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Copyright © 2022 THAMY OLIVER

Todos os direitos reservados.

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qualquer forma ou meio, incluindo fotocópias, gravação, ou outro método eletrônico sem a prévia
autorização da escritora.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, lugares ou qualquer evento descrito nela é produto da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com pessoas, lugares e eventos reais é mera coincidência.

Titulo original: Uma assassina para o Mafioso


Primeira edição: 2022
Autora: Thamy Oliver
Revisão: Yonara Santana
Capa: Thamy Oliver

A violação dos direitos autorais é crime previsto na lei nº 9.610/98 e punida pelo artigo 184 do
código Penal.
Contents
Copyright
Capitulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capitulo 8
Capitulo 9
Capitulo 10
Capitulo 11 bônus
Capitulo 12
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Capitulo 17
Capitulo 18
Capitulo 19
Capitulo 20
Capitulo 21
capitulo 22
Capitulo 23
Capitulo 24
Capitulo 25
Capitulo 26
Capitulo 27
Capitulo 28
Capitulo 29 Bônus
Capitulo 30
Epílogo 1
Epílogo 2
Olá! Bem-vindas (os) ao meu livro.

Esta é uma obra de ficção.

É uma obra ambientada na Máfia italiana e de minha total autoria.


Não tem relação com a realidade e tudo é puramente minha criação.

Este é o segundo livro da série - Mafia Grimaldi.

Ele conta à história de Ana e Luca. Uma jovem que foi sequestrada
e obrigada a se prostituir. E um mafioso que prometeu salvar a melhor
amiga de sua protegida, mas que no meio do caminho acabou se
apaixonando por ela e fez de tudo para protegê-la e salvá-la de si mesmo.

Um amor que nasceu em meio à dor.


Um amor que veio por meio de uma vingança.
Mas que se tornou a salvação dos dois.
Um amor forte e que superou tudo até ter seu final feliz.
Dedico este livro a todas as pessoas que, assim como eu, são apaixonadas
por romance de máfia e sofrem junto com os personagens a cada
acontecimento na história.

Boa leitura.
“Eu passei pelo inferno e precisei me quebrar para me tornar forte”
Fui condicionada a um sofrimento impensado e isso me marcou, me
transformou. Mudou-me profunda e completamente.
Hoje não confio em mais ninguém e luto diariamente contra os
demônios que me assombram dia e noite em forma de pesadelo. A dor me
fez assim e só a morte de quem me quebrou será capaz de me curar."
Ana sofreu sendo violentada e obrigada a se prostituir após ser
sequestrada em uma balada por homens que queriam sua amiga. Após
semanas sendo mantida presa em uma casa de prostituição ela foi resgatada,
mas não sem antes ter sido quebrada e machucada de todas as formas.
Agora ela vai se vingar de cada um que a machucou. Ana jurou
vingança e iria cumpri-la nem que para isso o que restou de sua humanidade
fosse levado no caminho.
Ana
As coisas que acontecem em nossas vidas são para nos tornarem
fortes, bem é isso que eu penso.

As dores que sofremos são para nos modificar e mostrarmos que se


não estivermos preparados para enfrentá-las nós padeceremos.

Eu vivi o inferno em vida e isso me marcou. Passei três semanas


sequestrada, nas quais duas eu fora violentada e obrigada a me prostituir.

Apanhei muito por não aceitar a vida que me fora imposta e me


rebelar no início do meu inferno, mas depois de tanto apanhar e ter meu
corpo violado de todas as formas eu aceitei, ou melhor, fingi aceitar, pois na
verdade eu estava buscando uma forma de me vingar de todos os que me
feriram, uma forma de matá-los com minhas próprias mãos.

Eu não sou assassina, longe disso, sou amante da paz, da empatia e


do amor ao próximo, contudo isso me deixou fraca, me fez ver o mundo
como algo belo, mas ele mostrou-me seu pior lado, o lado do mal, da
violência, da morte e da dor.
Eu passei pelo inferno e precisei me quebrar para ser forte. Fui
condicionada a um sofrimento impensado e isso me marcou, me
transformou, me destruiu. Mudou-me profunda e completamente.

Mas eu sobrevivi, renasci e hoje quero vingança.

Não confio em mais ninguém e luto diariamente contra os demônios


que me assombram dia e noite em forma de pesadelo. A dor me fez assim e
só a morte de quem me quebrou será capaz de me curar.

As lágrimas que antes derramei agora será o sangue dos meus


algozes. Será sangue por lágrima e morte por dor.
◆◆◆

Cinco anos antes no Brasil

— Nicolas? — chamo meu irmão, pois preciso que me leve na


faculdade.

Tenho 25 anos e hoje é meu primeiro dia no curso de letras. Amo ler
e sempre quis ser escritora.

— Já vou. Que chata tu, hein, menina. — ele aparece na sala já


vestido para o trabalho.

— Vamos nos atrasar para meu primeiro dia de aula.

— Que besteira. — fala como se fosse nada de mais — Quem chega


cedo a aula da faculdade? Você é muito certinha irmã.

— Não sou certinha, só gosto de não atrasar para meus


compromissos. — retruco o vendo pegar a chave do carro.

— Vamos chata. — chama abrindo a porta de casa reviro os olhos e


entro no carro.
No caminho para a faculdade paramos em uma lanchonete. Nicolas
queria tomar café antes de ir para a delegacia. Eu estava sem fome então
preferi deixar para comer na lanchonete da faculdade.

— Tchau e boa aula chatinha. — ele me abraçou e apertou meu


nariz.

— Bom trabalho mano. Nós nos vemos a noite. — dei um beijo em


seu rosto e desci do carro.

A manhã segue tranquila. Encontrei meu bloco de estudos e fiz


vários colegas. Sempre fui uma pessoa bastante sociável e alegre, sempre
gostei de namorar; meu atual namorado é o Bruno Gomes. Ele é um cara
legal, faz engenharia mecânica aqui na faculdade, mas a noite.

Após minha primeira aula resolvo ir a lanchonete da faculdade estou


com fome. Compro um sanduíche e um suco de laranja, meu preferido.
Estava tudo bem até bater em alguém e derrubar todo meu suco na pessoa.

— Mas que merda. Como sou desastrada, deveria ter uma placa na
minha testa com o seguinte: cuidado desastre em forma de gente. — eu
desando a falar enquanto a pessoa a minha frente só faz rir da minha falta
de cuidado.

— Calma. — ela respira fundo na tentativa de parar de rir — É só


uma blusa.

— Me desculpe. Ana. — me apresento — Eu posso pagar outra


blusa se a mancha não sair.

— Não se preocupe Ana. Prazer Samira. — ela estende a mão para


me cumprimentar, isso é tão antigo que é minha vez de rir.

Ela me olha sem entender — desculpe-me não estou rindo de você e


sim do ato de estender a mão, não fazemos muito isso por aqui.

— Ah. É que não sou daqui. Sou italiana e cheguei ao Brasil há três
meses. Curso relações públicas e você?
— Percebi que não era daqui pelo sotaque. Mas sua fluência em
falar o português é incrível. E eu curso letras, é meu primeiro dia.

— O meu também. — falou empolgada — eu aprendi vários


idiomas desde pequena, me adapto em vários países.

— Que legal. Queria saber vários idiomas. Mas só sei o português e


o espanhol.

— E vai aprender o italiano se for minha amiga. Topa? Não conheço


ninguém por aqui.

— Claro, podemos sim ser amiga, gostei de você, Samira, parece ser
bem legal.

— Também gostei de você Ana. — ela sorri para mim e me abraça.

A partir desse dia nossa amizade só cresceu, vivemos uma para a


outra, nos ajudando em tudo. Nesse dia ganhei uma amiga, mas também foi
à porta para o acontecimento que mudou minha vida.
E eu não estava preparada para isso.
Capitulo 1
Dias atuais...

— Samiraaa. — chamo do início da escada de sua casa.

Hoje é a festa de 23 anos dela. E nossos convidados já chegaram sou


sempre pontual, entretanto, minha amiga é o atraso em pessoa.

— Por que você não para com essa mania de gritar? — me


repreende como sempre.

— Tenho que mostrar ao mundo que minha voz é linda. — falo com
expressão de deboche.

Ela revira os olhos e eu sorrio largo.

— Você está linda, amiga, e muito gostosa, se eu gostasse da fruta te


pegava. — falei mordendo os lábios.

Eu amava fazer graça e Samira sempre sofria com minhas


brincadeiras e piadas.
— Vem sua louca, todos já chegaram? — me pergunta agarrando
meu braço e me levando para a área externa da casa onde a festa acontecerá.

Chegamos à área da piscina e nossos amigos já estão curtindo o som


e dançando.

Ao longe vejo Luca de olhos firmes em tudo o que acontece, ele é


segurança de Samira e lindo de morrer, mas seus olhos mostram uma dor
presente em sua alma, uma escuridão que por mais que ele tente esconder
eu consigo ver.

Já lá pelo final da festa nossos amigos nos chamam para ir a uma


boate que iria inaugurar hoje e tento convencer Samira a irmos com eles.

— Samira. Enzo, Mário, Gustavo e as outras meninas estão nos


chamando para irmos a uma boate na Barra que vai inaugurar hoje.

— Ana, eu não sei se Luca me deixará ir.

— Amiga, ele não manda em você, ele é só seu segurança.

— Eu sei, Ana, entretanto, ele tem que autorizar. É complicado,


amiga, já disse.

— Se você me explicasse eu entenderia. — falo e ela me olha em


dúvida — quando estiver pronta você me conta o motivo de ter seguranças.
Agora vai avisá-lo que estarei esperando com os outros te esperando.

Ela sai para falar com Luca e Mateo. E eu vou a onde nossos
colegas estão.

Uns 10 minutos depois ela volta e diz que irá conosco. Nós fomos
no carro de Samira com Luca e Mateo, nossos amigos foram nos carros
deles, nos encontraremos na boate.

— Samira, essa boate está muito boa, olha o tanto de caras lindos
que tem aqui. — falo empolgada assim que escolhemos uma mesa na boate.
Olho em volta de onde estamos e vejo um grupo de garotos numa mesa
próxima a nossa.
— Ana, vai com calma você disse que não queria saber de homem
no seu pé depois do ultimo namorado. — eu reviro os olhos com a menção
do nome do Eduardo, aquele idiota que um dia chamei de namorado.

— Vamos beber e dançar. — ela me puxa na direção onde os outros


já estão dançando na tentativa de não me fazer lembrar dele.

Antes de irmos dançar resolvemos pegar uma bebida.

— O que as gatinhas vão querer? — o barman nos pergunta


sorrindo. Sento-me no balcão enquanto Samira pede nossas bebidas.

— Oi, gatas, sozinhas? — um cara lindo de olhos verde e corpo


malhado chega sorrindo e nos cumprimenta. Noto que é um dos caras que
vi logo que chegamos.

— Sim, mas se nos quiser fazer companhia pode se sentar conosco,


viemos com nossos amigos, mas eles estão curtindo por aí. — falo dando
meu melhor sorriso, eu estou precisando beijar na boca e ele é bem gato.

— Eu também estou com alguns amigos. — fala nos apontando a


sua mesa — não querem sentar com a gente?

Na hora que Samira vai responder o Luca chega ao seu lado com a
cara de poucos amigos que sempre usa quando não aprova algo. Eles ficam
cochichando por algum tempo até minha amiga o ignorar e sentar na
banqueta

— Não sei como você aguenta andar com seguranças 24 horas por
dia amiga, esse Luca até é gato, mas não nos deixa fazer nada.

— Esquece ele e vamos curtir amiga. — diz e seguimos para nos


sentar com os meninos que nos convidaram, até que eles são bem legais.

Ficamos um pouco na mesa e depois fomos dançar. Estava curtindo


a música quando um dos caras nos chama para ir dar um passeio pela orla
para vermos o pôr do sol.

— Vamos, Samira, vai ser legal


— Não sei, Ana, não os conhecemos e Luca pode reclamar.

— 23 anos Samira, o que você fez de tão radical até agora? —


pergunto fazendo-a pensar no que tem deixado de viver.

— Está bem, Ana, vamos, mas temos que despistar Luca e Mateo,
pois eles não me deixarão ir. — olhamos na direção em que eles estão.

— Ok, vamos fingir que iremos ao banheiro e saímos pela porta dos
fundos — dou a ideia e Samira concorda.

Andamos até eles e Samira o chama.

— Luca, eu vou ao banheiro para ir para casa está bem? — ele


concorda e se volta para falar com Mateo.

— Mateo, busque o carro e nos espere em frente a boate, vou


acompanhar Samira até o banheiro. — pede e ele sai para pegar o carro.

Seguimos para o banheiro pensando em uma forma de tira-lo da


nossa cola.

Samira busca todo o tempo, alguma forma de despista-lo. Vejo o


momento em que um barman se aproximando e ela bate "sem querer nele" o
fazendo derrubar a bebida da bandeja sobre Luca.

— Mas que porra! — Luca exclama e tenho vontade de rir da cara


dele.

— Vá se limpar, Luca, ficaremos no banheiro esperando você nos


dizer que já podemos ir. — fala colocando a maior cara de inocente e tenho
vontade de rir.

— Certo, mas me espere mesmo, menina, não confio em ninguém


daqui. — fala e se dirigi ao banheiro para limpar um pouco a camisa suja de
cerveja.

— Vamos Ana, temos que fugir antes que ele volte, os meninos nos
estão esperando no estacionamento. — ela me puxa e saímos pelos fundos
da boate em direção ao estacionamento.

Ao chegarmos ao estacionamento buscamos algum dos meninos,


mas não encontramos ninguém o que eu acho estranho, já que nos
garantiram que estariam aqui.

Ouvimos uma freada e Samira solta um gritinho de assusto.


Encosto-me em seu braço e procuro o que está acontecendo, dois homens
armados caminham em nossa direção e fico sem reação. Samira me
desperta do transe me sacudindo e grita para que eu corra.

— Corre, Ana. — ela corre em direção a saída do estacionamento e


a sigo correndo também, paramos ao nos dar conta que o carro nos cercou e
os homens armados estão prestes atirar.

Começo a chorar desesperada. Medo do que está por vir me toma e


fico paralisada, meu corpo não responde aos meus estímulos. O medo me
paralisou.

— Mais um passo e as duas morrem. — um dos bandidos que é alto


e forte grita ao se aproximar de nós e meu choro se intensifica.

— Isso, linda, quieta e nada de mal lhe acontecerá. — ele fala


pegando o braço de Samira enquanto o outro prende minhas mãos e me leva
para uma van que estava parada no estacionamento.

Eu pareço estar no automático, sou arrastada por ele, contudo meu


corpo não reage ao comando do meu cérebro de tentar fugir. Simplesmente
permito que me leve.

Ouço gritos e desperto da paralisia que o medo me causou. Busco


onde minha amiga está e a vejo correndo do filho da puta que a quer levar.
Porém, ela não consegue ir muito longe, ele a puxa pelo cabelo a
derrubando no chão.

— Eu falei quieta, porra! — grita e dá uma tapa bem forte em seu


rosto.
Escuto seu choro e tento me soltar para ajudá-la, mas o bandido que
me prende me bate também e me amordaça. Olho para Samira com um
olhar de súplica, pedindo que um milagre aconteça e saíamos bem disso.
Daria tudo para que fosse apenas um pesadelo.

Sou colocada dentro da van, mas a porta não é fechada e posso ver o
momento em que Samira é jogada no chão novamente e espancada. O
bandido quer violentá-la e não posso fazer nada para impedir. Choro, me
sentindo inútil por presenciar isso sem poder agir para evitar que o pior lhe
aconteça.

— Não... Por favor... Não. — sua súplica me corta o coração e fecho


os olhos bem fortes para não ver o que está por vir.

Ele vai violentá-la e eu serei a próxima.

Peço a Deus que envie alguém que nos salve e impeça de que o pior
aconteça.

Parece que passou uma eternidade até o bandido que me pegou falar
com seu comparsa. Abro os olhos para ver o que se passa.

— Cara, vamos embora, coloca logo essa cadela na van, o chefe está
esperando.

— Não, vou mostrar a essa vadia como deve se comportar. —


Samira se debate, o chutando e batendo nele tentando escapar de suas
garras.

— Sua puta! — ele grita e bate nela, vejo tudo de dentro da van com
vontade de matar a ele e seu comparsa por nos fazer isso.

— Você vai se arrepender de me bater sua puta. — outra tapa.

Ele continua a espancando e não suporto mais ver a cena, choro


baixinho e viro o rosto para dentro da van.

Ouço murmúrios e volto a olhar em direção a Samira, vejo Nicolas


tirar o bandido de cima dela na mesma hora em que o outro bandido fecha a
porta da van e da a volta entrando nela.

O motorista que até então não tinha visto, acelera e sai cantando
pneu me levando para só Deus sabe onde.

Estava indo para o inferno só não sabia disso, ainda.


Capítulo 2
Passei a vida toda servindo a máfia e não me arrependo disso.
Minha família está na famíglia Grimaldi há décadas, se eu dizer que foi
fácil chegar onde estou hoje estaria mentindo, contudo foi para isso que
nasci: ser soldado.

A pior fase da minha vida foi o assassinato de minha irmãzinha aos


8 anos. Essa desgraça se abateu sobre minha família a destruindo. Nunca
me perdoei por tê-la perdido de forma tão trágica.

Eu já estava em treinamento para me tornar um soldado, tinha 18


anos quando fomos pegos por uma máfia rival na intenção de arrancar
informações do meu pai, que na época era o chefe de segurança do capo de
Veneza, Francisco Morino.

Fui torturado por dois dias antes de meu pai e o senhor Francisco
nos resgatar, porém, não chegaram rápido o suficiente para salvar minha
irmã. Horas antes do resgate ela foi estuprada e morta na minha frente.
Ainda sou atormentado por pesadelos com esse fatídico dia.
Tenho pensado muito no que tem acontecido comigo ultimamente.
Às vezes meus pensamentos me confundem muito, sinto que nunca serei
feliz com o peso que carrego.

Por muito tempo amei quem não devia e isso devastou meu coração.
Culpo esse amor por ter me feito fraco e permitido ser pego junto com
minha irmã. Minha cabeça estava na mulher que amava e baixei a guarda.

Desde minha adolescência tive um amor pela prima mais nova de


Vicenzo, Beatrice Grimaldi Ferraro, filha de Siena Grimaldi com Guido
Ferraro, o capo de Florença. Ela era uma menina linda de 14 anos quando a
via pela primeira vez em um jantar na casa dos Morino, e me apaixonei
perdidamente por ela. Por a família Grimaldi e Morino serem muito amigas,
ela sempre esteve presente nas festas e datas especiais.

Entretanto nosso amor era impossível, pois sua mão já estava


prometida ao filho do capo de Genova, ela se casaria com Giancarlo Gallo
assim que fizesse 18 anos.

Por ela ser filha e uma das herdeiras dos Grimaldi só poderia se
casar com alguém do alto escalão para dar continuidade ao sangue real dos
Capos e Dons. Os Grimaldi comandam boa parte da Itália, têm cerca de 10
cidades governadas por capos aliados a eles.

Com o passar do tempo e o casamento dela, resolvi deixar de amá-la


e fechei meu coração para o amor. As vezes me sinto sozinho, solitário, mas
só em pensar que posso me tornar fraco novamente e perder alguém
importante para mim por causa dele me obrigo a não querer esse sentimento
em meu ser.

— Luca? — Mateo me chama me tirando dos meus devaneios.

— Sim?

— Ouvi uma conversa dos amigos de Samira, eles querem ir a uma


boate na Barra da Tijuca que inaugurou hoje, ela virá te convencer a deixá-
la ir.
— Essa garota ainda vai nos meter em encrenca.

— Você sempre cede aos seus caprichos, Luca, nem vem com esse
papo.

— Cara, eu gosto dela, ela me lembra minha irmã, não consigo dizer
não.

— Pois se prepare que ela vai te encher até você dizer sim. —
rimos, pois sabemos como Samira pode ser insistente quando quer algo.

— Lucaaa. — e como fosse um chamado sua voz ecoa pela sala,


Mateo se retira rindo e me dando um olhar cúmplice.

— Luquinha, meu amor, você sabe que eu te amo né? — reviro os


olhos para sua cara de pau.

— O que foi Samira? O que quer agora?

Ela me dá um de seus sorrisos encantadores que não me deixam


negar nada a ela.

— Eu quero ir com meus amigos em uma boate na Barra, deixa? —


ela me olha com seus olhos verdes piscando várias vezes e coloca as mãos
em forma de oração.

— Samira, pode ser perigoso. — tento ser a voz da sua razão.

— Mas você e Mateo estarão lá para me proteger. É meu


aniversário, Luca, já não tenho minha família aqui, também não vou poder
curtir com meus amigos? — ela faz bico e finge que vai chorar.

Uma verdadeira atriz.

— Pegou pesado, menina. Tudo bem, vamos a essa bendita boate.

Assim que termino de falar ela pula em meu pescoço e beija minha
bochecha em forma de agradecimento.
— Obrigada, você é o melhor segurança que eu poderia ter. — ela
sai rebolando no ritmo da música que toca nas caixas de som e fico rindo de
sua palhaçada.

— Não conseguiu negar, não é? — Mateo se aproxima e bate em


meu ombro — vou preparar o carro para irmos.

Concordo com um aceno e volto a tomar meu refrigerante que


tomava antes de Mateo chegar falando comigo. Fomos ao carro junto com
Ana amiga de Samira, uma hora depois estávamos na boate.

— Mateo, dê uma volta ao redor da boate para que se certifique de


estar tudo bem.

— Luca, nossos amigos já estão aqui. — Samira me avisa. — irei


com Ana ao bar da boate.

— Cuidado, ficarei por aqui de olho em tudo.

Vejo Samira sair em direção ao bar com sua amiga. Ana é uma
garota linda e bem louquinha, sua alegria encanta a todos. Tem horas que
me perco em seu sorriso e na forma espontânea que lida com o mundo a sua
volta.

Algo difícil para mim, pois sou sério e observador. A vida na máfia
me fez assim, o que me aconteceu no passado me fez assim. Só consigo ser
um pouco mais brincalhão com Samira e Mateo, pois os conheço a anos.
Mateo trabalha junto comigo na segurança dos Morinos há uns 10 anos e
Samira, praticamente a vi nascer.

— Luca, está tudo em ordem ao redor da boate. — Mateo diz me


tirando dos meus pensamentos.

— Ok. Vamos ficar de olho nas meninas.

Passam alguns minutos e vejo um rapaz se aproximar de Samira.

Encaminho-me para o lugar onde ela está e escuto o rapaz a


chamando para se sentar com eles e seus amigos.
Não aprovo isso e deixo bem claro para ela, contudo Samira é bem
arredia quando quer e ama me desafiar.

— A deixe curtir um pouco. — Mateo bate em meu ombro


observando Samira dançar com seus amigos.

— Ela quer se sentir livre e feliz, já que sua família não pôde estar
comemorando o seu aniversário aqui com ela.

— Eu sei que ela precisa disso, mas tenho medo de que a sua
impulsividade traga problemas para ela. E para nós por tabela.

Ele concorda e ficamos observando tudo enquanto as meninas


dançavam.
Capítulo 3
Duas horas depois das meninas terem dançado muito e bebido
bastante, vejo um dos caras conversando com a Ana e que depois vai falar
com Samira.

Estranho, e penso que vão aprontar algo, entretanto para minha


surpresa elas decidem ir embora.

Peço a Mateo que vá pegar o carro e nos espere em frente a boate


para irmos embora, mas Samira decide ir ao banheiro antes. Seu estado
meio ao alcoolizado a faz bater em um dos garçons e derrubar a bandeja
com as bebidas que ele segurava em cima de mim.

— Mas que porra! — exclamo puto.

— Vá se limpar, Luca, ficaremos no banheiro esperando você nos


dizer que já podemos ir. — a causadora do desastre, vulgo Samira fala com
a cara de pau de sempre.

— Certo, mas me espere mesmo, menina, não confio em ninguém


daqui. — peço e entro no banheiro masculino para enxugar um pouco a
bebida da minha camisa.

Não demoro nem dois minutos e saiu do banheiro. Fico na porta do


banheiro feminino a espera dela e sua demora me deixa inquieto.

— Samira?— a chamo do lado de fora e não recebo nenhuma


resposta.

— Samira, se não sair eu vou entrar e não me importarei se estiver


descomposta.

Nada, nenhuma resposta, sem paciência e temendo que algo tenha


acontecido giro a maçaneta e vejo que a porta está aberta. Sem pensar duas
vezes entro a procura dela e para minha total surpresa encontro o banheiro
vazio, até pensei que acharia alguma mulher nele além de Samira e Ana,
mas não havia ninguém.

— Merda. — praguejei, deveria ter desconfiado, ela sempre apronta,


deveria estar mais atento.

Sigo para fora da boate e encontro Mateo ao lado do carro.

— Cadê as meninas? — pergunta assim que me aproximo.

— Elas não estão aqui? — devolvo a pergunta e ele nega com a


cabeça.

— Elas fugiram, Samira derrubou bebida em mim e aproveitou


minha ida ao banheiro para escapulir.

— Que droga, Luca. Onde será que se meteram?

— Estou me fazendo a mesma pergunta desde que percebi o que


fizeram.

— Vamos falar com os colegas de faculdade dela, talvez eles saibam


onde elas estão.
Voltamos para dentro da boate em busca dos colegas da Samira.
Quase todos já tinham ido embora, exceto por Henrique e Gustavo que
estavam se agarrando. Aproximei-me deles. Eles eram um casal gay.

— Henrique, desculpe atrapalhar, mas vocês viram Samira e Ana


por aí?

— Não vimos não cara. Elas ficaram somente com os garotos que
conheceram hoje.

— OK. Vou continuar procurando por elas. — eles me deram um


sinal de OK e fui para junto de Mateo.

— Cara, onde essas meninas se meteram?

— Olha ali um dos garotos que estavam com elas.

Olho na direção que Mateo apontou e assim que o garoto nos ver
corre por dentre as pessoas.

— Filho da puta. — brado correndo em sua direção — Mateo, vai


pelo outro lado e não o deixa escapar.

Corremos em direções diferentes para interceptar o garoto, ele


esbarra em outras pessoas e acaba tropeçando próximo a porta do banheiro
me dando a chance de ao alcança-lo.

— Filho da puta, eu te peguei, você tem muitas coisas para me


contar. Começando por onde estão Samira e Ana.

Mateo logo chega onde estamos e o levemos para dentro do


banheiro masculino.

— Vai fala onde elas estão? — exijo jogando ele no chão.

— Eu não sei, já faz uns minutos que não as vejo.

— Garoto não tira minha paciência, pois as coisas vão ficar bem
feias para você.
— E vai fazer o quê? Me matar aqui dentro? — me desafia — Serão
presos assim que puserem os pés para fora da boate. — grita e eu perco o
resto de paciência que ainda tinha.

Me abaixo o pegando pelos cabelos e arrastando até a privada mais


próxima.

— Vai falar ou prefere beber mijo?

— Eu não sei.— grita e lhe dou um soco.

— Ok! Entendi, jeito mais difícil. Mateo, confere se a porta está


trancada que eu vou brincar um pouco aqui com o moleque.

— O que vai fazer? — ele pergunta apavorado a me ver desfivelar


meu cinto.

— Uma brincadeirinha bem legal, você vai amar. — sorrio de forma


maléfica e o garoto treme de medo.

— Se abusar de mim eu o matarei. — ameaça e eu rio de sua


petulância.

— Acha mesmo que está em condições de me ameaçar? — me


abaixo e fico cara a cara com ele — Eu não abuso de ninguém, garoto.
Minha diversão é outra.

Prendo suas mãos em cima de sua cabeça com meu cinto, pego a
faca do meu bolso. E corto sua camisa.

— Que tal uma tatuagem a moda antiga? — pergunto olhando para


Mateo que está ao meu lado.

— Alguns símbolos das gangues japoneses ficariam ótimos abaixo


das costelas. — sugere com um sorriso diabólico e eu o acompanho.

— Tampa a boca dele para ninguém ouvir seus gritos. Os seguranças


já devem está atentos a nossa correria atrás dele.
Mal acabo de falar e aporta do banheiro é forçada.

— alguém ai? — perguntam do outro lado.

— Merda! — praguejo.

— É melhor abrirem ou vamos arrombar — forçam novamente.

— Vamos rápido com isso, eles não irão arrombar a porta. Mas
com certeza pegaram a chave reserva para abrir.

— Vai me dizer o que fizeram com as meninas? — pergunto e corto


lentamente sua pele baixo das costelas. Ele se debate e chora.

— Onde estão? Vai dizer? — Corto mais um pouco e ele afirma que
dirá.

— Solta a boca dele, Mateo. — peço e ele assim o faz. O garoto


chora enquanto eu pego o resto de sua camisa e pressiono o corte.

— Elas foram para o estacionamento, os caras foram pagos para


atraírem-nas e levá-las para lá.

— O que querem com elas?

— Não é com elas. Eles querem a branquinha gostosa de olhos


verdes. Vão sequestrá-la.

Assim que as palavras saíram de sua boca corri para fora do


banheiro com Mateo, largando garoto ensanguentado lá. Precisava chegar a
tempo de impedir que levassem Samira.

O que eu tinha quase certeza não ser capaz de fazer, visto que já
tinham se passados muitos minutos desde que dei por sua falta.

— Porra, se algo acontecer a ela, Giuseppe nos matará. — proferi


correndo pela porta dos fundos em direção ao estacionamento.
Como não pensei nisso, que idiota eu fui por deixar isso passar.
Bato-me mentalmente por tamanho deslize.

Assim que chegamos ao estacionamento ouvimos gritos e freadas.


Busquei com o olhar de onde vinham os sons e vi Nicolas, o irmão de Ana,
batendo em um cara que estava vestido todo de preto, mais a frente deles,
Samira estava jogada ao chão toda machucada.

— Chama uma ambulância. — pedi a Mateo e corri até ela.

A cena que encontrei ao me aproximar dela me tirou o eixo.

Presente e passado se confundiram em minha mente.

O ar me faltou e fiquei sem respirar por alguns segundo.

Falhei de novo!
Capítulo 4
Tento abrir meus olhos, mas estão pesados. Não sei em que
momento dentro da van eu perdi a consciência, apenas lembro-me de ser
jogada dentro dela amordaçada e amarrada, também me lembro de Samira
ser quase violentada e Nicolas a salvando e depois não me lembro de mais
nada.

Forço meus olhos novamente e minha cabeça dói com a claridade ao


abri-los.

Me sento no colchão sujo no chão da cela em que fui colocada e


olho ao redor. Outras meninas estão da mesma forma que eu, encolhidas em
colchões sujos, umas olhando para o nada e outras chorando baixinho.

— Onde estamos? — pergunto a uma menina que está no colchão ao


meu lado.

— Não sabemos ao certo. Mas acho que Itália, ouvi uma conversa
entre os caras que nos mantém presas. Estou aqui há uns 4 dias, mas não
nos dão muitas informações.
— Itália, nossa estou bem longe de casa. Não me lembro de como
me trouxeram até aqui. — resmunguei.

— Todas são do Brasil? — perguntei ao restante das meninas que


estavam conosco na cela

— Não, eu sou da Espanha — outra menina fala. Ela é loira e tem


olhos azuis.

— Eu sou do México — uma morena, de cabelos ondulados e olhos


castanhos, fala.

— Eu sou italiana — outra garota branquinha e bem magrinha diz


com os olhos cheios de lágrimas — me pegaram na saída da escola.

— Quantos anos você tem? E qual seu nome? — pergunto.

— Tenho 14. E me chamo Bella.

— Aqui em somos 5, mas tem outras celas com mais meninas. Eu


me chamo Rosa, tenho 18 — a mexicana se apresenta.

— Ela é a Rubia, tem 20 — aponta para menina da Espanha.

— Eu sou da Argentina, me chamo Gabriela, tenho 21 — a garota


ao meu lado e que falou comigo primeiro se apresenta também.

— Eu me chamo Ana, sou do Brasil e tenho 25. Fui sequestrada em


uma boate que estava com minha amiga. Não sei quanto tempo estou aqui.

— Faz algumas horas. Você chegou desacordada. — Gabriela me


diz.

— Devem ter me dopado para fazer o transporte até aqui. Para que
nos querem?

— Não sabemos, Ana, mas não é coisa boa. — a argentina volta a


falar — Eu arrisco prostituição.
— Eu não quero ser prostituta — Bella, a italiana, chora e me
aproximo para abraçá-la. — Eu quero meus pais.

— Ei, olha para mim. — peço e ela o faz — Ninguém aqui quer ser
prostituta. Vamos dar um jeito de sair daqui, OK? — ela concorda com a
cabeça e me abraça forte.

— O que faremos? Não podemos deixar que eles abusem de nós. —


pergunto para as demais meninas.

— O que podemos fazer, Ana? — Rosa pergunta.— Não temos


documentos ou dinheiro e muito menos armas para nos tirar daqui.

— Eu sei que não está fácil nossa situação, contudo, não podemos
nos dar por vencidas. Não podemos aceitar isso.

