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Copyright © 2023 Linda Evangelista

Capa: fantasy designer


Ilustrações: Linda Evangelista
Leitura crítica: Josiane Camargo
Revisão: Leticia Tagliatelli
Consultor Empresarial: Gabriela Fonseca

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.

É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de


qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
(tangível ou intangível) sem o consentimento escrito da
autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.2018.
SINOPSE

Oliver Thomson, um homem marcado por traições do passado que


prometeu a si mesmo nunca mais entregar seu coração a alguém.
Ele é bom apenas com quem ganha sua confiança e não são muitas
pessoas que tem esse privilégio de cair nas graças do poderoso CEO, ou rei
do petróleo, como é chamado por muitos.
Oliver é poderoso, implacável, frio e sem fé no amor.
Aos trinta e quatro anos é dono de uma inigualável fortuna e se vê
pressionado pelos pais a gerar um herdeiro para dar continuidade ao legado
da poderosa família.
Sem interesse em entrar em um relacionamento, ele propõe um
casamento por contrato a uma jovem estagiária de uma famosa galeria de
arte, onde é um dos investidores.
Bruna Harper é uma jovem que está prestes a concluir seu curso de
Artes Plásticas e só pensa em sua carreira, em aproveitar a oportunidade
única que foi dada a ela ao ser aceita para estagiar em uma famosa galeria.
Se envolver com um homem não está em seus planos, por mais
lindo e sexy que esse possa ser.
Mas o destino e uma grande amiga em comum estão empenhados
em juntar os dois.
Bruna está passando por uma dificuldade muito grande em sua
família e resolve aceitar o contrato de casamento imposto pelo poderoso
CEO.
O que não esperava era que se apaixonaria perdidamente pelo seu
marido por contrato, mas não irá admitir isso para ele tão fácil assim.
Esse é um jogo, o qual quer sair vencedora e está disposta a tudo
para conquistar o coração do marido.
O que Oliver não esperava era que sua esposa por contrato iria virar
sua vida de cabeça para baixo.
Bruna irá despertar em Oliver seu lado possessivo, que julgou não
existir uma mulher capaz de fazer tamanha façanha.
Ela faz seu marido chegar ao limite com sua teimosia e sua
perseverança em fazê-lo quebrar suas regras.
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
CAPÍTULO 41
CAPÍTULO 42
CAPÍTULO 43
CAPÍTULO 44
CAPÍTULO 45
CAPÍTULO 46
CAPÍTULO 47
CAPÍTULO 48
CAPÍTULO 49
CAPÍTULO 50
CAPÍTULO 51
CAPÍTULO 52
CAPÍTULO 53
CAPÍTULO 54
CAPÍTULO 55
CAPÍTULO 56
CAPÍTULO 57
CAPÍTULO 58
CAPÍTULO 59
CAPÍTULO 60
CAPÍTULO 61
CAPÍTULO 62
CAPÍTULO 63
CAPÍTULO 64
CAPÍTULO 65
CAPÍTULO 66
EPÍLOGO
AGRADECIMENTO
SOBRE A AUTORA
OBRAS DA AUTORA
CAPÍTULO 1

Estou no último andar, encarando as ruas movimentadas pela


vidraça, do imponente prédio do Grupo Thomson Oil Company, uma das

maiores empresas do ramo do petróleo do mundo.


Sou o Rei do petróleo, é assim que as pessoas me chamam, além de
me enxergarem como um CEO impiedoso, rigoroso e frio.
Por ter tudo, alguns questionam o motivo de ser desse jeito, mas
digo que a vida me moldou assim, ela me ensinou da pior maneira possível
como me tornar esse homem e não pretendo nunca esquecer a lição.
A verdade é que aprendi a gostar desse novo Oliver.
Gosto de ter as pessoas abaixando a cabeça para mim, do respeito
que demonstram ter por quem sou e de ser temido por onde passo.
— Oliver, o que foi que deu na sua cabeça para ter saído ontem
daquele jeito?
Eu me viro para a porta do escritório e encaro a única pessoa na face
da Terra que não teme a mim, não me obedece e acima de tudo não
demonstra ter o mínimo de respeito por mim.
Logo atrás dela está minha secretária mortificada de medo.
— Desculpa, senhor Thomson, mas ela foi logo entrando e nem
deu...
— Pode se retirar, querida, tenho privilégios que ninguém tem.
Então sai, sai, sai.
Sorrio com a cena a minha frente.
— Amanda Lewis, a senhora não tem um marido e um filho para
cuidar, ou Collin ainda está te dando motivos para invadir minha sala?
Ela se aproxima, me abraça e como sempre beijo o topo da sua
cabeça.
Amanda é uma amiga muito querida, um alento que a vida me deu.
Como costumo dizer, ela é a redenção dos meus pecados e nunca vou
permitir que conheça meu lado ruim e obscuro.
Ela é a única que tem a minha bondade.
— Ryan está na mansão com a babá, Lara e papai. Já meu amado
marido está trabalhando nesse exato momento — diz tranquilamente se
sentando na minha cadeira e me apoio na mesa, encarando a folgada.
— E não era para a senhora estar fazendo a mesma coisa?
Ela me olha com os olhos semicerrados.
Amanda não gosta quando a chamam de senhora e faço isso apenas
para irritá-la.
— O que está acontecendo com você, Oliver? Estou começando a
ficar preocupada. Ontem saiu da minha casa e nem se despediu. Depois que
me casei me tornei insignificante para você? Pensei que fôssemos amigos
de verdade — diz com uma nítida tristeza em seu olhar.
Confesso que ver Amanda feliz com a família que construiu me
deixa com um sentimento de perda, porque sei que nunca vou ter a minha
família.
Não sou mais um homem capaz de criar laços de amor e
sentimentos tão fortes por uma mulher.
Sou muito feliz por ver minha amiga querida, finalmente tendo a
vida que merece.
— Você nunca será insignificante na minha vida e nunca mais repita
uma besteira dessa. Sabe muito bem o grau de importância que você e Ryan
tem na minha vida.
— Então o que aconteceu? Na verdade, o que está acontecendo com
você? Prefere falar por bem ou por mal? — Levanta as mangas da blusa que
veste.
Até parece que essa pequena mulher vai conseguir me derrubar.
— Amanda, tive uma emergência só isso. Saí com pressa e não me
despedi de você.
— MENTIROSO!
Deus que mulher difícil.
— Amanda...
— Fala comigo, Oliver. Até a Emily está começando a ficar
preocupada com você. Quer que a traga na próxima vez para invadir a sua
sala?
Respiro fundo e decido abrir o jogo, pois, sei que não vai desistir
fácil.
— Meus pais estão me enchendo o saco para que me case e tenha
um filho. Segundo eles, estou ficando velho. A esperança da minha mãe era
você, mas com o seu casamento, os planos dela e os meus foram por água a
baixo.
— Seus planos?
— Sim, meus planos e sabe muito bem quais eram.
— De novo essa história, Oliver? Nem começa. Você queria me usar
para carregar seu bebê de ouro e até estaria disposta a te ajudar, mas agora
tenho minha família. Seus pais têm razão, já está passando da hora de você
construir a sua.
— Sabe que não quero isso, eu não...
— Você nem mesmo se dá uma chance de tentar, Oliver...
— EU JÁ TENTEI E NÃO DEU CERTO, PORRA! VOCE NÃO
SABE DE NADA, NÃO CONHECE MINHA HISTÓRIA, ENTÃO NÃO
ABRA A BOCA PARA FALAR MERDA. — Pela primeira vez, desde que
nos conhecemos, grito com Amanda.
Esse é um assunto que me tira dos eixos e a cara de decepção com
que me olha agora me faz perceber o que estou fazendo, descontando nela
uma frustração, a qual ela não tem culpa.
— Não grite comigo que não sou uma das suas putas. Para falar a
verdade, nem mesmo uma puta merece ser tratada desse jeito. Tem razão,
senhor Thomson, realmente estou vendo que não conheço o senhor. Achei
que conhecesse, mas estava enganada. — Levanta da cadeira, pega sua
bolsa passando por mim e anda em direção à porta.
— Amanda, por favor...
— Não, Oliver, se tem uma coisa que aprendi com você, durante
esse tempo que nos conhecemos, é que nunca fala o que não quer. Não se
preocupe, não vou mais invadir a sua sala. Quando quiser ver o Ryan ligue
para o Collin ou para Lara.
Amanda não permite que me desculpe e sai da sala batendo a porta
com força.
Só a Amanda mesmo para ter coragem de fazer isso.
— Mas que porra! Desde quando essa mulher se tornou tão
sensível?
Amanhã com ela mais calma, a procurarei na galeria e me
desculparei.
CAPÍTULO 2

Abro os olhos meio sonolenta, escutando alguém me chamar


ao longe...
— Vai chegar atrasada no trabalho, Bruna.
Com essa afirmação consigo despertar de vez e dou um pulo da
cama.
— Mamãe, por que a senhora não me acordou mais cedo? Por que o
celular não despertou?
— Eu já estou te chamando tem um bom tempo e não sei o motivo
pelo qual seu celular não ter despertado. Levanta rápido e se arrume que
vou te dar dinheiro para que vá trabalhar de táxi. Acredito que se for de
ônibus não irá conseguir chegar lá hoje.
Mas que droga!
Isso não deveria ter acontecido, não posso chegar atrasada hoje.
Tive dois atrasos semana passada e mesmo que Amanda e Emily não
chamem minha atenção por isso, me sinto muito mal.
Entro no banheiro, tomo banho em tempo recorde, me arrumo mais
rápido ainda, pego a bolsa e quando estou passando pela sala minha mãe me
para a fim de entregar o dinheiro do táxi.
Quando estou prestes a sair, papai chama meu nome e volto a minha
atenção para ele.
— Quando é a sua formatura? — pergunta de forma bem séria.
Sinto o nervosismo me consumir por dentro.
Não quero nem pensar que ele possa ter feito alguma besteira.
— No final do mês. Mas, por que está me fazendo essa pergunta,
papai?
Minha mãe me olha com pena e já sei que meu pai mais uma vez fez
merda.
— Se não conseguir pagar a sua faculdade até lá, não poderá se
formar.
Eu até esqueço que estou atrasada quando escuto isso.
Meu pai costumava dar aulas na mesma faculdade em que estudo,
mas quando ele teve a genial ideia de começar a jogar e como consequência
beber, acabou perdendo o emprego.
Agora vive de fazer pequenos serviços por aí para sustentar a
família.
— Papai, tínhamos um acordo. Entrego todo o dinheiro do estágio
que não é pouco para ajudar nas despesas de casa e com isso o senhor
conseguiria manter o pagamento da minha faculdade. O que fez com o
dinheiro? — pergunto mesmo já sabendo a resposta.
— Estava em uma mesa muito boa e tinha certeza de que ganharia,
mas no final acabei perdendo de novo.
Olho para ele sem acreditar no que escuto e minha mãe começa a
chorar atrás de mim, sei disso devido seu fungado.
— E alguma vez o senhor já ganhou, papai? Gastou o dinheiro da
mensalidade da faculdade em uma mesa de jogo e agora depois de tanto
esforço corro um sério risco de não me formar.
— Deveria ter escolhido outro curso, administração talvez. Assim
suas chances de conseguir um bom emprego eram mais altas.
— Não venha colocar a culpa da sua irresponsabilidade na minha
escolha de curso. Até um tempo atrás o senhor pintava excelentes telas e
ganhava muito bem dando aulas de arte. Porém, perdeu tudo porque ficou
viciado em jogo.
Meu pai me encara e não fala nada porque sabe que tenho razão.
— Vá para seu estágio que já está atrasada, mas não se anime muito
com a formatura. Não sei se vou conseguir pagar as mensalidades atrasadas
até o final do mês.
Sinto uma dor aguda no coração ao escutar isso.
Estudei tanto para nada!
O que adianta finalizar o curso e não receber o diploma?
Minhas colegas de classe tem razão, sou uma fracassada com um pai
viciado em jogo.
Saio de casa triste e resolvo ir de ônibus para a galeria. Já estou
atrasada mesmo e caso Emily e Amanda queiram me demitir por isso não
vou questioná-las.
Uma hora e meia depois chego à galeria de arte de cabeça baixa e
triste.
— Se continuar assim vai acabar sendo demitida. Não sei como a
Emily ainda não fez isso — uma das meninas diz, assim que passo pela
recepção.
Sei que a debochada diz isso para me deixar mais desestabilizada do
que já estou.
— Vá se lascar. — Dou a resposta que ela não esperava receber.
Estou cansada de todos pisarem em mim.
Ela só me olha e não fala mais nada, com isso vou para minha mesa
que fica em frente à sala das minhas chefes.
Eu me sento e pego alguns desenhos que estava fazendo no dia
anterior. Eram ideias para minha tela que serviria como minha nota final,
mas acho que nem vale mais a pena executar a ideia.
Seria um desperdiço de material e tinta.
Tenho sorte da Emily sempre me fornecer todo o material que
preciso para meus trabalhos de pintura. Ela sempre fala que assim que me
formar vai colocar uma das minhas telas em exposição, mas acho que isso
não vai acontecer.
— Você chegou. Aconteceu alguma coisa para que tenha chegado
tão tarde hoje?
Levanto as vistas e vejo Emily parada na porta da sua sala, expondo
toda a sua beleza.
Ela parece ser uma obra de arte, tanto que quem olha nem diz que já
tem dois filhos.
— Desculpa, senhora Johnson, pelo atraso...
— Que negócio é esse de senhora Johnson? — ela fala me
interrompendo e quando vou abrir a boca para responder, completa: —
Amanda, corre aqui que algo muito sério aconteceu. Cuidado que é capaz
de você ser chamada de senhora Lewis.
Não demora nem cinco segundos, Amanda aparece ao lado dela,
saindo da sala.
— Quem está querendo perder os dentes hoje me chamando de
senhora?
Emily sorri.
— A Bruna. Olha para a cara dela, parece que acordou do lado
errado da cama hoje — Emily diz me deixando sem graça.
Amanda se aproxima e olha bem na minha cara.
— Você vai ficar velha antes da hora se continuar com a cara
franzida desse jeito. O que aconteceu com você?
— Ela chegou agora com essa cara e me chamou de senhora
Johnson — Emily diz antes que eu possa responder.
— Jesus, é grave! Vem, Bruna, vamos para a nossa sala conversar.
Eu só tenho vinte e seis anos, não ouse me chamar de senhora. Pode chamar
a Emily de senhora se quiser, ela gosta.
— Eu não gosto nada, mas não adianta reclamar, todos me chamam
de senhora Johnson. Isso é ridículo.
Acabo sorrindo das duas e as acompanho até a sala delas.
— Senta aí, Bruna, e fala que cara é essa. Você é sempre tão feliz.
— Me desculpem pelo atraso de hoje e pelos da semana passada,
não estou querendo abusar da bondade de vocês duas.
Amanda e Emily me olham como se não entendessem do que estou
falando.
— Bruna, atraso é meu sobrenome. Não importa o quão cedo eu
acorde, sempre vou chegar atrasada, a Emily que é a certinha.
— Certinha? Vocês perceberam que horas estou chegando
ultimamente? Eu não sei quem dá mais trabalho, meus filhos ou o meu
marido. Bruna, eu nem percebi que você chegou atrasada. Com tanto que
faça seu serviço direito, não me importo nem um pouco com seu horário.
— Eu também não, até porque não tenho moral nenhuma para
reclamar disso. Eu já desisti de tentar chegar na hora. E, por favor, Bruna,
para de nos tratar como se fôssemos superiores a você. Queremos que faça
parte da nossa equipe definitivamente depois da sua formatura, tanto que
vamos incluir alguns dos seus trabalhos na próxima exposição. Aproveite
essa oportunidade, Emily e eu não tivemos uma oportunidade tão boa como
essa. Queremos que seja nossa amiga, nossa colega de trabalho e a
diferença de idade não é tão grande assim, então, por favor, não nos chame
mais de senhora ou chuto você.
Fico tão feliz em escutar o que elas me propõem, o carinho que
demonstram ter por mim, tanto que começo a chorar de tristeza porque não
sei se vou conseguir me formar.
— Jesus, ela está chorando. Será que é de emoção? — Emily diz se
levantando e vindo até mim.
— Eu não sei se vou conseguir me formar na faculdade, meu pai
não pagou as mensalidades — digo soluçando.
— Mas que cretino!
— Amanda!
— Amanda tem razão, Emily, meu pai é um cretino. Perdeu o
dinheiro da mensalidade em uma mesa de jogo.
— Meu Deus, Bruna! Por que não conversou com a gente antes?
Somos suas amigas, temos condições de ajudá-la com isso. Não se preocupe
que pagaremos as mensalidades com o maior prazer, não é mesmo,
Amanda?
— Claro que sim, dinheiro não é problema e nem adianta dizer que
não. Hoje mesmo vou mandar Collin verificar a sua situação junto a
faculdade. Você vai ter a sua formatura e vai estar linda fazendo seu
discurso, nos agradecendo.
— Amanda! — Emily repreende.
— Estava brincando. Você é chata, Emily.
Choro mais ainda, emocionada devido a maneira como elas se
propõem em me ajudar.
— Não sei se posso aceitar.
— É claro que pode e já pode também parar de chorar que isso é
motivo para alegria e não de tristeza.
— Muito obrigada, nem sei como agradecer.
— Nos agradeça arrasando na sua nota final, então termine o que
tem que fazer e passe o restante do dia trabalhando na sua tela. Tenho que
sair agora, vou até o grupo Johnson para me encontrar com meu marido,
então nos vemos mais tarde.
— Hummm, vai dar uma rapidinha no escritório da presidência,
senhora Johnson? — Amanda diz provocando e acabo sorrindo, limpando
as lágrimas que agora são de alegria.
— Até parece que você não faz isso no escritório do diretor jurídico.
Amanda abre um sorriso grande.
— Tem razão, faço isso mesmo.
— Estão falando de mim, meninas? — O senhor Lewis entra na sala
e me levanto.
— Estávamos sim, mas já estou de saída e a Bruna também, então
fiquem à vontade — Emily diz piscando para mim e entendo o recado.
Saímos as duas juntas da sala.
CAPÍTULO 3

Assim que termino uma reunião importante na empresa,

resolvo ir até à galeria de arte para conversar com a Amanda já que ela não

atende minhas ligações e ignora minhas mensagens. Acabei explodindo

com ela ontem, coisa que nunca tinha acontecido e olha que Amanda é

especialista em me causar problemas.


Dirijo até a galeria e assim que chego passo pelas recepcionistas que
me cumprimentam sorridentes.
É sempre assim, mas para não ser mal-educado apenas respondo
com um sério bom-dia, não dando espaço e nem brecha para intimidades.
Ando em passos largos pela galeria até chegar ao corredor que leva
à sala de Amanda e Emily.
Quando estou me aproximando da porta alguém esbarra com tudo
em mim, e a pessoa só não cai para trás porque a seguro forte em meus
braços.
— Mas quem é o idiota que não olha por onde anda? Será que é
cego? Pelo amor de Deus.
Ao escutar a forma de agradecimento que recebo, minha vontade é
de soltá-la no chão.
Olho bem para a pessoa e vejo que se trata de Bruna, a estagiária, e
ela ao perceber que sou eu quem está a segurando, se afasta de uma vez
como se recebesse um choque.
— Senhor Thomson, será que pode olhar por onde anda? Olha seu
tamanho, é tão difícil assim prestar atenção? — diz petulante, me encarando
como se a culpa fosse minha devido sua falta de atenção.
E eu pensando que ela fosse se desculpar, ledo engano.
— Foi você que esbarrou em mim, garota. Tenha mais respeito
quando for falar comigo.
Ela me olha de cima a baixo e esboça um sorrisinho debochado,
daqueles que costumam me irritar muito e que não são muitas pessoas que
tem coragem de dá-los a mim.
— Me perdoe, realmente sou muito desatenta. Como pude ousar
esbarrar em um homem tão importante como o senhor? Me perdoe.
Nem me dou ao trabalho de responder e passo por ela indo até à sala
de Amanda.
— O senhor não pode entrar aí, Emily não está e Amanda tenho
certeza de que está ocupadíssima — fala assim que me aproximo da sala de
Amanda e Emily.
Não dou ouvidos ao que ela fala e coloco a mão na maçaneta.
— Não ouse entrar nessa sala, vai se arrepender disso.
Abro a porta de uma vez e me arrependo de ter feito isso, pois,
Amanda está praticamente transando com o marido em cima da mesa e
Collin me lança um olhar mortal.
— Não sabe bater à porta, Thomson? — Collin diz e sai de perto da
esposa que me olha com uma cara não muito boa.
— O que quer, senhor Thomson?
Collin olha para mim, depois para a esposa e começa a rir.
— Senhor Thomson!? — o idiota diz gargalhando. — Pensei que
não fosse viver para ver isso. O que foi que você fez para deixar minha
esposa com raiva, senhor Thomson?
Minha vontade e de socá-lo por estar fazendo pouco da minha cara,
mas se fizer isso aí é que Amanda vai ficar com mais raiva ainda.
— Tivemos uma conversa acalorada ontem e acabamos discutindo
— digo e Amanda me encara.
— Ele gritou comigo e não aceito isso de ninguém mais.
— E é por isso que estou aqui para me desculpar com você.
Ela vai responder, mas se cala quando o celular do marido toca.
Collin olha para tela.
— Vou ter que ir, amor, nos vemos em casa. — Ele beija a esposa e
depois se vira para me olhar. — E não grite com minha esposa, Thomson.
Apertamos a mão.
— Pode deixar.
Ele dá um tapinha no meu ombro e sai da sala.
— Desde quando viraram amiguinhos? — Amanda pergunta se
sentando em sua cadeira e me sento na sua frente.
— Nunca fui inimigo do seu marido, nos conhecemos há anos. Ele
só teve uma fase de idiotice, mas parece que já voltou ao normal.
Amanda me analisa enquanto me olha.
— O que você quer, Oliver? Por que veio aqui?
— Para me desculpar, já disse. Sinto muito por ontem, mas aquele é
um assunto que me incomoda muito e você não sabe a hora de parar, então
acabei explodindo com você.
— Você e a Emily são meus melhores amigos. Você esteve ao meu
lado quando mais precisei, Oliver. Só quero o seu bem nunca o seu mal.
— Eu sei disso e me desculpe mais uma vez.
— Na próxima vez que falar daquele jeito comigo chuto a sua bunda
e sabe que tenho coragem o suficiente para fazer isso.
— Eu não duvido nada, de você, espero tudo. Mas me diga uma
coisa, Amanda, aquela estagiária faz muito tempo que ela está trabalhando
aqui com vocês, não?
Amanda me olha, desconfiada, ergue uma sobrancelha e isso não é
nada bom.
— A Bruna é uma excelente estagiária e artista. Ela é muito
responsável no trabalho e pode se tornar também um ótimo partido, Oliver
— diz como se tivesse acabado de ter uma excelente ideia.
— Nem começa, Amanda. Ela esbarrou em mim e precisava só ver
como falou comigo. A garota é debochada, mal-educada e desatenta. Como
aquela garota poderia ser uma excelente artista? — digo me lembrando da
petulância da menina.
— Oliver, Bruna é perfeita para você. Jovem, alegre, desinibida,
deveria investir nela...
— Repito, nem começa, Amanda. Não tenho tempo e nem
disposição para perder com uma garotinha que nem mesmo sabe o que quer
da vida.
— Garotinha não, ela tem vinte anos, idade excelente para uma
gravidez, não acha?
Olho para a mulher na minha frente, incrédulo.
— São quatorze anos de diferença, Amanda. Será que você pensa
antes de falar?
A risadinha que ela solta me deixa irritado, mas procuro me
controlar.
— Está querendo dizer que é velho demais para ela? Será que não
dá conta, Oliver?
— Amanda, você mais do que ninguém sabe que dou conta, o
problema é que não quero um romance com ninguém. Esse negócio de
amor não funciona para mim, sou um homem prático, sabe disso.
— Prático, sei.
Algo me diz que essa mulher não vai desistir dessa ideia fácil.
— Eu já vou embora antes que ligue para minha mãe e marque meu
casamento. Conheço esse seu olhar e já vou logo dizendo que NÃO.
— Mas eu nem falei nada.
— E nem precisa, eu te conheço e estou falando sério. Amanda, nem
comece com isso.
— Tudo bem, não vou fazer nada.
— Espero mesmo que não. Sabe muito bem que a minha bondade só
se limita a você.
— Você precisa ter alguém, Oliver.
— Não preciso, estou muito bem sozinho — digo me aproximando
dela.
Nos despedimos e assim que chego na porta, vejo a tal estagiária
passando com algumas tintas nas mãos, caminhando rumo a sala de criação.
— Cuidado para não esbarrar em ninguém, essas tintas custam uma
fortuna, sem falar na sujeira que você faria.
— Não se preocupe, senhor investidor, sei muito bem fazer meu
trabalho. — Ela me encara e viro as costas saindo. — O que tem de gostoso
tem de idiota. Nada é perfeito.
Escuto a garota resmungando e quando me viro para olhá-la mais
uma vez, só vejo a porta se fechando.
Acabo sorrindo do que falou.
Até que essa garota seria um desafio interessante.
CAPÍTULO 4

Oliver Thomson, CEO de uma das maiores empresas no ramo do


petróleo, um verdadeiro deus.
Dono dos meus sonhos mais eróticos, sonhos que passei a ter desde
que comecei a trabalhar na galeria de arte e passei a vê-lo andar por aqui,
cheio de arrogância.
O homem é simplesmente um grande pedaço de mau caminho.
Não é nada fácil ser virgem e acordar com a calcinha molhada, já
que toda vez que ele invade meus sonhos, acordo no meio da noite,
ofegante.
Eu posso ser virgem, mas não sou burra e nem um pouco inocente.
Sei que desejar esse homem é muito errado, afinal já ouvi falar muitas
coisas ao seu respeito. Inclusive, ouvi da boca dele em uma conversa, que
escutei sem querer, que sua bondade e benevolência só pertencem as
minhas chefes, que são amigas dele.
— BRUNAAAAAAA.
Levo um susto ao escutar o grito que Amanda dá.
— Amanda.
— Em que mundo você está agora, garota? Estou falando com você
e parece que não está escutando. Você deveria estar concentrada na tela à
sua frente e não viajando em pensamentos. Esse é o seu trabalho de
conclusão. Já sabe que se não passar não vai se formar e sem formatura não
tem emprego, então tenha foco. Você é muito boa e não vou aceitar nada
menos do que o excelente trabalhando na minha galeria. Está tendo uma
oportunidade incrível, não a desperdice porque uma chance dessa não irá
bater duas vezes na sua porta.
Engulo em seco com a bronca que levo.
Amanda e Emily são muito boas comigo, mas sabem chamar
atenção quando é preciso.
— Me desculpe, Amanda, tem razão. Vou me concentrar e não vou
decepcionar nem você e nem a Emily — digo ficando na frente da tela que
estou pintando porque não é exatamente meu último trabalho que tem nela.
Mas como Amanda é muito esperta, percebeu que estava agindo de
modo estranho.
— Me deixe ver o seu trabalho, Bruna — diz me olhando nos olhos
e meu coração acelera.
— Não está pronto ainda. Está horrível, na verdade, acho que vou
ter que recomeçar. — Tento ser convincente.
— Quero ver assim mesmo, saia da frente.
Meu Jesus, estou ferrada!
— Amanda...
— Bruna Harper, me deixe ver o que está pintando agora mesmo.
Acabo saindo da frente da tela porque é capaz dela me tirar a força.
Ao ver a expressão que faz, fico mais nervosa ainda.
— Meu Deus, Bruna, está perfeito! Estou simplesmente sem
palavras. Sabe que não vai poder expor sem a autorização de Oliver e ele
nunca vai permitir isso. É capaz de ficar furioso se souber que você pintou
um quadro dele. Por que você fez isso? Por que pintou um quadro do Oliver
assim com tanta perfeição? Você não é boba, Bruna, sabe muito bem que
ninguém nunca poderia admirar essa tela.
Fico muda sem saber o que responder, porque, na verdade, nem eu
mesma sei o motivo de ter feito isso.
— Amanda, me desculpe, vou destruir essa tela. Nunca deveria ter
pintado. Não sei o que deu em mim, comecei a pintar e quando percebi,
eu...
— Ei, calma, não precisa ficar nervosa e nem destruir a tela, só não
deixe ninguém ver. Quando for contratada vai ter sua própria sala de
criação, a leve para lá e a deixe coberta para que ninguém veja. Quem sabe
um dia não tenha a oportunidade de dar essa tela de presente ao Oliver,
hein?
Amanda ficou louca.
— Dar de presente ao senhor Thomson? Isso nunca vai acontecer,
Amanda. Aquele homem não gosta de mim, ele é grosso, arrogante, sem
coração e trata as pessoas feito lixo. Ele pensa que pode mandar em todo
mundo e nós, reles mortais, temos que obedecer sem discutir. É um homem
insuportável. Sinto muito, sei que ele é seu amigo, mas é só seu amigo e de
mais ninguém. Eu assisto jornal, sabia? Vejo que todos o tratam como um
rei, o rei do petróleo. Quero distância desse homem — digo sem nem
respirar direito.
Ela presta atenção em cada palavra que sai da minha boca, mas o
que não faz sentido é a gargalhada que solta assim que termino de falar.
— Isso vai ser muito divertido. Obrigada, meu Deus, realmente
estava precisando de um pouquinho de diversão na minha vida.
— Mas do que você está falando? O que vai ser divertido?
Ela sorri novamente.
— Cubra a tela e termine o seu trabalho. Sua formatura é daqui
alguns dias e não se preocupe com a faculdade, meu marido já deu um jeito
nisso. A sua maneira de me agradecer é sendo a melhor. Tenha foco em
tudo o que você for fazer, Bruna, e vai chegar muito longe assim como
Emily e eu chegamos. O seu futuro vai ser grandioso e se tornará uma
rainha.
Agora, sim, Amanda enlouqueceu de vez, mas fico feliz pelas suas
palavras, pelo menos ela acredita no meu potencial.
— Vou me concentrar no meu trabalho.
— Faça isso.
Amanda se aproxima, me abraça forte, como poucas vezes fez.
— Tenha em mente o que eu disse, para se tornar a mulher que tem
que ser, vai precisar ser a melhor — sussurra em meu ouvido.
Amanda se afasta e sai sem me dar brecha de questionar o que ela
quis dizer com essas palavras.
CAPÍTULO 5

Depois de um dia cansativo, finalmente chego em casa

exausta e tudo o que quero é tomar um banho, jantar e cair na cama.


Mas ao passar pela porta da sala, vejo minha mãe chorando e
falando no telefone, o que logo me coloca em alerta de que alguma coisa
muito grave deve ter acontecido.
— Mamãe, o que foi? Por que a senhora está assim?
Ela coloca as mãos na cabeça, chorando, desesperada.
— Eu não aguento mais viver essa vida com seu pai fazendo
besteiras desse jeito, Bruna. Eu não aguento mais.
— O que ele fez agora, mãe? Onde meu pai está?
— Ele está em uma casa de jogos, uma boate, sei lá o que aquele
lugar é. O que sei é que ele não tem dinheiro para estar jogando em um
lugar como aquele.
Não consigo acreditar no que a minha mãe fala.
— E quem foi que ligou para a senhora? Como sabe que papai está
lá?
— Um dos seguranças é um velho conhecido nosso e me ligou
assim que seu pai entrou dando uma de rico.
Lá se vai meu descanso.
— Eu vou atrás dele, mãe. Me diga exatamente onde fica esse lugar
e o nome do seu conhecido que vou impedir que meu pai faça uma besteira.
— Não vou permitir que você vá para aquele lugar, sozinha, e muito
menos permitir que fale com Fred. Aquele lugar não é para você.
— E nem para ele, mãe, mesmo assim ele foi. Deixá-lo lá vai ser
pior. Agora me dê o endereço antes que seja tarde demais.
Depois de muito tempo e mesmo achando ruim, ela me dá o
endereço.
Usando o pouco dinheiro que tenho, pego um táxi e em pouco
tempo o motorista me deixa diante da porta de uma boate de luxo, tanto que
me pergunto se estou no lugar certo.
Desço do carro e vou até à entrada que está lotada.
— Por favor, queria falar com o Fred. — Procuro o homem que
minha mãe falou o nome.
O homem me olha de cima a baixo, me analisando.
— E quem é você? Por que quer falar com o Fred?
Até entendo o motivo da sua desconfiança.
— Me chamo Bruna, diga a ele que sou filha da Lena Harper, ele vai
saber o que fazer.
O homem me olha mais uma vez e sai.
Pouco tempo depois, retorna com outro cara muito grande e forte,
imagino que deve ser o tal Fred.
— Essa é a menina que está procurando pelo senhor.
O homem me olha de cima a baixo e, por um minuto, vejo surpresa
em seus olhos.
— Quantos anos tem, criança?
Não era esse o tipo de pergunta que estava esperando que ele
fizesse.
— Não sou mais nenhuma criança, tenho vinte anos e se quiser pode
ver meus documentos.
Mais uma vez o homem me olha surpreso.
— Com toda certeza vou querer ver seus documentos, venha comigo
— diz de forma autoritária.
Acredito que pela maneira como as pessoas abaixam a cabeça para
ele, não me parece ser um simples segurança, como minha mãe falou que
ele era.
Entramos na boate e fico de boca aberta com o luxo do lugar.
Esse com certeza é o tipo de ambiente que gente muito rica
frequenta.
Acompanho o tal de Fred até um corredor e quando para de uma
vez, acabo batendo nas suas costas. Ele volta a me olhar intensamente e
agora começo a sentir medo.
— Antes de levá-la até onde sei que quer ir, me mostre seus
documentos.
Respirando fundo, pego minha identificação na bolsa e entrego a ele
que analisa atentamente. O homem olha para meu documento depois para
meu rosto e isso já está me deixando nervosa, porque, nesse exato
momento, meu pai pode estar perdendo tudo o que não tem.
— Será que agora o senhor pode me levar até meu pai?
— Não chame aquele verme de pai na minha frente e diga a Lili que
vou procurá-la para ter uma conversinha com ela — diz entredentes
aparentemente com muita raiva.
Acho muito estranho, ele chamar minha mãe pelo apelido, mas não
tenho muito tempo para pensar nisso agora.
— Olha, sei que você é conhecido dos meus pais e deve saber muito
bem o que vim fazer aqui, então será que podemos pular a conversa fiada?
Ele sorri e me entrega meus documentos.
— Você é igualzinha à sua mãe. Vamos lá, vou te levar até aquele
esterco de homem.
Acho estranho a forma como ele fala do meu pai, pois parece ter
muita raiva dele.
O homem vai à frente, resmungando alto e só entendo algo sobre
mamãe ter que explicar muita coisa a ele.
Depois converso com ela sobre isso, a prioridade agora é outra.
Paramos diante de uma porta muito bonita e antes de abri-la, olha
para mim.
— Ao passar por essas portas você estará entre os homens mais
ricos do mundo, pessoas poderosas com capacidade de acabar com Bruce
em um estalar de dedos. Sinceramente, não sei onde aquele idiota estava
com a cabeça quando resolveu se arriscar vindo aqui hoje.
— Então deve saber que não tenho muito tempo.
Ele sorri novamente e passa a mão no meu cabelo.
— Criança, chegou aqui tarde demais, mas não se preocupe que em
você ninguém toca.
Antes que diga mais alguma coisa, ele abre a porta e chama dois
homens que parecem estarem fazendo a segurança do local, deduzo isso
pelas armas que reluzem em suas cinturas.
A ordem que Fred dá é bem clara, ninguém encosta um dedo em
mim e confesso que escutar isso me deixa aliviada, por mamãe ter um
amigo que se preocupa comigo.
Assim que entro na sala vejo que ele tinha razão, cheguei tarde
demais.
CAPÍTULO 6

Meu pai está sentado em uma mesa rodeada por homens

importantes e entre eles está ninguém mais, ninguém menos do que Oliver

Thomson.
Meu Deus, como foi que papai conseguiu entrar aqui e jogar com
essas pessoas?
Quando vou me aproximar da mesa um dos seguranças segura meu
braço.
— Desculpa, senhorita, o jogo já começou e não pode se aproximar
agora, tem que esperar a partida terminar.
Não consigo acreditar no que escuto e ainda tento argumentar com o
homem que me segura.
— Mas vim justamente para impedir que essa partida aconteça.
— Senhorita, essa já é a terceira rodada. O senhor Harper perdeu e
pediu uma melhor de três valendo tudo.
— Valendo tudo? Mas como valendo tudo se ele não tem nada para
apostar?
— Ele tem sim.
Meu coração falta sair pela boca porque não temos mais nada de
valor em casa.
— O que ele está apostando?
O homem me olha com pena.
— Sinto muito, senhorita, mas acho que deve ser a casa de vocês.
Tudo o que ele trouxe foi a escritura de uma casa.
Sinto as pernas falharem e só não caio porque ele me segura.
Como meu pai teve coragem de apostar nossa casa desse jeito?
Minha vontade é de chorar de raiva.
O segurança me senta em um sofá próximo e me manda rezar para
que meu pai ganhe pelo menos dessa vez, assim não perdemos nossa casa.
Eu fico sentada no sofá olhando para os homens jogando tão
concentrados que não perceberam a minha presença.
Cada um deles emana poder, exibindo suas inúmeras fichas no meio
da mesa.
Meu pai não tem chance contra eles que são leões e ele a porra de
um cordeirinho que não sabe a merda que está fazendo.
Depois de alguns minutos, acontece tudo como exatamente já
previa, meu pai perde tudo e os outros jogadores um a um vão mostrando
seus jogos.
O grande vencedor é ele, Oliver Thomson.
Eu me levanto em um impulso, vou até à mesa de jogos e puxo a
cadeira do meu pai para trás, sem me importar de como os outros homens
estão me olhando, principalmente, Oliver.
— Pai, como o senhor teve coragem de fazer isso? Apostou a nossa
casa e perdeu? O que vai ser de nós agora?
Meu pai se levanta e segura com força meu braço.
— O que você está fazendo aqui? Como conseguiu entrar? Está me
envergonhando na frente desses homens.
Puxo o braço e o encaro.
— O senhor é que está se envergonhando, achava mesmo que teria
alguma chance contra eles? Não passa de um jogador de calçada que nunca
conseguiu ganhar nada...
— Como vai ser, senhor Harper, essa escritura não paga nem metade
da aposta — Oliver diz me interrompendo e me viro para olhar para ele.
— Como assim não paga nem a metade da aposta?
— Isso mesmo o que escutou, garota, essa escritura não paga nem
metade da aposta. Seu pai me deve muito dinheiro.
A maneira arrogante como ele fala comigo, me deixa irritada, é
como se nem me conhecesse.
— O senhor já é um homem muito rico, creio que pode reconsiderar
e ficar apenas com a casa.
Os homens caem na gargalhada, mas em um levantar de dedo do
Oliver, todos se calam.
Oliver me encara assim como estou fazendo com ele.
— Aqui não é um clube de caridade, menina. Seu pai sabia bem o
que estava fazendo e onde estava se metendo. Ele estava bem ciente do
valor da aposta e mesmo assim concordou com as regras. Agora perdeu e
vai ter que pagar.
Mas que filho da mãe, desgraçado!
— Em primeiro lugar, não deveria aceitar aposta de um homem que
não tem nada; segundo, o que me falaram é que todos aqui são homens de
negócios. Homens importantes, mas que foram burros o suficiente para não
conferir se um homem, como meu pai, que só de olhar para ele se percebe
que é um pobre lascado, tinha como pagar ou não uma aposta tão alta como
essa.
Meu pai mais uma vez segura meu braço com força e levanta a mão
para me dar um tapa.
— Se tocar um dedo nela, eu mesmo arranco a sua mão. Estou
acostumado a fazer isso com perdedores e posso dizer que é a melhor parte
do jogo. Entende agora, senhorita Harper, o motivo de não conferir se os
homens, que se juntam a nós, têm ou não condições de pagar as apostas? —
Oliver fala assim que fecho os olhos esperando sentir o ardor no rosto.
Todos riem novamente.
Meu pai me solta e se ajoelha implorando por mais tempo.
— Senhor Thomson me dê mais um tempo para conseguir o restante
do dinheiro, não arranque minha mão, por favor.
Deus, que situação humilhante é essa?
Realmente, meu pai é um verme.
Os outros homens dentro da sala parecem se divertir com tudo o que
acontece, mas em momento nenhum paro de encarar Oliver e ele também
não desvia o olhar do meu.
— Um mês... Você tem um mês para me pagar o restante do valor da
aposta, senhor Harper, se não pagar garanto que não vai perder só a mão.
Não deveria ter entrado aqui se não era homem o suficiente para arcar com
as consequências de perder tanto dinheiro assim, agora suma da minha
frente.
Tento ajudar meu pai a se levantar, mas ele me empurra com tanta
força que acabo caindo por cima da mesa e machucando as costas.
Oliver se levanta furioso e acerta um soco em cheio na cara do meu
pai, quebrando o nariz dele.
— Falei que se triscasse um dedo nela, arrancaria sua mão.
Meu pai mesmo ensanguentado muda de cor com medo de perder a
mão.
— Senhor Thomson, por favor, me desequilibrei e caí. Ele não me
empurrou tão forte assim.
Oliver trava o maxilar, me olhando.
— Sumam todos da minha frente agora mesmo.
Ninguém espera o homem mandar duas vezes, todos se levantam e
vão até à porta de saída. Faço o mesmo tentando ajudar meu pai que tem as
mãos no nariz.
— Você fica, Bruna.
Estanco no lugar e meu pai me olha surpreso por Oliver saber meu
nome.
— Tirem esse verme daqui, deixem só a filha dele e não permitam
que mais ninguém entre nessa sala.
Os dois seguranças que já estavam na sala se aproximam do meu pai
e o levam para fora. Logo depois fecham a porta, me deixando sozinha com
um homem que pensei que conhecesse.
— Vamos lá, Bruna Harper, quero que me mostre agora toda a sua
coragem — diz com tanta autoridade que minha vontade é de dizer que
minha coragem foi embora junto com meu pai.
CAPÍTULO 7

— O que quer comigo, senhor Thomson? Já não humilhou a

mim e ao meu pai o suficiente?


Ele sorri de forma debochada se encostando na mesa de jogo.
— Em momento algum humilhei você, muito pelo contrário até te
defendi. Deveria me agradecer, geralmente não costumo ser tão bonzinho.
Dessa vez sou eu que sorrio dele.
— Não me lembro de pedir para ser defendida. Nunca precisei de
um homem para me defender, sei fazer isso muito bem sozinha. Agora, se
me der licença estou indo embora porque diferente de algumas pessoas,
tenho que trabalhar amanhã cedo. — Eu me viro para sair.
— Não dê mais um passo, garota atrevida, ou ensino uma lição a
você — ele diz assim que me aproximo da porta.
Ah, mas essa eu quero ver!
Eu me viro para o homem que realmente pensa que é um rei e o
encaro, o provocando.
— Senhor Thomson, o senhor não é tudo isso que pensa. Deve estar
acostumado com as pessoas se ajoelhando aos seus pés, mas isso não vai
acontecer comigo, adeus. — Eu me viro para sair.
Quando coloco a mão na maçaneta e abro a porta, ela é fechada
bruscamente. Oliver me segura pela cintura, me virando de frente para ele e
rouba um beijo.
É um beijo tão inesperado que não sei como reagir até que sou
imprensada na porta, enfiando sua língua selvagem na minha boca.
Em um primeiro momento, meu instinto é empurrá-lo, mas o
homem me segura forte em seus braços e como sou menor que ele, não
tenho chance nenhuma contra a sua força.
Quando ele aprofunda o beijo, me entrego de vez.
Ele percebe isso quando passo os braços ao redor do seu pescoço e o
puxo para mais perto.
Ao perceber como estou entregue, me levanta e passo as pernas ao
redor da sua cintura. Ele me leva até a mesa de poker jogando todas as
fichas no chão, me sentando nela e se colocando entre as minhas pernas.
Sinto o exato momento em que coloca sua mão grande na minha nuca e
puxa meu cabelo, controlando o ritmo do beijo libidinoso que me castiga da
melhor maneira possível.
Oliver aperta minha cintura com a sua mão livre e logo depois ela
passeia pelo meu corpo até chegar aos meus seios.
Quando ele aperta por cima da blusa e inevitável que não solte um
gemido que logo é engolido por seus lábios.
Assim que vejo que ele já está querendo passar dos limites, desfaço
o beijo que desce pelo meu pescoço até chegar ao meu ouvido. Ele chupa o
lóbulo da minha orelha.
— Como pode ser filha de um homem como aquele? — Volta a
beijar meu pescoço e aperta minha cintura, esfregando seu membro inchado
na minha intimidade, me deixando mais excitada ainda.
— Não tive controle sobre isso, não podemos escolher a família que
vamos nascer.
Ele volta a me beijar mais uma vez, como se quisesse gravar cada
canto da minha boca e do meu corpo.
Quando desfaz nosso beijo, ele segura meu queixo com força, me
fazendo encará-lo.
— Um mês, Bruna. Seu pai tem um mês para pagar a aposta e nem
um dia a mais. Outra coisa, nunca comente com Amanda e Emily o que
aconteceu aqui hoje. Esse é um Oliver que elas não conhecem e quero que
continuem sem conhecer. Já você, eu não me importo, não é ninguém para
mim. Mas as duas são pessoas importantes na minha vida, Amanda é a
minha...
— Redenção — respondo o empurrando.
Não gostei nem um pouco da maneira como ele falou comigo e já
escutei algumas vezes Amanda dizendo que Oliver sempre fala que ela é a
redenção dele. Se não conhecesse a história deles, poderia jurar que Oliver
é apaixonado pela Amanda, mas eles realmente são só bons amigos.
— Exatamente, apenas Amanda e Emily conhecem meu lado bom e
te aconselho a ficar de boca fechada. Agora saia daqui e volte a viver a sua
vidinha sem graça. Não se esqueça do seu prazo.
— Você faz tanta questão desse dinheiro assim? Esse dinheiro não
vai te fazer falta. — Ainda tento questionar para ver se ele desiste dessa
loucura porque meu pai nunca vai conseguir pagar tanto dinheiro.
— Tem razão, esse dinheiro não vai me fazer falta, mas seu pai
sabia muito bem onde estava entrando. Saiba que se não cortei a mãe dele
como falei que faria foi porque hoje estou em um bom dia e senti um pouco
de pena de você. Mas isso não vai se repetir na próxima vez que nos
encontrarmos. Agora suma daqui. Se seu pai não pagar a dívida, você
pagará. Não deveria ter vindo até aqui, foi um erro da sua parte.
— Foi erro tentar impedir meu pai de deixar minha mãe e eu sem
um teto para morar?
— Sim, um erro, garota estúpida. Hoje, você despertou uma fera há
muito tempo adormecida e isso não é nada bom. Não se preocupe, ainda
terá um teto sobre a sua cabeça no decorrer desse mês. Agora saia daqui de
uma vez antes que eu te pegue e te jogue em cima dessa mesa de poker.
Chego a engolir em seco com a promessa por trás de suas palavras e
ele percebe isso só em me olhar.
— Você não vai querer que eu faça isso, Bruna, eu garanto. Agora
sai daqui.
Ainda penso em responder, mas caio em mim, bem a tempo de
evitar em fazer a maior besteira da minha vida. Pego a bolsa e passo por ele,
o encarando sem falar nada.
Quando abro a porta ele completa sorrindo, fazendo pouco da minha
cara:
— Garota ingênua, você não aguentaria cinco minutos comigo na
cama.
Lembro que Amanda uma vez comentou que Oliver tinha feito trinta
e quatro anos e não vou deixar essa provocação barato. Vou provocá-lo no
mesmo nível já que estou com a porta aberta a ponto de sair correndo.
Olho nos olhos dele e “solto a frase que um dia ele faria me
arrepender de ter pronunciado”.
— Tenho vinte anos e você trinta e quatro, tenho minhas dúvidas de
quem realmente não aguentaria os cinco minutos. Não sabia que você era
tão rapidinho assim.
Oliver me encara, furioso, e caminha em minha direção, mas como
não sou besta, fecho a porta e saio correndo pelo corredor vazio.
— CORRE, SUA COVARDE, MAS UM DIA EU TE PEGO.
— VOCÊ NÃO TEM MAIS IDADE PARA ME PEGAR, TENHA
CUIDADO COM A SUA SAÚDE, SENHOR THOMSON — grito de
volta, como já estou longe o suficiente.
Oliver vem em minha direção em passos largos e quando me
preparo para correr uma mão me puxa e me ajuda a sair do corredor. Então
vejo que é o tal de Fred de novo.
— Você ficou louca de vez, menina? Como tem coragem de falar
assim com o senhor Thomson? Perdeu o juízo?
Ele realmente parece estar preocupado comigo.
— Ele não vai fazer nada, tenho uma arma que posso usar contra ele
— digo pensando em Amanda.
— Você não conhece esse homem, fique longe dele. Agora vá para
sua casa, fique com a sua mãe e cuide dela porque duvido muito que Bruce
volte para casa depois da ameaça que sofreu hoje. Ninguém passa por cima
de Oliver Thomson.
Penso em suas palavras, não questiono mais nada e faço o que ele
diz, mas por dentro rezo para que meu pai tenha pelo menos o mínimo de
consideração e não nos abandone com uma dívida desse tamanho.
Oliver falou que se ele não pagar eu pagarei.
CAPÍTULO 8

Bruna, garota tola!


Ela não sabe com quem mexeu e ainda me desafiou daquela maneira
infeliz.
Há muito tempo uma mulher não chamava minha atenção e ela
conseguiu fazer isso, o que foi um grande erro da parte dela.
O pai da garota é um infeliz que deixou a família sem nada.
Até poderia abrir mão do restante da aposta, mas a maneira como
ela me desafiou, na frente dos meus homens, praticamente nos chamando de
burros, me deixou furioso.
Homem nenhum tem essa coragem, uma mulher então nem se fala,
mas a petulante me encarou sem demonstrar receio.
Pelo canto de olho, vejo Fred entrando na sala de jogos enquanto
estou sentado no sofá, saboreando meu copo de uísque.
— Mandou me chamar, senhor Thomson.
— Como aquela garota conseguiu entrar aqui? — pergunto sem
rodeios e vejo o homem à minha frente mudar de cor, completamente
nervoso.
Só por sua reação já entendo tudo.
— Senhor, ela...
— Você a ajudou a entrar aqui. Aquela garota não conseguiria entrar
sem a sua ajuda. Agora, vem a pergunta mais importante, por qual motivo
você a ajudou? — Encaro o homem para que veja que não estou com muita
paciência.
— Senhor, ela... Ela, a menina...
— Fred, não teste minha paciência e nem tente mentir ou me
enganar. Sabe que se fizer isso, as coisas não vão ficar boas para o seu lado.
O homem engole em seco, derrotado pelas minhas palavras.
— Eu quero conversar agora com meu primo e não com meu chefe.
O desgraçado sabe usar nosso parentesco ao seu favor.
Fred é um primo distante que ajudei, na verdade, não chegamos nem
mesmo a ser parentes, já que ele foi adotado por uma tia que nem mesmo
sei quem é. Esse clube para todos os efeitos, é dele e mesmo sendo muito
mais velho do que eu, sempre deixei bem claro qual era o seu lugar.
— Se sirva de uma dose de uísque e me conte a merda que você fez.
Ele faz o que falo e se senta na minha frente, respirando fundo.
— Há uma chance muito alta daquela menina ser minha filha.
Agora ele chama minha atenção.
— Sua filha? E qual é a chance disso ser verdade?
— Cem por cento.
— Isso não é uma chance, seu idiota, é uma certeza.
— Então tenho certeza e você não vai fazer nada com ela, Oliver.
— Se ela é sua filha, idiota, por que permitiu que ela entrasse aqui e
me enfrentasse daquele jeito? Deveria protegê-la e não a jogar em uma toca
de lobos.
— Oliver, me dá um tempo, tá bom? Eu acabei de descobrir que
tenho uma filha de vinte anos que nem sabia que existia. No mesmo dia que
descubro isso, te vejo a agarrando pelas câmeras de segurança e não fiquei
muito feliz com a cena.
Acabo sorrindo da cara que ele faz.
— Vejo que ela deve ter puxado a você na coragem.
— A mim? Você não conhece a mãe dela, aquela mulher sabia como
me tirar do sério. Ela vai me pagar por ter escondido minha filha de mim e
permitido que outro homem criasse a menina. Já vou logo avisando que
mandei dar uma surra no bastado quando saiu daqui, ele não deveria ter
empurrado a minha garotinha e tenho certeza de que ele não volta para casa.
— Então a sua garotinha vai ter um grande problema nas mãos,
porque se o bastardo não pagar a dívida é ela quem paga.
Agora ele me encara novamente.
— Você não precisa desse dinheiro, Oliver, e se fizer tanta questão
assim, pago a dívida no lugar dela. Sabe que dinheiro, pra mim, não é
problema.
— Não, você não vai pagar a dívida e não se preocupe que não vou
fazer nada com a sua garotinha por enquanto. Tenho planos muito bons para
ela.
— Planos!? Mas que planos?
O homem acabou de descobrir que tem uma filha e já quer dar um
de pai protetor.
— Planos que não interessam a você saber deles.
— Oliver, ela é minha filha, é claro que me interessa saber o que
pretende fazer com ela. Nunca se interessou por mulher nenhuma, o seu
interesse só se resume em levar para cama e satisfazer as suas vontades, só
isso. Pelo que pude ver, a Bruna não está interessada em você, muito pelo
contrário.
— Exatamente por isso que ela é perfeita para o que pretendo. Ela
não tem interesse em mim e nem no meu dinheiro, vai servir muito bem
para o que quero.
Fred começa a ficar nervoso com minhas meias palavras e se
remexe na poltrona à minha frente.
— Oliver, seja claro comigo, não estou gostando muito do rumo
dessa conversa. Ela é minha filha, cara, seja complacente pelo menos dessa
vez. Diga claramente o que está pretendendo.
— Estou pretendendo me casar com ela. Sua filha terá a honra de
carregar o herdeiro da família Thomson.
Fred chega a se engasgar com o que falo e me olha com uma cara
impagável.
— Você pretende usar o casamento como forma de pagamento pela
dívida que aquele verme jogou nas costas dela? Você quer usar a minha
filha?
Fred se levanta com raiva e vem para cima de mim, mas eu o seguro
e o prendo na parede com a mão pressionando seu pescoço.
Esse tipo de comportamento eu não admito.
— Agora o primo ficou de lado e o chefe entrou em ação. Não quero
usar a sua filha se é que me entende, apesar dela ser muito gostosa. Ela vai
se casar comigo, para que minha família não desconfie de nada e vai
carregar meu herdeiro em seu ventre, é só isso — digo soltando o homem
que se apoia no sofá.
— E como pretende colocar um bebê dentro dela sem levá-la para
cama?
— Existem clínicas especializadas nesse assunto, não será um
grande problema. Bruna é nova, fértil, se forma na faculdade em um mês e
trabalha na galeria de arte, onde sou um dos investidores. Ela tem ótimas
tutoras e vai ser fácil ficar de olho nela, colocá-la na linha, caso me
desobedeça. Meu casamento com ela não vai passar de um contrato muito
bem-feito e depois que meu filho nascer, ela pode fazer o que quiser da vida
dela. Não pretendo a expor na mídia, assim será mais fácil.
— O seu plano é realmente perfeito, mas ele é perfeito para você,
Oliver. Já parou para pensar nela ou nos sentimentos dela? E se ela se
apaixonar por você?
Paro para pensar, por alguns segundos, antes de responder essa
pergunta.
Não vou dar chance a ela de se apaixonar.
— Aí ela será mais tola do que pensava. Não pretendo fazer mal a
sua filha recém-descoberta, Fred. Desde que siga as regras do contrato que
vou oferecer, ela ficará bem. Você melhor do que ninguém sabe o quanto
meus pais estão me pressionando por um filho. Assim como sabe que não
tem a mínima possibilidade desse filho vir ao mundo de forma tradicional,
como minha mãe quer.
Ele me olha e balança a cabeça em negação, mas não tem coragem
de expor seus pensamentos.
— Você tem que superar o que aconteceu, Oliver, já se passaram
anos e continua preso no passado.
— O passado me ensinou uma lição, a qual nunca vou esquecer.
Não vou amar novamente uma mulher como eu a amei e nem vou ter meu
coração partido pela traição novamente. Na próxima vez, que tocar nesse
assunto de novo, não vai ter a oportunidade de conhecer seu neto. Agora
saia daqui e fique de olho na sua filha, Bruna Harper agora me pertence e
seja grato por colocar você e seus homens para cuidar dela.
Fred sabe que quando eu dou uma ordem ela não pode ser
questionada.
— Sim, senhor, mas quero dizer só uma coisinha.
Observo o homem que está bem na minha frente me encarando
enquanto espero que ele diga o que quer.
— Se quebrar o coração da minha filha… — Sorri e se aproxima
passando a mão em meu terno. — Eu posso até morrer, mas uma lição
muito bem dada, ensino a você. Boa noite, senhor Thomson.
Fred se afasta e quando está passando pela porta, decido chamar sua
atenção.
— Ainda bem que sabe o que vai acontecer
— É claro que sei, mas morreria feliz — diz fechando a porta atrás
dele.
Agora é só esperar um mês para cobrar a dívida da minha futura
esposa.
CAPÍTULO 9

Como o tal de Fred previu, meu pai sumiu da face da Terra.


Ninguém sabe onde ele está e tudo o que minha mãe sabe fazer é
chorar.
Eu só tive coragem de contar a parte que meu pai perdeu a nossa
casa no jogo e se ela soubesse a fortuna que ele ainda está devendo, acho
que já teria enlouquecido.
— Mamãe, ficar chorando não vai resolver nossos problemas e o
seu choro já está me deixando nervosa.
— Como quer que eu pare de chorar? Já tem uma semana que o
desgraçado do seu pai sumiu e logo nós duas estaremos na rua. É uma
questão de tempo até o novo dono da nossa casa nos expulsar daqui.
Ele que tente fazer isso que pulo em seu pescoço.
— Mamãe, quem sabe o papai não está correndo atrás do dinheiro
para pagar a dívida e recuperar a nossa casa?
Ela para de chorar e me encara.
A verdade é que nem eu sei se acredito no que acabei de falar.
— Minha filha, você é tão inocente a esse ponto? Duvido muito que
o seu pai tenha coragem de aparecer por aqui.
— Tem razão, o tal de Fred, seu amigo, falou a mesma coisa.
Mamãe fica pálida ao escutar o que digo.
— Você conversou com ele por muito tempo, filha? O Fred te fez
perguntas?
— Aquele homem é meio estranho, mamãe. Ele fez questão de ver
meus documentos e ficou pálido feito um fantasma. Sem contar que te
chamou pelo apelido. Isso foi muito estranho, afinal não é todo mundo que
chama a senhora de Lili.
Mamãe arregala os olhos e respira fundo.
— Meu Deus, estou perdida! Ele descobriu tudo.
— Descobriu o quê, mãe? Do que a senhora está falando?
— De nada, minha filha, está na hora de ir trabalhar ou vai se atrasar
novamente. Não é bom ficar abusando da boa vontade da Amanda e da
Emily, então se apresse.
Mamãe desconversa e só falta me expulsar de casa, mas ela tem
razão, não quero chegar atrasada, por isso saio.
Vou para a parada de ônibus com uma sensação estranha de sempre
estar sendo seguida e isso já vem acontecendo há algum tempo, mas não
acho nada estranho ao olhar ao meu redor.
Em poucos minutos, o ônibus passa e chego na galeria em cima da
hora.
Pelo menos, não estou atrasada.
Ao passar pela recepção não dou nem atenção para as piadinhas das
recepcionistas invejosas e vou direto para minha mesa.
— Bruna, liga para o Oliver e marque uma reunião com ele e meu
marido. Temos que discutir os gastos da nova exposição tanto daqui, como
da filial de Nova York — Emily pede saindo da sala dela e meu coração
gela ao escutar o nome de Oliver.
— Você está bem, Bruna?
— Estou sim, vou marcar a reunião agora mesmo, não se preocupe.
— Tudo bem, e como vai seu trabalho de conclusão? Em poucos
dias é a sua formatura.
— Estou quase terminando.
— Quero ver a tela depois e se não estiver boa vai refazê-la do
início. Lembre-se que vamos te contratar e queremos que seja a melhor,
então não se zangue comigo caso reprove o seu trabalho.
Fico emocionada e nervosa, ao mesmo tempo, com o que ela fala
porque ultimamente não estou com a cabeça muito boa para criações.
— Tudo bem, mostro para você depois.
— Ótimo, agora marque a reunião — diz e entra em sua sala.
Faço a ligação primeiro para o marido dela que como sempre é
muito educado e depois de marcar um horário para a reunião, passo quase
vinte minutos encarando o telefone, procurando coragem para ligar para o
grupo Thomson.
— O que tem de errado com o telefone?
Levo um susto com Amanda falando do meu lado também olhando
para o aparelho.
— Amanda, você me assustou — digo colocando a mão no peito.
— Você já está há um bom tempo olhando para o telefone como se
ele fosse te morder, caso toque nele.
— Não estou com medo do telefone, mas de fazer a ligação para o
Oliver.
O sorriso dela se ilumina e me arrependo no mesmo instante do que
disse.
— Oliver? Não precisa ter medo dele. Ou está nervosa por ele ser
seu crush?
Sabia que ela iria vir com essa.
— Meu o quê? Não inventa, Amanda, não tem nada a ver.
— Você gosta dele que sei, tanto que pintou um quadro lindo dele
que está bem escondido na sala de criações.
— Fala baixo, Amanda, alguém pode escutar.
Ela começa a rir de mim.
— Faça a ligação que o Oliver não morde — diz e entra na sala
dela.
Finalmente pego o telefone e faço a ligação que logo é atendida pela
secretária da presidência. Depois que me identifico, ela me pede para
aguardar na linha.
— Alô.
Meu coração acelera ao escutar essa voz.
— Se não vai falar nada porque faz perder meu tempo? Quer mesmo
aumentar a sua dívida comigo?
Como pode ser tão arrogante?
— Senhor Thomson, por mim nunca mais falava com o senhor, mas
por causa do meu trabalho, sou obrigada a fazer isso. Emily quer marcar
uma reunião para tratar dos custos da próxima exposição. — Escuto sua
respiração ofegante do outro lado da linha.
— Três semanas, Bruna Harper, e você será minha.
Não entendo o que ele quer dizer com isso.
— Vai sonhando...
— Então quer dizer que já conseguiu o dinheiro para pagar a dívida
do seu pai? Fiquei sabendo que ele sumiu do mapa e o seu tempo está
acabando.
— Por que está fazendo isso? O senhor não precisa desse dinheiro.
Não vê que vai deixar minha mãe e eu na rua?
— Esse problema não é meu, mas seu, querida.
— Você é um cretino sem coração.
— Tem razão, não tenho coração. Diga a Emily que estou à
disposição dela no momento que quiser.
Antes que possa responder, o filho da mãe desliga o telefone na
minha cara e minha vontade é de quebrar o telefone, fingindo ser a cara
dele.
Não sei como vou fazer para pagar essa dívida, mas vou ter que dar
um jeito.
Ligo de novo para a secretária do cretino e marco a reunião.
Dou graças a Deus que vou ter que ir para a faculdade no período da
tarde, assim não me encontrarei com ele.
Depois de tudo acertado, passo o horário da reunião para Amanda e
Emily, e aviso que vou ter aula no horário da tarde, o que elas não
estranham já que estou nas minhas últimas semanas de aula.

Logo depois do horário do almoço, pego outro ônibus e vou para a


faculdade.
Como chego com tempo, aproveito para comer alguma coisa antes
da aula.
— Bruninha, chegou cedo hoje, que milagre! — Gessy, a única
pessoa que me trata bem nesse lugar, diz.
Ela não é minha amiga, mas é uma boa colega de classe.
— Pelo visto, não foi somente eu que cheguei cedo hoje.
Ela se senta ao meu lado, empolgada demais para o meu gosto.
— Hoje nossa turma vai sair toda junta, vamos para uma boate de
luxo a fim de comemorar a formatura que está próxima, tudo por conta da
Paty patricinha.
Começo a rir do apelido que ela deu para a pessoa mais insuportável
de todas.
— E o que te faz achar que ela me convidaria?
— Ela não precisa convidar, é para toda a turma e você vai comigo.
— Acho que não.
— Por favor, Bruna, somos as excluídas e se você não for como é
que vou sozinha? Sei que não somos tão amigas assim, mas faz isso por
mim, por favorzinho. Nunca vamos ter a chance de ir em um lugar como
esse de novo.
Gessy implora com tanta convicção que acabo aceitando
acompanhá-la a essa boate.
— Tudo bem, mas sabe que vamos ter que ir de ônibus, né?
Ninguém vai querer nos dar carona.
— Eu vim hoje no carro da minha mãe, não vamos precisar da
carona de ninguém.
Isso me impressiona.
— Você sabe dirigir? Já tem carteira de motorista?
— Claro que sim, sua boba. Minha mãe nunca permitiria tocar no
carro dela se não tivesse carteira.
Fico com inveja dela, já que nunca pude ter o prazer de possuir um
carro, nem mesmo meus pais têm e agora esse desejo está mais longe ainda
de se realizar.
— Então está tudo certo, depois da aula vamos juntas no seu carro
para a tal boate.
Com tudo combinado vamos juntas para a sala de aula e como
sempre ninguém percebe a nossa presença, o que me deixa feliz.

