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Copyright © 2022 Linda Evangelista

Capa:
Revisão: Leticia Tagliatelli
Diagramação:

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
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qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
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autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.2018.
SINOPSE
Oliver Thompson, um homem marcado pelas traições do
passado que prometeu a si nunca mais entregar seu coração
novamente.
Ele é bom apenas com quem ganha sua confiança e não são
muitas pessoas que tem esse privilégio de cair nas graças do
poderoso CEO, ou rei do petróleo como é chamado por muitos.
Oliver é poderoso, implacável, frio e sem fé no amor.
Aos trinta e quatro anos é dono de uma inigualável fortuna e
se vê pressionado pelos pais a gerar um herdeiro para dar
continuação ao legado da poderosa família. Sem interesse de entrar
em um relacionamento, ele propõe um casamento por contrato a um
jovem estagiária de uma famosa galeria de arte, onde ele é um dos
investidores.
Bruna Harper, uma jovem que está prestes a concluir seu
curso de Artes Plásticas. Ela só pensa em sua carreira e em
aproveitar a oportunidade única que foi dada a ela ao ser aceita para
estagiar em uma famosa galeria. Se envolver com um homem
também não está em seus planos, por mais lindo e sexy que ele
possa ser.
Mas o destino com a ajuda de uma grande amiga em comum
estão empenhados a juntar os dois.
Bruna está passando por uma dificuldade muito grande em
sua família e resolve aceitar o contrato de casamente imposto pelo
poderoso CEO.
O que Bruna não esperava era que iria se apaixonar
perdidamente pelo seu marido por contrato, mas ela não irá admitir
isso para ele tão fácil assim.
Esse é um jogo, o qual, ela quer sair vencedora e está
disposta a tudo para conquistar o coração do marido.
O que Oliver não espera é que sua esposa por contrato irá
virar sua vida de cabeça para baixo.
Bruna irá despertar em Oliver o seu lado possessivo, o qual
ele pensou que mulher nenhuma nunca mais fosse conseguir
tamanha façanha. Ela faz seu marido chegar ao limite com sua
teimosia e sua perseverança em fazê-lo quebrar suas regras.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
EPÍLOGO
NOTA DE AGRADECIMENTO
CAPÍTULO 1
Oliver Thompson
Estou no último andar, encarando as ruas movimentadas
pela vidraça, do imponente prédio do Grupo Thompson Oil Company,
uma das maiores empresas do ramo do petróleo do mundo.
Sou o Rei do petróleo, é assim que as pessoas me chamam,
além de me enxergarem como um CEO impiedoso, rigoroso e frio.
Por ter tudo, alguns questionam o motivo de eu ser desse jeito.
Mas digo que a vida me moldou assim, ela me ensinou da pior
maneira possível como me tornar esse homem e não pretendo nunca
esquecer essa lição.
Eu aprendi a gostar desse novo Oliver.
Gosto de ter as pessoas abaixando a cabeça para mim, do
respeito que demostram ter por quem eu sou e de ser temido por
onde eu passo...
— Ollie, o que foi que deu na sua cabeça para ter saído ontem
daquele jeito?
Eu me viro para a porta do escritório e encaro a única pessoa
dessa terra que não me teme, não me obedece e acima de tudo não
demostra ter o mínimo de respeito por mim. Logo atrás dela está
minha secretária mortificada de medo.
— Desculpa, senhor Thompson, mas ela foi logo entrando e
nem deu...
— Pode se retirar, querida, tenho privilégios que ninguém tem.
Então sai, sai, sai.
Sorrio com a cena a minha frente.
— Amanda Lewis, a senhora não tem um marido e um filho
para cuidar não? Ou o Colin ainda está te dando motivos para invadir
minha sala?
Ela se aproxima, me abraça e como sempre beijo o topo da
sua cabeça.
Amanda é uma amiga muito querida, um alento que a vida me
deu. Como costumo dizer, ela é a redenção dos meus pecados e
nunca vou permitir que conheça meu lado ruim e obscuro.
Ela é a única que tem a minha bondade.
— Ryan está na mansão com a babá, Lara e papai. Já meu
amado marido está trabalhando nesse exato momento — diz
tranquilamente se sentando na minha cadeira e me apoio na mesa,
encarando a folgada.
— E não era para a senhora estar fazendo a mesma coisa?
Ela me olha com os olhos semicerrados.
Amanda não gosta quando a chamam de senhora e faço isso
apenas para irritá-la.
— O que está acontecendo com você, Ollie? Estou
começando a ficar preocupada. Ontem saiu da minha casa e nem se
despediu. Depois que me casei me tornei insignificante para você?
Pensei que fossemos amigos de verdade — diz com uma nítida
tristeza em seu olhar.
Confesso que ver Amanda feliz com a família que construiu
me deixa com um sentimento de perda, porque sei que nunca vou
poder ter a minha família.
Não sou mais um homem capaz de criar laços de amor e
sentimentos tão fortes por uma mulher.
Sou muito feliz por ver minha amiga querida, finalmente tendo
a vida que merece.
— Você nunca será insignificante na minha vida e nunca mais
repita uma besteira dessa. Sabe muito bem o grau de importância
que você e Ryan tem na minha vida.
— Então o que aconteceu? Na verdade, o que está
acontecendo com você? Prefere falar por bem ou por mal? —
Levanta as mangas da blusa que veste.
Até parece que essa pequena mulher vai conseguir me
derrubar.
— Amanda, tive uma emergência só isso. Saí com pressa e
não me despedi de você.
— MENTIROSO!
Deus que mulher difícil.
— Amanda...
— Fala comigo, Ollie. Até a Emily está começando a ficar
preocupada com você. Quer que eu a traga na próxima vez para
invadir a sua sala?
Respiro fundo e decido abrir o jogo com ela, pois, sei que ela
não vai desistir fácil.
— Meus pais estão me enchendo o saco para que me case e
tenha um filho. Segundo eles, estou ficando velho. A esperança de
mãe era você, mas com o seu casamento, os planos dela e os meus
foram por água a baixo.
— Seus planos?
— Sim, meus planos e sabe muito bem quais eram.
— De novo essa história, Oliver? Nem começa. Você queria
me usar para carregar seu bebê de ouro e até estaria disposta a te
ajudar, mas agora tenho minha família. Seus pais têm razão já está
passando da hora de você construir a sua.
— Sabe que não quero isso, eu não...
— Você nem mesmo se dá uma chance de tentar, Ollie...
— EU JÁ TENTEI E NÃO DEU CERTO, PORRA! VOCE NÃO
SABE DE NADA, NÃO CONHECE MINHA HISTÓRIA, ENTÃO NÃO
ABRA A BOCA PARA FALAR MERDA. — Pela primeira vez desde
que nós conhecemos grito com Amanda.
Esse é um assunto que me tira dos eixos e a cara de
decepção com que ela me olha agora me faz perceber o que estou
fazendo, descontando nela uma frustração, a qual ela não tem culpa.
— Não grite comigo que não sou uma das suas putas. Para
falar a verdade, nem mesmo uma puta merece ser tratada desse
jeito. Tem razão, senhor Thompson, realmente estou vendo que não
conheço o senhor. Achei que conhecesse, mas estava enganada. —
Levanta da cadeira, pega sua bolsa passando por mim, e anda em
direção à porta.
— Amanda, por favor...
— Não, Oliver, se tem uma coisa que aprendi com você esse
tempo que nos conhecemos é que você nunca fala o que não quer.
Não se preocupe, não vou mais invadir a sua sala. Quando quiser
ver o Ryan ligue para o Colin ou para Lara.
Amanda não permite que me desculpe e sai da minha sala
batendo a porta com força.
Só a Amanda mesmo para ter coragem de fazer isso.
— Mas que porra! Desde quando essa mulher se tornou tão
sensível?
Amanhã com ela mais calma, a procurarei na galeria e me
desculparei.
CAPÍTULO 2
Bruna Harper
Abro os olhos meio sonolenta, escutando alguém me
chamar ao longe...
— Vai chegar atrasada no trabalho, Bruna.
Com essa afirmação consigo despertar de vez e dou um pulo
da cama.
— Mamãe, por que a senhora não me acordou mais cedo?
Por que o celular não despertou?
— Eu já estou te chamando tem um bom tempo e não sei o
motivo pelo qual seu celular não ter despertado. Levanta rápido e se
arrume que vou te dar dinheiro para que vá trabalhar de táxi.
Acredito que se for de ônibus não irá conseguir chegar lá hoje.
Mas que droga!
Isso não deveria ter acontecido, não posso chegar atrasada
hoje. Tive dois atrasos semana passada e mesmo que Amanda e
Emily não chamem minha atenção por isso, me sinto muito mal.
Entro no banheiro, tomo banho em tempo recorde, me arrumo
mais rápido ainda, pego a bolsa e quando estou passando pela sala
minha mãe me para e entregar o dinheiro do táxi.
Quando estou prestes a sair, papai chama meu nome e volto a
minha atenção para ele.
— Quando é a sua formatura? — pergunta de forma bem
séria.
Sinto um sentimento de nervosismo me consumir por dentro.
Não quero nem pensar que ele possa ter feito alguma
besteira.
— No final do mês. Mas, por que está me fazendo essa
pergunta, papai?
Minha mãe me olha com pena e já sei que meu pai mais uma
vez fez merda.
— Se não conseguir pagar a sua faculdade até lá, não poderá
se formar.
Eu até esqueço que estou atrasada quando escuto isso.
Meu pai costumava dar aulas na mesma faculdade que
estudo, mas quando ele teve a genial ideia de começar a jogar e
como consequência beber, acabou perdendo o emprego.
Agora vive de fazer pequenos serviços por aí para sustentar a
família.
— Papai, tínhamos um acordo. Entrego todo o dinheiro do
estágio que não é pouco para ajudar nas despesas de casa e com
isso o senhor conseguiria manter o pagamento da minha faculdade.
O que fez com o dinheiro? — pergunto mesmo já sabendo da
resposta.
— Estava em uma mesa muito boa e tinha certeza de que
ganharia, mas no final acabei perdendo de novo.
Olho para ele sem acreditar no que escuto e minha mãe
começa a chorar atrás de mim, sei disso devido seu fungado.
— E alguma vez o senhor já ganhou, papai? Gastou o
dinheiro da mensalidade da faculdade em uma mesa de jogo e agora
depois de tanto esforço corro um sério risco de não me formar.
— Deveria ter escolhido outro curso, administração talvez.
Assim suas chances de conseguir um bom emprego eram mais altas.
— Não venha colocar a culpa da sua irresponsabilidade na
minha escolha de curso. Até um tempo atrás o senhor pintava
excelentes telas e ganhava muito bem dando aulas de arte. Porém,
perdeu tudo porque ficou viciado em jogo.
Meu pai me encara e não fala nada porque sabe que tenho
razão.
— Vá para seu estágio que já está atrasada, mas não se
anime muito com a formatura. Não sei se vou conseguir pagar as
mensalidades atrasadas até o final do mês.
Sinto uma dor aguda no coração ao escutar isso.
Estudei tanto para nada!
O que adianta finalizar o curso e não receber o diploma?
Minhas colegas de classe tem razão, sou uma fracassada
com um pai viciado em jogo.
Saio de casa triste e resolvo ir de ônibus para a galeria. Já
estou atrasada mesmo e caso Emily e Amanda queiram me demitir
por isso não vou questioná-las.
Uma hora e meia depois chego à galeria de arte de cabeça
baixa e triste.
Ao passar pela recepção, uma das meninas diz:
— Se continuar assim vai acabar sendo demitida. Não sei
como a Emily ainda não fez isso.
Sei que a debochada diz isso para me deixar mais
desestabilizada do que estou.
— Vá se lascar. — Dou a resposta que ela não esperava
receber.
Estou cansada de todos pisarem em mim.
Ela só me olha e não fala mais nada, com isso vou para minha
mesa que fica em frente à sala das minhas chefes.
Eu me sento e pegos alguns desenhos que estava fazendo no
dia anterior. Eram ideias para minha tela que serviria como minha
nota final, mas acho que nem vale mais a pena executar a ideia.
Seria um desperdiço de material e tinta.
Tenho sorte da Emily sempre fornecer todo o material que
preciso para meus trabalhos de pintura. Ela sempre fala que assim
que me formar vai colocar uma das minhas telas em exposição, mas
acho que isso não vai acontecer.
— Você chegou. Aconteceu alguma coisa para que tenha
chegado tão tarde hoje?
Levanto as vistas e vejo Emily parada na porta da sua sala,
expondo toda a sua beleza. Ela parece uma obra de arte, quem olha
nem diz que já tem dois filhos.
— Desculpa, senhora Jones, pelo atraso...
— Que negócio é esse de senhora Jones? — Me interrompe e
quando vou abrir a boca para responder, completa: — Amanda, corre
aqui que algo muito sério aconteceu. Cuidado que é capaz de você
ser chamada de senhora Lewis.
Não demora nem cinco segundos, Amanda aparece ao lado
dela saindo da sala.
— Quem está querendo perder os dentes hoje me chamando
de senhora?
Emily sorri e responde me deixando sem graça:
— A Bruna. Olha para a cara dela, parece que acordou do
lado errado da cama hoje.
Amanda se aproxima e olha bem na minha cara.
— Você vai ficar velha antes da hora se continuar com a cara
franzida desse jeito. O que aconteceu com você?
Quando vou responder, Emily diz antes:
— Ela chegou agora com essa cara e me chamou de senhora
Jones.
— Jesus é grave! Vem, Bruna, vamos para a nossa sala
conversar. Eu só tenho vinte e seis anos, não ouse me chamar de
senhora. Pode chamar a Emily de senhora se quiser, ela gosta.
— Eu não gosto nada, mas não adianta reclamar, todos me
chamam de senhora Jones. Isso é ridículo.
Acabo sorrindo das duas e as acompanho até a sala delas.
— Senta aí, Bruna, e fala que cara é essa. Você é sempre tão
feliz.
— Me desculpem pelo atraso de hoje e pelos da semana
passada, não estou querendo abusar da bondade de vocês duas.
Vejo que Amanda e Emily me olham como se não
entendessem do que estou falando.
— Bruna atraso é meu sobrenome. Não importa o quão cedo
eu acorde, sempre vou chegar atrasada, a Emily que é a certinha.
— Certinha? Vocês perceberam que horas estou chegando
ultimamente? Eu não sei quem dá mais trabalho, meus filhos ou o
meu marido. Bruna, eu nem percebi que você chegou atrasada. Com
tanto que faça seu serviço direito, não me importo nem um pouco
com seu horário.
— Eu também não, até porque não tenho moral nenhuma
para reclamar disso. Eu já desisti de tentar chegar na hora. E, por
favor, Bruna, para de nos tratar como se fossemos superiores a
você. Queremos que faça parte da nossa equipe definitivamente
depois da sua formatura, tanto que vamos incluir alguns dos seus
trabalhos na próxima exposição. Aproveite essa oportunidade, Emily
e eu não tivemos uma oportunidade tão boa como essa. Queremos
que seja nossa amiga, nossa colega de trabalho e a diferença de
idade não é tão grande assim, então, por favor, não nos chame mais
de senhora ou chuto você.
Fico tão feliz em escutar o que elas me propõem, o carinho
que elas demostram ter por mim, tanto que começo a chorar de
tristeza porque não sei se vou conseguir me formar.
— Jesus, ela está chorando, será que é de emoção? — Emily
diz se levantando e vindo até mim.
— Eu não sei se vou conseguir me formar na faculdade, meu
pai não pagou as mensalidades — digo soluçando.
— Mas que cretino.
— Amanda!
— Amanda tem razão, Emily, meu pai é um cretino. Perdeu o
dinheiro da mensalidade em uma mesa de jogo.
— Meu Deus, Bruna, por que não conversou com a gente
antes? Somos suas amigas, temos condições de ajudá-la com isso.
Não se preocupe que pagaremos as mensalidades com o maior
prazer, não é mesmo, Amanda?
— Claro que sim, dinheiro não é problema e nem adianta dizer
que não. Hoje mesmo vou mandar Colin verificar a sua situação junto
a faculdade. Você vai ter a sua formatura e vai estar linda fazendo
seu discurso, nos agradecendo.
— Amanda! — Emily a repreende.
— Estava brincado. Você é chata, Emily.
Choro mais ainda, emocionada devido a maneira como elas
se propõem em me ajudar.
— Não sei se posso aceitar.
— É claro que pode e já pode também parar de chorar que
isso é motivo para alegria e não de tristeza.
— Muito obrigada, nem sei como agradecer.
— Nos agradeça arrasando na sua nota final, então termine o
que tem que fazer e passe o restante do dia trabalhando na sua tela.
Tenho que sair agora, vou até o grupo Jones para me encontrar com
meu marido, então nos vemos mais tarde.
— Hummm, vai dar uma rapidinha no escritório da
presidência, senhora Jones? — Amanda diz provocando e acabo
sorrindo, limpando as lágrimas que agora são de alegria.
— Até parece que você não faz isso no escritório do diretor
jurídico.
Amanda abre um sorriso grande.
— Tem razão, faço isso mesmo.
— Estão falando de mim, meninas? — O senhor Lewis diz
entrando na sala e me levanto.
— Estávamos sim, mas já estou de saída e a Bruna também,
então fiquem à vontade — Emily diz piscando para mim e entendo o
recardo.
Saímos as duas juntas da sala.
CAPÍTULO 3
Oliver Thompson
Assim que termino uma reunião importante na empresa,
resolvo ir até à galeria de arte para conversar com a Amanda já que
ela não atende minhas ligações e ignora minhas mensagens. Acabei
explodindo com ela ontem, coisa que nunca tinha acontecido e olha
que Amanda é especialista em me causar problemas.
Dirijo até a galeria e assim que chego passo pelas
recepcionistas que me cumprimentam sorridentes. É sempre assim,
mas para não ser mal-educado apenas respondo com um sério bom
dia, não dando espaço e nem brecha para intimidades.
Ando em passos largos pela galeria até chegar ao corredor
que leva à sala de Amanda e Emily.
Quando estou me aproximando da porta alguém tomba em
mim com tudo e a pessoa só não cai para trás porque a seguro forte
em meus braços.
— Mas quem é o idiota que não olha por onde anda? Será
que é cego? Pelo amor de Deus.
Ao escutar a forma de agradecimento que recebo, minha
vontade é de soltá-la no chão.
Olho bem para a pessoa e vejo que se trata de Bruna, a
estagiária, e ela ao perceber que sou eu quem está segurando-a, se
afasta de uma vez como se desse choque nela.
Quando penso que ela vai se desculpar, vejo o quanto estou
enganado.
— Senhor Thompson, será que pode olhar por onde anda?
Olha o seu tamanho, é tão difícil assim prestar atenção? — diz
petulante, me encarando como se a culpa fosse minha devido sua
falta de atenção.
— Foi você que esbarrou em mim, garota. Tenha mais
respeito quando for falar comigo.
Ela me olha de cima a baixo e esboça um sorrisinho
debochado, daqueles que costumam me irritar muito e que não são
muitas pessoas que tem coragem de dá-los a mim.
— Me perdoe, senhor, realmente sou muito desatenta. Como
pude ousar esbarrar em um homem tão importante como o senhor?
Me perdoe.
Nem me dou ao trabalho de respondê-la e passo por ela indo
até à sala de Amanda.
Mas a garota grita atrás de mim:
— O senhor não pode entrar aí, Emily não está e Amanda
tenho certeza de que está ocupadíssima.
Não dou ouvidos ao que ela fala e coloco a mão na maçaneta.
— Não ouse entrar nessa sala vai se arrepender disso.
Abro a porta de uma vez e me arrependo de ter feito isso,
pois, Amanda está praticamente transando com o marido em cima da
mesa e Colin me lança um olhar mortal.
— Não sabe bater na porta, Thompson? — Colin diz e sai de
perto da esposa que me olha com uma cara não muito boa.
— O quer, senhor Thompson?
Colin olha para mim depois para a esposa e começa a rir.
— Senhor Thompson!? — O idiota diz gargalhado. — Pensei
que não fosse viver para ver isso. O que foi que você fez para deixar
minha esposa com raiva, senhor Thompson?
Minha vontade e de socá-lo por estar fazendo pouco da minha
cara, mas se fizer isso aí é que Amanda vai ficar com mais raiva
ainda.
— Tivemos uma conversa acalorada ontem e acabamos
discutindo — digo e Amanda me encara.
— Ele gritou comigo e não aceito isso de ninguém mais.
— E é por isso que estou aqui para me desculpar com você.
Ela vai responder, mas se cala quando o celular do marido
toca.
Colin olha para tela e diz:
— Vou ter que ir, amor, nos vemos em casa. — Ele a beija e
depois se vira para me olhar. — E não grite com minha esposa,
Thompson.
Apertamos a mão.
— Pode deixar.
Ele dá um tapinha no meu ombro e sai da sala.
— Desde quando viraram amiguinhos? — Amanda diz se
sentando em sua cadeira e me sento na sua frente.
— Nunca fui inimigo do seu marido, nos conhecemos há anos.
Ele só teve uma fase de idiotice, mas parece que já voltou ao normal.
Amanda me analisa enquanto me olha.
— O que você quer, Oliver? Por que veio aqui?
— Para me desculpar já disse. Sinto muito por ontem, mas
aquele é um assunto que me incomoda muito e você não sabe a
hora de parar, então acabei explodindo com você.
— Você e a Emily são meus melhores amigos. Você esteve ao
meu lado quando mais precisei, Ollie. Só quero o seu bem nunca o
seu mal.
— Eu sei disso e me desculpe mais uma vez.
— Na próxima vez que falar daquele jeito comigo chuto a sua
bunda e sabe que tenho coragem o suficiente para fazer isso.
— Eu não duvido nada, de você, espero tudo. Mas me diga
uma coisa, Amanda? Aquela estagiária faz muito tempo que ela está
trabalhando aqui com vocês, não?
Amanda me olha desconfiada, ergue uma sobrancelha e isso
não é nada bom.
— A Bruna é uma excelente estagiária e artista. Ela é muito
responsável no trabalho e pode se tornar também um ótimo partido,
Ollie. Como foi que nunca pensei nisso? — diz como se tivesse
acabado de ter uma excelente ideia.
— Nem começa, Amanda. Ela esbarrou em mim e precisava
só ver como ela falou comigo. A garota é debochada, mal-educada e
desatenta. Como aquela garota poderia ser uma excelente artista?
— digo me lembrando da petulância da menina.
— Meu Deus, Ollie, a Bruna é perfeita para você. Jovem,
alegre, desinibida, deveria investir nela...
— Repito, nem começa, Amanda. Não tenho tempo e nem
disposição para perder com uma garotinha que nem mesmo sabe o
que quer da vida.
— Garotinha não, ela tem vinte anos, idade excelente para
uma gravidez, você não acha?
Olho para a mulher na minha frente, incrédulo.
— São quatorze anos de diferença Amanda, será que você
pensa antes de falar?
A risadinha que ela solta me deixa irritado, mas procuro me
controlar.
— Está querendo dizer que é velho demais para ela? Será
que você não dá conta, Ollie?
— Amanda, você mais do que ninguém sabe que dou conta, o
problema é que não quero um romance com ninguém. Esse negócio
de amor não funciona para mim, sou um homem prático, sabe disso.
— Pratico, sei.
Algo me diz que essa mulher não vai desistir dessa ideia fácil.
— Eu já vou embora antes que ligue para minha mãe e
marque meu casamento. Conheço esse seu olhar e já vou logo
dizendo que NÃO.
— Mas eu nem falei nada.
— E nem precisa, eu te conheço e estou falando sério,
Amanda, nem comece com isso.
— Tudo bem, não vou fazer nada.
— Espero mesmo que não. Sabe muito bem que a minha
bondade só se limita a você.
— Você precisa ter alguém, Ollie.
— Não preciso, estou muito bem sozinho — digo me
aproximando dela.
Nos despedimos e assim que passo pela porta, vejo a tal
estagiária passando com algumas tintas nas mãos caminhando rumo
a sala de criação.
— Cuidado para não esbarrar em ninguém, essas tintas
custam uma fortuna, sem falar na sujeira que você faria.
— Não se preocupe, senhor investidor, sei muito bem fazer
meu trabalho. — Ela me encara e viro as costas saindo. — O que
tem de gostoso tem de idiota. Nada é perfeito.
Escuto a garota resmungando e quando me viro para olhá-la
mais uma vez, só vejo a porta se fechando.
Acabo sorrindo do que ela falou.
Até que essa garota seria um desafio interessante.
CAPÍTULO 4
Bruna Harper
Oliver Thompson, CEO de uma das maiores empresas no
ramo do petróleo, um verdadeiro deus.
Dono dos meus sonhos mais eróticos, sonhos que passei a ter
desde que comecei a trabalhar na galeria de arte e passei a vê-lo
andar por aqui, cheio de arrogância.
O homem é simplesmente um grande pedaço de mau
caminho.
Não é nada fácil ser virgem e acordar com a calcinha molhada
toda vez ele invade meus sonhos e acordo no meio da noite
ofegante.
Eu posso ser virgem, mas não sou burra e nem um pouco
inocente. Sei que desejar esse homem é muito errado, afinal já ouvi
falar muitas coisas ao seu respeito. Inclusive, ouvi da boca dele em
uma conversa, que escutei sem querer, que sua bondade e
benevolência só pertencem as minhas chefes, que são amigas dele.
— BRUNAAAAAAA.
Levo um susto ao escutar o grito que Amanda dá.
— Amanda.
— Em que mundo você está agora, garota? Estou falando
com você e parece que não está escutando. Você deveria estar
concentrada na tela à sua frente e não viajando em pensamentos.
Esse é o seu trabalho de conclusão. Já sabe se não passar não vai
se formar e sem formatura não tem emprego, então tenha foco. Você
é muito boa e não vou aceitar nada menos do que o excelente
trabalhando na minha galeria. Está tento uma oportunidade incrível,
não a desperdice porque uma chance dessa não vai bater duas
vezes na sua porta.
Engulo em seco com a bronca que levo.
Amanda e Emily são muito boas comigo, mas sabem chamar
atenção quando é preciso.
— Me desculpe, Amanda, tem razão. Vou me concentrar e
não vou decepcionar nem você e nem a Emily — digo ficando na
frente da tela que estou pintando porque não é exatamente meu
último trabalho que tem nela.
Mas como Amanda é muito esperta, percebeu que estava
agindo de modo estranho.
— Me deixe ver o seu trabalho, Bruna — diz me olhando nos
olhos e meu coração acelera.
— Não está pronto ainda. Está horrível, na verdade, acho que
vou ter que recomeçar. — Tento ser convincente.
— Quero ver assim mesmo, saia da frente.
Meu Jesus, estou ferrada.
— Amanda...
— Bruna Harper, me deixe ver o que está pintando agora
mesmo.
Acabo saindo da frente da tela porque é capaz dela me tirar a
força.
Ao ver a expressão que ela faz, fico mais nervosa ainda.
— Meu Deus, Bruna, está perfeito! Estou simplesmente sem
palavras. Sabe que não vai poder expor isso nunca sem a
autorização de Oliver e ele nunca vai permitir isso. É capaz de ficar
furioso se souber que você pintou um quadro dele. Por que você fez
isso? Por que pintou um quadro do Oliver assim com tanta
perfeição? Você não é boba, Bruna, sabe muito bem que ninguém
nunca poderia admirar essa tela.
Fico munda sem saber o que responder, porque, na verdade,
nem eu mesma sei o motivo de ter feito isso.
— Amanda, me desculpe, vou destruir essa tela. Nunca
deveria ter pintado. Não sei o que deu em mim, comecei a pintar e
quando percebei, eu...
— Ei, calma, não precisa ficar nervosa e nem destruir a tela,
só não deixe ninguém ver. Quando for contratada vai ter sua própria
sala de criação, a leve para lá e a deixe coberta para que ninguém
veja. Quem sabe um dia não tenha a oportunidade de dar essa tela
de presenta ao Oliver, hein?
Amanda ficou louco.
— Dar de presente ao senhor Thompson? Isso nunca vai
acontecer, Amanda. Aquele homem não gosta de mim, ele é grosso,
arrogante, sem coração e trata as pessoas feito lixo. Ele pensa que
pode mandar em todo mundo e nos reles mortais temos que
obedecer sem discutir. É um homem insuportável. Sinto muito, sei
que ele é seu amigo, mas é só seu amigo e de mais ninguém. Eu
assisto jornal, sabia? Vejo que todos o tratam como um rei, o rei do
petróleo. Quero distância desse homem — digo sem nem respirar
direito.
Ela presta atenção em cada palavra que sai da minha boca,
mas o que não faz sentindo é a gargalhada que solta logo após que
acabo de falar.
— Isso vai ser muito divertido. Obrigada, meu Deus,
realmente estava precisando de um pouquinho de diversão na minha
vida.
— Mas do que você está falando? O que vai ser divertido?
Ela sorri novamente.
— Cubra a tela e termine o seu trabalho. Sua formatura é
daqui alguns dias e não se preocupe com a faculdade, meu marido já
deu um jeito nisso. A sua maneira de me agradecer é sendo a
melhor. Tenha foco em tudo o que você for fazer, Bruna, e vai chegar
muito longe assim como Emily e eu chegamos. O seu futuro vai ser
grandioso e se tornará uma rainha.
Agora, sim, ela enlouqueceu de vez, mas fico feliz pelas suas
palavras, pelo menos ela acredita no meu potencial.
— Vou me concentrar no meu trabalho.
— Faça isso.
Amanda se aproxima, me abraça forte, como poucas vezes
fez, e sussurra no meu ouvido:
— Tenha em mente o que eu disse, para se tornar a mulher
que tem que ser, vai precisar ser a melhor.
Amanda se afasta e sai sem me dar brecha de questionar o
que ela quis dizer com essas palavras.
CAPÍTULO 5
Bruna Harper
Depois de um dia cansativo, finalmente chego em casa
exausta e tudo o que quero é tomar um banho, jantar e cair na cama.
Mas ao passar pela porta da sala, vejo minha mãe chorando e
falando no telefone. Isso logo me coloca em alerta de que alguma
coisa muito grave deve ter acontecido.
— Mamãe, o que foi? Por que a senhora está assim?
Ela coloca as mãos na cabeça chorando desesperada.
— Eu não aguento mais viver essa vida com seu pai fazendo
besteiras desse jeito, Bruna. Eu não aguento mais.
— O que ele fez agora, mãe? Onde meu pai está?
— Ele está em uma casa de jogos, uma boate, sei lá o que
aquele lugar é. O que sei é que ele não tem dinheiro para estar
jogando em um lugar como aquele.
Não consigo acreditar no que a minha mãe fala.
— E quem foi que ligou para a senhora? Como sabe que
papai está lá?
— Um dos seguranças é um velho conhecido nosso e me
ligou assim que seu pai entrou dando uma de rico.
Lá se vai meu descanso.
— Eu vou atrás dele, mãe. Me diga exatamente onde fica
esse lugar e o nome do seu conhecido que vou impedir que meu pai
faça uma besteira.
— Não vou permitir que você vá para aquele lugar, sozinha e
muito menos permitir que fale com o Fred. Aquele lugar não é para
você.
— E nem para ele, mãe, mas assim mesmo ele foi. Deixá-lo lá
vai ser pior. Agora me dê o endereço antes que seja tarde demais.
Depois de muito tempo e mesmo achando ruim, ela me dá o
endereço.
Usando o pouco dinheiro que tenho, pego um táxi e em pouco
tempo o motorista me deixa diante da porta de uma boate de luxo,
tanto que me pergunto se estou no lugar certo.
Desço do carro e vou até à entrada que está lotada.
— Por favor, queria falar com o Fred. — Procuro o homem
que minha mãe falou o nome.

O homem me olha de cima a baixo me analisando.


— E quem é você? Por que quer falar com o Fred?
Até entendo o motivo da sua desconfiança.
— Me chamo Bruna, diga a ele que sou filha da Lena Harper,
ele vai saber o que fazer.
O homem me olha mais uma vez e sai.
Pouco tempo depois retorna com outro cara muito grande e
forte, imagino que deve ser o tal de Fred.
— Essa é a menina que está procurando pelo senhor.
O homem me olha de cima a baixo e por um minuto vejo a
surpresa em seus olhos.
— Quantos anos tem, criança?
Não era esse o tipo de pergunta que estava esperando que
ele fizesse.
— Não sou mais nenhuma criança, tenho vinte anos e se
quiser pode ver meus documentos.
Mais uma vez o homem me olha surpreso.
— Com toda certeza vou querer ver seus documentos, venha
comigo — diz de forma autoritária.
Acredito que pela maneira como as pessoas abaixam a
cabeça para ele, não me parece ser um simples segurança, como
minha mãe falou que ele era.
Entramos na boate e fico de boca aberta com o luxo do lugar,
esse com certeza é o tipo de ambiente que gente muito rica
frequenta.
Acompanho o tal de Fred até um corredor e quando ele para
de uma vez, acabo batendo nas suas costas. Ele volta a me olhar
intensamente e agora começo a sentir medo.
— Antes de levá-la até onde sei que quer ir, me mostre seus
documentos.
Respirando fundo pego minha identificação na bolsa e entrego
a ele que analisa atentamente. O homem olha para meu documento
e para meu rosto e isso já está me deixando nervosa porque meu pai
pode estar perdendo tudo o que não tem.
— Será que agora o senhor pode me levar até meu pai?
— Não chame aquele verme de pai na minha frente e diga a
Lili que vou procurá-la para ter uma conversinha com ela — diz
entredentes aparentemente com muita raiva.
Acho muito estranho, ele chamar minha mãe pelo apelido,
mas não tenho muito tempo para pensar nisso agora.
— Olha sei que você é conhecido dos meus pais e deve saber
muito bem o que vim fazer aqui, então será que podemos pular a
conversa fiada?
Ele sorri e me entrega meus documentos.
— Você é igualzinha à sua mãe. Vamos lá, vou te levar até
aquele esterco de homem.
Acho estranho a forma como ele fala do meu pai, parece ter
muita raiva dele.
O homem vai à frente, resmungando alto e só entendo algo
sobre mamãe ter que explicar muita coisa a ele. Depois converso
com ela sobre isso, a prioridade agora é outra.
Paramos diante de uma porta muito bonita e antes de abri-la,
ele volta a falar comigo.
— Ao passar por essas portas você estará entre os homens
mais ricos do mundo, pessoas poderosas com capacidade de acabar
com Bruce em um estalar de dedos. Sinceramente não sei onde
aquele idiota estava com a cabeça quando resolveu se arriscar vindo
aqui hoje.
— Então deve saber que não tenho muito tempo.
Ele sorri novamente e passa a mão no meu cabelo.
— Criança, você já chegou aqui tarde demais, mas não se
preocupe que em você ninguém toca.
Antes que diga mais alguma coisa, ele abre a porta e chama
dois homens que parecem estarem fazendo a segurança do local,
deduzo isso pelas armas que reluzem em suas cinturas.
A ordem que Fred dá é bem clara, ninguém encosta um dedo
em mim. Confesso que escutar isso me deixa aliviada por mamãe ter
um amigo que se preocupa comigo.
Assim que entro na sala vejo que ele tinha razão, cheguei
tarde demais.
CAPÍTULO 6
Bruna Harper
Meu pai está sentado em uma mesa rodeada por homens
importantes e entre eles está ninguém mais ninguém menos do que
Oliver Thompson.
Meu Deus, como foi que papai conseguiu entrar aqui e jogar
com essas pessoas?
Quando vou me aproximar da mesa um dos seguranças
segura meu braço.
— Desculpa, senhorita, o jogo já começou e não pode se
aproximar agora, tem que esperar a partida terminar.
Não consigo acreditar no que escuto e ainda tento questionar
com o homem que me segura.
— Mas vim justamente para impedir que essa partida
aconteça.
— Senhorita, essa já é a terceira rodada. O senhor Harper
perdeu e pediu uma melhor de três valendo tudo.
— Valendo tudo? Mas como valendo tudo se ele não tem
nada para apostar?
— Ele tem sim.
Meu coração falta sair pela boca porque não temos mais nada
de valor em casa.
— O que ele está apostando?
Vejo que o homem me olha com pena.
— Sinto muito, senhorita, mas acho que deve ser a casa de
vocês. Tudo o que ele trouxe foi a escritura de uma casa.
Sinto as pernas falharem e só não caio porque ele me segura.
Como o meu pai teve coragem de apostar nossa casa desse
jeito?
Minha vontade é de chorar de raiva.
O segurança me senta em um sofá próximo e me manda rezar
para que o meu pai ganhe pelo menos dessa vez, assim não
perdemos nossa casa.
Eu fico sentada no sofá olhando para os homens jogando tão
concentrados que não perceberam a minha presença. Cada um
deles emana poder exibindo suas inúmeras fichas no meio da mesa.
Meu pai não tem chance contra eles que são leões e ele a
porra de um cordeirinho que não sabe a merda que está fazendo.
Depois de alguns minutos, acontece tudo como exatamente já
previa, meu pai perde tudo e os outros jogadores um a um vão
mostrando seus jogos.
O grande vencedor é ele, Oliver Thompson.
Eu me levanto em um impulso, vou até à mesa de jogos e
puxo a cadeira do meu pai para trás, sem me importar de como os
outros homens estão me olhando, principalmente o Oliver.
— Pai, como o senhor teve coragem de fazer isso? Apostou a
nossa casa e perdeu? O que vai ser de nós agora?
Meu pai se levanta e segura com força meu braço.
— O que você está fazendo aqui? Como conseguiu entrar?
Está me envergonhando na frente desses homens.
Puxo o braço e o encaro.
— O senhor é que está se envergonhando, achava mesmo
que teria alguma chance contra eles? Não passa de um jogador de
calçada que nunca conseguiu ganhar nada...
— Como vai ser, senhor Harper, essa escritura não paga nem
metade da aposta — Oliver diz me interrompendo e me viro para
olhar para ele.
— Como assim não paga nem a metade da aposta?
— Isso mesmo o que escutou, garota, essa escritura não paga
nem metade da aposta. Seu pai me deve muito dinheiro.
A maneira arrogante como ele fala comigo me deixa irritada, é
como se ele nem me conhecesse.
— O senhor já é um homem muito rico, creio que pode
reconsiderar e ficar apenas com a casa.
Os homens caem na gargalhada, mas em um levantar de
dedo do Oliver, todos se calam.
Ele me encara assim como estou fazendo com ele.
— Aqui não é um clube de caridade, menina. Seu pai sabia
bem o que estava fazendo e onde estava se metendo. Ele estava
bem ciente do valor da aposta e mesmo assim concordou com as
regras. Agora ele perdeu e vai ter que pagar.
Mas que filho da mãe, desgraçado!
— Em primeiro lugar, não deveria aceitar aposta de um
homem que não tem nada; segundo, o que me falaram é que todos
aqui são homens de negócios. Homens importantes, mas que foram
burros o suficiente para não conferir se um homem, como meu pai,
que só de olhar para ele se percebe que é um pobre lascado tinha
como pagar ou não uma aposta tão alta como essa.
Meu pai mais uma vez segura meu braço com força e levanta
a mão para me dar um tapa. Quando fecho os olhos esperando
sentir o ardor no meu rosto, escuto Oliver dizer:
— Se você tocar um dedo nela, eu mesmo arranco a sua mão.
Estou acostumado a fazer isso com perdedores. Posso dizer que é a
melhor parte do jogo, entende agora, senhorita Harper, o motivo de
não conferir se os homens que se juntam a nós tem ou não
condições de pagar as apostas?
Todos riem novamente.
Meu pai me solta e se ajoelha implorando por mais tempo.
— Senhor Thompson me dê mais um tempo para conseguir o
restante do dinheiro, não arranque minha mão, por favor.
Deus que situação humilhante é essa, realmente meu pai é
um verme de homem.
Os outros homens dentro da sala parecem se divertir com
tudo o que acontece, mas em momento nenhum paro de encarar
Oliver e ele também não desvia o olhar do meu.
— Um mês... Você tem um mês para me pagar o restante do
valor da aposta, senhor Harper, se não pagar garanto que não vai
perder só a mão. Não deveria ter entrado aqui se não era homem o
suficiente para arcar com as consequências de perder tanto dinheiro
assim, agora suma da minha frente.
Tento ajudar meu pai a se levantar, mas ele me empurra com
tanta força que acabo caindo por cima da mesa e machucando as
costas.
Oliver se levanta furioso e acerta um soco em cheio na cara
do meu pai, quebrando o nariz dele.
— Falei que se triscasse um dedo nela arrancaria sua mão.
Meu pai mesmo ensanguentado muda de cor com medo de
perder a mão.
— Senhor Thompson, por favor, me desequilibrei e caí. Ele
não me empurrou tão forte assim.
Oliver trava o maxilar me olhando e dá uma ordem.
— Sumam todos da minha frente agora mesmo.
Ninguém espera o homem mandar duas vezes, todos se
levantam e vão até à porta de saída. Faço o mesmo tentando ajudar
meu pai que tem as mãos no nariz.
— Você fica, Bruna.
Estanco no lugar e meu pai me olha surpreso por Oliver saber
meu nome.
— Tirem esse verme daqui, deixem só a filha dele e não
permitam que mais ninguém entre nessa sala.
Os dois seguranças que já estavam na sala se aproximam do
meu pai e o levam para fora. Logo depois fecham a porta, me
deixando sozinha com um homem que pensei que conhecesse.
— Vamos lá, Bruna Harper, quero que me mostre agora toda a
sua coragem — diz com tanta autoridade que minha vontade é de
dizer que minha coragem foi embora junto com meu pai.
CAPÍTULO 7
Bruna Harper
— O que quer comigo, senhor Thompson? Já não humilhou a
mim e ao meu pai o suficiente?
Ele sorri de forma debochada se encostando na mesa de jogo.
— Em momento algum humilhei você, muito pelo contrário até
te defendi. Deveria me agradecer, geralmente não costumo ser tão
bonzinho.
Dessa vez sou eu que sorrio dele.
— Não me lembro de pedir para ser defendida. Nunca precisei
de um homem para me defender, sei fazer isso muito bem sozinha.
Agora, se me der licença estou indo embora porque diferente de
algumas pessoas, tenho que trabalhar amanhã cedo. — Eu me viro
para sair e quando já estou próxima da porta, ele diz:
— Não dê mais um passo, garota atrevida, ou ensino uma
lição a você.
Ah, mas essa eu quero ver!
Me viro para o homem que realmente pensa que é um rei e o
encaro, o provocando.
— Senhor Thompson, o senhor não é tudo isso que pensa.
Deve estar acostumado com as pessoas se ajoelhando aos seus
pés, mas isso não vai acontecer comigo, adeus. — Eu me viro para
sair.
Quando coloco a mão na maçaneta e abro a porta, ela é
fechada bruscamente. Oliver me segura pela cintura, me virando de
frente para ele e rouba um beijo. É um beijo tão inesperado que não
sei como reagir até que ele me impressa na porta, enfiando sua
língua selvagem na minha boca.
Em um primeiro momento meu instinto é empurrá-lo, mas o
homem me segura forte em seus braços e como sou menor que ele,
não tenho chance nenhuma contra a sua força.
Quando ele aprofunda o beijo, me entrego de vez.
Ele percebe isso quando passo os braços ao redor do seu
pescoço e o puxo para mais perto.
Ao perceber como estou entregue, me levanta e passo as
pernas ao redor da sua cintura. Ele me leva até a mesa de poker
jogando todas as fichas no chão, me sentando nela e se colocando
entre as minhas pernas. Sinto o exato momento em que ele coloca
sua mão grande na minha nuca e puxa meu cabelo, controlando o
ritmo do beijo libidinoso que me castiga da melhor maneira possível.
Oliver aperta minha cintura com a sua mão livre e logo depois
ela passeia pelo meu corpo até chegar aos meus seios.
Quando ele aperta por cima da blusa e inevitável que não
solte um gemido que logo é engolido por seus lábios.
Assim que vejo que ele já está querendo passar dos limites,
desfaço o beijo que desce pelo meu pescoço até chegar ao meu
ouvido. Ele chupa o lóbulo da minha orelha e sussurra:
— Como pode ser filha de um homem como aquele? — Volta
a beijar meu pescoço e aperta minha cintura, esfregando seu
membro inchado na minha intimidade, me deixando mais excitada
ainda.
— Não tive controle sobre isso, não podemos escolher a
família que vamos nascer.
Ele volta a me beijar mais uma vez, como se quisesse gravar
cada canto da minha boca e do meu corpo.
Quando desfaz nosso beijo, ele segura meu queixo com força,
me fazendo encará-lo.
— Um mês, Bruna. Seu pai tem um mês para pagar a aposta
e nem um dia a mais. Outra coisa, nunca comente com Amanda e
Emily o que aconteceu aqui hoje. Esse é um Oliver que elas não
conhecem e quero que continuem sem conhecer. Já você eu não me
importo, não é ninguém para mim. Mas as duas são pessoas
importantes na minha vida, Amanda é a minha...
— Redenção — respondo o empurrando.
Não gostei nem um pouco da maneira como ele falou comigo
e já escutei algumas vezes Amanda dizendo que Oliver sempre fala
que ela é a redenção dele. Se não conhecesse a história deles dois
poderia jurar que Oliver é apaixonado pela Amanda, mas eles
realmente são só dois bons amigos.
— Exatamente, apenas Amanda e Emily conhecem meu lado
bom e te aconselho a ficar de boca fechada. Agora saia daqui e volte
a viver a sua vidinha sem graça. Não se esqueça do seu prazo.
— Você faz tanta questão desse dinheiro assim? Esse
dinheiro não vai te fazer falta. — Ainda tento questionar para ver se
ele desiste dessa loucura porque meu pai nunca vai conseguir pagar
tanto dinheiro.
— Tem razão, esse dinheiro não vai me fazer falta, mas seu
pai sabia muito bem onde estava entrando. Saiba que se não cortei a
mãe dele como falei que faria foi porque hoje estou em um bom dia e
senti um pouco de pena de você. Mas isso não vai se repetir na
próxima vez que nos encontrarmos. Agora suma daqui. Se seu pai
não pagar a dívida, você pagará. Não deveria ter vindo até aqui, foi
um erro da sua parte.
— Foi erro tentar impedir meu pai de deixar minha mãe e eu
sem um teto para morar?
— Sim, um erro, garota estúpida. Hoje, você despertou uma
fera há muito tempo adormecida e isso não é nada bom. Não se
preocupe, ainda terá um teto sobre a sua cabeça no decorrer desse
mês. agora saia daqui de uma vez antes que eu te pegue e te jogue
em cima dessa mesa de poker.
Chego a engolir em seco com a promessa por trás de suas
palavras e ele percebe isso só em me olhar.
— Você não vai querer que eu faça isso, Bruna, eu garanto.
Agora sai daqui.
Ainda penso em responder, mas caio em mim bem a tempo de
evitar de fazer a maior besteira da minha vida. Pego a bolsa e passo
por ele, o encarando sem falar nada.
Quando abro a porta ele completa sorrindo, fazendo pouco da
minha cara:
— Garota ingênua, você não aguentaria cinco minutos comigo
na cama.
Lembro que Amanda uma vez comentou que Oliver tinha feito
trinta e quatro anos e não vou deixar essa provocação barato. Vou
provocá-lo no mesmo nível já que estou com a porta aberta a ponto
de sair correndo.
Olho nos olhos dele e “solto a frase que um dia ele faria me
arrepender de ter pronunciado”.
— Tenho vinte anos e você trinta e quatro, tenho minhas
dúvidas de quem realmente não aguentaria os cinco minutos. Não
sabia que você era tão rapidinho assim.
Oliver me encara furioso e caminha em minha direção, mas
como não sou besta, fecho a porta e saio correndo pelo corredor
vazio.
— CORRE, SUA COVARDE, MAS UM DIA EU TE PEGO.
Como já estou longe o suficiente, grito de volta.
— VOCÊ NÃO TEM MAIS IDADE PARA ME PEGAR, TENHA
CUIDADO COM A SUA SAÚDE, SENHOR THOMPSOM.
Oliver vem em minha direção em passos largos e quando me
preparo para correr uma mão me puxa e me ajuda a sair do corredor.
Então vejo que é o tal de Fred de novo.
— Você ficou louca de vez, menina? Como tem coragem de
falar assim com o senhor Thompson? Perdeu o juízo?
Ele realmente parece preocupado comigo.
— Ele não vai fazer nada, tenho uma arma que posso usar
contra ele — digo pensando em Amanda.
— Você não conhece esse homem, fique longe dele. Agora vá
para sua casa, fique com a sua mãe e cuide dela porque duvido
muito que Bruce volte para casa depois da ameaça que sofreu hoje.
Ninguém passa por cima de Oliver Thompson.
Penso em suas palavras, não questiono mais nada e faço o
que ele diz, mas por dentro rezo para que meu pai tenha pelo menos
o mínimo de consideração e não nos abandone com uma dívida
desse tamanho.
Oliver falou que se ele não pagar eu pagarei.
CAPÍTULO 8
Oliver Thompson
Bruna, garota tola!
Ela não sabe com quem mexeu e ainda me desafiou daquela
maneira infeliz.
Há muito tempo uma mulher não chamava minha atenção e
ela conseguiu fazer isso, o que foi um grande erro da parte dela.
O pai da garota é um infeliz que deixou a família sem nada.
Até poderia abrir mão do restante da aposta, mas a maneira
como ela me desafiou na frente dos meus homens, praticamente nos
chamando de burros, me deixou furioso.
Homem nenhum tem essa coragem, uma mulher então nem
se fala, mas a petulante me encarou sem demostrar receio.
Pelo canto de olho vejo Fred entrando na sala de jogos
enquanto estou sentado no sofá, saboreando meu copo de uísque.
— Mandou me chamar, senhor Thompson.
— Como aquela garota conseguiu entrar aqui? — pergunto
sem rodeios e vejo o homem à minha frente mudar de cor,
completamente nervoso.
Só por sua reação já entendo tudo.
— Senhor, ela...
— Você a ajudou a entrar aqui, aquela garota não conseguiria
entrar sem a sua ajuda. Agora, vem a pergunta mais importante, por
qual motivo você a ajudou? — Encaro o homem para que veja que
não estou com muita paciência.
— Senhor, ela... Ela, a menina...
— Fred não teste minha paciência e nem tente mentir ou me
enganar. Sabe que se fizer isso as coisas não vão ficar boas para o
seu lado. O homem engole em seco derrotado pelas minhas
palavras.
— Eu quero conversar agora com meu primo e não com meu
chefe.
O desgraçado sabe usar nosso parentesco ao seu favor.
Fred é um primo distante que ajudei, na verdade, não
chegamos nem mesmo a ser parentes já que ele foi adotado por uma
tia que nem mesmo sei quem é. Esse clube para todos os efeitos, é
dele e mesmo sendo muito mais velho do que eu, sempre deixei bem
claro qual era o seu lugar.
— Se sirva de uma dose de uísque e me conte a merda que
você fez.
Ele faz o que falo e se senta na minha frente respirando
fundo.
— Há uma chance muito alta daquela menina ser minha filha.
Agora ele chama minha atenção.
— Sua filha? E qual é a chance disso ser verdade?
— Cem por cento.
— Isso não é uma chance, seu idiota, é uma certeza.
— Então tenho certeza e você não vai fazer nada com ela,
Oliver.
— Se ela é sua filha, idiota, por que permitiu que ela entrasse
aqui e me enfrentasse daquele jeito? Deveria protegê-la e não a
jogar em uma toca de lobos.
— Oliver, me dá um tempo, tá bom? Eu acabei de descobrir
que tenho uma filha de vinte anos que nem sabia que existia. No
mesmo dia que descubro isso te vejo a agarrando pelas câmeras de
segurança e não fiquei muito feliz com a cena.
Acabo sorrindo da cara que ele faz.
— Vejo que ela deve ter puxado a você na coragem.
— A mim? Você não conhece a mãe dela, aquela mulher
sabia como me tirar do sério. Ela vai me pagar por ter escondido
minha filha de mim e permitido que outro homem criasse a menina.
Já vou logo avisando que mandei dar uma surra no bastado quando
saiu daqui, ele não deveria ter empurrado a minha garotinha e tenho
certeza de que ele não volta para casa.
— Então a sua garotinha vai ter um grande problema nas
mãos porque se o bastardo não pagar a dívida é ela quem paga.
Agora ele me encara novamente.
— Você não precisa desse dinheiro, Oliver, e se fizer tanta
questão assim pago a dívida no lugar dela. Sabe que
dinheiro pra mim não é problema.
— Não, você não vai pagar a dívida e não se preocupe que
não vou fazer nada com a sua garotinha por enquanto. Tenho planos
muito bons para ela.
— Planos!? Mas que planos?
O homem acabou de descobrir que tem uma filha e já quer dar
um de pai protetor.
— Planos que não interessam a você saber deles.
— Oliver, ela é minha filha, é claro que me interessa saber o
que pretende fazer com ela. Nunca se interessou por mulher
nenhuma, o seu interesse só se resume em levar para cama e
satisfazer as suas vontades, só isso. Pelo que pude ver, a Bruna não
está interessada em você, muito pelo contrário.
— Exatamente por isso que ela é perfeita para o que
pretendo. Ela não tem interesse em mim e nem no meu dinheiro, vai
servir muito bem para o que quero.
Fred começa a ficar nervoso com minhas meias palavras e se
remexe na poltrona à minha frente.
— Oliver, seja claro comigo, não estou gostando muito do
rumo dessa conversa. Ela é minha filha, cara, seja complacente pelo
menos dessa vez. Diga claramente o que está pretendendo.
— Estou pretendendo me casar com ela. Sua filha terá a
honra de carregar o herdeiro da família Thompson.
Fred chega a se engasgar com o que falo e me olha com uma
cara impagável.
— Você pretende usar o casamento como forma de
pagamento pela dívida que aquele verme jogou nas costas dela?
Você quer usar a minha filha?
Fred se levanta com raiva e vem para cima de mim, mas eu o
seguro e o prendo na parede com a mão pressionando seu pescoço.
Esse tipo de comportamento eu não admito.
— Agora o primo ficou de lado e o chefe entrou em ação. Não
quero usar a sua filha se é que me entende, apesar dela ser muito
gostosa. Ela vai se casar comigo para que minha família não
desconfie de nada e vai carregar meu herdeiro em seu ventre, é só
isso — digo soltando o homem que que se apoia no sofá.
— E como pretende colocar um bebê dentro dela sem levá-la
para cama?
— Existem clínicas especializadas nesse assunto, não será
um grande problema. Bruna é nova, fértil, se forma na faculdade em
um mês e trabalha na galeria de arte onde sou um dos investidores.
Ela tem ótimas tutoras, vai ser fácil ficar de olho nela e colocá-la na
linha, caso me desobedeça. Meu casamento com ela não vai passar
de um contrato muito bem-feito e depois que meu filho nascer, ela
pode fazer o que quiser da vida dela. Não pretendo a expor na mídia,
assim será mais fácil.
— O seu plano é realmente perfeito, mas ele é perfeito para
você, Oliver. Já parou para pensar nela ou nos sentimentos dela? E
se ela se apaixonar por você?
Paro para pensar por alguns segundos antes de responder
essa pergunta, não vou dar chance a ela de se apaixonar.
— Aí ela será mais tola do que pensava. Não pretendo fazer
mal a sua filha recém-descoberta, Fred. Desde que ela siga as
regras do contrato que vou oferecer, ela ficará bem. Você melhor do
que ninguém sabe o quanto meus pais estão me pressionando por
um filho. Assim como sabe que não tem a mínima possibilidade
desse filho vir ao mundo de forma tradicional, como minha mãe quer.
Ele me olha e balança a cabeça em negação, mas não tem
coragem de expor seus pensamentos.
— Você tem que superar o que aconteceu, Oliver, já se
passaram anos e continua preso no passado.
— O passado me ensinou uma lição, a qual nunca vou
esquecer. Não vou amar novamente uma mulher como eu a amei e
nem vou ter meu coração partido pela traição novamente. Na
próxima vez que tocar nesse assunto de novo não vai ter a
oportunidade de conhecer seu neto. Agora saia daqui e fique de olho
na sua filha, Bruna Harper agora me pertence e seja grato por
colocar você e seus homens para cuidar dela.
Fred sabe que quando eu dou uma ordem ela não pode ser
questionada.
— Sim, senhor, mas quero dizer só uma coisinha.
Observo o homem que está bem na minha frente me
encarando enquanto espero que ele diga o que quer.
— Se quebrar o coração da minha filha… — Sorri e se
aproxima passando a mão em meu terno. — Eu posso até morrer,
mas uma lição muito bem dada eu ensino a você. Boa noite, senhor
Thompson.
Fred se afasta e quando está passando pela porta, digo
chamando a sua atenção.
— Ainda bem que sabe o que vai acontecer
— É claro que sei, mas morreria feliz — diz fechando a porta
atrás dele.
Agora é só esperar um mês para cobrar a dívida da minha
futura esposa.
CAPÍTULO 9
Bruna Harper
Como o tal de Fred previu meu pai sumiu da face da Terra.
Ninguém sabe onde ele está e tudo o que minha mãe sabe fazer é
chorar. Eu só tive coragem de contar a parte que meu pai perdeu a
nossa casa no jogo, se ela soubesse a fortuna que ele ainda está
devendo, acho que já teria enlouquecido.
— Mamãe, ficar chorando não vai resolver nossos problemas
e o seu choro já está me deixando nervosa.
— Como quer que eu pare de chorar? Já tem uma semana
que o desgraçado do seu pai sumiu e logo nós duas estaremos na
rua. É uma questão de tempo até o novo dono da nossa casa nos
expulsar daqui.
Ele que tente fazer isso que pulo no pescoço dele.
— Mamãe, quem sabe o papai não está correndo atrás do
dinheiro para pagar a dívida e recuperar a nossa casa?
Ela para de chorar e me encara.
A verdade é que nem eu sei se acredito no que acabei de
falar.
— Minha filha, você é tão inocente a esse ponto? Duvido
muito que o seu pai tenha coragem de aparecer por aqui.
— Tem razão, o tal de Fred, seu amigo, falou a mesma coisa.
Mamãe fica pálida ao escutar o que digo.
— Você conversou com ele por muito tempo, filha? O Fred te
fez perguntas?
— Aquele homem é meio estranho, mamãe. Ele fez questão
de ver meus documentos e ficou pálido feito um fantasma. Sem
contar que ele te chamou pelo apelido. Isso foi muito estranho, afinal
não é todo mundo que chama a senhora de Lili.
Mamãe arregala os olhos e respira fundo.
— Meu Deus, estou perdida! Ele descobriu tudo.
— Descobriu o quê, mãe? Do que a senhora está falando?
— De nada, minha filha, está na hora de ir trabalhar ou vai se
atrasar novamente. Não é bom ficar abusando da boa vontade da
Amanda e da Emily, então se apresse.
Mamãe desconversa e só falta me expulsar de casa, mas ela
tem razão não quero chegar atrasada, por isso saio.
Vou para a parada de ônibus com uma sensação estranha de
sempre estar sendo seguida e isso já vem acontecendo a algum
tempo, mas não acho nada estranho ao olhar ao meu redor.
Em poucos minutos o ônibus passa e chego na galeria em
cima da hora.
Pelo menos não estou atrasada.
Ao passar pela recepção não dou nem atenção para as
piadinhas das recepcionistas invejosas e vou direto para minha
mesa.
— Bruna, liga para o Oliver e marque uma reunião com ele e
meu marido. Temos que discutir os gastos da nova exposição tanto
daqui como da filial de Nova York — Emily pede saindo da sala dela
e meu coração gela ao escutar o nome de Oliver.
— Você está bem, Bruna?
— Estou sim, vou marcar a reunião agora mesmo, não se
preocupe.
— Tudo bem, e como vai seu trabalho de conclusão? Em
poucos dias é a sua formatura.
— Estou quase terminando.
— Quero ver a tela depois e se não estiver boa vai refazê-la
do início. Lembre-se que vamos te contratar e queremos que seja a
melhor, então não se zangue comigo caso reprove o seu trabalho.
Fico emocionada e nervosa, ao mesmo tempo, com o que ela
fala porque ultimamente não estou com a cabeça muito boa para
criações.
— Tudo bem, mostro para você depois.
— Ótimo, agora marque a reunião — diz e entra em sua sala.
Faço a ligação primeiro para o marido dela que como sempre
é muito educado e depois de marcar um horário para a reunião,
passo quase vinte minutos encarando o telefone, procurando
coragem para ligar para o grupo Thompson.
— O que tem de errado com o telefone?
Levo um susto com Amanda falando do meu lado também
olhando para o aparelho.
— Amanda, você me assustou — digo colocando a mão no
peito.
— Você já está há um bom tempo olhando para o telefone
como se ele fosse te morder caso toque nele.
— Não estou com medo do telefone, mas de fazer a ligação
para o Oliver.
O sorriso dela se ilumina e me arrependo no mesmo instante
do que disse.
— Oliver? Não precisa ter medo dele. Ou está nervosa por ele
ser o seu crush?
Sabia que ela iria vir com essa.
— Meu o quê? Não inventa, Amanda, não tem nada a ver.
— Você gosta dele que eu sei, tanto que pintou um quadro
lindo dele que está bem escondido na sala de criações.
— Fala baixo, Amanda, alguém pode escutar.
Ela começa a rir de mim.
— Faça a ligação que o Ollie não morde — diz e entra na sala
dela.
Finalmente pego o telefone e faço a ligação que logo é
atendida pela secretária da presidência. Depois que me identifico, ela
me pede para aguardar na linha.
— Alô.
Meu coração acelera ao escutar essa voz.
— Se não vai falar nada porque faz perder meu tempo? Quer
mesmo aumentar a sua dívida comigo?
Como pode ser tão arrogante?
— Senhor Thompson, por mim nunca mais falava com o
senhor, mas por causa do meu trabalho, sou obrigada a fazer isso.
Emily quer marcar uma reunião para tratar dos custos da próxima
exposição.
Escuto sua respiração ofegante do outro lado da linha.
— Três semanas, Bruna Harper, e você será minha.
Não entendo o que ele quer dizer com isso.
— Vai sonhando...
— Então quer dizer que já conseguiu o dinheiro para pagar a
dívida do seu pai? Fiquei sabendo que ele sumiu do mapa e o seu
tempo está acabando.
— Por que está fazendo isso? O senhor não precisa desse
dinheiro. Não vê que vai deixar minha mãe e eu na rua?
— Esse problema não é meu, mas seu, querida.
— Você é um cretino sem coração.
— Tem razão não tenho coração. Diga a Emily que estou à
disposição dela no momento que quiser.
Antes que possa responder, o filho da mãe desliga o telefone
na minha cara e minha vontade é de quebrar o telefone e fingir que é
a cara dele.
Não sei como vou fazer para pagar essa dívida, mas vou ter
que dar um jeito.
Ligo de novo para a secretária do cretino e marco a reunião.
Dou graças a Deus que vou ter que ir para a faculdade no
período da tarde assim não me encontro com ele.
Depois de tudo acertado passo o horário da reunião para
Amanda e Emily, e aviso que vou ter aula no horário da tarde, o que
elas não estranham já que estou nas minhas últimas semanas de
aula.
***
Logo depois do horário do almoço pego outro ônibus e vou
para a faculdade.
Como chego com tempo, aproveito para comer alguma coisa
antes da aula.
— Bruninha, chegou cedo hoje que milagre — Gessy, a única
pessoa que me trata bem nesse lugar diz.
Ela não é minha amiga, mas é uma boa colega de classe.
— Pelo visto não foi só eu que cheguei cedo hoje.
Ela se senta ao meu lado, empolgada demais para meu gosto.
— Hoje nossa turma vai sair toda junta, vamos para uma
boate de luxo a fim de comemorar a formatura que está próxima,
tudo por conta da Paty patricinha.
Começo a rir do apelido que ela deu para a pessoa mais
insuportável de todas.
— E o que te faz achar que ela me convidaria?
— Ela não precisa convidar é para toda a turma e você vai
comigo.
— Acho que não.
— Por favor, Bruna, somos as excluídas e se você não for
como é que vou sozinha? Sei que não somos tão amigas assim, mas
faz isso por mim, por favorzinho. Nunca vamos ter a chance de ir em
um lugar como esse de novo.
Gessy implora com tanta convicção que acabo aceitando
acompanhá-la a essa boate.
— Tudo bem, mas sabe que vamos ter que ir de ônibus, né?
Ninguém vai querer nos dar carona.
— Eu vim hoje no carro da minha mãe, não vamos precisar da
carona de ninguém.
Isso me impressiona.
— Você sabe dirigir? Já tem carteira de motorista?
— Claro que sim, sua boba. Minha mãe nunca permitiria tocar
no carro dela se não tivesse carteira.
Fico com inveja dela já que nunca pude ter o prazer de
possuir um carro nem mesmo os meus pais e agora esse desejo está
mais longe ainda de se realizar.
— Então está tudo certo depois da aula vamos juntas no seu
carro para a tal boate.
Com tudo combinado vamos juntas para a sala de aula e
como sempre ninguém percebe a nossa presença e fico feliz com
isso.
***
A aula foi cansativa e muito longa, pensei que nunca fosse
acabar tanto que já estava com vontade de desistir de sair com a
Gessy, mas ela estava tão empolgada que não tive coragem de
desistir de ir.
Tudo o que eu queria era ir para casa, tomar banho e comer já
que estou morrendo de fome, afinal o lanche rápido que fiz no lugar
do almoço não foi o suficiente.
— Vamos, Bruna, o pessoal todo já está indo.
— Tudo bem, vamos logo, mas vou logo avisando que não
vamos ficar muito tempo, tenho que trabalhar amanhã.
— Tá, vai ser rapidinho. Vamos lá.
Mesmo com um mau pressentimento entro no carro e vamos
até a tal boate.
Depois de muito tempo chegamos e quando ela estaciona o
carro entendo o motivo do meu mau pressentimento.
