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Alana
― Uma boa escolha, agora seu braço está fechado com rosas
vermelhas ― disse Jonathan, meu tatuador.
As rosas ganharam destaque há décadas, colorindo e demonstrando a
sua beleza, a força que o amor possui, e os espinhos representando as
barreiras que surgem em todos os relacionamentos.
― Ficou incrível, você é o melhor tatuador de São Paulo ―
assegurei.
Jonathan riu.
― Não se esqueça de elogiar o meu trabalho na página do Facebook
― gracejou.
― Vai ao Madrid Clube hoje? ― perguntei.
Jonathan tirou as luvas e começou a organizar a bagunça de tintas
espalhadas na maca.
― A sua amiga gostosa vai estar lá?
Karen era a minha melhor amiga.
Uma loira fitness que rouba facilmente os corações de homens
iludidos com seus olhos azul-claros.
O seu olhar era divino, como a nascente de um lago.
Na verdade, Karen era belíssima.
― Alana sem a Karen? Nunquinha!
― Ótimo, então vou comparecer no clube hoje. ― Coçou a testa,
constrangido. ― Gostei do cabelo, você ficou linda.
Ah, um elogio, até que enfim.
Pintei meu cabelo de um tom vermelho marsala e só ouvi dois
elogios; um da Charlotte, a governanta, e da Karen.
― Valeu John, até depois ― disse sorridente.
― Vai rolar uma dancinha hoje? ― indagou.
Peguei os meus pertences e segui até a porta.
― É o meu trabalho, dançar e ganhar uma grana.
Trabalhava como dançarina do Madrid Clube, amava as danças
eróticas. Era uma dançarina profissional no Lap Dance, Kizomba e no Twerk.
Adorava a leveza, o movimento e o domínio da sedução, os homens amavam
esse lado feminino. A mulher que provocava, que instigava o homem sem
entregar e oferecer o que ele mais desejava.
O Madrid Clube não era uma boate de prostituição ou boate de
stripper, era um Clube privativo para sócios. E as dançarinas eram como um
diamante que não podia ser tocado. Afinal, esse era o grande marketing do
clube, as dançarinas em cima dos balcões e mesas, dançando com suas roupas
sensuais e tentadoras, trazendo mais clientes, sócios e lucrando muito
dinheiro.
Amava me sentir poderosa, quando dançava Twerk em cima de um
balcão, a garota despedaçada que chegou em São Paulo deixava de existir.
Era fácil usar o meu poder de sedução para esquecer tudo que precisei
enfrentar, transformei a luxúria em um potencial. Frequentava o Madrid
Clube desde os meus 18 anos, aqui conseguia ser a mulher que não gostava
de seguir regras. E falando em regras, a minha vida era rodeada delas.
Cheguei em casa no começo da noite, ignorando a censura da minha
assistente pessoal.
Ah, sim… Eu tinha uma assistente pessoal, uma mulher chata,
autoritária, e que gostava de usar uns óculos maiores que o próprio rosto. Não
conseguia entender o seu vestuário, ela usava uma cor de blazer para cada dia
da semana.
― Eu precisei inventar uma ótima desculpa. Dominic está furioso ―
advertiu num tom altivo.
Quando Dominic não está furioso?
O homem vivia distribuindo ódio gratuitamente.
― Humm, complicado. ― Caminhei em direção ao meu quarto. ―
Não entendo por que esta mansão precisa de tantos quartos. Penso que três já
é um número aceitável.
― Porque toda a família Campbell mora nesta propriedade.
Tudo bem, chegou o momento de falar sobre a família Campbell, ou
melhor... dos primos Campbell.
Dominic, Logan e Rander.
E agora a maior revelação dessa família: eu sou filha de Dominic
Campbell.
Sim, você entendeu bem…
Ele era meu pai!
Tudo aconteceu quando a minha mãe, uma priminha do interior,
resolveu visitar a família.
A chacota dos Campbell, mas ninguém esperava a chegada de uma
mulher bem-sucedida, linda e realizada. Dominic Campbell, como todo
conquistador, começou a “cortejar” a prima, conseguindo levá-la para cama.
Uma paixão avassaladora prevaleceu entre eles e fui concebida. Nasci, era
muito amada por todos, no entanto, o meu querido pai resolveu adicionar
uma amante à sua lista de conquistas. E um casamento de anos foi jogado no
lixo, minha mãe fugiu para castigar Dominic. Falsificou a minha certidão de
nascimento e destruiu o único contato com o sobrenome Campbell.
E que irônico, vejam onde eu estava vivendo: na mansão Campbell,
morando com meu pai traidor.
