Você está na página 1de 284

MARIE L CAMPBELL Copyrigth 2020.

5 Marie L
Campbell
Capa: Marie L Campbell
Revisão Crítica: Patrícia Suellen
Diagramação: Marie L Campbell
Está é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com personagens, nomes, acontecimentos e
lugares descritos é mera coincidência. Está é uma obra da imaginação da autora.

Marie L Campbell 2020


Todos os direitos reservados.
É expressamente proibida a sua cópia, reprodução, armazenamento, modificação ou qualquer
outro uso, na totalidade ou em qualquer parte através de qualquer meio, sem o consentimento da
autora. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9610/98 e punido pelo artigo
184 do Código Penal.
ESTÁ OBRA CONTÉM CENAS DE VIOLÊNCIA E CONTEÚDO ADULTO.
AUTORA
Marie L Campbell é uma parceria entre duas autoras. Ana Lia e
Djeniffer, e juntas utilizamos o codinome acima.
Agora vamos falar um pouco das autoras:
Ana Lia C, 28 anos, mora no Rio de Janeiro e Djeniffer L , 25 anos,
mora em Minas Gerais.
Nos conhecemos a mais de 6 anos, num grupo de whattsApp e nos
tornamos amigas. Através de gosto em comum, resolvemos nos unir e
escrever.
Amamos ler e agora escrever, através das nossas histórias de ficção,
tentamos retratar a realidade, dor, superação, felicidade, companheirismo.
Tudo isso abordando temas e situações que acontecem nosso dia a dia, ou
com alguém próximo.
AGRADECIMENTO
Quero agradecer primeiramente a Deus, por me guiar, sustentar e me
abençoar com dons, sabedoria e entendimento. Sem Ele em minha vida, nada
disto seria possível.

Louvo a Deus também pela minha família, cada amigo, cada parceiro e
a cada um que acreditou em mim e em meu trabalho.

Em especial gostaria de agradecer às minhas amadas leitoras do grupo


de WhatsApp “Leitoras da Marie”, as leitoras do Wattpad e todas às outras
leitoras. Leitoras essas, que eu adoro conversas, trocar ideias, experiência de
vida, eu também já fui leitora e sei como esse contato é importante e vocês
alegram meu dia, com cada demonstração de carinho.
Muito obrigada, por cada comentário positivo e inspirador, por estarem
sempre comigo em diversos obstáculos, me dando apoio e incentivo. Podem
contar comigo sempre!
AGRADECIMENTO 2
Nos nossos livros, Leis do Prazer, Castiel- A remição do Mafioso, Com todo o meu Amor e Alma
Ferida. Realizamos uma singela homenagem a nossas leitoras.
Personagens muitos especiais.

Juliana: Advogada Ávila & associados


Vânia: Secretária/ Assistente Pessoal
Keises: Enfermeira
Jacqueline: Mãe do Iván Sánchez
Rafaela: Irmã da Sarah Lima
Gigi: Empregada da Jane Collins
Andrea: Empregada da Jacqueline (Mãe do Iván)
Francineria/ Fran: Empregada do Iván Sánchez
Lilian Priscila: Psicologa do Iván Sánchez
Fernanda: Falecida Esposa do Iván
Rebecca: Mãe do Samuel Novaes
NOTA DA AUTORA
Olá queridas leitoras, gostaria de informá-las que para entender melhor a
história de Jane Collins e Michael Villa, é essencial que seja realizada a
leitura dos livros anteriores “Vida Após o Amor”, “Leis do Prazer – Livro I
Duologia Paixão e poder” , “Castiel – A Remição de um Mafioso!” e “Com
todo o meu Amor”, disponíveis aqui na Amazon e em físico na Uiclap.

Gostaria também de informar que todos os relatos citados no livro, são


de total imaginação da autora, qualquer semelhança com a realidade é mera
coincidência. Novamente quero deixar claro que não apoio, qualquer tipo de
violência, citada no livro.

Este livro é destinado para maiores de 18 anos, pois contém cenas de


violência, linguagem imprópria e conteúdo sexual.

Boa Leitura!
NOTA DA REVISORA
O texto segue as normas vigentes da Língua Portuguesa, entretanto,
características do vocabulário informal foram utilizadas para aproximar a
linguagem às falas de situação do cotidiano.

Os trechos em itálico se referem a termos técnicos, estrangeirismo,


gírias, regionalismo e termos coloquiais.
PREFÁCIO
''A alma sabe sempre o que fazer pra se curar. O
desafio é conseguir silenciar a mente para poder ouvir''.
- Autor Desconhecido
SINOPSE
Luiza Brassard, o único amor e demonstração de afeto que ela
recebeu foi de sua mãe e seu filho Noah. Que lutou pela sua felicidade, e fez
de tudo para que sua mãe ficasse bem. Luiza se apaixonou e foi usada,
humilhada e pior que a decepção foi que ele tirou o seu bem mais precioso,
seu filho.

Iván Sánchez, um viúvo que perdeu sua esposa no parto de seu


segundo filho. Pai de Luke Sánchez e de sua princesinha Natasha Sánchez ou
Tasha. Ele recentemente se tornou diretor no hospital Sant Claire e se
apaixonou por Luiza.

Muitos segredos envolvem esses dois, mas será que é coisa do


destino?

Os dois terão que enfrentar muitas barreiras para ficarem, e a principal


barreira é a que Luiza criou envolta de si para sobreviver.

Será que Ivan conseguirá conquistar o amor de Luiza?

Será que Luiza se permitirá ser feliz?


PRÓLOGO
É exatamente disso que a vida é feita, de momentos. Momentos que
precisamos passar, sendo eles bons ou ruins e para o nosso próprio
aprendizado. Nunca esquecendo do mais importante: Nada nessa vida é por
acaso. Absolutamente nada.
Tudo estava se encaminhando bem com o Ivan, depois do nosso
pequeno desentendimento. Ele não entende que eu não tenho nenhum
problema com a relação dele com a sua ex-sogra, e sim ela é que tem
problemas comigo. Eu já levei muito tapa da vida, mas agora chega, aguentei
muita coisa calada pelo meu filho, Noah é meu mundo, por ele vivo o
inferno.
Tive o melhor exemplo de mãe dentro de casa, minha mãe foi
minha amiga, companheira até o último momento de sua vida. Nem tive
tempo de contar para Jane e Miranda a última da Irina. Agora estou seguindo
para o condomínio El Lago, que fica em Yorkville, em Toronto. Não havia
entendido muito bem a mensagem de Ivan, tentei retornar, mas ele não
atendeu, então deixei Noah com Jane e vim vê-lo e quem sabe assim
decidimos tudo de uma vez.
Sigo o endereço pelo GPS e paro em frente ao portão preto, saio do
carro e pego o meu celular para ligar para Ivan, mas está fora de área, isso
explica porque não consegui contato. Caminho até o portão e percebo que ele
já estava aberto, o empurrei, voltei para o carro e entro no terreno, que por
sinal era lindo, as árvores altas com um pouco de neve, já estávamos saindo
do inverno. Parei em frente uma linda casa, de construções moderna, o
terceiro andar era de vidro. Saí do carro e subi as escadas e me deparo com a
frente da casa era igual a casa que eu mostrei para ele uma vez em uma foto
antiga, da casa onde eu morava com a minha mãe. Caminhei até a porta e a
abri. Quando abri ouvi o sininho batendo, olhei para cima e vi o sino, igual
que tínhamos em nossa casa, eu não estava acreditando que ele havia feito
aquilo.
— Ivan? Meu amor cadê você? — o chamei entrando na casa, a
decoração era estilo colonial e branca, bem simples e sofisticada. Passei a
mão pela estante de vidro que tinha nossas fotos, tinha fotos nossas com as
crianças, fotos somente de nós dois juntos. Peguei uma foto, foi primeira que
tiramos juntos, nem tínhamos nada, na verdade foi nesse dia que ele me
beijou a primeira vez. Estávamos em um almoço na casa da Jane.
— Até enfim nos encontramos. — Me assustei ao ouvir uma voz
atrás de mim, deixando o porta retrato cair no chão, me virei e não acreditei
no que vi
— Você? O que está fazendo aqui? — Perguntei ainda sem acreditar,
calma aí então.
—Como é fácil te enganar, você continua a mesma tonta de sempre
Luiza — disse e começou a gargalhar, e do nada parou de rir, me encarando
com fúria. — E não vai ser uma mosca morta como você que vai tira-lo de
mim
— Tira-lo? Como assim? — E foi nesse momento em que liguei os
pontos, tudo passou a se encaixar — Não... Não é possível ... Ai Meu Deus !!
— disse me apoiando no sofá — Você e Ivan
— Nunca aconteceu... — disse e eu encarei, ainda estava sem acreditar
— Como você está atrapalhando os meus planos terá o mesmo fim que ela a
imbecil da esposa eu já consegui tirá-la do meu caminho e quase levei aquela
criança irritante junto, mas nada é perfeito.
— Você matou a Fernanda? Você é...
— Sem frases clichês... Agora senta — disse puxando uma arma e
apontando para mim, era nítido que estava completamente fora de si, como se
tivesse usado drogas. — Anda logo porra!! — gritou e eu me sentei.
— Vou te contar uma história... Tudo começou há oito anos atrás, a
menina novata que entrou na universidade e tinha atenção de todos. — Disse
se sentando na mesinha e ficando frente à frente comigo, senti o cano da arma
encostar em minha barriga. — Todos queriam a Luiza, mas você, a mosca
morta não percebia nada, começou a namorar o garoto mais popular, até que
aconteceu um acidente e você passou a ser manca, começou a ser comentada
pelos corredores por que não andava direito, e tudo começou a ruir... E você
cada vez mais pobre e sozinha.
— Calma aí... Não, você não tinha poder para isso .... Senhor, isso
não ...
— Isso sim, e quando achei que você era carta fora do baralho, os
nossos caminhos se cruzaram novamente...
— Você só pode estar tendo um surto ou uma alucinação muito
louca, eu nunca tirei nada de você... —disse em um fio de coragem
— Você era perfeita e eu tinha que tirar toda essa perfeição, fiz tudo
por inveja.... Mas hoje eu farei por amor, um amor que é meu somente meu...
— disse e foi até armário da sala e tirou galões de gasolina, aproveitei a sua
distração me levante e tentei correr. Ouvi um disparo e em seguida algo
atingindo a minha cabeça e tudo se apagou.

A vingança é como um veneno que pode nos dominar e em pouco


tempo nos transformar em seres humanos ruins. Pessoas ruins manipulam
pessoas a sua volta, convencendo-as de que são péssimas, porque pessoas
más fingem ser caridosas e de bom coração! Ser bom é mais difícil que ser
ruim, porque as pessoas ruins utilizam-se disso e você tem que ter forças para
continuar bom e não se tornar ruim como elas.
Fui despertada por um cheiro forte de gasolina, a minha visão estava
turva, meu ombro doendo, olhei e percebi que estava sangrando muito.
— Seu erro foi me subestimar... — disse vindo até mim, e colocou a
arma em minha cabeça — Você achou que eu estava brincando.
— Eu nunca tirei nada de você. — Disse quase sem voz
— Você me tirou o Ivan, eu percebi que nunca vou tê-lo, ele nunca irá
me enxergar. — Falou pegando isqueiro. — Mas ele viverá sabendo que
matou as duas mulheres que ele dizia amar.
— Não precisa terminar assim... Vamos sair daqui, pelo amor de Deus!!
— Eu já estava chorando, não aguentava mais, não tinha feito nada para
merecer tudo aquilo, para ter essa merda de vida. Olhei em volta e vi o vidro
do porta-retrato quebrado, me joguei deitada senti um dor horrível, mas
conseguir pega-lo.
— Tudo irá acabar assim, ele não ficará comigo e nem com você,
tudo vai terminar como começou... Somente eu e você. – Disse e soltou
isqueiro no chão. O fogo subiu e olhei pela janela e vi um vulto, com o vidro
tentei cortar a corda, olhei para frente e lá estava o tormento de nossas vidas
bebendo esperando a morte e o fogo nos consumir. Havia muita gasolina no
local e o fogo se lastrou rápido demais, a fumaça não parava de subir.
— Tira a gente daqui, não precisa ser assim — disse tossindo, já
enxergava direito.
— Te vejo no inferno! — disse e a porta foi aberta, ouvi vários
disparos, e consegui ver a Ivan, ele parecia lutar com alguém.
— Te Odeiooooo!! — ouvia seus gritos e a escuridão me levou.
1

Muitas vezes a vida se apresenta com dificuldades que parecem


difíceis de superar. A carga parece pesada demais. Você se sente sozinho no
caminho. Mas você se esforça e continua. Porque desistir é para os fracos.
Não importa quantas vezes você precisou parar, tomar fôlego, mesmo
desanimada decidiu continuar. Dentro de você existe uma força maior que te
move e te instiga a seguir. Não espere o futuro acontecer. Faça-o acontecer. O
futuro é consequência do presente e amanhã pode ser tarde demais
.
Agora sentada na antiga sala da Jane, que era toda decorada com
lindos quadros, um deles em específico sempre me chamava a atenção, o
Guernica do pintor espanhol e cubista Pablo Picasso que retratava o
bombardeio à cidade de Guernica durante a segunda Guerra Civil Espanhola
em (1936-1939).Trata-se de uma das obras mais emblemáticas do pintor que
foi produzida em 1937, a obra original atualmente esta exposição no Museu
Nacional Centro de Arte Rainha Sofia, em Madrid na Espanha, sempre me
encantou o mundo das artes e das histórias por trás de cada obra, não tive a
oportunidade, mas consigo viajar através de cada livro que leio, pois, eles são
capazes de levar-me a diversos lugares sem sair do lugar, apenas usando a
imaginação e se deixando levar pelo momento ali descrito, outros detalhes da
sala tais como, cortinas em tons pastéis, carpete que remete a mesma cor e as
lindas flores naturais nos vasos espalhados ao redor do escritório finalizam a
linda decoração.

Passou um filme em minha cabeça, estou há dois meses trabalhando


com a minha irmã Miranda, na direção do hospital e estou muito feliz com a
nossa parceria, essa nossa aproximação tem sido uma grande evolução
pessoal para mim, já que sempre fui de poucas palavras, e carregava o mundo
em meus ombros. Nunca fui uma pessoa ambiciosa, nasci em Dallas interior
do Texas. Dallas é uma moderna metrópole ao norte do Texas, possui um
centro cultural e um vasto comércio, esse paraíso foi onde tive algumas das
melhores e mais inesquecíveis lembranças da minha vida e principalmente
da minha infância.

Sempre fui uma pessoa reservada, cresci em uma fazenda bem estilo
Velho oeste, ela era linda, corria pelos campos e montava em belos cavalos,
sempre batizava todos eles, esse era o meu modo de sempre estarmos
ligados, minha mãe trabalhava para os Cartwrihgth, um dos maiores
fazendeiros da região, o senhor Jasper Cartwrihgth era praticamente o dono
de toda a cidade, tudo tinha as mãos dele, não havia nenhum morador que
não o conhecia desde crianças até os mais idosos, era um homem de caráter
impecável um verdadeiro gentleman em toda a extensão da palavra, que
contava histórias lendárias de como foi a fundação da cidade e como a sua
família foi peça fundamental para todo esse processo.

Sempre tinha algum jornalista local novo ou da capital que vinha


conhecer de perto sua premiada criação de gado LongHorn seu grande
orgulho, afinal essa linda raça representa a história do Velho oeste texano, o
que mais chamava atenção no gado é os seus longos chifres que podem
chegar a mais de cem polegadas de ponta a ponta. Mas nem tudo foram flores
em seu caminho ele viveu um amor épico desses estilos romance de época
que só se vive uma vez, mas no dia do seu casamento com a jovem Amy,
nada saiu como o esperado, ela foi morta por seu cunhado Joseph que sempre
nutriu um amor platônico por ela, ele não suportou ver a felicidade dos dois
e resolveu pôr fim ao romance do jovem casal, e se matou logo em seguida,
desde então o senhor Jasper decidiu que o amor não era para ele, contudo,
nunca foi um homem amargurado com a vida sempre ajudou a mim e minha
mãe, às vezes perdia a hora de voltar para casa e ficava escutando suas lindas
histórias de cowboys e de suas longas expedições levando gado de um lugar
ao outro e os obstáculos que enfrentou pelo caminho, e seus grandes e breves
momentos com sua amada Amy, ainda sonho em retornar a esse lugar onde
tive uma vida simples, porém, muito feliz, pois, a felicidade está representada
nas pequenas coisas, como os grandes bailes country e os rodeios
organizados pelo senhor Cartwrihgth na fazenda .

Minha mãe sempre fez tudo que pôde por mim, trabalhava na fazenda e
fazia bolos para vender na cidade, quando completei dez anos, minha mãe
comprou uma casa no centro de Dallas, de manhã ia para fazenda, depois da
escola eu a encontrava lá e no final do dia voltávamos para casa juntas,
sempre valorizei cada momento ao seu lado dela, até mesmo o trajeto que
sempre fazíamos diariamente durante esse tempo em que estávamos juntas
sempre admirava como a minha mãe era uma linda mulher de cabelos longos
e olhos verdes, mesmo com o sol que castigava a região e a vida corrida
minha mãe sempre se manteve linda, suas bochechas que ficavam vermelhas
em decorrência do sol acabava dando um certo charme a ela, sempre vou me
lembrar dela assim, linda e feliz cantando Chiquitita da banda ABBA tem um
trecho dessa canção que nunca me esqueço quando a saudade aperta é nessa
canção encontro forças.

“Pequenina, me diga o que há de errado


Você está acorrentada na sua própria tristeza
Nos seus olhos
Não há esperança para o amanhã
Como eu odeio te ver desse jeito
Não há como você negar
Eu posso ver
Que você está, ah, tão triste, tão quieta

Pequenina, diga-me a verdade


Eu sou o ombro em que você pode chorar
Sua melhor amiga
Eu sou aquela com quem você pode contar
Você sempre foi tão segura de si
Agora vejo que você perdeu a autoestima
Eu espero
Que possamos reparar tudo isso

Pequenina, você e eu sabemos


Como as dores do coração vêm e vão
E as cicatrizes que elas deixam
Você vai dançar mais uma vez
E a dor acabará
Você não terá tempo para o luto
Pequenina, você e eu choramos
Mas o Sol ainda está no céu brilhando sobre você
(Mesmo que você chore
O Sol está brilhando no céu)
Deixe-me ouvir-te cantar mais uma vez
(Então deixe-me ouvir-te cantar mais uma vez)
Como você fez antes
(Do jeito que você fazia)
Cante uma nova canção, pequenina
Tente mais uma vez
Como você fez antes
Cante uma nova canção, pequenina ...”

Cresci presenciando o esforço da minha mãe e tudo que eu queria era


oferecer o melhor a ela, passei dias e noites estudando, nunca a questionei
sobre quem era meu pai, se ele não estava conosco era por escolha própria e
se caso estivesse morto, minha mãe falaria.

Desde cedo aprendi a não esperar nada de ninguém, se queria algo


fazia e corria atrás dos meus objetivos, me formei na School for the Talented
and Gifted, uma das melhores escolas em Dallas/Texas, foi fundada em 1982
e se encaixa na categoria “Magnet School” escola imã, essas instituições
públicas selecionavam seus alunos, através de provas. E depois de muita
dedicação, consegui uma bolsa na escola, e aí que me dediquei ainda mais,
pois, desde pequena tive o sonho de estudar na Universidade da Pensilvânia
(UPenn) e consegui realizar esse sonho, entretanto dois anos após entrar na
faculdade, meu sonho virou pesadelo.

Meus dois primeiros anos na faculdade foram tranquilos, mas tudo


mudou em meu terceiro ano, quando precisei mudar de turno e conheci Liam
Parker, meu ex-marido. Conheci Liam e o considerava um príncipe, ele
esteve ao meu lado quando precisei, nossa relação era bonita, quando fiquei
grávida fomos ao Texas e quando cheguei tudo desmoronou, descobri que
minha mãe estava muito doente. Liam estava comigo quando minha mãe
revelou que eu era filha do Jacob Collins, ele veio comigo para o Canadá, me
apoiou em tudo. Trouxemos minha mãe que tinha sido diagnosticada com
esclerose múltipla, ela sentia muita dor e não possuía mais coordenação
motora, depois de vários exames realizados no Saint Claire, descobrimos que
doença já estava em estágio crônico, foi devastador presenciar a mulher que
sempre fez o meu mundo melhor, sofrendo daquela forma, ela sempre me
dizia que Deus nunca nos dá um fardo que não possamos carregar e que esse
era o dela, que sempre se orgulhava por me ver bem antes de partir, era difícil
escutar suas palavras quando sabia que o fim era impossível de adiar. Jacob
ordenou que fizessem tratamento, intensivos, mas minha mãe não aguentou e
oito meses depois faleceu e não pode nem conhecer o neto, antes de morrer
mamãe me fez um único pedido, e eu realizei, seu último pedido era
enterrada na terra onde sempre amou e encontrou a felicidade o Texas, desde
então nunca pude retornar para visitar seu túmulo .

Jacob, tentou contato comigo depois que minha mãe faleceu, porém, eu
não quis, não aceitei nada que vinha dele. Estava voltando para faculdade,
precisava terminar o último ano e encontrei Jacob na Filadélfia e foi quando
conheci a Miranda, vi ali minha irmã pela primeira vez mesmo que de longe.
Terminei a faculdade em seis meses, mesmo com o atraso conclui o curso
com honras e como a melhor da turma, Liam me ajudava muito, assim que
me formei nos casamos e a partir daí que Liam mostrou sua verdadeira face,
após o casamento começara os insultos, os maus tratos, as brigas e por fim o
acidente, o acidente que me destruiu por completo.

Estávamos voltando de uma festa chovia muito naquele noite, a pista


estava escorregadia, pois, há muito tempo não chovia naquela região, Liam
estava muito nervoso como sempre, a cada dia me dava mais indícios que as
coisas estavam mudando, e como eu era uma tonta apenas achava que era o
momento que o deixava assim, não queria voltar com ele de moto, mas ele
praticamente me obrigou, ele gritava e corria, desviava dos carros e foi
quando um farol alto nos cegou, Liam desviou e bateu no carro me jogando
por cima do carro fazendo os dois carros baterem e a roda do segundo carro
prendeu minha perna a dor era dilacerante, estremeço só em lembrar daquele
momento. Liam saiu praticamente ileso. Eu não tive a mesma sorte, quebrei
um braço e minha perna ficou comprometida, passei por quatro cirurgias e as
dores só aumentavam com o passar do tempo, o médico sugeriu que a tíbia
fosse substituída, a tíbia é um osso da perna, por um implante de metal sólido
e em consequência disso eu fiquei com uma pequena deficiência na perna
que fica visível quando me desloco rapidamente ou em dias que as dores
ficam mais fortes, geralmente é no período que os antigos nomeavam como,
volta da lua, as dores ficavam terríveis.

Quando estava me recuperando o Liam pediu o divórcio e levou meu


filho, e me deixou sem nada, não conseguia emprego, fui do céu ao inferno
em pouco tempo, ele foi morar com os pais, eu fui atrás dele por causa do
meu filho e o máximo que consegui foi, uma visita de quinze em quinze dias,
apenas aos finais de semana. E aqui me reergui, procurei em emprego e por
ironia do destino, o único lugar que me aceitou foi o hospital Saint Claire.

Sou tirada dos meus devaneios com as batidas na porta, autorizo a


entrada.

— Senhora Brassard, a reunião dos acionistas começa em trinta


minutos, a doutora Collins, ainda não chegou — disse Vânia, a secretária
contratada por Jane, para assumir o meu lugar.

— Miranda, não virá, chegou agora à tarde do Brasil — Informei e


Vânia assentiu.

— A senhora vai assumir... — perguntou um pouco receosa.

— Peça ao doutor Iván que presida a reunião, por favor, e depois você
pode ir embora, afinal é sexta-feira Vânia, pode ir ficar com seus filhos. —
Comentei a interrompendo e ela abriu o sorriso em minha última fala. Ela era
uma mãe babona, Vânia era uma mulher guerreira que veio do Brasil, para
tentar a vida aqui no Canadá. Ela nos contou que morava em Sergipe, um
estado brasileiro localizado no Nordeste do país, tenho muita vontade de
conhecer, sempre vi lindas fotos desse lugar, um em particular muito me
encantou, se chama Porto de Galinhas, com lindas praias.

— Obrigada, senhora! — notei felicidade em suas palavras.

— Vânia, somente Luiza — disse e ela sorriu saindo da sala, eu voltei


para os papéis, esse final de semana o Noah estaria comigo. Sarah já havia
entrado com um processo para requerer a guarda dele, mas com tudo que
aconteceu, tivemos que adiar a audiência.

Estava concentrada avaliando números e balanços dos meses


anteriores, a Jane e Miranda faziam um brilhante trabalho à frente da direção
do hospital, todos os funcionários eram valorizados, ouvi a porta da sala ser
aberta então olhei, era o Miller, entrou com dois copos de cafés, e colocou
um em minha mesa. Miller tinha se tornado um amigo fiel, ele e Miranda
que diferente de outros sempre me trataram bem, às vezes conversávamos
entre um intervalo e outro de alguma consulta dele ou quando nos
encontrávamos no refeitório do hospital.

— Se me permite dizer... — Começou Miller, peguei o café e acenei


para ele continuar a falar, ele se sentou na cadeira — Sua vida é uma merda!
— falou e eu ri, não esperava por aquilo paralisei no lugar, mas sem deixar de
rir.

— Era pior acredite, mas me conte como você chegou a essa


conclusão? — perguntei e ele sorrio de maneira debochada.

— Temos muito em comum...— Acrescentou em tom brincalhão.

— Sua vida também é uma merda — o interrompi e nós rimos.


— Minha vida é o próprio esgoto — Afirmou e eu fiz cara de nojo.

— Você é estranho — era difícil conter as gargalhadas, a presença


dele me fazia bem.

— Mas você conversa comigo... Não a vejo falando com ninguém do


hospital, mas nos últimos dois meses seu nome está na rádio corredor, e sabe
o que também está na rádio corredor, que hoje você deveria dirigir uma
reunião com os acionistas e mandou o seu crush — abri a boca para
interrompê-lo, mas ele levantou a mão — Ainda não terminei, o que eu quero
saber é quando a verdadeira Luiza irá se revelar, você é mais forte do que
isso, é uma Collins, filha legitima do Jacob Collins, tem todo direito de estar
nessa cadeira então, como você só conversa comigo, posso me considerar seu
amigo... Por esse motivo, e por me considerar seu amigo, vou te disser,
levanta da merda dessa cadeira aja como uma Collins, chega de se esconder,
vá mostrar a mulher poderosa que você é. A reunião vai começar em dez
minutos. — disse se levantando e fechando o terno, e me estendeu a mão.

— É... eu...— era estranho ver tanta gente cuidando de mim assim,
pois, uma boa parte da minha vida fui humilhada, ou era quase invisível para
muitos, mas nunca me fiz de vítima.
— Sem mais, vamos! — Sentenciou Miller e eu respirei fundo, passei
as mãos em meus cabelos e me levantei, segurei a sua mão e ele abriu um
sorriso. Saímos da sala, e seguimos para sala de reunião.

— Por que se importa tanto? — Perguntei a ele, Miller passou a mãos


em meus ombros e enfiou a outra no bolso e me olhava intensamente, pois
sabia que suas palavras seriam como um porto seguro para mim.

— Eu me escondi por anos, fui humilhado, sofri preconceito e minha


família não olha na minha cara porque eu me assumi gay e resolvi me casar
com um homem. — Confidenciou para o meu espanto, como assim Miller era
gay, isso sim me pegou de surpresa.

— Eu sou gay, casado há quatro anos com o anestesista Eduard Prada.


— Isso sim era novidade, pois, se ele não me contasse nunca iria saber ou
desconfiar.
— Eu não sabia...— comentei sem graça por ter sido pega de
surpresa, longe de mim, promover qualquer tipo de preconceito, toda forma
de amor é livre.

— Somos discretos, igual você e o bipolar do doutor Iván — Explicou


em um tom debochado, enquanto caminhávamos até a sala de reunião.

— Não tenho nada com doutor e não entre nas fofocas das
enfermeiras — disse quando chegamos na porta da sala de reunião e olhei
séria para ele.

— Se ele for metade do homem que mostra ser, terá em breve—disse,


me deu um beijo na testa e abriu a porta para mim, quando entrei todos me
olharam, inclusive o doutor Iván.

— Luiza, fico feliz que veio — falou Iván se levantando da cadeira e


a oferecendo para que eu sentasse.

— Isso já está um circo, primeiro um diretor recém-chegado e agora a


bastarda oportunista. — Exclamou um dos acionistas, antes que eu me
sentasse, apoiei as mãos na mesa.
— Quem você está chamando de bastarda? — Questionou Iván,
dando a volta da mesa como um leão enjaulado, rapidamente fui em sua
direção o parando com as duas mãos espalmadas em seu peito.

— O que? Você está comendo-a? — Indagou cheio de más intenções,


o associado.

— Seu filho da puta — disse Iván se desviando de mim, e outros dois


o seguraram e começou a gritaria e eu já estava cansada de tudo aquilo,
saturada e com o meu psicológico por um fio, não era fácil toda essa situação,
contudo, seguia firme pelo meu Noah.

— Chega!!! — Disse o olhando e chamando a atenção de todos —


Chega de me julgarem. O Jacob sabia que tinha uma filha e eu o reneguei, eu
Luiza Brassard, disse que não queria contato com ele. Vocês não sabem da
minha vida, não sabem da minha história. Eu trabalho aqui há anos e sempre
vi duas mulheres fazendo o trabalho duro para manter esse hospital em pé e
vocês viam de três em três meses reclamar de tudo e se achando os
poderosos, mas vocês não são merda nenhuma... — e escutei Miller assobiar,
olhei para porta e Miranda estava em pé sorrindo, olhei e vi Iván que também
estava rindo e por mais estranho que fosse, naquele olhar e naquele sorriso,
recarreguei minhas forças. — Eu sou uma Collins! — Conclui e minha irmã
bateu palmas e veio caminhando feliz até mim, pegando firme em minha mão
em forma de apoio.

— A Luiza é uma Collins, e a partir de hoje acabou as fofocas na


rádio corredor, se ouvir qualquer comentário ou difamação referente a minha
irmã e dona do hospital, a pessoa terá uma demissão por justa causa. —
Informou Miranda e se sentou ao meu lado — Podemos dar início a reunião,
ou vocês estão ocupados demais, se intrometendo, nos assuntos da nossa
família.

— Desculpa nosso sócio, senhora Brassard, e podemos começar a


reunião — disse um dos associados.

— Luiza, comande a reunião — informou Miranda e eu iniciei a


reunião, ali encontrei minha força para não desistir nunca.
A reunião havia sido um sucesso, consegui responder todos os
questionamentos, apresentei as novas propostas, assim que foi encerrada a
reunião a Miranda foi embora, tinha ido ao hospital, apenas para ver uma
paciente e ficou para reunião depois de ouvir os comentários na rádio
corredor. Fui até o meu escritório, recolhi minhas coisas e quando estava
saindo da sala a porta foi aberta.

— Está de saída? — Perguntou Iván, muito próximo de mim, desde o


dia que ele me beijou tenho fugido dele. Iván me faz sentir coisas estranhas e
a última vez que senti isso, acabei com minha vida e não estava disposta a
sofrer tudo novamente.

— Sim doutor, deseja algo? — Indaguei, desviando o meu olhar do


dele, mas fomos interrompidos por um enfermeiro. Estávamos em pé na porta
do escritório.

— Doutor está de saída...— perguntou o enfermeiro e notei que já


temia a reação de Iván.

— O que quer caralho? — Questionou Iván de maneira grosseira


aumentando o tom de voz, como ele conseguia mudar de humor assim, todos
os chamavam de bipolar, ele tratava a todos mal e depois agia como não
tivesse feito nada.

— Doutro... — o reprendi, ele me olhou nos olhos me desafiando.

— Vai ficar plantado aqui, ou vai falar a merda que quer — falou
Iván ainda me encarando.

— Eu trouxe os exames da senhora Ponce, do quarto 702. — Iván


esticou a mão e pegou o exame, colocando-a na luz para analisar. Depois
entregou para o enfermeiro — Cirurgia, chame o médico de plantão, agora
some — disse, pois, todas as cirurgias agora deveriam ser aprovadas por ele.

— Obrigada, Emanuel! — agradeci o enfermeiro que assentiu abrindo


um sorriso, me virei para Iván e ele me empurrou para dentro da sala e
fechou a porta e me prendeu nela nesse momento senti o ar me faltar e um
frio tomar conta de minha barriga.
— Você gosta do perigo, me desafia o tempo todo, como eu quero te
dar umas palmadas — disse passando as costas das mãos em meus cabelos e
descendo pelo meu rosto até o pescoço, seu toque me deixava desconcertada
e esperando por mais contato desde o nosso beijo na festa da piscina.

— Doutor isso é assédio, me ... — Não pude terminar de falar, pois,


ele tomou os meus lábios com intensidade sem chance de escapar, passou a
mão pela minha nuca e me guiou num beijo molhado e delicioso sua língua
ditava as regras de encontro a minha, era uma entrega prazerosa. Iván enfiou
sua língua dentro da minha boca, ele parava e dava leves mordidas e puxava
meus lábios e depois beijava exigindo que eu me entregasse mais ainda,
larguei a bolsa e as pastas no chão e envolvi minhas mãos em sua nuca
buscando mais profundidade em sua boca, nos devoramos, eu estava
totalmente entregue a ele. Senti sua mão subindo pela minha perna
levantando a minha saia e eu a puxei, foi preciso reunir todas as minhas
forças, parar o nosso beijo, e o empurrei. — Nãooo — disse, respirando de
maneira irregular, estávamos bagunçados, lábios inchados e vermelhos
olhares perdidos. Iván passou mão na cabeça e assentiu me olhando, mas
ainda perdido em meus lábios.

— Vamos, vou levá-la para casa e não adianta negar. — Eu tinha que
dar um jeito, não poderia me envolver com ninguém, não aguentaria passar
pelo inferno novamente, mas nesse tempo de convivência Iván estava
quebrando minhas barreiras, mas não iria ceder, pois, até aquele momento
ainda estava colhendo espinhos de um relacionamento abusivo que me fez ir
ao inferno e voltar várias vezes, mas nem por isso desisti da vida apenas me
fechei de vez para qualquer tipo de relação só quem passou o que eu passei
vai entender a muralha que tive de reerguer.
2

Sofrimentos são verdadeiros tormentos para a alma, mas também uma


necessidade que te fortalece e serve como lição. Hoje nada me assusta, a vida
já me levou ao inferno, então para aqueles que querem transformar minha
vida em um tormento deveriam saber que quando quero viro o diabo simples
assim!

Eu e Fernanda nos amávamos e perdê-la foi um golpe muito grande para


mim, pois, sempre tivemos um ao outro em todas as fases do nosso
relacionamento. Nosso amor era aquele amor de infância, de fazer muitos
suspirarem o famoso clichê, sim vivi cada minuto dele, no último ano de
escola quando minha esposa engravidou do Luke, fiquei ao lado dela em cada
passo, tive medo, porém, nossas famílias nos ajudaram, foi uma fase que
ambos sonhávamos alto e nunca deixamos de acreditar em um futuro
brilhante.

Fomos para faculdade, estudamos medicina em Yale, formamo-nos e


trabalhamos juntos, Fernanda estava na área que tanto amava, era uma
renomada obstetra extremamente dedicada a profissão, era uma ótima mãe
para o Luke costumava dizer que ela faltava ler os pensamentos do nosso
filho eu também acabava fazendo todas as vontades dele, eu e minha esposa
sempre nos revezávamos para nunca deixar Luke apenas nas mãos de
funcionários estávamos sempre ali presente em cada fase da sua vida, ele
sempre foi mais apegado a mãe, permanecemos muitos anos no hospital em
Seattle, construímos nossas vidas e dezenove anos depois Fernanda
engravidou, Luke estava indo para faculdade, mas a gestação não foi tão
tranquila como a primeira, Fernanda estava com baixa imunidade, teve
problemas de pressão e a placenta estava um pouco dilatada.

Contudo, estamos levando, pois, minha esposa sempre foi uma mulher de
fé e sempre foi movida pelo otimismo e perseverança isso era o que mais me
deixava otimista, para ela nunca tinha tempo ruim sempre buscava motivar
todos a sua volta, até que em um jantar em família, Fernanda teve um enorme
mal-estar, fortes dores abdominais e então seguimos até o hospital.
Fernanda deu à luz, a nossa princesa, mas ela me deixou na mais
completa escuridão, nunca quis saber o que aconteceu de fato, a dor da perda
é dilacerante nos primeiros dias meu peito doía só de lembrar que nunca mais
iria ver novamente a mulher da minha vida, nossas lindas memórias que
juntos construímos e também as dificuldades eram recorrentes em minha
mente, até porque nem sempre tudo foram flores pelo caminho, mas sempre
estávamos ali juntos, para vencer todos os obstáculos e me imaginar daqui
para frente sem ela me deixava devastado, mas ao ver a Tasha tão indefesa e
precisando mais do que nunca de cuidados, me fez lutar e chegar até aqui,
pois, bem ou mal, Luke estava criado, mas ainda sim precisava do meu apoio,
ele se transformou quando Fernanda ficou grávida.

Três anos depois me mudei para Itália com a minha pequena Tasha, Luke
estava na faculdade e às vezes vinha no ver, e juntos começamos uma outra
vida, no início não foi fácil além de tudo com uma criança pequena, minha
mãe no início veio morar comigo quando a Tasha nasceu, pois, não tinha
muito jeito para lidar com banho e minha menina chorava muito durante à
noite, o que me fazia chorar também, nessa época fui diagnosticado com
transtorno bipolar, só quem passou por isso vai entender, o que é ir do céu ao
inferno em questão de minutos, tinha episódios de insônia constantes, mas
sempre julguei essa minha fase por ter perdido Fernanda tão precocemente,
entretanto, depois passei a notar que, ao mesmo tempo não estava
conseguindo controlar minhas emoções a cada momento estava de um jeito,
chorava, me odiava e uma hora depois estava alegre e sorrindo como se nada
tivesse acontecido, por contra própria comecei a tomar antidepressivos fazia
uso desenfreado de Alprazolam e Escitalopram essa era a vantagem de ser
médico e meu declínio também, mas em um momento reconheci que estava
ficando pior e sonolento, esse foi o basta, quando não consegui levantar da
cama e cuidar da minha filha, que estava com apenas três meses na época,
minha mãe decidiu tomar as rédeas da situação quando viu que eu estava no
fundo do poço, por indicação de uma amiga ela marcou uma consulta com
psiquiatra no início fui contra alegando que não precisava de ajuda, de terapia
e muito menos de outro profissional questionando os meus atos, mas bastou a
primeira consulta e nas primeiras palavras resolvi me abrir com a Dra. Lilian
Priscilla e relatar minhas constantes mudanças de humor, que uma hora
estava bem e no momento seguinte queria ficar apenas na minha ou não
achava que tinha motivos para lutar, mas nunca pensei em pôr fim a minha
vida, apenas não sabia lidar com as minhas mudanças de humor constantes,
sentia raiva por não ter ânimo para cuidar da minha filha era tantos
questionamentos que me fazia, mas Lilian me fez ver que estava apenas
alimentando meu transtorno com medicações erradas, e que muitas das vezes
pessoas nessas condições começam se automedicar por ter livre acesso a
medicações principalmente, antidepressivos, você deve estar se questionando,
ele é um médico como deixou chegar nessa situação sendo um médico, mas
já escutou a expressão “casa de ferreiro espeto é de pau”, sim isso aconteceu
comigo, fui diagnosticado com transtorno bipolar 2, com episódios
depressivos e episódios constantes de humor em um curto período, mudança
do sono, atividades e comportamentos incomuns. Esses períodos distintos
chamados de “ episódios de humor’’. Esses episódios são drasticamente
diferentes dos modos e comportamentos típicos da pessoa. As mudanças
extremas no episódio maníaco, como ter muita energia, sentir-se muito
eufórico ou exaltado, falar muito rápido sobre determinado assunto e mudar
de uma vez de assunto no mesmo instante, ser agitado, se irritar fácil ou ficar
sensível em um prazo curto de tempo, sentir que seus próprios pensamentos
estão rápidos demais que você próprio se perde neles, na medida que a Dra.
Lilian ia relatando cada ponto eu apenas confirmava, era tudo que eu estava
vivendo mesmo antes de perder a Fernanda já apresentava esses episódios,
muitas vezes queria fazer tudo de uma vez só, sem pensar nas consequências,
como falar o que vinha a mente sem me preocupar se iria magoar alguém e
agir normalmente em seguida, já na nossa primeira sessão ela tirou todos os
antidepressivos que estava me automedicando e receitou a Quetiapina de75
mg, já nos dois primeiros dias notei diferença em meu sono e
comportamento, desde então nunca mais abandonei o tratamento, mas às
vezes é impossível não ter recaídas, deixar a medicação de lado com plantões
exaustivos, uma sogra que tem parte com demônio e um filho mimado, mas
não pretendo retornar ao fundo do poço igual naquela época, em alguns
momentos você só precisa conhecer a escuridão para nunca mais querer
abandonar a luz.

Há quase um ano fui indicado para trabalhar no Saint Claire, e aqui estou
trabalhando há sete meses. Eu não cheguei em meu melhor momento
digamos, apesar da minha fama de grosseiro, realizo o meu trabalho com
qualidade e extremo cuidado e amor a profissão. Quando cheguei Jane estava
grávida, na verdade, descobriu na minha chegada, meses depois descobri que
meu amigo Oliver Salvatore e seus irmãos eram mafiosos e o pior enfrentei o
Castiel sem saber que estava lidando com a própria morte em pessoa, nunca
passou em minha cabeça que alguém que você julga conhecer a vida toda, na
verdade, não era o que você pensava, mas isso em nada mudou a minha
opinião sobre os Salvatore, depois de tudo que fiquei sabendo passei a
admirar mais ainda cada um deles, acabo me recordando do episódio que
descobri e acabo sorrindo sozinho como fui inocente, é verdade aquele ditado
que diz “quem vê cara não vê coração” a começar pela irmã deles Sarah,
nunca imaginei que aquela mulher elegante e delicada pudesse ser tão
perigosa e temida por muitos, basta observar como todos a respeitam e nunca
contrariam suas escolhas nem os próprios irmãos Oliver e Castiel, e para
fechar com chave de ouro conheci a Luiza daí em diante venho perdendo o
foco.

Luiza é oposto de tudo e até de mim, calada, serena e teimosa, eu a


observava de longe e sempre que tentava me aproximar ela se afastava e
quando a beijei na casa da Miranda, foi como seu eu voltasse a viver depois
de tanto tempo e encontrasse novamente o caminho de casa, eu tive uma dose
de felicidade e agora a quero por completo. Quando estou perto dela, eu me
sinto calmo, é como se ela com um olhar conseguisse controlar a fera que
existe dentro de mim, como se ela domasse o animal enjaulado em mim, por
muito tempo desde a morte da Fernanda não sentia isso, era apenas sexo sem
amor nunca repetia a mesma mulher mais que uma vez, até porque ali não era
nada mais que um momento carnal. E eu fico igual um cachorro atrás dessa
mulher, faz três meses que não transo, desde daquele maldito beijo, meu pau
só sobe quando penso nela, por isso acredito que ela veio para transformar
meus dias, sou despertado de meus devaneios com a voz da vadia da minha
sogra em, mas um domingo perdido na companhia dessa bruxa.

— Minha neta linda, seu papai sempre será fiel à sua mamãe — Ouvi
minha sogra disser, para Tasha e esse era meu outro problema, minha sogra
ou o próprio demônio em pessoa.

— Isso é o que senhora pensa vovó — disse Luke e minha sogra o


olhou torto para mim.

— Meu filho, ele pode ter os casos dele, mas nenhuma irá assumir o
lugar de sua mãe — falou minha sogra me olhando debochadamente, pois,
sabia bem como manipular Luke.

— Assumir o que gente?! A Fernanda faleceu, meu filho precisa viver


e você seu moleque para de atormentar seu pai — Vociferou minha mãe,
dando um tapa na cabeça de Luke, minha mãe entrou no momento certo na
sala colocando a última comida que faltava na mesa de jantar, sempre fazia
essa confraternização em minha casa aos domingos, eu tinha era que acabar
com essa palhaçada de vez. Minha mãe era linda, o tempo parecia não ter
passado para ela, era mulher de cabelos platinados e curtos, estilo a atriz
americana Jane Fonda, tinha lindos olhos azul-piscina, sempre elegante em
seu salto agulha e não era cheia de frescuras, igual muitas madames fúteis
que existiam, acho que puxei esse lado da minha mãe, pois, meu pai vivia de
aparências e não tinha decência.

— Eu nunca vou permitir isso...— afirmou Luke e notei como sempre


seus olhos, eram duas lavras de raiva.

— Você não tem que permitir nada...— Acrescentei para deixar bem
claro que quem manda em minha vida sou eu.— E nem aceitar nada, apenas
respeitar minha decisão — disse interrompendo minha mãe — A Fernanda
infelizmente não está aqui conosco, mas se eu encontrar uma pessoa irei sim
reconstruir minha vida, e ninguém vai se meter — disse olhando para
minha sogra e Luke fechou a cara como sempre, vivia emburrado, acho que a
fase aborrecente dele, como diz minha mãe nunca passou.

— Você não pode fazer... Ai eu não estou bem...— Era sempre o


mesmo teatro de novela mexicana, dizer que estava doente e não podia sofrer
fortes emoções e eu apenas sorri e virei os olhos e continue tomando meu
suco, essa praga era meu carma só podia ser não tinha outra explicação.

— Maninho, vai matar a velha também? — Perguntou minha irmã


debochando

— Cala boca Jessica! — gritei e todos se assustaram — Pega seu


casamento de merda e seu marido de merda e some da minha casa, acabou o
almoço... — Todo domingo era a mesma merda, lidar com esse déjà-vu,
minha sogra era uma verdadeira filha da puta manipuladora que conseguia
acabar com tudo sempre, Irina me lembrava a bruxa Úrsula do filme A
Pequena Sereia, velha desgraçada meu sonho era dar uma passagem para
ela direto para Nárnia, mas nem eles iriam aceitá-la, ela conseguia ser pior
que a feiticeira.

— Calma aí cunhado... — Caminhei até o traste que está casado com


minha irmã, mas fui impedido, esse era outro que me dava raiva só de olhar a
forma como tratava o filho.

— Papai!! — Chamou Tasha com os olhos lacrimejados, caminhei até


a minha filha e a abracei forte passando a mão em seus longos cabelos negros
e olhos verdes como a mãe, minha filha era a maior lembrança viva da minha
esposa esse era um dos meus bens mais preciosos, responsável por me fazer
aturar tanta coisa sem surtar de vez, olhei para minha mãe que a pegou.

— Preciso ficar sozinho, saiam todos... — Expliquei, sai da sala de


jantar e segui até o meu quarto no segundo andar, não queria ouvir mais nada,
toda vez que minha sogra vinha aqui era a mesma história, que eu deveria ser
fiel à Fernanda além da morte. Eu cumpri isso por um bom tempo, mesmo
minha mãe me criticando, mas agora não eu preciso ser feliz me reencontrar e
amar novamente.

Entrei no quarto e fechei a porta e me sentei na cama, abri a gaveta da


cômoda que fica ao lado da cama, peguei o remédio e tomei, precisava me
acalmar e há dias não o tomava. Estava sem dormir a uma semana, tinha
pesadelos com Fernanda, sempre que pensava nela lembrava das palavras do
meu sogro no dia do seu enterro, que eu matei a Fernanda, quando não a pedi
para interromper a gravidez, esse e outro desgraçado que não durou muito
após a morte da minha mulher, sempre me julgava o mundo sempre está te
apontando o dedo e apenas você sabe a dor que carrega então ligue o foda-se
para opinião das pessoas e viva sua vida ao seu modo, pois, ninguém vai
carregar suas dores e nem seus fardos no máximo te confortar.

Tasha era minha luz, minha princesa, um pedaço da mãe, minha


menina era nosso amor nossa melhor escolha, ou seja, seguir com gravidez.
Abaixei a cabeça e ouvi a porta ser aberta.
— Quem é ela? — Perguntou minha mãe, se sentando ao lado sem
perder sua elegância cruzando as pernas.

— Quem é quem, está surtando mãe? Ficou louca? — Disse


grosseiramente e minha mãe nem se importou, na verdade, ela nunca se
importou, conhecia todas as minhas fases e nunca me julgou, aliás, sempre
foi meu pilar.

— Você que está surtado e olha como fala comigo, seu moleque
egocêntrico. E eu sei que tem alguém, você está encurralado, e os sintomas
estão cada vez mais evidentes. — Ela conhecia cada detalhe meu, não por
apenas ser minha mãe, mas sim por ser minha melhor amiga, e companheira
de todas às horas — Mãe estou pouco me fodendo para o que a senhora acha,
saí daqui — ela me deu um tapa na cabeça, você deve achar estranho como é
a minha interação com minha mãe, porém, nos entendemos muito bem
assim, digamos que essa era nossa forma de demostrar amor .

— Vai ser escroto com a babaca da Úrsula... ops, Irina, seja quem for
lute por ela e por favor meu filho... faça sexo. — Pediu e eu ri, a vendo sair
do meu quarto sem perder a elegância, como sempre, vida de merda, quando
tudo isso iria mudar.

Depois que minha mãe saiu do quarto, fiquei meia hora pensando um
pouco e me acalmando e desci, a casa estava vazia e escura como eu queria,
fui ao bar e peguei a garrafa de whisky e me sentei no chão da sala, precisava
beber. A bebida era minha companheira na solidão, com ela encontrava a paz
mesmo que por um breve momento, até pegar em um sono leve.

No fundo da alma ocultava um impulso espasmódico: o desejo de ser


diferente que eu era. É o tormento mais cruel que o destino pode reservar ao
homem. Ser diferente que somos, é o desejo mais nefasto que pode queimar
em um coração humano. Pois, a única maneira de suportar a vida é se
confortar em ser o que somos aos nossos olhos e aos olhos do mundo.

Acordei com uma ressaca desgraçada, cheguei ao hospital, estacionei


na minha vaga e entrei, pela emergência, precisava ver como andavam as
coisas e quando entrei escutei uns gemidos vindo da emergência, olhei e vi
uma mulher gemendo e a enfermeira Keises desesperada me olhando
assustada.

— O que está acontecendo? — perguntei assustando-a, pois, eram


altos os gemidos.

— Nã... Não sabemos doutor, estamos aguardando o médico de


plantão — Puxei o prontuário eletrônico, e ali continham poucas informações
relevantes para ajudar-nos.

— Aiii meu Deus... — gritou a paciente e puxou meu terno se


contorcendo. Espera aí, ela estava tendo um orgasmo era só o que me faltava
se não fosse uma coisa tão séria, com certeza seria algo que nos faria rir
depois, pela forma como ela me olhava.

— Fecha a porra da cortina e chama a ginecologista agora — gritei


me afastando da paciente, e a enfermeira Keises se atrapalhou ao fechar a
cortina, mas fez o que eu mandei, saindo rapidamente.

— Isso é uma deliciiiaaa, mas eu Nãooo agueeeento mais — disse a


paciente, me abraçando — Ahhh.... que gostosooo — gemeu em meu ouvido,
era só que me faltava, a empurrei segurando a sua mão e ela gemeu mais alto
ainda.

O final de semana havia passado rápido, Noah estava comigo e fomos


ao shopping, assistimos um filme, comprei o boneco que ele tanto queria,
depois a noite eu e ele jogamos videogame, foi um presente do Oliver e
Miranda. A Jane, contratou uma decoradora e arquiteta brasileira, que fez
uma decoração linda de basquete no quarto dele. Noah nunca reclamou do
que eu não conseguia dar, ele queria apenas ficar comigo e agora ele está
radiante, pois, não deixo de pegá-lo na casa do pai. Quando não tinha o que
comer em casa, eu não o pegava e Noah ficava depressivo, mas de uns meses
que Noah só falava no tio Jordan, ele o chamava assim porque de acordo com
meu filho ele jogava igual Michael Jordan. Não entrei em detalhes, mas sei
que o tio é irmão da esposa do Liam e que tem dois filhos.

Domingo, fomos todos para casa da Jane, almoçamos e passamos a


tarde todos juntos. Matteo estava sendo mimado por todos, Noah estava feliz
brincando com os primos, estava bem agarrado a Catalina e a Gio, o que era
difícil, pois, o meu filho sempre foi de pouca interação. Lena só tinha seis
anos, mas parecia que era a mais velha das crianças, tomava conta de todos,
Oliver que se cuide, pois, o futuro nos trará grandes surpresas.

Depois do domingo maravilhoso, voltamos para casa, Noah tinha


dormido no carro e eu tive que subir com ele no colo, a sorte foi que eu levei
outra roupa e ele tomou banho na Jane.

Hoje acordamos cedo, tinha que levar Noah, para escola e depois ir ao
hospital, o dia estava tranquilo. Terminei de me arrumar, estava usando uma
saia lápis bege, uma blusa social azul de manga comprida, dobrei a manga até
altura do cotovelo e coloquei um cinto grande por cima da saia e calcei um
Peep Toe marfim, coloquei um colar, um par de brincos simples e um relógio
e desci.

— Noah, vamos? — Perguntei ao meu filho, que já estava arrumado e


sentado no sofá, assistindo desenho me esperando, meu filho foi
diagnosticado com autismo logo cedo o que para Liam era frescura, reconheci
logo cedo que tinha algo errado ao conversar com seus professores e nas
reuniões da escola e estar longe de mim não ajudou muito quando ele
começou a progredir, algo o faz voltar três casas, preciso mudar a história do
meu filho para melhor.

— Clalo mamãe. — disse Noah, se levantou e caminhou até a porta,


abri-a e por fim saímos por um milagre divino, não estávamos atrasados.
Seguimos até a garagem, quando avistei o carro destravei-o, mesmo Jane
insistindo eu escolhi um carro simples, nunca fui de grandes luxos e não
mudaria agora, escolhi um Hyundai Azera, ele era é o mais simples que tinha
entre as opções que ela me mostrou. Noah entrou no carro, eu o coloquei na
cadeirinha e entrei no carro e o liguei-o.