— Tem certeza de que esse é o lugar certo?
— É claro que tenho, olha ali o pessoal entrando.
Acompanho seu olhar e vejo o pessoal da minha turma de arte
entrando na mesma boate em que meu pai fez a maior merda da
vida dele.
Como já estou aqui o que me resta é entrar.
Ficamos na fila por uns segundos até que um homem grande
e forte se aproxima.
— Senhorita Harper, a senhorita não precisa ficar nessa fila,
pode entrar direto todas as vezes que quiser vir se divertir.
Minha turma inteira me olha como se eu fosse um bicho de
sete cabeças.
— Bruna, mas como você...
— Um cara que trabalha aí é amigo da minha mãe deve ser
por isso. Gessy, não complica mais a minha situação, olha como
estão me olhando.
Ela olha ao redor e segura meu braço.
— Então já que não precisamos ficar na fila vamos entrar logo
antes que a baba dos invejosos escorra.
Entramos e quando estamos próximas do bar o tal de Fred
aparece.
— Bruna, que prazer tê-la aqui. Espero que dessa vez tenha
vindo apenas se divertir e não se meter onde não é chamada. As
regras ficaram mais rígidas desde a última vez que esteve aqui.
Entendo perfeitamente o que ele quer dizer sobre as regas
terem ficado mais rígidas, ele está se referindo a sala de jogos no
andar de cima.
— Hoje quero apenas me divertir, senhor...
— Me chame apenas de Fred. Vamos, vou te levar até uma
das salas vip, é minha convidada especial e sua diversão vai ser por
minha conta todas as vezes que quiser vir até aqui.
Gessy abre a boca em choque enquanto não sei onde enfiar a
cara.
— Fred, obrigada, mas não...
— Senhor Fred, muito obrigada. É claro que aceitamos sua
gentileza. Minha amiga aqui é meio tímida, mas nada que uma
bebida não dê jeito, ela está precisando relaxar.
Fred começa a rir do que ela fala e nos leva até uma das
salas vip.
Praticamente sou arrastada até o local por Gessy.
Assim que entramos, ela logo se deslumbra pela beleza e luxo
do lugar.
— Fred, você não precisava fazer isso — digo olhando para
Gessy que já está no bar pedindo nossas bebidas.
— Ele sabe que você está aqui?
Olho para ele sem entender.
— Ele quem? Vim da faculdade direto pra cá.
Fred respira fundo e coça a barba.
— De quem você está falando, Fred?
— Oliver, Bruna, é dele que estou falando. Se você não
contou a ele que estaria aqui, com certeza ele já ficou sabendo de
outra maneira.
Olho para ele sem acreditar no que escuto.
— Mas que porra é essa, Fred?
— Olha a boca, menina, não fale palavrão ou vou ter que
corrigi-la por isso. É muito feio uma mocinha como você falando
desse jeito.
Minha boca se abre em choque.
Quando foi que dei brecha para esse homem me corrigir e
falar assim comigo?
Apesar da maneira carinhosa que ele fala comigo, me sinto
mal e nem o conheço direito.
— Olha, Fred, não sei o que você está pensando, mas não
tenho nada a ver com o senhor Thompson e não devo satisfação da
minha vida a ele. Quero mais é que ele vá para o inferno.
— No inferno eu já vivo, querida, e você vai me explicar
direitinho o que está fazendo aqui.
Fred arregala os olhos e engulo em seco ao escutar a voz
atrás de mim.
Não entendo o porquê de ficar tão nervosa na presença desse
homem e nem o que ele pretende comigo.
CAPÍTULO 10
Oliver Thompson
Costumo ir à boate sempre que tenho um dia muito
estressante no trabalho e hoje meu dia me estressou logo cedo com
a ligação da petulante.
A língua daquela menina além de gostosa de ser chupada é
muito boa para dar respostas.
Mas o que me deixou mais frustrado foi chegar na galeria para
a reunião que Emily marcou e ela não estar presente como sempre.
Quando perguntei por ela, Amanda já respondeu animadinha que ela
foi para a aula na faculdade.
Sei que minha amiga vai ficar feliz quando jogar a bomba do
casamento no colo dela, mas o que ela não pode saber é sobre as
circunstâncias desse casamento.
Quando chego na boate vou direto para a sala de jogos me
divertir e desestressar, mas no meio da partida recebo uma ligação
de um dos meus homens que logo trato de atender.
Eles sabem que não podem me ligar se o assunto não for
sério.
— Fala.
— Chefe, a senhorita Harper está na boate.
Sinto minha dor de cabeça chegando.
— Que diabos ela está fazendo aqui?
— Ela veio com a turma da faculdade comemorar a formatura
que está se aproximando. Fred a tirou da fila e a levou para uma sala
vip junto com uma colega.
— Fica de olho nela, essa menina vai ser minha esposa e
nada de ruim pode acontecer a ela ou vai sobrar para você.
— Pode deixar, chefe, ela está sendo muito bem vigiada.
Não respondo e desligo o telefone.
— Vai se casar, Oliver? Não estava sabendo disso, nem sabia
que tinha namorada — Celeste, uma das putas de luxo que
acompanha um dos homens, pergunta.
Ela é muito boa na sua profissão e faz uma massagem dos
deuses, mas, as vezes, não sabe ficar com a boca fechada.
— Não tenho que dar satisfação da minha vida a ninguém. Me
caso quando quiser e com quem quiser. Agora se me dão licença
vou resolver um problema. — Levanto da mesa abandonando a
partida pela metade e desço até a boate.
Pergunto a um dos seguranças onde Fred está babando a cria
e logo acho os dois ao entrar na sala vip a tempo de escutar a
petulante dizendo:
— Olha, Fred, não sei o que você está pensando, mas não
tenho nada a ver com o senhor Thompson e não devo satisfação da
minha vida a ele. Quero mais é que ele vá para o inferno.
Acabo sorrindo do que ela diz.
A garota é bem mais audaciosa do que esperava, então
resolvo responder à altura.
— No inferno eu já vivo, querida. Você vai me explicar
direitinho o que está fazendo aqui.
Vejo Fred engolir em seco porque ele me conhece muito bem.
A baixinha se vira de frente para mim e me encara pálida, feito
um fantasma, mas mantém a postura.
— Sinto muito, senhor Thompson, que já viva em um inferno.
Mas ser o Diabo não te dá o direito de se meter na minha vida.
A sorte dessa mulher é que ela é filha do Fred e a quero para
carregar meu filho, senão faria uma besteira com ela.
— Estou apenas assegurando que ficará bem para me pagar
o que me deve, senhorita Harper. Não se engane o Diabo pode fazer
tudo o que quiser, ainda mais quando está no território dele.
Ela está prestes a responder quando uma outra garota se
aproxima entregando uma bebida para ela que por sinal é muito
forte.
— Não vai me apresentar seu amigo gato, Bruna? — a
menina pergunta toda interessada.
Antes de responder, Bruna vira a bebida em sua mão de uma
vez e faz uma careta no último gole.
— Ele é um dos investidores da galeria de arte onde trabalho.
Não é ninguém importante. Agora esse aqui é o Fred, amigo da
minha mãe.
— Prazer em conhecê-los, senhores — a menina responde
sem graça pela maneira que Bruna nos presentou.
Fred em momento algum para de me olhar como se quisesse
adivinhar o que pretendo fazer.
— Vamos dançar, Gessy, afinal foi para isso que viemos.
A menina concorda e sai na frente.
Assim que Bruna dá um passo para acompanhá-la, seguro
seu braço e sussurro em seu ouvido:
— Se você colocar um pé naquela pista de dança o seu prazo
de pagamento diminui em três semanas, o que indica que terá que
me pagar em três dias. Pense muito bem na decisão que irá tomar
agora.
Ela me olha e vejo a raiva transbordar por seus olhos.
— Você não pode fazer isso, não tem esse direito. Sabe muito
bem que meu pai sumiu e que minha mãe e eu não temos condições
de pagar uma dívida tão alta.
Dou a ela meu melhor sorriso.
— Eu sou o Diabo, lembra? Posso fazer isso, menina.
Como pensei que faria, a garota se aproxima levantando bem
a cabeça para me encarar nos olhos.
— É isso que vamos ver, senhor Thompson. Não tenho mais
nada mesmo na vida, quero só ver o que vai tirar de mim como
pagamento dessa dívida. — Puxa o braço do meu aperto e sai da
sala vip sem olhar para trás.
Pelo vidro da sala, a vejo indo até à pista de dança. No
caminho ela se agarra ao primeiro moleque que vê na frente e dança
rebolando, se esfregando nele para me provocar.
— Oliver, ela só tem vinte anos, seja complacente em relação
a ela.
Fred tenta me convencer a não fazer o que falei, mas sem dar
ouvidos coloco a mão no bolso, pego o celular e faço uma ligação
para meu advogado que logo é atendida.
— Chefe!
— Prepare o contrato de casamento em nome de Bruna
Harper.
CAPÍTULO 11
Bruna Harper
Depois do meu encontro com Oliver na boate três dias
atrás, não o vi mais.
Segundo ele, meu prazo termina hoje já que não fiz o que ele
mandou, fui para a pista de dança e dancei como nunca só para
provocá-lo.
Como pode querer mandar em mim com a desculpa que quer
me manter a salvo pelo bem da dívida?
Até parece que tenho algo de muito preciso para que ele
possa usar contra mim.
Hoje, meu dia foi cansativo na galeria, com a aproximação da
formatura, Amanda e Emily estão no meu pé por conta do trabalho
de conclusão. Segundo elas, minha tela de apresentação tem que
estar perfeita e isso me deixa mais nervosa ainda.
Termino de jantar, lavo meu prato e logo me junto a mamãe
que está assistindo televisão na sala. Deito colocando a cabeça no
colo dela que faz carinho no meu cabelo e me sinto como uma gata
manhosa recebendo seu carinho.
— Você parece uma criança de cinco anos, menina, ainda me
rodeando por carinho.
— Gosto do seu carinho, mamãe, essa a vantagem de ser
filha única.
Mamãe sorri do que falo e quando vou responder escutamos
alguém batendo à porta e ela me olha assustada.
— Quem será? Ninguém nunca vem aqui, ainda mais uma
hora dessas — pergunta assustada e confesso que também estou.
— Vou abrir a porta, mamãe, fica aqui. — Levanto e vou em
direção à porta.
Quando abro a porta vejo dois homens muito bem-vestidos de
terno e olho para eles sem entender nada.
— Senhorita Harper, nos acompanhe, por favor.
— Como!?
— Isso mesmo que escutou, nos acompanhe agora mesmo.
— O que está acontecendo, Bruna? O que esses homens
querem com você? — Minha mãe diz se aproximando, aflita.
Admito que estou com medo, pois, não sei quem são esses
homens.
— Quem são vocês e o que querem comigo?
Um dos homens a minha frente pega um celular, faz uma
ligação e me entrega o aparelho.
Quando coloco o aparelho no ouvido todo meu medo se
transforma em raiva.
— Seu prazo acabou, senhorita Harper, acompanhe meus
homens e vamos conversar como dois adultos civilizados. Juntos,
iremos encontrar a melhor solução para que pague a dívida do seu
amado papai.
— Como você pode fazer isso, seu...
— Se eu fosse você teria muito cuidado com as palavras. Se
não fizer o que estou mandando agora mesmo, a ordem é para
colocar as duas na rua. Quer mesmo deixar sua mãe dormir ao
relento?
— Eu odeio você.
Ele sorri do outro lado da linha.
— Não estou nem um pouco interessado que goste de mim.
Você tem cinco minutos para decidir, mas pense bem no que vai
fazer. Acho que já provei que sou um homem de palavra.
Antes que consiga mandá-lo para o inferno, ele desliga.
— Acho que já tem suas opções, senhorita Harper, e seus
cinco minutos já estão passando.
Chego a engolir em seco por não ter uma alternativa.
— Bruna, minha filha, o que está acontecendo?
— Mamãe, vou ter que sair com esses homens, mas vou ficar
bem. Não se preocupe comigo.
— De jeito nenhum! Você não vai com eles.
— Três minutos, senhorita Harper — o segurança diz me
apressando.
— Esse seu relógio está andando mais rápido do que o
normal, idiota.
— Bruna, o que eles querem?
— Mamãe, a senhora confia em mim? — pergunto olhando
dentro dos seus olhos.
— É claro que confio, mas tenho medo de que alguma coisa
aconteça com você. Esses homens só podem estar cobrando a
dívida da casa, não é isso? E você não quer me dizer nada, não é?
— Não vai acontecer nada de ruim com a sua filha, senhora.
Nosso chefe está querendo apenas conversar.
— Preciso ir com eles, mamãe, ou as coisas vão ficar piores.
Vou ficar bem e daqui a pouco estou de volta, sabe que não temos
como fugir do que papai fez.
Ela concorda com a cabeça e me abraça dizendo para que
tenha cuidado.
Acompanho os trogloditas até um carro muito luxuoso que
logo é posto em movimento.
— Para onde estão me levando?
— Para o grupo Thompson.
Fico me perguntado porquê Oliver quer me encontrar na
empresa dele?
Isso está muito estranho.
Chegamos ao imponente e gigante grupo Thompson e só
quando desço do carro é que me dou conta das roupas que estou
usando, apenas um conjunto velho e surrado de moletom, afinal não
pretendia sair de casa.
— Nos acompanhe, senhorita.
Sigo o homem que fala comigo e dou graças a Deus por
entrarmos em um elevador privado que leva direto para o andar da
presidência.
Isso é bem a cara mesmo de gente rica, se misturar com os
funcionários, deve ser inadmissível para o prepotente do Oliver.
As portas do elevador abrem e saímos.
Continuo acompanhando o homem a minha frente que para
diante de uma porta grande e bonita, onde tem uma placa
escrita, escritório da presidência.
Deve ser aqui que o Diabo dita as suas ordens.
— Será um prazer fazer a sua segurança a partir de agora,
senhora. O CEO está a sua espera.
Antes que tenha tempo de questioná-lo da sandice que disse,
abre a porta e praticamente me joga dentro da sala, fechando a porta
atrás de mim.
Quando olho para frente vejo a perdição em forma de homem
sentado como um rei atrás de sua grandiosa e imponente mesa.
— O que você quer?
— Sente-se primeiro e vamos conversar.
— Não tenho nada para conversar com você — digo sendo
firme para que ele veja que não estou para brincadeiras.
— Acho que quando dou a chance para uma pessoa que deve
oitenta milhões de dólares de conversar, ela deveria ficar agradecida
por isso. Não costumo ser tão complacente assim.
Sinto as pernas falharem.
Como assim oitenta milhões de dólares?
— Você deve estar brincando comigo?
— Nunca brinco, Bruna, então te aconselho a se sentar.
Vou até à mesa, me sento na frente dele de forma automática
e ele me entrega um documento.
— O que é isso?
— A prova de que a dívida existe. Seu pai aposta alto. Ele
sabia muito bem onde estava se metendo e realmente acreditava
que iria ganhar, tanto que deu a escritura da casa como garantia de
que pagaria, caso perdesse. Ele não assinou esse documento contra
a vontade.
Chego a tremer ao ver a assinatura do meu pai no documento.
— Então quer dizer que ele perdeu nossa casa e ainda ficou
devendo oitenta milhões de dólares?
— Exatamente. Oitenta milhões de dólares que com o sumiço
dele você terá que pagar além de ter ficado sem casa. Você achava
o quê, menina? Acha que seu pai entraria em uma sala cheia de
bilionários e sairia de lá com a dívida paga e com uma casa que não
vale nada? O seu pai mexeu com gente poderosa, Bruna, gente que
não gosta de joguinhos e minha paciência com você chegou ao fim.
Espero que agora caia na realidade de onde seu pai te meteu. Você
não deveria ter entrado naquela sala, pois, seu destino foi selado
quando passou por aquelas portas.
Sinto meu corpo tremer, meu coração acelerar e minhas mãos
suarem.
Nunca vou ser capaz de pagar uma dívida de jogo tão alta,
pois, não tenho nada e a minha mãe também não.
— Você já deve saber que não tenho como pagar essa dívida
e se é tão esperto como diz, sabe também que ele perdeu até o
dinheiro para pagar minha faculdade. Só vou conseguir me formar
porque Amanda e Emily pagaram a dívida — digo olhando
diretamente em seus olhos.
— É claro que sei de tudo isso. Seu pai não parece ser um
homem compromissado com a família, já que deixou você e a sua
mãe sem nada — diz como se estivesse debochando de mim, mas
não posso questioná-lo por que ele tem razão.
— Não tenho como pagar isso tudo, senhor Thompson.
Ele sorri e se encosta na cadeira.
— Você tem sim, querida.
Não gosto da maneira como ele me olha e nem como fala
comigo.
— E como faria isso?
Ele abre a gaveta, me entrega um envelope branco com meu
nome escrito nele e sinto uma agonia no peito.
O envelope parece pesar dez quilos em minhas mãos.
— É assim que você irá pagar a dívida milionária do seu pai e
tirar você e a sua mãe da pobreza. Em contrapartida, ainda poderá
dar a ela um lugar muito confortável para morar e sem falar que você
também ficará rica senhora Thompson.
CAPÍTULO 12
Bruna Harper
Quando abro o envelope, vejo escrito em caixa alta
CONTRATO DE CASAMENTO e passo a entender tudo. O
segurança me chamando de senhora e Oliver que acabou de me
chamar de senhora Thompson.
Em vez de surtar, caio na gargalhada porque isso só pode ser
uma grande piada. Dou tanta risada que lágrimas escorrem pelo meu
rosto.
— Posso saber qual é a graça? Essa não era a reação que
esperava.
— Agora entendo o motivo de Amanda e Emily gostarem tanto
de você. — Começo a rir novamente.
Depois de alguns minutos rindo que nem louca percebo que
ele não está rindo, pelo contrário, está me encarando muito sério. Só
então me dou conta de que ele realmente possa estar falando sério.
— Já acabou? Será que agora pode assinar o contrato?
— Você está brincando com a minha cara, Oliver?
— Eu já falei que não brinco, Bruna, estou falando sério. Irá se
casar comigo em troca da dívida do seu pai.
Respiro fundo olhando para o contrato em minhas mãos e o
jogo de qualquer jeito em cima da mesa.
— Isso não vai acontecer, nunca.
— Tudo bem, então já pode transferir o dinheiro para minha
conta — diz cada loucura com uma tranquilidade que me assusta.
— Será que é surdo, Ollie? Já falei que não tenho como pagar
essa quantia, sabe muito bem a situação em que vivo. Vou me
formar na faculdade por caridade de outras pessoas.
Ele se ajeita na cadeira e volta a me encarar.
— Em primeiro lugar, esse apelido não é para a sua boca.
Nunca mais me chame de Ollie, e, em segundo, ou você assina esse
contrato, ou vai ter que dar um jeito de pagar a porra dessa dívida
hoje mesmo. Já estou de saco cheio, menina.
Sinto meu coração doer pela primeira vez na minha vida com
suas palavras, sei que não tenho escapatória agora e não vou
esquecer o que ele disse hoje nessa sala.
Se ele quer jogar eu aceito o desafio, vamos ver quem vai
vencer no final.
— É agindo dessa maneira que me pede em casamento,
senhor Thompson?
— Não estou te pedindo em casamento, estou te dando uma
escolha.
— Com qual objetivo?
— Você é esperta, menina, gosto de pessoas inteligentes.
Oliver é sarcástico.
Coitado, mal sabe que vou usar minha inteligência para
transformar sua vida em um INFERNO com letras maiúsculas.
— Você, como todos falam é o rei do petróleo, um dos
homens mais ricos do mundo e se quiser limpar a bunda com uma
nota de cem dólares, todo dia, pode se dar a esse luxo e não faria
falta. Você pode ter a mulher que desejar em um estralar de dedos.
Por isso, me responda, senhor Thompson, o que me torna tão
especial a ponto de ser a felizarda escolhida? Está na cara que
preparou essa armadilha pra mim, jogando nas minhas costas a
dívida do meu pai e tem uma arma poderosa para usar que é o
conforto da minha mãe.
Mais uma vez ele me encara estudando meus movimentos.
— Como você está sendo tão direta em expor seus
questionamentos, nada mais justo do que fazer o mesmo, mas quero
que saiba que suas opções não mudam.
— Desembucha.
Mais uma vez ele sorri do meu jeito.
É bom ele saber como a futura senhora Thompson se
comporta para depois não vir me cobrar nada.
— Muito bem, Bruna, seu útero é a única coisa que me
interessa. Vai se casar comigo e irá gerar meu filho, o herdeiro da
família Thompson.
"É nova está em idade fértil e não terá problema nenhum em
realizar a inseminação artificial porque não tenho interesse em levá-
la para a cama.
"Definitivamente você não faz meu tipo, gosto de sexo mais
bruto, mais suado e de mulheres com um certo nível de experiência.
"Não estou disposto a entrar em um casamento convencional
com toda a baboseira de amor e paixão.
"Porém, meus pais estão infernizando minha vida querendo
um neto, exigindo um herdeiro.
"Como sou filho único, cabe a mim essa tarefa de dar
continuidade ao nome da família.
"Tem mais um pequeno detalhe, ninguém poderá saber do
nosso contrato, para meus pais e para minhas amigas, nós seremos
o casal mais feliz do mundo.
"Se você abrir a boca já sabe o que vai acontecer.
"Depois que meu filho nascer estará livre de mim e te dou o
divórcio, simples."
Estou literalmente de boca aberta com tudo o que escutei
quase, que em choque.
Nunca imaginei que esse era o real objetivo dele.
— Você está falando sério?
— Eu já falei que não...
— Brinca, tudo bem. Deixa ver se entendi direito. Você quer
se casar comigo para que possa gerar seu herdeiro, mas não tem
interesse nenhum em me tornar a sua mulher de fato. Como já
percebi que é um homem bem ativo, poderá ter as putas que quiser
para fazer o seu sexo suado, é isso?
Ele para e pensa por alguns segundos.
— Vamos dizer que sim, que você está certa.
— Então quer dizer que também vou poder ter os homens que
quiser se realmente seguir esse raciocínio.
Ele levanta de uma vez e bate as mãos na mesa.
— Enquanto estiver casada comigo, será apenas minha. Mato
qualquer um que ousar chegar perto de você.
Enquanto ele realmente parece estar querendo matar alguém,
estou tranquila, sentada na cadeira em frente a ele.
Acabei de descobrir minha arma.
— Então, temos um problema aqui, senhor Thompson. Se o
senhor pode, também posso. Acho que temos que discutir alguns
termos desse nosso contrato.
— Não estou te dando essa opção, Bruna.
— Então pode pegar sua arma e atirar na minha cabeça. Não
tenho como pagar a dívida a não ser aceitando seu contrato, mas
não estou de acordo com os termos dele. Não vou ficar em casa
carregando seu bebê enquanto o senhor está por aí me
envergonhando. Se vou me tornar sua esposa, quero respeito. É
pegar ou largar.
Ele fecha os olhos por um momento, respira fundo e volta a se
sentar.
— Você é a mulher...
— Eu não sou trouxa, senhor Thompson. Sei que com essa
sua ideia não pretende me apresentar a mídia para tornar o divórcio
mais fácil, mas esqueceu da sua família, das nossas amigas e da
minha mãe. Não quero que minha mãe saiba que o genro dela é um
pervertido que gosta de sexo sujo.
— Não posso te prometer fidelidade.
— Então nada feito, sairei da sua casa hoje mesmo com a
minha mãe, afinal você a ganhou de forma justa em um jogo de
cartas. Acho que o senhor pode esperar até amanhã para me matar
depois de conseguir pelo menos acomodar minha mãe em outro
lugar. Se puder esperar também até minha formatura eu agradeceria,
sempre foi meu sonho me formar em Artes Plásticas e seria um
orgulho morrer artista. Poderia até me enterrar com meu diploma da
faculdade. Agora, se me der licença, boa noite. Foi um prazer
conversar com o senhor e quando decidir o dia da minha morte me
avise por mensagem. — Levanto sem olhar para ele e sigo em
direção à porta.
Antes que consiga colocar a mão na maçaneta meu braço é
puxado.
— Não te dei a opção de querer negociar nada comigo, mas
aceito seu termo de fidelidade e é só isso. Nada mais muda,
entendeu bem? Irá cumprir todas as cláusulas do contrato à risca.
Levanto bem a cabeça e o encaro de volta.
— Se descobrir que me traiu durante o nosso casamento vai
se arrepender.
— Sério que é apenas com isso que se preocupa?
— Não vou ser taxada de chifruda por ninguém, senhor
Thompson. Se me trair, faço muito pior. Tenha isso na mente das
suas duas cabeças.
Aperta mais meu braço e diz com os dentes cerrados:
— Assine agora mesmo a porra do contrato.
— Faço isso se me soltar, seu grosso.
Ele solta meu braço, vou até à mesa dele e pego o contrato
tirando de dentro do envelope.
— Pode me emprestar uma caneta ou vou ter que assinar
com sangue? Apesar de que meu sangue é muito valioso para gastar
uma gota em um contrato estúpido de casamento.
O homem joga uma caneta chique em cima de mim.
— Estou ciente do quanto seu sangue é valioso, mandei fazer
uma pesquisa completa sobre você, antes de te obrigar a isso.
— Que bom que sabe que pelo menos meu sangue é valioso.
— Pego a caneta, folheio o contrato e assino ao lado do nome dele,
concordando assim em me tornar a senhora Thompson pelo tempo
que for necessário.
"Mal sabia que ao assinar esse contrato estaria entrelaçando
minha vida para sempre a vida de Oliver Thompson, o homem que
me quebraria e depois colaria meus cacos."
CAPÍTULO 13
Oliver Thompson
Bruna Harper é o motivo da dor que lateja na minha cabeça.
Como pode uma mulher ser daquele jeito?
Onde já se viu querer negociar comigo e o pior foi que mesmo
sem perceber caí no joguinho dela, aceitando ser fiel a um
casamento por contrato.
Acho que estava fora do meu juízo perfeito quando aceitei
esse absurdo.
— Senhor Thompson, a senhorita Harper se nega a ser
levada para a galeria pelos seguranças. Ela disse que não precisa de
motorista, muito menos de segurança e que vai para o trabalho de
ônibus como faz todos os dias.
E lá se vai meu café da manhã.
Por que essa mulher sente prazer em complicar as coisas?
— Vou resolver isso agora mesmo. — Levanto da mesa e
pego o celular para ligar para minha futura esposa enquanto subo a
escada indo para meu quarto.
— O que você quer?
Como já atende sendo grossa, então que seja do jeito dela.
— Entra agora mesmo na porra do carro sem falar uma única
palavra para reclamar ou então, minha querida futura esposa, dou
ordem para os seguranças te arrastarem pelo cabelo. Não esqueça
do nosso contrato.
Ela respira fundo do outro lado da linha e já até imagino sua
cara de raiva.
— Você...
— Sem reclamar e já pode se preparar que hoje vamos sair
para almoçar.
— Ficou louco?
— Não, sua linguaruda, mas será muito estranho nos
casarmos de uma hora para outra sem nunca termos saído. Meu pai
vai ficar sabendo desse nosso almoço e assim vou ter a desculpa
perfeita para dizer que estou namorando, completamente
apaixonado e que pretendo me casar em breve. Logo depois da
formatura nos casaremos em uma cerimônia simples, apenas com
um juiz de paz.
— Nossa, o casamento dos meus sonhos. Vejo que já pensou
em tudo, mas está esquecendo de uma coisinha, meu querido futuro
marido.
— O quê?
— Amanda Lewis, ela não é idiota e você terá que ser muito
bom para convencê-la desse amor todo que sente por mim.
— É por esse motivo que receberá flores hoje na galeria e
deixa que com a Amanda eu me entendo.
— Mas nem pensar, nunca recebi flores de um homem na
minha vida e quero muito que a primeira vez que receba seja de
alguém especial.
— E vai ser de alguém especial, seu futuro marido.
— Não vou nem me dar ao trabalho de responder, senhor
Thompson. Tenha um péssimo dia.
A garota desliga o telefone na minha cara, mas por isso já
esperava.
Entro no closet e me arrumo de forma impecável, como
sempre.
Quando estou de saída, recebo uma mensagem de um dos
seguranças avisando que Bruna entrou no carro e que eles a
deixaram na esquina da galeria, já que segundo ela, não saberia
explicar o motivo de chegar para trabalhar em um carro tão luxuoso.
Nisso até que concordo com ela.
***
Ao chegar na empresa, antes de começar a trabalhar de fato,
resolvo ligar para Amanda.
Quando a ligação já está nos últimos toques, ela atende.
— Ollie, bom dia — responde um pouco ofegante e já sei o
que a safada estava fazendo.
— Se exercitando a essa hora, Amanda? Você não tinha que
estar na galeria?
— Exercício matinal faz bem para a saúde. Colin vai viajar
hoje a trabalho então estávamos nos exercitando juntos. Só para
constar, vou para a galeria à tarde. Por que está me ligando a essa
hora, não deveria já estar ganhando seus milhões?
— Queria conversar com você sobre a Bruna Harper.
Ela fica muda no outro lado da linha e chego a conferir se a
ligação não caiu.
— Amanda!
— Qual é o plano?
— Me casar com ela.
— Porra, Ollie, você já quer pular para o casamento?
— Não posso perder tempo e sabe disso.
— Espera aí, Ollie, está indo rápido demais, a Bruna morre de
medo de você.
Sinto vontade de gargalhar ao escutá-la, pois, medo é a última
coisa que aquela garota sente.
— Amanda, você mesmo deu a ideia de que me relacionasse
com ela e isso não saiu da minha cabeça. Não tenho tempo e nem
disposição para esse negócio de namoro. Não deve ser muito difícil
conquistá-la e vou com calma, já até mandei entregar flores para ela
hoje na galeria. Vou convidá-la para almoçar e falar abertamente
com ela sobre minhas intenções. Não posso perder muito tempo.
— Você não quer ter amor, Ollie?
— Não, não quero. O que quero é uma esposa, um filho e
uma vida tranquila, só isso.
— Ela pode se apaixonar, afinal só tem vinte anos.
— E ela estará apaixonada pelo marido dela, não vejo nada
de mais nisso. Posso não me comprometer com o amor, mas não
pretendo ser um marido ruim. Ela terá tudo o que precisar de mim,
menos essa baboseira de amor.
— E se você se apaixonar por ela?
— Isso não vai acontecer.
— Tudo bem, Ollie, desde que faça as coisas direito, apoio
você, mas não a magoe. Bruna está passando por um momento
delicado na vida dela.
— Já estou ciente de tudo e pode ter certeza de que vou
ajudá-la com isso. Ela será minha esposa e minha sogra terá uma
vida confortável e calma. Só quero um pouco de paz. Meus pais vão
me enlouquecer com essa história de filho e conseguir uma esposa
já é meio caminho andado.
— Só faça as coisas direito. Não faça Bruna sofrer e não seja
um cretino com ela. Você melhor do que ninguém sabe pelo que
passei, esteve lá comigo e assistiu minha desgraça.
— Não se preocupe, sei como fazer as coisas. Agora tenho
que desligar.
— Tudo bem. Ollie, obrigada por me falar sobre suas
intenções com ela e me ligue se precisar de ajuda.
— Até mais.
Nos despedimos e desligamos.
Eu me sinto mal por ter falado meias verdades para Amanda.
Ela é minha amiga e nunca concordaria com que fiz para obrigar
Bruna a se casar comigo, mas agora não tem mais volta.
O que foi feito está feito e em menos de um mês, Bruna
Harper se tornará a senhora Thompson.
CAPÍTULO 14
Bruna Harper
Como o idiota tinha falado, às dez horas da manhã recebo
um lindo buquê de flores na galeria.
Mas o que me irritou mesmo foram as piadinhas das
recepcionistas que nunca foram com minha cara.
— Nossa, será que a Bruna encontrou um pobre mais lascado
do que ela para se enrolar?
— Um pobre lascado, não, porque só de olhar para essas
flores dá para ver que são caras, mas um velho babão rico para
sustentá-la talvez.
Minha vontade é de despedaçar as flores na cara das duas
mocreias, mas as flores não merecem um destino desse.
— E vocês duas devem estar morrendo de inveja porque não
tem nem um pobre lascado e nem um velho que queira vocês.
Deixo as duas resmungando e vou para a sala de criação com
minhas flores. Arrumo o buquê em um lugar bem iluminado e tiro
uma foto, o mundo merece conhecer a beleza delas.
Depois de editar a foto e ver que ficou bom, posto no meu
perfil pessoal do Instagram com a seguinte legenda.
"Sempre há flores para aqueles que querem vê-las e
quando tudo for pedra, atire a primeira flor.
Deixe que a vida faça contigo o que a primavera faz com
as flores.
Brotou uma flor na minha alma.
Era a primavera chegando.
O que seria da vida se não brotasse uma flor?
Que o sol, as flores e as cores nos acompanhem dia após
dia."
Posto e logo em seguida ganho algumas curtidas, mas tenho
certeza de que são pelas flores e não por mim.
Coloco o buquê do meu lado e volto a me concentrar na tela a
minha frente.
Hoje o dia está calmo e Emily permitiu que passasse o dia
focada no meu trabalho de conclusão.
Amanda e Emily estão me enlouquecendo com esse trabalho,
exigindo nada menos do que a perfeição, o que para mim, é quase
impossível, mas estou fazendo meu melhor.
Meu celular toca e quando pego vejo uma mensagem do meu
futuro marido.
"Esteja pronta me esperando no estacionamento da
galeria ao meio-dia.
Se não estiver lá quando chegar, entro para te pegar,
saímos de mãos dadas e ainda te beijo na recepção para que
todos possam ver.”
Chego a tremer de raiva porque sei que o idiota tem coragem
de fazer isso.
Não sei como vou explicar essa história de casamento para
mamãe, mas tenho que pensar em algo muito bom para convencê-la
de que estou realmente apaixonada ao ponto de me casar em menos
de um mês.
O mais difícil nessa história toda será explicar quem é o noivo
porque todo mundo conhece Oliver Thompson, o rei do petróleo.
Tenho certeza de que minha mãe vai pensar o que os outros
pensarão, o que Oliver viu em mim?
Procuro deixar os pensamentos de lado e me concentro no
trabalho que é o melhor que faço agora, mas a inspiração
simplesmente não vem.
Essa já é a quinta tela que tento fazer e quando não é a Emily
que reprova é a Amanda que me manda refazer.
Ao olhar para o lado, vejo as flores lindas, muito bem
arrumadas e organizadas perfeitamente em uma combinação de
cores incríveis entre elas e então uma ideia vem à cabeça.
Coloco o arranjo na minha frente e me concentro em cada
detalhe dele, inclusive nos mínimos detalhes que fazem toda a
diferença e imagem a minha frente. Admito que é libertador ter a
certeza de que dessa vez conseguirei fazer o trabalho perfeito que
minhas tutoras exigem de mim.
Simplesmente mergulho o pincel na tinta e coloco toda minha
inspiração do momento para fora que nem mesmo vejo a hora
passar.
— Vejo que as flores a inspiraram.
Levo um susto tão grande que por pouco não estrago minha
obra prima.
— O que diabos está fazendo aqui? Ainda não é meio-dia —
pergunto raivosa por ter sido tirada do meu momento.
— Você deveria olhar as horas mais vezes, querida.
Olho para o relógio e vejo que realmente já passou do meio-
dia.
— Poderia ter me ligado, não precisava ter vindo até aqui.
— Deixei bem claro na mensagem o que aconteceria caso
não estivesse no estacionamento me esperando.
Ele não é nem louco de fazer o que disse, mas também não
quero discutir e sair do meu bom momento. Talvez se me mantiver
calma minha inspiração permaneça e não esfregue a paleta de cores
na cara dele.
— Vou tirar o avental e lavar as mãos.
— Não sabia que precisava se sujar tanto para pintar uma tela
tão simples — diz encarando a tela que estava pintando.
Ao ouvir o que ele diz, toda minha autoestima em relação à
tela vai por água abaixo.
— Você está falando sério? Não gostou nem um pouquinho?
— indago com a decepção estampada na minha voz.
— Muito simples, mas, as vezes, o menos é mais. Peça a
opinião das suas tutoras, elas entendem de arte e o que falei é
apenas minha opinião.
— É a opinião de um dos homens mais ricos do mundo. Isso
sem contar que é o principal investidor de uma galeria de arte que
fez tanto sucesso internacionalmente que teve que abrir uma filial em
Nova York. Acho que a sua opinião vale muito.
— E você liga para minha opinião?
— Nesse caso em especial, sim, nunca vi nesse tempo todo
que trabalho aqui falando que uma das telas das minhas tutoras era
muito simples.
— Você não pode se comparar com elas, seria injusto com
você. Amanda e Emily tem anos de experiência e você está
começando agora.
"Deveria ser grata de ter conseguido chegar até aqui, em uma
das galerias mais famosas do mundo, como falou com o seu próprio
esforço.
"Foi escolhida a dedo por Amanda e Emily e além de ter
ganhado duas excelentes tutoras, ganhou duas amigas que gostam
muito de você e sabe bem disso. Então, não queira se comparar a
elas, pelo menos não agora, quando ainda está começando a sua
carreira".
Não sei se fico feliz ou triste pelo comentário que ele faz, mas
entendo tudo o que ele quis dizer.
— Vou lavar as mãos e já volto.
Ele volta a encarar a tela e vou até o banheiro que tem dentro
da sala de criação. Lavo as mãos rapidamente e quando saio
percebo que ele está no telefone.
Ele me olha de uma maneira estranha e isso não é normal.
— O que foi? A minha cara está suja de tinta?
— Pegue as suas flores e vamos almoçar, tenho uma reunião
importante mais tarde.
Estranho o motivo dele me mandar pegar as flores.
— Mas por que preciso levar as flores?
— Faça o que mandei e vamos, não discuta, apenas obedeça.
Tirando toda a calma do fundo do meu ser, faço o que ele
mandou e assim que passamos pela porta, ele segura minha mão
com força.
— Não precisa segurar minha mão, pelo menos não aqui
dentro, vamos já passar pela recepção.
Ele apenas sorri do que falo e então me lembro da merda da
mensagem.
— Porra, Oliver, você não vai fazer isso.
— Eu vou sim.
Antes que tente me soltar, ele me puxa e entramos na
recepção.
— Meu amor, espero que tenha gostado das flores que escolhi
pessoalmente.
Mas que cretino!
Era por isso que ele queria que eu pegasse as flores.
— Oliver...
Quando vou responder alguma coisa, ele me segura pela
cintura e me beija bem na frente das megeras.
Fico tão sem reação que não sei nem o que fazer, tanto que
mal correspondo ao beijo e ele finaliza com um selinho demorado em
meus lábios.
— Se tiver gostado das flores, faço questão de te mandar um
buquê todos os dias, meu amor.
Esse filho da mãe é um ótimo ator, com certeza ele consegue
enganar qualquer um.
— Eu amei as flores. — É tudo o que consigo responder.
— Ótimo, tudo o que quero é te ver feliz.
Com isso, ele volta a segurar minha mão e me puxa para fora
da galeria como se nada tivesse acontecido.
CAPÍTULO 15
Bruna Harper
Quando estamos chegando ao estacionamento, solto a
mão da dele.
— Por que fez isso, senhor Thompson? Por que me beijou na
frente delas?
Ele para de andar e me olha.
— Parece que sua língua é afiada apenas para responder a
mim. Vai ser minha esposa e não quero ninguém falando por aí que
tem um velho babão rico te sustentando.
Abro a boca em choque com o que ele diz.
— Como... Como você ficou sabendo disso?
— Tenho olhos e ouvidos em todo canto, Bruna. Sei de tudo
especialmente quando o assunto é você. Agora entra no carro que já
estamos atrasados para a nossa reserva.
Oliver não me dá tempo de responder e entra na parte de trás
do carro.
Confesso que acho isso estranho, mas quando me aproximo,
vejo um motorista dentro do carro. Assim que me acomodo, fecho a
porta e logo o carro é posto em movimento.
Durante toda a viagem, ele vai mexendo no celular, então
resolvo puxar assunto sobre uma coisa que ele falou.
— Você disse que sabe tudo ao meu respeito.
— Sim, eu sei.
— O que sabe exatamente?
— Tudo.
— Tudo o quê?
Ele respira frustrado, pois, já percebeu que não vou para de
perguntar.
— Bruna Harper, tem vinte anos mais age como uma criança
de cinco. Portadora do raríssimo sangue dourado, estuda Artes
Plásticas e se forma no final do mês. Tem um pai viciado em jogo
que deixou a família na rua sem nada. Sei onde estudou durante a
primeira infância, o número que calça e principalmente o tamanho da
sua lingerie. Mesmo não me interessando nem um pouco em tirá-la
para conferir se estou certo ou não.
Sinto meu rosto corar de vergonha e ele percebe.
— Nossa, você tem vergonha!? Isso não sabia.
Que idiota!
Mas tem uma coisinha que ele não mencionou.
— Esporte.
— O quê?
— Não mencionou o tipo de esporte que gosto e que com toda
certeza pratico.
Pela supressa em seu rosto, não sabe que sou perfeitamente
capaz de quebrar esse nariz perfeito.
— Você não pratica qualquer tipo de esporte.
— Isso só mostra que você não sabe tudo como fala. Quem
fez essa investigação ridícula não te passou todas as informações.
— Fico satisfeita em ver a sua reação.
— Que tipo de esporte pratica?
— Boxe.
Ele arregala os olhos e depois começa a rir.
— Não tem a mínima possibilidade disso ser verdade. Você é
uma artista, olha só para essas mãozinhas. Nunca segurou nada
além de um pincel.
Olho para ele com os olhos cerrados e resolvo provocá-lo.
— Garanto que já segurei coisas muito mais grossas entre
meus dedos do que um pincel, com uma textura macia e rígida, ao
mesmo tempo, como... — Nem termino de falar e ele vem pra cima
de mim, me imprensando no banco do carro.
— Tem certeza de que quer terminar essa descrição tão
detalhada que está fazendo? Realmente não aconselho que faça
isso.
Tento me soltar e não consigo, mas minha preocupação maior
está no motorista.
— Me solte, senhor Thompson, ou eu...
— Ou o quê? Vai me acertar com um golpe de boxe. Você não
me engana, menina.
— É verdade, não menti quando falei que gosto de boxe e
treino algumas vezes por semana escondido, em uma academia no
subúrbio. Por isso, seja lá quem fez a investigação sobre minha vida
não relatou essa parte.
— Como consegue esconder uma coisa dessas? Achava que
só gostava de brincar com tinta.
Que vontade de quebrar a cara dele.
— Sou muito boa em esconder as coisas e não brinco com
tinta, seu idiota. Agora me solta.
— Só se você pedir com jeitinho.
Ele está claramente tentando me tirar do sério e conseguiu.
— Mas nem morta — respondo entredentes.
O safado descarado começa a subir uma das mãos pela
minha perna já que consegue me segurar apenas com uma.
Nesse momento me amaldiçoo por ter ido trabalhar de
vestido.
— Sua pele é bem macia, o que mostra que gosta de se
cuidar. Vou garantir que continue assim depois do nosso casamento.
— Aperta minha coxa.
— Senhor Thompson, ou me solta agora, ou...
— Peça com jeitinho e de forma bem manhosa.
— Nunca — digo decidida a não ceder.
O filho da mãe desgraçado sobe a mão até chegar na minha
intimidade e chego a suspirar.
— Será que você está molhadinha como imagino? Agora
fiquei curioso em saber que gosto você tem.
Esse homem não vai ter coragem de fazer isso com o
motorista logo ali na frente, mas ao olhar para o homem dirigindo o
carro, vejo que está concentrado no trânsito, como se nada estivesse
acontecendo.
— Você não ousaria fazer isso. Juro que te faço se arrepender
de... Jesus Cristo... — Chego a ficar ofegante com o que ele está
fazendo lá embaixo, na parte sensível da minha intimidade.
— Toda molhadinha, é bom saber que seu marido te deixa
excitada a esse ponto. Acho que vou rever algumas cláusulas do
nosso contrato, seria muito bom me enterrar dentro de você. Apesar
de achar que não daria conta de um homem como eu.
A única coisa que consigo fazer é gemer com o movimento
dos seus dedos.
— Pare de fazer isso.
— Já falei para pedir com jeitinho ou vou continuar fazendo
isso até gozar e gemer que nem uma desesperada. Pelo que estou
sentindo aqui, não está muito longe de chegar ao ápice.
Seria vergonhoso se isso acontecesse no banco detrás de um
carro, com outro homem bem no banco da frente. Por isso, pela
primeira vez vou ceder, mas essa ele vai me pagar.
— Por favor, pare.
— Com jeitinho e de forma manhosa.
Vou sentir prazer em me vingar dele depois disso.
— Por favor, Oliver, pare com isso e me solte. Não estamos
sozinhos — digo de forma calma e lenta, olhando bem dentro dos
seus olhos sedutores.
Ele me solta e ainda tem coragem de chupar os dois dedos
que estava usando para me tocar.
— Deliciosa! Um dia quem sabe não prove direto da fonte.
Arrumo o vestido exasperada, ele não perde por esperar.
— Vai me pagar por isso.
— Ótimo, estou vendo que vai ser muito bom te colocar na
linha. — Pisca para mim.
Estou tão atordoada com o ocorrido e com a situação que ele
deixou minha calcinha que não consigo pensar em nada além do que
ele estava me fazendo sentir.
CAPÍTULO 16
Oliver Thompson
— Onde fica o inferno desse restaurante? Na China, por
algum acaso?
Bruna está possessa de raiva, sentada ao meu lado no banco
traseiro do carro. Consigo ver que também está bastante
envergonhada, mas essa menina tem o poder de me tirar do sério.
— O que foi, querida, essa sua frustração toda foi por não ter
terminado o que comecei?
Bufa irritada ao meu lado.
— Não deveria ter feito o que fez, vai me pagar por isso.
— Admita que gostou, estava claramente excitada com o que
estava fazendo.
— Senhor Thompson, não vou nem me dar ao trabalho de
comentar isso.
Acabo sorrindo porque vejo que consigo deixá-la
envergonhada.
— Já estamos chegando, o restaurante é logo mais à frente.
Ela cruza os braços na altura dos seios com uma cara
emburrada, olhando pela janela e virando a cara para mim.
Como tinha falado, logo chegamos e o motorista para o carro
na frente do restaurante.
Dou a ordem para que ele nos espere no estacionamento.
Quando chegamos, somos muito bem recepcionados e logo
um dos recepcionistas nos guia até nossa mesa. Posso dizer que
quando mandei fazer a reserva exigi essa mesa em especial, pois, é
um ponto estratégico para meu plano de hoje.
— Será que podemos fazer logo nosso pedido? Quanto mais
rápido comermos, mais rápido me livro de você por hoje.
Mal sabe ela que esse nosso almoço vai ser muito demorado.
— Claro, querida, peça o que quiser — digo entregando o
cardápio a ela e fazendo um sinal para o garçom que logo se
aproxima.
Quando Bruna está prestes a abrir a boca, meu plano começa
a entrar em ação.
— Ollie, meu filho querido, que surpresa encontrar com você
aqui.
Bruna arregala os olhos para a minha mãe e depois volta a
olhar para mim, caindo em si do que está acontecendo.
— Mamãe, que grande coincidência. Papai, muito bom ver o
senhor também. O que estão fazendo aqui?
Meu pai olha para Bruna e vejo os olhos de mamãe brilharem,
afinal eles nunca me viram com uma mulher em público assim.
— Não vai nos apresentar a sua amiga, Oliver? — Em vez de
responder minha pergunta, papai faz outra.
— Mas é claro que sim. Pai, mãe, essa é Bruna Harper, minha
noiva.
Bruna se engasga com a água que estava tomando e vejo a
surpresa estampada na cara dela e dos meus pais.
— Noiva!? — mamãe pergunta mais alto do que o normal.
— Sim, mãe, e agradeceria se não espalhasse a notícia antes
da hora. Bruna e eu já estamos juntos há algum tempo e estava
pretendendo levá-la à mansão para apresentá-la a vocês, já que
aceitou meu pedido de casamento ontem à noite.
Meu pai me olha meio desconfiado, afinal o velho não é besta.
Assim como eu, ele já esteve no meu lugar.
Já mamãe vibra com a notícia.
— Isso é maravilhoso, querido. Finalmente Deus ouviu minhas
preces.
Bruna vendo a reação dos meus pais, não abre a boca para
falar nenhuma palavra.
— Que tal almoçamos todos juntos, assim já conhecem
melhor a futura senhora Thompson — sugiro para alegria da minha
mãe e infelicidade de Bruna.
— Excelente ideia, querido — minha mãe diz animada.
Seguro a mão da Bruna e a puxo, a fazendo se levantar e se
sentar do meu lado para que papai e mamãe se sentem a nossa
frente.
— Você não fala nada, querida? — o velho sagaz pergunta a
minha noiva.
— Estou tão emocionada em conhecer meus futuros sogros
que as palavras me fugiram.
Até que ela é boa com as desculpas.
— Não fique envergonhada, afinal vamos ser da mesma
família. Como senhora Thompson terá muitas responsabilidades. —
Mamãe realmente está empolgada com a futura nora.
— E para quando será o casamento? Será que podem
compartilhar a data? Seria muito bom não ser pego de surpresa.
— É claro, papai. Vamos nos casar no final do mês, um dia
depois da formatura de minha noiva na faculdade.
Agora é a vez de Bruna me olhar surpresa porque ela também
não esperava por uma data tão próxima.
— Mas tão rápido? Isso já é daqui três semanas. Ollie, meu
filho, já estamos atrasados com os preparativos desse casamento.
Quando pretendia nos contar seus planos?
— É senhor Thompson, quando pretendia contar aos seus
pais sobre seus planos? — Bruna me olha serrado e a maneira como
se refere a mim, faz a minha mãe me olhar com um certo desagrado.
— Por que o chama de senhor Thompson? Ele é seu noivo,
querida, o chame de Ollie.
Bruna abre um grande sorriso e já sei que vem coisa por aí.
— Desculpa, senhora, mas infelizmente esse apelido não é
para minha boca. O máximo que posso chamá-lo é de Oliver e ainda
assim digo esse nome com um certo nível de apreensão, não é
mesmo, querido? — Ela me olha sorrindo.
Travo o maxilar ao me lembrar do dia em que chamei sua
atenção por ter me chamado de Ollie.
— O que isso significa, Oliver? Por que sua noiva não pode
chamá-lo de Ollie? — papai pergunta de forma autoritária, mas esse
poder de me questionar ele não tem mais há muitos anos.
Porém, a mulher ao meu lado gosta de uma boa provocação e
está se mostrando ser ótima em vinganças, tanto que me faz perder
o folego.
— É, querido, o que isso significa?
A safada tem coragem de olhar bem dentro dos meus olhos
enquanto segura meu pau por cima da calça, o acariciando.
Engulo em seco quando o sinto crescer rapidamente dentro
da calça.
— Minha noiva aparentemente gosta de brincar com fogo, não
liguem muito para o que ela diz. Ela estava apenas brincandoooo. —
A filha da mãe aperta com mais força, me fazendo perder o ritmo das
palavras.
— Você está se sentido bem, meu filho? Está suando e sua
voz está estranha — mamãe pergunta preocupada.
Olho dela para papai que começa a rir.
Esse velho sabe muito bem o que está acontecendo nessa
mesa.
Coço a garganta.
— É, querido, está se sentindo bem? Está ficando até pálido.
Essa mulher me paga por esse constrangimento.
— Estou bem, mamãe, não se preocupe. — Seguro o pulso
da maldita para que ela pare de fazer o que está fazendo, mas ela
abre ainda mais o sorriso se divertindo com minha cara.
— Meu filho, já passei por uma situação exatamente igual a
essa com sua mãe. Ela sempre foi muito boa com provocações.
Você tem que ter cuidado e precisa urgentemente aprender mais
sobre as mulheres, elas são ótimas cumpridoras de promessas.
— Mas de que besteira está falando, Denner? Nunca fui
provocadora, agora em cumprir promessas realmente sou muito boa
— mamãe responde completamente alheia ao que está
acontecendo.
— Acho melhor fazermos nossos pedidos, ainda tenho que
voltar para o escritório e deixar minha noiva na galeria de arte. —
Consigo tirar a mão da infeliz de onde não deveria estar e a levanto,
a beijando em seguida. — Querida, mantenha sua mão sobre a
mesa, onde possa vê-la por favor.
Papai sorri e Bruna responde:
— Claro que sim, querido. Agora vamos fazer nossos pedidos
que estou morrendo de fome.
Respirando fundo, pego o cardápio e logo todos fazemos
nossos pedidos.
Mamãe conversa animadamente com Bruna que explica que
faz um estágio na galeria de arte de Emily e Amanda, a qual mamãe
conhece bem. Já eu troco uma palavra ou outra com meu pai.
Sei que ele tem perguntas, mas ele sabe que não pode me
impedir de fazer o que quero, não mais.
Fico satisfeito em ver que Bruna e mamãe vão se dar muito
bem.
CAPÍTULO 17
Bruna Harper
Fiquei muito satisfeita com minha pequena vingança, agora
esse idiota vai pensar duas vezes antes de vir para cima de mim e
me agarrar.
— Então, querida, já pensou em como vai querer a festa de
casamento?
— Senhora, estava pensando...
— Sem festas, mamãe, vai ser uma cerimônia simples apenas
com um juiz de paz e só.
Sinto o coração acelerar quando sou interrompida por Oliver.
Mesmo sabendo que esse é um casamento com um único objetivo,
queria pelo menos uma comemoração. Toda mulher sonha em se
casar e ter uma festa, mas esse sonho morrerá comigo.
— Mas, meu filho, como...
— E sem mídia, mamãe. Não quero meu nome e o da minha
mulher, estampados por aí. O que quero é apenas uma cerimônia
simples.
Abaixo a cabeça completamente constrangida com a situação.
— E você, menina, o que pensa disso? — Dessa vez é o pai
dele que questiona.
Percebi que esse senhor não tem nada de bobo e já deve ter
percebido há muito tempo o jogo do filho.
— Infelizmente esse é um assunto ao qual não posso opinar,
senhor. Agora se me derem licença, vou rapidinho no banheiro e já
volto. — Não espero a reação deles e me levanto da mesa.
Mal acabamos de almoçar e essa conversa de casamento já
me causou indigestão tanto que sinto meu estomago embrulhar e
vou quase que correndo para o banheiro.
Entro no banheiro dando graças a Deus por não ter ninguém,
sigo até uma das cabines e coloco tudo o que acabei de comer para
fora sentindo minha cabeça explodindo de dor. As lágrimas rolam
pelo meu rosto conforme coloco o almoço para fora sentindo o
desespero me invadir.
Tudo está acontecendo tão rápido.
Nunca imaginei que a dias da minha formatura estaria falando
do meu casamento, um casamento ao qual nem uma festa poderei
ter.
Uma semana atrás, estava feliz e satisfeita, vivendo minha
vida tranquilamente.
Mas, hoje estou em um restaurante renomado com um dos
homens mais ricos do mundo, com quem vou me casar.
Porém, seu interesse não está em mim, mas no meu útero.
Puxo a descarga e saio da cabine enxugando as lágrimas. Ao
levantar as vistas, me assusto ao ver Oliver dentro do banheiro.
— O que você tem? Por que está vomitando e por que está
chorando? — pergunta de forma ríspida e sinto meu corpo tremer por
dentro.
— Não te interessa saber a resposta para nenhuma dessas
perguntas. — Abro a torneira e molho o rosto, pegando papel para
me enxugar.
— Mas é claro que me interessa, uma esposa doente não me
servirá para nada, Bruna.
— Não sou sua esposa, pelo menos não ainda.
Ele me olha intensamente.
— Você assinou o contrato, legalmente já é minha esposa e o
juiz de paz vai só oficializar as coisas perante os meus pais com uma
cerimônia simples.
Sinto minhas pernas falharem com o que escuto.
— Você não fez isso? Você me enganou? Tínhamos um
acordo de esperar até minha formatura.
— Não se assina um contrato sem ler, menina. Eu não te
enganei, vou esperar até a sua formatura para oficializar as coisas e
te levar para morar na sua mansão que já está pronta, te esperando.
— Você me enganou, enganou... Eu... Eu… Eu... — Não
consigo formular uma frase completa tentando digerir o que ele falou,
sentindo o peso de tudo cair sobre mim.
— Bruna, fica calma, respira. — Ele se aproxima tentando
segurar meu braço, mas me afasto dele.
— Não toque em mim, fique longe de mim... — Tento me
afastar, mas quando faço isso ele me segura forte em seus braços.
— Acalme-se — diz firme.
— Como posso ficar calma com você me dizendo que já sou
sua esposa? Ainda nem conversei com minha mãe, ela não sabe de
nada. Como vou explicar isso para ela? O meu pai fugiu e nos deixou
sem nada, sem casa, sem dinheiro, sem... — Tento me soltar mais
uma vez e não consigo.
— Bruna, para com isso. Você é minha esposa agora, uma
das mulheres mais ricas do mundo. Enquanto formos casados terá
minha fortuna à sua disposição e nunca fui um homem mesquinho.
Mesmo depois do nosso divórcio, nunca a deixaria desamparada.
Paro de me debater em seus braços e começo a chorar.
— Eu acabei de descobrir que estou casada, ao mesmo
tempo, que meu marido já planeja nosso divórcio. Não posso dizer
que hoje é um dia feliz na minha vida.
— Sempre deixei as coisas bem claras para você. Não se
apaixone, Bruna, você viu o inferno que Amanda passou por ter se
apaixonado por quem não deveria.
— Mas no final ela conseguiu ficar com o homem que ama.
— A custo de muitas lágrimas e sofrimento. Não sou um
homem bom, Bruna. Não quero um relacionamento de verdade então
não complique as coisas para nenhum de nós dois.
— Oliver...
— Não pretendo triscar um dedo em você. Terá a sua casa e
eu terei a minha... — Eu me afasto e ele me solta, agora que estou
mais calma.
— Não vamos morar juntos na mesma casa?
— Não, vai ser mais fácil assim. Terá empregados a sua
disposição, seguranças, motorista, tudo o que quiser. Só não terá
acesso a mim. Agora se recomponha e volte para a mesa, vou na
frente.
Não estou acreditando no que estou escutando.
— Você tem que ir falar com minha mãe, não vou conseguir
fazer isso sozinha.
— Isso está fora de cogitação.
— Você vai conversar com minha mãe e não estou te dando
opção, Oliver. Estou afirmando que irá falar com ela. Sei muito bem
que armou esse circo todo aqui para encontrar acidentalmente seus
pais porque, no fundo, você também não foi homem o suficiente para
encará-los sozinho. Admita isso, seu covarde desgraçado.
Ele se vira novamente na minha direção e me segura forte,
me imprensando na parede com uma mão no meu pescoço e a outra
segurando minha cintura.
— Você tem que aprender a controlar essa sua língua,
esposa. Nunca mais me chame de covarde, ou...
— Ou o quê? O que você vai fazer, meu querido marido? Nem
coragem de me levar para cama você vai ter, o que posso pensar de
um homem assim?
Meu Deus, o que estou fazendo da minha vida?
O que estou falando?
— É isso que você quer, Bruna? Que eu te foda até não sentir
mais as pernas na nossa noite de núpcias? Vai por mim, menina,
você não tem tanta coragem assim.
— Me mostrei ser mais corajosa do que você a poucos
minutos atrás.
Antes que tenha qualquer reação, ele pega meu pulso e
coloca a minha mão bem em cima do seu pau, me mostrando o
quanto ele está excitado com o que está acontecendo dentro desse
banheiro.
— Se acha corajosa só porque me toucou por cima da calça
na presença dos meus pais? Estava te masturbando, te fazendo
gemer de prazer na frente do motorista e se seguir seu raciocínio,
sou muito mais corajoso do que você.
Ele faz questão mover a minha mão em cima do seu membro
completamente duro, ao ponto de me fazer ofegar.
— Vou te dar só um conselho, Bruna, não me provoque e não
teste minha paciência porque já a perdi há muito tempo com você. É
nova e tenho certeza de que nunca teve um homem como eu na
cama. Não gosto de sexo baunilha, menina, então tenha cuidado
com suas palavras daqui pra frente.
Ele me solta de uma vez e me apoio na bancada da pia que
está ao lado.
Como não consigo manter minha língua dentro da boca acabo
mais uma vez falando o que não devia.
— Você me masturbou na frente do seu motorista e tenho
certeza de que ele gostou de ouvir a sua esposa gemendo. Sabe-se
Deus o que ele está fazendo agora dentro daquele carro enquanto
imagina a cena que provavelmente viu.
Ele estanca no lugar e então me olha de novo.
— Tem razão, minha querida. Mas não se preocupe com isso,
ele não vive até amanhã para ter esse tipo de pensamento com você
novamente. É minha esposa e enquanto estiver carregando meu
sobrenome só poderá passear pelos meus pensamentos. — Volta a
andar e sai do banheiro.
Já eu fico preocupada com o que esse homem pode mandar
fazer com o pobre do motorista.
CAPÍTULO 18
Oliver Thompson
Vejo Bruna voltando para a mesa nervosa.
Admito que vê-la passando mal no banheiro mexeu comigo de
uma forma que não gostei. Sei muito bem para onde esses
sentimentos levam e não vou me permitir passar por aquilo de novo.
— Desculpem pela demora, não estava me sentindo muito
bem. — Ela volta a se sentar ao meu lado e pego em sua mão
percebendo o quanto está gelada.
— Você não vai voltar para a galeria hoje à tarde, vou te
deixar em casa para que possa descansar.
Ela me olha confusa e até eu estou confuso com o que acabei
de falar.
— Preciso terminar meu trabalho de conclusão da faculdade
já que o último, o qual estava trabalhando, foi duramente criticado —
diz se referindo ao que falei sobre a tela que ela estava pintando.
— Mostre a tela para suas tutoras, é a opinião delas que
importa e não a minha.
— Mas você...
— Você criticou o trabalho da sua noiva, meu filho? — Mamãe
interrompe Bruna e se dirige a mim com uma cara que conheço
muito bem.
— Posso não ter mais o poder da família, meu filho, mas a
sua mãe... — meu pai diz, mas é interrompido por mamãe.
— Responda, Oliver Thompson.
— Senhora, por favor, não se chateie com o senhor...
— Me chame de Leah, querida, e nunca permita que um
homem diminua seu trabalho que imagino ser formidável. Se não
fosse não estaria trabalhando com a Emily e a Amanda.
Vejo Bruna abrindo um sorriso para minha mãe e isso não é
nada bom.
Minha mãe e ela juntas é sinal de dor de cabeça na certa e
não vai ser nada bom para meus planos.
— Obrigada, Leah.
— Não me agradeça, querida. Agora me diga por que mesmo
chama seu noivo de senhor Thompson, você falou sobre isso
minutos atrás, mas confesso que ainda não entendi. Isso não é
normal.
— É assim que ele exige ser chamado até mesmo por mim,
sua amada noiva — Bruna responde rápido demais, provavelmente
se divertindo com minha cara.
Minha mãe é uma arma poderosa que ela pode usar contra
mim.
— Querida, estava apenas brincando quando falei isso. É
claro que pode me chamar de Oliver. — Tento mudar a situação.
Mas Bruna é experta para me complicar mais ainda.
— Sério!? Não parecia que estava brincando.
— Bruna, querida, vamos conversar sobre isso depois, agora
temos que ir, preciso voltar para o escritório.
— Leve sua noiva e a família dela à mansão no sábado à
noite, iremos oferecer um jantar para a família da moça. Se vai se
casar, faremos a coisa direito. Leve também um anel, pois, ainda não
estou vendo nenhum no dedo dela.
— Pode deixar, papai — respondo me sentindo
desconfortável, pois, as coisas estão indo por um lado que não tinha
previsto.
— Bruna, você deveria ter dito um NÃO bem grande na cara
dele. Como pôde aceitar um pedido de casamento sem um anel?
— Também me pergunto a mesma coisa, Leah, mas na hora
não pensei muito nisso. Acho que se não tivesse tocado nesse
assunto, seu filho nem mesmo se lembraria de me dar um anel de
noivado.
Essa mulher me paga por estar me colocando nessa situação.
— Oliver, meu filho, desde quando se tornou um homem
mesquinho? Não te criei desse jeito, trate de comprar um anel digno
de ser usado por uma Thompson ou terá problemas comigo. Acho
que você não me quer metida na sua vida.
— Com toda certeza não, mamãe. Vou fazer o que a senhora
está mandando.
— Ótimo, faça isso mesmo.
— Leah, gostei muito de conhecer a senhora e o meu futuro
sogro. Acho que vamos nos dar super bem.
— Tenha certeza de que sim, querida, e pode contar comigo
para o que precisar.
Antes que as duas resolvam trocar números de celular, trato
logo de encerrar o almoço.
Nos despedimos dos meus pais e assim que os dois saem,
Bruna e eu vamos para o estacionamento do restaurante.
No caminho lembro do que ela falou dentro do banheiro, então
resolvo dar um susto nela, só para não deixar barato as últimas
provocações.
Essa mulher precisa me temer para que as coisas não saiam
do controle.
Pego o celular e faço uma ligação para um dos seguranças
que está próximo.
— Vá até meu carro e leve o motorista, não vou mais precisar
dele e nem dos serviços dele. — Dou apenas uma ordem e desligo o
telefone.
Como imaginava, Bruna corre e segura no meu braço, me
virando de frente para ela.
— O que você vai fazer com ele?
— Você sabe muito bem, não precisa me fazer essa pergunta.
Ela muda de cor com a minha resposta.
— Senhor Thompson, estava brincando, não leve a sério o
que disse no banheiro.
— Eu já falei que não sou um homem de brincadeiras,
menina. Tudo o que você fala para mim, tem uma consequência,
então tenha muito cuidado com as palavras.