A aula foi cansativa e muito longa, tanto que pensei que nunca fosse
acabar e já estava com vontade de desistir de sair com a Gessy, mas ela
estava tão empolgada que não tive coragem de fazer isso.
Tudo o que eu queria era ir para casa, tomar banho e comer já que
estou morrendo de fome, afinal o lanche rápido que fiz no lugar do almoço
não foi o suficiente.
— Vamos, Bruna, o pessoal todo já está indo.
— Tudo bem, vamos, mas vou logo avisando que não vamos ficar
muito tempo, tenho que trabalhar amanhã.
— Tá, vai ser rapidinho. Vamos lá.
Mesmo com um mau pressentimento entro no carro e vamos até a
tal boate.
Depois de muito tempo, chegamos e quando ela estaciona o carro
entendo o motivo do meu mau pressentimento.
— Tem certeza de que esse é o lugar certo?
— É claro que tenho, olha ali o pessoal entrando.
Acompanho seu olhar e vejo o pessoal da minha turma de arte
entrando na mesma boate em que meu pai fez a maior merda da vida dele.
Como já estou aqui o que me resta é entrar.
Ficamos na fila por uns segundos até que um homem grande e forte
se aproxima.
— Senhorita Harper, a senhorita não precisa ficar nessa fila, pode
entrar direto todas as vezes que quiser vir se divertir.
Minha turma inteira me olha como se eu fosse um bicho de sete
cabeças.
— Bruna, mas como você...
— Um cara que trabalha aí é amigo da minha mãe, deve ser por
isso. Gessy, não complica mais a minha situação, olha como estão me
olhando.
Ela olha ao redor e segura meu braço.
— Então já que não precisamos ficar na fila vamos entrar logo antes
que a baba dos invejosos escorra.
Entramos e quando estamos próximas do bar o tal de Fred aparece.
— Bruna, que prazer tê-la aqui. Espero que dessa vez tenha vindo
apenas se divertir e não se meter onde não é chamada. As regras ficaram
mais rígidas desde a última vez que esteve aqui.
Entendo perfeitamente o que ele quer dizer sobre as regas terem
ficado mais rígidas, já que está se referindo a sala de jogos no andar de
cima.
— Hoje quero apenas me divertir, senhor...
— Me chame apenas de Fred. Vamos, vou te levar até uma das salas
vip, é minha convidada especial e sua diversão vai ser por minha conta
todas as vezes que quiser vir até aqui.
Gessy abre a boca em choque enquanto não sei onde enfiar a cara.
— Fred, obrigada, mas não...
— Senhor Fred, muito obrigada. É claro que aceitamos sua
gentileza. Minha amiga aqui é meio tímida, mas nada que uma bebida não
dê jeito, ela está precisando relaxar.
Fred começa a rir do que ela fala e nos leva até uma das salas vip.
Praticamente, sou arrastada até o local por Gessy.
Assim que entramos, ela logo se deslumbra pela beleza e luxo do
lugar.
— Fred, você não precisava fazer isso — digo olhando para Gessy
que já está no bar pedindo nossas bebidas.
— Ele sabe que você está aqui?
Olho para ele sem entender.
— Ele quem? Vim da faculdade direto pra cá.
Fred respira fundo e coça a barba.
— De quem você está falando, Fred?
— Oliver, Bruna, é dele que estou falando. Se você não contou a ele
que estaria aqui, com certeza, já ficou sabendo de outra maneira.
Olho para ele sem acreditar no que escuto.
— Mas que porra é essa, Fred?
— Olha a boca, menina, não fale palavrão, ou vou ter que corrigi-la
por isso. É muito feio uma mocinha, como você, falando desse jeito.
Minha boca se abre em choque.
Quando foi que dei brecha para esse homem me corrigir e falar
assim comigo?
Apesar da maneira carinhosa que ele fala comigo, me sinto mal e
nem o conheço direito.
— Olha, Fred, não sei o que você está pensando, mas não tenho
nada a ver com o senhor Thomson e não devo satisfação da minha vida a
ele. Quero mais é que ele vá para o inferno.
— No inferno eu já vivo, querida, e você vai me explicar direitinho
o que está fazendo aqui.
Fred arregala os olhos e engulo em seco ao escutar a voz atrás de
mim.
Não entendo o porquê de ficar tão nervosa na presença desse
homem e nem o que ele pretende comigo.
CAPÍTULO 10

Momentos antes...
Costumo ir à boate sempre que tenho um dia muito

estressante no trabalho e hoje meu dia me estressou logo cedo com a

ligação da petulante.
A língua daquela menina além de gostosa de ser chupada é muito
boa para dar respostas.
Mas o que me deixou mais frustrado foi chegar na galeria para a
reunião que Emily marcou e ela não estar presente, como sempre.
Quando perguntei por ela, Amanda já respondeu animadinha que foi
para a aula na faculdade.
Sei que minha amiga vai ficar feliz quando jogar a bomba do
casamento em seu colo, mas o que ela não pode saber é sobre as
circunstâncias desse casamento.
Quando chego na boate vou direto para a sala de jogos me divertir e
desestressar, mas no meio da partida recebo uma ligação de um dos meus
homens que logo trato de atender.
Eles sabem que não podem me ligar se o assunto não for sério.
— Fala.
— Chefe, a senhorita Harper está na boate.
Sinto minha dor de cabeça chegando.
— Que diabos ela está fazendo aqui?
— Ela veio com a turma da faculdade comemorar a formatura que
está se aproximando. Fred a tirou da fila e a levou para uma sala vip junto
com uma colega.
— Fica de olho nela, essa menina vai ser minha esposa e nada de
ruim pode acontecer a ela ou vai sobrar para você.
— Pode deixar, chefe, ela está sendo muito bem vigiada.
Não respondo e desligo a ligação.
— Vai se casar, Oliver? Não estava sabendo disso, nem sabia que
tinha namorada — Celeste, uma das putas de luxo que acompanha um dos
homens, pergunta.
Ela é muito boa na sua profissão e faz uma massagem dos deuses,
mas, as vezes, não sabe ficar com a boca fechada.
— Não tenho que dar satisfação da minha vida a ninguém. Me caso
quando quiser e com quem quiser. Agora, se me dão licença, vou resolver
um problema. — Levanto da mesa abandonando a partida pela metade e
desço até a boate.
Pergunto a um dos seguranças onde Fred está babando a cria e logo
acho os dois.
— Olha, Fred, não sei o que você está pensando, mas não tenho
nada a ver com o senhor Thomson e não devo satisfação da minha vida a
ele. Quero mais é que ele vá para o inferno.
Escuto a petulante dizer, ao entrar na sala vip.
Acabo sorrindo do que ela diz.
A garota é bem mais audaciosa do que esperava, então resolvo
responder à altura.
— No inferno eu já vivo, querida. Você vai me explicar direitinho o
que está fazendo aqui.
Vejo Fred engolir em seco porque ele me conhece muito bem.
A baixinha se vira de frente para mim e me encara pálida, feito um
fantasma, mas mantém a postura.
— Sinto muito, senhor Thomson, que já viva em um inferno. Mas
ser o Diabo não te dá o direito de se meter na minha vida.
A sorte dessa mulher é que ela é filha do Fred e a quero para
carregar meu filho, senão faria uma besteira com ela.
— Estou apenas assegurando que ficará bem para me pagar o que
me deve, senhorita Harper. Não se engane o Diabo pode fazer tudo o que
quiser, ainda mais quando está no território dele.
Ela está prestes a responder quando uma outra garota se aproxima
entregando uma bebida para ela que por sinal é muito forte.
— Não vai me apresentar seu amigo gato, Bruna? — a menina
pergunta toda interessada.
Antes de responder, Bruna vira a bebida em sua mão de uma vez e
faz uma careta no último gole.
— Ele é um dos investidores da galeria de arte onde trabalho. Não é
ninguém importante. Agora esse aqui é o Fred, amigo da minha mãe.
— Prazer em conhecê-los, senhores — a menina responde sem
graça pela maneira que Bruna nos apresentou.
Fred em momento algum para de me olhar como se quisesse
adivinhar o que pretendo fazer.
— Vamos dançar, Gessy, afinal foi para isso que viemos.
A menina concorda e sai na frente.
Assim que Bruna dá um passo para acompanhá-la, seguro seu braço.
— Se colocar um pé naquela pista de dança seu prazo de pagamento
diminui em três semanas, o que indica que terá que me pagar em três dias.
Pense muito bem na decisão que irá tomar agora.
Ela me olha e vejo a raiva transbordar por seus olhos.
— Você não pode fazer isso, não tem esse direito. Sabe muito bem
que meu pai sumiu e que minha mãe e eu não temos condições de pagar
uma dívida tão alta.
Dou a ela meu melhor sorriso.
— Eu sou o Diabo, lembra? Posso fazer isso, menina.
Como pensei que faria, a garota se aproxima levantando bem a
cabeça para me encarar.
— É isso que vamos ver, senhor Thomson. Não tenho mais nada
mesmo na vida, quero só ver o que vai tirar de mim, como pagamento dessa
dívida. — Puxa o braço do meu aperto e sai da sala vip sem olhar para trás.
Pelo vidro da sala, vejo que ela está indo para a pista de dança. No
caminho, ela se agarra no primeiro moleque que vê na frente e dança
rebolando, se esfregando nele para me provocar.
— Oliver, ela só tem vinte anos, seja complacente em relação a ela.
Fred tenta me convencer a não fazer o que falei, mas sem dar
ouvidos coloco a mão no bolso, pego o celular e faço uma ligação para meu
advogado que logo é atendida.
— Chefe!
— Prepare o contrato de casamento em nome de Bruna Harper.
CAPÍTULO 11

Depois do meu encontro com Oliver na boate três dias atrás,


não o vi mais.
Segundo ele, meu prazo termina hoje já que não fiz o que ele
mandou, fui para a pista de dança e dancei como nunca só para provocá-lo.
Como pode querer mandar em mim, com a desculpa que quer me
manter a salvo pelo bem da dívida?
Até parece que tenho algo de muito precioso para que ele possa usar
contra mim.
Hoje, meu dia foi cansativo na galeria, com a aproximação da
formatura, Amanda e Emily estão no meu pé por conta do trabalho de
conclusão. Segundo elas, minha tela de apresentação tem que estar perfeita
e isso me deixa mais nervosa ainda.
Termino de jantar, lavo meu prato e logo me junto a mamãe que está
assistindo televisão na sala. Deito colocando a cabeça no colo dela que
afaga meu cabelo e me sinto como uma gata manhosa recebendo seu
carinho.
— Você parece uma criança de cinco anos, menina, ainda me
rodeando por carinho.
— Gosto do seu carinho, mamãe, essa é a vantagem de ser filha
única.
Mamãe sorri do que falo e quando vou responder escutamos alguém
batendo à porta e ela me olha assustada.
— Quem será? Ninguém nunca vem aqui, ainda mais uma hora
dessas — pergunta assustada e confesso que também estou.
— Vou abrir a porta, mamãe, fica aqui. — Levanto e vou em direção
à porta.
Quando abro a porta vejo dois homens muito bem-vestidos de terno
e olho para eles sem entender nada.
— Senhorita Harper, nos acompanhe, por favor.
— Como!?
— Isso mesmo que escutou, nos acompanhe agora mesmo.
— O que está acontecendo, Bruna? O que esses homens querem
com você? — Minha mãe diz se aproximando, aflita.
Admito que estou com medo, pois, não sei quem são esses homens.
— Quem são vocês e o que querem comigo?
Um dos homens a minha frente pega um celular, faz uma ligação e
me entrega o aparelho.
Quando coloco o aparelho no ouvido todo meu medo se transforma
em raiva.
— Seu prazo acabou, senhorita Harper, acompanhe meus homens e
vamos conversar como dois adultos civilizados. Juntos, iremos encontrar a
melhor solução para que pague a dívida do seu amado papai.
— Como você pode fazer isso, seu...
— Se eu fosse você teria muito cuidado com as palavras. Se não
fizer o que estou mandando agora mesmo, a ordem é para colocar as duas
na rua. Quer mesmo deixar sua mãe dormir ao relento?
— Eu odeio você.
Ele sorri do outro lado da linha.
— Não estou nem um pouco interessado que goste de mim. Você tem
cinco minutos para decidir, mas pense bem no que vai fazer. Acho que já
provei que sou um homem de palavra.
Antes que consiga mandá-lo para o inferno, ele desliga.
— Acho que já tem suas opções, senhorita Harper, e seus cinco
minutos já estão passando.
Chego a engolir em seco por não ter uma alternativa.
— Bruna, minha filha, o que está acontecendo?
— Mamãe, vou ter que sair com esses homens, mas vou ficar bem.
Não se preocupe comigo.
— De jeito nenhum! Você não vai com eles.
— Três minutos, senhorita Harper — o segurança diz me
apressando.
— Esse seu relógio está andando mais rápido do que o normal,
idiota.
— Bruna, o que eles querem?
— Mamãe, a senhora confia em mim? — pergunto olhando dentro
dos seus olhos.
— É claro que confio, mas tenho medo de que alguma coisa
aconteça com você. Esses homens só podem estar cobrando a dívida da
casa, não é isso? E você não quer me dizer nada, não é?
— Não vai acontecer nada de ruim com a sua filha, senhora. Nosso
chefe está querendo apenas conversar.
— Preciso ir com eles, mamãe, ou as coisas vão ficar piores. Vou
ficar bem e daqui a pouco estou de volta, sabe que não temos como fugir do
que papai fez.
Ela concorda com a cabeça e me abraça dizendo para que tenha
cuidado.
Acompanho os trogloditas até um carro muito luxuoso que logo é
posto em movimento.
— Para onde estão me levando?
— Para o grupo Thomson.
Fico me perguntando o motivo pelo qual Oliver quer me encontrar
na empresa dele.
Isso está muito estranho.
Chegamos ao imponente e gigante grupo Thomson e só quando
desço do carro é que me dou conta das roupas que estou usando, apenas um
conjunto velho e surrado de moletom, afinal não pretendia sair de casa.
— Nos acompanhe, senhorita.
Sigo o homem que fala comigo e dou graças a Deus por entrarmos
em um elevador privado que leva direto para o andar da presidência.
Isso é bem a cara de gente rica, se misturar com os funcionários,
deve ser inadmissível para o prepotente do Oliver.
As portas do elevador abrem e saímos.
Continuo acompanhando o homem a minha frente que para diante
de uma porta grande e bonita, onde tem uma placa escrita, escritório da
presidência.
Deve ser aqui que o Diabo dita as suas ordens.
— Será um prazer fazer a sua segurança a partir de agora, senhora.
O CEO está a sua espera.
Antes que tenha tempo de questioná-lo da sandice que disse, abre a
porta e praticamente me joga dentro da sala, fechando a porta atrás de mim.
Quando olho para frente vejo a perdição em forma de homem
sentado como um rei atrás de sua grandiosa e imponente mesa.
— O que você quer?
— Sente-se primeiro e vamos conversar.
— Não tenho nada para conversar com você — digo sendo firme
para que ele veja que não estou para brincadeiras.
— Acho que quando dou a chance para uma pessoa que deve oitenta
milhões de dólares de conversar, ela deveria ficar agradecida por isso. Não
costumo ser tão complacente assim.
Sinto as pernas falharem.
Como assim oitenta milhões de dólares?
— Você deve estar brincando comigo.
— Nunca brinco, Bruna, então aconselho a se sentar.
Vou até à mesa, me sento na frente dele de forma automática e ele
me entrega um documento.
— O que é isso?
— A prova de que a dívida existe. Seu pai aposta alto. Ele sabia
muito bem onde estava se metendo e realmente acreditava que iria ganhar,
tanto que deu a escritura da casa como garantia de que pagaria, caso
perdesse. Ele não assinou esse documento contra a vontade.
Chego a tremer ao ver a assinatura do meu pai no documento.
— Então quer dizer que ele perdeu nossa casa e ainda ficou devendo
oitenta milhões de dólares?
— Exatamente. Oitenta milhões de dólares que com o sumiço dele
você terá que pagar além de ter ficado sem casa. Você achava o quê,
menina? Acha que seu pai entraria em uma sala cheia de bilionários e sairia
de lá com a dívida paga e com uma casa que não vale nada? O seu pai
mexeu com gente poderosa, Bruna, gente que não gosta de joguinhos e
minha paciência com você chegou ao fim. Espero que agora caia na
realidade de onde seu pai te meteu. Você não deveria ter entrado naquela
sala, pois, seu destino foi selado quando passou por aquelas portas.
Sinto meu corpo tremer, meu coração acelerar e minhas mãos
suarem.
Nunca vou ser capaz de pagar uma dívida de jogo tão alta, pois, não
tenho nada e a minha mãe também não.
— Você já deve saber que não tenho como pagar essa dívida e se é
tão esperto como diz, sabe também que ele perdeu até o dinheiro para pagar
minha faculdade. Só vou conseguir me formar porque Amanda e Emily
pagaram a dívida — digo olhando diretamente em seus olhos.
— É claro que sei de tudo isso. Seu pai não parece ser um homem
compromissado com a família, já que deixou você e a sua mãe sem nada —
diz como se estivesse debochando de mim, mas não posso questioná-lo por
que ele tem razão.
— Não tenho como pagar isso tudo, senhor Thomson.
Ele sorri e se encosta na cadeira.
— Você tem sim, querida.
Não gosto da maneira como ele me olha e nem como fala comigo.
— E como faria isso?
Ele abre a gaveta, me entrega um envelope branco com meu nome
escrito nele e sinto uma agonia no peito.
O envelope parece pesar dez quilos em minhas mãos.
— É assim que você irá pagar a dívida milionária do seu pai e tirar
você e a sua mãe da pobreza. Em contrapartida, ainda poderá dar a ela um
lugar muito confortável para morar e sem falar que você também ficará rica,
senhora Thomson.
CAPÍTULO 12

Quando abro o envelope, vejo escrito em caixa alta

CONTRATO DE CASAMENTO e passo a entender tudo. O segurança me

chamando de senhora e Oliver que acabou de me chamar de senhora

Thomson.
Em vez de surtar, caio na gargalhada porque isso só pode ser uma
grande piada.
Dou tanta risada que lágrimas escorrem pelo meu rosto.
— Posso saber qual é a graça? Essa não era a reação que esperava.
— Agora entendo o motivo de Amanda e Emily gostarem tanto de
você. — Começo a rir novamente.
Depois de alguns minutos, rindo que nem louca, percebo que ele não
está rindo, pelo contrário, está me encarando muito sério. Só então me dou
conta de que ele realmente possa estar falando sério.
— Já acabou? Será que agora pode assinar o contrato?
— Você está brincando com a minha cara, Oliver?
— Eu já falei que não brinco, Bruna, estou falando sério. Irá se
casar comigo em troca da dívida do seu pai.
Respiro fundo olhando para o contrato em minhas mãos e o jogo de
qualquer jeito em cima da mesa.
— Isso não vai acontecer, nunca.
— Tudo bem, então já pode transferir o dinheiro para minha conta
— diz cada loucura com uma tranquilidade que me assusta.
— Será que é surdo, Oliver? Já falei que não tenho como pagar essa
quantia, sabe muito bem a situação em que vivo. Vou me formar na
faculdade por caridade de outras pessoas.
Ele se ajeita na cadeira e volta a me encarar.
— Em primeiro lugar, para você sou senhor Thomson, meu nome
não é para ser pronunciado por seus lábios e, em segundo, ou você assina
esse contrato, ou vai ter que dar um jeito de pagar a porra dessa dívida hoje
mesmo. Já estou de saco cheio, menina.
Sinto meu coração doer pela primeira vez na minha vida com suas
palavras, sei que não tenho escapatória agora e não vou esquecer o que ele
disse hoje nessa sala.
Se ele quer jogar eu aceito o desafio, vamos ver quem vai vencer no
final.
— É agindo dessa maneira que me pede em casamento, senhor
Thomson?
— Não estou te pedindo em casamento, estou te dando uma escolha.
— Com qual objetivo?
— Você é esperta, menina, gosto de pessoas inteligentes.
Oliver é sarcástico.
Coitado, mal sabe que vou usar minha inteligência para transformar
sua vida em um INFERNO com letras maiúsculas.
— Você, como todos falam, é o rei do petróleo, um dos homens
mais ricos do mundo e se quiser limpar a bunda com uma nota de cem
dólares, todo dia, pode se dar a esse luxo que não faria falta. Você pode ter a
mulher que desejar em um estalar de dedos. Por isso, me responda, senhor
Thomson, o que me torna tão especial a ponto de ser a felizarda escolhida?
Está na cara que preparou essa armadilha pra mim, jogando nas minhas
costas a dívida do meu pai e tem uma arma poderosa para usar que é o
conforto da minha mãe.
Mais uma vez ele me encara estudando meus movimentos.
— Como você está sendo tão direta em expor seus questionamentos,
nada mais justo do que fazer o mesmo, mas quero que saiba que suas
opções não mudam.
— Desembucha.
Mais uma vez ele sorri do meu jeito.
É bom ele saber como a futura senhora Thomson se comporta para
depois não vir me cobrar nada.
— Muito bem, Bruna, seu útero é a única coisa que me interessa.
Vai se casar comigo e irá gerar meu filho, o herdeiro da família Thomson.
“É nova, está em idade fértil e não terá problema nenhum em
realizar a inseminação artificial porque não tenho interesse em levá-la para
a cama.
“Definitivamente você não faz meu tipo, gosto de sexo mais bruto,
mais suado e de mulheres com um certo nível de experiência.
“Não estou disposto a entrar em um casamento convencional com
toda a baboseira de amor e paixão.
"Porém, meus pais estão infernizando minha vida querendo um
neto, exigindo um herdeiro.
“Como sou filho único, cabe a mim, essa tarefa de dar continuidade
ao nome da família.
“Tem mais um pequeno detalhe, ninguém poderá saber do nosso
contrato, para meus pais e para minhas amigas, nós seremos o casal mais
feliz do mundo.
“Se você abrir a boca já sabe o que vai acontecer.
“Depois que meu filho nascer estará livre de mim e te dou o
divórcio, simples assim.”
Estou literalmente de boca aberta com tudo o que escutei, quase que
em choque.
Nunca imaginei que esse era o real objetivo dele.
— Você está falando sério?
— Eu já falei que não...
— Brinca, tudo bem. Deixa ver se entendi direito. Você quer se
casar comigo para que possa gerar seu herdeiro, mas não tem interesse
nenhum em me tornar a sua mulher de fato. Como já percebi que é um
homem bem ativo, poderá ter as putas que quiser para fazer o seu sexo
suado, é isso?
Ele para e pensa por alguns segundos.
— Vamos dizer que sim, que você está certa.
— Então quer dizer que também vou poder ter os homens que quiser
se realmente seguir esse raciocínio.
Ele levanta de uma vez e bate as mãos na mesa.
— Enquanto estiver casada comigo, será apenas minha. Mato
qualquer um que ousar chegar perto de você.
Enquanto ele realmente parece estar querendo matar alguém, estou
tranquila, sentada na cadeira em frente a ele.
Acabei de descobrir minha arma.
— Então, temos um problema aqui, senhor Thomson. Se o senhor
pode, também posso. Acho que temos que discutir alguns termos desse
nosso contrato.
— Não estou te dando essa opção, Bruna.
— Então pode pegar sua arma e atirar na minha cabeça. Não tenho
como pagar a dívida a não ser aceitando seu contrato, mas não estou de
acordo com os termos dele. Não vou ficar em casa carregando seu bebê
enquanto o senhor está por aí me envergonhando. Se vou me tornar sua
esposa, quero respeito. É pegar ou largar.
Ele fecha os olhos por um momento, respira fundo e volta a se
sentar.
— Você é a mulher...
— Eu não sou trouxa, senhor Thomson. Sei que com essa sua ideia
não pretende me apresentar a mídia para tornar o divórcio mais fácil, mas
esqueceu da sua família, das nossas amigas e da minha mãe. Não quero que
minha mãe saiba que o genro dela é um pervertido que gosta de sexo sujo.
— Não posso te prometer fidelidade.
— Então nada feito, sairei da sua casa hoje mesmo com a minha
mãe, afinal você a ganhou de forma justa em um jogo de cartas. Acho que o
senhor pode esperar até amanhã para me matar, depois de conseguir pelo
menos acomodar minha mãe em outro lugar. Se puder esperar também até
minha formatura, agradeceria, pois, sempre foi meu sonho me formar em
Artes Plásticas e seria um orgulho morrer artista. Poderia até me enterrar
com meu diploma da faculdade. Agora, se me der licença, boa noite. Foi um
prazer conversar com o senhor e quando decidir o dia da minha morte me
avise por mensagem. — Levanto sem olhar para ele e sigo em direção à
porta.
Antes que consiga colocar a mão na maçaneta meu braço é puxado.
— Não te dei a opção de querer negociar nada comigo, mas aceito
seu termo de fidelidade e é só isso. Nada mais muda, entendeu bem? Irá
cumprir todas as cláusulas do contrato à risca.
Levanto bem a cabeça e o encaro de volta.
— Se descobrir que me traiu durante o nosso casamento vai se
arrepender.
— Sério que é apenas com isso que se preocupa?
— Não vou ser taxada de chifruda por ninguém, senhor Thomson.
Se me trair, faço muito pior. Tenha isso na mente das suas duas cabeças.
— Assine agora mesmo a porra do contrato ― ele diz com os dentes
cerrados, apertando mais meu braço.

— Faço isso se me soltar, seu grosso.


Ele solta meu braço, vou até à mesa dele e pego o contrato tirando
de dentro do envelope.
— Pode me emprestar uma caneta ou vou ter que assinar com
sangue? Apesar de que meu sangue é muito valioso para gastar uma gota
em um contrato estúpido de casamento.
O homem joga uma caneta chique em cima de mim.
— Estou ciente do quanto seu sangue é valioso, mandei fazer uma
pesquisa completa sobre você, antes de te obrigar a isso.
— Que bom que sabe que pelo menos meu sangue é valioso. —
Pego a caneta, folheio o contrato e assino ao lado do nome dele,
concordando assim em me tornar a senhora Thomson pelo tempo que for
necessário.
“Mal sabia que ao assinar esse contrato estaria entrelaçando
minha vida para sempre a vida de Oliver Thomson, o homem que me
quebraria e depois colaria meus cacos.”
CAPÍTULO 13

Bruna Harper é o motivo da dor que lateja na minha cabeça.


Como pode uma mulher ser daquele jeito?
Onde já se viu querer negociar comigo e o pior foi que mesmo sem
perceber caí no joguinho dela, aceitando ser fiel a um casamento por
contrato.
Acho que estava fora do meu juízo perfeito quando aceitei esse
absurdo.
— Senhor Thomson, a senhorita Harper se nega a ser levada para a
galeria pelos seguranças. Ela disse que não precisa de motorista, muito
menos de segurança e que vai para o trabalho de ônibus como faz todos os
dias.
E lá se vai meu café da manhã.
Por que essa mulher sente prazer em complicar as coisas?
— Vou resolver isso agora mesmo. — Levanto da mesa e pego o
celular para ligar para minha futura esposa enquanto subo a escada indo
para meu quarto.
— O que você quer?
Como já atende sendo grossa, então que seja do jeito dela.
— Entra agora mesmo na porra do carro sem falar uma única
palavra para reclamar ou então, minha querida futura esposa, dou ordem
para os seguranças te arrastarem pelo cabelo. Não esqueça do nosso
contrato.
Ela respira fundo do outro lado da linha e já até imagino sua cara de
raiva.
— Você...
— Sem reclamar e já pode se preparar que hoje vamos sair para
almoçar.
— Ficou louco?
— Não, sua linguaruda, mas será muito estranho nos casarmos de
uma hora para outra sem nunca termos saído. Meu pai vai ficar sabendo
desse nosso almoço e assim vou ter a desculpa perfeita para dizer que estou
namorando, completamente apaixonado e que pretendo me casar em breve
em uma cerimônia simples, apenas com um juiz de paz.
— Nossa, o casamento dos meus sonhos. Vejo que já pensou em
tudo, mas está esquecendo de uma coisinha, meu querido futuro marido.
— O quê?
— Amanda Lewis, ela não é idiota e você terá que ser muito bom
para convencê-la desse amor todo que sente por mim.
— É por esse motivo que receberá flores hoje na galeria e deixa que
com a Amanda eu me entendo.
— Mas nem pensar, nunca recebi flores de um homem na minha
vida e quero muito que a primeira vez que receba seja de alguém especial.
— E vai ser de alguém especial, seu futuro marido.
— Não vou nem me dar ao trabalho de responder, senhor Thomson.
Tenha um péssimo dia.
A garota desliga o telefone na minha cara, mas por isso já esperava.
Entro no closet e me arrumo de forma impecável, como sempre.
Quando estou de saída, recebo uma mensagem de um dos
seguranças avisando que Bruna entrou no carro e que eles a deixaram na
esquina da galeria, já que segundo ela, não saberia explicar o motivo de
chegar para trabalhar em um carro tão luxuoso.
Nisso até que concordo com ela.

Ao chegar na empresa, antes de começar a trabalhar de fato, resolvo


ligar para Amanda.
Quando a ligação já está nos últimos toques, ela atende.
— Oliver, bom dia — responde um pouco ofegante e já sei o que a
safada estava fazendo.
— Se exercitando a essa hora, Amanda? Você não tinha que estar na
galeria?
— Exercício matinal faz bem para a saúde. Collin vai viajar hoje a
trabalho então estávamos nos exercitando juntos. Só para constar, vou para
a galeria à tarde. Por que está me ligando a essa hora, não deveria já estar
ganhando seus milhões?
— Queria conversar com você sobre Bruna Harper.
Ela fica muda no outro lado da linha e chego a conferir se a ligação
não caiu.
— Amanda!
— Qual é o plano?
— Me casar com ela.
— Porra, Oliver, você já quer pular para o casamento?
— Não posso perder tempo e sabe disso.
— Espera aí, Oliver, está indo rápido demais, a Bruna morre de
medo de você.
Sinto vontade de gargalhar ao escutá-la, pois, medo é a última coisa
que aquela garota sente.
— Amanda, você mesmo deu a ideia de que me relacionasse com
ela e isso não saiu da minha cabeça. Não tenho tempo e nem disposição
para esse negócio de namoro. Não deve ser muito difícil conquistá-la e vou
com calma, já até mandei entregar flores para ela hoje na galeria. Vou
convidá-la para almoçar e falar abertamente com ela sobre minhas
intenções. Não posso perder muito tempo.
— Você não quer ter amor, Oliver?
— Não, não quero. O que quero é uma esposa, um filho e uma vida
tranquila, só isso.
— Ela pode se apaixonar, afinal só tem vinte anos.
— E ela estará apaixonada pelo marido dela, não vejo nada de mais
nisso. Posso não me comprometer com o amor, mas não pretendo ser um
marido ruim. Ela terá tudo o que precisar de mim, menos essa baboseira de
amor.
— E se você se apaixonar por ela?
— Isso não vai acontecer.
— Tudo bem, Oliver, desde que faça as coisas direito, apoio você,
mas não a magoe. Bruna está passando por um momento delicado na vida
dela.
— Já estou ciente de tudo e pode ter certeza de que vou ajudá-la
com isso. Ela será minha esposa e minha sogra terá uma vida confortável e
calma. Só quero um pouco de paz. Meus pais vão me enlouquecer com essa
história de filho e conseguir uma esposa já é meio caminho andado.
— Só faça as coisas direito. Não faça Bruna sofrer e não seja um
cretino com ela. Você melhor do que ninguém sabe pelo que passei, esteve
lá comigo e assistiu minha desgraça.
— Não se preocupe, sei como fazer as coisas. Agora tenho que
desligar.
— Tudo bem. Oliver, obrigada por me falar sobre suas intenções
com ela e me ligue se precisar de ajuda.
— Até mais.
Nos despedimos e desligamos.
Eu me sinto mal por ter falado meias verdades para Amanda. Ela é
minha amiga e nunca concordaria com que fiz para obrigar Bruna a se casar
comigo, mas agora não tem mais volta.
O que foi feito está feito e em menos de um mês, Bruna Harper se
tornará a senhora Thomson oficialmente para meus pais.
CAPÍTULO 14

Como o idiota falou, às dez horas da manhã recebo um lindo


buquê de flores na galeria.
Mas o que está me irritando mesmo são as piadinhas das
recepcionistas que nunca foram com minha cara.
— Nossa, será que a Bruna encontrou um pobre mais lascado do que
ela para se enrolar?
— Um pobre lascado não, porque só de olhar para essas flores dá
para ver que são caras, mas um velho babão rico para sustentá-la talvez.
Minha vontade é de despedaçar as flores na cara das duas mocreias,
mas as flores não merecem um destino desse.
— E vocês duas devem estar morrendo de inveja porque não tem
nem um pobre lascado e nem um velho que queira vocês.
Deixo as duas resmungando e vou para a sala de criação com
minhas flores. Arrumo o buquê em um lugar bem iluminado e tiro uma foto,
pois o mundo merece conhecer a beleza delas.
Depois de editar a foto e ver que ficou boa, posto no meu perfil
pessoal do Instagram com a seguinte legenda:
“Sempre há flores para aqueles que querem vê-las e quando
tudo for pedra, atire a primeira flor.
Deixe que a vida faça contigo o que a primavera faz com as
flores.
Brotou uma flor na minha alma.
Era a primavera chegando.
O que seria da vida se não brotasse uma flor?
Que o sol, as flores e as cores nos acompanhem dia após dia.”
Posto e logo em seguida ganho algumas curtidas, mas tenho certeza
de que são pelas flores e não por mim.
Coloco o buquê do meu lado e volto a me concentrar na tela a minha
frente.
Hoje o dia está calmo e Emily permitiu que passasse o dia focada no
meu trabalho de conclusão.
Amanda e Emily estão me enlouquecendo com esse trabalho,
exigindo nada menos do que a perfeição, o que para mim, é quase
impossível, mas estou fazendo meu melhor.
Meu celular toca e quando pego vejo uma mensagem do meu futuro
marido.
“Esteja pronta me esperando no estacionamento da galeria ao
meio-dia.
Se não estiver lá quando chegar, entro para te pegar, saímos de
mãos dadas e ainda te beijo na recepção para que todos possam ver.”
Chego a tremer de raiva porque sei que o idiota tem coragem de
fazer isso.
Não sei como vou explicar essa história de casamento para mamãe,
mas tenho que pensar em algo muito bom para convencê-la de que estou
realmente apaixonada ao ponto de me casar em menos de um mês.
O mais difícil nessa história toda será explicar quem é o noivo,
porque todo mundo conhece Oliver Thomson, o rei do petróleo.
Tenho certeza de que minha mãe vai pensar o que os outros
pensarão, o que Oliver viu em mim?
Procuro deixar os pensamentos de lado e me concentro no trabalho
que é o melhor que faço agora, mas a inspiração simplesmente não vem.
Essa já é a quinta tela que tento fazer e quando não é a Emily que
reprova é a Amanda que me manda refazer.
Ao olhar para o lado, vejo as flores lindas, muito bem arrumadas e
organizadas perfeitamente em uma combinação de cores incríveis entre
elas, então uma ideia vem à cabeça.
Coloco o arranjo na minha frente e me concentro em cada detalhe
dele, inclusive nos mínimos detalhes que fazem toda a diferença na imagem
a minha frente. Admito que é libertador ter a certeza de que dessa vez
conseguirei fazer o trabalho perfeito que minhas tutoras exigem de mim.
Simplesmente mergulho o pincel na tinta e coloco toda minha
inspiração do momento para fora que nem mesmo vejo a hora passar.
— Vejo que as flores a inspiraram.
Levo um susto tão grande que por pouco não estrago minha obra
prima.
— O que diabos está fazendo aqui? Ainda não é meio-dia —
pergunto raivosa por ter sido tirada do meu momento.
— Você deveria olhar as horas mais vezes, querida.
Olho para o relógio e vejo que realmente já passou do meio-dia.
— Poderia ter me ligado, não precisava ter vindo até aqui.
— Deixei bem claro na mensagem o que aconteceria caso não
estivesse no estacionamento me esperando.
Ele não é nem louco de fazer o que disse, mas também não quero
discutir e sair do meu bom momento. Talvez se me mantiver calma minha
inspiração permaneça e não esfregue a paleta de cores na cara dele.
— Vou tirar o avental e lavar as mãos.
— Não sabia que precisava se sujar tanto para pintar uma tela tão
simples — diz encarando a tela que estava pintando.
Ao ouvir o que ele diz, toda minha autoestima em relação à tela vai
por água abaixo.
— Você está falando sério? Não gostou nem um pouquinho? —
indago com a decepção estampada na minha voz.
— Muito simples, mas, as vezes, o menos é mais. Peça a opinião das
suas tutoras, elas entendem de arte e o que falei é apenas minha opinião.
— É a opinião de um dos homens mais ricos do mundo. Isso sem
contar que é o principal investidor de uma galeria de arte que fez tanto
sucesso internacionalmente que teve que abrir uma filial em Nova York.
Acho que a sua opinião vale muito.
— E você liga para minha opinião?
— Nesse caso em especial, sim, nunca vi nesse tempo todo que
trabalho aqui falando que uma das telas das minhas tutoras era muito
simples.
— Você não pode se comparar com elas, seria injusto com você.
Amanda e Emily tem anos de experiência e você está começando agora.
“Deveria ser grata de ter conseguido chegar até aqui, em uma das
galerias mais famosas do mundo, como falou, com seu esforço.
“Foi escolhida a dedo por Amanda e Emily e além de ter ganhado
duas excelentes tutoras, ganhou duas amigas que gostam muito de você e
sabe bem disso. Então, não queira se comparar a elas, pelo menos não
agora, quando ainda está começando a sua carreira.”
Não sei se fico feliz ou triste pelo comentário que ele faz, mas
entendo tudo o que ele quis dizer.
— Vou lavar as mãos e já volto.
Ele volta a encarar a tela e vou até o banheiro que tem dentro da sala
de criação. Lavo as mãos rapidamente e quando saio percebo que ele está
no telefone.
Ele me olha de uma maneira estranha e isso não é normal.
— O que foi? A minha cara está suja de tinta?
— Pegue as suas flores e vamos almoçar, tenho uma reunião
importante mais tarde.
Estranho o motivo dele me mandar pegar as flores.
— Mas, por que preciso levar as flores?
— Faça o que mandei e vamos, não discuta, apenas obedeça.
Tirando toda a calma do fundo do meu ser, faço o que ele mandou e
assim que passamos pela porta, ele segura minha mão com força.
— Não precisa segurar minha mão, pelo menos não aqui dentro,
vamos já passar pela recepção.
Ele apenas sorri do que falo e então me lembro da merda da
mensagem.
— Porra, Oliver, você não vai fazer isso.
— Eu vou sim.
Antes que tente me soltar, ele me puxa e entramos na recepção.
— Meu amor, espero que tenha gostado das flores que escolhi
pessoalmente.
Mas que cretino!
Era por isso que ele queria que eu pegasse as flores.
— Oliver...
Quando vou responder alguma coisa, ele me segura pela cintura e
me beija bem na frente das megeras.
Fico tão sem reação que não sei nem o que fazer, tanto que mal
correspondo ao beijo e ele finaliza com um selinho demorado em meus
lábios.
— Se tiver gostado das flores, faço questão de te mandar um buquê
todos os dias, meu amor.
Esse filho da mãe é um ótimo ator, com certeza ele consegue
enganar qualquer um.
— Eu amei as flores. — É tudo o que consigo responder.
— Ótimo, tudo o que quero é te ver feliz.
Com isso, ele volta a segurar minha mão e me puxa para fora da
galeria como se nada tivesse acontecido.
CAPÍTULO 15

Quando estamos chegando ao estacionamento, solto minha


mão da dele.
— Por que fez isso, senhor Thomson? Por que me beijou na frente
delas?
Ele para de andar e me olha.
— Parece que sua língua é afiada apenas para responder a mim. Vai
ser minha esposa e não quero ninguém falando por aí que tem um velho
babão rico te sustentando.
Abro a boca em choque com o que ele diz.
— Como... Como você ficou sabendo disso?
— Tenho olhos e ouvidos em todo canto, Bruna. Sei de tudo
especialmente quando o assunto é você. Agora entra no carro que já
estamos atrasados para a nossa reserva.
Oliver não me dá tempo de responder e entra na parte de trás do
carro.
Confesso que acho isso estranho, mas quando me aproximo, vejo
um motorista dentro do carro. Assim que me acomodo, fecho a porta e logo
o carro é posto em movimento.
Durante toda a viagem, ele vai mexendo no celular, então resolvo
puxar assunto sobre uma coisa que ele falou.
— Você disse que sabe tudo ao meu respeito.
— Sim, eu sei.
— O que sabe exatamente?
— Tudo.
— Tudo o quê?
Ele respira frustrado, pois, já percebeu que não vou parar de
perguntar.
— Bruna Harper, tem vinte anos mais age como uma criança de
cinco. Portadora do raríssimo sangue dourado, estuda Artes Plásticas e se
forma no final do mês. Tem um pai viciado em jogo que deixou a família na
rua sem nada. Sei onde estudou durante a primeira infância, o número que
calça e principalmente o tamanho da sua lingerie. Mesmo não me
interessando nem um pouco em tirá-la para conferir se estou certo ou não.
Sinto meu rosto corar de vergonha e ele percebe.
— Nossa, você tem vergonha!? Isso não sabia.
Que idiota!
Mas tem uma coisinha que ele não mencionou.
— Esporte.
— O quê?
— Não mencionou o tipo de esporte que gosto e que com toda
certeza pratico.
Pela surpresa em seu rosto, não sabe que sou perfeitamente capaz de
quebrar esse nariz perfeito.
— Você não pratica qualquer tipo de esporte.
— Isso só mostra que você não sabe tudo como fala. Quem fez essa
investigação ridícula não te passou todas as informações. — Fico satisfeita
em ver a sua reação.
— Que tipo de esporte pratica?
— Boxe.
Ele arregala os olhos e depois começa a rir.
— Não tem a mínima possibilidade disso ser verdade. Você é uma
artista, olha só para essas mãozinhas. Nunca segurou nada além de um
pincel.
Olho para ele com os olhos cerrados e resolvo provocá-lo.
— Garanto que já segurei coisas muito mais grossas entre meus
dedos do que um pincel, com uma textura macia e rígida, ao mesmo tempo,
como... — Nem termino de falar e ele vem pra cima de mim, me
imprensando no banco do carro.
— Tem certeza de que quer terminar essa descrição tão detalhada
que está fazendo? Realmente não aconselho que faça isso.
Tento me soltar e não consigo, mas minha preocupação maior está
no motorista.
— Me solte, senhor Thomson, ou eu...
— Ou o quê? Vai me acertar com um golpe de boxe. Você não me
engana, menina.
— É verdade, não menti quando falei que gosto de boxe e treino
algumas vezes por semana escondido, em uma academia no subúrbio. Por
isso, seja lá quem fez a investigação sobre minha vida não relatou essa
parte.
— Como consegue esconder uma coisa dessas? Achava que só
gostava de brincar com tinta.
Que vontade de quebrar a cara dele.
— Sou muito boa em esconder as coisas e não brinco com tinta, seu
idiota. Agora me solta.
— Só se você pedir com jeitinho.
Ele está claramente tentando me tirar do sério e conseguiu.
— Mas nem morta — respondo entredentes.
O safado descarado começa a subir uma das mãos pela minha perna
já que consegue me segurar apenas com uma.
Nesse momento me amaldiçoo por ter ido trabalhar de vestido.
— Sua pele é bem macia, o que mostra que gosta de se cuidar. Vou
garantir que continue assim depois do nosso casamento. — Aperta minha
coxa.
— Senhor Thomson, ou me solta agora, ou...
— Peça com jeitinho e de forma bem manhosa.
— Nunca — digo decidida a não ceder.
O filho da mãe desgraçado sobe a mão até chegar na minha
intimidade e chego a suspirar.
— Será que você está molhadinha como imagino? Agora fiquei
curioso em saber que gosto você tem.
Esse homem não vai ter coragem de fazer isso com o motorista logo
ali na frente, mas ao olhar para o homem dirigindo o carro, vejo que está
concentrado no trânsito, como se nada estivesse acontecendo.
— Você não ousaria fazer isso. Juro que te faço se arrepender de...
Jesus Cristo... — Chego a ficar ofegante com o que ele está fazendo lá
embaixo, na parte sensível da minha intimidade.
— Toda molhadinha, é bom saber que seu marido te deixa excitada
a esse ponto. Acho que vou rever algumas cláusulas do nosso contrato, seria
muito bom me enterrar dentro de você. Apesar de achar que não daria conta
de um homem, como eu.
A única coisa que consigo fazer é gemer com o movimento dos seus
dedos.
— Pare de fazer isso.
— Já falei para pedir com jeitinho ou vou continuar fazendo isso até
gozar e gemer que nem uma desesperada. Pelo que estou sentindo aqui, não
está muito longe de chegar ao ápice.
Seria vergonhoso se isso acontecesse no banco detrás de um carro,
com outro homem bem no banco da frente. Por isso, pela primeira vez vou
ceder, mas essa ele vai me pagar.
— Por favor, pare.
— Com jeitinho e de forma manhosa.
Vou sentir prazer em me vingar dele depois disso.
— Por favor, Oliver, pare com isso e me solte. Não estamos
sozinhos — digo de forma calma e lenta, olhando bem dentro dos seus
olhos sedutores.
Ele me solta e ainda tem coragem de chupar os dois dedos que
estava usando para me tocar.
— Deliciosa! Um dia quem sabe não prove direto da fonte.
Arrumo o vestido exasperada.
Ele não perde por esperar.
— Vai me pagar por isso.
— Ótimo, estou vendo que vai ser muito bom te colocar na linha. —
Pisca para mim.
Estou tão atordoada com o ocorrido e com a situação que ele deixou
minha calcinha que não consigo pensar em nada além do que ele estava me
fazendo sentir.
CAPÍTULO 16

— Onde fica o inferno desse restaurante? Na China, por

algum acaso?
Bruna está possessa de raiva, sentada ao meu lado no banco traseiro
do carro. Consigo ver que também está bastante envergonhada, mas essa
menina tem o poder de me tirar do sério.
— O que foi, querida, essa sua frustração toda foi por não ter
terminado o que comecei?
Bufa irritada ao meu lado.
— Não deveria ter feito o que fez, vai me pagar por isso.
— Admita que gostou, estava claramente excitada com o que estava
fazendo.
— Senhor Thomson, não vou nem me dar ao trabalho de comentar
isso.
Acabo sorrindo porque vejo que consigo deixá-la envergonhada.
— Já estamos chegando, o restaurante é logo mais à frente.
Ela cruza os braços na altura dos seios com uma cara emburrada,
olhando pela janela e virando a cara para mim.
Como tinha falado, logo chegamos e o motorista para o carro na
frente do restaurante.
Dou a ordem para que ele nos espere no estacionamento.
Quando chegamos, somos muito bem recepcionados e logo um dos
recepcionistas nos guia até nossa mesa. Posso dizer que quando mandei
fazer a reserva exigi essa mesa em especial, pois, é um ponto estratégico
para meu plano de hoje.
— Será que podemos fazer logo nosso pedido? Quanto mais rápido
comermos, mais rápido me livro de você por hoje.
Mal sabe ela que esse nosso almoço vai ser muito demorado.
— Claro, querida, peça o que quiser — digo entregando o cardápio
a ela e fazendo um sinal para o garçom que logo se aproxima.
Quando Bruna está prestes a abrir a boca, meu plano começa a
entrar em ação.
— Oliver, meu filho querido, que surpresa encontrar você aqui.
Bruna arregala os olhos para a minha mãe e depois volta a olhar
para mim, caindo em si do que está acontecendo.
— Mamãe, que grande coincidência. Papai, muito bom ver o senhor
também. O que estão fazendo aqui?
Meu pai olha para Bruna e vejo os olhos de mamãe brilharem, afinal
eles nunca me viram com uma mulher em público assim.
— Não vai nos apresentar a sua amiga, Oliver? — Em vez de
responder minha pergunta, papai faz outra.
— Mas é claro que sim. Pai, mãe, essa é Bruna Harper, minha noiva.
Bruna se engasga com a água que estava tomando e vejo a surpresa
estampada na sua cara na dos meus pais.
— Noiva!? — mamãe pergunta mais alto do que o normal.
— Sim, mãe, e agradeceria se não espalhasse a notícia antes da hora.
Bruna e eu já estamos juntos há algum tempo e estava pretendendo levá-la à
mansão para apresentá-la a vocês, já que aceitou meu pedido de casamento
ontem à noite.
Meu pai me olha meio desconfiado, afinal o velho não é besta.
Assim como eu, ele já esteve no meu lugar.
Já mamãe vibra com a notícia.
— Isso é maravilhoso, querido. Finalmente Deus ouviu minhas
preces.
Bruna vendo a reação dos meus pais, não abre a boca para falar
nenhuma palavra.
— Que tal almoçamos todos juntos, assim já conhecem melhor a
futura senhora Thomson — sugiro para alegria da minha mãe e infelicidade
de Bruna.
— Excelente ideia, querido — minha mãe diz animada.
Seguro a mão da Bruna e a puxo, a fazendo se levantar e se sentar
do meu lado para que papai e mamãe se sentem a nossa frente.
— Você não fala nada, querida? — o velho sagaz pergunta a minha
noiva.
— Estou tão emocionada em conhecer meus futuros sogros que as
palavras me fugiram.
Até que ela é boa com as desculpas.
— Não fique envergonhada, afinal vamos ser da mesma família.
Como senhora Thomson terá muitas responsabilidades. — Mamãe
realmente está empolgada com a futura nora.
— E para quando será o casamento? Será que podem compartilhar a
data? Seria muito bom não ser pego de surpresa.
— É claro, papai. Vamos nos casar no final do mês, um dia depois
da formatura de minha noiva na faculdade.
Agora é a vez de Bruna me olhar surpresa porque ela também não
esperava por uma data tão próxima.
— Mas tão rápido? Isso já é daqui três semanas. Olive, meu filho, já
estamos atrasados com os preparativos desse casamento. Quando pretendia
nos contar seus planos?
— É senhor Thomson, quando pretendia contar aos seus pais sobre
seus planos? — Bruna me olha serrado e a maneira como se refere a mim,
faz a minha mãe me olhar com um certo desagrado.
— Por que o chama de senhor Thomson? Ele é seu noivo, querida, o
chame de Oliver.
Bruna abre um grande sorriso e já sei que vem coisa por aí.
— Desculpa, senhora, mas infelizmente não posso pronunciar seu
nome, não é mesmo, querido? — Ela me olha, sorrindo.
Travo o maxilar ao me lembrar do dia em que chamei sua atenção
por ter me chamado de Oliver.
— O que isso significa, Oliver? Por que sua noiva não pode chamá-
lo pelo nome? — papai pergunta de forma autoritária, mas esse poder de me
questionar ele não tem mais há anos.
Porém, a mulher ao meu lado gosta de uma boa provocação e está se
mostrando ser ótima em vingança, tanto que me faz perder o fôlego.
— É, querido, o que isso significa?
A safada tem coragem de olhar bem dentro dos meus olhos
enquanto segura meu pau por cima da calça, o acariciando.
Engulo em seco quando sinto meu pau crescer rapidamente dentro
da calça.
— Minha noiva aparentemente gosta de brincar com fogo, não
liguem muito para o que ela diz. Ela estava apenas brincandoooo. — A filha
da mãe aperta com mais força, me fazendo perder o ritmo das palavras.
— Você está se sentindo bem, meu filho? Está suando e sua voz está
estranha — mamãe pergunta preocupada.
Olho dela para papai que começa a rir.
Esse velho sabe muito bem o que está acontecendo nessa mesa.
Coço a garganta.
— É, querido, está se sentindo bem? Está ficando até pálido.
Essa mulher me paga por esse constrangimento.
— Estou bem, mamãe, não se preocupe. — Seguro o pulso da
maldita para que ela pare de fazer o que está fazendo, mas ela abre ainda
mais o sorriso se divertindo com minha cara.
— Meu filho, já passei por uma situação exatamente igual a essa
com sua mãe. Ela sempre foi muito boa com provocações. Você tem que ter
cuidado e precisa urgentemente aprender mais sobre as mulheres, elas são
ótimas cumpridoras de promessas.
— Mas de que besteira está falando, Denner? Nunca fui
provocadora, agora em cumprir promessas realmente sou muito boa —
mamãe responde completamente alheia ao que está acontecendo.
— Acho melhor fazermos nossos pedidos, ainda tenho que voltar
para o escritório e deixar minha noiva na galeria de arte. — Consigo tirar a
mão da infeliz de onde não deveria estar e a levanto, a beijando em seguida.
— Querida, mantenha sua mão sobre a mesa, onde possa vê-la por favor.
Papai sorri.
— Claro que sim, querido. Agora vamos fazer nossos pedidos que
estou morrendo de fome.
Respirando fundo, pego o cardápio e logo todos fazemos nossos
pedidos.
Mamãe conversa animadamente com Bruna que explica que faz um
estágio na galeria de arte de Emily e Amanda, a qual mamãe conhece bem.
Já eu troco uma palavra ou outra com meu pai.
Sei que ele tem perguntas, mas ele sabe que não pode me impedir de
fazer o que quero, não mais.
Fico satisfeito em ver que Bruna e mamãe vão se dar muito bem.
CAPÍTULO 17

Fiquei muito satisfeita com minha pequena vingança, agora


esse idiota vai pensar duas vezes antes de vir para cima de mim e me

agarrar.
— Então, querida, já pensou em como vai querer a festa de
casamento?
— Senhora, estava pensando...
— Sem festas, mamãe, vai ser uma cerimônia simples apenas com
um juiz de paz e só.
Sinto o coração acelerar quando sou interrompida por Oliver.
Mesmo sabendo que esse é um casamento com um único objetivo, queria
ter pelo menos uma comemoração. Toda mulher sonha em se casar e ter
uma festa, mas esse sonho morrerá comigo.
— Mas, meu filho, como...
— E sem mídia, mamãe. Não quero meu nome e o da minha mulher,
estampados por aí. O que quero é apenas uma cerimônia simples.
Abaixo a cabeça completamente constrangida com a situação.
— E você, menina, o que pensa disso? — Dessa vez é o pai dele que
questiona.
Percebi que esse senhor não tem nada de bobo e já deve ter
percebido há muito tempo o jogo do filho.
— Infelizmente esse é um assunto ao qual não posso opinar, senhor.
Agora se me derem licença, vou rapidinho no banheiro e já volto. — Não
espero a reação deles e me levanto da mesa.
Mal acabamos de almoçar e essa conversa de casamento já me
causou indigestão tanto que sinto meu estomago embrulhar e vou quase que
correndo para o banheiro.
Entro no banheiro dando graças a Deus por não ter ninguém, sigo
até uma das cabines e coloco tudo o que acabei de comer para fora sentindo
minha cabeça explodindo de dor. As lágrimas rolam pelo meu rosto
conforme coloco o almoço para fora enquanto o desespero me invade.
Tudo está acontecendo tão rápido.
Nunca imaginei que a dias da minha formatura estaria falando do
meu casamento, um casamento ao qual nem uma festa poderei ter.
Uma semana atrás, estava feliz e satisfeita, vivendo minha vida
tranquilamente.
Mas, hoje estou em um restaurante renomado com um dos homens
mais ricos do mundo, com quem vou me casar.
Porém, seu interesse não está em mim, mas no meu útero.
Puxo a descarga e saio da cabine enxugando as lágrimas. Ao
levantar as vistas, me assusto ao ver Oliver dentro do banheiro.
— O que você tem? Por que está vomitando e por que está
chorando? — pergunta de forma ríspida e sinto meu corpo tremer por
dentro.
— Não te interessa saber a resposta para nenhuma dessas perguntas.
— Abro a torneira e molho o rosto, pegando papel para me enxugar.
— Mas é claro que me interessa, uma esposa doente não me servirá
para nada, Bruna.
— Não sou sua esposa, pelo menos não ainda.
Ele me olha intensamente.
— Você assinou o contrato, legalmente já é minha esposa e o juiz de
paz vai só oficializar as coisas perante os meus pais com uma cerimônia
simples.
Sinto minhas pernas falharem com o que escuto.
— Você não fez isso? Você me enganou? Tínhamos um acordo de
esperar até minha formatura.
— Não se assina um contrato sem ler, menina. Eu não te enganei,
vou esperar até a sua formatura para oficializar as coisas e te levar para
morar na sua mansão que já está pronta, te esperando.
— Você me enganou, enganou... Eu... Eu… Eu... — Não consigo
formular uma frase completa tentando digerir o que ele falou, sentindo o
peso de tudo cair sobre mim.
— Bruna, fica calma, respira. — Ele se aproxima tentando segurar
meu braço, mas me afasto dele.
— Não toque em mim, fique longe de mim... — Tento me afastar,
mas quando faço isso ele me segura forte em seus braços.
— Acalme-se — diz firme.
— Como posso ficar calma com você me dizendo que já sou sua
esposa? Ainda nem conversei com minha mãe, ela não sabe de nada. Como
vou explicar isso para ela? O meu pai fugiu e nos deixou sem nada, sem
casa, sem dinheiro, sem... — Tento me soltar mais uma vez e não consigo.
— Bruna, para com isso. Você é minha esposa agora, uma das
mulheres mais ricas do mundo. Enquanto formos casados terá minha
fortuna à sua disposição e nunca fui um homem mesquinho. Mesmo depois
do nosso divórcio, nunca a deixaria desamparada.
Paro de me debater em seus braços e começo a chorar.
— Eu acabei de descobrir que estou casada, ao mesmo tempo, que
meu marido já planeja nosso divórcio. Não posso dizer que hoje é um dia
feliz na minha vida.
— Sempre deixei as coisas bem claras para você. Não se apaixone,
Bruna, você viu o inferno que Amanda passou por ter se apaixonado por
quem não deveria.
— Mas no final, ela conseguiu ficar com o homem que ama.
— A custo de muitas lágrimas e sofrimento. Não sou um homem
bom, Bruna. Não quero um relacionamento de verdade então não
complique as coisas para nenhum de nós dois.
— Oliver...
— Não pretendo tocar um dedo em você. Terá a sua casa e eu terei a
minha... — Eu me afasto e ele me solta, agora que estou mais calma.
— Não vamos morar juntos na mesma casa?
— Não, vai ser mais fácil assim. Terá empregados a sua disposição,
seguranças, motorista, tudo o que quiser. Só não terá acesso a mim. Agora
se recomponha e volte para a mesa, vou na frente.
Não estou acreditando no que estou escutando.
— Você tem que ir falar com minha mãe, não vou conseguir fazer
isso sozinha.
— Isso está fora de cogitação.
— Você vai conversar com minha mãe e não estou te dando opção,
Oliver. Estou afirmando que irá falar com ela. Sei muito bem que armou
esse circo todo aqui para encontrar acidentalmente seus pais porque, no
fundo, você também não foi homem o suficiente para encará-los sozinho.
Admita isso, seu covarde desgraçado.
Ele se vira novamente na minha direção e me segura forte, me
imprensando na parede com uma mão no meu pescoço e a outra segurando
minha cintura.
— Você tem que aprender a controlar essa sua língua, esposa. Nunca
mais me chame de covarde, ou...
— Ou o quê? O que você vai fazer, meu querido marido? Nem
coragem de me levar para cama você vai ter, o que posso pensar de um
homem assim?
Meu Deus, o que estou fazendo da minha vida?
O que estou falando?
— É isso que você quer, Bruna? Que eu te foda até não sentir mais
as pernas na nossa noite de núpcias? Vai por mim, menina, você não tem
tanta coragem assim.
— Me mostrei ser mais corajosa do que você a poucos minutos
atrás.
Antes que tenha qualquer reação, ele pega meu pulso e coloca a
minha mão bem em cima do seu pau, me mostrando o quanto ele está
excitado com o que está acontecendo dentro desse banheiro.
— Se acha corajosa só porque me toucou por cima da calça na
presença dos meus pais? Estava te masturbando, te fazendo gemer de prazer
na frente do motorista e se seguir seu raciocínio, sou muito mais corajoso
do que você.
Ele faz questão de mover minha mão em cima do seu membro
completamente duro, ao ponto de me fazer ofegar.
— Vou te dar só um conselho, Bruna, não me provoque e não teste
minha paciência porque já a perdi há muito tempo com você. É nova e
tenho certeza de que nunca teve um homem como eu na cama. Não gosto de
sexo baunilha, menina, então tenha cuidado com suas palavras
daqui pra frente.
Ele me solta de uma vez e me apoio na bancada da pia que está ao
lado.
Como não consigo manter minha língua dentro da boca acabo mais
uma vez falando o que não devia.
— Você me masturbou na frente do seu motorista e tenho certeza de
que ele gostou de ouvir a sua esposa gemendo. Sabe-se Deus o que ele está
fazendo agora dentro daquele carro enquanto imagina a cena que
provavelmente viu.
Ele estanca no lugar e então me olha de novo.
— Tem razão, minha querida. Mas não se preocupe com isso, ele
não vive até amanhã para ter esse tipo de pensamento com você novamente.
É minha esposa e enquanto estiver carregando meu sobrenome só poderá
passear pelos meus pensamentos. — Volta a andar e sai do banheiro.
Já eu fico preocupada com o que esse homem pode mandar fazer
com o pobre do motorista.
CAPÍTULO 18

Vejo Bruna voltando para a mesa nervosa.


