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Capa: L.A Designer Editorial


Revisão: Artemia Souza
Preparação do texto: Tici Pontes
Diagramação: Tici Pontes
Imagens: FreePik
Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,
personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.
Esta obra segue as Normas da Nova Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados à autora. São proibidos o
armazenamento e/ou a reprodução de qualquer parte desta obra, através de
quaisquer meios — tangível ou intangível — sem o consentimento escrito da
autora.
Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº
9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário
Sinopse
Poema
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Epílogo
Nota da autora
Sobre a autora
Outras obras
Certos momentos em nossas vidas podem nos levar a rumos
completamente diferentes do qual sonhávamos, deixando marcas profundas
em nossa alma.
Alana terá a trajetória da sua vida mudada quando recebe uma carta
da mãe, em seu leito de morte. Devastada e sozinha, Alana tem uma única
alternativa: seguir as instruções escritas na carta.
Um endereço em uma nova cidade e um único nome.
Ela terá que enfrentar o medo e o luto para chegar até o seu novo
destino: a Mansão Campbell, um lugar rico e majestoso, diferente do mundo
no qual ela estava acostumada a viver. Alana será recebida com muito
carinho pela governanta Charlotte, e todos que vivem na mansão ficam
eufóricos com as revelações deixadas na carta. No entanto, a Mansão
Campbell tem um proprietário, o Magnata Logan Manoel Campbell, que não
ficou satisfeito com a chegada da jovem, tomando uma decisão precipitada e
viajando para o exterior.
Então ele passa três anos vivendo na Inglaterra, aproveitando o
melhor que a vida tem a oferecer, mas um problema familiar resulta na volta
de Logan para o Brasil, e a jovem que ele evitou de todas as maneiras
possíveis se tornou uma mulher linda, despertando desejos proibidos e
difíceis de controlar.
A DANÇA

Não te amo como se fosses a rosa de sal, topázio


ou flechas de cravos que propagam o fogo:
amo-te como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva


dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,


te amo assim diretamente, sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira.
Pablo Neruda foi um poeta chileno, bem
como um dos mais importantes poetas da língua
castelhana do século XX e cônsul no Chile, na
Espanha e no México.
― Filha ― murmurou com a voz fraca ―, esta carta vai levá-la até o
seu destino.
Alana não entendeu o pedido da mãe. Há meses as duas estão nesse
hospital: frio, triste e cheio de dor. Há meses o câncer devastador tem tomado
cada órgão da sua mãe tão amada e amiga. Alana não tinha mais disposição e
ânimo para lutar, ela só queria que todo esse pesadelo deixasse a sua vida e
principalmente a vida da mãe. Quando adormecia na poltrona de
acompanhante, ela sonhava com o quintal grande, com a grama num tom de
verde tão vivo que representava estar nos campos do próprio paraíso.
Lembrava do balanço feito no galho de uma árvore frutífera. Da voz cheia de
alegria da mãe lhe chamando para se deliciar com um bolo de chocolate.
Esses sonhos eram resquícios da sua felicidade. Ela sentia falta do pequeno
poodle deixado aos cuidados da vizinha, ela sentia falta das conversas com as
amigas e do sorriso radiante da mãe.
Alana queria gritar, chorar, afastar toda essa dor que vinha
presenciando. Agora, sentada ao lado da mãe e vendo o seu sofrimento
agonizante, ela deixou de ser egoísta. Alana beijou a bochecha da mãe com
todo amor que existia em seu coração e pegou a carta em sua mão.
― Eu vou ficar bem, mãe. ― Lágrimas escorriam em seu rosto. ―
Chegou a hora de descansar, eu prometo que vou ficar bem.
E como se as palavras da filha fossem o remédio para tamanha dor, a
mulher deu o seu último suspiro, deixando Alana desolada. O seu choro
começou como um sussurro, depois os seus gritos eram como uma sinfonia
triste, árdua e difícil de ouvir. Cada gota de lágrima era uma chance de se
livrar da agonia que destruía o seu coração. Alana queria a mãe por perto, ela
queria que a mãe tivesse mais forças para lutar e vencer. Entretanto a doença
levou a sua vitalidade, a sua beleza, e despedaçou sua alma.
Médicos e enfermeiros entraram no pequeno quarto hospitalar, uma
enfermeira tentou acalmá-la, tentou dizer a frase que todos estavam usando
desde que ela e a mãe descobriram a doença: “Vai ficar tudo bem”.
Alana queria acreditar nessas palavras, ela queria acordar na manhã
seguinte e não sentir essa dor tão cruel dilacerando seu peito. Ela queria
muito seguir em frente e pensar que sim, que ela encontraria a felicidade sem
ter a mãe ao seu lado.
No fim era uma mentira…
Todas essas palavras que as pessoas usavam em momentos
conturbados e tristes eram mentiras. Ela não se lembrava do que aconteceu
em seguida, só se lembrava da sua visão ficando turva e toda luz existente ao
seu redor se apagando, e o mundo perdendo a sua magia.
Alana acordou atordoada em um quarto escuro e com móveis antigos,
ela observou ao redor, com a visão ainda enfraquecida, e assustou-se com a
presença de uma mulher estranha sentada próxima à cama.
― Bom dia ― cumprimentou a desconhecida.
― Quem é você? ― Alana perguntou, sentindo a garganta queimar.
Ela se recordou da noite mais devastadora da sua vida e encolheu-se,
abraçando o próprio corpo.
A minha mãe se foi, a minha amiga tão fiel me deixou.
Um soluço escapou, mesmo não querendo chorar. Ela queria cumprir
a promessa feita para mãe em seu leito de morte.
Infelizmente as lágrimas eram mais fortes.
― Shh! ― Fez a mulher. ― Meu nome é Rose, sou assistente social,
pretendo cuidar de você.
Cuidar de mim?
Ela estava confusa, sozinha e infeliz.
Ninguém poderia cuidar dela, ninguém conseguiria trazer a sua mãe
de volta, como se milagrosamente um final feliz acontecesse.
As pessoas não entendiam o quão desolador era esse momento.
― Vou ajudá-la com o funeral da sua mãe e depois vamos encontrar
seus familiares.
Familiares?
Alana não conhecia nenhum parente próximo, a sua mãe sempre
insistia em dizer que o seu nascimento foi consequência de uma produção
independente, optando pela fertilização in vitro.
― Não tenho familiares ― lamuriou. ― Era só eu e a minha mãe.
― Perdoe-me a minha intromissão em um momento tão doloroso,
imagino o quanto está sendo difícil para você. A sua cabeça está um
turbilhão, concorda?
A garota aquiesceu.
― Tomei a liberdade de ler a carta deixada por sua mãe.
Alana encarou a mulher, incrédula.
Quem ela pensa que é? Essa carta é minha.
― Desculpa a minha falta de educação, mas eu não autorizei. Isso é
invasão de privacidade.
Rose concordou com a cabeça e um sorriso constrangido surgiu em
seus lábios.
― Novamente peço perdão. No entanto, precisamos nomear um tutor.
Como a sua mãe não deixou nenhum testamento, precisei me certificar lendo
a carta, um documento autêntico escrito por ela. A carta te passa instruções
para encontrar um homem chamado Dominic Campbell, você o conhece?
Quem é Dominic Campbell?
Alana não conhecia a história ou passado da mãe, ela sempre evitava
falar sobre a sua família e parentes, usando as mesmas desculpas: “Eu sou
órfã”, “Fui criada e educada pelos meus tios, que já são falecidos”, “Não
tenho parentes próximos”.
― Eu não conheço esse homem, por favor, eu posso ler? Onde está a
carta? ― questionou.
― Ah!, sim, é claro ― exclamou, tirando a carta da sua bolsa e
devolvendo para Alana.
A garota leu cada palavra escrita, limpando as lágrimas com o dorso
da mão. A carta era um pedido de desculpas, mas também a oportunidade de
um recomeço. Dominic Campbell era um primo distante que marcou a vida
da sua mãe e precisava ser perdoado.
O que ele fez?
Alana ficava mais confusa com essa história, a cada palavra lida,
sentia-se perdida.
― Devo encontrar esse homem, suponho.
Rose afirmou.
― Se preferir pode escolher uma instituição religiosa que lhe dará
todo o suporte necessário.
Oh não!
Ela não ficaria em uma instituição religiosa. Alana tornaria a vida das
pobres freiras em um verdadeiro inferno. Uma garota como ela, que fugia de
regras e não aceitava ouvir sermões de estranhos, principalmente quando não
estava errada, nunca seria acolhida em qualquer instituição beneficente.
― Não! ― retorquiu. ― Eu vou para São Paulo.

Horas dentro de um ônibus, pensando na vida deixada para trás, com


apenas 17 anos. Alana vinha enfrentando problemas que até mesmo um
adulto não suportaria: o enterro da mãe, a mudança drástica de cidade, e o
adeus para as amigas e para o pobre cachorrinho que ela tanto amava.
A assistente social ficou responsável pela venda do imóvel no qual ela
morava com a mãe. Alana estava amedrontada, a todo momento concentrava
os seus pensamentos no homem chamado Dominic e como ela seria recebida
no local, já que Rose entrou em contato com o suposto tutor.
Na rodoviária, Alana pensou em voltar correndo para o ônibus. Ela
murmurou xingamentos e palavrões quando um homem alto, bonito e
elegante se aproximou.
― Srta. Campbell ― falou o desconhecido.
Senhorita Campbell?
Alana riu, um sobrenome tão marcante e forte para ela.
― Meu sobrenome é García.
Simples e comum, pensou ela.
A garota estava sofrendo com os pesos das suas bolsas e mochilas.
― Gostaria de saber se você é ou não a Alana García Campbell ―
disse ríspido.
Alana revirou os olhos, retrucando da mesma maneira ríspida.
― Na minha certidão de nascimento só está registrado Alana García,
nada de Campbell. Entendeu, mano?
― Que deselegância. ― O homem soltou um riso repleto de escárnio,
meneando a cabeça em seguida. ― Ele ficará tão decepcionado. Foram 13
anos tentando encontrá-la. ― Encarou a garota com um ar superior. ―
Temos que ir... O senhor Campbell não tem tempo, e eu não quero
desperdiçar o meu com você.
Alana rangeu os dentes. Pessoas metidas, finas e elegantes...
Tudo que eu detesto.
Almofadinha ridículo, agradeça aos céus por não receber um chute
em suas bolas.
Ela riu dos próprios pensamentos, seria uma cena digna de cinema.
― A propósito, meu nome é Rander. Eu sou o primo do senhor
Dominic.
― Tanto faz! ― Ela deu de ombros.
O homem ignorou a sua falta de educação, ajudando com as mochilas.
No caminho, nenhuma palavra foi trocada, Rander estava compenetrado em
uma ligação e conversava nervoso em outro idioma.
Inglês, humm?
Foi então que Alana percebeu a origem do sobrenome: eles eram
ingleses.
Ela pensou em fazer mais e mais perguntas, a sua cabeça estava
repleta delas, se enchendo com uma curiosidade sem tamanho. No entanto,
Rander anunciou:
― Chegamos!
Três anos depois...

Alana

― Uma boa escolha, agora seu braço está fechado com rosas
vermelhas ― disse Jonathan, meu tatuador.
As rosas ganharam destaque há décadas, colorindo e demonstrando a
sua beleza, a força que o amor possui, e os espinhos representando as
barreiras que surgem em todos os relacionamentos.
― Ficou incrível, você é o melhor tatuador de São Paulo ―
assegurei.
Jonathan riu.
― Não se esqueça de elogiar o meu trabalho na página do Facebook
― gracejou.
― Vai ao Madrid Clube hoje? ― perguntei.
Jonathan tirou as luvas e começou a organizar a bagunça de tintas
espalhadas na maca.
― A sua amiga gostosa vai estar lá?
Karen era a minha melhor amiga.
Uma loira fitness que rouba facilmente os corações de homens
iludidos com seus olhos azul-claros.
O seu olhar era divino, como a nascente de um lago.
Na verdade, Karen era belíssima.
― Alana sem a Karen? Nunquinha!
― Ótimo, então vou comparecer no clube hoje. ― Coçou a testa,
constrangido. ― Gostei do cabelo, você ficou linda.
Ah, um elogio, até que enfim.
Pintei meu cabelo de um tom vermelho marsala e só ouvi dois
elogios; um da Charlotte, a governanta, e da Karen.
― Valeu John, até depois ― disse sorridente.
― Vai rolar uma dancinha hoje? ― indagou.
Peguei os meus pertences e segui até a porta.
― É o meu trabalho, dançar e ganhar uma grana.
Trabalhava como dançarina do Madrid Clube, amava as danças
eróticas. Era uma dançarina profissional no Lap Dance, Kizomba e no Twerk.
Adorava a leveza, o movimento e o domínio da sedução, os homens amavam
esse lado feminino. A mulher que provocava, que instigava o homem sem
entregar e oferecer o que ele mais desejava.
O Madrid Clube não era uma boate de prostituição ou boate de
stripper, era um Clube privativo para sócios. E as dançarinas eram como um
diamante que não podia ser tocado. Afinal, esse era o grande marketing do
clube, as dançarinas em cima dos balcões e mesas, dançando com suas roupas
sensuais e tentadoras, trazendo mais clientes, sócios e lucrando muito
dinheiro.
Amava me sentir poderosa, quando dançava Twerk em cima de um
balcão, a garota despedaçada que chegou em São Paulo deixava de existir.
Era fácil usar o meu poder de sedução para esquecer tudo que precisei
enfrentar, transformei a luxúria em um potencial. Frequentava o Madrid
Clube desde os meus 18 anos, aqui conseguia ser a mulher que não gostava
de seguir regras. E falando em regras, a minha vida era rodeada delas.
Cheguei em casa no começo da noite, ignorando a censura da minha
assistente pessoal.
Ah, sim… Eu tinha uma assistente pessoal, uma mulher chata,
autoritária, e que gostava de usar uns óculos maiores que o próprio rosto. Não
conseguia entender o seu vestuário, ela usava uma cor de blazer para cada dia
da semana.
― Eu precisei inventar uma ótima desculpa. Dominic está furioso ―
advertiu num tom altivo.
Quando Dominic não está furioso?
O homem vivia distribuindo ódio gratuitamente.
― Humm, complicado. ― Caminhei em direção ao meu quarto. ―
Não entendo por que esta mansão precisa de tantos quartos. Penso que três já
é um número aceitável.
― Porque toda a família Campbell mora nesta propriedade.
Tudo bem, chegou o momento de falar sobre a família Campbell, ou
melhor... dos primos Campbell.
Dominic, Logan e Rander.
E agora a maior revelação dessa família: eu sou filha de Dominic
Campbell.
Sim, você entendeu bem…
Ele era meu pai!
Tudo aconteceu quando a minha mãe, uma priminha do interior,
resolveu visitar a família.
A chacota dos Campbell, mas ninguém esperava a chegada de uma
mulher bem-sucedida, linda e realizada. Dominic Campbell, como todo
conquistador, começou a “cortejar” a prima, conseguindo levá-la para cama.
Uma paixão avassaladora prevaleceu entre eles e fui concebida. Nasci, era
muito amada por todos, no entanto, o meu querido pai resolveu adicionar
uma amante à sua lista de conquistas. E um casamento de anos foi jogado no
lixo, minha mãe fugiu para castigar Dominic. Falsificou a minha certidão de
nascimento e destruiu o único contato com o sobrenome Campbell.
E que irônico, vejam onde eu estava vivendo: na mansão Campbell,
morando com meu pai traidor.
Ah, mãe!
Sentia tanto, se ela tivesse sido honesta comigo, a verdade não me
machucaria. Na verdade, estaria preparada psicologicamente para enfrentar
esse mundo.
― Quero falar com a Charlotte. Vá chamá-la, e não volte ― ordenei.
― Sim, Alana.
Já no meu quarto, escolhi uma roupa para o trabalho. Comecei a me
vestir rapidamente, pensando na minha maquiagem.
Charlotte entrou, carregando consigo uma bandeja.
― A senhorita estava sumida há dois dias. ― Ela colocou a bandeja
em cima da cama. ― Eu fiquei preocupada. Meu amor, você não pode sumir
sem dar notícias. O seu pai estava uma pilha de nervos… E eu? Não tenho
mais idade para excesso de nervosismo.
Sorri, olhando para a mulher elegante e charmosa. Charlotte lembrava
uma duquesa, cabelos sempre presos e com penteados aristocráticos. Um
rosto delicado, mas o olhar era desafiador, demonstrando a mulher forte que
era. As íris castanho-claras combinavam com as pintas na sua bochecha. Ela
tinha uma postura de uma modelo. Quando cheguei aqui ela tinha apenas 42
anos. Foi a Charlotte que me manteve firme, graças a ela eu não perdi o
controle e consegui cumprir a promessa feita em um quarto de hospital.
Mãe, eu fiquei bem.
― Sem neuras, dona Charlinha. Eu estava na casa da Karen e passei
no Jonathan para terminar as minhas tatuagens ― expliquei, pegando as
maquiagens.
― Oh, entendo. Na próxima vez pode me enviar uma mensagem pelo
WhatsApp?
Fiz que sim com a cabeça, jogando um beijo na sua direção, fazendo
até aquele estalinho meloso.
Charlotte riu, sentando-se na beirada da cama.
― Trouxe um lanchinho. ― Apontou para a bandeja. ― E tenho
novidades.
Parei a maquiagem e me virei para encará-la nos olhos.
― Novidades? ― questionei.
― Sim. Logan está no Brasil. Ele chegou ontem à noite.
Droga!
Logan Manoel Campbell, o homem mais infeliz que eu conhecia,
apesar de nunca ter trocado qualquer palavra com ele. Eu não conhecia
sequer o som da sua voz. Quando cheguei na mansão, assustada e com medo,
ele simplesmente fez as malas e viajou para o Reino Unido, ignorando
completamente a minha presença, saindo pela porta dos fundos para não me
encontrar.
― Ui, não suporto nem ouvir o nome dele. ― Fiz uma careta enojada.
― Ele é seu primo!
Por que tem que me lembrar desse fato trágico?
― Logan é meu primo de segundo grau e não o considero a minha
família. ― Continuei a me maquiar. ― Você, o Rander e o Dominic são a
minha família, vocês estavam ao meu lado enquanto enfrentava o luto e as
mudanças.
― Você está linda. ― Charlotte tentou mudar de assunto, ela sabia
que eu odiava Logan Campbell, mas não podia esconder a minha curiosidade.
― Por que ele voltou?
Charlotte me lançou aquele sorrisinho que sugeria: você está muito
interessada.
Ela sempre sorria dessa maneira quando comentava sobre um garoto
da faculdade. E geralmente não era interesse sexual ou amoroso, às vezes
podia ser um simples comentário, mas na cabeça dela eu já estava vivendo
um romance enlouquecedor.
― Assuntos profissionais e problemas com a ex-atual-noiva.
Logan podia ser um cretino preconceituoso, mas era um cretino
bilionário. O homem era proprietário da Cervejaria RealChampbel, que fazia
o maior sucesso na terra da rainha e em outros 100 países, não só produzindo
a RealChampbell, a cerveja tradicional, mas também outras 80 marcas de
cervejas espalhadas pelo mundo. Não bastando só a fabricação de cervejas,
Logan decidiu investir em cruzeiros marítimos e… puta que pariu, ele estava
no ranking da revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo.
Você podia imaginar o poder que esse homem tinha em mãos? E o piooor de
tudo era que essa mansão estava registrada no nome do maldito magnata.
Eu morava na mansão do homem que não suportava.
Mas por ora vamos fofocar sobre a ex ou atual noiva do magnata.
É confuso, eu sei…
Mas tentarei explicar, afinal, tudo que eu sabia eram mexericos da
Charlotte e do Rander. O nome dela era Elsa Golrok, uma modelo turca,
descendente de brasileiros. Fazia sucesso em passarelas, desfilando para as
maiores grifes do mundo. Ela tinha uma beleza surreal, quase uma boneca de
porcelana. Há cinco anos ela e Logan terminaram o relacionamento e
reataram, o verdadeiro noivado ioiô. No momento eles estavam separados,
mas se Logan estava no Brasil para tratar de assuntos pessoais, esse noivado
voltaria rapidinho.
― Ela pode estar grávida ― provoquei.
Charlotte amava Logan, era como um filho para ela. E odiava a Elsa
do Frozen versão turca, usando sempre a mesma desculpa de que ela era uma
mentirosa vadia.
― Não quero ouvir essas brincadeiras, agora quero saber aonde você
vai tão sedutora.
― Trabalhar ― respondi. ― Talvez não volte para casa, posso dormir
no apartamento da Karen.
― Alana, acha certo esse trabalho? Olhe para você. ― Observei meu
reflexo no espelho. ― Você é uma mulher tão bonita.
Realmente eu amava a minha aparência. Sabia do poder que ela
exercia nos homens. E o cabelo em um tom vermelho vívido destacava meus
olhos verde-escuros. Os lábios eram carnudos e o corpo digno de uma
dançarina. As tatuagens em meu braço esquerdo transmitiam uma essência
mais ousada, tornando a minha aparência exótica.
O short curto e o body de renda aumentavam a sensualidade.
E aconselho a todas as mulheres a usarem renda, são maravilhosas.
― Você tem razão, sou uma mulher bonita e uma dançarina
profissional. Agora tenho que ir. Amo você! Nós nos vemos amanhã ― eu
disse, me despedindo, e corri para fora do quarto. Não podia deixá-la
protestar, Charlotte sempre tinha respostas para tudo.
Alana

O Madrid Clube era temático, com remixes perfeitos das músicas dos
anos 80 e 90 para animar os empresários. O clube abria as portas às 22 horas
em ponto, um diferencial grande. O clube era muito pontual. Tinha uma área
para os sócios, onde a maioria das dançarinas ficavam dançando, e uma área
para o público que pagava uma boa quantia para ficar assistindo a algumas
dançarinas com suas performances no palco. O lugar era bom, sem brigas,
badernas e confusões, os chefes da segurança eram conhecidos como Bruce
Lee e The Rock. Você pode imaginar o porquê, os homens eram brutos,
grosseiros e extremamente fortes.
Passou dos limites? Infelizmente era jogado para fora como um
animal.
Tocar nas dançarinas sem permissão? Não podia! Tudo aqui
precisava de autorização do diretor. Arthur era um sem-vergonha com
doutorado, mas as regras foram criadas por ele. Era só um clube para dançar,
existiam várias boates de prostituição em São Paulo, eu aconselharia a saciar
o seu desejo em outro estabelecimento. Todas as mulheres que trabalhavam
aqui amavam o dinheiro, mas principalmente a dança.
O clube era dividido em três andares; o primeiro andar acessível para
o público, com um bar incrível e o palco para as dançarinas destruírem os
corações; o segundo andar era área dos sócios e o terceiro andar o bar
privado: com sofás, mesas, coquetéis, uma varanda para os fumantes e até
mesmo uma piscina térmica com cascata.
― Ruiva ― gritou Karen, sentada a uma mesa.
― Você demorou para chegar ― exclamei e me sentei na cadeira ao
seu lado.
― Precisei resolver um assunto na loja.
Karen era uma empresária, proprietária das lojas Óticas Karolla.
― Tudo bem, o lugar está ficando lotado. ― Observei a multidão de
homens e mulheres. ― Sabe quem está desejando uma noite de sexo
delicioso e selvagem com você?
Karen bateu as mãos na mesa, curiosa.
― Quem, queeeeeem?
― O meu tatuador.
Um silêncio. Depois risadas histéricas.
― Oh Deus! Jonathan? Não, ele é sexy, gostoso, e aqueles braços
tatuados... Jesus. ― Abanou-se. ― Mas ele quer um relacionamento sério, eu
quero apenas diversão.
Karen fugia de relacionamentos, ela acreditava que um
relacionamento nos trazia critérios inegociáveis e limitações.
― Você pode dizer antes que só quer sexo ― sugeri.
― Humm, Humm! E depois? Ele vai querer novamente. E comigo
será apenas uma noite e nada mais.
Concordei com a cabeça.
― Tudo bem, eu entendo. Agora tenho novidades. ― Karen me olhou
curiosa. ― O magnata Logan Campbell está de volta.
― AAAAAAAAHHHH.
Droga, meus tímpanos…
Por que ela tinha que ser tão escandalosa?
― Você está louca? ― perguntei, rindo da sua reação.
― Até que enfim um homem por quem vale a pena acreditar nessa
baboseira de amor.
― Ele voltou para resolver assuntos pessoais com a noiva ioiô ―
relatei.
― Acho o Logan um pouco confuso. Estava lendo uma entrevista
dele para a revista Invest e Logan deixou claro que estava solteiro e que
odiava mulheres fúteis.
Como?
A Frozen turca era a rainha da futilidade.
Dei risada, só podia ser brincadeira.
― Ele é um homem ridículo!
― Alana, desculpa discordar, mas Logan Campbell é o ápice da
beleza.
Não conhecia Logan pessoalmente, nesses três anos vivendo na
mansão Campbell e aprendendo a amar meu novo lar, nunca senti curiosidade
de vasculhar fotos ou conhecer mais sobre ele.
― Honestamente, não acho nada.
Karen revirou os olhos, meneando a cabeça.
― É porque você nunca teve a oportunidade de conhecê-lo
pessoalmente, mas eu... ― mordeu os lábios ― ... eu tive a oportunidade de
tocar naquele homem. Ah, que gostoso!
Karen insistia em me lembrar da noite de sexo selvagem que
aconteceu entre eles. Logan estava no Brasil, todos sabíamos, mas como
sempre ele não apareceu na mansão, ignorando a existência da família, até
mesmo de Charlotte que o amava verdadeiramente. Permaneceu três dias em
São Paulo e, em uma “bela” noite de curtição, ele resolveu comer a minha
melhor amiga.
― Por favor, não quero saber da sua noite sórdida com o homem que
eu odeio ― retruquei e me levantei. ― Chegou a hora de trabalhar.
― Arrasa como sempre, vou ficar assistindo ao show. Boa sorte. ―
Karen sorriu.
O balcão já estava sendo preparado para as dançarinas. Eu,
particularmente, gostava de dançar em meio às mesas, com um contato mais
atrevido com os clientes, resultando em muita grana.
As luzes foram reduzidas, só a iluminação azulada do bar ganhava
destaque. Os assobios e as palmas começaram, os clientes estavam eufóricos.
― Com vocês ― Arthur falou, próximo ao DJ ―, Alana García,
Fátima Marquese, Júlia Couto e Jussara Fernandez.
Todas ficamos em nossos postos, esperando… As luzes foram
aumentadas e a música começou: Dusk Till Dawn.
Quando eu dançava, era como se os meus mistérios e os meus
segredos fossem revelados, eu deixava a sensualidade dominar minha alma.
Eu era o ritmo, a melodia e um fogo difícil de conter. Quando estava
dançando, sentia minha alma reencontrando aquela alegria que perdi há muito
tempo, sentia minha liberdade fluindo e o meu corpo vibrar e enlouquecer.
Na verdade, todos enlouqueciam quando eu passava em cada mesa,
fazendo o que eu mais amava: dançar.
Rebolando, jogando o cabelo, acompanhando o ritmo da música.
Dominando o meu lugar, deixando a minha marca nos homens.
Essa era a melhor parte, a cobiça marejada no olhar, o sorriso
satisfatório e o dinheiro colocado no bolso do meu short jeans.
Os clientes me chamavam até as suas mesas, implorando para me
tocar.
Apenas continuei o meu trabalho e...
Oh não!
Congelei, parando de dançar imediatamente.
A cinco passos de distância, em uma mesa, estava Rander Campbell,
me fulminando com os olhos. O homem fez menção de se levantar, mas foi
impedido por alguém.
Droga!
Esse alguém…
O comportamento superior, o olhar indiferente, a postura elegante, o
charme e a sedução em cada gesto.
Eu reconhecia um Campbell a quilômetros de distância.
Logan!
Ele está aqui!
O homem sussurrou no ouvido de Rander e os dois voltaram a
conversar com os outros ocupantes da mesa, desprezando-me, agindo como
se não me conhecesse.
Então é assim?
Beleza…
Era hora de continuar o meu show, aproveitando que a música mudou
o ritmo completamente, subi em uma das mesas. E como diz a Anitta: vocês
acharam que eu não iria rebolar a minha bunda?
Comecei com movimentos básicos do twerk, empinando o bumbum e
balançando o quadril, inclinando o meu tronco para baixo, fazendo a minha
bunda ser a atração principal do clube. Todos iam à loucura, um homem até
passou dos limites e acertou um tapinha na minha coxa.
Em outra ocasião ficaria puta com essa atitude, chamaria os
seguranças e adeus tarado aproveitador, no entanto, nesse exato momento, eu
só queria provocar os meus queridos priminhos.
― Gostosa ― gritou um cliente.
As palmas soaram e os assobios ecoaram.
Desci da mesa, jogando o meu cabelo e encerrando o meu show com
um belo escápate.
― Quero essa flexibilidade na cama.
Lancei um beijinho sedutor para o homem que me elogiou e seus
olhos queimavam de desejo.
Voltei minha atenção para meus primos. Rander estava boquiaberto,
nunca o vi tão pálido, mas Logan Campbell me observava insípido, com os
braços cruzados e… Oh Deus, o homem era glorioso e lindo. Acho que a
palavra “perfeito” ganhou um novo sinônimo: Logan Campbell.
Rapidamente me afastei, embaraçada com meus próprios
pensamentos.
Ele é feio, Alana, comecei a recitar esse pensamento na minha cabeça,
tentando me convencer.
Era só uma alucinação, ele não era tão exuberante.
Voltei ao encontro da minha amiga e ela me recebeu com palmas.
― Que show, mulher, acho que a sua bunda tem vida própria ― disse
ela, rindo.
― Preciso de vodca.
Karen franziu a testa, colocou o cabelo atrás da orelha e me avaliou,
preocupada.
― Você não bebe quando está dançando ― assegurou. ―Tem algo
de errado.
― Sabe quem está aqui? ― questionei, caminhando em direção ao
bar, com Karen no meu encalço.
― O professor? ― gracejou ela.
― Ah, como eu queria que fosse meu professor. É duas vezes pior:
Rander e Logan Campbell estão aqui.
Karen enrubesceu, disfarçadamente sentou-se em uma banqueta
próxima ao balcão do bar e, lentamente começou a sua procura com o olhar,
quando ela encontrou a dupla Campbell, exclamou um palavrão pesado.
― São eles, é muita beleza para um único lugar ― afirmou.
― Alana no bar? É um milagre ― comentou Adson, o barman. ―
Você não gosta de beber.
― As coisas mudam, meu amigo. Eu quero uma dose de vodca pura.
Karen e Adson me encararam, pasmados.
― Uau, uma dose de vodca pura saindo.
O barman preparou o copo, entregando-me.
― Eles estão me ignorando. ― Bebi a dose de uma única vez, minha
garganta queimou quando o líquido forte desceu por ela. ― É ridículo,
esperava essa reação do Logan Campbell, mas do Rander? Somos melhores
amigos.
Karen concordou com a cabeça, pedindo um destilado.
― Acho que eles ficaram surpresos, você esconde o seu trabalho no
clube. ― Karen passou o seu olhar pelo meu corpo. ― Muito, muito
surpresos. Você não tem mais 17 anos e os primos Campbell perceberam que
a priminha tão querida se tornou uma mulher adulta e sedutora.
― O Lap Dance vai começar ― eu disse, com uma ideia formando-se
na minha cabeça.
― Alana, o que você está tramando? ― indagou Karen, desconfiada.
― Eu conheço essa expressão há três anos. Ela significa confusão.
― Relaxa, eu só estou pensando em uma maneira de me vingar. ―
Sorri de uma maneira inocente.
― Amiga, por favor, não fique enfrentando os Campbell,
principalmente o Logan.
Ah, mas meu priminho precisa de um presente de boas-vindas. Ele
ficou três anos vivendo em outro país, com outra cultura. Acho que vou
alegrar um pouco a sua noite, posso fazer uma deliciosa caridade.
Alana

A minha amizade com Rander começou em uma noite horrível, era


minha primeira semana na mansão. Estava amedrontada e triste com todas as
revelações feitas. Os pesadelos me perseguiam:
“Eu estava em um hospital, o ambiente era cinza e me passava uma
sensação de solidão, os pacientes andavam perdidos nos corredores. Eu
estava perdida, gritava desesperada, chamando por minha mãe, conseguia
ouvir sua voz doce e calma em meio àquele lugar cinza, sem vida e
assustador, mas não conseguia encontrá-la, corria pelos corredores,
carregando a esperança de vê-la novamente. Lembrava-me que todos os
pesadelos eram exatamente iguais, sempre terminava em um corredor com
uma imensa porta dupla de madeira, e no instante em que adentrava, me
deparava com um cemitério assombroso.”
Acordava gritando, chorando e agoniada, era a sensação mais terrível
que sentia. Ninguém estava lá para me acalmar e me ajudar. Até que em uma
certa noite, alguém entrou em meu quarto e parecia assustado também.
Meus gritos não paravam e o Rander, com todo carinho do mundo,
me abraçou.
Nunca vou esquecer da frase me dita:
― Calma, Alana. Eu estou aqui, somos uma família. Você está em
casa agora, tudo vai acabar bem.
Agarrei-me com todas as minhas forças em cada palavra, eu acreditei
nele. Acreditei que ele era a minha família, que estava em casa e precisava
manter a promessa feita para minha mãe. Eu amei o Rander naquele instante,
honestamente, eu ainda amava Rander Campbell, ele era a minha família,
meu melhor amigo, meu primo tão amado. E ser ignorada por ele estava me
machucando.
― Arthur ― chamei, gesticulando com a mão para aproximar-se.
Karen nos observava de longe, bastante apreensiva.
― Vermelhinha, em que posso ajudá-la?
― Você não vai acreditar... Hoje os meus primos compareceram ao
clube para prestigiar o meu trabalho ― menti, demonstrando muita
animação.
― Que incrível! Meus parabéns! Você merece esse reconhecimento
da sua família ― declarou, sorridente.
― Exatamente! Eu estou tão feliz. ― Eu era uma ótima atriz. ―
Quero agradecer a presença deles, você poderia colocar o nome Logan
Campbell para apreciar o Lap Dance?
― Calma aí! ― Fez um sinal de espera com a mão. ― Logan
Campbell? O proprietário das cervejarias RealChampbell? Você é parente
dele?
Ah, não!
Eu esqueci o quanto esse homem era conhecido, mordi o lábio
inferior, afirmando meio constrangida.
― Meu Deus, você precisa convencê-lo a tornar-se sócio do clube. ―
Arthur passou a mão no rosto, procurando Logan Campbell no local. ― A
lista já está completa, mas vou dar um jeito.
― Aaaahhh. ― Dei um beijinho na sua bochecha. ― Você é o
melhor.
Olhei de esguelha em direção aos meus primos. Rander estava
conversando atento com outros clientes, mas Logan estava… Não, é claro
que não. Ele não estava me encarando, não estava com um sorrisinho
debochado no rosto.
Disfarçadamente, observei ao redor para procurar uma suposta
pretendente, não encontrando nenhuma mulher próxima a mim.
Então… ele está mesmo me devorando com os olhos.
Eu sou muito boa nisso, rapaz.
Na real, eu amava a conquista pelo olhar. Um olhar sedutor pode
ganhar qualquer homem, até mesmo homens como Logan Manoel Campbell.
No jogo da sedução, a troca de olhares era a peça-chave para a conquista,
provocando diversas sensações.
Sentei-me na cadeira, cruzando as minhas pernas, deslizando
delicadamente as pontas dos dedos nas minhas coxas, fazendo círculos
preguiçosos… um singelo convite!
Mordi meu lábio inferior, não cortando contato visual.
Logan não cedia, apenas tomava a sua cerveja e ficamos os dois com
o olhar firme, nos encarando sem pudor. Meus lábios se abriram em um
sorriso sedutor e, para a minha surpresa, Logan retribuiu o sorriso.
Senti o ar ficar preso em meus pulmões.
Meu Deus...
Ele era deslumbrante, acreditava que estava de frente com um anjo
caído, um anjo que carregava o pecado e a malícia, que foi expulso do
paraíso e agora estava aqui, me fazendo arder de desejo.
As íris de seus olhos tinham um tom meio dourado, chegando
aproximadamente de um mel.
Aquele olhar transmitia o perigo de um tigre.
A pele clara e a barba por fazer circulava o seu belo rosto. O cabelo
negro em corte top knot, moderno e charmoso. Ele estava usando um terno
azul-escuro, nos seus dedos havia grandes anéis masculinos.
Logan era alto e musculoso, como todos os Campbell.
― A hora tão esperada chegou! ― A voz de Arthur ecoou no clube.
Dei um pulo, assustada.
― Os primeiros sortudos que participarão do Lap Dance hoje são…
Levantei-me e caminhei até a Karen.
― O que foi aquilo? ― perguntou-me.
― Aquilo o quê? ― Franzi a testa.
― Você e o Logan Campbell trocando sorrisinhos sedutores.
Ah, isso!
― Tudo parte do meu plano...
― Logan Campbell ― anunciou Arthur, a multidão de clientes ficou
em silêncio ao ouvir o nome do magnata mais poderoso do Brasil. ― Vamos,
Logan, nossas meninas estão esperando você.
Imediatamente dei um passo à frente e fiquei no centro da pista,
segurando na minha cintura.
O homem de olhos dourados surgiu em meio à multidão de clientes
que se formou ao redor da pista, as cadeiras foram postas em seus lugares.
― Logan Campbell, escolha uma cadeira e que a diversão comece.
Pela expressão do Logan, ele não fazia ideia do que estava
acontecendo. Apenas se sentou em uma cadeira e o DJ tocou um I da música:
Eclipse Of The Heart.
As meninas e eu começamos uma coreografia ensaiada, girando ao
redor das cadeiras.
Provando, atiçando, enlouquecendo cada cliente.
O Lap Dance era uma dança sensual, uma das mais eróticas e não era
muito conhecida no Brasil. Às vezes podia ser confundida com o Strip-Tease.
O objetivo era excitar o parceiro, que podia ficar sentado em uma cadeira ou
deitado em uma cama, enquanto, com movimentos sensuais, a dançarina
rebolava em seu colo, e a regra da dança era clara: as mãos do parceiro
amarradas atrás da cadeira.
A cada ritmo de música, íamos mudando de clientes,
aleatoriamente…, mas dessa vez eu fiz questão de me sentar no colo do
magnata arrogante.
Esfregando a minha bunda em cima do seu colo, rebolando,
deslizando as minhas mãos nos seus braços. Logan não demonstrava
nenhuma excitação e esse comportamento não estava me agradando, era
normal sentir o pau do cliente enrijecer.
― Não gostou de ficar amarrado, priminho? ― sussurrei em seu
ouvido.
― Errada, não gosto da mulher que está sentada em meu colo. Quer
sentir meu pau duro, Alana Campbell? Mande a sua amiguinha gostosa
rebolar no seu lugar. ― Um sorriso cafajeste nasceu no seu rosto. ― Você só
vai me provocar tédio.
O quê?
Euzinha provocando tédio em um homem?
Ah, que idiota!
Dei risada, até parece…
― Acha mesmo que eu acredito nesse papinho? Logan, eu faço você
gozar apenas com uma rebolada.
― Você não deveria estar assistindo a uma série adolescente na
Netflix? ― zombou. ― É apenas uma pirralha que pensa que seduz como
uma mulher de verdade.
Levantei-me, virando-me para o próximo cliente. Jussara requebrava
animada no colo do Logan e o canalha estava gostando.
Posso fazer melhor…
Eu sou a melhor!
As luzes se apagaram, era nessa hora que deixávamos os clientes e
nosso trabalho acabava, mas não poderia deixar de lançar minha última
provocação. Com um pouco de dificuldade, graças à escuridão, me aproximei
do magnata.
― Logan Campbell ― ele se mexeu, alarmado, na cadeira ―, não se
preocupe, não vai ficar amarrado para sempre. E sobre a Netflix, prefiro um
pornô.
― Típico de vadias ― rebateu.
― Para você, senhorita vadia.
Deixei a boate, sem me despedir de Karen.
Estava frustrada, já tinha ouvido insultos mais pesados no ramo em
que trabalhava, porém, dessa vez foi diferente.
Logan me odiava e suas palavras eram carregadas de sinceridade.
Precisava encontrar um táxi, um Uber, ou qualquer coisa…
Droga, a porcaria do meu carro precisava quebrar justo hoje?
Claro que precisava, para piorar a minha situação.
― Alana.
Virei-me e fiquei de frente para Jonathan.
― Oi, chegou tarde ― disse.
― Não, é você quem está voltando cedo demais para casa. Aconteceu
alguma coisa?
Sim, eu acabei de rebolar no colo de um homem que eu dizia a todos
que odiava.
Que vergonha!
― Não, tudo tranquilo. Karen está no bar, pode avisar a ela que
surgiu um imprevisto e precisei voltar para casa?
Jonathan não pareceu acreditar na minha história, mas concordou com
a cabeça.
Ótimo, ainda existem bons amigos.
― ALANA CAMPBELL.
Um grito exaltado fez eu sobressaltar-me.
Rander caminhava na minha direção, com uma expressão enraivecida.
Ele vai me matar…
― Rander, eu posso… aaaaahhh!!
Ele não me deixou terminar a frase. O infeliz me pegou no colo, como
se eu fosse uma criança indefesa. E para piorar tudo, o magnata arrogante nos
seguia, rindo da situação.
― Me coloque no chão agora, eu sei andar.
― Sabe andar, rebolar e ser uma desajuizada ― esbravejou. ―
Alana, que porra é essa? Você está trabalhando como stripper?
Colocou-me no chão, próxima ao carro.
― Você me viu nua? ― Rander enrubesceu.
― Que bobagem ― retorquiu. ― Você estava quase nua, consegui
ver a metade da sua bunda com esse short. Jesus, Dominic vai enfartar
quando souber que a filha é uma prostituta.
― Não sou uma prostituta, Rander.
― A mercantilização com o corpo é considerada prostituição. Você
dança, brinca de ser sensual enquanto homens colocam 100 reais no bolso do
seu short jeans ― argumentou Logan, girando o anel no seu dedo.
― Eu não brinco, eu sou sensual ― respondi ríspida.
Ele riu, meneando a cabeça.
― É uma pirralha, mimada e insolente. Que fala orgulhosa que faz
um homem gozar apenas com uma rebolada.
― Ela o quê? ― Rander arregalou os olhos.
― Foi o que ela me disse quando tentava me seduzir com uma
dancinha sem graça.
Cerrei os punhos, eu queria esganar esse homem.
― Você vai se arrepender, Logan Campbell. ― Apontei com o dedo,
ameaçando. ― Um almofadinha que com duas estocadas já goza não entende
de sedução.
Logan enrijeceu o corpo, me encarando com um ódio mortal. Se esses
olhos fossem realmente de um tigre, eu já estaria morta.
― Alana, já chega! ― repreendeu Rander. ― Vamos embora, agora.
Ele abriu a porta do carro. Entrei emburrada, os primos Campbell
conversaram por alguns minutos e Logan se despediu, caminhando em
direção a uma Hilux cabine dupla.
― Já vai tarde, magnata de pau mole.
Alana