Antes que ela consiga responder, os seguranças se
aproximam e o motorista sai do carro. É claro que não vai acontecer
nada com ele, mas ela não precisa saber disso.
— Senhor Thompson, por favor...
— Entre no carro — digo entrando no lado do motorista.
Ela entra no lado do passageiro e assim que coloca o cinto,
saio em alta velocidade.
— Você vai para a sua casa ou para a galeria de arte?
— Para a galeria, mas quero que me diga o que vai acontecer
com o motorista?
— Não é da sua conta.
— Ele deve ter família, senhor Thompson, não pode fazer isso
com ele.
— A culpa disso foi sua.
— Minha!? Você parece estar no cio e a culpa é minha.
— BRUNA...
— Não grite comigo e para início de conversa não deveria ter
feito aquilo que fez com outra pessoa dentro do carro, como pôde...
— Ela começa a falar sem parar.
Como pode uma mulher tão pequena ter essa capacidade de
me tirar do sério?
Não sei nem como chego na galeria de arte tão rápido com
ela tagarelando no meu ouvido, mas assim que estaciono o carro,
explodo.
— CALADA, BRUNA. CALA A BOCA, PELO AMOR DE
DEUS.
Ela para de repente de falar e me olha, mas o silêncio não
dura muito.
— O que você vai fazer com ele?
— Já falei que não te interessa.
— Exijo que me fale.
— Você não exige nada de mim.
— Sou sua esposa, não é mesmo? Então exijo que me diga o
que vai fazer com o pobre homem.
Se ela soubesse o que aquele pobre homem é capaz de fazer
sob minhas ordens, não estaria assim tão preocupada.
— Então como minha esposa, você tem que aprender a pedir
as coisas do seu marido. Não vai conseguir nada de mim me tirando
do sério.
Ela me encara sem acreditar no que eu falei.
Quero ver o que ela vai fazer agora.
— E então? — Bufa no banco, tira o cinto de segurança, se
aproxima e me dá um selinho rápido.
Não consigo segurar o riso.
— Vai precisar muito mais do que isso, esposa.
Ela trava o maxilar de raiva.
— O que quer que eu faça?
Já que perguntou, vou mostrar o que quero que ela faça.
Tiro o cinto de segurança, rapidamente empurro o banco do
motorista para trás, a puxo para meu colo e coloco uma mão em sua
nuca.
— Quando quiser uma coisa de mim, é assim que vai pedir.
Sem dar tempo dela raciocinar direito, a puxo para um beijo e
assim que aprofundo a língua na boca dela, tudo ganha intensidade.
Beijo a Bruna de uma forma rude e, ao mesmo tempo, deliciosa.
Quando chupo seu lábio inferior, escuto um gemido como se
ela quisesse mais de mim.
Admito que os gemidos dessa mulher são a minha perdição.
Nunca estive tão consciente do meu corpo tanto que sinto
suas mãos pequenas me apertarem, sem pudor nenhum. Em
resposta, aperto suas coxas por baixo do maldito vestido, a fazendo
ofegar.
Desço o beijo para seu pescoço, mordendo e chupando sua
pele enquanto ela rebola no meu colo.
Essa menina só pode estar querendo me matar fazendo uma
coisa dessa.
Quando chego no seu ouvido, sussurro.
— Você é a porra de uma grande tentação, menina. Tenho
que ter muito cuidado com você, olha só como me deixa. — Agora
sou eu que a esfrego no meu pau para que sinta o quanto estou
excitado e duro.
Como ela gosta de me surpreender, tenta me beijar de novo.
— O que você quer, Bruna?
— Eu quero mais de você, Oliver.
Meu Deus, essa mulher vai ser a minha desgraça.
— Bruna, já falei, não se apaixone. Temos apenas um
casamento por contrato — digo isso mais para mim do que para ela.
— É meio difícil não me apaixonar com você fazendo isso —
diz com a testa encostada na minha, me segurando forte.
Quando vou beijá-la novamente escuto uma batida na janela,
olho para o lado e vejo a Amanda sorridente.
Bruna tenta sair do meu colo, mas a seguro com força e
abaixo o vidro.
— O que você quer, Amanda?
Assim que ela vê Bruna em cima de mim, seu sorriso se
alarga e a mulher em meu colo afunda a cabeça no meu peito,
morrendo de vergonha.
— Eu quero a minha estagiaria, será que você pode me
devolvê-la, Ollie?
— Eu a devolvo em cinco minutos, pode ser?
— É claro que pode, só a deixe inteira, por favor, conheço
bem seu apetite.
Antes que ela fale mais uma besteira, subo o vidro do carro
novamente.
— Você não deveria...
Eu nem a deixo reclamar e volto a beijá-la, provando o gosto
da sua língua, apertando sua cintura com força, porque depois desse
beijo intenso o que vou falar vai machucá-la.
Mas vou fazer isso para protegê-la de mim.
Desfaço o nosso beijo, a deixando ofegante e seguro em seu
queixo, a fazendo me encarar.
— Não espere nada de mim, Bruna. As coisas entre nós dois
nunca passará de beijos e amassos, é o máximo que posso dar a
você.
Vejo decepção em seus lindos olhos.
— E você mantenha o seu pinto dentro das calças, já estamos
casados e fui bem clara quanto a traição. Caso deixe o pintinho sair,
o corto, rasgo o contrato e faço você engolir cada pedacinho dele.
Eu a solto e ela sai de cima de mim.
Essa mulher acabou de insinuar que tenho um pinto pequeno?
Mas ela é muito corajosa.
— Bruna Harper, você...
— Tenha um péssimo restante de dia, senhor Thompson. Não
se esqueça de ir conversar com minha mãe ou não terá o jantar no
sábado. — Sai do carro sem nem mesmo me dar chance de falar e
ainda bate a porta com tanta força que não sei como não quebra.
Não sei o que tinha na cabeça quando escolhi essa menina
para meus planos de ter um filho. Isso foi influência de Amanda e
quando apareceu a oportunidade com o pai dela, aproveitei, mas
estou quase me arrependendo.
Porém, agora é tarde demais, Bruna Harper já é minha.
CAPÍTULO 19
Bruna Harper
Saio batendo a porta do carro do cretino com força e espero
que tenha quebrado mais uma coisa para ele acrescentar na minha
conta.
Porém, quando estou saindo do estacionamento, me lembro
do motivo de ter feito o que fiz, a vida do motorista. Por isso, volto
pelo mesmo caminho e o vejo saindo do estacionamento.
Paro na frente de carro porque depois de ter batido a porta é a
única maneira dele parar e como já imaginava ele freia o carro,
centímetros de mim.
— Você está ficando louca? — diz com raiva colocando a
cabeça para fora.
— Você não teria coragem de passar por cima da sua esposa,
teria?
— Mas o que diabos você ainda quer?
— O motorista, o que vai fazer com ele?
— Se me perguntar mais uma vez desse motorista, eu mesmo
vou fazer questão de matá-lo com minhas mãos.
Vou até ele e paro em frente a janela.
— Pedi com jeitinho, então faça a sua parte.
Ele fecha os olhos e respira fundo.
— Não vou fazer nada com ele, está bom assim para você?
Respiro aliviada.
— Ótimo, adeus.
— Volta aqui — diz conseguindo segurar meu braço pela
janela.
— O que foi?
— Nunca mais peça pela vida de outro homem, entendeu
bem?
— Você está se escutando, Oliver?
— Perguntei se entendeu.
— Tá, entendi. Agora me solte que tenho que trabalhar. —
Puxo o braço e saio escutando o homem resmungar sei lá o quê.
Ao passar pela recepção, vejo as duas invejosas cochichando
e como elas não perderiam a chance de me alfinetar, acabam
falando suas gracinhas.
— Como você conseguiu, Bruna? Como foi que deu o golpe
no gostoso do Oliver?
Olho para as megeras e respondo à altura:
— Para vocês, é senhor Thompson, não as quero chamando
meu noivo pelo primeiro nome. E é melhor me tratarem direito daqui
para frente ou já sabem o que pode acontecer.
— Você vai se casar com ele?
Coloco meu melhor sorriso no rosto e respondo:
— Logo depois da minha formatura, vamos oficializar o
noivado no sábado. Fiquem de bico calado, suas desocupadas, e
tenham mais respeito por mim, de agora em diante. — Nem espero
elas responderem e saio da recepção.
Pelo menos para alguma coisa esse casamento vai me servir.
Como preciso que Amanda e Emily olhem meu trabalho, vou
direto para a sala delas. Assim que entro, as duas abrem o sorriso e
já sei o motivo.
Minha vontade é de me enterrar em um buraco, só de
vergonha.
— Bruna, senta aqui e conta tudo.
Fico surpresa com a empolgação da Emily.
— Não tem nada para contar, Emily.
— Como não? Acabei de te pegar no maior amasso no carro
com o Oliver e ele me disse que pretende se casar com você.
Agora é a vez de Amanda falar empolgada e fico imaginando
o que foi que o Oliver disse a ela.
— O que exatamente ele te falou, Amanda? Seja sincera
comigo.
Ela me olha por alguns segundos.
— Primeiro, me diga se você o ama? Você está disposta a
lutar pelo amor dele?
Paro para pensar no que ela fala e em todas as sensações
que Oliver me fez sentir desde a primeira vez que o vi quando
cheguei nessa galeria. Penso no frio na barriga que sinto toda vez
que ele se aproxima, nas pernas que tremem toda vez que ele me
beija, no calafrio que sinto quando ele sussurra no meu ouvido, nas...
— Jesus Cristo, ela já está apaixonada, Amanda! Olha
só pra ela — Emily diz e volto a minha atenção para as duas.
— Eu já percebi isso, só queria escutar da boca dela —
Amanda diz sorrindo.
— Chego a pensar que meu coração vai pular pela boca toda
vez que ele se aproxima — digo sendo sincera.
— E sente um frio na barriga? — Emily indaga com seu jeito
meigo.
— E uma tremedeira nas pernas quando ele te pega de jeito?
— Amanda! — Emily a repreende.
— Emily, não vem com essa que você sabe muito bem como
tremer suas perninhas.
Acabo sorrindo.
— Tenho medo de me machucar.
Amanda segura minhas mãos e me encara.
— Oliver não quer amor, Bruna. Ele é um homem quebrado e
se fechou para esse sentimento. Ele desistiu de ser feliz, mas é
justamente de uma mulher como você que ele precisa na vida dele.
Entre no coração dele com esse seu jeitinho, mas tenha em mente
que quanto mais você entrar, quanto mais penetrar no coração dele,
mas ele vai tentar te tirar e te afastar para se proteger.
— Não vai ser fácil, Bruna. Nunca é fácil conquistar um
homem. Praticamente fui vendida para o Anthony e ele fazia questão
de jogar isso na minha cara todas as vezes que nos encontrávamos
depois do nosso noivado.
"Para piorar ainda mais minha situação, tinha outra mulher no
coração dele.
"Foi muito difícil entrar no coração do meu marido, foram
muitas lágrimas derramadas e uma dor excruciante no coração.
"Mas no final eu venci e valeu a pena tudo o que passei.
"Hoje, nos amamos mais do que tudo no mundo e temos uma
vida feliz e uma família linda.
— Já eu não preciso nem comentar, né, Bruna? Você sabe
tudo o que passei e concordo com cada palavra que Emily disse.
Conquistar um homem não é fácil, eles são seres irracionais que só
pensam com a cabeça debaixo.
— Amanda!
— Mas é verdade, Emily. Não vamos mentir para ela. Bruna é
nossa amiga acima de tudo e é bom saber o que a espera. Você
conhece o Ollie muito bem, ele pode ser pior do que Anthony e Colin
juntos.
Agora, sim, ela me assusta com o que fala.
— Não sei se quero conquistá-lo depois do que ouvi.
— NÃO — as duas dizem ao mesmo tempo.
— Olha o que você faz, Amanda.
— O quê?
— Olha, Bruna, não liga para o que ela disse. Você tem nós
duas para te ajudar. Temos experiência no assunto e podemos
prever o que Ollie pode querer fazer, então vamos sempre estar um
passo na frente dele. Mas lembre-se não será fácil, é um caminho
longo, mas no final terá um marido obediente, beijando o chão que
você pisa.
— Será que isso vai funcionar?
— Se não funcionar, quebro aquele cabeção e chuto a bunda
dele, não se preocupe.
— Por Deus, Amanda, por que você tem que ser assim?
— Emily, você também não é santa não. Você deu uns belos
puxões de cabelo na arquiteta oferecida e uns belos tapas na
Melissa. Nem me chamou para participar da festinha particular que
você e Andreza fizeram com a cobra, nunca vou te perdoar por isso.
Arregalo os olhos para Emily que sorri, nunca imaginei que ela
faria uma coisa dessas.
— Fiz isso mesmo e já vou logo te dar meu primeiro conselho,
Bruna. Toda história tem dois lados, antes de decidir qualquer coisa
sempre escute o outro lado da história.
— Isso mesmo, Bruna, escute o outro lado da história e se
tiver uma vadia envolvida nos chame para bater nela que te
ajudaremos.
— Isso mesmo, Bruna... Não, Bruna... Pelo amor de Deus,
Amanda, olha o que você me faz falar.
Amanda e eu rimos da cara de Emily.
— Obrigada por me ajudarem. Mas será que vou conseguir
conquistar um homem como Oliver?
— É claro que vai, se nós conseguimos, você também
consegue.
— Assim espero — respondo me enchendo de uma
esperança que não tenho certeza se vai fazer bem para mim, mas
não custa nada tentar.
CAPÍTULO 20
Bruna Harper
Já tem três dias que Oliver não dá notícias e amanhã é o
maldito jantar na casa dos pais dele.
Porém, o idiota ainda nem se deu ao trabalho de vir conversar
com minha mãe.
— Bruna, com quem você tanto fala nesse celular?
— Com a Amanda e a Emily, mamãe. Elas estão me ajudando
com uma coisa — respondo fechando o aplicativo de mensagens
onde Amanda criou um grupo de bate-papo com apenas nós três.
O nome do grupo é projeto Oliver, só Amanda mesmo para
inventar uma coisa dessas.
— Larga esse celular e venha jantar que já está na mesa
depois você volta a falar com elas.
Faço o que mamãe diz e deixo o aparelho em cima da
mesinha que tem ao lado do sofá.
Assim que nos sentamos à mesa e estou prestes a me servir,
a campainha toca, o que assusta e muito a mamãe.
— Será que são aqueles homens do outro dia? Não vou
permitir que a levem dessa vez. Pensando bem, nunca me falou o
que eles queriam com você.
— Calma, mãe, não são eles, eu garanto. Fica aí que vou ver
quem é. — Levanto para ir abrir a porta, mas vejo que mamãe fica
inquieta na cozinha.
Ao chegar na sala, a campainha toca mais uma vez e ao abrir
a porta penso que meu coração vai sair pela boca.
— Senhor Thompson!
— Pode parar de me chamar assim?
— O que está fazendo aqui? E como sabe onde moro?
— Você não queria que viesse falar com sua mãe, meu amor?
Aqui estou.
Eu o encaro porque não sei o que falar.
— Essas flores são para mim?
— Não, são para sua mãe. Será que pode me deixar entrar?
— Bruna, quem é, minha filha?
Antes que consiga responder, Oliver entra na sala.
É agora ou nunca.
— Mãe, esse é o meu, meu, meu...
— Noivo, senhora Harper. Sou o noivo da sua filha.
Por que ele não falou namorado?
Será que ele quer matar mamãe do coração?
— Como assim noivo? Nem sabia que ela tinha namorado.
— Bruna queria fazer uma surpresa para a senhora e acho
que conseguiu, não é mesmo, amor?
Mas que filho da mãe!
— Vamos conversar todos na sala, entre, Oliver — digo e ele
entra.
Vejo que quando passa por mamãe, ele entrega as flores a
ela.
— São para a senhora, espero que goste.
— São lindas, é claro que gostei. Vamos, entre, sinta-se à
vontade. A casa é bem simples, mas...
— Não se preocupe com isso, senhora, já me sinto em casa.
Mamãe olha para Oliver toda encantada e quando ele passa
na frente, ela me puxa pelo braço.
— Onde arrumou um homem desses, minha filha? Ele é lindo
e todo, todo, todo gostoso.
— Mamãe!
Tenho certeza que Oliver escutou porque o sorrisinho que ele
solta diz tudo.
— Bruna, meu amor, não tinha me dito que sua mãe era tão
adorável. Vejo que você não...
— Oliver, é muito bom ter cuidado com as palavras.
— Desde quando vocês estão noivos? Por que só descobri
isso agora?
Nos sentamos no sofá e Oliver me puxa para me sentar ao
lado dele.
— Sinto muito por não ter vindo conversar com a senhora
antes, mas sou um homem muito ocupado e com uma agenda
extremamente cheia. Só hoje consegui vir até aqui.
"Conheço sua filha há algum tempo e me encantei pela beleza
e charme dela. Como a senhora pode ver, não sou mais um garoto
de vinte anos, então nós dois conversamos e a pedi em casamento.
"Ela ficou tão feliz com o pedido que não pensou duas vezes
em me dizer sim.
Como pode um homem ser tão sem-vergonha?
— Olha, devo admitir que realmente estou muito surpresa com
isso. Minha filha sempre colocou para correr cada rapaz que se
aproximou dela com intenção de namorá-la. Ela sempre dizia que o
foco dela era terminar a faculdade, se tornar uma artista talentosa e
que nunca iria precisar de um homem para nada na vida. Cheguei a
duvidar de que um dia ela arrumaria um namorado, mas olha só ela
aqui com um noivo.
Chego a abaixar a cabeça de tanta vergonha.
— É parece que a fiz mudar de ideia. Não se preocupe com
sua filha, pretendo dar a ela e a senhora tudo o que precisar. Para
mostrar que estou sendo sincero em minhas palavras, quero
entregar isso a senhora, creio que te pertence.
Agora sim, ele chama minha atenção.
Eu nem mesmo tinha percebido o envelope nas mãos dele.
Mamãe pega e ao abrir para conferir o que tem dentro começa
a chorar.
— O que é isso?
— A escritura da nossa casa em meu nome, filha.
Olho para Oliver e sinto meu coração doer pela primeira vez
como Amanda e Emily disse que aconteceria.
Oliver está usando a escritura da minha casa para comprar
minha mãe.
— Não precisava ter feito isso, querido, já tínhamos um
acordo — digo demostrando a ele toda minha irritação.
— Seremos da mesma família agora, nada mais justo do que
cuidar da minha futura sogra, tendo em vista que meu sogro não está
mais na família.
Agora, sim, ele me tira do sério.
Oliver praticamente ameaçou meu pai de morte, é claro que
ele fugiria. Sei que o que meu pai fez foi muito errado, mas ele é meu
pai.
— Acho que agora você já pode ir embora, já deu seu show
de hoje.
Mamãe está tão emocionada olhando para a escritura da casa
que não percebe o que digo.
— Pensei que fosse ficar feliz com isso.
— Pensou muito errado.
Ele me olha sem entender bem o que está acontecendo e pela
primeira vez resolve fazer o que digo.
— Bem, está na minha hora, foi um prazer conhecê-la,
senhora Harper.
— Mas já vai embora? Não quer ficar para jantar com a
gente?
— Não, mamãe, ele já comeu. Oliver é um homem muito
refinado e não está acostumado com nosso tipo de comida, com
certeza não se sentiria bem.
— Isso é uma pena — mamãe diz parecendo desapontada.
— Fica para uma outra oportunidade, senhora, mas quero
convidá-la para jantar amanhã na casa dos meus pais. Eles querem
oferecer um jantar de noivado e conhecer a senhora também.
— Oh, é claro que sim. Se minha filha o aceitou como futuro
marido, não tenho porquê discordar, confio plenamente nela e no seu
bom senso. Será um prazer conhecer a sua família e mais uma vez,
muito obrigada pelo que fez.
— Não precisa agradecer.
— Certo. Acompanhe seu noivo até lá fora, minha filha, creio
que quer se despedir dele com mais privacidade.
— Claro, mamãe. — Acabo concordando para não levantar
suspeitas.
Nos levantamos.
Mamãe se despede mais uma vez de Oliver e vai para a
cozinha, já eu vou abrir a porta para ele sair.
Quando vou fechar a porta, ele me puxa pelo braço, fecha a
porta e me arrasta até o carro dele.
— Me solta, Oliver o que você pretende fazer? Já não
conseguiu o que queria?
— Garanto que não. — Ele abre a porta do lado do
passageiro, me joga dentro e depois vai para o lado do motorista.
— O que você quer, Oliver?
— Que palhaçada é essa, Bruna? Você me enche o saco para
que venha falar com sua mãe e depois praticamente me expulsa da
sua casa.
— Olha aqui, Oliver. Você pode fazer o que quiser comigo,
mas não ouse meter minha mãe no seu plano ridículo.
— Não fiz nada de mais, só estava cumprindo uma das
cláusulas do nosso contrato.
— O quê?
— Isso mesmo que escutou. Uma das cláusulas diz que assim
que assinasse o contrato aceitando tudo o que estava imposto nele,
devolveria a casa para a senhora Harper.
Meu Deus, o que mais tem nesse contrato que não sei?
— Quero uma cópia desse contrato.
— Terá logo depois do casamento.
— Mas já não estamos casados? Por que não pode me dar
uma cópia agora?
Ele me olha com um sorriso safado nos lábios, o qual me faz
sentir todas as sensações que não deveria.
— O contrato está guardado no meu cofre na minha mansão,
mais exatamente dentro do meu quarto. Você quer mesmo ir comigo
lá para buscá-lo?
Ele está claramente tentando me provocar, mas vou ver até
onde ele é capaz de ir com esse jogo, já que faz questão de abrir a
boca para dizer que nunca vai me levar para a cama.
— Até que essa não seria uma má ideia, poderia me mostrar
seu quarto e quem sabe experimentar a maciez do seu colchão. —
Vou para cima dele e me sento em seu colo com uma perna em cada
lado do seu corpo, completamente encaixada nele.
Ao perceber o que quero fazer, afasta o banco para trás me
dando mais espaço, essa é uma das vantagens de ser pequena.
— Onde esteve esses últimos três dias? — pergunto
passando as mãos em seu cabelo macio.
— Fiz uma viagem rápida e não achei necessários te avisar
disso.
— Sempre faz viagens assim? — Começo beijando seu
pescoço, dando pequenas chupadas.
Ele segura minha cintura com força, me esfregando no seu
pau que já sinto estar completamente duro.
— Você não deveria fazer isso, menina.
— Por que não? Já estamos casados, você é meu marido e
não tem nada de mal fazermos isso. — Beijo sua boca.
Ele coloca uma mão na minha nuca aprofundando o beijo e
com a outra aperta minha bunda, me fazendo gemer e rebolar em
seu colo.
A sensação é maravilhosa.
— Eu quero mais, Oliver, quero sentir mais do que isso.
Ele me afasta respirando fundo, tentando buscar um controle
que claramente não tem.
— Eu não posso fazer isso com você.
— Por que não? Me diga o motivo...
— PORQUE NÃO, INFERNO! Não quero você desse jeito,
não tenho a intenção de torná-la minha mulher na cama. Isso não vai
acontecer, Bruna.
Engulo em seco controlando as lágrimas que querem descer
pelo meu rosto e saio de cima dele, voltando para o banco do
passageiro.
Abro a porta para sair.
— Boa noite, senhor Thompson.
— Bruna, espera — diz com pesar na voz e segura meu braço
para que eu pare no lugar.
— O que quer?
— Compre alguma coisa para você e sua mãe vestir amanhã
no jantar. Esse cartão não tem limite, pode ficar com ele para
comprar tudo o que estiver precisando.
Olho para a cara dele e depois para o cartão que está
segurando e aí, sim, me permito chorar para que ele veja o quanto
me ofende com essas atitudes.
— Pegue seu cartão de merda e o engula. Não preciso do seu
maldito dinheiro. — Puxo o braço e saio do carro batendo a porta.
CAPÍTULO 21
Oliver Thompson
Bruna mais uma vez sai do meu carro batendo a porta.
Nossa convivência será sempre assim tão difícil?
Mas, por que diabos essa menina de repente resolveu
atormentar minha vida se oferecendo daquele jeito?
Eu já deixei claro como as coisas vão funcionar entre nós
dois, mas parece que ela não escuta.
Ligo o carro e vou para minha casa. Meus planos hoje eram
outros, mas depois de me deixar de pau duro o melhor que faço é ir
para casa e tomar um banho gelado.
A maldita soube me enganar e caí direitinho.
Quero ver como vou conseguir ficar sem sexo por tanto
tempo.
Chegando em casa vou direto para o quarto, tiro a roupa e me
jogo pelado na cama, me permitindo fechar os olhos por alguns
segundos enquanto me toco bem devagar. Lembro daquela pequena
diaba montada em cima de mim, doida para me dar sua boceta.
Eu me levanto antes que que faça uma besteira e goze
pensando nela, isso seria um caminho sem volta.
Entro no banheiro, ligo o chuveiro e coloco a cabeça debaixo
da água. Alcanço o frasco com sabonete líquido e despejo uma
quantidade nas mãos. Me surpreendo com a música sensual que
ecoa pelo som do quarto. Olho por sobre o ombro esperando que
alguém apareça ou fale algo, mas como não vejo e nem ouço nada,
volto ao meu banho mergulhando em minha mente.
Com o passar dos anos passei a sentir mais do que vejo.
A presença as minhas costas nem precisa ser anunciada e
mesmo imerso em meus pensamentos, sinto seu perfume adocicado
no ar.
— O que está fazendo aqui e como conseguiu entrar? —
pergunto sem me virar, segurando meu pau que está com uma
senhora ereção.
Bruna é a mulher mais provocadora e desobediente que
conheço.
— Sou sua esposa, agora uso seu sobrenome e seus homens
obedecem às minhas ordens. Mandei que me trouxessem até aqui.
Sei que você me quer tanto quanto eu te quero e deixou isso claro
quando me fez rebolar no seu pau duro dento do carro. Tenho
certeza de que deve estar mais duro ainda agora.
— Porra, Bruna, não vê que estou tentando te proteger.
— Me proteger de quem? — pergunta afrontosa como
sempre.
— De mim! Não quero te machucar e nem ferir seus
sentimentos. Estou achando que escolher uma mulher tão nova foi
um erro grande da minha parte.
— Isso tudo é uma tremenda besteira. Desculpas que você
usa para não me tornar sua mulher de fato.
— Não me provoque, garota, claramente não sabe o que quer.
— Quero você, tanto que vim até a sua casa e estou pelada
dentro do seu banheiro, louca para fazer sexo com meu marido.
Agora se não der conta é outra história, não fique inventado
desculpas.
Seguro firme seu pulso, afastando sua mão que quer me tocar
e com um giro perfeito inverto nossas posições. Coloco a mulher de
costas para mim, na parede oposta do box.
Bruna suspira e gargalha com a surpresa.
— Porra! Você está brincando com fogo, mulher — aviso
descendo a mão por seu corpo, sentindo suas curvas nuas até
chegar na sua boceta que está toda meladinha, tamanha é sua
excitação.
— Essa é a intenção, brincar com fogo e me queimar todinha.
— Se é isso que quer, é o que vou te dar, uma lembrança de
como é ter meu pau enterrado dentro de você. — Penso que ela vai
recuar, mas ela mostra mais uma vez o quanto estou enganado.
— Isso, gostoso! Mete profundamente e me deixa ter a melhor
lembrança do seu pau.
Essa mulher só pode ser louca, mas se é isso que ela quer é
o que vou dar a ela.
Viro seu corpo de frente para mim, seguro firme, posiciono
meu pau entre suas pernas e a penetro em uma estocada firme, a
fazendo gritar meu nome.
— Não era meu pau que você queria?
— Eu quero você, Oliver, quero tudo de você — responde
ofegante e a segura pela bunda gostosa dando mais segurança para
que não caia.
Mas seus deliciosos seios esfregando no meu peito é o meu
fim.
— Você vai ser a minha perdição, garota.
— E você já é a minha, Oliver. Tentei te manter longe do meu
coração, mas não consegui, foi mais forte do que eu.
Sinto um aperto no peito ao escutar o que sai por seus lábios
e tudo o que consigo fazer é beijá-la. Beijá-la profundamente dando
a ela tudo de mim.
Eu a tenho em meus braços e a seguro forte enquanto
penetro forte e rápido.
Ela pede cada vez por mais, me levando ao limite do meu
prazer, mas me recuso gozar antes dele.
— Goza agora, Bruna, goza para seu marido. — Dou a ordem
esfregando seu clitóris, fazendo com que ela gema cada vez mais
alto.
Sem precisar mandar pela segunda vez, sinto sua boceta
apertando meu pau, mostrando que finalmente está chegando ao
ápice. Aproveito para penetrá-la mais rápido até que me derramo
dentro dela, no mesmo momento em que ela goza.
Sinto seu corpo relaxar em meus braços da mesma maneira
que sinto um alívio no meu corpo. Ela beija meu pescoço e sussurra
no meu ouvido:
— Se foi tão bom assim nos seus sonhos imagina quando for
de verdade. Vou esperar ansiosamente pela nossa primeira vez.
Saiba que a partir de hoje não vou mais sair dos seus sonhos. Agora,
ACORDA.
Dou um pulo de susto e me vejo deitado na cama
completamente sujo com meu gozo e isso nunca tinha acontecido na
minha vida.
Gozei sonhando com uma mulher e isso é inacreditável.
— MALDITA! — grito frustrado. — Espero estar te
atormentando nos seus sonhos, assim como acabou de fazer
comigo.
CAPÍTULO 22
Bruna Harper
Depois de sair do carro batendo a porta, frustrada por ter
sido rejeitada e insultada com aquele cartão, entro em casa, disposta
a passar direto para o quarto.
Mas no caminho, mamãe me grita da cozinha e já sei que vem
uma enxurrada de perguntas.
— Bruna Harper, sente-se nessa mesa agora mesmo e vamos
conversar enquanto jantamos.
— Mamãe, por favor...
— Não me faça falar duas vezes, menina.
Acabo obedecendo pelo tom que ela usa para falar comigo.
— Pode perguntar — digo me servindo.
— Onde conheceu esse homem?
— Na galeria de arte.
— Quantos anos ele tem?
— Trinta e quatro.
Ela me olha levantando uma sobrancelha, surpresa com o que
digo.
— Deve ter puxado a mim, pois, também me apaixonei
perdidamente por um homem mais velho e ele foi a minha ruína.
Agora sou eu que a encaro.
— Meu pai não foi seu primeiro amor, mamãe?
Ela sorri.
— Seu pai foi o homem que mais amei nessa vida e vou
morrer o amando — diz como se não estivéssemos falando da
mesma pessoa.
Nunca vi minha mãe tão perdida em pensamentos.
Quando penso em abrir a boca para perguntar mais uma
coisa, ela volta a falar como se estivesse viajando no tempo.
— A maneira como me pegava era... A pegada dele quando
me imprensava em uma parece, passando as mãos pelo meu corpo,
rasgando minha roupa, me levava a loucura... Era isso que ele
gostava de fazer, me rasgar todinha e adorava quando ele fazia
isso... O jeito como fazíamos amor em qualquer lugar que desse era
excitante e o medo de sermos pegos deixava tudo muito mais
intenso. Os gemidos dele misturado com os meus eram
enlouquecedores.
Estou segurando uma colher literalmente com a boca aberta
olhando para minha mãe.
Não acredito no que ela está falando.
— Mamãe, a senhora era uma safada e tanto. Agora sei de
onde foi que puxei. As sensações que Oliver me faz sentir... É tudo
culpa da senhora.
Ela parece sair de um transe quando me escuta falar.
— Eu, eu, eu acho que falei demais.
— Falou, sim, a senhora parecia se divertir muito com meu pai
na juventude. É incrível ser filha única com vocês fazendo sexo
desse jeito. Deveria ter no mínimo mais uns dois irmãos.
— Deus só me abençoou com você e foi melhor assim. Agora
me fale mais do seu noivo. Tenho a sensação de já tê-lo visto antes,
mas não sei de onde. Meu Deus, nem acredito que você está noiva.
Por que não me falou nada, Bruna?
— Mãe, Oliver já explicou as coisas para a senhora e foi tudo
exatamente como ele falou. Nos conhecemos há um tempo da
galeria de arte e sempre admirei a beleza daquele homem. A
senhora tem que concordar comigo que ele é extremamente lindo.
Todas as mulheres do mundo se jogam aos pés dele, mas parece
que fui a escolhida por ele para ser sua esposa. Conversamos, ele
me falou suas intenções e aceitei, afinal sempre tive uma queda
grande por ele. E a senhora o conhece dos jornais provavelmente.
— Dos jornais!?
— Oliver Thompson, o rei do petróleo, dono da metade do
mundo, podemos assim dizer.
Mamãe coloca as mãos na boca, chocada com o que escuta e
me olha com os olhos arregalados.
— Mãe, a senhora está bem?
— Não acredito nisso? Foi por isso que ele conseguiu a nossa
casa de volta.
Ah, se ela soubesse que ele armou para cima de mim, usando
nossa casa.
— Ele é um homem poderoso, mamãe, e uma casa como a
nossa não é nada para ele.
— Filha, tem certeza de que é isso que quer? Se casar com
um homem desse mudará sua vida para sempre.
— Não tenho escolha, mamãe, já aceitei a proposta dele de
casamento e amanhã a senhora vai conhecer meus futuros sogros.
Nosso casamento vai ser logo depois da minha formatura.
— Mas já? Por que tanta pressa? Sua formatura é daqui três
semanas. Bruna, você está gravida desse homem? Se entregou a
ele antes do casamento.
— Menos, mamãe, pelo que escutei agora pouco a senhora
também não se casou virgem. Não estou grávida e nem fui para a
cama com ele ainda. — Paro de falar e penso que vou enlouquecer
esse homem de uma maneira que vai deixá-lo de bolas roxas.
Ele que me aguarde!
Me forçou a casar porque quis e mesmo tendo um contrato,
quero um casamento no mínimo um tanto normal.
Será vergonhoso sair de um casamento com um filho e
permanecer virgem.
— Bruna!
Volto a olhar para ela.
— Por que a pressa do casamento?
— Como ele mesmo falou para a senhora, não é mais um
garoto. Ele precisa de uma esposa e de filhos e eu preciso, preciso...
— Não consigo terminar a frase.
— Ai, meu Deus, você está cometendo os mesmos erros que
eu, Bruna.
— Que erros, mamãe? A senhora ultimamente não tem falado
coisa com coisa.
— Quer saber de uma coisa, Bruna? Você já é mulher adulta
que toma suas decisões, prova disso é esse noivado repentino que
aceitou. Vou te apoiar em suas decisões e sempre vou estar aqui
quando precisar de colo. Algo me diz que vai precisar muito. Agora
termine de jantar que vou pensar em como conseguir uma roupa
descente para usarmos amanhã, porque pelo que percebi a família
do seu futuro marido nada em dinheiro.
Observo minha mãe sair da cozinha muito estranha indo para
o quarto dela.
Ainda vou descobrir o motivo dela estar desse jeito.
Assim que termino de comer, guardo tudo, vou para o quarto e
pego o celular. Vejo algumas mensagens de Amanda e Emily no
grupo “Projeto Oliver” e começo a rir sozinha das mensagens que
leio.
Emily: “Bruna, você tem que ser paciente com o Oliver e ir
entrando no coração dele aos poucos.”
Amanda: “Emily! Isso lá é conselho que se dê a uma pessoa?
Até parece que você era esse poço de candura.”
Emily: “Bruna, vai com tudo, amiga, tenho que admitir que
Amanda tem razão. Se o Oliver for parecido com Anthony você vai
ter trabalho.”
Amanda: “Isso, Bruna, se joga em cima dele e vai com tudo.
Ollie gosta de pegada, o homem é um furacão.”
Emily: "Amanda tenho certeza de que seu marido não vai
gostar nadinha de ver você falando assim de outro homem.”
Amanda: “Ela tem que saber o que a espera e só estou
falando a verdade.”
Resolvo entrar na conversa e contar o que aconteceu hoje,
claro que vou ocultar algumas partes.
Bruna: “Ele veio na minha casa hoje para conversar com a
mamãe. Quando nos despedimos dentro do carro dele, fiz o que
falaram e voei para cima dele. As coisas estavam começando a
esquentar, mas ele me rejeitou e pela primeira vez entendi o que
vocês sempre falam sobre a dor no coração. Oliver quer uma esposa
apenas para dar um filho a ele e não pretende fazer isso do modo
tradicional. Ele deixou bem claro isso hoje.”
Eu vejo que as duas estão digitando ao mesmo tempo.
Emily: "Ele te rejeitou antes ou depois das coisas
esquentarem?”
Amanda: "O que você fez quando fala que voou pra cima?”
Bruna: "Ele estava no banco do motorista e eu no banco do
passageiro. Montei no colo dele com uma perna em cada lado do
corpo e ele pareceu gostar, pois, afastou o banco para me dar mais
espaço. Mas no meio do nosso beijo quando disse que queria sentir
mais daquilo que ele estava me proporcionando, o homem se
transformou."
Amanda: “Ele já está caidinho por você, mas como todos os
homens é um idiota que não vai admitir fácil os sentimentos.”
Emily: “Bruna, Oliver é quebrado por um trauma do passado
que nem mesmo eu ou Amanda sabemos. Ele nunca toca no
assunto. A única ciosa que sei é que parece que tem a ver com meu
cunhado que já morreu há alguns anos. você terá que ter paciência e
muita força de vontade se quer realmente conquistá-lo. Tenha
certeza de que Ollie não vai facilitar as coisas para você. Essa
arrogância e frieza foi a forma que ele encontrou de se proteger do
amor.”
Amanda: “Emily tem razão, Bruna, mas nunca vá além dos
seus limites. Vamos sempre estar aqui para te ajudar no que precisar
e no que decidir. Você está realmente disposta a pelo menos tentar
conquistar o Oliver?”
Penso por alguns minutos no que elas falam e tomo uma
decisão.
Bruna: “Não quero um casamento de mentira, quero Oliver
Thompson como meu marido de verdade porque acho que já estou
me apaixonando pelo idiota.”
Fico tentada a contar para elas sobre o contrato de
casamento, mas vejo que ainda não é a hora certa. Tudo o que elas
sabem é que Oliver quer uma esposa e um filho e me escolheu para
isso sobre influência de Amanda. E como já arrastava um caminhão
por ele aceitei, não tinha como negar isso depois de pintar um
quadro dele.
Amanda: “Ótimo... Então hoje damos início oficialmente ao
Projeto Oliver.”
Emily: “Vamos comemorar fazendo compras no shopping
amanhã. Combinei com Andreza Smith de ir e tenho certeza de que
ela não vai se incomodar de levarmos você. Bruna, logo se tornará
esposa de um homem importante, tem que começar a fazer as
amizades certas."
Amanda: "Andreza Smith é das minhas, você vai adorá-la,
Bruna.”
Bruna: “Vocês estão falando de Andreza Smith do Grupo
Smith, da família Smith que comprou os quadros mais caros da
primeira exposição de vocês?
Amanda: "Só existe uma família Smith, Bruna. É claro que é
dela que estamos falando.”
Bruna: “E desde quando passou pela cabeça de vocês que
teria dinheiro suficiente para fazer compras no shopping
acompanhando vocês? Tenho que ir amanhã à noite em um jantar na
casa do Oliver, os pais dele querem conhecer minha mãe porque ele
tem pressa com o casamento. Vai ser meio que um jantar de noivado
íntimo apenas para a família e a coitada da minha mãe está
preocupada em não achar nada decente para vestir. Eu então nem
se fala.”
Emily: “Mais um motivo para irmos às compras juntas,
considere como um presente de noivado. Você merece estar radiante
nesse jantar, Bruna, para deixar Ollie de queixo caído. Não adianta
dizer não, passamos na sua casa para te pegar amanhã logo depois
do almoço, tchauzinho.”
Amanda: “Até amanhã, Bruninha, vamos aproveitar o nosso
sábado de folga. Boa noite.”
Para não me deixar brecha para rejeitar, as duas deixam de
ficar online ao mesmo tempo.
Respiro fundo, desligo o celular e o coloco embaixo do
travesseiro.
Penso se realmente tomei a decisão certa, mas preciso pelo
menos tentar já que meus sentimentos por Oliver Thompson saíram
do controle.
CAPÍTULO 23
Bruna Harper
Acordo pela manhã com mamãe me chamando, quase me
derrubando da cama.
— Bruna Harper, se não se levantar agora eu literalmente te
derrubo dessa cama.
— Mãe, hoje é sábado, dia da minha preciosa folga, me deixa
dormir. Oliver me atormentou à noite toda em meus sonhos. Aquele
safado não me deixou dormir.
Mamãe sorri e isso me deixa ainda mais constrangida pelo
que acabei de falar.
— Bruna, você ainda é virgem, minha filha?
Agora ela consegue me acordar.
— Mas que conversa é essa, mamãe?
— É virgem ou não?
— É claro que sou virgem, mamãe, mais que pergunta.
Ela se senta ao meu lado na cama e pega na minha mão e me
olha nos olhos.
— Depois que perder a virgindade, os sonhos eróticos que vai
ter com seu futuro marido não vão chegar nem aos pés dos que tem
agora. Você é uma mulher de sorte, filha, seu noivo é excelente em
todos os aspectos da vida.
Fico vermelha de vergonha.
— Mamãe, por que que não conhecia esse seu lado? —
Tenho que perguntar, pois, não é possível essa mudança repentina.
— Finalmente estou livre e agora posso ser eu mesma.
— Livre de quê, mamãe?
— A pergunta certa e de quem, Bruna. Agora se levanta que
já está na hora do almoço, dorminhoca.
— Almoço!?
— Sim, levanta, troca de roupas e vamos comer. Tenho que
dar um jeito em uma roupa para você vestir hoje à noite.
— Não precisa se preocupar com isso, mamãe, Amanda e
Emily me convidaram para fazer compras hoje à tarde, Vou comprar
um vestido para a senhora e outro para mim.
— Mas não temos dinheiro para isso.
— Não se preocupe, a senhora não precisará mais se
preocupar com nada nessa vida.
Ela me olha e alisa meu rosto.
— Você o ama?
— Mãe...
— Você o ama ou está fazendo isso pelos motivos errados?
Não minta para a sua mãe, filha, nós só temos uma à outra agora.
Creio que seu pai nunca mais vai voltar.
Eu me ajeito e coloco a cabeça em seu colo.
— Acho que amo, mãe, não entendo muito bem sobre esse
sentimento, mas tudo o que ele me faz sentir é bom. Passei três dias
sem falar com ele e...
— Seu coração se entristeceu de saudade — diz com o
mesmo olhar de ontem à noite.
Ela parece sofrer sentindo falta de alguém, mas não vou tocar
nesse assunto com ela, pelo menos não agora.
— Sim, meu coração se entristeceu por isso. A senhora
parece ter experiência nesse assunto.
Ela respira fundo e acaricia meu cabelo.
— Rezo todos os dias para que você nunca passe pelo que
passei, meu bebê. A vida, as vezes, é cruel demais. Agora, levanta e
se cuide já que vai sair com as meninas. As horas passam voando.
— Encerra o assunto e me faz levantar.
Vejo no relógio que realmente já é bem tarde.
Tomo banho, escovo os dentes e me arrumo, pois, tenho
certeza de que daqui a pouco, Amanda chega me apressando como
sempre. Só fico nervosa em saber que Andreza Smith estará junto
com a gente nessas compras.
Que Deus me ajude.
Como esperava, pouco depois que termino de almoçar, a
desesperada começa a buzinar na frente da minha casa e saio
correndo para que ela pare.
— Amanda, tenho vizinhos, sabia?
— Entra logo, Emily já está esperando no shopping.
Entro do lado do passageiro e olho para trás a procura do
Ryan.
— Cadê o bebê? Queria tanto ver aquela fofura.
— Deixei meu pequeno em casa com a Lara e a babá. Ele
ficaria enjoadinho se passasse a tarde toda passeando no shopping.
Eu realmente fico decepcionada com isso.
— Ele é tão fofo e lindo que se pudesse o roubaria de você,
sua malvada. Deveria tê-lo trazido — digo tão séria a última parte
que ela começa a rir.
— Não se preocupe, logo terá seu bebê fofo e lindo.
— Através de uma inseminação artificial — digo sem pensar e
com amargura na voz.
— Oliver ainda está com essa ideia louca na cabeça? Ele não
desistiu disso ainda.
— Parece que não. Esse é o método escolhido por ele,
segundo o que diz é mais seguro.
Amanda não parece gostar do que escuta.
— Quando ele tocar nesse assunto novamente pergunte a ele
se não é homem o suficiente para fazer um filho em você dá maneira
tradicional. Mas que idiota! — diz muito séria e fico sem saber o que
falar direito.
— Quer mesmo que eu duvide da masculinidade de um
homem na cara dele? Só pode estar louca.
— Ollie precisa cair na real, Bruna. Ele é homem e não um
garoto. É de uma mulher como você que ele precisa, que não abaixa
a cabeça, que não obedece às ordens dele cegamente. Oliver está
acostumado a todos dizendo, "sim, senhor" para suas ordens e
vontades sem questionar. Mas isso vai mudar com você. — Ela
parece ficar chateada com essa história.
— Amanda, sei que ele é seu amigo, mas não comente nada
com ele sobre isso que falei, por favor, ele pode não gostar e... — Eu
me calo antes que fale o que não devo.
— E o quê, Bruna? O que Oliver fez?
— Nada, ele não fez nada — respondo rápido demais e ela
me olha desconfiada.
Logo volta sua atenção para o trânsito.
— Você sabe que vou descobrir tudo, não sabe?
— Sei, mas não vai descobrir por mim. Eu me apaixonei por
ele, Amanda, mas nós duas sabemos o propósito desse casamento.
Vou fazer de tudo para entrar no coração do meu marido, vou até
meu limite e espero sinceramente conseguir.
— Você irá conseguir, pois, no final tudo sempre dá certo. Mas
o caminho até a vitória é muito dolorido. Você terá que ser uma
mulher muito forte.
Com isso esse assunto morre e passamos a conversar sobre
outras coisas, mas fico pensando em suas palavras.
CAPÍTULO 24
Bruna Harper
Minutos depois chegamos no shopping e assim que
Amanda estaciona o carro, fico chocada.
— Você sabe que tudo aqui custa uma verdadeira fortuna?
— Sei sim e é bom começar a se acostumar com isso. Será
esposa de um dos homens mais ricos do mundo e é aqui que
passará a comprar tudo o que precisa. Tenho certeza de que não vai
querer envergonhar seu marido.
Se ela soubesse que meu marido pretende manter nosso
relacionamento escondido às sete chaves.
— O que foi, Bruna?
— Nada, você tem razão. Vamos logo que a Emily está
esperando.
Ela me olha desconfiada, mas acaba concordando e saímos
juntas.
Passamos por várias lojas até chegar aonde Emily está e
quando a vejo de longe meu coração começa a bater acelerado,
porque ela não está sozinha.
— Parece que Andreza também trousse companhia.
— Estou vendo e não estou acreditando. Acho melhor eu
voltar, Amanda, assim vocês ficarão mais à vontade.
— Larga de ser besta, você será tão rica quanto elas. —
Segura minha mão para que não consiga fugir.
Admito que minha vontade é de sair correndo desse lugar.
Chegamos onde elas estão e fico quieta no meu canto.
— Andreza, Stela, Olivia, que prazer revê-las. Temos que
marca de fazer compras mais vezes — Amanda diz, vai até elas e se
abraçam.
— Sempre convido, mas você e Emily sempre estão muito
ocupadas.
— Estamos preparando a nova exposição e com a filial de
Nova York as coisas ficam uma loucura.
— Amanda, apresente nossa amiga para as meninas — Emily
diz chamado a atenção para mim.
— Meninas, essa aqui é a Bruna. Ela é nossa estagiária na
galeria, mas logo após a formatura vai passar a trabalhar comigo e
Emily, um talento que descobrimos dentro da escola de arte.
— Olá, muito prazer em conhecer as senhoras. — Estou
completamente envergonhada.
— Bruna, não me chame de senhora, me chame apenas de
Stela. Se é amiga de Emily e Amanda também é nossa amiga.
— Eu me chamo Olivia e a louca aqui ao meu lado já deve
saber que é a Andreza.
— Elas me chamam de louca, mas não vivem sem mim. Eu
sou a divertida do grupo.
Sorrimos do que Andreza diz.
— Emily falou que temos uma missão hoje. Será que agora
que chegaram, podem falar que missão é essa? — Stela pergunta
muito interessada e já desconfio do que se trata essa missão.
— A nossa querida Bruna hoje vai ficar noiva de ninguém
mais, ninguém menos do que Oliver Thompson, então...
— Ela precisa do vestido perfeito — Olivia diz batendo palmas
e recuo um passo para trás.
Tem cinco mulheres a minha frente que me olham com um
brilho nos olhos que não estou gostando muito.
— Vão com calma, é um jantar simples apenas com os pais
dele e a minha mãe. Não vai ser nada de mais, nem mesmo deveria
estar aqui.
Andreza sorri e passa o braço ao redor do meu.
— Estou vendo que tem uma síndrome que eu mesma criei o
nome, Olivia também a tinha.
— Vai começar. — Stela bufa, nos acompanhando.
Amanda, Emily e Olivia sorriem.
— Que síndrome é essa?
— A síndrome de Stela, olha que interessante. Sempre queria
ajudá-la, mas ela NUNCA aceitava porque dizia que não era justo
gastar dinheiro com ela e blá, blá, blá. Vejam só onde a bonitinha
está agora? Ela é a senhora Smith, a toda poderosa que manda na
família e principalmente no meu primo babão.
— Não liga para o que ela fala, Bruna. Vamos te ajudar a
encontrar um vestido simples, chique e que seja seu estilo. Ainda de
quebra vai deixar Oliver de boca aberta. — Olivia chama Oliver pelo
primeiro nome e acho isso um pouco estranho.
— Você conhece meu noivo?
— Sim, conheço. Ele é amigo da família Smith e sempre que é
preciso, os homens se ajudam em tarefas que é melhor você não
saber até entrar para a família Thompson.
— Eu não entendi — digo sendo sincera.
— Bruna, homens poderosos como os nossos não chegaram
onde estão apenas distribuindo sorrisos e apertos de mão. Meu
marido Ivan, Carlos irmão de Andreza, e marido de Olivia comandam
o império da família Smith.
"Dylan Parker, marido de Andreza, comanda a maior empresa
de tecnologia do mundo.
"Colin Lewis, que você conhece muito bem se tornou um dos
maiores advogados empresariais. As maiores empresas
internacionais brigam por ele e seu noivo, querida, praticamente
comanda toda a rede de petróleo do mundo.
"Homens poderosos que não fazem apenas o que é bom e
que em algum momento da vida sofreram traumas grandes.
"Homens quebrados que precisam de mulheres fortes o
suficiente para consertá-los. Você não será uma exceção a isso, mas
se realmente quer esse homem terá que suportar muita coisa."
— Por que parecem que me dão sempre o mesmo conselho?
— Porque passamos por isso, Bruna, mas no final
sobrevivemos. Garanto que vale a pena no final — Andreza
responde, parecendo sincera.
— E foi por isso que criamos o Projeto Oliver para te ajudar a
passar por isso, porque temos experiência nesse assunto —
Amanda, a criadora do projeto mais sem sentido, fala orgulhosa.
— Projeto Oliver!? — Olivia pergunta.
— Isso mesmo, Olivia. Emily e eu vamos ajudar a Bruna a
conquistar o Ollie.
Ela abre um sorriso grande e sei que vem coisa por aí.
— Que tal vocês três se juntarem a nós nesse projeto? —
Emily propõe.
— Essa é uma ótima ideia, assim aproveitamos para nos
conhecer melhor — Olivia diz.
Emily concorda de primeira.
— Eu quero, sou especialista em fugas, caso queira ensinar
uma lição para seu noivo — Andreza logo diz.
— Fugir? — pergunto incrédula.
— Nós três fugimos grávidas e deixamos nossos maridos
loucos. Mas eles aprenderam a lição e eu bati o recorde. Quando
Ivan me encontrou, nossa filha já tinha três anos — Stela diz.
— Só resolvi aparecer quando as gêmeas já estavam prestes
a nascer — Agora é Olivia que fala.
— E eu me escondi na fazenda da minha sogra, o último lugar
onde meu marido pensaria que estaria — Andreza diz sorrindo.
Fico chocada com o que escuto.
— Vocês me superam em todos os sentidos, Emily e eu
somos amadoras perto de vocês.
Todas caem na gargalhada.
Até que minha tarde está sendo mais divertida do que
esperava.
— Eu vou adicionar vocês três ao grupo do Projeto Oliver e
vamos ajudar a Bruna. Vamos formar um time e tanto.
Concordamos e logo troco de número com as meninas.
Em poucos segundos, em vez de três pessoas agora temos
seis no grupo.
— Vamos deixar de conversa que temos uma noiva para
vestir.
Vamos em uma loja de vestidos e fico impressionada em
como o dinheiro dá respeito as pessoas. Só de verem as senhoras
Smiths entrando em qualquer loja, logo o gerente chega oferecendo
um atendimento VIP e segundo Amanda, vou ser tratada assim
também.
Se ela soubesse que Oliver não pretende me tornar a senhora
Thompson de fato perante a mídia ficaria decepcionada.
Mas o que esperava?
Não sou nada na frente do que essas mulheres são e talvez
seja por isso que Oliver não me quer de verdade e quer apenas meu
útero para gerar o filho dele.
— Vamos lá, Bruna, a caça do vestido — Andreza diz e junto
com Amanda me puxa para um dos provadores.
Assim, nós seis passamos a tarde toda, experimentando
vestidos e depois sapatos que nem me atrevo a olhar o preço.
No final nos divertimos muito e soltamos altas gargalhadas.
Espero sinceramente ser feliz como elas dizem que são.
CAPÍTULO 25
Bruna Harper
Não foi fácil escolher o vestido de hoje, mas devo admitir que
realmente ficou perfeito no meu corpo. E se não fosse pelas
meninas, jamais teria conseguido ficar tão linda assim.
Depois das compras, as cinco mulheres invadiram minha
simples casa e fizeram questão de me arrumar. Minha mãe também
não escapou delas.
Nunca poderia imaginar que mulheres tão ricas como elas
poderiam ser tão simples e possuírem uma alma tão nobre.
Ainda deixaram um marcado um almoço com mamãe.
— Você está linda, filha! Na verdade, você é linda de qualquer
jeito — mamãe diz entrando no quarto.
— A senhora é minha mãe e é claro que sempre vai me achar
bonita, não importa a situação.
Ela sorri e se aproxima ajeitando o vestido no meu corpo.
— Esse vestido deve ter custado uma fortuna, Bruna, olha
bem pra isso. Essa renda é perfeita — diz alisando o vestido que é
colado no meu corpo na cor rose.
Ele é feito de seda e renda com o cumprimento bem acima
dos meus joelhos e um decote ousado no busto. Já a maquiagem é
simples, o cabelo meio preso e sandália de salto na mesma cor do
vestido.
— Tem razão. Foi caro ao ponto de não querer olhar o preço.
— Aquelas mulheres parecem gostar muito de você, tanto que
nos deram essas roupas.
— São minhas novas amigas, mulheres importantes na
sociedade, mas que tem um coração bom.
Mamãe concorda e a campainha toca.
Imagino ser meu querido marido vindo nos buscar.
— Vá abrir a porta, deve ser seu noivo.
Coloco um sorriso grande no rosto e vou até à porta, mais ao
abri-la me decepciono.
— Senhora Thompson, viemos buscá-la para leva a senhora e
sua mãe à mansão da família Thompson.
Ele mandou o motorista me busca em vez de vir
pessoalmente.
— Onde ele está?
— Senhora?
— Oliver, onde ele está?
— O patrão está aguardando a senhora na mansão.
Sem opção chamo mamãe e saímos com o motorista e os
seguranças.
— Precisa disso tudo mesmo, Bruna? Olha a quantidade de
seguranças.
Antes que consiga responder, o motorista diz:
— O patrão é extremamente cuidadoso com a segurança da
família, é bom irem se acostumando.
Mamãe me olha e não fala nada.
O motorista coloca o carro em movimento e alguns minutos
depois, chegamos na grandiosa mansão da família Thompson.
O motorista nos acompanha até a porta, onde somos
recebidas pelos pais do Oliver.
— Minha querida, que prazer tê-las em nossa casa. Você está
simplesmente linda.
Dona Leah me abraça, logo depois vai até mamãe, se
apresenta e o senhor Dener faz o mesmo.
— Meu filho é um homem de sorte por ter uma noiva tão linda.
— Nisso tenho que concordar com a senhora, minha filha é
preciosa e foi muito bem-criada.
— Não tenho dúvidas disso, senhora.
— Me chame de Lena.
— Muito bem Lena, vamos para a sala conversar um pouco. O
jantar vai ser servido em alguns minutos e você, querida, pode ir
atrás do seu noivo que deve estar logo na entrada do jardim com
aquele maldito celular. É só ir por ali até uma porta grande de vidro
que chegará ao jardim.
Faço o que dona Leah fala e vou atrás de Oliver enquanto ela
leva mamãe para a sala como se já fossem melhores amigas.
Ando com cuidado para não bater em nada tudo dentro dessa
casa deve custar uma fortuna.
O lugar é realmente muito bonito.
Sigo até achar a porta que dona Leah indicou e a abro com
cuidado. Logo avisto Oliver de costas para mim e minha intenção é
abraçá-lo por trás, mas ao me aproximar observo que ele está em
uma ligação e não gosto muito do que escuto.
— Estou preso na porra de um jantar e não posso sair daqui
agora. Você vai ficar quietinha esperando. — Para de falar,
escutando o que tenho certeza que seja uma mulher, e volta a falar:
— Celeste, espera por mim, quando chegar aí conversarmos. —
Desliga o telefone e ao se virar dá de cara comigo.
Por um segundo penso ver surpresa em seus olhos.
— Bruna.
— Seus pais me mandaram te chamar. — Não espero ele
falar nada e me viro para sair com o coração doendo só de imaginar
que ele vai se encontrar com outra mulher.
Quando dou o primeiro passo, ele segura em meu braço me
fazendo parar.
— O que você quer?
— O que você ouviu? — responde minha pergunta fazendo
outra.
— Ouvi meu marido marcando um encontro com outra. Fui
bem clara em relação a isso, Oliver.
Ele sorri e segura meu queixo.
— Está com ciúme, esposa?
— Estou.
Seu sorriso morre ao escutar minha afirmação.
— Não deveria e sabe muito bem disso, Bruna, nos já
conversamos.
Puxo o meu braço do seu aperto e empino bem o nariz, o
encarando.
— Escute muito bem o que vou falar, Oliver, tudo o que você
fizer me dá o direito de fazer igual. Então pense muito bem antes de
enterrar seu pintinho na boceta de outra. — Eu me viro e apresso o
passo antes que ele me pegue.
Infelizmente quando chego na porta, ele me segura por trás.
— Vou mostrar a você o pin...
— Oliver, Bruna, o jantar está servido deixem para namorar
depois.
Graças a Deus sou salva por minha sogra.
— Tenho que mostrar uma coisa bem grande para minha
noiva, mamãe, já estamos indo em um minuto.
— Nossa, um minutinho? Realmente você é muito rápido.
Eu e minha boca grande!
Por que nunca penso antes de falar?
Ele me aperta mais ainda demostrando a raiva que está
sentindo.
— Bruna, querida, você vai me...
— Seja lá o que vocês querem fazer, façam depois. O jantar
está servido, vamos logo.
— A senhora tem razão, dona Leah, o jantar vai esfriar. —
Aproveito para segurar a mão dela e Oliver me solta.
— Vamos, depois do jantar faço questão de mostrar cada
canto dessa mansão, meu amor.
Isso soa mais como uma ameaça do que com um convite.
Entramos e seguimos para a sala de jantar.
Engatamos em uma conversa realmente agradável enquanto
Oliver está sentado na cabeceira da mesa sem falar uma palavra e
não tenho coragem de encará-lo de jeito nenhum.
— Meu filho, você não tem um pedido a fazer? — senhor
Thompson diz quando terminamos a sobremesa.
— O pedido eu já fiz e ela já disse sim, só preciso colocar o
anel no dedo dela.
Abaixo a cabeça morrendo de vergonha, não por mim, mas
por mamãe que não deve estar entendendo nada.
Ele coloca a mão no bolso do terno, retira uma caixinha de
camurça e ao abri-la vejo o lindo anel solitário com uma belíssima
pedra de diamante no centro.
— Um anel digno de uma Thompson, meu filho, excelente
escolha. A partir do momento que colocar esse anel no dedo dela,
passará a ser parte da nossa família e será sua responsabilidade
cuidar muito bem dela e da mãe dela. Bruna será sua esposa, a
única mulher da sua vida — meu sogro diz muito sério.
Oliver apenas balança a cabeça concordando e me sinto mal
por isso.
Querendo ou não estamos enganando a família dele e a
minha mãe, minha única esperança é conseguir conquistá-lo para
que possamos viver um casamento de verdade.
— Me dê a sua mão direita, Bruna.
Dou minha mão a ele que desliza o anel pelo meu dedo, que
cabe perfeitamente.
— Agora você é minha, querida — diz com tanta
possessividade que me assusta.
Não consigo entender o motivo dele está agindo assim, afinal
ele mesmo disse que não quer um casamento de verdade.
— Vamos fazer um brinde ao casal de noivos. — Minha sogra
comemora.
Logo os empregados se aproximam com champanhe servido
em taças muito bonitas.
— Um brinde aos noivos, que os dois sejam muito felizes e
que tenha muitos filhos para que possa mimar todos eles.
Minha mãe sorri do brinde que minha sogra faz e ao
brindarmos Oliver passa a mão pela minha cintura, me acariciando e
me deixando arrepiada com seu toque quente.
— Agora que brindamos e comemoramos o noivado, vou
mostrar a mansão para minha belíssima noiva. Ela está ansiosa para
conhecer os cômodos. Enquanto isso vocês podem fazer companhia
para minha sogra.
— É claro que sim, meu filho, e não se esqueça de mostrar a
biblioteca do segundo andar, ela vai ficar encantada.
— Lá será o primeiro lugar que vou mostrar, mamãe.
Jesus Cristo, que Deus me ajude.
CAPÍTULO 26
Bruna Harper
Oliver entrelaça nossos dedos e meu coração acelera.
É sempre assim quando ele chega perto demais.
O frio na barriga é inevitável.
— Onde você vai me levar?
— Biblioteca — responde seco e mais sério do que esperava,
me arrastando escada acima.
A cada degrau que subo meu coração pula mais forte.
Estou tão nervosa que não presto atenção direito no caminho
que fazemos. Só consigo vê-lo abrir uma porta muito grande e me
empurrar para dentro do local, soltando minha mão e fechando a
porta logo em seguida.
Fico parada no meio da sala grande, rodeada de livros
enquanto ele segue até uma mesa que tem próxima e escora o corpo
no móvel, mantendo as pernas abertas.
Respiro fundo algumas vezes tentando me acalmar, pois, a
maneira intensa como me encara está me deixando mais nervosa
ainda.
— Então, Bruna, vamos ter uma conversinha muito séria
agora.
Sinceramente não era isso que estava esperando que fosse
acontecer.
— Conversa séria!?
— Por que foi ao shopping com as senhoras Smith? —
pergunta como se o que tivesse feito fosse um pecado.
— Fui com Amanda e a Emily, elas são amigas delas e nos
encontramos lá.
Ele continua me olhando cerrado e depois de uns minutos me
analisando, volta a falar.
— E então você achou que seria uma boa ideia deixá-las te
vestir desse jeito? — Aponta para meu vestido e automaticamente
cruzo os braços na frente do meu corpo.
— Você não gostou? — Minha voz sai por um fio.
— Você acha que gostei? Acha que gostei de saber que
minha mulher preferiu comprar um vestido usando o dinheiro de
outro homem e não o meu.
Agora sou eu que não estou entendendo nada.
— Eu não gastei...
— De onde você acha que sai a fortuna que elas gastam
todas as vezes que saem às compras?
— Eu...
Ele me interrompe novamente.
— Dos bolsos dos homens delas, dos maridos delas. Andreza,
Stela, Olivia, Amanda e Emily, cinco mulheres extremamente ricas
que resolveram brincar de te arrumar hoje — diz sem se importar
com o peso de suas palavras, me ofendendo.
— O vestido foi um presente delas, você não sabe o que está
falando.
— Não quero mais que isso se repita, você tem dinheiro, tem
o meu dinheiro à sua disposição. Amanhã de manhã os seguranças
irão te entregar cartões bancários em seu nome para que possa
fazer suas compras e pagar por elas.
— Não preciso do seu dinheiro.
— Se não precisasse de dinheiro não estaria aceitando
presentes de pessoas que nem conhece direito. Não quero minha
esposa aceitando esse tipo de presente novamente — diz com tanta
posse que quem o ouvisse pensaria até que ele gosta de mim.
— Por que se importa com isso, Oliver? Nosso casamento
para você não passa de um acordo, um contrato em troca de uma
dívida, ou ainda pior, um filho em troca de uma dívida de jogo.
Ele passa uma das mãos pelo cabelo respirando fundo.
— As coisas estão querendo sair do meu controle, mas não
vou permitir que isso aconteça. Não vou permitir que você entre no
meu... — Ele se cala de repente, mas entendo o que ele quis dizer.
Com isso me aproximo ficando entre as suas pernas. Passo
as mãos pelo seu pescoço e quando aproximo meu rosto para beijá-
lo, segura minha cintura me afastando dele de uma maneira que
parte meu coração.
— Sou tão repulsiva assim para você, Oliver? Me beijar deve
te causar uma repulsa muito grande para que me afaste desse jeito.