— Me desculpe te desanimar, Ana, mas não tem nada que possamos


fazer — Gabriela diz triste — a última menina que quis se rebelar quase
morreu. Estou aqui há mais tempo e já vi o que fazem com quem vai contra
eles.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu precisava pensar em como


sairia daqui, queria meu irmão me ajudando, me dizendo que tudo vai ficar
bem. Pelo menos sei que ele chegou a tempo de salvar Samira, ele tinha me
mandado uma mensagem querendo saber onde estávamos e isso a salvou,
pois ele disse que nos encontraria na boate.

— Eu trouxe comida para vocês, vadias. — uma voz grossa e


sarcástica ecoou pelo corredor das celas.

Um cara alto, bem forte, careca e cheio de tatuagens bateu na cela


para chamar nossa atenção enquanto a abria.

A bandeja de comida foi colocada no chão como se fossemos


cachorros, tive vontade de chorar, contudo, me contive. Todas as meninas
foram pegar um pouco do que havia na bandeja, o que não era muito se
comparado as 5 pessoas famintas.
Na bandeja tinha uma pequena jarra de suco e 5 copos descartáveis,
uma cesta pequena com 5 pães e 5 morangos. Cada uma pegou um de cada
e nos sentamos novamente no colchão. Com a fome que eu estava comeria
o dobro daquilo, mas não podia reclamar, pois era bem capaz de ele me
deixar sem comer, então me contentei com aquilo.

— Aproveitem para descansar, pois amanhã algumas de vocês irão


dar um passeio. — comentou dando um sorriso maligno que me embrulhou
o estômago na mesma hora.

Ele saiu nos deixando angustiadas sem saber quem seria levada e
para onde.

— Eu não quero ir para esse lugar que ele falou, eu quero ir para
casa — Bella falou chorando.

— Nós iremos sair daqui, menina, tenha fé. — falei para ela ficar
calma.

— Você promete?

— Eu prometo.

Essa era uma promessa que eu não queria quebrar, mas não fui boa o
suficiente para cumpri-la.
◆◆◆

LUCA

Meu rosto ainda dói dos socos que eu levei do Giuseppe por ter
deixado Samira ser atacada e quase sequestrada. Não tiro a razão dele, no
seu lugar eu faria teria feito o mesmo.

Até hoje não consegui me perdoar pela morte da minha irmãzinha.

— Essa caixa também vai? — Mateo me pergunta organizando as


caixas que vamos levar para a Itália.
Estamos voltando para lá de vez, o senhor Francisco exigiu que
voltássemos depois de tudo o que aconteceu aqui.

— Sim, Samira já me disse que as levará.

Terminamos de encaixotar tudo e as colocamos em caminhão para


ser doado, pois Samira iria voltar a morar com os pais e não precisaria de
nada daquilo.

Ela só levará roupas, joias e outros pertences pessoais, o resto iriam


para uma instituição de caridade.

Após finalizar tudo, fechamos a casa e entregamos as chaves ao


novo dono.

Horas depois estávamos de volta à Itália.


Capitulo 5
Respiro fundo mais uma vez enquanto tento controlar minhas
lágrimas. A imagem que vejo refletida no espelho não é a minha.
Desconheço a garota que ele insiste em me mostrar.

Puxo meu vestido, curto e colado ao meu corpo, querendo que ele
cubra minhas coxas, mas não funciona já que ele é só um palmo abaixo da
minha cintura.

Seu comprimento mal cobre minha bunda e no mínimo movimento


minha calcinha aparece. Calcinha não, um pedaço de renda que deixa toda
minha intimidade a mostra, mas que é o que sou obrigada a usar para
agradar os clientes.

Já estou sendo obrigada a me prostituir há uma semana e sinto que


minhas esperanças estão se esvaindo a cada maldita vez que sou submetida
a dormir com um dos homens nojentos dessa casa de prostituição.

Fui trazida para cá com as outras meninas que estavam comigo na


cela há quase 10 dias, mas só fui obrigada a transar com os clientes há uma
semana, pois meu rosto estava bem inchado depois dos socos que levei ao
tentar fugir do meu cativeiro.

Foi nesse mesmo dia que conheci o responsável por me trazer para
esse inferno. Pietro, foi lá no galpão onde estávamos presas para saber
como estavam suas "mercadorias".

Descobri o nome dele em uma das conversar que ouvi entre os


monstros que nos mantinham presas naquele lugar horroroso e fedido.

— Está pronta vadia? — Sergey, o responsável pelo nosso inferno


me pergunta ao entrar no quarto onde durmo com as outras meninas.

— Quase. — respondo controlando minha voz para ele não perceber


que estava chorando.

Ele não suporta nos ver chorando e sempre que pega a mim ou
algumas das meninas o fazendo ele nos bate para que possamos chorar por
um "motivo real".

— Apresse-se não temos a noite toda para uma vadia como você se
dar ao luxo de atrasar. Sorte sua que conquistou muitos clientes ou eu já
teria te mandado para outro lugar. Um pior que esse para abaixar essa sua
crista de ser superior.

Tomo outra respiração profunda apertando os punhos para não


retrucar e ser chicoteada também.

Eu nunca fui uma das meninas que apanhou de seu chicote, mas
Rubia foi e eu vi como suas costas ficaram depois disso. Ela se negou a se
entregar para um dos clientes e ainda o atacou quando ele tentou forçá-la.

Sergey tirou Rubia do quarto, onde estava com o cliente, pelos


cabelos e a levou para sua sala onde a espancou até ela desmaiar. Desde
então ela só fica no nosso quarto para se recuperar da surra.

Bella se assustou ao ver o estado de nossa amiga e passou a noite


toda chorando. Ela não foi obrigada a se prostituir, pois por ser menor de
idade e virgem será leiloada para um bando de pedófilos sádicos que
compram crianças para acabarem com sua inocência e as transformarem em
objetos sexuais.

— É melhor se apressar e fazer o que ele mandou, Ana. — Bella


vem até mim e segura minha mão.

Ela amadureceu muito nesses 10 dias sob a mão desses monstros


desde que foi sequestrada.

— Eu já vou, minha menina. — eu cuidava dela como se fosse


minha irmã. Ela era tão menina ainda e já sofrera tanto por causa da
maldade dessas pessoas.

— Eu não quero que ele te machuque como fez com Rubia. Faça o
que eles pedem mesmo que seja ruim. — seu rosto era tão triste. Ela
passava as noites chorando e pedindo para voltar para casa.

— Não se preocupe comigo, princesinha. Apenas descanse e tente


não pensar em coisas ruins. Rubia precisa de companhia, cuide dela. —
beijo sua testa e saio do quarto.

— Até que fim a vadia resolveu aparecer. — Sergey me agarra pelo


braço e me arrasta até a mesa de clientes.

— Quem vocês queriam acabou de chegar.

O sorriso nojento e barbudo a minha frente fez meu estômago


revirar. Ele estava com mais dois homens e eu sabia que hoje seria uma das
piores noites da minha vida.

Olho ao redor e vejo Rosa com uma expressão de nojo para o cliente
gordo que a toca. Ele está com a mão entre suas pernas e sei que ela está
fazendo o maior esforço para não arrancar a mão dele dali e o mandar se
foder.

Todas nós tivemos que trabalhar nossa mente para que não nos
perdêssemos dentro dela ao ter que nos submeter a essa nojeira que fomos
condicionadas. Sempre fazemos nossas preces antes de dormimos para que
alguém venha a nosso resgate e nos livre desse inferno.

Peço todas as noites para que Nicolas apareça e me tire daqui. Já


sonhei varias vezes com ele, com isso sendo realidade, mas quando acordo
e vejo que tudo não passou de um sonho sinto minha esperança se esvair
mesmo contra minha vontade.

— Você é uma puta muito gostosa. Vamos nos divertir muito com
você hoje putinha.

O mais alto e forte dos clientes dessa imundícia diz tocando meu
peito por cima do vestido. O barbudo toca minha coxa e eu pulo no lugar
com medo e nojo de seu toque.

— Não precisa ficar arisca putinha. — o barbudo cheira meu cabelo.


— Nós vamos cuidar muito bem de você. — engulo em seco com o olhar
que eles me dão e um arrepio de medo passa por todo meu corpo.

Ele segura meu braço e me leva para um dos quartos. Controlo-me


para não chorar e não me rebelar, pois sei que será pior, mas isso é tudo o
que quero nesse momento. Fecho os olhos enquanto eles me tocam e tiram
minha roupa. Levo minha mente para os momentos de felicidade com meu
irmão e Samira.

Essa é minha válvula de escape para quando eu sou obrigada a


entregar meu corpo a esses ratos imundos. Sinto saudade de Nicolas, de
nossas brigas infundadas, das minhas risadas e momentos de besteira com
minha melhor amiga.

Samira... O que estará fazendo nesse momento? Eu queria estar na


minha casa, comendo minha comida favorita, lendo meus livros de
romances bobos onde eu sonhava em encontrar um homem gentil e lindo
que me amasse e fizesse todas as minhas vontades.

Será que eles estão procurando por mim? Será que Nicolas está
próximo a me achar e me tirar desse inferno?
Meus olhos se enchem de lágrimas ao sentir o toque nojento deles
em meu corpo. Eu só quero que isso acabe logo, que eles terminem de uma
vez de me machucar. Eles não são gentis e sinto dor entre minhas pernas.

Eu não quero transar com eles, não estou pronta para isso, mas eles
insistem até conseguirem o que querem, me deixando doente no processo.
Meu estômago embrulha e deixo as lágrimas escorrerem livres por meu
rosto.

Dor, medo, nojo, vazio, tristeza. É só isso que eu sinto, meu corpo
adormece depois de ele ser machucado diversas vezes por esses três
monstros que o tomam sem meu consentimento.
Até quando serei obrigada a passar por isso?
Será que fui tão ruim para que Deus permita que isso me aconteça?
Ele não houve minhas preces?
Onde está meu salvador quando preciso de um?

Não, não salvador. Serei eu a lutar para sair desse inferno. E eu


lutarei, sairei daqui e matarei todos os que me condicionaram a isso e estão
me machucando.

Eu me vingarei!
Capitulo 6
Quase duas semanas haviam se passado desde o sequestro de Ana.

Samira estava aflita e sempre em busca de algo que lhe mostrasse ou


lhe indicasse para onde ela tinha sido levada.

Seu pai o senhor Francisco Morino tinha designado alguns soldados


para as buscas da amiga dela, mas até o momento não tínhamos a menor
ideia de onde ela estava.

Nicolas, irmão de Ana, ainda não tinha nos dado notícia sobre suas
investigações a respeito do sequestro de sua irmã, a única coisa que
sabíamos era que a Bratva esta por trás disso.

Ivan Petrov tinha se infiltrado em nossa máfia e sequestrado jovens


bem diante do nosso nariz e isso não poderia ficar assim.

O pai de Samira estava com alguns problemas em seu território e


Giuseppe veio para Veneza ajudá-lo. Eles deixaram Samira e sua mãe de
fora, pois não queria que elas se preocupassem.
— Luca, eu descobri quem passou as coordenadas sobre Samira
para os homens que tentaram sequestrá-la. — Giuseppe me avisa assim que
entro em seu escritório.

Nós já tínhamos resolvido nossa desavença do dia em que ele me


bateu por não proteger sua irmã e agora estávamos buscando os culpados
pelo ataque a ela e Ana.

— Pegaram-no? — perguntei raivoso e louco para descontar minha


raiva nele.

— Não, mas já sabemos onde ele mora. É um de nossos soldados,


no caso era, porque ele vai morrer agora. Irá se arrepender de nos trair.

— Mateo vai conosco?

— Não, quero alguém de nossa confiança cuidando da proteção de


minha mãe e Samira.

— Ok. Vou preparar o carro e pegar minhas armas para irmos dar
um jeito nesse traidor.

Ele assentiu e eu saí de seu escritório indo direto para meu quarto.
Francisco Morino havia construído uma casa, casa não mansão, para seus
soldados. Ele nos queria por perto e nos dava o melhor conforto para que
estivemos bem para realizar nosso trabalho.

A casa era bem grande e tinha 5 suítes, sala e cozinha grande. Eu,
Mateo e mais três soldados morávamos aqui, pois não éramos casados. Os
soldados que já tinham família possuíam suas próprias casas, mas todas
perto da mansão dos Morino.

Tomei um banho rápido e peguei minhas facas, eu usava arma de


fogo, mas meu forte eram as facas e eu fazia um bom trabalho com elas.

Saí do meu quarto e encontrei Mateo na cozinha conversando com


Dário.
— Vou sair com Giuseppe e o senhor Francisco, se certifiquem de
que a segurança está reforçada e protejam Samira e Giulia com suas vidas.

— Faremos isso, Luca. — ambos afirmaram. — O faça pagar com


muito sofrimento por tudo que nossa menina, Samira, passou.

— Você sabe onde vou, então? — Perguntei diretamente para Mateo

— Sim, senhor Francisco me falou e me deixou responsável pela


segurança delas, pois você iria com eles pegar o desgraçado que passou as
informações sobre a senhorita Samira.

— Eu não vejo a hora de tê-lo em minha frente e poder fazer com


ele tudo que me foi ensinado em anos de treinamento e tortura.

— Se possível tire fotos e me mande. Quero ver como o desgraçado


ficará depois que você e Giuseppe acabarem com ele.

— Pode contar com isso. Agora eu já vou.

Saí da nossa casa e fui direto para a garagem pegar o carro.

Seriam dois carros, eu e Giuseppe com mais três soldados em um e


o senhor Francisco com Yan, nosso segundo no comando, e mais três
soldados com eles.

Poderíamos resolver apenas eu e Giuseppe, mas nosso Capo deveria


mostrar seu poder e deixar o recado para todos que tentarem contra sua
família. Esse era o ensinamento que ela passara para Giuseppe que em
breve assumiria seu lugar como primogênito e único herdeiro homem dos
Morinos.

Toda a ordem da máfia Grimaldi seria alterada no futuro e isso


estava trazendo conflitos entre Vicenzo e o conselho. Ele não tinha irmão
para assumir os cargos mais altos da nossa máfia o que acarretou em seus
primos assumindo-os, mas eles eram filhos de Capos e teriam que tomar o
lugar de seus pais muito em breve.
Além desse problema tinha alguém que estava nos atacando e
gerando contendas entre o alto escalão. Muitos Capos queriam Vicenzo fora
do poder e que seu pai voltasse a assumi-lo.

Não saber quem estava por trás dos ataques era uma forma de se
mostrar fraco perante nossos inimigos e isso estava colocando o governo de
Vicenzo a prova.

— Tudo pronto?

— Sim, senhor Morino.

— Vamos.

Entrei no carro com Giuseppe e os soldados e ele no outro carro


com Yan e mais soldados.

Mateo deu a ordem para abrirem os portões da mansão e seguimos


para nosso destino. Tínhamos um rato para estraçalhar hoje.
◆◆◆

Assim que chegamos na casa do soldado que nos traiu ouvimos uma
movimentação vinda dela. Não demos tempo para que Adrian escapasse e
logo invadimos sua casa.

— Indo a algum lugar, Adrian? — Francisco perguntou se


aproximando dele.

— Senhor, eu... Eu estava indo levar minha esposa para a casa da


mãe dela. — ele estava muito nervoso, pois sabia qual seria seu fim. — Ela
está grávida e não pode se aborrecer.

Vimos Yan descer as escadas com a esposa de Adrian e sua filha de


apenas 6 anos segurando a mão dela. Elas não tinham culpa de terem um
bosta traidor como marido e pai.
Giuseppe acenou para que ele levasse-nas para outro lugar, mas a
menina se soltou da mãe e se agarrou as pernas do pai.

— Papai o que está acontecendo?

— Vá com sua mãe, Rebeca. Faça tudo o que ela mandar. O papai
vai fazer uma viagem, mas logo estará com vocês. — era uma mentira e ele
sabia disso, não permitiriamos que ele saísse vivo do interrogatório pelo
qual logo passaria, depois de nos trair.

— Vamos para a casa da vovó, filha. Esse homem gentil vai nos
deixar até lá. — a mãe da menina falou com os olhos cheios de lágrimas,
enquanto olhava para o marido.

Não perdoamos traição e Adrian tinha traído seu capo e colocado à


filha dele em perigo. Sua morte seria dolorosa e sua esposa sabia disso.

Não sei se ela já sabia de sua traição a nós ou se ele lhe contara
antes de chegarmos, mas por via das duvidas Yan descobriria assim que
ficasse sozinho com ela.

A menina pegou a mão da mãe e eles saíram nos deixando sozinhos.

Giuseppe pegou Adrian pelo pescoço e o jogou no sofá.

— Agora chegou a hora de brincarmos um pouco, Adrian. Acho que


você estava pedindo por isso quando entregou de bandeja a localização da
minha filha lá no Brasil. — o senhor Morino disse andando até ele.

— Eu sei que eu errei meu Capo, mas minha família foi ameaçada e
eu não podia colocar a vida delas em risco.

— E você acha que somos o qu para não protegermos os nossos?

— Me perdoe e apenas não me faça sofrer muito antes de me matar.

— Está se mostrando um fraco, Adrian. Não treinei meus soldados


para serem isso.
— Não posso negar a verdade a quem me deu casa, comida e
emprego. — ele estava sendo sincero. — Eu errei ao não ter lhe dito que me
pegaram e me fizeram entregar o paradeiro da senhorita Samira lá no Brasil
ou minha família seria morta.

— Nós o ajudaríamos. — Giuseppe falou se colocando ao lado do


pai. — Temos orgulho por sempre respeitar e proteger quem trabalha para
nós, mas em hipótese alguma aceitamos que nos traiam.

— Quem o pegou? E quando foi isso? Por que não nos disse assim
que foi solto? — o senhor Morino perguntou-lhe.

— Os soldados de Ivan Petrov. Eles me pegaram na saída da escola


da minha filha dois dias antes do ataque à senhorita Samira. E tive medo
que me matassem ao saberem que fui fraco ao ser torturado por eles e disse
onde sua filha estava.

— Está afirmando que soube quando atacariam minha filha e se


tivesse nos contado teríamos conseguido protegê-la? — o senhor Morino
gritou e deu um soco no rosto de Adrian.

Ele, apesar da idade, ainda era um homem bem forte e ativo por ter
sido soldado durante muitos tempos. Ele mesmo treinou seu filho e muitos
de seus soldados.

— Eu deveria matá-lo da pior forma. — mais dois socos. — Minha


filha quase foi violentada e sequestrada por sua culpa. — o pegou pela
cabeça e o jogou no chão.

— Um homem que treinei e dei uma vida digna com sua família. —
ele lhe deu um chute no estômago e Adrian se encolheu gemendo.

— Agora é minha vez, pai. — Giuseppe se abaixou e ficou cara a


cara com ele.

— Eles o torturaram? Ameaçaram sua família? Você poderia ter


confiado em nós e salvado minha irmã, mas preferiu ser um rato e a
entregou aos nossos inimigos. Agora o que eles fizeram com você será
apenas uma topada na quina da mesa de tão simples que será a dor que
sentirá. Vai descobrir o que é ser torturado de verdade hoje, Adrian. Nada
de morte rápida e indolor. Você vai sofrer por tudo o que minha irmã sofreu.

Giuseppe me deu um sinal e eu levantei Adrian do chão. Abner


pegou uma cadeira e eu sentei o rato imundo nela.

Em seguida foi até a cozinha e voltou com tesoura e duas facas de


tamanho diferentes e entregou a Giuseppe. Adrian arregalou os olhos e vi o
medo passar por eles.

Eu o amarrei e o amordacei para que seus gritos não chamassem a


atenção dos vizinhos.

Nós nos afastamos e deixamos que Giuseppe tivesse seu tempo com
o homem que entregou sua irmã aos nossos inimigos. Adrian mal respirava
e estava banhado de sangue quando Giuseppe terminou com ele.

Depois foi a vez do senhor Morino e por fim a minha. E eu


descontei tudo que senti ao ver a senhorita Samira machucada naquele dia.

No final, o traidor não passava de uma massa ensanguentada, sem


vida que acabaria queimado até se tornar apenas cinzas e sua existência
fosse esquecida.

Voltamos para a mansão dos Morinos cada um perdido em seus


próprios pensamentos. Por mais que tenhamos matado quem nos traiu a
sensação de termos falhado com a proteção da menina Samira ainda estava
presente em nós.

Assim que chegamos à mansão cada um seguiu seu caminho e só


tinha um pensamento: redimir-me por ter falhado com Samira resgatando
sua amiga e a trazendo viva para ela.
Capitulo 7
Caminho de um lado para o outro dentro desse maldito quarto.
Sinto-me sufocada e a ponto de enlouquecer.

Há algumas horas levaram Bella para o leilão das meninas


sequestradas virgens e por mais que eu tenha tentado encontrar algo que a
salvasse disso não foi possível.

Foram dias, semanas, pensando e tentando conseguir algum cliente


que nos ajudasse a sair daqui, a impedir que a transformassem em uma
prostituta como nós. Mas tudo o que consegui foi ficar presa sem comida e
água depois de apanhar bastante de Sergey.

Uma dos clientes que tentei convencer de nos ajudar me entregou a


ele.

Na semana passada Rubia se curou das chicotadas e foi obrigada a


se deitar com os clientes. Seu primeiro cliente a violentou e depois a
espancou até quase fazê-la desmaiar. Foi uma dor imensa ver como ele a
deixou assim que a trouxeram para nosso quarto.
Eu e as outras meninas choramos com ela enquanto cuidávamos de
seus ferimentos.

Das outras meninas apenas Rosa e Gabriela não apanharam, pois se


entregaram aos clientes por livre vontade. Não era o que elas queriam e eu
sabia muito bem disso, mas ao ver o que nos aconteceu por negarmos nos
prostituir, elas resolveram fazer o que mandavam e se esforçar ao máximo
para agradar os clientes com os quais iam para cama e não sofrer as
consequências por se rebelar.

— Ana, você vai fazer um buraco no chão de tanto que anda para lá
e para cá.

A voz de Gabriela me traz ao presente e me faz parar.

— Eu não quero que a machuquem.

— Nem uma de nós quer, mas não apareceu ninguém até agora para
nos resgatar. — Rosa fala e respira fundo tentado controlar as lágrimas. —
Já faz quase três semanas que nos trouxeram para esse inferno e ninguém
veio ao nosso socorro.

— Não tenho mais esperança. — sussurrou Rubia.

— Ainda virão nos tirar daqui. — falo buscando uma esperançar


dentro de mim que aos poucos se esvai. — Meu irmão virá me buscar.

— Não se engane, Ana. — ela diz séria. — Ninguém virá.

— Ele e Samira virão, sim.

— Não seja idiota. Eles seguiram suas vidas e a deixaram. — ela


grita. — Ninguém veio por nós e agora nossa Bella está nas mãos desses
monstros e terá sua inocência roubada da pior forma.

Eu não retruco. Sei que ela está certa. É inútil ainda continuar
acreditando que virão por nós.
Ao fechar os olhos posso ver os de Bella aflitos e chorosos. O medo
estampados neles me quebrou mais que toda a violência que já sofri até
aqui.

Nós sabemos do que eles são capazes e que a machucarão da pior


forma e está nos matando não poder fazer nada. Ela é nossa menina bonita.
Linda, gentil e doce.

Sempre que chegávamos no quarto depois das noites de sexo


forçado ela vinha nos abraçar e com seu lindo sorriso enchia nossos
corações de esperança. Dizia que em suas orações pedia para que alguém
viesse nos salvar e que logo sairíamos daqui e estaríamos com nossas
famílias.

— Mas hoje ela deixará de ser essa menina e se tornará mais uma
mulher ferida e quebrada como nós. — ouço a voz sussurrada de Rubia, é
como se ela tivesse lido meus pensamentos.

— Não podemos perder a fé. — tento não fraquejar. — Alguém


virá, eu sei, eu sinto. — Eu queria realmente acreditar nas minhas próprias
palavras.

— Eles a estuprarão, Ana, vão violar o corpo e destruir a mente de


uma menina inocente e doce como nossa Bella. 14 anos. — Rosa funga. —
Ela só tem 14 anos.

Corro até ela e a abraço. Gabriela e Rubia fazem o mesmo e logo


estamos em um abraço grupal e doloroso. Choramos por nós, por Bella e
por tudo o que farão com ela.

Depois de alguns minutos abraçadas nos afastamos e cada uma vai


para sua cama se perder em seus próprios pensamentos. Hoje devido ao
leilão a casa não será aberta para os clientes e poderemos descansar essa
noite de ter nossos corpos violados.

Viro-me para a parede e fixo meus olhos em um ponto preto que tem
nela. Minha mente viaja e me vejo com Nicolas. Nossas risadas e
implicâncias, suas brincadeiras e a forma cafajeste como dava em cima das
minhas amigas.

Lágrimas me escapam e eu as deixo rolarem livres por meu rosto.


Sinto tanto a falta dele. Lembro dos meus pais, do sorriso da minha mãe e
das vezes que brinquei com meu pai.

Ele sempre fazia tranças em meus cabelos e me dizia que eu era a


coisa mais linda que já viu. Eu era sua obra prima e a melhor coisa que
aconteceu em sua vida foi ter conhecido minha mãe e elas ter nos dado a
ele.

Abigail e Henry foram os melhores pais que alguém poderia ter. E


eu e Nicolas fomos os escolhidos para sermos essas pessoas. Fora uma
fatalidade eles terem perdido a vida em um acidente de carro e a pior dor
que senti. Eles nos deixaram muito cedo e nunca me recuperei de perdê-los.

Nicolas também não e ele precisou ser forte para e tomar a rédeas de
nossas vidas e seguir a diante com uma adolescente de 15 anos para cuidar
e terminar de educar.

Ele fez um bom trabalho e cuidou de mim com muito amor e


carinho. Sempre me protegeu e fazia de tudo para me ver bem e feliz. Nós
passamos um dia todo em um hotel fazenda comemorando o dia que passou
no concurso e se tornou detetive da policia federal do Brasil. Foram anos de
estudos e dedicação enquanto trabalhava como gerente de um banco no
centro do Rio de Janeiro.

Nosso pai era policial civil e nossa mãe enfermeira e sempre


insistiram para que estudássemos, pois o estudo era a nossa garantia de um
futuro melhor. Seguimos isso ao pé da letra e nunca deixamos de nos
esforçar na escola um só dia.

Logo após a perda dos nossos pais eu me fechei em mim mesma e


larguei os estudos. Nicolas não insistiu para que eu votasse as aulas e me
deu tempo para viver meu luto.
Contudo um dia ele entrou no meu quarto abriu as cortinas puxou
minhas cobertas e me pôs de pé. Disse que eu estava afundado na minha
própria dor e isso não era o que nossos pais gostariam de ver. Ele estava
certo, pois Abigail e Henry, eram pessoas que amavam a vida e a viviam da
melhor forma possível, sempre desfrutando do seu melhor e com um sorriso
no rosto mesmo nos dias mais difíceis.

Naquele dia, 2 anos depois da morte dos meus pais, eu resolvi tomar
as rédeas da minha vida e voltar a estudar. Matriculei-me no 1 ano do
ensino médio e arrumei um trabalho de meio período para ajudar a pagar as
contas. Nicolas dava conta de tudo, mas eu não achava certo que ele se
matasse de trabalhar e estudar para nos dar uma vida digna.

Aos poucos eu voltei a minha rotina, terminei meus estudos e foquei


em passar no vestibular e fazer minha faculdade de letras. Meu sonho era
ser escritora e criar belas histórias de amor que encantasse a quem as lesse.

E ia tudo bem, em sua perfeita ordem, mas tudo mudou no dia em


que fui sequestrada. O pior dia da minha vida, o dia em que me colocaram
nesse inferno.
Capitulo 8
Não sei quanto tempo passei perdida em pensamentos até
adormecer.

Despertei-me com uma comoção no quarto e pulei para fora da


cama para saber o que sucedera.

— O que houve, Rosa? — ela chorava copiosamente e isso estava


me afligindo.

— A Bella... Nossa Bella...

— O que aconteceu com ela, Rosa, me diga logo. Onde estão as


outras?

— A mataram, Ana. — ela gritou. — Eles a violentaram até a


morte.

Meu mundo parou naquele instante. Eu não conseguia me mexer,


não conseguia respirar.
Bella, nossa menina alegre não nos daria mais seus sorrisos. Não
contaria suas histórias e não nos faria crer em uma solução para nossa saída
desse inferno.

Não, não podia ser verdade, ela não estava morta. Meu peito doeu e
eu caí de joelhos com as lágrimas, que tinham cessado de meus olhos,
voltando de forma descontroladas.

Eu falhei. Eu falhei. Eu a deixei ir para sua morte. Não pude salvá-


la. Isso se repetia em minha mente e me vi enlouquecer em minutos.

— Ana. — alguém gritava, mas eu não conseguia fazer outra coisa


alem de chorar.

— Ana... Pare, você vai se machucar fazendo isso.

Eu não conseguia ver o que eu estava fazendo, mas eu sentia meus


braços arderem assim como meu coro cabeludo.

— Se bater não vai adiantar, Ana. Não vai trazê-la de volta.

Fixei meus olhos em quem falava comigo e o rosto vermelho pelo


choro de Rubia surgiu em minha mente. Olhei onde ardia e vi que eu tinha
arranhado meus braços.

Em minhas mãos havia um tufo do meu cabelo e vi que a dor na


minha cabeça vinha dali. Eu tinha arrancado meus próprios cabelos na
tentativa de ter a certeza de que a notícia sobre Bella era real.

— Onde ela está?

— Ana...

— Onde ela está? — gritei e me levantei do chão.

Rosa respirou fundo e se afastou. Ela não quis me dizer, mas eu


continuei insistindo em saber onde Bella estava.

Gabriela se aproximou de mim e me olhou nos olhos.


— No quarto de Sergey. A levaram para lá depois que o cliente que
a comprou terminou de violentá-la. A cena não é bonita Ana. Nós a vimos e
terei pesadelos para sempre com a imagem de nossa menina morta e
ensanguentada. Ele a machucou muito.

— Quem foi? Quem a comprou? — minha voz saiu letal e eu o


mataria assim que estivesse a oportunidade.

— Dimir Sminorv, ele é um dos aliados de Ivan Petrov, o Pakhan da


máfia Rússia e o responsável por nos colocar aqui nesse inferno.

Quem respondeu foi Rosa e eu não tomei tempo perguntando-a


como conseguiu essas informações, mas eu sabia que me sentaria com ele
em breve e tomaria todas para mim e as gravaria para usar quando saísse
daqui.

— Quero vê-la.

— Acho melhor não, Ana, você era a mais apegada a ela não será
fácil vê-la dessa forma.

— Não pedi sua opinião, Rubia, apenas disse que quero ver Bella e
me despedir dela.

Ela concordou com a cabeça também sem vontade de discutir e


saímos do nosso quarto. Já era bem tarde da noite e toda a casa estava
silenciosa. Parecia calma e isso me arrepiou toda.

O silêncio era o pior que tudo. Era no silêncio que os monstros que
guardamos em nossa mente se manifestam e tiram o pior de nós. O silêncio
é bom, mas pode ser fatal se deixarmos o que há nele dominar nossa mente.

Paro diante da porta do quarto de Sergey, e ele que está encostado


nela, me olha com nojo. Sergey, sabe o quanto Bella é importante para nós e
por mais que ele seja o pior dos monstros, pois é quem nos prende aqui, ele
não me impediu de entrar em seu quarto e conferir o que aquele desgraçado
fez com nossa menina.
Assim que a porta é aberta minhas pernas fraquejam, eu me sinto
doente com o que terei de presenciar, mas não voltarei atrás na minha
decisão.

Fecho meus olhos e puxo uma respiração profunda, tão profunda


que se é ouvida por todo o cômodo. Eu não estou pronta para me despedir
dela, da menina sorridente que aprendemos a amar nessas três semanas.

Abro meus olhos e entro no quarto. Eu me quebro de vez, me perco


em minha própria mente. Um grito sai da minha garganta ao ver o estado
que aquele monstro a deixou.

Bella não merecia isso e eu falhei na minha promessa de não


permitir que a fizessem ainda mais mal do que já fizeram a ela ao tirá-la de
sua família.

Forço minhas pernas a andar até seu corpo ensanguentado e pego


sua mão assim que a alcanço. Ajoelho-me ao lado de seu corpo frágil, sem
vida e sussurro em seu ouvido.

Sei que ela não me escuta, mas eu preciso pedir perdão por falhar
com ela.

— Me perdoe por não salvá-la, Bella. Eu quebrei a promessa que fiz


e hoje você foi obrigada a nos deixar e da pior forma. — minhas lágrimas
caem livres por meu rosto.

Fungo.

— Eu prometo que o farei pagar pelo que lhe fez, minha menina. —
Toco seu rosto inocente, mas que agora está ferido, com cortes feitos por
uma faca. — Ele pagará de uma forma bem dolorosa eu prometo e essa
promessa eu não vou quebrar.

Beijo sua mão e a coloco ao lado de seu corpo.

Ela está com a roupa rasgada e entre suas pernas há muito sangue. É
uma imagem terrível e que ficará para sempre em minha mente.
Limpo meu rosto e me levanto tornando minha postura altiva. Não
abaixarei mais minha cabeça para eles e hoje nasce uma nova mulher.

Uma que os fará pagar com sangue. Com dor. Com lágrimas.

— Quero que a enterrem.

— Você não é ninguém para exigir, Ana. — socifera Sergey


apertando os punhos por eu o desafiar na frente de alguns de seus soldados.

— Foda-se o que eu posso ou não exigir. — brado, raivosa.