Ah, mãe!
Sentia tanto, se ela tivesse sido honesta comigo, a verdade não me
machucaria. Na verdade, estaria preparada psicologicamente para enfrentar
esse mundo.
― Quero falar com a Charlotte. Vá chamá-la, e não volte ― ordenei.
― Sim, Alana.
Já no meu quarto, escolhi uma roupa para o trabalho. Comecei a me
vestir rapidamente, pensando na minha maquiagem.
Charlotte entrou, carregando consigo uma bandeja.
― A senhorita estava sumida há dois dias. ― Ela colocou a bandeja
em cima da cama. ― Eu fiquei preocupada. Meu amor, você não pode sumir
sem dar notícias. O seu pai estava uma pilha de nervos… E eu? Não tenho
mais idade para excesso de nervosismo.
Sorri, olhando para a mulher elegante e charmosa. Charlotte lembrava
uma duquesa, cabelos sempre presos e com penteados aristocráticos. Um
rosto delicado, mas o olhar era desafiador, demonstrando a mulher forte que
era. As íris castanho-claras combinavam com as pintas na sua bochecha. Ela
tinha uma postura de uma modelo. Quando cheguei aqui ela tinha apenas 42
anos. Foi a Charlotte que me manteve firme, graças a ela eu não perdi o
controle e consegui cumprir a promessa feita em um quarto de hospital.
Mãe, eu fiquei bem.
― Sem neuras, dona Charlinha. Eu estava na casa da Karen e passei
no Jonathan para terminar as minhas tatuagens ― expliquei, pegando as
maquiagens.
― Oh, entendo. Na próxima vez pode me enviar uma mensagem pelo
WhatsApp?
Fiz que sim com a cabeça, jogando um beijo na sua direção, fazendo
até aquele estalinho meloso.
Charlotte riu, sentando-se na beirada da cama.
― Trouxe um lanchinho. ― Apontou para a bandeja. ― E tenho
novidades.
Parei a maquiagem e me virei para encará-la nos olhos.
― Novidades? ― questionei.
― Sim. Logan está no Brasil. Ele chegou ontem à noite.
Droga!
Logan Manoel Campbell, o homem mais infeliz que eu conhecia,
apesar de nunca ter trocado qualquer palavra com ele. Eu não conhecia
sequer o som da sua voz. Quando cheguei na mansão, assustada e com medo,
ele simplesmente fez as malas e viajou para o Reino Unido, ignorando
completamente a minha presença, saindo pela porta dos fundos para não me
encontrar.
― Ui, não suporto nem ouvir o nome dele. ― Fiz uma careta enojada.
― Ele é seu primo!
Por que tem que me lembrar desse fato trágico?
― Logan é meu primo de segundo grau e não o considero a minha
família. ― Continuei a me maquiar. ― Você, o Rander e o Dominic são a
minha família, vocês estavam ao meu lado enquanto enfrentava o luto e as
mudanças.
― Você está linda. ― Charlotte tentou mudar de assunto, ela sabia
que eu odiava Logan Campbell, mas não podia esconder a minha curiosidade.
― Por que ele voltou?
Charlotte me lançou aquele sorrisinho que sugeria: você está muito
interessada.
Ela sempre sorria dessa maneira quando comentava sobre um garoto
da faculdade. E geralmente não era interesse sexual ou amoroso, às vezes
podia ser um simples comentário, mas na cabeça dela eu já estava vivendo
um romance enlouquecedor.
― Assuntos profissionais e problemas com a ex-atual-noiva.
Logan podia ser um cretino preconceituoso, mas era um cretino
bilionário. O homem era proprietário da Cervejaria RealChampbel, que fazia
o maior sucesso na terra da rainha e em outros 100 países, não só produzindo
a RealChampbell, a cerveja tradicional, mas também outras 80 marcas de
cervejas espalhadas pelo mundo. Não bastando só a fabricação de cervejas,
Logan decidiu investir em cruzeiros marítimos e… puta que pariu, ele estava
no ranking da revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo.
Você podia imaginar o poder que esse homem tinha em mãos? E o piooor de
tudo era que essa mansão estava registrada no nome do maldito magnata.
Eu morava na mansão do homem que não suportava.
Mas por ora vamos fofocar sobre a ex ou atual noiva do magnata.
