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Título original em Português: Tomada pela Máfia - A obsessão

de Sebastien
Copyright © 2022, by IsBabi

Todos os direitos reservados: proibida a reprodução total ou


parcial, por qualquer meio ou processo eletrônico, especialmente
por sistemas gráficos. A violação dos Direitos do Autor é crime,
mediante a Lei dos Direitos Autorais 9.610/98.
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas.
Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são
produtos da imaginação da autora.
Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais
é mera coincidência. Esta obra segue as regras da Nova Ortografia
da Língua Portuguesa.

Capa: Gialui Design


Revisão: Patrícia Suellen
Leitoras Betas: Letícia Guimarães, Lilia Sobreira e Larissa
Guedes.
Diagramação: Cris Spezzaferro
Sumário
Dedicatória
Nota da Autora
Máfia Cartier
Prólogo
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Epílogo
Agradecimento
Sobre a autora
Escrever é o que me salvou da depressão, sempre gostei de ler
e mergulhar em um mundo diferente, amo criar personagens,
histórias e levar meus leitores comigo.
Estou correndo atrás desse sonho, trabalho para levar orgulho
para minha mãe, hoje é o meu anjo que tenho certeza de que
ilumina meu caminho.
Não poderia deixar de agradecer minha revisora maravilhosa que
me ajudou na criação desse universo: Pat, obrigada pelo trabalho
incrível, e pela sua amizade.
Uma beta incrível que está sempre em meus projetos: Leti,
obrigada pelo trabalho incrível e a sua ajuda nos mínimos detalhes.
Nesse projeto tive a ajuda de outras duas betas incríveis:Lily e
Larissa, obrigada meninas! Minha capista e diagramadora, muito
obrigada!
Agradeço minhas parcerias do Instagram por toda ajuda na
divulgação dos livros, obrigada meus leitores por me
acompanharem em cada projeto, sou grata, meu coração transborda
gratidão, muito obrigada!
A IsBabi que também é a Talia, ambas são gratas por tudo.
Esse livro contém muitos gatilhos, a autora recomenda a leitura
para maiores de 18 anos, caso não se sinta confortável, não leia.
Por se tratar de um romance de máfia, contém violência entre outros
temas, a autora não compactua com nada, isso é uma ficção, não
realidade.
Nesse livro a “máfia Cartier” criada pela autora segue algumas
regras das máfias originais, porém com alterações ficcionais
inseridas nesse universo.
Tomada pela Máfia traz a história da filha do governador da
França: Louise Lavigne e o chefe da máfia parisiense, Sebastien
Cartier.
Preparem-se para uma paixão francesa cercada de perigo e
adrenalina, amores aproveitem, recebam esse projeto, vamos se
apaixonar por tudo isso agora!
Boa leitura!
Com muito amor,
IsBabi.
A máfia francesa domina Paris e todo o território Norte da
França, comandada pelos Cartier há gerações essa máfia preza
pela pura linhagem francesa, que é exigida pelos membros.

Chefe: líder da máfia.


Subchefe: segunda voz no poder.
Sombras: soldados.
Torre: territórios.

Glace: Comando, palavra-chave para matar.


Renégat: Renegado.
Ma poupée: Minha boneca.
As luzes dos postes mostram o caminho para os veículos em
movimento.
A noite não é engolida na cidade luz.
Seguro o volante com uma mão e a outra deixo para tragar um
cigarro. Solto a fumaça lentamente.
Olho para o lado, acompanhando do meu irmão mais novo, que
acaba de desligar o celular, após manter uma conversa com um
possível cliente. Que deseja fazer negócios com a minha máfia.
Poderia estar fodendo uma prostituta ao invés de ir para um
evento escutar a ladainha dos políticos.
— Qual é o nome do sujeito? — questiono.
— O governador que agora pretende se candidatar à
presidência, Michel Lavigne.
Já ouvi falar em seu sobrenome, é um homem de extremo poder
e influência.
Como muitos que buscam a mim.
— O sobrenome é conhecido. Espero não perder o nosso tempo,
caso Michel mude de ideia.
Querer falar comigo é diferente de me encontrar pessoalmente,
sou seletivo.
Meu nome e sobrenome assombram Paris e toda a França:
Sebastien Cartier, chefe da maior máfia parisiense.
Escolho a dedo o que eu quero e quem quero, o restante é
descartado.
— Acredito que Michel não seja um homem que tem dúvidas.
Conheço a fama que o persegue, além de que, ele arranjou inimigos
e almeja obter a França em suas mãos, irmão — assegura.
— Assim que colocar os olhos nele irei dizer se aceito ou não a
proposta — rebato.
A diferença entre mim e meu irmão, é que ele costuma dialogar e
possui uma paciência que não tenho.
— Dou início às apresentações e questiono Michel, assim você
terá tempo para analisar.
Paro o veículono local onde foi marcado um encontro entre nós,
um coquetel que reunirá presenças importantes. Saio do carro ao
lado de Bernard, a fachada do local é grande, alguns seguranças
estão na recepção.
Meus sombras se aproximam ficando logo atrás, os seguranças
observam nossa entrada, não precisamos de autorização para
entrar em nenhum lugar.
Eu faço as regras.
Adentramos o prédio bem iluminado, observo algumas mulheres
e famílias de políticos, quando ouço uma voz próxima.
— Eu não vou ficar mais um segundo nesse lugar! — rosna.
Logo em seguida uma mulher esbarra em mim, o impacto revela
seu rosto.
Cabelos escuros com as pontas enroladas, olhos azuis e a pele
clara.
Os sombras dão um passo, mas faço um sinal para que não se
aproximem dela, espero ouvir um pedido de desculpas, medo ou até
um sorriso.
Estou acostumado com reações, porém, a surpresa é vê-la sair
não perdendo a postura, a morena mantém o nariz empinado ao sair
sem olhar para trás.
Sigo a encarando.
— Bernard descubra quem ela é ainda esta noite — exijo.
Não irei esperar o alvorecer para descobrir quem é a mulher.
Observo a noite ser engolida pelo nascimento do sol, brinco com
alguns fios do meu cabelo escuro, devia estar dormindo após
chegar de uma festa há três horas.
O silêncio toma conta da mansão, sou filha do poderoso
governador, Michel Lavigne, papai almeja ser o presidente da
França.
Para subir as escadas, ele precisa usar cartadas como, por
exemplo, apoiadores e aliados.
Papai está empenhado em sua campanha presidencial, casou-se
há pouco tempo.
Não seria aceito se estivesse separado, para esse cargo a
imagem precisa ser perfeita.
Mamãe e ele se divorciaram há um ano, algo discreto, a união
entre ambos durou bastante tempo, pois era necessário manter as
aparências.
Como filha do governador e futuro presidente, tenho uma postura
a seguir, desde pequena minha irmã gêmea e eu tivemos aulas de
bom comportamento e etiqueta.
Sou moldada para ser uma princesa, aparento ser uma, mas as
aparências enganam.

Encontro a mesa do café da manhã recheada de diversas


opções, sento-me no meu lugar, em seguida despejo o leite em uma
xícara.
— Senhorita Louise. — A empregada se aproxima com um
buquê de lírios. — Acabou de chegar.
Recebo o presente e encontro um bilhete.
— Obrigada.
Ela se retira, abro o conteúdo.
“Os lírios transmitem a inocência que vejo em você, querida
Louise.”
Deputado Afonso.
— Quem gosta de receber flores são os mortos, não eu —
afirmo, olhando para o bilhete.
Esse sujeito é próximo ao meu pai, lembro-me um pouco do
rosto do velho. Suas tentativas em chamar minha atenção são
asquerosas.
— Flores tão cedo? — pergunta Camille ao se aproximar.
Arranco as pétalas da flor deixando o chão enfeitado.
— Deputado Afonso, comparando os lírios com uma inocência
que apenas ele enxerga — reforço com deboche. — Odeio flores.
— Tão delicada, irmãzinha, mas confesso que flores e
chocolates não causam nenhum impacto em mim também — diz,
sentando-se ao meu lado.
Somos gêmeas idênticas, somente alguns traços nos
diferenciam.
A voz de Camille é mais aveludada.
Nossos cabelos são escuros, ondulados, a altura de ambos está
quatro centímetros abaixo dos seios. Em relação à vestimenta, não
usamos nada igual, apenas em algumas ocasiões, hoje estou
usando um vestido preto e Camille um azul-marinho.
— Bom dia — Beatrice nos cumprimenta. — Não consigo olhar
para vocês por muito tempo. É irritante ter duas cópias perfeitas
para dificultar a minha vida.
Ela é muito mais nova do que papai, tem um ciúme doentio por
ele, casou-se apenas por interesse em sua ascensão na sociedade.
E obviamente na herança da família.
— É doloroso ver todas as atenções em nós? — pergunto com
um sorriso. — Sempre busca chamar atenção da mídia com roupas
caras, mas não consegue apagar a mim ou minha irmã — lembro.
A relação entre nós nunca foi boa e jamais será, a família
Lavigne tem um gênio perigoso de se lidar, presente no sangue de
todos.
Jamais saio de uma disputa sem levar o prêmio.
— Sou a esposa do governador, consigo sozinha a minha própria
fama — rebate ao se aproximar.
— A segunda esposa — corrige Camille.
— Cale a sua maldita boca, Louise! — rosna entredentes.
Dou risada.
— Está tão nervosa, Beatrice, que está nos confundindo. Ainda
não aprendeu quem é quem? — provoco.
— Vocês duas já tem dezoito anos, em breve estarão
prometidas, fora do meu caminho de uma vez por todas — diz com
um sorriso, o olhar carregado de fúria.
Camille me impede de levantar, segurando o meu braço.
— Ainda somos as principais herdeiras. A prioridade sempre será
Louise e eu, você é invisível— reitera minha irmã com uma calma
misturada com um tom frio.
Camille tem controle, que eu não tenho.
— Ouço as vozes mais importantes para mim, mas em uma
discussão tão cedo? — A voz de papai soa pelo corredor.
Michel Lavigne surge em um paletó preto, passos lentos, os
cabelos escuros e olhos claros, traços presentes em suas filhas.
— Amor, estava comentando com as meninas sobre o futuro
delas — explica Beatrice.
— Essa decisão é pensada detalhadamente por mim — papai
reitera. — Então esse foi o motivo dessa discussão? — pergunta
olhando para nós.
— Pai, sua segunda esposa está opinando em assuntos que ela
não tem poder — respondo. — Pelo que sei você preza a famíliaem
primeiro lugar.
— Sempre foi assim — recorda Camille. — Não é, pai? —
pergunta apertando os olhos na direção dele.
— Beatrice quer se aproximar de vocês. Esse não é o assunto
em que ela interfira, mas exijo boa convivência, não quero sondar os
empregados se ouviram gritos — reforça, impaciente. — A minha
campanha se aproxima.
— Perdão, amor. Quero ajudá-lo a conquistar a França, farei o
necessário para que aconteça — garante a interesseira.
— Marquei uma consulta para você ir ao médico, deve se
arrumar para o motorista levá-la daqui a pouco, Beatrice — informa
papai para ela, que se assusta.
Camille e eu trocamos olhares.
— Mas hoje? Não fui informada, você deveria ter avisado antes
— reclama, frustrada.
— Você irá ao médico, está contrariando uma ordem?
— Irei me arrumar — ela diz com um sorriso fraco.
Beatrice se retira rapidamente.
A atenção do papai é toda nossa.
— Enquanto a vocês duas, hoje haverá um evento importante.
Quero minhas filhas impecáveis para representarem a família,
estarei com aliados e apoiadores — explica, indo até a sua cadeira.
— Outro evento? — pergunto, arqueando uma sobrancelha. —
Papai, peço sua permissão para não ir, estou entediada e sem
paciência para cumprimentar os convidados — digo.
— Louise, você irá — rosna. — Não irei sair apenas com Camille
— diz a olhando, depois voltando seu olhar para mim.
— Somos gêmeas, ela me representa — peço olhando para ela.
— Camille, você consegue fazer esse papel sozinha.
— Posso enrolar os convidados e a nossa família, porém, estou
entediada para estar sozinha, Louise — avisa.
Reviro os olhos.
— Nem que Camille aceitasse ir sozinha, você não vai estar em
outro lugar. Ambas são importantes e devem me acompanhar em
todos os eventos — reitera. — Esqueça o que planejava.
Fico em pé, irritada.
— Sente-se — manda, apontando a cadeira.
— Já terminei o café da manhã, não posso me retirar?
— Apenas com a minha ordem.
Sento-me na cadeira, encarando-o com raiva.
— Papai, há algo que não contou? — Camille questiona.
— A maior idade traz responsabilidade, vocês são filhas de um
importante político, sabem exatamente que os holofotes perseguem
cada membro da família Lavigne — explica. — Estejam impecáveis
no evento, afinal posso escolher algum pretendente para ambas.
Engulo em seco.
Achei que iríamos abordar esse assunto quando estivéssemos
com dezenove anos.
— Agora? — Camille pergunta.
Ela não está confortável com a ideia, sua expressão desconfiada
demonstra isso.
— Sim — papai afirma. — Irei escolher a dedo alguém que
ganhe a minha confiança.
— Já existem nomes em sua mente? — Camille pergunta. — Ou
não?
— Alguns, é o que precisam saber, nada mais. A vida de vocês
sempre esteve em minhas mãos, sua mãe só pensava em si mesma
— rebate.
Odeio quando ele traz o passado à tona, a infância e
adolescência, quando ainda tínhamos mamãe aqui, antes da
separação. Quando ainda éramos uma família completa para usar
em conversas como essas.
— O senhor está preocupado com a imagem e não para quem
vai entregar a mão das suas filhas — enfrento-o.
Camille me repreende com um olhar.
— Louise, sempre querendo modificar minhas ordens. Acha que
eu não sei que vocês querem adiar esse acontecimento para
estarem em festas ou encontros com executivos. — Aumenta o tom.
— Irei arrancar isso ainda essa noite, o evento reunirá presenças
importantes, não vai ser difícil escolher alguém.
— No final das contas, somos duas cartas preciosas que você
vai usar para garantir o que quer — diz Camille ao ficar em pé. —
Mas qual será o preço, papai?
— A mãe de vocês era o que eu mais queria, sabia que nossa
união resultaria em herdeiros extremamente importantes e foi
apenas isso que Laure foi útil, ambas são perfeitas e carregam a
essência da família.
— Em outras palavras, para você é sobre ter dois cavalos
prontos para uma corrida, com a vantagem dos dois serem seus —
digo, apertando os olhos em sua direção.
Ele sorri.
— Dei tudo para vocês, mes princesses1. Desde milhares de
bonecas e acessórios, até as roupas e joias mais caras. Amo
ambas, nossas características,sua mãe nunca teve o sabor de abrir
a boca e dizer que vocês eram parecidas com ela — diz ao
bebericar seu café.
1. Tradução:Minhas princesas
Fico de pé rapidamente.
— Posso sair? — questiono, arqueando uma sobrancelha.
— Espero vê-las com os melhores trajes, a governanta irá ajudá-
las com tudo, hoje não irão sair de casa, não irei tolerar nenhum
atraso ou erro nesta noite.
Camille e eu deixamos a sala, olho para trás uma última vez.
Observo um sorriso de triunfo, enquanto papai aprecia o café.
Estou impaciente diante do closet, olho algumas peças, mas a
minha cabeça está doendo.
A discussão no café da manhã ainda ronda meus pensamentos.
— Não consigo fingir que nada aconteceu! — esbravejo, inquieta.
Olho para Camille que está na penteadeira observando algumas
joias para usar a noite.
— Aprenda a se controlar, Louise — manda.
Dou risada.
— Pensa que é fácil? Tenho vontade de ir contra a etiqueta e a
educação para fazer papai passar vergonha diante de todos.
Entretanto, não consigo perder a postura — confesso. — Você
parece que está ignorando o que está diante dos nossos olhos,
Camille, vai ficar de boca fechada? — provoco.
— Cale a boca! Não consigo pensar com você não parando de
falar — rebate, irritada.— Estou com o mesmo sentimento que o
seu, porém, tenho consciência de que fazer birra não mudará nada.
Dou risada.
— Adoro ver você com raiva, somente assim perde um pouco do
controle que tanto possui — comento.
— Use o cérebro, Louise, papai não iria nos deixar com nossa
liberdade por muito tempo, os holofotes são incontroláveis, não
temos privacidade. Os encontros que tínhamos eram uma bomba-
relógio para a preciosa campanha — reforça.
Duas batidas à porta interrompem a nossa conversa, autorizo a
entrada da nossa governanta, Marie.
Ela está conosco desde a gravidez da mamãe, lembro-me de
muitos momentos em que ela brincou comigo e Camille.
— Meninas, desculpem a demora. Estão brigando? — pergunta
ao perceber o clima.
— Papai é o grande culpado, ele mencionou que está em busca
de pretendentes — revelo. — Camille só está mais calma, diferente
de mim.
— Ouviu alguma coisa pelos corredores? — minha irmã pergunta
para Marie.
— Não, seu pai jamais será descuidado em comentar por aqui.
Peço que não briguem. — Aproxima-se com um sorriso. — Odeio
vê-las assim.
— Louise precisa aprender a esconder os sentimentos dela,
estou auxiliando — explica olhando para mim.
Reviro os olhos.
— Não preciso disso — rebato, rapidamente. — Mudando o
assunto, a visita de Beatrice ao médico só pode ser para uma
gravidez. Esses dias ouvi papai ao celular, comentando do desejo
de ser pai logo.
— Ela retornou do médico um pouco nervosa — conta Marie.
— Papai irá pressionar para que ela engravide — afirma Camille.
— Uma gravidez em sua campanha é a cereja no topo do bolo —
digo com raiva. — Porém, primeiro ele quer escolher o nosso
destino.
— Tenho certeza de que seu casamento terá tudo o que você
dizia desde pequena. — Marie se aproxima.
Sorrio ao lembrar.
— Quero um vestido estilo sereia com brilho, muitos convidados,
quero que meu marido seja alguém importante e, obviamente,
bonito — repito olhando os vestidos.
— Seu pai vai escolher alguém assim, querida. — O toque de
Marie em meu ombro lembra-me dos momentos de incertezas na
infância e o começo da adolescência.
Quando ela sempre estava por perto para auxiliar em conselhos,
Camille e eu tínhamos sua atenção e carinho, mamãe sempre
estava ocupada consigo mesma.
— É dever dele — assegura Camille.
— Qual devo usar preto ou vermelho? — pergunto, pegando
duas peças e mostrando para elas.
Camille se aproxima, pega o vermelho.
— Preto, o vermelho combina com o meu batom, vou pegar as
minhas coisas — avisa, ao se retirar do meu quarto.
— Marie me ajude com o vestido — peço.
— Ficará linda, Louise, tudo fica bem em vocês, mas admito que
preto e vermelho são as melhores cores — elogia.
— Você tem bom gosto, é uma pena que não pode ir ao evento,
iria se divertir com a ladainha dos amigos de papai.
Ela ri.
— Não posso ir aos eventos, mas quem sabe sua mãe? Ela e
seu pai ainda mantêm uma amizade.
Engulo em seco.
— Aparência apenas, mamãe deve chegar hoje ou amanhã da
Itália, ela ainda não avisou — comento olhando o celular.
Nenhuma mensagem durante esses dias.
— Melhor se arrumar, Camille já deve estar voltando.
— Tem razão, ela vai esperar um pouco para ter sua ajuda.
Sempre fui a primeira, eu sou a primogênita.
Descemos as escadas lado a lado, papai sorri aprovando a
escolha de vestidos e joias, meu batom é um vermelho mais escuro,
Camille prefere um mais vibrante.
Estamos usando um colar de pérolas hoje.
— Estão lindas, tenho certeza de que uma fila de pretendentes
virá até a mim, quando minhas belas filhas chegarem ao evento —
elogia. — Me esperem no carro, Beatrice já vai descer — afirma ao
subir.
Certamente para ir atrás dela.
Camille ri, enquanto caminha.
— É patético a escolha dele para esposa.
Nossa família não aprova.
— Papai gosta de provocar todos, demonstrar poder — digo,
enquanto passamos pelos seguranças que estão lado a lado na
porta principal.
— O que me importa é a escolha dele — reforça Camille.
O motorista abre a porta do veículo, minha irmã entra e logo
depois eu.
— Desde o café as palavras dele não saem da minha cabeça,
porém, pensando melhor, não existe a possibilidade de encontrar
dois pretendentes essa noite, apenas um. Papai é exigente com
tudo e não somos peças de um leilão — afirmo, convicta disso.
Deixo uma mecha do cabelo para trás da orelha, não demora
para papai trazer Beatrice, saímos logo depois.
Para mais um evento entediante.

Piso no tapete vermelho, os flashes afetam os olhos não


acostumados, mas desde pequena a vida da família é palco para a
mídia, revistas e programas de televisão.
Papai posa ao lado de Beatrice, ela sorri beijando a bochecha
dele, fazendo um carinho no rosto.
Ele se mantém imóvel, apenas olhando para os fotógrafos, um
carinho na cintura de Beatrice é a única demonstração dele.
Camille e eu posamos para as fotos, com um sorriso mecânico
em nossos lábios, nosso pai e Beatrice se aproximam de nós para
uma foto em família.
Sorrisos falsos, tudo tem que ser entregue com perfeição.
— Senhor Lavigne, o que espera dessa noite? — pergunta um
dos repórteres.
— Um encontro da minha família com amigos e aliados. Gosto
de discutir minhas decisões com ambos, quero o melhor para a
França, sempre — diz com um sorriso coberto de confiança.
Ele se dirige ao lado da nova esposa, enquanto seguimos atrás,
o prédio com extrema iluminação foi o local escolhido para o evento.
Ao entrar todos imediatamente olham para a porta principal, vovô
é o primeiro a se aproximar.
— Michel — cumprimenta o papai. — Beatrice. — O nome dela
em seus lábios é frio.
— Onde está a sua esposa? Adoro conversar com ela —
pergunta Beatrice.
Ela insiste em puxar conversa.
— Ocupada — é a resposta dele, vovô sorri ao se aproximar de
nós. — Minhas netas, cada dia mais deslumbrantes, mes princesses
— elogia ao abraçar nós duas.
— Vovô, é o homem mais elegante da família — digo, fazendo-o
sorrir.
— Pai, não se esqueça de que Beatrice faz parte da família —
reforça papai em um tom baixo ao se aproximar.
— Vovô sabe disso, pai — defende-o Camille.
— Michel, você sabe o que penso dela — rebate vovô. — Bom, o
importante é a família em primeiro lugar. Vamos. — Aponta para a
mesa.

O salão está bem organizado com mesas ao fundo, no centro há


um lugar reservado para danças entre os casais, enquanto músicos
tocam em um pequeno espaço.
Diversos convidados surgem no caminho para cumprimentar o
papai, deputados e os aliados para a sua campanha.
Sorrio fingindo simpatia com todos ao cumprimentar com um
beijo na bochecha, Camille se limita a forçar um sorriso, ela não
estende a mão, o próximo convidado que surge em nosso caminho
é próximo de papai.
— Louise e Camille — diz o deputado Afonso com sorriso. — É
uma bela noite.
Os cabelos grisalhos já começam a surgir em sua cabeça, seu
olhar é castanho-escuro, ele não consegue disfarçar as segundas
intenções.
— Boa noite, Afonso — limito-me a dizer com uma distância
entre nós.
— Com licença — pede Camille.
Ele está na nossa frente e ainda temos que ir até a mesa.
— Poderíamos conversar daqui a pouco... — Ele olha para
Camille e para mim tentando identificar quem é quem.
— Estarei muito ocupada, talvez em um outro dia — aviso.
Sigo minha irmã, deixando-o sozinho.
— Mes princess— diz vovó com um sorriso radiante.
— É incrível como crescem rápido — comenta tio Armand.
— Boa noite — falamos em uníssono.
— Qual é o assunto? — pergunta Camille ao sentar.
— Seu pai mencionou os planos para o futuro de vocês —
responde vovó.
— Claro — digo. — O que acham?
— Achei um pouco cedo — diz de pronto. — Mas estarei atento,
Michel quer que tudo seja perfeito, mas meu irmão se esquece de
que não podemos nos envolver com qualquer um. — O comentário
dele é uma flechada para Beatrice que se junta a nós com um
sorriso.
— Minha querida nova família, gosto de eventos onde estamos
todos juntos, sinto-me segura e amada — declara olhando para
cada um.
— Que tal um microfone para comover as pessoas com o belo
discurso? — ironiza Camille, arqueando uma sobrancelha.
— Com licença. — Uma voz conhecida interrompe o momento.
Cain Leroy, executivo de uma marca importante, a família dele
sempre esteve próxima da minha.
— Cain — cumprimenta Armand com um forte aperto de mão.
— Armand, senhora Lavigne. — Ele se aproxima da vovó. —
Beatrice.
— Como vai? — ela pergunta ao cumprimentá-lo.
— Cain — saúda Camille.
Ele se aproxima de mim.
— Louise. — Sua voz é convidativa.
Recentemente tivemos um encontro.
Camille e eu temos isso em comum, gostamos de ter momentos
com homens solteiros e bonitos longe dos paparazzi e de
formalidades, como o namoro.
Algo que está a ponto de ser arrancado com a escolha de nosso
pai.
— Boa noite, Cain. — Sorrio ao vê-lo levar minha mão até seus
lábios.
Depois de cumprimentar o restante dos convidados ao lado da
nossa família, Camille e eu andamos até o garçom e pegamos uma
taça de champanhe cada uma. Papai está reunido com seus
apoiadores na mesa onde estávamos, tio Armand e o vovô também
estão ao seu lado.
— Parece que não será hoje que papai vai encontrar alguém
para escolher — comento com um sorriso.
Tudo está ocorrendo normalmente, uma chatice esses eventos.
A conquista da França é a maior prioridade para ele.
— Acredita que papai sairá daqui sem ter pelo menos uma
opção? — pergunta, arqueando uma sobrancelha.
Olho ao redor do salão e tenho uma pequena surpresa ao ver
alguns homens, que parecem ser seguranças, entrando no evento
bastante tempo depois.
Os sujeitos são diferentes dos que estou acostumada a ver, eles
param de andar e dão passagem para dois homens.
Algo em comum é a expressão mal-encarada, principalmente do
loiro de cabelos escuros, são rostos que nunca vi em nenhum
evento.
— Camille — chamo minha irmã. — Aqueles seguranças são
diferentes dos demais — aviso.
— Não são simples seguranças. Já vi fotos de alguns homens
assim no noticiário, semana passada. Não vem nada à sua cabeça?
— pergunta próxima de mim. — Isso lembra algo.
O que eu sei são boatos, que a máfia francesa existe e que Paris
é governada por um chefe dessa organização.
— Papai não iria fazer um acordo com a máfia — digo,
encarando-a.
— Qual o outro motivo para o evento ter presenças tão ilustres,
Louise? — rebate Camille.
— Ele não percebe que pode colocar todos nós em perigo
apenas para alcançar o poder? — nego sem acreditar. — Isso é
inacreditável.
Deixo a taça em uma mesa vazia, saio andando rapidamente.
Camille vai atrás de mim.
— Louise, você não vai sair agora!
Aumento os passos e desvio de algumas pessoas.
— Eu não vou ficar mais um segundo nesse lugar! — rosno.
Com toda a pressa acabo esbarrando em um homem alto e
musculoso, o impacto faz com que eu levante o rosto e encontre um
par de olhos azuis.
Cabelo loiro-escuro, tatuagens em seu pescoço, o paletó
esconde o restante do corpo.
Deveria pedir desculpas, principalmente se ele for alguém da
máfia, mas não quero.
Os seguranças ou sei lá o que se aproximam, no entanto, o
homem estende a mão para impedir, saio andando ignorando essa
cena.
Observo a porta principal, pretendo passar por ela.
Alguns dos seguranças do papai tomam a posição, ficando bem
na minha frente, cinco homens em uma fila perfeita.
— Eu desejo passar! — Aumento o tom.
— Não temos a autorização do seu pai, senhorita — avisa um
deles.
Merda!
Não acredito nisso.
— Onde pensa que vai, Louise? — Escuto a voz de papai.
Viro e o encontro parando diante de mim.
— Apenas tomar um ar — explico tentando manter a calma.
— Irá voltar comigo, venha — manda.
— Claro. — Forço um sorriso.
Vou até ele, papai anda ao meu lado, colocando um sorriso
novamente em seu rosto.
— Encontre sua irmã e tome uma água, irei apresentá-las para
alguém — informa ao encontrar meus olhos.

Minha irmã me entrega um copo de água.


— O que pensou em fazer? — repreende.
— Ele disse que irá apresentar nós duas para alguém, com
certeza é para os dois homens, Camille, papai está completamente
cego — alerto em um tom cauteloso.
— Sair de cena serve apenas para irritar nosso pai, tome a água
e tire essa expressão de raiva, confusão do rosto — aconselha.
— Meninas — diz tio Armand. — Venham, são os últimos
convidados, é uma promessa — afirma com um sorriso.
Termino a água, olho para Camille.
— Conhece ambos, tio? — pergunta Camille, curiosa.
Camille tenta enrolá-lo até que eu consiga me recuperar.
— Apenas o nome e o sobrenome.
Sem opções, ele caminha na frente, papai está sentado na
companhia dos dois, tio Armand cumprimenta os convidados e se
retira.
— Sentem-se, mes princesses— pede papai.
Camille faz o que é pedido rapidamente, já eu demoro a me
sentar.
— Há um bom tempo não vejo gêmeas idênticas, Michel — diz o
outro sujeito, analisando nós duas.
— Essas são as minhas filhas, Louise. — Aponta para mim. —
Camille. — Minha irmã está usando um vestido vermelho, seu olhar
é mais frio do que o meu.
— Boa noite — cumprimenta Camille sem emoção.
— Olá — é o que consigo dizer.
Os olhos do homem que esbarrei acompanham meus
movimentos, ele olha rapidamente para Camille, no entanto, depois
sua atenção está toda em mim.
— Sou Bernard, possívelapoiador do seu pai, esse é meu irmão,
Sebastien. — Bernard os apresenta.
— Apoiador? — pergunto, olhando para o papai.
— Sim, estamos em uma negociação importante, filha.
— Tenho uma proposta — anuncia Sebastien finalmente. —
Poderá escolher obter a minha aliança.
— Podem se retirar — pede nosso pai.
Levanto-me impaciente, mas não quebro o olhar com Sebastien,
não recuo, sinto a tensão no ar.
A presença dele e do irmão transmitem isso, é como pisar e cair
em uma armadilha, sem encontrar ajuda.
Minha irmã e eu saímos rapidamente para longe dali, papai está
jogando sangue para tubarões.
— Papai irá fazer de tudo para ter a ajuda da máfia e nada irá
impedi-lo — afirma Camille ao meu lado.
— Precisamos confrontá-lo, Camille, assim que chegarmos em
casa. Ele está entregando nossas vidas em uma bandeja — aviso
em um fio de voz.
— Não o pressione, fique quieta até o evento acabar —
aconselha. — Ou ele não entregará o que queremos saber.

— Gêmeas idênticas, essa informação eu não tinha — digo,


encarando o rosto de Michel Lavigne.
— Essa é uma reação comum quando apresento ambas. —
Sorri. — Minhas únicas herdeiras são uma prioridade junto com a
minha candidatura, acabo de escolher um pretendente para a minha
primogênita, Louise.
Interrompo a conclusão do governador.
— Quem? — sondo.
— Um filho de um amigo que está em meu partido, isso trará
poder para nós, uma união entre famílias importantes — explica
com um sorriso.
Olho para Bernard, rapidamente volto minha atenção em Michel
— Sobre a nossa aliança existem duas partes, a minha e
obviamente a sua, deve seguir à risca o que será combinado.
— Sim, seguirei — assegura. — O que vai querer? — Michel
pergunta.
Ele espera uma generosa quantia de dinheiro, exorbitante até,
mas não é isso o que quero.
— Saberá depois o que foi escolhido por mim — informo.
Vejo a confusão nos olhos do político.
O irmão dele se aproxima, mas um dos meus sombras o impede.
— Armand, não terminamos ainda — avisa Michel.
Ele volta à sua atenção, mas agora é para o meu irmão.
— Você pode sair desse encontro com o que almeja — Bernard
finaliza a proposta.
Ainda assim, vejo-o dividido em aceitar ou negar.
— Eu não dou segundas chances a ninguém — alerto.
— Está decidido — afirma rapidamente. — Desejo essa aliança,
necessito tê-la, Sebastien.
— Temos muito o que conversar — diz Bernard ao apertar a mão
dele. — Nossas regras e como trabalhamos.
Desvio o olhar e a encontro sentada em uma mesa com sua
família, reconheci-a com facilidade por nosso encontro de minutos
atrás.
Louise está de costas para mim, posso apostar que está se
sentindo observada pelos meus olhos, mas não está disposta a virar
o rosto.
Busco sempre algo para mim, que chame atenção.
Ela conseguiu a minha.

A volta para casa foi marcada pelo silêncio, o evento acabou da


mesma maneira.
Beatrice antes de subir as escadas, aproxima-se beijando os
lábios do nosso pai.
— A noite foi maravilhosa, estou ansiosa para ver o que estão
escrevendo sobre nós.
— Faça isso, Beatrice — pede. — Me informe depois.
Ele caminha pelo corredor que leva até o escritório nos fundos,
uma sala grande reservada para reuniões importantes.
A megera olha para minha irmã e para mim, com uma expressão
debochada.
— Pensei que a mãe de vocês estaria lá — comenta com um
sorriso provocador.
— Mamãe está fora da França, a família sentiu a ausência dela,
afinal, você jamais vai ter a postura e a importância que ela tem —
rebato.
— O comentário causou alguma dor, querida? Ótimo, é para
sentir — rosna, irritada.
— Se preocupe em conquistar a família, esse é o seu maior
problema — lembra Camille.
Beatrice aperta o celular que está em uma de suas mãos com
força, ela sai evitando continuar essa calorosa discussão.
— No momento, entrar naquele escritório é mais importante —
reforço para mim mesma.
— Vamos — chama Camille.
Seguimos o trajeto, Camille abre a porta, papai tira os olhos do
notebook.
— Aconteceu alguma coisa? As duas no meu escritório, quer
dizer que vocês querem algo — pergunta com um pequeno sorriso.
Funcionava assim, entrávamos aqui quando pequenas para pedir
bonecas novas, passeios com colegas da escola.
— Quem eram aqueles dois homens? — pergunto de pronto.
— Donos de uma empresa de segurança...
— Papai — Camille o interrompe. — Já existe uma equipe
conosco há muitos anos.
— A forma como esses seguranças agiram parece com aqueles
filmes antigos sobre a máfia. — comento. — Pai, você buscou
aliança com homens perigosos?
Ele ri debochado.
— Não me lembro de ter duas assessoras, muito menos
autorizar as duas a abordar assuntos de negócios. — Seu tom é
irritadiço.
— Não se esqueça de que somos suas herdeiras. — Camille
refresca a sua memória. — O tom dela é frio como um sopro.
— Durante o evento o senhor não trouxe os pretendes para nós
duas — reforço. — Estava tão ocupado com os dois últimos
convidados, pai, o que você pediu para eles? E o que deu como
forma de pagamento? — pressiono.
— Calem a boca, agora! Sou eu quem dito as regras nessa
família, saiam do escritório imediatamente para o quarto, se ainda
quiserem ver a mãe de vocês e sair com suas amigas, irão
obedecer — ameaça. — Não vou permitir que opinem em minhas
decisões ou em negócios! — reitera saindo de sua cadeira.
— Papai! — repreendo. — Devemos saber o que disse para eles,
nossas vidas estão em perigo no momento em que convidou os dois
para o evento — rosno, nervosa.
Ele abre a porta que estava entreaberta.
— Não vou repetir nenhuma palavra, Louise.
Papai vai agir, Camille olha uma última vez para mim, ela se
retira sem olhar para trás ou para o rosto dele.
Ando lentamente até estar diante de papai.
— Está entregando o sangue de todos os Lavigne.
— Estou escolhendo o que é melhor para todos — corrige.
Deixo o escritório, papai bate a porta com força. Ele está
omitindo o que conversou com os dois sujeitos.
Quem eles são? Qual foi o rumo daquela negociação?
Despertei pela manhã com uma mensagem da minha mãe, ela
finalmente retornou de viagem. Camille e eu ficamos prontas e
alguns seguranças nos acompanham, sempre ficamos dois ou três
dias com ela.
E depois daquele evento de ontem à noite, não quero ficar dentro
de casa e trombar com meu pai a qualquer momento. Durante a
madrugada inteira não consegui tirar da cabeça a imagem daqueles
sujeitos, diferente de mim, Camille não costuma fritar o cérebro com
pensamentos ou angústias.
Ela é o gelo, enquanto eu sou o fogo.
Desperto desses pensamentos, quando o carro para diante da
mansão onde mamãe mora com seu novo marido, um executivo.
Mamãe está feliz com sua nova vida.

A empregada abre a porta e nos cumprimenta com um sorriso,


ela informa que mamãe está nos esperando na piscina. Em uma
espreguiçadeira tomando um suco com algumas pedras de gelo,
vejo sobre a mesa de madeira algumas frutas e caixas de
presentes.
— Meus amores — diz com largo sorriso.
Ela se levanta, vindo em nossa direção.
— Pensei que iria morar na Itália — cumprimenta Camille com
deboche.
Camille se senta em uma das cadeiras, observando a área de
lazer, um dos melhores lugares dessa mansão.
— Perguntaram sobre você no evento, já falou com o papai antes
de virmos para cá? — pergunto, arqueando uma sobrancelha.
— Sim, foi uma ligação rápida.
— Mamãe, precisa falar com ele sobre o tipo de negócios que ele
anda buscando para ser presidente — alerto. — Papai pode estar
negociando com a máfia, criando uma aliança com criminosos.
Ela ri.
— Filha, onde tirou isso? Anda assistindo filmes demais — nega
sem acreditar.
— Tenho cara de idiota? — rebato, irritada. — Você precisa
opinar em alguma coisa! Somos suas filhas, Beatrice não é nada —
exijo.
— Não vou me meter em assuntos de negócios, seu pai aceitou
a separação e impôs condições para que eu conseguisse sair
daquele lugar, Michel é um homem astuto — afirma, convicta. — Ele
não é um garoto inexperiente, filha, você ainda é uma menina.
— Menina? Estou entrando na fase adulta — reforço. —
Esqueceu-se de que não tenho mais quatro anos?
— Não adianta fazer nada — diz Camille. — Mamãe tem
prioridades diferentes, irmãzinha.
— Parem de falar dos assuntos do seu pai, comprei presentes,
visitei Roma e a Sicília, estou apaixonada pela Itália! — conta indo
até a mesa.
Ela olha os presentes.
É inacreditável como mamãe acha que presentes calam a nossa
boca, compensam momentos e ausências.
Ela se aproxima e me entrega uma caixa vermelha.
— Louise, Camille, esse é o seu. — Entrega a outra para minha
irmã.
Desembrulho o laço.
— Sei que gosta de uma estola para usar em eventos, sempre
usa uma, desde pequena, querida.
O que tem dentro é um colar de diamantes.
— Camille gosta de diamantes — corrijo-a.
Entrego o presente.
— Devo ter confundido na pressa, me perdoem — pede,
trocando as caixas.
— O próximo passo será confundir nosso nome — desdenha
Camille, olhando a joia em sua mão.
Passo os dedos no pelo macio e delicado da estola, mamãe
sempre olha para si em primeiro lugar. Marie, a nossa governanta,
era responsável por Camille e eu, ela estava conosco quando ralei o
joelho e o primeiro dente de leite caiu.
Momentos com nossa mãe são tão poucos, lembro-me mais dela
no celular com suas amigas, participando de eventos ao lado de
papai. O fim do casamento deles mexeu muito comigo, mamãe logo
se apaixonou por um novo homem, mas mantém uma amizade de
conveniência, até porque papai não a deixaria sair de sua vida sem
ter o controle de suas ações. Ela não brigou por nossa guarda,
queria ser livre para ter uma nova vida.
Esquecendo-se de que também é mãe.
— Conheço vocês mais do que ninguém — assegura.
— Bom dia, meninas — fala Fabrice, seu marido, ao se
aproximar.
Ele me cumprimenta e depois Camille.
— Como estão? — pergunta com um sorriso.
— Muito bem — sou rápida em minha resposta.
— Tenho que ir para a empresa, mas prometo não demorar —
avisa ao beijar mamãe.
Assisto-o sair.
— Fabrice gosta de vocês e de Michel, pelo menos respondam
com um sorriso quando ele perguntar algo — repreende.
Camille ri.
— Mais alguma exigência? — reclama Camille ao se levantar.
— Quase esqueci, meus amores. Para compensar a ausência no
evento do seu pai, combinei de levá-las à boate de Fabrice em um
encontro com outras mulheres do partido do seu pai — anuncia.
— Você o quê? — questiono, incrédula, — Não irei! Está
compensando ou agradando ele?
— Sou sua mãe, Louise, e você sabe que precisa estar próxima
de todos, a época de eleição está chegando — reitera.
Camille sai andando, ignorando-a.
— Camille, aonde vai? — pergunta sem ter uma resposta.
Vejo-a sair indo atrás da minha irmã.
Sou como uma boneca que precisa estar sempre arrumada de
forma impecável, que em diversos momentos é jogada para um lado
e depois para o outro, contudo, essa noite não será em vão.
Irei beber um pouco, além de sondar sobre os dois homens e os
boatos.
Qualquer informação já será útil.

— Michel está ciente dos protocolos — informa Bernard ao entrar


em meu escritório. — A equipe de segurança que acompanhará as
saídas dele, a esposa e as duas filhas será dos nossos sombras.
— Ótimo — respondo rapidamente.
— Confesso que pensei que não iria querer essa aliança —
comenta, olhando meticulosamente para meu rosto. — Qual será a
sua parte, Sebastien?
— Na hora certa você saberá, irmão, Michel tinha algo a
oferecer, se não fosse por isso ele não estaria sendo nosso cliente
— explico.
A tela do meu celular se acende, uma mensagem de nosso avô.
— Abra a porta, vovô acaba de chegar — aviso.
— Certamente tem novidades do que o conselho deseja.
Meu irmão abre a porta do escritório, nosso avô o cumprimenta
com um aperto de mão, ele retira os óculos escuros.
— Bernard, Sebastien.
Aponto a cadeira vazia.
— Sente-se.
— Qual é a mensagem que mandaram por você? — Bernard
pergunta.
— Sebastien, estão pressionando para que consiga uma
segunda esposa, avisei que iria comunicá-lo — explica acendendo
um cigarro.
O conselho reúne mafiosos que exigem ordem em suas famílias
e na organização.
— Já estou adiantando nesse assunto — aviso, surpreendendo-
o.
Bernard não se mostra surpreso, porque ele me conhece como
ninguém, sabe que sou muito objetivo em minhas ideias e planos.
— Como assim? — questiona, arqueando uma sobrancelha. —
Já tem uma em sua mente?
— Irei resolver dois problemas de uma só vez, vovô — explico.
— Comunique os demais sobre isso, em breve saberão do que se
trata, é o que precisam saber.
— Seu pai dizia que você consegue nos transformar em peças
de tabuleiro, onde está por trás tendo todo o controle, ele tem razão
— elogia com satisfação. — Posso saber quem é a mulher que
escolheu? — vovô pergunta. — A linhagem dela.
— Sebastien gosta de dizer apenas no último momento — afirma
Bernard.
— Cale a boca, preciso que compre qualquer joia — comunico.
Tenho planos para amanhã.
— Alguma preferência? — insiste.
— Qualquer merda brilhante.

A boate de Fabrice é um local bem movimentado e nesse


momento se encontra com o dobro da proteção dos seguranças,
que estão acompanhando mamãe, Camille e eu.
Entro no lugar, uma luz branca passa pelo meu rosto, observo
algumas pessoas curiosas em ver as filhas do governador de perto,
porém, não tenho tempo para olhar o restante dos rostos ou as
outras coisas.
A minha vida é cercada a todo momento, seja de regras ou
pessoas, a privacidade é algo quase inexistente. Subimos as
escadas para o segundo andar, reservado para pessoas
importantes, pontos de encontros também, senhoras que estou
acostumada a encontrar ficam de pé, além de outras jovens, essa
noite é reservada apenas para as mulheres do partido de papai.
— Boa noite — dizemos minha irmã e eu em uníssono.
— Boa noite, meninas, é ótimo vê-las junto com você, Laure.
— É bom vê-las novamente — saúda mamãe com um sorriso.
— Como anda a vida de casada com Fabrice? — pergunta.
— Ele é incrível, Michel e ele tem uma ótima relação. Não
poderia ser diferente para o bem das minhas filhas.
Forço um sorriso, estou tentando não rir.
— Camille e eu vamos cumprimentar as outras meninas — aviso,
saindo na frente.
Não espero minha mãe responder, caminho em direção às
minhas amigas, crescemos juntas e frequentamos a mesma escola.
— Louise, Camille — cumprimenta Catarina, ela se aproxima
abraçando-nos. — Temos muito o que conversar.
Caminhamos até uma das mesas, ocupamos os lugares vazios.
— No evento não tivemos tempo de conversar, como foi sua
viagem para ver o restante da família? — pergunto, pegando um
drink.
— Gosto muito de passar tempo com meu avô e a vovó, onde
moram é muito calmo, diferente do meu irmão, que prefere a
correria da nossa vida movimentada de Paris.
— Não me vejo morando em outro lugar, a não ser Paris —
comenta Camille. — Mas e o evento, o que achou? — pergunta.
— Gostei, estava tudo organizado, meu pai está auxiliando o pai
de vocês na corrida para a presidência, vi vários convidados. Alguns
que nunca tinha visto.
Troco olhares com Camille.
Olho para trás e vejo mamãe sentada ao lado da mãe de
Catarina e outras mulheres, que estão bem entretidas.
— Não ouviu nada? — Camille pergunta. — Seu pai não
comentou nada?
— Fiquei curiosa quando aqueles dois sujeitos que entraram por
último, pareciam ser do nosso meio, papai por um momento pensou,
mas seu tio Armand disse que eram donos de uma agência de
segurança — explica.
Então essa é a história que está sendo vendida.
— Papai deveria pesquisar mais sobre essa empresa, prefiro a
que está conosco — defendo. — Pensei que seu pai sabia quem
eram.
— Não, pelo visto Michel está preocupado com a segurança de
vocês, algo comum em nossas vidas — reforça.
— Catarina, conte outras novidades, tenho certeza de que sabe
de alguma, estou ficando entediada — sonda Camille.
— A novidade que eu sei, vocês já sabem também, papai disse
sobre o desejo de Fabrice entrar para a política— comenta com um
sorriso.
Pisco algumas vezes.
— O novo marido de mamãe? — pergunto sem acreditar
— Conte o resto — pede Camille.
— Sim, papai estava falando no escritório quando ouvi o nome
do Fabrice. Estou surpresa que não sabiam ainda...
— Meninas, atrapalho? — pergunta mamãe ao se aproximar.
— Não — nega Catarina.
— Estava comentando com sua mãe que vocês três se casarão
em breve, já que é um desejo em comum das famílias que cada
uma dê mais esse passo — diz com a mão em meu ombro.
— Eu sei, papai tem pressa em encontrar alguém — comenta
nossa amiga ao se levantar. — Volto logo, mamãe está me
chamando.
Ela se retira, o lugar vazio é ocupado.
— Onde está Fabrice? Ele viria para cá — pergunto, encarando-
a.
— Ele deve estar chegando, sobre o que falavam com Catarina?
— Sobre omissões e mentiras — Camille é direta. — Então
Fabrice quer entrar para o partido de papai? Por isso está
empenhada para que tudo dê certo.
— Iria contar para vocês amanhã na presença de Fabrice —
rebate. — Cheguei de viagem hoje, esqueceram?
Dou risada.
— Mamãe, pensei que estava farta da vida política, mas acho
que o seu desejo era deixar suas filhas — asseguro ao ficar de pé.
Levanto-me e caminho para observar a pista de dança, lá
embaixo as pessoas dançam, sentindo-se bem soltas e livres.
Enquanto estou coberta de roupas caras, mantendo postura e
ouvindo ladainhas.
— Louise! — Mamãe se aproxima ficando ao meu lado. — Não
vire as costas para mim, sou sua mãe e você sabe o quanto é
deselegante — repreende.
— Estou farta de ser uma boneca, que não pode quebrar, o
tempo todo preciso estar apresentável! — rosno. — Qual mentira vai
contar agora?
— Seu pai é inteligente, ele pensa na família em primeiro lugar.
Fabrice se interessou pela política, você queria que fôssemos para o
partido adversário? — questiona, arqueando uma sobrancelha loira.
— Está tudo tão perfeito para você, mamãe, não é? Realizar o
sonho do seu marido, ter essa aliança com papai — ironizo,
detalhando as suas conquistas.
— Vocês são tudo para Michel e para mim também.
Dou risada.
Passo por ela voltando até a mesa, Camille nem a olha nos
olhos.
— Não agem como se fossem duas crianças, Michel e eu
sempre demos tudo para ambas, quando ele disse sobre os
pretendentes, pedi para que escolhesse bem — tenta justificar.
— A doce mãe preocupada — debocha minha irmã. — O
estranho é que durante esse tempo você não mencionou nada
disso.
— Camille, não aponte defeitos, essa discussão só está
começando, pois vocês não sabem agir ou escutar os outros. Onde
errei que não apreenderam isso? — pergunta-se.
— Não vamos gritar ou fazer um escândalo, fique tranquila.
Sabemos das regras, além de que, não há escolhas — tranquilizo-a.
— Estão me colocando em um papel de monstro — rebate. — Eu
amo vocês, nunca me afastei, cuidei para que tivessem uma vida
perfeita — avisa.
— Guarde sua defesa para usar dentro da sua cabeça, não
quero ouvir — corta Camille.
— Queridas! — A mãe de Catarina surge ao lado da filha. —
Aposto que Laure comentou sobre os pretendentes, Michel e meu
marido tem ideias parecidas.
— Temos que ouvir os planos agora? — reclama Catarina ao
sentar ao meu lado.
— Claro que sim, filha, são o que pensamos para vocês, tenho
alguns nomes, vamos ver se gostam — revela com um sorriso. —
Laure e Michel tem uma preocupação maior já que são duas filhas,
e eu por Catarina ser a única mulher da nossa família.
— Camille e Louise são o pilar da vida de Michel, da minha e de
todos os Lavigne — afirma mamãe.
O que resta para nós é ouvir o que ela tem a dizer, uma
importância que nossa mãe afirma que dá para nós duas, mas só
existe em suas palavras.
Papai está aproveitando para se aproximar de Fabrice, trazendo
mamãe para perto, mantendo essa amizade de aparências, uma
família perfeita.
Essa é a maior estratégia dele para conseguir votos e mais
apoiadores.
Encaro a caixa de veludo preta, Bernard comprou ontem uma
joia qualquer, ele irá entregá-la junto a um recado para Louise,
assim Michel, enfim, saberá qual será a minha parte.
O notebook faz um barulho, notificando uma videochamada,
aceito a solicitação.
O rosto de Marcelon Chevallier, meu recente aliado surge na
tela, somos os principais chefesda máfia francesa.
A torre norte me pertence, enquanto a do sul é da máfia
Chevallier.
— Sebastien.
— Marcelon — cumprimento.
Os olhos castanho-claros são indecifráveis.
— Vi fotos suas e de Bernard em um evento com o governador
da França. Esqueceu-se de abrir a boca sobre o que motivou você a
ir? — pergunta, com o semblante confuso.
— Gosto de analisar quem pode ser cliente da minha máfia,
apenas se tiver algo que chame a minha atenção — específico. —
Foi isso que ocorreu com Michel Lavigne.
— Seja claro como água, nessa aliança que pode nos beneficiar
após milhares morrerem dos dois lados — reforça.
Nossas famílias sempre estiveram em lados opostos, um acordo
entre nós sempre foi difícil, até o momento que nos encontramos
durante um ataque da máfia alemã.
Precisamos unir forças, a mulher de Marcelon morreu no ataque.
— Justamente demorei para falar com você, porque tracei algo,
Michel Lavigne tem duas filhas, são gêmeas idênticas. Ele deseja
levar as duas ao altar o quanto antes — explico.
— Uma das filhas do governador acabou te atraindo, Sebastien.
Irá recusar mulheres de linhagem da máfia?
— Antes de terminar sua conclusão, escute-me — aviso.— O
governador deseja derrubar o adversário e ser presidente, entregar
as filhas não será nada para Michel, essa é a parte que escolhi
nessa negociação. Tomar a primogênita,enquantoa caçula seráum
presente da minha máfia para você.
— Quer jogar duas garotas ricas, acostumadas com fama e
dinheiro em nosso mundo? — questiona.
— Fazemos acordos, mas o preço sempre será alto — reitero. —
O conselho está pressionando sobre uma nova esposa para mim,
como para você também, encontrei uma resposta rápida.
— Acaba de prometer algo para a minha máfia — lembra. — Não
se esqueça disso, aceito o presente , anseio buscá-la, para ver de
perto se ela vale algo ou será apagada com um tiro na cabeça.
— Faça sua escolha, Marcelon, eu já fiz a minha.
Terminamos a videochamada alguns minutos depois de abordar
outros assuntos.
Observo a caixa de veludo, levo o conteúdo até a minha mão ao
deixar o escritório, Bernard será o mensageiro.
Quero Louise usando esse colar diante de mim.

