que você vai fazer? — nervosa, ela perguntou.
— Confie em mim, você vai gostar — levei minha mão para dentro do seu biquíni e me
surpreendi ao sentir sua parte íntima molhada, a garota estava tão quente quanto eu —, molhada,
que delícia!
Com movimentos circulares, eu passei a ponta dos meus dedos em seu clitóris. De início,
ela se surpreendeu e tentou fechar as pernas, mas eu a impedi.
— Relaxe. — Beijei seu pescoço. — Vou te fazer gozar.
Continuei com os movimentos, ela soltou um gemido alto me deixando ainda mais
excitado. Tão molhada e entregue aos meus movimentos, Abigail fechou os olhos, tentei deslizar
um pouco meus dedos em sua abertura, mas ela segurou com força meu braço, mostrando que
ainda não era o momento certo. Fiquei um pouco frustrado, todavia, esperaria o seu momento.
Aumentei os movimentos em seu clitóris, e seus gemidos estavam cada vez mais altos, e eu pude
notar que, em pouco tempo, ela chegaria ao seu primeiro orgasmo.
— Ah…, não pare, governador, por favor, continue — implorou, me fazendo sorrir.
Mesmo se eu quisesse, não poderia parar, estava tão louco para vê-la gozar em meus
dedos. Aumentei ainda mais os movimentos, massageando e analisando suas feições e, quando
meu nome ecoou em seus lábios enquanto ela tremia em braços, percebi que cachinhos é o meu
paraíso na terra.
— Isso foi — sua respiração estava acelerada — um orgasmo?
— Foi o seu primeiro? — Afirmou com a cabeça, me fazendo ficar surpreso. Eu sabia que
Abigail era virgem, mas não sabia que ela nunca tinha se dado um orgasmo antes. — O que
achou?
— Incrível. — Sorriu, beijando minha boca, e desceu sua mão até minha sunga apertando
meu pau duro embaixo do tecido grosso. — Eu quero …
— Quer me chupar? — perguntei, encarando seus olhos — Não se sinta obrigada,
cachinhos, tudo no seu tempo, agora vamos curtir a piscina.
— Vamos, obrigada, Órion.
— Não agradeça. — Me curvei, beijando seu pescoço antes sussurrar em seu ouvido: —
Isso é só o começo, seu próximo orgasmo será com meu pau dentro de sua boceta.
Segurei sua mão, eu a deixaria louca, implorando por mais, se entregando ao tesão. Juntos,
caminhamos para fora do chalé. Segurei sua mão para ajudá-la a entrar na piscina e, animada, ela
jogou água em mim. Fazia tanto tempo que eu tinha fugido da minha vida apenas para passar
uma tarde na beira de uma piscina rindo e tomando uns drinks. Era tão bom estar de volta, ser o
mesmo Órion de anos atrás.
A tarde com o governador tinha sido agradável. Depois que ele me fez ter o primeiro
orgasmo da minha vida, eu sentia como se uma chama tivesse acendido em meu corpo, estava
louca por ele, queria mais e poder fazê-lo sentir o mesmo que estava sentindo. Coloquei uma
bela camisola transparente vermelha, não sabia o que estava fazendo, mas me sentia em ebulição,
louca para ter um novo orgasmo. Caminhei até a sala onde Órion estava sentado em uma
poltrona enquanto olhava algo em seu notebook e, quando me viu, ele fechou rapidamente o
objeto. Ele usava uns óculos de grau, o deixando ainda mais sexy, era impossível não querer
aquele homem.
— Não sabia que usava óculos de grau — comentei, dando alguns passos até ele, meu
cabelo estava solto.
— Senta-se aqui. — Mostrou sua coxa, pedindo para que eu me sentasse nela. Fiz o que
ele pediu, então Órion colocou meus cabelos para trás, deixando visível o decote V da minha
camisola. Os bicos dos meus peitos estavam duros e marcavam o tecido fino. — Cachinhos, você
é muito gostosa. — Se curvou, beijando meu pescoço, e desceu, fazendo um caminho até os
meus seios. — Assim eu não vou aguentar.
— Órion, eu quero te fazer gozar — falei em seu ouvido, não sabia o que estava fazendo,
mas o desejo era maior. Sorrindo, ele abaixou uma das alças da camisola e se curvou passando a
língua no biquinho duro do meu seio. Joguei minha cabeça para trás, gemendo alto.
— Eu quero sentir o seu gosto. — Me encarou, me fazendo me levantar do seu colo. Ele
segurou minha mão, me levando até a mesa de jantar, segurou meu corpo colocando sobre ela, e
abriu minhas pernas puxando a fina calcinha que estava em meu corpo. — Você quer outro
orgasmo?
— Que-que-ro — gaguejei, já me sentindo molhada.
— Mas se lembre, só terá um novo orgasmo com meu pau enterrado em sua boceta. —
Meu corpo inteiro tremeu, eu me sentia pronta, porém, com receio, se ele só estivesse interessado
em tirar minha virgindade e depois me largar? — O que foi? — Parou de me alisar, talvez tenha
percebido meus receios pela minha feição.
— Eu posso confiar em você? — perguntei, segurando seu rosto em minhas mãos.
— Pode, estou com você, cachinhos.
A insegurança era grande, porém, ele tinha me mostrado o seu jeito cavalheiro, ganhado
meu coração e me dado confiança para que aquele momento acontecesse.
— Agora eu vou voltar a tocá-la. — Órion se abaixou na minha frente, analisando minha
boceta. Estava envergonhada e ansiosa ao mesmo tempo, queria sentir outro orgasmo. — Você
quer?
— Sim, por favor, governador.
Ele passou sua língua de baixo para cima nos lábios da minha parte íntima, me fazendo
jogar a cabeça para trás, fechando os olhos. Ele continuou chupando enquanto eu puxava seus
cabelos, enlouquecida por aquelas sensações. Era inexplicável descrever o que meu corpo estava
sentindo, tudo em mim estava reagindo a seu toque, os pelos dos meus braços arrepiados, meu
coração acelerado, minha pele queimando igual à brasa acesa e minha respiração acelerada.
— Governador…, ah … isso…
— Geme, cachinhos, grita pelo meu nome, mostra para todos quem é o seu dono.
Cada vez que sua língua tocava meu clitóris, eu gemia alto. O ritmo estava constante e,
como da outra vez, eu sentia o orgasmo chegar, estava quase quando ele parou os movimentos,
me deixando totalmente frustrada.
— O que está fazendo? Continue — gritei, desesperada, passando a mão em meus cabelos
molhados pelo suor, cheia de tesão.
— Eu te avisei, o seu próximo orgasmo será comigo enterrado em sua boceta. — Me
encarou com um sorriso cínico.
— Isso é um jogo? Está me castigando? — questionei, descendo da mesa, eu estava
frustrada demais. — Apenas me coma, Órion.
Senti seu beijo em minha boca, esperando por mais, eu estava pegando fogo, mas o
governador voltou para a poltrona, abrindo o zíper de sua calça.
— Ainda não é o momento, vamos, você não quer me fazer gozar.
Fui até ele, olhando para seu membro grosso e duro, meu coração disparou e, por um
breve momento, me perguntei se eu aguentaria. Sorrindo timidamente, eu me aproximei.
— Se ajoelhe na minha frente e se segure. — Fiz o que ele pediu, ficando de joelhos em
sua frente, e o governador segurou meus cabelos.
— Assim? — Segurei seu membro com as duas mãos.
— Isso, agora passe a língua nele, cuidado com os dentes.
Com cuidado, eu me curvei um pouco, passando minha língua, como se estivesse
lambendo um belo sorvete. Órion jogou a cabeça para trás, soltando um gemido, aquilo me fez
ficar ainda mais excitada, como se lhe dar prazer acendesse ainda mais o fogo que existia dentro
de mim.
— Estou fazendo certo? — questionei, encarando seus olhos. O governador empurrou
minha cabeça, me fazendo continuar com os movimentos. Ele estava fora de si, e eu sabia que
aquela era sua resposta, eu estava indo bem.
— Oh… que boca deliciosa — gemeu alto, sorrindo, e eu continuei com os movimentos
mais rápido, chupando de cima para baixo, lambuzando seu pau e o deixando ainda mais louco,
me sentia poderosa, era algo intenso. — Oh…, cachinhos. — Foi tudo que ele disse antes de tirar
seu membro de minha boca e mirar em meus seios, deixando os dois totalmente melados com
sua porra.
Órion me observou por alguns segundos sorrindo, sua respiração ainda estava acelerada e
eu mal conseguia acreditar no que tinha acabado de fazer. Logo depois tomamos banho juntos, o
governador ensaboava cada pequena parte do meu corpo e, quando estávamos perto de sair, ele
tocou em meu clitóris, me fazendo delirar de prazer, e beijou minha boca, tirando completamente
o meu ar, mas, assim que meu corpo já estava pegando fogo, ele parou, juntando nossas testas.
Eu estava tão louca de desejo que tudo que queria era o seu pau dentro de mim.
— Vamos dormir — afirmou, me deixando frustrada. Antes eu não estava pronta e pedi
para que ele esperasse, e agora ele estava se fazendo de difícil.
— Órion, eu quero — disse, encarando seus olhos.
— O que você quer, cachinhos? — Seu sorriso cínico mostrava que ele tinha entendido
meu desejo, mas queria ouvir de minha boca.
— Quero você dentro de mim — sussurrei, me sentindo envergonhada, ele segurou meu
queixo, me fazendo encarar seus olhos azuis.
— Tem certeza? Se fizermos isso, não terá mais volta.
— Tenho, eu quero você.
— Venha. — Ele me puxou pelo braço, ainda estávamos nus e caminhamos em passos
largos até a sala onde eu o tinha chupado, a lareira estava acesa e, no chão, tinha um enorme
tapete peludo. Ele tirou de cima do sofá a manta que cobria o objeto, estendendo-o em cima do
tapete, colocou três travesseiros como se estivesse arrumando nosso ninho de amor e, por fim,
apagou as luzes, deixando apenas a luz da lua e a luz da lareira. — Eu vou amar cada parte do
seu corpo.
Sorrindo, eu beijei sua boca, meu coração estava tranquilo, pois me sentia segura, mesmo
que a minha razão gritasse em meus pensamentos, me dizendo que aquilo era errado, todavia,
Órion já tinha ganhado meu coração. Segurando meu corpo em seus braços, ele me deitou sobre
o tapete, beijou meu pescoço e desceu, fazendo um caminho até os meus seios, chupando um de
cada vez, me fazendo gemer. Ele levou sua mão direita até a minha parte íntima, massageando
meu clitóris enquanto chupava meu seio esquerdo, e eu já estava ensopada por ele, me sentia
pronta para entregar minha virgindade ao governador.
— Tão molhada — sussurrou em meu ouvido. — Você é minha perdição, cachinhos.
— Eu te quero tanto, governador. — Beijei sua boca, ele continuou me masturbando,
fechei os olhos, me sentindo no paraíso.
— Espere um pouco, vou buscar um preservativo — falou antes de sair.
Eu sorri feito boba, percebendo que finalmente tinha chegado o momento, eu seria dele,
assim como ele seria meu. Órion voltou com dois pequenos pacotinhos em suas mãos e rasgou
um deles com os dentes, seu pau já estava duro e, quando ele se deitou sobre mim, abrindo um
pouco mais minhas pernas, eu encarei seus olhos, me sentindo ainda mais confiante.
— Vou perguntar uma última vez, você tem certeza?
— Sim, eu tenho certeza. — Ele sorriu, beijando minha boca, e senti seu membro se
encaixar na entrada da minha boceta.
— Vou colocar aos poucos, caso não esteja aguentando, me avise que eu paro.
Balancei a cabeça, mostrando que eu tinha entendido. Órion começou a deslizar seu
membro grosso dentro de mim, era uma dor suportável, apertei seu braço ao sentir uma
queimação, talvez fosse o momento exato que meu hímen tenha se rompido, mas seus
movimentos continuaram enquanto ele beijava meus pescoços.
— Você está bem? Quer que eu pare? — preocupado, perguntou.
— Não, só continue.
Ele continuou deslizando, a dor de antes já não existia mais e, quando seus movimentos se
intensificaram ainda mais, eu soltei um gemido alto em seu ouvido. Nossas respirações estavam
aceleradas e, aos poucos, o prazer se fez presente.
— Céus, você é tão apertadinha! — comentou, nossos corpos estavam em chamas e ao
olhar para baixo pude notar assim que ele tirou um pouco seu pau para deslizar novamente em
minha boceta sangue no látex do preservativo — Eu não vou aguentar por muito tempo.
Senti seus dedos acariciarem meu clitóris enquanto ele ainda me penetrava sem dó. Tentei
fechar as pernas quando uma onda de prazer chegou e eu me entreguei ao orgasmo. Meu rosto
suava assim como o de Órion e, quando ele se entregou ao prazer, deitou sua cabeça em meus
ombros, chamando pelo meu nome. Eu já não era mais virgem e estava completamente
apaixonada pelo governador.
Dormimos no tapete da sala, Abigail estava com sua cabeça sobre o meu peito, e eu puxei
a coberta que tinha buscado para enrolar seu corpo nu antes de beijar sua testa. Sorrindo, eu me
lembrei da noite passada, de como tinha sido incrível fazer amor com ela. Por mais que aqueles
sentimentos novos em meu peito estivessem me deixando confuso, depois daquela noite, eu tive
a certeza de que não era uma simples obsessão e que, mesmo que eu quisesse fugir daquela
paixão, eu não conseguiria. Cachinhos dourados transformou tudo, me mostrando que meu
coração pode voltar a bater e que ainda era merecedor do amor, de ser amado e de amar alguém.
Ela se mexeu em meu peito e sorriu com os olhos fechados, tão pequena e linda, um verdadeiro
anjo em meus braços.
— Hum, que horas são? — Abriu os olhos, tentando sair de cima do meu peito, mas eu a
impedi.
— E isso importa? Seu compromisso é exclusivamente comigo, senhorita Abigail.
— Vossa excelência está muito mandão — brincou. Beijei sua boca antes de juntar nossas
testas e olhei em seus olhos sentindo um frio em meu estômago, ela era meu desequilíbrio, a fuga
que eu tanto sonhei dos meus problemas. Ao seu lado, nada mais importava.
— Está com fome? — Abigail levou sua mão até o meu membro e apertou.
— Estou com fome de você. — Arqueei as sobrancelhas, soltando uma gargalhada.
— Não está dolorida? — Negou com a cabeça e fez um movimento com sua mão
descendo e subindo em meu pau, fechei os olhos, ficando duro — Cachinhos…
— Eu quero mais, Órion, estou pegando fogo.
— Seu desejo é uma ordem, ainda temos mais um preservativo.
— Então, o que está esperando?
Sorrindo, eu puxei de uma mesinha de canto onde tinha deixado um dos preservativos,
rasguei o pacote na boca antes de tirar a camisinha, deslizei em meu membro e olhei para
cachinhos, que observava tudo atentamente.
— Venha, quero que você se sente nele e cavalgue.
Abigail fez o que eu pedi, se posicionando em cima de mim. Passei meu pau na entrada de
sua boceta, notando o quanto ela já estava molhada. Ela se encaixou, descendo em meu pau,
gemi alto, jogando a cabeça para trás. Seus seios fartos balançavam enquanto ela subia e descia
sem parar. Seus movimentos eram intensos e vê-la daquele jeito me deixava completamente fora
de mim.
— Ah…, governador, isso é tão gostoso.
— Isso, continue.
Ela fez, aumentando ainda mais os movimentos, e não demorou muito para que
chegássemos ao orgasmo. Ela caiu sobre o meu corpo, estávamos suados e eu podia sentir meu
coração disparado. Tirei seus cabelos do seu rosto, beijando sua testa, eu poderia ficar o resto da
minha vida assim, ao lado de Abigail, compartilhando nossos desejos. Depois da transa matinal,
fomos tomar café e aproveitamos o dia inteiro na piscina e no jardim do chalé. Eu não queria ir
embora, todavia, no final da tarde, o conto de fadas acabou e nós dois tivemos que voltar para
nossa realidade. Ao chegar em minha mansão, eu dei de cara com minha assessora, Katharina já
estava com minha agenda da semana em suas mãos. Enquanto ela falava sobre os eventos que
teria que comparecer, eu flutuava em meus pensamentos, me lembrando dos momentos
inesquecíveis que tinha passado ao lado da minha mulher… Minha mulher sorri
involuntariamente.
— Por que está rindo? — Olhei para minha assessora, ela fechou a agenda, me
questionando com uma de suas sobrancelhas arqueadas.
— Estou feliz, não posso? — Estávamos sentados no sofá do escritório, eu usava uma
camiseta branca e uma calça de moletom cinza.
— Órion, eu preciso ser franca com você, fico feliz que conseguiu o que queria, mas agora
é hora de dar um basta nesses encontros, nesse romance. — Ela se levantou do sofá, andando de
um lado para o outro. — Imagina que escândalo será se descobrirem? Não estou falando apenas
por sua carreira, mas também pela garota, ela pode perder a bolsa.
Respirei fundo e passei a mão em meus cabelos, deixando totalmente desalinhados, eu
tinha dito para mim mesmo que, depois de transar uma única vez, aqueles sentimentos
passariam, porém, tudo se intensificou, eu queria mais, já estava morrendo de saudades de
Abigail e estava preocupado como aquela história terminaria.
— Eu sei de tudo isso, Katarina. — Me levantei do sofá, colocando as mãos no bolso
enquanto a encarava. — Mas eu não consigo ficar longe dela, continuarei sendo discreto,
ninguém irá saber sobre nós dois.
— Espero que saiba o que estava fazendo, Órion. — Colocou a mão em meus ombros. —
Nunca o vi assim, tão vivo e feliz, nem mesmo quando sua esposa estava viva.
— Mary era uma grande mulher, porém, eu nunca a amei de verdade, nos casamos cedo
demais por causa da gravidez, mas não me arrependo, ela me amava muito e me deu meu bem
valioso, Melissa.
— Falando nela, em todas as conversas que tivemos, a garota deixou bem claro o quanto
detesta Abigail. — Soltei uma gargalhada, caminhando até minha mesa. Nela, tinha uma garrafa
de uísque, peguei em minhas mãos, abrindo a garrafa e despejei dentro de um copo, levando à
boca.
— Minha filha odeia todo mundo, isso não é novidade.
— Precisamos dela nos próximos debates, ninguém pode saber sobre seu fracasso como
pai. — Olhei para ela com a cara fechada, ela logo entendeu o que tinha acabado de dizer. —
Desculpe, peguei pesado, ninguém precisa saber que vocês dois não se dão tão bem.
— Apenas vá embora, Katharina, nossa reunião terminou por hoje.
— Você que manda, governador. — Deu alguns passos, saindo do meu escritório e me
deixando sozinho.
Peguei o meu celular de cima da mesa, o desbloqueando, estava louco para mandar uma
mensagem para Abigail e perguntar se ela estava bem, se não estava dolorida, ou se precisava de
algo, talvez fosse apenas uma desculpa para ouvir sua voz. Apertei, dando início a ligação, e não
demorou muito para finalmente ela atender.
— Já está com saudades, vossa excelência — brincou, me fazendo sorrir.
— Estou morrendo de saudades, não deveria ter te deixado sair daquele chalé.
— Iria me manter como refém?
— Refém em meus braços.
Dei alguns passos com o celular em meu ouvido, indo até o sofá, me sentei nele, tomando
mais um gole do uísque que segurava em minha mão esquerda.
— Podemos fugir para lá, viver longe de tudo e todos.
— Sem tantos compromissos, apenas nós dois, no meio do nada.
— Que pena que não podemos fazer isso, mas eu prometo que amanhã te farei uma
bela.
— Surpresa? O que está aprontando, cachinhos?
— Você vai gostar, agora preciso desligar, tenha uma ótima noite, governador.
Encerrei a ligação, tomando o resto do líquido quente do copo. Eu estava vivendo um
romance proibido, bobo e apaixonado, me sentia um adoecendo, encantado pelo seu primeiro
amor. No dia seguinte, eu me arrumei cedo para ir até o gabinete e, ao chegar lá, fui
bombardeado por vários documentos e contratos para serem assinados. Eu os tentava ler, mas me
pegava parado, pensando em minha mulher. Abigail era como uma bela droga que me deixava
em êxtase.
— Senhor, alguém está para vê-lo — meu chefe de segurança disse ao abrir a porta do
meu gabinete, provavelmente era mais algum político querendo encher o saco.
— Diga que estou ocupado — falei sem tirar minha atenção dos contratos.
— Tem certeza? Eu tenho certeza de que o senhor irá gostar. — Joguei os papéis na mesa,
tirando os óculos de grau, olhei para a porta e, quando notei minha mulher passar pela porta, meu
coração quase saiu pela boca.
— Abigail, o que está fazendo aqui? — questionei, preocupado, ninguém poderia vê-la ao
meu lado.
O chefe de segurança saiu, fechando a porta assim que ela agradeceu a ele. Ela caminhou
em passos lentos até mim com alguns papéis em sua mão.
— Estou fazendo um trabalho da faculdade e preciso entrevistar o governador, saber sobre
suas propostas. — Me levantei da cadeira sorrindo. — Sua assessora não gostou muito da ideia,
mas acabou cedendo por saber que coisas assim trazem bons olhos para os eleitores jovens.
Me aproximei e puxei seu corpo, dando um beijo em sua boca. Fazia pouco tempo que
tínhamos ficado distantes um do outro, mas eu estava morrendo de saudades, me afastei apenas
para encarar seus olhos.
— Surpresa. — Ela puxou o laço do seu vestido, mostrando uma linda lingerie preta, sua
calcinha minúscula mal cobria sua boceta e seu sutiã tinha um tecido fino onde marcava bem o
bico dos seios.
— Você vai acabar comigo, cachinhos.
— Precisamos ser rápidos, sua assessora me deu apenas vinte minutos.
Peguei-a em meu colo, levando até a minha mesa e joguei metade das coisas que estava
nela sobre o chão. Eu já estava duro, louco pela minha mulher, puxei com uma das mãos sua
calcinha, tirando do seu corpo e levando até o bolso da minha calça, guardaria para me lembrar
daquela tarde.
— Essa fica comigo — disse em seu ouvido antes descer o zíper de minha calça, estava
queimando por dentro, posicionei meu membro duro em sua abertura e deslizei de uma só vez,
fechando os olhos, delirando de prazer.
— Ah … mais fundo — sussurrou em meu ouvido. Levei minha mão direita até sua boca,
abafando os seus gemidos, eu sabia que meu chefe de segurança estava na porta para ter a certeza
de que ninguém entraria.
Continuei os movimentos, sentindo cada parte do seu corpo, meu pau latejava dentro dela,
éramos uma só carne, e eu não conseguia nem ao menos raciocinar direito, tão louco de desejo e
prazer que me esqueci até mesmo da camisinha. Abigail estremeceu assim que chegou ao seu
orgasmo e eu fui logo em seguida, gozando dentro sua boceta e preenchendo minha mulher.
— Merda, eu esqueci a camisinha. — Olhei para baixo, vendo meu gozo escorrer pelas
suas coxas.
— Órion, e agora? Eu … — Pude perceber seu pânico em seus olhos, eu não era um
homem irresponsável, nunca transava sem camisinha, mas tinha perdido o controle quando a vi
tão linda em meu gabinete.
— Calma, eu estou limpo, e você, até ontem, era virgem, estamos livre de doenças e,
quanto à gravidez, mandarei o chefe de segurança comprar a pílula do seguinte para você.
— Tudo bem, eu confio em você. — Mais calma, ela sorriu, eu beijei sua boca, saindo de
dentro dela. Tinha um toalhete em minha sala, Abigail se limpou e, antes de ir embora, eu beijei
sua boca de despedida.
— Eu não vou conseguir te ver essa noite, mas prometo que tentarei, ainda essa semana, te
levar para algum lugar.
Encostamos nossas testas, segurei sua mão, sentindo meu coração implorando por mais
dela, não queria ficar longe, queria passar todos os dias da minha vida ao lado de Abigail.
— Cachinhos — sussurrei ainda encarando seus olhos claros assim como os meus —, eu
te amo.
— Governador, eu também te amo.
Dito isso, ela foi embora acompanhada pelo meu chefe de segurança, dei a ordem para
comprar a pílula do dia seguinte e voltei a trabalhar. Era difícil me concentrar depois de fazer
amor com minha mulher, mas precisava, a campanha estava a todo vapor, os eleitores queriam
saber mais sobre os meus novos projetos e ainda tinha o meu maldito concorrente, que estava
jogando baixo para me tirar do cargo. Antes que pudesse terminar de preencher alguns papéis,
recebi uma ligação da minha assessora, ela estava no hospital com Melissa, minha filha tinha
acabado de sofrer um acidente e precisava de mim.
Abigail
Eu não sabia o que o destino tinha reservado para mim, muito menos que seria ao lado do
governador da Califórnia, um homem totalmente fora do meu mundo, que está arriscando tudo
para ficar ao meu lado. Tomei a pequena pílula do dia seguinte e, no outro dia, fui para
faculdade, mas acabei passando mal e voltando para casa. Minha garganta estava inflamada e eu
estava com febre e espirrando. Minha tia, me vendo na situação deplorável que me encontrava,
acabou me convencendo a ir até o hospital. Enquanto tomava as medicações, eu olhava para o
meu celular, mas nada, ele não tinha mandado nenhuma mensagem para mim e isso me fazia
sentir um pouco de medo.
— Tome, você precisa tomar os antibióticos na hora certa — minha tia disse assim que
entrou em meu quarto depois de chegarmos do hospital.
— Obrigada, tia. — Larguei o celular sobre a minha cama, ela sorriu, se sentando ao meu
lado.
— Tem certeza de que está se sentindo bem? Está com uma carinha triste.
— Depois desses remédios e da injeção que tomei, estou ótima. — Segurei sua mão. —
Você não contou nada para meus pais, né?
— Não, fique tranquila, não quis preocupar sua mãe, é apenas um resfriado, logo ficará
boa.
Abracei minha tia, ela era um verdadeiro anjo em minha vida, e eu me sentia mal por não
poder contar sobre o meu romance com o governador, mas eu sabia muito bem o que ela me diria
e o quanto estava sendo boba por seguir meu coração. Me enrolei nas cobertas grossas, olhando
mais uma vez o celular, nenhuma mensagem dele. Frustrada, eu acabei pegando no sonho e
tentando esquecer Órion Fantone.
Uma semana se passou, o governador simplesmente sumiu. Nos primeiros dias, eu ainda
insistia, ligava ou mandava mensagem, mas, depois de um tempo, eu caí na real e percebi que
tinha sido uma verdadeira idiota, era só mais um casinho para ele.
— Senhorita, Abigail. — Olhei para trás, vendo o chefe de segurança do governador, mas
continuei andando para longe. Estava saindo da faculdade e precisava pegar o ônibus para voltar
para casa. — Espere. — Segurou em meu braço.
— Que porra você quer? — falei alto, perdendo a paciência, eu não cairia mais uma vez
nas vontades de Órion.
— O senhor governador me mandou buscá-la e levá-la para o seu flat. — Sorri
amargamente. Depois de uma semana, ele estava atrás de mim novamente, talvez quisesse
brincar mais um pouco com meu coração.
— Mande-o ir para o inferno. — Puxei meu braço do seu aperto.
Caminhei o mais rápido que pude, entrando no ônibus que tinha acabado de parar no
ponto, e respirei fundo, desligando o celular. Ele achava que poderia passar dias sem me procurar
e, quando sentisse saudades, eu correria para os seus braços, mas eu mostraria para ele que não é
bem assim, não sou descartável e muito menos uma bobinha que ficará esperando pelos seus
desejos e vontades.
Ao chegar em casa, eu corri para o meu quarto, tentei de todas as formas me distanciar do
celular e focar nos meus estudos, mas Órion continuava em meus pensamentos e, quando eu
ouvir a campainha tocar, meu coração quase saiu pela boca.
— Por que não está me atendendo? E por que não acompanhou o meu chefe de segurança?
— Ao abrir a porta fui, bombardeada pelas suas perguntas, olhei para ele, vendo sua feição
cansada e cheio de olheiras.
— Vai embora, Órion — disse, furiosa, sem deixar que pobre coração caísse em tentação.
— Só vou sair daqui quando você explicar o motivo de estar me tratando tão mal.
— Faz uma semana que você sumiu — cruzei os braços —, nem para me mandar uma
simples mensagem.
Ainda estávamos na entrada do apartamento, minha tia estava trabalhando e eu sabia que
aquilo era arriscado demais, alguém poderia passar e vê-lo ao meu lado.
— Eu sinto muito. — Deu alguns passos entrando na sala e, vindo até mim, acariciou os
meus cabelos. — Cachinhos, minha filha sofreu um acidente, e eu estava com ela esse tempo
todo no hospital.
— O quê? — Surpresa, eu o encarei, ele não mentiria para mim com algo tão sério. —
Como? Mas não saiu nada nos jornais e não ouvi nenhum tipo de comentário na faculdade.
— Minha assessora cuidou disso para mim, não era bom que todos soubessem que a filha
do governador bateu o carro totalmente alcoolizada.
Órion fechou os olhos, passando as mãos em seu cabelo, antes de ir até o sofá, e abaixou a
cabeça por alguns segundos antes de me encarar, ele estava péssimo.
— Não posso ficar aqui por muito tempo, mas eu quero que você me encontre essa noite,
em meu flat, eu preciso de você.
Meu coração já estava totalmente amolecido, caminhei até ele, me sentando ao seu lado,
Órion me puxou para os seus braços, cheirando o meu pescoço.
— Estava morrendo de saudades, mas com tanta coisa na cabeça, precisei ficar distante
por um tempo.
— Ela está bem? — preocupada, eu perguntei acariciando seu rosto.
— Apenas alguns arranhões e uns pontos no braço, mas vai se recuperar. Agora eu preciso
ir embora.