Mas não se preocupe, vamos seguir com o contrato, não vou mais
me aproximar de você. — Eu me viro para sair quando ele puxa meu
braço, me fazendo volta a ficar entre suas pernas. — Você é um
miserável que entrou na minha vida para me destruir — digo
exalando raiva, com o peito subindo e descendo pelo ritmo acelerado
da minha respiração.
— Sei disso, mas você é minha agora. — Coloca a mão na
minha nuca e me puxa para um beijo.
Eu me sinto inebriada pela sua atitude, mas não demora muito
até que corresponda.
Oliver segura minha cintura, me puxando para ele como se
fosse evitar que de alguma forma tente fugir e ofego quando nossas
línguas se entrelaçam uma na outra.
O homem parece querer me engolir a cada lambida e chupada
frenética em meus lábios.
As mãos pesadas amassam minha pele, os dedos rijos
cravam na carne do meu quadril e deslizam até alcançar a curva de
minha bunda. Um gemido baixinho escapa da minha garganta assim
que o homem aperta minhas nádegas e puxa meu corpo ao encontro
do dele, gemendo, em seguida, explorando cada pedaço de pele do
meu corpo.
Tento me afastar sentindo que suas mãos serpenteiam em
meu busto para dentro do decote, mas o ardor que toma meu corpo
quando os dedos ágeis e grandes seguram um mamilo é tão forte
que perco o ar.
— Oliver, para… — Coloco minha mão em seu peito para
afastá-lo, mas não tenho forças.
Sua boca voraz devora a minha com ferocidade, a língua dura
penetra minha boca tomando meu ar. Ele chupa minha língua, ao
mesmo tempo, em que aperta meu seio com sua mão quente, me
fazendo gemer baixinho, desnorteada.
Minhas pernas ficam bambas e a respiração entrecortada,
mas o que me apavora é a umidade que sinto no tecido fino de
minha calcinha.
É vergonhoso.
— Maldição!
Ouço o homem falar um xingamento baixinho e levar os lábios
ao meu pescoço. Ele me morde e lambe sem nenhuma pena,
obviamente marcando minha pele com os dentes.
— Tão gostosa. Tão doce…
— Aii... — protesto ao sentir o forte arrepio causado por sua
barba em minha orelha.
Mal percebo que me agarro ainda mais nele, trêmula.
Minha intimidade pulsa e os bicos dos meus seios empurram
o tecido do vestido de tão duros.
Enfiando os dedos no cabelo da minha nuca, Oliver imobiliza
minha cabeça e ergue o olhar para fitar meu rosto.
Fogo puro permeia seus olhos de uma maneira tão intensa
que me sinto queimar.
— Se soubesse tudo o que quero fazer com você, garota…
Mal sinto minhas pernas quando Oliver se mantém de pé e
segura a minha mão para me levar até a parede mais próxima.
Pensar parece ter se tornado uma tarefa impossível e meu
cérebro não passa de uma massa gelatinosa.
Definitivamente não estou raciocinando direito.
CAPÍTULO 27
Bruna Harper
Estremeço assim que minhas costas nuas tocam a parede
fria, mas nem sequer tenho tempo de falar nada, pois, Oliver ergue
meus braços e os segura com uma única mão acima da minha
cabeça.
— O que vai fazer? — pergunto arfante enquanto o medo e o
desejo me dominam na mesma proporção.
— Abra as penas para mim.
Oliver não pede, simplesmente ordena com a voz rouca e o
olhar quente me consumindo.
Meu coração gela.
— O quê? Não… Oliver…
Ele nem espera eu terminar de falar e sua boca ávida volta a
se apossar da minha em um beijo ardente, carregado de promessas
imorais, me deixando bêbada.
Sua mão livre se entranha no decote do meu lindo vestido
quase o rasgando e coloca para fora meus seios que saltam livres,
completamente à mostra para seu deleite.
O safado sorri soltando meus braços.
Ele envolve meu corpo no seu com tanta força que sinto todas
as suas formas.
Oliver enfia o joelho entre minhas pernas, afastando uma da
outra e puxa a barra do meu vestido para cima. Sinto sua mão ávida
serpentear meu ventre nu, provocando cada centímetro de pele.
O mundo parece girar à minha volta, minhas pernas não
obedecem aos comandos do meu cérebro e tudo o que meu corpo
deseja é que ele me toque, que faça esses latejos em minha
intimidade sumirem.
Que faça esse fogo parar de me queimar.
Os dedos grossos chegam até meu sexo e cravo as unhas
nas costas da sua mão, entregue ao beijo faminto, sentindo o quanto
o centro das minhas pernas, está escorregadio.
Ele acaricia meu clitóris por cima da calcinha e gememos,
arrebatados pelo momento.
— Oliver… aí… — Minha voz não sai.
Com um dos braços, o homem envolve minha cintura,
segurando o tecido do vestido. Larga minha boca, afastando o corpo
alguns centímetros para ter uma melhor visão da parte inferior do
meu corpo.
— Você é perfeita, linda, uma verdadeira joia rara… — diz
rouco segurando o tecido rendado.
Sobe um pouco a mão e volta a tomar meus lábios em um
beijo possessivo.
Sei que estou completamente melada por causa dele.
Sinto sua mão abrindo espaço dentro do tecido fino da
calcinha e em um segundo, Oliver coloca o fio dental que estou
usando de lado e toca o monte de nervos entre minhas pernas, o
esfregando.
— Ah…
O prazer que me toma é como uma droga viciante e necessito
de mais. Meu corpo anseia por ele com desespero.
Sinto lágrimas de desejo e vergonha me tomando, mas não
consigo afastá-lo.
— Inferno! — diz rouco. — Que vontade de comer você,
garota. Como queria enfiar meu pau nessa sua boceta.
Abro e fecho a boca algumas vezes, mas nenhum som é
emitido.
Usando as coxas fortes para afastar minhas pernas ainda
mais, Oliver me olha intensamente e mergulha os dedos entre os
lábios do meu sexo. Segura o clitóris entre o polegar e o indicador e
puxa, dando uma leve beliscada. Solto um gemido, arrebatada pelo
susto e o prazer.
Viro o rosto, incapaz de continuar encarando seu olhar
predatório.
Ele me tortura mais, escorrega um dedo para dentro do meu
canal e choramingo.
— Toda lambuzada, porra — o homem sussurra em meu
ouvido, mordiscando minha orelha.
Posso sentir as batidas desenfreadas do seu coração.
— Tão apertada…
Ele dá a cartada final e grito alucinada quando solta meus
pulsos, baixa a cabeça e captura o bico do meu seio em sua boca.
Os dedos experientes esfregam meu clitóris, ao mesmo
tempo, que me penetram em sintonia, me fazendo perder o ar.
Não preciso de muito para sentir as ondas ardentes tomando
meu ventre.
Contorço o corpo desnorteada, grito e arranho suas costas
enquanto remexo os quadris em busca de mais.
Violentos espasmos me tiram o fôlego e cravo os dentes no
seu peito à medida que meu sexo se contraí com um gozo intenso.
Meu Deus, o que foi que fiz?
Quando o prazer diminui e minha respiração normaliza, o
homem se afasta e ergue o olhar para me encarar.
Uma mistura de raiva e desespero toma seus olhos, me
fazendo estremecer.
Oliver coloca uma mão na parede às minhas costas, acima da
minha cabeça, e com a outra, segura meus dedos, me fazendo
segurar seu pênis por cima do tecido.
Sinto a carne dura latejar sob meu toque.
Ele é tão grande e grosso.
— Veja o que faz comigo, porra… — diz ofegante, me
encarando com raiva, me mostrando que ele não tem nada de
pequeno entre as pernas. — Estou tão louco que te machucaria se te
penetrasse agora. Maldição!
Estremeço, amedrontada, por vê-lo assim, sem nenhum
controle.
A mandíbula cerrada e os punhos fechados o deixam
amedrontador.
Ele se afasta deixando uma distância considerável entre nós
dois. Ajeito o vestido no corpo, o alisando para que tudo volte ao
lugar e ninguém desconfie do que estávamos fazendo aqui dentro.
— Oliver... — Tento falar mais ele não deixa.
— O motorista vai levar você e sua mãe para casa. Os
seguranças vão ficar de olho em você, Bruna. Tente, por favor, não
me tirar do sério e se comporte.
Ele nem mesmo me olha e consigo ver o quanto esse homem
a minha frente está louco de tesão. No mesmo instante, me lembro
da ligação que escutei mais cedo.
— Você vai encontrar com ela agora?
Ele se vira e me olha.
— O quê?
— A mulher da ligação.
Ele sorri e ajeita o monte dentro de suas calças sem pudor
nenhum.
— Não é da sua conta quem vou me encontrar depois que
você for embora, menina.
É como Amanda falou, quanto mais eu entrar, mais ele vai
querer me afastar. Mas também não vou deixar uma provocação
dessas barata assim.
— Ótimo então também não vai ser da sua conta com quem
vou me encontrar para aplacar o fogo que você me faz sentir. Meu
corpo tem as mesmas necessidades que o seu.
Antes que ele consiga me pegar e rasgar minhas roupas, saio
do cômodo o mais rápido que consigo.
— Bruna Thompson, você não se atreveria.
Paro no corredor e olho para ele que está parado na porta.
— Então é melhor você não se atrever também ou já sabe...
Chifre trocado não dói, meu querido. — Eu me viro para descer a
escada, me sentindo anestesiada pelo meu primeiro orgasmo da
vida.
Foi tão bom apesar das circunstâncias e me sinto vitoriosa por
ter deixado o cretino sem fala.
CAPÍTULO 28
Oliver Thompson
Ainda estou sem ar devido o que aconteceu.
Caminho até a mesa e me encosto novamente respirando
fundo.
Meu pau lateja dolorosamente e preciso me segurar para não
gozar na calça feito um pirralho inexperiente.
Ainda posso sentir seus gritos e gemidos em meu ouvido
quando gozou, assim como a ardência de suas mordidas em meu
peito não me deixa esquecer sua entrega...
A paixão que queimou seu corpo.
Bruna estava tão melada, quente, deliciosa…
Desejo e ódio me consomem, uma mistura de loucura com
insensatez que me deixa doido.
Ah, inferno!
Como seria gostoso gozar dentro dela, ver meu esperma
marcando essa mulher, deixando claro que seu corpo me pertence.
Ao me lembrar de seus lábios vermelhos e inchados, por
causa dos meus beijos, entreabertos, ao mesmo tempo, em que ela
ofega...
Não posso perder a merda do controle agora!
A atração alucinada que sinto por essa mulher está mexendo
com minha cabeça e só posso estar louco, não há outra explicação.
Não posso me permitir sentir isso novamente.
Eu já amei e muito uma mulher e a nossa história terminou em
uma grande tragédia.
Eu me recuso a permitir que essa atração desesperadora
entre nós, atrapalhe meus planos.
Somos feitos de matérias diferentes que se atraem como ímã.
Sou gelo e fúria, ela doçura e paixão e é por isso que a única
saída agora é ficar longe dela.
Quando nos casarmos, o que acontecerá em poucos dias,
seguiremos o contrato apenas por tempo suficiente para que
engravide, depois disso cada um segue a sua vida.
Bruna é perigosa como o inferno, sedutora como uma diaba e
meu pau fica doido por ela como se tivesse vida própria.
Apenas a menção do seu nome já me faz ficar duro como aço
outra vez.
Aquela mulher adora me provocar e nunca fica calada para
nada do que digo, como se sentisse prazer em me desafiar.
— O que você fez com a sua noiva? Ela chegou na sala
nervosa chamando a mãe para ir embora? E por que diabos você
não foi se despedir da sua futura sogra?
Era só o que me faltava, meu pai querendo se meter na minha
vida.
— O senhor sabe que não tem mais esse direito há muitos
anos, não sabe?
Vejo o velho ficar vermelho de raiva.
Ele me criou para ser exatamente do jeito que sou.
— Você é meu único filho. Posso não ter mais poder e
influência no grupo Thompson, mas isso não quer dizer que não me
importe com você e as decisões idiotas que toma.
— Sou exatamente o que o senhor me criou para ser, uma
máquina de ganhar dinheiro. Sou o rei do petróleo como todos
chamam, seu orgulho, como muitas vezes já abriu a boca para falar.
Tudo o que eu fiz minha vida inteira foi me preparar para estar no
topo, exatamente onde estou agora. Eu sou o seu maior projeto,
papai, deveria estar feliz.
Vejo meu pai engolir em seco com as palavras duras que
direciono a ele.
— Sempre achei que o que estava fazendo seria o melhor
para você. Te coloquei nesse mundo dos negócios e mostrei todo o
poder que homens como nos possuímos. Você gostou muito do que
viu e sentiu, o frenesi da adrenalina em esmagar seus inimigos,
literalmente, com as mãos. Eu me arrependo amargamente de ter
feito isso e me arrependo mais ainda de ter te forçado a um noivado
que terminou de te destruir.
— Não ouse tocar nesse assunto ou esqueço que é meu pai.
Esse assunto é extremamente proibido e muitos já foram
parar em uma cova por querer desenterrar essa história trágica que
como meu pai falou, terminou de destruir minha vida.
— Você tem que superar o que aconteceu, Ollie, irá se casar é
seu dever fazer sua esposa feliz.
— O meu dever é gerar um herdeiro para a nossa família e
somente por isso que vou me casar com aquela garota.
— Então aquele papo de meu amor e minha querida no
restaurante era para enganar a quem? A sua mãe? Porque a mim,
não enganou. Imagina só a minha surpresa em saber que você está
obrigando a pobre moça, que por sinal, é filha do seu primo, a se
casar em troca de uma dívida de jogo que o suposto pai dela tinha
com você.
Esse velho continua tão astuto feito uma raposa velha.
Eu o encaro enfurecido enquanto se aproxima sem desvirar o
olhar.
— Você se gaba do poder que tem nas mãos, mas se
esquece que fui eu que te dei ele. Você não passa de um moleque
sentado em um trono brincando de mandar no mundo. Quando você
entrou nesse jogo, eu já o dominava há muitos anos. Aprendeu muito
bem todas as lições que ensinei, Ollie, é um deus que pode ter a
mulher que quiser aos seus pés e escolheu logo uma garota inocente
como aquela para ser sua. Sabe que vai quebrar aquela menina, não
sabe?
— Ela não tem nada...
— Você vai deixá-la tão quebrada quanto Margarethe te
quebrou.
Começo a ofegar só de escutar esse nome.
— O senhor não vai querer ir por esse caminho agora, pai, eu
garanto. Não estou em um bom dia para hoje.
— Você vai escutar, sim. Descobriu a traição daquela
vagabunda no dia do casamento de vocês. Você a pegou na cama
que os dois dividiam fazendo sexo selvagem com Jacob Jones, seu
melhor amigo, o homem que escolheu para ser seu padrinho de
casamento. Você se lembra o que fez?
Eu já estou entorpecido pelas lembranças do que aconteceu
invadindo minha mente como uma enxurrada.
— Eu a matei, matei a desgraçada com um tiro no peito para
que ela sentisse pelo menos uma fração da dor que estava sentindo.
Eu a amava... — Não consigo terminar a frase porque sinto um bolo
se formando na garganta.
— Você não amava sua noiva. O que sentia por aquela mulher
não era amor, meu filho. Ela mereceu o fim que deu a ela, e se você
não tivesse feito o que fez, eu mesmo faria.
— Jacob...
— Você não foi o culpado da morte dele. Ele tomou a decisão
de sair daquele jeito em alta velocidade para se esconder de você,
envergonhado pelo que fez. Aquela mulher manipulou vocês dois e
usou os dois para satisfazer seus desejos mais sujos.
— Se não tivesse pegado o carro para ir atrás dele, ele não
teria...
— Ele teria morrido naquele acidente de qualquer jeito, Ollie.
Você não é o culpado pela morte do seu amigo. Nem a família dele
te culpou pelo que aconteceu e prova disso é o respeito e
consideração que existe entre nossas famílias. Você precisa superar
o que aconteceu, meu filho. Tente ser feliz com sua esposa, já que a
abrigou a isso.
— Eu não posso amá-la, papai. Não posso permitir que ela
consiga entrar no meu coração. Ela é tão, tão...
Meu pai me olha, sorri, coloca a mão no meu ombro e vejo
esperança brilhar em seus olhos.
— Vou ficar muito feliz em ter essa menina na família. Ela é
exatamente o que você precisa. Fiquei satisfeito com o que li a
respeito dela. É forte e não abaixa a cabeça para você. Depois do
casamento a traga para morar aqui.
Eu o encaro surpreso.
Bruna e mamãe juntas não daria certo de jeito nenhum.
— Isso não vai acontecer, papai. Ela vai morar em uma das
minhas propriedades.
Ele sorri mais uma vez.
— Isso é o que veremos. — Dá dois tapinhas no meu rosto e
sai da biblioteca, me deixando sozinho.
Agora mais do que nunca percebo o quanto Bruna pode ser
perigosa na minha vida. Tenho que mantê-la na linha para que
cumpra à risca as regras do nosso contrato de casamento.
CAPÍTULO 29
Bruna Harper
Três semanas já se passaram desde meu último encontro
com Oliver.
O homem simplesmente sumiu e não deu mais notícias, é
como se não existisse mais na minha vida.
A única coisa que me faz saber que ele não me esqueceu,
são os seguranças que sempre estão me vigiando de longe. Isso
sem contar o motorista que vem me buscar todos os dias para me
levar para a galeria e para a faculdade.
Assim como acontece todos os dias o motorista para em
frente à minha casa no mesmo horário e assim que entro no carro, o
questiono.
— Onde ele está?
Ele coça a garganta não querendo entrar nesse assunto.
— Senhora?
— Não me venha com essa de senhora, me diga agora
mesmo onde o idiota do Oliver se meteu.
Ele fica pensativo e sei que não vai falar nada.
— Desculpa, senhora, mais essa é uma informação que não
tenho permissão de dar.
Eu o encaro, mas o homem continua focado no trânsito, então
resolvo mudar de tática.
— Você sabia que salvei sua vida?
— Sei, sim, senhora, e agradeço imensamente por isso.
Mesmo assim não vou dar a informação que deseja saber. Se fizer
isso, talvez dessa vez a senhora não consiga salvar minha preciosa
vida.
Isso é ridículo, porém, resolvo não perturbar mais o homem.
Chego na galeria e assim que entro, as duas cobras me
cumprimentam com um sonoro bom dia, mas sem as piadinhas de
antes. Desde que Oliver fez aquela cena na frente delas, as duas
pararam de me perturbar.
Chego na minha mesa e me sento, triste. Então decido fazer
algo que nunca tinha feito antes por iniciativa própria, ligo para o
grupo Thompson para ver se consigo falar com ele.
— Presidência do grupo Thompson, bom dia. — A secretária
atende no quarto toque.
— Gostaria de falar com o senhor Thompson, é da galeria de
arte. — Oliver nunca recusaria uma ligação de Emily ou Amanda.
— O senhor Thompson não se encontra no momento, caso o
assunto seja muito importante, as senhoras Emily e Amanda tem
acesso direto a ele pelo telefone pessoal do senhor Thompson.
É claro que elas têm.
— Obrigada mesmo assim.
A vaca desliga o telefone na minha cara antes mesmo que
termine de falar.
— Nada dele ainda?
Me assusto ao escutar Amanda falando atrás de mim.
— Nada — digo com uma tristeza na voz e respiro fundo
olhando para ela. — Eu não sei se vou conseguir fazer isso,
Amanda. Mesmo seguindo todos os conselhos que você e as outras
meninas me dão, Oliver me ignora completamente.
Ela se aproxima e passa a mão pelo meu cabelo.
— Nunca é fácil correr atrás de um amor, Bruna, ainda mais
um do tamanho do seu. Você é uma mulher forte e no final vai dar
tudo certo. Não desista ainda, está apenas no começo dessa luta.
Meneio a cabeça concordando.
— Você falou com ele esses dias?
— Não, tudo o que sei dele foi o que já te falei. Uma semana
atrás, ele foi até minha casa para brincar com Ryan e disse que faria
uma viagem de negócios muito importante ao Oriente Médio depois
disso não nos falamos mais. Sinto muito por não poder te ajudar
dessa vez.
— Não se preocupe com isso, você e as outras meninas já me
ajudam muito.
Ela sorri pegando minha mão.
— Animada para sua formatura amanhã? Seu casamento é
logo em seguida, já decidiram a data?
— Amanda, não sei do paradeiro do noivo como é que vou
saber a data do casamento?
— Ele vai aparecer, Bruna, fica tranquila. Mande uma
mensagem para ele, quem sabe ele não responde.
— Vou fazer isso.
— Faça e depois chame um dos motoristas para levar a sua
tela de exposição para a faculdade. Você foi aprovada, Bruna, é meu
orgulho.
— E o meu também. — Emily aparece na porta da sala delas
e vem em minha direção, me fazendo levantar.
— Hoje não é um dia de tristeza, Bruna, é a sua apresentação
final na faculdade e amanhã será a sua formatura. Você é o nosso
orgulho, a primeira artista que eu e Amanda tivemos o prazer de
moldar e ensinar. É um prazer imenso tê-la na nossa equipe.
— Uma equipe de três.
Amanda me abraça e não consigo segurar as lagrimas.
— Não sei o que teria feito sem vocês duas na minha vida.
— Não chora, Bruna, ou eu vou chorar também. Colin já está
chegando para discutirmos tudo sobre a sua contratação.
— Mas já?
— Já disse que hoje é um dia de alegrias e não de tristeza,
então não chora, por favor.
Agradeço a Deus mentalmente por ter colocado pessoas tão
maravilhosas na minha vida.
— Obrigada, muito obrigada.
— Não agradeça, tudo o que conseguiu foi devido seu
esforço. Agora mande uma mensagem para aquele insensível e
depois faça o que eu disse.
— Ollie, ainda não deu notícias? — Emily pergunta e só
balanço a cabeça fazendo que não.
— Por que os homens têm que ser criaturas tão difíceis de se
lidar?
— Porque são todos uns idiotas — Amanda responde sem
nem pensar.
— Amor, não fale isso.
Vejo Colin entrando e abraçando a esposa por trás.
— Você deve ter sido o professor de todos eles, meu amor.
Rimos da cara que ele faz e depois de trocarmos algumas
palavras, os três entram na sala e pedem para que não me demore
para me juntar a eles.
Pego o celular e depois de alguns minutos olhando para o
contato de Oliver resolvo mandar uma mensagem, já que vejo que
está online.
“Irá à minha formatura amanhã?”
Não demora muito e a resposta chega.
“Não sei se será possível, estou resolvendo muita coisa
no momento, mas farei de tudo para comparecer.”
Resolvo não mandar mais mensagem nenhuma já que deixou
bem claro que está ocupado.
Faço o que Amanda disse e ligo para o motorista levar minha
tela de apresentação para a faculdade.
Depois de muitas tentativas frustradas, consegui colocar tudo
o que queria nessa tela e minhas tutoras a aprovaram.
— Bruna, Colin, tem uma reunião importante daqui a pouco.
Já terminou tudo aí?
— Terminei sim, Amanda — digo e mostro a tela do celular a
ela.
— Como eu disse um verdadeiro idiota.
Sorrimos e me levanto entrando na sala delas.
— Sente-se, Bruna. — Emily aponta a cadeira em frente à
mesa dela e me sento.
— Bruna, vamos direto ao ponto que infelizmente hoje estou
com o dia corrido, mas o que as meninas têm a te oferecer é isso no
momento.
Pego o papel que Colin me entrega e chego a tremer com o
que leio.
— Tudo isso? Não, não, não, isso é demais, Emily.
— É menos do que você merece, pois, está se formando
agora e não tem experiencia ainda. Por enquanto vai ganhar esse
salário mensalmente. Mas quando participar da nossa próxima
exposição, ganhará o que vender das suas telas, já que está muito
em cima da hora para que consiga participar da exposição que
estamos organizando. Terá muito tempo para se preparar.
— Não sei o que dizer.
— Não precisa dizer nada, o que precisa fazer é assinar o
documento para que eu possa ir para minha próxima reunião. —
Colin entrega uma caneta e assino o documento em lágrimas.
— Jesus, você está muito sensível hoje, mulher. Será que dá
para parar de chorar? — Amanda já fala começado a chorar
também.
— Você também, Amanda, está muito sensível, o que está te
acometendo? Será que é o que estou pensando? — Emily pergunta
sorridente, insinuando algo a mais.
— Nem começa, Emily.
— Do que estão falando? — Colin pergunta confuso.
— Nada, meu amor, olha a Bruna já assinou — Amanda diz
tirando a atenção de si.
— Bem-vinda à equipe, Bruna, depois mando para você a
cópia do contrato. Agora eu tenho que ir. — Colin se levanta, vai até
à esposa e se despede saindo logo em seguida.
Emily faz questão de comemorar e pela primeira vez em muito
tempo me sinto verdadeiramente feliz.
Fico contando os minutos para que chegue logo amanhã
minha formatura e então assim minha felicidade estará completa.
CAPÍTULO 30
Bruna Harper
É hoje, finalmente meu grande dia chegou, o dia da minha tão
sonhada formatura.
Não foi fácil, mas consegui.
— Você está linda, minha filha. Estou tão orgulhosa de você
— mamãe diz emocionada atrás de mim.
— Obrigada, mamãe, a senhora sempre me apoiou em todas
as minhas escolhas.
— Sempre, filha, mas estou preocupada com uma de suas
últimas escolhas.
— Mãe...
— Bruna, minha filha, tem certeza de que vai mesmo se casar
com esse homem? Depois daquele jantar ele nunca mais apareceu e
só vejo você triste pelos cantos.
— Oliver é um homem ocupado, mãe. Ele não tem muito
tempo disponível para me ver.
— E vai ser assim depois do casamento? Você terá que
marcar dia e hora na agenda dele para ver seu marido?
— Mamãe, não quero falar disso agora. Vamos que Amanda
já deve ter chegado para nos levar. Não esqueça de pegar meu outro
vestido que depois da cerimônia, nossa turma vai comemorar em
uma boate.
— Esse seu outro vestido é curto demais para meu gosto.
Esse que está vestindo agora é mais decente, apesar dessa fenda
enorme e desse decote. E como foi mesmo que você conseguiu
pagar por esses vestidos?
— Esse que estou vestida foi Amanda que me deu de
presente e meu outro vestido curto comprei com um dinheirinho que
tinha guardado.
Não minto para ela, afinal nunca usei os cartões que Oliver
mandou me entregar e não pretendo usá-los tão cedo.
Olhar o nome Bruna Thompson gravados neles em letras
douradas me causam arrepios.
Escuto uma buzina e sei que deve ser Amanda chegando
para nos buscar. Dispensei o motorista e dei ordens para os
seguranças me deixarem em paz hoje.
Não faz sentido nenhum essa segurança toda, já que ninguém
sabe que Oliver e eu estamos juntos e usei Amanda como uma boa
desculpa para me livrar deles.
Mamãe e eu entramos no carro.
Amanda me elogia dizendo que estou linda e que ela é ótima
em escolher vestidos.
Preciso concordar com isso, a única coisa que ela não
concorda muito é com minha segunda escolha de vestido para a
noite.
Não demora muito e chegamos na faculdade onde acontecerá
a cerimônia de formatura.
Assim que chegamos, encontramos Emily já a nossa espera e
fico muito feliz e emocionada por tê-las me prestigiando em um
momento muito importante da minha vida.
— Será que ele vai vir, Amanda?
Ela me olha aflita e sei o que esse olhar quer dizer.
— Quem sabe ele não consiga chegar a tempo, não perca a
esperança.
— Isso, Bruna, ainda está cedo. Quem sabe ele não chega
mais tarde?
Acabo sorrindo para elas e concordando, mas sei que, no
fundo, elas apenas querem me confortar.
Emily, Amanda e mamãe se acomodam e vou até o lugar que
está reservado para mim. Assim que me sento, Gessy, minha única
colega, sussurra no meu ouvido:
— Está preparada, Bruna, para depois da cerimônia?
— Eu acho que sim — respondo sabendo que se Oliver não
comparecer na cerimônia de formatura ninguém me segura.
Agora caso ele chegue, faço questão de ir com ele para onde
quiser me levar.
Não conversamos muito porque logo a cerimônia começa e
sinto um frio na minha barriga. Não consigo parar de olhar para a
entrada ansiosa, mas para minha decepção ele nunca chega.
Depois de meia hora de falatório, sou chamada para fazer
meu discurso.
Com muito esforço fui a melhor aluna do meu curso e o
estágio em uma renomada galeria de arte me ajudou muito a ganhar
excelentes pontos com meus professores.
***
Duas horas depois a cerimônia e dada como encerrada e
passamos para o pátio onde acontecerá a exposição das telas dos
alunos.
Todos me elogiam e fazem questão de cumprimentar minhas
tutoras, afinal quem é que não conhece Emily Jones e Amanda
Lewis no mundo da arte.
Algum tempo depois, Gessy se aproxima e cochicha
informando que os alunos já estão de saída para a boate.
Eu me animo em pensar que vou me divertir hoje à noite, já
que meu marido não faz questão de estar comigo.
Nem mesmo uma mensagem ele teve coragem de me mandar
dizendo que não poderia vir.
Seguimos até o carro de Amanda e troco de roupas lá dentro
mesmo. Visto o vestido da vingança que é de seda na cor perolada,
extremamente curto com um decote um pouco acima do umbigo. Ele
tem detalhes em pedraria nas tiras que transpassam o decote indo
até às alcinhas do vestido.
Em outas palavras, o vestido perfeito para uma balada.
Quando desço do carro, Amanda e Emily me olham surpresas
e percebo que mamãe não está com elas.
— Bruna, pelo amor de Deus, me diga que está usando
calcinha. — Emily diz com os olhos esbugalhados na minha direção.
Droga, sabia que estava esquecendo de alguma coisa!
Não usei a merda da calcinha para não marcar o outro vestido
e esqueci completamente que teria que trocar de roupa.
— E se eu disser que não.
Amanda solta uma gargalhada grande e acabo sorrindo junto.
— Oliver vai te matar, Bruna.
Só em ouvir esse nome sinto raiva.
Estava até pensando em pedir para que ela me deixasse em
casa para que pudesse vestir pelo menos uma calcinha fio dental,
mas agora decidi que vou assim mesmo.
— Não encoraja a menina, Amanda.
— Por que não? Se Ollie quisesse cuidar dela estaria aqui
prestigiando a noiva. Não estou vendo-o aqui, você está, Emily?
— Ele não, mas os seguranças dele estão.
— Emily, larga de ser chata e deixa a menina se divertir. Por
algum acaso se esqueceu o que fizemos na nossa formatura?
Vejo Emily sorrir com a lembrança.
— Ollie não vai gostar disso.
— Ollie não vai fazer nada. Nem sabemos se ele está na
cidade...
— Jesus Cristo, minha filha, esse vestido parece ser mais
curto do que me recordava — mamãe diz interrompendo Amanda
quando se aproxima.
— Vamos parar todo mundo de drama, eu já vou indo para a
boate com Gessy. E você, Amanda, deixa minha mãe em casa, pode
ser?
— Sim, senhora, vai lá e se diverte muito, mas me deixe te dar
um conselho de amiga.
— Qual?
— Fique longe do The Macallan, esse uísque é demais para
você.
— Amanda tem razão, em hipótese alguma beba esse uísque,
ele tem o poder de fazer você tirar a roupa e o pior, não se lembrar
do que aconteceu no dia seguinte.
Vejo Amanda gargalhar novamente.
— Emily tem experiência nesse assunto.
— Tenho, tenho sim. Então já sabe, não beba do The
Macallan — diz tão sério que chego a pensar que esse uísque deve
ter veneno.
— Tudo bem, já entendi. Devo ficar longe do The Macallan.
— Isso mesmo, fique o mais longe possível. Agora vá que sua
colega já deve estar te esperando e pelo amor de Deus, tenha
cuidado com esse vestido — Emily diz.
— Pode deixar.
Vou até as três e as beijo, me despedindo.
Mamãe reafirma para que escute o conselho das meninas.
Como eu já esperava, Gessy está me esperando no
estacionamento e já trocou de roupa.
Porém, o vestido dela é muito mais comportado do que o meu.
— Porra, Bruna, você está arrasando, com certeza sai de lá
hoje com um gatinho.
— Por que não? Tudo pode acontecer. Agora vamos, senão
vamos ser as últimas a chegar.
Entramos no carro dela e seguimos para boate.
Para minha surpresa quando finalmente chegamos me dou
conta de que é a mesma boate que o amigo de mamãe trabalha e
que Oliver parece mandar em tudo.
— Mas que cisma é essa de vocês com esse lugar? —
pergunto chateada com a escolha do local.
— Bruna, essa é uma das boates de luxo mais badalada da
cidade. Não é qualquer um que entra aí. Deveria estar feliz por ter
essa oportunidade mais uma vez, ainda mais com a sua passagem
liberada. Lembra da última vez em que estivemos aqui?
— Oh, se lembro — digo me recordando do que aconteceu da
última vez.
Saímos do carro e quando estamos na fila para entrar, já
quase na porta vejo Fred sair falando no telefone.
Ainda tento me esconder dele usando Gessy como escudo,
mas tudo é inútil.
Quando ele me vê, passa os olhos pelo meu corpo e fecha a
cara começando a se aproximar de nós duas.
CAPÍTULO 31
Bruna Harper
Assim que Fred para na nossa frente, ele olha para Gessy e
para mim.
— Venham comigo, já falei que não precisam ficar em fila
nenhuma.
— Falei isso para a Bruna, mas ela é teimosa.
Olho para Gessy que parece não se importar com o
comentário que faz.
— Isso eu já percebi. — Fred abre passagem para nós e
Gessy entra na frente.
Assim que passo, ele segura no meu braço e me olha nos
olhos.
— Sabe que ele vai ficar furioso quando te ver assim, não
sabe?
— Não tenho notícias dele há três semanas, acho que ele não
se importa comigo tanto assim.
Ele me encara de um jeito diferente dessa vez.
— Jesus Cristo, você é igualzinha a ela. Sua mãe tinha uma
língua tão afiada quanto a sua. Agora entre e procure não chamar
atenção, o que eu acho difícil estando vestida desse jeito.
Dou um passo para entrar e me dou conta de algo que ele
fala.
— Você disse que se Oliver me ver assim não vai gostar, por
algum acaso ele está...
— É claro que está, por que não estaria? Ele manda em tudo
Bruna. Será que ainda não percebeu o tipo de homem que ele é?
Mas que desgraçado filho da mãe!
— Ele não estava em uma viagem de negócios?
— Estava, mas chegou hoje à tarde. Por que está me
perguntando isso?
— Por nada só curiosidade. Agora eu vou me divertir e beber
com os meus amigos.
Ele fala mais alguma coisa que não escuto direito e entro na
boate lotada.
Me aproximo do bar, parando ao lado de Gessy quando um
homem grande se aproxima de nós.
— Senhoritas, as duas estão com passagens liberadas para a
área vip, ordens do Fred.
Gessy se anima tanto que não tenho como dizer não.
Seguimos o homem até a área vip que é um pouco menos
lotada e fica de frente para a pista de dança, onde já vejo alguns dos
nossos colegas de classe se divertindo.
— Olha, Bruna, quem está ali logo mais ao fundo.
Meu coração chega a bater acelerado no peito e sem olhar
para onde ela aponta, pergunto:
— Quem está lá, Gessy? — Engulo em seco temendo sua
resposta.
— Aquele homem bonitão que falou com a gente na outra vez
em que estivemos aqui.
Sinto meu coração se apertar e tomando coragem eu me viro
para trás, apenas para confirmar o que eu já tenho certeza.
Mas nada me prepara para o que vejo bem diante dos meus
olhos.
Oliver está abraçado a uma mulher muito bonita, conversando
com vários outros homens do mesmo porte que ele.
Porém, é o meu fim quando o ele passa a mão na bunda dela
e cochicha algo em seu ouvido, fazendo-a sorrir.
— Bruna, você está bem? Ficou pálida de repente.
Engulo o bolo na minha garganta e tento a todo custo impedir
que as lágrimas escorram pelo me rosto.
Sem tirar os olhos do homem e da mulher a minha frente,
repondo:
— Viemos aqui para nos divertir, não foi? Então, por que ainda
não estamos fazendo isso?
— Estou apenas esperando por você, mas não me parece
estar se sentindo bem.
— Estou ótima, nunca me senti tão bem em toda a minha
vida. Eu só preciso de algo muito forte para beber antes de irmos
para a pista de dança. — Vou até o bar e ela me acompanha. Chamo
o barman e pergunto: — Vocês têm The Macallan?
O homem me olha surpreso e Gessy segura no meu braço.
— Você ficou louca? Essa bebida é muito forte.
— É exatamente o que preciso. Me sirva agora mesmo uma
dose dupla caprichada, afinal Fred disse que poderia pedir o que
quisesse.
— Sim, senhorita, é pra já.
O barman vira as costas para pegar a bebida e olho mais uma
vez para o cretino do meu marido que com certeza vai levar um
belíssimo par de chifres assim como está fazendo comigo agora.
— Senhorita, sua bebida. — Coloca a bebida no balcão e
quando seguro o copo, olho para ele novamente.
— Me sirva outra agora mesmo.
— Mas, senhorita...
— Agora!
Ele se vira para pegar outra dose.
— Bruna, o que pretende fazer?
Finjo não escutar.
Assim que o barman coloca outro copo no balcão, pego o
primeiro que ele serviu e viro de uma vez. Bato o copo com tanta
força no balcão de vidro que chama a atenção de todos na área vip,
então tenho uma excelente ideia.
— Atenção, senhoras e senhores, hoje estou aqui
comemorando minha formatura e terminando um casamento que
nem mesmo começou ainda. As bebidas de hoje serão por conta do
senhor Thompson, um brinde a ele.
Agora tenho certeza de que Oliver me viu e quando olho para
ele, o vejo transfigurado de raiva como nunca tinha visto. Pego o
segundo copo em cima do balcão e viro novamente de uma.
Me sinto tonta, mas não bêbada.
A Amanda tinha razão, esse negócio é forte.
— Vamos, Gessy, vamos nos divertir. — Pego no braço dela e
saio arrastando minha colega para a pista de dança.
Sei que ela deve estar pensando que sou louca, mas assim
que chegamos a pista lotada ela acha logo um carinha para se
agarrar e eu faço o mesmo. Puxo o primeiro que vejo e o beijo na
boca com vontade.
É claro que o homem seja lá quem for, parece gostar e muito
já que suas mãos vão direto para minha bunda.
— Porra, gatinha, sem calcinha do jeitinho que gosto.
— Então aproveita que não é todo dia que você tem uma
chance dessa.
Vejo o olhar do homem brilhar com luxúria e ele logo me puxa
para outro beijo.
Quando vou passar as mãos pelo seu pescoço, sinto uma
mão me puxando para trás com tudo e um Oliver raivoso, rodeado de
brutamontes.
— Tirem esse moleque daqui e o ensinem que nunca deve
tocar em algo que me pertence.
— Me solta, Oliver, você não tem o direito de fazer nada com
ele e muito menos comigo. Volte para a sua loira aguada peituda —
digo o encarando, tão furiosa quanto ele.
Vejo os homens que se aproximaram com ele, levando o
homem que estava me beijando para fora da boate.
— Eu avisei não avisei? Chifre trocado não dói, meu amor.
CAPÍTULO 32
Bruna Harper
Oliver me encara buscando um controle que sei que não
está tendo agora e tenho certeza disso quando ele passa uma das
mãos no meu pescoço, como se quisesse me matar. Isso me
assusta, é claro, mas nunca vou baixar a cabeça para ele.
Se Oliver quer respeito, exijo o mesmo da parte dele.
— Aperta, Oliver — digo colocando minha mão em cima da
dele, fazendo pressão. — Estaria me fazendo um favor se me
matasse assim, pois, não seria obrigada a levar em frente essa farsa
de casamento.
— Você é a pessoa mais teimosa, desobediente e
provocadora que já conheci. Que porra deu na sua cabeça para vir
até aqui vestida desse jeito e ainda se atrever a beijar outro homem?
— Aproxima nossos corpos.
Sinto a sua respiração pesada no meu rosto enquanto as
pessoas ao nosso redor estão alheias ao que está acontecendo,
envolvidas na música eletrizante.
— Eu pergunto a mesma coisa? Que porra deu na sua cabeça
para vir até aqui, se agarrar com outra mulher na minha frente e
anda passar a mão na bunda dela? E aí, já transou com ela hoje ou
ia fazer isso mais tarde?
Ele me encara e depois sai me arrastando pelo braço,
andando rápido demais, tanto que quase não consigo acompanhá-lo.
— Para onde está me levando? — Reconheço o caminho que
estamos fazendo.
Oliver não fala nada até chegarmos em frente a uma porta
que ele abre digitando um código e me joga dentro. Ele entra logo
em seguida, a fechando.
Ao olhar ao redor, vejo que é um escritório espaçoso e
luxuoso.
Minha respiração está acelerada e meu peito está subindo e
descendo.
— O quê? Está com medo agora? Estava com muita coragem
rodeada de pessoas, agora quero ver se tem aquela coragem toda
aqui dentro, onde tem apenas nós.
Desgraçado!
Ele sabe que me afeta e me desestabiliza, mas não posso me
deixar intimidar, tudo o que fiz foi reação de sua ação.
— Me deixa sair agora mesmo, você não tem o direito...
Não termino de falar e ele avança em mim de novo, me
imprensando na mesa.
— Direito!? Você é minha esposa, minha mulher. Tudo em
você me pertence e posso fazer o que quiser com você. Não pode
fazer nada para me impedir.
Se ele quer me provocar conseguiu, sou a rainha da
provocação e não vou ficar por baixo.
— Você estava com outra mulher. O que passou pela sua
cabeça idiota quando resolveu fazer isso? Eu avisei, Oliver, não
aceito traições e tenha certeza de que se você me trair, EU FAÇO
PIOR — grito a última parte na sua cara, o fazendo segurar a minha
mandíbula com força.
— Você não sabe o que diz, não vai conseguir me controlar
nunca. Acha mesmo que eu vou ficar sem sexo só porque você não
quer? Preciso de uma mulher...
— Você já tem uma, não tem? — Agora sou eu que faço
questão de juntar mais ainda nossos corpos, me estico toda para
beijar seu pescoço e passo as mãos em sua cintura.
— Você é a porra de uma grande tentação, menina — diz
entredentes.
Agora é ele que está com a respiração acelerada e estou no
controle.
— Eu sou a sua tentação, a sua esposa, sua mulher. — Mordo
seu pescoço, chupo e sinto seu corpo tencionar cada vez mais.
Dou um beijo e chupo seu pescoço quando ele aperta minha
bunda com as duas mãos e rosna, voltando a ficar furioso.
— Mas que desgraçada! Você vai ser a causadora da minha
morte. O que estava pensando quando resolveu vestir essa porra de
vestido sem calcinha? Está praticamente pelada.
Não aguento e acabo sorrindo do que ele fala.
— O que é? Não dá conta, vovô? Agora...
Ele perde o controle tomando minha boca em um beijo
violento. Joga tudo o que tem em cima da mesa no chão, me ergue
pela bunda e me senta na mesa. Passo as mãos em seu pescoço
correspondendo o beijo na mesma selvageria que ele toma minha
boca, esfregando o corpo no dele, querendo cada vez mais.
Ele se acomoda entre minhas pernas, me deixando mais
excitada ainda.
Eu o quero, quero que ele seja meu primeiro homem, quero
que ele me tome como sua mulher.
Eu o desejo desesperadamente, como nunca desejei nenhum
outro homem.
Oliver coloca uma das mãos na minha coxa indo até a minha
vagina que já está molhada, a deixando mais ensopada ainda
conforme seus dedos começam a entrar e sair do meu canal.
— Oliver, por favor, não... Não me torture desse jeito — peço
entre gemidos de prazer.
Oliver desce os beijos pelo meu pescoço, me mordendo, me
provando até chegar ao meu decote que já está completamente
aberto deixando à mostra meus seios. Ele abocanha sem dó, me
fazendo gritar de prazer.
Tira a mão da minha vagina e me empurra para trás, me
fazendo deitar na mesa. Com isso, meu vestido que já é curto
levanta completamente, me deixando à mostra para que ele me veja.
— Deveria te matar por vestir um vestido desse sem calcinha,
mas agora necessito sentir seu gosto ou vou enlouquecer.
Me dou conta do que ele pretende fazer, mas antes que tenha
qualquer reação, lambe a minha intimidade sem vergonha nenhuma.
Eu me contorço de prazer em cima da mesa, tentando fechar minhas
pernas, mas ele não deixa, me arreganhando mais ainda.
Sinto um misto de sensações em meu corpo, mas um deles é
como um tapa na minha cara.
Oliver não pretende me tornar sua mulher de fato, mas tem
poder sobre meu corpo para fazer o que quiser e o que tenho dele?
Nada.
Tomo coragem em meio ao imenso prazer que ele está me
proporcionando e digo:
— Se não for de fato me tornar sua mulher de verdade pare
com isso. Não é justo comigo me fazer sentir esse prazer todo e não
ir até o fim. Sei que quando gozar na sua boca vai parar e depois vai
se enfiar na buceta da primeira prostituta que parecer. Enquanto eu,
como fico? Eu fico sem nada e fico sem você.
Como já imaginava ele para na hora, soltando minhas pernas,
coloca a mão no bolso e pega um lenço. Limpa a boca me dando as
costas e parte meu coração mais uma vez.
Eu me levanto da mesa sentindo minha intimidade totalmente
lubrificada por ele, lutando para não chorar.
— Vamos seguir com o contrato. Tudo o que preciso fazer é
gerar um filho seu através de uma inseminação artificial depois estou
livre e minha dívida com você paga — digo com a voz trêmula.
Ele se vira para me encarar, então olho no fundo dos seus
olhos.
— Você pode ter a mulher que quiser, senhor Thompson, eu
não me importo mais. Só quero deixar claro uma coisa, eu tenho o
mesmo direito que o senhor tem. Não serei fiel a um casamento e a
um homem que não tem a mesma consideração por mim. — Passo
por ele indo em direção à porta para sair das suas vistas o mais
rápido possível, pois, tudo o que quero é ficar sozinha.
— O motorista vai te levar para casa.
Paro com a mão na maçaneta.
— Não precisa, sei ir para casa sozinha.
— Não estava perguntando, Bruna, estava afirmando que o
motorista vai te levar para a sua casa, onde ficará protegida e muito
bem guardada.
Como sei que não adianta discutir, abro a porta e saio da
maldita sala.
Ando rápido, voltando para a boate, procuro por Gessy e
invento uma desculpa qualquer dizendo que preciso ir para casa.
Ela acredita de boa.
Chego no estacionamento e vejo o motorista de Oliver que
logo abre a porta para que eu entre. Percebo que ele estava falando
no telefone, mas logo desliga com um sonoro, "sim, senhor". Ele
deveria estar falando com Oliver.
Entro no carro, me sento no banco traseiro e logo o carro
entra em movimento. Pensativa, encosto a cabeça no vidro do carro
e fecho os olhos pensando em tudo o que aconteceu.
Depois de alguns minutos, abro os olhos e percebo que não
reconheço onde estamos.
— Acho que errou o caminho — informo ao motorista
desanimada.
— Estamos no caminho certo, senhora Thompson, não se
preocupe.
Isso me deixa em alerta.
— Esse não é o caminho para minha casa.
— É sim, senhora. Esse é exatamente o caminho da sua nova
casa.
Meu coração acelera descompassado e me recuso a acreditar
em uma coisa dessas.
— Qual foi a ordem que Oliver deu a você? FALA!
— Para que eu a levasse para a mansão que passará a morar
a partir de hoje. Seu casamento com o senhor Thompson acontecerá
amanhã no final da tarde, na mansão Thompson, onde os pais dele
moram.
Minha boca abre em choque total.
O que esse homem quer de mim?
O que ele pretende fazer comigo?
Quer me enlouquecer?
Sinto a raiva dominar meu corpo, é sempre assim quando o
ameaço ou o desafio, para me castigar ele antecipa as coisas.
— EU ODEIO VOCÊ, OLIVER! ODEIO.
Meu coração deve estar rindo da minha cara, porque essas
malditas palavras são apenas da boca para fora, mas ele vai me
pagar por essa, a mais vai.
Me aguarde, Oliver Thompson.
CAPÍTULO 33
Oliver Thompson
Depois do que aconteceu na biblioteca, eu realmente quis
me afastar de Bruna e colocar a cabeça em ordem. Precisava tentar
voltar ao plano inicial, mas não consegui porque ela é a porra de
uma assombração que ronda meus pensamentos.
Não posso permitir que aquela menina entre em meu coração,
pois, sei o que acontece no final.
O amor é uma arma que te mata de dentro para fora e a morte
que ele causa é lenta e dolorida demais para que possa suportar
mais uma vez.
O amor me fez sujar as mãos de sangue pela primeira vez e o
pior foi que sentir prazer em ver aquela desgraçada morrer pouco a
pouco. Fiz questão que fosse a última coisa que ela viu antes de
fechar os olhos para sempre.
" — Me perdoa, Ollie, sei que mereci o que você fez, mas não
me deixe morrer. Me salve, salve a minha vida, eu imploro.
Ela implora para que a salve, mas meu orgulho ferido não
permite.
Para uma traição como essa, no dia do nosso casamento não
há perdão.
— Você vai morrer como uma maldita traidora e vou fazer
questão de destruir a sua família. Desgraçada, sua vadia
manipuladora!
Ela me olha nos fundos dos olhos e derrama sua última
maldita lágrima.
— Eu sinto muito mesmo — sussurra sua última mentira e
morre com os olhos cravados em mim.
Uma maldita lembrança que irá me atormentar pelo resto da
minha vida."
Sou tirado dos meus pensamentos sombrios com uma
notificação de mensagem no meu celular. Ao pegá-lo, vejo de quem
se trata.
Bruna: Você irá a minha formatura amanhã?
Já tem três semanas que não nos falamos e nem dei notícias
minhas a ela. Essa é a primeira vez que ela toma a iniciativa de me
mandar uma mensagem, mas é melhor assim.
Tudo o que preciso e dar início logo ao processo de
inseminação para que ela engravide e saia da minha vida o mais
rápido possível, antes que seja tarde demais.
Oliver: Não sei se será possível, estou resolvendo muita
coisa no momento. Mas farei de tudo para comparecer.
É tudo o que posso responder e ela também não insiste.
Retorno para a cidade e vou direto para a empresa. Passo o
dia trabalhando, mas a formatura de Bruna não me sai da cabeça.
Não posso comparecer e enchê-la ainda mais de esperanças,
afinal o que ela quer de mim, não posso dar a ela.
Não posso permitir que ela se apaixone por mim, pois, tudo o
que posso dar a ela é proteção e uma vida de conforto.
A noite chega e estou exausto, olho o horário no relógio e vejo
que já é tarde.
Para tentar relaxar, vou direto para a boate.
Ao chegar, encontro alguns conhecidos e, claro, a Celeste.
A mulher sabe ser profissional, quem a olha nunca vai
imaginar que é uma prostituta de luxo e hoje tudo o que eu mais
preciso são dos seus serviços.
Engato uma conversa agradável na área vip, agarrado a
cintura da mulher que pretendo me divertir muito hoje à noite. Logo
escuto um baque alto de vidro, chamando a atenção de todas as
pessoas na área vip e ao olhar de onde vem o barulho, me deparo
com a perturbação da minha vida.
— Atenção, senhora e senhores, hoje estou aqui
comemorando a minha formatura e terminando um casamento que
nem mesmo começou ainda. Então, as bebidas de hoje serão por
conta do senhor Thompson, um brinde a ele.
Mas que desgraçada!
O que a porra da minha mulher está fazendo aqui vestida
desse jeito, sem a minha autorização e o pior sem nenhum
segurança?
Ela sai da área vip arrastando a amiga pelo braço enquanto
todos os olhares estão em cima de mim.
— Aproveitem a noite, ouviram a moça.
Ninguém fala nada, pois, sabem que não podem me
questionar e disfarçam bem a situação constrangedora, a qual Bruna
me colocou.
Solto Celeste para ir atrás de Bruna e colocá-la em seu devido
lugar.
— Aonde você vai? — Celeste me questiona segurando meu
braço.
— A noite terminou para nós dois.
— Por causa daquela menina? Quem é ela, Oliver? Por que
ela falou aquilo?
Celeste é a única que tem coragem de questionar devido os
anos de relacionamento e serviços trocados.
— Não é da sua conta e da conta de ninguém, se coloque no
seu lugar, Celeste. Nunca dei essa liberdade toda.
— Me desculpa — diz abaixando a cabeça, mas não me
importo, não tenho tempo para isso.
Chamo alguns seguranças e vou atrás de Bruna na pista de
dança.
Mas nada me prepara para o que vejo, ela está agarrada a um
moleque aos beijos e o desgraçado ainda passa a mão pelo seu
corpo, apalpando a bunda deliciosa da mulher que me pertence.
Eu a puxo pelo braço, a assustando e dou ordens aos
seguranças para que ensinem uma lição ao desgraçado que tocou
nela. Depois a arrasto pelo braço, sem nem mesmo escutar direito o
que ela fala.
Estou possesso de raiva porque é esse o efeito que ela
exerce sobre mim. Não posso tê-la na minha cama e ninguém vai
poder ter.
Abro a porta do meu escritório e a jogo dentro de qualquer
jeito. Damos início a uma briga acalorada, cheia de joguinhos das
duas partes, com provocações e jogos de palavras. Até que em um
dado momento, perco de vez o controle e a devoro em cima da
minha mesa.
Bruna é gostosa, cada parte do seu corpo é delicioso e a beijo
com desejo e tesão, muito tesão. Seus seios deliciosos na minha
boca me levam à loucura e quando finalmente chego onde quero, a
vejo se contorcer de prazer em cima da mesa totalmente entregue a
mim.
Seu homem, seu marido, seu dono.
Mas o que ela fala, me faz paralisar no lugar.
— Se você não for de fato me tornar sua mulher de verdade
pare com isso. Não é justo me fazer sentir esse prazer todo e não ir
até o fim. Sei que quando gozar na sua boca vai parar e depois vai
se enfiar na buceta da primeira prostituta que aparecer. E como é
que eu fico? Eu fico sem nada e fico sem você.
Não sei como reagir a isso, Bruna está me pedindo demais e
preciso protegê-la de mim, protegê-la dos meus demônios que estão
loucos para devorá-la.
Viro de costas para ela, enquanto limpo meus lábios com um
lenço.
— Vamos seguir com o contrato. Tudo o que preciso fazer é
gerar um filho seu através de uma inseminação artificial. Depois
estou livre e minha dívida com você, paga.
Cada palavra dita sai carregada de dor e tristeza, então me
viro para encará-la. Como ela não perde a chance de me provocar,
acaba falando o que não deve, despertando mais um dos meus
monstros há muito tempo adormecido...
A possessividade, um dos monstros mais difíceis de ser
domado.
— Você pode ter a mulher que quiser, senhor Thompson, eu
não me importo mais. Só quero deixar claro uma coisa, tenho o
mesmo direito que o senhor tem, não serei fiel a um casamento ou
um homem que não tem a mesma consideração por mim.
Como é ingênua minha menina, isso nunca vai acontecer.
— O motorista vai te levar para casa — comunico, a fazendo
parar com a mão na maçaneta.
— Não precisa, sei ir para casa sozinha.
— Não estava perguntando, Bruna, estava afirmando que o
motorista vai te levar para a sua casa, onde ficará protegida e muito
bem guardada. — Com certeza ela não entende as minhas palavras
e sai da sala batendo a porta cheia de raiva.
Pego o celular e ligo para o motorista que está no
estacionamento da boate.
— Chefe.
— Leve minha esposa para a mansão dela, a quero cercada
de seguranças. Ela não bota um pé fora daquele lugar, sozinha.
Ninguém entra lá e ninguém sai. Minha esposa será a prioridade
número um de vocês e se acontecer alguma coisa com ela, matarei
com minhas mãos cada um de vocês. Então, tenham muito cuidado,
ela é esperta.
— Chefe, o que digo, caso ela me questione sobre...
— Diga que o casamento será amanhã no final do dia, na
mansão dos meus pais.
— Sim, senhor.
Desligo e não posso deixar de sorrir, só de imaginar a cara da
minha mulher quando descobrir que nosso casamento será amanhã.
Bruna vai ficar furiosa e é só questão de tempo até que me ligue me
xingando de tudo o que não presta.
Mas eu não presto mesmo.
Enquanto carregar meu nome, Bruna me pertencerá.
Bruna Thompson, a mulher que está virando minha vida do
avesso como nunca imaginei que seria capaz de fazer.
CAPÍTULO 34
Bruna Harper
Fico de boca aberta ao olhar o lugar que segundo o
motorista será minha nova casa.
Oliver só pode estar ficando louco se acha que vai me manter
presa aqui.
— Não posso ficar aqui, preciso voltar para minha casa, para
minha mãe — digo ao motorista que me acompanha até a sala
enorme.
Certamente minha casa cabe dentro dessa sala.
— Desculpa, senhora, mas não poderá sair e nem tente fugir.
A casa está cercada de seguranças e todos tem ordens de mantê-la
aqui dentro a qualquer custo.
Não estou acreditando que Oliver teve mesmo coragem de
fazer isso. Não sei porquê ainda me surpreendo com o que ele faz.
— Quero falar com ele. Será que pode ligar para ele, meu
celular está sem bateria?
O homem me olha desconfiado.
— Senhora, não é muito inteligente da sua parte provocar o
senhor Thompson agora. Vá para seu quarto e procure descansar. O
chefe tem tudo sob controle, ele sempre tem.
— Ligue agora mesmo, estou mandando.
Ao perceber que não vou desistir, ele tira o celular do bolso e
faz a ligação.
— Chefe, a senhora Thompson quer falar com o senhor. —
Escuta o que é dito do outro lado da linha e me entrega o celular.
Já o coloco no ouvido gritando com o louco do outro lado da
linha.
— VOCÊ PERDEU DE VEZ O JUIZO? ME DEIXA IR PARA
CASA AGORA MESMO — digo exigente, mesmo sabendo que não
vai adiantar nada.
— Você já está em casa, esposa. Achava mesmo que iria me
desafiar da maneira que fez e nada iria acontecer? Você é minha,
Bruna. MINHA.
— OLIVER...
— Estou começando a gostar de ouvir sua voz chamando
meu nome, principalmente quando estou te dando prazer. Você
geme gostoso, sabia?
Mas que homem sem-vergonha!
Ele sabe me desconcertar quando quer, mas como não sei
ficar calada vou falar uma besteira mais uma vez para não deixar a
provocação passar batida.
— É claro que sei, só é uma pena você não ser homem o
suficiente para terminar o que começa. Estou chegando a duvidar se
você é isso tudo mesmo que diz... Um homem que precisa obrigar
uma mulher a um casamento para ter um filho, deve ter algum tipo
de problema. Será que seu pintinho parou de funcionar, senhor
Thompson, e tem vergonha de admitir isso? Se esse for o caso, me
fale que vou entender perfeitamente e podemos encontrar outras
formas do senhor sentir prazer.
Porra, acho que dessa vez peguei pesado!
O que foi que deu na minha cabeça para duvidar da
masculinidade de um homem como esse?
O pior é que ele fica mudo do outro lado da linha e tudo o que
escuto é sua respiração pesada do outro lado da linha.
— Oliver... — chamo e quando penso que ele vai responder,
desliga na minha cara.
Mas que cretino!
Olho para o celular e ao ver o aparelho me dou conta de que
estou na presença do motorista que me olha de boca aberta.
— Seu celular, obrigada.
Ele pega o aparelho me achando louca.
— Senhora, se me permite dar um conselho, acho bom a
senhora subir para seu quarto e tranque bem a porta. Apesar de
achar que isso não vai resolver muita coisa.
Na hora que ele fala isso, entendo perfeitamente o que ele
quer dizer.
— Você acha que ele poderia...
— Depois do que a senhora falou não tenho dúvidas.. Agora
vamos que vou mostrar seu quarto.
Sinto o coração querer sair pela boca.
Essa minha língua ainda vai me colocar em sérios problemas.
Antes que o motorista me mostre onde será meu quarto, peço
a ele que me consiga um carregador de celular e rapidamente é
providenciado.
Acompanho o homem escada acima e logo em seguida
paramos em frente a uma porta muito bonita e antes que ele abra, se
vira e me olha.
— Não se preocupe com a sua mãe, senhora, ela será
informada da grande surpresa que o senhor Thompson irá fazer para
a noiva dele amanhã, na mansão Thompson. Sua mãe estará
presente no casamento e estará muito feliz.
— Grande surpresa! Você sempre obedece às ordens dele?
Salvei a sua vida, deveria pelo menos ter me avisado o que ele
pretendia fazer.
Ele sorri do que eu falo.
— Quando se entra nessa vida, senhora, tudo o que resta
fazer é obedecer cegamente sem fazer perguntas. O senhor
Thompson é um homem muito generoso, acredite ou não, ele me
ajudou de um jeito que nunca terei como agradecer.
Isso me surpreende.
— O que ele fez?
— A senhora gosta de fazer perguntas e isso não é bom.
Aprenda a ficar de boca calada para seu próprio bem. Não o enfrente
nunca, a senhora não vencerá essa guerra. Não se iluda com um
amor impossível como esse. — Abre a porta do quarto para que eu
entre.
Fico abobalhada com o luxo do quarto tanto que esqueço de
responder.
— Isso é demais, não está certo.
— É claro que está, a senhora é esposa dele e terá todos os
luxos que imaginar. Suas roupas estão no closet e amanhã de
manhã seus novos empregados chegarão. Tenha uma boa noite,
senhora. — Fecha a porta tão rápido que fico sem reação.
Ando pelo quarto enorme, observando cada detalhe com
atenção.
É tudo muito lindo.
É como se ele tivesse adivinhado cada um dos meus gostos,
as cores, os móveis, ele acertou em exatamente tudo.
Ando até a porta onde está o closet e quando abro, minha
boca se abre em choque. São inúmeras roupas, vestidos de festa,
joias, relógios, maquiagens e uma variedade imensa de perfumes.
Fico quase meia hora observando tudo antes de resolver
entrar no banheiro para tomar banho.
Como já imaginava, o banheiro também não deixa nada a
desejar.
***
Nunca tomei um banho tão bom como esse.
Entro novamente no closet, pego uma calcinha e uma
camisola de seda muito confortável, sem esquecer de passar
hidratante por todo meu corpo.
Até nisso o idiota acertou, pois, é o mesmo que costumo usar.
Apesar de não ser caro é muito bom.
Deixo o celular carregando na mesinha de cabeceira e antes
de me deitar, tranco a porta do quarto, lembrando das palavras do
motorista.
Não acho que Oliver vá aparecer por aqui, ele deve estar
descontando toda a sua raiva e frustração entre as pernas da vadia
peituda.
Me deito na cama enorme e macia, relaxando o corpo e
pensando em como a minha vida mudou drasticamente de uma hora
para outra.
Mês passado não era ninguém e hoje sou esposa de um dos
homens mais ricos do mundo, através de um contrato de casamento,
onde a única finalidade é gerar o herdeiro dele.
Como sou burra, acabei me apaixonando pelo homem, já que
sentia, há algum tempo, afeição por ele. Sempre suspirava pelos
cantos da galeria de arte todas as vezes em que ele ia ver minhas
tutoras.
Eu me viro de um lado para outro da cama sem conseguir
pegar no sono, minha cabeça está uma confusão e ainda tem essa
cerimônia de casamento amanhã que está me deixando nervosa.
Estou a ponto de me levantar para descobrir onde fica a
cozinha quando escuto alguém mexendo na porta.
Meu coração gela ao me lembrar novamente das palavras do
segurança, tanto que me cubro com as cobertas e me viro de costas
para a porta, fingindo estar dormindo profundamente.
Logo a porta é aberta e depois fechada novamente.
Escuto passos vindo em direção a cama junto com um
perfume que denuncia o dono.
Sinto que ele para ao lado da cama e acende a luz do abajur
na mesinha de cabeceira, fazendo a minha respiração acelerar, me
denunciando.
Mas me recuso a abrir os olhos e encarar esse homem.
Percebo que ele está tirando as roupas e o meu fim é quando
escuto o clique do cinto sendo aberto, me fazendo respirar fundo.
— Sei que está acordada, mulher. Vou te mostrar o tamanho
do meu pau e se ele funciona ou não. Vou te foder tanto hoje que
ficará grávida antes mesmo de conseguir colocar os pés no chão.
Jesus Cristo, o que foi que eu fiz?
CAPÍTULO 35
Bruna Harper
Diante de tamanha ameaça não tive alternativa a não ser
abrir os olhos.
Estou pela primeira vez com muito medo desse homem.
Me viro para olhar para ele e me deparo com a fisionomia de
um deus na minha frente, só de cueca, revelando o tamanho do seu
pinto que não tem nada de pintinho.
Fico em choque porque caso ele realmente queira me provar
alguma coisa, tenho certeza de que isso tudo não caberá dentro de
mim.
Ao observar para onde eu olho sem nem mesmo piscar, ele
deve ter adivinhado meus pensamentos.
— Não se preocupe, esposa, ele vai caber todinho dentro de
você. Não era isso que queria falando aquelas merdas pra mim no
telefone? Você me provoca há dias insinuando que não sou homem
o suficiente para você. Confesso que não estava nos meus planos
fazer isso, mas hoje você passou de todos os limites. Vamos ver até
onde você aguenta.
Sabia que tinha passado dos limites, mas também não
esperava que ele realmente fosse vir até aqui me provar o contrário.
Dou um pulo da cama tentando fugir pelo outro lado, mas
assim que coloco os pés no chão, preparada para correr, ele me
alcança e me segura entre seus braços fortes. Ele não deixa espaço
para me mexer e me aperta como se quisesse me esmagar.
Ele cheira meu pescoço, chupa o lóbulo da minha orelha e
logo depois sussurra no meu ouvido, me fazendo ficar quente.