Mamãe planejava fazer uma surpresa para contar sobre a


entrada de Fabrice no partido do papai, o plano dela não deu certo.
Pela manhã Camille e eu voltamos para casa na companhia dela,
entramos na mansão sem trocar muitas palavras com mamãe.
— Será que podem parar com essa birra? — pergunta, irritada.
— Não são mais crianças, tudo iria acontecer da forma que havia
planejado, Catarina não deveria ter aberto a boca.
— Laure — diz papai, parando na sala principal. — Mes
princesses, o que houve? — sonda ao olhar para mim
principalmente.
— Não sabíamosque seu partido vai prezar pela famíliaperfeita,
a ponto de receber de volta mamãe e Fabrice — alfineto sem me
conter.
— Qual é a próxima surpresa, papai? — pergunta Camille.
— O papel de vocês é representar bem a família, sorrir para as
câmeras, a mãe de vocês casou-se com alguém importante, que
tem poder para crescer no nosso partido — defende.
— Estarei mais perto das duas agora — diz mamãe. — Isso não
está bom para vocês?
— Não preciso de nada seu — Camille a enfrenta.
— Chega! — esbraveja papai. — É bom tê-la por perto, Laure,
nossas filhas precisam de controle.
— O que sua esposa acha sobre isso? — pergunto.
— Beatrice irá aceitar a minha decisão, todos devem aceitar o
que é proposto.
Reviro os olhos.
— Tenho outras prioridades — avisa minha irmã ao se retirar.
— Tenho um assunto importante para tratar com um aliado em
poucos minutos, não quero mais ouvir discussões, Louise — reforça
ao se aproximar de mim. — Estarei no escritório, faça companhia
para a sua mãe.
Ele sai em passos apressados, mamãe olha para um quadro
antigo que estamos retratados por um pintor talentoso.
— Essa foto ainda está aqui, lembro-me de que cheguei tarde e
seu pai estava irritado — comenta, presa no passado ao encarar o
quadro.
— É apenas uma pintura antiga sem importância.
Ela se vira olhando para mim.
— O que disse?
— Não preciso repetir.
Deixo-a sozinha entrando na sala de jantar para tomar café da
manhã, ouço os passos dela me seguindo.
Marie se aproxima com o jarro de suco.
— Louise, vai querer seu suco agora?
— Quero sim, obrigada, Marie. Você é como se fosse da família
— afirmo com um sorriso.
— Sou a sua mãe! — esbraveja mamãe ao entrar no local.
— Deseja algo, senhora Laure? — pergunta Marie com um
sorriso.
— Eu não a chamei, seu lugar é ao lado dos empregados — diz
mamãe, encarando-a com raiva.
Marie se retira.
Olho para a mulher que está voltando para dentro de casa
apenas para me sufocar com mentiras.
— Essa casa não é mais sua, não tem o direito de mandar nos
funcionários — rebato.
— Fui a primeira esposa do seu pai, morei anos aqui, eu posso
fazer isso — brada, pegando em meu braço. — Ela não é a sua
mãe, Louise. Quem você deve manter por perto, sou eu — exige.
— Me solte! — rosno. — Sabe de uma coisa? Essa tentativa de
recompensar a ausência em nossas vidas não vai funcionar. Não
quero migalhas, além de que, irei me casar e Camille também, não
terá espaço para você, mamãe — enfrento-a.
— Sempre estarei por perto. Você não irá se casar agora, não
existe um pretendente ainda para nenhuma das duas, tem tempo
para que minhas filhas estejam perto de mim — insiste.
Solto-me de seu aperto ao ficar em pé.
— Não vejo a hora de casar para sair dessa casa, papai pode ter
seus defeitos, mas ele participou mais das nossas vidas, conhece
Camille e eu. Você não tem mais isso, nem parece que teve filhas —
digo, encarando-a com frieza.
Deixo-a sozinha, não escuto seus passos vindo atrás de mim,
encontro minha irmã descendo as escadas com uma pequena bolsa
nude nas mãos.
— Vou para o shopping — avisa indo até a porta.
— Traga algo para mim, ficarei por aqui hoje. Não quero sair —
digo, observando-a.
Camille abre a porta, há novos seguranças a postos para
acompanhá-la.
— Quem são vocês? — ela pergunta.
— A nova equipe de segurança que se encarregará das saídas
de todos — responde um deles.
— Desde quando papai está mudando tudo? — questiono sem
acreditar.
— Ele pensa na segurança de vocês, são as principais herdeiras
dele — responde, mamãe ao se aproximar.
— Bom, irei para o meu quarto, fique à vontade para suprir a
saudade ao olhar os quadros e cômodos — aviso com um falso
sorriso.
Subo as escadas e logo caminho para o meu quarto, entro e
imediatamente tranco a porta.
Preciso respirar.
Resolvi tomar um chá no jardim, Marie veio me servir, ela está
quieta, certamente pelo acontecimento de mais cedo.
— Algum problema, Marie? — pergunto, encarando-a.
— Nada, querida. Quer mais alguma coisa? — pergunta, com um
sorriso fraco.
— Está mentindo para mim, esqueça o que minha mãe lhe disse
mais cedo, ela não tem poder sobre você — reitero.
— Laure é a sua mãe, meu lugar é ao lado dos empregados,
querida, deve escutá-la.
— Mamãe está abrindo os olhos agora, mas já é tarde demais
para ouvir os conselhos dela, Marie — afirmo, tomando um pouco
de chá.
— Vou me retirar.
— Pode ir.
Olho ao redor do grande jardim, lírios estão presentes na
paisagem. Meu celular vibra em cima da pequena mesa de vidro, o
nome da minha irmã surge na tela.
— Camille? — pergunto, estranhando.
— Os novos seguranças estão entrando em lojas, estou no
provador , é o único lugar onde tenho privacidade — avisa. — É
como se estivessemacompanhando para dizer cada detalhe, como
estão as coisas?
— Papai está trancado no escritório com um sócio, essa escolha
dele de contratar esses seguranças está me irritando — digo.
— Vou desligar, qualquer coisa te ligo depois.
— Até logo — despeço-me.
— Louise — uma voz desconhecida quase me faz derrubar o
aparelho.
Encaro o rosto do homem que estava no evento, Bernard.
— Deseja algo de mim? — pergunto, desconfiada.
Os passos dele são silenciosos, ele tem a ousadia de vir atrás de
mim
— Não queria assustá-la, apenas vim mandar uma mensagem
do meu irmão.
— Os negócios de vocês são com o meu pai, não comigo —
corrijo.
Ele sorri.
— Receba primeiro o convite.
Ele tira do paletó uma caixa de veludo preta e me entrega.
— Sebastien escolheu lhe dar essa joia, junto com um convite
para jantarem esta noite, meu irmão quer que use o colar — explica.
Meus olhos olham para o colar de diamantes, sorrio debochada.
— Já vi diamantes melhores do que esses, não quero e não
preciso aceitar joias de um homem desconhecido. — Pego a joia,
atirando-a na mão do sujeito.
Fico em pé.
— Tem certeza de que vai desafiar o meu irmão? — pergunta,
fazendo-me rir.
— Eu deveria temer?
— Se pergunte algumas vezes durante o resto do dia — sugere.
— Não vou aceitar isso e muito menos jantar com ele, essa é a
minha resposta, não vou voltar atrás de maneira alguma, com
licença — sentencio ao passar por ele.
Deixo o chá para trás junto com aquele sujeito, jamais vou
aceitar jantar com um criminoso, tudo está me levando a acreditar
que estou certa.
Nenhuma mulher ignora o sexto sentido.

Marie veio avisar quando o jantar está servido, demoro um pouco


para ir, pois estava aproveitando um banho de banheira.
Saio do quarto indo até às escadas, ao chegar à sala de jantar a
cadeira de papai está vazia, Beatrice me olha com diversão.
— Atrasada, querida?
— Ignore — sugere Camille. — Papai tem visita.
— Quem? — pergunto.
— Finalmente apareceu! — A voz de papai ecoa pelo corredor.
Não demora para ele surgir, mas não sozinho.
Sebastien está com ele, por um momento congelo, não penso
em me sentar.
— Estava ocupada, papai, algum problema? — sondo.
— Coloque uma roupa, Sebastien irá levá-la para jantar —
anuncia com um sorriso.
— Eu não quero — rebato imediatamente.
— Louise, vá se trocar, já aceitei o pedido dele.
Então, por que raios não vai jantar com ele, afinal, foi você quem
aceitou!
Olho para Camille.
— Irei ajudar — diz minha irmã, quando papai interrompe.
— Ficará aqui embaixo, Camille. Apenas a sua irmã vai subir,
não demore — ordena.
Meu olhar encontra o de Sebastien, reluto contra mim mesma,
subo as escadas, pisando duro.
Primeiro o irmão dele estava aqui mais cedo e agora esse infeliz
chega, Sebastien teve que pedir para o papai a fim de me levar ao
jantar. Assim ele conseguiu o que queria.

Escolho um vestido vermelho, a estola está sobre meus ombros,


coloco um colar de diamantes da minha preferência.
— Me princess, está perfeita — elogia papai ao pegar em minha
mão.
— Por que aceitou o convite de seu sócio, papai? — pergunto
sem me conter.
— Não questione — avisa em um tom baixo.
Ele anda comigo até a porta principal, Sebastien me encara sem
disfarçar.
— Ela voltará inteira, Michel — diz o crápula como despedida.
Engulo em seco, há dois carros.
Os seguranças que devem cuidar da minha proteção estão atrás
de Sebastien, ele tem controle sobre eles.
Onde está o papai que não enxerga isso!?
Entro no banco de trás, Sebastien se senta ao meu lado, dois de
seus homens estão na frente.
Encaro o rosto do sujeito que está me roubando de casa.
— Quem é você? — pergunto diretamente.
Ele sorri.
Um brilho perigoso está dentro dos olhos azuis, o veículo
começa a andar.
— Sebastien Cartier, essa deveria ter sido a sua pergunta
naquela noite — comenta, lembrando-se de quando esbarrei nele.
— A minha recusa, o seu irmão não disse que não aceitei? —
rebato.
— Ele me disse, mas onde você está agora? — provoca.
— O que você quer comigo? — a minha pergunta é interrompida
pelo celular dele.
Olho para trás e vejo o outro carro com os seguranças por perto.
— Eu estou indo — avisa em um tom irritadiço.
Sebastien desliga o celular.
— Para o armazém — orienta o motorista.
— Antes me leve para casa — exijo. — Não vou para lugar
nenhum com você.
— Irá nesse jantar comigo nem que seja a força, Louise, Bernard
lhe deu um conselho sobre mim, não o ignore — avisa próximo do
meu rosto.

O carro acelera a todo momento, sinto-me presa em uma teia de


aranha.
Depois de alguns minutos, o veículo para diante de um lugar
estranho, uma espécie de galpão, preciso encontrar uma forma de
sair desse carro.
Os dois seguranças saem do veículojunto com ele, infelizmente
estou trancada aqui, há uma fumaça saindo dos fundos do local,
parece um incêndio.
Arregalo os olhos.
Estou sozinha nesse veículo,onde estão os seguranças do outro
carro?
Ainda por cima não trouxe meu celular!
Olho ao redor e não encontro nenhuma porta aberta, tento
passar para o banco da frente, procuro alguma coisa para sair
daqui, mas não há nada para me ajudar.
O que ele veio fazer nesse lugar? Agarro o estofado do carro,
minhas dúvidas não estão tão erradas, eu sinto isso.
Preciso descobrir quem ele é.
Saio de meus pensamentos quando ouço passos próximos, os
dois seguranças voltam, assim como Sebastien, ele se senta ao
meu lado.
Nossos olhares se encontram.
— O que você veio fazer aqui?
— Resolver uma pendência com meu irmão, agora nós iremos
jantar, Louise — assegura.

Meus sombras controlaram rapidamente o fogo, evitando que se


espalhe e chame atenção.
— Quanto foi perdido? — pergunto para Bernard, que
acompanha as câmeras de segurança.
— Duas toneladas de cocaína.
Observo as imagens.
— Porra! — esbravejo, irritado.
— Ele está aqui — chama Bernard.
Seguimos para dentro de uma das salas, meus sombras estão a
postos esperando alguma ordem, aproximo-me do sujeito.
— Abra a boca — exijo pegando-o pelo pescoço.
— Não... — rebate com dificuldade.
Dou risada.
— Eu não vou mandar novamente, vou caçar todos os seus —
ameaço forçando o aperto. — Sua família estará em uma fila de
corpos no meu jardim ainda pela manhã.
O desespero surge em seus olhos escuros, assim como o efeito
do ar deixando seus pulmões, a sensação de não conseguir respirar
é devastadora, gosto de usá-la em todos os vermes que
ultrapassam meu caminho.
Não é à toa que também sou conhecido como ceifador.
— Não sou seu inimigo, Gaston nos mandou para lhe enviar um
recado... — resmunga com dificuldade.
E precisava me fazer perder mercadoria para um recado que
poderia ter sido feito através de uma simples ligação?
— Sebastien, deixe-o falar — pede Bernard.
Solto o pescoço do sujeito, ele respira com dificuldade.
— O irmão do meu chefe está vindo para cá, criamos o incêndio
para dar um recado rápido para você — explica por fim.
Olho para Bernard.
— Esvazie o local, sem nenhum rastro — ordeno. — Tenho um
assunto importante.
— Cuidarei de tudo por aqui — assegura Bernard ao meu lado.
Ela deve estar inquieta, tentando sair daquele carro que está
bem trancado, minha noite com ela apenas começou.
Louise vai saber sobre a decisão de seu pai.
— Me mantenha informado, estarei ocupado, porém, ficarei
atento olhando o celular.
— Cuidado com a reação da garota — avisa. — Ela e a irmã são
um problema inteiramente da nossa máfia a partir de agora.
Deixo Bernard para trás, para cuidar desses assuntos, enquanto
há um mais importante no momento.

O restaurante que ele escolheu é frequentado pela minha família


há muito tempo, o chefe me cumprimenta pessoalmente, assim
como o maldito homem que está ao meu lado.
Sebastien parece conhecer todos.
O garçom nos leva até uma mesa reservada com uma bela vista
da noite na cidade luz, peço uma bebida, assim como Sebastien, e
um dos melhores pratos.
Quando estamos sozinhos, a lembrança fresca do que aconteceu
naquele lugar me assombra.
— O que você é? — pergunto, ao ver seus olhos acompanhando
meus movimentos.
— O que eu sou? — responde com outra pergunta.
— Um criminoso sujo e arrogante, mas quero saber o que você
faz e o que você quer com o acordo que fez com o meu pai! —
rosno entredentes.
Olho somente ao nosso redor, os seguranças que deviam estar
fazendo minha segurança, estão longe, obedecendo a ele.
Não conseguirei sair daqui sem antes ter terminado esse jantar
inútil!
— A sua mão foi entregue para mim — revela.
Abro a boca, mas não consigo dizer nada, o choque paralisa meu
corpo por alguns segundos, quando me recupero fico de pé, pronta
para correr deste lugar.
— Jamais irei casar com alguém como você, não sou um animal
para ser leiloado, tomo as minhas próprias decisões — afirmo,
encarando-o.
Sebastien não se preocupa com o fato de que posso fugir.
— Quando Michel foi atrás de mim para ajudá-lo em sua
campanha, a cabeça de todos os Lavigne também foram entregues
— reitera. — Mais um passo para fora dessa mesa e pagará um
preço alto — ameaça.
Volto a me sentar na cadeira, pego a taça de vinho e a levo até
meus lábios, a minha garganta se encontra seca.
— O que você pretende com esse casamento? A minha fortuna
ou o controle da França? — confronto-o.
Ele ri sombrio, isso me irrita.
— Eu já controlo a França — corrige. — Fiquei viúvo há alguns
meses, preciso me casar novamente — explica rapidamente.
Não há empatia ou importância ao mencionar a falecida esposa.
— Por que eu? Não faço parte da sua gangue — rebato.
— Seu papai a entregou, estou solucionando um problema com o
pagamento do acordo.
Isso só pode ser um castigo.
— Meu pai pode lhe dar muito mais do que isso...
— Ele tomou uma decisão — corta. — Não há nada que a tire do
que foi escolhido.
Pego o menu tentando controlar o misto de emoções dentro de
mim, observo Sebastien olhando o celular.
— O pagamento foi a minha mão, mas creio que terá um tempo
para a organização do suposto casamento — comento, enquanto
olho algumas opções de comida. — Quatro meses, por exemplo.
Meses para enrolá-lo, adiar esse dia o quanto puder.
— Esse mês — corrige.
Largo o menu, nossos olhares se encontram.
— Tenho o direito de escolher tudo em relação ao casamento —
digo aumentando o tom.
— Você escuta e me obedece — reitera.
— Não trabalho para você e seus capangas! — vocifero.
— Mais uma palavra e será responsável pela queda da sua
família por completo — adverte, sem paciência.
Absorvo suas palavras asquerosas, mantenho a boca fechada,
pela primeira vez em toda minha vida tenho medo, sinto-o crescer
quando imagino a minha vida nas mãos desse homem.
Temo pela minha família, todos nós estamos em uma bandeja
diante de Sebastien.
Meu pai está me entregando diretamente para a morte.

Desço do veículo e encaro minha casa, ver os seguranças da


minha família passa uma segurança maior.
Sou a filha do governador, esse homem não pode fazer nada
comigo em público.
— Já pode ir embora — aviso.
Sebastien se aproxima, parando à minha frente.
— Deve aprender o quanto antes sobre tudo.
— Sobre o quê? — questiono, nervosa.
— O meu mundo — revela. — Não sou um gangster ou um
ladrão, você sabe qual é a palavra — afirma olhando em meus olhos
— Diga.
— Não tenho interesse — respondo, ao dar um passo para trás.
— Eu não pedi.
Alguns seguranças da família se aproximam, observo Sebastien
olhar para os rostos dos homens que fazem a minha proteção.
— Entre — orienta para a minha total surpresa.
Não olho para trás enquanto viro as costas, não demoro a subir
os degraus até a porta principal.
Marie surge em meu caminho.
— Louise — cumprimenta.
— Onde está meu pai? — pergunto, parando para encará-la.
— No escritório.
Com a resposta que eu queria, adentro o corredor e encontro a
porta fechada do local onde papai sempre passa a maior parte do
tempo quando não está no gabinete.
Viro a maçaneta e abro a porta, papai fica de pé rapidamente.
— Onde está a sua educação, Louise? — reclama com irritação.
— Você me entregou para um homem da máfia! — revelo. —
Como pôde? Todos nós estamos sob o controle de Sebastien! —
esbravejo.
— Os fins justificam os meios, já ouviu isso desde pequena e
essa é a minha resposta para você. A campanha para a presidência
não é fácil, para derrubar meu adversário e garantir a segurança de
vocês, procurei a máfia Cartier— explica.
— Segurança? A agência que contratou segue ordens do próprio
— reclamo. — Entregue terras, milhões, o que seja para ele! Não
sou um objeto à venda! — rosno entredentes.
— Se você seguir o que foi combinado nada acontecerá com a
nossa família — afirma ao apontar a cadeira. — Sente-se, converse
comigo direito.
Acomodo-me para encará-lo melhor.
— Sebastien disse que se eu não casar com ele todos
morreremos, tio Armand, vovó e o vovô, o restante da família sabe
que fez um acordo com um mafioso? — indago, sorrindo
debochada.
— Quando você sabe sobre a máfia, corre perigo. Apenas o seu
tio está sabendo, não grite pelos corredores desta casa, nossos
empregados não devem saber, muito menos a Beatrice.
É óbvio que ela não deve saber.
Essa mulher não sabe que dia é amanhã.
— Minha mãe sabe sobre isso? Não é possível que ela
concordou com você em escolher um tipo desse para marido —
nego rindo, incrédula.
— Ma princess, a sua mãe tem outra prioridade, ajudar Fabrice
com a inserção na política.Penso no seu melhor, Louise, sempre fui
assim com Camille e você — diz com um sorriso. — O sobrenome
de Sebastien é importante.
— Seu interesse é a voz da razão, papai? Devia usar o seu
cérebro, e se não ganhar essa campanha? — levanto a
possibilidade da queda dele.
— Eu não perco, filha — assegura. — Tudo está saindo como
planejado, as intenções de voto subiram, a aliança com Sebastien
era necessária. Camille e você têm um papel importante, já que em
breve serão filhas do presidente da França.
— Não quero me casar com ele! — insisto, ficando em pé. —
Prefiro morrer, do que entregar a minha cabeça como um prêmio —
sugiro.
Vejo a fúria surgir em seus olhos.
— Engula essas malditas palavras! — Aumenta o tom ao sair da
cadeira. — O acordo com Sebastien trouxe uma proteção maior
para todos nós. Não arriscaria a vida de vocês, são minhas únicas
filhas — pontua, ficando diante de mim.
— Não parece que se importa — provoco.
Ele pega em meu braço, fico de pé.
— Eu escolhi seu destino, ma princess, irá se casar com
Sebastien pelo bem da família e a campanha. Fará o seu papel
como sempre lhe foi ensinado, Louise, inclusive essa semana deve
começar a escolher o vestido e os detalhes que deseja nele. —
Aperta o local em um tom de aviso.
— Isso é loucura, um casamento leva tempo! — reclamo.
— Para nós não, temos poder para tudo. Sabe muito bem disso,
agora vá para o seu quarto, tenho assuntos importantes para
resolver — manda, ao soltar meu braço.
Encaro-o com tanta raiva, saio do escritório dele batendo a porta
com força.
No corredor, olho para alguns jarros antigos e a minha vontade é
jogar todos no chão, faço o caminho até o meu quarto, Camille está
em minha cama, esperando por mim.
— Finalmente chegou, agora abra a boca — diz, ficando de pé.
— Estávamos certas o tempo todo, papai se aliou com a máfia
Cartier, ele vai passar por cima de qualquer coisa para conseguir ser
presidente da França — revelo, jogando a minha bolsa longe. — O
pior é que a forma de pagamento que ele entregou para aquele
mafioso foi a minha mão!
— Sebastien não iria ajudar papai sem algo que o atraísse,
Louise — afirma. — Isso já estava claro.
— Há pouco tempo ficou viúvo, quando falou sobre a esposa não
havia nada, apenas frieza — digo, encarando-a. — Ele controla
tudo, Camille. Afirmou que nossa família está sob o controle dele.
— Papai jamais aceitou perder, irmãzinha, esse acordo deu o
que ele queria e como pagamento vai casá-la com Sebastien,
resolvendo outra questão.
Vou até a janela e vejo os seguranças com os outros que
trabalham para aquele homem, vigiando cada passo.
— Só existe uma solução — comenta Camille ao meu lado.
Ambas observando a mesma cena.
— Acatar — afirmo, convicta.
Lutar contra a maioria é burrice, quando papai mostra seu poder,
acatamos sua ordem, mas da nossa maneira, buscando brechas e
artimanhas para contornar a situação.
Sempre fizemos assim, desde pequenas.

No dia seguinte, Camille e eu estamos terminando de tomar café,


planejamos ir ao clube do nosso avô, o lugar é grande com diversas
opções de lazer e diversão.
— Bom dia — papai nos cumprimenta. — Estão muito quietas,
devo estranhar esse comportamento? — pergunta olhando para
nós.
— O que deseja ouvir, pai? — Camille pergunta.
— Cumprimentos de bom-dia das minhas duas filhas — exige.
Ele se senta sem quebrar o contato visual.
— Estamos com pressa, vamos ao clube do vovô — informo,
estudando-o.
— Ótimo, sorriam para os curiosos, irei ficar de olho como será o
comportamento de vocês, não quero nenhum erro — reforça.
— Não preciso que ninguém diga o que preciso fazer, já fomos
ensinadas — corrige Camille.
— Odeio malcriações e birras, aprecio ver minhas duas bonecas
em evidência, deslumbrantes.
— Amor! — O tom desesperado de Beatrice assusta os
empregados.
Papai a encara com desaprovação.
— Será que você pode falar baixo? E me esperar no escritório?
Meus olhos se fixam nos papéis que estão na mão dela.
— Precisa ser agora, os funcionários são pagos para não abrir a
boca, não interessa o que eles pensam! — rebate, nervosa.
Papai se retira bruscamente, olho para Camille, que sorri,
enquanto aprecia um morango.
— Ela jamais será uma de nós — afirma. — E ele sabe disso.
— No momento, Beatrice é o menor dos meus problemas —
digo, ficando em pé.
— Nossa mãe e suas mentiras, a aliança de papai com aquelas
pessoas — pontua. — Por que será que tenho a certeza de que isso
tudo é apenas o começo? — pergunta ao se levantar.
Seguimos juntas até a porta principal.
— Não é a única que sente isso, Camille.
É como estar no topo de um castelo e vê-lo despencar em
pedaços.
O clube do vovô é bem frequentado há muitos anos, o círculo de
amigos é extenso, lembro-me de Camille e eu em alguns
aniversários que foram realizados aqui.
Assim que saio do carro, roubo a atenção de conhecidos da
famíliae amigos do papai principalmente, deixo um pequeno sorriso
em meus lábios em forma de cumprimento.
Camille me encara.
— Você consegue passar um sorriso mais verdadeiro. Odeio
cumprimentar todas essas pessoas diariamente — reclama,
andando na frente.
Sigo seus passos, não demorando a ficar ao lado dela.
— Porém, não tenho a sua tranquilidade em lidar com as coisas.
Nisso eu a invejo — confesso.
Camille não demonstra cair, ela raramente deixa lágrimas
surgirem, enquanto sou explosiva e não tenho controle sobre as
minhas reações.
Passamos pela recepção, cumprimentamos os funcionários,
muitos trabalham aqui há muitos anos.
— Tento lhe ensinar, mas nunca aprende — pontua.
— Se estivesse no meu lugar, não teria um descontrole? —
questiono.
O jardim é dividido em duas partes, a área da piscina, com várias
mesas espalhadas para boas conversas, o outro espaço que é
maior fica reservado para o golfe.
Avisto os amigos de vovô acompanhados por convidados, eles
estão em uma disputa.
— Faria de outra forma, não gosto de revelar nada — responde,
deixando a bolsa sobre a mesa.
— Podem se retirar — digo aos novos seguranças.
Eles estão bem perto de nós, sendo que não é necessário.
— Nossas ordens são outras — um deles rebate.
— Fiquem um pouco mais longe, iremos receber amigas,
assuntos reservados para apenas mulheres — reforço.
Pela primeira vez entendem o meu pedido, afastam-se deixando
um pouco de liberdade.
— Temos a oportunidade de conversar melhor sobre seu
casamento.
— Irei adiar o quanto puder, farei a estilista criar três vestidos
diferentes — revelo. — É a única forma de enrolar.
— A demora de escolha para o vestido é perfeita para isso, o
problema é o seu noivo, não o conhecemos, apenas sabemos
boatos que são, na verdade, fatos — lembra.
A existência de uma máfia na França, um líder por trás do
controle.
— Preciso beber alguma coisa — relato, inquieta.
— Depois, temos companhia — alerta.
Viro-me para trás, encontrando o comissáriode polícia, Gaston,
amigo de nossa família, principalmente de papai.
— Camille e Louise, é bom vê-las, sem a companhia de Michel
dessa vez? — indaga, arqueando uma sobrancelha.
O homem de cabelo castanho-escuro e olhos avelã deve ter seus
trinta e nove anos, uma grande diferença, que não existe para
Gaston, pois ele joga flertes para mim há muito tempo.
— Gaston — cumprimenta Camille. — Louise ficará para
conversar, vou pedir bebidas, irmãzinha — diz a desgraçada ao sair
rapidamente.
— Estamos sozinhas, hoje — afirmo.
Ele sorri pegando em minha mão, em seguida deixa um beijo no
dorso.
— Imagino que Michel esteja ocupado com a aproximação das
eleições, o debate será na próxima semana, mas vamos esquecê-
los — pede com um sorriso. — Louise, beba um drink comigo.
— Lamento, Gaston, tenho um encontro com amigas —
dispenso.
Puxo minha mão de volta, ele se aproxima, admirando meu rosto
e o corpo. O vestido que escolhi é na cor gelo, um decote em V
deixa Gaston imaginar cenas comigo que jamais serão reais.
— Quero lhe dar meu sobrenome...
— Lembrei de algo — interrompo-o rapidamente. — Encontrei
com alguém e tenho interesse em saber mais sobre ele. Como é o
comissário da políciaconhece muitas pessoas, papai é seletivo, não
tenho a oportunidade de conhecer muitas pessoas — comento ao
ver o interesse surgir.
É ótimo ele manter as mãos longe de mim.
— Me deixou curioso, quem você viu?
— Encontrei Sebastien Cartier em um restaurante, ele está
próximo do meu pai e isso despertou a minha curiosidade para
saber mais dele. A família dele, você os conhece? — pergunto,
curiosa.
Ele sorri.
— O conheço, o sobrenome é muito conhecido, a família dele
possui muito poder, o sangue-puro francês pertence aos Cartier —
explica. — Sebastien é um empresário, dono de várias empresas,
trabalha ao lado do irmão.
Esperava uma descrição diferente, Gaston parece idiota.
Como pode não dizer que Sebastien é um mafioso?
— É íntimo dele? Parece que o conhece muito bem — sondo,
impaciente.
Ele sorri.
— Sou próximo de Sebastien, Louise — responde antes de
pegar o celular.
Gaston olha o aparelho, deve estar lendo alguma mensagem.
Depois de alguns segundos, sua atenção se volta para mim de
novo.
— Tenho assuntos que não posso adiar nesse momento, desejo
sair para irmos em um bom restaurante, pense sobre isso, Louise. É
sempre muito bom vê-la — despede-se com uma piscadela.
Os recados dele me deixam nervosa e confusa.
O quão forte é a mão da máfia sobre a França?
A polícia está completamente cega diante de um criminoso!

— Obrigada por me deixar sozinha com Gaston — agradeço a


minha irmã.
Camille tira o roupão revelando o biquíni preto, ela sorri divertida.
— Eu não o suporto e ele prefere você, sabe muito bem disso.
— Não tenho interesse em Gaston, como tem tanta certeza de
que ele não pode se interessar por você? — pergunto, ao me sentar
na espreguiçadeira.
Retirando o vestido ali mesmo, quero tomar sol, ter um momento
de diversão antes que acabe louca com toda essa situação.
— Você cora com mais facilidade, é mais simpática do que eu. A
maioria dos homens tem medo de se aproximar de mim, irmãzinha
— explica.
— Camille, você faz questão de afastar todos, quem deveria
casar com Sebastien é você, esse é o tipo de homem que gosta —
rebato.
Ela ri.
— Sou exigente com tudo, qual pecado nisso? — Dá de ombros.
— Gaston é próximo ao Sebastien. — mudo o assunto.
— Por que não estou surpresa? Gaston deve gostar de
bandidos, e do dinheiro que deve ganhar.
— Fiz várias perguntas sobre Sebastien, ele disse que é um
empresário, a família é de sangue-puro francês, um monte de
bobagens sem importância, o que é importante não saiu da boca
dele! — rosno, irritada. — Gaston usa uma venda sobre os olhos.
— É melhor fechar a sua boca, Louise — repreende.
— Esse é o seu conselho? — indago sorrindo, debochada.
— Aprenda a me escutar mais. Repetir o que ele é apenas
atrairá mais perigo para todos nós, se Gaston é próximo de
Sebastien, esqueça, estamos lidando com algo muito maior —
reitera.
— Meninas! — Somos interrompidas pela voz de nossa mãe.
— O que faz aqui? — pergunto, encarando-a.
— Não encontrei vocês na mansão, liguei para Michel e ele me
disse onde estavam.
— Ela está fazendo o que faz de melhor, passando uma bela
imagem para ajudar o marido na política — desdenha Camille com
veneno em suas palavras.
— Avisei que quero passar mais tempo com vocês, Camille.
— Se eu tirasse meu colar, iria reconhecer quem é quem? —
desafia.
Sem o colar de diamantes, o predileto de Camille, ela pode errar
o nome das filhas, apenas ele diferencia uma da outra, já que não
estou usando joias.
— Sou sua mãe, conheço suas expressões — reforça. — Como
pode me pintar como um monstro? — nega sem acreditar.
— Você sabe muito bem, é melhor não discutir, pode pegar mal
para a campanha — diz, desviando o olhar.
— Vamos mudar o assunto, afinal, fiquei sabendo sobre a
escolha de Michel, o casamento de Louise com Sebastien —
comenta mamãe ao se aproximar de mim.
— Conhece a verdade por trás? — pergunto, arqueando a
sobrancelha.
— Seu pai compartilhou comigo.
Observo um pequeno sorriso em seus lábios.
— Temos parentesco com alguém da máfia? Ultimamente as
coisas estão fugindo do controle, Camille e eu somos as últimas a
saber de qualquer coisa — sondo.
— Não é nada disso, o seu bisavô no passado pediu ajuda para
a máfia Cartier com a campanha — revela.
Camille ri.
— Então podemos nos considerar amigos dos mafiosos, parece
que pedir ajuda para eles é coisa de família — debocha.
— Não se quebra um acordo com a máfia — reitera, seus olhos
encontram os meus. — Michel deu a palavra, a honra maior para
Sebastien e a sua máfia.
Rio de nervoso.
— Está me dizendo que preciso digerir isso e agir como se fosse
absolutamente normal? Sonhava em casar com alguém do meu
nível — digo, sentindo um nó se formando na minha garganta.
— Encare como um casamento comercial — aconselha mamãe.
— Eu não amava o seu pai, apenas depois surgiram os
sentimentos.
— Louise, siga os meus conselhos — interrompe Camille. —
Mãe, não há sentimentos insignificantes presentes em nós,
pensamos em nós mesmas, nisso papai sempre teve razão.
Entro em casa com Camille, após o almoço voltamos para a
mansão, meus olhos encontram uma cena inusitada assim que abro
a porta principal.
Papai conversando com a estilista que é próxima da família, ela é
uma das amigas de nossa mãe, responsável por sua confecção de
vestidos.
— Como vai, Marcela? — pergunto interessada na visita dela.
— Marcela — cumprimenta Camille.
— Boa tarde, meninas — reponde Marcela com um pequeno
sorriso.
— Mes princesses , pedi para que Marcela viesse hoje.
— Algum evento para irmos? — pergunto.
— Não, ela está aqui para ajudá-la na escolha do vestido de
noiva, Louise — anuncia.
Pisco algumas vezes.
Meu pai está estragando meus planos!
— Papai, ainda é muito cedo, não tive tempo de pesquisar
modelos que são do meu interesse! — reclamo, incrédula.
— Fará isso agora, estarei o restante do dia fora. Camille auxilie
sua irmã, quero chegar em casa e saber que já tem uma escolha
para o vestido, Louise — exige, sério. — Marcela, fique à vontade.
Confio em seu belíssimo trabalho de tantos anos, minha filha estará
perfeita para o casamento — afirma, ao apertar a mão dela.
— Como sempre será uma honra confeccionar peças para a sua
família, Michel, prometo que sua filha estará impecável — assegura.
Nosso pai se despede, o humor dele não está dos melhores, sem
opções acabo subindo para tomar um banho, enquanto Camille leva
Marcela até a sala, onde mamãe costumava receber suas amigas.
Há alguns manequins e espelhos grandes para auxiliar na prova
de roupas, no momento estou irritada e nervosa com a escolha do
meu pai em chamar a estilista e nem me consultar a respeito!
Porém, se ele pensa que irei cooperar e encontrar o vestido
perfeito nessa tarde está equivocado, farei Marcela confeccionar
três vestidos.
É a única coisa que está ao meu alcance.
Adiar esse maldito casamento, meu objetivo é enrolar todos,
principalmente o Sebastien, quero-o bem longe de mim.

Desço as escadas usando um robe branco, por debaixo da seda


estou usando uma lingerie na mesma cor para a prova do vestido.
Marie está limpando a sala quando me aproximo.
— Marie, está um silêncio anormal nessa casa. Onde está
Beatrice? — pergunto estranhando a ausência dela.
Ela não deixaria passar a prova do meu vestido, ama dar pitacos
em assuntos que não são da sua jurisdição.
— Louise, eu... — Marie fica nervosa, sem saber explicar.
Aperto os olhos, observo-a e tenho a confirmação de que há algo
errado.
— Papai te proibiu de falar alguma coisa? Ou você está
obedecendo uma ordem inválida da minha mãe? — sondo.
— A senhora Beatrice não está em casa, após a discussão com
seu pai, ela saiu — explica. — É somente o que sei.
— Mamãe não possui controle sobre você. É como se fosse da
família, Marie, sempre esteve do lado de Camille e do meu —
reforço.
Ela sorri.
— Não posso ajudá-la com outras questões, mas posso
aconselhar você e Camille sempre — assegura.
— Isso já basta, ter alguém de confiança nessa casa, sabe que é
importante para nós. — afirmo. — Bom, papai deve explicar o que
aconteceu depois. Agora tenho que receber a estilista — digo ao me
retirar.
Passo pelo corredor e entro na sala onde Marcela está
esperando por mim, impaciente.
Fecho a porta sem pressa, ela ajeita os óculos algumas vezes.
— Trouxe um dos modelos mais novos para ver se é do seu
agrado — avisa.
Camille se aproxima com o vestido nas mãos, ele é grande, estilo
princesa, mangas rendadas.
— Prove — sugere Camille ao se sentar no recamier para
assistir.
— Deixe-me ajudá-la. — Marcela se aproxima.

O modelo ficou um pouco apertado na minha cintura, além de


que, estou me sentindo dentro de um embrulho.
— Está apertado — reclamo.
— Apenas isso? — Camille pergunta com diversão.
— É enorme e apagado, não há nenhuma joia, tem certeza de
que é um modelo novo? — questiono a estilista.
— Se perder um quilo ele servirá, Louise — alfineta ao se
aproximar com a fita métrica.
Ela analisa o tamanho da minha cintura, dou risada.
— Está sugerindo uma dieta para mim?
Ela assente.
— Sua mãe achava que esse modelo iria ficar perfeito, não
contávamos que iria ficar apertado. É um dos meus melhores
modelos! — rebate.
— Suspeitei quando vi o modelo — diz Camille. — Marcela,
quem pagará o seu dinheiro é o nosso pai ou a mamãe? — provoca.
— A opinião da minha mãe não é necessária ou útil. Ela não
sabe dos meus gostos, aliás, você é contratada para trabalhar no
vestido que eu desejar! — respondo, arrogante.
Marcela engole em seco.
— Perdão, querida. Pensei que gostaria desse, então diga-me o
que não gostou nele? O tamanho está maravilhoso — analisa ao se
afastar.
Olho para o espelho, minhas bochechas estão coradas, já que
essa porcaria está me apertando, é como um espartilho em um
número menor.
Olho novamente para a peça, um vestido vazio e sem brilho,
nada interessante.
— Quero três modelos de vestido — aviso, ela pisca algumas
vezes.
— Três?
— Sim, creio que irá conseguir trazer os modelos que desejo.
— Claro, para quando será o casamento?
— Nesse mês — respondo.
O choque da estilista me faz sorrir.
— Deve se apressar, Marcela — aconselha Camille.
— Claro — afirma, pegando o tablet, ela se aproxima olhando
para mim. — Como quer o primeiro modelo?
— Estilo sereia, sem mangas e costas sem nada. Um decote em
V no busto, a calda não tão grande. — oriento.
Ela anota atentamente.
— O segundo, decote em V dando destaque aos seios, quero
pérolas na parte de cima apenas, a cauda lisa — descrevo como
imagino.
— Bufante? Não prefere esse em vez de uma cauda lisa? —
sugere.
— Irmãzinha, vou tomar um banho, enquanto decide como quer
os modelos — avisa Camille, ao se levantar. — Marcela vou pedir
para Marie trazer algo para beber, Louise costuma demorar a
escolher — diz, com um sorriso ao ver o semblante de desagrado
da estilista.
— Aceito beber algo, Camille, asseguro que irei entregar o
vestido perfeito para Louise, prometi para os pais de vocês.
Reviro os olhos.
A opinião que vale mais é a minha, sou eu quem vai usar.
— Continuando, não quero nada bufante — reforço.

Marcela pediu licença para ir ao toalete, porém, eu não a esperei


voltar para retirar esse vestido horrível, impressionante como
mamãe agora quer encontrar formas de opinar em tudo.
Rosno irritada ao ter uma certa dificuldade para tirar a peça.
Jogo-o no recamier e pego o robe, ela escolheu esse vestido
imaginando que seria uma boneca a usar, como fazia quando era
pequena.
Ouço a porta abrir.
— Marcela, quero ver suas anotações — aviso subindo o olhar.
Mas não é a estilista que está entrando na sala, coloco o robe
rapidamente, enquanto Sebastien fecha a porta atrás de si, amarro
o laço com força para impedir que ele caia.
Meu coração está acelerado, sinto sua agitação.
— O que você faz aqui? — pergunto com a voz carregada de
raiva. — Quem te deixou entrar?
— Não preciso de autorização para entrar nessa mansão —
rebate, Sebastien se aproxima sem temer ganhar um tapa.
— Essa é a minha casa, então sim, você deve ter permissão
para entrar. Principalmente quando estou sozinha em um cômodo!
Seus olhos percorrem minha bochecha, que deve estar corada
pela irritação, depois desce pela única peça que cobre o meu corpo.
— Tire o robe — manda.
Saio da plataforma onde estava para ficar um pouco mais alta,
passo por ele indo até uma das estátuas.
— Eu não vou tirar nada! — brado, pegando-a na mão.
Não há diversão em seus olhos.
— Não jogue — um comando.
Decido ignorá-lo e a arremesso, mas para o meu azar, Sebastien
se abaixa evitando que o acerte, a estátua se choca contra a parede
e os pedaços caem no chão.
Não tenho tempo para me mover, em segundos a mão de
Sebastien está no meu pescoço.
— Eu mandei não fazer!
Faço menção de respondê-lo, quando sinto o laço do robe ser
desfeito. Ele usa a mão livre, segundos depois a peça cai no chão,
expondo meu corpo aos seus olhos.
A lingerie branca delicada e sexy revela minha pele.
— Não me importo com o que vai usar.
A raiva transborda para fora de mim.
— Olhe o quanto quiser, se quiser tocar em algo será em si
mesmo. O corpo é meu — reitero.
Seu olhar me consome, aprisiona-me.
Ignoro o fato de que estou quase nua diante de seus olhos azuis.
— Quando estiver com o meu sobrenome, seu corpo não lhe
pertencerá mais, e sim a mim. — O tom é sombrio, soa como uma
promessa. — Coloque o robe, vim buscá-la.
Pego-o do chão e amarro o laço novamente com força.
— Não vou sair para jantar — aviso de pronto.
Caminho até a porta, quando toco a maçaneta ele responde.
— Será apresentada como minha noiva — explica.
Abro a porta tentando pensar em algo quando papai surge aos
meus olhos.
— Papai, estou ocupada com os vestidos, não posso sair hoje —
explico sem paciência.
— Ainda não escolheu, Louise? — pergunta, irritadiço.
— Ela escolheu — interrompe Sebastien.
Viro-me, encarando-o desconfiada.
— Como? — questiono.
— Chame a estilista, Michel. Eu irei escolher — afirma.
— Você não tem esse poder — rosno.
— Ele tem, escute a decisão de Sebastien — papai exige. —
Marcela, por favor.
Ouvimos o salto dela ecoar pelo corredor.
— Pois não? — pergunta
— Mostre os modelos que Louise escolheu — manda Sebastien.
Ela se aproxima dele com o tablet em suas mãos, olho incrédula
para essa cena.
Sou eu quem devo escolher!
— Esses são os três modelos descritos.
— O segundo — diz, tirando os olhos do aparelho para mim.
O vestido com pérolas.
— Será este — confirma meu pai. — Entregue o vestido o mais
rápido possível, Marcela.
— Irei trabalhar nele, senhor.
— Louise, suba e fique pronta, avise Camille para fazer o
mesmo. Temos um compromisso com a família de Sebastien —
manda.
— Com licença — peço sem olhar para trás.
Subo as escadas contando mentalmente até dez para não gritar.
Papai entra no carro, fechando a porta, Camille e eu estamos no
banco de trás, um dos nossos seguranças mais antigos é
responsável por dirigir.
Observo o carro de Sebastien sair na frente.
— Siga o carro de Sebastien — orienta.
— Sim, senhor.
— Poderia ter avisado que iríamos sair — comento, inquieta.
— Concordo, a minha presença não é obrigatória — reclama
Camille. — Não sou a Louise.
— Mesmo que não seja, a nossa presença é necessária, foi um
convite para a família — reitera papai.
— Estranho, sinto falta de alguém. Apesar de não ter o meu
sangue, está faltando a Beatrice. Onde ela está, papai? — aproveito
a oportunidade para perguntar sobre o paradeiro dela.
— Está com a família dela, é o que precisa saber nesse
momento, Louise, fiquem quietas! Não quero lidar com birras e
reclamações — alerta. — Esse encontro é extremamente
importante, ajam com a perfeição de sempre. Principalmente você,
Louise, que será observada meticulosamente pela família de
Sebastien.
— Mamãe comentou que nosso bisavô tinha contato com eles.
Os conhece, papai? — sondo.
— Apenas o avô de Sebastien, é um homem que gosta de seguir
tradições.
— Essa cerimônia de reunir as famílias para entregar um anel é
ridícula — alfineto. — É uma tradição de família?
— Você não tem que querer — rosna. — Engula suas queixas,
Louise. Quero as duas de boca fechada durante o trajeto!
É inacreditável a escolha dele em se unir com mafiosos, colocar
nossas cabeças nas mãos dos Cartier.