Ele se levantou, mas segurei em sua mão, fazendo nossos olhos se encontrarem e beijei
sua boca, meu coração estava completamente rendido, eu o amava tanto.
— Te esperarei no meu flat.
— Tudo bem, eu estarei lá.
Deixei que ele fosse embora antes de me jogar no sofá, eu queria poder estar ao seu lado
todos os dias e todas as horas, mas aquele romance não poderia acontecer, e eu sempre viveria
com o mínimo. A noite chegou, eu me arrumei para ir até o flat, já estava bem depois do
resfriado, mas, mesmo assim, minha tia me fez colocar uma bela jaqueta. Continuava mentindo
para ela e isso me deixava completamente destruída. Ao entrar no flat, fui pega de surpresa com
todas as luzes apagadas, com apenas um caminho de velas que levava até o andar de cima. Em
passos lentos, eu segui até a porta de um dos quartos e, ao abrir, encontrei Órion com um lindo
buquê de rosas-vermelhas, sorrindo.
— Me perdoe pela minha ausência, mesmo com a cabeça cheia, eu deveria ter mandado,
pelo menos, uma mensagem para a minha namorada. — Meus olhos estavam cheios de lágrimas
e corri para os seus braços.
— Eu pensei que você tinha enjoado de mim e que só queria se aproveitar. — Ele segurou
meu rosto em suas mãos, secando minhas lágrimas que já caíam sobre minhas bochechas.
— Claro que não. Como pode achar isso, cachinhos? — Colocou as rosas sobre a cama
antes de me beijar. — Você é uma das melhores coisas que aconteceram em minha vida, se
voltei a viver, é graças a você e ao seu sorriso.
— Órion … — Beijei mais uma vez sua boca, ele sorriu assim que comecei a abrir os
botões do seu blazer. — Eu estou morrendo de saudades.
— Eu também, meu amor.
Fui jogada sobre a cama, ele desceu uma de suas mãos, puxando minha calcinha pequena
para o lado antes de massagear o meu clitóris. Gemi, jogando a cabeça para trás, eu tinha tentado
de todas as formas fugir daquele amor, mas era impossível dizer não para o coração e seus
desejos. Órion não demorou muito para estar dentro de mim e, em um ritmo constante, ele me
fazia gemer, implorar por mais. Nossos corpos quentes e sedentos, meu coração estava
disparado, minha respiração acelerada e, quando cheguei ao meu orgasmo, arranhei as suas
costas, perdendo o equilíbrio do meu corpo.
— Oh …, você é o meu paraíso e minha perdição.
— Eu te amo, governador, muito.
Ele se entregou ao prazer, gozando dentro de mim. Órion caiu sobre a cama, me puxando
para o seu peito, e acariciou os meus cabelos, beijando minha cabeça. Estávamos suados e o
quarto inteiro cheirava a sexo. Ficamos alguns segundos em silêncio, ele estava distante e
pensativo.
— Estou tão cansado, Melissa nunca mais foi a mesma depois da morte de sua mãe. —
Era a primeira vez que ele tocava naquele assunto. — Não sei onde errei.
— Talvez ela só queria chamar sua atenção. — Ele me encarou. — A leve para um jantar,
converse sobre o dia dela, sobre o que ela gosta de fazer, tire um tempo para sua filha.
— Eu não sei conversar com Melissa, todas as vezes que olho em seus olhos me sinto
culpado pela morte de sua mãe. — Sorriu amargamente. — Era para aquela bala ter perfurado o
meu peito e …
— Shiiu, você não teve culpa. — Me levantei dos seus braços, acariciando seu rosto. —
Foi uma fatalidade que poderia acontecer com qualquer um, até comigo. — Dei de ombro,
sorrindo, ele se levantou, se sentando ao meu lado.
— Nunca mais repita isso, nada pode acontecer com você. — Me puxou para os seus
braços. — Eu não aguentaria.
A dor em suas palavras comoveram meu coração, a culpa da morte de sua mulher fez
Órion se fechar para o mundo e isso resultou em uma vida infeliz com sua filha. Ele não
conseguia se perdoar e finalmente seguir em frente com Melissa.
Passar uma semana ao lado da minha filha no hospital me fez me sentir frustrado, eu era
bom em tudo que eu fazia, sempre me dedicando e me esforçando, mas, no papel de pai, eu tinha
falhado miseravelmente e, mesmo que tentasse de todas as formas, Melissa continuava a me
culpar pela morte de sua mãe. Era impossível olhar para ela e não me lembrar daquele maldito
dia. Beijei a testa da minha mulher, admirando sua beleza enquanto ela dormia, Abigail tinha se
tornado meu lar, o único lugar que eu conseguia esquecer todos os problemas e apenas ser eu
mesmo, o mundo podia desabar lá fora, mas eu me sentia feliz.
— Eu te amo — sussurrei em seu ouvido, aquelas palavras saíam com tanta facilidade e eu
sentia que tudo estava se intensificando cada vez mais.
— A gente precisa ir embora — disse, abrindo os olhos aos poucos. — Amanhã eu tenho
aula, e você deve estar cheio de reuniões e discursos para preparar.
— Cachinhos, apenas curta o momento. — Sorrindo, eu beijei sua boca. — Só quero
esquecer o mundo lá fora, quero ficar aqui com você para sempre, apenas sentindo seu cheiro. —
Apertei seu corpo em meus braços, cheirando o seu pescoço.
— Até quando vamos ficar assim? Vivendo o nosso amor às escondidas. — Me encarou,
eu sabia que aquilo a machucava e, para falar a verdade, eu também queria contar para todos
sobre o nosso romance e mostrar para o mundo a mulher que amo.
— Sinto muito, queria poder te oferecer mais, porém, isso acabaria com minha carreira e
afetaria a sua vida acadêmica.
— Eu sei de tudo isso. — Se afastou de mim, respirando fundo. Ela estava triste, eu odiava
vê-la assim. — O coração deveria ter um controle remoto, com o qual a gente pudesse escolher a
pessoa que vai se apaixonar.
— Você não me escolheria? — Me sentei na cama, acariciando suas costas.
— Não sei, é tudo tão complicado.
— Pois, eu sei, eu te escolherei, cachinhos, não tem outra mulher que eu queira dividir
minha vida além de você. — Ela se virou, me encarando e beijou minha boca sorrindo. Mesmo
que eu tivesse que enfrentar o mundo inteiro, não ficaria longe dela.
Depois daquela conversa, Abigail voltou para o apartamento da tia, e eu retornei para
minha mansão. Caminhei pelo lugar frio e sem vida, indo até o quarto da minha filha. Melissa
ainda estava acordada, ouvindo música, andei até ela, tirando o fone de seu ouvido.
— Ei, o que está fazendo? — perguntou.
— Como você está? A mão ainda dói muito? — Eu seguiria os conselhos de Abigail,
tentaria ao máximo mostrar para minha filha o quanto ela é importante e tentaria mudar a nossa
relação.
— Estou bem, os remédios ajudam um pouco.
— Fico feliz. Como foi seu dia? — Melissa arregalou os olhos, surpresa com a minha
pergunta.
— Normal, e o seu? — Deu de ombros, sorrindo.
— Passei o dia enfiado no gabinete, assinando alguns contratos e conversando com gente
chata.
— Assim como você? — Nós dois sorrimos.
— Filha, eu sei que tenho andado ocupado demais e não te dou tanta atenção como
deveria, mas saiba que eu te amo. — Segurei sua mão.
— Pai … — Fui surpreendido quando ela me abraçou forte. — Eu também te amo.
— Podemos almoçar amanhã juntos, o que acha? — Melissa olhou para o curativo do seu
braço direito. — Eu posso pedir a sua comida favorita.
— Quem é você e o que fez com Órion Fantone? — Soltei uma gargalhada.
— Posso voltar a ser igual a antes e te deixar sozinha o dia inteiro.
— Não, vamos almoçar juntos
Abracei mais uma vez minha filha antes de desejar uma boa noite, estava feliz por ter que
trocar algumas palavras com ela, sem brigas, apenas uma conversa saudável com Melissa.
Saindo do seu quarto, fui direto para o meu, estava exausto e precisava tomar um banho e
dormir. Entrei no cômodo, indo até o banheiro, tirei minha roupa, abri o chuveiro e fui para
debaixo da água morna. Terminei de tomar um banho, enrolei uma toalha na cintura e caminhei
até o meu closet. Coloquei uma roupa confortável antes de ir para minha cama e peguei meu
celular na mesinha de canto, digitando uma mensagem para minha mulher, era impressionante a
necessidade que sentia de estar ao seu lado e que alguns minutos longe dela se tornaram uma
eternidade.
Eu já estou com saudades…
Eu parecia um bobo apaixonado, nunca tinha ficado assim antes e, mesmo com tantos
empecilhos, lutaria para ficar ao lado dela. Dormi com o celular na mão e só vi sua resposta no
dia seguinte. Abigail também estava com saudades de mim e questionava quando poderíamos
viver juntos sem se importar com os comentários maldosos das pessoas à nossa volta, mas eu não
me importava só com minha reputação e minha candidatura, mas, sim, com o seu bem-estar,
tinha medo de que algo de ruim acontecesse a ela, assim como aconteceu com Mary, eu morreria
se perdesse a minha cachinhos dourados.
Caminhei até o meu gabinete, minha assessora já estava a minha espera com uma pilha de
papéis em suas mãos, a vida de um governador não era uma tarefa fácil. A cada dia era um
problema novo a se resolver e isso pode respingar em sua vida pessoal, você fica sem tempo para
sua família.
— É verdade que vai almoçar com sua filha hoje? — Tirei os óculos do meu rosto,
encarando minha assessora.
— Sim, reserve o restaurante que costumávamos ir quando sua mãe era viva. Melissa ama
a comida daquele lugar.
— Fico feliz que esteja se aproximando dela, pena que isso acabará quando ela descobrir
sobre Abigail. — Fechei os olhos, tentando manter a calma, eu não aguentava mais ouvir o
quanto estava sendo imprudente com aquele romance.
— Ela não vai descobrir. — Soltou uma gargalhada.
— Você está perdendo a cabeça depois que conheceu essa garota, indo até seu
apartamento, mandando rosas para ela e a levando para o chalé de sua família. — Cruzou os
braços. — Quando sua filha souber que está saindo com a menina que ela odeia, ficará furiosa.
— Do que vocês estão falando? — Fomos interrompidos pela voz de Melissa, minha filha
tinha entrado sem permissão e nem ao menos tinha batido na porta. — A menina que odeio?
Você está saindo com Abigail? Que merda é essa?
Me levantei da minha cadeira e, quando estava prestes a responder suas perguntas, a
minha secretária entrou desesperada.
— Senhor, eu sinto muito, ela não esperou que eu anunciasse sua entrada.
Olhei para as três à minha frente tentando formular alguma frase que amenizasse aquele
problema, não era a hora certa para minha filha descobrir sobre Abigail e muito menos daquele
jeito, ela não aceitaria o romance.
— Saiam as duas — gritei, olhando para minha assessora e minha secretária. — Preciso
conversar com a minha filha.
As duas fizeram o que pedi, nos deixando a sós. Melissa se sentou na cadeira de frente a
minha mesa, sua bochecha estava levemente avermelhada e seus olhos estavam distantes, como
se estivesse tentando entender o que tinha acabado de ouvir.
— Filha, eu …
— Me diga que é mentira, você não está saindo com aquela garota — quase gritou, dando
um tapa na mesa. — Ela tem idade para ser sua filha.
— Primeiro, preciso que se acalme, pare de gritar, ninguém pode saber sobre o meu
relacionamento com Abigail. — Ela sorriu amargamente, passando as mãos em seu cabelo, e se
levantou da cadeira, colocando as mãos em sua cintura. Ela andava de um lado para o outro, sem
conseguir me encarar.
— Relacionamento? — Parou, se virando para mim, e me encarou com os olhos cheios de
lágrimas. — Você tem um relacionamento com a garota que eu odeio? Só pode ser uma piada,
meu pai transando com aquela vagabunda.
Dei a volta na mesa, indo até ela, eu não a deixaria denegrir a imagem de Abigail, a culpa
não era dela, na verdade, de nenhum de nós dois, apenas tinha acontecido e estávamos
completamente apaixonados.
— Nunca mais fale dela dessa maneira, eu aguentei tudo de você por quatro anos, Melissa,
mas não a deixarei falar mal da mulher que amo.
Outra gargalhada, minha filha estava descontrolada. Ela passou a mão em seu rosto antes
de segurar em meu braço.
— Olha, pai, eu sei que homens como você gostam de se divertir com garotas mais novas,
mas dizer que está apaixonado é um pouco demais. — Apertou a minha mão, balançando a
cabeça em negação. — Isso acabará com sua candidatura, será um escândalo.
— Melissa, você sabe muito bem que sou um homem de princípios, eu não estou me
divertindo com Abigail, ela me faz bem e eu amo estar ao seu lado. Eu sei que é errado e tentei
ao máximo manter distância, mas não consegui e espero que você respeite as minhas decisões.
— Entre tantas mulheres, você tinha que escolher logo ela. — Soltou o meu braço. — Ela
será sua ruína, governador.
Terminou a frase caminhando rapidamente para fora do meu gabinete. Sorri amargamente,
colocando as mãos em meu bolso. Parado no meio da sala, eu me questionava o motivo de eu
não poder ser feliz, de sempre colocar a minha razão em primeiro lugar e esquecer do meu
coração.
Algumas semanas depois

Corri mais uma vez para os seus braços, como Órion estava muito ocupado com sua
campanha, decidimos nos encontrar só aos finais de semana. Isso era uma verdadeira tortura,
mas eu entendia o seu lado, assim como ele entendia o meu, era época de provas e eu precisava
me dedicar ao máximo para tirar notas boas. Estava uma pilha de nervos e chorava por qualquer
coisa. Ele encostou nossas testas como fazia todas as vezes que nos encontrávamos e beijou
minha boca, apertando meu corpo contra o seu. Estávamos no seu flat, eu tinha inventado uma
bela desculpa para minha tia e passaria a noite ao seu lado.
— Eu preciso te contar uma coisa — disse ele assim que me soltou. — Já faz algumas
semanas que estou tentando te contar, mas não consegui, não quero que se preocupe. — Me
encarou.
— Está me deixando nervosa, pela sua cara, não deve ser algo bom.
— Melissa já sabe sobre nós e está me chantageando para não contar para a imprensa. —
Sorriu amargamente, me afastando. — Ela tentou ir até você várias vezes para tirar satisfação,
mas eu a impedi.
Segurei no braço do sofá, me sentindo um pouco tonta. Melissa era a última pessoa na face
da terra que poderia saber sobre nós, e ela faria qualquer coisa para me prejudicar.
— Cachinhos, você está bem? — Órion veio até mim, segurando em meu braço. — Está
pálida, o que está sentindo?
— Não sei, só me sentir um pouco zonza. — Com a sua ajuda, eu me sentei no sofá.
— Vou te levar para o hospital — falou, nervoso. Deixei algumas lágrimas caírem sobre o
meu rosto, estava com medo do que aquela garota poderia fazer. Se tudo viesse à tona,
estávamos perdidos.
— Você não pode me levar para o hospital. Se esqueceu que ninguém pode saber sobre
nosso romance?
Ele se sentou ao meu lado no sofá e jogou a cabeça para trás fechando os olhos.
Estávamos cansados daquela situação e sabia que aquele romance estava fadado ao fracasso.
— Ela me deu um mês para terminar com você. Depois disso, minha filha vai espalhar
para todos que o governador da Califórnia está se relacionando com uma garota com idade para
ser sua filha.
— Então é isso. — Me virei, encarando seus olhos azuis assim como os meus, tão lindo.
— É o fim para nós dois, Órion.
— Não, claro que não. — Segurou meu rosto em suas mãos. — Eu não vou abrir mão de
você.
— Órion, me escute. — Tirei suas mãos do meu rosto — Você está em plena campanha
eleitoral e não pode se envolver em escândalos. Eu tenho uma bolsa de estudos que não posso
perder. A única solução para todos os nossos problemas é dar um fim nesse relacionamento.
Meu coração estava em pedaços, eu não queria deixá-lo, mas, por amá-lo tanto, precisava
me afastar. Eu não queria que ele perdesse tudo que construiu por anos, muito menos que jogasse
seu nome na lama.
— Está me dispensando, Abigail. — Se levantou furioso do sofá, me encarando com
frieza, — Eu aqui, disposto a enfrentar minha filha para continuarmos com o nosso amor, e você,
no primeiro problema, me dispensa.
— Não é bem assim. — Estava prestes a me levantar do sofá quando um enjoo me atingiu,
coloquei a mão sobre a minha boca, correndo entre os cômodos do flat até chegar no primeiro
banheiro que encontrei.
Eu não tinha notado que Órion estava logo atrás de mim e, quando senti suas mãos em
minhas costas, deixei mais algumas lágrimas caírem, ele era tão cavalheiro, sempre prestativo e
disposto a cuidar de mim, era difícil conseguir deixar que aquele homem fosse embora.
— Chega, eu vou te levar ao hospital. — Segurou meus cabelos enquanto eu colocava
todo o almoço daquela tarde para fora. Eu não conseguia sequer protestar, estava tão fraca e
debilitada com aquelas náuseas, nada parava em meu estômago há dias e, mesmo com os
conselhos da minha tia para procurar um médico, eu me recusava a perder meu tempo com
apenas uma simples virose.
— Eu estou bem — falei depois de colocar tudo para fora, ele me ajudou a me levantar e
escovar os dentes, depois me pegou em seu colo, me levando para o quarto, e me colocou sobre a
cama, beijando minha testa.
— Vamos ficar juntos, cuidarei de Melissa e, quando as eleições passarem, vou resolver
tudo isso.
— É isso que você quer? Tem certeza? — Ele acariciou os meus cabelos, sorrindo.
— Tudo que eu mais quero é ficar ao seu lado, cachinhos dourados.
Fechei os olhos, me sentindo protegida em seus braços, todavia, eu não conseguia ver um
futuro para nós dois, não é como se Órion fosse me tornar sua primeira-dama, isso era apenas
uma ilusão distante demais da nossa realidade. Passamos a noite inteira juntos, apenas abraçados,
um sentindo o cheiro do outro e, no dia seguinte, mais uma vez, ele se foi para seu gabinete, e eu,
para o apartamento da minha tia. Mais uma vez eu inventava uma mentira para ela.
— Está vomitando outra vez. — Ouvi a voz da minha tia ao meu lado, ela não tinha ido
trabalhar e passaria o dia em casa. — Abigail, eu preciso te perguntar algo, mas espero que seja
franca comigo.
Me levantei um pouco zonza da frente do vaso, indo até a pia do banheiro, e escovei meus
dentes antes de caminhar até o quarto. Ela estava sentada em minha cama com uma sacola da
farmácia que tinha ao lado do nosso prédio.
— Tia, eu não estou me sentindo bem, por favor, só quero ficar na cama, nem ao menos
para faculdade eu tenho vontade de ir nesse estado.
— Querida, me responda apenas a uma única pergunta. — Caminhei até a cama, me
sentando ao seu lado. — Você está transando sem proteção? — Ela sabia que eu já não era mais
virgem, porém, em sua cabeça, eu estava de rolo com algum aluno da faculdade.
— Tia, eu … — Respirei fundo, me lembrando de uma ou duas vezes que esquecemos da
camisinha, mas eu tinha tomado a pílula do dia seguinte, mesmo sabendo que não era
recomendado tomar mais de duas por ano.
— Pela sua cara, já tenho minha resposta, acho melhor você fazer o teste. — Me entregou
a pequena sacola. Abri, vendo o teste de gravidez, parecia que, naquele momento, o mundo
inteiro parou e eu só conseguia ouvir as batidas frenéticas do meu coração.
— Teste, não … Eu não posso estar grávida. — Rapidamente me levantei da cama,
andando de um lado para o outro. — Tomei a pílula do seguinte, não tem como eu estar grávida.
— Querida, você leu as recomendações? Nenhum método é cem por cento e outra,
algumas semanas atrás você precisou tomar antibióticos fortes, isso anula o efeito da pílula.
— O quê? Merda! — gritei, correndo para dentro do banheiro. Me sentei no vaso antes de
tirar o pequeno palitinho da caixa, olhei as instruções e segui todas à risca. Assim que terminei
deixei o palito sobre a pia voltando para o meu quarto — Eu não consigo olhar, se eu estiver
mesmo grávida, minha vida está arruinada.
Minha tia se levantou da cama, me abraçando, e sorriu, me encarando. Ela estava tão
tranquila, mal sabia ela que eu poderia estar esperando o filho do governador da Califórnia e que
eu estava disposta a terminar com ele para não enfrentar as consequências daquele amor.
— Fique calma, independente do resultado, vamos dar um jeito, nem que eu tenha que ir
atrás do garoto irresponsável que engravidou a minha sobrinha — brincou, indo até o banheiro.
Minhas mãos estavam suando, meu corpo inteiro tremia e, quando ela retornou ao quarto,
mostrando o resultado em suas mãos, eu tive que me sentar na cama para não cair no chão.
— Grávida, eu estou grávida. — Incrédula, eu coloquei as mãos no rosto, deixando
algumas lágrimas caírem. Se já tínhamos problemas antes, agora estávamos ferrados.
— Me diga o nome do pai, eu vou atrás dele e o farei assumir essa criança.
— Ah, tia, eu estou muito ferrada. — Ela se sentou novamente ao meu lado, puxando meu
corpo para seus braços.
— Vai dar tudo certo, um bebê é uma benção, mesmo você sendo tão nova.
Quanto mais ela tentava me tranquilizar, mais eu ficava nervosa, eu não sabia como Órion
iria reagir e muito menos como vamos enfrentar tudo juntos, eram tantos empecilhos e agora um
bebê.
Minha cabeça estava a ponto de explodir, nunca pensei que poderia ser chantageado por
minha própria filha e que isso faria minha mulher pensar em me abandonar. Era uma verdadeira
piada e eu não aceitaria o fim do nosso relacionamento, faria qualquer coisa para continuar ao
seu lado. Abri a gaveta da mesa do meu escritório, Melissa estava na minha frente com um
sorriso cínico em seu rosto, tirei o meu cartão Black, entregando a ela. Cruzei os braços, vendo
minha filha guardar em sua bolsa enquanto pulava alegremente.
— Espere — disse antes de ela sair. — Quero você no meu flat hoje à tarde, vamos
almoçar juntos.
— Pai, você me entregou seu cartão, eu vou passar o dia no shopping.
— Não, você não vai, te quero na hora do almoço, em meu flat.
— Tudo bem, estarei lá — comentou, saindo do meu escritório.
Estava na mansão, iria trabalhar de casa e almoçaria com Melissa e Abigail, elas ainda não
sabiam, todavia, eu juntaria as duas e faria com que fizessem as pazes, não queria continuar com
aquele clima ruim e muito menos com as chantagens da minha filha. Olhei para o meu celular,
não tinha chegado nenhuma mensagem da minha mulher e isso me deixava preocupado. Ela não
estava bem e não queria ir ao médico. Peguei em minhas mãos o aparelho, o desbloqueando, e
digitei uma mensagem para ela. Precisava convidá-la para o almoço e saber se seus enjoos
tinham passado.
Bom dia, cachinhos, como você está se sentindo?
Demorou quase meia hora para que ela me respondesse e, mesmo tentando me concentrar
no serviço, eu estava cada vez mais preocupado.
Precisamos conversar.
Li o que ela tinha digitado sentindo um frio no estômago, eu nunca tinha medo de nada,
mas a pequena possibilidade de perdê-la me deixava apavorado.
Aconteceu alguma coisa? Os enjoos passaram?
Vomitei essa manhã, mas já descobri o motivo do meu mal-estar.
Me levantei da cadeira, me sentindo ainda mais nervoso. Será que ela estava doente? Eu
precisava ouvir sua voz, não me contentaria só com as mensagens. Busquei seu número na
agenda, apertando no botão para efetuar a ligação, e não demorou muito para que ela me
atendesse.
— O que você tem? É algo grave? Eu posso te levar ao melhor médico desse país.
— Fique calmo, Órion, mais tarde conversaremos pessoalmente e eu te explicarei tudo.
— Acha mesmo que vou esperar tanto tempo? Vamos agora mesmo para meu flat.
— Eu estou indo para faculdade agora…
Cortei sua fala, eu não esperaria mais tempo para ter a certeza de que minha mulher estava
bem.
— Não, um dos meus seguranças vai te buscar, vamos agora mesmo.
Ouvi sua respiração do outro lado da linha e, pelo seu timbre de voz, eu podia sentir sua
tristeza.
— Tudo bem, governador.
— Até daqui a pouco.
Encerrei a ligação e gritei pelo chefe de segurança, dando a ordem para ir buscá-la.
Mandei uma mensagem para minha assessora, informando que não teria tempo para revisar
alguns contratos e que passaria a tarde fora. Ela não tinha ficado nem um pouco satisfeita, mas
Abigail era mais importante, eu precisava ter a certeza de que ela estava bem e que iríamos
continuar juntos.
Ao entrar no meu flat, eu acendi um cigarro, tentando manter a calma. A nicotina
conseguia me deixar relaxado. Não demorou muito para que minha mulher aparecesse
acompanhada de um dos meus seguranças, seus olhos estavam vermelhos, mostrando que ela
tinha chorado antes de vim até mim
— Cachinhos. — Apaguei o cigarro no cinzeiro ao lado do sofá onde eu estava sentado,
arrumei o meu terno antes de caminhar até ela e abracei seu corpo, beijando sua cabeça. — Estou
aqui, me diga o que está acontecendo?
— Órion, eu não sei como começar a falar. — Ela escondeu o seu rosto em meu peito,
acariciei os seus cabelos com medo. O que era tão grave a ponto de deixá-la tão abalada?
— Olhe para mim. — Segurei seu rosto em minhas mãos, fazendo Abigail me encarar. —
Independente do que aconteça, vamos permanecer juntos.
— Você não está entendendo, Órion, é muito grave, eu não sei o que fazer.
— Vem aqui. — Puxei pela sua mão indo até o sofá, nós dois nos sentamos, ela estava
tremendo e isso me deixava ainda mais preocupado. — Respire fundo e me conte.
— Eu estava enjoada há dias, nada que eu comia parava em meu estômago. — Secou as
lágrimas que caiam sobre o seu rosto. — Ontem, minha tia perguntou se eu estava me
protegendo.
— Protegendo do quê? — questionei, ansioso demais para saber o real motivo do seu
desespero.
— Me deixe terminar. — Segurou minhas mãos. — Se estava usando algum tipo de
método contraceptivo.
Em um pulo, eu me levantei do sofá, me sentindo ainda perdido. Sorri amargamente,
colocando as mãos em minha cintura.
— Você tomou a pílula do dia seguinte — afirmei, encarando seus olhos.
— Tomei, mas, no outro dia, tive um forte resfriado, o médico passou alguns antibióticos
e, pelo que li, eles podem ter cortado o efeito.
Pisquei algumas vezes, passando a mão em meus cabelos. Aquilo não poderia estar
acontecendo, meu coração estava disparado, quase perfurando o meu peito, e minhas mãos
suavam. Quando Abigail tirou de sua bolsa o teste de gravidez, eu revivi a mesma história de
anos atrás, quando estava na faculdade e Mary me mostrou os dois tracinhos rosa, que
significavam positivo.
— Eu não queria, eu juro. — Se levantou, vindo até mim, mas dei alguns passos para trás,
perdido demais, sem saber o que viria a seguir.
— Isso vai ser um belo escândalo, estará em todas as manchetes de jornais e a mídia cairá
em cima de mim. E eu, provavelmente, perderei as eleições — pensava alto enquanto andava de
um lado para o outro.
— Você está mais preocupado com a merda das eleições do que comigo? Eu tenho apenas
vinte três anos e estou esperando um filho do governador da Califórnia — gritou me fazendo
parar no meio da sala.
Eu estava apavorado e precisava tomar um ar para tentar entender tudo aquilo e pensar nos
próximos passos a seguir.
— Preciso pensar um pouco, eu não tinha planejado ser pai novamente e agora você me
diz que está grávida, eu vou sair e respirar um pouco.
Passei por ela, indo para fora do flat. Eu não queria deixá-la sozinha, principalmente agora
que não poderia passar por nenhum tipo de nervosismo, todavia, eu tinha que me acalmar para
poder passar uma tranquilidade para Abigail. Minha mulher agora não só estava grávida de mim,
como também acabaria na mira dos meus inimigos. Aquele medo fazia o ar sumir dos meus
pulmões, eu não poderia perdê-la. Afrouxei a minha grávida, a abaixando, e soquei a parede
desesperado demais, não só era a porra das eleições que estava em jogo, era a segurança da
minha mulher, mantê-la escondida era um jeito de não colocar Abigail na mira dos meus
inimigos, mas agora, com a gravidez, tudo mudaria.
— Senhor, está tudo bem? — O chefe de segurança colocou a mão em meus ombros, olhei
para ele ainda atordoado.
— Sim, eu estou bem. — Respirei fundo. — Leve Abigail para sua casa e mande alguns
seguranças ficarem de olho nela, não quero que minha mulher fique um segundo sequer sem
proteção.
— Claro, senhor, mas algo grave aconteceu?
Antes que eu pudesse responder sua pergunta, minha filha apareceu. Eu tinha me
esquecido desse pequeno detalhe e sabia que aquele não era o melhor momento para o encontro
das duas.
— Pai, já vou deixando bem claro, só vou poder ficar meia hora, tenho uma festa para ir e

— Melissa, vamos, eu fiz reserva no seu restaurante favorito. — Segurei minha filha pelo
braço, a puxando para longe do flat, não queria que Abigail ficasse ainda mais nervosa.
— Calma, achei que a gente iria comer no seu flat.
— Não, é mais agradável que seja no restaurante, agora vamos.