Ele se aproxima e ficamos cara a cara.

— Não me teste sua puta, você sabe do que eu sou capaz.

— Já disse que foda-se e eu não tenho medo de você, Sergey. Quero


que a enterrem em um lugar bom e depois nos diga onde.

— Não farei isso! Você não manda aqui. E por seu desaforo ficará
presa por três dias sem água e comida.

— Não me importo com isso, mas eu sei que você fará o que digo e
você também sabe. Bella não merecia o que lhe fizeram e pelo menos um
enterro ela terá.

— O tanto que apanhou não serviu para abaixar essa sua crista,
Ana? Ser fodida em todos os buracos por mais de um homem várias vezes
não foi o suficiente para você? Ficar com fome e sede não lhe bastou? Vai
continuar a me desafiar até quando? Até acabar com sua menina Bella eu
acabei. E acho é pouco o que ela sofreu e o mesmo deveria acontecer com
você e as outras.

— Isso é raiva por os clientes treparem conosco ao invés de um


viado feio como você? — o vejo espumar de raiva.

Foda-se eu quero sentir dor física porque a da alma é cem vezes


pior.
— Você não consegue ser fodido pelos clientes que nos procuram e
desconta sua frustração em nós, mas sinto informá-lo que um ser tão podre
como você é incapaz de despertar o desejo em quer que seja.

Não continuo a falar, pois o tapa que ele me dá é tão forte que me
derruba. Vou ao chão em um baque alto e o sangue escorre pela minha boca
no mesmo instante.

Ela me pega pelos cabelos e me arrasta para fora do quarto. Sou


arrastada até a sala onde ele castiga as meninas que se negam a foder com
os clientes e lá eu sou espancada até desmaiar.

Ele bate sem pena, mas eu não derramo uma lágrima se quer. Era
isso que eu queria, sentir a dor física, apanhar, ser punida por não ter
conseguido cumprir minha promessa de protegê-la.

Que na dor eu consiga esquecer nem que seja por alguns instantes a
imagem de seu corpo machucado e sem vida.

Que eu morra para encontrá-la em outro plano e possa me desculpar


pessoalmente. Aguento os socos, chutes e chicotadas calada apenas
deixando escapar um ou outro gemido, mas sem lágrimas.

Eles conseguiram isso, me quebraram, me moldaram e pagarão por


criar o monstro que os matará.

Eu os farei sofrer!
Capitulo 9
Já tinha se passado mais uma semana do sequestro de Ana e
sabemos a localização de onde é a casa de prostituição em que ela foi
colocada e estamos indo até lá resgatá-la. Não só ela como as outras
meninas também.

Há três dias Nicolas e eu, depois de ele finamente tirar a cabeça de


bunda e aceitar a ajuda de Samira vindo aqui para a Itália conversar com ela
e o senhor Francisco , fomos para Roma nos encontrar com Vicenzo e seus
primos para que déssemos inícios ao plano de resgate das meninas
sequestradas.

Não era algo fácil invadir o território da Bratva e matar os soldados


de Ivan assim como retirar todas as meninas que eles raptavam.

Tudo tinha que ser feito com muito cuidado e planejamento para que
nada fugisse do nosso controle e colocasse nossas vidas em risco. Ana
precisava voltar para Samira com vida, assim como as outras garotas para
suas famílias.
No mesmo dia em que cheguei a Roma fui com Mateo em uma das
boates de Ivan e me passei por um de seus homens, já que eu falava muito
bem russo, e consegui pegar um dos soldados de Ivan e torturá-lo para
sabermos onde o galpão se localizava, porém ao chegarmos lá ele já estava
vazio.

Ao voltarmos para a mansão de Vicenzo e lhe contar que as meninas


já tinham sido transferidas do galpão, ele designou Amélia, que hackeou o
sistema da Bratva e descobriu para quais boates as meninas foram levadas.

Agora estamos em frente à casa de prostituição para invadir e tirar


Ana de lá e matar todos os monstros que ousaram fazer tantas maldades
para essas meninas.

Comigo está Giuseppe, Mateo e Nicolas com alguns dos soldados


do senhor Morino. Vicenzo foi com Luigi, Giovanni e seus soldados para
uma casa de leilão, mas o que seria leiloado era a virgindade de meninas
que tinham sido sequestradas naquela semana.

Amélia, a hacker de Vicenzo, conseguiu um convite para ele e seus


primos para fazerem parte do leilão e assim eles conseguiriam entrar lá e
matar a todos que participariam daquela monstruosidade e resgatar as
meninas.

— Prontos? — Nicolas pergunta aos se aproximar com sua pistola


Beretta M9 nas mãos.

Ele está portando duas armas e carregadores assim como muitos de


nós.

Eu preferi minha Glock e facas. Eu poderia ter optado por um fuzil,


mas como pretendo focar nos resgates das mulheres e apenas matar com
aparecer no meu caminho, as facas e minha Glock darão conta.

— Sim, só estamos esperando Giuseppe dar o comando para


entrarmos.
— Amélia já me deu o sinal de que podemos entrar. — diz Giuseppe
chegando até nós com a mão no ouvido onde tem uma escuta para se
comunicar com Amélia e Vicenzo.

Amélia conseguiu acessar as câmeras de segurança da casa e sabe


exatamente o que está acontecendo lá e quantos homens de Ivan estão
fazendo a segurança hoje.

— A postos. — gritou Giuseppe chamando seus soldados.

— Luca e Nicolas, como nós acertamos vocês vão pela frente com
Yan, Matt e Antonio. Eu, Mateo, Paolo, Carlo e Giorgio cercarão a casa.
Meus outros homens ficarão aqui próximos aos carros para matarem quem
conseguir fugir. Quero todos eles mortos, me ouviram? Apenas as mulheres
saem vivas daqui.

— Certo, chefe. — ele não era o chefe ainda, mas logo tomaria o
lugar de seu pai então todos os seus homens o chamavam assim.

Ele e o senhor Morino eram respeitados em toda Veneza.

Conferi minhas armas e o colete a prova de balas que todos nós


usávamos e começamos a caminhar sempre tomando cuidado com nosso
redor para não sermos pegos de surpresa.

Nós tínhamos parado nossos carros a uns 100 metros de distâncias


da casa onde as garotas eram mantidas presas.

Assim que começamos a nos aproximar consideravelmente da casa


vimos alguns dos soldados de Ivan Petrov conversando e rindo
distraidamente. Um grande erro deles, pois a distração era sua passagem
para a morte quando se vive na máfia.

Éramos treinados para sempre ficarmos atentos e alertas a tudo o


que acontece a nossa vida, pois isso dependia a nossa segurança e dos
nossos, mas claramente o treinamento da Bratva é falho e isso só nos
ajudará a acabar com a raça de todos esses filhos da puta.
Quando estávamos a cerca de 10 metros da casa atiramos nos três
guardas que estavam fazendo a segurança. Nossas armas tinham
silenciadores então não fora feito barulho ao matarmos esses idiotas.

— Segue o plano. — gritou Giuseppe e ele seguiu para as laterais da


casa a cercando com seus homens.

Nicolas chutou a porta que abriu em um estrondo. Ouvimos tiros ao


nosso redor o que nos indicava que Giuseppe estava matando os outros
filhos da puta que estavam do lado de fora.

— É melhor não tentarem nada ou a morte de vocês serão da pior


forma. — bradei quando armas foram apontadas para nós.

Havia muitos homens dentro da casa. Todos eles com mulheres nuas
ou seminuas em suas pernas. Podia ver o medo estampado no rosto de todas
elas e ao mesmo tempo o alivio de ter as mãos daqueles seres imundos
longe de seus corpos.

— Como ousam invadir nosso território seus ratos imundos? —


bradou um homem baixo e corpulento do outro lado.

— Ousamos a partir do momento que vocês entraram no nosso


território e roubam meninas inocentes para torná-las prostitutas.

— Nós somos a Bratva e fazemos o que queremos. — Outro rosnou


para nós.

Sorri de modo diabólico para ele e apontei minha arma para sua
cabeça.

— Acho que não. Abaixem e se protejam garotas, pois é hora do


show. — disse e disparei contra o homem que estava a minha frente, ele
caiu com um tiro certeiro na cabeça.

Dali em diante só se ouviam tiros, gritos e gemidos de dor.

Logo a casa ficou banhada de sangue dos filhos da puta enquanto


nós descarregávamos nossas armas na cabeça deles.
Eu queria tortura-los por horas para os fazer pagar da pior forma
tudo o que fizeram com aquelas meninas, mas tira-las dali em segurança
vinha em primeiro lugar.

Deixei Nicolas e Mateo com os seres insignificantes que logo


virariam pó e fui na direção dos quartos em busca de Ana.

A casa era de estrutura precária e de péssimas condições para


alguém viver. As condições na qual, aquelas meninas estavam sendo
mantidas eram degradantes e humilhantes.

Parei em frente a uma porta quando ouvi choros e a abri. Duas


meninas, que não deviam ter mais que 18 anos, estavam encolhidas e
abraçadas uma a outra enquanto seus corpos magros tremiam pelo choro
desesperado que as tomavam.

— Ei. — chamei-as, mas elas se encolheram ainda mais.

— Não vou machucá-las. Eu vim tirá-las daqui.

— Mas você e seus amigos estão atirando em todo mundo. — disse


a loira ao se afastar um pouco da companheira e me olhar.

— Estamos atirando apenas nos monstros que a perderam aqui, nos


homens maus que as tiraram de suas famílias.

— Você realmente veio nos salvar? — perguntou a garota negra


também fixando os olhos em mim.

— Sim, vocês estão livres agora e logo estarão com suas famílias.

Elas sorriram em meio ao choro e se levantaram.

— Obrigada.

— Não tem de quê. Fiquem aqui até que eu volte e diga que já
podemos ir embora desse inferno, tudo bem?
Elas assentiram com a cabeça e se sentaram na cama, ainda
abraçadas.

Fechei a porta e fui aos outros quartos. Logo vi Mateo atrás de mim
e apontei para os outros quartos. Nós nos dividimos e segui em busca de
Ana.
Capitulo 10
Quando eu acordei hoje pela manhã algo em meu peito se agitava.
Era como se ele quisesse me avisar que algo estava para acontecer.

Eu não sabia distinguir ao certo o que era, mas sabia que algo
aconteceria. Muitos dizem que temos um 6º sentido que nos alerta quando
estamos em perigo ou seremos traídos de alguma forma. Talvez fosse isso
ou simplesmente o resquício de esperança que insistia em se fazer presente
em meu coração.

Sim, por que onde eu estava, o tempo em que eu já estava aqui e as


coisas que vivi fora o suficiente para acabar com todas as minhas
esperanças de sair daqui. Eu queria ter forças para lutar, para ser forte e me
negar a fazer o que eu era obrigada todos os dias, mas depois da morte de
Bella isso se esvaiu entre meus dedos e eu só estou sobrevivendo a cada dia
que passo nesse inferno.

O sonho de voltar a ver meu irmão e minha melhor amiga fica cada
vez mais distante.
Estou à beira de cometer uma loucura de tão sem vida minha alma
está. O prazer em viver, sonhar, amar, eu não tenho mais, não sei qual foi a
ultima vez que sorri ou que desejei beijar e tocar um homem. Os toques que
sou eu obrigada a receber todas as noites e várias vezes na noite só me
causam repulsa, nojo.

Eu odeio a todos que estão aqui e o que ainda me mantém focada e


sem ceder ao desejo de acabar com minha própria vida é meu desejo de
vingança. Eu quero ver quem me machucou e me quebrou sofrer e derramar
lágrimas de sangue assim como minha Bella, eu e as outras meninas
sofremos. É apenas isso que me mantém viva até hoje.

— Ana?

— Oi, Rubia.

— Você está bem? Está há horas, parada e olhando para o nada.

— Estou sim! Apenas me perdi em pensamentos. Acordei com uma


sensação estranha no peito e isso me preocupou um pouco.

Ela se senta ao meu lado.

— Também senti isso. Será que finalmente virão nos resgatar? Você
disse que seu irmão é detetive da policia federal, então ele deve estar te
procurando.

— Não tenho certeza. Já se passou tanto tempo que nos tiraram de


nossas famílias. Por mais que eu saiba que ele me ama e está louco para me
encontrar às vezes a esperança se vai.

— Eu entendo. — ela estava triste. — Meus pais são pobres e por


mais que eu saiba que eles estão muito preocupados comigo, eles não tem
recursos para me procurar. Nós vivíamos em uma vila Lastres, fica no norte
da Espanha e é uma vila de pescadores. Nossos recursos são poucos e o que
ganhamos mal dá para sobrevivermos.
— Eu sou do Brasil, como bem sabe, e morava no Rio de Janeiro, na
capital mesmo. Meus melhores passatempos era ir as belas praias, visitar o
Cristo Redentor, e tantos outros pontos turísticos que existem por lá. O Rio
de Janeiro é um estado lindo, deslumbrante com suas praias e parques
naturais e florestas.

Repirei fundo. Doía-me relembrar tudo o que me roubaram.

— Nos dói imaginar que não veremos nossa família e nem


desfrutaremos mais dessas coisas. — ela se deitou na minha cama e eu me
deitei ao seu lado. — ao fechar os olhos eu vejo cada momento que vivi ao
lado dos meus pais. Eu não tenho irmãos então eles sempre fizeram tudo
por mim. Éramos tão felizes mesmo sem muitos recursos. Eu ficava ansiosa
toda vez que meu pai saia com os outros homens da vila para pescar. Eles
passavam dias fora e sempre ficávamos apreensivas com isso.

— Eu sei como é. Nicolas, meu irmão tirava plantões longos quando


era policial civil. Ele passou 4 anos, como policial e ano passado se tornou
detetive. Era o sonho dele e do meu pai. Henry, meu pai, era policial civil
também, mas não pode chegar a se tornar detetive como era seu sonho, pois
perdera a vida em um acidente de carro com minha mãe.

— Sinto muito por sua perda.

— Eu já superei meu luto. Sofri pela morte repentina deles por dois
anos, mas depois disso eu precisei me erguer, seguir em frente. Vivi os
últimos anos com meu irmão e foram anos bons.

— Você sente saudade dele. — Não era uma pergunta.

— Muita. Meu irmão sempre foi meu porto seguro, meu lar. Depois
da morte de nossos pais, vivemos um para o outro e sei que ele deve está
enlouquecendo por não saber onde estou, assim como estou enlouquecendo
por estar aqui e longe dele que é minha única família.

— Ele virá nos buscar tenha fé, Ana. Não é fácil, mas eu nunca
perco a minha. Mesmo tendo que fazer as piores coisas com os clientes. —
ela estremece ao lembrar. — Eu sei que não passaremos muito tempo aqui e
logo estaremos com nossa família.

— Quero muito confiar nisso, Rubia, mas minha mente não


contribui para o que quero.

— Não quero mais ser obrigada a transar com os homens daqui. —


Ela falou chorando. — Não quero mais passar por isso, Ana. Eu quero estar
na minha casa com meus pais e meus amigos.

Eu me virei para ela e a abracei. Não falei nada porque não havia o
que falar.

Eu mesma não queria mais ter que dar meu corpo a eles, eu queria
estar em meu país, com meu irmão, meus amigos.

Concluir minha faculdade e me tornar a escritora que sempre sonhei


em ser.
◆◆◆

Já estava pronta para mais uma noite na qual eu seria obrigada a


fazer sexo com um ou mais clientes.

Olhei-me no espelho ao terminar de passar o rimel e joguei o cabelo


para o lado.

— Está pronta vadia? — um dos guardas perguntou entrando no


nosso quarto.

Não respondi apenas me levantei da cadeira e caminhei para fora do


quarto.

A casa estava mais cheia que o normal hoje e isso me chamou a


atenção. Logo me lembrei que chegara três garotas novas de apenas 18 anos
da Bolívia e que era esse o motivo de termos novos clientes.
Sergey buscava sempre trazer novas meninas, pois ele dizia que seus
clientes não gostavam de bocetas gastas.

A cada dia que eu passava nesse inferno eu o odiava mais. Não via a
hora de poder matá-lo com minhas próprias mãos.

Já no salão onde ficava os clientes parei de frente para um cara alto


e forte, até bonito, e sorri para ele. Eu não queria que Sergey me obrigasse a
dormir com os clientes velhos e nojentos.

Cumprimentei o homem com um aceno de cabeça e ele me puxou


para seu colo e me beijou. Eu odiava ser beijada por eles e precisava fazer
um esforço enorme para não vomitar.

Levantei-me do seu colo e peguei sua mão para irmos a um quarto.


Essa era a minha realidade e eu não podia ficar fazendo cu doce.

Entrei no quarto e fui agarrada pelo cliente bonito. Sorri para ele e
depois fiz um careta quando ele colocou o rosto no meu pescoço.

Ele achava que eu estava gostando da sua pegada, mas tudo o que eu
queria era que ele gozasse logo e me deixasse sozinha. Ele me jogou no
colchão e veio para cima de mim, retirando minha roupa e a sua. Colocou o
preservativo e me penetrou com força. Fingi gemer e ele se achou o
máximo estocando rápido e gozando logo em seguida.

— Você é uma puta muito gostosa. — falou se vestindo.

— Obrigada! — segurei minha vontade de revirar os olhos.

Ele tentou me beijar mais uma vez, porém foi interrompido com
sons de tiros.

— O que foi isso?

— Invadiram a casa. — falei com um sorriso no rosto.

Eu poderia estar enganada, mas meu coração me dizia que era


Nicolas vindo me tirar desse inferno.
O cliente, que eu nem me dei ao trabalho de saber o nome, se pôs de
pé e pegou uma arma.

— Não tente nenhuma gracinha ou eu atiro em você.

— Não precisa disso eu estou tão assustada quanto você. — falei


com voz doce e fingindo chorar.

Eu precisava da arma dele para me proteger e depois ir até Sergey e


o matar.

Vi que ele estava tremendo ao segurar a arma e dei alguns passos


para o lado ficando por trás dele que estava com a arma apontada para a
porta, provavelmente querendo atirar em quem entrasse por ela.

Olhei em busca de algo que eu pudesse usar e bater em sua cabeça e


vi uma mesinha próxima à cama. Abaixei-me, peguei-a e quando ele ia se
virar para ver o que eu estava fazendo fui mais rápida e consegui acertá-lo
batendo em sua cabeça.

Ele caiu desmaiado, ou morto, não procurei saber, e me abaixei


pegando sua arma.

Conferi se estava carregada e suspirei aliviada ao ver que tinha balas


suficientes para matar alguns e me salvar. Eu não sabia atirar muito bem,
mas sabia manusear uma pistola. Nicolas me ensinou algumas vezes como
segurar e destravar um amar.

Ele iria me dá aulas de tiros, mas não tivemos tempo.

Abri a porta com cuidado e vi a quantidade de corpo que estava no


corredor. Era uma verdadeira chacina e sorri ao ver os porcos que nos
tocavam contra nossa vontade agonizando em seu próprio sangue.

Mais tiros foram ouvidos e um grito me chamou a atenção. Olhei na


direção de quem gritava ditando ordens e meus olhos ficaram vermelhos de
raiva e dor. Sergey tentava fugir pela porta dos fundos da casa de
prostituição, mas eu não iria deixar que isso acontecesse.
Era para eu me preocupar com as meninas? Sim. Era para eu fugir e
deixar tudo para trás? Com certeza. Mas minha vingança falou mais alto e
eu precisava vê-lo agonizando e pedindo clemência diante de mim.

Marchei até ele, que estava só, e coloquei a arma em sua nuca.

— Indo a algum lugar, Sergey?

— O que pensa que está fazendo sua puta? Eu vou matá-la. —


gritou e tentou se virar e atirar em mim com a arma que tinha em mãos,
contudo fui mais rápida e lhe dei uma coronhada.

Sergey caiu desacordado e o arrastei pela camisa até o quarto que eu


estava.

Conferi se o homem que eu tinha batido ainda estava vivo e me


assegurei de sua morte.

Os tiros se intensificavam do lado de fora enquanto eu buscava algo


para torturar um dos meus algozes.

Revirei o guarda-roupa achei uma algema, e um chicote para os


clientes que eram sádicos. Os quartos onde os clientes nos fodiam ficavam
trancados durante o dia então alguns brinquedos eróticos ficam guardados
neles.

A porta do quarto foi aberta enquanto eu tentava arrastar Sergey a


até a cama e levantei num rompante apontando a arma na direção de quem
invadia meu espaço.

— Ana? — um Luca incrédulo estava bem parado diante de mim.

Ele olhava entre mim e os homens caídos ao meu lado e parecia não
acreditar no que via.

— Entra e fecha a porta.

— O que está fazendo? Você matou esses homens?


— Aquele — apontei para o cliente. — Eu matei, depois de usar
meu corpo para se satisfazer. — Luca fez uma careta e me olhou de cima a
baixo.

O ignorei.

— Esse eu vou torturar por ter me colocado nesse inferno e por ter
permitido que matassem alguém importante para mim.

— Quem era essa pessoa? — algo diferente soou em sua voz, mas
não me ative a isso.

— Bella. — falei enquanto ele me ajudava a colocar Sergey na cama


e prender as mãos dele. — Uma menina de 14 anos que eles sequestraram, a
venderam por ser virgem e o homem que a comprou violentou-a tanto e a
feriu ainda mais que ela não resistiu e morreu.

— Filhos da puta! Quem fez isso com ela? Quem foi o cliente?

— Ainda não sei ao certo, mas pretendo descobrir e fazê-lo pagar da


pior forma.

— Ana..

— Nada de Ana, Luca, eu que sei o que vivi aqui com as outras
meninas e os farei pagar. — disse séria e ele calou-se. — Agora acorde esse
porco imundo que eu tenho contas a acertar com eles.

— Posso fazer isso por você. Seu irmão também pode e ele deve
estar preocupado por não encontrá-la ainda.

— Nicolas está aqui? — uma felicidade momentânea se instalou em


meu peito.

— Sim, ele veio te tirar daqui, Ana.

Respirei fundo quando a emoção ameaçou me tomar. Eu não podia


deixar minhas barreiras cederem agora, precisava fazer Sergey pagar.
— O que eu tenho para fazer agora é mais importante.

Luca soltou um suspiro longo e pegou uma de suas facas a enviando


na perna de Sergey que acordou aos gritos.

— Belo jeito de fazer alguém acordar.

Luca deu de ombros.

— A dor é um excelente despertador.

Sorri do trocadilho que ele falou e foquei no verme a minha frente.

— Olá! Sergey. Feliz em me ver?

— Sua puta. Eu vou te ma... — sua voz cessou com o soco que
levou de Luca.

— A voz dele estava me irritando. — balancei a cabeça negando e


tirei a faca da coxa de Sergey.

Controlei-me diante do corte e da quantidade de sangue que saia, eu


não podia desmaiar ou vomitar. Precisava ser forte se pretendia fazer todos
pagarem.

— Vamos brincar um pouco. — Sergey chorava como uma criança e


logo Luca rasgou um pedaço do lençol e enviou em sua boca para cessar
seus gritos.

Comecei a cortar as pernas dele em cortes pequenos apenas o


torturando. Sorria ao ver o desespero em seus olhos e nunca achei que seria
tão gratificante torturar alguém antes de fazê-lo.

Peguei o chicote que achei no guarda-roupa e passei a chicotea-lo


como fazia com todas nós.

— Dói não é? — ele fez que sim com a cabeça, pois não podia falar.
— As chicotadas queimam. Machucam.
Com o cabo do chicote toquei seu pau sobre a calça e bati nele com
toda a minha força.

— Seu porco imundo. Verme. Eu te odeio tanto Sergey. — dei mais


duas pauladas em seu pênis enquanto ele berrava de dor e se contorcia. —
Está doendo? Sabe o que doeu também? Eu ser violentada por três homens.
Ser rasgada por eles várias vezes como punição por tentar fugir desse
inferno no qual que fui obrigada a estar. — gritei furiosa e enfiei a faca em
seu estômago três vezes.

Eu já não conseguia mais segurar as lágrimas. A dor de reviver cada


violação ao meu corpo, cada chicotada, cada tapa e chute que tomei dele
estava me sufocando.

Ouvi a porta do quarto ser aberta, mas não me importei com quem
entrara. Eu continuei batendo e esfaqueando Sergey.

— Imagina a dor que minha menina Bella sofreu ao ter sua


inocência roubada, assim com sua vida, da pior forma. Você a jogou nas
mãos daquele sádico dos infernos e a levou para morte. — bradei e dei a
última facada.

Cravei a faca em seu peito e no mesmo instante seus olhos ficaram


sem vida.

Caí exausta, com o rosto banhado pelas lágrimas e o corpo pelo


sangue do verme que acabara de perder a vida pelas minhas mãos.

Braços fortes me rodearam e um cheiro familiar que tanto senti falta


tomou conta das minhas narinas.

— Me perdoe por não impedir seu sofrimento, minha pequena.


Perdoe-me.

— Nicolas... — sussurrei o nome do meu irmão em meio ao choro e


seu aperto em mim se intensificou.
Eu estava livre, finalmente livre daquele inferno, mas ainda me
sentia presa e sufocada pelo desejo de me vingar.

Vingar-me por todas as meninas que foram raptadas de suas


famílias, pelas que morrem, pelas que foram violentadas e espancadas. Por
mim, por Bella.

Era uma confusão de sentimentos e pensamentos que não sei em


qual momento ocorreu, mas minha mente simplesmente desligou.

Tudo ficou escuro, uma paz momentânea me atingiu e me deixei


cair na escuridão.
Capitulo 11 bônus
Eu não queria largar minha irmã. Depois de três semanas de total
desespero, Ana, finalmente, estava em meus braços.

A dor que senti por não ter conseguido protegê-la de ser levada
pelos homens de Ivan Petrov quase me destroçou. Ainda não me perdoo por
falhar e sei que se meus pais estivessem vivos estariam com vergonha de
mim. Do filho, falho e covarde que criaram.

Sim, covarde. Covarde porque me neguei a aceitar a ajuda de


Samira para resgatar minha irmã. Pois, acreditava que a polícia, a qual eu
servi por anos, me ajudaria e traria Ana para meus braços de novo. Que me
ajudariam a salvar minha irmã.

Ledo engano. Eles não fizeram nada e se eu não tivesse tomado


vergonha na cara e procurado Samira para me desculpar e suplicar por sua
ajuda, eu não estaria com minha irmã aqui comigo hoje.

Me dá vontade de rir do quão filho da puta é o destino ao me fazer


admitir que quem me ajudou foram as pessoas que estão do lado contrário
da lei. Mafiosos. Pessoas que fazem tudo o que eu desaprovo e luto para
acabar, foram os que me estenderam a mão. Que tornaram possível eu ter
minha irmã de volta.

Eu: um policial que sempre fez de tudo para andar na lei e cumpri-la
com rigor acabei me envolvendo com pessoas que andam fora dela. Que
agem por suas próprias leis e foda-se as outras.

Mas o que me alívia é saber que as pessoas com as quais eu me


envolvi não são como as que levaram minha irmã de mim. Não são como as
que a machucaram e as que eu desprezo mais que tudo.

Não consigo mensurar a dor de tudo o que Ana viveu nesses dias,
mas tenho uma ideia do quanto ela está machucada e do quanto sofreu pela
forma que o corpo do homem que ela acabara de matar se encontra diante
de nós.

Eu a aperto em meus braços enquanto seu choro sofrido ecoa por


todo o quarto. A deixo chorar, deixo-a por para fora tudo o que sente e
assim ela faz.

Chora até que sua mente desliga e ela desmaia. Sei que seu desmaio
foi pela adrenalina de tudo o que viveu e fez hoje, e é só por isso que não
me desespero ao tê-la mole e apagada em meus braços.

— Ana. — o chamado de uma das meninas que resgatamos se faz


presente em meio ao caos em que estamos.

— Ela desmaiou. — digo o óbvio e me levanto com minha irmã em


meus braços.

— Ela fez isso? — a moça pergunta olhando com os olhos


arregalados para o cadáver estraçalhado sobre a cama.

— Sim, quem era ele?

— Sergey, o responsável pela casa e um dos homens mais cruéis


daqui. Ana prometeu se vingar dele depois que a menina Bella foi morta de
forma brutal pelo cliente que a comprou.
— Ela fez um excelente trabalho. — falou Mateo.

Olhei para a porta e meus olhos encontraram os de Luca. Ele veio


até mim e entreguei Ana em seus braços. Eu precisava checar tudo com
Giuseppe e sabia que com ele, minha irmã estaria segura.

— Qual seu nome? — perguntei.

— Rubia. Fui trazida para cá com Ana e as outras meninas.

Mateo parou ao lado dela tocando seu braço, mas ao ver ela ficar
tensa ele a soltou.

— Vou levá-la para ficar com as outras.

Concordei com a cabeça e ele saiu com ela.

Olhei em volta e suspirei. O que Ana fez com esses homens, a


marcará para sempre.

— Uau! — exclamou Giuseppe entrando no quarto. — Que belo


trabalho! — ele deu um sorriso diabólico ao ver o cadáver estraçalhado
sobre a cama.

Parecia cena de filme de terror.

— Foi Ana quem fez isso. — disse indo até os corpos.

— Porra! Ela estava com raiva, hein. Quem era ele e o que fez para
acabar assim?

— O responsável pela casa. Um dos homens do alto escalão de Ivan,


provavelmente.

— Merecia sofrer mais. — disse e eu concordei com a cabeça.

— Queimar tudo? — perguntei.


— Sim. — respondeu Giuseppe, me ajudando a colocar o corpo do
outro homem sobre a cama.

Amontoamos os corpos e jogamos gasolina sobre eles.

Saímos do quarto e conferimos os demais cômodos da casa.

Após nos certificarmos que todas as meninas tinham sido salvas


colocamos fogo em tudo e ficamos vendo virar pó. Contudo, isso não era o
final e eu iria acabar com todos os que machucaram minha irmã e essas
meninas.

Mas para isso eu precisaria voltar ao Brasil e entregar meu cargo.


Não iria continuar servindo a quem não me ajudou quando eu mais precisei.
Mesmo que isso fosse bem doloroso para mim.

Meu sonho sempre fora ser detetive, mas isso não é mais do que o
amor que sinto por minha irmã. Talvez seja errado, ou não, mas estou
pronto para deixar de ser bonzinho e me juntar aos vilões.

Se o pai de Samira permitir, eu me tornarei um de seus soldados e o


servirei com minha vida, pois devo tudo a ele por ter aceitado meu pedido
de ajuda e ter disponibilizado seus homens e recursos para trazer Ana de
volta para mim.

Após vermos a casa, onde minha irmã tanto sofreu virar pó, nós
fomos embora.
◆◆◆

Estamos em um dos hotéis de Vicenzo onde ficaríamos até o outro


dia quando voltaríamos para casa.

As meninas que resgatamos estavam em um quarto. Queríamos que


elas ficassem em quartos separados, mas preferiram ficar juntas como uma
forma de se despedirem, pois no outro dia cada uma voltaria para seus
países e suas famílias.
Ana estava comigo no meu quarto e Luca ficaria em um com Mateo,
Giuseppe sozinho e seus outros saldados em outro. Tomamos conta de
quase todo o hotel.

Parei ao lado da cama e toquei no rosto da minha irmã. Notei que


seu rosto tinha alguns machucados e apertei os punho para conter a raiva.

Ela ainda não tinha acordado o que me preocupou. Mas o médico


que chamei para atendê-la, assim que chegamos aqui, me garantiu que ela
estava bem apenas a adrenalina de seu corpo baixou e sua mente desligou
como um bloqueio de alto defesa.

— Me perdoe por não salva-la Bella. Perdoe-me. — Ana começou


a sussurrar e seus olhos encheram de lágrimas.

Sofri ao vê-la assim. Partia-me a alma não poder tirar a dor que
sentia, que vivia dia e noite. Livrá-la dos demônios que povoavam sua
mente e a destruía a cada dia.

— Ana, minha pequena. — Toquei seu rosto. — Você está salva, eu


estou aqui com você.

Ela abriu os olhos lentamente e se sentou me abraçando forte.

— Nicolas. Você está aqui. Você está comigo. Estou livre daquele
inferno.

— Sim, minha menina. Está livre e eu nunca mais vou deixar que te
façam mal. Eu te amo, minha pequena.

Chorei. Deixei as lágrimas que prendi por tanto tempo romperem e


molhar meu rosto.

Eu estava feliz por tê-la de volta, aliviado por vê-la bem.

Ela estava comigo!

Ficamos assim por alguns minutos, até nos separamos e ela ao olhar
para o próprio corpo e notar que estava vestida em uma camisa minha.
— Você me deu banho? — neguei com a cabeça.

— Foi sua amiga, Rubia. Não podia te deixar suja de sangue.

— Ela deve ter ficado assustada. — sua voz estava baixa.

— Um pouco, mas também aliviada pelo o que você fez com o tal
de Sergey. Você se vingou por elas.

— Sim, e queria ter o feito pagar ainda mais. Queria que ele sofresse
bem mais do que sofreu.

Segurei seu rosto e beijei sua testa.

— Estou orgulhoso de você. Mas temo como sua cabecinha vai ficar
daqui para frente.

— Ficará bem não se preocupe. — desviou o olhar. — Eu estou com


fome. — ela sorriu e colocou a mão na barriga.

Sorri-lhe e me levantei.

— Pedirei serviço de quarto. Escolha o que quer comer.