— Cadê toda a sua coragem agora, Bruna? Não era sexo que
você queria? Pois, é sexo que você vai ter. Um sexo suado, bruto
para que aprenda a nunca mais falar merda no meu ouvido. Eu não
faço amor, Bruna, eu nunca fiz. Eu fodo e fodo com força, então não
espere isso de mim nunca. Essa lição você aprenderá hoje.
Escutar isso me assusta, mas não tenho muito tempo para
pensar e muito menos para responder já que começa a me beijar.
Sinto seu volume duro na minha barriga.
Oliver me beija, me empurra até a cama e me deita.
Estou nervosa, tensa, mas também estou excitada.
Ele para de beijar minha boca, segue para o meu pescoço,
meus ombros e em um impulso ele rasga a camisola ao meio e toca
meus seios, o que me faz gemer.
Primeiro toca com as mãos, pega meus seios, enchendo a
mão e passa o polegar nos bicos.
É uma sensação maravilhosa.
Quando penso que não pode melhorar, ele os coloca na boca.
Deus, como é bom!
Sinto sua língua quente circular meus mamilos com leveza e
habilidade.
Oliver sabe o que faz e está me deixando louca.
Quando percebo estou com as mãos no cabelo dele, o
incentivando. Ele percebe o quanto estou gostando da carícia e se
demora um tempo neles, chupando, alternando entre um seio e o
outro, me fazendo arquear as costas de prazer.
"Mal sabia que o melhor ainda estava por vir... "
Ele para de beijar meus seios e vai descendo.
Beija minha barriga, meu umbigo, cada centímetro do meu
corpo.
Rasga a minha calcinha, abre minhas pernas e sinto sua
respiração no meu centro, muito perto.
Arrisco dar uma olhada e ele olha para ela com os olhos
brilhando de luxúria.
Antes que tenha qualquer pensamento, sinto sua língua
passar por toda minha extremidade, desde o ânus até meu clitóris.
Não posso conter o gemido que sai da minha boca.
É uma sensação enlouquecedora, ele beija, lambe e chupa
meu sexo com maestria enquanto fico cada vez mais louca.
De repente, algo começa a se formar em meu interior cada
vez mais intenso e explodo em um orgasmo arrebatador.
Grito perdendo toda a vergonha e me deixo levar por aquela
sensação maravilhosa de plenitude.
Quando meus tremores param, olho para Oliver e vejo que ele
está parado apenas me olhando e há em seus olhos desejo e
satisfação.
Ele se aproxima novamente da minha boca e volta a me
beijar, me fazendo sentir meu gosto enquanto se mantém entre
minhas pernas.
Desce a mão e toca mais um pouquinho meu clitóris, em
seguida introduz um dedo em mim.
Dói e solto um gemido.
Ele para o beijo, tira o dedo de dentro de mim e me olha nos
olhos. Tomo a decisão de falar a verdade e revelar que sou virgem.
— Oliver, eu, eu, eu...sou virgem ainda.
Ele arregala os olhos, completamente surpreso com minha
confissão, me deixando envergonhada.
— Você não se cansa nunca de me surpreender, menina.
Como pode ser virgem e ter coragem o suficiente para fazer tudo o
que fez para me deixar louco? — diz entredentes, me encarando, se
controlando.
— Quero que você seja meu primeiro homem. Eu quero você.
Quero te sentir dentro de mim.
Ele passa os dedos pelo meu rosto de forma carinhosa, sem
tirar os olhos dos meus e sei que ele está pensando em desistir de
me ensinar a lição que ele prometeu.
Só posso ser louca mesmo.
— Por favor, não pare, não agora que já chegamos tão longe.
Deus, estou praticamente implorando para meu marido transar
comigo.
— Você é virgem e não vou fazer isso.
Oliver se levanta de uma vez e começa a pegar suas roupas
no chão, me deixando sozinha na cama.
Ao lado da minha camisola está minha calcinha, ambas as
peças rasgadas por ele.
Vejo o quanto ele está excitado, seu membro está explodindo
dentro da cueca, mas quando ele coloca a mão na maçaneta do
quarto segurando suas roupas, dou o golpe fatal.
— Se não for com você vai ser com outro. Não vai me deixar
aqui desse jeito para se satisfazer com outra. Será você saindo por
essa porta e eu colocando o primeiro segurança que encontrar na
minha frente para terminar o que você não tem coragem de fazer.
Ele solta as roupas no chão e se vira para me encarar.
— Você só pode ser muito louca mesmo? Tem noção do que
está me pedindo, porra? Você é virgem, caralho! Intocada, nunca
teve um homem...
— Por isso quero você. Quero que seja meu primeiro homem.
Quero que meu marido tire a minha virgindade. Isso não é pedir
demais, é o certo a se fazer.
Agora é tudo ou nada.
Sorrio de felicidade e nervoso quando o vejo tirando a cueca
sem pudor nenhum, ficando completamente nu na minha frente, com
sua ereção em toda a sua glória.
Minha nossa, ele está duro, muito duro e é enorme e grosso.
Fico de boca aberta olhando com os olhos arregalados.
Nunca tinha visto um pênis assim ao vivo e o dele é muito
bonito, uma verdadeira obra de arte.
CAPÍTULO 36
Bruna Harper
Seu membro é bonito, grande e cheio de veias.
Eu o quero na mesma proporção que temo.
Estou distraída ainda olhando para ele, quando escuto sua
risadinha convencida.
Olho para ele totalmente vermelha e sem graça.
Ele volta para a cama, sobe em cima de mim, fica na mesma
posição de antes e sussurra:
— Fica calma, vou tentar ser, pelo menos dessa vez, o mais
delicado possível com você. Vou colocar devagar até se acostumar.
Agora, só relaxa.
Solto a respiração que nem percebi que tinha prendido e tento
me preparar para a invasão daquela coisa linda e, ao mesmo tempo,
monstruosa.
Ele coloca novamente o dedo na minha intimidade e solta um
gemido quando percebe o quanto estou molhada.
Oliver parece estar se controlando, está com uma expressão
de dor no rosto e escuto quando ele sussurra mais para ele mesmo.
— Boceta gostosa do caralho! Pronta pra eu foder, toda
lambuzada.
Fico mais excitada ainda com suas palavras.
Meu Deus, estou me transformando em uma safada.
Como posso desejar tanto isso, ao ponto de esquecer todas
as coisas que ele fez comigo, para me obrigar a esse casamento?
Tudo o que ele quer de mim, é um filho.
Não tenho mais tempo de pensar, sinto seu pau sendo
direcionado para minha entrada e então ele começa a pincelar, me
lambuzando com minha excitação.
A sensação é muito gostosa.
Enquanto estou totalmente envolvida no momento de prazer,
sinto um pequeno impulso.
Eu me sinto sendo alargada e uma ardência forte me toma na
mesma hora.
Solto um gemido de dor e cravo as unhas nas suas costas, o
fazendo gemer.
Meu corpo inteiro começa a tremer levemente com a
penetração.
Ele está muito tenso e parece estar fazendo um grande
esforço para permanecer parado.
— Já entrou tudo?
Ele ri da minha inexperiência com o assunto.
Sou boa em provocar, mas nunca tinha parado para pensar no
finalmente de verdade.
— Não entrou nem a metade, querida, estou apenas te
deixando se acostumar.
Fico tensa na mesma hora, e instintivamente me retraio. Oliver
solta um gemido, relaxo novamente e me preparo para a dor. Ele
percebe, olha em meus olhos e diz delicadamente:
— Vai doer muito agora, mas depois vai passar. Eu sinto
muito, mas a dor é inevitável quando se é virgem.
Sem esperar, ele entra, sinto que estou sendo rasgada e dou
um grito de dor e pavor, ao mesmo tempo.
Minha nossa, isso dói como o inferno.
Será que irei um dia me acostumar?
Jesus, dói e queima demais.
Ele é grande demais para mim.
Uma lágrima escorre dos meus olhos e tremo.
— Calma, vai passar. — Faz um carinho no meu rosto,
enxuga a lágrima que desce e permanece parado por vários minutos.
Sua testa está suada e chego a pensar que ele está passando
mal.
— Você também está sentindo dor, ou está se sentindo mal?
Se for demais para você a gente pode parar.
Ele ri de mim novamente.
— Não sei se você é inocente demais, ou está querendo me
matar de vez. Não, eu não estou passando mal, mas estou
precisando de muito autocontrole. É uma tortura sentir sua boceta
quente apertando meu pau e não poder me mexer.
Olho para ele e o puxo para um beijo que logo é desfeito por
ele.
— Preciso muito me mexer, não estou aguentando. Aguenta
um pouco que vai melhorar.
Aceno a cabeça, concordando.
Ele puxa para fora e coloca devagar outra vez.
Puta merda!
Ainda dói muito, mas aguento firme sem reclamar.
Ele entra e sai devagar, e vou me acostumando. A dor diminui
cada vez que ele me penetra e começo a sentir uma sensação boa.
Oliver está cada vez mais louco, aumenta o ritmo das
estocadas e geme ofegante. O prazer dele de alguma forma me
acalma, excita e fica suportável a dor.
Ele olha novamente em meus olhos.
— Quero que você relaxe e goze no meu pau, entendeu bem?
— diz de uma maneira como se estivesse me dando uma ordem.
Estranhamente gosto muito de recebê-la.
Oliver muda o ritmo, mete mais fundo dentro de mim e faz
movimentos mais rasos. Não tira o pau todo e volta, fazendo uma
fricção no meu clitóris.
Massageia dando estocadas curtas.
Começo surpreendentemente a sentir o prazer voltar a se
formar e ofego. Ele repete os movimentos calmamente até que não
aguento e explodo novamente em um orgasmo forte.
Esse é o limite para ele.
Nós dois gememos alto e respiramos ofegantes. Sinto que
Oliver se esvazia dentro de mim, enquanto permaneço deitada e
ofegante, esperando meu corpo se acalmar.
Meu coração agora quer gritar que o ama e sem pensar falo o
que está preso dentro de mim há muito tempo.
— Eu te amo, Oliver. Não sei exatamente quando isso
aconteceu, só sei que te amo.
Ele sai de dentro de mim e se deita ao meu lado, olhando para
o teto. Não fala nada e meu coração dói mais uma vez.
Eu sei que ele não tem o mesmo sentimento por mim.
Depois de alguns minutos de barriga para cima pensando
sabe Deus em que, ele se levanta e vai para o banheiro.
Quando volta, está com uma toalha nas mãos e gentilmente
limpa entre minhas pernas.
Eu me impressiono com sua preocupação comigo.
Levanto para ir ao banheiro, pois, preciso fazer xixi. Quando
olho para a cama, levo um susto. Há muito sangue e me sinto
envergonhada por ter feito tanta sujeira em um lençol tão
branquinho.
Oliver percebe meu desconforto e tenta me acalmar.
— Calma, é só sangue. É normal sangrar na primeira vez, não
é nada de mais. Vou buscar outro lençol para trocar.
Corro para o banheiro, tomo um banho rápido e quando volto,
ele está trocando o lençol.
Depois de um tempo, ele me olha e diz:
— Venha dormir, amanhã será um dia agitado, você precisa
descansar.
Sinto vontade de chorar porque já imagino o que ele está
pretendendo fazer.
— Você não vai dormir comigo? — pergunto com os olhos
marejados e ele percebe.
— Você já está exigindo demais de mim, Bruna. O que rolou
aqui nem mesmo era para ter acontecido. Você me fez quebrar uma
regra e quebrou uma, se apaixonando por mim. Deixei claro a você
desde o começo...
— Que se dane as regras, Oliver. Que se dane o contrato,
isso aqui é de verdade, é real. Você também me quer, eu sei.
— Você não sabe de porra nenhuma, garota. Tem uma boceta
até que gostosinha, mas vai ser preciso muito mais do que isso para
me fazer ficar aqui para dormir com você.
Dessa vez, choro para que ele veja o quanto suas palavras
me machucam.
— Você se sente bem fazendo isso, Oliver? Passei meses
escutando você falar mal do Colin toda vez que ia à galeria e olha
agora para você... Parece que aprendeu muita coisa com ele, sendo
um cretino de merda. Sempre estive por perto e você nunca me
notou. Sempre estive lá suspirando por você pelos cantos toda vez
que chegava procurando por Amanda.
Ele me olha intensamente.
— Bruna...
— Vocês são farinha do mesmo saco, mas vou deixar uma
coisa bem clara para você, Oliver. Eu não sou a Amanda e muito
menos a Emily, quando desistir de você não terá mais volta. Eu vou
embora para nunca mais voltar. Agora saia do meu quarto e muito
obrigada pelo serviço prestado hoje. Não foi tudo o que esperava,
mas para a minha primeira vez até que fiquei satisfeita.
Eu nem espero pela reação dele e entro no closet.
Escuto a porta do quarto sendo batida com força e agora
posso chorar toda a minha frustração.
CAPÍTULO 37
Oliver Thompson
Assim que saio do quarto de Bruna, vou direto para a
garagem e fico dentro do meu carro quase meia hora pensando na
merda que fiz.
Bruna tem o poder de me tirar do sério usando suas malditas
palavras, e usou isso ao seu favor para me fazer tirar sua virgindade.
A quem estou querendo enganar?
Saber que ela era virgem me deixou ainda mais louco para
torná-la minha. Precisei de muita força de vontade para me afastar
dela quando me confessou que nunca tinha sido tocada por outro
homem. Mais uma vez, ela usou as palavras, me fazendo perder de
vez o controle.
Sem pensar muito, a tornei minha esposa de fato, e no final de
tudo ela me deu o golpe fatal confessando o seu amor por mim.
Estava ciente de uma forte atração entre nós dois, mas aí a
chegar a ser amor, por essa eu realmente não esperava.
Amor não estava no nosso acordo. Era um sentimento que
não poderia me permitir sentir novamente e por isso acabei mais
uma vez a magoando para que se afastasse de mim, e pudesse
matar esse sentimento dentro dela.
Mas escutar da sua boca que no dia que desistir de mim, irá
embora, me deixou em alerta total.
Eu mesmo não me entendo, pois, não a quero, mas também
não quero permitir que me deixe.
Ligo o carro e saio ou irei ficar louco.
Dirijo em alta velocidade e chego rapidamente na minha
mansão que não é muito longe do lugar que comprei para minha
esposa.
Não pretendia e não pretendo morar debaixo do mesmo teto
que ela, pois, será uma tentação muito grande.
Entro em casa vou até o bar e me sirvo de uma generosa
dose de uísque. Viro o líquido de uma vez e ele desce rasgando
minha garganta.
Abandono o copo, subo a escada e entro no quarto tirando as
roupas, deixando-as espalhada no chão.
Entro no banheiro, ligo a ducha quente e me jogo debaixo da
água quente.
Como um castigo, as lembranças do que aconteceu alguns
minutos atrás me atingem em cheio.
Consigo lembrar perfeitamente de cada curva do corpo
daquela mulher, do seu gosto, do seu cheiro. Tudo nela me deixou
ainda mais louco e fascinado.
Bruna Harper é uma maldição que eu coloquei na minha vida.
Termino o banho e saio do banheiro enrolado apenas com
uma toalha na cintura. Entro no closet, pego uma calça de flanela
confortável, visto e vou para a cama para tentar dormir, coisa que
acho difícil conseguir fazer.
Viro de um lado para o outro da cama procurando sentir o
calor de uma pessoa que está a poucos quilômetros de mim, mas me
permito ser covarde o suficiente para não ficar muito tempo perto
dela.
Com muito esforço acabo conseguindo cochilar.
Logo o dia amanhece, me fazendo lembrar que movido pelo
impulso de ver a minha mulher praticamente pelada nos braços de
outro homem, marquei a nossa cerimônia de casamento para hoje no
final da tarde. Isso provavelmente irá deixar minha mãe louca, mas
essa notícia não será eu a dar para ela.
Deixei a cargo do meu assistente pessoal dar a notícia e uma
hora dessas já deve estar na mansão dos meus pais, informando o
grande acontecimento.
Levanto, vou até o banheiro escovar os dentes e retorno para
o quarto procurando meu celular. Preciso ligar para Amanda, afinal
ela ficará louca se souber que irei me casar e não a chamar para a
cerimônia de casamento. sem contar que quero pedir a ela um
grande favor.
Faço a ligação que depois de alguns toques é atendida.
— Quem morreu, Oliver, para você estar me ligando de
madrugada?
— Larga de exagero, Amanda, o dia já amanheceu faz tempo.
Vamos se levante, preciso de você.
— O senhor sabia que tenho marido, filho e que não obedeço
às suas ordens? Na verdade, acho que nunca obedeci. De onde foi
que você tirou a ideia que poderia me acordar essa hora e me
mandar levantar porque precisa de mim? Acho que não é assim que
se pede um favor, meu querido Ollie.
Respiro fundo, porque essa é outra mulher que insiste em
tornar a minha vida difícil.
Amanda é minha melhor amiga nessa terra, mas pensa em
uma mulherzinha que me dá dor de cabeça.
Só o marido dela mesmo para suportá-la dia e noite.
— Amanda, será que por favor você pode se levantar,
organizar as coisas do seu dia, ir até à mansão que comprei para a
Bruna e ajudá-la com um vestido de noiva? Você poderia me fazer
esse favor, pois, pretendo me casar com ela hoje no final do dia?
Ela fica muda do outro lado da linha achando que
provavelmente sou louco.
Poucas pessoas sabem que já estou casado com Bruna,
apenas eu, ela, meu advogado e alguns dos meus seguranças,
apenas quem precisa saber.
— Ollie, você está bem? Bebeu ou usou alguma droga muito
forte, ou então ficou louco de vez? Só assim para decidir se casar de
uma hora para a outra.
— Não estou bêbado ou drogado e não estou ficando louco.
Esse era o combinado, me casar logo após a formatura de Bruna.
— A formatura da garota foi ontem à noite, evento esse que
ela te convidou e você não foi, seu safado. Aposto que estava
naquela boate infeliz comendo aquela loira horrorosa que deve ser
infeliz. Ela é a única que tem coragem de fazer tudo o que você
gosta na cama.
— Amanda, não começa com essa história de novo. Tudo na
vida tem um limite e você está começando a ultrapassar um.
— É sério isso, Oliver? Agora tem um limite para a minha
amizade com você? Quando foi que isso mudou que não fiquei
sabendo? Você precisa me dizer então quais são as novas regras
assim não invadirei o seu espaço, como você não invadirá o meu.
Droga, sempre acabo metendo os pés pelas mãos!
Amanda é uma pessoa importante na minha vida, assim como
o filho dela que vi nascer e ajudei a criar. Ela é a única pessoa que
consegue da forma mais difícil me manter na linha e tirar um pouco
da escuridão que envolve a minha vida.
Como sempre falo, Amanda é a minha redenção.
— Não foi isso que quis dizer, apenas me expressei mal, me
desculpa.
Ela também é a única que até hoje conseguiu a façanha de
me fazer pedir desculpa, com medo de perder sua amizade, a única
coisa que ultimamente me faz bem na minha vida.
— Você sabe que sempre te perdoo. Agora me diga, o que
passou pela sua cabeça para passar três semanas sem dar notícias
para sua noiva? Ou, por que de repente depois da formatura dela,
você resolve se casar como se estivesse perdidamente apaixonado e
não conseguisse ficar mais um dia longe dos encantos dela?
Sabia que ela não iria perder a oportunidade de falar sobre
isso.
— Amanda, por favor, você me conhece muito bem e sabe o
motivo pelo qual estou me casando. Não complique a minha vida, já
tenho problemas o suficiente para ter que me preocupar com suas
reclamações. Liguei para te pedir ajuda. Preciso que vá até mansão
onde Bruna está e a ajude com um vestido de noiva decente. A
cerimônia será na mansão dos meus pais, no final da tarde, okay?
Meu assistente pessoal já está por dentro dos planos, assim como a
mãe de Bruna já deve ter sido avisada que preparei uma surpresa
para minha noiva e por isso antecipei a cerimônia de casamento. Irá
ser uma coisa simples, pois, não quero atenção da mídia em cima de
nós. Essa é a desculpa que vamos dar somente às pessoas que
precisam saber do nosso casamento. Será que fui claro com você?
Ela fica calada alguns segundos e responde:
— Você foi claro como a água, Oliver, mas vou te dizer uma
coisa, o que você está fazendo com essa menina é muito errado.
Você está metendo os pés pelas mãos, e te garanto que um dia irá
se arrepender de fazer isso com ela. Acho que já percebeu os
sentimentos dela por você.
— Claro que já percebi, Amanda, mas não contava com ela se
apaixonando por mim tão rápido. Agora o que foi feito está feito. Ela
sabia muito bem o que eu queria e aceitou.
— Ela não se apaixonou por você rápido demais, seu idiota!
Será que nunca tinha percebido a maneira como ela te olhava
durante todo esse tempo? Sempre que ia à galeria, a menina ficava
suspirando por você por onde passava. Mas é tão tapado que nunca
percebeu nada.
Amanda me faz lembrar do que Bruna me disse na noite
passada.
— Amanda, não quero falar mais disso, por favor. Faça o que
pedi e ajude a Bruna. Ela está no complexo de mansões que fica
próxima à minha, creio que deve saber onde é.
— Tudo bem, Ollie, mas vou logo avisando que isso vai dar
uma merda muito grande. Espero realmente que você saiba o que
está fazendo. Aquela menina já sofreu demais para ter o coração
partido por você. Agora vou desligar, vou deixar tudo preparado aqui
em casa e saio daqui a pouco para ir ajudar Bruna com o vestido de
noiva.
— Obrigado, sabia que podia contar com você.
Nos despedimos e passo alguns minutos pensando nas
palavras de Amanda.
Ela tem razão, Bruna já sofreu o suficiente para que eu
estrague a vida dela.
Pensando nisso, tomo a decisão que será certa para nós dois.
Seguirei com contrato que assinamos, ela terá a casa dela e
eu terei a minha. O único contato que teremos será para discutir o
processo de inseminação artificial.
Vou seguir com o plano inicial, me casar com ela, dar uma
vida confortável a ela, e em troca ela carregará meu filho, meu
herdeiro.
Depois que a criança nascer, ela estará livre para fazer o que
quiser de sua vida.
"Mal sabia que nunca iria conseguir abrir mão dela
novamente, Bruna Harper veio para literalmente transformar a minha
vida."
CAPÍTULO 38
Bruna Harper
Acordo com alguém cutucando meu rosto, e, ao abrir os
olhos devagarinho, me assusto ao ver a pessoa que está ao meu
lado.
— Mas que vergonha! Isso são horas da noiva do dia estar
dormindo?
— Amanda, o que está fazendo aqui?
— Ainda bem que estou aqui, porque pelo que estou sabendo
você vai se casar e não tem um vestido.
Desperto de vez ao escutar suas palavras e me lembro de
tudo o que aconteceu na noite passada.
— Meu casamento — digo com pouca empolgação.
— Bruna, o que foi que aconteceu? E como foi que você veio
parar aqui? Por que Oliver decidiu fazer as coisas dessa maneira?
Como sempre ela faz várias perguntas ao mesmo tempo, mas
algo me incomoda.
— Como você sabia que estava aqui?
— Ollie me ligou e pediu para que a ajudasse com o vestido
de noiva.
É claro que ele ligou.
— Você tem uma intimidade muito grande com ele. É explicito
o quanto ele gosta de você... Será que ele me escolheu porque
somos parecidas, e...
— Pode parar agora mesmo. O que está querendo insinuar,
Bruna?
Eu me sento na cama, me sentindo uma tola por ter pensado
no que pensei. A minha cabeça está uma confusão e só sinto
vontade de chorar. Me permito a isso, porque sei que Amanda
também é minha amiga.
— Me desculpa, Amanda, mas é que eu, eu, eu...
— Meu Deus, Bruna, você o ama tanto assim?
— Amo, amo muito e está doendo como você falou que
doeria. Não sei se consigo fazer isso, Amanda, eu sinto que vou me
sufocar no meu amor. E depois de ontem...
— Ontem?
Balanço a cabeça.
— Eu me entreguei a ele ontem e quando pedi para que
ficasse para dormir comigo, ele me disse coisas horríveis. Eu era
virgem, Amanda, e tudo o que queria era pelo menos um pouco de
carinho da parte dele. — Paro de falar porque não consigo parar de
chorar.
— Bruna, sinto muito mesmo, vem aqui, vem. — Senta na
cama, me chamando.
Coloco a cabeça no colo dela e choro até não ter mais
lágrimas e tudo que ela faz é me consolar com seu toque em meu
cabelo.
— Eu o encontrei ontem na boate e ele estava com uma
mulher loira, passando a mão na bunda dela.
— Eu sei quem é a vadia.
— Sabe!?
— Sei, ela é uma prostituta de luxo e tem um caso com Oliver
há anos. Vamos dizer que ela está disposta a fazer tudo o que ele
gosta na cama.
Eu me sento e a encaro.
— Como assim?
— Olha, Bruna, Ollie é um homem com gostos diferentes na
hora do sexo.
— Você já foi para cama com ele?
Percebo que ela fica desconfortável com a pergunta, mas sei
que ela vai me falar a verdade.
— Bruna, você tem que entender que não existe nada entre
Oliver e eu... Eu já fui para a cama com ele, antes de me casar e não
foi só uma vez, mas nunca passou de sexo. Oliver e eu somos
apenas grandes amigos. Ele me ajudou em um dos momentos mais
difíceis da minha vida e se não fosse por ele, não sei o que teria sido
de mim e do meu pai, sem falar no meu filho. Oliver apesar de tudo e
de não demostrar para ninguém, tem um bom coração. Você só
precisa descobrir como fazer para entrar nele.
Fico satisfeita com a sinceridade dela.
— Obrigada, Amanda, por ter sido sincera comigo.
— Somos amigas e quero que seja feliz com o homem que
ama e que também é meu amigo. Mas você não respondeu as
minhas perguntas anteriores. O que aconteceu para você ter vindo
parar aqui?
Como sei que não tenho como escapar dela, acabo contando
tudo o que aconteceu ontem na boate. Depois o que eu falei para
Oliver na ligação, da invasão dele ao meu quarto e o que aconteceu
depois. Conto tudo sem esconder nenhum detalhe e agora ela está
me olhando de olhos arregalados.
— Amanda.
— Você é mais corajosa do que pensava. Você chamou o
pinto do homem de pintinho? Aquela monstruosidade não tem nada
de pintinho.
— Sério que de tudo o que falei você só absorveu essa parte?
— Escutei tudo, mas essa parte da conversa foi a que me
chamou mais atenção. Pelo menos, ele provou a você o que tinha
dentro das calças.
— Ah, ele provou sim, tenha certeza disso.
Ela começa a rir.
— Você é uma safadinha, era uma virgem safadinha. Agora
eu gosto mais ainda de você, é das minhas e não deixa uma
provocação passar batida.
— Amanda, do que o Oliver gosta na cama?
Ela respira fundo e me olha como se não quisesse responder
a minha pergunta.
— Bruna, Oliver gosta de umas coisas diferentes. Sei que ele
foi cuidadoso com você por ser a sua primeira vez, mas ele não sabe
fazer amor. Isso será você que terá que ensiná-lo. Mas, por favor,
não me pergunte mais sobre esse assunto que faz parte do meu
passado. Você agora é o futuro do Oliver e eu como amiga dos dois
vou fazer de tudo para que fiquem juntos. Agora venha ver o seu
vestido de noiva.
— Você trouxe um vestido?
— É claro que trouxe e o consegui por um milagre, usando
todos os meus contatos. Seu futuro marido me deve uma.
Acabo sorrindo do que ela fala e me levanto indo até o
banheiro. Faço a minha higiene pessoal e volto para o quarto.
Amanda me informa que tem uma massagista me esperando
logo depois do almoço, já que mais uma vez acordei tarde demais.
Passo o dia ansiosa querendo ver o vestido, mas ela não
permite dizendo que é uma surpresa.
Em momento nenhum ela me deixa sozinha e quando a
questiono sobre o bebê, ela me responde que o filho está sendo
muito bem cuidado pela babá e por seu marido.
Ela ainda informa que se encontrará com eles na mansão dos
pais de Oliver mais tarde.
***
As horas passam rápido e logo chega um maquiador e um
cabeleireiro também chamados por ela.
Depois de quase uma hora, estou de cabelo arrumado e
maquiagem feita, agora só falta o vestido.
Olho no espelho e me emociono com o que vejo, o vestido
escolhido por Amanda é perfeito. Passo as mãos pela renda que
percorre todo seu comprimento, sentindo meu coração se apertar ao
lembrar que tudo não passa de um contrato e de uma encenação
para enganar a família de Oliver.
— Você está linda! — Amanda sorri emocionada logo atrás de
mim.
Volto a encarar o espelho e preciso controlar as lágrimas que
se formam em meus olhos.
— É demais pra mim — digo me referindo ao vestido longo
com um decote generoso e alças finas que estou vestindo.
— Você é a noiva e se Oliver vai te obrigar a participar desse
circo, precisa de um vestido à altura.
— O que posso fazer para te agradecer? — Me viro para olhá-
la nos olhos e ela segura minha mão me encarando.
— Salve meu amigo da escuridão a qual ele vive. Eu não faço
ideia do que o transformou no homem que ele é hoje, mas algo me
diz que você é a única que pode trazer luz e felicidade para a vida
dele. Mas nunca deixe de ser você mesma, é isso que a torna
especial. Não mude o seu jeito, nem mesmo pelo amor dele e vai ser
assim que conseguirá fazer o que estou te pedindo.
— Será que um dia ele vai me amar?
Ela sorri.
— Quem sabe ele já não a ame. Agora vamos, já atrasou o
suficiente.
CAPÍTULO 39
Bruna Harper
Quando chegamos na mansão dos pais de Oliver, a
primeira coisa que vejo na porta é minha mãe branca feito papel. Até
parece que a mulher acabou de ver um fantasma.
Ao perceber minha chegada, ela se aproxima e me abraça
sorridente. Minha mãe me cumprimenta pelo casamento e me
pergunta se estou feliz com a surpresa que meu noivo preparou.
Parece que realmente Oliver conseguiu convencê-la de que
tudo isso não passou de uma grande surpresa dele para mim. Como
não quero complicar as coisas, acabo entrando no jogo dele, afinal
só quem precisa saber o que está acontecendo é eu, ele e mais
ninguém.
Acompanhada por minha mãe e Amanda, entro na grande
sala de estar. Vejo algumas pessoas reunidas, como Colin, marido
de Amanda junto com o seu bebê, Emily acompanhada do marido,
Anthony, meus sogros e ninguém mais, ninguém menos que Fred.
Confesso que a presença dele me surpreende.
Ao perceber a minha presença Oliver crava os olhos em mim,
analisando cuidadosamente cada parte do meu corpo. Ao fazer isso,
automaticamente as lembranças da noite passada invadem minha
mente.
— Amanda, acho que Oliver não gostou muito da sua escolha
de vestido, mas eu particularmente adorei — cochicho no ouvido de
Amanda que está ao meu lado.
Ela sorri do meu comentário e cochicha de volta no meu
ouvido:
— O vestido causou exatamente a reação que queria que
causasse, e o principal é que você gostou. Já te conheço o suficiente
para saber o seu estilo.
Oliver ao perceber que estamos cochichando se aproxima,
cumprimenta minha mãe e depois olha muito sério para Amanda.
Como ela também não sabe ficar calada, acaba provocando o
noivo.
— E aí, Oliver, Bruna é ou não é a noiva mais linda do
mundo?
Ele semicerra os olhos na direção dela e responde:
— Achei que tinha sido bem claro quando falei para que
comprasse um vestido decente.
— Relaxa, Ollie, esse vestido está lindo e não tem nada de
indecente. Ele é sexy, elegante, digno de uma noiva à altura da sua.
Sorrio da cara que ele faz e agradeço a Deus mentalmente
por minha mãe não estar perto de nós ouvindo a conversa.
Amanda sem se importar com a careta que Oliver faz, se
afasta e vai até o marido. Pega o bebê do colo dele e o beija em
seguida.
Percebendo para onde estou olhando, Oliver segura no meu
braço e me leva para cumprimentar seus pais.
Depois de falarmos com os poucos convidados, somos
direcionados à área de lazer onde tem um pequeno altar montado
com um juiz de paz.
acho impressionante eles terem conseguido organizar tudo
em tão pouco tempo e a decoração é simplesmente maravilhosa.
Como se o juiz de paz já tivesse sido informado antes, ele não
enrola com a cerimônia que em poucos minutos acaba.
Digo sim e Oliver também e depois das alianças trocadas,
vem o beijo que o noivo dá na noiva selando assim o nosso
compromisso e casamento.
Essa deve ter sido a cerimônia de casamento mais rápida do
mundo.
Os convidados parecem não perceber nada já que está
estampado na cara de todos a felicidade e nos desejam o melhor em
nosso casamento.
Minha sogra está que é só sorrisos para mim, e, ao mesmo
tempo, em que fico feliz com isso, me sinto mal por estar enganando
uma senhora com uma alma tão bondosa como a dela. Mesmo com
a minha origem humilde, ela está me aceitando em sua família de
coração e braços abertos.
Olive até agora não trocou uma palavra comigo a não ser o
"sim" no altar, evita até mesmo me olhar nos olhos.
Ele está me evitando como se eu fosse portadora de uma
doença contagiosa, simplesmente se nega a me tocar direito e isso
está começando a me incomodar. É como se o que tivesse
acontecido na noite passada não existisse nas lembranças dele
enquanto eu o quero cada vez mais.
Depois de uns minutos meu sogro chama todos para a mesa,
onde será servido o jantar de comemoração e como os convidados
não são muitos, todos ficam muito bem acomodados na sala de
jantar.
Aproveito um pouco a saída dos convidados, puxo Oliver para
um canto um pouco afastado e o encaro.
— Por que está me evitando desse jeito? A ideia desse
casamento foi sua. Poderia pelo menos disfarçar direito?
Ele sorri como se estivesse fazendo pouco da minha cara e da
minha preocupação de alguém perceber como meu marido é
indiferente a mim, no dia do próprio casamento.
— Você está se dando muito valor, não acha? Ninguém vai
perceber nada e caso percebam não terão coragem de abrir a boca
para falar merda na minha frente. Agora vamos para a mesa que não
tenho tempo a perder. Preciso ainda hoje mesmo fazer uma viagem
e não sei quanto tempo vou ficar fora.
Escutar isso mais uma vez parte meu coração.
Na minha inocência, realmente achei que ele fosse querer
ficar comigo na noite do nosso casamento, mas vejo que estou
completamente enganada.
— Você precisa mesmo viajar hoje, no dia do nosso
casamento?
Ele não se demora em me dar outra resposta grosseira.
— Não se iluda, garota, com que aconteceu ontem. Deixei
claro que não irá se repetir e quanto ao nosso casamento, sabemos
muito bem a finalidade dele. Agora vamos para a sala que estão
esperando por nós.
Oliver se afasta sem olhar para trás e tudo o que me resta é
acompanhá-lo.
A comida que parece estar deliciosa desce amarga na minha
boca, mas me forço a comer para quem ninguém perceba a minha
infelicidade no dia do meu casamento.
Minha mãe parece estar muito nervosa, eu a conheço e sei
que ela está disfarçando, só não entendo motivo de todo esse
nervosismo.
Ela está sentada bem ao lado de Fred que não tira os olhos
dela.
Segundo as apresentações de mais cedo, acabei descobrindo
que Fred é primo do meu marido. Isso explica os cuidados que ele
teve comigo quando estive na boate.
Ele parece temer muito o primo, mas tem mais coragem de
enfrentá-lo do que muitos. Pelo que percebi, eles parecem ter uma
amizade.
Fred é um homem muito bonito, ele é capaz de deixar as
mulheres de boca aberta, mas ele não tem as mesmas fisionomias
da família do meu marido. Pelo que minha sogra disse eles não são
primos de sangue, Fred foi adotado por uma tia de Oliver, mas eles
nunca o trataram de maneira diferente e o aceitaram na família de
coração.
Depois do jantar, conversamos mais um pouco com os
convidados que logo vão embora, deixando assim apenas Oliver e
eu na sala.
Olho para os lados e não encontro minha mãe em lugar
nenhum, acho que ela foi ao banheiro, ou em algum lugar da casa
acompanhada pela minha sogra.
— O motorista vai te levar para a sua mansão, onde estava e
nunca mais quero ver você vestida em um vestido como esse. Não
quero minha mulher mostrando os peitos por aí.
A minha vontade é de rir da cara dele.
— Você se importa com as minhas roupas? Esse vestido é
lindo e eu amei. Você deveria ser pelo menos um pouco mais
educado e ter me elogiado, afinal de contas para a sua família, agora
somos marido e mulher. Você nem mesmo conseguiu disfarçar o
quanto quer ficar longe de mim.
— Eu não tenho tempo para suas malditas reclamações
agora, preciso pegar um voo e não vou me atrasar ficando aqui
escutando você.
— Vai mesmo viajar e me deixar sozinha na nossa noite de
núpcias?
Ele volta a sorrir.
— Não tem noite de núpcias, Bruna. Em que mundo você
vive? Acho que já deixei bem claro mais de uma vez o motivo desse
casamento. Não se preocupe que vou cumprir todas as cláusulas do
nosso contrato começando por oferecer a sua mãe um lugar decente
para morar. Eu já providenciei um apartamento para ela e assim que
chegar de viagem vamos ao médico dar início ao processo de
inseminação artificial.
— Não vamos morar na mesma casa?
— De jeito nenhum, você terá a sua e eu terei a minha assim
vai ser melhor e poderá tirar da cabeça essa história de amor.
Eu me aproximo dele e levanto a cabeça, o olhando de igual
para igual.
— Quando eu for embora de vez da sua vida, nunca diga que
me afastei, pois, sempre demonstrei querer você e não um contrato.
Tenha isso em mente.
Eu o deixo completamente sem palavras e me afasto o mais
rápido possível indo atrás da minha mãe e da minha sogra.
Tudo o que quero é sair dessa casa o mais rápido possível.
CAPÍTULO 40
Lena Harper
Bônus
Ao chegar na casa da família Thompson depois de ser
informada da surpresa que meu futuro genro iria fazer a minha filha,
a primeira pessoa que vejo sentado na sala é ele, Fred.
— Seja bem-vinda de volta a nossa casa, Lena. — Leah, mãe
de Oliver, vem até mim me abraçando.
— É um prazer estar aqui novamente. Parece que nossos
filhos resolveram nos fazer uma surpresa.
— Nem me diga. Quando o assistente pessoal de Ollie
chegou aqui hoje pela manhã me informando dessa surpresa, achei
que fosse desmaiar. Mas deu tudo certo apesar da pressa. Creio que
meu filho deve amar muito sua menina para estar tão ansioso assim
pelo casamento.
— Espero que a senhora tenha razão, Bruna já é uma mulher
adulta e não posso interferir na decisão dela de se casar assim tão
rápido.
— Os jovens de hoje em dia são assim mesmo. Vai dar tudo
certo, não se preocupe com isso. Agora venha que vou te apresentar
o primo de Oliver, os outros convidados você já conhece.
"Primo do Oliver?", as palavras martelam na minha cabeça.
Não pode ser...
— Fred, querido, essa é a mãe da noiva, Lena Harper.
Ele se levanta me encarando e a vontade que tenho é de me
encolher em sua presença imponente. Fred continua tão lindo quanto
a última vez em que o vi.
— É um prazer conhecê-la, Lena. — Estende a mão.
Ao segurá-la, ele aperta mais forte do que o normal para um
cumprimento, fazendo todo o meu corpo se arrepiar.
— Vou deixá-los a vontade e vou ver se está tudo certo na
cozinha — Leah diz e se retira.
Minha vontade é de sair correndo atrás dela.
— Fred...
— Shiii… Não fala nada agora para não piorar a sua situação
que já não é nada boa.
Fecho os olhos diante da sua ameaça e respiro fundo
tentando manter uma calma que não tenho. Então, algo vem à minha
mente e volto a encará-lo.
— Bruna não pode se casar com Oliver, vocês dois são
primos e isso...
— Não se preocupe, não somos primos de sangue, fui
adotado pela família.
Sabia que ele era adotado, mas nunca passou pela minha
cabeça que era pela família Thompson.
— A NOIVA ESTÁ CHEGANDO! — Leah grita, me deixando
aliviada porque vou poder sair de perto dele.
Sem olhar para trás, corro até a porta para aguardar minha
filha.
Estou tremendo.
Não demora muito e ela aparece linda na minha frente, meu
único instinto é ir até ela e abraçá-la.
Entramos juntas e logo seu noivo se aproxima para recebê-la.
Eu me afasto um pouco dando privacidade aos dois e fico ao
lado de Leah, fugindo da presença de intimidadora de Fred.
Ele com certeza já deve saber de alguma coisa, por isso está
tão furioso.
Bruna e Oliver cumprimentam os poucos convidados já que
ele não quer expor a família à mídia e logo em seguida começa a
cerimônia de casamento.
Chego a derramar lágrimas de emoção ao vê-los trocando as
alianças.
Espero que minha filha seja feliz com esse homem.
Logo após a cerimônia, nos acomodamos na grande mesa
para jantar e Fred se senta ao meu lado, fazendo meu coração
acelerar dentro do peito.
Mas faço todo o esforço do mundo para não demostrar meu
pânico.
Depois do jantar, enquanto Bruna se despede dos convidados,
eu me afasto de todos e me escondo em um canto mais afastado da
sala. Pego uma revista que tem em cima de uma pequena mesa e
quando vou folheá-la sinto sua presença.
O perfume continua sendo o mesmo.
Fred está atrás de mim, cola seu corpo no meu e cheira meu
pescoço.
— Tão cheirosa quanto eu me lembrava.
Engulo em seco, porque meu corpo volta a sentir as mesmas
sensações de anos atrás, quando ele se aproximava de mim assim.
Nunca senti por outro homem o que senti por ele.
— Fred, por favor, não...
— Por favor!? Lili, a vontade que sinto é de rasgar sua roupa e
te foder por trás até te ver implorar por perdão. Você foi a porra de
uma maldição que rondou meus pensamentos por todos esses
anos... Como um demônio que não me deixou viver em paz — diz
cada palavras no meu ouvido, entredentes.
Sei que tenho que me afastar dele o mais rápido possível.
— Eu preciso ir. — Tento me afastar, mas ele segura meu
braço com força.
— Você não vai porra nenhuma, vem comigo.
Fred nem me dá chance de recusar ou fugir e sai me
arrastando pela casa. Entra em um corredor, para em frente a uma
porta que ele abre e me joga dentro, a fechando em seguida.
— Fred, o que você quer de mim? Não...
— Esse banheiro é longe o suficiente para que possa gritar
com você o quanto eu quiser e ninguém vai escutar.
— Fred...
— Porra, onde você estava com a cabeça quando resolveu
me deixar grávida, fazendo aquele verme assumir a criação da
MINHA FILHA.
Jesus Cristo, estou perdida!
Ele já sabe de tudo.
— A Bruna não é sua filha.
Ele sorri, mais furioso ainda, anda em minha direção e segura
meu pescoço com força, como se quisesse me matar.
— Eu fiz um teste de DNA, Lili, e ele deu positivo. Desde a
primeira vez que coloquei os olhos naquela menina eu soube que ela
era minha filha. Sua desgraçada, deveria te matar por isso.
— Então mata de uma vez — digo sem conseguir respirar
direito. — Me mata e mostra o monstro que você sempre foi.
Ele me olha nos olhos e solta o meu pescoço.
— Não consigo te matar sua infeliz e nem te fazer mal porque
nunca deixei de te amar. Agora, eu te odeio na mesma proporção
que te amo. Você não tinha o direito de me negar ser pai. Sabia
muito bem do meu desejo de ter um filho.
— Um filho, você queria um filho homem para herdar toda sua
fortuna ilícita, era isso que você queria.
— Você não sabe a merda que está falando. Tem noção de
como fiquei quando você foi embora com um homem de caráter
muito pior do que o meu.
— Eu não sabia que ele era...
— Não, você não sabia por que era idiota demais para
perceber que ele estava te enganando. E a troco de quê? Ele só
queria uma boceta para comer quando quisesse e você deu a ele de
muito bom grado.
Suas palavras me machucam e sei que ele está com raiva,
mas não vou permitir que me trate assim.
— Não vou ficar aqui sendo insultada por você desse jeito.
Bruna é minha filha e de mais ninguém.
Quando vou caminhar até a porta do banheiro, ele me puxa
novamente.
— Você vai ficar aqui até quando eu quiser, e vai escutar
caladinha tudo o que eu falar.
Já que ele quer que eu fique vai ter que responder as minhas
perguntas também.
— Como consegui fazer um exame de DNA em Bruna?
— Ela já foi algumas vezes na minha boate, não foi difícil
pegar o copo que ela usou e mandar para um laboratório.
— Você...
— Lili, quando eu te liguei avisando que o verme do seu
marido estava entrando em uma toca de lobos, nunca imaginei que
você fosse mandar a menina para tentar salvá-lo. Passei anos
procurando por você e quando finalmente encontrei, tentei te ajudar
de alguma maneira...
— Tentei impedir que ela fosse até aquele lugar, mas Bruna é
teimosa e não escuta ninguém.
— E será que ela puxou a quem? Já percebi que a língua dela
é muito pior do que a sua.
— Bruna sabe se defender. Agora ela está em boas mãos e
fez um bom casamento.
Ele dá uma gargalhada que me assusta muito.
— Você sabe quem é Oliver Thompson?
Essa pergunta me deixa em alerta.
— Eu...
— Se você me acha um monstro é porque ainda não
conheceu Oliver Thompson. Eu na frente dele sou peixe pequeno.
Você entregou a nossa filha nas mãos do próprio Diabo.
Coloco as mãos na boca chocada com o que escuto.
— Eu não sabia, não fazia...
— Eu sei disso. Mas ela vai ficar bem, vou ficar de olho nela.
Oliver mesmo não querendo admitir já está caidinho pela menina.
Tanto que ela já o tirou do sério inúmeras vezes e ainda está viva.
Hoje, ela se tornou a senhora de umas das famílias mais poderosas
do mundo.
— Tem alguma coisa errada nessa história.
— Tem, nisso eu concordo com você e vou descobrir o que é.
— Ele já sabe que ela é sua filha?
— Oliver sabe de tudo e não duvido nada que ele descobriu
isso primeiro do que eu, que sou o pai.
— Eu nunca contei para ninguém que Bruna é sua filha,
apenas eu e Bruce sabemos disso.
Fred já estava bem calmo, mas foi só de tocar no nome do
Bruce que sua fúria volta com tudo.
Ele avança em cima de mim novamente e me impressa na
parede ao lado da bancada da pia.
— Eu e meus homens demos uma surra tão grande naquele
desgraçado que deve estar até hoje andando por aí todo quebrado.
No dia que ele colocar os pés nessa cidade novamente, eu mesmo o
mato com as minhas mãos.
Eu não consigo segurar uma lágrima que rola pelo meu rosto.
— Você chora por ele mesmo depois da vida miserável que
ele deu a você e a minha filha? Você o ama tanto assim, Lili?
Nunca amei Bruce e só fui embora com ele porque estava
com medo de Fred por uma mentira que Bruce me contou e eu idiota
acreditei.
— Não, eu não o amo.
Ele aproxima mais o rosto do meu e pergunta:
— E quem você ama?
Já que a merda foi toda descoberta, não tenho mais motivos
para esconder meus sentimentos.
— Você. Eu amo você e sempre amei.
CAPÍTULO 41
Fred
Bônus
Escutar da boca de Lili que ela me ama, me faz perder
completamente o controle que estava tentando ter com ela.
Essa mulher foi a razão das minhas noites maldormidas por
anos e quando finalmente achei que estava superando sua perda,
ela esfrega uma filha na minha cara.
Uma filha que ela escondeu de mim.
— Se você me ama, por que não voltou?
Ela respira fundo, tremendo de medo.
Por mais que queria ensinar uma lição por ter escondido
minha filha, não gosto de vê-la acuada desse jeito.
— Não tinha coragem de te enfrentar. Eu tinha medo...
— Medo de mim, Lili? Do homem que te ama de verdade e
que estava disposto a te dar o mundo inteiro? Posso até ser o
monstro que fala, mas você é a luz da minha vida, sempre foi.
Ela me olha emocionada e não resisto. Beijo seus lábios que
sentia falta.
Ela não tem nem tenho tempo de reagir e mergulho a língua
em sua boca, procurando sentir a dela o máximo possível, para
aplacar a necessidade que meu corpo sente por ela.
Eu a seguro com força e a puxo para mais perto de mim.
Ela aceita todas as minhas investidas, completamente
entregue ao nosso momento. Sem resistir, levo minha mão até seus
seios e aperto por cima do vestido, a fazendo gemer dentro da minha
boca.
Fico excitado com os gemidos que há tantos anos sentia falta
de escutar.
Meus dedos tocam sua pele delicada enquanto ela passa as
mãos por meu corpo grande e musculoso.
E isso é o meu fim.
Coloco uma das pernas entre as dela, a forçando abrir as
coxas para me dar passagem. Sinto seu coração bater disparado no
meu peito.
Lili apesar dos anos, ainda é a mesma garota assustada.
Sinto meu pênis inchar dento da calça e minha vontade é de
possui-la aqui, nesse banheiro.
Mas tudo o que posso fazer agora é tocá-la de uma maneira
mais íntima e sei fazer do exatamente do jeitinho que ela gosta.
Coloco a mão por baixo do vestido e sinto o quanto sua pele
ainda continua macia e cheirosa.
Exatamente como me lembrava.
Aperto sua bunda, ela geme novamente e quando afasto a
calcinha para o lado, sinto o quanto está molhada.
É a minha vez de grunhir, desfazendo o nosso beijo.
— Porra, Lili! Está toda molhadinha, pronta para mim.
Ela ofega se segurando em meus braços.
— Fred...
— Você vai para a minha casa agora mesmo. Quero você na
minha cama e vou te foder do jeitinho que gosta até o dia
amanhecer.
— Mas e a nossa filha?
— Ela está sendo muito bem cuidada e vigiada pelos
seguranças do Oliver. Nada de ruim irá acontecer a ela, isso eu
garanto.
— Mais...
— Sem mais, Lili. Você é minha e não vou permitir que
nenhum filho da puta te tire do meu lado novamente. No momento
certo vamos conversar com a Bruna e contaremos a verdade.
Quando ela vai responder, escutamos uma batida à porta e a
voz de Oliver chamando do lado de fora.
Cretino, está me atrapalhando.
— Meu Deus é o Oliver, e agora?
— E agora nada, se recomponha que vou abrir a porta.
Ela ajeita o vestido e abro a porta dando de cara com Oliver
me encarando.
— Minha esposa está procurando pela mãe. Ela quer se
despedir para ir embora. Será que os dois já acabaram a conversa
privativa?
Debochado como sempre.
— Lili, vá até Bruna e se despeça dela. Me espera na
garagem e nem tente fugir de novo, pois, eu te encontro nem que
seja no inferno.
Pela primeira vez ela não me questiona e sai sem falar nada,
passando por Oliver de cabeça baixa, provavelmente morrendo de
vergonha.
— O que pretende com isso, Fred? Essa mulher é minha
sogra.
A minha vontade é de rir da cara dele.
— Você não tem moral para me questionar nada, primo. Não
vai nem mesmo passar a noite de núpcias com a sua esposa. Sua
sogra é mãe da minha filha e não vou abrir mão dela novamente.
— Então você acha que vai ficar comendo a minha sogra e
não vou fazer nada?
— Oliver, eu te respeito como chefe dos negócios e
principalmente como chefe da nossa família, mesmo sendo muito
mais novo do que eu. Mas você não manda na minha vida privada.
"Minha história com Lili é muito mais antiga do que você
pensa.
"Sua preocupação agora é cuidar bem da minha filha e fazê-la
muito feliz.
"Ela já sofreu demais nessa vida e não merece sofrer nas
suas mãos também.
"Eu te peço que se alguma vez você me viu como parte da
família, que não machuque o coração da minha menina, ou vai se
ver com comigo.
"Nem que isso me leve ao túmulo."
Saio da frente de Oliver, sem deixar que ele me responda,
mas percebi que o deixei sem palavras e isso nunca aconteceu.
É como se ele parasse para pensar em tudo o que falei e
espero sinceramente que ele não me obrigue a cumprir com minha
promessa.
Quando chego ao estacionamento da mansão, vejo Lili
acenado para o carro que está saindo, toda chorosa.
Com certeza ela vai sentir falta da filha, mas ficar perto da
Bruna agora não é mais uma opção.
— Vamos embora. — Dou a ordem caminhando em direção
ao meu carro.
— Eu não vou com você para lugar nenhum. O que vou fazer
agora é ir para minha casa.
Ela estava obediente demais para ser verdade.
— Vai entrar por bem ou por mal nesse carro?
— Fred, não somos mais dois jovens bobos e apaixonados.
Eu te amo e nunca deixei de amar, mas não vou entrar em uma
aventura de amor com você, não tenho mais idade para isso.
— Então vai ser por mal... Ótimo, por mim não tem problema
nenhum.
Eu me aproximo dela para pegá-la a força, quando começa a
falar:
— Tudo bem eu vou. Não se atreva a me jogar por cima do
ombro como fazia antigamente, não seja um homem das cavernas.
Adoro a língua afiada dessa mulher.
Como senti falta dela...
— Então entre na porra do carro, meu amor.
Ela entra batendo a porta toda afrontosa como sempre, do
jeitinho que me lembrava.
CAPÍTULO 42
Fred
Bônus
Saio da mansão em alta velocidade, pois, minha pressa de
chegar em casa é grande.
Pela graça de Deus, o trânsito me ajuda e, em poucos
minutos, chego ao meu humilde lar.
— Isso tudo é seu?
— É nossa, querida. Não é tão grande como a mansão
Thompson, mas creio que será o suficiente para nós dois.
Ela arregala os olhos como se estivesse falado a maior
loucura do mundo.
— Sabe que não tem cabimento nenhum morarmos juntos.
Sou uma mulher casada, esqueceu?
Abro a porta do carro, desço e vou até o lado do passageiro, a
tirando de dentro do carro.
— Se for preciso te deixar viúva para que eu possa ficar com
você, acredite que ficará. Encontrar aquele verme e mandar matá-lo
é muito fácil.
— Por Deus, Fred! Você ainda me pergunta os motivos por ter
fugido de você? Como pode ter sangue frio ao ponto de ter coragem
de fazer isso?
Eu a impresso na lateral do carro e a faço me encarar.
— Você teve um sangue muito mais frio do que o meu,
fugindo grávida do meu bebê e deixando que aquele verme infeliz
criasse a minha menina. Eu investiguei a vida de vocês e sei a vida
miserável que viveram todos esses anos. Você tirou meu direito de
ser pai e tirou da minha garota o direito de ter uma vida de princesa,
tendo todo o meu dinheiro à disposição dela.
— Ela nunca passou necessidade.
— Não!? Ela se formou por um milagre e caridade de outas
pessoas. Minha filha sofreu bullying na escola e na faculdade por ser
pobre. Andou em ônibus lotados podendo ter o carro do ano e ainda
permitiu que aquele verme a humilhasse...
— Por favor, pare, pare com isso...
— Até parece que você tem alguma dor na consciência. Se
não tivesse encontrado a Bruna naquela boate nunca ficaria sabendo
que tinha uma filha.
Ela coloca as mãos no meu rosto chorando.
— Eu sinto muito mesmo por ter feito isso. — Fica nas pontas
dos pés e me beija.
Rendido pelo poder que ela exerce sobre meu organismo e a
minha mente, perco a razão dos meus atos e seguro seu rosto,
trazendo a boca carnuda e suculenta mais para a minha. Entreabro
seus lábios com os meus e penetro a língua em sua boca.
Sinto que ela estremece e geme em meus braços.
Eu a quero como nunca quis nenhuma outra mulher.
Foram anos, querendo senti-la novamente e isso é
assustador.
O que sinto, só se confirma na forma enlouquecedora como
meu corpo corresponde ao dela.
Pego Lili no colo sem desgrudar nossas bocas e entro na sala
espaçosa. Deitando seu corpo delicioso no sofá e desço minhas
mãos por suas costas e quadris, sentindo cada pedacinho seu.
Ela também não fica atrás, mordisca meus lábios e desliza as
mãos delicadas pela minha barriga, até chegar ao cós da minha
calça.
— Eu quero tudo de você, Lili. Eu quero que seja minha como
antes — sussurro entre seus lábios. — Quero sua boca, seu corpo
delicioso... Eu quero tudo.
Lili geme quando afasto suas pernas com as minhas e deslizo
meus dedos entre suas coxas. Exploro cada curva do sexo
escorregadio, enfiando meus dedos entre os lábios da boceta
melada.
— Tão quente… Hoje, vou te comer de todas as formas
matando a saudade miserável que meu corpo sente do seu.
— Fred… — geme e me aperta mais.
Esfrego o clitóris endurecido e o prendo entre meus dedos,
fazendo Lili gemer enlouquecida.
Eu a seguro com mais firmeza e penetro o indicador no seu
canal.
Ela também não perde tempo e abre minha calça. Saio de
cima dela só para tirar a roupa e ela faz o mesmo com o vestido.
Ao me ver pelado, a safada passa a língua pelos lábios.
— Que saudade senti do seu corpo forte e musculoso.
Sempre foi em você que eu pensei quando... — Para de falar na
metade da frase, mas entendo bem o que ela quer dizer.
— Lili...
— Eu quero chupar você.
Meu Deus, essa mulher vai me fazer enfartar desse jeito.
— Você nunca quis fazer isso...
— Eu quero agora. Quero sentir o seu gosto assim como
muitas vezes sentiu o meu.
Chego a pensar que meu coração vai parar de bater com o
que essa mulher fala.
Eu fico olhando para ela sem reação, então Lili toma a
iniciativa de se levantar e se ajoelha na minha frente, sem desviar os
olhos dos meus.
— Se fizer alguma coisa errada você fala.
Eu nem tenho tempo de responder e ela segura meu pau,
passando a língua pela glande já melada.
Quando ela o engole por completo, é inevitável não gemer.
— Hummm... Porra, Lili, assim você vai acabar comigo!
A desgraçada sorri, mamando meu pau e seguro o cabelo
dela, a incentivando continuar, ditando o ritmo que está me levando à
loucura.
— Lili, se você continuar assim vou gozar na sua boca.
Ao invés dela parar, intensifica os movimentos.
Ver seus seios deliciosos, balançando, enquanto ela me
chupa com a visão do seu corpo nu é meu fim.
Eu me derramo na sua boca e quando penso que ela vai sair
e cuspir, me surpreende mais uma vez engolindo tudo, ainda passa
os dedos pelos lábios como se estivesse se deliciando com meu
gozo.
— Você continua pior do que era antes.
Ela sorri com o que falo.
— Agora é a minha vez, amor. — Levanto Lili pelo cabelo e a
jogo novamente em cima do sofá, subindo em cima dela. — É isso
que você quer, não é? — Beijo seus lábios descendo para seu
pescoço até chegar em seu ouvido. — Quer meu pau todo enfiado
dentro de você?
— Sim, eu quero — responde arfante.
Aperto o seu traseiro e dou um tapa forte em sua bunda
gostosa. Em resposta, ela geme e enfia as unhas em minhas costas,
tomada pela paixão que nos envolve.
Em um movimento brusco, a puxo para mim, segurando a sua
bunda com firmeza e abro as suas pernas, trazendo a boceta
arreganhada de encontro ao comprimento do meu pau.
Ela geme ao sentir meu membro pulsando entre os lábios da
sua vagina, esmagando e esfregando seu clitóris.
Cego pelo desejo, seguro o cabelo da sua nuca e a beijo.
Enfio e tiro a língua da sua boca, de forma imoral, dura e crua,
deixando claro que essa noite ela será minha e que farei o que
quiser com seu corpo.
Sem conseguir mais controlar meu desejo de possui-la, a
penetro duro e forte, fazendo com que ela diga meu nome, gemendo
alto. Isso faz com que meu tesão aumente ainda mais.
Nem parece que gozei há poucos minutos, mas com Lili
sempre foi assim.
Nunca tinha o suficiente dela, sempre a queria mais e mais.
— Isso, Fred, não para, continua fazendo assim.
Essa mulher vai me matar...
É como se os anos não tivessem passado para ela.
Continuo a penetrar, chocando nossos corpos um no outro da
maneira como ela pede. Seus gemidos aumentam demostrando o
tamanho do prazer que está sentindo e está sendo um inferno me
segurar para não gozar de novo antes dela.
Quando sinto os espasmos do seu corpo e maneira que ela
crava as unhas nos meus braços, gemendo meu nome, sei que ela
gozou. Então, me permito mais uma vez me derramar dentro dela,
satisfazendo as vontades do meu corpo e do seu.
— Você é minha e não vou permitir que saia do meu lado
novamente. — Essa é a sentença final.
CAPÍTULO 43
Bruna Thompson
Sete dias, cento e sessenta e oito horas, dez mil e oitenta
minutos, esse é o tempo que estou casada e o meu marido
simplesmente sumiu da face da Terra mais uma vez.
Logo após a cerimônia de casamento me despedi da minha
mãe, fui trazida para essa mansão e fui simplesmente abandonada
até mesmo por ela.
Mamãe anda muito estranha ultimamente e a última vez que
falei com ela, atendeu o telefone como se estivesse correndo uma
maratona. Quando perguntei o que estava fazendo, ela mentiu
dizendo que estava passando um pano rápido na casa.
Quem fica ofegante daquele jeito passando pano na casa?
Sem falar que ela não está mais na nossa antiga casa, fui
comunicada por um dos seguranças que ela já está muito bem
acomodada em um excelente apartamento do idiota do meu marido.
Há uma semana que a única coisa que faço é ir para o
trabalho e depois volto para casa.
Mais isso acaba hoje.
Só para desencargo de consciência, resolvo ligar uma única
vez para o cretino e como já esperava minha ligação não é atendida.
Entro no meu enorme e exagerado closet, procuro pelas
minhas roupas que os seguranças foram buscar na minha antiga
casa.
Ainda bem que mamãe colocou minhas roupas de treino na
mala.
Visto um short curto e colado, top e jogo por cima uma regata
de ginástica com alças largas. Amarro o cabelo em um rabo de
cavalo e estou pronta para ir mais uma vez à academia de boxer em
que costumo treinar escondida de todos.
Sei que dessa vez não vou ter como despistar tantos
seguranças, mas como minha intenção é provocar meu marido, para
que ele apareça, faço questão de ser seguida.
Desço a escada e quando passo pela sala, Mara, que é quem
toma conta de tudo aqui e apareceu juntos com outros empregados
no dia seguinte à cerimônia de casamento, me chama:
— Senhora Thompson, bom dia, seu café da manhã já está
servido.
Outra coisa que acho um exagero é ela perder tempo fazendo
um banquete, para mim, todos os dias.
— Já falei que não precisa disso, Mara, você serve um café
da manhã que serviria um batalhão inteiro.
— Eu só sigo ordens, senhora, e dessa vez não exagerei.
Venha tomar seu café da manhã.
Acabo concordando com ela e a acompanho até a sala de
estar onde está sendo servida a refeição.
— Sério que não exagerou dessa vez? Acho que pode
diminuir numa próxima.
— Senhora...
— Bruna, me chame de Bruna, por favor, Mara. Só tenho vinte
anos e você me faz me sentir uma velha ao me chamar assim.
— O senhor Thompson pode não gostar, temos que seguir à
risca todas as ordens passadas por ele.
Bufo chateada com isso.
— O senhor Thompson não está aqui, então você pode ficar
mais à vontade comigo.
— Ele pode não estar aqui, mas garanto para senhora que ele
sabe de tudo o que se passa dentro dessa casa. Ele tem olhos e
ouvidos em todos os cantos.
Quando ela fala isso, me lembro de uma coisa que Andreza
falou em uma de nossas últimas conversas no grupo “Projeto Oliver”.
Ela disse que todas as propriedades da família dela tem segurança
vinte e quatro horas, feita pela empresa do marido. Essa segurança
consiste em câmeras que usam tecnologia de ponta espalhadas
pelos cômodos da casa e área externa. Inclusive ela usou dessa
tecnologia várias vezes para tirar o marido do sério, se expondo para
as câmeras na área da piscina.
Achamos muita graça dela contando suas histórias no grupo.
Quando questionei o motivo dessa segurança toda, ela deixou
claro que homens bilionários, como é o caso do meu marido, tem
esse tipo de preocupação e que toda segurança é válida.
— Está querendo me dizer que tem...
— Tem sim, senhora — completa minha frase sem nem
esperar que eu termine de falar.
— Você fala com ele sempre?
Ela coça a garganta incomodada com minha pergunta.
— Responda. Desembucha tudo de uma vez e não ouse
querer me enganar. — Sou mais firme para que ela tome coragem de
me responder.
— Sim, senhora. Passamos relatórios diários da senhora para
o senhor Thompson. A sua alimentação é controlada por um
nutricionista e por um médico...
— Médico!?
A mulher para de falar e engole em seco.
— Sim, senhora, precisa estar saudável para gerar o herdeiro
do senhor Thompson.
Respiro fundo tentando me controlar para não descontar a
raiva nela que não tem culpa do meu marido ser um filho da puta.
Que Deus me perdoe por estar xingando minha sogra.
— Pode se retirar e avise ao motorista que vou sair.
— Sim, senhora. — Ela sai quase que correndo sem nem
olhar para trás.
Eu me sirvo de um copo de suco e um pedaço de bolo que
descem com dificuldade.
É inacreditável como Oliver consegue me tirar do sério.
Quando termino de comer, me levanto e ao chegar na sala,
meu celular toca. Sinto vontade de rir ao ver quem está me ligando.
A minha vontade é de não atender, mas não vou perder uma
oportunidade tão boa de provocá-lo.
— O que você quer? — pergunto já mostrando o quanto estou
chateada.
— Onde pensa que vai vestida desse jeito? Hoje é domingo,
fique em casa.