Nós dois caminhamos até o elevador, eu sabia que aquilo deixaria Abigail triste, queria
poder ficar ao seu lado, mas estava tentando evitar o confronto das duas naquele momento, até
porque minha mulher estava em um momento delicado e tudo que ela sentisse passaria para o
bebê.
Meu coração estava em pedaços. Eu tinha sido tão burra ao achar que um homem tão
poderoso como Órion Fantone pudesse me amar, mas ele só queria vencer aquele jogo de
sedução e me levar para cama. Agora eu estava sozinha, grávida e sem rumo. O maldito destino
estava me punindo por eu ter sido tão ingênua.
Sequei as lágrimas que insistiam em cair em meu rosto, minhas mãos tremiam e minhas
pernas estavam bambas, mas, mesmo assim, eu caminhei em passos lentos até a porta e olhei
para os lados, vendo que Órion não estava ali, ele tinha me largado sozinha.
— Senhorita, o governador mandou te levar para casa. — Sorri amargamente, levando
minha mão até a minha barriga plana, ele me abandonou.
— Não precisa, posso muito bem ir de ônibus. — Caminhei, passando por ele. — Ah, e
diga a seu chefe que não preciso de nada que venha dele e que ele me esqueça e nunca mais me
procure.
— Eu não posso deixá-la sozinha, são ordens do governador — comentou, me seguindo.
— Me deixe em paz, mande-o para o inferno e …
Estava gritando com o chefe de segurança de Órion quando senti uma leve tontura. Me
segurei na parede para não cair e, antes que a escuridão me atingisse, senti os braços de outro
segurança que estava atrás de mim. Não sabia quanto tempo tinha ficado desacordada, mas,
assim que abri os olhos, olhei para os lados, vendo que estava deitada no sofá do flat e que um
dos seguranças falava ao telefone, provavelmente estava avisando para o governador sobre o
meu desmaio.
Com rapidez, eu me levantei, já me sentindo um pouco melhor. Peguei minha bolsa e saí
de fininho. Se ele achava que as eleições eram mais importantes que eu e o bebê, então eu sairia
de sua vida e nunca mais Órion saberia notícias de nós.
Ao me sentar no banco do ônibus, me permitir chorar massageando a minha barriga, meu
bebê estava sendo gerado e, mesmo que não tivesse sido planejado, eu o amava muito. Por ele,
desistiria até mesmo da minha bolsa de estudos e voltaria para o Texas.
— Querida, onde você estava? Eu liguei várias vezes e não me atendeu. — Corri para os
braços da minha tia, me sentindo exausta. Eu ainda não tinha contado sobre o governador e não
contaria, ninguém saberia o nome do pai do meu bebê.
— Tia, acabou, o pai do bebê não reagiu muito bem à notícia e agora eu terei que resolver
tudo sozinha.
— Calma, querida. — Minha tia segurou em minha mão. — Nossa família sempre foi
muito unida, e eu tenho certeza que seus pais ficarão felizes com a notícia de mais um Lacoste no
mundo.
Sorri amargamente, me sentindo protegida em seus braços. Minha tia tinha razão, meus
pais ficariam, de início, decepcionados com o meu descuido, mas, no final, acabariam me
acolhendo e amando muito o meu bebê.
— Eu vou embora, vou largar a bolsa de estudos e voltar para minha antiga faculdade.
Preciso dos meus pais nesse momento.
— Abigail, pense direito, eu estarei aqui para te ajudar, posso mudar de horário no serviço
e cuidar do bebê enquanto você estuda, mas não desista dos seus sonhos. — Baixei a cabeça,
olhando para minha barriga plana. — Você batalhou tanto por esse bolsa, não desista dela assim
tão fácil.
— Não sei o que vou fazer, estou tão perdida.
— Escute, fique uns dias na casa dos seus pais, converse com eles, conte a situação e
pense direito. — Ela segurou meu rosto, me fazendo encará-la. — Eu estou aqui para o que você
precisar. Sei que não quer dizer o nome do pai do seu bebê, mas, uma hora ou outra, terá que
revelar, e eu terei o prazer de ir atrás dele para tirar satisfação.
Abracei mais uma vez minha tia, ela estava certa por um lado, eu tinha batalhado muito
para ganhar aquela bolsa de estudos e, por causa de um deslize, eu perderia tudo, porém, eu
ficaria longe do governador e ele ganharia suas eleições. Era isso que ele queria e era com isso
que ele realmente se importava.
Depois de um bom banho morno, eu comecei a arrumar as minhas malas, pois, no dia
seguinte, viajaria para casa dos meus pais e contaria tudo. Eu precisava do abraço da minha mãe
e do carinho do meu pai, mas temia os meus irmãos, eles matariam o governador se revelasse
que ele é o pai do meu bebê.
— Filha, meu bebê. — Assim que minha mãe me viu na rodoviária me abraçou, eu estava
com uma mochila nas costas e uma pequena mala nas mãos. — Você está tão linda, que
saudades!
— Solte-a, mamãe — Ítalo, meu irmão mais velho, falou, sorrindo. Ele tinha acabado de
se tornar delegado e todos estavam orgulhosos, inclusive eu.
— É tão bom ver vocês. — Abracei meu irmão, meu pai me olhava de longe, como se
estivesse petrificado, eu sabia o quanto tinha sido difícil ficar longe de mim. — Papai, se quiser,
pode me abraçar.
Ele sorriu, vindo até mim, e abriu seus braços, me dando o melhor abraço do mundo. Eu,
finalmente, estava em casa e me sentia protegida, longe de todos os problemas que o governador
tinha me dado, exceto o pequeno bebê em meu ventre, que não era mais um problema, e, sim,
uma benção que eu cuidaria com muito amor e carinho.
De início, eu não contaria para meus pais sobre a gravidez, queria apenas aproveitar o meu
lar, poder cozinhar com minha mãe, jogar uma partida de xadrez com meu pai e rir da cara dos
meus irmãos com seus encontros fracassados.
— E você, não achou ninguém na Califórnia? — Sebastian perguntou, se sentando ao meu
lado da cama.
— Não. — Me levantei da cama, saindo do seu lado. — Eu … e você, abriu uma
academia, está todo malhado, não arrumou nenhuma namoradinha? — desconversei para não
chorar, ainda não era o momento ideal para contar sobre o bebê.
— Esse aí? — Ítalo soltou uma gargalhada — Eu já o peguei na minha casa com uma de
suas alunas e, no outro dia, ficou com a prima dela.
— Credo, você não tem vergonha na cara? — Joguei um travesseiro nele. — E se fizessem
isso comigo? — nervosa, eu perguntei, sabendo de sua resposta.
— Abigail, você é minha irmã, é claro que eu mataria o cara.
Deu de ombro sorrindo. Eu fechei os olhos, pedindo aos céus que eles nunca descobrissem
sobre a paternidade do meu bebê, caso contrário, o governador seria um homem morto.
Conversamos mais um pouco até que Ítalo precisou voltar para delegacia.
O nosso irmão mais velho é o mais sensato dos três, um homem que acredita no amor, mas
que nunca encontrou alguém que pudesse o amar com a mesma intensidade que a dele, pois
sempre acabava magoado em seus relacionamentos e, por fim, decidiu ficar sozinho e focar em
sua carreira.
Deitada sobre a minha cama, eu olhava mais uma vez para a tela do celular. Órion estava
ligando pela décima quinta vez, mas eu não queria falar com ele, nem ouvir suas lamentações
sobre as eleições. Eu já não me importava, queria ficar longe e cuidar do meu bebê.
— Fique tranquilo, bebê, a mamãe vai enfrentar tudo para cuidar de você, e seremos só
nós dois.
Desliguei meu celular, fechando os olhos com a mão em minha barriga plana. Por mais
que eu soubesse que aquele relacionamento estava fadado ao fracasso, ainda assim, eu queria
acreditar que poderíamos ser uma grande família feliz e que ele amaria nosso bebê, porém, eu
tinha me enganado. Era tudo um conto de fadas que tinha terminado da pior maneira possível e
agora eu teria que ser forte para enfrentar os meus pais.
Fora do ar era como eu estava depois de descobrir sobre a gravidez de Abigail. Eu seria
pai mais uma vez e com o amor da minha vida, mas eu estava com medo não de perder as
eleições ou o meu prestígio como governador, estava com medo de algo ruim acontecer a ela, de
perder a mulher que amo por causa dos homens poderosos que disputavam o poder comigo, eu
não suportaria. Melissa falava sem parar enquanto eu tentava prestar atenção, mas os meus
pensamentos estavam distantes e tudo que eu queria era correr atrás da minha mulher e
finalmente passar a calmaria que ela tanto precisava. Me levantei da cadeira, pedindo licença
para ir ao toalete, andei para longe de minha filha, discando o número do meu chefe de
segurança, e não demorou muito para que ele me atendesse.
— Como ela está? — nervoso, perguntei.
— Senhor, a senhorita Abigail acabou desmaiando, a colocamos no sofá enquanto o
médico chegava, mas... — Senti um frio na barriga, ela não estava bem, e eu não estava lá para
levá-la ao médico. Soquei a parede atrás de mim, perdendo completamente o controle.
— Estou indo. — Não deixei que ele terminasse a frase e encerrei a ligação voltando para
a mesa onde Melissa terminava seu almoço.
— Pai, eu pedi a sobremesa — falou ela, mas arrumei minha postura, abotoando meu
blazer.
— Eu preciso ir embora — comentei, encarando seus olhos.
— Mas ainda falta a sobremesa e …
— Sinto muito, filha, mas estou cheio de problemas para resolver — Fui até ela, ficando
do seu lado, e me curvei, beijando sua cabeça. — Prometo que vou te recompensar depois.
Ela cruzou os braços furiosa, mas eu estava com a cabeça cheia demais para tentar
amenizar a sua raiva. Precisava correr para meu flat e cuidar da minha mulher. Abigail
necessitava de mim e, depois que ela estivesse bem, eu contaria tudo para minha filha.
Ao chegar em frente ao enorme prédio, eu corri o mais rápido possível para o meu flat.
Alguns dos meus seguranças estavam vindo atrás de mim e, quando avistei Alder, eu percebi em
seus olhos que tinha algo errado.
— Onde ela está? — Entrei igual a um louco no lugar, procurando pela minha mulher,
mas ela tinha sumido e meus seguranças continuavam em silêncio apenas, me encarando.
— Governador, fique calmo, ela foi embora, se aproveitou de um momento que estávamos
distraídos e simplesmente desapareceu.
Parti para cima de Alder, segurando em seu colarinho, eu tinha dado ordens para cuidar
dela, para levá-la em segurança para casa, e agora minha mulher está sozinha, grávida e, pior,
passando mal.
— Como isso aconteceu? — Encarava seus olhos com fúria. — Vocês são uns
incompetentes e, se algo acontecer a ela, eu juro que acabarei com a vida de todos que estão aqui.
Soltei-o, passando a mão em meu rosto. Eu não costumava perder a postura, na verdade,
eram poucas as vezes que saía do controle, mas, naquele momento, estava uma pilha de nervos,
com medo do que poderia acontecer com Abigail e o nosso bebê. Ela estava por aí, desamparada
e sem nenhum tipo de proteção. Peguei meu celular de dentro do bolso da calça, discando seu
número, mas chamou uma, duas, três vezes e nada, ela não me atendia. Apertei o celular em
minhas mãos antes de jogá-lo contra a parede.
— Calma. — Meu chefe de segurança segurou meu braço. — Nunca o vi assim antes e sei
que deve ter um bom motivo para perder a cabeça, mas a garota está bem, ela apenas foi para sua
casa.
— Ela apenas foi para sua casa — repeti sua última frase andando de um lado para o
outro, sorrindo amargamente. — Você não consegue entender a gravidade da situação, ela está
grávida… grávida! — gritei, fazendo os seguranças me encararem.
— Vou ligar para sua assessora.
Respirei fundo, tentando raciocinar. Ela só poderia estar em um único lugar, na casa de
sua tia. Eu poderia ir até lá e conversar com Abigail, ou levá-la para o médico e ter a certeza que
ela e o bebê estão bem. Dei alguns passos para frente, indo para a porta de saída. Eu precisava
correr, mas fui impedido por um dos seguranças, que não me deixou sair.
— O que está fazendo? Saia da minha frente agora — gritei, mas ele não se moveu.
— Órion — Alder andou até mim, ficando na minha frente —, sei que não tenho
intimidade para isso, mas vou te falar como alguém que está há anos ao seu lado e que quer o seu
bem. — Abaixei a cabeça, passando a mão em minha nuca. — Se acalme, a garota,
aparentemente, está bem, vocês podem conversar amanhã e resolver o que vão fazer, mas não
saia agora sem antes falar com sua assessora, lembre-se da sua carreira e do escândalo que isso
vai ser.
Levantei o rosto, o encarando. Meu chefe de segurança é um bom homem e sempre esteve
ao meu lado, talvez eu precisasse me acalmar, pensar nos meus próximos passos e deixar que
Abigail relaxasse um pouco, mas meu coração estava em pedaços por não estar com ela, por não
poder levá-la ao hospital e não poder gritar para o mundo inteiro que a amo e que juntos vamos
formar uma linda família.
— Tudo bem, você está certo, eu preciso colocar a cabeça no lugar e conversar com
Katarina — Dei as costas para ele, me sentando no sofá da sala —, ela já está vindo.
— Sim, senhor, ela pediu para segurá-lo aqui.
Me levantei do sofá, indo para meu quarto, precisava de um banho. Andei até o banheiro,
tirando minha roupa, e liguei o chuveiro, indo para debaixo da água morna enquanto me
lembrava do olhar perdido de Abigail. Ela estava com medo e não era para menos, sua vida
mudaria completamente a partir do momento que todos descobrissem sobre o nosso
relacionamento. Os repórteres cairiam em cima, e os meus inimigos ficariam felizes por saber
que tenho mais um calcanhar de Aquiles.
Ao terminar o banho, eu coloquei uma roupa confortável e me deitei na cama para esperar
a minha assessora. Ela saberia o que fazer naquele momento. Se passaram alguns minutos e eu
acabei pegando no sono.
— Acorde, Órion. — Ao despertar, eu pude ver Katarina em minha frente, ela estava com
uma bandeja em suas mãos recheada com um belo café da manhã.
— Merda — falei assim que me dei conta que já era outro dia. — Quanto tempo eu dormi?
— O suficiente para descansar e colocar a cabeça no lugar, mas, agora, tome seu café e se
vista, precisamos resolver esse problema de uma vez por todas.
— Abigail e meu bebê não são um problema. — Me sentei na cama, a encarando. — Eu a
amo e, mesmo que tente nos separar, não irá conseguir.
Katarina sorriu, colocando a bandeja sobre a mesa de canto, e pegou um suco de laranja
em suas mãos, me entregando.
— Eu não quero que fique longe dela, além de sua assessora, sou sua amiga, quero o
melhor para você e sei que, depois que a garota apareceu em sua vida, tudo mudou, e você voltou
a ser feliz novamente, governador.
— Ela é como um arco-íris no final da tempestade, trazendo cor para minha vida.
— E é por isso que o senhor precisa ter paciência, vamos resolver tudo isso, mas sem
acabar com sua carreira e a vida da garota.
Sorri antes de tomar um gole de suco. Katarina estava comigo há anos e era uma grande
amiga que me ajudou muito quando Mary morreu. Ela sabia de toda a minha dor e como tudo
tinha virado cinzas, mas, quando Abigail apareceu, as cores voltaram, já não me importava mais
com a candidatura, apenas com a família que construiria ao seu lado.
Depois de um banho rápido, me arrumei antes de sair para o apartamento da tia da minha
mulher. Eu me sentia mais calmo, minha cabeça estava no lugar e eu sabia que a primeira coisa
que precisava fazer é levá-la até o médico e ter a certeza de que os dois estão bem. Depois de
tanta confusão, tudo que eu mais queria era cuidar da minha família.
— Um minuto, já estou indo. — Assim que um dos meus seguranças tocou a campainha,
ouvimos sua tia gritar do outro lado da porta. Em poucos segundos, ela abriu e, ao me ver, pude
notar surpresa em seu rosto, talvez Abigail não tivesse lhe contado sobre mim. — Governador, o
que faz aqui? — Olhou ao nosso redor, vendo minha assessora e os seguranças à nossa volta.
— Preciso falar com Abigail — disse, arrumando minha postura.
— Com minha sobrinha? O que um homem como o senhor quer com ela? — Cruzou os
braços, me questionando, aquela conversa não seria fácil.
— É melhor conversar lá dentro — falou Katarina. — Alguém pode aparecer, e o
governador não pode se expor assim.
— Claro, entrem.
Dei alguns passos, entrando no apartamento. Eu já tinha ido algumas vezes naquele lugar,
porém, sem a presença de sua tia, ela nem ao menos suspeitava do nosso romance.
— Vocês querem tomar algo? — gentilmente perguntou. Me sentei no sofá, vendo
algumas fotos da minha mulher em um porta-retrato no centro de mesa, tão linda, com seus
cabelos loiros, talvez o nosso bebê venha a ter iguais ao dela. Sorri com esse pensamento.
— Não precisa, eu quero falar com Abigail.
Ela se sentou em uma poltrona de frente para o sofá onde eu estou com Katarina e cruzou
as pernas antes de me encarar com uma das sobrancelhas levantadas e as mãos em cima dos
joelhos como se fosse me fazer uma de suas entrevistas.
— Me diga, governador, o que o senhor quer conversar com minha sobrinha?
— É um assunto particular. — Minha assessora segurou em meu braço antes que eu
pudesse falar algo. — Chame-a.
— Assunto particular. — Sorriu. — Bom, ela foi embora e não sei quando voltará.
Me levantei do sofá atordoado, aquilo não poderia ser verdade. Senti um frio no estômago
enquanto minha boca secou. Pisquei algumas vezes, tentando entender aquela frase. Abigail
tinha me deixado grávida, agora estava por aí, sozinha e desamparada.
— Como assim ela foi embora? Ela não pode ficar longe de mim, ainda mais agora que
está carregando meu filho em seu ventre.
Todos ficaram em silêncio, a tia de Abigail fechou os olhos, como se estivesse tentando
raciocinar e entender o que eu tinha acabado de dizer em voz alta, agora já não tinha mais volta,
sua família saberia sobre nosso relacionamento.
Duas semanas depois
O tempo estava passando rápido demais, eu continuava sentido enjoos e isso estava
atraindo os olhares da minha mãe. Ela não era boba e, assim como minha tia, suspeitava de uma
possível gravidez. Durante esse tempo, Órion não me procurou e isso acabava comigo. Mesmo
sabendo que ele tinha escolhido suas eleições em vez de assumir o nosso bebê, eu ainda
alimentava falsas esperanças.
Estava no meu quarto, lendo alguns artigos quando minha mãe bateu na porta, então pedi
que ela entrasse e sorri assim que vi a bandeja cheia de frutas em suas mãos.
— Filha, olha o que eu trouxe para você — comentou, colocando sobre a minha cama.
— Não precisava, mãe. — Me levantei da cadeira que estava sentada em frente ao meu
computador. — Estou enjoada, não consigo comer nada.
— Você precisa tentar e se alimentar bem. — Encarou a minha barriga ainda plana. —
Ainda mais agora.
— Mãe, você sabe? — As lágrimas queimaram em meus olhos, eu sabia que ela
suspeitava, mas agora eu estava na sua frente, confirmando minha gravidez.
— Sei, seu corpo mudou, você vive enjoada e vomitando. — Sorrindo, ela segurou minha
mão. — Eu tive três filhos, consigo adivinhar quem está grávida de longe. — Suspirei,
abraçando-a.
— Estou perdida, não sei o que vou fazer.
— O pai do bebê? — Deixei as lágrimas inundarem meu rosto.
— Ele não quer o bebê, está ocupado demais com sua vida e não pode me ajudar.
— Ah, meu amor. — Secou minhas lágrimas. — Você é tão inteligente, como se deixou
levar por uma pessoa assim? Homem de verdade assume seus erros e não abandona uma garota
sozinha e grávida.
— Eu sei, mãe, mas estava tão apaixonada, ele é tão lindo e …
— Você terá que esquecê-lo, dá para ver nos seus olhos o quanto o ama, mas, se ele te
rejeitou, não merece o seu amor.
— Não vai perguntar quem ele é? — Ela beijou minha testa, dando dois passos até a porta.
— Isso não importa, se um dia quiser me contar, estarei aqui para ouvir, mas, até lá,
vamos nos preocupar com coisas mais importantes, como sua saúde e do bebê.
— E o papai? A senhora vai contar para ele?
Ela respirou fundo, olhando para o chão por alguns segundos antes de me encarar.
— Todos precisam saber, querida, somos a sua família. Mesmo que isso não estivesse em
seus planos, aconteceu e não adianta brigar ou tentar punir alguém, então, vou te apoiar como
sempre fiz e sempre farei.
Corri até ela, me jogando em seus braços. Minha mãe sempre tinha os melhores conselhos,
sem nenhum tipo de julgamento, apenas me acolhendo e me dando apoio, algo que eu faria com
meu filho ou filha.
— Obrigada, mãe, eu não sei o que faria sem você.
Fiquei sozinha mais uma vez em meu quarto e coloquei a mão em minha barriga, deixando
mais algumas lágrimas caírem. Não era fácil contar para minha família sobre o quanto eu tinha
sido burra e ingênua, estava na cara que o governador nunca me assumiria, mesmo assim, me
deixei levar pela paixão.
Deitei-me por um tempo na minha cama até pegar no sono e, mais uma vez, Órion
apareceu em minha mente e, dessa vez, ele disse que me amava e que ficaria ao meu lado, para
juntos criarmos o nosso bebê. Despertei, um pouco atordoada, percebendo que era tudo um
sonho, que ele não estava aqui e que não me deixava esquecê-lo.
— Maldito, governador — pensei alto antes de ouvir um baralho vindo da sala.
Me levantei da cama, caminhando para fora, e andei pelo corredor que dava acesso à sala
de estar quando senti minhas pernas ficarem bambas. A voz que eu ouvia era grossa e tinha o
poder de arrepiar os pelos dos meus braços.
— Eu só saio daqui depois de falar com sua filha. — Segurei na parede, me arrastando até
a sala. Era ele, tão lindo e imponente como sempre.
— Governador, me explique primeiro o que está fazendo em minha casa e podemos
resolver isso — meu pai disse ao lado da minha mãe. Dei mais uns passos quando Órion me
encarou e sorriu.
— Cachinhos. — Correu até mim, segurando meu braço, e olhou para a minha barriga.
Seus olhos estavam brilhando. — Você está bem? O bebê está bem?
— Bebê? — gritou meu pai, observando tudo de longe. — Você está grávida, Abigail?
Estava prestes a respondê-lo quando senti uma tontura me atingir, minhas pernas
amoleceram e, antes de cair no chão, Órion me segurou em seus braços.
— Cachinhos… cachinhos. — Fui tudo que pude ouvir enquanto a escuridão me atingia,
parecia que eu estava em mais um dos meus sonhos, onde o governador vinha até mim para pedir
perdão.
Não sabia quanto tempo tinha ficado desacordada, mas, assim que recobrei a consciência,
pude ouvir os gritos do meu pai. Eles estavam discutindo e, nesse momento, eu tive a certeza de
que eu não estava sonhando, era real e o governador estava em minha casa, atrás de mim.
Abrindo meus olhos lentamente, eu encarei minha mãe ao meu lado, ela segurava minha mão
sorrindo e beijou minha testa, acariciando meus cabelos.
— Graças a Deus, você acordou. — Com sua ajuda, eu me sentei na cama, um deles tinha
me carregado até o meu quarto. — Que bela confusão você aprontou, filha, seu pai está à beira
de um ataque cardíaco.
— Onde está o governador? — quis saber, tentando me levantar da cama, eu queria vê-lo e
entender o que estava fazendo aqui.
— Lá na sala, ele é um homem muito educado, enquanto seu pai grita sem parar, o senhor
Órion não perde a compostura. — Sorri, meu pai não se importava se quem estava em sua casa
era o governador, ele só queria me defender e entender o motivo de sua filha estar grávida.
— Eu preciso conversar com eles, explicar tudo e mandar Órion embora. Ele me rejeitou e
agora se arrependeu.
— Filha, pelo que ele nos contou — me encarou —, ele não a rejeitou, apenas estava de
cabeça quente e precisava entender o que faria com a notícia de ser pai novamente.
— É essa a desculpa dele? — Com cuidado, pulei da cama, caminhei com rapidez para
fora do meu quarto, voltando para sala, e, assim que cheguei nela, pude ver Ítalo socar a cara de
Órion.
— Nunca mais chegue perto da minha irmã, caso contrário, nem mesmo sua posição
poderá te salvar.
Cruzei os braços, vendo a cena. Era patético como os meus irmãos resolviam os
problemas, sem conversas, apenas brutalidade e ignorância. Órion passou a mão na boca,
limpando o sangue que escorria. Um dos seus seguranças quis partir para cima do meu irmão,
mas o governador o impediu.
— Você pode fazer o que quiser comigo, mas eu não sairei daqui sem Abigail e o meu
bebê. Não me importo com o que vocês pensam, na verdade, não me importo com a opinião de
ninguém, a única coisa que me importo agora é a saúde e o bem-estar da minha mulher.
Meu coração errou o compasso das batidas assim que ouvi “minha mulher”. Eu me odiava
por amá-lo, por ainda acreditar em suas falsas promessas, eu nunca poderia ser a sua primeira-
dama, isso seria o fim das suas eleições e isso, Órion não aceitaria.
— Chega — gritei, andando até eles. — Vamos para o meu quarto, governador,
precisamos conversar a sós.
— É sério? Você vai conversar com esse homem depois de ele te engravidar e abandonar?
— Sebastian segurou meu braço, me encarando.
— Deixe-a, filho, os dois precisam conversar a sós e tentar se resolver, pois temos um
bebê a caminho, e ele precisa de uma família unida e cheia de amor — minha mãe disse atrás de
nós, encarei-a sorrindo antes de olhar para Órion do outro lado da sala e meu coração, mais uma
vez, disparou. Levei minha mão até o meu ventre, fazendo ele acompanhar o meu movimento.
— Vamos, governador. — Ele andou até mim, caminhando em passos lentos pelo corredor
até chegar ao meu quarto. Entramos juntos, e fechei a porta antes de me virar para ele. — O que
está fazendo aqui?
— Eu vim te buscar — falou suavemente, tentando tocar em meu rosto, mas dei dois
passos para trás. — Cachinhos, por que você fugiu de mim?
— Por quê? Você me rejeitou grávida, colocou as eleições em primeiro lugar e não pensou
em mim ou no nosso bebê.
— Você entendeu tudo errado. — Tentou se aproximar mais uma vez, — Eu só perdi a
cabeça, não estava planejando ser pai novamente, mas isso não significa que eu não quero o
bebê. — Fechei os olhos, cruzando os braços, e fiquei de costas para ele, tentando não chorar. —
Cachinhos, eu amo você e o nosso bebê. Não planejamos essa paixão, mas aconteceu e agora
vamos construir nossa família juntos.
Senti sua mão suavemente em meus braços, e todo o meu corpo se arrepiou. Órion se
curvou, cheirando o meu pescoço, me fazendo ficar completamente mole em seus braços, e eu
teria que ser forte antes de perdoá-lo.
— Se afaste de mim. — Dou dois passos para o lado. — Você me deixou sozinha naquele
flat, governador, e simplesmente mandou um dos seus soldadinhos me levar para casa.
— Escute, Cachinhos, Melissa apareceu e eu não queria que ela soubesse naquele
momento, você já estava estressada demais e isso pode afetar o bebê. — Se aproximou,
acariciando meus cabelos, me virei para encará-lo. — Olhe no fundo dos meus olhos e me diga
que não sentiu minha falta, eu quase morri durante essas duas semanas. Sua tia não queria me
dizer o seu paradeiro e, mesmo sabendo que eu poderia descobrir com uma simples ligação,
minha assessora me pediu para te dar um tempo, mas foram os piores dias de minha vida.
— Eu tive tanto medo…— Minha voz falhou por um breve momento e deixei as lágrimas
caírem sobre o meu rosto. Estava me sentindo tão indefesa, aquelas duas semanas tinham sido
uma verdadeira tortura e, quando Órion me pegou em seus braços, eu pude me sentir segura
novamente. — Pensei que você não quisesse o nosso bebê.
— Está louca? Meus filhos são as coisas mais importantes da minha vida, não fui o melhor
pai para Melissa, mesmo assim, sempre estive ao seu lado e será assim com esse bebê. —
Colocou sua mão em minha barriga plana. — Me perdoe por ser perdido a cabeça naquele dia, eu
deveria ter te amparado.
— Você está aqui agora. — Ele largou o meu corpo, se ajoelhando em minha frente,
puxou a blusa que cobria a minha barriga, deixando minha pele visível, encostou sua cabeça e
beijou. — O papai nunca mais vai sair de perto de vocês.
Acariciei os seus cabelos sorrindo, os sonhos que tinha todas as noites se tornaram reais,
nosso amor era real e, mesmo que o mundo inteiro ficasse contra nós, iríamos lutar pela nossa
família.
Duas semanas antes

Quando eu revelei tudo para a tia de Abigail, ela não quis nem ao menos me ouvir. Para
ela, sou apenas um homem que seduziu sua sobrinha e a abandonou grávida. Quis explicar minha
situação e como estava com medo dos inimigos, que, ao longo dos anos, a política me trouxe,
mas ela nos expulsou e me disse que, se dependesse dela, eu nunca mais saberia o paradeiro de
Abigail.
Arrumei meu terno, andando de um lado para o outro em meu flat. Fazia uma semana que
eu estava sem Abigail ao meu lado e, pior, sem saber notícias dela, se ela e o bebê estavam bem.
Aquilo estava me consumindo por dentro e, mesmo sabendo que eu poderia com apenas uma
ligação para saber o seu paradeiro, precisava colocar a cabeça no lugar e dar um tempo a ela, até
a poeira baixar.