— Mamãe agola que você mola aqui, eu posso vim mola com a
senhola — Noah, falava perfeitamente, mas ainda tocava o R pelo L e
apresentava um certo atraso em relação ao entendimento de algumas coisas
principalmente o estilo figurado das coisas.

— Estou lutando para isso filho — afirmo enquanto saiamos da


garagem.

— Está bem, mamãe! Eu vou pedi pala o pai, me dexa vim de novo e
vou chamar o tio Jordan, para jogar basquete na vó Jane. — Falou animado e
eu não quis cortar sua empolgação.

— Eu falo com seu pai filho, deixa que a mãe fala.


— Eu te amo, mamãe! — Disse Noah de repente, como se ele
precisasse me ouvir dizer.

— Eu te amo mais filho, muito mais — confessei analisando-o,


olhando para ele pelo retrovisor e ele sorrio, pegou seu boneco e o abraçou.
Liguei o rádio bem baixinho tocava Always do Bon Jovi, amo essa canção
apesar da letra triste, as batidas me fazem viajar, e seguimos a viagem até a
escola do Noah, o deixei na escola, a professora dele sempre muito simpática,
me falou do desempenho de Noah e notas. Depois segui para o hospital,
quando cheguei, estacionei e entrei pela emergência, não queria dar a volta e
ao entrar percebi uma movimentação estranha e uns gemidos. Todos estavam
parados olhando para a enfermaria fechada com cortina.

— O que está acontecendo? — Questionei chamando atenção de


todos e ouvi um gemido agudo, como se... Meu Deus — Vamos trabalhar...
Salvar vidas!! — Disse dispensando todos e segui até a enfermaria, abrindo a
cortina. Vejo Iván com a boca vermelha de batom, segurando as mãos da
mulher.

— Luiza!! — Exclamou Iván afastando a mulher, ele estava beijando-


a, canalha! Mas também o que poderia esperar do Iván, a fama dele pelo que
parece ser não era mentira e vendo essa cena só me fez confirmar isso. Que
ódio, não sabia se era de mim ou dele, bela maneira de começar a semana,
quando ia me virar, a mulher gemeu mais alto ainda.

— Me chamou doutor — Disse a doutora Spector, olhando a situação


com curiosidade.
— Examine a paciente... — O ouvi dizer quando estava saindo de
perto deles, quando estava chegando no elevador, senti meu braço ser
puxado, mas com delicadeza.

— Luiza espere, me deixa explicar...— Não era fácil olhar em seus


olhos lembrando a cena de minutos atrás.

— Doutor, o senhor não me deve nenhuma explicação...— mas o


estranho era que lá, no fundo eu queria sim uma explicação.

— A paciente teve vários orgasmos — explicou e eu o olhei


espantada — Não comigo... não foi comigo. — Disse ele tentando se
explicar.

— Tudo bem, doutor, como disse não tenho nada com isso. —
Afirmei e ouvi o som do elevador, me soltei do seu agarro e entrei no
elevador, quando a porta estava fechando uma mão a impede e vejo Iván
entrar no elevador.

— Eu não faria esse tipo de coisa, ainda mais com uma paciente... A
paciente tem transtorno da Excitação Genital Persistente, é uma doença rara
que faz a mulher alcançar vários orgasmos por dia. — Esclareceu no modo
médico.

— E para acalmá-la precisava beijá-la? — Questionei sem pensar e


Iván abriu um sorriso nos lábios. — Desculpa doutor, pode apertar o 8º andar
por favor. — Disse tentando desviar dele.

— Você está com ciúmes? — Perguntou se aproximando de mim.

— O que? Nãoo! — Tentei me explicar rapidamente.

— Eu só quero você, meu pau só sobe quando penso em você. —


Suas palavras me deixaram sem ação por um breve momento.
— Ahh, para de palhaçada doutor! — Disse, mas ele me encurralou e
me beijou, isso estava se tornando algo frequente, sua língua dançava dentro
da minha boca, sua mão estava agarrada na minha nuca puxando de leve
meus cabelos e eu não oferecia resistência, estávamos tão entregues que não
ouvimos a porta do elevador ser aberta.
— Iván! — Olhamos assustados.
3

Todo mundo começa forte. Daqui a vinte anos você estará mais
decepcionado pelas coisas que você não fez, do que pelas que fez. E no final
é vida não é sobre ser tão forte a ponto de você bater e sim sobre o quão forte
aguentamos apanhar. Todos nós passamos por frustrações, então é muito
importante que não nos apeguemos a elas, pois, corremos o risco de ficarmos
cegos o suficiente para não enxergarmos as oportunidades que estão a nossa
volta, então viva o hoje, o amanhã é incerto e as grandes coisas estão nos
pequenos momentos.

— Pai! — Disse ao me virar, Luiza tentou se afastar, mas eu não


deixei. — Queria mostra que ela veio para ficar em minha vida.

— Não era assim que pensei conhecer minha nora... — afirmou meu
pai em um tom debochado.
— Não... Senhor Sánchez ... eu e ... eu e Iván não temos nada. —
Gaguejou Luiza nervosa, e se afastou de mim bruscamente, se recompondo e
passando as mãos pelos cabelos.

— Não foi o que pareceu... — disse olhando diretamente para mim o


que fez Luiza ficar sem graça mais ainda.

— Pai o que você quer além de atrapalhar — Questionei, porque esse


sempre fazia uma merda atrás da outra.

— Bom vou deixar vocês a vontade, com licença — disse Luiza e


saiu do elevador como um raio.

— Bonita! — Disse assim que Luiza se retirou.


— Pai, o que quer aqui? Melhor o que a mãe aprontou dessa vez? —
Perguntei estressado. Merda!! A tinha tão entregue em meus braços, essa
mulher será a minha ruína em breve.

— Calma, não irei contar para sua mãe e nem vim falar sobre ela. —
Comentou entrando no elevador, e eu apertei o oitavo andar.

— Então... — disse com medo da minha reação, como sabia? O modo


como começou a falar, pois, meu pai não era um cara que se perdia nas
palavras e nem abaixava o tom apenas quando está querendo algo.

— Eu vou me separa e queria um lugar... — Sabia que tinha alguma


merda por trás de tudo isso, não contive a minha expressão de pouco caso.

— Nem pensar, por que o senhor não fica em um hotel? —


Indaguei, meu pai se separou da minha mãe e se envolveu com uma
oportunista, estavam há oito anos juntos e agora ele descobriu o que todo
mundo já sabia, ela o traia, corno é sempre último a saber essa é a verdade.
— Ou expulsa a vadia de casa? Afinal, o que aconteceu com o seu presente
de Deus?

— Sem gracinhas Iván. Eu não posso expulsá-la, teremos que


dividir a casa e todos os outros bens — disse em um tom de voz baixo,
quando saímos do elevador, parecia envergonhado. E eu ri, isso era carma,
até entendo que minha mãe tem hora que é osso duro, mas quem mandou se
interessar por uma mulher vigarista, entramos em minha sala e ele se sentou.

— Bem feito, isso é para senhor aprender e vai ficar na casa da


Jessica, pois, na minha já tenho as crianças e só elas, já é drama o suficiente
para minha vida — a verdade era que minha casa é grande, apenas não estava
com saco para escutar meu pai falando o tempo toda da ex vadia dele e
gostava da minha paz meu silêncio e outra o velho era rico.
— Pensei em falar com a sua mãe... — É muita cara de pau dele.

— O caralho que vai! — Contestei já me exaltando e alterando meu


tom de voz.

— Você é meu filho, me respeito moleque... — Pelo que vi hoje o dia


seria um porre total, para escutar várias merdas.
— Quando o senhor desrespeitou a mamãe, eu nunca quis me
envolver, porque odeio drama, mas sempre estive ao lado dela. Mas o senhor
foi um canalha, humilhou a mãe de todas as maneiras. — E pelo visto a lei do
retorno foi rápida até demais, a vadia fez o mesmo com ele.

— Eu apenas segui minha vida... — Ainda por cima era descarado.

— Pisando nos sentimentos dela, minha mãe te amava e quer saber


ela está muito bem sem o senhor, escolhe qualquer hotel para ficar, faço
questão de pagar, mas fica longe da mamãe. — Ele que não pense em fazer
minha mãe sofrer novamente ou pagará as consequências.

— Não preciso do seu dinheiro, tenho o triplo do seu dinheiro...—


Então por que motivos ou razão esse desgraçado veio tirar a minha paz que já
estava quase extinta.

— Então vai morar no quinto dos infernos, mas não vai perturbar a
mãe, senão eu acabo com sua vida, fez sua escolha agora arque com as
consequências. Não foi homem para largar a mãe e assumir a vadia que
chamava de esposa. Então aguenta o chifre...
— Seu moleque insolente, quem você pensa que é .— Vociferou
batendo as mãos em minha mesa com sua frieza e arrogância.

— Mais homem que você, saí da minha sala agora. Só volta quando
estiver em seu juízo perfeito. — Disse e meu pai me olhou assustado — Está
esperando o que? Saí logo — Brado e ele saiu resmungando. Quando passou
pela porta, percebi a Vânia me olhando com os olhos arregalados.

Me sentei na cadeira e fiquei pensando na audácia do meu pai, casou


em comunhão de bens, sorte que a maioria dos bens está em nome da minha
mãe e ela não nunca quis nada dele. E agora que descobriu que é corno quer
pedir abrigo na casa da minha mãe. Peguei meu celular e liguei para casa.

— Deia é o Iván! Se meu pai aparecer, não o deixe entrar, me ligue de


imediato, e não adianta o que minha mãe diga.

— Está bem senhor — Disse Deia e eu desliguei.


A tarde foi cheia de trabalho, planilhas e mais planilha para analisar,
muitas contas não batiam, revisar tudo que o Marcel fez estava sendo
complicado, enviei algumas coisas para o e-mail da Luiza, pois, eram
empresas que eu desconhecia, tinha uma empresa em questão que estava
tomando toda a minha atenção, eu faria em breve uma reunião com Luiza e
Miranda sobre ela.

— Por que o vovô, não pode ficar na nossa casa? — Questionou


Luke, num tom elevado entrando em minha sala como um raio.

— Para começar baixa o tom e segundo não se intromete nesse


assunto, agora saí — disse, sem paciência e já estava bem exaltado, estava
tentando me controlar, mas não há remédio, que me faça ficar calmo.

— Não vou sair... O que foi tem alguma puta para comer no quarto
dos médicos, mamãe estaria com nojo de você — gritou Luke para quem
quisesse ouvir pelos corredores do hospital, me levantei, em três passadas de
perna o alcancei e o segurei pelo jaleco, sustentei meu olhar de raiva, meu
erro e da Fernanda foi mimar esse moleque demais, mas ainda dá tempo de
consertar.

— Olha aqui seu moleque insolente, eu sempre respeitei a sua mãe, a


amo com toda a minha vida, mas eu estou vivo. — Não aguento toda essa
situação, é tão desgastante ter que ficar me explicando por algo que não fiz,
apenas estou tentando seguir a minha vida e isso só está acontecendo quatro
anos depois, pois, sei que a Luiza é a pessoa certa.

— Mas ela não é culpada, você é o culpado — berrou, me fazendo


recuar — Verdade doí né, você matou a minha mãe, seu maldito — eu fechei
o punho e o acertei um soco em seu rosto sem nem pensar duas vezes, Luke
revidou e ao tentar desviar tropecei na mesa de vidro e caí por cima dela,
quebrando-a o barulho foi forte. Luke veio para cima de mim, mas eu o
chutei na perna esquerda, o fazendo cair e fui para cima dele, mas antes fui
parado, por duas mãos em meu peito me contendo.

— Iván, não! Ele é seu filho. — Disse com a voz também exaltada
nunca tinha a visto assim, vi espanto em seus olhos, Luiza nos afastou,
segurei sua mão que estava em meu peito e vi como estava cego de raiva, só
então me dei conta do que estava fazendo, mas Luke não sabe o inferno que
passei quando a Fernanda morreu, pois, ele estava fora estudando, só aparecia
nos almoços de família, sempre estava me evitando, com faz até hoje com a
Tasha, minha pequena não tem culpa de nada foi uma escolha minha e da
minha esposa trazer ela ao mundo e me dói ver como ele a desprezava, ela é
apenas uma criança, caralho, mas esse ódio por mim é alimentado por Irina,
aquela velha nunca gostou de mim apenas me suportava, por ser o marido da
sua filha, só que agora a filha da puta nem disfarçava.

— Desculpa, perdi o controle! — Expliquei para ela, ainda segurando


sua mão em meu peito — Me perdoa! —Pedi e fomos interrompidos com a
risada cheia de rancor do Luke.

— Ela é bola da vez?! — Perguntou se levantando e apontando para


Luiza — Você merece um homem melhor. — Disse me encarando, com a
mão no olho onde tinha um leve corte no supercílio.

— Olha aqui seu desgraçado ... — Exclamei indo para cima dele
novamente, mas Luiza colocou o corpo em minha frente me parando.

— Luke nos de licença, e aproveite passe na enfermaria para cuidar


desse ferimento. — Disse Luiza mais séria que o normal e Luke assentiu,
saindo da sala pisando duro, onde eu errei com Luke, ainda me recordo
daquele garoto apaixonado por basquete, meu filho tem pouco da mãe, mas
se parece muito comigo tanto no gênio forte quanto nas características é alto
por volta de 1,90 de altura, pele clara, cabelos curtos negros e olhos negros
expressivos. Luiza foi a até a porta e a fechou, caminhou até minha mesa e
pegou o telefone.

— Vânia, traz um kit de primeiros socorros e pede para alguém da


limpeza vir até a sala do Dr. Sánchez por favor, obrigada. — Luiza desligou o
telefone e me olhou séria colocando as mãos na cintura — Vai me falar o que
aconteceu aqui?

— Eu e Luke não nos damos muito bem, como você acabou de ver —
disse, na verdade, a gente se dava super bem, mas desde a morte de Fernanda
tudo mudou, fiquei mais tempo no hospital com Tasha e depois me dividia
entre as crianças, o trabalho e Luke ficava mais estudando que em casa, meu
erro foi deixar a Irina tomar as rédeas no meu momento de luto.

— Isso eu percebi Iván — comentou e eu ri, da maneira


espontânea, a qual se referiu a situação que ela presenciou e ela nem reparou
que não estava me chamando de Dr. Sánchez, fomos interrompidos por
Vânia, que entrou e entregou o kit de primeiros socorros para Luiza.

— Está bonita Vânia, fez o cabelo? — Perguntei, sorrindo.

—É... Sim, fiz ontem! — disse, envergonhada. Vânia era bonita,


devi a ter uns trinta anos, 1,60 e parecia sempre estar assustada comigo,
acabei sorrindo com esse pensamento, confesso que não é fácil lidar com um
bipolar, ela merece um troféu por me aturar. Vânia teve uma vida difícil no
Brasil, mas tudo estava melhorando para ela e os filhos, uma mulher simples,
mas batalhadora e cheia de fibra, a Jane a chamava de Chiquinha em
referência ao seriado Chaves, e queria entender o porquê desse apelido.

— Ficou linda, não que você não fosse antes, só ficou mais bonita
ainda. — Ela ficou vermelha com o meu elogio.

— Obrigada, Dr. Sánchez — agradeceu e saiu igual flash pela porta


da minha sala, era engraçado esse jeito dela, ela não se envolvia em fofocas,
estava sempre disposta ajudar, acho que ela era Luiza versão 2.0.

— Primeiro a briga com seu pai, depois seu filho e agora dá em cima
da secretária, sua mudança de humor me assusta. — Disse Luiza se
aproximando e apontou para sofá, segui sua orientação e me sentei ao seu
lado.

— Ela está realmente bonita, e eu sou bipolar... Não é apenas um


boato que circula pelos corredores, fui diagnosticado quando tinha quatorze
anos, e piorou quando minha esposa morreu há quatro anos. — Confessei,
esperando sua reação e a vi respirar fundo, sempre que falava do meu
problema afastava as pessoas, às vezes nem eu me aguentava.

— Doutor!! — Chamou, me olhando intensamente.


— Já disse que para você, é apenas Iván — e eu a interrompi pedindo para
me chamar de Iván e ela assentiu.

— Iván eu já suspeitava do seu problema, e se está esperando um


julgamento, não sou esse tipo de pessoa, afinal só quem vive na pele sabe o
fardo que carrega diariamente. Agora eu preciso que... — Ela parou de falar,
olhou para minha camisa e respirou fundo — tira blusa para eu ver o corte.

— Se queria me ver seminu era só pedir, não nego nada para você. —
Comentei tirando a camisa, em momento nenhum deixei seu olhar enquanto
desabotoava pausadamente, por fim terminei de tirar a camisa, Luiza ficou
em silêncio enquanto fazia os primeiros socorros, até porque foi um corte
sem muita profundidade que poderia ser cuidado por mim mesmo, mas estava
gostado de ser cuidado por ela, enfaixou a braço quando terminou e sempre
fazia tudo com muito cuidado e delicadeza, quando terminou eu vesti minha
camisa, e fiquei observando-a enquanto ela guardava tudo. Eu precisava
daquela mulher, estava há seis meses rondando feito urubu, agora tinha que
agir. Quando ela terminou de guardar tudo, se virou para mim sem jeito
colocando seu cabelo, cor de mel atrás da orelha, não pude deixar de observar
seus lindos olhos castanhos claros ela era tão linda cada coisa nela se
encaixava perfeitamente.

— Obrigado! Você não sabe o poder que têm sobre mim, obrigado
por não ter me deixado chegar ao extremo hoje. — Serei eternamente grato a
ela, eu e Luke sempre discutíamos, mas nunca chegamos as vias de fato como
hoje.

— Iván, eu não sei se isso é um jogo, mas eu não sou as médicas e


enfermeiras do hospital, que aceita uma transa no quarto dos médicos. —
Senti rancor em suas palavras.

— Nunca foi... E essa fama não condiz comigo, o povo fala demais,
só saí com uma médica daqui do hospital e não fizemos sexo, foi apenas um
almoço. Faz tempo que não fico com ninguém e nem se eu quisesse,
conseguiria, pois, não paro de pensar em você Luiza. — Afirmei e me
aproximei alisando seu rosto com as costas da minha mão, Luiza não fugiu,
ela segurou a minha mão com firmeza por cima da minha e eu dei mais um
passo ficando mais próximo ainda dela, em seu olhar, vislumbrei que uma
barreira havia se quebrado — Amei uma única mulher na minha vida e estou
começando amar a segunda... — Ela suspirou pesadamente.

— Mas eu não estou disposta a correr esse risco. — Disse Luiza me


interrompendo — Então pare com os beijos, e de marcar território... —
Fomos interrompidos pelo toque do seu celular, era Miranda.
Luiza conversou rapidamente com a Miranda e confesso não prestei
atenção, ainda estava pensando em suas palavras, ela se despediu da irmã, me
olhou com pesar e saiu da minha sala, se ela pensa que eu vou desistir está
muito enganada, pois, uma coisa que um bipolar não tem medo é de fazer se
arriscar quando quer alcançar algo inatingível.

Nossa mente pode ser a nossa aliada ou nossa maior inimiga, sempre
temos a oportunidade de nos transformarmos em uma versão melhor de nós
mesmos, basta buscar dentro de si o que deseja e seguir em frente ou deixar
para trás, entretanto, a mudança precisa partir de nós mesmos. E eu queria me
tornar o melhor de mim, deixar o passado para trás, mas não conseguia eu
não era completa, como Liam disse há anos atrás, “Você nunca será feliz”,
ninguém nunca vai querer uma aleijada, e terá sorte se o te moleque te
aceitar, pois, você é uma inútil, não serve nem mesmo como mãe para ele”,
ele despejou tudo isso após a minha cirurgia, e jogou o pedido de divórcio
sobre a cama, foi desesperador não tinha ninguém que pudesse me auxiliar
nem mesmo em um banho, mas com auxílio das muletas e muita dificuldade
para andar me virava como podia, mas quando chegava à noite a desespero
batia, não tinha ninguém, meu filho estava com o Liam só pensava em me
recuperar logo para lutar por ele. A cada dia mais me convencia que a
felicidade era algo muito distante da minha realidade, deixei de acreditar que
era capaz, contudo, não deixei a depressão se apossar de mim, tinha um filho
pequeno que precisava de mim, e aprendi desde essa época a construir
barreiras para não ferir mais ainda a minha alma.
Sai da sala do Iván desnorteada, ele mexia comigo isso eu não poderia
negar, era algo que eu não conseguia explicar, era muito além do contato pele
a pele. A maneira que ele me olhava, a fome com que ele me beijava eu
nunca tinha sentido nada igual na vida, nem com o Liam eu sentia aquilo, na
verdade, com ele foi apenas uma ilusão de felicidade. Iván era bruto, a
maneira que ele me pegava fazia com que cada parte do meu corpo
estremecesse e se eu já estava assim com apenas alguns beijos, imagina se
me permitisse um envolvimento, sairia destruída e não posso já sofri muito
antes. Meu filho é tudo para mim, sempre me dediquei ao Noah, e pelo
menos Liam não o maltratava fisicamente, em compensação não lhe dava
atenção, Noah era criado praticamente pelos empregados, era carente de
afeto, sempre que me recordava disso meu coração se cortava em mil
pedaços, porque eu estava aqui para lhe dar carinho e amor e não era justo
um filho ser criado longe da mãe assim, todavia o dinheiro sempre falava
mais alto.

Entretanto, em breve tudo mudaria, eu estava indo até à sala da


Miranda, a advogada da Ávila & Associados, havia chegado e estava me
aguardando.

— Cunhada! — Falou Oliver quando me viu no corredor, ele estava


acompanhado de uma mulher linda, tinha cabelos castanhos, olhos verdes
vibrantes e possuía um porte elegante. Oliver e a mulher, chegaram até mim e
me abraçaram afetuosamente.

— Oliver, como está? — Perguntei sem graça.

— Bem e você? Deixa-me te apresentar, essa é Isabella, mas a


chamamos de Bella. — Disse todo empolgado na apresentação.

— Satisfação Luiza! — Comentou Bella, será que a Miranda sabia


dessa mulher, pois, tenho que admitir a mulher não tinha defeitos, era linda
em um salto agulha que transmitia ainda mais elegância a ela.

— Igualmente Isabella, está de visita? — Pergunto apreensiva.

— Eu trabalho com o Castiel na corporação e vim pegar uma


assinatura do Oliver — Explicou me dando um lindo sorriso sua fala era
tranquila e baixa.

— Bella está de mudança, vai ficar uns tempos no Brasil — disse


Oliver e eu assenti, na verdade, estava aliviada.

— Boa Sorte, que tudo ocorra bem. Então vou até sala Miranda, ela
está com a advogada. — Informei, mas antes de ir não pude, deixar de notar
mais uma vez os lindos traços da mulher e a elegância.

— Tudo bem, cunhada. — Assentiu Oliver, às vezes tinha impressão


de que ele fazia questão de falar a palavra “cunhada” ele sabe que eu amo
esse título, antes não tinha ninguém para recorrer e hoje em dia eu tenho uma
linda família que me acolheu de braços abertos. Me despedi deles e segui em
frente, cheguei em frente ao consultório, bati na porta e escutei, “Entra”.

— Luiza! — Falou Miranda ao me ver entrar, caminhei até ela e


abracei. — Irmã, essa é Juliana Mendonça, uma das advogadas da Ávila &
Associados.

— Satisfação, senhora Brassard — Me cumprimentou a morena linda


de cabelos longos negros, que usava um lindo vestido tubinho preto que ia até
os joelhos moldando todo o seu corpo e um colar de pérolas e um vibrante
batom vermelho-escuro que combinou super bem com sua cabeleira negra e o
tom do seu rosto.

— Somente Luiza, e a satisfação é minha senhora, Mendonça —


Disse e nos sentamos no sofá, e vi que na mesa de centro já havia café, chá,
suco e alguns croissants que estavam com uma cara ótima.

— Somente Juliana, preparada para audiência? — Perguntou


animada.

— Sim, não vejo a hora de tudo isso acabar, você irá me representar?
— Sua boa vibração me faz ter ainda mais esperanças, que tudo irá se
resolver e logo estarei com o meu pequeno.

— Não, Valentina irá te representar, eu vim antes apenas para


organizar, com tudo que está acontecendo no Brasil, ela não conseguiria vir
antes. — Disse se sentando.

— Eu soube, como está a Sarah? — Questionou Miranda, ao me


entregar a xícara de café.

— A Sarah é forte, não se deixa abater fácil, e tudo está se


encaminhando. Mas vamos falar sobre o julgamento. — Eu e Miranda
assentimos, gostei da Juliana, ela é discreta — Então Luiza, o seu ex-marido
fez várias alegações — deu uma breve pausa olhando os papeis em suas mãos
e voltou a falar — inclusive fez várias alegações sobre o dinheiro que você
supostamente ganhou e sobre o seu emprego, ele ficou surpreso ao saber que
você era secretária aqui no hospital Saint Claire.
— E isso pode ser um problema? Eu sempre tive renda fixa, porém,
com as dívidas que a minha mãe fez para cobrir os gastos da faculdade e as
do hospital em decorrência do tratamento da minha mãe o dinheiro não
rendia — Insisti preocupada, estava conseguindo pagar tudo, e por um
momento temi que isso atrapalhasse na disputa pela guarda do Noah.

— O juiz vai analisar tudo isso, alegamos que sua vida melhorou, mas
você legalmente não reivindicou sua herança, então sua situação financeira
ainda é instável, por conta das dívidas, a faculdade está paga, mas a do
hospital ainda existe. — Explicou Juliana, me entregado vários papéis.

— Mas eu não quero reivindicar nada, já aceitei mais do que deveria


— Expliquei me levantado do sofá e andando pela sala da Miranda
preocupada.

— Luiza calma, tenha fé! — Afirmou Miranda, vindo até mim e me


abraçou forte, e nesse abraço encontrei a esperança que precisava.

— Luiza, a Valentina é conhecida no Brasil como diamante bruto, não


tem um caso que ela tenha perdido, se não fosse ela seria a Sarah, às duas
estão juntas nesse caso fique tranquila. Val, agora pode advogar no exterior
ela conseguiu a licença há três meses, não perca a fé e pensamento positivo
sempre, tudo vai dar certo.

— Tudo bem! — Não poderia fraquejar agora, pelo Noah faria tudo,
pelo bem-estar dele, não abriria mão dele estar ao seu lado, iria lutar com
unhas e dentes, no passado ele foi tirado dos meus braços covardemente, mas
hoje tudo mudou tenho pessoas que estão ao meu lado me dando forças e
tenho fé que em breve ele estará comigo todos os dias, meu filho precisa de
mim, toda vez que preciso me despedir dele meu coração fica aos pedaços.

— A Juliana só ficará aqui por três dias, hoje o Oliver vai ficar com
as meninas e nós três vamos em uma boate latina, que é ótima, a qual tenho
boas lembranças dela, você vai amar. — Disse Miranda, dançando no meio
da sala e nós rimos, mas uma que foi contagiada pelos ritmos latinos da Gigi,
empregada da Jane, essa era outra que sempre estava animada, nunca tinha
tempo ruim para ela.

— Miranda, eu... — Antes de terminar de falar minha irmã me


interrompeu.

— Não aceito um não como resposta, espero vocês às 20h00 no bar .—


Impossível recusar o convite dela, eu também estava precisando me distrair
um pouco, ficar em casa remoendo as coisas de nada ajudaria
4

A Miranda fez questão que eu não desmarcasse a nossa noite das


meninas, mas, no fundo, eu queria conhecer essa boate latina, a Hannah
falava maravilhas dela, quando trabalhava no Saint Claire, não só ela, mas
todos as pessoas que gostavam de ritmos latinos. Coloquei um conjunto de
lingerie da La Perla, foi um presente da Jane, na verdade, ela me presenteou
com a coleção toda cada uma mais linda que a outra, as peças eram delicadas
discretas sem perder a sensualidade, outras eram totalmente sexuais, o
conjunto era vermelho, o sutiã continha detalhes floridos bordados a mão e
calcinha era rendada e transparente na frente com pequenas bolinhas brancas
nas laterais, após vestir a lingerie, fiquei me observando no espelho estava
linda, mas a cicatriz em minha perna me deixava triste sempre que a observa,
era inevitável não passar a mão por toda sua extensão, contudo, sabia que ali
também estava a marca do meu renascimento, pois, eu poderia ter morrido
naquela noite.

Fiz uma maquiagem leve evitando marcar muitos os olhos, não sou fã
de maquiagens muito iluminadas, mas hoje resolvi ousar um pouco nesse
aspecto e para finalizar a maquiagem passei um batom nude, optei por um
vestido de manga comprida, e ficava um pouco abaixo do joelho e na frente
tinha um grande decote e por este motivo precisei tirar o sutiã e em seguida
coloquei uma sandália vermelha Nobuck salto fino Lace Up Flâmula.

Caminhei até a cômoda e peguei um relógio que minha mãe havia me


presentado em meu aniversário de quinze anos, era de ouro seu designer era
delicado com traços finos e delicados em seus contornos, e coloquei um par
de brincos simples pequenos de pedra única e brilhante. Olhei no relógio e
marcava já 19h30 da noite, sai do quarto e fui até cozinha e peguei um copo
d’água, depois que bebi a água, pedi um carro pelo aplicativo, peguei meu
sobretudo preto e desci para espera o motorista.

O carro não demorou muito para chegar, assim que entrei, o carro
seguia até o seu destino, ainda no trajeto até a boate meu celular tocou e era
o Noah sorri quando vi que era meu pequeno.
— Oi, meu pequeno príncipe — Falei ansiosa por escutar sua voz.

— Mamãe eu tô com saudade da senhola — Reclamou meu pequeno


e eu respirei fundo em breve tudo isso acabaria e ele estaria comigo, tinha fé
e iria procurar o tratamento certo para ele.

— Eu também meu bebê, sabe o que a mamãe vai fazer hoje? —


Perguntei e vi ele ficar entusiasmado do outro lado, para o meu pequeno tudo
era novidade, até porque ele sempre estava sozinho e eu gostava de dividir
minha rotina com ele.

— Vou sair com a tia Miranda. — Comentei, eu só saia com o Noah e


mesmo assim era para lugares que ele se sentia vontade, pois, tinha
dificuldade em se adaptar em lugares incomuns além de sua rotina.

— Tia Mi? Noah gosta da tia Mi, mamãe — Disse e eu ri, Noah às
vezes falava dele mesmo na terceira pessoa. — Igual gosto do glande Jodan.

— A mamãe quer conhecer o grande Jordan — Pedi e ele ficou em


silêncio, no fundo, pude ouvir a Jessica falando para o Noah desligar. Como
não queria arrumar confusão às vésperas do julgamento, me calei, mas me
doeu muito. As provocações desde o dia em que eu dei entrada com pedido
de guarda aumentaram, e não poderia colocar nada a perder, pois, essa era a
minha chance. — Filho escuta sua tia e desliga, depois conversamos —
Aconselhei e ouvi Noah suspirar um “ta bom, mamãe!” como queria estar do
lado dele e o abraçar forte.

— Te amo filho! — Declarei e não ouvi nada, ela já tinha desligado e


isso me enchia de ódio, meus olhos se encheram de lágrimas e eu não
consegui segurar, até quando iria durar essa tormenta meu Deus, se não
tivesse prometido a minha irmã que iria, voltaria para o meu apartamento.

— Moça, a senhora está bem? — Perguntou o motorista, e eu assenti


ainda chorando, ele me estendeu um caixa de lenço de papel e eu peguei e
agradeci, depois de uns dez minutos eu já estava recomposta e paramos em
frente à boate. Eu paguei e o agradeci novamente, ele me olhou pela última
vez antes de seguir seu trajeto.

Segui até a entrada da boate, sua fachada era linda, colorida e de


longe já escutava as batidas vibrantes das músicas que me distraíram por um
momento, embalada pelo ritmo, quando estava próximo à porta da entrada
encontrei Juliana, digitando algo no celular toda distraída.

— Juliana! — A chamei ela levantou a cabeça rapidamente ela abriu


um sorriso e caminho em minha direção, ela estava belíssima, usava um
vestido vinho de uma manga só, com o comprimento acima do joelho, com
decote em formato de “V” e uma fenda na lateral da perna e por cima um
sobretudo preto, um colar de pérolas e brincos de gota, que realçou seus
cabelos curtos.

— Luiza! — Falou ao se aproximar e me abraçou — Está belíssima,


adorei o vestido — Comentou de maneira espontânea, eu gostava dessa
característica nos brasileiros. Eles possuíam uma autenticidade única.

— Você que está belíssima, também adorei seu vestido — Afirmei e


ela sorriu — E a Miranda?

— É só falar meu nome que eu apareço — brincou Miranda chegando


de repente, e rimos. Miranda usava um vestido transpassado branco com uma
pequena abertura nos seios, e na perna tinha fenda do joelho até o meio da
coxa que valorizou cada parte do seu corpo, por cima usava um sobretudo
marfim, todas estávamos lindas. — Vamos entrar, meninas. — Miranda nos
chamou empolga.

Entramos na boate, logo a princípio percebi que era bem espaçosa,


arejada e com uma iluminação perfeita e estava lotada, a pista de dança me
lembrava muito a discoteca do filme Os Embalos De Sábado à Noite,
protagonizado pelo ator John Travolta nos anos 70, o bar que ficava ao lado
oposto da pista estava lotado, as mesas que ficavam ao lado do dar estavam
praticamente cheias, por fim conseguimos uma que nos deixou com a visão
privilegiada da pista de dança.

Sentamo-nos e o ritmo latino era contagiante, Juliana e Miranda


falaram que era um ritmo chamado Reggaeton, uns cinco minutos após
estarmos sentadas, um garçom se aproximou com três shots de tequila, sal e
limão em uma das bandejas.
— Vamos brindar? — Perguntou a Miranda e eu assenti, não era
muito fã de bebidas alcoólicas, mas hoje era a noite das garotas e pedia algo
diferente.

— Como diz a Sarah... — Começou a Juliana pegando o copinho e


sorrindo — Arriba, abajo...— Levantou o copo para o alto.

— Al centro — Disse levantando meu copinho.


— Adentro — Finalizou Miranda, brindamos e bebemos, assim que
bebemos Juliana nos puxou para pista de dança, estava começando tocar a
música Me Gusta, da cantora brasileira Anitta com a participação da rapper
americana Cardi B a música era contagiante.

Começamos a dançar e cada vez o garçom trazia mais bebidas,


dançamos Shakira, J-Lo, Maluma, Reik, Piso 21, Nick Jam, Natti Natasha e
Ozuna entre outras músicas latinas. E pela primeira vez me senti livre, bem, e
o principal me senti viva. Sentamos e pedimos burritos, que é uma tortilla de
farinha geralmente recheada de diversos ingredientes, a maior parte dos
recheios variam entre feijões e carnes, e nachos que são salgadinhos de
milho, muito conhecidos ao redor do mundo com vários molhos deliciosos,
comemos muito e depois Miranda ainda pediu quesadillas, uma receita
mexicana com uma massa fininha e muito recheio. Quando estava bebendo
um suco que pedi para tirar um pouco o efeito álcool, um rapaz me puxou
para dançar, estava tocando Criminal da Natti Natasha e Ozuna, digamos que
nessas horas em que estou aqui aprendi muito sobre Reggaeton com a Juliana
que era apaixonada pelo ritmo, até me deu uma breve indicação de vários
lançamentos do ritmo. Após as meninas insistirem eu dancei com um rapaz,
fiquei totalmente sem jeito, porque ele poderia perceber a minha deficiência.
Mesmo que de vez em quando, saia com os amigos se divirta
mesmo, nem que seja para sentar na rua da sua casa e jogar conversa fora e
beber um bom vinho, viaje sempre que puder, mesmo que não possa ir longe,
vá até à cidade vizinha distraia a cabeça, tire esse tempo para você seja
como for se arrisque mais, a vida é muito curta, nunca esqueci essas
palavras de uma amiga de faculdade, só hoje percebo o valor das suas
palavras aqui nesse momento com as meninas.

O tempo passou e eu me surpreendi com o rapaz, ele era atencioso,


ficou um pouco com a gente na mesa, e logo depois seus amigos se juntaram
conosco, um deles dançou com a Juliana, e o outro chamou a Miranda, mas
ela rapidamente recusou o convite, ele insistiu e ela disse que era casada e
respeitava o marido, e ali assunto foi encerrado. O rapaz que estava comigo
se chamava Bento, me puxou para dançar novamente e eu aceitei de bom
grado.

Seguimos para pista de dança e ele rapidamente me envolveu em seus


braços, eu não era de ter aquela atitude, mas deixei, precisava ficar com
alguém, me permitir, me conhecer mais como mulher, precisava me
redescobrir, mas eu não conseguia, pois, a imagem do Iván aparecia em
minha mente como imã. Estava dançando com Bento, quando sinto meu
corpo ser puxado bruscamente para trás e um armário de um metro e noventa,
socando o Bento.

— Iván! — Ele estava irado.

Tem dias que até mesmo antes de você se levantar da cama os


problemas já estão te esperado para te atormentar. Meu dia foi uma merda,
Luke estava sumido e nem queria encontrá-lo naquele momento, estava
cansado daquelas acusações, se eu soubesse que ao me casar com a Fernanda,
estaria casando com sua mãe iria repensar duas vezes o casamento. Aquela
mulher precisava de um padre para fazer um exorcismo nela, eu respeitei seu
momento de luto, mas já fazem cinco anos que ela interfere na minha vida e
coloca Luke contra mim, isso já passou de todos os limites.

Cheguei na casa da minha mãe, estava um silêncio total, caminhei até o


bar e peguei um copo na cristaleira e a garrafa de whisky, sentei-me no sofá e
me servi uma generosa dose. O silêncio era divino, privilégio de poucos, às
vezes me encontrava no silêncio algo como meu programa preferido, acho
que é natural com o passar do tempo acabamos nos tornando ”chato ”, você
deixa de aceitar qualquer tipo de situação que te tira a paz, o respeito. e evita
certas pessoas, ambientes e comportamentos que não te agrada mais, tudo que
a gente quer é sossego, amizades boas, diálogos saudáveis e amor.

— Não deveria beber. — Ouvi minha mãe me aconselhar e se sentar


ao meu lado no sofá me abraçando de lado.

— Só por que sou louco? — Questionei servindo mais uma dose


generosa e empurrei o copo para minha mãe.

— Não, porque é bipolar mesmo. Está calminho hoje, tomou o


remedinho?! — Perguntou bebendo o whisky e ri, queria morrer amigo da
minha mãe, ela não tinha papas na língua até de mim ela debochava.

— Suas brigas com Luke, nunca te fizeram beber dessa forma. Quem
é ela? — Questionou minha mãe colocando o copo na mesa de centro.

— Quem te falou que é uma mulher...— Minha mãe me conhecia


bem.

— Então é homem! — Gracejou e eu a olhei sério, nos servindo. —


Qual o problema, fala logo Iván. — Ela disse e eu sorri.

— Ela não quer nada comigo, e depois do que viu hoje acredito que
não queira mesmo. — Depois do que Luiza presenciou hoje, não tiro sua
razão de me afastar da sua vida.

— Se ela não aguenta seus surtos de humor diários, não irá aguentar o
pior deles que é os pesadelos. — Ela está certa.

— Ela me acalma, hoje quando colocou a mão em meu peito, eu me


acalmei. Foi como uma canção de ninar — Confessei e ouvi o celular da
minha mãe apitar, ela olhou e colocou no braço do sofá.

— O que vai fazer com Luke? — Perguntou, terminando de beber o


whisky, fazia tempo que não fazíamos isso.
— Irei conversar com ele, não quero que meu filho vire meu inimigo
e o Luke já está bem grandinho para entender as coisas. Ter um inimigo é
bem ruim, imagina um filho como inimigo... Entende?

— Eu não nunca tive inimigos — Disse e eu olhei para ela — Eu não


considero a Irina inimiga, tivemos nossas brigas, eu acho que ela é uma
piranha, vagabunda, desqualificada, traidora, mas não somos inimigas —
comentou e eu ri, minha mãe era a melhor pessoa do mundo, ouvi novamente
o barulho de notificação do celular dela, mas dessa vez ela não verificou —
Ahh, e eu tenho seu pai que não é meu inimigo, ele é meu ex-marido, ou seja,
pior que inimigo.

— Então ex-sogra é o que? — Indaguei rindo

— Já assistiu a caverna do dragão? Que eles tentam sair da caverna e


nunca conseguem, e dentro da caverna tem um demônio que só enganameles.
Então Irina é o demônio, se você não der um basta nela, coisa que você já
deveria ter feito há muito tempo nada disso vai parar.

— Eu sei, o pior é que eu sei. Tasha pediu para dormir na casa dela,
mas eu sei que foi ela mandou a Tasha pedir, e posso apostar que ela sabe do
paradeiro do Luke, mas ele estará no hospital amanhã, até porque nunca
perde um plantão, nessa parte ele não dá trabalho nenhum, é extremamente
focado — Comentei e o celular da minha mãe apitou novamente — Mas que
merda mãe, o que tem nesse telefone que tanto apita.

— Ahh filho, fui até a igreja hoje à tarde, acender uma vela para sua
irmã...— Comecei achar esse papo estranho.

— Por que mãe aconteceu algo? Falei com ela hoje e estava tudo bem
— E minha mãe toda calma assim algo estava errado.

— Não, por isso mesmo fui acender uma vela, você teve filho cedo,
se casou, estudou se formou é um grande médico, está enrolado com alguém
e sua irmã? Onde errei com essa menina para acabar com aquele traste. —
Disse me encarando esperando a resposta — Mas deixa sua irmã, se quer
ficar com aquele merda, que fique. Continuando, estava na igreja, aí no meio
da oração, escutei a menina falando maravilhas de um tal de Tinder, assim
que cheguei em casa e pedi para a filha da Deia, baixar para mim, já tive 15
matches. — Explicou sorrindo e pegando o celular, era só o que me faltava.

— Você vai excluir essa porra agora mãe — Gritei, isso só poderia
ser uma crise de meia-idade, não tinha outra explicação.

— Não sei por que, eu preciso transar Iván — Esbravejou, eu estava


ouvindo aquilo mesmo da minha própria mãe, fiz cara de nojo — Você acha
o que foi feito com dedo? Hein?

— Isso é por causa do pai? — Perguntei e minha mãe gargalhou na


minha cara toda debochada.

— Respeita minha história Iván Sánchez. Seu pai é panela velha, sem
tampa, usada, amassada e sem cabo, ou seja, não tem utilidade nenhuma. —
Afirmou se levantando, pegou celular e foi em direção escada. — E para de
choramingar e vai atrás da mulher — Quando ia responder, meu celular
tocou, peguei e era a Jessica.

— Diga! — Falei, minha irmã não era feliz no casamento, e ficava


com um traste que não respeitava ela e nem ao próprio filho. Minha irmã
também não dava atenção ao garoto.

— Glande Jodan! — Disse o pequeno Noah e eu senti sua vozinha


triste, me fazia bem conversar com ele, mas ambos não estávamos bem, e no
final das nossas conversas um fazia bem ao outro.

— Fala pequeno Jordan! — Falei empolgado e ficamos em silêncio,


um silêncio que nós dois precisávamos, eu e ele, só se ouvia as nossas
respirações. Depois de um tempo ele tornou a falar.

— Tio, amanhã é minha festinha na escola, papai disse que a mamãe


não poder ir, o senhor pode ir? — Perguntou e eu respirei fundo, que mãe era
aquela que não poderia estar nas festinhas do filho, o Liam é um merda de
pai, minha irmã, essa nem tenho um adjetivo no dicionário para descrevê-la
de tão sem noção que é, e o pequeno Noah é criado pelos empregados
praticamente, quando não tem nenhum dos empregados ele fica à mercê
desses dois idiotas.

— Claro que vou, pedi para a Jessica passar o horário e eu estarei lá


campeão. — Afirmei e não ouvi mais nada.

— Obligada glande Jodan — Agradeceu depois de um tempo.

— De nada, pequeno! — Disse, conversamos sobre jogos de


videogame e basquete e depois de um tempo desligamos ficava admirado que
o Noah tinha uma facilidade enorme em entender jogadas e outras coisas e
falava com convicção, porém, em algumas ocasiões, notava que Tasha era
mais esperta apesar de ser mais nova que ele, mas também sendo criando por
dois otários, não teria como ser muito diferente.

Me levantei, guardei o copo e a garrafa, no final eu bebi apenas um copo e


meio, minha mãe bebeu tudo. Tinder, a coroa só pode estar caducando.
Quando estava no pé da escada, recebi uma mensagem da Jane, vi na barra de
notificação que era um vídeo, abri a mensagem, dei o play no vídeo e vi a
Luiza dançando com um filho da puta, eu ia matar aquele desgraçado. Fechei
o vídeo e liguei para Jane.
— Onde ela está? — Indaguei quando ela atendeu, deixei os
comprimentos para outra hora.

— O endereço foi enviado com sucesso — Disse e eu desliguei olhei


novamente e Jane já tinha enviado o endereço por mensagem, hoje a Luiza
não escaparia de mim. À noite terminaria comigo em cima dela.

Peguei a chave do carro no hall de entrada, fui para fora, apertei o


alarme e entrei, estava com sangue nos olhos, no caminho apertava o play do
vídeo e olhava indignado minha pequena, sorrindo para outro. Ultrapassei
uns vinte semáforos, em menos de trinta minutos cheguei no bar, entrei e a
procurei, logo avistei-a pista de dança junto o filho da puta, caminhei até
eles, as pessoas pareciam perceber a minha fúria e saiam do meu caminho,
cheguei perto deles, puxei a minha mulher dos braços daquele desgraçado e
lhe dei um soco, antes que pudesse revidar segurei-o pelo colarinho da
camisa e o encarei puto da vida.

— Iván! — Ouvi o grito assustado de Luiza, a olhei com sangue nos


olhos, e soltei o idiota.

— Vamos embora! — Exclamei ao me aproximar dela e puxei sua


mão, ela se soltou e me olhou indignada
— Você não manda em mim Iván, vou ajudar o Bento. — Disse
gritando nunca a tinha visto assim.

— Não me desafia Luiza, não agora... Vamos embora por favor! —


Rosnei entredentes, ela se virou e eu puxei seu braço. —Estou louco para
surrar sua bunda gostosa, então Luiza...— Ela parou no mesmo instante me
olhando chocada.

— Iván, o que faz aqui? — Questionou Miranda se aproximando da


gente.

— Seu desgraçado está maluco — Disse o tal de Bento vindo em


minha direção para revidar o soco, que eu havia dado nele. — Era só o que
faltava, o idiota querer medir forças comigo.

— Você estava com as mãos na minha mulher...— Vociferei


tentando controlar a minha raiva.

— Ela é solteira — Acrescentou e isso me encheu de ódio, pois, era


mais pura verdade, e mesmo que não fosse nada me dava o direito de agir
daquela maneira. Mas a merda estava feita.

— Por pouco tempo — informei me aproximando do homem, Luiza


entrou na nossa frente nos separando.

— Vamos Iván, chega de show! — Reclamou me encarando com


raiva, se virou para o merdinha. — Bento, obrigada pela dança, adorei te
conhecer e me desculpa. — Falou e ele a olhou indignado.

— Você vai com ele... — Perguntou e Luiza não ouviu, pois, tinha
seguido até onde estava Miranda e uma outra mulher.

— Ela sempre esteve comigo — Debochei e dei dois tapinhas no


ombro dele sorrindo, senti Luzia me puxando e a segui, passei por Miranda
que estava olhando sem acreditar. Fui até ela e sussurrei em seu ouvido
“Agradece sua mãe, por mim.” E corri para alcançar a Luiza, quando
chegamos do lado de fora da boate, caminhamos até o carro, destravei porta e
abri, quando me virei sem que eu esperasse senti um tapa arder em meu rosto,
ela era pequena, mas batia forte.

— Isso é pelo seu show dentro da boate — Rosnou e depois me deu


outro tapa — E isso por você achar que manda em mim — Concluiu e eu a
puxei para os meus braços, a prendi ao meu corpo, com firmeza e a ouvi
ofegar, sua respiração ficou irregular, enfiei uma de minhas mãos em seus
cabelos e segurei sua cabeça bem perto dos meus lábios sentindo sua
respiração bater em meu rosto, o cheiro era de menta fresca.

— Você me domina, mas não hoje... — Rebati e virei seu pescoço, e


desci fazendo uma trilha de beijos e passei a mão em seu decote e apertei o
bico de um de seus seios — Hoje eu vou enfiar o meu pau na sua bocetinha,
vamos foder a noite inteira, porque é disse que precisamos. Eu preciso da
minha mulher, ou seja, você e estou louco para dar uma surra nessa sua
bundinha linda. — Expliquei e a beijei eu necessitava daquela mulher, de
estar dentro dela e juntos ser um só corpo, e não esperaria mais, Luiza
correspondia o meu beijo, com desejo e paixão. Ela também me queria seu
corpo me dizia, ela também estava em chamas.
5

Não há um tempo certo na vida, existe apenas o tempo e você tem


que escolher o que fazer com ele, pois, nada é impossível, além do mais o
impossível e só questão de opinião, para ser feliz você precisa eliminar duas
coisas: o futuro incerto e um passado ruim, e ir, sobretudo em frente.

O elevador parou no hall do meu apartamento e as portas se abriram,


Luiza fez menção de querer voltar, mas eu a puxei e peguei firme em sua mão
caminhando juntos até a porta, estava ansioso só de pensar em tê-la em meus
braços, em minha casa, assim que viu meu apartamento Luiza olhou as coisas
com admiração, acredito que pela decoração que minha mãe fez, mas isso era
algo para se fazer amanhã, hoje queria sua atenção toda para mim. Me
aproximei mais dela, enfiei minha mão em seus cabelos e puxei levemente, a
virei, subimos a escada, juntinhos, seguimos até o meu quarto, quando
entramos a empurrei contra a parede prendendo seu corpo ao meu.

Minha mão passeava pelo seu corpo e por dentro de seu decote, que a
deixava ainda mais sexy...Luiza respirava de maneira irregular, sua boca
estava seca, ela passou a língua em seus lábios e eu os ataquei. Nosso beijo
não foi tímido, tinha urgência, desejo, luxúria e intensidade. Interrompi o
beijo e a virei, abri lentamente o seu vestido o deixando cair, virei Luiza e
segurei sua mão, ela caminhou e eu a levei para cama.

A deitei na cama e lentamente abri suas pernas, na parte interna coxa


direita percebi que tinha uma cicatriz de aproximadamente uns 10
centímetros que seguia para fora da sua coxa muito discretamente, passei
minha mão e seu corpo estremeceu.

— Iván… — Disse me olhando assustada, coloquei a mão em seus


lábios a calando.
— Você é perfeita! — Declarei e me abaixei beijando sua cicatriz e
alisei a sua marca da cesárea, fui subindo até chegar na minha fonte da vida.
Tirei lentamente sua calcinha e cheirei sua bocetinha, dei uma lambida e ela
se contorceu. Estava bem molhada, seus sucos vaginais escorriam. Então eu
caí de boca, ataquei com gosto sua intimidade com a minha língua, a sentia
estremecer, segurei seu quadril de forma que ela não conseguiria se mexer,
dei uma pausa e resolvi dar leves mordidas puxando seu brotinho e o abrindo
com a língua.

— Ah Iván… Deuuus! — Gemeu Luiza quando eu mordi seu clitóris


novamente, eu chupava com prazer, Luiza fechou as pernas e segurou meu
cabelo não sabia se afastava ou empurrava, ela estava chegando ao orgasmo
intensifiquei e enfiei lentamente meu dedo do seu cuzinho, ela tencionou, mas
depois relaxou, foi quando seu corpo teve um leve espasmo, e percebi que ela
tinha gozado.

Me levantei e vi Luiza linda, toda corada e entregue a mim com as


pernas abertas e sem vergonha nenhuma da nossa recente intimidade. Sua
bocetinha era linda, rosada, pequena e lisinha. Meu pau estava estourando
dentro da calça e o sentia babar. Comecei a tirar minha roupa e no mesmo
instante senti suas mãos em minha calça, Luiza abriu minha calça e se
ajoelhou em minha frente, eu estava só de cueca.

Luiza passava a mão por cima do meu pau duro, feito rocha, ela
puxou minha cueca e ele pulou ereto, grande, duro e grosso, ele tinha quase
23 centímetros e as veias dele estavam pulsando.

— Chupa! — Mandei, meu pré-gozo já estava saindo, Luiza lambeu a


cabeça e segurou meu pau, tirei sua mão — Só a boca, me fode com sua boca
gostosa. — Pedi e Luiza o engoliu, ela tentava leva-lo até fundo da garganta,
e babava, segurei sua cabeça e fiz os movimentos mais rápidos, as lágrimas
caiam dos seus olhos. Eu fodia sua boca com força e quando estava quase
gozando parei, Luiza me olhou linda com olhos vermelhos cheios de lágrimas
limpei sua boca e a beijei. Fui até a gaveta e peguei a camisinha e vesti sem
perder nosso contato visual.

— Vem preciso estar dentro de você agora — Coloquei Luiza deitada


e fui enfiando lentamente em sua bocetinha, era bem apertada, consegui
colocar a metade e fui me mexendo lentamente para deixar meu pau se
acomodar dentro dela.

— Ahh… ohhh — Luiza gemia baixinho estava acostumando, tirei


todo o meu pau e dei uma estocada forte.

— Aaaaahhhhh — Gemeu Luiza muito forte e eu me dei conta que…

— Você é virgem? — Perguntei ela assentiu, eu a beijei… Não a


questionei, pois, como médico sabia de alguns casos sobre mulheres que não
rompiam o hímen durante a relação sexual, o que vinha a acontecer quando
tinham filhos por parto normal, no caso de Luiza como foi cesárea estava
explicado. Recomecei às estocadas lentamente, virei Luiza de quatro, e dei
um tapa forte na bunda dela, que logo gemeu.

— Aiii Caralho tão apertada — exclamei estocando forte e dando


tapas fortes em sua bunda, puxei seu quadril e não parei de meter, Luiza
gemia alto, a puxei para cima, meti com ela ajoelhada, segurei seus seios
grandes e suculentos, uma espanhola ali seria um sonho

— Pelo amooooor de Deeeeus Iván não paraaa — disse Luiza,


jogando os braços para trás, coloquei minha mão em sua boceta estimulando
seus clitóris e Luiza começou a tremer perdendo às forças, estava gozando a
segurei e continuei estocando forte e puxando seu cabelo.