Admito que vê-la passando mal no banheiro mexeu comigo de uma
forma que não gostei.
Sei muito bem para onde esses sentimentos levam e não vou me
permitir passar por aquilo de novo.
— Desculpem pela demora, não estava me sentindo muito bem. —
Ela volta a se sentar ao meu lado e pego em sua mão percebendo o quanto
está gelada.
— Você não vai voltar para a galeria hoje à tarde, vou te deixar em
casa para que possa descansar.
Ela me olha confusa e até eu estou confuso com o que acabei de
falar.
— Preciso terminar meu trabalho de conclusão da faculdade já que o
último, o qual estava trabalhando, foi duramente criticado — diz se
referindo ao que falei sobre a tela que ela estava pintando.
— Mostre a tela para suas tutoras, é a opinião delas que importa e
não a minha.
— Mas você...
— Você criticou o trabalho da sua noiva, meu filho? — Mamãe
interrompe Bruna e se dirige a mim, com uma cara que conheço muito bem.
— Posso não ter mais o poder da família, meu filho, mas a sua
mãe... — meu pai diz.
— Responda, Oliver Thomson ― minha mãe interrompe meu pai.
— Senhora, por favor, não se chateie com o senhor...
— Me chame de Leah, querida, e nunca permita que um homem
diminua seu trabalho que imagino ser formidável. Se não fosse não estaria
trabalhando com a Emily e a Amanda.
Vejo Bruna abrindo um sorriso para minha mãe e isso não é nada
bom.
Minha mãe e ela juntas é sinal de dor de cabeça na certa e não vai
ser nada bom para os meus planos.
— Obrigada, Leah.
— Não me agradeça, querida. Agora me diga por que mesmo chama
seu noivo de senhor Thomson, você falou sobre isso minutos atrás, mas
confesso que ainda não entendi. Isso não é normal.
— É assim que ele exige ser chamado até mesmo por mim, sua
amada noiva — Bruna responde rápido demais, provavelmente se
divertindo com minha cara.
Minha mãe é uma arma poderosa que ela pode usar contra mim.
— Querida, estava apenas brincando quando falei isso. É claro que
pode me chamar de Oliver. — Tento mudar a situação.
Mas Bruna é experta para me complicar mais ainda.
— Sério!? Não parecia que estava brincando.
— Bruna, querida, vamos conversar sobre isso depois, agora temos
que ir, preciso voltar para o escritório.
— Leve sua noiva e a família dela à mansão no sábado à noite,
iremos oferecer um jantar para a família da moça. Se vai se casar, faremos a
coisa direito. Leve também um anel, pois, ainda não estou vendo nenhum
no dedo dela.
— Pode deixar, papai — respondo me sentindo desconfortável, pois,
as coisas estão indo por um lado que não tinha previsto.
— Bruna, você deveria ter dito um NÃO bem grande na cara dele.
Como pôde aceitar um pedido de casamento sem um anel?
— Também me pergunto a mesma coisa, Leah, mas na hora não
pensei muito nisso. Acho que se não tivesse tocado nesse assunto, seu filho
nem mesmo se lembraria de me dar um anel de noivado.
Essa mulher me paga por estar me colocando nessa situação.
— Oliver, meu filho, desde quando se tornou um homem
mesquinho? Não te criei desse jeito, trate de comprar um anel digno de ser
usado por uma Thomson ou terá problemas comigo. Acho que você não me
quer metida na sua vida.
— Com toda certeza não, mamãe. Vou fazer o que a senhora está
mandando.
— Ótimo, faça isso mesmo.
— Leah, gostei muito de conhecer a senhora e o meu futuro sogro.
Acho que vamos nos dar super bem.
— Tenha certeza que sim, querida, e pode contar comigo para o que
precisar.
Antes que as duas resolvam trocar números de celular, trato logo de
encerrar o almoço.
Nos despedimos dos meus pais e assim que os dois saem, Bruna e
eu vamos para o estacionamento do restaurante.
No caminho lembro do que ela falou dentro do banheiro, então
resolvo dar um susto nela, só para não deixar barato as últimas
provocações.
Essa mulher precisa temer a mim, para que as coisas não saiam do
controle.
Pego o celular e faço uma ligação para um dos seguranças que está
próximo.
— Vá até meu carro e leve o motorista, não vou mais precisar dele e
nem dos serviços dele. — Dou apenas uma ordem e desligo o telefone.
Como imaginava, Bruna corre e segura no meu braço, me virando
de frente para ela.
— O que você vai fazer com ele?
— Você sabe muito bem, não precisa me fazer essa pergunta.
Ela muda de cor com a minha resposta.
— Senhor Thomson, estava brincando, não leve a sério o que disse
no banheiro.
— Eu já falei que não sou um homem de brincadeiras, menina. Tudo
o que você fala para mim, tem uma consequência, então tenha muito
cuidado com as palavras.
Antes que ela consiga responder, os seguranças se aproximam e o
motorista sai do carro. É claro que não vai acontecer nada com ele, mas ela
não precisa saber disso.
— Senhor Thomson, por favor...
— Entre no carro — digo entrando no lado do motorista.
Ela entra no lado do passageiro e assim que coloca o cinto, saio em
alta velocidade.
— Você vai para a sua casa ou para a galeria de arte?
— Para a galeria, mas quero que me diga o que vai acontecer com o
motorista.
— Não é da sua conta.
— Ele deve ter família, senhor Thomson, não pode fazer isso com
ele.
— A culpa disso foi sua.
— Minha!? Você parece estar no cio e a culpa é minha.
— BRUNA...
— Não grite comigo e para início de conversa não deveria ter feito
aquilo que fez com outra pessoa dentro do carro, como pôde... — Ela
começa a falar sem parar.
Como pode uma mulher tão pequena ter essa capacidade de me tirar
do sério?
Não sei nem como chego na galeria de arte tão rápido com ela
tagarelando no meu ouvido, mas assim que estaciono o carro, explodo.
— CALADA, BRUNA. CALA A BOCA, PELO AMOR DE
DEUS.
Ela para de repente de falar e me olha, mas o silêncio não dura
muito.
— O que você vai fazer com ele?
— Já falei que não te interessa.
— Exijo que me fale.
— Você não exige nada de mim.
— Sou sua esposa, não é mesmo? Então exijo que me diga o que vai
fazer com o pobre homem.
Se ela soubesse o que aquele pobre homem é capaz de fazer sob
minhas ordens, não estaria assim tão preocupada.
— Então como minha esposa, você tem que aprender a pedir as
coisas para o seu marido. Não vai conseguir nada de mim, me tirando do
sério.
Ela me encara sem acreditar no que eu falei.
Quero ver o que ela vai fazer agora.
— E então? — Bufa no banco, tira o cinto de segurança, se
aproxima e me dá um selinho rápido.
Não consigo segurar o riso.
— Vai precisar muito mais do que isso, esposa.
Ela trava o maxilar de raiva.
— O que quer que eu faça?
Já que perguntou, vou mostrar o que quero que ela faça.
Tiro o cinto de segurança, rapidamente empurro o banco do
motorista para trás, a puxo para meu colo e coloco uma mão em sua nuca.
— Quando quiser uma coisa de mim, é assim que vai pedir.
Sem dar tempo dela raciocinar direito, a puxo para um beijo e assim
que aprofundo a língua na boca dela, tudo ganha intensidade. Beijo a Bruna
de uma forma rude e, ao mesmo tempo, deliciosa.
Quando chupo seu lábio inferior, escuto um gemido como se ela
quisesse mais de mim.
Admito que os gemidos dessa mulher são a minha perdição.
Nunca estive tão consciente do meu corpo tanto que sinto suas mãos
pequenas me apertarem, sem pudor nenhum. Em resposta, aperto suas coxas
por baixo do maldito vestido, a fazendo ofegar.
Desço o beijo para seu pescoço, mordendo e chupando sua pele
enquanto ela rebola no meu colo.
Essa menina só pode estar querendo me matar fazendo uma coisa
dessa.
Quando chego no seu ouvido, sussurro.
— Você é a porra de uma grande tentação, menina. Tenho que ter
muito cuidado com você, olha só como me deixa. — Agora sou eu que a
esfrego no meu pau para que sinta o quanto estou excitado e duro.
Como ela gosta de me surpreender, tenta me beijar de novo.
— O que você quer, Bruna?
— Eu quero mais de você, Oliver.
Meu Deus, essa mulher vai ser a minha desgraça.
— Bruna, já falei, não se apaixone. Temos apenas um casamento por
contrato — digo isso mais para mim do que para ela.
— É meio difícil não me apaixonar com você fazendo isso — diz
com a testa encostada na minha, me segurando forte.
Quando vou beijá-la novamente escuto uma batida na janela, olho
para o lado e vejo a Amanda sorridente.
Bruna tenta sair do meu colo, mas a seguro com força e abaixo o
vidro.
— O que você quer, Amanda?
Assim que ela vê Bruna em cima de mim, seu sorriso se alarga e a
mulher em meu colo afunda a cabeça no meu peito, morrendo de vergonha.
— Eu quero a minha estagiária, será que você pode me devolvê-la,
Oliver?
— Eu a devolvo em cinco minutos, pode ser?
— É claro que pode, só a deixe inteira, por favor, conheço bem seu
apetite.
Antes que ela fale mais uma besteira, subo o vidro do carro
novamente.
— Você não deveria...
Eu nem a deixo reclamar e volto a beijá-la, provando o gosto da sua
língua, apertando sua cintura com força, porque depois desse beijo intenso o
que vou falar vai machucá-la.
Mas vou fazer isso para protegê-la de mim.
Desfaço o nosso beijo, a deixando ofegante e seguro em seu queixo,
fazendo me encarar.
— Não espere nada de mim, Bruna. As coisas entre nós dois nunca
passará de beijos e amassos, é o máximo que posso dar a você.
Vejo decepção em seus lindos olhos.
— Então mantenha o seu pinto dentro das calças, já estamos casados
e fui bem clara quanto a traição. Caso deixe o pintinho sair, o corto, rasgo o
contrato e faço você engolir cada pedacinho dele.
Eu a solto e ela sai de cima de mim.
Essa mulher acabou de insinuar que tenho um pinto pequeno?
Mas ela é muito corajosa.
— Bruna Harper, você...
— Tenha um péssimo restante de dia, senhor Thomson. Não se
esqueça de ir conversar com minha mãe ou não terá o jantar no sábado. —
Sai do carro sem nem mesmo me dar chance de falar e ainda bate a porta
com tanta força que não sei como não quebra.
Não sei o que tinha na cabeça quando escolhi essa menina para
meus planos de ter um filho. Isso foi influência de Amanda e quando
apareceu a oportunidade com o pai dela, aproveitei, mas estou quase me
arrependendo.
Porém, agora é tarde demais, Bruna Harper já é minha.
CAPÍTULO 19

Saio batendo a porta do carro do cretino com força e espero


que tenha quebrado mais uma coisa para ele acrescentar na minha conta.
Porém, quando estou saindo do estacionamento, me lembro do
motivo de ter feito o que fiz, a vida do motorista. Por isso, volto pelo
mesmo caminho e o vejo saindo do estacionamento.
Paro na frente do carro porque depois de ter batido a porta é a única
maneira dele parar e como já imaginava ele freia, centímetros de mim.
— Você está ficando louca? — diz com raiva colocando a cabeça
para fora.
— Você não teria coragem de passar por cima da sua esposa, teria?
— Mas o que diabos você ainda quer?
— O motorista, o que vai fazer com ele?
— Se me perguntar mais uma vez desse motorista, eu mesmo vou
fazer questão de matá-lo com minhas mãos.
Vou até ele e paro em frente a janela.
— Pedi com jeitinho, então faça a sua parte.
Ele fecha os olhos e respira fundo.
— Não vou fazer nada com ele, está bom assim para você?
Respiro aliviada.
— Ótimo, adeus.
— Volta aqui — diz conseguindo segurar meu braço pela janela.
— O que foi?
— Nunca mais peça pela vida de outro homem, entendeu bem?
— Você está se escutando, Oliver?
— Perguntei se entendeu.
— Tá, entendi. Agora me solte que tenho que trabalhar. — Puxo o
braço e saio escutando o homem resmungar sei lá o quê.
Ao passar pela recepção, vejo as duas invejosas cochichando e como
elas não perderiam a chance de me alfinetar, acabam falando suas
gracinhas.
— Como você conseguiu, Bruna? Como foi que deu o golpe no
gostoso do Oliver?
— Para vocês, é senhor Thomson, não as quero chamando meu
noivo pelo primeiro nome. E é melhor me tratarem direito daqui para frente
ou já sabem o que pode acontecer ― respondo à altura, olhando para as
megeras.
— Você vai se casar com ele?
Coloco meu melhor sorriso no rosto e respondo:
— Logo depois da minha formatura, vamos oficializar o noivado no
sábado. Fiquem de bico calado, suas desocupadas, e tenham mais respeito
por mim, de agora em diante. — Nem espero elas responderem e saio da
recepção.
Pelo menos para alguma coisa esse casamento vai me servir.
Como preciso que Amanda e Emily olhem meu trabalho, vou direto
para a sala delas. Assim que entro, as duas abrem o sorriso e já sei o
motivo.
Minha vontade é de me enterrar em um buraco, só de vergonha.
— Bruna, senta aqui e conta tudo.
Fico surpresa com a empolgação da Emily.
— Não tem nada para contar, Emily.
— Como não? Acabei de te pegar no maior amasso no carro com o
Oliver e ele me disse que pretende se casar com você.
Agora é a vez de Amanda falar empolgada e fico imaginando o que
foi que o Oliver disse a ela.
— O que exatamente ele te falou, Amanda? Seja sincera comigo.
Ela me olha por alguns segundos.
— Primeiro, me diga se você o ama? Você está disposta a lutar pelo
amor dele?
Paro para pensar no que ela fala e em todas as sensações que Oliver
me fez sentir desde a primeira vez que o vi quando cheguei nessa galeria.
Penso no frio na barriga que sinto toda vez que ele se aproxima, nas pernas
que tremem toda vez que ele me beija, no calafrio que sinto quando ele
sussurra no meu ouvido, nas...
— Jesus Cristo, ela já está apaixonada, Amanda! Olha só pra ela —
Emily diz e volto a minha atenção para as duas.
— Eu já percebi isso, só queria escutar da boca dela — Amanda diz
sorrindo.
— Chego a pensar que meu coração vai pular pela boca toda vez
que ele se aproxima — digo sendo sincera.
— E sente um frio na barriga? — Emily indaga com seu jeito
meigo.
— E uma tremedeira nas pernas quando ele te pega de jeito?
— Amanda! — Emily repreende.
— Emily, não vem com essa que você sabe muito bem como tremer
suas perninhas.
Acabo sorrindo.
— Tenho medo de me machucar.
Amanda segura minhas mãos e me encara.
— Oliver não quer amor, Bruna, é um homem quebrado que se
fechou para esse sentimento. Ele desistiu de ser feliz, mas é justamente de
uma mulher como você que ele precisa em sua vida. Entre no coração dele
com esse seu jeitinho, mas tenha em mente que quanto mais entrar, quanto
mais penetrar no coração dele, mais ele vai tentar te tirar e te afastar para se
proteger.
— Não vai ser fácil, Bruna. Nunca é fácil conquistar um homem.
Praticamente fui vendida para o Anthony e ele fazia questão de jogar isso
na minha cara todas as vezes que nos encontrávamos depois do nosso
noivado.
“Para piorar ainda mais minha situação, tinha outra mulher no
coração dele.
“Foi muito difícil entrar no coração do meu marido, foram muitas
lágrimas derramadas e uma dor excruciante no coração.
“Mas no final eu venci e valeu a pena tudo o que passei.
“Hoje, nos amamos mais do que tudo no mundo e temos uma vida
feliz e uma família linda.”
— Já eu não preciso nem comentar, né, Bruna? Você sabe tudo o
que passei e concordo com cada palavra que Emily disse. Conquistar um
homem não é fácil, eles são seres irracionais que só pensam com a cabeça
debaixo.
— Amanda!
— Mas é verdade, Emily. Não vamos mentir para ela. Bruna é nossa
amiga acima de tudo e é bom saber o que a espera. Você conhece o Oliver
muito bem, ele pode ser pior do que Anthony e Collin juntos.
Agora, sim, ela me assusta com o que fala.
— Não sei se quero conquistá-lo depois do que ouvi.
— NÃO — as duas dizem ao mesmo tempo.
— Olha o que você faz, Amanda.
— O quê?
— Olha, Bruna, não liga para o que ela disse. Você tem nós duas
para te ajudar. Temos experiência no assunto e podemos prever o que Oliver
pode querer fazer, então vamos sempre estar um passo na frente dele. Mas
lembre-se não será fácil, é um caminho longo, mas no final terá um marido
obediente, beijando o chão que você pisa.
— Será que isso vai funcionar?
— Se não funcionar, quebro aquele cabeção e chuto a bunda dele,
não se preocupe.
— Por Deus, Amanda, por que você tem que ser assim?
— Emily, você também não é santa não. Você deu uns belos puxões
de cabelo na arquiteta oferecida e uns belos tapas na Melissa. Nem me
chamou para participar da festinha particular que você e Andreza fizeram
com a cobra, nunca vou te perdoar por isso.
Arregalo os olhos para Emily que sorri, nunca imaginei que ela faria
uma coisa dessas.
— Fiz isso mesmo e já vou logo te dar meu primeiro conselho,
Bruna. Toda história tem dois lados, antes de decidir qualquer coisa sempre
escute o outro lado da história.
— Isso mesmo, Bruna, escute o outro lado da história e se tiver uma
vadia envolvida nos chame para bater nela que te ajudaremos.
— Isso mesmo, Bruna... Não, Bruna... Pelo amor de Deus, Amanda,
olha o que você me faz falar.
Amanda e eu rimos da cara de Emily.
— Obrigada por me ajudarem. Mas será que vou conseguir
conquistar um homem como Oliver?
— É claro que vai, se nós conseguimos, você também consegue.
— Assim espero — respondo me enchendo de uma esperança que
não tenho certeza se vai fazer bem para mim, mas não custa nada tentar.
CAPÍTULO 20

Já tem três dias que Oliver não dá notícias e amanhã é o

maldito jantar na casa dos pais dele.


Porém, o idiota ainda nem se deu ao trabalho de vir conversar com
minha mãe.
— Bruna, com quem você tanto fala nesse celular?
— Com a Amanda e a Emily, mamãe. Elas estão me ajudando com
uma coisa — respondo fechando o aplicativo de mensagens onde Amanda
criou um grupo de bate-papo com apenas nós três.
O nome do grupo é projeto Oliver, só Amanda mesmo para inventar
uma coisa dessas.
— Larga esse celular e venha jantar que já está na mesa, depois você
volta a falar com elas.
Faço o que mamãe diz e deixo o aparelho em cima da mesinha que
tem ao lado do sofá.
Assim que nos sentamos à mesa e estou prestes a me servir, a
campainha toca, o que assusta e muito a mamãe.
— Será que são aqueles homens do outro dia? Não vou permitir que
a levem dessa vez. Pensando bem, nunca me falou o que eles queriam com
você.
— Calma, mãe, não são eles, eu garanto. Fica aí que vou ver quem
é. — Levanto para ir abrir a porta, mas vejo que mamãe fica inquieta na
cozinha.
Ao chegar na sala, a campainha toca mais uma vez e ao abrir a porta
penso que meu coração vai sair pela boca.
— Senhor Thomson!
— Pode parar de me chamar assim?
— O que está fazendo aqui? E como sabe onde moro?
— Você não queria que viesse falar com sua mãe, meu amor? Aqui
estou.
Eu o encaro porque não sei o que falar.
— Essas flores são para mim?
— Não, são para sua mãe. Será que pode me deixar entrar?
— Bruna, quem é, minha filha?
Antes que consiga responder, Oliver entra na sala.
É agora ou nunca.
— Mãe, esse é o meu, meu, meu...
— Noivo, senhora Harper. Sou o noivo da sua filha.
Por que ele não falou namorado?
Será que ele quer matar mamãe do coração?
— Como assim noivo? Nem sabia que ela tinha namorado.
— Bruna queria fazer uma surpresa para a senhora e acho que
conseguiu, não é mesmo, amor?
Mas que filho da mãe!
— Vamos conversar todos na sala. Entre, Oliver — digo e ele entra.
Vejo que quando passa por mamãe, entrega as flores a ela.
— São para a senhora, espero que goste.
— São lindas, é claro que gostei. Vamos, entre, sinta-se à vontade. A
casa é bem simples, mas...
— Não se preocupe com isso, senhora, já me sinto em casa.
Mamãe olha para Oliver toda encantada e quando ele passa na
frente, ela me puxa pelo braço.
— Onde arrumou um homem desses, minha filha? Ele é lindo e
todo, todo, todo gostoso.
— Mamãe!
Tenho certeza que Oliver escutou porque o sorrisinho que ele solta
diz tudo.
— Bruna, meu amor, não tinha me dito que sua mãe era tão
adorável. Vejo que você não...
— Oliver, é muito bom ter cuidado com as palavras.
— Desde quando vocês estão noivos? Por que só descobri isso
agora?
Nos sentamos no sofá e Oliver me puxa para me sentar ao lado dele.
— Sinto muito por não ter vindo conversar com a senhora antes,
mas sou um homem muito ocupado e com uma agenda extremamente cheia.
Só hoje consegui vir até aqui.
“Conheço sua filha há algum tempo e me encantei pela beleza e
charme dela. Como a senhora pode ver, não sou mais um garoto de vinte
anos, então nós dois conversamos e a pedi em casamento.
“Ela ficou tão feliz com o pedido que não pensou duas vezes em me
dizer sim.”
Como pode esse homem ser tão sem-vergonha?
— Olha, devo admitir que realmente estou muito surpresa com isso.
Minha filha sempre colocou para correr cada rapaz que se aproximou dela
com intenção de namorá-la. Ela sempre dizia que o foco dela era terminar a
faculdade, se tornar uma artista talentosa e que nunca iria precisar de um
homem para nada na vida. Cheguei a duvidar de que um dia ela arrumaria
um namorado, mas olha só ela aqui com um noivo.
Chego a abaixar a cabeça de tanta vergonha.
— É, parece que a fiz mudar de ideia. Não se preocupe com sua
filha, pretendo dar a ela e a senhora tudo o que precisar. Para mostrar que
estou sendo sincero em minhas palavras, quero entregar isso a senhora,
creio que te pertence.
Agora sim, ele chama minha atenção.
Eu nem mesmo tinha percebido o envelope nas mãos dele.
Mamãe pega e ao abrir para conferir o que tem dentro começa a
chorar.
— O que é isso?
— A escritura da nossa casa em meu nome, filha.
Olho para Oliver e sinto meu coração doer pela primeira vez como
Amanda e Emily disse que aconteceria.
Oliver está usando a escritura da minha casa para comprar minha
mãe.
— Não precisava ter feito isso, querido, já tínhamos um acordo —
digo demonstrando a ele toda minha irritação.
— Seremos da mesma família agora, nada mais justo do que cuidar
da minha futura sogra, tendo em vista que meu sogro não está mais na
família.
Agora, sim, ele me tira do sério.
Oliver praticamente ameaçou meu pai de morte, é claro que ele
fugiria. Sei que o que meu pai fez foi muito errado, mas ele é meu pai.
— Acho que agora você já pode ir embora, já deu seu show de hoje.
Mamãe está tão emocionada olhando para a escritura da casa que
não percebe o que digo.
— Pensei que fosse ficar feliz com isso.
— Pensou muito errado.
Ele me olha sem entender bem o que está acontecendo e pela
primeira vez resolve fazer o que digo.
— Bem, está na minha hora, foi um prazer conhecê-la, senhora
Harper.
— Mas já vai embora? Não quer ficar para jantar com a gente?
— Não, mamãe, ele já comeu. Oliver é um homem muito refinado e
não está acostumado com nosso tipo de comida, com certeza não se sentiria
bem.
— Isso é uma pena — mamãe diz parecendo estar desapontada.
— Fica para uma outra oportunidade, senhora, mas quero convidá-la
para jantar amanhã na casa dos meus pais. Eles querem oferecer um jantar
de noivado e conhecer a senhora também.
— Oh, é claro que sim. Se minha filha o aceitou como futuro
marido, não tenho porquê discordar, confio plenamente nela e no seu bom
senso. Será um prazer conhecer a sua família e mais uma vez, muito
obrigada pelo que fez.
— Não precisa agradecer.
— Certo. Acompanhe seu noivo até lá fora, minha filha, creio que
quer se despedir dele com mais privacidade.
— Claro, mamãe. — Acabo concordando para não levantar
suspeitas.
Logo nos levantamos, mamãe se despede mais uma vez de Oliver e
vai para a cozinha, já eu vou abrir a porta para ele sair.
Quando vou fechar a porta, ele me puxa pelo braço, fecha a porta e
me arrasta até seu carro.
— Me solta, Oliver. O que pretende fazer? Já não conseguiu o que
queria?
— Garanto que não. — Ele abre a porta do lado do passageiro, me
joga dentro e depois vai para o lado do motorista.
— O que você quer, Oliver?
— Que palhaçada é essa, Bruna? Você me enche o saco para que
venha falar com sua mãe e depois praticamente me expulsa da sua casa.
— Olha aqui, Oliver. Você pode fazer o que quiser comigo, mas não
ouse meter minha mãe no seu plano ridículo.
— Não fiz nada de mais, só estava cumprindo uma das cláusulas do
nosso contrato.
— O quê?
— Isso mesmo que escutou. Uma das cláusulas diz que assim que
assinasse o contrato aceitando tudo o que estava imposto nele, devolveria a
casa para a senhora Harper.
Meu Deus, o que mais tem nesse contrato que não sei?
— Quero uma cópia desse contrato.
— Terá logo depois do casamento.
— Mas já não estamos casados? Por que não pode me dar uma cópia
agora?
Ele me olha com um sorriso safado nos lábios, o qual me faz sentir
todas as sensações que não deveria.
— O contrato está guardado no meu cofre na minha mansão, mais
exatamente dentro do meu quarto. Você quer mesmo ir comigo lá para
buscá-lo?
Ele está claramente tentando me provocar, mas vou ver até onde ele
é capaz de ir com esse jogo, já que faz questão de abrir a boca para dizer
que nunca vai me levar para a cama.
— Até que essa não seria uma má ideia, poderia me mostrar seu
quarto e quem sabe experimentar a maciez do seu colchão. — Vou para
cima dele e me sento em seu colo com uma perna em cada lado do seu
corpo, completamente encaixada nele.
Ao perceber o que quero fazer, afasta o banco para trás me dando
mais espaço.
Essa é uma das vantagens de ser pequena.
— Onde esteve esses últimos três dias? — pergunto passando as
mãos em seu cabelo macio.
— Fiz uma viagem rápida e não achei necessários te avisar.
— Sempre faz viagens assim? — Começo beijando seu pescoço,
dando pequenas chupadas.
Ele segura minha cintura com força, me esfregando no seu pau que
já sinto estar completamente duro.
— Você não deveria fazer isso, menina.
— Por que não? Já estamos casados, você é meu marido e não tem
nada de mal fazermos isso. — Beijo sua boca.
Ele coloca uma mão na minha nuca aprofundando o beijo e com a
outra aperta minha bunda, me fazendo gemer e rebolar em seu colo.
A sensação é maravilhosa.
— Eu quero mais, Oliver, quero sentir mais do que isso.
Ele me afasta respirando fundo, tentando buscar um controle que
claramente não tem.
— Eu não posso fazer isso com você.
— Por que não? Me diga o motivo...
— PORQUE NÃO, INFERNO! Não quero você desse jeito, não
tenho a intenção de torná-la minha mulher na cama. Isso não vai acontecer,
Bruna.
Engulo em seco controlando as lágrimas que querem descer pelo
meu rosto e saio de cima dele, voltando para o banco do passageiro.
Abro a porta para sair.
— Boa noite, senhor Thomson.
— Bruna, espera — diz com pesar na voz e segura meu braço para
que eu pare no lugar.
— O que quer?
— Compre alguma coisa para você e sua mãe vestir amanhã no
jantar. Esse cartão não tem limite, pode ficar com ele para comprar tudo o
que estiver precisando.
Olho para a cara dele e depois para o cartão que está segurando e aí,
sim, me permito chorar para que ele veja o quanto me ofende com essas
atitudes.
— Pegue seu cartão de merda e o engula. Não preciso do seu
maldito dinheiro. — Puxo o braço e saio do carro batendo a porta.
CAPÍTULO 21

Bruna mais uma vez sai do meu carro batendo a porta.


Nossa convivência será sempre assim tão difícil?
Mas, por que diabos essa menina de repente resolveu atormentar
minha vida se oferecendo daquele jeito?
Eu já deixei claro como as coisas vão funcionar entre nós dois, mas
parece que ela não escuta.
Ligo o carro e vou para minha casa. Meus planos hoje eram outros,
mas depois de me deixar de pau duro o melhor que faço é ir para casa e
tomar um banho gelado.
A maldita soube me enganar e caí direitinho.
Quero ver como vou conseguir ficar sem sexo por tanto tempo.
Chegando em casa vou direto para o quarto, tiro a roupa e me jogo
pelado na cama, me permitindo fechar os olhos por alguns segundos
enquanto me toco bem devagar. Lembro daquela pequena diaba montada
em cima de mim, doida para me dar sua boceta.
Eu me levanto antes que faça uma besteira e goze pensando nela, o
que seria um caminho sem volta.
Entro no banheiro, ligo o chuveiro e coloco a cabeça debaixo da
água. Alcanço o frasco com sabonete líquido e despejo uma quantidade nas
mãos. Eu me surpreendo com a música sensual que ecoa pelo som do
quarto, olho sobre o ombro, esperando que alguém apareça, ou fale algo,
mas como não vejo e nem ouço nada, volto ao meu banho mergulhando em
minha mente.
Com o passar dos anos passei a sentir mais do que vejo.
A presença nas minhas costas nem precisa ser anunciada e mesmo
imerso em meus pensamentos, sinto seu perfume adocicado no ar.
— O que está fazendo aqui e como conseguiu entrar? — pergunto
sem me virar, segurando meu pau que está com uma senhora ereção.
Bruna é a mulher mais provocadora e desobediente que conheço.
— Sou sua esposa, agora uso seu sobrenome e seus homens
obedecem às minhas ordens. Mandei que me trouxessem até aqui. Sei que
você me quer tanto quanto eu te quero e deixou isso claro quando me fez
rebolar no seu pau duro dento do carro. Tenho certeza de que deve estar
mais duro ainda agora.
— Porra, Bruna, não vê que estou tentando te proteger.
— Me proteger de quem? — pergunta afrontosa como sempre.
— De mim! Não quero te machucar e nem ferir seus sentimentos.
Estou achando que escolher uma mulher tão nova foi um erro grande da
minha parte.
— Isso tudo é uma tremenda besteira. Desculpa que você usa para
não me tornar sua mulher de fato.
— Não me provoque, garota, claramente não sabe o que quer.
— Quero você, tanto que vim até a sua casa e estou pelada dentro do
seu banheiro, louca para fazer sexo com meu marido. Agora se não der
conta é outra história, não fique inventando desculpa.
Seguro firme seu pulso, afastando sua mão que quer me tocar e com
um giro perfeito inverto nossas posições. Coloco a mulher de costas para
mim, na parede oposta do box.
Bruna suspira e gargalha com a surpresa.
— Porra! Você está brincando com fogo, mulher — aviso descendo
a mão por seu corpo, sentindo suas curvas nuas até chegar na sua boceta
que está toda meladinha, tamanha é sua excitação.
— Essa é a intenção, brincar com fogo e me queimar todinha.
— Se é isso que quer, é o que vou te dar, uma lembrança de como é
ter meu pau enterrado dentro de você. — Penso que vai recuar, mas ela
mostra mais uma vez o quanto estou enganado.
— Isso, gostoso! Mete profundamente e me deixa ter a melhor
lembrança do seu pau.
Essa mulher só pode ser louca, mas se é isso que quer é o que vou
dar a ela.
Viro seu corpo de frente para mim, seguro firme, posiciono meu pau
entre suas pernas e a penetro em uma estocada firme, fazendo com que grite
meu nome.
— Não era meu pau que você queria?
— Eu quero você, Oliver, quero tudo de você — responde ofegante
e a segura pela bunda gostosa dando mais segurança para que não caia.
Mas seus deliciosos seios esfregando no meu peito é o meu fim.
— Você vai ser a minha perdição, garota.
— E você já é a minha, Oliver. Tentei te manter longe do meu
coração, mas não consegui, foi mais forte do que eu.
Sinto um aperto no peito ao escutar o que sai por seus lábios e tudo
o que consigo fazer é beijá-la. Beijá-la profundamente dando a ela tudo de
mim.
Eu a tenho em meus braços e a seguro forte enquanto penetro forte e
rápido.
Ela pede cada vez por mais, me levando ao limite do meu prazer,
mas me recuso gozar antes dele.
— Goza agora, Bruna, goza para seu marido. — Dou a ordem
esfregando seu clitóris, fazendo com que seu gemido se torne cada vez mais
alto.
Sem precisar mandar pela segunda vez, sinto sua boceta apertando
meu pau, mostrando que finalmente está chegando ao ápice. Aproveito para
penetrá-la mais rápido até que me derramo dentro dela, no mesmo momento
em que ela goza.
Sinto seu corpo relaxar em meus braços da mesma maneira que
sinto um alívio no meu corpo. Ela beija meu pescoço e sussurra no meu
ouvido:
— Se foi tão bom assim nos seus sonhos imagina quando for de
verdade. Vou esperar ansiosamente pela nossa primeira vez. Saiba que a
partir de hoje não vou mais sair dos seus sonhos. Agora, ACORDA.
Dou um pulo de susto, me vejo deitado na cama completamente sujo
com meu gozo e isso nunca aconteceu antes na minha vida.
Gozei sonhando com uma mulher e isso é inacreditável!
— MALDITA! — grito frustrado. — Espero estar te atormentando
nos seus sonhos, assim como acabou de fazer comigo.
CAPÍTULO 22

Depois de sair do carro batendo a porta, frustrada por ter

sido rejeitada e insultada com aquele cartão, entro em casa, disposta a

passar direto para o quarto.


Mas no caminho, mamãe grita me chamando da cozinha e já sei que
vem uma enxurrada de perguntas.
— Bruna Harper, sente-se nessa mesa agora mesmo e vamos
conversar enquanto jantamos.
— Mamãe, por favor...
— Não me faça falar duas vezes, menina.
Acabo obedecendo pelo tom que ela usa para falar comigo.
— Pode perguntar — digo me servindo.
— Onde conheceu esse homem?
— Na galeria de arte.
— Quantos anos ele tem?
— Trinta e quatro.
Ela me olha levantando uma sobrancelha, surpresa com o que digo.
— Deve ter puxado a mim, pois, também me apaixonei
perdidamente por um homem mais velho e ele foi a minha ruína.
Agora sou eu que a encaro.
— Meu pai não foi seu primeiro amor, mamãe?
Ela sorri.
— Seu pai foi o homem que mais amei nessa vida e vou morrer o
amando — diz como se não estivéssemos falando da mesma pessoa.
Nunca vi minha mãe tão perdida em pensamentos.
Quando penso em abrir a boca para perguntar mais uma coisa, ela
volta a falar como se estivesse viajando no tempo.
— A maneira como me pegava era... A pegada dele quando me
imprensava em uma parede, passando as mãos pelo meu corpo, rasgando
minha roupa, me levava a loucura... Era isso que ele gostava de fazer, me
rasgar todinha e adorava quando fazia isso... O jeito como fazíamos amor
em qualquer lugar que desse era excitante e o medo de sermos pegos
deixava tudo muito mais intenso. Os gemidos dele misturado com os meus
eram enlouquecedores.
Estou segurando uma colher literalmente com a boca aberta olhando
para minha mãe.
Não acredito no que ela está falando.
— Mamãe, a senhora era uma safada e tanto. Agora sei de onde foi
que puxei. As sensações que Oliver me faz sentir... É tudo culpa da senhora.
Ela parece sair de um transe quando me escuta falar.
— Eu, eu, eu acho que falei demais.
— Falou, sim, a senhora parecia se divertir muito com meu pai na
juventude. É incrível ser filha única com vocês fazendo sexo desse jeito.
Deveria ter no mínimo mais uns dois irmãos.
— Deus só me abençoou com você e foi melhor assim. Agora me
fale mais do seu noivo. Tenho a sensação de já tê-lo visto antes, mas não sei
onde. Meu Deus, nem acredito que você está noiva. Por que não me falou
nada, Bruna?
— Mãe, Oliver já explicou as coisas para a senhora e foi tudo
exatamente como falou. Faz um tempo que nos conhecemos na galeria de
arte e sempre admirei a beleza daquele homem. A senhora tem que
concordar comigo que ele é extremamente lindo. Todas as mulheres do
mundo se jogam aos pés dele, mas parece que fui a escolhida por ele para
ser sua esposa. Conversamos, ele me falou suas intenções e aceitei, afinal
sempre tive uma queda grande por ele. E a senhora o conhece dos jornais
provavelmente.
— Dos jornais!?
— Oliver Thomson, o rei do petróleo, dono da metade do mundo,
podemos assim dizer.
Mamãe coloca as mãos na boca, chocada com o que escuta e me
olha com os olhos arregalados.
— Mãe, a senhora está bem?
— Não acredito nisso? Foi por isso que ele conseguiu a nossa casa
de volta.
Ah, se ela soubesse que ele armou para cima de mim, usando nossa
casa.
— Ele é um homem poderoso, mamãe, e uma casa como a nossa
não é nada para ele.
— Filha, tem certeza de que é isso que quer? Se casar com um
homem desse mudará sua vida para sempre.
— Não tenho escolha, mamãe, já aceitei a proposta de casamento e
amanhã a senhora vai conhecer meus futuros sogros. Nosso casamento vai
ser logo depois da minha formatura.
— Mas já? Por que tanta pressa? Sua formatura é daqui três
semanas. Bruna, você está grávida desse homem? Se entregou a ele antes
do casamento.
— Menos, mamãe, pelo que escutei agora pouco a senhora também
não se casou virgem. Não estou grávida e nem fui para a cama com ele
ainda. — Paro de falar e penso que vou enlouquecer esse homem de uma
maneira que vai deixá-lo de bolas roxas.
Ele que me aguarde!
Oliver me forçou a casar porque quis e mesmo tendo um contrato,
quero um casamento no mínimo um tanto normal.
Será vergonhoso sair de um casamento com um filho e permanecer
virgem.
— Bruna!
Volto a olhar para ela.
— Por que a pressa do casamento?
— Como ele mesmo falou para a senhora, não é mais um garoto. Ele
precisa de uma esposa e de filhos e eu preciso, preciso... — Não consigo
terminar a frase.
— Ai, meu Deus, você está cometendo os mesmos erros que eu,
Bruna.
— Que erros, mamãe? A senhora ultimamente não tem falado coisa
com coisa.
— Quer saber de uma coisa, Bruna? Você já é mulher adulta que
toma suas decisões, prova disso é esse noivado repentino que aceitou. Vou
te apoiar em suas decisões e sempre vou estar aqui quando precisar de colo.
Algo me diz que vai precisar muito. Agora termine de jantar que vou pensar
em como conseguir uma roupa descente para usarmos amanhã, porque pelo
que percebi a família do seu futuro marido nada em dinheiro.
Observo minha mãe sair da cozinha muito estranha indo para o
quarto dela.
Ainda vou descobrir o motivo dela estar desse jeito.
Assim que termino de comer, guardo tudo, vou para o quarto e pego
o celular. Vejo algumas mensagens de Amanda e Emily no grupo “Projeto
Oliver” e começo a rir sozinha das mensagens que leio.
Emily: Bruna, você tem que ser paciente com o Oliver e ir entrando
no coração dele aos poucos.
Amanda: Emily! Isso lá é conselho que se dê a uma pessoa? Até
parece que você era esse poço de candura.
Emily: Bruna, vai com tudo, amiga, tenho que admitir que Amanda
tem razão. Se o Oliver for parecido com Anthony você vai ter trabalho.
Amanda: Isso, Bruna, se joga em cima dele e vai com tudo. Oliver
gosta de pegada, o homem é um furacão.
Emily: Amanda tenho certeza de que seu marido não vai gostar
nadinha de ver você falando assim de outro homem.
Amanda: Bruna tem que saber o que a espera e só estou falando a
verdade.
Resolvo entrar na conversa e contar o que aconteceu hoje, claro que
vou ocultar algumas partes.
Bruna: Ele veio na minha casa hoje para conversar com a mamãe.
Quando nos despedimos dentro do carro dele, fiz o que falaram e voei para
cima dele. As coisas estavam começando a esquentar, mas ele me rejeitou e
pela primeira vez entendi o que vocês sempre falam sobre a dor no coração.
Oliver quer uma esposa apenas para dar um filho a ele e não pretende fazer
isso do modo tradicional. Ele deixou bem claro isso hoje.
Eu vejo que as duas estão digitando ao mesmo tempo.
Emily: Ele te rejeitou antes ou depois das coisas esquentarem?
Amanda: O que você fez quando fala que voou pra cima?
Bruna: Ele estava no banco do motorista e eu no banco do
passageiro, então montei no colo dele com uma perna em cada lado do
corpo e ele pareceu gostar, pois, afastou o banco para me dar mais espaço.
Mas no meio do nosso beijo quando disse que queria sentir mais daquilo
que ele estava me proporcionando, o homem se transformou.
Amanda: Ele já está caidinho por você, mas como todos os homens
é um idiota que não vai admitir fácil os sentimentos.
Emily: Bruna, Oliver é quebrado por um trauma do passado que
nem mesmo eu ou Amanda sabemos. Ele nunca toca no assunto. A única
coisa que sei é que parece que tem a ver com meu cunhado que já morreu
há alguns anos. você terá que ter paciência e muita força de vontade se quer
realmente conquistá-lo. Tenha certeza de que Oliver não vai facilitar as
coisas para você. Essa arrogância e frieza foi a forma que ele encontrou de
se proteger do amor.
Amanda: Emily tem razão, Bruna, mas nunca vá além dos seus
limites. Vamos sempre estar aqui para te ajudar no que precisar e no que
decidir. Você está realmente disposta a pelo menos tentar conquistar o
Oliver?
Penso por alguns minutos no que elas falam e tomo uma decisão.
Bruna: Não quero um casamento de mentira, quero Oliver
Thomson como meu marido de verdade porque acho que já estou me
apaixonando pelo idiota.
Fico tentada a contar para elas sobre o contrato de casamento, mas
vejo que ainda não é a hora certa. Tudo o que elas sabem é que Oliver quer
uma esposa e um filho e me escolheu para isso sobre influência de Amanda.
E como já arrastava um caminhão por ele aceitei, não tinha como negar isso
depois de pintar um quadro dele.
Amanda: Ótimo... Então hoje damos início oficialmente ao Projeto
Oliver.
Emily: Vamos comemorar fazendo compras no shopping amanhã.
Combinei com Andreza Maskio de ir e tenho certeza de que ela não vai se
incomodar de levarmos você. Bruna, logo se tornará esposa de um homem
importante, tem que começar a fazer as amizades certas.
Amanda: Andreza Maskio é das minhas, você vai adorá-la, Bruna.
Bruna: Vocês estão falando de Andreza Maskio do grupo Maskio,
da família Maskio que comprou os quadros mais caros da primeira
exposição de vocês?
Amanda: Só existe uma família Maskio, Bruna. É claro que é dela
que estamos falando.
Bruna: E desde quando passou pela cabeça de vocês que eu teria
dinheiro suficiente para fazer compras no shopping acompanhando vocês?
Tenho que ir amanhã à noite em um jantar na casa do Oliver, os pais dele
querem conhecer minha mãe porque ele tem pressa com o casamento. Vai
ser meio que um jantar de noivado íntimo apenas para a família e a coitada
da minha mãe está preocupada em não achar nada decente para vestir. Eu
então nem se fala.
Emily: Mais um motivo para irmos às compras juntas, considere
como um presente de noivado. Você merece estar radiante nesse jantar,
Bruna, para deixar Oliver de queixo caído. Não adianta dizer não, passamos
na sua casa para te pegar amanhã logo depois do almoço, tchauzinho.
Amanda: Até amanhã, Bruninha, vamos aproveitar o nosso sábado
de folga. Boa noite.
A fim de não deixarem brecha para uma recusa minha, as duas
ficam offline ao mesmo tempo.
Respiro fundo, desligo o celular e o coloco embaixo do travesseiro.
Penso se realmente tomei a decisão certa, mas preciso pelo menos
tentar já que meus sentimentos por Oliver Thomson saíram do controle.
CAPÍTULO 23

Acordo pela manhã com mamãe me chamando, quase me


derrubando da cama.
— Bruna Harper, se não se levantar agora eu literalmente te derrubo
dessa cama.
— Mãe, hoje é sábado, dia da minha preciosa folga, me deixa
dormir. Oliver me atormentou à noite toda em meus sonhos. Aquele safado
não me deixou dormir.
Mamãe sorri e isso me deixa ainda mais constrangida pelo que
acabei de falar.
— Bruna, você ainda é virgem, minha filha?
Agora ela consegue me acordar.
— Mas que conversa é essa, mamãe?
— É virgem ou não?
— É claro que sou virgem, mamãe, mais que pergunta.
Ela se senta ao meu lado na cama, pega minha mão e me olha nos
olhos.
— Depois que perder a virgindade, os sonhos eróticos que vai ter
com seu futuro marido não vão chegar nem aos pés dos que tem agora.
Você é uma mulher de sorte, filha, seu noivo é excelente em todos os
aspectos da vida.
Fico vermelha de vergonha.
— Mamãe, por que que não conhecia esse seu lado? — Tenho que
perguntar, pois, não é possível essa mudança repentina.
— Finalmente estou livre e agora posso ser eu mesma.
— Livre de quê, mamãe?
— A pergunta certa e de quem, Bruna. Agora se levanta que já está
na hora do almoço, dorminhoca.
— Almoço!?
— Sim, levanta, troca de roupa e vamos comer. Tenho que dar um
jeito em uma roupa para você vestir hoje à noite.
— Não precisa se preocupar com isso, mamãe, Amanda e Emily me
convidaram para fazer compras hoje à tarde, Vou comprar um vestido para a
senhora e outro para mim.
— Mas não temos dinheiro para isso.
— Não se preocupe, a senhora não precisará mais se preocupar com
nada nessa vida.
Ela me olha e alisa meu rosto.
— Você o ama?
— Mãe...
— Você o ama ou está fazendo isso pelos motivos errados? Não
minta para a sua mãe, filha, nós só temos uma à outra agora. Creio que seu
pai nunca mais vai voltar.
Eu me ajeito e coloco a cabeça em seu colo.
— Acho que amo, mãe, não entendo muito bem sobre esse
sentimento, mas tudo o que ele me faz sentir é bom. Passei três dias sem
falar com ele e...
— Seu coração se entristeceu de saudade — diz com o mesmo olhar
de ontem à noite.
Ela parece sofrer sentindo falta de alguém, mas não vou tocar nesse
assunto com ela, pelo menos não agora.
— Sim, meu coração se entristeceu por isso. A senhora parece ter
experiência nesse assunto.
Ela respira fundo e acaricia meu cabelo.
— Rezo todos os dias para que você nunca passe pelo que passei,
meu bebê. A vida, as vezes, é cruel demais. Agora, levanta e se cuide já que
vai sair com as meninas. As horas passam voando. — Encerra o assunto e
me faz levantar.
Vejo no relógio que realmente já é bem tarde.
Tomo banho, escovo os dentes e me arrumo, pois, tenho certeza que
daqui a pouco, Amanda chega me apressando como sempre. Só fico
nervosa em saber que Andreza Maskio estará junto com a gente nessas
compras.
Que Deus me ajude.
Como esperava, pouco depois que termino de almoçar, a
desesperada começa a buzinar na frente da minha casa e saio correndo para
que ela pare.
— Amanda, tenho vizinhos, sabia?
— Entra logo, Emily já está esperando no shopping.
Entro do lado do passageiro e olho para trás a procura do Ryan.
— Cadê o bebê? Queria tanto ver aquela fofura.
— Deixei meu pequeno em casa com a Lara e a babá. Ele ficaria
enjoadinho se passasse a tarde toda passeando no shopping.
Eu realmente fico decepcionada com isso.
— Ele é tão fofo e lindo que se pudesse o roubaria de você, sua
malvada. Deveria tê-lo trazido — digo tão séria a última parte que ela
começa a rir.
— Não se preocupe, logo terá seu bebê fofo e lindo.
— Através de uma inseminação artificial — digo sem pensar e com
amargura na voz.
— Oliver ainda está com essa ideia louca na cabeça? Ele não
desistiu disso ainda.
— Parece que não. Esse é o método escolhido por ele, segundo o
que diz é mais seguro.
Amanda não parece gostar do que escuta.
— Quando ele tocar nesse assunto novamente pergunte a ele se não
é homem o suficiente para fazer um filho em você dá maneira tradicional.
Mas que idiota! — diz muito séria e fico sem saber o que falar direito.
— Quer mesmo que eu duvide da masculinidade de um homem na
cara dele? Só pode estar louca.
— Oliver precisa cair na real, Bruna. Ele é homem e não um garoto.
É de uma mulher como você que ele precisa, que não abaixa a cabeça, que
não obedece às ordens dele cegamente. Oliver está acostumado a todos
dizendo, “sim, senhor” para suas ordens e vontades sem questionar. Mas
isso vai mudar com você. — Ela parece ficar chateada com essa história.
— Amanda, sei que ele é seu amigo, mas não comente nada com ele
sobre isso que falei, por favor, ele pode não gostar e... — Eu me calo antes
que fale o que não devo.
— E o quê, Bruna? O que Oliver fez?
— Nada, ele não fez nada — respondo rápido demais e ela me olha
desconfiada.
Logo volta sua atenção para o trânsito.
— Você sabe que vou descobrir tudo, não sabe?
— Sei, mas não vai descobrir por mim. Eu me apaixonei por ele,
Amanda, mas nós duas sabemos o propósito desse casamento. Vou fazer de
tudo para entrar no coração do meu marido, vou até meu limite e espero
sinceramente conseguir.
— Você irá conseguir, pois, no final tudo sempre dá certo. Mas o
caminho até a vitória é muito doloroso. Você terá que ser uma mulher muito
forte.
Com isso, o assunto Oliver morre e passamos a conversar sobre
outras coisas, mas fico pensando em suas palavras.
CAPÍTULO 24

Minutos depois chegamos no shopping e assim que

Amanda estaciona o carro, fico chocada.


— Você sabe que tudo aqui custa uma verdadeira fortuna?
— Sei sim. É bom começar a se acostumar com isso. Será esposa de
um dos homens mais ricos do mundo e é aqui que passará a comprar tudo o
que precisa. Tenho certeza que não vai querer envergonhar seu marido.
Se ela soubesse que meu marido pretende manter nosso
relacionamento escondido às sete chaves.
— O que foi, Bruna?
— Nada, você tem razão. Vamos logo que a Emily está esperando.
Ela me olha desconfiada, mas acaba concordando e saímos juntas.
Passamos por várias lojas até chegar aonde Emily está e quando a
vejo de longe meu coração começa a bater acelerado, porque ela não está
sozinha.
— Parece que Andreza também trouxe companhia.
— Estou vendo e não estou acreditando. Acho melhor eu voltar,
Amanda, assim vocês ficarão mais à vontade.
— Larga de ser besta, você será tão rica quanto elas. — Segura
minha mão para que não consiga fugir.
Admito que minha vontade é de sair correndo desse lugar.
Chegamos onde elas estão e fico quieta no meu canto.
— Andreza, Stela, Olivia, que prazer revê-las! Temos que marcar
para fazer compras mais vezes — Amanda diz, vai até elas e se abraçam.
— Sempre convido, mas você e Emily sempre estão muito ocupadas
― Andreza fala.
— Estamos preparando a nova exposição e com a filial de Nova
York as coisas ficam uma loucura.
— Amanda, apresente nossa amiga para as meninas — Emily diz
chamando a atenção para mim.
— Meninas, essa aqui é a Bruna. Ela é nossa estagiária na galeria,
mas logo após a formatura vai passar a trabalhar comigo e Emily, um
talento que descobrimos dentro da escola de arte.
— Olá, muito prazer em conhecer as senhoras. — Estou
completamente envergonhada.
— Bruna, não me chame de senhora, me chame apenas de Stela. Se
é amiga de Emily e Amanda também é nossa amiga.
— Eu me chamo Olivia e a louca aqui ao meu lado já deve saber
que é a Andreza.
— Elas me chamam de louca, mas não vivem sem mim. Eu sou a
divertida do grupo.
Sorrimos do que Andreza diz.
— Emily falou que temos uma missão hoje. Será que agora que
chegaram, podem falar que missão é essa? — Stela pergunta muito
interessada e já desconfio do que se trata essa missão.
— A nossa querida, Bruna, hoje vai ficar noiva de ninguém mais,
ninguém menos do que Oliver Thomson, então...
— Ela precisa do vestido perfeito — Olivia completa a fala de
Emily batendo palmas e recuo um passo para trás.
Tem cinco mulheres a minha frente que me olham com um brilho
nos olhos que não estou gostando muito.
— Vão com calma, é um jantar simples apenas com os pais dele e a
minha mãe. Não vai ser nada de mais, nem mesmo deveria estar aqui.
Andreza sorri e passa o braço ao redor do meu.
— Estou vendo que tem uma síndrome que eu mesma criei o nome,
Olivia também a tinha.
— Vai começar — Stela bufa, nos acompanhando.
Amanda, Emily e Olivia sorriem.
— Que síndrome é essa?
— A síndrome de Stela, olha que interessante. Sempre queria ajudá-
la, mas ela NUNCA aceitava porque dizia que não era justo gastar dinheiro
com ela e blá, blá, blá. Vejam só onde a bonitinha está agora? Ela é a
senhora Maskio, a toda poderosa que manda na família e, principalmente,
no meu primo babão.
— Não liga para o que ela fala, Bruna. Vamos te ajudar a encontrar
um vestido simples, chique e que seja seu estilo. Ainda de quebra vai deixar
Oliver de boca aberta — Stela chama Oliver pelo primeiro nome e acho isso
um pouco estranho.
— Você conhece meu noivo?
— Sim, conheço. Ele é amigo da família Maskio e sempre que é
preciso, os homens se ajudam em tarefas que é melhor você não saber até
entrar para a família Thomson.
— Eu não entendi — digo sendo sincera.
— Bruna, homens poderosos como os nossos não chegaram onde
estão apenas distribuindo sorrisos e apertos de mão. Meu marido, Ivan;
Carlos, irmão de Andreza, e marido de Olivia comandam o império da
família Maskio.
“Dylan Pattinson, marido de Andreza, comanda a maior empresa de
tecnologia do mundo.
“Collin Lewis, que você conhece muito bem se tornou um dos
maiores advogados empresariais. As maiores empresas internacionais
brigam por ele.
“E seu noivo, querida, praticamente comanda toda a rede de
petróleo do mundo.
“Homens poderosos que não fazem apenas o que é bom e que em
algum momento da vida sofreram traumas grandes.
“Homens quebrados que precisam de mulheres fortes o suficiente
para consertá-los. Você não será uma exceção a isso, mas se realmente quer
esse homem terá que suportar muita coisa.”
— Por que parecem que me dão sempre o mesmo conselho?
— Porque passamos por isso, Bruna, mas no final sobrevivemos.
Garanto que vale a pena no final — Andreza responde, parecendo ser
sincera.
— E foi por esse motivo que criamos o Projeto Oliver, para te ajudar
a passar por isso, porque temos experiência nesse assunto — Amanda, a
criadora do projeto mais sem sentido, fala orgulhosa.
— Projeto Oliver!? — Olivia pergunta.
— Isso mesmo, Olivia. Emily e eu vamos ajudar a Bruna a
conquistar o Oliver.
Ela abre um sorriso grande e sei que vem coisa por aí.
— Que tal vocês três se juntarem a nós nesse projeto? — Emily
propõe.
— Essa é uma ótima ideia, assim aproveitamos para nos conhecer
melhor — Olivia diz.
Emily concorda de primeira.
— Eu quero, sou especialista em fugas, caso queira ensinar uma
lição para o seu noivo — Andreza logo diz.
— Fugir? — pergunto incrédula.
— Nós três fugimos grávidas e deixamos nossos maridos loucos.
Mas eles aprenderam a lição e eu bati o recorde. Quando Ivan me
encontrou, nossa filha já tinha três anos — Stela diz.
— Só resolvi aparecer quando as gêmeas já estavam prestes a nascer
— Olivia diz.
— E eu me escondi na fazenda da minha sogra, o último lugar onde
meu marido pensaria que estaria — Andreza diz sorrindo.
Fico chocada com o que escuto.
— Vocês me superam em todos os sentidos, Emily e eu somos
amadoras perto de vocês.
Todas caem na gargalhada.
Até que minha tarde está sendo mais divertida do que esperava.
— Eu vou adicionar vocês três ao grupo do Projeto Oliver e vamos
ajudar a Bruna. Vamos formar um time e tanto.
Concordamos e logo troco de número com as meninas.
Em poucos segundos, em vez de três pessoas agora temos seis no
grupo.
— Vamos deixar de conversa que temos uma noiva para vestir.
Vamos em uma loja de vestidos e fico impressionada em como o
dinheiro dá respeito as pessoas. Só de verem as senhoras Maskio entrando
em qualquer loja, logo o gerente chega oferecendo um atendimento VIP e
segundo Amanda, vou ser tratada assim também.
Se ela soubesse que Oliver não pretende me tornar a senhora
Thomson de fato perante a mídia ficaria decepcionada.
Mas o que eu esperava?
Não sou nada na frente do que essas mulheres são e talvez seja por
isso que Oliver não me quer de verdade, quer apenas meu útero para gerar o
filho dele.
— Vamos lá, Bruna, a caça do vestido — Andreza diz e junto com
Amanda me puxa para um dos provadores.
Assim, nós seis passamos a tarde toda, experimentando vestidos e
depois sapatos que nem me atrevo a olhar o preço.
No final, nos divertimos muito e damos altas gargalhadas.
Espero sinceramente ser feliz como elas dizem que são.
CAPÍTULO 25

Não foi fácil escolher o vestido de hoje, mas devo admitir


que realmente ficou perfeito no meu corpo. E se não fosse pelas meninas,

jamais teria conseguido ficar tão linda assim.


Depois das compras, as cinco mulheres invadiram minha simples
casa e fizeram questão de me arrumar.
Minha mãe também não escapou delas.
Nunca imaginei que mulheres tão ricas como elas poderiam ser tão
simples e possuírem uma alma tão nobre.
Ainda deixaram um marcado um almoço com mamãe.
— Você está linda, filha! Na verdade, você é linda de qualquer jeito
— mamãe diz entrando no quarto.
— A senhora é minha mãe e é claro que sempre vai me achar bonita,
não importa a situação.
Ela sorri e se aproxima ajeitando o vestido no meu corpo.
— Esse vestido deve ter custado uma fortuna, Bruna, olha
bem pra isso. Essa renda é perfeita — diz alisando o vestido que é colado
no meu corpo na cor rosé.
Ele é feito de seda e renda com o cumprimento bem acima dos meus
joelhos e um decote ousado no busto. Já a maquiagem é simples, o cabelo
meio preso e sandália de salto na mesma cor do vestido.
— Tem razão. Foi caro ao ponto de não querer olhar o preço.
— Aquelas mulheres parecem gostar muito de você, tanto que nos
deram essas roupas.
— São minhas novas amigas, mulheres importantes na sociedade,
mas que têm um coração bom.
Mamãe concorda e a campainha toca.
Imagino ser meu querido marido vindo nos buscar.
— Vá abrir a porta, deve ser seu noivo.
Coloco um sorriso grande no rosto e vou até a porta, mais ao abri-la
me decepciono.
— Senhora Thomson, viemos buscá-la para levar a senhora e sua
mãe à mansão da família Thomson.
Ele mandou o motorista me buscar em vez de vir pessoalmente.
— Onde ele está?
— Senhora?
— Oliver, onde ele está?
— O patrão está aguardando a senhora na mansão.
Sem opção chamo mamãe e saímos com o motorista e os
seguranças.
— Precisa disso tudo mesmo, Bruna? Olha a quantidade de
seguranças.
— O patrão é extremamente cuidadoso com a segurança da família,
é bom irem se acostumando ― o motorista diz, antes que consiga
responder.
Mamãe me olha, mas não fala nada.
O motorista coloca o carro em movimento e, alguns minutos depois,
chegamos na grandiosa mansão da família Thomson.
O motorista nos acompanha até a porta, onde somos recebidas pelos
pais do Oliver.
— Minha querida, que prazer tê-las em nossa casa. Você está
simplesmente linda. ― Dona Leah me abraça, logo depois vai até mamãe,
se apresenta e o senhor Denner faz o mesmo. — Meu filho é um homem de
sorte por ter uma noiva tão linda.
— Nisso tenho que concordar com a senhora, minha filha é preciosa
e foi muito bem-criada.
— Não tenho dúvida disso, senhora.
— Me chame de Lena.
— Muito bem, Lena, vamos para a sala conversar um pouco. O
jantar vai ser servido em alguns minutos e você, querida, pode ir atrás do
seu noivo que deve estar logo na entrada do jardim com aquele maldito
celular. É só ir por ali até uma porta grande de vidro que chegará ao jardim.
Faço o que dona Leah fala e vou atrás de Oliver enquanto ela leva
mamãe para a sala como se já fossem melhores amigas.
Ando com cuidado para não bater em nada, afinal tudo dentro dessa
casa deve custar uma fortuna.
O lugar é realmente muito bonito.
Sigo até achar a porta que dona Leah indicou e a abro com cuidado.
Logo avisto Oliver de costas para mim e minha intenção é abraçá-lo por
trás, mas ao me aproximar observo que ele está em uma ligação e não gosto
muito do que escuto.
— Estou preso na porra de um jantar e não posso sair daqui agora.
Você vai ficar quietinha esperando. — Para de falar, escutando o que tenho
certeza que seja uma mulher, e volta a falar: — Celeste, espera por mim,
quando chegar aí conversaremos. — Desliga a ligação e ao se virar dá de
cara comigo.
Por um segundo, penso ver surpresa em seus olhos.
— Bruna.
— Seus pais me mandaram te chamar. — Não espero ele falar nada
e me viro para sair com o coração doendo só de imaginar que logo vai se
encontrar com outra mulher.
Quando dou o primeiro passo, ele segura meu braço, me fazendo
parar.
— O que você quer?
— O que você ouviu? — responde minha pergunta fazendo outra.
— Ouvi meu marido marcando um encontro com outra. Fui bem
clara em relação a isso, Oliver.
Ele sorri e segura meu queixo.
— Está com ciúme, esposa?
— Estou.
Seu sorriso morre ao escutar minha afirmação.
— Não deveria e sabe muito bem disso, Bruna, já conversamos
sobre isso.
Puxo meu braço do seu aperto e empino bem o nariz, o encarando.
— Escute muito bem o que vou falar, Oliver, tudo o que você fizer
me dá o direito de fazer igual. Então pense muito bem antes de enterrar seu
pintinho na boceta de outra. — Eu me viro e apresso o passo antes que ele
me pegue.
Infelizmente, quando chego na porta, ele me segura por trás.
— Vou mostrar a você o pin...
— Oliver, Bruna, o jantar está servido, deixem para namorar depois.
Graças a Deus, sou salva por minha sogra.
— Tenho que mostrar uma coisa bem grande para minha noiva,
mamãe, já estamos indo em um minuto.
— Nossa, um minutinho? Realmente você é muito rápido.
Eu e minha boca grande!
Por que nunca penso antes de falar?
Ele me aperta mais ainda demonstrando a raiva que está sentindo.
— Bruna, querida, você vai me...
— Seja lá o que vocês querem fazer, façam depois. O jantar está
servido, vamos logo.
— A senhora tem razão, dona Leah, o jantar vai esfriar. —
Aproveito para segurar a mão dela e Oliver me solta.
— Vamos, depois do jantar faço questão de mostrar cada canto
dessa mansão, meu amor.
Isso soa mais como uma ameaça do que como um convite.
Entramos e seguimos para a sala de jantar.
Engatamos em uma conversa realmente agradável enquanto Oliver
está sentado na cabeceira da mesa sem falar uma palavra e não tenho
coragem de encará-lo de jeito nenhum.
— Meu filho, você não tem um pedido a fazer? — senhor Thomson
diz quando terminamos a sobremesa.
— O pedido eu já fiz e ela já disse sim, só preciso colocar o anel no
dedo dela.
Abaixo a cabeça morrendo de vergonha, não por mim, mas por
mamãe que não deve estar entendendo nada.
Ele coloca a mão no bolso do terno, retira uma caixinha de camurça
e ao abri-la vejo o lindo anel solitário com uma belíssima pedra de diamante
no centro.
— Um anel digno de uma Thomson, meu filho, excelente escolha. A
partir do momento em que colocar esse anel no dedo dela, passará a ser
parte da nossa família e será sua responsabilidade cuidar muito bem dela e
da mãe dela. Bruna será sua esposa, a única mulher da sua vida — meu
sogro diz muito sério.
Oliver apenas balança a cabeça concordando e me sinto mal por
isso.
Querendo ou não estamos enganando a família dele e a minha mãe,
minha única esperança é conseguir conquistá-lo para que possamos viver
um casamento de verdade.
— Me dê a sua mão direita, Bruna.
Dou minha mão a ele que desliza o anel pelo meu dedo e cabe
perfeitamente.
— Agora você é minha, querida — diz com tanta possessividade
que me assusta.
Não consigo entender o motivo dele estar agindo assim, afinal ele
mesmo disse que não quer um casamento de verdade.
— Vamos fazer um brinde ao casal de noivos. — Minha sogra
comemora.
Logo os empregados se aproximam com champanhe servido em
taças muito bonitas.
— Um brinde aos noivos, que os dois sejam muito felizes e que
tenha muitos filhos para que possa mimar todos eles.
Minha mãe sorri do brinde que minha sogra faz e Oliver passa a
mão pela minha cintura, me acariciando, me deixando arrepiada com seu
toque quente.
— Agora que brindamos e comemoramos o noivado, vou mostrar a
mansão para minha belíssima noiva. Ela está ansiosa para conhecer os
cômodos. Enquanto isso, podem fazer companhia para minha sogra.
— É claro que sim, meu filho, e não se esqueça de mostrar a
biblioteca do segundo andar, ela vai ficar encantada.
— Lá será o primeiro lugar que vou mostrar, mamãe.
Jesus Cristo, que Deus me ajude.
CAPÍTULO 26

Oliver entrelaça nossos dedos e meu coração acelera.


É sempre assim quando ele chega perto demais.
O frio na barriga é inevitável.
— Onde você vai me levar?
— Biblioteca — responde seco e mais sério do que esperava, me
arrastando escada acima.
A cada degrau que subo meu coração pula mais forte.
Estou tão nervosa que não presto atenção direito no caminho que
fazemos. Só consigo vê-lo abrir uma porta muito grande e me empurrar
para dentro do local, soltando minha mão e fechando a porta logo em
seguida.
Fico parada no meio da sala grande, rodeada de livros enquanto ele
segue até uma mesa que tem próxima e escora o corpo no móvel, mantendo
as pernas abertas.
Respiro fundo algumas vezes tentando me acalmar, pois, a maneira
intensa como me encara, me deixa mais nervosa ainda.
— Então, Bruna, vamos ter uma conversinha muito séria agora.
Sinceramente não era isso que estava esperando que fosse acontecer.
— Conversa séria!?
— Por que foi ao shopping com as senhoras Maskio? — pergunta
como se o que tivesse feito fosse um pecado.
— Fui com Amanda e a Emily, elas são amigas delas e nos
encontramos lá.
Ele continua me olhando cerrado e depois de uns minutos me
analisando, volta a falar.
— E então você achou que seria uma boa ideia deixá-las te vestir
desse jeito? — Aponta para meu vestido e automaticamente cruzo os braços
na frente do meu corpo.
— Você não gostou? — Minha voz sai por um fio.
— Você acha que gostei? Acha que gostei de saber que minha
mulher preferiu comprar um vestido usando o dinheiro de outro homem e
não o meu.
Agora sou eu que não estou entendendo nada.
— Eu não gastei...
— De onde você acha que sai a fortuna que elas gastam todas as
vezes que saem às compras?
— Eu...
Ele me interrompe novamente.
— Dos bolsos dos homens delas, dos maridos delas. Andreza, Stela,
Olivia, Amanda e Emily, cinco mulheres extremamente ricas que
resolveram brincar de te arrumar hoje — diz sem se importar com o peso de
suas palavras, me ofendendo.
— O vestido foi um presente delas, você não sabe o que está
falando.
— Não quero mais que isso se repita, você tem dinheiro, tem o meu
dinheiro à sua disposição. Amanhã de manhã os seguranças irão te entregar
cartões bancários em seu nome para que possa fazer suas compras e pagar
por elas.
— Não preciso do seu dinheiro.
— Se não precisasse de dinheiro não estaria aceitando presentes de
pessoas que nem conhece direito. Não quero minha esposa aceitando esse
tipo de presente novamente — diz com tanta posse que quem ouvir pode
pensar até que ele gosta de mim.
— Por que se importa com isso, Oliver? Nosso casamento para você
não passa de um acordo, um contrato em troca de uma dívida, ou ainda pior,
um filho em troca de uma dívida de jogo.
Ele passa uma das mãos pelo cabelo respirando fundo.
— As coisas estão querendo sair do meu controle, mas não vou
permitir que isso aconteça. Não vou permitir que você entre no meu... —
Ele se cala de repente, mas entendo o que ele quis dizer.
Com isso me aproximo ficando entre as suas pernas. Passo as mãos
pelo seu pescoço e quando aproximo meu rosto para beijá-lo, segura minha
cintura me afastando dele de uma maneira que parte meu coração.
— Sou tão repulsiva assim para você, Oliver? Me beijar deve te
causar uma repulsa muito grande para que me afaste desse jeito. Mas não se
preocupe, vamos seguir com o contrato, não vou mais me aproximar de
você. — Eu me viro para sair quando ele puxa meu braço, me fazendo
voltar a ficar entre suas pernas. — Você é um miserável que entrou na
minha vida para me destruir — digo exalando raiva, com o peito subindo e
descendo pelo ritmo acelerado da respiração.
— Sei disso, mas você é minha agora. — Coloca a mão na minha
nuca e me puxa para um beijo.
Eu me sinto inebriada pela sua atitude, mas não demora muito até
que corresponda.
Oliver segura minha cintura, me puxando para ele como se fosse
evitar que de alguma forma tente fugir e ofego quando nossas línguas se
entrelaçam uma na outra.
O homem parece querer me engolir a cada lambida e chupada
frenética em meus lábios.
As mãos pesadas amassam minha pele, os dedos rijos cravam na
carne do meu quadril e deslizam até alcançar a curva da minha bunda. Um
gemido baixinho escapa da minha garganta assim que o homem aperta
minhas nádegas e me puxa de encontro a ele, gemendo, em seguida,
explorando cada pedaço de pele do meu corpo.
Tento me afastar sentindo que suas mãos serpenteiam em meu busto
para dentro do decote, mas o ardor que toma meu corpo quando os dedos
ágeis e grandes seguram um mamilo é tão forte que perco o ar.
— Oliver, para… — Coloco minha mão em seu peito para afastá-lo,
mas não tenho forças.
Seus lábios vorazes devoram os meus com ferocidade e a língua
dura penetra minha boca tomando meu ar. Ele chupa minha língua, ao
mesmo tempo, em que aperta meu seio com sua mão quente, me fazendo
gemer baixinho, desnorteada.
Minhas pernas ficam bambas e a respiração entrecortada, mas o que
me apavora é a umidade que sinto no tecido fino de minha calcinha.
É vergonhoso.
— Maldição!
Ouço o homem falar um xingamento baixinho e levar os lábios ao
meu pescoço. Ele me morde e lambe sem nenhuma pena, obviamente
marcando minha pele com os dentes.
— Tão gostosa. Tão doce…
— Aii... — protesto ao sentir o forte arrepio causado por sua barba
em minha orelha.
Mal percebo que me agarro ainda mais nele, trêmula.
Minha intimidade pulsa e os bicos dos meus seios empurram o
tecido do vestido de tão duros.
Enfiando os dedos no cabelo da minha nuca, Oliver imobiliza minha
cabeça e ergue o olhar para fitar meu rosto.
Fogo puro permeia seus olhos de uma maneira tão intensa que me
sinto queimar.
— Se soubesse tudo o que quero fazer com você, garota…
Mal sinto minhas pernas quando Oliver se mantém de pé e segura a
minha mão para me levar até a parede mais próxima.
Pensar parece ter se tornado uma tarefa impossível e meu cérebro
não passa de uma massa gelatinosa.
Definitivamente, agora não estou raciocinando direito.
CAPÍTULO 27

Estremeço assim que minhas costas nuas tocam a parede

fria, mas nem sequer tenho tempo de falar nada, pois, Oliver ergue meus

braços e os segura com uma única mão acima da minha cabeça.