Ela sorriu mais largo e saiu da cama feliz por poder escolher as
comidas gordurosas que amava comer. Ana sempre gostou de comer
besteiras, lanches e doces eram seu ponto fraco.

Por um momento pareceu minha menina de antes. Minha irmãzinha


que eu cantava para fazê-la dormir quando nossos pais estavam de plantão.

A menina que eu tanto protegi, velei seu sono e cuidei para que não
sofresse tanto com a morte de nossos pais.

Sinto tanta falta deles. O perdemos tão cedo e de forma tão


repentina que as vezes custo acreditar que nunca mais os verei mesmo que
já tenham se passado tantos anos.

O serviço de quarto chegou com Pizza, Coca-Cola e hambúrgueres.


Sorri e começamos a comer.

— Quem te bateu? — perguntei tocando seu rosto enquanto


comíamos.

— Um dos clientes. Muitos dos homens que iam lá eram sádicos e


nos espancavam.

— Perdão. — pedi mais uma vez. — Eu deveria ter impedido que te


levassem.

— A culpa não foi sua e você conseguiu salvar Samira. Estou com
saudade dela. — mudou de assunto.

— Mas eu queria era ter conseguido salvar você. — afirmei. — E


ela também sente sua falta.

— Só não entendi por que você foi com Luca e não com a polícia.

Tomei uma respiração longa e deixei a pizza de lado.

— Ana... — ela me olhou atenta e comecei a falar o porquê de eu


não ter ido com meus policiais.

Relatei tudo o que aconteceu desde que ela foi levada e quem
realmente era Samira.

Seu rosto se transformou em um misto de emoções, desde a


surpresa, tristeza a raiva. Mas no final ela entendeu, ou fingiu entender. Ana
conseguia esconder muito bem suas emoções.

Terminamos de comer e depois dormimos abraçados, com eu


cantando para ela e fazendo-lhe cafuné. Era como voltar no tempo e reviver
os dias em que eu a fazia dormir quando nossos pais se foram e ela tinha
pesadelos. Foram longos dias assim e temia que isso voltasse a acontecer.

No outro dia a deixei com Giuseppe e os outros para que a levassem


até Samira e voltei para o Brasil.
Eu iria entregar meu cargo e viveria com minha irmã na Itália.

E ainda de quebra conquistaria de vez aquela morena espetacular da


Andreia, por quem eu estava muito gamado. Ela me conquistou com seu
jeito espontâneo, sua beleza e língua afiada.

Eu a faria minha esposa, a teria em meus braços e sob mim para


sempre.
Capitulo 12
Assim que acordei pela manhã, escovei os dentes e fui até o quarto
onde as meninas estavam. Elas voltariam para casa hoje e eu iria para a casa
de Samira.

— Como vocês estão? — Perguntei entrando no quarto onde estava


Rosa, Gabriela e Rubia

— Bem, eu acho. — Rosa sorriu fraco. — Vamos para casa.

— Sim, nosso inferno acabou.

— Não sei. Ainda parece bom demais para ser verdade. —


murmurou Gabriela.

— Vocês estão salvas, agora. Não há o que temer.

— Você sabia que sua amiga era da máfia? — questionou Rubia. —


E se ela é da máfia é igual ao Ivan Petrov e todos aqueles monstros que nos
sequestraram, não?
— Eu não sabia. — confessei me sentando na cama e elas sentaram
ao meu redor. — Samira nunca me disse nada e sempre pareceu apenas uma
jovem normal.

— Você confia totalmente nela? — Gabriela quis saber. — Ela


mentiu para você e pelo que me falou eram melhores amigas. Não se mente
assim para quem diz amar.

— Ela não podia. — defendi. — Era algo da família dela, não se sai
por aí espalhando que faz parte de uma máfia. Eu que deveria desconfiar
por ela estar sempre cercada de seguranças.

— Seguranças muito bonitos. — Rubia sorriu fraco. — Mateo, o


que me salvou de ser violentada mais uma vez, é muito lindo e forte. Sua
voz então... — ela disse sonhadora e se deitou de costas na cama.

— Ele tem noiva. E depois do que passamos não vai querer se meter
com um mafioso.

O sorriso em seu rosto murchou e ela voltou a se sentar.

— Na verdade eu nem sei se um dia vou conseguir me envolver com


alguém depois de tudo o que passei, é difícil confiar e se entregar a um
homem depois que tantos te machucaram de varias formas diferentes.

— Vamos focar em ir para casa. — disse sorrindo.

— Não vejo a hora de estar em meu país, comer suas comidas e


rever todos que eu amo. — Rosa abriu um lindo sorriso. Sorriso que não
dava há muito tempo.

— Espero que voltemos a nos falar em breve. Não quero perder


contato com vocês.

— Também não queremos perder o contato com você Ana, volte


para sua casa e viva tudo aquilo que sempre sonhou.

— Isso não será possível. — fiquei de pé. — A morte de Bella e


tudo o que sofremos nessas semanas não podem ficar da forma que está.
Eles precisam pagar.

Rosa veio até mim e pegou minhas mãos.

— Não estrague o futuro que te espera por causa disso, esqueça e


tente ser feliz. Nós tentaremos também.

— Eu tentarei. — sorri e a abracei. Aquilo era uma mentira, pois eu


nunca esqueceria minha vingança, mas não queria deixá-las preocupadas.

Uma batida na porta chamou nossa atenção e Mateo abriu a porta


depois de perguntar se podia entrar.

— Estão prontas? A van que as levarão até o aeroporto já está a


espera de vocês.

Elas confirmaram e pegaram suas mochilas. Tínhamos poucas


coisas, pois as roupas que usávamos na casa de prostituição não nos
interessavam.

Abracei cada uma das meninas e depois fui ao outro quarto me


despedir do restante. 10 mulheres tinham sido resgatadas naquela noite e
agora voltariam para suas famílias.

Elas estavam felizes e eu feliz por elas. Seu inferno tinha acabado e
suas vidas voltariam ao normal, pelo menos ao mais normal possível depois
de tudo o que passamos naquele lugar.

Voltei para meu quarto e encontrei Luca no corredor. Ele me disse


que meu irmão tinha voltado para o Brasil e que logo partiríamos para
Veneza onde Samira morava.

Eu estava pronta para voltar e reencontrá-la, mas não desistiria de


acabar com quem me colocou naquele lugar asqueroso e violou meu corpo
varias vezes.
Capitulo 13
O carro parou diante de uma propriedade muito bonita e de portões
bem altos. Vários homens armados estavam fazendo a segurança dela e
então tive uma noção do quanto à família de Samira era perigosa.

Ter uma amiga mafiosa nunca foi o que eu sonhei para mim. Minha
vida sempre foi sem agito, sempre certinha e calma e agora eu estava na
Itália e prestes a conhecer um Capo. O chefe de uma das famílias mais
perigosas e respeitadas de Veneza.

Tenho vontade de rir da contrariedade que isso causa sendo que eu


venho de uma família de policiais. Meu pai era policial e meu irmão um
detetive. E eu estou dentro de uma propriedade onde os donos dela vivem
fora da lei e fazem de tudo o que ela diz que não se deve fazer.

— Tudo bem? — Luca me pergunta me tirando das minhas


conjecturas.

— Não, mas vai ficar. — Ele apenas balançou a cabeça em um


aceno.
Os portões da propriedade foram abertos e o carro que estávamos
entrou. Havia mais dois carros atrás do que estávamos, com o irmão da
Samira e o pai dela.

Francisco Morino tinha ido nos buscar no aeroporto, mas não falei
com ele. Na verdade eu mal o olhei. Tive medo de que ao estar cara a cara
com um dos chefes da máfia eu desistisse de ir até Samira e fugisse para
bem longe de todos.

Saímos do carro e Giuseppe, Francisco e Luca vão a minha frente. A


porta da mansão dos pais de Samira se abre e eu prendo a respiração. Ela
ainda não me viu, mas assim que Luca sai da minha frente e vemos uma à
outra meu coração comprime e o choro me rompe.

Samira corre até mim e choramos abraçadas.

— Me perdoa amiga, me perdoa. — pediu ela com a voz embargada


pelo choro.

Parecia um sonho eu estar abraçando-a.

— Você não teve culpa, amiga. — e ela não tinha. Ela não foi à
causadora do meu sofrimento, pelo menos era isso que eu repetia em minha
mente.

— Tive sim, eu deveria ter lhe contado quem eu era e a qual família
pertencia.

— Já passou, tudo bem. Eu estou aqui agora.

— Sofri tanto imaginando o que poderia está acontecendo com


você. — disse, ela.

Um soluço me escapou.

— Vem. Vamos entrar. — ela pegou minha mão e me levou para


dentro de sua casa.

Ela tinha vindo até mim ainda na porta de sua casa.


— Bem-vinda, Ana. — uma mulher muito bonita e vestida de forma
elegante veio me abraçar. Fiquei rígida por alguns segundo, mas depois
relaxei ao receber seu carinho.

— Sinto muito pelo que você passou, mas saiba que agora é parte da
nossa família e pode sempre contar conosco. — ela sorri de forma doce e
aperta minha mão. Sua forma doce de tratar os outros, me lembrava minha
mãe e a vontade de chorar veio novamente.

— Obrigada. — falei com a voz embargada e tentando controlar as


lágrimas.

Samira agradece aos que me resgataram e depois pergunta pelo meu


irmão. Luca explica que Nicolas teve que voltar para o Brasil e ela me leva
para o quarto que separou para mim.

Fiquei confusa ao saber que teria um quarto na casa dela, pois jurava
que voltaria para o Brasil, mas pelo visto eles tinham decidido minha vida
por mim.

Não quis brigar e fui com Samira até meu quarto.

Subimos para o andar dos quartos e ela me mostrou tudo o que


preparou para mim. Era tudo tão lindo e bem decorado, aconchegante e com
ar de lar, de meu. Meus pertences estavam aqui, roupas, antigas e novas, e
objetos. Tudo do meu jeitinho. Andei por todo o quarto e toquei nos meus
livros e não pude controlar o choro.

Era um choro de alegria, mas ao mesmo tempo de tristeza por Bella


não poder viver isso. Por ela não ter conseguido sobreviver e não ter a
alegria de reencontrar seus pais. Eu pretendia ir atrás dos pais delas e me
despedi deles por ela. Dizer o quanto ela os amava e o quanto sentia a falta
deles e das histórias que ela contava de tudo de bom que eles faziam por
ela.

— Sonhei tanto com esse momento. — olho para Samira — A


esperança de rever você e Nicolas foi meu combustível para suportar tudo o
que passei naquele inferno.
— Eu nunca a deixaria, por onde quer que esteja você sempre será
minha melhor amiga. Eu te amo. — ela beija minha testa. — Me perdoe por
eu não contar quem eu realmente era.

— Tudo isso só aconteceu com você porque eu não fui leal e omiti
minha verdadeira identidade. Por favor, me perdoe.

— Tudo bem, Samira, eu entendo e compreendo que não era fácil


para você e fez porque era necessário e sua família lhe pediu para fazê-lo.

— Não, não era. E eu te peço perdão por esconder tal informação.


Mas agora tome um banho e descanse que eu trarei um lanche para você.
Você deve está cansada e com fome.

— Sim, estou. — admiti dando um pequeno sorriso.

Na verdade eu não estava com tanta fome assim, mas eu precisava


ficar sozinha e absorver cada coisa que me aconteceu nas ultimas horas.

Entrei no banheiro e tirei minha roupa. Olhei no espelho e suspirei


fazendo uma careta para o meu reflexo. Eu estava com um aspecto cansado,
com o rosto com um hematoma arroxeado pelo tapa que levei de um dos
clientes há duas noites. Os olhos fundos, cabelo desgrenhado e lábios
ressecados. Eu estava feia, sem brilho, sem vida.

Deixei meu reflexo de lado e dei alguns passos até o box. Havia
uma banheira e eu quis muito entrar nela e tomar um banho bem demorado,
mas se eu entrasse naquela banheira com sais de banhos e espumas nunca
mais sairia dela.

Liguei o chuveiro e coloquei a cabeça debaixo da água morna. A


sensação era tão boa que gemidos de satisfação me escaparam, assim como
as lágrimas que se misturaram com a água ao relembrar tudo o que passei
nesses dias. Perdi-me em lembranças e demorei no banho mais que o
esperado.

Ao notar meus dedos enrugados e os lábios secos vi que era hora de


sair. Desliguei o chuveiro, peguei um roupão toalha, ele era tão macio que o
apertei em meu corpo para aproveitar mais um pouco da sensação, e saí do
banheiro.

Ao me por para fora do cômodo Samira entrou em meu quarto,


ainda era estranho pensar assim, com uma bandeja repleta de comida.

Sentamos na cama, e ela me questionou sobre os dias em que eu


ficara sequestrada, todavia eu não estava pronta para contar.

Ela, então, passou a me contar da vida dela e tudo o que vivera com
Vicenzo depois que voltou para a Itália. Rimos, comemos e passamos
alguns minutos juntas matando a saudade.

Depois ela saiu me deixando descansar.

Eu precisava pensar no meu próximo passo.


Capitulo 14
Hoje se completa uma semana desde que eu fui resgatada da casa de
prostituição a qual me colocaram. Confesso que ainda parece ser uma
mentira que estou livre daquele inferno e que posso viver feliz agora.

Tenho vontade de rir desse pensamento, a sede de vingança que


habita em minha alma não vai deixar que isso aconteça e eu sei muito bem
disso. Minha paz só chegará no dia em que vir os homens que me
machucarem morrerem.

Tenho estado sempre em contato com as meninas que foram


sequestradas e colocadas naquele inferno como eu, sempre que podem elas
me ligam e falam o quanto estão felizes com suas famílias, que estão
conseguindo voltar aos poucos as suas rotinas. Que já estão pensando em
seus futuros. Era o que eu deveria está fazendo também, mas não posso, não
quero.

Eu jurei vingança, por Bella, por mim, por todas as meninas que
foram sequestradas, violentadas e mortas por aqueles monstros. E eu os
farei pagar com sangue, com dor e com lágrimas.
Ainda me dói olhar no espelho e ver meu reflexo, não por ser feia ou
ter algum machucado no rosto, porque não é isso, eles se preocupavam em
bater apenas me lugares que não "danificasse" a mercadoria. O problema é
olhar meu reflexo e ver que não sou mais a garota alegre, extrovertida e
sonhadora de antes, agora sou apenas a casca do que um dia eu fui e não sei
se poderei me curar um dia.

Há alguns dias eu conversei com Samira e iniciaremos aula de


defesa pessoal e tiros. Eu a fiz acreditar que era para nossa defesa, mas que
minha verdadeira intenção é me vingar de quem me machucou, pois só
assim eu poderei ter paz, poderei dormir sem pesadelos e sem me sentir
falha e culpada. Ela acreditou em mim e disse que Luca irá nos dar as aulas.

Luca... Às vezes noto o seu olhar em mim, a forma que ele tem
estado sempre atento a tudo o que eu preciso, chega até ser fofo, mas eu não
quero perder o foco do meu objetivo. Até porque nem sei se ele realmente
gosta de mim ou só está cumprindo ordens da Samira. Eles têm uma ligação
muito bonita e se não fosse o amor dela por Vicenzo acreditaria que se
amam.

Volto à realidade com Samira parada ao meu lado e falando comigo.


Estávamos em um passeio para compramos nossos vestidos para a festa de
aniversário da primeira Dama da máfia.

Esse papel de "amiga" do homem que ama é o mais absurdo que ela
poderia fazer e vê-la se prestar a isso me faz ter vontade de bater nela para
que acorde para a realidade.

— Estou a horas te chamando e você não me responde.

Com relação à Samira ela tem feito de tudo para que eu me sinta
bem e feliz na casa de seus pais, porém isso não é possível e não tem nada
haver com o lugar a qual estou.

Ela me convidou para a festa de aniversário da esposa de Vicenzo e


eu não consigo entender como minha amiga pode querer ficar no mesmo
ambiente que o grande amor de sua vida e ainda por cima o ver com outra.
Eu não suportaria isso tenho certeza!

— No que tanto pensa? — perguntou.

— No papel de boba que você faz. — fui sincera e sem rodeios.

— Eu não faço papel de boba Ana, minha família é amiga da família


de Vicenzo, minha mãe é prima da mãe dele. Eu preciso estar lá. Além do
mais ele é Don da máfia que pertenço e faltar seria um desrespeito para com
ele.

— Você não precisa estar em canto algum, Samira, você vai porque
gosta de sofrer. Eu não entendo como pode aceitar tão bem fazer parte de
algo que machuca os outros.

Eu estava tentando lidar com o fato de que ela era uma mafiosa, mas
confesso que não estava sendo fácil. Tudo o que vivi nas mãos de outros
mafiosos me faz pensar que são todos iguais e que só estou sendo bem
tratada por ser amiga dela.

— Nossa máfia não machuca ninguém. — alterou-se — Não somos


iguais à máfia Russa. Não lidamos com prostituição ou com sequestro de
meninas para tal.

— Mas são igualmente criminosos nas outras coisas.

— Se não gosta do que eu sou e do meu mundo vá embora, então.


— sua fala me chocou, mas não demonstrei, eu também a tinha machucado
ao falar dos seus.

— É isso que quer? Que eu vá embora?

— Por Deus, Ana, é claro que não. — ela já está chorando — Eu só


quero minha amiga de volta, quero de volta aquela garota de riso fácil e sem
papas na língua que eu conheci no Brasil há 5 anos.

— Eu não posso mais ser ela, Samira, eu queria, mas não posso.
— Ana, por favor, não os deixe vencer, não se feche em si mesma,
você está livre agora. Apenas viva.

— Como eu posso esquecer tudo e viver se estou quebrada? —


gritei chamando a atenção de quem estava ao nosso redor — Eles me
quebraram, Samira, me deixaram marcas que nem o tempo poderá apagar.
Eu os odeio com todas as forças do meu ser.

— Eu posso te ajudar, posso contratar um psicólogo para tratar seus


traumas, mas me deixa te ajudar amiga, eu te amo e quero te ver feliz.

— A droga de uma psicóloga não vai me ajudar — Gritei tomada


pela raiva e vi Luca se aproximar de nós pelo canto do olho.

Ele sempre estava conosco, com ela.

— Ana, por favor. — suplicou minha amiga, mas eu não lhe dei
ouvidos.

Vi quando ele, Luca, não disse nada e apenas abraçou Samira


quando ela desmoronou em seu choro.

Peguei minha bolsa e saí de lá, mas não sem antes ouvi-la dizer:

— Eu quero minha amiga de volta, Luca.

— Shiuuu, pequena, ela vai voltar. Ela vai voltar. — ele tentou
confortá-la.

Tudo o que eu queria era sair dali, eu estava sufocando, Samira não
me entendia, ninguém me entendia. Ela tinha Luca, Giuseppe, seus pais eu
não tinha ninguém, nem meu irmão, Nicolas, eu tinha aqui comigo para
cuidar de mim.

Eu teria que me virar sozinha.

Eu sempre tinha que me salvar.


Corri para fora do Mercadão de Veneza, essa era a primeira vez que
eu havia ido lá, nós já tínhamos comprado nossos vestidos e iríamos
almoçar antes de tudo desandar.

Eu não posso ser o que a Samira quer, ela precisa entender isso.
Precisa entender que mudei, que me mudaram, que me quebraram.

Depois de um tempo correndo pelas ruas de Veneza, e muita gente


me achando louca por estar fazendo tal coisa e ainda por cima chorando,
cheguei próximo a uma fonte e me sentei na beirada dela.

Respirei fundo para voltar a minha razão e calmaria e comecei a


brincar com a água.

— Eu o odeio Ivan Petrov, você pagará por tudo o que me fez. Eu


juro.

Era uma promessa que eu iria cumprir nem que eu precisasse morrer
ou perder a amizade de Samira, mas eu a cumpriria.

Levei meu tempo para me acalmar e voltei para o lugar que Samira
estava com Luca. Ela não voltou a tocar no assunto, apenas almoçamos,
passeamos um pouco pela cidade, ambas em silêncio, e depois voltamos
para a casa dos pais dela, onde ela havia preparado um quarto para que eu
me sentisse em casa.

Coisa que jamais iria acontecer, porém, eu tentaria me adaptar até


poder realizar minha vingança e voltar para o meu país.
Capitulo 15
Tinha se passado mais de uma semana desde que resgatamos Ana e
as coisas com ela não estava das melhores. Ela estava arredia e eu sentia
que tramava algo, mas fazia um grande esforço para esconder o que
pretendia fazer.

Presenciei algumas de suas brigas com a menina Samira e constatei


o quanto a amizade delas estava estremecida. Havia raiva dentro de Ana e
uma sede de vingança sem igual.

A forma como matou aquele homem no dia quem a resgatamos


deixou isso claro a todos nós. Não contamos a Samira o que sua amiga
fizera para não preocupá-la, mas temo que não tenha sido uma boa ideia
vendo como Ana tem se comportado nos últimos dias.

Às vezes me pego observando-a e sinto meu peito doer ao constatar


no que aqueles monstros a transformaram. Ela não é mais aquela menina
sorridente e gentil de antes, sua área é negro, seu corpo está sempre rígido e
preparado para a próxima rasteira que a vida lhe dará.
Ela perdeu o brilho, a alegria, o sorriso, o amor. Temo que ela nunca
seja capaz de consegui-los de volta mesmo depois de cumprir aquilo que se
propôs.

— O que tanto te preocupa? — perguntou Mateo ao meu lado.

— No que está por vir.

— Não sabemos o que está por vir.

— E é justamente isso me deixa preocupado. Não me refiro a


Samira ou a quem está por trás dos ataques à máfia e sim o que se passa na
cabeça dela. — apontei para Ana que estava lutando com Samira.

Nós tínhamos começado as aulas de defesa pessoal e ela estava cada


vez melhor nisso.

— Vingança. — não era uma pergunta.

Mateo sabe que nossa vida se move a isso.

— Ela não está aprendo a lutar só para aprender a se defender, ela


quer algo grande e isso irá machucá-la.

— Você gosta dela.

— Eu não posso gostar de ninguém da forma que você pensa Mateo.


Amar nos torna fraco e coloca quem amamos em perigo.

— Você se vingou de quem matou sua irmã, ficar no passado só o


tornará infeliz.

— Perder quem se ama que me tornará infeliz. Ela é apenas uma


menina que sofreu da pior forma que nenhuma mulher merece sofrer e está
com a mente confusa.

— Se ela quiser realmente se vingar de quem a machucou você vai


ajudá-la?
— Não sei, mas algo nela me faz querer protegê-la.

— Sei como é. — falou pensativo, Mateo estava noivo de Bianca,


mas seu coração ficou balançado ao colocar os olhos sobre a espanhola
Rubia quando nós fomos resgatar Ana na casa de prostituição.

— Por que você ainda continua com seu noivado se não ama sua
noiva?

— Bianca é minha namorada desde a infância, passamos 5 anos


longe por eu estar no Brasil. Deixei aberto que ela poderia se envolver com
outras pessoas, pois eu não poderia fazê-la se prender a mim se eu não
estaria aqui para ela. Mas ela se guardou para mim e eu não posso
simplesmente abandoná-la faltando poucos meses para nos casarmos.

— Seu casamento será frustrado, ela sofrerá mais se permanecer


assim do que se você for sincero com ela e dizer o que realmente sente.

— Não posso trocar algo certo por algo incerto, eu nem sei onde
Rubia está e se ama outra pessoa. Eu me encantei com ela, com seu jeito
frágil e a forma como ela se agarrou a mim ao salvá-la, mas não passou
disso.

— É por isso que não me envolvo com ninguém, apenas uma


prostituta para me aliviar e pronto.

— Mas isso não o está fazendo feliz.

— Não busco a felicidade. Matar quem nos faz mal é minha alegria.

— Quem está se enganado agora? Você se sente atraído por Ana,


mas não a deixa entrar em seu coração. Vocês têm história de vida parecida
e seriam bons um para o outro.

— Ana é uma menina sofrida e que precisa se curar primeiro antes


de se envolver com alguém. E eu não sou bom para ela, ela merece mais
que um homem quebrado e sombrio como eu.
Mateo não falou mais nada, ele foi para o tatame ensinar as meninas
alguns golpes novos e eu fiquei apenas observando-os, observando-a.

Dentro de dois dias nós iríamos a Roma para a festa de aniversário


da esposa do Don Vicenzo.

Eu sentia que coisas novas e graves estavam para acontecer. O olhar


de Ana me mostrava isso, ela tentava esconder seus sentimentos de todos,
porém não de mim porque eu já estive no lugar dela, eu já quis vingança a
todos os que fizeram mal a minha irmã.

Eu matei e não tenho remorso com isso, mas ela não é como eu, ela
não tem a minha escuridão e o que ela tem em mente vai acabar com o
pouco de humanidade que ainda a resta.
Capitulo 16
Dias depois...

E o dia da festa de aniversário da primeira dama da máfia havia


chegado, confesso que eu não queria ir e estava decidida a dizer não a
Samira, mas sua insistência em ir a tal festa me fez pensar que ela queria
algo mais do que apenas não faltar com sua palavra, então aceitei o convite.

No mesmo dia pela manhã meu irmão Nicolas chegou do Brasil para
morar de vez aqui na Itália e ele seria meu apoio nessa festa, por isso insisti
com ele para que me acompanhasse.

Assim que chegamos na porta da mansão de Vicenzo a primeira


pessoa que veio nos receber e cumprimentar foi Giuseppe, irmão da Samira

— Nicolas, Ana. — ele nos cumprimentou e depois foi abraçar sua


mãe. — Senti saudade. — disse ao beijar o topo de sua cabeça.

— Só de sua mãe sentiu saudades? — seu Francisco perguntou se


fazendo de bravo.
— Claro, ela é a mais linda da família. — a implicância deles nos
fez rir.

Entramos na mansão. Minha mão começou a suar ao me deparar


com tanta gente elegante.

— Eu estou com você. — falou meu irmão beijando minha testa.


Tínhamos nos afastado do pessoal.

— Não deveria estar aqui. Esse não é meu mundo, saber que estou
rodeada de mafiosos me faz mal.

— Eles me ajudaram a te salvar Ana, eles não são como os outros.

— Mas eu fui sequestrada por causa dele. — falei apontando para


Vicenzo que estava conversando com Giuseppe.

— Ele não mandou te sequestrarem.

— Mas foi para fazer mal atrás de Samira e isso me levou ao


inferno, não tem como eu fechar os olhos para isso.

— Se você não se sente bem e não quer estar aqui, por que ainda
não foi embora?

— Porque eu preciso deles para realizar minha vingança.

— Ana isso não é certo, você pode se machucar.

— Não me importo se eles morrerem também.

Meu irmão se calou e não falou mais nada, ele, mais do que
ninguém, sabe que quando eu coloco algo na cabeça não tiro facilmente.

Samira veio até nos e nos levou para perto dos familiares dela.

— Gostaria de apresentar meus convidados: Ana minha amiga do


Brasil, mas que agora mora comigo aqui na Itália e Nicolas seu irmão.
— Prazer em conhecê-los, sejam bem vindos. — Eduardo e Emma
nos cumprimentaram.

Eles se retiraram para cumprimentar os demais na festa e eu me


soltei do meu irmão e fui pegar uma bebida.

Eu estava precisando respirar, me sentia sufocada ao olhar todos


rindo e se divertindo como se fossem pessoas boas, como se não matassem
e não fizessem mal a tanta gente.

Peguei minha bebida e fui para a área externa da casa.

— Você não está feliz. — comentou Luca saindo de trás de uma


árvore.

— Que susto. —falei com a mão no peito.

— Desculpe não queira assustá-la.

— Tudo bem. E não, eu não estou feliz, não queria estar aqui.

— O que você planeja vai te machucar e magoar quem a ama.

Eu olhei bem em seus olhos e vi que ele realmente saiba o que eu


iria fazer. Luca não perguntava ele simplesmente afirmava o que você sentia
e isso me encantava cada vez mais nele. Ele sabia ler qualquer um de forma
tão precisa que chegava a ser assustador.

— Essa é minha decisão e ninguém tem que se meter.

— Eu quero te ajudar nisso, não a quero ver machucada.

— Por que me ajudar com algo que não concorda?

— Porque você é apenas uma garota machucada que precisa do


apoio de alguém que sente o mesmo que você.

Ele falou bem próximo de mim e me olhando com seus olhos negros
e intensos, minha respiração se descompassou e eu precisei me afastar.
— Eu preciso ir, Samira deve estar me procurando. — sai de perto
quase correndo com meu coração batendo a mil. Eu me sinto atraída por
Luca e não consigo disfarçar quando ele fica assim bem próximo há mim
como segundos atrás.

— Ana. — Samira me chamou assim que pus meus pés na cozinha,


ela parecia aflita.

— Samira o que houve? — perguntei preocupada.

— Só uma dorzinha de cabeça chata nada demais. — ela estava


mentindo, pois desviou o olhar —Onde estava?

— Fui à área da piscina, não estava me sentindo bem no meio de


tanta gente desconhecida. — respondi cansada.

Eu queria ir embora dali.

— Vem. Vamos ao jardim lá tem um lago e poderemos respirar


melhor.

Ela pegou minha mão e me levou para o jardim da mansão, ficamos


observando a calmaria do lago sem dizer nada uma para a outra. Samira se
virou para mim e me estendeu a mão para voltar à festa, porém vozes
chamou nossa atenção e fomos ver do que se tratava.

Estava pronta para chama-la para voltarmos à festa quando, uma


movimentação seguida por vozes por trás de um dos arbustos chamou nossa
atenção. Olhamos na direção que vinha às vozes e vimos quando Maria,
esposa de Vicenzo, apareceu beijando um dos homens de seu esposo. Assim
que meus olhos bateram no homem que Maria beijava o ar fugiu de meus
pulmões e me senti sufocar.

— Ana o que houve? Você esta tremendo, está passando mal? —


perguntou Samira aflita segurando minhas mãos para que eu me acalmasse.

— É... É ele... — eu não conseguia falar, estava sufocando com as


lembranças de tudo o que vivi naquele inferno.
— Ele quem, Ana?.

— O homem responsável pelo meu sequestro é o mesmo que estava


beijando a esposa do Vicenzo. — revelei chorando.

— Tem certeza? — apenas assenti sufocada por minhas próprias


lembranças.

— Que puta, mas isso não vai ficar assim.

— O que vai fazer Samira? Ele é perigoso e está infiltrado aqui.

— Não vou enfrentá-lo quem acertará as contas com ele é Vicenzo,


mas ela não me escapa.

Saímos de onde estávamos escondidas assim que o soldado de


Vicenzo deixa Maria sozinha.

— Quer dizer que a tão honrada primeira dama da máfia trai o


marido com um soldado. — falou alto chamando atenção de Maria que a
olhou assustada — Que feio!

— O que... Como... — ela gaguejou ao se dar conta que foi pega no


flagra.

— Seu amante comeu sua língua por isso não consegue falar?

— O que todos vão falar ao saber que a grande dama não passa de
uma puta?

— Como ousa me chamar assim sua cobra, eu sei que você é louca
por Vicenzo, mas é comigo que ele está casado.

As duas começaram um bate boca e Maria contou todos os seus


podres crendo que ninguém acreditaria em Samira se ela contasse. O que foi
um grande erro.

— E não pense que irão acreditar em vocês, eu sou a primeira dama


da máfia tenho todos aos meus pés. Sem falar que Vicenzo me ama.
— Tem certeza disso, Amor?— Vicenzo falou atrás de nós nos
assustando. Ele havia escutado toda a conversa e esse era o fim da primeira
dama da máfia.

Samira pegou minha mão e saímos de lá deixando os dois


resolvendo suas pendências.
Capitulo 17
Depois que saímos do jardim da casa de Vicenzo, Samira pediu ao
Nicolas me levasse para o hotel em que nós ficaríamos hospedados. Eu
estava em crise e não conseguia parar de chorar, tudo o que eu vivi naquele
lugar veio a minha mente me paralisando.

O medo voltou com tudo e eu me sentia sufocando. Tantos dias


trabalhando para não me deixar aprisionar pela minha mente e bastou ver o
responsável por tudo o que aconteceu e eu me fechei em mim mesma.
Perdi-me na minha mente fodia e conturbada.

Assim que chegamos ao hotel meu irmão me pegou no colo e me


levou para o nosso quarto. Ele me depositou na cama e me abraçou.

— Ana respira, pequena. — dizia meu irmão ao meu lado, mas eu


não conseguia respirar. Eu estava sufocando.

— ME LARGA, NÃO ME MACHUCA, POR FAVOR. EU NÃO


VOU TENTAR FUGIR DE NOVO. — eu gritava presa em memórias que
não me deixavam em paz um dia se quer.
— Ana, você já está salva, irmã se acalme. Não se machuca. Eu te
amo. Estou aqui com você.

Eu ouvia a voz angustiada de Nicolas, ele estava sofrendo por me


ver assim e não poder fazer nada, contudo não conseguia reagir. Aquilo era
mais forte que eu.

Ver aquele homem me jogou em um redemoinho de emoções que eu


não conseguia sair. Imagens dele me machucando no galpão, das meninas
apanhando, eu sendo violentada por vários homens por ter tentando fugir
mais de uma vez. Das tapas e socos que levei, imagens do corpo de Bella
sem vida e todo machucado me fizeram gritar.