— O que está fazendo aqui de novo, governador? — Dakota estava fazendo jogo duro e
não queria de jeito nenhum me dizer o paradeiro de Abigail e nem ao menos me ouvir. — Eu já
te disse para deixar a minha sobrinha em paz.
— Só quero conversar, estou dando um tempo para ela. — Eu estava acabado, dias sem
dormir, sem ir para o gabinete e nem ao menos cumprindo com os meus compromissos. Na
verdade, os dias longe da minha mulher me trouxeram para o fundo do poço novamente e todos
os dias eu me controlava para não ir atrás dela, ainda não era o momento certo. — Quero que,
quando eu encontrar Abigail, ela se sinta confiante para ser minha mulher.
— Você está mesmo disposto a se casar com minha sobrinha e estar ao seu lado quando
ela tiver o bebê?
Eu podia sentir o seu espanto de longe, como se aquilo fosse uma loucura, e eu sabia que
era, em plena candidatura, anunciar um relacionamento com uma garota com idade para ser
minha filha e, ainda por cima, ela está esperando um bebê meu. Isso era como jogar tudo que
construí para o alto, perderia as eleições, mas nada era mais importante que a família que estava
prestes a construir e que, diferente do que os outros pensam, eu não estava perdendo, estava
ganhando, ganhando uma vida cheia de amor e cores.
— Posso entrar? Quero que entenda os meus sentimentos por Abigail, eu não sou esse
monstro que a senhora pensa.
— Tudo bem, te dou vinte minutos e sem plateia — comentou, olhando para os seguranças
atrás de mim. Minha assessora não tinha me acompanhado, estava tentando explicar para os
outros políticos sobre o meu sumiço.
Entrei em seu apartamento, indo até o sofá, e me sentei. Ela fez o mesmo ao meu lado,
olhei para ela, tentando procurar as palavras certas para aquela conversa, mas era difícil, um
homem como eu, que fazia discurso impecáveis, agora não tinha palavras para descrever o que
sente para a tia de sua mulher.
— Por que está rindo, governador? — Eu não tinha percebido que estava rindo com meus
pensamentos e mudei minha postura, ficando sério.
— Veja bem, senhorita Dakota, quando eu ganhei as eleições e me tornei governador, foi
uma grande felicidade, porém, ela veio junto de uma dor inexplicável, ganhei, por um lado, e
perdi, por outro. — Olhei para o chão, me lembrando de tudo que tinha passado. — Perdi a
minha esposa e, consequentemente, o amor de minha filha. Ela me culpa até hoje pela morte de
sua mãe.
— Sem enrolação, o que isso tem a ver com Abigail?
— Tudo, ela veio como um arco-íris em minha vida. Antes, era só escuridão e dor, mas,
em apenas alguns dias, eu me apaixonei, e ela se apaixonou por mim, no entanto, sabíamos que
esse romance seria um escândalo para minha campanha e decidimos manter segredo. — Respirei
fundo, passando a mão em meus cabelos. — Mas aí ela me disse que está grávida, e eu surtei não
por rejeitar ela e o bebê, mas, sim, por medo.
— Medo de que, governador? Minha sobrinha que precisa ter medo, ela está grávida e
sozinha.
— Estou com medo de perdê-la, de que um dos meus inimigos possa machucá-la, você
consegue me entender. — Segurei sua mão, encarando seus olhos. — Eu não posso perder o
amor da minha vida, não posso voltar para a escuridão de onde ela me tirou.
— Então o senhor a ama de verdade? — Sorriu, apertando a minha mão. — Não precisa
me responder, consigo ver em seus olhos.
— Eu deixarei o meu cargo, caso precise, mas não vou ficar sem o meu arco-íris e não vou
deixar minha felicidade de lado.
Dakota se levantou, indo até um armário ao nosso lado, abriu uma gaveta com bloquinho
de notas, escreveu algo antes de vim até mim e me entregou antes de cruzar os braços.
— Esse é o endereço, sei que o senhor não precisava de mim para isso, mas admiro o seu
jeito de vim até mim e explicar o que sente. — Me levantei com o papel na mão, sentindo um
frio no estômago, ela acreditava em mim. — O senhor é um grande homem e um bom
governador, não deixe que o medo atrapalhe a sua vida, apenas seja bom para Abigail e mostre
todos os dias o quanto ela é amada.
— Farei isso, o quanto antes. — Dei alguns passos para ir embora quando ela segurou o
meu braço.
— Governador, espere um pouco antes de ir atrás dela, pelo menos mais uns dias, deixe
que Abigail aproveite um pouco a companhia dos pais, ela precisa se sentir acolhida e amada,
ainda mais agora que toda mídia descobrirá sobre vocês.
— Eu entendo, isso será uma tortura para mim, mas darei mais uma semana para ela.
Atualmente
Passei duas semanas me sentindo pela metade, como se minha vida sem Abigail já não
fizesse sentido. Ela era dona de todos os meus pensamentos e, mesmo tentando voltar para o
gabinete, eu não estava conseguindo. Era hora de vê-la e trazê-la de volta para minha vida.
Quando finalmente estávamos juntos novamente, eu beijei sua barriga ainda plana. Na primeira
vez que eu tinha me tornado pai, eu era muito jovem e estava ocupado demais para cuidar de
Mary e de nossa filha, mas agora era diferente, eu passaria cada minuto ao lado de Abigail,
cuidando e amando cada fase de sua gravidez.
— Marquei uma consulta com um dos melhores obstetras da Califórnia, quero ter a certeza
de que vocês dois estão bem.
— Calma, estamos bem.
— Ainda está enjoada? Tem se alimentado direito? Espera, me deixe olhar direitinho para
você. — Me levantei do chão, olhando para seu corpo, ela estava mais magra. — Perdeu peso,
isso não é um bom sinal.
— Você também perdeu — comentou, olhando para o meu corpo. — E essa barba precisa
ser feita. — Acariciou o meu rosto. Realmente, eu estava um caco, sem motivos para sorrir ou
viver.
— Estava sofrendo com a sua falta. — Abracei mais uma vez seu corpo, tão frágil e
indefesa. — Precisamos comprar roupas novas, você não deve mais usar calça jeans.
— Governador, você chegou agora e já está me dando ordens.
Segurei seus cabelos loiros, puxando para trás, e beijei o seu pescoço sentindo o cheiro
doce. Era o meu paraíso. Ela tentou sair do meu aperto, mas não deixei, pude ver os cabelos dos
seus braços se arrepiarem, ela também estava com saudades do meu toque e de como a deixava
molhada por mim.
— O que está fazendo? Meus pais estão lá fora.
— Estou com tanta saudade da sua pele, do seu cheiro e até mesmo dos seus gemidos em
meu ouvido.
— Não tem medo do perigo? Se meus irmãos… — Ela se calou assim que abri o botão de
sua calça e coloquei minha mão dentro de sua calcinha.
— Molhada, do jeitinho que eu gosto.
— Governador — gemeu em meu ouvido, segurando em meu braço. — Ah …
— Quando você me chama assim, eu fico ainda mais obcecado para estar dentro de sua
boceta — falei baixinho antes de massagear seu clitóris. — Eu estou morrendo de saudades de
fazer amor com a minha mulher.
— Eles podem ouvir e … — Acelerei os movimentos, fazendo Abigail colocar a mão na
boca para não gritar. — Ah … não pare, governador, por favor …
— Eu não vou parar, mas você irá gozar em meu pau.
Parei os movimentos e peguei seu corpo em meus braços. Deitei-me sobre sua cama de
solteiro, pequena demais, mas eu não aguentaria esperar para estarmos em um lugar mais
confortável, queria poder sentir o meu pau dentro de sua boceta apertadinha e ver minha mulher
se entregar ao prazer enquanto fazia amor com ela.
— Não grite, não queremos que seus irmãos me matem — brinquei, arrancando sua calça
jeans. Depois daquele dia, eu não a deixaria usar mais nenhum tipo de roupa jeans, aquilo
poderia apertar o nosso bebê.
Depois de tirar toda sua roupa, eu abri o zíper de minha calça, tirando de dentro da minha
cueca meu pau duro. Ele já estava molhado pelo pré-gozo e, quando me curvei sobre o seu corpo,
colocando a cabecinha na entrada de sua parte íntima, meu membro deslizou com facilidade.
Abigail levou suas mãos para minhas costas, apertando minha pele embaixo do tecido do blazer
que eu não tinha me dado o trabalho de tirar e, em movimentos constantes, eu saía e entrava de
dentro da minha mulher, sentindo suas paredes me apertarem, tão quente e molhada, o meu
paraíso na terra.
— Oh…, eu nunca mais vou ficar longe de você — sussurrava em seu ouvido. — Nunca,
eu te amo tanto.
— Ah…, ah… não pare, estou quase lá — também sussurrou em meu ouvido, nossos
corpos já estavam molhados de suor e eu já conseguia sentir os espasmos de minha mulher, logo,
não demorou muito até que nós dois chegássemos ao orgasmo. — Eu te amo, governador.
Beijei sua boca antes de sair dela e guardar o meu membro, mesmo um pouco sujo. Me
curvei perto de sua barriga dando alguns beijos, eu tinha feito mais uma vida e enfrentaria
qualquer coisa para ver minha família feliz.
Parecia que tinha sido um verdadeiro sonho, eu queria poder dizer que mantive minha
palavra, que não me deixei levar pelos meus sentimentos, mas não tinha como, depois de ouvir
as juras de amor de Órion e de saber que ele não tinha nos rejeitado e que, na verdade, estava
com medo do que poderia acontecer a mim e ao nosso bebê. Eu não tirava sua razão, sua mulher
tinha sido morta em sua frente e a pessoa nunca tinha sido descoberta, ela poderia voltar e tentar
algo contra ele mais uma vez. Segurando em sua mão, caminhamos de volta para sala depois de
eu ter me limpado em meu banheiro, assim como o governador também fez. Estamos sorrindo
quando Ítalo caminhou até nós dois, entrando no nosso meio e nos afastando.
— Você está sorrindo? — gritou, olhando para mim — Já perdoou? Não seja burra,
irmãzinha.
— Eles demoraram muito, cheire-a, Ítalo — Sebastian falou, cruzando os braços. — Sinta
se ela cheira a sexo.
— Sexo tem cheiro? — indagou Ítalo. Olhei para meus pais, me sentindo constrangida e,
quando meu irmão me cheirou, minhas bochechas queimaram. — Porra, ela tem cheiro de sexo.
— Eu te disse, você precisa começar a andar comigo, irmãozinho, é o mais velho e não
entende quase nada de sexo. — Minha mãe sorria sentada no sofá, às vezes eu queria ter sido
filha única. — Vou fazer um manual para você.
— Não quero manual, na última vez que segui seus conselhos, me meti em confusão e a
questão aqui não é minha vida sexual, e, sim, a nossa princesinha ficar com esse …
— Governador — disse, sorrindo, voltando a segurar a mão de Órion. — Vamos ficar
juntos, minha mãe está certa quando disse que nosso bebê precisa de uma família e é isso que
vamos ser.
— Pai, o senhor vai deixar? — Meu irmão mais novo, às vezes, me dava nos nervos.
Meu pai caminhou até nós dois, olhou bem para Órion de cima para baixo antes de olhar
para mim e acariciou meus cabelos com lágrimas nos olhos antes de levar sua mão até minha
barriga.
— Filha, você o ama? — Sua pergunta me fez sorrir e olhei para o governador, e ele fez o
mesmo.
— Muito. — Sorrindo, segurei em sua mão.
— Governador, o senhor a ama? — Dessa vez, ele encarou Órion antes de fazer a
pergunta.
— Mais do que a mim mesmo.
Beijei-o, sorrindo entre as lágrimas que caíram em meu rosto, os hormônios da gravidez
estavam me deixando cada vez mais chorona e meu coração estava completamente derretido
pelas palavras do governador. Meu pai deu de ombros, caminhando até o sofá onde minha mãe
estava sentada, e se sentou ao seu lado, segurando em sua mão.
— Fiquem juntos, quando existe amor, nada e nem ninguém consegue destruir. — Beijou
minha mãe. — Mas, governador, cuide bem da minha garotinha, ela é um dos meus bens mais
valiosos.
— Pode deixar, senhor Lacoste, eu passarei minha vida inteira me dedicando a fazer a sua
filha feliz.
— Ah, sério isso? O amor e blá-blá-blá. — Ouvi Ítalo reclamar atrás de nós. — Eu preciso
encher a cara depois de tanta baboseira, vem comigo, Sebastian?
— Eu escolho o lugar, lá tem as minhas duas coisas favoritas da vida. — Os dois
caminhavam juntos. — Bebidas e mulheres.
Soltei uma gargalhada, sentindo os braços de Órion me rodearem, meus irmãos não
acreditavam no amor, e eu imaginava que um dia o destino reservaria algo forte para eles e que
logo os dois acabariam como eu e o governador. Ficamos mais dois dias no Texas e, quando tive
que me despedir de minha família, eu senti o meu coração se partir mais uma vez. Tinha deixado
com eles uma parte importante de mim, mas sabia que agora precisava retornar a minha vida,
enfrentar tudo que estava por vir e cuidar da saúde e bem-estar do nosso bebê.
— Você está bem? — Era a décima vez que Órion me perguntava isso depois que
chegamos em seu flat. — Eu trouxe uma vitamina para você, sem açúcar, é claro, não podemos
dar moleza para o diabete gestacional.
Arqueei as sobrancelhas, cruzando os braços. Ele era controlador com tudo em sua vida,
até mesmo quando estava apenas correndo atrás de mim, mas agora estava passando dos limites.
Órion não me deixava nem ao menos descer as escadas sozinha e já tinha contratado uma
nutricionista para fazer a lista do que era saudável e do que não era. Levantei-me do sofá com
rapidez, precisava sair de perto dele antes que perdesse a cabeça, ele não tinha mais nada
importante para fazer? Suas reuniões estavam atrasadas, e ele parecia que não estava se
importando com isso.
— Com calma, cachinhos, levanta-se devagar. — Segurou em minhas costas, colocando
sua mão sobre minha barriga plana. — Temos uma vida aqui, e você não pode fazer movimentos
bruscos.
— Eu vou enlouquecer. — Olhei para sua assessora que estava ao nosso lado, olhando
alguma coisa em seu notebook, e ela sorriu, me encarando. — Leve-o para o gabinete, eu
imploro.
— Sinto muito, Abigail, mas você terá que aguentá-lo mais um pouco. — Ela se levantou,
colocando o notebook sobre o centro da mesa. — Melissa já está chegando, vocês precisam
conversar.
Estava prestes a protestar quando a garota passou pela porta de entrada. Não era segredo
que nós duas não nos dávamos bem e agora, com a notícia que estou esperando um filho do seu
pai, provavelmente, ela me acusaria do golpe da barriga e iria me humilhar mais uma vez.
— Que bom que chegou, filha. — Órion andou até ela, dando um beijo em sua testa. —
Finalmente, vamos ter uma conversa civilizada.
— Bom, vou deixar vocês a sós. — A assessora passou por mim. — Qualquer coisa, grite,
os seguranças estão todos lá fora.
Eu estava nervosa, era um misto de sentimentos dentro de mim, eu sabia que não era fácil
para Melissa entender a minha relação com o seu pai, muito menos aceitar que uma garota com
quase a mesma idade que ela seria sua madrasta, era algo até engraçado de se pensar, mas o
destino gostava de nos pregar peças e agora a menina que ela tanto humilhou estava dividindo
uma vida com o homem que ela mais ama no mundo.
— Por que me chamou aqui? — questionou, cruzando os braços. — Não quero ser
testemunha dessa loucura.
— Filha, como você já sabe, Abigail e eu estamos juntos. — Continuei em pé, apenas
observando pai e filha conversarem. — Mas eu te chamei aqui para dizer que tem mais.
— Mais? O que pode ser pior do que vocês dois estarem juntos? — Eu sabia que ela iria
explodir e talvez nem os bons discursos de Órion fariam Melissa aceitar o bebê.
— Serei pai novamente, e você foi promovida à irmã mais velha.
O choque em seus olhos era evidente, ela paralisou sem falar uma só palavra. Eu esperava
por gritos e choro, ela partindo para cima de mim, mas, nada, a garota ficou imóvel e isso me
deixava ainda mais assustada. Coloquei a mão em minha barriga, era um costume desde que
descobri a gravidez. Melissa seguiu meu movimento com os olhos, mudando totalmente sua
atenção para minha barriga ainda plana.
— Grávida. — Soltou uma gargalhada. — É mais esperta do que eu pensei. — Bateu
palmas — A carinha de santa nunca me enganou, mas uma gravidez é demais até para você.
— Melissa, do que está falando, filha?
— Não consegue enxergar? — Encarou o pai. — Está tão apaixonado que não consegue
ver, é tudo armação, ela nem deve estar grávida de verdade. Será que não é uma infiltração da
oposição? Diga, Abigail, quanto eles estão te pagando para acabar com a reputação do meu pai?
— O que você está falando, garota? — perguntei, andando até ela, e fiquei na sua frente
enquanto Órion nos observava. — Eu não quero prejudicar o seu pai, na verdade, eu fui para
longe, para que ele pudesse ganhar as eleições sem que todos soubessem sobre mim e o bebê.
— É mesmo? Não sou tão ingênua assim, mas, se pensa que vou deixar você arruinar a
vida dele, está enganada.
— Acha mesmo que usaria um bebê, tão inocente e indefeso, para ferir o seu pai? Eu não
quero que ele perca as eleições, nem joguei seu nome na lama por causa de nós, e é por isso que
não vamos divulgar nada. — Senti a mão de Órion apertar o meu braço.
— Cachinhos, esse não é o nosso combinado, quero ir a público o mais rápido que eu
puder para deixar bem claro que você será minha primeira-dama.
— Não, vamos continuar como estamos até você ganhar as eleições.
Conversamos entre nós dois quando Melissa chamou nossa atenção, jogando um dos vasos
que estava no centro de mesa no chão. Ela caminhou para longe de nós dois, limpando as
lágrimas que caíram em seu rosto. Eu conseguia entender a sua dor, os dois já não se davam bem
e agora ele estava se afastando cada vez mais, porém, eu faria de tudo para Órion se reconciliar
com ela, os dois são pai e filha, e esse amor é mais forte que qualquer coisa, é amor de sangue,
um laço que nunca se quebra.
Minha cabeça estava a ponto de explodir. A conversa com Melissa não tinha sido fácil e,
mais uma vez, minha filha tinha se revoltado contra mim. Abigail não quis de maneira alguma
revelar para todos sobre o nosso envolvimento e nosso bebê, ou seja, eu tinha voltado para estaca
zero, sem poder andar de mãos dadas com minha mulher com medo dos paparazzis, tendo que
fazer consultas médicas à noite, em casa e não em um hospital, cheio de equipamentos,
permanecendo longe e indo às escondidas vê-la. Fechei o notebook acendendo um cigarro,
estava no gabinete pela manhã, cheio de compromissos que eu tinha faltado antes e que agora
estavam sendo remarcados.
— Você sabia que cigarro pode causar aborto, má formação do feto e até mesmo alteração
na placenta. — Gelei, ouvindo as informações da minha assessora, ela estava lendo um
documento para mim sobre gravidez e seus cuidados.
— Merda — gritei, apagando o cigarro, logo em seguida abri a gaveta, tirando todas as
caixinhas com aquele veneno, jogando no lixo. — Nunca mais vou fumar em minha vida.
— E como vai se acalmar? — disse ela, chamando minha atenção.
— Contando até cem. — Dei de ombro, pegando meu blazer que estava sobre a mesa. —
Na verdade, até mil, acho que cem é pouco.
— E para onde o senhor pensa que vai? — Ela se levantou da cadeira que estava sentada,
deixando os papéis que estavam em sua mão na mesa.
— Cuidar da minha mulher grávida.
— Mas temos um discurso para preparar e …
— Você pode cuidar disso para mim, agora eu preciso que você mande o obstetra para
meu flat, preciso conversar com ele.
— Governador, a senhorita Abigail teve consulta semana passada, eu sei que o senhor não
pôde estar presente, mas ela te garantiu que está tudo bem.
Respirei fundo, vestindo o blazer, eu tinha perdido a primeira consulta do bebê por causa
de uma maldita reunião com o presidente, mas eu precisava ver com meus próprios olhos o
pequeno serzinho que estava sendo gerado e tirar minhas próprias conclusões que ele ou ela
estava realmente bem.
— Não questione, apenas faça o que estou pedindo. — Peguei meu celular, digitando uma
mensagem para Abigail. Ela não tinha aula e estava em meu flat, a minha espera. — E compre
um aparelho de ultrassom para mim, eu não vou aguentar as consultas de mês em mês para ter a
certeza de que meu bebê está bem.
— Certo, senhor, providenciarei um, mais algumas coisas?
— Compre um termômetro também. — Ela soltou uma gargalhada. — Compre também
um esfigmomanômetro.
— Um o quê? — Arqueou as sobrancelhas sem anotar nada do que eu estava lhe falando.
— Está anotando? — Cruzei os braços.
— Eu tenho tanto dó de Abigail, ela vai sofrer nas suas mãos até ganhar esse bebê. —
Sorrindo, ela pegou seus papéis em minhas mãos antes de passar por mim. — Onde já se viu um
termômetro para cuidar de uma grávida? Esse homem está perdendo o juízo e acaba sobrando
para mim.
Não dei bola para o seu comentário, saindo do gabinete. Caminhei o mais rápido que pude,
indo até o meu carro, e um dos seguranças abriu a porta para que eu entrasse enquanto eu tentava
ligar para minha filha, mas Melissa não me atendeu, estava preocupado com ela e queria, a todo
custo, me aproximar, mas, depois da nossa conversa, as coisas pioraram.
Logo que cheguei ao prédio do meu flat, o médico já estava a minha espera, e juntos
entramos no elevador, ele já tinha assinado um termo de confidencialidade, não era algo que eu
gostasse, mas, depois que coloquei a cabeça no lugar e Abigail me pediu para esperar as eleições
passarem, eu percebi que era a melhor coisa a se fazer para sua proteção.
— Governador — gritou minha mulher, se jogando meus braços assim que a porta do flat
se abriu. — Estávamos morrendo de saudades.
— Eu também estava. — Beijei sua boca, mas parei assim que me lembrei que não
estávamos sozinhos — O médico veio para te examinar.
— De novo? — Me encarou furiosa, ela me dizia que estava preocupado demais. — Olá,
doutor.
— Olá, senhorita Abigail, é uma honra estar aqui mais uma vez. — O doutor segurou a
mão de cachinhos até que eu puxei minha mulher, não gostava que outros homens olhassem para
ela, muito menos segurassem em sua mão. — Podemos começar a consulta?
— Claro, vamos subir para o quarto — disse, sorrindo, me sentia nervoso e ansioso para
ver o meu bebê.
Com cuidado, eu ajudei Abigail a subir as escadas, indo até o primeiro quarto. Minha
mulher foi até o banheiro, colocando uma bata que o médico tinha lhe entregado, e se deitou na
cama, abrindo um pouco as pernas com os joelhos levantados. Me sentei ao seu lado na cama,
segurando em sua mão. Eu não tinha participado das primeiras consultas de Melissa, pois estava
ocupado demais com a faculdade, mas agora faria tudo diferente.
— Semana passada, não fizemos o ultrassom transvaginal, pois você queria ver o bebê
junto com o governador — comenta o médico, colocando uma pequena telinha na mesinha ao
lado da cama. — Hoje vamos realizar o exame e vocês poderão ver o bebê e saber a idade
gestacional exata dele, pois a data da menstruação nem sempre está certa.
— Obrigado por me esperar — sussurrei em seu ouvido e beijei sua boca antes de
acariciar os seus cabelos. Meu coração estava acelerado e minha boca seca, eu já tinha passado
por aquela sensação, mas era tão mágico saber que eu tinha criado uma vida, isso era incrível.
— Podemos começar. — O médico mostrou um objeto que parecia um membro
masculino, colocando uma espécie de camisinha nele.
— Desculpa, mas o senhor pretende fazer o que com esse objeto? — Me arrumei na cama,
encarando o médico.
— É um procedimento normal, senhor governador, vou introduzir para podermos ver o
bebê.
— Hum … — Olhei para minha mulher, me sentindo assustado demais. — Você o ouviu?
— Sim, é normal, eu pesquisei a respeito e não faz mal para mim e nem para o bebê.
Olhei mais uma vez para o objeto e, mesmo sabendo que o meu era maior que aquilo, me
sentia um pouco desconfortável, mas estava louco para ver o bebê. O médico começou a
introduzir o objeto, Abigail apertou um pouco a minha mão e aquilo me deixou nervoso. Estava
prestes a discutir com o médico quando ele apertou um botão na tela e as imagens apareceram.
— Olha aqui. — Mostrou um pequeno pontinho em preto e branco na tela, meus olhos
estavam vidrados, não conseguia nem ao menos piscar, o médico confirmou falando, mas eu
estava fora de órbita, tudo que eu conseguia pensar era naquela vida. — Espere um pouco.
— O que houve? — Abigail perguntou, me trazendo de volta para realidade, tinha algo de
errado e isso fez meu peito doer.
— O bebê está bem? — preocupado, perguntei, encarando o médico.
— Os bebês estão ótimos — me corrigiu, sorrindo, então beijei a mão da minha mulher.
— Fique tranquila, cachinhos, os bebês estão… bebês? — falei alto, me dando conta do
que ele tinha dito. — Calma, os bebês? No plural?!
— Sim, senhor governador, são dois, gêmeos de placentas diferentes. — Empalideci,
sentindo a mão gelada da minha mulher. Abigail já tinha lágrimas nos olhos. — Parabéns ao
casal, dois de uma única vez.
— Dois bebês? Governador... — Ela deu uns tapinhas em mim. — Você não se contentou
só com um, não é mesmo? Teve que colocar logo dois bebês dentro de mim.
— Sou tão bom no que faço que fiz logo dois — brinquei. — Podemos ouvir os
batimentos cardíacos? — O médico apertou outro botão e o alto som ecoou pelo lugar, rápido e
encantador, era o som das vidas que eu e Abigail criamos juntos. — São fortes iguais ao papai.
Soltei uma gargalhada, beijando sua boca. Eu estava em êxtase, não seria pai apenas de
um, mas de dois bebês. Eu sempre sonhei com uma família grande e agora estava realizando esse
sonho. Antes era um homem solitário, mas Abigail entrou em minha vida para mudar tudo,
finalmente eu estava feliz e faria de tudo para que minha filha também compartilhasse dessa
felicidade, até porque ela seria a irmã mais velha e teria a missão de nos ajudar com seus
irmãozinhos.
Depois do ultrassom, eu recebi uma ligação da minha assessora, algo estava acontecendo e
ela precisava me encontrar na minha mansão o quanto antes. Além dela, Melissa também estava
lá, a minha espera, eu estava tão feliz e radiante que nenhum problema tiraria isso de mim.
— Pai, que bom que chegou. — Melissa me abraçou. — Eu… me perdoe, estava tão
furiosa que cometi uma besteira.
Soltei-a, encarando seus olhos. Ela estava nervosa, suas mãos tremiam e eu sabia que
minha filha só ficava naquele estado quando fazia algo ruim.
— O que está acontecendo? — Olhei para minha assessora, que tinha um tablet em suas
mãos. — O você aprontou dessa vez, Melissa?
— Sua filha simplesmente mandou algumas fotos suas com Abigail e, pior, contou sobre o
bebê para a imprensa.
Senti uma dor forte em meu coração e levei uma das mãos até o peito esquerdo, o
massageando. Mais cedo ou mais tarde, a imprensa saberia sobre o meu romance, mas algo
dentro de mim me dizia que aquilo me traria muitos problemas, e não estava falando das
eleições, mas, sim, dos meus inimigos, agora minha família inteira estava correndo perigo.
— Pai…, você está bem? — Dei uns passos para trás, me segurando na parede ao lado. —
Eu sinto muito, assim que divulguei as fotos, me arrependi e, quando contei a Katarina, ela me
repreendeu.
— Abigail está grávida de gêmeos — sussurrei. — Você colocou seus irmãos em perigo.
— Então não é mentira? Ela realmente está grávida. — Ela passou a mão em seus cabelos.
— Perdão, eu … Merda! Estava com ciúmes, você os ama tanto e eu sempre fico de lado.
— Melissa, você foi longe demais, eu divulgaria tudo, mas não desse jeito, não sem antes
me preparar. — Estava decepcionado com minha filha, ela sempre aprontava, mas, dessa vez,
tinha ido longe demais. — Parece que você gosta de me magoar, talvez seja por causa da morte
da sua mãe, e eu até entendo, mas estou cansado.
— Sinto muito, eu não deveria ter feito isso.
— Guarde suas desculpas, dessa vez, não passarei a mão em sua cabeça.
Caminhei para longe delas, tirando meu celular do bolso. Eu estava atordoado e com um
péssimo pressentimento, liguei para Abigail e, assim que ela atendeu, meu coração se acalmou.
Se algo acontecesse a ela, eu nunca mais me perdoaria.
Órion estava atordoado. Assim que ele passou pela porta do flat, tinha mudado
completamente, antes, ele saiu feliz e radiante, agora ele estava nervoso e decepcionado. Eu
entendia os sentimentos de Melissa, mas ela não tinha o direito de dar aquela notícia para a
imprensa, era nossa vida que estava em jogo, a vida dos gêmeos e a candidatura do seu pai.
Acariciei os seus cabelos enquanto ele repousava sua cabeça sobre a minha barriga. Ele estava
com medo de que algo de ruim acontecesse a mim, assim como aconteceu a sua ex-mulher.
— Melissa foi longe demais, aquela garota precisa de limites — falou. Conseguia sentir
sua dor, sua voz estava embaçada e ele parecia perdido.