— O que vai fazer? — pergunto arfante enquanto o medo e o desejo
me dominam na mesma proporção.
— Abra as penas para mim ― ele não pede, simplesmente ordena
com a voz rouca e o olhar quente me consumindo.
Meu coração gela.
— O quê? Não… Oliver…
Ele nem espera eu terminar de falar e sua boca ávida volta a se
apossar da minha em um beijo ardente, carregado de promessas imorais, me
deixando bêbada.
Sua mão livre se entranha no decote do meu lindo vestido quase o
rasgando e coloca para fora meus seios que saltam livres, completamente à
mostra para seu deleite.
O safado sorri soltando meus braços, envolvendo meu corpo no seu
com tanta força que sinto todas as suas formas.
Oliver enfia o joelho entre minhas pernas, afastando uma da outra e
puxa a barra do meu vestido para cima. Sinto sua mão ávida serpentear meu
ventre nu, provocando cada centímetro de pele.
O mundo parece girar à minha volta, minhas pernas não obedecem
aos comandos do meu cérebro e tudo o que meu corpo deseja é que ele me
toque, que faça esses latejos em minha intimidade sumirem.
Que faça esse fogo parar de me queimar.
Os dedos grossos chegam até meu sexo e cravo as unhas nas costas
da sua mão, entregue ao beijo faminto, sentindo o quanto o centro das
minhas pernas, está escorregadio.
Ele acaricia meu clitóris por cima da calcinha e gememos,
arrebatados pelo momento.
— Oliver… aí… — Minha voz não sai.
Com um dos braços, o homem envolve minha cintura, segurando o
tecido do vestido. Larga minha boca, afastando o corpo alguns centímetros
para ter uma melhor visão da parte inferior do meu corpo.
— Você é perfeita, linda, uma verdadeira joia rara… — diz rouco
segurando o tecido rendado.
Sobe um pouco a mão e volta a tomar meus lábios em um beijo
possessivo.
Sei que estou completamente melada por causa dele.
Sinto sua mão abrindo espaço dentro do tecido fino da calcinha e em
um segundo, Oliver coloca o fio dental que estou usando de lado e toca o
monte de nervos entre minhas pernas, o esfregando.
— Ah…
O prazer que me toma é como uma droga viciante e necessito de
mais. Meu corpo anseia por ele com desespero.
Sinto lágrimas de desejo e vergonha me tomando, mas não consigo
afastá-lo.
— Inferno! — diz rouco. — Que vontade de comer você, garota.
Como queria enfiar meu pau nessa sua boceta.
Abro e fecho a boca algumas vezes, mas nenhum som é emitido.
Usando as coxas fortes para afastar minhas pernas ainda mais,
Oliver me olha intensamente e mergulha os dedos entre os lábios do meu
sexo. Segura o clitóris entre o polegar e o indicador e puxa, dando uma leve
beliscada. Solto um gemido, arrebatada pelo susto e prazer.
Viro o rosto, incapaz de continuar encarando seu olhar predatório.
Ele me tortura mais, escorrega um dedo para dentro do meu canal e
choramingo.
— Toda lambuzada, porra — o homem sussurra em meu ouvido,
mordiscando minha orelha.
Posso sentir as batidas desenfreadas do seu coração.
— Tão apertada…
Ele dá a cartada final e grito alucinada quando solta meus pulsos,
baixa a cabeça e captura o bico do meu seio em sua boca.
Os dedos experientes esfregam meu clitóris, ao mesmo tempo, que
me penetram em sintonia, me fazendo perder o ar.
Não preciso de muito para sentir as ondas ardentes tomando meu
ventre.
Contorço o corpo desnorteada, grito e arranho suas costas enquanto
remexo os quadris em busca de mais.
Violentos espasmos me tiram o fôlego e cravo os dentes em seu
peito à medida que meu sexo se contrai com um gozo intenso.
Meu Deus, o que foi que fiz?
Quando o prazer diminui e minha respiração normaliza, o homem se
afasta e ergue o olhar para me encarar.
Uma mistura de raiva e desespero toma seus olhos, me fazendo
estremecer.
Oliver coloca uma mão na parede às minhas costas, acima da minha
cabeça, e com a outra, segura meus dedos, me fazendo segurar seu pênis
por cima do tecido.
Sinto a carne dura latejar sob meu toque.
Ele é tão grande e grosso.
— Veja o que faz comigo, porra… — diz ofegante, me encarando
com raiva, me mostrando que ele não tem nada de pequeno entre as pernas.
— Estou tão louco que te machucaria se te penetrasse agora. Maldição!
Estremeço, amedrontada, por vê-lo assim, sem nenhum controle.
A mandíbula cerrada e os punhos fechados o deixam amedrontador.
Ele se afasta deixando uma distância considerável entre nós dois.
Ajeito o vestido no corpo, o alisando para que tudo volte ao lugar e
ninguém desconfie do que estávamos fazendo aqui dentro.
— Oliver... — Tento falar mais ele não deixa.
— O motorista vai levar você e sua mãe para casa. Os seguranças
vão ficar de olho em você, Bruna. Tente, por favor, não me tirar do sério e
se comporte.
Ele nem mesmo me olha e consigo ver o quanto esse homem a
minha frente está louco de tesão. No mesmo instante, me lembro da ligação
que escutei mais cedo.
— Você vai encontrar com ela agora?
Ele se vira e me olha.
— O quê?
— A mulher da ligação.
Ele sorri e ajeita o monte dentro de suas calças sem pudor nenhum.
— Não é da sua conta quem vou me encontrar depois que você for
embora, menina.
É como Amanda falou, quanto mais eu entrar, mais ele vai querer
me afastar. Mas também não vou deixar uma provocação dessa ficar barata
assim.
— Ótimo então também não vai ser da sua conta com quem vou me
encontrar para aplacar o fogo que você me faz sentir. Meu corpo tem as
mesmas necessidades que o seu.
Antes que ele consiga me pegar e rasgar minhas roupas, saio do
cômodo o mais rápido que consigo.
— Bruna Thomson, você não se atreveria.
Paro no corredor e olho para ele que está parado na porta.
— Então é melhor você não se atrever também ou já sabe... Chifre
trocado não dói, meu querido. — Eu me viro para descer a escada, me
sentindo anestesiada pelo meu primeiro orgasmo da vida.
Foi tão bom apesar das circunstâncias e me sinto vitoriosa por ter
deixado o cretino sem fala.
CAPÍTULO 28

Ainda estou sem ar devido o que aconteceu.


Caminho até a mesa e me encosto novamente respirando fundo.
Meu pau lateja dolorosamente e preciso me segurar para não gozar
na calça feito um pirralho inexperiente.
Ainda posso sentir seus gritos e gemidos em meu ouvido quando
gozou, assim como a ardência de suas mordidas em meu peito não me
deixam esquecer sua entrega...
A paixão que queimou seu corpo.
Bruna estava tão melada, quente, deliciosa…
Desejo e ódio me consomem, uma mistura de loucura com
insensatez que me deixa doido.
Ah, inferno!
Como seria gostoso gozar dentro dela, ver meu esperma marcando
essa mulher, deixando claro que seu corpo me pertence.
Ao me lembrar de seus lábios vermelhos e inchados, por causa dos
meus beijos, entreabertos, ao mesmo tempo, em que ela ofega...
Não posso perder a merda do controle agora!
A atração alucinada que sinto por essa mulher está mexendo com
minha cabeça e só posso estar louco, não há outra explicação.
Não posso me permitir sentir isso novamente.
Eu já amei e muito uma mulher e a nossa história terminou em uma
grande tragédia.
Eu me recuso a permitir que essa atração desesperadora entre nós,
atrapalhe meus planos.
Somos feitos de matérias diferentes que se atraem como ímã.
Sou gelo e fúria, ela doçura e paixão e é por isso que a única saída
agora é ficar longe dela.
Quando nos casarmos, o que acontecerá em poucos dias, seguiremos
o contrato apenas por tempo suficiente para que engravide, depois disso
cada um segue a sua vida.
Bruna é perigosa como o inferno, sedutora como uma diaba e meu
pau fica doido por ela como se tivesse vida própria.
Apenas a menção do seu nome já me faz ficar duro como aço outra
vez.
Aquela mulher adora me provocar e nunca fica calada para nada do
que digo, como se sentisse prazer em me desafiar.
— O que você fez com a sua noiva? Ela chegou na sala, nervosa,
chamando a mãe para ir embora. E, por que diabos você não foi se despedir
da sua futura sogra?
Era só o que me faltava, meu pai querendo se meter na minha vida.
— O senhor sabe que não tem mais esse direito há muitos anos, não
sabe?
Vejo o velho ficar vermelho de raiva.
Ele me criou para ser exatamente do jeito que sou.
— Você é meu único filho. Posso não ter mais poder e influência no
grupo Thomson, mas isso não quer dizer que não me importe com você e as
decisões idiotas que toma.
— Sou exatamente o que o senhor me criou para ser, uma máquina
de ganhar dinheiro. Sou o rei do petróleo como todos chamam, seu orgulho,
como muitas vezes já abriu a boca para falar. Tudo o que eu fiz minha vida
inteira foi me preparar para estar no topo, exatamente onde estou agora. Eu
sou o seu maior projeto, papai, deveria estar feliz.
Vejo meu pai engolir em seco com as palavras duras que direciono a
ele.
— Sempre achei que o que estava fazendo seria o melhor para você.
Te coloquei nesse mundo dos negócios e mostrei todo o poder que homens,
como nós, possuímos. Você gostou muito do que viu e sentiu, o frenesi da
adrenalina em esmagar seus inimigos, literalmente, com as mãos. Eu me
arrependo amargamente de ter feito isso e me arrependo mais ainda de ter te
forçado a um noivado que terminou de te destruir.
— Não ouse tocar nesse assunto ou esqueço que é meu pai.
Esse assunto é extremamente proibido e muitos já pararam em uma
cova por querer desenterrar essa história trágica que como meu pai falou,
terminou de destruir minha vida.
— Você tem que superar o que aconteceu, Oliver, irá se casar e é seu
dever fazer sua esposa feliz.
— O meu dever é gerar um herdeiro para a nossa família e somente
por isso vou me casar com aquela garota.
— Então aquele papo de meu amor e minha querida no restaurante
era para enganar a quem? A sua mãe? Porque a mim, não enganou. Imagina
só a minha surpresa em saber que você está obrigando a pobre moça, que
por sinal, é filha do seu primo, a se casar em troca de uma dívida de jogo
que o suposto pai dela tinha com você.
Esse velho continua tão astuto feito uma raposa velha.
Eu o encaro, enfurecido, enquanto se aproxima sem desviar o olhar.
— Você se gaba do poder que tem nas mãos, mas se esquece que fui
eu que te dei ele. Você não passa de um moleque sentado em um trono
brincando de mandar no mundo. Quando você entrou nesse jogo, eu já o
dominava há muitos anos. Aprendeu muito bem todas as lições que ensinei,
Oliver, é um deus que pode ter a mulher que quiser aos seus pés e escolheu
logo uma garota inocente como aquela para ser sua. Sabe que vai quebrar
aquela menina, não sabe?
— Ela não tem nada...
— Você vai deixá-la tão quebrada quanto Margarethe te quebrou.
Começo a ofegar só de escutar esse nome.
— O senhor não vai querer ir por esse caminho agora, pai, eu
garanto. Não estou em um bom dia.
— Você vai escutar, sim. Descobriu a traição daquela vagabunda no
dia do casamento de vocês. Você a pegou na cama que os dois dividiam
fazendo sexo selvagem com Jacob Johnson, seu melhor amigo, o homem
que escolheu para ser seu padrinho de casamento. Você se lembra o que
fez?
Eu já estou entorpecido pelas lembranças do que aconteceu
invadindo minha mente como uma enxurrada.
— Eu a matei, matei a desgraçada com um tiro no peito para que ela
sentisse pelo menos uma fração da dor que estava sentindo. Eu a amava...
— Não consigo terminar a frase porque sinto um bolo se formando na
garganta.
— Você não amava sua noiva. O que sentia por aquela mulher não
era amor, meu filho. Ela mereceu o fim que deu a ela, e se você não tivesse
feito o que fez, eu mesmo faria.
— Jacob...
— Você não foi o culpado da morte dele. Foi ele que tomou a
decisão de sair daquele jeito em alta velocidade para se esconder de você,
envergonhado pelo que fez. Aquela mulher manipulou vocês dois e usou os
dois para satisfazer seus desejos mais sujos.
— Se não tivesse pegado o carro para ir atrás dele, ele não teria...
— Ele teria morrido naquele acidente de qualquer jeito, Oliver. Você
não é o culpado pela morte do seu amigo. Nem a família dele te culpou pelo
que aconteceu e prova disso é o respeito e consideração que existe entre
nossas famílias. Você precisa superar o que aconteceu, meu filho. Tente ser
feliz com sua esposa, já que a obrigou a isso.
— Eu não posso amá-la, papai. Não posso permitir que ela consiga
entrar no meu coração. Ela é tão, tão...
Meu pai me olha, sorri, coloca a mão no meu ombro e vejo
esperança brilhar em seus olhos.
— Vou ficar muito feliz em ter essa menina na família. Ela é
exatamente o que você precisa. Fiquei satisfeito com o que li a respeito
dela. É forte e não abaixa a cabeça para você. Depois do casamento, a traga
para morar aqui.
Eu o encaro, surpreso.
Bruna e mamãe juntas não daria certo de jeito nenhum.
— Isso não vai acontecer, papai. Ela vai morar em uma das minhas
propriedades.
Ele sorri mais uma vez.
— Isso é o que veremos. — Dá dois tapinhas no meu rosto e sai da
biblioteca, me deixando sozinho.
Agora mais do que nunca percebo o quanto Bruna pode ser perigosa
na minha vida. Tenho que mantê-la na linha para que cumpra à risca as
regras do nosso contrato de casamento.
CAPÍTULO 29

Três semanas já se passaram desde meu último encontro com


Oliver.
O homem simplesmente sumiu e não deu mais notícias, é como se
não existisse mais na minha vida.
A única coisa que me faz saber que ele não me esqueceu, são os
seguranças que sempre estão me vigiando de longe. Isso sem contar o
motorista que vem me buscar todos os dias para me levar para a galeria e
para a faculdade.
Assim como acontece todos os dias o motorista para em frente à
minha casa no mesmo horário e assim que entro no carro, o questiono.
— Onde ele está?
Ele coça a garganta não querendo entrar nesse assunto.
— Senhora?
— Não me venha com essa de senhora, me diga agora mesmo onde
o idiota do Oliver se meteu.
Ele fica pensativo e sei que não vai falar nada.
— Desculpa, senhora, mais essa é uma informação que não tenho
permissão de dar.
Eu o encaro, mas o homem continua focado no trânsito, então
resolvo mudar de tática.
— Você sabia que salvei sua vida?
— Sei, sim, senhora, e agradeço imensamente por isso. Mesmo
assim não vou dar a informação que deseja saber. Se fizer isso, talvez dessa
vez a senhora não consiga salvar minha preciosa vida.
Isso é ridículo, porém, resolvo não perturbar mais o homem.
Chego na galeria e assim que entro, as duas cobras me
cumprimentam com um sonoro bom dia, mas sem as piadinhas de antes.
Desde que Oliver fez aquela cena na frente delas, as duas pararam de me
perturbar.
Chego na minha mesa e me sento, triste. Então decido fazer algo
que nunca tinha feito antes por iniciativa própria, ligo para o grupo
Thomson para ver se consigo falar com ele.
— Presidência do grupo Thomson, bom dia. — A secretária atende
no quarto toque.
— Gostaria de falar com o senhor Thomson, é da galeria de arte. —
Oliver nunca recusaria uma ligação de Emily ou Amanda.
— O senhor Thomson não se encontra no momento, caso o assunto
seja muito importante, as senhoras Emily e Amanda tem acesso direto a ele
pelo telefone pessoal.
É claro que elas têm.
— Obrigada mesmo assim.
A vaca desliga o telefone na minha cara antes mesmo que termine
de falar.
— Nada dele ainda?
Eu me assusto ao escutar Amanda falando atrás de mim.
— Nada — digo com uma tristeza na voz e respiro fundo olhando
para ela. — Eu não sei se vou conseguir fazer isso, Amanda. Mesmo
seguindo todos os conselhos que você e as outras meninas me dão, Oliver
me ignora completamente.
Ela se aproxima e passa a mão pelo meu cabelo.
— Nunca é fácil correr atrás de um amor, Bruna, ainda mais um do
tamanho do seu. Você é uma mulher forte e no final vai dar tudo certo. Não
desista ainda, está apenas no começo dessa luta.
Meneio a cabeça concordando.
— Você falou com ele esses dias?
— Não, tudo o que sei dele foi o que já te falei. Uma semana atrás,
ele foi até minha casa para brincar com Ryan e disse que faria uma viagem
de negócios muito importante ao Oriente Médio depois disso não nos
falamos mais. Sinto muito por não poder te ajudar dessa vez.
— Não se preocupe com isso, você e as outras meninas já me
ajudam muito.
Ela sorri pegando minha mão.
— Animada para sua formatura amanhã? Seu casamento é logo em
seguida, já decidiram a data?
— Amanda, não sei do paradeiro do noivo como é que vou saber a
data do casamento?
— Ele vai aparecer, Bruna, fica tranquila. Mande uma mensagem
para ele, quem sabe ele não responde.
— Vou fazer isso.
— Faça e depois chame um dos motoristas para levar a sua tela de
exposição para a faculdade. Você foi aprovada, Bruna, é meu orgulho.
— E o meu também. — Emily aparece na porta da sala delas e vem
em minha direção, me fazendo levantar.
— Hoje não é um dia de tristeza, Bruna, é a sua apresentação final
na faculdade e amanhã será a sua formatura. Você é o nosso orgulho, a
primeira artista que eu e Amanda tivemos o prazer de moldar e ensinar. É
um prazer imenso tê-la na nossa equipe.
— Uma equipe de três.
Amanda me abraça e não consigo segurar as lagrimas.
— Não sei o que teria feito sem vocês duas na minha vida.
— Não chora, Bruna, ou eu vou chorar também. Collin já está
chegando para discutirmos tudo sobre a sua contratação.
— Mas já?
— Já disse que hoje é um dia de alegria e não de tristeza, então não
chora, por favor.
Agradeço a Deus mentalmente por ter colocado pessoas tão
maravilhosas na minha vida.
— Obrigada, muito obrigada.
— Não agradeça, tudo o que conseguiu, foi devido seu esforço.
Agora mande uma mensagem para aquele insensível e depois faça o que eu
disse.
— Oliver ainda não deu notícias? — Emily pergunta e só balanço a
cabeça fazendo que não.
— Por que os homens têm que ser criaturas tão difíceis de se lidar?
— Porque são todos uns idiotas — Amanda responde sem nem
pensar.
— Amor, não fale isso.
Vejo Collin entrando e abraçando a esposa por trás.
— Você deve ter sido o professor de todos eles, meu amor.
Rimos da cara que ele faz e depois de trocarmos algumas palavras,
os três entram na sala, pedindo para que não me demore a me juntar a eles.
Pego o celular e depois de alguns minutos olhando para o contato de
Oliver, resolvo mandar uma mensagem, já que vejo que está online.
“Irá à minha formatura amanhã?”
Não demora muito e a resposta chega.
“Não sei se será possível, estou resolvendo muita coisa no
momento, mas farei de tudo para comparecer.”
Resolvo não mandar mais mensagem nenhuma já que deixou bem
claro que está ocupado.
Faço o que Amanda disse e ligo para o motorista levar minha tela de
apresentação para a faculdade.
Depois de muitas tentativas frustradas, consegui colocar tudo o que
queria nessa tela e minhas tutoras a aprovaram.
— Bruna, Collin, tem uma reunião importante daqui a pouco. Já
terminou tudo aí?
— Terminei sim, Amanda — digo e mostro a tela do celular a ela.
— Como eu disse um verdadeiro idiota.
Sorrimos e me levanto entrando na sala delas.
— Sente-se, Bruna. — Emily aponta a cadeira em frente à mesa dela
e me sento.
— Bruna, vamos direto ao ponto que infelizmente hoje estou com o
dia corrido, mas o que as meninas têm a te oferecer é isso no momento.
Pego o papel que Collin me entrega e chego a tremer com o que
leio.
— Tudo isso? Não, não, não, isso é demais, Emily.
— É menos do que você merece, pois, está se formando agora e não
tem experiencia ainda. Por enquanto vai ganhar esse salário mensalmente.
Mas quando participar da nossa próxima exposição, ganhará o que vender
das suas telas, já que está muito em cima da hora para que consiga
participar da exposição que estamos organizando. Terá muito tempo para se
preparar.
— Não sei o que dizer.
— Não precisa dizer nada, o que precisa fazer é assinar o
documento para que eu possa ir para minha próxima reunião. — Collin
entrega uma caneta e assino o documento em lágrimas.
— Jesus, você está muito sensível hoje, mulher. Será que dá para
parar de chorar? — Amanda já fala começando a chorar também.
— Você também, Amanda, está muito sensível, o que está te
acometendo? Será que é o que estou pensando? — Emily pergunta
sorridente, insinuando algo a mais.
— Nem começa, Emily.
— Do que estão falando? — Collin pergunta confuso.
— Nada, meu amor, olha a Bruna já assinou — Amanda diz tirando
a atenção de si.
— Bem-vinda à equipe, Bruna, depois mando para você a cópia do
contrato. Agora eu tenho que ir. — Collin se levanta, vai até à esposa e se
despede saindo logo em seguida.
Emily faz questão de comemorar e pela primeira vez em muito
tempo me sinto verdadeiramente feliz.
Fico contando os minutos para que chegue logo a minha formatura e
então assim minha felicidade estará completa.
CAPÍTULO 30

É hoje, finalmente meu grande dia chegou, o dia da minha tão


sonhada formatura.
Não foi fácil, mas consegui.
— Você está linda, minha filha. Estou tão orgulhosa de você —
mamãe diz emocionada atrás de mim.
— Obrigada, mamãe, a senhora sempre me apoiou em todas as
minhas escolhas.
— Sempre, filha, mas estou preocupada com uma de suas últimas
escolhas.
— Mãe...
— Bruna, minha filha, tem certeza de que vai mesmo se casar com
esse homem? Depois daquele jantar ele nunca mais apareceu e só vejo você
triste pelos cantos.
— Oliver é um homem ocupado, mãe. Ele não tem muito tempo
disponível para me ver.
— E vai ser assim depois do casamento? Você terá que marcar dia e
hora na agenda dele para ver seu marido?
— Mamãe, não quero falar disso agora. Vamos que Amanda já deve
ter chegado para nos levar. Não esqueça de pegar meu outro vestido que
depois da cerimônia, nossa turma vai comemorar em uma boate.
— Esse seu outro vestido é curto demais para meu gosto. Esse que
está vestindo agora é mais decente, apesar dessa fenda enorme e desse
decote. E como foi mesmo que você conseguiu pagar por esses vestidos?
— Esse que estou vestida foi Amanda que me deu de presente e meu
outro vestido curto comprei com um dinheirinho que tinha guardado.
Não minto para ela, afinal nunca usei os cartões que Oliver mandou
me entregar e não pretendo usá-los tão cedo.
Olhar o nome Bruna Thomson gravado neles em letras douradas me
causam arrepios.
Escuto uma buzina e sei que deve ser Amanda chegando para nos
buscar. Dispensei o motorista e dei ordens para os seguranças me deixarem
em paz hoje.
Não faz sentido nenhum essa segurança toda, já que ninguém sabe
que Oliver e eu estamos juntos e usei Amanda como uma boa desculpa para
me livrar deles.
Mamãe e eu entramos no carro.
Amanda me elogia dizendo que estou linda e que ela é ótima em
escolher vestidos.
Preciso concordar com isso, a única coisa que ela não concorda
muito é com minha segunda escolha de vestido para a noite.
Não demora muito e chegamos na faculdade onde acontecerá a
cerimônia de formatura.
Assim que chegamos, encontramos Emily já a nossa espera e fico
muito feliz e emocionada por tê-las me prestigiando em um momento muito
importante da minha vida.
— Será que ele vai vir, Amanda?
Ela me olha aflita e sei o que esse olhar quer dizer.
— Quem sabe ele não consiga chegar a tempo, não perca a
esperança.
— Isso, Bruna, ainda está cedo. Quem sabe ele não chega mais
tarde?
Acabo sorrindo para elas e concordando, mas sei que, no fundo, elas
apenas querem me confortar.
Emily, Amanda e mamãe se acomodam e vou até o lugar que está
reservado para mim.
— Está preparada, Bruna, para depois da cerimônia? ― Gessy,
minha única colega, sussurra em meu ouvido, assim que me sento.
— Eu acho que sim — respondo sabendo que se Oliver não
comparecer na cerimônia de formatura, ninguém irá me segurar.
Agora caso ele chegue, faço questão de ir com ele para onde quiser
me levar.
Não conversamos muito porque logo a cerimônia começa e sinto um
frio na minha barriga. Não consigo parar de olhar para a entrada ansiosa,
mas para minha decepção ele nunca chega.
Depois de meia hora de falatório, sou chamada para fazer meu
discurso.
Com muito esforço fui a melhor aluna do meu curso e o estágio em
uma renomada galeria de arte me ajudou muito a ganhar excelentes pontos
com meus professores.
Duas horas depois, a cerimônia é dada como encerrada e passamos
para o pátio onde acontecerá a exposição das telas dos alunos.
Todos me elogiam e fazem questão de cumprimentar minhas tutoras,
afinal quem é que não conhece Emily Johnson e Amanda Lewis no mundo
da arte.
Algum tempo depois, Gessy se aproxima e cochicha informando
que os alunos já estão de saída para a boate.
Eu me animo em pensar que vou me divertir hoje à noite, já que
meu marido não faz questão de estar comigo.
Nem mesmo uma mensagem ele teve coragem de me mandar
dizendo que não poderia vir.
Seguimos até o carro de Amanda e troco de roupa dentro dele
mesmo. Visto o vestido da vingança que é de seda na cor perolada,
extremamente curto com um decote um pouco acima do umbigo. Ele tem
detalhes em pedraria nas tiras que transpassam o decote indo até as alcinhas
do vestido.
Em outas palavras, o vestido perfeito para uma balada.
Quando desço do carro, Amanda e Emily me olham surpresas e
percebo que mamãe não está com elas.
— Bruna, pelo amor de Deus, me diga que está usando calcinha —
Emily diz com os olhos esbugalhados na minha direção.
Droga, sabia que estava esquecendo de alguma coisa!
Não usei a merda da calcinha para não marcar o outro vestido e
esqueci completamente que teria que trocar de roupa.
— E se eu disser que não.
Amanda solta uma gargalhada e acabo sorrindo junto.
— Oliver vai te matar, Bruna.
Só em ouvir esse nome sinto raiva.
Estava até pensando em pedir para que ela me deixasse em casa para
que pudesse vestir pelo menos uma calcinha fio dental, mas agora decidi
que vou assim mesmo.
— Não encoraja a menina, Amanda.
— Por que não? Se Oliver quisesse cuidar dela estaria aqui
prestigiando a noiva. Não estou vendo-o aqui, você está, Emily?
— Ele não, mas os seguranças dele estão.
— Emily, larga de ser chata e deixa a menina se divertir. Por algum
acaso se esqueceu o que fizemos na nossa formatura?
Vejo Emily sorrir com a lembrança.
— Oliver não vai gostar disso.
— Oliver não vai fazer nada. Nem sabemos se ele está na cidade...
— Jesus Cristo, minha filha, esse vestido parece ser mais curto do
que me recordava — mamãe diz interrompendo Amanda quando se
aproxima.
— Vamos parar todo mundo de drama, eu já vou indo para a boate
com Gessy. E você, Amanda, deixa minha mãe em casa, pode ser?
— Sim, senhora, vai lá e se diverte muito, mas me deixe te dar um
conselho de amiga.
— Qual?
— Fique longe do The Macallan, esse uísque é demais para você.
— Amanda tem razão, em hipótese alguma beba esse uísque, ele
tem o poder de fazer você tirar a roupa e o pior, não se lembrar do que
aconteceu no dia seguinte.
Vejo Amanda gargalhar novamente.
— Emily tem experiência nesse assunto.
— Tenho, tenho sim. Então já sabe, não beba do The Macallan —
diz tão sério que chego a pensar que esse uísque deve ter veneno.
— Tudo bem, já entendi. Devo ficar longe do The Macallan.
— Isso mesmo, fique o mais longe possível. Agora vá que sua
colega já deve estar te esperando e pelo amor de Deus, tenha cuidado com
esse vestido — Emily diz.
— Pode deixar.
Vou até as três e as beijo, me despedindo.
Mamãe reafirma para que escute o conselho das meninas.
Como eu já esperava, Gessy está me esperando no estacionamento e
já trocou de roupa.
Porém, o vestido dela é muito mais comportado do que o meu.
— Porra, Bruna, você está arrasando, com certeza sai de lá hoje com
um gatinho.
— Por que não? Tudo pode acontecer. Agora vamos, senão seremos
as últimas a chegar.
Entramos no carro dela e seguimos para boate.
Para minha surpresa quando finalmente chegamos me dou conta de
que é a mesma boate que o amigo de mamãe trabalha e que Oliver parece
mandar em tudo.
— Mas que cisma é essa de vocês com esse lugar? — pergunto
chateada com a escolha do local.
— Bruna, essa é uma das boates de luxo mais badalada da cidade.
Não é qualquer um que entra aí. Deveria estar feliz por ter essa
oportunidade mais uma vez, ainda mais com a sua passagem liberada.
Lembra da última vez em que estivemos aqui?
— Oh, se lembro — digo me recordando do que aconteceu da
última vez.
Saímos do carro e quando estamos na fila para entrar, já quase na
porta vejo Fred sair falando no telefone.
Ainda tento me esconder dele usando Gessy como escudo, mas tudo
é inútil.
Quando ele me vê, passa os olhos pelo meu corpo e fecha a cara
começando a se aproximar de nós duas.
CAPÍTULO 31

Assim que Fred para na nossa frente, ele olha para Gessy e
para mim.
— Venham comigo, já falei que não precisam ficar em fila
nenhuma.
— Falei isso para a Bruna, mas ela é teimosa.
Olho para Gessy que parece não se importar com o comentário que
faz.
— Isso eu já percebi. — Fred abre passagem para nós e Gessy entra
na frente.
Assim que passo, ele segura no meu braço e me olha nos olhos.
— Sabe que ele vai ficar furioso quando te ver assim, não sabe?
— Não tenho notícias dele há três semanas, acho que ele não se
importa comigo tanto assim.
Ele me encara de um jeito diferente dessa vez.
— Jesus Cristo, você é igualzinha a ela. Sua mãe tinha uma língua
tão afiada quanto a sua. Agora entre e procure não chamar atenção, o que eu
acho difícil estando vestida desse jeito.
Dou um passo para entrar e me dou conta de algo que ele falou.
— Você disse que se Oliver me ver assim não vai gostar, por algum
acaso ele está...
— É claro que está, por que não estaria? Ele manda em tudo Bruna.
Será que ainda não percebeu o tipo de homem que ele é?
Mas que desgraçado filho da mãe!
— Ele não estava em uma viagem de negócios?
— Estava, mas chegou hoje à tarde. Por que está me perguntando
isso?
— Por nada, só curiosidade. Agora eu vou me divertir e beber com
os meus amigos.
Ele fala mais alguma coisa que não escuto direito e entro na boate
lotada.
Me aproximo do bar, parando ao lado de Gessy quando um homem
grande se aproxima de nós.
— Senhoritas, as duas estão com passagens liberadas para a área
vip, ordens do Fred.
Gessy se anima tanto que não tenho como dizer não.
Seguimos o homem até a área vip que é um pouco menos lotada e
fica de frente para a pista de dança, onde já vejo alguns dos nossos colegas
de classe se divertindo.
— Olha, Bruna, quem está ali logo mais ao fundo.
Meu coração chega a bater acelerado no peito e sem olhar para onde
ela aponta, pergunto:
— Quem está lá, Gessy? — Engulo em seco temendo sua resposta.
— Aquele homem bonitão que falou com a gente na outra vez em
que estivemos aqui.
Sinto meu coração se apertar e tomando coragem eu me viro para
trás, apenas para confirmar o que eu já tenho certeza.
Mas nada me prepara para o que vejo bem diante dos meus olhos.
Oliver está abraçado a uma mulher muito bonita, conversando com
vários outros homens do mesmo porte que ele.
Porém, é o meu fim quando o ele passa a mão na bunda dela e
cochicha algo em seu ouvido, fazendo-a sorrir.
— Bruna, você está bem? Ficou pálida de repente.
Engulo o bolo na minha garganta e tento a todo custo impedir que as
lágrimas escorram pelo rosto.
— Viemos aqui para nos divertir, não foi? Então, por que ainda não
estamos fazendo isso? ― respondo, sem tirar os olhos do homem e da
mulher a minha frente.
— Estou apenas esperando por você, mas não me parece estar se
sentindo bem.
— Estou ótima, nunca me senti tão bem em toda a minha vida. Eu
só preciso de algo muito forte para beber antes de irmos para a pista de
dança. — Vou até o bar e ela me acompanha. Chamo o barman e pergunto:
— Vocês têm The Macallan?
O homem me olha surpreso e Gessy segura no meu braço.
— Você ficou louca? Essa bebida é muito forte.
— É exatamente o que preciso. Me sirva agora mesmo uma dose
dupla caprichada, afinal Fred disse que poderia pedir o que quisesse.
— Sim, senhorita, é pra já.
O barman vira as costas para pegar a bebida e olho mais uma vez
para o cretino do meu marido que com certeza vai levar um belíssimo par
de chifres assim como está fazendo agora comigo.
— Senhorita, sua bebida. — Coloca a bebida no balcão e quando
seguro o copo, olho para ele novamente.
— Me sirva outra agora mesmo.
— Mas, senhorita...
— Agora!
Ele se vira para pegar outra dose.
— Bruna, o que pretende fazer?
Finjo não escutar.
Assim que o barman coloca outro copo no balcão, pego o primeiro
que ele serviu e viro de uma vez. Bato o copo com tanta força no balcão de
vidro que chama a atenção de todos na área vip, então tenho uma excelente
ideia.
— Atenção, senhoras e senhores, hoje estou aqui comemorando
minha formatura e terminando um casamento que nem mesmo começou. As
bebidas de hoje serão por conta do senhor Thomson, um brinde a ele.
Agora tenho certeza de que Oliver me viu e quando olho para ele, o
vejo transfigurado de raiva como nunca tinha visto. Pego o segundo copo
em cima do balcão e viro novamente de uma vez.
Eu me sinto tonta, mas não bêbada.
A Amanda tinha razão, esse negócio é forte.
— Vamos, Gessy, vamos nos divertir. — Pego no braço dela e saio
arrastando minha colega para a pista de dança.
Sei que ela deve estar pensando que sou louca, mas assim que
chegamos a pista lotada ela acha logo um carinha para se agarrar e eu faço o
mesmo. Puxo o primeiro que vejo e o beijo na boca com vontade.
É claro que o homem seja lá quem for, parece gostar e muito já que
suas mãos vão direto para minha bunda.
— Porra, gatinha, sem calcinha do jeitinho que gosto.
— Então aproveita que não é todo dia que você tem uma chance
dessa.
Vejo o olhar do homem brilhar com luxúria e ele logo me puxa para
outro beijo.
Quando vou passar as mãos pelo seu pescoço, sinto uma mão me
puxando para trás com tudo e vejo Oliver raivoso, rodeado de brutamontes.
— Tirem esse moleque daqui e o ensinem que nunca deve tocar em
algo que me pertence.
— Me solta, Oliver, você não tem o direito de fazer nada com ele e
muito menos comigo. Volte para a sua loira aguada peituda — digo o
encarando, tão furiosa quanto ele.
Os homens que se aproximaram com ele, levam o homem que
estava me beijando para fora da boate.
— Eu avisei não avisei? Chifre trocado não dói, meu amor.
CAPÍTULO 32

Oliver me encara buscando um controle que sei que não está


tendo agora e tenho certeza disso quando ele passa uma das mãos no meu

pescoço, como se quisesse me matar. Isso me assusta, é claro, mas nunca

vou baixar a cabeça para ele.


Se Oliver quer respeito, exijo o mesmo da parte dele.
— Aperta, Oliver — digo colocando minha mão em cima da dele,
fazendo pressão. — Estaria me fazendo um favor se me matasse assim,
pois, não seria obrigada a levar em frente essa farsa de casamento.
— Você é a pessoa mais teimosa, desobediente e provocadora que já
conheci. Que porra deu na sua cabeça para vir até aqui vestida desse jeito e
ainda se atrever a beijar outro homem? — Aproxima nossos corpos.
Sinto a sua respiração pesada no meu rosto enquanto as pessoas ao
nosso redor estão alheias ao que está acontecendo, envolvidas na música
eletrizante.
— Eu pergunto a mesma coisa? Que porra deu na sua cabeça para
vir até aqui, se agarrar com outra mulher na minha frente e ainda passar a
mão na bunda dela? E aí, já transou com ela hoje ou ia fazer isso mais
tarde?
Ele me encara e depois sai me arrastando pelo braço, andando
rápido demais, tanto que quase não consigo acompanhá-lo.
— Para onde está me levando? — Reconheço o caminho que
estamos fazendo.
Oliver não fala nada até chegarmos em frente a uma porta que ele
abre digitando um código e me joga dentro. Em seguida entra, a fechando.
Ao olhar ao redor, vejo que é um escritório espaçoso e luxuoso.
Minha respiração está acelerada e meu peito está subindo e
descendo.
— O quê? Está com medo agora? Estava com muita coragem
rodeada de pessoas, agora quero ver se tem aquela coragem toda aqui
dentro, onde tem apenas nós.
Desgraçado!
Ele sabe que me afeta e me desestabiliza, mas não posso me deixar
intimidar, tudo o que fiz foi reação de sua ação.
— Me deixa sair agora mesmo, você não tem o direito...
Não termino de falar e ele avança em mim de novo, me
imprensando na mesa.
— Direito!? Você é minha esposa, minha mulher. Tudo em você me
pertence e posso fazer o que quiser com você. Não pode fazer nada para me
impedir.
Se ele quer me provocar conseguiu, sou a rainha da provocação e
não vou ficar por baixo.
— Você estava com outra mulher. O que passou pela sua cabeça
idiota quando resolveu fazer isso? Eu avisei, Oliver, não aceito traições e
tenha certeza de que se você me trair, EU FAÇO PIOR — grito a última
parte na sua cara, o fazendo segurar a minha mandíbula com força.
— Você não sabe o que diz, não vai conseguir me controlar nunca.
Acha mesmo que eu vou ficar sem sexo só porque você não quer? Preciso
de uma mulher...
— Você já tem uma, não tem? — Agora sou eu que faço questão de
juntar mais ainda nossos corpos, me estico toda para beijar seu pescoço e
passo as mãos em sua cintura.
— Você é a porra de uma grande tentação, menina — diz
entredentes.
Agora é ele que está com a respiração acelerada e estou no controle.
— Eu sou a sua tentação, a sua esposa, sua mulher. — Mordo seu
pescoço, chupo e sinto seu corpo tencionar cada vez mais.
Dou um beijo e chupo seu pescoço quando ele aperta minha bunda
com as duas mãos e rosna, voltando a ficar furioso.
— Mas que desgraçada! Você vai ser a causadora da minha morte. O
que estava pensando quando resolveu vestir essa porra de vestido sem
calcinha? Está praticamente pelada.
Não aguento e acabo sorrindo do que ele fala.
— O que é? Não dá conta, vovô? Agora...
Ele perde o controle tomando minha boca em um beijo violento.
Joga tudo o que tem em cima da mesa no chão, me ergue pela bunda e me
senta na mesa. Passo as mãos em seu pescoço correspondendo o beijo na
mesma selvageria que ele toma minha boca, esfregando o corpo no dele,
querendo cada vez mais.
Ele se acomoda entre minhas pernas, me deixando mais excitada
ainda.
Eu o quero, quero que ele seja meu primeiro homem, quero que ele
me tome como sua mulher.
Eu o desejo desesperadamente, como nunca desejei nenhum outro
homem.
Oliver coloca uma das mãos na minha coxa indo até a minha
intimidade que já está molhada, a deixando mais ensopada ainda conforme
seus dedos começam a entrar e sair do meu canal.
— Oliver, por favor, não... Não me torture desse jeito — peço entre
gemidos de prazer.
Oliver desce os beijos pelo meu pescoço, me mordendo, me
provando até chegar ao meu decote que já está completamente aberto
deixando à mostra meus seios. Ele abocanha sem dó, me fazendo gritar de
prazer.
Tira a mão da minha intimidade e me empurra para trás, me fazendo
deitar na mesa. Com isso, meu vestido que já é curto levanta
completamente, me deixando à mostra para que ele me veja.
— Deveria te matar por vestir um vestido desse sem calcinha, mas
agora necessito sentir seu gosto ou vou enlouquecer.
Me dou conta do que ele pretende fazer, mas antes que tenha
qualquer reação, lambe a minha intimidade sem vergonha nenhuma. Eu me
contorço de prazer em cima da mesa, tentando fechar minhas pernas, mas
ele não deixa, me arreganhando mais ainda.
Sinto um misto de sensações em meu corpo, mas um deles é como
um tapa na minha cara.
Oliver não pretende me tornar sua mulher de fato, mas tem poder
sobre meu corpo para fazer o que quiser.
Mas o que tenho dele?
Nada.
— Se não for de fato me tornar sua mulher de verdade pare com
isso. Não é justo comigo me fazer sentir esse prazer todo e não ir até o fim.
Sei que quando gozar na sua boca vai parar e depois vai se enfiar na boceta
da primeira prostituta que aparecer. Enquanto eu, como fico? Eu fico sem
nada e fico sem você ― falo tomando coragem em meio ao imenso prazer
que ele está me proporcionando.
Como já imaginava, ele para na hora, solta minhas pernas, coloca a
mão no bolso e pega um lenço. Limpa a boca me dando as costas e parte
meu coração mais uma vez.
Eu me levanto da mesa sentindo minha intimidade totalmente
lubrificada por ele, lutando para não chorar.
— Vamos seguir com o contrato. Tudo o que preciso fazer é gerar
um filho seu através de uma inseminação artificial depois estou livre e
minha dívida com você paga — digo com a voz trêmula.
Ele se vira para me encarar, então olho no fundo dos seus olhos.
— Você pode ter a mulher que quiser, senhor Thomson, eu não me
importo mais. Só quero deixar claro uma coisa, eu tenho o mesmo direito
que o senhor tem. Não serei fiel a um casamento e a um homem que não
tem a mesma consideração por mim. — Passo por ele indo em direção à
porta para sair das suas vistas o mais rápido possível, pois, tudo o que quero
é ficar sozinha.
— O motorista vai te levar para casa.
Paro com a mão na maçaneta.
— Não precisa, sei ir para casa sozinha.
— Não estava perguntando, Bruna, estava afirmando que o
motorista vai te levar para a sua casa, onde ficará protegida e muito bem
guardada.
Como sei que não adianta discutir, abro a porta e saio da maldita
sala.
Ando rápido, voltando para a boate, procuro por Gessy e invento
uma desculpa qualquer dizendo que preciso ir para casa.
Ela acredita de boa.
Chego ao estacionamento e vejo o motorista de Oliver que logo abre
a porta para que eu entre. Percebo que ele está falando no telefone, mas
logo desliga a ligação após falar um sonoro: “sim, senhor.”
Ele deveria estar falando com Oliver.
Entro, me sento no banco traseiro e logo o carro entra em
movimento. Pensativa, encosto a cabeça no vidro do carro e fecho os olhos
pensando em tudo o que aconteceu.
Depois de alguns minutos, abro os olhos e percebo que não
reconheço onde estamos.
— Acho que errou o caminho — informo ao motorista desanimada.
— Estamos no caminho certo, senhora Thomson, não se preocupe.
Isso me deixa em alerta.
— Esse não é o caminho para minha casa.
— É sim, senhora. Esse é exatamente o caminho da sua nova casa.
Meu coração acelera descompassado e me recuso a acreditar em
uma coisa dessas.
— Qual foi a ordem que Oliver deu a você? FALA!
— Para que eu a levasse para a mansão que passará a morar a partir
de hoje. Seu casamento com o senhor Thomson acontecerá amanhã no final
da tarde, na mansão Thomson, onde os pais dele moram.
Minha boca abre em choque total.
O que esse homem quer de mim?
O que ele pretende fazer comigo?
Quer me enlouquecer?
Sinto a raiva dominar meu corpo, é sempre assim quando o ameaço
ou o desafio, para me castigar ele antecipa as coisas.
— EU ODEIO VOCÊ, OLIVER! ODEIO.
Meu coração deve estar rindo da minha cara, porque essas malditas
palavras são apenas da boca para fora, mas ele vai me pagar por essa, a
mais vai.
Me aguarde, Oliver Thomson.
CAPÍTULO 33

Momentos antes...
Depois do que aconteceu na biblioteca, eu realmente quis me
afastar de Bruna e colocar a cabeça em ordem. Precisava tentar voltar ao

plano inicial, mas não consegui porque ela é a porra de uma assombração

que ronda meus pensamentos.


Não posso permitir que aquela menina entre em meu coração, pois,
sei o que acontece no final.
O amor é uma arma que te mata de dentro para fora e a morte que
ele causa é lenta e dolorosa demais para que possa suportar mais uma vez.
O amor me fez sujar as mãos de sangue pela primeira vez e o pior
foi que senti prazer em ver aquela desgraçada morrer pouco a pouco. Fiz
questão que eu fosse a última coisa que ela visse antes de fechar os olhos
para sempre.
“ — Me perdoa, Oliver, sei que mereci o que você fez, mas não me
deixe morrer. Me salve, salve a minha vida, eu imploro.
Ela implora para que a salve, mas meu orgulho ferido não permite.
Para uma traição como essa, no dia do nosso casamento não há
perdão.
— Você vai morrer como uma maldita traidora e vou fazer questão
de destruir a sua família. Desgraçada, sua vadia manipuladora!
Ela me olha nos fundos dos olhos e derrama sua última maldita
lágrima.
— Eu sinto muito mesmo — sussurra sua última mentira e morre
com os olhos cravados em mim.
Uma maldita lembrança que irá me atormentar pelo resto da minha
vida.”
Sou tirado dos meus pensamentos sombrios com uma notificação de
mensagem no meu celular. Ao pegá-lo, vejo de quem se trata.
Bruna: Você irá a minha formatura amanhã?
Já tem três semanas que não nos falamos e nem dei notícias minhas
a ela. Essa é a primeira vez que ela toma a iniciativa de me mandar uma
mensagem, mas é melhor assim.
Tudo o que preciso é dar início logo ao processo de inseminação
para que ela engravide e saia da minha vida o mais rápido possível, antes
que seja tarde demais.
Oliver: Não sei se será possível, estou resolvendo muita coisa no
momento. Mas farei de tudo para comparecer.
É tudo o que posso responder e ela também não insiste.
Retorno para a cidade e vou direto para a empresa. Passo o dia
trabalhando, mas a formatura de Bruna não me sai da cabeça.
Não posso comparecer e enchê-la ainda mais de esperanças, afinal o
que ela quer de mim, não posso dar.
Não posso permitir que ela se apaixone por mim, pois, tudo o que
posso dar a ela é proteção e uma vida de conforto.
A noite chega e estou exausto, olho o horário no relógio e vejo que
já é tarde.
Para tentar relaxar, vou direto para a boate.
Ao chegar, encontro alguns conhecidos e, claro, a Celeste.
A mulher sabe ser profissional, quem a olha nunca vai imaginar que
é uma prostituta de luxo e hoje tudo o que eu mais preciso é do seu serviço.
Engato uma conversa agradável na área vip, agarrado a cintura da
mulher que pretendo me divertir muito hoje à noite. Logo escuto um baque
alto de vidro, chamando a atenção de todas as pessoas na área vip e ao olhar
de onde vem o barulho, me deparo com a perturbação da minha vida.
— Atenção, senhoras e senhores, hoje estou aqui comemorando a
minha formatura e terminando um casamento que nem mesmo começou.
Então, as bebidas de hoje serão por conta do senhor Thomson, um brinde a
ele.
Mas que desgraçada!
O que a porra da minha mulher está fazendo aqui vestida desse jeito,
sem a minha autorização e o pior sem nenhum segurança?
Ela sai da área vip arrastando a amiga pelo braço enquanto todos os
olhares estão em cima de mim.
— Aproveitem a noite, ouviram a moça.
Ninguém fala nada, pois, sabem que não podem me questionar e
disfarçam bem a situação constrangedora, a qual Bruna me colocou.
Solto Celeste para ir atrás de Bruna e colocá-la em seu devido lugar.
— Aonde você vai? — Celeste questiona segurando meu braço.
— A noite terminou para nós dois.
— Por causa daquela menina? Quem é ela, Oliver? Por que ela falou
aquilo?
Celeste é a única que tem coragem de questionar devido os anos de
relacionamento e serviços trocados.
— Não é da sua conta e da conta de ninguém, se coloque no seu
lugar, Celeste. Nunca dei essa liberdade toda.
— Me desculpa — diz abaixando a cabeça, mas não me importo,
não tenho tempo para isso.
Chamo alguns seguranças e vou atrás de Bruna na pista de dança.
Mas nada me prepara para o que vejo, ela está agarrada a um
moleque aos beijos e o desgraçado ainda passa a mão pelo seu corpo,
apalpando a bunda deliciosa da mulher que me pertence.
Eu a puxo pelo braço, a assustando e dou ordens aos seguranças
para que ensinem uma lição ao desgraçado que tocou nela. Depois a arrasto
pelo braço, sem nem mesmo escutar direito o que ela fala.
Estou possesso de raiva porque é esse o efeito que ela exerce sobre
mim. Não posso tê-la na minha cama e ninguém vai poder ter.
Abro a porta do meu escritório e a jogo dentro de qualquer jeito.
Damos início a uma briga acalorada, cheia de joguinhos das duas partes,
com provocações e jogos de palavras. Até que em um dado momento, perco
de vez o controle e a devoro em cima da minha mesa.
Bruna é gostosa, cada parte do seu corpo é delicioso e a beijo com
desejo e tesão, muito tesão. Seus seios deliciosos na minha boca me levam à
loucura e quando finalmente chego onde quero, a vejo se contorcer de
prazer em cima da mesa totalmente entregue a mim.
Seu homem, seu marido, seu dono.
Mas o que ela fala, me faz paralisar no lugar.
— Se você não for de fato me tornar sua mulher de verdade pare
com isso. Não é justo me fazer sentir esse prazer todo e não ir até o fim. Sei
que quando gozar na sua boca vai parar e depois vai se enfiar na boceta da
primeira prostituta que aparecer. E como é que eu fico? Eu fico sem nada e
fico sem você.
Não sei como reagir a isso, Bruna está me pedindo demais e preciso
protegê-la de mim, protegê-la dos meus demônios que estão loucos para
devorá-la.
Viro de costas para ela, enquanto limpo meus lábios com um lenço.
— Vamos seguir com o contrato. Tudo o que preciso fazer é gerar
um filho seu através de uma inseminação artificial. Depois estou livre e
minha dívida com você, paga.
Cada palavra dita sai carregada de dor e tristeza, então me viro para
encará-la. Como ela não perde a chance de me provocar, acaba falando o
que não deve, despertando mais um dos meus monstros há muito tempo
adormecido...
A possessividade, um dos monstros mais difíceis de ser domado.
— Você pode ter a mulher que quiser, senhor Thomson, eu não me
importo mais. Só quero deixar claro uma coisa, tenho o mesmo direito que
o senhor tem, não serei fiel a um casamento ou um homem que não tem a
mesma consideração por mim.
Como é ingênua minha menina, isso nunca vai acontecer.
— O motorista vai te levar para casa — comunico, a fazendo parar
com a mão na maçaneta.
— Não precisa, sei ir para casa sozinha.
— Não estava perguntando, Bruna, estava afirmando que o
motorista vai te levar para a sua casa, onde ficará protegida e muito bem
guardada. — Com certeza ela não entende as minhas palavras e sai da sala
batendo a porta cheia de raiva.
Pego o celular e ligo para o motorista que está no estacionamento da
boate.
— Chefe.
— Leve minha esposa para a mansão dela, a quero cercada de
seguranças. Ela não bota um pé fora daquele lugar, sozinha. Ninguém entra
lá e ninguém sai. Minha esposa será a prioridade número um de vocês e se
acontecer alguma coisa com ela, matarei com minhas mãos cada um de
vocês. Então, tenham muito cuidado, ela é esperta.
— Chefe, o que digo, caso ela me questione sobre...
— Diga que o casamento será amanhã no final do dia, na mansão
dos meus pais.
— Sim, senhor.
Desligo e não posso deixar de sorrir, só de imaginar a cara da minha
mulher quando descobrir que nosso casamento será amanhã. Bruna vai ficar
furiosa e é só questão de tempo até que me ligue me xingando de tudo o que
não presta.
Mas eu não presto mesmo.
Enquanto carregar meu nome, Bruna me pertencerá.
Bruna Thomson, a mulher que está virando minha vida do avesso
como nunca imaginei que seria capaz de fazer.
CAPÍTULO 34

Fico de boca aberta ao olhar o lugar que segundo o motorista


será minha nova casa.
Oliver só pode estar ficando louco se acha que vai me manter presa
aqui.
— Não posso ficar aqui, preciso voltar para minha casa, para minha
mãe — digo ao motorista que me acompanha até a sala enorme.
Certamente minha casa cabe dentro dessa sala.
— Desculpa, senhora, mas não poderá sair e nem tente fugir. A casa
está cercada de seguranças e todos tem ordens de mantê-la aqui dentro a
qualquer custo.
Não estou acreditando que Oliver teve mesmo coragem de fazer
isso. Não sei o porquê ainda me surpreendo com o que ele faz.
— Quero falar com ele. Será que pode ligar para ele, meu celular
está sem bateria?
O homem me olha desconfiado.
— Senhora, não é muito inteligente da sua parte provocar o senhor
Thomson agora. Vá para seu quarto e procure descansar. O chefe tem tudo
sob controle, ele sempre tem.
— Ligue agora mesmo, estou mandando.
Ao perceber que não vou desistir, ele tira o celular do bolso e faz a
ligação.
— Chefe, a senhora Thomson quer falar com o senhor. — Escuta o
que é dito do outro lado da linha e me entrega o celular.
Já o coloco no ouvido gritando com o louco do outro lado da linha.
— VOCÊ PERDEU DE VEZ O JUIZO? ME DEIXA IR PARA
CASA AGORA MESMO — digo exigente, mesmo sabendo que não vai
adiantar nada.
— Você já está em casa, esposa. Achava mesmo que iria me desafiar
da maneira que fez e nada iria acontecer? Você é minha, Bruna. MINHA.
— OLIVER...
— Estou começando a gostar de ouvir sua voz chamando meu
nome, principalmente quando estou te dando prazer. Você geme gostoso,
sabia?
Mas que homem sem-vergonha!
Ele sabe me desconcertar quando quer, mas como não sei ficar
calada vou falar uma besteira mais uma vez para não deixar a provocação
passar batida.
— É claro que sei, só é uma pena você não ser homem o suficiente
para terminar o que começa. Estou chegando a duvidar se você é isso tudo
mesmo que diz... Um homem que precisa obrigar uma mulher a um
casamento para ter um filho, deve ter algum tipo de problema. Será que seu
pintinho parou de funcionar, senhor Thomson, e tem vergonha de admitir
isso? Se esse for o caso, me fale que vou entender perfeitamente e podemos
encontrar outras formas do senhor sentir prazer.
Porra, acho que dessa vez peguei pesado!
O que foi que deu na minha cabeça para duvidar da masculinidade
de um homem como esse?
O pior é que ele fica mudo do outro lado da linha e tudo o que
escuto é sua respiração pesada.
— Oliver... — chamo e quando penso que ele vai responder, desliga
na minha cara.
Mas que cretino!
Olho para o celular e ao ver o aparelho me dou conta de que estou
na presença do motorista que me olha de boca aberta.
— Seu celular, obrigada.
Ele pega o aparelho me achando louca.
— Senhora, se me permite dar um conselho, acho bom a senhora
subir para seu quarto e tranque bem a porta. Apesar de achar que isso não
vai resolver muita coisa.
Na hora que ele fala isso, entendo perfeitamente o que ele quer
dizer.
— Você acha que ele poderia...
— Depois do que a senhora falou não tenho dúvida. Agora vamos
que vou mostrar seu quarto.
Sinto o coração querer sair pela boca.
Essa minha língua ainda vai me colocar em sérios problemas.
Antes que o motorista me mostre onde será meu quarto, peço a ele
que me consiga um carregador de celular e rapidamente é providenciado.
Acompanho o homem escada acima e logo em seguida paramos em
frente a uma porta muito bonita, mas antes que ele abra, se vira e me olha.
— Não se preocupe com a sua mãe, senhora, ela será informada da
grande surpresa que o senhor Thomson irá fazer para a noiva dele amanhã,
na mansão Thomson. Sua mãe estará presente no casamento e estará muito
feliz.
— Grande surpresa! Você sempre obedece às ordens dele? Salvei a
sua vida, deveria pelo menos ter me avisado o que ele pretendia fazer.
Ele sorri do que eu falo.
— Quando se entra nessa vida, senhora, tudo o que resta fazer é
obedecer cegamente sem fazer perguntas. O senhor Thomson é um homem
muito generoso, acredite ou não, ele me ajudou de um jeito que nunca terei
como agradecer.
Isso me surpreende.
— O que ele fez?
— A senhora gosta de fazer perguntas e isso não é bom. Aprenda a
ficar de boca calada para seu próprio bem. Não o enfrente nunca, a senhora
não vencerá essa guerra. Não se iluda com um amor impossível como esse.
— Abre a porta do quarto para que eu entre.
Fico abobalhada com o luxo do quarto tanto que esqueço de
responder.
— Isso é demais, não está certo.
— É claro que está, a senhora é esposa dele e terá todos os luxos
que imaginar. Suas roupas estão no closet e amanhã de manhã seus novos
empregados chegarão. Tenha uma boa noite, senhora. — Fecha a porta tão
rápido que fico sem reação.
Ando pelo quarto enorme, observando cada detalhe com atenção.
É tudo muito lindo.
É como se ele tivesse adivinhado cada um dos meus gostos, as
cores, os móveis, ele acertou em exatamente tudo.
Ando até a porta onde está o closet e quando abro, minha boca se
abre em choque. São inúmeras roupas, vestidos de festa, joias, relógios,
maquiagens e uma variedade imensa de perfumes.
Fico quase meia hora observando tudo antes de resolver entrar no
banheiro para tomar banho.
Como já imaginava, o banheiro também não deixa nada a desejar.

Nunca tomei um banho tão bom como esse.


Entro novamente no closet, pego uma calcinha e uma camisola de
seda muito confortável, sem esquecer de passar hidratante por todo meu
corpo.
Até nisso o idiota acertou, pois, é o mesmo que costumo usar.
Apesar de não ser caro é muito bom.
Deixo o celular carregando na mesinha de cabeceira e antes de me
deitar, tranco a porta do quarto, lembrando das palavras do motorista.
Não acho que Oliver vá aparecer por aqui, ele deve estar
descontando toda a sua raiva e frustração entre as pernas da vadia peituda.
Me deito na cama enorme e macia, relaxando o corpo e pensando
em como a minha vida mudou drasticamente de uma hora para outra.
Mês passado não era ninguém e hoje sou esposa de um dos homens
mais ricos do mundo, através de um contrato de casamento, onde a única
finalidade é gerar o herdeiro dele.
Como sou burra, acabei me apaixonando pelo homem, já que sentia,
há algum tempo, afeição por ele. Sempre suspirava pelos cantos da galeria
de arte todas as vezes em que ele ia ver minhas tutoras.
Eu me viro de um lado para outro da cama sem conseguir pegar no
sono, minha cabeça está uma confusão e ainda tem essa cerimônia de
casamento amanhã que está me deixando nervosa.
Estou a ponto de me levantar para descobrir onde fica a cozinha
quando escuto alguém mexendo na porta.
Meu coração gela ao me lembrar novamente das palavras do
segurança, tanto que me cubro com as cobertas e me viro de costas para a
porta, fingindo estar dormindo profundamente.
Logo a porta é aberta e depois fechada novamente.
Escuto passos vindo em direção a cama junto com um perfume que
denuncia o dono.
Sinto que ele para ao lado da cama e acende a luz do abajur na
mesinha de cabeceira, fazendo a minha respiração acelerar, me
denunciando.
Mas me recuso a abrir os olhos e encarar esse homem.
Percebo que ele está tirando as roupas e o meu fim é quando escuto
o clique do cinto sendo aberto, me fazendo respirar fundo.
— Sei que está acordada, mulher. Vou te mostrar o tamanho do meu
pau e se ele funciona ou não. Vou te foder tanto hoje que ficará grávida
antes mesmo de conseguir colocar os pés no chão.
Jesus Cristo, o que foi que eu fiz?
CAPÍTULO 35

Diante de tamanha ameaça não tenho alternativa a não ser


abrir os olhos.
Estou pela primeira vez com muito medo desse homem.
Me viro para olhar para ele e me deparo com a fisionomia de um
deus na minha frente, só de cueca, revelando o tamanho do seu pinto que
não tem nada de pintinho.
Fico em choque porque caso ele realmente queira me provar alguma
coisa, tenho certeza de que isso tudo não caberá dentro de mim.
Ao observar para onde eu olho sem nem mesmo piscar, ele deve ter
adivinhado meus pensamentos.
— Não se preocupe, esposa, ele vai caber todinho dentro de você.
Não era isso que queria falando aquelas merdas pra mim no telefone? Você
me provoca há dias insinuando que não sou homem o suficiente para você.
Confesso que não estava nos meus planos fazer isso, mas hoje você passou
de todos os limites. Vamos ver até onde você aguenta.
Sabia que tinha passado dos limites, mas também não esperava que
ele realmente fosse vir até aqui me provar o contrário.
Dou um pulo da cama tentando fugir pelo outro lado, mas assim que
coloco os pés no chão, preparada para correr, ele me alcança e me segura
entre seus braços fortes.
Oliver não deixa espaço para me mexer e me aperta como se
quisesse me esmagar.
Ele cheira meu pescoço, chupa o lóbulo da minha orelha e logo
depois sussurra no meu ouvido, me fazendo ficar quente.
— Cadê toda a sua coragem agora, Bruna? Não era sexo que você
queria? Pois, é sexo que você vai ter. Um sexo suado, bruto para que
aprenda a nunca mais falar merda no meu ouvido. Eu não faço amor, Bruna,
eu nunca fiz. Eu fodo e fodo com força, então não espere isso nunca de
mim. Essa lição você aprenderá hoje.
Escutar isso me assusta, mas não tenho muito tempo para pensar e
muito menos para responder já que começa a me beijar.
Sinto seu volume duro na minha barriga.
Oliver me beija, me empurra até a cama e me deita.
Estou nervosa, tensa, mas também estou excitada.
Ele para de beijar minha boca, segue para o meu pescoço, meus
ombros e em um impulso, rasga a camisola ao meio e toca meus seios, o
que me faz gemer.
Primeiro toca, pega meus seios, enchendo a mão, e passa o polegar
nos bicos.
É uma sensação maravilhosa.
Quando penso que não pode melhorar, ele os coloca na boca.
Deus, como é bom!
Sinto sua língua quente circular meus mamilos com leveza e
habilidade.
Oliver sabe o que faz e está me deixando louca.
Quando percebo estou com as mãos no cabelo dele, o incentivando.
Ele percebe o quanto estou gostando da carícia e se demora um tempo
neles, chupando, alternando entre um seio e o outro, me fazendo arquear as
costas de prazer.
“Mal sabia que o melhor ainda estava por vir...”
Ele para de beijar meus seios e vai descendo.
Beija minha barriga, meu umbigo, cada centímetro do meu corpo.
Rasga a minha calcinha, abre minhas pernas e sinto sua respiração
no meu centro, muito perto.
Arrisco dar uma olhada e ele olha para ela com os olhos brilhando
de luxúria.
Antes que tenha qualquer pensamento, sinto sua língua passar por
toda minha extremidade, desde o ânus até meu clitóris.
Não posso conter o gemido que sai da minha boca.
É uma sensação enlouquecedora, ele beija, lambe e chupa meu sexo
com maestria enquanto fico cada vez mais louca.
De repente, algo começa a se formar em meu interior cada vez mais
intenso e explodo em um orgasmo arrebatador.
Grito perdendo toda a vergonha e me deixo levar pela sensação
maravilhosa de plenitude.
Quando meus tremores param, olho para Oliver e vejo que está
parado, apenas me olhando e há em seus olhos desejo e satisfação.
Ele se aproxima novamente da minha boca e volta a me beijar, me
fazendo sentir meu gosto enquanto se mantém entre minhas pernas.
Desce a mão e toca mais um pouquinho meu clitóris, em seguida
introduz um dedo em mim.
Dói e solto um gemido.
Ele para o beijo, tira o dedo de dentro de mim e me olha nos olhos,
então tomo a decisão de falar a verdade e revelar que sou virgem.
— Oliver, eu, eu, eu... Sou virgem ainda.
Ele arregala os olhos, completamente surpreso com minha
confissão, me deixando envergonhada.
— Você não se cansa nunca de me surpreender, menina. Como pode
ser virgem e ter coragem o suficiente para fazer tudo o que fez para me
deixar louco? — diz entredentes, me encarando, se controlando.
— Quero que você seja meu primeiro homem. Eu quero você.
Quero te sentir dentro de mim.
Ele passa os dedos pelo meu rosto de forma carinhosa, sem tirar os
olhos dos meus e sei que ele está pensando em desistir de me ensinar a lição
que prometeu.
Só posso ser louca mesmo.
— Por favor, não pare, não agora que já chegamos tão longe.
Deus, estou praticamente implorando para meu marido transar
comigo.
— Você é virgem e não vou fazer isso.
Oliver se levanta de uma vez e começa a pegar suas roupas no chão,
me deixando sozinha na cama.
Ao lado da minha camisola está minha calcinha, ambas as peças
rasgadas por ele.
Vejo o quanto ele está excitado, seu membro está explodindo dentro
da cueca, mas quando ele coloca a mão na maçaneta do quarto segurando
suas roupas, dou o golpe fatal.
— Se não for com você vai ser com outro. Não vai me deixar aqui
desse jeito para se satisfazer com outra. Será você saindo por essa porta e eu
colocando o primeiro segurança que encontrar na minha frente para
terminar o que você não tem coragem de fazer.
Ele solta as roupas no chão e se vira para me encarar.
— Você só pode ser muito louca mesmo? Tem noção do que está me
pedindo, porra? Você é virgem, caralho! Intocada, nunca teve um homem...
— Por isso quero você. Quero que seja meu primeiro homem. Quero
que meu marido tire a minha virgindade. Isso não é pedir demais, é o certo
a se fazer.
Agora é tudo ou nada.
Sorrio de felicidade e nervoso quando o vejo tirando a cueca sem
pudor nenhum, ficando completamente nu na minha frente, com sua ereção
em toda a sua glória.
Minha nossa, ele está duro, muito duro e é enorme e grosso.
Fico de boca aberta olhando com os olhos arregalados.
Nunca tinha visto um membro assim ao vivo e o dele é muito
bonito, uma verdadeira obra de arte.
CAPÍTULO 36

Seu membro é bonito, grande e cheio de veias.