Eu gritava, me debatia, me arranhava, empurrava e chutava quem


tentava me abraçar.

Eu queria sair daquele pesadelo, mas não estava conseguindo, não


sozinha.

— ANA, ANA. — um grito me fez parar. — Volte meu anjo. Saia


dessas lembranças que tanto te afligem. Eu estou aqui.

— Luca. Não deixe eles me levarem, eu não quero mais ser


machucada.

— Não vou deixar, meu anjo. Eu não vou deixar. — falou calmo,
sussurrando e me abraçando forte.

A voz de Luca me trouxe de volta, ele me abraçou apertado e eu me


agarrei a ele como se fosse meu bote salva vidas. Ele fez a escuridão da
minha alma ir embora e eu não sabia o por que. Eu só sabia que precisava
dele.

Fiquei agarrada a Luca me balançado enquanto ele fazia círculos nas


minhas costas com o dedo e cantava para mim. Sua voz me acalmou por
completo e eu caí em um sonho profundo sentido seu cheiro.

Ele era minha paz. Pena que eu demorei para enxergar isso.
◆◆◆

LUCA

Ver o sofrimento de Ana me paralisou por alguns segundos, a forma


como ela se debatia e pedia para não a machucarem me trouxe memórias
ruins que eu luto todos os dias para esquecer.

Eles a machucaram muito, não gosto nem de imaginar o que ela


sofreu nas semanas que esteve presa, mas eu sei que foram coisas que ela
vai levar para o resto da vida. Isso a marcou e ela terá que conviver com
suas lembranças para sempre.

Assim que Samira entrou na casa de Vicenzo com Ana agarrada ao


seu braço eu sabia que algo grave havia acontecido e não pensei duas vezes
antes de me oferecer para trazê-la com seu irmão ao hotel. Mas eu não
estava preparado para ver seu sofrimento.

Depois que acordei do transe de minhas próprias lembranças, vi que


Nicolas não estava conseguindo acalma-la então corri até ela e gritei para
que saísse da névoa de lembranças ruins a qual ela tinha entrado.

Agarrei-me a ela e comecei a cantar a música de ninar que sempre


cantava a minha irmã quando ele estava com medo do escuro, e ou,
assustada com algum ataque. Ana se acalmou e dormiu em meus braços,
beijei o topo de sua cabeça e a deitei na cama.

— Obrigado. — agradeceu Nicolas tocando em meu ombros depois


de eu já está de pé ao seu lado.

— Não precisa me agradecer. Eu gosto muito dela. — falei olhando-


a dormir tranquila e serena. Tão linda e tão machucada.

Ela sofrera tanto e tudo o que eu queria era poder voltar o no tempo
e impedir tudo o que lhe aconteceu.
— Eu tenho que me vingar de todos os que a machucaram. Ele tem
que pagar.— falou cheio de raiva.

— Temos sim, Ana precisa ver que quem a machucou pagou por
isso para poder ter paz.

— Ela não merecia isso, eu me sinto tão falho, tão inútil. Minha
princesinha precisou de mim e eu não fui capaz de protegê-la.

Eu sabia como ele se sentia, pois eu sentia o mesmo com relação a


minha irmã.

— Eu sei como é se sentir assim. — eu ainda olhava para Ana —


Não importa que você mate a todos que a fizeram mal, você sempre vai se
culpar por não ter conseguido impedir que a machucassem.

— Sinto muito por sua irmã.

Eu havia contado a ele o que me acontecera há 20 anos trás com


minha irmã, quando nos juntamos para resgatar Ana.

— É passado, Violetta está em um lugar melhor hoje. E apesar de


tudo o que aconteceu Ana está conosco e bem, na medida do possível,
claro.

— Sim, eu sou grato por ter me ajudado a trazê-la de volta para


mim.

Apenas assenti e me sentei na poltrona do quarto, Nicolas fez o


mesmo e ficamos em silêncio observando Ana dormir.
Capitulo 18
Semanas depois...

— Levanta os braços, Ana. Não abaixa a guarda. — Luca gritava


para que eu melhorasse minha postura na hora de acertar os golpes.

Estávamos na academia de luta do pai de Samira, lugar onde os


soldados treinavam. Eu estava a duas semanas treinando com Luca, Mateo e
Samira e estava cada dia melhor.

— Isso. — Luca comemorou depois de eu acertar alguns golpes em


Mateo — Continue assim, meu anjo.

Eu amava a forma como ele me chamava, nós estávamos cada vez


mais unidos depois do meu surto na festa da ex-esposa de Vicenzo.

E por falar nela, Vicenzo a matou por traição e muita coisa do


passado de seu pai foi revelado. Quem está por trás dos ataques é seu meio
irmão Pietro, irmão que ele nem sabia da existência, foi ele quem entrou em
contato com Ivan Petrov e pediu para ele sequestrar Samira, o que não
aconteceu e eu fui ao lugar dela.
Ivan já estava sequestrando garotas para suas casas de prostituição
então Pietro aproveitou-se disso para realizar sua vingança ao pai de
Samira. Agora estava uma caçada ao meio irmão de Vicenzo e nossa
segurança tinha sido reforçada.

Na semana passada Samira tinha ido ficar com Vicenzo e eu estava


torcendo para que eles se acertassem e ficassem juntos de uma vez por
todas.

— Está cada vez melhor, garota. — falou Mateo me abraçando e


dando por encerrado a aula de hoje.

À tarde eu teria aula de tiro, mas seria apenas com o Luca.

— Quer almoçar comigo? — perguntou Luca me dando um lindo


sorriso.

Nós estávamos cada a dia mais próximos e seu cuidado e proteção


estavam me deixando bastante balançada.

— A senhora Giulia me convidou para almoçar com ela em um


restaurante de uma amiga sua.

— Tudo bem. — ele beijou minha bochecha — Nos vemos na aula


de tiro mais tarde.

Ele saiu e eu fiquei olhando para ele com cara de boba. Eu estava
começando a gostar do cuidado dele por mim.

— Você gosta dele. — não era uma pergunta. Olhei para Andreia
que falava comigo da porta da academia.

— Ele é um cara lindo e cuidadoso comigo. — falei dando de


ombros e saí do tatame indo para perto dela.

— Vocês tem algo? — perguntou ela.

— Não, eu não quero me envolver com ninguém no momento.


— Mas dá uns beijos não é se envolver. Você precisa transar. —
falou rindo, mas ao me ver ficar rígida parou de rir.

Eu não me sentia pronta para estar com alguém de forma tão intima.

— Desculpe-me não quis te fazer lembrar-se de coisas ruins.

— Tudo bem, eu que preciso melhorar e tentar ter uma vida normal.

— O que te aconteceu não foi fácil e leva tempo para se recuperar


Ana, mas pode contar comigo para o que precisar.

— Obrigada, mas o que veio fazer aqui?

— Bom... Eu... — ela ficou sem graça o que me fez rir.

— Se veio atrás do meu irmão ele não veio me ver hoje. — falei
enquanto tomava água da minha garrafinha.

— Eu não vim saber do Nicolas. — ela desconversou — Eu vim te


chamar para fazer compras eu estou precisando renovar meu guarda-roupa.

— Eu vou almoçar com a senhora Giulia, pois ela está carente por
ter seus dois filhos longe e a tarde terei aula de tiros com Luca, mas
podemos ir amanhã.

— Ah! Tudo bem então. — ela me deu um abraço e um beijo —


Nós nos vemos amanhã.

Despediu-se e foi embora, eu saí da academia e fui tomar banho


para poder ir almoçar com a mãe de Samira. Ela tinha se tornado uma
pessoa muito especial na minha vida. Todos da família de Samira me
tratavam com muito carinho e cuidado.

Eu me sentia em casa às vezes.


◆◆◆
Eu já havia almoçado com Giulia e estava a espera de Luca para
começarmos nossa aula.

— Preparada para uma nova aula? — pergunta Luca entrando na


sala onde temos aula de tiro.

— Já nasci pronta. — respondo sorrindo.

— Então vamos lá.

Ele coloca-me os óculos e os fones de proteção e me posiciona na


cabine de tiro.

— Nunca descanse o dedo no gatilho, mas mantenha-o reto e firme


ao lado. — avisou.

— Entendi, isso evita acidentes e que alguém saia ferido.

— Exatamente. Agora, deixa-me ajudá-la a atirar. — Luca


posicionou ao meu lado com uma das mãos sobre o cabo da arma, me
dando suporte.

— Pés separados, virados sempre para o seu alvo, braços esticados,


e não trave o cotovelo, porque quando disparar a arma dará um tranco para
trás e pode atingir seu rosto e machucá-lo.

— Desse jeito? — perguntei, me colocando na posição que ele me


dissera.

— Mais ou menos. — Suas mãos tocam minha cintura e eu prendo a


respiração.

Ele estava muito próximo, seu corpo másculo e forte colado ao meu
e seu cheiro em minhas narinas me deixaram arrepiada com pensamentos
nada santos.

— Mire no alvo, segure a arma firme na altura do queixo, pernas


afastadas para dar sustentação na hora que atirar. — tornou a disser o que eu
tinha que fazer.
Fiz como dele falou e esperei seu comando.

— Atira. — ordena e assim o faço.

O impacto da arma me fez soltá-la. E Luca reclamar.

— Não pode ter medo de atirar, Ana. Tem que ter firmeza nas mãos
e se concentrar. — falou Luca ao meu lado com toda a calma.

— Assim.

Ele colocou a arma em minha mão de novo e se posicionou atrás de


mim. Meu coração galopou no peito ao tê-lo assim tão perto e sentindo sua
respiração em meu pescoço. Eu olhei para ele por um segundo antes de me
concentrar e uma vontade súbita de beija-lo me tomou.

Ele era tão lindo e seus lábios carnudos e rosados pareciam que
estava me chamando, clamando por um beijo meu. E eu queria saber o
gosto deles e se eram tão macios como pareciam.

— Isso, concentre-se no alvo, mãos firmes. Olhos atentos onde quer


que o tiro bata. — ele falava tudo isso ao pé do meu ouvido e sua voz rouca
fez meu centro pulsar, arrepios percorreram todo meu corpo. Seus braços
estavam sobre os meus segurando a arma junto comigo. Ele estava me
abraçando..

— Atire.

Deu o comando novamente, mas dessa vez apertando minhas mãos


na arma e eu atirei. Acertei no ombro do homem desenhado no alvo, ele se
afastou de mim e me deu um lindo sorriso pela minha conquista e eu não
me contendo de alegria pulei em seus braços.

Ele me agarrou no ar e eu circulei minhas pernas em sua cintura.


Minha respiração descompassou e ficamos nos encarando, vi o desejo
estampado em seus olhos e a forma como dele olhou para minha boca foi
tudo o que eu precisava para fazer o que eu vinha querendo há semanas.
Agarrei seu rosto e o trouxe até o meu dando-lhe o beijo que tanto
desejava. Luca retribuiu na mesma proporção e aprofundou o beijo. Sua
mão apertava minha bunda enquanto nos perdíamos na boca um do outro.

Eu não queria que aquele momento acabasse eu o queira em meus


braços, queria ser dele, mas ao sentir sua ereção em meu sexo tudo o que eu
vivi na casa de prostituição veio a tona em minha mente e eu parei o beijo
bruscamente e o afastei.

Luca me olhou surpreso, mas ao ver que eu não estava bem me


colocou no chão sem falar nada e eu saí correndo da sala de tiro da casa de
Samira deixando um semblante triste em seu belo rosto.

Me tranquei no meu quarto e chorei por alguns instantes. Eu queria


ter minha vida de volta e não ter medo de ir para cama com um homem
lindo e gostoso como ele.

Fiquei lá até a hora do jantar. Tomei um banho e desci para me


juntar aos pais de Samira e jantar com eles.

— Me desculpe pelo que aconteceu mais cedo. — Luca me pediu


ainda com um tom triste em sua voz.

Eu estava no jardim olhando o balançar das plantas e perdidas em


pensamentos confusos.

— A culpa não foi sua, Luca, eu que te beijei.

— E eu retribuí o beijo mesmo sabendo que você não estava


preparada.

— Não sei se estarei um dia. — confessei o que tanto temo.

Estar tão quebrada que não possa ser feliz de novo.

— Você só precisa de tempo para se curar. — falou ele se


aproximando e me fazendo respirar pesado.

Eu estava a cada dia mais envolvida a ele.


— Me ajuda a me curar ,Luca. Ajude-me a me livrar do toque deles.

— Você ainda não está preparada para isso, anjo, mas quando
estiver te farei esquecer tudo e você será minha.

Beijou meu pescoço e se foi, me deixando louca para que ele


cumprisse todas as suas palavras.
Capitulo 19
Meses depois...

Olho em volta para onde vivi durante esses últimos meses e meu
peito se agita. Meses haviam se passado, eu tinha entendido como a máfia
da Samira funcionava e que eles não tinham culpa do que me aconteceu.

Eu agora estava mais madura, mais forte e com minha cabeça


centrada e voltada para o que me importava.

Tinha voltado a conviver com meu irmão. Estava bem com Samira,
e tinha me tornado amiga de Andréia que agora era minha cunhada. Nicolas
estava morando aqui e namorando ela.

— Tem certeza de que é isso que você quer? — Samira pergunta


pela décima vez desde que tomei minha decisão.

— Sim, eu preciso disso para poder viver em paz, Samira.

— Tenho medo de que algo aconteça e eu te perca para sempre. —


Fungou.
Eu estava de partida para fazer aquilo que eu tinha me proposto a
fazer: minha vingança.

— Você não vai me perder, seremos amigas para sempre, lembra?

— Amigas para sempre. — reafirmou.

Eu a amava e nossas diferenças tinham ficado no passado. Éramos


família.

Ela tinha sofrido e eu quase a perdi quando o meio irmão de


Vicenzo a sequestrou. Samira foi levada no dia que confirmamos sua
gravidez. Foram dias de muita aflição para todos, e eu em especial imaginei
o pior dos cenários dado a tudo o que eu passei quando fui levada lá no
Brasil.

Mas que graças a Amélia, que conseguiu rastrear onde ela estava,
Vicenzo, Giuseppe e o senhor Francisco conseguiram salvá-la.

Nós nos abraçamos e eu entrei no carro que me levaria para o


jatinho e de lá para a Rússia.

Eu estava preparada para dar início a minha vingança. Tinha levado


bastante tempo para inicia-la, mas eu finalmente estava pronta.

Luca e Mateo tinham me ensinado tudo o que eu precisava saber


para sobreviver ao que eu tinha em mente. Me infiltrar na máfia Rússia,
matar Ivan Petrov e resgatar as outras meninas sequestradas.

Era um projeto arriscado, mas eu faria de tudo para conseguir


cumpri-lo. Eu me tornaria uma assassina e me vingaria por mim, por Bela e
por todas as outras.

— Pronta? — perguntou Luca.

— Sim!

Ele e Mateo ficariam comigo lá. Eu não queria que ele se


envolvesse, mas seu oferecimento me fez gostar ainda mais dele. Depois
daquele beijo no estande de tiro, quando eu comecei minhas aulas, nós não
voltamos a nos beijar ou a ter qualquer tipo de contado físico de cunho
sexual e confesso que ansiava por seu toque.

Mas ele tinha medo de como eu reagiria se tentasse me beijar de


novo. Eu o entendia e por isso não fiz nenhum movimento que nos deixasse
sem graça ou em uma saia justa.

Luca disse que não me deixaria sozinha e que a todo momento me


ajudaria com minha vingança, pois ele, mais do que ninguém, sabia como
era ter esse desejo em seu coração. Ele se vingou de todos os que mataram
sua irmã e agora se vingaria de todos os que abusaram de mim.

Luca me quer sã antes de termos algo e eu achei lindo da parte dele.


Porém não sei como será ao passarmos a viver juntos, pois é isso que
acontecerá, iremos ficar em um hotel e eu tentarei me infiltrar nas boates da
Bratva para ter acesso ao Pakhan.

— Tenha em mente que não será fácil, você precisará interagir com
os clientes da boate.

— Eu sei Luca e já trabalhei minha mente para isso. Eu não vou me


deixar destruir por eles.

— Você é valente. Tenho orgulho de você.

— Obrigada! Eu prometi a Bella que a salvaria e não consegui, mas


os farei pagar pelo mal que nos fizeram.

— Eu queria poder ter feito Pietro sofrer mais, morrer com apenas
um tiro na testa foi pouco para ele.

— Você precisava salvar a Samira, eu entendo.

— Não o matei por ela. — ele revelou me olhando de forma intensa.

— Não? — perguntei chocada.


— O matei por você, anjo. Foi ele quem a fez ser sequestrada e por
isso você sofreu durante 3 semanas.

— Eu pensei que...

— Eu queria que ele pagasse pelo que lhe fez — cortou minha fala.
— Eu gosto muito de você, Ana.

— Luca...

— Eu já disse que quando estiver pronta você será minha. Eu sei ser
paciente.

Ele sorriu docemente e tocou meu rosto de leve. Fechei os olhos


recebendo seu carinho e depois virei meu rosto para a janela do veículo e
fiquei olhando a paisagem.

Eu estava sem reação diante de sua afirmação. Não sabia o que


dizer-lhe.

Luca já me falara que não se envolvia com ninguém por causa de


seu passado e agora me revelava que matara Pietro por minha causa. Que
gosta muito de mim e será paciente em esperar minha cura e eu estar pronta
para me entregar a ele. Pronta para ser dele, me deixou confusa. Totalmente
sua!

Eu me sinto atraída por ele e não tinha porque negar isso. Ele é um
homem muito lindo, protetor e gentil, mas me envolver com ele não estava
nos meus planos. Eu nem sabia se seria capaz de retribuir seu sentimento na
mesma intensidade.

Eu sou quebrada, meu desejo por sangue é meu combustível e a


razão por eu ainda permanecer viva. Amar alguém está fora da minha meta,
do meu desejo e do que preciso.

Luca teria que mostrar que eu precisava do seu amor ou eu nunca


me abriria para ele. Nunca o deixaria entrar no meu coração.
Fomos o restante do caminho até o jatinho, que Vicenzo cedeu para
nos levar a Rússia, em silêncio. Cada um estava perdido em seus próprios
pensamentos. Em seu próprio mundo.

Entramos no jatinho e nos acomodamos, o piloto já estava a nossa


espera. Partimos para uma nova etapa de nossas vidas e eu torcia para que
eu conseguisse realizar minha vingança e sair de lá viva.
◆◆◆

Luca

Eu estava indo para algo que eu tinha certeza de que não daria certo,
mas meu instinto protetor não me permitia simplesmente deixar Ana
enfrentar tudo isso sozinha. Ela não sabia a dimensão do que queria fazer e
eu não teria paz até saber que ela estaria bem.

Foram meses de treinamentos, de conversas, de conselhos, mas ela


estava decidida e eu a ajudaria em sua vingança.

Seu irmão me fez prometer que eu cuidaria dela, mas eu nem


precisava prometer isso, pois eu morreria por ela se fosse preciso. Mateo
também entrou nessa empreitada com a gente e ele, com ajuda de Vicenzo e
sua hacker, iria se passar por um cliente da Bratva para que Ana não
precisasse se prostituir de novo.

Eu só não poderia impedi-la de ser amante de Ivan Petrov, pois ele


era seu alvo e para isso ela teria que ser sua prostituta particular. Mas meu
peito doía apenas com a ideia do que ela precisaria fazer para conseguir tal
feito.

Eu tinha me prometido não amar outra vez, contudo Ana tinha


entrado em meu coração e me feito querer tê-la só para mim, ela tinha
despertando em mim um sentimento de posse e proteção.

Foram anos a vendo como Samira, lá no Brasil, e me encantando


por seu jeito doidinho, foram meses a sentindo em meus braços na hora dos
treinos, sentindo seu cheiro e sua respiração pesada, que me fazia ter os
piores pensamentos pervertidos com relação a ela. Todo dia eu imaginava
como seria tê-la em baixo de mim e gemendo de prazer enquanto a fodia,
forte e duro.

Cada vez que eu a via, meu corpo reagia a ela, eu a desejava e a


queria só para mim, queria seus beijos, seu corpo. Todavia Ana não estava
pronta. E eu esperava que depois de conseguir cumprir sua obsessão em
matar quem a machucou ela fosse minha. Apenas minha.

Eu iria me tornar um soldado de Ivan e estaria ao seu lado para


protegê-la, mas com certeza eu morreria cada dia um pouco ao vê-la nos
braços de outro mesmo sabendo que isso era preciso.

Eu tinha que me preparar para isso, mas como se prepara o coração


para ver tal cena de alguém a quem se ama mais que tudo?

Era isso que eu teria que descobrir e seria da pior maneira.


Capitulo 20
Paramos em frente para o hotel onde ficaríamos e descemos do táxi
que nos trouxe até aqui.

O hotel ficava localizado no centro da Rússia e era um dos mais


caros. Fomos obrigados a ficar aqui por Samira. Ela queria que tivemos
tudo ao nosso alcance e no mais conforto possível.

Não quis brigar com ela, pois não adiantaria e ela estava grávida o
que significava mais teimosa e mandona que nunca, então acabei aceitando.

Eu também queria que Ana tivesse conforto e acesso a tudo o que


vai precisar para o que se propôs a fazer. Aqui nesse hotel muitos dos
amigos e sócios de Ivan frequentam nos permitindo ficar de olho neles e
nos seus negócios.

Peguei nossas malas e entramos no hotel. Para todos os efeitos Ana


e eu éramos um casal apaixonados e em lua de mel. O único problema disso
era ter que demonstrar carinho em público.
Como eu a tocaria e a beijaria em público e não a agarraria e a
foderia quando estivéssemos sozinhos?

Por que era isso que eu queria fazer. Tê-la sob mim enquanto eu me
enterrava fundo nela e a fazia minha. Eu teria que me controlar ao máximo
para cumprir a promessa de esperar seu tempo, pois eu dormiria ao seu lado
todas as noites.

Entramos no hotel e confirmamos nossa reserva, tínhamos feito há


duas semanas e para 5 dias. Depois de assinar os documentos da reserva,
peguei o cartão chave e fomos de mãos dadas até o nosso quarto.

Sorrimos como apaixonados e eu toquei seu rosto antes de entrar no


elevador.

— Nossa! É tudo muito bonito e luxuoso. — Ana comentou ao


entrarmos no quarto.

— Sim, Samira insistiu para que tivéssemos o máximo de conforto.

Coloquei nossas malas ao lado do sofá e me sentei nele.

— Vou tomar um banho e depois vemos como faremos para dormir.


Só tem uma cama.

Concordei com a cabeça e a recostei no sofá. Esse era o grande


problema.

Minutos depois ela saiu do banheiro vestida com uma calça de


moletom cinza e uma camiseta na mesma cor que grudava em seus seios me
dando uma prefeita visão de como eles eram.

— Vai pedir serviço de quarto ou descer para jantar no restaurante?

— Serviço de quarto. Vou tomar um banho.

Ela concordou com a cabeça e se sentou na cama pegando o telefone


e ligando para a recepção para pedir nossa comida.
Peguei uma cueca, uma calça de moletom e uma camiseta preta.
Entrei no banheiro e tomei um banho demorado e gelado para limpar
pensamentos pervertidos que minha mente insistia em sugerir dela.

Minutos depois saí do banheiro, a comida já tinha sido entregue e


posta na mesa que que havia no quarto. Ana mexia no celular alheia a tudo
o que despertava em meu corpo.

— Vamos comer. — a chamei e ela largou o celular vindo até a


mesa e se sentando para jantarmos.

— Eu estava falando com a Samira. Ela me perguntou como


estávamos.

— Ela sempre preocupada.

— Sim, como vamos fazer na hora de dormir?

— Você fica com a cama e eu com o sofá.

— Mas ele não é tão grande. Você vai acordar dolorido amanhã.

— Não podemos dormir na mesma cama.

— Por que não? Eu não tenho medo de você, Luca.

— Porque eu não sei se conseguirei me controlar e não te foder se


estiver na mesma cama que você, Ana.

Ela ofegou e soltou um pequeno gemido.

— Deus, isso não vai dar certo. Eu vejo o quanto Está afetada por
mim e eu estou a isso aqui... — demostrei com os dedo polegar e indicador.
— de desistir do que prometi e te fazer minha.

— Luca...

— É melhor irmos dormir. — disse me levantado da mesa e me


deitando no sofá.
Ela foi ao banheiro escovou os dentes e deitou na cama. Me levantei
do sofá, caminhei até o banheiro e escovei os meus. Após isso voltei a me
deitar no lugar onde provavelmente seria minha cama por 5 dias.

Não sei que hora da madrugada era e nem em que momento dormi,
mas acordei com um gemido de dor vindo de Ana. Corri até ela e vi que
estava em mais um de seus pesadelos.

Ela soava muito e se debatia pedindo por clemência e que não a


machucassem. Meu coração doeu por vê-la assim mais uma vez.

Depois do episodio na casa de Vicenzo, onde ela viu Pietro pela


primeira vez depois de seu resgate, eu não tinha presenciado outro pesadelo
dela. Mas agora eu estava vendo como ela sofria vivenciando tudo
acontecer de novo, mas agora em sua mente.

A peguei no colo, mesmo sentindo suas unhas rasgarem minha pele,


e comecei a cantar uma musica de ninar para que se acalmasse e despertasse
de seu pesadelo.

Aos poucos ela foi se acalmando e abriu os olhos. Seus lindos olhos
verdes estavam repletos de tormentos e lágrimas.

Toquei seu rosto e com a voz mas doce possível que consegui disse
palavras de conforto.

— Eles nunca voltarão a te machucar meu anjo eu prometo.

— Me faça esquecê-los Luca. Tira o toque deles da minha pele.


Livre-me desse tormento. — suplicou fazendo meu coração rasgar.

— Meu anjo... — toquei seu rosto com delicadeza e desci os dedos


até seus lábios.

Inclinei-me sobre eles e os tomei nos meus. Ela abriu a boca e


recebeu minha língua. A beijei com doçura, delicadeza. Saboreando cada
parte de sua boca e chupando sua língua toda vez que tocava a minha.
Encostei suas costas na cama e fiquei sobre ela. Eu não a faria
minha, não totalmente pelo menos, mas a daria o prazer que tanto pedia e
tentaria fazê-la esquecer o toque de quem a machucou.

Abandonei seus lábios por alguns instantes e desci beijos por seu
queixo, pescoço e colo. Ana amoleceu em meus braços e passou a soltar
gemidos baixos de prazer. Eu estava com meu pau doendo de tesão sob a
cueca, mas tudo era única e exclusivamente para ela.

Puxei sua blusa e revelando seus seios grandes e redondos, com


bicos duros e marrons. Coloquei um na boca e massageei o outro. Depois
troquei e os uni me deliciando deles. Ela se contorcia e se esfregava na
minha coxa que estava entre suas pernas em busca de atrito para aplacar sua
excitação.

— Luca...

Deslizei meus dedos por sua barriga plana e os coloquei para dentro
de sua calça sendo presenteado com o calor e o molhado de sua boceta
depilada e de lábios suaves. Ela estava tão encharcada que o trabalhar de
meus dedos em seu clitóris fazia barulho.

Voltei a tomar sua boca e beber de seus gemidos e intensifiquei os


movimentos de meus dedos em seu ponto sensível que crescia e pulsava a
cada toque meu.

Ana mordeu meus lábios e gravou as unhas em meus bíceps ao


gozar. Ela estremeceu prendendo minha mão entre suas pernas e me
enlouquecendo com a expressão de prazer que tomou conta de seu belo
rosto.

— Linda. Tão linda, meu anjo.

Ela sorriu languida e me beijou.

Nós nos beijamos por um tempo e depois ela descansou a cabeça em


meu peito adormecendo em seguida.
Acariciei seu rosto e velei seu sono até me dar por vencido ao meu
cansaço e dormir abraçado a ela.

Nem a dor do meu tesão me impediu de adormecer com a mulher


por quem eu estava apaixonado ressonando, calma e tranquila, em meus
braços.

Eu a amava e viveria para fazê-la feliz e sem os demônios que


atormentavam sua mente.
Capitulo 21
Três dias tinham se passado desde que chegamos à Rússia e já
tínhamos tudo arquitetado para dar inicio ao nosso plano. Ana iria entrar na
boate como uma jovem em busca de trabalho e depois de se familiarizar
com tudo iria se tornar a prostituta particular de Ivan.

Amélia, a hacker do Vicenzo, nos ajudaria com os documentos


falsos e iria encobertar todas as nossas ações, pois Ivan tinha um hacker tão
bom quanto ela, e não podíamos baixar a guarda e subestimar o inimigo.

Eu não estava muito de acordo com o que Ana queria fazer, mas não
tínhamos outra forma de nos infiltrarmos na Bratva. Eu iria me tornar um
soldado de Ivan e Ana se tornaria sua amante.

Não era a forma mais honesta de se fazer algo, porém tudo o que
envolvia a máfia Rússia era desonesto, então não poderia ser diferente.

Depois de Ana se instalar na boate de Ivan Petrov e se tornar uma de


suas garotas do prazer, ela iria conquistar a confianças das outras mulheres
lá dentro e nós as ajudaríamos a fugir. Assim como tentaríamos descobrir os
novos carregamentos de jovens sequestradas para esse mesmo destino.
Foram meses de treinamentos e estudo do melhor jeito e momento
para entrarmos em ação. Eu e Samira, apesar de não concordarmos com
isso, estávamos apoiando-a em tudo assim como seu irmão também.

No início os dois brigaram por ele não aceitar essa ideia absurda
dela, mas vendo que, com ou sem nossa ajuda, Ana iria adiante com seu
desejo de vingança, nós resolvemos ajudá-la também.

Seu treinamento estava completo e eu acreditava fielmente em sua


capacidade em alcançar seu objetivo.

Eu teria que controlar meu ciúme e apoia-la em tudo, mas não


estava sendo fácil para mim. Depois de que a fiz gozar em meus dedos na
noite que chegamos aqui, nos aproximamos ainda mais.

Ainda não tínhamos transado, pois ela ainda não estava pronta, mas
nos fazíamos gozar todas as noites. Eu a fiz gozar em meus dedos mais duas
vezes e outra vez ela gozou apenas se esfregando em minha ereção sentada
no meu colo, gozamos juntos na verdade.

Nossos beijos estavam cada vez mais intensos e difíceis de


controlar. Sempre que ficávamos sozinhos acabávamos nos beijando e ela
gozando em minhas mãos.

Ontem fiz sexo oral nela pela primeira vez e foi como tocar o céu ao
sentir seu sabor em minha boca. Me fartei em sua boceta delicada e a
degustei como nunca fiz com nenhuma outra mulher.

Eu só transava com prostitutas então não era muito fã de sexo oral,


contudo, com Ana eu queria passar o dia entre suas pernas a devorando com
minha boca e me deliciando com seu sabor de mulher.

Saí de meus devaneios com ao sentir sua presença ao meu lado.

— Está pronta? Mateo já tem tudo pronto para colocá-la dentro da


boate.
Perguntei segurando sua cintura. Ela estava linda em um vestido
sensual que se agarrava ao seu corpo e destacava todas as suas curvas.
Estava uma delicia e eu precisava me controlar para não atacá-la e impedi-
la de sair essa noite e fazer o que era necessário para nosso plano dar certo.

Eu a queria só para mim!

— Nunca estive tão pronta. — Ana me respondeu sorrindo.

— Tome cuidado, anjo. Eu sei que você está apostando todas suas as
fichas nisso, mas lembre-se do perigo que corre ao estar no terreno do
inimigo. Não podemos te proteger lá, apenas torcer para que dê tudo certo.
Ou então criaremos uma guerra e Vicenzo não nos permitiu isso.

— Estou ciente de tudo isso, Luca, fique tranquilo que eu vou me


cuidar. Eu não pretendo morrer antes de cumprir o que prometi a Bella e as
outras meninas.

Meu peito se apertou com a possibilidade de perdê-la, mas consegui


controlar minhas emoções.

— Tenho orgulho de como você cresceu e amadureceu desde que foi


resgatada. Só em ver que sua raiva não é mais direcionada a nós já me deixa
feliz.

Ela passou um tempo descontando sua raiva em todos da nossa


máfia e nos igualando as pessoas que a machucou. Presenciei infinitas
brigas entre ela e Samira no início. Foram dias bem caóticos.

— Eu não estava vendo as coisas direito, Luca, minha raiva era


infundada e não direcionada a vocês. Eu estava com raiva do mundo pelo o
que tinha me acontecido e descontei na primeira pessoa que achei certo
descontar, mas já me arrependi disso e me desculpei com Samira.

— Sei como deve ter se sentido ao descobrir de forma tão repentina


que pertencíamos à máfia e entendo o porquê de ter nos odiado por um
tempo. Mas o importante é que tudo passou e você percebeu que não somos
inimigos.
— Nunca os vi como inimigos! — afirmou. — E eu também não os
odiava de verdade, como disse só estava com raiva e confusa. — ela me
olhou de forma tão intensa que meu peito se agitou. — Eu não conseguia
odiar quem mexia tanto comigo.

— Você também mexe comigo e meu desejo por você vem


crescendo a cada dia. — fui sincero porque não conseguia mais esconder
meus sentimentos por ela.

— Não vejo a hora de te ter por completa na minha cama. De beijar


todo seu corpo e me enterrar bem fundo nessa sua boceta gostosa que eu sei
que me quer como eu a quero. — sussurrei em seu ouvido e a vi se arrepiar.