― Vamos acordar!
Charlotte abriu a cortina.
A luz do sol irá me deixar cega.
― Por Lúcifer, quero continuar dormindo ― resmunguei, colocando
o travesseiro em cima da minha cabeça.
― Eu não sei o que você aprontou ontem, mocinha. É melhor se
levantar rápido, Dominic quer conversar com você.
Pulei da cama, completamente alarmada.
― O meu pai? ― indaguei.
― Sim, o próprio. Logan e Rander estão aguardando também.
Droga, não estava com um bom pressentimento.
― Charlotte, por quanto tempo o Logan vai permanecer no Brasil?
Ela sorriu alegremente.
― Ele voltou para ficar, estou tão feliz. É bom ter os meus meninos
por perto, amo quando nossa família está reunida. ― Charlotte notou o meu
perfil enojado e ressaltou: ― Será uma ótima oportunidade para conhecê-lo
melhor. Logan não é um monstro.
― Quando eu cheguei, ele fugiu da mansão igual ao diabo foge da
cruz.
Charlotte suspirou fundo, seguiu até o meu closet e separou algumas
peças de roupas.
― Logan pode ser um pouco complicado.
― Complicado? Ele é cruel, eu era uma adolescente, estava sozinha e
tinha acabado de perder a minha mãe. Ele me tratou como um animal
indesejável, a sua repulsa machuca demais.
― Vocês terão tempo para se entender, agora tome um banho e se
arrume. A sua assistente pessoal estará aqui em breve.
― E sobre a assistente pessoal ― interferi. ― Pode demiti-la? Não
preciso de um sargento me dizendo o que fazer e como me comportar. Mande
aquela insuportável voltar para o seu devido lugar ― disse emburrada,
caminhando até o banho.
― Você é uma mulher tão difícil de conviver, Alana. Precisa se
colocar no lugar das pessoas. Acha fácil aguentar suas crises de
superioridade?
Ignorei o sermão da Charlotte.
Não estava a fim de discutir.
Poderia cometer um assassinato com tudo que estava prestes a me
acontecer.
Logan e Rander abriram a boca.
E eu não tinha dúvidas de que estava muito encrencada.
Tomei um banho rápido e vesti a roupa que Charlotte deixou
separada.
Em seguida desci para o escritório, parando em frente à porta.
Tudo bem, você vai conseguir.
Mantenha a sua determinação.
― Bom dia ― cumprimentei animada, quando entrei.
― Bom dia! ― disseram os três homens juntos.
― Pai, você gostaria de falar comigo?
Dominic aquiesceu.
― Alana, infelizmente foi necessário comunicar ao seu pai sobre os
fatos ocorridos ontem ― comentou Rander, me decepcionando totalmente.
― Obrigada, Rander, muito obrigada mesmo. Principalmente por
detonar o amor que sentia por você.
O homem empalideceu, na verdade, todos ficaram surpresos com
minha revelação.
― Alana ― deu um passo em minha direção ―, aquele lugar não é
para você. Logan e eu decidimos…
― Você e o Logan? ― Dominic estava atento a nossa discussão. ―
O homem que me tratou feito um animal indesejável, que preferiu morar em
outro país a viver comigo sob o mesmo teto?
― Eu tenho razão, ela está muito mimada. Um internato no exterior
será o certo ― propôs Logan. ― Na Inglaterra existem internatos com ensino
superior prestigiado.
― O quê? ― gritei. ― Você está incentivando o meu pai a me
matricular em um internato?
Eu tinha 20 anos, não era uma criança.
Ah, mas esse maldito…
Ele não fazia ideia com quem estava se envolvendo.
Eu vou me vingar, isso não vai ficar assim.
Logan me ignorou descaradamente.
― É uma decisão difícil, posso compreender. Eu como pai pensaria
no melhor para a minha filha ― insistiu Logan.
― O melhor para a sua filha? ― Ri com sarcasmo. ― Logan, mas
ontem à noite você falou que gostaria de me comer inteirinha. ― Era hora do
show. ― Sussurrou no meu ouvido, enquanto eu rebolava em cima do seu
pau, o quanto sou gostosa e o quanto você queria se enterrar dentro da
minha…
― Já chega! ― esbravejou Dominic. ― Que conversa é essa?
Logan ficou mais vermelho que o tom do meu cabelo. E o Rander?
Ah, ele tinha as melhores expressões. Rander estava com um semblante de
quem comeu e não gostou, do cão chupando manga misturado com um
pinscher com raiva canina.
― Sua mentirosa, eu não falei…
― Ah, falou sim. Lembra? Eu perguntei se você gosta de assistir a
Netflix. ― Fiz um biquinho inocente. ― E você me contou que preferia um
filme pornô.
Logan estava horrorizado.
Esse homem queria bancar o espertinho com a própria rainha dos
malandros.
― Garota desnecessária, totalmente inconveniente. Dominic, a sua
filha usa o corpo como uma mercadoria. Não quer acreditar, tudo bem, faça o
que quiser. Ela será uma inútil, sem futuro.
Logan saiu do escritório, enfurecido.
Ué!
Ele não sabe brincar.
― Logan sabe que eu estudo Artes? ― questionei, sorridente.
― Rander, por gentileza, deixe-me a sós com minha filha.
Rander assentiu, saindo imediatamente do escritório.
― Pode se sentar. ― Apontou para a poltrona à minha frente. Fiz o
que me pediu. ― Gostaria de conhecer a sua versão.
― Primeiro, você precisa saber que o Madrid Clube não é uma boate
de prostituição. É uma boate de dança, como a Kizomba. Eu amo dançar ―
esclareci.
― Não foi o que o Logan e o Rander me informaram, Alana.
― Pai ― interrompi, nervosa ―, eu tenho 20 anos, não sou uma
criança. Por favor, pare de agir como se eu fosse incapaz de tomar minhas
próprias decisões. Será que vou ter que seguir o meu caminho longe desta
mansão?
Dominic arqueou uma sobrancelha, levantando o queixo. Ele apoiou
as duas mãos em cima da mesa e levantou-se.
― Esta mansão pertence aos Campbell há gerações. Você vai ficar no
lugar que nunca deveria ter saído. É uma mulher adulta, tem razão. Mas
mulheres adultas não agem como pirralhas querendo chamar atenção do
namoradinho. Não usam a futilidade para atacar.
― Não sou fútil, só estou cansada desse machismo. ― Fiquei em pé,
simplesmente derrotada. Não tinha como argumentar com meu pai, ele
dificilmente mudava as suas convicções.
Saí do escritório sob os protestos do Dominic e com lágrimas
escorrendo dos meus olhos.
Infelizmente encontrei o Logan nas escadas. Não encarei o seu perfil,
fiquei constrangida por ele ter me flagrado chorando. Eu odiava chorar na
frente das pessoas, as lágrimas foram minhas amigas por muito tempo, mas
com o tempo aprendi a não demonstrar as minhas fraquezas, tinha medo da
tristeza e dos danos terríveis que ela causava.
Entrei no meu quarto e tentei acalmar meus pensamentos
conturbados. Achei adequado adiantar alguns trabalhos da faculdade, ainda
sentia um gosto amargo na boca e precisava me distrair.
Alguém bateu à minha porta.
― Vá embora, não quero conversar com ninguém ― gritei, mas as
batidas continuaram. ― Eu já falei que não quero conversar, me deixe em
paz!
Será que as pessoas que vivem nesta mansão têm dificuldade de
compreensão?
Ou estava falando em outra língua que fora esquecida pela
humanidade?
Levantei-me, irritada, pronta para acertar um pontapé na bunda de
quem estava aumentando o meu mau humor.
Abri a porta.
― Qual é o problema? Houve algum assassinato? A mansão está
pegando fogo?
Rander estava parado, cabisbaixo, trazendo uma bandeja com café da
manhã.
― Eu trouxe comida, você não comeu nada. Posso entrar?
― Não, você não deveria estar tramando a minha deportação? ―
perguntei, cruzando os braços no peito.
Rander seguiu meus movimentos com o olhar, pigarreando em
seguida.
― Alana, eu também te amo. Só não quero você dançando em uma
boate de stripper.
Respirei, não queria perder a minha paciência.
Tudo bem, respire fundo. É só pensar em unicórnios rosas ou em
coelhos fofinhos.
― Pela milésima e última vez, não é uma boate de stripper ― disse,
forçando um sorriso.
― Mulher, você estava... é bem...
― Dançando? ― interrompi.
― Não, você estava rebolando em cima de uma mesa, e que dança
estranha é aquela? Deus, e o que você fez com o Logan? Ele é o homem mais
afável que conheço.
Gargalhei, não era possível.
― É cansativo, não gosto de ficar me explicando a todo momento.
Você tem três segundos para sumir da minha frente, estou muito chateada.
Qual era o problema de dançar em um clube que pagava muito bem?
― Eu também fiquei magoado, Alana. Você é rica. Não precisa
trabalhar em uma boate de... ― Ele prendeu os lábios, fechando os olhos por
alguns segundos e inspirou fundo. ― Você pode ter a sua própria academia
de dança. Já pensou nisso?
― É claro que sim, mas eu gosto. ― Droga, como poderia explicar
que gosto da sedução? ― Gosto dos meus amigos do Madrid Clube.
― Por favor, me prometa que não vai dançar naquela boate
novamente, por nossa amizade. ― A bandeja começou a tremer. ― Lana,
você é uma Campbell, tem um sobrenome conhecido nos holofotes da mídia.
― Me dê essa bandeja. ―A puxei, derrubando um pouco de café. ―
Primeiro, quem está nos “holofotes” da mídia é você e o senhor magnata. E
hoje à noite estarei no meu trabalho, não me inclua nesse mundinho de
ricaços metidos.
Tentei fechar a porta, mas Rander me impediu.
― Logan odeia ver o nosso sobrenome envolvido em escândalos.
Alana, se ele souber que você vai trabalhar na boate novamente, apenas
prepare-se para enfrentar uma enxurrada de problemas ― alertou apreensivo.
― Por favor, pense com maturidade.
Logan Campbell isso e aquilo…
Rander perdeu toda opinião própria com a chegada do primo. Fiquei
impressionada como ele era manipulável pelo Logan, perdeu completamente
a sua personalidade.
― Foda-se o Logan. Eu vou trabalhar no clube e ninguém vai me
impedir. ― Antes que o Rander pudesse protestar, fechei a porta na sua cara.
Nunca consegui andar em linha reta, sempre caminhei meio torta. Era
toda ao contrário, não gostava de ser “padronizada”, de ser moldada e seguir
as escolhas alheias e tudo que nossa sociedade patriarcal determinava.
Quando tentavam impedir meus objetivos e sonhos, eu passava por
cima, atropelando qualquer um com um grito de guerra: “Não entra no meu
caminho, porra.”
Essa era a Alana García Campbell, que seguia seus próprios
interesses.
E, infelizmente, mulheres com meu temperamento eram muito
julgadas por nossa sociedade.
Alana

Existiam regras que eram úteis, deveria admitir.


Porém, na mansão Campbell as regras eram totalmente
desnecessárias. Por exemplo: ninguém poderia deixar a mesa na hora do
jantar, se você sentisse um mal-estar, estava ferrado. Você só poderia sair da
mesa quando o patriarca largasse os talheres.
Existiam xícaras específicas para o café da manhã, não podíamos usar
um copo diferente. E tínhamos que comer ouvindo músicas clássicas, de
preferência de orquestras francesas.
Eram regras ridículas e que eu não fazia questão de seguir, por esse
motivo sempre recebia o meu café da manhã no quarto. À noite? Bem, às
vezes descia para o jantar, em outras noites "estudava" com o meu professor.
As dançarinas do Madrid Clube precisavam chegar com algumas
horas de antecedência para ajudar na organização e decoração das mesas. Nós
ensaiávamos algumas coreografias para aquecer, antes que as portas fossem
abertas.
― Um, dois, três. Agachamento. Um, dois, três, joguem o cabelo para
trás, girando, não percam o ritmo ― gritou Júlia, a coreógrafa do grupo. ―
Vamos lá, façam esse corpinho suar.
As luzes estroboscópicas do clube piscavam na pista de dança. Era
sábado, um dia que o Madrid Clube acabava lotando. Muitos clientes com
muito dinheiro e ansiosos para nosso show, alguns clientes que frequentavam
o clube há anos. Alguns tinham o rosto conhecido, e alguns até conhecia por
nomes. Como Elías, um senhor milionário que amava o lugar. Até ofereceu
uma quantia milionária para ser o novo proprietário do Madrid Clube. Arthur
e os outros diretores do clube não aceitaram a proposta.
― Meninas ― Arthur bateu palmas, chamando atenção ―, tenho
uma novidade. O Madrid Clube terá aulas de danças no domingo.
Ficamos eufóricas, todas soltaram gritinhos animados.
― Calma, sem gritos histéricos ainda. O Madrid Clube ganhou um
novo patrocinador, que pretende fazer algumas mudanças no clube. Como
todas são profissionais e boas no que fazem, terá uma seleção para escolher a
professora, para animar essas pistas no domingo.
― Uma seleção? ― perguntou Jussara, desconfiada. ― Vai criar uma
rivalidade entre as meninas, é ridículo.
Todas concordaram simultaneamente.
― Ei, caladas. Deixem-me explicar. ― Arthur passou a mão no
cabelo. ― Não serão os diretores do clube que irão escolher. Esse novo sócio
vai comparecer por três finais de semana para avaliar cada uma. Então, um
conselho: arrasem e dancem.
― Quem é o patrocinador? Ele tem nome? ― indaguei, arrumando o
decote do meu body.
― Não posso contar, se contar o nome desse novo patrocinador pode
realmente nascer uma rivalidade entre vocês. E quero todas trabalhando
unidas, nosso time é perfeito.
― Humm, tudo bem! Vamos continuar o ensaio, falta pouco para o
clube começar as suas atividades ― disse Júlia.
Ser professora de dança era meu sonho, na verdade, a academia de
dança era um objeto que gostaria de conquistar um dia. Porém precisava
melhorar, me aperfeiçoar e não desistir da dança.
Comecei a dançar com 14 anos, frequentando um curso social que
uma ONG disponibilizava. Depois não consegui parar.
Copiava as coreografias da Beyoncé e Lady Gaga. Sempre deixando o
ritmo da música guiar meus passos.
A oportunidade de trabalhar no Madrid Clube surgiu em uma batalha
de dança. Arthur sempre foi apaixonado por danças de rua e por esse motivo
era presença VIP em todos os eventos de dança de São Paulo. Arthur me
notou dançando em um canto com algumas colegas, gostou da minha ousadia
e fez uma proposta de trabalho.
E agora eu estava aqui, pronta para mais um show essa noite.
A minha vida poderia estar seguindo a sua rotina normalmente:
faculdade, trabalho no final de semana e encontros secretos com meu
professor. No entanto, Logan e Rander Campbell não me deixavam em paz,
meus primos foram os primeiros a chegar no Madrid Clube. Escolheram uma
mesa e, como de costume, me ignoraram.
Sinceramente? Não fiquei intimidada com a presença deles.
Eu estava mais interessada na presença do homem da minha vida.
Ele chegou!
Cadu Gallucci era meu professor de artes digitais. O homem era
inteligentíssimo, charmoso, e muito descontraído. Amava música, arte, teatro,
a história do cinema, e não podíamos deixar de falar sobre a beleza que ele
possuía. Cadu encantava qualquer mulher com seus olhos azuis, a pele
bronzeada e os cabelos castanhos, que tinham um corte moderno.
― Você veio! ― eu disse sorridente. Estava pronta para abraçá-lo,
mas Cadu se afastou.
― Lana, sem demonstração de afeto em público. É o nosso
combinado.
― É um clube e ninguém te conhece aqui. Cadu, não estamos na
faculdade.
Não éramos diferentes, Cadu gostava das mesmas coisas que eu.
Quando estávamos juntos, conversávamos sobre tudo, o assunto nunca tinha
fim. Cadu observou ao redor, com um semblante receoso.
― Não quero arrumar problemas para você ― explicou, acariciando
meu rosto.
Sorri, segurando em sua camiseta e colando os nossos corpos.
― Estamos juntos, nunca seremos um problema.
E sem esperar o beijei.
Cadu demorou para me corresponder.
Ele está tenso…
Qual era o problema desse homem?
Era lógico que nossos encontros aconteciam em motéis e lugares
sigilosos. Ele tinha medo dos escândalos, um professor transando com uma
aluna? Era a indecência da moralidade.
Eu amava o Cadu, amava tudo nele, até mesmo sua mania estranha de
falar sozinho.
― Você está linda ― confessou entre os estalos dos nossos beijos. ―
Muito gostosa!
― Eu senti saudade.
Cadu riu descontraído.
― Nos encontramos na quinta-feira, ficamos apenas um dia
separados.
― É uma eternidade para mim. ― Voltei a beijá-lo com intensidade.
Cadu segurou na minha cintura, subindo as mãos desejosas até meus seios.
― Com licença. ― Uma voz grosseira fez eu sobressaltar-me.
Cadu distanciou os nossos corpos, sem demora.
― Rander ― grunhi de ódio ―, o que você quer?
Meu primo rejeitou os meus argumentos. Ele avaliou Cadu com um
sorriso desafiador no seu rosto. Rander estendeu a mão, oferecendo um
cumprimento formal.
― Meu nome é Rander Campbell. Sou o primo da Alana.
Cadu empalideceu, o homem deu vários passos para trás, me
encarando perplexo.
Cacete!
Quando esse inferno vai terminar?
Cadu aceitou o cumprimento e forçou um sorriso.
― É um prazer conhecê-lo, sou um amigo dela.
Amigo?
Estamos juntos há três meses.
Como assim somos só amigos?
― Um amigo...
Ah não! Essa voz não.
― Que interessante, vocês parecem ser mais que amigos.
Logan Campbell parou ao lado de Rander, colocando suas mãos
dentro dos bolsos da calça jeans.
Droga, eu nunca vou entender.
Por que os homens mais arrogantes são donos de uma beleza
exuberante?
Logan estava lindo, vestindo uma roupa casual, uma calça jeans
despojada e uma simples camiseta preta. E os olhos... eram fascinantes, um
mel delicioso, que nos prendiam com seu sabor, roubando-me o ar. Até
esqueci da sua arrogância e fiquei perdida em sua beleza.
― Cadu Gallucci? ― questionou Logan, acordando-me do
encantamento que exerceu sobre mim. ― Você é o neto do banqueiro
Moreira Gallucci?
― Ah, é difícil esconder esse parentesco ― gracejou Cadu.
― Eu conheço a sua família ― ponderou, deixando Cadu
desconcertado.
― Que intrigante... um Gallucci. ― Rander sorriu com desdém. ―
Aceita um drink? Gostaria de conhecer mais sobre o ramo em que a sua
família atua, porque há muito tempo ouvia falar sobre eles.
Rander era um sujeito presunçoso e debochado, transformando-se em
um homem impertinente quando queria.
― Eu não trabalho no ramo bancário ― retrucou Cadu. ― Sou
professor.
Rander e Logan se entreolharam.
Qual é o problema?
― E agora? Depois do interrogatório, podem me deixar em paz? ―
Logan ignorou meu pedido.
― Uma bebida no bar, como Rander sugeriu?
Isso era uma disputa para ver quem mijava mais longe?
Que inferno!
Por que não aproveitam e não entram no banheiro para se
certificarem qual pau é o mais torto?
Argh!
― Tudo bem ― concordou Cadu, com um semblante fechado.
Que maravilha!
Os três homens caminharam para o bar.
Não era possível. Por que Logan Campbell não sumia do mapa?
Logan

Eu poderia continuar desprezando a minha prima. A garota que


invadiu meu mundo sem nenhuma permissão.
Ela chegou mudando rotinas e vidas.
Eu odiava mudanças bruscas, pois supunha que todas as pessoas
odiavam sair da sua zona de conforto. Não gostava quando tudo fugia do
nosso controle, surgindo grandes transtornos.
Odiava tudo que modificava os meus planos e tomavam outro rumo.
Alana García Campbell era difícil de controlar.
Ela chegou mudando todos os meus planos.
Uma garota mimada e descortês que não seguia regras ou tinha
limites. Alana não mantinha bons modos, tudo fazia sentido nesse momento.
Afinal, Dominic nunca apresentou a filha aos membros das empresas
Campbell. Ninguém imaginava ou supunha que a herdeira esperada e tão
procurada estava viva.
Como Dominic apresentaria uma mulher repleta de tatuagens para
nossa família na Inglaterra?
E o pior: dançava como uma stripper.
Colocar essa garota no seu devido lugar seria um verdadeiro
desafio… um desafio com um corpo delicioso.
Pelo amor Deus, Logan. Não fique pensando no corpo da garota, é
completamente errado, me censurei em pensamentos.
Foram três anos vivendo no exterior e nunca me interessei em
conhecer a aparência da menina que se mudou para a minha mansão.
Honestamente? Achei um insulto a chegada de uma estranha.
Por que justo na minha mansão?
Com a minha família?
Dominic tinha propriedades exuberantes, poderia jogar a filha em
uma das suas mansões ou em um apartamento de luxo. Mas não, ele queria
tratá-la como uma legítima Campbell. Ela poderia carregar o meu sangue nas
veias, porém as atitudes e comportamentos nunca seriam de uma Campbell.
Todas as mulheres da nossa família eram extraordinárias, inteligentes
e belas.
Alana era... Não consegui encontrar uma palavra que definisse essa
mulher.
Nessas circunstâncias, com meus pensamentos voltados para a garota,
não consegui evitar mais... Fiquei admirando o seu corpo, os movimentos do
seu quadril e como a sua dança encantava a todos ao nosso redor.
Alana carregava uma mistura de sensações, mesclando delicadeza
com sensualidade. Eu já transei com várias mulheres, até mesmo com
acompanhantes de luxo, mas nunca tinha encontrado uma mulher que me
olhasse tão desafiadoramente. E poderia ser difícil de acreditar, mas eu
gostava... Gostava muito!
A cobiça controlou os meus pensamentos por um momento, fiquei
imaginando a garota deitada na minha cama. Ela gemendo e se contorcendo
de prazer com meu pau duro dentro da sua boceta.
Ah não!
Não poderia pensar nessa hipótese.
Precisava imediatamente descartar esses pensamentos inapropriados.
Alana e eu?
Nunca!
Éramos totalmente incompatíveis.
E não poderia me esquecer do Rander, era nítido que o meu primo a
desejava.
Na verdade, quem não desejaria?
Ah merda!
E mais uma vez os meus pensamentos depravados estavam me
traindo, precisava ignorar a presença da minha prima e prestar atenção na
conversa entre Rander e Cadu Gallucci.
O professor mentiroso, todos conheciam os Gallucci. E todos estavam
cientes que o Cadu Gallucci era casado com a socialite e também
apresentadora, Márcia Gallucci.
― Gosta de dançarinas sensuais? ― Rander perguntou num tom
irônico.
Os dois olharam para Alana.
Ela estava rindo e seduzindo os clientes. Poderia soar um pouco
machista, mas eu não conseguia entender como uma mulher adulta e atraente,
que poderia conquistar até mesmo o príncipe da Inglaterra, se prestava a esse
papel.
― Honestamente, eu gosto da Alana ― provocou Cadu.
Estava admirando o autocontrole do Rander, se eu estivesse no lugar
dele esse professor já estaria com o nariz quebrado.
Balancei a cabeça, descrente com a atitude do meu primo.
Quebre esse filho de uma puta.
O cara está enganando a mulher que você deseja e ainda está rindo
da situação.
Quando desejamos uma mulher, precisamos arriscar e lutar por ela.
Era o que eu faria!
― Chegou a hora de parar de agir como moleques ― ameacei. ― Sei
quem você é, sei quem é a sua esposa.
― O quê? ― Cadu me encarou furioso. ― Você acha que me
conhece.
Ri com desdém.
Juro que pensei que levaria uma vida tranquila no Brasil, em Londres
sempre estava metido em confusões, orgias e curtições. Na minha cidade
natal, ao lado da minha família, queria seguir uma rotina mais tranquila, mas
encontrei um furacão chamado Alana García.
― Eu não tenho nada a perder, mas você… ― Arrumei o relógio em
meu pulso. ― Uma profissão, uma esposa, uma filha de... quantos anos ela
tem mesmo? O seu avô me contou em um evento, infelizmente não estou
lembrando.
Rander relaxou quando controlei a discussão, sabia o quanto meu
primo lutava para manter o equilíbrio. Na última vez que deixou a raiva
conduzi-lo, Rander precisou dormir em uma prisão.
― Pensa que tenho medo de você, Campbell? ― Cadu deu um passo
na minha direção.
― Medo? Ah, não precisa ter medo de mim. Eu sou apenas um
Campbell. O que podemos fazer?
Cadu enrijeceu o corpo com a ameaça sutil, ele sabia o que os
Campbell poderiam fazer. O professor estava ciente dos boatos de que várias
pessoas tiveram a vida destruída por minha família, que usava o poder que o
dinheiro possuía para aniquilar seus inimigos. Uma fama que os primos
Dominic, Julian e Thomas fizeram questão de continuar. Há boatos de
assassinatos, de pessoas que sumiram misteriosamente, como a esposa e a
filha do Dominic Campbell. Todos comentavam e afirmavam tal boato, sem
ao menos saber da verdade.
― Eu entendi, vou terminar meu relacionamento com Alana García
― comentou, aceitando a derrota.
Não consegui conter a minha satisfação quando o homem se afastou.
E, pela primeira vez, senti prazer com o poder que o nosso sobrenome exercia
sobre as pessoas.
― Logan, ela vai nos odiar ― argumentou Rander. ― Talvez,
Alana...
― Talvez, Alana cresça e perceba que a vida não é um conto de
fadas. ― A minha voz se sobrepôs.
― Quando você vai perceber que ela não age como a princesa presa
em uma torre? Ela age como o dragão.
Estremeci com essa comparação.
Realmente, Alana estava longe de ser uma princesa refinada. Em uma
única noite ela dançou, me provocou, e quase me enlouqueceu. Foi
necessário manter os meus pensamentos em acontecimentos desagradáveis
para não endurecer, para não a agarrar em meio a esse clube ridículo. Porém
não daria esse prazer a ela. Não iria sucumbir aos desejos, não por essa
mulher desprezível.
― O que você falou para ele? ― Senti um empurrão forte. ― O que
você fez?
Alana estava descontrolada, me empurrando selvagemente, quase me
derrubando no chão.
― Alana, pare com isso ― reprovou meu primo, tentando impedir os
ataques histéricos da nossa prima.
― Eu não falei nada. ― Encobri a verdade.
Não era minha intenção magoá-la, só queria evitar que Alana caísse
em um escândalo.
Márcia era uma mulher baixa que armava as piores emboscadas para
as amantes do marido. Poderia odiar Alana García, mas não queria vê-la
sendo enganada, e principalmente machucada. Existia um limite para ódio, e
quando ele ultrapassava o bom senso, a empatia e a moralidade, a pessoa
estava se autodestruindo.
― Cadu me contou, contou tudo o que vocês disseram a ele. Estamos
juntos há três meses, estou apaixonada por ele.
Rander se afastou, decepcionado com a revelação. Ah! Caralho!
Era evidente na expressão do meu primo o quanto ficou ferido com a
declaração da Alana.
Rander tinha 25 anos, não era uma criança. Ele deveria saber que
Alana era uma mulher deslumbrante, claramente se apaixonaria um dia. Era
inevitável, todos nós nos apaixonamos.
Um assunto tão simples e meu primo gostava de complicar tudo.
Por que não fala abertamente sobre seus sentimentos?
E, o mais incrível de tudo: Como essa garota não percebe o que ele
sente por ela?
Bom, ela foi enganada facilmente.
Isso significava que não era tão ardilosa quanto demonstrava.
Toda essa confusão aumentou minha vontade descontrolada de
quebrar o pescoço do Cadu Gallucci. Ele enganou a Alana por três meses,
traindo a esposa e a filha, destruiu as chances do Rander, e o pior de tudo...
EU ME TORNEI O VILÃO DA HISTÓRIA!
Era necessário inverter esse jogo.
Eu gostava de agir de uma maneira certa, e mentir para Alana fugia
dos meus princípios.
― Eu posso explicar ― assegurei, tentando consertar essa confusão.
― Apenas se acalme, sem escândalos, os clientes estão olhando em nossa
direção.
Alana aquiesceu, limpando as lágrimas que escorriam em seu rosto.
Os lábios inferiores tremiam.
― Sugiro uma conversa em casa. Teremos mais privacidade para
explicar a situação ― disse Rander, terminando de beber sua vodca.
― Vocês estão destruindo a minha vida. ― Alana soluçou. ― E não
pense que ficarei submissa, o nome Campbell será destruído comigo.
Rander me lançou um olhar, como se dissesse: “eu avisei."
Alana caminhou rumo a saída do clube, chorando desvairadamente.
― Qual é o plano? ― interpelou Rander.
― Vamos contar a verdade, quem é o Cadu Gallucci.
― Ela não vai acreditar, está muito transtornada. A última vez que
presenciei Alana chorando, foi... ― Rander hesitou, deixando-me cismado.
― Foi quando...?
― Esqueça, temos que nos desculpar. Ela estava namorando um
homem casado. Droga, como não desconfiei? ― Passou a mão pelos cabelos,
nervoso.
Eu queria perguntar como meu primo se sentia em relação a tudo que
foi descoberto, como ele conseguia disfarçar o seu interesse e atração?
Porém cada pessoa tinha o seu tempo.
Poderia ser um assunto fácil de resolver para mim, mas se ele nunca
declarou os seus sentimentos deveria existir um bom motivo.
Apesar de tudo, não achava correto esconder um sentimento ou
nossos desejos. Eu era um homem muito centrado, mas nunca escondi ou
reprimi o que sentia, sempre fui muito sincero com as mulheres que já se
deitaram em minha cama.
― Vamos encontrar aquela garota mimada ― falei, pensando no
quanto a Alana ficou fragilizada.
Quem diria, ela se transformou numa princesa indefesa no final.
Alana

Eu simplesmente odiava pessoas que gostavam de se envolver na vida


alheia. Apesar do meu jeito descontraído e um pouco extravagante, eu nunca
fiz uma intromissão na vida pessoal de ninguém. Não podíamos duvidar da
capacidade das pessoas de causar o mal, de nos entristecer e principalmente
diminuir nossos sonhos e desejos. Amava o Rander, mas estava querendo
manter certa distância dele após todo o ocorrido.
Honestamente? Não queria carregar o peso do sobrenome Campbell.
Principalmente ter vínculo sanguíneo com o Logan. Eu não estava
acreditando que ele ameaçou o meu namorado. Cadu sempre me fez tão bem,
era um amigo legal e me ajudava com minhas notas na faculdade.
Argh!
Enterrei os dedos no meu cabelo, tentando acalmar meus
pensamentos.
― Alana ― chamou Rander, aproximando-se.
Droga, não estava esperando qualquer explicação nesse momento.
Precisava de tempo para me acalmar e agir com sensatez. Iniciar uma
conversa poderia custar as minhas lágrimas. Passei os últimos anos tentando
ser forte, desde a morte da minha mãe vinha buscando estabilidade
emocional.
Olhei para trás, controlando aquele nó na garganta.
Logan Campbell estava no encalço do primo, senti meu estômago se
revirando de raiva.
― Logan quer conversar com você.
Comecei a rir, não era possível.
― Você perdeu o pouco de bom senso que tinha? ― esbravejei.
― Eu sei, eu sei. É loucura, mas tudo tem uma razão. Apenas nos
deixe explicar.
Encarei Logan, que não parecia interessado em começar qualquer
explicação. Ele estava mais interessado nas lindas mulheres fumando
próximas a uma Lamborghini.
― Ah, por favor, não estou no meu melhor momento, Rander. ― Dei
um tapa na minha própria coxa, indignada. ― Podemos conversar outra hora?
Eu só quero voltar para casa e chorar. Vocês destruíram uma relação de três
meses.
― Nunca existiu uma relação ― alertou Logan, dando alguns passos
à frente. ― Cadu Gallucci é casado.
Havia três formas de agir quando descobríamos que nosso
"namorado" era casado:
1. Arrependimento por ser tão tola e burra. Trancar-se no seu quarto e
chorar e chorar.
2. Refletir sobre a situação, aprender com seus erros e principalmente
ficar longe do cretino mentiroso.
3. Surtar enlouquecida e achar que tudo é mentira.