Eu o quero na mesma proporção que temo.
Estou distraída ainda olhando para ele, quando escuto sua risadinha
convencida.
Olho para Oliver totalmente vermelha e sem graça.
Ele volta para a cama, sobe em cima de mim e fica na mesma
posição de antes.
— Fica calma, vou tentar ser, pelo menos dessa vez, o mais delicado
possível com você. Vou colocar devagar até se acostumar. Agora, só relaxa.
Solto a respiração que nem percebi que tinha prendido e tento me
preparar para a invasão daquela coisa linda e, ao mesmo tempo,
monstruosa.
Ele coloca novamente o dedo na minha intimidade e solta um
gemido quando percebe o quanto estou molhada.
Oliver parece estar se controlando, está com uma expressão de dor
no rosto.
— Boceta gostosa do caralho! Pronta pra eu foder, toda lambuzada
― ele sussurra mais para ele mesmo.
Fico mais excitada ainda com suas palavras.
Meu Deus, estou me transformando em uma safada.
Como posso desejar tanto isso, ao ponto de esquecer todas as coisas
que ele fez comigo, para me obrigar a esse casamento?
Tudo o que ele quer de mim, é um filho.
Não tenho mais tempo de pensar, sinto seu pau sendo direcionado
para minha entrada e então ele começa a pincelar, me lambuzando com
minha excitação.
A sensação é muito gostosa.
Enquanto estou totalmente envolvida no momento de prazer, sinto
um pequeno impulso.
Eu me sinto sendo alargada e uma ardência forte me toma na mesma
hora.
Solto um gemido de dor e cravo as unhas nas suas costas, o fazendo
gemer.
Meu corpo inteiro começa a tremer levemente com a penetração.
Ele está muito tenso e parece estar fazendo um grande esforço para
permanecer parado.
— Já entrou tudo?
Ele ri da minha inexperiência com o assunto.
Sou boa em provocar, mas nunca tinha parado para pensar no
finalmente de verdade.
— Não entrou nem a metade, querida, estou apenas deixando você
se acostumar.
Fico tensa na mesma hora, e instintivamente me retraio. Oliver solta
um gemido, relaxo novamente e me preparo para a dor. Ele percebe e olha
em meus olhos.
— Vai doer muito agora, mas depois vai passar. Eu sinto muito, mas
a dor é inevitável quando se é virgem.
Sem esperar, ele entra, sinto que estou sendo rasgada e dou um grito
de dor e pavor, ao mesmo tempo.
Minha nossa, isso dói como o inferno.
Será que irei um dia me acostumar?
Jesus, dói e queima demais.
Ele é grande demais para mim.
Uma lágrima escorre dos meus olhos e tremo.
— Calma, vai passar. — Faz um carinho no meu rosto, enxuga a
lágrima que desce e permanece parado por vários minutos.
Sua testa está suada e chego a pensar que ele está passando mal.
— Você também está sentindo dor, ou está se sentindo mal? Se for
demais para você a gente pode parar.
Ele ri de mim novamente.
— Não sei se você é inocente demais, ou está querendo me matar de
vez. Não, eu não estou passando mal, mas estou precisando de muito
autocontrole. É uma tortura sentir sua boceta quente apertando meu pau e
não poder me mexer.
Olho para Oliver e o puxo para um beijo que logo é desfeito por ele.
— Preciso muito me mexer, não estou aguentando. Aguenta um
pouco que vai melhorar.
Aceno a cabeça, concordando.
Ele puxa para fora e coloca devagar outra vez.
Puta merda!
Ainda dói muito, mas aguento firme sem reclamar.
Ele entra e sai devagar, e vou me acostumando. A dor diminui cada
vez que ele me penetra e começo a sentir uma sensação boa.
Oliver está cada vez mais louco, aumenta o ritmo das estocadas e
geme ofegante. O prazer dele de alguma forma me acalma, excita e fica
suportável a dor.
Ele olha novamente em meus olhos.
— Quero que você relaxe e goze no meu pau, entendeu bem? — diz
de uma maneira como se estivesse me dando uma ordem.
Estranhamente gosto muito de recebê-la.
Oliver muda o ritmo, mete mais fundo dentro de mim e faz
movimentos mais rasos. Não tira o pau todo e volta, fazendo uma fricção no
meu clitóris, então massageia dando estocadas curtas.
Começo surpreendentemente a sentir o prazer voltar a se formar e
ofego. Ele repete os movimentos calmamente até que não aguento e
explodo novamente em um orgasmo forte.
Esse é o limite para ele.
Então, nós dois gememos alto e respiramos ofegantes. Sinto que
Oliver se esvazia dentro de mim, enquanto permaneço deitada e ofegante,
esperando meu corpo se acalmar.
Meu coração agora quer gritar que o ama e sem pensar falo o que
está preso dentro de mim há muito tempo.
— Eu te amo, Oliver. Não sei exatamente quando isso aconteceu, só
sei que te amo.
Ele sai de dentro de mim e se deita ao meu lado, olhando para o teto.
Não fala nada e meu coração dói mais uma vez.
Eu sei que ele não tem o mesmo sentimento por mim.
Depois de alguns minutos de barriga para cima pensando sabe Deus
em que, ele se levanta e vai para o banheiro.
Quando volta, está com uma toalha nas mãos e gentilmente limpa
entre minhas pernas.
Eu me impressiono com sua preocupação comigo.
Levanto para ir ao banheiro, pois, preciso fazer xixi. Quando olho
para a cama, levo um susto. Há muito sangue e me sinto envergonhada por
ter feito tanta sujeira em um lençol tão branquinho.
Oliver percebe meu desconforto e tenta me acalmar.
— Calma, é só sangue. É normal sangrar na primeira vez, não é
nada de mais. Vou buscar outro lençol para trocar.
Corro para o banheiro, tomo um banho rápido e quando volto, ele
está trocando o lençol.
Depois de um tempo, ele me olha.
— Venha dormir, amanhã será um dia agitado, você precisa
descansar.
Sinto vontade de chorar porque já imagino o que ele está
pretendendo fazer.
— Você não vai dormir comigo? — pergunto com os olhos
marejados e ele percebe.
— Você já está exigindo demais de mim, Bruna. O que rolou aqui
nem mesmo era para ter acontecido. Você me fez quebrar uma regra e
quebrou uma, se apaixonando por mim. Deixei claro a você desde o
começo...
— Que se dane as regras, Oliver. Que se dane o contrato, isso aqui é
de verdade, é real. Você também me quer, eu sei.
— Você não sabe de porra nenhuma, garota. Tem uma boceta até
que gostosinha, mas vai ser preciso muito mais do que isso para me fazer
ficar aqui para dormir com você.
Dessa vez, choro para que ele veja o quanto suas palavras me
machucam.
— Você se sente bem fazendo isso, Oliver? Passei meses escutando
você falar mal do Collin toda vez que ia à galeria e olha agora para você...
Parece que aprendeu muita coisa com ele, sendo um cretino de merda.
Sempre estive por perto e você nunca me notou. Sempre estive lá
suspirando por você pelos cantos toda vez que chegava procurando por
Amanda.
Ele me olha intensamente.
— Bruna...
— Vocês são farinha do mesmo saco, mas vou deixar uma coisa
bem clara para você, Oliver. Eu não sou a Amanda e muito menos a Emily,
quando desistir de você não terá mais volta. Eu vou embora para nunca
mais voltar. Agora saia do meu quarto e muito obrigada pelo serviço
prestado hoje. Não foi tudo o que esperava, mas para a minha primeira vez
até que fiquei satisfeita.
Eu nem espero pela reação dele e entro no closet.
Escuto a porta do quarto sendo batida com força e agora posso
chorar toda a minha frustração.
CAPÍTULO 37

Assim que saio do quarto de Bruna, vou direto para a

garagem e fico dentro do meu carro quase meia hora pensando na merda

que fiz.
Bruna tem o poder de me tirar do sério usando suas malditas
palavras e usou isso ao seu favor para me fazer tirar sua virgindade.
A quem estou querendo enganar?
Saber que ela era virgem me deixou ainda mais louco para torná-la
minha. Precisei de muita força de vontade para me afastar dela quando me
confessou que nunca tinha sido tocada por outro homem.
Só que mais uma vez, ela usou as palavras, me fazendo perder de
vez o controle.
Sem pensar muito, a tornei minha esposa de fato, e no final de tudo
ela me deu o golpe fatal confessando o seu amor por mim.
Estava ciente de uma forte atração entre nós dois, mas aí a chegar a
ser amor, por essa eu realmente não esperava.
Amor não estava no nosso acordo. Era um sentimento que não
poderia me permitir sentir novamente e por isso acabei mais uma vez a
magoando para que se afastasse de mim, e pudesse matar esse sentimento
dentro dela.
Mas escutar da sua boca que no dia que desistir de mim, irá embora,
me deixou em alerta total.
Eu mesmo não me entendo, pois, não a quero, mas também não
quero permitir que me deixe.
Ligo o carro e saio ou irei ficar louco.
Dirijo em alta velocidade e chego rapidamente na minha mansão
que não é muito longe do lugar que comprei para minha esposa.
Não pretendia e não pretendo morar debaixo do mesmo teto que ela,
pois, será uma tentação muito grande.
Entro em casa vou até o bar e me sirvo de uma generosa dose de
uísque. Viro o líquido de uma vez e ele desce rasgando minha garganta.
Abandono o copo, subo a escada e entro no quarto tirando as roupas,
deixando-as espalhada no chão.
Entro no banheiro, ligo a ducha e me jogo debaixo da água quente.
Como um castigo, as lembranças do que aconteceu alguns minutos
atrás me atingem em cheio.
Consigo lembrar perfeitamente de cada curva do corpo daquela
mulher, do seu gosto, do seu cheiro. Tudo nela me deixou ainda mais louco
e fascinado.
Bruna Harper é uma maldição que eu coloquei na minha vida.
Termino o banho e saio do banheiro enrolado apenas com uma
toalha na cintura. Entro no closet, pego uma calça de flanela confortável,
visto e vou para a cama para tentar dormir, coisa que acho difícil conseguir
fazer.
Viro de um lado para o outro da cama procurando sentir o calor de
uma pessoa que está a poucos quilômetros de mim, mas me permito ser
covarde o suficiente para não ficar muito tempo perto dela.
Com muito esforço acabo conseguindo cochilar.
Logo o dia amanhece, me fazendo lembrar que movido pelo impulso
de ver a minha mulher praticamente pelada nos braços de outro homem,
marquei a nossa cerimônia de casamento para hoje no final da tarde. Isso
provavelmente irá deixar minha mãe louca, mas essa notícia não será eu a
dar para ela.
Deixei a cargo do meu assistente pessoal dar a notícia e, uma hora
dessas, ele já deve estar na mansão dos meus pais, informando o grande
acontecimento.
Levanto, vou até o banheiro escovar os dentes e retorno para o
quarto procurando meu celular. Preciso ligar para Amanda, afinal ela ficará
louca se souber que irei me casar e não a chamar para a cerimônia de
casamento. sem contar que quero pedir a ela um grande favor.
Faço a ligação que depois de alguns toques é atendida.
— Quem morreu, Oliver, para você estar me ligando de
madrugada?
— Larga de exagero, Amanda, o dia já amanheceu faz tempo.
Vamos se levante, preciso de você.
— O senhor sabia que tenho marido, filho e que não obedeço às
suas ordens? Na verdade, acho que nunca obedeci. De onde foi que você
tirou a ideia que poderia me acordar essa hora e me mandar levantar porque
precisa de mim? Acho que não é assim que se pede um favor, meu querido
Oliver.
Respiro fundo, porque essa é outra mulher que insiste em tornar a
minha vida difícil.
Amanda é minha melhor amiga nessa terra, mas pensa em uma
mulherzinha que me dá dor de cabeça.
Só o marido dela mesmo para suportá-la dia e noite.
— Amanda, será que, por favor, você pode se levantar, organizar as
coisas do seu dia, ir até à mansão que comprei para a Bruna e ajudá-la com
um vestido de noiva? Você poderia me fazer esse favor, pois, pretendo me
casar com ela hoje no final do dia?
Ela fica muda do outro lado da linha achando que provavelmente
sou louco.
Poucas pessoas sabem que já estou casado com Bruna, apenas eu,
ela, meu advogado e alguns dos meus seguranças.
Apenas quem precisa saber.
— Oliver, você está bem? Bebeu ou usou alguma droga muito forte,
ou então ficou louco de vez? Só assim para decidir se casar de uma hora
para a outra.
— Não estou bêbado ou drogado e não estou ficando louco. Esse era
o combinado, me casar logo após a formatura de Bruna.
— A formatura da garota foi ontem à noite, evento esse que ela te
convidou e você não foi, seu safado. Aposto que estava naquela boate
infeliz comendo aquela loira horrorosa que deve ser infeliz. Ela é a única
que tem coragem de fazer tudo o que você gosta na cama.
— Amanda, não começa com essa história de novo. Tudo na vida
tem um limite e você está começando a ultrapassar um.
— É sério isso, Oliver? Agora tem um limite para a minha amizade
com você? Quando foi que isso mudou que não fiquei sabendo? Você
precisa me dizer então quais são as novas regras assim não invadirei o seu
espaço, como você não invadirá o meu.
Droga, sempre acabo metendo os pés pelas mãos!
Amanda é uma pessoa importante na minha vida, assim como o
filho dela que vi nascer e ajudei a criar. Ela é a única pessoa que consegue
da forma mais difícil me manter na linha e tirar um pouco da escuridão que
envolve a minha vida.
Como sempre falo, Amanda é a minha redenção.
— Não foi isso que quis dizer, apenas me expressei mal, me
desculpa.
Ela também é a única que até hoje conseguiu a façanha de me fazer
pedir desculpa, com medo de perder sua amizade, a única coisa que
ultimamente me faz bem na minha vida.
— Você sabe que sempre te perdoo. Agora me diga, o que passou
pela sua cabeça para passar três semanas sem dar notícias para sua noiva?
Ou, por que de repente depois da formatura dela, você resolve se casar
como se estivesse perdidamente apaixonado e não conseguisse ficar mais
um dia longe dos encantos dela?
Sabia que ela não iria perder a oportunidade de falar sobre isso.
— Amanda, por favor, você me conhece muito bem e sabe o motivo
pelo qual estou me casando. Não complique a minha vida, já tenho
problemas o suficiente para ter que me preocupar com suas reclamações.
Liguei para te pedir ajuda. Preciso que vá até mansão onde Bruna está e a
ajude com um vestido de noiva decente. A cerimônia será na mansão dos
meus pais, no final da tarde, okay?
“Meu assistente pessoal já está por dentro dos planos, assim como a
mãe de Bruna já deve ter sido avisada que preparei uma surpresa para
minha noiva e por isso antecipei a cerimônia de casamento.
“Irá ser uma coisa simples, pois, não quero atenção da mídia em
cima de nós. Essa é a desculpa que vamos dar somente às pessoas que
precisam saber do nosso casamento.
“Será que fui claro com você?”
Ela fica calada alguns segundos.
— Você foi claro como a água, Oliver, mas vou te dizer uma coisa...
O que você está fazendo com essa menina é muito errado. Você está
metendo os pés pelas mãos, e te garanto que um dia irá se arrepender de
fazer isso com ela. Acho que já percebeu os sentimentos dela por você.
— Claro que já percebi, Amanda, mas não contava com ela se
apaixonando por mim tão rápido. Agora o que foi feito está feito. Ela sabia
muito bem o que eu queria e aceitou.
— Ela não se apaixonou por você rápido demais, seu idiota! Será
que nunca tinha percebido a maneira como ela te olhava durante todo esse
tempo? Sempre que ia à galeria, a menina ficava suspirando por você por
onde passava. Mas é tão tapado que nunca percebeu nada.
Amanda me faz lembrar do que Bruna me disse na noite passada.
— Amanda, não quero falar mais disso, por favor. Faça o que pedi e
ajude a Bruna. Ela está no complexo de mansões que fica próxima à minha,
creio que deve saber onde é.
— Tudo bem, Oliver, mas vou logo avisando que isso vai dar uma
merda muito grande. Espero realmente que você saiba o que está fazendo.
Aquela menina já sofreu demais para ter o coração partido por você. Agora
vou desligar, vou deixar tudo preparado aqui em casa e saio daqui a pouco
para ir ajudar Bruna com o vestido de noiva.
— Obrigado, sabia que podia contar com você.
Nos despedimos e passo alguns minutos pensando nas palavras de
Amanda.
Ela tem razão, Bruna já sofreu o suficiente para que eu estrague a
vida dela.
Pensando nisso, tomo a decisão que será certa para nós dois.
Seguirei com contrato que assinamos, ela terá a casa dela e eu terei a
minha. O único contato que teremos será para discutir o processo de
inseminação artificial.
Vou seguir com o plano inicial, me casar com ela, dar uma vida
confortável a ela, e em troca ela carregará meu filho, meu herdeiro.
Depois que a criança nascer, ela estará livre para fazer o que quiser
de sua vida.
“Mal sabia que nunca iria conseguir abrir mão dela novamente,
Bruna Harper veio para literalmente transformar a minha vida.”
CAPÍTULO 38

Acordo com alguém cutucando meu rosto, e, ao abrir os

olhos devagarinho, me assusto ao ver a pessoa que está ao meu lado.


— Mas que vergonha! Isso são horas da noiva do dia estar
dormindo?
— Amanda, o que está fazendo aqui?
— Ainda bem que estou aqui, porque pelo que estou sabendo você
vai se casar e não tem um vestido.
Desperto de vez ao escutar suas palavras e me lembro de tudo o que
aconteceu na noite passada.
— Meu casamento — digo com pouca empolgação.
— Bruna, o que foi que aconteceu? E como foi que você veio parar
aqui? Por que Oliver decidiu fazer as coisas dessa maneira?
Como sempre ela faz várias perguntas ao mesmo tempo, mas algo
me incomoda.
— Como você sabia que estava aqui?
— Oliver me ligou e pediu para que a ajudasse com o vestido de
noiva.
É claro que ele ligou.
— Você tem uma intimidade muito grande com ele. É explicito o
quanto ele gosta de você... Será que ele me escolheu porque somos
parecidas, e...
— Pode parar agora mesmo. O que está querendo insinuar, Bruna?
Eu me sento na cama, me sentindo uma tola por ter pensado no que
pensei. A minha cabeça está uma confusão e só sinto vontade de chorar. Me
permito a isso, porque sei que Amanda também é minha amiga.
— Me desculpa, Amanda, mas é que eu, eu, eu...
— Meu Deus, Bruna, você o ama tanto assim?
— Amo, amo muito e está doendo como você falou que doeria. Não
sei se consigo fazer isso, Amanda, eu sinto que vou me sufocar no meu
amor. E depois de ontem...
— Ontem?
Balanço a cabeça.
— Eu me entreguei a ele ontem e quando pedi para que ficasse para
dormir comigo, ele me disse coisas horríveis. Eu era virgem, Amanda, e
tudo o que queria era pelo menos um pouco de carinho da parte dele. —
Paro de falar porque não consigo parar de chorar.
— Bruna, sinto muito mesmo, vem aqui, vem. — Senta na cama, me
chamando.
Coloco a cabeça no colo dela e choro até não ter mais lágrimas e
tudo que ela faz é me consolar com seu toque em meu cabelo.
— Eu o encontrei ontem na boate e ele estava com uma mulher
loira, passando a mão na bunda dela.
— Eu sei quem é a vadia.
— Sabe!?
— Sei, ela é uma prostituta de luxo e tem um caso com Oliver há
anos. Vamos dizer que ela está disposta a fazer tudo o que ele gosta na
cama.
Eu me sento e a encaro.
— Como assim?
— Olha, Bruna, Oliver é um homem com gostos diferentes na hora
do sexo.
— Você já foi para cama com ele?
Percebo que ela fica desconfortável com a pergunta, mas sei que ela
vai me falar a verdade.
— Bruna, você tem que entender que não existe nada entre Oliver e
eu... Eu já fui para a cama com ele, antes de me casar e não foi só uma vez,
mas nunca passou de sexo. Oliver e eu somos apenas grandes amigos. Ele
me ajudou em um dos momentos mais difíceis da minha vida e se não fosse
por ele, não sei o que teria sido de mim e do meu pai, sem falar no meu
filho. Oliver apesar de tudo e de não demonstrar para ninguém, tem um
bom coração. Você só precisa descobrir como fazer para entrar nele.
Fico satisfeita com a sinceridade dela.
— Obrigada, Amanda, por ter sido sincera comigo.
— Somos amigas e quero que seja feliz com o homem que ama e
que também é meu amigo. Mas você não respondeu as minhas perguntas
anteriores. O que aconteceu para você ter vindo parar aqui?
Como sei que não tenho como escapar dela, acabo contando tudo o
que aconteceu ontem na boate. Depois o que eu falei para Oliver na ligação,
da invasão dele ao meu quarto e o que aconteceu depois. Conto tudo sem
esconder nenhum detalhe e agora ela está me olhando de olhos arregalados.
— Amanda.
— Você é mais corajosa do que pensava. Você chamou o pinto do
homem de pintinho? Aquela monstruosidade não tem nada de pintinho.
— Sério que de tudo o que falei você só absorveu essa parte?
— Escutei tudo, mas essa parte da conversa foi a que me chamou
mais atenção. Pelo menos, ele provou a você o que tinha dentro das calças.
— Ah, ele provou sim, tenha certeza disso.
Ela começa a rir.
— Você é uma safadinha, era uma virgem safadinha. Agora eu gosto
mais ainda de você, é das minhas e não deixa uma provocação passar
batida.
— Amanda, do que o Oliver gosta na cama?
Ela respira fundo e me olha como se não quisesse responder a minha
pergunta.
— Bruna, Oliver gosta de umas coisas diferentes. Sei que ele foi
cuidadoso com você por ser a sua primeira vez, mas ele não sabe fazer
amor. Isso será você que terá que ensiná-lo. Mas, por favor, não me
pergunte mais sobre esse assunto que faz parte do meu passado. Você agora
é o futuro do Oliver e eu como amiga dos dois vou fazer de tudo para que
fiquem juntos. Agora venha ver o seu vestido de noiva.
— Você trouxe um vestido?
— É claro que trouxe e consegui por um milagre, usando todos os
meus contatos. Seu futuro marido me deve uma.
Acabo sorrindo do que ela fala e me levanto indo até o banheiro.
Faço a minha higiene pessoal e volto para o quarto.
Amanda me informa que tem uma massagista me esperando logo
depois do almoço, já que mais uma vez acordei tarde demais.
Passo o dia ansiosa querendo ver o vestido, mas ela não permite
dizendo que é uma surpresa.
Em momento nenhum, ela me deixa sozinha e quando a questiono
sobre o bebê, ela me responde que o filho está sendo muito bem cuidado
pela babá e por seu marido.
Ela ainda informa que se encontrará com eles na mansão dos pais de
Oliver mais tarde.

As horas passam rápido e logo chega um maquiador e um


cabeleireiro também chamados por ela.
Depois de quase uma hora, estou de cabelo arrumado e maquiagem
feita, agora só falta o vestido.
Olho no espelho e me emociono com o que vejo, o vestido escolhido
por Amanda é perfeito. Passo as mãos pela renda que percorre todo seu
comprimento, sentindo meu coração se apertar ao lembrar que tudo não
passa de um contrato e de uma encenação para enganar a família de Oliver.
— Você está linda! — Amanda sorri emocionada logo atrás de mim.
Volto a encarar o espelho e preciso controlar as lágrimas que se
formam em meus olhos.
— É demais pra mim — digo me referindo ao vestido longo com
um decote generoso e alças finas que estou vestindo.
— Você é a noiva e se Oliver vai te obrigar a participar desse circo,
precisa de um vestido à altura.
— O que posso fazer para te agradecer? — Me viro para olhá-la nos
olhos e ela segura minha mão me encarando.
— Salve meu amigo da escuridão a qual ele vive. Eu não faço ideia
do que o transformou no homem que ele é hoje, mas algo me diz que você é
a única que pode trazer luz e felicidade para a vida dele. Mas nunca deixe
de ser você mesma, é isso que a torna especial. Não mude o seu jeito, nem
mesmo pelo amor dele e vai ser assim que conseguirá fazer o que estou te
pedindo.
— Será que um dia ele vai me amar?
Ela sorri.
— Quem sabe ele já não a ame. Agora vamos, já atrasou o
suficiente.
CAPÍTULO 39

Quando chegamos na mansão dos pais de Oliver, a primeira


coisa que vejo na porta é minha mãe branca feito papel.
Até parece que a mulher acabou de ver um fantasma.
Ao perceber minha chegada, ela se aproxima e me abraça sorridente.
Minha mãe me cumprimenta pelo casamento e me pergunta se estou feliz
com a surpresa que meu noivo preparou.
Parece que realmente Oliver conseguiu convencê-la de que tudo isso
não passou de uma grande surpresa que ele fez para mim.
Como não quero complicar as coisas, acabo entrando no jogo dele,
afinal só quem precisa saber o que está acontecendo é eu, ele e mais
ninguém.
Acompanhada por minha mãe e Amanda, entro na grande sala de
estar. Vejo algumas pessoas reunidas, como Collin, marido de Amanda,
junto com o seu bebê, Emily acompanhada do marido, Anthony, meus
sogros e ninguém mais, ninguém menos que Fred.
Confesso que a presença dele me surpreende.
Ao perceber a minha presença, Oliver crava os olhos em mim,
analisando cuidadosamente cada parte do meu corpo. Ao fazer isso,
automaticamente as lembranças da noite passada invadem minha mente.
— Amanda, acho que Oliver não gostou muito da sua escolha de
vestido, mas eu particularmente adorei — cochicho no ouvido de Amanda
que está ao meu lado.
Ela sorri do meu comentário.
— O vestido causou exatamente a reação que queria que causasse, e
o principal é que você gostou. Já te conheço o suficiente para saber o seu
estilo.
Oliver ao perceber que estamos cochichando se aproxima,
cumprimenta minha mãe e depois olha muito sério para Amanda.
— E aí, Oliver, Bruna é ou não é a noiva mais linda do mundo? ―
Como ela também não sabe ficar calada, acaba provocando meu marido.
Ele semicerra os olhos na direção dela.
— Achei que tinha sido bem claro quando falei para que comprasse
um vestido decente.
— Relaxa, Oliver, esse vestido está lindo e não tem nada de
indecente. Ele é sexy, elegante, digno de uma noiva à altura da sua.
Sorrio da cara que ele faz e agradeço a Deus mentalmente por minha
mãe não estar perto de nós, ouvindo a conversa.
Amanda sem se importar com a careta que Oliver faz, se afasta e vai
até o marido. Pega o bebê do colo dele e o beija em seguida.
Percebendo para onde estou olhando, Oliver segura meu braço e me
leva para cumprimentar seus pais.
Depois de falarmos com os poucos convidados, somos direcionados
à área de lazer onde tem um pequeno altar montado com um juiz de paz.
Acho impressionante eles terem conseguido organizar tudo em tão
pouco tempo e a decoração é simplesmente maravilhosa.
Como se o juiz de paz já tivesse sido informado antes, ele não
enrola com a cerimônia que em poucos minutos acaba.
Digo sim e Oliver também e depois das alianças trocadas, vem o
beijo que o noivo dá na noiva selando assim o nosso compromisso e
casamento.
Essa deve ter sido a cerimônia de casamento mais rápida do mundo.
Os convidados parecem não perceber nada já que está estampado na
cara de todos a felicidade e nos desejam o melhor em nosso casamento.
Minha sogra está que é só sorrisos para mim, e, ao mesmo tempo,
em que fico feliz com isso, me sinto mal por estar enganando uma senhora
com uma alma tão bondosa como a dela. Mesmo com a minha origem
humilde, ela está me aceitando em sua família de coração e braços abertos.
Oliver até agora não trocou uma palavra comigo a não ser o “sim”
no altar e evita até mesmo me olhar nos olhos.
Ele está me evitando como se eu fosse portadora de uma doença
contagiosa, simplesmente se nega a me tocar direito e isso está começando
a me incomodar.
É como se o que tivesse acontecido na noite passada não existisse
nas lembranças dele enquanto eu o quero cada vez mais.
Depois de uns minutos, meu sogro chama todos para a mesa, onde
será servido o jantar de comemoração e como os convidados não são
muitos, todos ficam muito bem acomodados na sala de jantar.
Aproveito um pouco a saída dos convidados, puxo Oliver para um
canto um pouco afastado e o encaro.
— Por que está me evitando desse jeito? A ideia desse casamento
foi sua. Poderia pelo menos disfarçar direito?
Ele sorri como se estivesse fazendo pouco da minha cara e da minha
preocupação de alguém perceber como meu marido é indiferente a mim, no
dia do próprio casamento.
— Você está se dando muito valor, não acha? Ninguém vai perceber
nada e caso percebam não terão coragem de abrir a boca para falar merda
na minha frente. Agora vamos para a mesa que não tenho tempo a perder.
Preciso ainda hoje mesmo fazer uma viagem e não sei quanto tempo vou
ficar fora.
Escutar isso mais uma vez parte meu coração.
Na minha inocência, realmente achei que ele fosse querer ficar
comigo, na noite do nosso casamento, mas vejo que estou completamente
enganada.
— Você precisa mesmo viajar hoje, no dia do nosso casamento?
— Não se iluda, garota, com que aconteceu ontem. Deixei claro que
não irá se repetir e quanto ao nosso casamento, sabemos muito bem a
finalidade dele. Agora vamos para a sala que estão esperando por nós. ―
Ele não se demora em me dar outra resposta grosseira.
Oliver se afasta sem olhar para trás e tudo o que me resta é
acompanhá-lo.
A comida que parece estar deliciosa desce amarga na minha boca,
mas me forço a comer para quem ninguém perceba a minha infelicidade no
dia do meu casamento.
Minha mãe parece estar muito nervosa, eu a conheço e sei que ela
está disfarçando, só não entendo motivo de todo esse nervosismo.
Ela está sentada bem ao lado de Fred que não tira os olhos dela.
Segundo as apresentações de mais cedo, acabei descobrindo que
Fred é primo do meu marido. Isso explica os cuidados que ele teve comigo,
quando estive na boate.
Ele parece temer muito o primo, mas tem mais coragem de enfrentá-
lo do que muitos. Pelo que percebi, eles parecem ter uma amizade.
Fred é um homem muito bonito, ele é capaz de deixar as mulheres
de boca aberta, mas ele não tem as mesmas fisionomias da família do meu
marido. Pelo que minha sogra disse eles não são primos de sangue, Fred foi
adotado por uma tia de Oliver, mas eles nunca o trataram de maneira
diferente e o aceitaram na família de coração.
Depois do jantar, conversamos mais um pouco com os convidados
que logo vão embora, deixando assim apenas Oliver e eu na sala.
Olho para os lados e não encontro minha mãe em lugar nenhum,
acho que ela foi ao banheiro, ou em algum lugar da casa acompanhada pela
minha sogra.
— O motorista vai te levar para a sua mansão, onde estava e nunca
mais quero ver você vestida em um vestido como esse. Não quero minha
mulher mostrando os peitos por aí.
A minha vontade é de rir da cara dele.
— Você se importa com as minhas roupas? Esse vestido é lindo e eu
amei. Você deveria ser pelo menos um pouco mais educado e ter me
elogiado, afinal de contas para a sua família, agora somos marido e mulher.
Você nem mesmo conseguiu disfarçar o quanto quer ficar longe de mim.
— Eu não tenho tempo para suas malditas reclamações agora,
preciso pegar um voo e não vou me atrasar ficando aqui escutando você.
— Vai mesmo viajar e me deixar sozinha na nossa noite de núpcias?
Ele volta a sorrir.
— Não tem noite de núpcias, Bruna. Em que mundo você vive?
Acho que já deixei bem claro mais de uma vez o motivo desse casamento.
Não se preocupe que vou cumprir todas as cláusulas do nosso contrato
começando por oferecer a sua mãe um lugar decente para morar. Eu já
providenciei um apartamento para ela e assim que chegar de viagem vamos
ao médico dar início ao processo de inseminação artificial.
— Não vamos morar na mesma casa?
— De jeito nenhum, você terá a sua e eu terei a minha, assim vai ser
melhor e poderá tirar da cabeça essa história de amor.
Eu me aproximo dele e levanto a cabeça, o olhando de igual para
igual.
— Quando eu for embora de vez da sua vida, nunca diga que me
afastei, pois, sempre demonstrei querer você e não um contrato. Tenha isso
em mente.
Eu o deixo completamente sem palavras e me afasto o mais rápido
possível indo atrás da minha mãe e da minha sogra.
Tudo o que quero é sair dessa casa o mais rápido possível.
CAPÍTULO 40

Bônus
Ao chegar na casa da família Thomson depois de ser informada
da surpresa que meu futuro genro iria fazer a minha filha, a primeira pessoa

que vejo sentado na sala é ele, Fred.


— Seja bem-vinda de volta a nossa casa, Lena. — Leah, mãe de
Oliver, vem até mim, me abraçando.
— É um prazer estar aqui novamente. Parece que nossos filhos
resolveram nos fazer uma surpresa.
— Nem me diga. Quando o assistente pessoal de Oliver chegou aqui
hoje pela manhã me informando dessa surpresa, achei que fosse desmaiar.
Mas deu tudo certo apesar da pressa. Creio que meu filho deve amar muito
sua menina para estar tão ansioso assim pelo casamento.
— Espero que a senhora tenha razão, Bruna já é uma mulher adulta
e não posso interferir na decisão dela de se casar assim tão rápido.
— Os jovens de hoje em dia são assim mesmo. Vai dar tudo certo,
não se preocupe com isso. Agora venha que vou te apresentar o primo de
Oliver, os outros convidados você já conhece.
“Primo do Oliver?”, as palavras martelam na minha cabeça.
Não pode ser...
— Fred, querido, essa é a mãe da noiva, Lena Harper.
Ele se levanta me encarando e a vontade que tenho é de me encolher
em sua presença imponente.
Fred continua tão lindo quanto a última vez em que o vi.
— É um prazer conhecê-la, Lena. — Estende a mão.
Ao segurá-la, ele aperta mais forte do que o normal para um
cumprimento, fazendo todo o meu corpo se arrepiar.
— Vou deixá-los a vontade e vou ver se está tudo certo na cozinha
— Leah diz e se retira.
Minha vontade é de sair correndo atrás dela.
— Fred...
— Shiii… Não fala nada agora para não piorar a sua situação que já
não é nada boa.
Fecho os olhos diante da sua ameaça e respiro fundo tentando
manter uma calma que não tenho. Então, algo vem à minha mente e volto a
encará-lo.
— Bruna não pode se casar com Oliver, vocês dois são primos e
isso...
— Não se preocupe, não somos primos de sangue, fui adotado pela
família.
Sabia que ele era adotado, mas nunca passou pela minha cabeça que
era pela família Thomson.
— A NOIVA ESTÁ CHEGANDO! — Leah grita, me deixando
aliviada porque vou poder sair de perto dele.
Sem olhar para trás, corro até a porta para aguardar minha filha.
Estou tremendo.
Não demora muito e ela aparece linda na minha frente, então meu
único instinto é ir até ela e abraçá-la.
Entramos juntas e logo seu noivo se aproxima para recebê-la.
Eu me afasto um pouco dando privacidade aos dois e fico ao lado de
Leah, fugindo da presença intimidadora de Fred.
Ele com certeza já deve saber de alguma coisa, por isso está tão
furioso.
Bruna e Oliver cumprimentam os poucos convidados já que ele não
quer expor a família à mídia e logo em seguida começa a cerimônia de
casamento.
Chego a derramar lágrimas de emoção ao vê-los trocando as
alianças.
Espero que minha filha seja feliz com esse homem.
Logo após a cerimônia, nos acomodamos na grande mesa para jantar
e Fred se senta ao meu lado, fazendo meu coração acelerar dentro do peito.
Mas faço todo o esforço do mundo para não demonstrar meu pânico.
Depois do jantar, enquanto Bruna se despede dos convidados, eu me
afasto de todos e me escondo em um canto mais afastado da sala. Pego uma
revista que tem em cima de uma pequena mesa e quando vou folheá-la sinto
sua presença.
O perfume continua sendo o mesmo.
Fred está atrás de mim, cola seu corpo no meu e cheira meu
pescoço.
— Tão cheirosa quanto eu me lembrava.
Engulo em seco, porque meu corpo volta a sentir as mesmas
sensações de anos atrás, quando ele se aproximava assim de mim.
Nunca senti por outro homem o que senti por ele.
— Fred, por favor, não...
— Por favor, Lili. A vontade que sinto é de rasgar sua roupa e te
foder por trás até te ver implorar por perdão. Você foi a porra de uma
maldição que rondou meus pensamentos por todos esses anos... Como um
demônio que não me deixou viver em paz — diz cada palavra no meu
ouvido, entredentes.
Sei que tenho que me afastar dele o mais rápido possível.
— Eu preciso ir. — Tento me afastar, mas ele segura meu braço com
força.
— Você não vai, porra nenhuma. Vem comigo.
Fred nem me dá chance de recusar ou fugir e sai me arrastando pela
casa. Entra em um corredor, para em frente a uma porta que ele abre e me
joga dentro, a fechando em seguida.
— Fred, o que você quer de mim? Não...
— Esse banheiro é longe o suficiente para que possa gritar com
você o quanto eu quiser e ninguém vai escutar.
— Fred...
— Porra! Onde você estava com a cabeça quando resolveu me
deixar grávida, fazendo aquele verme assumir a criação da MINHA
FILHA?
Jesus Cristo, estou perdida!
Ele realmente já sabe de tudo.
— A Bruna não é sua filha.
Ele sorri, mais furioso ainda, anda em minha direção e segura meu
pescoço com força, como se quisesse me matar.
— Eu fiz um teste de DNA, Lili, e ele deu positivo. Desde a
primeira vez que coloquei os olhos naquela menina eu soube que ela era
minha filha. Sua desgraçada, deveria te matar por isso.
— Então mata de uma vez — digo sem conseguir respirar direito. —
Me mata e mostra o monstro que você sempre foi.
Ele me olha nos olhos e solta o meu pescoço.
— Não consigo te matar sua infeliz e nem te fazer mal porque nunca
deixei de te amar. Agora, eu te odeio na mesma proporção que te amo. Você
não tinha o direito de me negar ser pai. Sabia muito bem do meu desejo de
ter um filho.
— Um filho, você queria um filho homem para herdar toda sua
fortuna ilícita, era isso que você queria.
— Você não sabe a merda que está falando. Tem noção de como
fiquei quando você foi embora com um homem de caráter muito pior do
que o meu?
— Eu não sabia que ele era...
— Não, você não sabia por que era idiota demais para perceber que
ele estava te enganando. E a troco de quê? Ele só queria uma boceta para
comer quando quisesse e você deu a ele de muito bom grado.
Suas palavras me machucam e sei que ele está com raiva, mas não
vou permitir que me trate assim.
— Não vou ficar aqui sendo insultada por você desse jeito. Bruna é
minha filha e de mais ninguém.
Quando vou caminhar até a porta do banheiro, ele me puxa
novamente.
— Você vai ficar aqui até quando eu quiser e vai escutar caladinha
tudo o que eu falar.
Já que ele quer que eu fique vai ter que responder as minhas
perguntas também.
— Como consegui fazer um exame de DNA em Bruna?
— Ela já foi algumas vezes na minha boate, não foi difícil pegar o
copo que ela usou e mandar para um laboratório.
— Você...
— Lili, quando eu te liguei avisando que o verme do seu marido
estava entrando em uma toca de lobos, nunca imaginei que você fosse
mandar a menina para tentar salvá-lo. Passei anos procurando por você e
quando finalmente encontrei, tentei te ajudar de alguma maneira...
— Tentei impedir que ela fosse até aquele lugar, mas Bruna é
teimosa e não escuta ninguém.
— E será que ela puxou a quem? Já percebi que a língua dela é
muito pior do que a sua.
— Bruna sabe se defender. Agora ela está em boas mãos e fez um
bom casamento.
Ele dá uma gargalhada que me assusta muito.
— Você sabe quem é Oliver Thomson?
Essa pergunta me deixa em alerta.
— Eu...
— Se você me acha um monstro é porque ainda não conheceu
Oliver Thomson. Eu na frente dele sou peixe pequeno. Você entregou a
nossa filha nas mãos do próprio Diabo.
Coloco as mãos na boca, chocada com o que escuto.
— Eu não sabia, não fazia...
— Eu sei disso. Mas ela vai ficar bem, vou ficar de olho nela. Oliver
mesmo não querendo admitir já está caidinho pela menina. Tanto que ela já
o tirou do sério inúmeras vezes e ainda está viva. Hoje, ela se tornou a
senhora de uma das famílias mais poderosas do mundo.
— Tem alguma coisa errada nessa história.
— Tem, nisso eu concordo com você e vou descobrir o que é.
— Ele já sabe que ela é sua filha?
— Oliver sabe de tudo e não duvido nada que ele descobriu isso
primeiro do que eu, que sou o pai.
— Eu nunca contei para ninguém que Bruna é sua filha, apenas eu e
Bruce sabemos disso.
Fred já estava bem calmo, mas é só tocar no nome do Bruce que sua
fúria volta com tudo.
Ele avança em cima de mim novamente e me impressa na parede ao
lado da bancada da pia.
— Eu e meus homens demos uma surra tão grande naquele
desgraçado que deve estar até hoje andando por aí todo quebrado. No dia
que ele colocar os pés nessa cidade novamente, eu mesmo o mato com as
minhas mãos.
Eu não consigo segurar uma lágrima que rola pelo meu rosto.
— Você chora por ele mesmo depois da vida miserável que ele deu a
você e a minha filha? Você o ama tanto assim, Lili?
Nunca amei meu marido e só fui embora com ele porque estava com
medo de Fred por uma mentira que Bruce me contou e eu idiota acreditei.
— Não, eu não o amo.
Ele aproxima mais o rosto do meu.
— E quem você ama?
Já que a merda foi toda descoberta, não tenho mais motivos para
esconder meus sentimentos.
— Você. Eu amo você e sempre amei.
CAPÍTULO 41

Bônus
Escutar da boca de Lili que ela me ama, me faz perder

completamente o controle que estava tentando ter com ela.


Essa mulher foi a razão das minhas noites maldormidas por anos e
quando finalmente achei que estava superando sua perda, ela esfrega uma
filha na minha cara.
Uma filha que ela escondeu de mim.
— Se você me ama, por que não voltou?
Ela respira fundo, tremendo de medo.
Por mais que queira ensinar uma lição por ter escondido minha
filha, não gosto de vê-la acuada desse jeito.
— Não tinha coragem de te enfrentar. Eu tinha medo...
— Medo de mim, Lili? Do homem que te ama de verdade e que
estava disposto a te dar o mundo inteiro? Posso até ser o monstro que fala,
mas você é a luz da minha vida, sempre foi.
Lena me olha, emocionada, e não resisto, beijo seus lábios que
sentia falta. Ela não tem nem tempo de reagir e mergulho a língua em sua
boca, procurando sentir a dela o máximo possível, para aplacar a
necessidade que meu corpo sente por essa mulher.
Eu a seguro com força e a puxo para mais perto de mim.
Ela aceita todas as minhas investidas, completamente entregue ao
nosso momento. Sem resistir, levo minha mão até seus seios e aperto por
cima do vestido, a fazendo gemer dentro da minha boca.
Fico excitado com os gemidos que há tantos anos sentia falta de
escutar.
Meus dedos tocam sua pele delicada enquanto ela passa as mãos por
meu corpo grande e musculoso.
E isso é o meu fim.
Coloco uma das pernas entre as dela, a forçando abrir as coxas para
me dar passagem, então sinto seu coração bater disparado no meu peito.
Lili, apesar dos anos, ainda é a mesma garota assustada.
Sinto meu pau inchar dento da calça e minha vontade é de possui-la
aqui, nesse banheiro.
Mas tudo o que posso fazer agora é tocá-la de uma maneira mais
íntima e sei fazer exatamente do jeitinho que ela gosta.
Coloco a mão por baixo do vestido e sinto o quanto sua pele ainda
continua macia e cheirosa.
Exatamente como me lembrava.
Aperto sua bunda, ela geme novamente e quando afasto a calcinha
para o lado, sinto o quanto está molhada.
É a minha vez de grunhir, desfazendo o nosso beijo.
— Porra, Lili! Está toda molhadinha, pronta para mim.
Ela ofega se segurando em meus braços.
— Fred...
— Você vai para a minha casa agora mesmo. Quero você na minha
cama e vou te foder do jeitinho que gosta até o dia amanhecer.
— Mas e a nossa filha?
— Ela está sendo muito bem cuidada e vigiada pelos seguranças do
Oliver. Nada de ruim irá acontecer a ela, isso eu garanto.
— Mais...
— Sem mais, Lili. Você é minha e não vou permitir que nenhum
filho da puta te tire do meu lado novamente. No momento certo, vamos
conversar com a Bruna e contaremos a verdade.
Quando ela vai responder, escutamos uma batida à porta e a voz de
Oliver chamando do lado de fora.
Cretino, está me atrapalhando!
— Meu Deus é o Oliver, e agora?
— E agora nada, se recomponha que vou abrir a porta.
Ela ajeita o vestido e abro a porta dando de cara com Oliver, me
encarando.
— Minha esposa está procurando pela mãe. Ela quer se despedir
para ir embora. Será que os dois já acabaram a conversa privada?
Debochado como sempre.
— Lili, vá até Bruna e se despeça dela. Me espera na garagem e
nem tente fugir de novo, pois, eu te encontro nem que seja no inferno.
Pela primeira vez, ela não me questiona e sai sem falar nada,
passando por Oliver de cabeça baixa, provavelmente, morrendo de
vergonha.
— O que pretende com isso, Fred? Essa mulher é minha sogra.
A minha vontade é de rir da cara dele.
— Você não tem moral para me questionar nada, primo. Não vai
nem mesmo passar a noite de núpcias com a sua esposa. Sua sogra é mãe da
minha filha e não vou abrir mão dela novamente.
— Então você acha que vai ficar comendo a minha sogra e não vou
fazer nada?
— Oliver, eu te respeito como chefe dos negócios e, principalmente,
como chefe da nossa família, mesmo sendo muito mais novo do que eu.
Mas você não manda na minha vida pessoal.
“Minha história com Lili é muito mais antiga do que você pensa.
“Sua preocupação agora é cuidar bem da minha filha e fazê-la muito
feliz.
“Ela já sofreu demais nessa vida e não merece sofrer nas suas mãos
também.
“Eu te peço que se alguma vez você me viu como parte da família,
que não machuque o coração da minha menina, ou vai se ver comigo.
“Nem que isso me leve ao túmulo.”
Saio da frente de Oliver, sem deixar que ele responda, mas percebi
que o deixei sem palavras e isso nunca aconteceu.
É como se ele parasse para pensar em tudo o que falei e espero
sinceramente que ele não me obrigue a cumprir com minha promessa.
Quando chego ao estacionamento da mansão, vejo Lili acenando
para o carro que está saindo, toda chorosa.
Com certeza ela vai sentir falta da filha, mas ficar perto da Bruna
agora não é mais uma opção.
— Vamos embora. — Dou a ordem caminhando em direção ao meu
carro.
— Eu não vou com você para lugar nenhum. O que vou fazer agora
é ir para minha casa.
Ela estava obediente demais para ser verdade.
— Vai entrar por bem ou por mal nesse carro?
— Fred, não somos mais dois jovens bobos e apaixonados. Eu te
amo e nunca deixei de amar, mas não vou entrar em uma aventura de amor
com você, não tenho mais idade para isso.
— Então vai ser por mal... Ótimo, por mim, não tem problema
nenhum.
Eu me aproximo dela para pegá-la a força.
— Tudo bem eu vou. Não se atreva a me jogar por cima do ombro
como fazia antigamente, não seja um homem das cavernas.
Adoro a língua afiada dessa mulher.
Como senti falta dela...
— Então entre na porra do carro, meu amor.
Ela entra batendo a porta toda afrontosa como sempre, do jeitinho
que me lembrava.
CAPÍTULO 42

Bônus
Saio da mansão em alta velocidade, pois, minha pressa de

chegar em casa é grande.


Pela graça de Deus, o trânsito me ajuda e, em poucos minutos,
chego ao meu humilde lar.
— Isso tudo é seu?
— É nossa, querida. Não é tão grande como a mansão Thomson,
mas creio que será o suficiente para nós dois.
Ela arregala os olhos como se estivesse falado a maior loucura do
mundo.
— Sabe que não tem cabimento nenhum morarmos juntos. Sou uma
mulher casada, esqueceu?
Abro a porta, desço e vou até o lado do passageiro, a tirando de
dentro do carro.
— Se for preciso te deixar viúva para que eu possa ficar com você,
acredite que ficará. Encontrar aquele verme e mandar matá-lo será muito
fácil.
— Por Deus, Fred! Você ainda me pergunta os motivos por ter
fugido de você? Como pode ter sangue frio ao ponto de ter coragem de
fazer isso?
Eu a impresso na lateral do carro e a faço me encarar.
— Você teve um sangue muito mais frio do que o meu, fugindo
grávida do meu bebê e deixando que aquele verme infeliz criasse a minha
menina. Eu investiguei a vida de vocês e sei a vida miserável que viveram
todos esses anos. Você tirou meu direito de ser pai e tirou da minha garota o
direito de ter uma vida de princesa, tendo todo o meu dinheiro à disposição
dela.
— Ela nunca passou necessidade.
— Não!? Ela se formou por um milagre e caridade de outas pessoas.
Minha filha sofreu bullying na escola e na faculdade por ser pobre. Andou
em ônibus lotado podendo ter o carro do ano e ainda permitiu que aquele
verme a humilhasse...
— Por favor, pare, pare com isso...
— Até parece que você tem alguma dor na consciência. Se não
tivesse encontrado a Bruna naquela boate nunca ficaria sabendo que tinha
uma filha.
Ela coloca as mãos no meu rosto, chorando.
— Eu sinto muito mesmo por ter feito isso. — Fica na ponta dos pés
e me beija.
Rendido pelo poder que ela exerce sobre meu organismo e a minha
mente, perco a razão dos meus atos e seguro seu rosto, trazendo a boca
carnuda e suculenta mais para a minha. Entreabro seus lábios com os meus
e penetro a língua em sua boca.
Sinto que ela estremece e geme em meus braços.
Eu a quero como nunca quis nenhuma outra mulher.
Foram anos, querendo senti-la novamente e isso é assustador.
O que sinto, só se confirma na forma enlouquecedora como meu
corpo corresponde ao dela.
Pego Lili no colo sem desgrudar nossas bocas e entro na sala
espaçosa. Deitando seu corpo delicioso no sofá, desço minhas mãos por
suas costas e quadris, sentindo cada pedacinho seu.
Ela também não fica atrás, mordisca meus lábios e desliza as mãos
delicadas pela minha barriga, até chegar ao cós da minha calça.
— Eu quero tudo de você, Lili. Eu quero que seja minha como antes
— sussurro entre seus lábios. — Quero sua boca, seu corpo delicioso... Eu
quero tudo.
Lili geme quando afasto suas pernas com as minhas e deslizo os
dedos entre suas coxas. Exploro cada curva do seu sexo escorregadio,
enfiando os dedos entre os lábios da boceta melada.
— Tão quente… Hoje, vou te comer de todas as formas matando a
saudade miserável que meu corpo sente do seu.
— Fred… — geme e me aperta mais.
Esfrego o clitóris endurecido e o prendo entre meus dedos, fazendo
Lili gemer enlouquecida.
Eu a seguro com mais firmeza e penetro o indicador no seu canal.
Ela também não perde tempo e abre minha calça. Saio de cima dela
só para tirar a roupa e ela faz o mesmo com o vestido.
Ao me ver pelado, a safada passa a língua pelos lábios.
— Que saudade senti do seu corpo forte e musculoso. Sempre foi
em você que eu pensei quando... — Para de falar na metade da frase, mas
entendo bem o que quer dizer.
— Lili...
— Eu quero chupar você.
Meu Deus, essa mulher vai me fazer enfartar desse jeito.
— Você nunca quis fazer isso...
— Eu quero agora. Quero sentir o seu gosto assim como muitas
vezes sentiu o meu.
Chego a pensar que meu coração vai parar de bater com o que essa
mulher fala.
Eu fico olhando para ela sem reação, então Lili toma a iniciativa de
se levantar e se ajoelha na minha frente, sem desviar os olhos dos meus.
— Se fizer alguma coisa errada você fala.
Eu nem tenho tempo de responder e ela segura meu pau, passando a
língua pela glande já melada.
Quando ela o engole por completo, é inevitável não gemer.
— Hummm... Porra, Lili, assim você vai acabar comigo!
A desgraçada sorri, mamando meu pau e seguro o cabelo dela, a
incentivando a continuar, ditando o ritmo que está me levando à loucura.
— Lili, se você continuar assim vou gozar na sua boca.
Ao invés dela parar, intensifica os movimentos.
Ver seus seios deliciosos, balançando, enquanto ela me chupa com a
visão do seu corpo nu, é meu fim.
Eu me derramo na sua boca e quando penso que ela vai sair e cuspir,
me surpreende mais uma vez engolindo tudo, ainda passa os dedos pelos
lábios como se estivesse se deliciando com meu gozo.
— Você continua pior do que era antes.
Ela sorri com o que falo.
— Agora é a minha vez, amor. — Levanto Lili pelo cabelo e a jogo
novamente em cima do sofá, subindo em cima dela. — É isso que você
quer, não é? — Beijo seus lábios descendo para seu pescoço até chegar em
seu ouvido. — Quer meu pau todo enfiado dentro de você?
— Sim, eu quero — responde arfante.
Aperto o seu traseiro e dou um tapa forte em sua bunda gostosa. Em
resposta, ela geme e enfia as unhas em minhas costas, tomada pela paixão
que nos envolve. Em um movimento brusco, a puxo para mim, segurando a
sua bunda com firmeza e abro as suas pernas, trazendo a boceta
arreganhada de encontro ao comprimento do meu pau. Ela geme assim que
sente meu membro pulsando entre os lábios da sua vagina, esmagando e
esfregando seu clitóris.
Cego pelo desejo, seguro o cabelo da sua nuca e a beijo. Enfio e tiro
a língua da sua boca, de forma imoral, dura e crua, deixando claro que essa
noite ela será minha e que farei o que quiser com seu corpo.
Sem conseguir mais controlar meu desejo de possui-la, a penetro
duro e forte, fazendo com que ela diga meu nome, gemendo alto, o que faz
meu tesão aumentar ainda mais.
Nem parece que gozei há poucos minutos, mas com Lili sempre foi
assim.
Nunca tinha o suficiente dela, sempre a queria mais e mais.
— Isso, Fred, não para, continua fazendo assim.
Essa mulher vai me matar...
É como se os anos não tivessem passado para ela.
Continuo a penetrar sua entrada, chocando nossos corpos um no
outro da maneira como ela pede. Seus gemidos aumentam demonstrando o
tamanho do prazer que está sentindo e está sendo um inferno me segurar
para não gozar de novo antes dela.
Quando sinto os espasmos do seu corpo e maneira que crava as
unhas nos meus braços, gemendo meu nome, sei que ela gozou. Então, me
permito mais uma vez me derramar dentro dela, satisfazendo as vontades do
meu corpo e do seu.
— Você é minha e não vou permitir que saia do meu lado
novamente. — Essa é a sentença final.
CAPÍTULO 43

Sete dias, cento e sessenta e oito horas, dez mil e oitenta

minutos, esse é o tempo que estou casada e o meu marido simplesmente

sumiu da face da Terra mais uma vez.


Logo após a cerimônia de casamento me despedi da minha mãe, fui
trazida para essa mansão e fui simplesmente abandonada até mesmo por
ela.
Mamãe anda muito estranha ultimamente e a última vez que falei
com ela, atendeu o telefone como se estivesse correndo uma maratona.
Quando perguntei o que estava fazendo, ela mentiu dizendo que estava
passando um pano rápido na casa.
Quem fica ofegante daquele jeito passando pano na casa?
Sem falar que ela não está mais na nossa antiga casa, fui
comunicada por um dos seguranças que ela já está muito bem acomodada
em um excelente apartamento do idiota do meu marido.
Há uma semana que a única coisa que faço é ir para o trabalho e
depois volto para casa.
Mais isso acaba hoje.
Só para desencargo de consciência, resolvo ligar uma única vez para
o cretino e como já esperava minha ligação não é atendida.
Entro no meu enorme e exagerado closet, e procuro pelas minhas
roupas que os seguranças foram buscar na minha antiga casa.
Ainda bem que mamãe colocou minhas roupas de treino na mala.
Visto um short curto e colado, top e jogo por cima uma regata de
ginástica com alças largas. Amarro o cabelo em um rabo de cavalo e estou
pronta para ir mais uma vez à academia de boxe em que costumo treinar
escondida de todos.
Sei que dessa vez não vou ter como despistar tantos seguranças, mas
como minha intenção é provocar meu marido, para que ele apareça, faço
questão de ser seguida.
Desço a escada e quando passo pela sala, vejo Mara, que é quem
toma conta de tudo aqui e apareceu junto com outros empregados no dia
seguinte à cerimônia de casamento.
— Senhora Thomson, bom dia, seu café da manhã já está servido ―
ela fala.
Outra coisa que acho um exagero é ela perder tempo fazendo um
banquete, para mim, todos os dias.
— Já falei que não precisa disso, Mara, você serve um café da
manhã que serviria um batalhão inteiro.
— Eu só sigo ordens, senhora, e dessa vez não exagerei. Venha
tomar seu café da manhã.
Acabo concordando com ela e a acompanho até a sala de estar onde
está sendo servida a refeição.
— Sério que não exagerou dessa vez? Acho que pode diminuir
numa próxima.
— Senhora...
— Bruna, me chame de Bruna, por favor, Mara. Só tenho vinte anos
e você me faz me sentir uma velha ao me chamar assim.
— O senhor Thomson pode não gostar, temos que seguir à risca
todas as ordens passadas por ele.
Bufo chateada com isso.
— O senhor Thomson não está aqui, então você pode ficar mais à
vontade comigo.
— Ele pode não estar aqui, mas garanto para senhora que sabe tudo
o que se passa dentro dessa casa. Ele tem olhos e ouvidos em todos os
cantos.
Quando ela fala isso, me lembro de uma coisa que Andreza falou em
uma de nossas últimas conversas no grupo “Projeto Oliver”. Ela disse que
todas as propriedades da família dela tem segurança vinte e quatro horas,
feita pela empresa do marido. Essa segurança consiste em câmeras que
usam tecnologia de ponta espalhadas pelos cômodos da casa e área externa.
Inclusive, ela usou dessa tecnologia várias vezes para tirar o marido do
sério, se expondo para as câmeras na área da piscina.
Achamos muita graça dela contando suas histórias no grupo.
Quando questionei o motivo dessa segurança toda, ela deixou claro
que homens bilionários, como é o caso do meu marido, tem esse tipo de
preocupação e que toda segurança é válida.
— Está querendo me dizer que tem...
— Tem sim, senhora — completa minha frase sem nem esperar que
eu termine de falar.
— Você fala com ele sempre?
Ela coça a garganta, incomodada com minha pergunta.
— Responda. Desembucha tudo de uma vez e não ouse querer me
enganar. — Sou mais firme para que ela tome coragem de responder.
— Sim, senhora. Passamos relatórios diários da senhora para o
senhor Thomson. A sua alimentação é controlada por um nutricionista e por
um médico...
— Médico!?
A mulher para de falar e engole em seco.
— Sim, senhora, precisa estar saudável para gerar o herdeiro do
senhor Thomson.
Respiro fundo tentando me controlar para não descontar a raiva nela
que não tem culpa do meu marido ser um filho da puta.
Que Deus me perdoe por estar xingando minha sogra.
— Pode se retirar e avise ao motorista que vou sair.
— Sim, senhora. — Ela sai quase que correndo sem nem olhar para
trás.
Eu me sirvo de um copo de suco e um pedaço de bolo que descem
com dificuldade.
É inacreditável como Oliver consegue me tirar do sério.
Quando termino de comer, me levanto e ao chegar na sala, meu
celular toca. Sinto vontade de rir ao ver quem está me ligando.
A minha vontade é de não atender, mas não vou perder uma
oportunidade tão boa de provocá-lo.
— O que você quer? — pergunto já mostrando o quanto estou
chateada.
— Onde pensa que vai vestida desse jeito? Hoje é domingo, fique
em casa.
Ele só pode estar de brincadeira com minha cara.
— Onde você está?
— Não interessa onde estou, Bruna.
— Então também não interessa ao senhor saber para onde estou
indo.
— Bruna...
Desligo na cara dele para deixá-lo pelo menos com a metade da
raiva que estou sentindo agora.
Saio da sala indo em direção à garagem com o meu celular tocando,
mas não vou atendê-lo.
Chego na garagem no exato momento em que o celular do motorista
toca e me apresso a pará-lo.
— Não ouse atender esse celular.
O homem me olha como se eu fosse louca.
— Mas, senhora, é o chefe.
— Não importa quem seja, ele não está aqui e quem dá as ordens
agora, sou eu, vamos logo.
Ele engole em seco e olha para o celular decidindo se faz o que eu
falo ou se atende o telefone.
— Vamos logo, homem, larga de ser frouxo. Ele não vai fazer nada
com você, e, se caso, tentar fazer algo me avise que resolvo a bronca.
Oliver não é páreo para mim. Ele cutucou literalmente onça com vara curta.
— A senhora é muito corajosa.
— E vê se para de me chamar de senhora também. Você não é idiota
e já deve saber muito bem as circunstâncias que me levaram a esse
casamento. Não passo de uma barriga de aluguel para o Oliver.
— Sinto muito pela senhora.
— Não sinta, foi meu pai que me colocou nessa situação lastimável
e fui idiota o suficiente para me apaixonar. Agora vamos.
Ele concorda com a cabeça, entra no carro e logo em seguida entro
no lado do passageiro.
— A senhora tem certeza de que vai sentada aí.
— O quê? Vai me dizer que até o lugar onde me sento, Oliver
controla?
Ele acaba sorrindo, então aponta para uma luz vermelha no painel
do carro e depois para o ouvido dele, com isso já entendo tudo.
— Oliver é um idiota, cretino, que nunca vai conseguir me controlar
e mandar na minha vida. Agora vamos que ensino o caminho.
O motorista tenta segurar o riso e acabo sorrindo da cara dele.
Saímos da mansão e logo percebo que estamos sendo seguidos pelos
seguranças, o que é um exagero.
Vou ensinando o caminho da academia que costumo treinar e
quando chegamos no endereço o motorista me encara.
— Tem certeza de que este é o lugar certo, senhora.
— Absoluta.
— Se a senhora está dizendo, tudo bem. Espero aqui e nem adianta
me mandar ir embora porque eu não vou, pretendo viver por muitos anos
ainda.
Eu entendo o que ele fala, por isso não insisto no assunto.
Desço do carro e entro na academia onde já todos me conhecem,
principalmente o gato do treinador.
Não vou mentir, já tirei muitas casquinhas dele durante nossos
treinamentos assim como ele já passou a mão em mim, algumas vezes, mas
nunca passou disso.
— Olha só quem resolveu aparecer? Bruna Harper.
— A única, meu querido. — Vou até ele e o abraço forte.
O safado já vai passando a mão na minha bunda.
— Durinha como sempre.
— Ainda vou quebrar sua mão boba.
— Ah, então isso quer dizer que posso quebrar a sua.
— Engraçadinho.
Sorrimos juntos.
— E aí, como foi a formatura?
— Ótima e agora trabalho oficialmente na galeria de arte com um
excelente salário.
Ele passa a mão pelo meu pescoço e me puxa para ele.
— Fico feliz por você, baixinha, merece essa conquista. Agora
vamos treinar que sei que foi para isso que veio. Depois podemos almoçar
juntos no shopping e colocar o papo em dia.
CAPÍTULO 44

Momentos antes...
Bruna, Bruna, Bruna...
Maldita mulher que não sai dos meus pensamentos!
Sei cada passo que ela dá dentro e fora de casa.
Durante a semana que passei fora, ela me ligou algumas vezes, mas
não atendi.
Estou tentando manter uma distância segura dela para tentar
recuperar meu autocontrole.
Não quero ser grosso com ela e nem a tratar mal, e essa viagem de
negócios veio a calhar, pois, seria um inferno ficar perto dela depois de tudo
o que aconteceu entre nós dois.
Como não gosto muito de ficar em hotéis tenho um apartamento em
todas as cidades, onde costumo estar a negócios, o que facilita minha vida.
Pego o notebook e resolvo ver o que a minha querida esposa está
fazendo nessa manhã tão linda de domingo, já que agora pouco recebi uma
ligação dela quando estava no banho.
Ao acessar as câmeras de segurança, vejo que ela está sentada à
mesa com um lindo café da manhã a sua disposição, assim como ordenei
que fizessem.
Mas percebo que ela está muito séria, conversando com Mara, a
governanta, que coloquei na mansão para ficar de olho nela.
Porra, ela sabe como intimidar os empregados já que obriga a
mulher a abrir o bico.
Depois que Mara sai praticamente correndo para longe de sua
presença, ela se levanta e é aí que a porra do autocontrole que achava que
estava recuperando vai por água abaixo.
Mas que porra de roupa é essa que ela está usando?
Pego o celular, rapidamente ligo para ela e vejo pela câmera a sua
surpresa em ver que sou eu quem está ligando.
— O que você quer? — Ela já atende o telefone com raiva e sei que
é pelo que Mara acabou de relatar a ela.
— Aonde você pensa que vai vestida desse jeito? Hoje é domingo
fique em casa. — Percebo que ela não gosta nada do que eu falo.
— Onde você está?
— Não interessa onde estou, Bruna.
— Então também não interessa ao senhor saber para onde estou
indo.
— Bruna...
A infeliz gostosa nem espera eu terminar de falar e desliga na minha
cara.
Tento retornar à ligação, mas ela simplesmente ignora e ainda
impede que o motorista me atenda. Para completar, ainda tem a coragem de
me xingar dentro do carro.
Essa mulher ainda vai ser o motivo do meu cabelo branco.
Já que não consigo falar com ela e nem com o motorista, que pelo
jeito resolveu mudar de lado, ligo para os seguranças e logo no primeiro
toque sou atendido.
— Chefe!
— Não tirem os olhos da minha mulher, quero saber para onde essa
infeliz está indo.
— Pode deixar chefe, logo passaremos mais informações.
Desligo o telefone nervoso.
Resolvo responder alguns e-mails enquanto aguardo informações do
paradeiro da minha esposa teimosa.
Não demora muito até que meu celular apita com uma notificação
de mensagem e ao abrir o aplicativo, sinto que meu coração vai sair pela
boca.
Minha mulher está em uma espelunca de academia de boxe,
abraçada a outro homem que está com a mão na bunda dela.
O pior é que ela parece gostar muito disso.
As outras fotos que seguem são dela treinando com o mesmo
homem, e a cara que ele faz para ela me faz querer matá-lo.
Eles rolam pelo chão e em várias fotos ela está por cima dele já em
outras ela está completamente montada no homem.
Eu mato essa mulher hoje!
Eu tento me organizar o mais rápido possível para voltar para casa e
ensinar uma lição para a infeliz, mas infelizmente meu jato só vai poder
decolar ao meio-dia o que para mim, é um inferno.
Tudo o que me resta fazer é esperar.
Já próximo do meio-dia vou para o aeroporto, mas antes de
embarcar ligo novamente para o segurança que está seguindo minha mulher.
— Senhor.
— Onde ela está agora?
— Em um restaurante no shopping, almoçando com o treinador de
boxe.
Chego a paralisar ao escutar isso.
— Ela está no shopping almoçando com outro homem, vestida
daquele jeito?
O homem do outro lado da linha respira fundo.
— Logo depois do treinamento, os dois entraram em uma espécie de
casa que tem ao lado da academia. Demoraram um tempo até que razoável
lá dentro e quando saíram, ela estava com o cabelo molhado e vestida com
outra roupa.
Eu vou matar a minha esposa e depois vou matar o maldito
treinador.
— Você está insinuando alguma coisa?
— Não, senhor, mas não precisa ser um gênio para saber o que pode
ter acontecido lá dentro daquela casa.
— Estou voltando para casa, faça o seu trabalho e mantenha as suas
suposições para si mesmo. — Desligo a ligação e entro no avião.
A viagem de volta parece demorar mais tempo do que o previsto
tanto que quando chegamos já se passa das sete da noite.
Meu motorista já me aguarda e quando entro no carro, logo dou a
ordem para que me leve direto para a mansão de Bruna.
Hoje ela tem muito o que me explicar.
Ao chegar na casa e entrar na sala, Mara se assusta com minha
presença, é como se a mulher estivesse vendo um fantasma.
— Senhor Thomson, o que está fazendo aqui?
Mas que porra de pergunta é essa?
— Que eu saiba essa é minha casa também e posso aparecer aqui
quantas vezes eu quiser.
— Tem razão, senhor, me desculpa. O senhor vai querer jantar?
— Onde está minha mulher?
Ela engole em seco.
— A senhora Thomson saiu pela manhã e ainda não retornou.
Respiro fundo tentando me controlar.
— Sirva o jantar, vou tomar um banho e já desço. Espero que as
roupas que mandei entregar aqui já estejam arrumadas no closet da minha
esposa. — Enquanto ainda estava no apartamento mandei trazer algumas
roupas minhas para cá.
— Já estão todas organizadas como o senhor pediu.
— Ótimo. — Estou me virando para sair quando ela me para.
— O senhor vai dormir aqui?
Eu me viro para ela e respondo de maneira grosseira, pois, já está
me fazendo perder o pouco de paciência que tenho.
— Se me fizer mais uma pergunta besta como essa, corto sua língua.
Ela põe a mão no peito, assustada.
— Me perdoa, senhor, vou servir o jantar agora mesmo. — Ela se
vira saindo.
Subo a escada indo para o quarto principal, abro a porta e ao entrar o
perfume de Bruna invade minhas narinas.
O perfume dela é maravilhoso, o cheiro daquela mulher é de
enlouquecer qualquer homem.
Tiro a roupa e entro no banheiro observando como ela organizou
suas coisas. Cada creme em seu devido lugar.
Agora, meus produtos de higiene também se encontram ao lado dos
dela, essa vai ser uma bela surpresa para minha esposa.
Não pretendo morar aqui, mas se ela quer jogar, vamos jogar então.
Tomo um banho rápido e assim que termino entro no closet. Visto
uma calça de flanela confortável e camisa de algodão.
Desço para jantar e nada da minha querida esposa aparecer.
Sento na cabeceira da mesa como tem que ser, Mara me serve
completamente desconfiada, sem abrir a boca para falar uma única palavra
e é assim que gosto.
Logo que termino de comer, volto para o quarto e ao olhar as horas,
vejo que já são quase nove da noite.
Escovo os dentes e me sento na poltrona ao lado da cama, apagando
todas as luzes.
Quero pegar a meliante da minha esposa no flagra e ninguém vai
dizer uma palavra a ela sobre eu estar aqui.
Espero pacientemente.
Passa quase meia hora, vejo a porta do quarto sendo aberta.
— Isso não são horas de uma mulher casada chegar em casa. Tem
muito o que me explicar, querida esposa. A coisa não está muito boa para o
seu lado e muito menos para o lado do seu querido treinador que já deve
estar recebendo meus cumprimentos uma hora dessas ― falo quando ela
acende a luz.
Bruna está completamente pálida, me olhando como se eu fosse o
Diabo na frente dela.
Não fiz nada com o treinador ainda, mas ela não precisa saber disso.
CAPÍTULO 45