— Eu não vou parar, você é minha putinha, e gosto de sexo selvagem


— disse e mordi seu ombro, o corpo dela estremeceu. Luiza pensou que eu
tinha acabado, mas a deitei na cama. Sua boceta estava cremosa, coloquei
meu pau em sua entrada e fui entrando centímetro por centímetro, eu me
enterrava nela e Luiza começou a choramingar novamente

— O, Iván... aghh... Eu vou gozar.... Ohhhh!

— Está gostando, isso é só começo... Você é minha, e vai tomar o


meu pau sempre.

Ela estremeceu e gemeu quando sua boceta apertou o meu pau, a deixei ter
um orgasmo antes de voltar a bombear, já era o seu terceiro orgasmo e ainda
não estava saciado. Voltei a estocar dentro dela, dei mais umas 20 estocadas,
forçava meu pau até uns vinte centímetros dentro dela, e Luiza se entregou ao
prazer novamente, tremendo e gemendo, enquanto gozava, vi lágrimas caindo
de seus olhos.

— Oh, Iván... Isso... Isso é incrível... — Acariciei sua bunda enquanto


ela rolava e tremia, dei uma estocada forte e Luiza engoliu meu pau inteiro,
nem Fernanda tinha conseguido, Luiza não mostrava sinais de desconforto e
estava gozando novamente.

— Não paree.... Por favor! — Estava com o meu pau esfolado, a boceta
da Luiza estava esticada envolvendo o meu pau, e pingando como uma
torneira, estoquei de frente, enchendo-a até o talo.

— Vamos amor, juntos... — disse e entrei mais forte, Luiza explodiu


num orgasmo e eu também, gritei como um lobo, gozando dentro da
camisinha, foram oito jatos de esperma dentro da Luiza, quase caí em cima
dela, nossos corpos suados, meu suor pingava sobre seu corpo, beijei seus
lábios e Luiza enfiou a mão em meus cabelos aprofundando o beijo, sai de
dentro dela lentamente, tirei a camisinha, dei um nó e joguei no chão. Meu
pau estava com ereção parcial, me levantei e fui até o banheiro, quando voltei
Luiza estava dormindo, abri suas pernas e limpei sua boceta estava bem
vermelha e judiada, a próxima vai ser sem camisinha, quero ver minha porra
escorrendo da sua boceta, guardei a toalha e deitei na cama, puxei Luiza para
os meus braços, e dormi.

Senti beijos sendo deixados em minhas costas juntamente com leves


mordidas, uma mão acariciando meu corpo, fazia tempo que não tinha esse
tipo sonho, parecia tão real.

— Bom dia, meu anjo! — Ouvi uma voz ser sussurrada em meu
ouvido e depois senti minha orelha sendo mordida levemente, fazendo meu
corpo se arrepiar. Abri meus olhos e me levantei rapidamente e senti uma
forte dor de cabeça.
— O que eu fiz? — Me questionei, com os olhos fechados, então abri
os olhos e vi que era Iván que beijava meus ombros — O que nós fizemos
Iván?
— Fizemos um sexo gostoso — Disse e se levantou, pegou uma
bandeja de café e a colocou na cama.

— Iván… — Falei sem graça, nunca recebi café na cama, me mexi e


senti um incômodo entre as minhas pernas.

— Come Luiza, tem aspirina e suco, na bandeja — Comentou me


encarando, isso era loucura

— Precisamos conversar Iván, isso é loucura — Olhei em volta e me


dei conta que estava na casa dele, em uma prateleira tinha fotos com seus os
filhos e uma com sua esposa — Aí meu deus, seus filhos… — Puxei o
cobertor para cobrir o meu corpo.

— Não estão em casa e mesmo se estivesse, não vejo problema


nenhum em trazer a futura dona da casa aqui — Acrescentou rindo, não
respondi sua provocação, e se sentou ao meu lado me entregou o copo de
suco e a aspirina. Eu peguei e tomei, minha cabeça estava explodindo.
Começamos a tomar o café da manhã, tinha fruta, croissant de peito de peru
com queijo minas, torradas e um patê, era o café da manhã que eu tomava no
hospital.

— Você me observava no hospital. — Afirmei pegando a torrada e


ele assentiu mesmo sabendo que não era uma pergunta.

— Fiquei interessado em você desde o primeiro dia que te vi. —


Confidenciou e beijou meus lábios, o Iván não me ouvia. Ele sabia que já
gostava dele e ele não iria ceder. Resolvi abri o jogo com ele...

— Iván, eu estou no meio de um processo contra meu ex-marido…—


Disse temendo sua reação.

— Eu sei ouvi pela rádio corredor, o processo envolve a guarda do


seu filho, agora me diz o que isso tem a ver com a gente? — Como explicar
que Noah é autista, que o Liam me odeia e quer me ver destruída. Pois, é isso
que ele faz todos os dias.
— Iván, vamos ser sinceros, o que você quer de mim? Eu não sou
bonita, sou aleijada, não pense que não tenho minhas limitações, um ex-
marido que me odeia…— Confessei de uma vez só sem tomar folego.

— Luiza chega! — Disse num tom elevado — Sua deficiência e


limitações, não são problemas para mim, eu também não sou perfeito. Então
para de arrumar empecilhos, eu quero você e não vou deixar você fugir.
Quanto a guarda do seu filho e o seu marido, vamos lutar lado a lado. —
Afirmou e meus olhos lacrimejaram, uma lágrima solitária caiu e ele limpou
com a ponta do dedo.

— Iván, não preci… — Não esperava ouvir essas palavras dele.

— Me fala do seu filho, como ele é? — Perguntou mudando de


assunto e pegou a torrada e passou geleia e me entregou.

— Um príncipe, ele é doce, companheiro, e me dói ficar tanto tempo


longe dele… ele é minha vida Iván — Declarei olhando nos olhos dele não
precisava mais segurar as lágrimas, a verdade é que estava preocupada com o
processo.

— Sei como é o Luke e Tasha são a minha vida — Comentou e


respirou fundo com pesar.

— Iván ontem, o Luke te acusou de matar a mãe dele. — Disse era


algo que estava me deixando ansioso.

— Minha ex-sogra, fez isso… Fernanda, teve várias complicações


durante a gravidez, e eu cheguei em pensar sobre interrompemos a gravidez
dela, mas ela me convenceu que iríamos até o final. A Irina, sempre falava
nesse assunto e nos brigávamos, pois, Fernanda não queria, mas era submissa
a mãe, quando Fernanda morreu ela me acusou, mas foi algo que decidimos
juntos e eu até cheguei… — Ele parou de falar e recostou na cabeceira da
cama e olhamo-nos.

— Você não teve culpa Iván, o Luke não pode te acusar assim e nem
sua ex-sogra. — Ele não podia ser culpado por algo que ele foi uma escolha
dele e da esposa.
— Eu sei meu anjo, eu sei... — Respondeu frustrado e afastou a
bandeja da cama, e puxou o lençol me deixando nua, soltei um grito
assustado e ele beijou meus lábios. Suas mãos subiam pelo meu corpo
passeando por minhas curvas até chegar ao meio das minhas pernas, começou
a me tocar entre um beijo e outro, eu estava totalmente entregue a ele
novamente. Enfie minhas mãos em seus cabelos e o nosso beijo se
aprofundou cada vez mais ele subiu por cima de mim sem me penetrar
começamos uma dança de corpos gostosa e prazerosa. Fomos interrompidos
pelo toque do celular.

— Iván! — Poderia ser algo importante, pois, tocou pela segunda vez.

— Deixa tocar, eu preciso estar dentro de você — E retirou sua


cueca, pegou a camisinha na mesinha ao lado da cama e vestiu, abriu
levemente minhas pernas e alisou minha cicatriz na parte interna da coxa, se
posicionou na minha entrada, foi quando seu celular começou tocar
novamente — Merda! — Gritou se afastando de mim, pegou o celular na
cama e deixou um beijo em meus lábios, olhou o visor do celular e se
levantou revelando toda a sua nudez e seu membro grande, grosso e rígido,
pela mudança em sua fisionomia, percebi que era coisa séria.

— O que é Irina? — Esbravejou Iván, e eu percebi que se tratava de


sua ex-sogra, ele ficou mudo e depois deu um riso sarcástico — Minha vida
pessoal não te interessa, me ligou para isso, se for, vai encher o saco de outro.
— Disse de maneira grosseira, ficou mudo e depois ele me olhou, e se sentou
ao meu lado e puxou a minha mão.

— Ela comeu algo que não devia? Tasha não é de ficar doente. —
Afirmou, seu tom de voz era de preocupado. — Já estou indo. — Ele
desligou o telefone.

— Tasha passou mal, está com quase 40° de febre e vomitando muito
— Disse já se alterando e puxava os cabelos, como se estivesse em crise
nervosa — eu… eu… — Ele estava fora de foco.

— Calma! — Me levantei fui até ele e segurei seu rosto — Iván


respira e me escuta, nós vamos levantar e tomar banho, você vai até a Tasha e
qualquer coisa você irá levá-la ao hospital — Expliquei o acalmando, Iván
por fim se acalmou, assentiu e me abraçou, estávamos nus e abraçados no
meio do seu quarto, o que era estranho, pois, parecia que sempre fizemos
aquilo, como se fosse uma rotina de casal, algo natural.

Tomamos banho, separados e eu vesti a mesma roupa da noite


anterior, fiz um coque mal feito. Iván vestia um dos seus ternos italianos de 3
peças na cor azul, não usava gravata e calçou um sapato social tabaco, que o
deixava ainda mais lindo. Enquanto esperava Iván tinha pedido um carro pelo
aplicativo, depois de já estarmos arrumados, pegamos nossos casacos e
saímos do apartamento dele, quando estava no elevador recebi a mensagem
que o motorista estava na porta do prédio. Quando o elevador parou no
primeiro andar, Iván segurou a minha mão, passamos pelo porteiro e o
cumprimentamos, e saímos do prédio, avistei o carro e seguimos até ele, Iván
abriu a porta do carro, para que eu entrasse em um claro sinal de
cavalheirismo.

— Eu te ligo. — Afirmou me dando um beijo castro nos lábios, antes


de fechar a porta do carro olhou para o motorista do aplicativo e disse: —
Parceiro, cuida dela, porque essa gata tem a minha vida nas mãos —
Confessou e fechou a porta me deixando sem reação, o motorista, que era um
senhor na faixa dos 58 anos assentiu, com um grande sorriso.

Cheguei em casa e vi que era 10h20 da manhã, segui para banheiro


correndo, precisava me arrumar para ir trabalhar. Quando saí peguei meu
celular, vi que estava descarregado, o coloquei para carregar. Depois fui para
o closet e peguei um vestido tubinho liso abaixo do joelho, marfim, um blazer
azul-royal e coloquei um salto alto preto. Fiz uma maquiagem leve, peguei
um par de brincos, colar e o relógio, caminhei até a poltrona que tinha no
quarto e peguei a pasta e minha bolsa, passei pela cômoda e peguei o celular
e o carregador.

Liguei o celular e vi que tinha várias mensagens, da Jane, Miranda,


duas ligações do Noah e uma do Iván.

Liguei para Noah, conversei com meu filho, falei que o celular havia
descarregado, e ele me contou que ia almoçar com o grande Jordan, ao
menos algo de bom nessa confusão toda, essa idade do meu filho e eu teria
que conhecê-lo, pois, Noah não iria querer perder o contato. Depois liguei
para Jane que estava como Miranda, às duas estavam me esperando no
hospital, para irmos almoçar. E em seguida abri mensagens do Iván.

Iván para Luiza


" Tasha está bem, foi alarme falso"

— Como assim alarme falso, então era mentira e depois tinha outra.
— Pensei, ela não seria capaz de inventar que a menina estava doente ou
seria, meu celular apitou e era outra mensagem.

Iván para Luiza


" Não vou para o hospital hoje, a noite passo na sua casa. Vou
almoçar com Tasha e meu sobrinho. Até Anjo!"

Eu tinha que me permitir, com o Iván estava sendo diferente, ele


demostrava que me queria, apertei a teclado para aparecer o teclado e o
respondi.

Luiza para Iván


"Te espero à noite, bom almoço! E Iván, seja lá o que aconteceu,
fiquei calmo. Até! S2"

Verifiquei a hora e era quase meio-dia, peguei as chaves do carro e saí


do apartamento e fui até o hospital. Depois de trinta minutos cheguei ao meu
destino. Saí do carro peguei minha bolsa e antes que eu chegasse na
enfermaria, vi Miranda e Jane vindo em minha direção, Jane estava com o
pequeno Matteo no colo e Miranda com o bebe conforto nas mãos.
— Vamos almoçar, quero saber tudo — Comentou Miranda e eu
sorri, pegando o pequeno Matteo no colo ele estava cada dia mais sorridente,
estava na fase da curiosidade dos bebês.

— Não estamos juntos... — Eu comecei, mas fui interrompida por


Jane.

— Aqui não, no restaurante o irmão de vocês me transformou em uma


vaca-leiteira e eu estou cheia de fome. — Protestou e nós rimos, e
caminhamos até o restaurante que era próximo ao hospital. Sentamos o
garçom pegou nossos pedidos e quando ele saiu, Jane e Miranda ficaram me
encarando.

— Nós transamos — Confessei por fim — Ele foi tão atencioso, teve
paciência comigo, não parecia o Iván arrogante que vemos no hospital e de
manhã me acordou com café da manhã.

— Que fofo, mas ele tem pegada? É grande? — Interrogou Jane, me


fazendo corar.

— Mamããee!! — Esbravejou Miranda para Jane, que ficou olhando


para ela e na mesma hora respondeu.

— O que foi? Não posso saber se minhas filhas estão bem servidas.
— Disse indignada por Miranda ter interrompido, que nem reparou que
considerou como filha. — Homem tem que pegar de jeito, puxar cabelos, dar
uns tapas e ele fez tudo isso?

— Ele... ele fez — disse e ela bateu palmas, e Miranda abaixou a mão
dela, pois, várias pessoas estavam olhando. O garçom veio com nossos pratos
e nos serviu. E comemos conversando sobre a noite na boate latina.

— De repente eu só o vi passando e dando um soco no pobre rapaz —


comentou Miranda para Jane — E depois puxou a Luiza, e se Luiza não
tivesse ido embora com ele, acho que seriamos expulsas da boate, Juliana
nem ligou, tadinha está trabalhando de ressaca hoje.

— Mas eu ainda não sei, como ele soube onde estávamos —


Questionei olhando para Miranda, e ela olhou para Jane, eu sabia que tinha
dedo delas nessa história.
— Eu vi o vídeo do elevador e mandei para minha mãe, e a noite fiz
um Stories para uma rede social e minha mãe mandou para o Iván — De tudo
que ela falou ouvi somente vídeo do elevador.

— Que vídeo do elevador? — Perguntei lembrando do flagra que o


pai do Iván nos deu ontem no elevador do hospital.

— De você e Iván se pegando no elevador social, quando for assim,


utilizem o privativo. — Gracejou Jane colocando uma manta no Matteo que
se remexia dormindo no bebê conforto, na cadeira ao seu lado.
— Eu não sei desse vídeo...— acrescentei curiosa.
— A Hannah me enviou, digamos que se o Sánchez pai não tivesse
chegado, o clima iria esquentar — Disse se abanando — Ah, o sistema de
vigilância do hospital é feito pela máfia, foi assim que ela conseguiu o vídeo,
o Gael mandou para Hannah.

— Quem é Gael? — Indaguei já nervosa, meu Deus, essa família não


tinha limites.

— Sabe não sei, nunca o vi, mas ele nos ajuda muito... — Respondeu
Miranda pensativa, como se só naquele momento tivesse se dado conta que
não conhecia o Gael.

— Meu Deus! — Exclamei, tentando entender em que barco fui me


meter, eles eram loucos, ri de mim mesma, pois, até Noah gostava daquela
loucura, ele adorou a fazenda, os cavalos, até ganhou um pônei do Castiel.

— Fique tranquila somos super discretos — Afirmou Jane bebendo o


suco e sorrindo — Inclusive o Castiel falou para você colocar o Iván na
coleira e não dar mole para uma tal de Irina — Acrescentou Jane, como eles
são discretos, se a família toda já sabe. Continuamos nossa conversa, e fomos
interrompidas com o toque do meu celular, vi que era do hospital, atendi.

— Luiza Brassard! — Disse ao atender.

— Dona Luiza, aqui é enfermeira Keises, não sei se senhora lembra


de mim, eu sou...— Disse em um tom desconfiado.
— Eu sei quem é a senhora, enfermeira Keises. — Keises era antiga
no hospital, muito eficiente e na maioria das vezes atrapalhada.

— O Dr. Salvatore pediu para senhora, vir urgente até a emergência.


— Informou Keises, um pouco nervosa.

— Está bem, estou indo. — Falei e desliguei o telefone, e em seguida


voltei minha atenção para Miranda e Jane.

— Tenho que ir o Oliver pediu minha presença na emergência. —


Disse e elas assentiram.
— Pode ir, eu levo torta de caramelo para você — Brincou Miranda e
eu joguei um beijo para elas, segui para o hospital, a sorte que era
praticamente em frente, entrei na enfermaria e me deparei com Liam de
costas e quando ele chegou para o lado vi e Noah, deitado na maca e Oliver
ao lado dele. — Meu coração disparou.

— Noah! — Exclamei assustada e indo na direção do meu pequeno


príncipe.
6

Às vezes não há uma próxima vez, muitas vezes não existem


segundas oportunidades é agora ou nunca, às vezes é preciso passar o pior
para conseguir o melhor, ter Luiza tão entregue em meus braços só me fez ter
ainda mais certeza que ela veio para ficar de vez em minha vida, sua pele
macia sua entrega até mesmo a sua timidez que a fazia corar fácil com
minhas palavras safadas.

Agora eu estava entrando na casa da bruxa da minha ex-sogra era


uma mansão, estilo vitoriano, a riqueza deles era proveniente do ramo de
exportação de cargas marítimas, mas quando meu sogro faleceu ela resolveu
vender tudo, até porque não tinha ninguém que administrasse, Fernanda era
filha única, o único que poderia levar tudo adiante era o Luke, porém, desde
pequeno foi apaixonado pela medicina, sou desperto de meu pensamento pela
voz irritante de Irina no alto da escada me chamando, para mim sempre era a
morte ter que lidar com esse monstro, mas como tínhamos a guarda da minha
filha compartilhada dera preciso.

— Iván achei que não viria mais ver sua própria filha — Hoje essa
bruxa não iria estragar meu dia não, só precisava ver como estava a minha
filha, mas nem precisei.

— Papaiiii — Desceu uma Tasha toda animada com uma boneca nos
braços e veio ao meu encontro eu me agachei e ela pulou em meu colo e me
levantei com ela nos braços.

— Pelo visto você está bem minha princesa — Comentei olhando


para Irina, que não se fez de rogada.
— Sabe como são as crianças meu genro, uma hora estão bem e no
instante seguinte, leves resfriados a derrubam, mas ela acordou bem— Disse
a descarada, ainda vou mandar essa megera para Nárnia.

— Papai a filha da Brenda fez tranças em mim olha — Falou minha


filha toda empolgada.

— Está linda princesa, agora vamos almoçar na casa da vovó


Jaqueline sabe que vai estar lá? — Minha filha tinha todas as coisas que
precisava na casa da Irina, então nunca levava nada e nem mesmo eu
mandava algo, era apenas a roupa do corpo e alguma boneca que era a
preferida da vez, fora isso mais nada.

— Quem papai? — Perguntou toda empolgada.

— Seu primo Noah princesa — Desde que vim morar em Moncton


há quase oito meses, acabei me apegando ao garoto e a minha filha também.

— Ebaaaa, vamos papai quero ver o Noah.

— Não vai dar um beijo na vovó não, ela vai ficar sozinha.—
Questionou a diaba descendo à escada, minha sogra era uma mulher que
apesar do tempo nunca perdeu a bela fisionomia mesmo depois de tanto
procedimento me lembrava muito a cantora country Dolly Parton, porque
ela jura que não faz nenhum tipo de intervenção estética, porém, eu sei que
sim, sempre diz que estar envelhecendo naturalmente, sei envelhecendo
naturalmente é o caralho, também aonde vai gastar tanto dinheiro até porque
tempo e dinheiro essa velha tem, pois, ela tem tanto empo disponível que se
divide entre torrar a minha paciência, colocar o Luke contra mim e se encher
de Botox.

— Filha se despede da sua vó — Queria sair logo daquela casa, aliás,


aquilo era mais um mausoléu, me dava agonia estar ali.

— A vovó te espera depois de amanhã vamos fazer a festa do pijama


— Comentou Irina se despedindo da minha menina, seguimos para casa da
minha mãe o trajeto era curto ficava no mesmo bairro que minha ex-sogra, já
na entrada encontro o encosto do meu cunhado com o Noah e minha irmã
Jessica.

— Glandeee Jodlan — Falou Noah vindo ao meu encontro, ele me


lembrava muito alguém só, não sabia dizer quem, me agachei o abraçando
forte.

— Irmão — Disse Jessica me cumprimentando, Liam apenas


acenou a cabeça.

— Cadê os bebezinhos da vovó — Disse minha mãe caminhando em


direção das crianças, que correram para seu colo cada uma de um lado.

O almoço transcorreu perfeitamente ou na medida do possível, com as


indiretas da minha mãe para Jessica e Liam sobre Noah, mas de repente
escutamos Noah chorando alto, e todos corremos até o quintal, desesperados,
a cena que presenciei me assustou.

Não desconfie. O medo, a dúvida e a suspeita convidam à traição.


Cuidado com quem te aconselha a ser cauteloso. O pavor sempre me guiou,
muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. Caminhei
rapidamente até o Noah, quando estava chegando, Liam me impediu.

— O faz aqui Luiza? — Bradou, chamando atenção de todos, Oliver


que estava examinando Noah, parou e veio até nós.

— Eu a chamei, ela é a mãe tem todo direito de estar aqui. —


Afirmou meu cunhado em um tom que até mesmo me assustou.

— Quem você pensa que é para chamar a mãe dele, ela não pode
chegar perto dele, nos dias não estipulados, estamos no meio de um
processo... — Oliver se aproximou de Liam o encarando.

— Liam aqui não, o que aconteceu? — Perguntei, mas Oliver me


afastou, eu já estava vendo Oliver dando um soco no Liam, pois, meu
cunhado tinha esse tal fetiche de agredir as pessoas aqui no hospital como
minha irmã sempre falava.

— Eu sou Oliver Salvatore, chefe da pediatria e oncologia, e senhor


se retire da minha emergência, agora... — A essa altura ele já estava por um
fio de paciência com o Liam, mas se conteve.

— Você não pode fazer isso, ele precisa de um responsável ...— disse
Liam indignado.

— A mãe dele ficará... — Isso não ia sair bem.

— Essa aleijada... — Liam não terminou de falar, pois, o Oliver o


acertou com um soco na boca.

— Fala da minha cunhada novamente, que eu te proíbo de entrar no


hospital sem supervisão. — Berrou, para Liam que se levantou colocando a
mão em meus ombros. Oliver fez menção de ir para cima dele novamente,
mas eu o segurei.

— Cunhada? O que está dizendo? — Perguntou Liam com a mão


sobre o olho.

— Luiza é minha irmã! — Afirmou Miranda, ao chegar na


emergência — E o senhor aguarde na sala de espera. — Disse Miranda e
Liam saiu. Eu ia segui-lo, precisava saber o que tinha acontecido, mas ouvi
Noah me chamar.

— Mamãe... — Falou meu príncipe e tossiu, e eu o abracei chorando


muito, Noah não gostava de contato, mas eu não aguentei e chorei, meu filho,
meu menino, minha vida.
— Luiza... — Começou Oliver, mas fomos interrompidos por Iván.

— Como ele está? Cadê o Liam e a Jessica? — Perguntou e me viu


sentada na cama. — Meu anjo, que bom que...

— Como os conhece? — Inquiri, Miranda e Oliver me olharam. Iván


me olhou sem entender — Como você conhece Liam, Jessica e meu filho? —
Questionei chocada pela situação.

— Liam é marido da minha irmã, espera... O Noah é seu filho? —


Perguntou Iván, ele era um ótimo ator, como deixei me enganar, agora sim
conseguia entender tudo.
— Você não sabia que Noah era meu filho sério isso?! — Indaguei
sarcasticamente e ele me olhou, franzindo a testa.

— Glande Jodan! — Disse Noah e Iván se aproximou dele e deu um


beijo em sua testa.

— Fala campeão, você nos deu um susto — Comentou e o beijou


novamente. E me olhou, e me afastei.

— Oliver como ele está? — Perguntou Iván.

— Fizemos os exames, nenhuma fratura na cabeça. Teve apenas um


corte na testa e o braço que será imobilizado. — Informou, e colocou a mão
em meu obro — Ele vai ficar bem, foi um acidente.

— O que aconteceu? — Perguntei para o Oliver, mas quem respondeu


foi Iván.

— Estávamos almoçando e ele e Tasha foram no parquinho ele sentou


no balanço e alguém empurrou, ele ficou nervoso e caiu. — Respondeu se
aproximando, e eu me afastei. Oliver me olhou com pesar.

— Vou te dar uma hora, antes de chamar o senhor estressado, vamos


Iván depois vocês conversam — Disse Oliver, mas eu o parei, chega das
pessoas me fazerem de idiota.

— Noah, vai para minha casa. Deixa que eles vejam o Noah, vou falar
com Juliana. — Vou passar a tomar as rédeas da minha vida a partir de hoje,
deixar de ser boazinha.

— Luiza... — Disse Iván, mas eu não parei para ouvi-lo, fui até Noah,
que dormia devido à medicação para dor, beijei sua testa e segui até à sala
onde Juliana estava. Quando estava chegando no elevador senti meu braço
ser puxado.
— Você não passa de uma qualquer, está se achando porque
descobriram que você é filha do Jacob, mas nunca será uma Collins eu vou
acabar com você... — Começou a gritar na entrada do hospital.

— Posso incluir essa ameaça nos autos do processo, pois, pelo que
vejo minha cliente precisa de medida protetiva — Protestou Juliana, o
interrompendo e se aproximando da gente cruzando os braços.

— Não tenho medo de advogado, a guarda será minha e você nunca


mais verá o Noah, sua vadia. — Vociferou e saiu andando, como se fosse o
todo-poderoso.
— Liam! — O gritei e ele parou — Você não passa de um merda —
comecei a falar caminhando até ele — Aguentei as suas humilhações, calada,
pois, isso te engrandecia e eu conseguia ver e ficar com o Noah, mas o jogo
virou eu não estou mais sozinha, se você quer guerra, você terá. — E o vi
arregalar os olhos, ele estava sem palavras — E antes que eu esqueça, você
foi um merda de marido, e um merda de homem, e nem para tirar minha
virgindade serviu. — Berrei a última parte, e percebi arregalar os olhos ainda
mais e me aproximei ainda mais dele — Me humilhe, me xingue o quanto
quiser, mas não envolva Noah nisso, você não vai mais usar o Noah contra
mim, se me humilhar melhora seu ego, vá em frente. E se me ameaçar
novamente eu juro que vou até inferno atrás de você. — Rosnei, e me virei
para sair dali e ouvi xingar.

— Sua... — Mas se calou de repente.

— Pense bem no que vai falar, se ainda está aqui é somente por causa
do Noah. — Afirmou Jane o interrompendo e me abraçando — Vai ficar com
seu filho, e Liam nunca mais se aproxime da minha filha, ou não irei
responder por mim. E mais uma coisa, o Noah ficará conosco até se
recuperar. — Acrescentou Jane sem dar espaço para ele.

— Não... Eu não permito, a guarda dele é minha, e o dia dela é só


daqui a 15 dias. — Disse aos gritos.

— Não pedi, apenas comuniquei, ligue para o seu advogado e


confirme, o juiz já assinou ordem judicial — Informou Jane e vimos Liam se
afastar pegado o celular. Jane, se virou segurando meu rosto em suas mãos —
Vamos minha filha, a sua irmã está te esperando. — Eu e Jane entramos no
elevador e a vi apertar o 8° andar, Juliana entrou logo atrás falando no
celular. Eu me tremia inteira, minha vida seria somente eu e o Noah, toda vez
que eu tento ser feliz, a vida joga na minha cara que não iria ser.
Saímos do elevador e seguimos até a sua sala, entramos e quando a
porta se fechou, Miranda veio até mim e me abraçou, aceitei aquele abraço e
as lágrimas vieram e a apertei mais ainda, foram anos, sozinha sendo
humilhada e tratada como uma qualquer, chega uma hora que isso cansa.

— Chora minha irmã, coloca para fora e depois você acaba com
todos, mas hoje reúna suas forças. — Disse em meu ouvido, e eu assenti em
seus braços. Jane veio com um copo de água e me entregou, me afastei de
Miranda e me sentei na cadeira e bebi a água. Estava me acalmando,
precisava ser forte pelo Noah.

— Valentina está vindo para o Canadá... — Comentou Juliana ao


entrar na sala da Jane.

— A audiência é daqui a duas semanas — Falei, pois, Juliana veio


antes para resolver outros problemas.

— O advogado pediu uma entrevista e vai apresentar uma proposta,


Valentina aceitou e está vindo para o Canadá, nesse momento. A entrevista é
amanhã. — Acrescentou Juliana, ela logo em seguida se sentou ao meu lado e
me explicou como tudo iria funcionar, e o meu medo só aumentou.

— Então ele tem um tipo de trunfo e vai usá-lo para me coagir


amanhã .

— Essa é a intenção dele, mas Valentina sempre tem cartas na manga.


Luiza, vá para casa, descansa e fica com o Noah. Amanhã você terá seu filho
nos braços, eu te garanto. — Afirmou olhando em meus olhos e ali percebi
que podia confiar nela, Juliana era uma profissional competente e o currículo
da Valentina era impecável e seu escritório mesmo sendo no Brasil, tinha um
peso forte no exterior.

Saímos do escritório e vi um rapaz vindo em nossa direção, ele era


branco, tinha cabelos negros e olhos claros.

— Senhoras e Senhoritas, o senhor Oliver me pediu para fazer a


segurança da senhorita Brassard. — Disse o rapaz, com um terno elegante,
feito sobre medida.
— Está bem Caio, a Luiza está indo para casa. Vamos! — Chamou
Miranda e ele assentiu, descemos e seguimos para enfermaria. Jane ficou
orientando Juliana, pois, ela ficaria até tarde com a Valentina quando
chegasse trabalhando no meu caso.

Chegamos na enfermaria e vi uma senhora ao lado do Iván, sua irmã e


Liam. Quando entramos todos nos olharam, ver Iván ali ao lado deles,
embrulhou meu estômago, eu me senti pior que estava. Miranda segurou
minha mão, me passando força.

— Garotão da tia — Comentou Miranda beijando a testa do Noah,


que abraçou meio tímido sem olhar para ela. — A Lena disse que você tem
que ficar bem logo, para jogarem basquete.

— Ela é baixinha tia. — Disse Noah e Oliver riu.

— Mas é cheia de atitude — Respondeu Oliver e Caio sorrio, atrás da


gente me fazendo olhá-lo e sorrir também. Olhei para lado e a senhora me
olhava com curiosidade, ela parecia com a Jessica.

— Miranda e Luiza, essa é minha mãe Jaqueline. — Miranda a


cumprimentou com um abraço e beijos.

— Doutora Collins e Salvatore — Chamou enfermeira Keises —


Precisamos de vocês no trauma 7, criança de 10 anos, acidente carro, possível
traumatismo no crânio — Informou e eles se despediram e foram realizar o
atendimento.
— Satisfação senhora — Disse e estendi a mão, mas ela me abraçou.

— Sem senhora, faz eu me sentir velha...

— Mas a senhora é velha mamãe — Reclamou Jessica.

— Fala isso de novo que irei te deserdar, estou na flor da idade —


Falou Jaqueline e todos riram, exceto eu — O seu menino é lindo, eu amo
esse menino, você faz um ótimo trabalho e eu já estou par de tudo. Eu sabia
que tinha algo errado nessa história.

— Mamãe... — Resmungou Jessica, reprendendo a mãe.


— O que? É a verdade — Insistiu nos deixando de boca aperta, mas
eu preferi desconfiar. Liam estava quieto e Iván também, o olhei e não
consegui identificar o que se passava ali.

— Obrigada pelas palavras, senhora, mas temos que ir agora. —


Disse, todos se despediram e foram embora, me virei para o segurança —
Caio, me ajuda com Noah?— Queria apenas chegar em casa cuidar do meu
pequeno tomar um banho e descansar, esquecer desse dia por algumas horas.

— Eu levo o Noah, vem garotão. — Disse Iván, já o pegando da


cama e Noah indo com ele de bom grado o que me chamou atenção, pois,
Noah era difícil de se adaptar, mas pelo visto a convivência era antiga,
respirei fundo e disse onde estava meu carro. Iván seguiu na nossa frente com
Noah, quando chegamos próximo ao carro, o destravei e abri a porta. Iván o
colocou no banco de trás na cadeirinha.

— Fica bem pequeno Jordan — Comentou balançado os cabelos do


Noah, que assentiu, pois, estava sonolento. Iván fechou a porta e quando eu
me afastei não dando espaço para desculpas esfarrapas com intuito de me
enganar novamente. E seguimos para casa, eu e Noah, assim seria somente
nós dois.

Quando chegamos, o Caio me ajudou a subir com Noah e o colocou


na cama, ele sentiu um pouco de dor, mas dei um remédio e depois um banho
nele com extremo cuidado, fui para cozinha fazer uma sopa de legumes
picadinhos, meu filho comeu e dormiu. Após Noah dormir fui para meu
quarto, caminhei até o banheiro, tentando entender como uma bela manhã se
transformou em um tarde e noite de merda, acho que esse era meu destino,
mas iria lutar para ser uma mulher forte para não sofrer mais e nem ser
humilhada, e isso começou hoje.

Entrei no banheiro, tirei minha, roupa coloquei no cesto, entrei no box


e regulei a água do chuveiro, o jato de água caiu forte sobre minha cabeça a
água quente relaxou meus músculos, apoiei minhas mãos na parede e deixei a
água cair. Depois de quase trinta minutos no banho, me sequei e enrolei uma
toalha em meus cabelos. Saí do banheiro e caminhei até o closet, peguei uma
camisola preta com bordados na cor, vinho nos seios e peguei o robe de seda,
mas antes hidratei minha pele com óleo de pimenta rosa, penteei meus
cabelos ainda molhados, os deixaria secar naturalmente. Quando terminei de
me arrumar, e escutei a companhia tocar.

— Já vai — Gritei, quem tocava não teve a paciência de esperar


atender e continuou apertando, com certeza isso iria acordar meu filho.
Desci para atender e não acreditei quando abri a porta, pelo visto as
grandes emoções da noite ainda estavam longe de terminar, mas eu já estava
cansada de tudo isso e dessa vez não seria cordial.
7

Havia descoberto que os especiais momentos são raros, e precisamos


sempre buscá-los, já os momentos de tristezas vêm, naturalmente, ao nosso
encontro, a questão é saber aproveitar o que te faz bem, pois, pode ser a
última vez que poderá estar vivendo aquela situação.

Oliver olhava na minha direção, mas não falava nada, sabia o que ele
estava pensando, mas onde eu poderia imaginar que o Noah era filho da
Luiza. Estou no Canadá há quase oito meses e meu contato é com o garoto e
na maioria das vezes ele estava com minha mãe. Não tenho muito contato
com Jessica e o Liam, quando eles iam nos visitar em Seattle eu quase não
estava em casa e Noah era bem pequeno. Depois que a Fernanda faleceu fui
morar na Itália e perdi o contato, até voltar para o Canadá.

— Eu não sabia — Afirmei ao me aproximar de Oliver para tentar me


explicar.
— Eu não tenho nada com isso, mas Luiza é família e sorte sua que
Sarah está no Brasil. — Disse e eu o olhei sem entender — Lealdade
feminina, mas da fúria da Miranda e Jane, não posso te defender, falou
sorrindo.

— Tivemos uma manhã maravilhosa e tudo desmoronou depois de


poucas horas — Comentei e apoiei minha cabeça no balcão do hospital — Eu
não posso perdê-la Oliver — Insisti um pouco desanimado.

— Tudo irá se resolver parceiro, agora mantém o merda do seu


cunhado longe dela, senão ele irá se entender comigo, se é que você me
entende — Falou e olhei na direção que Oliver olhava e vi Liam entrando
com a Jessica e eu caminhei até eles.
— Liam, quero falar com você, pode ouvir irmãzinha – disse e eles
me olharam assustados pelo tom que usei — Eu quero vocês longe da Luiza e
você vai abrir mão da guarda do menino — Esbravejei e ele gargalhou me
olhando indignado

— Fica longe disso, você não sabe que sou capaz. — Seu tom era
bastante ameaçador, mas eu não tinha medo dele.

— Amor, calma — Pediu minha irmã, passando a mão em seu ombro.

— E do que você é capaz? — Inquiri, encarando-o mais de perto —


Você me conhece Liam, se fizer algo contra Luiza e o Noah eu acabo com
você, antes eu achava que a mãe dele não o queria, mas sabendo que Luiza é
mãe do Noah, sei que 100% da sua história é mentira, seu desgraçado.

— O Liam é nossa família, você vai confiar nessa...— reclamou


minha irmã com o seu drama barato, estava na cara que ela sabia de tudo e
anda apoiava esse merda.

— Olha bem o que vai falar— Disse interrompendo — Eu sei que


tem alguma merda por trás de tudo disso, o Noah não é feliz morando com
vocês. Liam não fica em casa e você, muito menos. Essa briga é por tudo
menos pelo garoto, está claro como água. — Entretanto, eu queria chegar a
fundo nessa história.

— Por que essa defesa? Você já comeu a manca? Foi? — Disse com
desdém e segurei o colarinho de sua camisa com força e ódio.

— Iván Sánchez, larga o Liam. — Senti tapas sendo deixados em


meus braços pela minha mãe e larguei o merda e saí dali sem olhar para trás.

Tudo muda, quando menos esperamos.

Só eu sei o que senti quando, vi Luiza sorrindo para aquele segurança


dos Salvatore, eu não poderia perdê-la. Me sentei no banco em frente ao
hospital e me lembrei da nossa noite, da sua pele, seu cheiro e em como o
meu pau coube dentro dela, foi como se já estivesse feito aquilo antes, nossa
sintonia foi perfeita, e a minha surpresa ao romper o seu hímen como se
tivesse sido o seu primeiro. Esfreguei meu rosto e senti alguém sentar ao meu
lado, continue em silêncio.
— É ela, a mulher que está mexendo com você esses meses? —
Perguntou minha mãe e eu a olhei, sem falar nada e ela assentiu.

— Eu não sabia mãe, como e eu poderia imaginar. A minha mulher é


mãe do Noah. — Expliquei inconformado com toda essa situação, e em como
o destino nos prega, peças.

— Sua mulher? — Questionou minha mãe e eu respirei fundo me


dando conta do que falei.

— Eu passei meses cercando-a, mandado café, invadindo seu espaço


e ela fugindo. Um dia na casa da Miranda em um almoço que Jane organizou
eu avancei todos os sinais e a beijei, e senti-la mudou tudo, eu necessitava de
mais e ela fugia de mim, chegava ser engraçado e roubava vários beijos dela,
mas ontem quando a vi nos braços de outro e eu pensava que estava
perdendo-a e no momento ela me deu tudo, e agora...

— Você vai até ela. Filho eu sei que você amava a Fernanda, mas
nunca falou dela dessa maneira, e nem de alguém desde a morte dela — Isso
era verdade, até porque sempre fui aberto com minha mãe, falávamos sobre
tudo.

— Eu me culpei, por sentir algo tão forte por alguém, vim para o
Canadá para refazer a minha vida com os meus filhos e agora tenho um filho
que me odeia e uma mulher que acha que eu menti para ela.

— Luke é falta de uns tapas, você e Fernanda mimaram muito aquele


garoto. Agora a Luiza, vai atrás dela, se explica, senta conversa, ela vai
precisar de você. — A olhei, e minha mãe respirou fundo — O advogado do
Liam, vai amanhã oferecer uma proposta parece que descobriu algo e vai usar
isso a favor deles.

— Filho da puta! — Rosnei me levantando e quando olhei para


estacionamento, os vi entrando no carro, segui até o estacionamento e quando
a carro estava próximo entrei na frente o parando e Liam freou o carro. E eu
fui para lado do motorista e abri a porta do carro e o puxei lhe dando um soco
que doeu muito a minha mão, mas fiz com gosto.
— Iván você está louco — Berrou Jessica, caminhei até ele, o puxei e
lhe acertei outro soco.
— Isso é por você ser um merda homem — Gritei e ele me deu um
soco, tentei revidar e desviou e me acertou novamente e eu consegui acertar
um chute no braço dele e outro em sua barriga, em pouco tempo estávamos
rolando no chão e trocando socos. Senti mãos me puxando e Liam aproveitou
me acertou um soco no nariz o fazendo sangrar.

— Para pai! — Bradou Luke, me puxando — Vai brigar com todo


mundo agora, até com o tio — Me soltei e olhei para porta da emergência e
havia vários curiosos ali, presenciando a briga, e olhei para o Liam, estava
com a boca sangrando e segurava a barriga, olhei para Oliver que estava
segurando Liam, ele tirou do bolso a chave do carro e jogou para mim.
Peguei a chave, caminhei até seu carro, ouvi Luke e minha mãe me
chamando, mas não olhei para trás. Destravei o carro, entrei e segui para casa
da minha mulher, ela tinha que me ouvir.

Muitas vezes é preciso uma decepção para aprendermos que a vida


não é feita apenas de alegrias, e sim de tentativas de sermos felizes e aos
poucos a vida vai me mostrando por quem eu devo lutar e de quem eu devo
desistir e o pior é que sempre queremos ser consolados por quem nos
machucou.

— Iván! — Disse ao abrir a porta, sua camisa estava com sangue e


seu nariz também.

— Precisamos conversar — Exclamou entrando no apartamento, sem


nem esperar que eu permitisse sua entrada.

— Iván, o Noah está aqui, o que aconteceu você se envolveu em uma


briga? — Perguntei já nervosa e assustada por estar de frente com ele depois
de tudo que aconteceu no hospital.

— Sim, sei o que aquele merda fez, Luiza eu juro que não sabia, me
ouve por favor. — Implorou me interrompendo, respirei fundo e apontei para
o sofá, segui para cozinha, fui até o armário peguei o kit de primeiros
socorros e uma compressa de gelo e voltei para sala. Iván segurava o nariz
que estava começando a ficar muito vermelho. Ele me olhou e recostou a
cabeça nas costas do sofá e eu me aproximei, ficando entre suas pernas. Nada
era dito, abri a maleta, peguei o algodão e antisséptico, e limpei as feridas de
seu rosto. Quando fui limpar próximo ao nariz, ele segurou minha cintura
com força, percebi que tinha quebrado.

Depois que eu fiz os curativos me afastei e coloquei tudo na mesinha


de centro. Quando ia me afastar ele me puxou me fazendo cair sentada em
seu colo, tentei levantar ele me segurou com firmeza e delicadeza.

— Iván… — Era difícil manter a calma e a postura, indiferente a esse


homem ele tinha poder sobre o meu corpo.

— Ninguém sabia do relacionamento da Jessica, um belo dia minha


irmã apareceu casada com o Liam. — Iván começou a falar olhando em meus
olhos — Minha mãe ficou louca, nunca gostou do Liam, até que chegou
Noah e ela se apaixonou por ele, e por esse motivo atura meu cunhado. Eu os
via aos finais de semana, quando vinha ao Canadá ou minha irmã ia até
Seattle. Quando Fernanda ficou grávida, foi tudo mil maravilhas até a
primeira emergência, descobrimos que sua gravidez era de risco, pedi licença
no hospital em Seattle e vim para o Canadá, fizemos o tratamento e tudo
mais, meu contato com eles aumentou, mas nunca questionei sobre a mãe do
Noah, pois, sempre ouvia que você tinha aberto, mão da guarda, querendo
somente os finais de semana de 15 em 15 dias e que Liam teve que implorar
para vocês aceitarem esse acordo para pelo menos pegar eles aos fins de
semana. E eu não sabia que a mãe dele morava no Canadá, porque o Liam
fica fora de 15 em 15 dias, Liam saí com o Noah, o levava para da mãe e só
retornava no dia que Noah voltava.— Disse, sua mão alisava levemente a
minha perna e ele não percebia que estava fazendo aquilo, pois, estava focado
em contar a sua história.

— Eu jamais faria algo contra você, Luiza. Eu não vou dizer que eu já
te amo, porque é muito cedo, mas eu sei que estou te amando. — Senti
sinceridade em suas palavras e isso mexeu comigo, diminuindo mais ainda
minhas barreiras de desconfiança.

— Iván, nós temos muitas coisas que nos separam, você é cunhado do
meu ex-marido. — Precisava deixar claro, talvez nós nunca daríamos certo.

— Não por opção acredite — Insistiu e eu não resiste em abrir um


sorriso.

— No fundo, sabia que você não tinha me enganado, mas desde que
saí do Texas, nada foi fácil para
mim…— O que era verdade, contudo, minha alma ferida sempre me deixa
desconfiada, não é fácil acreditar no amor de verdade.

— Desde então você sempre espera o pior das pessoas. — Disse


apertou minha cintura, ele tinha necessidade de fazer aquilo — Luiza ontem
quando a gente transou… — Sabia que uma hora ou outra essa pergunta iria
vir à tona.

— Sim! Eu ainda era virgem, descobri depois que Noah nasceu. O


Liam não rompeu totalmente o meu hímen e eu tomei essa como uma
segunda chance, pois, a primeira não foi boa.— Agora tinha certeza que fiz a
escolha certa em esperar essa segunda chance, mas tinha medo de me feri
novamente em um futuro próximo.

— E comigo, como você se sentiu? — Perguntou e eu senti seu pênis


duro batendo em minha bunda, era algo tentador.

— Completa, amada e pela primeira vez senti prazer — Confidenciei


e ele me beijou, sua boa reivindicava a minha sem delicadeza, enfiei minha
mão em seus cabelos, e ele levantou minha camisola e um só movimento.

— Iván não… - disse o parando, sentia beijos desceu pelo meu


pescoço e ele apertou meus seios me fazendo arfar. — Iván o Noah. — disse,
ele e se afastou.

— Desculpa meu anjo, eu esqueci — comentou arrumando a minha


roupa, olhei para seu pênis e parecia ia explodir dentro das calças.

— Sinto Muito! — Falei, ele beijou meus lábios e me puxou para os


seus braços, me abraçando forte buscando abrigo para tempestade e mais uma
barreira cedeu dentro de mim.
— Como ele está? — Perguntou preocupado apoiando seu rosto em
meu pescoço, o que não facilitava em nada, porque depois que conheci o
prazer verdadeiro era complicado ficar longe.

— Bem, jantou e tomou o remédio. Amanhã ele ficará com a Laura,


na casa da Miranda.

— Eu quero sair com vocês, com você, ele e Tasha. — pediu beijando
minha cabeça.

— Não resolveu as coisas com o Luke ainda? — Perguntei, porque


não o incluiu no passeio.

— Não conversamos, ele me tirou de cima do Liam, estava tão cego,


que precisava me acalmar e vir para cá. — Só não podia deixar passar muito
tempo pra ter uma conversa saudável com o meu filho, por muitas vezes
sentia falta do garoto carinhoso que era antes.
.
— Eu não acho que ele vá aceitar — Esse era outro que não aceitaria
bem.

— Ele não tem que aceitar e sim nos respeitar, merecemos ser felizes.
— Suas palavras me deixavam fortes e ,ao mesmo tempo, insegura.
— Iván isso não vai dar certo, imagina eu, você, Liam e sua irmã no
mesmo ambiente. — Vai ser um clima ruim atrás do outro.

— Luiza eu não vou abrir mão de você e do Noah. — Afirmou e me


abraçou forte estralando minhas costas, meu Deus me dê forças para
continuar e lutar por essa nova fase em minha vida.

A esperança nos permite avançar, mesmo quando a verdade é


distorcida pelas pessoas que obtêm poder. E quando eu penso em desistir
logo me lembro do que me fez chegar até aqui.
Iván ficou mais um pouco comigo durante à noite, me falou da sua
ex-sogra, ele descobriu que ela pagou o porteiro para vigiá-lo, conversamos
sobre outros assuntos banais e depois ele foi embora, mesmo não querendo.
Falei que no dia seguinte tinha que enfrentar o advogado do Liam, então ele
decidiu ir para me deixar descansar.

Oliver se ofereceu para vim buscar Noah, assim eu não iria me


atrasar, para chegar ao hospital. Soube que Valentina já estava no hospital
desde ontem, que havia trabalhado à noite toda, saí dos meus pensamentos
com Noah me chamando.

— Mamãe quando vou mora pala semple com você? — Os


questionamentos de Noah era os mesmo que os meus.

— Em breve meu filho... em breve assim eu espero — Disse a última


parte, mas para mim que para ele, e o abracei forte sentindo seu cheiro que
tanto me acalmava e trazia paz.

Após Oliver e Noah saírem, terminei de me arrumar. Vestia uma saia


lápis listrada abaixo do joelho, uma blusa branca social com manga três
quartos e uma sandália de tiras preta. Coloquei um relógio e um jogo de colar
e brincos simples.
Passei na cozinha, tomei o meu remédio para dor, hoje minha perna
estava doendo mais que o normal. Peguei o sobretudo, bolsa e chave do carro
e saí do apartamento, quando cheguei no estacionamento. Caio estava
sentado na moto, quando me viu se levantou.

— Bom dia, Caio! — Cumprimentei-o.

— Bom dia, senhora. Podemos ir?

— Sim! — Assenti, destravei o carro e entrei, Caio subiu na moto e


saímos juntos, ele fazia o trajeto lado a lado comigo. Depois de trinta minutos
chegamos ao hospital e a rádio corredor estava bem atualizada como sempre.

Subi direto para sala de reunião e quando abri a porta, vi uma mulher
negra muito bonita e bem vestida com um olhar vibrante, o que me chamou
atenção foi como a cor dos seus cabelos castanhos escuros com um corte
Bob Long que combinava super bem com seus olhos verdes, ela usava uma
calça pantalona preta social com uma blusa branca de seda e um blazer no
mesmo tom da calça, ela tinha um porte elegante, determinado e de fibra. Ela
estava arrumando a câmera sobre a mesa.

— Bom dia! — Disse ela me olhou e abriu um sorriso.

— Bom dia Luiza, sou Valentina Ávila. — Caminhei até ela, que me
abraçou.

— Preparada? Estava arrumando tudo para o depoimento.

— Eu estou nervosa, meu filho é tudo para mim e eu não sei o que
fazer — Eu sei como se sente, também suportei muita coisa pelo bem-estar
do Davi. Mas tudo irá se resolver, estou aqui e juntas sairemos vitoriosas. —
Afirmou e fomos interrompidas por Juliana que entrou na sala com Liam, seu
rosto estava cheio de hematomas, depois entrou sua esposa e advogado.

O advogado nos cumprimentou e todos sentamos, Valentina me


explicou como o depoimento iria funcionar e ligou a câmera em minha
direção.
— Bom podemos iniciar… — Fomos interrompidos com a porta
sendo aberta.
8

O reconhecimento vem de quem menos esperamos e no momento que


mais precisamos, é uma forma de dizer, estou contigo e nada paga isso.

— Desculpem o atraso. — Comentou Iván caminhando até mim e


sem que eu esperasse, beijou meus lábios e se sentou ao meu lado, pequenas
coisas assim que nos faziam pegar nossas armas e lutar várias guerras até
chegar à vitória.

— Que palhaçada é essa? — Perguntou meu ex-marido indignado


pela cena.

— Você está com essa mulher? Com essa oportunista! Sério Iván? —
Questionou Jéssica.

— Senhor Léon, sugiro que controle seu cliente. — Aconselhou


Valentina dando um olhar gélido para Liam.
— Não recebo ordens de estagiários — Respondeu Liam com desdém
para Valentina, todos arregalaram os olhos e ela riu colocando alguns papeis
sobre a mesa.

— Liam e Jessica se acalmem. — Pediu o advogado deles — Vamos


começar… Senhora Brassard, tenho em minhas mãos várias dívidas em seu
nome e aqui também tenho relatos que a senhora dormia no hospital,
recentemente a senhora descobriu que é filha do Jacob Collins, mas não tem
direito a herança e do nada mudou de casa, carro e cargo, bom a família está
ajudando a senhora financeiramente? — O advogado me olhava com
sarcasmo.

— Eu sou formada em administração e economia, trabalhei como


secretária, pois, precisava e não me arrependendo…— Se cheguei até aqui foi
aos trancos e barrancos e graças a esse cargo que tanto valorizo até porque
me ajudou muito.

— No hospital do seu pai, aliás, suposto pai… Curioso... — Percebi


que suas palavras eram para me amedrontar e me fazer fraquejar.

— Estamos aguardando o questionamento, senhor advogado. —


Inquiriu Valentina ao meu lado.

— O que fez com dinheiro que Jacob te deu? — Me perguntou e eu o


olhei assustada e perdida com essa pergunta.

— Eu nunca recebi nada, sempre deixei claro que não queria o


dinheiro dele — Acrescentei ficando nervosa e olhei para o lado vi Valentina
e Juliana calmas, escrevendo algo em uma folha, Iván segurou minha mão, e
os olhos Liam foram para nossas mãos juntas, seu olhar era de ódio e não
escondia seu ressentimento por ver seu cunhado ao meu lado e não do seu.

— Esse documento diz o contrário — Falou jogando uma pasta em


nossa direção e Valentina pegou, abriu, tirou a folha e leu, depois passou
para Júlia — Com base nisso, senhoras, sugiro que sua cliente desista da
guarda do menor, pois, juiz nenhum dará a guarda para alguém que no
passado subornou o próprio pai, e ao que me parece voltou para conseguir
mais…— Seus insultos por algo que não fiz estavam me deixando indignada.

— Eu não fiz isso, eu não aceitei nada do Jacob, nunca pedi dinheiro
a ele — Gritei me levantando e Iván me abraçou, tentando me acalmar o
advogado pegou outra pasta e me entregou, mas Valentina pegou antes de
mim, abriu e leu, logo em seguida devolveu para eles.— Segura de si, isso
que me trazia paz.