— Também não vejo a hora de ser sua, quero que me faça sentir um
prazer maior do que você já me fez sentir. Eu quero te sentir dentro de mim
me fazendo completamente sua. — minha respiração se tornou pesada e
quis tomá-la agora mesmo.

— Eu só preciso ter a certeza que estou no caminho certo. Confia


em mim. — falou tocando meu rosto com delicadeza.

Segurei sua mão e beijei seus dedos.

— Confio em você, anjo. Dê o seu melhor e conquiste Ivan Petrov.

Apertei sua cintura a fazendo ofegar e tomei seus lábios nos meus.
Beijei sua boca com vontade, chupando sua língua e mordendo seus lábios
mostrando-lhe o quando eu a queria, o quando a desejava.

Nosso beijo foi quebrado com um som de pigarro vindo de Mateo e


sorrimos ao desgrudar nossas bocas.

— Está na hora de irmos. — avisou.

Despedi-me dela com um beijo rápido e um aceno de cabeça para


Mateo. Eles se foram e eu me sentei no sofá aflito e torcendo para que tudo
desse certo essa noite.
Ele a levaria até a boate e ficaria de olho nela. Ana estava com uma
escuta com câmera em seu vestido, na altura do decote, que nos permitiria
ficar de olho e escutaríamos tudo o que acontecia ao seu redor.

Eu veria tudo pelo meu notebook.

Tínhamos uma hacker fenomenal ao nosso lado e os recursos de


uma das máfias mais poderosas do mundo a nosso favor. Derrubar Ivan e
Vladimir Petrov será uma grande vitória para nós, pois eles agiam em nosso
território para acabar com o Vicenzo, porém se nosso Don resolvesse agir
uma guerra sem precedentes se instalaria e pessoas inocentes morreriam no
caminho.

Ana era a peça que nos levaria a findar essa batalha sem que um
banho de sangue acontecesse e eu torço para que tudo saía como o
planejado e ninguém que eu amo morra no processo.

Eu não suportaria perder mais ninguém!


capitulo 22
— O que vai beber, linda? — perguntou o barman, em russo, assim
que chego no do bar da boate.

— Uma Gin Tonica, por favor — peço, em inglês, com minha cara
mais sexy, sorrindo para ele.

— Você não é daqui? — ele perguntou em inglês.

— Não, sou do Brasil, mas estou morando aqui há 2 anos, porém


ainda não falo muito bem russo — menti e abri mais um sorriso para ele.

Ele me devolveu o sorriso e assentiu indo preparar minha bebida.

Eu tinha acabado de achegar a boate de Ivan e estava bastante


impressionada com o luxo e sofisticação que ela possuía. Bem diferente da
casa de prostituição que me colocaram meses atrás.

De forma despretenciada, olhei ao redor e observei todo o ambiente


absorvendo cada detalhe e os gravando em minha mente.
Vi as belas mulheres dançando seminuas em um palco, e outras
vestidas da mesma forma, porém com pequenos aventais por cima dos
minisshorts e sutiãs de brilho, servindo os homens de ternos caros por toda
a boate.

— Aqui. — o barman me entregou minha bebida e agradeci


sorrindo.

Nunca tinha sorrido tanto em uma só noite.

— Como faz para trabalhar aqui? — puxei conversa.

Ele me olhou de cima a baixo com olhos de desejo e me senti


enojada, mas não demonstrei, pois estava ali para ser justamente uma das
prostitutas de seu patrão.

— Você quer ser dançarina ou bartender?

— Eu estou precisando de algo que me dê dinheiro rápido.

— Sabe dançar?

— Sei.

— Você pode começar como dançarina e depois se tornar uma das


meninas de luxo daqui.

— Elas ganham bem? — me fiz de inocente.

Ele gargalhou e depois voltou a falar.

— Sim, ganham muito bem e podem ganhar ainda mais se forem


boas com os clientes.

— Prostitutas? — me fiz de chocada.

— Garotas do prazer, é como chamamos aqui. Mas sim, são


prostitutas.
Fingir pensar por alguns segundos e tomei o resto da minha bebida.

— Eu quero. Com quem eu falo e quando começo?

— O responsável por contratar novas meninas é o Boris. Aquele ali


— ele apontou para um homem baixo e barrigudo que falava com as garotas
que serviam os drinques nas mesas dos clientes. — Fale com ele.

— Obrigada. — agradeci e fui até o tal Boris rebolando pela boate e


chamando a atenção de alguns clientes.

— Nova por aqui, gostosa? — Um cliente perguntou em inglês.

Ele agarrou meu braço interceptando meu caminho e passou as


mãos na minha bunda. Minha primeira reação foi ficar tensa e querer cortar
sua mão por tocar-me sem que eu lhe dera permissão, mas minha mente me
lembrou do que eu fazia ali e relaxei minha postura sorrindo docemente
para ele.

— Ainda não, mas pretendo ser — falei tentando ser o mais sexy
possível para o caso de precisar da ajuda dele para me tornar uma das
garotas da boate.

— Posso ser seu primeiro cliente caso consiga? Eu pago muito bem.
— ele cheirou meu pescoço e mais uma vez quis quebrar a cara dele por tão
abusado, mas eu não podia.

Eu estava representando um papel e tinha que permanecer nele até


conseguir meu objetivo.

O homem que me cercava era bonito e bem atrativo para os olhos de


qualquer mulher, mas eu não tinha dado permissão para ele me tocar e só
isso era motivo suficiente para me dar nojo dele.

— Claro, vou amar ser sua — fingi interesse e lambi seu rosto me
controlando para não vomitar em cima dele.

Ele estremeceu com a minha atitude, agarrou minha cintura e beijou


minha boca. Fiquei sem reação por um momento e depois retribui o beijo
colocando na minha mente que tudo aquilo era necessário ou realmente
vomitaria em sua boca.

— Se depender de mim você já é uma das meninas e vai dormir


comigo essa noite. — sorri para ele e ele me levou para falar com o tal
Boris.

Conversei com ele e disse que precisava de trabalho e do meu


interesse em ser uma de suas meninas. Boris ficou desconfiado de inicio,
contudo a insistência do cliente não deixou que ele negasse meu pedido de
ser uma de suas prostitutas.

Mas o fundamental para eu conseguir a vaga foi o homem que me


agarrou. Ele era nada mais nada menos que Mikhail Orlov, o sargento das
armas de Ivan Petrov. Tive que ser bem convincente e prometer fazer tudo o
que ele quisesse para me deixar ir embora e só transar com ele amanhã que
seria o dia em que eu começaria na boate.

Saí de lá feliz por ter conseguido concluir com sucesso o primeiro


passo do meu plano, e louca para me jogar nos braços do Luca. Eu me
entregaria para ele hoje e já tinha decidido.

Não iria mais me prender aos abusos que sofri na época em que fui
obrigada a me prostituir. Eu esqueceria tudo e só me lembraria dos seus
toques, dos beijos.

Eu tinha me apaixonado por ele e me permitiria viver isso, mas sem


fugir do meu objetivo de vida.

Matar Ivan Petrov!


Capitulo 23
Desci do carro que estava com Mateo sentindo minha ansiedade
crescer dentro de mim. Parecia que eu tinha voltado à adolescência e iria
encontrar o menino que daria meu primeiro beijo. Mas talvez fosse
realmente isso, depois do que passei essa noite com Luca iria se tornar a
minha primeira, porque as de antes não faziam mais parte da minha vida.

— Como foi lá? — perguntou Luca assim que eu entrei em nosso


quarto.

Eu tinha chegado com Mateo, porém ele tinha ido direto para o seu
quarto.

Luca tinha uma noção por alto do que aconteceu na boate do Ivan
Petrov, pois eu estava com uma câmera com escuta no meu vestido, então
ele queria saber como eu me sentia com relação a tudo.

— Foi bom. Consegui a vaga e amanhã começarei a trabalhar lá.

— Isso é muito bom, mas eu quero saber como se sente? — sabia


que essa era sua real preocupação.
— Eu estou bem, Luca, eu me preparei para esse momento e para o
que viria com ele.

— Eu sei disso, Ana, mas eu me preocupo com você — falou vindo


me abraçar. Eu me sentia tão bem em seus braços.

Ele era tão protetor comigo que às vezes eu tinha vergonha de como
o tratava. Eu tinha me tornado uma pessoa fria e que não conseguia
demonstrar muito bem meus sentimentos.

Eu só me tornava uns 20% do que eu era antes apenas com ele,


Nicolas ou Samira.

— Eu tive que beijar o sargento de armas do Pakhan, mas eu já


sabia que teria de fingir ser uma prostituta para conseguir me aproximar do
Ivan.

— Eu me orgulho de você, anjo. Não é fácil se prestar a esse papel


depois de tudo o que passou.

— Eu não quero pensar nisso, Luca, não hoje. — olhei em seus


olhos — Eu sei que terei que transar com Ivan para conseguir minha
vingança, mas eu não quero que seja ele o primeiro homem a me tocar e a
me ter depois de tudo o que passei.

Disse olhando em seus olhos.

— Ana...

— Eu gosto muito de você, gosto mesmo. O seu cuidado, seu


carinho, proteção e sua vontade de me ajudar na minha vingança me
mostram o quanto você é especial. O quanto gosta de mim e me acha
importante em sua vida.

— E você é! — falou fazendo carinho em meu rosto e eu fechei os


olhos para desfrutar daquilo.

— Eu quero ser sua por completo. Quero esquecer tudo o que eu


passei e ser feliz, nem que seja por alguns instantes e em seus braços.
Ele não falou nada apenas agarrou minha cintura e me impulsionou
para cima me fazendo circular as pernas em sua cintura e me beijou.

Circulei seu pescoço com meus braços e ele saiu andando e me


depositou na cama pairando sobre mim.

Seu beijo foi calmo, mas quente. Ele desfrutou de cada parte da
minha boca e gemidos escaparam do fundo da minha garganta ao ter suas
mãos me tocando.

Luca era intenso e ao mesmo tempo calmo e carinhoso. Ele me


deixou dominar a situação e me fez sentir adorada e amada a todo o
momento.

— Você é linda, uma mulher forte e incrível. Não importa o que


você passou e o que te fizeram, você é especial e capaz de fazer qualquer
homem se apaixonar por você.

Tomei a iniciativa e o beijei com todo o carinho que eu sentia por


ele. Permiti-me viver. Sentir e me dar prazer por alguns instantes.

Luca retirou meu vestido e foi beijando todo meu corpo. Ele
segurou meus seios, pesados pela a excitação, em suas mãos e brincou com
os bicos já duros antes de colocá-los na boca. Eu me contorci na cama e
abri minhas pernas as colocando ao redor de sua cintura e me esfreguei em
sua ereção já bem crescente sob a calça em busca de atrito para meu clitóris
que pulsava de desejo.

Ele soltou meus seios e se levantou tirando sua camisa e calça de


moletom dando-me uma bela visão de seu pênis grande e grosso, com veias
marcadas e a cabeça rosada.

Como ele não vestia cueca seu pau saltou duro me fazendo salivar
de vontade de o por na minha boca. Eu não gostava de fazer sexo oral, não
fazia nem em meu ex-namorado, mas senti muita vontade de fazer em Luca.

— Vou te mostrar com uma mulher deve receber prazer, como uma
mulher deve se sentir desejada e adorada. Você é linda, gostosa e merece ser
amada e cuidada, Ana, nunca se esqueça disso.

Meus olhos encheram de lágrimas por suas palavras e eu desejei que


aquele momento fosse congelado. Que meu passado não existisse e que eu
fosse feliz com Luca, como eu estava sendo naquele momento.

Luca voltou a ficar sobre mim, mas sem colocar seu peso sobre meu
corpo. Ele começou a chupar meus seios de novo só que agora com os
dedos por dentro da minha calcinha de rendada preta e passou a estimular
meu clitóris.

Gritei de prazer e ele aumentou as chupadas e a fricção em meu


ponto sensível, senti meu ventre se contorcer, minha respiração se tornar
pesada e um arrepio irradiar todo meu corpo.

Entreguei-me a sensação gostosa do orgasmo que tomou conta de


mim e gozei forte, intensamente.

— Luca... — seu nome saiu em forma de grito, ou gemido, não sei


ao certo, de minha boca e ele levou os dedos, que antes estavam em meu
sexo, a sua boca e os chupou.

Sua expressão era de puro deleite ao tomar meu gozo em sua boca e
isso me fez ficar ainda mais excitada.

— Delícia — falou e voltou a me beijar de forma intensa, dura, me


consumindo inteira e me fazendo gemer ainda mais.

Sentir meu gosto em sua boca era muito estimulante.

Ele rasgou minha calcinha, abriu minhas pernas, encaixou seu


membro duro e robusto em minha entrada e me penetrou em uma só
estocada. Fechei os olhos e prendi o ar nos pulmões por segundos.

Ele ficou um tempo parado em meu interior me deixando se


acostumar com seu tamanho.

— Ahhh.
Gritei de prazer me agarrando em seus braços fortes quando ele
afundou em mim de novo. Eu o sentia por completo e me preenchendo de
uma forma tão gostosa que me fazia revirar os olhos.

— Porra, sua boceta esta esmagando meu pau, anjo. Você é muito
apertada e muito gostosa. Quero me enterrar para sempre em você.

— Se mexe, por favor, eu preciso te sentir me preenchendo e me


fazendo gozar de novo. — falei e rebolei com seu membro dentro de mim.

O senti pulsar e contrai a vagina em resposta. Luca gemeu e passou


a me foder rápido.

Segurei seu rosto e o beijei. Nós nos consumimos em um beijo


ardente enquanto ele estocava sem parar em meu interior. Soltei seus lábios
para poder gemer livremente quando passou a fazer movimentos em
círculos com sua pélvis, como se rebolasse com seu pau dentro de mim, e
me fazendo revirar os olhos e arranhar suas costas com minhas unhas.

A cada rebolada seu pau tocava em um ponto dentro de mim que me


fazia ver estrelas e me partia em pedaços. Eu estava mole em seus braços o
deixando me consumir e me marcar como sua.

— Mais rápido, Luca, eu estou quase lá. — pedi acompanhando


seus movimentos.

Ele foi mais rápido, acelerou os movimentos me fodendo sem pena


e preenchendo o quarto com o som da batida dos nossos corpos. Nossos
gemidos, afagos, o som molhado de nossos sexos se encontrando deixou
tudo tão intenso e erótico que não aguentei mais e gozei o apertando contra
mim.

Assim que me recuperei do segundo orgasmo ele nos mudou de


posição e me pôs de quatro. Me abriu a lambeu minha boceta de cima a
baixo e se concentrou em meu clitóris.

— Luca... — eu estava muito sensível.


— Só mais um pouco do seu gosto. — murmurou contra meu centro
me arrepiando com o ar quente que saiu de seus lábios.

Luca retirou sua boca da minha boceta e resmunguei com a perda,


pois estava bem próximo de outro orgasmo. Ele deu uma risada alta e dois
tapas na minha bunda antes de se por para dentro de mim novamente e
voltar a me foder da forma acelerada de antes.

Nós nos entregamos ao prazer e ao tesão que sentíamos um pelo


outro. Luca fez-me sentir viva e queimando de desejo, coisa que eu achei
nunca mais sentir depois de tudo o que eu passei. Ele me mostrou como era
ser amada e me fez a mulher mais feliz e satisfeita do mundo.

Gozamos juntos com nossos nomes escapado dos lábios um do


outro. Naquela noite eu fui dele mais duas vezes antes de cairmos exausto
após um banho quente e dormimos abraçados.

O outro dia seria tudo diferente, não o que sentíamos um pelo outro,
mas o que eu teria que fazer para me vingar me marcaria para sempre. Não
só a mim, mas a ele também.
◆◆◆

Uma semana depois

Eu tinha acabado de descer do palco onde dançava na boate e estava


indo para o quarto que Mateo ficava a minha espera. A, pedido de Samira, o
senhor Francisco tinha lhe dado uma fortuna para que se passasse por um
cliente importante e só ele "transasse comigo".

Amélia tinha falsificado os documentos para que Mateo se passasse


por um empresário do ramo do Petróleo dos Estados Unidos com
investimentos na Rússia. Esse "cliente importante" tinha se interessado por
mim e pagado por exclusividade.

Por eu ser nova na boate, muitos dos clientes e frequentadores me


queriam, mas o dinheiro pago por Mateo não permitia que eu fosse
compartilhada com outros homens. Isso despertou a curiosidade dos
homens do alto escalão do Pakhan, e eu não via a hora de despertar a dele.

Até o sargento de armas, Mikhail Orlov, ficou puto por não ter
conseguido transar comigo, mas isso era tudo parte do meu plano. Eu queria
despertar o desejo em todos sem que eles pudessem me ter, para assim
despertar o interesse do Ivan e eu tinha conseguido.

— Boa noite! — Uma voz grossa e máscula soou em meus ouvidos,


me parando antes que eu chegasse à porta do quarto onde Mateo me
esperava.

Sua voz me causou arrepios. Eu sabia quem falava comigo, já tinha


estudado sobre ele e o visto algumas vezes aqui na boate me olhando dançar
e esse arrepio não tinha nada haver com desejo ou tesão, era raiva, ódio,
vontade de matá-lo com minhas próprias mãos. Eu tinha esperado uma
eternidade por esse momento.

— Boa noite! — respondi tímida, como se seu cargo de Pakhan me


intimidasse

— Você deve ser a nova contratada da minha boate?

— Suponho que sim, meu senhor.

— Você é uma das meninas mais faladas por aqui. Todos os clientes
te querem, porém não podem te ter.

— A culpa não é minha. — baixei minha cabeça em sinal de


submissão.

— Não, claro que não. — senti seu olhar sobre mim, era puro
desejo.

Levantei meu rosto para olhá-lo e ele estava me comendo com os


olhos e me deixando ver todos os pensamentos pervertidos que passava por
sua cabeça.
— O que o grande Pakhan deseja de uma simples garota sem graça
como eu?

— Quero uma noite com você.

— Não sei se será possível, meu senhor. Um cliente pagou muito


caro para me ter só para ele. — falei com pesar e mordi o lábio para parecer
sexy e que o desejava também.

— Isso não será problema, princesa. Eu sou o dono de tudo isso


aqui. — falou me agarrando pela cintura e me beijando.

Ivan Petrov não esperou por autorização, apenas me pegou no colo e


me levou para um dos quartos. Ele tinha se interessado por mim e essa era a
chance de eu deixá-lo louco, me infiltrar em sua mente e depois na sua
máfia para destruí-lo.

Eu o deixaria aos meus pés e depois o pisaria com eles.


Capitulo 24
Um mês depois...

Bufei pela quinta vez no dia enquanto olhava os papeis na minha


mesa. Eu estava enfrentando uma série de problemas com os carregamentos
com as jovens que eu sequestrava para as minhas casas de prostituição e
não fazia ideia do que estava acontecendo.

Já tinha torturado os responsáveis por eles, assim como os


responsáveis pelas boates para onde as meninas seriam levadas, mas não
tinha obtido nenhuma resposta que valesse a pena.

Eu estava no escuro e odiava isso. Minha sede por sangue tinha


atingindo patamares antes impensados por mim.

— Ivan. — Vladimir me chamou entrando em meu escritório sem


bater. Ele sempre fazia isso o que me incomodava bastante.

Porém ouvir preocupação em sua voz me deixou alerta.

— O que houve para entrar assim desesperado, Vladimir?


— Mais um carregamento com novas meninas foi desviado.

— Como, porra isso aconteceu? — bato em minha mesa, furioso. —


Mais uma vez levaram o que é meu. Para que serve meus homens se não
conseguem impedir que roubem minha mercadoria?

— Não sabemos, mas Andrea está analisando nosso sistema de


segurança. Alguém o invadiu e o corrompeu roubando todos os nossos
dados.

— Que Caralho! — bufei furioso. — Eu vou matar Andrea por ter


sido tão descuidado. Sabe o quanto vamos perder com isso?

— Eu mais do que ninguém sei o quanto vamos perder, Ivan. Eu sou


o que lida com os compradores das meninas sequestradas e com os clientes
das boates.

Suspirei. Ele tinha razão.

— Eu não entendo como de uma hora para outra tudo deu errado. —
me jogo na cadeira.

— Deu errado desde que você começou a se envolver com aquela


prostituta da boate. Ela não me desce, mas você ficou louco pela boceta
dela e abaixou a guarda.

Avancei sobre ele e lhe dei um soco. Ana era minha mulher e eu não
iria permitir que falasse daquele jeito dela.

— Não a trate como prostituta porque ela é minha mulher. — gritei


e lhe dei mais um soco.

Vladimir revidou e me acertou também. Ele era um cara grande,


pois era o responsável por matar nossos inimigos, mas eu também sabia
lutar muito bem. Nosso pai nos treinara para ser implacáveis, mas eu tive
um treinamento ainda mais pesado, pois me tornaria o Pakhan da nossa
máfia.
— Eu não quero ter que te matar por se meter na minha vida
pessoal. Trate de recuperar a carga perdida e descobrir quem está por trás
dos roubos. — bradei furioso.

Ele limpou o sangue que escorria por seu lábio cortado e se levantou
do chão, onde eu o colocara depois de uma sucessão de socos.

— Você vai se arrepender de confiar nela! — proferiu se contendo


para não revidar a surra que levou.

Ele arrumou seu terno e saiu do meu escritório. Peguei o abajur que
estava próximo a mim e o joguei na parede e espatifando todo.

— Meu amor o que houve? — Ana perguntou com semblante


preocupado.

Ela deve ter se assustado com nossa briga e veio conferir se eu


estava bem. Ela me amava eu sabia disso.

— É melhor você sair, Ana, não quero lhe machucar. — falei lhe
dando as costas.

Minha respiração estava pesada e minha mão doendo e sangrando.


Eu ficava descontrolado quando a raiva me dominava e era capaz de matar
o primeiro que surgisse em minha frente

— Você nunca me machucaria, você me ama. — falou me


abraçando por trás.

Sim, eu a amava. Ela me tinha rendido e eu não conseguia entender


como conseguira isso em tão pouco tempo.

— Eu odeio brigar com meu irmão. — falei me virando e ficando de


frente para ela — Ele é minha família, mas não suporto ouvi-lo falar mal de
você.

Grudei nossas testas.

— Um dia ele me aceita — sussurrou.


Sua voz sempre doce e calma fazia meu peito se agitar. Me aquecia.
Eu me sentia vivo em seus braços.

Ela sorriu docemente e eu segurei seu rosto tomando seus lábios nos
meus.

Eu estava completamente apaixonado por ela, tanto que a tinha


trazido para morar comigo depois de ela quase ter sido violentada por um
dos clientes na minha boate. Eu o matei na mesma hora e decidi que ela
seria minha para sempre.

Ana é boa, gentil, meiga, safada e me tem rendido aos seus pés.
Porém meu irmão não confia nela e desde que a trouxe para viver conosco
temos brigado.

— Vamos para o quarto que lá eu te faço uma massagem e você


poderá relaxar.

— Eu quero mais que uma massagem. — a peguei no colo e saí do


meu escritório o levando para nosso quarto.

Ela gargalhou e circulou as mãos em volta do meu pescoço . eu


sabia que mais uma vez ela se renderia aos meus toques e seria minha.
◆◆◆

Ana

— Como você está? — perguntou Samira do outro lado da linha.

Nossas conversas agora se davam apenas por meio de um telefone


não rastreável.

Eu já estava há um mês sendo amante de Ivan e há uma semana


morando com ele.

Um cliente na boate me abordou e, com raiva por eu não querer


fazer sexo com ele, tentou me estuprar. Ivan chegou na hora e me salvou
matando o homem ainda em cima de mim.

Luca ficou possesso com o que aconteceu, mas não havia mais nada
a fazer, o cara já estava morto.

Mas isso foi um grande incentivo para que Ivan Petrov assumisse
seu amor por mim e me trouxesse para morar com ele. Assim eu pude ficar
mais perto e ter acesso aos seus negócios.

— Estou bem, mas confesso que já não suporto mais fingir estar
apaixonada por ele.

— Eu compreendo. Um mês tendo que transar com o inimigo não


deve ser fácil.

— Não, mas até que ele tem pegada e o sexo com ele é bom. Eu só
transo com ele quando realmente não tenho escapatória, a maioria das vezes
eu o dopo e finjo que gozamos muito a noite toda.

— Você não presta, Ana. — ela gargalha.

— Mas o importante é que eu consegui libertar três meninas da


boate em que eu estava e salvar outras de um carregamento que chegava do
México.

— Sim, Amélia me disse que conseguiu invadir o sistema deles e


descobrir quando o carregamento chegaria.

— Isso, ela tem ajudado bastante nesses resgates.

— Mudando de assunto, você conseguiu pegar o cara que comprou


e matou a Bella?

— Consegui sim. Luca o tem preso em um galpão e hoje eu irei


matá-lo. Demorou mais do que o esperado, contudo finalmente irei fazê-lo
pagar pro tudo o que fez a ela.

— Eu sei que você quer vingança, Ana, mas matar não é algo que se
esquece facilmente. Isso te marca para sempre.
Sei ao que ela se referia. Samira precisou matar dois homens que
invadiram a mansão de Vicenzo no dia do jantar que ele deu por sua volta.
Ela não queria sujar suas mãos de sangue e por isso se recente e até tem
pesadelos.

Todavia eu quero voltar a sujar as minhas e minha alma ficará feliz e


satisfeita com o sangue desse monstro se esvaindo diante de mim.

— Eu sei, Samira, mas eu devo isso a ela e já passou da hora de eu


colocar em prática meu treinamento.

— Tudo bem, só toma cuidado. Eu estou com saudades.

— Também estou amiga. Como estão todos? — mudei de assunto,


não queria que ela ficasse triste.

Ela começa a falar de como está sua vida de casada e como Vicenzo
tem se tornado um pai babão e amoroso com Ângelo. Giuseppe continua
correndo atrás de Amélia que sempre dá um jeito de fugir de seus encantos.

Passamos mais alguns minutos conversando e depois finalizei a


ligação.

Ivan tinha ido tratar do assunto do roubo do caminhão que trazia


mais garotas sequestradas do México e eu pude respirar um pouco e tratar
dos meus assuntos.

Eu estou há uma semana morando com ele, ainda como sua


Prostituta particular, e já tinha conseguido bastantes informações sobre sua
máfia.

Sempre dava um jeito de fugir para me encontrar com Luca e Mateo


e acertar os detalhes dos resgates. As meninas que conseguimos salvar,
mandamos de volta para suas famílias e quem não tinha família eu mandava
para a Itália para terem uma nova vida sobre a proteção de Samira e
Vicenzo.
Levantei da cama e fui tomar banho, hoje eu iria matar o homem
que matou Bella depois de tê-la comprado em um leilão de virgens nos dias
que fiquei sequestrada. Ele iria pagar da pior forma por ter feito tão mal a
minha menina.

Depois de pronta avisei aos soldados de Ivan que iria sair e eles me
acompanharam.

— Oi! — Luca me cumprimenta de forma seca a me ver descer do


carro na frente do galão onde o pedófilo maníaco estava.

Ivan tem confiança em mim e só colocou 3 seguranças para fazer a


minha proteção, dois eu comprei e o outro é o Luca que se infiltrou na
Máfia assim como eu. Amélia falsificou seus documentos assim como o
meu e o do Mateo.

Nós nos vemos constantemente, mas só acertamos os resgates em


conjunto com Mateo e Amélia, por vídeo chamada.

— Tem certeza de que quer fazer isso? — me pergunta com uma


expressão preocupada.

Ele veio na frente para assegurar que tudo estava seguro para o que
vamos fazer.

— Sim, quero eu mesma fazê-lo pagar pelo que fez com ela.

— Tudo bem, vamos, Mateo está lá dentro e já começou a brincar


um pouco como ele.

Entrei no galpão e já se podia ouvir os gritos do homem que tinha


violentado e matado Bella de forma brutal depois de ter usufruído de todo
seu corpo.

— Eu não fiz nada — berrava ele com a cara toda arrebentada. —


Pegaram o cara errado.

— Tem certeza disso, Dimir Sminorv?


— Você? Eu te conheço. Você é a prostituta particular de Ivan
Petrov.

— Sim, sou e também sou a pessoa que vai te mandar para o


inferno. — tirei minha faca de dentro da liga que ficava por baixo do
vestido e caminhei até ele ficando em sua frente.

— Por que está fazendo isso? Você é uma infiltrada?

— Não sou eu quem vai responder as perguntas aqui.

— O que quer? Se for dinheiro eu dou. Se for para não contar ao


Pakhan que é uma infiltrada eu não conto. Seu segredo está seguro!

— Foda-se o Ivan, minha divida com você é outra. — disse


cravando a faca em sua coxa e o ouvindo berrar de dor.

— Você estuprou e matou uma menina de 14 anos, seu pedófilo


desgraçado. Alguém que não merecia o fim que teve e agora você vai pagar
por isso.

— Eu não fiz nada já disse. — gritou ao ter sua coxa rasgada por
minha faca de cima a baixo.

— Uma menina loira de olhos azuis, linda e bem jovem. Uma garota
que você comprou em um leilão como se fosse um pedaço carne.

Cravei a faca em sua outra coxa, porem dessa vez ele não gritou. Na
verdade ele gargalhou fazendo meu sangue ferver ainda mais.

Ele sabia que iria morrer e estava querendo uma morte rápida.

— Bella, era esse seu nome não era? — ele ria como um lunático.
— Eu me diverti muito com aquela boceta apertadinha dela. Enfiei tudo o
que quis nela, a comi até me cansar e depois de marcá-la com minhas mãos
e minha faca, a matei quebrando seu lindo pescocinho.

— E vai morrer pior do que ela. Eu não vou ter pena de acabar com
cada parte do seu corpo e depois queima-lo vivo.
Ele engoliu em seco e eu peguei um pedaço de ferro quente que
estava em uma fogueira improvisada que Luca e Mateo haviam feito. Com
o ferro bem quente coloquei sobre o corte em sua perna e ele se debateu e
gritou chorando de dor. Porém ele estava preso pelos braços e pernas e não
pode fugir de seu castigo.

Passei um bom tempo me divertindo com ele. Arranquei os dedos de


sua mão, depois os dedos dos pés. Cortei seus braços em cortes pequenos
para que ele não morresse logo.

Com o ferro queimei seu peito e no final levei a faca até seu pau,
pequeno e murcho, cortando-o o fazendo comê-lo. Já satisfeita em vê-lo
todo arrebentando e quase morto pela quantidade de sangue que perdera,
pedi que o tirassem das amarras e o colocassem no contender que tinha no
galpão.

Luca colocou gasolina sobre todo seu corpo, eu acendi o isqueiro e


o joguei fazendo o queimar.

Fiquei observando seu corpo ser consumido pelo fogo enquanto seus
gritos preenchiam todo o galpão até não restar mais nenhum som vindo
dele.

Bella tinha sido vingada!

— Isso é por você Bella. — sussurrei de olhos fechando.

Uma lágrima de saudade me escapou, mas logo a enxuguei.

— Impressionante. — falou Mateo ao meu lado.

— Isso é só o começo. — me virei e saí dali deixando-os


terminando o serviço.

Luca em nenhum momento me dirigiu a palavra depois que comecei


a tortura, mas não me importei com isso, eu só queira fazer aquele maldito
pagar por todos os seus crimes.
Bella não tinha sido a única menina que ele comprara e matara.
Dimir Sminorv era um mostro, um maldito pedófilo que tinha acabado com
a inocência e a vida de muitas meninas.

E eu, eu não era mais aquela menina meiga e risonha que ele havia
conhecido há quase 6 anos, os monstros tinham me mudado, me quebrado e
eu iria até o fim para ter minha vingança.
Capitulo 25
Uma semana depois...
— Pode entrar. — falei para a pessoa que batia na porta da minha
sala na empresa de carros que eu tinha de fachada para lavar dinheiro.

— Como vai, irmão? — Vladimir me pergunta ao entrar.

— Vou bem! O que quer aqui? Não deveria estar investigando o


roubo das nossas mercadorias com o Andrea? — pergunto me referindo ao
carregamento com as meninas sequestradas que fora desviado da nossa rota.

— Não tenho provas, mas tenho quase certeza de quem é.

Ele sempre me falava isso. Era como se já soubesse, mas não


quisesse compartilhar a informação comigo.

— Quero o nome na minha mesa o mais rápido possível. — ditei


fingindo acreditar no que dissera.

— Assim será. — disse simplesmente.


Ele ficou me olhando por um tempo como se quisesse perguntar
algo, mas sabia que eu não ia gostar de seus questionamentos.

— Pergunta logo. — disse já sentindo a raiva me dominar.

— Como vai sua "mulher"? — o tom de deboche em sua pergunta


não me passou despercebido.

— O que você realmente quer Vladimir?

— Nada, só saber como anda sua vida de "casado". — seu riso me


deu vontade de lhe partir a cara.

— Vai muito bem, por quê?

— Você sabe o quê sua querida, Ana, faz quando você não está por
perto?

Havia uma insinuação em sua pergunta que me fez fechar os


punhos.

— Não ando investigando a vida da minha mulher e ela anda com os


seguranças que eu coloquei para tomar conta dela. Eu confio nela!

Ele gargalhou e se levantou indo até meu armário de bebidas se


servir de uma dose de uísque.