Bem, vocês já sabem qual será a minha forma de agir nessa situação.
Eu simplesmente surtei, não queria acreditar no Logan, mesmo com
meu coração me dizendo que era necessário confiar no meu primo, mas o
desprezo que ele sentia por mim e todas as vezes que me ignorou feito um
animal sarnento não ajudaram muito. Usei minha razão e tudo o que ele falou
para meu pai incentivando um internato.
Como posso confiar em uma pessoa que me desconsidera tanto?
― Alana, você precisa parar com esses surtos de maloqueira ―
repreendeu Rander.
― Esse homem ― apontei para o Logan ― chega da terra da rainha
achando que é o rei. Desprezando-me, tentou persuadir meu pai para me
prejudicar, destruiu meu relacionamento e com certeza vai fazer o mesmo
com meu trabalho.
Logan riu com escárnio.
― Chama isso de trabalho? ― Ele gesticulou com a cabeça em
direção ao Madrid Clube.
― Sim, o meu trabalho. Eu amo rebolar a bunda para homens que
gostam de ter uma mulher de verdade, e não para almofadinhas mimados que
preferem bonecas turcas com o rosto repleto de botox. ― Logan grunhiu,
diminuindo os centímetros que separavam os nossos corpos. Ele estava com
uma expressão enfurecida. Ótimo, a provocação estava surtindo efeito... ―
Eu fico me perguntando, a modelo turca tem botox na vagina também? Fez
alguma cirurgia plástica para melhorar a aparência da perereca? Porque no
rosto é quase uma Barbie humana.
― Já chega! ― berrou Logan, pegando-me no colo com uma rapidez
absurda, soltei alguns gritinhos de surpresa.
Logan me jogou no por cima do ombro direito.
― Logan, ficou maluco? Pode colocá-la no chão agora mesmo.
― Não se envolva, Rander. Preciso ter um momento a sós com nossa
priminha. ― Logan girou pelos calcanhares, me carregando feito uma boneca
inflável.
― Pode soltar agora ou eu vou...
― Vai o quê? Tentar me bater por estar certo?
Ri com desdém.
Eu não poderia estar ouvindo isso… Ele acha mesmo que está certo?
― Logan, estou perdendo a minha paciência ― exclamei um palavrão
em seguida.
― Primeiro, não fale da minha noiva. Ela é especial. Segundo,
paciência é uma virtude. Uma virtude que pessoas como você nunca terão.
― Pessoas incrivelmente gostosas como eu ― continuei a
provocação.
Logan me colocou no chão, próxima da sua Hilux gigantesca.
Meu Deus, por que uma caminhonete tão grande? O meu primo abriu
a porta.
― Entre, quero conversar com você.
Neguei com a cabeça e cruzei os braços.
― Céus, será que não podemos conversar educadamente? ― Logan
questionou, incrédulo.
― Ah, saco. Tudo bem... ― Desisti, já estava farta. Ele fechou a
porta com força, entrando na caminhonete.
― Vamos voltar para a mansão, pretendo te contar tudo que sei no
caminho.
― Não quero saber, por favor.
― Não preciso da sua autorização, você vai me ouvir querendo ou
não.
Estremeci de raiva.
Ficamos em silêncio por longos minutos. Logan parecia estar vivendo
uma batalha interna, ele passava as mãos pelo cabelo várias vezes seguidas,
até deixá-lo desgrenhado, suspirava sem parar e parecia abstraído.
Com um pigarrear exagerado, ganhei a sua atenção.
― Está tudo bem? ― indaguei, não entendendo a minha vontade de
iniciar qualquer conversa amigável.
― Estou bem, apenas pensando na Elsa.
Fiquei estática com a sua transparência.
Ele estava mesmo falando dela para mim?
― Bom, relacionamentos não serão apenas amor e carinho, haverá
momentos complicados também.
Não era uma perita em noivados ou namoros. O meu quase
“relacionamento" foi um verdadeiro desastre, Cadu poderia ser um grande
mentiroso, mas conseguia imaginar o quanto era perturbador viver um
relacionamento instável.
Logan ficou em silêncio, ele não me respondeu de imediato. Apenas
parou o carro no acostamento, desligando o motor.
― Quero explicar sobre a situação difícil que ocorreu hoje. E depois
vamos voltar para casa e descansar, sem brigas ou desentendimentos.
Engoli em seco, sentindo uma pontinha de medo. Odiava a ideia de
Logan estar certo sobre o Cadu.
― Você tem cinco minutos. ― Fiz uma expressão desinteressada. ―
Amanhã vou procurar o meu namorado e acertar as coisas entre nós.
― Qual namorado? Existe outro? Porque o Cadu Gallucci é casado
com a Márcia Gallucci, a apresentadora do programa de culinária e também a
socialite mais requisitada nos eventos milionários da grande São Paulo.
Meu coração acelerou, meu peito queimava e eu estava prestes a
engasgar com o próprio choro. Márcia Gallucci?
Droga, estava fazendo sentido o sobrenome.
Charlotte acompanhava as receitas da apresentadora na televisão e,
por esse motivo, quando conheci o Cadu, o seu sobrenome me soou tão
familiar.
Era óbvio demais, como consegui ser tão cega? Logo eu que sempre
quis ser a rainha da malandragem.
― Os Gallucci são banqueiros conhecidos nos eventos que patrocino
e frequento. Estão sempre com os nomes nas listas de convidados ― revelou
Logan em um tom afável, parecia arrependido por ter me contado a verdade.
― Ele mentiu para mim por três meses. ― Solucei. ― Como os
homens conseguem mentir tão descaradamente? Eu poderia destruir uma
família.
― Shhh. ― Fez Logan. ― Não é a sua culpa, você era solteira
quando o conheceu. Cadu mantinha uma união com outra mulher. O respeito
vem primeiramente do homem comprometido.
― Mas fui eu quem pediu o número do WhatsApp dele ― confessei,
limpando as lágrimas. ― Estou me sentindo a pior pessoa do mundo.
― Você não tem uma bola de cristal para adivinhar que ele é casado.
Cadu deveria ter recusado o seu pedido. E um envolvimento amoroso entre
uma aluna e um professor nunca será certo, ele também não agiu de uma
forma profissional.
― Cadu é um cretino ― choraminguei.
― Eu vou ser sincero, Alana. Podemos ter nossas desavenças, mas
tudo tem limite, e vê-la sendo enganada, sabendo o que poderia acontecer...
Não consegui me conter, só queria você longe daquele cara.
Agora estava compreendendo tudo, uma sensação de gratidão se
inflou dentro do meu peito.
― Eu quero ir embora, me leve para casa. Por favor. ― Encostei
minha cabeça na janela do carro, esperando e... Por que o motor do carro não
saía do lugar?
Quando voltei meu olhar para o Logan, ele estava admirando as
minhas coxas.
Que comportamento estranho era esse?
Franzi a testa.
Era impressão minha ou ele estava me comendo com os olhos?
Logan enrubesceu ao perceber que foi flagrado encarando minhas
coxas.
― Quer procurar o que perdeu aqui? ― perguntei, meio emburrada.
― Eu não estava fazendo o que você está pensando ― retrucou na
defensiva. ― Eu só estava pensando em dizer que sinto muito por tudo.
Tudo bem, já passou!
Não queria pensar mais. Por ora só queria descansar e esquecer tudo
que aconteceu.
― Eu supero, não se preocupe.
Logan assentiu, ligando o motor do carro e voltando a dirigir em
direção a nossa casa.
Alana

Encontros sigilosos em motéis, a exigência de manter a nossa relação


em segredo e, principalmente, sem demonstração de afeto em público.
Burra!
Burra!
Mil vezes burra…
Ah, pode ter certeza de que essa história não ficará assim. Precisava
me vingar de alguma forma, os meus pensamentos estavam agitados e sentia
uma necessidade de reverter o jogo.
Na faculdade, eu estava sentada em um banco acompanhada por duas
colegas.
― O professor Cadu é lindo. É difícil encontrar um professor tão
atraente ― argumentou, inesperadamente, uma das minhas colegas,
despertando-me dos devaneios conturbados.
― Concordo… Infelizmente o cretino é casado, mas ouvi boatos de
que ele tem várias amantes ― disse Ramona.
Meu Deus, será que sou tão ingênua?
Como consegui ser enganada?
Existia um ditado popular que dizia "a língua era o chicote do corpo",
aprendi a lição da pior forma possível.
― Ele estava transando com a Valéria ― as duas continuaram
fofocando.
Era impossível esconder meu desconforto, sentia o meu sangue
fervilhando nas veias.
― Uma colega era amante dele ― comecei minha singela
vingancinha. ― Ele enviava nudes no WhatsApp, às vezes vídeos se
masturbando. Não vou citar o nome da minha conhecida para não a
comprometer, porém ― as meninas ficaram eufóricas ―, ela enviou os nudes
dele para mim.
Elas soltaram mais gritinhos histéricos.
― Alana, você precisa nos enviar essas fotos, por favor.
Eu era uma boa atriz, menti que estava um pouco receosa com o
pedido e disse que não era legal enviar fotos do professor para minhas
colegas.
― Alana… ― Alícia suplicou, segurando na minha mão. ― Somos
suas melhores amigas, pode confiar.
Elas não eram minhas melhores amigas, as considerava minhas
colegas, não tínhamos um vínculo muito legal. A maioria das vezes não
conseguia concordar com as opiniões delas. No entanto, elas podiam me
ajudar com meu plano de vingança. Não existiam mulheres mais fofoqueiras
do que Alícia e Ramona. E nessa faculdade… as fofocas eram venenosas.
― Ninguém vai saber que foi você. Ele transou com várias alunas. E
com certeza mantém casos com outras mulheres fora da faculdade.
Eu concordei, deixando um sorrisinho apreensivo nascer em meu
rosto.
― Tudo bem, vou confiar nas duas. ― Elas liberaram mais gritinhos
histéricos. ― Vou enviar agora.
Vingança concluída com sucesso!
Não demorou 10 minutos para as fotos do professor Cadu Gallucci
serem enviadas de celular para celular.
Eu sabia o quanto essas fotos podiam prejudicá-lo e também sabia que
podia ser processada. Mas qual das amantes enviou as fotos?
Vocês sabem? Poxa, eu também não sei. Então, vida que segue!
Depois de um dia cansativo na faculdade, voltei para a mansão, onde
encontrei minha família reunida na sala principal. Uma cena que precisava
ser registrada. Peguei o meu celular e tirei uma foto de todos sentados nos
sofás.
― Alana, por que está tirando foto? ― perguntou Charlotte,
franzindo a testa.
― Todos os Campbell reunidos. Quem morreu? ― Era comum meu
pai ficar trabalhando no escritório ou na empresa. Charlotte ficava
perambulando pela mansão, disparando ordens para os inúmeros
funcionários. E os meus primos… bom, eu não ficava cuidando dos passos
deles. Era mais comum encontrá-los reunidos no almoço ou no jantar.
― Estávamos aguardando você ― disse meu pai.
Encarei Logan, que calmamente bebericava um café. Por que eu tinha
a leve sensação de que ele estava envolvido nisso?
― O que você fez? ― questionei, bastante desconfiada.
― Primeiro ― ele pousou a xícara de café em cima da mesa de centro
―, meus pensamentos não giram em torno de você. E segundo, tenho
assuntos mais importantes para tratar, não tenho nada a ver com esta reunião
inesperada.
Eu passei o domingo inteiro sem encontrar o Logan pelos imensos
corredores da mansão, até mesmo no almoço não encontrei meu primo.
Rander também sumiu no domingo.
Ainda não estava convencida, alguma coisa estava acontecendo ou
iria acontecer…
― Eu agradeço a sua repulsa. ― Sentei-me no sofá. ― O sentimento
é recíproco.
― Ótimo. Agora que teremos alguns minutos de trégua, quero contar
o motivo que reuni todos nesta sala.
― Dominic? Algum problema? ― indagou Charlotte, roubando um
suspiro dramático do meu pai.
― Teremos um problema a partir de amanhã.
Senti um calafrio percorrer a minha espinha, meus familiares ficaram
trocando olhares alarmados.
― Quais delas? ― Logan estremeceu.
― A mãe e as três filhas.
O meu primo se levantou apressado, disparando xingamentos:
― Preciso encontrar um hotel de luxo nesta maldita cidade.
― Espere, Logan. Eu ainda sou o patriarca desta família, não pedi que
se retirasse.
O meu primo hesitou, voltando para o lugar em que estava. Ele se
jogou no sofá, bastante atormentado. Não queria reparar nele ou no quanto
ficava deslumbrante com um estilo mais casual. Os ternos sempre me
passaram uma sensação de autoridade, mas um simples conjunto de moletom
combinou com a personalidade arrogante do Logan.
Ele era muito bonito, não poderia negar.
E o seu perfume… quando estávamos voltando para casa no sábado,
quase dormi no banco do carro sentindo o aroma agradável da sua colônia.
― Acho que devemos contar para Alana o que está acontecendo ―
sugeriu Rander, fazendo que todos olhassem na direção em que meus olhos
estavam presos, ou seja, para Logan Campbell!!
Enrubesci no mesmo instante, por que estava admirando esse homem?
― Por gentileza, eu gostaria de saber o real motivo desta reunião
familiar.
― Margarida Campbell e as filhas, Lavínia, Clara e Melissa passarão
uma semana na mansão.
Logan se encolheu, Rander arregalou os olhos e Charlotte
empalideceu.
Quem era esse quarteto?
Os nomes lembravam vilãs de histórias infantis.
― Não, por favor. Você pode improvisar qualquer mentira, uma
viagem de negócios ou dizer que estamos fora do país ― Rander implorou,
extremamente nervoso.
― Há dois anos tenho impedido Margarida de se aproximar com as
filhas. Este ano não consegui, ela me enviou um e-mail avisando que chegará
amanhã, às duas da tarde. E… ― Meu pai inclinou-se para despejar um
pouco de café em sua xícara. ― Ela sabe que Logan e Rander estão na
mansão.
Os homens ficaram aflitos.
A reação deles era um pouco confusa. Não entendi essa aversão, os
meus primos estavam apreensivos demais.
― Por que a repulsa? Por que não gostam delas? ― Precisei
perguntar, queria entender o comportamento de todos.
― Quando a filha mais velha, Lavínia, completou 15 anos, Margarida
incentivou um casamento com o Logan ― explicou Charlotte com uma
expressão preocupada. ― Bem, todos conhecemos o temperamento do Logan
e o plano não saiu como o esperado. Quando Clara completou 16 anos a
tentativa continuou, mas dessa vez com Rander. Depois com a Melissa, ela
quer as filhas casadas com os herdeiros legítimos.
― Elas são nossas primas? ― indaguei.
― Sim, mas são primas distantes. Acho que de quarto grau. Não
temos contato com elas, a nossa família está dividida no Brasil e na
Inglaterra. ― Rander encarou o meu perfil, continuando o seu argumento: ―
Elas são mulheres lindas, mas…
― Mas o quê?
― A mãe é uma cobra ardilosa que envenena a cabeça das filhas, e
além disso elas desconhecem a sua existência ― completou Dominic.
― Tudo bem, qual é o plano? ― incentivei.
Todos ficaram me encarando sem entender.
Uma das funcionárias retirou as xícaras de porcelana, pedindo licença
para voltar às suas funções.
― Uma louca casamenteira chega amanhã e vocês não tem um plano?
Meu Deus!
Essa família era maluca.
― O plano é recebê-las com toda educação, sem gírias, sem rebeldia
e agir normalmente. ― Logan fulminou-me. ― Você não vai envergonhar
nossa família.
― Argh, tudo bem. ― Não tinha como conversar com ele,
simplesmente desisti. ― Elas querem se casar com vocês e não comigo. Não
preciso me preocupar, acredito que meus priminhos dão conta de quatro
mulheres sedentas por casamento. ― Girei pelos calcanhares e corri até as
escadas.
Bufando de raiva.
“Você não vai envergonhar nossa família.”
É sério mesmo? Eu só estava tentando ajudar, não queria causar
qualquer confusão. Logan não facilitava a nossa convivência, acho que ele
nunca iria me aceitar.
Entrei no meu quarto e me deitei na cama.
Os meus pensamentos estavam acelerados. Eu poderia pensar em
algum imprevisto para afastar a namorada do Pato Donald, mas ninguém quis
saber.
Apesar de toda nossa desavença, eles eram a minha família, não
queria três mulheres loucas tentando se casarem com meus primos.
Sinceramente? Não sabia como iria me comportar educadamente sabendo
quais são as intenções delas. Eu não queria ficar trancada no meu quarto
esperando que as vilãs voltassem para o seu devido lugar, mas poderia ficar
alguns dias no apartamento da Karen… É isso! Iria fazer companhia a minha
melhor amiga, mas antes de seguir até o apartamento da Karen, pretendia
conhecer as vilãs de histórias infantis.
Alana

Alguém pode me explicar por que a matemática precisava estar


presente até em aulas de artes? Quando o meu professor no ensino médio
falou que a matemática nos encontraria na universidade, independentemente
do curso, ele não estava brincando.
Odiava estudar às 22h, eu poderia estar ensaiando ou assistindo
qualquer clipe para me inspirar e criar novas coreografias.
― Alana. ― Alguém bateu à porta.
― Pode entrar, está aberta.
Charlotte a abriu, esbanjando um sorriso acolhedor.
― Logan gostaria que você fosse encontrá-lo no escritório.
Meu corpo estremeceu.
Logan queria falar comigo?
Droga, não estava com um bom pressentimento.
― Existem oito escritórios nesta mansão. ― Eu não fazia ideia qual
escritório ele ocupava, e não estava a fim de perambular pela mansão à
procura do meu primo infeliz.
― Ele está no escritório da ala oeste.
Claro!
O escritório do poderoso chefão!
O maior escritório da mansão, com dormitório, bar e até mesmo uma
pequena piscina térmica. Acho que o cômodo deveria se chamar: QUARTO!
Concordei em encontrá-lo, me preparando psicologicamente para
enfrentar o tigre.
― Charlotinha, pode me trazer um lanchinho daqui a pouco. ― Beijei
a sua bochecha. ― Vou descer, até depois.
― Alana, apenas mantenha a paciência. Você e o Logan precisam se
entender.
― Não se preocupe.
A nossa governanta meneou a cabeça, parecendo descrente.
Decidi ignorar sua expressão de dúvida e desci até o escritório. Entrei
no elevador e depois segui corredores e mais corredores. Eu me recordei dos
primeiros dias morando nesse lugar, tinha medo de caminhar sozinha pelos
corredores. Charlotte ou algumas das empregadas estavam sempre me
acompanhando.
A mansão era assustadora à noite, possuindo exatamente 150
cômodos, todos divididos em alas: Norte, Sul, Leste e Oeste. É estranho, né?
Eu sei…, mas era uma forma boa para não se perder, se você não conhecia
pontos cardeais não aconselharia a entrar nessa mansão. Ela era dividida em
quatro andares e tinha cinco elevadores, mantendo o designer europeu em
que foi construída, e a clássica decoração inglesa, marcando a origem dos
Campbell. Havia três piscinas de alto padrão, um “pequeno” campo de golfe
e um jardim grandioso que era alugado para fotos românticas entre casais, e
também para casamentos.
Cheguei no escritório e bati na imensa porta de madeira.
― Pode entrar. ― A voz do Logan ecoou na noite.
Abri a porta, um pouco retraída.
Fiquei parada em cima de um tapete, senti a maciez com os pés
descalços e olhei para baixo.
Oh, não!
Eu estava pisando na pele de um pobre animal, pulei de um jeito
atrapalhado para ficar longe dessa crueldade.
Que porra!
Eu pensei que os funcionários responsáveis pela organização da
mansão já tivessem se livrado das peles, as minhas ordens foram claras.
― Alana, você está bem? ― questionou Logan.
― O tapete foi feito com a pele de pobres animais.
Logan afirmou sutilmente com a cabeça, observando o meu
desespero.
― É totalmente errado, eu sou contra qualquer tipo de maus-tratos
aos animais…
― Você está querendo começar uma discussão por causa de um
tapete que faz parte da decoração há gerações? ― Ele soltou um riso
debochado, relaxando as costas na cadeira.
― Amanhã pretendo resolver este problema, não quero peles de
animais expostas como se fossem prêmios. É crueldade, não acho certo.
― Tudo bem, faça o que desejar. Agora podemos esquecer as
extrações de peles, tenho um assunto muito importante que quero discutir
com você. ― Ele suspirou fundo, me encarando nos olhos. ― Quero saber se
você tem envolvimento nesse escândalo?
Logan apontou para a tela do computador.
Aproximei-me para ver melhor e quase tive uma parada cardíaca.
Era um site de fofoca. Havia uma foto em destaque do Cadu Gallucci
ao lado da esposa. A notícia falava sobre fotos íntimas do casal expostas na
internet.
Meu corpo congelou, senti meu coração disparado… Droga, não
conseguia acreditar.
Levei a mão até minha boca para controlar o gritinho de indignação.
Eu não pensei que uma pequena vingança fosse tão longe.
― A família está procurando os responsáveis pelo crime. Você está
ciente de que liberar fotos íntimas na internet é crime?
Calma, coração, não precisa ficar tão descontrolado.
Merda, Alana! Que merda!
― Eu… eu não sabia.
Logan ficou vermelho de raiva, fuzilando-me com seus olhos de tigre.
― Meu Deus, eu tinha certeza de que você estava envolvida nesse
escândalo. Perdeu completamente o juízo, Alana?
― Não falei que era a culpada. ― Precisava encontrar uma saída. ―
Eu só falei que não sabia que era crime.
― Ah, mulher, quer mentir logo para mim? O que seria de um bom
negócio sem as mentiras? Eu acredito que a mentira é o poder inicial para
ganhar todas as barganhas.
Engoli em seco.
― Logan, você não entende. Eu precisava me vingar, eu o amava.
Ele gargalhou, coçando a barba.
― Amor… Você não sabe nada sobre o amor. Gostaria de saber
quantas vezes pensou no seu Cadu durante o dia.
Prendi a minha respiração por alguns segundos, um calor estranho
surgiu no meu corpo.
Não conseguia respondê-lo de imediato, porque só pensei no Cadu
para planejar a minha vingança e depois… simplesmente esqueci que ele
existia.
― Eu… ― Minha voz falhou.
― Vamos, priminha. Pode me contar... Quantas vezes pensou no
amor da sua vida hoje?
― Eu não pensei nele. ― Alterei a voz. ― Não pensei nele durante o
dia. Satisfeito?
― Você não sentia amor, o que sentia era uma atração, são
sentimentos diferentes.
― E você? ― Não ficaria calada, ele também iria me ouvir. ― O que
você sabe sobre o amor? ― O veneno só aumentava nas minhas veias. ―
Carregou um noivado fracassado por anos, sempre viveu um relacionamento
difícil com a Frozen. Você é a última pessoa que deveria me dar lição de
moral sobre sentimentos, não seja mais um hipócrita neste mundo cercado de
falsidade.
Logan ficou desconfortável com minha sinceridade, mas não mudou
aquele olhar feroz.
― Você não me conhece, não conhece a nossa história ― respondeu
num tom amargo. ― Nunca seguiu a sua própria opinião sobre mim, sempre
levou em consideração as fofocas da Charlotte, as informações do Rander…
nunca tentou me conhecer de verdade.
― Está querendo dizer que as nossas desavenças são resultado de
opiniões de terceiros? Deus amado, você não pode estar falando sério. ―
Comecei a rir com desdém. ― Quer saber por que não quero conhecer a sua
história ou manter qualquer relação amigável? Pois bem, vamos lá... ―
Controlei a minha respiração desenfreada. ― Eu te odeio porque quando
cheguei nesta mansão assustadora, você me desprezou, eu era uma
adolescente de 17 anos que acabara de perder a mãe, mas você preferiu viajar
para outro país a me conhecer.
― Entendi, você me odeia porque eu sou o único que não idolatra a
sua presença? Oh, quanta maturidade.
― Estou falando de empatia, Logan ― expliquei. ― Não precisava
agir de uma forma tão estúpida em um momento tão difícil na minha vida.
― Tudo bem… ― Ele se levantou e caminhou na minha direção. ―
Sinto muito por sua perda, querida priminha. Seja bem-vinda ao novo lar e
aproveite as acomodações de uma mansão assustadora. Está feliz agora?
Ele é tão cínico.
Logan esbanjava um sorriso debochado nos lábios. Um sorriso que eu
queria arrancar, odiava a sua arrogância, eu odiava a sua segurança
intimidadora.
Ele estava debochando de um acontecimento tão torturante e triste,
me fazendo recordar da perda da minha mãe.
Eu não poderia deixar ele ganhar.
Logan jogava sujo, mas eu… sei jogar mais sujo e de uma maneira
que é muito boa.
― Sim, Logan ― diminuí a distância entre nós ―, eu estou muito
feliz. ― Segurei nas barras do seu blazer, ficando nas pontas dos pés. ―
Agora será a sua vez…
Antes que o Logan pudesse se afastar, grudei as nossas bocas com
intensidade.
Ele, por um único momento, tentou me empurrar, mas uma onda de
calor passou por nossos corpos, incentivando a sua língua a invadir a minha
boca.
A sensação é boa, pensei.
Beijar o homem que você odiava era diferente, queria desfrutar dessa
sensação inesperada. Os seus lábios devoravam os meus com um desejo
surpreendente.
Isso, continue…
Uma corrente de luxúria transitou pela minha pele, parando entre
minhas pernas.
Logan me prendeu em seus braços com mais força, segurando com
determinação em meu cabelo. Não consegui controlar um gemido de prazer
ou a minha excitação que estava molhando a minha calcinha. Sentia o desejo
dominando tudo ao redor, estávamos em meio a uma fortaleza, ninguém
poderia acabar com esse momento.
Eu queria mais…
Queria sentir o seu corpo sobre o meu.
― Chega! ― Logan decidiu me afastar.
Ele ficou ofegante e bastante enrubescido.
― Humm… ― Não consegui dizer mais nada. Estava embriagada
por sua boca.
Droga, por que ele parou?
― É melhor você voltar para o seu quarto, perdão… não podemos
continuar.
Que beijo gostoso!
― Eu... vou… boa… noite. ― A minha voz estava rouca, repleta de
desejo.
EU BEIJEI LOGAN CAMPBELL.
E o pior de tudo… Eu amei o beijo!
Acho que as minhas vinganças nunca saíam como o planejado.
Alana

Foi apenas um beijo…


Um beijo delicioso…
Um beijo que me fez sair do chão como uma… Ave-do-Paraíso.
O quê?
Logan destruiu o meu psicológico, estava ficando louca.
― Alana García? Gostaria de nos dizer como as aves-do-paraíso se
representam na Arte?
Ah sim, agora entendia os meus pensamentos desnorteados. Essa
professora tinha uma maneira inusitada de dar aulas, ela gostava de mesclar o
mundo animal com a arte.
― Perdão, professora. Eu estava com meus pensamentos distantes.
Pode repetir?
Todos na sala de aula soltaram risinhos abafados. Era a mais pura
verdade, meus pensamentos estavam viajando no mundo da lua.
Não consegui dormir na noite anterior, porque minha mente estava me
pregando peças. Ficava imaginando a boca do Logan provando a minha pele
e me fazendo enlouquecer de prazer.
Era difícil de acreditar, mas ele correspondeu ao meu beijo com a
mesma intensidade.
Uau!
Fiquei sem reação quando nos afastamos, senti aquele gostinho de
quero mais… muito mais!
― Alana, eu estou falando com você ― a minha professora voltou a
protestar.
― Sinto muito, elas representam a arte no voo. ― Estava chutando às
cegas.
A mulher arrumou o aro dos óculos que estava um pouco torto e
depois pegou a caneta para escrever no quadro.
― Muito bem, mas as aves-do-paraíso representam a arte nas danças
criativas para o acasalamento.
Ufa!
Não recebi um sermão.
Voltei a pensar no Logan, eu estava merecendo um aplauso por toda
minha coragem. Eu agarrei o homem, fiquei toda excitada e queria continuar.
Mas naquela manhã não encontrei o meu primo.
E, honestamente, estava suplicando aos céus para nosso encontro não
acontecer tão prontamente. Precisava entender esses sentimentos
contraditórios que estavam chegando na minha cabeça e não sabia como agir
na frente dele.
Você vai agir normalmente, Alana García. Não precisa de tanto
drama, foi somente um beijinho, pensei.
Certo, estava decidido.
Não existiam motivos para me sentir envergonhada, foi apenas um
amasso entre dois adultos e mostrei o quanto podia ser perigosa, acho que o
Logan não iria se aproximar de mim por um bom tempo.
Bom, assim eu esperava.
Quando cheguei na mansão Campbell, uma conversa eufórica
estendia-se na sala, ouvi os ecos de risadas escandalosas e vozes açucaradas.
Caminhei até a sala principal, encontrando mulheres estranhas. Todas
com penteados trançados, loiras e magras. A senhora, que com certeza era a
mãe venenosa, usava um bonito terno feminino, as filhas usavam vestidos
casuais, com estampas florais. As três mulheres mais jovens tinham os olhos
claros. Uma delas ― a mais bonita ― estava com os braços entrelaçados ao
redor do pescoço do Logan. Ele não parecia muito confortável com a
aproximação, era visível o incômodo que estava sentindo.
Tadinho do Rander, ele vai ter uma crise epiléptica a qualquer
momento.
Foi uma das primas inglesas que notou a minha presença.
― Quem é ela? ― perguntou num tom enjoado.
Todos se viraram para olhar a mulher totalmente nauseada com a cena
que estava presenciando.
O que poderia fazer para amenizar toda a situação?
Poderia ignorar o tom de escárnio da garota, subir até meu quarto e
evitar a presença de cada uma, ou simplesmente seguir o planejado e ficar
alguns dias no apartamento da Karen, mas algo me fez ficar parada no
mesmo lugar.
― Por favor, Alana. Pode se aproximar? ― pediu meu pai.
Droga, chegou a hora de enfrentar essas cobras.
― Oi, como estão? ― cumprimentei, embaraçada.
― Margarida, quero apresentar a minha filha. ― Meu pai parou ao
meu lado, admirando meu rosto com ternura. ― Alana García Campbell.
Todas as mulheres empalideceram.
Eu não estava me importando com a reação delas. Na verdade, elas
eram intrusas aqui. Eu era a filha legítima do Dominic, tinha todo direito de
estar morando nesse lugar.
― Dominic, todos achamos que ela estava morta. ― A mulher ficou
totalmente chocada.
― Eu estou viva… vivinha da Silva ― brinquei.
Uma das filhas-cobras soltou um riso e levantou-se graciosamente.
Meu Deus, por que tanta elegância para se levantar de um sofá?
― Ela é uma criança peculiar. ― Franziu o nariz, fazendo uma careta
de desdém. ― Vejam os riscos em seus braços, realmente… ― Ela avaliou
meu vestuário. ― Um encanto.
“Um encanto” saiu mais falso do que nota de 3 reais.
O meu pai pigarreou, desviando a atenção da cobrinha.
― Filha, essas são… ― Todas ficaram em pé para a apresentação. ―
Margarida, Lavínia, Clara e Melissa Campbell. Suas primas.
As mulheres forçaram um sorriso.
E eu? Foi mal, não conseguia ser falsa ou disfarçar minha expressão
de ranço. Eu era transparente e intensa demais, um verdadeiro furacão. Uma
típica geminiana que amava tagarelar pelos cotovelos.
― Margarida e as filhas passarão uma semana na mansão.
― Humm, legal! Sejam bem-vindas, agora vou para meu quarto.
― Alana… ― Logan desviou das nossas primas inglesas com narizes
empinados. ― Quero conversar com você.
Eu estava tentando evitar essa conversa, ainda não era o momento
adequado.
Por esse motivo, queria sumir logo da sala.
― Precisa ser agora? ― indaguei, torcendo para ele dizer que adiaria
a conversa até a próxima encarnação.
Minha autoestima era ótima, nunca me senti intimidada por homens.
Na maioria das vezes eram eles que se sentiam intimidados. O meu
temperamento forte assustava um pouco, mas não funcionava com Logan.
O homem era tão seguro a ponto de me jogar em cima do seu ombro e
me carregar feito uma boneca de pano.
― Sim, no meu escritório ― ordenou. ― Tia Margarida, peço
licença. Eu tenho um assunto para ser tratado neste momento. Podemos
conversar no jantar?
― Tudo bem, não se preocupe ― respondeu a mulher, sem esconder
a chateação.
Logan ignorou o comentário da tia, seguindo em direção ao seu
escritório. Não me demorei, segui no seu encalço, sentindo as minhas pernas
tremendo de nervosismo.
― Qual é o problema agora? Cadu Gallucci resolveu me processar?
― Fiz a egípcia e iria fingir que o beijo nunca aconteceu. ― Não pode ser
isso, ele tem umas 300 amantes. Eu só fui um peão, Cadu tem mais peças no
tabuleiro.
― Você não cansa de falar? ― Parou de andar, se virando em minha
direção.
― Eu sou comunicativa, falo mais que o homem da cobra.
― Homem da cobra? Céus, você poderia urgentemente ter aulas com
uma fonoaudióloga.
― Essa é uma expressão popular, principalmente na minha cidade
natal ― respondi na defensiva. ― E não preciso de uma fonoaudióloga,
minha dicção é perfeita. ― Voltei a caminhar, ignorando os rosnados do
tigre.
No escritório, Logan sentou-se na sua cadeira e pediu para eu me
sentar à sua frente.
O homem apoiou os cotovelos na mesa, formando uma pirâmide com
as mãos.
― Alana, quero conversar.
Eu assenti, engolindo o nó que se formou na minha garganta por
causa do meu nervosismo.
― O que aconteceu ontem não pode se repetir, tudo bem? Eu não
dormi à noite pensando em tudo que precedeu o beijo. E foi tudo culpa
minha, quero me desculpar por ser tão descortês.
Forcei um riso descontraído.
Tudo culpa dele?
Claro que não, Logan estava ficando maluco.
O beijo só aconteceu porque eu tomei a iniciativa.
― Pode ter certeza de que o beijo não vai acontecer novamente,
porque eu não quero ― assegurei. ― Eu decidi beijar você, é simples! ―
Observei as minhas unhas.
― É simples? ― Logan gargalhou. ― Alana, as coisas não são tão
simples, principalmente o desejo entre um homem e uma mulher. Eu sou
noivo, você é a minha prima e nós dois… ― ele inspirou fundo. ― ... nos
odiamos.
― Você está tentando me dar um fora?
O homem passou a mão pelo rosto, parecendo indignado.
― Um fora?
― Exatamente, afinal, não temos nenhuma relação íntima para estar
me dando explicações.
― Eu só estou pedindo desculpas, confessando meus erros. E pedi
para esquecer o beijo. Será que é tão árduo entender?
Neguei com a cabeça.
― Eu entendi, as desculpas estão aceitas, mas você não foi o culpado,
não existem erros aqui. Foi apenas um amasso, Logan… você ficou muito
emocionado, não vamos nos casar amanhã.
Logan ficou observando minhas afeições com certa raiva no olhar.
― A única emocionada aqui é você, ou esqueceu que foi enganada
por três meses?
Meu sangue ferveu nas veias.
Ele iria mesmo usar meu relacionamento com o Cadu para se sentir
melhor?
Juro por Deus que vou acabar cortando a sua língua afiada.
― Eu juro que se tocar no nome do Cadu, eu vou usar as suas
inseguranças contra você.
― As minhas inseguranças? ― Logan riu com desdém.
― Exatamente! ― Me levantei, depois comecei a desabotoar os
botões da minha camisa. Logan congelou, cuidando dos meus movimentos
com uma cobiça descarada. ― A sua priminha pode surgir completamente
nua no seu quarto, não é isso que você teme? A nossa aproximação mais
carnal, me beijar e transar comigo? ― Parei meus movimentos, abrindo um
sorriso convencido. ― Ficou sem voz, Logan?
Ele voltou a piscar, buscando fôlego.
― Pode surgir nua no meu quarto, aprendi a valorizar o amor da
minha noiva e ignorar as noites de prazer.
― Humm… ― Segui em direção a porta. ― E foi por esse motivo
que você me beijou com tanta urgência como se desejasse isso há anos? Acho
que vou colocar minha pequena ameaça em prática e podemos ver quem está
errado.
― Você não ousaria, Alana García.
― Ah, pode me aguardar!
Agora estava decidido, pretendo derrubar as barreiras do Logan.
Logan

Uma ligação poderia resolver todos os meus problemas, mas


precisava manter a minha promessa. Elsa exigiu um tempo, eu tinha que
respeitar as suas decisões. O meu noivado era duradouro, mas bastante
infeliz. Eu já tinha perdido as contas de quantas vezes precisei comprar outro
anel de noivado, já perdi as contas das inúmeras ligações, às vezes à noite,
implorando por minha volta.
Eu a amava, ou pelo menos pensava que sim.
Elsa era o sonho de qualquer homem.
Uma mulher alegre, linda e formada em Direito. Ela vinha de uma
família abastada e muito hospitaleira. Nós dois nos conhecemos em uma
campanha onde estávamos selecionando as novas modelos para representar a
RealChampbell.
Ela foi uma das escolhidas.
Após a seleção, não consegui tirar a linda morena da minha cabeça.
Permiti que meu lado racional e profissional prevalecesse, esperei a
campanha encerrar para procurá-la. Encontrei Elsa em um hotel aqui em São
Paulo e, depois de várias tentativas, consegui levá-la para cama... e foi
formidável.
A mulher esbanjava inteligência e classe. O seu sorriso despertava a
minha alma, sempre acreditei que ela era a mulher certa para mim.
E por longos anos Elsa foi a melhor noiva, a minha melhor amiga e
companheira.
Tudo começou a desandar quando ela aceitou ser gerenciada por uma
agência na Turquia. Elsa começou a viver no país natal, deixando o Brasil e
nosso noivado para trás. Quando decidi viajar para a Inglaterra após uma
discussão difícil com Elsa, nossa relação só piorou. Voltamos a nos
comunicar no mês passado por chamadas de vídeos e ligações. Marcamos de
nos encontrar no Brasil para resolver de uma vez por todas a nossa situação,
já havíamos nos encontrado, mas como de costume aconteceu uma discussão.
A mulher que marcou a minha vida me pediu um tempo para
pensar… Boom!
Sobressaltei-me na cama, sentindo o meu coração disparar com o
estrondo da porta.
Ah não!
Alana entrou no meu quarto. Ela estava com os cabelos molhados e
vestindo um roupão.
― Saia agora! Não estou com humor para aturá-la ― alertei.
― Estou aqui para cumprir minhas palavras.
Não queria encará-la.
Apenas continuei deitado na minha cama, lendo um livro sobre a
Revolução da Cerveja.
Chega de estresse, meu dia foi conturbado. Margarida e as filhas me
atormentaram a tarde inteira.
― Alana, por favor…
Não poderia me comprometer, não queria aumentar meus
desentendimentos com a Elsa.
― Logan, olha para mim. ― A sua voz saiu num tom malicioso.
Eu poderia controlar os meus desejos, mas não consegui controlar o
meu olhar.
Levantei a cabeça para encará-la.
Caralho, eu estava completamente perdido.
Alana estava deslumbrante, vestindo uma lingerie preta e rendada que
se destacava na sua pele.
O seu corpo era deliciosamente perfeito.
Senti o meu pau endurecer no mesmo instante.
Não!
Eu não posso!
Olhei para o chão, à procura do roupão que ela estava usando antes.
― É melhor você vestir o seu roupão. Por favor, não acho adequado...
Alana soltou um risinho, aproximando-se da minha cama. Essa garota
era uma loba em pele de cordeiro. Ela adorava um desafio, sempre transmitia
um ar sedutor.
Estava compreendendo o fascínio do Rander.
A nossa priminha era diferente de tudo que já experimentei nessa
vida. A maneira que me olhava tão intensamente, e até mesmo seu
comportamento negligente era charmoso.
Não poderia esquecer as tatuagens… lindas e sedutoras.
Curtia suas atitudes desafiadoras, Alana não hesitava na frente de
ninguém, era uma mulher forte e difícil de encontrar.
Uma mulher que com certeza não foi feita para mim… a
singularidade não combina comigo.
E não poderia esquecer que a Alana invadiu a minha vida em um
momento confuso. Elsa estaria com seu ciúme no ápice, se soubesse que uma
garota bela estava morando comigo… seria o fim de tudo.
Por esse motivo mudei a minha vida drasticamente, pela mulher que
amava. Queria evitar mais brigas e, nesse momento, Alana estava
engatinhando na minha direção, passando entre minhas pernas.
― Estou esperando, Logan ― provocou, mordendo o lábio inferior.
Ela estava me testando?
Ah, que garotinha ingênua.
― Você vai precisar de muito mais se quiser transar comigo. ―
Fechei o livro. ― Não tem ideia de quantas mulheres já vi usando uma
lingerie preta.
― Humm, creio que nenhuma com um corpo como o meu.
Caralho, como ela conseguia ser tão… convencida?
Comecei a rir.
― Nenhuma com várias tatuagens na pele. Alana, você deveria estar
exposta em uma galeria de arte.
― Usando apenas lingerie? ― questionou-me, carregando o mesmo
tom malicioso.
― Seria interessante!
Ela riu e, dessa vez, o seu sorriso foi diferente, mais alegre e
descontraído.
Fiquei desconcertado, principalmente quando senti o meu coração
batendo mais rápido.
O sorriso de uma mulher era como o verdadeiro paraíso, mas não
podia me enganar, Alana trazia consigo um perigo.
Ela se acomodou ao meu lado e colocou um travesseiro no colo.
― Charlotte disse que devemos nos entender. Ela acha que
poderíamos ser amigos ― murmurou, pegando meu livro. ― Humm, A
Revolução da Cerveja? Uau, que péssimo gosto literário.
Disfarçadamente me afastei.
Alana, tão próxima, estava criando cenas impróprias na minha cabeça
e eu não queria imaginar o meu pau enterrado com força dentro dela…
inferno!
Não posso pensar nessa hipótese, tinha que resolver minha situação
com a Elsa e considerar os sentimentos do Rander.
Ele desejava a Alana.
Era necessário expulsar essa garota do meu quarto, antes que perdesse
o meu autocontrole.
― Alana, quero dormir. Estou cansado, o meu dia foi estressante.
Agora saia, chega de provocações.
― Meu Deus, só estava tentando conversar com você de uma maneira
amigável. ― Ela arrumou a alça do sutiã. O movimento sedutor fez minha
pele aquecer. Não era um bom sinal… que maldição!
― Será que você não entende? Eu não quero manter qualquer
aproximação. Não quero ser seu amigo ou manter qualquer conversa
amigável. ― Alana me encarou bastante decepcionada. Ela se levantou da
cama e pegou o seu roupão. Aproveitei o momento para admirar o seu corpo
e as tatuagens no seu braço. Eram rosas desenhadas com muita perfeição. ―
Você chegou num péssimo momento. Eu avisei que não queria conversar.
― Que covarde ― resmungou.
― O quê?
― Você ouviu bem. ― Cruzou os braços. ― Covarde, está ignorando
os próprios desejos, por medo.
Comecei a rir, que mulher ardilosa.
Não consegui evitar, admirei o seu corpo sem nenhum pudor. Ela era
inteirinha deliciosa, adorava cada detalhe dela, principalmente a língua
afiada.
A minha atração por ela estava me tornando um homem bem
contraditório.
Afinal, era loucura…
Éramos como cão e gato, não tínhamos nada em comum. E ali
estávamos... frente a frente. Lutando contra nossos próprios desejos.
Felizmente, minha razão prevaleceu e descartei minha vontade de tê-
la. Acho que deveria ser sincero, não era necessário magoá-la com meus
insultos.
― Sinto muito, Alana. Eu amo a minha noiva, preciso respeitar
nossos sentimentos. Não posso transar com você, estou sendo sincero e
gostaria que saísse do meu quarto.
A garota ficou parada, encarando meu perfil com um semblante
estranho. Aquele olhar, que sempre me transmitiu uma sensação de desafio e
perigo, agora parecia sereno e carinhoso.
Alana molhou os lábios com a língua, afastando-se em direção à
porta.
― Quem diria, você a ama de verdade. ― Soltou um riso descrente.
― Nunca traí a Elsa, quando me envolvia com outras mulheres
estávamos separados. E, lembrando, quem me beijou foi você. Eu nunca quis
que acontecesse.
Alana assentiu, vestindo o roupão para cobrir seu corpo seminu.
― Perdão por minha indelicadeza, não vai se repetir.
― Esqueça esse assunto, Alana. Pode ir descansar, amanhã será outro
dia...
O meu celular começou a tocar, interrompendo a minha frase. Peguei
o aparelho em cima da mesa de cabeceira e atendi a chamada:
― Oi, amor…
― Logan, pode me encontrar no hotel? Precisamos conversar.
― É claro, chego em 10 minutos. Estou com saudades...
― Certo, não demore.
Elsa desligou a chamada.
Por que estava tão áspera?
Ainda com o celular na mão, reparei que Alana não saiu do meu
quarto. Ela estava parada em frente à porta, me avaliando curiosa.
― Saia agora, eu preciso me arrumar ― mandei rudemente.
― Tudo bem, você vai…
― Saia agora, garota ― gritei.
Alana enrijeceu o corpo. E aquele olhar desafiador ― que tanto
gostava ― surgiu novamente.
― Boa noite, espero que seu encontro seja repleto de coraçõezinhos
― ironizou, saindo do quarto e batendo a porta com força.
Infelizmente, minha prima estava errada, a minha noite seria repleta
de revelações.
Alana