Ele só pode estar de brincadeira com minha cara.
— Onde você está?
— Não te interessa onde estou, Bruna.
— Então também não interessa ao senhor saber para onde
estou indo.
— Bruna...
Desligo na cara dele para deixá-lo pelo menos com a metade
da raiva que estou sentindo agora.
Saio da sala indo em direção à garagem com o meu celular
tocando, mas não vou atendê-lo.
Chego na garagem no exato momento em que o celular do
motorista toca e me apresso a pará-lo.
— Não ouse atender esse celular.
O homem me olha como se eu fosse louca.
— Mas, senhora, é o chefe.
— Não importa quem seja, ele não está aqui e quem dá as
ordens agora, sou eu, vamos logo.
Ele engole em seco e olha para o celular decidindo se faz o
que eu falo ou se atende o telefone.
— Vamos logo, homem, larga de ser frouxo. Ele não vai fazer
nada com você, e, se caso, tentar fazer algo me avise que resolvo a
bronca. Oliver não é páreo para mim. Ele cutucou literalmente onça
com vara curta.
— A senhora é muito corajosa.
— E vê se para de me chamar de senhora também. Você não
é idiota e já deve saber muito bem as circunstâncias que me levaram
a esse casamento. Não passo de uma barriga de aluguel para o
Oliver.
— Sinto muito pela senhora.
— Não sinta, foi meu pai que me colocou nessa situação
lastimável e fui idiota o suficiente para me apaixonar. Agora vamos.
Ele concorda com a cabeça, entra no carro e logo em seguida
entro no lado do passageiro.
— A senhora tem certeza de que vai sentada aí.
— O quê? Vai me dizer que até o lugar onde me sento o Oliver
controla?
Ele acaba sorrindo, então aponta para uma luz vermelha no
painel do carro e depois para o ouvido dele, com isso já entendo
tudo.
— Oliver é um idiota, cretino, que nunca vai conseguir me
controlar e mandar na minha vida. Agora vamos que ensino o
caminho.
O motorista tenta segurar o riso e acabo sorrindo da cara dele.
Saímos da mansão e logo percebo que estamos sendo
seguidos pelos seguranças, o que é um exagero.
Vou ensinado o caminho da academia que costumo treinar e
quando chegamos no endereço o motorista me encara.
— Tem certeza de que este é o lugar certo, senhora.
— Absoluta.
— Se a senhora está dizendo, tudo bem. Espero aqui e nem
adianta me mandar ir embora porque eu não vou, pretendo viver por
muitos anos ainda.
Eu entendo o que ela fala e não insisto no assunto.
Desço do carro e entro na academia onde já todos me
conhecem, principalmente o gato do treinador.
Não vou mentir, já tirei muitas casquinhas dele durante nossos
treinamentos assim como ele já passou a mão em mim, algumas
vezes, mas nunca passou disso.
— Olha só quem resolveu aparecer? Bruna Harper.
— A única, meu querido. — Vou até ele e o abraço forte.
O safado já vai passando a mão na minha bunda.
— Durinha como sempre.
— Ainda vou quebrar sua mão boba.
— Ah, então isso quer dizer que posso quebrar a sua.
— Engraçadinho.
Sorrimos juntos.
— E aí, como foi a formatura?
— Ótima e agora trabalho oficialmente na galeria de arte com
um excelente salário.
Ele passa a mão pelo meu pescoço e me puxa para ele.
— Fico feliz por você, baixinha, merece essa conquista. Agora
vamos treinar que sei que foi para isso que veio. Depois podemos
almoçar juntos no shopping e colocar o papo em dia.
CAPÍTULO 44
Oliver Thompson
Bruna, Bruna, Bruna...
Maldita mulher que não sai dos meus pensamentos!
Sei cada passo que ela dá dentro e fora de casa.
Durante a semana que passei fora, ela me ligou algumas
vezes, mas não atendi.
Estou tentando manter uma distância segura dela para tentar
recuperar meu autocontrole.
Não quero ser grosso com ela e nem a tratar mal, e essa
viagem de negócios veio a calhar, pois, seria um inferno ficar perto
dela depois de tudo o que aconteceu entre nós dois.
Como não gosto muito de ficar em hotéis tenho um
apartamento em todas as cidades para onde costumo viajar a
negócios, isso facilita minha vida.
Pego o notebook e resolvo ver o que a minha querida esposa
está fazendo nessa manhã tão linda de domingo, já que agora pouco
recebi uma ligação dela quando estava no banho.
Ao acessar as câmeras de segurança, vejo que ela está
sentada à mesa com um lindo café da manhã a sua disposição,
assim como ordenei que fizessem.
Mas percebo que ela está muito séria, conversando com
Mara, a governanta, que coloquei na mansão para ficar de olho nela.
Porra, ela sabe como intimidar os empregados já que obriga a
mulher a abrir o bico.
Depois que Mara sai praticamente correndo para longe de sua
presença, ela se levanta e é aí que a porra do autocontrole que
achava que estava recuperando vai por água abaixo.
Mas que porra de roupa é essa que ela está usando?
Pego o celular e rapidamente ligo para ela. Vejo pela câmera
a sua surpresa em ver que sou eu quem está ligando.
— O que você quer? — Ela já atende o telefone com raiva e
sei que é pelo que Mara acabou de relatar a ela.
— Aonde você pensa que vai vestida desse jeito? Hoje é
domingo fique em casa. — Percebo que ela não gosta nada do que
eu falo e responde minha pergunta com outra.
— Onde você está?
— Não te interessa onde estou, Bruna.
— Então também não interessa ao senhor saber para onde
estou indo.
— Bruna...
A infeliz gostosa nem espera eu terminar de falar e desliga na
minha cara.
Tento retornar à ligação, mas ela simplesmente ignora e ainda
impede que o motorista me atenda. Para completar ainda tem a
coragem de me xingar dentro do carro.
Essa mulher vai ser o motivo do meu cabelo branco.
Já que não consigo falar com ela e nem com o motorista, que
parece resolver mudar de lado, ligo para os seguranças e logo no
primeiro toque sou atendido.
— Chefe!
— Não tirem os olhos da minha mulher, quero saber para
onde essa infeliz está indo.
— Pode deixar chefe, logo passaremos mais informações.
Desligo o telefone nervoso.
Resolvo responder alguns e-mails enquanto aguardo
informações do paradeiro da minha esposa teimosa.
Não demora muito até que meu celular apita com uma
notificação de mensagem e ao abrir o aplicativo, sinto que meu
coração vai sair pela boca.
Minha mulher está em uma espelunca de academia de boxer,
abraçada a outro homem que está com a mão na bunda dela.
O pior é que ela parece gostar muito disso.
As outras fotos que seguem são dela treinado com o mesmo
homem, e a cara que ele faz para ela me faz querer matá-lo.
Eles rolam pelo chão e em várias fotos ela está por cima dele
já em outras ela está completamente montada no homem.
Eu mato essa mulher hoje!
Eu tento me organizar o mais rápido possível para voltar para
casa e ensinar uma lição para a infeliz, mas infelizmente meu jato só
vai poder decolar ao meio-dia o que para mim, é um inferno.
Tudo o que me resta fazer é esperar.
Já próximo do meio-dia vou para o aeroporto, mas antes de
embarcar ligo novamente para o segurança que está seguindo minha
mulher.
— Senhor.
— Onde ela está agora?
— Em um restaurante no shopping, almoçando com o
treinador de boxer.
Chego a paralisar ao escutar isso.
— Ela está no shopping almoçando com outro homem, vestida
daquele jeito?
O homem do outro lado da linha está respirando fundo.
— Logo depois do treinamento, os dois entraram em uma
espécie de casa que tem ao lado da academia. Demoraram um
tempo até que razoável lá dentro e quando saíram, ela estava com o
cabelo molhado e vestida com outra roupa.
Vou matar a minha esposa e depois vou matar o maldito
treinador.
— Você está insinuando alguma coisa?
— Não, senhor, mas não precisa ser um gênio para saber o
que pode ter acontecido lá dentro daquela casa.
— Estou voltando para casa, faça o seu trabalho e mantenha
as suas suposições para si mesmo. — Desligo o telefone e entro no
avião.
A viagem de volta parece demorar mais tempo do que o
previsto tanto que quando chegamos já se passa das sete da noite.
Meu motorista já me aguarda e quando entro no carro logo
dou a ordem para que me leve direto para a mansão de Bruna.
Hoje ela tem muito o que me explicar.
Ao chegar na casa e entrar na sala, Mara se assusta com
minha presença, é como se a mulher estivesse vendo um fantasma.
— Senhor Thompson, o que está fazendo aqui?
Mas que porra de pergunta é essa?
— Que eu saiba essa é minha casa também e posso aparecer
aqui quantas vezes eu quiser.
— Tem razão, senhor, me desculpa. O senhor vai querer
jantar?
— Onde está minha mulher?
Ela engole em seco.
— A senhora Thompson saiu pela manhã e ainda não
retornou.
Respiro fundo tentando me controlar.
— Sirva o jantar, vou tomar um banho e já desço. Espero que
as roupas que mandei entregar aqui já estejam arrumadas no closet
da minha esposa. — Enquanto ainda estava no apartamento mandei
trazer algumas roupas minhas para cá.
— Já estão todas organizadas como o senhor pediu.
— Ótimo. — Estou me virando para sair quando ela me para.
— O senhor vai dormir aqui?
Me viro para ela e respondo de maneira grosseira, pois, já
está me fazendo perder o pouco de paciência que tenho.
— Se me fizer mais uma pergunta besta como essa, corto sua
língua.
Ela põe a mão no peito, assustada.
— Me perdoa, senhor, vou servir o jantar agora mesmo. — Ela
se vira saindo.
Subo a escada indo para o quarto principal, abro a porta e ao
entrar o perfume de Bruna invade minhas narinas.
O perfume dela é maravilhoso, o cheiro daquela mulher é de
enlouquecer qualquer homem.
Tiro a roupa e entro no banheiro observando como ela
organizou suas coisas.
Cada creme em seu devido lugar.
Agora meus produtos de higiene também se encontram ao
lado dos dela, essa vai ser uma bela surpresa para minha esposa.
Não pretendo morar aqui, mas se ela quer jogar, vamos jogar
então.
Tomo um banho rápido e assim que termino entro no closet.
Visto uma calça de flanela confortável e camisa de algodão.
Desço para jantar e nada da minha querida esposa aparecer.
Me sento na cabeceira da mesa como tem que ser e Mara me
serve completamente desconfiada, sem abrir a boca para falar uma
única palavra e é assim que gosto.
Logo que termino de comer, volto para o quarto e ao olhar as
horas, vejo que já são quase nove da noite.
Escovo os dentes e me sento na poltrona ao lado da cama,
apagando todas as luzes.
Quero pegar a meliante da minha esposa no flagra e ninguém
vai dizer uma palavra a ela sobre eu estar aqui.
Espero pacientemente.
Passa quase meia hora, vejo a porta do quarto sendo aberta e
quando Bruna acende a luz, digo:
— Isso não são horas de uma mulher casada chegar em casa.
Tem muito o que me explicar, querida esposa. A coisa não está muito
boa para o seu lado e muito menos para o lado do seu querido
treinador que já deve estar recebendo meus cumprimentos uma hora
dessas.
Bruna está completamente pálida, me olhando como se eu
fosse o Diabo na frente dela.
Não fiz nada com o treinador ainda, mas ela não precisa saber
disso.
CAPÍTULO 45
Bruna Thompson
Não estava nos meus planos, passar o dia todo com Roger
que além de ser treinador na academia é um bom amigo.
Gosto da sua companhia e gostei muito de passar meu
domingo com ele, admito estava precisando disso.
Ele não percebeu os seguranças nos seguindo e consegui
dispensar o motorista sem que ele notasse também.
Eu tinha certeza de que Oliver iria ficar sabendo da minha
pequena aventura de hoje, mas o que realmente não esperava era
encontrá-lo no meu quanto quando chegasse em casa.
Estou completamente paralisada na porta olhando para ele
depois de escutar mais uma de suas ameaças e temo pelo que pode
acontecer com Roger.
— O que está fazendo aqui? Quem deu autorização para
entrar no meu quarto?
Ele solta seu sorrisinho debochado e sinto a raiva começar a
me dominar, o que não é nada bom porque sempre acabo falando o
que não devo.
— Que eu saiba essa casa é minha, assim como a mulher que
coloquei para morar dentro dela.
— Agora você lembra que tem uma mulher? Não parece. —
Entro de vez no quarto e fecho a porta.
Jogo minha mochila com a roupa que saí pela manhã em um
canto e tiro o tênis. Pego o celular e quando estou procurando o
contato de Roger sinto o aparelho ser arrancado das minhas mãos.
— Mais que porra, Oliver! O que você quer?
— Para quem ia ligar? Para o seu amante? Quer saber se ele
ainda está vivo?
Eu juro que tento, mas não consigo me controlar com ele se
referindo a mim, como uma mulher que tem coragem de trair o
marido.
— Não sou da mesma laia que você, então me respeite.
Respeito é o mínimo que você pode me dar.
— Respeito? Você que a porra de respeito? Você não estava
se dando respeito quando deixou outro homem passar a mão pelo
seu corpo naquela espelunca de academia. Você claramente estava
gostando. Nunca mais se atreva a pisar naquele lugar, eu não admito
isso.
Não estou acreditando no que estou ouvindo.
Eu me aproximo bem dele, levantando a cabeça para encará-
lo nos olhos.
— Como ousa me cobrar alguma coisa? Você não tem um
pingo de moral para me cobrar nada, senhor Thompson. Não depois
do que aconteceu entre nós dois.
Oliver me olha com intensidade, dá um passo na minha
direção e recuo.
— Você não pode...
— Eu não posso o quê, Oliver? Ficamos juntos, fizemos
amor...
— Eu não faço amor, Bruna.
Eu vou até ele e dou um tapa forte na sua cara.
— Você fez amor comigo e no dia seguinte foi a nossa
cerimônia de casamento, mas você nem mesmo olhava direito na
minha cara. Ainda agiu feito um grande idiota.
"Não satisfeito em me ignorar daquele jeito, logo depois do
casamento me mandou de volta para casa e sumiu por uma semana.
Sem contar que não atendeu nenhuma das minhas ligações".
Aponto o dedo na cara dele que me olha incrédulo por ter
dado um tapa na sua cara.
Ele segura meu pulso com força que chega a doer.
— Você não...
— O seu vocabulário tem muitos nãos, Oliver, e eu queria
muito que meu corpo obedecesse meu lado racional nessa história,
porque assim mataria todo o sentimento que tenho por você. Mas
ainda meu lado emocional e sentimental falam mais alto.
"Quanto mais você me magoa, Oliver, menos eu choro.
Quanto mais você me quebra, menos eu choro por você e no dia que
me cansar dessa merda toda vou embora e não tem contrato no
mundo que vá me obrigar a ficar com você.
"Se não quiser que te odeie, deixe o Roger longe dessa
história porque é você quem eu ainda amo e amo demais para ter
coragem de te trair, mesmo você não sentindo o mesmo por mim".
Puxo o pulso do seu aperto e ele solta, me encarando.
Entro no closet, fecho a porta, tiro a roupa e quando vou pegar
o roupão me dou conta das roupas dele, arrumadas perfeitamente
logo ao lado das minhas. Chego a sentir um frio na barriga só de
imaginá-lo morando aqui, dormindo ao meu lado todos os dias.
Saio do closet e o vejo deitado na cama, mexendo em um
tablet. Ele não levanta as vistas para me olhar então entro no
banheiro completamente nervosa porque parece que hoje ele vai
dormir aqui.
Entro no box e tomo um banho demorado. Lavo meu cabelo,
assim que termino me enxugo e passo uma generosa camada de
hidratante em meu corpo. Saio logo em seguida voltando a entrar no
closet sem que Oliver direcione o olhar para mim.
Procuro pela camisola mais sexy que tenho.
Amanda pareceu adivinhar que precisaria de algo assim. Foi
ela que me deu de presente dizendo deveria usar na minha noite de
núpcias, mas como não tive um marido presente na noite do meu
casamento, a guardei.
Depois de vestir a peça que faz conjunto com uma calcinha
minúscula de renda, me sento de frente para a penteadeira que
tenho dentro do enorme closet. Começo a desembaraçar meus fios e
procuro pelo secador de cabelo.
Assim que eu ligo, sinto Oliver atrás de mim.
— Deixa que eu faço isso. — Toma o secador das minhas
mãos e o encaro através do espelho.
Nossos olhares cruzados dizem tudo o que nossos lábios não
têm coragem de dizer.
Eu não falo nada e ele também não, e assim em silêncio ele
toca meu cabelo começando a secá-lo de forma carinhosa.
Ele faz todo o processo cuidadosamente, como se já tivesse
feito isso antes e só de imaginar isso meu coração acelera.
— Pronto. Não é bom molhar o cabelo assim à noite você
pode ficar resfriada.
Volto a encará-lo pelo espelho e faço a pergunta que está
entalada na minha garganta.
— Você já tinha feito isso antes? Parece ter experiência.
Ele não responde, coloca o secador de cabelo em cima da
penteadeira e se vira para sair.
— Oliver!
Ele para e sem me olhar, responde:
— Eu já fiz isso sim, várias vezes, secar o cabelo dela era
meu momento favorito do dia.
Engulo em seco o bolo que se forma em minha garganta.
— Dela?
— Sim, da mulher que me transformou no monstro que hoje
eu sou. É por causa daquela infeliz que hoje não posso me permitir
amar minha esposa.
Percebo agora o quanto Oliver é um homem quebrado e
machucado por alguma coisa muito séria que aconteceu em seu
passado.
Eu nunca o tinha visto tão vulnerável como estou vendo
agora.
— Você ainda a ama?
— Não.
— O que aconteceu com ela? — Sei que posso estar
passando limites agora, mas é a primeira vez que entramos em um
assunto assim e preciso saber onde estou pisando.
— Está morta — responde de forma seca como se não tivesse
emoção em falar isso.
— Como ela...
— Você faz perguntas demais. Deve aprender a hora de parar
e não entre nesse assunto novamente comigo porque tenho certeza
de que não vai gostar nadinha do que vai escutar.
— Você pode se abrir comigo, Oliver, somos um casal, sou
sua mulher, nos...
— Não somos um casal de verdade, Bruna, esse casamento
tem apenas uma finalidade e você sabe muito bem qual é.
Concordou com isso quando assinou aquele contrato.
Agora sim ele se vira na minha direção novamente.
— É você que está querendo complicar as coisas, tornando
tudo mais difícil do que deveria ser. Eu não quero um relacionamento
e sempre deixei isso muito claro a você, o que eu quero é um filho e
continuar vivendo a minha vida...
— Como vivia antes de eu impor a você fidelidade a um
casamento por contrato — completo sua frase, o interrompendo.
Essa é uma das poucas vezes que Oliver e eu conversamos
sem brigar e vou aproveitar a oportunidade para virar o jogo ao meu
favor, usando a possessividade que ele tem sobre mim.
CAPÍTULO 46
Bruna Thompson
Eu me levanto, caminho até onde ele está e paro na sua
frente. Assim que ele nota o tamanho da minha camisola, passa os
olhos pelo meu corpo de forma descarada.
Era essa a reação que queria que ele tivesse.
— Muito bem, Oliver, eu aceito isso.
Ele franze a testa me olhando.
— Aceita o quê?
— O que você quer. Um casamento sem fidelidade.
Agora além da testa franzida trava o maxilar.
— Nada com você é fácil assim, o que tem em mente?
Dou mais um passo em sua direção.
— Eu já entendi que você não me quer, e claramente não me
deseja também. Eu já disse que te amo mais de uma vez e mesmo
assim você insiste sempre na mesma conversa de que não posso
me apaixonar, que o nosso casamento é apenas um contrato e blá,
blá, blá... Pois bem, eu aceito isso. Aceito viver sob os acordos do
nosso contrato.
— Bruna...
— Não é isso que você quer? Estou apenas aceitando as
suas regras por mais que elas me doam. É melhor matar esse amor
agora do que me permitir sofrer cada dia mais com ele.
Agora é ele quem diminui ainda mais a distância entre nós
dois.
— O que você quer dizer com isso?
— Você está livre para ter quantas mulheres quiser, eu não
vou me importar mais.
— Não vai?
— Não. Assim como não vou mais me importar com seus
casos, você também não vai se importar com os meus. Afinal assim
que eu tiver o bebê, você vai se divorciar de mim. Preciso começar a
conhecer outros homens já que provei da fruta e gostei muito do que
eu comi.
Ele vem para cima de mim com tudo, segura no meu pescoço
e me imprensa na parede ao lado da porta com os olhos vermelhos
de raiva.
— Você...
— Oliver, para com isso, olha o que você está fazendo? Não é
isso que você quer?
Ele me encara profundamente e desce a mão do meu
pescoço para meu seio.
— Eu, eu...
— É isso que você quer ou não, Oliver? Você tem que se
decidir para que eu possa planejar meu futuro. Eu não posso
simplesmente aceitar viver assim pelo resto da minha vida, preciso
viver, Oliver. Quero amar e ser amada também. Queria muito que
você fosse o homem a me amar, mas se não pode me dar isso
também não pode me prender a você desse jeito. Não seria justo.
Oliver soca a parede com força ao lado da minha cabeça, me
assustando.
— Porra, Bruna... Eu sei que não é justo com você, mas eu...
Eu não consigo nem mesmo imaginar você com outro homem. Eu
mato qualquer um que se aproximar de você, que tente te tirar de
mim.
Eu tento, mas não consigo segurar as lágrimas que rolam pelo
meu rosto.
Passo a mão pelo rosto de Oliver fazendo carinho.
— Então fala, Oliver, eu preciso saber o que você realmente
sente. Preciso saber se tem pelo menos a mínima possibilidade de
um dia se apaixonar por mim, me amar assim como eu te amo.
Ele passa a mão pela minha nuca e encosta as nossas testas.
— Bruna... Eu... — Não termina de falar e toma a minha boca
em um beijo desesperado.
Ele me beija como se quisesse expulsar da minha mente o
que falei.
O beijo se aprofunda e começo a ficar quente, excitada e
ansiosa.
Não sei o que acontece, mas quando sua boca desce para
meu pescoço, é difícil demais de resistir.
Deslizo minhas mãos por seu peito, desço pela barriga E seus
músculos se contraem.
Amo tocar seus músculos definidas.
Ele é todo definido.
Levo minhas mãos para os seus ombros e lentamente tiro sua
camisa.
Ele permite se afastando e logo a camisa está no chão, assim
como seus olhos estão colados nos meus. Meu coração acelera,
falta ar nos meus pulmões e mordo a boca nervosa, pois, sei que ele
me encara pedindo permissão.
Quando não digo nada, ele envolve minha cintura com seu
braço, apoia a mão em minhas costas e me leva para a cama, me
deitando tão suave que fico emocionada.
Paira seu corpo sobre o meu, deixa os braços dobrados ao
lado do meu rosto e as pernas abertas.
Seu corpo não está tão perto mesmo assim sinto seu calor.
Subo meus olhos para os seus e parece que faltava isso para
ele descer o rosto e tomar meus lábios furiosamente.
Meu gemido é carente.
Deixo minhas mãos irem para seu pescoço e Oliver deita seu
corpo sobre o meu. Seu peso me deixa receosa, no entanto, eu
gosto.
Oliver aperta os lábios quando olha nos meus e não espero
muito para sentir nossas bocas unidas mais uma vez.
Estou consciente de cada respiração, seu corpo se mexendo
em cima do meu e os movimentos das minhas mãos.
Toco seus ombros, as costas e quando menos espero, ele me
agarra forte. Ele nos gira no meio da cama, estou por cima e ele se
senta, se ajeitando para poder me sentar em suas pernas.
Nossos olhos não se afastam.
Oliver tira a minha camisola e sem que espere rasga a minha
calcinha. Ele para de respirar encarando minha nudez.
— Linda e todinha minha — sussurra e parece que é para ele
mesmo.
Engulo em seco e não sei o porquê.
Seus dedos tocam minha barriga e deslizam pelo meio do
meu corpo até segurar meu queixo. Puxa para si e perco o fôlego.
Movimento meu corpo sem perceber, me esfregando na sua
perna.
Eu o agarro e ele me agarra também.
Nos beijamos devorando um ao outro e sinto ansiedade,
paixão, desejo...
Adoro quando ele me toca e me faz gemer.
Nesse momento, Oliver é pura ganância querendo tomar meu
corpo inteiro para si.
Suspiro apertando seu cabelo e o deixo me deitar na cama
para ficar em cima de mim. Eu me esfrego nele, pois, não sei se vou
aguentar só seus beijos e toques.
— Oliver — gemo em seus lábios.
Seus braços me envolvem forte e ele apoia a testa na minha,
como se perdesse as forças.
Eu não quero que ele se afaste.
Ergue seu olhar e vejo uma luta interna ficar visível em seu
semelhante, talvez seja pelo que ele falou mais cedo.
— Apenas me beije — imploro.
Não sei o que passa na cabeça dele porque me aperta em
seus braços.
Porra!
Sinto sua pele na minha, meus seios colados no seu peitoral
forte e musculoso.
Uma corrente elétrica me atravessa dos pés à cabeça, meus
mamilos estão duros e consigo sentir uma umidade na minha boceta.
Estou excitada, molhada, tanto que acho que molho sua calça.
Respiro apressada e eufórica, e entrelaço meus dedos em seu
cabelo. Oliver corre as mãos por meu corpo e aperta minha bunda.
Por reflexo, empurro meus quadris para cima e isso faz minhas
pernas ficarem mais abertas.
— Eu vou te chupar todinha hoje.
Sinto meu coração acelerar mais ainda com essa promessa,
pois, tudo o que quero é que ele faça o que está falando.
— Eu quero muito isso — digo desavergonhadamente.
Não consigo resistir a esse homem.
CAPÍTULO 47
Bruna Thompson
Ele me dá um sorriso de lado, beija minha boca e fica de
joelhos entre minhas pernas. Sem desviar o olhar, coloca dois dedos
em sua boca e os desliza em minha pele até tocar os lábios do meu
sexo. Em resposta jogo a cabeça para trás, agarro as cobertas e
sinto um choque em meu clitóris.
Fecho os olhos e apenas sinto seus dedos acariciarem minha
carne. Eu me ofereço abrindo mais as pernas, impulsiono os quadris
para a sua mão e com o polegar ele afaga a ponta do meu clitóris.
Solto outro gemido e estico as mãos para tocá-lo, mas ele
afasta minha mão.
— O que foi?
— Deixe suas mãos para o alto.
— Não posso te tocar?
Oliver deita seu corpo sobre o meu de novo, beija minha boca
e diz com a voz rouca:
— Quero que você feche os olhos e aproveite.
Engulo em seco, o vejo se afastar e sair da cama tirando a
calça junto com a cueca.
E impossível não passar a língua pelos lábios, o homem é um
verdadeiro deus grego com seu pau comprido e largo. Não tenho
com o que comparar, mas aquilo que ele tem entre as pernas é
fenomenal e sei disso porque já o tive dentro de mim antes.
— Fecha os olhos — ordena e encho meus pulmões de ar.
Fecho os olhos e jogo a cabeça para trás.
Ele dá um chupão no meu pescoço, que se transformam em
beijos e vai descendo. Agarra meus seios, junta os dois e beija cada
um deles.
Solto um gemido e me esforço para não puxar seu cabelo.
Sua boca desce para minha barriga, beija e não para de
descer até estar na minha virilha e beijar os lábios do meu sexo.
— Oliver... — Escapa da minha boca um gemido ao chamar
seu nome.
— Me chame de Ollie, querida.
Ao escutar isso me lembro de quando ele falou que esse
apelido não era para meus lábios e por um momento me sinto
magoada.
— Você disse que esse apelido não era para meus lábios,
lembra disso?
Em vez de responder, ele dá um tapa forte na minha coxa que
chega a arder.
Tudo que consigo fazer é gemer gostando da sensação e ele
percebe isso.
— Eu falei isso antes de torná-la minha. — Desfere outro tapa
forte na minha outra coxa sabendo que gostei do primeiro.
— Me chama de Ollie.
— Ollie...
Dá uma risadinha baixa.
— Hoje não, mas vou te ensinar umas coisinhas que sei que
vai gostar muito.
Sem que eu espere, ele começa a me lamber, suave no
começo, como se estivesse me provando.
Oliver solta sons como os meus, gemidos e a respiração está
afoita.
Um dedo desliza vagarosamente para dentro de mim
enquanto sua língua lambe a pontinha sensível do clitóris.
— Você está pingando por mim, querida.
Dou um grito e fico de boca aberta, querendo silenciosamente
que ele faça o que quer.
Eu quero tudo dele.
Grito ao sentir sua língua circular .
Ele brinca comigo, me provoca, me excita e quando começa a
ficar difícil respirar, tira o dedo.
Porra, logo sua língua está dentro de mim.
— Ollie...
Eu vou enlouquecer, meus pensamentos estão
descoordenados e confusos, parece que vou incendiar.
Ele continua me chupando sem piedade e mete o dedo de
novo dentro de mim.
Arqueio a pélvis para cima, cravando os calcanhares na cama,
levando minha boceta na direção da sua boca.
Oliver faz um som rouco com a garganta, dá uma chupada
bem forte no meu clitóris e arregalo os olhos.
Fito o teto do quarto sentindo um nó sendo desfeito dentro de
mim.
É doloroso e gostoso, mais forte do que a sensação que senti
na primeira vez em que ficamos juntos.
Sinto a cama afundar e quando olho em seu rosto estou
vendo tudo turvo.
— Você está bem?
Engulo em seco e balanço a cabeça dizendo que sim.
— Quero que me beije, eu quero mais de você.
Nem preciso dizer duas vezes, ele se aproxima, pego seu
rosto e trago sua boca para a minha.
Ele não consegue ficar por muito tempo se apoiando nos
braços.
Seu beijo tem meu gosto e é estranho, não é exatamente
ruim.
Eu me grudo nele, me esfrego sentindo um calor nascer de
novo dentro de mim e adoro sentir sua ereção roçar no meu clitóris.
— Porra! — Ele aperta minha cintura e abro mais as pernas.
Deixo sua ereção deslizar e rebolo, fazendo um afago
tentador na minha intimidade.
— Puta que pariu!
Sua boca raivosa toca a minha, lambendo e chupando minha
língua, mordendo o lábio e sugando.
Eu adoro seus beijos.
Nos abraçamos com as pernas e braços e nos esfregamos.
Ele leva uns bons minutos me beijando enquanto eu me
esfrego nele.
Sinto que estou deixando seu pau molhado com a minha
excitação e me sinto tão viva e sexy.
Sua boca descola da minha e então está nos meus seios.
Chupa meus mamilos com força tanto que chega a machucar. Morde
a pontinha e arranho seu couro cabeludo.
Meu corpo se move involuntário.
É demais!
Jogo a cabeça para trás e tão logo sinto sua língua raspar
meu pescoço., como se não fosse o suficiente para me deixar com
os nervos sensíveis.
Oliver se posiciona em cima de mim, pega seu pau e passa a
cabeça no meu clitóris até meu núcleo. Ele vai um pouco mais
embaixo, espalhando minha excitação, me melando e mete só a
pontinha em mim.
— Oliver, se você não parar de me torturar vou te matar.
Oliver sorri e gemo alto espalmando as mãos para o alto,
procurando algo para me segurar. Ele entrelaça nossos dedos.
— Você gosta do meu pau dentro de você? — pergunta me
penetrando forte.
É uma sensação, ao mesmo tempo, boa e reprimida.
Aperto sua mão que está entrelaçada na minha e me acalmo
para receber mais dele dentro de mim.
É a minha segunda vez fazendo sexo e anda sinto um pouco
de desconforto mesmo estando muito lubrificada.
— Gosto muito — respondo com a respiração acelerada.
Seus braços vão para debaixo do meu corpo e me seguram,
faço o mesmo espalmando as mãos nas suas costas e acaricio sua
pele.
Seus olhos estão atentos aos meus.
Sinto desejo e paixão.
Ele repete o movimento várias vezes, tirando e metendo seu
pau até o fundo e o jeito que estou molhada junto com seus beijos,
me deixam leve e calma.
Sou dele, toda dele assim como não se cansa de repetir
enquanto me penetra profundamente, me fazendo incendiar.
Perco as contas das estocadas que ele dá, só sei que em
algum momento reviro os olhos e arranho seu ombro.
Minha boca se abre soltando o ar e puxando.
O calor no meu pescoço, seus beijos e mordidas...
Eu adoro o jeito que ele me abraça.
Suas coxas se encaixando embaixo das minhas, empurrando
minhas pernas para cima e me abrindo.
Como pode ser tão incrível?
Uma leve dorzinha continua lá no fundo de todo o prazer que
explode em mim.
Seu pau está tão duro e ele não tem piedade de ir até o fundo.
Oliver se move mais rápido e sinto minha boceta se contrair,
apertando-o dentro de mim.
— Oh... Porra, Bruna — resmunga gemendo no meu ouvido,
empurrando mais algumas vezes.
Choca seu corpo no meu, indo no meu clitóris.
Começo a gozar e ele se soltar.
Fode com força e me agarro em seus ombros para aguentar
sua força enquanto seu orgasmo toma conta do seu corpo.
Eu me sinto cheia dele.
Quando abro os olhos, ele está em cima de mim, a respiração
acelerada e as mãos ao lado do meu rosto, assim como os braços
fortes esticados.
Ganho um beijo nos lábios e quando ele tenta sair de dentro
de mim eu o seguro.
— Eu te amo, Oliver. Por enquanto ainda vou continuar
aceitando viver com você desse jeito, mas não demore a se decidir,
pois, não vou esperar para sempre.
Ele me olha profundamente e beija a minha testa.
— Eu sei que não — diz saindo de dentro de mim.
Ele me pega no colo e logo em seguida me leva para o
banheiro.
CAPÍTULO 48
Bruna Thompson
Acordo abrindo os olhos devagar, me costumando com a
claridade do quarto. Ao me virar de lado me sinto dolorida já que
meu digníssimo marido não se conformou só com uma rodada de
sexo. Ele me pegou de jeito na banheira e nem sabia que era
possível fazer o que fizemos dentro de uma banheira.
Só de pensar...
É melhor eu parar de pensar.
Olho para os lados e não vejo sinal do Oliver pelo quarto.
Cheguei a pensar que ele estaria do meu lado quando acordasse,
mas vejo que estava completa enganada quanto a isso.
Sem tempo para me lamentar porque já devo estar atrasada
para o trabalho, me levanto com pressa, vou para o banheiro e ao
entrar sinto o cheiro do Oliver mostrando que ele esteve no local.
Tomo um banho rápido, me arrumo em tempo recorde e saio
às pressas.
Ao passar pela sala, Mara me para.
— Senhora, seu café da manhã já está servido.
Paro no lugar e volto minha atenção para ela.
— Onde está meu marido?
Só de escutar o nome de Oliver a mulher fica pálida.
— O senhor Thompson saiu agora pouco e deu ordens para
ninguém a incomodar.
Fico pensando no que ela disse e chego à conclusão de que
ele foi para a empresa.
— Eu não vou tomar café da manhã hoje, estou atrasada.
Quando me viro para sair ela volta a falar.
— O senhor Thompson, não vai...
Dou uma olhada para ela que se cala na hora.
— O senhor Thompson não manda em mim e ele já sabe
disso, então pode ficar despreocupada.
— Sim, senhora.
Agora, sim, saio de casa sem que ela me pare.
Chego na garagem e não encontro o motorista, o que
encontro é um lindo e maravilhoso carro de luxo estacionado,
clamando para que o dirija.
Quando me aproximo da belezura, alguém fala comigo:
— Se eu fosse a senhora não faria isso.
Me viro dando de cara com um segurança.
— E, por que não deveria fazer isso?
— Esse é o carro preferido do senhor Thompson, ele não
gosta que ninguém além dele o dirija.
Meus lábios se abrem em um sorriso majestoso fazendo o
segurança arregalar os olhos.
— Engraçado que esse carro acabou de se transformar no
meu preferido também.
Oliver vai aprender a nunca mais me deixar sozinha na cama
depois de fazer o que ele fez comigo na noite passada.
— Nem pense nisso, senhora...
— A chave. — Estico a mão na sua direção, pois, sei que ele
está com a chave desse carro.
— A senhora pelo menos sabe dirigir?
— É claro que eu sei, idiota. Sou pobre e não burra. Tenho
carteira de motorista o que eu não tinha era um carro, agora me dê
essa chave.
— Senhora, por favor...
— Sou a esposa do seu patrão e estou ordenando que me dê
a merda da chave do carro. Pode comunicar o Oliver o que eu fiz,
pois, ele sabe muito bem a mulher que tem em casa. Vocês vão me
seguir de qualquer maneira e poderão ficar de olho em mim de
qualquer jeito.
Ele para pôr alguns segundos pensando no que falo e me
entrega a chave.
— Vamos ter que comunicar ao senhor Thompson sobre isso.
— Sinta-se à vontade, diga para ele que agradeço à noite
maravilhosa que ele me deu e que sair no carro precioso dele é o
pagamento por não ter me acordado para se despedir de mim. — Sei
que já estou querendo exigir demais do Oliver, mas ele tem que
saber tudo o que espero dele.
Entro na maravilha do carro deixando o segurança de boca
aberta pelo que falei. Quero só ver se ele vai ter coragem de repetir
minhas palavras para Oliver.
Ligo a maravilha e chego a vibrar com o ronco do motor.
Oliver realmente sabe aproveitar a vida, não quero nem pensar
quanto custa um carro desse.
Em poucos minutos, chego na galeria sendo seguida pelos
seguranças do Oliver, como sempre.
Em algum momento durante o trajeto ele me liga, mas não
atendo afinal já até imagino o motivo da ligação.
Estaciono o carro e ao descer escuto alguém assoviando.
Olho para o lado e vejo Amanda parada ao lado do carro dela que
assim como eu ela chegou atrasada.
— Bom dia, senhora Thompson, vejo que as coisas devem
estar indo muito bem entre vocês para Oliver te deixar dirigir o carro
precioso dele.
Dou a ela o mesmo sorriso que dei mais cedo ao segurança e
na hora ela mata a charada, sem que precise falar uma palavra.
— Porra, Bruna, sabe que ele vai querer te matar, não sabe?
— Que exagero, Amanda, é só um carro.
Ela se aproxima e enrola seu braço no meu.
— Esse não é só um carro, Bruninha, é o carro. O carro
favorito feito sob encomenda pelo Oliver a fábrica. Só foram
fabricados três carros desse no mundo todo, os outros dois
pertencem a Ivan e Carlos Smith. Então, sim, minha querida, Oliver
vai te matar — diz tão sério que chego a sentir vontade de rir.
Oliver que tente.
— Se ele quiser me matar na cama eu aceito a morte de bom
grado.
Ela gargalha alto e a acompanho.
— O que você fez dessa vez?
— Passei o domingo fora com um amigo e ele ficou tão furioso
que resolveu aparecer para tirar satisfação comigo.
— Você tem muita coragem, isso eu admito. Mas tenha
cuidado, nunca duvide das palavras de Oliver, ele não é um homem
de voltar atrás com o que fala.
Eu entendo o que ela quer dizer.
— Eu sei disso, não se preocupe.
Ela balança a cabeça concordando e entramos juntas na
galeria passando pela recepção e recebendo o bom dia das
mocreias falsas.
***
O dia passa rápido, estamos organizando a exposição da filial
de Nova York que terá três telas minhas, o que me deixa muito feliz.
Sempre vou ser grata por tudo o que Amanda e Emily fizeram
por mim.
Já perto do meio-dia meu celular toca, vejo que é do hospital
que estão me ligando e pelo número já sei do que se trata.
— Alô.
— Senhorita Bruna Harper?
— Sim, é ela quem está falando.
— Bom dia, senhorita, estamos precisando da sua ajuda.
Meu coração acelera porque sei que tipo de ajuda é essa.
— Pode falar, estou disponível. — Escuto a respiração da
mulher no outro lado da linha.
— Precisamos do seu sangue para salvar uma vida na
Colômbia o mais rápido possível. Você foi a primeira que
conseguimos contato e não temos muito tempo.
— Eu já estou indo, esperem por mim.
Ela agradece, me passa o endereço certinho do hospital e
desligamos a ligação.
Comunico Amanda e Emily da minha saída e me direciono até
o hospital. Sei que apenas meu sangue é capaz de salvar essa vida
na Colômbia e não vou me negar a isso, pois, um dia pode ser eu
precisando de uma doação dessa.
Eu tenho o precioso “sangue dourado” como muitos chamam,
um tipo de sangue onde o Rh é nulo. Só foram registrados quarenta
e três casos de pessoas com Rh nulo no mundo todo e sou um
desses felizardos.
Sempre tive que ter cuidado com a anemia e evitar a todo
custo me machucar, já que se caso precise de uma transfusão seria
quase que impossível de conseguir. É por isso que existe uma lista
com os portadores desse tipo sanguinho, já que estamos espalhados
pelo mundo.
Essa é a segunda vez na minha vida que recebo essa ligação
e não teria coragem de negar.
CAPÍTULO 49
Bruna Thompson
Quando me aproximo do carro de Oliver vejo um dos
seguranças se aproximar de mim.
— Senhora...
— Não tenho tempo para isso agora, estou com pressa então
sai do meu caminho. — Entro no carro sem nem dar atenção a ele,
pois, já sei bem o que ele queria.
Ao chegar no hospital e dar meu nome na recepção, sou
encaminhada a uma sala de exames. Os médicos precisam se
certificar de que não estou com anemia para poder fazer a doação.
Depois de verificarem que está tudo certo com minha saúde damos
início ao processo de doação de sangue.
Depois de um tempo considerável na sala de doação o
processo é finalizado. Quando me levanto me sinto tonta, mais
recuso a comida que me é oferecida, pois, tenho que voltar para a
galeria o mais rápido possível.
Assino os documentos que tenho que assinar e saio da sala.
Na metade do caminho até o estacionamento me sinto tonta
novamente e dessa vez a tontura é mais forte.
Deveria ter comido alguma coisa.
Respiro fundo, consigo chegar ao estacionamento e tomo a
decisão de parar em um restaurante para comer alguma coisa antes
que desmaie de fraqueza. Ao destravar o carro, sinto como se o
chão sumisse e meu corpo gela me fazendo suar frio enquanto a
minha vista escurece.
Merda, é agora que vou desmaiar.
Tento abrir os olhos e não consigo.
Sinto que estão pesados como se estivesse em um sono
muito profundo. Tudo o que escuto é a voz dele.
O que ele está fazendo aqui?
Onde estou?
— Por que ela ainda não acordou?
— Senhor Thompson, sua esposa bateu a cabeça muito forte
quando desmaiou, é normal ela demorar um pouco para acordar.
— Ela desmaiou de fraqueza porque vocês tiveram a genial
ideia de fazê-la doar sangue sem ter se alimentado direito. Se
acontecer alguma coisa com minha mulher mando explodir a porra
desse hospital.
— Oliver... — Com muito esforço consigo chamar o nome dele
antes que tente matar o coitado do médico.
— Bruna.
Sinto que ele se aproxima e beija minha testa.
— Oi, eu estou bem.
— Não está não. Como pode ser tão irresponsável assim?
— Senhor Thompson, sua esposa...
— Fora daqui agora mesmo — diz alto com o médico.
Escuto a porta sendo batida, com certeza o homem deve ter
saído correndo.
Abro os olhos e encaro seus olhos azuis me analisando.
— Por que você está tão nervoso assim? Por acaso se
preocupa comigo?
Ele trava o maxilar como se estivesse em uma luta interna.
— Estou nervoso porque você está conseguindo penetrar na
minha armadura.
Passo a mão no rosto dele.
— Isso é bom, não é?
— Eu não sei, Bruna, não sei se você vai gostar do que vai
encontrar quando conseguir o que quer.
— Quero que você me ame assim como eu te amo.
— Bruna, garota tola, no dia que você conseguir fazer eu te
amar não terá mais volta.
— Eu não quero que tenha volta, só quero você.
Ele volta a beijar a minha testa e depois meus lábios.
— Você roubou meu carro e isso eu não perdoo.
Começo a rir porque sei que ele está querendo mudar o foco
da conversa.
— O seu carro agora é meu e eu não o roubei estava
estacionado na minha garagem. Tudo o que pertence ao meu marido
me pertence também.
— Vou mandar entregar um carro para você na mansão, ficar
com o meu está fora de cogitação — diz muito sério.
É agora que vou saber se realmente estou conseguindo
penetrar na sua armadura como fala.
— Aiiiiii, minha cabeça dói tanto que estou vendo tudo rodar.
Você está me deixando nervosa por causa de um carro. — Faço uma
voz melosa e sofrida, deveria ter estudado para me torna atriz.
— Tudo bem, fica calma não precisa ficar assim. Se me
prometer ter cuidado, te deixo ficar com meu carro.
— Eu prometo. — Faço biquinho e ele se dá conta de que
caiu no meu jogo.
— Você é terrível, mulher!
— Você já disse que posso ficar com seu carro, não vai voltar
atrás com a sua palavra. Nunca mais me deixe sozinha depois de
uma noite como a que tivemos ontem.
— Bruna, não sei se vou ser capaz de te dar o que está me
pedindo.
— Pelo menos tente, Oliver, se não der certo cada um segue
com a sua vida, mas não vou ficar presa a um homem que não me
ama e já falei isso para você. Seria injusto comigo. Quero ter a
oportunidade de viver minha vida assim como você já viveu a sua.
Quero poder viajar, conhecer novos lugares, ir para a cama com
outros ho...
— Não se atreva a terminar essa frase ou te tranco dentro de
um quarto pelo resto da vida.
Eu me calo com vontade de rir da cara que ele faz.
— Está com ciúme?
Ele volta a me encarar.
— Você iria gostar de escutar da minha boca que tenho
vontade de ir para cama com outras mulheres? Você usou o plural,
Bruna.
— Desculpa, eu não vou mais falar isso, prometo que só vou
pensar.
— Nem pensar, esqueça esse assunto.
Oliver tenta sair do meu lado, mas seguro sua mão de uma
vez e acabo gemendo com o movimento brusco por causa do soro
que não tinha percebido na minha mão.
— Tenha cuidado. Como vai poder cuidar de um filho meu se
nem ao mesmo sabe se cuidar direito?
Solto sua mão sentindo uma dor no coração.
Ele sempre tem que falar coisas assim para me machucar.
— Acho melhor você ir embora, vou ligar para minha mãe vir
cuidar de mim. Não se preocupe com a conta do hospital, minha mãe
e eu temos seguro saúde.
— O seguro saúde que você tem não cobre nem a conta do
soro que está tomando agora.
— Não preciso da droga do seu dinheiro.
— Precisa sim, se não precisasse não estaríamos agora
nessa situação.
Olho para ele e começo a rir porque sei exatamente o que
está querendo fazer.
— Por que está rindo? O que tem de engraçado aqui?
— Você é ridículo, Oliver. Acha que não sei o que você está
fazendo? Cinco minutos estávamos conversando sobre amor e agora
você procurou um motivo besta para brigarmos, não vou cair nessa,
Oliver.
"Quer saber de uma coisa?
"Quero o seu dinheiro, sim, é a sua obrigação pagar a conta
do hospital e cuidar de mim. É meu marido e não vou abrir mão dos
direitos que isso me dá.
"No dia que eu souber que você gastou dinheiro com outra
mulher corto o seu lindo e maravilho pinto".
Ele fica me encarando por alguns minutos e não desvio o
olhar, até que ele resolve falar.
— Vou conversar com seu médico, acho que não tem
necessidade de você ficar aqui. Já vou logo avisando que vou passar
um mês fora em uma viagem de negócios e quando voltar vamos ao
médico para darmos início ao processo de inseminação artificial.
Você já está indo longe demais com esse casamento achando que
possui direitos que não tem.
Tudo o que consigo fazer é sorrir mesmo sentindo uma dor
tremenda no meu coração.
— Um dia, Oliver, você vai engolir cada maldita palavra que
falou, mas aí vai ser tarde demais.
CAPÍTULO 50
Oliver Thompson
Bruna tem o poder de me desafiar e de me tirar do sério, o
pior é que sempre acabo fazendo o que ela quer.
Quando meu segurança me ligou dizendo que ela tinha saído
com meu carro fiquei louco de raiva, mas ao me passar o recadinho
dela perdia a cabeça de vez. Peguei o celular para ligar para ela,
mas como já esperava a maldita não atendeu a ligação.
Porém, o que me desestruturou mesmo foi ligação de um dos
seguranças dela me informando que ela estava no hospital, que tinha
desmaiado e batido a cabeça com força no chão.
A minha vontade era de quebrar o hospital inteiro quando vi
que ela estava demorando demais para acordar.
Foi naquele momento em que percebi que já estava me
importando com ela mais do que deveria. Aquela pequena mulher
estava conseguindo penetrar na minha armadura que até então era
impenetrável. Com isso em mente acabei mentindo para ela e
falando que minha viagem de uma semana duraria um mês.
Preciso colocar a cabeça no lugar e rever meus planos,
decidir o que realmente quero.
E aqui estou eu, um mês depois na casa de Amanda para ver
o pequeno, Ryan. Adoro esse carinha e sempre faço de tudo para
me manter perto dele.
Eu o vi nascer e troquei muitas de suas fraudas sujas.
— Oliver, bom te ver, cara. É você chegando e eu saindo, um
cliente marcou uma reunião de última hora e não tenho como
cancelar.
— Não se preocupe com isso, Colin, sei bem como é.
— Cadê sua linda esposa? Não te vejo muito com ela, está
tudo bem?
Acabo sorrindo do que ele fala.
— Não finja que não sabe de nada, sei que Amanda te conta
tudo.
Ele balança a cabeça.
— Não consigo entender o que se passa pela sua cabeça,
Oliver. Entendo seu trauma, sei pelo que passou, mas não pode
deixar...
— Colin, nem começa. Agora, me diga, você já comentou com
a Amanda sobre o que aconteceu?
— Esse segredo não faz parte da minha vida, mas da sua.
Anthony é meu amigo e creio que nem a esposa dele sabe o que
aconteceu. Se quer que a Amanda fique sabendo, você mesmo deve
contar a ela.
— O que vou ficar sabendo? — Amanda entra na sala com
Ryan no colo e olho desconfiado para Colin.
— Nada, meu amor, eu já vou indo, nos vemos mais tarde.
Colin dá um beijo na Amanda depois no filho e sai me
deixando sozinho com uma Amanda curiosa.
— Desembucha de uma vez — diz me entregado Ryan que
gargalha quando o jogo para cima.
— Não quero falar disso. Você vai fazer a festa de aniversário
dele? — Tento mudar o foco da conversa.
— LARAAAAAAAA — Amanda berra o nome de Lara e sei
que hoje não escapo dela.
— Oi, Amanda, não precisa gritar estava na sala ao lado.
— Leve Ryan para o quarto de brinquedo ou para o jardim.
Oliver e eu vamos ter uma conversinha.
— Vou levá-lo para o jardim, seu pai está lá e vai gostar da
presença do neto.
— Isso, o leve para papai.
Lara me olha com um pesar nos olhos, pois, sabe que
ninguém escapa da Amanda quando ela quer uma coisa.
Quando Lara sai da sala, Amanda começa a falar se sentando
no sofá.
— Para início de conversa, a sua esposa sabe que você já
chegou de viagem? E que viagem louca é essa de um mês, Ollie,
onde você estava?
— Na minha mansão e estava trabalhando normalmente na
empresa. Minha viagem durou apenas uma semana, as outras três
eu ganhei de bônus longe da Bruna.
— OLIVER THOMPSOM!
Já vai começar o sermão.
— Amanda, precisava disso, precisava desse tempo longe
daquela mulher.
— Aquela mulher é sua esposa que te ama, Oliver.
— Por isso mesmo que quero distância dela, justamente
porque ela me ama e quer a todo custo fazer com que eu a ame
também — digo passando a mão pelo cabelo. — Ela não pode
conseguir fazer isso, Amanda.
— O que te impede de amar, Ollie? Por que você tem que se
sabotar desse jeito? Bruna é perfeita para você.
Amanda há muito tempo insiste nesse assunto, querendo
saber o que aconteceu comigo.
— Bruna não é prefeita, ela é teimosa, desobediente, tem a
língua mais afiada do que o inferno e faz tudo exatamente ao
contrário do que mando fazer. Ela foi uma péssima escolha que fiz,
uma escolha que já me arrependi amargamente de fazer.
Amanda me olha incrédula com o que escuta e há um olhar
que poucas vezes vi em seu rosto.
— Meu Deus, você a ama e não consegue perceber, por isso
quer manter distância dela.
Sinto uma pontada no peito que há muito tempo não sentia ao
escutar suas palavras.
— Eu não posso amá-la, Amanda — digo já querendo me
exaltar, buscando por controle.
— E, POR QUE NÃO, OLIVER? — pergunta gritando e acabo
gritando de volta.
— PORQUE A ÚLTIMA MULHER QUE AMEI MATEI A
SANGUE FRIO NO DIA DO NOSSO CASAMENTO.
Amanda se levanta de uma vez e se senta ao meu lado
segurando minhas mãos sem acreditar no que escutou.
— Oliver...
— Entende agora porquê não posso amá-la.
— Por que você matou sua noiva?
— Você realmente quer saber da verdade?
Ela balança a cabeça dizendo que sim.
— Jacob Jones era meu melhor amigo e seria meu padrinho
de casamento...
— Meu Deus do céu!
Ela já sabe o que vem pela frente, Amanda é esperta.
— Peguei meu melhor amigo, na minha cama, transando com
a minha mulher no dia do nosso casamento. Eu a matei, matei a
desgraçada com um tiro no peito.
— E o que aconteceu com o irmão do Thony?
— Quando ele me viu daquele jeito fugiu, entrou no carro e
saiu em alta velocidade. Fui atrás dele, mas não iria matá-lo como fiz
com Margarethe. Tudo o que queria era saber o motivo que o levou a
me trair daquele jeito. Mas nunca fui capaz de fazer essa pergunta a
ele.
— O acidente de carro.
Balanço a cabeça concordado.
O que todo mundo sabe é que Jacob Jones morreu em um
acidente de carro, o filho perfeito da família Jones, o orgulho da
família. Com sua morte, o peso da família caiu sobre os ombros do
coitado do Anthony, sendo a todo instante comparado ao irmão
prodígio.
— Agora entendo muita coisa.
— Que bom que você entende. Não quero o amor da Bruna e
nem quero amá-la. Só não vou acabar com essa palhaçada de
casamento porque não tenho tempo para procurar outra mulher.
— Ollie, não fale assim. Bruna te ama e você poderia pelo
menos tentar.
— Eu não quero tentar, Amanda, eu não posso. Eu não
consigo. Será que não entende isso? A única coisa que quero
daquela garota é que carregue meu filho.
— Bruna, por que não entra, menina?
Escutamos Lara falar e Amanda e eu olhamos na direção da
porta.
Encontramos Bruna pálida, feito um fantasma, nos olhando.
Eu me levanto rápido assim como Amanda.
— Bruna... — Amanda diz.
— Não, Amanda, agora não.
Pela primeira vez vejo dor e mágoa em seu olhar e era isso
que queria evitar.
Ela sai da sala e quando vou atrás dela, Amanda me para.
— Deixe-a ir. Segundo você mesmo, não sente nada por essa
menina então a deixe em paz. Dê o divórcio a ela e procure outra
barriga de aluguei para carregar seu filho. Eu me arrependo
amargamente de ter colocado essa garota no seu caminho.
A palavra divórcio ecoa na minha cabeça.
— Divórcio está fora de cogitação.
— E por quê, Oliver? Você acabou de dizer que não pode
amá-la, que não quer.
Nem eu mesmo sei responder essa pergunta.
— Tem horas que você fala demais, Amanda. — Saio sem
escutar o que ela fala.
Tudo o que quero fazer agora é ir atrás de Bruna e não sei o
porquê.
Tudo o que sei é que preciso ir atrás dela.
CAPÍTULO 51
Bruna Thompson
Nunca imaginei que na primeira vez que decidi fazer uma
visita a Amanda iria passar pelo que passei, escutar o que escutei da
boca do Oliver.
E o que mais partiu meu coração foi ele ter mentido apenas
para ficar longe de mim, como se meu amor por ele fosse uma
doença contagiosa. Claro que saber o motivo que o levou a ficar
assim me deixou mais chocada ainda.
Escutei tudo, toda a conversa do início ao fim, e pela maneira
como ele falou é como se me comparasse a mulher que claramente
foi a única que ele amou.
O trauma, a traição...
Agora entendo tudo, mas não sou aquela mulher.
Nunca teria coragem de trair ninguém, muito menos meu
marido, o homem que eu amo e que claramente tenho que fazer de
tudo para parar de amar.
Oliver Thompson nunca será capaz de amar ninguém.
Apenas me iludi escutando as histórias de amor de Emily,
Amanda e as que senhoras Smith contaram, dizendo que mesmo
sendo difícil no final valeria apena.
Eu não quero isso, não quero sofrer por um homem que não
me quer.
Olho pelo retrovisor do carro, o qual eu dirijo em alta
velocidade, vendo o carro dos seguranças me seguindo.
Em um momento de loucura, resolvo despistá-los, pois,
preciso ficar sozinha e colocar a cabeça no lugar.
Entro em meio aos carros com facilidade, desviando deles
como se fosse uma louca e entrando em ruas estreitas até que
finalmente consigo despistar os idiotas que me seguem.
Paro em uma rua qualquer e abandono o carro precioso de
Oliver que com certeza tem rastreador e seria apenas uma questão
de tempo até ele me encontrar.
Entro em um táxi e dou o endereço da minha antiga casa.
Sei que o local está vazio já que mamãe agora mora em um
confortável apartamento comprado pelo Oliver. Segundo ele, é um
dos benefícios do nosso contrato de casamento.
Durante todo o percurso até minha antiga casa meu celular
não para de tocar nenhuma vez e isso já está me deixando de saco
cheio, então resolvo atender.
— O que você quer?
— Onde você está? — Oliver pergunta parecendo estar
nervoso.
— Não interessa onde estou, me deixa em paz. Não é isso
que você quer?
— Bruna, volte para a mansão agora mesmo, vamos
conversar.
— Não temos nada para conversar. — Desligo o celular e logo
me dou conta de que cheguei ao meu destino.
Pago o motorista e entro dentro na minha humilde casa que,
por incrível que pareça, está muito limpa.
Deve ser coisa de mamãe, pois, ela nunca abandonaria essa
casa.
Entro no meu antigo quarto, encontro tudo exatamente como
deixei e me jogo na cama, me permitindo chorar para ver se alivia a
dor que sinto no meu coração.
Como dói amar!
É uma dor que sufoca assim como me disseram, uma dor que
me faz perder o folego. Chego a gritar durante meu choro, mas nada
faz passar a dor que sinto no momento.
Meu coração está despedaçado, sinto um bolo na minha
garganta, uma vontade de vomitar me domina e corro para o
pequeno banheiro. Coloco tudo o que comi durante o dia para fora e
nesse momento um medo grande me domina.
Resolvo tomar um banho vendo que ainda tem algumas
roupas minhas no armário.
Em momento algum consigo para de chorar.
Logo depois do banho, visto apenas um shortinho curto com
uma camiseta e me deito na cama com o cabelo ainda molhado.
Aos poucos, o choro dá lugar a pequenos soluços e logo o
sono me domina, me dando a paz que tanto preciso no momento.
***
Não sei quanto tempo passa, mais sou acordada com um
carinho no meu rosto e ao abrir os olhos devagar o vejo na minha
frente.
Toda a paz que estava sentido momentos atrás dá lugar
novamente a dor e a decepção.
— Como me achou? — pergunto demostrando a maior calma
do mundo, afinal não adianta mais chorar e gritar nada vai fazê-lo
mudar de opinião.
— Você nunca conseguiria se esconder de mim, agora vamos
para casa.
— Eu já estou em casa.
Ele me olha de um jeito diferente e não entendo o porquê.
— Bruna, não deixe as coisas mais complicadas do que já
estão. Não seja teimosa. Se for preciso te levo por cima do ombro.
Eu me sento na cama e vejo que o abajur ao lado está
ligando.
Agora ele consegue ver perfeitamente meu rosto e meus
olhos inchados.
— Por que faria isso? Você não me quer, Oliver. O que preciso
fazer para que me deixe em paz, para que me deixe viver a minha
vida?
— Você não entende...
— Eu entendo, agora eu entendo tudo, meu amor — digo
passando a mão pelo seu rosto e ele segura a minha mão. — Eu não
vou mais lutar por você, Oliver. Você venceu e eu perdi. Eu desisto,
Ollie. Eu te amo tanto que desisto de você para...
— Não fale isso, Bruna, você não pode desistir, não agora que
está...
— Que estou o quê, Oliver? Escutei toda a sua conversa com
Amanda e agora consigo te entender. Entendi também cada palavra
que você falou, inclusive que NUNCA poderia me amar. Não vou
lutar mais por uma causa perdida, quero o divórcio.
Ele aperta a minha mão com tanta força que chego a gemer
de dor.
— Oliver, o que está fazendo? — Tento puxar minha mão e
ele não solta.
— Você é minha mulher, minha esposa, minha senhora
Thompson e não tem divórcio. Assinou um contrato concordando
com todas as cláusulas dele. Você é minha até que...
— Eu gere seu herdeiro. — Interrompo sua fala, entendendo o
que ele iria dizer. — É isso que está estabelecido no contrato, um
filho em troca de uma dívida milionária, sem amor e sem sentimentos
envolvidos. Muito bem, que seja do seu jeito então, como já tinha
falado antes você venceu.
Ele balança a cabeça e não entendo o porquê de estar fazer
isso.
— É aí que se engana, Bruna, foi você quem venceu, minha
menina. Agora vamos para casa que seu lugar não é nesse muquifo,
é uma rainha e seu castelo não é aqui.
— Eu não quero voltar para a mansão, quero ficar aqui na
minha casa.
— Isso está fora de cogitação.
— Não pode me obrigar...
— É claro que eu posso, é minha mulher.
Começo a sentir a raiva me dominar e isso não é nada bom.
— Oliver não te entendendo, suas ações não condizem com
as suas palavras.
— Bruna, ultimamente nem eu mesmo me entendo e você é a
culpada disso.
— Eu!? Você transformou a minha vida do dia para noite, me
obrigado a um casamento que eu não queria.
— Não queria? Tem certeza disso, querida?
— Não me chame de querida.
— Você é a mulher mais terrível que já conheci na minha vida,
me infernizou até o ponto de me fazer tirar a sua virgindade.
— Claro, você ficava fazendo aquelas coisas comigo, me
deixando louca de tesão e queria que eu fizesse o quê? Você é que
é fraco e não conseguiu manter seu pintinho dentro da calça. E não
me olha com essa cara que você bem que gostou de me levar para
cama, admita isso.
— Às vezes, sinto vontade de corta essa sua língua, sabia?
— Eu é que deveria cortar a sua por ter mentido para mim. Se
não queria ficar comigo era só ter falado, não precisava mentir
inventando que iria passar um mês viajado.
Ele me olha por alguns minutos até que volta a falar.
— Tem razão, sinto muito por isso, agora vamos embora
daqui.
— EU NÃO VOU EMBORA COM VOCÊ.
Ele se aproxima, me agarra com força, me joga por cima do
ombro de uma vez e não consigo me soltar.
— Me solta, Oliver...
— Foi você que pediu por isso. Agora fica quietinha aí. — diz
alisando minha bunda e depois dá um tapa forte, o que me faz
gemer.
— Se gemer mais uma vez desse jeito te fodo aqui mesmo,
nessa casa imunda.
Mais que homem sem-vergonha!
— Eu te odeio, Oliver Thompson!
— A sua boca pode até falar isso, mas seu corpo, querida,
fala outra coisa. — Pega na minha intimidade enquanto sai da casa
comigo em cima do seu ombro.
— Não toque em mim, nunca mais vou permitir que me toque
desse jeito.
A porta do carro é aberta e ele me joga dentro de qualquer
jeito.
Logo em seguida entra se sentando ao meu lado.
— No dia que fugir para essa casa novamente mando
derrubá-la.
— Você não se atreveria.
— Ainda dúvida de mim, querida?
— Para de me chamar de querida, o que deu em você agora?
— Estou revendo alguns conceitos e até eu decidir irá ficar
quietinha, guardadinha, só para os meus olhos na mansão.
— Você não teria coragem de fazer isso, eu trabalho e me
manter trancada não está no contrato.
— Você o leu por acaso?
Droga, nunca me preocupei em pegar minha cópia do
contrato.
— Você sabe que não.
— Então como pode afirmar uma coisa com tanta convicção?
— Oliver.
— Olha, Bruna, vamos seguir com o contrato por enquanto.
Segunda-feira vamos à clínica de inseminação artificial, já está tudo
acertado e o que você precisa fazer é uns exames e pronto.
— Segunda-feira?
— Sim, já adiamos demais esse assunto. Segunda-feira se
estiver tudo certo com a sua saúde será inseminada.
Engulo em seco com essa informação que me pegou
completamente desprevenida.
— E se eu me negar a fazer isso?
— Sabe que não pode, então não complique as coisas para
nenhum de nós dois.
Ele tem razão não posso me negar porque concordei com isso
quando assinei aquele maldito contrato.
CAPÍTULO 52
Bruna Thompson
Meu final de semana foi um inferno, Oliver não saiu da
mansão para nada e tudo o que pude fazer foi ficar no celular
conversando com as meninas do “Projeto Oliver”.
Não pude contar o que realmente aconteceu por esse ser um
assunto delicado de família, então contei uma meia verdade e passei
horas lendo os conselhos que elas me davam.
Mas eu já dei essa causa como perdida, não quero mais me
iludir esperando o amor de um homem que não me quer.