Os mesmos seguranças que obedecem Sebastien cegamente


estão espalhados pelo portão principal da mansão e jardim, é
possível ver de longe alguns carros estão estacionados.
Meus olhos avistam uma mansão com uma proporção maior do
que a minha!
A garagem é na parte da frente, no meio há escadas que levam
até a mansão de dois andares, o verde está presente em grandes
árvores e arbustos que conseguem esconder uma pessoa longe dos
curiosos.
Saio do carro após Camille, acompanho os olhos do papai
apreciando a casa.
— Sua casa é magnífica, Sebastien — elogia.
— Entrem. — O mafioso ignora o comentário de papai.
Meus saltos fazem barulho no chão de madeira, um grande lustre
com cristais dá luz ao local, andamos por um extenso corredor, até
chegarmos até a sala principal.
Avisto mulheres e homens conversando entre si, entrosados, a
maioria está apreciando uma bebida, a atenção deles
imediatamente se fixa na entrada de Sebastien.
Sinto-me em um covil de leões.
Automaticamente coloco um sorriso falso em meus lábios.
— Boa noite, senhores e belas damas — papai saúda os
presentes.
— Bem-vindos. — Bernard, o irmão de Sebastien se aproxima
pegando na mão de papai. — Michel Lavigne, o governador da
França, e suas filhas.
— Querido Michel — diz um senhor ao se aproximar.
— Hugo Cartier, é sempre bom revê-lo.
Olho para Camille, ouso dar um passo para trás aproveitando
essa distração, mas acabo batendo em alguém.
Viro-me para trás me deparando com uma loira alta de lábios
vermelhos.
O vestido dela é vermelho, o modelo igual ao meu.
— Michel — diz olhando para mim, depois para ele.
Vejo papai abrir um belo sorriso, os olhos dele brilham quando
olham para essa mulher.
— Charlotte.
Ele se aproxima e beija a mão dela.
— Vejo que trouxe suas filhas, rostos tão novos, iguais, é raro ver
gêmeas idênticas. São muito bonitas — elogia, estudando nós duas
meticulosamente.
— Minhas filhas são o que tenho de mais valioso.
— Bem-vindas — informa Hugo, ao se aproximar.
— Queremos saber qual delas é a noiva do meu sobrinho,
Sebastien? — pergunta Charlotte bastante interessada.
— Sou eu — respondo de pronto. — Louise Lavigne, é um prazer
conhecê-los.
— Camille — diz minha irmã.
— O prazer é todo nosso, Louise. A família estava ansiosa para
conhecê-la pessoalmente — declara, dando-me um beijo na
bochecha.
Sebastien se aproxima, em suas mãos há uma caixinha de
veludo preta.
— Louise será a minha segunda esposa, trouxe-a para ser
apresentada e ganhar o anel da família — revela.
Os olhos azuis encontram os meus, assim como os demais,
ignoro todos ao andar até ele.
Um sorriso falso e venenoso, é a única coisa que posso
demonstrar essa noite.
Sebastien pega em minha mão sem delicadeza nenhuma, ele
desliza o anel rapidamente, seu olhar me estuda, desafia e provoca.
Ao fundo ouço as palmas.
São todos controlados por esse homem, demonstram devoção e
respeito,
O anel em meu dedo é uma praga.

Camille está sentada ao meu lado, cumprimentamos todos os


presentes, papai está do outro lado da sala com Hugo, Bernard e
Sebastien.
— A casa é maior do que a nossa. Como isso é possível? —
pergunto para Camille.
Ela ri.
— O dinheiro sujo que chega até ele não é pouco. Essa mansão
é apenas a primeira prova disso, irmãzinha — explica.
— Quero sair desse lugar — digo em um sussurro.
— Meninas, aceitam uísque? — somos interrompidas pela
esposa de Bernard.
A mulher de pele negra é simpática, seus cabelos cacheados
estão presos em um coque, usa um vestido nude colado ao corpo.
— Não, obrigada. Na verdade, gostaria de tomar um ar, é só
seguir pelo corredor que entramos? — pergunto com um pequeno
sorriso.
— Sim, basta ir reto — afirma.
— Obrigada — agradece Camille.
A mulher se retira.
Antes de sair, meus olhos encontram Charlotte ao lado de papai,
distribuindo sorrisos sedutores, ele não disfarça o interesse por ela.
Pisco algumas vezes, vou atrás de Camille, andamos pelo
corredor, voltando até a porta principal.
Abro a porta, o vento bagunça meus cabelos, os seguranças
estão espalhados pelo jardim. Pelo menos teremos um pouco de
privacidade.
— Papai parece conhecer Charlotte — comenta Camille. — Vi o
brilho em seus olhos ao vê-la, o interesse em cada sorriso.
— A ausência de Beatrice deixa brechas. Marie disse que ela
havia saído de casa após a discussão, há algo acontecendo —
afirmo, convicta. — Ficar dentro dessa casa está me sufocando,
essas pessoas são devotas a ele! — esbravejo.
— Não perca o controle. Quer um escândalo para estragar a sua
apresentação diante dessas pessoas? — repreende.
— Estou bem calma, Camille. Não sabe os milhares de
pensamentos que rondam minha cabeça nesse momento — alerto,
mostrando a aliança em meu dedo. — Eu não quero isso.
— Fique quieta, ouço passos — comenta Camille próxima da
porta.
Engulo em seco.
A porta é aberta por Charlotte.
— Pelo que vejo, gostaram da área externa da mansão. Grande,
não é? Não há como fugir — solta, olhando as redondezas.
— Charlotte, conhece nosso pai? — Camille pergunta.
— Faz bastante tempo que não o encontrava. Vocês eram
pequenas na época, acho que tinham dois anos — explica. — A
mãe de vocês é muito bonita. Michel comentou que ela está em seu
partido com o novo marido. Preferem o papai ou a mamãe? —
pergunta, arqueando uma sobrancelha.
— Quantos anos tem? Não aparenta ser mais velha do que nós
— especulo.
— Tenho trinta e quatro anos. E vocês? Dezessete?
— Dezoito — responde Camille rapidamente.
— São novas, meninas. Camille queria falar um pouco sozinha
com a sua irmã — pede sem deixar os meus olhos.
— Estarei lá dentro — avisa Camille antes de entrar.
— O que deseja falar comigo? — pergunto, forçando um sorriso.
— Ser a segunda esposa é algo muito importante, querida.
Porque você precisa apagar a imagem da falecida, ganhar a
confiança com a família e os nossos empresários — explica. —
Faça um esforço, estarei por perto para ajudá-la.
Sinto seus olhos observando meus traços, enquanto sorri.
— Ainda é cedo para me preocupar com isso, Charlotte. Ainda
não me casei com Sebastien — rebato.
— Não irá demorar para os seus pensamentos sumirem como
um sopro — sinto uma ameaça em sua resposta.
Ignoro-a entrando na mansão novamente.
Não demoro a encontrar Sebastien no meio do corredor, os olhos
frios acompanham meus movimentos.
Vejo-a abrir a porta e vir pelo corredor até onde estou.
— Não permiti que saísse — digo antes de virar as costas.
Ouço seus passos atrás dos meus, Michel olha para nós dois,
quando me aproximo dele.
— Eu acompanho — o governador se dispõe a ir sem um
convite.
— A sós — deixo claro, ao vê-lo parar antes de dar outro passo.
— O acompanhe, filha — orienta com um sorriso.
Deixo a sala principal, em seguida levo Louise até o meu
escritório localizado atrás de uma grande porta que o separa dos
demais cômodos da mansão.
Assim que entro as luzes acendem.
Louise entra olhando atentamente a decoração.
— Procurando alguma coisa? — pergunto.
— Um corpo, talvez alguma parte dele — responde não
controlando a raiva.
A atenção dela se volta para mim, gosto de ver seus olhos e
encontrar petulância, desobediência e bastante repúdio.
— Estão bem enterrados — digo ao ver um lampejo de medo em
sua reação.
— Não vou ficar sozinha nesse cômodo com você.
Ela caminha até a porta.
— Tem uma semana e quatro dias — comunico.
Louise se vira me olhando em um misto de confusão e negação.
— Isso é um absurdo! Não é aceitável para...
Interrompo-a, não deixando brechas para argumentar.
— Será a esposa de um chefe da máfia.
Ela ri nervosa, as bochechas coradas pela raiva.
— Não faço a mínima questão de ser, pode atirar na minha
cabeça, fará um favor, prefiro morrer do que ganhar o seu
sobrenome sujo!
— Cale a maldita boca! — alerto em um tom frio.
Vejo um pequeno rato sendo pressionado por seu predador.
— Abra essa porta! — exige.
Continuo olhando em seus olhos.
Não faço um movimento, uma batida à porta e a voz de Michel
acendem minha irritação.
— Sebastien.
Abro a porta e o encontro ao lado da cópia de Louise, a Camille.
— Camille está com muita dor de cabeça, vou levá-las para casa.
O assunto foi encerrado? Posso esperar um pouco...
Observo Camille com a mão na testa. Ela não se intimida com
meu olhar.
Camille não está com dor alguma, conheço os sinais, a cópia da
minha noiva está claramente mentindo.
— Estava contando para sua filha que ela tem uma semana e
quatro dias para a preparação do casamento — comento, voltando
meu olhar para Louise.
— Estará tudo perfeito — assegura Michel.
— Pai, vamos — pede Louise.
Peça ajuda enquanto ainda pode.
— Foi uma honra estar com a sua família — diz Michel ao
estender a mão. — Nós nos vemos nas eleições.
Aperto sua mão, em seguida vejo os três seguindo pelo corredor.
O governador se tornará presidente da França, também estará
sob as minhas ordens, a França se tornará uma torre, embaixo das
minhas mãos.
— Hugo acaba de sair — avisa Charlotte ao entrar em minha
sala.
Ela fecha a porta.
Bernard está na cadeira diante da minha, Elisa, a esposa ao seu
lado.
— Vovô ficou bastante feliz com a aliança com Michel Lavigne —
pontua Bernard. — Todos os outros que estavam presentes
gostaram.
— Ele é um político ambicioso, bonito e estou encantada pelas
duas filhas — comenta Charlotte com um sorriso divertido. —
Quando me envolvi com Michel, em uma das crises do casamento
dele, elas eram bem pequenas.
— O conhecia? — pergunta Elisa.
— Sim, antes de me casar tivemos algo, mas o assunto não é
esse, Louise é linda, tem uma postura impecável, é graciosa, porém,
é uma boneca, ou seja, frágil — conclui ao servir um copo de uísque
e trazê-lo para mim. — Querido, acho que deve rever sua escolha.
Recebo o copo, a mão de Charlotte pousa sobre o meu ombro.
— O único problema aos meus olhos, aliás, que todos devem ter
essa mesma visão é sobre o fato de ela não fazer parte da máfia. —
argumenta Bernard. — A garota não sabe como funciona, mas
Sebastien irá dominá-la, só precisa de um pouco de paciência.
— Ela tem personalidade — elogia Elisa.
— Sebastien, a primeira esposa era uma mosca-morta, inútil e
apagada. Agora escolhe uma bonequinha rica, não quer apenas
uma diversão com ela? Passageira...
Empurro sua mão para longe de mim.
— Você não questiona as minhas ordens, Charlotte. — Meu tom
é frio. — Louise será moldada para a máfia Cartier pelas minhas
mãos.
— Fico preocupada conosco, ela tem dezoito anos, além de um
temperamento peculiar, querido. Mantê-la sob controle será seguro?
— questiona olhando meu irmão. — O que acha, Bernard?
— Charlotte, a escolha já foi feita, levada ao conselho e
compartilhada para os nossos aliados essa noite — rebate. — O
que está a incomodando é o fato da garota não ter o sangue da
máfia.
Encaro-a.
— Essa questão é a principal, uma filha de um político que não
possui nosso sangue, algumas mulheres levantaram essa questão
— explica, olhando para mim.
— Não devo explicações para as mulheres, elas não opinam,
enquanto a sua preocupação sobre o sangue dela é insignificante, já
que ele irá se misturar ao meu — reitero.
— Não quero te chatear, Sebastien, surpreendendo ninguém
você terá o controle da garota, mas mudando um pouco o assunto.
Falando com Michel, ele confessou que deseja terminar o
casamento com Beatrice, a mulher é estéril, ele está desnorteado e
furioso com a notícia — confidencia.
— O que esse problema conjugal importa? — debocha Bernard.
Analiso Charlotte, ela olha para mim com um sorriso.
— Michel dará um jeito de obter o divórcio, enquanto preciso
casar novamente, a nossa união coloca a França no total controle
da máfia Cartier — explica, triunfante.
— Faça isso, quero todos os Lavigne sob meu controle — digo,
encarando-os.
Levanto o copo em brinde, sorvo um pouco da minha bebida, ela
carrega meu sobrenome, além de ser a mais vendida em toda a
França.

Após a saídade Charlotte e a esposa do meu irmão, Marcelon, o


chefe do território sul da França entra em contato com Bernard.
— Marcelon, a reunião acabou agora há pouco, a sua presença é
confirmada no casamento de Sebastien? — pergunta.
Óbvio que ele já esperou demais para ver Camille pessoalmente,
será um favor levá-la.
Eu não confio em nenhuma das gêmeas, essa saída abrupta de
uma dor de cabeça não me engana.
— Sim, passarei o seu recado — diz e finaliza a ligação. — Ele o
parabenizou pelo noivado, e afirma que virá ao casamento.
Marcelon quer ver Camille frente a frente e não irá adiar.
— Anseio que ele a leve o mais rápido possível — reforço.
— Tudo será perfeito, Charlotte está interessada em Michel, a
união pode ser proveitosa, manter o futuro presidente embaixo de
nossas mãos — concorda. — Falando de sua noiva, durante a noite
Louise distribuiu sorrisos, mas a expressão dela é o oposto.
Lembro-me da face irritadiça, a petulância transborda de seus
lábios.
— Está preocupado, irmão? — indago.
— A primeira esposa era quieta demais, mal falava. Louise não
é, a fúria em seus olhos com a escolha do pai não some — alerta.
— Mas com o casamento...
— Será tomada— reitero. — Vou moldá-la para entrar em nossa
máfia e carregar o sobrenome.
Meu celular vibra em cima da mesa, uma nova notificação.
Gaston.
— Gaston está aqui, autorize a entrada dele — comunico.
Estava esperando para vê-lo.
— Estou indo para casa — avisa.
— Quero falar com o comissário sozinho.
Ele assente ao deixar o escritório, não demoro a ver Gaston
entrar.
— Sebastien.
— Ultimamente tornou-se um causador de problemas — alfineto.
— Queimar a cocaína foi uma ação rápida, meu irmão é esperto
e chegaria o quanto antes — explica, sentando-se. — Encontrei com
Louise Lavigne e ela fez diversas perguntas sobre você.
— Eu sei — digo ao ficar em pé.
Saio da minha cadeira e me posiciono atrás de Gaston.
— Além de saber sobre o seu interesse por ela.
— Há algum tempo pedi a mão dela para Michel — confessa
com malícia em sua voz.
Seguro o seu pescoço.
— Louise será a minha segunda esposa — revelo. — A sua
fantasia acaba aqui.
Faço-o levantar ainda o segurando pelo pescoço, depois solto.
A surpresa e o choque se mostram em seu rosto.
— Não irei encostar em sua prioridade, Sebastien — assegura
após tossir.

Papai entra logo depois de nós duas na mansão.


Camille e eu estamos indo em direção às escadas, quando papai
interrompe.
— Ainda não. Camille, sente-se aqui, vou ligar para o doutor
Amber — avisa ao pegar o celular.
— Não preciso de atendimento médico — ela recusa.
— Já está tarde, pai — complemento.
Ele olha para minha irmã e depois para mim.
— Eu quero vocês saudáveis para as eleições, ele virá essa
hora, é uma ordem.
— Apenas quero me deitar — diz Camille ao ficar em pé. —
Posso?
— Está mesmo com dor de cabeça? Não vejo expressão de
dor... essa invenção foi armada para sairmos da reunião? —
questiona, irritadiço. — Estão nos colocando em risco com os
Cartier! Essa é uma reunião importante! Quando vão entender? —
rosna.
— Nós? Você colocou todos nós e entregou nas mãos de um
mafioso. Não foi Camille e muito menos eu! — rebato de pronto. —
Estava tão próximo de Charlotte e dos demais convidados. Ela é
sua amante? — pergunto, arqueando uma sobrancelha.
— Quero as duas dentro do quarto! — exige.
— Não consegue ser transparente com suas filhas? — debocha
Camille.
— A sua brincadeira de nos tirar da mansão de Sebastien pode
atrapalhar a minha candidatura! Não irei responder perguntas,
subam para os quartos, amanhã quero as duas acordadas cedo
para sairmos em família, sorrindo e com extrema simpatia — reitera.
Papai assiste nossa subida até o segundo andar e somente
depois se retira.
Entro no quarto irritada, junto a lembrança fresca do escritório de
Sebastien, se não fosse por Camille.
— Agradeça a mim — ela exige ao entrar no quarto. — Quando
estranhei a demora comecei a atuar, interrompi Charlotte e papai.
— Obrigada, se não tivesse chegado naquele momento, aquele
homem poderia ter me trancado naquele escritório — comento,
encarando-a. — Beatrice deve vir amanhã, ela vai posar ao lado
dele, mas senti que papai estava bastante ocupado com Charlotte.
Uma intimidade extrema que estava presente em sorrisos e
olhares.
— Eles tiveram algum envolvimento, porém, duvido que papai
estragará a imagem da família perfeita — nega com diversão. —
Justamente amanhã.
Em época de eleição, papai exige que tudo seja perfeito, um
mísero erro não é aceitável para ele.
— Nosso pai vai vender o meu casamento com Sebastien —
afirmo, convicta. — Anunciar aos amigos e presentes para mostrar a
união, a família e a população.
— Prepare-se — aconselha. — O inferno está apenas
começando, Louise. Preciso escolher uma roupa e deitar, boa noite
— despede-se ao fechar a porta.
Pensar no amanhecer já me causa exaustão, mamãe estará ao
lado de Fabrice, o partido de papai estará presente.
Camille e eu temos que dar entrevistas, votar e mostrar uma
perfeição inexistente para todos, meu olhar vai para o anel em meu
dedo, nunca odiei tanto uma joia.
Sebastien irá às eleições para estar ao lado do meu pai.
O casamento será anunciado, ganhará a curiosidade e o apoio
de muitos já que a mão da máfia está presente em todos os lados,
fecho os olhos ao lembrar do curto prazo.
Uma semana e quatro dias.
Não há tempo para reagir, serei jogada para dentro daquela casa
maldita, com um sobrenome sujo.
Tenho uma única sensação: estou sendo reivindicada.
Reivindicada pela máfia.
Desperto com Marie abrindo as cortinas, fecho os olhos
novamente não querendo levantar.
— Marie, que horas são? — resmungo, sonolenta
Odeio levantar cedo, demorei para dormir, fui escolher alguma
roupa enquanto assistia uma série.
— São 06h30, querida.
— É muito cedo, preciso dormir mais um pouco, não vejo
necessidade de levantar agora.
— Seu pai está tomando café, ele pediu para acordar ambas
agora.
Mantenho os olhos fechados.
— Quero dormir.
— Louise — avisa Marie.
A mão dela acaricia meu rosto.
— Vamos, tem que se arrumar para sair no horário de sempre.
— Bom dia. — A voz de mamãe surge ao longe.
Acredito ser uma ilusão quando abro os olhos e a vejo pronta
para as eleições usando um vestido azul-marinho, os cabelos em
um coque.
— Mãe? — pergunto, surpresa.
— Eu irei acordar as minhas filhas, Marie. Pode cuidar do café da
manhã delas, algo reforçado para o dia agitado — sugere.
— Sim, senhora — diz Marie ao sair.
— Papai a mandou aqui? — questiono.
— Somos uma família.
— Não mais — reforço.
— Vocês são minhas filhas, negue o quanto quiser. O sangue
fala mais do que mil palavras — reitera ao puxar o cobertor.
— A sua presença é para reforçar a perfeição dessa família —
rebato ao me levantar da cama.
— Deve se arrumar, seu noivo estará lá. O assunto sobre o
casamento ganhará a curiosidade de todos — orienta.
Entro no banheiro fechando a porta, ignorando-a.

Desço as escadas usando um vestido branco longo colado ao


corpo, a estola na mesma cor também está presente em meus
ombros, os cabelos ondulados soltos.
Em minha mão está um broche para ser colocado na estola, a
bandeira da França.
Uma homenagem.
— Marie, por favor coloque o broche para mim — peço,
caminhando até ela.
Ela termina de colocar os talheres na mesa.
— Você está linda.
— Obrigada, Marie, alguma novidade? — pergunto.
Desejo saber o que está acontecendo nessa casa.
— Seu pai passou quase a noite inteira no escritório, foi dormir
quase de manhã, levei uma bebida para ele.
Papai não vai comentar nada para os funcionários ouvirem.
— Camille, use o broche! — Ouço a voz irritadiça da mamãe.
— Estou usando a cor vermelha, já estou representando o país.
Minha irmã entra na sala de jantar em um vestido vermelho, o
modelo é igual ao meu.
— Louise está usando, isso basta — responde ao se sentar. —
Aliás, o que faz aqui? Não mora mais conosco — provoca.
— O que anda acontecendo com vocês? Ultimamente não
sabem ouvir, estão aumentando o tom comigo. Sempre dei os
presentes que queriam — reforça, irritada. — Ouvia o que estavam
sentido.
— Não temos mais cinco anos — afirmo. — Agora podemos
comer? Papai não vai querer um embate hoje — reforço.
Pego um croissant dando uma pequena mordida, mamãe olha
para Marie.
— Saia — manda, apontando a saída.
Ela se retira, nossa mãe se senta diante de nós.
— Falando sobre o vestido, Marcela disse que ficou apertado em
sua cintura — comenta olhando meu rosto. — Anda comendo
verduras?
— O vestido era horrível. Mãe, o casamento é meu, você não
deve escolher o que eu irei usar! — rebato, irritada.
— Quando vai entender que não é necessária em nossas vidas?
— pergunta Camille.
— Quero o melhor para ambas.
— Bom dia — cumprimenta tio Armand com entusiasmo. —
Gosto de ver a família inteira reunida para as eleições. Como estão
as minhas sobrinhas preferidas?
— Ótimas — resumo com um sorriso forçado. — Já estamos de
saída, tio?
— Sim, filha — responde papai.
Ele está com o terno em azul-marinho, usando o broche.
Como todos, bom, menos Camille.
— Onde está Beatrice? — questiona mamãe.
Troco olhares com Camille.
Está acontecendo alguma coisa que papai não quer revelar
ainda.
Nesse momento ele prioriza a campanha.
— Está doente, mas isso não será problema. A sua presença já é
o suficiente para evitar comentários — diz ao encará-la. — Armand
a acompanhe. Camille e Louise, venham — chama esperando por
nós.

A chegada da nossa família é fotografada pela imprensa, os


seguranças ficam por perto, mas mesmo assim papai passa
apertando a mão de algumas pessoas que chamam seu nome.
Os cidadãos seguram bandeiras de nosso país,usam faixas com
o nome de papai, alguns fanáticos usam camisetas com a foto dele
estampada.
Aceno para as crianças, que olham para Camille e para mim
curiosas, mamãe e Fabrice estão logo atrás de nós duas, o prédio
onde votamos é na escola que há gerações recebe os Lavigne.
Devemos pegar uma carta e escrever o nome do candidato.
Camille é a primeira a escrever, papai ao meu lado acompanha
com um grande sorriso, sou a próxima, escrevo e deposito em uma
caixa.
Logo depois uma foto é tirada para ser manchete dos jornais de
amanhã.

Saindo do local, papai avisa que como de costume irá se reunir


com apoiadores e a família em um almoço no restaurante preferido.
Os carros são escoltados com um esquema de segurança maior,
vovô e vovó são os primeiros a sair e cumprimentar a imprensa.
Quando estou saindo do carro, vejo os seguranças de Sebastien,
logo depois Bernard e o próprio, os flashes aumentam com a
chegada dos irmãos Cartier.
Os fotógrafos correm na direção de Sebastien, ouço um deles
dizer.
— É Sebastien Cartier, o famoso empresário da maior rede de
bebidas francesa!
Empresário? É isso que todos esses tolos acreditam que ele é?
— Sebastien, Bernard — papai os cumprimenta.
— Sucesso, Michel — deseja Bernard ao apertar a mão dele.
Sebastien o cumprimenta com um aperto de mão.
— Fale com seu noivo, filha — orienta mamãe ao meu lado.
Forço um sorriso.
Todos olham para acompanhar meus passos até Sebastien.
O mafioso está usando um terno azul-marinho, marcando os
músculos bem delineados.
Porém, não é a roupa que reparo, são os olhos frios, eles são
extremamente expressivos.
Nossos olhares se encontram.
— Quero anunciar o casamento de minha filha primogênita,
Louise, com o senhor Sebastien Cartier, não poderia estar mais feliz
por isso — revela papai com grande entusiasmo.
Sou surpreendida quando Sebastien coloca a mão em minha
cintura, segundos depois a boca dele está na minha, não consigo
mexer o corpo.
Quero empurrá-lo, os meus lábios sentem os dele, uma
demonstração nojenta de que é meu noivo.
Desejo lavar a boca com álcool, Sebastien se afasta sem deixar
os meus olhos, ouço uma ovação ao fundo, olho para os presentes
com um sorriso.
Estou tentando ter controle sobre meus atos, a minha vontade é
gritar.

Entro no restaurante com pressa, pego a primeira taça de água e


molho os lábios, o líquido precisa tirar a sensação dos lábios de
Sebastien.
— Quer um gloss? — sugere Camille. — Está vermelha como
um tomate.
— Quero passar álcool em minha boca — confesso em um
rosnado.
— Use um gloss, não é fedorento — aconselha ao entregar o
vidro.
— Camille, venha comigo — chama mamãe ao se aproximar,
pegando no ombro dela.
— Vamos sentar onde? — pergunto, tentando me acalmar.
Papai convidou tantos amigos que o local foi reservado
exclusivamente para a família Lavigne.
— Sebastien e você estão naquela mesa, filha.
Sentar-me ao lado dele em um almoço com presenças
importantes? Estou a um fio de perder o controle, sem opção
caminho até a mesa onde ele acaba de se sentar.
Sento-me ao lado dele, deixo o vidro do gloss na mesa, seguro
um espelho, sempre ando com um em minha bolsa.
— Olhe para mim e não para os objetos dessa mesa — exige
Sebastien.
Continuo mexendo na minha bolsa, dou-lhe um aviso:
— Se eu olhar para você agora, eu vou jogar essa taça de água
na sua cara.
Abro o vidro do gloss quando sinto uma mão por debaixo da
mesa na minha coxa, segurando-a com força, como uma algema.
Levo um susto, sinto o ar escapar pelos meus pulmões, não
posso esboçar nada, a tortura é paralisante, consigo virar o rosto e
encontro o dele.
A mão livre de Sebastien se aproxima, os dedos estão em meu
queixo, ele não usa delicadeza alguma.
Engulo em seco.
— O seu pai pode estar concorrendo à presidência, mas o
controle de tudo é inteiramente meu. Inclusive terei sobre você em
poucos dias — afirma em um tom calmo e frio.
Para piorar a situação ouço a voz de papai.
— Senhores, quero apresentar meu futuro genro.
Sebastien solta meu rosto lentamente, a cena pode ser vendida
como romântica.
Os aliados de papai se aproximam com um sorriso, eles têm
interesse em falar com Sebastien.
— Boa tarde, senhores — cumprimento aumentando um pouco a
voz.
Temo não conseguir falar direito, meu corpo está estranho.
— Sebastien Cartier — diz olhando os três homens.
À medida que a mão dele deixa a minha coxa, sinto um arrepio.
Sebastien pensa que é dono do mundo, mas ele não é meu dono
e nunca será, não sou seu objeto e muito menos uma marionete.
Bebo um pouco de água, o líquido demora a descer, estou irritada e
nervosa.
Odiei a forma como meu corpo reagiu ao seu toque bruto.
Como se o quisesse.
Uma semana e três dias depois...
Sou acordada por Marie e o sol nem nasceu ainda, meu quarto
ainda está escuro quando abro os olhos, o maldito dia chegou.
Devia aceitar meu destino, mas essa não sou eu.
A primeira coisa que faço ao acordar, é ir até o closet, abro-o,
separo os cabides, acesso ao cofre com facilidade na combinação.
Encaro milhares de euros, uma mísera parte da minha fortuna.
— Aqui está, querida — diz Marie.
Encaro-a e vejo a maleta em suas mãos.
— Me ajude a colocar tudo aqui, Marie.
— Louise, seu pai pode aparecer!
— Papai não vai entrar aqui tão cedo, apenas para me buscar, o
que demorará a acontecer — reforço abrindo o objeto.
Começo a esvaziar o cofre, organizo com Marie os euros em
fileiras perfeitas.
Depois de alguns minutos, fecho a maleta e a coloco em cima do
closet.
— Quando for o momento certo pedirei para você pegar, não
esqueça — aviso.
Ela assente, mesmo com receio do que pode vir a acontecer.
Meus cabelos estão sendo cuidados pela cabeleireira, serão
presos em um coque. Camille está sendo atendida, sentada em uma
cadeira ao lado da minha, minha irmã escolheu alisar os cabelos.
Papai contratou uma equipe grande, que está responsável pela
maquiagem e cabelo, são quietos e responsáveis.
— Poderia alisar os cabelos — sugere Camille. — Posso sentar
em seu lugar.
Adiar, costumávamos trocar de lugar quando éramos pequenas,
era fácil enganar qualquer um.
— Seria divertido, gostaria de ver a cara do nosso pai e,
principalmente, de Sebastien quando vir que casou com você.
A fantasia surge em minha mente, mas some como um sopro, a
máfia francesa, o líder dela estará naquela igreja.
— O cabelo dela já está bom. — A voz da minha irmã me
desperta.
— Deseja alguma alteração, senhorita?
— Não, ele está perfeito — respondo.
Encaro o espelho, um coque alto e clássico, meu cabelo escuro
como a noite preso no alto da minha cabeça.
A tiara de cristais é colocada, duas maquiadoras se aproximam,
a que está responsável por mim se apresenta e pergunta como será
a minha maquiagem.
— Lábios vermelhos em um tom escuro, sombra pêssego, prefiro
tons claros para a maquiagem durante o dia — explico.
— Louise querida — chama Marie. — As flores do buquê
chegaram, só preciso que escolha.
Vejo lírios em sua mão esquerda e na direita rosas brancas.
— Lírios — escolho, voltando a atenção para a maquiadora.
O vestido escolhido por Sebastien entra perfeitamente em meu
corpo, Marcela e mamãe estão analisando se há algo amassado,
efetuando os últimos ajustes.
Quando encaro o espelho, reparo nas pérolas, pequenas e
delicadas, é a minha joia preferida, porém, esse vestido não foi
escolhido por mim.
Papai acatou o desejo de Sebastien, obrigando-me a usar.
— Está perfeito! — elogia mamãe. — Marcela, o modelo ficou
incrível em Louise, gostei mais desse do que o outro, que foi feito
sob medida para ela.
— Confesso que se tornou um dos meus modelos preferidos.
Quando for fotografada ele ficará famoso e se tornará desejado por
muitas mulheres — comenta a estilista, convicta.
Ignoro ambas, o espelho está me distraindo, mostrando meus
traços, não há felicidade ou um mísero sorriso.
— Marcela pode ir, não precisa de nenhum ajuste.
— Estarei na igreja.
A despedida é rápida, ouço os passos da estilista deixando o
cômodo, mamãe fica diante de mim, impedindo minha visão do
objeto atrás dela.
— Louise, mude a expressão.
— Gosto dela dessa forma — rebato, encarando-a.
— A igreja está lotada de curiosos e convidados, é a filha do
atual presidente, vai assustar todos os presentes! — reclama. — É o
seu casamento.
— Prefiro chamar de sacrifício.Afinal, estou pagando uma dívida
para salvar a cabeça de todos vocês — reforço, oferecendo um
sorriso divertido.
— Louise! — repreende, irritada.
Batidas à porta do meu quarto anunciam a volta da maquiadora e
sua assistente.
— Mãe — Camille surge na porta. — Precisamos de você lá
embaixo.
Mamãe se retira, agradeço Camille mentalmente por tirá-la daqui
com qualquer desculpa, Marie entra no quarto ficando ao meu lado.
— Queria negociar algo com ambas — digo.
As duas mulheres ficam surpresas.
— Algo errado com a maquiagem, senhorita?
— Marie, pegue a maleta — oriento.
Ela assente indo até o meu closet.
— Não é sobre o trabalho de vocês. Irão receber por ele, mas
estou oferecendo mais para me ajudarem a sair com sua equipe —
explico, pegando o objeto.
Abro revelando uma grande quantidade de euros, o olhar delas
no dinheiro é rápido, algo de um segundo, como se não causasse o
interesse.
— Somos leais a ele — dizem em uníssono.
Ele?
— Quem? — questiono, aumentando o tom.
— O que está acontecendo aqui? — A voz de papai soa atrás de
mim.
Praguejo mentalmente diversas vezes, a maleta é retirada de
minhas mãos.
— O trabalho de vocês já não é necessário, obrigada, podem
retirar-se — dispensa-as com um sorriso.
Elas o agradecem e saem, Marie está pálida ao meu lado.
— Enquanto você, Marie, ainda encobre Louise e Camille! Onde
está a sua ética profissional? — esbraveja.
— Ela está aqui seguindo minha ordem. Quer que todos escutem
meus gritos sobre o que motivou esse casamento? — ameaço.
— Saia, e me deixe a sós com a minha filha! — exige, sem tirar
os olhos de mim.
Em segundos estamos sozinhos.
— O que pensa que está fazendo ao tentar sabotar tudo no
último momento? — rosna entredentes.
— Está usando a sua filha como pagamento pela presidência! Se
algo acontecer comigo perderá tudo, papai — lembro.
Uma fuga seria o desespero para ele. Era a minha única saída.
— É mais geniosa do que eu pensei. Iria comprar o silêncio das
duas mulheres, porém, não contava que elas fossem uma
recomendação de Charlotte — revela. — Eles trabalham para a
família de Sebastien.
— Está encantado por uma mafiosa, meu Deus, que castigo! —
esbravejo, irritada.
Ele se aproxima pegando em meu braço.
— Pegue o buquê, engula a raiva e sorria — orienta. — Agora!
Solto meu braço, pego o maldito buquê de lírios, um sorriso
coberto de fúria surge em meus lábios.
— Como a preciosa princesse que eu criei — declara com
orgulho. — Vamos, o seu casamento será um dia único.
Olho rapidamente para o meu quarto antes de sair, a maleta fica
em cima da cama, certamente será guardada.
Papai anda comigo ao seu lado, uma lágrima grossa desce pelo
meu rosto, não há lamentação ou tristeza.
Somente ódio, esse perigoso sentimento queima dentro de mim.

O carro para diante da igreja, a imprensa está perto, os milhares


de flashes surgem quando a porta do veículo é aberta por mim.
Os seguranças não deixam que repórteres e curiosos se
aproximem, papai acena para eles.
— Hoje é um dia muito feliz para mim, aliás, o terceiro. O
primeiro foi quando soube que seria pai. O segundo foi a escolha de
vocês, a oportunidade de ser presidente da França. E agora, o
terceiro, a união da minha filha.
— Obrigada pelo carinho — digo apertando disfarçadamente os
lírios.
Aplausos e os flashes são registrados por todos, papai enlaça o
braço no meu, subimos as escadas, até parar na entrada da igreja,
as portas são abertas, a marcha nupcial ressoa pelo ambiente.
Meus passos são lentos, papai quer que o trajeto até o altar seja
registrado. Observo os bancos da igreja repleto de amigos da
família,aliados e os mafiosos da famíliade Sebastien também estão
presentes.
Ignoro todos, não busco o olhar de ninguém, apenas olho para
frente.
Aperto os lírios, amassando-os, quando percebo que já estou
diante do altar.

A marcha nupcial é iniciada, todos estão de pé.


Louise adentra a igreja na companhia de seu pai, que está vindo
me entregar o que eu escolhi em nosso acordo, eu a quero, desde o
momento em que ela esbarrou em mim naquela noite, Louise é
diferente do que tive com o primeiro casamento.
Uma esposa quieta e medrosa, que não sabia questionar uma
ordem, apenas acatava e obedecia o que era designado.
Não encontro isso em Louise, pois ela rebate, provoca e ameaça,
sinto uma obsessão pela filha do agora presidente da França.
Louise não teme a mim. Irei domá-la. Necessito tomá-la.
Encontro os olhos de Louise quando Michel para diante de mim,
ele beija a testa dela.
— Seja feliz, ma princesse— deseja em um tom baixinho.
Ela não esboça nada, vejo o seu controle quase por um fio,
aperto a mão de Michel em cumprimento. Louise sobe o degrau
ficando ao meu lado, o padre nos recebe, antes de Louise surgir,
conversei com o sacerdote.
A cerimônia será rápida, não irei escutar os mandamentos do
casamento.
Anseio ouvir Louise jurar lealdade a mim e a minha máfia.
— Sebastien Cartier aceita Louise Lavigne como sua legítima
esposa? — pergunta o sacerdote ao olhar para mim.
— Sim.
Pego em sua mão, deslizo a aliança em seu dedo, Louise
poderia me matar com o seu olhar nesse momento, ele se amplia
quando coloco a aliança no dedo dela sem delicadeza nenhuma.
— Louise Lavigne aceita Sebastien Cartier como seu legítimo
esposo? Promete amá-lo e respeitá-lo?
Ela não abre a boca, dou-lhe um aviso com o olhar.
— Prometo amá-lo, respeitá-lo, servir e honrar o casamento —
responde, pegando em minha mão, colocando a aliança com
rapidez.
Palavras vazias.
— Pode beijar a noiva.
Aproximo-me de Louise, minha boca encontra a dela, fechada.
Aperto disfarçadamente sua cintura, ela não tenta mais esconder
os lábios, portanto, tenho acesso agora, eles são macios e
resistentes ao mesmo tempo.
Tomar a boca dela reivindica o que almejei desde que coloquei
os olhos nela.

Tento dar um passo para trás, não quero continuar a sentir o meu
corpo rígido, sinto um choque com o contato das nossas bocas,
quero terminar isso neste exato momento!
Mas quando ele percebe o que estou prestes a fazer, Sebastien
inicia um novo beijo duro e bruto.
Estou presa, aplausos novamente são ouvidos.
Nós nos separamos, e eu quero matá-lo com as minhas próprias
mãos, em vez disso somos fotografados pela imprensa e
observados pelos convidados.
Pouco me importa a reação da plateia, ele conseguiu o que
queria, dar-me seu sobrenome.
— Você acaba de fazer um juramento. — A voz de Sebastien
acende minha raiva.
Ele diz próximo da minha orelha.
— Eu fiz apenas um — rebato.
Matá-lo.
— Guarde-o para me dizer na festa — avisa ao pegar em minha
cintura.
Desço do altar ao seu lado.
Fui entregue ao sacrifício pela ganância descarada de papai.
A festa foi um presente dos meus avós e de todos da família
Lavigne, o local escolhido foi o clube, que está fechado
exclusivamente para o evento.
Sebastien, papai e todos os homens estão reunidos em uma das
grandes mesas redondas colocadas no jardim.
Há mais de dez.
A decoração é nas cores branco e azul, escolhi o branco, porque
é uma das minhas cores preferidas.
Azul foi escolhido por Sebastien, mas escolhi apenas a cor, meus
pais ainda têm controle sobre a festa, escolha de comida e bebidas.
Os funcionários estão levando os presentes que ganhei dos
diversos amigos de papai para um espaço reservado somente para
eles.
Sento-me em uma mesa vaga, espero pela minha irmã.
— Querida — diz Beatrice, ao se aproximar. — Parece que está
em um velório.
Ela não disfarça a satisfação em me ver nessa situação.
— E você está apenas aparentando estar bem com o meu pai. A
quem quer enganar, Beatrice? — provoco com um sorriso.
O ódio dela aparece.
— O meu presente para você é vê-la em um casamento não
desejado. Seu papai não poderá fazer nada, ninguém da sua
família, aliás, querida.
A maldita joga a sua praga, mas é tão burra que não consegue
ligar a situação.
Estou salvando a minha família, ou seja, a cabeça de todos com
essa união idiota.
— Tantas demonstrações de afeto me dão enjoo — reclama
Camille, sentando-se ao meu lado.
— Quer trocar de lugar comigo? — ofereço.
— Vovó perguntou sobre o meu casamento.
Dou risada.
— Papai encontrará alguém para você em breve, casar nós duas
é a maior pretensão dele junto à presidência.
Nossa conversa é interrompida quando Sebastien se aproxima
com um homem desconhecido.
O sujeito possui tatuagens como ele, é pardo e alto.
A única diferença é a barba pequena, Sebastien não tem.
Aparenta ser um pouco mais velho. Seus olhos castanhos são
impossíveis de ler.
— Essa é Louise, minha esposa — apresenta Sebastien. — E a
sua irmã, Camille.
Levantamo-nos para cumprimentar o sujeito.
Aperto sua mão.
— Marcelon Chevallier, é um prazer conhecer a esposa de meu
aliado. — Entrega a suspeita que senti ao vê-lo. É um mafioso.
— Prazer — digo não entregando sorriso ou confiança.
Minha irmã não entende a mão, apenas o cumprimenta.
— É um prazer.
Ele a estuda.
— Digo o mesmo, Camille.
O nome dela saindo dos lábios dele me causa uma sensação
estranha.
— Louise, bem-vinda. — A voz de Charlotte me desperta.
Em uma aproximação silenciosa ela entra em meu campo de
visão, Charlotte me abraça.
Não retribuo.
— Vai amassar o meu vestido — digo, olho para Sebastien e
Marcelon saindo em passos lentos.
— Não é fácil estragar um vestido de boa qualidade — afirma. —
Camille, está muito bonita.
— Igualmente, pensei que viria ao lado de papai — provoca a
minha irmã.
Charlotte sorri rapidamente.
— Os protocolos são essenciais, não quero prejudicar Michel,
porém, não nego que gosto do pai de vocês — revela.
— Até indicou uma equipe de maquiagem para ele — comento
sem esconder minha raiva.
Graças a essa preocupação idiota, estou casada com o sobrinho
dela!
— Eles cuidaram bem de você, essa é uma preocupação que
está presente na família. Aprenderá sobre isso. — Dá ênfase.
— Louise — diz Elisa, a esposa de Bernard. — Parabéns.
Ele está logo atrás com um pequeno menino.
— Obrigada, Elisa.
— Como vai? — Camille a cumprimenta.
— Filho, conheça a esposa do seu tio, Louise — revela Bernard
ao pequeno.
Ele tem traços dele, mas suas características em grande maioria
são de Elisa.
— Oi — ele diz, estendendo a mão.
Sorrio, pegando em sua mão.
— Muito prazer.
— Meu nome é Alexandre. Papai, ela é igual à tia Louise —
repara ao encarar Camille.
Elisa sorri.
— Sou irmã gêmea dela, Camille, muito prazer — explica.
— É muito legal. — Aproxima-se, olhando-me e depois a encara.
Fico surpresa, porque não sabia que Bernard já era pai.
— Filha — interrompe mamãe ao me chamar.
Saio andando em sua companhia.
— Estou tão feliz pelo seu casamento, lembro-me como se fosse
ontem, você dizia que iria se casar usando um belo vestido e com
um homem bonito — lembra.
— Alguém do meu nível — corrijo.
— Louise — repreende. — Não repita isso, podem ouvir.
Quando penso que ela vai continuar dizendo asneiras, a mão de
Sebastien encontra a minha cintura, uma música lenta e sensual é
tocada pelos músicos.
Caminhamos até o centro do jardim, uma das minhas mãos está
em seu ombro, a outra se encontra junto a dele.
— Qual foi o juramento que me fez? — pergunta, ansiando pela
resposta.
— Matar você — revelo, encarando-o.
Um brilho perigoso surge em seus olhos frios.
— Não tem consciência do que me entregou no altar — alerta. —
Quem não é leal aos meus e, principalmente, a mim, é sentenciado
com a morte.
O tom sombrio arrepia meu corpo.
— Não tenho interesse em saber nada — asseguro.
— Mas vai aprender, já ganhou o seu novo título, Louise —
reitera.
Esposa de um chefe da máfia, um título coberto de sangue e
ossos.

O carro para na prioridade de Sebastien, ele desce e orienta os


seus homens a levarem as minhas malas para dentro. Atenta a
cena, observo a mansão ainda por fora, quando me lembro da mata
aos fundos da propriedade, quando conheci a mansão observei
aquele lugar, é a minha única opção para tentar sair daqui antes de
anoitecer.
A porta do carro é aberta por um dos homens, saio lentamente,
desfaço o coque, revelando meus cabelos escuros. Sebastien não
espera, ele já está subindo o segundo degrau da escada, começo a
andar, mas quando vejo os seguranças distraídos mudo o trajeto.
Corro mais rápido que posso, entro na floresta, ofegante, tento
desviar de pedras e árvores, mas com um salto fica quase difícil.
Uma pequena felicidade se agarra em mim, porém, não por
muito tempo.
Corro de maneira desesperada e não consigo visualizar uma
saída, ouço vozes próximas, olho para trás rapidamente, quando
volto a olhar para frente acabo tropeçando em uma pequena pedra.
Bato minha testa em uma outra pedra maior, a dor é horrenda,
ouço os homens de Sebastien, não consigo descrever mais nada,
pois tudo fica escuro.

Desperto aos poucos, encaro o quarto branco com detalhes em


preto.
Não consigo me mexer, minhas mãos estão amarradas assim
como os pés, junto a uma poltrona, vejo o pôr do sol através da
janela diante dos meus olhos.
Olho para a porta, Sebastien entra no cômodo com um pequeno
pano em sua mão, encaro-o com ódio.
— Vai ficar amarrada para aprender a não repetir essa cena.
Ele para diante de mim, o paletó foi tirado, no lugar há apenas
uma camisa branca social.
— Gaston pode estar do seu lado, mas alguém da polícia deve
ter valores e encontrará você, farei de tudo para ajudar! — garanto,
exasperada.
A diversão em seus olhos me assombra por um momento.
— Eu controlo a polícia como você bem sabe. Assim como toda
a sua família — lembra.
O pano em minha testa arde.
— Meu pai fez um acordo com o diabo quando o procurou —
rosno. — Mas ele agora é o presidente.
Há mais poder nas mãos de papai, ele precisa saber usar.
— Michel conseguiu o que queria graças a minha influência, eu o
ajudei — reitera, ao encarar os meus olhos.
Ele pressiona o pano no local, certamente deve estar sangrando.
Viro o rosto não querendo encará-lo.
— Saia da minha frente! — rosno entredentes.
— Olhe nos meus olhos quando falar.
Encaro-o furiosa.
— Me escolheu como prêmio, só porque quando esbarrei em
você naquela noite e não lhe dei atenção ou importância!
Quando nos encontramos pela primeira vez o ignorei e não me
arrependo de nada em absoluto.
— Seu papai me entregou você, Louise — rebate.
Ele se afasta com o pano manchado de sangue.
— Será solta mais tarde — diz antes de fechar a porta.
Rosno irritada tentando me soltar.
O vestido está todo sujo, a minha cabeça dói, fecho os olhos com
força, o inferno dele começou.
Isso eu posso garantir.
Encontro Marcelon e Bernard no meu escritório, demorei alguns
segundos para descer enquanto limpava a testa de Louise.
— Como ela está? — pergunta Bernard.
— Respirando, deixei-a amarrada até o jantar.
Marcelon ri.
— A garota não teme sofrer consequências pela fuga.
Encaro-o.
— Pensei que levaria a irmã dela hoje. Algo mudou? — sondo.
— Quero brincar com a minha presa. Se a levasse em meio
àquela multidão não seria bom para ninguém — explica. — Por
enquanto ela não saberá da existência do acordo, pelo pouco que
vi, o gênio forte é presente em ambas.
— Então escolheu deixá-la viva? — pergunto, arqueando uma
sobrancelha.
— Sim, a chienne2 é interessante. Você concorda comigo,
Sebastien, acaba de se casar com uma delas — rebate.
2. Vadia
— As duas são um problema, precisam ser controladas — reitera
Bernard. — Mudando o assunto, vamos aos negócios. Gaston
mandou mensagens sobre uma nova tentativa da polícia em
conseguir aprender nossas drogas.
Sento-me em minha cadeira.
Olho o relógio por um momento.
Quando for 18h, mandarei a empregada libertar Louise.