— Escute. — Fiz ele levantar a cabeça para me encarar. — Sua filha estava com raiva, é
tudo novo para ela, seu pai está construindo uma nova família e, em sua cabeça, Melissa pensa
que perderá você de uma vez por todas e que não terá o amor do pai.
— E por isso ela colocou vocês em risco? — Ele se levantou da cama, andando de um
lado para o outro, e apontou para fora do flat. — Tem repórteres por todos os lados, a notícia está
em todo lugar, meu celular não para de tocar e amanhã tenho uma reunião com o partido. — Se
sentou na cama, abaixando a cabeça — Um caos total.
Acariciei suas costas, não era fácil para os dois, as feridas do passado ainda estavam
abertas e a culpa da morte de sua mulher corroía o seu peito. Eles precisam perdoar para serem
felizes.
— Converse com ela, entenda seu lado e diga o quanto a ama. — Órion tirou minha mão
de suas costas, respirando fundo.
— Você não consegue entender? Minha filha me odeia e quer me ver infeliz.
— Amor, sua cabeça está cheia, mas tenho certeza de que amanhã vai estar mais calmo e
conversa com sua filha.
— Não quero mais falar sobre isso. — Se levantou de novo. — Vou tomar um banho.
Deixei que ele fosse para o banheiro, então peguei meu celular, digitando uma mensagem
para Melissa. Se ele não queria conversar com a filha, eu mesma faria isso. Os dois não poderiam
ficar brigados e, mesmo que Órion não abrisse seu coração, dava para ver em seus olhos a sua
tristeza. Assim que me respondeu, peguei minha bolsa e, ao descer no elevador, eu pude notar o
tanto de repórter do lado de fora esperando por nós. Me escondi, indo para a parte de trás do
prédio. Com uma blusa com capuz, eu me escondi até poder entrar em um táxi que já estava a
minha espera. Falei para ele o lugar que iria antes de digitar uma mensagem para o governador,
ele ficaria furioso, mas eu sabia que era o certo a ser feito.
— Como você está? Ainda bem que os seguranças seguraram os repórteres para dar
passagem para você. — Abracei Katarina, tirando o capuz da minha cabeça. — Melissa não
deveria ter passado a localidade daquele flat, agora você não teria mais paz.
— Estamos bem, ela está lá em cima? — Ela afirmou com a cabeça, então caminhei até a
escada, subindo nela e, quando cheguei em seu quarto, dei algumas batidas em sua porta. —
Posso entrar?
— Abigail, o que você quer aqui? Eu disse para não vir.
— Por favor, Melissa, vamos conversar. — Entrei em seu quarto sem ao menos prestar
atenção nos detalhes do lugar, mas pude notar que ela estava abraçada com uma foto de sua mãe.
— Seu pai está muito mal.
— Foi ele que mandou você vir aqui? É claro que sim, o governador poderoso como
aquele não tem tempo para a filha. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas, ela se sentou na
cama com um travesseiro em suas mãos, então puxei uma cadeira, me sentando em sua frente. —
Vai ser assim com os gêmeos, esteja preparada.
— Eu entendo a sua dor, você perdeu sua mãe e seu pai se afastou. E você sozinha nessa
enorme mansão, sem carinho, sem amor. — Deixei uma lágrima cair sobre o meu rosto, eu me
sentia triste por ela. — Sem uma família de verdade.
— Não preciso de nada disso, posso me virar sozinha. — Levei uma mão até seu rosto,
limpando uma de suas bochechas. Era visível sua dor e eu podia ver que toda aquela sua banca
de garota forte era apenas para esconder a pequena menina frágil que morava por trás daquela
casca.
— Todos nós precisamos de uma família, de carinho, de cuidados e, principalmente, de
amor — Ela me encarava. — Sei que não gosta de mim, mas pense nos gêmeos. Você quer que
eles cresçam iguais a você? Que não tenham o amor da irmã? Que não possam ter uma família
unida para ser seu lar?
Melissa olhou para minha barriga, deixando mais algumas lágrimas caírem, e levou uma
de suas mãos até meu ventre, acariciando.
— Eu pensei que estivesse mentindo, que não tinha bebê nenhum. Se eu soubesse, nunca
teria feito o que fiz. — Coloquei minha mão sobre a sua. — Eles merecem mais, merecem ser
felizes.
— Acredito em você e sei que será uma irmã incrível para eles, mas, antes disso acontecer,
terá que conversar com seu pai, fazer as pazes e perdoá-lo, porque não foi culpa dele,
infelizmente, as pessoas fazem tudo por poder até mesmo tirar a vida de alguém inocente como
sua mãe.
— É tão difícil, ela era tão linda e o amava tanto. — Me levantei, abraçando seu corpo.
Melissa não tinha um coração ruim, apenas queria chamar a atenção do pai, ser amada, ouvida e
acolhida por alguém.
— Sinto muito, mas agora estarei aqui com você. Não ficarei no lugar de mãe, ela é única
em seu coração, mas prometo que tentarei sempre te acolher e ajudar. — Ela me apertou em seus
braços. — Do mesmo jeito que vou precisar de você, de uma amiga para olhar e trocar os
gêmeos.
Ouvi sua gargalhada quando ela se afastou de mim e acariciou mais uma vez minha
barriga antes de encarar.
— Está vendo, a mamãe de vocês já quer se aproveitar de mim, ainda bem que a irmãzinha
sempre estará por perto para cuidar e amar os dois.
Aquela cena era linda e emocionante, pois, pela primeira vez, nós duas estávamos nos
dando bem. Ela se sentiu amada por mim mesmo depois de ter cometido um erro. Melissa não
precisava de julgamentos, e, sim, de um abraço amigo, assim como minha mãe fez comigo
quando descobriu a gravidez, sem culpa ou dor. É para isso que uma família é criada, para ouvir
mesmo quando a outra pessoa não quer falar.
— Agora vamos ver o seu pai, nos livrar de toda culpa e resolver todos os problemas para
eu ter uma gestação tranquila.
— Vamos falir com o meu pai com tantas roupinhas para os bebês.
Juntas, saímos pelas portas dos fundos, eu estava feliz que finalmente estávamos nos
entendendo e sabia que, na vida, tudo acontece com um propósito e talvez os gêmeos venham
para juntar pai e filha, trazendo alegria de novo para a vida dos dois.
Acariciei meu peito esquerdo, sentindo uma dor forte. Segurei na pia da cozinha, estava
nervoso e preocupado com Abigail, minha mulher tinha ido conversar com Melissa e pedido para
eu ficar tranquilo, mas algo dentro de mim gritava, como se algo muito ruim estivesse para
acontecer. Dei alguns passos até a geladeira, tirando uma garrafa de água. Abri o armário,
pegando um copo, e despejei a água dentro dele, antes de tomar um gole, nervoso, eu caminhei
até a sala, estava prestes a ligar mais uma vez para minha mulher quando ouvi o barulho na
porta.
— Finalmente, você chegou. — Larguei o copo que estava em minha mão sobre o centro
de mesa antes de ir até ela. Abigail sorriu.
— E eu não vim sozinha. — Deu passagem para minha filha passar, que me encarou um
pouco receosa. — Ela veio te pedir desculpas.
— Filha, venha aqui. — Segurei em sua mão, trazendo seu corpo para um abraço apertado.
Minha filha é uma das coisas mais importantes em minha vida e, mesmo magoado por ela ter
contado um segredo que era só meu e de Abigail, eu não poderia continuar com raiva, eu a amo e
ela precisa saber disso. — Eu te amo.
— Sinto muito por tudo, pai. — Seus olhos já estavam cheios de lágrimas quando nos
afastamos. Segurei seu rosto em minhas mãos, encarando seus olhos, tão linda como sua mãe. —
Eu só queria ser vista por você, ser notada pela única família que me restou.
— A culpa é minha, depois que sua mãe morreu, me senti tão culpado que não conseguia
nem ao menos te encarar e isso nos distanciou. — Deixei uma lágrima cair sobre o meu rosto, o
peso que eu sentia em meu peito fazia meu coração ficar em pedaços e tudo que eu precisava
naquele momento era desabafar e contar a minha filha como doeu a morte de sua mãe. — Eu
tentei fugir da dor, ficar longe de tudo que me lembrava ela e você, querida, é a cópia de Mary,
tão linda e delicada, uma verdadeira princesa.
— Você se enganou, pai, não estava fugindo só da dor, mas também de mim, sentia tanto a
sua falta que tentava, a todo custo, chamar sua atenção.
— Agora eu entendo. — Abracei mais uma vez o seu corpo, me lembrando de quando ela
era pequena e eu a colocava para dormir, minha garotinha. — Eu não posso apagar o passado,
não posso trazer sua mãe de volta, mas eu prometo para você e para os gêmeos — olhei para
Abigail, que estava com o rosto banhado em lágrimas — que tentarei ser o melhor pai do mundo,
nem que para isso eu tenha que largar a política e meus deveres como governador.
— Papai, eu te amo.
— Eu também te amo, minha garotinha, e nada nesse mundo é mais importante que você e
os gêmeos.
A emoção daquele momento era maior do que as minhas palavras, finalmente estamos
deixando o passado para trás e vivendo o futuro, construindo uma família de verdade e, mesmo
com nossas imperfeições, seríamos muito felizes.
— Me perdoe pela morte de sua mãe, eu juro para você que não fazia ideia de que a
política me traria tantos inimigos, se eu soubesse e se …
Melissa segurou minha mão sorrindo, nos encaramos por alguns segundos, deixando que
nossos olhares falassem por nós dois, não precisava de palavras para que eu entendesse que
minha filha estava me perdoando naquele momento.
— Não foi sua culpa e agora eu consigo enxergar isso, você sofreu comigo e hoje, graças a
Abigail — minha filha chamou minha mulher e, quando ela se aproximou, Melissa juntou nossas
mãos —, somos uma família e os gêmeos vão poder viver em um lar cheio de amor.
Soltei uma gargalhada, deixando mais algumas lágrimas caírem, parecia um verdadeiro
sonho. Puxei as duas para os meus braços, beijei a boca de Abigail e, em seguida, a testa de
minha filha. Eu tinha encontrado minha paz.
Em toda minha vida, eu nunca tinha presenciado uma cena tão linda quanto a que estava
olhando para ela, Abigail e Melissa arrumando a mesa da cozinha, as pizzas já estavam chegando
e as duas decidiram organizar as coisas para o nosso jantar. Cruzando os braços, eu me encostei
na geladeira, observando tudo atentamente e guardando cada detalhe em meus pensamentos.
Foram anos de muita dor, onde Melissa e eu parecíamos dois estranhos, e agora ela estava rindo,
feliz e animada, colocando os copos sobre a mesa.
Minha mulher pegou uma jarra de suco de laranja, oferecendo a ela, as duas conversavam
animadas e, quando Abigail colocou sua mão sobre a barriga, o meu coração errou as batidas. Eu
tenho uma linda família, um lar para chamar de meu, e isso é a grande riqueza de um homem,
saber que pode sempre retornar para sua casa e encontrar paz.
— Pare de olhar e venha nos ajudar, papai — gritou minha filha, me fazendo sorrir.
— Deixe de ser preguiçoso, governador — Abigail se aproximou. Puxei seu corpo e
segurei seus cabelos, puxando para trás antes de beijar sua boca.
— Eca, eu estou aqui. — Larguei a minha mulher prestes a protestar quando o chefe de
segurança apareceu em meu campo de visão com as caixas de pizzas em suas mãos. —
Finalmente, estava morrendo de fome.
— Senhor governador, podemos conversar a sós?
Olhei para Alder e dei um beijo na testa da minha mulher, pedindo licença e as mandando
começarem a comer sem mim, mas antes de ir precisava alertar minha mulher sobre os riscos, ela
não podia comer muita massa e nem muito açúcar.
— Melissa, fique de olho em Abigail, ela não pode comer muita massa e muito menos
muito açúcar.
— Chato, vai logo resolver seus problemas
Abigail me empurrou, me fazendo caminhar até a sala de estar. Olhei para Alder,
colocando as mãos no bolso de minha calça. Ele não estava com uma cara muito agradável, e eu
sentia que os problemas estavam apenas começando, infelizmente, a paz não iria durar para
nossa família.
— Pode falar, Alder. — Arrumei minha postura.
— Abrirmos as caixinhas das pizzas e em uma delas tinha esse bilhete pregado na tampa.
Eu sabia que eles examinavam tudo até chegar em minha mesa, até mesmo as compras. O
receio de sofrerem um atentado é real, até mesmo por causa do que aconteceu anos atrás. Peguei
o papel em minhas mãos e, ao ler, senti a mesma dor no meu peito de horas atrás, era como um
pressentimento forte que algo ruim estava prestes a acontecer.
Anônimo
Vossa excelência escondeu bem a sua nova garota, ela é linda e, provavelmente, seu
bebê também será, isso se eles dois sobreviverem até o final da gravidez, coisas ruins podem
acontecer assim como aconteceu à pobre Mary.
Amassei o papel, apertando forte em minhas mãos. Era a mesma pessoa de quatro anos
atrás. Eu não deixaria que, mais uma vez, destruíssem a minha vida, eu pegaria esse maldito e o
colocaria atrás das grades.
— Quero que você contrate mais seguranças, não quero que minha mulher e minha filha
fiquem um minuto sequer sozinhas.
— Fique tranquilo, governador, vamos proteger sua família.
O pavor se instalou em meu peito, eu não poderia perdê-las e, se isso acontecesse,
morreria com Abigail e Melissa. Agora que estava me sentindo feliz, a política, mais uma vez,
me traz inimigos perversos que só se importam com o poder. Respirei fundo, voltando para a
cozinha depois de jogar o bilhete no lixo, eu não falaria nada para elas, eram tantos problemas, e
eu não queria deixá-las nervosas.
— Ainda bem que você voltou — Melissa disse, mostrando nos dedos o número quatro.
— O que é isso?
— As fatias que a sua mulher grávida de gêmeos comeu.
— Fofoqueira, você prometeu que não contaria. — Cruzou os braços, minha mulher era
teimosa demais e não queria seguir as ordens da nutricionista. — Estou comendo por três agora,
duas fatias para cada um dos bebês, e agora terei que comer mais duas para mim. — Me
aproximei, deixando as preocupações de lado, precisava aproveitar o momento e ser o melhor
que eu posso ser para as duas, não eram todos os dias que podíamos nos reunir e viver aqueles
momentos incríveis.
— Cachinhos, você sabe que massa faz mal e …
— Só hoje? — Fez biquinho, derretendo meu coração. — Eu te dei gêmeos, mereço sete
fatias de pizza.
— Ela está aumentando, papai — gritou Melissa — Está tentando enrolá-lo, mas estou de
olho, os gêmeos precisam crescer saudáveis e a irmã deles está aqui para ajudar nessa missão.
— Acho que prefiro que vocês briguem de novo.
Soltei uma gargalhada, me sentando ao lado de minha mulher. A noite foi cheia de risadas
que ecoavam pelo flat, aquele lugar nunca tinha sido tão alegre, e eu faria de tudo para que
aqueles momentos fossem constantes em nossas vidas.
Os dias seguintes foram cansativos, os repórteres não nos davam trégua. Em todos os
lugares, eu precisava ir com soldadinhos atrás de mim e, até mesmo na faculdade, as coisas
estavam uma verdadeira loucura. Coloquei meu almoço para fora enquanto Melissa segurava
meus cabelos, era engraçado pensar que, meses atrás, éramos inimigas e hoje ela estava me
ajudando enquanto os enjoos da gravidez me faziam ficar em um estado deplorável.
— Eu já liguei para meu pai, ele está em uma reunião importante, mas, assim que
terminar, vem direto para cá.
— Não precisava deixá-lo preocupado, já basta toda a impressão em cima dele, tantos
problemas. — Ela me ajudou a me levantar. — Você viu as últimas notícias?
— Sim, todos na faculdade só falam nisso. — Meus olhos se encheram de lágrimas, eles
não me deixariam em paz. — Não fique assim, meu pai e eu sabemos que tudo aquilo é mentira,
que não está dando o golpe da barriga nele e que o ama de verdade.
— Todos estão dizendo que sou uma vagabunda e que dei o golpe no governador para
ganhar a bolsa de estudos, eu nem conhecia seu pai antes de vir para Califórnia.
— É melhor se acalmar, Abigail, isso não faz bem para os gêmeos. — Limpei as lágrimas
em meu rosto antes de pegar a escova de dentes sobre a pia. Estávamos na mansão de Órion, ele
me obrigou a me mudar para lá, alegando que era um lugar mais seguro e confortável para mim e
os gêmeos. — Está tremendo.
— Me sinto um pouco zonza. — Segurei na pia do banheiro, perdendo o equilíbrio.
— Se segure em mim, vou te ajudar a ir para cama. — Com sua ajuda, caminhei em
passos lentos até a enorme cama da suíte de Órion. — Vou buscar o medidor de pressão.
— Melissa, muito obrigada. — Segurei sua mão. Aos poucos, nossa amizade foi se
intensificando e eu pude ver o quanto seu coração era enorme. Antes, só estava cheio de dor e
mágoa.
Não demorou muito para que ela voltar, mediu minha pressão, constatando que estava um
pouco elevada, ligou para o médico e pediu que ele corresse até a mansão. Eu não gostava de ser
um fardo para as pessoas ao meu lado, todavia, eram tantos problemas e notícias falsas
circulando por todos os lados, me deixando nervosa.
— Um dos seguranças já foi comprar o remédio que o médico passou. — Ela se sentou na
cama, colocando a mão em meu ventre. — Escutem a irmã mais velha de vocês, fiquem
comportados aí dentro, a mãe de vocês está passando por um período conturbado e precisa de
tranquilidade.
— Acha que eles entendem? — Coloquei minha mão sobre a sua. — São um grãozinho de
nada, na próxima consulta, você poderá estar presente.
— Vai ser um prazer. — Sorriu. — Pode ter certeza de que eles entendem que sou a irmã
mais velha e que amo muito os dois.
Ficamos mais algum tempo ali falando, sobre nomes e sobre as roupinhas, ela queria fazer
uma lista para começar a providenciar tudo que os gêmeos vão precisar, mesmo sem saber o sexo
dos dois. A porta do quarto foi aberta, interrompendo nossa conversa, e Órion entrou
desesperado, e jogou as pastas que estavam em suas mãos sobre a mesa, vindo até mim.
— Vou deixar vocês a sós. — Se levantou da cama e, antes que Melissa saísse, seu pai
segurou em sua mão.
— Obrigado, filha.
Ela saiu, nos deixando a sós. Era lindo ver que a relação dos dois mudou completamente,
Órion agora conseguia conversar com sua filha sem brigar, sem querer comprá-la com dinheiro,
apenas com amor de pai e filha. Ele arrancou seu blazer antes de se deitar ao meu lado da cama e
puxou meu corpo para o seu peito, cheirando o meu pescoço. Gemi baixinho, sentindo os pelos
dos meus braços se arrepiarem. O governador não queria me contar sobre todos os problemas
que ele estava enfrentando, mas eu sabia que as coisas não estavam sendo fáceis e que todos os
dias eles tentavam, a todo custo, derrubá-lo.
— Você está bem? — perguntei, me virando para encará-lo. — Está com um olhar
cansado.
— Não sou eu que estou com a pressão alta. — Beijou minha testa, levando uma de suas
mãos ao meu ventre. — O papai vai cuidar da mamãe.
— Eu já estou bem, tomei o remédio que o médico passou e minha pressão se normalizou.
— Acariciei seu rosto, encarando seus olhos azuis, ele não me enganava, algo grave estava
acontecendo. — Vamos, me diga o que está acontecendo.
— Não é nada, cachinhos. — Sorriu, beijando meu pescoço mais uma vez. — Mais tarde,
eu tenho uma surpresa para você.
— Surpresa? — Eu sabia que ele estava tentando fugir de nossa conversa, mas o deixaria
em paz, quando fosse a hora certa, Órion me contaria o que estava tirando sua paz. — Que tipo
de surpresa?
— Algo que você e a Melissa vão amar.
— O que está aprontando, senhor governador?
— Me deixe dormir um pouco e contenha a ansiedade, mais tarde prometo que contarei
para você.
Fiz o que ele me pediu, ficando em silêncio, e não demorou muito para que Órion caísse
em um sono profundo, estava tão cansado e sem tempo para dormir que, em qualquer lugar que
encostasse, se entregava ao cansaço. Acariciei seus cabelos, ele parecia uma verdadeira rocha,
mas sabia que não estava sendo fácil. Eram tantos comentários maldosos a respeito de nós dois,
de como um governador poderia sair com uma garota com idade para ser sua filha, julgamentos
desnecessários, nos quais as pessoas esqueceram de tudo que ele fez pelo povo até agora e, por
causa de um pequeno deslize, já era condenado por todos.
Quase duas horas depois ele acordou mais animado e me chamou para um banho. Segurei
sua mão, indo até o banheiro e, ao chegar lá, ele ligou as torneiras da banheira com água morna,
tirou minha roupa e pediu para que eu entrasse nela. Fez o mesmo com as dele, se juntando a
mim e, antes que eu pudesse falar algo, o governador se curvou, segurando um dos meus seios
que, por incrível que pareça, já estavam maiores e passou a língua no biquinho duro, me fazendo
jogar a cabeça para trás, fechando os olhos. Um simples toque seu me fazia delirar de tesão.
— Preciso relaxar, mas você está passando mal e … — Desci minha mão até o seu
membro por debaixo da água, o massageando — cachinhos …, eu não vou resistir.
— Não precisa, eu já estou bem e agora estou faminta. — Beijei sua boca, sentindo minha
parte íntima queimar. — Tenho fome, governador, e você é minha comida.
— Quando você me chama de governador, fico louco. — Órion segurou em meu pescoço
antes de beijá-lo. — Eu vou te foder dentro dessa banheira.
— É o que quero e preciso, mas me deixe comandar. — Movimentei com rapidez, por
debaixo da água, minha mão, subindo e descendo em seu membro, o deixando cada vez mais
duro. — Vou cavalgar em seu pau.
O governador se sentou na beira da banheira, mostrando bem seu membro grosso e
pulsando por mim. A água morna batia em nossos corpos enquanto eu me posicionava em seu
colo, encaixando a cabecinha e deslizando para baixo. Gemi alto assim que senti as paredes da
minha boceta prenderem seu membro e passei meus braços pelo seu pescoço, me movimentando.
Órion me beijava enquanto sua mão apertava um dos bicos dos meus seios, com nossos corpos
quentes e nossos gemidos altos. Ele segurou minha cintura, me ajudando a deixar ainda mais
intensos os movimentos.
— Céus…, eu estou a ponto de gozar — falei em seu ouvido.
— Ótimo, porque eu também, vamos gozar juntos, cachinhos.
Os beijos continuaram, a água fazia um pequeno barulho que se misturava aos meus
gemidos e, quando eu me entreguei ao orgasmo, senti Órion me seguir e seu membro derramar
todo o seu gozo dentro de mim. Deitei-me sobre seu peito, me sentindo exausta, mas satisfeita.
— Eu te amo, cachinhos, darei minha vida se preciso para mantê-la segura.
— Por que está falando isso? Estamos bem e vamos continuar assim.
— Por nada, cachinhos, eu só tenho medo.
Me abraçou, me deixando um pouco confusa. Eu sabia dos seus medos e aflições, mas,
depois que a notícia sobre nosso romance se espalhou, Órion estava cada dia mais controlador e
preocupado, até para ir a faculdade ele mandou praticamente um exército atrás de mim e de
Melissa.
— Não precisa ter medo. — Coloquei sua mão sobre minha barriga, sorrindo. — Vamos,
bebês, falem para o papai que vai ficar tudo bem e que logo ele terá que trocar fraldas cheias de
coco.
— Estou louco para vivenciar isso ao seu lado.
Mesmo que eu tentasse animá-lo, ele não mudava sua feição, mas eu sabia que não
conseguiria entendê-lo, a única coisa que poderia fazer é dar apoio e carinho. Meu governador
cuidaria de tudo para que nossa família continuasse bem.
Amassei mais um dos vários bilhetes que estava recebendo há dias. Não aguentava mais
viver sendo ameaçado por alguém que se escondia e que vivia na moita de olho em minha
família. No meu escritório, eu abria um envelope destinado a mim, o bilhete que tinha acabado
de ler dizia para proteger bem minha mulher, e eu sabia que a pessoa que estava me ameaçando
gostava de brincar comigo. Ao tirar as fotos de dentro do envelope, eu vi Abigail e Melissa na
faculdade, as duas sorriam e, quando virei a foto, li a frase que estava nela. Então, meu peito
doeu mais uma vez, parecia que o ar tinha faltado em meus pulmões e, por isso, precisei afrouxar
a minha gravata.
— O que diz? — Minha assessora estava na minha frente preocupada. — Você está bem?
— “Renuncie ao cargo de governador e largue a sua candidatura antes que você perca
mais uma mulher” — li em voz alta, olhando para as fotos delas em minhas mãos. Eu faria
qualquer coisa para manter minha família segura e, se tivesse a certeza de que os malditos por
trás daquelas ameaças me deixariam em paz, renunciaria a tudo sem pensar duas vezes, mas algo
me dizia que a pessoa por trás de tudo aquilo queria me fazer sofrer. — Não tem como eu ficar
bem até eu ter a certeza de que minha família está segura.
— Pensa em renunciar? — Encarei minha assessora, me levantando da cadeira, e sorri
amargamente.
— Pretendo descobrir quem é essa pessoa e acabar com a vida dela. Ninguém ameaça
minha família e sai impune.
— É isso que preciso, do meu governador forte e poderoso. Todos estão querendo
derrubá-lo, mas sei que, no final, irá vencer essa candidatura.
— O presidente pediu para eu largar Abigail e seguir com minha candidatura.
— E o que disse a ele? Órion, ele é o presidente e …
— Ele pode ser o presidente, o papa, o rei, não me importo com sua posição, a única coisa
que sei é que não vou abandonar minha mulher por causa de política, continuarei com minha
candidatura e, se o povo não confiar em mim por ter me apaixonado, que seja.
— Você está certo, é lindo ver o seu amor por ela, e eu estarei aqui para lhe apoiar.
— Obrigado, Katarina, agora vamos voltar para a sala, acredito que as lojas já começaram
a chegar com os produtos.
— Sim, senhor, as melhores lojas de bebê da Califórnia estão aqui. As pequenas pecinhas
de roupa são tão fofas e lindas, dá até vontade de ter filhos.
Sorrindo, caminhei para fora do escritório. Como não era seguro estar andando por aí, eu
tinha tomado a liberdade de trazer as lojas de bebês para a mansão, queria que Abigail distraísse
a cabeça enquanto meu chefe de segurança investigava sobre o meu concorrente. Eu sentia que
tinha o dedo de Gregory em todas aquelas ameaças, aquele homem nunca aceitou a sua derrota
quatro anos atrás e agora estava fazendo de tudo para me derrubar.
— O que é tudo isso? — Abigail gritou assim que entrou na sala. — Governador?
— Surpresa. — Me aproximei dela sorrindo, eu queria passar minha vida inteira
surpreendendo Abigail, dando tudo que ela merece apenas para ter em troca seu sorriso lindo que
faz meu coração disparar. — Nossos gêmeos precisam de roupas.
— Não acha que é muito cedo? — Dei de ombros. Cedo ou tarde, isso não importava para
mim, tudo que eu queria era passar uma tarde com minhas garotas.
— Claro que não — gritou Melissa. — Olha essa toquinha. Tem certeza de que uma
cabeça cabe aqui dentro? — Sorrimos juntos de sua pergunta.
— É tudo tão pequeno — Katarina falou atrás de nós. — Agora eu quero um bebê. —
Cruzou os braços.
— Eu também quero. — Me engasguei com minha saliva assim que ouvi minha filha falar
aquela asneira, ela era tão jovem e tinha acabado de terminar seu relacionamento, não deveria
pensar em ter um bebê. — Tudo bem?
— Apenas me engasguei. — Abigail sorriu, dando umas tapinhas em minhas costas.
As garotas começaram a olhar tudo, todas as peças eram em tons pastéis, ainda não
sabíamos o sexo dos gêmeos, mas eu torcia para que fosse meninos, não queria ter mais uma
garota para me atormentar com seus namorados. Eu nunca tinha conhecido direito o antigo
namorado de Melissa, mas sabia que ficaria com ciúmes ao vê-la com ele, não era qualquer
homem que merecia a minha filha.
— Olha esse vestidinho. — Minha mulher levantou um pequeno vestido lilás. — Ela vai
ficar tão linda.
— Ela? — Voltei a tossir. — Vão ser dois meninos, o cromossomo Y vai ser a maioria.
— Quantas asneira, vão ser duas menininhas, e você terá um ataque cardíaco — brincou
minha filha, fazendo minha assessora pular do sofá animada. Ela encarou as meninas antes de
dizer que teve uma ideia.
— Vamos fazer uma aposta, quem acha que são duas meninas levante a mão? — Melissa
se levantou, e eu cerrei os dentes. — Ótimo, eu também acho.
— Katarina, eu posso te demitir. — Cruzei os braços, arqueando as sobrancelhas.
— Só porque acho que vão ser duas meninas para acabar com o resto da sua saúde mental?
Estava prestes a discutir quando senti a mão de minha mulher sobre a minha, ela me
encarou, levando até a sua barriga.
— Confie em mim, vai ser um casal.
Meu coração disparou, e eu sorri, um casal não era uma ideia ruim e logo eu faria mais
bebês com Abigail. Os homens seriam a maioria se dependesse de mim e juntos iríamos proteger
as garotas da nossa vida. No final do dia, eu tive que ir a um jantar com alguns políticos, não
levaria Abigail, não queria trazer mais transtornos a ela, sendo assim, Melissa me prometeu que
cuidaria da sua madrasta e amiga. Era bom saber que as duas estavam se dando bem e que minha
filha estava animada com a chegada dos gêmeos.