Sinto muito, Alana. Eu amo a minha noiva, preciso respeitar nossos


sentimentos. Não posso transar com você, estou sendo sincero e gostaria que
saísse do meu quarto. As palavras do Logan não saiam da minha cabeça.
Eu levei um belíssimo fora, que maravilha!
Uma vez acabei lendo um artigo que dizia que os homens fiéis eram
raros, difíceis de encontrar. Infelizmente, alguns homens sentiam orgulho
quando eram chamados de galinhas ou tinham inúmeras amantes para contar
vantagem na roda dos amigos.
No entanto, Logan tinha princípios diferentes.
Era incrível encontrar um companheiro que reconhecia o valor que
nossos sentimentos tinham. Era difícil resistir às tentações, estava claro como
água cristalina de uma vertente que o Logan amava a Elsa do Frozen versão
turca.
Essa verdade estava me incomodando de uma forma inexplicável.
― Foi uma honra receber a visita da duquesa. Alana poderia passar
um tempo conosco na Inglaterra, tenho certeza de que um ar mais
aristocrático fará bem a ela.
Ouvi meu nome em meio a uma conversa estranha sobre rainhas e
duquesas.
― Desculpa, estão falando de mim? ― perguntei para ninguém em
especial, não havia decorado o nome das minhas primas. E nem fazia
questão, o meu santo não bateu com o santo delas.
Podia até tentar ser amigável, manter a boa educação e ser simpática.
No entanto, quando aquela impressão ruim ficava impregnada no ar, fazendo
a sua intuição gritar “fique longe”, não aconselharia a manter essa pessoa na
sua vida. Era assim como me sentia ao lado delas.
― Estou incentivando o seu pai. Que tal uma viagem a Inglaterra? ―
falou uma delas.
Qual era o seu nome mesmo?
Minerva…
Manon Bico Negro…
Malandra…
Ah, foda-se!
― Prefiro o Brasil, Morgana.
Meu pai tossiu para disfarçar o constrangimento.
Charlotte me encarou totalmente boquiaberta.
E o Rander? Como já disse, ele tinha as melhores expressões. O
homem parecia que vira um fantasma dançando funk. Qual era o problema?
Eu era péssima para gravar nomes na minha cabeça, principalmente com os
acontecimentos dos últimos dias. Eu só conseguia pensar no magnata
arrogante.
― O meu nome é Melissa ― corrigiu com desdém. ― Onde está o
Logan? É muita deselegância nos deixar esperando no café da manhã.
― Ué? Você é aleijada? Precisa das mãos dele para cortar o pão?
― Alana, se comporte ― censurou Charlotte.
― Quanta insolência. Dominic, a sua filha precisa de aulas de
etiqueta ― alfinetou a mãe das abelhas.
― A minha filha tem um jeitinho...
― Eu sei falar por mim. ― Peguei um biscoito recheado. ― Quer
saber? Aulas de etiqueta não seriam tão ruins. E também vou aconselhá-la...
― Joguei o biscoito na boca e continuei falando com a boca cheia. ― A
senhora deveria procurar um salão de beleza, os seus penteados são
horrorosos.
A cobra cascavel ficou extremamente vermelha.
― Escute aqui, sua impertinente…
― FAMÍLIA! MINHA AMADA FAMÍLIA...
Logan entrou cambaleando, caindo por cima dos móveis e derrubando
utensílios de porcelana. Ele estava fazendo o maior estrago.
― Logan… ― Charlotte correu para ajudá-lo. Rander fez o mesmo,
em seguida.
O que aconteceu com esse homem?
Levantei-me, pronta para ajudar no que fosse necessário. Eu peguei
uma cadeira e arrastei-a até Logan. Rander, que estava segurando o nosso
primo para ele não cair, fez ele se sentar.
― O que aconteceu? Você está fedendo a bebida alcoólica ― Rander
esbravejou.
― Ele precisa de um banho, posso tirar a roupa dele. ― Uma das
filhas da vespa venenosa abriu a boca, me fazendo estremecer de raiva.
― Ele está bêbado, não está debilitado ― vociferei, enrolando meu
cabelo para fazer um coque. ― Precisamos levar ele para o quarto.
― Naon, sem quarto. Eu... q-quero água. ― Logan tentou se levantar,
empurrando Rander para se afastar.
― Você precisa de um banho, Logan. Não esperava essa atitude
deplorável vindo de você. ― Meu pai limpou a boca com o gardenappe e se
levantou. ― Vou ajudar Rander a levá-lo até o quarto. Charlotte, mande uma
das assistentes pessoais separar uma roupa confortável.
Charlotte concordou com a cabeça e correu para o elevador para abrir
as portas. Meu pai e o Rander carregaram Logan com facilidade, essa era a
parte boa de morar em uma mansão com elevadores, em noites de bebedeiras
as escadas poderiam ser muito perigosas.

Já na faculdade, não conseguia parar de pensar em Logan. Ele chegou


bêbado, era difícil assimilar tudo. Logan esbanjava charme e elegância, nunca
pensei que um dia presenciaria a sua descompostura.
Por que ele bebeu tanto?
Meu Deus, que aflição!
Eu odiava ficar com os pensamentos na mesma questão. Não gostava
de ficar remoendo o mesmo assunto sem encontrar uma solução. Logan foi se
encontrar com a turca naquela noite, será que eles… Ah, era isso!
― Eles terminaram ― gritei, levantando-me da cadeira.
― Alana, qual é o problema? ― perguntou meu professor.
Olhei ao redor, tudo ficou em câmera lenta e todos, simplesmente
todos os meus colegas, estavam me analisando com um semblante assustado.
Merda, Logan estava revirando o meu psicológico, acabei esquecendo
que estava em meio a uma aula.
― Perdão, professor. Infelizmente surgiu um imprevisto
desagradável. Eu preciso voltar para casa. ― Arrumei os meus livros,
ouvindo os cochichos dos meus colegas.
Saí correndo da sala, ignorando os protestos do meu professor.
Acho que o noivado tinha acabado definitivamente.
Fazia sentido o comportamento do Logan, se minhas suspeitas
estivessem certas. Ele amava aquela mulher de verdade, a maneira que ele
falou sobre ela com tanto carinho. E a forma que me recusou. Eu estava
praticamente me jogando em cima dele, só faltava ter segurado uma placa
escrita: pode me comer.
Nunca imaginei um homem como o Logan sofrendo por amor. Era
difícil para qualquer um considerar essa possibilidade.
Eu estava distraída e correndo nos corredores da faculdade, mal
notava as pessoas ao meu redor e era óbvio que um acidente aconteceria. O
meu corpo se chocou com força contra o corpo de outra pessoa, o encontrão
foi tão forte que me derrubou no chão.
― Alana, droga, você está bem?
Ah, não, essa voz…
Olhei para cima, deparando-me com Cadu Gallucci.
― É claro que estou bem, seu imbecil. ― Comecei a juntar meus
livros, que ficaram espalhados no chão. Ele nem fez menção de me ajudar.
Levantei-me, fervilhando de raiva. ― Saia da minha frente.
Eu tinha que encontrar esse infeliz justo em um momento que estava
com pressa?
― Estou atrasado, tenho que encontrar meus alunos. E só por esse
motivo vou deixá-la ir, porque nós dois temos um assunto a tratar. ― Ele
passou e esbarrou seu ombro contra o meu.
Olhei para trás e mostrei o dedo do meio sem pudor. Era uma atitude
infantil, mas não iria esquecer tão cedo tudo o que ele me fez passar.
Pau no cu, traidor!
Ele acreditava mesmo que eu perderia meu tempo falando com ele?
Não tinha qualquer assunto para ser tratado com meu professor infiel.
Quando pensei em voltar à minha maratona pelos corredores, meu
celular começou a tocar. Era inacreditável, isso sempre acontecia quando
estávamos com pressa ou atrasados para um compromisso. O celular
começava a tocar, o tempo mudava bruscamente ou perdíamos a chave do
carro.
Eu só queria voltar para casa e descobrir se minha suposição estava
certa.
Observei a identificação da chamada, era Karen.
― Alô… pode falar, estou ouvindo. ― Segui o meu caminho pelos
corredores, dessa vez andando normalmente para conversar com minha
amiga.
― Você é uma péssima amiga.
― Eu sei, perdão. Eu não deveria deixá-la sozinha no clube. E perdão
por sumir esses dias, mas… ― Respirei fundo, estava na hora de desabafar.
― Muita coisa aconteceu, a pior delas foi o beijo que lasquei no Logan.
― O quê? Oh, não estou acreditando… Você pode repetir, porque
acabo de ouvir que você beijou o Logan Campbell.
― Sim, você ouviu bem. Eu acabei extrapolando como sempre, não
pensei direito e beijei meu primo. Agora não consigo tirar o homem dos meus
pensamentos.
― Uau, é inacreditável. Você e o Logan? Meu Deus, nunca imaginei.
Mas ele não tem uma quase noiva ou algo assim?
― Ontem à noite eu fui no quarto dele…
― Alana, sua safada ordinária. Rolou uma transa quente? ― Ouvi sua
risada alegre. ― Ele é maravilhoso, né? Como ele foi com você? Comigo ele
foi muito bruto e me chamou de…
― Karen, não aconteceu nada ― interrompi. ― Nadinha… Eu tentei,
mas ele não quis.
― O Logan recusou você? ― A voz da Karen saiu trêmula.
― Sim, ele recusou ― confessei.
― Não… não, de jeito nenhum. Ele não fez isso… ― A minha amiga
estava quase surtando.
― Ele ama a noiva. Logan ficou muito arrependido com o nosso
beijo, pediu desculpas e assumiu os seus erros.
― Nossa, ele não estava a fim mesmo. Logan não recusa sexo, eu sou
uma prova do quanto ele pode ser depravado… Desista, amiga. Ele não quer
você.
― Muito obrigada, sua sinceridade é admirável ― resmunguei,
chateada.
― Ain, me perdoe. Não quis ser rude, meu comentário foi idiota. ―
A sua voz parecia aflita ― E agora? Qual será o próximo passo?
― Não ficar pensando no Logan, esquecer aquele beijo idiota e tentar
encontrar outra pessoa. ― Observei o horário na tela do celular. Droga,
queria chegar na mansão para apreciar um café da tarde e saber das fofocas.
― Karen, eu preciso ir, nos vemos no final de semana. Eu amo você.
― Espera... E o Cadu? Você vai contar que rolou um amasso quente
com seu primo?
― Eu descobri que o Cadu é casado com a apresentadora Márcia
Gallucci ― revelei.
― O quê? ― Karen gritou.
― Ei, quer estourar meus tímpanos? Eu explico melhor quando nos
encontrarmos no clube. Agora tenho que desligar, amo você e até mais.
― Ain, vou morrer de curiosidade. Eu também amo você, até mais.
Desliguei a chamada, seguindo para o estacionamento da faculdade. A
minha ansiedade estava me torturando, precisava descobrir se minha intuição
estava certa.
Alana

Eu vivia nessa mansão há três anos e mesmo assim quando um


silêncio ganhava cada cômodo não conseguia evitar os calafrios na espinha.
Eu tinha a sensação de ser observada e às vezes até de ser pelos imensos
corredores. Era uma mansão antiga, que estava há gerações na família
Campbell.
Quantos segredos guardavam essas paredes?
Quantas histórias foram contadas e vividas aqui?
Existia um cômodo que guardava todas as fotografias, quadros e
pinturas de antepassados. Era um lugar sinistro, lembrava-me de um museu.
Tinha até aquele cheiro de coisas velhas, não era o meu lugar preferido,
sentia um medo surreal só de passar em frente a porta.
Charlotte me contou histórias dos meus bisavós e avós. Ela começou
a trabalhar na mansão muito jovem, foi sempre muito determinada e
conquistou seu lugar entre os Campbell. Quando meu avô faleceu, deixou
uma propriedade para Charlotte, todos a tratavam como membro da família.
Não tinha dúvidas que ela era muito especial.
― Com licença!
Sobressaltei-me, berrando de susto.
Levei a mão até o peito, o meu coração quase saiu pela boca.
― Que susto, mulher. Quer me matar antes dos 30 anos? ―
esbravejei.
― Perdão, patroinha. Não foi intencional, eu não quis assustá-la.
Céus!
Existiam centenas de funcionários nesse lugar, eram mais de 40
empregados, todos com suas funções. Eu sempre encontrava uma assistente
domiciliar, uma cozinheira ou um dos jardineiros perambulando pelos
corredores. E não foi a primeira vez que eles quase me mataram do coração,
já levei vários sustos andando por essa mansão. Os funcionários apareciam
como fantasmas, acho que eles gostavam de presenciar meu desespero.
― Tudo bem, eu apenas estava distraída. Onde estão meus
familiares? ― perguntei, buscando acalmar meus batimentos acelerados.
― Eles estão no campo de golfe.
Franzi a testa.
― Certo, mande preparar o meu buggy, por gentileza.
A empregada aquiesceu, afastando-se apressada. Aproveitei para subir
até o meu quarto e trocar de roupa.
O meu pai no campo de golfe era compreensível, mas o Rander? Ele
odiava golfe, preferia esportes mais violentos.
Escolhi um vestido de malha soltinha, pois o dia estava ensolarado,
perfeito para um passeio no jardim, ou um mergulho em uma das piscinas,
mas antes precisava saber o que aconteceu com Logan.
Após me vestir desci para o jardim, dirigindo o pequeno carrinho até
o campo.
Demorei alguns minutos para encontrá-los, infelizmente o quarteto de
cobras estava jogando.
Charlotte foi a primeira a notar minha presença, ela caminhou em
minha direção.
― Alana, são três horas da tarde. Você não deveria estar na
faculdade?
Às vezes, eu me esquecia o quanto Charlotte era regrada com os meus
estudos.
― Eu sei, porém… ― Mordi o lábio inferior.
― Porém o quê? Aconteceu algo na faculdade? ― perguntou-me,
preocupada.
― Não aconteceu nada, eu só fiquei preocupada com o Logan.
Charlotte abriu um sorriso, seus olhos castanhos brilharam de
empolgação.
― Você está preocupada com o Logan?
― Eu não sou tão horrível, sinto empatia. Ele ficou péssimo,
completamente desorientado ― expliquei, tentando desviar os pensamentos
de Charlotte. Não tinha dúvidas que sua imaginação fértil estava planejando o
nosso casamento.
― Tudo bem. ― Ela arrumou o decote do meu vestido. ― Você
parece uma adolescente desleixada.
― Charlotte, pode me contar por que o Logan bebeu tanto?
Ela suspirou profundamente, mas não era um suspiro de aflição, era
algo como alívio.
― Eles terminaram, não existe mais noivado.
Fiquei boquiaberta.
A minha intuição estava certa no final.
Não existe mais noivado.
O meu coração começou a pular, senti um frio estranho no estômago.
― Ele bebeu para tentar superar o término ― murmurei.
Charlotte afirmou com a cabeça.
A bebida alcoólica não era um escape ou a solução para todos os
nossos problemas. Eu evitava beber, porque sabia o quanto o álcool podia
ampliar a dor.
― Ele está muito abalado, e agora com Margarida e as filhas
atormentando...
― Elas sabem sobre o término?
― Sabem, infelizmente. Meu menino não está tendo um minuto de
paz desde que melhorou da ressaca ― contou num tom cabisbaixo.
Caminhamos em direção ao grupo.
As garotas estavam aplaudindo, sempre tagarelando com aquele tom
de voz açucarado.
Senti enjoos só de ouvi-las.
Rander me cumprimentou primeiro. Ele me deu um forte abraço,
questionando minha chegada inesperada. Inventei uma mentira sobre
questões femininas, desviando o interesse do meu primo.
Uma das garotas estava agarrada no Logan, o homem mal conseguia
segurar o taco de golfe.
Jesus, que exagero!
Eu já teria mandado a garota se ferrar.
― Você não deveria estar na faculdade? ― interpelou uma das
primas inglesas.
― Oi para você também. ― Sorri com desdém. ― Acho que minha
vida particular ou meus estudos não te dizem respeito.
O meu pai, como de costume, me repreendeu.
Ah, essas gurias abusam da minha tolerância.
― Lily era uma mulher esplêndida. Ela tinha dons maravilhosos, um
sorriso encantador. Você não se parece nem um pouco com a sua mãe ―
provocou, acertando em cheio uma ferida que jamais iria cicatrizar. Eu só
ignorava a dor, a maior parte do tempo.
― Eu vou te dar um único aviso, se ouvir o nome da minha mãe
saindo da sua boca... ― Meus lábios tremeram de raiva. O calor escaldante
não estava ajudando, só piorando o meu mau humor. ― Você vai entender
por que o Dominic me mantém afastada de todos os familiares ingleses.
― Alana, por tudo que há de mais sagrado, não comece! ― vociferou
meu pai.
― Ele tem razão, elas não valem a pena. Apenas ignore qualquer
provocação ― sussurrou Rander no meu ouvido.
Encarei Charlotte, a mulher estava com um semblante carrancudo. Eu
não estava errada, a prova era a própria feição de Charlotte. Ela era um poço
de paciência, mas ficou irritada com a provocação da víbora venenosa. Usar
uma pessoa falecida para tentar menosprezar alguém era um nível muito
baixo.
Respirei fundo, tentando controlar meus nervos.
― Loganzinho, agora será a minha vez. Quero ver você torcendo por
mim ― Uma das primas ronronou feito uma gata sarnenta.
Rander controlou o riso.
Toda essa situação era cômica demais, não tinha como evitar as
risadas debochadas.
Loganzinho? Ah, que vergonha alheia.
― Tudo bem, peço licença a todos. O dia está divertido, mas preciso
resolver assuntos no escritório ― Logan anunciou com depreciação.
Era nítido que ele estava sofrendo, seus olhos dourados, que
representavam a beleza de um tigre feroz, estavam sem vida e tristes. E, nesse
instante, percebi que o amor era bem complexo. Logan tinha razão… eu
nunca amei o Cadu!
Eu não fiquei mal a ponto de sofrer insistentemente.
― Oh, não! ― A garota segurou em seu braço. ― Você mal nos deu
atenção. Logan, todos aqui já terminaram um relacionamento, você está
parecendo um moleque de 15 anos que perdeu a namoradinha da escola. É
tão… ― Ela hesitou, avaliando o perfil do Logan, em seguida sorriu com
escárnio, seus olhos brilhando com um desprezo absurdo. ― É tão cômico, e
ao mesmo tempo patético.
― Puta Merda! ― Rander gemeu de raiva.
Meu Deus, essas inglesas não tinham qualquer bom senso, elas
passaram do limite.
Logan estava sofrendo de verdade. Não era difícil respeitar e oferecer
um espaço para o homem respirar um pouco.
Isso não iria ficar assim.
A minha paciência explodiu, simplesmente foi para os ares.
Olhei ao redor, procurando uma forma de atingi-las, até que…
Ah, que beleza!
QUE BELEZA!
Havia um taco de golfe jogado no chão, acompanhado de três
bolinhas. Disfarçadamente peguei o taco, enquanto uma discussão entre as
cobras venenosas se iniciava.
Podia contar nos dedos quantas vezes joguei golfe, era péssima. No
entanto, conseguiria acertar uma bolinha na testa daquela onça foragida da
Amazônia.
A minha mira será perfeita, não se preocupem.
E, sem esperar, posicionei a bola, segurei no taco e… Biiiiiingo!
A bola voou, acertando em cheio a bochecha da priminha inglesa. Ela
soltou um gritinho e depois... eu era a mais nova atração do campo de golpe.
― Que garota grotesca! ― Margarida berrou, acariciando o rosto da
filha.
― Alana, peça desculpas agora ― pediu meu pai. ― Sinto muito,
Margarida. Eu tenho certeza de que não foi proposital, Alana não sabe jogar
golfe.
― Realmente, foi sem querer… querendo ― retruquei, girando o taco
de golfe no ar.
― Eu me recuso a ficar aqui convivendo com uma delinquente. ―
Margarida girou nos calcanhares, sendo seguida pelas filhas.
Elas adoram um drama!
― Alana, você perdeu os poucos neurônios que tinha? ― indagou
Rander, indignado.
Eu ergui de ombros, não me importando com os olhares de
desaprovação.
Apenas um olhar me importava no momento. Logan estava me
encarando, aqueles olhos castanho-dourados ganharam uma expressão mais
vívida. Que maravilha, meu tigre voltou! Logan abriu um sorriso singelo.
― Eu vou conversar com a Margarida, tentar amenizar a situação. ―
Ele pegou sua mochila, seguindo em direção à mansão.
― Mais um plano de casamento malsucedido ― falei, disfarçando o
meu sorriso.
― Vamos entrar e teremos uma conversa, mocinha ― alertou
Dominic.
― Na próxima vez, mire na boca da Margarida ― Charlotte
cochichou no meu ouvido, me fazendo gargalhar.
Alana

As primas inglesas deixaram todas as malas no centro da imensa sala.


O meu pai voltou a pedir desculpas pelo ocorrido, mas Margarida não queria
ouvir as suas justificativas. Nossos funcionários levaram as grandes malas de
viagem para fora, onde havia dois carros esperando as mulheres. A víbora-
mãe saiu disparando ameaças, dizendo que iria anunciar para o mundo que a
filha perdida do Dominic estava viva. As filhas seguiram as mesmas ameaças
e entraram no carro. Senti um alívio assustador quando elas se foram de vez,
nunca senti tanta negatividade na minha vida. Pessoas do nível delas
deveriam entrar em extinção, não tinha paciência.
Após ouvir as ameaças, seguimos todos para o escritório.
O meu pai era pura decepção.
Na verdade, ninguém estava com um semblante alegre.
― Alana, sabe o que você fez? ― interpelou irritadíssimo.
Fiz que sim com a cabeça, tinha ciência das consequências que
iríamos enfrentar.
― Margarida contará a toda nossa família sobre você. Parentes
próximos e distantes vão querer conhecê-la. E o pior… ― Ele sentou-se em
sua cadeira, abrindo uma gaveta da mesa, onde pegou vários papéis. O meu
pai jogou com força os papéis sobre a mesa. Na verdade, eram jornais.
As minhas mãos estavam trêmulas, não conseguia evitar.
― O que significa? ― questionei.
― São matérias que saíram nos jornais quando você e Liliana
sumiram ― Rander explicou num tom sereno.
Peguei um dos jornais e li matérias pesadas sobre o meu pai. Eram
vários textos culpando-o de assassinar a própria filha. Os pelos dos meus
braços se eriçaram ao sentir uma revolta por tudo que estava lendo.
― É um absurdo, tudo que está escrito nesses jornais. É grotesco! ―
esbravejei.
― Não esqueça o peso que o nosso sobrenome carrega. Uma notícia
pequena é o bastante para a mídia lucrar ― Logan se pronunciou. ―
Dominic provou a sua inocência com ajuda dos nossos advogados,
processando alguns jornais e portais de notícias, mas precisou enfrentar por
anos todas as mentiras que eram criadas a respeito do seu desaparecimento.
Não foi fácil, e o que você fez no campo de golfe...
― Eu estava defendendo você ― confessei, um nó horrível castigava
a minha garganta. ― Eu não queria causar mal a minha família, só queria
proteger você.
Logan enrubesceu, ele abriu a boca para emitir algumas palavras, mas
meu pai interveio:
― Olhe para o Logan. ― Encarei aqueles olhos dourados que
cintilavam como estrelas. ― Ele parece um homem que necessita de ajuda?
O meu olhar passou lentamente por cada centímetro do seu corpo. Eu
recordei dos seus braços me agarrando com força, dos seus lábios devorando
os meus… eu só queria que aquele beijo delicioso não acabasse.
― Você tem razão ― admiti. ― Só achei a atitude da garota errada.
― E o seu comportamento foi mais desprezível. Todos nós
percebemos que foi uma atitude violenta e proposital. Alana, não importa o
quanto uma pessoa lhe faça mal ou faça mal àqueles que você ama, nunca se
iguale a elas.
― E ficar parada enquanto uma mulher egoísta e egocêntrica nos
atacava era o correto? A filha dela usou a morte da minha mãe para me
desestabilizar. ― As lágrimas já estavam se acumulando nos meus olhos. ―
Vocês não fazem ideia do quanto dói, não é fácil aceitar uma pessoa
debochando e menosprezando o seu sofrimento.
Logan se encolheu. Ele alterou o peso do corpo entre uma perna e
outra, cruzando o braço no peito. O meu primo ficou notoriamente
desconfortável com a minha indireta.
― Filha, entendo como se sente, mas não muda…
― Não, não muda. Na verdade, nunca vai mudar. A filha esquecida,
que é mantida distante da família inglesa. A filha brasileira que não entende
da aristocracia em que os Campbell foram criados e que continuará seguindo
suas regras.
― Alana, você está entendendo tudo errado ― Rander interferiu. ―
O que seu pai está querendo dizer é que a violência não será a saída, nunca
será a resposta. Temos que unir o bem ao bem.
Eu entendi tudo… tudinho!
O meu pai sempre foi um homem frio e rígido. Ele mantinha o seu
comportamento cruel e grosseiro, disparando a sua autoridade sem qualquer
remorso. Essa era a fama dele, as informações que ouvia dos funcionários e
da própria Charlotte sempre foram contraditórias, porque nos últimos anos
ele demonstrou ser um pai zeloso e cheio de cuidado. Eu pensei que ele
queria me proteger, me manter segura até me acostumar com minha nova
vida. Acreditei que ele me amava de verdade, mas seu discurso só provou o
quanto meu coração estava errado.
Dominic ficou amedrontado só de pensar na hipótese de me
apresentar a toda família. Quando Margarida lançou a ameaça, todos
mudaram de fisionomia, até mesmo Charlotte ficou receosa.
O que tinha de errado comigo? Eu fiz o possível para me encaixar
nesse lugar, segui muitas regras, mesmo odiando ser moldada.
― Tudo bem ― desisti, não adiantava alimentar uma discussão que
não iria ganhar. ― Vocês estão certos, não vai se repetir. Peço desculpas por
todo transtorno que causei. Logan, eu não quis causar problemas.
O meu primo sorriu de leve. A sua expressão suavizou. Ele se
aproximou e disse num tom tranquilo:
― Eu sei, entendi as suas intenções.
Não conseguia ficar mais um minuto naquele escritório. O clima tenso
estava me sufocando, não queria me estender na mesma situação complicada
e apenas saí do escritório.
Fiquei magoada e com meus pensamentos conturbados. Eu precisava
de um tempo para pensar melhor em tudo que acabei descobrindo. O meu pai
foi acusado de assassinato. Ele não queria meu contato com familiares que
estavam fora do país, ou contato com a mídia.
E, no fim… Dominic sentia vergonha da filha.
Havia um imenso espelho na sala principal, parei em frente para
observar o meu reflexo.
O meu semblante estava triste, minha pele bastante pálida.
Eu não era uma pessoa ruim, aprendi a amar minha família e estava
compreendendo o Logan.
― Alana…
Sobressaltei-me, alarmada.
Meu Deus, mais um susto para minha coleção.
Virei-me, encarando o perfil do Rander.
O meu primo não estava com uma expressão muito boa. Ele parecia
preocupado demais, acho que não era um bom momento para demonstrar a
sua preocupação.
― Pode falar.
Ele afirmou com a cabeça, aproveitando o meu consentimento:
― Não quero ver você triste, não fique pensando em tudo o que seu
pai te falou. Ele te ama, só quer preservá-la.
― Não acredito nisso. ― Era difícil acreditar, depois que entendi
tudo, para um bom entendedor, um pingo era uma letra.
― É verdade, todos nós queremos te proteger. Logan iniciou uma
discussão com o Dominic para te defender. ― Rander inspirou o ar
pesadamente. ― Estamos do seu lado, acho que teria feito o mesmo para
defender qualquer um de vocês.
― É o mínimo que ele deveria fazer. Eu quase cometi um assassinato
hoje, e se a bola acertasse o olho ou a boca da garota?
― Bom, teríamos uma Campbell caolha ou banguela na nossa
família.
Soltei uma gargalhada descontraída, Rander conseguiu amenizar o
clima entre nós. Ele acompanhou meu riso alegre, as nossas risadas ecoavam
na imensa sala.
― Rander… ― Controlei meu riso alegre, aproveitando o momento
mais tranquilo para expressar uma ideia que havia considerado quando a
Margarida chegou com as filhas. ― Eu vou ficar algumas semanas no
apartamento da Karen.
E, novamente, o clima ficou tenso, aquela atmosfera divertida
simplesmente se foi.
― Não, você tem a sua casa, Alana. Por favor, não comece com seus
planos.
Era isso que gostaria de evitar: a proteção excessiva, as regras e os
sermões desnecessários.
― Será necessário, preciso de um tempo só para mim. Quero entender
algumas coisas, colocar os pensamentos em ordem, e acho que alguns dias no
apartamento da Karen vão me ajudar.
― Alana, desabafe comigo. Eu vou fazer o possível para entender os
seus pensamentos ― sugeriu, franzindo as sobrancelhas.
Eu amava Rander, mas ele nunca tentou me desvendar a fundo.
― Preciso da minha melhor amiga, sinto muito.
― E o clube? Você vai esquecer aquele trabalho ridículo, né? ―
indagou.
― É lógico que não. É um trabalho como qualquer outro. ― O
preconceito do Rander era a única coisa que impedia uma sintonia mais
intensa entre nós.
― Alana, já falamos...
― Sinto muito. ― Minha voz se sobrepôs. ― Não quero e não vou
falar sobre a minha decisão novamente.
Eu estava muito estressada para começar outra discussão, decidi
ignorar o discurso do Rander e subi até o meu quarto para arrumar uma mala
pequena.
Alana

Escolhi sair de madrugada para evitar encontrar uma surpresa


indesejada nos corredores da mansão. Karen, como uma boa amiga, aceitou
me ajudar. Ela passava a maior parte do seu tempo nas óticas, mas gostava da
minha companhia quando chegava em casa. E nós duas nos entendíamos
bem. Éramos como duas irmãs, às vezes tínhamos as nossas diferenças, mas
passávamos por cima de qualquer desavença que pudesse surgir.
Conheci Karen em uma boate, ela ficou bêbada e suas “amigas” a
deixaram para trás.
Era loucura cuidar de uma estranha totalmente bêbada? Acho que não,
devíamos ajudar uns aos outros. Supunha que qualquer mulher gostaria de
ajuda se estivesse no lugar dela. Era bom encontrar pessoas boas no nosso
caminho quando precisávamos de um amparo.
Eu precisei ligar para a Charlotte, estava em uma fase de aceitação e
adaptação. E as noitadas me ajudaram a esclarecer a mente. A dança me
libertava, conseguia esquecer as minhas aflições e a dor do luto quando
estava dançando.
Levei Karen para a mansão naquela noite, no outro dia ela acordou
com uma “bela” ressaca e decidi contar tudo o que presenciei: as amigas
falsas, os tombos na pista de dança. Ela ficou muito mal, a parte boa foi que
ganhei uma grande amiga.
Estava completando três dias que estava "morando" no apartamento
da Karen. A Charlotte me ligou, o Rander me ligou e, pode acreditar, o meu
pai também tentou falar comigo, mas era cedo demais para ceder.
Quando chegou sexta-feira, estava me arrumando para mais um show
de dança no Madrid Clube. A minha amiga estava animada ao meu lado,
tagarelando sobre o Jonathan. Quem diria, né? A mulher que não curtia
relacionamento duradouros não parava de pensar na possibilidade de um
namoro com o Jonathan.
O interfone tocou, me libertando dos papinhos apaixonados da minha
melhor amiga.
― Ué, não estou esperando ninguém ― ela resmungou, com uma
expressão pensativa. ― Eu vou ver quem é, não demoro.
― Vai lá, já estou terminando a maquiagem, só falta aplicar os cílios.
Karen aquiesceu, saindo do quarto para atender o interfone.
Tudo aconteceu em questão de minutos... Karen entrou correndo no
quarto, totalmente pálida e afobada. Ela mantinha um sorrisinho nervoso,
seus olhos azuis estavam arregalados.
Meu Deus, será que ela viu um fantasma?
― Você tem visita.
― O quê? ― questionei confusa.
― Eu mandei ele subir.
Ele?
Quem será?
― Eu já vou, só vou colocar o outro cílio.
A minha amiga confirmou com a cabeça, seguindo para a sala.
Demorei um pouquinho para ajustar os cílios, sempre acontecia isso.
Aplicava um cílio perfeitamente e o outro ficava torto, precisava tirar e
ajustar novamente. Quando terminei, segui até a sala… não pode ser!
― Logan?
Ele está aqui…
No apartamento da minha melhor amiga.
Eu pensei que estava tendo qualquer tipo de alucinação, belisquei a
minha pele para ter certeza de que não estava sonhando.
― Precisamos conversar. ― O meu primo encarou o perfil da Karen,
meio constrangido. ― Em particular.
― Ah, sim. ― A minha amiga se agitou. ― Eu estarei no quarto, se
precisar de mim.
Ela deu meia-volta e voltou para o quarto.
― Logan, aconteceu alguma coisa?
Ah, não conseguia compreender a alegria que meu coração estava
sentindo. O meu primo estava lindo, não evitei meus olhares de admiração.
Logan deveria usar mais esse estilo casual, combinava com ele. E os olhos
eram meu paraíso, tinha certeza de que o dourado era a cor preferida dos
deuses.
― Alana ― a voz grave do meu primo fez meus pensamentos
maliciosos evaporarem ―, preciso que volte comigo para casa.
― Não entendo! Por quê?
― Acho melhor você ligar a televisão e ver com os seus próprios
olhos.
Um calafrio percorreu a minha nuca.
Fiz o que o Logan pediu e liguei a televisão na programação local.
Oh Deus!
Não poderia ser verdade, isso não estava acontecendo.
― Quando? ― perguntei com soluços escapando da minha garganta.
― Margarida não só alertou todos os nossos familiares como também
a imprensa. Os Campbell estão em jornais, portais de notícias… ― Logan me
entregou o celular e aceitei o aparelho com as mãos trêmulas. Era uma
matéria, mas dessa vez atacando as empresas da minha família.
― O portão da mansão está um caos. É quase impossível sair, eles
querem uma justificativa.
― E meu pai?
― Dominic está furioso. Margarida passou dos limites. Informar a
sua volta para a nossa família inglesa é até aceitável, mas a imprensa nacional
e internacional? Foi desnecessário!
Fiquei totalmente transtornada.
― Eu vou matar aquela mulher, Logan ― esbravejei.
― Agora não podemos pensar em vingança, precisamos voltar para a
mansão.
― Não posso, preciso trabalhar…
Logan começou a rir, incrédulo com minha resposta.
― Ah não, o seu nome está em cada portal de notícias e você está
pensando em dançar em uma boate de stripper?
Fiquei retraída, quase sem reação. Eu não sabia lidar com uma
imprensa sedenta por informações, precisava dançar para clarear minha
mente. A dança me ajudava muito, ela me tranquilizava e trazia uma sensação
de plenitude.
― Eu não sei o que fazer. Dançar… eu preciso dançar ― eu disse,
com lágrimas escorrendo pelo meu rosto.
― Alana...
― Por favor, a dança clareia meus pensamentos. Eu prometo a você
que vou resolver tudo isso, mas dançar vai me ajudar.
Logan ficou processando o meu discurso por alguns segundos, até
que… concordou.
― Apenas uma dança e voltamos para casa.
― Certo, então vamos.