Abro os olhos ao escutar passos no quarto.


Minha garganta está extremamente seca, estou usando a saliva
para tentar não pensar em beber água.
Além de que, estou com fome, mas não irei comer ou beber nada
nessa casa, esperava encontrar Sebastien, porém, é uma
funcionária que adentra o cômodo, uma senhora de cabelos
grisalhos, usando um uniforme azul com detalhes em branco.
— Senhora, sou a Florence e trabalho para a família Cartier há
anos.
— Ele a mandou aqui para me soltar? — pergunto com a voz
baixa.
— Sim, meu patrão me autorizou soltá-la.
Ela se aproxima pegando em meus braços com cuidado para
retirar as cordas.
— Precisa retirar o vestido para descer, ele está sujo — orienta.
— Não vou trocar de roupa.
— O jantar será servido agora — avisa.
Ela se abaixa e solta os meus pés.
— Eu também não irei descer — comunico. — Pode se retirar.
— Meu patrão não irá gostar.
Encaro-a, ela não é Marie, como vou sentir falta dela me
auxiliando.
— Pode se retirar, Florence.
Ela se retira um pouco contrariada.
Levanto-me rapidamente e sinto uma tontura, coloco a mão na
testa a dor pela maldita batida volta a todo vapor.
Preciso do meu celular, ando um pouco até observar a cama,
não encontro minha bolsa ou malas.
Caminho devagar, segurando na parede para não tropeçar e cair
mais uma vez.
Bebi apenas um suco no café da manhã, não quis comer nada
na festa.
As luzes do closet acendem assim que me aproximo, a parte de
Sebastien é do lado esquerdo, mas não encontro minhas roupas ou
a bolsa.
Ele sabe onde está, preciso descer agora.

Saio do quarto andando devagar.


Não estou arrumada, quero muito que tenha visitas para causar
problemas para Sebastien, todos vão se assustar ao ver o meu
estado.
Seguro o corrimão da escada a fim de descer com cuidado
demoro a pisar em cada degrau, ao sair da escada ando
normalmente até a metade do corredor, encontro a sala de jantar,
mas só vejo Sebastien.
Não temos companhia.
— Onde estão minhas coisas? — pergunto ao ficar diante dele.
— Sente-se — manda.
— Quero o meu celular e as malas.
Seguro-me na mesa para evitar passar mal, Sebastien ignora o
meu comentário, seus olhos me estudam e provocam.
Perco a paciência, sento-me em qualquer cadeira vazia, observo
a taça de água.
Minha boca está totalmente seca.
— Você desmaiou quando caiu.
— Poderia ter me matado — sugiro, encarando-o.
— Beba a água, Louise. A sua voz está quase inaudível —
orienta.
Pego a taça, levando um pouco de água para meus lábios e
garganta.
Os funcionários dele aparecem, Florence está ao lado de outra
funcionária e o chefe da cozinha.
— Louise, minha esposa — apresenta Sebastien.
— Prazer — respondo rapidamente.
Eles me cumprimentam, mas não demoram a se retirar, encaro o
prato de legumes e carne, pego um garfo e levo um pouco para a
minha boca.
Preciso comer um pouco, pensar em alguma coisa.
— Suas coisas serão levadas e organizadas no closet —
responde.
Paro de comer e o encaro.
— Eu não irei dividir o mesmo quarto onde dormia com a sua
esposa — afirmo rapidamente.
— Ela dormia em um outro quarto — revela.
— Não vou dormir no mesmo quarto que você de maneira
nenhuma. Me recuso! — reitero, ao sorver mais um gole de água,
fico em pé.
Ganhando a sua atenção.
— Você não tem opção e muito menos escolha aqui — rebate. —
Florence — chama a funcionária, que imediatamente se aproxima.
— Senhor?
— Leve minha esposa para o nosso quarto, organize as coisas
dela no closet — orienta ao beber um pouco de vinho.
— Agora mesmo, senhor Sebastien.
Saio da sala de jantar, com a raiva inflamando minhas veias.
Minha vontade é jogar aquele prato ainda com o resto da comida
na cara dele!
Subo as escadas com tanta raiva, consigo ouvir o som dos meus
pés.
Florence está logo atrás de mim.

Entro no closet, quando vejo a funcionária posicionar minhas


caixas de joias uma em cima da outra, observo roupas e sapatos
organizados na minha parte do closet, em frente as coisas de
Sebastien.
A raiva me domina.
— A senhora irá organizar as joias agora? — pergunta,
encarando-me.
— Depois, Florence. Mas agora quero saber por que a falecida
do meu marido dormia em outro quarto? — sondo.
Todo casal dorme no mesmo quarto, até os meus pais
continuavam a dividir a cama, apesar das crises do casamento.
Florence é a única que pode dar com a língua nos dentes e
contar um pouco do que preciso saber.
Sebastien jamais abrirá a boca.
— Ela era uma mulher muito quieta, gostava de ficar sozinha, no
quarto dela, pouco interagia com os funcionários, passava diversas
horas do dia no quarto.
— É um comportamento bem anormal, não conseguiria ficar
horas dentro de um cômodo. Bom, vou tomar banho, preciso
descansar — dispenso-a.
— Boa noite, senhora, o que precisar basta chamar — orienta.
Deixo-a se retirar do quarto.
Abro minha caixa de joias, posso vendê-las para conseguir
dinheiro, duvido que Camille consiga vir entregar minha maleta,
papai logo saberá da minha travessura de tentar fugir.
Merda!
— Tenho que encontrar uma forma de conseguir sair amanhã —
reforço em um sussurro.
Fecho a tampa da caixa, abro uma gaveta onde estão minhas
peças íntimas, não consigo mais ficar com esse vestido horrível.
Queria ficar assim até o dia seguinte, mas já estou agoniada com
o meu estado.
Deixo o closet olhando aquela cama, não vou deitar ao lado dele,
prefiro o chão.

Saio do banho com os cabelos escovados, coloco um robe por


cima da camisola, dou um laço para evitar abrir, caminho até a
poltrona onde estava amarrada, horas antes.
Sento-me aproveitando para mexer no celular.
As fotos do meu casamento já estão em diversos lugares, sites e
blogs famosos mencionam.

“O casamento mais badalado de Paris”.


Ouço passos, Sebastien abre a porta do quarto, ele não demora
a fechá-la, o mafioso leva às duas mãos nos botões da camisa
social branca, abrindo um por um, até retirar a peça.
Revelando seus músculos e milhares de tatuagens que cobrem o
seu corpo, desvio o olhar, ignorando-o.
Respondo algumas pessoas em minha rede social, desejos de
felicidades e prosperidade no casamento, a maioria das mensagens
são dos amigos de papai e famílias que babam o ovo da minha.
Idiotas, tenho dezoito anos, não pretendia me casar agora, mas
papai jogou a própria filha em um acordo sanguinário com um
criminoso.
Saio dos meus pensamentos quando ouço o barulho de água
caindo.
Olho para trás, Sebastien está tomando banho com a porta
aberta.
Levanto-me da poltrona indo até o closet mais uma vez, prefiro
arrumar um lugar para dormir no chão do que ouvir e ver um
criminoso no banho.
Pego um grande casaco de pelos para servir como colchão,
escolho um robe para usar como lençol.
Levo tudo comigo, ajoelho-me no chão, jogo o casaco, deito-me
aqui usando o robe para cobrir o meu corpo.
Estou confortável.
Minha primeira esposa tinha um quarto, não compartilhamos o
mesmo cômodo, não existia desejo entre nós, mas por ser o chefe
tenho algumas obrigações, como, por exemplo, ter filhos, no
entanto, nossas relações sexuais não tinham química.
Um casamento comercial é algo costumeiro na máfia, sou o
primogênito e precisava me casar, a família da falecida tinha um
lugar de destaque.
Desligo o chuveiro, enrolo a toalha em volta da cintura.
O silêncio no quarto é a resposta da minha esposa, Louise queria
dormir em um quarto somente dela, o que não permiti.
Adentro o closet, coloco uma calça moletom preta, ao sair vejo
Louise deitada no chão perto da cama.
Usando as próprias roupas como cobertas, ela está de costas
para mim, quieta, duvido que esteja dormindo.
Apago as luzes do quarto, ao me aproximar da cama consigo vê-
la encolhida, não darei cobertas para Louise, pois a cama está aqui,
basta ela subir.
Deito-me, puxo a coberta até a cintura, consigo ouvir os dentes
dela batendo.
Alguns minutos se passam, o silêncio volta, mas por pouco
tempo. Ouço os gemidos de reclamação dela, a temperatura caiu
desde o começo da noite.
Acendo o abajur, levanto-me da cama para vê-la melhor,
encolhida e abraçada em si mesma para tentar se aquecer, toco em
sua perna descoberta e sinto sua pele fria.
Pego-a no colo, coloco seu corpo na cama e busco uma coberta,
o corpo dela é frágil demais para tolerar o frio.
Cubro Louise, o tecido é quente e macio, ela para de gemer,
encaro seu rosto, observo por alguns segundos os traços tranquilos.
Apago o abajur logo depois.
Desperto sentindo algo macio sob o meu corpo.
Abro os olhos assustada, ao notar onde estou, fui dormir no chão
e acordei na cama de Sebastien.
Afasto o cobertor, vejo que ainda estou de robe, levanto-me da
cama atordoada, não consigo acreditar que ele teve a ousadia de
me colocar ao lado dele!
Preciso tomar um banho antes de descer e fazer Sebastien dizer
o que ele fez, caminho até o closet para escolher uma roupa.

Esperava encontrar Sebastien tomando café, mas ele não está


sentado em sua cadeira como de costume.
Florence logo surge em passos rápidos, trazendo uma jarra de
suco de laranja.
— Bom dia, senhora.
— Bom dia, Florence, onde está o meu marido? — pergunto,
tentando manter a tranquilidade.
— Ele saiu bem cedo.
Saiu? É inacreditável.
— Não deixou nenhum recado? — questiono ao me sentar.
— Nenhum, senhora. Deseja algo diferente para o café?
— Quero assistir ao noticiário, preciso saber o que falaram do
casamento. Mostre onde está a sala, por favor — peço ao servir o
suco de laranja.
— Claro, o jornal desta manhã noticiou o casamento — comenta
com um sorriso.
Fico de pé, levando o copo de suco comigo.
Ela vai na frente, enquanto a sigo, entramos no corredor, na
primeira porta há uma sala mais íntima.
Ligo a televisão, sento-me no sofá de cor nude, termino de tomar
o suco, entrego o copo para Florence.
Ela o segura enquanto acompanha o noticiário atentamente.
Uma foto onde papai está ao meu lado na entrada da igreja
surge junto com a apresentadora anunciando:
— O presidente da França, Michel Lavigne, levou a filha
primogênita, Louise, ao encontro de Sebastien Cartier. O empresário
dono da marca de bebidas mais famosa da França e a filha do
presidente subiram ao altar ontem em uma cerimônia com
presenças ilustres.
Fiquei bem nas fotos.
Não consigo colocar um sorriso, a minha mão apertando o buquê
de lírios, quase esmagando-o.
A foto seguinte é quando Sebastien me beija.
Desvio o olhar, não tenho interesse em assistir isso.
— O casamento ficou incrível, a senhora está deslumbrante.
— Obrigada — agradeço voltando a olhar.
A apresentadora chama uma matéria urgente.
— Um massacre no centro da Alemanha. Hoje no início da
manhã um ataque a um prédio matou vinte e cinco pessoas, a
perícia e a polícia alemã trabalham juntas para encontrar respostas.
A suspeita é de uma execução planejada, as vítimasforam atingidas
com tiros fatais.
Imagens do local são mostradas.
Um policial dando entrevista.
Olho para Florence, ela olha rapidamente para mim.
— Florence, algum problema? — pergunto, desconfiada.
Ela gosta de comentar tudo e essa notícia não chamou a sua
atenção.
— Querida Louise. — A voz de Charlotte me assusta.
Ela entra na sala observando a televisão e depois o meu rosto.
— Quero ficar sozinha com ela — avisa, olhando a funcionária
que se retira.
— O que deseja falar comigo? — sondo.
— Vejo que está assistindo ao noticiário, parece que está
bastante interessada nas matérias — comenta, ao se sentar do meu
lado.
— Estava vendo as notícias do meu casamento, mas uma em
especial uma chamou minha atenção, o ataque surpresa na
Alemanha.
— Está preocupada? Não fique, eram soldados e membros da
máfia alemã — revela. — Seres insignificantes, ou melhor, rivais.
— Como? — pergunto, boquiaberta. — Está me contando sobre
o que aconteceu sem tentar esconder?
Não faz sentido. Charlotte sorri.
— Querida, quando você se casou com Sebastien e jurou honrar
o casamento, prometendo lealdade para ele. O que você antes não
podia ouvir e saber, está totalmente liberado — assegura, divertida.
— Não sabia que honrar o casamento é omitir os crimes que
vocês cometem — rebato ao ficar em pé.
— Você faz parte da Cartier — corrige. — É a esposa do chefe,
deve saber sobre o que a cerca, estar preparada para esse novo
mundo.
— Não tenho pretensão nenhuma em saber como isso funciona
— rejeito.
— Tem dezoito anos, não é mais a garotinha do papai. Não
passamos a mão na cabeça de ninguém, a família é o pilar da
máfia, todos precisam estar próximos, ser confidentes — reitera.
Vejo a irritação em seus olhos verdes.
— A família não é o maior pilar, já viu o exemplo de papai? Ele
colocou a própria filha como parte de um pagamento ao seu
sobrinho. Enquanto você se controla para não ser flagrada aos
beijos com ele, já que papai está casado — provoco-a.
— Conheço seu pai melhor do que você, Louise. Boneca, ele
pensou na família quando procurou Sebastien, conquistar a
presidência colocou os Lavigne no poder, graças ao acordo onde
Sebastien a escolheu — explica. — Michel lhe deu um casamento
muito poderoso, acho que na política você já deve ter ouvido a
palavra servir. Ela é uma das palavras principais na máfia.
Engulo em seco.
Não sinto que estou servindo nada, mas sim como parte de uma
venda.
— Servir não é a mesma coisa que vender.
— Use a palavra que quiser, elas não têm valor nenhum. Está
casada, é a segunda esposa de Sebastien, todos estão curiosos
para conhecer a esposa dele — revela. — Preocupe-se com a sua
nova vida, o casamento. Deve ter controle sobre ambos, escorregar
é fatal — aconselha.
— Perdeu o seu tempo para vir me ensinar? — questiono com
diversão.
Charlotte se levanta, ela fica diante de mim.
— Gosto do seu pai, considero Camille e você como minhas
filhas — declara, pegando em uma mecha do meu cabelo.
— Já tenho a minha mãe — asseguro.
— Ela está apaixonada por Fabrice, planejando ter filhos com
ele. Além de ela voltar para perto do ex-marido, sua mãe fez um
grande esforço para a entrada do marido na política.
Os momentos onde Marie esteve com a minha irmã e eu voltam
a me assombrar.
A ausência da nossa mãe, que ela pensava ser compensada
com um presente.
— Outro conselho? — pergunto com irritação.
— Pense no que lhe falei, sou uma mulher com experiência em
diversos assuntos.
— Com licença, Charlotte — digo ao sair.
Não olho para trás, ignoro-a, ela quer entrar na minha cabeça e
se aproximar.

Entro no quarto com a mão na cabeça, as lembranças mais


infelizes costumam te quebrar, uma palavra pode ser um gatilho.
Respiro fundo.
Olho ao redor, sinto raiva pela minha situação, fui jogada nesse
acordo como um animal.
— Senhora. — A voz de Florence do outro lado da porta me
desperta.
— Não quero nada, pode se retirar.
— Louise, sou eu — diz Elisa, a esposa do irmão de Sebastien.
Quero mandá-la ir embora mesmo assim, mas faço um esforço,
abro a porta com um leve sorriso.
— Elisa, entre.
Fecho a porta assim que ela adentra o quarto.
— Como você está? — pergunta.
— Ótima — afirmo.
— Isso é bom, porém, não estou conseguindo sentir isso no seu
tom. Vi Charlotte saindo daqui, ela gosta de mandar nos outros a
todo momento — revela.
— Quando se casou com Bernard, ela foi aconselhar algo para
você? — indago, encarando-a.
— Foi sim, mas na época ela era casada. Dizia que o marido a
ensinou que cuidar da família é preciso para crescer como um todo.
— Elisa, como conheceu Bernard? Se não for problema contar —
adianto.
— O pai dele e o meu eram muito amigos, o senhor Cartier
comentou que Bernard precisava escolher uma esposa — explica.
— Minha irmã mais velha havia se casado, só havia meu irmão e
eu. Papai escolheu me entregar, eu tinha dezenove anos, pedi para
que houvesse uma mudança, apesar de crescer na máfia, sempre
tive receio dos casamentos, pois são eternos.
Engulo em seco.
— A importância dos matrimônios na máfia são somente pelo
poder entre as famílias? — pergunto.
— Em parte, mas a outra questão é sobre os herdeiros, continuar
a linhagem, é como uma obrigação para o chefe e subchefe.
Bernard precisava se casar para assumir o lugar, quando nos
casamos, eu tinha medo dele — revela. — Mas quando o pai exigiu
que ele me tomasse para ter um herdeiro, ele não o fez, Bernard
esperou por mim.
Ela sorri, os olhos possuem um brilho ao falar dele.
— Estou acostumada com divórcios, meus pais nunca deram
importância ao casamento. Mamãe o tolerou por anos para manter a
aparência e logo se apaixonou por Fabrice. Ela decidiu que iria viver
com ele, deu a guarda das filhas, enquanto papai conheceu Beatrice
— comento. — Não consigo acreditar que não irei me divorciar de
Sebastien, fui entregue em um acordo onde a vida da minha família
estava em risco! — esbravejo, nervosa.
— Já vi revistas onde estava com a sua irmã, eventos com
Michel, imagino a diferença. Louise, a vida que tinha era totalmente
diferente do que verá a partir de agora — alerta. — Quero ajudá-la
em um conselho, uma conversa — diz Elisa, em seguida se levanta
ficando diante de mim. — Não tenho muitas amigas.
— Obrigada, Elisa — agradeço. — Não conheço ninguém, não
sei nada sobre Sebastien, apenas a morte da primeira esposa.
Ela é a única que pode contar sobre o que acontece dentro
dessa casa.
Elisa parece querer me ajudar, portanto, preciso aproveitar.
— Se eu puder responder alguma coisa, pode perguntar. A
primeira esposa de Sebastien era muito reclusa, não tínhamos
contato.
— A relação deles como era? Igual à sua e a de Bernard? —
pergunto, curiosa.
— O casamento deles era também pela obrigação, só apareciam
em eventos. Em casa eles ficavam longe um do outro, dormiam
separados, a relação entre ambos não tinha paixão.
Ele a ignorava, não tinha interesse.
Comigo é totalmente o oposto. Sebastien me cerca.
Estou tirando algumas fotos de joias que penso em leiloar, hoje
acontecerá um evento beneficente onde toda a família Lavigne
estará reunida.
Deixo o celular em cima da cama, enquanto pego em algumas
joias para o evento, o restante quero encontrar alguém interessado
em comprar peças extremamente caras.
Meu celular começa a tocar, aproximo-me e não reconheço o
número, resolvo atender para saber quem é.
— Alô?
— Esteja pronta.— A voz de Sebastien me assusta e irrita ao
mesmo tempo.
— Posso saber o motivo? — sondo.
— Iráa um evento importante,será apresentadacomo a minha
esposa.
— Tenho que estar presente no evento beneficente junto com a
minha família, não irei com você — rebato de pronto.
Um sorriso de satisfação surge em meus lábios ao imaginar a
cara dele.
— Esteja pronta quando eu chegar , Louise, se quiser ir vestida—
ameaça e logo em seguida finaliza a ligação.
Olho para a tela, incrédula.
— Claro que vou ficar pronta, melhor, não irei estar — repito para
mim mesma.
Já está anoitecendo quando chego em casa, o dia foi produtivo
após assistir os noticiários em peso noticiando que o sangue dos
meus rivais caíram em um ataque bem planejado.
Quem me ataca terá contragolpe, da maneira mais perigosa e
quando menos esperar.
Ninguém me ameaça.
Observo Florence a postos esperando por alguma ordem, não
encontro Louise esperando por mim.
— Onde está minha esposa? — pergunto, arqueando uma
sobrancelha.
— No quarto senhor. Vou chamá-la?
— Eu mesmo irei, pode se retirar — respondo ao subir o primeiro
degrau.
Não demoro a pisar no segundo andar, abro a porta do quarto
encontrando Louise usando um vestido branco com penas, ela está
sentada diante da penteadeira, fazendo a maquiagem.
Não digo nada, apenas me aproximo silenciosamente.
— Não estou atrasada, o evento beneficente vai começar em
uma hora — diz ao subir o olhar para mim.
Pego em seu braço e a levanto, em seguida rasgo o vestido
expondo a lingerie na mesma cor.
Ela arregala os olhos azuis.
— Você está louco? Você rasgou o meu vestido! — reclama,
largando o pincel da maquiagem no chão.
— Eu lhe dei uma ordem — reforço.
— Não te devo obediência! Você tocou em mim, acordei nessa
maldita cama, agora expõe meu corpo...
Pego em seu pescoço, trazendo-a para mim.
— Estava congelando no chão, não toquei em você. Não abuso
de mulheres, virá até a mim por vontade própria — reitero, ao ver as
bochechas dela coradas pela raiva.
— Nunca! — rosna ao se afastar.
Vejo seu corpo, ela não o esconde como tentou fazer no
escritório do pai dela, quando a vi apenas de lingerie.
A diaba parece que quer me tentar.
— Coloque um vestido, tem cinco minutos para estar pronta —
mando ao me sentar na poltrona.
Acendo um cigarro, enquanto assisto Louise escolher um vestido
vermelho.
Ela anda até o espelho, coloca a peça que destaca suas curvas,
tenho a plena certeza de que minha esposa está me provocando.
— Dois minutos — aviso ao soltar a fumaça lentamente.
O vermelho combina com ela, os cabelos escuros e ondulados
ganham destaque.
Observo-a meticulosamente, depois de alguns minutos ela está
pronta.
Saímos da mansão logo depois.
A mão de Sebastien está na minha cintura.
Ignoro a sensação de formigamento no local, ela surgiu desde
que suas mãos ágeis rasgaram um dos meus vestidos comprados
recentemente.
O local do evento é em uma mansão, há diversos carros
estacionados, muitos seguranças espalhados pela área externa.
Os homens de Sebastien nos rodeiam fazendo a escolta até a
nossa entrada, vejo os convidados bebendo entre eles, senhores
tragando um cigarro enquanto conversam.
Mulheres em uma roda de conversa, todos bem-vestidos. Os
garçons passam servindo alguns copos de uísque e taças com
champanhe.
Mas quando Sebastien se aproxima, ficando no meio da sala
principal, todos os olhares se voltam para ele.
E imediatamente para mim, sou analisada, como um experimento
de laboratório.
Porém, lido com olhares há bastante tempo, não abaixo a cabeça
ou fico intimidada, olho para cada um dos presentes.
— Boa noite — cumprimenta meu marido.
Todos o respondem.
Um homem de cabelos ruivos se aproxima pegando na mão de
Sebastien.
— Sebastien, estávamos o esperando. Vejo que a trouxe, a filha
do presidente Michel Lavigne, é uma honra tê-la conosco — diz,
com um sorriso que não chega aos olhos.
— Louise, digo o mesmo — rebato, encarando-o.
— Minha esposa, Louise Cartier — apresenta o chefe da máfia.
— Agucem a curiosidade.
Sou uma espécie de exposição para todos esses mafiosos.
— Muito bela, bastante observadora e diferente da falecida —
comenta o senhor ruivo.
O comentário dele se espalha pela sala.
Marcelon se aproxima, o olhar dele é invasivo.
— Louise, a primeira gêmea — cumprimenta-me.
A forma que ele diz gêmea é estranha.
— Marcelon, boa noite — digo, sem entregar um sorriso para ele.
Sebastien olha para mim.
— Charlotte e Elisa a esperam, tenho assuntos importantes
agora — avisa.
— Venha, querida — diz Charlotte.
Ela está sentada em um dos sofás, esperando por mim, Elisa
está ao seu lado.
Olho para meu marido antes de caminhar até elas,
impressionante como até os meus passos são observados.
Tenho a impressão de ser a única com sangue azul nesse lugar.

— A sua escolha de esposa é interessante, Sebastien —


comenta Baron.
O anfitrião desse evento.
Estou em seu escritório, outros líderes de família estão
presentes, apenas os mais importantes para a pirâmide da máfia
francesa.
O ranking é definido pelo poder.
— Optei pela filha do atual presidente — confirmo.
Há curiosidade no motivo, recusei mulheres de dentro da máfia
Cartier, a própria filha de Baron foi recusada por mim.
— Sebastien uniu a política e a máfia mais uma vez — relembra
Bernard. — Faz parte de nossa máfia ter laços com a política
francesa, apesar de não ser a pauta, senhores.
Alguns tentam esconder a curiosidade em perguntas sobre a
minha união.
Batidas à porta do escritório, Baron autoriza a entrada, um de
seus sombras comunica sobre a chegada de Gaston.
O comissário da polícia é uma presença crucial em nossa
reunião, a polícia anda armando esquemas secretos.
— Usar o útil ao agradável para atingir a Alemanha e ainda
entreter a polícia, foi algo proveitoso — diz Marcelon.
— Eles não estavam esperando pelo ataque, a ameaça do chefe
alemão chegou em minha noite de núpcias — revelo.
Casar com Louise acendeu a fúria e o medo dos meus inimigos.
Ter o presidente da França e a minha máfia em união é
vantajoso.
Michel ligou para um de seus contatos na Alemanha, essa
pessoa entregou o local onde dois membros importantes da máfia
alemã estariam, por isso dei a ordem aos meus sombras e
executores.
Marcelon também o fez.
— Boa noite, senhores — cumprimenta Gaston. — Trouxe um
mapa onde meu irmão traça meios de encontrar galpões no lado sul
e norte da França.
O comissário joga o papel sobre a mesa.
Aproximo-me observando os pontos marcados com caneta
vermelha.
Gaston é um rato que funciona bem como meu lacaio, a sua
ganância pelo dinheiro e a atração pelo errado, colocou-o em
minhas mãos.
Ele não tem outra opção a não ser trabalhar para mim.

— Elisa — cumprimento-a.
Sento-me ao seu lado.
— Adorei o vestido, Louise — elogia.
— Está impecável, parece mais calma do que antes — analisa
Charlotte. — Irei apresentá-la para todos os membros importantes,
começando pelas senhoras da máfia, esposas dos principais das
famílias francesas — avisa ao se levantar.
— Ela irá trazer todos os convidados para falar comigo? —
questiono, arqueando uma sobrancelha.
Elisa ri.
— Uma apresentação mais rápida, pode ser que perguntem
sobre o seu casamento, mas aposto que responder perguntas não é
um problema para você — assegura.
Definitivamente não será problema.
Entretanto, não estou disposta a cumprimentar ninguém e
responder absolutamente nada.
Deveria estar no evento beneficente.
— Estou acostumada com isso de uma outra forma. Elisa, quero
beber água, não quero bebidas, a cozinha onde fica? — pergunto ao
ficar de pé.
— Podemos chamar um garçom...
— Prefiro beber longe de olhos curiosos.
— Basta seguir o corredor, na primeira porta à direita.
— Obrigada, volto logo — agradeço rapidamente.
Faço o caminho que ela havia dito, mas não entro na primeira
porta, vejo a saída dos funcionários na última porta do lado direito.
Ando apressada, abro a porta com rapidez.
O meu salto faz barulho conforme corro, preciso tentar passar
pelos seguranças ou inventar algo.
Termino de percorrer a lateral da mansão chegando à parte
principal, os seguranças não olham enquanto caminho sozinha.
Estranho esse comportamento, sinto que algo não está errado.
Só não contava com Charlotte saindo pela porta com um olhar
impaciente.
— Querida, você não poderia fugir nem se quisesse — zomba.
— Pode enganar Elisa, mas não sou idiota.
— Estou com dor de cabeça, iria esperar meu marido no carro —
digo. — Estaria correndo caso estivesse fugindo, não acha?
— A sua mentira não me convence, Louise. Sebastien está em
reunião, quando ele sair irei contar o que pretendia, e você vai
cumprimentar todos agora — reforça.
Aperto os olhos para ela.
— Diga para ele e acredite no que quiser. — Aumento o tom.
Ando ao lado dela, tentando me controlar.
— Coloque na sua cabecinha, não há como traçar um novo
destino quando ele já foi escrito.
— Não acredito em destino, Charlotte — respondo rapidamente.
— Como também não creio em diversas coisas.
A máfia estava na lista de crenças inexistentes, mas ela se
tornou real há pouco tempo.
— Sugiro que passe a acreditar agora mesmo que foi tomada
pelo meu sobrinho — aconselha em um sussurro.
Tomada.
A simples palavra arrepia o meu corpo inteiro.
Charlotte cumpriu a ameaça e contou para Sebastien que eu
pretendia fugir novamente.
Não a impedi ou implorei para não fazer.
Meu marido escondeu esse assunto durante o evento, o trajeto
até a mansão onde agora chamo de residência foi feito em silêncio.
Mas não será por muito tempo.
Quando entro no nosso quarto a calmaria dá lugar a tensão.
— Novamente quer me desafiar, a sua teimosia é irritante.
— Não queria fugir! — corrijo. — Queria ir ao evento beneficente,
não cumprimentar todos os convidados daquele lugar, ouvir os
conselhos de Charlotte, sair dali era isso o que eu queria fazer. —
Aumento o tom.
— Abaixe a voz — ordena.
— Não! Suas ordens são sufocantes, não vou ficar sentada
fazendo o que me pede! — grito, nervosa.
Sebastien se aproxima.
— Eu odeio gritos — diz, antes de me beijar.
Resmungo, depois empurro o seu peito.
A mão dele segura meus cabelos com firmeza, enquanto a outra
está na minha cintura, os lábios dele se chocam com os meus,
segundos depois.
Abro passagem para a língua,ele é bruto e duro, deixo sua boca
consumir a minha com brutalidade.
Minhas mãos saem do seu torso e vão para o seu cabelo, onde
aperto, retribuindo ao seu beijo.
O som do celular dele quebra o momento.
Ele afasta os lábios dos meus, tomando um pouco de fôlego,
meu peito sobe e desce, observo-o atender o celular, enquanto tento
assimilar o que acabei de fazer.
— Estava em um evento, acabo de chegar — informa ao se
afastar.
Sebastien sai do quarto.
Fecho os olhos com força, não acredito que retribui ao seu beijo.
Não consigo entender o poder das mãos dele sobre o meu corpo,
a boca capaz de consumir a minha.
Afasto esses pensamentos.
— Senhora — diz Florence.
Encontro-a atrás de mim.
— Algum problema? — indago, encarando-a.
— Os presentes do casamento, estão todos em um quarto de
hóspedes. Havia esquecido de avisá-la, tudo foi deixado no cômodo
ao lado — informa.
Os presentes, não lembrava deles, preciso mandar
agradecimentos para todos.
— Irei ver nesse exato momento, obrigada.
Saio do quarto indo até a porta ao lado, os presentes ocupam a
cama inteira, alguns estão no chão.
Passo a mão em algumas caixas, começo a abri-las, ganhei um
jogo de taças de cristais, talheres, estou entediada com tantos
presentes, afinal, já tenho tudo aqui, até que uma caixa vermelha
com um laço preto chama a minha atenção.
Puxo o laço, abro o presente, deparo-me com uma caixa de
chocolates de uma marca que estou acostumada a comer desde
pequena.
São deliciosos, trufas com recheio de calda de morango. Preciso
comer um pequeno pedaço.
Mordo o doce, mastigo lentamente sentindo a calda de morango
se espalhar, engulo logo em seguida.
Pego outra caixa em busca de abrir outro presente.
Sinto algo estranho com a minha garganta, abro a boca para
chamar Florence, mas tenho que forçar a voz.
— Flo... rence — digo rouca.
Começo a tossir, tento respirar, mas a sensação é de estar sendo
enforcada.
Ando até a porta, não consigo enxergar direito, tudo fica escuro.
Ouço um barulho e uma voz distante.

Estava saindo do escritório quando ouço um barulho alto de algo


caindo.
Subo as escadas e encontro Louise desmaiada, tiro-a do chão
pegando-a em meu colo.
— Louise?
Entro no quarto que ela estava, ao passar os olhos pelo cômodo,
vejo uma caixa de chocolate em cima da cama.
Aproximo-me do rosto de Louise, sinto um cheiro forte quando
abro a boca dela usando a mão que está livre.
Um forte odor sai de sua boca, deixo o quarto, levando-a com
pressa.
Florence rapidamente abre a porta principal, meus sombras
tratam de trazer o carro.
— Rápido! — oriento aumentando o tom.
Entro no veículo com cuidado para não machucá-la, pego o
celular com a mão livre ligando para o meu irmão.
— Sebastien— atende imediatamente.
— Envenenaram Louise, estou a caminho do hospital. Reúna os
membros para passar o recado para todos aqueles que me servem,
não perdoo traições, a vida deles, as famílias, ou seja, todos estão
em minhas mãos, irei arrancar a vida de um por um — ameaço ao
desligar o aparelho.
O carro sai às pressas, olho para Louise, preciso ver os seus
olhos abertos de novo, tiro alguns fios escuros do seu rosto.
Se ela não acordar, a preocupação de todos será tentar
sobreviver.
Irei caçá-los.

Bernard surge no corredor do hospital em passos apressados,


estou na sala de espera, enquanto Louise está dormindo após ser
sedada.
— Muitos dos membros comprovaram os presentes que
enviaram. Como o envenenamento ocorreu? — pergunta, parando
diante de mim.
— Uma caixa de trufas, a caixa não tinha nome. Eu quero saber
como essa porra foi parar junto aos outros presentes — exijo. —
Especificou as ameaças?
Bernard costuma pacificar situações.
Sou objetivo em meus propósitos, quando ameaço estou
deixando claro como água minhas intenções.
— Sim, Sebastien, mas não se esqueça de que não podemos
sair ameaçando sem provas, pode ter sido qualquer pessoa,
próxima dela também — lembra. — Como Louise está?
— Dormindo, fizeram uma lavagem estomacal, o corpo absorveu
um pouco do veneno, poderá sentir alguns sintomas até a
substância ser eliminada — explico.
— Avisei Michel, ele deve estar vindo — avisa. — Sei que não
faria isso.
— A partir do momento em que ela está casada comigo, Michel
não precisa interferir em nada — reforço.
— Sebastien Cartier. — Uma voz que poderia confundir com a de
Louise, surge no corredor.
Camille Lavigne ao lado de Michel.
Mesmo sendo uma cópia da minha esposa, não conseguiria
confundir ambas, o olhar de Camille é ilegível.
— Bernard, Sebastien — cumprimenta Michel. — O que houve
com Louise? E o envenenamento?
Os meus sombras e outros seguranças do próprio presidente
estão por perto, fazendo a segurança de ambos.
— Irei ficar no hospital com a minha irmã — avisa Camille.
— Uma caixa de trufas, ela comeu um pedaço. Estou atrás do
autor, todos já foram avisados sobre a minha caça — explico. —
Você não é necessária aqui, Camille — digo, encarando-a.
— Minha irmã foi envenenada, eu não sairei daqui, apenas morta
— rebate em um tom frio.
— Camille ficará por perto, peço que entenda a preocupação —
pede Michel ao colocar a mão em meu ombro. — Quero ver a minha
filha, o quarto dela é este?
Ele tira a mão quando não demonstro gostar do contato.
— Está dormindo — digo me ao sentar em uma das cadeiras.
— Michel é bom não demorar, a imprensa ficará agitada em
saber respostas. Quanto menos pessoas no hospital é o melhor, a
segurança dele está reforçada com os nossos sombras, Louise
estará bem — orienta Bernard.
— Claro, serei rápido.
Michel abre a porta do quarto.
Observo Camille, a sua coragem em responder passando pela
minha ordem me faz ter vontade de abrir a boca sobre o destino
dela.
— Quem estava cuidando dos presentes? — pergunta,
arqueando uma sobrancelha.
— Serão mortos — respondo rapidamente. — Meu irmão cuidará
desse assunto.
— Quero que isso não fique impune — reforça Camille, olhando
para Bernard e logo depois para mim.
Dou risada.
A inocência dela e da irmã em meus assuntos me causa
diversão, é como enganar uma criança, na máfia questões como
essas são julgadas da maneira mais perversa.
Não existe piedade.
— Sua irmã tem um lugar de extrema importância, esse ato terá
consequências fatais — assegura Bernard.
— Assim espero — responde agora olhando para mim. — Ficará
aqui?
— Meu irmão pode dar uma carona para você, sua irmã precisa
de roupas, a empregada irá entregar o que solicitei — aviso. — Não
irei sair daqui.
— Quero ver a caixa de trufas e trarei as coisas dela —
concorda.
Vejo Bernard sair acompanhado por ela, a porta do quarto é
aberta por Michel, seus olhos estão um pouco vermelhos.
Houve choro ao ver a primogênita.
— Ela está pálida, você salvou a vida dela ao trazê-la depressa.
O político se aproxima.
— Sua segunda filha ficará aqui, ela é bastante incisiva quando
quer algo. Marcelon disse que escolheu a data para revelar o acordo
que fez — comento.
— Em poucos meses — responde Michel com uma certa
preocupação, a gêmea de Louise saberá da notíciae no mesmo dia
irá embora com Marcelon.
Sem opções, nenhuma preparação.
— Camille não será preparada, então sugiro tomar cuidado com
a reação dela. O seu cargo não pode sofrer escândalos que o
prejudiquem — reitero.
— Louise foi entregue perfeitamentepara você, assim como
Camille será para Marcelon.
Ele se despede deixando o hospital.

Forço os meus olhos, preciso abri-los, mas eles teimam em


continuar fechados.
Não consigo entender onde estou e o que aconteceu, começo a
sentir confusão e medo, quando forço os meus olhos a enxergarem
o cômodo, consigo saber onde estou.
Em um quarto de hospital, tomando alguma medicação na veia.
Sinto a boca seca, a minha garganta implora por água, sinto-a
dolorida também.
Acabo tossindo um pouco, quando ouço o barulho da porta, vejo
Sebastien entrar no quarto.
— Sebastien... — o nome dele sai em um sussurro rouco.
— Não force a sua garganta — exige.
Sinto uma inquietação, estou tonta.
— O que... aconteceu? — insisto.
— Irei chamar o médico — diz próximo a mim.
Olho em seus olhos.
— Estou tonta — reclamo.
Ouço seus passos se afastando, ele não demora, vejo o doutor
entrar acompanhado por meu marido no quarto.
O homem com alguns cabelos grisalhos se aproxima.
— Senhora Cartier, aconselho a não forçar sua garganta —
aconselha. — Você ingeriu um doce com veneno, fizemos uma
lavagem estomacal para agir rapidamente contra a ameaça, mas o
seu corpo absorveu um pouco do veneno, por isso poderá sentir
alguns sintomas da substância.
O chocolate.
Lembro-me de ter ingerido um pedaço.
O doutor conversa com Sebastien, não demora a estar apenas
meu marido no quarto, sem a presença do homem.
— Quero água... — peço, fechando os olhos.
Sinto o dedo de Sebastien passando água pelos meus lábios,
abro os olhos e o vejo observar meu rosto, passo a língua sobre
minha boca e absorvo o líquido devagar.
— Descanse, Louise — orienta.
— Queriam... me matar — digo deixando uma lágrima rolar, ela
desce pela minha bochecha.
Não tenho controle sobre ela, um dos meus presentes de
casamento foi enviado com um propósito.
Qualquer um pode ter mandado.
Caso tivesse engolido a trufa inteira poderia estar morta.
— Vão pagar por isso — assegura. — Agora me obedeça.
A mão dele desliza pelo meu rosto, limpando a lágrima que
desceu.
Fecho os olhos sem forças para contrariá-lo dessa vez.
Abro os olhos.
O quarto está vazio, pisco algumas vezes, sinto-me melhor,
lembro-me de que acordei mais cedo ainda sonolenta.
Estranho não ver Sebastien.
Será que ele foi embora? Não conheço esse hospital, certamente
ele acabou me trazendo para um de sua confiança.
Sento-me na cama devagar.
Olho para a maçaneta da porta, ela gira e logo depois, Sebastien
entra no quarto.
— Não devia se sentar sozinha.
— Estou melhor — asseguro, encarando-o. — Quero tomar um
banho e beber água.
— O doutor vai ver como você está primeiro, Camille e seu pai
estavam aqui. Ela foi pegar roupas para você, deve estar chegando.
Ouvimos passos, o doutor se aproxima.
— Como está se sentindo, Louise?
— Estou melhor do que a primeira vez que acordei.
— Precisa se alimentar, agora vou verificar seus sinais vitais e a
garganta. A substância que você ingeriu foi para a análise, é um
veneno antigo usado para roedores — revela, olhando para
Sebastien. — O surpreendente é que a marca Douce mort , a
fabricante saiu de linha há muito tempo, é estranho que quem te
atacou teve acesso a ele.
— Mandarei alguém para encontrar respostas com os donos da
empresa — diz Sebastien, seu olhar sai do médico para mim. —
Veja como ela está, doutor.
— Esse veneno afetou a minha garganta — reclamo. — Estou
sentindo o hálito diferente.
O médico usa uma luva para abrir a minha boca e um palito para
verificar a minha garganta.
— Essa empresa produzia um veneno muito forte, o forte odor
age rapidamente no organismo do roedor. Dentro da trufa misturado
com a calda havia pequenos pedaços — revela. — Afetou sua
garganta, você chegou aqui com um hálito mais forte, vou receitar
um antibiótico, passaram-se oito horas desde que chegou, vou
passar uma comida leve para você.
O médico afere minha pressão, faz algumas perguntas de como
estavam as trufas, explico como encontrei a caixa no meio dos
presentes.
Peço para tomar um banho e ele autoriza. Sebastien me entrega
a toalha, sigo para o banho, à medida que meu marido fica ao lado
de fora do banheiro.
Abro a torneira deixando a água cair sobre o meu corpo, molho o
meu rosto, passo as mãos algumas vezes.
Respiro fundo, tentando não pensar quando engoli aquele
chocolate, a sensação de estar sendo sufocada, não conseguia
gritar.
Veneno. Pisco algumas vezes.
Olho para o espelho e vejo meu rosto pálido, como um papel,
meus lábios não têm cor.
É como estar apagada.
Desvio o olhar por alguns segundos, mas parece que estou
sendo atraída a olhar o espelho.
Perco-me entre o medo e os pensamentos controversos, a
sensação de estar em perigo, algo jamais sentido por mim.
— Louise, Louise. — A voz de Sebastien parece estar próxima.
Quando fecho os olhos e abro novamente, vejo que ele está no
banheiro chamando por mim.
— O que foi? — pergunto.
— Está há dez minutos dentro desse banheiro.
Dez minutos? Parece que entrei há poucos segundos.
Quando penso em responder alguma coisa, lembro-me de que
estou nua, ele está diante de mim.
— Pode sair, consigo me virar sozinha — mando.
Sebastien desliga o chuveiro.
Seu olhar encontra o meu, é como se o corpo sentisse que cada
parte exposta é observada por ele.
Sinto um arrepio cruel.
— Está fraca para ficar sozinha.
— Estou nua! — rebato, irritada.
Ele desce o olhar lentamente.
— Quero vê-la assim — confessa em um tom rouco. — Não
nesse lugar.
Sebastien pega a toalha e se aproxima, enrolando meu corpo,
cobrindo-o.
Ouço a voz de minha irmã chamando meu marido.
— Deixarei que Camille entre para ajudá-la — avisa antes de
sair.
Estou sozinha.
Mas meu corpo parece que ainda está sentindo o olhar dele, o
repúdio que devo ter contra esse mafioso não aparece.
Estou com os bicos dos seios rígidos, assim como o restante do
corpo.
Sensações causadas por um maldito olhar.

Camille está escovando meus cabelos, estamos sozinhas no


quarto, pela primeira vez encontrei desespero quando ela me
encontrou.
— É engraçado vê-la preocupada — comento rindo.
— Não vejo onde está a graça. Quando soube, exigi que papai
viesse o mais rápido possível, se você estivesse morta iria fazer
justiça sozinha — afirma em um tom perigoso.
Ela termina de escovar, ficando diante de mim.
Camille e eu brigamos como quaisquer irmãs, mas nada
passageiro, ela sempre foi minha companhia.
— Estou me sentindo estranha, qualquer um pode ter deixado
aquela caixa — revelo.
— Você precisa de cor, uma maquiagem já resolve, comeu agora
há pouco.
— Estranha não somente na aparência — reforço.
— Sondei Sebastien e o irmão, eles irão encontrar os culpados,
precisam cobrar por isso — assegura. — Tenho certeza de que
quem tentou lhe matar será enterrado vivo.
— Espero.
— Mudando o assunto, e o seu casamento? — pergunta.
— Ainda pergunta? — Dou risada. — Uma obrigação, Camille.
— Está mentindo — afirma.
Pisco algumas vezes.
— Mentindo? — questiono.
— Sebastien saiu do banheiro, quando entrei você estava
apenas de toalha — pontua. — Em outra situação tinha exigido uma
enfermeira.
Engulo em seco.
Camille sabe me colocar em uma saia justa.
— Louise — provoca.
— Você está louca? — nego sem acreditar.
— Quando eu digo que precisa aprender a mentir e se controlar
é exatamente por isso, seus olhos não escondem suas emoções.
— É melhor ficar de boca fechada — mando.
— Minha irmã sentindo desejo por um mafioso — atiça,
estudando-me. — Você julgava os homens que fiquei por serem
frios, enquanto Sebastien é o próprio gelo.
Reviro os olhos.
Batidas à porta interrompem nossa conversa.
Elisa entra no quarto.
— Louise, como você está? — pergunta, e logo se aproxima da
minha irmã. — Camille.
— Estou bem, Elisa, obrigada por vir.
— Elisa — cumprimenta Camille. — Sente-se.
A esposa do meu cunhado se senta na poltrona ao meu lado.
— Fiquei bastante preocupada, Bernard contou o que aconteceu.
— É algo que eu quero esquecer o mais rápido possível —
comento, olhando em sua direção.
— Você não deve se esquecer de quem lhe faz mal —
aconselha.
— Escute a Elisa — orienta Camille. — E a mim, Louise, pare de
ficar presa em suas próprias crenças.
— Vai brigar comigo? — pergunto.
— Não briguem, é apenas um conselho — pede Elisa. — Não
vou demorar muito, já está entardecendo, você precisa descansar
para sair logo do hospital.
— Estou cuidado de você — corrige Camille. — Goste ou não.
Elisa sorri.
— É bom ter irmãos por perto, Louise.
— Às vezes — provoco minha irmãzinha.