Amanda, coitada, estava desesperada, mas a acalmei dizendo
que estava bem apesar de achar que ela não acreditou muito no que
eu disse.
— Já está hora, vamos.
Um poço de gentileza como sempre.
— Tenho outra escolha?
— Sabe que não, agora vamos que depois da consulta tenho
que ir correndo para a empresa.
Levanto do sofá e o acompanho sem dizer uma palavra.
Entramos no carro e em todo o percurso o silêncio domina o
ambiente.
— Por que está tão calada? Você não é muito de fazer
silêncio.
Acabo sorrindo do que ele fala.
— Não tenho nada para falar e acho que no nosso contrato
não tem nenhuma cláusula que me obrigue a isso.
Ele respira fundo, tenta segurar minha mão, mas puxo do seu
aperto.
— Bruna, vamos ter um filho, tem certeza de que é assim que
quer as coisas daqui pra frente?
— Não sou eu, Oliver, é você quem quer as coisas assim.
— Bruna...
— Por acaso vou poder opinar na criação do nosso filho? Vou
poder escolher a escola dele? Vou poder deixá-lo brincar no parque
com outras crianças e ensiná-lo a ser melhor do que você é? Vou
poder deixar o meu filho ter uma infância normal como a que eu tive?
— O meu filho será herdeiro de uma das famílias mais ricas
do mundo. O destino dele já está traçado assim como o meu foi
quando nasci. Fui criado para ser quem eu sou hoje e com meu filho
não será diferente.
— Então não tenho nada a dizer, desisti de ficar nesse bate-
boca com você. Sei que não vai resolver nada. Aqui sou apenas a
barriga que vai carregar o herdeiro Thompson. Agora se quiser ter
mais de um filho pode começar a procurar outra trouxa que eu não
caio mais no seu jogo.
— Um filho é mais do que o suficiente, sou filho único e me sai
muito bem desempenhado o papel de chefe da minha família.
Minha vontade é de vomitar em cima do cretino, já que meu
estômago embrulha de repente.
Esses enjoos fora de hora não são normais, mas como sei
que vou passar por um check-up geral se eu estiver doente vai
aparecer alguma coisa nos exames.
Minutos depois chegamos à clínica e logo entramos já que
estamos sendo aguardados.
Nunca que Oliver Thompson poderia ficar esperando.
— Zara, bom te ver novamente.
— Oliver, achei que tivesse desistido do seu projeto de ter um
filho.
Isso me surpreende, Oliver e a médica se tratando pelo
primeiro nome como se fossem amigos íntimos e pelo abraço que
acabei de presenciar tive certeza disso.
— Estava apenas procurando a mulher certa para isso.
— E encontrou?
Eles falam como se eu não estivesse presente na sala.
— Sim, essa é...
— Bruna Thompson, esposa dele, mais especificamente
todinha dele como ele mesmo gosta de deixar bem claro.
A mulher arregala os olhos e me olha surpresa.
— Você se casou para poder ter um filho? Era só contratar
uma barriga de aluguel, Oliver.
— Não vou ficar aqui para escutar isso, botem o papo em dia
e quando precisarem de mim me liguem.
Ando em direção à porta da sala da tal médica, mas assim
que coloco a mão na maçaneta, Oliver me puxa pelo braço.
— Você fica. Zara depois conversamos, vamos ao que
interessa, sabe como minha agenda é apertada.
Minha vontade e bater nele, com certeza essa já rolou pela
cama dele.
— Me desculpem, você tem razão, Oliver. Sentem-se e vamos
dar início a consulta.
Me segurando pelo braço, Oliver me senta ao seu lado na
poltrona que tem em frente à mesa da médica.
— Hoje pela manhã os enfermeiros da clínica foram até a
mansão tirar o sangue dela, para agilizar o processo das coisas.
— Sim, só não imaginei que tinha se casado com a escolhida.
— Zara — Oliver diz o nome dela em um sinal claro de
repreensão.
— Me desculpa mais uma vez, só fiquei surpresa. Vou ligar
para minha secretária trazer os exames dela, já devem ter ficado
prontos.
E assim ela faz, liga para a secretária que não demora muito
entra na sala com vários envelopes nas mãos e entrega para a tal de
Zara que os abre, observando atentamente tudo.
— Nossa, Oliver!
— O que foi, Zara? Algum problema com a saúde dela?
A mulher olha de Oliver para mim e depois olha para ele
novamente.
— Sangue com Rh nulo? Você sabe o que isso significa?
— Que ela tem um sangue muito preciso.
A mulher solta um sorrisinho que não gosto muito.
— Não só precioso como também é extremamente raro.
Apenas uma em cada 6 milhões de pessoas faz parte desse grupo
sanguíneo.
"Esse tipo de sangue é raríssimo. Dá para imaginar a
dificuldade que é encontrar possíveis doadores caso a sua escolhida
precise de uma doação no parto, por exemplo?
"Casos de pessoas com sangue dourado são tão raros que
quase dá para contar nos dedos o número de pessoas já
identificadas com essa característica.
"Só foram conhecidos quarenta e três casos de sangue Rh
nulo no mundo todo desde a sua descoberta.
"As chances do bebê nascer com esse tipo de sangue são
grandes".
Eu já enjoei da voz dessa mulher, ela está me irritando, é claro
que Oliver sabe de tudo isso, ele não é idiota.
— A senhora está querendo insinuar que meu marido deve
procurar outra mulher para carregar o filho dele já que meu sangue é
raro demais? — pergunto fuzilando a médica com os olhos.
— Eu só quero que Oliver entenda os ricos de querer te
inseminar.
Por um lado, entendo o que ela quer dizer, sei muito bem os
riscos de se viver com um tipo de sangue tão raro e é por isso que
olho para Oliver deixando essa decisão nas mãos dele.
— É você que decide, Oliver, afinal como a sua amiga médica
disse, sou a sua escolha. — Se ele desistir agora estou livre.
— Eu não tenho tempo e nem disposição para procurar por
outra mulher, pode dar continuidade ao processo, Zara.
Filho da mãe!
Chego a fechar os olhos para conter minha raiva pela maneira
como ele fala.
— Certo, tudo bem, vamos lá. Já tentaram fazer esse bebê da
maneira tradicional?
— Zara!
— O quê, Oliver? Tenho que perguntar, faz parte do processo.
— Pule a parte chata do processo e vamos direto ao ponto.
Você melhor do que ninguém sabe como sou impaciente.
— Tudo bem, Oliver, vamos fazer do seu jeito. Você não muda
nunca, é inacreditável.
A médica volta sua atenção para os outros envelopes e os
abre, um a um, analisando tudo perfeitamente.
Depois de alguns minutos, ela começa a rir e acho isso muito
estranho.
Ela volta a sua atenção para mim e me entrega o exame.
— Parabéns!
Pego o papel da sua mão e ao ler o
resultado POSITIVO, escrito em caixa alta, meu coração acelera.
Coloco a mão na boca sem acreditar no que estou vendo.
— O que aconteceu? O que tem escrito aí? — Oliver pergunta
nervoso.
Só então a minha ficha cai, estou grávida, tem um bebê
crescendo dentro de mim.
O meu bebê, o bebê que Oliver vai querer tirar de mim assim
que nascer.
Eu me levanto ajeitando minha bolsa e jogo o exame em cima
dele.
— Não tenho mais nada a fazer aqui, parabéns, finalmente
conseguiu o que queria.
Ele pega o papel, lê o resultado e quando já estou passando
pela porta a tal de Zara fala comigo.
— Preciso receitar suas vitaminas e passar mais alguns
exames que precisa fazer, inclusive um ultrassom.
— Pode entregar tudo para ele, afinal de contas o
investimento foi todo dele.
— Bruna...
Eu nem espero ele terminar de falar e saio da sala batendo a
porta.
Ando rápido até a saída, pois, preciso de ar.
Assim que chego na recepção da clínica e estou passando
pela porta, um carro para na minha frente e a porta é aberta.
Eu me assusto com quem vejo dentro.
— Entra, Bruna, rápido.
— Senhora Leah, o que faz aqui?
— Eu não vou permitir que Oliver transforme meu neto em
uma cópia perfeita dele. Agora entre nesse carro, a partir de hoje
você mora na mansão Thompson. Vou proteger você e meu neto.
Olho para trás e vejo Oliver vindo na minha direção, então
entro no carro fechando a porta e o motorista sai em alta velocidade.
— Como a senhora sabe... Como ficou sabendo que... — Eu
nem consigo terminar uma frase direito.
— Tenho uma amiga bem interessante de longa data, Adela
Parker. Eu fiquei sabendo que estava grávida antes mesmo daquela
médica vadia.
Meu Deus do céu, quando penso que nada mais me
surpreende, minha sogra vem com essa.
CAPÍTULO 53
Oliver Thompson
POSITIVO, é isso que está escrito no exame que Bruna joga
em cima de mim antes de sair batendo a porta do consultório.
— Ela já está grávida?
— Parece que sim, finalmente a família Thompson terá o seu
herdeiro...
Eu nem escuto direito o que Zara fala, tudo o que quero é ir
atrás de Bruna, da minha menina, da minha esposa, minha mulher.
Me levanto, saio do consultório, ando até a recepção e tudo o
que vejo é Bruna entrando dentro de um carro que sai em alta
velocidade.
No mesmo instante, tenho um pressentimento ruim.
— Para onde ela foi? E de quem era aquele carro — pergunto
assim que paro na frente dos seguranças.
— Era a senhora Leah, senhor.
Fecho os olhos sentindo a dor de cabeça se aproximando.
— Vamos agora mesmo para a mansão Thompson. — Tem
alguma coisa errada.
Como a minha mãe sabia que estávamos aqui?
Por que ela levou Bruna com ela?
São perguntas que quero respostas agora mesmo.
Não demora muito e recebo a confirmação de que realmente
Bruna está na mansão dos meus pais.
Logo eu também chego e sou recebido na porta por mamãe. É
como se ela já estivesse me esperando e a expressão dela não é
das melhores.
— Onde está minha esposa? Eu sei que ela está aqui.
— Para o escritório agora mesmo, Oliver.
Minha mãe nem espera pela minha resposta e vira as costas
me obrigando a segui-la até o escritório.
Quando passo pela porta e a fecho, só sinto o ardor em minha
face. Minha mãe me acerta em cheio um grande tapa na cara.
— Casamento por contrato, inseminação artificial.
Mais que droga!
Isso é tudo o que não preciso no momento, e o pior é meu pai
assistindo à cena ridícula que mamãe protagoniza e não falar nada.
— Mamãe, a senhora ficou... — Eu nem termino de falar e ela
me acerta do outro lado da face.
— Você obrigou aquela menina a se casar com você em troca
de uma dívida de jogo do pai dela, para que ela pudesse carregar o
seu filho, o meu neto.
— Será que dá pra parar de me bater, mamãe?
— Eu deveria te dar uma surra, Oliver. A culpa de você ser
assim é minha, fechei os olhos por tempo demais deixando o seu pai
te transformar nisso que é hoje.
Olho para o meu pai e ele simplesmente não fala nada.
— Como ficaram sabendo dessa história?
— Como? Você deve saber que essa menina é filha do seu
primo, não é?
— Claro que sei.
— Pois então, um pai faz de tudo para proteger a filha, e
imagine só a minha surpresa quando descobri que meu filho, meu
único filho me enganou fingindo estar apaixonado. Você obrigou
aquela menina a um casamento por contrato, Oliver. Onde você
estava com a cabeça? Se a mídia descobre isso será um escândalo
para toda a família. As ações da empresa irão despencar e o
prejuízo será incalculável.
Desgraçado!
Fred abriu o bico para os meus pais, ele me paga por essa.
— Sua mãe tem razão. — Agora meu pai resolve abrir a boca.
— Para o seu bem e para o bem da sua esposa, ela ficara
aqui sendo muito bem cuidada pela sua mãe. Você não vai mais
encostar um dedo naquela menina. A sua sorte é que ela engravidou
de você antes dessa loucura de inseminação artificial.
— Isso está fora de cogitação, Bruna volta comigo para casa
hoje mesmo.
— Que casa, Oliver? A sua ou a dela? Porque nem para
morar com ela debaixo do mesmo teto você foi capaz. E se ela está
gravida hoje foi por esforço dela e não seu, já que se recusava a ir
para cama com ela.
Como essa mulher ficou sabendo disso tudo?
— Não pense nem por um só minuto, Oliver, que você
conseguiria me esconder essa merda toda por muito tempo. Sou sua
mãe, sei de tudo o que se passa com você. Pode até ser o chefe da
nossa família, o que é ridículo, pois, não passa de um moleque
brincando de ser deus. Eu nunca...
— CHEGA, MAMÃE — grito com ela perdendo de vez a
paciência e tudo o que recebo é outro tapa na cara.
— Comigo você não grita, Oliver, sou a sua mãe e exijo o
máximo de respeito da sua parte.
"Fiquei do seu lado em tudo o que fez até o dia de hoje, te
consolei quando passou pelo que passou e fechei os olhos para
todas as coisas ruins que fazia.
"Mas isso acaba hoje.
"Eu não me importo com o que você faz, sei muito bem do que
é preciso fazer para se manter no topo, mas naquela menina você
não encosta mais".
— Mãe...
— Tem certeza de que quer continuar discutindo com sua
mãe? — Papai me interrompe se levantando da cadeira que agora
me pertence.
Mas, hoje, aqui dentro desse escritório não sou o chefe, sou o
filho que fez uma merda muito grande.
— Tudo o que quero é a minha mulher?
Bruna é minha e saber que ela já está grávida mudou tudo.
Agora nada mais importa, tudo o que quero é ela e o nosso bebê.
— Para que você a quer? Não a ama e creio que nunca mais
vai ser capaz de amar ninguém. Você colocou uma pedra no lugar do
coração, Oliver, e eu sinto muito mesmo por isso. Eu não vou permitir
que um homem como você crie o meu neto — minha mãe diz me
encarando.
Minha mãe nunca tinha falado comigo desse jeito e suas
palavras doem mais do que os tapas que ela já me deu hoje.
— É aí que a senhora se engana — digo me sentando na
poltrona que tem em frente à mesa e vejo pela primeira vez em muito
tempo um brilho de esperança no olhar dela.
— O que você está querendo dizer com isso? — minha mãe
pergunta esperançosa.
Sei que não vou conseguir mentir para ela, então resolvo ser
sincero.
— Se o que eu sinto por aquela mulher não for amor, está
muito perto de ser. — Meu peito se aperta ao falar cada uma dessas
palavras.
— Oliver, meu filho...
— Eu tentei, mamãe, eu juro que tentei me manter afastado
dela. Tentei impedir que ela entrasse no meu coração, mas ela foi
mais forte do que eu.
"Cada vez que ela me enfrentava, me desobedecia e
respondia, ela entrava um pouco. Cada maldita resposta malcriada
que ela me dava, a ajudava a entrar mais um pouquinho. Cada vez
que ela fazia tudo diferente do que eu falava, entrava mais e hoje
quando soube que ela já está grávida, acho que entrou de vez.
"Eu só não consigo dizer que eu... Que..."
— Que você a ama — mamãe completa minha frase, me
fazendo cair na real de vez.
— Sim, mas não consigo falar isso a ela ainda.
— Vai perdê-la se continuar agindo assim, meu filho. Bruna te
ama e agora vão ter um filho juntos.
"Precisa deixar o passado para trás e seguir em frente.
"Será pai agora e tem uma esposa linda que te ama.
"Você tem tudo para ser feliz, meu filho, não estrague sua
oportunidade disso acontecer.
"Dessa vez não terá ninguém para culpar a não ser você
mesmo".
Entendo cada palavra que mamãe quer dizer e ela tem razão
em tudo.
— Eu quero vê-la.
— Você não...
— Por favor, mamãe, me deixe vê-la e levá-la para casa.
Ela me olha por alguns segundos antes de começar a falar.
— Ela está no seu quarto e já vou logo avisando que se ela
não quiser ir com você, não poderá obrigá-la.
Se ela soubesse que as coisas com Bruna só funcionam
assim.
Eu me levanto, dou um beijo na testa da minha mãe e saio do
escritório. Subo a escada e chego no corredor que me leva ao meu
antigo quarto. Caminho a passos lentos até a porta e ao passar a
mão na maçaneta, vejo que está fechada.
Acabo sorrindo da situação.
Bruna sempre achando que portas fechadas podem me
manter longe dela, grande engano da minha pequena esposa.
Isso só me deixa mais louco por ela ainda.
CAPÍTULO 54
Bruna Thompson
Durante o percurso da clínica até a mansão dos meus
sogros, Leah, minha sogra, não me faz muitas perguntas. Creio que
nem precisa, ela já deve saber de tudo e por isso veio me resgatar, é
a única explicação para o que ela fez.
Assim que chegamos e entramos na linda e grandiosa casa,
ela me leva até o antigo quarto de Oliver.
— Você precisa descansar, creio que ainda não digeriu a
notícia completamente. Ficará segura aqui não se preocupe.
— Eu agradeço o que a senhora está fazendo, mas essa
também é a casa dele. O que faz a senhora pensar que Oliver não
vai invadir esse quarto e me levar embora?
— Ele que não se atreva a fazer isso. Hoje, vou ensinar uma
lição a ele que não vai esquecer tão cedo. Agora fique à vontade e
descanse. Se precisar de alguma coisa é só chamar. Vou mandar
buscar as suas coisas e se realmente quiser ficar aqui comigo, ficaria
muito feliz em ter a sua companhia.
— Eu quero ficar aqui, sim, Oliver não parece gostar muito da
minha presença perto dele. Prova disso foi ele ter mentido dizendo
que passaria um mês viajando quando passou apenas uma semana.
— Me dói lembrar disso mais uma vez.
— Oliver um dia vai se arrepender muito de tratá-la dessa
maneira.
— Eu acho que não, não sou ninguém. Tudo o que ele quer
de mim, é um filho e ele conseguiu isso. O que eu temo é perder
meu bebê quando ele nascer. Oliver já deixou bem claro que não vou
poder interferir em nada na criação dessa criança.
— Oh, minha querida, quanto a isso, você não precisa se
preocupar. Eu nunca vou permitir que Oliver faça isso com você. É a
mãe dessa criança. É você quem deve decidir o que vai ser melhor
para ela e não ele, um homem sem coração. Você não está sozinha,
não mais.
— Obrigada, dona Leah — digo indo até ela e dando um
abraço forte.
— É a mãe do meu neto e vou fazer de tudo para protegê-la.
Agora deite um pouco e descanse, daqui a pouco mando trazer um
lanche para você.
Ela sai do quarto me deixando sozinha e paro no meio do
cômodo para observar tudo.
Um quarto extremamente grande e luxuoso em tons escuros,
completamente diferente do meu na mansão. Vou até o closet e vejo
várias roupas de Oliver penduradas e organizadas. Mesmo ele não
morando com os pais mantêm um closet completo.
Fico mais um pouco observando suas coisas enquanto penso
que esse homem nunca será meu e para piorar a minha situação,
estou grávida dele.
Resolvo parar de pensar, saio do closet e me deito na
espaçosa cama, fechando os olhos e tentando dormir para esquecer
um pouco dos meus muitos problemas.
Coloco a mão na barriga, a acaricio e sorrio ao lembrar que
tem um bebê crescendo dentro de mim.
Eu não vou abrir mão do meu filho nem que para isso tenha
que bater de frente com Oliver.
Eu me deito de lado com a mão em meu ventre e acabo
cochilando.
Sou desperta um tempo depois sentindo uma mão acariciando
minha barriga e ao abrir os olhos me assusto ao ver Oliver ao meu
lado.
Eu me lembro de ter trancado a porta quando minha sogra
saiu.
Me afasto do seu toque como se quisesse proteger a mim e
ao meu bebê, e ele percebe isso.
— O que está fazendo, Bruna? Acha mesmo que seria capaz
de fazer mal a você?
— Sua mãe me garantiu que eu ficaria protegida aqui e o meu
bebê também. Então o que você está fazendo nesse quarto? — Mas
que pergunta mais idiota, esse é o quarto dele, na casa dos pais
dele, a intrusa aqui, sou eu.
— Nosso bebê, Bruna, esse filho é meu também, esqueceu?
— Como eu poderia esquecer, mas agora as coisas mudaram,
Oliver, e não vou abrir mão do meu filho, não vou entregá-lo a você
nunca.
Ele me olha intensamente e me preparo mentalmente para
uma discussão grande dentro desse quarto.
— Podemos chegar a um acordo em relação a isso.
— Acordo? Não tem acordo, Oliver.
— Vamos passar a viver como marido e mulher de verdade,
como deveria ter sido desde o início.
Agora sou eu que fico chocada com o que ele fala.
— Eu não sei se estou disposta a isso agora, você me
enganou, mentiu para mim, disse com todas as letras que não me
queria perto de você...
— Bruna, você me pediu para tentar, lembra? Estou tentando,
porra. Estou fazendo isso por você e pelo nosso filho porque quero
que ele tenha uma família completa com um pai e uma mãe. Sei tudo
o que fiz e falei, não preciso de você para ficar me lembrando disso a
todo tempo.
— Você não me ama, Oliver, e já deixou isso claro mais de
uma vez. Eu não quero viver em um casamento sem amor e nem
vou fingir sermos uma família feliz por causa dele. Eu mereço mais e
o meu filho também.
— Você merece mais? O que está querendo dizer com isso,
Bruna?
— Estou querendo dizer exatamente o que você entendeu. Se
você não me ama, ótimo, problema seu, mas eu vou conseguir te
arrancar do meu coração e nada melhor do que um novo amor para
curar outro. — Agora, sim, vejo um Oliver com muita raiva na minha
frente.
Ele me segura em seus braços montando em cima de mim,
prendendo meus braços acima da minha cabeça com apenas uma
mão enquanto com a outra ele passeia pelo meu corpo.
— Você é minha mulher, mãe do meu filho, dona da minha
fortuna. Você é minha em todos os sentidos, Bruna, e nunca vou
permitir que saia do meu lado. Estamos amarrados um ao outro e
agora mais do que nunca por causa do nosso filho. Eu sou capaz de
dar o mundo a você.
— Eu não quero o mundo, o que eu quero é o seu amor.
— E você está conseguindo, aos poucos está conseguindo.
Tudo o que eu peço é que me dê uma chance de provar isso a você.
"Eu não sou um homem bom, mas com você eu quero ser. Eu
quero te amar assim como você diz que me ama.
"Tudo o que eu te peço é tempo.
"Passei anos mergulhado na dor de uma tragédia do passado,
mas você me faz querer sair dessa dor. Com você eu tenho a chance
de recomeçar, coisa que pensei nunca mais ser capaz de fazer".
Tudo o que ele me diz, olhando dentro dos meus olhos me
toca profundamente. É como se estivesse vendo um Oliver
totalmente diferente agora.
— Eu não vou te dar uma segunda chance, Oliver. Eu não te
perdoaria se me traísse, se quebrasse a promessa que está me
fazendo agora.
— Eu jamais faria isso. — Solta meus pulsos e segura o meu
rosto com as duas mãos.
Oliver me beija delicadamente nos lábios até que o beijo
começa a ganhar mais ferocidade e quando já estamos aponto de...
— Será que dá para sair de cima da sua esposa? Ela está
grávida, por Deus, Oliver.
Oliver rosna frustrado com a interrupção da minha sogra e
tudo o que ela faz é sorrir.
— A senhora nunca perde essa mania, não é mesmo,
mamãe?
— Deixou a porta aberta, se quisesse privacidade deveria ter
trancado. Agora sai daí e deixe sua mulher comer. Ela precisa se
alimentar muito bem agora e trate de levá-la ao médico da família.
Não naquela tal de Zara que arrasta um caminhão por você.
Isso me faz lembrar de uma coisa.
— Você já levou aquela médica para a cama?
Oliver engole em seco e a minha sogra olha para ele também,
esperando pela resposta.
— Querida, acho que esse...
— Responda. Já levou a doutora Zara para a sua cama?
— Isso, filho, responda a sua esposa. Ela não pode ficar
nervosa, faz mal para o bebê.
A minha vontade é de rir da cara que Oliver faz para a mãe
dele.
— Sim, nós dois tivemos um caso, mas isso faz muito tempo e
não foi nada demais.
Mais que cretino!
— Você me levou para fazer uma inseminação na clínica da
sua ex-amante?
— Zara é uma profissional competente, ela sabe separar
muito bem as coisas.
— Eu vi como ela sabe separar as coisas.
— Não fique chateada, querida, isso ficou no passado, agora
come, vai. Escute a mamãe, ela disse que você não pode ficar
nervosa.
Dona Leah abre um sorriso grande, se aproxima de mim me e
coloca uma bandeja recheada de guloseimas na minha frente que
chego a salivar.
— Mãe, tem certeza de que ela pode comer isso?
— Posso sim, o bebê está com vontade — respondo tão
rápido, interrompendo minha sogra que sorri e Oliver também.
— Estou vendo que tem alguém com muita fome aqui.
— Deixe-a comer em paz, Ollie. Essa parte da gravidez é
difícil, daqui a pouco começa os enjoos e aí ela não vai ter apetite
para nada.
Oliver começa a fazer um monte de pergunta sobre gravidez
para a mãe enquanto eu como animada.
Queria tanto que a minha vida a partir de agora fosse boa,
mas algo bem lá, no fundo, do meu coração me diz que esse ainda
não é o meu final feliz.
CAPÍTULO 55
Bruna Thompson
Acordo com o estômago embrulhado, com vontade de
vomitar o mundo.
Parece que foi só descobrir que estava grávida que os enjoos
me acharam.
Olho para o lado e vejo Oliver dormindo tranquilamente ao
meu lado, coisa que jamais pensei em ver, já que ele sempre falava
que não iriamos morar juntos.
Mas desde a descoberta da minha gravidez, ele não voltou
para a mansão dele, porém, ainda não conversamos sobre isso.
Ele evita o assunto e eu também. Está tudo tão bem entre nós
que não quero estragar o momento.
Me viro para o lado e quando já estou quase me levantando,
sinto um par de mãos me puxando para a cama novamente.
— Para onde pensa que vai, esposa? — Me acolhe em seus
braços fortes, fazendo carinho na minha barriga.
— No banheiro.
— Está se sentindo mal de novo?
— Mais ou menos. O médico falou que sentir esses enjoos no
início da gravidez é normal, lembra?
— Os remédios que ele passou não estão ajudando?
— Nem um pouco e tudo piora pela manhã, mas com o passar
do dia alivia um pouco, não se preocupe.
Oliver me olha como se quisesse falar alguma coisa que não
tem coragem de dizer.
Desde o dia que descobrimos a minha gravidez, três dias
atrás, ele tem agido diferente. Posso dizer que ele realmente está
tentando, mas não posso me agarrar a isso.
Tudo o que escutei da boca dele na casa de Amanda ainda
não saiu da minha cabeça, ele falou cada palavra com muita
convicção.
Posso até estar errada e quero muito mesmo estar. Mas
conhecendo Oliver como eu conheço, depois de tudo o que ele fez,
pode ter mudado de estratégia comigo, pois, deixei claro que não
abriria mão do nosso filho.
Eu o amo muito e não contava engravidar dele antes de
conseguir conquistar seu coração. Eu já tinha um plano para tentar
evitar a inseminação, mas as coisas foram por um lado, o qual não
tinha previsto. E agora não é mais somente eu nessa história, tenho
meu bebê para proteger do pai.
— Eu daria toda a minha fortuna para saber o que está se
passando por seus pensamentos.
Dou a ele um sorriso fraco.
— Você não gostaria de saber, isso eu garanto.
— O que eu tenho que fazer, Bruna?
Ele sabe a resposta, mas continua insistindo em perguntar.
— É complicado, Oliver, vamos dar tempo ao tempo e ver se
as coisas se acertam definitivamente entre nós.
— Eu nunca pensei que fosse desistir de nós dois.
— Você me obrigou a isso e agora não estou mais sozinha.
Estou agindo com a razão agora e não com o coração.
— Não diga isso, eu sei que me ama.
— Amo, sim. Eu te amo, Oliver, te dei o meu amor sem pedir
nada em troca, mas se coloque no meu lugar e olhe a situação ao
qual estou.
"Você tem um contrato de casamento, assinado por mim, que
me obriga a entregar meu filho a você quando ele nascer.
"Quando assinei aquele contrato, obrigada por você, estava
com medo de ficar na rua com a minha mãe.
"Eu não pensei nas consequências.
"Realmente achei que conseguiria te conquistar com o passar
do tempo, mas me enganei.
"Não sei se você é capaz de amar alguém".
— Eu não vou afastar a criança de você, mesmo que nada
entre nós dê certo continuará sendo a mãe dele ou dela.
— Você está se escutando, Oliver? É justamente disso que eu
tenho medo. Se nada der certo entre nós, você fica com o bebê e eu
saio de cena. Me manter perto dele não é a mesma coisa que me
deixar criá-lo do meu jeito.
— Bruna, nosso filho é herdeiro de uma das maiores fortunas
do mundo. Ele não pode ser criado do seu jeito.
— E pode ser criado do seu? Quer saber, Oliver, chega dessa
conversa. Você está aqui e admito que está tentando.
"Espero sinceramente que consiga me provar que realmente
quer estar nesse casamento ou a coisa vai ficar muita feia entre nós
dois.
"Agora eu vou no banheiro, preciso ir para a galeria, estamos
tendo muito trabalho com a organização da exposição de Nova
York".
Me levanto da cama e quando estou entrando no banheiro,
escuto Oliver falar comigo.
— Hoje é o meu... — Ele para no meio da frase e me volto
para ele.
— O seu o quê? — Não entendi o que ele quis dizer.
— Nada deixa pra lá. Será que você tem tempo de almoçar
comigo hoje?
Fico olhando para ele por alguns segundos e respondo.
— Hoje não tenho tempo, assim como você eu tenho muito
trabalho. — Me sinto mal em estar o tratando com tanta frieza, mas
isso não é nada comparado a maneira como ele me tratou.
— Tudo bem, quem sabe amanhã.
Eu não respondo nada e entro no banheiro fechando a porta.
Meia hora depois saio e não vejo mais Oliver pelo quarto, mas
sinto seu cheiro pelo ambiente. Entro no closet e me arrumo depois
de pronta desço para tomar café da manhã e encontro como sempre
uma mesa farta, posta apenas para mim.
— Onde ele está? — pergunto para Mara assim que me sento
à mesa.
— O senhor Thomson acabou de sair, senhora.
Eu só balanço a cabeça concordando e tomo meu café da
manhã mesmo sem muita vontade.
***
Como sempre chego a galeria alguns minutos atrasada e me
assusto ao ver que Amanda pela primeira vez chegou primeiro do
que eu.
— Olha aí, a mamãe do ano.
É assim que ela fala comigo desde que contei a ela e ao
grupo do “Projeto Oliver” que estou grávida. Fiquei feliz com a
animação das minhas novas amigas. Elas estão em uma briga para
ver quem será a madrinha do bebê e essa vai ser uma escolha muito
difícil.
— Você caiu da cama hoje foi?
Ela dá um sorrisinho safado e já sei que vem coisa por aí.
Emily também sabe, já que começa a rir mesmo antes da resposta
dela.
— Caí, mas foi em cima de outra coisa, minha querida.
Eu não aguento e dou uma gargalhada.
— Você não muda nunca, Amanda — Emily fala também
gargalhando dela.
— A vida de vocês seria muito sem graça se eu mudasse,
vocês me amam do jeitinho que eu sou.
— Como eu disse você não muda nunca. Agora, Bruna, me
fala o que foi que você preparou para o Ollie hoje? — Emily pergunta
animada demais e Amanda também parece esperar pela resposta.
— Por que eu prepararia alguma coisa para ele? — pergunto
confusa.
— Nossa estou vendo que vocês conversam muito — Amanda
diz sendo sarcástica.
— Sejam mais claras, por favor.
— Hoje é o aniversário do Ollie. Como você não sabe disso, é
a mulher dele?
Eu chego a me sentar pelo susto que levo.
Será que era por isso que ele queria almoçar comigo?
Para comemorar o aniversário dele?
— Parece que ela realmente não sabia. eu achava que vocês
dois finalmente estavam se acertando, Bruna.
— É complicado, Emily, mas hoje ele me chamou para
almoçar e eu disse que não teria tempo. Fui fria e não mostrei
interesse nenhum em sair com ele.
Elas ficam em olhando até que Amanda diz:
— Agora que está sabendo pretende fazer alguma coisa?
— Alguma sugestão para me dar? Afinal vocês o conhecem
melhor do que eu que sou a esposa.
— Um jantar romântico — Emily diz sem nem pensar muito.
— Jantar?
— A Emily tem razão, um jantar romântico seria perfeito para
vocês dois se acertarem de vez e pararem com essa picuinha toda.
Acabo fazendo uma careta do comentário dela.
— Eu ajudo você a cozinhar, Bruna, o jantar pode ser na
mansão mesmo.
— NÃO... Pelo amor de Deus, Emily não queremos matar o
pobre casal de indigestão logo no primeiro jantar romântico deles.
Mara é uma cozinheira maravilhosa e pode ajudar a Bruna com isso.
Vejo o quanto Emily fica desgostosa com o comentário de
Amanda.
— Eu cozinho tão ruim assim?
— Cozinhar ruim seria um elogio, minha amiga, sua comida é
intragável.
Começamos a rir e até Emily mesmo ri do comentário terrível
de Amanda.
— E o presente, o que você pretende comprar?
Fico pensando no que comprar para um homem que já tem
tudo. E é aí que eu lembro de algo.
— O quadro.
Os olhos de Amanda se iluminam.
— O quadro, eu já tinha esquecido dele. Aquela tela é
perfeita.
— Que quadro? Que tela é essa que eu não sei? — Emily
parece estar confusa, já que nunca contei a ela sobre a tela que
pintei de Oliver.
CAPÍTULO 56
Bruna Thompson
Amanda e eu levamos Emily para a sala de produção e pego
a tela que até então estava muito bem escondida entre as outras
telas de rascunho que eu tenho.
Quando eu puxo o pano que cobre a tela, ela coloca as mãos
na boca.
— Por Deus, Bruna, essa tela é a sua grande obra de arte,
simplesmente perfeita.
Fico feliz com o elogio dela que vale muito para mim.
— Acha que ele vai gostar?
— É claro que vai. Oliver adora uma bela obra de arte e essa
é especial, foi feita pela esposa dele.
— Concordo com a Emily. Tenho certeza de que Ollie vai amar
o presente. Você é especial, Bruna. Com o seu jeito de ser está
conquistando Oliver e já deve saber disso.
Eu balanço a cabeça.
— Ele está tentando, mas só se deu a esse trabalho depois
que descobriu a gravidez e é isso que está me deixando com medo.
Eu o amo mais que tudo nessa vida, mas não sei se posso confiar
nele cem por cento.
— E você já conversou com ele sobre isso? Já falou dos seus
medos para ele? — Emily me pergunta muito séria.
— Não com essas palavras — respondo e baixo a cabeça.
— Não faça isso, Bruna. Não abaixe a sua cabeça, somos
todos iguais aqui. Sabe muito bem pelo que eu e Amanda passamos.
Você conhece nossas experiências e nunca mentimos para você
dizendo que seria fácil.
"Nunca é fácil, Bruna, e cada uma de nos passou por uma
situação diferente.
"Se me permite te dar um conselho converse com ele
abertamente e fale claramente o que você sente. Conte a ele os seus
medos e receios.
"Ollie não é o monstro que demostra ser, isso tenho certeza
de que já percebeu. Você conseguiu o que nenhuma outra fez,
penetrou na armadura pesada de dor e ressentimento que ele
mesmo criou para se proteger.
"Você o deixou vulnerável, Bruna, e isso o assusta tanto
quanto assusta você.
Eu chego a me emocionar com as palavras que Emily fala,
mas antes que eu consiga pronunciar alguma palavra, escuto
Amanda chorando.
— Nossa, Emily, você fala tão bonito, quando foi que você
desenvolveu o dom das palavras?
— Amanda, você anda muito sensível ultimamente. A grávida
aqui é a Bruna e não você. A não ser que...
— Nem vem, eu não estou grávida. Mato o Colin se ele fizer
um filho em mim, agora.
Dessa vez sou eu que sorrio da situação.
— Eu falava a mesma coisa para o Thony e olha só agora.
— Não quero nem pensar em uma possibilidade dessas, mas
vamos voltar ao que interessa. Bruna, vamos mandar a tela para a
sua casa e você vai preparar uma surpresa e tanto para o seu
marido. Você deve estar com os hormônios da safadeza a pleno
vapor por causa da gravidez, então capricha na lingerie.
— Amanda!
— Não vem com essa de Amanda, e para surpreendê-lo mais
ainda vá buscá-lo na empresa hoje no final do dia. Entre lá já
mostrando quem é que manda no homem e não peça para ser
anunciada. Entre direto na sala da presidência sem deixar a bruxa da
secretária dele te parar.
Eu começo a rir dela.
— Amanda, ninguém naquela empresa sabe quem eu sou,
como é que vou entrar lá e ir para o andar da presidência sem ser
presa?
— Os funcionários não te conhecem, mas os seguranças do
Ollie, sim. Eles vão ser a sua chave para entrar na empresa pela
porta da frente sem que ninguém te pare.
— Amanda, você não cansa de me surpreender — Emily
comenta gostando da ideia.
— Tudo bem, vou fazer o que disseram e que Deus me ajude.
Como combinado, no período da tarde volto para casa para
começar os preparativos da minha surpresa para o Ollie. Amanda
sem perder tempo mandou preparar a moldura da tela que pintei de
Oliver e já mandou entregar na mansão. Tudo o que falta agora é
preparar o jantar.
Ao chegar em casa mais cedo, Mara se assusta com a minha
presença temendo que tenha acontecido algo comigo.
— A senhora está bem? Vou ligar para o patrão.
Trato de pará-la antes que ela estrague a minha surpresa.
— Nem pense em fazer isso. Estou me sentindo muitíssimo
bem, voltei mais cedo hoje porque preciso da sua ajuda.
Ela me olha confusa.
— Minha ajuda, senhora?
— Sim, hoje é o aniversário do meu marido e quero preparar
um jantar romântico para ele. Para isso preciso da sua ajuda para
preparar tudo.
Agora, sim, ela entende tudo e seu sorriso se alarga no rosto.
— Eu ajudo com o maior prazer, senhora, me diga o que
precisa que preparo tudo.
— Não, você vai me dizer do que preciso e vou preparar tudo.
Quero cozinhar hoje para meu marido e você vai apenas me ajudar.
Agora vamos para a cozinha e nem adianta reclamar dizendo que
não.
Ela não gosta muito da ideia achando que Oliver vai demiti-la
caso fique sabendo que ela permitiu que eu cozinhasse, mas tratei
logo de acalmá-la garantindo que isso não iria acontecer.
Depois de passar a tarde inteira na cozinha com Mara
finalmente terminamos tudo, e devo admitir que tenho talento para
cozinhar esses tipos de comidas chiques.
— Mara, eu vou tomar banho e trocar de roupa. Vou buscar
Oliver na empresa hoje, faz parte da surpresa e meia hora depois
que eu sair, você arruma tudo na mesa e pode ir para a sua casa.
— Mais senhora hoje não é a minha folga. Ainda pode
precisar de ajuda para servir o patrão e depois retirar a mesa.
— Mara, eu pretendo fazer muito sexo hoje com o meu marido
e pretendo começar pela sala de jantar. Tenho certeza de que você
não vai querer estar presente para presenciar tudo. Sei muito bem
como servir meu marido, então você pode ir para a sua casa hoje
que eu cuido de tudo. — É claro que eu não vou transar na sala de
jantar, mas se eu não falo isso ela nunca que iria concordar em ir
para casa hoje.
— Sendo assim é melhor eu ir para casa mesmo. Vou arrumar
tudo e depois me retiro, mas qualquer coisa que acontecer a senhora
pode me ligar que eu volto no mesmo instante.
— Tudo bem, mas não se preocupe que nada vai acontecer.
Passo os últimos detalhes de tudo a ela e subo para o meu
quarto.
Pelo avançar das horas não perco muito tempo, tomo um
banho caprichado e visto uma lingerie bem sexy. Logo depois um
vestido preto colado no corpo com um decote não muito ousado,
mas que faz a imaginação voar. Faço um penteado simples e bonito,
e uma maquiagem não muito pesada. Calço meus saltos e estou
pronta para buscar meu marido no trabalho.
Chego na garagem e o motorista está a minha espera, já que
tinha avisado que iria precisar dele, só não disse para onde iríamos.
Com certeza ele iria avisar ao Oliver e estragaria a minha surpresa.
— Para onde vamos, senhora?
— Grupo Thompson.
Ele me olha sem entender nada.
— Grupo Thompson?
— Tenho certeza de que não está surdo, hoje é o aniversário
do meu marido e quero fazer uma surpresa a ele. Então, nada de
avisá-lo. E como ninguém lá me conhece vou precisar de você para
liberar a minha passagem até a sala da presidência.
Ele me analisa por alguns segundos e tenho a impressão de
que ele vai recusar meu pedido, então antes que ele abra a boca
mudo de tática.
— Por favor, estamos tentando fazer nosso casamento dar
certo e quero surpreendê-lo com um jantar romântico que eu mesma
preparei já que eu rejeitei o convite dele para almoçar. Preciso da
sua ajuda para entrar no Grupo Thompson e só posso contar com
você agora.
— A senhora é muito boa em convencer. Vamos, entre no
carro e espero não me arrepender de fazer isso.
— Não vai, eu garanto. — Corro até ele e o abraço, deixando
o pobre homem sem jeito com a minha demonstração de alegria.
— Senhora, não faça isso, tenho a intenção de viver muitos
anos ainda.
Acabo sorrindo do que ele fala, entro no carro e ele me levar
rumo ao imponente prédio do Grupo Thompson.
CAPÍTULO 57
Oliver Thompson
A maneira como Bruna está me tratando tem me tirado do
sério. Estou puto de raiva com a situação, e o pior é que eu nem
posso culpá-la. Fiz de tudo para afastá-la de mim, com medo dos
meus sentimentos. Eu não queria que ela me amasse, mas também
não queria abrir mão dela.
Nem eu entendia meus sentimentos até descobrir que ela já
estava grávida e agora é a minha vez de tentar fazer as coisas
darem certo, mesmo com a desconfiança que ela tem.
Bruna pensa que não percebi a sua mudança repentina. Ela
deve estar pensando que eu mudei de atitude em relação a ele por
causa da criança que carrega em seu ventre. Por um lado, ela tem
razão, mas tudo o que quero agora é viver bem com minha esposa e
filho.
Sou tirado dos meus pensamentos com o telefone da minha
sala tocando.
— O que foi?
— Desculpe incomodá-lo, senhor, mas a senhorita Celeste
está aqui querendo vê-lo.
Era só o que me faltava para piorar ainda mais o meu dia.
Celeste consegue chegar até mim, com facilidade, já que,
durante muitos anos, mantivemos um caso. Por várias vezes a
chamei aqui, mas tudo isso mudou quando Bruna exigiu fidelidade.
Ao terminar nosso caso, ela até que foi bem compreensiva e não me
deu muitos problemas. Isso me faz ficar curioso para saber o que ela
quer agora.
— Deixe-a entrar.
— Sim, senhor.
Não demora muito e Celeste entra na sala.
— Oliver...
Antes dela conseguir terminar de falar levanto o dedo e ela se
cala.
— O que você está fazendo aqui?
— Preciso de ajuda e você é a única pessoa que pode me
salvar.
Sinto vontade de rir porque isso só pode ser uma piada.
Eu nem mesmo me dou ao trabalho de me levantar, mas ela,
ousada como sempre, se aproxima da mesa. Afasta uns papéis e se
senta de frente, deixando as pernas cruzadas ao meu lado.
— O que a faz pensar que eu vou querer ajudá-la? Eu não
faço caridade, Celeste, sempre tenho que ter algo em troca.
— O que eu posso oferecer em troca você não quer mais, e
quanto a fazer caridade isso é uma tremenda mentira. Não pensou
duas vezes antes de investir uma fortuna em duas garotas que nem
mesmo conhecia direito. Amanda e Emily são a prova do quão
caridoso você é.
Seguro com força em seu rosto e sinto o corpo dela tremer.
Celeste sabe do que sou capaz de fazer, ela já presenciou algumas
coisinhas e é por isso que acha que pode falar assim comigo.
— Tem certeza de que quer ir por esse lado, Celeste?
Ela funga e vejo seus olhos vermelhos como se quisesse
chorar.
Essa é uma Celeste que ainda não conhecia.
— Eles vão matar o meu irmão, Oliver, por favor, eu imploro
que me ajude.
Solto a mulher de uma vez e ela se apoia na mesa ainda
sentada.
— Em que aquele idiota se meteu dessa vez?
— Eu não sei direito, ele levou uma surra grande e se não
pagar a dívida vão matá-lo. Depois vão vir atrás de mim. Você sabe
que fiz de tudo para criá-lo da forma certa, dando a ele uma vida
digna, vendendo o meu corpo, mas ele...
Ela não consegue terminar de falar.
Quando a mãe de Celeste morreu, ela tinha dezoito anos e o
cretino do irmão dela era uma criança. Para criá-lo, ela entrou nessa
vida e olha como o idiota agradece.
— Onde ele está agora?
— Escondido, implorei ao Fred para escondê-lo até dar um
jeito de conseguir o dinheiro.
Olho para ela e pela primeira vez sinto pena dessa mulher.
— Eu vou te dar esse dinheiro, mas a vida do seu irmão
passará a pertencer a mim. Se você não conseguiu ensiná-lo a ser
um homem de verdade, eu vou ensinar. — Arregala os olhos, me
encarando.
— O que vai fazer com ele?
— Ensinar a ele o que você não foi capaz de ensinar. É muito
melhor ele nas minhas mãos do que nas mãos de pessoas que
certamente vão matá-lo. É pegar ou largar.
— Me prometa que não vai machucá-lo?
— Sabe que isso é impossível, para ele ser um dos meus terá
que passar por um belíssimo treinamento e o dele vai ser de primeira
linha. Não é essa vida que ele quer? Pois, vou dar a ele e de quebra
ficará vivo.
Ela pensa por alguns minutos antes de responder.
— Tudo bem, só cuide do meu irmão e não permita que nada
de ruim aconteça com ele. Quero que me dê a sua palavra, Oliver.
— Você tem a minha palavra, Celeste, vou pagar a dívida do
seu irmão e depois ele passará a ser um dos meus homens. — Sem
que eu espere, ela pula no meu colo e me abraça forte.
— Obrigada, Oliver, muito obrigada por me ajudar. Prometo
que nunca mais vou te pedir nada, tudo o que eu quero é que você
cuide do meu irmão.
Estou prestes a tirá-la de cima de mim, quando escuto a porta
da sala sendo aberta e quando olho para ver quem é, sinto a minha
cabeça girar e meu coração querer sair pela boca.
Eu estou muito ferrado agora.
Celeste vendo quem é, pula do meu colo e fica atrás da
cadeira.
— Eu devo ser a mulher mais burra e idiota do mundo por
acreditar em você, Oliver Thompson — Bruna diz e sai feito um
furacão da sala, sem nem me dar tempo de tentar explicar o que
aconteceu.
A minha vontade é de jogar a Celeste pela janela.
— Oliver, eu sinto muito, eu não deveria ter...
— Não deveria mesmo, agora some daqui que o nosso
assunto já acabou.
— Mas e o meu irmão.
Essa mulher só pode estar querendo a morte.
— Eu te dei a minha palavra, não dei? Agora sai que vou ter
muito trabalho para explicar para minha esposa o que ela acabou de
ver aqui.
Celeste sai da sala e eu me preparo para ir embora também.
Preciso ir atrás da minha pequena raivosa esposa.
CAPÍTULO 58
Bruna Thompson
Quando chego ao grupo Thompson, o motorista e dois
seguranças vão na minha frente como se estivessem abrindo
caminho para que eu passasse. Ninguém teve coragem de pará-los
já que todos os conhecem e subimos direto para o andar da
presidência.
— Agora é com a senhora — um dos seguranças diz assim
que o elevador abre as portas.
Saímos dele e logo avistamos a tal da secretária que Amanda
tinha me falado, inclusive ela tem mesmo cara de piranha.
Entro no ambiente, cheia de mim, e ando em direção a porta
da sala de Oliver, mas como já imaginava a secretária me para.
— Onde pensa que vai, garota?
Antes que eu consiga responder, um dos seguranças diz:
— Se eu fosse você não ficaria no caminho dela, essa é a
senhora Thompson, esposa do chefe.
A mulher fica pálida e arregala os olhos na minha direção,
completamente surpresa. Aproveitando esse momento de distração,
abro a porta, mas o que eu vejo dentro da sala faz mais uma vez
meu coração se quebrar.
A loira que já sei que se chama Celeste está sentada no colo
do Oliver agarrada a ele. Quando os dois percebem a porta sendo
aberta, me olham como se eu fosse um fantasma na frente deles.
Logo a mulher pular do colo dele e se esconde atrás da cadeira.
— Eu devo ser a mulher mais burra e idiota do mundo por
acreditar em você, Oliver Thompson — digo com toda a amargura do
meu coração.
Como sei que ele vai tentar vir até mim, saio da sala batendo
a porta.
Tudo o que eu quero é ir embora desse lugar.
— Me levem para casa agora mesmo — ordeno aos
seguranças.
Eles percebem a situação, não me questionam em nada e
fazem o que pedi em tempo recorde.
É como se eles se compadecessem da minha situação já que
conhecem o chefe que tem.
Durante o caminho até a mansão ninguém fala uma palavra e
com muito custo consigo segurar as lágrimas que estão querendo
rolar pelo meu rosto.
Ao descer do carro agradeço ao motorista pela ajuda e vejo o
quanto ele fica sem graça com a situação, é como se ele se culpasse
pelo que aconteceu.
Confesso que meu medo é que Oliver realmente o culpe, já
que ele não informou que eu estava indo até à empresa e o dever
dele é informar ao seu chefe todos os meus passos.
Entro na sala e a primeira coisa que vejo é o quadro
perfeitamente embrulhado, esperando pelo aniversariante, e a mesa
de jantar lindamente posta, com velas grandes ao centro, dando um
ar romântico a ocasião.
Sem conseguir mais segurar as lágrimas, vou até à mesa de
jantar e pego uma faca.
Vou destruir a droga dessa tela, vou descontar toda a minha
raiva e frustração no quadro que tem a imagem de Oliver pintada por
mim.
Ele não merece nada, não merece o meu amor e não merece
ser o pai do meu bebê.
Me aproximo da tela com a faca na mão e a primeira coisa
que faço é rasgar o papel que a envolve, revelando a imagem do
homem que eu amo, mas que não merece o meu amor.
Com a respiração acelerada e o coração batendo apertado no
meu peito, quebro a moldura e quando levanto a faca para rasgar a
tela sinto uma mão forte segurando a minha.
— Você não vai fazer isso.
Oliver toma a faca da minha e me segura por trás em seus
braços fortes.
— Me solta, Oliver, você é um traidor, cretino. — Tento me
soltar, mas ele não deixa.
— Quando foi que você fez isso? Quando pintou esse
quadro?
— Não é da sua conta, vou destrui-lo. Agora me solta e vai
embora daqui. Se você não sair, eu saio.
— Você preparou essa surpresa pra mim?
É como se ele não me escutasse e me fizesse mais
perguntas.
O pior é que não consigo me soltar.
— Preparei e claramente você não merece. Você me enganou
mais uma vez, mentiu para mim, dizendo que queria fazer nosso
casamento dar certo.
"Você não tem um pingo de vergonha na cara e nem respeito
por mim.
"Como pode levar a sua amante para a empresa?
"Como pode me trair desse jeito?
"Se bem que não é a primeira vez que faz isso, deixou de ir à
minha formatura para comer uma puta qualquer e ainda a exibiu na
frente de várias pessoas, você..."
— CHEGA! — grita e me joga em cima do sofá.
— Eu não admito que você me acuse de uma coisa que eu
não fiz.
— Não fez? Eu vi com os meus olhos, seu cretino.
— Viu? Me diga exatamente o que você viu, Bruna?
Eu fico o encarando por alguns segundos, querendo saber
qual é o jogo dele agora.
— Fala, fala exatamente o que você viu com seus olhos para
ter tanta certeza de que eu te traí.
Se ele pensa que eu vou ficar calada está muito enganado.
— No dia da minha formatura, você estava com aquela mulher
na boate, passando a mão pelo corpo dela, cheio de sorrisinhos. E,
hoje, a mesma mulher estava no seu colo, agarrada a você. Se eu
tivesse chegado dez minutos depois teria pegado os dois transando
em cima da mesa.
Ele sorri e passa a mão pelo cabelo.
— Então, se eu seguir esse seu pensamento, você também
me traiu.
— Perdeu o juízo de vez?
— Eu me lembro muito bem de ter visto fotos da minha
esposa em uma academia de box agarrada ao treinador. E para
piorar, você entrou em uma casa com ele e saiu de lá horas depois
com o cabelo molhado e com outra roupa. Além de terem passado o
dia juntos, passeado de braços dados.
Eu fico chocada com o que ele diz, afinal uma coisa não tem
nada a ver com a outra.
— Não vai conseguir virar a situação ao seu favor, Oliver.
Roger é apenas um amigo muito querido, não...
— Amigo! — Ele começa a rir do que falo.
— Eu não tenho a mesma índole que você, eu te amo e nunca
neguei isso, jamais teria coragem de te trair. Já você, eu não posso
dizer a mesma coisa.
Ele me olha profundamente como se estivesse em uma
batalha interna.
— Você nunca realmente me deu uma chance, Bruna. Eu sei
muito bem tudo o que fiz com você e não vou ser hipócrita dizendo
que me arrependo, porque eu não me arrependo de nada e faria tudo
de novo para ter você ao meu lado.
"Eu nunca te trai, tentei, mas não consegui, porque você era a
porra de uma maldição que rondava meus pensamentos dia e noite.
"Você foi a luz que entrou na minha vida para tirar as trevas
que me rodeava.
"Eu nunca te traí, eu não consegui fazer isso.
"Você nunca me deu uma chance de me explicar.
"Eu sei que pelo que eu fiz, não merecia isso. Era muito mais
fácil para você me tirar do sério e me provocar. No fundo, admito que
gostava disso.
"Você com esse seu jeito rebelde e provocador de nunca
baixar a cabeça para o que eu falava, foi o que fez com que eu me
apaixonasse por você.
"Você diferente de todas as outas e isso me encantou da
mesma maneira que me apavorou.
"Tentei te manter longe de mim com a desculpa de que
precisa te proteger, quando, na verdade, era eu quem estava
procurando proteção, porque sabia que cedo ou tarde você
conseguiria me conquistar".
Eu não consigo acreditar no que estou escutando da boca
desse homem.
— Oliver...
— Você me disse uma vez que eu nunca tinha te notado pelos
cantos da galeria, mas eu te notei desde a primeira vez que te vi, no
dia da sua entrevista que você com Amanda.
"Minha obcecação por você começou naquele dia.
" Você agiu como se eu fosse um ninguém e aquilo me deixou
intrigado.
"Eu sempre estive lá, Bruna, te olhando, te observando de
longe e quando vi a oportunidade de ter você para mim, eu
aproveitei.
"Mas coisas saíram do meu controle quando você decidiu me
fazer te amar.
"Não foi eu que venci, Bruna, foi você, meu amor. Você
venceu e hoje sou um homem rendido a você em todos os sentidos".
CAPÍTULO 59
Oliver Thompson
Rendido.
O ar que antes me sufocava e estrangulava, agora me
tranquiliza quando as palavras saem.
Bruna me encara e seu silêncio sentencia o quanto minhas
palavras a preencheram. A raiva que antes a acometia, crua e nua,
agora é substituída pelo desejo de ser novamente minha.
— Ollie...
— Estou tentando ser alguém melhor por você, Bruna, coisa
que nunca tentei fazer por ninguém.
— Eu quero você! Sem segredos ou mentiras. Quero
conhecer o verdadeiro Oliver, o homem com quem me casei, o pai do
meu filho e o dono de todo esse império. Eu não quero ter que
escolher apenas uma versão sua, eu quero tudo.
— Só precisa dizer “PARE”.
— O que você quer dizer com isso?
Ela me encara, esperando uma explicação.
— Você não quer tudo de mim? Vamos começar por isso. —
Antes que ela possa responder eu a tomo em meus braços e beijo
seus lábios.
Nossas línguas se chocam e Bruna geme enquanto provamos
um do outro, como se fosse a primeira vez. Não há pressa, apenas o
desejo mútuo de pertencermos um ao outro.
— Para. Onde. Você. Vai. Me. Levar? — diz pausadamente,
sussurrando cada palavra enquanto seu peito infla em busca de ar.
Posso sentir o tesão se misturando com a ansiedade do
desconhecido.
— Vamos para o nosso quarto.
Seguimos em direção ao quarto e assim que entro com Bruna
em meu colo, a observo por alguns segundos, buscando no meu
subconsciente todos os motivos para não continuar.
— Eu sei o que você está tentando fazer — diz, descendo do
meu colo, mas sem se afastar.
— Não sei se consigo ser delicado.
— Tudo! — sentencia e com isso manda minha razão para os
infernos.
Com os olhos vidrados na minha esposa, retiro o terno e
observo Bruna me examinar como um brinquedo novo, que acaba de
ser exposto na estante da loja.
— Vire-se! — determino.
— Ollie...
— Enquanto estivermos aqui, quero que me chame de Dom.
Você atenderá como minha Sub.
Bruna sorri maliciosa e demonstra satisfação ao se virar.
Bondage.
Amarro seus braços com a gravata que antes vestia e a
imobilizo, garantindo que não possa se soltar.
Dominação.
— Não se esqueça, basta dizer “PARE” e a soltarei. Aqui eu
sou seu dominador e você a minha submissa.
— E o que eu ganho?
— Muito prazer.
Sadomasoquismo.
Eu a posiciono de pé, em frente a cama, virada de costas para
mim.
— Quero que curve todo o seu corpo e abra as pernas.
Ela não me responde e apenas faz o que eu digo. Seu vestido
se levanta e nessa posição consigo observar a calcinha de renda
azul que veste por baixo.
Passo as mãos por cima do tecido e posso observar os pelos
do seu corpo se arrepiarem com o meu toque. Sorrio ao ouvir o som
do gemido que sai de seus lábios quando intensifico o contato com a
região úmida coberta, pronta para ser exposta.
— Serão cinco tapas, quero que conte comigo — digo
levantando o vestido, permitindo que a bunda lisa e macia fique em
evidência.
— Um — digo quase que em um rugido.
Meu pau está duro com a cena e posso sentir o pré-gozo
quando ouço o estalo do tapa ecoar pelo quarto.
Bruna arfa e sei que está tão excitada quanto eu.
— Quero que conte comigo — repito, empurrando a calcinha
para o lado e introduzindo um dedo na sua região íntima, ouvindo um
gemido como resposta.
— Dois — dizemos em uníssono.
A marca dos meus dedos fica mais aparente e o brilho se
intensifica, ação que me faz introduzir mais um dedo em sua
intimidade.
— Hummm... — Bruna geme, arqueando mais o corpo.
Sua bunda fica em direção ao meu pau que permanece
coberto pela calça.
— Quatro.
Ela grita e posso sentir que está perto de gozar, quando
contrai sua intimidade em meus dedos.
Antes que eu consiga dar o quinto tapa, a safada rebola e
esfrega em meu pau a boceta inchada, enquanto seu gozo escorre
por meus dedos. Incho em resposta, exigindo uma ação rápida.
Switcher.
Bruna não é apenas uma Sub, ela não aceita apenas a
submissão e facilmente consegue me controlar, mantendo o poder
de dominador para ambos.
Sorrio com a constatação, pois, já me relacionei com outras
Sub. Mas nunca me permiti ser um, gosto de manter o controle e
comandar a situação.
— Cinco. — Abro o fecho da calça, rasgo sua calcinha e
invisto contra ela de imediato.
Em resposta, ela geme, deliciosa.
Eu a seguro pela cintura com uma das mãos, enquanto a
outra segura seu cabelo, puxando-o conforme os movimentos se
intensificam.
— Você será sempre minha. — Minha voz sai rouca e posso
sentir o gozo escorrendo por sua intimidade, uma visão privilegiada.
— Isso foi incrível.
— E não acabou, deite-se na cama, ainda de costas pra mim.
Dessa vez ela faz o que eu digo e sem contestar se deita na
cama.
Retiro seu vestido e sigo em direção ao banheiro.
— O que é isso? — pergunta assim que me vê voltar.
— Como sabe que eu trouxe algo? — Sorrio e retiro toda a
minha roupa, seguindo de volta para cama.
— Humm... — Bruna geme assim que permito que algumas
gotas de óleo caíam por seu corpo nu.
— Ainda nem comecei... — sussurro em seu ouvido e começo
uma massagem por toda extensão do seu corpo.
— Dom...
Sorrio ao ouvi-la me chamar assim, é sexy e me excita ainda
mais.
— Sim?
— O que pretende? — Sua voz é curiosa e em resposta
começo a massagear seu anus.
O óleo me permite um melhor acesso e penetro um dedo,
preparando a região para que se acostume.
— Hummm...
— Está gostoso? — pergunto próximo ao seu ouvido e ela se
curva exigindo mais.
Massageio seu clítoris enquanto introduzo outro dedo em sua
região mais sensível.
— Si... Sim... — Sua voz sai rouca, sofrida.
Meu pau lateja a cada som que sai de seus lábios e quando
sinto o gozo escorrer em meus dedos, a penetro duro e profundo. Ela
grita, mas posso sentir o prazer exalar de seus pulmões.
Nós gozamos, uma, duas, três vezes.
Bruna é minha mulher, a mãe do meu herdeiro e a minha
perdição.
CAPÍTULO 60
Bruna Thompson
— Acorda, preguiçosa — Oliver diz cheirando e mordendo
o meu pescoço.
Em resposta, a única coisa que consigo fazer é gemer.
— Meu amor, não faça isso, será que o que fizemos ontem
não foi o suficiente para você? Gemendo assim você me
enlouquece.
Agora ele me desperta porque acho que não aguento outra
rodada de sexo logo pela manhã.
— Você me virou do avesso ontem. Ou foi hoje de
madrugada? Eu nem sei que dia é hoje, estou perdida no tempo.
Tudo culpa sua.
A risada que ele dá me beijando, enche meu coração de
alegria.
— Resolvi te acordar dessa vez antes de ir para a empresa,
fiquei com medo de você roubar mais um dos meus preciosos carros,
quem sabe até o meu avião.
Dessa vez, sou eu quem acha graça do que ele diz.
— Eu não roubei o seu carro, só me apossei dele.
— Se apossou de um dos carros mais caros do mundo. Sua
sorte é que eu não sei te dizer não e já encomendei outro modelo
exclusivo para mim.
Agora é a hora de testar a teoria dele.
— Outro modelo exclusivo, amor!
— Eu adoro quando você me chama de amor, mas dessa vez
eu fiquei com medo.
— Que tal você me dar o modelo exclusivo quando ele chegar
e eu devolvo o seu precioso carro que tanto ama — peço toda
manhosa e ele analisa cada um dos meus movimentos.
— Eu sei o que está fazendo senhora Thompson, está
querendo testar se eu vou dizer não a você.
Sério que ficou tão explicito assim?
— Eu...
— Tudo o que é meu é seu, Bruna, não precisa me pedir nada
com rodeios. Eu tenho tanto dinheiro que você em quatro vidas não
daria conta de gastar. Te dar um carro exclusivo não é nada. Se você
quer o carro ele é seu, fico com o que está dirigindo agora.
Oliver me beija antes que consiga responder e fico toda mole
em seus braços, gostando da sensação que meu corpo começa a
sentir.
— Ollie... — digo querendo arrancar o terno alinhado que ele
está usando.
— Porra de reunião que não posso desmarcar. — Bufa
frustrado entre o beijo e logo se afasta de mim.
— Me prometa que não vai chegar tarde hoje, posso cozinhar
para você novamente já que não tivemos a oportunidade de comer o
jantar que preparei ontem à noite.
— Prometo que vou chagar cedo, mas não quero você na
cozinha, temos empregados para isso. Você pode se machucar e
sou capaz de matar Mara se isso acontecer.
— Isso não vai acontecer, cozinhei minha vida toda e nunca
me machuquei dentro de uma cozinha. E outra, Mara me ajuda em
tudo. Para de dizer que vai matar as pessoas, eu não gosto disso,
não gosto de ameaças.
— Eu não faço ameaças, ela está aqui para cuidar de você e
garantir que nada de mal lhe aconteça, assim como os seguranças,
se eles falharem...
— Para, Ollie, para com isso. Não precisa querer ser
assustador a todo tempo, todos sempre morrem de medo de você.
— É assim que tem que ser, você e meu filho são tudo o que
importam para mim, no momento, e por isso a sua segurança vai ser
redobrada. Precisa descansar, vou falar para Amanda e Emily que
vai se afastar da galeria para focar na sua gravidez e no bebê.
Agora sou eu que quero matá-lo.
— Nem pensar, eu posso muito bem trabalhar durante a
gravidez. Amanda trabalhou grávida e Emily também, e olha que o
senhor Jones tomava o maior cuidado com ela.
— Eu quero você protegida dentro dos portões da mansão.
— Você pode muito bem me manter protegida dentro da
galeria também. Eu não vou abrir mão do meu trabalho, amor, nem
adianta tentar.
— Como você é teimosa.
— Sim, eu sou e você gosta disso que eu sei.
Ele respira fundo me encarando e me beija com força como se
quisesse me punir.
— Você é demais, e já se prepare que a mamãe vai querer
que nos mudemos para a mansão Thompson.
— Mas para quê? Eu quero ficar aqui, essa vai ser a nossa
casa, Ollie.
— Não vai ser fácil convencê-la do contrário, mas vou tentar.
Agora eu tenho mesmo que ir.