É confuso, eu sei…
Mas tentarei explicar, afinal, tudo que eu sabia eram mexericos da
Charlotte e do Rander. O nome dela era Elsa Golrok, uma modelo turca,
descendente de brasileiros. Fazia sucesso em passarelas, desfilando para as
maiores grifes do mundo. Ela tinha uma beleza surreal, quase uma boneca de
porcelana. Há cinco anos ela e Logan terminaram o relacionamento e
reataram, o verdadeiro noivado ioiô. No momento eles estavam separados,
mas se Logan estava no Brasil para tratar de assuntos pessoais, esse noivado
voltaria rapidinho.
― Ela pode estar grávida ― provoquei.
Charlotte amava Logan, era como um filho para ela. E odiava a Elsa
do Frozen versão turca, usando sempre a mesma desculpa de que ela era uma
mentirosa vadia.
― Não quero ouvir essas brincadeiras, agora quero saber aonde você
vai tão sedutora.
― Trabalhar ― respondi. ― Talvez não volte para casa, posso dormir
no apartamento da Karen.
― Alana, acha certo esse trabalho? Olhe para você. ― Observei meu
reflexo no espelho. ― Você é uma mulher tão bonita.
Realmente eu amava a minha aparência. Sabia do poder que ela
exercia nos homens. E o cabelo em um tom vermelho vívido destacava meus
olhos verde-escuros. Os lábios eram carnudos e o corpo digno de uma
dançarina. As tatuagens em meu braço esquerdo transmitiam uma essência
mais ousada, tornando a minha aparência exótica.
O short curto e o body de renda aumentavam a sensualidade.
E aconselho a todas as mulheres a usarem renda, são maravilhosas.
― Você tem razão, sou uma mulher bonita e uma dançarina
profissional. Agora tenho que ir. Amo você! Nós nos vemos amanhã ― eu
disse, me despedindo, e corri para fora do quarto. Não podia deixá-la
protestar, Charlotte sempre tinha respostas para tudo.
Alana
O Madrid Clube era temático, com remixes perfeitos das músicas dos
anos 80 e 90 para animar os empresários. O clube abria as portas às 22 horas
em ponto, um diferencial grande. O clube era muito pontual. Tinha uma área
para os sócios, onde a maioria das dançarinas ficavam dançando, e uma área
para o público que pagava uma boa quantia para ficar assistindo a algumas
dançarinas com suas performances no palco. O lugar era bom, sem brigas,
badernas e confusões, os chefes da segurança eram conhecidos como Bruce
Lee e The Rock. Você pode imaginar o porquê, os homens eram brutos,
grosseiros e extremamente fortes.
Passou dos limites? Infelizmente era jogado para fora como um
animal.
Tocar nas dançarinas sem permissão? Não podia! Tudo aqui
precisava de autorização do diretor. Arthur era um sem-vergonha com
doutorado, mas as regras foram criadas por ele. Era só um clube para dançar,
existiam várias boates de prostituição em São Paulo, eu aconselharia a saciar
o seu desejo em outro estabelecimento. Todas as mulheres que trabalhavam
aqui amavam o dinheiro, mas principalmente a dança.
O clube era dividido em três andares; o primeiro andar acessível para
o público, com um bar incrível e o palco para as dançarinas destruírem os
corações; o segundo andar era área dos sócios e o terceiro andar o bar
privado: com sofás, mesas, coquetéis, uma varanda para os fumantes e até
mesmo uma piscina térmica com cascata.
― Ruiva ― gritou Karen, sentada a uma mesa.
― Você demorou para chegar ― exclamei e me sentei na cadeira ao
seu lado.
― Precisei resolver um assunto na loja.
Karen era uma empresária, proprietária das lojas Óticas Karolla.
― Tudo bem, o lugar está ficando lotado. ― Observei a multidão de
homens e mulheres. ― Sabe quem está desejando uma noite de sexo
delicioso e selvagem com você?
Karen bateu as mãos na mesa, curiosa.
― Quem, queeeeeem?
― O meu tatuador.
Um silêncio. Depois risadas histéricas.
― Oh Deus! Jonathan? Não, ele é sexy, gostoso, e aqueles braços
tatuados... Jesus. ― Abanou-se. ― Mas ele quer um relacionamento sério, eu
quero apenas diversão.
Karen fugia de relacionamentos, ela acreditava que um
relacionamento nos trazia critérios inegociáveis e limitações.
― Você pode dizer antes que só quer sexo ― sugeri.
― Humm, Humm! E depois? Ele vai querer novamente. E comigo
será apenas uma noite e nada mais.
Concordei com a cabeça.
― Tudo bem, eu entendo. Agora tenho novidades. ― Karen me olhou
curiosa. ― O magnata Logan Campbell está de volta.
― AAAAAAAAHHHH.