— Às vezes você é tão ingênuo que eu não consigo acreditar que é


nosso Pakhan.

Pude sentir o sarcasmo em sua voz. Ele estava me testando.

— Não estou entendendo onde você quer chegar com toda essa
conversa.

— Não vou dizer que eu suspeito de sua "amada Ana", porque isso
você já sabe. Sempre deixei claro o que penso a respeito de sua relação com
ela. Mas quando menos esperar uma faca será cravada em seu peito e eu
estarei aqui para rir em seu túmulo e me tornar o chefe no seu lugar.
— Está me desafiando? — bradei batendo na mesa.

— Não, apenas relatando um fato.

Ele tomou todo o conteúdo de sua bebida de uma vez e saiu do meu
escritório na nossa empresa.

Meu irmão não insistiria em algo infundado e isso eu tenho que


admitir.

Em todos esses anos em que ele é meu braço direito e conselheiro,


desde que assumi nossa máfia, ele nunca falhou com relação a nada, até
com Pietro ele tinha um pé atrás e eu não quis ouvi-lo resultando no final de
nossos negócios na Itália.

Por mais que eu amasse Ana, não podia me dar ao luxo de ter uma
infiltrada no meu território.

Se ela não for quem diz ser, irá se arrepender de ter entrado no meu
caminho!
◆◆◆

Ana

Mais uma semana se inicia e eu ainda não consegui acabar com Ivan
Petrov. Com essa já são 3 e estou começando a cansar. Eu pensei que a
vingança me traria paz, mas foi o contrário. Eu não aguento mais ter que
fingir que amo o homem que eu mais odeio e não suporto ter que estar no
mesmo ambiente que ele.

Eu sabia que não seria fácil, mas também não imaginei ser tão
difícil. Já estou há umas duas semanas sob o mesmo teto que Ivan Petrov,
tendo que fingir o amar e estar feliz ao seu lado.

Luca não me tocou mais depois que eu passei a morar com meu
maior inimigo e só nos falamos quando vamos resgatar as meninas
sequestradas. Pois eu não saio de casa para outra coisa.

Mateo voltou para a Itália para se casar com sua noiva e ficamos
apenas nós: Luca e Eu, para encerrarmos essa minha jornada.

Olho pela janela do quarto que durmo com o Ivan e admiro os


pássaros que voam no horizonte, queria ser livre como eles, sem marcas de
algo que eu não pedi para ter e que me atormentam até hoje em forma de
pesadelos.

Fecho meus olhos e imagens te tudo o que fizemos para resgatar as


meninas do último carregamento de Ivan vem a minha mente.

— Tudo certo Ana, o caminhão com as meninas sequestradas está se


aproximando. — Luca me avisa pela escuta.

Estamos na divisa da fronteira com a Noruega. Ouvi Ivan falar com


o Vladimir que um carregamento vindo da Espanha vai entrar no país por
aqui. Estas minhas duas semanas morando com Ivan já nos permitiu
resgatar 15 meninas e espero conseguir ainda muito mais.

— Estou vendo o caminhão. Ao meu sinal podem agir.

— Ok. — ele e Mateo falam juntos.

Espero o caminhão se aproximar ainda mais e jogo o bloqueador


com pregos na estrada e espero que ele fure os pneus do caminhão para
agirmos.

Eu estou escondida por trás de umas moitas que tem ao lado da


estrada, que é escura e feita de rota de fuga para o trafico de drogas, armas e
pessoas, e isso impossibilita que os capangas que transportam essas cargas
nos vejam.

Amélia fez todo o trabalho com as câmeras da estrada para que


Andrea não desconfie o que pretendemos fazer. O hacker de Ivan é bom,
mas Amélia é dez vezes melhor.
— Que porra! — grita o motorista do caminhão e desce para ver o
que causou o furo dos pneus.

— Agora! — falo através da escuta e Luca e Mateo se aproximam


com suas armas e matam e motorista com vários tiros.

Outro capanga que estava com ele tenta fugir, mas eu o acerto com
um tiro na perna e ele cai gemendo de dor.

Caminho até ele e fico cara a cara com o desgraçado.

— Sua puta. — grita e geme de dor quando piso em sua perna


ensanguentada. — Ivan vai te matar.

— O único a morrer aqui será você. — digo e atiro em sua cabeça e


pondo um fim na sua vida.

Algumas gotas do seu sangue bateram em mim. Faço uma careta de


nojo.

— Arrr, ele é nojento até morrendo. — reviro meus olhos e tiro o


lenço para limpar minha mão.

— São 5 garotas com idade entre 12 e 16 anos. — Mateo avisa ao


abrir o compartimento de trás do caminhão.

Escuto o choro desesperado das meninas e Luca me ajuda a subir.

— Calma, eu não vou machucar vocês. — tento fazer com que se


acalmem e não se machuquem — Estão livres agora.

Sorrio para elas que me olham, mas ainda desconfiadas.

— Vamos tirá-las daqui. — Luca fala ao meu lado — Vocês vão


voltar para suas famílias.

— Verdade? — uma das meninas pergunta.

— Sim, qual seu nome? — pergunto me aproximando delas.


— Nin... — ela funga e respira fundo para se acalmar — Eu me
chamo Nina.

— Bom Nina, você e as outras meninas estão a salvo agora e


poderão voltar para seu país e sua família.

— Obrigada! — diz chorando, ela é muito parecida com a Bella, a


italiana que não pude salvar, e isso faz meus olhos arderem pela vontade de
chorar.

— Venham. — Mateo estende a mão para elas, mas o medo que


sentem não as permite que se movam.

— Ele as levará para casa, não tenham medo. — conforto-as e elas


descem do caminhão com a ajuda do Luca e Mateo.

Faço o mesmo. Já com os pés no chão guardo minha arma e fico


olhando as meninas serem colocadas na van que as tirarão daqui.

— Até quando continuará com isso? —Luca com os braços


cruzados.

Mateo já se foi na van com as meninas para nosso esconderijo e eu


fiquei com Luca para queimarmos o caminhão com os corpos dos capangas
de Ivan e Vladimir.

— Até conseguir matar Ivan sem que as suspeitas recaiam sobre


mim.

— Você acha mesmo que ele não desconfia de você? Ele pode
pensar que te ama, mas não é cego.

— Até parece que quer que algo me aconteça. — retruco brava.

— Muito pelo contrário, estou tentando fazê-la enxergar que seu


cerco está se fechando e logo, logo ele vai descobrir o que pretende. Sei que
ele tem reforçado a segurança depois do nosso primeiro ataque e é estranho
que conseguimos resgatar essas garotas de forma tão fácil.
— Você acha que foi uma armadilha? Que ele desconfia de mim?

— Não seja ingênua, Ana. Se eu fosse você tomaria muito cuidado


daqui pra frente.

Ele ateia fogo em tudo e se vira me deixando sozinha com suas


palavras rodando em minha cabeça. Olho para frente e vejo o fogo
consumir tudo, me afasto e entro no carro para voltar a casa de Ivan.

Luca está certo, preciso tomar cuidado. Eu estou sozinha em um


país que não conheço e ao lado de alguém muito poderoso. Posso ter
conseguido conquistá-lo com sexo, mas não posso abaixar a guarda e achar
que já estou com tudo sobre meu controle.

Samira está me ajudando em tudo e me dando todo o recurso que


preciso para seguir como meu plano. Nicolas tem falado com seus
conhecidos tanto dentro quanto fora da policia para me manter segura e eu
não os quero em risco por minha causa.

Eu os amo demais para perdê-los por um erro meu.

Suspiro saindo de minhas lembranças e saio da sacada do meu


quarto. Hoje eu tenho um jantar com o Ivan e preciso me arrumar.
◆◆◆

Horas mais tarde.

— Está muito linda, Ana. — Ivan me elogia assim que desço as


escadas de sua casa.

— Obrigada meu amor, você também está lindo. — me inclino para


beijá-lo de forma casta, mas ele aperta minha cintura e aprofunda o beijo.

Desgrudo minha boca da sua sobre seus protestos e sorrio para ele.

— Vai borrar minha maquiagem. — minto, mas com a voz mais


doce possível. Eu odeio beijá-lo.
— Não me importo você é linda de qualquer jeito.

— Obrigada!

— Nossos convidados estão nos esperando. — ele aperta minha


cintura e me arrasta para a sala de jantar onde Vladimir, seu irmão, Mikhail
Orlov, o sargento de armas e mais 3 homens de sua confiança estão
presentes.

— Boa noite! — ele fala em russo.

Eu aprendi a me comunicar em sua língua, mas Ivan fala português


então conversamos quase sempre na minha língua natal.

— Boa noite! — todos respondem, mas os olharem que me dão faz


minha espinha gelar.

Mikhail Orlov me olha com desejo assim com os outros, mas


Vladimir me olha com ódio e se pudesse já teria me matado há tempos.

Sentamos a mesa e o jantar é servido. Eles falam de seu trabalho em


códigos e eu tento me fazer de sonsa o melhor que consigo para descobrir
mais coisas a respeito de seus negócios.

Porém algo me chama a atenção, eles em nenhum momento durante


o jantar tocaram no assunto do último carregamento de meninas que
resgatamos e isso acendeu uma luz em minha cabeça.

Luca estava certo. Eles desconfiam de mim e eu precisava me


encontrar com ele para mudar nossos planos o mais rápido possível.

O tempo estava correndo e eu precisava ser mais rápida que ele.


Capitulo 26
Quando eu me propus a realizar minha vingança não me ative
realmente no quão grande ela seria.

A ideia em minha mente estava perfeita e sem grandes reviravoltas,


mas a realidade é diferente. Tudo na prática muda e você tem que está
preparado para essas mudanças.

Era o que eu pensava, mas na verdade eu não estava pronta.

— O que você quer de mim, porra? — Luca agarrou meu cabelo e


inclinou meu corpo ficando sobre mim.

Essa é nossa primeira briga e está me afetando mais do que deveria.

Luca quer que eu desista de tudo e volte para a Itália com ele. Ele
tomou essa decisão depois de eu dizer-lhe como Ivan e seus homens de
confiança se portaram no jantar de ontem.

Eu consegui uma folga de Ivan que não saía de cima de mim e vim
correndo ver Luca. Ele tinha sido dispensado por Ivan ontem e isso nos
deixou ainda mais alerta.
— Merda! — exclamou furioso e me soltou indo de encontro a
parede da casa, onde nós nos encontrávamos escondidos, e socando-a.

— Eu quero você, mas não vou deixar minha vingança se é isto que
quer. Não vou desistir de tudo o que eu já consegui até agora por você,
Luca. — gritei furiosa por estar mais uma vez explicando isso a ele.

— Você quer morrer, é isso? Matar-se por uma merda que não vai te
fazer feliz? Porra! Olha para você, Ana. Tornou-se uma puta do homem que
mais odeia. — não pude me controlar diante das palavras que saíram de sua
boca e quando dei por mim, minha mão já estava indo de encontro ao seu
rosto.

O tapa foi tão forte que o som ecoou por toda a sala.

— Não me trate assim! — bradei — Eu não o chamei para cuidar de


mim, você veio porque quis.

— Eu vim por que a amo e queria lhe proteger, mas já passou tempo
demais e você está a ponto de ser morta.

— Não lhe jurei amor e nós não temos nada.

— Então o que tivemos e vivemos não foi nada para você? Não
valeu de nada? — gritou perplexo.

— É claro que valeu! Mas não posso deixar tudo agora após ter feito
tanto. Você fez-me sentir desejo novamente, mas só isso. — minto, pois eu
o amo mais que tudo.

— Essa vingança não vai nos levar a nada. Somos só nós dois contra
toda uma máfia, onde isso pode dar certo, Ana? Pensa.

— Eu só saio daqui depois que Ivan e Vladimir estiverem mortos.

— Porra, Ana. Que merda! Essa droga de vingança vai nos matar.
— grita e dá outro soco na parede — Olha em volta e veja onde estamos?
Quer continuar assim?
— Se for para conseguir o que quero, sim.

— Você não vê que essa é nossa última chance de ir embora? Que


não terá mais volta e que eles já sabem o que e quem nós somos?

— Não me importo.

— Isso é suicídio!

— Morrerei lutando.

Ele me agarra e me prensa na parede.

— Não posso perder quem amo de novo, eu não vou aguentar. —


falou com suplica.

— Não posso desistir de tudo agora. — sussurrei com a respiração


pesada ao tê-lo tão perto de mim.

— Vamos embora e tentar ser feliz. Podemos construir uma vida


juntos.

— Não posso, eu não posso. — meu rosto banha-se com minhas


lágrimas.

— Você pode, você me ama, você me quer. — ele me beija com


paixão, com ternura, com amor.

Entrego-me em seus braços esquecendo de todo o medo, de toda


dor, de toda vingança.

Quero por alguns minutos esquecer quem eu sou e o que preciso


fazer. Deixo-me dominar por sua boca, seus braços, seu corpo. Luca me
devora, me consome como só ele sabe fazer.

— Eu te quero tanto. — soprou beijando meu pescoço e eu desfaleci


em seus braços.
— Me tome, me possua, me faça sua de novo. — supliquei louca
para o sentir dentro de mim novamente, me fodendo.

— Não terá volta, Ana. Se for minha novamente não voltará a ser do
Ivan porque eu não compartilho o que é meu!

— Eu não serei, não quero mais transar com ele. Eu só quero você,
Luca. Só você! — supliquei o querendo em mim, sobre mim, me amando.

Ele me pegou no colo e me levou para o quarto da casinha simples


onde nós estávamos. Tirou minha roupa me deixando nua e exposta para
seu bel prazer, abriu minhas pernas e se colocou entre elas.

— Luca... — gemi seu nome querendo tê-lo logo em mim, mas ele
queria me torturar.

Luca me beijou e mordeu meus lábios, depois desceu me beijando e


ficou por um tempo em meus seios onde os chupou, lambeu e mordeu me
fazendo gozar apenas com isso.

Depois desceu beijando minha barriga até chegar em minha boceta


encharcada e a devorou. Chupou meu clitóris, lambeu minhas dobras
molhadas por meu gozo e me comeu como se a minha boceta fosse o
melhor dos doces e levou-me ao céu mais uma vez.

— Luca.. —gozei gritando seu nome.

— Agora eu vou te foder como venho desejando há semanas.

Ele se pôs de pé e se despiu ficando nu e me fazendo babar em seu


corpo lindo, forte, másculo. Deitou-se sobre mim de novo e encaixou seu
pênis, duro e grosso, na entrada da minha vagina e entrou em uma estocada
só.

— Porra! — arfei e agarrei em seus braços, cravando minhas unhas


neles, até me acostumar com seu tamanho. Luca tinha um belo pau, grande,
grosso e com a cabeça robusta rosada.
Ele começou a estocar sem pena e me fodeu maravilhosamente bem,
foi uma foda de raiva, de medo, de saudade.

Eram tantos sentimentos demonstrados em cada arremetida de seu


pau em minha boceta que tive vontade de chorar. Ele estava me levando a
loucura, me consumindo e eu queria me perder em seus braços e nunca
mais voltar a realidade.

Luca saiu de mim me fazendo resmungar, me colocou de lado


levantando uma perna minha e voltou a entrar de forma dura e certeira.
Gemi alto quando colocou sua mão em meu clitóris e o estimulou com
movimentos rápidos que me fizeram gozar no mesmo instante.

Ele arfou e me colocou de quatro com a cabeça grudada no colchão


e a bunda bem arrebitada dando-lhe uma visão total de minha intimidade.
Ele pincelou seu membro melado com meu gozo por toda a extensão dela e
depois tocou o meio da minha bunda com ele. Estremeci com a
possibilidade de tê-lo naquela área proibida.

— Um dia eu vou te comer bem aqui... — tocou meu ânus com a


cabeça de seu pênis. — como eu como a sua boceta e você vai amar. Todo
seu corpo será meu para sempre, Ana.

— Sim, eu serei sua para sempre. — falei entre gemidos me


inclinando na direção de seu pau.

Ele tocou meu clitóris com a cabeça robusta de seu pênis e voltou a
se enterrar em minha vagina que piscava descontrolada em busca de um
novo orgasmo. Apertei seu pau com as paredes dela e Luca se derramou em
meu interior me fazendo gozar novamente.

— Te amo. — falou saindo de dentro de mim, acomodando-se ao


meu lado e me abraçando forte.

— Luca...

— Eu sei que não sente o mesmo, mas eu não posso mais negar o
que sinto por você, Ana. Tenho medo de te perder porque te amo.
— Você não vai me perder, eu não vou morrer. — disse olhando em
seus olhos cor de mel. Mas essa era uma certeza que eu não tinha e ele sabia
disso.

O beijei e nos amamos de novo e de novo até cairmos exaustos e


satisfeitos.
◆◆◆

LUCA

Não sei em que momento nós dormimos depois de fazermos amor


mais uma vez, mas me despertei com um barulho do lado de fora da casa
em que estávamos.

— Ana, acorda. — tentei acorda-la, entretanto ela estava em um


sono pesado.

— Acorda, tem alguém aqui.

— O quê? — praticamente gritou e se pôs para fora da cama


pegando sua roupa para vestir. Fiz o mesmo.

— Quem você acha que é?

— Não sei, mas temos que nos proteger. — falei pegando minha
arma e minhas facas. Ana fez o mesmo.

Contudo, uma explosão lançou longe a porta da casa que estávamos


e Ivan Petrov entrou por ela, altivo e com uma arma apontada em nossa
direção. Ao seu lado havia vários homens com armas de todos os tipos
também apontadas para nós.

Não teríamos a menor chance contra eles e por isso deixamos nossas
armas caírem e levantamos as mãos em rendição. Não queríamos morrer
por mãos inimigas. Iríamos fugir assim que eles achassem que tinham nos
dominado.
— Olá querida! Se divertindo? — perguntou sarcástico e antes que
eu pudesse prever seu próximo passo um tiro me acertou a perna esquerda.

— Porra! — exclamei devido à dor.

Eu já tinha sido baleado outras vezes, as cicatrizes em meu corpo


não me deixam esquecer, mas nunca me acostumaria com o caralho de dor
que era levar um tiro.

— Ivan pare. — pediu Ana, indo até ele — Ele não tem culpa eu o
seduzi.

Ele gargalhou e depois lhe deu uma tapa na cara que a fez cair no
chão com a boca sangrando.

— Seu filho da puta, eu vou te matar. — gritei e ele mandou que


seus capangas me cercassem.

— Não meu caro, eu vou matar vocês. — 6 homens fortemente


armados se puseram ao meu lado e só senti a pancada em minha cabeça
antes de desmaiar.

Estávamos fodidos. E o pior longe de casa e sozinhos.


Capitulo 27
Forço meus olhos e sinto minha cabeça pesar. Um gemido escapa da
minha boca quando tento mexer os braços e percebo que eles estão presos.

Abro os olhos e olho ao redor. Estou em um lugar que mais parece


um porão sujo e velho, o odor de urina e sangue é muito forte aqui e faz
meu estômago revirar.

Ao longe vejo Luca pendurado com braços e pernas amarrados por


correntes a uma viga que pendia no teto e a outra pregada no chão. Ele está
apenas de calça jeans e sua perna tem um torniquete para controlar o sangue
do tiro que tomou.

Tento me soltar, mas sem sucesso estou amarrada a uma cadeira


pelos pés e mãos. Minha cabeça dói e minha garganta arde pela sede.

— Luca? — o chamo, mas ele não acorda.

— Lucaaa. — grito de novo.

Tento ir até ele arrastando a cadeira, mas acabo caindo de lado e


sinto meu braço estralar.
— Porra! — gemo de dor.

— Tentando fugir, amor? — a voz de Ivan se faz presente do porão


e um arrepio toma conta de todo meu corpo.

Engulo o medo e a vontade de chorar e fico calada apenas


observando o que ele vai fazer. Ele me levanta do chão e me deixa na
mesma posição de antes.

— Por quanto tempo achou que poderia me enganar? — perguntou e


deu um tapa no rosto.

— Você vai morrer! — cuspi em sua cara e ele me deu outro tapa,
porém mais forte que o primeiro.

— Sua puta desgraçada. — bradou furioso — Como teve a ousadia


de se infiltrar na minha máfia e acabar com meus negócios? Me enredou
com seu corpo e me fez te amar só para me apunhalar depois.

Havia muita raiva em sua voz e temi não conseguir escapar de sua
fúria.

— Você me devia isso por ter me sequestrado e me feito me


prostituir.

— Ana! — Luca gritou por mim e Ivan se virou para olhá-lo.

Ele caminhou e parou na frente dele.

— Qual foi a minha surpresa ao receber um relatório do meu irmão


dizendo que o soldado de Francisco Morino estava em meu território e
querendo me destruir. Confesso que foi corajoso da sua parte se passar por
meu segurança e tentar me passar a perna.

Ele deu um tapa na cara de Luca e agarrou seu cabelo fazendo-o


olhar em seus olhos.

— Vocês não sairão daqui vivos. Vou mandar suas cabeças para seus
Don. Vicenzo vai amar meu presente.
Ivan gargalhou e chutou a perna baleada de Luca e fazendo trincar
os dentes pela dor.

Depois retirou uma faca de seu bolso e fez cortes não muito
profundo na barriga ele.

— Não! — gritei aflita — Pare com isso Ivan, eu que mereço sofrer,
não ele.

Luca não merecia ser torturado só porque me amou ao ponto de


arriscar sua vida por mim.

— Cala a boca, Ana. — pediu Luca — A ideia de se infiltrar foi


minha. — disse olhando nos olhos de Ivan.

— Vocês se amam. — não era uma pergunta — Como pode ficar


com uma mulher que dormia com outro? Que beijava e fodia outro? Com
um inimigo!

— Porque ela fazia isso, mas seu coração era meu, ela queria lhe
matar e não ser sua. Seu corpo poderia estar com você, mas sua mente
estava em mim, era com meu pau a fodendo que ela pensava ao gozar.

— Filho da puta. — Ivan gritou e socou várias vezes o rosto de


Luca.

— Pare, Ivan deixe-o. — supliquei chorando.

Ivan parou e se virou olhando-me com nojo.

— Você chora por ele. Me fez te amar, te proteger e é por ele que
derrama suas lágrimas.

Ivan o deixou sangrando, veio até mim e rasgou minha blusa


expondo meus seios.

— Vou acabar com você, Ana, mas antes irei foder todos os seus
buracos. Vou te rasgar toda e na frente de seu amante para que ele sofra por
não ter conseguido salvar a mulher que ama como não pode salvar sua irmã.
— ele apertou e mordeu com bastante forçar meus seios a ponto de
sagrarem.

— Aaaaah! — gritei e me debati na cadeira tentando fugir dele, mas


não consegui.

— Deixe-a seu covarde, filho da puta. — Luca gritava furioso


tentando sair das correntes, mas era inútil.

— Eu te amei Ana, mas agora te odeio mais que tudo e te farei se


arrepender de ter entrado em meu caminho.

Ele largou meus seios sangrando e com a marca de seus dentes, e


saiu nos trancando de novo.

— Me perdoe Luca. Me perdoe. — pedi chorando. Era tudo culpa


minha, eu deveria ter ouvido ele e ter ido embora assim como Mateo foi.

— Ana, não me peça perdão por algo que era seu direito. Você tinha
direito de se vingar.

— Mas não de o colocar nessa situação. Vamos morrer por minha


causa.

— Não vamos, eu nos tirarei daqui.

— Como? Estamos presos.

— Sua faca está com você?

— Não. Eles me revistaram e me desarmaram estou sem nada aqui.

— Precisamos distrair o Ivan da próxima vez que ele vier nos ver e
o matar, só assim poderemos fugir.

— Vou deixar que ele faça o que quiser comigo e pedir que ele o
solte.
— Nunca a deixarei sozinha. Mateo e os outros virão ao nosso
resgate.

— Não tem como eles saberem que fomos pegos. — falei abaixando
minha cabeça, há dias Samira e meu irmão vinham insistindo para eu voltar
para casa, mas eu não os ouvi.

— Claro que sim, eles sentirão nossa falta, irão desconfiar do nosso
sumiço. Amélia nos encontrará através dos rastreadores em nossos braços.
— Luca me lembrou desse detalhe, o qual eu tinha esquecido.

— Há quanto tempo estamos aqui? — perguntei confusa com o


tempo que passei desacordada.

— Não sei, mas eles devem ter nos dopados para não vermos onde
nos colocariam.

— Verdade. — suspirei e tentei me mexer, mas gemi com a dor no


meu ombro.

— Ele a machucou? — Luca pergunta preocupado.

— Eu caí da cadeira tentando me soltar e machuquei o ombro, pela


adrenalina não estava sentindo a dor, mas agora está doendo muito. — falei
tentando não chorar mais.

Parecia que uma barreira tinha se rompido dentro de mim e escorria


livremente por meu rosto.

— Você deve ter deslocado. Tente não mexer muito.

Fiz uma careta de dor e suspirei fechando meus olhos. Minutos se


passaram e Ivan entrou de novo no porão.

— Vejo que estão bem despertos. — diz entrando no porão com uma
caixa.

— Eles querem um pouco de diversão. — um de seus soldados, que


parecia um armário de tão alto e musculoso, fala parando ao seu lado.
— O que você vai fazer?

— Brincar. — falou dando um sorriso macabro e indo até Luca.

— Solte-o. — ordenou ao seu soldado que logo acatou sua ordem.

O brutamonte com cara de mal soltou Luca das vigas que o prendia
no teto e ao chão, mas deixou as correntes de suas mãos e seus pés.

Ele segurou seus braços com força e mergulhou o rosto de Luca em


um balde cheio de água, que parecia estar bem gelada.

Meu coração acelerou cada vez que o homem tentava afogar Luca e
minhas lágrimas corriam livremente por meu rosto.

— Por favor, solte-o, é a mim que você quer Ivan, a mim. — gritei,
mas ele só ria.

— Você vai ver seu amante morrer por minhas mãos sua puta
desgraçada. Vou torturá-lo e depois eu vou te foder na frente dele para que
ele veja o homem que o matará comendo sua mulher antes de morrer.

— Eu que vou matá-lo. — Luca esbravejou e levou um muro no


rosto.

— Por favor...

— Não implore Ana, não implore. — Luca pediu, enquanto


apanhava ainda mais.

— Bem que meu irmão disse que eu não deveria confiar em você,
porém eu fui burro e me deixei apaixonar. — Ivan puxou meu cabelo e me
fez encara-lo.

— Eu realmente gostava de você — lambeu meu rosto e meu


estômago embrulhou. — Eu queria fazê-la minha esposa, te daria meu
nome. — sua voz soou triste.
— Eu só queria matá-lo e tinha nojo toda vez que tinha que fazer
sexo com você. Eu preferia morrer a ter seu pau mole em mim outra vez. —
falei fria olhando em seus olhos negros.

— Pois eu vou te matar, mas antes vai sentir meu pau em todos os
seus buracos. — me preparei para ser abusada por ele, contudo tiros soaram
próximos a nós e Ivan me largou de forma brusca, o que me fez cair
amarrada a cadeira.

Vi o momento que Luca quebrou o pescoço do brutamonte que o


segurava e Ivan partir para cima dele.

Rolei para o lado, ainda presa a cadeira, e peguei um caco de vidro


que havia no chão. Mesmo chorando de dor, pelo meu ombro, eu segurei o
vidro e cortei a corda que me amarrava, cortando minha mão no processo, e
me soltei.

Luca começou uma luta com Ivan, mas ele estava bem debilitado.
Ao longe vi a faca com a qual ele tinha cortado Luca e a peguei indo de
encontro a eles a cravando nas costas de Ivan, ele se virou e segurou meu
pescoço tentando me sufocar, mas Luca terminou de enterrar a faca nas
costas dele e a puxou o cortando de cima abaixo.

Ivan Petrov caiu morto aos meus pés e a sensação de vê-lo assim foi
a melhor que já senti na vida.

Luca limpou um pouco o sangue que escorria de sua barriga e


depois fez o mesmo com meu seio que Ivan tinha mordido. Ele deu um jeito
de escondê-lo com o que restou da minha blusa e me beijou ao terminar.

— Vamos. — Luca pegou minha mão e nos levou para fora do


porão.

Ao subirmos as escadas vi um verdadeiro massacre na casa do


Pakhan da máfia Russa. Vicenzo, Nicolas, Mateo, Giuseppe e seus soldados
estavam banhados de sangue dos soldados de Ivan e Vladimir.

Eles tinham vindo por mim. Ao meu resgate mais uma vez.
— Nicolas. — gritei por meu irmão que veio correndo ao meu
encontro.

O abracei apertado.

— Vocês vieram por mim. — falei chorando.

— Nunca te abandonaríamos.

— Como souberam onde estávamos e que tínhamos sido


sequestrados?

— Na casa onde estavam tinham câmaras e vimos tudo. — corei


pela forma que ele falou, pois lembrei do que tinha feito com Luca antes de
sermos pegos.

— Já estávamos preparando o resgate de vocês, pois Mateo disse


que estava desconfiado que tinham sido descobertos.

— Obrigada! — agradeci olhando todos os homens que me


ajudaram sem eu merecer.

— De nada. Agora vamos embora. — Vicenzo disse de sua maneira


fria de sempre.

Eu não tinha muito contato com ele, mas sabia que ele era um
homem frio e bastante temido dentro de sua máfia.

Luca caminhou mancando, por causa do ferimento em sua perna, até


onde eu estava com meu irmão, me tirou dos braços de Nicolas e me
abraçou forte.

— Você está livre agora. — falou e me beijou.

O beijei de volta e estava me preparando para ir embora dali


deixando tudo para trás para viver uma vida feliz ao seu lado, quando vi
Vladimir sair de trás da porta da biblioteca e apontar a arma para Luca.

Só tive tempo de empurrá-lo antes de sentir o impacto da bala.


— ANAAA!! — ouvi seu grito e caí sobre ele que me abraçou.

— Me perdoe por tudo. — pedi enquanto ouvia tiros que


provavelmente eram em Vladimir.

— Eu não tenho o que te perdoar. — ele estava chorando.

Era a primeira vez que o via chorar.

— Eu te amo. Eu te amo.

— Esse é o pior momento para dizer que me ama. — beijou meus


lábios.

— Me perdoe e seja feliz.

— Você não vai me deixar. Eu te amo e seremos felizes. — falou


tocando meu rosto.

— Obrigada por me amar e me proteger mesmo eu não merecendo


isso. Diga a Samira que eu a amo.

— Ana! — meu irmão falou chorando ao meu lado, ele me tirou dos
braços de Luca e beijou minha testa.

— Me desculpa se eu não fui à irmã que você merecia. Eu te amo


mais que tudo, irmão. Case com Andréia e seja feliz. — falei tocando em
seu rosto.

— Não diga mais nada, você vai ficar bem e vai estar no meu
casamento. Você conseguiu sua vingança e pode ser feliz agora, feliz ao
lado de sua família, de seus amigos e do homem que ama. — ele olhou para
Luca.

Sorri fraco e toquei no rosto dele e de Luca.

— Amo vocês, os amarei para sempre.


Suspirei e fechei meus olhos me entregando à paz que finalmente
minha alma alcançou.

Eu estava vingada.
Capitulo 28
Sabe quando tudo o que você viveu passa como um filme bem
diante de seus olhos e mesmo não querendo você acaba revivendo todos os
melhores e piores momentos de sua vida?

Bom, foi isso o que me aconteceu quando Ana desfaleceu em meus


braços.

Ouvi dizer que isso acontecia quando se estava para morrer, mas
comigo aconteceu quando eu percebi que estava preste a perder a única
mulher que amei.

— Precisamos levá-la para um hospital. — gritei a pegando nos


braços sem se importar com a dor em minha perna.

Eu tinha levado um tiro e uma facada, mas nada importava mais que
a vida de Ana.

Bom era isso que eu pensava, mas meu corpo não pensava igual.
Nos meus primeiros passos com ela me meu colo minha perna falhou e se
não fosse por Nicolas eu teria caído.
— Deixe que eu a levo. Você precisa cuidar de seus ferimentos
também.

Todos nos deram passagem e eu saí praticamente correndo, da forma


que pude, atrás de Nicolas até um dos carros que estavam do lado de fora da
casa de Ivan. Entrei no banco de trás me sentando ao lado dele que estava
com Ana em suas pernas e tentando conter o sangramento em seu abdômen.

Mateo entrou se sentando no do motorista batendo a porta com tudo


e arrancando com o carro nos levando para o hospital mais perto.

— Fica comigo meu amor. — pedi beijando seus lábios que já


estavam pálidos.

— Ela vai ficar bem. Ela tem que ficar. — disse Nicolas aflito.

Ele já tinha perdido os pais e agora estava prestes a perder a irmã, eu


imaginava o tamanho de sua aflição, pois era do tamanho da minha.

Não sei quanto tempo levou, mas logo Mateo estava parando o carro
em frente ao hospital. Desci seguido por Nicolas com Ana em seus braços e
logo um socorrista veio nos atender com uma maca nas mãos. Ele a colocou
nela e deixou que a levassem para a sala de cirurgia.

Não sabia como faríamos para esconder quem éramos e o que tinha
acontecido para ela ter sido baleada, ou até mesmo o meu estado, eu só
queria que ela se salvasse e voltasse para os meus braços.