Oliver se aproxima, beija a minha testa e aproveito para
acariciar o meu novo brinquedo.
— Sua safada, depois não reclama quando eu te pegar de
quatro, amarrada a essa cama.
Eu chego a imaginar a cena.
— Nunca, meu amor.
Ele sorri balançando a cabeça.
— Não esqueça, vou mandar alguém passar aqui para pegar
o quadro e levá-lo para a restauração.
Eu concordo com a cabeça e ele e sai do quarto, me deixando
sozinha com toda a minha felicidade.
Depois de fazer toda a minha rotina matinal, vou para a
galeria trabalhar e sou obrigada por Amanda a contar em detalhes o
que aconteceu.
Mas claro que algumas coisas eu ocultei dela, ou não teria
paz pelo resto da vida.
Como estamos com muito trabalho, o dia passa rapidamente e
já no final da tarde vou para casa correndo. Quero cozinhar para
Oliver novamente já que não comemos nada da comida que preparei
no dia anterior.
Quando chego em casa, Mara não gosta nadinha quando falo
que vou cozinhar novamente, mas finjo não escutar suas
reclamações. sendo assim, a única opção que sobra para ela é me
ajudar a preparar o jantar, mesmo contra a sua vontade.
Depois de tudo pronto, deixo a Mara ajeitando tudo na mesa e
subo para tomar banho, já que Oliver deve estar para chegar.
Eu quero esta prontinha para o meu marido, hoje, serei a
sobremesa dele.
Despois de tomar banho e trocar de roupas, desço para
esperá-lo na sala.
Os minutos passam e logo se vai uma hora.
Oliver não aparece e isso começa a me preocupar, ainda mais
depois que percebi a chuva forte que está caindo lá fora.
Espero por mais alguns minutos e quando vejo que já são oito
horas da noite, não consigo mais ficar parada. Então, resolvo
ameaçar algum dos seguranças para que me dê informações do
paradeiro de Oliver Thompson.
— Onde ele está? — Nem espero o segurança entrar direito
dentro de casa e já pergunto.
— A senhora mandou me chamar para saber do chefe?
— Não responda a minha pergunta com outra, você entendeu
muito bem o que falei. Agora diga onde o meu marido se enfiou.
— Senhora...
— Tem certeza de que quer fazer isso? Eu posso deixar a sua
vida muito difícil e acho que já percebeu isso. Diga agora mesmo
onde Oliver está ou se aconteceu alguma coisa com ele, ou vou ligar
para a mansão Thompson e informar ao meu sogro que meu marido
desapareceu.
— Tudo bem, eu falo, a senhora chega a ser pior do que o
chefe.
— Ainda bem que sabe disso, agora desembucha de vez.
Ele respira fundo e começa a falar.
— O chefe está na mansão dele, recebeu uma ligação e foi
até lá, é tudo o que eu sei e nem adianta pedir que ninguém vai...
— Me leve até lá agora mesmo.
— Era isso que eu ia dizer — diz coçando a testa.
— Ou me levam até lá, ou eu vou dirigindo sozinha, você que
escolher.
— Eu tenho outra opção?
— Não.
— Então vamos, mas se o chefe quiser me matar eu vou dizer
que fui ameaçado pela senhora.
— Vocês têm tanto medo dele assim?
— Sim, temos e muito, a senhora deveria ter também.
— Isso nunca, Oliver não me assusta nem um pouquinho.
Agora vamos quem eu quero saber o que ele está fazendo naquele
lugar.
O homem me leva até a mansão do meu marido contra sua
vontade e faz o caminho todo resmungando no meu ouvido. O pior é
a chuva que não cessa nem um pouco, muito pelo contrário.
Assim que chegamos na imensa propriedade que chega a ser
muito maior do que a minha, a nossa entrada é logo liberada, mas
não sou vista pelo segurança da guarita e é melhor assim. Se Oliver
está mesmo dentro dessa casa, não quero que ele seja avisado da
minha presença.
O carro é estacionado na garagem e fico besta com a
quantidade de carros que Oliver tem. Mas não tenho muito tempo
para admirar os carros, quero saber o que ele está fazendo aqui.
Vou até à porta da frente e ao tentar abri-la vejo que está
fechada, mas consigo ver o vulto de alguém do lado de dentro. Então
começo a bater à porta com força, já começando a ficar muito
nervosa.
Mas nada do que eu pensei me preparou para a cena que eu
vejo quando a porta é aberta pela mesma vadia de sempre.
Ela está vestida com uma camisa social de mangas
compridas, que tenho certeza ser do meu marido, e o filho da puta
está logo atrás dela apenas de calça, com a camisa aberta e o
cabelo molhado.
A mulher a minha frente não tem coragem de pronunciar uma
única palavra e tudo o que faz é abaixar a cabeça, como se
estivesse com vergonha. Já Oliver está pálido, feito um fantasma.
Ele sabe que dessa vez não tem mais volta, simplesmente
acabou.
CAPÍTULO 61
Oliver Thompson
Eu já estava saindo da empresa, muito depois do horário
previsto, quando recebo uma ligação dos seguranças da minha casa.
— O que aconteceu?
— Chefe, a senhorita, Celeste, está aqui, chegou muito
nervosa e chorando, pedindo para entrar.
Era só o que me faltava uma hora dessas!
Para piorar o meu humor, o céu parece estar caindo.
Tudo o que eu quero agora é a minha mulher.
— Deixe-a entrar, eu já estou indo.
— Sim, senhor.
Entro no meu carro e dou ordens para o motorista me levar
até a minha casa.
Com a chuva, o trânsito está lento, o que aumenta a minha
aflição. Prometi a Bruna que chegaria cedo em casa e ela me
prepararia o jantar.
Pela primeira vez em muito tempo estou sentindo que agora
tenho uma família de verdade, com a minha mulher e logo, logo meu
filho estará com a gente.
Assim que chegamos, nem espero o carro parar direito e já
desço correndo para dentro de casa. Acabo me molhando tudo e ao
abrir a porta vejo, Celeste, na sala, vestindo uma das minhas
camisas que nela fica parecendo um vestido curto.
— Você ficou louca de vez, Celeste?
Tiro o terno, o jogo em cima do sofá e abro a camisa que ficou
ensopada.
Que desgraça!
Sai nessa chuva por causa dessa maldita e ainda vou ter que
trocar de roupa, agora é torcer para que Bruna não perceba nada de
diferente.
— Oliver, me desculpa, mas eu estou morrendo de medo e
aqui é o único lugar que eu sei que estou segura.
— O que diabos aconteceu?
— Estava chegando em casa quando vi aqueles bandidos que
estão atrás do meu irmão na minha porta. Não pensei direito, entrei
em um táxi e vim para cá. Eles não encontraram o meu irmão e
agora estão atrás de mim. Eles vão me matar.
— O dinheiro vai estar na sua conta amanhã mesmo, pague a
dívida e se livre desses homens, Celeste. Não me meta mais nos
seus problemas. Eu deveria estar no conforto da minha casa, no
calor dos braços da minha esposa, mas em vez disso estou aqui
resolvendo a porra dos seus problemas. Eu não gosto nada disso.
Ela me olha e vejo o quanto está se segurando para não
chorar.
— É bom, Oliver?
— O que é bom?
— Ter uma família esperando por você.
Celeste é uma mulher quebrada, que já passou por muita
merda nessa vida. Ela é uma mulher linda, mas que teve que vender
sua beleza e corpo para criar o irmão.
Essa foi a única chance que ela achou que teria.
— É maravilhoso, minha esposa me completa em todos os
sentidos. Ela me tirou da escuridão que eu vivia.
— Será que um dia eu também vou ter uma família assim?
— Você quer sair dessa vida, Celeste?
Ela me olha surpresa com a minha pergunta.
— É tudo o que eu mais quero, estou no meu limite, Oliver.
Não sei mais até quando eu aguento.
Eu me aproximo dela e a puxo para um abraço que pela
primeira vez não tem interesse nenhum.
— Eu vou te ajudar a sair dessa vida, mas você vai ter que me
prometer que vai tentar ser feliz. Você já fez tudo o que podia para
criar o seu irmão, está na hora de você viver, Celeste.
"Vou te dar dinheiro o suficiente para você ir embora da cidade
e recomeçar do zero em outro lugar.
"Pode terminar os seus estudos e recomeçar de novo".
Ela chora abraçada a mim, agradecendo.
Bruna está me deixando com o coração mole.
Somos tirados do momento com alguém batendo à porta e
antes que eu consiga saber quem é. Celeste vai até à porta e abre,
achando que pode ser um dos seguranças.
Mas quando a porta é totalmente aberta por ela, vejo o quanto
estou completamente lascado e morto.
Dessa vez vai ser muito difícil mesmo de explicar, afinal quem
quer que seja que olhe para Celeste e depois para mim, vai achar
que estávamos fazendo outra coisa.
— Bruna, meu amor, eu posso explicar. Fica calminha,
querida, pensa no nosso bebê. O médico disse que você não pode
ficar nervosa.
Bruna, como sempre, me encara de cabeça erguida e é isso
que me deixa louco por ela.
Essa mulher nunca abaixa a cabeça.
— Você não pensou no nosso bebê quando resolveu vim ver a
sua amante. Por sinal, ela parece estar se sentindo muito confortável
na sua casa, enquanto a sua esposa estava cozinhando e esperando
por você na sua outra casa.
— Bruna, amor...
— Não me chame de amor que isso é ridículo, Oliver. Você
mantém duas mulheres, em duas casas.
— Senhora...
Ela nem espera Celeste terminar de falar e dá um tapa forte
na cara dela que assusta até a mim. Eu sei bem o peso que a mão
de Bruna tem.
— Meu nome não é para a sua boca imunda, que não duvido
nada que estava no pau dele.
"E você, Oliver, eu quero o maldito divórcio. Quero que você
engula a porra daquele contrato.
"Eu paro na cadeia, mas com você eu não fico e nem tente
tirar o meu filho de mim.
"Eu sou capaz de te matar com as minhas mãos.
"Meu bebê não vai ser herdeiro de porra nenhuma!
"Esqueça que um dia eu estive na sua vida, procure outra
trouxa para gerar um filho para você, porque essa daqui já caiu na
real".
Ela sai mais rápido do que um furacão e é nessa hora que o
desespero e o medo que há muito tempo não sentia, me invade.
Eu não posso perder a única mulher que já me amou de
verdade.
Eu nunca vou permitir que ela saia do meu lado.
Ela fica comigo nem que seja me odiando.
CAPÍTULO 62
Bruna Thompson
Saio da casa, corro para o carro e entro ofegante, o que
assusta o motorista que estava esperando por mim.
— A senhora está bem?
— Não eu não estou nada bem. Acabei de pegar meu marido
com outra mulher, como eu iria ficar com isso?
A maneira como o segurança me olha me faz sentir mais raiva
ainda de Oliver.
— Vou levá-la de volta para a mansão — diz ligando o carro.
Assim que passamos pelo portão, digo:
— Eu não quero voltar para a mansão, eu quero ir para o mais
longe possível de tudo que pertence ao Oliver.
— Senhora, eu quero muito ajudá-la, mas sabe o que vai
acontecer comigo, caso eu faça o que a senhora está me pedindo.
Estou prestes a respondê-lo quando sinto uma pontada forte
em minha barriga e na hora vem a minha mente o meu bebê.
— Senhora?
— Me leve para o hospital agora mesmo, tem alguma coisa
errada com meu bebê.
Sem perda de tempo e com muita pressa e cuidado, por
causa da forte chuva, chegamos ao hospital.
O segurança me ajudar a descer do carro e ao me identificar
na recepção logo sou atendida, afinal de contas sou a esposa de
Oliver Thompson e mereço receber um atendimento de primeira
linha. Admito que acho isso ridículo, já que claramente o meu marido
não se importa nem um pouco comigo.
Sou encaminhada rapidamente a uma sala de exames.
Logo um médico se junta a mim, e faz várias perguntas. Ele
me examina minuciosamente e depois de explicar a ele que passei
por um estresse grande, ele resolve fazer um ultrassom para verificar
se o bebê está bem.
— A senhora não pode se alterar de forma alguma, está no
início de uma gravidez, é bom evitar o estresse.
Se ele soubesse o que eu passo, não estaria falando isso.
— Como o meu bebê está?
— Por enquanto está tudo bem, foi apenas um susto e um
mal-estar, mas vou deixá-la internada em observação por essa noite,
só para garantir.
Estou prestes a respondê-lo quando seu celular toca e ele
pede licença para atender. Enquanto isso, me levanto da maca e
ajeito minhas roupas.
Não consigo deixar de escutar o que o médico fala no
telefone, ele me parece muito nervoso e pelo que entendi precisa de
dinheiro.
É aí que a ideia mais louca do mundo vem a minha cabeça.
— Me desculpa, senhora Thompson, vou dar entrada na sua
internação agora mesmo.
— De quanto precisa?
— Senhora? — Ele finge não entender a minha pergunta,
mas, no fundo, ele sabe muito bem ao que estou me referindo.
— Vamos fazer um acordo, você vai falar para o meu marido
que eu perdi o bebê e em troca eu te dou dinheiro o suficiente para
resolver todos os seus problemas.
Dinheiro nunca foi problema para o Oliver e vou usar sua
própria fortuna contra ele.
— Quem em sã consciência teria coragem de fazer isso, a
final esse bebê que a senhora carrega é…
— Esse bebê é meu e você vai fazer o que estou pedindo
porque está tão desesperado quanto eu, no momento. Eu garanto
que ninguém nunca vai ficar sabendo de nada, caso resolva me
ajudar.
— E, por que quer mentir para o seu marido?
— Porque eu quero o divórcio e ele não vai fazer isso por
causa da gravidez. Agora, caso ele aceite, quando o bebê nascer vai
me tirar e isso acabaria comigo. Então eu não vou te dar outra
escolha, vai ter que me ajudar e em troca te dou muito mais dinheiro
do que você precisa.
Ele fica pensativo por alguns minutos até que finalmente
aceita a minha proposta.
— Lembre-se que a senhora está me dando a sua palavra de
que ninguém vai ficar sabendo dessa conversa que estamos tendo
essa sala.
— Não se preocupe com isso, faça o que tenha que fazer para
que todos pensem que eu perdi o bebê e o dinheiro será seu.
— Tudo bem, vou fazer o que a senhora quer, e que Deus me
ajude.
E assim ficamos na sala por um longo tempo enquanto ele
preenche vários documentos, alegando que perdi o bebê. Depois do
que pareceu uma eternidade, ele me leva para uma sala que mais
parece um quarto de hotel de tão grande que é.
Um verdadeiro tratamento VIP para a esposa de um magnata.
O médico me explica várias coisas para que eu consiga
sustentar a mentira. Assim que ele termina a explicação, uma
enfermeira entra na sala informando que Oliver está querendo
derrubar o hospital para ter notícias minhas.
— Agora é a hora, doutor, não ouse voltar a atrás e não se
sinta mal por isso, Oliver não merece ser pai nem mesmo de um
cachorro.
— A senhora ainda tem tempo de mudar de ideia.
— Eu não vou mudar de ideia, diga a Oliver Thompson que o
filho dele morreu.
O médico balança a cabeça, mas não fala nada.
Não demora muito, Oliver entrar no quarto parecendo estar
desesperado.
— Bruna, meu amor…
— Não se aproxime de mim.
Ele para no lugar e olha para o médico.
— Como a minha mulher está e o meu filho?
O médico me olha e depois volta a olhar par Oliver
novamente.
— Sinto muito, senhor Thompson, mas…
— Não diga isso, por favor.
— Sinto muito mais sua esposa sofreu um aborto espontâneo.
Ela agora precisa de repouso e descanso. Nada de estresse, isso vai
fazer mal à saúde dela.
Vejo que Oliver fica sem cor ao escutar as palavras do
médico, mas eu não posso correr mais riscos, preciso me afastar de
Oliver para conseguir ter o meu bebê em paz.
Eu não confio nele, não vou mais sofrer pelo amor de um
homem que claramente me enganou mais uma vez.
O médico sai da sala, nos deixa sozinhos e por alguns
minutos o silêncio reina.
— Você está se sentindo bem? — ele pergunta, quebrando o
silêncio.
— Claro que não, será que não escutou o que o médico
acabou de dizer?
— Quando começou a se sentir mal?
— Logo depois que saí da sua casa. O segurança foi rápido e
me trouxe para hospital, mas infelizmente foi tarde demais. Agora
está liberado para viver com a sua amante.
— Celeste, não é minha amante. Mais uma vez não está me
dando o benefício da dúvida e está me acusando de uma coisa que
não fiz.
Minha vontade é de voar em cima dele e estapeá-lo com
força.
— Eu acabei de perder meu filho por sua causa, acha mesmo
que quero ouvir as suas desculpas sem sentido? Tudo o que quero é
viver em paz e longe de você. Dessa vez, nada o que falar vai me
fazer mudar de ideia.
— Celeste foi pedir minha ajuda, amor. Pelo amor de Deus,
acredita em mim.
— Ela foi pedir sua ajuda vestida com sua camisa? E depois
tirou a sua? Eu posso parecer burra, Oliver, porque acreditei em
você, mas idiota eu não sou.
"Tudo o que eu quero agora é me livrar desse casamento e
recomeçar a minha vida bem longe de você.
"Vou pedir para Emily me transferir para a filial de Nova York.
Oliver se aproxima da cama e segura com força em minha
perna.
— Entendo que você está sofrendo pela perda do bebê e está
confusa pelo que viu, mas vou provar que o que estou falando é
verdade. Eu já carrego culpa demais na minha vida e a morte do
meu filho vai ser a pior é mais pesada de todas. Eu nunca vou me
perdoar pelo que aconteceu — diz de uma maneira tão triste que
chegou a cogitar a possibilidade de falar a verdade.
Mas não posso voltar atrás, não agora.
— Tudo o que eu quero é o divórcio e ir embora.
— Isso não vai acontecer nunca, você é minha esposa, é
minha mulher e seu dever é ficar ao meu lado. Podemos ter outros
filhos.
— Será que não entende que eu te odeio?
— Entendo, sim, mas pode continuar me odiando ao meu
lado. Não vou permitir que saia da minha vida.
Antes que eu faça uma besteira e a minha mentira seja
descoberta, resolvo expulsar o cretino do quarto.
Preciso pensar em como vou me livrar dele.
— Sai daqui agora mesmo.
— Não vou te deixar sozinha.
— Ligue para a minha mãe, ela pode cuidar de mim.
— Sua mãe não está disponível no momento, está viajando.
— Como assim mamãe está viajando e eu não estou
sabendo?
— Foi uma viagem de última hora, descanse e depois você
liga para ela. Agora vou ter uma conversinha com o seu segurança.
Meu Deus, o meu segurança.
— Você não vai fazer nada com ele, não me faça te odiar mais
ainda.
Ele fica me olhando até que resolve responder.
— Prometo que nada vai acontecer com ele.
— Suas promessas, para mim, não valem nada.
Ele engole em seco e se abaixa beijando meu pé coberto pelo
lençol.
— Eu volto em um minuto. — Sai fechando a porta.
Pego o celular e ligo para a única pessoa que eu sei que pode
me ajudar nesse momento.
CAPÍTULO 63
Bruna Thompson
Pego o celular e fico olhando para o número por alguns
minutos antes de finalmente tomar coragem de fazer a ligação. Pelo
que eu conheço da história dela, é a única que pode me ajudar
nesse momento.
Faço a chamada que não demora muito a ser atendida.
— Bruna, o que aconteceu? Por que está me ligando a essa
hora da noite? Precisa de alguma coisa?
Engulo em seco e tomo coragem de falar.
— Preciso que me ajude a fugir do meu marido.
— Eita, porra, espera um minutinho vou sair do quarto, Dylan
está dormindo.
— Tudo bem.
Espero por alguns segundos morrendo de medo do Oliver
entrar de repente no quarto, mas Andreza não demora muito a voltar
a falar comigo.
— Bruna, que merda aconteceu? Por que quer fugir do Oliver?
— Ele me traiu e estou grávida, não vou criar meu filho perto
daquele homem.
— Aí, caramba, Bruna, tem certeza disso? Tem certeza de
que ele te traiu? Você está grávida pense no seu bebê.
— É justamente no meu bebê que estou pensando. E, sim,
tenho certeza de que ele me traiu, eu vi com meus olhos.
— O que exatamente você viu? Porque eu também vi Dylan
com outra e pensei a mesma coisa que você.
— Você viu o seu marido em uma das casas deles com outra
mulher usando apenas uma camisa dele? Para piorar, ele estava
com a camisa aberta, sendo que no dia anterior, ele estava no
escritório da presidência com ela sentado em seu colo. Eu sei o que
vi, Andreza. Amo o Oliver mais do que eu queria, mas essa não é a
vida que eu queria para mim e nem para o meu bebê.
— Onde você está agora?
— No hospital.
— Hospital!?
— Sim, quando peguei o cretino no flagra passai mal e o
segurança me trouxe para o hospital. Estou internada, comprei o
médico para dizer a Oliver que eu tinha perdido o bebê, mesmo
assim ele não quer me deixar ir embora e insiste que vamos
continuar casados.
— Meu Deus, Bruna, ele deve estar arrasado.
— Andreza, foco na conversa. Você tem que ter pena de mim
e não dele. Vai me ajudar ou não? Vou fugir com ou sem a sua
ajuda, mas com a sua ajuda seria muito mais fácil.
— Quando você pretende ir?
— O mais rápido possível.
Ela fica calada por alguns segundos que parecem ser uma
eternidade.
— Droga, o Dylan vai ficar furioso!
— Desde quando você tem medo dele?
— Não começa, eu sei o que está tentando fazer. Eu vou te
ajudar para você não fazer uma besteira. O bom é que ninguém te
conhece ainda, assim vai ser mais fácil.
— Obrigada, Andreza, mas eu não faço ideia de para onde eu
vou.
— Você não vai para lugar nenhum, continuará na cidade até
o bebê nascer para que eu possa ficar de olho em você. Não sou
louca de te mandar para outro país, sozinha.
— Mas, ele pode me achar.
— Ele não vai te achar. Ele vai pensar em te procurar fora da
cidade enquanto você vai estar escondida bem debaixo do nariz
dele.
— Não sei como vai conseguir fazer isso.
— Essa parte deixa comigo. Amanhã pela manhã vou desligar
todas as câmeras de segurança do hospital e você dá um jeito de
sair daí sem que nenhum segurança perceba. Vou mandar alguém
de confiança deixar uma bolsa no seu quarto, troque de roupa e cai
fora na hora que eu der o sinal. Acha que consegue fazer isso?
— Eu tenho que conseguir.
— Bruna, não custa nada perguntar de novo, mas você tem
certeza disso? Afinal você o ama.
— Amo muito, mas eu quero fazer isso. Eu avisei a ele várias
vezes, Andreza, e ele não me deu ouvidos. Nunca vou amar outro
homem como amo o Oliver, mas eu preciso pelo menos tentar viver
sem ele.
— Vejo que já tomou a sua decisão e nada vai te fazer mudar
de ideia, espere pela minha ligação amanhã.
— Tudo bem, obrigada, Andreza.
Nos despedimos e desligo o telefone no exato momento em
que Oliver entra novamente no quarto.
— Estava falando com quem no telefone?
— É sério que está me fazendo essa pergunta? Tenho que te
informar até pra quem eu ligo agora?
— Você está calma demais, meu amor, e eu não sou idiota,
sei que está tramando alguma coisa.
— Será que pode não me chamar de meu amor? Eu esperei
muito tempo para escutar isso de você e agora que finalmente
escuto, não sei se são palavras verdadeiras.
Oliver trava o maxilar claramente não gostando do que
escutou.
— Me dê uma chance de provar a você que está errada.
— Eu já dei essa chance e olha só onde estamos agora, em
um hospital pela perda do filho que você tanto queria, o herdeiro
Thompson que não teve a chance de nascer.
Vejo seus olhos lacrimejarem.
Será que o diabo tem sentimentos?
— Se me falar essas coisas te faz se sentir bem, ótimo eu
aguento.
— Eu quero que você vá embora.
Como se não me escutasse, ele se senta em uma poltrona ao
meu lado.
— Isso não vai acontecer, vou passar a noite com você.
Conversei com o seu médico e ele me disse que pela manhã vai te
liberar. Vamos juntos para a mansão Thompson, minha mãe vai
cuidar muito bem de você já que minha sogra não está disponível no
momento.
Eu tenho que dar um jeito de tirar Oliver daqui ou meus planos
de fugir não darão certo.
Como não consigo fazê-lo ir embora, acabo aceitando que ele
passe à noite no quarto comigo. Mas assim que o dia amanhece,
tenho que dar um jeito de distraí-lo para que eu possa sair quando
receber o sinal de Andreza. Com esse pensamento acabo pegando
no sono.
Sou desperta no dia seguinte com o celular tocando ao meu
lado e levo um susto ao ver o nome de Andreza brilhando na tela.
Para a minha sorte, Oliver não está na poltrona que passou a noite.
Pego o celular e vejo várias mensagens de Andreza dizendo
que já está me esperando no estacionamento do hospital.
— Quem é no celular?
Meu Deus de onde esse homem surgiu de repente?
— Ninguém importante, acho que foi engano.
Ele me olha desconfiado, mas não fala nada.
— Será que pode comprar alguma coisa, estou com fome, não
comi nada ontem à noite e odeio comida de hospital.
— Vou mandar algum dos seguranças comprarem.
Eu acabo sorrindo sem vontade, tudo parte do plano.
— O que foi? Por que está sorrindo?
— Você me ama tanto que nem se dá ao trabalho de me
comprar um café da manhã. Até isso você manda seus empregados
fazerem.
— Bruna, você não está sendo justa comigo.
— E você por algum acaso foi justo comigo?
— Tudo bem, não vou brigar se é isso que você quer. Vou lá
comprar o seu café da manhã. — Ele volta a sair do quarto.
Assim que eu me levanto da cama, vejo a porta sendo aberta
novamente e uma bolsa sendo jogada dentro do quarto. Na hora me
lembro das instituições que recebi de Andreza.
Pego a bolsa, entro no banheiro e troco de roupa. Coloco um
boné na cabeça, pego o celular e vejo a seguinte mensagem.
“Você tem cinco minutos para sair antes que descubram
que as câmeras estão sendo hackeadas.”
Droga! tenho que sair o mais rápido possível daqui.
Saio do banheiro, vejo o terno do Oliver em cima da poltrona,
me aproximo e pego a peça. Levo até meu nariz e a cheiro, sentindo
meu coração doer como nunca tinha doído. Permito que as lágrimas
desçam pelo meu rosto.
Oliver é o grande amor da minha vida, mas que agora vou ter
que deixá-lo. Não sou forte o suficiente como achava que era. Na
verdade, sou covarde e vou abandoná-lo para viver a minha vida
sozinha, com meu bebê.
Depois de sentir seu cheiro pela última vez, saio do quarto
pedindo a Deus para que não tenha qualquer segurança parado na
porta.
Para a minha surpresa, realmente não tem.
Saio de fininho completamente desconfiada pela tranquilidade
do corredor, mas não tenho muito tempo para pensar nisso. Então
me misturo entre pacientes e enfermeiros rumo a saída do hospital.
Quando finalmente consigo chegar no estacionamento, vejo
um carro dando sinal com farol e já sei que é Andreza.
Corro até o carro e entro batendo a porta.
— Tem certeza de que é realmente isso que você quer?
— Tenho sim.
— Então vamos lá, a sua nova vida te espera.
Engulo a saliva com dificuldade e me permito chorar toda a
dor que sinto enquanto a mulher dirigindo o carro me olha com pena.
CAPÍTULO 64
Bruna Thompson
Aeroporto!?
— Andreza o que estamos fazendo no aeroporto?
— Mudança de planos, você vai para Nova York.
— Nova York!
— Sim, Nova York, a não ser que queria voltar para o seu
marido.
— Qual é o plano? Porque Oliver tem uma belíssima e gigante
filial em Nova York.
— Não se preocupe quanto a isso, tenho quase certeza de
que ele vai contratar os serviços do Dylan para te encontrar. Depois
da fuga de Stela, logo em seguida pela minha, meu marido melhorou
e muito os métodos dele. Mas eu te tirei do sistema, não existe mais
Bruna Harper e nem Bruna Thompson, nunca existiu.
— E como eu vou fazer para sobreviver em Nova York se eu
não existo?
— Com isso aqui. — Entrega uma bolsa e ao abri-la vejo
vários documentos.
— Esses documentos são verdadeiros e esse cartão do banco
não tem limites. É com esse dinheiro que você vai se manter e se
sustentar até o bebê nascer.
— Não posso aceitar o seu dinheiro.
— Então vamos voltar agora mesmo.
— Não, Andreza...
— Bruna, olha aqui, você me pediu ajuda e me compadeci da
sua história. Eu gosto de você e te considero uma amiga, mas estou
quebrando uma promessa que fiz ao meu marido de nunca mais
ajudar ninguém a fugir.
"Quando ele descobrir, porque ele vai descobrir que eu te
ajudei, vou ter muitos problemas com ele. Então, o mínimo que você
pode fazer é aceitar meu dinheiro.
"Não sei se vou poder manter contato com você, Dylan vai
rastrear todas as suas amizades incluindo a mim, para ver se você
vai entrar em contato.
"Você não vai poder ligar para ninguém, nem mesmo para a
sua mãe.
"Se você quer mesmo fazer isso, tenha em mente que Bruna
Harper morre no momento em que descer desse carro, essa é a
consequência da sua escolha.
"Esse é o seu destino, recomeçar do zero, sozinha, e sem
ajuda de ninguém.
"Tudo o que você vai ter serão esses documentos e esse
cartão.
"Apenas eu tenho acesso a essa conta e é assim que vou
saber que você está bem, pela sua movimentação bancária.
"É pegar ou largar.
"Se não aceitar meus termos, ligo para Oliver agora mesmo e
se você não usar o cartão eu também aviso a ele e te entrego.
"Pense bem no que vai fazer, não me decepcione e nem faça
eu me arrepender de tê-la ajudado".
— Tudo bem, eu aceito seus termos.
Nos abraçamos e nos despedimos.
Ela não me deixa descer do carro sem antes me explicar tudo
o que preciso saber. Depois de me fazer prometer que vou seguir
todas as suas orientações, saio do carro indo rumo a minha nova
vida, longe do meu grande amor.
***
Oliver Thompson
— Sete meses, Dylan. Estou longe da minha esposa há sete
miseráveis meses — digo me controlando para não perder de vez a
paciência.
Nada tira da minha cabeça que foi a mulher dele que ajudou a
minha mulher a fugir.
Bruna não escaparia de mim assim tão fácil.
— Eu fiquei três anos longe da minha esposa, sete meses não
é nada.
— Vai de foder, Ivan — digo tomando o copo de uísque da
mãe dele e bebendo.
— Já tentei sondar, Olivia, mas ela não abre o bico e jura que
não sabe do paradeiro de Bruna. Mas que diabos você fez para a
sua mulher te deixar assim?
— Acho que a mesma coisa que vocês três fizeram. Eu não
suporto ficar mais um dia sequer longe da minha mulher. Causei a
morte do meu filho e no dia seguinte ela desapareceu em menos de
dez minutos. Aquela tentativa de assalto foi muito estranha, tudo
para tirar a atenção dos seguranças dela para que conseguisse
escapar.
— Como pode ter tanta certeza disso, Oliver? — Dylan
pergunta me encarando.
— Porque justamente quando isso aconteceu as câmeras do
hospital resolveram parar de funcionar misteriosamente e só um
hacker muito bom para conseguir fazer isso.
— Andreza — os três respondem juntos, nos fazendo
perceber que minha esposa resolveu seguir o exemplo das amigas,
as senhoras Smiths fujonas.
— Filha da mãe! A Andreza me paga, ela tinha me prometido
— Dylan responde caindo em si e confirmando as minhas suspeitas.
— Você não se atreva a fazer nada com a minha irmã. —
Carlos encara o cunhado, protegendo a irmã querida.
— Andreza é desse jeito por sua culpa e do Ivan que nunca
colocaram um limite nela — Dylan diz exaltado.
— Ela é sua esposa, idiota, já esqueceu o que ela fez quando
tentamos colocar limites nela?
"Você sabia muito bem com quem estava se envolvendo
quando resolveu cair de amores por ela.
"E você não pode nem reclamar, Dylan, faz tudo o que ela
quer também.
"Andreza é mimada e sempre foi, nunca escondeu isso de
ninguém.
"Ela é inteligente e quando se encantou pelos seus
brinquedinhos se tornou uma hacker tão boa quanto você.
"Mais uma vez foi passado para trás pela princesinha Smith".
Carlos retruca encarando Dylan.
— E nessa história ela tinha que ajudar justo a minha esposa?
— pergunto.
— Se te serve de consolo, ela ajudou a minha também, e olha
que na época ela nem sabia usar o computador direito. Levei três
anos para encontrar a minha mulher e encontrei por acidente. Agora
imagina quanto tempo você vai passar para encontrar a sua, com
Andreza sabendo hackear sistemas.
— Ivan, eu já mandei você ir se foder quantas vezes hoje?
— Várias, mas eu me divirto com isso. Eu realmente achei
que não iria mais ter nenhuma esposa fujona, mas minha prima vem
e me surpreende mais uma vez — o idiota do Ivan diz rindo, se
divertindo da minha cara.
Quando vou responder, Anthony e Colin entram na sala, onde
estamos todos conversando.
— Conseguiram descobrir alguma coisa?
— Nada, se Amanda e Emily sabem de alguma coisa são
muito boas em guardar segredo.
— Elas não fariam isso, são minhas amigas e se soubessem
de algo já teriam falado — digo cabisbaixo.
Eles se juntam a nós, na mesa, e observo Fred só de longe
nos observando e escutando a nossa conversa.
As coisas entre nós dois não estão muito boas, ele me culpa
pelo desaparecimento da filha e pelo sofrimento da mulher dele,
tanto que nossa última conversa terminou em socos e pontapés.
Como tem acontecido com frequência, mais uma vez me
perco na conversa, porque não consigo me concentrar em nada
nesses últimos sete meses. Meus pensamentos estão em Bruna,
vinte quatro horas por dia, sete dias por semana.
— Thompson, seu celular está tocando — Colin diz me tirando
dos meus pensamentos.
Olho para o aparelho ao meu lado e estranho ao ver o número
que está me ligando. Esse telefone é particular e poucas pessoas
têm acesso a ele.
— Eu não reconheço esse número.
Dylan logo fica em alerta assim como todos os outros na
mesa, até Fred que estava distante se aproxima, me encarando.
— Vou rastrear a ligação, ao meu sinal você atende.
Dylan pega um aparelho do bolso, mexe em alguma coisa e
ao sinal dele eu atendo a ligação.
— Alô.
— Como vai, Rei do Petróleo, eu tenho uma coisa que sei que
vai te interessar muito.
Reconheço essa voz, mas não me lembro de onde.
— Você não pode ter nada que me interessa, sou um homem
de gostos peculiares. — Quando termino de falar, ouço um grito que
me parte o coração.
— OLIVERRRRR...
— Eu tenho a sua rainha e você tem doze horas para
transferir cem milhões de dólares para a conta que vou te passar por
mensagem. Nem um minuto a mais, nem um minuto a menos, ou o
precioso sangue de sua rainha irá ser derramado. Meus parabéns
pelo bebê, Bruna está radiante grávida, seu idiota. Ela te passou a
perna direitinho, essa é a minha garota.
Sinto meu coração querer sair pela boca.
Agora, sim, eu reconheço essa voz, Bruce Harper.
— Se você encostar um dedo na minha mulher, eu vou te
matar lentamente, seu desgraçado.
— Você não dita as regras agora, Thompson, mas, eu. Doze
horas ou Bruna e seu precioso herdeiro morrem, vamos ver quem é
o demônio agora.
— Eu não sou um demônio, eu sou o próprio Diabo e você
mexeu com a pessoa errada agora, seu desgraçado.
Ele desliga assim que eu termino de falar para a minha
aflição.
— Dylan, onde ela está — pergunto desesperado.
— Nova York, consegui até o endereço de onde o desgraçado
fez a ligação. Vou hackear todas as câmeras de segurança ao redor
da localização e até mesmo a câmera do celular. Se ele estiver com
ela, vamos poder vê-la.
— Carlos, Dylan, juntem os nossos melhores homens aos de
Oliver. Vamos todos para Nova York com um verdadeiro exército
para resgatar a senhora Thompson — Ivan dá a ordem, como chefe
da família e do império Smith.
Quando ele ordena, ninguém pode o contrariar, mas obedecer
sem questionar.
— Fred, vamos à caça, vou entregar o desgraçado nas suas
mãos para que dê a ele uma morte lenta, como é a sua
especialidade.
— Vou fazer isso com o maior prazer do mundo.
O destino de Bruce Harper não será outro a não ser uma
morte lenta e dolorosa, por ter se atrevido a encostar suas mãos
imundas em minha mulher.
CAPÍTULO 65
Bruna Thompson
Durante sete meses, vivi perfeitamente bem em Nova York
e a única forma de Andreza saber que estava bem era através da
minha movimentação bancária.
Sentia muita falta da minha mãe, mas sabia que não poderia
entrar em contato com ela. Porém, no momento certo daria notícias,
pois, tenho certeza de que ela deve estar com os nervos à flor da
pele, achando que algo de ruim aconteceu comigo. Pedi para que
Andreza desse um jeito de entregar uma carta que escrevi para elas,
às pressas, antes de sair do carro.
Durante esse tempo todo, o que eu fiz foi descansar e
aproveitar a cidade de Nova York. Isso até o dia de hoje quando cai
nas mãos do meu pai que me sequestrou para tirar dinheiro do
Oliver.
— Seu querido marido, está desesperado, uma presa fácil de
ser pega — meu pai diz com um ódio descomunal.
— Por que está fazendo isso, papai?
Em vez de responder ele dá um tapa forte na minha cara, me
fazendo sangrar no canto da boca.
— Não me chame de pai, sua vagabunda vadia, eu não posso
ter filhos. Quando me casei com sua mãe, ela já estava grávida de
você e fui obrigado a te criar como minha.
Não pode ser, ele só pode estar mentindo.
— Isso não pode ser verdade, minha mãe nunca faria isso.
— Sua mãe é pior do que você.
— Isso é mentira.
— É a mais pura verdade, e o destino é tão filho da puta que
te fez cair justamente na família do seu querido papai.
— Do que está falando? O senhor só pode estar ficando
louco.
— Fred, sua idiota, creio que já deve ter conhecido o primo do
seu marido.
Meu coração acelera no peito com a informação.
Agora tudo começa a fazer sentido na minha cabeça, todo o
cuidado que Fred tinha comigo era porque ele é meu verdadeiro pai.
— Meu Deus!
— Como pode ver, sua mãe não é nenhuma santa. Eu a fiz
largar Fred, a amedrontado, dizendo que ele era um monstro e a
idiota acreditou. Mal sabia ela que eu era o verdadeiro monstro. Mas
ela tinha a boceta tão gostosa que valeu a pena te criar para poder
comê-la quantas vezes eu quisesse.
— Você é realmente um monstro.
— É, eu sou sim. Quando sua mãe descobriu que tinha caído
nas minhas garras quis me deixar, mas eu a ameacei com a sua vida
e ela ficou quietinha durante todos esses anos.
"Minha vida estava perfeita até o dia em que você resolveu
aparecer naquela sala de jogos e cair nas graças de Oliver
Thompson.
"Naquele dia, percebi que você seria dele e desde então eu te
observo de longe, esperando o momento certo de agir.
"Você facilitou muito a minha vida se afastando da proteção
que ele te dava.
"Agora eu vou arrancar cem milhões de dólares do idiota para
que ele tenha a mulher dele de volta e eu vou ficar rico".
Ele joga tudo de uma vez para fora, me deixando em choque
com o seu sorriso macabro que me assusta.
Tudo o que eu quero agora é sair da espelunca onde me
encontro.
— Oliver irá matá-lo, me solte e vá embora antes que seja
tarde demais. Você está sozinho e ele tem um exército de homens.
Será que não vê que esse é o seu fim?
— Ele não vai fazer nada comigo apontando uma arma na sua
cabeça.
— O senhor é louco, me solta.
— Cala sua boca se não quiser levar outro tapa. Vai ficar
amarrada aí até o dinheiro estar na minha conta e depois que eu ver
os vários zeros brilhando, eu te solto.
Ele ainda não entendeu que Oliver nunca vai cair na
chantagem dele.
O homem que até o dia de hoje achava ser meu pai sai da
sala nojenta onde me encontro amarrada em uma cadeira. Sinto uma
pressão na minha barriga e começo a ficar com medo de entrar em
trabalho de parto já que estou só esperando o momento do meu filho
nascer.
Eu nunca imaginei que ao sair para caminhar iria ser
sequestrada pelo até então meu pai.
As horas passam e logo o dia amanhece. Não consigo dormir
e a dor nas minhas costas aumentam enquanto sinto meu bebê
mexer mais do que o normal.
Preciso dar um jeito de sair daqui antes que o pior aconteça,
mas não consigo me mexer.
De repente escuto uma movimentação estanha do lado de
fora da casa e me assusto.
— Seu marido está querendo fazer besteira, inferno! — Bruce
entra na sala desesperado o que não é nada bom.
— Achava mesmo que iria chantagear Oliver Thompson e ele
iria ficar quieto?
— Eu te mato antes que ele tente...
Ele nem terminar de falar e sinto seu sangue espirrar no meu
rosto.
— INFERNO! — grita antes de cai no chão.
Vejo que ele foi atingido com um tiro no ombro que não sei de
onde saiu. Estou tão em choque que não vejo o momento que Oliver
entra e vem até mim.
— Meu amor, amor, você está bem? — diz me desamarrado e
tudo o que consigo fazer é chorar.
— Você me achou.
— Você é minha, claro que te acharia cedo ou tarde.
— Nosso filho.
— Eu sei e sou o homem mais feliz do mundo por te
encontrar. Vou cuidar de vocês agora.
Assim que ele me levanta da cadeira, vejo o que o infeliz do
Bruce pretende fazer.
Oliver baixou a guarda se concentrando em mim, mas eu não
vou suportar a dor de perdê-lo. Prefiro morrer em seu lugar e ele
poderá criar nosso filho.
Então, antes que o pior aconteça, eu o abraço forte e o viro de
uma vez levando um tiro certeiro em minhas costas.
Vejo Oliver com um semblante de dor, mas ele não está
machucado, a dor dele é da perda.
Ele me segura em seus braços e vejo quando vários homens
entram na sala, inclusive Fred que descobri ser meu verdadeiro pai.
— Oliver, não permita que minha filha morra, faça alguma
coisa.
— Paiiiii.
— Meu Deus, Bruna, não me deixe agora que senti o prazer
de ser chamado de pai pela primeira vez na minha vida — Fred diz
emocionado.
Oliver começa a chorar e grita por socorro.
— Me prometa que vai cuidar da minha mãe, papai.
— Não me faça fazer promessas, você não vai morrer — meu
pai diz passando a mão delicadamente no meu rosto.
— Fred, mata o infeliz do Bruce da pior maneira possível, vou
salvar a vida da nossa garota.
Oliver me pega no colo e corre comigo para dentro de um
carro. No caminho, vejo um batalhão de homens espalhados por
todos os lados.
O carro logo é posto em movimento, mas sinto minhas forças
abandonando meu corpo.
— Oliver…
— Não fala nada, amor, você vai ficar bem.
— Eu não sei se isso vai ser possível.
— Não fale besteira, Bruna, pela primeira vez na vida faça o
que eu digo.
Tento sorrir, mas a dor é grande demais e sinto que vou
sufocar.
— Acho que vou ter que desobedecer você mais uma vez.
— Não fale isso, meu amor, não vou suportar viver em um
mundo sem você.
— Terá o nosso filho. Me prometa que a vida dele será a sua
prioridade e que vai cria-lo com todo amor e carinho do mundo.
— Não posso, eu preciso de você.
— Eu te amo e não vou morrer em paz se você não me
prometer isso.
— Você não vai morrer, não vou deixar.
— Me prometa, Ollie. — Percebo que ele está lutando contra
a dor que sente.
— Eu prometo, eu te amo.
— Eu também te amo e me perdoe por ter fugido de você.
— Não fala nada, fica quietinha.
Enxugo suas lágrimas e ele beija meus lábios.
Antes que minhas forças me abandonem de vez, eu me
declaro para meu marido.
— Eu te amo mais do que tudo nessa vida. Você foi e vai ser o
meu único e grande amor. — Com isso fecho os olhos e a escuridão
domina a minha mente e meu corpo.
CAPÍTULO 66
Oliver Thompson
Chegamos no hospital e Bruna logo entra na cirurgia. Para
o meu desespero aumentar, ela precisa de uma doação de sangue o
que não vai ser nada fácil de conseguir.
— Ivan, rastreie cada maldita pessoa que possui esse tipo
sanguíneo e traga até aqui.
— Eu já estou fazendo isso, mas o sangue não vai chegar
aqui via wi-fi, Oliver.
— Achei — Dylan diz e corro até ele, desesperado para ouvir
o que ele vai falar.
— Tem um homem que possui o sangue dourado passando
férias aqui em Nova York, parece que está com sorte, cara.
— O traga até aqui agora mesmo, ofereça o que ele quiser em
troca do sangue dele e se mesmo assim ele se recusar, o traga nem
que seja amarrado. Drene a alma dele se for preciso para salvar a
minha mulher.
— Vamos torcer para que não precise chegar a tanto.
— Senhor Thompson. — O médico entra na sala de espera
com uma cara não muito boa.
— Seu filho nasceu forte e saudável, mas o estado de sua
esposa é crítico. Ela perdeu muito sangue e como já sabe é quase
que impossível conseguir uma doação do tipo sanguíneo dela.
Nunca pensei que fosse sentir alegria, tristeza e desespero,
ao mesmo tempo.
— Quanto tempo temos para conseguir o sangue?
— No máximo duas horas, isso com sorte.
— Mantenha minha mulher viva, já encontramos um doador, é
só o tempo dele chegar até aqui.
— Então corra com esse doador, tempo é uma regalia que o
senhor, nem sua esposa tem no momento.
O médico passa o relatório do estado de saúde do meu filho e
logo depois volta para a cirurgia da minha esposa.
— Dylan, pelo amor de Deus, estou desesperado aqui.
— Já consegui falar com o cara, não foi nada fácil convencê-
lo, mas nada que uns milhões de dólares não resolvesse.
— Quanto tempo até ele chegar aqui.
— Meia hora, já mandei meus homens irem buscá-lo.
Essa é a meia hora mais demorada de toda a minha vida.
Quando o homem finalmente chega, já tem uma equipe pronta
o esperando para a doação de sangue e como Dylan falou o
desgraçado realmente recebeu uns bons milhões em sua conta
bancária.
Depois do que parecia ser uma eternidade, Bruna finalmente
sai da cirurgia e é transferida para a UTI. Segundo o médico é mais
seguro mantê-la pelo menos por vinte e quatro horas na UTI, ou até
começar a reagir ao tratamento.
Depois de tudo resolvido, Ivan, Dylan e Carlos voltam para
Califórnia e sou muito grato pela ajuda que me deram. Nunca fui um
homem de agradecer nada, mas dessa vez deixei o orgulho de lado
e vi que posso também ter amigos.
Com a autorização do médico, sou levado até o berçário onde
meu filho está. Quando a enfermeira o coloca em meus braços, sinto
meu mundo inteiro girar em torno dele.
— Sua mamãe está se recuperando e logo vai estar junto da
gente, meu filho. Enquanto ela não melhora, o papai vai cuidar de
você assim como eu prometi a ela. — Meu coração parece que vai
explodir de amor e felicidade pelo meu menino, tão pequeno, em
meus braços.
Depois de passar um tempo com ele, preciso sair do berçário.
Ligo para a minha mãe e para minha sogra, contando as novidades e
tudo o que aconteceu. Como eu esperava, as duas não pensam
duas vezes em vir para Nova York para cuidar da Bruna.
Assim que desligo a ligação, meu celular volta a tocar e vejo
que é Fred me ligando.
— Fala, Fred.
— Como está minha filha e meu neto?
— Bruna está estável por enquanto na UTI e o seu neto é
forte e saudável, está no berçário.
— Graças a Deus.
Percebo o quanto aliviado ele fica.
— E o serviço foi feito?
— Claro que foi, exatamente como mandou. Foi uma honra
mandar aquele desgraçado para o inferno.
— O que será que a Bruna e a mãe dela vão achar disso?
— A mãe dela é minha mulher e é bom não comentar nada, a
não ser que elas perguntem. Vamos simplesmente esquecer que
aquele verme um dia andou por essa terra.
— Tem razão, já mandei preparar meu apartamento, você
pode ir para lá descansar e depois venha ver sua filha e seu neto.
— Vou fazer isso, mas antes quero te dar um aviso. Se minha
filha derramar uma única lágrima, por sua causa, esqueço que
somos família e eu mesmo a tiro de você. Fiquei anos longe da
minha garotinha, não vou perdê-la por sua causa.
— Não se preocupe, isso não vai acontecer.
— É bom mesmo que não aconteça, até mais.
Desligamos e vou atrás do médico. Com muita insistência e
ameaças, consigo entrar na UTI para ver minha esposa.
Confesso que vê-la ligada a tantos aparelhos, me faz ter
vontade de mandar matar novamente Bruce, por ter feito isso com
ela.
Nunca imaginei que o amor de Bruna fosse tanto, ao ponto de
levar um tiro para salvar a minha vida.
Essa mulher se tornou o meu mundo todinho.
***
Minha mãe e minha sogra chegam e se revezam para cuidar
do meu pequeno bebê que ainda não batizamos, esperando Bruna
acordar para que ela possa escolher o nome dele.
Já se passaram três dias desde o que aconteceu e minha
pequena esposa foi transferida para o quarto, mas até agora nada
dela acordar para o meu desespero.
Toda vez que o médico vem ao quarto dela é uma história
diferente.
— Doutor, se você não fizer minha esposa acordar hoje
mesmo, pode dar adeus a sua carreira de médico.
— Mas, senhor Thompson, isso é uma coisa que não depende
de mim. Sua esposa ficou entre a vida e a morte e tudo o que nos
resta é esperá-la reagir.
— Três dias já se passaram e nada dela acordar, alguma
coisa de errado você fez. Meu filho precisa da mãe e eu preciso da
minha mulher.
— Ollie…
Escuto meu nome sendo chamado baixinho e a vontade que
tenho é de chorar de alegria.
— Graças a Deus, acordou, senhora Thompson — o médico
diz e olho para ele com vontade de estrangulá-lo.
— Meu marido não tem muita paciência com as coisas, sinto
muito se ele ameaçou o senhor.
Vou até o leito dela e beijo sua testa, alisando seu cabelo.
— Meu amor, não faça esforço, acabou de acordar.
— Preciso de água e quero meu filho.
Faço sinal e logo o médico serve um copo de água que ajudo
minha esposa a tomar com um canudinho.
— Seu filho está bem, senhora, sendo cuidado por sua mãe e
sua sogra. Tudo o que pode fazer por ele, no momento, é tentar se
recuperar o mais rápido possível para que consiga cuidar dele
também.
Ela concorda com a cabeça e o médico faz vários exames
nela.
Depois de muito tempo, ficamos finalmente sozinhos no
quarto.
— O que deu na sua cabeça para levar um tiro no meu lugar?
Poderia ter morrido e minha vida perderia o sentido. Você parou para
pensar, o inferno que seria minha vida se tivesse que criar o nosso
filho sem você?
— Eu não tive muito tempo para pensar, só não queria perder
você e faria novamente, se fosse preciso.
Não me controlo, vou até ela e a beijo.
— Calma aí, meu amor, eu ainda estou cansada e você me
beijando assim não me ajuda muito.
— Nunca mais faça uma loucura dessas, eu não suportaria
viver sem você. E nunca mais fuja de mim. Se já reclamava da sua
segurança agora imagine como ela vai ser.
Ela tenta sorrir mais em vez e geme de dor.
— Ai, nunca pensei que levar um tiro doesse tanto. O que
aconteceu com o Bruce?
— É melhor você não saber — digo sério demais.
Ela entende perfeitamente o recado e balança a cabeça.
— Quando eu posso ir para casa?
— Acabou de acordar depois de três dias, levou um tiro nas
costas e passou por uma cesárea de emergência. Só permito que
saia daqui quando estiver cem por cento recuperada e nem adianta
tentar reclamar que não vou mudar de ideia. Os médicos já estão
cientes disso.
— Ollie…
Bruna me chama com a mesma voz manhosa de quando quer
pegar meus carros.
— Não, Bruna, você não sai daqui até que fique recuperada.
Não posso arriscar te perder, eu te amo e hoje sei que foi a única
mulher que eu realmente amei de verdade. Tem noção do meu
desespero quando o médico me falou que você iria morrer porque
precisava de uma maldita doação de sangue?
"Eu praticamente revirei o mundo atrás de uma pessoa com o
sangue dourado e nem era certeza o sangue chegar até você a
tempo.
"Pela primeira vez na minha vida, eu rezei por um milagre,
mesmo sabendo que minha alma já está condenada ao inferno.
"Se não fosse pela ajuda do Ivan, Dylan e Carlos, que
conseguiram encontrar um doador tirando férias aqui em Nova York
eu estaria velando o seu corpo com um bebê recém-nascido nos
braços.
"Você teria salvo e destruído a minha vida, ao mesmo tempo.
"Então, me prometa que a partir de hoje não fará nada sem
pensar nas consequências antes. Pense no nosso filho que precisa
da mãe e em mim, que não conseguiria viver em um mundo sem
você, porque eu te amo".
Vejo lágrimas escorrendo pelo seu rosto delicado e ela me
chama com as mãos para que me aproxime. Faço isso me
abaixando até ela, que segura meu rosto.
— Eu te amo mais do que a mim mesmo e prometo que não
vou fazer besteira novamente. A única pessoa que vai tentar te matar
vai ser eu quando me fizer raiva.
— Assim é bem melhor, porque eu adoro suas provocações
quando fica com raiva. Admito que já te provoquei várias vezes só
para te ver toda zangadinha.
— E você acha que não percebia isso? Agora queria ver meu
pequeno, Dener, amor. Quero ver nosso filho, saber como ele é.
— Você está pensando em colocar o nome do meu pai no
nosso filho?
O sorriso que essa mulher dá é malicioso.
— Por que não? É um nome muito bonito e meu sogro vai
ficar muito feliz. Dener Thompson é um nome forte.
— Porra, Bruna, o velho vai infartar e depois vai te colocar em
um pedestal. O primeiro neto homem, herdeiro da família,
carregando o nome dele, você agora tem muitas armas contra mim,
esposa.
— É só se comportar e não precisarei usar nenhuma delas —
diz sorrindo.
Mais uma vez faço sua vontade e vai ser assim de agora em
diante.
Bruna Thompson cumpriu a promessa que fez a si mesma, de
fazer o CEO, rei do petróleo, um homem apaixonado e totalmente
rendido aos seus pés.
EPÍLOGO
Bruna Thompson
Cinco meses depois...
Estou nervosa, uma pilha de nervos andando sobre a terra.
— Sempre achei que as noivas ficavam nervosas antes da
cerimônia de casamento, não depois — Amanda diz me ajudando a
trocar de vestido, em um dos quartos da mansão Thompson.
Hoje foi o meu casamento, depois que sai do hospital, Oliver
me fez uma surpresa e me pediu em casamento da maneira correta.
Mas o que ele não esperava era que eu fosse me negar a
fazer sexo antes da cerimônia, fazendo com que ele quisesse se
casar no dia seguinte, o que não aconteceu, é claro.
— Você já fez as contas?
— Que contas? — Andreza e Emily perguntam juntas,
sentadas na cama enquanto Amanda tenta arrancar o vestido do
meu corpo.
— As contas, eu passei sete meses longe e depois do pedido
de casamento se passaram cinco meses, então Oliver está…
— Porra, você deixou seu marido um ano sem sexo?
Agora todas nós olhamos para Olívia sentada na poltrona, ela
sempre é a mais quieta do grupo.
— Seu marido vai literalmente te virar do avesso hoje — Stela,
que descobrimos recentemente ser uma safadinha, diz com um
brilho nos olhos.
— Agora sabem o motivo do meu nervosismo. Oliver é um
homem peculiar na cama.
— Como assim peculiar? — De novo Olívia com suas
perguntas.
— Ele gosta de um sexo mais bruto, que parece que nossa
querida Bruna também gosta. Nada que umas amarras para
apimentar uma relação.
Meu Deus, Amanda um dia ainda vai me matar de vergonha.
— Você vai contar direitinho como é essa história de amarras,
Bruna — Stela, a nova safada do grupo, diz toda interessada no
assunto.
— O quê? Você quer amarrar ou ser amarrada? — pergunto
sorrindo dela.
— Que tal os dois. — A sem-vergonha ainda pisca.
— Você está passando tempo demais com Andreza — Olívia
diz.
— Ei, me tira dessa conversa. Eu ainda não consegui
amansar o Dylan cem por cento. Ele chegou a dormir três noites fora
de casa e só aparecia por lá para ver nosso filho quando eu não
estava. Na quarta noite, fui quebrar a boate e ele voltou.
Todas começamos a rir dela, porque ela realmente fez isso.
Fiquei com pena da minha amiga, se meteu em problemas por
minha causa. Já esclareci as coisas com Dylan e Oliver, mas eles
gostam de se fazer de difíceis.
— Amarra o homem na cama e veste uma fantasia sexy. Caso
ele queira dar para trás, o chama de vovô. Tenho certeza de que
funciona — Amanda diz rindo.
As nossas risadas ecoam pelo quarto.
— Seu bebê vai ficar com quem, Bruna?
— Mamãe e papai ainda estão brigando com os pais de Oliver
para ver quem fica com ele. Então fiz uma escala que sei que
nenhuma das duas partes vão cumprir, mas não custa nada tentar.
Logo depois que melhorei, minha mãe e Fred me contaram a
história deles. No começo fiquei chateada por mamãe ter mentido
para mim, por tantos anos, mas depois Ollie me fez perceber que
não valia a pena e que eu tinha que aproveitar o pai maravilhoso que
agora tenho.
Fred é um cara durão, que mete medo em todos, menos em
mamãe. Ela o coloca na linha e Oliver não se cansa de dizer que
puxei a ela por não saber ficar com a boca calada.
— Senhora, o senhor Thompson já está te aguardando no
heliporto.
Sinto meu estômago gelar.
— E o meu filho?
— Está com a sua mãe e seu pai no quarto dele. Vão passar a
noite aqui e amanhã vão começar a brigar de novo para ver quem vai
cuidar do menino — a babá informa risonha.
— Vai lá, Bruna, domina aquele macho. Eu sei que você
gosta, sua safadinha — Amanda diz rindo e piscando o olho.
— Pelo amor de Deus, Amanda, você um dia vai me matar de
vergonha.
— Vergonha de quê? Somos todas amigas aqui. Agora vai lá
ser feliz, você mais do que ninguém merece. Você conseguiu vencer
e no final tudo valeu a pena, tem um marido que te adora e um filho
lindo — manda diz segurando minha mão, carinhosamente.
— É isso aí, mais um CEO foi dominado com sucesso — Stela
diz e já sei que está ficando bêbada.
— Alguém toma a taça de vinho dela — Olívia diz.
— Deixa a Stela, meu primo cura essa bebedeira em dois
tempos — Andreza diz rindo.
Me despeço das minhas amigas e vou até meu marido que
me aguarda para sairmos em lua de mel.
O olhar que ele me direciona ao chegar perto dele, faz meu
coração acelerar.
— Pronta, esposa?
— Sempre, meu amor.
Luxúria.
Mordo o inferior dos lábios, deixando fluir o desejo que esteve
presente durante todos esses meses, sofrido. Foram longas noites
em claro, com a lembrança dos momentos vividos se fazendo
presente a cada suspiro pesado enquanto observava o relógio
marcar as horas.
01:00.
O corpo frio não combinando com o quarto aquecido,
transforma a noite em uma tortura entre a saudade e a razão.
03:00.
As horas passam lentamente e me sinto como o ponteiro
menor, aguardando que o companheiro caminhe para que ele possa
dar o próximo passo.
Impaciente e dependente.
— Está tudo bem?
Pisco algumas vezes, voltando a realidade.
O passado agora só existe na memória, mas hoje irei apagá-lo
da minha vida, permitindo seguir em frente.
— Está sim! — respondo, observando as folhas da árvore se
desprenderem, marcando assim o início de um novo ciclo.
— Eu senti tanto sua falta — Oliver diz, mordendo o lóbulo da
minha orelha, me tirando suspiros e minha pele se arrepia de
imediato.
— Não teve um dia que não tenha pensado em você. — Viro
para ele e o encaro, apaixonada.
Nossos olhos se encontram e antes que ele possa me
responder, o beijo.
Paraíso.
O desejo de percorrer seus lábios, destilar do seu sabor e
amá-lo novamente é mais do que momentâneo. Eu me perco nos
seus braços, um amor desavergonhado, buscando o prazer e a
cumplicidade que somente ao lado dele poderia encontrar.
— Eu faço tudo por você, Bruna.
— Tudo? — Encaro meu marido para ter certeza do que diz.
— Sim! — confirma e sorri, ciente que há algo por trás.
— Me deixa domá-lo esta noite?
Ele me observa e, por alguns segundos, acredito que irá
contestar.
— Eu já sou completamente domado por você, minha esposa.
— Domma!
— O quê?
— Essa noite, quero que me chame de Domma.
— E o que fará comigo?
— Deite-se na cama.
Ele sorri malicioso e posso ver o quanto sente prazer com
tudo isso.
Assim que Oliver se deita, o imobilizo com uma corda,
prendendo suas mãos no alto da cama.
— Não quero que diga nada, ou terá consequências. — Sorrio
e me aproximo, desabotoando sua camisa.
Ele me encara, seus olhos penetram no mais profundo da
minha alma e posso sentir minha pele se arrepiar.
— Domma...
— Eu disse que era pra ficar em silêncio. — Pego uma
gravata na cômoda e amarro em seus lábios, impedindo-o de falar
novamente.
Me levanto e enquanto o observo, tiro o vestido lentamente. O
tecido percorre minha pele, queimando-a pelo tesão reprimido devido
ao tempo em que estivemos afastados.
Vestindo apenas uma calcinha de renda branca, busco a
garrafa de The Macallan que guardei para o dia de hoje.
Me sirvo de uma quantidade generosa e bebo um gole,
sentindo o misto de sensações.
Percorro lentamente o caminho de volta para a cama e ainda
com o copo na minha mão, retiro as roupas de Oliver, deixando-o
apenas com a camisa aberta. Seu pau está duro e suas mãos tentam
se soltar, em busca de recuperar o controle.
Deixando que o líquido escorra por todo seu corpo, derramo
uma dose generosa no centro da sua barriga e coxas.
Seu corpo se arrepia assim que meus lábios o tocam,
sugando todo o líquido, lambendo delicadamente cada região.
Minhas mãos seguram seus ombros e minhas pernas estão abertas
em volta das dele. Sorrio e assim que me aproximo da sua
intimidade, sugo, prazerosa.
Desço uma de minhas mãos para o corpo do seu membro
ereto, lambendo a glande, sugando toda a superfície.
Meus movimentos são calmos e precisos, afinal não há pressa
para o prazer.
— Hummm... — Ollie geme e suas mãos tentam se
desamarrar a todo custo, em vão.
Sei que ele está no limite, então invisto com mais pressão, me
afogando no líquido quente até a última gota.
Minha intimidade dói pelo vazio, com os olhos atentos a cada
movimento, desço minha mão para a calcinha, empurrando-a para o
lado e acariciando o clítoris, dando total atenção a região sensível.
Posso sentir meu corpo vibrar, prestes a sucumbir ao prazer.
Grito pelo nome do meu marido e sorrio quando me desmancho,
recuperando todo o fôlego perdido.
Puxo a calcinha que antes vestia e sem mais esperar, me
preencho com seu membro, cavalgando em busca do ápice, onde
ambos nos tornamos um só.
— Hummm...
Quando sinto que estou perto, solto o nó que antes
imobilizava as mãos de Oliver e o impedia de falar.
— Você será sempre minha — meu marido diz assim que
chegamos ao limite.
Sorrio ao lembrar da menina sonhadora, em busca de um
futuro melhor.
Hoje sou mãe, filha, esposa e cúmplice de um homem que
jurou jamais permitir amar novamente.
Minha história começou por conta de um contrato, mas
termina com a certeza de que há muito mais pela frente.

Fim.
NOTA DE AGRADECIMENTO
De início quero expressar minha gratidão a Deus, pois, vem
DELE a minha força e capacidade para a escrita.
Eu me sinto privilegiada e toda honra e toda gloria sempre a
Ele!
Agradeço também a minha Família, meus filhos e meu esposo
que são a base da minha estrutura.
Agora chegou a vez de vocês, minha segunda família, as
Lindaétes, como algumas leitoras se intitulam.
Vocês são a minha maior motivação.
Gratidão é a palavra que define meu sentimento por meus
leitores.
Obrigada por cada comentário de incentivo, carinho e
entusiasmo por essa história linda.
Bruna e Oliver marcaram minha trajetória como escritora,
rimos, nos apaixonamos, choramos e ficamos possessas de raiva do
Oliver juntas, haha.
Amo a interação de vocês e estou sempre aberta a ideias e
críticas construtivas.
Meu objetivo é satisfazer cada leitor, proporcionando uma
leitura contagiante e agradável, saber que sou capaz de despertar
sensações e alegrias com a minha criatividade é arrebatador.
Isso é muito poderoso.
Eu me arrisco a dizer que o livro é um portal para o outro lado
do mundo.
Um cheiro no coração de cada um de vocês, me sigam no
insta @autora.linda.ev e me aguardem nos próximos livros.
Bora viajar juntos?

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