Um dia depois...
Fiquei mais um dia no hospital, o médico acompanhou de perto o
meu quadro após a lavagem.
O efeito do veneno passou totalmente quando recebi alta, horas
mais cedo, a recomendação foi uma boa alimentação e um certo
cuidado com a comida que chegará até a mim.
O trajeto para casa é feito em silêncio, assim que chegamos
Florence está a postos, ela sabe como seu patrão é. Com certeza
ele solicitará sua presença.
— Senhora, como está? — pergunta com um sorriso
entusiasmado.
Sinto que ela é verdadeira comigo.
Talvez a falecida esposa não conversasse com Florence.
— Bem, Florence — digo.
— Ela precisa comer bem e pelo que contou, Florence, Louise
mexia apenas na metade da comida — pontua meu marido.
— Estou acostumada com a comida de Marie, Sebastien...
Ele me interrompe.
— Ficará responsável pela comida, acompanhe o preparo
atentamente — orienta para a funcionária.
— Sim, senhor Cartier.
— Traga um suco para ela.
Florence se retira.
Enquanto caminho até a sala principal, sento-me no sofá, ele
olha o celular antes de se aproximar.
— O que é? — indago.
— Teremos visitas agora, está disposta a recebê-los aqui ou em
nosso quarto? — pergunta.
— Aqui está ótimo, não sinto mais nada.
Ele ajeita a almofada atrás de mim, deixando-a perfeita para
apoiar as costas.
Sebastien ficou no hospital ao meu lado durante os dois dias,
esperava que ele me deixasse com aqueles capangas.
Observo o paletó preto em seu corpo, a peça parece ser feita sob
medida.
A cena do banheiro do hospital está gravada na minha cabeça,
não consigo apagar a imagem de Sebastien quando me viu nua, o
seu olhar e o toque dele no meu corpo.
Ainda posso sentir o toque dele em minha pele descoberta.
Vejo-o caminhar até o corredor, quando ouço vozes
desconhecidas, engulo em seco, preciso ficar disposta.
Tento ignorar o fato dos meus seios inchados e o restante do
corpo pronto para ser tocado novamente.
Fico em pé para receber um casal, uma bela mulher de longos
cabelos escuros lisos, acompanhada por um homem com olhos
escuros como a noite.
Sebastien encontra o meu olhar.
— Minha esposa, Louise Cartier.
O homem me cumprimenta. Reparo na tatuagem de cobra em
seu pescoço.
— Cesare Salvatore, essa é a minha esposa, Isabel.
— Ouvi muito sobre você, prazer, Louise — diz com um sorriso.
— O prazer é meu, não lembro de vê-los em meu casamento —
comento, intrigada.
— Cesare é o Don da máfia italiana — explica Sebastien.
A Itália e a França?
Uma união extremamente vantajosa, em todos os lugares há a
mão de Sebastien.
— Nossa filha ficou doente, estava com febre e dor de garganta,
não pudemos vir — responde Isabel.
— Isabel e Louise poderão se conhecer melhor, enquanto
estivermos no escritório — comenta Cesare ao encará-la.
— Claro, amor.
Ele a beija antes de sair na companhia do meu marido.
Encaro Isabel com curiosidade.
— A filha do presidente, imagino que deve estar assustada
conosco, a máfia não é sutil.
Acho que jamais será.
— Você foi prometida para Cesare? O pouco que conheço sobre
os casamentos é que são uma forma de ligar famíliascomo os quais
estou acostumada — questiono.
Ela nega.
— Eu não fui prometida, mas sim a minha irmã.
— Sua irmã? — pergunto, confusa.
Ela assente.
— A máfia muitas vezes nos aprisiona com suas regras e
escolhas. Minha irmã, Giovanna, foi escolhida por ser a mais velha,
ela iria se casar com Cesare, mas Giovanna não queria e,
infelizmente, foi morta em uma emboscada. — O tom de Isabel é
frio. — Um soldado descobriu que ela tinha um caso com a filha
dele, motivado pelo preconceito ele assassinou ambas.
— Sinto muito por sua irmã, Isabel.
— Eu amava Giovanna, ela foi tirada de mim da pior forma. A
morte dela bagunçou tudo, pensava que Cesare tinha sido o
culpado, crescemos juntos e desde a infância fazíamos promessas
que ficaríamos juntos. Passei a odiar o meu marido, substituí a
Giovanna, casei com ele planejando matá-lo — confessa,
encarando-me.
— Pensei que as mulheres tinham mais voz, mas parece que
estou errada. Sua vida foi destruída, poderia ter matado ele.
Isabel aparenta ter um gênio forte, porém, quando olho para ela
e Cesare é difícil imaginar que ambos passaram por um momento
tempestuoso, a morte de Giovanna.
Onde ela planejava o que eu também queria, vingar-me de
Sebastien.
— O ódio e o amor estão ligados, os dois são os sentimentos
mais interessantes para mim — revela com um sorriso. — Agora me
conte sobre a sua história.
— Um casamento de aparências dos meus pais, onde tudo deve
ser perfeito, inclusive minha irmã e eu. Anos depois, ele se separa e
conhece uma mulher interesseira, quando menos espero, conheço
Sebastien, papai e ele fazem uma aliança com algo em troca —
comento, lembrando-me do dia que esbarrei nele.
E logo em seguida o vi em uma mesa, negociando com papai.
— Mafiosos são mais persistentes do que imagina — afirma. —
O casamento é um elo eterno que só acaba com a morte, como já
disse, queria matá-lo. Mas o amor venceu, hoje tenho dois filhos e
um marido, Cesare pensa na família em primeiro lugar — diz, com
um brilho especial em seu olhar.
— Sempre enxerguei casamentos como uma conveniência, mas
aqui o divórcio não é uma opção.
— Ele não existe para nós. Louise, imagino que Sebastien é
diferente dos demais homens que já conheceu — comenta.
Acho que nunca conheci algum igual, por isso não consigo defini-
lo.
Ouvimos passos e logo em seguida vozes de Cesare e
Sebastien pelo corredor, os dois aparecem rapidamente na sala
principal.
— Aconteceu alguma coisa? — Isabel pergunta.
Os dois homens se aproximam.
— Vai sair? — pergunto para Sebastien.
— Os vendedores da marca do veneno estão em um lugar,
Cesare irá me acompanhar — diz, olhando-me, depois a boca de
Sebastien encosta rapidamente na minha, como se fosse algo
comum entre nós.
— Desejo saber tudo depois — exige Isabel, olhando o marido.
Cesare sorri.
— Jamais terá segredos entre nós, saberá o que aconteceu
depois. Fique com Louise, volto em breve — pede, deixando um
demorado beijo nos lábios dela.
— Até mais tarde — digo para ambos.
Os dois logo somem da nossa vista.
— Quer comer ou beber algo, Isabel? — pergunto, olhando em
sua direção.
— Por enquanto não estou com fome.
— Você parece conhecer todos os assuntos que chega até as
mãos de Cesare, ele lhe conta tudo? — pergunto.
— A minha família foi criada na máfia, as mulheres não podiam
ter contato com armas, apenas apoiar o marido e cuidar do
casamento. Diferente das demais, queria aprender a atirar, não
ouvia tudo sobre os assuntos de meu pai, mas os deduzia, Cesare
compartilhava a maior parte comigo, ele foi preparado para ser Don
muito novo — explica. — Sebastien tem o controle de todos desde
os mais baixos, soldados até membros importantes como o próprio
irmão, que é o subchefe dele.
Informações demais para decorar.
— É bem diferente do que estou acostumada.
— Está entediada? — pergunta com um sorriso. — É uma
mudança brusca deixar de ouvir sobre a política, a sua postura e
saber como funciona algo tão grande.
— Sebastien diz que preciso aprender, aceitar o meu novo papel.
Descobrir coisas desconhecidas que preciso saber, porque casei
com ele.
— Seus olhos mostram um certo repúdio sobre os assuntos —
analisa. — Você deve se adaptar, não estou dizendo para pegar
uma arma e atirar em alguém, mas se aprofundar em assuntos
novos, não escolha ficar sentada e apenas ouvir — aconselha. —
Não seja inimiga de quem divide a mesma cama, o sobrenome dele
é seu e você também é. Uma hora ou outra estará nos braços dele,
Louise, você se tornou esposa, não é soldada ou uma funcionária,
ajudamos eles e somos o equilíbrio de um castelo, aliás, a peça
mais importante de qualquer jogo é a rainha.

Saio do carro batendo a porta com força.


O envenenamento de Louise tornou-se um quebra-cabeça, onde
diversas peças estão faltando.
— Uma mulher fora da máfia, confesso que a sua escolha foi
uma surpresa — diz Cesare Salvatore ao sair do carro dele.
— Faria diferente? — pergunto, encarando-o.
Ele sorri sem chegar aos olhos.
— Isabel seria minha, mesmo que ela não fosse da máfia
Salvatore ou de qualquer outra. Fazemos nossas regras, nossos
membros devem servir, a hierarquia sempre será um dever —
responde.
Quando escolho meus aliados procuro encontrar algo, Cesare
possui os mesmos ideais que tenho.
O conselho da máfia francesa não queria Louise, mas eu fiz
todos calarem a boca e a aceitar.
— Não dou brechas para questionamentos ou oposições, eles
estão cientes de que o envenenamento de Louise afetará a todos —
afirmo.
Vê-la pálida por dois dias no hospital ampliou a minha fúria. E ela
respinga em todos os membros e adversários.

Adentro o galpão encontrando alguns dos meus sombras, os dois


executores de minha máfia a postos.
Exigi que os vendedores do veneno estivessem respirando em
minha chegada.
— Chefe, Don Salvatore — recebemos saudações.
Meu olhar vai para dois sujeitos amarrados, o sangue está
espalhado pelo chão, machucados com cortes pelo corpo.
Ambos sem roupa e vulneráveis.
— Apenas estavam os dois? — sondo.
— Os dois irmãos estavam na presença da esposa e a mãe,
ambas estão dentro do carro, nos fundos do local — um deles me
informa.
Aproximo-me dos rostos marcados com cortes feitos
recentemente.
Os dois homens já são bem mais velhos, um deles aparenta ser
o mais novo.
Neste momento estão respirando com rapidez.
— A empresa de sua família chegou aos meus ouvidos, estava
desligada há muitos anos — começo, encarando-os.
— Fomos... a falência — responde o mais velho com extrema
dificuldade.
— Eu não mandei falar — rebato.
Pego em sua nuca, imobilizo o pescoço conseguindo aumentar a
tentativa de ele em tentar respirar.
— A quem o veneno foi entregue? — pergunto, agora olhando o
mais novo.
Ele se mantém calado.
— Ah... — O suspiro do irmão é ouvido por todos.
— Fomos bem pagos... para vender o produto — responde o
segundo sujeito.
Largo o pescoço do irmão, esse está tossindo e desorientado.
Paro diante do caçula.
— O nome do comprador — exijo.
Novamente ele escolhe ficar calado, pego um tablet onde a
câmera mostra as duas mulheres trazidas para cá, meus sombras
esperam o comando.
— Enfie a faca no pescoço delas, lentamente — oriento.
Olho para o sujeito, ele se agita.
— Não, elas não fazem parte! — rebate.
Mostro a imagem para ele.
Assisto também.
O sangue escorre, gritos assustados e agoniantes.
— Glace, Glace! — repete, olhando-me. — É a única coisa que
soubemos.
Cesare se aproxima do outro irmão, enquanto olho o medo em
seus olhos.
O tablet em minha mão é tirado por um dos meus executores.
No lugar uma faca é entregue.
Enfio a faca na jugular, o sangue escorre rapidamente, um pouco
respinga em minha mão, o corpo cai no chão já sem vida e o outro
irmão leva um tiro dado por Cesare.
Pego um pano para limpar a mão, meu aliado se aproxima.
— O que é glace, Sebastien?
— Um comando, ensinado apenas para os Cartier — revelo.
Uma palavra-chave, passada há gerações, entregue a Bernard e
a mim por nosso pai.
Quem queria matar Louise conhece minha família, alguém está
querendo invadir o meu reino.

Isabel foi embora há uma hora, jantamos juntas, gostei de


conversar com ela, a forma como ela aparenta lidar com as
questões é de uma forma explosiva.
A ferro e fogo, como diz vovó, essa é a minha personalidade, não
consigo domar a mim mesma, talvez seja o meu maior defeito não
ter controle.
Neste momento, deveria ignorar minha irritação por ser
exatamente 21h e Sebastien ainda ter voltado.
Passei o dia inteiro dentro dessa casa após ficar presa durante
dois dias naquele hospital.
Olho meu reflexo irritadiço enquanto passo creme em meus
braços com força, sem delicadeza, como se pudesse descontar um
pouco da raiva.
Paro os movimentos quando vejo o reflexo do meu marido.
Sebastien entra no quarto indo para o banheiro.
— Planejava sair hoje — digo. — Sua demora foi de propósito
para que eu ficasse presa o dia todo?
Em alguns segundos, ele sai do banheiro com as mãos
molhadas.
— Estava com os responsáveis por vender o veneno —
responde ao se aproximar, o tom sombrio arrepia meu corpo. —
Você não irá sair, apenas comigo.
Sebastien para atrás de mim.
Viro-me encontrando os seus olhos.
— Não manda em mim, muito menos vai me prender — rebato
em um rosnado.
Não sei quantos segundos se passam, mas a boca dele toma a
minha, um beijo agressivo é iniciado.
Sebastien me pega no colo, minhas pernas rodeiam a sua
cintura.
Retribuo ao beijo, sentindo seus lábios me devorando. E eu em
busca de sentir os dele marcando minha boca.
Agarro seus ombros, seguro ambos, sentindo os músculos fortes
de Sebastien, ofego quando a boca do meu marido para o beijo, não
tenho tempo de pensar em nada quando Sebastien tira a minha
camisola, a calcinha é a única peça que ainda está intacta.
Ele não avisa.
Enquanto caminha comigo, o olhar de Sebastien está em meus
olhos, quando sinto o colchão nas minhas costas, ele passa a olhar
o meu corpo.
A mão dele sobe até o meu pescoço.
O rosto paira sobre o meu.
— Dis que c’est le mien.3
3. Diga que é minha.
Um comando, ele me quer em suas mãos.
— E se eu não dizer? — pergunto, arqueando uma sobrancelha.
— Você vai dizer — afirma.
A prepotência dele é irritante.
— Não.
Estou relutando contra ele, no entanto, o meu corpo pensa o
contrário, a voz de Sebastien ressoa dentro de mim, fazendo com
que os pelos fiquem mais arrepiados, sinto a rigidez do meu corpo.
Ele se afasta, Sebastien abre os botões da camisa, enquanto
continua a me encarar, ignorando a minha negação.
Vejo as diversas tatuagens que cobrem seu corpo, em seguida já
está tirando a calça e a cueca.
Engulo em seco.
Sempre tive controle com os homens, não compreendo a perda
dele agora.
A mão dele sobe pela minha coxa, o mafioso não sabe ser
delicado, sinto sua mão pesada.
Já a outra agarra a minha bunda.
— O seu corpo já me disse sim.
Meu coração palpita. Persisto em negar o comando dele, pois
quero irritá-lo.
— Negarei a noite toda — rebato.
Sebastien tira as mãos do meu corpo, quase solto um gemido,
meu marido vai até o closet.
E quando volta traz aquelas cordas, as que estavam em mim
quando tentei fugir.
Ele amarra minhas mãos rapidamente, deixando-as presas na
cabeceira da cama.
— Você costuma ouvir e obedecer quando está amarrada — diz,
olhando-me.
Estou presa em um grande iceberg.
Sinto o desejo ardente em minha vagina.
Sebastien não quebra o contato visual, enquanto rasga a única
peça, conforme ele a toca, mordo o lábio.
— Dis moi poupée4.
4. Diga-me, boneca.
A palavra em seus lábios tem um som único. Assim como a
carícia que ele faz em minha boceta.
Encarando-o, presa totalmente em seu domínio, entrego-lhe as
malditas palavras.
— Je suis à vous5.
5. Sou sua.
As mãos de Sebastien agarram a minha cintura, ele se abaixa,
em seguida abro as pernas, dando-lhe passagem.
Seus lábios invadem meu clitóris.
A língua brinca com meu ponto sensível, estou em chamas, ele
chupa com rapidez, sinto o restante do corpo em brasa.
Levanto um pouco a cabeça, conseguindo ver os dedos dele
apertando minha cintura, Sebastien puxa-me em sua direção.
Solto um gemido ao sentir sua boca passeando em cada parte,
marcando seus lábios em mim.
Não enxergo controle, apenas uma onda intensa de prazer
dominando meus sentidos.
Sebastien adentra com a língua, os movimentos são rápidos.
Inclino o corpo para trás, quero loucamente gozar, consigo sentir
o clímax chegando, ofego ansiosa.
— Sebastien... — Um gemido de prazer rouco sai da minha
boca.
Chamo por ele. Fecho os olhos por um segundo.
— Quero que olhe para mim enquanto goza. — Ouço seu
comando rouco.
Ao encontrar o seu olhar, perco qualquer linha de controle.
Sebastien volta até a minha intimidade latente, colocando a
língua,ele é preciso, a falta de delicadeza que estava acostumada é
substituída por brutalidade.
A força dele chama por mim.
Respiro ofegante, o peito sobe e desce, as batidas
enlouquecidas do meu coração entregam o que eu queria tanto.
Gozo violentamente.
Encaro Sebastien e o meu líquido em seus lábios.
Um de seus dedos brinca comigo, enquanto ele passa os lábios
em minha coxa.

Recupero o fôlego em alguns segundos.


Sebastien está soltando as cordas que prendem meus braços.
— Está com a face toda vermelha — diz, pegando em meu rosto,
como se estivesse apreciando.
— Estava ofegante — rebato. — Deveria amarrar suas mãos
para evitar tocar em mim durante o ato — provoco.
Sento-me na cama, mas não por muito tempo, meu marido
segura meus dois pulsos.
— Jamais ficarei longe do seu corpo — afirma rapidamente.
A boca dele me atiça, tocando a pele sensível do pescoço.
— Você é minha, cada parte da sua pele — assegura em seu
tom frio sedutor.
Dou risada.
— Está enganado.
O toque dele em meus pulsos arde, quando suas mãos
encontram os bicos dos meus seios rígidos.
As duas mãos dele capturam ambos.
— Relute o quanto quiser, me diverte — rebate. — Vire-se, quero
ver o seu rosto enquanto me enterro em você.
A promessa carregada de malícia toma meu corpo, não demoro
a deitar na cama, deixando o lado esquerdo da minha face exposto.
Engulo em seco quando sinto o pau dele extremamente duro em
contato com a minha bunda.
Minha boceta está molhada apenas ao sentir as mãos de
Sebastien afastar minhas pernas, gemo ao sentir um puxão no meu
cabelo.
— Chame por mim, Louise, grite — manda.
Absorvo suas palavras.
Sebastien invade a minha boceta, mordo o lábio inferior,
mantendo os olhos abertos.
Ouço o barulho do entra e sai, o choque da minha boceta contra
seu pau, os movimentos dele são rápidos e fortes. Meu corpo
balança.
O maldito aumenta o ritmo com tanta força, delicio-me gemendo
enlouquecidamente, sinto-me quente.
Eu o quero com força, ainda mais.
— Sebastien.. — digo seu nome embriagada pelo prazer.
— Eu não estou ouvindo — rebate ofegante.
Ele ameaça parar, não o deixo fazer isso.
— Mais forte, mais — suplico. — Sebastien! — Aumento o tom.
Estou gozando pela segunda vez, ouço minha própria voz rouca,
o meu corpo consome o sexo oferecido pelo mafioso.
Choramingo com a violência do clímax, Sebastien continua os
movimentos, ele agarra a minha bunda, sinto a força de suas mãos.
Abro a boca totalmente ofegante.
— Supplie, gémis pour moi, ma poupée6 — exige.
6. Implore, gema por mim, minha boneca
Meus lábios estão doendo, mordo ambos em êxtase, agarro o
tecido da cama, puxo-o.
Sebastien goza chegando ao clímax, sua respiração arrepia
meus pelos.
A sensação é devastadora.
Estou mole, entregue em nossa cama.
Sentindo o calor do seu corpo forte sobre o meu.
A sua boca ofegante percorre a minha nuca até a orelha, fecho
os olhos, sou embalada por algo novo.
E o pior, estou gostando, desejando a sensação que está
predominando o meu corpo por completo. Não tenho forças para
afastar.
Escuto nossas respirações ofegantes, o calor do corpo dele se
mistura ao meu.
Recupero o fôlego, deixando uma brecha para essa mistura.
Observo Louise ir tomar banho, enquanto acabo de tomar um,
ainda sinto o cheiro dela em mim.
Tomá-la era o que eu necessitava, ter acesso ao corpo e deixar
um rastro em sua pele.
Ela é o meu equilíbrio, que precisava sentir completamente após
conseguir uma pista importante essa noite.
Vê-la rendida, querendo sentir a minha boca, presa em minhas
mãos desencadeou algo que não encontrava há muito tempo.
Deixo o quarto com uma outra coisa rondando a minha cabeça.
A irritação com esse assunto está me consumindo, por isso
precisava descarregar.

Adentro o escritório.
As luzes acendem com a minha presença, encontro a garrafa de
uísque ainda no lugar junto aos dois copos.
Termino o que eu não havia bebido em uma conversa com
Cesare.
O símbolo de gelo na marca das minhas bebidas é uma palavra-
chave, glace não é uma mera palavra.
Ensinado há gerações como um código para matar.
Sento-me na cadeira, acendo um cigarro, preciso traçar um
plano, olho a fumaça saindo pelo meu nariz e depois a boca,
lembro-me de conversas com meu falecido pai anos atrás, quando
era pequeno, ele começou a instruir eu e meu irmão muito cedo.
Desde sempre queria concluir meus objetivos, isso não precisou
ser passado, eu já sabia o que fazer.
Esvazio os pensamentos ao encarar um ponto branco pelo canto
do olho, Louise entra no escritório usando um robe com plumas
brancas.
— Parece nervoso — comenta ao se aproximar.
Ela fica diante de mim, sua mão pousa sobre a mesa.
A cor branca abraça a pele dela, vejo os olhos azuis analisando
meu rosto e feições.
— Estou armando algo.
— Novidades sobre o veneno? — pergunta ao meu lado.
Observo seu rosto.
Poupée7.
7. Boneca
Louise desconhece o poder que tem sobre mim, com poucos
dias de casados, consigo ter a certeza de que ela não possui
defeitos, desde o seu despertar e ao dormir, não sou capaz de tirar
os olhos dela.
— Desconfia de alguém? — sondo.
Ela pisca antes de responder diretamente.
— Analisando minuciosamente, não vejo explicação para alguém
próximo do meu pai tentar me matar, mas sim contra a Camille, ela
não se casou, ainda é um problema do presidente — pontua.
— A pessoa por trás conhece a minha famíliae nossas tradições
— revelo.
— Um inimigo seu — conclui. — Será que não foram os
alemães? Você comandou um ataque. — Sorri irônica.
— Precisa aprender muito ainda sobre o lugar a que pertence,
Louise.
Termino o cigarro, deixando-o no cinzeiro.
Volto a encará-la, ela terá que aprender mais cedo ou mais tarde.
— O que eu não sei? Estou falando alguma mentira? —
questiona, próxima do meu rosto.
Em um movimento onde é pega desprevenida, coloco Louise
sentada na mesa, cerco-a ficando entre suas pernas, deixando uma
mão de cada lado.
— Fui ameaçado, revidei a provocação — reitero. — Tudo o que
acontece comigo respinga agora em você. Nosso problema é que a
pessoa por trás do pedido do veneno se apresentou como glace,
que é uma palavra-chave da minha família.
— Glace? O que ela significa? — pergunta, atenta.
— Um código para matar — explico, deixando uma das minhas
mãos em sua coxa descoberta.
— Quem acha que pode estar por trás? Alguém da sua própria
família?
A curiosidade está presente em seus olhos azuis.
— Uma traição é paga com a própria alma, a conduta é clara
para todos. Acredito que o problema seja causado por um renégat
— acrescento.
— Renégat?
— Crianças nascidas em um envolvimento com um membro da
máfia, mas que são renegados por serem gerados pela traição e
sem o puro-sangue mafioso.
— Como bastardos? — pergunta.
Estou vendo minha esposa querendo participar de um assunto
pela primeira vez.
Gosto de vê-la descobrindo como funciona o mundo que agora
ela faz parte.
— Sim.
— Há um tempo ocorreu um caso com um dos amigos de papai
que faz parte do partido dele, tudo foi planejado para esconder o
escândalo — comenta, olhando em meus olhos. — O que pretende
fazer?
Seguro sua cintura com as duas mãos, enquanto a encaro.
— Caçar o renégate matá-lo, ma poupée.
Desperto sozinha na cama.
A noite de ontem ainda está fresca na minha cabeça, observo o
lado de Sebastien vazio, as lembranças das cordas me prendendo,
os nossos corpos em sincronia e as palavras roucas dele.
Fecho os olhos com força, não me arrependo de nada em
absoluto, ontem à noite percebi uma brecha que sempre escondi
durante todos esses anos.
Nunca me senti importante, o meu papel sempre foi ser a perfeita
filha do governador da França, ter uma postura, buscar amizades
com pessoas iguais a mim, pensar apenas no melhor para a família,
mas no partido de papai, quem sou eu?
Ele está por trás de tudo, ditando como todos devemos agir.
Agora sinto que tenho um lugar, faço parte de algo na máfia
Cartier, pela primeira vez papai não está aqui conduzindo como
devo agir.
Sinto-me liberta das correntes que ele mantinha sobre mim.
Faço círculos no cobertor, quando uma batida à porta interrompe
meus pensamentos, sento-me na cama lentamente.
— Sim?
— Senhora, a sua irmã veio visitá-la — avisa Florence.
Camille vindo tão cedo?
— Peça para ela esperar um pouco, Florence. Logo descerei —
digo ao levantar da cama.
Entro no banheiro, retiro o robe e as peças íntimas, tomarei um
banho rápido antes de encontrar minha irmãzinha.

Desço as escadas e encontro Camille sentada em um dos sofás


da sala principal, ao lado dela uma enorme bolsa nude.
— Finalmente — reclama.
— Estava tomando banho, estranhei sua visita tão cedo —
cumprimento-a, sentando ao lado dela.
Hoje nós duas estamos usando vestidos pretos, a diferença é
que o meu possui alças caídas, o dela é fechado.
— Aproveitei que nosso pai estava ao celular com Charlotte.
Tenho que lhe contar tudo, não tivemos tempo no hospital, aliás,
Sebastien descobriu quem foi? — pergunta.
— Alguém que conhece a famíliadele, Sebastien suspeita de um
renégat . Uma criança nascida fora do casamento e sem o puro-
sangue mafioso — explico.
— Estou surpresa de vê-la sabendo de um assunto do seu
marido. Trouxe seus euros antes que papai pegasse, vai usá-los
para fugir novamente, Louise?
Abro a bolsa e vejo meu dinheiro seguro.
— Já tentei fugir duas vezes, nas duas ocasiões não deu certo.
Não irei mais fugir dessa casa — afirmo, convicta.
— Você está mudando de ideia, irmãzinha? Tem alguma coisa
que não está contando — sonda, encarando-me.
— O pouco que já conheço da máfia, aprendi que o casamento é
uma ligação eterna, não há como mudar.
— Sinto o dedo de Sebastien presente nessa mudança do seu
comportamento. Diga-me, Louise — pressiona.
— Camille, papai controlava tudo durante todos esses anos.
Apenas podíamos falar quando ele autorizasse, éramos limitadas,
sendo controladas a vida inteira. Depois que me casei não tenho
mais o controle dele presente em mim, não estou sufocada, sinto
que sou importante agora, tenho um lugar aqui.
Camille presta atenção em minhas palavras.
— Desde que nascemos fomos vendidas como dois produtos por
nossos pais — diz com seu olhar gélido. — Ele disse ontem que
encontrou um pretendente para mim, mas que irei conhecer apenas
no dia, papai não disse quem era — revela.
— Estou preocupada com a escolha dele! Ele não está
raciocinando, esse jogo de manter a boca fechada me enoja —
esbravejo, inquieta.
— Seja quem for, estará em minhas mãos — assegura, tranquila.
Olho para minha irmã boquiaberta.
— Está calma com uma escolha, mas não sabe quem é o
escolhido para dividir a vida com você? — indago em choque.
— Sim, saberei controlar a situação. Não estou assustada com
esse pretendente, sou boa em manipular, Louise — afirma.
— Camille, você não sabe quem é, como tem tanta certeza de
que terá tudo na palma da mão? — questiono sem acreditar.
Ela sorri.
— Intuição, os homens são presas fáceis, não se esqueça de
que todos os que já me envolvi acabaram nas minhas mãos.
— Queria ter a sua calma e convicção.
— Você é um furacão, o meu oposto. Fique tranquila com essa
questão, tenho que te falar sobre papai e Charlotte, Marie o ouviu
encomendando flores para ela, enquanto Beatrice está novamente
com a família, o casamento deles não irá sobreviver por muito
tempo.
Não escondo a risada debochada que surge em meus lábios.
— É engraçado, a vida pessoal dele anda um caos. Mas papai
mantém tudo em controle, com o divórcio teremos Charlotte em
nossa família, é maravilhoso — digo ao revirar os olhos.
— Nosso pai gosta de Charlotte, uma união entre eles fortalecerá
a aproximação da família do seu marido e a nossa — lembra.
— Será um elo extremamente fortificado — conclui.
— Não estou surpresa, a máfia anda adentrando em nossa
família. Papai cegamente louco por Charlotte, Sebastien e o
casamento, vejo em seus olhos que está gostando da sua nova vida
— analisa.
Não posso negar ou afirmar nada para Camille.
Ela não entenderia como estou me sentindo.
— Estou preocupada com você — repito.
— Não tem necessidade em estar, sempre fui responsável por
manipular papai e todos com facilidade desde pequena.

Camille almoçou comigo, logo depois ela foi embora.


Não consigo entender a calma com que minha irmã lida com
assuntos e conversas, ela é a calmaria, enquanto sou um tornado.
Abro a bolsa nude com os meus amados euros, pego uma
quantia na mão, já não preciso penhorar minhas joias.
Papai está realmente cego por Charlotte, não reparou que
Camille saiu de casa levando o dinheiro que tentei usar com a
equipe de maquiagem no dia do meu casamento.
Ouço passos no quarto, apenas tenho tempo de virar o rosto e
encontrar Sebastien.
— Planejando algo, ma poupée? — pergunta ao se aproximar.
— Iria usar esse dinheiro para comprar a equipe de maquiadores
no dia do casamento e fugir, mas papai evitou — revelo, encarando-
o. — Camille trouxe o que é meu, havia deixado em casa, meu pai
tomaria se ainda encontrasse.
— Planejando algo, ma poupée? — insiste.
Uma mísera pergunta mexe comigo e todo o restante do corpo.
Mantenho a voz firme para respondê-lo.
— Tentei diversas vezes, falhei em todas. Além de que, tenho
convicção de que iria atrás de mim até no inferno — afirmo.
— Colocou finalmente em sua cabeça que não há como fugir de
mim.
— Aprendo rápido.
— Vou colocar a mala no cofre — avisa, surgindo ao meu lado.
— E quando eu precisar do dinheiro? — questiono não gostando
da ideia.
— Pedirá para mim.
Reviro os olhos.
— Não gosto de pedir nada para ninguém.
Ele vai até o fundo do closet levando a bolsa consigo, apenas
vejo Sebastien de costas colocando o conteúdo dentro do cofre.
Quando retorna seu olhar se choca com o meu.
— Tudo o que eu tenho é seu, agora escolha uma roupa para
uma reunião íntima — orienta para a minha surpresa.
— Aonde vamos?
— Meu avô vai organizar um jantar em comemoração à sua
recuperação.
Um jantar, confesso que não estava esperando por isso, duvido
que a família inteira dele não esteja presente, assim como amigos.
— Irei escolher.
— Faça isso agora — manda. — Costuma demorar horas até
estar pronta e esse jantar será importante para os meus objetivos.
— Apenas a sua família estará presente? — pergunto,
caminhando até o closet.
— Michel receberá o convite, deve levar a sua irmã, mas também
será apresentada para outras famílias.
Pego um vestido vinho e um vermelho, não consigo escolher
qual dos dois fica melhor em mim.
Levanto o olhar e vejo meu marido com sua atenção voltada a
mim
— O vinho.
Sebastien se retira do quarto, volto a encarar as duas peças
bastante indecisa.
Procuro uma diferença entre ambos, o vermelho é mais simples,
o vinho tem uma fenda, além do decote em V que valoriza os meus
seios.
Resolvo experimentar a peça escolhida por meu marido, o
vestido fica incrível, chamativo na medida certa.
Consigo ver além, Sebastien tem mais acesso ao meu corpo,
imagino suas mãos adentrando a fenda ou passeando entre o vale
dos meus seios.
O pensamento quente é destruído quando lembro do
anticoncepcional passado pela minha ginecologista, esqueci-me de
tomar.
— Senhora? — diz Florence ao parar no corredor. — Precisa de
algo?
— Pode entrar, quero sua ajuda em uma coisa.
Ela adentra o quarto ficando apostos.
Tomo o comprimido rapidamente.
— Prepare o meu banho, por favor — peço.
— Sim, senhora. O vestido está muito lindo, irá usá-lo hoje? —
pergunta com um sorriso simpático.
— Sim, durante o jantar. Sabe se Elisa estará lá? — sondo.
Gosto de conversar com ela, além de que, Elisa pode explicar e
apresentar o que ainda não sei.
— Não sei, mas acho que ela estará acompanhando o senhor
Bernard, as esposas são sempre levadas em eventos. Mas tenho
certeza de que a atenção de todos estará em você e no meu patrão
— assegura, olhando-me.
— Por quê?
— Ele sempre roubou olhares desde pequeno e consigo
perceber a mesma semelhança na senhora.
Andamos pelo corredor da casa do meu avô, acabo me
lembrando da época em que o visitava na companhia do meu pai.
Sempre andei na frente e logo atrás de Bernard.
Nosso pai estava à minha frente, seguimos essa ordem, porque
é assim que seria a hierarquia da família Cartier.
Hoje, estou trazendo Louise para conhecer essa casa e os
demais membros de outras famílias, usarei essa ocasião para
descobrir o passado de meu pai.
Se ele gerou um renégat.
Olho para Louise ao meu lado, o vestido vinho que queria ver em
seu corpo não esconde o que é meu.
Capturo a atenção da maioria dos presentes na sala principal,
encarando-a mais tempo do que deviam.
O vestido não é simples, essa palavra não combina com a minha
esposa.
Encaro os diversos convidados, fazendo com que tirem os olhos
dela rapidamente, Bernard observa a cena antes de se aproximar.
Meu irmão caminha até nos, encarando-me, consigo identificar a
pergunta em seus olhos.
Eu não quero que a observem demais.
— Louise, teve uma rápida recuperação, não há mais nenhum
traço daquela ameaça — diz Bernard ao cumprimentá-la.
— Obrigada, Bernard, é bom não estar em um hospital.
— Me acompanhem, precisa conhecer alguns dos nossos outros
membros.
Olho para a frente e vejo Elisa, Charlotte e os demais esperando
para ver a minha esposa.
Louise atrai olhares sem nenhum esforço.
— Boa noite — cumprimento.
Rapidamente é devolvida a saudação. Minha esposa
cumprimenta todos.
Observo os movimentos dela, já consigo ver que Louise não está
mais reclusa em cumprimentar e se aproximar dos nossos.

— Elisa — digo ao abraçá-la.


— Você está incrível,sua recuperação foi rápida, estamos felizes
por isso — afirma com entusiasmo.
— Deve ter cautela com tudo ao seu redor, Louise — comenta
Charlotte, ao se aproximar. — Precisa ser esperta.
Acho que ela se esquece de que o veneno chegou até a minha
casa, junto aos presentes de casamento.
— Estou atenta, acredite que depois do que ocorreu meus olhos
estão bem abertos — declaro, séria.
Ela me abraça.
— Estava preocupada com você, a família inteira, Sebastien
ficou furioso e está caçando o culpado, Louise, você é mais forte do
que pensa.
Não retribuo o abraço, Charlotte se afasta, quando penso que ela
vai voltar a falar alguma coisa, os olhos dela são direcionados para
outra pessoa.
Viro-me para trás e vejo papai na companhia da minha irmã,
entrando na casa do avô de Sebastien.
— Michel chegou, tenho assuntos com o seu pai — avisa antes
de sair.
Olho para Elisa.
— Como está seu casamento? — pergunta Elisa, apontando um
lugar no sofá, sento-me ao seu lado. — Quando o vi no hospital
fiquei surpresa pela forma que ele estava, ansiando que você
ficasse bem, sem falar a pressão dele nos membros para passar o
recado se algo acontecesse com você, iriam pagar — revela para a
minha surpresa.
— Segui o seu conselho, Elisa. Não vejo como fugir disso, parei
de correr, buscar artimanhas para escapar.
— Recuar de vez em quando é necessário. Mas está se sentindo
melhor? Parece mais calma do que a última vez — analisa.
— Sim, estou descobrindo coisas que jamais pensei que
encontraria — explico. — Ver Sebastien preocupado comigo, o
cuidado dele, acabamos ficando próximos.
Ela sorri.
— Isso é maravilhoso, Louise. Criar o laço com o nosso marido é
a parte mais importante, sabia que se tentasse um pouco iria
esquecer os pensamentos ruins e a vontade de fugir.
— Quando ficou com Bernard pela primeira vez, gostou de uma
nova sensação? — pergunto com cautela.
Não irei expor minha vida íntima, mas Elisa me passa confiança,
ela conhece mais o casamento do que posso imaginar.
Os olhos dela brilham quando pergunto sobre o momento dela e
meu cunhado.
— Confesso que estava morrendo de medo do ato, mas Bernard
foi cuidadoso comigo, ele queria que eu sentisse o desejo dizendo
ao meu corpo para se entregar. A sensação que nasceu entre nós
nunca foi embora, está presente em nosso casamento, eu o amo,
Louise — declara.
— Seus olhos demonstram isso — digo com um sorriso.
Nossa conversa é interrompida por meu marido, ele cumprimenta
Elisa.
— Hugo está esperando para vê-la — avisa, encarando-me.
Levanto-me andando ao seu lado, quando em nosso caminho
surge uma mulher de cabelos ruivos.
— Sebastien — diz com a voz rouca.
A mão dela pousa sobre o ombro dele. Não consigo tirar os olhos
da cena que está me irritando.
Meu marido a encara, ela retira a mão, mas o sorriso sedutor
está presente em seus lábios.
— Não lembro dela em nosso casamento — comento, ela agora
olha para mim.
Sem disfarçar o desgosto em ver que Sebastien está
acompanhado.
— Megan é prima da minha ex-esposa — explica.
— Louise, ouvi falar de você. Vejo que a sua recuperação foi
rápida, muito prazer em conhecê-la pessoalmente — afirma com um
sorriso que não me compra.
— Digo o mesmo, Megan — minhas palavras são frias.
Sebastien e eu saímos, deixando-a sozinha, Hugo está ao lado
do meu pai, o sorriso do senhor é radiante ao me ver.
— Louise, um Cartier tem uma força desconhecida, vejo que isso
já está em você.
Sorrio.
Ele pega em minha mão.
— Obrigada pelo jantar, Hugo — agradeço-o.
— Filha — papai diz ao se aproximar. — Toda a família estava
preocupada, ma princesse.
Meu pai me abraça rapidamente.
— Estou ótima, papai — asseguro, olho para Sebastien. — Onde
fica o banheiro? Preciso retocar a maquiagem.
— Na segunda porta do corredor, não demore.
Assinto, antes de me retirar do local.

Entro no banheiro olhando se não há mais ninguém, tranco a


porta, evitando uma entrada surpresa. Preciso de privacidade.
Não estou conseguindo entender a raiva que está tomando conta
de mim com a cena de Megan e Sebastien.
É estranho vê-lo na companhia de uma outra mulher que não
seja eu.
Estou confusa, a situação não demorou mais do que alguns
minutos, mas para mim parece ter sido uma eternidade.
— Argh! — esbravejo.
Respiro fundo.
Tenho que voltar, preciso esquecer essa raiva toda, o jantar
ainda nem começou.
Olho minha maquiagem rapidamente, abro a porta logo em
seguida.
Camille está esperando por mim no corredor.
— Está irritada e nervosa. O que aconteceu? — sonda.
— Não estou irritada — nego.
Ela ri.
— Péssima mentirosa, irmãzinha. Se quiser mentir para o seu
marido ou para qualquer pessoa deve aprender primeiro —
aconselha.
— Estava me esperando por quê? — pergunto, mudando o
assunto.
— Demorou cinco minutos, pensei que precisava de algo.
Sim, revelar a minha irritação no banheiro longe de olhos
curiosos.
Sebastien está ao lado do avô e Bernard, certamente devem
estar falando sobre o renégat.
— Fique com Elisa — peço rapidamente.
Volto a me juntar aos homens Cartier, no momento em que
Sebastien está mencionando o pai.
— Diga, Sebastien, vejo que está prestes a me dizer algo —
pede o avô atento em seu neto.
— É sobre o meu pai, preciso saber se ele teve um envolvimento
antes do casamento — interroga.
— Sabemos que não gosta de relembrar a morte do nosso pai,
vovô — diz Bernard com cautela.
O sorriso de Hugo Cartier desaparece.
— Querem estragar o jantar com perguntas sobre o pai de
vocês? — reclama.
— Preciso saber — rebate Sebastien. — Seu filho pode ter
gerado um renégat .
Os olhos do senhor se arregalam.
— Onde tirou essa ideia?
— Vovô, tenha calma, Sebastien e eu temos uma suspeita.
— Qual motivo para acusarem sem provas? — questiona,
arqueando uma sobrancelha.
Observo o embate dos três.
Hugo defende seriamente o filho, parece ter criado uma bolha
onde ninguém pode estourar, perguntando coisas que ele não quer
dizer.
— Glace — responde Sebastien com um tom perigoso. — O
comprador de veneno se apresentou assim.
Hugo fica pálido.
— Isso é impossível, uma brincadeira — nega.
— Não é, precisamos ter conhecimento do passado de nosso pai
— reforça Bernard.
— Não tenho conhecimento disso, agora o jantar deve ser
iniciado — responde ao ficar de pé.
Ele se retira sem olhar para trás.
— Está mentindo — assegura Sebastien.
— Vovô jamais superou a morte do nosso pai, Sebastien, senti
que ele está mentindo também, mas precisamos ter cautela —
orienta meu cunhado.
— Irei encontrar esse renégat , Hugo pode não admitir, mas o
único culpado é o nosso pai — palavras frias e perigosas deixam a
boca do meu marido.
Bernard não o contraria.
Poderia interromper o assunto.
Mesmo ainda irritada com aquela situação me mantenho quieta,
não posso estragar mais um encontro com a família dele como o da
última vez.
A mão de Sebastien captura a minha perna.
— Deixarei Hugo ter um tempo para pensar melhor, depois do
jantar iremos embora — comunica ao ficar em pé.
Também desejo ir embora o mais rápido possível.
Ando ao lado de Sebastien e Bernard, no caminho até a sala
gigantesca de jantar tenho uma surpresa que está exposta a todos
os convidados.
Papai sentado ao lado de Charlotte, dando um beijo demorado
no dorso da mão dela, ambos trocam olhares quentes. Ele não se
importa em disfarçar mais.
Acho que a maioria dos presentes gosta de escancarar tudo.
Olho de canto de olho para Sebastien, enquanto ele dirige o
carro na volta para casa, meus olhos voltam a olhar as luzes da
cidade da luz.
Meu marido está ao celular, a desconfiança dele redobrou sobre
o avô saber mais do passado do falecido pai.
Estou me segurando para não atrapalhar sua ligação, tenho
muitas perguntas sobre o motivo pelo qual a prima da ex-mulher
dele não esteve em nosso casamento.
Simplesmente a imagem da mão dela no ombro dele está intacta
na minha cabeça! Praguejo mentalmente para a minha total perda
de controle, estou mudando ultimamente, mas não tenho controle
sobre essas mudanças bruscas.
— Encontre o meu tio, quero-o em Paris amanhã! — reitera em
seu tom gélido.
Ele finaliza a ligação assim que avisto os portões da nossa
mansão, seus sombras o cumprimentam em referência do lado de
fora.
O carro adentra a fortaleza, Sebastien e eu saímos do veículo,
um sombra fica responsável por guardar o veículo na garagem.
Subo as escadas rapidamente, empurro a porta principal,
Sebastien está logo atrás de mim no corredor.
Não espero por ele, faço o trajeto até o quarto, chegando lá,
arranco os saltos jogando ambos longe, adoro descontar minha
raiva em objetos.
— O que significa isso? — questiona meu marido ao ver os
saltos jogados em um canto.
— Saltos jogados, não está vendo? — rebato indo até o
banheiro.
Preciso tirar essa maquiagem, pego o removedor e o algodão,
Sebastien entra no banheiro, ele está me perseguindo, provocando.
— Está corada, algo a incomodou para deixar o rosto todo
vermelho? — pergunta, tirando a calça social preta.
— Quero tomar banho, saia do banheiro — mando.
Não consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo, a minha
vontade é jogar o produto que está na minha mão na cara dele!
Estou de costas para Sebastien, quando ele se aproxima já sem
a calça, encaro o nosso reflexo no espelho.
— Seus olhos e a sua boca não querem dizer isso.
Odeio concordar com Camille!
Sou uma péssima mentirosa, não tenho controle sobre as minhas
reações!
— A prima da sua ex-mulher, por que ela não foi ao nosso
casamento? — questiono.
— O que isso interessa?
— Ela parece íntima demais, a mão no seu ombro! — exponho
minha raiva.
Sebastien cola nossos corpos, ele está nu da cintura para baixo,
sinto seu membro duro contra a minha bunda.
Deixo o produto ainda fechado cair dentro da pia.
— Megan não foi escolhida para ser minha esposa, mas a prima
dela.
— E com a morte da falecida pensou que seria a sua segunda
opção! — conclui.
Sebastien afasta o meu cabelo, deixando a boca na minha
orelha.
— Então, escolhi você e a trouxe para mim — lembra, arrepiando
meus pelos. — Você é minha, desde o pé até o último fio de cabelo,
ma poupée.
O meu corpo gosta da declaração, ela o atiça.
Viro-me encontrando seus olhos.
Sebastien usa as duas mãos para rasgar o vestido que ele
próprio havia escolhido mais cedo.
Meu marido me tira do chão, enlaço as pernas em volta da
cintura dele, sou colocada no mármore da pia.
Arranco a camisa social, deixando minhas mãos em suas costas,
Sebastien rasga a minha calcinha, sinto minha intimidade latente e
úmida.
— Donne toutton corps, ma poupée8 — exige, pegando em
meus seios, tão duros, ansiando pelo toque dele.
8. Dê todo o seu corpo, minha boneca
Sebastien abocanha um, arqueio o corpo um pouco para trás,
dando mais acesso para ele.
9
— Il est à toi— respondo em um gemido rouco.
9. É seu.
A língua brinca com o bico rígido, os olhos dele estão em mim, a
outra mão aperta com força o outro seio.
Ofego.
— São meus — diz contra a pele do meu seio, a boca dele
passeia pelo local inteiro. — Quero que não grite essa noite, ma
poupée, enquanto enterro o meu pau na sua boceta, marcando sua
bunda.
A promessa obscura dele é absorvida deliciosamente por mim.
Minha mão deixa as costas e desce ao encontro do seu pau,
acaricio, sem quebrar o contato visual com Sebastien.
Aperto o membro duro, arranco gemidos dele.
Passo a mão em um vai e vem, cadenciado.
— Coloque-o em você, agora — manda, as mãos segurando a
minha cintura.
Abro mais as pernas, trago o seu membro lentamente até a
minha entrada, os seus olhos me devoram, hipnotizam enquanto
solto um gemido ao senti-lo em contato com a minha intimidade.
Sebastien toma o controle sem aguentar a tortura, ele invade a
minha boceta por completo, os movimentos começam, as duas
mãos dele trazem o meu corpo ainda mais para ele.
Meu marido começa a estocar com força, mordo os lábios ao
sentir as palmadas nas minhas nádegas.
Resmungo em êxtase.
Minhas unhas marcam as costas dele sem dó, ele aprofunda o
vai e vem com mais força, ouço o barulho gostoso dele saindo e
entrando, meu peito sobe e desce, aperto as pernas em volta da
cintura dele.
Estou extremamente molhada, não consigo esperar mais para
gozar, suspiro e gemo, sabendo que está vindo.
Ele me toma com força, entregando as sensações jamais
sentidas por alguém, fecho os olhos por um segundo apenas, sinto
a deliciosa onda de prazer cobrindo o meu corpo.
— Ahh... — solto um suspiro rouco.
Gozo ainda com ele entrando e saindo.
— Porra! — geme Sebastien ao sentir o líquidoquente cair sobre
o seu membro. — Goza, ma poupée, olhe para mim.
Meu corpo amolece, respiro ofegante, encaro-o, persistindo para
me perder em seus olhos azuis, frios, eles me marcam.
— Sebastien — chamo-o.
Mordo os lábios com força.
Sebastien me tira da bancada da pia, sem parar o vai e vem,
vejo-o caminhando comigo para fora do banheiro.
Minhas costas encontram a cama, abro mais as pernas para ele,
Sebastien segura as duas, estocando, ele geme e ofega.
— Me aperta, engole, porra! — seus comandos são roucos.
Gemo ao senti-lo chegar ao clímax.
Sebastien diminui o ritmo ao gozar dentro de mim, estamos
ofegantes, a respiração irregular.
Alguns minutos depois, ele desliza intimidade afora.
Sebastien se aproxima, ele deita e me puxa ao encontro do
corpo dele.
Sinto que está faltando apenas uma coisa, os seus lábios contra
os meus.
Ele toma a minha boca devagar, retribuo ao seu beijo totalmente
entregue.
Sebastien enfia a língua na minha boca, agarro seus ombros,
enquanto entrego os meus lábios para ele.
A atenção dele precisa ser apenas para mim.
Encontrei em Sebastien algo que eu tinha convicção de que não
encontraria jamais, um refúgio, nos braços do chefe da máfia.