— Tenho uma contraproposta — Insistiu Valentina e jogou uma pasta


na direção do advogado, ele pegou, abriu e leu, e olhou para ela como se ela
tivesse dez cabeças, olhava para pasta e balançava a cabeça, algo ali o deixou
surpreso.

— Você está louca né? Meu cliente não vai abrir mão da guarda e
muito menos pagar uma pensão de vinte mil dólares.
— Perdão, senhores, sabe como é, erro de estagiária... Essa é certa. —
Disse entregou para o advogado, mas Liam pegou a pasta, tirou o papel e
começou ler.

— Isso é uma brincadeira? Abrir mão da guarda, uma pensão de 40


mil dólares, mais uma casa que pertencia à senhorita Brassard e a devolução
de 300 milhões… Que porra é essa? — Esbravejou Liam, totalmente
alterado jogando sobre a mesa, olhou para esposa que pegou o papel para ler.

— Uma estagiária fazendo seu trabalho senhor Parker. — Respondeu


Valentina para Liam, nesse instante veio Juliana e abriu várias pastas sobre a
mesa. — Esse é o acordo ou você pode usar um macacão laranja. — Prisão?
Como assim? O que ele fez? Eram perguntas que rondavam a minha cabeça.

— Quem você que é, sua ne…— Disse ele, prestes a insultar


Valentina.

— Juliana podemos incluir racismo, nos autos do processo. —


Acrescentou Valentina o interrompendo — Lembrando que essa reunião está
sendo gravada e essa gravação pode ser usada como prova no tribunal… —
Ela deu pausa e olhou para Liam — Sabe aquela frase "Você tem o direito de
permanecer calado, pois, tudo que disser poderá ser usado contra você",
sugiro que use os seus direitos. — Concluiu Valentina se levantando e Liam
arregalou os olhos, juntamente com o advogado.

— Sabe o que amo nesse trabalho, a forma como posso realizá-lo de


maneira brilhante. De acordo com relatos de empregados, diretora da escola,
professora e o mais dois novos testemunhos Jaqueline Sánchez e Iván
Sánchez — Comentou e apontou para Iván, olhei para ele que sorriu e deu
jogou piscada para mim — O menor Noah Brassard Parker, é criado pela
babá, as reuniões da escola e desenvolvimento do aluno é relatado para mãe
quando ela vai à escola para conversar com a professora e diretora. E de
acordo com a babá Savía Nelson "A Senhora Sánchez, quase não fica em
casa, saí durante todo o dia e só volta no final da tarde e o senhor Liam não
fica com o pequeno, eles só saem com Noah para eventos em família. A
alegria dele é quando fala com a mãe, quando fica na casa dela, ele volta
outra criança e agora com o senhor Iván Sánchez, que vem aqui jogar
basquete com ele e o leva para passear com a filha Tasha." — Liam fez
menção de falar, mas Valentina levantou o dedo o interrompendo — Isso me
acendeu um alerta e fui pesquisar. Você acusa minha cliente de não ter nada,
mas Liam quem está berlinda é você, na verdade, sempre esteve. — Disse
empurrado a primeira pasta e me deu uma cópia do documento para ler,
quando li não acreditei.
— Liam não recebeu nada da herança do avô a não ser a casa onde
mora e os 65% da empresa de cosméticos Parker que deveriam ser dele, mas
está no nome do Noah e o Liam como responsável legal, assume esses 65%
até o menor completar maior idade e se ele perde a guarda do Noah, perde o
controle da empresa. — Finalizou Valentina.

— Você se acha melhor que todo mundo, só porque é dona de uma


empresa renomada de direito, colocou metade dos políticos na prisão e
descobriu uma rede de tráfico ….

— Ao que parece andou pesquisando sobre mim, mas quem assinou


os documentos foram a Juliana. Então achou que seria fácil acabar com ela…,
mas te digo não seria, quem descobriu isso foi ela. — Falou Valentina, e mais
uma vez calou a boca do Liam, o advogado dele só olhava para Valentina,
parecia estar encantado. — O que nos leva a segunda questão de acordo com
relato do Kylian Baker — vimos Liam se remexer na cadeira e afrouxar a
gravata — " Há alguns anos o Senhor Liam Parker, procurou o Jacob,
alegando várias coisas em nome da senhora Luiza, Jacob achou estranho,
pois, a Senhora Brassard havia deixado claro que não queria nada dele. Mas
movido pela culpa deu o dinheiro, 300 milhões de dólares, depositados na
conta dele." sabe o que é o mais curioso, a empresa estava quebrada por
dívidas de jogos feitas pelo senhor Liam Parker no valor de 267 milhões de
dólares, dívida essa que foi quitada segundos após o dinheiro cair na conta
dele e com o resto ele tirou a casa da Luiza e a deixou no fundo do poço.

— Filha da puta, desgraçado do caralho — Gritou Iván, ao meu lado


e ao levantar rapidamente a cadeira caiu e assustando todos. — Eu vou acabar
com sua vida.

— Iván! — Me levantei, parando-o — Não faz nada, vamos continuar


a razão está ao nosso lado, pense no Noah. — Pedi, ele me olhou, quando viu
que eu estava chorando, me abraçou e beijou minha cabeça e fez sinal para
Val.
— Aqui eu tenho um processo de roubo, calúnia, difamação e
sonegação de impostos, pois, este "empréstimo" de 300 milhões nunca foi
declarado. Então agora assine o acordo. — Solicitou Valentina para Liam.

— Não vou a assinar nada…— Parece que o jogo havia mudado.

— Assina Liam, caso não assine irá preso e perderá muito mais. —
Aconselhou o advogado dele e ele olha para o advogado incrédulo, e ouvi o
advogado sussurrar "ela nos pegou".

— Viu o que essa mulherzinha fez e você ainda fica abraçado com ela
Iván? Você é mesmo um louco, bipolar — Rosnou a irmã dele, vindo em
nossa direção, totalmente louca e alterada, com toda certeza ela sabia de tudo,
eu me afastei de Iván, mas logo voltei quando ela falou do Noah. — Por isso
se deu tão bem com aquele moleque doente mental…— Nesse momento não
me contive, ninguém mais falaria assim do meu filho, já aguentei muito
desses dois, por anos.

— Cala boca e se prepara para apanhar! — Vociferei indo em sua


direção e lhe acertei o primeiro tapa, ela olhou para mim com ódio e acertei
outro tapa, ela veio bater, mas eu a empurrei e caímos no chão prendi sua
mão contra o chão, e dei vários tapas em seu rosto, foram anos de
humilhação, cada tapa não chegava nem na metade de tudo que passei em
todo esse tempo, mas era bom colocar para fora essa mágoa de anos. Ouvia
um falatório e discussões, entretanto, nada me faria parar de bater nela.

— Ninguém se aproxima, se Luiza está batendo é porque ela merece


— Ouvi Valentina disser depois de um tempo, com suas palavras, voltei a
mim e me afastei da Jessica, seu rosto estava marcado, saí de cima dela e
todos me olhavam com sorriso exceto Liam seu olhar era de puro ódio e neles
notei uma promessa velada de que se vingaria.

— Isso não vai ficar assim, farei da sua vida inferno … — Ameaçou
Jessica — E você querido irmão, não vai ficar com essa aleijada — Gritou e a
porta da sala foi aberta.

— Saiam os três do nosso hospital — Mandou Miranda e quando


Jessica passou por ela, Miranda a parou e disse — A próxima vez que
chamar minha irmã de aleijada, eu quebro essa merda de acordo e vamos ao
tribunal. — Só tinha a agradecer a Deus por ter tanta gente ao meu lado,
lutando a minha batalha.

— Senhores… até o final do dia, eu quero a propriedade do Texas, e


os 300 milhões de dólares, caso contrário iremos ao tribunal. — Insistiu
Valentina e nada mais foi dito.

— Vencemos! — Comemorou Juliana.

— Por isso trouxe Prosecco e suco — Disse Oliver.


— E surpresas… — Comentou Jane entrando logo atrás de Oliver,
junto com o Michael, que estava com o pequeno Matteo no colo que já estava
procurando as coisas com os olhinhos, Lena entrou segurando a irmã pela
mão, foi até Miranda.

— Mamãe… mamãe! — Noah entrou correndo e me abraçou e eu me


senti viva novamente, me senti em paz, estava com meu filho depois de
muitos anos vivendo separados, por fim não me sentia mais sozinha. Deixei
as lágrimas caírem enquanto abraçava meu pequeno. Olhei e vi Tasha nos
braços do Iván, me olhando com curiosidade, ela era linda igual o pai.

Depois da comemoração agradeci a todos, Valentina não pode ficar


para uma comemoração na casa da Jane, tinha que voltar ao Brasil, pois, pelo
que entendi ela estava enfrentando dias difíceis por lá e Juliana voltou com
ela, mas gostaria que em um futuro próximo poder conhecer um pouco mais
da mulher que trouxe de volta a minha paz, infelizmente ainda temia
represálias por parte da Jessica e do Liam, até porque bem ou mal os luxos
que eles ostentavam estavam por terminar, agora as coisas estavam muito
claras para mim.

Minha mãe estaria feliz pela minha vitória, que falta eu sentia dela,
mas sei que está sempre olhando por mim e pelo Noah onde estivesse.
9

Um mês depois.

Sou grata pelas pessoas e momentos difíceis que tive que lidar em
minha vida, momentos esses que mostraram exatamente o tipo de pessoas
que não devo me tornar ou até mesmo confiar, e não existe nada mais certo
na vida como o ditado “confie, desconfiando”, quero e estou tentando buscar
a minha completa felicidade.

Esse mês que se passou foi de muita paz, Noah está bem mais
disposto, voltamos com o tratamento psicológico, ele está se desenvolvendo
bem. O Iván tem ajudado muito, às vezes vêm com a Tasha e passa o dia em
casa, por eles já terem convivência há muito tempo, isso por fim acabou
ajudando a nossa adaptação como casal e as crianças se dão super bem.

Tasha é um amor de menina, educada, falante e presenciar a interação


deles me deixa feliz, mesmo que às vezes vejo no olhar de Noah, que ele tem
medo que algo nos separe novamente, Luke que não aceitou bem nosso
envolvimento, Iván agora me chama de sua mulher e faz questão de
andarmos de mãos dadas para que todos no hospital vejam, Luke antes era
amigável comigo hoje nem olha pra mim ou pro pai. Saiu de casa e foi morar
com a avó, o que deixou Iván mal-humorado por uma semana, ninguém no
hospital aguentava ele, a Vânia coitada deve ter emagrecido nesses dias, pois,
quando ele a gritava só via a pobrezinha correndo com a agenda nas mãos e
uma caneta.

Eu, Jane e Miranda não poderíamos estar com entrosamento melhor,


aos domingos almoçávamos em família, às vezes Hannah e Castiel vinham e
todos nós íamos até a fazenda, Iván foi uma vez e levou Tasha, muitas vezes
me perdia admirando esses momentos de união familiar, pois, antes éramos
só eu e a minha mãe, depois Liam me abandonou, e por diversas noites
fiquei sozinha pensando se algum dia iria aproveitar desses momentos.

Iván já me convidou umas dez vezes ou mais para ir conhecer sua


mãe, mas eu ainda não me sentia preparada, pois, há um mês eu agredi a
filha dela sem nem pensar duas vezes, mas não me arrependo, só fiz algo que
estava engasgado há anos, além de que ela já me odeia mesmo, porque o Iván
tomou todas as minhas dores para si, me contou que antes eles tinham mais
interação com a família, almoços aos domingos na casa da mãe, mas agora
evita quando Jessica e Liam estavam lá.

Liam no mesmo dia tinha devolveu os 300 milhões e eu devolvi aos


cofres do hospital, e também devolveu a casa da minha mãe que agora era
uma lanchonete no Texas, a Jane e Miranda, me aconselharam a investir e
manter, pois, agora os lucros ficariam para mim, e mais uma vez o escritório
da Valentina e Sarah, resolveu tudo. Sinto muita falta do Texas, das músicas,
do aconchego das pessoas, das belas paisagens que tiram nosso fôlego, de
cavalgar pelos campos e respirar ar puro, mas o meu maior desejo era poder
reencontrar a minha mãe.

— Que caralho, eu falo grego nessa merda de hospital, eu quero


todos os relatórios…. TODOS… — Gritava Iván, quando entrei em sua sala
ele me olhou e abriu um sorriso. — Deseja algo anjo? — Perguntou com a
voz calma e serena, vi Vânia olhar incrédula para ele, realmente sua mudança
de humor essa algo assustador para quem não estava acostumado.
— Vânia, pode nos deixar sozinho por favor — Pediu Iván todo
passivo, o que me arrancou até um sorriso.

— Sim senhor! — Disse sem pensar duas vezes e saiu da sala.

— Iván, pega leve com os funcionários. Ninguém tem culpa dos seus
problemas. — Acrescentei, pois, nada justifica tratar as pessoas assim,
mesmo que esteja em um dia ruim.

— Odeio trabalho mal feito — Explicou voltando sua atenção para os


papeis sobre a sua mesa.

— Iván, a Vânia é impecável, dá suporte para todo o andar sem deixar


um furo. — Insisti e ele se levantou e veio até mim, se sentou na ponta da
mesa e me puxou pela cintura.

— Sabe o que melhora meu humor — perguntou sem nem me deixar


responder e beijou meus lábios com intensidade — quando meu pau está
pulsando dentro da sua bocetinha quente e sendo esmagado por ela —
confidenciou e lambeu meus lábios de uma forma tão erótica que fez meu
baixo ventre pulsar.

— Iván…— Balbuciei com dificuldade, as palavras não saiam


coerentes, ele não facilitava o nosso contato me provocando com suas mãos
ágeis.

— Eu vou colocar você de debruçada nesta mesa e te foder, e você vai


gritar para todo o hospital ouvir — Rosnou e atacou meus lábios, sua mão
subia lentamente pela saia do meu vestido.

Meu corpo era atraído pelo Iván, mesmo que por pensamentos quando
estava longe dele, a forma como se apossava do meu corpo me deixava
aberta, e me entregava sem reservas, era bom ter essa liberdade sexual e não
ter vergonha do parceiro, fomos construindo passo a passo toda essa
cumplicidade durante esse último mês que estávamos juntos, da forma bruta
retirou minha roupa me deixando apenas de lingerie, estava gostando dessa
adrenalina, era bom me permitir viver momentos assim, não tenho dúvidas
que vou me lembrar com um sorriso tudo que estamos fazendo aqui.
— Agora fica de quatro para mim — Mandou me indicando o sofá à nossa
frente, era branco espaçoso e confortável fiz o que ele sutilmente mandou,
estava de costas quando escutei uma canção que conhecia bem ecoou ao
fundo Bryan Ferry Slave to love do filme Nove Semanas e Meia de Amor,
descobri um gosto em comum com o meu bipolar, ele era apaixonado por
músicas antigas, quando ele se aproximou e passou os dedos pelas minhas
nádegas com delicadeza, se curvou sobre mim e começou a cantar um trecho
da canção em meu ouvido sua voz rouca penetrou em meus poros, me
deixando arrepiada a letra agora fazia todo sentido.

“ Não há como escapar


Você tem que saber
Como o forte torna-se fraco
E o rico tornou-se pobre
Escravo do amor.’’

— Meu bipolar .... — Nesse tempo de convivência e entrega mesmo


sabendo que estávamos no hospital, estava entregue de corpo e alma.

— Sim seu ... Totalmente seu, preciso sentir seu gosto — disse
traçando beijos por toda a minhas costas até chegar a minha bunda senti, suas
mãos tirando minha calcinha com delicadeza e ajudei levantando uma das
pernas, até parece que tínhamos todo esse tempo do mundo, mas não ia ser
impaciente. Senti sua língua molhada em meu ânus, começou chupando
depois penetrando na mesma intensidade firme e forte, enquanto seus dedos
traçavam caminho pela entrada da minha entrada, era impossível não gemer,
estava gostoso sentir sua boca em meu ânus, abriu mais ainda mais minhas
nádegas e chupava na mesma intensidade que seus dedos grandes e ágeis
penetravam a minha entrada em um vai e vem gostoso, me sentia cada vez
mais molhada.

— Iván.... — Chamo ensandecida de tanto prazer.


— Isso goza na boca do seu homem vai — Me instigava indo do meu
ânus para minha entrada, abrindo mais ainda minhas pernas e chupando com
mais voracidade, era algo que me fez sair de mim e gemer alto, estava tão
perdida em pensamentos que não percebi que Iván me levou até sua mesa, e
me colocou de pernas abertas.

— Agora sim vou te você do jeito que venho sonhando durante toda a
semana, aberta em cima dessa mesa — Rosnou abaixando suas calças,
através da cueca branca pude notar seu líquido pré-gozo molhando-a, olhava
ele desesperado tentando passar a cueca pelos pés todo, atrapalhado, e decidi
provocar, retirando meu sutiã sem deixar o seu olhar.

— Gosta do que vê, senhor atrapalhado? — Perguntei sorrindo. Ele


veio pra cima de mim, me cobrindo com o seu corpo me beijando
intensamente. Ainda sentia meu gosto em sua boca o que me deixou com
mais prazer, sentia seu membro passando em minha entrada bastante
molhada.
— Sim você foi feita para mim na medida certa até sua bocetinha —
afirmou se levantando e começou a se masturbar em um vai e vem frenético,
se aproximou e começou a bater seu pau em minha entrada o barulho era
intenso, era uma verdadeira surra de pau, presenciar aquele movimento todo
em seu pau me deixava louca para ser preenchida logo.
— Por favor ... Iván ...— Esse homem era minha perdição, não
precisei pedir novamente, ele me penetrou de uma vez só o que me arrancou
um suspiro pesado, mas cheio de prazer.

— Que delicia, amo essa bocetinha tão apertadinha.— Confessou


acelerando seus movimentos, segurando firme meu quadril batia forte dentro
de mim me fazendo entrar em êxtase.

— Mas forte...

— Então você gosta quando eu te como assim, gosta de foder bruto e


forte — Perguntou acelerando mais ainda e eu gemia alto apenas concentrada
em nosso prazer, quando enfim quando gozamos juntos.

A Vida muitas vezes nos faz refletir e nos questionar: O que estamos
fazendo aqui? Ou ,porquê vivemos em conflito? E no final descobrimos que
vivemos para sermos felizes, para fazer bemao próximo e a nós mesmos!

Vejo pessoas dizendo: se eu tivesse tido tempo, será que um dia terei
tempo, o tempo na verdade é o agora, quando temos o "clique" do despertar à
vida, da sensação, do suspiro por conseguir enxergar que é muito mais fácil
ser feliz, é muito mais fácil enxergar o lado bom das coisas.

A leveza de enxergamos as coisas faz tudo mais fácil, passamos a


enxergar uma nova situação sem o preconceito, num estado de "quase" papel
em branco e com a sabedoria adquirida no caminho, usamos em novas
experiências.

— Estou me sentindo uma vadia — Confidenciou, terminando de


vestir sua roupa, sobre o meu olhar. Luiza era sexy demais, uma perfeição em
mulher, tudo na medida, bunda, seios até sua bocetinha apertada.

— Se você prometer ser somente a minha vadia e minha putinha, está


tudo certo. — Gostava de provocar.

— Vai à merda Iván! — Ela disse e eu gargalhei, Luiza sentou-se ao


meu lado no sofá, após uma transa maravilhosa em minha mesa. Minha
mulher estava mais solta e leve, sorrindo mais e nosso sexo nem preciso dizer
o quanto estava perfeito e os próximos lugares que vamos transar vai ser na
sala dela, na sala dos médicos e no estacionamento. Eu estava só de calça
social, não me vesti.

— Por que está tão estressado? — Perguntou. Respirei fundo e resolvi


soltar a bomba.

— Irina está ameaçando tirar a Tasha de mim, alegando que sou


instável. — Declarei e Luiza se afastou.
— Iván eu te falei que ela ia pegar pesado… — Disse se aproximando
e passando as mãos em meus braços.

— Eu não vou deixá-la comandar a nossa vida Luiza, eu não matei a


Fernanda, e o caralho que Irina e Luke pensem ao contrário — Mas doía
imaginar que Luke não acreditava em mim, mas já passei da fase de tentar
provar algo a alguém.

— Ei calma… Eu estou aqui, mas você sabe que ela não vai nos
deixar em paz.
— Eu vou me antecipar, irei impedir a Irina de ver a Tasha, sei lá,
mas ela não vai tirar a Tasha de mim. — Minha filha era um dos motivos que
me fazia seguir em frente, sem surtar de vez.

— Não faça isso, ela quer criar guerra. Ela somente ameaçou, talvez
nem vá para adiante. — Conhecia bem aquela gêmea da Úrsula misturada
com Dolly Parton.

— Minha mãe também falou isso. Mas eu não sei o que faço, Luke
nem olha na minha cara. Meus filhos são tudo para mim. — Sim, eles eram o
melhor de mim e da Fernanda.
— Por isso vamos agir com calma, ela irá jogar pedra e a gente
retribui com flores, vamos agir com calma… — comentou Luiza alisando
meus cabelos — Eu passei um inferno, aguentei calada todas as humilhações
e hoje estou com Noah. — E isso acendeu uma lanterna minha cabeça.

— Como Valentina conseguiu a conta do Liam, para incluir nos autos


do processo, pois, está em sigilo o acordo. — Como não tinha pensado isso
antes.

— Ela disse que Liam não quis passar essa informação quando ela o
procurou, inclusive ofereceu a ele proteção, mas aceitou somente ser
testemunha de que eu não recebi o dinheiro. Ele disse que ele deve ter
mudado de ideia, pois, recebeu um e-mail anônimo com o contrato, a conta e
o comprovante da transferência. — Disse e eu fiquei surpreso, porque
advogados quebram sigilo facilmente.

— Ele pagou a pensão do Noah e devolveu o dinheiro? — Perguntei e


ela assentiu.

— Também devolveu a casa da minha mãe, ela está enterrada no


Texas, depois de tudo o que aconteceu, vim para o Canadá e nunca mais
voltei ao Texas. — Notei tristeza em seu olhar.

— Podemos ir todos juntos, eu, você, Noah, Tasha e Luke, até lá ele
terá juízo na cabeça. — Disse, sempre tive vontade de conhecer mais o
Texas, escutava muito as músicas country antigas, como Shania Twain, Alan
Jackson e Dolly Parton uma das minhas preferidas.
— Iremos sim, vou te apresentar tudo no Texas, até os rodeios. —
Ficou animada quando falou da sua terra natal.

— Serei Cowboy por um dia. — Comentei a abraçando.

— Veste a camisa, meu bipolar e vamos trabalhar. — Mandou meu


anjo e eu ri do seu apelido inusitado, às vezes ela me chamava assim. Vesti
minha camisa e me ajeitei. Luiza mexia em uns papeis, estava concentrada,
me aproximei e vi de qual papel se tratava.

— Iria enviar para você hoje, mas não consegui, porque não tive
como verificar.— Acrescentei e entreguei os papéis e havia vários arquivos
de procedimentos feitos fora do hospital, médicos direcionados para esses
atendimentos, mas não parecia ser um arquivo do hospital.

— Esses arquivos não são do hospital. — Confessei para Luiza, e eu


me sentei ao seu lado.

— Como sabe, foi assinado pelo Jacob e Marcel.

— Sim, mas somente ele, Graysson e Marcel faziam atendimento,


pela regra do hospital médico do plantão faz o atendimento externo — pegou
o tablet em cima da mesa de centro acessou sistema e me mostrou vários
documentos digitalizados.

— Essas três empresas de pesquisa, não existem, não há registro


delas. — Falou Luiza e vi que tinha várias pesquisas registradas pela
empresa, como uma empresa sem registro tem esse porte de informação.

— Eles usavam para desvio de dinheiro — Constatei o óbvio, então


tinha muito mais dinheiro na jogada, não só do cassino.

— Pode ser que sim ou não, Marcel manteve tudo muito bem
escondido. — Insistiu Luiza, olhando os números na planilha com bastante
atenção.

— Vamos atrás dessas empresas, marcar reuniões, podemos falar que


estamos sob nova direção — Disse e Luiza assentiu — Aqui tem várias
viagens para o exterior, principalmente à África, será que foi para a ONU,
deve estar registrado.

— Não foi e tem transplantes de órgãos também, acredito que sejam


ilegais... — Luiza parou de falar e foi até a minha mesa começou a mexer nos
papéis, revirava e pegou um e voltou para o sofá e me entregou. E comecei a
ler e fiquei surpreso com o que li.

— Caralho… — disse assustado com que acabei de ler.

— Vou ligar para Jane e Miranda agora — Declarou o meu anjo.


10

Você vai passar por muitas coisas, ruins e boas, porém, essas
situações serão responsáveis por definir você, decidir onde você chegou e até
onde chegará. Um dia as pessoas mudam, mentiras são descobertas, verdades
serão entendidas, surpresas te paralisarão, portas se abrirão, porque algumas
pessoas sentem a chuva e outras apenas ficavam molhadas.

Em pouco tempo Jane e Miranda, estavam na sala do Iván. Entreguei


todos os papéis para Jane e Miranda que me olhou apreensiva.

— Que merda! — Protestou Jane e olhou para Miranda.

— Se isso for verdade podemos perder a credibilidade com a central


de transplantes — Afirmou Miranda, ainda lendo os papeis atentamente, mas
era visível seu nervosismo.

— Com o mundo — Conclui — Essa sala era do Marcel e ele não


teve tempo de retirar nada, os papéis estão incompletos, faltam partes. —
Desde que ele se foi, sua sala ficou fechada do mesmo jeito que foi deixado
por ele.

— Que papéis? — Perguntou Oliver entrando na sala juntamente com


Michael. Miranda o entregou os papeis para ele que arregalou os olhos.

— Jacob, Marcel e Graysson, unidos nessa sujeirada toda. Meu amor


seu pai supera o Kinder Ovo, nas surpresas. — Disse Oliver, lendo os papéis
não era hora, mas a forma que os Salvatore se expressavam era sempre
engraçada.

— Precisamos denunciar, fazer uma declaração, jogar a culpa no


Marcel. — Questionou Jane indignada pela situação.

— Não podemos! — Comentei.

— Em segundo o nome do hospital estaria na lama, isso afetaria a


bolsa de valores, além de que a Corporação Salvatore está envolvida com o
hospital — Continuou Miranda olhando para Jane.

— E Marcel continuou com esquema, quem vai acreditar que vocês


não sabiam de nada disso. — Oliver se afastou e ligou para alguém, depois
colocou o celular no viva voz.

— Fratellos, naquele cofre que roubamos do cassino o que tinha


dentro? — Perguntou Oliver.

— Ainda não encontramos ninguém para abrir — Respondeu Castiel


— Poucos tem ferramenta para abrir cofre de titânio.

— Qual a bomba, Oliver? — Questionou Sarah do outro lado.

— Marcel, Jacob e Graysson estavam envolvidos em coisa grande que


envolve tráfico de órgãos. — Respondeu meu cunhado.

— Já imaginava... — Falou Sarah e Castiel rio. — Bom, não


denunciem, mandem tudo que encontraram para Castiel e para mim, iremos
resolver. Se isso vazar o hospital vai para lama. — Declarou Sarah em seu
modo, advogada.

— Até porque o — Castiel deu uma pausa — Como falam no Brasil


Sorella... o moleque piranha do Jacob está envolvido.

— Michael, entre em contato com Gael e verifica cada conta do


Robert, Marcel, Graysson e Jacob, quero relação de cada centavo que eles
gastaram nos últimos anos. — Disse Castiel.

— E a caixa preta? — Questionou Michael.

— Foi encontrada, mas sem as gravações — Respondeu Sarah e todos


na sala se calaram.
— Vocês já pensaram na possiblidade do .... — Começou Iván, mas
parou de falar — Deixa, esquecem.

— Irei rastrear tudo em breve mando notícias e vocês me atualizem,


usem telefones descartáveis de agora em diante — Instruiu Sarah.

— Como estão as coisas no Brasil? — Questionou Jane e a Sarah


respirou fundo.

— Uma merda, um caos total e para piorar ainda tem a história do


Brian. — Responde Sarah, um pouco alterada.

— Tudo irá se resolver loira! — Afirmou Miranda em um tom


consolador.

— Sei que vai... — Disse e desligou o telefone sem mais delongas.

— Pessoal, não façam merda, qualquer novidade, nos atualizem—


Mandou sutilmente Castiel e desligou também.

Após a conversa, debatemos outras coisas e fomos embora. Iván foi


comigo, passamos na Miranda e pegamos o Noah e depois fomos até a mãe
dele buscar a Tasha, mas eu não entrei, fiquei esperando no carro.

Ao chegarmos em casa pedimos uma pizza, assistimos um filme na


Netflix e assim encerramos nossa noite, pois, o dia tinha sido de grandes
revelações, mas temia o desfecho de toda essa situação.

Ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas sim reconhecer que vale a
pena viver apesar de todos os desafios e perdas. Com o tempo, você percebe
que, para ser feliz, você precisa aprender a gostar de você e principalmente, a
gostar de quem também gosta de você, dê a si uma nova oportunidade de ser
feliz.

Despois de quatro anos, estou numa fase ótima da minha vida, estou
vivo, tenho prazer de acordar. Mas estava confuso, pois, nunca tinha sentido
esse sentimento e resolvi vir confessar com uma pessoa, que ela me
entenderia. Neste momento estava sentado em frente ao túmulo de Fernanda,
a mulher que foi a minha vida durante muitos anos e que sempre vai ter seu
lugar cativo em meu coração.

— Sabe a diferença entre nós dois é que você está morta e eu estou
aqui com toda essa merda — Falei diante do tumulo de Fernanda fazia 4 anos
que não voltava a esse lugar. — Sua mãe aquela bruxa de Eastwick, quer
foder a minha vida, você acredita que ela quer tirar a nossa menina de mim.
— Exclamei, com ódio daquela maldita velha.

— Nem adianta defender a sua mãe, ela diz que eu sou mentalmente
instável e o Luke, aquele moleque está me enfrentando a cada dia, a culpa é
daquela bruxa. A parte boa daminha vida é Tasha e agora Luiza. Você precisa
ver elas duas, ela tem um pouco de você sabia. — Confessei e olhei em sua
lápide que tinha uma linda foto dela, sorrindo. — Ela me acalma e me
estressa na mesma proporção, eu sinto que já a amo. E você deve estar se
perguntando que estou fazendo aqui falando de outra mulher com você, eu
também não sei... Eu quero me desculpar por não ter vindo te visitar. —
Declarei e fiquei ali sentado no cemitério, olhando para sua foto. As horas
passaram e o vento frio veio com toda a força batendo em meu rosto, olhei
para o relógio e já iria dar meio-dia. Me levantei e me despedi, saí do
cemitério e segui para casa da bruxa de Eastwick, o caminho foi todo feito ao
som de Bon Jovi, e eu ri até a playlist da Luiza já dominava minha vida, ela
gostava de Mariah Carey, Whitney, Bom Jovi, Michael Jackson, Marron 5,
Ed Sheeran e outros cantores dos anos 80 e 90, minha mulher tinha gostos
bem ecléticos. Cheguei na casa da minha ex-sogra, saí do carro e caminhei
até porta da sua casa e o mordomo rapidamente abriu.

— Boa tarde, Alexander! Vim buscar minha filha. — disse e ele


sorriu para mim, Alexander trabalhava para minha ex-sogra desde que
Fernanda era adolescente, quando a gente ainda namorava, mas só ele para
aturar essa bruxa mesmo.

— Por enquanto... daqui a alguns dias, meus bebês estarão morando


comigo — Insistiu Irina e eu me controlei, não poderia perder a razão —
Ainda está com aquela vagabunda? Só sendo assim para se envolver com
homem casado, uma oportunista, vagabunda.

— Eu sou viúvo Irina... — disse me contendo para não voar no


pescoço dessa bruxa.
— Não me interessa, enquanto estiver com aquela vadia...— A cada
palavra que ela abria a boca eu contava até dez para não surtar de vez com
ela, mas não sou de levar desaforo para casa não.

— Chega Irina! — Gritei e ela me olhou assustada — Chega, quer ir


para justiça vamos, mas eu te aviso irei lutar pela Tasha até fim, e irei lutar
com a Luiza, porque ela veio para ficar, aceite isso caralho. — Conclui sem
paciência e olhei para escada e vi Luke, ele me olhava com ódio.

— Então você não contou para seu pai? — Perguntou olhando para o
Luke e me olhou — Sua namorada seduziu Luke, é esse tipo de mulher que
você anda...— Disse olhando a minha reação.

— A Luiza o que? — Perguntei já sem paciência.

— Seduziu o seu filho — Respondeu Irina e eu ri, na verdade,


gargalhei. Era só o que me faltava, mas essa história. Luke era apaixonado
por Luiza.

— Se o Luke, se encantou por ela eu não posso fazer nada, mas a


Luiza está comigo. — Declarei olhando para o Luke. Ela já não agia como
meu filho e eu não iria agir como pai e não o deixaria denegrir a imagem da
Luiza.

— Você se acha né pai?! Vamos ver se ela vai aguentar o seu


primeiro surto, está tudo às mil maravilhas, um mar de rosas. Vamos ver se
ela irá ficar quando você quebrar a casa toda, com seus surtos de
bipolaridade. Mulher nenhuma fica... — Esbravejou e saiu, tentei ir atrás
dele, mas Irina me parou.

— A verdade doí, não é?! Mas ele tem razão, eu sempre disse que
minha filha merecia algo melhor. — Agradecia a lei que não permitia que as
pessoas andassem armadas ou mataria essa bruxa.

— Assim como o Bernardo, porque ter uma esposa como você é o


mesmo que beijar o diabo — Disse e entrei na sua casa, e subi até o quarto de
Tasha e encontrei minha filha brincando de boneca. — Filha, vamos?

— Papai, já chegou! Vamos onde? A vovó Jaqueline vai nos visitar?


— Perguntou me abraçando e eu abracei forte.

— Vamos para casa, posso ligar para ela e pedir para ir almoçar com
a gente. — disse beijando seu nariz.
— E a tia Luiza, papai, ela pode ir com o Noah. — Questionou Tasha,
mas falou o nome dele baixinho e eu percebi que a Irina repreendia a Tasha
de alguma forma. Depois iria conversar com minha filha. Arrumei as coisas
de Tasha, a peguei no colo e descemos as escadas e vi Irina sentada no sofá.

— Vai se despedir da sua avó — Pedi a colocando no chão, minha


pequena correu até avó e abraçou. Tasha voltou pegando a minha mão e me
puxou para irmos.

No caminho enviei mensagem que aceitou na mesma hora almoçar


com a gente, disse que já tinha feito o almoço e levaria para minha casa, não
avisei que minha mãe iria. Acho que ela percebeu que eu não estava bem, as
palavras do Luke rondavam a minha cabeça. Ao que parece bipolar não
merece ser feliz.

Liguei para o porteiro e autorizei a entrada da Luiza, pois, ela


chegaria antes de mim. Depois de quase quarenta minutos, cheguei ao prédio,
abri a garagem e entrei vi o carro na minha vaga e estacionei mais à frente na
vaga de convidado. Saímos do carro, peguei as coisas da Tasha e travei o
carro, seguimos para o elevador e apertei o botão da cobertura e digitei a
senha. As portas se abriram no hall de entrada, e ouvi a televisão e vi a Noah
jogando videogame na sala.

— Fala moleque! — Cumprimentei indo até ele e beijei sua cabeça,


sua atenção estava no jogo, Tasha sentou ao seu lado e ele empurrou o outro
controle na sua direção e eu ri. Segui para a cozinha.

— Querida cheguei!! — Gracejei entrando na cozinha e Luiza riu.


— Pegou as crianças, querido?! Disse entrando na brincadeira.

— Sim, mas agora estou com vontade de pegar outras coisas — Disse
apertando sua bunda e beijei seu pescoço.

— Iván as crianças... — A virei e a calei com um beijo, seus braços


rondaram meu corpo. Dei uma leve mordida em seus lábios, e esfreguei
minha ereção. Luiza usava uma bermuda jeans e uma regata branca, eu
amava aquela simplicidade.

— Eu quero te comer agora... Porra você vai acabar comigo — Digo


rouco no seu ouvido.

— Depois eu te recompenso amor... Eu juro — Prometeu alisando


meu braço.

— Está faltando quarto nessa casa — Ouvi minha mãe e Luiza me


empurrou quase caindo e eu a segurei a puxando para ficar minha frente, para
tampar meu pau duro — Não precisa se esconder sei que está duro, vai
tomar um banho frio.

— Mãe... — Disse mais constrangido por mim que por Luiza.

— Oi, eu sou Jaqueline, mãe desse desnaturado e você é Luiza. —


Cumprimentou minha mãe e abraçou Luiza.

— Nós nos vimos no hospital...— Lembrou Luiza, sem graça.

— Aquele dia não conta. — Comentou fazendo um gesto com a mão


— Ah, e obrigada por ter dado uns tapas na Jessica, aquela menina é daquele
jeito por culpa do pai, aliás, os dois.

— Eu vou tomar banho. — Disse e dei um beijo em Luiza.

— Como foi no cemitério? — Perguntou minha mãe e Luiza me


olhou com testa franzida, sem entender.
— Foi tranquilo, precisava vê-la e desabafar — Respondi olhando
para Luiza. Ela se afastou e voltando para fogão, ainda não tinha falado nada
sobre minha falecida esposa, na verdade, quase não falávamos sobre
Fernanda. Minha mãe olhou para Luiza de costas e entendeu o que estava
acontecendo e sussurrou Desculpa e eu segui para banheiro. Tomei um
banho rápido e quando sai do banheiro, Luiza estava no quarto, estava de
sutiã, procurava algo na sua bolsa, me aproximei e me sentei na cama, a
olhando.

— O almoço já está na mesa... — Comentou Luiza caminhando até a


porta.

— O Luke é apaixonado por você. — Luiza parou e me olhou — A


Irina disse, ele não negou, ela falou que você o seduziu.

— O Luke sempre foi atencioso e educado comigo, nunca dei


abertura nem para uma amizade com seu filho, aliás, pra ninguém do
hospital. — Insistiu ainda em pé na porta — Foi isso que foi fazer no
cemitério?

— A Fernanda fez parte da minha vida Luiza, e vai continuar


fazendo, ninguém vai tomar o lugar dela...

— Nunca tive essa intenção Iván... Deixa esquece o que eu falei —


Disse e saiu do quarto.

Merda!!

Coloquei uma bermuda e uma blusa básica preta e desci, vi minha


mãe e Luiza conversando na cozinha, ambas bebiam um vinho. Cheguei na
cozinha e Luiza ainda não me olhava e aquilo estava me incomodando, eu
não fiz nada de errado.

— Tia Lu, estou com fome... — Comentou Tasha ao entrar na


cozinha.

— Vamos tomar um banho rápido meu amor e depois almoçamos. —


disse Luiza pegando a Tasha.
— Eu faço isso — Pedi no intuito de ajudá-la, estava feliz com a
interação dela e da minha mãe.

— Fica tranquilo é só um banho. — Respondeu e saiu com Tasha.

— Tia a senhora brinca de princesa comigo depois, a vovó não tem


muita paciência, ela mata os príncipes — Disse e Luiza riu.

— O que aconteceu da quase transa na cozinha para esse iceberg —


Perguntou a minha mãe bebendo um vinho.

— Não sei, começou na história do cemitério e eu a questionei sobre


algo que Irina me falou — Respondi e minha mãe me olhou, esperando que
eu concluísse — A Irina falou que Luke era apaixonado pela Luiza e que ela
o seduziu.

— Você sabe que Irina é uma cobra, você está com medo e confuso,
por isso foi ao cemitério, você que lutar para manter a memória dela, mas
também não quer perder a Luiza. Compreensível, mas desse jeito você irá
perdê-la, porque não disse que iria ao cemitério, a base do relacionamento é a
comunicação.

— Eu não vi necessidade. A Fernanda fez parte da minha vida,


ninguém pode substitui-la...

— E você disse isso para Luiza — disse, minha mãe me olhando


surpresa.

— Falei, ela precisa entender...

— Na verdade, você precisa entender Iván, eu sei que não foi somente
isso que eles falaram, mas não vou insistir. Mas essa menina já foi quebrada
o bastante pelo Liam, e ela não tem tempo a perder, ou você luta todas as
batalhas junto com ela, ou a deixa ir. — Declarou minha mãe e saiu da
cozinha, me deixando ali sozinho e só naquele momento me dei conta da
merda que falei.

— Papai, vamos almoçar! — Me chamou Tasha entrando na cozinha


em puxando, me levantei e segui minha filha, cheguei na sala de jantar e vi
Luiza servindo Noah, depois colocou o almoço de Tasha e beijou a rosto das
crianças, me sentei na mesa e me servi. Luiza se sentou no meio das crianças,
igual sempre faz, mas diferente das outras vezes, não colocou comida em seu
prato. Eu percebi, mas nada falei.

— Então Luiza, como está no hospital?

— Bem graças a Deus, estamos com alguns problemas, mas nada que
não possa ser resolvido. — Explicou Luiza com pesar, a situação era bem
complicada e até o momento nada estava definido.

— Titia eu não gosto de negócio verde. — Disse Tasha para Luiza.

— Você não gosta do senhor brócolis, mas ele é tão bonzinho nos
enche de energia — Comentou sorrindo, colocando uma das mãos na cintura.

— Mas ele é ruim mamãe, eu só como porque a senhora pede com


carinho — Disse Noah, minha mãe sorriu, minha filha a olhava toda
admirada, sabia que Tasha sentia falta de um figura materna, mas agora
estava mais evidente quando Luiza estava com a gente ela gostava de estar
sempre perto dela.

— Titia eu quero ficar cheia de energia — Falou Tasha fazendo gesto


de força.

— Agora sim, quem vai comer e ficar forte como Huck — Insistiu
imitando o gesto da minha filha.
— EUUU— Gritaram as crianças todas empolgadas que comeram
toda a comida do prato.

O almoço terminou, retiramos tudo da mesa, minha mãe ajudou Luiza


na cozinha e depois resolveu ir embora, na verdade, ela queria nos deixar
sozinhos. Levei minha mãe até a porta e quando voltei as crianças estavam
sentadas no sofá, cada um com a cabeça no colo da Luiza. Assistiam Coco,
um filme infantil que fala da cultura mexicana. Fui para escritório e fiquei
nele revendo alguns papeis, trabalhando.

Horas se passaram e eu saí do escritório, vi Luiza com a bolsa no


ombro e Noah dormindo em seus braços.
— Coloquei Tasha na cama, estava indo avisar que já estou indo —
Declarou, eu caminhei até ela e tirei Noah dos seus braços e segui para a
escada — Iván... — A ouvi me chamar, mas não lhe dei ouvidos, subi as
escadas de três em três. E o coloquei no quarto de hóspedes, iria montar um
quarto para ele aqui em casa em breve. Saí do quarto e trombei com Luiza, a
puxei para o nosso quarto e fechei aporta e a colocando contra a parede,
passando meu nariz em seu pescoço.

— Iván estou cansada... — Começou a falar, mas eu a beijei e segurei


firme sua cabeça, a olhando diretamente nos olhos.

— Você é minha mulher, me xinga, fica puta, mas não me deixa... Eu


estive no cemitério, errei em não te contar, errei em duvidar de você... Sei
que estou fazendo burrada, atrás burrada. Mas, eu estou te amando Luiza,
sinto algo forte por você — Confidenciei e a beijei novamente, não lhe dando
chance de falar.
11

Às vezes por medo de sermos machucadas novamente, não


conseguimos nos entregar plenamente a um novo relacionamento.

Decepções, insegurança e o receio de tudo que já passamos nos faz cometer


os mesmos erros, pensando que todos são iguais, o que, na verdade, é um
grande engano. Medo de acreditar, e ser iludida mais uma vez, receio de
aceitar e depois querer fugir, são tantos pensamentos contra, que já
começamos um relacionamento, pensando no fim..

— Luiza! — Olhei para porta e vi Oliver entrando, ele sentou na


cadeira em frente à mesa — Como você está? Castiel está vindo ao Canadá e
vai trazer os papéis, não queria falar com Miranda e Jane ainda, mas parece
que vamos enfrentar uma tempestade enorme. — Explicou, passando as mãos
nos cabelos, preocupado com toda essa situação.
— Estou bem! — disse sem ânimo — Podemos ter problemas com a
central de transplante? Estamos com o projeto de pesquisa para um
tratamento mais efetivo em relação ao Alzheimer em andamento e o Doutor
Alvarez apresentou um novo projeto hoje, se vamos perder dinheiro preciso
saber. — Acrescentei e Oliver me olhou, mas não falou nada. — O que
aconteceu? — Questionei, sem entender o silêncio repentino.

— Estou orgulhoso de você — Comentou abrindo um sorriso — Você


se escondia do mundo Luiza, e agora está se descobrindo, agindo com
firmeza, tomando para si os problemas e trabalhando com excelência, poderia
dizer que você é uma, Collins, mas o que reina dentro de você é a
personalidade de uma Brassard, sua mãe estaria muito orgulhosa da mulher
que você se tornou — Confidenciou, e limpei uma lágrima solitária que
escorria em meu rosto e sorri, poderia passar mil anos, mas quando se tratava
da minha mãe eu não era forte o suficiente, pois, a partida dela ainda doí
muito, entretanto, a melhor forma que encontrei para tentar superar a morte
da minha mãe, foi ser alguém melhor todos os dias, como ela me ensinou, e
independente de onde estiver quero que ela senta orgulho de mim, superar o
luto não é fácil, porém, precisamos continuar sempre. Nunca vou esquecer da
minha mãe, mas superar é necessário.

— Obrigada pelas suas palavras, estou tão... — comecei a falar, mas


encostei na cadeira e ele continuo a falar.

— Luiza, sei que não é fácil, o Iván pode ser bem difícil, no entanto,
é homem de bem. — Olhei e ri, Miranda com toda certeza tinha comentado
algo. — A Miranda, não falou comigo, eu conheço o Iván há muitos anos.

— Fui boba e insegura e fiquei com ciúmes da esposa falecida...— É


muito difícil falar sobre isso.
— Iván amou Fernanda praticamente a vida toda cunhada.

Sabe casal de comercial de margarina, eram eles, chegava a ser irritante vê-
los, ali tinha amor, cumplicidade e era recíproco. — Oliver comentou e
depois se deu conta que tinha falado, e deu um sorriso de lado. — Luiza,
Iván se fechou depois da morte da Fernanda e se abriu por você, ele sente
algo por você, pode ser louco, bipolar, mas ele não é mau-caráter, e não
brinca com os sentimentos das pessoas, ele é verdadeiro quando gosta
realmente deixa claro, e o mais importante nunca vi meu amigo assim.

— É difícil não me sentir a substituta... — estava em um misto de


sensações.

— Se você quer mesmo ficar com ele, faça dar certo. No início eu tive
às mesmas dúvidas, Miranda venerava o Alec, até a verdade vir à tona, então
aguentei firme, e lutei por ela — Sim, ele lutou, acompanhei de perto o
sofrimento desses dois, eles se superaram juntos e se completavam, a perda
os fez ainda mais fortes como casal.

— Você é um bom homem cunhado. — Afirmei e o Oliver sorriu.

— Nem todos pensam assim, mas nessa brincadeira que chamam de


vida, nós somos sobreviventes, buscando diariamente vencer os obstáculos.
— Disse, parecia estar pensando em algo, Oliver sacudiu a cabeça, voltando a
si — Sobre os papéis, pensei em discutirmos entre nós primeiro, antes de
falar com a Miranda e a Jane. Valentina e Sarah irão nos dar suporte do
Brasil.

— Tudo bem, vamos aguardar e espero que a bomba não exploda em


cima de nós. — Até porque o Saint Claire já passou por tempos difíceis, mas
nada chegou perto dessa bomba eminente.

— Ela vai explodir cunhada, não duvide — Acrescentou se


levantando, rimos. E eu me levantei também.

— Vou tomar um café no refeitório. — Comentei e saímos da sala,


seguimos pelo corredor conversando assuntos banais, ele perguntou como
estava o acompanhamento do Noah na fonoaudióloga e psiquiatra, agora
meu filho estava recebendo todo tratamento adequado. Oliver ficou no andar
do seu consultório, e segui até o refeitório.

— Luiza minha linda, como você está? — Perguntou Miller, quando


eu cheguei ao balcão, ele tinha um enorme sorriso.

— Bem, mas você está ótimo pelo que parece, o que aconteceu? —
Questionei, em seguida o barman me entregou um café, eu peço tanto café,
que eles nem perguntam mais o que eu quero.

— Eduard e eu vamos adotar um bebê — Confidenciou, sem conter a


felicidade o abracei e ele retribuiu, me tirando do chão. Miller estava
querendo adotar uma criança há muito tempo, mesmo com todos os direitos
garantidos para adoção, eles estavam enfrentando vários preconceitos.

— Eu fico tão feliz Miller, vocês merecem, e esse bebê vai unir vocês
muito mais. — Afirmei super feliz por ele, Miller era meu amigo dentro do
hospital, apenas eu, Miranda e Jane sabíamos do seu casamento, e da sua
orientação sexual. Acho que Oliver também sabia. Sentamos no banco do
lado externo do refeitório, estava um dia agradável e ficamos conversando,
Miller recebeu uma chamada da emergência, e fiquei ali sentada bebendo
meu café. Minutos depois, alguém sentou ao meu lado.

— Luke! — Disse ao olhar para o lado — Como você está? — Luke


andava estranho, chegava atrasado, estava agressivo, e agora percebi que está
inquieto, seus olhos estão vermelhos, a pele pálida diferente do rapaz que era.

— O que viu nele? — Indagou, se mexendo de forma inquieta.

— Luke, não vou falar sobre seu pai com você.— Fiquei sem graça,
pela maneira que me abordou.

— Ele te contou não foi, por isso está assim na defensiva comigo... Eu
te vi primeiro — Exclamou, eu me levantei, não iria discutir com um garoto,
visivelmente alterado. Luke se levantou e puxou meu braço, apertando com
força.

— Me solta, você está me machucando...— Estava assustada com sua


atitude.

— Você merece, ela era minha mãe, ele a matou... foi ele... foi ele —
Ele repetia e apertava ainda mais meu braço — Eu ouvi uma discussão... ele
disse que a odiava ... Ele não podia te amar, eu sim — Luke me puxou e o
empurrei com força, ele tentou me agarrar novamente

— Se afasta moleque... — Gritou Caio e ele me soltou.

— Não se mete seu merda... ele vai te matar também... espera ele
surta — Falava totalmente alterado, parecia estar drogado. Caio me conduziu
para dentro do refeitório e Luke veio atrás, mas eu o parei.

— Meus problemas com seu pai, irei resolver com ele, minha vida
pessoal não diz respeito a você, então nunca mais me dirija uma palavra,
questionando a minha vida pessoal. — Segui para o escritório.

— A senhora está bem? — Perguntou Caio, caminhando ao meu lado,


enquanto segurava o meu braço dolorido.

— Sim Caio e obrigada! — Olhei para o relógio e já marcava 17h30


da tarde — Caio vou encerrar o expediente por hoje. — Comentei e ele
assentiu, minha vida tinha se tornado um furacão, desde que conheci o Iván.
Fui ao escritório, peguei minhas coisas e segui até a casa da Miranda.

Ao chegar na casa da Miranda foi aquela baderna, às crianças estavam


fazendo bolo de chocolate com Laura, a cozinha estava uma bagunça. Noah
estava sentado no canto jogando, passei e dei um beijo em sua cabeça, depois
fui falar com Lena, Giovanna e Catalina, que estavam vestidas com mini
aventais vermelhos e tocas rosas, todas sujas de farinha, e a boca melecada
com calda de chocolate.

— Quem bom que chegou! — Exclamou Miranda entrando na


cozinha, minha irmã usava um vestido longo liso e estava com os cabelos
presos. — Minha mãe veio aqui, deixou às crianças e foi encontrar com o
Michael, disse que precisava T.R.A.N.S.A.R, e eu fico como? — Perguntou
indignada, enquanto seguíamos até a sala, sentamos no sofá, e não pude
conter o riso e caímos na gargalhada, não é à toa que o apelido deles é senhor
coelho e senhora coelha.

— Quer que eu fique com às crianças? — Perguntei, ela me olhou


com a testa franzida.

— A maratona de sexo com o Iván acabou? Porque na última vez que


conversamos, até hipismo vocês estavam fazendo.
— A sua convivência com os Salvatores, e com sua cunhada está te
deixando sem filtro.— Gracejei, é tão bom ter essa liberdade com a minha
irmã.

— Culpa da Sarah, aquela ali é pior que todos eles. Mas não muda de
assunto. — Insistiu e ficou séria no mesmo instante.

— Estamos bem, tirando a sogra que não deixa ele em paz, e também
o meu ciúme da Fernanda. — Disse cansada, recostando no sofá, fechando os
olhos e respirando fundo, era tanto problema, que nem sei se um dia serei
feliz — E o Liam, está recorrendo na justiça, sobre a empresa. Tentei
devolver o bendito dinheiro da herança do avô dele, mas somente o Noah
pode fazer isso.

— Soube que essa Irina é osso duro de roer, ninguém gosta dela... —
O que era verdade.

— Às vezes acho que ela é apaixonada pelo Iván. — Confessei, e


Miranda teve uma crise de riso, e não me aguentei e ri também.
— Pode ser que sim, ou somente não aceitou a morte da filha, até
porque eles nunca se deram bem, pelo menos foi o que Oliver de me falou.
— Sabia que tinham conversado sobre nós, o que era até engraçado.

— Vai ver não queria que a filha se casasse com ele, e sim com ela...
sei lá. — E Miranda gargalhou mais ainda.

— Você é má, tirou o Iván da senhorinha — Gracejou e nós rimos, ao


conviver com eles, estou me tornando igual, essas piadas vêm sempre do
Castiel e Hannah. — Já estou com saudade da Hannah, ela é boa amiga
sofreu muito, e merece toda a felicidade do mundo.

— Mas sabe o que é pior, no meio de tudo isso tem a Tasha e o Luke.
O Iván se desdobra coitado, às vezes ela liga no meio da noite e Iván sai
correndo e no final não é nada grave, e fico com medo de falar para ele não ir
e justo nesse dia realmente ser algo grave. Tasha tem asma — Acrescentei e
Miranda assentiu compreendendo a gravidade da situação.

— Ele tem guarda compartilhada com a ex-sogra? — Miranda


perguntou.