Droga, meus tímpanos…
Por que ela tinha que ser tão escandalosa?
― Você está louca? ― perguntei, rindo da sua reação.
― Até que enfim um homem por quem vale a pena acreditar nessa
baboseira de amor.
― Ele voltou para resolver assuntos pessoais com a noiva ioiô ―
relatei.
― Acho o Logan um pouco confuso. Estava lendo uma entrevista
dele para a revista Invest e Logan deixou claro que estava solteiro e que
odiava mulheres fúteis.
Como?
A Frozen turca era a rainha da futilidade.
Dei risada, só podia ser brincadeira.
― Ele é um homem ridículo!
― Alana, desculpa discordar, mas Logan Campbell é o ápice da
beleza.
Não conhecia Logan pessoalmente, nesses três anos vivendo na
mansão Campbell e aprendendo a amar meu novo lar, nunca senti curiosidade
de vasculhar fotos ou conhecer mais sobre ele.
― Honestamente, não acho nada.
Karen revirou os olhos, meneando a cabeça.
― É porque você nunca teve a oportunidade de conhecê-lo
pessoalmente, mas eu... ― mordeu os lábios ― ... eu tive a oportunidade de
tocar naquele homem. Ah, que gostoso!
Karen insistia em me lembrar da noite de sexo selvagem que
aconteceu entre eles. Logan estava no Brasil, todos sabíamos, mas como
sempre ele não apareceu na mansão, ignorando a existência da família, até
mesmo de Charlotte que o amava verdadeiramente. Permaneceu três dias em
São Paulo e, em uma “bela” noite de curtição, ele resolveu comer a minha
melhor amiga.
― Por favor, não quero saber da sua noite sórdida com o homem que
eu odeio ― retruquei e me levantei. ― Chegou a hora de trabalhar.
― Arrasa como sempre, vou ficar assistindo ao show. Boa sorte. ―
Karen sorriu.
O balcão já estava sendo preparado para as dançarinas. Eu,
particularmente, gostava de dançar em meio às mesas, com um contato mais
atrevido com os clientes, resultando em muita grana.
As luzes foram reduzidas, só a iluminação azulada do bar ganhava
destaque. Os assobios e as palmas começaram, os clientes estavam eufóricos.
― Com vocês ― Arthur falou, próximo ao DJ ―, Alana García,
Fátima Marquese, Júlia Couto e Jussara Fernandez.
Todas ficamos em nossos postos, esperando… As luzes foram
aumentadas e a música começou: Dusk Till Dawn.
Quando eu dançava, era como se os meus mistérios e os meus
segredos fossem revelados, eu deixava a sensualidade dominar minha alma.
Eu era o ritmo, a melodia e um fogo difícil de conter. Quando estava
dançando, sentia minha alma reencontrando aquela alegria que perdi há muito
tempo, sentia minha liberdade fluindo e o meu corpo vibrar e enlouquecer.
Na verdade, todos enlouqueciam quando eu passava em cada mesa,
fazendo o que eu mais amava: dançar.
Rebolando, jogando o cabelo, acompanhando o ritmo da música.
Dominando o meu lugar, deixando a minha marca nos homens.
Essa era a melhor parte, a cobiça marejada no olhar, o sorriso
satisfatório e o dinheiro colocado no bolso do meu short jeans.
Os clientes me chamavam até as suas mesas, implorando para me
tocar.
Apenas continuei o meu trabalho e...
Oh não!
Congelei, parando de dançar imediatamente.
A cinco passos de distância, em uma mesa, estava Rander Campbell,
me fulminando com os olhos. O homem fez menção de se levantar, mas foi
impedido por alguém.
Droga!
Esse alguém…
O comportamento superior, o olhar indiferente, a postura elegante, o
charme e a sedução em cada gesto.
Eu reconhecia um Campbell a quilômetros de distância.
Logan!
Ele está aqui!
O homem sussurrou no ouvido de Rander e os dois voltaram a
conversar com os outros ocupantes da mesa, desprezando-me, agindo como
se não me conhecesse.
Então é assim?
Beleza…
Era hora de continuar o meu show, aproveitando que a música mudou
o ritmo completamente, subi em uma das mesas. E como diz a Anitta: vocês
acharam que eu não iria rebolar a minha bunda?
Comecei com movimentos básicos do twerk, empinando o bumbum e
balançando o quadril, inclinando o meu tronco para baixo, fazendo a minha
bunda ser a atração principal do clube. Todos iam à loucura, um homem até
passou dos limites e acertou um tapinha na minha coxa.