Não estava nos meus planos, passar o dia todo com Roger
que além de ser treinador na academia é um bom amigo.
Gosto da sua companhia e gostei muito de passar meu domingo com
ele.
Admito que estava precisando disso.
Ele não percebeu os seguranças nos seguindo e consegui dispensar o
motorista sem que ele notasse também.
Eu tinha certeza de que Oliver iria ficar sabendo da minha pequena
aventura de hoje, mas o que realmente não esperava era encontrá-lo no meu
quarto quando chegasse em casa.
Estou completamente paralisada na porta olhando para ele depois de
escutar mais uma de suas ameaças e temo pelo que pode acontecer com
Roger.
— O que está fazendo aqui? Quem deu autorização para entrar no
meu quarto?
Ele solta seu sorrisinho debochado e sinto a raiva começar a me
dominar, o que não é nada bom porque sempre acabo falando o que não
devo.
— Que eu saiba essa casa é minha, assim como a mulher que
coloquei para morar dentro dela.
— Agora você lembra que tem uma mulher? Não parece. — Entro
de vez no quarto e fecho a porta.
Jogo a mochila com a roupa que saí pela manhã em um canto e tiro
o tênis. Pego o celular e quando estou procurando o contato de Roger sinto
o aparelho ser arrancado das minhas mãos.
— Mais que porra, Oliver! O que você quer?
— Para quem ia ligar? Para o seu amante? Quer saber se ele ainda
está vivo?
Eu juro que tento, mas não consigo me controlar com ele se
referindo a mim, como uma mulher que tem coragem de trair o marido.
— Não sou da mesma laia que você, então me respeite. Respeito é o
mínimo que você pode me dar.
— Respeito? Você que a porra de respeito? Você não estava se
dando respeito quando deixou outro homem passar a mão pelo seu corpo
naquela espelunca de academia. Você claramente estava gostando. Nunca
mais se atreva a pisar naquele lugar, eu não admito isso.
Não estou acreditando no que estou ouvindo.
Eu me aproximo bem dele, levantando a cabeça para encará-lo.
— Como ousa me cobrar alguma coisa? Você não tem um pingo de
moral para me cobrar nada, senhor Thomson. Não depois do que aconteceu
entre nós dois.
Oliver me olha com intensidade, dá um passo na minha direção e
recuo.
— Você não pode...
— Eu não posso o quê, Oliver? Ficamos juntos, fizemos amor...
— Eu não faço amor, Bruna.
Eu vou até ele e dou um tapa forte na sua cara.
— Você fez amor comigo e no dia seguinte foi a nossa cerimônia de
casamento, mas você nem mesmo olhava direito na minha cara. Ainda agiu
feito um grande idiota.
“Não satisfeito em me ignorar daquele jeito, logo depois do
casamento me mandou de volta para casa e sumiu por uma semana. Sem
contar que não atendeu nenhuma das minhas ligações.”
Aponto o dedo na cara dele que me olha incrédulo por ter dado um
tapa na sua cara.
Ele segura meu pulso com força que chega a doer.
— Você não...
— O seu vocabulário tem muitos nãos, Oliver, e eu queria muito que
meu corpo obedecesse meu lado racional nessa história, porque assim
mataria todo o sentimento que tenho por você. Mas ainda meu lado
emocional e sentimental falam mais alto.
“Quanto mais você me magoa, Oliver, menos eu choro. Quanto mais
você me quebra, menos eu choro por você e no dia que me cansar dessa
merda toda vou embora e não tem contrato no mundo que vá me obrigar a
ficar com você.
“Se não quiser que te odeie, deixe o Roger longe dessa história
porque é você quem eu ainda amo e amo demais para ter coragem de te
trair, mesmo você não sentindo o mesmo por mim.”
Puxo o pulso do seu aperto e ele solta, me encarando.
Entro no closet, fecho a porta, tiro a roupa e quando vou pegar o
roupão me dou conta das roupas dele, arrumadas perfeitamente logo ao lado
das minhas. Chego a sentir um frio na barriga só de imaginá-lo morando
aqui, dormindo ao meu lado todos os dias.
Saio do closet e o vejo deitado na cama, mexendo em um tablet. Ele
não levanta as vistas para me olhar então entro no banheiro completamente
nervosa porque parece que hoje ele vai dormir aqui.
Entro no box e tomo um banho demorado. Lavo meu cabelo, assim
que termino me enxugo e passo uma generosa camada de hidratante em
meu corpo. Saio logo em seguida voltando a entrar no closet sem que
Oliver direcione o olhar para mim.
Procuro pela camisola mais sexy que tenho.
Amanda pareceu adivinhar que precisaria de algo assim. Foi ela que
me deu de presente dizendo deveria usar na minha noite de núpcias, mas
como não tive um marido presente na noite do meu casamento, a guardei.
Depois de vestir a peça que faz conjunto com uma calcinha
minúscula de renda, me sento de frente para a penteadeira que tenho dentro
do enorme closet. Começo a desembaraçar meus fios e procuro pelo
secador de cabelo.
Assim que eu ligo, sinto Oliver atrás de mim.
— Deixa que eu faço isso. — Toma o secador das minhas mãos e o
encaro através do espelho.
Nossos olhares cruzados dizem tudo o que nossos lábios não têm
coragem de dizer.
Eu não falo nada e Oliver também não, e assim, em silêncio, ele
toca meu cabelo começando a secá-lo de forma carinhosa.
Ele faz todo o processo cuidadosamente, como se já tivesse feito
isso antes e só de imaginar essas coisas meu coração acelera.
— Pronto. Não é bom molhar o cabelo assim à noite, você pode
ficar resfriada.
Volto a encará-lo pelo espelho e faço a pergunta que está entalada na
minha garganta.
— Você já tinha feito isso antes? Parece ter experiência.
Ele não responde, coloca o secador de cabelo em cima da
penteadeira e se vira para sair.
— Oliver!
Ele para.
— Eu já fiz isso sim, várias vezes, secar o cabelo dela era meu
momento favorito do dia ― responde sem me olhar.
Engulo em seco o bolo que se forma em minha garganta.
— Dela?
— Sim, da mulher que me transformou no monstro que hoje eu sou.
É por causa daquela infeliz que hoje não posso me permitir amar minha
esposa.
Percebo agora o quanto Oliver é um homem quebrado e machucado
por alguma coisa muito séria que aconteceu em seu passado.
Eu nunca o tinha visto tão vulnerável como estou vendo agora.
— Você ainda a ama?
— Não.
— O que aconteceu com ela? — Sei que posso estar ultrapassando
limites agora, mas é a primeira vez que entramos em um assunto assim e
preciso saber onde estou pisando.
— Está morta — responde de forma seca como se não tivesse
emoção em falar isso.
— Como ela...
— Você faz perguntas demais. Deve aprender a hora de parar e não
entre nesse assunto novamente comigo porque tenho certeza de que não vai
gostar nadinha do que vai escutar.
— Você pode se abrir comigo, Oliver, somos um casal, sou sua
mulher, nos...
— Não somos um casal de verdade, Bruna, esse casamento tem
apenas uma finalidade e você sabe muito bem qual é. Concordou com isso
quando assinou aquele contrato.
Agora sim, ele se vira na minha direção novamente.
— É você que está querendo complicar as coisas, tornando tudo
mais difícil do que deveria ser. Eu não quero um relacionamento e sempre
deixei isso muito claro a você, o que eu quero é um filho e continuar
vivendo a minha vida...
— Como vivia antes de eu impor a você fidelidade a um casamento
por contrato — completo sua frase, o interrompendo.
Essa é uma das poucas vezes que Oliver e eu conversamos sem
brigar e vou aproveitar a oportunidade para virar o jogo ao meu favor,
usando a possessividade que ele tem sobre mim.
CAPÍTULO 46

Eu me levanto, caminho até onde ele está e paro na sua frente.


Assim que ele nota o tamanho da minha camisola, passa os olhos pelo meu

corpo de forma descarada.


Era essa a reação que queria que ele tivesse.
— Muito bem, Oliver, eu aceito isso.
Ele franze a testa me olhando.
— Aceita o quê?
— O que você quer. Um casamento sem fidelidade.
Agora além da testa franzida trava o maxilar.
— Nada com você é fácil assim, o que tem em mente?
Dou mais um passo em sua direção.
— Eu já entendi que você não me quer, e claramente não me deseja
também. Eu já disse que te amo mais de uma vez e mesmo assim você
insiste sempre na mesma conversa de que não posso me apaixonar, que o
nosso casamento é apenas um contrato e blá, blá, blá... Pois bem, eu aceito
isso. Aceito viver sob os acordos do nosso contrato.
— Bruna...
— Não é isso que você quer? Estou apenas aceitando as suas regras
por mais que elas me doam. É melhor matar esse amor agora do que me
permitir sofrer cada dia mais com ele.
Agora é ele quem diminui ainda mais a distância entre nós dois.
— O que você quer dizer com isso?
— Você está livre para ter quantas mulheres quiser, eu não vou me
importar mais.
— Não vai?
— Não. Assim como não vou mais me importar com seus casos,
você também não vai se importar com os meus. Afinal assim que eu tiver o
bebê, você vai se divorciar de mim. Preciso começar a conhecer outros
homens já que provei da fruta e gostei muito do que eu comi.
Ele vem para cima de mim com tudo, segura no meu pescoço e me
imprensa na parede ao lado da porta com os olhos vermelhos de raiva.
— Você...
— Oliver, para com isso, olha o que você está fazendo? Não é isso
que você quer?
Ele me encara profundamente e desce a mão do meu pescoço para
meu seio.
— Eu, eu...
— É isso que você quer ou não, Oliver? Você tem que se decidir
para que eu possa planejar meu futuro. Eu não posso simplesmente aceitar
viver assim pelo resto da minha vida, preciso viver, Oliver. Quero amar e
ser amada também. Queria muito que você fosse o homem a me amar, mas
se não pode me dar isso também não pode me prender a você desse jeito.
Não seria justo.
Oliver soca a parede com força ao lado da minha cabeça, me
assustando.
— Porra, Bruna... Eu sei que não é justo com você, mas eu... Eu não
consigo nem mesmo imaginar você com outro homem. Eu mato qualquer
um que se aproximar de você, que tente te tirar de mim.
Eu tento, mas não consigo segurar as lágrimas que rolam pelo meu
rosto.
Passo a mão pelo rosto de Oliver fazendo carinho.
— Então fala, Oliver, eu preciso saber o que você realmente sente.
Preciso saber se tem pelo menos a mínima possibilidade de um dia se
apaixonar por mim, me amar assim como eu te amo.
Ele passa a mão pela minha nuca e encosta as nossas testas.
— Bruna... Eu... — Não termina de falar e toma a minha boca em
um beijo desesperado.
Ele me beija como se quisesse expulsar da minha mente o que falei.
O beijo se aprofunda e começo a ficar quente, excitada e ansiosa.
Não sei o que acontece, mas quando sua boca desce para meu
pescoço, é difícil demais de resistir.
Deslizo minhas mãos por seu peito, desço pela barriga e seus
músculos se contraem.
Amo tocar seus músculos definidas.
Ele é todo definido.
Levo minhas mãos para os seus ombros e lentamente tiro sua
camisa.
Ele permite se afastando e logo a camisa está no chão, assim como
seus olhos estão colados nos meus. Meu coração acelera, falta ar nos meus
pulmões e mordo a boca nervosa, pois, sei que ele me encara pedindo
permissão.
Quando não digo nada, ele envolve minha cintura com seu braço,
apoia a mão em minhas costas e me leva para a cama, me deitando tão
suave que fico emocionada.
Paira seu corpo sobre o meu, deixa os braços dobrados ao lado do
meu rosto e as pernas abertas.
Seu corpo não está tão perto mesmo assim sinto seu calor.
Subo meus olhos para os seus e parece que faltava isso para ele
descer o rosto e tomar meus lábios furiosamente.
Meu gemido é carente.
Deixo minhas mãos irem para seu pescoço e Oliver deita seu corpo
sobre o meu. Seu peso me deixa receosa, no entanto, eu gosto.
Oliver aperta os lábios quando olha nos meus e não espero muito
para sentir nossas bocas unidas mais uma vez.
Estou consciente de cada respiração, seu corpo se mexendo em cima
do meu e os movimentos das minhas mãos.
Toco seus ombros, as costas e quando menos espero, ele me agarra
forte. Ele nos gira no meio da cama, estou por cima e ele se senta, se
ajeitando para poder me sentar em suas pernas.
Nossos olhos não se afastam.
Oliver tira a minha camisola e sem que espere rasga a minha
calcinha. Ele para de respirar encarando minha nudez.
— Linda e todinha minha — sussurra e parece que é para ele
mesmo.
Engulo em seco e não sei o porquê.
Seus dedos tocam minha barriga e deslizam pelo meio do meu corpo
até segurar meu queixo. Puxa para si e perco o fôlego.
Movimento meu corpo sem perceber, me esfregando na sua perna.
Eu o agarro e ele me agarra também.
Nos beijamos devorando um ao outro e sinto ansiedade, paixão,
desejo...
Adoro quando ele me toca e me faz gemer.
Nesse momento, Oliver é pura ganância querendo tomar meu corpo
inteiro para si.
Suspiro apertando seu cabelo e o deixo me deitar na cama para ficar
em cima de mim. Eu me esfrego nele, pois, não sei se vou aguentar só seus
beijos e toques.
— Oli... — gemo em seus lábios.
Seus braços me envolvem forte e ele apoia a testa na minha, como
se perdesse as forças.
Eu não quero que ele se afaste.
Ergue seu olhar e vejo uma luta interna ficar visível em seu
semblante, talvez seja pelo que ele falou mais cedo.
— Apenas me beije — imploro.
Não sei o que passa na cabeça dele porque me aperta em seus
braços.
Porra!
Sinto sua pele na minha, meus seios colados no seu peitoral forte e
musculoso.
Uma corrente elétrica me atravessa dos pés à cabeça, meus mamilos
estão duros e consigo sentir uma umidade na minha boceta.
Estou excitada, molhada, tanto que acho que molho sua calça.
Respiro apressada e eufórica, e entrelaço meus dedos em seu cabelo.
Oliver corre as mãos por meu corpo e aperta minha bunda. Por reflexo,
empurro meus quadris para cima e isso faz minhas pernas ficarem mais
abertas.
— Eu vou te chupar todinha hoje.
Sinto meu coração acelerar mais ainda com essa promessa, pois,
tudo o que quero é que ele faça o que está falando.
— Eu quero muito isso — digo desavergonhadamente.
Não consigo resistir a esse homem.
CAPÍTULO 47

Ele me dá um sorriso de lado, beija minha boca e fica de

joelhos entre minhas pernas. Sem desviar o olhar, coloca dois dedos em sua

boca e os desliza em minha pele até tocar os lábios do meu sexo. Em

resposta jogo a cabeça para trás, agarro as cobertas e sinto um choque em

meu clitóris.
Fecho os olhos e apenas sinto seus dedos acariciarem minha carne.
Eu me ofereço abrindo mais as pernas, impulsiono os quadris para a sua
mão e com o polegar ele afaga a ponta do meu clitóris.
Solto outro gemido e estico as mãos para tocá-lo, mas ele afasta
minha mão.
— O que foi?
— Deixe suas mãos para o alto.
— Não posso te tocar?
Oliver deita seu corpo sobre o meu de novo, beija minha boca e diz
com a voz rouca:
— Quero que você feche os olhos e aproveite.
Engulo em seco, o vejo se afastar e sair da cama tirando a calça
junto com a cueca.
E impossível não passar a língua pelos lábios, o homem é um
verdadeiro deus grego com seu pau comprido e grosso. Não tenho com o
que comparar, mas o que ele tem entre as pernas é fenomenal e sei disso
porque já o tive dentro de mim antes.
— Fecha os olhos — ordena e encho meus pulmões de ar.
Fecho os olhos e jogo a cabeça para trás.
Ele dá um chupão no meu pescoço, que se transforma em beijos e
vai descendo. Agarra meus seios, junta os dois e beija cada um deles.
Solto um gemido e me esforço para não puxar seu cabelo.
Sua boca desce para minha barriga, beija e não para de descer até
estar na minha virilha e beijar os lábios do meu sexo.
— Oliver... — Escapa da minha boca um gemido ao chamar seu
nome.
— Isso me chame de Oliver, querida.
Ao escutar isso me lembro de quando ele falou que esse nome não
era para meus lábios e por um momento me sinto magoada.
— Você disse que esse nome não era para meus lábios, lembra
disso?
Em vez de responder, ele dá um tapa forte na minha coxa que chega
a arder.
Tudo que consigo fazer é gemer gostando da sensação e ele percebe
isso.
— Eu falei isso antes de torná-la minha. — Desfere outro tapa forte
na minha outra coxa sabendo que gostei do primeiro.
— Me chama de Oliver.
— Oliver...
Dá uma risadinha baixa.
— Hoje não, mas vou te ensinar umas coisinhas que sei que vai
gostar muito.
Sem que eu espere, ele começa a me lamber, suave no começo,
como se estivesse me provando.
Oliver solta sons como os meus, gemidos e a respiração está afoita.
Um dedo desliza vagarosamente para dentro de mim, enquanto sua
língua lambe a pontinha sensível do clitóris.
— Você está pingando por mim, querida.
Dou um grito e fico de boca aberta, querendo silenciosamente que
ele faça o que quer.
Eu quero tudo dele.
Grito ao sentir sua língua circular.
Ele brinca comigo, me provoca, me excita e quando começa a ficar
difícil respirar, tira o dedo.
Porra, logo sua língua está dentro de mim.
— Oliver...
Eu vou enlouquecer, meus pensamentos estão descoordenados e
confusos, parece que vou incendiar.
Ele continua me chupando sem piedade e mete o dedo de novo
dentro de mim.
Arqueio a pélvis para cima, cravando os calcanhares na cama,
levando minha boceta na direção da sua boca.
Oliver faz um som rouco com a garganta, dá uma chupada bem forte
no meu clitóris e arregalo os olhos.
Fito o teto do quarto sentindo um nó sendo desfeito dentro de mim.
É doloroso e gostoso, mais forte do que a sensação que senti na
primeira vez em que ficamos juntos.
Sinto a cama afundar e quando olho em seu rosto estou vendo tudo
turvo.
— Você está bem?
Engulo em seco e balanço a cabeça dizendo que sim.
— Quero que me beije, eu quero mais de você.
Nem preciso dizer duas vezes, ele se aproxima, pego seu rosto e
trago sua boca para a minha.
Ele não consegue ficar por muito tempo se apoiando nos braços.
Seu beijo tem meu gosto e é estranho, não é exatamente ruim.
Eu me grudo nele, me esfrego sentindo um calor nascer de novo
dentro de mim e adoro sentir sua ereção roçar no meu clitóris.
— Porra! — Ele aperta minha cintura e abro mais as pernas.
Deixo sua ereção deslizar e rebolo, fazendo um afago tentador na
minha intimidade.
— Puta que pariu!
Sua boca raivosa toca a minha, lambendo e chupando minha língua,
mordendo o lábio e sugando.
Eu adoro seus beijos.
Nos abraçamos com as pernas e braços enquanto nos esfregamos.
Ele leva uns bons minutos me beijando enquanto eu me esfrego
nele.
Sinto que estou deixando seu pau molhado com a minha excitação e
me sinto tão viva e sexy.
Sua boca descola da minha e então está nos meus seios. Chupa meus
mamilos com força tanto que chega a machucar. Morde a pontinha e
arranho seu couro cabeludo.
Meu corpo se move involuntariamente.
É demais!
Jogo a cabeça para trás e tão logo sinto sua língua raspar meu
pescoço., como se não fosse o suficiente para me deixar com os nervos
sensíveis.
Oliver se posiciona em cima de mim, pega seu pau e passa a cabeça
no meu clitóris até meu núcleo. Ele vai um pouco mais embaixo,
espalhando minha excitação, me melando e mete só a pontinha em mim.
— Oliver, se você não parar de me torturar vou te matar.
Ele sorri e gemo alto espalmando as mãos para o alto, procurando
algo para me segurar, então entrelaça nossos dedos.
— Você gosta do meu pau dentro de você? — pergunta me
penetrando forte.
É uma sensação, ao mesmo tempo, boa e reprimida.
Aperto sua mão que está entrelaçada na minha e me acalmo para
receber mais dele dentro de mim.
É a minha segunda vez fazendo sexo e anda sinto um pouco de
desconforto mesmo estando muito lubrificada.
— Gosto muito — respondo com a respiração acelerada.
Seus braços vão para debaixo do meu corpo e me seguram, faço o
mesmo espalmando as mãos nas suas costas e acaricio sua pele.
Seus olhos estão atentos aos meus.
Sinto desejo e paixão.
Ele repete o movimento várias vezes, tirando e metendo seu pau até
o fundo e o jeito que estou molhada junto com seus beijos, me deixam leve
e calma.
Sou dele, toda dele assim como não se cansa de repetir enquanto me
penetra profundamente, me fazendo incendiar.
Perco as contas das estocadas que ele dá, só sei que em algum
momento reviro os olhos e arranho seu ombro.
Minha boca se abre soltando o ar e puxando.
O calor no meu pescoço, seus beijos e mordidas...
Eu adoro o jeito que ele me abraça.
Suas coxas se encaixando embaixo das minhas, empurrando minhas
pernas para cima e me abrindo.
Como pode ser tão incrível?
Uma leve dorzinha continua lá no fundo de todo o prazer que
explode em mim.
Seu pau está tão duro e ele não tem piedade de ir até o fundo.
Oliver se move mais rápido e sinto minha boceta se contrair,
apertando-o dentro de mim.
— Oh... Porra, Bruna — resmunga gemendo no meu ouvido,
empurrando mais algumas vezes.
Choca seu corpo no meu, indo no meu clitóris.
Começo a gozar e ele se soltar.
Fode com força e me agarro em seus ombros para aguentar sua força
enquanto seu orgasmo toma conta do seu corpo.
Eu me sinto cheia dele.
Quando abro os olhos, ele está em cima de mim, a respiração
acelerada e as mãos ao lado do meu rosto, assim como os braços fortes
esticados.
Ganho um beijo nos lábios e quando ele tenta sair de dentro de mim
eu o seguro.
— Eu te amo, Oliver. Por enquanto ainda vou continuar aceitando
viver com você desse jeito, mas não demore a se decidir, pois, não vou
esperar para sempre.
Ele me olha profundamente e beija a minha testa.
— Eu sei que não — diz saindo de dentro de mim.
Ele me pega no colo e logo em seguida me leva para o banheiro.
CAPÍTULO 48

Acordo abrindo os olhos devagar, me costumando com a

claridade do quarto. Ao me virar de lado me sinto dolorida já que meu

digníssimo marido não se conformou só com uma rodada de sexo. Ele me

pegou de jeito na banheira e nem sabia que era possível fazer o que fizemos

dentro de uma.
Só de pensar...
É melhor eu parar de pensar.
Olho para os lados e não vejo sinal do Oliver pelo quarto. Cheguei a
pensar que ele estaria do meu lado quando acordasse, mas vejo que estava
completa enganada quanto a isso.
Sem tempo para me lamentar porque já devo estar atrasada para o
trabalho, me levanto com pressa, vou para o banheiro e ao entrar sinto o
cheiro do Oliver mostrando que ele esteve no local.
Tomo um banho rápido, me arrumo em tempo recorde e saio às
pressas.
Ao passar pela sala, Mara me para.
— Senhora, seu café da manhã já está servido.
Paro no lugar e volto minha atenção para ela.
— Onde está meu marido?
Só de escutar o nome de Oliver a mulher fica pálida.
— O senhor Thomson saiu agora pouco e deu ordens para ninguém
a incomodar.
Fico pensando no que ela disse e chego à conclusão de que ele foi
para a empresa.
— Eu não vou tomar café da manhã hoje, estou atrasada.
— O senhor Thomson, não vai... ― ela volta a falar, quando me viro
para sair.
Dou uma olhada para ela que se cala na hora.
— O senhor Thomson não manda em mim e ele já sabe disso, então
pode ficar despreocupada.
— Sim, senhora.
Agora, sim, saio de casa sem que ela me pare.
Chego na garagem e não encontro o motorista, o que encontro é um
lindo e maravilhoso carro de luxo estacionado, clamando para que o dirija.
— Se eu fosse a senhora não faria isso ― alguém fala, quando me
aproximo da belezura.
Eu me viro dando de cara com um segurança.
— E, por que não deveria fazer isso?
— Esse é o carro preferido do senhor Thomson, ele não gosta que
ninguém além dele o dirija.
Meus lábios se abrem em um sorriso majestoso fazendo o segurança
arregalar os olhos.
— Engraçado que esse carro acabou de se transformar no meu
preferido também.
Oliver vai aprender a nunca mais me deixar sozinha na cama depois
de fazer o que ele fez comigo, na noite passada.
— Nem pense nisso, senhora...
— A chave. — Estico a mão na sua direção, pois, sei que ele está
com a chave desse carro.
— A senhora pelo menos sabe dirigir?
— É claro que eu sei, idiota. Sou pobre e não burra. Tenho carteira
de motorista o que eu não tinha era um carro, agora me dê essa chave.
— Senhora, por favor...
— Sou a esposa do seu patrão e estou ordenando que me dê a merda
da chave do carro. Pode comunicar o Oliver o que eu fiz, pois, ele sabe
muito bem a mulher que tem em casa. Vocês vão me seguir de qualquer
maneira e poderão ficar de olho em mim, de qualquer jeito.
Ele para pôr alguns segundos pensando no que falo e me entrega a
chave.
— Vamos ter que comunicar ao senhor Thomson sobre isso.
— Sinta-se à vontade, diga para ele que agradeço à noite
maravilhosa que ele me deu e que sair no carro precioso dele é o pagamento
por não ter me acordado para se despedir de mim. — Sei que já estou
querendo exigir demais do Oliver, mas ele tem que saber tudo o que espero
dele.
Entro na maravilha do carro deixando o segurança de boca aberta
pelo que falei. Quero só ver se ele vai ter coragem de repetir minhas
palavras para Oliver.
Ligo a maravilha e chego a vibrar com o ronco do motor.
Oliver realmente sabe aproveitar a vida, não quero nem pensar
quanto custa um carro desse.
Em poucos minutos, chego na galeria sendo seguida pelos
seguranças do Oliver, como sempre.
Em algum momento durante o trajeto ele me liga, mas não atendo
afinal já até imagino o motivo da ligação.
Estaciono o carro e ao descer escuto alguém assoviando. Olho em
direção do som e vejo Amanda parada ao lado do carro dela que assim
como eu ela chegou atrasada.
— Bom dia, senhora Thomson, vejo que as coisas devem estar indo
muito bem entre vocês para Oliver te deixar dirigir o carro precioso dele.
Dou a ela o mesmo sorriso que dei mais cedo ao segurança e na hora
ela mata a charada, sem que precise falar uma palavra.
— Porra, Bruna, sabe que ele vai querer te matar, não sabe?
— Que exagero, Amanda, é só um carro.
Ela se aproxima e enrola seu braço no meu.
— Esse não é só um carro, Bruninha, é o carro. O carro favorito
feito sob encomenda pelo Oliver a fábrica. Só foram fabricados três carros
desse no mundo todo, os outros dois pertencem a Ivan e Carlos Maskio.
Então, sim, minha querida, Oliver vai te matar — diz tão sério que chego a
sentir vontade de rir.
Oliver que tente.
— Se ele quiser me matar na cama eu aceito a morte de bom grado.
Ela gargalha alto e a acompanho.
— O que você fez dessa vez?
— Passei o domingo fora com um amigo e ele ficou tão furioso que
resolveu aparecer para tirar satisfação comigo.
— Você tem muita coragem, isso eu admito. Mas tenha cuidado,
nunca duvide das palavras de Oliver, ele não é um homem de voltar atrás
com o que fala.
Eu entendo o que ela quer dizer.
— Eu sei disso, não se preocupe.
Ela balança a cabeça concordando e entramos juntas na galeria
passando pela recepção, recebendo o bom dia das mocreias falsas.

O dia passa rápido, estamos organizando a exposição da filial de


Nova York que terá três telas minhas, o que me deixa muito feliz.
Sempre vou ser grata por tudo o que Amanda e Emily fizeram por
mim.
Já perto do meio-dia meu celular toca, vejo que é do hospital que
estão me ligando e pelo número já sei do que se trata.
— Alô.
— Senhorita Bruna Harper?
— Sim, é ela quem está falando.
— Bom dia, senhorita, estamos precisando da sua ajuda.
Meu coração acelera porque sei que tipo de ajuda é essa.
— Pode falar, estou disponível. — Escuto a respiração da mulher no
outro lado da linha.
— Precisamos do seu sangue para salvar uma vida na Colômbia o
mais rápido possível. Você foi a primeira que conseguimos contato e não
temos muito tempo.
— Eu já estou indo, esperem por mim.
Ela agradece, me passa o endereço certinho do hospital e desligamos
a ligação.
Comunico Amanda e Emily da minha saída e me direciono até o
hospital. Sei que apenas meu sangue é capaz de salvar essa vida na
Colômbia e não vou me negar a isso, pois, um dia pode ser eu precisando de
uma doação dessa.
Eu tenho o precioso “sangue dourado” como muitos chamam, um
tipo de sangue onde o Rh é nulo. Só foram registrados quarenta e três casos
de pessoas com Rh nulo no mundo todo e sou uma desses felizardos.
Sempre tive que ter cuidado com a anemia e evitar a todo custo me
machucar, já que caso precise de uma transfusão seria quase que impossível
conseguir. É por isso que existe uma lista com os portadores desse tipo
sanguinho, já que estamos espalhados pelo mundo.
Essa é a segunda vez na minha vida que recebo essa ligação e não
teria coragem de negar.
CAPÍTULO 49

Quando me aproximo do carro de Oliver, um dos

seguranças vem em minha direção.


— Senhora...
— Não tenho tempo para isso agora, estou com pressa então sai do
meu caminho. — Entro no carro sem dar atenção, pois, já sei bem o que ele
quer.
Ao chegar no hospital e dar meu nome na recepção, sou
encaminhada a uma sala de exames, já que os médicos precisam se
certificar de que não estou com anemia para poder fazer a doação.
Depois de verificarem que está tudo certo com minha saúde, damos
início ao processo de doação de sangue que é finalizado após ficar um
tempo considerável na sala de doação.
Quando me levanto me sinto tonta, mas recuso a comida que me é
oferecida, pois, tenho que voltar para a galeria o mais rápido possível.
Assino os documentos necessários e saio da sala.
Na metade do caminho até o estacionamento, me sinto tonta
novamente e dessa vez a tontura é mais forte.
Deveria ter comido alguma coisa.
Respiro fundo, consigo chegar ao estacionamento e tomo a decisão
de parar em um restaurante para comer alguma coisa antes que desmaie de
fraqueza. Ao destravar o carro, sinto como se o chão sumisse e meu corpo
gela me fazendo suar frio enquanto a minha vista escurece.
Merda, é agora que vou desmaiar.

Tento abrir os olhos e não consigo.


Sinto que estão pesados como se estivesse em um sono muito
profundo. Tudo o que escuto é a voz dele.
O que ele está fazendo aqui?
Onde estou?
— Por que ela ainda não acordou?
— Senhor Thomson, sua esposa bateu a cabeça muito forte quando
desmaiou, é normal ela demorar um pouco para acordar.
— Ela desmaiou de fraqueza porque vocês tiveram a genial ideia de
fazê-la doar sangue sem ter se alimentado direito. Se acontecer alguma
coisa com minha mulher mando explodir a porra desse hospital.
— Oliver... — Com muito esforço consigo chamar o nome dele
antes que tente matar o coitado do médico.
— Bruna.
Sinto que ele se aproxima e beija minha testa.
— Oi, eu estou bem.
— Não está não. Como pode ser tão irresponsável assim?
— Senhor Thomson, sua esposa...
— Fora daqui agora mesmo — diz alto com o médico.
Escuto a porta sendo batida, com certeza o homem deve ter saído
correndo.
Abro os olhos e encontro duas esferas azuis me analisando.
— Por que você está tão nervoso assim? Por acaso se preocupa
comigo?
Ele trava o maxilar como se estivesse em uma luta interna.
— Estou nervoso porque você está conseguindo penetrar na minha
armadura.
Passo a mão no rosto dele.
— Isso é bom, não é?
— Eu não sei, Bruna, não sei se você vai gostar do que vai encontrar
quando conseguir o que quer.
— Quero que você me ame assim como eu te amo.
— Bruna, garota tola, no dia que você conseguir fazer eu te amar
não terá mais volta.
— Eu não quero que tenha volta, só quero você.
Ele volta a beijar a minha testa e depois meus lábios.
— Você roubou meu carro e isso eu não perdoo.
Começo a rir porque sei que ele está querendo mudar o foco da
conversa.
— O seu carro agora é meu e eu não o roubei estava estacionado na
minha garagem. Tudo o que pertence ao meu marido me pertence também.
— Vou mandar entregar um carro para você na mansão, ficar com o
meu está fora de cogitação — diz muito sério.
É agora que vou saber se realmente estou conseguindo penetrar na
sua armadura como fala.
— Aiiiiii, minha cabeça dói tanto que estou vendo tudo rodar. Você
está me deixando nervosa por causa de um carro. — Faço uma voz melosa e
sofrida, deveria ter estudado para me tornar atriz.
— Tudo bem, fica calma não precisa ficar assim. Se me prometer ter
cuidado, te deixo ficar com meu carro.
— Eu prometo. — Faço biquinho e ele se dá conta de que caiu no
meu jogo.
— Você é terrível, mulher!
— Já disse que posso ficar com seu carro, não vai voltar atrás com a
sua palavra. Nunca mais me deixe sozinha depois de uma noite como a que
tivemos ontem.
— Bruna, não sei se vou ser capaz de te dar o que está me pedindo.
— Pelo menos tente, Oliver, se não der certo cada um segue com a
sua vida, mas não vou ficar presa a um homem que não me ama e já falei
isso para você. Seria injusto comigo. Quero ter a oportunidade de viver
minha vida assim como você já viveu a sua. Quero poder viajar, conhecer
novos lugares, ir para a cama com outros ho...
— Não se atreva a terminar essa frase ou te tranco dentro de um
quarto pelo resto da vida.
Eu me calo com vontade de rir da cara que ele faz.
— Está com ciúme?
Ele volta a me encarar.
— Você iria gostar de escutar da minha boca que tenho vontade de ir
para cama com outras mulheres? Você usou o plural, Bruna.
— Desculpa, eu não vou mais falar isso, prometo que só vou pensar.
— Nem pensar, esqueça esse assunto.
Oliver tenta sair do meu lado, mas seguro sua mão de uma vez e
acabo gemendo com o movimento brusco por causa do soro que não tinha
percebido na minha mão.
— Tenha cuidado. Como vai poder cuidar de um filho meu se nem
ao menos sabe se cuidar direito?
Solto sua mão sentindo uma dor no coração.
Ele sempre tem que falar coisas assim para me machucar.
— Acho melhor você ir embora, vou ligar para minha mãe e pedir
para vir cuidar de mim. Não se preocupe com a conta do hospital, minha
mãe e eu temos seguro saúde.
— O seguro saúde que você tem não cobre nem a conta do soro que
está tomando agora.
— Não preciso da droga do seu dinheiro.
— Precisa sim, se não precisasse não estaríamos agora nessa
situação.
Olho para ele e começo a rir porque sei exatamente o que está
querendo fazer.
— Por que está rindo? O que tem de engraçado aqui?
— Você é ridículo, Oliver. Acha que não sei o que você está
fazendo? Cinco minutos estávamos conversando sobre amor e agora você
procurou um motivo besta para brigarmos, não vou cair nessa, Oliver.
“Quer saber de uma coisa?
“Quero o seu dinheiro, sim, é a sua obrigação pagar a conta do
hospital e cuidar de mim. É meu marido e não vou abrir mão dos direitos
que isso me dá.
“No dia que eu souber que você gastou dinheiro com outra mulher
corto o seu lindo e maravilhoso pinto.”
Ele fica me encarando por alguns minutos e não desvio o olhar.
— Vou conversar com seu médico, acho que não tem necessidade de
você ficar aqui. Já vou logo avisando que vou passar um mês fora em uma
viagem de negócios e quando voltar vamos ao médico para darmos início
ao processo de inseminação artificial. Você já está indo longe demais com
esse casamento achando que possui direitos que não tem.
Tudo o que consigo fazer é sorrir mesmo sentindo uma dor
tremenda no meu coração.
— Um dia, Oliver, você vai engolir cada maldita palavra que falou,
mas aí vai ser tarde demais.
CAPÍTULO 50

Bruna tem o poder de me desafiar e de me tirar do sério, o


pior é que sempre acabo fazendo o que ela quer.
Quando meu segurança me ligou dizendo que ela tinha saído com
meu carro fiquei louco de raiva, mas ao me passar o recadinho dela perdia a
cabeça de vez. Peguei o celular para ligar para ela, mas como já esperava a
maldita não atendeu a ligação.
Porém, o que me desestruturou mesmo foi ligação de um dos
seguranças dela me informando que ela estava no hospital, que tinha
desmaiado e batido a cabeça com força no chão.
A minha vontade era de quebrar o hospital inteiro quando vi que ela
estava demorando demais para acordar.
Foi naquele momento em que percebi que já estava me importando
com ela mais do que deveria. Aquela pequena mulher estava conseguindo
penetrar na minha armadura que até então era impenetrável. Com isso em
mente acabei mentindo para ela e falando que minha viagem de uma
semana duraria um mês.
Preciso colocar a cabeça no lugar e rever meus planos, decidir o que
realmente quero.
E aqui estou eu, um mês depois na casa de Amanda para ver o
pequeno, Ryan. Adoro esse carinha e sempre faço de tudo para me manter
perto dele.
Eu o vi nascer e troquei muitas de suas fraudas sujas.
— Oliver, bom te ver, cara. É você chegando e eu saindo, um cliente
marcou uma reunião de última hora e não tenho como cancelar.
— Não se preocupe com isso, Collin, sei bem como é.
— Cadê sua linda esposa? Não te vejo muito com ela, está tudo
bem?
Acabo sorrindo do que ele fala.
— Não finja que não sabe de nada, sei que Amanda te conta tudo.
Ele balança a cabeça.
— Não consigo entender o que se passa pela sua cabeça, Oliver.
Entendo seu trauma, sei pelo que passou, mas não pode deixar...
— Collin, nem começa. Agora, me diga, você já comentou com a
Amanda sobre o que aconteceu?
— Esse segredo não faz parte da minha vida, mas da sua. Anthony é
meu amigo e creio que nem a esposa dele sabe o que aconteceu. Se quer
que a Amanda fique sabendo, você mesmo deve contar a ela.
— O que vou ficar sabendo? — Amanda entra na sala com Ryan no
colo e olho desconfiado para Collin.
— Nada, meu amor, eu já vou indo, nos vemos mais tarde.
Collin dá um beijo na Amanda depois no filho e sai me deixando
sozinho com uma Amanda curiosa.
— Desembucha de uma vez — diz me entregando Ryan que
gargalha quando o jogo para cima.
— Não quero falar disso. Você vai fazer a festa de aniversário dele?
— Tento mudar o foco da conversa.
— LARAAAAAAAA — Amanda berra o nome de Lara e sei que
hoje não escapo dela.
— Oi, Amanda, não precisa gritar estava na sala ao lado.
— Leve Ryan para o quarto de brinquedo ou para o jardim. Oliver e
eu vamos ter uma conversinha.
— Vou levá-lo para o jardim, seu pai está lá e vai gostar da presença
do neto.
— Isso, o leve para papai.
Lara me olha com um pesar nos olhos, pois, sabe que ninguém
escapa da Amanda quando ela quer uma coisa.
Quando Lara sai da sala, Amanda começa a falar se sentando no
sofá.
— Para início de conversa, a sua esposa sabe que você já chegou de
viagem? E que viagem louca é essa de um mês, Oliver, onde você estava?
— Na minha mansão e estava trabalhando normalmente na empresa.
Minha viagem durou apenas uma semana, as outras três eu ganhei de bônus
longe da Bruna.
— OLIVER THOMSON!
Já vai começar o sermão.
— Amanda, precisava disso, precisava desse tempo longe daquela
mulher.
— Aquela mulher é sua esposa que te ama, Oliver.
— Por isso mesmo que quero distância dela, justamente porque ela
me ama e quer a todo custo fazer com que eu a ame também — digo
passando a mão pelo cabelo. — Ela não pode conseguir fazer isso, Amanda.
— O que te impede de amar, Oliver? Por que você tem que se
sabotar desse jeito? Bruna é perfeita para você.
Amanda há muito tempo insiste nesse assunto, querendo saber o que
aconteceu comigo.
— Bruna não é perfeita, ela é teimosa, desobediente, tem a língua
mais afiada do que o inferno e faz tudo exatamente ao contrário do que
mando fazer. Ela foi uma péssima escolha que fiz, uma escolha que já me
arrependi amargamente de fazer.
Amanda me olha incrédula com o que escuta e há um olhar que
poucas vezes vi em seu rosto.
— Meu Deus, você a ama e não consegue perceber, por isso quer
manter distância dela.
Sinto uma pontada no peito que há muito tempo não sentia ao
escutar suas palavras.
— Eu não posso amá-la, Amanda — digo já querendo me exaltar,
buscando por controle.
— E, POR QUE NÃO, OLIVER? — pergunta gritando e acabo
gritando de volta.
— PORQUE A ÚLTIMA MULHER QUE AMEI MATEI A
SANGUE FRIO NO DIA DO NOSSO CASAMENTO.
Amanda se levanta de uma vez e se senta ao meu lado segurando
minhas mãos sem acreditar no que escutou.
— Oliver...
— Entende agora o motivo de não poder amá-la.
— Por que você matou sua noiva?
— Você realmente quer saber da verdade?
Ela balança a cabeça dizendo que sim.
— Jacob Johnson era meu melhor amigo e seria meu padrinho de
casamento...
— Meu Deus do céu!
Ela já sabe o que vem pela frente, Amanda é esperta.
— Peguei meu melhor amigo, na minha cama, transando com a
minha mulher no dia do nosso casamento. Eu a matei, matei a desgraçada
com um tiro no peito.
— E o que aconteceu com o irmão do Thony?
— Quando ele me viu daquele jeito fugiu, entrou no carro e saiu em
alta velocidade. Fui atrás dele, mas não iria matá-lo como fiz com
Margarethe. Tudo o que queria era saber o motivo que o levou a me trair
daquele jeito. Mas nunca fui capaz de fazer essa pergunta a ele.
— O acidente de carro.
Balanço a cabeça concordando.
O que todo mundo sabe é que Jacob Johnson morreu em um
acidente de carro, o filho perfeito da família Johnson, o orgulho da família.
Com sua morte, o peso da família caiu sobre os ombros do coitado do
Anthony, sendo a todo instante comparado ao irmão prodígio.
— Agora entendo muita coisa.
— Que bom que você entende. Não quero o amor da Bruna e nem
quero amá-la. Só não vou acabar com essa palhaçada de casamento porque
não tenho tempo para procurar outra mulher.
— Oliver, não fale assim. Bruna te ama e você poderia pelo menos
tentar.
— Eu não quero tentar, Amanda, eu não posso. Eu não consigo.
Será que não entende isso? A única coisa que quero daquela garota é que
carregue meu filho.
— Bruna, por que não entra, menina?
Escutamos Lara falar e Amanda e eu olhamos na direção da porta.
Encontramos Bruna pálida, feito um fantasma, nos olhando.
Eu me levanto rápido assim como Amanda.
— Bruna... — Amanda diz.
— Não, Amanda, agora não.
Pela primeira vez vejo dor e mágoa em seu olhar e era isso que
queria evitar.
Ela sai da sala e quando vou atrás dela, Amanda me para.
— Deixe-a ir. Segundo você mesmo, não sente nada por essa
menina então a deixe em paz. Dê o divórcio a ela e procure outra barriga de
aluguel para carregar seu filho. Eu me arrependo amargamente de ter
colocado essa garota no seu caminho.
A palavra divórcio ecoa na minha cabeça.
— Divórcio está fora de cogitação.
— E por quê, Oliver? Você acabou de dizer que não pode amá-la,
que não quer.
Nem eu mesmo sei responder essa pergunta.
— Tem horas que você fala demais, Amanda. — Saio sem escutar o
que ela fala.
Tudo o que quero fazer agora é ir atrás de Bruna e não sei o porquê.
Tudo o que sei é que preciso ir atrás dela.
CAPÍTULO 51

Nunca imaginei que na primeira vez que decidi fazer uma


visita a Amanda iria passar pelo que passei, escutar o que escutei da boca

do Oliver.
E o que mais partiu meu coração foi ele ter mentido apenas para
ficar longe de mim, como se meu amor por ele fosse uma doença
contagiosa.
É claro que saber o motivo que o levou a ficar assim me deixou
mais chocada ainda.
Escutei tudo, toda a conversa do início ao fim, e pela maneira como
ele falou é como se me comparasse a mulher que claramente foi a única que
ele amou.
O trauma, a traição...
Agora entendo tudo, mas não sou aquela mulher.
Nunca teria coragem de trair ninguém, muito menos meu marido, o
homem que eu amo e que claramente tenho que fazer de tudo para parar de
amar.
Oliver Thomson nunca será capaz de amar ninguém.
Apenas me iludi escutando as histórias de amor de Emily, Amanda e
as que as senhoras Maskio contaram, dizendo que mesmo sendo difícil no
final valeria apena.
Eu não quero isso, não quero sofrer por um homem que não me
quer.
Olho pelo retrovisor do carro, o qual eu dirijo em alta velocidade,
vendo o carro dos seguranças me seguindo.
Em um momento de loucura, resolvo despistá-los, pois, preciso ficar
sozinha e colocar a cabeça no lugar.
Entro em meio aos carros com facilidade, desviando deles como se
fosse uma louca e entrando em ruas estreitas até que finalmente consigo
despistar os idiotas que me seguem.
Paro em uma rua qualquer e abandono o carro precioso de Oliver
que com certeza tem rastreador e seria apenas uma questão de tempo até ele
me encontrar.
Entro em um táxi e dou o endereço da minha antiga casa.
Sei que o local está vazio já que mamãe agora mora em um
confortável apartamento comprado pelo Oliver. Segundo ele, é um dos
benefícios do nosso contrato de casamento.
Durante todo o percurso até minha antiga casa meu celular não para
de tocar nenhuma vez e isso já está me deixando de saco cheio, então
resolvo atender.
— O que você quer?
— Onde você está? — Oliver pergunta parecendo estar nervoso.
— Não interessa onde estou, me deixa em paz. Não é isso que você
quer?
— Bruna, volte para a mansão agora mesmo, vamos conversar.
— Não temos nada para conversar. — Desligo a ligação e logo me
dou conta de que cheguei ao meu destino.
Pago o motorista e entro dentro da minha humilde casa que, por
incrível que pareça, está muito limpa.
Deve ser coisa de mamãe, pois, ela nunca abandonaria essa casa.
Entro no meu antigo quarto, encontro tudo exatamente como deixei
e me jogo na cama, me permitindo chorar para ver se alivia a dor que sinto
no meu coração.
Como dói amar!
É uma dor que sufoca assim como me disseram, uma dor que me faz
perder o folego. Chego a gritar durante meu choro, mas nada faz passar a
dor que sinto no momento.
Meu coração está despedaçado, sinto um bolo na minha garganta,
uma vontade de vomitar me domina e corro para o pequeno banheiro.
Coloco tudo o que comi durante o dia para fora e nesse momento um medo
grande me domina.
Resolvo tomar um banho vendo que ainda tem algumas roupas
minhas no armário e, em momento algum, consigo para de chorar.
Logo depois do banho, visto apenas um shortinho curto com uma
camiseta e me deito na cama com o cabelo ainda molhado.
Aos poucos, o choro dá lugar a pequenos soluços e logo o sono me
domina, me dando a paz que tanto preciso no momento.
Não sei quanto tempo passa, mais sou acordada com um carinho no
meu rosto e ao abrir os olhos devagar o vejo na minha frente.
Toda a paz que estava sentindo momentos atrás dá lugar novamente
a dor e a decepção.
— Como me achou? — pergunto demonstrando a maior calma do
mundo, afinal não adianta mais chorar e gritar, pois, nada vai fazê-lo mudar
de opinião.
— Você nunca conseguiria se esconder de mim, agora vamos para
casa.
— Eu já estou em casa.
Ele me olha de um jeito diferente e não entendo o porquê.
— Bruna, não deixe as coisas mais complicadas do que já estão.
Não seja teimosa. Se for preciso te levo por cima do ombro.
Eu me sento na cama e vejo que o abajur ao lado está ligado.
Agora ele consegue ver perfeitamente meu rosto e meus olhos
inchados.
— Por que faria isso? Você não me quer, Oliver. O que preciso fazer
para que me deixe em paz, para que me deixe viver a minha vida?
— Você não entende...
— Eu entendo, agora eu entendo tudo, meu amor — digo passando
a mão pelo seu rosto e ele segura a minha mão. — Eu não vou mais lutar
por você, Oliver. Você venceu e eu perdi. Eu desisto, Oliver. Eu te amo
tanto que desisto de você para...
— Não fale isso, Bruna, você não pode desistir, não agora que está...
— Que estou o quê, Oliver? Escutei toda a sua conversa com
Amanda e agora consigo te entender. Entendi também cada palavra que
você falou, inclusive que NUNCA poderia me amar. Não vou lutar mais por
uma causa perdida, quero o divórcio.
Ele aperta a minha mão com tanta força que chego a gemer de dor.
— Oliver, o que está fazendo? — Tento puxar minha mão e ele não
solta.
— Você é minha mulher, minha esposa, minha senhora Thomson e
não tem divórcio. Assinou um contrato concordando com todas as cláusulas
dele. Você é minha até que...
— Eu gere seu herdeiro. — Interrompo sua fala, entendendo o que
ele iria dizer. — É isso que está estabelecido no contrato, um filho em troca
de uma dívida milionária, sem amor e sem sentimentos envolvidos. Muito
bem, que seja do seu jeito então, como já tinha falado antes você venceu.
Ele balança a cabeça e não entendo o porquê de estar fazendo isso.
— É aí que se engana, Bruna, foi você quem venceu, minha menina.
Agora vamos para casa que seu lugar não é nesse muquifo, é uma rainha e
seu castelo não é aqui.
— Eu não quero voltar para a mansão, quero ficar aqui na minha
casa.
— Isso está fora de cogitação.
— Não pode me obrigar...
— É claro que eu posso, é minha mulher.
Começo a sentir a raiva me dominar e isso não é nada bom.
— Oliver, eu não te entendo, suas ações não condizem com as suas
palavras.
— Bruna, ultimamente nem eu mesmo me entendo e você é a
culpada disso.
— Eu!? Você transformou a minha vida do dia para noite, me
obrigando a um casamento que eu não queria.
— Não queria? Tem certeza disso, querida?
— Não me chame de querida.
— Você é a mulher mais terrível que já conheci na minha vida, me
infernizou até o ponto de me fazer tirar a sua virgindade.
— Claro, você ficava fazendo aquelas coisas comigo, me deixando
louca de tesão e queria que eu fizesse o quê? Você é que é fraco e não
conseguiu manter seu pintinho dentro da calça. E não me olha com essa
cara que você bem que gostou de me levar para cama, admita isso.
— Às vezes, sinto vontade de cortar essa sua língua, sabia?
— Eu é que deveria cortar a sua por ter mentido para mim. Se não
queria ficar comigo era só ter falado, não precisava mentir inventando que
iria passar um mês viajando.
Ele me olha por alguns minutos.
— Tem razão, sinto muito por isso, agora vamos embora daqui.
— EU NÃO VOU EMBORA COM VOCÊ.
Ele se aproxima, me agarra com força, me joga por cima do ombro
de uma vez e não consigo me soltar.
— Me solta, Oliver...
— Foi você que pediu por isso. Agora fica quietinha aí. — diz
alisando minha bunda e depois dá um tapa forte, o que me faz gemer.
— Se gemer mais uma vez desse jeito te fodo aqui mesmo, nessa
casa imunda.
Mais que homem sem-vergonha!
— Eu te odeio, Oliver Thomson!
— A sua boca pode até falar isso, mas seu corpo, querida, fala outra
coisa. — Pega na minha intimidade enquanto sai da casa comigo em cima
do seu ombro.
— Não toque em mim, nunca mais vou permitir que me toque desse
jeito.
A porta do carro é aberta e ele me joga dentro de qualquer jeito.
Logo em seguida entra se sentando ao meu lado.
— No dia que fugir para essa casa novamente mando derrubá-la.
— Você não se atreveria.
— Ainda duvida de mim, querida?
— Para de me chamar de querida, o que deu em você agora?
— Estou revendo alguns conceitos e até eu decidir irá ficar
quietinha, guardadinha, só para os meus olhos na mansão.
— Você não teria coragem de fazer isso, eu trabalho e me manter
trancada não está no contrato.
— Você o leu por acaso?
Droga, nunca me preocupei em pegar minha cópia do contrato.
— Você sabe que não.
— Então como pode afirmar uma coisa com tanta convicção?
— Oliver.
— Olha, Bruna, vamos seguir com o contrato por enquanto.
Segunda-feira vamos à clínica de inseminação artificial, já está tudo
acertado e o que você precisa fazer é uns exames e pronto. Algo que será
coletado amanhã.
— Segunda-feira?
— Sim, já adiamos demais esse assunto. Segunda-feira se estiver
tudo certo com a sua saúde será inseminada.
Engulo em seco com essa informação que me pegou completamente
desprevenida.
— E se eu me negar a fazer isso?
— Sabe que não pode, então não complique as coisas para nenhum
de nós dois.
Ele tem razão não posso me negar porque concordei com isso
quando assinei aquele maldito contrato.
CAPÍTULO 52

Meu final de semana foi um inferno, Oliver não saiu da

mansão para nada e tudo o que pude fazer foi ficar no celular conversando

com as meninas do “Projeto Oliver”.


Não pude contar o que realmente aconteceu por esse ser um assunto
delicado de família, então contei uma meia verdade e passei horas lendo os
conselhos que elas me davam.
Mas eu já dei essa causa como perdida, não quero mais me iludir
esperando o amor de um homem que não me quer.
Amanda, coitada, estava desesperada, mas a acalmei dizendo que
estava bem apesar de achar que ela não acreditou muito no que eu disse.
— Já está na hora, vamos.
Um poço de gentileza como sempre.
— Tenho escolha?
— Sabe que não, agora vamos que depois da consulta tenho que ir
correndo para a empresa.
Levanto do sofá e o acompanho sem dizer uma palavra. Entramos
no carro e em todo o percurso o silêncio domina o ambiente.
— Por que está tão calada? Você não é muito de fazer silêncio.
Acabo sorrindo do que ele fala.
— Não tenho nada para falar e acho que no nosso contrato não tem
nenhuma cláusula que me obrigue a isso.
Ele respira fundo, tenta segurar minha mão, mas puxo do seu aperto.
— Bruna, vamos ter um filho, tem certeza de que é assim que quer
as coisas daqui pra frente?
— Não sou eu, Oliver, é você quem quer as coisas assim.
— Bruna...
— Por acaso vou poder opinar na criação do nosso filho? Vou poder
escolher a escola dele? Vou poder deixá-lo brincar no parque com outras
crianças e ensiná-lo a ser melhor do que você é? Vou poder deixar o meu
filho ter uma infância normal como a que eu tive?
— O meu filho será herdeiro de uma das famílias mais ricas do
mundo. O destino dele já está traçado assim como o meu foi quando nasci.
Fui criado para ser quem eu sou hoje e com meu filho não será diferente.
— Então não tenho nada a dizer, desisti de ficar nesse bate-boca
com você. Sei que não vai resolver nada. Aqui sou apenas a barriga que vai
carregar o herdeiro Thomson. Agora se quiser ter mais de um filho pode
começar a procurar outra trouxa que eu não caio mais no seu jogo.
— Um filho é mais do que o suficiente, sou filho único e me saio
muito bem desempenhando o papel de chefe da minha família.
Minha vontade é de vomitar em cima do cretino, já que meu
estômago embrulha de repente.
Esses enjoos fora de hora não são normais, mas como sei que vou
passar por um check-up geral se eu estiver doente vai aparecer alguma coisa
nos exames.
Minutos depois chegamos à clínica e logo entramos já que estamos
sendo aguardados.
Nunca que Oliver Thomson poderia ficar esperando.
— Denise, bom te ver novamente.
— Oliver, achei que tivesse desistido do seu projeto de ter um filho.
Isso me surpreende, Oliver e a médica se tratando pelo primeiro
nome como se fossem amigos íntimos e pelo abraço que acabei de
presenciar tive certeza disso.
— Estava apenas procurando a mulher certa para isso.
— E encontrou?
Eles falam como se eu não estivesse presente na sala.
— Sim, essa é...
— Bruna Thomson, esposa dele, mais especificamente todinha dele
como ele mesmo gosta de deixar bem claro.
A mulher arregala os olhos e me olha surpresa.
— Você se casou para poder ter um filho? Era só contratar uma
barriga de aluguel, Oliver.
— Não vou ficar aqui para escutar isso, botem o papo em dia e
quando precisarem de mim, me liguem. ― Ando em direção à porta da sala
da tal médica, mas assim que coloco a mão na maçaneta, Oliver me puxa
pelo braço.
— Você fica. Denise depois conversamos, vamos ao que interessa,
sabe como minha agenda é apertada.
Minha vontade e bater nele, pois com certeza essa já rolou pela
cama dele.
— Me desculpem, você tem razão, Oliver. Sentem-se e vamos dar
início a consulta.
Me segurando pelo braço, Oliver me senta ao seu lado na poltrona
que tem em frente à mesa da médica.
— Hoje pela manhã os enfermeiros da clínica foram até a mansão
tirar o sangue dela, para agilizar o processo das coisas.
— Sim, só não imaginei que tinha se casado com a escolhida.
— Denise — Oliver diz o nome dela em um sinal claro de
repreensão.
— Me desculpa mais uma vez, só fiquei surpresa. Vou ligar para
minha secretária trazer os exames dela, já devem ter ficado prontos.
E assim ela faz, liga para a secretária que não demora muito entra na
sala com vários envelopes nas mãos e entrega para a tal de Denise que os
abre, observando atentamente tudo.
— Nossa, Oliver!
— O que foi, Denise? Algum problema com a saúde dela?
A mulher olha de Oliver para mim e depois olha para ele
novamente.
— Sangue com Rh nulo? Você sabe o que isso significa?
— Que ela tem um sangue muito precioso.
A mulher dá um sorrisinho que não gosto muito.
— Não só precioso como também é extremamente raro. Apenas
uma em cada 6 milhões de pessoas faz parte desse grupo sanguíneo.
“Esse tipo de sangue é raríssimo.
“Dá para imaginar a dificuldade que é encontrar possíveis doadores
caso a sua escolhida precise de uma doação no parto, por exemplo?
“Casos de pessoas com sangue dourado são tão raros que quase dá
para contar nos dedos o número de pessoas já identificadas com essa
característica.
“Só foram conhecidos quarenta e três casos de sangue Rh nulo no
mundo todo desde a sua descoberta.
“As chances do bebê nascer com esse tipo de sangue são grandes.”
Eu já enjoei da voz dessa mulher, ela está me irritando, é claro que
Oliver sabe de tudo isso, ele não é idiota.
— A senhora está querendo insinuar que meu marido deve procurar
outra mulher para carregar o filho dele já que meu sangue é raro demais? —
pergunto fuzilando a médica com os olhos.
— Eu só quero que Oliver entenda os ricos de querer te inseminar.
Por um lado, entendo o que ela quer dizer, sei muito bem os riscos
de se viver com um tipo de sangue tão raro e é por isso que olho para Oliver
deixando essa decisão nas mãos dele.
— É você quem decide, Oliver, afinal como a sua amiga médica
disse, sou a sua escolha. — Se ele desistir agora estou livre.
— Eu não tenho tempo e nem disposição para procurar por outra
mulher, pode dar continuidade ao processo, Denise.
Filho da mãe!
Chego a fechar os olhos para conter minha raiva pela maneira como
ele fala.
— Certo, tudo bem, vamos lá. Já tentaram fazer esse bebê da
maneira tradicional?
— Denise!
— O quê, Oliver? Tenho que perguntar, faz parte do processo.
— Pule a parte chata do processo e vamos direto ao ponto. Você
melhor do que ninguém sabe como sou impaciente.
— Tudo bem, Oliver, vamos fazer do seu jeito. Você não muda
nunca, é inacreditável.
A médica volta sua atenção para os outros envelopes e os abre, um a
um, analisando tudo perfeitamente.
Depois de alguns minutos, ela começa a rir e acho isso muito
estranho.
Ela volta a sua atenção para mim e me entrega o exame.
— Parabéns!
Pego o papel da sua mão e ao ler o resultado POSITIVO, escrito em
caixa alta, meu coração acelera.
Coloco a mão na boca sem acreditar no que estou vendo.
— O que aconteceu? O que tem escrito aí? — Oliver pergunta
nervoso.
Só então a minha ficha cai, estou grávida, tem um bebê crescendo
dentro de mim.
O meu bebê, o bebê que Oliver vai querer tirar de mim, assim que
nascer.
Eu me levanto ajeitando a bolsa e jogo o exame em cima dele.
— Não tenho mais nada a fazer aqui. Parabéns, finalmente
conseguiu o que queria.
Ele pega o papel e lê o resultado.
— Preciso receitar suas vitaminas e passar mais alguns exames que
precisa fazer, inclusive um ultrassom ― a tal Denise fala, quando já estou
passando pela porta.
— Pode entregar tudo para ele, afinal de contas o investimento foi
todo dele.
— Bruna...
Eu nem espero ele terminar de falar e saio da sala batendo a porta.
Ando rápido até a saída, pois, preciso de ar.
Assim que chego na recepção da clínica e estou passando pela porta,
um carro para na minha frente e a porta é aberta.
Eu me assusto com quem vejo dentro.
— Entra, Bruna, rápido.
— Senhora Leah, o que faz aqui?
— Eu não vou permitir que Oliver transforme meu neto em uma
cópia perfeita dele. Agora entre nesse carro, a partir de hoje você mora na
mansão Thomson. Vou proteger você e meu neto.
Olho para trás e vejo Oliver vindo na minha direção, então entro no
carro fechando a porta e o motorista sai em alta velocidade.
— Como a senhora sabe... Como ficou sabendo que... — Eu nem
consigo terminar uma frase direito.
— Tenho uma amiga bem interessante de longa data, Adela
Pattinson. Eu fiquei sabendo que estava grávida antes mesmo daquela
médica vadia.
Meu Deus do céu, quando penso que nada mais me surpreende,
minha sogra vem com essa.
CAPÍTULO 53

POSITIVO, é isso que está escrito no exame que Bruna joga em


cima de mim, antes de sair batendo a porta do consultório.
— Ela já está grávida?
— Parece que sim, finalmente a família Thomson terá o seu
herdeiro...
Eu nem escuto direito o que Denise fala, tudo o que quero é ir atrás
de Bruna, da minha menina, da minha esposa, minha mulher.
Levanto, saio do consultório, ando até a recepção e tudo o que vejo
é Bruna entrando dentro de um carro que sai em alta velocidade.
No mesmo instante, tenho um pressentimento ruim.
— Para onde ela foi? E de quem era aquele carro — pergunto assim
que paro na frente dos seguranças.
— Era a senhora Leah, senhor.
Fecho os olhos sentindo a dor de cabeça se aproximando.
— Vamos agora mesmo para a mansão Thomson.
Tem alguma coisa errada...
Como a minha mãe sabia que estávamos aqui?
Por que ela levou Bruna com ela?
São perguntas que quero respostas agora mesmo.
Não demora muito e recebo a confirmação de que realmente Bruna
está na mansão dos meus pais.
Logo eu também chego e sou recebido na porta por mamãe.
É como se já estivesse me esperando e a expressão dela não é das
melhores.
— Onde está minha esposa? Eu sei que ela está aqui.
— Para o escritório agora mesmo, Oliver.
Minha mãe nem espera pela minha resposta e vira as costas me
obrigando a segui-la até o escritório.
Quando passo pela porta e a fecho, só sinto o ardor em meu rosto.
Minha mãe me acerta em cheio um grande tapa na cara.
— Casamento por contrato, inseminação artificial.
Mais que droga!
Isso é tudo o que não preciso no momento, e o pior é meu pai
assistindo à cena ridícula que mamãe protagoniza e não falar nada.
— Mamãe, a senhora ficou... — Eu nem termino de falar e ela me
acerta do outro lado do rosto.
— Você obrigou aquela menina a se casar com você em troca de
uma dívida de jogo do pai dela, para que ela pudesse carregar o seu filho, o
meu neto.
— Será que dá pra parar de me bater, mamãe?
— Eu deveria te dar uma surra, Oliver. A culpa de você ser assim é
minha, fechei os olhos por tempo demais deixando o seu pai te transformar
nisso que é hoje.
Olho para o meu pai e ele simplesmente não fala nada.
— Como ficaram sabendo dessa história?
— Como? Você deve saber que essa menina é filha do seu primo,
não é?
— Claro que sei.
— Pois então, um pai faz de tudo para proteger a filha. Imagine só a
minha surpresa quando descobri que meu filho, meu único filho, me
enganou fingindo estar apaixonado. Você obrigou aquela menina a contrair
um casamento por contrato, Oliver. Onde você estava com a cabeça? Se a
mídia descobre isso será um escândalo para toda a família. As ações da
empresa irão despencar e o prejuízo será incalculável.
Desgraçado!
Fred abriu o bico para a minha mãe, ele me paga por essa.
— Sua mãe tem razão. — Agora meu pai resolve abrir a boca. —
Para o seu bem e para o bem da sua esposa, ela ficará aqui sendo muito bem
cuidada pela sua mãe. Você não vai mais encostar um dedo naquela menina.
A sua sorte é que ela engravidou de você antes dessa loucura de
inseminação artificial.
— Isso está fora de cogitação, Bruna volta comigo, para casa hoje
mesmo.
— Que casa, Oliver? A sua ou a dela? Porque nem para morar com
ela debaixo do mesmo teto você foi capaz. E se ela está grávida hoje foi por
esforço dela e não seu, já que se recusava a ir para cama com ela.
Como essa mulher ficou sabendo disso tudo?
— Não pense nem por um só minuto, Oliver, que você conseguiria
me esconder essa merda toda por muito tempo. Sou sua mãe, sei de tudo o
que se passa com você. Pode até ser o chefe da nossa família, o que é
ridículo, pois, não passa de um moleque brincando de ser deus. Eu nunca...
— CHEGA, MAMÃE — grito com ela perdendo de vez a paciência
e tudo o que recebo é outro tapa na cara.
— Você não grita comigo, Oliver, sou a sua mãe e exijo o máximo
de respeito da sua parte.
“Fiquei do seu lado em tudo o que fez até o dia de hoje, te consolei
quando passou pelo que passou e fechei os olhos para todas as coisas ruins
que fazia.
“Mas isso acaba hoje.
“Eu não me importo com o que você faz, sei muito bem do que é
preciso fazer para se manter no topo, mas naquela menina você não encosta
mais.”
— Mãe...
— Tem certeza de que quer continuar discutindo com sua mãe? —
papai fala me interrompendo, se levantando da cadeira que agora me
pertence.
Mas, hoje, aqui dentro desse escritório não sou o chefe, sou o filho
que fez uma merda muito grande.
— Tudo o que quero é a minha mulher?
Bruna é minha e saber que ela já está grávida mudou tudo. Agora
nada mais importa, tudo o que quero é ela e o nosso bebê.
— Para que você a quer? Não a ama e creio que nunca mais vai ser
capaz de amar ninguém. Você colocou uma pedra no lugar do coração,
Oliver, e eu sinto muito mesmo por isso. Eu não vou permitir que um
homem como você crie o meu neto — minha mãe diz me encarando.
Minha mãe nunca tinha falado desse jeito comigo e suas palavras
doem mais do que os tapas que ela já me deu hoje.
— É aí que a senhora se engana — digo me sentando na poltrona
que tem em frente à mesa e vejo pela primeira vez em muito tempo um
brilho de esperança no olhar dela.
— O que você está querendo dizer com isso? — minha mãe
pergunta esperançosa.
Sei que não vou conseguir mentir para ela, então resolvo ser sincero.
— Se o que eu sinto por aquela mulher não for amor, está muito
perto de ser. — Meu peito se aperta ao falar cada uma dessas palavras.
— Oliver, meu filho...
— Eu tentei, mamãe, eu juro que tentei me manter afastado dela.
Tentei impedir que ela entrasse no meu coração, mas ela foi mais forte do
que eu.
“Cada vez que ela me enfrentava, me desobedecia e respondia, ela
entrava um pouco. Cada maldita resposta malcriada que ela me dava, a
ajudava a entrar mais um pouquinho. Cada vez que ela fazia tudo diferente
do que eu falava, entrava mais e hoje quando soube que ela já está grávida,
acho que entrou de vez.
“Eu só não consigo dizer que eu... Que...”
— Que você a ama — mamãe completa minha frase, me fazendo
cair na real de vez.
— Sim, mas não consigo falar isso a ela ainda.
— Vai perdê-la se continuar agindo assim, meu filho. Bruna te ama
e agora vão ter um filho juntos.
“Precisa deixar o passado para trás e seguir em frente.
“Será pai agora e tem uma esposa linda que te ama.
“Você tem tudo para ser feliz, meu filho, não estrague essa
oportunidade.
"Dessa vez não terá ninguém para culpar a não ser você mesmo.”
Entendo cada palavra que mamãe quer dizer e ela tem razão em
tudo.
— Eu quero vê-la.
— Você não...
— Por favor, mamãe, me deixe vê-la e levá-la para casa.
Ela me olha por alguns segundos.
— Está no seu quarto e já vou logo avisando que se ela não quiser ir
com você, não poderá obrigá-la.
Se ela soubesse que as coisas com Bruna só funcionam assim.
Eu me levanto, dou um beijo na testa da minha mãe e saio do
escritório. Subo a escada e chego no corredor que me leva ao meu antigo
quarto. Caminho a passos lentos até a porta e ao passar a mão na maçaneta,
vejo que está fechada.
Acabo sorrindo da situação.
Bruna sempre achando que portas fechadas podem me manter longe
dela, grande engano da minha pequena esposa.
Isso só me deixa mais louco por ela ainda.
CAPÍTULO 54

Momentos antes...
Durante o percurso da clínica até a mansão dos meus sogros,
Leah, minha sogra, não me faz muitas perguntas. Creio que nem precisa, ela

já deve saber de tudo e por isso veio me resgatar, é a única explicação para

o que ela fez.