— Sim, entraram em acordo na justiça, mas agora ela quer a guarda


da Tasha e isso faz com que me sinta culpada — Comentei, tudo estava
conspirando para terminarmos, o que nem começamos. Eu e Miranda
continuamos a conversar, estávamos bem próximas e companheiras, ela e
Jane são a minha família. E acabei lembrando da minha mãe, hoje estava bem
sensível. Laura trouxe café e bolo para nós, às crianças já estavam na
brinquedoteca. Fiquei mais um pouco com Miranda, ajudei com Matteo que
acordou coma fralda molhada e cheio de fome.

Saí da casa da Miranda já era um pouco tarde, segui para o meu


apartamento, o caminho foi tranquilo, Noah estava dormindo. A rotina dele é
intensa, faz natação, joga basquete, vai regularmente ao psiquiatra,
fonoaudióloga e sem esquecer a escola que é o compromisso diário dele.
Cheguei ao prédio, apertei o botão da garagem, ela abriu, então entrei,
estacionei na minha vaga, peguei a mochila do Noah e minha bolsa, saí do
carro, dei a volta e peguei Noah que estava dormindo na cadeirinha e senti
uma dor em meu braço, e acabei me lembrando do aperto que Luke deu mais
cedo.

— Eu ajudo a senhora! — Disse Caio, surgindo ao meu lado, às vezes


esquecia que ele me seguia para todos os lados.

— Leva as bolsas por favor, Caio — Ele assentiu e travou o carro,


seguimos para o elevador. Estava cansada e meu braço doía. Cheguei no
andar, saí e Caio abriu a porta, deixou as bolsas no sofá e saiu.

— Boa noite, senhora! — Falou ao passar por mim, sempre educado e


respeitoso.

— Boa noite, Caio, obrigada! — Agradeci, e ele assentiu fechado a


porta, subi com o Noah. No quarto dele, tirei sua roupa e coloquei a banheira
para encher. Mesmo com ele sonolento, dei um banho nele, coloquei seu
pijama e o coloquei para dormir.

Segui até o meu quarto, tirei o salto alto e coloquei no canto da porta,
precisava de um banho, fui para o banheiro, tirei minha roupa, liguei o
chuveiro e tomei um banho, ali eu relaxei. Precisava da água caindo pelo meu
corpo. Após o banho, saí do box e ao olhar no espelho percebi que meu braço
estava roxo com as marcas dos dedos, fui ao closet peguei uma camisola, e
me assustei quando cheguei próximo à cama..

— O que faz aqui Iván? — Perguntei, não nos falamos o dia todo.

— Estava no escritório desde o momento que chegou. —


Acrescentou, quando passei por ele, Iván puxou me braço me fazendo
resmungar dor, ele então olhou e viu às marcas em meu braço.

— Quem fez isso Luiza? — Inquiriu rude, seus olhos estavam num
tom escuro de ódio — Foi o Liam? Fala Luiza? — Gritou a última parte, me
assustando.

Não foi o Liam... Foi Luke, ele estava nervoso e apertou forte meu
braço, falava coisas sem sentindo, parecia estar drogado.

— O Luke fez isso? — Perguntou.


— De tudo que eu falei, você só prestou atenção nisso. — Comentei.
— Eu vou acabar com esse moleque — Rosnou andando até à porta
— Ele passou de todos os limites — caminhei até ele e o puxei.

— Você não vai sair, não nesse estado, todo alterado. — Afirmei
segurando seu rosto e ele me abraçou, quando nos afastamos resolvi
perguntar novamente.

— Iván, o Luke usa drogas?


12

Nossa grandeza se faz presente quando valorizamos as qualidades,


aprendemos e apoiamos uns, aos outros.

Que nunca falte energia para corrermos atrás dos nossos sonhos, e que
sabedoria seja infinita para lidarmos com os obstáculos da vida, e o mais
importante viva sem fingir, ame sem exigir, aprenda sem atacar e fale sem
ofender.

— Como assim? — Essa pergunta não tem fundamento algum.


— Iván, o Luke estava estranho hoje, e não é do feitio dele falar
aquelas coisas absurdas — Luiza parecia pisar em ovos ao comentar sobre o
assunto.
— Fernanda e eu sempre falamos abertamente com ele sobre todos os
assuntos possíveis — Expliquei, sentando ao seu lado, peguei sua mão e
beijei — Sei que dei muita liberdade para minha sogra, até mesmo sem
perceber, quando estava tentando lidar com o meu luto e uma recém-nascida
que precisava da minha atenção total, caso isso esteja acontecendo, Irina teria
conhecimento. — Não pode ser, meu menino não. Luiza, isso só provaria o
merda de pai que sou — Exclamou colocando as mãos na nuca.
— Iván não fica assim, não sabemos direito o que está acontecendo,
talvez eu esteja equivocada, pode ser apenas insônia ou nervosismo, por isso
ele estava daquela maneira — Esclareceu, colocando minhas mãos em seu
ombro, ela beijou minha boca, me abraçando em seguida, nesse momento
não consegui segurar mais às minhas lágrimas, apesar de a minha
mãe sempre estar ali, foi muito difícil criá-los praticamente sozinho.
— Há tempos venho notando que algo está errado. Luke sempre me
acusando da morte da mãe, não sei de onde ele tirou isso. Nós éramos
amigos, parceiros e desde a morte da Fernanda, tudo desandou. Trocávamos
insultos, mas nunca tínhamos chegado na agressão, só que eu não consigo
mais me controlar, estou cansado.— Às vezes fico horas relembrando, e
buscando em que momento a minha relação com o Luke se transformou
nessa merda.
— Vocês têm que sentar e conversa, pois, Luke tem uma opinião
errada sobre você, e isso piora ainda mais a interação de vocês, Iván — essa
mulher tem o dom de trazer a calmaria, mas infelizmente não é tão fácil
assim.
— Foi o que mais tentei nos últimos quatro anos, mas sempre termina
pior que antes.— Até mesmo minha mãe já tentou mostrar ao Luke que ele
está errado, e que eu não tive nada a ver com a situação, mas ele diz que fui o
culpado, e sabe o que é pior? — Perguntei olhando para Luiza, não tenho
vergonha de mostrar minhas fraquezas a ela, porque com cumplicidade
estamos construindo algo único.— É ver o menino que ensinei a andar de
bicicleta, que a primeira palavra que falou foi pai, me odiar assim.
— Meu amor, tudo vai se ajeitar, é preciso ter o mundo de cabeça
para baixo, para voltarmos ao ponto inicial e nos reerguer.— depois que ela
me chamou de meu amor, não consegui prestar atenção em mais nenhuma
palavra.
— Obrigada por ser luz, na minha escuridão — Agradeci pegando nos
dois lados de seu rosto e olhando em seus olhos, ainda não queria questioná-
la por me chamar assim, aos poucos vou derrubar as minhas barreiras e da
Luiza, para juntos dizer que foi difícil, porém, vencemos.
— Já estive em seu lugar mesmo que em uma situação diferente,
quando não tinha mais esperança, Deus mudou minha história, mesmo que
ainda tenha muita coisa pela frente, a maior batalha já venci, que é ter meu
príncipe ao meu lado todos os dias. — Quando terminou de falar não pensei
duas vezes e a beijei, dessa vez era um beijo calmo e acolhedor só buscava
por tranquilidade, e Luiza era a minha fonte.
— Iván ... — balbuciou tomando fôlego após o nosso beijo.
— Vem comigo — chamei a puxando para o banheiro, eu precisava
senti-la, ela apenas abriu um sorriso.
Entramos no quarto, e eu a puxei para os braços a beijando, tirei sua
roupa com devoção olhando cada parte da minha mulher, cada detalhe, cada
centímetro de seu corpo, ela é linda, meu corpo é atraído como um imã para o
seu, quando terminei de tirar sua roupa, passei a mão pelo seu braço onde
estava levemente roxo e beijei, pedindo desculpa de maneira silenciosa, pelo
que o Luke fez, depois retirei a minha roupa com todo cuidado, com os olhos
fixos nela, é linda a mania que ela tem de retirar o cabelo do rosto e colocar
atrás da orelha. Luiza não tinha frescura na cama, mas corava quando eu a
olhava com intensidade.
— O que foi? — Perguntou e eu a abracei, nós dois nus era tão bom
ter contato de pele com pele.
— Você é perfeita para mim, nunca duvide disto, você é a minha
calmaria na mesma proporção que é o vulcão que está dentro de mim —
Insisti e apertei nosso abraço, e nos separei por um instante, estendi meu
braço para pegar minha calça que estava no chão e peguei meu celular e
escolhi entre tantas músicas, uma que me marcava por suas belas letras, a
escolhida foi uma que a letra descrevia perfeitamente o momento que
estávamos vivendo, Tonight I Celebrate My Love da cantora Roberta Flack,
essa musica tem o dom de me acalmar, de trazer coisas boas à minha mente e
minha alma devastada pelo tempo, minha mãe sempre me dizia que a música
tem o dom da cura, basta escolher a canção certa, e se não cura pelo menos
traz conforto.
— Dança comigo meu anjo? — Perguntei e estendi a mão para ela
colocando o celular sobre a cômoda que ficava ao lado da cama, à frente
tinha um grande espaço até chegar ao banheiro, onde seria nosso destino, ela
sorriu balançando a cabeça, Luiza deve estar achando tudo isso uma loucura,
mas me estendeu a mão quando a canção começou, e a segurei elevando
nossas mãos, e com a outra peguei em sua cintura, e comecei a cantar em seu
ouvido.

“Esta noite eu celebro meu amor por você,


Parece algo natural a fazer.
Esta noite ninguém vai nos encontrar,

Nós deixaremos o mundo para trás de nós


Quando eu fizer amor com você.
Esta noite eu celebro meu amor por você
Esta noite descobriremos

Como amigos se tornam-se amantes


Esta noite não haverá distância entre nós.”

Permanecemos abraçados durante toda a canção, por mim, ficaria


durante horas, essa mulher era meu abrigo, ainda abraçados a levei para o
banheiro e entramos no box, liguei o registro do chuveiro, peguei a bucha, o
sabonete liquido e comecei a passar por todo seu corpo, com muito cuidado
comecei pelos seios, dando uma atenção especial a cada um deles, seus bicos
já estavam rijos sabia que ela ansiava pelo meu toque, mas agora queria
apenas cuidar dela, a cada toque ela fechava os olhos, comecei a enxaguar
seu corpo passando minhas mãos, demorei ao passar minhas mãos em seus
seios, os apertei com delicadeza contornando o bico com a ponta dos dedos e
apertando com polegar e o indicador, a escutava gemer, levei uma de minhas
mãos até o meio de suas pernas entre sua carne macia, quente e pulsante,
enquanto a outra continuava a cuidar dos seus seios, ela ofegava baixo.
— Mais...— balbuciou com os olhos fechados.
— Você quer mais? — Perguntei e Luiza mordeu os lábios, cheia de
desejo e apenas assentiu com a cabeça.
Seu corpo ia ao encontro da minha mão em busca de alívio,
intensifiquei os movimentos, a beijei como se fosse nosso último beijo, nesse
momento ela gozou na minha mão cravando suas unhas em minhas costas.
— Iván... — sua voz estava fraca adorava vê-la gemer em meus
braços.
— Ainda não terminei meu anjo, quero te foder contra a parede, entra
e sair dessa bocetinha gostosa, apertada e quentinha e senti-la esmagando o
meu pau — a coloquei contra a parede de costas pra mim, meu pau já estava
louco para passar à noite dentro dela, abri suas nádegas e passei um tempo
admirando aquela bela imagem que era só minha — empina mais...—
Comandei e ela fez o que eu pedi, espalmando às mãos na parede, dei um
tapa em sua bunda e ela arfou, comecei a pincelar meu pau em seu cuzinho
até sua bocetinha gulosa, dei uma leve surra de pau ali gostava de deixá-la na
expectativa do que viria, entrei de uma vez só e a escutei ofegar e soltar um
gritinho, deixei se acostumar, uma mão foi em sua cintura e a outra em seus
cabelos segurei forte em ambos, ditei um ritmo frenético a água do chuveiro
que batia em nossos corpos espirravam para todos os lados, o único barulho
presente naquele banheiro eram os nossos gemidos.
— Que delícia... aaahhh... Iván euuu... — senti sua boceta me
esmagar, intensifiquei as estocadas.
— De quem é essa bocetinha gostosa? — Por mais gostoso que
estivesse, queria provocar apesar que nosso tempo estava curto.— ela me
olhou através do ombro sem acreditar o que estava perguntando — responde
e vou continuar te fodendo — só então percebeu que estava falando sério.
— Sua...só sua — gaguejou empinando mais sua linda bundinha.
— Isso...— rosnei e investi pesado contra o seu centro, o barulho de
nossos corpos batendo era música para os meus ouvidos, gozamos juntos.
— Te amo...— Declarei colocando suas costas em meu peito e
mordendo seu ombro, segurando sua nuca de leve dando às últimas investidas
dentro dela, ainda não estava plenamente saciado queria ela de quatro na
cama segurando a cabeceira, tirei meu pau de dentro dela e tive a visão do
paraíso, meu esperma, e sua excitação, descendo pelas suas pernas, pode me
chamar de machista, mas não há visão melhor que essa. Terminamos o banho
um cuidando do outro com adoração, Luiza vestiu seu roupão e foi olhar
Noah em seu quarto, quando voltou já esperava para começar tudo de novo,
estava recostado na cabeceira da cama, de pau duro novamente.
— Garanhão amanhã temos que acordar cedo! — Comentou sorrindo
acho que se esqueceu que na manhã seguinte era domingo.
— Amanhã é domingo e à noite é apenas uma criança, e quero te
comer de quatro e terminar com você cavalgando em cima de mim. — Disse,
fazendo sinal com o dedo para ela vir até mim, sorriu colocando o cabelo
atrás da orelha e subiu na cama engatinhando até mim, retirei seu roupão com
cuidado chupei seus seios um por um, enquanto ela segurava minha cabeça
me mantendo com a boca neles, ainda iria fazer uma espanhola, os seios da
Luiza eram lindos, grandes e eu mamava como um bezerro, depois a deitei
sobre a cama abri suas pernas e fiquei admirando por um tempo, coloquei
minha mão em seu nervo inchado que estava pulsando era hora de cuidar
dele, fiquei de joelhos no meio das suas pernas primeiro passei meu nariz
sentindo seu cheiro que me deixava louco, então comecei a brincar ali
passando meu nariz e lábios sem colocar a língua, Luiza tentou fechar as
pernas, mas eu não deixei, coloquei minhas mãos embaixo de suas pernas e
as uni em cima de sua barriga segurando-a sobre a cama, e dei a primeira
lambida, ela tentou se levantar e aproveitei a deixa e dei uma bela lambida
em seu ânus e comecei a chupar seu buraquinho intocado, era tão fechadinho,
imaginei meu pau ali dentro, voltei lambendo do seu ânus até sua entrada, seu
gosto me deixava ainda mais sedento por ela, chupei com gosto como se
fosse minha última gota de água no deserto até sentir seu corpo tremendo de
prazer, bebi todo o seu líquido, peguei em seus quadris e a virei de quatro,
empinada em minha direção e entrei firme não aguentei muito tempo depois
de algumas estocadas, estávamos saciados, dormimos juntos e abraçados pela
manhã buscaria Tasha na casa da bruxa.

Se não for hoje um dia será! Algumas coisas por mais impossíveis
que possam ser, sabemos, bem lá, no fundo, que foram feitas para dar certo,
desde que conheci Iván algo dentro de mim, mudou, mas tinha medo de
corresponder e ser mais um Liam em minha vida, mas aos poucos ele vem me
mostrando que não poderia estar mais enganada nessa comparação, seja no
dia a dia ou na cama, com ele, tenho uma liberdade que nunca tive em meu
casamento com Liam, dizem que nunca devemos comparar uma relação, mas
era inevitável.
— O que está pensando ? — Perguntou Miranda sentada ao meu lado
com a Gio no colo impaciente vendo às outras crianças alimentando as
girafas e zebras, estávamos no zoológico Magnetic Hill Zoo, decidimos trazer
às crianças para uma tarde de diversão ao ar livre, Lena e Tasha já se deram
bem de cara, também nunca conheci ninguém que não simpatizasse com a
minha sobrinha, quer dizer tirando seu pai biológico que tinha um coração
cheio de rancor, mas Oliver logo mostrou a ela o que é um amor de pai.
— Estou com medo de tudo que estou sentindo pelo Iván, nunca senti
isso antes — Minha irmã me olhou e começou a sorrir.
— Luiza não se cobre tanto, se permita, você sabe o inferno que
passei para viver o que vivo hoje com meu marido e minhas filhas — Fui
testemunha de tudo que ela passou — Passei anos vivendo um falso luto que
me destruiu para novas relações, se não fosse a insistência do Oliver, estaria
vivendo até hoje sem minha filha e sem saber o que é amor de verdade, por
isso te aconselho e se permita, se não der certo o que eu duvido muito, você
começa de novo a vida é feita de tentativas e não viver com medo do novo.
— A voz calma e suave da minha irmã me fez refletir, enquanto escutava
seus conselhos.
— Você tem razão não podemos viver de passado, mas é difícil
pensar em recomeçar, mas estou disposta a arriscar — Declarei e Miranda
pegou em minha mão sorrindo.
— Mamãe olha tem uma loja que vende o rei leão, vamos compra —
Pediu Lena à minha irmã, hoje às três estavam com o mesmo visual até
mesmo a pequena Gio, um vestido branco com estampa florida, rasteirinha e
tiara de pedraria com flores rosas customizadas a mão, era louca para ter uma
menina para podermos nos vestir assim iguais, mas depois de Noah achei um
sonho distante.
— Esta bem — disse colocando Gio no chão que queria acompanhar
às outras crianças, Noah foi na frente com Lena que estava o segurando pelas
mãos, ele não encarava as pessoas apenas o chão, logo atrás Catalina, Tasha e
Caio ao lado delas, até me acostumei a ter os seguranças sempre em nossa
companhia. Assim que entrei na loja senti que alguém estava nos observando,
mas quando olhei novamente, não vi nada, deve ser efeito da noite em claro.
Passamos um dia maravilhoso, juntos, às crianças voltaram cansadas,
tomaram banho e logo dormiram.
13

Tem momentos na vida, que não sabemos ao certo, qual caminho


seguir, parece que estamos estacionados no tempo e de repente tudo acontece,
nos deixando perdidos, sem saber o sentir, pensar ou como agir, então
percebemos que estamos começando a viver, e nos resta a decisão de se
permitir viver toda a intensidade do momento.

Após a minha conversa com Miranda na semana passada, percebi que


já estava muito envolvida pelo Iván para recuar, estava com medo de tudo
que poderia acontecer entre nós no futuro, ou se seria como meu
relacionamento com o Liam, entretanto, de uma coisa eu tinha certeza não era
aquela Luiza fraca de antes, tudo que passei me fortaleceu para me
redescobrir como mulher e mãe, ontem levamos às crianças para comer pizza,
foi uma bagunça boa, estava me sentindo em família, e por um minuto passou
pela minha cabeça se minha relação com Iván não desse certo as crianças
iriam sofrer, mas parei de me autos sabotar, agora vou viver o momento,
acabei dormindo na casa do meu Dr. bipolar para a felicidade de Tasha e
Noah, agora estava colocando a mesa do café, a dona Francineira, ou Fran
como Iván e Tasha a chamavam, já tinha preparado tudo e deixado na
cozinha e estava colocando à mesa, quando fui despertada dos meus
pensamentos com porta da sala batendo.

— Pelo que vejo já está até dormindo, ou j está morando aqui? —


Inquiriu Luke, seu tom era rancoroso, não me senti péssima, pois, já
estava me acostumando com suas atitudes e comentários ácidos nos últimos
tempos.

— Bom dia para você também Luke — disse, mas ele não me deu
atenção apenas balançou a cabeça me dando as costas e subindo às escadas.
Percebi que ele estava inquieto novamente e seus olhos bem vermelhos, não
passou muito tempo escutei passos na escada e senti o abraço que estava
sendo meu abrigo nos últimos tempos.

— Bom dia meu anjo! — Iván falou me abraçando por trás, seu
cheiro é tão bom me traz paz, uma paz que buscava desde que minha mãe
morreu e tinha encontrado ela em Iván, fechei os olhos e senti aquele
momento como se fosse o último.
— Bom dia meu amor! O… — comecei a falar e não deu mais tempo
de concluir, pois, escutamos Tasha chorar e saímos correndo atrás dela,
Tasha estava na sala aos prantos e perto dela estava Luke.

— Filha o que houve? — Perguntou Iván nervoso, olhando de Tasha


para Luke.

— Papai o Lulu ta indo embora! — percebi que a relação de Luke


com Tasha era complicada, apesar que seu jeito de fingir que não ligava para
a irmã era apenas fachada para atingir o Iván, porque ela era o ponto fraco do
pai e dele também.

— Já disse que vou estar na casa da vovó Irina garota — Comentou se


aproximando e passando a mão na cabeça dela.

— Não é mesma coisa Lulu, nossa casa é aqui com o papai — disse
com os olhos cheios de lágrimas o que me deixou com coração partido —
Fica Lulu por favor! — Pediu abraçando as pernas do irmão.

— Já disse que não dá Natasha, e para de drama, e além do mais


agora você já ganhou até um irmão e uma mãe — Ele a chamou pelo nome e
não pelo apelido que todos a chamavam, acho que era uma forma de não se
manter tão ligado a ela, percebi que Iván estava se segurando para não tirar
satisfações com o filho.

— Lulu fica... — e não parava de chorar, e percebi que Luke estava


lutando contra si mesmo.

— Princesa é uma escolha do seu irmão, vamos respeitar, você pode


ver ele na casa da sua avó — Insistiu Iván tentando amenizar a situação.
— Não papai, a vovó Irina briga muito com Lulu e ele fica nervoso —
suas palavras me deixaram sobre alerta, pois, como dizia minha mãe se tem
duas pessoas que não metem, e as crianças, e os bêbados.

— Não inventa garota, você já tirou muito de mim — gritou Luke


retirando Tasha que estava abraçada as suas pernas.

— Já chegaaaaa — Gritou Iván que foi para cima do Luke que


apenas afastou Tasha para o lado — Eu tentei ser civilizado com você, mas
chega, você me tratar mal é uma coisa, mas tratar mal a sua irmã é outra
totalmente diferente caralhoooo — bradou Iván cheio de ódio.

— Demorou para o senhor pavio curto, surtar — exclamou Luke aos


gritos indo para cima do pai.

— Parem os dois agora — Mandei entrando entre Luke e Iván


colocando uma de minhas mãos no peito de Luke e a outra no Iván, Luke
estava alterado e Iván por estar envolvido não percebia a situação — Luke
não faça isso vocês precisam sentar e conversar civilizadamente — e olhei na
direção de Iván que estava puto da vida não tirava sua razão, mas ambos de
cabeça quente ia ficar pior que começou, e Luke agora pelo que suspeitava
precisava de ajuda.
— Saia agora da minha casa e só volte quando criar maturidade —
esbravejou Iván.

— Fica de olho Luiza ou será próxima, igual a minha mãe — me


olhou por um tempo havia dor em seu olhar, pegou duas malas no canto da
porta e saiu, batendo a porta da sala e Tasha chorava sem para, Iván foi até
porta da sala e a socou com força, ainda bem que Noah tinha o sono pesado,
me abracei forte a Tasha que soluçava, mas não havia mais lágrimas.

Senti alguém se juntar ao nosso abraço, era Iván seu cheiro era
inigualável, seu abraço único ele também chorava de soluçar, por um instante
não disse nada.

— Por que meu anjo, sempre fiz tudo por ele, não entendo ele me
acusar dessa forma? — Perguntou soluçando.
— Vai ficar tudo bem vamos dar tempo ao tempo — apenas suspirou.

— Tia Luiza não vai embora, fica com a gente, o Lulu já foi embora,
fica aqui com Noah mora aqui.— Pediu baixinho, confesso que suas palavras
me deixaram muda por um instante.

— Minha princesa a tia Lui... — Iván tentou explicar, mas logo o


interrompi.

— A titia vai ficar até seu coração com buraquinho se curar —


afirmei beijando o rosto dela que estava sobre o meu ombro, apesar de ter as
avós por perto era nítido o quanto ela sentia falta de uma figura materna por
perto, quando ela via minha interação com o Noah sempre dava um jeitinho
de se unir a nós, e eu sempre a acolhi e agora quero mais do que nunca cuidar
dessa pequena, perdi minha mãe entendia bem a dor da perda imagina ela
com apenas quatro anos tendo que lidar com várias situações e sem ter a mãe
para se espelhar e se sentir segura, senti duas mãozinhas se unindo ao nosso
abraço, era meu pequeno príncipe, era difícil para ele demostrar afeto às
vezes, mas ele já era apegado a Tasha e ao Iván e tudo fluiu naturalmente.

Acordei cedo, estava preocupada com Luke, Irina não parecia ser uma
pessoa pacífica e ela instigava essa briga do Iván e Luke. Me sentei no sofá
da sala e fiquei pensando em toda a minha vida, sai dos meus devaneios com
a chegada da Fran.

— Bom dia, senhora! — Cumprimentou Fran ao me ver, ela era


morena, cabelos castanhos, na faixa dos 35 anos, muito bonita e simpática,
ela cuidava da casa e de Tasha.

— Bom dia, Fran e somente Luiza. — Pedi e ela assentiu com o


sorriso contido.
— Está bem, depois a senhora pode me passar o cardápio da semana,
o que quer incluir nas compras…

— Eu?? — Perguntei a interrompendo.

— Sim, a dona Jaqueline que cuida dessa parte, mas ela disse para
resolver com a senhora. — Disse e arregalei os olhos, como assim resolver
tudo comigo.

— Fran… Eu… eu vou conversa com Jaqueline, eu não … — ela riu


do meu embaraço.

— A senhora faz muito bem para todos aqui na casa patroa, eles
viviam no automático, até a menina Tasha está sorrindo mais, e o menino
Luke, precisa de uns bons cascudos — Falou sentando ao meu lado no sofá, e
eu ri. — E aquela bruxa da Irina, na verdade, é um insulto às bruxas,
compará-las com Irina, aquela ali é o próprio Lúcifer — Insistiu e eu ri,
olhando para ponta da escada vendo o Iván que também ria. — Eu estou feliz
da senhora estar aqui.

— Eu também Fran, eu acho que não poderia estar em outro lugar. —


afirmei, ela bateu as mãos.

— Aí que bom, pois, até o humor do patrão melhorou, a dona


Jaqueline gritava que era falta de sexo…

— Fran… — Iván a chamou, e ela pareceu a garota do exorcista


virando a cabeça — Então você e a senhora minha mãe, conversam sobre a
minha vida sexual? — Perguntou Iván se fingindo de bravo.

— Claro que não patrão… Eu vou ver o café da manhã — disse Fran
e saiu rapidamente da sala tropeçando nas mesinhas, e eu e Iván ficamos
rindo.

Iván veio na minha direção e me deu um beijo nos lábios, e sentou,


me puxando para os seus braços.

— Você está sem calcinha? — Perguntou e eu lhe dei um tapa nos


braços, e ele riu.
— Não vamos transar agora, eu tenho uma reunião agora cedo —
comentei e ele assentiu, lembrando da reunião que eu e Miranda teríamos
com o contador, e depois iriamos abrir uma investigação referente a clínica
de pesquisa, que tinha CNPJ, capital de investimento e até funcionários, mas
não existia em lugar nenhum, sem telefone e endereço fixo.

— Tudo vai se resolver, mas é estranho, pois, eles receberam vários


pacientes que foram doadores de órgãos — insistiu Iván alisando meu braço.

— Sim, mas o me preocupa são as transações que foram feitas, pela


nossa empresa e essas transações não foram declaradas — acrescentei e ele
me olhou com admiração.

— Sabe o que acabei de confirmar?! Minha mulher é uma


administradora nata, inteligente, perspicaz e linda — Beijou meus lábios,
tínhamos necessidade de manter contato físico — Eu levo as crianças na
escola e dou café da manhã para eles — falou e eu assenti beijando-o,
aprofundamos o beijo e eu me afastei, senão Iván estaria dentro mim, aqui
no chão da sala.

Depois de um dia exaustivo com tantas reuniões só queria ir para casa


e ver as crianças e ficar com Iván. As coisas no hospital estavam melhorando,
eu e Miranda implementamos novas medidas hospitalares. Junto com a Jane e
o Castiel estávamos criando um hospital filantrópico para a comunidade,
então tínhamos muitas papeladas para revisar e custo para analisar. O hospital
vai se chamar Hospital Memorial Ettore Salvatore. Estava concentrada nos
papéis quando porta da minha sala foi aberta.
— Olha se não é a Senhora Brassard, diretora-geral do hospital Saint
Claire — Disse Hannah entrando na sala e eu me levantei para abraçá-la.
— Como você está? — Perguntei desfazendo nosso abraço e
indicando a cadeira para ela sentar.
— Bem, vim realizar a cirurgia de uma paciente importante, e graças
a Deus ocorreu tudo bem, e você como está com Iván ? — Questionou
Hannah, ela era única pessoa que eu conversava no hospital e não era muito,
até porque carregávamos um inferno particular.
— Está caminhando, mas tenho medo. Você sabe da minha história.
Iván é tudo que uma mulher pode desejar em um homem, ele me venera e
sinto que não posso mais viver sem ele.
— É normal sentir medo, eu senti muito medo, fui rejeitada duas
vezes, na segunda quase matei o Castiel. É muito ruim quando criamos
expectativas sobre alguém. — Declarou e respirou fundo — Luiza, eu
indiquei o Iván para trabalhar, pois, ele está muito infeliz, seu mau humor era
três vezes pior e hoje vejo um outro Iván. Ele olha para você e sorri, você
mudou o Iván. — Comentou e eu me emocionei com suas palavras — Minha
mãe sempre diz, que mulher real é aquela que direciona o homem, o
transforma em algo melhor e você é essa mulher na vida do Iván — limpei a
lágrima solitária que escorria pelo meu rosto, a Hannah tinha esse efeito
sobre mim, falava as palavras certas, na hora certa.
— Ele também me mudou, eu não sou mais aquela Luiza, era forte,
determinada, mas não era feliz e hoje tenho uma família completa. Teve uma
época da minha vida que não fazia mais planos, e hoje eu me pego fazendo
planos com Iván. — Confidenciei e ela assentiu com sorriso.
— Então faça planos e os realize, enfrentem juntos todos os
obstáculos e o principal sejam felizes… agora vamos jantar naquele
restaurante maravilhoso, lá tem um peixe delicioso.
Sai com Hannah, mandei mensagem para o Iván e ele disse que as
crianças estavam bem e que eles iriam assistir um filme, e que poderia ficar
despreocupada, como não amar esse homem.
14

A vida às vezes te quebra para mostrar que o seu lado mais bonito é o
de dentro, eu me sentia assim com a Luiza não quis deixar ela terminar sua
frase, pois, ainda não queria impor nada a ela, mas para minha surpresa ela
demonstrou a melhor reação possível naquele momento o instinto materno
falou mais alto, já sabia que ela era a mulher da minha vida, e a cada
momento, a cada atitude dela tenho ainda mais convicção disso, valeu a pena
cada investida para tê-la ao meu lado, hoje desde a briga ela e Noah sempre
que podiam estavam conosco, Tasha teve pesadelos e chamava por Luke, faz
três dias que não o via, estava caminhando pelos corredores do hospital
distraído quando escuto alguém me chamar.

— Dr. Sánchez tenho que falar com senhor — disse a enfermeira


Keises, notei que estava corada e tímida.

— Pode falar senhorita Keises — Comentei na maior calma possível,


apesar do meu desentendimento com meu filho Luke, tudo estava
caminhando bem e estávamos vivendo um momento de paz, mesmo sabendo
que estava longe de termos a paz mundial em nosso lar.

— É... que... — Percebi que estava com receio de falar comigo, e eu


não entendia aquele medo que todos tinham ao falar comigo, eu não era uma
pessoa fácil de lidar, mas também não era um monstro.

— Fala logo... — insisti, um pouco rude a assustando, eu estava


impaciente batendo o pé direto no chão.

— Doutor... É o Lu...Dr. Luke Sánchez ele não veio trabalhar hoje e


ontem pediu para fazer uma troca de plantão com outro residente, e antes de
ontem também não apareceu. Ele nunca foi de faltar a residência e estou
preocupada, aliás... — deu uma breve pausa e continuou — todos gostamos
muito do seu filho — notei um certo pesar em sua fala, tinha mais coisas
embaixo daquele tapete. Eu não via meu filho desde a nossa briga há três
dias, o que me deixou mais preocupado, pois, Luke poderia ser um ingrato,
mas sempre teve muita responsabilidade com sua residência médica, respirei
fundo, algo estava muito errado.

— Obrigada por me avisar senhorita Keises — ela apenas acenou a


cabeça e saiu triste, meu filho era muito querido, ela deu alguns passos e
parou se virando em minha direção.

— Ah, doutor nos dê notícias dele, por favor! — Acenei com a cabeça
e ela seguiu pelo corredor central do segundo andar do hospital.

Há três dias que esse sentimento de dor era tão intenso, eu não
conseguia ver mais nada além da tristeza, já pressentia que algo de ruim
estava acontecendo, e minha mãe sempre me disse que uma intuição ou um
pressentimento é a voz do nosso anjo da guarda sussurrando ao seu ouvido,
então sempre devemos escutar.

Tentei ligar para celular do Luke, mas sem sucesso, segui em passos
largos até a sala da minha mulher, passei pela dona Vânia, ela falou algo e eu
apenas assenti e abri a porta, fui entrando sem avisar na sala de Luiza e
encontrei dois pares de olhos na minha direção, Miranda sentada na cadeira
em frente à mesa e Luiza estava sentada na cadeira ao seu lado, minha
mulher rapidamente percebeu que tinha algo errado.

— Bom dia cunhado, bom já percebi que quer conversar com minha
irmã, já vou indo — disse Miranda se levantando, olhei para Luiza meio
perdido.

— Bom dia, cunhada, pode ficar. Meu anjo, vim avisar que vou
procurar por Luke, estou com um pressentimento ruim, ele não aparece para
trabalhar há três dias. Vou até à casa da Irina, pois, ele também não me
atende — no mesmo momento Luiza foi até bancada atrás da sua mesa e
pegou sua bolsa.

— Eu vou com você — afirmou contornando sua mesa e vindo na


minha direção, suas palavras aqueceram meu coração por sua atitude. — Mi,
depois conversamos. — Miranda assentiu.

— Me liga, se precisarem de qualquer coisa e mandem notícias —


pediu minha cunhada.

— Está bem, eu vou na minha sala, pegar a chave do meu carro —


disse, meio desorientado. Luke era meu menino, apesar das brigas eu o
amava e não poderia perdê-lo.
— Iván, vamos no meu carro, você não está em condições de dirigir.
— Insistiu Luiza pegando seu sobretudo, ainda estava paralisado, Luiza se
aproximou, alisou meu rosto, me acalmando e segurou minha mão com
firmeza.

— Meu medo é ele não estar na casa da Irina, eu o mandei ir


embora... — disse já tomado pela culpa, se algo tiver acontecido com meu
filho, nunca irei me perdoar.

— Não fica assim cunhado, se não o encontrar nos ligue, Oliver e


meus cunhados conhecem muita gente com você mesmo sabe, mas vai da
tudo certo — acrescentou Miranda e deu duas batidinhas com a mão em meu
ombro.

— Não dispenso, obrigada! — Saímos da sala de Luiza e a vi pedindo


para Vânia cancelar a minha e a sua agenda do dia, e seguimos para
estacionamento, devo agradecer a Miranda pelo elevador privativo.

Luiza foi dirigindo, durante o percurso até a casa da bruxa da minha


ex-sogra, um filme se passou em minha cabeça, a minha felicidade e da
Fernanda ao descobrimos a gravidez dele, ele me chamando de pai, o
primeiro tombo da bicicleta, a primeira briga na escola, a primeira namorada
e nossas brigas que só foram piorando a cada ano. Tudo que queria era meu
garoto de volta, brincalhão e parceiro de sempre.

— Chegamos! — disse Luiza ao meu lado, estava tão inerte em meus


pensamentos que percebi que já tínhamos chegado, o porteiro quando me viu
autorizou nossa entrada no mausoléu e seguimos de carro até a entrada da
mansão, desci do carro ainda tinha a escadaria até a porta, subi com coração
na mão, pois, queria muito que Luke estivesse lá dentro, nem precisei subir
todos os lances da escada, Irina já me esperava no topo da escadaria com toda
a sua indiferença e sempre elegante.

— Ora..., ora o que meu querido genro quer aqui, e ainda trouxe a
vagabunda da amante — Gracejou Irina admirando suas mãos.

— Ex-genro... E sem ironias por hoje, e respeita a minha mulher,


onde Luke está? — Questionei ainda terminando de subir às escadas, não
estava com paciência para essa imitação barata da feiticeira de Nárnia, meu
foco era apenas o meu filho.

— Não vejo o meu neto há três dias, pensei que estivesse com você!
— Exclamou mudando sua posição indiferente, para preocupada.

— Como assim? Ele disse que vinha morar com você. — Algo não
estava certo nessa história. Lembrei das palavras de Tasha que ela e Luke
sempre brigavam.

— O que você fez com o meu menino seu desgraçado? Você o


expulsou de casa para levar sua amante? — Vociferou aos gritos e começou
a me socar, quando fiquei frente a frente com ela, segurei suas mãos com
força.

— Irina hoje não quero perder a minha paciência com você, apenas
quero encontrar meu filho — estava com um aperto no peito, mesmo com as
nossas brigas e acusações nunca deixei de me importar.

— Filho? Você nunca cuidou dele direto desde que minha filha
morreu, seu maldito assassino! — Quando já estava perdendo a minha
paciência com as suas provocações, Luiza interviu.

— Senhora chega, seu neto está desaparecido, ele nunca faltou em um


plantão. Agora não é hora para brigas e sim momento de agir, antes que algo
pior possa acontecer — vi a postura de Irina mudar, e meu coração se
apertou.

— Você tem toda razão — Concordou Irina, num sussurro quase


inaudível.

— Quando foi ultima vez que conversou com ele? E como ele estava?
— Perguntou Luiza preocupada, Irina a olhou de cima a baixo antes de
responder.

— Revoltado como sempre, desde que a mãe foi morta, ele anda
muito nervoso — disse me olhando, sempre buscava uma forma de me
provocar, era incrível.

— Ele te disse algo? — Perguntei.

— E precisou? Ele sempre está agressivo em suas respostas, quando


não esta respondendo apenas com uma palavra o restante do tempo me
ignora, vou ligar para ele. — disse pegando seu telefone no bolso da sua
calça, discou o número esperou, e não obteve resposta vi seu semblante
mudar novamente — apesar de ser assim todo revoltado ele nunca deixou de
me atender, quando não pode me atender, sempre me envia uma mensagem
de texto, meu Deus onde está meu neto? — único ponto fraco dessa megera
era meus filhos, fora isso essa mulher era uma pedra de gelo.

Várias lembranças de nós dois, se passaram pela minha cabeça, suas


atitudes com Tasha, como estava alterado em minha casa e a contestação da
Luiza, sobre estar usando drogas. E se realmente Luke estiver usando drogas?
Ou se estivesse andando com pessoas erradas, e pior alguém tivesse feito algo
com ele. Sem saber o que fazer me sentei na escada e comecei a chorar,
estava me sentindo um fraco, um pai de merda, não sabia nada sobre o meu
filho.

— Meu amor, vamos à delegacia para registrar ocorrência de


desaparecimento, vou ligar para Miranda e ver se o Oliver pode nos ajudar —
disse Luiza, agachada na escada e abraçada a mim, concordei, levantamos e
descemos às escadas.

— Eu vou com vocês, vou apenas pegar minha bolsa. Aliás, podem
ir, encontro com vocês na delegacia, talvez consiga ajudar em algo. —
Insistiu Irina apenas acenei com a cabeça, nunca esperava essa atitude dela,
descemos às escadas e mais uma vez minha mulher foi dirigindo, até porque
estou impossibilitado emocionalmente, Luiza segurava minha mão e soltava
somente para passar a marcha do carro, peguei meu celular e avisei minha
mãe e pedi ajuda ao meu pai, só conseguia pensar no meu filho, e pela
primeira vez depois de anos clamei a Deus que cuidasse dele.
15

Nós temos três casas, o corpo, terra e mente, então devemos cuidar
bem delas. A vida não é fácil, então temos que ficar cada vez mais fortes,
mesmo que seja difícil. Sei que estamos longe do final feliz que venho
buscando junto a Iván, e cheguei à conclusão que intimidade não é só sexo! É
rir junto, e entender o problema do outro. Superar os obstáculos que a vida
nos coloca, como agora que estamos aflitos na delegacia aguardando notícias
do Luke.

— Sim delegado Stone há três dias que não tenho notícias do meu
filho, não é da natureza dele sumir assim. — Explicou Iván, ele estava
sentado e eu estava em pé atrás dele acompanhando a conversa deles.

— O problema é que seu filho é maior de idade, entretanto, isso não


significa que não vamos procurá-lo, mas o procedimento é outro. Seu filho
tem namorada ou, amigos em outra cidade? — Questionou Stone, digitando
algo no computador.

— Meu filho é de pouca interação, nunca foi de ter amigos — sabia


que era perguntas de rotina, mas não iriamos conseguir nada ficando aqui
parado, enquanto o tempo corria.

— Delegado chega de perguntas idiotas e faça seu trabalho, meu neto


está desaparecido há três dias e o senhor está há meia hora fazendo perguntas
que não vão nos levar a lugar nenhum, estamos apenas andando em círculos.
— Disparou Irina sentada ao lado de Iván batendo as ponta das unhas sobre a
mesa.

— Senhora Butler, contenha-se agora é apenas um aviso, da próxima


será presa por desacato a autoridade — Exclamou e Irina o ignorou e
continuou a falar.

— Então faça seu trabalho e encontre meu neto — Insistiu ao


delegado, que dessa vez não disse nada, o sobrenome Butler tinha muita
influência em Moncton, era uma das famílias mais ricas e influentes.

— Me passe todos os nomes possíveis de conhecidos do ambiente de


trabalho, faculdade, até o amigo de infância, qualquer informação é
importante. — disse, Iván pegou o papel e começou a escrever vários nomes
e entregou para Stone, que tirou foto, em seguida pegou o telefone e
começou a discar.

— Senhorita Hill, pede para a equipe localizar essas pessoas da lista


que eu envie, e perguntem sobre Luke e passe um alerta para todas as viaturas
da cidade, com as características do Luke Sánchez — disse e desligou.

— Delegado... eu e minha mulher, temos uma suspeita que meu filho


está usando drogas — Comentou Iván, e eu senti dor em sua voz, sabia o
quanto é difícil dizer essas palavras em voz alta, apertei seu ombro em forma
de apoio enquanto Irina olhava para ele incrédula pelo que acabara de
escutar.

— Porque não me disse isso antes Iván? — Questionou Irina ainda


impactada com revelação de Iván.

— E tem como conversa com você? Sempre que estamos no mesmo


lugar você está me atacando por algum motivo. — Afirmou Iván, mas sem
muito ânimo de prolongar o assunto, Irina apenas assentiu, pois, sabia que era
verdade, sempre que ele ia pegar Tasha em sua casa, ela não perdia a chance
de atacá-lo.

— Senhores, preciso da atenção de vocês. — Informou o delegado


Stone dando uma pausa e voltamos a atenção a ele. — Isso que acabou de nos
dizer é muito importante, vou anexar nas informações — disse e pegou
telefone em sua mesa e ligou para a Senhorita Hill, pede uma busca na parte
de periférica da cidade, o Dr. Sánchez acabou de informar que o seu filho é
um possível dependente químico — relatou e desligou o telefone.

— Como devemos proceder agora delegado? — Perguntou Iván e


Irina ao mesmo tempo.

— Estamos fazendo nosso trabalho, assim que tivermos mais


informações iremos entrar em contato, já solicitei a autorização para rastrear
o telefone dele — disse unindo as mãos sobre a mesa.

— A autorização estará em sua mesa em cinco minutos — informou


meu sogro entrando na sala do delegado.
— Nós podemos ajudar a procurar, assim fica mais fácil —
acrescentou Irina, apreensiva, todos estávamos, a ponto de perdemos a razão.

— Não antes de averiguarmos a veracidade da informação — disse


Stone e o pai do Iván caminhou até a porta, e tirou o celular do bolso.

— Você já tem a sua autorização é só atender o telefone — percebi o


delegado engolir seco — Agora vá trabalhar e ache meu neto, vamos procurá-
lo. — Nesse instante o telefone do delegado tocou.

— Superintendente, boa tarde! — disse o delegado assustado.

— Vamos procurar pelo Luke, filho — Meu sogro chamou o Iván, e


todos levantamos.

— Vamos! — Chamou Iván pegando em minha mão, confesso que


estava suando frio, e com coração na mão para saber se Luke estava bem.

— Vai dar tudo certo meu amor — afirmei e ele me deu um beijo.

Na porta da delegacia houve uma pequena discussão, sobre onde


iriamos procurá-lo e fomos até antigo bairro onde eu morava, onde passei
uma das piores épocas da minha vida, era um bairro muito perigoso, onde não
se podia falar, ouvir e ver absolutamente nada o que era melhor para a nossa
própria segurança. Quando saia tarde do Saint Claire optava por dormir no
hospital, pois, sabia que era muito arriscado entrar tão tarde da noite no bairro
e pior ainda sozinha.

Durante todo o percurso até meu antigo bairro, segurei firme na mão
de Iván e com a outra mão dirigia, o carro de Irina vinha logo atrás e do meu
sogro também, mais atrás reconheci o carro do Oliver, e cinco motos,
passaram a seguir nosso carro, estávamos sendo escoltados pelos seguranças
de Oliver, sombras, como eles chamavam, já estava quase anoitecendo e toda
ajuda era muito bem-vinda.

Logo na entrada o cenário predominante era de casas simples e


casebres, garotos esperando para agir de má-fé, a cidade de Moncton era
tranquila, mas essa parte da cidade era complicada. Havia muita prostituição
e tráfico de drogas, paramos em um lugar estratégico e todos saímos do carro.

— Vi vocês saindo da delegacia e os segui — Comentou Oliver e


Iván apertou a sua mão. Ele cumprimentou meu sogro e Irina, e vi Iván
discando o número de Luke e continuou indo para caixa postal. Iván fechou
os olhos, nervoso.

— Calma, vamos nos separar... Caio você faz a segurança da Luiza e


Iván, Lui vai com Irina e o pai de Iván e o resto se distribui, coloquem os
pontos eletrônicos, vamos apenas encontrar o garoto, envie foto dele para
seus telefones, batam de porta em porta, pergunta para cada prostituta e dê
dinheiro se for preciso — Recomendou Oliver, fomos nos separando, a cada
morador de rua, prostituta parávamos e perguntávamos por Luke, é triste ver
a situação de todos ali. Os homens agarrando as prostitutas e batendo nelas,
homens drogados e vendendo droga, alguns até nos ofereciam, e foi assim
por horas. O pai do Iván mandou mensagem avisando que Luke estava no
bairro, pois, a localização da polícia, informou que ele estava naquela área.
Irina veio em nossa direção e Oliver também, Iván pegou celular e ligou
novamente.

— Está chamando — Gritou aliviado e nós também.

— Escutem esse é o toque do celular do meu neto! — Informou Irina


baixinho e Iván fez menção de ir à direção do som do telefone.

— Espera! — Pedi segurando o braço de Iván — deixa os seguranças


irem primeiro.

— Chefe ... — Gritou Caio segurando um rapaz que se debatia.


A vida vai te colocar em situações que você vai se questionar
constantemente se você realmente precisa passar por isso, e a resposta é sim,
mesmo que tenha um desfecho triste ou feliz ambos vão te trazer lições
valiosas, mas cabe apenas a você lidar com cada uma delas.

Quando vi aquele rapaz com celular do meu filho nas mãos, e quando
percebeu que estávamos olhando o celular que estava tocando em suas mãos
ele prontamente correu, só tive uma reação, correr atrás dele, pois, sabia que
ele sabia aonde meu filho poderia estar, corri e os seguranças vinham atrás,
até que um deles o parou e o jogou na parede.

— Cadê o meu filho? — Berrei em direção ao garoto, ele devia ter


uns quinze anos — vou pergunta pela última vez, cadê o meu filho? —
Inquiri mostrando a foto do Luke pelo celular, e com punho erguido rumo ao
seu rosto.
— Ele me vendeu o telefone, e comprei por um preço em conta —
algo me dizia que era mentira, tinha mais coisa nessa história, meu pai e Irina
se aproximaram, logo atrás veio Luiza, vi que ela estava mancando
levemente.
— Deixa comigo — disse Oliver e fez sinal para o segurança que
sacou a arma.

— Calma... pera aí chefia — disse o rapaz colocando às duas mãos


para o alto em rendição. — Ele estava desesperado por grana para conseguir
mais droga, então comprei o telefone dele — quando escutei suas palavras,
entrei em desespero.

— Quando foi isso? — Perguntei aflito e desesperado.

— Tem umas duas horas.

— Sabe onde ele pode estar? — Perguntou Luiza que estava próxima
a mim e Irina.

— Sim, o lugar que todo filhinho de papai está agora — disse sem
hesitar.

— Onde? Fala logo — Esbravejou Irina.

— Fica ali embaixo, geralmente eles compram droga aqui para usar lá
— apontou com o dedo a direção.

— Vamos! — Disse Luiza, Oliver, meu pai e seus seguranças


tomaram frente e nos juntamos a eles.

A cada passo dado a minha ansiedade só aumentava, a medida que ia


descendo, a paisagem do lugar ia mudando para pior, mas logo em seguida
escutei uma briga no segundo degrau que dava para um beco, era meu filho,
um segurava e outro batia.

— Ei solta ele — Mandei, eles correram e Luke caiu batendo a cabeça


no chão, corri para socorrê-lo.

— Meu Deus — gritou Luiza.

Cai de joelhos no chão, pegando-o em meus braços, ele estava pálido


e bastante machucado, comecei a passar a mão em seu rosto todo cheio de
hematomas, sei que não devia ter pego ele desse jeito, mas era um alívio
finalmente ter encontrado ele, às lágrimas caiam sem parar.

— Vamos sombras ajudem a levar ele, até porque ajuda aqui vai
demora a chegar, dois dos sombras foram atrás dos caras que atacaram ele —
disse Oliver
— Ele não está respirando! Ele não está respirando, não posso perdê-
lo também caralho — a dor em meu peito me consumia.

A vida lhe dará a experiência que for mais útil, para a sua evolução,
mas nunca se esqueça das pessoas que te ajudaram nos tempos difíceis, quem
te deixou e quem te apoiou, pois, seu corpo ouve tudo que sua mente diz,
enquanto a razão desconfia, a intuição já sabe. Acorde sua intuição para
usufruir do dom de conhecer a verdade, mesmo que a mentira e a dor tenha
dado a palavra final.

Ver meu filho aqui em meus braços sem respirar me deixou


desesperado, sei bem como é a dor de perder alguém, e não suportaria sentir
isso novamente.

— Iván calma — pediu Oliver se agachando ao meu lado e pegando o


pulso do Luke — Olha para mim Iván — disse segurando meu rosto —
Vamos levá-lo tudo vai ficar bem, Caio segura a cabeça dele, eu ajudo
segurando o corpo — e saímos correndo rumo ao carro, só escutava Irina
chorando, isso poderia ter sido evitado se ela não estivesse sempre em guerra
comigo, unidos teríamos percebido a mudança de comportamento do meu
filho.

— Meu amor nos encontramos no Saint Claire, vai ficar tudo bem
— afirmou Luiza segurando um meu rosto e secando minhas lágrimas,
quando enfim chegamos até os carros, colocamos Luke deitado no banco de
trás, eu coloquei sua cabeça em meu colo até porque não sabíamos a
gravidade do trauma em sua cabeça. Luke parecia que estava entrando em
uma overdose de drogas, só rezava a Deus que não fosse nada disso.

— Você vai ficar bem meu menino — afirmava alisando os cabelos


de Luke.

Durante o trajeto que não durou mais que quarenta minutos,


passava as mãos no rosto do meu menino me perguntando o porquê de tanta
dor nesses últimos quatro anos, não era justo sempre busquei ser melhor.
Chegamos ao hospital Miranda já estava na porta com a equipe de
emergência, descemos e colocamos Luke na maca.

— Possível traumatismo craniano — escutei Oliver instruindo a


equipe da emergência segui com ele, mas fui barrado logo na porta de
entrada.

— Você não está bem, eu irei acompanhar tudo de perto. Cunhada


cuida dele — pediu Oliver e seguiu para dentro da emergência, ficamos
aflitos aqui do lado de fora, Luiza me abraçou forte.

— Luke é forte e essa tempestade vai passar — Comentou Luiza em


meu ouvido, seu toque era um sopro de calma em meio a tempestade, sou
desperto dos meus pensamentos, ao ouvir alguém em chamar.

— Dr. Sánchez me desculpe chegar assim, mas quando estava


encerrando meu plantão, escutei sobre o Luke — explicou Keises tentando
controlar o choro — eu disse a ele, eu juro, eu tentei ajudar, mas já era tarde
demais — e começou a chorar, se virou e encostou a cabeça na parede, eu
me desvencilhei dos braços da minha mulher e fui até ela segurando o seu
ombro.

— Senhorita Keises a culpa não foi sua, meu filho já andava


estranho há muito tempo, mas fui cego não percebi — ela estava
inconsolável.

— E que você não entende... — deu uma pausa e continuou — eu


me envolvi com Luke desde que ele entrou no Saint Claire, compartilhamos
dos mesmos gostos, até as dificuldades, ele estava superando, mas tudo
mudou há alguns meses — confidenciou e sentou na cadeira próxima a nós.

— Então me diga — Me agachei perto dela e segurei sua mão e


olhei para Luiza que também estava estranhando, pois, Keises sempre foi
atrapalhada, mas era toda contida quando precisava falar conosco, tinha
algo errado nessa historia.

— Eu estou grávida, como vou fazer se Luke não sobreviver, não


tenho condições de criar uma criança sozinha.— Confessou de uma vez
só, eu fiquei em choque como assim nunca percebi que eles tinham algo,
cheguei a desconfiar quando ela me procurou para saber do Luke.

— Como assim? Luke sabe? — Ainda estava assimilando a sua


confissão.