Em outra ocasião ficaria puta com essa atitude, chamaria os
seguranças e adeus tarado aproveitador, no entanto, nesse exato momento, eu
só queria provocar os meus queridos priminhos.
― Gostosa ― gritou um cliente.
As palmas soaram e os assobios ecoaram.
Desci da mesa, jogando o meu cabelo e encerrando o meu show com
um belo escápate.
― Quero essa flexibilidade na cama.
Lancei um beijinho sedutor para o homem que me elogiou e seus
olhos queimavam de desejo.
Voltei minha atenção para meus primos. Rander estava boquiaberto,
nunca o vi tão pálido, mas Logan Campbell me observava insípido, com os
braços cruzados e… Oh Deus, o homem era glorioso e lindo. Acho que a
palavra “perfeito” ganhou um novo sinônimo: Logan Campbell.
Rapidamente me afastei, embaraçada com meus próprios
pensamentos.
Ele é feio, Alana, comecei a recitar esse pensamento na minha cabeça,
tentando me convencer.
Era só uma alucinação, ele não era tão exuberante.
Voltei ao encontro da minha amiga e ela me recebeu com palmas.
― Que show, mulher, acho que a sua bunda tem vida própria ― disse
ela, rindo.
― Preciso de vodca.
Karen franziu a testa, colocou o cabelo atrás da orelha e me avaliou,
preocupada.
― Você não bebe quando está dançando ― assegurou. ―Tem algo
de errado.
― Sabe quem está aqui? ― questionei, caminhando em direção ao
bar, com Karen no meu encalço.
― O professor? ― gracejou ela.
― Ah, como eu queria que fosse meu professor. É duas vezes pior:
Rander e Logan Campbell estão aqui.
Karen enrubesceu, disfarçadamente sentou-se em uma banqueta
próxima ao balcão do bar e, lentamente começou a sua procura com o olhar,
quando ela encontrou a dupla Campbell, exclamou um palavrão pesado.
― São eles, é muita beleza para um único lugar ― afirmou.
― Alana no bar? É um milagre ― comentou Adson, o barman. ―
Você não gosta de beber.
― As coisas mudam, meu amigo. Eu quero uma dose de vodca pura.
Karen e Adson me encararam, pasmados.
― Uau, uma dose de vodca pura saindo.
O barman preparou o copo, entregando-me.
― Eles estão me ignorando. ― Bebi a dose de uma única vez, minha
garganta queimou quando o líquido forte desceu por ela. ― É ridículo,
esperava essa reação do Logan Campbell, mas do Rander? Somos melhores
amigos.
Karen concordou com a cabeça, pedindo um destilado.
― Acho que eles ficaram surpresos, você esconde o seu trabalho no
clube. ― Karen passou o seu olhar pelo meu corpo. ― Muito, muito
surpresos. Você não tem mais 17 anos e os primos Campbell perceberam que
a priminha tão querida se tornou uma mulher adulta e sedutora.
― O Lap Dance vai começar ― eu disse, com uma ideia formando-se
na minha cabeça.
― Alana, o que você está tramando? ― indagou Karen, desconfiada.
― Eu conheço essa expressão há três anos. Ela significa confusão.
― Relaxa, eu só estou pensando em uma maneira de me vingar. ―
Sorri de uma maneira inocente.
― Amiga, por favor, não fique enfrentando os Campbell,
principalmente o Logan.
Ah, mas meu priminho precisa de um presente de boas-vindas. Ele
ficou três anos vivendo em outro país, com outra cultura. Acho que vou
alegrar um pouco a sua noite, posso fazer uma deliciosa caridade.
Alana
― Vamos acordar!
Charlotte abriu a cortina.
A luz do sol irá me deixar cega.
― Por Lúcifer, quero continuar dormindo ― resmunguei, colocando
o travesseiro em cima da minha cabeça.
― Eu não sei o que você aprontou ontem, mocinha. É melhor se
levantar rápido, Dominic quer conversar com você.
Pulei da cama, completamente alarmada.
― O meu pai? ― indaguei.
― Sim, o próprio. Logan e Rander estão aguardando também.
Droga, não estava com um bom pressentimento.
― Charlotte, por quanto tempo o Logan vai permanecer no Brasil?
Ela sorriu alegremente.
― Ele voltou para ficar, estou tão feliz. É bom ter os meus meninos
por perto, amo quando nossa família está reunida. ― Charlotte notou o meu
perfil enojado e ressaltou: ― Será uma ótima oportunidade para conhecê-lo
melhor. Logan não é um monstro.
― Quando eu cheguei, ele fugiu da mansão igual ao diabo foge da
cruz.