Assim que chegamos e entramos na linda e grandiosa casa, ela me
leva até o antigo quarto de Oliver.
— Você precisa descansar, creio que ainda não digeriu a notícia
completamente. Ficará segura aqui, não se preocupe.
— Eu agradeço o que a senhora está fazendo, mas essa também é a
casa dele. O que faz a senhora pensar que Oliver não vai invadir esse quarto
e me levar embora?
— Ele que não se atreva a fazer isso. Hoje, vou ensinar uma lição a
ele que não vai esquecer tão cedo. Agora fique à vontade e descanse. Se
precisar de alguma coisa é só chamar. Vou mandar buscar as suas coisas e
se realmente quiser ficar aqui comigo, ficaria muito feliz em ter a sua
companhia.
— Eu quero ficar aqui, sim, Oliver não parece gostar muito da
minha presença perto dele. Prova disso foi ele ter mentido dizendo que
passaria um mês viajando quando passou apenas uma semana. — Me dói
lembrar disso mais uma vez.
— Oliver um dia vai se arrepender muito de tratá-la dessa maneira.
— Eu acho que não, não sou ninguém. Tudo o que ele quer de mim,
é um filho e ele conseguiu isso. O que eu temo é perder meu bebê quando
ele nascer. Oliver já deixou bem claro que não vou poder interferir em nada
na criação dessa criança.
— Oh, minha querida, quanto a isso, você não precisa se preocupar.
Eu nunca vou permitir que Oliver faça isso com você. É a mãe dessa
criança. É você quem deve decidir o que vai ser melhor para ela e não ele,
um homem sem coração. Você não está sozinha, não mais.
— Obrigada, dona Leah — digo indo até ela e dando um abraço
forte.
— É a mãe do meu neto e vou fazer de tudo para protegê-la. Agora
deite um pouco e descanse, daqui a pouco mando trazer um lanche para
você.
Ela sai do quarto me deixando sozinha e paro no meio do cômodo
para observar tudo.
Um quarto extremamente grande e luxuoso em tons escuros,
completamente diferente do meu na mansão. Vou até o closet e vejo várias
roupas de Oliver penduradas e organizadas. Mesmo ele não morando com
os pais, mantêm um closet completo.
Fico mais um pouco observando suas coisas enquanto penso que
esse homem nunca será meu e para piorar a minha situação, estou grávida
dele.
Resolvo parar de pensar, saio do closet e me deito na espaçosa
cama, fechando os olhos, tentando dormir para esquecer um pouco dos
meus muitos problemas.
Coloco a mão na barriga, a acaricio e sorrio ao lembrar que tem um
bebê crescendo dentro de mim.
Eu não vou abrir mão do meu filho nem que para isso tenha que
bater de frente com Oliver.
Eu me deito de lado com a mão em meu ventre e acabo cochilando.

Sou desperta um tempo depois sentindo uma mão acariciando minha


barriga e ao abrir os olhos me assusto ao ver Oliver ao meu lado.
Eu me lembro de ter trancado a porta quando minha sogra saiu.
Me afasto do seu toque como se quisesse proteger a mim e ao meu
bebê, e ele percebe isso.
— O que está fazendo, Bruna? Acha mesmo que seria capaz de
fazer mal a você?
— Sua mãe me garantiu que eu ficaria protegida aqui e o meu bebê
também. Então o que você está fazendo nesse quarto?
Mas que pergunta mais idiota!
Esse é o quarto dele, na casa dos pais dele, então a intrusa aqui, sou
eu.
— Nosso bebê, Bruna, esse filho é meu também, esqueceu?
— Como eu poderia esquecer, mas agora as coisas mudaram, Oliver,
e não vou abrir mão do meu filho, não vou entregá-lo a você nunca.
Ele me olha intensamente e me preparo mentalmente para uma
discussão de grandes proporções dentro desse quarto.
— Podemos chegar a um acordo em relação a isso.
— Acordo? Não tem acordo, Oliver.
— Vamos passar a viver como marido e mulher de verdade, como
deveria ter sido desde o início.
Agora sou eu que fico chocada com o que ele fala.
— Eu não sei se estou disposta a isso agora, você me enganou,
mentiu para mim, disse com todas as letras que não me queria perto de
você...
— Bruna, você me pediu para tentar, lembra? Estou tentando, porra.
Estou fazendo isso por você e pelo nosso filho, porque quero que ele tenha
uma família completa com um pai e uma mãe. Sei tudo o que fiz e falei, não
preciso de você para ficar me lembrando disso a todo tempo.
— Você não me ama, Oliver, e já deixou isso claro mais de uma vez.
Eu não quero viver em um casamento sem amor e nem vou fingir sermos
uma família feliz por causa dele. Eu mereço mais e o meu filho também.
— Você merece mais? O que está querendo dizer com isso, Bruna?
— Estou querendo dizer exatamente o que você entendeu. Se você
não me ama, ótimo, problema seu, mas eu vou conseguir te arrancar do meu
coração e nada melhor do que um novo amor para curar outro. — Agora,
sim, vejo um Oliver com muita raiva na minha frente.
Ele me segura em seus braços montando em cima de mim, em
seguida prende meus pulsos acima da minha cabeça com apenas uma mão
enquanto com a outra ele passeia pelo meu corpo.
— Você é minha mulher, mãe do meu filho, dona da minha fortuna.
Você é minha em todos os sentidos, Bruna, e nunca vou permitir que saia do
meu lado. Estamos amarrados um ao outro e agora mais do que nunca por
causa do nosso filho. Eu sou capaz de dar o mundo a você.
— Eu não quero o mundo, o que eu quero é o seu amor.
— E você está conseguindo, aos poucos está conseguindo. Tudo o
que eu peço é que me dê uma chance de provar isso a você.
“Eu não sou um homem bom, mas com você eu quero ser. Eu quero
te amar assim como você diz que me ama.
“Tudo o que eu te peço é tempo.
“Passei anos, mergulhado na dor de uma tragédia do passado, mas
você me faz querer sair dessa dor. Com você eu tenho a chance de
recomeçar, coisa que pensei nunca mais ser capaz de fazer.”
Tudo o que ele me diz, olhando dentro dos meus olhos me toca
profundamente. É como se estivesse vendo um Oliver totalmente diferente
agora.
— Eu não vou te dar uma segunda chance, Oliver. Eu não te
perdoaria se me traísse, se quebrasse a promessa que está me fazendo agora.
— Eu jamais faria isso. — Solta meus pulsos e segura o meu rosto
com as duas mãos.
Oliver me beija delicadamente nos lábios até que o beijo começa a
ganhar mais ferocidade e quando já estamos aponto de...
— Será que dá para sair de cima da sua esposa? Ela está grávida,
por Deus, Oliver.
Oliver rosna frustrado com a interrupção da minha sogra e tudo o
que ela faz é sorrir.
— A senhora nunca perde essa mania, não é mesmo, mamãe?
— Deixou a porta aberta, se quisesse privacidade deveria ter
trancado. Agora sai daí e deixe sua mulher comer. Ela precisa se alimentar
muito bem agora e trate de levá-la ao médico da família. Não naquela tal de
Denise que arrasta um caminhão por você.
Isso me faz lembrar de uma coisa.
— Você já levou aquela médica para a cama?
Oliver engole em seco e a minha sogra olha para ele também,
esperando pela resposta.
— Querida, acho que esse...
— Responda. Já levou a doutora Denise para a sua cama?
— Isso, filho, responda a sua esposa. Ela não pode ficar nervosa, faz
mal para o bebê.
A minha vontade é de rir da cara que Oliver faz para a mãe dele.
— Sim, nós dois tivemos um caso, mas isso faz muito tempo e não
foi nada de mais.
Mas que cretino!
— Você me levou para fazer uma inseminação na clínica da sua ex-
amante?
— Denise é uma profissional competente, ela sabe separar muito
bem as coisas.
— Eu vi como ela sabe separar as coisas.
— Não fique chateada, querida, isso ficou no passado, agora come,
vai. Escute a mamãe, ela disse que você não pode ficar nervosa.
Dona Leah abre um sorriso grande, se aproxima de mim, coloca
uma bandeja recheada de guloseimas na minha frente que chego a salivar.
— Mãe, tem certeza de que ela pode comer isso?
— Posso sim, o bebê está com vontade — respondo tão rápido,
interrompendo minha sogra que sorri e Oliver também.
— Estou vendo que tem alguém com muita fome aqui.
— Deixe-a comer em paz, Oliver. Essa parte da gravidez é difícil,
daqui a pouco começa os enjoos e aí ela não vai ter apetite para nada.
Oliver começa a fazer um monte de pergunta sobre gravidez para a
mãe enquanto eu como animada.
Queria tanto que a minha vida a partir de agora fosse boa, mas algo
bem lá, no fundo, do meu coração me diz que esse ainda não é o meu final
feliz.
CAPÍTULO 55

Acordo com o estômago embrulhado, com vontade de

vomitar o mundo.
Parece que foi só descobrir que estava grávida que os enjoos me
acharam.
Olho para o lado e vejo Oliver dormindo tranquilamente, coisa que
jamais pensei em ver, já que ele sempre falava que não iríamos morar
juntos.
A verdade é que desde a descoberta da gravidez, ele não voltou para
a mansão dele, mas ainda não conversamos sobre isso.
Ele evita o assunto e eu também.
Confesso que está tudo tão bem entre nós que não quero estragar o
momento.
Eu me viro para o lado e quando já estou quase me levantando, sinto
um par de mãos me puxando para a cama novamente.
— Para onde pensa que vai, esposa? — Ele me acolhe em seus
braços fortes, fazendo carinho na minha barriga.
— No banheiro.
— Está se sentindo mal de novo?
— Mais ou menos. O médico falou que sentir esses enjoos no início
da gravidez é normal, lembra?
— Os remédios que ele passou não estão ajudando?
— Nem um pouco e tudo piora pela manhã, mas com o passar do
dia alivia um pouco, não se preocupe.
Oliver me olha como se quisesse falar alguma coisa que não tem
coragem de dizer.
Desde o dia que descobrimos a gravidez, três dias atrás, ele tem
agido diferente. Posso dizer que ele realmente está tentando, mas não posso
me agarrar a isso.
Tudo o que escutei da boca dele na casa de Amanda ainda não saiu
da minha cabeça, ele falou cada palavra com muita convicção.
Posso até estar errada e quero muito mesmo estar, mas conhecendo
Oliver como conheço, depois de tudo o que fez, pode ter mudado de
estratégia, afinal já deixei claro que não abrirei mão do nosso filho.
Eu o amo muito e não contava engravidar dele antes de conseguir
conquistar seu coração. Eu já tinha um plano para tentar evitar a
inseminação, mas as coisas foram por um lado, o qual não tinha previsto.
E, agora, não é mais somente eu nessa história, tenho meu bebê para
proteger do pai.
— Eu daria toda a minha fortuna para saber o que está se passando
por seus pensamentos.
Dou a ele um sorriso fraco.
— Você não gostaria de saber, isso eu garanto.
— O que eu tenho que fazer, Bruna?
Ele sabe a resposta, mas continua insistindo em perguntar.
— É complicado, Oliver. Vamos dar tempo ao tempo e ver se as
coisas se acertam definitivamente entre nós.
— Eu nunca pensei que você fosse desistir de nós dois.
— Você me obrigou a isso e agora não estou mais sozinha. Estou
agindo com a razão agora e não com o coração.
— Não diga isso, eu sei que me ama.
— Amo, sim. Eu te amo, Oliver, te dei meu amor sem pedir nada em
troca, mas se coloque no meu lugar e olhe a situação em que estou.
“Você tem um contrato de casamento, assinado por mim, que me
obriga a entregar meu filho a você quando ele nascer.
“Quando assinei aquele contrato, obrigada por você, estava com
medo de ficar na rua com a minha mãe.
“Eu não pensei nas consequências.
“Realmente achei que conseguiria te conquistar com o passar do
tempo, mas me enganei.
“Não sei se você é capaz de amar alguém.”
— Eu não vou afastar a criança de você, mesmo que nada entre nós
dê certo, continuará sendo a mãe dele ou dela.
— Você está se escutando, Oliver? É justamente disso que eu tenho
medo. Se nada der certo entre nós, você fica com o bebê e eu saio de cena.
Me manter perto dele não é a mesma coisa que me deixar criá-lo do meu
jeito.
— Bruna, nosso filho é herdeiro de uma das maiores fortunas do
mundo. Ele não pode ser criado do seu jeito.
— E pode ser criado do seu? Quer saber, Oliver, chega dessa
conversa. Você está aqui e admito que está tentando.
“Espero sinceramente que consiga me provar que realmente quer
estar nesse casamento ou a coisa vai ficar muito feia entre nós dois.
“Agora, vou ao banheiro, preciso ir para a galeria, estamos tendo
muito trabalho com a organização da exposição de Nova York.”
Levanto da cama e vou para o banheiro.
— Hoje é o meu... — Ele para no meio da frase e me volto para ele.
— O seu o quê? — Não entendi o que ele quis dizer.
— Nada deixa pra lá. Será que você tem tempo de almoçar comigo
hoje?
Fico olhando para ele por alguns segundos e respondo.
— Hoje não tenho tempo, assim como você eu tenho muito trabalho.
— Me sinto mal em estar o tratando com tanta frieza, mas isso não é nada
comparado a maneira como ele me tratou.
— Tudo bem, quem sabe amanhã.
Eu não respondo nada e entro no banheiro fechando a porta.

*
Meia hora depois, saio e não vejo mais Oliver pelo quarto, mas sinto
seu cheiro pelo ambiente. Entro no closet, me arrumo e depois de pronta
desço para tomar café da manhã, encontrando como sempre uma mesa farta,
posta apenas para mim.
— Onde ele está? — pergunto para Mara assim que me sento à
mesa.
— O senhor Thomson acabou de sair, senhora.
Eu só balanço a cabeça concordando e tomo meu café da manhã
mesmo sem muita vontade.

Como sempre chego a galeria alguns minutos atrasada e me assusto


ao ver que Amanda pela primeira vez chegou primeiro do que eu.
— Olha aí, a mamãe do ano.
É assim que ela fala comigo, desde que contei a ela e ao grupo do
“Projeto Oliver” que estou grávida.
Admito que fiquei feliz com a animação das minhas novas amigas.
Elas estão em uma briga para ver quem será a madrinha do bebê e essa vai
ser uma escolha muito difícil.
— Você caiu da cama hoje foi?
Ela dá um sorrisinho safado e já sei que vem coisa por aí. Emily
também sabe, já que começa a rir mesmo antes da resposta.
— Caí, mas foi em cima de outra coisa, minha querida.
Eu não aguento e dou uma gargalhada.
— Você não muda nunca, Amanda — Emily fala também
gargalhando dela.
— A vida de vocês seria muito sem graça se eu mudasse, vocês me
amam do jeitinho que eu sou.
— Como eu disse você não muda nunca. Agora, Bruna, me fala o
que foi que você preparou para o Oliver hoje — Emily fala animada demais
e Amanda também parece esperar pela resposta.
— Por que eu prepararia alguma coisa para ele? — pergunto
confusa.
— Nossa estou vendo que vocês conversam muito — Amanda diz
sendo sarcástica.
— Sejam mais claras, por favor.
— Hoje é o aniversário do Oliver. Como você não sabe disso, é a
mulher dele?
Eu chego a me sentar pelo susto que levo.
Será que era por isso que ele queria almoçar comigo?
Para comemorar o aniversário dele?
— Parece que ela realmente não sabia. Achava que vocês dois
finalmente estavam se acertando, Bruna.
— É complicado, Emily. Mas hoje, ele me chamou para almoçar e
eu disse que não teria tempo. Fui fria e não mostrei interesse algum em sair
com ele.
Elas ficam me olhando.
— Agora que está sabendo pretende fazer alguma coisa?
— Alguma sugestão para me dar? Afinal vocês o conhecem melhor
do que eu que sou a esposa.
— Um jantar romântico — Emily diz sem nem pensar muito.
— Jantar?
— A Emily tem razão, um jantar romântico seria perfeito para vocês
dois se acertarem de vez e pararem com essa picuinha toda.
Acabo fazendo uma careta do comentário dela.
— Eu ajudo você a cozinhar, Bruna, o jantar pode ser na mansão
mesmo.
— NÃO... Pelo amor de Deus, Emily não queremos matar o pobre
casal de indigestão logo no primeiro jantar romântico deles. Mara é uma
cozinheira maravilhosa e pode ajudar a Bruna com isso.
Vejo o quanto Emily fica desgostosa com o comentário de Amanda.
— Eu cozinho tão ruim assim?
— Cozinhar ruim seria um elogio, minha amiga, sua comida é
intragável.
Começamos a rir e até Emily mesmo ri do comentário terrível de
Amanda.
— E o presente, o que você pretende comprar?
Fico pensando no que comprar para um homem que já tem tudo e é
aí que me lembro de algo.
— O quadro.
Os olhos de Amanda se iluminam.
— O quadro, eu já tinha esquecido dele. Aquela tela é perfeita.
— Que quadro? Que tela é essa que eu não sei? — Emily parece
estar confusa, já que nunca contei a ela sobre a tela que pintei de Oliver.
CAPÍTULO 56

Amanda e eu levamos Emily para a sala de produção e pego


a tela que até então estava muito bem escondida entre as outras de rascunho

que tenho.
Quando puxo o pano que cobre a tela, ela coloca as mãos na boca.
— Por Deus, Bruna, essa tela é a sua grande obra de arte,
simplesmente perfeita.
Fico feliz com o elogio dela que vale muito para mim.
— Acha que ele vai gostar?
— É claro que vai. Oliver adora uma bela obra de arte e essa é
especial, foi feita pela esposa dele.
— Concordo com a Emily. Tenho certeza de que Oliver vai amar o
presente. Você é especial, Bruna. Com o seu jeito de ser está conquistando
Oliver e já deve saber disso.
Eu balanço a cabeça.
— Ele está tentando, mas só se deu a esse trabalho depois que
descobriu a gravidez e é isso que está me deixando com medo. Eu o amo
mais que tudo nessa vida, mas não sei se posso confiar nele cem por cento.
— E você já conversou com ele sobre isso? Já falou dos seus medos
para ele? — Emily pergunta muito séria.
— Não com essas palavras — respondo e abaixo a cabeça.
— Não faça isso, Bruna. Não abaixe a sua cabeça, somos todos
iguais aqui. Sabe muito bem pelo que Amanda e eu passamos. Você
conhece nossas experiências e nunca mentimos para você dizendo que seria
fácil.
“Nunca é fácil, Bruna, e, cada uma de nós, passou por uma situação
diferente.
“Se me permite te dar um conselho converse com ele abertamente e
fale claramente o que você sente. Conte a ele os seus medos e receios.
“Oliver não é o monstro que demonstra ser, isso tenho certeza de
que já percebeu. Você conseguiu o que nenhuma outra fez, penetrou na
armadura pesada de dor e ressentimento que ele mesmo criou para se
proteger.
“Você o deixou vulnerável, Bruna, e isso o assusta tanto quanto
assusta você.”
Eu chego a me emocionar com as palavras que Emily fala, mas
antes que eu consiga pronunciar alguma palavra, escuto Amanda chorando.
— Nossa, Emily, você fala tão bonito, quando foi que desenvolveu o
dom das palavras?
— Amanda, você anda muito sensível ultimamente. A grávida aqui
é a Bruna e não você. A não ser que...
— Nem vem, eu não estou grávida. Mato o Collin se ele fizer um
filho em mim, agora.
Dessa vez, sou eu quem sorrio da situação.
— Eu falava a mesma coisa para o Thony e olha só agora.
— Não quero nem pensar em uma possibilidade dessa, mas vamos
voltar ao que interessa. Bruna, vamos mandar a tela para a sua casa e você
vai preparar uma surpresa e tanto para o seu marido. Você deve estar com
os hormônios da safadeza a pleno vapor por causa da gravidez, então
capricha na lingerie.
— Amanda!
— Não vem com essa de Amanda, e para surpreendê-lo mais ainda
vá buscá-lo na empresa hoje no final do dia. Entre lá já mostrando quem é
que manda no homem e não peça para ser anunciada. Entre direto na sala da
presidência sem deixar a bruxa da secretária dele te parar.
Eu começo a rir dela.
— Amanda, ninguém naquela empresa sabe quem eu sou, como é
que vou entrar lá e ir para o andar da presidência sem ser presa?
— Os funcionários não te conhecem, mas os seguranças do Oliver,
sim. Eles vão ser a sua chave para entrar na empresa pela porta da frente
sem que ninguém te pare.
— Amanda, você não cansa de me surpreender — Emily comenta
gostando da ideia.
— Tudo bem, vou fazer o que disseram e que Deus me ajude.
Como combinado, no período da tarde volto para casa para começar
os preparativos da minha surpresa para o Oliver.
Amanda sem perder tempo mandou preparar a moldura da tela que
pintei de Oliver e já mandou entregar na mansão.
Tudo o que falta agora é preparar o jantar.
Ao chegar em casa mais cedo, Mara se assusta com a minha
presença temendo que tenha acontecido algo comigo.
— A senhora está bem? Vou ligar para o patrão.
Trato de pará-la antes que estrague minha surpresa.
— Nem pense em fazer isso. Estou me sentindo muitíssimo bem,
voltei mais cedo hoje porque preciso da sua ajuda.
Ela me olha confusa.
— Minha ajuda, senhora?
— Sim, hoje é o aniversário do meu marido e quero preparar um
jantar romântico para ele. Para isso preciso da sua ajuda para preparar tudo.
Agora sim, ela entende tudo e seu sorriso se alarga no rosto.
— Eu ajudo com o maior prazer, senhora, me diga o que precisa que
preparo tudo.
— Não, você vai me dizer o que preciso e vou preparar tudo. Quero
cozinhar hoje para o meu marido e você vai apenas me ajudar. Agora vamos
para a cozinha e nem adianta reclamar dizendo que não.
Ela não gosta muito da ideia achando que Oliver vai demiti-la caso
fique sabendo que permitiu que eu cozinhasse, mas tratei logo de acalmá-la
garantindo que isso não iria acontecer.
Depois de passar a tarde inteira na cozinha com Mara finalmente
terminamos tudo, e devo admitir que tenho talento para cozinhar esses tipos
de comidas chiques.
— Mara, eu vou tomar banho e trocar de roupa. Vou buscar Oliver
na empresa hoje, faz parte da surpresa e meia hora depois que eu sair, você
arruma tudo na mesa em seguida pode ir para a sua casa.
— Mais senhora hoje não é a minha folga. Ainda pode precisar de
ajuda para servir o patrão e depois retirar a mesa.
— Mara, eu pretendo fazer muito sexo hoje com o meu marido e
pretendo começar pela sala de jantar. Tenho certeza de que você não vai
querer estar presente para presenciar tudo. Sei muito bem como servir meu
marido, então você pode ir para a sua casa hoje que eu cuido de tudo. — É
claro que eu não vou transar na sala de jantar, mas se eu não falo isso ela
nunca que iria concordar em ir para casa hoje.
— Sendo assim é melhor eu ir para casa mesmo. Vou arrumar tudo e
depois me retiro, mas qualquer coisa que acontecer a senhora pode me ligar
que eu volto no mesmo instante.
— Tudo bem, mas não se preocupe que nada vai acontecer.
Passo os últimos detalhes de tudo a ela e subo para o meu quarto.
Pelo avançar das horas não perco muito tempo, tomo um banho
caprichado e visto uma lingerie bem sexy. Logo depois um vestido preto
colado no corpo com um decote não muito ousado, mas que faz a
imaginação voar. Faço um penteado simples e bonito, e uma maquiagem
não muito pesada. Calço meus saltos e estou pronta para buscar meu marido
no trabalho.
Chego na garagem e o motorista está a minha espera, já que tinha
avisado que iria precisar dele, só não disse para onde iríamos. Com certeza,
ele iria avisar ao Oliver e estragaria a minha surpresa.
— Para onde vamos, senhora?
— Grupo Thomson.
Ele me olha sem entender nada.
— Grupo Thomson?
— Tenho certeza de que não está surdo, hoje é o aniversário do meu
marido e quero fazer uma surpresa a ele. Então, nada de avisá-lo. E como
ninguém lá me conhece vou precisar de você para liberar a minha passagem
até a sala da presidência.
Ele me analisa por alguns segundos e tenho a impressão de que ele
vai recusar meu pedido, então antes que ele abra a boca mudo de tática.
— Por favor, estamos tentando fazer nosso casamento dar certo e
quero surpreendê-lo com um jantar romântico que eu mesma preparei já que
rejeitei o convite dele para almoçar. Preciso da sua ajuda para entrar no
Grupo Thomson e só posso contar com você agora.
— A senhora é muito boa em convencer. Vamos, entre no carro e
espero não me arrepender de fazer isso.
— Não vai, eu garanto. — Corro até ele e o abraço, deixando o
pobre homem sem jeito com a minha demonstração de alegria.
— Senhora, não faça isso, tenho a intenção de viver muitos anos
ainda.
Acabo sorrindo do que ele fala, entro no carro e ele me leva rumo ao
imponente prédio do Grupo Thomson.
CAPÍTULO 57

A maneira como Bruna está me tratando tem me tirado do

sério. Estou puto de raiva com a situação, e o pior é que eu nem posso

culpá-la. Fiz de tudo para afastá-la de mim, com medo dos meus

sentimentos. Eu não queria que ela me amasse, mas também não queria

abrir mão dela.


Nem eu entendia meus sentimentos até descobrir que ela já estava
grávida e agora é a minha vez de tentar fazer as coisas darem certo, mesmo
com a desconfiança que ela tem.
Bruna pensa que não percebi a sua mudança repentina. Certamente,
deve estar pensando que mudei de atitude em relação a ela por causa da
criança que carrega em seu ventre. Por um lado, ela tem razão, mas tudo o
que quero agora é viver bem com minha esposa e filho.
Sou tirado dos meus pensamentos com o telefone da minha sala
tocando.
— O que foi?
— Desculpe incomodá-lo, senhor, mas a senhorita Celeste está aqui
querendo vê-lo.
Era só o que me faltava para piorar ainda mais o meu dia.
Celeste consegue chegar até mim, com facilidade, já que, durante
muitos anos, mantivemos um caso. Por várias vezes a chamei aqui, mas
tudo isso mudou quando Bruna exigiu fidelidade. Ao terminar nosso caso,
ela até que foi bem compreensiva e não me deu muitos problemas. Isso me
faz ficar curioso para saber o que ela quer agora.
— Deixe-a entrar.
— Sim, senhor.
Não demora muito e Celeste entra na sala.
— Oliver...
Antes dela conseguir terminar de falar levanto o dedo e se cala.
— O que você está fazendo aqui?
— Preciso de ajuda e você é a única pessoa que pode me salvar.
Sinto vontade de rir porque isso só pode ser uma piada.
Eu nem mesmo me dou ao trabalho de me levantar, mas ela, ousada
como sempre, se aproxima da mesa. Afasta uns papéis e se senta de frente,
deixando as pernas cruzadas ao meu lado.
— O que a faz pensar que eu vou querer ajudá-la? Eu não faço
caridade, Celeste, sempre tenho que ter algo em troca.
— O que eu posso oferecer em troca você não quer mais, e quanto a
fazer caridade isso é uma tremenda mentira. Não pensou duas vezes antes
de investir uma fortuna em duas garotas que nem mesmo conhecia direito.
Amanda e Emily são a prova do quão caridoso você é.
Seguro com força em seu rosto e sinto seu corpo tremer.
Celeste sabe do que sou capaz de fazer, ela já presenciou algumas
coisinhas e é por isso que acha que pode falar assim comigo.
— Tem certeza de que quer ir por esse lado, Celeste?
Ela funga e vejo seus olhos vermelhos como se quisesse chorar.
Essa é uma Celeste que ainda não conhecia.
— Eles vão matar o meu irmão, Oliver, por favor, eu imploro que
me ajude.
Solto a mulher de uma vez e ela se apoia na mesa ainda sentada.
— Em que aquele idiota se meteu dessa vez?
— Eu não sei direito, ele levou uma surra grande e se não pagar a
dívida vão matá-lo, depois vão vir atrás de mim. Você sabe que fiz de tudo
para criá-lo da forma certa, dando a ele uma vida digna, vendendo o meu
corpo, mas ele...
Ela não consegue terminar de falar.
Quando a mãe de Celeste morreu, ela tinha dezoito anos e o cretino
do irmão dela era uma criança. Para criá-lo, ela entrou nessa vida e olha
como o idiota agradece.
— Onde ele está agora?
— Escondido, implorei ao Fred para escondê-lo até dar um jeito de
conseguir o dinheiro.
Olho para ela e pela primeira vez sinto pena dessa mulher.
— Eu vou te dar esse dinheiro, mas a vida do seu irmão passará a
pertencer a mim. Se você não conseguiu ensiná-lo a ser um homem de
verdade, eu vou ensinar.
Ela arregala os olhos, me encarando.
— O que vai fazer com ele?
— Ensinar a ele o que você não foi capaz de ensinar. É muito
melhor ele nas minhas mãos do que nas mãos de pessoas que certamente
vão matá-lo. É pegar ou largar.
— Me prometa que não vai machucá-lo?
— Sabe que isso é impossível, para ele ser um dos meus terá que
passar por um belíssimo treinamento e o dele vai ser de primeira linha. Não
é essa vida que ele quer? Pois, vou dar a ele e de quebra ficará vivo.
Ela pensa por alguns minutos antes de responder.
— Tudo bem, só cuide do meu irmão e não permita que nada de
ruim aconteça com ele. Quero que me dê a sua palavra, Oliver.
— Você tem a minha palavra, Celeste, vou pagar a dívida do seu
irmão e depois ele passará a ser um dos meus homens. — Sem que eu
espere, ela pula no meu colo e me abraça forte.
— Obrigada, Oliver, muito obrigada por me ajudar. Prometo que
nunca mais vou te pedir nada, tudo o que eu quero é que você cuide do meu
irmão.
Estou prestes a tirá-la de cima de mim, quando escuto a porta da
sala sendo aberta e quando olho para ver quem é, sinto a minha cabeça girar
e meu coração querer sair pela boca.
Eu estou muito ferrado agora.
Celeste vendo quem é, pula do meu colo e fica atrás da cadeira.
— Eu devo ser a mulher mais burra e idiota do mundo por acreditar
em você, Oliver Thomson — Bruna diz e sai feito um furacão da sala, sem
nem me dar tempo de tentar explicar o que aconteceu.
A minha vontade é de jogar a Celeste pela janela.
— Oliver, eu sinto muito, eu não deveria ter...
— Não deveria mesmo, agora some daqui que o nosso assunto já
acabou.
— Mas e o meu irmão.
Essa mulher só pode estar querendo a morte.
— Eu te dei a minha palavra, não dei? Agora sai que vou ter muito
trabalho para explicar para minha esposa o que ela acabou de ver aqui.
Celeste sai da sala e eu me preparo para ir embora também.
Preciso ir atrás da minha pequena raivosa esposa.
CAPÍTULO 58

Momentos antes...
Quando chego ao grupo Thomson, o motorista e dois

seguranças vão na minha frente como se estivessem abrindo caminho para

que eu passasse.
Ninguém tem coragem de pará-los já que todos os conhecem e
subimos direto para o andar da presidência.
— Agora é com a senhora — um dos seguranças diz assim que o
elevador abre as portas.
Saímos dele e logo avistamos a tal secretária que Amanda tinha me
falado, inclusive ela tem mesmo cara de piranha.
Entro no ambiente, cheia de mim, e ando em direção a porta da sala
de Oliver, mas como já imaginava a secretária me para.
— Onde pensa que vai, garota?
— Se eu fosse você não ficaria no caminho dela, essa é a senhora
Thomson, esposa do chefe ― um dos seguranças diz, antes que eu consiga
responder.
A mulher fica pálida e arregala os olhos na minha direção,
completamente surpresa.
Aproveitando o momento de distração, abro a porta, mas o que vejo
dentro da sala faz mais uma vez meu coração se quebrar.
A loira que já sei se chamar Celeste está sentada no colo do Oliver
agarrada a ele. Quando os dois percebem a porta sendo aberta, me olham
como se eu fosse um fantasma na frente deles.
Logo a mulher pula do colo dele e se esconde atrás da cadeira.
— Eu devo ser a mulher mais burra e idiota do mundo por acreditar
em você, Oliver Thomson — digo com toda a amargura do meu coração.
Como sei que ele vai tentar vir até mim, saio da sala batendo a
porta.
Tudo o que quero é ir embora desse lugar.
— Me levem para casa agora mesmo — ordeno aos seguranças.
Eles percebem a situação, não me questionam nada e fazem o que
pedi em tempo recorde.
É como se eles se compadecessem da minha situação já que
conhecem o chefe que têm.
Durante o caminho até a mansão ninguém fala uma palavra e com
muito custo consigo segurar as lágrimas que estão querendo rolar pelo
rosto.
Ao descer do carro agradeço ao motorista pela ajuda e vejo o quanto
ele fica sem graça com a situação, é como se ele se culpasse pelo que
aconteceu.
Confesso que meu medo é que Oliver realmente o culpe, já que ele
não informou que eu estava indo até a empresa e o dever dele é informar ao
seu chefe todos os meus passos.
Entro na sala e a primeira coisa que vejo é o quadro perfeitamente
embrulhado, esperando pelo aniversariante, e a mesa de jantar lindamente
posta, com velas grandes ao centro, dando um ar romântico a ocasião.
Sem conseguir mais segurar as lágrimas, vou até a mesa de jantar e
pego uma faca.
Vou destruir a droga dessa tela, vou descontar toda a minha raiva e
frustração no quadro que tem a imagem de Oliver pintada por mim.
Ele não merece nada, não merece o meu amor e não merece ser o
pai do meu bebê.
Eu me aproximo da tela com a faca na mão e a primeira coisa que
faço é rasgar o papel que a envolve, revelando a imagem do homem que eu
amo, mas que não merece o meu amor.
Com a respiração acelerada e o coração batendo apertado no meu
peito, quebro a moldura e quando levanto a faca para rasgar a tela sinto uma
mão forte segurando a minha.
— Você não vai fazer isso.
Oliver toma a faca da minha mão e me segura por trás em seus
braços fortes.
— Me solta, Oliver, você é um traidor, cretino. — Tento me soltar,
mas ele não deixa.
— Quando foi que você fez isso? Quando pintou esse quadro?
— Não é da sua conta, vou destruí-lo. Agora me solta e vai embora
daqui. Se você não sair, eu saio.
— Você preparou essa surpresa pra mim?
É como se ele não me escutasse e me fizesse mais perguntas.
O pior é que não consigo me soltar.
— Preparei e claramente você não merece. Você me enganou mais
uma vez, mentiu para mim, dizendo que queria fazer nosso casamento dar
certo.
“Você não tem um pingo de vergonha na cara e nem respeito por
mim.
“Como pode levar a sua amante para a empresa?
“Como pode me trair desse jeito?
“Se bem que não é a primeira vez que faz isso, deixou de ir à minha
formatura para comer uma puta qualquer e ainda a exibiu na frente de várias
pessoas, você...”
— CHEGA! — grita e me joga em cima do sofá. — Eu não admito
que você me acuse de uma coisa que eu não fiz.
— Não fez? Eu vi com os meus olhos, seu cretino.
— Viu? Me diga exatamente o que você viu, Bruna.
Eu fico o encarando por alguns segundos, querendo saber qual é seu
jogo agora.
— Fala, fala exatamente o que viu com seus olhos para ter tanta
certeza de que eu te traí.
Se ele pensa que vou ficar calada está muito enganado.
— No dia da minha formatura, você estava com aquela mulher na
boate, passando a mão pelo corpo dela, cheio de sorrisinhos. E, hoje, a
mesma mulher estava no seu colo, agarrada a você. Se eu tivesse chegado
dez minutos depois teria pegado os dois transando em cima da mesa.
Ele sorri e passa a mão pelo cabelo.
— Então, se eu seguir esse seu pensamento, você também me traiu.
— Perdeu o juízo de vez?
— Eu me lembro muito bem de ter visto fotos da minha esposa em
uma academia de box agarrada ao treinador. E para piorar, você entrou em
uma casa com ele e saiu de lá horas depois com o cabelo molhado, com
outra roupa. Além de terem passado o dia juntos, passeando de braços
dados.
Eu fico chocada com o que diz, afinal uma coisa não tem nada a ver
com a outra.
— Não vai conseguir virar a situação ao seu favor, Oliver. Roger é
apenas um amigo muito querido, não...
— Amigo! — Ele começa a rir do que falo.
— Eu não tenho a mesma índole que você. Eu te amo e nunca
neguei isso. Eu jamais teria coragem de te trair, já você, eu não posso dizer
a mesma coisa.
Ele me olha profundamente como se estivesse em uma batalha
interna.
— Você nunca realmente me deu uma chance, Bruna. Eu sei muito
bem tudo o que fiz com você e não vou ser hipócrita dizendo que me
arrependo, porque eu não me arrependo de nada e faria tudo de novo para
ter você ao meu lado.
“Eu nunca te traí. Confesso que tentei, mas não consegui, porque
você era a porra de uma maldição que rondava meus pensamentos dia e
noite.
“Você foi a luz que entrou na minha vida para tirar as trevas que me
rodeavam.
“Eu nunca te traí, eu não consegui fazer isso.
“Você nunca me deu uma chance de me explicar.
“Eu sei que pelo que eu fiz, não merecia isso. Era muito mais fácil
para você me tirar do sério e me provocar.
“No fundo, admito que gostava disso.
“Você com esse seu jeito rebelde e provocador de nunca baixar a
cabeça para o que eu falava, foi o que fez com que me apaixonasse por
você.
“Você é diferente de todas as outas e isso me encantou da mesma
maneira que me apavorou.
“Tentei te manter longe de mim, com a desculpa que precisava te
proteger, quando, na verdade, era eu quem estava procurando proteção,
porque sabia que cedo ou tarde você conseguiria me conquistar.”
Eu não consigo acreditar no que estou escutando da boca desse
homem.
— Oliver...
— Você me disse uma vez que eu nunca tinha te notado pelos cantos
da galeria, mas eu te notei desde a primeira vez que te vi, no dia da sua
entrevista com Amanda.
“Minha obsessão por você começou naquele dia.
“Você agiu como se eu fosse um ninguém e aquilo me deixou
intrigado.
“Eu sempre estive lá, Bruna, te olhando, te observando de longe e
quando vi a oportunidade de ter você para mim, eu aproveitei.
“Mas as coisas saíram do meu controle quando você decidiu me
fazer te amar.
“Não fui eu que venci, Bruna, foi você, meu amor. Você venceu e
hoje sou um homem rendido a você em todos os sentidos.”
CAPÍTULO 59

Rendido.
O ar que antes me sufocava e estrangulava, agora me tranquiliza
quando as palavras saem.
Bruna me encara e seu silêncio sentencia o quanto minhas palavras
mexeram com ela. A raiva que antes a acometia, crua e nua, agora é
substituída pelo desejo de ser novamente minha.
— Oliver...
— Estou tentando ser alguém melhor por você, Bruna, coisa que
nunca tentei fazer por ninguém.
— Eu quero você! Sem segredos ou mentiras. Quero conhecer o
verdadeiro Oliver, o homem com quem me casei, o pai do meu filho e o
dono de todo esse império. Eu não quero ter que escolher apenas uma
versão sua, eu quero tudo.
— Só precisa dizer “PARE”.
— O que você quer dizer com isso? — Ela me encara, esperando
uma explicação.
— Você não quer tudo de mim? Vamos começar por isso.
Antes que ela possa responder, a tomo em meus braços e beijo seus
lábios. Nossas línguas se chocam e Bruna geme enquanto provamos um do
outro, como se fosse a primeira vez.
Não há pressa, apenas o desejo mútuo de pertencermos um ao outro.
— Para. Onde. Você. Vai. Me. Levar? — diz pausadamente,
sussurrando cada palavra enquanto seu peito infla em busca de ar.
Posso sentir o tesão se misturando com a ansiedade do
desconhecido.
— Vamos para o nosso quarto.
Seguimos em direção ao quarto e assim que entro com Bruna em
meu colo, a observo por alguns segundos, buscando no meu subconsciente
todos os motivos para não continuar.
— Eu sei o que você está tentando fazer — diz, descendo do meu
colo, mas sem se afastar.
— Não sei se consigo ser delicado.
— Tudo! — sentencia e com isso manda minha razão para os
infernos.
Com os olhos vidrados na minha esposa, retiro o terno e observo
Bruna me examinar como um brinquedo novo, que acaba de ser exposto na
vitrine de uma loja.
— Vire-se! — determino.
— Oliver...
— Enquanto estivermos aqui, quero que me chame de Dom. Você
atenderá como minha Sub.
Bruna sorri maliciosa e demonstra satisfação ao se virar.
Bondage...
Amarro seus braços com a gravata que antes vestia e a imobilizo,
garantindo que não possa se soltar.
Dominação...
— Não se esqueça, basta dizer “PARE” e a soltarei. Aqui eu sou seu
dominador e você a minha submissa.
— E o que eu ganho?
— Muito prazer.
Sadomasoquismo...
Eu a posiciono de pé, em frente a cama, virada de costas para mim.
— Quero que curve todo o seu corpo e abra as pernas.
Ela não responde e apenas faz o que eu digo.
Seu vestido se levanta e nessa posição consigo observar a calcinha
de renda azul que veste por baixo. Passo as mãos por cima do tecido e
posso observar os pelos do seu corpo se arrepiarem com o meu toque.
Sorrio ao ouvir o som do gemido que sai de seus lábios quando intensifico o
contato com a região úmida coberta, pronta para ser exposta.
— Serão cinco tapas, quero que conte comigo. — Levanto seu
vestido, permitindo que sua bunda lisa e macia fique em evidência. — Um
— digo quase que em um rugido.
Meu pau está duro com a cena e posso sentir o pré-gozo quando
ouço o estalo do tapa ecoar pelo quarto.
Bruna arfa e sei que está tão excitada quanto eu.
— Quero que conte comigo — repito, empurrando a calcinha para o
lado e introduzindo um dedo na sua região íntima, em resposta ouço um
gemido.
— Dois — dizemos em uníssono.
A marca dos meus dedos fica mais aparente e o brilho se intensifica,
ação que me faz introduzir mais um dedo em sua intimidade.
— Hummm... — Bruna geme, arqueando mais o corpo.
Sua bunda fica em direção ao meu pau que permanece coberto pela
calça.
— Quatro.
Ela grita e posso sentir que está perto de gozar, quando contrai sua
intimidade em meus dedos.
Antes que eu consiga dar o quinto tapa, a safada rebola e esfrega em
meu pau a boceta inchada, enquanto seu gozo escorre por meus dedos.
Incho em resposta, exigindo uma ação rápida.
Switcher...
Bruna não é apenas uma Sub, ela não aceita apenas a submissão e
facilmente consegue me controlar, mantendo o poder de dominador para
ambos.
Sorrio com a constatação, pois, já me relacionei com outras Sub.
Mas nunca me permiti ser um, gosto de manter o controle e comandar a
situação.
— Cinco. — Abro o fecho da calça, rasgo sua calcinha e invisto
contra ela de imediato.
Em resposta, ela geme, deliciosamente.
Seguro sua cintura com uma das mãos, enquanto a outra segura seu
cabelo, puxando-o conforme os movimentos se intensificam.
— Você será sempre minha. — Minha voz sai rouca e posso sentir o
gozo escorrendo por sua intimidade, uma visão privilegiada.
— Isso foi incrível.
— E não acabou, deite-se na cama, ainda de costas pra mim.
Dessa vez ela faz o que eu digo e sem contestar se deita na cama.
Retiro seu vestido e sigo em direção ao banheiro.
— O que é isso? — pergunta assim que me vê voltando.
— Como sabe que eu trouxe algo? — Sorrio e retiro toda a minha
roupa, seguindo de volta para cama.
— Humm... — Bruna geme assim que permito que algumas gotas
de óleo caíam por seu corpo nu.
— Ainda nem comecei... — sussurro em seu ouvido e começo uma
massagem por toda extensão do seu corpo.
— Dom...
Sorrio ao ouvi-la me chamar assim, é sexy e me excita ainda mais.
— Sim?
— O que pretende? — Sua voz é curiosa e em resposta começo a
massagear seu ânus.
O óleo me permite um melhor acesso e penetro um dedo,
preparando a região para que se acostume.
— Hummm...
— Está gostoso? — pergunto próximo ao seu ouvido e ela se curva
exigindo mais.
Massageio seu clítoris enquanto introduzo outro dedo em sua região
mais sensível.
— Si... Sim... — Sua voz sai rouca, sofrida.
Meu pau lateja a cada som que sai de seus lábios e quando sinto o
gozo escorrer em meus dedos, a penetro duro e profundo. Ela grita, mas
posso sentir o prazer exalar de seus pulmões.
Nós gozamos, uma, duas, três vezes.
Bruna é minha mulher, a mãe do meu herdeiro e a minha perdição.
CAPÍTULO 60

— Acorda, preguiçosa — Oliver diz cheirando e mordendo

o meu pescoço.
Em resposta, a única coisa que consigo fazer é gemer.
— Meu amor, não faça isso, será que o que fizemos ontem não foi o
suficiente para você? Gemendo assim você me enlouquece.
Agora ele me desperta porque acho que não aguento outra rodada de
sexo logo pela manhã.
— Você me virou do avesso ontem. Ou foi hoje de madrugada? Eu
nem sei que dia é hoje, estou perdida no tempo. Tudo culpa sua.
A risada que ele dá me beijando, enche meu coração de alegria.
— Resolvi te acordar dessa vez antes de ir para a empresa, fiquei
com medo de você roubar mais um dos meus preciosos carros, quem sabe
até o meu avião.
Dessa vez, sou eu quem acha graça do que ele diz.
— Eu não roubei o seu carro, só me apossei dele.
— Se apossou de um dos carros mais caros do mundo. Sua sorte é
que eu não sei te dizer não e já encomendei outro modelo exclusivo para
mim.
Agora é a hora de testar a teoria dele.
— Outro modelo exclusivo, amor!
— Eu adoro quando você me chama de amor, mas dessa vez eu
fiquei com medo.
— Que tal você me dar o modelo exclusivo quando ele chegar e eu
devolvo o seu precioso carro que tanto ama — peço toda manhosa e ele
analisa cada um dos meus movimentos.
— Eu sei o que está fazendo senhora Thomson, está querendo testar
se eu vou dizer não a você.
Sério que ficou tão explicito assim?
— Eu...
— Tudo o que é meu é seu, Bruna, não precisa me pedir nada com
rodeios. Eu tenho tanto dinheiro que você em quatro vidas não daria conta
de gastar. Te dar um carro exclusivo não é nada. Se você quer o carro ele é
seu, fico com o que está dirigindo agora.
Oliver me beija antes que consiga responder e fico toda mole em
seus braços, gostando da sensação que meu corpo começa a sentir.
— Oliver... — digo querendo arrancar o terno alinhado que ele está
usando.
— Porra de reunião que não posso desmarcar. — Bufa frustrado
entre o beijo e logo se afasta de mim.
— Me prometa que não vai chegar tarde hoje, posso cozinhar para
você novamente já que não tivemos a oportunidade de comer o jantar que
preparei ontem à noite.
— Prometo que vou chegar cedo, mas não quero você na cozinha,
temos empregados para isso. Você pode se machucar e sou capaz de matar
Mara se isso acontecer.
— Isso não vai acontecer, cozinhei minha vida toda e nunca me
machuquei dentro de uma cozinha. E outra, Mara me ajuda em tudo. Para
de dizer que vai matar as pessoas, eu não gosto disso, não gosto de
ameaças.
— Eu não faço ameaças, ela está aqui para cuidar de você e garantir
que nada de mal lhe aconteça, assim como os seguranças, se eles falharem...
— Para, Oliver, para com isso. Não precisa querer ser assustador a
todo tempo, todos sempre morrem de medo de você.
— É assim que tem que ser, você e meu filho são tudo o que
importam para mim, no momento, e por isso a sua segurança vai ser
redobrada. Precisa descansar, vou falar para Amanda e Emily que vai se
afastar da galeria para focar na sua gravidez e no bebê.
Agora sou eu que quero matá-lo.
— Nem pensar, eu posso muito bem trabalhar durante a gravidez.
Amanda trabalhou grávida e Emily também, e olha que o senhor Johnson
tomava o maior cuidado com ela.
— Eu quero você protegida dentro dos portões da mansão.
— Você pode muito bem me manter protegida dentro da galeria
também. Eu não vou abrir mão do meu trabalho, amor, nem adianta tentar.
— Como você é teimosa.
— Sim, eu sou e você gosta disso que eu sei.
Ele respira fundo me encarando e me beija com força como se
quisesse me punir.
— Você é demais, e já se prepare que a mamãe vai querer que nos
mudemos para a mansão Thomson.
— Mas para quê? Eu quero ficar aqui, essa vai ser a nossa casa,
Oliver.
— Não vai ser fácil convencê-la do contrário, mas vou tentar. Agora
eu tenho mesmo que ir.
Oliver se aproxima, beija a minha testa e aproveito para acariciar o
meu novo brinquedo.
— Sua safada, depois não reclama quando eu te pegar de quatro,
amarrada a essa cama.
Eu chego a imaginar a cena.
— Nunca, meu amor.
Ele sorri balançando a cabeça.
— Não esqueça, vou mandar alguém passar aqui para pegar o
quadro e levá-lo para a restauração.
Eu concordo com a cabeça e ele e sai do quarto, me deixando
sozinha com toda a minha felicidade.
Depois de fazer toda a minha rotina matinal, vou para a galeria
trabalhar e sou obrigada por Amanda a contar em detalhes o que aconteceu.
Mas claro que algumas coisas eu ocultei dela, ou não teria paz pelo
resto da vida.
Como estamos com muito trabalho, o dia passa rapidamente e já no
final da tarde vou para casa correndo.
Quero cozinhar para Oliver novamente já que não comemos nada da
comida que preparei no dia anterior.
Quando chego em casa, Mara não gosta nadinha quando falo que
vou cozinhar novamente, mas finjo não escutar suas reclamações. sendo
assim, a única opção que sobra para ela é me ajudar a preparar o jantar,
mesmo contra a sua vontade.
Depois de tudo pronto, deixo a Mara ajeitando tudo na mesa e subo
para tomar banho, já que Oliver deve estar para chegar.
Eu quero esta prontinha para o meu marido, hoje, serei a sobremesa
dele.
Depois de tomar banho e trocar de roupas, desço para esperá-lo na
sala.
Os minutos passam e logo se vai uma hora.
Oliver não aparece e isso começa a me preocupar, ainda mais depois
que percebi a chuva forte que está caindo lá fora.
Espero por mais alguns minutos e quando vejo que já são oito horas
da noite, não consigo mais ficar parada. Então, resolvo ameaçar algum dos
seguranças para que me dê informações do paradeiro de Oliver Thomson.
— Onde ele está? — Nem espero o segurança entrar direito dentro
de casa e já pergunto.
— A senhora mandou me chamar para saber do chefe?
— Não responda a minha pergunta com outra, você entendeu muito
bem o que falei. Agora diga onde o meu marido se enfiou.
— Senhora...
— Tem certeza de que quer fazer isso? Eu posso deixar a sua vida
muito difícil e acho que já percebeu isso. Diga agora mesmo onde Oliver
está ou se aconteceu alguma coisa com ele, ou vou ligar para a mansão
Thomson e informar ao meu sogro que meu marido desapareceu.
— Tudo bem, eu falo, a senhora chega a ser pior do que o chefe.
— Ainda bem que sabe disso, agora desembucha de vez.
Ele respira fundo.
— O chefe está na mansão dele, recebeu uma ligação e foi até lá. É
tudo o que sei e nem adianta pedir que ninguém vai...
— Me leve até lá agora mesmo.
— Era isso que eu ia dizer — diz coçando a testa.
— Ou me levam até lá, ou eu vou dirigindo sozinha, é você quem
escolhe.
— Eu tenho opção?
— Não.
— Então vamos, mas se o chefe quiser me matar eu vou dizer que
fui ameaçado pela senhora.
— Vocês têm tanto medo dele assim?
— Sim, temos e muito, a senhora deveria ter também.
— Isso nunca, Oliver não me assusta nem um pouquinho. Agora
vamos que quero saber o que ele está fazendo naquele lugar.
O homem me leva até a mansão do meu marido contra sua vontade e
faz o caminho todo resmungando no meu ouvido. O pior é a chuva que não
cessa nem um pouco, muito pelo contrário.
Assim que chegamos na imensa propriedade que chega a ser muito
maior do que a minha, a nossa entrada é logo liberada, mas não sou vista
pelo segurança da guarita e é melhor assim. Se Oliver está mesmo dentro
dessa casa, não quero que ele seja avisado da minha presença.
O carro é estacionado na garagem e fico besta com a quantidade de
carros que Oliver tem.
Mas não tenho muito tempo para admirar os carros, quero saber o
que ele está fazendo aqui.
Vou até à porta da frente e ao tentar abri-la vejo que está fechada,
mas consigo ver o vulto de alguém do lado de dentro. Então começo a bater
à porta com força, já começando a ficar muito nervosa.
Porém, nada do que eu pensei me preparou para a cena que eu vejo
quando a porta é aberta pela mesma vadia de sempre.
Ela está vestida com uma camisa social de mangas compridas, que
tenho certeza ser do meu marido, e o filho da puta está logo atrás dela
apenas de calça, com a camisa aberta e o cabelo molhado.
A mulher a minha frente não tem coragem de pronunciar uma única
palavra e tudo o que faz é abaixar a cabeça, como se estivesse com
vergonha. Já Oliver está pálido, feito um fantasma.
Ele sabe que dessa vez não tem mais volta, simplesmente acabou.
CAPÍTULO 61

Momentos antes...
Eu já estava saindo da empresa, muito depois do horário

previsto, quando recebo uma ligação dos seguranças da minha casa.


— O que aconteceu?
— Chefe, a senhorita, Celeste, está aqui, chegou muito nervosa e
chorando, pedindo para entrar.
Era só o que me faltava uma hora dessas!
Para piorar o meu humor, o céu parece estar caindo e tudo o que
quero agora é a minha mulher.
— Deixe-a entrar, eu já estou indo.
— Sim, senhor.
Entro no carro e dou ordens para o motorista me levar até a minha
casa.
Com a chuva, o trânsito está lento, o que aumenta a minha aflição.
Prometi a Bruna que chegaria cedo em casa e ela me prepararia o jantar.
Pela primeira vez, em muito tempo, estou sentindo que agora tenho
uma família de verdade, com a minha mulher e logo, logo meu filho estará
com a gente.
Assim que chegamos, nem espero o carro parar direito e já desço
correndo para dentro de casa. Acabo me molhando tudo e ao abrir a porta
vejo, Celeste, na sala, vestindo uma das minhas camisas que nela fica
parecendo um vestido curto.
— Você ficou louca de vez, Celeste? — Tiro o terno, o jogo em
cima do sofá e abro a camisa que ficou ensopada.
Que desgraça!
Sai nessa chuva por causa dessa maldita e ainda vou ter que trocar
de roupa, agora é torcer para que Bruna não perceba nada de diferente.
— Oliver, me desculpa, mas eu estou morrendo de medo e aqui é o
único lugar que eu sei que estou segura.
— O que diabos aconteceu?
— Estava chegando em casa quando vi aqueles bandidos que estão
atrás do meu irmão na minha porta. Não pensei direito, entrei em um táxi e
vim para cá. Eles não encontraram o meu irmão e agora estão atrás de mim.
Eles vão me matar.
— O dinheiro vai estar na sua conta amanhã mesmo, pague a dívida
e se livre desses homens, Celeste. Não me meta mais nos seus problemas.
Eu deveria estar no conforto da minha casa, no calor dos braços da minha
esposa, mas em vez disso estou aqui resolvendo a porra dos seus problemas.
Eu não gosto nada disso.
Ela me olha e percebo o quanto está se segurando para não chorar.
— É bom, Oliver?
— O que é bom?
— Ter uma família esperando por você.
Celeste é uma mulher quebrada, que já passou por muita merda
nessa vida. Ela é uma mulher linda, mas que teve que vender sua beleza e
corpo para criar o irmão.
Essa foi a única chance que ela achou que teria.
— É maravilhoso, minha esposa me completa em todos os sentidos.
Ela me tirou da escuridão que eu vivia.
— Será que um dia eu também vou ter uma família assim?
— Você quer sair dessa vida, Celeste?
Ela me olha surpresa com a minha pergunta.
— É tudo o que eu mais quero, estou no meu limite, Oliver. Não sei
mais até quando eu aguento.
Eu me aproximo dela e a puxo para um abraço que pela primeira vez
não tem interesse nenhum.
— Eu vou te ajudar a sair dessa vida, mas você vai ter que me
prometer que vai tentar ser feliz. Você já fez tudo o que podia para criar o
seu irmão, está na hora de você viver, Celeste.
“Vou te dar dinheiro o suficiente para você ir embora da cidade e
recomeçar do zero em outro lugar.
“Poderá terminar os seus estudos e recomeçar.”
Ela chora abraçada a mim, agradecendo.
Bruna está me deixando com o coração mole.
Somos tirados do momento com alguém batendo à porta e antes que
eu consiga saber quem é, Celeste vai até à porta e abre, achando que pode
ser um dos seguranças.
Mas quando a porta é totalmente aberta por ela, vejo o quanto estou
completamente lascado e morto.
Dessa vez vai ser muito difícil mesmo de explicar, afinal quem quer
que seja que olhe para Celeste e depois para mim, vai achar que estávamos
fazendo outra coisa.
— Bruna, meu amor, eu posso explicar. Fica calminha, querida,
pensa no nosso bebê. O médico disse que você não pode ficar nervosa.
Bruna, como sempre, me encara de cabeça erguida e é isso que me
deixa louco por ela.
Essa mulher nunca abaixa a cabeça.
— Você não pensou no nosso bebê quando resolveu vim ver a sua
amante. Por sinal, ela parece estar se sentindo muito confortável na sua
casa, enquanto a sua esposa estava cozinhando e esperando por você na sua
outra casa.
— Bruna, amor...
— Não me chame de amor que isso é ridículo, Oliver. Você mantém
duas mulheres, em duas casas.
— Senhora...
Ela nem espera Celeste terminar de falar e dá um tapa forte na cara
dela que assusta até a mim.
A verdade é que sei bem o peso que a mão de Bruna tem.
— Meu nome não é para a sua boca imunda, que não duvido nada
que estava no pau dele.
“E você, Oliver, eu quero o maldito divórcio. Quero que você
engula a porra daquele contrato.
“Eu paro na cadeia, mas com você eu não fico e nem tente tirar o
meu filho de mim.
“Eu sou capaz de te matar com as minhas mãos.
“Meu bebê não vai ser herdeiro de porra nenhuma!
“Esqueça que um dia estive na sua vida, procure outra trouxa para
gerar um filho para você, porque essa daqui já caiu na real.”
Ela sai mais rápido do que um furacão e é nessa hora que o
desespero e o medo que há muito tempo não sentia, me invade.
Eu não posso perder a única mulher que já me amou de verdade.
Eu nunca vou permitir que ela saia do meu lado.
Bruna ficará comigo, nem que seja me odiando.
CAPÍTULO 62

Saio da casa, corro para o carro e entro ofegante, o que

assusta o motorista que estava esperando por mim.