— Estava justamente procurando-o para contar a ele, e ver como


poderíamos fazer, e posso te assegurar seu filho é uma boa pessoa só não
estava sabendo como sair do maldito vício. — Insistiu me olhando secando
às lágrimas.

— Então quer dizer que eu vou ser avó e descubro assim? —


Perguntei entre lágrimas.

— De tudo o que disse, você só prestou atenção nisso doutor? —


Perguntou Keises, mas é que estou surpreso e meu filho está lá dentro,
ainda não sabia qual era seu estado, entretanto, espero que esteja bem.

— Vamos ser avós meu amor — comentei abraçando Luiza e


chorando, acredito que isso é um sinal de Deus.

— Sim, tudo vai se ajeitar está vendo — disse Luiza e olhei para
Keises que me olhava assustada — Vem Keises vamos rezar, vai dar tudo
certo com Luke e nós, a abraçamos.

— O que eu perdi aqui? E como está meu neto? Foi difícil chegar até
aqui, peguei um trânsito, e ainda não tinha o registro do Luke na entrada do
1° andar do hospital. — Falava Irina vindo em nossa direção.

— Meu filho está lá dentro da emergência ainda! — Informei.

— E quem é você? — Perguntou Irina, olhando para Keises com


indiferença.

— Desde quando ele tem namorada? Perguntou sarcástica.

— Desde que ele a escolheu, você nem mesmo sabia que Luke estava
envolvido com drogas, então não começa — decidi não falar da gravidez da
Keises ainda, pois, sabia que seria uma chuva de críticas, por parte da Irina.

— Filho a Luiza me ligou como está o meu neto? — Perguntou minha


mãe chegando mais perto de mim, e me abraçando e olhando Irina de cima a
baixo.

— Ainda não sabemos mamãe, foi horrível ver meu filho daquela
forma, achei que o tivesse perdido — era tão bom ter minha mãe por perto,
ela sempre esteve ao meu lado nos momentos difíceis e felizes.

— Cunhado vai ficar tudo bem com o Luke — escutei a voz que tanto
me enojava nos últimos tempos até mais que a Irina, disse Liam atrás da
minha mãe, abraçado a minha irmã, era o cúmulo do absurdo mesmo.

— Irmão, a mamãe nos avisou, vai ficar tudo bem meu sobrinho, ele
é forte — disse e olhei para Luiza e vi pelo seu olhar que estava
desconfortável com a situação, era só que me faltava, os dois aqui.

— Poderia apenas ter ligado para saber dele — falei ríspido olhando
para os dois.

— Credo Iván você não era assim, ficou assim depois que conheceu
essa... — disse olhando para Luiza.
— Saiam os dois daqui agora — Esbravejei e ela me olhou assustada
— agora caralho agora — Liam me olhou assustado.

— Iván meu amor você está em um hospital — Luiza tentava me


acalmar, e só então me dei conta.

— Eu te disse meu amor que era melhor ligar — disse Jéssica


indignada.

— Devia ter ligado mesmo não suporto esse seu marido, e nem suas
atitudes mesquinhas, Jéssica, agora some. — nada foi dito eles nos olharam
com raiva e foram embora, se passou meia hora, Oliver e o Dr. Evandro
recém-contratado do hospital, que já trabalhou aqui no passado, mas voltou
recentemente, era um senhor por volta de sessenta anos, alto, amava medicina
desde que se aposentou das aulas na faculdade resolveu trabalhar aqui
novamente, cruzaram a porta da emergência meu coração deu um salto, e
corri na direção deles.

— Como meu filho está ? — Perguntei desesperado, e Evandro olhou


para o prontuário eletrônico.

— Agora ele está bem, conseguimos estabilizar seu quadro,


descartamos uma overdose, mas seu organismo já está no limite devido ao
uso de entorpecentes, descartamos qualquer tipo de traumatismo craniano, ele
acordará em breve.
— Posso ver ele ? — pedi e respirei aliviado, mas sabia que seria um
longo caminho até ele conseguir sair dessas merdas, contudo, esperava que o
choque da quase morte e agora o filho o tirasse dessa vida, me lembrei da
Fernanda o quanto estaria feliz com esse bebê me fez relembrar das nossas
conversas no tempo da faculdade.

— E adianta dizermos não para o senhor diretor do Saint Claire? —


Comentou Oliver sorrindo.

— Evandro não sabia que te encontraria por aqui antes de amanhã...


quer dizer, do nosso encontro — mencionou mamãe, e olhei para ela e
Evandro.

— De onde conhece o Dr. Evandro mamãe? — Questionei, não é


possível que era de onde eu estava imaginando.

— Ué meu filho do Tinder, de onde mais poderia ser, já que estou


longe de frequentar encontro da terceira idade — Gracejou e todos na sala
riram, depois ela vai me explicar essa história, direitinho, todos entraram para
ver Luke, mas Keises decidiu entrar por último.
16
Mesmo que tudo esteja obscuro agora, nunca deixe de acreditar em
dias melhores, sempre haverá os dias difíceis, entretanto, os dias de glória
sempre chega,
Nesses dois meses que se passaram, estávamos todos felizes com a
recuperação do Luke, ele entrou em abstinência, Iván o levou à clínica de
reabilitação, sempre íamos visitá-lo, ele estava tomando os remédios para
ajudar na desintoxicação, faz quinze dias que ele está em casa, tinha voltado a
trabalhar e por enquanto estava apenas realizando consultas, mas o que
importa é que ele está bem e conosco em casa, fazendo planos para o
nascimento do filho ou filha, já estava ansiosa para ser avó como diz meu
bipolar, a gravidez da Keises foi um dos impulsos necessário para Luke
recuperar a relação com o pai.
A relação de pai e filho havia melhorado bastante, eles assistiam jogo
de basquete e futebol juntos, ontem Iván, Luke e Noah foram assistir um
jogo de basquete, Iván pegou uma área reservada, pois, Noah, não gosta de
locais com muitas pessoas e eu e Tasha tivemos a noite das meninas
assistimos filmes, pintei as unhas dela, fizemos bolo e relaxamos na banheira
chamamos a Keises, mas estava de plantão.
— Luiza! — olhei para porta e vi Jane, entrando com pequeno Matteo
no colo, levantei e fui até ela e peguei aquele pequeno gorducho nos braços
que veio todo animado para os meus braços, a cada dia ele estava mais lindo
nunca estranhava ninguém era um bebê tranquilo, Lena e Tasha tem
verdadeira adoração por ele, até me faz rir lembrar da situação porque às duas
tratam ele como se fosse um boneco, e o mimam muito.
— Como você está? — Perguntei para Jane, e olhava para Matteo que
ria mostrando suas gengivas sem dentes era todo cheio de graça e fofura.
— Bem, e você? Estava tão distraída quando entrei. — Disse me
analisando
— Estou bem, pensado em como tudo muda de repente, e em como
minha vida deu um giro de 360° graus. — Comentei e respirei fundo, pois,
precisava entrar em um assunto delicado — mas o hospital eu não sei, nada
foi encontrado sobre a empresa de pesquisa, pedi uma reunião com o
representante e foi desmarcada pela suposta secretária.
— O que as meninas falaram sobre isso? — Questionou Jane
sentando no sofá da sala, e eu me sentei com Matteo em meus braços.
Quando ela falava meninas se referia a Valentina e Sarah.
— Sarah disse que iria investigar a empresa, e Valentina entrou com
um pedido de cancelamento de contrato. E tem mais uma coisa, descobri
altos pagamentos para pacientes e todos eram pacientes do Graysson. —
Acrescentei
— Graysson desligava as máquinas dos pacientes terminais, Marcel
devia pagar as famílias para eles não falarem nada. — Confidenciou Jane e
fiquei de boca aberta, diante daquela informação como pode um ser humano
assim, se bem que se tratando do Graysson pode se esperar tudo, ainda mais
depois do que fez com Briana, ele é um monstro.
— Como está o doutor Evandro? — Perguntou Jane, depois de um
tempo.
— Ele é um ótimo médico, sua agenda está sempre cheia. Isso me
lembra o hospital, organizei todos os gastos e as meninas já deram entrada,
em breve vamos poder começar a obra. — Sempre muito prestativo, nos
apoiou em tudo que passamos com o Luke, e fora que está louco com a
minha sogra.
— Ai que bom! Pelo menos uma boa notícia. Falando em coisa boa,
onde está Iván? — Questionou Jane batendo as mãos. Ela tinha se tornado
uma segunda mãe para mim, ela me ligava todos os dias, sempre me apoiava
dava broncas quando precisava, e era uma ótima vó para às crianças, aliás,
sempre fazia tudo que elas queriam, a casa vira uma verdadeira bagunça com
todas às crianças estão lá. Aos sábados almoçávamos na minha sogra, e
sempre aos domingos passávamos o dia na casa da Jane, às vezes eu e o Iván
saiamos à noite e Jane ou Miranda ficavam com às crianças, e Miranda
também deixava Lena e Gio comigo, para sair como o Oliver.
— Está em reunião, na verdade, hoje estará em várias reuniões.
Miranda está em cirurgia, então o Iván assumiu agenda dela.
— Como está o Luke, vi ele pelos corredores do hospital. —
Perguntou, dando o mordedor para Matteo. Ele pegava e jogava no sofá, e
Jane pegava novamente e entregava a ele.
— Está bem, se recuperando, e se Deus quiser, ele sairá vitorioso, e
vai ser um grande homem igual ao pai, e futuramente um ótimo pai também.
— Comentei, pois, quero o bem de todos eles, considerava o Luke como um
filho, mesmo tendo idade para ser meu irmão mais novo.
— Você se apegou a eles, também não tem como não se apegar. A
Tasha é linda — disse, e assenti orgulhosa da minha menina que também
passou a ser o meu mundo, amo fazer coisas de garota com ela, como
comprar roupas, ir ao salão, sempre quis ter uma menina e agora estava
vivendo tudo isso às vezes fico admirada de como ela se apegou a mim.
Eu e Jane ficamos conversando, perto do horário do almoço recebi
uma mensagem do Caio informando que tinha pego Noah na escola e estava a
caminho da fonoaudióloga, guardei os papéis no cofre da sala, peguei minha
bolsa e a chave do carro, saímos da sala e fomos até a sala do Iván, mas ele
estava em reunião e Vânia também não estava em sua mesa.
Eu e Jane caminhamos até o elevador privativo, entramos e descemos,
seguimos para o estacionamento, eu ajudei Jane a colocar Matteo na
cadeirinha e ela entrou no carro, em seguida entrei em meu carro e segui para
a fonoaudióloga do Noah, ela atendia no hospital, mas não era seu dia de
plantão no Saint Claire.

A consulta de Noah foi tranquila, ele estava cada vez mais esperto,
hoje as atividades foram todas lúdicas e ele praticou bastante a fala. Eu
gostava de acompanhar e ver a evolução de perto, a psicóloga havia dito na
última consulta que ele estava mais aberto ao diálogo, e que a mudança de
ambiente tinha feito muito bem para o meu filho. Passei no shopping e
comprei três jogos de Lego do Minecraft para o Noah, ele adorava montar e
jogar, e tinha um outro de PK XD, que até Iván e Tasha jogavam também.
Luke era mais parecido comigo, não curte muito essas coisas relacionadas à
tecnologia, e diferente da Keises que amava ler e tinha vários grupos de
leitura em seu aplicativo de mensagens instantâneas, eu até a presentei com
vários livros, pois, Luke disse que ela ama ler em seu tempo livre.
Estava agora deitada com Noah no sofá, tinha feito pipoca doce e
salgada, eu e Noah tínhamos mania de misturar as pipocas, ficava uma
delícia. Estávamos assistindo Pantera Negra (Black Panther), o que me fez
recordar a tão precoce morte do ator principal Chadwick Boseman, esse filme
é lindo, retrava a cultura africana, e as cenas de luta tinham um pouco de
tudo, dambe, capoeira de Angola, luta de bastões zulu e luta livre senegalesa,
e a trilha sonora nem preciso comentar, teve referências ao Nelson Mandela,
e o principal mostrou a força das mulheres, e que foram verdadeiras
guerreiras. Que lindas e formidáveis.
Escutamos a porta ser aberta e em instantes Iván entrou na sala
retirando a gravata, me olhou com uma aparência de cansado, sabia que seu
dia tinha sido puxado. Continuei olhando para porta esperando Tasha entrar,
mas ela não veio e sim Luke, que estava procurando algo em sua mochila.
— Tasha ficou na Irina? — Perguntei e os dois me olharam
rapidamente, com os dois olhos arregalados, o olhar de Iván passou de
indignado para desespero.
— Cadê a Tasha, Luiza? Você disse que iria buscá-la na escola, porra
— bradou vindo em minha direção assustando Noah, que me abraçou,
fazendo Iván recuar.

O silêncio é precioso e as palavras são


triviais, aprenda quando falar e quando se
calar, tudo tem sua medida exata, basta saber dosar, pois, palavras foram de
hora machucam, mas que um tapa na cara, e ele pode ser a chave pala abrir
mil portas.
O silêncio em determinadas situações é essencial, precisamos saber
que sempre temos o momento de falar e o de permanecer em silêncio, muitas
vezes em algumas ocasiões as palavras machucam mais que um tapa na cara.
O dia estava sendo exaustivo, olhei no relógio e já estava atrasado
para buscar Tasha na escola, iria deixá-la na minha mãe, pois, Luiza devia
estar na consulta do Noah, infelizmente tínhamos que nos dividir em quatro,
ao menos até o fim de ano porque no início do próximo ano colocaríamos às
crianças no mesmo horário na escola. Para o Noah as mudanças são difíceis
estão precisávamos ir com calma nessa mudança de horário, e acompanhá-lo
todos os dias.
Encerrei a reunião, passei no escritório correndo e peguei a chave do
carro e fui para o estacionamento, peguei o elevador privativo, e ao passar
pela recepção ouço alguém me gritar.
— Doutor Iván, a senhora Brassard, me pediu para avisar que vai
buscar sua filha na escola. Eu estava subindo para avisar o senhor —
informou a recepcionista.
— Por que ela não ligou para a nossa secretária e assistente pessoal
Vânia — perguntei, achando isso estranho.
— Ela disse que não estava conseguindo falar com a dona Vânia e
nem com senhor. — Peguei meu telefone no bolso e vi que estava desligado.
— Obrigada, menina. — Agradeci e voltei até o meu escritório,
revisei alguns papéis e voltei para outra reunião.
O dia foi cansativo, mas eu amava o meu trabalho, essas reuniões de
medicamentos, procedimentos cirúrgicos, revisão de cirurgias que foram
acusadas de serem negligenciadas e mais outras coisas burocráticas que eram
bem extenuantes. Estava juntando minhas coisas e ouvi a porta ser aberta.
— Pai, vou pegar carona com o senhor, deixei o carro com a Keises,
ela vai ficar no turno da noite — comentou Luke com sua mochila nas
costas.
— Tudo bem filho, vamos para casa — falei terminando desligar
tudo, já passava das 18h00.
— Não vamos pegar a Tasha na vó Jacqueline? — Perguntou,
enquanto saímos do escritório.
— Luiza buscou a pequena na escola. — informei e ele assentiu.
Descemos em silêncio, passamos pela recepção, entramos no carro e
seguimos para casa.
— Pai, quando o senhor soube que amava a Luiza? — Perguntou
Luke de repente, eu parei para pensar e não tinha resposta.
— Não sei filho, pode ter sido a primeira vez que a vi, ou quando nos
beijamos, ou quando a fiz minha... — me perdia quando falava sobre o amor
da minha vida, meu anjo Luiza Brassard
— Pai me poupe dos detalhes não quero imaginar você e Luiza
transando. — Gracejou e eu ri.
— O que eu quero dizer filho, é que não imagino minha vida sem ela,
a Luiza me completa de um tal maneira que eu não sei explicar, gosta da
Tasha e de você como filhos, mesmo você tenha idade para ser irmão dela.
O resto do trajeto tinha foi feito entre muitas risadas. Luke contou do
seu dia, minha relação com ele tinha melhorado 100%, ele tinha voltado a ser
meu amigo como antes. Luke precisou chegar no fundo do poço para
perceber que estava levando a vida de maneira errada. Eu estava muito feliz
pelo meu filho e pela sua superação dia após dia.
Chegamos ao prédio e estacionei e subimos, era nítido o quanto
estávamos cansados, fazer residência médica não é moleza, Luke está dando
sorte, que nesse período de readaptação ele está ficando somente doze horas
no hospital, porque geralmente é de 24 a 48 horas que ficamos presos no
hospital. Entramos em casa e vi Luiza com Noah na sala, mas não vi Tasha,
pensei que ela estava dormindo, Luke entrou logo atrás, mas meu mundo
parou.
— Tasha ficou na Irina? — Perguntou Luiza e meu mundo parou,
entrei em desespero.
— Cadê a Tasha, Luiza? Você disse que ia buscá-la na escola, porra!
— Esbravejei indo em sua direção assustando Noah, então recuei.
— Luke sobe com Noah, por favor! — Pediu Luiza séria, Luke pegou
Noah no colo, mas não sem antes deixar seu recado.
— Pega leve! — disse me olhando sério.
— Primeiramente abaixa o tom — exclamou Luiza quando Luke
sumiu da escada — segundo eu nunca disse que pegaria Tasha na escola, até
porque eu tinha a consulta com o Noah.
— Você ligou para hospital, e disse que iria pegar Tasha na escola,
deixou recado com a recepcionista — disse puxando meus cabelos
— Eu não deixei recado com ninguém — gritou Luiza, apontando o
dedo para mim.
— Eu jamais imaginei isso de você Luiza, como você pôde? —
Indagava, porém, não conseguia olhá-la, estava com ódio.
— Como pude o que? Espera você acha que eu planejei deixar Tasha
na escola? — Perguntou e eu me calei, vi Luiza recuar, sua respiração ficou
irregular, ela colocou a mão no peito, fiz menção de ajudá-la, mas ela me
parou — Minha menina… Aí meu Deus, levaram Tasha… Se ela estivesse na
escola já teriam me ligado… Minha pequena não…. — disse e a minha ficha
caiu, que merda aconteceu com minha filha?!
— Preciso achá-la, vou na escola — Acrescentei indo até saída do
apartamento, a escola era período integral deveria ter alguém no local ainda.
— Eu vou com você. — Informou Luiza, pegando o telefone e vindo
na minha direção.
— Eu acho…
— Tente me impedir Iván, e guarde seus achismos para você — disse
ríspida e passou por mim.
— Luiza, não vou perder meu tempo com você, vou achar minha
filha. — Insisti me afastando, entramos no elevador e vi Luiza digitando uma
mensagem e depois bloqueou a tela. Descemos até o estacionamento,
destravei o carro e entramos. Arranquei o carro da garagem, Tasha e apenas
uma criança, caralho. O caminho foi em completo silêncio, Luiza não olhava
na minha cara. Assim que cheguei na escola da minha filha, fui até à portaria.
— Boa noite, seu Pedro sabe me dizer se tem alguém da direção na
escola para me passar uma informação sobre uma aluna do maternal? —
Perguntei ao porteiro um senhor de meia-idade de cabeça branca.
— Boa noite, senhor...
— Iván Sánchez — informei completando sua frase.
— Tem sim, a diretora e os coordenadores estão em uma reunião, se o
senhor quiser, posso telefonar para sala de reunião e falar com a Sra. Moore.
— Obrigada Sr. Pedro, pergunte por favor se a aluna Natasha Butler
Sánchez, está com ela? — ele telefonou para a diretora e meu coração de um
salto sem saber onde estaria a minha menina, Luiza estava calada apenas
observando.
— Senhor Sánchez a diretora, Moore, me informou que a sua filha
foi entregue a avó ... Me lembrei agora, seu Iván, sua filha foi embora com
uma mulher de cabelos loiros e longos, diretora liberou, pois, a avó informou
que era uma emergência familiar, só não me recordo o nome dela, ela vem
duas vezes na semana buscar sua filha, a menina Tasha nem chegou a assistir
as aulas, saiu antes do intervalo — desgraçada, dessa vez Irina tinha passado
de todos os limites, todos…
— O senhor está falando que Natasha foi levada pela sua Irina
Butler? — Questionou Luiza ao meu lado, até então minha mulher está
calada.
— É esse mesmo o nome dela. — Informou Pedro, e Luiza assentiu,
me olhando seriamente. Eu engoli seco, havia sido um bastardo com ela, um
merda de homem. Ela não iria me perdoar.
— Obrigado, senhor Pedro — agradeci, e seguimos para casa da
bruxa. Irina iria me pagar muito caro. Luiza se sentou e ficou olhando pela
janela.
— Meu amor…
— Agora não Iván, e sem essa história de meu amor, o que me
interessa é saber se Tasha está bem, apenas isso.
Seguimos a viagem em total silêncio, e só pensava que Luiza iria me
deixar, eu não poderia perdê-la, meu Deus o que eu fiz?!
Entrei na propriedade de Irina igual um louco, quando o porteiro viu
meu carro prontamente liberou a minha entrada. Hoje daria basta em toda
essa merda, tive consideração com ela pela Fernanda, mas já chega. Até
quando ela iria fazer da minha um inferno subi às escadas, até o mausoléu
que a vadia chamava de mansão, o mordomo abriu a porta entrei, senti meus
braços serem puxados e me virei, era Luiza.
— Se acalma, pela Tasha! — pediu séria, e eu assenti, nesse instante
vejo Irina entrando na sala e eu não me aguentei.
— Irina sua desgraçada, você é o capeta em forma de gente —
Berrei, o mordomo caminhou até Irina, que estava com os de dois
arregalados, caminhei até ela e empurrei o mordomo.
— Me diga até quando vai infernizar a minha vida? O que eu te fiz?
Responde sua infeliz — vociferei próximo ao seu rosto. Irina recuperou sua
postura e não se intimidou e riu na minha cara.
— Você ainda tem coragem de perguntar?! — e me encarou de igual
para igual com toda a sua arrogância— Você matou minha filha, seu
desgraçado assassino… Eu quero ver você sofrer, e essa puta manca também
— rosnou, quando iria revidar, Luiza entrou à minha frente e acertou Irina
com um tapa e depois deu outro, no outro lado do rosto.
— Lave sua boca para falar de mim, se você é infeliz e não tem amor
problema é seu, mas nunca mais fale de mim ou use a Tasha e Luke para suas
perversidades — esbravejou Luiza, e Irina a olhou com ódio, levantou a mão
para bater na Luiza, mas minha mulher segurou em um ótimo reflexo.
— Sua bastarda, nem seu pai te quis — Luiza a acertou outro tapa,
que fez Irina quase cair. Segurei Luiza, quando Irina levantou a cabeça seu
rosto estava com a marca da mão da Luiza e com um corte em seus lábios.
— Calma meu anjo! — Pedi e Irina se levantou limpando os lábios.
— Você vai me pagar caro e você ...—começou a falar olhando para
mim, e logo a cortei.
— Escuta aqui você… Irina você tem ideia da gravidade das suas
ações hoje? Você não é maluca Irina, você tirou Tasha da escola, armou para
me falarem que Luiza a tinha pego, o que pretendia? Fala porra!
— Acabar com você, eu quero tirar a Tasha de você…
— Mas não vai acontecer, eu sei que seu problema é comigo, mas se
descontar nas crianças novamente, te bater será pouco — exclamou Luiza e
segurei a mão da minha mulher.
— Você está proibida de ver Tasha, o Luke é maior de idade, mas
Tasha vai ficar longe de você.
— Você não pode fazer isso, seu filho puta… desgraçado — gritou e
começou a me bater, segurei seus braços, ela continuou gritando e minha
filha chegou chorando assustada.
— Vovó não briga com o papai não por favor, papai eu quero a tia
Luiza — disse chorando de soluçar com uma boneca nos braços, sem pensar
duas vezes larguei Irina a peguei no colo, Luiza veio em nossa direção e
Tasha se jogou nos braços dela, minha filha tremia.
— Vamos embora — chamei e deixei Irina aos gritos, ela ainda tentou
me puxar, mas me soltei bruscamente. Fui embora, pois, se ficasse mais
tempo na presença de Irina seria ainda pior, eu nunca bateria em uma mulher,
mesmo ela sendo um monstro igual a minha ex-sogra. Irina gritava algo, mas
não dei atenção, ajudei Luiza a colocar nossa filha na cadeirinha e
seguimos para a minha casa. Durante todo percurso só rezava para que Luiza
perdoasse a minha burrada, chegamos Luke estava sentado na sala com Noah
deitado em sua perna dormindo, Tasha ainda chorava baixinho nos braços de
Luiza, que a acalentava, dando um carinho de mãe.
17

É tão ruim se decepcionar com as pessoas, que mais queremos ao


nosso lado. Mas o difícil mesmo é seguir em frente, depois de tantas
decepções, cedo ou tarde as pessoas vão te decepcionar, por isso devemos
estar sempre preparados seja alguém próximo ou conhecido sem dúvida é o
que mais dói.
O caminho foi em total silêncio Tasha ainda chorava baixinho e
soluçava segurava em mim com firmeza, chegamos ao apartamento, Ivan
tentou pegar Tasha dos meus braços, mas ela não quis, subimos e quando
entramos vimos Luke sentando e Noah dormindo em sua perna.
— Obrigada, por ficar com ele. — Agradeci ao Luke que assentiu
alisando a cabeça do meu filho.
— Tranquilo, eu dei o remédio dele, como você pediu na mensagem
— disse e Iván me olhou.
— Pode colocar ele na cama para mim Luke. — pedi, mas Iván o
interrompeu.
— Eu levo o meu filho, Luke. — disse se referindo a Noah e Luke
concordou. E Iván o pegou e subiu as escadas
— Onde estava a pequena? — Perguntou vindo ema minha direção e
alisou os cabelos de Tasha.
— Com a sua avó Irina, ela armou tudo isso. — declarei e Luke
arregalou os olhos.
— Como ela pode?! Isso não vai ficar assim. — acrescentou, seguiu
para porta e pegou a chave do carro e saiu.
— O que aconteceu? — Perguntei para Tasha, que me abraçava forte,
me sentei no sofá com ela e Iván apareceu na sala, nervoso e com aparência
de cansado.
— Só quero você mamãe… Promete que não vai embora mamãe —
disse Tasha e suas palavras aqueceram meu coração e meus olhos
lacrimejaram.
— Não vou minha princesa, sempre estarei ao seu lado, somo amigas
lembra. — comentei ela assentiu, olhei para Iván, ele estava estático, deve
estar pensando que eu mandei Tasha me chamar de mãe.
— Mãe, não quero mais ficar com a vovó Irina, ela gritou com papai,
ele ficou muito nervoso, ela disse coisas feias da senhora mamãe —
confidenciou ainda chorando, eu coloquei deitada em meus braços e Iván
sentou ao meu lado no sofá.
— Vai ficar tudo bem, esqueça tudo minha pequena, o que a gente faz
quando coisas ruins acontecem? — Perguntei beijando sua cabecinha e a
abraçando forte.
— colocamos em um potinho e fechamos bem mamãe — respondeu e
toda vez que ela me chamava de mãe me coração se aquecia.
Depois muito tempo Taxa dormiu em braços, e eu alisava seu cabelo,
fazia carinho em seus braços, seu semblante estava sereno me levantei com
Taxa e Iván veio para pegá-la.
— Eu a levo — disse friamente e ele recuou e se sentou novamente,
subi com Taxa fui até seu quarto e a coloquei deitada, e troquei sua roupinha,
beijei sua testa e acendi o abajur, quando sai me deparei com Iván encostado
na parede em frente à porta, me virei e caminhei para o quarto ele veio atrás e
fechou a porta.
— Antes que acuse, eu não incentivei a Taxa a me chamar de mãe —
exclamei ele arregalou os olhos.
— Nunca pensei isso...
— Mas pensou que eu tinha deixado ela na escola, e o pior com o
intuito de te atingir— rebati e ele respirou fundo, olhando para chão —
Parece que Irina conseguiu o que tanto queria — disse e Ivan levantou a
cabeça me olhando com a testa franzida.
— O que ela conseguiu? — Questionou nervoso, vindo em minha
direção em passos largos.
— Não está nítido? — Respondi abrindo os braços, nada mais
precisava ser dito tudo estava muito claro.
— Eu não vou deixar você sair da minha vida Luiza, eu falei e fiz
merda, estava de cabeça quente… Fui um filho da puta, mas eu te amo e não
vivo sem você.
— Um relacionamento não sobrevive somente de amor Iván, precisa
de respeito e o principal confiança. E está claro que você não confia em mim.
Você acha mesmo que eu deixaria Tasha na escola, que esqueceria a Tasha?
Eu tenho essa menina como se fosse minha Iván — esbravejei na última
parte, e ele abaixou a cabeça.
— Tasha é minha vida Luiza, assim como você, Noah e Luke... Eu te
peço ... Eu te imploro... Me perdoa, me perdoa — pedia, e chorava sem parar,
Iván pegou jarro e tacou na parede, depois socou a parede e se ajoelhou no
chão, e chorando como se fosse uma criança, Iván tremia — Eu errei, mas me
perdoa, você é tudo que eu tenho, você mudou minha vida, e dos meus
filhos... Não justifica o que eu fiz, mas, por favor, volta para mim... — falava
tudo embolado e chorava de soluçar. Mulher apaixonada é uma merda,
quando percebi estava chorando também, limpei minhas lágrimas e caminhei
até ele, o levantei, e ele me abraçou e me chorou em meus braços.
— Eu fiquei perdido quando vi que poderia ter perdido Tasha, eu não
posso perder mais ninguém... Não posso ...Não posso — repetia, e fui
caminhando com ele até o banheiro, tirei sua roupa e o deixei tomando
banho. Peguei minha roupa e fui tomar um banho no quarto de hóspedes,
coloquei uma camisola e uma roupa íntima e voltei ao quarto, Iván ainda
estava tomando banho, ficou um bom tempo no banheiro e quando saiu seus
olhos estavam vermelhos, peguei o seu remédio e um copo de água, entreguei
para ele. Iván tomou sem reclamar, arrumei a cama e deitamos.
Minha convivência com Iván estava realmente só nas aparências, o
verdadeiro conceito do "Para inglês ver", na frente das crianças tudo era
perfeito e no hospital também. Eu amava o Iván e ,no fundo, já tinha o
perdoado, mas ele tinha que sofrer um pouquinho para entender que suas
palavras me magoaram e muito. Nessas duas semanas que se passaram,
estava praticamente morando na casa do Iván, não que não estivesse antes,
mas às vezes ainda ia em casa. Luke havia percebido o clima, mas falava
nada e Iván aproveitava quando estávamos na presença das crianças para me
beijar e abraçar confesso que eu quase cedia. Ele não facilitou nada para,
nessas duas semanas, o castigo está sendo para nós dois, pois, sentia falta
dele dentro de mim.
Estávamos eu e Iván, na sala de jantar tomando café da manhã em
completo silêncio, Iván tentava puxar a assunto mais o ignorava, com muito
custo.
—Senhor o que vai querer para o almoço hoje? — Perguntou Fran,
entrando na sala de jantar e colocando sobre a mesa a jarra de suco das
crianças. Fran era uma mulher maravilhosa tinha cada história para contar
por conta das suas leituras, ela e Keises ficavam horas conversando, quando
Keises passava o dia conosco, elas até me indicaram uma Série Paixão &
Poder, e eu comecei a ler pelo aplicativo mesmo, confesso que não consigo
parar de ler, vários mistérios, e cada livro uma surpresa diferente, tenho até
medo dos próximos, até Miranda e Jane estão lendo, Valentina começou a ler
e Sarah vai começar ainda.
— Pergunte para sua patroa Fran, qualquer dúvida sobre a casa, a
Luiza resolve. — respondeu olhando para mim, mas eu o ignorei, era difícil,
mas a cada vez que lembrava de suas palavras me sentia triste, Fran não sabia
o que fazer.
— Fran faz estrogonofe e batata frita, hoje pode e às crianças amam
— Disse por fim, ele assentiu com um sorriso. — E Fran agora de manhã vou
levar a Tasha e o Noah para escolherem roupas novas no shopping e depois
voltamos almoçar e Tasha vai para escola — disse e me levantei da mesa do
café e Fran seguiu até à cozinha.
—Maãe mãeeee — escutei Tasha e Noah descendo às escadas, essa
hora da manhã era um caos aqui em casa, elas desceram abraçando minhas
pernas.
— Sem correr na escada, crianças… Cadê o meu beijo — perguntei
me agachando na altura deles e ganhei um beijo de cada lado.
— E o beijo do papai onde fica? — Perguntou Iván, elas correram
para abraçar ele e ficaram me olhando quando Iván falou algo no ouvido
deles.
—O que foi? — Perguntei olhando para eles que estavam sorrindo.
— E o beijo do papai, mamãe. — disse Tasha e Noah juntos, e vieram
até mim, pegando em minha mão e guiando até Iván, não disse que ele
apelava para crianças… Não tive outra escolha a não ser beijar ele e o
descarado aproveitou para aprofundar o beijo, meu corpo reagiu ao seu toque,
o reconhecendo, mas logo me desvencilhei.
— Eu te amo — declarou me olhando intensamente. E respondi
mentalmente "Eu também te amo"
—Agora vamos tomar café para irmos ao shopping fazer compras —
comentei arrumando o café de cada um, na mesa e os auxiliando, eram dois
bagunceiros.
Depois do café, arrumei as crianças, Tasha usava um vestido azul-
royal com flores brancas e sapatinho de boneca branco, Noah vestia uma
calça Jeans, camisa do New York Knicks e tênis de Couro cano alto, e eu
usava um vestido longo Midi RB Moda Ribana alça fina preto e um tênis
branco.
Passamos uma manhã maravilhosa nos divertimos muito, Noah estava
feliz interagindo mais, meu menino estava sendo feliz, quando voltamos para
casa, almoçamos e eu arrumei Tasha para a escola, deixamos Tasha na escola
e quando estava seguindo para casa da Jane recebi uma mensagem do Iván.
‘’O meu anjo esse será nosso recomeço
Te espero nesse local venha sozinha’’
Seu bipolar
Recebi sua localização, tinha passado o dia pensando o quanto essa
situação estava deixando a mim e ao Iván afastados, decidi que deveríamos
conversar e recomeçar, fui me encontrar com ele para nos resolvermos de
vez.
BÔNUS

O melhor é sempre olhar para frente, e seguir, pois, o que passou não
volta mais, porque tudo muda e quem muito olha para trás tropeça, a vida
está no presente, ela é uma dádiva, então e vai viver o agora.

Quando inicie na faculdade tudo era lindo e maravilhoso, porém, isso


mudou quando me envolvi com a turma errada e comecei a usar Anfetamina,
tentei sair desse vício bem no começo, mas já era tarde e muitas vezes tive
alucinações, quase não visitava meus pais mais, preferia ficar na república,
pois, estava em uma fase que não conseguia disfarçar minha abstinência
quando estava sem usar a substância, no início ela te traz paz, uma falsa
sensação de bem-estar e disposição, entretanto, ela causa uma dependência
terrível com vários efeitos colaterais para o cérebro e corpo, em um dia que
estava em casa, entupido de entorpecentes, escutei uma voz e julguei ser do
meu pai pedindo para minha mãe tirar a Tasha e ameaçando matá-la, nesse
dia minha mãe passou mal e morreu no parto, em uma das minhas crises
comecei a me recordar de tanta coisa que aconteceu naquela época, e por fim
um dia na casa da minha vó Jaqueline me dei conta que a voz que escutei no
dia que a minha mãe morreu era do Liam, isso me matou por dentro, pois,
passei quatro anos em uma briga terrível com meu pai, o insultado, tratando
mal, e acusando de algo que não fez, fiquei tão revoltado comigo mesmo que
acabei mais uma vez descontando no meu vício, e quase morri naquele beco,
mas tive uma segunda chance e fui presenteado, vou ser papai e quero dar o
melhor exemplo para o meu filho ou filha, por ele, estou buscando ser uma
pessoa melhor como meu pai sempre foi para mim e minha irmã.
— Como está meu neto preferido? E minha bisneta? — Perguntou
minha vó Irina me beijando, hoje fui buscar Tasha na casa dela, minha vó
estava teimando que meu filho vai ser uma menina.
— Bem pela primeira vez em anos, no próximo mês vamos saber se é
menino ou menina — comentei feliz, meu filho estava que nem nasceu estava
me fazendo sorrir igual bobo.

— Espero que não puxe seu pai — nunca destratei minha avó, mas
dessa vez não vou deixar que ela fale mal do meu pai.

— Espero que seja a última vez que fale mal do meu pai ou nunca
mais me verá, aliás, nem meu filho você vai conhecer, ainda vai se arrepender
de destilar tanto veneno contra o meu pai. — exclamei e ela ficou me olhando
assustada.

— E aquela vagabunda... — ela nunca perdia uma chance de insultar


a Luiza.

— Pois, meu aviso vale também se a senhora falar mal da Luiza, ela
foi a melhor coisa que aconteceu em nossas vidas desde a morte da mamãe e
a tenho como uma mãe, e melhor amiga, se quiser me ver aqui nessa casa terá
que respeitar os meus pais — acrescentei logo em seguida Tasha desceu às
escadas e sai dali deixando a minha vó sem palavras.
18

É exatamente disso que a vida é feita, de momentos. Momentos que


precisamos passar, sendo eles bons ou ruins e para o nosso próprio
aprendizado. Nunca esquecendo do mais importante: nada nessa vida é por
acaso. Absolutamente nada, mas você só vai saber quando for a hora certa, e
nesse dia você se dará conta de muita coisa, entre eles alguns livramentos e
coisas boas em seu caminho.
Tudo estava se encaminhando bem com o Iván, depois do nosso
desentendimento. Ele não entende que eu não tenho nenhum problema com a
relação dele com a sua ex-sogra, e sim ela é que tem problemas comigo.
Agora pegar Tasha na escola e fazer uma armação como se eu fosse a
culpada, ela tinha passado de todos os limites. Eu já levei muito tapa da vida,
mas agora chega, aguentei muita coisa calada pelo meu filho, Noah é meu
mundo, por ele, vivi o pior do inferno para tê-lo em meus braços novamente,
para cuidar e zelar dele como sempre sonhei.
Tasha era uma menina linda, alegre, carinhosa e eu amava como se
fosse minha filha. Nesses dias acabei me apegando ao Luke também, ele
estava mais receptivo com Tasha, até foi com às crianças ao parque,
conversava com Noah e quando Iván me destratou no dia que a Tasha havia
sumido ele ficou do meu lado, me apoiou, no final até Tasha ficou ao meu
lado, pois, pediu ao Iván para ficar comigo, ele estava todo feliz com a
gravidez da Keises, na verdade, todos estávamos, era uma vida para trazer
renovação.
Tive o melhor exemplo de mãe dentro de casa, minha mãe foi minha
amiga, companheira até o último momento de sua vida. Nem tive tempo de
contar para Jane e Miranda a última da Irina. Agora estou seguindo para o
condomínio El Lago, que fica em Yorkville, em Toronto. Não havia
entendido muito bem a mensagem de Iván, tentei retornar, mas ele não
atendeu, então deixei Noah com Jane e vim vê-lo, e quem sabe assim
decidimos tudo de uma vez, sei do seu problema da bipolaridade, e ambos
precisaríamos que fazer um tratamento, já procurei um terapeuta para
entender melhor a bipolaridade.
Sigo o endereço pelo GPS e paro em frente ao portão preto, saiu do
carro e pego o meu celular para ligar para Iván, mas está fora de área, isso
explica porque não consegui contato. Caminho até o portão e percebo que ele
já estava aberto, o empurrei, voltei para o carro e entro no terreno, que por
sinal era lindo, as árvores altas com um pouco de neve, já estávamos saindo
do inverno. Parei em frente à uma linda casa, de construção moderna, o
terceiro andar era de vidro. Saí do carro e subi às escadas e me deparo com à
frente da casa, e percebo ser igual a casa que eu mostrei para ele uma vez em
uma foto antiga, da casa onde eu morava com a minha mãe no Texas.
Caminhei até a porta e a abri. Quando abri ouvi o sininho batendo, olhei para
cima e vi o sino, igual que tínhamos em nossa casa, eu não estava acreditando
que ele havia feito aquilo.
— Iván? Cadê você? — O chamei entrando na casa, a decoração é
estilo colonial e branca, bem simples, porém, sofisticada. Passei a mão pela
estante de vidro onde tinha fotos nossas, com as crianças, somente de nós
dois juntos. Peguei uma foto, foi primeira que tiramos juntos, nem tínhamos
nada, na verdade, foi nesse dia que ele me beijou a primeira vez. Estávamos
em um almoço na casa da Miranda.
— Até enfim nos encontramos. — Me assustei ao ouvir uma voz atrás
de mim, deixando o porta-retrato cair no chão, me virei e não acreditei no que
vi.
— Você? O que está fazendo aqui? — Perguntei ainda sem acreditar.
— Como é fácil te enganar, você continua a mesma tonta de sempre
Luiza – disse e começou a gargalhar, e do nada parou de rir, me encarando
com fúria. — E não vai ser uma mosca morta como você que vai tirá-lo de
mim. — Gritou me assustando, e eu não estava entendendo nada.
— Tirá-lo de você? Como assim? — E foi nesse momento em que
eu liguei os pontos, tudo passou a se encaixar — Não... Não é possível ... Aí
Meu Deus! — disse me apoiando no sofá — Você e Iván? — Pergunto
incrédula.
— Nunca aconteceu... — respondeu e eu encarei, ainda estava sem
acreditar — Como você está atrapalhando os meus planos, então terá o
mesmo fim que ela, a imbecil da esposa eu já consegui tirar do meu caminho
e quase levei aquela criança irritante junto, mas nada é perfeito.
— Você matou a Fernanda? Você é... — As palavras me faltavam
naquele momento.
— Sem frases clichês... Agora senta — Mandou puxando uma arma e
apontando para mim, era nítido que estava completamente fora de si, como se
tivesse usado drogas. — Anda logo porra! — Rosnou e me sentei.
— Vou te contar uma história... Tudo começou, há oito anos, a
menina novata que entrou na universidade e tinha atenção de todos. — Disse
se sentando na mesinha e ficando frente a frente comigo, senti o cano da arma
encostar em minha barriga. — Todos queriam a Luiza, mas você, a mosca
morta não percebia nada, começou a namorar o garoto mais popular, até que,
aconteceu um acidente e você passou a ser manca, começou a ser comentada
pelos corredores porque não andava direito, e tudo começou a ruir... E você
cada vez mais pobre e sozinha.
— Calma aí... Não, você não tinha poder para isso .... Senhor, isso
não ...
— Isso sim, e quando achei que você era carta fora do baralho, os
nossos caminhos se cruzaram novamente...
— Você só pode estar tendo um surto ou uma alucinação muito louca,
eu nunca tirei nada de você... — disse em um fio de coragem
— Você era perfeita e eu tinha que tirar toda essa perfeição, se fiz
tudo por inveja? Sim, eu queria ter sua pele — falou e alisou meu braço —
Queria ter seus olhos, sua boca, seu sorriso era lindo, até eu o tirei do seu
rosto — comentou e encostou seus lábios no meu e se afastou, me olhando
nos olhos — Mas o que eu farei hoje será por amor, um amor que era para ser
meu... Somente meu! — Insistiu e foi até armário da sala e tirou galões de
gasolina, aproveitei a sua distração me levantei e tentei correr. Ouvi um
disparo e em seguida algo atingindo a minha cabeça e tudo se apagou.
A vingança é como um veneno que pode nos dominar e em pouco
tempo nos transforma em seres humanos ruins. Pessoas ruins manipulam
pessoas a sua volta, convencendo-as de que são péssimas, porque pessoas
más fingem ser caridosas e com bom coração! Ser bom é mais difícil que ser
ruim, porque as pessoas ruins utilizam-se disso e você tem que ter forças pra
continuar bom e não se tornar ruim como elas.
Fui despertada por um cheiro forte de gasolina, a minha visão estava
turva, meu ombro doendo, olhei e percebi que estava sangrando muito.
— Seu erro foi me subestimar... — esbravejou vindo até mim, e
colocou a arma em minha cabeça — Você achou que eu estava brincando? —
Me questionou e eu balançava a cabeça negando, e as lágrimas caíram dos
meus olhos, só pensava no Noah e na Tasha.
— Eu nunca tirei nada de você, pelo amor de Deus... Eu nem sabia –
Disse quase sem voz, e sua risada ecoava pela sala, eu tossia por causa do
cheiro forte de gasolina
— Você me tirou o Iván, mas eu percebi que nunca vou tê-lo, ele
nunca irá me enxergar. — Falou pegando o isqueiro. — Mas ele viverá
sabendo que matou às duas mulheres que ele dizia amar. — Eu chorava
amarrada, minha cabeça doía.
— Não precisa terminar assim... Vamos sair daqui, pelo amor de
Deus! — Eu já estava chorando, não aguentava mais, não tinha feito nada
para merecer tudo aquilo, para ter essa merda de vida. Olhei em volta e vi o
vidro do porta-retrato quebrado, me joguei deitada senti uma dor horrível,
mas consegui pegá-lo.
— Tudo irá acabar assim, ele não ficará comigo e nem com você,
tudo vai terminar como começou... Somente eu e você. — Reclamou e soltou
isqueiro no chão. O fogo subiu e olhei pela janela e vi um vulto, com o vidro,
tentei cortar a corda, olhei à frente e lá estava o tormento das nossas vidas
bebendo esperando a morte e o fogo nos consumir. Havia muita gasolina no
local e o fogo se alastrou rápido demais, a fumaça não parava de subir.
— Tira a gente daqui, não precisa ser assim — pedi tossindo, já não
enxergava direito.
— Te vejo no inferno! — Rosnou e a porta foi aberta, ouvi vários
disparos, e consegui ver o Iván, ele parecia lutar com alguém e a escuridão
me levou.

Pense duas vezes antes de dizer certas palavras, às vezes essas


palavras são piores que um tapa na cara, o silêncio no momento certo te livra
de uma eternidade de infelicidade, pois, tem momentos que não voltam mais.
Tinha tentado me entender com Luiza, ela dizia que estava tudo bem,
mas eu sentia que não estava. Ela estava distante, porém, estava em meu
apartamento, primeiro porque eu queria impor minha presença, à noite eu não
deixava escapar e a beijava, pois, minha vida dependia daquilo, eu era
dependente dos seus beijos, seu carinho, e o meu pau da sua bocetinha
suculenta e segundo pela Tasha, a pequena estava bem apegada a Luiza, tudo
dela era com a Luiza, ela caia se machucava e chamava pela Luiza para dar
beijinhos, o dentinho dela caiu ela correu para Luiza, somente a Luiza podia
dar banho nela e pentear seu cabelo, é a coisa mais linda, quando eu brigava
com ela e Tasha olhava para Luiza fazendo biquinho de choro.
Luiza parava tudo para atender nossos filhos, sim nossos, pois, já
considerava Noah meu filho, na verdade, sempre tive um apego muito grande
com aquele menino, ele me tirava das tormentas e sua era minha calmaria em
alto-mar. E terceiro motivo porque eu a amava, Luiza é minha mulher. Eu
amei Fernanda, mas não dessa maneira Luiza era minha calmaria, mas
também minha tempestade. Quando a tocava tudo dentro de mim se agitava e
somente ela tinha o poder de me tranquilizar, era como se fosse o canto da
sereia. E eu amava quando ela me chamava de meu bipolar ou meu bipo.
Saí da sala de cirurgia, Luiza tinha consigo que eu voltasse a operar,
aos poucos estava exercendo minha profissão novamente. Entrei na minha
sala e me sentei na cadeira, peguei meu celular e vi uma ligação perdida da
Luiza, tentei retornar, mas não completou.
— Como foi a cirurgia? — Me assustei, vendo Oliver entrar em meu
escritório.
— Tranquila, o paciente ficará bem — comentei mexendo no celular,
e retornei novamente e não completou, peguei o telefone da mesa e liguei
para Luiza, foi direto para caixa postal.
— O que aconteceu? Você está estranho. — Meu celular está ruim,
Luiza me ligou e agora está dando fora de área.
— Deixa eu ver. — Oliver pegou celular e mexeu — seu celular foi
clonado, quando foi a última vez que viu Luiza. — Disse e jogou em cima da
mesa.
— Como assim clonado? Hoje de manhã, quando saí de casa ela
estava dormindo. — comentei me recordando.
— Foi clonado via Wi-Fi, liga para casa dela — me aconselhou e fiz
diferente liguei para Jane, que me atendeu no terceiro toque.
— Pensei que estaria curtindo sua mulher, se você me disser que
brigaram novamente eu te capo — disse assim que atendeu.
— Onde está Luiza, Jane? — Questionei, me levantando da mesa,
exasperado.
— Com você, Luiza passou aqui e disse que você queria encontrá-la
no condomínio El Lago — me informou, desliguei quando saí da sala e
avistei Vânia vindo em minha direção.
— Dr. Sánchez, estão ligando do condomínio El Lago parece que
invadiram sua casa. — Me bateu um desespero quando Vânia me disse isso.
— Eu vou com você — comentou Oliver tinha até me esquecido dele,
seguimos para o estacionamento, Oliver me jogou a chave do carro dele e eu
entrei no carro e os seguranças vieram atrás, Jane me ligava, mas eu estava
sem cabeça, Oliver atendeu e explicou a situação. Eu dirigia o mais rápido
possível depois de quarenta minutos, chegamos ao condomínio.
— Seu Iván corre — Gritou o segurança, saí carro e corri atrás dele
— a casa estava em chamas.
— Luiza! — Berrei em frente à casa, não estava sentindo meu corpo,
ouvi a sirene dos bombeiros, caminhei até à porta a chutei o fogo subiu quase
queimando meu rosto, tinha que achar a minha mulher, ela não vai morrer, a
fumaça me cegava, vislumbrei um vulto de dois homens, me aproximei e a
arma disparou o senhor caiu no chão de joelho e caminhou para o lado e vi
Luiza. Levantei a cabeça e vi Liam.
— Meu amor você veio — disse me olhando — Eu te amo Iván,
sempre amei, isso tudo foi por você, ela está morta... Eu matei às duas. — Ele
matou Fernanda, ele era um psicopata.
— Seu doente, psicopata — esbravejei e fui para cima, dele e gritei
para o senhor que estava ferido. — Tira minha mulher daqui, agora! — Ele
levantou e saiu com Luiza. Eu socava o Liam, por tudo que ele fez contra
Fernanda, contra minha irmã, contra o Noah, e contra a Luiza.
— Eu te amava... — Ele gritou quando me afastei e vi uma madeira
caindo, ele pegou arma e atirou, eu empurrei a cômoda em cima dele. Liam
se levantou e veio atrás de mim. Eu peguei o galão com gasolina que estava
próximo à porta, joguei o galão que explodiu em cima dele.
— Te Odeio! — Berrou enquanto o fogo consumia o seu corpo, eu saí
da casa, tinha fogo em minha roupa, os bombeiros jogaram uma manta e
Liam veio atrás se debatendo com rosto e pele toda queimada, os bombeiros
o derrubaram e apagaram fogo. Olhei e vi Luiza entrando na ambulância e fui
até ela. Os bombeiros tentaram me parar, mas o Oliver os impediu, entrei
ambulância com minha a mulher desacordada.
Nada de mau poderia acontecer com Luiza eu a amava com todo o
meu ser, ele era minha vida.
19

Sua vida não vai começar quando você se formar, encontrar um amor
na sua vida, conseguir comprar uma casa ou um carro. Ela começa no
processo da conquista não espere amanhã para ter carro dos seus sonhos, ou
para dizer que ama o amor da sua vida, pois, a vida é apenas um momento,
ela é única.

Pedi para o paramédico preparar o desfibrilador novamente Luiza teve


duas paradas cardíacas, e ainda estava sem respirar. Assumi a massagem
cardíaca.

— Carrega em duzentos… — pedi e ele carregou e falou para eu me


afastar e carregou, mas Luiza não correspondia aos estímulos médicos —
Vamos meu amor, não posso te perder… Reage Luiza, volta para gente.

— Senhor se afasta… carregado em 300 — me afastei e ele


descarregou novamente e os sinais vitais de Luiza tinham voltado,
respiramos aliviados e ele deu a volta, colocou a bomba de ar a ajudando a
respirar.

Vinte minutos depois, chegamos no Saint Claire, Miller e o Dr.


Evandro estavam nos esperando.

— Ela teve três paradas e demorou para voltar, mas agora está estável
com o auxílio da bomba — informei rápido e Evandro assentiu.

— Vai ficar tudo bem, vamos cuidar dela — afirmou Miller e vi


Miranda e Jane vindo em minha direção.
— Vem Iván, me deixa ver seu braço — pediu Miranda e eu fui sem
saber como agir, os olhos de Miranda estavam inchados, e Jane não estava
diferente, estavam devastadas como eu.

— Ela vai ficar bem, minha menina vai ficar bem — disse Jane
depois de um tempo, olhando para emergência e vi outra ambulância
chegando e minutos depois Liam entrando em uma maca, com 80% do corpo
queimado.

— Filho! — Olhei para lado e vi minha mãe e meu pai — Aí meu


Deus filho… — minha mãe se aproximou e me abraçou, e nos braços da
minha mãe eu chorei.

— Eu quase a perdi mãe, eu perdi a mulher da minha vida —


balbuciava chorando e minha também chorava, eu envolvi minha mãe em
meus braços.

— Ela vai ficar bem filho, ela já está bem — afirmava, quando me
afastei Miranda e Jane, abraçadas chorando. Luiza agora tinha uma família
que a amava, e ela merecia todo aquele amor.

— Sua irmã está vindo ao hospital — informou meu pai com pesar e
o olhei, sem emoção nenhuma, nunca o perdoei pelo fez com minha mãe,
acho que nunca o perdoaria. Limpei minhas lágrimas.

— Filho sabe por que ele fez isso? — Perguntou minha mãe, eu
desviei o olhar, eu ainda não tinha conseguido digerir tudo aquilo.

— Sua irmã vai ficar devastada, podemos não gostar dele, mas ela o
ama — disse meu pai com pesar. E muita coisa veio em minha mente. Liam
nunca a amou, ele usou minha irmã o tempo inteiro.
Primeiro pelo dinheiro e depois por minha causa, o quão doente ele
pode ser, Jesus!

— Ele confessou que matou Fernanda, ela quase matou a Tasha


também pai… — disse e pela primeira vez depois de anos recebi um abraço
do meu pai.