Charlotte suspirou fundo, seguiu até o meu closet e separou algumas
peças de roupas.
― Logan pode ser um pouco complicado.
― Complicado? Ele é cruel, eu era uma adolescente, estava sozinha e
tinha acabado de perder a minha mãe. Ele me tratou como um animal
indesejável, a sua repulsa machuca demais.
― Vocês terão tempo para se entender, agora tome um banho e se
arrume. A sua assistente pessoal estará aqui em breve.
― E sobre a assistente pessoal ― interferi. ― Pode demiti-la? Não
preciso de um sargento me dizendo o que fazer e como me comportar. Mande
aquela insuportável voltar para o seu devido lugar ― disse emburrada,
caminhando até o banho.
― Você é uma mulher tão difícil de conviver, Alana. Precisa se
colocar no lugar das pessoas. Acha fácil aguentar suas crises de
superioridade?
Ignorei o sermão da Charlotte.
Não estava a fim de discutir.
Poderia cometer um assassinato com tudo que estava prestes a me
acontecer.
Logan e Rander abriram a boca.
E eu não tinha dúvidas de que estava muito encrencada.
Tomei um banho rápido e vesti a roupa que Charlotte deixou
separada.
Em seguida desci para o escritório, parando em frente à porta.
Tudo bem, você vai conseguir.
Mantenha a sua determinação.
― Bom dia ― cumprimentei animada, quando entrei.
― Bom dia! ― disseram os três homens juntos.
― Pai, você gostaria de falar comigo?
Dominic aquiesceu.
― Alana, infelizmente foi necessário comunicar ao seu pai sobre os
fatos ocorridos ontem ― comentou Rander, me decepcionando totalmente.
― Obrigada, Rander, muito obrigada mesmo. Principalmente por
detonar o amor que sentia por você.
O homem empalideceu, na verdade, todos ficaram surpresos com
minha revelação.
― Alana ― deu um passo em minha direção ―, aquele lugar não é
para você. Logan e eu decidimos…
― Você e o Logan? ― Dominic estava atento a nossa discussão. ―
O homem que me tratou feito um animal indesejável, que preferiu morar em
outro país a viver comigo sob o mesmo teto?
― Eu tenho razão, ela está muito mimada. Um internato no exterior
será o certo ― propôs Logan. ― Na Inglaterra existem internatos com ensino
superior prestigiado.
― O quê? ― gritei. ― Você está incentivando o meu pai a me
matricular em um internato?
Eu tinha 20 anos, não era uma criança.
Ah, mas esse maldito…
Ele não fazia ideia com quem estava se envolvendo.
Eu vou me vingar, isso não vai ficar assim.
Logan me ignorou descaradamente.
― É uma decisão difícil, posso compreender. Eu como pai pensaria
no melhor para a minha filha ― insistiu Logan.
― O melhor para a sua filha? ― Ri com sarcasmo. ― Logan, mas
ontem à noite você falou que gostaria de me comer inteirinha. ― Era hora do
show. ― Sussurrou no meu ouvido, enquanto eu rebolava em cima do seu
pau, o quanto sou gostosa e o quanto você queria se enterrar dentro da
minha…
― Já chega! ― esbravejou Dominic. ― Que conversa é essa?
Logan ficou mais vermelho que o tom do meu cabelo. E o Rander?
Ah, ele tinha as melhores expressões. Rander estava com um semblante de
quem comeu e não gostou, do cão chupando manga misturado com um
pinscher com raiva canina.
― Sua mentirosa, eu não falei…
― Ah, falou sim. Lembra? Eu perguntei se você gosta de assistir a
Netflix. ― Fiz um biquinho inocente. ― E você me contou que preferia um
filme pornô.
Logan estava horrorizado.
Esse homem queria bancar o espertinho com a própria rainha dos
malandros.
― Garota desnecessária, totalmente inconveniente. Dominic, a sua
filha usa o corpo como uma mercadoria. Não quer acreditar, tudo bem, faça o
que quiser. Ela será uma inútil, sem futuro.
Logan saiu do escritório, enfurecido.
Ué!
Ele não sabe brincar.
― Logan sabe que eu estudo Artes? ― questionei, sorridente.
― Rander, por gentileza, deixe-me a sós com minha filha.
Rander assentiu, saindo imediatamente do escritório.
― Pode se sentar. ― Apontou para a poltrona à minha frente. Fiz o
que me pediu. ― Gostaria de conhecer a sua versão.