O lugar era em um dos melhores restaurantes da Califórnia e, assim que chegamos lá, uma
chuva de perguntas caiu sobre mim, repórteres por todos os lados e os seguranças me rodeavam
com microfones e gravadores.
— Governador, é verdade que anda saindo com uma garota com idade para ser sua filha
e que ela está esperando um filho seu?
— Governador, como caiu em um golpe tão velho? O senhor não percebeu que ela estava
apenas interessada em sua posição?
— Governador, é verdade que deu uma bolsa de estudos para ela?
Meu sangue estava fervendo e, se eu não entrasse o quanto antes naquele restaurante,
acabaria cometendo uma loucura. Arrumei meu terno, cumprimentando todos os senadores que
estavam ali presentes, até ouvir a voz do meu concorrente atrás de mim. Gregory sorriu ao me
encarar, ele estava amando saber que finalmente poderia ter a chance de me derrubar.
— Órion Fantone. — Estendeu a mão, me cumprimentando, fiz o mesmo, apertando sua
mão. — Noite agitada, não é mesmo? — Olhei para fora do lugar pelas enormes paredes de
vidro, os repórteres não sairiam dali.
— Eles estão apenas trabalhando.
— Claro. — Soltou minha mão, olhando para os repórteres. — Ainda bem que você deu
bastante trabalho para eles se envolvendo em um belo escândalo.
— Acredito que o assunto desta noite não seja meus assuntos particulares, e, sim, as
propostas que cada um tem para melhorar a vida da população. — Coloquei as mãos no bolso, o
encarando.
— Apenas um conselho de amigo, da próxima vez que for comer uma garota tão nova, use
preservativos, elas amam dar o golpe da barriga em velhos como você.
Olhei para o chão, contando até cem, mas, naquele momento, nada me faria me acalmar.
Com rapidez, tirei minha mão direita do bolso, partindo para cima de Gregory, e soquei seu
rosto, fazendo o meu concorrente dar alguns passos para trás. Ele passou a mão em seu nariz
onde sangrava.
— Nunca mais abra a boca para falar da minha mulher, caso contrário, eu acabarei com
sua vida.
O meu chefe de segurança me puxou para trás assim que os repórteres começaram a
invadir o restaurante. Eles tiraram fotos sem parar e, quando olhei para o meu concorrente, ele ria
da minha cara, era tudo jogo para eu perder a cabeça.
— Porra! — esbravejei, socando a porta do carro assim que retornamos para mansão. —
Filho da puta …
— Senhor governador, mantenha a calma.
— Mantenha a calma? — Parti para cima de Alder e segurei em seu colarinho. — Ele
falou da minha mulher para eu perder a cabeça.
— E o senhor caiu, não está vendo que ele só quer tirar sua paz. Amanhã a notícia se
espalhará e será mais um escândalo com o seu nome.
— Só pode ser ele — soltei —, com as ameaças.
— Não podemos tirar conclusões precipitadas, muitos no poder querem derrubá-lo.
— Inferno… — Chutei uma lixeira que estava ao meu lado, eu estava perdendo a cabeça.
— Volte para o restaurante, siga-o e descubra algo.
— Certo, senhor.
De todos os meus seguranças, o único que eu confiava era Alder. Fazia anos que ele estava
protegendo minha família e, se alguém poderia descobrir quem estava me ameaçando, esse
alguém era ele.
As coisas estavam cada vez mais difíceis. Em todos os sites de fofoca, Órion aparecia
esmurrando seu concorrente enquanto ele caia no chão. Todos estavam com os nervos à flor da
pele e agora o governador era um vilão para toda a população. Os seus gritos davam para ouvir
fora do escritório, ele tinha perdido o controle e estava quebrando todos os objetos que entravam
pela frente. Nunca tinha o visto assim e sabia que Gregory estava fazendo muito mais do que só
destruir sua reputação.
— Cara ou coroa? — Olhei para trás, vendo Katarina e Melissa conversarem.
— Prefiro cara — uma delas falou, sorrindo.
— O que estão fazendo? — perguntei, dando alguns passos para perto das duas.
— Vendo qual das duas terá a coragem de entrar lá — Melissa falou, segurando a moeda.
— Eu vou, ele vai me escutar. — Cruzei os braços pensativa, eu precisava tranquilizá-lo
antes que algo pior acontecesse.
— Abigail, quando o governador perde o controle, é difícil ouvir alguém, e ele detesta
ouvir conselhos.
— Ela me ouvirá. — Sorrindo, me distanciei delas, indo até a porta do escritório, e dei
algumas batidas antes de entrar. — Amor …
Olhei ao redor, o vendo sentado em sua cadeira. Todas as coisas da sua mesa estavam
jogando no chão, dois quadrados com suas fotos estavam em pedaços e tinha vários cacos de
vidros espalhados pelo chão. Ele se levantou da cadeira rapidamente, vindo até mim, e segurou
em minha mão, me ajudando a desviar dos cacos de vidros.
— Tome cuidado para não se machucar. — Olhei para ele com ternura, pois, mesmo
transtornado, ainda se importava com meu bem-estar.
— O que está acontecendo, governador? Não são só as notícias falsas, eu sinto que algo
está tirando sua paz. — Sentamos juntos no sofá, ele colocou as mãos em seu rosto pensativo. —
Vamos, me conte, eu estou aqui para te ajudar.
— Estão me ameaçando. — Sua voz estava embaçada, apertei sua mão, sentindo um frio
em meu estômago, mas sabia que não poderia ter medo, naquele momento, precisava ser sua
rocha e lhe dar confiança para enfrentar os seus inimigos. — A simples possibilidade de te
perder me assusta e me deixa transtornado.
— Você não vai, não deixe que seus inimigos brinquem com sua cabeça. — Acariciei sua
barba antes de beijar sua boca. — Órion Fantone não tem medo de nada e nem de ninguém,
mostre para eles o quanto é forte.
— Cachinhos, eu estou perdido, o medo acaba me paralisando.
Beijei mais uma vez sua boca antes de puxar a sua mão e levar até a minha barriga. Eu
sabia o que poderia lhe acalmar.
— Eu sei do que você precisa, vem comigo.
Puxei o governador pelo braço, saindo do escritório. Melissa e Katarina observaram tudo
atentamente. Subimos as escadas indo até o nosso quarto, pedi para que ele se sentasse na cama
enquanto eu ia até o closet. Nele, estava o pequeno aparelho que tinha acabado de chegar, um
monitor fetal para podermos ouvir os batimentos dos gêmeos.
— O que está aprontando, cachinhos?
— Você precisa da força de toda sua família e isso inclui os gêmeos. — Levantei o
aparelho, mostrando a ele do que se tratava, Órion abriu um sorriso, seus olhos brilhavam e,
quando me aproximei, ele levantou a blusa, descobrindo minha barriga. — Vamos ouvir o
coração dos bebês.
— Eu te amo tanto, obrigado por estar aqui comigo e me dar forças.
Ficamos por quase meia hora dentro do quarto, apenas ouvindo os batimentos acelerados
dos gêmeos, até que o governador precisou ir para mais uma de suas reuniões. Ele se despediu
beijando minha barriga, um beijo de cada lado antes de me beijar, prometendo que logo
retornaria para os meus braços, mas, quando ele se distanciou, eu senti algo ruim dentro do peito,
como se precisasse, a qualquer custo, falar para ele o quanto o amava. Corri para fora do quarto e
gritei para que ele parasse no meio das escadas. Desci os degraus com cuidado, me aproximando,
e dei um beijo em sua boca, sentindo o aperto dos seus braços rodearem minha cintura.
— Eu te amo, governador.
— Eu também amo, cachinhos.
Era como se fosse uma despedida e isso deixava meu coração pequeno demais dentro do
peito, algo ruim estava para acontecer. Acariciei minha barriga plana, o vendo partir. Estava
preocupada, mas não poderia deixá-lo mais nervoso do que já estava, Órion precisava deixar a
cabeça vazia se realmente quisesse ganhar aquelas eleições e encontrar a pessoa que está lhe
ameaçando. Olhei para trás, vendo Melissa com uma bolsa, ela estava arrumada e parecia que
iria sair da mansão.
— Para onde você está indo? — questionei. Com todos os problemas que estavam
acontecendo, era melhor permanecer na mansão, onde somos bem protegidas.
— Preciso ir ao shopping, não aguento mais ficar aqui, da faculdade para casa e de casa
para faculdade, onde já se viu? — Sorriu, dando de ombros. — Me sinto uma verdadeira
prisioneira.
— Talvez seu pai tenha motivos para isso.
— Temos tantos seguranças atrás de nós que eu duvido muito que alguém consiga se
aproximar de nós duas. — Ela segurou minha mão. — Vamos, você precisa também sair um
pouco, não deixe que meu pai tire sua juventude.
— Eu não sei. — Estava com receio e, ao mesmo tempo, não queria deixar que Melissa
saísse sozinha. — Ok. Eu vou, mas não podemos demorar.
— Tudo bem, podemos só dar uma volta apenas para respirar um pouco e distrair a
cabeça.
Voltei para o quarto, me arrumei, colocando um vestido soltinho e uma rasteirinha, algo
simples e confortável, peguei minha bolsa sobre a cama e, antes de sair, mandei uma mensagem
para Órion, avisando sobre nossa saída. Juntas fomos para um dos shoppings próximos à
mansão, os seguranças estavam atrás de nós como sombras e, quando precisei ir ao toalete,
Melissa me acompanhou. Nós duas estávamos dentro do banheiro, passando batom, quando
fomos surpreendidas com dois homens altos e musculosos, um deles me segurou por trás,
cobrindo minha boca e nariz com um pano, e isso me fez ficar com as pernas moles e cair em um
sono profundo.
Eu não sabia de fato o que tinha acontecido, nem ao menos o tempo que fiquei
desacordada, mas, assim que abri os olhos, eu me surpreendi, estava em um quarto escuro com
apenas uma cama de solteiro. Olhei para o chão, vendo Melissa desacordada ao meu lado. Me
levantei ainda um pouco tonta, coloquei a mão em minha testa, indo até minha enteada, dei
algumas batidinhas em seu rosto e, quando ela abriu os olhos, percebi a sua expressão de medo e
pavor.
— Onde estamos? O que está acontecendo? — gritou ela, nervosa — Os homens de preto,
eles … Meu Deus!
— Calma. — Abracei-a, tentando passar segurança. — Respira fundo, vai ficar tudo bem.
— Foi tão rápido, eles entraram no banheiro e nos doparam — falava apavorada. — Eles
nos sequestraram.
— Deve querer apenas dinheiro, seu pai vai pagar e vamos ser salvas.
— Você está bem? Os gêmeos? — Colocou a mão em minha barriga.
— Está tudo bem, vamos ficar bem.
Paramos de falar assim que ouvimos a porta abrir e um homem entrar em passos lentos,
sombrio e sem vida. Eu não podia acreditar que realmente era aquela pessoa que estava em
minha frente, não poderia ser. Ele está há anos com Órion, não pode ser.
— Alder…, o que está fazendo aqui?
O chefe de segurança soltou uma gargalhada, se encostando na parede atrás dele, e tirou
um cigarro de dentro do bolso, o acendendo logo em seguida.
— Vocês aceitam? Dizem que a nicotina é muito boa para deixar o homem relaxado. —
Sorriu mais uma vez, olhando para um ponto exato em meu corpo. — Ah, é, tinha me esquecido,
você não pode, está grávida.
— Seu traidor, meu pai vai acabar com você — Melissa gritou, furiosa, tentando partir
para cima dele, mas eu a impedi, segurando em sua mão.
— Como ousa falar assim com seu antigo amor? Engraçado que, quando eu te comia às
escondidas, você me dizia que me amava, o que mudou?
Encarei Melissa, atordoada com a revelação daquele segredo, ela ficava com o chefe de
segurança às escondidas, e Órion nunca tinha percebido a aproximação dos dois, aquilo estava
indo de mal a pior, e eu tinha medo do que estava por vir.
— Seu problema é comigo, Alder, solte Abigail, ela está grávida e não tem nada a ver
conosco — implorou Melissa, indo até ele.
— É claro que ela tem tudo a ver, por causa daquele maldito governador você me deixou,
eu te amei tanto e você me largou.
— Alder…, eu…
— Cala a boca. — Segurou com força em seu braço, olhei furiosa para ele, não deixaria
que ninguém machucasse minha enteada.
— Solte-a — bradei, indo até eles. — Você quer dinheiro, não é? Acha que o governador
vai pagar algo se machucar a filha dele?
Alder pensou por alguns segundos e olhou para Melissa antes de empurrá-la para longe. A
pobre garota caiu sobre o chão, corri até ela, puxando seu corpo para os meus braços,
precisávamos manter a calma, Órion descobriria toda verdade e nos encontraria.
Estava trancado em meu gabinete com minha assessora, era hora de colocar as coisas no
lugar e continuar com minha campanha eleitoral. Eu não deixaria Gregory me arruinar tão
facilmente, iria a público contar toda verdade e ser transparente sobre minha relação com
Abigail. A população precisava acreditar no amor e, principalmente, no nosso coração,
infelizmente, neles não podemos mandar. O meu discurso estava quase pronto quando o meu
celular tocou, era um número desconhecido, senti um aperto no peito e logo em seguida veio
minha mulher e minha filha em meus pensamentos, mas as duas estavam seguras em nossa
mansão com o chefe de segurança.
— Alô
— Olá, governador, tudo bem? — Olhei para Katarina, ela me encarava preocupada,
coloquei o celular em viva-voz antes de deixá-lo sobre a mesa.
— Quem está falando?
— Não está reconhecendo minha voz? Assim o senhor quebra meu coração, há tantos
anos sendo seu capacho e nem ao menos minha voz o senhor reconhece.
— Alder. — Minha voz saiu embaçada, era o meu chefe de segurança e eu não entendia o
motivo de ele estar ligando com um número desconhecido. — Não consigo entender por que
está ligando para mim de um novo número? Onde está minha mulher e filha?
— São tantas perguntas, mas só te darei uma única resposta. — Ficou em silêncio por
um breve momento, me levantei da cadeira que estava sentado encarando o celular. — Estou
com as garotas e quero dois milhões de dólares em cédulas e a renúncia à candidatura a
governador, te dou apenas oito horas, só nós dois, sem polícia ou algum tipo de esperteza da
sua parte, caso contrário, eu meto uma bala na cabeça da sua linda família.
Meu mundo tinha acabado de desabar em minha cabeça. O homem que eu tanto confiei
por anos estava me esfaqueando pelas costas por causa de dinheiro. Me sentei na cadeira,
tentando raciocinar e entender o motivo de ele fazer algo tão ruim a minha família. Alder tinha
total liberdade para me pedir dinheiro, eu não negaria, mas chegar a esse ponto, sequestrar minha
família para me chantagear, era demais para mim.
— Senhor governador, está tudo bem? — Katarina deu a volta na mesa, colocando sua
mão sobre os meus ombros. — O senhor precisa saber de algo.
Encarei-a ainda me sentindo aéreo com aquela informação e tentei me levantar, mas
minhas pernas não tinham forças. Tudo que eu conseguia pensar era em como minha família
estava correndo perigo.
— Alder e Melissa tiveram um envolvimento um tempo atrás, foi um pouco antes de
vocês se acertarem. Acho que foi, de certa forma, um desafio a você se envolver com um cara
mais velho, assim como você se envolveu com a Abigail, enfim, foi um caso passageiro, por um
curto período, mas ela não quis continuar, pois se deu conta que não gostava dele e que isso
poderia acabar mal e lhe prejudicar. No entanto, pelo jeito, infelizmente, ele não aceitou bem
esse término e, revoltado, se aproveitou dos seus medos pelo que aconteceu com a Mary. Deve
ter se aliado ao seu oponente e começou com as ameaças, e agora as sequestrou para
conseguirem o que querem, se vingar da rejeição da Melissa. E Gregory espera a sua renúncia à
candidatura a governador — Disse minha secretária, me deixando ainda mais perturbado.
— Como eu não conseguia ver isso? Agora elas estão correndo perigo — falei, me
sentindo perdido, o chefe de segurança vivia do meu lado e eu não notei seus olhares para minha
filha. Que tipo de pai eu sou? Ela agora estava correndo perigo por minha culpa.
— Vou providenciar o dinheiro. — Olhei para ela, me levantando da cadeira. Não seria
tão fácil assim, Alder não queria apenas o meu dinheiro, mas, sim, me ferir e, mesmo que eu lhe
entregasse toda minha fortuna, ele poderia me fazer mal.
Eu precisava colocá-lo na cadeia e a única pessoa que poderia me ajudar naquele momento
era alguém que não ia muito com a minha cara, todavia, eu sabia que ajudaria por causa de sua
irmã.
— Não, você vai ligar para Ítalo, o irmão mais velho de Abigail, meu cunhado é delegado
e poderá nos ajudar.
— Mas ele pediu para não envolver a polícia e …
— Fique calma, faça o que estou mandando, e eu cuidarei desse problema, dando um
passo à frente dele. Alder se acha esperto demais, porém, é apenas um fantoche, ele não faria isso
comigo se não tivesse alguém poderoso por trás de tudo isso.
— Acha que o senhor Gregory está envolvido?
— Tenho certeza disso, mas preciso de alguém de confiança e o Ítalo é a melhor pessoa
para me ajudar nesse caso.
— Vou ligar para ele agora mesmo.
Voltei a me sentar em minha cadeira, olhando o porta-retrato sobre a mesa. Katarina tinha
acabado de colocá-lo ali, com uma foto minha com Abigail e Melissa no dia que estávamos
escolhendo as roupas para os gêmeos. Estávamos tão felizes e agora isso, alguém tentando me
tirar mais uma vez a minha felicidade, mas, dessa vez, eu não deixaria, acabaria de uma vez por
todas com o monstro por trás de todos os crimes cometidos contra minha família.
Logo, as horas se passaram, eu estava nervoso, mas mantive a postura, precisava seguir os
conselhos da minha mulher, agir com a cabeça e deixar as emoções de lado, mesmo estando
completamente apavorado. Levaram quatro horas para que Ítalo chegasse na mansão. Ele ainda
não sabia sobre o sequestro de Abigail, apenas sabia que sua irmã precisava dele.
— Onde está Abigail? Estou preocupado, quando sua assessora ligou para mim, parecia
nervosa.
— Por favor, se sente um pouco, quer algo para beber? — Gentilmente, eu mostrei a
cadeira.
— Não vem com conversinha besta, governador, eu estou aqui para ver a minha irmã, é só
por ela que eu estou falando com você. — Levantou a mão, apontando o dedo em minha cara, —
Acha que já esqueci o que fez? Só não quebro sua cara agora porque minha irmãzinha te ama e
não quero que ela fique brava comigo.
— Senhor Ítalo, eu sei que não gosta de mim, mas estou desesperado, meu chefe de
segurança sequestrou minha filha e Abigail.
Como se eu tivesse acabado de atingi-lo com um soco no estômago, o homem se sentou na
cadeira de frente para mim. Ele pegou um copo com uísque que estava sobre a mesa e tomou em
um único gole.
— Eu vou matar esse filho da puta.
Me sentei na sua frente, olhando para o meu notebook. Ele estava aberto no aplicativo de
busca e localização, e o pequeno rastreador do anel que minha filha usa mostrava o lugar exato
que as duas estavam sendo mantidas como reféns. Melissa não sabia, mas o seu anel que dei de
presente quando ela completou dezenove anos tem um pequeno rastreador para sua segurança,
nenhum dos meus seguranças e, principalmente, Alder, sabia sobre ele, eu tinha feito para mantê-
la protegida, mas não sabia que um dia precisaria usá-lo.
— Elas estão aqui, em um antigo armazém no meio de Los Angeles.
— O que você está esperando? Por que ainda não foi buscá-las?
— Preciso agir com inteligência, eu quero pegar a pessoa por trás de tudo isso e não só o
fantoche.
— Você só deve ter sangue de barata. — Se levantou da cadeira furioso. — Vou agora
mesmo atrás da minha irmã.
— Espere, eu te trouxe aqui porque sei que você tem experiência com armas e vai poder
me proteger. — Ele parou no meio da sala, voltando a olhar para mim. — Vou sozinho até esse
armazém, ele pediu dois milhões de dólares. — Apontei para a mochila preta sobre o sofá. —
Está todo ali, vou levar e me render. Quero fazer o jogo dele até poder descobrir tudo.
— Está se colocando em risco sem saber se realmente está certo? Você acha mesmo que o
mandante vai aparecer no local só por sua causa?
— Se for a pessoa que estou pensando, sim. — Dei a volta na mesa, indo até ele, e
coloquei minha mão sobre os seus ombros. — Escute, enquanto eu estiver conversando com
Alder, tire as garotas do armazém e chame a polícia, vai dar tudo certo.
— Só não morra, meus sobrinhos precisam do pai. — Ele segurou a minha mão sorrindo.
— Vamos acabar com eles, governador.
Era arriscado, talvez Gregory não aparecesse, mas eu precisava tentar não só porque
precisava descobrir tudo, como também as pessoas não mereciam ser enganadas por um homem
sem escrúpulos como aquele. A Califórnia merecia um bom governador, e eu faria o meu melhor
para continuar a servir o povo. Liguei para o número desconhecido, marcando com Alder a nossa
troca. Coloquei um colete e uma escuta e gravaria tudo que ele falasse.
— Você me entendeu? Se algo der errado, grite. Eu estarei por perto e terei o tal homem
em minha mira.
— Fique tranquilo, não chegará a tanto. — Meu cunhado sorriu.
— Governador, eu lido todos os dias com bandidos, conheço bem eles, vão fazer de tudo
para escapar e isso pode custar a sua vida.
— Vai dar tudo certo.
Minha assessora chamou nossa atenção com seu choro alto. Ela estava com medo.
Caminhei até ela sorrindo, dei um abraço e lhe garanti que tudo acabaria bem. Ela era uma boa
amiga, se preocupava com minha família e estava tão decepcionada com Alder assim como eu,
mas conhecíamos o seu real motivo, ele estava apaixonado por minha filha e o amor é capaz de
deixar um homem completamente louco.
Fazia mais de cinco horas que estávamos naquele lugar sujo. Melissa andava de um lado
para outro nervosa, enquanto eu estava deitada sobre a cama. Ele não tinha voltado, e nós duas
estávamos morrendo de fome. Alder nem parecia o mesmo homem de antes, quem Órion
confiava e quem cuidava da segurança de sua família. Sentei-me na cama, me sentindo um pouco
zonza, talvez minha glicose tenha baixado por causa da fome, e isso me preocupava, os gêmeos
precisavam de nutrientes, e eu não poderia ficar tanto tempo sem comer.
— Onde aquele desgraçado está? Você precisa se alimentar — gritou Melissa, roendo as
unhas. Para nossa surpresa e alegria, a porta se abriu e um homem estranho colocou no chão uma
bandeja de comida e água. — Graças a Deus.
Ela pegou em suas mãos as bandejas, colocando sobre a cama, tinha maçã, um pão com
geleia e um copo de água.
— Coma, você precisa se alimentar.
— Vamos dividir — falei, pegando o pão em minhas mãos.
— Não, coma tudo, você está carregando gêmeos, eu posso aguentar.
Sorrindo, ela caminhou até a porta na tentativa de ver algo. Nós duas estávamos com medo
e nervosas, porém, confiantes que logo Órion iria aparecer para nos salvar. Sem mais delongas,
eu comecei a comer, estava com tanta fome que não negaria o pedido da minha enteada. Parecia
que não tinha comido há dias e o sabor dos alimentos me fazia delirar.
— Meu pai precisa vir logo, Alder está louco e pode tentar nos ferir.
— Ele já deve estar vindo.
Paramos de conversar quando ouvimos a voz de Alder do outro lado da porta. Ele entrou
sorrindo e, com uma em suas mãos, apontou para Melissa, que o encarou, tentando se aproximar
dele.
— Alder, por favor, você sabe que ainda te amo. — Deixei a bandeja sobre a cama, me
levantando. O que ela estava fazendo? — Se você quiser, podemos destruir juntos o meu pai e
viveremos o nosso amor.
— Acha que sou idiota, garota estúpida — soltou uma gargalhada —, você não ama
ninguém, é tão podre quanto seu pai e, falando nele, o governador está vindo, a festa vai
começar.
Finalmente, Órion estava vindo para nos salvar. Acariciei a minha barriga sorrindo.
Melissa se aproximou, me abraçando. Estávamos felizes, mas, ao mesmo tempo, eu sentia um
aperto no peito. Alder não era um cara bom e faria qualquer coisa para conseguir aquela grana,
até mesmo machucar o governador.
Nós duas continuamos sozinhas naquele pequeno quarto. Quando ouvimos alguns gritos,
puxei Melissa para um pequeno canto do cômodo, e ficamos encolhidas até que alguém gritou
por mim. Era uma voz familiar, meu coração quase saiu pela boca quando reconheci a voz do
meu irmão atrás da porta.
— Ítalo, o que está fazendo aqui? — perguntei, me levantando e indo até a porta.
— O governador, ele tem um plano, mas preciso tirar vocês daqui primeiro.
— Alder vai voltar, ele … ele … — Melissa falava desesperada atrás de mim.
— Fique tranquila, princesa, eu estou para salvar vocês. — Ela sorriu sem jeito, meus
irmãos tratavam muito bem as garotas e não seria diferente com a filha do governador. — Estou
quase conseguindo abrir … Isso, agora sim. — Ficamos paradas, ouvindo enquanto ele abria a
porta. Meu irmão tinha um ótimo treinamento e sabia arrombar uma porta. — Prontinho.
Assim que ele abriu a porta e apareceu na nossa frente, Melissa correu para os seus braços
e abraçou o meu irmão, o deixando sem jeito. Enquanto ela agradecia, ele olhava para mim
confuso, eu sorri.
— Obrigada, você salvou nossas vidas. — Largou ele com as bochechas coradas assim
que percebeu o que tinha acabado de fazer.
— Não precisa agradecer, princesa, ainda não estão salvas, precisamos sair daqui.
Antes de sairmos do quarto, eu também abracei o meu irmão. Ele examinou o meu corpo
para ter a certeza de que estava tudo bem comigo antes de me puxar pela mão. Na ponta dos pés,
corremos até a parte de trás, mas, quando ouvi o disparo, parei no caminho. Eu não poderia ir
embora sem o governador.
— Abigail, que merda está fazendo? Vamos!
— Não posso deixar Órion aqui. — Neguei com a cabeça. — Ele está correndo perigo e
deve estar ferido.
— Droga! — Sacou uma arma, andando até mim. — Você vai ficar me devendo. — Olhou
para Melissa. — Princesa, leve-a daqui, vou salvar o seu pai. — Jogou as chaves do carro para
minha enteada.
— Toma cuidado. — Sorrindo, Melissa me puxou para sairmos do armazém.
Juntas, corremos para o carro. Ela abriu a porta e, quando estávamos prestes a entrar, eu
pude ver Gregory entrar em um carro e sair correndo dali. O que ele estava fazendo ali? Entrei no
carro, passando o cinto de segurança ao redor do meu corpo. Eu sentia meu coração doer,
preocupada demais com Órion, mas tinha a certeza de que meu irmão cuidaria do pai dos meus
bebês.
Assim que chegamos na mansão, Katarina nos ajudou. Eu estava trêmula e, quando ela
mediu minha pressão, constatou que estava alta. Eu fui direto para o banheiro, tomei um banho e
vesti algo leve. O médico chegou em seguida para me examinar e, graças a Deus, tudo estava
bem comigo e com os gêmeos.
— Nenhuma notícia — falei, andando de um lado para o outro. — Se algo acontecer a
Órion, eu …
— Abigail, sente-se aqui. O médico disse que não pode passar por mais estresse, pense
nos gêmeos, o senhor Órion sabe o que está fazendo, aquele homem é muito inteligente e não se
colocaria em perigo assim.
Estava prestes a protestar quando Melissa apareceu no quarto com um tablet em suas
mãos. Ela sorriu, mostrando a notícia que tinha acabado de sair.
— Meu pai está bem. Alder está morto e eles vão dar uma entrevista daqui a pouco.
— Sinto muito por ele, mesmo sendo um traidor, não merecia morrer, mas tudo que
fazemos nessa vida tem consequências e que bom que agora tudo está acabado. — Abracei
Katarina. Estávamos livres.
Melissa se juntou a nós duas, então gritamos e pulamos de alegria, mas não durou muito,
um barulho alto ecoou no andar debaixo da mansão, como uma explosão. Rapidamente nos
separamos, Katarina saiu do quarto para ver o que estava acontecendo e, quando voltou, estava
com uma expressão de medo em seu rosto.
— Colocaram uma bomba na mansão, está tudo pegando fogo, precisamos sair daqui
agora.
Deixei algumas lágrimas caírem. Aquele pesadelo nunca iria acabar. Segurando na mão de
Melissa, corremos para fora. A fumaça já estava por toda parte. Eu temia pelos meus bebês,
aquilo não poderia estar acontecendo.
Algumas horas antes

Segui entre as ruas cheia de coqueiros de Los Angeles olhando para a bolsa preta cheia de
dinheiro ao meu lado e, em seguida, olhei pelo retrovisor, vendo Ítalo me seguir. Vamos resolver
todos os problemas e, no final, eu acabaria com a raça de Gregory. Ele não ganharia as eleições,
não deixaria que um homem tão mesquinho e sem coração pudesse ser o governador do estado.
Liguei a escuta que estava em minha roupa e depois o microfone, e testei, falando com
meu cunhado, repassando o plano. Ele iria entrar no armazém, enquanto eu distraia Alder. A
prioridade era a segurança da minha mulher e da minha filha, nada era mais importante do que
isso.
— Assim que eu estiver dentro, você corre para salvar as garotas — falei assim que desci
do carro. Ítalo fez o mesmo atrás de mim.
— Fique tranquilo, vou tirá-las daqui. — Segurei seu braço antes de ele se posicionar.