Karen estava tensa ao lado do Logan, o meu primo não falou muito
desde que chegamos. Ele apenas observava atentamente os clientes do clube.
― Você está bem? ― indaguei.
― Não, o nome da nossa família está em todos os noticiários,
qualquer deslize esta noite resultará em mais notícias sensacionalistas.
Ele tinha razão, os jornais afirmavam que meu pai me mantinha em
cárcere privado, comparando o Dominic com Josef Fritz, um homem que
manteve a filha presa por 24 anos. Era completamente grotesco as mentiras
que estavam sendo criadas.
― Jonathan chegou ― Karen avisou, bastante aliviada. ― Amiga,
você não se importa...
― Pode ir, e boa diversão!
Ela sorriu e praticamente correu até os braços do tatuador.
Eles formavam um casal lindo, ninguém podia negar. Jonathan me
cumprimentou de longe com um aceno e os dois caminharam até uma mesa.
― É namorado dela? ― perguntou.
― Humm, ficou enciumado? ― Dei alguns tapinhas no seu ombro.
― Sinto muito, meu amigo, mas você perdeu.
Logan meneou com a cabeça, me lançando um olhar estranho. Parecia
repleto de desejo.
― Eu não perdi nada. Na verdade, estou querendo outra mulher.
O quê?
Será que ele estava a fim de alguma mulher que frequentava a boate.
Observei ao redor, procurando a sortuda, e senti uma leve pontinha de inveja.
Quando voltei minha atenção para o homem ao meu lado, notei que Logan
havia diminuído a distância entre nós.
Ele está muito perto, pensei.
O meu coração começou a dançar Macarena.
Fiquei inquieta com a aproximação. O meu corpo estava gostando da
sua presença, era uma sensação nova, não sabia como lidar com ela.
― Qual é o problema, Alana?
― Você está muito perto ― revelei, sem prestar muita atenção no
significado de cada palavra.
― Desculpe, eu não queria causar nenhum desconforto. ― Logan deu
três passos para trás.
― Não, por favor. Não entenda mal, eu fico muito excitada quando
você está por perto.
O meu primo ficou inerte por alguns segundos, depois inclinou a
cabeça para o lado, lembrando um movimento de um felino.
Um tigre de olhos dourados.
Um predador, não poderia me esquecer.
― Você é sempre assim?
― Eu não entendi.
Ele riu, um sorriso divino e alegre. O som da sua risada era a nova
trilha sonora da minha vida.
― Fala tudo que deseja, não se importando com o pensamento das
pessoas.
― Acho que sim, não podemos esquecer o quanto sou inconveniente.
― Precisava alfinetar.
Logan suspirou fundo, voltando a aproximar nossos corpos.
― Esqueça todas as nossas desavenças, Alana. Esta noite quero
aproveitar a oportunidade para te agradecer.
― Humm?
A boca dele estava muito perto.
O perfume estava me enfeitiçando.
― Obrigado por me defender no campo de golfe.
Era tarde demais, eu não consegui controlar minha vontade de tê-lo.
Poderia manter meu autocontrole, não reagir ou apenas ignorar o efeito que
ele tinha sobre mim, mas, em meio a um clube onde as pessoas estavam
fugindo de sentimentos e buscando prazeres momentâneos, me vi presa,
hipnotizada pelo homem que detestava.
Em meio a um clube, com clientes, danças e bebidas alcoólicas, eu
recebi o melhor beijo da minha vida.
Logan me beijou...
Ele estava me agarrando sem qualquer controle. Tudo começou a
fazer mais sentido, os toques dos seus lábios que me trouxeram clareza. As
novas sensações que estava sentindo faziam sentido agora e tudo começou a
se encaixar perfeitamente na minha mente e no meu coração.
As suas mãos fortes e quentes percorriam meu quadril, deslizando na
minha bunda.
O nosso beijo era repleto de paixão.
Eu segui a sintonia, mordiscando seus lábios macios.
Estávamos vivendo um momento tão único e nosso.
Esqueci de tudo: os problemas que chegaram, o peso do nosso
sobrenome, e do nosso desprezo. E simplesmente me permiti sentir qualquer
sentimento bonito por ele.
Logan

Quando me afastei da Alana, só um nome chegou à minha cabeça:


Rander.
Droga, não deveria ter beijado a garota.
Eu segui os meus desejos que estavam me consumindo dia após dia.
A minha vontade de sentir o corpo da Alana só aumentou com aquele beijo
no meu escritório, existia um motivo para manter certa distância dela, mas
agora estava livre para viver alguns momentos ao lado dela.
Alana era linda, as suas bochechas estavam coradas e sua respiração
ofegante. Ela era a prova de que os anjos foram enviados para a Terra. Essa
ruiva deliciosa estava revirando o meu mundo. Eu não consegui pensar
direito, esqueci a lealdade que sentia por Rander.
Nossa, era muito errado.
Eu era um traidor, um maldito traidor.
Entretanto, a maneira que ela me olhava, demonstrando uma
admiração e desejo quase surreal, fazia meu desejo aumentar e querer beijá-la
novamente.
Esse poderia ser o nosso último beijo, não seria fácil manter um
envolvimento com minha prima sabendo quem sairia machucado na história.
Então precisava aproveitar a oportunidade… Quando nossas bocas
grudaram novamente em um beijo eletrizante, precisei controlar minha força
para não prendê-la para sempre em meus braços.
Não deixei de sentir a delicadeza da sua pele e aproveitei cada
centímetro do seu corpo.
Era nosso último beijo!
Não poderia acontecer de novo, por vários motivos: ela era minha
prima, tinha apenas 20 anos, era a filha amada de Dominica, e pior de tudo...
Rander está apaixonado por ela.
E não iria me esquecer do nosso desprezo recíproco.
Alana me odeia…
Eu a odeio…
Era difícil acreditar que estávamos no maior amasso.
Apesar das nossas desavenças, Alana demonstrou ser uma mulher
muito leal, inteligente e sincera… Inferno, quando descobri essas qualidades?
Um simples beijo não poderia mudar tudo… ou poderia?
Não… definitivamente não!
Um beijo não iria mudar nada.
Eu sou um homem adulto, que já sentiu prazer com outras mulheres,
com certeza conseguiria controlar meus próprios desejos.
― Precisamos sair daqui ― Alana sussurrou, acariciando seus lábios
nos meus.
― Voltar para nossa casa.
Ela sorriu, e aquele olhar… aquele maldito olhar desafiador nasceu,
fazendo meu pau latejar.
― Não, vamos para o apartamento da Karen.
Ficar em qualquer cômodo sozinho com a Alana não estava nos meus
planos.
O sexo não poderia acontecer… não posso ser tão traidor a esse
ponto.
― Sinto muito, eu não posso.
Alana passou as pontas dos dedos no meu rosto, percorrendo a minha
barba, depois contornando meus lábios. A sensação era boa, tão boa que
pensei em aceitar o convite, mas não poderia.
Pensei no Rander…
― Pode, sim ― atiçou. ― Estamos solteiros, não existe qualquer
compromisso. E não se preocupe que eu não faço o estilo perseguidora, não
vou exigir mais do que pode me oferecer.
― Esse não é o problema ― confessei.
― Jura? Está a fim de compartilhar esses problemas comigo em uma
cama?
Puta que pariu, essa garota era perigosa.
― Pode acreditar, eu quero ― só Deus sabe o quanto quero ―, mas
estamos enfrentando contratempos.
― Um orgasmo nos deixaria mais relaxados para enfrentar esses
contratempos.
Gargalhei, essa pestinha deliciosa tinha resposta para tudo.
― Bom, um orgasmo seria bem-vindo depois. Agora precisamos
voltar, Alana. ― Beijei a sua testa, tentando motivá-la.
― É um convite? Se for, vamos embora agora mesmo e depois posso
aparecer no seu quarto.
― Você não desiste?
Por favor, não desista!
Estou quase cedendo.
Deus, por que estou me tornando tão contraditório?
Essa mulher estava revirando o meu psicológico.
― Logan, não podemos esconder nossos desejos e fingir. Acho que
você precisa parar de tentar evitar o que está prestes a acontecer.
― Isso significa que devemos estar pensando em uma saída e não em
sexo ― ponderei.
― Eu já encontrei a solução, só preciso conversar com Dominic.
― Essa solução tem a ver com tacos de golfes? ― questionei num
tom espirituoso.
Alana riu alegremente, negando com a cabeça. Ela ficou nas pontas
dos pés para alcançar meus lábios e depositar um beijo rápido.
― Minha solução será contar a verdade ― revelou um pouco retraída.
― Agora devo dançar.
Ela se afastou. Não ter a Alana nos meus braços foi como sofrer um
choque elétrico.
Senti o meu corpo tremer, implorando para tê-la.
As coisas ficaram mais compreensíveis nos últimos dias.
Pensei que o Dominic não queria apresentar a filha por vergonha, e
foi um grande engano. Ele só queria proteger a garota, ela enfrentaria um
inferno com a imprensa e com os julgamentos de alguns familiares, mas
quando Alana revidou os ataques da Melissa para me defender compreendi o
seu jeito de ser.
Alana era intensa, e um pouco extravagante. Era uma mulher cheia de
criatividade, que gostava de se reinventar.
Com poucos dias de convivência aprendi uma lição muito importante
ao lado dela. Aprendi que a felicidade não tinha um manual de instrução ou
um mapa que nos guiasse até nossa verdadeira alegria. Podíamos rodar o
mundo, conhecer novas culturas, outros sabores e essências, mas se
notássemos com atenção, iríamos descobrir que tudo o que queremos podia
estar bem à nossa frente.
Às vezes, para encontrar nossa felicidade, devíamos quebrar todas as
regras que conhecemos.
Tínhamos que sair da nossa zona de conforto.
Correr riscos e, acima de tudo, viver!
Quando nos beijamos, eu entendi tudo.
Alana ainda enxergava o mundo com inocência, mesmo distribuindo
toda a sensualidade que uma mulher tinha direito.
Ela desconhecia o poder das mentiras, as intrigas ou o jogo sujo que
os Campbell sempre dominaram. E para você entender um pouco do que
estou falando, preciso citar três nomes:
Dominic, Julian e Thomas.
Os primeiros primos Campbell.
Dominic era proprietário de uma Companhia de Artes que vendia e
leiloava quadros, pinturas e esculturas de artistas famosos, sempre
prestigiando a arte brasileira. Ele era proprietário de várias galerias de artes
dentro e fora do país, e também oferecia inúmeras exposições on-line.
Julian, que era o pai do Rander, morreu em 2008, o homem era um
hipocondríaco, totalmente viciado em remédios e exagerou. Perdeu a vida em
uma noite que resolveu misturar uma quantidade assustadora de analgésicos e
tranquilizantes. Rander precisou encarar as suas responsabilidades muito
jovem, com 18 anos já estava sentado em uma cadeira presidencial.
Administrando uma das maiores empresas de telecomunicações do país.
Thomas era o meu pai…
Um homem bondoso, honesto, e que foi morto pela própria irmã…
Sim, você não entendeu errado, a desgraçada e ambiciosa Yolanda Campbell
tirou a vida do próprio irmão. Ela disparou vários tiros no peito do meu pai
para se tornar a única herdeira da RealChampbell, acho que estava nos planos
da Yolanda meter um tiro na minha cabeça.
No entanto, não pense que ela saiu ilesa.
Dominic deu um jeito de sumir com Yolanda antes que ela me
prejudicasse.
O seu corpo, totalmente carbonizado, foi sepultado como indigente
em um cemitério no interior de São Paulo. Ele nem quis oferecer um
sepultamento digno a ela, e nem merecia.
O restante da nossa família deixou a mansão.
A minha mãe e a Alexia (a mãe do Rander) viviam em um
apartamento luxuoso na capital da Inglaterra. E mais alguns familiares que
viviam conosco na propriedade se foram do país, carregando com eles muita
falsidade e grandes superstições, dizendo que nossa família era amaldiçoada.
Não acreditava que a herdeira tão esperada conseguiria suportar tudo
que estava prestes a cair sobre ela, uma tonelada de problemas.
Por alguns minutos, ignorei os meus pensamentos conturbados.
Não era hora de pensar nas possibilidades negativas, só queria
admirar a mulher que estava aprendendo a conviver.
Alana esbanjava sensualidade, oferecendo um belo espetáculo para os
clientes.
Um bando de idiotas que babavam feito animais. Homens que…
merda!
Estavam filmando, não era um bom sinal. Esse clube era conhecido,
sendo frequentado por milionários influentes na alta sociedade, isso
significava...
Eles sabem qual sobrenome ela carrega.
Que inferno mesmo, mais e mais problemas.
Eu caminhei imediatamente na sua direção, empurrando alguns
imbecis que não saíam da minha frente.
Alana estava rebolando em cima de uma mesa.
E agora?
Como podia tirar essa garota de cima da mesa sem causar nenhum
tumulto?
Aproximei-me, ficando a três passos de distância. Alana estava
distraída e não percebeu quando acenei, chamando-a.
Havia dois homens filmando a dança com os celulares, reparei em
cada detalhe para não esquecer dos indivíduos se por um acaso essas
filmagens viralizassem em sites de fofoca.
― As inscrições para o Lap Dance estão encerradas, logo
anunciaremos os sortudos da noite ― anunciou o diretor do clube.
Alana desceu da mesa, acompanhada por aplausos e assobios.
Os imbecis idolatravam o desempenho da minha garota.
― Ei… ― Segurei no seu braço. ― Temos que voltar para a mansão.
― Ah não, a melhor parte vai começar.
― Acho que chega por hoje, há homens filmando as danças. As suas
fotos estão expostas em vários portais de notícias. Alana, suponho que a
maioria dos clientes sabe a verdade.
Ela empalideceu no mesmo instante, olhando ao redor discretamente.
― Está bem, vamos voltar para casa, mas antes...
Com seu olhar desafiador cravejado no meu, ela voltou a me beijar
com doçura, um beijo diferente e mais carinhoso.
Sinto muito, Rander…
Com certeza esse não seria o nosso último beijo como estava
planejando.
Só por essa noite iria deixar a culpa de lado.
Só por essa noite eu não iria pensar nas pessoas que podia magoar
seguindo meus desejos. Eu só queria saborear essa mulher, provar tudo o que
ela estava disposta a me proporcionar.
― Logan, nós...
A silenciei com um beijo, libertando tudo que vinha contendo. Não
era capaz de controlar as minhas vontades, eu era intenso. Assim como a
mulher que correspondeu o meu beijo com a mesma veemência. Os meus
dedos percorreram a sua pele e fiquei inebriado com tanta maciez.
Ela era completamente deliciosa.
Como seria bom penetrá-la, ouvir seus gemidos a noite inteira.
Alana passou os braços ao redor do meu pescoço, me fazendo sentir o
seu calor, as batidas do seu coração.
Céus, eu iria comer essa mulher ali mesmo, dentro de um clube se não
parássemos agora. E, com muito sacrifício, acabei afastando nossos corpos.
― Hummm! Você beija bem ―disse ela, com as bochechas coradas
em tom de rosa que tornava a sua aparência mais excitante.
― É hora de voltar. ― Acariciei o seu lábio inferior, roubando um
sorriso maroto da garota que estava bagunçando os meus pensamentos.
Honestamente? Ela estava bagunçando a minha vida.
Eu só perdi o controle uma vez e foi quando conheci a Elsa...
E foi nesse instante que percebi: eu não pensei ou sequer me lembrei
da minha ex-noiva nas últimas horas, passei meu dia concentrado na Alana e
acabei esquecendo a mulher que pensava amar.
O amor era mais complexo do que imaginávamos. Era uma mistura
perigosa de revelações e belezas.
Alana

Eu queria entender os sentimentos que nasciam em nosso coração.


Ah, como seria tão simples se conseguíssemos entender. Quando saí de mãos
dadas com o homem que deveria odiar, minha cabeça estava tão confusa. Não
conseguia explicar ou compreender a felicidade em cada pedacinho do meu
ser, ou assimilar o sorriso triunfante do Logan. O homem estava mais feliz do
que um garotinho quando ganhava seu primeiro videogame.
Logan Manoel Campbell, sempre achei você desprezível, um
Magnata arrogante carregando consigo um Império. Agora é o homem que
eu estou desejando ter todos os dias da minha vida.
O destino gostava de dar essas reviravoltas, até conseguia ouvi-lo
dizer: não se esqueça que sou eu quem comanda o rumo da vida.
Havia uma aglomeração horrível na entrada da Mansão Campbell. O
imenso portão estava repleto de jornalistas e paparazzis. Eles estavam
aguardando, sedentos para ganhar informações em primeira mão.
― O que devemos fazer? ― indaguei, bastante assustada. Eu estava
apavorada, não iria mentir.
― Você não tem uma solução? ― Logan sorriu, meio malicioso.
― Quando pretende tirar esse sorrisinho do rosto?
― Não sei, só estou animado com seu plano. Agora vamos consertar
essa bagunça.
Concordei com a cabeça.
Logan buzinou, afastando o grupo de malucos, que não pretendiam
sair sem algumas fotos. Os paparazzis, sem nenhum pingo de respeito e
profissionalismo, quase nos cegaram com as luzes do flash das câmeras
fotográficas.
Entramos em casa.
Charlotte correu para me abraçar.
A mulher choramingou baixinho, deitando a sua cabeça em meu
ombro.
― Eu fiquei tão preocupada. Alana, tudo está desmoronando. O seu
pai ficou tão nervoso.
― Quero falar com ele ― anunciei.
― Dominic está no escritório, acompanhado por Rander.
As palavras eram como o fogo. Elas acabavam se espalhando e
destruindo tudo ao seu redor. As mentiras, as calúnias que estavam
inventando sobre o meu pai eram inaceitáveis.
Eu não iria aceitar.
Infelizmente, a mentira era um mal comum.
Quem de nós poderia contar uma história na qual a mentira acabou
nos prejudicando?
Acho que a maioria.
Não podíamos permanecer calados, não podíamos permitir que
pessoas dissimuladas destruíssem quem éramos.
Destruíssem quem conhecíamos e amávamos.
Dominic Campbell poderia ser um homem grotesco quando desejava,
mas não mudava o fato de que era meu pai. E nesses três anos de convivência
aprendi a amá-lo e, principalmente, a entendê-lo. Queria ajudar.
A minha solução poderia ser a nossa única saída.
Entrei no escritório, encontrando Rander um pouco alterado. Ele
estava cheirando a bebida alcoólica. E o meu pai aparentava ter envelhecido
cinco anos em um único dia.
― Boa noite ― cumprimentei.
― Lana ― Rander me abraçou, apertando-me em seus braços ―, eu
fiquei preocupado. ― Beijou minha testa.
― Estou bem, Logan foi à minha procura. Pai, me perdoe, eu não
sabia. ― A minha voz trêmula anunciava um choro.
Acho que foi o suficiente para meu pai desabar. Ele se levantou da
sua cadeira e me abraçou demoradamente.
― O nosso lar fica solitário e muito triste sem você.
As lágrimas chegaram sem a minha permissão.
Ele é tudo que eu tenho.
É a minha família…
Se não fosse por Dominic, como estaria sem a minha mãe?
Com certeza perdida de uma maneira bastante deprimente.
― Pai, eu sinto muito mesmo. É tudo minha culpa. ― Ele limpou
minhas lágrimas.
― Shhh! Não foi culpa sua, eu só queria protegê-la. Alana, esse
sobrenome traz consigo grandes carmas.
Afirmei com a cabeça, compreendendo tudo.
Eu estava enganada...
O meu julgamento foi errado e precipitado, deixei a minha mágoa
prevalecer e não pensei com clareza.
Não era vergonha, nunca foi.
Dominic queria me manter longe dessa loucura.
― Eu tenho uma saída, mas preciso da sua ajuda.
O meu pai e o Rander trocaram olhares, um silêncio dominou o
escritório por alguns minutos.
― Apenas escute a solução dela. ― Logan surgiu no escritório, ao
seu lado estava Charlotte. ― Pode ser nosso único recurso.
― Tudo bem, vamos ouvir ― disse Dominic.

Cada pessoa tem a sua própria vida…


Isso era óbvio, né?
Entretanto algumas seguiam uma comédia romântica, outras um
drama mexicano.
Algumas seguiam à procura de aventuras, outras do sobrenatural.
Algumas pessoas tinham tudo em um único pacote.
E a minha vida estava mesclando todos os gêneros, emoções e
sensações.
Eu passei por um romance trágico, vários dramas cotidianos. E por
que não adicionar uma dose de aventura?
Bati à porta do Logan às duas horas da manhã. Era maluquice, mas o
que seria dos grandes romances sem uma pitada de loucura?
E tudo já estava uma loucura mesmo, principalmente a minha vida.
A porta foi aberta.
E, para o meu deleite, Logan estava sem camisa.
Os seus olhos dourados brilhavam lindamente.
E o abdômen...
Que homem gostoso!
― Alana? Eu pensei que você estava brincando.
Logan estava destruindo as minhas muralhas.
A mulher ousada desaparecia diante dele, eu supunha que até mesmo
a deusa do amor, a própria Afrodite, ficaria atordoada diante de tamanha
beleza.
― Citrino!
― O quê? ― ele quis saber, gargalhando em seguida.
― É um quartzo, uma pedra preciosa que tem a mesma tonalidade
que as íris dos seus olhos. Dizem que ela tem a capacidade de controlar as
emoções, é conhecida como a pedra da deusa Solar. É um dos cristais mais
amados e procurados do mundo, perdendo apenas para Turmalina.
― Uau, toda essa história só para elogiar a cor dos meus olhos? É só
dizer: Logan, você tem olhos lindos.
― Ah, não… não vou ser tão direita.
Rimos juntos.
― Entre. ― Afastou-se para liberar espaço na porta.
Entrei no seu quarto.
Percebi vários livros em cima da cama e... plumas?
O quê?
― Eu estava lendo. ― Logan notou meu olhar preso nas penas
macias, e explicou: ― As plumas são de um travesseiro antigo. Ele acabou se
rasgando.
― Humm, somos bilionários e não compramos travesseiros novos.
Logan riu, voltando a sentar-se na cama.
― Por que tantos livros? ― perguntei-lhe.
― Estou pesquisando. A indústria de cervejeira no Brasil tem
crescido nos últimos anos. Estou ganhando alguns concorrentes ― comentou,
compenetrado em um livro.
― E você está pesquisando como manter seus rótulos nas prateleiras
dos mercados.
― Não, não me preocupo com isso. Estou estudando para realizar
uma palestra na quarta-feira. Você sabia que o setor cervejeiro é um dos que
mais empregam no país? ― Neguei com a cabeça. ― Então, estou pensando
em contribuir com algumas indústrias pequenas, até mesmo empresas que
produzem cervejas artesanais. Em minha viagem conheci uma mulher, ela
fazia a melhor cerveja artesanal que já experimentei. É claro que tentei trazer
a receita para RealChampbell, mas meu pedido foi recusado. E esta noite eu
estava pensando: quantas receitas artesanais inusitadas podem existir no
nosso país? E uma ideia surgiu: por que não criar um concurso?
― E as melhores receitas serão produzidas pela RealChampbell ―
completei.
― Exatamente, e todo lucro será investido como o dono da receita
preferir.
― Nossa, você ama a sua empresa.
― Amo as lembranças que ela me traz.
Fiquei em silêncio.
Em meio aos livros e folhas rabiscadas, vi uma foto. Peguei para
observá-la melhor... Era o Logan por volta de 14 anos, ao seu lado havia um
homem belíssimo com olhos dourados e uma mulher que esbanjava um
sorriso doce e acolhedor.
Uma família linda e perfeita.
Não sabia nada sobre a família dele, pouco sabia sobre o pai do
Rander e como ele morreu, mas a vida do Logan era tudo uma novidade. Era
como abrir um baú antigo cheio de verdades e surpresas.
― É o meu pai e a minha mãe ― contou, tirando gentilmente a foto
da minha mão. ― Ele foi assassinado quando eu tinha 20 anos. E minha mãe
deixou a tristeza dominá-la e hoje vive em Londres. ― Suspirou fundo. ―
Ela odeia esta mansão.
Assassinado?
Por um motivo que não conseguia compreender, senti meu peito se
contrair. A minha cabeça ganhou uma leve pressão, senti um desconforto
inacreditável quando soube de toda a verdade.
Logan também tinha os seus mistérios e as suas dores.
Como pude julgá-lo sem ao menos conhecer a sua história?
― Eu sinto muito! ― E realmente sentia tanto. As minhas atitudes
foram imaturas e idiotas, não conseguia encará-lo após ouvir a verdade.
― Ei, não precisa se entristecer. Eu estou bem. ― Segurou no meu
queixo, erguendo a minha cabeça para encará-lo nos olhos. ― Temos muitas
coisas em comum, priminha. Acho que só precisávamos nos conhecer.
― Perdão por agir feito uma mimada.
― Quer saber o verdadeiro motivo por que deixei a mansão? ―
Assenti, encantada com a perfeição da sua boca. ― Eu sempre soube o que
poderia acontecer entre nós, só queria salvar o meu noivado. Elsa estava com
seu ciúme no ápice. Pensei que deixar a mansão sem ao menos conhecê-la
não traria discórdia para meu relacionamento. Elsa não aceitaria uma estranha
morando no lar que poderia ser nosso quando… ― Logan hesitou, não
continuou a explicação.
As suas justificativas só me faziam pensar no quanto essa mulher era
mesquinha. Logan era o tipo de homem que se esquecia de si mesmo quando
amava.
― Você ainda a ama?
Logan respirou fundo, seu olhar ficou perdido nos livros empilhados
na cama.
Droga, não deveria ter feito essa pergunta.
Alana, você acabou de destruir as suas chances ao lembrar da ex.
― Perdão, não é um assunto que me diz respeito. ― Quando pensei
em sair do quarto, Logan segurou o meu braço.
― Eu não sei. Muita coisa mudou, não é fácil viver cinco anos com
uma pessoa e chegar ao nada. Não é fácil olhar para trás e pensar em tudo que
perdi. Deixei tudo que poderia por ela. Agora... eu só quero ser feliz e sair um
pouco da minha zona de conforto, e quem sabe encontrar outra felicidade.
O meu coração ficou tão descontrolado, acho que ele até conseguiu
ouvir as batidas tamborilando em meu peito.
― Acredito que estou seguindo o caminho certo ― Logan
acrescentou, puxando-me para mais perto do seu corpo.
― Podemos descobrir juntos!
Alana

Os livros começaram a cair no chão…


A minha pele queimava com tanto desejo.
Logan não esperou para me alucinar com um beijo arrebatador.
Será que suas mãos sentiam o fogo queimando a minha pele?
Ele conseguia compreender o sentimento forte que estava nascendo a
cada segundo que passávamos juntos?
Os nossos corpos se prendiam como se tivéssemos colados
eternamente.
E não podíamos nos separar…
Meu Deus, as sensações que ele estava me proporcionando eram
intensas e muito boas.
A sua boca saboreava a minha com louvor. O nosso beijo era urgente,
minha língua mergulhou de encontro com a sua sem qualquer pudor.
Essa atração não poderia ser normal, era encontro de duas almas,
como se tudo estivesse predestinado a acontecer.
O desejo…
Aquela luxúria descontrolada que me fazia tremer de tesão. As nossas
emoções estavam tornando esse momento memorável.
― Tem certeza? ― Logan se acomodou entre minhas pernas. ― Não
quero arrependimentos depois.
Arrependimentos?
Uau, estaria no paraíso se todos os meus arrependimentos
começassem com um beijo tão gostoso.
― Pode continuar, não quero parar.
Aqueles olhos lindos cintilavam, brilhando como um baú de ouro.
Logan voltou a beijar meus lábios, as suas mãos desejosas começaram a tirar
as nossas roupas. Eu queria sentir nossos corpos totalmente livres, tornando-
se um único desejo.
Conseguia sentir o seu pau duro pressionando a minha boceta com
força.
Ah, isso era tão bom.
O meu coração pulsava, perdi completamente o controle do meu
corpo.
Logan me ganhou por inteira.
Ele começou a trilhar beijos até meus seios, não demorou muito para
abrir o meu sutiã e jogar a peça no chão.
― São maravilhosos ― disse ofegante.
Logan apalpou minha pele, provando os meus mamilos com a língua.
Gemi, sem disfarçar o meu deleite, estava gostando... gostando muito!
― Isso, quero ouvir você gemer. ― Logan chupou meu seio com
vontade, me fazendo estremecer. ― Você é saborosa, Alana.
Ele parou por alguns minutos. Aproveitando para contemplar meu
corpo com as mãos desejosas. Eu sentia o centro das minhas pernas arder
com um tesão voraz.
― Continua a me chupar ― supliquei.
― Shhh, temos tempo. Eu só quero aproveitar tudo que tenho direito.
Quero prová-la, quero entrar em sintonia com você esta noite.
Oh Deus!
Logan tirou minha calcinha e ficou admirando o meu corpo. Aqueles
olhos dourados transmitiam uma cobiça carnal. Era um tigre prestes a atacar,
um predador pronto para começar sua caçada.
E nessa noite estava agradecendo ao universo por ser uma presa
indefesa.
Ele pegou uma pluma perdida em cima da cama, começando a
deslizá-la no meu corpo.
Passou entre meus seios, que estavam rígidos e implorando o toque da
sua língua novamente.
A sensação da pluma era inebriante, causando calafrios no meu corpo.
― Humm, que delícia ― gemi, espalmando meu próprio seio.
― E aqui… ― Passou a pluma entre minhas pernas, acariciando
minha boceta.
― É... isso, assim. ― Estremeci, completamente excitada.
― Posso tornar esta brincadeira mais divertida.
Logan era extremamente sexy.
Ele sabia provocar, enlouquecer uma mulher.
Não queria pensar na turca, mas ela passou cinco anos aproveitando
dessa luxúria. Aproveitando momentos prazerosos ao lado de um homem
sedutor, charmoso e muito lindo.
Como a turca conseguiu deixá-lo?
A sua respiração acelerada...
Aqueles olhos marejados de desejo...
A sua boca concedendo os melhores beijos...
Eu nunca pensaria na hipótese de deixá-lo!
― Abra bem as pernas ― ordenou.
Fiz o que ele me pediu.
Logan acariciou minha umidade, escorregando os dedos para cima e
para baixo.
Estimulando meu clitóris com movimentos certeiros.
Droga, perdi meu raciocínio. Era difícil pensar, só conseguia sentir...
Estava muito bom, não sabia por quanto tempo iria aguentar.
― Logan, eu vou...
― Não goze ― exigiu com a voz rouca. ― Ainda não!
Logan inclinou sua cabeça entre minhas pernas, envolvendo minhas
coxas com seus braços fortes. A minha primeira carícia da sua língua me fez
gemer.
― Você está muito molhada. ― Ele penetrou dois dedos na minha
entrada. Os movimentos eram gentis, fazendo o meu corpo se contorcer de
prazer. Comecei a rebolar o meu quadril para acompanhar seu ritmo.
― Logan ― eu disse seu nome como uma súplica desesperada. Eu
queria gozar, me entregar totalmente.
Ele beijou meu clitóris, em seguida mergulhou a sua boca na minha
boceta. Iniciando lambidas fortes e determinadas, chupando e sugando meu
ponto mais fraco.
Nenhuma magia, nenhuma explicação, nem mesmo o homem mais
sábio do mundo poderia justificar o fogo perigoso que libertamos juntos. Eu
poderia dormir com vários homens, mas tinha certeza de que nunca iria
encontrar alguém que despertasse meus desejos tão facilmente.
― Que boceta gostosa.
Meus gemidos estavam extremos, bastante escandalosos. Eu não me
importava com quem poderia nos ouvir, apenas seguia a nossa conexão.
Logan não parou, penetrando a língua na minha entrada, chupando
com força e cheio tesão.
Eu não conseguia controlar esse prazer...
O meu corpo, e cada batida do meu coração pertenciam a ele.
O meu ventre se contraiu, fisgadas de luxúria se estenderam por todo
meu corpo. Permiti que o prazer me conduzisse, sentindo o clímax delicioso
que me invadiu. Logan continuou lambendo, provando o gostinho do meu
orgasmo.
Caralho!
Os tremores percorriam as minhas pernas. O meu primo continuou,
me devorava com a boca. Eu estava sensível devido ao orgasmo, mal
conseguia me afastar, pensei que ele não fosse parar, mas Logan decidiu se
mover, ele ficou em pé e tirou a cueca, libertando a sua ereção grande.
― Não terminamos ainda ― argumentou, afastando-se.
Logan caminhou até o banheiro.
Depois voltou, abrindo uma camisinha.
― Você está demorando ― implorei.
― E você é muito impaciente. ― Esbanjou um sorriso cafajeste. ―
Estou indo, priminha.
― Quero você, agora.
Eu poderia me arrepender das minhas últimas palavras, porque os
olhos dourados do tigre ficaram mais ferozes.
Ele voltou para cama, posicionando o seu corpo sobre o meu.
Meu Deus, sentir o seu calor era como uma dádiva.
Logan era perfeito!
A sua ereção invadiu minha entrada, deslizando fundo e fortemente
dentro da minha boceta. Os movimentos começaram dignos dele, suas
investidas eram rápidas, profundas e impetuosas. Não me importava com
meus gritos, só queria mais e mais. Queria tudo que esse homem poderia me
proporcionar.
Ah, ele estava caprichando.
As suas estocadas eram violentas, me faziam latejar de tesão, o desejo
espalhando-se entre nós dois.
Éramos toques, beijos, mordidas, gemidos e excitação.
As minhas unhas rasgando suas costas e seus braços.
Logan me enviou para um mundo apenas nosso, sentia-me fora de
órbita com os movimentos incansáveis do seu quadril. A extensão do seu
membro grosso me invadia com vontade. Os nossos beijos calavam, por um
momento, os gemidos selvagens. Era arrebatador, assim como suas últimas
estocadas. Logan atingiu um orgasmo intenso, relaxando o seu corpo sobre o
meu.
Sentia as batidas dos nossos corações em sintonia, como era esperado.
Ficamos abraçados na cama, esperando o nosso corpo voltar ao normal. Eu
estava vulnerável, não queria que meus sentimentos confusos se
transformassem em algo mais profundo. E se já fosse amor e não estava
conseguindo compreender devido aos inúmeros problemas que estávamos
enfrentando?
― Logan? Está tudo bem?
― Humm, estou ótimo.
― As coisas não irão mudar entre nós, né?
Ele ergueu a cabeça para me encarar.
― Por que mudariam? Alana, agora não é hora de ficar pensando
nisso. ― Ele moveu-se, tirando o seu pau de dentro de mim.
― Perdão, a minha pergunta não foi adequada para o momento.
Logan riu, beijando com carinho meus lábios.
― Acho que já falaram o quanto você é deliciosa.
― Você é perfeito! ― Apontei para a sua ereção. ― E seu pau
também.
As bochechas coradas do Logan ganharam um rubor mais intenso.
Liberei uma gargalhada.
― Logan, você está mais vermelho do que meu próprio cabelo.
― Engraçadinha! ― Acertou um tapa de leve na minha coxa. Ele
levantou-se da cama, seguiu para o banheiro e não demorou muito a voltar,
trazendo mais um pacote de preservativos.
― Você quer continuar? ― perguntei, incrédula.
― O que você acha? ― Abriu o pacotinho. ― Prometo que vou com
carinho.
Por que não consigo acreditar nele?
Alana

― É ela!
― Shhh, vai acordá-la!
Humm!
O que a Charlinha estava fazendo no meu quarto? Ainda sonolenta,
abri meus olhos. Havia várias plumas espalhadas na cama, senti o meu corpo
enrijecer quando me lembrei da noite anterior. Não estava no meu quarto...
E Logan não estava ao meu lado.
Típico de homens que só estavam procurando sexo.
Sentei-me na cama, esfregando os meus olhos e sentindo o meu corpo
dolorido. Logan não conseguia saciar o seu desejo com apenas uma gozada.
Era maravilhoso, mas cansativo...
Espreguicei meus braços, percebendo que não estava sozinha no
quarto.
O quê?
― MEU DEUS! ― gritei agoniada, cobrindo meu corpo com o
edredom. As funcionárias ficaram desesperadas. ― O que vocês estão
fazendo aqui?
― O senhor Logan nos mandou trocar os lençóis da cama e limpar a
suíte. Perdão, patroinha!
― Ele mandou? Ah, mas não posso acreditar.
As duas mulheres, extremamente envergonhadas, trocaram olhares
nervosos.
― Por favor, saiam agora ― mandei, emburrada.
As funcionárias correram apavoradas e saíram do quarto.
Logan não poderia esquecer a nossa noite juntos. Como ele enviava
duas empregadas para o seu aposento sabendo que eu estava dormindo na sua
cama?
O homem perdeu o juízo, os boatos iriam se espalhar por cada
cômodo da mansão.
Irritadíssima, peguei os meus pertences e segui para o meu quarto.
Tomei um banho rápido e coloquei um simples pijama, depois desci para o
café da manhã. A minha família estava reunida à mesa, conversando sobre
minha entrevista para a imprensa.
― Todos os nossos advogados já estão cientes, nossos representantes
também. Alana fará o discurso na Arte-Urban ― Rander comentou.
Eu não conseguia olhar em direção a Logan.
Que nervosismo.
Peguei o bule de porcelana, despejando um pouco de chá de limão na
minha xícara.
― Terça-feira será um sucesso, tudo está programado ― acrescentou
Charlotte. ― Não podemos mudar nossas tradições, sem conversas sobre
negócios no café da manhã.
― Essa é sua tradição, Charlotte. ― A voz do Logan causou arrepios
no meu corpo.
Arrisquei encará-lo.
Logan estava glorioso. Os seus cabelos estavam molhados e uma
regata deixava seus bíceps arranhados à mostra.
Fui eu quem deixou esses arranhões?
Deus, quase incendiamos o quarto com nosso próprio fogo.
― O que foi? ― perguntou-me com um sorrisinho satisfatório no
rosto.
― Acordei de mau humor e com uma dor estranha no meio das
minhas pernas.
Meu pai se engasgou com o café.
Charlotte arregalou os olhos.
E Rander ficou pasmado.
E Logan? Ele apenas gargalhou, divertindo-se com minha resposta.
Não consegui conter meu riso.
― Alana, você tem frequentado o seu ginecologista? ― Charlotte
sempre fazia as melhores perguntas, deixando todos os homens
constrangidos.
Você não imagina qual ginecologista me penetrou na madrugada.
Comecei a rir baixinho dos meus próprios pensamentos, meneando a
cabeça.
― Eu cuido muito bem da minha saúde.
― Patrão... PATRÃO! ― uma das assistentes pessoais entrou
gritando.
Meu Deus, ficamos alarmados e bastante assustados com o escândalo
da garota.
― Jesus Cristo! ― Charlotte levantou-se, atordoada com os gritos. ―
O que está acontecendo?
― Vocês precisam ligar a televisão. A patroinha está nos jornais.
Eu o quê?
Pisquei, incrédula.
― Ligue a televisão, mulher ― ordenou Dominic, completamente
aflito.
A empregada correu até a televisão que era integrada na parede,
colocando no jornal.
Todos ficamos em silêncio, ouvindo a notícia.

“Namoro em família? Os herdeiros Campbell foram flagrados aos


beijos em um Clube na zona oeste de São Paulo. Logan Manoel Campbell é o
herdeiro de um império e proprietário da empresa RealChampbell. É o
primeiro brasileiro a liderar o ranking da Forbes. O bilionário era noivo da
modelo internacional Elsa Golrok, fontes próximas do novo casal afirmam
que Logan Campbell teria um caso secreto com a prima…”

Toda essa notícia era narrada enquanto transmitiam um vídeo gravado


no clube.
Logan e eu no maior amasso.
Engoli em seco, enquanto Dominic se levantava para desligar a
televisão.
Estava perdida, me senti no centro de um furacão.
― Que porra é essa? ― trovejou Rander.
― Um beijo ― respondeu Logan, calmamente.
― Quando penso que os problemas estão se resolvendo, caem
centenas de frustrações em cima da minha cabeça ― lamuriou Charlotte,
massageando as têmporas.
― Um beijo, Logan? UM BEIJO? ― Rander esmurrou a mesa. ―
Você é muito cínico!
― Já chega! ― Meu pai passou a mão no rosto. ― Quando
começaram com essa pouca-vergonha?
― Ontem, saímos e passamos a noite juntos.
― EU VOU MATAR VOCÊ, LOGAN. ― Rander era como um leão
pronto para atacar e, Logan... Ah, droga!
Um olhar sombrio predominava, cuidando de cada movimento de
Rander como um verdadeiro predador. Um leão e um tigre, prontos para
iniciar uma batalha.
― Vocês usaram camisinha?
Ah não!
Meu Deus, essa não é hora para a Charlotte bancar a mãe protetora.
Eu me encolhi, querendo evaporar todos os meus problemas.
― Dominic, podemos conversar a sós no escritório? ― Logan
sugeriu.
O meu pai concordou, para o meu alívio.
O patriarca dos Campbell estava muito pálido e parecia decepcionado.
Pai, sinto muito..., mas eu não me inscrevi para um convento.
Rander andava na sala, totalmente nervoso. Charlotte batia o pé
freneticamente no chão.