― Primeiro, você precisa saber que o Madrid Clube não é uma boate
de prostituição. É uma boate de dança, como a Kizomba. Eu amo dançar ―
esclareci.
― Não foi o que o Logan e o Rander me informaram, Alana.
― Pai ― interrompi, nervosa ―, eu tenho 20 anos, não sou uma
criança. Por favor, pare de agir como se eu fosse incapaz de tomar minhas
próprias decisões. Será que vou ter que seguir o meu caminho longe desta
mansão?
Dominic arqueou uma sobrancelha, levantando o queixo. Ele apoiou
as duas mãos em cima da mesa e levantou-se.
― Esta mansão pertence aos Campbell há gerações. Você vai ficar no
lugar que nunca deveria ter saído. É uma mulher adulta, tem razão. Mas
mulheres adultas não agem como pirralhas querendo chamar atenção do
namoradinho. Não usam a futilidade para atacar.
― Não sou fútil, só estou cansada desse machismo. ― Fiquei em pé,
simplesmente derrotada. Não tinha como argumentar com meu pai, ele
dificilmente mudava as suas convicções.
Saí do escritório sob os protestos do Dominic e com lágrimas
escorrendo dos meus olhos.
Infelizmente encontrei o Logan nas escadas. Não encarei o seu perfil,
fiquei constrangida por ele ter me flagrado chorando. Eu odiava chorar na
frente das pessoas, as lágrimas foram minhas amigas por muito tempo, mas
com o tempo aprendi a não demonstrar as minhas fraquezas, tinha medo da
tristeza e dos danos terríveis que ela causava.
Entrei no meu quarto e tentei acalmar meus pensamentos
conturbados. Achei adequado adiantar alguns trabalhos da faculdade, ainda
sentia um gosto amargo na boca e precisava me distrair.
Alguém bateu à minha porta.
― Vá embora, não quero conversar com ninguém ― gritei, mas as
batidas continuaram. ― Eu já falei que não quero conversar, me deixe em
paz!
Será que as pessoas que vivem nesta mansão têm dificuldade de
compreensão?
Ou estava falando em outra língua que fora esquecida pela
humanidade?
Levantei-me, irritada, pronta para acertar um pontapé na bunda de
quem estava aumentando o meu mau humor.
Abri a porta.
― Qual é o problema? Houve algum assassinato? A mansão está
pegando fogo?
Rander estava parado, cabisbaixo, trazendo uma bandeja com café da
manhã.
― Eu trouxe comida, você não comeu nada. Posso entrar?
― Não, você não deveria estar tramando a minha deportação? ―
perguntei, cruzando os braços no peito.
Rander seguiu meus movimentos com o olhar, pigarreando em
seguida.
― Alana, eu também te amo. Só não quero você dançando em uma
boate de stripper.
Respirei, não queria perder a minha paciência.
Tudo bem, respire fundo. É só pensar em unicórnios rosas ou em
coelhos fofinhos.
― Pela milésima e última vez, não é uma boate de stripper ― disse,
forçando um sorriso.
― Mulher, você estava... é bem...
― Dançando? ― interrompi.
― Não, você estava rebolando em cima de uma mesa, e que dança
estranha é aquela? Deus, e o que você fez com o Logan? Ele é o homem mais
afável que conheço.
Gargalhei, não era possível.
― É cansativo, não gosto de ficar me explicando a todo momento.
Você tem três segundos para sumir da minha frente, estou muito chateada.
Qual era o problema de dançar em um clube que pagava muito bem?
― Eu também fiquei magoado, Alana. Você é rica. Não precisa
trabalhar em uma boate de... ― Ele prendeu os lábios, fechando os olhos por
alguns segundos e inspirou fundo. ― Você pode ter a sua própria academia
de dança. Já pensou nisso?
― É claro que sim, mas eu gosto. ― Droga, como poderia explicar
que gosto da sedução? ― Gosto dos meus amigos do Madrid Clube.
― Por favor, me prometa que não vai dançar naquela boate
novamente, por nossa amizade. ― A bandeja começou a tremer. ― Lana,
você é uma Campbell, tem um sobrenome conhecido nos holofotes da mídia.
― Me dê essa bandeja. ―A puxei, derrubando um pouco de café. ―
Primeiro, quem está nos “holofotes” da mídia é você e o senhor magnata. E
hoje à noite estarei no meu trabalho, não me inclua nesse mundinho de
ricaços metidos.
Tentei fechar a porta, mas Rander me impediu.
― Logan odeia ver o nosso sobrenome envolvido em escândalos.
Alana, se ele souber que você vai trabalhar na boate novamente, apenas
prepare-se para enfrentar uma enxurrada de problemas ― alertou apreensivo.