Enrolo a toalha na cintura, deixo o banheiro após um banho


rápido, o celular em minha mão vibra notificando uma ligação.
É o meu rastreador.
— Chefe, o encontreiem Rennes, ele já está ciente de sua
ordem.
— Avise para ele estar na empresa amanhã às 08h — oriento.
— Entregarei o recado .
Finalizo a ligação.
O irmão mais novo de meu pai nunca se acostumou com regras,
está acostumado a vadiar pela França usando o dinheiro que o meu
avô entrega.
Mas ele será útil em abrir a boca para contar o que Hugo anda
escondendo, tenho pressa em encontrar esse renégat o quanto
antes.
— Glace — repito a palavra-chave.

Bernard se junta a mim para uma lição importante que papai


avisou durante a semana inteira.
Vejo-o curioso e nervoso sobre o assunto, enquanto espero a
chegada de nosso pai.
— O que acha que pode ser, Sebastien? — pergunta, inquieto.
— Como não errar um tiro, coisa que você deve tentar.
— Você se acha bom em tudo, deve escutar mais o nosso pai,
não fazer tudo sozinho — aconselha.
Ignoro-o.
Gosto de dar comandos e não ouvi-los.
— O que os meus garotos estão discutindo?
Papai se aproxima olhando nossas expressões, ele costuma ter
facilidade em saber o que estamos tramando.
— Qual é a lição, pai? — pergunta Bernard. — Não consigo
adivinhar.
— Olhem o céu — orienta.
Um vento gelado faz algumas folhas voarem pela grama.
Observo o céu, grandes nuvens escuras estão espelhadas, nada
além disso.
— Chuva? — meu irmão tenta adivinhar.
Olho novamente para o céu, quando sinto algo gelado cair em
minha testa, está começando a nevar.
Abro a mão, deixando-a aberta para sentir.
— Glace — responde papai.
— O que significa? — pergunto, arqueando uma sobrancelha.
— Uma palavra-chave, nossa família controla o lado sul da
França há gerações, Paris é a nossa torre principal, e glace não é
apenas gelo — explica, alternando o olhar entre mim e meu irmão.
— Nossos antepassados enfrentaram guerras com inimigos para
manter o poder conosco, uma delas foi em uma noite coberta pela
neve, o gelo gravou o sangue Cartier.
— É a nossa palavra principal — comenta Bernard com um
sorriso. — Gosto dela.
— Glace, a palavra que significa matar — instrui papai. —
Repitam a palavra-chave, a usem quando matarem, principalmente
os inimigos.
— Glace — repetimos em uníssono.
— Levem a palavra para seus filhos, vocês serão o chefe e
subchefe da Cartier, passarão o nosso poder adiante, a nossa
família sempre será servida — reitera.
Encaro seus olhos azuis como os meus.
— Eu o farei — afirmo.
— Quero você em meu lugar, Sebastien, quando chegar a hora.

Essa palavra era apenas da família.


Afasto a vaga lembrança indo até o closet, não demoro a me
vestir e caminhar até a minha cama, em seguida encontro Louise
dormindo profundamente.
Ela iria tomar banho depois, mas acabou sendo vencida pelo
sono.
Encaro sua face, as expressões calmas, apenas quando ela está
dormindo é possível vê-las, observo-a meticulosamente, a
respiração tranquila.
Dividir a cama com ela é diferente, novo para mim, gosto de ter o
corpo dela, senti-lo próximo ao meu. Louise se vira para o outro lado
deixando um pouco da bunda à mostra, assim como suas costas e o
cabelo escuro.
Ela tem o costume de se mexer bastante durante a noite, outras
vezes está em meus braços.
Ontem acordei com ela assim.
Apago as luzes, indo me deitar ao seu lado, cubro melhor nos
dois, antes de fechar os olhos a encaro mais uma vez.
Passo os dedos pela espuma da banheira, resolvi tomar um
banho com sais logo pela manhã.
Acordei mais uma vez sozinha na cama, Sebastien já havia
saído, certamente encontrou o tio que ele estava procurando.
Durante a noite e até agora sinto algo me incomodando, quero
entender o meu ataque de raiva durante o jantar na casa de Hugo
Cartier. Megan não é alguém importante, Sebastien deixou claro
para mim que ela apenas queria ser a segunda opção de esposa
dele.
Mas não é somente isso, nunca fiquei com homens por mais de
uma semana, estava acostumada com encontros casuais, sem
qualquer envolvimento sentimental.
Havia o sexo e depois cada um seguia seu próprio caminho,
sempre saí com empresários ou filhos de políticos, homens
ocupados, mas que assim como eu, queriam horas de prazer para
relaxar.
Nunca fui para a cama com um mafioso ou um homem frio como
Sebastien, como estava acostumada com casos, estar casada é
diferente, tudo muito novo.
Não recebia a atenção que Sebastien oferece apenas para mim,
Cain foi o único homem que saí mais vezes, tínhamos gostos
parecidos, mas nada tão profundo.
Encaro a água da banheira, faço círculos enquanto os
pensamentos me consomem, penetrando na minha cabeça, não me
deixando esquecer coisas novas que estão aparecendo agora.
Lembro-me de quando cheguei aqui pela primeira vez, fugindo
para a espécie de floresta localizada perto da mansão, onde caí e
bati a testa.
Meu marido cuidou do sangramento no local.
Pensava que ele iria marcar a minha face com a mão.
Sebastien cuida mais de mim do que meu próprio pai, durante
todos esses anos Camille e eu estávamos acostumadas apenas
com Marie.
Sento-me rapidamente na banheira, um certo pensamento me
paralisa por completo, tento ficar calma.
Nunca senti nada além de raiva, prazer e dor.
Jamais cheguei a amar.
— Amor? — pergunto para mim mesma. Nego várias vezes.
Saio da banheira, deixando um rastro de água pelo chão até
pegar a toalha.
Evito pensar em respostas, saio e sigo até o closet, observo
meus olhos no grande espelho, não estou reconhecendo essas
mudanças e dúvidas que estão me rondando e me cercando.
Preciso sair um pouco.
Pego o celular e envio mensagem para Camille e Elisa, marco de
irmos almoçar no clube do vovô.
Mas preciso avisar Sebastien, esses idiotas dos sombras não
vão deixar sem a autorização.
Ligo para ele, demora um pouco, mas imediatamente ouço sua
voz.
— Ma poupée.
Nunca gostei de ser uma boneca pela boca do meu pai, essa
palavra significa ser perfeita, não errar, a perfeição extrema.
Na boca do meu marido ela soa diferente, gosto quando ele me
chama assim.
— Sebastien, está muito ocupado?
— Tenho um assunto, mas quero que fale o que quer — exige.
— Marquei de sair com Elisa e Camille no clube do meu avô.
— Os sombras irão acompanhá-la, a quero em casa antes do
jantar— orienta.
Fico surpresa pela autorização, ele não questiona minha saída.
— Estarei, até mais tarde — digo, terminando a ligação.
Encaro a tela do celular por alguns segundos, depois acabo indo
procurar uma roupa para o dia de hoje.

Guardo o celular e encontro um olhar curioso de César,


interrompi nossa conversa quando Louise ligou.
— É a sua nova esposa? — pergunta. — A filha do atual
presidente, uma escolha fora da máfia, sobrinho.
— Use a sua boca para responder às minhas perguntas — aviso.
— Sebastien, irei falar tudo o que eu sei, mas antes deixe o seu
tio dizer que está extremamente parecido com o seu pai. É incrível
como se tornou um líder importante e perigoso, a França o teme,
diferente de seu tio.
Ignoro sua bajulação que ele não pensa em esconder, rebaixei-o,
ele anda sem a importância de um Cartier, não tem cargo, apenas
sobrevive pelo desejo do meu avô.
— O meu pai teve um renégat ?
— Perguntou ao meu pai? E ele não respondeu? Hugo protege
Bastien até depois da morte — suas palavras ganham um peso de
dor e raiva.
César era a sombra do meu pai, mesmo com a morte dele, em
uma troca de tiros com o antigo chefe da máfia alemã, onde ambos
morreram, o segundo filho de meu avô jamais conseguiu alcançar a
atenção de todos da máfia, ou seja, o lugar de chefe.
Está apagado desde então.
Encaro-o esperando a resposta.
— Seu pai conheceu uma dançarina de pole dance na nossa
boate em Rennes anos atrás. Ela era gostosa, dançava e levava os
olhares de todos os homens, mas jamais se envolveu com ninguém,
recusava presentes e grandes quantias de dinheiro, até que ela
conheceu Bastien — revela.
— Uma dançarina? — questiono, arqueando uma sobrancelha.
Ele sujou o nosso sangue com uma vadia qualquer.
— Bastien sujou o puro-sangue Cartier ao engravidar a bela
mulher, isso quando ele já estava sendo escolhido para casar com
sua mãe — conta ao se aproximar. — Meu pai ajudou meu irmão a
encobrir o que havia acontecido, a dançarina e a criança não
poderiam chegar aos ouvidos de ninguém, por anos foi mantido
assim.
— Por que ele não deu um fim nos dois? — questiono.
— Não teve coragem, Bastien chegou a gostar dela.
— Ele manchou o nosso sangue — acrescento.
E como eu suspeitava, vovô sabia do que estava falando
claramente quando o questionei, todos esses anos essa sujeira
estava debaixo do tapete.
— Meu pai os escondia em Rennes, enquanto mantinha um
casamento com minha mãe — conclui.
Ele assente.
— Um bastardo jamais poderia ser alguém em nosso mundo, seu
meio-irmão se tornou um renégat , após o seu nascimento, onde
Bastien decidiu largar a dançarina e o filho deles para criar você
como o sucessor, Sebastien — explica por fim. — E agora o renégat
está tentando aparecer?
— Ele está por trás do envenenamento da minha esposa e
aposto que muitas coisas mais. Quero o sobrenome da vagabunda,
tudo sobre a localização antiga deles em Rennes — reitero em um
tom mortal.
Irei eliminar a sujeira em minha máfia, uma que meu pai deveria
ter limpado antes de morrer.
— Deve saber que ele pode ter se tornado qualquer tipo de
pessoa, talvez apenas queira a sua atenção para tentar reclamar um
lugar como chefe, mas sabemos que...
— Cale a sua boca — mando.
A porta da sala é aberta por Bernard.
— César, resolveu falar o que nos deve? — sonda, encarando-o.
— Bernard, acabo de contar a história que foi omitida de vocês
— conta com um sorriso divertido.
— Irmão, avise o nosso rastreador para revirar Rennes ainda
hoje.
— Eliminem o renégat , limpem a nossa famíliada sujeira — pede
César.
— Ele pagará o preço — assegura meu irmão.
Glace.
Em algum lugar de Paris.
A sombra atrás dele, largado para que ele fosse criado,
abandonado quando tinha cinco anos pelo meu próprio pai.
O dinheiro dos Cartier chegava até minha mim e minha mãe,
mas não queria migalhas, esse dinheiro não me interessava.
Observo a foto do meu irmão, desde criança seu olhar carrega
prepotência, Sebastien tem os cabelos loiro-escuros do nosso pai,
enquanto apenas tenho os olhos azuis iguais aos dele.
Passo a mão pelas fotos antigas e novas espalhadas na mesa,
não há nada que roube a minha atenção.
Gosto de ver o quanto nosso pai o idolatrava, sempre por perto,
dando atenção, ensinando-o a matar, atirar e a ser a voz da máfia.
Enquanto tenho apenas o controle de uma empresa de
mercenários e algumas almas insignificantes que caem em nossas
mãos.
Fui criado por um novo interesse de minha mãe, meu falecido
padrasto trabalhava sozinho, sendo contratado para matar pessoas.
Aprendi tudo o que sei com o meu padrasto, fui incentivado a não
desistir do lugar que é meu por direito, ele não é o primogênito, não
deve comandar a máfia.
Mas sim eu, o mais velho, o primeiro filho de Bastien Cartier.
Pego a fotografia de Sebastien ao lado da filha do atual
presidente, ela deveria estar morta com aquele veneno especial,
seus ossos deveriam estar debaixo da terra, assim como a primeira
esposa dele, sabotei o jatinho e a matei, rápido e preciso, como
sempre executo meus trabalhos.
Uma batida à porta interrompe meus pensamentos, coloco a mão
na minha arma pronto para atirar na inútil secretária por atrapalhar
as ideias e pensamentos entrando em ordem na minha cabeça.
— Entre — mando.
Aponto a arma, mas não é ela quem entra.
— Vai atirar em seu irmão? — Meu meio-irmão, instrumento para
ser meus olhos e ouvidos, caminha até a mim.
— O tiro seria na secretária, estava concentrado em algo quando
interrompeu. Espero que tenha novidades importantes para mim,
irmão — cobro.
Meu instrumento foi criado para seguir minhas ordens, a sua
devoção e lealdade é significativa, mas não sou apenas um
mercenário.
Serei o verdadeiro chefe da máfia francesa.
— César está em Paris, ele veio até a empresa de Sebastien —
revela.
— Então o meu querido tio abriu a boca sobre a minha existência
para Sebastien? Será que ele contou a história toda? — questiono,
com diversão. — Imagino a irritação do maldito ao tentar encontrar
alguém do seu próprio sangue, sem ele jamais ter visto a minha face
ou saber o meu nome.
— A sua existência foi exposta certamente, caçar você é o
próximo passo para o chefe da máfia parisiense, irmão — confirma.
— Quero vê-lo caçar por todos os buracos de Paris, procurando
quem se apresenta como glace, uma palavra que faz parte do meu
vocabulário, já que sou um Cartier prestes a reivindicar meu trono.
Meu irmão deve estar com ira em seus olhos, rondando Paris e
todo o lado sul da França.
— Continue sendo os meus olhos e ouvidos, esteja por perto
para conseguir informações valiosas, não deixe que nada interfira
nisso — exijo. — Muito menos a vagabunda da sua esposa.
— Ela é apenas a boneca de corda que anda com a minha ajuda,
irmão — assegura com a voz carregada de diversão.
— Volte ao seu lugar.
Ele sai da minha sala, fechando a porta, volto a olhar as fotos
dispostas em minha mesa.
Sebastien Cartier, esse nome será enterrado junto aos pedaços
do corpo do meu irmão.
Um dos funcionários mais antigos do clube me recepciona na
entrada, sou guiada até a área da piscina.
Escolho uma mesa que foi reservada com a melhor vista, coloco
minha bolsa no colo, atenta ao celular caso toque.
Cumprimento alguns dos amigos da família, vejo em seus olhos
a curiosidade para saber mais do meu casamento.
Minha vida com Sebastien é mais íntima, diferente da exposição
que era o dia a dia com o papai.
— Odeio a bajulação extrema — reclama Camille ao se
aproximar.
Minha irmã não parece ter acordado de bom humor hoje.
— Acordou cedo? — questiono.
— Papai invadiu o meu quarto, ele marcou horário com Marcela
para um vestido exclusivo para um dos eventos dele — revela ao
sentar.
— Pelo menos me livrei disso, mamãe não apareceu para
opinar? Ela parece que quer ganhar pontos com nosso pai a todo
custo — sondo.
Tudo isso para ajudar Fabrice a permanecer com o sonho da
política.
— Ela estava lá, eu não quero a opinião dela, não preciso de
ajuda quando já sou uma mulher capaz de decidir o que vestir
sozinha — afirma em um tom frio.
Camille e minha mãe nunca se deram bem.
— Bom dia, meninas — cumprimenta Elisa com entusiasmo.
— Ótimo que conseguiu vir, Elisa — digo cumprimentando-a.
— Meu pai estava fazendo uma visita, ele queria ver o neto,
Alexandre costuma querer ficar mais assistindo vídeosno tablet do
que conversar com o avô — explica rindo.
— Ele é um fofo, traga-o em um próximo encontro — peço.
— Farei isso, o clube do avô de vocês é maravilhoso, um local
ideal para o lazer — comenta, olhando ao redor.
— Gostamos de estar aqui, o único problema é ver os amigos de
papai — explica Camille. — Quando sai do carro alguns vieram
perguntar sobre o casamento com Beatrice, passei sem responder.
Dou risada.
— No jantar do Hugo, ficou transparente a aproximação de
Michel com Charlotte. O pai de vocês comentou com Bernard que
vai se separar da atual esposa o mais rápido possível — revela.
Camille e eu trocamos olhares.
— Papai gosta de esconder coisas das próprias filhas, Elisa. A
família era contra a união dele com Beatrice e, mesmo assim, ele a
escolheu. A nossa mãe escolheu o segundo marido, mas está perto
para ganhar pontos, já que Fabrice está no partido de papai —
explico, encarando-a.
— Conhece Charlotte há um tempo, o que pode dizer sobre ela?
Apenas consigo enxergar o desejo dela pelo meu pai, além de se
sentir superior a tudo — questiona Camille.
— O marido de Charlotte, falecido tio de Bernard e Sebastien
instigava a estar sempre por perto, saber tudo sobre a família,
quando a conheci simplesmente queria chorar com ela me
assustando sobre a noite de núpcias, na máfia as esposas devem
se casar virgens. Ela aconselhou a não recusar Bernard e estar
relaxada, para não ter uma hemorragia — conta aos risos.
Gargalhamos juntas.
— Se Louise e eu fôssemos da máfia estaríamos sendo
recusadas, gostamos de encontros casuais — diz Camille.
— Saíam com quem queriam? E o pai de vocês? — pergunta,
curiosa.
— Tudo devia ser discreto, nunca saiu nada na mídia sobre a
nossa vida pessoal, ele não queria exposição sobre isso para não
afetar a perfeição — explico. — Homens bonitos que queriam se
divertir assim como nós, sem holofotes e sentimentos.
— Gostava disso — admite minha irmã. — Mas papai anunciou
recentemente que estou prometida, terminando com isso.
— Eu não conseguiria sair com um homem e ter alguns
momentos de prazer, depois ir para casa e ele também. Fui criada
para ser esposa de um único homem, um ensinamento rigoroso
onde papai limitava tudo, proibindo passeios com amigas, apenas
podia ir para a escola — conta Elisa com um olhar distante.
— Sua vida poderia ter sido muito diferente, não consegue
imaginar? — sonda minha irmã.
— Não, o casamento é a sua vida com o outro, a construção da
família e o elo com o marido, Bernard e Alexandre são tudo o que
eu tenho, não trocaria nada do que tenho — diz com os olhos
brilhantes.
Presto atenção em suas palavras, ela afirma com convicção de
que jamais trocaria a sua vida apesar do que aconteceu com ela.
— Você o ama — conclui Camille. — Isso acaba interferindo em
suas escolhas.
— O amo, sou apaixonada por ele, e queria aproveitar esse
momento para compartilhar uma novidade, estou grávida
novamente! — revela Elisa deixando a mão em sua barriga.
— Parabéns, Elisa — parabeniza minha irmã.
Estou surpresa, olho para Elisa, ela sorri radiante.
— Estou com dois meses.
Levanto-me para abraçá-la.
— Fico muito feliz por você, imagino a felicidade de Bernard e
Alexandre.
— Foi uma surpresa para todos, Hugo está muito feliz —
comenta, acariciando o ventre. — Bernard contará para Sebastien
na empresa, e eu vim pessoalmente para compartilhar com vocês.
Louise, não vejo a hora de ouvir a notícia de que será você a
grávida, quero nossas crianças brincando juntas — declara,
entusiasmada.
Engulo em seco.
Ainda não havia pensado em filhos ou em engravidar.
A ideia me assusta, não consigo me imaginar sendo mãe.
— Louise, está pálida. Está se sentindo bem? — Elisa pergunta,
preocupada.
— Não comi nada antes de vir — minto forçando um sorriso.
— Vou pedir algo para você comer, é perigoso sair sem comer
nada — diz ao se levantar.
— Um suco está ótimo para ela, Elisa — orienta Camille.
Vejo minha cunhada se afastar, consigo respirar melhor estando
sozinha com Camille após essa pergunta.
— Quase a assustou! — alerta.
— Ela me perguntou sobre uma gravidez. Não sabia o que
responder, jamais pensei nisso, ok? — respondo rapidamente.
— A ideia é assustadora? — pergunta. — O medo está
transparente em seus olhos, irmãzinha.
— Não temos um bom exemplo sobre a criação de filhos —
lembro. — Essa questão nunca passou pela minha cabeça.
— Não se esqueça de que Sebastien é o chefe, se Elisa
perguntou é porque surgiu o seu nome e o dele — afirma.
— Trouxe um croissant e um suco. — Elisa coloca o prato diante
de mim.
— Obrigada, Elisa, só o suco estava ótimo.
— Precisa comer, não iria me perdoar se passasse mal, estava
da cor da toalha da mesa quando saí — diz, preocupada.
— Louise tem a mania de pular o café da manhã, mas ela será
mais cuidadosa agora em diante — tranquiliza minha irmã.
Tomo um pouco do suco, minha garganta está seca após
assimilar essa pergunta extremamente direta.
Não tive tempo de preparar uma resposta, ultimamente não
consigo nem saber quem eu sou.
Sinto-me irreconhecível a cada dia.

Passamos a tarde aproveitando o clube, no pôr do sol volto para


casa, estou cansada de andar, preciso de um bom banho e trocar de
roupa.
— Senhora — cumprimenta Florence assim que passo pelo
corredor.
— Florence, logo estarei descendo para o jantar — aviso subindo
um degrau da escada.
— O patrão está no escritório.
Encaro-a surpresa, pensei que Sebastien iria demorar a chegar
em casa.
— Obrigada — agradeço.
Ela pede licença e se retira, logo em seguida.
Deveria subir outro degrau, mas não consigo, mudo o caminho
para o escritório do meu marido.
A porta está entreaberta, como se ele soubesse que eu iria
entrar, pela fresta o vejo terminar uma ligação e encarar a tela do
notebook.
Empurro a porta chamando sua atenção, seus olhos
acompanham meus movimentos até a sua cadeira.
— Conseguiu falar com o seu tio? — pergunto, observando
imagens de uma boate.
Sebastien se afasta um pouco da grande mesa de madeira, ele
pega em minha mão, oferecendo um lugar para sentar.
Aceito me sentar em seu colo.
— O interroguei e obtive a confirmação das minhas dúvidas, meu
pai gerou um renégat.
Tiro a atenção do notebook para os olhos dele, uma das mãos de
Sebastien está na minha cintura.
— Então é ele quem está por trás do veneno.
— Atacar você é apenas a primeira tentativa de encontrar uma
maneira para invadir a minha torre em busca de algo que ele não
terá jamais, o meu poder — diz em um tom mortal.
— Seu pai o escondeu? — pergunto, arqueando uma
sobrancelha.
— Meu pai se envolveu com uma dançarina de pole dance dessa
boate em Rennes, anos atrás, escondeu a criança e a vagabunda
com ajuda do meu avô — revela.
Sinto a tensão no ar.
Vejo os olhos de Sebastien observando a boate, atentamente em
cada detalhe.
— Você irá encontrá-lo — afirmo.
Meu marido me encara.
— Preciso limpar o nosso sangue — reitera.
— Há regras sobre se envolver com pessoas sem o sangue
mafioso? — pergunto. — Eu não fazia parte.
— Fazia? — pergunta atento em minhas palavras.
— Sim, e eu posso ser considerada como uma mulher que está
sujando o seu sangue?
Ele ri das minhas perguntas.
— Não estou conseguindo encontrar a graça — rebato.
— Escute — exige, pegando em meu rosto com a outra mão
livre. — Por que estaria sujando o meu sangue?
— Não tenho o sangue da máfia — respondo o óbvio.
— O que torna uma pessoa um renégaté o fato de que se ela foi
gerada fora de um casamento e a origem dos pais. Minha família
opta pelo puro-sangue francês, a dançarina que meu pai se
envolveu era espanhola — explica. — Você é francesa, está casada
comigo, não há nada que manche o meu sangue — reforça.
— As pessoas sempre ficam surpresas com a sua escolha, no
jantar do seu avô todos não tiravam os olhos de mim — reclamo.
Sempre escuto comentários de surpresa quando estou ao lado
dele.
— Eles obedecem a mim — reitera colando nossos rostos. —
Tenho o poder de escolher e trouxe a filha de um político para a
máfia Cartier, casando com você a tornei parte dessa família. Mais
alguma dúvida, ma poupée? — pergunta quase colando nossos
lábios.
Ele me provoca.
— Não.
Agarro seus cabelos com uma mão livre, junto as nossas bocas
em um beijo lento.
Sebastien chupa meu lábio inferior, enquanto seus olhos marcam
os meus.
Deixamos o escritório horas depois, indo diretamente ao quarto,
o sono finalmente toma conta do nosso corpo.
Desperto com uma voz alta impaciente, forço os olhos a ficarem
fechados, mas ouço a voz de Sebastien extremamente irritada.
Abro os olhos, encarando-o ao celular, a camisa social branca
ainda está desabotoada revelando seus músculos e tatuagens.
— O que está acontecendo? — pergunto, confusa, ainda estou
sonolenta.
— Como ainda não o encontraram? Não quero explicações,
quanto mais tempo demorar para a cabeça dele ser entregue a vida
de vocês dois será colocada no lugar — ameaça, desligando o
aparelho.
Jamais vi Sebastien tão irritado e nervoso.
— Volte a dormir — diz ao olhar para mim.
— Quero saber o que aconteceu.
— Ainda não trouxeram o renégat , coloquei um prazo para essa
caçada terminar, se não for a cabeça dele em minhas mãos será
dos executores e assim em diante — revela.
Ele se aproxima para pegar a gravata na cômoda.
— Eu coloco — ofereço.
Sebastien se senta na cama deixando que eu arrume a sua
gravata, do jeito que ele está irritado, é capaz de rasgar a peça.
— Estou indo para a empresa, ligue caso precise de algo —
avisa.
Termino de arrumá-lo. Meu marido deixa um beijo no canto da
minha boca.
— Você tem o controle da França, ele sabe que será inútil se
esconder por muito tempo.
— Está muito mais esperta de como as coisas funcionam, logo
estará questionando minhas negociações, ma poupée — elogia,
prendendo-me em seu olhar.
— Essa é a intenção — afirmo mantendo nossos olhares.
Vejo-o sair do quarto, fechando-a porta, deito-me novamente,
mas não encontro mais o sono, dormir sem ter o corpo dele é
estranho, o vazio da cama é gigantesco.
Encaro a aliança em meu dedo, o dia em que Sebastien a
colocou e beijou meus lábios, obrigando-me a senti-los foi uma
tortura lenta.
Agora a tortura é ficar sem eles.
Gosto de como me toma e me beija.
Fico em silêncio ouvindo as batidas aceleradas do meu coração
ao pensar em nós dois.
Esse é o único pensamento que predomina a minha mente.

Florence está colocado a mesa quando me aproximo já vestida,


tenho planos de fazer compras hoje.
— Bom dia, senhora.
— Bom dia, Florence — cumprimento-a, sentando-me em meu
lugar à mesa.
— Está muito bonita — elogia.
Caprichei na escolha das roupas, não gosto de usar nada
repetido, por isso preciso comprar roupas novas.
Optei por um terno preto, por debaixo um lindo espartilho
também preto, valorizando meus seios, uma saia curta preta rodada.
A peça ficou perfeita com uma cinta-liga na mesma cor que estou
usando, por fim uma bota cano longo.
— Obrigada, irei sair para fazer compras.
— Acho que os sombras não deixarão que vá sem a autorização
do patrão.
— Irei ligar para Sebastien — aviso pegando o celular.
Mas ele não está atendendo.
— Não é melhor esperar ele chegar para o almoço? — sugere.
— Estou entediada, Florence, também preciso de roupas novas.
Bom, o que me resta é ir falar com ele na empresa — decido ao
morder um croissant.
— Quer que eu avise os sombras?
— Farei isso sozinha, mas obrigada pela atenção — agradeço,
aceitando o copo de suco que ela serve.
— Gosto da sua companhia, senhora, é uma honra ajudá-la.
Sorrio para ela.
— Você é uma funcionária incrível,pode me dizer se a empresa
é longe daqui? — pergunto.
— Acho que não, mas é melhor ir antes que o senhor Sebastien
esteja em alguma reunião importante — aconselha.

Saio do carro após um dos sombras abrir a porta para mim.


— Não irei demorar — aviso, encarando-os.
Eles respondem de cabeça baixa, demonstrando respeito.
Entro no local acompanhada por três sombras até a recepção,
onde duas mulheres se levantam para me cumprimentar.
— Senhora.
— Bom dia, vim ver o meu marido.
Rapidamente sou informada do andar em que ele está, a
empresa do meu marido é bem similar as outras que já estive, o que
me deixa surpresa e mostra o quanto as aparências podem
enganar, ninguém suspeita que por trás disso tudo há algo maior,
além das bebidas.
Uso o elevador até o sexto andar.
Não há ninguém na sala de espera, apenas uma secretária
responsável por passar todas as informações para Sebastien.
A minha chegada não chama a sua atenção, ela mantém os
olhos em alguns papéis.
— Quero falar com Sebastien — aviso.
— Marcou horário? Sem um não poderá falar com ele, aliás, qual
é o seu nome? — pergunta em um tom divertido.
— Acho que eu não preciso falar qual é o meu nome — respondo
lentamente.
Ela sobe o olhar levando um susto ao reconhecer meu rosto.
— Senhora, lamento pelo ocorrido.
— Qual é a sala do meu marido? — pergunto, ignorando sua
desculpa.
— É a primeira, mas ele está se preparando para uma reunião
em três minutos — avisa.
Vou até a sala dele, ignorando a funcionária, abro a porta tendo a
atenção de Sebastien, vejo a surpresa em seus olhos.
— Tentei te ligar, então como não estava atendendo resolvi vir
até aqui — explico caminhando até ele, que está sentado em sua
cadeira.
— Estava em reunião. O que quer para vir até a empresa e não
esperar por mim? — pergunta, olhando a minha roupa.
Não errei na escolha, seus olhos estão observando desde o
terno até a bota.
— Fazer compras — explico.
— Sozinha? — sonda.
— Levarei os sombras comigo, apenas não estou no shopping,
porque eles não iriam sem a sua ordem.
— Coloque um vestido se quiser sair, Louise — avisa.
Trocar de roupa? Ele está muito enganado se pensa que irei
fazer isso.
— O que tem de errado com a minha roupa? — pergunto
esperando pela resposta dele.
Sebastien sobe a saia encontrando a cinta-liga preta, suas mãos
estão na minha bunda trazendo para ele.
— Acho que tenho tempo para mostrar melhor o que estou
usando — digo, tirando a saia.
Jogo a peça no chão da sala dele.
— Vire-se — ordena, olhando-me da maneira mais perversa e
perigosa.
Faço o que ele quer, Sebastien tem a visão da minha bunda, ele
estapeia a pele sensível, arrancando um sorriso dos meus lábios.
— Por que está vestida assim? — sonda, virando-me para ele.
Sorrio ficando diante dele, meu marido está tão arrumado em seu
paletó, ele abraça os músculos de Sebastien, escondem as
tatuagens que gosto de ver e tocar.
— Iria te mostrar mais tarde, mas você quis adiantar o momento
— explico, deixando as mãos em seu peitoral. — Gostou? Fiquei em
dúvida entre a branca e a preta.
— Tire o meu cinto — manda sem quebrar nosso contato visual.
— Quero a minha resposta — aviso.
Encaro seu cinto, tiro-o como ele mandou, continuo o trabalho
desabotoando-o e abro o zíper.
Abaixo ficando de joelhos diante dele, observo seu membro duro
na cueca boxer branca.
— Essa é a sua resposta — afirma.
Tiro-o para fora, acaricio antes de levar até a minha boca,
Sebastien puxa meus cabelos, enquanto trabalho em passar a
língua nele.
— Chupe — ordena rouco.
Passo a língua mais uma vez para provocar Sebastien até o
momento que ele agarra a minha cabeça, levando-me até o pau
duro.
Abocanho, meus lábios o tocam lentamente, ouço os gemidos de
prazer dele, chupo o pau dele com rapidez.
Somos interrompidos pelo celular dele e o telefone em cima da
mesa, acaricio uma das bolas.
Sebastien não atende, eu não paro o que estou fazendo, não
consigo mais parar.
Batidas à porta da sala dele me dão um susto.
— Senhor, estão esperando na sala de reunião! — avisa a
secretária.
— Saia! — rebate, irritado.
Encaro-o.
— Eu paro? — provoco, tirando a boca.
Sebastien pega em minha nuca.
— Coloque-o na boca — manda em um tom rouco.
Chupo seu membro em movimentos rápidos, tendo dificuldade
em manter o ritmo sentindo meu corpo inteiro arrepiado, pronta para
ser tocada.
Sebastien agarra minha cabeça mantendo o meu rosto em sua
virilha, enquanto uso a boca para chupá-lo em sua sala.
O celular volte a tocar, continuo chupando-o, enquanto ele o
atende.
— Bernard, entre nessa reunião em meu lugar — exige
rapidamente.
Ouço o aparelho sendo jogado na mesa.
Não escuto o que Bernard respondeu, Sebastien geme rouco,
tiro a boca quando percebo meu marido respirando ofegante,
gozando em sua cadeira.
Passo a mão na boca para retirar qualquer indício de que estava
chupando meu marido.
Respiro ofegante, buscando ar.
Meu marido está com as bochechas coradas, respirando fundo,
seu olhar parece observar além de mim.
É como se ele tivesse encontrado algo.
— Venha até aqui, ma poupée, tire o restante da roupa, quero a
apenas com a cinta-liga — orienta.
Levanto e o encaro, enquanto tiro o terno e logo o espartilho
lentamente.
— E a calcinha?
Antes de perguntar outra coisa, ele rasga a pequena calcinha
preta de renda, Sebastien me leva para o seu colo.
Suas mãos agarram meus seios com força, antes de descer pela
barriga, arqueio o corpo para trás deixando meu rosto próximo ao
dele, a boca de Sebastien está na minha orelha.
Mordo o lábio quando sinto uma das mãos dele descendo até a
minha coxa.
— Abra as pernas.
— Sebastien — digo ofegante.
Faço o que ele diz, Sebastien deixa a boca em meu pescoço
quando um de seus dedos entra dentro em mim.
— Ah! — balbucio.
Brinca com meu clitóris inchado.
— Sem gritos, ma poupée, quieta — avisa colocando mais um.
Resmungo inquieta em seus braços.
Queria tanto um momento nosso, mas na empresa há o perigo
de sermos pegos, mas estar fodendo em um local diferente me
excita muito.
— Quer me torturar? — choramingo.
Ele coloca os dois dedos mais fundo, penetrando minha
intimidade.
— Está gostoso? — pergunta com a boca perto da minha.
Sebastien quer me provocar.
— Responda — exige, parando os movimentos de entra e sai.
— Sim — respondo perdendo o controle.
Meu marido continua, estou tão molhada, Sebastien brinca com
os dedos, quero gritar o seu nome.
Sinto arrepios fortes.
— Quero fazê-la gozar, está quase, ma poupée — provoca. —
Goze pra mim.
Ele aumenta o ritmo, abro mais as pernas, enquanto seus dedos
me fodem, ofego alto quando sinto o meu líquidoe, finalmente, gozo
molhando a mão de Sebastien.
Arrumo meu cabelo no banheiro da sala dele, acabo de me
vestir, ajeito alguns fios do meu cabelo para esconder o que
aconteceu.
Meu corpo não esconde que queria mais, porém, não estamos
em casa, mas fiz Sebastien perder uma reunião.
Ouço seus passos, ele entra parando atrás de mim.
Sebastien abaixa a minha saia, ajeitando um lado que não havia
percebido que estava mais alto do que o outro.
Viro-me ficando de frente para ele. Meu marido faz um impulso e
me levanto ao seu colo, enlaço as pernas em torno da sua cintura.
— Consegui roubar a sua atenção com a minha roupa mais
tempo do que pensava — confesso.
— Perdi uma reunião, porque não iria sair daquela mesa sem ter
a sua boca no meu pau e lhe fazer gozar apenas com os meus
dedos — diz rouco.
— Quem pediu para ver minha roupa foi você, não se esqueça —
reforço.
Sou colocada no mármore da pia de seu banheiro, seria fácil
começar tudo outra vez.
— Mandei mensagem para Charlotte, ela está aqui, irá com você
fazer compras, não quero que vá sem uma companhia para o
shopping — reitera.
Reviro os olhos.
— Poderia ter chamado minha irmã para ir comigo.
— Camille deve estar em um shopping ou tirando medidas para
vestidos, já que hoje seu pai dará uma festa em comemoração de
aniversário do partido — revela.
Havia esquecido totalmente, para mim hoje seria uma noite
normal sem gala ou holofotes para aparecer.
— Nem me lembrava desse evento, preciso fazer compras agora
urgentemente.
— Iremos após o jantar, esteja pronta, ma poupée — diz contra
os meus lábios.
Sebastien olha meticulosamente para o meu corpo inteiro
demorando ao deixar a atenção para meus olhos azuis.
— Gosto quando demora a desviar o olhar — admito ao ficar em
pé.
Saímos juntos encontrando na sala dele, Bernard, ele olha para
ambos já entendendo o que aconteceu.
— Preciso passar tudo o que aconteceu na reunião que me fez
entrar às pressas — avisa sentado, já esperando pelo irmão na
cadeira diante de Sebastien.
— Boa pauta para vocês — aviso em despedida.
Deixo a sala, fechando-a porta atrás de mim.
Mas algo não sai da minha cabeça, desde que conheci
Sebastien, ele sempre me olhava com olhos frios e duros. Mas hoje,
é a segunda vez que percebo que ele me olha de maneira diferente,
só não consegui identificar como ainda.
Quero saber o que ele vê, sou péssima em adivinhações, duvido
que ele diga assim tão facilmente.
— Querida, estava esperando por você, confesso que demorou
um pouco.
Olho para Charlotte, ela está em pé, esperando para sairmos.
— Estava usando o banheiro, Charlotte. Fiquei surpresa que irá
fazer compras comigo, certamente irá ao evento dessa noite —
sondo andando ao lado dela.
— Beatrice não existe mais na vida do seu pai, apenas eu —
afirma, convicta. — Além disso, preciso comprar roupas diferentes,
os homens reparam no que usamos, acredite nisso.
— Seu sobrinho gosta de reparar — respondo lembrando de
minutos atrás.
Não escondo um pequeno sorriso divertido.
— Precisamos sair, Louise, quero ter um tempo sozinha com a
minha futura filhinha — declara, irritando-me.
— Poderá ter filhos com papai — lembro.
Entramos no elevador.
— Desejo isso, mas vejo Camille e você como minhas filhas,
somos mais parecidas do que imagina.

Entro em uma das minhas lojas preferidas, uma das atendentes


que sempre está me auxiliando logo vem ao meu encontro.
— Louise, que bom vê-la — cumprimento-a.
— Digo o mesmo, quero um vestido para uma noite importante.
— Irei levá-la para peças novas que deve gostar. E a senhora?
— pergunta para Charlotte, que está observando a loja.
— Quero um vestido para o mesmo evento, o mais caro que tiver
— detalha sorrindo.
— Uma de nossas atendentes irá mostrar — avisa ao sair
comigo.
Observo alguns manequins usando vestidos de diversos
modelos, desde pequena é a peça mais usada por Camille e eu.
— Gostaria de um na cor branca?
Gosto dessa cor, mas quero algo diferente para o evento.
— Preto dessa vez.
— Temos um modelo lindíssimo — afirma ao retirar do cabide
junto com diversas peças.
Tomara que caia, marcando a cintura, uma fenda ousada, além
das costas nuas, acompanhado por uma estola preta.
O vestido traz a lembrança do meu primeiro encontro com
Sebastien.
— Quero esse.
— Deseja provar? — pergunta.
— Não, vou ter a surpresa de usá-lo pela primeira vez mais
tarde. Mas não vim apenas pelo vestido, vou comprar algumas
roupas, o vestido pode deixar separado.
— Volto em um segundo — avisa saindo com a peça
maravilhosa que escolhi.
— É uma loja grande e com vestidos encantadores, Louise —
comenta Charlotte, ao se aproximar. — Escolhi um dourado para
essa noite, e você?
— Será surpresa — digo, olhando algumas roupas.
Ela anda ao meu lado.
— Convidei sua irmã para sairmos, mas Camille disse que
estaria ocupada.
Claro que ela iria recusar, diferente de mim que sou da mesma
família que a tia do meu marido.
— Temos uma estilista que é grande amiga da nossa mãe —
explico.
— Laure é uma mulher maravilhosa, não há ressentimentos entre
nós. Ela disse que o casamento com Michel foi conturbado, mas ela
o manteve pensando em vocês. — Toca em um assunto que odeio.
O passado, a infância.
— Acho que o casamento dos meus pais é algo que ficou no
passado, Charlotte. Deve pensar no seu, quando sair o divórcio com
Beatrice, claro — lembro.
Entre as duas não sei quem não suporto menos, o lado bom é
que Charlotte irá morar com o meu pai.
— Querida, será rápido, os papéis já estão encaminhados.
Beatrice levará uma quantia gorda de dinheiro, ela aceitou de
imediato, além do apartamento em Paris que foi um dos presentes
de seu pai.
— Então minha ex-madrasta não estará mais ao lado de papai,
deve estar feliz já que agora será a mulher dele.
Ela assente com um sorriso arrogante.
— Ele é apenas meu, o nosso casamento será grande e muito
badalado, estou decidindo a decoração e os convidados. Quero
Camille e você na primeira fileira, ambas com um vestido igual, irei
escolher — avisa.
Somente nos sonhos dela que irei usar o que ela quiser.
— Pelo visto está com tudo sob controle.
— Aprenda que para manter um homem na palma da mão
precisa agir rapidamente, não enrolei para aceitar seu pai de volta,
havia uma paixão mal resolvida — explica. — Darei um conselho
sobre Sebastien, conheço-o extremamente bem, o primeiro
casamento dele era mantido pela aparência, a esposa tentava
parecer como uma mulher de um chefe, mas falhou, tínhamos um
problema com o comportamento dela.
— Moldar o comportamento do outro é como controlar um
fantoche, a personalidade, Charlotte, é algo nosso, não acha? —
rebato.
— Ela tinha um peso imenso nas costas, querida, não podia cair
e prejudicar a famíliaCartier. Somos rigorosos com tudo, regras são
respeitadas há anos, meu sobrinho casou com ela, porque sendo o
mais velho tem a obrigação de dirigir todos nós, a mulher era uma
parede, a morte dela foi um livramento.
É inacreditável como não sai nada de útil da boca dessa mulher.
— Não quero saber sobre a vida de Sebastien com a primeira
esposa dele, desde que casamos, eu sou a esposa dele agora —
reitero sem paciência.
— Gosto de ver a sua mudança de comportamento, quando
casaram conseguia ver em seus olhos um enorme nojo por todos
nós e, principalmente, por ele. Mas agora vejo que gosta do lugar
que tem, está se tornando uma Cartier, querida, assim como deve
ser, estou tão orgulhosa — diz ao me abraçar. — Sua nova missão é
dar um herdeiro para Sebastien.
— Isso não foi conversado entre nós, acredito que é algo íntimo
— reforço, encarando-a.
Ela não sabe parar de ser inconveniente e mexeriqueira .
Como se tudo ao seu redor fosse controlado por suas mãos.
— Sebastien tem vinte e nove anos, Bernard será pai pela
segunda vez. O seu nome foi dito no conselho, mas como meu
sobrinho gosta de agir sem dar detalhes, pensei que ele teria
compartilhado com você — explica sorrindo. — Imagine se vier
gêmeos? Sebastien tem uma boa genética, a criança não será feia,
além de você ser extremamente bonita, querida.
Não consigo organizar meus pensamentos com essa mulher
sugando minha energia a cada comentário.
Ela me enxerga como um experimento, que deseja saber como
sairão os meus filhos.
— Aprecia a genética dele? — sondo, sem me conter. — O seu
marido era um Cartier, não a ouço falar muito dele.
— A genética dos homens Cartier é uma característica única,
Bastien sempre foi lindíssimo,Hugo está conservado, até César tem
a beleza da família. Meu marido era bonito, todos esses homens
apreciam uma boa paixão, algo que eu necessito ter — expõe,
olhando no fundo dos meus olhos. — Sebastien é o único que
sempre foi mais impenetrável, um livro fechado, sem chave, foi uma
surpresa ele escolher uma mulher fora da máfia.
— A surpresa de vocês ainda é muito grande, às vezes penso
que sou uma ameaça — desdenho.
— Não é, querida, foi uma surpresa, mas está surpreendendo. A
importância de Sebastien com você me deixa curiosa.
— Louise? — a atendente se aproxima.
— Estamos conversando — rebate Charlotte.
— A conversa terminou, acho que ainda não percebeu, Charlotte,
não compartilho a minha vida íntima com Sebastien para terceiros
— reitero.
Saio na companhia da atendente, ignorando-a.
Ela rasteja para saber informações da minha vida íntima, mas é
uma pena que ela não terá brecha para opinar.
O evento reúne o alto escalão político, a imprensa está atenta a
qualquer movimento no tapete vermelho diante do prédio.
Sebastien estende a mão para mim, saio do carro acompanhada
pelo meu marido, os flashes aumentam com a nossa presença.
Tiramos algumas fotos, não deixo que tirem mais uma,
oferecendo um sorriso enquanto puxo a mão dele, seguindo para
dentro do prédio.
— Está irritada, ma poupée — diz percebendo minhas
expressões.
— Sua tia tem esse poder com perguntas a todo momento —
revelo, encarando-o. — Ela estragou a minha tarde.
— Charlotte será um problema do seu pai, ele disse que adiantou
os papéis do divórcio. Esqueça a minha tia — orienta.
Papai está na recepção junto com meu tio Armand, a minha
entrada é observada com sorrisos no rosto de ambos.
— Ma princesse, está linda — declara ao se aproximar.
— Boa noite, papai, tio.
— Minha sobrinha, Sebastien — tio Armand nos cumprimenta.
— Sebastien, a última vez que esteve aqui, fizemos uma
negociação importante que resultou no casamento de vocês —
comenta com orgulho.
— Quando me vendeu pela política — corrijo.
— Louise! — repreende imediatamente.
— Estou dizendo alguma mentira? — indago sorrindo.
— Sebastien não a comprou — rebate.
Olho para meu marido.
— Vou ver a minha irmã — aviso. — Imagino que devem ter
assuntos a tratar, com licença.
Retiro-me encontrando Camille cumprimentando alguns dos
presentes.
Diferente de mim, minha irmã escolheu um vestido branco longo
tomara que caia com plumas no busto.
— Quase escolhi um modelo parecido com o seu — comenta ao
me cumprimentar. — Vi de longe papai a repreendendo sobre algo.
— Ele mencionou que foi aqui onde fui negociada, disse que, na
verdade, fui vendida para Sebastien.
Há quase dois meses esbarrei no mafioso.
— Escolhida, para ser mais conservador como papai diz —
sugere com deboche. — Nós liberamos de Beatrice, ela está fora da
vida do nosso pai, ela se vendeu por uma boa quantia em dinheiro.
Caminhamos juntas até escolher uma das mesas.
— Charlotte revelou em nosso passeio, um que você não estava
— comento, semicerrando os olhos para ela.
Ela não disfarça o sorriso.
— Ela é tia do seu marido, irmãzinha, estou aproveitando a
ausência de Beatrice em casa, mas por outro lado mamãe está me
visitando com frequência — revela ao revirar os olhos.
— Papai não disse nada sobre o seu casamento? Essa questão
ainda me preocupa.
— Não disse nada, não pergunto, esse assunto não me
interessa. Não tenho interesse, já lhe disse que nada sai do meu
controle, mas vamos falar de você — sugere.
— Percebeu alguma coisa? Odeio o fato de que você aprendeu a
ser uma incógnita, enquanto eu sou transparente — reclamo, irritada
com o sorriso dela.
— Louise, vejo em seus olhos um brilho diferente — diz, seus
olhos me estudam.
Engulo em seco.
— Estamos em um ambiente com luz.
— Está apaixonada por ele — expõe.
— O quê? — questiono rapidamente.
Ela tira um pequeno espelho de dentro da bolsa.
Ao abrir vejo minhas bochechas coradas pela pergunta inusitada.
— Não sei como devo mencionar isso — rebato.
— Amor, a palavrinha desconhecida — brinca, olhando agora
para seu reflexo no espelho.
— Não consigo explicar o que está acontecendo comigo —
revelo.
Camille tira a atenção do espelho para mim.
— Casou com um homem diferente de Cain e muitos outros —
aponta. — Ele está empenhado em encontrar quem fez isso com
você. Imagine que papai resolvesse tirá-la de Sebastien, o que
faria? — pergunta.
— Casamentos não são desfeitos, aliás, papai não tem mais
esse poder sobre mim — reitero.
— Está falando como o seu marido, ele está a ensinando —
afirma, convicta. — Deixaria Sebastien?
— Não — sou sincera.
— Por quê? — investiga. — A sua boca está quase soltando a
verdade, nós duas sabemos que não consegue guardar.
Tento evitar dizer, no entanto, é mais forte do que eu manter a
boca fechada, não falar, rebater o que está tomando conta de mim.
— Amo o Sebastien, Camille.
A palavra que era inexistente para mim, saiu com facilidade dos
meus lábios.
Cumprimento mais alguns conhecidos, fico um pouco ao lado de
vovó e vovô, respondendo perguntas curiosas sobre meu
casamento.
Quando estou me despedindo, ouço a voz da minha mãe.
— Louise — diz mamãe, andando ao lado de Fabrice.
Caminho em sua direção, ela me abraça, reparando em mim
meticulosamente.
— Não canso de apreciar vê-la bem após aquele
envenenamento. Perdeu peso, filha, você está bem? — pergunta,
preocupada. — Não anda respondendo às minhas mensagens.
— Ando ocupada, mamãe, mas estou bem, totalmente
recuperada — afirmo. — E você?
— Muitas vezes entro na casa de seu pai e passo pelo seu
quarto, na minha cabeça ainda está lá. Quero saber tudo sobre a
sua vida de agora, como está a adaptação com Sebastien?
Vejo Fabrice atento, esperando minhas respostas como se o
assunto fosse do interesse dele.
— O que precisa saber é que estou muito bem.
— Precisa comer um pouco mais, não canso de dizer que vocês
não têm defeitos, vou ver a sua irmã — avisa, beijando minha
bochecha.
— Louise, estou surpreso por vê-la tão bem, o envenenamento
foi forte — comenta Fabrice.
Não aceito a mão que ele estende para mim.
— Surpreso? — sondo.
— Pelo seu marido sendo tão poderoso não ter feito nada —
zomba.
Aperto os olhos para ele, encarando-o como o que ele é para
todos aqui, um zé-ninguém.
— Quem é você para achar que tem poder sobre algo aqui? Meu
marido pode te matar se eu abrir a boca sobre os seus comentários
— ameaço.
Passo por ele irritada, só consigo enxergar vermelho pela
brincadeira.
Ele só está no partido do meu pai, porque mamãe é cega e faz
tudo o que ele pede!
Uma música lenta e sensual é tocada, vejo alguns casais indo
para o meio do salão.
Papai e Charlotte dançam juntos, sou surpreendida com uma
mão em minha cintura.
Sebastien cola nossos corpos, coloco as mãos dele em volta do
seu pescoço, é a primeira vez que estou dançando ao som da
música costumeira para casais.
Via meus pais sempre dançando durante anos, jamais pensei
que dançaria tão cedo.
Observo os olhos de Sebastien, eles sozinhos poderiam conduzir
a dança, as mãos estão em minha cintura.
— Não a comprei — começa.
— Vamos falar daquele dia? — pergunto, arqueando uma
sobrancelha.
— A escolhi e faria novamente — declara.
— Apenas por que esbarrei em você e não parei para pedir
desculpas? — provoco.
— Naquela noite você conseguiu a minha atenção, aceitei o
acordo com seu pai, pois ele tinha algo que eu queria tomar —
confessa.
Sinto um arrepio perigoso percorrer minha pele, que lentamente
se espalha, lembro-me da confissão que entreguei para Camille,
minutos atrás.
— Não imaginei que iria me casar com você, estar aqui, pois sou
seletiva com as pessoas.
— Você é arrogante, mas ver em seus olhos a repulsa e um certo
medo apenas alimentou o que eu queria, levá-la comigo — revela
com o rosto colado ao meu.
— Arrogante? — questiono.
— Você é, ma poupée, os olhos que transmitiam ódio e repulsa
não são mais os mesmos, agora há outras coisas neles — comenta,
colando os lábios nos meus.
Fecho os olhos por um segundo, esquecendo-me do local onde
estamos, Sebastien me dá mais um selinho, quando somos
interrompidos por meu pai.
Sua voz está saindo em um microfone.
— Boa noite, senhores e belas damas, é um prazer celebrar mais
um ano de nosso partido, que me impulsionou a assumiu a
presidência de nosso amado país. Cada um dos presentes ajudou
na construção, a conquista de levar o partido fundado pelos meus
antepassados ao topo é inexplicável.
Ele pega uma taça de champanhe e a levanta, assim como
diversos homens do seu partido o imitam.
— Uma nova era começa para nós.
Muitos aplausos e referências para papai, os fotógrafos tiram
fotos dele e de seus aliados.
Consigo ver Charlotte um pouco longe de mim, acenando para
papai com um sorriso divertido em seus lábios.
A mídiaainda não sabe, mas logo terão uma surpresa, o anúncio
da união de ambos.