Vi Mateo ir até a recepção fazer cadastro dela antes de sentir uma


pontada na perna e minha vista começar a ficar embaçada. Nicolas viu que
eu não estava bem e me segurou antes de tudo escurecer e eu caí sendo
amparado por ele.
Capitulo 29 Bônus
Caminhei até a recepcionista e fiz o cadastro de Ana sendo bem
objetivo em todas as minhas respostas. Não podia errar ao falar algo e
entregar quem éramos.

Já estava finalizando as informações que ela me pedia quando ouvi


Nicolas pedir por ajuda. Olhei e vi Luca caído e Nicolas tentando ampara-
lo.

Vários enfermeiros correram em seu auxílio e eu fiz o mesmo.


— Ele deve ter perdido muito sangue. — Falei parando ao lado dos
enfermeiros que o atendia e vendo o quanto Luca estava pálido.

Sua perna estava bem feia na ferida da bala e seu abdômen não
estava diferente. Havia vários cortes ali que, por mais que não fossem
profundos, necessitavam de cuidados.

— Precisamos levá-lo para a sala de cirurgia. — disse um dos


enfermeiros.
Eles o colocaram em uma maca e foram correndo em direção as
portas que levavam ao centro cirúrgico.

— Ele vai ficar bem não vai? — perguntei olhando meu amigo
desaparecer entre as portas.

— Sim, Luca é um cara forte. Ele e Ana sairão dessa.

Ele suspirou e logo um alvoroço se fez presente atrás de nós.

Vicenzo e Giuseppe estavam entrando no hospital com suas posturas


altivas e dois seguranças ao lado de cada um deles. Eu sabia que está em
território inimigo exigia o máximo de cuidado e proteção.

— Onde está Luca? — perguntou Vicenzo.

— Na sala de cirurgia. Ele perdeu muito sangue do tiro que levou e


depois que Ana foi atendida ele desmaiou.

— Merda! Ivan conseguiu fazer um estrago antes de morrer.

— Sim! —— disse Nicolas.

— Como ficará tudo? — perguntei me referindo a termos matado o


Pakhan da Bratva, assim como seu irmão e boa parte de seus homens.

Seus associados vão querer retaliação.

— Não podemos ficar muito tempo aqui. Assim que acabar a


cirurgia temos que voltar para a Itália. Não é seguro e precisamos nos
preparar para o que está por vir.

— Teremos uma guerra. — Disse Giuseppe.

— Sim, mas temos poder e homens ao nosso lado para enfrenta-la e


sermos vitoriosos.

Concordamos e nos sentamos para esperar. Torcia para que Luca e


Ana ficassem bem.
Já sofreram muito e depois de tantos anos finalmente Luca tinha
aberto seu coração para um novo amor. Eles mereciam vive-lo e ser feliz
construindo uma família só dele.

Meu celular vibrou em meu bolso e o peguei vendo que era Bianca,
minha esposa. Eu estava casado há uma semana e ela não se conformava de
eu estar aqui e não com ela.

Levantei-me e fui atender.

— Bianca. — falei calmo. Eu não queria brigar com ela.

— Já está voltando? Estamos recém-casados Mateo e você me


deixou sozinha. — ele berra do outro lado da linha.

— Amor. — tento soar gentil para que não se estresse mais. Bianca
está grávida e foi só por isso que me casei com ela.

Não contamos nada a ninguém, pois na nossa máfia a mulher tem


que ser pura para casar e ela seria tachada como uma qualquer por se casar
grávida.

— Nada de amor, Mateo. Você sabe como eu tenho me sentido


nesse início de gravidez e me deixou sozinha. Se algo acontecer comigo ou
seu filho a culpa será sua. — gritou e desligou na minha cara.

Estava um inferno nosso casamento e eu já estava me arrependendo


de ter me casado com ela. Bianca mudou muito desde que voltei do Brasil e
tem dias que nem a reconheço mais.

E agora com a gravidez tudo tem estado pior, insuportável. Não


lembro o dia de termos transado, eu estava bêbedo, mas acordei com ela
nua ao meu lado e um mês depois me disse que estava grávida e tínhamos
que adiantar nosso casamento.

Ela tinha esperado por mim por 5 anos e eu não podia deixa-la
depois de tê-la feito se entregar a mim e a engravidado. Eu precisava honra-
la e me tornar seu marido. Mas suas chantagens emocionais e não entender
que eu precisava ajudar meu melhor amigo tem me feito se arrepender de
tê-la tornado a minha esposa.

Guardei o celular e voltei para junto dos outros. Todos perceberam


que eu não estava bem, mas não me questionaram nada.

Encostei a cabeça na parede após me sentar na cadeira e fechei os


olhos pensando no que eu tinha feito da minha vida e pedindo para que meu
amigo e a mulher que ele amava ficassem bem.
Capitulo 30
Mexo meu corpo e o sinto doer, minha cabeça pesa ao ponto de eu
mal conseguir abrir os olhos. Sei que estou deitado em algo macio, mas
julgo não ser minha cama.

Um som de apito é ouvido onde estou e também escuto passos e


conversas.

Forço meus olhos a abrirem, mas logo o torno a fechar pela


claridade que há em volta, pois isso faz minha cabeça doer ainda mais.

— Ele abriu os olhos, eu vi. — uma voz suave fala chamando a


atenção de alguém.

— Tem certeza? Então eu vou chamar um medico. — é samira, sua


voz está mais clara agora.

— Sim, vá. Eu ficarei aqui com ele. — Ana, essa é sua voz. Uma
mão pequena pega a minha e solto o ar devagar, pois tudo em mim dói e
abro os olhos vagarosamente.

Dessa vez eles se abrem sem muita dificuldade e foco onde estou.
— Ana. — seu nome escapa de meus lábios ao ter meus olhos
focados em seu sorriso lindo.

Ela está vestida em uma camisola de hospital e seu belo rosto está
pálido.

— Que bom que acordou. — disse chorando. — Eu quis tanto ver


esses olhos cor de mel me olhando de novo.

— Quanto tempo eu passei apagado? Como você está? — eu me


lembrava de ter desmaiado depois que os enfermeiros a levarem para a sala
de cirurgia.

— 3 dias. Estamos na Itália. Vicenzo nos trouxe para cá depois que


nos operaram. Eu estou bem!

Ela beijou meus lábios de leve. Foi apenas um selinho, mas que já
serviu para me acalmar.

— Nossa! 3 dias? Não pensei que estivesse tão mal.

Ela se sentou na cadeira ao lado da minha cama.

— Você perdeu muito sangue com o tiro e tudo o que Ivan te fez. —
ela abaixou a cabeça envergonhada. — Me perdoe por ter feito você passar
por tudo aquilo.

— Você não teve culpa. Merecia sua vingança, nós só demos o azar
de ele nos descobrir antes. — sorri.

— Ainda assim. Eu sofri por vê-lo ser torturado e apanhar. Você é


um homem incrível e não merecia passar por tudo o que passou.

— Já estou acostumado com a tortura, Ana, eu sou mafioso se


esqueceu? — tentei brincar, mas ela não sorriu.

— Estamos bem. Eu te amo. — disse tocando seu rosto.


— Também te amo. Eu te amo e não quero mais que se machuque
por minha causa.

— Eu sempre darei minha vida por você.

Ela se pôs de pé e me deu um beijo apaixonado. Abri a boca para


receber sua língua e nos devoramos até ouvirmos alguém pigarrear.

— Sempre em uma hora inoportuna, Mateo. — reclamei por ter que


me afastar de Ana.

Ela sorriu sem graça e escondeu o rosto em meu peito. Alisei seus
cabelos.

— Vou deixá-los a sós. — assenti e ela se virou para sair.

Trinquei o maxilar ao ver que sua camisola era aberta nas costas,
mas ela não estava nua por baixo dela e sim com um short que ia até a
metade das coxas. Relaxei.

Mateo se aproximou.

— Você nos deu um baita susto irmão. — ele se sentou na cadeira


antes ocupada por Ana.

— Ossos do oficio. — sorri o fazendo rir também.

— Como está tudo? O que aconteceu nos dias em que fiquei


desacordado? Ana me pareceu bem, apesar de um pouco pálida, ela se
recuperou rápido do tiro.

— Ela acordou um dia após a cirurgia. Tem seguido as ordens


medicas, mas tem feito tudo isso daqui. — ele olhou para o lado e vi que
tinha outra cama no quarto. — Ela não sai do seu lado desde que acordou.

— Eu não queria que ela se desgastasse por mim.

— Ela te ama. E sobre como as coisas estão... Bom, agora estão


bem, mas tivemos que buscar ajuda de aliados para enfrentar a Bratva. O
homem que assumiu o lugar do Ivan quis criar uma guerra contra nós, mas
Vicenzo foi com tudo para cima dele que foi obrigado a recuar.

— Eu sabia que isso aconteceria. Há anos essa guerra está para se


armar, era só uma questão de tempo.

— Mas está tudo bem agora. — voltou a dizer. — O que você


precisa focar é se recuperar o mais rápido possível.

— Sim, quero ficar bom logo para poder me casar com Ana e fazê-
la minha para sempre.

Ao falar em casamento seu semblante murchou e Mateo desviou seu


olhar do meu. Eu o conhecia muito bem para saber que algo estava se
passando com ele.

— Como vai sua vida de casado?

— Não tão bem como eu gostaria. — respondeu se recostando na


cadeira.

— Problemas no paraíso? — brinquei, mas ao ver o seu rosto sério


parei de sorrir.

— Bianca está grávida. E foi por isso que eu me casei com ela.

— Porra! Mas você disse que nunca a tocou. Que ela sempre dizia
que queria se casar pura.

— Sim, eu nunca a tinha tocado. Mas parece que em uma noite


bêbado insisti para que ela se entregasse a mim e como me ama não se
negou.

— Que merda! Mas tem certeza de que transaram? Como disse você
estava bêbado.

— Ela estava nua ao meu lado e os lençóis manchados de sangue, o


sangue de sua inocência e a prova de que eu era seu primeiro homem. —
ele passou as mãos no rosto. — Eu não sei como isso aconteceu. Não sou de
beber e você sabe bem disso, mas eu estava angustiado com a história do
casamento e em duvidas sobre meus sentimentos por ela. Bianca tinha ido
ver como eu estava depois da nossa briga e acabou acontecendo.

— E agora você está casado com uma mulher que não ama só por
causa de um filho que não queria.

— Eu posso ser tudo, mas não um filho da puta que não assume as
próprias responsabilidades, Luca.

— Eu sei que não. Contudo, sua vida será infeliz.

— Farei dar certo, só está um inferno porque Bianca tem estava


muito mal nesse começo de gravidez e muito dependente de mim.

— Compreendo. Sabe que pode sempre contar comigo.

— Obrigado!

Assim que paramos de falar, Samira e Ana entraram seguidas de um


médico e uma enfermeira.

— O médico irá te examinar. — Disse Samira. — É bom vê-lo bem,


Luca.

— É bom te ver também, pequena. — sorri.

O médico começou a me examinar e Ana se sentou no sofá ao lado


de Samira. Mateo ficou de pé. O doutor me perguntou como eu estava e
conferiu meu ferimento na perna.

Pelo que ele me disse foi um milagre eu não tê-la perdido, pois
demorei muito a tratar do ferimento. Por sorte a bala tinha entrado e saído,
assim como no ferimento de Ana e nós dois estávamos bem.

— Estou aliviada de saber que sua perna vai se recuperar bem. Se o


ferimento tivesse sido mais grave ou você tê-la perdido. .. — ela escondeu o
rosto em meu pescoço.
Vê-la chorar me parte o coração.

Só estávamos nós dois no quarto. O médico e a enfermeira saíram


assim que terminaram de me examinar e Samira e Mateo se foram para nos
deixar a sós.

— Eu estou bem, meu amor. Estamos bem!

Ana estava deitada na minha cama agarrada a mim e com a cabeça


escondida em meu peito.

Ela levantou a cabeça e me beijou. Depois de finalizarmos o beijo,


nos abraçamos e fechamos os olhos desfrutando do calor do corpo um do
outro e adormecemos com a mente leve e tranquila por estarmos nos braços
um do outro.

Por nosso amor ter sobrevivido a tudo.


◆◆◆

Um mês depois...
Ana

Hoje é o dia que Nicolas iria se tornar um membro oficial da máfia e


eu estou tão ou mais ansiosa que ele.

Quem diria que em 6 anos nossas vidas mudariam tanto. Saímos de


Brasil em definitivo e agora moramos aqui na Itália. Ele se tornará um
soldado de Francisco Morino e se casará com Andreia daqui a 3 meses.

Estou cada dia mais apaixonada por Luca e morando com ele. Sim,
estamos morando juntos. Ele comprou uma casa aqui próxima e eu em
mudei há uma semana.

A mãe de Samira ficou triste, pois ela me tem como uma segunda
filha, mas eu precisava seguir minha vida e ter minhas próprias coisas.
Depois de finalmente ter conseguido minha vingança e ter dado uma
segunda chance as muitas meninas que tinham sido sequestradas por Ivan e
Vladmir Petrov, eu agora podia ter paz e realizar meu sonho de me tornar
escritora. E já até tinha começado meu primeiro livro.

Em breve eu o finalizaria buscaria uma editora para publicá-lo.

Olho-me no espelho e confiro meu visual. Hoje é uma noite de gala,


um jantar para oficializar a integração de novos membros, então queria ficar
bonita.

— Nossa! Linda! — Luca me abraça por trás e nos olhamos pelo


reflexo do espelho. — Está muito linda meu amor, gostosa para um caralho
e não vejo a hora desse jantar terminar e eu te foder a noite toda.

Me virei ficando de frente para ele.

— Também não vejo a hora de ter você dentro de mim, me fodendo


e me dando muitos orgasmos.

Ele cheirou meu pescoço.

— Você não vai conseguir andar amanhã. — me mordeu de leve me


fazendo rir e gemer ao mesmo tempo.

— Agora vamos ou eu vou te foder agora mesmo e não sairei de


dentro de você tão cedo.

Gargalhei e peguei sua mão saindo do nosso quarto.

Não tínhamos feito sexo nesses 30 dias, então estávamos subindo


pela parede. Estávamos esperando nos recuperar cem por cento para fazê-
lo. Foi um mês longo, mas que agora poderíamos tirar o tempo perdido e
não nos desgrudaríamos por um bom tempo.

— Está linda irmã. — Nicolas veio me cumprimentar assim que


entramos na casa dos Morinos.

Luca tinha ido falar com Giuseppe.


Ele vestia um terno de três peças que o deixava ainda mais lindo. —
Obrigada! Você também está muito bonito. Nervoso?

— Um pouco, confesso, mas é isso que eu quero.

— Estou feliz por você. Quem diria que nossas vidas mudariam
tanto.

— Sim, se me contassem há 6 anos eu diria que essa pessoa estava


louca e pediria um mandato para interna-la.

Gargalhamos e Luca se aproximou de nós. Andreia estava ao seu


lado.

— Parabéns, cunhado. — disse Luca. Andreia já estava nos braços


do meu irmão.

— Obrigado! Espero ser um bom soldado.

— E será.

Luca agarrou minha cintura e fomos até onde Samira estava com
Vicenzo.

— Oi príncipe da tia. — disse para Ângelo que sorriu banguela e me


estendeu os braços.

— Esse menino te ama. — disse Samira.

Nós nos falávamos diariamente e sempre fazíamos vídeo chamada


para que eu visse Ângelo. Ele já estava com 4 meses.

— Não tive a chance de te agradecer Vicenzo. Muito obrigada por


tudo que fez por mim.

— Não tem de quê Ana. Você é a melhor amiga da mulher que amo
e merecia se vingar das pessoas que a machucaram. Poderia ser Samira no
seu lugar. — ele trincou o maxilar ao falar. — E tudo o que te aconteceu foi
por culpa da minha família. Você foi posta em uma briga que não tinha nada
a ver.

— Não foi culpa sua também. O único culpado foi o sádico de


Pietro e Ivan.

Ele concordou com a cabeça e abraçou Samira. Ficamos


conversando até ele tomar seu posto ao lado de Francisco Morino, Eduardo
Grimaldi e Giuseppe. Para dar inicio a cerimônia de integração dos novos
membros.

Como Nicolas e os outros a serem integrados seriam soldados de


Francisco a cerimônia estava acontecendo aqui em Veneza.

Tudo ocorreu bem e me emocionei em todo o rito de integração.


Nicolas era oficialmente um membro da máfia Grimaldi.

Um mafioso.
Epílogo 1
Assim que entro em casa agarro a cintura de Ana e ataco sua boca.
Ela pula prendendo as pernas na minha cintura e eu seguro sua bunda para
que não caia.

Já estou bem melhor da perna assim como ela está do tiro em seu
abdômen e podemos fazer o sexo da forma que gostamos: selvagem e
intenso.

Coloco-a no chão assim que chegamos em nosso quarto e puxo as


alças do seu vestido a despindo para mim.

Tomo seus seios grandes, redondos e pesados na minha boca e


mamo neles com uma vontade louca, vontade essa que me consome há dias,
30 para ser mais exato.

Deixo seus seios e a coloco na cama. Ana se deita no meio dela,


retira sua calcinha e se abre para mim oferecendo a boceta de lábios
pequenos, suaves e com pelos bem aparados para que eu me deleite nela.
Ela não se depila totalmente e sempre deixa um filete de pelos cobrindo o
paraíso que tem entre as pernas.
Tiro minha roupa o mais rápido que posso a vendo se tocar e me
junto a ela na cama com minha cabeça entre sua pernas tomando sua
boceta, já bem lubrificada, em minha boca.

Beijo-a de boca aberta e aperto meus lábios em seu clitóris e depois


circulando a língua sobre ele. Mamo em seu ponto de prazer chupando com
vontade, lambo toda a extensão de sua boceta, degustando cada pedacinho
dela e fazendo Ana gemer alto, e depois introduzo dois dedos em seu canal
e a fodo com eles.

Ana geme, arqueia as costa e afunda a cabeça no colchão. Suas


pernas tremem e tentam se fechar em volta da minha cabeça, mas as
mantenho aberta e tomo todo o seu gozo quando ela se liberta na minha
boca.

Não dou tempo de ela se recuperar do orgasmo e logo a estou


fodendo forte, duro, com vontade e afinco. Ela se agarra a mim e nos
beijamos enlouquecidos. Um beijo quente onde o sabor de seu sexo se
mistura com o sabor de sua boca aumentando ainda mais meu estado de
excitação.

Ela prende as pernas em minha cintura, se abrindo mais e me


permitindo ir mais fundo. Seguro seus peitos e volto a mamá-los.

Invisto em seu interior sem descanso, arremetendo fundo, levo uma


das mãos ao seu clitóris e faço pressão com meus dedos aumentando seu
prazer. Ana grita, se contorce, me aperta e goza me sugando e puxando meu
gozo para dentro dela.

Caio exausto e a puxo para meus braços.

Descansamos por alguns minutos e já recuperados ele começa a


beijar meu peito, lambendo ao redor do bico e me fazendo gemer. Leva a
mão ao meu pau e depois me monta com uma perna a cada lado do meu
corpo.

Seguro meu membro já duro e o guio para dentro de seu interior


quente e molhado. Ela desce devagar nos arrancando gemidos e dando
algumas reboladas no processo.

Ana cavalga, rebola e engole todo meu pau me sugando e contraído


a vagina me fazendo revirar os olhos. Ajudo-a a quicar sobre mim e volto a
tomar seus peitos em minha boca. Seguro sua nunca puxando seus cabelos
e trago seus lábios até os meus, chupo, mordo e degustando-os.

Ficamos nessa dança prazerosas até o orgasmo nos tomar, gozamos


juntos mais uma vez. Nós nos abraçamos após alcançar nossa libertação e
ficamos assim por longos minutos.

Sentindo a respiração ofegante, o coração acelerado e o calor do


corpo um do outro.

Sentindo o amor que sentimos sendo demonstrado em cada gesto,


em cada toque, em cada palavra.

Nosso amor louco, intenso e para muitos doente, pois me arrisquei e


quase morri para ajudá-la em sua vingança. Mas eu realmente morria por
ela. Esse é o meu amor: um amor que me leva a morte, mas ao mesmo
tempo me trás a vida quando sou presenteado com cada sorriso seu e seu
corpo em meus braços.

— Eu te amo. — Disse trazendo sua boca até a minha e a beijando.

— Eu te amo. — declarou fazendo meu coração bater forte em meu


peito.

Me pus sobre ela e Ana abriu as pernas para me receber. A penetrei


com carinho, doçura, amor. Nós nos olhamos nos olhos e fizemos amor nos
entregando um ao outro, conectados, se amando, desejando, desfrutando.

Éramos amantes, amigos, companheiros. Um homem e uma mulher


que descobriram o verdadeiro amor mesmo que tudo nos dissesse e
mostrasse que era impossível.

Éramos companheiros de dor e foi nela que encontramos o amor.

Nós nos amamos na luta.


Nós nos amamos na tristeza.

Nós nos amamos na dor.

Nós nos amaríamos para todo o sempre.


Epílogo 2
13 anos depois...

Se me falassem há 13 anos que a menina que eu ajudei a resgatar,


após ser sequestrada e obrigada a se prostituir, mudaria a minha vida e me
faria reviver um amor que lutei muito para não sentir novamente, eu mataria
a pessoa sem pensar duas vezes

Foram tantas coisas que aconteceram nesses anos que parece que
vivi em um filme de ação feito por um louco. A vida na máfia não é e nunca
será fácil, mas o que eu vivi em meses foi o suficiente para eu desejar não
fazer parte dela. Logo eu o homem que sempre se viu nessa vida, desejei
que tudo fosse um sonho ruim e eu acordasse em uma vida totalmente
diferente da vida que eu levava.

Mas bem, eu não saí da máfia e tudo o que eu vivi não foi um
pesadelo, pelo contrário, foi muito real. A dor, a luta, dias de choros, de
angustias, brigas, raivas e tristezas. Mas que no final veio a recompensa.

Um amor para toda a vida.


Hoje sou feliz, não que antes não fosse, mas parece que com Ana
em minha vida é tudo melhor, com mais cor, mais vida.

Nós nos casamos e vivemos felizes com Maya e Hayla, a menina de


dois anos que adotamos, depois que ficou órfã quando seus pais foram
assassinados por traficantes de drogas que queriam se instalar no nosso
território, eles tinham matado os pais dela e iam vendê-la para o mercado
negro, mas os pegamos, os matamos e salvamos a bebê.

Ana se encantou de cara por ela e a adotamos.

— Um doce pelos seus pensamentos. —Samira diz parando ao meu


lado.

— Você me compra com tão pouco, menina.— falei sorrindo para


ela.

— Ela finalmente está feliz. — comentou olhando a mesma cena


que eu.

Ana brincando com Hayla em seu colo, enquanto Maya que tinha 6
anos se escondia atrás dela fazendo a irmã gargalhar.

— Sim, está. Eu estava me lembrando de tudo o que vivemos até


aqui. Nós quase a perdemos muitas vezes. — Olho para Samira e ela
enxuga uma lágrima.

— E tudo por minha causa. Nunca me perdoarei de não ter contado


sobre quem eu era e ter fugido de você e Mateo naquela balada.

Isso era algo que a tinha marcado profundamente.

— Você não tem culpa. Os verdadeiros culpados já estão mortos.

— Sim, estão. Mas ainda me culpo pelo o que eles fizeram com ela.

— Não podemos prever o futuro e ele não está em nossas mãos.


Cada escolha nossa tem uma consequência e tudo o que podemos fazer é
lidar com elas.
— Essa sua sabedoria sempre me encantou, sabia? — ela sorri me
abraça de lado.

Samira me lembra tanto Violetta. Ela seria exatamente assim se


estivesse viva. Linda, alegre, gentil e atrevida, pois sempre se impôs e dizia
o que queria desde muito novinha.

Solto um longo suspiro ao me lembrar dela.

— Sua irmã teria muito orgulho de você. Sei que ela seria uma
mulher incrível e que te daria muito orgulho. — ela falou como se lesse
meus pensamentos.

— Sim, seria. Violetta era uma menina linda e apaixonante, se


tornaria uma mulher maravilhosa.

— Ter você como conselheiro foi a segunda melhor escolha que


Vicenzo poderia ter feito. — olhei em seus olhos, mexido por suas palavras.
— A primeira foi me ter como esposa, claro — eu dou uma risada
involuntária e ela me acompanha.

— Sempre estarei aqui para quando quiser conversar. Eu te amo,


menina, nunca se esqueça disso. — fico de frente para ela e lhe dou um
abraço.
— Também te amo, Luca, não poderia ter amigo melhor. — ela
retribuiu o abraçou e ouvimos a voz grave de Vicenzo.
— É melhor deixar as mãos longe da minha mulher se não quiser
ficar sem elas, consigliere. — Vicenzo vem em nossa direção com Ana ao
seu lado.
— Bom acho que chegou a hora de revelarmos nosso segredo, Luca.
— Samira faz suspense e já sei que vem um de seus atrevimentos por ai —
Estamos apaixonados e vamos fugir juntos. — ela solta na maior cara de
pau e me abraça por trás.
Ela ama brincar com o perigo.
— Acho bom você largá-lo antes que eu vá até ai e lhe dê umas
tapas nessa sua bunda gostosa por ser tão atrevida. — Nosso Don falou
sério e Samira foi até ele.
Ana gargalhou e eu fui até ela, abraçando-a beijei sua boca.
— Samira não muda e ainda vai matar Vicenzo do coração. — Ana
comentou vendo os dois saíram de fininho provavelmente para transar em
algum lugar da mansão.
Estávamos na mansão de Vicenzo aqui em Veneza no aniversário de
12 anos dos gêmeos deles. Eles tinham voltado a morar aqui próximo dos
pais e transferido a sede de nossa máfia para cá
— Isso é como uma preliminar para eles e nunca vai mudar. — a
peguei no colo e me sentei em um dos bancos do jardim.
— Te amo. — ela falou ao se acomodar em minhas pernas e deitar a
cabeça em meu peito.
— Te amo. — beijei sua cabeça e ficamos olhando nossas filhas
brincarem com os filhos dos nossos amigos.
Nós éramos uma grande família. Nicolas tinha se casado com
Andreia e também tinham dois filhos adolescentes. Mateo tinha se tornado
o braço direito de Giuseppe.
Ana tinha se tornado uma escritora renomada e bastante conhecida
em toda a Itália e até fora dela. Seus livros vendiam muito e agora além de
escritora ela é dona de uma editora junto a Rubia e Rosa que tinham se
mudado aqui para a Itália.
Ela ainda saia comigo para matar alguns de nossos inimigos e
resgatar vítimas de sequestros para a prostituição e conversava toda semana
com as outras meninas foram sequestradas junto com elas.
Todas estavam bem, com suas famílias, trabalhando e até algumas
tinham se casado. Tudo estava do jeito que deveriam estar desde o início.
Tudo estava bem e eu tinha a mulher que amo comigo, nos meus
braços todas as noites
Uma assassina para um mafioso.
A mulher perfeita para mim.

FIM
Uma hacker para o Mafioso

sinopse
Giuseppe sempre teve tudo o que quis. consigliere e melhor amigo
do Don da máfia a qual pertencia, é um homem frio, implacável, que ama
matar e torturar quem se mete em seu caminho.

Porém seu destino na máfia muda quando ele tem que assumir o
lugar de seu pai e se tonar o novo Capo de Veneza.
Amélia sempre amou os computadores e tudo o que envolvia a
informática. Filha de um dos soldados de Don Vicenzo sabe muito bem os
riscos que corre quando decide aceitar sua proposta e se tornar sua, hacker.
Mas o que ela não sabia era que ao aceitar esse posto acabaria se
apaixonando justamente pelo homem que não podia se envolver.
Giuseppe queria Amélia.
Amélia não resistiu à tentação.
Giuseppe estava comprometido com uma princesa da máfia.
Amélia sabia que nunca poderia se casar com o homem pelo qual
tinha se apaixonado.

Um amor que não deveria existir e dois corações que sofreriam por
isso.
◆◆◆

Prólogo
Amélia
Olho para o homem por quem prometi não me apaixonar e uma
lágrima escapa dos meus olhos. Eu falhei em minha promessa e agora
estava irremediavelmente apaixonada por ele. E o pior o fruto de nossas
noites de amor e loucura crescia dentro de mim.
Eu fui tão feliz em seus braços e agora terei que seguir com meu
peito cheio de tristeza. Fiz o maior esforço para não ceder à atração que
sentia por ele, mas no final não consegui.
Seu sorriso, seu carisma e seu jeito brincalhão me conquistaram.
Sua beleza e seu corpo maravilhoso também tiveram uma parcela de culpa
nisso.
Eu sabia que não podia me envolver com alguém do alto escalão da
máfia, mas quem resiste a um deus grego desse? Quem resiste a um homem
dizendo o quanto é linda e que te deseja mais que qualquer outra?
Eu não resisti e agora sou forçada a esquecê-lo e ir embora.

Giuseppe está prometido a uma princesa da máfia, a mulher perfeita


para ele. De corpo escultural, alta, refinada e de classe, coisa que não sou e
nunca serei.

Ele se casará com a mulher que foi criada para ser sua esposa, para
ser dele, do homem que se tornará o Capo de Veneza e tudo o que vivemos
até hoje ficará no passado. Ficará no passado como uma lembrança bonita,
a melhor de todas as lembranças que alguém poderia ter.

Algo que guardarei para sempre em minha mente e em meu coração.

Inclinei-me sobre ele lhe dando um último beijo, mesmo que ele não
o veja porque está dormindo.

— Obrigada por me dá os melhores momentos. Eu sempre vou te


amar, mesmo que seja em silêncio e sem poder viver esse amor. — sussurrei
ao me afastar.

Peguei minha bolsa com as coisas que tinha deixado em seu


apartamento e saí do quarto.

Essa tinha sido nossa última noite. A última noite que fui dele, que
senti seus beijos, seu toque, seu carinho.

Respirei fundo e tirei o celular do bolso da minha calça e ligando em


seguida.

“Já estou saindo me espere na portaria do prédio"

Mandei a mensagem para Kira, minha melhor amiga e caminhei até


o elevador que me levaria para o térreo do prédio de Giuseppe.
Kira estava me esperado do lado de fora com Miguel, seu namorado
e também meu amigo. Fizemos faculdade de computação juntos, nos
tornamos grandes amigos e éramos inseparáveis desde então.

Eles me apoiavam em tudo e me ajudariam a ir embora para longe.

Eu não suportaria ver Giuseppe casando com outra e construindo


uma família com ela. Precisava ir embora para preservar meu coração.
Mesmo que ele de algum modo já estivesse machucado.

A porta do elevador se abriu e eu saí dele apertando a bolsa em meu


ombro e tentando conter o impulso de voltar e me jogar em seus braços.

— Tem certeza de que é isso que quer fazer? — Perguntou Kira ao


me ver chegar próxima a ela.

— Sim, eu preciso ir. Não posso me tornar um empecilho na vida do


homem que tanto amo.

— Mas ele nunca saberá que espera um filho dele?

— Ele terá seus próprios filhos quando se casar com a mulher a


quem está prometido. Giuseppe é um futuro Capo, governará toda uma
cidade. Ele não se lembrará de mim.

— Eu ainda acho que está se precipitando e fazendo uma besteira.


Sei que ele te ama e daria um jeito de ficarem juntos.

— Mas seu casamento trará paz e aliança para nossa máfia. Ele
precisa fazer isso.

Ela suspirou derrotada ao ver que não me faria mudar de ideia e


Miguel abriu a porta do carro para entrarmos.

Dei uma última olhada para o apartamento de Giuseppe e fechei os


olhos me despedindo dele mentalmente.

Era hora de buscar viver minha vida longe, tinha um ser inocente
que crescia em meu ventre e precisava de mim.
Eu viveria por meu filho. O fruto do meu amor por um homem que
era proibido para mim e por quem eu nunca deveria ter me apaixonado.

Eu não deveria amá-lo, mas o amava mesmo assim e esse amor seria
minha desgraça.

Em breve...
Agradeço a todas as minhas leitoras que me seguem, lêm meus livros e me
acompanham desde o Wattpad.

Agradeço a minhas amigas que sempre me apoiam e embarcaram comigo


em todas as minhas loucuras, inclusive no meu sonho de ser escritora.

Sonho este que demorei a realizar por medo de não ser boa o suficiente, de
não conseguir escrever algo que seja aceito pelos leitores. Medo de errar,
mas seu apoio me deu força e coragem para seguir e colocar em pratica
todas as histórias que eu criava.

Amo vocês!

Também sou grata a todos os que baixaram e tiraram um tempinho para ler
meu romance. Obrigada de coração e espero que tenham gostado do meu
livro.
Thamy Oliver

Alagoana, com 28 anos e formada em Pedagogia, sempre amei ler. Sou


fascinada por qualquer tipo de escrita e apaixonada por livros de romance.
Desde pequena criava histórias em minha mente, mas nunca tive coragem
para escrevê-las.

Até que um dia em uma conversa com minha amiga eu criei uma história
com nomes de personagens que ela tinha trocado de outra história que
estávamos comentando. Ela gostou do enredo ao qual eu criei e me
incentivou a escrevê-la. Meses depois eu já estava com a história pronta e
coloquei-a no Wattpad.

Minha primeira história foi o livro " Um amor para o Mafioso". E depois eu
o transformei em uma série.

Após perder o medo eu comecei a escrever outras histórias e já tenho 6


livros concluídos e 3 em andamento e postados no Wattpad.

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