Já fazia meia hora que meu pai e Logan estavam trancados no


escritório.
― Você está apaixonada por ele? ― perguntou Charlotte.
― Não sei ― respondi, um pouco receosa.
Rander riu, debochando da minha resposta.
― E acredita que Logan nutre algum sentimento por você? Não seja
ingênua, Alana. Ele só se importa com a noiva. Logan está usando você para
provocar ciúmes na mulher.
Não é verdade.
Rander estava irritado e queria me desestabilizar. Eu sabia o que
sentira, eu sabia como Logan me tratou. Só eu senti os seus beijos e os seus
toques. Não eram falsos, foi tudo real e amei cada segundo.
― Honestamente, não quero saber. ― Cruzei os braços.
― Foi uma notícia inesperada, nunca imaginávamos que você e o
Logan… ― Charlotte suspirou, formando linhas de preocupação na sua testa.
― Alana, você o detestava.
― Isso foi antes...
― Antes do quê? Logan é um cafajeste da pior espécie. O cara
participava de orgias em Londres, bebidas e festas. E sempre voltava para a
Elsa, não será diferente com você ― complementou Rander.
― Você está exagerando.
O meu primo esmurrou a própria coxa com raiva, acho que ele
gostaria de desferir os golpes no Logan.
― Eu cresci com o Logan, somos como irmãos e ele sabe... ―
hesitou, o seu olhar pairou em Charlotte. A nossa querida governanta o
encorajou com um aceno de cabeça. Rander continuou a frase. ― Ele sabe o
que eu sinto por você.
O sangue que estava fervilhando em minhas veias, por todo
nervosismo e emoções, congelou. Meu corpo inteiro estava imóvel, preso em
um grande iceberg. Vivíamos cheios de dúvidas, mesmo lutando para que as
incertezas não permanecessem na nossa vida. Ela sempre estacionava em um
momento que estávamos vivendo. Nesse instante, meus pensamentos, meus
sentimentos, simplesmente tudo, girava em torno das incertezas e dos
medos... Rander, meu melhor amigo.
Não pode acreditar!
― Rander, por que você não me contou? ― choraminguei.
― Agora não faz diferença, você está encantada por ele.
― Tudo pode se resolver com uma conversa ― Charlotte interveio.
― Uma conversa? ― Rander estava exalando fúria. ― Logan não
gosta de perder. ― Encarou meu perfil. ― E eu também não!
― Você fala como se eu estivesse me casando com ele. Tem um
vídeo sendo transmitido em todos os portais de notícias do Brasil. E não vai
demorar para esse vídeo estar nos maiores sites de fofoca ingleses. E você
está pensando em começar uma disputa com o Logan? ― Levantei-me,
indignada. ― Depois a mimada e infantil da família sou eu. Se me derem
licença, eu vou para meu quarto.
Rander enrubesceu, o homem ficou desconcertado com minha
resposta. A expressão furiosa aos poucos foi suavizando.
― Você tem razão! Eu sinto muito ― assumiu.
― Eu também sinto muito. ― A voz do meu pai ecoou na imensa
sala. ― Teremos que mudar o seu discurso de terça-feira.
Todos trocamos olhares apreensivos.
― Como assim mudar o discurso? Pai, eu sei exatamente o que dizer
para a imprensa.
― Mas agora existe um vídeo sendo espalhado pelos portais de
notícias. Você será bombardeada por perguntas infames.
Ah não!
Já provei do veneno da imprensa brasileira.
As mentiras que inventaram sobre o meu pai. Não queria imaginar o
que estava sendo inventado nos sites nesse exato momento.
― O que devo fazer? ― indaguei, aflita.
― Acho que preciso comprar um par de alianças... ― Logan
surpreendeu a todos.
Alana

Era necessário comentar que boa parte da imprensa mentia demais.


Não fazendo o verdadeiro trabalho jornalístico e ganhando público com
falsas matérias. Noticiando o que eles queriam e o que resultava em muito
dinheiro para o jornal.
No dia do meu encontro com os jornalistas, eu estava extremamente
nervosa. Tinha ensaiado um discurso que mudaria o rumo da minha vida. No
entanto, nunca esqueci que a imprensa era suja. Eles fariam de tudo para
desvendar a herdeira Campbell. Ela estava viva, um prato cheio para os
holofotes hipócritas.
Nesse instante, estava sentada no imenso sofá, bebendo um chá
quente e assistindo a minha gafe em rede nacional.

― Meu nome é Alana García Campbell. ― Era notório a minha


agonia, eu estava muito pálida e os lábios roxos. ― Estou aqui para
esclarecer as mentiras que estão sendo espalhadas em sites, blogs e até
mesmo em jornais. Sou a filha legítima de Dominic Campbell. ― Forcei um
sorriso. ― Tenho uma história longa que deveria ser mantida em família,
mas alguém tentou nos prejudicar. E, aqui estou, falando de um assunto que
não me agrada.
― Há boatos de que Dominic Campbell matou a própria esposa ―
disse um jornalista.

Na hora não gravei o seu rosto em minha memória, fiquei tão furiosa
e precisei acalmar as minhas mãos trêmulas. A vontade de gritar com todas as
pessoas ao redor era imensa. Agora, assistindo a entrevista, conseguia notar o
sorriso debochado.
A expressão do jornalista era de pura satisfação.
Será que era tão agradável acusar alguém?

― Todos os boatos citados em jornais e sites são falsos e todas as


medidas cabíveis estão sendo tomadas. Qualquer site, seja do minúsculo até
mesmo às grandes redes nacionais de televisão, terão que provar
judicialmente o que anunciaram.

Ah, essa parte foi ótima!


Presenciar os semblantes assustados dos jornalistas me incentivou a
atacar novamente. Eles conheciam o poder que Dominic tinha. O meu pai
poderia acabar com uma revista ou um site com um estalar de dedos.

― E não será necessário modificar as matérias ou até mesmo excluí-


las do site, nossos advogados estão monitorando cada informação.
Realmente, esperava que esses portais de notícias tivessem tido um
lucro razoável.
Afinal, a indenização seria altíssima.

― Por que se manteve em cárcere privado?


― Céus, olhem para o meu braço… ― Mostrei as tatuagens. ―
Como alguém que é mantida em cárcere privado pode procurar um estúdio
de tatuagens?

A câmera mostrou bem as minhas tatuagens e depois focalizou no


meu rosto.

― Dominic e minha mãe acabaram se divorciando, como a maioria


dos casais. Meu pai ficou em São Paulo administrando as empresas
Campbell. E minha mãe escolheu viver em outra cidade. Cresci em Londrina,
no Paraná. Há três anos a minha mãe foi diagnosticada com câncer
terminal.

Todos ficaram calados na imensa sala, um detalhe que só reparei


nesse instante.
Conseguia notar apenas assistindo a cena que o clima mudou, aquela
agitação diminuiu.
Acho que ficaram com pena e não gostava da sensação que isso me
trazia.
Eu estava bem, como prometi a ela!
Não queria que sentissem pena de mim.

― Ela faleceu e, como eu era menor de idade, fiquei com meu


responsável legal. A escolha de viver longe dos holofotes e da mídia todo
esse tempo foi minha. Dominic sempre me quis por perto, mas como um bom
pai respeitou as minhas escolhas.

Todos os jornalistas começaram a falar, eram muitas perguntas e eu


fiquei desesperada.
Fechei os meus olhos por alguns segundos, não querendo ver a
garotinha acuada.
Cadê a mulher ousada que dança em um clube em São Paulo?
Aquela mulher que enfrenta todos de queixo erguido?
Muitos dizem que só fortes conseguem enfrentar as manipulações da
mídia. Alguém poderia ter me avisado que eu não daria conta, eu fiquei
completamente perdida.
Os nossos assessores acalmaram a multidão, os jornalistas agitados e
sedentos por respostas sentaram-se nas suas cadeiras.

― Um suposto vídeo circula na internet, nele podemos ver


nitidamente a senhorita trocando carícias com Logan Campbell. Uma fonte
próxima da família nos informou que o novo casal manteve a relação em
segredo até o vídeo ser exposto publicamente. Tem um motivo especial para
manter uma relação em segredo? ― uma jornalista debochou
descaradamente. Era mais fácil me chamar de "amante", ficar insinuando
não facilitava as coisas.
Eu queria gritar: Mantemos em segredo nossa relação para evitar
especulações de pessoas intrometidas.

― Foi uma escolha conjunta, ficamos noivos e decidimos comemorar


em um clube bem animado.

Os jornalistas ficaram alvoroçados.


E, novamente, foram contidos pelos assessores.

― E a Elsa Golrok? ― questionou rapidamente um rapaz jovem.


― Elsa não faz parte da nossa família há muito tempo, não há nada
para citar sobre ela… Próxima pergunta! ― respondi secamente.
― Quando vai atuar nas empresas Campbell?
― O seu pai é o maior investidor de arte do Brasil, abrindo portas e
grandes oportunidades para os artistas conquistarem a sua independência
financeira. Acredita que está preparada para assumir um compromisso tão
nobre?
― Eu estudo artes, amo tudo que envolve nossa empresa e estou
prestes a começar a atuar na Arte-Urban."

E foi nesse exato momento que me afundei.


Eu menti.
Menti sem qualquer remorso.
A imprensa tinha inventado falsas histórias a nosso respeito, uma
mentira não custaria nada. Na hora não pensei nas consequências, quando a
entrevista terminou e tudo foi esclarecido. Os diretores e proprietários de
empresas associadas à Campbell me procuraram para marcar uma reunião na
próxima semana.
Seria necessário me afastar da dança por alguns meses. Infelizmente, fui
instruída a pedir demissão do Madrid Clube. Afinal, tinha um novo emprego,
um que eu havia inventado, mas como os Campbell tinham influência em
todos os ramos possíveis, meu pai tratou logo de conseguir um emprego ―
um real ― na Arte-Urban.
Eu estava deitada no sofá, aproveitando o dia chuvoso. O clima estava
propício para um cochilo à tarde, mas meus pensamentos não permitiam um
descanso.
Às vezes precisamos tomar decisões difíceis, com 17 anos eu já
estava descobrindo que algumas situações não eram fáceis, criando coragem
para começar a minha vida em outra cidade com pessoas que não conhecia.
Pensar na hipótese de trabalhar na Arte-Urban me apavorava. Eu
queria chorar como uma garotinha que estragou sua boneca predileta.
― Por quanto tempo vai ficar encolhida no sofá? ― Logan sentou-se
ao meu lado.
― Semana que vem vou precisar bancar a Campbell em uma Galeria
de Arte gigantesca, eu preferia dançar.
Ele riu, olhando-me nos olhos.
― O mundo dos negócios e a dança estão ligados, principalmente na
Arte-Urban.
― Não vejo como… A dança é como libertar nossos maiores desejos,
amores e medos. O mundo dos negócios contribui com o envelhecimento
precoce.
O seu riso singelo se transformou em uma gargalhada descontraída.
― Permita-me explicar a minha amada noiva.
― Não. ― Cobri meu rosto com as mãos, completamente
envergonhada. ― Essa ideia foi ridícula, nosso noivado é uma farsa. Por
favor, não fique debochando.
― A dança auxilia na saúde mental, tornando a pessoa mais tranquila
e serena.
― É sério? ― Sorri com escárnio. ― Euzinha? Uma pessoa tranquila
e serena?
― Bom, a mansão está rodeada de paparazzis e até agora nenhum
deles teve a câmera quebrada. Está se comportando bem ― Logan brincou.
― Idiota.
― Chega de brincadeira. ― Ele acariciou minha bochecha. ―
Grandes dançarinos precisam de ensaios constantes, muito estudo,
conhecimento e experiências. Todos carregam uma carga horária pesada de
ensaios. Até mesmo você quando dançava no Madrid Clube chegava horas
antes para ensaiar com as meninas.
Como ele sabe disso?
― No mundo dos negócios não é diferente, você precisa estudar,
precisa de conhecimento. Às vezes fica horas, até mesmo madrugadas inteiras
criando projetos e soluções para a sua empresa. Assim como as bailarinas
famosas, você precisa viajar para fechar novas sociedades. E público-alvo?
São os espectadores do seu show. O mundo dos negócios gira em torno da
arte, gerando grandes impactos. Em campanhas, propagandas, até mesmo em
um simples contrato encontra-se a arte.
― Humm… Agora está explicado por que você está na lista da
Forbes.
Ele ergueu os ombros, ficando mais convencido com o meu
comentário.
― Agora se levante do sofá, nós vamos sair ― anunciou.
― Logan, está chovendo lá fora.
― Essa é a parte boa de ter carro, eu quero levá-la em um lugar legal
― insistiu. ― Tenho certeza de que não vai se arrepender.
― Tudo bem, eu vou vestir uma roupa mais adequada do que um
pijama de flanela. ― Antes de caminhar até o elevador, questionei: ― Logan,
você está conversando com o Rander?
― Não, ele tem me evitado.
Suspirei fundo.
― Entendo, não demoro.
Na verdade, eu não entendia nada.
Não entendia por que o Rander escondeu os seus sentimentos por
tanto tempo.
Não poderia ser por medo de uma rejeição, eu jamais pensaria em
rejeitá-lo.
Ele era um homem tão seguro, lindo e gentil. Não poderia esquecer o
quanto era protetor, um bom amigo.
Ah Droga!
Se ele fosse sincero, talvez eu não estivesse tão envolvida com o
Logan, tão encantada por ele.
Alana

No trajeto até o lugar misterioso, Logan mantinha aquele sorrisinho


satisfatório no rosto, sem dizer uma única palavra. O silêncio me deixava
mais angustiada e bastante curiosa. Eu não era muito fã de surpresas ou de
notícias inesperadas, aprendi de uma maneira bastante dolorosa que muitas
surpresas chegavam carregadas com más notícias e desilusões. Eu não tinha
paciência para o “suspense”, era agitada demais, ansiosa e muito curiosa.
― Ah, por quanto tempo vai ficar calado? ― A minha voz saiu um
pouco desesperada.
― É um lugar legal, mas não posso contar. Sinto muito, priminha.
Acho que você vai gostar e ficar encantada.
Encantada…
Era uma palavra que definia muito o que estava sentindo pelo Logan.
Ele me enfeitiçou!
Em um mundo repleto de paixões momentâneas, acabei gostando da
companhia do meu primo. Aquele homem arrogante, cínico e
insuportavelmente bonito.
E, sinceramente? Estava ignorando os seus defeitos. Muitas das
imperfeições do Logan foram meus próprios julgamentos que criaram.
Ele era um companheiro adorável, me ajudou com a entrevista,
decoramos falas e consideramos perguntas envenenadas que poderiam sair da
boca dos jornalistas. A nossa convivência melhorou muito, estávamos nos
entendemos bem.
― Não gosto de surpresas, Logan. Eu fico muito ansiosa, poderia me
dizer aonde vamos? ― pedi com educação.
― Já estamos chegando!
Meu coração disparou.
A minha curiosidade aumentava a cada segundo.
Estávamos próximos do parque Ibirapuera. Demoramos para
encontrar um estacionamento. Quando saímos do carro, andamos um
pouquinho até parar em frente a uma casa simplória.
Apesar da simplicidade, o lugar tinha uma fachada bonita e uma
pintura chamativa. Um bordô se mesclava com o branco dos grandes vitrôs.
A entrada era rústica, uma porta de madeira estava aberta, no chão, um tapete
velho com as palavras escritas quase se apagando: bem-vindos.
Adentramos o local. Havia uma recepção muito charmosa e percebi a
presença de duas pessoas. Uma senhora por volta de 60 anos e uma jovem,
mas o que me chamou a atenção foi o interior do estabelecimento, os
cômodos eram espaçosos e bem arejados. Notei que à minha direita tinha
uma enorme porta de vidro com um logotipo: Academia Chá & Dança.
Prendi a minha respiração por alguns segundos.
Não! Ele não fez isso.
― Boa tarde ― a senhora foi a primeira a cumprimentar.
― Boa tarde ― respondeu Logan com seu sorriso de tirar o fôlego.
Eu estava tão confusa, animada e feliz que mal conseguia pronunciar
qualquer palavra.
― Esta é a Alana. ― Ele fez um carinho no meu rosto.
A mulher me encarou, avaliando-me da cabeça aos pés. Senti um
friozinho no estômago.
― Ela é linda ― elogiou. ― O meu nome é Anna, sou proprietária da
academia.
― É um prazer conhecê-la. ― Esbanjei meu melhor sorriso,
estendendo a mão para um cumprimento educado.
― O seu noivo comentou que você gosta de dançar, mas não possui
um diploma.
Afirmei freneticamente com a cabeça.
Meu Deus, Alana. Não há motivos para tanto nervosismo, apenas
responda as perguntas gentilmente.
E que história era essa de noivo? Foi apenas um plano do meu pai
para não carregar a imagem de amante.
― Nossa academia é rigorosa, aqui não passamos só os movimentos
da dança, mas também o conhecimento. O curso dura em torno de dois anos,
ter um bom nível de dança não é suficiente para ser selecionado em uma
ótima universidade. Você sabe disso?
― Sim, é claro. Estou ciente!
― Se você quiser, a vaga é sua. Está tudo combinado com o seu
noivo. As aulas são três vezes na semana, incluindo sábado e domingo. No
horário que preferir. Temos aulas em grupo e individuais.
Combinado com o meu…
As borboletas faziam festa no meu estômago.
― A senhora pode nos dar licença um instante?
A mulher aquiesceu, afastando-se.
Encarei meu "noivo", ele mantinha uma expressão serena.
― O que significa isso?
― Você gosta de dançar e ficou muito chateada quando soube que
não poderá mais frequentar o Madrid Clube. Eu apenas arrumei uma solução
― falou num tom sereno, colocando as mãos dentro dos bolsos da blusa de
moletom.
― Eu estudo à tarde, não quero trancar a faculdade.
― Compreendo perfeitamente, mas você não pensou nesse fato
quando anunciou aos jornalistas seu novo trabalho.
Droga, ele tinha razão...
― Alana, é muito simples. Por favor, não queira complicar.
― Eu só fico pensando na... ― Prendi meus lábios.
― Na sedução? ― sussurrou. ― Alana, eu tenho 27 anos, não sou
idiota. Se você preferir pode me seduzir quando quiser, estou disponível.
Comecei a rir.
Ele era um canalha… um canalha perfeito e delicioso.
― Tudo bem... Eu aceito, mas não trouxe a minha carteira e não
posso pagar o curso agora. Podemos voltar amanhã?
― O quê? ― Meneou a cabeça, indignado. ― O curso já está pago,
você pode começar quando desejar.
― Por quê?
Eu estava imensamente feliz, mas não conseguia evitar meus
pensamentos conturbados. Algumas semanas atrás Logan estava criticando
meu trabalho, a minha paixão pela dança. Era óbvio que tudo estava
mudando entre nós, mas tinha medo dos sentimentos que chegavam sem
qualquer permissão no meu coração.
― Considere um presente de noivado ― gracejou.
― Não comece com as brincadeiras ― alertei, seguindo até o balcão.
― Preciso assinar algum documento?

A minha rotina mudou totalmente, não estava acostumada a tantas


mudanças. Era uma loucura, meus dias estavam resumidos assim:
Na parte da manhã, aulas na faculdade.
Segunda, terça e quarta-feira, estágio na empresa do meu pai.
Quinta e sexta-feira, aulas de dança na academia.
Havia uma parte boa de toda essa correria, estava gostando do estágio
e eram poucas horas de trabalho. Não se tornou muito cansativo para mim,
era uma típica geminiana que adorava fazer muitas coisas ao mesmo tempo.
Encontrava o Logan todas as noites, conversávamos sobre tudo. Era
legal ter alguém para desabafar, apreciar alguém acariciando o seu cabelo
enquanto você lutava contra o sono só para ter mais alguns minutos ao lado
da pessoa.
― Pode dormir, pretendo descansar também ― Logan sussurrou,
pronto para deixar minha cama.
― Não, eu quero você. Fique, por favor.
― Humm, posso distrai-la se me permitir. ― Ele curvou seu corpo
sobre o meu.
― Permissão concedida.
Logan riu, grudando as nossas bocas. O nosso beijo foi preguiçoso,
mas delicioso. Como sempre os seus beijos me causavam arrepios pelo corpo.
As suas mãos experientes começaram a se livrar das minhas roupas, depois
das suas.
― Agora sim, muito melhor ― murmurou.
― Concordo!
Não deixei de tocá-lo e senti os músculos fortes do seu braço. Logan
se deitou na cama, puxando-me para me sentar em cima do seu quadril.
― Pode dançar ― ordenou ele. ― Com meu pau dentro de você.
Gemi, estremecendo com as palavras.
A paixão era avassaladora, mas a sedução era o tempero para o mais
puro desejo.
Com as mãos ansiosas, acariciei a extensão do seu pau, masturbando
devagar a sua ereção. Logan arfou, seus olhos dourados transmitiam um
brilho resoluto. Posicionei o seu membro rígido na minha entrada e, com uma
estocada, o seu pau afundou com força no meu ventre.
― Quero sentir seus seios na minha boca ― pediu, enquanto meu
quadril começou a se movimentar.
Eu me inclinei para frente, permitindo que meus seios ficassem à sua
disposição. Logan abocanhou com vontade. Chupando, fazendo cada
centímetro do meu corpo latejar com um tesão maravilhoso.
Os movimentos, que eram tão comuns para mim no Lap Dance,
tomaram controle.
Eu me entreguei à dança e ao prazer.
― Eu não consigo entender ― confessei, aproveitando o nosso
momento juntos. ― O que está acontecendo entre nós?
― Apenas aproveite, não queira entender. ― Segurando com força na
minha cintura, Logan começou a mover o seu quadril no ritmo dos meus
movimentos.
― Por favor, me prometa que nunca vai me deixar sem respostas. ―
Os meus gemidos ficaram mais escandalosos.
― Eu prometo!
Ele aumentou a velocidade das estocadas, enterrando com força e
vontade.
Sentir a sua ereção me invadindo, controlando tudo e tomando posse
do meu corpo fez o prazer se acumular dentro de mim.
A sensação era grandiosa...
Os tremores de um orgasmo eletrizante dominaram minha alma.
Fiquei completamente extasiada, não sentia meu próprio corpo.
― Logan... ― resmunguei.
― Shhh, durma, apenas descanse.
Logan ergueu meu quadril, afastando os nossos corpos suados. Ele se
deitou ao meu lado, abraçando-me com carinho. Nessa noite dormi
profundamente e acabei perdendo o horário para ir à faculdade.
Alana

― Você está dançando aqui? ― Karen questionou, analisando a


academia de dança com certo desdém.
― Não julgue o exterior da casa, o interior tem cômodos enormes
com salas perfeitas de dança.
― Ótimo, precisamos conversar. ― A minha amiga me encarou com
uma expressão meio preocupada.
Decidimos aproveitar um lanche em uma cafeteria que ficava próxima
à academia.
Escolhemos uma mesa para nos sentar e percebi que o nervosismo da
minha amiga aumentava a cada minuto que passava ao meu lado. Ela, a todo
instante, estalava os dedos ou passava as mãos no cabelo.
Qual era o problema?
― Pode me contar por que está tão nervosa? ― Fingi um pouco de
desinteresse, observando o cardápio.
― Sim, pretendo contar. Alana, como está o seu relacionamento com
o Logan?
Poucas respostas e mais perguntas, eu não estava com um bom
pressentimento.
― Estamos bem, seguindo nosso próprio ritmo ― expliquei,
erguendo a mão para chamar uma garçonete.
― E Rander? Ele tem aceitado? Você me contou que ele estava
evitando contato.
― Conversamos um pouco, mas são assuntos monótonos. Ele sempre
me corta quando quero explicar o meu envolvimento com o Logan.
― Humm... ― resmungou.
A garçonete chegou e fizemos nossos pedidos. A mulher marcou tudo
em um pequeno bloco e se afastou novamente.
― Karen, qual é o problema? Você está tão estranha, eu te conheço...
alguma coisa está te incomodando.
― Ah, não quero bancar a intrometida e iniciar fofocas que podem ser
loucura da minha cabeça...
― Desculpe, mas você já iniciou um assunto bastante desagradável
― eu disse com sinceridade.
― Há quanto tempo está transando com o Logan?
Droga, mais perguntas.
― Estamos dormindo juntos há dois meses.
― Você usa algum método contraceptivo?
― Meu Deus, eu tenho 20 anos. É claro que tomo pílula e quase
sempre usamos camisinha. Não estou entendendo... ― Ela virou a irmã do
Sherlock Holmes? ― Já chega com esse interrogatório sobre minha vida
pessoal, pode começar a falar.
Karen encolheu os ombros, permitindo que uma expressão triste
ganhasse seu belo rosto.
― Perdão, eu não quis ser inconveniente.
― Tudo bem, a minha vida está uma bagunça desde que aquelas
inglesas resolveram expor toda a verdade. Precisei mudar bruscamente a
minha rotina, comecei um estágio na empresa do meu pai... ― Suspirei
fundo. ― Eu não tenho tempo para enrolação, Karen.
― Certo, eu vou contar. Primeiro, quero que saiba que estou muito
feliz com o Jonathan, tudo que vou revelar agora não é sinal de inveja. Você
é a minha melhor amiga, eu te amo muito...
Um calor de puro nervosismo transitou por meu corpo.
― Karen, fale de uma vez. ― Alterei a voz.
― Logan estava no Madrid Clube no domingo, ele ficou alguns
minutos conversando com Arthur e depois o perdi de vista ― revelou,
bastante receosa.
― O quê? Não, não pode ser. Ele odeia o clube, eu não estou...
― Entendendo? ― completou Karen. ― Eu fiquei atordoada quando
o vi sozinho, sem você. Pensei em te ligar no mesmo instante, mas precisava
pensar na situação para não criar nenhum clima desagradável na nossa
amizade.
― E está me contando agora por quê?
― Porque o Jonathan descobriu que Logan é sócio do clube. Alana,
não faz sentido.
Eu concordei com a cabeça, perdendo até mesmo a fome.
― Tem algo errado ― falei com meus olhos lacrimejando. ― Ele não
está me traindo, eu tenho certeza disso.
― Eu só flagrei a conversa com o Arthur, não posso te dizer que eu
presenciei algo comprometedor, porque não presenciei.
Eu me levantei, bastante alarmada. Peguei a minha bolsa e a chave do
meu carro.
― Karen, preciso tirar essa história a limpo. Você não se importa com
a minha saída? ― Inspirei fundo, bastante chateada por ter que deixá-la
sozinha.
― Tudo bem, pode rir. Depois me ligue para contar o que descobriu.
― Ela sorriu.
― Antes de ir, eu preciso saber: você está mesmo feliz ao lado do
Jonathan?
Karen engrandeceu o seu sorriso radiante. A minha amiga ficou em
pé, oferecendo-me um abraço apertado.
― Muito feliz! Namorar é bom. Eu estava tão compenetrada no
trabalho que esqueci o quanto é maravilhoso ser amada.
― Ótimo, eu estou feliz por você. Continue nesse rumo, eu sempre
estarei do seu lado. Mesmo quando quiser mudar o caminho, vou seguir com
você ― enfatizei.
― Há momentos em que a diabinha fica tão fofa em forma de anja.
― Amo você, até a próxima!
― Eu vou ficar aqui e apreciar o meu café. Até a próxima, Alana.
Corri para fora da cafeteria e segui em direção ao meu carro.
Pretendia descobrir a verdade. Logan estava tramando alguma coisa.
Cheguei em casa muito nervosa. Eu ignorei as saudações dos
funcionários, até mesmo as perguntas de Charlotte.
Eu precisava falar com ele.
Existiam inúmeros cômodos na mansão, como iria conseguir
encontrar o infeliz? A minha única alternativa foi começar a gritar:
― LOGAN, QUERO FALAR COM VOCÊ!
― Alana, que escândalo. Graças aos céus Dominic está na Arte-
Urban ― A nossa governanta sempre me censurando.
― Charlinha, sem sermões agora. Por favor, não estou com cabeça
para ouvir suas censuras.
― Céus, às vezes tenho a leve impressão de que você precisa
frequentar uma terapeuta ― ela continuou a tagarelar, enquanto me seguia
pelos corredores da mansão.
― Ele prometeu nunca me deixar sem respostas e na primeira
oportunidade... Argh! ― revelei, gemendo de raiva. Era horrível descobrir
algumas verdades e situações por terceiros.
― Não estou entendendo a sua agitação.
Revirei os olhos.
Deus, paciência era uma qualidade tão admirável. Por que não me
presenteou com esse maravilhoso dom?
― Que escândalo! ― Rander surgiu no corredor igual a uma
assombração do além.
― Credo, por onde você saiu? ― indaguei, boquiaberta.
Ele apontou para uma pequena porta que dava acesso a uma
escadaria.
― Os seus gritos estão ecoando na mansão, consegui ouvi-la do outro
andar. O que está acontecendo?
― Logan está mentindo para mim e quero explicações ― respondi
seca.
― Não encontrei o Logan hoje, já procurou no quarto dele ou no
escritório? ― sugeriu Rander.
― Ah, boa. ― Apressei os passos, deixando Rander e Charlotte para
trás.
Entrei no escritório.
Logan estava sentado na sua cadeira, compenetrado no trabalho.
Ele lembrava um lorde, totalmente seguro e confiante.
― Por favor, diga que não era você que estava gritando pelos
corredores ― argumentou, com o olhar preso nas folhas de um fichário.
― Sim, era eu ― confirmei com altivez.
― Alana, qual é o seu problema? Ficar gritando feito uma louca é
totalmente inadequado. Sabe quantos empregados trabalham nesta
propriedade? ― advertiu com um semblante carrancudo. ― Poderia matar
alguém do coração.
― Eu vou matar você...
― Pode iniciar seus planos de homicídio mais tarde, agora preciso
trabalhar.
― Logan, o que você estava fazendo no Madrid Clube no domingo?
O meu primo encarou meu perfil com certa indiferença. Ele respirou
fundo, exclamando um palavrão pesado. Não gostei do seu comportamento,
era dessa maneira que ele me travava no começo. Infelizmente meu coração
sentiu os golpes daquele olhar frio.
― Resolvendo assuntos profissionais, Alana. Eu tenho alguns
compromissos que não posso remarcar ou ignorar ― esclareceu num tom
amargo.
― Você me prometeu que sempre me daria respostas.
O homem ficou em pé, fechando com força o fichário.
― Tudo bem, vou falar a verdade. Estou patrocinando aulas de dança
aos domingos.
Fiquei inerte, completamente incrédula.
Ele... como?
Agora tudo estava fazendo sentido, o novo patrocinador era o Logan...
o meu queixo caiu.
― Por quê? ― questionei com a voz trêmula.
― Eu queria que você soubesse o verdadeiro significado da dança. Eu
queria que você notasse que poderia ser mais, que você poderia conquistar o
mundo. ― Ele desviou o olhar, seus olhos perderam aquela expressão
confiante de sempre. ― Então pensei em organizar um trabalho social,
ensinando diversas modalidades de danças a crianças e adolescentes das
periferias de São Paulo. Porém o projeto ficou conhecido e a cada dia
chegava mais crianças para se inscrever e o Madrid Clube ficou pequeno para
muitos amantes da dança.
Os meus olhos se encheram de lágrimas, senti um nó formando-se na
minha garganta.
― Que incrível, você deveria ter me contado. Não entendo por que
não me contou antes, estou tão feliz e orgulhosa.
― Não estava preparado para contar. ― Logan hesitou por alguns
segundos. Ele molhou os lábios com a língua, voltando a encarar meus olhos.
― E também fiquei envergonhado, eu fui o primeiro a criticar o Madrid
Clube, falei coisas que não deveria para você e sobre o local que tem
proprietários honestos e íntegros. Desde que te conheci, estou me tornando
muito contraditório e esse novo comportamento me deixa receoso. Às vezes é
bom ter o controle e você me faz perdê-lo.
Eu estava pronta para iniciar uma guerra se o Logan não me contasse
a verdade, mas quando percebi estava deitada no tapete, totalmente nua e
aproveitando um momento quente com meu magnata.
Logan

Existiam vários poemas, músicas e livros inspirados nas mulheres que


transformavam a vida de um homem. Elas eram a centelha dos artistas que
buscavam tornar suas pinturas memoráveis.
Alana era paixão, desejo e um misto de sensações. A garota de
cabelos vermelhos era uma descoberta, nem mesmo Leonardo da Vinci ou
um filósofo qualquer conseguiriam decifrar o furacão Alana García. Nem os
poetas teriam palavras para descrever a mulher que estava se incendiando
bem embaixo do meu corpo.
Eu queria fodê-la com tanta força e sem controle.
Queria testemunhar seus gritos prazerosos.
Ela era inteiramente minha!
Os seus seios eram como flores que estampavam quadros com belas
paisagens. Eu adorava o formato redondo e fartos, minha boca aproveitava e
se deliciava nos formosos bicos. Era alucinante chupar e sugar seus seios
enquanto ela se contorcia de prazer.
― Estamos no chão do seu escritório, deitados em cima do tapete de
pele. ― A sua voz saiu abafada pelos gemidos. ― A minha ordem foi clara,
não queria este tapete no escritório.
― Eu sei, gosto do tapete, por isso continua aqui. Ele vai presenciar
um show e tanto. ― Voltei a me concentrar na sua pele de veludo.
As minhas mãos eram desrespeitosas, não conheciam limites. Eu
desci meus dedos até a sua boceta e fiz um carinho gentil no seu clitóris.
Alana já estava encharcada, pronta para me receber.
― Está toda molhada, inteirinha minha. ― Não controlei o desejo.
― Apenas sua!
E, sem esperar, grudei os meus lábios nos dela, o beijo começou como
a carícia de uma brisa, depois uma tempestade de tesão. Eu me perdia e me
encontrava ao lado dessa mulher.
A minha prima, na maior parte do tempo, era extravagante e intensa,
mas nas últimas semanas tinha demonstrado uma maturidade que me
assustava. Era como se ela tivesse duas personalidades.
Bom, acho que fazia parte do signo de gêmeos. Não era muito ligado
à astrologia, diferente da Alana que sempre falou das características do seu
signo.
― Você é muito gostosa. ― Mordisquei seus lábios. Ela abriu as
pernas, oferecendo mais espaço para começar a me movimentar. Eu penetrei
lentamente, apreciando melhor a sensação de tê-la só para mim.
Era muito bom.
Alana é tão apertada e deliciosa.
― Mais rápido. Eu quero tudo, com força.
― Tem certeza? Não quero machucar você. ― As suas mãos
deslizavam nos meus braços, subindo para minhas costas, então senti
arranhões fortes. ― Caralho, mulher!
― Agora, Logan ― suplicou ofegante.
Eu não me controlei e segui o seu conselho. Comecei com estocadas
fortes e não pretendia parar, mesmo se ela me pedisse.
O fogo dessa mulher estava queimando a minha alma. Alana gemeu
alto, sentindo nossas peles se chocando e o suor começando a escorrer. Ela
oscilava com a ferocidade da penetração.
― Shhh, quietinha. Foi você foi quem pediu.
Alana exclamou um palavrão, cravando as unhas na minha pele
novamente. A ardência dos arranhões só aumentou meu tesão, comecei a
meter mais rápido dentro dela.
Queria provar cada centímetro do seu corpo.
Beijei seus lábios, ofegante, Alana segurou no meu rosto e
aprofundou o beijo, passando a língua no meu lábio inferior e mordiscando.
Eu aproveitei para saborear o perfume adocicado da sua pele, segurei no seu
seio, beliscando com força seus mamilos rígidos. Alana gritou, contorcendo o
quadril, rebolando e quase chegando ao clímax.
― Isso, assim... grite sem pudor, gosto de ouvir você gemendo.
Enterrei com mais força, os seus seios moviam-se para cima e para
baixo com a velocidade feroz da nossa transa.
― Ah, por favor. Eu estou quase...
Eu não pretendia parar.
Queria completá-la de todas as formas possíveis, principalmente com
meu pau dentro dela, devorando essa lobinha, sem limites. A nossa relação
poderia ser um pouco confusa, mas queria estar com ela e sentir o seu corpo
no meu. Gostava das nossas discussões, porque sempre terminávamos com
uma transa prazerosa. A reconciliação era a melhor parte, tínhamos uma
sintonia ótima na hora do sexo. Quando um orgasmo tomou controle do meu
corpo, esqueci minha própria identidade, apenas me concentrei na mulher
gritando, gemendo e arqueando o seu corpo de encontro ao meu.
E mesmo com um orgasmo fazendo meu pau pulsar, não parei de
penetrá-la. Alana gozou, gritando meu nome e sussurrando palavras ternas no
meu ouvido, fazendo a minha pele se arrepiar. Foi nesse instante que percebi
o que estava sentindo por ela, a resposta caiu em cima da minha cabeça como
uma pedra pesando toneladas.
Droga, não era um bom sinal.
Um sentimento mais profundo poderia ser um problema para ambos.
O amor que sentia por ela mudaria totalmente o rumo das nossas vidas.
― Eu sempre vou pedir essa recepção quando chegar na mansão ―
ela disse ofegante.
― É melhor você vestir a roupa ― sugeri, saindo de cima dela, e
comecei a vestir minhas próprias roupas.
― Logan, aconteceu alguma coisa? Você não gostou? Eu fiz algo de
errado?
― Não, você foi perfeita, como sempre.
Soltei um riso incrédulo.
Sim, aconteceu…
Eu tinha 27 anos e percebi que estava apaixonado por uma garota
anos mais nova. Que inferno, já poderia entrar para o ranking dos idiotas
também. Como deixei chegar a esse ponto?
― Então qual é a graça? ― Alana pegou suas peças de roupa.
― Nada, não há nada engraçado. Eu preciso trabalhar agora, tenho
inúmeros documentos para ler e assinar.
― Vai ser sempre assim, você me desdenhando depois do sexo? ― A
sua voz saiu rouca, não queria encarar a expressão do seu rosto.
― Alana, eu estou cheio de problemas para resolver. Apenas colabore
comigo. ― Levantei meu olhar, deparando-me com seus olhos repletos de
lágrimas.
― Vai para o inferno, Logan. ― Alana terminou de visitar a sua
roupa e saiu do escritório, quase quebrando a porta.