Acordo com um som ao longe, abro os olhos confusa, sem saber


que horas são. Sento-me na cama olhando ao redor, o barulho está
no closet, levanto-me da cama ainda sonolenta, as cortinas não
foram abertas.
Dormi demais ou ainda é muito cedo.
Encontro minha bolsa, o celular dentro dela vibra várias vezes, a
pessoa é insistente e não desiste.
Pego o aparelho e vejo um número desconhecido.
Aceito a ligação, encostando-o na minha orelha.
— Alô? — pergunto.
Não ouço uma resposta, apenas uma respiração do outro lado da
linha.
— Alô? — volto a repetir.
— Louise. — Ouço uma voz masculina. — Louise.
— Quem é? — pergunto ficando irritada com a brincadeira.
— Louise.
— Na próxima vez que repetir o meu nome...
— Deveria estar morta — interrompe, assustando-me.
— Quem é você? — exijo com uma suspeita.
Sinto uma angústia subindo pela garganta.
— Eu lhe mandei um presentede casamento — revela com
diversão. — Estarcom Sebastien vai colocar em risco uma outra
vida — começa a narrar lentamente. — É uma pena que você não
tenha morrido, agora o seu clone morrerá no seu lugar. Está feliz?
Queria mandar para você os últimos suspirosda Camille no chão.
Como se sente sabendo que é culpada por isso ?
A ligação é finalizada, meu celular cai no chão, saio do quarto
desesperada, lágrimas grossas escorrem pelo meu rosto.
— Sebastien! Sebastien! — grito por ele.
Ouço passos rápidos e a voz dele saindo do escritório ao celular.
— A coloquem em um carro imediatamente e a levem para o
hospital — ordena. — Não demorem.
Ele tira o aparelho da orelha e o guarda.
Seus olhos encontram os meus, o medo me paralisa, ando com
dificuldade, temo e, ao mesmo tempo, preciso saber o que está
acontecendo.
— O que aconteceu com a minha irmã? — pergunto, parando
diante dele.
— A surpreenderam dentro do provador, um homem a fez ingerir
um frasco de veneno, os sombras estão levando-a para o hospital.
Como soube que era ela? — sonda.
— Foi o renégat , ele acabou de me ligar dizendo que será
cobrado a vida de Camille no lugar da minha. Eu preciso que ela
fique bem... — o desespero toma conta de mim.
— Coloque uma roupa, vamos ao hospital, Florence a
acompanhe.
Subo as escadas descalça, sussurrando várias vezes que
Camille estará bem.
Eu necessito que isso aconteça.
— Preciso que se concentre em dizer tudo o que foi dito — pede
Sebastien, enquanto estaciona o carro.
— Ele demorou a falar, depois disse que era a pessoa que
mandou um presente de casamento — revelo. — Repetiu meu
nome várias vezes, dizendo que Camille iria morrer no meu lugar.
A voz daquele desgraçado não sai da minha cabeça, cada vez
que fecho os olhos, escuto-o falar.
Tiro o cinto de segurança, abro a porta atordoada, o meu celular
foi entregue para meu marido, Sebastien entregará para o
rastreador conseguir o paradeiro do renégat .
A notícia se espalha e percorre a capital da França, Sebastien
anda ao meu lado, não consigo ter forças nas pernas, controle sobre
o meu corpo.
Meu marido pergunta sobre ela, não estou conseguindo escutar
nada ao meu redor, ele caminha ao meu lado até o elevador.
As portas se abrem, meus pais estão na sala de espera, mamãe
chorosa, enquanto meu pai anda de um lado para o outro.
— Pai, onde ela está? — pergunto, impaciente.
— A levaram às pressas para a emergência, Camille estava
vomitando sangue — relata, preocupado.
Aproximo-me da porta da emergência, o vidro pequeno apenas
mostra o corredor e diversos médicos, isso nos separa, ela precisa
estar bem.
— Encontraram o responsável? — pergunto, encarando meu pai.
— Ainda não, sua irmã foi encontrada agonizando no chão, se
demorassem mais poderia ser fatal.
— Venha — chama Sebastien pedindo para que eu sente em
uma cadeira.
Quero contrariar, mas não sei se consigo ficar em pé por mais
alguns minutos, minhas pernas estão bambas, não as sinto.
Sento-me ao lado de Sebastien, levo as duas mãos até a minha
cabeça.
Deveria ter acontecido algo comigo, não com Camille.
— A imprensa está noticiando como um atentado — diz Fabrice,
ao se aproximar do meu pai.
Mais mentiras.
— Marcelon e Cesare estão vindo para Paris — revela meu
marido.
Encaro-o confusa.
— O que pretendem fazer?
— Fechar as torres da França, o renégatserá encontrado, ma
poupée, eu irei matá-lo — promete em tom baixo e obscuro.

Ando de um lado para o outro sem conseguir parar quieta,


passaram-se três horas, a sala de espera do hospital está com
vários seguranças, já que meu pai está ainda aqui, assim como os
sombras de Sebastien que estão por perto para evitar problemas e
fazer a nossa proteção.
Uma movimentação chama a minha atenção, quando vejo
Marcelon chegar ao hospital, fico surpresa pela rapidez com que
veio de Marselha até aqui, deve ter pegado um jatinho.
Sebastien vai até ele, ambos entram em um corredor.
Decido ir atrás para saber o que está acontecendo, quando ouço
Marcelon falando em um tom alto e agressivo.
— Eu quero oito sombras fazendo a segurança do corredor onde
ela está!
Pisco sem entender a raiva dele.
— Familiares de Camille Lavigne — anuncia o médico.
Aproximo-me do círculo onde estão meus pais, Sebastien e
Marcelon estão ao meu lado.
— Doutor, o que houve com a minha filha? — papai pergunta.
— Ela ingeriu uma dose de veneno para roedores em uma
quantidade maior do que foi colocado para a senhora Cartier, é o
mesmo veneno, o forte cheiro na boca de Camille chamou a
atenção quando ela chegou. O corpo reagiu rápido ao efeito, a
senhorita Camille acabou tendo uma forte hemorragia estomacal,
por isso que ela chegou aqui vomitando sangue.
— Hemorragia? — pergunto em choque. — O que fizeram com
ela? Onde está a minha irmã?
— Ela está em coma induzido até tirarmos o veneno do
organismo e evitar mais hemorragias, deixá-la acordada é
extremamente perigoso.
— Não! — nega mamãe, desesperada. — A minha filha, não.
Lágrimas escorrem do meu rosto, não consigo dizer nada apenas
chorar, essa dor está rasgando o meu peito.
Bato a mão na parede tomada pela raiva, Sebastien segura
meus pulsos.
— A culpa é minha! — repito inúmeras vezes.
— Se acalme — orienta Sebastien.
Solto-me dele indo até o corredor. Camille foi escolhida, porque
eu sobrevivi.
— Louise — diz Sebastien ao entrar no corredor.
— A culpa é minha! Ele disse que era para eu estar morta! —
repito, atordoada. — Camille está em coma, era para acontecer
comigo.
— Ela está em boas mãos, os sombras de Marcelon também
estão presentes, o prédio está extremamente protegido — avisa.
Respiro fundo, algumas vezes.
Tento ficar calma, sinto dores no pulso, não consegui enxergar
nada quando bati naquela parede com força, apenas queria
descontar a minha raiva.
— Meus pulsos estão doendo — reclamo sentindo a dor
incomodar.
— A quero sentada naquela cadeira ao meu lado. Não vou
permitir que faça alguma besteira, como quase quebrar a mão ou
vou ter que proibir você de vir ao hospital? — questiona, arqueando
uma sobrancelha.
— Não consigo ficar quieta! — rebato, irritada. — É mais forte do
que eu.
Ele segura a minha cintura.
— Vamos.
Voltamos até a sala de espera, papai está ao celular, certamente
com Charlotte, Fabrice alisa o rosto de minha mãe.
Estou irritada apenas por ver essa cena, afinal, no evento
Fabrice mostrou uma face diferente do idiota que pede tudo para a
minha mãe fazer.
Sento-me na cadeira impaciente, Sebastien se senta ao meu
lado, Marcelon se aproxima.
— Obrigada pela sua ajuda — agradeço-o.
Não gosto de Marcelon, mas ele está aqui e trouxe seus sombras
para ajudar, não posso deixar de reconhecer isso.
— Somos aliados, você e sua família agora fazem parte disso.
Todos os Lavigne foram arrastados para a máfia, agora com o
casamento de papai ficará ainda mais evidente.
— Filha, tome um pouco de água — mamãe interrompe meus
pensamentos.
— Não quero beber nada.
— Louise, não quero minhas duas filhas em um hospital —
reforça.
— Não tenho nenhuma lembrança de você acompanhando nós
duas — rebato em um tom perigoso. — É tarde demais para mudar
o passado, mamãe.
Não irei tolerar minha mãe tentando apagar o nosso passado.
Levanto-me da cadeira indo sentar mais no fundo, estou com
vontade de gritar com todos, bater, acho que até pegaria uma arma
para colocar a minha raiva completamente para fora.

Camille está em um quarto de UTI, onde a segurança dela foi


reforçada por oito sombras no corredor.
O acesso será limitado, apenas para a equipe e a minha família.
Fabrice, Sebastien e Marcelon estão na sala de espera.
Entro na companhia dos meus pais, estou usando a roupa do
hospital para evitar qualquer contaminação, visto que o organismo
da minha irmã está frágil.
Observo-a na cama, pálida, os cabelos escuros enrolados
espalhados pelo travesseiro, tomando medicação na veia.
Pego em sua mão.
— Se a situação não fosse essa, acharia que ela está dormindo
— diz papai em um fio de voz. — Vocês são as minhas joias mais
preciosas, posso ser um pai rígido, mas sempre estive com ambas
no hospital — reforça, olhando-me.
O que ele disse não é mentira, diferente da minha mãe, papai
deixava reuniões para comparecer quando estávamos doentes.
— Eu sei — digo.
— Louise, não é um lugar ideal para se revoltar contra a sua
própria mãe diante de todos — repreende mamãe.
Ignoro-a olhando minha irmã.
— Pai, Sebastien está no controle da situação, o culpado será
entregue para ele — afirmo, olhando Camille.
— Charlotte disse que seu marido está fechando o território para
pressionar esse criminoso. Quero-o morto por mexer em minhas
filhas, Gaston está vindo aqui, temos que vender como um atentado
— explica ganhando minha atenção.
— Michel, não irei sair daqui. Pode sair para tomar algo, Armand
e o seu assessor já devem estar esperando na sala de espera.
— Fique com Camille e Louise, Laure. Tenho que me pronunciar
o mais rápido possível,a imprensa está em polvorosa — informa ao
vir em minha direção. — Tente se acalmar.
Papai deixa um beijo em minha testa e se retira do quarto.
— Coma alguma coisa, não irá resolver ficar de cara virada para
mim — persiste mamãe.
— Não suporto suas tentativas em construir algo novo conosco,
elas não funcionam — reforço sem olhar para trás.
Camille sempre preferiu meu pai, e eu também.
— Louise, você tem o meu sangue assim como Camille. Posso
ter errado, mas continuo sendo sua mãe, e vocês minhas filhas, não
irei ficar longe ou aceitar essa recusa — afirma, ficando ao meu
lado. — Quando for mãe entenderá mais sobre muitas coisas.
— E você realmente sabe como é ser mãe? — provoco. — O
meu pai fez esse papel muito melhor do que você, apesar de todos
os defeitos dele. Ele teve suas paixões, affairs, porém, nunca nos
abandonou! — Aumento o tom.
— Engravidei cedo, estava sendo pressionada, interrompi minha
vida.
Volto a olhar Camille, ignorando-a.
— Não seja arrogante em desprezar sua mãe e fingir que não
está ouvindo! — reforça, pegando em meu braço. — Seu pai nunca
fez você enxergar a soberba e essa arrogância, ele a deixou se
tornar assim, porém, estou feliz que esteja casada com Sebastien,
pois vejo que ele controla esse seu lado.
Dou risada.
— Está apontando meus defeitos agora? Ainda usa o meu
casamento como se você soubesse o que acontece na minha vida!
— rebato, irritada.
— Sebastien não era o que você queria como marido, mas veja
que está casada com ele, vi a forma como se beijaram no evento.
Está apaixonada por um mafioso, lembra-se de quando disse que
ele não era do seu nível? — rebate.
Solto a mão de Camille.
— Cale a sua boca! — exijo. — Você não tem que achar nada,
saia desse quarto! Camille e muito menos eu nos importamos com a
sua presença.
— Não vou sair, as verdades doem, né, filha.
— Peço desculpas... — diz uma enfermeira. — Não discutam
perto da paciente, não fará bem para ela.
Engulo em seco.
— Tem razão.
Beijo a testa de Camille, queria ficar com ela por mais alguns
minutos.
— Volto logo — digo baixinho.
Passo pela enfermeira com pressa, não consigo mais ouvir a voz
da minha mãe.
Estou farta, desgastada completamente.
Sinto-me sufocada, é como se todas essas paredes estivessem
pressionando o meu corpo até esmagar, sem deixar uma fresta para
o oxigênio.
Não queria sair do hospital, mas Sebastien disse que voltaríamos
depois, acho que ele percebeu que eu não estava muito bem,
convencendo-me a vir para casa.
Chegamos há poucos minutos, ele acabou de sair do banho com
a toalha enrolada em sua cintura.
Deixei a porta do banheiro aberta, enquanto tomava um banho
lento, minha cabeça doendo com tantas coisas ditas e ouvidas no
hospital.
Ver Camille naquela cama acabou me destruindo, mas tudo
piorou com o embate entre mim e mamãe.
Respiro fundo enrolando a toalha em torno do meu corpo,
quando penso em afastar esses pensamentos, tudo volta de uma só
vez.
A voz do renégate a sua ameaça.
Todos os acontecimentos mexem com a minha cabeça, olho no
espelho e reparo que meus olhos estão inchados, o rosto ainda
vermelho.
Aquela sensação de sufocamento volta, não quero mais pensar
demais, sentir tudo isso de uma só vez.
Deixo o banheiro procurando uma fuga, Sebastien termina uma
ligação, a toalha marca seu corpo.
Diante de mim está o homem que domina os meus
pensamentos, está comigo desde o momento que esbarrei nele
naquela noite.
Algo diferente toma conta do meu corpo, o seu olhar não demora
a me encontrar.
— Estava chorando de novo. — Sua preocupação mexe comigo.
A única coisa que eu quero agora é ficar com ele, sozinhos,
enquanto sou tocada, beijada, o seu corpo sobre o meu.
— Me faça esquecer — peço deixando a toalha cair no chão.
Não há nada cobrindo mais o meu corpo, seu olhar observa o
movimento da toalha, mas ele não vem de imediato.
— Não está bem para isso, não se alimentou ainda — recusa.
Aproximo-me ficando diante de seu rosto.
— Eu quero que você me tome, Sebastien, não me quer? —
pergunto, arqueando uma sobrancelha. — Não sente desejo por
mim? — questiono, ficando irritada.
— De onde tirou essas perguntas?
Toco seu membro ainda na toalha, sentindo-o duro e pronto,
puxo o pano o deixando exposto.
— Não deu sua resposta — rebato.
— Na primeira vez que te vi, jurei que ia tomá-la e que você iria
dizer essas palavras, pedir para ser tomada por mim.
Em um movimento rápido, Sebastien me pega no colo, enlaço as
pernas ao redor da sua cintura sentindo o corpo dele assim como o
meu, em chamas.
Minhas mãos seguram os ombros dele, sinto a intimidade latente
e úmida, sem ainda termos nos tocado.
— Quero que me tome, Sebastien — repito a frase. — Não quero
pensar em mais ninguém, em nada — digo perto da boca dele.
Uma de suas mãos segura a minha bunda, colando mais nossos
corpos, seu pau toca a minha boceta, sentindo-a.
— Está tão molhada, ma poupée. — Sua voz rouca me arrepia.
Ele caminha comigo até a nossa cama, deitando o meu corpo no
tecido macio.
— Enlace as pernas na minha cintura — manda ao se deitar em
cima de mim.
Encaixo as pernas, ele segura minha bunda com uma das mãos
e a outra posiciona seu pau em minha intimidade.
Acabo gemendo alto, Sebastien rosna ao se deparar com a
minha boceta molhada, ansiando para ele me tomar.
Os movimentos dele são rápidos, meu corpo balança junto aos
movimentos de vai e vem, arqueio a cabeça para trás, enquanto
arranho suas costas, conforme ele aumenta o ritmo.
— Ahh.. — digo entre um suspiro carregado de prazer.
Sebastien segura minha bunda com as duas mãos, enterrando
seu pau em mim com força, entrando e saindo, espalhando o prazer
em ondas que nos envolvem.
Sua mão marca a minha bunda, mordo o lábio inferior mantendo
o contato com seus olhos, eles enxergam além do que deixo à
mostra.
— Quero vê-la gritar, enquanto fodo você com força, tomando-a,
ma poupée — diz contra a pele do meu pescoço.
Aperto mais as pernas em torno da cintura dele, quero senti-lo
estocando dentro de mim.
Desvio o olhar dele por um momento, arqueio a cabeça para trás,
buscando fôlego, minha voz está rouca quando chamo por ele, solto
gemidos pedindo por mais.
— Mais rápido... — digo ofegante.
— Você é minha, quero que se lembre disso toda vez que
penetro sua boceta.
O orgasmo chega bruto e extremamente delicioso, gozo com
bastante vontade, ele busca recuperar o fôlego.
Aliso suas costas, estamos ofegantes, não há outro barulho,
apenas nós dois.
Mordo o lábio inferior, quando sinto a boca de Sebastien se
aproximar dos meus seios, não quero e nem consigo sair dessa
posição.
Sebastien continua a penetração, agarro seus ombros, as mãos
dele agarram minha bunda levando-a enquanto me toma.
Meu marido impulsiona, entrando e saindo, chamo Sebastien,
sinto suas mãos como duas algemas em torno da minha cintura,
dando-me prazer.
Ele bate na minha bunda, logo em seguida goza, deixando o
membro dentro da minha vagina.
Encaro-o, Sebastien está ofegante, absorvendo o orgasmo,
enquanto seus olhos não deixam os meus.
Volto a apertar as pernas em torno dele.
A mão de Sebastien puxa os fios do meu cabelo, intercalo meu
olhar entre sua boca e seus olhos.
— Je t’aime, ma poupée10 — declara, pegando-me de surpresa.
11
— Et il n’y a rien que je ne ferais pas pour te voir heureux.
10. Te amo, minha boneca.
11. E não há nada que eu não faria para te ver feliz.
— Je vous aime aussi12 — digo, soltando aquelas palavras sem
nenhuma dificuldade.
12. Eu também te amo.
A boca dele toma a minha com urgência e necessidade, seus
braços rodeiam minha cintura, mantendo nós dois nessa posição.
Escolhi ser tomada, cada parte do meu corpo o pertence.
Sebastien me deu segurança, um lugar ao seu lado e um refúgio.
Mon mafieux13.
13. Meu mafioso.
Apenas queria congelar esse momento e esquecer o que o
mundo lá fora está achando.
Preciso ver Camille.
Deixo sua boca um pouco mais calma do que antes.
— Preciso ir ao hospital.
— Depois de comer. Irei levá-la e depois estarei na empresa —
avisa, deixando minha intimidade vazia.
— Vou tomar banho — digo me ao levantar.
Entro no banheiro novamente, o dia promete ser longo, o meu
prazer foi apenas um pequeno alívio para sobreviver o restante do
dia.
Almocei um pouco na companhia de Sebastien, depois ele
acabou me levando para o hospital e seguiu para a empresa. Papai
tinha razão com o pronunciamento dele, a imprensa está mais
calma, apenas alguns repórteres estão na entrada do prédio.
— Louise, como está se sentindo? — pergunta um deles longe.
Os sombras fazem a minha segurança, evitando qualquer
aproximação.
— Quero que Camille fique bem logo — respondo sem entrar em
detalhes.
Entro no prédio fazendo o mesmo trajeto de horas atrás. O
elevador para no andar onde vou descer, não vejo mamãe ou
Fabrice na sala de espera, respiro aliviada, não quero ter uma briga
perto de Camille.
Charlotte está sentada lendo uma revista, enquanto toma café.
— Charlotte? — pergunto, confusa.
Pelo que me lembro, o acesso ao quarto de Camille é apenas
para poucas pessoas da família.
— Louise, como está, querida? Sinto muito por sua irmã.
— Papai está aqui? — pergunto estranhando.
Ela está sozinha aqui?
— Ele está no palácio, resolvendo questões burocráticas. Estou
aqui para qualquer novidade da sua irmã, a enfermeira disse que
apenas poucas pessoas podem entrar, pensei que iria dormir um
pouco mais.
— Irei ficar o restante do dia com Camille, com licença.
— Não quer conversar? — pergunta, guardando a revista. —
Imagino que deve estar devastada, Camille e você são grudadas.
— Não quero, vou ir vê-la — reforço indo até uma enfermeira.
Chega de responder perguntas.

Aproximo-me de Camille, aquela dor volta por não poder


conversar com ela, minha irmã sempre esteve comigo em diversos
momentos.
Não estou acostumada com a sua ausência, lágrimas novas
rolam pelo meu rosto, aperto sua mão.
— Odeio te ver nessa situação, não deveria ter acontecido nada
com você. — Minha voz sai embargada.
Nunca tive controle sobre as minhas emoções, diferente dela que
não demonstra choro ou descontrole.
Camille é meu porto seguro, consigo contar tudo para ela e o que
não sai, minha irmã encontra uma forma de me fazer falar.
Sou mais velha do que ela, apenas por alguns segundos, mas é
como se minha irmã fosse a mais velha, e eu a caçula.
Camille sempre foi independente, jamais encontrei medo em
seus olhos.
Observo-a novamente, deito com cuidado a cabeça em seu
coração, apenas é audível o meu choro incontrolável diante do
silêncio aterrador do quarto.
Fico quinze minutos com Camille no quarto, depois sigo até a
sala de espera, Charlotte já foi embora.
Tomo um pouco de água antes de me sentar em um lugar, estou
sem celular, o que resta é esperar.
Em um certo momento acabo dormindo, sendo vencida pelo
cansaço físico e mental diante dessa situação.
Vejo o hospital vazio, ando por ele sem encontrar uma
enfermeira ou médico, corro até um corredor escuro, passo por ele
com pressa, até que encontro o quarto.
Ando em direção à porta, ouvindo Camille.
Ela está acordada, presa pelos aparelhos naquela cama.
— Louise, me tira daqui.
Tento entrar, mas não consigo, uma força maior me impede de
entrar em seu quarto.
— Eu não consigo, Camille!
— Louise, por favor — ela pede com a voz fraca.
Começo a gritar tentando entrar, mas é em vão, ninguém vem ao
meu socorro. Minha irmã fica sozinha, presa naquela cama,
enquanto não consigo me mover.

— Louise! Louise! — Uma voz calma chama por mim. — Louise?


Abro os olhos, atordoada, Elisa está ao meu lado, segurando
minha mão, enquanto me chama.
— Elisa, não esperava te ver aqui. Chegou há algum tempo? —
pergunto, tentando ficar calma.
Aquele sonho parecia muito real.
— Há cinco minutos, você estava dormindo e não queria te
acordar, mas começou a chamar o nome da sua irmã, fiquei
preocupada. Sonhou com ela?
— Sim, estou me sentindo tão mal por ver Camille em coma —
desabafo. — Sonhei com ela pedindo ajuda, chamando o meu
nome. Não consigo controlar as minhas emoções, não sei o que
fazer...
— Ninguém consegue ser forte o tempo todo, imagino a sua dor
pelo que está acontecendo com ela, a sensação de se sentir
incapaz — diz ao me abraçar. — Mas tenho certeza de que Camille
enfrentaria qualquer coisa para salvar você, irmãos tem uma
conexão forte, imagino vocês que são gêmeas, ambas conhecem
uma a outra como ninguém — assegura.
— Obrigada por estar aqui, você é uma amiga que não
encontrava há muito tempo. Estou devastada, o único momento do
dia de hoje que estava melhor foi com Sebastien, horas mais cedo.
— Ele é capaz de qualquer coisa por você. Ainda tem dúvidas
disso? — pergunta, encarando-me com um sorriso.
— Não tenho mais, acho que acabei encontrando algo que eu
não tinha — revelo, ela sorri entusiasmada.
— Se entregue a isso — aconselha.
Já me entreguei.
Elisa ficou comigo até 20h no hospital, papai chegou junto com a
minha mãe para ficarem durante a noite.
Estou exausta, Camille não pode ficar com visitas no quarto por
muito tempo, apenas quinze minutos.
Aceitei uma carona com Elisa, quando cheguei em casa fui tirar
essas roupas e colocar um pijama. Sebastien chegou há alguns
minutos, ele foi imediatamente para o escritório, pois está
empenhado em encontrar aquele desgraçado de uma vez.
Para tentar espairecer, assisto uma série de comédia, até mesmo
as piadas mais diferentes que já ouvi não conseguem tirar um
sorriso do meu rosto.
— Senhora? — Florence pergunta.
Ela se aproxima.
— Diga, Florence.
— Fiz uma sobremesa, sei que gosta de chocolate.
— Não quero.
— Éclair14, tem certeza de que não quer um pouco? — insiste.
14. Doce parecido com a bomba de chocolate.
Encaro-a sem paciência.
— Florence, já disse que não quero comer nada. Pode me deixar
sozinha? Obrigada.
Volto a encarar a televisão.
Tudo está me irritando hoje e as pessoas apenas cooperam para
inflar ainda mais esse sentimento!

Marcelon e Cesare estão em Paris, há homens em diversos


locais, o renégatnão tem como deixar a França.
Ele morrerá pelas minhas mãos.
— Todos estão atentos,Michel fez bem em noticiarcomo um
atentado,Gaston está responsável por encontraro sangue sujo, é
questão de tempo, Sebastien — meu irmão tranquiliza.
— Tempo é a única coisa que eu não tenho, Bernard.
Fecho a porta do escritório, ele está em uma ligação comigo,
Bernard responde, mas não o escuto, ouço a voz de Louise irritada
com Florence.
Ela anda muito nervosa, penso em lhe dar um presente, mas não
sei o que poderia comprar.
— Quero uma opinião sobre o que posso dar para Louise, são
muitos acontecimentos em tão pouco tempo — mudo o assunto.
Ele ri.
— Quer conselhos de present e, irmão? Estou honrado, você
nunca pediu a minha opinião para isso.
Reviro os olhos.
— Responda o que perguntei, agora com o estado da irmã e a
minha ausência, não quero que ela fique sozinha — explico.
Florence está aqui para o que ela precisar, mas a minha
funcionária não sabe lidar com uma mulher de dezoito anos, são
pensamentos opostos.
— Quando não podia ficarmuito com Elisa, pensei em algo para
distraí-la, comprei um cachorro para fazer companhia.
Levanto uma sobrancelha.
— Um cachorro?
— Sebastienapostoque ele gostará,Louise tem de tudo, joias e
roupas caras, mas nunca a vi comentarque tinha um animal de
estimação. Elisa tinha uma companhia, hoje o cachorrotem uma
versão em miniatura de nossa casa, gosto dele .
— Acho que já escutei demais.
— Pense na possibilidade, irmão.
Finalizo a chamada ignorando a ideia fantasiosa de Bernard.
Ando pelo corredor até encontrar Louise na sala reservada,
sentada no sofá, ela está quase dormindo, mas força os olhos a
encarar a televisão.
O rosto continua inchado, os olhos vermelhos, durante o dia todo
ela chorou, sua irritação é nítida.
Não acredito que estou começando a cogitar a ideia de Bernard.
Percebendo minha presença ela encontra meu olhar.
— O que está fazendo? — pergunto.
— Vou dormir aqui — mente descaradamente.
— Você vai dormir em nosso quarto — reforço tirando o paletó.
— Novidades? — pergunta, olhando-me.
— Todas as torres estão cercadas, não há como ele sair da
França — afirmo.
Sento-me ao lado de Louise, acendo um cigarro enquanto
resolvo assistir o que ela escolheu.
Uma cena de sexo em cima da mesa passa nesse momento
entre um nerd e o que parece ser uma professora.
— Carente, ma poupée? — provoco.
Ela me encara com deboche.
— É uma série de comédia, você chegou na parte final do
episódio — explica.
Não escondo o sorriso de deboche.
— Jantou com Elisa? — pergunto, soltando a fumaça do cigarro
enquanto a observo.
— Sim, em um restaurante perto do hospital.
Mesmo com sono, ela força ainda mais os olhos, Louise tem um
temperamento explosivo, diferente das mulheres que já tive.
— Deite-se para assistir — sugiro.
Louise não questiona, ela deita a cabeça em meu colo, seus
cabelos escuros estão espalhados.
— O que não me disse sobre o hospital?
— Sobre o quê? — pergunta com a voz baixa.
— Ficou nervosa após sair do quarto, no caminho para casa não
disse nada.
Conheço quando ela não diz algo.
— Minha mãe, não estou suportando essa mudança repentina
dela em estar presente em nossas vidas, sendo que já somos
mulheres adultas. Brigamos no hospital, após ela fazer comentários
idiotas, por mim não a deixaria com Camille — explica com a voz
carregada de raiva.
— É por causa dela que está com o rosto vermelho ainda? —
sondo.
Ela se alinha em mim.
— Estou irritada com todo mundo hoje — confessa, sonolenta,
recusando-se a dormir.
Termino meu cigarro.
Encaro o rosto dela, Louise está de olhos fechados, desligo a
televisão, mas não ouço uma reclamação.
Passo o dedo sobre seus traços tranquilos, ouço a sua
respiração fraca, o sono a venceu.
Levanto-me com cuidado e a pego em meus braços, levo Louise
até o segundo andar, deito-a em nossa cama.
Cubro minha esposa, observando seu sono tranquilo, um que ela
queria afastar.

Aceitei a ideia do meu irmão em comprar um cachorro para


distrair Louise. Florence está brincando com a pequena cachorrinha
da raça buldogue francesa, branca com manchas pretas.
Tomo café enquanto olho o celular, não demoro a escutar
passos, a cachorra late abanando o rabo.
— De quem é essa cachorra? — Louise pergunta.
O animal corre até ela, vejo-a se ajoelhar para dar atenção.
— Comprei para você — revelo.
Louise me encara, surpresa.
Ela olha para a cachorra, que lambe a mão dela.
Louise não levanta o olhar para mim, Bernard terá problemas
caso ela não goste do presente.
— Sempre quis um cachorro, mas papai nunca gostou de
animais — confidencia, pegando a cachorra em seus braços.
Há algumas lágrimas no rosto dela.
— Não quero que fique sozinha em minha ausência, Florence irá
ajudá-la a cuidar — explico, ao levantar.
— Vou ficar um pouco com ela, depois vou ao hospital, Florence
cuida dela pra mim.
— Sim, senhora, com todo o prazer.
Aproximo-me de Louise.
A cachorra late não gostando da minha aproximação.
— Seu celular. — Entrego pra ela. — Tome café antes de sair.
Beijo seus lábios rapidamente.
— Obrigada — agradece em um selinho, o que me surpreende.
Observo seus olhos por alguns segundos, antes de sair levando
o toque dos lábios dela comigo.

Passei a manhã brincando com a cachorrinha, ela é tão linda,


branca com manchas pretas, ainda estou surpresa por Sebastien
me dar um animal de presente.
Florence ficou cuidando dela para mim, enquanto vim até o
hospital para ficar um pouco com Camille e acompanhar sua
recuperação.
Evito falar com a imprensa, não quero responder os curiosos.
Quando chego ao andar onde Camille está internada, papai e
minha mãe ainda estão aqui.
Vou até ele e o cumprimento com um beijo em sua bochecha.
— Papai.
— Minha filha, está mais calma? — pergunta, preocupado.
— Estou melhorando.
Olho para mamãe.
— Mãe.
— Cumprimenta seu pai e a mim? — questiona, levantando a
sobrancelha.
— Tenho os meus motivos — aviso ao me sentar do lado dele.
— Não discutam neste momento. Quero evitar escândalos, além
da saúde de Camille que é o mais importante agora — avisa, sério.
— Boa tarde. — O doutor que está responsável por ela nos
cumprimenta.
— Doutor, como ela está respondendo? — mamãe pergunta, ao
se levantar.
— Ela não apresenta mais a hemorragia estomacal, como ela
não está se alimentando, o veneno não tem como agir no estômago
e em outras áreas. A aplicação da vitamina K1 está agindo bem no
organismo de Camille.
Consigo sorrir, respirar um pouco aliviada, ela está reagindo
bem.
— Camille é forte, ela vai responder bem — comemora papai.
— Quando ela vai acordar? — pergunto, esperançosa.
— Nos próximos três dias diminuiremos a sedação para ver
como ela responde aos estímulos.
Papai se aproxima para conversar mais com o doutor, três dias
que parecem uma eternidade.
Estou feliz por Camille responder bem às medicações, mas o
silêncio de entrar naquele quarto é doloroso.
— Vou ver a minha irmã — digo para o doutor e meu pai.

Pego na mão dela mais uma vez.


O quarto parece estar frio, procuro ignorar a sensação, quero
ficar até o começo do anoitecer.
— Sebastien me comprou uma cachorra — revelo, encarando-a.
— Não esperava esse presente vindo dele, lembro-me de que
queríamos um animal de estimação quando mais novas e papai
jamais deixou.
— Durante o evento, naquele dia você arrancou de mim palavras
desconhecidas — comento com um sorriso. — Quero que acorde
logo, Camille, preciso de você.
Limpo algumas lágrimas com a mão livre.
— Está chorando, filha? — mamãe pergunta, ao entrar
repentinamente.
— Não.
— Seu rosto está vermelho.
— Vou deixar Camille com você — aviso, deixando a mão de
Camille.
Estou evitando me estressar, passo pelo corredor, os sombras
abrem espaço para mim.
Ainda sinto aquele frio do quarto de Camille, resolvo tomar água,
papai está ao celular do outro lado da sala.
Sento-me em uma das cadeiras, tenho que melhorar para
continuar com Camille, tiro alguns fios de cabelo do rosto.
— Michel. — O comissário da polícia chama meu papai.
Gaston entra no local cumprimentando meu pai, termino a água,
parece que estou sem roupa, não entendo esse frio repentino.
— Louise — diz Gaston, ao se aproximar e pegar minha mão.
— Gaston.
— Obrigada por vir, Sebastien está com tudo sob controle —
assegura papai. — É bom que a polícia também esteja do nosso
lado.
Não demora para Gaston sair, meu pai se aproxima sentando ao
meu lado.
— Dormiu essa noite? Está abatida.
— Não queria dormir, fico atenta olhando o celular em busca de
qualquer notícia. Mas acabei dormindo, estou bem — afirmo.
Papai coloca a mão na minha testa, encaro-o confusa.
— Ainda reconheço quando estão com febre, Louise não deveria
estar no hospital — reclama.
— Estava bem quando cheguei. Posso ficar mais um pouco, não
estou gripada ou com a garganta inflamada.
— Você irá para casa, precisa deitar e descansar. Não quero ver
Camille e você em um hospital, vou pedir para a levarem — reforça
ao ficar em pé.
— Pai está exagerando.
— Não seja teimosa, Louise. Está queimando em febre, caso
tenha alguma novidade irei ligar para você — afirma dando um beijo
em minha testa.
— Tudo bem, se você insiste.
Deixo o hospital já sentindo uma moleza, sem contar o frio, não
demoro a chegar à mansão. Florence e a cachorrinha estão à minha
espera na sala, sorrio ao ver a animação da minha nova
companheira.
— Ficou com saudade? — pergunto, olhando-a.
— Ela adora a senhora.
— Vou levar ela comigo para o quarto, não irei jantar, Florence,
estou indisposta — aviso, pegando a cachorrinha.
— Está sentindo alguma coisa, senhora? — pergunta,
preocupada.
— Não é nada de mais, vou deitar mais cedo. Qualquer coisa te
chamo, se ela começar a dar trabalho.
— Pode chamar.
Subo as escadas levando-a comigo, ela ficará me fazendo
companhia até Sebastien chegar.
— Você precisa de um nome — comento, encarando-a. — Perle
— escolho, ela late, parecendo feliz com o nome.
Perle não sai do quarto, ela está em cima da cama, sentada
olhando para mim, agitada, parece que quer brincar.
Pego uma bolinha, jogo em direção ao closet, ela sai correndo
atrás. Desde que cheguei em casa não saí da cama, aquela
sensação de cansaço domina o meu corpo.
Ouço passos, logo a figura do meu marido surge, Sebastien
adentra o quarto vindo em minha direção.
Seus olhos estudam meu rosto em busca de alguma resposta.
— Florence avisou que não desceu para o jantar.
— Estou com febre, cansada, por isso preferi ficar no quarto e
também estou sem fome — explico, encarando-o.
Sebastien coloca a mão em minha bochecha.
— Está muito quente, vou chamar um médico — avisa pegando
o celular.
Perle volta com a bolinha na boca, mas ao ver Sebastien perto
de mim, ela solta o objeto e começa a latir, demonstrando não
querer a presença dele.
— Perle, vem cá — chamo-a.
Ela pula na cama deitando nas minhas pernas.
— Florence vai levá-la para dormir em outro lugar — diz, olhando
a cachorra. — Não quero ela na cama.
— Perle estava comigo até você chegar — defendo-a. — Tem
certeza de que vai chamar um médico? Estão exagerando, papai e
você, uma febre não é nada de mais, estou muito estressada
ultimamente.
Exausta física e mentalmente durante esses dias, estar com
febre não é nada grave, considero normal.
— Passará pela avaliação do médico — reforça.
Levanto-me da cama, Perle vai comigo até o closet, pego um
robe para colocar por cima da camisola.
Minha cachorrinha late querendo a minha atenção.
— Você precisa dormir na sua casa — explico.
— Vamos para o escritório — diz Sebastien ao se aproximar
guardando o celular.
Perle rosna para ele.
— Vou pedir para a Florence levar ela — aviso, pego-a no colo
indo na frente.
Não sabia que animais eram tão protetores desde o primeiro
momento.

Estou sentada na cadeira de Sebastien, enquanto o doutor afere


a minha pressão, ele já verificou meus batimentos e mediu minha
temperatura.
— Senhora Cartier, sofreu alguma grande carga de estresse?
Nervoso? — pergunta, encarando-me.
— Sim.
Os últimos dias têm sido um caos, não tenho controle sobre as
minhas emoções, elas estão escancaradas.
Sebastien está ao meu lado observando o processo médico.
— Ela anda bastante nervosa, tensa e irritadiça — acrescenta
meu marido.
— A pressão dela e os batimentos estão normais. Mas nervoso e
estresse acabam desenvolvendo febre emocional na maioria dos
casos, quando a nossa mente está desgastada o restante do corpo
é afetado — conclui. — Precisa relaxar, evitar situações que vão lhe
causar nervoso — aconselha.
— Quero que colha o sangue dela — pede Sebastien.
— Irei colher as amostras, amanhã já consigo mandar o
resultado.
Levanto um pouco da manga do robe expondo meu braço, o
doutor se aproxima com alguns tubos que ele irá coletar.
Não demora para o médico ter três amostras do meu sangue
para levar ao laboratório, Sebastien o agradece, acompanhando-o
até a porta do escritório.
Encaro a minha veia, nunca gostei de tirar sangue, sempre
desvio o olhar.
Sebastien se aproxima pegando na minha coxa descoberta.
— Precisa comer, colheu sangue e não jantou — reforça.
— Quero leite morno com um pouco de açúcar — tento negociar
com ele.
Para a minha surpresa, Sebastien não contraria meu desejo.
A preocupação dele é única, parece me conhecer mais do que a
mim mesma, ultimamente percebi que não consigo mais ficar
sozinha em casa.
Desde a ligação do renégatele anda bastante ocupado, tentando
encontrar seu paradeiro, a ausência de Sebastien não é bem aceita
por mim.
Com Camille em coma, acabo tendo apenas ele por perto, sinto
segurança ao lado dele, Sebastien acabou trazendo muitas coisas
para mim, mais do que eu trouxe para ele.
— Tem certeza? — ouço a voz de Sebastien parece estar longe.
— Tem certeza? — ele repete.
Abro os olhos rapidamente, ele está em pé, o celular está em sua
orelha.
Só consigo pensar em Camille, levanto-me ainda sonolenta
atenta ao que ele responde. Mas a pessoa do outro lado está
falando, Sebastien escuta a orientação.
— Quero que mantenha em total sigilo o resultado — avisa em
um tom perigoso.
Arregalo os olhos.
Estou ficando assustada a cada minuto com essa demora em
terminar essa ligação!
— O que está acontecendo? — pergunto, preocupada e confusa.
Ele finaliza a ligação com esse recado, encaro-o assustada,
Sebastien não abre a boca de uma vez!
— Camille está bem? Por que pediu sigilo? — sondo, impaciente.
Sebastien olha para mim, demorando, engulo em seco, sinto que
meu marido está se preparando para falar algo grave.
Meu coração dispara, dou dois passos até ele.
15
— Tu me donneras un enfant, ma poupée .
15. Você vai me dar um filho, minha boneca.
Pisco algumas vezes, abro a boca boquiaberta.
— Un bébé?16 — pergunto, incrédula.
16. Um bebê?
Sebastien me pega no colo, estou processando a informação
lentamente.
Enlaço as pernas em volta da cintura dele, seus olhos me
hipnotizam, só consigo reagir quando sua boca toma a minha.
Retribuo seus lábios, seguro suas costas, minha cabeça está em
meio a um turbilhão de pensamentos.
Lágrimas rolam pelos meus olhos, não as contenho, entrego-me
ao beijo sentindo tanto da minha quanto da parte nossas
declarações em vigor.
Abro os olhos entre outro beijo, Sebastien também.
Eu quero ter esse filho com ele.

Diferente dos demais dias, Sebastien está em casa, ele desceu


ao escritório, fiquei de ir para lá, após comer alguma coisa.
Saio do banho olhando o closet em busca de uma roupa, um
sorriso bobo surge em meus lábios ao lembrar da notícia que recebi
tão cedo.
Estou grávida.
Pego um vestido vermelho curto e colado ao corpo, não demoro
a vestir, pentear os cabelos e descer, assim que piso no último
degrau da escada, encontro Perle, a cachorrinha vem ao meu
encontro balançando o rabo, bastante agitada.
— Bom dia, senhora, está melhor?
— Estou ótima, foi o cansaço desses dias — explico.
Alguns sombras saem do escritório, Perle late e rosna para os
homens de Sebastien, pronta para atacá-los.
— Perle! — repreendo. — Ela é muito brava.
— Conheci uma cachorrinha que ficou assim, latindo e rosnando
para qualquer pessoa que se aproximasse da dona. Descobriram
que a mulher estava grávida logo depois — conta.
Engoli em seco ao escutar Florence.
— Acho que ela não é acostumada com muitas pessoas, não
estou grávida, Florence — asseguro.
Preciso omitir a informação que chegou há pouco, não posso
revelar nada ainda, está muito cedo para mais pessoas saberem.