— A senhora está bem?
— Não, eu não estou nada bem. Acabei de pegar meu marido com
outra mulher, como eu iria ficar com isso?
A maneira como o segurança me olha me faz sentir mais raiva ainda
de Oliver.
— Vou levá-la de volta para a mansão — diz ligando o carro.
— Eu não quero voltar para a mansão, eu quero ir para o mais longe
possível de tudo que pertence ao Oliver — falo assim que passamos pelo
portão.
— Senhora, eu quero muito ajudá-la, mas sabe o que vai acontecer
comigo, caso eu faça o que a está pedindo.
Estou prestes a responder quando sinto uma pontada forte em minha
barriga e na hora vem à mente meu bebê.
— Senhora?
— Me leve para o hospital agora mesmo, tem alguma coisa errada
com meu bebê.
Sem perder tempo e com muita pressa e cuidado, por causa da forte
chuva, chegamos ao hospital.
O segurança me ajudar a descer do carro e ao me identificar na
recepção logo sou atendida, afinal de contas sou a esposa de Oliver
Thomson e mereço receber um atendimento de primeira linha.
Admito que acho isso ridículo, já que claramente o meu marido não
se importa nem um pouco comigo.
Sou encaminhada rapidamente a uma sala de exames.
Logo um médico se junta a mim, e faz várias perguntas. Ele me
examina minuciosamente e depois de explicar que passei por um estresse
grande, resolve fazer um ultrassom para verificar se o bebê está bem.
— A senhora não pode se alterar de forma alguma, está no início de
uma gravidez, é bom evitar o estresse.
Se ele soubesse o que eu passo, não estaria falando isso.
— Como meu bebê está?
— Por enquanto está tudo bem, foi apenas um susto e um mal-estar,
mas vou deixá-la internada em observação por essa noite, só para garantir.
Estou prestes a responder quando seu celular toca e ele pede licença
para atender. Enquanto isso, me levanto da maca e ajeito minhas roupas.
Não consigo deixar de escutar o que o médico fala no telefone, ele
parece estar muito nervoso e pelo que entendi precisa de dinheiro.
É aí que a ideia mais louca do mundo vem a minha cabeça.
— Me desculpa, senhora Thomson, vou dar entrada na sua
internação agora mesmo.
— De quanto precisa?
— Senhora? — Ele finge não entender a minha pergunta, mas, no
fundo, sabe muito bem ao que estou me referindo.
— Vamos fazer um acordo, você vai falar para o meu marido que eu
perdi o bebê e em troca eu te dou dinheiro o suficiente para resolver todos
os seus problemas.
Dinheiro nunca foi problema para o Oliver e vou usar sua fortuna
contra ele.
— Quem em sã consciência teria coragem de fazer isso, a final esse
bebê que a senhora carrega é…
— Esse bebê é meu e você vai fazer o que estou pedindo porque
está tão desesperado quanto eu, no momento. Eu garanto que ninguém
nunca vai ficar sabendo de nada, caso resolva me ajudar.
— E, por que quer mentir para o seu marido?
— Porque eu quero o divórcio e ele não vai fazer isso por causa da
gravidez. Agora, caso ele aceite, quando o bebê nascer vai me tirar e isso
acabaria comigo. Então eu não vou te dar escolha, vai ter que me ajudar e
em troca te dou muito mais dinheiro do que você precisa.
Ele fica pensativo por alguns minutos até que finalmente aceita a
minha proposta.
— Lembre-se que a senhora está me dando a sua palavra de que
ninguém vai ficar sabendo dessa conversa que estamos tendo essa sala.
— Não se preocupe com isso, faça o que tenha que fazer para que
todos pensem que eu perdi o bebê e o dinheiro será seu.
— Tudo bem, vou fazer o que a senhora quer, e que Deus me ajude.
E assim ficamos na sala por um longo tempo enquanto ele preenche
vários documentos, alegando que perdi o bebê.
Depois do que parece ser uma eternidade, ele me leva para uma sala
que mais parece um quarto de hotel de tão grande que é.
Um verdadeiro tratamento VIP para a esposa de um magnata.
O médico me explica várias coisas para que eu consiga sustentar a
mentira. Assim que ele termina a explicação, uma enfermeira entra na sala
informando que Oliver está querendo derrubar o hospital para ter notícias
minhas.
— Agora é a hora, doutor, não ouse voltar a atrás e não se sinta mal
por isso. Oliver não merece ser pai nem mesmo de um cachorro.
— A senhora ainda tem tempo de mudar de ideia.
— Eu não vou mudar de ideia, diga a Oliver Thomson que o filho
dele morreu.
O médico balança a cabeça, mas não fala nada.
Não demora muito, Oliver entra no quarto parecendo estar
desesperado.
— Bruna, meu amor…
— Não se aproxime de mim.
Ele para no lugar e olha para o médico.
— Como a minha mulher está e o meu filho?
O médico me olha e depois volta a olhar para Oliver.
— Sinto muito, senhor Thomson, mas…
— Não diga isso, por favor.
— Sinto muito, mas sua esposa sofreu um aborto espontâneo. Ela
agora precisa de repouso e descanso. Nada de estresse, isso vai fazer mal à
saúde dela.
Vejo que Oliver fica sem cor ao escutar as palavras do médico, mas
eu não posso correr mais riscos, preciso me afastar dele para conseguir ter o
meu bebê em paz.
Eu não confio nele, não vou mais sofrer pelo amor de um homem
que claramente me enganou mais uma vez.
O médico sai da sala, nos deixam sozinhos e por alguns minutos o
silêncio reina.
— Você está se sentindo bem? — ele pergunta, quebrando o
silêncio.
— Claro que não, será que não escutou o que o médico acabou de
dizer?
— Quando começou a se sentir mal?
— Logo depois que saí da sua casa. O segurança foi rápido e me
trouxe para hospital, mas infelizmente foi tarde demais. Agora está liberado
para viver com a sua amante.
— Celeste, não é minha amante. Mais uma vez não está me dando o
benefício da dúvida e está me acusando de uma coisa que não fiz.
Minha vontade é de voar em cima dele e estapeá-lo com força.
— Eu acabei de perder meu filho por sua causa, acha mesmo que
quero ouvir as suas desculpas sem sentido? Tudo o que quero é viver em
paz e longe de você. Dessa vez, nada que falar vai me fazer mudar de ideia.
— Celeste foi pedir minha ajuda, amor. Pelo amor de Deus, acredita
em mim.
— Ela foi pedir sua ajuda vestida com sua camisa? E depois tirou a
sua? Eu posso parecer burra, Oliver, porque acreditei em você, mas idiota
eu não sou.
“Tudo o que eu quero agora é me livrar desse casamento e
recomeçar a minha vida bem longe de você.
“Vou pedir para Emily me transferir para a filial de Nova York.”
Oliver se aproxima da cama e segura com força minha perna.
— Entendo que você está sofrendo pela perda do bebê e está
confusa pelo que viu, mas vou provar que o que estou falando é verdade. Eu
já carrego culpa demais na minha vida e a morte do meu filho vai ser a pior,
a mais pesada de todas. Eu nunca vou me perdoar pelo que aconteceu — diz
de uma maneira tão triste que chego a cogitar a possibilidade de falar a
verdade.
Mas não posso voltar atrás, não agora.
— Tudo o que eu quero é o divórcio e ir embora.
— Isso não vai acontecer nunca, você é minha esposa, é minha
mulher e seu dever é ficar ao meu lado. Podemos ter outros filhos.
— Será que não entende que eu te odeio?
— Entendo, sim, mas pode continuar me odiando ao meu lado. Não
vou permitir que saia da minha vida.
Antes que eu faça uma besteira e a minha mentira seja descoberta,
resolvo expulsar o cretino do quarto.
Preciso pensar em como vou me livrar dele.
— Sai daqui agora mesmo.
— Não vou te deixar sozinha.
— Ligue para a minha mãe, ela pode cuidar de mim.
— Sua mãe não está disponível no momento, está viajando.
— Como assim mamãe está viajando e eu não estou sabendo?
— Foi uma viagem de última hora, descanse e depois você liga para
ela. Agora vou ter uma conversinha com o seu segurança.
Meu Deus, o meu segurança.
— Você não vai fazer nada com ele, não me faça te odiar mais
ainda.
Ele fica me olhando.
— Prometo que nada vai acontecer com ele.
— Suas promessas, para mim, não valem nada.
Ele engole em seco e se abaixa beijando meu pé coberto pelo lençol.
— Eu volto em um minuto. — Sai fechando a porta.
Pego o celular e ligo para a única pessoa que sei que pode me ajudar
nesse momento.
CAPÍTULO 63

Pego o celular e fico olhando para o número por alguns

minutos antes de finalmente tomar coragem e fazer a ligação.


Pelo que, conheço da história dela, é a única que pode me ajudar
nesse momento.
Faço a chamada que não demora muito a ser atendida.
— Bruna, o que aconteceu? Por que está me ligando a essa hora da
noite? Precisa de alguma coisa?
Engulo em seco e tomo coragem de falar.
— Preciso que me ajude a fugir do meu marido.
— Eita, porra, espera um minutinho vou sair do quarto, Dylan está
dormindo.
— Tudo bem.
Espero por alguns segundos morrendo de medo do Oliver entrar de
repente no quarto.
— Bruna, que merda aconteceu? Por que quer fugir do Oliver? —
Logo ela volta a falar.
— Ele me traiu e estou grávida, não vou criar meu filho perto
daquele homem.
— Ai, caramba, Bruna, tem certeza disso? Tem certeza que ele te
traiu? Você está grávida pense no seu bebê.
— É justamente no meu bebê que estou pensando. E, sim, tenho
certeza de que ele me traiu, eu vi com meus olhos.
— O que exatamente você viu? Porque eu também vi Dylan com
outra e pensei a mesma coisa que você.
— Você viu o seu marido em uma das casas dele com outra mulher
usando apenas uma camisa que por acaso é dele? Para piorar, ele estava
com a camisa aberta, sendo que no dia anterior, estava no escritório da
presidência com ela sentado em seu colo. Eu sei o que vi, Andreza. Amo
Oliver mais do que eu queria, mas essa não é a vida que quero para mim e
nem para o meu bebê.
— Onde você está agora?
— No hospital.
— Hospital!?
— Sim, quando peguei o cretino no flagra passei mal e o segurança
me trouxe para o hospital, onde estou internada. Comprei o médico para
dizer a Oliver que perdi o bebê, mesmo assim ele não quer me deixar ir
embora e insiste que vamos continuar casados.
— Meu Deus, Bruna, ele deve estar arrasado.
— Andreza, foco na conversa. Você tem que ter pena de mim e não
dele. Vai me ajudar ou não? Vou fugir com ou sem a sua ajuda, mas com a
sua ajuda seria muito mais fácil.
— Quando você pretende ir?
— O mais rápido possível.
Ela fica calada por alguns segundos que parecem ser uma
eternidade.
— Droga, o Dylan vai ficar furioso!
— Desde quando você tem medo dele?
— Não começa, sei o que está tentando fazer. Eu vou te ajudar para
você não fazer uma besteira. O bom é que ninguém te conhece ainda, assim
vai ser mais fácil.
— Obrigada, Andreza, mas eu não faço ideia de para onde eu vou.
— Você não vai para lugar nenhum, continuará na cidade até o bebê
nascer para que eu possa ficar de olho em você. Não sou louca de te mandar
para outro país, sozinha.
— Mas, ele pode me achar.
— Ele não vai te achar. Ele vai pensar em te procurar fora da cidade
enquanto você vai estar escondida bem debaixo do nariz dele.
— Não sei como vai conseguir fazer isso.
— Essa parte deixa comigo. Amanhã pela manhã vou desligar todas
as câmeras de segurança do hospital e você dá um jeito de sair daí sem que
nenhum segurança perceba. Vou mandar alguém de confiança deixar uma
bolsa no seu quarto, troque de roupa e cai fora na hora que eu der o sinal.
Acha que consegue fazer isso?
— Eu tenho que conseguir.
— Bruna, não custa nada perguntar de novo, mas você tem certeza
disso? Afinal você o ama.
— Amo muito, mas eu quero fazer isso. Eu avisei várias vezes,
Andreza, e ele não me deu ouvidos. Nunca vou amar outro homem como
amo o Oliver, mas preciso pelo menos tentar viver sem ele.
— Vejo que já tomou a sua decisão e nada vai te fazer mudar de
ideia, espere pela minha ligação amanhã.
— Tudo bem, obrigada, Andreza.
Logo nos despedimos e desligo ao ligação no exato momento em
que Oliver entra no quarto.
— Estava falando com quem no telefone?
— É sério que está me fazendo essa pergunta? Tenho que te
informar até pra quem eu ligo agora?
— Você está calma demais, meu amor, e eu não sou idiota, sei que
está tramando alguma coisa.
— Será que pode não me chamar de meu amor? Eu esperei muito
tempo para escutar isso de você e agora que finalmente escuto, não sei se
são palavras verdadeiras.
Oliver trava o maxilar claramente não gostando do que escutou.
— Me dê uma chance de provar a você que está errada.
— Eu já dei essa chance e olha só onde estamos agora, em um
hospital pela perda do filho que você tanto queria, o herdeiro Thomson que
não teve a chance de nascer.
Vejo seus olhos lacrimejarem.
Será que o Diabo tem sentimentos?
— Se me falar essas coisas te faz se sentir bem, ótimo eu aguento.
— Eu quero que você vá embora.
Como se não me escutasse, ele se senta em uma poltrona ao meu
lado.
— Isso não vai acontecer, vou passar a noite com você. Conversei
com o seu médico e ele me disse que pela manhã vai te liberar. Vamos
juntos para a mansão Thomson, minha mãe vai cuidar muito bem de você já
que minha sogra não está disponível no momento.
Eu tenho que dar um jeito de tirar Oliver daqui ou meus planos de
fugir não darão certo.
Como não consigo fazê-lo ir embora, acabo aceitando que ele passe
à noite no quarto comigo.
Mas assim que o dia amanhece, tenho que dar um jeito de distraí-lo
para que eu possa sair quando receber o sinal de Andreza.
Com esse pensamento acabo pegando no sono.
Sou desperta no dia seguinte com o celular tocando ao meu lado e
levo um susto ao ver o nome de Andreza brilhando na tela.
Para minha sorte, Oliver não está na poltrona em que passou a noite.
Pego o celular e vejo várias mensagens de Andreza dizendo que já
está me esperando no estacionamento do hospital.
— Quem é no celular?
Meu Deus de onde esse homem surgiu de repente?
— Ninguém importante, acho que foi engano.
Ele me olha desconfiado, mas não fala nada.
— Será que pode comprar alguma coisa para comer? Estou com
fome, não comi nada ontem à noite e odeio comida de hospital.
— Vou mandar algum dos seguranças comprarem.
Eu acabo sorrindo sem vontade, tudo parte do plano.
— O que foi? Por que está sorrindo?
— Você me ama tanto que nem se dá ao trabalho de me comprar um
café da manhã. Até isso você manda seus empregados fazerem.
— Bruna, você não está sendo justa comigo.
— E você por algum acaso foi justo comigo?
— Tudo bem, não vou brigar se é isso que você quer. Vou lá
comprar o seu café da manhã. — Ele volta a sair do quarto.
Assim que eu me levanto da cama, vejo a porta sendo aberta
novamente e uma bolsa sendo jogada dentro do quarto.
Na hora, me lembro das instruções que recebi de Andreza.
Pego a bolsa, entro no banheiro e troco de roupa. Coloco um boné
na cabeça, pego o celular e vejo a seguinte mensagem.
“Você tem cinco minutos para sair antes que descubram que as
câmeras estão sendo hackeadas.”
Droga! tenho que sair o mais rápido possível daqui.
Saio do banheiro, vejo o terno do Oliver em cima da poltrona, me
aproximo e pego a peça. Levo até meu nariz e a cheiro, sentindo meu
coração doer como nunca tinha doído. Permito que as lágrimas desçam pelo
meu rosto.
Oliver é o grande amor da minha vida, mas agora terei que deixá-lo.
Não sou forte o suficiente como achava que era. Na verdade, sou
covarde e vou abandoná-lo para viver a minha vida sozinha, com meu bebê.
Depois de sentir seu cheiro pela última vez, saio do quarto pedindo a
Deus para que não tenha qualquer segurança parado na porta.
Para a minha surpresa, realmente não tem.
Saio de fininho completamente desconfiada pela tranquilidade do
corredor, mas não tenho muito tempo para pensar nisso. Então me misturo
entre pacientes e enfermeiros rumo a saída do hospital.
Quando finalmente consigo chegar no estacionamento, vejo um
carro dando sinal com farol e já sei que é Andreza.
Corro até o carro e entro batendo a porta.
— Tem certeza que é realmente isso que você quer?
— Tenho sim.
— Então vamos lá, a sua nova vida te espera.
Engulo a saliva com dificuldade e me permito chorar toda a dor que
sinto enquanto a mulher que dirige o carro me olha com pena.
CAPÍTULO 64

Aeroporto!?
— Andreza o que estamos fazendo no aeroporto?
— Mudança de planos, você vai para Nova York.
— Nova York!
— Sim, Nova York, a não ser que queira voltar para o seu marido.
— Qual é o plano? Porque Oliver tem uma belíssima e gigante filial
em Nova York.
— Não se preocupe quanto a isso, tenho quase certeza que ele vai
contratar os serviços do Dylan para te encontrar. Depois da fuga de Stela,
logo em seguida a minha, meu marido melhorou e muito seus métodos. Mas
eu te tirei do sistema, não existe mais Bruna Harper e nem Bruna Thomson,
nunca existiu.
— E como vou fazer para sobreviver em Nova York se eu não
existo?
— Com isso aqui. — Entrega uma bolsa e ao abri-la vejo vários
documentos.
— Esses documentos são verdadeiros e esse cartão do banco não
tem limites. É com esse dinheiro que você vai se manter e se sustentar até o
bebê nascer.
— Não posso aceitar o seu dinheiro.
— Então vamos voltar agora mesmo.
— Não, Andreza...
— Bruna, olha aqui, você me pediu ajuda e me compadeci da sua
história. Eu gosto de você e te considero uma amiga, mas estou quebrando
uma promessa que fiz ao meu marido de nunca mais ajudar ninguém a
fugir.
“Quando Dylan descobrir, porque ele vai descobrir que eu te ajudei,
vou ter muitos problemas. Então, o mínimo que você pode fazer é aceitar
meu dinheiro.
“Não sei se vou poder manter contato com você, Dylan vai rastrear
todas as suas amizades incluindo a mim, para ver se você vai entrar em
contato.
“Você não vai poder ligar para ninguém, nem mesmo para a sua
mãe.
“Se você quer mesmo fazer isso, tenha em mente que Bruna Harper
morre no momento em que descer desse carro, essa é a consequência da sua
escolha.
“Esse é o seu destino, recomeçar do zero, sozinha, e sem ajuda de
ninguém.
“Tudo o que terá à disposição serão esses documentos e esse cartão.
“Apenas eu tenho acesso a essa conta e é assim que vou saber que
você está bem, pela sua movimentação bancária.
“É pegar ou largar.
“Se não aceitar meus termos, ligo para Oliver agora mesmo e se
você não usar o cartão eu também aviso a ele e te entrego.
“Pense bem no que vai fazer, não me decepcione e nem faça eu me
arrepender de tê-la ajudado.”
— Tudo bem, eu aceito seus termos.
É então que nos abraçamos e nos despedimos.
Ela não me deixa descer do carro sem antes me explicar tudo o que
preciso saber. Depois de me fazer prometer que vou seguir todas as suas
orientações, saio do carro indo rumo a minha nova vida, longe do meu
grande amor.
— Sete meses, Dylan. Estou longe da minha esposa há sete miseráveis
meses — digo me controlando para não perder de vez a paciência.
Nada tira da minha cabeça que foi a mulher dele que ajudou a minha a
fugir.
Bruna não escaparia de mim, assim tão fácil.
— Eu fiquei três anos longe da minha esposa, sete meses não é nada.
— Vai se foder, Ivan — digo tomando o copo de uísque da mão dele e
bebendo.
— Já tentei sondar a Olivia, mas ela não abre o bico e jura que não sabe o
paradeiro de Bruna. Mas que diabos você fez para a sua mulher te deixar assim?
— Acho que a mesma coisa que vocês três fizeram. Eu não suporto ficar
mais um dia sequer longe da minha mulher. Causei a morte do meu filho e, no dia
seguinte, ela desapareceu em menos de dez minutos. Aquela tentativa de assalto
foi muito estranha, tudo para tirar a atenção dos seguranças dela, para que
conseguisse escapar.
— Como pode ter tanta certeza disso, Oliver? — Dylan pergunta me
encarando.
— Porque justamente quando isso aconteceu as câmeras do hospital
resolveram parar de funcionar misteriosamente e só um hacker muito bom para
conseguir fazer isso.
— Andreza — os três respondem juntos, nos fazendo perceber que minha
esposa resolveu seguir o exemplo das amigas, as senhoras Maskio fujonas.
— Filha da mãe! A Andreza me paga, ela tinha me prometido — Dylan
responde caindo em si e confirmando as minhas suspeitas.
— Você não se atreva a fazer nada com a minha irmã. — Carlos encara o
cunhado, protegendo a irmã querida.
— Andreza é desse jeito por sua culpa e do Ivan que nunca colocaram um
limite — Dylan diz exaltado.
— Andreza é sua esposa, idiota, já esqueceu o que ela fez quando tentamos
colocar limites nela?
“Você sabia muito bem com quem estava se envolvendo quando resolveu
cair de amores por ela.
“E você não pode nem reclamar, Dylan, faz tudo o que ela quer também.
“Andreza é mimada e sempre foi, nunca escondeu isso de ninguém.
“Ela é inteligente e quando se encantou pelos seus brinquedinhos se tornou
uma hacker tão boa quanto você.
“Mais uma vez foi passado para trás pela princesinha Maskio.”
Carlos retruca encarando Dylan.
— E nessa história ela tinha que ajudar justo a minha esposa? — pergunto.
— Se te serve de consolo, ela ajudou a minha também, e olha que, na
época, nem sabia usar o computador direito. Levei três anos para encontrar a
minha mulher e encontrei por acidente. Agora imagina quanto tempo você vai
passar para encontrar a sua, com Andreza sabendo hackear sistemas.
— Ivan, eu já mandei você ir se foder quantas vezes hoje?
— Várias, mas eu me divirto com isso. Eu realmente achei que não iria
mais ter nenhuma esposa fujona, mas minha prima vem e me surpreende mais uma
vez — o idiota do Ivan diz rindo, se divertindo com a minha cara.
Quando vou responder, Anthony e Collin entram na sala, onde estamos
todos conversando.
— Conseguiram descobrir alguma coisa?
— Nada, se Amanda e Emily sabem de alguma coisa são muito boas em
guardar segredo — Collin responde.
— Elas não fariam isso, são minhas amigas e se soubessem de algo já
teriam falado — digo cabisbaixo.
Eles se juntam a nós, na mesa, e observo Fred só de longe nos observando
e escutando a nossa conversa.
As coisas entre nós dois não estão muito boas, ele me culpa pelo
desaparecimento da filha e pelo sofrimento da mulher dele, tanto que nossa última
conversa terminou em socos e pontapés.
Como tem acontecido com frequência, mais uma vez me perco na
conversa, porque não consigo me concentrar em nada nesses últimos sete meses.
Meus pensamentos estão em Bruna, vinte quatro horas por dia, sete dias por
semana.
— Thomson, seu celular está tocando — Collin diz me tirando dos meus
pensamentos.
Olho para o aparelho ao meu lado e estranho ao ver o número que está me
ligando.
Esse telefone é particular e poucas pessoas têm acesso a ele.
— Eu não reconheço esse número.
Dylan logo fica em alerta assim como todos os outros na mesa, até Fred
que estava distante se aproxima, me encarando.
— Vou rastrear a ligação, ao meu sinal você atende.
Dylan pega um aparelho do bolso, mexe em alguma coisa e ao seu sinal,
atendo a ligação.
— Alô.
— Como vai, Rei do Petróleo, eu tenho uma coisa que sei que vai te
interessar muito.
Reconheço essa voz, mas não me lembro de onde.
— Você não pode ter nada que me interessa, sou um homem de gostos
peculiares. — Quando termino de falar, ouço um grito que me parte o coração.
— OLIVERRRRR...
— Eu tenho a sua rainha e você tem doze horas para transferir cem
milhões de dólares para a conta que vou te passar por mensagem. Nem um minuto
a mais, nem um minuto a menos, ou o precioso sangue de sua rainha irá ser
derramado. Meus parabéns pelo bebê, Bruna está radiante grávida, seu idiota. Ela
te passou a perna direitinho, essa é a minha garota.
Sinto meu coração querer sair pela boca.
Agora, sim, eu reconheço essa voz, Bruce Harper.
— Se você encostar um dedo na minha mulher, eu vou te matar
lentamente, seu desgraçado.
— Você não dita as regras agora, Thomson, mas eu. Doze horas ou Bruna e
seu precioso herdeiro morrem, vamos ver quem é o demônio agora.
— Eu não sou um demônio, eu sou o próprio Diabo e você mexeu com a
pessoa errada agora, seu desgraçado.
Ele desliga assim que eu termino de falar para a minha aflição.
— Dylan, onde ela está — pergunto desesperado.
— Nova York, consegui até o endereço de onde o desgraçado fez a ligação.
Vou hackear todas as câmeras de segurança ao redor da localização e até mesmo a
câmera do celular. Se ele estiver com ela, vamos poder vê-la.
— Carlos, Dylan, juntem os nossos melhores homens aos de Oliver. Vamos
todos para Nova York com um verdadeiro exército para resgatar a senhora
Thomson — Ivan dá a ordem, como chefe da família e do império Maskio.
Quando ele ordena, ninguém pode o contrariar, mas obedecer sem
questionar.
— Fred, vamos à caça, vou entregar o desgraçado nas suas mãos para que
dê a ele uma morte lenta, como é a sua especialidade.
— Vou fazer isso com o maior prazer do mundo.
O destino de Bruce Harper não será outro a não ser uma morte lenta e
dolorosa, por ter se atrevido a encostar suas mãos imundas em minha mulher.
CAPÍTULO 65

Durante sete meses, vivi perfeitamente bem em Nova York e a


única forma de Andreza saber que estava bem era através da minha movimentação

bancária.
Sentia muita falta da minha mãe, mas sabia que não poderia entrar em
contato com ela.
Porém, no momento certo daria notícias, pois, tenho certeza de que ela
deve estar com os nervos à flor da pele, achando que algo de ruim aconteceu
comigo.
Pedi para que Andreza desse um jeito de entregar uma carta que escrevi
para ela, às pressas, antes de sair do carro.
Durante esse tempo todo, o que eu fiz foi descansar e aproveitar a cidade
de Nova York.
Isso até o dia de hoje quando caí nas mãos do meu pai que me sequestrou
para tirar dinheiro do Oliver.
— Seu querido marido, está desesperado, uma presa fácil de ser pega —
meu pai diz com um ódio descomunal.
— Por que está fazendo isso, papai?
Em vez de responder, ele dá um tapa forte na minha cara, me fazendo
sangrar no canto da boca.
— Não me chame de pai, sua vagabunda vadia, eu não posso ter filhos.
Quando me casei com sua mãe, ela já estava grávida de você e fui obrigado a te
criar como minha.
Não pode ser, ele só pode estar mentindo.
— Isso não pode ser verdade, minha mãe nunca faria isso.
— Sua mãe é pior do que você.
— Isso é mentira.
— É a mais pura verdade, e o destino é tão filho da puta que te fez cair
justamente na família do seu querido papai.
— Do que está falando? O senhor só pode estar ficando louco.
— Fred, sua idiota, creio que já deve ter conhecido o primo do seu marido.
Meu coração acelera no peito com a informação.
Agora tudo começa a fazer sentido na minha cabeça, todo o cuidado que
Fred tinha comigo, era porque ele é meu verdadeiro pai.
— Meu Deus!
— Como pode ver, sua mãe não é nenhuma santa. Eu a fiz largar Fred, a
amedrontando, dizendo que ele era um monstro e a idiota acreditou. Mal sabia ela
que eu era o verdadeiro monstro. Mas ela tinha a boceta tão gostosa que valeu a
pena te criar para poder comê-la quantas vezes eu quisesse.
— Você é realmente um monstro.
— É, eu sou sim. Quando sua mãe descobriu que tinha caído nas minhas
garras quis me deixar, mas eu a ameacei com a sua vida e ela ficou quietinha
durante todos esses anos.
“Minha vida estava perfeita até o dia em que você resolveu aparecer
naquela sala de jogos e cair nas graças de Oliver Thomson.
“Naquele dia, percebi que você seria dele e desde então eu te observo de
longe, esperando o momento certo para agir.
“Você facilitou muito a minha vida se afastando da proteção que ele te
dava.
“Agora eu vou arrancar cem milhões de dólares do idiota para que ele
tenha a mulher dele de volta e eu vou ficar rico.”
Ele joga tudo de uma vez para fora, me deixando em choque com o seu
sorriso macabro que me assusta.
Tudo o que eu quero agora é sair da espelunca onde me encontro.
— Oliver irá matá-lo, me solte e vá embora antes que seja tarde demais.
Você está sozinho e ele tem um exército de homens. Será que não vê que esse é o
seu fim?
— Ele não vai fazer nada comigo apontando uma arma na sua cabeça.
— O senhor é louco, me solta.
— Cala sua boca se não quiser levar outro tapa. Vai ficar amarrada aí até o
dinheiro estar na minha conta e depois que eu ver os vários zeros brilhando, eu te
solto.
Ele ainda não entendeu que Oliver nunca vai cair na chantagem dele.
O homem que até o dia de hoje achava ser meu pai sai da sala nojenta onde
me encontro amarrada em uma cadeira. Sinto uma pressão na minha barriga e
começo a ficar com medo de entrar em trabalho de parto já que estou só esperando
o momento do meu filho nascer.
Eu nunca imaginei que ao sair para caminhar iria ser sequestrada pelo até
então meu pai.
As horas passam e logo o dia amanhece. Não consigo dormir e a dor nas
minhas costas aumentam enquanto sinto meu bebê mexer mais do que o normal.
Preciso dar um jeito de sair daqui antes que o pior aconteça, mas não
consigo me mexer.
De repente, escuto uma movimentação estranha do lado de fora da casa e
me assusto.
— Seu marido está querendo fazer besteira, inferno! — Bruce entra na sala
desesperado o que não é nada bom.
— Achava mesmo que iria chantagear Oliver Thomson e ele iria ficar
quieto?
— Eu te mato antes que ele tente...
Ele nem terminar de falar e sinto seu sangue espirrar no meu rosto.
— INFERNO! — grita antes de cair no chão.
Vejo que ele foi atingido com um tiro no ombro que não sei de onde saiu.
Estou tão em choque que não vejo o momento que Oliver entra e vem até
mim.
— Meu amor, amor, você está bem? — diz me desamarrando e tudo o que
consigo fazer é chorar.
— Você me achou.
— Você é minha, claro que te acharia cedo ou tarde.
— Nosso filho.
— Eu sei e sou o homem mais feliz do mundo por te encontrar. Vou cuidar
de vocês agora.
Assim que ele me levanta da cadeira, vejo o que o infeliz do Bruce
pretende fazer.
Oliver baixou a guarda se concentrando em mim, mas eu não vou suportar
a dor de perdê-lo. Prefiro morrer em seu lugar e ele poderá criar nosso filho.
Então, antes que o pior aconteça, eu o abraço forte e o viro de uma vez
levando um tiro certeiro em minhas costas.
Vejo Oliver com um semblante de dor, mas ele não está machucado, a dor
dele é da perda.
Ele me segura em seus braços e vejo quando vários homens entram na sala,
inclusive Fred que descobri ser meu verdadeiro pai.
— Oliver, não permita que minha filha morra, faça alguma coisa.
— Paiiiii.
— Meu Deus, Bruna, não me deixe agora que senti o prazer de ser
chamado de pai pela primeira vez na minha vida — Fred diz emocionado.
Oliver começa a chorar e grita por socorro.
— Me prometa que vai cuidar da minha mãe, papai.
— Não me faça fazer promessas, você não vai morrer — meu pai diz
passando a mão delicadamente no meu rosto.
— Fred, mata o infeliz do Bruce da pior maneira possível, vou salvar a
vida da nossa garota.
Oliver me pega no colo e corre comigo, para dentro de um carro.
No caminho, vejo um batalhão de homens espalhados por todos os lados.
O carro logo é posto em movimento, mas sinto minhas forças abandonando
meu corpo.
— Oliver…
— Não fala nada, amor, você vai ficar bem.
— Eu não sei se isso vai ser possível.
— Não fale besteira, Bruna, pela primeira vez na vida faça o que eu digo.
Tento sorrir, mas a dor é grande demais e sinto que vou sufocar.
— Acho que vou ter que desobedecer você mais uma vez.
— Não fale isso, meu amor, não vou suportar viver em um mundo sem
você.
— Terá o nosso filho. Me prometa que a vida dele será a sua prioridade e
que vai criá-lo com todo amor e carinho do mundo.
— Não posso, eu preciso de você.
— Eu te amo e não vou morrer em paz se você não me prometer isso.
— Você não vai morrer, não vou deixar.
— Me prometa, Oliver. — Percebo que ele está lutando contra a dor que
sente.
— Eu prometo, eu te amo.
— Eu também te amo e me perdoe por ter fugido de você.
— Não fala nada, fica quietinha.
Enxugo suas lágrimas e ele beija meus lábios.
Antes que minhas forças me abandonem de vez, eu me declaro para meu
marido.
— Eu te amo mais do que tudo nessa vida. Você foi e vai ser o meu único e
grande amor. — Com isso fecho os olhos e a escuridão domina a minha mente e
meu corpo.
CAPÍTULO 66

Chegamos no hospital e Bruna logo entra na cirurgia.


Para o meu desespero aumentar, ela precisa de uma doação de
sangue, o que não vai ser nada fácil de conseguir.
— Ivan, rastreie cada maldita pessoa que possui esse tipo sanguíneo
e traga até aqui.
— Eu já estou fazendo isso, mas o sangue não vai chegar aqui via
wi-fi, Oliver.
— Achei — Dylan diz e corro até ele, desesperado para ouvir o que
vai falar.
— Tem um homem que possui o sangue dourado passando férias
aqui em Nova York, parece que está com sorte, cara.
— Traga o homem aqui agora mesmo, ofereça o que ele quiser em
troca do sangue e se mesmo assim ele se recusar, o traga nem que seja
amarrado. Drene a alma dele se for preciso para salvar a minha mulher.
— Vamos torcer para que não precise chegar a tanto.
— Senhor Thomson. — O médico entra na sala de espera com uma
cara não muito boa.
— Seu filho nasceu forte e saudável, mas o estado de sua esposa é
crítico. Ela perdeu muito sangue e como já sabe é quase que impossível
conseguir uma doação do tipo sanguíneo dela.
Nunca pensei que fosse sentir alegria, tristeza e desespero, ao
mesmo tempo.
— Quanto tempo temos para conseguir o sangue?
— No máximo duas horas, isso com sorte.
— Mantenha minha mulher viva, já encontramos um doador, é só o
tempo dele chegar até aqui.
— Então corra com esse doador, tempo é uma regalia que o senhor,
nem sua esposa, tem no momento.
O médico passa o relatório do estado de saúde do meu filho e logo
depois volta para a cirurgia da minha esposa.
— Dylan, pelo amor de Deus, estou desesperado aqui.
— Já consegui falar com o cara, não foi nada fácil convencê-lo, mas
nada que uns milhões de dólares não resolvesse.
— Quanto tempo até ele chegar aqui.
— Meia hora, já mandei meus homens irem buscá-lo.
Essa é a meia hora mais demorada de toda a minha vida.
Quando o homem finalmente chega, já tem uma equipe pronta o
esperando para a doação de sangue e como Dylan falou o desgraçado
realmente recebeu uns bons milhões em sua conta bancária.
Depois do que parecia ser uma eternidade, Bruna finalmente sai da
cirurgia e é transferida para a UTI. Segundo o médico é mais seguro mantê-
la pelo menos por vinte e quatro horas na UTI, ou até começar a reagir ao
tratamento.
Depois de tudo resolvido, Ivan, Dylan e Carlos voltam para
Califórnia e sou muito grato pela ajuda que me deram.
Nunca fui um homem de agradecer nada, mas dessa vez deixei o
orgulho de lado e vi que posso também ter amigos.
Com a autorização do médico, sou levado até o berçário onde meu
filho está. Quando a enfermeira o coloca em meus braços, sinto meu mundo
inteiro girar em torno dele.
— Sua mamãe está se recuperando e logo vai estar junto da gente,
meu filho. Enquanto ela não melhora, o papai vai cuidar de você assim
como eu prometi a ela. — Meu coração parece que vai explodir de amor e
felicidade pelo meu menino, tão pequeno, em meus braços.
Depois de passar um tempo com ele, preciso sair do berçário. Ligo
para a minha mãe e para minha sogra, contando as novidades e tudo o que
aconteceu. Como eu esperava, as duas não pensam duas vezes em vir para
Nova York para cuidar da Bruna.
Assim que desligo a ligação, meu celular volta a tocar e vejo que é
Fred me ligando.
— Fala, Fred.
— Como está minha filha e meu neto?
— Bruna está estável por enquanto na UTI e o seu neto é forte e
saudável, está no berçário.
— Graças a Deus.
Percebo o quanto aliviado fica.
— E o serviço foi feito?
— Claro que foi, exatamente como mandou. Foi uma honra mandar
aquele desgraçado para o inferno.
— O que será que a Bruna e a mãe dela vão achar disso?
— A mãe dela é minha mulher e é bom não comentar nada, a não
ser que elas perguntem. Vamos simplesmente esquecer que aquele verme
um dia andou por essa terra.
— Tem razão, já mandei preparar meu apartamento, você pode ir
para lá descansar e depois venha ver sua filha e seu neto.
— Vou fazer isso, mas antes quero te dar um aviso. Se minha filha
derramar uma única lágrima por sua causa, esqueço que somos família e eu
mesmo a tiro de você. Fiquei anos longe da minha garotinha, não vou
perdê-la por sua causa.
— Não se preocupe, isso não vai acontecer.
— É bom mesmo que não aconteça, até mais.
Desligamos a ligação e vou atrás do médico. Com muita insistência
e ameaças, consigo entrar na UTI para ver minha esposa.
Confesso que vê-la ligada a tantos aparelhos, me faz ter vontade de
mandar matar novamente Bruce, por ter feito isso com ela.
Nunca imaginei que o amor de Bruna fosse tanto, ao ponto de levar
um tiro para salvar a minha vida.
Essa mulher se tornou o meu mundo todinho.
Minha mãe e minha sogra chegam e se revezam para cuidar do meu
pequeno bebê que ainda não batizamos, esperando Bruna acordar para que
ela possa escolher o nome dele.
Já se passaram três dias desde o que aconteceu e minha pequena
esposa foi transferida para o quarto, mas até agora nada dela acordar para o
meu desespero.
Toda vez que o médico vem ao quarto dela é uma história diferente.
— Doutor, se você não fizer minha esposa acordar hoje mesmo,
pode dar adeus a sua carreira de médico.
— Mas, senhor Thomson, isso é uma coisa que não depende de
mim. Sua esposa ficou entre a vida e a morte e tudo o que nos resta é
esperá-la reagir.
— Três dias já se passaram e nada dela acordar, alguma coisa de
errado você fez. Meu filho precisa da mãe e eu preciso da minha mulher.
— Oliver…
Escuto meu nome sendo chamado baixinho e a vontade que tenho é
de chorar de alegria.
— Graças a Deus, acordou, senhora Thomson — o médico diz e
olho para ele com vontade de estrangulá-lo.
— Meu marido não tem muita paciência com as coisas, sinto muito
se ele ameaçou o senhor.
Vou até o leito dela e beijo sua testa, alisando seu cabelo.
— Meu amor, não faça esforço, acabou de acordar.
— Preciso de água e quero meu filho.
Faço sinal e logo o médico serve um copo de água que ajudo minha
esposa a tomar com um canudinho.
— Seu filho está bem, senhora, sendo cuidado por sua mãe e sua
sogra. Tudo o que pode fazer por ele, no momento, é tentar se recuperar o
mais rápido possível para que consiga cuidar dele também.
Ela concorda com a cabeça e o médico faz vários exames nela.
Depois de muito tempo, ficamos finalmente sozinhos no quarto.
— O que deu na sua cabeça para levar um tiro no meu lugar?
Poderia ter morrido e minha vida perderia o sentido. Você parou para
pensar, o inferno que seria minha vida se tivesse que criar o nosso filho sem
você?
— Eu não tive muito tempo para pensar, só não queria perder você e
faria novamente, se fosse preciso.
Não me controlo, vou até ela e a beijo.
— Calma aí, meu amor, eu ainda estou cansada e você me beijando
assim não me ajuda muito.
— Nunca mais faça uma loucura dessas, eu não suportaria viver sem
você. E nunca mais fuja de mim. Se já reclamava da sua segurança, agora
imagine como ela vai ser.
Ela tenta sorrir mais em vez disso geme de dor.
— Ai, nunca pensei que levar um tiro doesse tanto. O que aconteceu
com o Bruce?
— É melhor você não saber — digo sério demais.
Ela entende perfeitamente o recado e balança a cabeça.
— Quando eu posso ir para casa?
— Acabou de acordar depois de três dias, levou um tiro nas costas e
passou por uma cesárea de emergência. Só permito que saia daqui quando
estiver cem por cento recuperada e nem adianta tentar reclamar que não vou
mudar de ideia. Os médicos já estão cientes disso.
— Oliver…
Bruna me chama com a mesma voz manhosa de quando quer pegar
meus carros.
— Não, Bruna, você não sai daqui até que fique recuperada. Não
posso arriscar te perder, eu te amo e hoje sei que foi a única mulher que eu
realmente amei de verdade. Tem noção do meu desespero quando o médico
me falou que você iria morrer porque precisava de uma maldita doação de
sangue?
“Eu praticamente revirei o mundo atrás de uma pessoa com o
sangue dourado e nem era certeza o sangue chegar até você a tempo.
“Pela primeira vez na minha vida, eu rezei por um milagre, mesmo
sabendo que minha alma já está condenada ao inferno.
“Se não fosse pela ajuda do Ivan, Dylan e Carlos, que conseguiram
encontrar um doador tirando férias aqui em Nova York eu estaria velando o
seu corpo com um bebê recém-nascido nos braços.
“Você teria salvado e destruído a minha vida, ao mesmo tempo.
“Então, me prometa que a partir de hoje não fará nada sem pensar
nas consequências antes. Pense no nosso filho que precisa da mãe e em
mim, que não conseguiria viver em um mundo sem você, porque eu te
amo.”
Vejo lágrimas escorrendo pelo seu rosto delicado e ela me chama
com as mãos para que me aproxime. Faço isso me abaixando até ela, que
segura meu rosto.
— Eu te amo mais do que a mim mesmo e prometo que não vou
fazer besteira novamente. A única pessoa que vai tentar te matar vai ser eu
quando me fizer raiva.
— Assim é bem melhor, porque eu adoro suas provocações quando
fica com raiva. Admito que já te provoquei várias vezes só para te ver toda
zangadinha.
— E você acha que não percebia isso? Agora queria ver meu
pequeno, Denner, amor. Quero ver nosso filho, saber como ele é.
— Você está pensando em colocar o nome do meu pai no nosso
filho?
O sorriso que essa mulher dá é malicioso.
— Por que não? É um nome muito bonito e meu sogro vai ficar
muito feliz. Denner Thomson é um nome forte.
— Porra, Bruna, o velho vai infartar e depois vai te colocar em um
pedestal. O primeiro neto homem, herdeiro da família, carregando o nome
dele, você agora tem muitas armas contra mim, esposa.
— É só se comportar e não precisarei usar nenhuma delas — diz
sorrindo.
Mais uma vez faço sua vontade e vai ser assim de agora em diante.
Bruna Thomson cumpriu a promessa que fez a si mesma, de fazer o
CEO, rei do petróleo, um homem apaixonado e totalmente rendido aos seus
pés.
EPÍLOGO

Cinco meses depois...


Estou nervosa, uma pilha de nervos andando sobre a terra.
— Sempre achei que as noivas ficavam nervosas antes da cerimônia
de casamento, não depois — Amanda diz me ajudando a trocar de vestido,
em um dos quartos da mansão Thomson.
Hoje foi o meu casamento.
Depois que saí do hospital, Oliver me fez uma surpresa e me pediu
em casamento da maneira correta.
Mas o que ele não esperava era que eu fosse me negar a fazer sexo
antes da cerimônia, fazendo com que ele quisesse se casar no dia seguinte, o
que não aconteceu, é claro.
— Você já fez as contas?
— Que contas? — Andreza e Emily perguntam juntas, sentadas na
cama enquanto Amanda tenta arrancar o vestido do meu corpo.
— As contas, eu passei sete meses longe e depois do pedido de
casamento se passaram cinco meses, então Oliver está…
— Porra, você deixou seu marido um ano sem sexo?
Agora todas nós olhamos para Olívia sentada na poltrona, ela
sempre é a mais quieta do grupo.
— Seu marido vai literalmente te virar do avesso hoje — Stela, que
descobrimos recentemente ser uma safadinha, diz com um brilho nos olhos.
— Agora sabem o motivo do meu nervosismo. Oliver é um homem
peculiar na cama.
— Como assim peculiar? — De novo Olívia com suas perguntas.
— Ele gosta de um sexo mais bruto, que parece que nossa querida
Bruna também gosta. Nada que umas amarras para apimentar uma relação.
Meu Deus, Amanda um dia ainda vai me matar de vergonha.
— Você vai contar direitinho como é essa história de amarras, Bruna
— Stela, a nova safada do grupo, diz toda interessada no assunto.
— O quê? Você quer amarrar ou ser amarrada? — pergunto sorrindo
dela.
— Que tal os dois. — A sem-vergonha ainda pisca.
— Você está passando tempo demais com Andreza — Olívia diz.
— Ei, me tira dessa conversa. Eu ainda não consegui amansar o
Dylan cem por cento. Ele chegou a dormir três noites fora de casa e só
aparecia por lá para ver nosso filho quando eu não estava. Na quarta noite,
fui quebrar a boate e ele voltou.
Todas começamos a rir dela, porque ela realmente fez isso.
Fiquei com pena da minha amiga que se meteu em problemas por
minha causa. Já esclareci as coisas com Dylan e Oliver, mas eles gostam de
se fazer de difíceis.
— Amarra o homem na cama e veste uma fantasia sexy. Caso ele
queira dar para trás, o chama de vovô. Tenho certeza de que funciona —
Amanda diz rindo.
As nossas risadas ecoam pelo quarto.
— Seu bebê vai ficar com quem, Bruna?
— Meus pais ainda estão brigando com os pais de Oliver para ver
quem fica com ele. Então fiz uma escala que sei que nenhuma das duas
partes vai cumprir, mas não custa nada tentar.
Logo depois que melhorei, minha mãe e Fred me contaram a
história deles. No começo, fiquei chateada por mamãe ter mentido para
mim, por tantos anos, mas depois Oliver me fez perceber que não valia a
pena e que eu tinha que aproveitar o pai maravilhoso que agora tenho.
Fred é um cara durão, que mete medo em todos, menos em mamãe.
Ela o coloca na linha e Oliver não se cansa de dizer que puxei a ela por não
saber ficar com a boca calada.
— Senhora, o senhor Thomson já está te aguardando no heliporto.
Sinto meu estômago gelar.
— E o meu filho?
— Está com a sua mãe e seu pai no quarto dele. Vão passar a noite
aqui e amanhã vão começar a brigar de novo para ver quem vai cuidar do
menino — a babá informa risonha.
— Vai lá, Bruna, domina aquele macho. Eu sei que você gosta, sua
safadinha — Amanda diz rindo e piscando o olho.
— Pelo amor de Deus, Amanda, você um dia vai me matar de
vergonha.
— Vergonha de quê? Somos todas amigas aqui. Agora vai lá ser
feliz, você mais do que ninguém merece. Você conseguiu vencer e no final
tudo valeu a pena, tem um marido que te adora e um filho lindo — Amanda
diz segurando minha mão, carinhosamente.
— É isso aí, mais um CEO foi dominado com sucesso — Stela diz e
já sei que está ficando bêbada.
— Alguém toma a taça de vinho dela — Olívia diz.
— Deixa a Stela, meu primo cura essa bebedeira em dois tempos —
Andreza diz rindo.
Eu me despeço das minhas amigas e vou até meu marido que me
aguarda para sairmos em lua de mel.
O olhar que ele me direciona ao chegar perto dele, faz meu coração
acelerar.
— Pronta, esposa?
— Sempre, meu amor.
Luxúria...
Mordo o inferior dos lábios, deixando fluir o desejo que esteve
presente durante todos esses meses.
Foram longas noites em claro, com a lembrança dos momentos
vividos se fazendo presente a cada suspiro pesado enquanto observava o
relógio marcar as horas.
01:00 hora...
O corpo frio não combinando com o quarto aquecido, transforma a
noite em uma tortura entre a saudade e a razão.
03:00 horas...
As horas passam lentamente e me sinto como o ponteiro menor,
aguardando que o companheiro caminhe para que ele possa dar o próximo
passo.
Impaciente e dependente.
— Está tudo bem?
Pisco algumas vezes, voltando a realidade.
O passado agora só existe na memória, mas hoje irei apagá-lo da
minha vida, me permitindo seguir em frente.
— Está sim! — respondo, observando as folhas da árvore se
desprenderem, marcando assim o início de um novo ciclo.
— Eu senti tanto sua falta — Oliver diz, mordendo o lóbulo da
minha orelha, me tirando suspiros e minha pele se arrepia de imediato.
— Não teve um dia que não tenha pensado em você. — Viro para
ele e o encaro, apaixonada.
Nossos olhos se encontram e antes que ele possa me responder,
beijo seus lábios.
Paraíso...
O desejo de percorrer seus lábios, saborear seu sabor e amá-lo
novamente é mais do que momentâneo. Eu me perco nos seus braços, um
amor desavergonhado, buscando o prazer e a cumplicidade que somente ao
lado dele poderia encontrar.
— Eu faço tudo por você, Bruna.
— Tudo? — Encaro meu marido para ter certeza do que diz.
— Sim! — confirma e sorri, ciente que há algo por trás.
— Me deixa domá-lo esta noite?
Ele me observa e, por alguns segundos, acredito que irá contestar.
— Eu já sou completamente domado por você, minha esposa.
— Domma!
— O quê?
— Essa noite, quero que me chame de Domma.
— E o que fará comigo?
— Deite-se na cama.
Ele sorri malicioso e posso ver o quanto sente prazer com tudo isso.
Assim que Oliver se deita, o imobilizo com uma corda, prendendo
suas mãos no alto da cama.
— Não quero que diga nada, ou terá consequências. — Sorrio e me
aproximo, desabotoando sua camisa.
Ele me encara, seus olhos penetram no mais profundo da minha
alma e posso sentir minha pele se arrepiar.
— Domma...
— Eu disse que era pra ficar em silêncio. — Pego uma gravata na
cômoda e amarro em seus lábios, impedindo-o de falar novamente.
Levanto e enquanto o observo, tiro o vestido lentamente. O tecido
percorre minha pele, queimando-a pelo tesão reprimido devido ao tempo
em que estivemos afastados.
Vestindo apenas uma calcinha de renda branca, busco a garrafa de
The Macallan que guardei para o dia de hoje.
Eu me sirvo de uma quantidade generosa e bebo um gole, sentindo o
misto de sensações.
Percorro lentamente o caminho de volta para a cama e ainda com o
copo na minha mão, retiro as roupas de Oliver, deixando-o apenas com a
camisa aberta.
Seu pau está duro e suas mãos tentam se soltar, em busca de
recuperar o controle.
Deixando que o líquido escorra por todo seu corpo, derramo uma
dose generosa no centro da sua barriga e coxas.
Seu corpo se arrepia assim que meus lábios o tocam, sugando todo o
líquido, lambendo delicadamente cada região. Minhas mãos seguram seus
ombros e minhas pernas estão abertas em volta das dele. Sorrio e assim que
me aproximo da sua intimidade, sugo, prazerosa.
Desço uma de minhas mãos para o corpo do seu membro ereto,
lambendo a glande, sugando toda a superfície.
Meus movimentos são calmos e precisos, afinal não há pressa para o
prazer.
— Hummm... — Oliver geme e suas mãos tentam se desamarrar a
todo custo, em vão.
Sei que ele está no limite, então invisto com mais pressão, me
afogando no líquido quente até a última gota.
Minha intimidade dói pelo vazio, então com os olhos atentos a cada
movimento, desço a mão para a calcinha, empurrando-a para o lado e
acariciando o clitóris, dando total atenção a região sensível.
Posso sentir meu corpo vibrar, prestes a sucumbir ao prazer. Grito
pelo nome do meu marido e sorrio quando me desmancho, recuperando
todo o fôlego perdido.
Puxo a calcinha que antes vestia e sem mais esperar, me preencho
com seu membro, cavalgando em busca do ápice, onde ambos nos tornamos
um só.
— Hummm...
Quando sinto que estou perto, solto o nó que antes imobilizava as
mãos de Oliver e o impedia de falar.
— Você será sempre minha — meu marido diz assim que chegamos
ao limite.
Sorrio ao lembrar da menina sonhadora, em busca de um futuro
melhor.
Hoje sou mãe, filha, esposa e cúmplice de um homem que jurou
jamais permitir amar novamente.
Minha história começou por conta de um contrato, mas termina com
a certeza de que há muito mais pela frente.

Fim.
AGRADECIMENTO

De início, quero expressar minha gratidão a Deus, pois, vem DELE


a minha força e capacidade para a escrita.
Eu me sinto privilegiada e toda honra e toda gloria sempre a Ele!
Agradeço também a minha família, meus filhos e meu esposo que
são a base da minha estrutura.
Agora chegou a vez de vocês, minha segunda família, as Lindaétes,
como algumas leitoras se intitulam.
Vocês são a minha maior motivação.
Gratidão é a palavra que define meu sentimento por meus leitores.
Obrigada por cada comentário de incentivo, carinho e entusiasmo.
Sempre digo que tenho os melhores leitores do mundo, porque sem vocês
nada disso teria sido possível.
Vocês moram no meu coração.
Amo a interação de vocês e estou sempre aberta a ideias e críticas
construtivas.
Espero de coração que tenham gostado de mais essa história.
Meu objetivo é satisfazer cada leitor, proporcionando uma leitura
contagiante e agradável, e saber que sou capaz de despertar sensações e
alegrias com a minha criatividade é arrebatador.
Isso é muito poderoso.
Eu me arrisco a dizer que o livro é um portal para o outro lado do
mundo.
Um cheiro no coração de cada um de vocês e me aguardem para
próximas histórias.
Bora viajar juntos?
SOBRE A AUTORA

Olá, meninas!!
Sou Linda Evangelista, tenho trinta e cinco anos, sou casada, mãe e
estudante de engenharia civil, cursando os últimos períodos da faculdade.
Apaixonada por literatura em suas diversas ramificações de escrita e
gênero, e é nesse meu "paraíso particular" em que me conecto a música e
viajo pelo alfabeto de letras, linguagens e infinitas possibilidades. É daí que
sai minhas inspirações que muitos já conhecem.
Inicialmente, escrever era um hobby e hoje faço disso a minha
profissão, pois amo escrever.
E assim deixo um pouquinho de mim, em cada livro escrito, com
pequenas doses de sonhos, homens lindos, românticos, possessivos e ricos,
quase donos do mundo.
Mas que se deixam ser de uma única dona, de mulheres lindas que
são donas de si e amam serem chamadas de MINHA pelo mesmo homem
lindo, romântico e possessivo.
Agradeço a cada uma de vocês que leem meus livros esse quiserem,
me sigam nas diversas mídias sociais para saberem das novidades e
próximos lançamentos.
REDES SOCIAIS DA AUTORA
OBRAS DA AUTORA

O PROMETIDA AO CEO

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SINOPSE
Anthony Johnson, CEO do grupo Johnson, arrogante, bonito,
sedutor e mulherengo, se vê obrigado a ficar noivo de uma garota que
nunca viu, depois que seu pai descobriu que seu antigo relacionamento não
passava de um acordo entre amigos.
Emily Dawson, linda, doce e inocente, descobre que seu pai
negociou seu futuro em troca de salvar a empresa da família, que está à
beira da falência, ficando furiosa e decepcionada. Ela nunca pensou que o
homem que lhe deu a vida seria capaz de cometer tal absurdo. Seu sonho é
se tornar uma grande artista plástica e se casar não está em seus planos, mas
como não tem opção, acaba aceitando o compromisso pelo bem da família.
Anthony, não quer se casar, mas se vê desafiado por uma linda
mulher que só o rejeita desde que se conheceram. Já Emily só pensa em
uma maneira de se livrar desse compromisso.
O casamento é eminente e os dois precisam encontrar uma forma de
conviverem sem se matarem. Eles terão que correr atrás do tempo perdido,
além de ter muito o que acertar para que enfim consigam ficar juntos.
Um jogo de gato e rato que poderá resultar em um sentimento muito
forte que será posto à prova.
Qual dos dois irá ceder primeiro a esse jogo de sedução?
Anthony resistirá aos encantos da doce e pura, Emily?
Emily conseguirá fisgar o gostosão?
Não se enganem, até a mais inocente das mulheres pode virar o
Diabo quando se sente humilhada e desafiada. Assim como até mesmo o
cara mais mulherengo e arrogante, poderá se render aos encantos da mulher
que ele jurou não amar.
Collin Advogado do Inferno

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SINOPSE

Collin é um advogado de sucesso que trabalha no grupo Johnson,


mas que também é responsável pelo escritório de advocacia da família.
Assumiu o lugar do seu pai após ele sofrer um infarto, o que o
impossibilitou de continuar trabalhando. Ele se divide entre o escritório de
advocacia de sua família e o grupo Johnson, onde trabalha para seu melhor
amigo.
Amanda é filha de imigrantes que saíram do México para tentar
uma vida melhor na América. Já em solo americano, sua mãe engravida,
mas, infelizmente, morre no parto deixando o marido com uma recém-
nascida para ser criada.
Com muito esforço, Amanda consegue uma bolsa de estudos em
uma das melhores faculdades de Artes Plásticas da Califórnia.
Na faculdade, conhece sua melhor amiga, Emily Dawson. Juntas,
lutam para realizar o sonho de abrir uma galeria de artes e esse sonho é
realizado com a ajuda de Oliver Thomson, CEO de uma das maiores
empresas do ramo do petróleo.
Amanda e Collin se conhecem através de seus amigos em comum,
Anthony Johnson e Emily Dawson, que são noivos.
Mesmo tentando resistir, Amanda acaba se apaixonando por Collin e
entra de cabeça em um relacionamento que, segundo ele, não passa de sexo.
Tudo piora quando a família de Collin a destrata e a humilha por ser
filha de imigrantes e pertencer a uma classe social diferente da de Collin.
Apaixonada, Amanda espera que seu amado a defenda das
humilhações que sofreu por parte da sua mãe, mas o belo advogado resolve
escolher a família em vez dela e isso quebra o coração da pobre moça.
Mesmo Collin já começando a desenvolver sentimentos por Amanda, não
tem coragem de ficar contra sua família.
Mas o que a família de Collin não esperava era que com o sucesso
da inauguração da Galeria de artes, Amanda fosse se tornar uma mulher
muito rica e conhecida na alta sociedade.
Amanda desenvolve uma amizade com Oliver Thomson, o que faz
Collin morrer de ciúme, pois, segundo o mesmo, Amanda pertence a ele.
Porém, a garota de coração partido não quer mais saber de Collin
.
JONH

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SINOPSE

Honra, família e poder até onde essas três palavras podem te levar?
Para Jonh Schimidt, essas são as palavras que definem sua vida,
tanto que mesmo contra sua vontade ele aceita um casamento por contrato,
imposto por seu pai.
Empresário em ascensão com grande visibilidade só falta uma
esposa para ter maior respeito em seu meio e enfim ter um herdeiro para
carregar seu sobrenome pelas gerações futuras.
Amelie Queen, jovem sonhadora que vê seu futuro ser negociado a
fim de manter o patrimônio da família e a garantia de uma vida confortável,
já que é a única herdeira da sua família.
Após um contrato de casamento ser firmado, Amelie se tornar a
noiva do poderoso Jonh Schimidt, porém, amor não faz parte dessa
equação.
Ela sonha conquistar o amor do marido, já a ele interessa apenas
uma esposa troféu e um herdeiro para dar continuidade ao seu império que
começa a ser moldado.
Porém, Jonh Schimidt não nega o sangue que corre em suas veias e
a possessividade por sua esposa até então intocada, surge com força
abalando as estruturas do homem que se nega a ter sentimentos
considerados por eles banais.
Há atração, química, tesão, fogo, mas ele não assume isso, até
porque pensa que seu coração pertence a outra pessoa que ele não pode
assumir e torná-la sua esposa.
Jonh deve respeitar sua esposa e a família que está construindo,
porém, sua paixão estará entre essa obrigação quando a passa a conviver
diariamente em sua casa e não aceita ser “abandonada por ele”.
Intrigas, traição, amor, arrependimento, segunda chance e perdão
serão o plano de fundo dessa história de amor nada convencional, onde a
honra deve estar acima de tudo.
A ESCOLHA DELE

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SINOPSE

Riccardo Bianchi passou boa parte da sua vida sendo treinado para
assumir o lugar do seu pai em uma das mais tradicionais máfias, a Cosa
Nostra.
A fim de torná-lo o Don mais implacável da história, seu pai se
certifica de tirar qualquer tipo de sentimento e humanidade que ele possa
ter, o tornando frio, uma verdadeira máquina de matar e torturar.
Sua única paixão são os cavalos, tanto que ele tem constrói um
centro de hipismo de referência na Itália.
Sua fama com o passar do tempo o precede e um dos seus muitos
nomes é Diabo.
Mas há um, porém, para ele se tornar um Don respeitável, precisa se
casar, algo que não deseja fazer mesmo sendo pressionado por todos.
Pelo menos era o que ele queria até uma linda mulher de cabelo
longo, olhos marcantes e corpo perfeito cruzar seu caminho, chamando sua
atenção.
Ele não sabe quem ela é, mas a deseja intensamente e a quer para si.
Lorena Bernardi, é uma linda mulher, com a personalidade forte
que não se deixa dobrar por nada. Apesar de ser filha da máfia, ela teve
oportunidade de estudar e se formou na profissão que tanto ama. Ela é a
veterinária-chefe do centro de hipismo e uma amazona premiada, detentora
de inúmeras medalhas de ouro.
Diferente das mulheres da máfia, ela tem voz e se faz se respeitar.
Aqueles que tentam algo contra sua vontade ou tentam diminui-la
provam algo amargo e doloroso.
Ela tem tudo o que sempre quis até seu caminho se cruzar com o já
Don, Riccardo, em uma das suas noites de diversão.
Ele a deseja, ela sente repulsa...
Ela quer liberdade, ele quer ensiná-la a ser submissa...
Ela é apocalíptica, ele o apocalipse...
Um casamento forçado, obrigações com a máfia, chantagem e
inimigos fazem parte do plano de fundo dessa história explosiva onde
desejo e raiva se misturam.
ALIANÇA DO SUBCHEFE

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Sinopse

Carlo Bianchi nasceu e foi moldado para ser obediente ao Don da


Cosa Nostra e fiel à famiglia.
Mesmo que nem sempre concorde com tudo que é imposto a ele.
Entre essas imposições está um casamento que foi acordado por seu
irmão entre ele e a herdeira da máfia nova-iorquina a fim de selar uma nova
aliança entre as máfias das duas localidades, fortalecendo ainda mais o
poder da Cosa Nostra e a detenção da fabricação e distribuição de uma nova
droga com potencial para dominar o submundo.
Com isso, um alvo é colocado nas costas de Carlo Bianchi, já que
muitos não desejam que essa aliança se concretize.
Carlo tem consciência da importância desse enlace e o que
acontecerá assim que dizer o famoso “sim, eu aceito”, diante do padre, pois
seu novo status diante a hierarquia trará muitos benefícios, assim como
muitas responsabilidades.
Traição e divórcio são palavras que não fazem parte do dicionário da
famiglia, por isso ele terá que ser fiel a mulher que nunca viu e que faz
questão de ver apenas na igreja, no dia do seu casamento, para não desistir
de tal ato e contrariar assim as ordens do Don.
Melanie Lucchese, herdeira da máfia nova-iorquina nasceu sob a lei
da máfia e conhece bem o que acontece com aquele que ir contra.
É mulher forte, decidida e inconformada, pois gostaria ocupar seu
lugar de direito, lugar esse que conhece muito bem, e não o seu futuro
marido.
Ela foi prometida à casamento ao subchefe da máfia italiana, Carlo
Bianchi, e tem noção da sua importância na hierarquia.
A mulher é uma verdadeira caixinha de surpresa e irá abalar Carlo e
suas certezas.
O tempo está passando e os planos do Don estão se concretizando,
porém, inimigos estão à espreita à espera da oportunidade perfeita para ter a
cabeça do subchefe e o poder como consequência, afinal sem a peça chave
o poder irá parar em uma nova mão.
Mas Carlo não facilitará em nada e se necessário cumprirá seus
deveres com sangue, como diz parte do juramento que fez em sua iniciação.
OBSESSÃO DO CONSIGLIERE

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SINOPSE

Antônio Marchesi nasceu com um único intuito, se tornar o


consiglieri do futuro Don e assim dar continuação ao legado deixado por
sua família.
As circunstâncias as quais foi submetido ao longo de sua vida o
tornaram um homem frio, estratégico, perspicaz e acima de tudo leal ao seu
Don e a Cosa Nostra.
Um homem honrado que se vê em um impasse quando em uma
jogada do destino uma bela mulher cruza seu caminho se tornando sua
obsessão, mesmo sendo proibida a ele.
Graziela Bellini, filha de um soldado muito querido por Don
Vittorio, pai de Riccardo e Carlo, é uma mulher linda, doce, gentil e
inocente.
Ela deseja estudar e um dia ser mais do que uma mera empregada.
Logo que começa a trabalhar na casa de Don Vittorio se torna a
pessoa de confiança de Lorena, esposa de Riccardo, o novo Don.
Ela vê seu destino ser mudado quando seu caminho se cruza com o
do sedutor experiente e predador nato, Antônio.
Os dois começam a viver um romance proibido que pode custar a
vida da jovem Graziela, já que ela é a parte mais fraca do elo.
O que o futuro terá reservado a esses dois amantes?
Antônio irá enfrentar o Don e seguir seu coração?
Ele será capaz de enfrentar tudo e a todos pela doce e inocente
Graziela?
Quem será o vencedor nesse jogo: a razão ou a emoção?
Um romance proibido, cheio de reviravoltas, onde a honra e a
obrigação duelam com a emoção e o amor, um sentimento que deixa até um
dos homens mais temido da Cosa Nostra, literalmente, de joelhos.
O RETORNO DO CAPO

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SINOPSE

Quanto tempo pode se perdurar o desejo de vingança?


Para a família de Bernardo Moretti esse desejo dura há três
gerações, sendo passada de um herdeiro para outro, à espera do momento
oportuno que finalmente chegou.
Agora, Bernardo está pronto para enfim vingar sua família e retomar
seu lugar de direito na máfia, sabendo que tal decisão irá derramar muito
sangue, inclusive sangue inocente.
Porém, ele não tem como voltar atrás, já que não tiveram piedade de
seu bisavô quando armaram para acabar com sua linhagem e usurparam seu
lugar, seu poder perante à máfia.
Todos sabem que não há lugar na máfia para traidores e agora esses
terão que lidar com as consequências de seus atos, mesmo que o erro não
tenha sido cometido pela nova geração.
Beatrice Montanari, médica, linda, bondosa, que tem um
verdadeiro asco pela máfia e tudo o que ela representa já que cresceu
sabendo que sua mãe foi morta por um mafioso.
Seu pai a blinda de todas as formas, inclusive ninguém sabe sua
identidade.
Um certo dia, seu caminho se cruza com o de Bernardo quando esse
é socorrido por ela e a atração entre os dois é inegável. Na sua frente, ela vê
o campeão de hipismo, o homem que todos admiram sem saber que por trás
dessa máscara há um assassino sanguinário, frio e sem coração, quer dizer,
como ele mesmo diz tem meio coração.
Uma história cheia de reviravoltas, envolvidas em teias de mentiras,
traições, poder e sangue, onde mesmo que não seja você a cometer erros
que passaram de geração em geração, irá pagar por tais atos.
Lembre-se uma mentira pode perdurar por um tempo determinado e
enganar a muitos, mas nunca dura para sempre e esteja pronto que as
consequências um dia virão.

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