Um relacionamento sempre será complicado para pessoas que têm


uma personalidade forte.
Eu passei cinco anos lutando por um noivado fracassado. Nutrindo
um amor falso, um amor que só existia na minha cabeça. Eu criei um
relacionamento ilusório, nunca foi real. Afinal, não estaria apaixonado por
outra mulher se meu amor pela Elsa fosse verdadeiro.
Havia vários relatórios e documentos espalhados em cima da minha
mesa, não consegui trabalhar.
O arrependimento começou a corroer meu coração, não fui gentil com
a garota que amava. Precisava consertar as coisas e resolver nossa situação.
Bebi uma dose de uísque e senti a bebida forte queimando a minha
garganta.
Não era um covarde, sempre priorizei meus sentimentos. Eu pretendia
me declarar, mas certos sentimentos precisavam de um momento adequado
para serem libertados.
― Que distraído, mal percebeu minha chegada.
Sobressaltei-me na cadeira.
Rander estava parado no centro do meu escritório.
― O que está fazendo aqui? ― perguntei ríspido.
― Acho melhor moderar com a bebida, Logan. ― Ele apontou para a
garrafa de vinho, já vazia, e depois para o uísque.
― Eu estou bem, pode ficar tranquilo.
O meu primo liberou um riso descrente.
― Não, você não está bem. É tarde, está trancado neste escritório há
horas e sem se alimentar.
Fiz um gesto vago com a mão, não me importando muito com as
advertências.
― O que aconteceu? Vocês brigaram? ― quis saber.
― Eu acho que estou apaixonado por ela ― declarei meus
sentimentos para a pessoa errada. Deveria ter falado a verdade para a Alana
quando percebi o que sentia.
― Vocês não se largam, estão sempre juntos. Se isso não for amor é
obsessão. ― Rander deu a volta pela mesa, parando ao meu lado para me
ajudar a levantar.
― Perdão, errei muito com você.
O meu primo sorriu, encarando-me sem expressar qualquer chateação.
― Uau, vou esconder todos os vinhos da adega ― brincou. ― A
bebida alcoólica prejudica seu raciocínio.
― Eu sinto muito mesmo, nunca quis magoar você. As minhas
atitudes foram desleais, eu sabia o que você sentia por ela e mesmo assim...
― Esqueça, Logan. ― Rander jogou meu braço esquerdo por cima
dos seus ombros. ― Está tudo bem, não era amor o que eu sentia. Não se
preocupe, agora você precisa de um banho gelado e comer alguma coisa.
― Onde ela está? ― perguntei, cambaleando ao me levantar.
― Cuidado, se apoie em mim. ― Rander me segurou com mais força
para não cair. ― Alana está no quarto, irritada.
― Ótimo, me leve até ela.
― Ah, não... Você vai para o seu quarto tomar um banho, comer
alguma coisa e descansar. Prepare-se para uma boa ressaca amanhã ―
alertou.
― Eu só tomei uma garrafa de vinho e algumas doses de uísque.
― Algumas doses de uísque? ― bufou, desacreditado. ― Você mal
consegue andar sozinho. Chega de conversa, vamos para o elevador.
Eu apenas concordei, meio tonto e sonolento.
Amanhã peço desculpas a ela, Alana precisa entender.
Alana

Muitas pessoas dizem que uma empresa desorganizada pode


atrapalhar no desempenho dos funcionários, mas a Arte-Urban era centrada.
Todos mantinham seu profissionalismo.
Às vezes ouvia alguns sussurros dos funcionários, me fazendo
desconsiderar a ideia de que eles eram robôs.
Era quase impossível criar qualquer vínculo aqui dentro, ninguém
gostava de manter uma conversa por mais de cinco minutos, porque todos
que trabalhavam na Arte-Urban sentiam medo da nossa “superior”.
Valesca Trindade era a diretora responsável por conduzir as operações
do dia a dia. A mulher tinha uma beleza surreal, mas tinha uma antipatia
digna de vilã da Disney. Valesca era severa, estúpida e muito esnobe. Ela
insistia em dizer que herdeiros não tinham prioridades na empresa, acho que
ela me odiava pelo simples fato de eu carregar o sobrenome Campbell.
Há semanas a infeliz vinha me perseguido, todos meus relatórios eram
errados e malfeitos. As minhas ideias e sugestões eram horríveis, até mesmo
a minha aparência era grotesca para trabalhar em uma empresa tão
conceituada e magnífica como Arte-Urban. A mulher quase me deixava
louca, eram insultos e agressões verbais sem cessar.
Eu não deveria estar passando por toda essa humilhação, quando
comecei a trabalhar na Arte-Urban nunca pensei em usar meu sobrenome
para me favorecer, mas não conseguia me controlar na frente de insultos e
injustiças.
A parte boa ― sim, existia uma parte boa no meio desse inferno ―
era que meus pensamentos estavam totalmente sobrecarregados com meu
trabalho, então eu não passava meu dia pensando no Logan. Estava evitando
pensar nele, porque quando meu magnata dominava meus pensamentos era
difícil ignorar tudo que aconteceu entre nós, principalmente nosso
desentendimento no escritório.
― Alana, qual é o seu problema? É surda? ― Valesca me repreendeu.
― É a segunda vez que estou mandando você colocar luvas nessas mãos
sujas e suadas.
― Desculpa ― respondi meio sem graça.
― Por favor, mais cuidado. Não use tamanha grosseira para pegar na
tela, uma pintura de Alejandro Wurré está avaliada em 4 milhões de reais ―
esbravejou, ofendendo outro estagiário.
Ele tinha 19 anos, estudava artes na Universidade Pública de São
Paulo, e conseguiu o estágio na empresa por se destacar com notas altíssimas.
― Perdão, mas preciso usar as mãos para mover a tela.
A mulher empalideceu, fuzilando o garoto com o olhar.
― As mãos são o triunfo de um artista. Acredita mesmo que
Alejandro Wurré criaria essa obra divina com mãos tão grosseiras e
inexperientes como as suas?
Ah, já chega!
― Pode deixar, eu viro a tela ― interferi, não aguentando mais ouvir
a voz da Valesca. ― Tem uma pessoa que ama chupar limão, até a alma ficou
amarga.
― ALANA, NÃO! ― Ela acertou um tapa com força na minha mão.
― Você é a jovem mais insuportável que conheço. A sua mãe deveria se
enterrar em um buraco por essa vergonha de filha ― xingou, olhando-me
com desprezo. ― EU MANDEI VOCÊ COLOCAR AS LUVAS.
Eu fiquei inerte, assimilando tudo que aconteceu.
A agressão inesperada…
As palavras duras e cruéis…
Palavras que me fizeram refletir sobre um assunto que estava fugindo
há três anos.
Será que a minha mãe sentiria orgulho da mulher que me tornei?
A pergunta chegou demolindo tudo que construí nesses últimos anos:
a minha estabilidade emocional, a minha força, minha personalidade. Nesse
exato momento voltei a ser aquela adolescente inútil, presa dentro de um
quarto de hospital, assistindo a sua mãe morrer.
Eu a deixei…
Abandonei a minha mãe…
Fazia três anos que larguei a minha mãe num cemitério e nunca fui
levar uma única flor. Eu nem sabia qual destino levou a venda do imóvel que
ficou sob responsabilidade da assistente social.
Você sempre foi uma inútil, Alana!
― Vai chorar? Não seja mimada, aqui não é lugar para lágrimas.
Trabalhamos com...
Ignorei tudo ao meu redor.
Comecei a caminhar sem qualquer rumo.
Senti um tremor estranho no peito, lutei para controlar a minha
respiração.
A sensação era desesperadora, eu queria correr… fugir, simplesmente
morrer!
As lágrimas ficaram mais intensas.
Os meus lábios não paravam de tremer.
Era incrível o impacto que as palavras tinham sobre nossas vidas.
Aquela mulher destruiu completamente meu mundo.
Alguns funcionários, preocupados, perguntavam o que havia
acontecido, mas as minhas lágrimas eram maiores do que meu orgulho.
A dor do luto era maior que a felicidade que conquistei em São Paulo.
― Alana, meu amor...
Alguém segurou o meu braço, ouvi uma voz conhecida, calma e
apaixonante. Eu poderia levantar a cabeça, afastar aquela escuridão que
dominou minha mente, só que não conseguia reagir.
― Alana, o que aconteceu? ― Senti um carinho no meu rosto. ― Por
favor, olhe para mim.
A coragem chegou por alguns segundos, ousei encarar a pessoa que
segurava meu braço e encontrei aquelas íris douradas refletindo preocupação.
― Logan? ― Solucei, desabando totalmente.
― Merda... ― Ele me abraçou, o contato tão íntimo e carinhoso me
passou uma sensação de proteção. Eu enterrei meu rosto no seu peito,
querendo morar naquele abraço para sempre.
― Logan, qual é o problema? Por que ela está chorando? ― A voz de
Rander me fez recordar das noites conturbadas e de sonhos horríveis que
enfrentei por meses. Ele foi meu amparo nos momentos difíceis e agora até o
som da sua voz me trazia lembranças ruins.
― Não sei, precisamos cancelar a reunião. Eu vou levá-la para casa.
― Certo, vou avisar ao Dominic. Pode ir, nos encontramos em casa.
― Vamos embora. ― Logan beijou o topo da minha cabeça, guiando-
me para longe desse pesadelo.

Qualquer pessoa gostaria de viver em um mundo cercado de riquezas.


Aproveitando das regalias ou das acomodações de uma mansão enorme.
Muitos buscavam dinheiro e fama. Poderia ser a idealização de várias
pessoas, mas aquela garota de 17 anos, que morava em uma casa simples e
com um belo jardim queria a sua mãe ao seu lado.
Eu estava deitada, observando a bandeja intacta, repleta de comida.
Não estava com fome, só queria que tudo fosse um delírio da minha cabeça.
― Patroa, com licença. ― Uma moça entrou no meu quarto.
― Fique à vontade ― falei desanimada.
Ela sorriu lindamente. Reparei na beleza da funcionária,
principalmente na sua simplicidade. Eu gostei dela de imediato.
Ela estava usando um uniforme tradicional, sempre cantarolando
enquanto arrumava meus calçados.
― Você é feliz? ― a minha pergunta saiu inesperadamente.
A moça virou-se para me analisar.
― Hã? Bem, eu acho que sim.
― Gosta de trabalhar aqui?
― O salário é bom, a Charlotte é muito gentil. Todos os Campbell
nos tratam com respeito. É um ótimo trabalho. ― Ela engrandeceu o sorriso.
― Entendo. ― Observei os movimentos ágeis da mulher.
Ela organizou muito rápido os calçados no closet. Lembrei-me de
uma época em que eu mesma arrumava meu quarto.
Quando foi que me tornei tão mimada?
― Quer ajuda? ― indaguei, fazendo a moça arregalar os olhos.
― Oh, patroinha. Não será necessário, o seu quarto é muito
organizado.
Forcei um sorriso, aproximando-me.
― Eu insisto. ― Comecei a dobrar algumas peças de roupas que
estavam em cima da poltrona. A moça ficou parada, analisando meu
comportamento. Depois se aproximou para me ajudar a dobrar as peças de
roupas.
― Há fofocas entre os funcionários ― revelou, mudando aquela
expressão alegre. ― Estão comentando sobre a sua depressão e as crises de
ansiedade.
Eu parei, encolhendo meu corpo. Eu consegui vencer a depressão com
ajuda da dança. As doenças emocionais eram mais complexas e difíceis de
vencer.
― Eu posso te contar o que me informaram quando comecei a
trabalhar na mansão?
― É claro, estou ouvindo.
A mulher suspirou fundo, encarando meu perfil.
― Não faz muito tempo que trabalho aqui, apenas um ano e três
meses. Mas há funcionários que trabalham aqui há cerca de dez anos, alguém
me contou que esta propriedade fria e sem vida já foi palco de muitas
alegrias, de uma família feliz e unida. Infelizmente a ambição acabou
destruindo alguns vínculos.
― Eu imagino! ― Recordei do assassinato de Thomas Campbell.
― Dominic era um homem triste, Charlotte uma mulher cabisbaixa.
Logan e o Rander? Eles sempre estavam viajando. Quando você chegou,
trouxe consigo uma luz que iluminou a todos. Dominica, que mal saía do
escritório, começou a tomar seu chá na sala e a participar dos jantares.
Rander, que sempre estava metido em brigas de rua, começou a passar o seu
tempo na mansão. Logan conseguiu se livrar do tormento chamado Elsa
Golrok. E, hoje, todos sabem que estão juntos.
Limpei uma lágrima que escorria no meu rosto.
― Na minha família temos um lema: a verdade acalma. Então,
sempre falamos a verdade, mesmo quando ela pode nos machucar. Diga a sua
família o que está lhe incomodando. Eles são os únicos que estarão sempre ao
seu lado.
― Como é seu nome? ― Eu não conseguia gravar o nome de todos
os funcionários que trabalhavam aqui.
― O meu nome? ― A sua voz saiu entusiasmada. ― Pode me
chamar pelo meu apelido, apenas Lily.
― É um apelido maravilhoso ― eu disse com lágrimas inundando
meus olhos.
Coincidência ou não, me fez ter o pressentimento de que ela estava
olhando por mim.
Logan

Dominic estava desesperado, ele não conseguia se controlar.


O seu nervosismo tornava o clima mais tenso e difícil de suportar.
Droga, as câmeras da empresa mostraram Alana ao lado da Valesca e
mais um estagiário. Eles estavam avaliando as telas de Alejandro Wurré, em
seguida conseguimos constatar uma agressão física por parte da diretora da
Galeria de Arte.
O comportamento da Valesca já resultou em uma demissão, mas
precisamos saber o que ela falou para Alana. Decidimos conversar com o
estagiário que presenciou tudo. O garoto estava no centro do escritório,
completamente trêmulo.
― Pode se sentar ― pediu Rander num tom educado.
O estagiário trazia consigo uma pasta.
― Hoje na empresa aconteceu uma confusão, a minha filha teve uma
crise de ansiedade. Você estava ao lado dela quando tudo aconteceu. Poderia
informar mais detalhes? ― interpelou Dominic.
Ele assentiu, conseguia perceber a respiração tensa do pobre garoto.
― Pode ficar calmo, você não fez nada de errado. Só queremos uma
informação para confirmar ou não uma suspeita ― tranquilizei-o.
― Tudo bem, estávamos avaliando as novas obras. A Valesca acabou
passando dos limites. Ela falou coisas pesadas para Alana, ela apenas tentou
me ajudar.
― Seja mais específico, conte detalhadamente o que aconteceu ―
pediu Rander.
Charlotte adentrou trazendo uma bandeja com sucos e bolos.
― Olá, meu nome é Charlotte. Não se sinta intimidado com esse
grupo de felinos selvagens, no fundo eles são apenas gatinhos querendo
carinho. ― Colocou a bandeja em cima de uma mesa estilo jacobina.
― Charlotte, por Deus ― censurou Dominic. ― Deixe o garoto falar,
depois ele come.
― Vocês estão vivendo no tempo das cavernas? Esqueceram como se
trata uma visita?
― O que significa essa pasta? ― perguntei, matando a minha
curiosidade.
O garoto franziu a testa, encarando-me.
― Pensei que fossem me demitir pelo que aconteceu. Vocês sabem
que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Trouxe minhas notas da
faculdade e as cartas de referência dos professores para tentar evitar uma
demissão. Eu preciso desse estágio.
― Deixe-me ver ― pediu Dominic. Ele entregou a pasta e Dominic
leu atentamente.
Todos ficamos em silêncio, aguardando a decisão do patriarca da
família.
― Com essas notas você conseguiria uma bolsa em uma faculdade no
exterior ― elogiou, oferecendo um sorriso. ― O que está fazendo em São
Paulo? ― Voltou a ler os papéis. ― Guilherme?
― Eu não sei, senhor…
Dominic estendeu a mão no ar, fazendo o jovem cessar a fala
imediatamente.
Ele pegou o celular e discou um número.
― Alô, Fernanda? ― Bateu os dedos na mesa, impaciente. ― Ótimo,
estou com um estagiário no meu escritório na mansão. Quero que você envie
as notas dele para o e-mail da Madame Collette, o nome do estagiário é
Guilherme Sampaio Corrêa. ― Dominic ficou em silêncio por alguns
segundos, ouvindo a resposta da sua assistente. ― Tudo bem, estou no
aguardo. ― Desligou a chamada. ― Agora vamos voltar ao assunto, pode
contar o que aconteceu?
― Eu conto... ― Alana entrou no escritório, com os olhos inchados e
uma expressão entristecida. Deixando todos surpresos, ela sentou-se na
poltrona ao lado do Guilherme e pegou um pedaço de bolo da bandeja.
― Alana, minha querida, está se sentindo melhor? ― indagou
Charlotte.
― Sim, Charlinha. Eu estou bem melhor, pretendo contar o que rolou.
― Alana forçou um sorriso, virando-se para o Guilherme. ― Obrigado por
vir, mas acho que você pode voltar agora. Peço desculpa pelo transtorno.
Ele concordou com a cabeça, observando ao redor, meio confuso.
― E meus documentos?
― As notas e as cartas ficam comigo, se você não conseguir uma
bolsa no exterior, vai subir de cargo na minha empresa ― falou Dominic com
muita convicção.
― Obrigado, muito obrigado.
― Vou acompanhá-lo até a saída ― Charlotte anunciou, sempre
carismática e educada.

Quando a tensão diminuiu, Charlotte voltou para o escritório e todos


estavam mais calmos com todo o ocorrido.
Alana contou a história de uma garota que morava em Londrina. Ela
não esclareceu apenas o desentendimento na empresa, mas revelou como
vinha se sentido nos últimos anos. A falta que sentia da mãe e como foi
difícil manter sua estabilidade emocional. Falou da sua infância e de um
cachorrinho que precisou deixar para trás, chorando muito ao recordar do
animal.
Alana não omitiu nenhuma informação, foi bastante detalhista ao
relatar todo sofrimento da mãe. Era surreal imaginar tudo que ela precisou
enfrentar, Alana não desistiu um único minuto.
Ela lutou bravamente ao lado mãe…
Presenciar a pessoa que amamos perdendo a vida dia após dia era
diferente. O meu pai foi assassinado, era uma dor difícil e dura, mas não
presenciei a sua agonia, não precisei estar do lado dele vendo o sofrimento
tão de perto.
Eu acho que não suportaria o que essa garota suportou.
Alana contou sobre a promessa que trouxe a paz que a mãe
necessitava.
Dominic não suportou, o homem saiu do escritório em silêncio, com
os olhos lacrimejados.
Um único erro podia mudar tudo...
Os erros do Dominic tiveram consequências gravíssimas.
Aprendi uma lição com essa história, compreendi o quanto nossas
atitudes podiam mudar completamente o rumo das nossas vidas.
Dominic não pensou antes de agir, mantendo sua infidelidade. A
história poderia ter tido outro final se ele não fosse um mulherengo.
Liliana poderia estar viva.
― Você nunca nos contou, é um assunto que evitava falar. Por que
agora? ― Rander perguntou com um olhar perdido.
― Porque estou com medo de que os pesadelos voltem. ― Alana
fungou.
― Valesca já foi punida ― assegurei. ― Ela passou dos limites, sinto
muito.
― Que mulherzinha grotesca. ― Charlotte andava no escritório,
soltando fogos pelas ventas. ― Atacar as pessoas daquela forma. Ela vai
receber o que merece com um belo processo.
― Eu só quero descansar e comer, porque estou faminta.
Reparei na bandeja. Alana acabou com todos os pedaços de bolo e
ainda estava com fome?
― Você vai ficar bem? Eu preciso sair... ― perguntei a ela.
Uma ideia surgiu inesperadamente na minha cabeça, espero que
melhore a situação.
Alana fez que sim com a cabeça, completamente devastada.
― Vai demorar? ― ela quis saber.
― Eu não sei, é um assunto de extrema importância.
― Tudo bem, até depois.
― Eu vou falar com Dominic ― Rander argumentou. ― O homem
ficou péssimo.
― Eu não queria causar mal, só precisava desabafar.
― Ah, meu amor. Só bateu arrependimento e a culpa, ele vai se
recuperar. ― Charlotte circulou pela poltrona para massagear os ombros da
Alana.
― Conversamos à noite. ― Eu queria ficar com ela. Abraçá-la e ser o
seu porto seguro, mas supunha que a nossa Alana estava precisando de um
novo amigo.
Alana

Eu enrolei a toalha ao redor do meu corpo. O espelho ficou todo


embaçado após um banho quente e demorado para relaxar a tensão que foi o
dia.
Não sei quanto tempo fiquei embaixo do chuveiro, minhas mãos
enrugadas me alertaram que era hora de sair do banheiro.
Será que Logan já voltou?
Observei o horário no celular, eram quase oito horas da noite.
Charlotte deveria estar organizando a mesa para o nosso jantar.
Limpei o vapor do espelho para analisar o meu reflexo.
Fiquei com um semblante triste e muito pálido, precisava me
reerguer.
Mantenha a promessa...
Mantenha a promessa…
Comecei a recitar o mesmo pensamento sem parar, tentando me
convencer de que tudo ficaria bem.
Força, garota, você é forte!
Eu presenciei a devastação do câncer e recomecei a minha vida em
outra cidade.
Não iria recair novamente.
Peguei meu secador para dar um jeito no cabelo, depois sequei meu
corpo e vesti uma camisola. Iria jantar no meu quarto essa noite. Abri a porta
do banheiro, ficando estática no mesmo instante.
O quê?
As minhas roupas estavam espalhadas no chão, o tapete fora do lugar
e uma caixa grande estava completamente rasgada. Tinha um animalzinho
lutando com uma fita extravagante amarrada no seu pescoço.
― Oi, intruso. Quem é você? ― falei com a voz trêmula, me
controlando para não chorar.
O cachorrinho era muito carismático, ele trotou na minha direção,
alegre, e com seu rabo balançando sem parar.
Que lindo!
Os pelos eram escassos, mesclando preto com branco. Os olhos
tinham uma tonalidade esverdeada e as orelhas médias estavam levantadas,
sem descontar qualquer receio ou medo.
Não perdi tempo e peguei a bolinha de pelo em meu colo.
Calma, Alana. Você é uma mulher adulta, não precisa perder o
controle.
Quem eu estava querendo enganar?
EU AMAVA ANIMAIS!
― Você é lindo, lindão. Quem trouxe você até aqui? ― falei com a
voz melosa, afagando os pelos do animal.
A porta do meu quarto se abriu rapidamente.
Logan entrou carregando potes e uma imensa almofada.
O seu olhar fixou no cachorrinho no meu colo, depois para a caixa
destruída no chão.
― Ah, caralho! ― Colocou tudo que carregava no chão. ― Ela fugiu.
Humm, ela?
Então era uma fêmea.
― Logan, pode me explicar a presença de um cachorro no meu
quarto? ― perguntei, não contendo a felicidade em cada átomo do meu
corpo.
― Eu fiquei pensando na história que nos contou no escritório. Eu
achei a vida um pouco injusta, você não merecia passar e presenciar tamanho
sofrimento tão nova. É muito corajosa, tenho muito orgulho de você. ―
Logan sorriu, aproximando-se. ― Alana, essa é sua recompensa por se
manter forte e aguentar os Campbell, eu sei o quanto é difícil ― confessou,
com seus olhos brilhando como ouro.
Apenas três palavras resumiriam tudo que sentia nesse instante, mas
precisava ser cautelosa. Eu não podia usá-las tão prontamente. Era muito
arriscado colocar meus sentimentos de bandeja como se não fossem
especiais, e também desconhecia os sentimentos do Logan.
Ele poderia não sentir o mesmo…
― Obrigada, eu adorei. Qual é a raça?
Ele deu de ombros.
― Não sei, estavam doando na agropecuária. Acho que é uma vira-
lata, eu achei bonita e trouxe para casa. Na verdade, eu estava procurando
uma raça com pedigree.
― Oh, Logan. Isso não importa, ela tem muito amor para distribuir. É
tudo que estou precisando no momento. ― Coloquei o animalzinho no chão,
que logo iniciou uma briga com minha pantufa. ― Acho que já te falaram o
quanto você é incrível.
Logan sorriu de uma maneira majestosa.
― Pedi as contas.
― Convencido. ― Diminui os centímetros que afastavam nossos
corpos.
― Aprendi com a melhor ― brincou, acariciando minha bochecha.
Os batimentos do meu coração estavam cantando uma ópera e ficaram
completamente descontrolados.
Eu amo Logan Campbell…
Amava a ponto de perder meus sentidos.
Logan roçou seus lábios nos meus, um convite singelo para a erupção
que estava prestes a acontecer.
― Você está me deixando louco ― sussurrou num tom sensual. ―
Eu largaria tudo por você, meus sonhos e minhas riquezas, simplesmente
tudo só para tê-la.
Eu esqueci de tudo ao meu redor.
As palavras deles me causaram uma sensação de êxtase, fazendo-me
flutuar para um universo só nosso.
― Você está mudando tudo à minha volta. Os medos já não existem,
meus anseios somem quando está por perto. Você é meu porto seguro, meu
amigo e a minha família ― declarei, me sentindo diferente em relação a tudo.
Voltei a enxergar o mundo pelos olhos daquela garota simples de 17 anos.
Renunciei a mulher que precisei me tornar em São Paulo para cumprir uma
promessa feita. E pela primeira vez em três anos, vivendo na mansão
Campbell, eu sentia a minha verdadeira essência fluindo.
Logan queria que nosso momento durasse uma eternidade. As suas
mãos acariciavam a minha pele sem qualquer pressa, apenas desfrutando a
sensação. Os seus lábios enchiam meu rosto com beijos singelos e doces. Ele
estava completando a minha alma, era a melhor experiência que poderia viver
ao lado de alguém.
― Eu amo os seus lábios, amo beijar você.
Logan aprofundou nosso beijo. A sua língua provocando a minha só
aumentava a minha vontade de pular as preliminares.
O desejo guiou minhas emoções, estremeceu o meu ventre e
enlouqueceu os meus pensamentos. Eu segurei com força em seu blazer, com
receio que ele se afastasse.
Não queria que me deixasse.
Eu o amava com todo meu coração.
― Cama, por favor ― gemi.
― Sim.
Logan guiou nossos corpos em direção à cama. Eu me deitei, ciente
de que só estava de camisola.
― Eu estou sem calcinha ― provoquei.
Os olhos do tigre ficaram mais extasiados com minha revelação. Ele
gentilmente afastou as minhas coxas para sentir minha excitação com os
dedos.
― Caralho, já está molhada. O que eu faço com você, Alana?
― Faça tudo o que quiser, tudo... ― pedi, queimando de desejo.
Logan grunhiu e, com um movimento intenso, penetrou dois dedos.
― Cuidado com o que deseja.
― Eu desejo você ― gemi alto, rebolando meu quadril. Ele entendeu
o recado e começou a fazer movimentos deliciosos, brincando com o polegar
no meu clitóris e me fazendo delirar com a penetração dos seus dedos.
― Precisamos nos livrar desta camisola.
Logan segurou na barra da camisola, erguendo-a para cima. Eu
levantei os braços para facilitar a retirada, a peça foi jogada no chão e serviu
de cama para a nova moradora da mansão.
Logan não demorou para arrancar as suas roupas. Ele liberou o seu
pau duro, prontinho para me satisfazer.
― Não acha tudo isso insano? Você ficou anos me evitando, eu
simplesmente te odiava. E veja como estamos. ― Logan se posicionou entre
minhas pernas, abocanhando meu seio em seguida. ― Você é muito safado.
Eu não conseguia parar de mover meu corpo.
Eu o quero tanto!
― E você uma sedutora sem escrúpulos. Eu acho que vou parar, não
posso me afundar mais no pecado ― brincou.
Entrelacei as minhas pernas ao redor do seu quadril, puxando-o para
mais perto.
― Nem pense na hipótese de parar ― ordenei, bastante altiva.
― Então precisamos dar um jeito nessa posição.
Eu fiquei inebriada, o meu tesão estava chegando no limite.
Logan dominou totalmente a nossa noite. Ele se afastou um pouco,
fazendo-me girar e me colocando de bruços na cama. Em seguida, segurando
com força em meu quadril, levantando a minha bunda para cima. Fiquei de
quatro, completamente exposta para ele.
― Linda, muito linda. Vou sempre te comer nessa posição ― disse
ele, ofegante.
― Logan, chega de falar.
Ele riu, e com um impulso arrebatador, me penetrou com força.
― Isso... meu Deus!
Logan começou a se movimentar, estocadas fortes e torturantes. A
cada investida forte que minha boceta recebia, meus gritos ecoavam pelo
quarto.
― Eu amo ouvir você gemer, pode gritar. ― A sua voz saiu
embalada pelo desejo. ― Alana, você é fascinante.
A penetração foi ficando mais rápida e feroz. Eu estava acostumada
com um sexo mais tranquilo, Logan perdeu totalmente o controle.
Uma das suas mãos seguravam com firmeza no meu cabelo, mordi
meu lábio com força para conter meus uivos de tesão. Logan investia fundo e
sem ternura, o homem era quente como o próprio pecado. Os espasmos de
um clímax delicioso tomaram meu corpo, e permiti que meus gemidos
voassem quando atingi um orgasmo.
Logan continuou penetrando até seu corpo estremecer e arquear sobre
minhas costas. Esperamos a sensação do clímax se dissipar e nos deitamos
aconchegados com o calor do nosso abraço.
― Ela precisa de um nome ― Logan sussurrou, deixando o sono
dominar.
― Humm Humm, o nome dela será Hope.
― Esperança. ― Logan soltou um riso alegre, lembrando um
garotinho despreocupado. ― É um nome perfeito.
Após alguns minutos, Logan dormiu, aproveitei a oportunidade para
admirá-lo. Esse homem incrível e companheiro era dono de todo o meu amor.
Três semanas depois...

Alana

― Alana, acorde.
Eu sobressaltei-me com as batidas fortes na porta do meu quarto.
Meu Deus, algo horrível aconteceu.
― Logan, acorde. ― Ele cobriu a cabeça com o travesseiro. ―
Logan, é o meu pai. Ele está batendo na porta, acho que aconteceu alguma
coisa.
Ele resmungou algumas palavras que eu não consegui identificar.
Pulei da cama, pegando meu robe em cima da poltrona e corri para
atender a porta antes que meu pai tivesse um ataque cardíaco.
― Bom dia ― cumprimentei, meio sonolenta.
― O dia começou péssimo, aquele animal horrendo conseguiu
encontrar meu quarto. ― Ele notou meu primo dormindo na minha cama,
Dominic pigarreou e continuou a reclamação. ― Alana, ela mastigou o meu
sapato, mijou no tapete, e o pior, acordei com lambidas nojentas no meu
rosto.
― Sinto muito! ― As minhas bochechas estavam queimando de
vergonha.
― Há semanas aquela cachorrinha tem perturbado, todos estão
reclamando. É melhor contratar um adestrador ou ela vai ganhar uma casinha
no jardim. ― Dominic deu meia-volta, murmurando xingamentos sobre a
cachorrinha.
Geralmente a Hope dormia no meu quarto, mas tinha momentos em
que a cadelinha sumia do mapa e ninguém conseguia encontrá-la.
Ela tem um ótimo esconderijo!
Era muito bagunceira e rasgava qualquer sapato que aparecesse na sua
frente, além de fazer xixi onde menos esperávamos. Eu tentava ensiná-la, mas
o animalzinho era cabeça-dura como um Campbell.
― Logan, são sete horas da manhã. Eu preciso me arrumar para a
faculdade, se não me apressar posso chegar atrasada de novo. ― Peguei uma
almofada e acertei nas suas costas. ― Argh, meu Deus, entrou em
hibernação?
― Eu já sou formado, quem precisa acordar cedo é você ―
respondeu com a voz rouca de sono.
― Tudo bem, eu desisto. Você fica resolvendo os problemas que
nossa filha nos trouxe.
Antes que ele tivesse tempo de protestar, entrei no banheiro. Já estava
acostumada a estudar na parte da manhã, o horário corria muito rápido
naquele período. O problema era aguentar a fome, sempre chegava em casa
faminta e minha querida Charlinha caprichava no almoço.
A minha relação com Rander voltou ao normal, estávamos
conversando como antes, agitando como melhores amigos novamente. E meu
coração estava tão completo que às vezes sentia medo de perder toda essa
felicidade. Eu amava a minha família, a nossa convivência estava perfeita
demais.
No período da tarde participei das aulas de dança.
Eu aprendi a gostar da academia Chá & Dança.
Tínhamos horários para apreciar um chá e biscoitos caseiros
deliciosos, nos fundos da “simplória” casa existia mesas redondas e delicadas
que circulavam um jardim. Era um ambiente agradável e protegido, com uma
área coberta com telhas. Muito arejado e havia uma fonte no centro do jardim
que se destacava com belas margaridas. Eu apreciava a hora do chá, amava
conversar com as meninas que participam das aulas, elas eram muito
amistosas.
― Como foram as aulas hoje? ― Logan estava me aguardando, como
era costumeiro.
― Apaixonante como sempre ― respondi sorridente, seguindo até a
caminhonete.
― Está acontecendo um casamento no jardim da mansão, muito
interessante.
― Eu amo os casamentos que acontecem no jardim, são perfeitos.
― Podemos assistir de longe ― sugeriu. ― Um dia seremos nós.
― Com certeza. ― Beijei a sua bochecha.
― Infelizmente tenho uma notícia que você vai odiar.
Ah não, estava muito perfeito para ser verdade. Logan abriu a porta
da caminhonete e entrei meio receosa, sentindo meu coração se contrair.
― Por favor, sem suspense ― pedi quando Logan entrou.
― No sábado as nossas empresas irão promover um leilão
beneficente, em um hotel de luxo em São Paulo. Você terá que participar,
como herdeira e minha noiva, precisa estar presente.
Eu concordei com a cabeça, seria a minha primeira aparição em um
evento importante das empresas Campbell.
― Tudo bem, eu consigo. Vai ser tranquilo, essa é a notícia ruim?
Logan ficou com o semblante mais rígido.
Ele mal piscava.
― Vou precisar viajar para Londres na próxima semana. Tenho uma
reunião com os afiliados.
A notícia me acertou em cheio, como uma bala perdida.
― Por quanto tempo você vai ficar no exterior? ― Fiz o possível
para manter minha maturidade.
― Não vou demorar, são apenas alguns dias e logo voltarei. Eu te
prometo, não vou permanecer em Londres.
Engoli em seco.
Como passar alguns dias sem ele?
Depois que assumimos nossa relação, deixamos a farsa sobre o
noivado de lado. Era tudo real, os sentimentos que sentíamos um pelo outro.
Éramos mais que companheiros, nos tornamos grandes amigos e fazíamos
praticamente tudo juntos.
Eram passeios, conversas aleatórias, filmes, até mesmo dividíamos o
chuveiro. Aproveitávamos nossa relação de uma maneira intensa e vivíamos
como qualquer casal.
Eu era completamente apaixonada por ele, e mesmo quando não nos
expressávamos com palavras, sabíamos o que sentíamos.
A nossa conexão ficou linda com o passar dos dias, eu era fascinada
por seus olhos dourados.
― Uau, só posso desejar uma boa viagem ― foi tudo que consegui
dizer.
― Eu sei que não será fácil, estamos acostumados a ficar juntos ―
Logan me encarou nos olhos ―, mas vou manter contato, não se preocupe.
Eu confiei nas suas palavras, entendendo perfeitamente, sem iniciar
qualquer discussão por algo tão trivial.
― Tudo bem. Agora quero saber se você resolveu o problema?
Logan franziu a testa, ficando visivelmente confuso.
― Qual problema? ― quis saber.
Ah, não.
Homens!
Será que eles não gravavam nada na cabeça?
― Eu avisei sobre a Hope. Ela entrou no quarto do Dominic e fez a
maior bagunça.
Ele riu descontraído.
― Gosto da nossa vira-latinha, ela não tem medo de enfrentar leões
bravos.
― Ela não tem, mas Dominic foi claro com suas exigências. Ele quer
contratar um adestrador ou nossa filha vai dormir no jardim ― revelei,
desanimada. ― Todos que trabalham na mansão estão reclamando e
perdendo os sapatos. Ela morde o tornozelo de qualquer pessoa que esbarra
em seu caminho. Rander precisou trocar a calça porque aquela bolinha de
pelo resolveu atacá-lo.
― Já imaginou se ela fosse porte grande? ― gracejou Logan.
― Os pequenos são os piores.
― Vamos resolver esse pequeno probleminha, vou contratar um
adestrador.
Eu concordei, exaltando felicidade.