— Pai, graças a Deus o senhor está bem — falou Luke vindo em


nossa direção, ele já tinha voltado a trabalhar, não estava realizando cirurgia e
nem auxiliando, somente clinicando. Meu pai se afastou ele abraçou. — E
Luiza, pai como ela está?

— Luiza está bem! — Informou Evandro entrando na emergência —


ela está no respirador devido à grande quantidade de fumaça que ela inalou,
fizemos todos os exames e ela foi medicada. E você rapaz? — Perguntou
tocando em meu ombro. E abraçou a minha mãe, deixando um beijo em sua
testa, meu pai estava vermelho.

— Eu posso vê-la? Eu estou bem, Evandro. — Afirmei, ele riu e os


outros também.

— Luiza Brassard te adestrou direitinho — gracejou Evandro e eu ri,


porque era mais pura verdade. — Pode ir vê-la sim, Jane e Miranda preciso
falar com vocês — disse ele encarando às duas de forma séria.

— Eu vou com Iván ver a Luiza, e você Levi espera nossa filha aqui.
— avisou minha mãe e deu um beijo no Evandro.

Só nos demos conta do tempo que temos quando estamos perto de


perder alguém, então a hora de valorizar é agora, só vendo o meu anjo aqui
comigo longe do perigo que me sinto bem, pois, o medo de perdê-la é
enorme.

Estava sentado ao lado da Luiza, minha mãe estava comigo, depois


entrou a Jane e Miranda. Ficaram um pouco aqui, Jane não queria nem ir para
casa, mas Miranda a convenceu.

— Como ela está? — Questionou Oliver, sentado no sofá à minha


frente. — Você estava dormindo, não quis atrapalhar seu sono.

— Bem, está sob efeito dos medicamentos ainda, mas já retiraram o


aparelho respiratório.

— Sobre o Liam, a polícia veio até aqui, mas consegui adiar o


depoimento.

— Ele está vivo? — Perguntei, porque se estivesse eu iria terminar o


serviço, eu iria matar o Liam.

— Sim, mas se sobreviver será um milagre, já passou por três


cirurgias em menos de oito horas, sua irmã está desesperada. — Minha irmã
não sabe de nada pelo visto, ou deve achar que ele agiu daquela forma, por
causa da Luiza.

— E as crianças? — Questionei precisava saber como estava os meus


filhos.

— Noah já sabe e está bem, a Miranda explicou tudo, ele estava


nervoso, mas conseguimos acalmá-los e Tasha chama muito pela Luiza,
estamos distraindo eles, fica tranquilo

— Imagino… — Sei o quanto Tasha é difícil quando se trata da


Luiza. Respirei fundo e resolvi abrir o jogo com Oliver, precisava desabafar
— Ele disse que me amava — confidenciei e Oliver arregalou os olhos — E
confessou que matou a Fernanda, como ele fez isso?

— Eu solicitei uma investigação na época, pois, achei estranho ela ter


morrido. Tinha veneno no sangue dela, eu entreguei o laudo para Irina, você
estava inconsolável.

— Ela nunca me falou sobre isso… Ela nunca me disse nada Oliver
— exclamei, com um ódio crescendo dentro de mim, a não ser que… Filha
da puta! Ela me acusava esse tempo todo de algo que nunca cometi, ela
pensava que eu tinha envenenado a Fernanda.

— Ela pensou que fosse o culpado, não é? — Questionou Oliver e eu


assenti calado, Liam havia brincado conosco desde o início, ele nunca amou
a minha irmã e fez por uma paixão doentia.

— Ele a feriu por minha causa, irônico é que no final eu acabei sendo
o culpado.

— Ele era um doente Iván!

— Um senhor me ajudou naquela casa, sabe dele.

— Ele deixou Luiza no gramado e correu, não conseguimos ver o


rosto, mas meus homens foram atrás dele e…

— E?? — Perguntou Luiza.

— Eles o acharam desmaiado, com um ferimento a bala e


queimaduras. — disse Oliver, e depois desviou o olhar para Luiza.

— Porque eu acho que tem mais coisa nessa história. — comentei e


ele riu sem humor.

— Porque o homem que ajudou a Luiza é Jacob Collins, o pai dela.


— disse e ouvimos Luiza tossir e gemer baixinho.

Jacob Collins está vivo?


20

Ouvi uma frase dizendo que o tempo não volta ... O que pode
acontecer é a vida te dar uma segunda chance para viver aquele tão sonhado
momento, e se a vida te der uma segunda chance, aproveita, segure-a de
forma que ela não consiga ir embora, aproveite bem a vida não costuma dar
segundas chances.

Abri os olhos, perdida e uma luz me cegava, fechei e abri novamente,


quando abri vi Iván me olhando com toda ternura do mundo, até mesmo diria
adoração. Olhei em volta e percebi que estava no hospital e todos os últimos
acontecimentos vieram em minha mente como flashes, Liam ateando fogo
por toda a casa, ele assumindo que amava Iván.

— Luiza, meu anjo — Iván me chamou e eu olhei, as lágrimas


desciam como enxurradas sobre minha face, eu estava viva — Está tudo bem,
meu anjo. Já passou — falava me acalmando, ao me abraçar percebi que ele
também chorava.

— Eu pensei que ia morrer Iván, que nunca mais iria ver vocês. — só
de pensar em tudo isso novamente meu coração se aperta a sensação é
horrível.

— Jamais deixaria isso acontecer Luiza, não vivo em um mundo sem


você — declarou me abraçando com todo o cuidado do mundo.

— Eu te amo, meu bipolar! — confessei e ele me beijou.

— Eu te amo mais, meu anjo! — afirmou, ouvimos um flash de foto,


olhamos e era Oliver com celular virado para nós sorrindo.
— Qual é?! Iván Sanchez se declarando assim ao vivo, preciso
registrar — gracejou e nós dois rimos — Como se sente cunhada?

— Viva e feliz pela segunda chance — confessei e ele assentiu — E


as crianças? — perguntei, queria os dois comigo para abraçá-los e beijá-los
muito.

— Estão na fazenda, já mandei alguém ir agora buscá-los, vou chamar


o médico e avisar os demais que você acordou — informou Oliver e
assentimos.

— Liam? — Perguntei assim que Oliver saiu do quarto e Iván desviou


o olhar.

— Está vivo, mas tem 80% do corpo queimado, não sabemos se vai
sobreviver. — comentou depois um tempo e me olhou com tristeza no olhar
— Eu joguei um barril de gasolina em cima dele.

— Não se culpe Iván. Era ele ou a gente — disse, ele tentou falar
algo, mas foi interrompido pela chegada do Dr. Evandro.

— Minha paciente preferida acordou, como se sente minha filha? —


Perguntou com todo carinho, Dr. Evandro foi a mais recente contratação que
fizemos, ele já havia trabalhado no Saint Claire, mas pediu demissão, pois,
iria dar aula em uma universidade.

— Poderia dizer que estou pronta para outra, mas essa experiência eu
não quero nunca mais e não desejo a ninguém — acrescentei e Iván segurou
minha mão, apertando firme em forma de apoio.

— Nem nós queremos querida, vou examiná-la novamente, e liberar


as visitas que estão fazendo plantão na porta do quarto — disse sorrindo, os
próximos vinte minutos o Dr. Evandro passou me examinando — Você está
bem, apesar da pancada na cabeça, você não teve nenhum dano, está
respondendo bem os sinais, sua saturação está ótima. — Depois ele chamou o
Iván e passou algumas recomendações, e informou que pediria mais um
exame e se estivesse tudo certo, receberia alta.

Quando o Dr. Evandro saiu, minutos depois Jane e Miranda entraram,


às duas estavam chorando e Miranda veio até mim e me abraçou forte. Eu
era uma pessoa que não tinha nada e nem ninguém, apenas meu filho, durante
toda minha vida foi somente eu e minha mãe, sempre quis um irmão ou irmã,
quando soube que era filha do Jacob e que tinha uma irmã, eu fui do céu ao
inferno, vi tudo que Miranda passou e do meu jeito tentava dar todo apoio
para ela, sempre ajudando e estando presente mesmo sem poder revelar nosso
parentesco. Tive medo de ser rejeitada e hoje percebo o quanto fui boba,
Miranda me considerava como irmã e eu tinha uma família.

— Não se atreva a me deixar minha irmã, não agora que nos


encontramos. — disse secando as lágrimas, mas continuava chorando e eu
não estava diferente, nos abraçamos chorando, ela se afastou e Jane me deu
um abraço.

— Você é minha menina também, e ninguém mexe com minhas


meninas — afirmou e ali eu soube que algo a mais tinha acontecido —
Ninguém vai enganar minhas meninas — concluiu chorando em meus braços,
Jane parecia estar devastada. Abracei Jane forte, a confortando e ela me
confortando também, é tão bom estar dentro do seu abraço, aconchego de
mãe.

— Graças a Deus você está bem! — comentou minha amada sogra


entrando no quarto — Ainda bem que você ficou longe daquela luz branca e
ainda bem que aquele senhor te tirou da casa.— acrescentou minha sogra e
todos se olharam, um silêncio se instalou no quarto por um breve momento.

— Que senhor? — Questionei— Não foi o Iván que me tirou da


casa? — Perguntei, Iván me olhou e respirou fundo e começou a falar.

— Quando cheguei você estava desacordada, um... um senhor estava


brigando com Liam, eu pedi para ele te tirar da casa e fiquei com o Liam.

— Eu quero agradecê-lo, onde ele está? — Indaguei e todos se


olharam — O que está acontecendo?

— Ele estava lutando com Liam, a arma disparou e ele foi ferido, foi
operado e está em observação. — Disse Jane, seu olhar era vago, algo tinha
acontecido enquanto eu estava desacordada, quando iria questioná-la,
Michael entrou no quarto.
— Luiza, que bom que está bem — disse e caminhou até a mim,
beijou a minha testa — Mas eu não vim sozinho, trouxe dois presentes para
você — comentou e a porta se abriu com o Noah e Tasha correndo até a mim.

— Mãe... Mãe — eles gritavam enquanto corriam.

— Sem correr e sem gritar, estamos em um hospital — repreendeu


Iván e eles se acalmaram, Michael colocou Noah na cama ao meu lado e
Iván colocou Tasha do outro.

Tasha deitou ao meu lado e Noah ficou alisando meu cabelo e dando
beijo em minha testa, igual eu fazia com ele.

— Mamãe, promete nunca mais me deixar? — Perguntou Noah, seu


tratamento com a fonoaudióloga estava sendo bem-sucedido, Noah está se
desenvolvendo bem, agora que estava sendo tratado. Dei um beijo nele e na
Tasha.

— Nunca vou deixá-los meus filhos, vocês quatro são a minha vida
— declarei olhando para o Iván, e avistei Luke sorrindo no batente da porta.

Ficamos conversando no quarto, até parecia uma festa, Jaqueline teve


que sair para ir ver a filha e Iván foi com ela, neste momento a Jéssica iria
precisar de todo apoio. Não desejo mal a eles, apenas quero que ela e Liam
fiquem bem longe de mim.

No final da tarde todos já tinham ido embora, Jane levou às crianças e


quando recebesse alta iriamos buscá-los, nesse meio tempo Iván voltou para
quarto com o delegado Stone, prestamos nosso depoimento. Iván relatou tudo
que tinha acontecido e eu também, falei que tinha recebido uma mensagem
do Iván, e que tentei ligar para ele, mas não tinha conseguido e resolvi ir até à
casa. Iván relatou que seu celular foi clonado e contou que Liam confessou
que matou sua ex-esposa, e que Liam tinha uma paixão doentia por ele, e eu
confirmei. O delegado foi embora e Dr. Evandro chegou e me entregou a
minha alta.

Miranda tinha levado uma pequena mala com roupas para mim e
Iván, tomei um banho e vesti um jeans claro de cintura alta, um casaco de lã
branco e tênis All Star, passei uma base e um batom clarinho, saí do quarto e
Iván estava sentado na cama, também de banho tomado ele vestia uma calça
jeans preta, um suéter preto e um sapato mocassim de couro marrom. Ele
estava lindo, Iván é a perfeição em pessoa. Ele se aproximou e beijou meus
lábios de leve.

— Vamos para casa, não aguento mais esse lugar. — pediu com os
braços em volta da minha cintura, e eu concordei.

Saímos do quarto e o seguimos para elevador, e avistamos Jaqueline


saindo de um quarto com olhos cheios de lágrimas, balançando a cabeça.

— Não, por favor, não — Jéssica gritava chorando, desesperada e o


pai do Iván a segurava pela cintura tirando-a quarto, ela chutava o ar tentando
se soltar dele. Iván a abraçou ela chorava socando o seu peito — Ele me
amava sim... ele me amava — berrava e batia no peito do Iván, nesse instante
Miller saí do quarto e retirando as luvas.

— Eu sinto muito, fizemos todo o possível... — Miller estava


desolado.

— Não! — ela bradou se sentando no chão — Não! — ela repetia


que não e ficava balançando a cabeça.

— Ele disse para ela que amava o Iván, ele confessou tudo e pediu
perdão, as máquinas começaram apitar — explicou o pai do Iván ao meu
lado, estava tão compadecida com o sofrimento da Jéssica que não o vi
chegar. Ela estava em transe, Miller tentou tocá-la, mas ela não deixou e
continuou batendo no Iván, minha sogra e sogro estão devastados.

Caminhei até a Jéssica, afastei Iván e me abaixei sem encostá-la, igual


eu fazia com o Noah quando ele entrava em crise.

— Respira e inspira com calma, se concentra sempre na minha voz —


pedi, ela fazia o que eu mandava, e estava se acalmando — Agora segura
minha mão e olha para mim — ela fez e às lágrimas caíram dos seus olhos, e
não segurei e comecei chorar com ela.

— Você é forte, pode chorar e colocar tudo para fora. Ninguém vai
julgá-lo ou te julgar vamos ajudá-la — disse e a abracei, ela recebeu o abraço
e chorou em meus braços — ele te amou, do jeito dele, mas ele te amou.

Ela balançava a cabeça que sim, e Iván pegou o calmante e o copo de


água que Miller tinha trago e eu dei para ela tomar, ela aceitou sem precisar
forçá-la e a levantei do chão. Jaqueline abraçou a filha, o pai do Iván estava
no celular e desligou falando que os pais do Liam estavam indo ao hospital.
Jéssica foi para casa com a minha sogra após ser medicada, e o pai do Iván
ficou para falar com a família dele.

Saímos do hospital e passamos na Jane para pegar às crianças, soube


pelo Michael que ela estava dormindo, Catalina acabou soltando que a Jane
estava muito alterada e Miranda recomendou calmante, Michael
desconversou alegando estresse, achei estranho, mas não insisti pegamos às
crianças, Iván havia me deixado em casa com os pequenos, logo Luke
chegou, e ele foi até a casa da mãe ver como a irmã estava.
BÔNUS

Existe dois tipos de pessoas, as que te usam para mostrar uma coisa
que não é, e as que te usam com o único intuito de te apunhalar pelas costas,
eu sou às duas pessoas.
Passei minha vida toda escondendo minha sexualidade, fingindo ser o
que não era, me escondendo sempre. Quando eu era pequeno meu pai
descobriu minha coleção de bonecas e queimou todas elas, e me mandou para
um colégio militar, eu só voltava para casa no final do ano, meus pais não
demostravam nenhum afeto, eles só se preocupavam com o dinheiro.
Entrei na faculdade, me tornei um bad boy o garoto mais popular,
aquele que pegava todas às meninas, eu tinha nojo de mim, toda vez que
transava ou beijava uma mulher, eu via uma parte de mim ser destruída e me
envolvi com vários tipos de pessoas, vendi drogas, usei e conheci um clube
de jogatina, passei a perder muito dinheiro, mas comecei a trabalhar na
empresa da família, e as coisas mudaram. Meus pais fingiam ter orgulho de
mim e eu fingia ser o filho perfeito.
Quando estava no quarto ano da faculdade as coisas mudaram, Luiza
entrou na faculdade, veio com várias recomendações, na primeira semana ela
estava com a mãe, a mãe da Luiza era tudo que minha não era, sua mãe era
amorosa, cuidadosa e protetora. Luiza era a perfeição em mulher, tímida,
calada e muito inteligente, rapidamente ganhou atenção de todos e inclusive
do professor Hector, ele era lindo, charmoso, parecia um Deus. Um dia o vi
almoçando com Luiza, e não poderia perdê-lo para ela.
A seduzi, fiz promessas e começamos a namorar, naquela mesma
semana, eu tinha perdido 5 milhões na mesa de jogo e com isso tive que
pegar dinheiro da empresa, dois anos depois tudo parecia uma verdadeira
bola de neve, e eu ainda namorava Luiza, e transava com outros homens, a
maioria das vezes, eram garotos de programas, precisava sentir prazer.
Pensei em terminar com Luiza, mas a empresa estava quase
descobrindo meus roubos, a mãe da Luiza trabalhava para o Jasper
Cartwrihgth , tentei enrolar isso levou um ano e meio, e eu tampando o sol
com peneira na empresa.
Um belo dia fomos ao Texas, minha amada sogra estava doente,
ajudei, fiquei ao seu lado e minha sorte estava mudando, descobri que Luiza
era filha de Jacob Collins, dono de um dos maiores, melhores e mais
renomados hospitais de pesquisa do mundo, o Saint Claire.
Luiza burra não queria nada do Jacob Collins, mas como um vigarista
conhece o outro, menti dizendo que Luiza tinha mudado de ideia e queria o
dinheiro, e ele deu, quando estava no hotel aquele dia, vi o homem da minha
vida, sentado no restaurante do hotel.
“Iván Sanchez”
Ele estava com Jéssica, me aproximei dela, no intuito de ter ele para
mim, ele era lindo, másculo, viril e ele tinha uma mão enorme que faria um
belo estrago em mim. Mas ele era casado e eu também.
Paguei minhas dívidas, e Luiza teve o Noah, que era um moleque
chato e ainda veio doente, como estava sempre em contato com a Jéssica, um
dia em um jantar, Luiza pegou meu celular e viu minha conversa com Jéssica
e deu uma crise de ciúmes, peguei minha moto e fomos embora, ali era meu
momento de acabar com ela, mas a puta só ficou aleijada.
Com ódio, tirei Noah dela e a deixei sem nada, se eu não seria feliz,
ela também não seria. E para minha surpresa, anos depois, ela está com o
meu homem, eu não tinha tirado a imbecil da Fernanda da vida dele à toa.
Agora estava sentindo uma dor por todo o meu corpo devido às queimaduras,
era para morrermos juntos, eu não poderia deixá-lo ir, por isso fui até a casa
do Iván na intenção de matar a Luiza. Olhei e vi Jéssica sentada na ponta da
cama. Ela chorava, Jéssica foi uma das poucas amigas que tive na vida.
— Perdoa! — Pedi gemendo de dor
— Ai meu deus você acordou — disse eufórica e eu a parei
— Me escuta... Eu preciso que você me perdoe por não te amar —
confessei e ela arregalou os olhos.
— Que história é essa Liam, meu amor descansa...
— Eu amo o Iván, sempre amei... — tossi novamente — sempre foi
ele, eu amo o Iván Sanchez — declarei e comecei a me debater, ouvi as
máquinas apitarem e tudo se apagou.
Julgue-me a vontade... Eu sei quem eu sou.... E isso me basta.
21

Existem duas coisas importantes na vida: o motivo e o momento, você


pode ter várias vezes o mesmo motivo, mas você nunca terá o mesmo
momento, e que eu me torno invisível a toda alma mal-intencionada. Certos
momentos da vida não sabemos o que sentir, estava no enterro do homem que
havia tentado me destruir de todas às formas e eu não sentia nada, não sentia
pena, não sentia remorso, estava anestesiada de sentimentos. E presenciar o
caixão descer, senti alívio.

Jéssica de ontem para hoje à tarde parecia ter parado no tempo, não
chorava mais, apenas olhava para o nada, recebia os pêsames, anestesiada.

O enterro foi triste e ali eu percebi que mesmo possuindo tudo o Liam
não tinha nada, seus pais só ficaram para o velório, no enterro só tinha a
família do Iván e eu.

A parte mais difícil foi contar ao Noah que seu pai tinha falecido, não
o levei ao enterro, mas o deixei se despedir do pai na missa que foi realizada
em memória do Liam. Caminhei saindo do cemitério estava me sentindo mal,
o fato de não sentir nada em relação à morte do Liam, estava me deixando
mal, ouvi passos olhei para o lado e vi Luke, ele começou a caminhar comigo
em silêncio, parecia estar tão perdido quanto eu.

— O que aconteceu? — Perguntei, ele continuou olhando para frente,


vimos um banco e sentamos olhando a paisagem à nossa frente estava frio a
temperatura em Moncton mudava repentinamente.

— Eu acusei meu pai durante quatro anos de ter matado a minha mãe
e saber que foi o Liam me deixa ainda pior — disse com pesar, e o olhei sem
entender.

— Você disse para mim um dia que viu seus pais discutirem, mas seu
pai disse que não brigou com a sua mãe aquele dia.— Comentei tentando
entender a situação.

— Eu estava usando Anfetamina naquela época e estava tendo


alucinações, estava numa pressão com o início da faculdade, minha mãe
grávida e toda atenção deles pela gravidez dela, a voz que eu ouvi era do
Liam e não do meu pai. — Confidenciou as últimas palavras baixinho.

— Como assim, começa a falar Luke — Falou Iván nos


surpreendendo e Luke o olhou assustado, e depois olhou para a sua avó
Jaqueline que estava ao lado do Iván.

— Eu estava usando Anfetamina naquela época, e ouvi uma briga no


quarto de vocês, então pensei que fosse o senhor, pois, pedia a mamãe tirar
Tasha e ouvi uma ameaça ‘tira essa criança ou eu acabo com você”, neste
dia a mamãe passou mal e morreu no parto — explicou Luke e nesse
momento vi Irina chegando, mas Iván e Luke estavam envolvidos na
conversa que não perceberam, mas minha sogra sim e pediu para eu não falar
nada com os olhos. — Quando estava em uma crise abstinência por conta das
drogas comecei a me recordar de várias coisas e me lembrei daquela época, e
um dia na casa da vó associei a voz o Liam com a que ouvi naquele dia, eu
não sabia se era por causa da desintoxicação ou consciência pesada. Como já
tinha causado confusão demais preferi me calar. E agora soube que Liam
matou a mamãe — acrescentou, ouvimos um barulho de vidro e eles olham
em direção a Irina. Ela tremia e colocava a mão no peito, não falava nada
estava claramente em choque, Luke caminhou até a avó que começou a
chorar, mas era um choro abafado apertando a blusa sobre o peito em um
gesto de alívio, então percebemos que ela estava passando mal, imagino o
baque que foi saber de tudo isso assim, e por muitos anos, julgou Iván
erroneamente.

Depois de prestarmos socorro a Irina, Luke a levou para casa, ela não
conseguia nem olhar para Iván, era nítido o arrependimento em seus olhos.

— Iván me leva ao hospital, preciso falar com Miranda — pedi e ele


assentiu, Iván estava perdido em seus pensamentos e ainda em choque com
tudo que ouviu, no fundo, Iván se culpava. Deixei-o quieto sabia que ele
precisava de tempo. A viagem seguiu em total silêncio, vinte minutos depois,
chegamos ao estacionamento do hospital, antes de sairmos o puxei.

— Olha para mim — pedi e ele fez — Nada disso é sua culpa Iván, o
Liam tinha sérios problemas e não temos culpa, ele destruiu minha vida
porque na cabeça dele eu era perfeita e não merecia chamar a atenção, ele fez
isso por raiva. Ele seduziu sua irmã, pois, tinha uma suposta paixão por você.
Ele era doente. — Insisti e Iván assentiu recostando a cabeça no banco.

— Às vezes penso em como tudo poderia ter sido diferente —


comentou e eu remexi no banco, me sentindo desconfortável — Não digo em
relação a nós dois, estava olhando os exames da Fernanda, mesmo que ela
não tivesse sido envenenada, morreria no parto era algo inevitável. Eu te amo
Luiza! — Declarou e ficou em silêncio. — Eu não me culpo pelo Liam e sim
pelas circunstâncias, quando vi aquela casa em chamas e você lá dentro eu
fiquei sem chão. Mas não senti metade do medo que tive quando Fernanda
morreu, o meu luto nesses 4 anos foi por culpa. Eu amei, mas não como amo
você. — afirmou e beijou meus lábios com se o mundo fosse acabar e
retribui, nosso beijo foi ficando intenso e eu o afastei, recuperando o fôlego.
E olhamos para os lados, por conta dos vidros escuros acho que ninguém nos
viu.

— Vamos Iván, em casa terminamos — brinquei ele sorriu.

— Você não escapa de mim, estou de bolas roxas e cheio de tesão


por você. — disse e me puxou para mais um beijo e saímos do carro, Iván
segurou minha mão e entramos no hospital, cumprimentamos a todos e subi
para o andar da diretoria, ao chegar, vejo Vânia digitando algo, ela olha para
o elevador e quando me vê seus olhos ficam marejados. Vânia havia se
tornado uma amiga, ela é muito especial para todos, fui até ela que já estava
vindo em minha direção e me abraçou.

— Eu tentei ir vê-la ontem, mas tudo estava fora de ordem e eu fiquei


com tanto medo — disse ao se afastar.

— Eu estou bem e viva, você não se livrar de mim tão fácil. —


comentei e ela riu me dando outro abraço, conversamos um pouco, Iván foi
até a sala dele e eu segui até a sala da Miranda, queria que ela me levasse ao
senhor me ajudou também.

— O fato de Jacob estar vivo muda tudo, Oliver... — Ouvi Jane falar
e estaquei na porta, como assim Jacob está vivo?!

— Você tem que contar logo para Luiza que Jacob Collins está vivo e
que ele a tirou daquela casa.

— Como é, que é? — O questionei e todos olharam para porta —


Quando vocês iriam me contar? — Inquiri olhando para Jane e Miranda, eu
estava sem chão, perdida.

— Não era tão simples, você estava se recuperando, e como falar que
o pai que pensei estar morto há quase dez anos, está vivo — rebateu Miranda
se sentando derrotada — Eu nem tive coragem de entrar naquele quarto
ainda, nem tive coragem de olhar para ele e falar como estou me sentindo, na
verdade, nem eu sei como estou me sentindo.

— Eu estou sentindo ódio — esbravejou Jane se levanto do sofá,


entrei na sala, fechei aporta e me sentei no sofá. Então era realmente
verdade, Jacob Collins estava vivo e salvou minha vida.

— Por quê? — Indaguei para mim, mas todos ouviram e me olharam


— por que ele me salvou? Como ele sabia que eu estava naquela casa, por
Deus ele sabia de tudo esse tempo todo — fiz vários questionamentos sem
entender nada, estava confusa, e como Miranda eu também não sabia o que
sentir.

— Eu também quero saber, uma coisa é me trair com o Canadá


inteiro, outra coisa é fingir que está morto, isso eu não vou perdoar, e que ele
apodreça atrás das grades. — falou Jane entredentes e Oliver passava as
mãos na cabeça, nervoso, ele não sabia o que fazer, a porta foi aberta e Iván
entrou na sala e olhou para todos e ali percebi que ele já sabia.

— Não é minha história para contar — explicou, e assenti, nem


adiantava brigar, não ia mudar nada mesmo.
— Vamos vê-lo juntas — insisti segurando a mão da Miranda e ela
me olhou — Eu vou estar ao seu lado, ele é seu pai e você precisa de algumas
explicações.

— Ele também é seu pai... — disse minha irmã.

— Ele te deu amor e te criou, Jacob para mim, é um completo


desconhecido Miranda. — Declarei, pra mim era a mais pura verdade.

— A Tina já sabe — questionou Oliver.

— Falei com ela ontem, está vindo para minha casa hoje — disse Jane
e Miranda a encarou — Seu pai errou com Tina, mas ele a amou, isso eu não
posso negar, e também ela foi afetada pelas merdas que ele fez, não é porque
salvou a Luiza que isso o transforma em um santo filha.

— Como ele está? — Perguntei precisava saber se ele iria aguentar o


que viria pela frente.

— Bem, a bala não atingiu nenhum órgão, entrou e sai. Ele chegou
desacordado, pois, tinha perdido sangue, mas está estável, não corre perigo,
deve receber alta entre hoje ou amanhã. — Informou meu cunhado.

— Vamos? — chamou Miranda depois de um tempo e eu assenti,


saímos da sala e fomos até o andar da enfermaria, quando chegamos à frente
ao quarto dele, Miranda respirou fundo e eu segurei sua mão, aquele
momento era muito difícil para ela. Miranda apertou minha mão abriu a porta
e por fim entramos.

Jacob estava acordado e olhos para nós, viu para nossas mãos juntas e
abriu um sorriso. Eu estava diante do meu pai, mas ele não passava de um
estranho para mim, era grata por ele ter me tirado daquela casa.

— Minhas filhas... Minhas meninas! — sussurrou e Miranda, foi


rapidamente até ele e o abraçou.
]
BÔNUS

Somos feitos de ciclos assim como o mundo gira e o dia vira noite,
estamos em constantes mudanças, somos marés, somo luas com fases boas
bonitas e fases tristes e complicada, esteja preparado para tudo, nada me
preparou para descobrir que depois de tantos anos meu pai estava vivo, não
foi fácil primeiro você entra em negação depois você se recorda de tudo que
aconteceu, primeiro foi a morte da minha Helena, sofri por cinco anos
achando que a tinha perdido, mas a vida adora pregar peças, depois de anos
chorando a morte dela, meu atual esposo Oliver descobre que ela está viva e
muito bem cuidada, percebi que na vida tudo é passageiro, mas na hora certa
as coisas boas chegam para ficar assim foi a chegada de Oliver em meu
caminho porque com ele, descobri o lado bom da vida, notei que sempre vivi
um casamento fracassado com Alec, mas sempre o idolatrei, por ser meu
primeiro em tudo e não vi verdades que estava o tempo todo ali à minha
frente, passei anos me culpando pela morte do meu ex-marido e minha filha,
desacreditada da felicidade.
Mas sabe o que mais doeu, foi ser feita de boba por todo esse tempo,
envolvida em uma teia de mentiras que custou a vida do meu Etorre, nunca
desejei mal algum a ninguém, mas não diga o mesmo que o próximo a mim,
foi um inferno o tempo que passei sofrendo naquela jaula me fez refletir que
a vida me deu vários sinais, mas eu sempre ignorei todos por comodismo a
situação ignorei tudo e paguei caro agora aqui diante de mim e minha irmã
mais um morto que reviveu, espero que dessa vez pelo menos ele não nos
traga dor,, meu pai estava acordado olhando minhas mãos e da minha irmã,
unidas.
— Minhas filhas minhas...meninas — disse meu pai era tão bom
escutar sua voz novamente o abracei forte.
— Papai sonhei tanto com esse momento, em muito dos sonhos o
senhor conversava comigo — comentei e meu pai continuava o mesmo, o
tempo não tinha passado para ele que agora estava com cabelos grisalhos,
mas era o mesmo.
— Minha menina também senti tanto a sua falta os anos longe de
você fora os piores da minha vida, vagando por aí — declarou passando a
mão em meu rosto, me olhava com adoração.
— Até mesmo minha filha mais velha já sonhou com o senhor,
mesmo sem conhecer você — expliquei e ele se remexeu na cama acredito
que seja pelo ferimento.
— Luiza. — disse olhando para trás e minha irmã já tinha ido, sabia
que para ela era difícil, pois, não teve o mesmo convívio que tive com o
papai, mas com o tempo isso iria mudar.
— Papai o senhor tem que conhecer às minhas filhas, suas netas, e
meu marido é um grande homem mudou a minha vida — confidenciei e ele
sorriu.
— E sua mãe? — apesar das traições do meu pai ele e minha mãe
sempre se deram bem.
— Mamãe agora é uma eterna noiva, tem dois filhos — comentei e
ele não pareceu surpreso.
— Sua mãe então se deu bem na vida, adotou às crianças? — Seu tom
era investigativo.
— Não, a mamãe teve outro filho, um bebê lindo que se chama
Matteo, e também tem a filha do noivo dela que a trata como se ela fosse a
mãe dela. — Expliquei e ele pareceu viajar no tempo, acabei contanto mais
coisas para ele que pouco falou, acredito que estava cansado, mas era bom
depois de tanto tempo ter meu pai aqui.
22

Quando você pensa que tem o controle sobre sua vida, ela
simplesmente joga às cartas e você tem que aprender como jogar conforme as
regras, mas a cada jogada ela te mostra que por mais que sua jogada foi
brilhante, isso não significa que será o vencedor no final.
Estava sentado na sala da casa da Jane, Luiza estava em meus braços
e Miranda estava mais à frente sentada no colo de Oliver. Elas estavam bem
abaladas com encontro com Jacob. Por outro lado, Jane não queria ver ele
nem pintado de ouro, e Michael estava ali sempre dando força a sua mulher.
Tina já tinha chegado e estava em choque ainda sem acreditar, na
verdade, todos nós estamos, afinal depois de tanto tempo muitas perguntas
iriam surgir, começando por quem tentou matá-lo e qual motivo de tudo isso,
a meu ver, era algo grande que só ele saberia de fato responder tais
questionamentos.
— Isso não pode estar acontecendo — disse Tina baixinho ao nosso
lado, segurando com firmeza seu copo de água, Luiza esticou a mão e
estendeu para Tina. Nada precisava ser dito.
— Amanhã ele terá alta e irá direto à delegacia — informou Jane
entrando na sala e deixou o celular em cima da mesa de centro e sentou no
colo de Michael, que estava mais calado que o normal.
— Ele tem advogado? — Questionou Tina que estava bastante
abalada.
— Não, e nossas advogadas estão lutando para encontrar a Manu e o
Davi, então teremos que contratar uma por aqui mesmo. — explicou Jane
lembrando que no Brasil as coisas não estavam diferentes, pois, Sarah e
Valentina estavam correndo contra o tempo, e cada minuto era precioso e
poderia custar a vida das crianças.
— Que mês foi esse senhor! — Exclamou Luiza passando a mão no
rosto — Primeiro as meninas, depois as crianças e agora isso.
— Não podemos esquecer de você — lembrou Oliver que também
estava bastante abatido.
— Brian e a namorada dele, alguém sabe? — Perguntei e Oliver
negou com a cabeça e respirou fundo. A namorada dele, Camila, foi dada
como desaparecida, ele foi atrás dela e também sumiu, deixando todos
preocupados.
— Todo aquele dinheiro era para o retorno dele, ou ele ficaria sumido
por mais tempo? — Inquiriu Michael sobre Jacob — Ele estava aqui esse
tempo todo, será que sabia da Lena, Alec e Miranda, porra será que ele sabia
e não fez nada. — Questionou Michael, tocando em todas as feridas,
perguntando o que não queríamos falar em voz alta durante todo esse tempo
que descobrimos sobre Jacob estar vivo.
— Eu não sei... — respondeu Miranda — Meu pai não seria capaz de
uma monstruosidade dessa ele... — ela estava bastante confusa.
— Seu pai sempre pensou somente nele Miranda, foi um ótimo pai
para você vivo, agora “morto” a história é outra — acrescentou Jane, ela
estava com ódio. Seria muito difícil para ela perdoar Jacob.
— Mãe eu sonhei com ele, a Lena também... — comentou Miranda,
tentando entender toda aquela situação, mas era claro que estava perdida a
cada palavra dita por ela, demonstrava seu choque e incredulidade.
— Às vezes a nossa vontade de ver quem se foi é tão grande que
temos ilusões, criamos momentos e queremos algo, e isso é projetado em
nossos sonhos. — disse Iván ao meu lado.— Você estava mal, e se sentia
segura nos braços do seu pai, para ter essa segurança, criou esse cenário.
— Lena não o conhecia Iván. — Insistiu Miranda séria.
— Ela tinha esses sonhos antes de conhecer a Miranda — comentou
Tina ao nosso lado.
— A Lena tem uma ligação muito forte com a Miranda e tudo isso
desencadeou essa ligação nela, o fato de sentir segura nos braços de Jacob,
fez com que ela projetasse que seu irmão estaria seguro com ele, ou ... —
fiquei em silêncio, sem conseguir completar meu raciocínio e Luiza
completou.
— E se não fosse um sonho, e se Lena realmente via ele. — disse e
todos me olharam. — Ele vivo esse tempo todo, a Lena pensou que fosse um
sonho, pois, a Miranda falou que ele havia morrido, de quem era fazenda? —
Perguntou Luiza
— Do meu filho Alec — respondeu Tina — Mas estava em nome do
meu falecido esposo, nem eu sabia, descobri depois, quando o senhor Castiel
comprou a fazenda.
— Castiel sabe que Jacob está vivo? — Questionou Luiza, e
conhecendo Castiel, Jacob estaria morto novamente, mas dessa vez de
verdade.
— Achei melhor não falar nada por enquanto, que horas será esse
depoimento? — Sondou Oliver.
— Assim que ele sair do hospital. — informou Michael, que alisava o
braço de Jane e beijava suas costas no intuito de acalmá-la.
— Vou tentar falar com Stone, para adiar isso… — começou Oliver,
mas foi interrompido por Jane.
— Não, Jacob tem que pagar pelos crimes, podem achar que isso é
raiva por ter sido traída e enganada, mas não... — Jane olhou para Miranda
— Jacob acabou com nossas vidas, em consequência dos seus atos
inconsequentes você ficou longe de sua filha por 5 anos — lembrou a
Miranda, e se virou para Tina — E você perdeu seu marido e seu filho. Eu
me lembro do Alec sentado no banco do hospital chorando pelo pai, foi pela
dor dele que corri atrás, passando por cima de todos os protocolos para
conseguir aquela cirurgia, e nós sabemos que Jacob poderia consegui-la
apenas com uma ligação, mas eu cheguei tarde demais. Nada justifica o que
Alec fez e não estou defendendo-o, se ele estivesse vivo eu mesmo o mataria
por ter feito Miranda e Lena sofrerem, mas Jacob não é um santo, e isso é só
a ponta do iceberg — disse Jane, calando todos, e nada mais precisava ser
dito.
Se minha mãe estivesse aqui diria "Jane nunca passará frio, pois, está
coberta de razão"
— E por último e não menos importante, deixou uma filha sozinha
pelo mundo, pois, eu aposto tudo o que tenho que ele sabia da sua existência.
— falou apontando para Luiza, que encolheu em meus braços, Luiza também
estava sofrendo com tudo isso, mas ela sabia esconder seus sentimentos, Jane
saiu da sala. Michael continuou sentado, ele pegou o celular e digitou algo e
depois o guardou novamente.

Se adaptar é a melhor solução em algumas situações que não podemos


fugir.
Depois que Jane, falou o que não queríamos ouvir nada mais precisou
ser dito. Miranda estava dividida entre o amor pelo pai e as coisas erradas que
ele fez, e algo me dizia que Jane sabia mais do que falava, e isso tinha muito
a ver o que descobrimos no hospital há alguns meses. Saímos da mansão da
Jane e vamos para casa da Jaqueline, pegar Tasha e Noah.
— Como vocês estão? Então o morto está vivo mesmo? — Perguntou
Jaqueline assim que sentamos no sofá.
— Mamãe… — disse Iván.
— Ele está vivo, e isso é muito surreal, eu ainda não sei o sentir a
respeito — disse e Jaque assentiu.
— Também não é para menos, ele foi um merda de pai para você —
comentou e eu não contive o riso, a dona Jaqueline era muito parecida com a
Jane, sem filtro e falava tudo que pensava.
— Fico imaginando você e Jane, conversando em um bar à noite —
disse e ela riu — As crianças?
— Estão com a Jéssica no jardim. — Ela já não era a mesma.
— Estão vivas? — Perguntou Iván, e dei uma cotovelada nele, a irmã
dele estava sofrendo.
— Aí meu anjo!— reclamou e mãe dele riu.
— É bom ver vocês assim, unidos e juntos, vocês se completam. —
afirmou com toda ternura.
— E o seu Evandro? — Perguntei e Iván, se remexeu do lado.
— Nós estamos ficando, não quero compromisso sério por enquanto
— e Iván arregalou os olhos, estava ficando vermelho antes que ele falasse
algo, ou explodisse de vez o puxei.
— Vamos pegar às crianças. — falei mudando de assunto.
— Você ouviu aquilo, minha mãe está louca…— exclamou
inconformado.
— Iván deixa a sua mãe, ela está vivendo, deixe-a ser feliz — insisti e
Jéssica se aproximou, ela estava bem abatida, não parecia a mesma pessoa.
— Eu queria falar com vocês, serei rápida — olhei para Iván e ele assentiu.
— Eu queria pedir perdão a vocês, e principalmente a você Luiza, eu
realmente amava o Liam, e achei que ele me amava e no final ele… — ela
parou de falar e olhou para Iván — ele te amava.
—Jé…— disse Iván.
— Me deixa terminar por favor — pediu e olhou para mim — Eu
sempre fui rude com você, pois, achava que ele te amava. Quando ele
confessou tudo para mim, não acreditei, e demorei um pouco a entender. A
sensação de ser traída e enganada ainda está dentro de mim. Mas eu queria te
pedir perdão por tudo o que disse, por ter usado o Noah para te ferir, por ter
discriminado. Sei que vai ser difícil, mas eu vou embora do país, vou estudar
fora… vou recomeçar minha vida e não poderia fazer isso, sem falar com
vocês. — Confessou e as lágrimas caíram do seu rosto, Iván abraçou a irmã e
beijou sua cabeça a acalentando.
— Jéssica, eu não tenho nada que perdoar. Somos humanos e estamos
sujeitos a erros, o que você fez comigo, está no passado, mas o que fez com
meus filhos não, se mexer comigo, está tudo certo eu aguento, mas com
Noah, Tasha e Luke não, eles são meus filhos e por eles eu vou até o inferno.
— rebateu, e ela assentiu — Te desejo sorte, nessa sua nova caminhada e que
você seja muito feliz, pois, todos merecemos a felicidade. — Conclui e ela
sussurrou obrigada, ainda abraçada ao Iván. Eu me afastei e fui até às
crianças que estavam no parquinho.
— Mamãe! — Gritou Tasha saindo do balanço e vindo até mim, Noah
também veio e Iván se juntou a nós.
— Hoje vamos até à casa da vovó Jane? — Perguntou Tasha toda
animada.
— Está me trocando Natasha? — Reclamou minha sogra, sorrindo
para Tasha com as mãos na cintura.
— Não e isso vovó Jaqueline, é que eu quero ver o tio Matteo, vovó
ele é tão lindo.— Explicou e todos rimos da forma que ela falou, colocando
as mãozinhas nas bochechas vermelhinhas.
— Eu quero ver a Catalina — disse Noah com cabeça baixa.
— Então vamos todos para a casa da vovó Jane — disse Iván que
estava todo empolgado, ele agora estava outra pessoa, eram raras suas crises
bipolares.—inclusive você mamãe.
BÔNUS

A verdade não precisa de defesa, esclarecimentos ou explicações. Ela se


impõe. A verdade não precisa de ressalvas ou fissuras, ela é singela e
irrefutável.
Descobrir que Jacob estava vivo foi um choque enorme, mas eu tinha
convivido anos com Jacob, e sabia que tinha algo a mais por trás daquele
retorno ‘heroico.
Havia acordado cedo, deixei Matteo com a Vânia, confiava nela com
a minha vida, e entrei no quarto do Jacob, ele estava dormindo.
— Acorda — mandei dando três tapinhas no rosto de dele, e puxei às
persianas para entrar claridade.
— Está maluca, Jane — ele esbravejou, e eu não liguei.
— Maluca eu estava quando me casei com você — exclamei furiosa,
ele pareceu surpreso, nunca tinha me visto daquela maneira, e percebeu que
eu havia mudado.
— O que quer Jane? — Questionou
— A verdade, será que é capaz? — Perguntei e ele abriu e fechou a
boca sem ter o que responder, virou para lado e ficou olhando para a parede
— vamos Jacob eu sei que você mente bem, estão a desculpa vai ser ótima.
— Eu te amei no início, nunca tive a intenção de te trair …
— Não vim saber das suas traições, isso é que menos importa aqui…
Luiza é dela que quero saber. — Afirmei, a raiva em meus olhos, estava
nítida.
— Como está direção do hospital, você deve saber que não fui um dos
homens mais honestos — ele disse e revirei os olhos — Marcel me
apresentou essas pessoas e eu comecei a fazer negócios com eles, queria
dinheiro e estava ganhando muito, mas não tinha poder, então montei um
clube de jogos com os mais poderosos da cidade e ali o jogo começou,
através das dívidas eu conseguia controlá-los, mas a bomba estourou sobre
meu outro negócio nada honesto e eu poderia morrer. Procurei Castiel, e
outras pessoas, mas não obtive ajuda, na época não sabia quem era Castiel, e
todos falavam da sua equipe de segurança, entretanto, não consegui nada e
tive que dar um jeito de sumir e com a ajuda de Graysson, forjei o acidente de
avião. — Confessou e nesse momento a porta se abriu, eu vi Tina entrar. Ela
estava linda assim como eu me lembrava, me senti pequeno diante das duas,
só faltava a Cecilia aqui. Tina foi a mulher que amei, trai Jane com várias,
mas Tina foi a que mexeu com todas as minhas estruturas.

A verdade é que, o que pode ser estressante para uns, pode ser o alívio
para outros. Então, cabe cada um escolher suas preferências, pois, a vida é
feita de prioridades.
Ver Jacob ali deitado mexeu com todas as emoções dentro de mim,
mas o sentimento que mais predominava era culpa e arrependimento. Culpa
pelo que eu fiz com meu ex-marido e arrependimento por ter me deixado
levar e ter me envolvido com Jacob.
— Ele começou a falar? — Perguntei para Jane, em minha voz tinha
ódio, raiva e angústia. O vi respirar fundo, quando percebeu que não iria
dirigir palavra a ele.
— Eu não salvei a Luiza, porque queria, ali foi momento certo para eu
voltar, tudo está desmoronando e eu preciso de proteção — desgraçado, a
Jane não parecia surpresa.
— Você sabia da existência da Luiza? — Indaguei e ele assentiu
— Eu estava meio alterado, já tinha cortejado Cecilia, então a vi na
cozinha e transamos ali mesmo, ela era virgem e eu estava sem camisinha —
confidenciou e diante do nosso silêncio continuou — eu pedi para ela
abortar, dei o dinheiro e indiquei a clínica. — Vislumbrei Jane chegar até
Jacob em segundos e lhe acertar um tapa na cara.
— Lena e Miranda? — Questionou Jane.
— Sempre soube do paradeiro da minha neta às vezes a visitava,
conversava com ela, mas até aí não sabia do Alec que para mim, foi uma
surpresa, sempre estive por perto Tina eu realmente amei você, uma das
partes boas da minha vida é você e Miranda, o resto, de fato nunca amei ou
me importei, eram apenas fatos e consequências.
— Se sabia de Lena porque nunca deu um jeito de Miranda saber
dela? — Fui tomada pela raiva, tantos inocentes envolvidos nessa teia de
mentira.
— Sabia do envolvimento da minha filha com Oliver Salvatore, então
foi fácil mexer os pauzinhos para Castiel comprar a fazenda, só não poderia
me envolver afinal eu estava morto e alguém poderia me descobrir. —
Explicou na maior calma do mundo, como eu pude amar esse homem, ele foi
o meu pior erro, e o declínio meu e do meu filho.
BÔNUS

Nunca confunda pessoas bondosas, com pessoas manipuladoras.


Geralmente elas terão um interesse por trás de tudo o que faz para você,
infelizmente é difícil desmascará-las, porém, basta você perceber algumas
atitudes e conhecer a verdade, pois, cedo ou tarde ela sempre se revela.
Conheci Jane na faculdade, nos apaixonamos casamos, sim eu fui
apaixonado pela Jane, mas só ela não me bastava, eu queria mais. Jane era
mulher a ideal, bonita, elegante, inteligente e de uma família milionária. Eu ia
ser médico, dono de um hospital, não poderia ter qualquer mulher ao meu
lado.
Meu bem mais precioso era a Miranda, minha filha. Eu tinha duas
filhas Miranda e Luiza.
Luiza foi fruto de um caso que eu não me orgulho, transei com a
empregada, ela era virgem e eu estava bêbado e não tinha usado camisinha.
Ela nem percebeu que estava bêbado de tão burra que era. Paguei um bom
dinheiro para ela abortar, ela pegou o dinheiro e sumiu, nunca mais a vi,
agora imagina a minha surpresa, quando 20 anos depois Cecilia me aparece
doente e ainda por cima com a filha que mandei abortar. Tive meu momento
de compaixão e ajudei elas, depois paguei o que ela pediu, porém, meses
depois descobri que o namorado havia me enganado e roubado o dinheiro que
supostamente Luiza tinha pedido.
Tive várias mulheres, mas amor tive apenas um, Tatiana Thompson,
essa sim amei sem reservas, o único arrependimento da minha vida foi ter
sido um filho da puta com ela, Tina se entregava sem reservas, sem pensar no
amanhã, era tudo ou nada, entre nós, existiu o amor verdadeiro, mas eu não
soube valorizar, pois, em minha vida, só amei ela e minha filha Miranda,
resto não me importava.
Marcel e eu sempre fomos amigos, o conheci na faculdade ele sempre
esteve comigo, e no Saint Claire não foi diferente, juntos fizemos negócios
com pessoas mal-intencionadas, e isso me custou caro, tive que me fingir de
morto, vaguei por anos, recebi ajuda de uma pessoa no Brasil, mas o caldo
estava entornando e círculos se fechando, eu precisava de uma saída,
aproveitei o surto do Liam e apareci como salvador, mas não fui muito bem
recepcionado.
Estou há três dias no meu hospital e eu só vejo médicos e
enfermeiros, não me arrependo das coisas que eu fiz, poder é tudo que o
homem deseja, não sou ganancioso, eu era um visionário.
23

Acordei sentindo minha nuca sendo beijada, senti braços me


envolvendo e em seguida meus seios sendo sugados, soltei um gemido baixo
e uma mão descendo para o meio das minhas pernas fazendo movimentos
circulares em meu clitóris, abri as pernas dando mais passagem para ele
intensificar os movimentos.
— Agora vou te comer de uma forma diferente hoje — comentou
mordendo meu pescoço e parando seus movimentos.
— Vai logo termina — ele me olhou e sorriu.
— Calma apressadinha — disse levantando uma de minhas pernas e
dobrando a outra e se encaixou no meio delas e deu leves batidas com seu
pau em minha entrada, começou a pincelar de baixo para cima era uma
tortura gostosa, mas queria mais — como essa bocetinha é gostosa, por mim,
passava a manhã toda te comendo em várias posições — acrescentou e ficou
olhando o meio das minhas pernas com adoração, fazia movimento de vai e
vem sem colocar o seu membro.
— Iván... me fode — sussurrei entre gemidos.
— Isso meu anjo, achei que nunca ia pedir — gracejou, e ergueu
minha perna mais um pouco na direção do seu peito e começou a estocar
firme e forte, meus seios balançavam eu os segurei os massageando enquanto
seu pau me castigava. — Amo essa sua bocetinha apertando o meu
pau engolindo-o assim, não vou aguentar. — rosnou Iván e parou, suado e
ofegante.
— Iván…
— Quero você quatro — mandou e deu um tapa em minha bunda e
beijou minhas costas — nossa manhã está apenas começando. — disse e
abriu minha bunda, e começou a chupar meu ânus, me levando ao delírio, ele
levantou e cuspiu em seu pau e depois no meio da minha bunda. Ele se
posicionou e entrou, eu arfei dói pra caralho, meus olhos encheram de
lágrimas.
— Relaxa meu anjo — ele sussurrou em meu ouvido e senti seus
dedos em meu clitóris — Você tem um cuzinho gostoso… Só perde para
essa boceta gostosa — disse e deu um tapa em meu clitóris sensível, gritei
gozando, Iván pega em meus cabelos e puxa com força, então, sai e entra
com tudo em meu ânus.
— Ahhh, Iván! Pai eterno — eu chorava de dor e de prazer, seu pau
grande e grosso está arregaçando meu cu, puxava os lençóis, tomada pelo
prazer, luxúria e tesão.
— Ahh, meu anjo, você me pertence, e eu amo comer cu, então você
tem que me dar — comentou e deu um tapa em minha bunda, e depois outro.
— Ahhh Isso ….é… muito… sujo…. Mas eu gosto — confessei
tomada pela luxúria e Iván riu, metia cada vez mais fundo.
— Você gosta de tomar no cu, por que é safada, minha anjinha safada
— me puxou ainda me comendo e beijou minha boca, ele estocava com
vontade e mordeu meus lábios, e eu convulsionei gozando de novo, estava
gozando pelo cu, estremeci nos braços do Iván, senti seu pau inchar, mas ele
parou eu respirava de maneira irregular destruída, Iván ainda dentro de mim,
me virou e mordeu o bico dos meus seios.
— Vou foder seus peitos — mandou, se afastando e deu um tapa em
minha boceta, me fazendo arfar. Iván levantou, me estendeu a mão e eu
ajoelhei. Iván enfiou a mão em minha nuca e me beijou.
— Você é linda e perfeita para mim… Eu te amo! Agora segura esses
melões.
— Você não é romântico Iván — acrescentei olhando seu pau grande,
grosso e ereto em minha direção, não resisti e lambi a cabeça do seu pau,
Iván segurou minha cabeça e ditou as regras, adoro nosso sexo bruto, eu
chupava até engasgar, Iván puxou minha cabeça.
— Segura esses peitos juntinhos ao meu pau, quero gozar neles —
Iván colocou o pau entre meus seios e começou a estocar bruto, meus seios
balançavam, eu os segurei massageando enquanto seu pau bombeava. —
Amo cada parte do seu corpo, seu corpo todo me dá prazer, coloca língua pra
fora e lambi….ahhhhh não vou aguentar .
— Mas forte... isso mais forte — pedi apertando mais meus seios, me
sentia poderosa, vendo Iván sentindo prazer, ele deu as últimas estocadas
fortes fazendo círculos e gozou em meus seios, e um pouco em meus lábios,
Iván caiu sobre mim suado, em êxtase e me beijou, sentindo seu gosto, meus
seios sujos com seu esperma, ficamos nos acariciando por um tempo e ele se
levantou.
— Vem vamos tomar um banho — me chamou e riu olhando o meio
das minhas pernas.
— O que foi? — Perguntei apoiando meus cotovelos na cama.
— Amo ver você suja com minha porra depois de uma surra de pau,
sua bocetinha está toda vermelha — respondeu me puxando, Iván não tinha
filtro quando se tratava de sexo, era bem boca suja, custei a levantar minhas
pernas estavam bambas, ele percebeu e me pegou no colo, levou-me ao
banheiro ligou o registro da banheira e buscou seu celular e colocou uma de
suas canções favoritas da banda Heart, What About Love? ele ama escutar
música enquanto toma banho, acabei me influenciando dessa mania dele
também, ele me colocou na banheira e começou a me ensaboar, em uma parte
da canção decidi me arriscar cantando um trecho.
“ I’ve been lonely
Tenho estado sozinha
I’ been waiting for you
Tenho esperado por você’’

Ele me colocou em sua frente, senti sua ereção encostando em minha


bunda, esse homem nunca se cansava, e eu gostava disso, pois, o sexo é
maravilho, a química perfeita, ele começou a cantar um trecho da música em
meu ouvido com sua voz sexy e rouca já estava me deixando acesa de novo, a
letra dizia muito remetia muito ao início da nossa relação.