— Diga a ela que a amo, caso aconteça algo comigo …
— Governador — ele me encarou, olhando bem no fundo dos meus olhos —, trate de
voltar para cuidar da minha irmãzinha e dos meus sobrinhos.
Sorri amargamente, arrumando meu terno, e peguei a mochila com o dinheiro, sentindo
um frio no estômago. Encarar Alder depois de ele ter me apunhalado pelas costas me deixava
nervoso. Não era fácil, para mim, descobrir uma traição de alguém tão próximo e a quem eu
confiei a segurança de minha família.
Ítalo e eu decidimos parar o carro um pouco longe do armazém. Caminhei em passos
largos até o lugar, era um canto abandonado e, nos fundos, tinha um pequeno quarto. Eu sabia
que minha mulher e minha filha estavam lá. Precisava ao máximo enrolar Alder até que elas
estivessem distantes e fora de perigo.
— Olha só quem chegou — falou o homem em quem confiei por anos e que agora estava
em minha frente com uma arma apontada para mim. — O grande governador Órion Fantone.
— Estou aqui, Alder, seu maldito traidor — furioso, eu gritei. — Como pode passar anos
ao meu lado e me trair assim por causa de dinheiro? Eu confiei a segurança da minha família a
você.
— Governador, você não se importa com sua família, na verdade, nem tempo para sua
filha você tem. — Passou a mão nos cabelos descontrolado. — Pouco tempo atrás, eu tive um
pequeno caso de amor com Melissa e, quando eu estava completamente rendido aos encantos
dela, a garota me abandonou por culpa sua. Ela não teve coragem de te enfrentar porque sabia
que ficaria contra nosso romance.
— Minha culpa? Eu nem ao menos sabia sobre esse amor seu pela minha filha. — Dei
alguns passos para frente, jogando a mochila no chão. — Se soubesse...
— Não se faça de idiota — me interrompeu gritando. — Ela me abandonou por culpa sua,
para não ter um escândalo na família tão perfeita, e agora, você, um homem tão poderoso,
engravidou uma garota mais nova, a hipocrisia.
—Vamos conversar, Alder, podemos resolver tudo isso em paz — falei, levantando as
mãos.
— Não temos o que resolver, estou cansado de viver apenas para o grande governador. —
Apontou a arma para minha cabeça. Eu estava com medo e, quando ele disparou, fechei os olhos
me lembrando do sorriso de Abigail e dos olhos da minha filha. Eu não veria o nascimento dos
gêmeos. — Abra os olhos, governador. — Soltou uma gargalhada. Fiz o que ele pediu, olhando
para trás. A bala tinha perfurado a parede atrás de mim. — Não sou a pessoa que vai te matar
essa noite.
— Eu trouxe o seu dinheiro, está tudo aí, me deixe ir embora com minha mulher e filha.
— Acha mesmo que vai ser tão fácil assim? Algumas noites atrás, eu descobri quem
estava mandando os pequenos bilhetes ameaçando sua mulher. — Caminhou até mim até
ficarmos de frente um para o outro, encarei seus olhos com fúria. — Gregory, o próximo
governador da Califórnia.
— Claro que é ele, eu sabia.
— Ele me disse que faria você sofrer e que, no final, tiraria tudo da sua vida, assim como
tirou sua mulher anos atrás.
— Aquele desgraçado, eu vou acabar com a vida dos dois.
— Corajoso, mas não se esqueça que estou com sua mulher e filha. A decisão é sua se elas
vivem ou morrem. — Colocou a mão em meus ombros. — Renuncie ao seu cargo, entregue tudo
para Gregory e aprove o meu casamento com Melissa.
— O quê? Você só pode estar louco — Olhei para o fundo do armazém, parecia que Ítalo
estava saindo com as garotas. Com rapidez, segurei na arma de Alder e um tiro foi disparado,
acertando o teto do lugar.
— Órion Fantone. — Fui jogado para trás, caindo sobre o chão ao ouvir a voz atrás de
Alder, era Gregory. — Finalmente, vou tirar você do meu caminho. Atire nele, agora.
Olhei para Alder, sentindo meu coração disparar. Não queria morrer agora, não sem antes
ser um pai melhor para Melissa, sem cuidar de Abigail em sua gravidez e sem conhecer nossos
gêmeos.
— Por favor, Alder, você é praticamente da minha família e … — O barulho alto ecoou
pelo armazém. O tiro foi bem no meio da cabeça do meu antigo chefe de segurança. Ítalo estava
com a arma ainda apontada e o sangue que espirrou sujou minha roupa.
— Achou mesmo que te deixaria morrer assim? Você tem responsabilidades com minha
irmã e trate de pedi-la em casamento logo.
Ele veio até mim, estendendo a mão para me ajudar a se levantar. Sorrindo, eu aceitei a
sua ajuda, olhando para trás. Foi nesse momento que percebi que Gregory já tinha fugido como
um rato que ele é. Aquele maldito pagaria caro por ter matado Mary e ferido a minha família, eu
o colocaria atrás das grades.
Em pouco tempo, a polícia chegou no local. Meu cunhado tratou de contar tudo para eles
enquanto eu tentava ligar para minha mulher, mas Abigail não atendia e isso fez meu peito doer,
o meu inimigo estava livre e ele poderia tentar terminar o que tinha começado.
— Preciso ir — falei, segurando o braço de Ítalo.
— A impresa vai começar as entrevistas e…
— Agora, Ítalo, sinto que algo muito ruim está prestes a acontecer.
— Merda, governador, você está tirando os meus quinze minutos de fama!
Juntos, corremos até o meu carro. Ítalo foi dirigindo, enquanto eu continuava com as
ligações, mas ninguém atendia, nem mesmo minha assessora. Acariciei o meu peito, sentindo um
vazio em meu coração, e sabia que aquilo não era um bom sinal, minha família estava mais uma
vez em perigo.
— Nada? Ela não atende! — Soquei o painel do carro. — Tem algo de errado.
— Calma, já estamos chegando.
Parecia uma eternidade e, a cada minuto que passava meu coração, ficava ainda mais
apertado. Eu sentia que elas não estavam bem e que precisavam de mim. Quando o carro parou
na frente da mansão, eu quase não acreditei no que estava em minha frente. O lugar estava
pegando fogo, mas não pensei duas vezes e corri para dentro. A fumaça estava por todos os
cantos e, quando cheguei no meio da sala, ouvi os gritos de pedido de socorro da minha filha.
— Socorro, alguém nos ajude. — Correndo até elas, eu me joguei no chão, vendo o corpo
de Abigail sem vida. — Papai, graças a Deus!
Peguei minha mulher em meu colo, mas não deu tempo nem ao menos de abraçar a minha
filha, pois Ítalo apareceu atrás de mim igual a um furacão e olhou para a irmã assustado antes de
olhar para Melissa e Katarina. As duas estavam conscientes, porém, tossiam muito.
Corri para fora, tirando minha mulher da mansão e, assim que cheguei no jardim, meu
cunhado apareceu com Melissa e Katarina.
— Cachinhos, acorde..., por favor … — Abracei seu corpo ainda desacordado. — Não me
deixe. — As lágrimas grossas já caíam sobre o meu rosto, eu não poderia perder o arco-íris de
minha vida, a pessoa que tinha colorido tudo e me feito me sentir vivo novamente.
— Go-go – vernador. — Seu sussurro foi como uma luz no final do túnel de minha vida,
meu coração disparou e eu voltei a respirar tranquilamente. Minha família finalmente estava a
salvo e o pesadelo tinha acabado. — Você está bem?
— Agora estou, eu quase morri quando te vi caída no chão e desacordada.
Abracei seu corpo com força, beijando sua boca. Minhas lágrimas caíam cada vez mais, e
eu não me importava de demonstrar a minha fragilidade naquele momento, até porque não era o
governador que estava ali, e, sim, um homem perdidamente apaixonado que quase perdeu o amor
de sua vida.
— Olha lá, ele está fugindo! — Soltei Abigail, olhando para trás, era Gregory correndo
pelo jardim. — Eu vou acabar com esse desgraçado. — Me levantei, deixando Abigail com
Melissa, e corri o mais rápido que pude até pegá-lo. Então, parti para cima de Gregory,
esmurrando seu rosto, eu queria matá-lo com minhas próprias mãos.
— Chega, cunhado. — Senti quando Ítalo me puxou de cima dele. O maldito estava
desacordado por causa das pancadas, seu rosto sangrava e eu tinha certeza de que tinha quebrado
seu nariz. — Você está preso, senhor Gregory, tem direito de permanecer calado e… Foda-se. —
Ítalo o chutou com força. — Você mexeu com a minha irmãzinha, eu deveria…
— Fique tranquilo, eu vou fazer com ele nunca mais veja a luz do dia. Gregory vai
apodrecer atrás das grades.
Estava tudo acabado, finalmente o pesadelo tinha passado e agora era hora de aproveitar a
minha vida ao lado da minha família. Abracei minha mulher e Melissa sorrindo, eu tinha tudo
que eu sempre sonhei e já não me importava mais com a política, queria apenas gritar para o
mundo ouvir o quanto amo Abigail.
Quando eu vi Órion pela primeira vez, eu me senti totalmente atraída por ele, mas tentei, a
todo custo, fugir, me esconder daquele sentimento sem entender que, quando é amor de verdade,
nada pode atrapalhar. Você pode passar anos longe, pode viajar, pode até mesmo arrumar outra
pessoa, mas algo sempre vai te puxar para os braços dele e te mostrar que a única coisa que te
completa de verdade é estar ao seu lado.
Nos dias seguintes após o pesadelo que foi o sequestro e a explosão na mansão, o senhor
governador me levou para fazer vários exames até ele se convencer que os gêmeos, assim como
eu, estavam bem.
Meus pais surtaram quando descobriram tudo, e minha tia acolheu Ítalo em sua casa,
animada. Não poderia acreditar que meu irmão simplesmente largou tudo para ajudar Órion e
ainda por cima tinha se tornado um grande amigo dele.
— Você está pronto? — perguntei, arrumando sua gravata. Ele faria um discurso no meio
de uma multidão.
— Não, mas, pela primeira vez na vida, eu vou falar um discurso feito com as palavras
que saíram do meu coração.
— E ganhará as eleições graças a elas.
Órion me deu um beijo intenso, algo que sempre me deixava de pernas bambas. Meu
coração disparava todas as vezes que sentia seu toque e os pelos dos meus braços se arrepiavam,
era como uma chama dentro de mim e eu sabia que ele me completava. Ouvimos os gritos de sua
assessora atrás de nós dois e ela o puxou pelo braço, informando que a hora do discurso tinha
chegado e que eu deveria ficar ao lado dele. Me sentia nervosa e ansiosa, era a primeira vez que
iria aparecer em público como namorada do governador.
Observei toda a multidão com placas e bandeiras, estavam agitados e, quando viram
Órion, se calaram. Ele pegou um microfone em suas mãos, caminhando até o meio do palco.
— Eu vim aqui com um discurso que passei horas e horas escrevendo, queria poder, em
um simples papel, descrever tudo que passei durante a campanha desse ano, mas, se eu fosse
colocar em palavras o que sinto em meu peito, passaria muito tempo e, cá entre nós, todos vocês
estão loucos para voltarem para suas casas. — Todos sorriram. Cruzei os braços, me sentindo
ainda mais apaixonada, ele é tão lindo e encantador. — Sei que cada um aqui tem alguém em
casa a sua espera, pode ser a mãe, o pai, o irmão, a esposa e até mesmo um filho, todos nós
temos alguém muito importante que nos faz ver a vida de outra forma, que faz o nosso coração
bater todos os dias e nos dá força para continuar. Um tempo atrás, eu encontrei alguém que
muitos me disseram que era errado amá-la, um verdadeiro escândalo, fui criticado, tentaram de
todas as formas acabar com o nosso amor, mas algo que quero passar para vocês hoje é que não
tenham medo. Quando encontrarem o amor para vida de vocês, lutem, não desistam, sejam fortes
e perseverantes, até porque, no final de toda história, é este sentimento que vence.
Meus olhos já estavam cheios de lágrimas, a multidão aplaudiu, alguns gritam, outros
choram. Órion estendeu sua mão, me chamando para o meio do palco. Com as pernas bambas, eu
caminho até ele e segurei sua mão sem acreditar no que ele estava prestes a fazer. Se ajoelhando
em minha frente, o governador abriu uma caixinha com um lindo anel de diamantes.
— Eu posso perder a campanha e não ser mais o governador de vocês, mas não posso
deixar o amor da minha vida passar. Eu acredito que, para poder cuidar de um estado, eu preciso
primeiro cuidar do meu coração e da minha família. — Ele sorriu, beijando minha mão. — É por
isso que hoje eu estou aqui, de joelhos, para pedir Abigail Lacoste, a garota que me fez ficar
obcecado pelo seu sorriso, em casamento. Você aceita governar a minha vida?
— Sim, mil vezes sim. — Pulei em seus braços, fazendo nós dois cairmos no chão. Todos
gritavam, aplaudindo o nosso amor. Sorrindo, eu olhei em seus olhos: — Eu te amo, governador.
— Amo você, cachinhos dourados.
O discurso foi tão perfeito que as pesquisas do dia seguinte mostravam que Órion já estava
na frente. Gregory tinha sido preso, mas o partido já havia arrumado outra pessoa para colocar
em seu lugar.
Saí do carro com sua ajuda, estava com uma venda em meus olhos, ele queria me fazer
uma surpresa, e eu não fazia ideia do que se tratava, mas, assim que saí da faculdade, segui meu
noivo, confiando em seus planos para nossa vida.
— Já posso abrir? — Era a quinta vez que eu fazia aquela pergunta.
— Calma, ansiosa. — Senti seus braços me posicionarem. — Isso, fique de frente e conte
até três. — Respirei fundo, sentindo seu beijo em minha testa.
— Um… dois … três. — Ao levantar a venda, eu fiquei confusa. Na minha frente, tinha
uma linda mansão com um grande jardim cheio de rosas, um pequeno parquinho com balanços e
escorrega e, na entrada, uma enorme varanda. — Que lugar é esse?
— O nosso novo lar. — Me agarrou por trás, colocando sua mão sobre minha barriga. —
Um lar enorme para encher de pirralhos por todos os lados.
— Você está falando sério? — Sorrindo, eu me virei para encarar seus olhos azuis.
— Sim, Melissa já está lá dentro, escolhendo o quarto dela, e o dos gêmeos é do lado do
nosso.
— Governador, você é incrível!
— Repita isso quando estivermos a sós entre quatro paredes.
Dei um tapinha em seus ombros. Ele me pegou em seu colo, me carregando até a porta de
entrada da mansão e, com o pé direito, entramos no lindo lugar, enorme e com uma escada.
— Olhe para cima — sussurrou em meu ouvido. — Vamos dormir debaixo das estrelas.
Assim que olhei para o teto, pude ver o lindo desenho de um céu estrelado. As estrelas
brilhavam com o contraste da luz do luar, parecia real e eu me sentia debaixo do céu do Texas.
— Agora você sempre estará debaixo do mesmo céu estrelado que sua família e não vai
sentir tanta falta deles.
— Deus, você pensou em tudo! — Abracei-o mais uma vez, sentindo o calor do seu corpo.
Órion sabia o quanto sentia falta dos meus pais e agora, vendo aquele lindo céu estrelado, me
sentiria em casa novamente.
— Agora eu sei o quanto o amor da família é importante, por isso, quero sempre meus
filhos perto de mim.
Fomos interrompidos quando meu irmão apareceu atrás de nós, impedindo que Órion me
beijasse outra vez. Ítalo estava com um enorme buquê de flores brancas, e eu me perguntava para
quem era aquele presente.
— Irmão, você trouxe flores para mim — afirmei, dando alguns passos até ele. Tentei
pegar o buquê em minhas mãos, mas Ítalo desviou, olhando para as escadas da mansão. Olhei
para trás, vendo Melissa descer os degraus com um enorme sorriso no rosto. — Hum, já entendi
tudo.
— Entendeu o quê? — Órion perguntou me encarando. Ele não conseguia perceber o que
estava acontecendo. — Cachinhos?
— Nada, amor, acho melhor você me mostrar o quartinho dos gêmeos.
— Mas… filha, para onde está indo? — Puxei meu noivo, o fazendo subir os degraus.
— Governador, pare de ser tão controlador, deixe a garota. — Eu olhei para Melissa,
dando uma piscadinha de olho. — Os gêmeos estão com desejo.
— Obrigada, boadrasta — sussurrou correndo até o meu irmão.
Eu esperava que os dois escrevessem juntos uma linda história de amor, mesmo sabendo
que Órion ficaria furioso, mas não poderia falar nada, a história se repetia, sua filha dez anos
mais nova com um delegado mais velho.
— Desejo? Me diga o que quer que eu irei buscar. — Prestativo, ele passou sua mão pela
minha cintura, me ajudando a subir as escadas. — Tudo para a mulher que amo.
— Sorte de chocolate com picles.
Sua cara de nojo me fez soltar uma gargalhada, eu não conseguia acreditar que, depois de
tanta tempestade, estávamos juntos e felizes em nossa casa, construindo uma linda família e
alimentando todos os dias o nosso amor.
Órion não demorou muito para correr até a loja de conveniência mais próxima, era
prestativo demais como pai e não deixava nenhuma outra pessoa fazer minhas vontades, ele se
esforçava ao máximo para estar sempre ao lado.
— Que delícia — gemi, comendo um pedaço dos picles melado de sorvete de chocolate.
— A melhor coisa que já comi.
— Se continuar gemendo assim, vou acabar estreando essa bancada — falou o
governador, se aproximando de mim, e beijou o meu pescoço, me fazendo sorrir.
— Não é uma ideia ruim. — Olhei para os lados, vendo os lindos móveis da cozinha
planejada. — Mas, antes, quero te perguntar algo.
— Estou todo ouvidos, cachinhos dourados.
— Eu sei que ainda não sabemos o sexo dos gêmeos, mas estou tão ansiosa e queria saber
se tem algum nome em mente.
— Como eu sei que vão ser dois meninos, eu já tenho um nome para um deles. — Cruzou
os braços, e eu encarei meu noivo curioso — Lucas, que significa luz.
— Lucas … — pronunciei, gostando da sua escolha. — Você andou pesquisando?
— Claro que sim, eu tenho uma lista em minha cabeça, mas, quando eu li o significado
desse nome, achei que se encaixava perfeitamente. — Descruzou os braços, se curvando um
pouco para frente, e beijou minha barriga. — Os gêmeos são a luz que a minha vida precisava.
Eu estava emocionada com o seu jeito, tão lindo e fofo. O governador estava rendido aos
nossos bebês e eu tinha a certeza de que ele seria o melhor pai do mundo para os dois. Acariciei
os seus cabelos enquanto ele conversava com os gêmeos.
A minha intuição de mãe sabia que não seriam dois meninos, ou duas meninas, mas, sim,
um casal. Lucas e Luísa, o menino sendo nossa luz, e Luísa, a nossa guerreira gloriosa.
Alguns meses depois

Ganhar as eleições depois de tudo que aconteceu foi algo memorável, mostrando para
todos que o amor sempre vence e que, independentemente de classe social, cor, religião e
diferenças de idade, a força desse sentimento ultrapassa todos os obstáculos.
Os dias pareciam uma verdadeira eternidade, eu contava os segundos para poder pegar os
gêmeos em meus braços e poder contar histórias para eles dormirem. Abigail está a cada dia mais
linda, com sua barriga redonda e seu brilho no olhar, nunca pensei que ela pudesse ficar ainda
mais perfeita, mas a gravidez ressaltou sua beleza.
Olhei para a mesa do meu gabinete, ouvindo o meu celular tocar. Na tela, apareceu o nome
do meu grande amigo, que também é governador e que, por coincidência, é pai de duas
garotinhas gêmeas. Assim como eu, ele teve dois de uma só vez. Apertei no botão verde, levando
o celular ao ouvido.
— Hunter[1], quanto tempo, como vai a vida de pai de gêmeas? — falei com um sorriso
no rosto, logo seria eu. — Está preparado para descobrir que logo terá dois genros batendo em
sua porta? — Ele soltou uma gargalhada.
— Nos seus sonhos, Órion, nenhum garoto chega perto das minhas filhas, muito menos
os seus. — Era engraçado brincar com meu amigo, ainda mais tendo a certeza de que os meus
são dois garotinhos. — Já foi para consulta? Quero saber em primeira mão que são duas
meninas, não é justo só eu criar cabelos brancos.
— Já te disse, eu serei pai de dois garotinhos, e eles vão namorar as suas filhas.
— Não diga besteira, elas vão virar freiras e, se você realmente estiver certo, eu acabarei
com a raça dos seus garotinhos se chegarem perto das minhas meninas.
Era engraçado pensar que uma amizade tão antiga não tinha acabado, mesmo distantes, eu
gostava de irritar Hunter, ainda mais agora que ele teve duas filhas. Estava prestes a retrucar
quando a porta do meu gabinete foi aberta, dando espaço para a minha mulher entrar, seus pés já
estavam inchados e ela parecia uma patinha, andando com sua mão sobre sua barriga redonda.
— Preciso desligar agora, logo mais te contarei sobre os seus genros.
— Vai se ferrar, Órion.
Irritado, meu amigo desligou em minha cara. Sorrindo, eu dei a volta na mesa, indo até
Abigail. Abracei seu corpo antes de segurar o seu rosto e beijar sua boca, e me ajoelhei em sua
frente, beijando um lado de cada vez de sua barriga. Hoje era o dia que descobriria o sexo dos
dois e tinha a certeza de que seriam dois garotinhos fortes e saudáveis que me dariam muito
orgulho.
— Como estão meus meninos? — Um chute forte sacudiu a minha mão. — Esse vai ser
um jogador — contei, encarando os olhos da minha mulher.
— E se for uma jogadora? Eu tenho quase certeza de que um deles é uma menina.
— Não diga isso, já basta Melissa me deixando louco. — Me levantei do chão e acariciei
os seus cabelos, um pouco irritado ao lembrar do romance de milha filha com aquele delegado
idiota. — Seu irmão agora disse que não vai mais embora, tirou férias da delegacia e ficará uns
meses aqui.
— Ítalo é um bom homem. — Mas não é bom demais para minha filha, na verdade,
nenhum homem seria bom suficiente para as minhas garotas.
— Mas é muito velho para ela, Melissa é uma bebê e não entende nada da vida.
Abigail levantou sua mão, dando um tapinha em meus ombros, arqueei as sobrancelhas,
reclamando, e ela colocou as mãos na cintura, se preparando para ter a mesma conversa de
sempre.
— Eu também sou uma bebê, e você me engravidou de gêmeos, senhor governador. — Eu
amava quando ela me chamava de governador, aquilo fazia meu pau ficar duro como pedra.
— Quanto tempo temos até a consulta? — Coloquei a mão dentro do decote de seu
vestido, apertando um dos seus seios fartos.
— Não mude de assunto e … — Antes que ela pudesse protestar, eu me curvei para frente,
beijando seu pescoço enquanto apertava o bico do seu seio. — Ah … isso não vale, eles estão tão
sensíveis.
— Vamos parar de brigar e aproveitar um pouco que estamos a sós, no gabinete —
sussurrei em seu ouvido —... relembrar os velhos tempos.
— Governador…, você está se aproveitando de uma mulher grávida?
— Não é qualquer mulher, é o amor da minha vida. — Peguei seu corpo em meus braços,
me dando conta do quanto Abigail estava ficando pesada. — Está ficando pesada — pensei alto,
me arrependendo logo em seguida.
— O que você disse, governador? — Furiosa, ela me encarou.
— Nada, cachinhos. — Beijei sua boca, caminhando até o sofá da sala do gabinete. —
Você está perfeita como sempre.
— Acho bom mesmo, se estou gorda, é graças a você que me engravidou. — Me sentei no
sofá com ela em meus braços. — Agora pare de conversar e me foda, a gravidez está me
deixando cheia de tesão.
— Seu desejo é uma ordem. — Desabotoei a minha calça, descendo o zíper para baixo, e o
meu pau já estava latejando e escorrendo o pré-gozo. Aquela mulher me deixava completamente
louco. — Cavalguei nele.
Levei uma das minhas mãos até sua calcinha molhada, puxando para o lado. Abigail, com
cuidado, se arrumou, colocando um joelho de cada lado do meu corpo, então, eu encaixei a
cabeça do meu pau em sua entrada molhada e, quando minha mulher deslizou sobre ele,
engolindo tudo de mim, eu soltei um gemido baixinho.
— Ah…, governador…, isso é tão gostoso… eu estou com tanto tesão... — sussurrava em
meu ouvido, se movimentando um pouco com dificuldade por causa da sua barriga grande.
Segurei em suas coxas, a ajudando com os movimentos, intensificando cada vez mais. Fechei os
olhos, jogando a cabeça para trás, estava a ponto de explodir.
— Oh... que boceta deliciosa!
— Eu não posso aguentar por muito tempo. — Beijei sua boca, sentindo nossos corpos
quentes. — Eu vou… vou…
— Goze, meu amor — ordenei, fazendo o mesmo, enchendo minha mulher com minha
porra e a fazendo ficar completamente suja.
Abigail, cansada, deitou sua cabeça sobre os meus ombros, acariciei os seus cabelos com
uma das mãos e a outra levei para sua barriga, os bebês chutavam animados, e eu me sentia
péssimo por fazer toda aquela bagunça, mas o doutor tinha me garantido que não faria mal para
os bebês, mas eu me preocupava, meu pau é relativamente grande e pode cutucar a cabeça deles.
— Por que está rindo? — Minha mulher me encarou, levantando a cabeça.
— Será que meu pau bateu na cabeça dos gêmeos?
Saindo de cima de mim, ela se levantou do sofá. Suas pernas estavam sujas com meu gozo
que escorria entre as suas coxas. Abigail soltou uma gargalhada, massageando sua barriga.
— O pai de vocês é tão iludido, o pau dele não chegou nem perto de cutucar o meu útero.
Arqueei as sobrancelhas, me sentindo ofendido. O que ela estava querendo dizer com
aquilo? Meu pau é um grande pau, maior que a maioria, não que eu tenha visto outros, mas, pelo
que falam, ele tem um tamanho bom. Ela caminhou para o toalete, que tinha um ótimo chuveiro,
assim como roupas limpas para a minha mulher. Sempre que ela vinha ao gabinete e precisava de
um banho, tinha estoque de roupas, para nós dois, na verdade.
— Não chegou perto? — questionei, indo atrás dela. — Você quer dizer que meu pau é
pequeno? — Abigail se virou sorrindo. — Não brinque comigo, cachinhos, quero uma nota para
ele.
— Pare de ser bobo, seu pau é um grande pau.
— Um pauzão? — Ela afirmou com a cabeça, me deixando mais tranquilo. Se alguém
ouvisse aquela conversa, nunca mais me respeitaria como governador e eu virava um bobo perto
dela — Eu te amo.
— Eu também te amo, governador, e amo seu pauzão.
Soltamos uma gargalhada, indo para o banheiro. A vida com Abigail era doce, cheia de
risos e encantos, a dor do passado tinha ficado para trás e até mesmo a culpa não existia em meu
peito graças a ela, meu arco-íris cheio de cor e vida.
Depois de ficarmos prontos, fomos direto para a clínica, pois o médico já estava à nossa
espera. Ansioso e nervoso ao mesmo tempo, eu batia os pés no chão. Em cada ultrassom que
fazíamos, eu sentia uma emoção incrível, como se eu finalmente tivesse encontrado o amor mais
puro e verdade, até porque o amor de um filho é maior do que qualquer coisa no mundo e, depois
de tantos anos, eu conseguia entendê-lo de verdade, meus três filhos eram a coisa mais
importante da minha vida.
— Você vai fazer um buraco no chão — Abigail chamou minha atenção, apertando com
força a minha mão.
— Ele está há cinco minutos mexendo no aparelho e não fala o sexo dos gêmeos —
comentei. — Doutor, se quiser, podemos esperar até o nascimento.
— Governador… — Ela apertou ainda mais a minha mão com um olhar fulminante, não
conseguia contar a ansiedade e estava demorando demais.
— Desculpe, estava apenas confirmando o que acabei de ver. — Olhou para nós dois
sorrindo. — O primeiro bebê é um belo garotinho.
— Isso, eu sabia — gritei, pulando da cadeira ao lado da cama que Abigail estava deitada.
— E o segundo bebê é uma garotinha sapeca.
Voltei a me sentar, sentindo o meu coração disparar, já não bastava Melissa se encantando
com aquele delegado idiota, agora eu teria outra garotinha para um garoto qualquer roubar de
mim.
— Garotinha e sapeca? Eu preciso ligar para Katarina, minha assessora precisa contratar
mais seguranças com urgência.
Sorrindo, Abigail me puxou para um beijo. Independente do sexo dos meus bebês, eu os
amo incondicionalmente, assim como amo minha primogênita, que a cada dia está me dando
mais trabalho. Não queria que me abandonasse e muito menos que se apaixonasse pelo meu
cunhado. Em minha cabeça, Ítalo estava apenas se vingando por eu ter ficado com sua irmã, e era
uma bela dor de cabeça.
Segurando a mão da minha mulher, fomos até a sala de espera, todos da família estavam lá
para saber o sexo dos gêmeos e, quando gritei que seria um casal, todos comemoraram felizes,
era mais uma página linda da minha vida que estava prestes a escrever.
— Governador, conseguiu o que queria, ficou com minha sobrinha e a engravidou de um
casal de gêmeos. — A tia de Abigail tinha se tornado uma amiga e sabia o tamanho do meu amor
pela sua sobrinha e pelos bebês em seu ventre. — Parabéns, eu nem acredito que a família está
crescendo e que vou ter dois bebês para mimar e paparicar.
— Obrigado, Dakota, se não fosse por você, eu não estaria vivendo os momentos mais
incríveis da vida e te garanto que farei o impossível para manter o sorriso no rosto de Abigail.
— É uma promessa, governador?