Encontro Sebastien no escritório, fecho a porta com uma mão, a


outra está segurando um copo de suco de laranja.
— Não irei para a empresa hoje, Bernard — Sebastien avisa ao
irmão.
Aproximo-me da mesa enquanto tomo o suco que acabou de ser
feito por Florence, está incrível.
— Tenho um assunto importante, receba os mexicanos e faça a
negociação — orienta, seus olhos me acompanham.
Coloco o copo em um espaço vazio da mesa dele, Sebastien
termina a ligação com o irmão, a mão dele encontra a minha coxa
descoberta pelo vestido.
— Vai ficar o dia todo em casa? — pergunto.
— Tenho um almoço com Cesare e Marcelon, iria levá-la, mas a
sua segurança é a minha prioridade.
— Vou para o hospital, ontem não pude ficar muito tempo, não
irei ficar presa dentro de casa — aviso, séria.
— Os sombras estarão em maior número para a acompanhar,
isso não está em negociação, Louise — reitera, trazendo-me para
perto.
Suas mãos estão na minha cintura.
— Já que não tenho outra opção, aceito sua condição. Gostou do
vestido? Está olhando para o meu corpo inteiro — sondo, deixando
as mãos em seus ombros.
Lanço em sua direção um olhar provocativo, junto a um sorriso
divertido em meus lábios.
— O vermelho me lembra você quando cora, gosto de vê-la com
vestidos, mas prefiro quando está sem nada — confessa.
Sento-me em seu colo passando as mãos em volta do pescoço
dele.
— Senti vontade de usar vermelho hoje, acabei de tomar café,
agora podemos falar sobre a gravidez. Florence disse que sabe o
motivo de Perle estar agitada, ela conhece uma mulher que
descobriu que estava grávida após o animal ficar igual a Perle —
revelo, preocupada. — Ela está desconfiada.
— O que disse? — pergunta, atento.
— Neguei rapidamente. Por quanto tempo vamos esconder?
Quero dizer apenas quando Camille acordar.
Quero muito contar para minha irmã.
— Até matar o renégat , não quero que a notícia se espalhe, será
um alvo para me atingir — reforça. — Tentei ter um filho com minha
ex-mulher por um bom tempo, essa notícia é esperada por todos da
máfia diante do tempo em que não produzi meu herdeiro — diz,
olhando em meus olhos.
— Vou fazer a revelação quando esse desgraçado estiver morto.
Você pediu ao médico para tirar o sangue por que suspeitava? —
pergunto, curiosa.
Sebastien alisa a minha cintura antes de responder.
— Não sabia, iria lhe pedir um filho esta noite, mas ele já está em
seu ventre, por isso estava tão nervosa e irritada com qualquer
coisa — conclui, beijando minha boca.
— Vai começar a falar os meus defeitos? — questiono
arqueando uma sobrancelha.
— Já está irritada, ma poupée? — provoca com diversão. —
Seus defeitos são inexistentes pra mim, sabe muito bem disso.
— Quero começar a pensar nas coisas para o bebê, pelo menos
ter algumas ideias já em mãos — comento, entusiasmada.
Não consigo explicar a alegria que essa notícia me trouxe, ver
Sebastien acompanhar minhas ideias de perto, acaba me deixando
ainda mais entusiasmada.
— Me mostre suas ideias mais tarde.
— Quando chegar, irei organizar tudo no notebook — combino.
— Vou almoçar no hospital, quero ir mais cedo — aviso ao ficar em
pé.
Ele não solta a minha cintura, não me deixando sair.
— Sairá daqui quando me beijar, ma poupée, pelo contrário a
manterei aqui.
Volto a sentar em seu colo de frente para Sebastien, nós nos
beijamos ferozmente, agarro seus cabelos com as duas mãos,
trazendo-o mais para mim.
As mãos dele rodeiam a minha cintura, apertando-me contra ele,
aprofundo o beijo colocando a minha língua em sua boca, uma das
mãos de Sebastien desce agarrando minha bunda.
— Quero a sua boca e o corpo todo a noite — digo ofegante,
entre mais beijos.
— Está desejando, ma poupée? — pergunta com a boca em meu
pescoço. — Esteja aqui sem todas essas roupas, sentada na minha
cadeira quando eu chegar.
A ideia é tentadora para o meu corpo.
— Estarei — afirmo contra a sua boca.
Antes de sair do escritório, ele passa rapidamente a mão pela
minha barriga, fico paralisada.
O simples gesto faz uma lágrima grossa escorrer pela minha
bochecha.
Mas, por enquanto, preciso esconder minhas emoções do
restante das pessoas ao nosso redor.
4 dias depois...
Separei algumas ideias de quartos para bebês, acordei cedo
hoje, peguei o tablet e levei comigo para a área de lazer da mansão,
o sol está incrível, sento-me em uma espreguiçadeira diante da
piscina para pesquisar algumas coisas.
Perle está ao meu lado, deitada no chão fazendo companhia,
levanto o olhar quando vejo meu marido vir até o meu encontro.
— Escolhi algumas ideias de quarto, separei para você ver —
aviso, entregando o aparelho.
— Acordou cedo, perdeu o sono, ma poupée? — pergunta ao se
aproximar de mim.
— Não consegui ficar na cama, queria organizar logo todos os
que gostei e mostrar para você, o que achou? — pergunto,
esperando a opinião dele.
— Gostei de todos para a menina, o do menino não gostei do
urso.
— É o mais lindo, Sebastien — afirmo ao levantar.
Aponto com o dedo os detalhes do ursinho na cor creme, o
quarto é todo azul-bebê, o desenho do ursinho fica na parede perto
do berço.
— Gostou mais desse do que o dos outros? — pergunta,
olhando-me.
— Não precisa ter muitos ursos, só um perto do berço — sugiro.
Ele analisa as imagens passando no tablet conforme passo o
dedo na tela.
— Somente esse urso — reforça.
Sorrio convencida.
Iria falar quando o celular dele toca, pego o tablet, ele coloca o
celular na orelha.
— Irei levá-la — afirma, desligando rapidamente.
— Quem era?
— Camille acordou do coma — revela.
— Temos que ir para o hospital agora, eu... — não termino, sinto
uma tontura estranha.
Sebastien segura minha cintura.
— O que foi? — pergunta, preocupado.
— Estou com tontura.
— Ficou agitada com a notícia.
Ele se senta na espreguiçadeira, trazendo-me para o colo dele.
— Quero ir logo para o hospital, prometo que vou andar devagar.
— Quando a sua tontura passar iremos — reforça.
Fecho os olhos por alguns segundos, gosto de sentir o cheiro do
perfume dele, muitas das vezes sentir a fragrância, ficar com
Sebastien, seja conversando ou em seu colo, acalma-me.

Minha chegada ao lado do meu marido é feita pelos fundos do


hospital, Camille estar acordada pode chamar a atenção do renégat
.
Não sabemos como é o seu rosto, ele pode ter alguns traços do
pai de Sebastien, mas a mãe dele é desconhecida para a família
dele.
— Acha que ele pode vir até aqui? — pergunto, enquanto
entramos no elevador.
— Marcelon e Cesare estão com Bernard em um local próximo
daqui — avisa. — A notícia da sua irmã ter acordado vai se
espalhar, a falha corrompe alguém, o objetivo era matar sua irmã e
você, mas ele falhou nas duas vezes.
— Sebastien, mate-o — peço, angustiada.
— Matarei, ma poupée — afirma, deixando um rápido beijo em
meus lábios.
Não quero passar por algo parecido com o que aconteceu com
Camille e comigo de novo, quero que Sebastien mate aquele
desgraçado.
Só assim poderei ficar em paz, anunciar minha gravidez.
Meu marido vai até a recepção do andar, a enfermeira autoriza a
nossa entrada, mas pede para ter cautela com Camille, ela acordou
há poucas horas.
Só quero ver minha irmã e abraçá-la, sentir que o pesadelo
finalmente acabou, estou exausta de chorar.
Repito para mim mesma ter calma, preciso evitar uma tontura.
Respiro fundo algumas vezes, ouço a voz dela falando com meu
pai, abro aquela porta a encontrando acordada, os olhos abertos.
— Camille — digo com a voz embargada.
Não consigo não chorar.
Vou até ela e a abraço, as mãos dela demoram mais, no entanto,
logo já estão retribuindo o abraço.
— Senti sua falta — diz com a voz um pouco rouca.
— Não estou acreditando que está acordada, era doloroso entrar
e ver você dormindo, sem responder minhas dúvidas e brigar
comigo — declaro chorosa.
— Pensei que iria morrer naquele dia — revela, afasto encarando
seus olhos.
— Camille — cumprimenta Sebastien. — Consegue se lembrar
de algo?
Ela pisca algumas vezes.
— Não force sua cabeça — papai alerta. — O médico disse que
ela pode lembrar ou demorar um pouco, depende da recuperação
dela.
— Filha! — diz mamãe.
Ela e Fabrice entram no quarto, Camille não demonstra
animação ao vê-los.
— Estava tão preocupada, Camille — declara, aproximando-se
dela.
— Você em um hospital? — rebate com ironia.
— Laure, tenha paciência — papai interfere.
— Camille iria dizer algo importante quando chegaram —
repreendo.
— Algo? — Fabrice comenta, surpreso.
— A deixem falar — Sebastien o interrompe.
— Estava em uma loja, peguei um vestido, quando estava
entrando no provador, fui puxada para trás. Eu não consigo lembrar
direito do restante, mas a voz do homem não era estranha —
afirma, convicta.
— Lembrou de grande parte, Camille — diz Fabrice. — Mas não
deve fazer esforço para se lembrar de tudo, acordou há poucas
horas.
— Concordo com Fabrice, deixe esse assunto para nós, filha —
pede papai. — Tenho que ir ao palácio, voltarei depois, Fabrice me
acompanhe.
— Sim, Michel.
Os dois saem do quarto, Sebastien atende uma ligação, ele se
retira, deixando apenas mamãe conosco.
— Durante todos esses dias estive aqui, alisando seus cabelos,
cantando uma música, aquela que vocês gostavam de ouvir para
dormir — diz ao se aproximar de nós.
— Eu não pedi para você vir para cá ou cantar para mim —
responde Camille. — Quero que saia do quarto.
— Não a deixe nervosa — reforço. — Mamãe não é hora de
sermão ou discussões, o que importa é que Camille acordou. Temos
problemas maiores do que uma questão do passado, que não faz a
mínima importância mais.
— Ficarei na sala de espera, não irei embora. Sou a mãe de
vocês, gostem ou não, tenho permissão e um lugar ao lado de
ambas — afirma saindo rapidamente.
Ela bate a porta ao se retirar.
— Odeio essa multidão de gente em torno de mim, ainda mais
essa tentativa inútil dela em se aproximar, eu não quero — diz,
irritada.
— Esqueça nossa mãe, ela está apenas querendo ganhar pontos
com papai, assim Fabrice tem o apoio do presidente. É tudo por
interesse, sempre foi.
— O que aconteceu enquanto estive dormindo? — pergunta. —
Não tente mentir, seu olhar entrega que você tem coisas a contar.
Dou risada.
Se ela soubesse quantas coisas aconteceram na ausência dela.
— Tenho que ser cautelosa, afinal você perdeu alguns
acontecimentos. Mas posso começar contando que entreguei meus
sentimentos para Sebastien — revelo.
Ela revira os olhos.
— Isso eu já sabia, uma hora ou outra iria acabar falando com
ele. Quando forcei você a soltar as palavras, percebi o quanto
estava com um brilho nos olhos, não ia demorar a acontecer —
assegura. — Minha irmã apaixonada por um mafioso.
— É tão convencida.
— Sou realista, odeio enrolação.
— A segunda coisa vai te deixar de olhos arregalados, fiquei
imensamente confusa quando vi a cena — comento, ao ver que sua
atenção está fixa em mim.
— O quê?
— Sebastien trouxe os aliados dele para Paris, Cesare e
Marcelon, os dois ajudaram a fechar a França, não há como o
renégatescapar. Quando você foi trazida pra cá, Sebastien veio
comigo, Marcelon chegou em seguida. Assim que chegou, foi direto
aumentando o tom com Sebastien, ele exigiu oito sombras no
corredor do seu quarto, você tinha que ver.
— O que ele tem a ver com a segurança do meu quarto? —
questiona, arqueando uma sobrancelha.
— Não entendi também, fiquei intrigada com o que aconteceu.
Mas não perguntei para Sebastien, afinal, Marcelon estava
ajudando, então não queria parecer ingrata.
— Você controlando o seu gênio? — debocha, divertindo-se com
a situação. — Louise, você definitivamente está estranha, em outro
momento iria atrás de respostas, não iria descansar até conseguir.
— O assunto não sou eu, mas o Marcelon.
— Espero que ele não apareça por aqui, não quero visitas,
apenas desejo sair desse hospital o mais rápido possível — pede,
olhando ao redor. — Gosto do meu quarto.
— Sabe pensando agora, o pretendente que papai havia
escolhido não apareceu, papai não comentou e eu não vi ninguém
diferente — pontuo, ganhando seu olhar.
Um sorriso calculista surge em seus lábios.
— Então conquistei a minha liberdade de volta? E dessa vez não
precisei fazer nada.
— Papai deve ter repensado após o seu envenenamento, fico
mais tranquila que essa ideia dele não vá adiante — afirmo,
tranquila.
— Você se estressa por qualquer coisa, eu controlo situações,
papai não age bem quando é contrariado de imediato.
— Senti falta das duas reclamações, Camille — digo.
— Com licença — pede uma enfermeira ao se aproximar. — O
doutor irá ver como Camille está, ela precisa descansar um pouco.
— Claro, vou ficar na sala de espera — afirmo para ela.
Saio do quarto sem aquela sensação horrívelde dias atrás. Mas
a minha alegria não dura muito ao encontrar Sebastien dando
orientações para seus sombras, em um tom perigoso.
— Quero que impeçam a entrada de quem ousar enfrentar a
mim.
— Sim, chefe — afirma o homem ao sair deixando meu marido
sozinho.
Ando até Sebastien, preocupada.
— O que aconteceu? Estava um pouco alterado.
— Marcelon ligou, o renégatcolocou uma distração para eles,
alguns atiradores no local perto daqui — avisa em um tom baixo.
— Ele pode estar chegando até aqui? Não há outra informação?
— pergunto, sentindo um nó na garganta.
— Calma, tenho o controle da situação. A entrada e a saída do
hospital estão bem vigiadas.
O celular dele toca novamente, passo a mão no rosto, não irei
abrir a boca sobre isso para Camille.
Isso a deixaria nervosa, não vou arriscar a recuperação dela.
— Façam o que mandei, impeçam! — rosna ao soldado.
Sebastien termina a ligação, saio andando com ele pelo corredor.
Na sala de espera está apenas a mamãe, ela folheia uma revista
tranquilamente.
Olho ao redor sentindo uma inquietação.
— Por favor, se acomodem — um enfermeiro orienta ao se
aproximar.
— Não queremos sentar, estamos esperando alguém — minto.
— Estava à espera de alguém acordar também — revela ao tirar
a máscara, ele pega uma arma.
Seus olhos são azuis, idênticos aos de Sebastien, os cabelos
são ruivos, um corpo magro e a pele pálida.
O renégatsegura a minha mãe, arrastando-a com ele, a arma
está na cabeça dela.
Vejo seu olhar desesperado, enquanto lágrimas caem.
Sebastien me coloca para trás dele, pegando sua arma.
— Louise, Sebastien Cartier, o meu irmão.
— Você não deve mencionar o meu nome — ameaça Sebastien.
— Passe o seu reino, suas torres, tudo para mim como é de
direito. Não é o primogênito, a máfia Cartier é minha! — reitera,
apertando a arma contra a minha mãe.
— Não tem puro-sangue, foi abandonado para a minha criação
— rebate, inflando o ódio nos olhos azuis, hipnóticos e gelados do
renégat .
— Quando enterrar seu nome junto ao corpo em um buraco ao
lado do nosso pai, não irei ouvir seus comandos, ninguém mais —
afirma, arrastando minha mãe com ele para dentro do corredor, os
sombras se preparam para atirar.
Mamãe grita pedindo socorro.
— Socorro, por favor!
— Deixe a minha mãe — rebato.
— Atirem! — Sebastien ordena.
Os sombras atiram, temo que mamãe possa ser atingida, o
renégat leva tiros na perna e outro no braço, mas com uma
agilidade assustadora, atira nos homens de Sebastien um por um.
Aproveitando-se de que está com um escudo, mais alguns
passos e ele terá acesso ao quarto de Camille, não posso deixar
isso acontecer.
Olho para Sebastien, ele não vai arriscar a minha vida.
— Largue-a, venha tentar matar a mim sem escudo — provoca
Sebastien.
— Quero a Louise, mas soube que Camille está acordada.
— Não! Deixe Camille fora disso. — Aumento o tom ao sair de
perto de Sebastien. — Eu vou com você, troque minha mãe por
mim.
— Louise! — Sebastien rosna, ele tenta se aproximar, mas a
arma agora está na direção da minha cabeça.
— Ande, Louise, e eu solto a sua mãe.
Mamãe nega em um sussurro para não fazer essa troca, ando
até o sujeito, ele empurra minha mãe, puxa-me trazendo o seu
braço em volta do meu pescoço.
— Filha... — minha mãe chama aos prantos.
O cano gelado da arma está na minha cabeça, encontro o olhar
de Sebastien, uma lágrima grossa escapa pelo meu rosto.
Não posso fazer mais mal para Camille, não poderia deixá-lo
entrar em seu quarto.
— Solte-a, e eu lhe dou tudo — afirma Sebastien.
— Solte a arma, venha até aqui — manda, acompanhando os
passos dele.
A arma cai no chão, Sebastien se aproxima, não consigo dizer
como tudo ocorreu, em um momento sou empurrada por Sebastien,
ele entra na frente lutando pela arma, o renégatatira várias vezes
para cima, tentando tomar controle.
Vejo a arma de Sebastien perto de onde minha mãe está agora,
ela olha o objeto com receio, mas seu olhar encontra o meu.
Ela se levanta com a arma em punho, o tiro acerta o outro ombro
do renégat .
Ele se vira para trás, esse é o seu último movimento, Sebastien
atira uma, duas, três vezes no rosto do sujeito, como se ele
quisesse apagar o que viu.
O corpo cai no chão.
O rosto do fruto da traição do pai, os olhos que lembram os seus.
Minha mãe se aproxima abraçando-me com força.
— Filha, meu Deus, Louise, não podia te perder — declara,
atordoada.
— Obrigada — agradeço, retribuindo seu abraço.
Ela sorri.
Levanto-me e corro para os braços de Sebastien, agarro seus
ombros, aproximo meu rosto do seu.
— Fabrice, o que você…— escuto mamãe falando alto.
Viro o pescoço e vejo Fabrice com uma arma em nossa direção,
ele aperta o gatilho, não dá tempo para Sebastien revidar.
Minha mãe se joga em nossa frente levando um tiro nas costas,
grito ao vê-la cair no chão, o sangue se espalhar.
Fabrice toca no gatilho, mas Sebastien atira, caindo comigo no
chão, usando seu corpo como escudo.
O marido da mamãe leva um tiro fatal na cabeça.
Dois dias depois…

Adentro a empresa, decidi reunir minha família, membros da


máfia Cartier e aliados. O vovô está inquieto na cadeira, parece que
ele sabe sobre o que vou falar, o assunto envolve principalmente a
família.
— Senhores e senhoras, meu irmão convocou essa reunião para
compartilhar regras novas para a Cartier. — Bernard faz um breve
resumo.
— Sabemos sobre o que você quer falar, Sebastien, mas
primeiro onde está o corpo dele? — vovô interrompe.
Observo-o.
— O corpo dele será decomposto, o processo será adiantado,
quero destrui-lo ainda hoje. Espera que eu o enterre junto com a
família? — indago, encarando-o.
— Não, apenas queria vê-lo antes de terminar com o corpo. Há
anos não tinha notícias dele, deixe-me ver — pede.
— A pauta da reunião não é essa, Hugo. Reuni todos na
empresa, porque sofreremos mudanças, ocultar segredos, por isso
decidi que a presença de um outro possível renégat terá como
consequência a morte.
— Qualquer renégatserá condenado, eles não possuem nosso
sangue, podem se tornar ameaças aos nossos filhos ou em um
futuro próximo à máfia — reforça meu irmão.
— Um renégatescondido pela famíliaCartier estava arquitetando
tomar o que é meu. Esconder um segredo quase custou a vida da
minha esposa e a do próprio chefe dessa máfia. — Aumento o tom.
— Não será mais tolerado nenhuma dessas duas coisas, coloquem
essas regras entre as mais importantes na conduta. Derramar o
sangue de vocês não é o que almejo, mas como chefe levo o
controle dessa máfia como o mais importante — finalizo a reunião.
Caminho até o meu avô, há receio em seus olhos.
— Pela minha omissão sentenciou todos que escondem dores?
— questiona.
— Sua omissão poderia ter custado muito caro. Não deixarei
brechas para isso novamente, é o meu dever como chefe controlar
todos — reitero.
— Perdão, meu neto, perdoe o seu avô — pede, pegando em
minha mão.
— Verá o corpo dele pela última vez — autorizo.
Deixo vovô ao lado de Charlotte, meu irmão está com Marcelon e
Cesare, junto-me a eles para um agradecimento.
— Cesare, agradeço pela ajuda.
— Você já esteve na Itália ajudando-me, a aliança entre nossos
territórios é uma prioridade, Sebastien — afirma ao apertar a minha
mão.
— Jamais será quebrada — reforço.
Ele se dirige aos outros membros e a minha família, Marcelon e
eu trocamos olhares, nossa aliança é recente depois de anos em
guerra.
— Marselha e Paris alinharam-se, você tem o agradecimento da
minha família e a máfia Cartier.
— É o nosso dever controlar todos à nossa volta, Sebastien,
suas regras manterão o controle e a ordem. Você escolheu fortificar
nossa aliança ao me dar aquele presente, que irei buscar, nossos
sangues estão do mesmo lado.
— Assim será — afirmo.

Camille fez alguns exames para os médicos verificarem o quadro


dela, o doutor que estava responsável constatou que o seu
organismo se recuperou.
Ela recebeu alta, mas antes de irmos embora decidimos visitar
nossa mãe, a cirurgia para remoção da bala, que estava próxima ao
rim foi um sucesso.
Abro a porta do quarto onde ela está, seus olhos acompanham
Camille e eu atentamente.
— Como está? — pergunto próxima da cama.
— Vocês estão vivas, isso basta para me manter respirando,
saber que nada aconteceu com ambas — declara, lágrimas grossas
rolam por suas bochechas.
— Fabrice era um manipulador, controlou você durante todos
esses anos — diz Camille enquanto a observa.
— Fui enganada, deixei vocês para trás, sei que jamais vão
perdoar os erros do passado. Mas não me peçam para ficar longe,
quero acompanhar vocês de alguma forma, ver os meus netos,
ajudá-las em qualquer situação — insiste.
— Você verá, mãe, mas o passado não tem como esquecer por
completo. Se preocupe primeiro com a recuperação e a sua nova
vida — sugiro.
Não consigo esquecer tudo o que já aconteceu, sou grata por ela
ter salvado a minha vida, mamãe se arriscou naquele dia.
Salvou o meu bebê, mesmo que ela ainda não saiba.
— Não terei filhos — rebate Camille. — Mas você me verá em
casa, como sempre foi.
Ela se retira logo depois.
— Eu amo vocês — diz nossa mãe aumentando o tom.
— Boa recuperação, ligue se precisar de qualquer coisa —
informo.
Ela pega em minha mão.
— Obrigada, filha.
— De nada — digo, deixando-a me abraçar.

Papai reuniu todos em uma coletiva, Fabrice ter sido revelado


como traidor acendeu sua preocupação.
Ele precisava responder às dúvidas da população e a mídia, ser
transparente com a França, quem votou nele e em seus apoiadores.
Minha irmã e eu acabamos de chegar ao local, sendo escoltadas
pelos sombras que estão em maior quantidade, Sebastien está
esperando por mim lá.
Ele marcou uma reunião com seus aliados e membros, decidiu
acrescentar regras importantes para todos seguirem.
Com a nossa chegada, papai começa a conversar com a
imprensa, milhares de programas de televisão estão acompanhando
a transmissão feita diante do palácio.
— Posso começar esse pronunciamento dizendo o quanto estou
triste com a traição de um homem que estava ao lado da mãe de
minhas filhas com um propósito.
Sebastien deixa uma mão na minha cintura quando chego,
ficando ao seu lado, ele parece estar escondendo alguma coisa de
mim.
— O que aconteceu? — pergunto baixinho.
— Conversaremos em casa, longe dos curiosos.
Decido não contrariar, volto a prestar atenção no papai.
— Fabrice foi morto junto ao responsável pelo atentado contra as
minhas filhas através de envenenamento.
Ele entrega aos presentes uma história que a mídia publicará
dando ênfase a versão dele, já que ninguém corrigirá os fatos.
Fabrice estava com o renégatpor um motivo, que descobrimos
após os sombras encontrarem no antigo apartamento do idiota fotos
dele com o sujeito.
Ele usou a minha família, para chegar em Sebastien, já que os
Lavigne sempre fazem algum acordo com a máfia Cartier.
Talvez ele não esperasse que meu pai optasse por um acordo,
onde fui entregue para o chefe da máfia parisiense, o que apenas o
ajudou em seu plano, estar por perto sendo os olhos e ouvidos
daquele desgraçado.
Foi ele o responsável por ajudar o renégatcom o veneno, que
chegou em meus presentes, Fabrice foi atrás de Camille no
shopping pronto para matá-la.
— Ver as minhas duas filhas bem, perto de mim me conforta um
pouco, mas não posso permitir que isso ocorra novamente, como
pai e presidente meu dever é cuidar de todos vocês, é o que sempre
priorizo toda vez que venho aqui para dar respostas às dúvidas —
afirma com a mão levantada. — Obrigado pelo apoio e mensagens
de carinho, obrigado França pelo seu apoio!
Uma grande salva de palmas é ouvida por todos os presentes, a
população diz o nome de papai com orgulho. As bandeirinhas da
França presente nas mãos de todos, o nome do nosso país é dito
com amor por todos.
Olho para Camille, ela encara essa situação entediada.
— Irei fazer uma reunião na minha casa — aviso, ganhando a
sua atenção.
— Uma reunião? — indaga, curiosa. — Algum motivo para abrir
as portas da mansão?
— Quero comemorar a sua recuperação, tudo o que passamos.
Vou falar com papai durante o jantar para apenas a família
comparecer, sem os aliados dele — explico.
— Será amanhã?
— Sim.
— Estou surpresa, você guardando um segredo — diz,
desconfiada.
— Para tudo tem uma primeira vez — afirmo, sorrindo.
Camille e eu voltamos a dar atenção ao papai, ele acena para
todos os presentes, assim como nós e o restante da família.
Desvio o olhar para Sebastien, ele me encara.
— Vai ficar sem falar comigo? — sondo.
— Vamos jantar — diz, levando-me pela mão.

O restaurante reservado para a comemoração de papai, pela


recuperação de Camille e o fim de todo o caos, está com uma
quantidade de pessoas menor do que o da última vez.
Quando me sentei com Sebastien contra a minha vontade, papai
havia feito o anúncio do nosso casamento naquele dia.
Hoje sentamos à mesma mesa da última vez, um ao lado do
outro, a diferença é que a presença dele não é sufocante.
Meu marido bebe um pouco de água, deixo a minha mão na coxa
dele.
— Esse lugar não te lembra nada? — pergunto, ganhando a sua
atenção.
— Lembra.
Sebastien me ignora.
Vejo Gaston entrando no restaurante, certamente papai o
convidou para essa confraternização.
— Gaston está aqui, vou cumprimentá-lo. Antes de casar com
você, fiz perguntas para ele, quando pensava que o comissário da
polícia poderia te prender — relembro.
Faço menção de me levantar da cadeira, quando sua mão que
agora está na minha coxa impede.
— Ficará aqui, exatamente como fizemos daquela vez — reforça.
— Quando a sua mão parecia uma algema na minha coxa?
Onde fui obrigada a sentar ao seu lado — comento com um sorriso
travesso.
A mão dele invade o meu vestido curto, aproveitando o pano
gigantesco da mesa para esconder a ousadia de Sebastien.
Seus dedos acariciam a minha boceta, novamente encontro-me
paralisada, não posso fazer um barulho com a boca.
Ele aproveita para puxar meus cabelos disfarçadamente,
deixando sua boca na minha orelha.
— Mesmo estando com raiva pelo que fez no hospital, arriscando
sua vida, não consigo manter as mãos longe de você — declara
com a voz baixa e rouca.
A mão dele afasta a minha calcinha, quero que ele a toque mais
profundamente, sabendo como eu quero, Sebastien coloca um
dedo.
Engulo em seco, sinto um suor frio, preciso ficar quieta.
A situação piora quando papai se aproxima com alguns de seus
apoiadores para que Sebastien os cumprimente.
— Boa noite, senhores — digo com um sorriso contido.
— Minha filha, Sebastien.
— Boa noite — meu marido os cumprimenta sem estender a
mão. — Louise, conte ao seu pai o que estamos fazendo — sugere,
descendo o dedo pela minha boceta.
A frase de duplo sentido me atiça.
— Papai....
Estou quase gemendo nessa mesa.
— Vamos fazer uma recepção apenas para a família, algo íntimo
para uma surpresa na minha casa — explico. — Será amanhã.
— Adorei a ideia, ma princesse, acho que tenho duas surpresas
para compartilhar nesse evento íntimo — comunica.
Sebastien tira o dedo, mordo o lábio inferior para não gritar em
protesto.
— Está bem, filha? — questiona.
— Estou muito bem, apenas com um pouco de calor, preciso
beber um pouco.
Consigo enrolá-lo, papai e os apoiadores se afastam, enquanto
volto a encarar meu marido, ao ver seu sorriso malicioso, seus olhos
me devoram.
— Talvez em casa eu lhe faça gemer — avisa, provocando o
meu corpo.
— Se eu quiser — rebato pegando uma taça de água bebendo o
líquido com pressa.
Quando chegamos em casa, seguimos imediatamente para o
quarto, necessito saber o que está irritando ele.
Sebastien não olhou direito na minha cara desde o hospital,
quero saber o que aconteceu.
Estou de braços cruzados, ele fecha a porta para termos
privacidade.
— O que eu fiz? Não estou entendendo sua reação, Sebastien —
questiono, irritada.
— Arriscou sua vida e a de nosso filho ao se entregar para o
renégat . Poderia estar morta, tem consciência disso? — rebate ao
se aproximar.
— Eu não poderia deixar que ele fizesse algo com a Camille, ela
tinha acabado de acordar de um coma. Minha irmã e você são as
pessoas mais importantes pra mim, arrisco a minha própria vida
para proteger vocês — revelo, encaro o fundo de seus olhos.
Uma lágrima grossa escorre pelo meu rosto.
Não consigo deixar que algo aconteça com eles.
— Estou irritado pela sua teimosia, poderia ter custado a vida de
vocês dois — diz diante de mim.
Sebastien me tira do chão, logo estou deitada em nossa cama
com ele por cima.
— Vai ficar o resto da noite irritado comigo? — sondo deixando
minhas mãos em seus ombros.
17
— Je ne peux pas supporter l’idée de te perdre, ma poupée .
17. Eu não posso suportar a ideia de te perder, minha boneca.
— Je t’aime18, Sebastien — declaro contra sua boca.
18. Gosto de você.
Nós nos beijamos lentamente, minhas pernas rodeiam sua
cintura, ele aprofunda o beijo tomando a minha boca com urgência.
Agarro seus ombros, mantendo-o comigo, gosto de escutar
nossa respiração ofegante, entre o beijo vejo em seus olhos a
mesma declaração que a minha.
— Me tome novamente, quero você, odeio brigar — peço
ganhando a sua atenção.
— Darei o que você quiser, ma poupée — afirma com uma
promessa em seus lábios.
Uma de suas mãos adentra o meu vestido descendo a calcinha
de renda.
Enquanto seus olhos me tornam prisioneira.
— Seja meu — digo com a voz rouca.
— Você já me tem.
Perle está latindo impaciente para entrar na sala, a cachorrinha
está no jardim dos fundos, enquanto Florence e eu organizamos a
sala principal para receber os convidados.
Taças de champanhe são colocadas em cima da mesa para
todos os que já chegarão.
Queria fazer esse encontro íntimo há um bom tempo, mas não
era o momento já que Camille ainda estava no hospital.
Escolhi um vestido branco curto de manga longa e sandálias na
cor prata.
— Senhora, vou trazer os petiscos — avisa.
— Obrigada, Florence. Pode deixar as bandejas perto das
bebidas, é o único detalhe que falta.
Ela se retira rapidamente, ouço a voz dela cumprimentando
Sebastien no corredor, meu marido logo surge impecável em seu
paletó.
Os olhos dele imediatamente vão na mesa organizada.
— Onde está a sua taça com água? — indaga não a
encontrando.
— Vou usar essa apenas para brindar, ficaria estranho brindar
com água.
Ele se aproxima pegando uma taça sem esperar os convidados,
Sebastien se senta, tomando um pequeno gole da bebida.
— Deve esperar os convidados, estão todos a caminho, marquei
às 14h em ponto.
— Quero brindar primeiro apenas entre nós dois — avisa, ele
estende a mão livre para mim.
Não tenho outra tarefa, acabo indo me sentar em seu colo.
— Preciso marcar o acompanhamento com a minha médica,
também estou curiosa para saber o sexo. O que prefere? — sondo
arrumando sua gravata.
— Não tenho preferência, ma poupée. Eu queria um filho e você
já está o carregando, nosso bebê terá tudo — afirma.
Suas palavras soam como uma promessa.
Ouvimos os passos de Florence com as bandejas, ela organiza o
que falta, deixando tudo pronto.
Sebastien olha o celular, nossos convidados já estão aqui,
levanto-me indo até o corredor, Elisa e Bernard são os primeiros.
— Louise! Estou muito curiosa, já criei diversas ideias na minha
cabeça — declara Elisa, empolgada.
Abraço-a rindo.
— Imagino o tamanho da sua curiosidade, mas se eu estragar a
surpresa não terá graça, estou de boca fechada pela primeira vez
em toda a minha vida — admito.
Rimos juntas.
— Fiz suposições sobre o que pode ser — diz meu cunhado,
cumprimento-o sorrindo. — É melhor ficar quietinho.
— Ele ficará, não é, irmão? — Sebastien pergunta ao se
aproximar.
— Sempre guardei nossos segredos.
— Alguns — rebate meu marido.
— Oi, tia!
Alexandre vem correndo no corredor, ele trouxe um carrinho de
controle remoto para brincar.
Imagino se o meu bebê for um menininho, ele brincando pela
mansão, um sorriso bobo surge em meus lábios.
— Não é para usar dentro de casa, apenas no jardim — manda
Elisa.
— Oi, lindo, que saudade de você — digo ao me abaixar, ficando
na altura dele. — Acho que você não conhece a Perle, ela ama
brincar com a bolinha no jardim — comento, deixando-o animado
com a ideia de brincar com a cachorrinha. — Florence fique com o
Alexandre e a Perle, por favor.
— Sim, senhora. Vamos, querido? — ela pergunta.
— Vamos sim! — responde, todo entusiasmado.
Elisa se junta ao marido e Sebastien na sala, Camille é a próxima
a chegar, atrás dela vovó, vovô, tio Armand, papai e Charlotte.
Ele deve aproveitar esse momento para fazer o anúncio íntimo
sobre o casamento de ambos.
Hoje mais cedo o assessor publicou o processo do divórcio dele
em andamento para a imprensa.
Diferente de mim, Camille está usando um vestido preto curto,
um decote em V, valorizando seus seios.
— Já pode adiantar o que é? Estou curiosa, apesar de suspeitar
de alguma coisa — questiona, arqueando uma sobrancelha.
— Vai saber junto com todo mundo. Sempre reclamou sobre o
fato de que eu não consigo esconder nada, dessa vez deve admitir
que estou superando as expectativas — provoco-a com um sorriso
divertido.
— Prefiro quando você abre a boca, mas se não tem outra forma.
Ela entra na sala principal indo cumprimentar Elisa.
— Vovó, vovô, bem-vindos — digo, ao cumprimentar ambos pela
primeira vez em minha casa.
— Sua casa é linda, minha neta — elogia vovó, apertando-me
em um abraço.
— Está com um sorriso que não via há muito tempo, Louise —
sonda vovô, com um sorriso divertido.
— Estou feliz, vovô.
— Vejo em seus olhos, Sebastien é um homem que cuida e
cuidará bem de você, confio nele.
— Eu sei — digo, abraçando-o rapidamente.
Ambos entram indo ver os demais convidados, papai se
aproxima beijando a minha testa.
— Ma princesse, sua surpresa deixou todos ansiosos.
— Essa é a intenção, daqui a pouco irei falar o que vocês estão
ansiosos para saber — aviso.
— Querida, adorei sua ideia de fazer a primeira reunião íntima
em sua casa — elogia Charlotte. — Confesso que não imaginava
que ia se acostumar com o nosso mundo, mas Sebastien
conseguiu.
— Se junte aos demais, Charlotte — sugiro não querendo vê-la
perto de mim.
Desvio o olhar para o corredor, mamãe veio sozinha, não trouxe
nenhuma amiga.
— Pensou que iria perder esse momento? Adiei minha
passagem para a Espanha apenas para estar aqui — comenta, ao
se aproximar dando um abraço.
Ainda é estranho a mudança no comportamento dela, porém,
estou deixando uma brecha para a aproximação.
Não é fácil esquecer tudo, mas aos poucos tento afastar as
lembranças.
— Obrigada por vir, mãe.
Ela entra falando com Bernard e Elisa, cumprimenta meu marido,
Camille não a abraça de volta.
Minha irmã nega uma aproximação entre elas.
A famíliade Sebastien acaba de chegar, Hugo e o tio dele César,
cumprimento ambos pedindo para se juntarem aos outros.
As taças já estão no meio de diversas conversas pela sala,
Sebastien e os homens estão em um lugar afastado das mulheres.
Concluindo que não virá mais ninguém, entro na sala indo até
uma das taças, Sebastien observa meu movimento, ele vem até a
mim para o pronunciamento que todos estão esperando.
— Reunimos todos aqui para compartilhar uma novidade,
soubemos há alguns dias, mas não era o momento de dizer nada.
Não poderia deixar a minha irmã fora dessa reunião, ela é a pessoa
que eu mais queria contar a enorme mudança da minha vida —
declaro, encarando-a.
Camille sorri convencida.
— Acho que acertei — diz, olhando para a minha barriga.
— Estou grávida — anuncio, por fim.
— O meu primeiro herdeiro está a caminho — diz Sebastien,
pegando a taça junto e a levantando para o brinde. — Que ele ou
ela seja protegido pelo sangue Cartier
.
— Destinado a grandes coisas, nós o abençoamos — diz a
família dele em uníssono.
Uma salva de palmas é a recepção da notícia, junto ao brinde
entre os presentes, papai é parabenizado, ele será vovô pela
primeira vez.
Olho para Sebastien.
— Não sabia que tinham um juramento para bebês — comento,
surpresa.
— Damos a nossa bênção assim — explica, deixando a mão na
minha barriga. — Ensinarei a decorar para abençoá-lo, ma poupée.
Beijo seus lábios demoradamente, ele retribui prolongando o
selinho mais um pouco.
— É lindo — digo, gostando da benção.
— Acertei — diz Camille, vindo ao meu encontro. — Estou
boquiaberta que vou ser tia.
— Vai ser, e eu quero sua ajuda — afirmo, abraçando-a.
— Tem que tomar cuidado para o bebê não confundir vocês —
intromete-se Charlotte.
Ela sempre precisa atrapalhar momentos com essa boca áspera.
— Um neto, não poderia estar mais feliz, filha — mamãe vem me
parabenizar.
Papai se aproxima beijando minha testa.
— Quero que todos saibam que serei avô, estou curioso para
saber como é a sensação, ma princesse — diz ao tocar a minha
barriga. — Mas creio que Camille não poderia ajudá-la já que ela
estará ocupada.
Encaro-o confusa.
— Ocupada? — ela pergunta, desconfiada. — O que quer dizer
com isso, pai?
— Tenho dois pronunciamentos para compartilhar nesse dia. O
primeiro é meu noivado com Charlotte, queremos compartilhar uma
vida juntos, iremos reunir nossas famílias em uma cerimônia dentro
de alguns meses — revela.
— Quero dizer que estou imensamente feliz pela minha nova
vida, ganhei duas filhas lindas, ambas são importantes para mim —
declara, olhando para nós. — Nossa união será vista por muitos
convidados, mas a família sempre será o mais importante, os laços
entre os Lavigne e Cartier serão profundos.
— Papai, você não contou a segunda parte — lembro, com os
olhos fixos em sua direção.
— Conte o que você fez — pressiona minha irmã em seu tom
gélido.
— Adiei o assunto, porque estava seguindo um acordo, realizei
na noite do primeiro encontro com Sebastien duas negociações. O
casamento entre Louise e Sebastien foi uma delas, e a sua mão,
filha, foi entregue para alguém desse meio.
Pisco algumas vezes sem entender.
Há espanto no rosto de muitos convidados, encaro meu pai, a
minha vontade é jogar o champanhe na cara dele.
Camille não se descontrola, ela se aproxima de papai com uma
calma que jamais estará presente em mim.
— Quem? — indaga, arqueando uma sobrancelha.
Ouvimos passos no corredor, olho para Sebastien, ele não está
nervoso, um intruso não teria como passar pelos sombras sem ele
permitir.
Marcelon entra na sala principal para a surpresa de todos,
vestido com um terno de três peças todo preto, os olhos castanho-
claros observam os convidados.
Ele se aproxima com um cumprimento.
— Boa tarde, acho que não atrasei muito.
— Entreguei a sua mão a Marcelon Chevallier, meses atrás, ele
veio buscá-la, ma princesse— revela papai, encarando-a.
Os olhos de Marcelon estão em Camille.
Não gosto da forma como ele a encara neste momento, ele a vê
como uma posse.
Tempos depois...

— Filho, joga a bolinha pra ela — peço para Louis.


Meu bebê já tem um ano, Louis nasceu no segundo mês do
rigoroso inverno. Ele é a cópia de Sebastien, os cabelos loiro-
escuros, os olhos iguais aos dele.
A fase que eu mais queria acompanhar era a de um ano, a
pediatra dele disse que seria a hora de descobrir coisas e o começo
das palavras.
A bolinha de Perle está perto dele, a cachorrinha adora brincar
conosco no jardim em tardes frescas, quando o sol não está muito
forte como hoje.
Louis joga a bolinha, ele observa a cachorrinha correr latindo,
desesperada, atrás do brinquedo.
Meu bebê observa a Perle, ela não traz a bolinha de volta, está
mordendo, brincando sozinha.
Louis olha para mim não gostando da escolha de Perle.
— Ma-ma — chama por mim.
Não canso de babar quando ele pronuncia uma palavra.
— Ele é idêntico ao pai — afirma Florence ao meu lado. — O
patrão começou a dizer algumas palavras com um ano, todos
ficavam impressionados.
— Vem com a maman — chamo estendendo os braços.
Ele engatinha na grama com mais facilidade do que o chão de
mármore. Pego Louis beijando sua bochecha, tiro um pouco da
grama da roupa dele, um conjunto azul-marinho, de short e a
camisa com manga longa de um ursinho, os sapatinhos creme na
cor do animal.
— Não esperava que ele seria a cópia do pai dele — digo,
cheirando-o, o bebê tem cócegas, não canso de ver a risada dele.
Meu presente.
— O segundo bebê pode ter a sua genética senhora.
— Quero que ele tenha uns dois anos ou três para ganhar um
irmão, ou irmã — comento, imaginando uma menina para fazer um
casal.
Acho tão lindo, quero muito ter uma menina para fazer par com
Louis, mas somente quando o bebê ficar um pouquinho maior.
— O nome dele é lindo — elogia Florence. — Qual é o nome do
bebê? — pergunta, pegando na mão dele.
Louis, uma escolha de Sebastien, que me surpreendeu. Não
esperava que ele fosse escolher o meu nome na forma masculina
para o nosso filho.
Eu amei a ideia, é um nome forte e lindo.
O barulho de um carro já avisa que Sebastien chegou para o
almoço.
Deixo Florence com Perle, enquanto levo Louis em meus braços.
— Papa chegou, vamos ver ele? — pergunto, acariciando a
bochecha de Louis.
Louis me trouxe um amor incondicional, um instinto protetor, sou
capaz de tudo pela minha família.

Não havia encontrado Florence ou Louise quando cheguei,


acabei indo para o escritório, tirei o paletó deixando no sofá.
— Olha quem chegou — diz minha esposa.
Olho para trás e a vejo junto ao Louis entrando no escritório, meu
filho olha para mim já sabendo quem é.
— Pa — diz com um sorriso.
— Sua mãe colocou de novo essa roupa com urso? — reclamo,
pegando-o no colo. — Você não gosta.
— Ele ou você? — rebate.
— Os dois — respondo, ao deixar um beijo na testa de Louis.
Olho para o nosso filho, todos os meus traços estão nele.
— Quero tentar uma menina para fazer um casal — avisa, ao se
sentar na minha cadeira.
— Apenas escolha quando quer começar — concordo.
Louis começa a olhar para ela, quando ele recusa ficar comigo é
porque está com fome. Levo-o, enquanto Louise ajeita a blusa para
amamentá-lo.
Coloco-o no colo dela, observo os dois juntos, o cuidado que ela
possui. Não posso ignorar o quanto a gravidez a deixou ainda mais
bonita, minha obsessão por Louise não terá fim.
De alguma forma ela sempre me chama.
— Seus olhos me aprisionam — diz, beijando seus lábios
demoradamente. — O que está pensando?
Olho para Louise, aliso sua bochecha, volto a encará-la.
— Em você, sempre ocupa um lugar maior na minha cabeça, ma
poupée.
— Por que escolheu o nome de Louis? — pergunta, curiosa.
— Você é a minha maior obsessão, me deu Louis, após tanto
tempo de espera. Queria que ele tivesse algo seu, ma poupée —
explico, fazendo-a sorrir.
— Você e ele trouxeram coisas que eu não tinha, je t’aime19,
Sebastien — declara, olhando em meus olhos.
19. Eu te amo.
Beijo seus lábios, tomando-a com cuidado, sentindo sua boca
junto a minha.
— Faria tudo novamente para tê-la, je t’aime, ma poupée, mon
obsession20 — confesso diante de seus lábios.
20. Eu te amo, minha boneca, minha obsessão.
Olho para ele, aliso a cabeça de Louis, a minha outra mão está
na cintura de Louise.
A maior obsessão da minha vida trouxeo meu herdeiro,os dois
são uma partede mim e o império da máfia, que o sangue Cartier
continuará sempre a carregar .
Fim.
Finalizo o livro completamente apaixonada por essa máfia e todo
o enredo criado, junto com Louise e Sebastien veio o desafio de
mostrar esse novo universo, um casal intenso e a paixão presente
na cultura francesa.
Eu amo criar e fico imensamente feliz que construíesse universo
com aquele toque que vocês já conhecem e, dessa vez, escondi
muito bem as surpresas reservadas apenas na leitura.
Acho que Sebastien conquistou corações, olha quero ser
chamada de “ma poupée” por esse homem!
Louise e Camille são tão iguais e, ao mesmo tempo,
extremamente diferentes.
O que a gêmea caçula tem para nos contar? Marcelon, um
homem mais velho, possessivo e perigoso… hum, devo fazer o livro
deles? Diga para mim!
Agradeço as minhas leitoras betas, minha revisora,
diagramadora e capista, parceiras do Instagram, a minha equipe é
muito especial, sem eles não estaria aqui! Obrigada leitores por
mais um projeto juntos, vocês embarcam comigo e tornam esse
sonho cada vez mais real é único.
Não esqueça de deixar a sua estrela e me contar o que achou,
amo essa interação.
Para me acompanhar e saber tudo sobre o meu trabalho basta ir
no meu Instagram:@isbabiautora
Um grande beijo!
IsBabi nasceu em São Paulo no dia 04 de agosto de 2000.
A escrita sempre esteve presente na vida dela, mas foi
escrevendo fanfics aos treze anos que ela descobriu esse dom que
é escrever.
Escrever era um hobby, mas amigas e leitoras de suas fanfics
conseguiram fazer a autora pensar em algo maior.
Agora como autora independente da Amazon ela trabalha com
romances mafiosos, darks, e com um toque único dela em cada
livro.
Ela é motivada a escrever pensando em sua mãe que sempre
disse para a mesma correr atrás dos seus sonhos, lutar, hoje sua
mãe é um anjo e ilumina seu caminho.
A IsBabi que também é a Talia, ambas são gratas por tudo o que
você, leitor, proporciona.

Outros Livros Da Autora


Livro Único
Beijada pelo Don (Máfia Salvatore)
Link: https://www .amazon.com.br/dp/B0B1PLZTT4
Ela é filha de um sanguinário.
Ele é o herdeiro da máfia Salvatore.
Quando crianças, Isabel e Cesare criaram um elo inquebrável,
que se fortificou ainda mais na adolescência. A inocência ficou no
passado, o sentimento se transformou em dependência, ambos são
o oxigênio um do outro.
Uma escolha muda as rotas dos planos já fundamentados, a
ligação entre eles é desfeita.
Mas uma tragédia coloca Isabel e Cesare frente a frente, junto
com sentimentos controversos.

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