‘’ You´ ve been hiding


Você tem você se escondido
Always trying to keep it under cotrol
Sempre tentando se manter sobre controle
What about love?
E quanto ao amor?
Don’t let it slip away
Não o deixe escapar
I only want to share it with you
Eu só quero compartilhar com você”

Sim por muito tempo me escondi do meu bipolar, por medo de viver
esse novo amor e me arrependo de não ter começado antes, pois, hoje sei que
Iván é o meu porto seguro e vem provando isso de todas às formas possíveis.
Por isso estou buscando viver cada minuto, cada aventura ao lado dele e da
nossa família porque neles encontrei o amor, carinho que havia esquecido há
anos devido a tanto sofrimento, tomamos banho um cuidando do outro
trocando juras de amor e cumplicidade.
— Jane ligou — comentou Iván enquanto colocava café em uma
xícara — Parece que ela conversou com Jacob e a conversa foi bastante
esclarecedora, ela pediu para irmos até à casa dela.
— Pior de tudo é que não sinto nada por aquele homem, e me sinto
culpada por isso — expliquei bebendo um gole de suco — Passei minha vida
inteira sendo cuidada pela minha mãe, nas minhas festas de escola quem ia
era o senhor Jasper Cartwrihgth. Ele fazia questão de estar presente, seu
Jasper foi o mais perto de um pai que eu tive — disse com pesar e Iván me
abraçou, me aconcheguei em seus braços.
— Tudo vai terminar bem, vocês precisam conversar e coloca um
ponto final nisso tudo. Ele ainda está no hospital, posso pedir ao Evandro
segurar a alta dele. — Acrescentou Iván em meu ouvindo e deixando trilha de
beijos em meu pescoço, fazendo me arrepiar. Me virei beijado seus lábios e
ouvimos a campainha tocar.
— Está esperando alguém? — Perguntei e deixei um beijo casto em
seus lábios.
— Não, pode ser várias pessoas — resmungou Iván de mau humor,
era engraçada essa mudança repentina de humor dele. Iván se levantou,
deixando amostra toda sua grandiosidade, me levantei e peguei minha
calcinha, camisola e vesti, Iván tinha colocado a cueca e short, e foi até
closet. Eu segui para o banheiro, lavei meu rosto e fiz minha higiene matinal,
Iván entrou no banheiro devidamente vestido e fez sua higiene, peguei meu
robe e descemos.
Ouvimos vozes vindo da sala, eu travei ao reconhecer aquela voz, e
não seria nem um pouco educada, Iván segurou minha mão e entramos na
sala.
— Mamãe, bom dia! — Falou Tasha vindo em minha direção e me
abraçou, a peguei no colo e enchei de beijos — Bom dia, papai! — Disse e
pulou para o colo de Iván.
— Bom dia, família e tchau família, estou atrasado — comentou Luke
vindo da sala de jantar, comendo uma maça, passou por mim e me deu beijo
na testa, e um abraço em seu pai, e um beijo em Tasha, foi até Noah e
bagunçou os cabelos dele e deixou beijo no rosto da avó.
— Luke, traz a Keises para almoçar conosco. — Pedi e ele bateu
continência e saiu, e eu ri.
— Irina, bom dia! Não esperava sua visita — exclamou Iván se
sentando na poltrona e colocando no chão, fui até Noah e o beijei, ele estava
assistindo desenho e não tirou olhos da televisão.
— Quer um café, uma água? — Perguntei e Irina parecia estar em
outro mundo.
— Não obrigada, eu queria conversar com vocês dois...
— Se veio soltar seu veneno, pode voltar para Eastwick — rebateu
Iván estressado
— Iván, agora não. — disse, as crianças na sala e elas já tinham
presenciado muita confusão esses meses. Chamei a Fran.
— Fran pode levar às crianças até o jardim, por favor. — Pedi ela
assentiu, quando eles saíram, me virei para Irina — O que deseja Irina? —
Questionei indo ficar ao lado do Iván.
— Pedir desculpas! — explicou e Iván me olhou, sem que gente
esperasse ele começou a gargalhar, eu olhei par Irina sem entender, Iván
colocou mão na barriga de tanto rir.
— Iván... — Luiza me chamou em um claro tom de reprimenda.
— Desculpa meu anjo... — pedi entre risos — Parei, mas... — disse
parando de rir
— Apesar da sua indelicadeza, eu vim realmente pedir desculpas, eu
errei em te acusar e por ter infernizado a vida de vocês, mas eu tinha perdido
minha filha e recebi um laudo de que ela tinha sendo envenenada. —
Esclareceu e Iván já tinha voltado ao normal, e estava sério. — Sei que não
foi correto certas atitudes que tomei, mas eu não tinha ninguém...
— Você tinha seus netos e bem ou mal, você tinha o Iván. — disse e
ela me olhou — Apesar de tudo, ele nunca afastou às crianças de você. Mas
você Irina, deixou o Luke chegar ao fundo poço, só não fez a cabeça de
Tasha, pois, ela é ainda uma criança.
— Eu não sabia do problema do Luke, eu o vi estranho, mas ele
sempre foi meio revoltado. — comentou tentando se justificar, se sentindo
culpada.
— E você alimentava a revolta dele, o Luke me disse que a relação de
você não era nada saudável.
— Você é mãe e quando perder um filho...
— Eu perdi minha esposa e minha amiga Irina, como você acha que
eu me senti quando Fernanda faleceu. Eu amava sua filha, jamais faria mal a
ela, mas eu me recordo que você nunca aprovou nosso relacionamento, por
causa da minha bipolaridade. — Ela olhava para ele, realmente arrependida
— Não há o que ser perdoado, mas quanto a tudo que aconteceu com o Luke,
você deve desculpas a ele. — rebateu por fim, ela assentiu.
— Você me perdoa Luiza... Eu não vou mais atrapalhar, o Iván
merece ser feliz e desde que você apareceu, Tasha mudou e o Luke também,
é difícil admitir, mas você fez bem a todos eles.
— Como disse o Iván, não há o que ser perdoado, mas Irina se você
fizer algo contra às crianças novamente, não será o Iván que vai até você, mas
sim eu e pode ter certeza que farei até impossível, e você nunca mais chegará
perto deles — insisti e ela abriu sorriso.
— Não esperaria menos de você — disse se levantando — Posso me
despedir das crianças? — Perguntou Irina visivelmente sem graça.
— Claro, nós vamos subir, pois, vamos sair. — Respondeu Iván e
Irina seguiu até o jardim, quando ela saiu, me virei para o Iván e dei um tapa
em seu braço.
— O que foi aquela crise? — Perguntei me fingindo de brava.
— Desculpa a amor, mas a bipolaridade falou mais alto, eu esperei
anos por esse momento — respondi e eu ri, subimos até o quarto e fomos nos
arrumar. Ao entramos no quarto Iván seguiu para closet e eu peguei meu
celular que tinha quatro ligações perdidas de Jane, enviei mensagem para ela
avisando que à tarde estaria em sua casa e fui para o banheiro. Tirei minha
roupa, coloquei no cesto, entrei no box, liguei o registro e o jato de água
morna caiu sobre meu corpo. Apesar de tudo eu estava feliz, tinha um homem
que me amava, três filhos maravilhosos, senti braços envolverem meu corpo,
era Iván deixando mordidas em meus ombros.
— Não vamos transar de novo... — afirmei parando sua mão que
estava indo em direção às minhas partes íntimas.
— Você sabe que fui domado, por sua bocetinha, eu chego perto de
você meu pau já quer estar dentro dela e desse cuzinho também — disse se
esfregando seu pau na minha bunda, que já estava duro e mordeu minha
orelha.
— Iván... — sussurrei cheia de desejos e ele riu.
— Tudo bem, mas a noite você não me escapa. — comentou e deu
um tapa em minha bunda e eu olhei de cara feia, e logo ele veio beijar meus
lábios. Terminamos de tomar banho, entre carícias e quando saímos do
banho, me sequei e segui para closet, vi o terno do Iván separado. Peguei uma
lingerie da Victória’s Secrets rosa-bebê e vesti, depois coloquei um vestido
preto e caramelo, quando fui pegar os sapatos Iván entrou no closet, ele tinha
aparado a barba, pegou o terno Armani de 3 peças preto e uma blusa
azul listrada. Eu fui até penteadeira sequei meu cabelo, fiz uma maquiagem
leve, peguei uma sandália, caramelo salto 15 cm e calcei, fui ao quarto e Iván
veio em direção para eu fazer o nó em sua gravata, peguei minha bolsa,
coloquei tudo dentro, depois peguei um conjunto de joias banhadas a ouro.
— E sou cara mais sortudo, pois, eu tenho a mulher mais linda para
chamar de minha — disse me abraçando — Nós seremos muito felizes —
afirmou e eu assenti, beijando a ponta de seu nariz.
Saímos do quarto e descemos, Noah e Tasha já estavam de banho
tomado, hoje quase não ficamos com às crianças.
— Meus amores, mamãe e papai vão sair e daqui a pouco estamos de
volta — expliquei e fui até eles e os beijei.
— Está bem mãe, eu cuido da Tasha — disse Noah, todo
homenzinho, meu estava filho se desenvolvendo melhor, mas às vezes ficava
preso em um mundo só dele.
— Se comportem e não perturbem a Fran — insistiu Iván os
beijando, depois de vários beijos e recomendações, saímos de casa e fomos
ao hospital.

Chegamos ao hospital e a polícia já estava lá, o Dr. Evandro e Iván


tentavam distrai-los, enquanto eu subi pelo elevador privativo, sai no andar
da enfermaria e parei, abri com cuidado, entrei e vi Jacob sentado na cama.
Ele me olhou e não disse nada por um tempo.
— Você é tão bonita como a sua mãe — comentou parecia estar
admirado.
— Ela é uma das tantas, que você levou para cama — rosnei e ele
desviou olhar — Eu quero ouvir a sua versão.
— Eu não amei a sua mãe, se é que quer saber...
— Quero saber se você sabia que ela estava grávida? — Questionei,
colocando minha bolsa na cadeira e me aproximei dele, parando à sua frente.
— Sabia e ofereci dinheiro para ela abortar... — respondeu e dei tapa
em sua cara — Me... — Dei outro tapa o calando.
— Eu te procurei há anos contra a minha vontade, minha mãe nunca
me contou sobre você, mas eu sabia que foi algo grave, por isso nunca fiz
questão de saber ou de ter contato com você, agora me diz por que me tirou
daquele incêndio? — Perguntei continuou me olhando
— Eu precisava, foi pela minha segurança, eu preciso de proteção. —
Quando levantei para bater nele novamente, ele segurou minha mão e eu a
puxei, me soltando do seu aperto.
— Eu me arrependo de tudo que fiz, eu era inconsequente, mas esse
tempo longe eu mudei. E para provar, mas eu precisava estar vivo, me
envolvi com pessoas erradas, eu vou ajudar a acabar com eles e vou
recomeçar...
— Será Jacob?! Seu passado te condena, um homem que traia a
mulher sem pensar nos sentimentos dela, um homem que paga uma mulher
para abortar a sua filha, um homem que destruiu uma família...
— Não fale da Tina! — gritou se levantando — Não fale da Tina,
você não sabe de nada... Não passa de uma...
— Bastarda ou aleijada, isso eu já ouvi muito pelos corredores. Reza
para alguém ter piedade você, pois, eu, Jane e a Tina faremos de tudo para
você apodrecer na cadeia. — esbravejei e fui até a minha bolsa e retirei uma
pasta e o entreguei, ele pegou folheou e arregalou os olhos.
— Onde conseguiu isso? Você não sabe com que está mexendo.
— Iremos descobrir, pode ficar isso é só a cópia — rebati pegando
minha bolsa, caminhando até à porta
— Eles virão atrás de vocês... — disse e a porta foi aberta e vi
Miranda.
— Irmã, pai! — falou com a testa franzida. — A polícia está aqui. —
informou olhando para o pai.
— Ele é todo seu, irmã já falei o que tinha para falar — expliquei e
beijei rosto, quando saí do quarto encontrei Iván e Oliver no corredor,
cumprimentei Oliver e fui até o Iván.
— Vamos ver a Jane. — disse ele assentiu.
Seguimos até à casa da Jane, em completo silêncio. Jacob não tinha
escrúpulos, ele não é homem, chegamos na casa, entrei e vi Jane e Tina
sentadas no sofá e vários papéis na mesa de centro.
— Cheguei! — comentei fui até a Tina e a abracei e fiz o mesmo com
a Jane.
— O que aconteceu? — Perguntou Jane, eu desabei em seus braços,
saber que meu próprio pai pagou para me abortar, doía.
— Ela foi vê-lo. — respondeu Iván entrando na sala, e me amparou
em seus braços.
— Ele deu dinheiro para minha mãe me abortar e ele me salvar foi
pura estratégia — expliquei e Jane não parecia surpresa e Tina também.
— Ele nos falou de manhã, aqui na mesa é tudo que consegui contra
ele. — disse Jane apontando para mesa, ainda não tinha visto aqueles papéis.
— A esposa do Marcel deixou com a Jane — comentou Tina, se
sentando no chão e pegando os papéis. — O Jacob, Marcel e Graysson
estavam usando o hospital para vários assuntos ilegais. — disse e entregou
uma pasta para mim e Jane pegou outra e entregou para o Iván.
— Jacob vai fazer de tudo para se livrar da prisão, e não podemos
deixar isso acontecer. — Rebateu Jane
— E Miranda? — Perguntei
— Vamos deixar ela fora disso, ele foi um macho escroto, mas foi um
bom pai. — explicou Jane e assentimos, sentamos e passamos horas
revisando tudo, Jane pegou Matteo e ficou com ele nos braços e nós a
ajudávamos. Catalina, estava na casa de Oliver com Laura e às crianças.
Depois de horas, olhando documentos e anexando tudo, a cada
documento descobríamos o quão mostro Jacob era e tudo aquilo foi por
dinheiro. O celular da Jane tocou, ela atendeu e se afastou, minutos depois ela
retornou.
— Castiel, levou Jacob, vamos todos para fazenda.
24

A vida ensina que é preciso coragem para enfrentar aquilo que nos
desafia. Antes, é decisivo ter consciência do potencial e das próprias
limitações. Conhecer o nível de controle que temos sobre nós mesmos e
identificar o que nos deixa. vulneráveis, é o que define nosso poder. Aprendi
que na vida às vezes, coisas entram em seu caminho e você tem que escolher.
Você pode adaptar-se e fugir, mas você tem que fazer um ou outro para
seguir adiante.
Em questão de horas, todos estávamos na fazenda. Tina e Jane
estavam sentadas conversando, o clima não era dos melhores, todos
estávamos apreensivos. Tasha e Noah ficaram com Jaqueline, minha sogra
prontamente se ofereceu para cuidar deles.
— Estávamos na mansão olhando vários documentos, conseguimos
tudo isso. — comentou Jane jogando tudo na mesa. Michael caminhou até a
mesa e pegou uma das pastas e começou a ler.
— Vocês têm certeza? Ele fez um acordo... — rebateu, mas não
conseguiu terminar, se levantou passando a mão na cabeça, Michael está
nervoso desde que soubemos que Castiel tinha levado o Jacob.
— Sei o quanto é difícil para vocês saberem de tudo isso e ainda mais
com Jacob vivo, mas ele precisa pagar. — afirmou Jane
— Eu ainda não sei o que pensar sobre tudo isso, aqueles documentos
da caixa, nos deixa destruído. — Comentei.
— Nicholas me enviou esses documentos — informou Michael—
Estava no cofre, Caleb está vindo ao Canadá, na verdade, já deve estar
chegando, ele vai atrás do Castiel.
— Conseguiram localizá-lo? — Perguntou Tina
— Não, seus movimentos terminaram no aeroporto, nem a rota dele
até à delegacia, nós temos. — Informou Michael. — Merda... A Sarah faz
falta nessas horas.
— Sarah está rastreando a filha dela e o sobrinho, então a gente se
vira por aqui — informou Iván ao meu lado.
— Alguém sabe notícias do Brasil, sobre às crianças? — Questionou
Tina, trazendo uma jarra de café e xícaras.
— Estão perto de descobrir tudo, aparentemente às crianças estão
vivas, mas nenhum resgaste foi solicitado — esclareceu Michael se sentando
no sofá, isso deve estar sendo muito difícil para ele.
— Hannah está no Brasil com ela e Hernandez também — comentou
Jane bebendo um gole de café.
— Não sei se o Caleb vai conseguir pará-lo, eu estava presente no dia
em que Castiel matou o Marcel — insistiu Michael, e eu vi ali que ele sabia
mais do que estava contando, com toda certeza ele sabia o paradeiro do
Castiel só pensava na reação dele quando soube que Jacob está vivo. — Eu
senti a dor do Marcel, ele não se vingou somente pela Hannah e sim por todas
as quarenta meninas, ou mais não lembro… Jacob não fez nada, sabia e olhou
para lado e agora sabemos que… Merda Caleb não vai conseguir contê-lo,
nem se ele fosse o Hulk — falou Michael e nos olhou com pesar.
— Vamos torcer para o Caleb conseguir, e Jacob pagar por seus
crimes na cadeia, com todos esses crimes que ele cometeu com certeza será
condenado a pena de morte. — disse e Iván me abraçou. Assustamos ao ouvir
barulho de carro, Michael saiu de dentro da casa e depois de um tempo,
homens entraram com Jacob desacordado e muito ferido.

Desde pequeno minha mãe dizia que vingança não nos leva a lugar
nenhum. As pessoas de coração ruim sempre se autodestroem, mas também
acredito que a sede de vingança não pode ser saciada com a água da justiça.
Merda de juramento, subiram com Jacob e o colocaram em um quarto
de hóspede. Depois de cinco dias e diante de todas as provas, parecia enfim
ter caído a ficha para todos, Jacob realmente merecia a morte. Todos queriam
subir e cuidar dos ferimentos de Jacob, as costas dele estavam em carne viva,
fora os hematomas e marcas de corrente, isso seria demais para elas. Tina e
Jane estavam horrorizadas com estado do Jacob, Michael assim que colocou
Jacob na cama, saiu para ver o pequeno Matteo, que estava chorando. Então,
sobrou para quem?! Isso mesmo, estou sendo “obrigado” a limpar e cuidar
dos ferimentos do homem, que sugeriu que a mãe da mulher a abortasse.
Jacob abriu os olhos, e eu continuei limpando os ferimentos, passei pomada e
o enfaixei.
— Você é o marido da minha filha Luiza? — Perguntou Jacob quase
sem voz.
— Acertou, só errou na parte em que ela é sua filha, você nunca foi
pai dela — rebati e ele riu amargo quase sem forças.
— Você não sabe nada vida... Não sabe o que é ter poder — apesar de
estar na pior ele não deixava a sua arrogância de lado.
— Que poder você tem agora? Se escondeu anos como se fosse um
rato, foi corrupto, contrabandista... bandido é elogio para você Jacob Collins
— exclamei e cheguei bem perto dele — Você é um verme que se arrasta
procurando algo para se hospedar, o que você fez de bom nessa vida? Além
das suas filhas, que graças a Deus elas puxaram a mãe.
— Vocês vão se arrepender e aquele mafioso de merda também... —
algo me dizia que ele não estava apenas fazendo uma ameaça, tinha gente
grande por trás dele isso é um fato obvio, mas quem? Qual era o nível de
poder dessas pessoas.
— Mafioso de merda, mas te fez cagar e mixar nas calças, de medo
como um covarde de merda que você é. — esbravejei e saí do quarto batendo
a porta, quando me virei, peguei o jarro e joguei na parede, quase que acertei
o Caleb, mas ele num ótimo reflexo desviou.
— Desculpa! — Pedi tentando me controlar.
— Relaxa, ele causa esse efeito mesmo. — disse se aproximando, sua
blusa tinha sangue.
— Venha te empresto uma camisa, o DNA dele está no seu corpo. —
comentei e ele riu sem humor. Seguimos para o quarto, peguei uma camisa e
entreguei para ele. Que trocou de roupa rapidamente. Saímos do quarto e
descemos, nos últimos degraus vimos Jacob se arrastando, com a mão na
costela, fui ajudá-lo, mas Caleb me parou. Ele apareceu na sala e o Caio o
ajudou a se sentar, eu e Caleb entramos na sala.
— Já que está sentado, e não arrancamos a sua língua ainda. —
Exclamou Caleb, retirando as folhas da mesa de centro e se sentando —
Comece a falar, quem é, o cabeça, da organização? — Jacob ficou em
silêncio olhando para todos, mas ninguém interviu, vi seu olhar parar em
Tina especificamente nas mãos do seu namorado em sua cintura e pela
primeira vez vi dor em seu olhar, dessa vez era real.
— Fala porra! — Mandou Michael partindo para cima do Jacob, mas
Caleb o parou.
— Eu não sei... O cabeça, está no Brasil. — respondeu tomando
fôlego devido à dor .
— Queremos nomes — rosnou Miranda, se aproximando de Caleb —
Se existe compaixão dentro de você, responde às perguntas deles, a vida de
duas crianças estão em jogo.
— Eu não sei, vivi pelas sombras... — percebi que era apenas um
teatro para filha.
— Jacob, eu sou procurador-geral de Curitiba — informou Caleb
fazendo Jacob travar — Antes eu era promotor, ajudei a prender Samuel
Novais... E um dos melhores delegados federais está nessa investigação e ele
me disse que você esteve há três anos no Brasil, e descobrimos que você
realizava cirurgias lá, e ainda tem mais coisas, que podemos usar contra
você... Agora me diga você me quer como amigo ou inimigo? — Perguntou
Caleb, Oliver andava de um lado para outro como leão enjaulado, nesse
instante à porta foi aberta e Castiel entrou, chamando a atenção de todos.
Castiel assumiu com Caleb o interrogatório, e por fim Jacob revelou
onde estava às crianças, eu me ofereci para ajudá-los, sempre soube atirar.
Estava no quarto e Luiza entrou com o colete a prova de balas.
— Eu sei que você não vai mudar ideia, mas Iván tome cuidado e
volte nós e nosso neto que ainda nem nasceu — pediu com os olhos
lacrimejados e eu fui até minha mulher e beijei seus olhos.
— Todos nós vamos voltar, e quando eu voltar nós vamos nos casar, e
você será oficialmente Luiza Sánchez, cuide de nossos filhos, pode parecer
loucura, mas eu preciso ajudá-los — insisti e ela sorriu.
— Não esperava menos de você meu bipolar, eu te amo Iván.—
declarou se aconchegando em meu abraço.
— Não mais do que eu meu anjo... Eu te amo com todo a minha alma
e não me vejo num mundo sem você. Então me espera, que eu volto, e vamos
foder gostoso, como só a gente sabe fazer. — Afirmou tomando os seus
lábios em um beijo intenso e cheio de promessas, afinal o futuro nos aguarda
com muitas surpresas, e a guerra estava apenas começando.
BÔNUS

A lei do retorno é o acerto de contas entre o bem e o mal, prevalece


aquele que escapou por entre as frestas do seu coração, e quero ver como
você irá se sair.
Quando recebi a mensagem de Caio falando que Jacob estava vivo,
não pensei duas vezes em sair do Brasil e ir atrás daquele desgraçado, deixei
todos os homens à disposição da Loira e Nicholas, pois, para acabar com
Jacob, só bastava eu.
Dessa vez eu iria matá-lo, pois, ele não voltaria do inferno nunca
mais. Todos os relatos da Hannah do abuso que ela sofreu nas mãos do
Marcel, ela só tinha quinze anos e aquele filho da puta não o denunciou por
pura ganância e dinheiro. O ódio me consumia.
— Senhor, tivemos um problema na pista e vamos demorar um pouco
para aterrissar — assenti, meu celular tocava sem parar, olhei no visor e era
Oliver, desliguei meu celular e deixei no avião, retirei o relógio, o adesivo de
rastreio e o meu cordão. Ninguém iria me encontrar. Chamei a aeromoça.
— Preciso de um celular — Pedi e ela rapidamente voltou com um
celular, acho que era o dela, pois, tinha uma capa rosa. Disquei o número.
— Onde ele está? — Perguntei ao Gael.
— Na delegacia prestando depoimento, todos estão na delegacia. —
Disse a última frase em forma de alerta. Eu desliguei e devolvi o celular à
aeromoça, que parecia ser nova na equipe, pois, ainda não tinha conhecido
ela. Passados trinta minutos a aeromoça informou que iriamos aterrissar.
Quando o avião pousou, me levantei e porta do jatinho se abriu, eu
respirei fundo ar da cidade. Desci às escadas e segui para fora do aeroporto,
algumas pessoas estranharam, o fato de estar sem segurança. Sai e pedi um
táxi, não demorou muito um taxi chegou.
— Delegacia de Moncton — Passei o endereço para o motorista e
seguimos a viagem silenciosa, e eu precisava desse silêncio, vinte e dois
minutos depois o táxi parou em frente à porta da delegacia, paguei o taxista e
sai. Caio me viu e veio em minha direção.
— Chefe...
— Você tem dois minutos para deixar um carro, sem rastreador nos
fundos da delegacia, vamos entrar pelos fundos — informei e seguimos até
os fundos da delegacia. E encontrei Stone fumando, sei que estava a minha
espera.
— Castiel, deveria perguntar o que faz aqui? — Questionei Stone e
não me dei o trabalho de responder — Castiel, deixa a justiça cuidar dele, ele
é um verme.
— Você o conhece bem não é Stone, recebia dinheiro dele. —
acrescentei e ele respirou fundo, jogou o cigarro chão e pisou em cima —
Você ainda não estava na delegacia aquela época, e se fosse você o delegado
agiria dentro da lei, ou faria igual aquele merda, que já está no inferno.
— Não sei! — disse Stone e eu percebi que estava sendo sincero —
Tem muita coisa em jogo Castiel e você sabe que isso é só a ponta do
iceberg. — Ele olhou para os lados e voltou a falar — Você acha que o
sequestro da Sarah e da Valentina, depois os filhos delas, foi mera
coincidência Castiel?
— Quando estive no Brasil, não foi atrás do Benjamin como disse e
com certeza tem o dedo do meu pai nisso — disse e acrescentei — Você foi
atrás do Jacob, até porque ele sabe muita coisa, por isso tinha que ser morto,
mas quem o queria morto, a organização ou vocês? — Ele me olhou e não
disse mais nada, sabia o que eu iria fazer, mas também não iria me impedir.
— Cadê ele? — Indaguei Stone, que não estava bem e eu sabia o
motivo, era medo porque muita coisa iria ser desenterrada.
— Sala de interrogatório — respondeu e me deu passagem, mas ainda
tentou me impedir.
— Cas, não faça isso...
— Ele deixou uma menina de 15 anos ser molestada, porque não
queira perder dinheiro. Nossa mãe foi violentada por cinco homens e você
não parou até fazer justiça. Agora é minha vez. — Rebati e passei por ele,
Stone me puxou para cabine de vidro, Jacob estava sendo interrogado.
— Eu já falei... Fui fazer uma viagem e meu avião caiu no meio da
mata, acordei três dias depois em um casebre, uma senhora me ajudou eu
estava muito ferido. E antes que pergunte novamente eu estava sendo
ameaçado, não poderia voltar e colocar a minha família em risco.
— Você ficou no casebre até hoje? — O policial questionou.
— Não depois que me recuperei fiquei por uns tempos na Colômbia,
lá trabalhei de tudo um pouco. Até que consegui dinheiro e voltei ao Canadá
e fiquei escondido, vigiando todos.
— Está há quanto tempo aqui no Canadá? Onde ficou?
— Há 4 anos, fiquei pelas ruas e albergues... — explicou parecendo
pensar, aquele interrogatório estava ridículo.
— E decidiu aparecer hoje? — Perguntou o investigador e eu esperei
a resposta.
— Minha filha estava em perigo, eu não poderia errar com ela
novamente — respondeu e o ódio desencadeou pelo meu corpo.
— Libera ele e me entrega, ele está mentindo e será melhor para nós
se ele estiver morto — exclamei e Stone me olhou um bom tempo, ele saiu da
sala e bateu na porta da sala de interrogatório, investigador saiu e Stone falou
algo. Saí da cabine e fui até os fundos onde o carro que solicite estava lá, com
a chave escondida na roda.

Minutos depois Stone me entregou o Jacob, algemado com um capuz


no rosto, ele sabia como as coisas funcionavam comigo, abri a mala e ele
jogou Jacob lá dentro, ouvia ele tentando gritar, mas sua voz não saia, Stone
se afastou, eu entrei no carro e segui até à boate, pois, seria o último lugar
que eles iriam me procurar.
Parei o carro nos fundos da boate, sai do carro, abri a mala e puxei
Jacob que se debatia, estava de saco cheio, dei três socos nele que caiu
desacordado, o joguei no ombro e desci para o depósito de bebidas, puxei às
duas correntes e o prendi. Tirei o capuz do seu rosto, e fita adesiva, fui até a
pia peguei um copo de água, voltei o joguei no rosto dele. Jacob abriu os
olhos, sacudindo a cabeça e ficou assustado quando me viu.
— Você! — disse olhando para os lados, seus olhos arregalaram
quando viu a maleta de ferramenta — Você não pode fazer isso... Eu te
procurei... Você sabia — caminhei até o balcão, peguei um copo, a garrafa de
whisky e me servi.
— Sabia que você era um filho da puta, ganancioso, e que estava
envolvido com gente da pesada e eu falei que iria ajudá-lo, mas como é a
vida...
— Eu não fiz nada e nem molestei — comentava se balançando,
tentando se soltar, peguei o pedaço de madeira que ainda tinha sangue.
— Esse pau entrou 40 vezes no ânus do Marcel, pelo que ele fez com
aquelas meninas, elas eram crianças... Poderia ter sido sua filha seu verme —
gritei a última parte, ele estremeceu e se encolheu.
— Tentei fazê-lo parar, eu pedia para ele parar e dei um jeito da
Miranda descobrir...
— O Alec descobriu, e graças a ele a Hannah pôde pará-lo. — rosnei
e acertei a madeira nas pernas do Jacob, ele gritou de dor — Você vai
apanhar 40 vezes para deixar ser covarde e depois eu mato você.
— Hoje não! — ouvi a voz atrás de mim e me virei.
O tempo passa, as circunstâncias se alteram e todos nós vamos
mudando, mas uma verdadeira amizade permanece sempre igual, mesmo
diante de todos esses cenários, a amizade pode durar uma vida toda basta que
ela seja verdadeira, pois, amizade verdadeira se constrói e não se compra.
Eu e Nicholas estávamos há dias parados no tempo, correndo atrás de
informações sobre a paradeiro das crianças e o garoto estava nos surpreendo.
Sarah tinha sangue nos olhos e Valentina não estava diferente, mas cada uma
agia à sua maneira. Eu via a Sarah de anos atrás e estava nítido que ninguém
ficaria em seu caminho, tivemos que dopá-la por dia para voltar a agir
lucidamente como a verdadeira principessa.
Eu não estava diferente, afinal Manu e Davi eram meus também. Os
sobrinhos que eu pedi a Deus, sempre iria cuidar deles, mesmo que tivesse
que dar a minha vida pela deles, até porque eu não tinha nada a perder.
Depois que Nicholas me mostrou os papeis e me contou sua linha de
raciocínio, eu liguei um nome no outro. Pedi para Hannah atrasar o voo do
Castiel, peguei o jatinho e agora ele está me encarando com ódio mortal
— Você não deveria estar no Brasil? — Me questionou enrolando a
corrente na mão.
— Abrimos o cofre e você não pode matá-lo, pelo menos não agora...
Ele pode dizer o paradeiro das crianças — expliquei e caminhei até ele, tirei
meu palito e deixei na cadeira, peguei a outra corrente e enrolei na mão.
— O que está fazendo? — Perguntou Castiel visivelmente irritado.
— Não podemos matá-lo, mas uma surra eu te ajudo a dar... Pela
Hannah — disse ele assentiu, e acertou o primeiro soco na barriga de Jacob
que cuspiu sangue.
— Por favor parem... Eu não sei de criança nenhuma... — ele gritava
e eu acertei um soco em seu rosto, fazendo três dentes dele quebrarem,
Castiel lhe deu uma sequência de socos, ouvi o estalo de sua costela. Soltei
corrente ele caiu ajoelhado, rasguei sua camisa e Castiel pegou o açoite de
pregos, jogou um chicote de montaria para com pregos nas pontas.
Castiel bateu nele com açoite, os pregos grudaram na pele e ele puxou
fazendo o sangue jorrar, peguei o chicote e acertei, quando puxei ele gritou,
as lágrimas caíram em seus olhos, fizemos uma sequência de vinte chibatadas
cada um. Jacob estava sangrando e tinha urina nas calças.
— Preciso de um telefone — e eu caminhei até meu terno e entreguei
seu celular e relógio, Castiel riu sem humor e discou algo. — Vamos colocá-
lo no carro, o pessoal está na fazenda. — informei.
Depois que colocamos Jacob desacordado na mala do carro, seguimos
até à fazenda, o caminho foi feito em silêncio, minha cabeça estava em vários
lugares e em nenhum especificamente. Eu preciso sair daquela roubada,
deixar tudo para trás.
Merda!!!
— Não adianta fugir, ela não vai deixar. — disse Castiel ao meu lado
— Ela já sabe de tudo, só está esperando você contar e você sabe que ela
sabe. — Eu continuei calado.
— Eu não nasci para ter tudo aquilo, e eu nunca poderia dar aquilo a
ela, mas...
— Tudo irá se resolver, apesar de te odiar por ter transado com a
Sarah, você é da família e sempre foi leal a ela, e continua sendo.
— Não o culpe, ele só quer a felicidade da esposa, assim como você
quer da sua.
— Será?! Eu sei que não posso matá-lo e sei que foi por isso que você
me ajudou a torturá-lo.
Chegamos na fazenda, os sombras, levaram Jacob para dentro da
casa, o Castiel seguiu para longe, Oliver veio em minha direção.
— Obrigada! — Agradeceu Oliver ao me encontrar e olhou para
Jacob ferido com pesar. Miranda chorando seguiu os sombras e vi Luiza
observando tudo de longe, em silêncio, seu rosto não transmitia nada.
— Não fiz por ele, pelas coisas que descobri, a morte é pouco para
ele.

Era final da tarde e todos estávamos reunidos na sala da fazenda.


Jacob estava sentando e todo enfaixado. Ele olhava para Tina, que estava
abraçada a um senhor. A porta foi aberta e Castiel entrou com celular em
mãos.
— Já dei tempo suficiente para ele se recuperar, está na hora falar...
— me levantei e segui até o Jacob.
— Sabemos que você não esteve na Colômbia e muito menos em um
casebre no meio da mata... Quem é o mandante?
— Como assim quem é mandante, sabemos que foi o Liam — falou
Luiza, sem entender e Iván ficou ao seu lado.
— Sim, o culpado do incêndio, mas o culpado do sequestro das
crianças não... Jacob sabe e vai falar agora
— Eu só ouvia um nome Bones...
— Mentira, você estava em todo lugar, sabia de tudo, nunca esteve
longe.
— Ele sabia da Lena, do Alec? — Questionou Tina, se aproximando
de nós.
— Não, mas o Alec sabia dele, por isso fez a Miranda sofrer, pois,
sabia que ele estava vendo. Alec sempre estava um passo à frente do Jacob.
— O que ele tem a ver com as crianças? — Perguntou Jane, mas não
esperou nossa resposta — Fala logo Jacob, se você um pingo de vergonha na
cara, fala a verdade ao menos uma vez na sua vida. Ele abaixou a cabeça e
depois falou um nome.
— Isso já sabemos, para onde eles foram levados?
— Fala logo cacete ou mato você agora — esbravejou Castiel, e Jacob
falou aos gritos que eles iriam matá-lo, peguei o celular, a tempo de ver
Oliver partindo para cima dele, e os outros indo segurá-lo.
— Loira!
— Já sei onde estão, Brian apareceu... — respondeu e eu respirei
aliviado
— Vamos nos encontrar lá, passa as coordenadas e o plano. — Pedi e
Castiel parou do meu lado e coloquei no viva voz.
— Vamos rápido, não sabemos se às crianças estão vivas.
— Convocarei todos... — Informou Castiel ao meu lado e todos se
aproximaram
— Todos já foram convocados, a guerra termina aqui e levem o
morto muito louco, que se algo der errado, eu o matarei na unha. —
Acrescentou e desligou, agora era definitivamente a hora da morte.
— Sairemos em vinte minutos, todos se preparem. — Gritou Castiel.
EPILOGO
5 meses depois...

A nova fase da sua vida começa quando você decide lutar com todas
as suas forças contra tudo e contra todos, focando em seu objetivo sem olhar
para os lados e nem para trás.

Hoje estava sendo um dia muito especial para nossa família,


especialmente para Miranda e Oliver, pois, estávamos todos na inauguração
do hospital Filantrópico Ettore Salvatore. O hospital vai oferecer um
tratamento de qualidade as pessoas necessitadas de Moncton e região, o
centro hospitalar fica ao lado Saint Claire, em uma parte que foi desativada
do hospital. Miranda estava nervosa com a inauguração, mas ela e Oliver não
sabiam que iríamos homenagear o pequeno Ettore. Por muitas vezes vi meu
cunhado chorando pelos cantos do hospital, quando meu sobrinho morreu, foi
difícil, mas juntos conseguiram superar, o amor deles venceu os obstáculos
impostos a eles, a teia de mentiras e traições. Minha irmã estava com lindo
vestido longo branco, cabelos soltos com uma tiara de pedraria e batom
vermelho Lena e Gio estavam com um vestido igual à mãe. Ao seu lado
estava Oliver elegante como sempre em uma camisa social branca e uma
calça preta e sapatos italianos sorriu para minha irmã e começou a falar. E
quando o pano que cobria o nome do hospital foi retirado à emoção foi
grande. Miranda abraçou Oliver chorando e ele automaticamente a apertou
em seus braços chorando também, todos estávamos emocionados. Ele se
afastou um pouco de Miranda e ficou o olhando o letreiro com os olhos
vermelhos.

— Quero agradecer a todos aqui presentes, cada um aqui que passou


por uma fase ruim, nesses últimos anos tivemos muitas perdas e há alguns
meses principalmente, perdemos pessoas muito importantes para nós e
estamos tirando força para superar e que achou não suportaria mais nada,
renasceu das cinzas novamente — disse e olhou para Sarah os
acontecimentos de cinco meses atrás, estavam vivos na memória de cada um
de nós, uma guerra havia sido declarada e como em toda batalha, nem todos
voltaram e quem voltou, não estava inteiro, o que houve com Brian, foi bem
triste. Sarah segurou a mão de Hades, com firmeza e olhou para Valentina,
que abraçou Nicholas que estava com a pequena Jasmine no colo. Todos
tentando superar e agora sabendo o passado e presente de Sarah, entendi
porque ela havia se tornado uma mulher forte e braço direito de Castiel, eu a
admirava muito. — Eu esses dias, estive na Toscana, visitei a mãe de um
paciente muito querido Peter, e ela me disse a seguinte frase "Quem a gente
ama sempre fará parte de nós" E Ettore, Peter… — ele parou de falar, todos
estávamos emocionados, Hannah abraçada ao Benjamin e Castiel com Lara e
Luna, Nonna de braços dados com Caio, e visivelmente emocionada —
Enfim, quero agradecer a todos, por sempre estarem conosco.

— Onde estiver nosso menino sempre será lembrado através dessa


obra — disse Miranda olhei para o lado e Jane estava chorando ao lado do
Michael que se fazia de forte, mas vi seus olhos cheios de lágrimas, Tina
estava do mesmo jeito ao lado de Catalina, caminhei até a Miranda e Oliver e
entreguei a eles a tesoura, eles juntos cortaram a faixa de inauguração e todos
aplaudindo e Matteo estava imitando as pessoas e todos damos risada com
suas fofurices. Eu e Iván não ficamos até o final, pois, tínhamos um voo
marcado para minha terra natal, seguimos até o aeroporto, no caminho
passamos na casa da minha sogra e nos despedimos dela e do Evandro, seria
quase três horas de viagem e chegaríamos no início da tarde.

Por fim estava em solo texano, terra de cantores como Beyonce,


Selena Gomez e Kelly Clarkson ,Ciara e Kenny Rogers, e onde vivi uma das
melhores épocas da minha vida ao lado da minha mãe, Tasha e Noah estavam
superempolgados por conhecer onde eu nasci, Keises e Luke estavam logo
atrás de nós, ela apesar de esta quase na reta final da gestação não quis ficar
no Canadá, depois de me ver contar grandes histórias texanas e decidiu viajar
junto, sobre os cuidados de Iván um avô mega babão com a nossa neta, sim
era uma menina e iria se chamar Fernanda, Irina chorou muito no chá-
revelação do sexo do bebê, ela agora era outra pessoa completamente mudada
estava namorando o pai do Iván para surpresa de todos, ambos tinham
mudado muito e convivíamos harmoniosamente, mas como diz o ditado
quem bate esquece quem apanha não, minha sogra por fim estava namorando
o Dr. Evandro que agora e só sorrisos, Jéssica continua morando fora do país,
acredito que não volte tão cedo, minha sogra me disse que ela esta
namorando e superou a morte e as revelações do Liam.
— Olha mamãe olha o boi de chifre grande — disse Tasha olhando o
gado LongHorn pastando nos lindos campos, Texas tinha algo interessante a
medida aque você ia abandonando a capital e seguindo rumo ao interior, às
crianças ficaram encantadas com a paisagem linda conforme a viagem ia
acontecendo, Luke e Keises estava logo atrás de nós em outro carro alugado.
— Sim eu disse que você ia amar meu amor — comentei e ela
continuou a olhar a passagem através da janela do carro.
— Mamãe a sua terra natal é bonita como a senhora contava nas
histórias — disse Noah olhando a paisagem com bastante atenção, meu
menino estava melhorando muito quase já não trocava o R porL estava mais
aberto a conversar com as pessoas, sei que ainda tem um caminho longo, mas
iriamos vencer juntos, meus filhos são tudo para mim por fim chegamos ao
lugar que sonhei durante muito tempo, voltar para conversa com a minha mãe
que cuidava de mim onde estivesse. Assim que chegamos ao cemitério do
povoado fiquei surpresa, pois, nada havia mudado continuava bem cuidado
como antes, grama bem cortada e cuidada segui para o túmulo da minha mãe
que ficava perto da capela, não contive a emoção quando vi a foto da minha
mãe na lápide, Iván me segurou e comecei a chorar e a conversar com ela.
— Mamãe, demorou, mas por fim pode vir cumprir minha promessa
de estar aqui com a senhora novamente — disse entre lágrimas, vim trazer
essas rosas para senhora e esses são meus meninos, disse olhando Noah,
Luke e Tasha, e a senhora não acredita, vou ser vovó estou tão feliz lembra
da nossa canção Chiquitita, saiba que fiz como a senhora que sempre cantava
para mim quando estava triste, pois,eu cantei uma nova canção e tentei mais
uma vez, como queria escutar a senhora cantando novamente, mas sei que
está cantando no céu com os anjos, não têm um dia que não pense na senhora
e obrigada por me fazer essa grande mulher que conseguiu vencer sua alma
ferida. — assim me despedi da minha mãe, me agachei para colocar as flores
em seu túmulo, mas algo me chamou atenção tinha várias flores frescas no
jarro sobre seu túmulo, o coveiro que eu conhecia bem estava passando e o
chamei, e ele veio até mim, sorrindo.
— Menina Luiza quanto tempo não te vejo — comentou o senhor
Mark, ele era um senhor de meia-idade de cabelos brancos, que desde que eu
me entendia por gente trabalhava como coveiro aqui. — o senhor Jasper vai
ficar feliz em saber que a menina dos olhos dele esta na cidade — nesse
momento meu coração parou.
— Ele ainda está vivo? — Perguntei sem tomar fôlego.
— Bem vivo e super lúcido, e continua contando suas histórias —
respondeu todo orgulhoso, eu estava em choque não acredito que ele esta
vivo já esta beirando a casa dos quase cem anos.
— Como posso encontrar ele? — Perguntei feliz.
—Um funcionário vem com ele todas as manhas trazer flores no
túmulo da sua mãe — que gesto nobre do senhor Jasper não esperava menos
dele um grande homem.
— Hoje é aniversario dele, vão ter varias atrações, inclusive rodeio lá
na fazenda.
— Comentou e não pensei duas antes de seguir até lá, precisava desse
reencontrá-lo, até porque esse sim foi meu pai de verdade, as coisas na
fazenda mudaram, mas sua entrada continuava a mesma com a cabeça de um
de seus bois, ele dizia que espantava pragas e mau-olhado.

Paramos o carro, em frente à casa e quando eu saí do carro, ouvi um


barulho de algo caindo, me virei e vi Jasper.

— Minha filha, minha garotinha! — e eu sem conter a emoção, corri


para os braços dele e ali senti todo o seu amor de pai. — Minha filha!

— Desculpa ter demorado tanto tempo, me desculpa — pedi e ele


beijou minha cabeça.

— Como está linda, como a sua mãe… — disse segurando meu rosto
— Como eu senti sua falta.

— Eu também senti Jasper, mas não tive como voltar, não tive… —
disse chorando em seus braços, ele me afastou, mas continuou comigo em
seus braços.

— Quem é essa gente toda aí? — Perguntou e eu sorri, certas coisas


não mudam. Caminhamos até Iván e as crianças.

—Esse é Ivan, meu marido, e esses são nossos filhos e minha nora.
Esse Noah o filho do meio, essa princesa é Tasha a caçula, esse é o Luke o
mais velho e essa a Keises minha nora, pessoal esse é o vovô Jasper.

— Que presente de aniversário maravilhoso … Além a minha


pequena, ainda veio os netos… — disse, tirou chapéu e bateu na perna.

— Onde você se enfiou menina? Vamos entrar e tomar umas


cachaças, e a menina prenha e as crianças suco. — afirmou e entramos, eu
contei tudo para ele, Jasper xingou Liam até a última encarnação e não ficar
deixou que ficássemos no hotel, mandou os leões pegarem nossas bagagens e
enviar na cidade que a filha dele havia voltado, e com netos, que a festa seria
em dobro.

Seus filhos John e Donald chegaram, a festa estava completa. Todos


me receberam com muito carinho, e matamos saudade dos velhos tempos.
Iván estava se sentindo em casa, as crianças então nem se fala.

Decidimos ficar na fazenda e cancelar reserva do hotel e curtir o show


da noite era da cantora Dolly Parton sabia o quanto Iván gostava das canções
dela, a noite caia lá fora, já se escutava o barulho da festa toda animada
esperamos apenas as crianças dormirem e fomos para o seleiro aonde iria
começar o show, eu optei por um vestido preto até a altura do joelho e botas
de couro sem salto marrom, assim que entramos todos estavam dançando
animados e bebendo, Iván sorriu ao ver Dolly que começava uma canção dela
em parceria com o cantor Kenny Rogers que faleceu no início do ano um
grande cantor , a canção se chamava Islands In The Stream, meu bipolar me
puxou para dançar a música tinha um ritmo gostoso Iván começou a cantar.

“Amor, quando conheci você, senti uma paz desconhecida


Eu comecei a te conhecer nos mínimos detalhes
Fiquei calmo por dentro havia algo acontecendo
Navegando comigo, para outro mundo
E confiaremos um no outro
Eu não posso viver sem você amor”

Assim que terminou essa canção ela não perdeu tempo e começou a
cantar uma que conhecia bem pelo toque,era um dos grandes sucessos da sua
carreira I Will Always Love You, que você talvez conheça na voz da cantora
Whitney Houston tema do filme O Guarda Costas de 1992 amo esse filme,
mas a música original pertence a Dolly que foi cantada a primeira vez em
1972 em versão country, amo ambas as versões só não estava prepara para o
que veria a seguir Iván se ajoelhou no chão e abriu uma caixinha preta que
continha um solitário e todos pararam para olhar a cena apenas Dolly ainda
continuava a canção.
— Luiza Brassard, você aceita se casar comigo e ser a senhora
Brassard Sánchez? — comecei a chorar colocando ambas as mãos sobre boca
embalada pela canção, não percebi Luke abraçando Keises com as mãos,
apoiada em sua barriga que estava enorme.
— Sim... Sim meu bipolar — disse me ajoelhando na sua frente e nós
beijamos um beijo cheio de juras e promessas.

Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As


escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você
faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será
determinante para a colheita futura.

FIM!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
“A vida é sobre recomeço, às vezes é doloroso, às vezes é bonito, mas
na maioria das vezes são as duas coisas.”

INSTAGRAM: @autoramariecampbell
FACEBOOK: www.facebook.com/marie.lcampbell.925
WATTPAD: @MarieLCampbell
Spotfy: https://open.spotify.com/playlist/2AFCiG7Vc6Mrn1MFP5CzFm?
si=aKggy9AOSCCYRmJ6WdKPAg

Disponíveis
na
Amazon
SÉRIE PAIXÃO & PODER

Livro I – Vida Após o Amor

Miranda Collins tem um passado que a deixou amarga e


sem perspectiva alguma. Ela mudou. Fechou-se para o mundo e
para futuros relacionamentos, sejam amorosos ou de amizade.
Com muito esforço e dedicação, tornou-se uma neurocirurgiã
renomada e a chefe do setor de cirurgia geral do hospital Saint
Claire, porém, para isso, Miranda teve que abrir mão de muita
coisa importante.
A mulher não confia em quase ninguém, mas, com o
tempo, passará a confiar em apenas uma pessoa, Oliver Salvatore.
O homem é o novo pediatra oncologista do hospital e não
demorou a conquistá-la. Salvatore é intenso, misterioso e
dominador. Assim como Miranda, também tem um passado cheio
de segredos e dores que nunca foram curadas.
Ela tem os plantões exaustivos para não pensar nos
problemas. Ele tem um clube em que pode explorar seu lado
dominador.
O destino, mais uma vez, brincou com os dois e trará a
tona o passado. Será que ambos terão paz algum dia?
Será que conseguirão superar as diferenças e a dor e, finalmente, seguir em
frente?

Livro II – Leis do Prazer

Valentina Ávila, uma renomada Advogada que atua a frente ao escritório de advocacia Ávila &
Associados é a líder que todos admiram e tem como exemplo, não há uma causa que tem pego, que não
tenha saído vitoriosa do tribunal.
Sua única causa perdida é o seu casamento com o Senador Samuel Novais, um homem aclamado
pelo público e temido por Valentina, que a 10 anos vive o pior dos pesadelos com um casamento de
fachada com o próprio diabo.
Mas tudo pode mudar com a chegada do novo Advogado Nicholas Vasconcelos, uma contratação
que irá valer muito mais do que apenas processos judiciais, onde as Leis do Prazer trarão a tona muitas
descobertas.
E Valentina terá forças para lutar pela sua liberdade?!
Irá superar todos os segredos revelados?!

Livro III – Castiel – A Remição de um Mafioso!

Castiel Salvatore um homem que foi moldado pela dor, aceitou carregar fardos que não eram
seus, abriu mão de sua vida e seguiu diretamente para a escuridão, ele acha que não tem mais alma.
Tornou-se o homem mais temido de todo o quartel general italiano, como ele próprio diz "
Procuro pelo morte a todo instante é ela que teme a mim."
Mas por trás do homem cruel, vingativo e insolente, existe um homem que tem esperança de
encontrar a luz ou uma razão para voltar a viver.
Ele descobre tarde demais que havia encontrado essa razão, mas a afastou e da pior maneira que
um homem pode fazer a humilhando, agora ele tem que correr atrás, se redimir do seu erro e recuperar
a mulher que ama, só que no meio do caminho ele descobre que possui duas razões para recuperar e
dois motivos viver.
Seus inimigos querem derrubá-lo e ele fará de tudo para protegê-los.
Hannah carrega consigo vestígios do passado e não confia em ninguém, quando ela confiou e
amou, descobriu o um homem cruel, rude e insolente, esse mesmo homem contribuiu para que ela
chegasse ao fundo do poço, ela quer distância dele e segue para caminhos obscuros da vida, mas tudo
muda quando ela descobre que carrega consigo um pedaço dela e do homem que ela ama.
Será que Castiel vai conseguir recuperar sua família?!
Será Hannah vai dar segunda chance para Castiel?!
Será que ambos vão conseguir se libertar do passado para serem felizes?!
Livro IV – Com todo o meu Amor

Jane Collins, dona do melhor e mais renomado hospital do Canadá, o


Sant Claire, mãe de Miranda Collins e avó de Helena e Giovanna.
Jane é uma viúva que não teve um casamento fácil, o mesmo era cheio
de mentiras e traições. Jane começou a viver sua vida, um ano após o morte
de marido, largou tudo para trás e foi conhecer o mundo e mesmo negando
ela buscava um amor avassalador e encontrou tudo isso em Michael Villa,
consigliere de Oliver Salvatore.
Michael se encantou com Jane Collins desde primeiro instante, aos
poucos passou a desejar além do normal a mãe da mulher do seu chefe e ele
conseguiu tê-la em seus braços.
Michael fez uma escolha grave, uma escolha que trouxe muitas
consequências, uma delas foi perder o amor de sua vida.
Será que Jane vai perdoar Michael?
Será Michael capaz de reconquistar esse coração calejado?
"Mesmo que traição não seja um erro e sim uma escolha, todos nós
merecemos, uma segunda chance.
Venha acompanhar este romance se emocionar com a Jane Collins e
Michael Villa.

Você também pode gostar