— Mais que isso, uma devoção a minha cachinhos dourados.
Ela me abraçou sorrindo, agora eu sentia a força de uma família e de como era bom me
sentir querido e amado pelas pessoas a minha volta, sem eles se importarem com a minha conta
bancária, apenas amor e só amor.
O tempo passou.
Quando eu era muito pequena, brincava de casinha de boneca com minhas amigas. Na
época, eu era supercuidadosa, colocava a roupinha, fingia dar de mamar, colocava para dormir e
até mesmo colocava para arrotar. Era engraçado me lembrar dessas coisas sabendo que estava
com oito meses de gravidez e que, a qualquer momento, poderia dar à luz a um casal de gêmeos,
que não era uma mais uma brincadeira de criança, e, sim, uma realidade da minha vida.
Assustada, escondi ainda mais o meu rosto no peito do meu noivo, era madrugada, eu não
tinha dormido e não tinha deixado Órion dormir. As paranoias pairavam sobre minha cabeça, o
medo de não ser uma boa mãe e de não dar conta dos gêmeos me deixava louca e ainda tinha a
faculdade, que estava trancada até eu dar à luz aos bebês e poder voltar a minha rotina de antes,
mas eu sabia que não conseguiria deixar os pequenos sozinhos, eram tantas inseguranças que eu
não parava de chorar.
— Que tal contratar duas babás? — Levantei meu rosto para encará-lo com fúria. —
Quatro?
— Eu não quero babás, pelo menos durante os primeiros meses.
— Ok. Sem babás. — Beijou meu rosto, ele é compreensível. Mesmo que a reta final da
gravidez tenha me deixado mais sensível do que o normal, Órion era sempre paciente com
minhas crises de choro.
— Você pode pegar para mim o pote de sorvete? — Fiz biquinho enquanto ele me olhava
sorrindo.
— São quatro da manhã, você quer tomar sorvete? — Voltei a chorar, deixando as
lágrimas grossas caírem sobre o meu rosto. — Me diga o sabor que irei buscar. — Se levantou da
cama vestindo uma calça de moletom que estava jogada no chão e sua camiseta.
— Eu vou com você. — Com cuidado, me levantei da cama e, para a minha total surpresa,
um líquido transparente escorreu pelas minhas pernas. — Governador, eu acho que chegou a
hora. — Encarei Órion, que estava branco igual a papel, olhando para a poça de água no chão.
— Deve ser urina. — Deu de ombros, sorrindo amargamente. — Ainda não estou
preparado.
— Você não está preparado? Governador, sou eu que vou dar à luz a um casal de gêmeos
em um parto normal.
— Eu te disse para marcar a cesária, a gente teria tudo planejado e …
Antes que ele pudesse terminar a frase, eu o interrompi dando um grito de dor. Me curvei
para frente, sentindo a primeira contração forte. Há um dia que eu vinha sentindo pequenas
pontadas embaixo da barriga, mas não tinha dado importância, pois achava que eram falsas
contrações de Braxton, e agora eu via que estava completamente errada, os gêmeos nasceriam
antes do tempo, como a médica havia me alertado.
— Eles vão mesmo nascer — gritou Órion, correndo até a porta do nosso quarto.
Ele abriu a porta e começou a gritar por ajuda. Em poucos segundos, apareceu uma tropa
de seguranças, Melissa e até mesmo Katarina. O que a assessora do governador estava fazendo
naquele momento em nossa casa?
— Katarina, me diga as instruções que devo seguir.
Melissa veio até mim, acariciando meus cabelos e dizendo que tudo ficaria bem, como se
fosse ela que iria colocar duas crianças no mundo, nada estava bem e a tendência era só piorar
com aquele circo que o governador tinha armado.
— Katarina, me diga o que está fazendo em nossa casa a essa hora da madrugada? —
perguntei, curiosa.
— Eu estou dormindo aqui há dias, ordens do senhor governador. — Deu de ombros. —
Ele me fez fazer até alguns planos para todo tipo de imprevistos que pudessem acontecer.
— Digo, plano B — falou Órion, olhando para ela.
— Que plano, Órion? — Meu noivo caminhou até mim, beijando minha testa, sorrindo.
— O plano “bebês a bordo”, vamos passar o que cada um tem que fazer e te levar ao
hospital.
Revirei os olhos enquanto eles conversavam entre si, caminhei para fora do quarto com
cuidado e, quando mais uma vez senti uma contração, me segurei na parede e olhei para trás,
vendo todos debatendo o plano enquanto eu estava morrendo de dor.
— Órion Fantone — gritei —, esqueça a porra desse plano e me leve para o hospital agora
se não quiser que eu dê à luz aos gêmeos aqui.
— Pai, vai com ela que a gente pega as bolsas, mas, por favor, não desmaie, o senhor está
pálido.
— Acha mesmo que um homem como eu — estufou o peito —, um grande governador,
vai desmaiar assim tão facilmente.
Sim, ele desmaiou assim que viu o primeiro bebê nas mãos da enfermeira. A nossa
garotinha estava toda melada de sangue, mas dava para ver bem suas bochechas grandes e seus
cabelos pretos iguais ao do pai. Em seguida, eu dei à luz ao nosso Lucas, o garotinho chorou
baixinho, diferente de sua irmã. Ele era mais calmo e, quando peguei os dois no meu colo, pude
ver os olhos azuis, assim como os meus e do seu pai.
— Você está bem? — perguntei a Órion, que tinha acabado de se levantar do chão, sua
testa sangrava um pouco por ter batido na quina de algum aparelho. — Está sangrando.
— Isso não é nada. — Seus olhos estavam vermelhos quando olhou para os bebês em meu
colo. Ele se entregou à emoção, derramando as lágrimas grossas em seu rosto, e segurou as
mãozinhas pequenas dos gêmeos sorrindo. — São tão perfeitos.
— Lucas e Luísa — falei alto o nome dos nossos filhos com o coração disparado com um
amor tão genuíno que, em palavras, eu não poderia descrever. Além disso, todos os medos e
insegurança sumiram como mágica, eu sabia que seria a melhor mãe para eles dois e que deixaria
minha vida para cuidar deles.
— Vocês governam minha vida, são tudo para mim e eu prometo que vou fazer de tudo
para tentar ser o melhor pai do mundo para os dois.
Deixei algumas lágrimas caírem enquanto ficamos ali, apenas admirando o casal de
gêmeos em meus braços. Agora eu conseguia entender o destino, ele fez de tudo para me trazer
direto ao governador, para que ele entendesse o amor de um pai e pudesse voltar a viver de novo.
Depois de todo o procedimento, me levaram direto para o quarto, ele estava cheio de
balões e ursinhos, rosa e azul. Melissa estava lá com enorme sorriso no rosto, ela abraçou o pai
parabenizando por nossos filhos antes de lhe entregar uma caixinha com um ponto de
interrogação.
— Olha só, cachinhos, os gêmeos nascem, e eu que ganho presentes — feliz, ele comentou
abrindo a caixinha, mas, branco, ele olhou para a filha antes de cair sobre o chão, desacordado de
novo.
— Merda, pai … pai … — Melissa se ajoelhou ao lado dele, tirando o pequeno teste de
gravidez da caixinha.
— Você está grávida? — Perplexa, eu olhei para minha enteada sem conseguir acreditar
no que estava acontecendo. — Ítalo sabe?
— Ele teve que voltar para o Texas, o chamaram da delegacia com urgência.
— Precisa contar para ele, meu irmão vai surtar. — Ela caminhou até mim, me abraçando.
— E o feitiço virou contra o feiticeiro, seu pai vai surtar.
Melissa soltou uma gargalhada, dando de ombros. O destino, mais uma vez, dando o seu
toque especial e eu, que sempre sonhei com meu irmão casado, agora estava nervosa com a
mulher que ele havia escolhido, dez anos mais nova e filha de um governador.
Órion acordou meio atordoado antes dos bebês chegarem no quarto, a enfermeira o ajudou
a se sentar em uma poltrona enquanto media sua pressão. Pálido, ele encarava Melissa, que tinha
a nossa pequena Luísa em seus braços enquanto eu segurava Lucas.
— Olha, Luísa, você vai andar com dez seguranças e, se algum cara falar com você, me
avise, pois o matarei — disse Órion, fazendo Melissa e eu soltarmos uma gargalhada. Ele estava
em pânico depois da revelação bombástica e provavelmente surtaria quando, de fato, se desse
conta do que aquilo significava.
— Me entrega ela aqui, quero conversar com a única filha inocente que eu tenho. — Ele
pegou Luisa em seus braços depois que a enfermeira se afastou. Melissa deu um beijo na irmã e
depois caminhou até mim, dando um beijo no irmão. — Para onde está indo? Deixa, não quero
saber, você é uma traidora. — Órion deu de ombros, balançando Luisa em seus braços.
— Pai, não seja dramático, você só vai ser vovô.
— Deve ser um pesadelo! — exclamou Órion, fazendo Melissa sorrir antes de se despedir
e nos deixar a sós com os pequenos.
— E você, rapaz — o governador apontou para nosso filho —, vai proteger sua irmã, já
perdemos uma, não podemos perder outra, eu conto com você.
Não tinha como não rir com as loucuras de Órion, ele deixou de ser um homem imponente
e arrogante para virar um marido amoroso e um pai babão, tão lindo que me deixava ainda mais
apaixonada. Eu amava nossa história e faria tudo novamente só para ver aquelas cenas do
governador se derretendo pelos filhos.
Cinco anos depois

Dizem que, quando nascemos, já temos o nosso livro escrito, todas as páginas, os
parágrafos e as palavras, mas, ao longo do tempo, vamos apagando e reescrevendo alguns
detalhes que fazem a história mudar o seu rumo.
Quando eu me casei com Mary e me tornei o governador, pensava que minha vida seria só
aquilo, sem conseguir compreender, de fato, o sentimento mais genuíno do universo, o amor.
Olhando para tudo que construí, me sinto realizado não pela minha posição ou bens que adquiri
ao longo dos anos, mas, sim, pela minha família, meus filhos e a mulher incrível que tenho ao
meu lado. A verdadeira felicidade está nisso, na simplicidade das coisas e no abraço apertado de
sua família.
— Governador, vem logo. — Minha esposa me puxou para fora da nossa casa de campo,
era mais um dos nossos finais de semana ao lado dos pequenos, uma fugidinha da rotina.
— A água está fria e vamos acabar pegando um resfriado — gritei enquanto a chuva caía
sobre as nossas cabeças. Os gêmeos estavam dormindo, e cachinhos teve a brilhante ideia de
tomar banho na chuva, algo que eu nunca tinha feito antes.
— Pare de ser tão chato, governador. — Sorrindo, ela me abraçou — Isso deve ser a idade.
— Está me chamando de velho, senhora Fontana?
Nosso casamento tinha sido há pouco mais de um ano. Abigail quis algo simples e
reservado, apenas com nossa família e amigos mais íntimos. Minha mulher estava com um lindo
vestido de noiva branco e liso, com decote V, mostrando bem seus seios fartos, que me fizeram
arrancar a peça assim que a cerimônia acabou. Naquele dia, eu me senti o homem mais realizado
do mundo, foi o dia que prometi para ela que sempre estaria ao seu lado, independente das
circunstâncias, e nunca soltaria sua mão.
— Estou te chamando de chato, senhor governador. — Apertei seu corpo em meus braços,
beijando o seu pescoço. Os pingos molhavam nossos corpos e, quando eu coloquei minha mão
por dentro da sua blusa de tecido fino, Abigail gemeu.
— Todas as vezes que você me chama de governador meu pau lateja para estar dentro de
você.
— Hum. — Me olhou com um sorriso malicioso. — Vamos aproveitar que os gêmeos
estão dormindo e fazer mais outro bebê?
— Parece que você lê meus pensamentos, cachinhos.
Peguei-a em meus braços, correndo para dentro da casa de campo, subi as escadas, indo
para o nosso quarto, que ficava ao lado do quarto dos gêmeos, e a coloquei sobre a cama,
arrancando sua roupa molhada. Não demorou muito para que eu arrancasse a minha roupa e, com
rapidez, deslizasse dentro de boceta apertada. Me movimentei, beijando sua boca, ouvindo seus
gemidos abafados para não acordar os gêmeos, até que nós dois nos entregamos ao orgasmo. Era
tão delicioso ter minha mulher em meus braços depois de fazer amor.
— Acho que dessa vez eu acertei em cheio, vamos ter mais um bebê.
— E se eu contar que … — Abigail estava deitada sobre o meu peito, levantou a cabeça
para me encarar com um sorriso travesso no rosto e puxou uma de minhas mãos, a colocando
sobre sua barriga plana — já tem um bebezinho aqui dentro.
— Vo- vo - você está grávida? — gaguejei, me levantando da cama. — Vamos ter outro
bebê?
— Sim, você vai ser papai de novo.
— Cachinhos. — Meus olhos já estavam cheios de lágrimas, eu já era pai de três e avô de
um, agora a família aumentaria de novo. — Um garotinho para me ajudar com tantas garotas.
— Espero que seja mais uma menina.
Deu de ombros, passando por mim. Segurei seu corpo, puxando sua cintura para perto de
mim. Ela se virou me encarando, então me ajoelhei em sua frente, beijando sua barriga. Eu amo
ser pai, sem dúvida é o sentimento mais genuíno do mundo que nada e nem ninguém ultrapassa.
— Bebê, independente do que seja, eu o amo incondicionalmente, assim como amo os
seus irmãos, você é mais um dos meus bens preciosos.
— Nem acredito que, depois de tudo, estamos casados e felizes.
Me levantei do chão, levando minhas mãos até o seu rosto e o segurei antes de beijar
intensamente sua boca. Ela sorriu.
— Eu te disse que você seria minha, desde que coloquei os olhos em você, sabia que se
tornaria o meu oxigênio.
— Eu te amo, senhor governador.
— Tudo que sempre sonhei está aqui, você e os meus filhos são a minha vida e isso me faz
ser o homem mais feliz do mundo. — Beijei sua boca mais uma vez. — Eu te amo, cachinhos
dourados.
O meu livro foi reescrito, onde era tristeza e escuridão, se tornou risos fáceis e um belo
arco-íris. Agora tudo que tenho é uma linda história de amor, onde eu agradeço todos os dias
pelas palavras que apaguei e as novas que escrevi. Naquela noite, passamos a madrugada inteira
falando sobre os possíveis nomes para o novo bebê enquanto admirávamos os gêmeos. Era um
verdadeiro sonho vivenciar tudo aquilo e estar sempre ao lado de minha mulher.
No dia seguinte, eu tratei de ligar para Melissa e contar sobre o novo bebê, ela estava a
caminho da nossa casa de campo para podermos comemorar a Páscoa com as crianças.
— Melissa está chegando, ela está animada com o novo bebê e vai trazer a minha
garotinha — disse a minha mulher assim que encerrei a ligação. Eu ainda não gostava do
romance entre Ítalo e minha filha, mas ele as fazia felizes e o casamento andava bem, assim
como o meu.
— Estou louca para ver minha sobrinha, ela é tão fofa e se dá tão bem com Luísa.
— Eu comprei algo para eles. — Acariciei sua barriga. — Mas você vai me prometer que
não vai rir.
— O que está aprontando, governador?
Me levantei da cama que estávamos deitados, indo até o nosso closet, e peguei a enorme
sacola em minhas mãos, retirando de dentro a fantasia que tinha pedido para minha assessora
comprar, já estava me arrependendo daquela ideia, mas faria tudo para ver as crianças felizes e
Luísa é apaixonada pelo coelhinho da Páscoa.
— Você não fez isso? — Soltou uma gargalhada, cruzei os braços, tirando a cabeça do
coelhinho da Páscoa. — Uma fantasia de coelhinho?
— O que eu posso fazer? Sou um pai babão, e você disse que não iria rir.
— Deixe-me ver suas orelhinhas. — Ela pegou em suas mãos a cabeça da fantasia
sorrindo, os pelos brancos e rosas eram muito fofos e eu sabia que tanto minha filha como minha
neta amariam. — Precisa de uma cestinha.
— O que achou? — Dei uma voltinha, mostrando o pequeno rabinho atrás, ela deu um
tapinha na minha bunda.
— Que você está caducando, governador.
Fechei a cara bravo. Abigail me puxou, ficando de frente para mim e, na ponta dos pés, ela
aproximou nossos rostos antes de juntar nossas testas. Encarei seus olhos claros assim como os
meus ficando em silêncio, era bom apenas observar a sua alma através das íris dos seus olhos,
tão linda e encantadora como sempre, o grande amor de minha vida que eu passaria a eternidade
amando.
Dez anos depois

Sempre sonhei com uma família grande, com muitas brincadeiras, risadas e gritos pela
casa, uma mesa cheia com meus filhos, um marido prestativo e um final de dia na frente de uma
lareira contando alguma história para os pequenos. Sentei-me ao lado de Lucas e Luísa, os
gêmeos estão com quinze anos, logo em seguida veio o Levi, a cópia fiel de Órion, marrento
como o pai, eles vivem juntos e provavelmente um dia ele seguirá o legado da família Fantone
entrando na política, e, por último, a nossa Larissa, que estava a caminho e que, pelas dores que
eu vinha sentindo, nasceria logo.
Acariciei minha enorme barriga sentindo a pequena chutar, Lucas colocou a mão sorrindo,
ele é o mais amoroso dos nossos filhos, sempre cuidadoso com seus irmãos e conosco.
— E foi aí que sua mãe caiu em tentação e cedeu aos meus encantos — Órion contava
nossa história para eles, nossos filhos não aguentavam mais ouvir do governador o quanto ele
tinha sido persistente em sua conquista.
— Espero que Thomas seja assim comigo — Luísa falou, fazendo o pai dela se engasgar
com o copo de suco que estava em suas mãos. Ele a olhou furioso, e eu entendi o motivo. Órion
não queria perder outra filha, pois Melissa tinha se mudado para o Texas com o meu irmão.
— Filha, me diga que Thomas é o nome de um cachorro de estimação que você quer
comprar, ou sei lá, adotar. — Sorri com seu comentário sem lógica.
— Não, papai, é o nome do garoto que estou a fim da escola. — Cruzou os braços
sorrindo, meu marido empalideceu se sentando em sua poltrona.
— Papai… Papai…, você está bem? — Levi correu até ele, segurando em sua mão.
— Lá vai ele começar o drama — Lucas disse antes de sentir mais um chute da nossa
garotinha. — Deixe para desmaiar quando Larissa decidir nascer.
— Minha pressão caiu, eu já sou velho — comentou Órion, olhando para mim. — Tenho
tendência a ter ataque cardíaco e essa garota fala que está a fim de um menino? O que esse lance
de estar “a fim”?
— Você realmente está velho, papai. — Luísa se levantou, saindo de perto de nós,
caminhando para perto do pai, e colocou a mão em seus ombros sorrindo. — Significa a mesma
coisa que o senhor estava quando conheceu a mamãe. — Minha filha não deveria ter falado
aquilo, o governador ficou vermelho, e o pobre Levi assoprava o pai desesperado.
— Levi, meu filho, pegue o termômetro, acho que até febre deu agora.
Soltei uma gargalhada, era uma verdadeira comédia reunir nossa família, eles são a minha
alegria e não teria outra história mais feliz do que a nossa. Me levantei com a ajuda de Lucas, me
surpreendendo com a poça de água embaixo de mim, minha Larissa tinha escolhido a melhor
hora para nascer e, provavelmente, seu pai teria, de verdade, um ataque cardíaco.
— Você sabe o que é isso, governador? — questionei, o fazendo encarar o chão.
— Esses meus filhos vão me matar. — Ele colocou a mão na testa. — Larissa, minha
pequena, isso é hora para nascer? Levi, não precisa trazer o termômetro, traga a mala de sua
irmã, vamos para o hospital.
Foi uma verdadeira confusão, Levi correu com as malas lilases, Lucas me ajudou a
caminhar até a garagem, Luísa ajudava o pai a não desmaiar e, por fim, me deixaram na
garagem, isso mesmo, eles foram embora sem mim, até que um dos seguranças me ajudou, me
levando até o hospital.
Ao chegar lá, Órion correu para me ajudar, estava pálido e trêmulo, as crianças ficaram do
lado, rindo da situação, mas, no final, tudo deu certo e a mais nova integrante da família veio ao
mundo. Larissa tinha cabelos loiros iguais aos meus, olhos azuis e o narizinho arrebitado igual ao
da sua irmã mais velha, Melissa. Ela, por sua vez, veio com meu irmão e os filhos comemorarem
a chegada da nova integrante da família.
— Eu nem acredito que tenho uma família tão linda e que você me curou de todo
sofrimento do passado — sussurrou em meu ouvido meu marido, estávamos a sós depois que
todos conheceram Larissa e saíram para comer com a Katarina.
— Como assim não acredita? Você mesmo diz que até sonhou com esse dia. — Encarei
seus olhos sorrindo. — Que se eu não fosse sua, não seria de mais ninguém.
Ele estava sentado na pontinha da cama ao meu lado enquanto eu amamentava nossa
garotinha e beijou minha testa, deixando uma lágrima cair sobre o seu rosto. Órion não era de
chorar, mas eu sabia que sentia tudo muito intensamente e estava feliz por tudo que construímos.
— Eu te amo, amo nossa família e não poderia ser mais feliz.
— Governador, você ganhou as eleições do meu coração, é o meu candidato favorito e eu
sempre irei te amar.
O amor é um misto de sentimentos que vem com uma intensidade extraordinária. Quando
eu o vi pela primeira vez, tentei fugir ao máximo, mas sempre voltava os seus braços, pois era
neles que eu já estava destinada a viver.
Fim
Até a próxima história…
Olá, tudo bem? Se você chegou até aqui, eu quero te pedir encarecidamente que deixe sua
avaliação, isso vai me ajudar muito não só a crescer, como também vai me motivar a continuar
escrevendo e me dedicando totalmente à carreira de escritora, desde já, eu agradeço.
E, antes que eu me esqueça, me siga no meu Instagram @autorapriscillalima, ou
@autorapriscillalimaautora, pode mandar mensagem, eu vou amar te responder e te ter como
uma amiga, prometo que sou simpática, rsrsrs.
Agradeço, primeiramente, a Deus, por ter me dado um dom tão lindo de transformar
palavras em amor, é tão gratificante. Segundo, agradeço a você, que está aqui acompanhando
meus livros, que me segue e que manda vibrações positivas, criando um vínculo comigo, posso
não conhecer todos os meus leitores pessoalmente, mas sinto que vocês são uma parte importante
da minha história. Por último, mas não menos importante, agradeço ao meu pequeno Bernardo,
ele é tudo que tenho e é por ele que luto todos os dias pelos nossos sonhos, enfim, obrigada por
tudo.
Antes de dedicar o livro, eu gostaria de dizer que a cada um que leu que comece a
acreditar no amor para sua vida, que, mesmo com idas e vindas do destino, ele irá chegar e terá o
melhor abraço do mundo.
Este livro eu dedico a todas as minhas leitoras que estão aqui me acompanhando e
segurando minha mão em todos os lançamentos. Vocês, sem dúvida, têm uma enorme parte em
meu coração e são minhas amigas de verdade. Quero dedicar também a minha equipe que
trabalha comigo, desde beta, diagramadora, revisora, capista, entre outros, sem vocês, eu não
conseguiria terminar o livro e entregar este trabalho para as minhas leitoras.
Por fim e o mais importante, dedico ao meu amor verdade, meu pequeno de três anos, ele
foi minha luz nos tempos sombrios e, se hoje estou aqui, é graças à força que ele me dá todos os
dias.
Enfim, agradeço a Deus e a todos vocês.
Até a próxima.
LEIA TAMBEM...

Um casamento falso com o Ceo — O filho rejeitado.


Uma história de amor pode começar no meio de uma vingança? Theodoro Philips, um
grande CEO, dono de uma das maiores empresas de investimentos em Londres, teve que
reerguer o império da sua família do zero, com muita garra e determinação, impulsionado pelo
pior sentimento que o ser humano pode sentir. Ele decidiu seguir os conselhos do seu tio e ir
atrás dela, da filha do homem que destruiu a vida dos seus pais.
Pobre Olívia Carter, uma menina doce e ingênua, que leva a vida com simplicidade ao
lado da sua família. Com o sonho de ser advogada, ela estuda bastante em uma das maiores
faculdades de Londres. Vivendo a melhor fase de sua vida, ela nunca poderia imaginar que
aquele homem entraria em sua vida com um único propósito de se vingar de sua família.
— Você é um maldito, eu te odeio — gritei, dando um tapa em seu rosto.
— Pode até me odiar, baby, mas terá que viver sob o mesmo teto que o meu.
— Este contrato vai acabar, e eu e o bebê vamos viver livres de você.
— Este bebê foi um grande erro, não somos um casal e nunca vamos ser.
Os gêmeos do viúvo rabugento
Quando o amor acontece.
Colins Martins é um homem poderoso. Com seus quarenta anos, ele tem tudo que o
dinheiro pode comprar, na verdade, quase tudo. Com a perda da sua esposa, ele se fechou para o
mundo, se tornando um homem frio e rabugento, e passa a maior parte do tempo trancado em
uma de suas enormes mansões no centro de Nova Iorque. Sua vida já não tem cor e tudo que
resta é a solidão de sua alma.
Lilian Connel é um arco-íris cheio de cor e ilumina a vida de sua família. Lilian é uma
garota batalhadora que faz de tudo para ajudar a sua irmã a pagar a faculdade de medicina.
Desesperada atrás de emprego, ela recebe uma proposta de sua vizinha para trabalhar como
empregada na mansão onde ela é governanta.
Duas almas completamente opostas, uma noite casual e uma gravidez não planejada.
As gêmeas do CEO cafajeste.
Luiza é uma garota espontânea, que ama baladas e bebidas, aproveitando a vida da melhor
forma possível, sem levar as coisas a sério. Ela desistiu da faculdade de psicologia com apenas
três meses e começou a cursar medicina, mas nunca imaginou que cairia na lábia daquele
cafajeste e muito menos que acabaria grávida dele.
Humberto Montreal é um CEO, dono de uma empresa de segurança. Sendo um cara
fechado, para ele, o amor é um sentimento ridículo que inventaram para fraquejar os homens. A
pedido do seu melhor amigo, ele retorna a Nova Iorque a trabalho, mas o destino colocou o seu
dedinho no meio dos seus planos e algo que era para ser casual se tornou um novo recomeço com
uma linda história de amor.
O cafajeste não acredita no coração, porém, ao ver as suas gêmeas pela primeira vez em
seus braços, ele teve a certeza de que finalmente conheceu o amor.
O filho que o magnata não planejou
Construindo seu império do zero, Andrew Miller era conhecido mundialmente por ser o
melhor em projetar grandes e aconchegantes hotéis de luxo. Vivendo em Nova Iorque, ele
acumulou sua fortuna, se tornando um grande magnata no ramo de arquitetura, com uma vida
cheia de luxos e mordomias, tudo que um homem sonha em ter.
Bela Rizzo é uma jovem que foi criada por seu avô em um pequeno hotel da família, onde
recebe turistas de todos os lugares. Com o coração forte e cheio de amor, ela nunca pensou que
aquele homem a enganaria por dinheiro e muito menos que acabaria grávida dele.
Um plano por dinheiro…
Um amor inesperado…
Um filho que ambos não planejaram…
Uma redenção de um homem arrogante e cruel.
Os trigêmeos do bilionário arrogante.
O amor é capaz de mudar até o pior dos corações.
Noah Davis nasceu em berço de ouro, pois é o único herdeiro de uma das famílias mais
ricas de Nova Iorque. Ele nunca teve responsabilidade com nada, além de aproveitar a vida da
forma mais sórdida possível. Entre uma viagem e outra, ele ficou anos longe de sua família, mas
agora, com a notícia de que seu pai está doente, precisará retornar e se tornar um novo homem,
encarando suas responsabilidades. Noah não imagina que o destino está reservando algo para ele
e, ao contratar a prima das esposas de seus amigos, ficará completamente apaixonado por ela.
Lívia Connel é uma jovem mimada que sempre teve tudo dos pais. Com seu gênio forte, foi
mandada embora de cinco empregos diferentes e, sem saber o que fazer, sua mãe a obriga ir para
Nova Iorque, achando que novos ares podem colocar juízo em sua cabecinha de vento, mas o que
ninguém imaginava é que ela acabaria grávida de trigêmeos, de um bilionário arrogante e
egoísta.
Será que a paternidade pode mudar um homem? O amor é capaz de mudar até o pior dos
corações…
Em breve
Hunter estará no poder e espera vocês aqui na amazon...

As gêmeas inesperadas do governador viúvo.

Hunter Turner é um dos homens mais poderosos e cobiçados dos Estados Unidos,
sendo o governador da Flórida.
Sério e dedicado, ele se tornou extremamente amargurado após a morte de sua
amada esposa. Depois de anos de luto, sem se envolver com nenhuma outra mulher,
induzido por um velho amigo, Hunter associa-se ao que pode ser o maior escândalo político
já visto e o possível fim de sua carreira.
Mia Parker é uma jovem linda e inocente, que trabalha duro como camareira em um
hotel de luxo e descobriu da pior forma que estava sendo duplamente traída: por seu
namorado e sua melhor amiga, com quem dividia o apartamento. Desolada e procurando
se vingar, ela se entrega a uma única noite com alguém que acreditava nunca mais
encontrar novamente. Mia aproveita cada instante de prazer que aquele homem, mais
velho, lindo e experiente, lhe proporciona, jurando que será apenas uma vez, sem medir as
consequências, que vêm em dose dupla com uma gravidez inesperada de duas lindas
meninas.
"Ele terá que escolher entre o amor e o poder"
Age Gape
Viúvo
Obsessão
Gravidez inesperada.
Bebês fofos
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[1]
Personagem do livro (As gêmeas inesperadas do governador viúvo) da autora Erica queiros que em breve estará
disponível.

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