Quando Logan falou que contrataria um adestrador, ele não falou que
o destruidor de relacionamentos em pessoa chegaria no nosso lar. O homem
era o clone do Can Yaman.
Um moreno sedutor e musculoso.
Os seus olhos de ébano percorriam meu corpo sem qualquer respeito.
Uau, eu estava comprometida, mas não era cega.
O cara era um monumento.
― Você deve ser a Alana. ― Sorriu, estendendo a mão para um
cumprimento.
― Sim, sou a dona da espertinha. ― Aceitei o cumprimento.
― Meu nome é Nando, vou observar o comportamento dela por
algumas horas. Depois começo o adestramento ― disse, ainda me devorando
com seus olhos escuros.
― Pode ficar à vontade, qualquer dúvida procure um dos
funcionários, eles podem ajudar.
― Por favor, preciso que responda algumas perguntas, quero
trabalhar nos comandos para melhorar a integração do animal com sua
família ― ponderou.
― Estou à sua disposição.
O homem me lançou um sorriso carregado de malícia.
Ah, não!
― Estou à disposição para responder às suas perguntas ― corrigi. ―
Hope está nos enlouquecendo, mastiga os sapatos de todos e adora morder
um tornozelo distraído. Ela é linda, mas é muito desobediente.
― Linda igual à dona.
As minhas bochechas queimaram de vergonha, ou de raiva, não sabia
ao certo.
Ele estava me comparando com uma cadela anãzinha e peluda?
― Está demitido.
Eu sobressaltei, dando vários passos para trás. Logan adentrou o
escritório com uma expressão furiosa, seus olhos ardiam em fúria.
― O quê? ― Nando perguntou, rindo com um tom debochado. ― Fui
contratado por ela.
― Não, quem entrou em contato com a sua agência fui eu. Ela é
minha noiva e não achei profissional o tom malicioso que usou com a minha
mulher. Estou cancelando o contrato.
Fiquei parada, observando a cena completamente pasma.
Nando ganhou uma cor avermelhada em seu rosto.
― Perdão, eu não sabia que ela...
― Saia! ― esbravejou Logan.
O homem pegou seus materiais de treino e saiu, totalmente
constrangido.
― O que significa isso? ― Logan me avaliou de uma maneira
acusatória.
― Isso o quê? ― Fiz a egípcia.
― Ah, é sério? Ele estava querendo comer você.
― Ele não queria me comer, os elogios foram inesperados e não
soube como reagir ― expliquei com sinceridade.
Logan continuava furioso, como se eu fosse a culpada.
― Meu Deus, não precisa ficar tão nervoso. Crises de ciúmes e
insegurança não combinam com você, se fosse mais sincero com seus
sentimentos não ficaria tão inseguro. Você mal fala o que eu significo na sua
vida ― disparei tudo até perder o fôlego e meu coração acelerar como se
estivesse participando de uma maratona.
― Quer saber o quanto significa na minha vida? ― Logan caminhou
até a estante de livros e pegou um exemplar. ― Leia o poema "Dança" de
Pablo Neruda, você vai entender um pouco.
Alana

Os flashes das câmeras faziam eu sentir um pouco de vertigem. Nessa


noite decidi confessar meus sentimentos para Logan. Não conseguia esquecer
o poema lindo de Pablo Neruda, estava esperando o evento para declamar o
meu amor.
― Pode segurar o comprimento do vestido, senhorita Campbell ―
pediu um dos fotógrafos.
O meu vestido era dourado, tinha um estilo minimalista, com uma
fenda sensual na perna direita. Usei um colar de diamante que ganhava
destaque no meu colo, aumentando a beleza do decote repleto de pedrarias.
― Você está linda ― sussurrou meu noivo.
― Obrigada, você também está maravilhoso.
Ele sempre foi maravilhoso, mas decidiu optar por um terno esportivo
na cor cinza.
― Acho que formamos um belo casal ― disse, convencido.
― Você acha? Eu tenho certeza de que formamos um bonito casal. ―
Sorri.
― Todos estão olhando para você. ― Logan passou seu olhar
lentamente pela multidão. ― É o centro das atenções neste evento, estou
orgulhoso e feliz com a repercussão do leilão.
― Vamos ajudar inúmeras instituições com o dinheiro arrematado.
Dominic e Rander se juntaram a nós, sorridentes e satisfeitos com o
glamouroso evento.
― Magnífico, tudo está perfeito. ― Dominic não escondeu o orgulho,
principalmente a sua alegria.
― Estou animado, mais de vinte instituições serão beneficiadas hoje
― Rander comentou no mesmo tom satisfatório.
― Adivinha qual projeto está incluso? ― Logan começou com seus
joguinhos.
― Logan, você sabe que eu não gosto de enrolação.
Ele riu alegremente, beijando a minha testa em seguida.
― Veja você mesma. ― Logan apontou em direção a um grupo.
Oh, Deus!
Meu coração enlouqueceu com a bela surpresa, sem esperar andei até
o grupo.
― Olá, pessoal.
― ALANA! ― disseram em conjunto, todos surpresos em me ver.
Os meus amigos do Madrid Clube estavam aqui, também a Karen e o
Jonathan.
― O nosso patrocinador nos mandou o convite ― Júlia explicou,
agitada. ― Eu estou bonita? É a primeira vez que participo de um evento tão
importante.
― É claro que está linda, todas estamos ― rebateu Jussara.
― Eu estou tão feliz em vê-las novamente. ― Estava chorando.
― Por Deus, sem lágrimas ― ordenou Arthur. ― Estamos aqui pelo
projeto Dançando e Educando. Mantenha o profissionalismo, agora vocês são
professoras de dança.
Todas as meninas enrijeceram o corpo, empinando o peito e fazendo
pose de rica.
Eu gargalhei, não contendo a emoção.
Os meus ficaram marejados e as lágrimas estavam querendo cair.
Logan era um homem deslumbrante, apaixonante e não poderia ficar
mais um dia sem declarar meu amor por ele.
― Amiga... ― Karen me abraçou. ― Este evento está maravilhoso,
digno de uma bilionária.
― Obrigada, como você e o Jonathan...
― Logan, é claro ― adiantou-se. ― Ele queria que você se sentisse
segura no seu primeiro evento na alta sociedade. Então me fez o convite, é
lógico que não recusei. Por você e bem... ― Olhou ao redor. ― Este lugar
está um escândalo, tem famosos aqui… ― Karen segurou na mão do
namorado. ― Vamos, Jonathan, preciso tirar uma foto perto do Francisco
Sanz.
― Vai lá, amiga. Uma boa diversão e muitas fotos com os famosos.
Eu amo você, obrigada por ter vindo.
― Eu também te amo. ― Jogou um beijinho.
― É bom revê-la ― Jonathan cumprimentou, sendo puxado pela
namorada.
― Cuide bem dela! ― falei, recebendo uma piscadela do meu
tatuador. Fiquei parada, observando os meus amigos se afastarem.
Olhei para trás e vi Logan conversando com um grupo de pessoas,
mulheres bonitas e homens elegantes. Eu fiz um gesto sutil para ele se
aproximar. Logan, educadamente, pediu licença aos colegas e
apressadamente caminhou na minha direção.
― Algum problema?
Neguei com a cabeça.
― Eu preciso te confessar uma coisa.
― Você está grávida? ― zombou.
― É lógico que não. Aí meu Deus, eu não sou tão irresponsável assim
― respondi, sentindo meu rosto queimar de vergonha.
― Desculpe, só quis tornar o momento mais descontraído. Você está
muito pálida, e pela expressão no seu rosto pretende confessar algo de
extrema importância, só queria amenizar a situação.
Ele me conhecia tão bem, me respeitava quando estava de TPM,
sempre muito sereno e tranquilo. E quando eu ficava de TPM me tornava a
pessoa mais insuportável do mundo. Ele aguentava meus dramas e meu
temperamento forte. Logan aceitou os meus defeitos e amou as minhas
qualidades, isso era muito importante para mim. Ele insistia em dizer que
nosso relacionamento era perfeito, mas reconhecia que eu era uma pessoa
difícil de lidar e meu noivo merecia todo meu amor por não se intimidar
quando encontrou na sua frente o furacão Alana García.
― Logan, eu...
― Ela chegou! ― gritou um dos fotógrafos.
Uma correria começou, os fotógrafos ficaram malucos e toda a
imprensa alvoroçada.
Um jornalista quase me derrubou, e não me estatelei no chão graças
ao Logan.
― Que porra é essa? ― Logan ficou olhando ao redor sem entender
nada.
― Acho que alguém importante chegou ― falei, ficando nas pontas
dos pés para tentar enxergar quem era a nova vítima dos ataques dos flashes
das câmeras.
― Logan... ― Rander surgiu como um fantasma. ― Você precisa
saber quem...
E antes que o Rander completasse a frase... ela surgiu!
Elsa Golrok está aqui...
Uma multidão de fotógrafos abriu espaço para ela andar rumo a nossa
direção.
Ela desfilava como um anjo, usando um vestido azul com dupla
fenda, as coxas bronzeadas e definidas. A maquiagem exuberante, a postura
elegante e o cabelo… não tinha palavras para descrever. Longos e na cor de
ébano, sem um único frizz.
A boca era carnuda e os olhos tão belos que cintilavam como uma
estrela cadente.
Elsa Golrok era uma verdadeira princesa.
Logan mal respirava ao meu lado.
― Logan, meu amor...
Tudo aconteceu tão rápido que mal consegui reagir quando a Frozen
turca colocou os braços ao redor do pescoço do meu noivo e seus lábios
foram de encontro aos dele.
Ela estava beijando o Logan na frente de todos.
Acho que Logan tinha razão, eu era o centro das atenções, dos
deboches, das risadas, dos dedos apontados em minha direção.
Os flashes não paravam, tornando a situação mais agoniante. Os meus
olhos queimavam e as lágrimas caíram sem qualquer discrição. Elsa acabou
com minha noite, simplesmente destruiu tudo...
― Elsa, você ficou louca ― Logan esbravejou, empurrando-a para
longe.
Ah, não!
Não era tão otária a ponto de ficar presenciando essa cena.
Elsa chegou beijando o Logan como se ele fosse propriedade dela.
Ele estava comprometido, porra!
É meu noivo!
Eu não podia ficar naquele lugar depois de tudo, comecei a me afastar
e alguns fotógrafos me seguiram, mas foram impedidos por meus amigos.
― Eu vou com você ― disse Karen, limpando as minhas lágrimas,
enquanto Arthur, Jonathan e as garotas xingavam os jornalistas e roubavam a
cena.
― Por favor, me tire daqui. Eu não consigo, Karen.
A minha amiga assentiu, segurando na minha mão. Acho que vivi a
noite mais deprimente desde que cheguei em São Paulo, e enquanto me
movia em direção à saída, olhei para trás, flagrando Logan rodeado de
jornalistas, pálido e com uma expressão assustada. Elsa Golrok agia
normalmente e conversava com uma paparazzi, sorridente e satisfeita com
toda a confusão que causou.

― Acha que foi traição? ― Solucei, pegando um lencinho para


limpar minhas lágrimas.
― É claro que não, Alana. A culpada foi aquela mulher totalmente
desequilibrada que já chegou enfiando a língua na boca do seu noivo.
― Eu sei, mas ele correspondeu.
― Ele não correspondeu, ele apenas... Bom, ficou surpreso com o
beijo. Logan empurrou a mulher.
― Não é justo ― lamuriei, entre os soluços do meu choro. ― Eu
estava tão feliz.
― Alana, você está caindo no jogo dela. É tudo que a tábua reta quer.
― Tábua reta? A mulher é perfeita.
― Ah, não... Aaaaah não! ― Karen pegou o celular e pesquisou uma
foto da Frozen Turca. ― Está vendo essa boca? ― Deu zoom na foto. ― É
preenchimento, meu amor. Está vendo esses peitinhos durinhos e empinados?
São siliconados, o bumbum a mesma coisa, nem fitness como eu consegue
um glúteo tão empinado, até o cabelo é falso. Elsa Golrok é montada da
cabeça aos pés.
― Logan foi apaixonado por ela por cinco anos. ― Encolhi meu
corpo no sofá.
― E agora está apaixonado por você. Alana, eu não estou te
reconhecendo. Não pode deixá-la vencer tão facilmente. Ela soube como agir
e atacar, é uma cobra treinada. E nós duas sabemos que somos imunes à
picada de cobras.
Soltei um riso descontraído.
― Karen, tudo aconteceu em um evento com milhares de pessoas.
Com a imprensa e jornalistas prontos para um furo maldoso. ― Karen andou
nervosa pela sala, absorvendo as minhas palavras. ― A minha imagem já
pode estar circulando nos sites de fofoca. Foi humilhante, constrangedor e
pisaram nos meus sentimentos.
― Você tem razão! ― Sentou-se ao meu lado. ― O que vamos fazer?
― Estou arrasada, só quero me desconectar do mundo por alguns
dias. Assim, quem sabe, consigo pensar em uma saída.
― Alana, tem certeza de que não quer ouvir a explicação do Logan?
Ainda sentia meu coração apertado, foi um choque ver o homem que
amava beijando outra mulher. Precisava processar tudo na minha cabeça e
não agir de uma maneira precipitada.
― Por enquanto eu só quero ficar longe dele e pensar com cuidado.
Logan

Karen estava me esperando no lugar combinado, decidi encontrá-la


em um local público para evitar especulações e notícias falsas.
Os sites estavam eufóricos com a cena da Elsa, muitos portais de
fofocas estavam expondo as fotos do beijo roubado, exclusivamente da falta
de caráter da Elsa Golrok.
Não perdi tempo e subornei os mesmos portais de notícias com uma
quantia alta em dinheiro para manter a mesma matéria, alguns estavam
enaltecendo a Alana e tornando a Elsa em um monstro de contos infantis.
A parte ruim era o afastamento da Alana, ela não quis conversar e
entender tudo que aconteceu.
O seu celular permanecia desligado, ignorando tudo ao seu redor, até
mesmo a sua adorada academia de dança.
Acabei adiando a minha viagem para resolver todo mal-entendido,
mas não posso continuar adiando meus compromissos, Alana estava me
evitando há quatro dias e eu precisava viajar urgentemente.
Estava no limite do desespero.
Não queria viajar sem tê-la comigo, sem dizer que eu era
completamente apaixonado por ela. Explicar que a Elsa Golrok ficou no meu
passado, não sentia mais nada por ela. Não precisava de uma mulher
"perfeita" para ser feliz, esse sempre foi o meu problema, idealizar uma
perfeição que não existia e querer manter tudo sob meu controle. Acabei me
relacionando com uma mulher moldada, criada para agradar a mídia e a
todos. Elsa era um tipo de mulher que escondia seus defeitos, depois do beijo
ela agiu normalmente no evento. Respondeu às perguntas dos jornalistas
como foi treinada, usando uma máscara descaradamente, e todos percebiam a
falsidade estampada no seu rosto.
Eu me aproximei da mesa, cumprimentando Karen formalmente.
A mulher estava um pouco desconfortável com o meu pedido para o
encontro. Ela era melhor amiga da Alana, e eu conseguia entender seu
descontentamento.
― Preciso da sua ajuda ― anunciei sem esperar.
― Quer falar com a Alana?
Apenas afirmei com a cabeça.
― Ela está estranha, não está agindo normalmente. A velha Alana
teria arrancado o cabelo daquela mulher ― Karen falou, meio cabisbaixa.
― Alana mudou e mudou muito. Não sei o quanto isso é bom ou
ruim.
― Foi para melhor. Ela saiu com classe do evento, sem descer do
salto, e está sendo vitimizada nos sites. Os jornalistas estão a favor dela, já
pensou se Alana García pulasse feito uma loba com raiva na turca
plastificada? Todos os Campbell estariam arruinados.
Imaginar a cena me fez sorrir, quando conheci a mulher que aprendi a
amar com todo meu coração só pensei o quanto era mimada e fútil.
Agora só queria estar com ela, devorando aquele corpo, beijando seus
lábios, chupando a perfeição dos seus seios. Os meus pensamentos fizeram
meu pau latejar, quatro dias sem ela... Cacete, não iria aguentar!
― Uma cena interessante, mas você tem razão. Alana não reagir às
provocações da Elsa foi a melhor decisão.
― Sim, ela me falou que precisa de um tempo. Acho que ver outra
mulher te beijando foi um baque horrendo ― enfatizou Karen.
― Ela não atende minhas ligações, não quer me receber no
apartamento. Preciso falar com ela, vou viajar amanhã.
Karen arregalou os olhos, demonstrando incredulidade.
― Vai viajar e deixá-la sozinha com esse escândalo em mãos? Logan,
ela está apaixonada. Alana nunca se apaixonou de verdade, talvez você possa
ser o primeiro amor dela.
Claro que já pensei nisso.
Alana foi a melhor pessoa que entrou na minha vida. A maneira que
ela me beijava era simplesmente maravilhosa, amava cada pedacinho dela,
até os defeitos me encantavam.
― Ela está ciente da minha viagem, é um assunto que preciso tratar
com máxima urgência na Inglaterra. ― Suspirei fundo. ― Eu preciso falar
com ela antes de ir.
― Humm. ― Karen me encarou com os olhos semicerrados. ― Eu
tive um plano e você precisa colaborar para que tudo ocorra certo.
Eu concordei, escutando as palavras de Karen atentamente.
Quando cheguei em casa, a minha ex estava me aguardando. Há dias
estava evitando essa conversa, apenas olhar para o seu rosto que expressava
um falso arrependimento me causava um desconforto terrível.
A minha família estava presente na sala, eles mantinham um certo
incômodo com nossa visita inesperada.
― O que você quer? ― questionei, tirando o meu blazer e jogando
em cima do sofá.
― Quero falar com você em particular. ― Ela nem ficou vermelha
quando notificou a sua decisão.
A minha família não moveu um músculo.
Rander continuou olhando no celular.
Dominic apreciando o seu chá e a Charlotte nos observando
atentamente.
― Pode falar, a minha família vai permanecer aqui, não temos
nenhum assunto para ser tratado. Você causou mal a uma pessoa que amamos
muito ― falei sem conter minha raiva.
Ele estremeceu, erguendo o queixo e pronta para iniciar uma
discussão.
― Oh, amamos? Está incluindo você?
― Exatamente. Ela é minha noiva, a mulher que dorme em minha
cama há meses ― admiti, não cortando contato visual.
― É uma pirralha, repleta de tatuagens. E aquele cabelo? ― Elsa
soltou um riso de escárnio. ― Ela pinta com tonalizante da pior linha.
― Cuidado, garota. Não menospreze a minha filha na minha
presença, você pode se arrepender.
Elsa congelou com a ameaça sutil de Dominic.
― Alana é nossa maior fonte de alegria, ela uniu a nossa família. Não
pense que ficaremos calados enquanto você ofende nossa menina. ―
Charlotte ficou em pé, igual a uma mamãe ursa protegendo seus filhotes.
― Você esqueceu o seu lugar, governanta ― alfinetou. ― Não se
esqueça do buraco que veio, é uma mera empregada.
― Elsa ― alterei o meu tom, deixando todos alarmados ―, Charlotte
é parte desta família, não vou permitir qualquer ofensa direcionada a ela. Por
favor, peço que se retire. Eu e você não temos nada para conversar. Foram
cinco anos vivendo um relacionamento abusivo para ambas as partes, cinco
anos seguindo em círculos. Quantas vezes vamos nos machucar? Já chega de
sofrimento, merecemos a felicidade.
Elsa não se envergonhou pelo choro triste que escorria em seu rosto.
― Quando você estalava os dedos, eu voltava correndo. Pronta para
amá-lo novamente e agora...
― Por favor ― a interrompi ―, eu errei, você errou. Nós dois somos
culpados. Acabou, amo outra mulher, não vamos tornar tudo mais difícil.
Elsa observou ao redor.
Os meus familiares estavam atentos e olhando para ela, até mesmo
alguns funcionários que limpavam a sala ficaram inertes, segurando o pano
sobre os móveis.
Elsa engoliu em seco, aceitando que tudo estava acabado. Ela se
despediu, mantendo a sua elegância habitual.
― Vou acompanhá-la até a saída ― Charlotte anunciou com desdém.
― Não precisa. ― Limpou as lágrimas. ― Eu sei o caminho.
Todas as despedidas eram difíceis, até mesmo para um amor que já
não servia mais… um amor que não preenchia a sua vida.
Era necessário aprender a desapegar, a deixar partir o que não nos
servia mais e que não nos fazia feliz. Aprender a dizer adeus sem qualquer
rancor era colocar em prática tudo de bom que aprendemos ao lado da pessoa
que fez parte da nossa vida um dia. Precisávamos nos agarrar a tudo que ela
deixou de especial, ignorar qualquer turbulência que enfrentamos. Não era
bom seguir sua vida magoado com alguém, era apenas um capítulo ruim e
tudo poderia melhorar no futuro.
Permita que as lágrimas e as mágoas fiquem para trás. E traga para
o presente a certeza da felicidade.
Dizer adeus, desistir ou abandonar um amor ruim não era sinônimo de
fraqueza. Era prova do quanto éramos fortes, podíamos ser felizes com
alguém ou sozinhos, apenas se agarre naquilo que te faz bem.
Elsa marcou a minha vida, mas Alana estava me mostrando que
momentos extraordinários podiam surgir inesperadamente.
Um sentimento se ia, para um novo amor chegar. Viver ao seu lado
estava sendo uma aventura, cada dia uma surpresa e um riso espontâneo.
Alana mudou muito com nossa convivência, estava mais serena e
compreensiva, tínhamos muito tempo para viver juntos e escrever nossa
própria história.
Alana

― Alana, cadê você? ― Karen entrou gritando no quarto.


― Por favor, diga-me que estamos sendo atacados por alienígenas e
não confirme que todo esse escândalo tem a ver com o Logan.
Karen suspirou, encarando-me com pesar.
― Amiga, preste atenção. Você estava ciente da viagem do Logan
para a Inglaterra?
Eu confirmei com a cabeça.
― Então, aconselho você a procurá-lo. Logan vai viajar hoje e tudo
indica... ― Ela prendeu os lábios.
― Tudo indica o quê?
Que agonia!
― Que a Elsa Golrok quer acompanhá-lo, Logan está desequilibrado,
a turca não o deixa em paz. Alana, você precisa fazer alguma coisa, ela vai
viajar para a Inglaterra junto com o Logan, mesmo com os protestos dele.
― Espera aí, como você sabe essas coisas?
― Eu o encontrei no shopping. O cara estava andando desorientado,
sem saber que caminho seguir ― contou, com um semblante entristecido. ―
Elsa não vai desistir dele.
― Ela ficou louca? ― gritei, arrumando a minha mala.
Charlotte era incrível, quando soube que ficaria alguns dias no
apartamento da minha amiga, mandou o motorista trazer minha mala de
viagem com roupas e uma necessaire.
― Alana, mas…
― Eu vou nessa viagem e vou arrancar o megahair da Frozen. Ela vai
sair cantando lerigou do avião!
Karen gargalhou, sentando-se na beirada da cama.
― Agora sim, a minha Alana está de volta. Vou ajudá-la com as
roupas.
A minha amiga dobrou minhas roupas rapidamente, enquanto me
arrumava na frente do espelho.
Verifiquei se estava carregando todos os meus documentos e
passaporte.
― Karen, ele falou o horário do voo? ― indaguei.
― Sim, às quatro e meia.
Olhei o horário no meu relógio.
Eram duas horas da tarde.
Eu poderia chegar a tempo se o trânsito colaborasse.
― Obrigada por tudo, Karen. ― Abracei a minha amiga com força,
demonstrando todo amor que sentia por ela. ― Amo você, parceira.
― Eu estava te devendo uma, nunca vou me esquecer o que fez por
mim naquela noite, também amo você.
― Preciso ir, eu mando notícias. ― Peguei a minha mala.
― Vai lá, mostra para aquela vaca quem é a Alana García.
Eu não tinha comprado qualquer passagem aérea, não sabia como iria
entrar naquele avião. Ah, mas aquela turca iria pagar por tudo que me fez
passar.
Nunca iria esquecer todo transtorno que ela nos trouxe.

O trânsito como sempre era caótico, deixando-me agoniada.


As horas não ajudavam, tornando o momento mais difícil e a minha
ansiedade ficou descontrolada.
Eu queria gritar, berrar, xingar o mundo.
Ele não podia viajar ao lado dela.
Logan precisava saber o quanto eu amava estar com ele.
Eu ainda estava confusa e pensando em qual decisão tomar. Não
queria voltar para casa e tornar a situação mais complicada, manter meus
pensamentos em ordem era necessário. Eu era muito intensa, extravagante e
não queria perder Logan, por isso decidi pensar com mais calma.
Ele era um homem bom, muito educado e paciente. Eu aprendi a ter
mais paciência com nossa convivência, ele me completava.
Logan estava me passando princípios valiosos.
Eu mudei!
Ele também mudou!
Cheguei ao aeroporto a tempo para comprar uma passagem área e
corri desesperada no meio das pessoas.
Eu só queria encontrá-lo.
Droga, onde era o embarque?
Continuei correndo, até que... Graças a Deus, encontrei!
Logan estava sentado nos bancos de espera, com uma roupa
despojada e um semblante tranquilo. Não carregava qualquer mala de
viagem, apenas digitava no celular.
Cadê a Frozen?
Fiquei bastante confusa, procurando a infeliz.
Logan levantou a cabeça e nossos olhares se encontraram.
As minhas pernas quase cederam com o sorriso grandioso que recebi.
― Você demorou ― disse ele, levantando-se.
― Posso saber onde ela está?
Ele gargalhou.
― A Elsa? Acho que ela não vai nos atrapalhar, nunca mais.
― Mas a Karen…
― Eu precisava arrancar você do seu esconderijo.
― Como? ― Alterei a voz. ― Era mentira?
― Foi tudo um plano da Karen, ela te ama muito, te conhece bem ―
confessou sem disfarçar a euforia.
― Espera aí...
Logan me roubou um beijo, calando os meus protestos. Fiquei mais
apaixonada e senti uma alegria preencher meu coração novamente.
― Não podia viajar sem dizer ― roçou seus lábios nos meus ― o
quanto eu te amo, Alana.
As minhas pernas cederam de vez, Logan me segurou rapidamente,
evitando um constrangimento no meio do aeroporto.
Esse tombo seria digno de um prêmio Nobel.
― Você... pode repetir?
― Eu te amo, te amo verdadeiramente.
Os meus olhos ficaram repletos de lágrimas.
Ele me amava!
Eu mal conseguia acreditar!
― Logan, eu também te amo. Pretendia confessar meus sentimentos
no evento.
Ele grudou nossas bocas novamente, intensificando o beijo, quando
paramos estávamos ofegantes e corados.
― Eu sei, amor. Quero que saiba que Elsa nunca mais fará parte da
minha vida, ela agiu de uma forma inapropriada e que não aprovo. Eu sinto
muito mesmo, você é a única mulher que desejo e amo.
― Você se tornou meu mundo, Logan. ― Aqueles olhos dourados
brilharam com minha declaração. ― E a viagem para a Inglaterra, onde estão
as suas malas?
― A viagem é amanhã ― revelou, acariciando meu rosto.
― Droga, fui enganada de novo ― brinquei.
Ele ergueu os ombros, sorrindo alegremente.
― O que você pretendia carregando essa mala? ― perguntou num
tom animado.
― Eu estava pensando em invadir o avião e arrancar a Elsa Golrok
pelos cabelos ― disse sem qualquer culpa.
Logan meneou a cabeça com uma expressão divertida.
― Alana, acha mesmo que você conseguiria invadir um avião? Seria
presa se tentasse.
― Valeria a pena, acredito que vale a pena viajar para outro país por
você.
Ele ficou inerte por alguns segundos.
― Calma, você está pensando...
― Bom, eu não conheço a sua mãe. E também não conheço a mãe do
Rander.
― Entendi, você quer conhecer a sogra.
― Exatamente, quero conhecer a minha família. Eu aprendi a ter
orgulho do nosso sobrenome, Logan. ― A emoção tomou conta do meu
coração. ― Não é um fardo ou um carma, é uma benção ter pessoas tão
maravilhosas ao meu lado.
Logan me encarou nos olhos, sempre expressando uma verdade
inexplicável.
― Obrigado, Alana. É uma honra amar você e ser parte da sua
família. Está pronta para conhecer a Inglaterra?
― Estou pronta para viver sempre ao seu lado.

Charlotte estava entusiasmada com nossa viagem a Inglaterra. Ela fez


uma lista dos pontos turísticos que eu precisava urgentemente visitar.
Dominic ficaria no Brasil administrando nossas empresas.
Rander iria nos acompanhar.
O dia estava lindo, perfeito para uma viagem. Não foi fácil me
despedir da Charlotte, era uma viagem rápida, mas sentia que algo estava fora
do lugar.
Eu amava a minha Charlinha, iria sentir muita saudade.
Na verdade, iria sentir saudade até da mansão, principalmente do meu
pai.
Aqui era meu lar…
Fui abençoada com um família incrível, eles me receberam de braços
abertos e foram a fonte da minha felicidade.
E, falando em felicidade, aprendi que era preciso enfrentar a dor. Às
vezes, enfrentávamos a perda, enfrentávamos o luto para encontrá-la. Eu
sabia o quanto era difícil, mas precisávamos seguir em frente, estávamos
vivos e não estávamos sozinhos. Havia várias pessoas nesse mundão
destinadas a entrar na nossa vida. Havia várias pessoas que podiam amar
nosso sorriso e entender nossos defeitos. Não podíamos deixar a dor
prevalecer, os pesadelos podiam chegar à noite, mas o amanhã podia te trazer
grandes surpresas: uma nova família, um amor, até mesmo um cachorrinho
desobediente que amava morder as canelas dos distraídos.
― Alana, por quanto tempo vai ficar admirando nossa mansão? ―
perguntou Rander. ― Entre neste carro, vamos perder o voo.
― Vou sentir saudades ― confessei.
Logan parou ao meu lado, beijando minha bochecha.
― Nunca pensei que fosse dizer isso novamente, mas também vou
sentir saudade.
― Será que eles vão sobreviver sem nós? ― indaguei, bastante
preocupada.
Rander tocou a buzina do carro.
― Eiii! ― gritou.
― São apenas três semanas, eles aguentam viver sem nossa
esplendorosa beleza ― Logan gracejou, girando pelos calcanhares e
caminhando até o carro.
Segui no encalço do meu noivo, olhando para trás mais uma vez. Uma
sensação nostálgica surgiu de repente, me lembrei da minha infância e tudo
que vivi. As lembranças chegaram na minha mente como um filme em
câmera lenta.
Lembrei-me do velho balanço e de uma voz… doce como as sinfonias
dos anjos!
E, pela primeira vez em três anos, recordei dos momentos que vivi ao
lado dela sem desabar.
Eu era uma Campbell e iria continuar cumprindo a promessa feita: Eu
vou ficar bem, mãe!
Alana

Eu estava em Londrina visitando o túmulo da minha mãe. Fiquei


horas contando para ela como foram meus últimos anos em São Paulo.
A minha família estava comigo.
Ninguém hesitou quando pedi que me acompanhassem em uma
viagem muito importante para mim.
Arrumamos seu túmulo e cobrimos com as mais belas flores. Dominic
recomendou a exumação do corpo, mas eu não aceitei. Ela amava essa
cidade, e eu ainda amava meu antigo lar.
― Sinto a sua falta, mãe. ― Limpei as lágrimas.
― Alana, precisamos ir. Está ficando tarde ― disse Charlotte,
encolhendo-se de frio.
Dominic pousou uma rosa branca em cima do seu túmulo.
― Eu vou ficar ― ele murmurou, bastante triste.
Ninguém protestou, entendemos a sua decisão. Ele precisava de um
tempinho para contar tudo a ela e pedir perdão pelos seus erros.
Charlotte me amparou com muito carinho.
― Foram longos anos ― falou, limpando as minhas lágrimas. ― Ela
está orgulhosa.
― Você não sabe, ninguém sabe o que ela sente.
― Nós estamos orgulhosos, Alana. Qualquer pessoa teria orgulho de
você, orgulho de tudo que conquistou nos últimos dois anos. ― Logan sorriu
de uma maneira gentil.
Eu inaugurei a minha própria escola de dança, artes e música. Recebi
apoio da minha família e do meu marido, eles me incentivaram a todo
momento.
― Vou esperar o Dominic ― Rander sussurrou. ― Podem ir na
frente.
O meu marido concordou com a cabeça, saímos em silêncio do
cemitério e enfrentamos o tráfego que levava até o hotel, sem trocar muitas
palavras.
Era tão triste, precisava me distrair.
― Digam algo, eu preciso afastar esses pensamentos tristes da minha
cabeça.
― Humm ― Logan resmungou. ― Não quero você desanimada, não
no estado em que se encontra.
― Ah, pelo amor de Deus, uma gravidez não anula nossos
sentimentos ― repreendeu Charlotte. ― Gerar uma vida nos torna mais
sensíveis.
Ele sorriu de leve.
― Mais sensível? Então eu tenho uma surpresa.
― Logan, por favor. Não...
― Sim!
Ele dirigiu até um bairro muito conhecido para mim. Eu fiquei
totalmente sem reação quando Logan estacionou em frente a uma casa.
O mesmo quintal...
Aquele balanço que eu amava ainda estava no galho da árvore, com
poucas folhas, graças ao outono.
― Onde estamos? ― Charlotte quis saber, um pouco confusa.
― Na minha antiga casa ― respondi com a voz rouca, abrindo a porta
do carro.
Logan e Charlotte me seguiram.
Abri o portão, sentindo meu coração transbordar de alegria. Há muito
tempo não me sentia mal quando recordava da minha mãe ou de tudo que
vivi nessa cidade. A dor foi substituída por uma saudade boa de sentir, vivia
meus dias sem dar espaço para a tristeza, e quando ela tentava chegar,
simplesmente me distraía com as pessoas que amava.
Encarei o meu marido, que demonstrava certo receio.
― Pode me explicar? ― questionei.
― Quando nos casamos, acabei esquecendo de comprar o seu
presente. Pensei em comprar uma casa simplória para um casal e um bebê ―
ele sorriu ―, mas achei essa casa especial à venda.
― Como soube? ― voltei a questionar, ainda impressionada com a
surpresa.
― Você me contou sobre a sua infância. E decidi visitar a sua cidade
natal…
― Você já esteve em Londrina? ― Fiquei boquiaberta.
Logan coçou a nuca meio sem graça.
― Bom, precisei mentir para manter a surpresa. Sabe aquela viagem
de negócios ao Rio de Janeiro?
Eu afirmei com a cabeça. Logan explicou que tinha uma reunião
importantíssima no Rio, ele pretendia lançar uma nova marca no mercado. Eu
achei estranho, porque a RealChampbell já tinha várias marcas espalhadas
pelo mundo.
― Ela nunca aconteceu, eu viajei para Londrina para começar a
minha investigação, descobri que sua antiga casa foi vendida por um valor
raso e que você foi enganada. Eu precisava comprar, agora a casa é sua
novamente. Pode fazer o que quiser com ela.
Sinceramente, não sabia o que fazer com a casa.
Quem sabe doá-la para uma família feliz.
― Tenho bons planos.
― Essa criança será tão amada ― Charlotte falou emocionada. ―
Vocês dois são incríveis.
Levei a mão até minha barriga, acariciando minha menina que estava
crescendo no meu ventre, iluminando nossa vida com o amor mais puro que
poderíamos sentir.
― Temos que voltar para São Paulo. ― Aproximei-me do velho
balanço. ― Logan, tem uma árvore linda no jardim, você pode prender um
balanço no galho?
― Posso construir até uma casa na árvore se você quiser.
Charlotte gargalhou, levando as mãos até o rosto. Logan era um
marido incrível, muito companheiro e sempre estava ao meu lado. Vivemos
os momentos mais inusitados e intensos, aproveitando o nosso amor sólido e
verdadeiro.
― Acho que nossa filha vai amar ― falei, emocionada.
Ela vai amar o pai também, porque Logan me mudou. Não duvidava
da capacidade de nós mulheres, éramos incríveis. Mas tínhamos nossos
defeitos como qualquer ser humano e também errávamos ou seguíamos por
caminhos tortos. Às vezes, precisávamos de uma pessoa para nos direcionar
para a estrada certa, sempre surgiam anjos para nos alertar e o meu anjo se
chamava Logan Manoel Campbell, um magnata que se transformou no
homem mais apaixonante que conheci.
Nunca imaginei que um dia estaria publicando "Vivendo com um
Magnata" na Amazon. Ele foi um dos primeiros livros que escrevi e lancei no
Wattpad. Eu tinha algumas inseguranças em relação aos meus primeiros
livros, mas minhas leitoras são muito positivas e incríveis. Elas me
incentivaram muito a publicar a história na Amazon. Todos os dias recebia
mensagens perguntando: Quando “Vivendo com um Magnata” vai subir na
Amazon?
Eu pensei muito, conversei com minhas revisoras e elas embarcaram
comigo nessa nova aventura, e tenho que agradecer por todo apoio que
recebi, por cada mensagem me incentivando. Vocês são sensacionais, muito
obrigada por tudo!
Meu nome é Jéssica, mas meus amigos me chamam de Jéss. Entrei no mundo da
escrita em 2017, para tentar fugir de uma depressão e agora estou lançando meu sexto livro
na Amazon e tenho várias obras publicadas no Wattpad.
Sou apaixonada por livros, por gatos e chocolates. Moro no Interior do Paraná com
minha família e amo criar enredos na minha cabeça quando não estou fazendo nada.
Meu Instagram: @livros.dejess
Meu Wattpad: @autorajessalves
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O Advogado do Diabo

Sinopse:

Bruno Alcântara é um dos melhores advogados criminalistas do país,


um homem que ignora todos os questionamentos morais quando se trata dos
seus honorários milionários que garantem o seu caríssimo estilo de vida.
Defendendo os maiores mafiosos e políticos corruptos que fazem parte do
nosso Brasil, aumentando a sua fama nacionalmente e sendo nomeado pela
grande mídia como "O Advogado do Diabo".
Um homem que não sente remorso, princípios honrados ou qualquer
sentimento bondoso, ganhando destaque no Palácio do Planalto onde não
falta serviço, clientes e dinheiro. Bruno tinha uma carreira prestigiada e
requisitada por grandes políticos e criminosos, mas quando um velho amigo
surgiu pedindo ajuda em um processo complicado, Bruno acabou conhecendo
a Angel. Uma mulher que mudaria a sua vida e principalmente a sua fé.
O Advogado do Diabo é capaz de amar um verdadeiro anjo?

Neste livro você encontra: Redenção - Violência - Cenas


Sobrenaturais - Romance - Erotismo - Drama.
Não romantizo temas polêmicos!

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O meu Garoto

Sinopse
Aos 27 anos, Narah Welkyn acabou se divorciando do seu marido, um
casamento de seis anos que foi perdido graças à vida monótona que levava.
Sempre muito determinada, conquistou uma vida luxuosa, mas perdeu o
homem que dizia amá-la. Seus dias vão se tornando tristes, se tornam
maçantes. No entanto, tudo tende a mudar quando uma amiga leva Narah em
uma boate privada e sigilosa, onde ela conhece um brasileiro chamado
Alessandro, um garoto de programa que ama a perdição, com a vida
bagunçada, trazendo com ele uma bagagem de problemas.
Narah vai tentar salvar a sua vida, mostrando a Alessandro que os
caminhos mais fáceis podem ser a sua ruína.

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A Patricinha e a Fera

Sinopse

Aos 24 anos, Diana Bernardi tem uma vida maravilhosa, ela é amada
por sua família e amigos, nunca ousou pensar negativo, e luta para alcançar
seus objetivos com muita determinação. Uma semana antes da sua formatura
na faculdade, Diana descobre que está grávida do seu noivo. Três sonhos
estão prestes a se realizar: a conquista do diploma, o casamento com seu
noivo e a bênção de um filho. Tudo estava perfeito, como Diana sempre
idealizou. No entanto, a sua vida mudará drasticamente ao flagrar o noivo
que ela tanto amava na "cama" com seu irmão mais velho. Sentindo-se
derrotada e repleta de tristeza, Diana decide fugir do Rio de Janeiro para
recomeçar a sua vida do zero, evitando se apaixonar e se envolver com outro
homem.
Richard Duarte é totalmente o oposto da patricinha que vai surgir no
seu caminho. Ele não tem uma vida sonhada ou próspera, Richard carrega
grandes tormentos. Ele presenciou a morte da esposa e da sua filha, a tragédia
ficou marcada em sua alma. Para fugir e esquecer a dor, Richard buscou
conforto nas drogas, uma atitude irresponsável e impulsiva que resultou dois
anos em uma prisão. Richard conheceu o pior das pessoas, a verdadeira
crueldade dentro de uma cela, enfrentando um inferno para sobreviver. Ele
não é o mesmo, há muito tempo deixou de sentir compaixão ou amor por
alguém, se transformando em uma fera sem sentimentos.
Duas vidas que são mudadas por acontecimentos trágicos e
desoladores. Duas vidas que o destino trabalhará para unir. Diana & Richard
deixarão o amor florescer em suas vidas e transformá-los para sempre?

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Milionário Sedutor

Sinopse
"ELE SERÁ O CAMINHO PARA O SEU PRAZER E A RUÍNA DO
SEU CORAÇÃO."
O milionário William Vasconcelos tem o mundo em suas mãos, curtia
a vida regada a poder e diversão. Ele nunca se preocupou com as emoções
alheias e seu maior objetivo era alavancar o grupo hoteleiro que estava há
gerações na sua família.
O jovem milionário de apenas 27 anos era cobiçado e muito desejado por
todas as mulheres, conquistando uma lista de admiradoras e casos amorosos.
William era mestre na arte de trepar e nunca se importou com os sentimentos
ou com os corações partidos no seu caminho. Ele queria sentir desejo e muito
prazer, priorizando as suas vontades. Nunca se envolveu emocionalmente
com uma mulher, até reencontrar uma amiga especial que marcou a sua
infância.
Beatriz Oliveira nunca conseguiu esquecer ou enterrar os traumas do
passado. Ela lutava todos os dias para não desencadear sentimentos que
poderiam prejudicar sua saúde mental, e mesmo enfrentando diversos
problemas, conseguiu encontrar conforto nos livros e na sua família adotiva.
Beatriz sempre evitou multidões ou contatos mais íntimos com outras
pessoas, mas não poderia evitar o casamento da sua melhor amiga. Ela teria
que enfrentar seus traumas para não decepcionar as pessoas que ama. No
entanto, uma paixão inesperada vai surgir no seu caminho.
Uma paixão que será a cura dos seus temores ou a ruína do seu
coração .

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Milionário Irresistível

Sinopse

ELE VAI APRENDER QUE OS PRAZERES MAIS INTENSOS


CHEGAM DO INESPERADO.

Uma noite de amor inesperada.


Duas vidas entrelaçadas.
Uma gravidez que mudará o mundo de um jovem milionário...

Samuel Vasconcelos era herdeiro de um verdadeiro império. Um


homem poderoso e inteligente, que sempre fugiu de responsabilidades
afetivas e principalmente de mulheres "oportunistas". Nunca confiou nas
intenções duvidosas das suas amantes, buscando apenas saciar os seus
desejos mais depravados.
Samuel tinha uma regra rígida, nunca dormir no apartamento das suas
amantes. Eram somente algumas horas de sexo, depois cada um seguiria a
sua própria vida.
Era simples, fácil e vantajoso, mas não conseguimos seguir à risca todas as
regras que criamos. Samuel iria aprender que os prazeres mais intensos que a
vida pode nos proporcionar chegam do inesperado.
A determinada Isabelle Santana estava conquistando inúmeros
sonhos. Ela havia inaugurado o seu próprio ateliê de costura, sempre
alcançou notas máximas na faculdade. E agora estava pronta para iniciar a
contratação de novas funcionárias para auxiliá-la no ateliê. Tudo estava
perfeito, merecia uma noite de comemoração com suas amigas e muita
tequila… muuuita mesmo!
Isabelle vai acordar no seu apartamento ao lado do homem mais lindo
que ela já vira, sua noite de bebedeira rendeu uma transa quente com um
desconhecido irresistível e uma gravidez!

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