― Por favor, pense com maturidade.
Logan Campbell isso e aquilo…
Rander perdeu toda opinião própria com a chegada do primo. Fiquei
impressionada como ele era manipulável pelo Logan, perdeu completamente
a sua personalidade.
― Foda-se o Logan. Eu vou trabalhar no clube e ninguém vai me
impedir. ― Antes que o Rander pudesse protestar, fechei a porta na sua cara.
Nunca consegui andar em linha reta, sempre caminhei meio torta. Era
toda ao contrário, não gostava de ser “padronizada”, de ser moldada e seguir
as escolhas alheias e tudo que nossa sociedade patriarcal determinava.
Quando tentavam impedir meus objetivos e sonhos, eu passava por
cima, atropelando qualquer um com um grito de guerra: “Não entra no meu
caminho, porra.”
Essa era a Alana García Campbell, que seguia seus próprios
interesses.
E, infelizmente, mulheres com meu temperamento eram muito
julgadas por nossa sociedade.
Alana
Bem, vocês já sabem qual será a minha forma de agir nessa situação.
Eu simplesmente surtei, não queria acreditar no Logan, mesmo com
meu coração me dizendo que era necessário confiar no meu primo, mas o
desprezo que ele sentia por mim e todas as vezes que me ignorou feito um
animal sarnento não ajudaram muito. Usei minha razão e tudo o que ele falou
para meu pai incentivando um internato.
Como posso confiar em uma pessoa que me desconsidera tanto?
― Alana, você precisa parar com esses surtos de maloqueira ―
repreendeu Rander.
― Esse homem ― apontei para o Logan ― chega da terra da rainha
achando que é o rei. Desprezando-me, tentou persuadir meu pai para me
prejudicar, destruiu meu relacionamento e com certeza vai fazer o mesmo
com meu trabalho.
Logan riu com escárnio.
― Chama isso de trabalho? ― Ele gesticulou com a cabeça em
direção ao Madrid Clube.
― Sim, o meu trabalho. Eu amo rebolar a bunda para homens que
gostam de ter uma mulher de verdade, e não para almofadinhas mimados que
preferem bonecas turcas com o rosto repleto de botox. ― Logan grunhiu,
diminuindo os centímetros que separavam os nossos corpos. Ele estava com
uma expressão enfurecida. Ótimo, a provocação estava surtindo efeito... ―
Eu fico me perguntando, a modelo turca tem botox na vagina também? Fez
alguma cirurgia plástica para melhorar a aparência da perereca? Porque no
rosto é quase uma Barbie humana.
― Já chega! ― berrou Logan, pegando-me no colo com uma rapidez
absurda, soltei alguns gritinhos de surpresa.
Logan me jogou no por cima do ombro direito.
― Logan, ficou maluco? Pode colocá-la no chão agora mesmo.
― Não se envolva, Rander. Preciso ter um momento a sós com nossa
priminha. ― Logan girou pelos calcanhares, me carregando feito uma boneca
inflável.
― Pode soltar agora ou eu vou...
― Vai o quê? Tentar me bater por estar certo?
Ri com desdém.
Eu não poderia estar ouvindo isso… Ele acha mesmo que está certo?
― Logan, estou perdendo a minha paciência ― exclamei um palavrão
em seguida.
― Primeiro, não fale da minha noiva. Ela é especial. Segundo,
paciência é uma virtude. Uma virtude que pessoas como você nunca terão.
― Pessoas incrivelmente gostosas como eu ― continuei a
provocação.
Logan me colocou no chão, próxima da sua Hilux gigantesca.
Meu Deus, por que uma caminhonete tão grande? O meu primo abriu
a porta.
― Entre, quero conversar com você.
Neguei com a cabeça e cruzei os braços.
― Céus, será que não podemos conversar educadamente? ― Logan
questionou, incrédulo.
― Ah, saco. Tudo bem... ― Desisti, já estava farta. Ele fechou a
porta com força, entrando na caminhonete.
― Vamos voltar para a mansão, pretendo te contar tudo que sei no
caminho.
― Não quero saber, por favor.
― Não preciso da sua autorização, você vai me ouvir querendo ou
não.
Estremeci de raiva.
Ficamos em silêncio por longos minutos. Logan parecia estar vivendo
uma batalha interna, ele passava as mãos pelo cabelo várias vezes seguidas,
até deixá-lo desgrenhado, suspirava sem parar e parecia abstraído.
Com um pigarrear exagerado, ganhei a sua atenção.
― Está tudo bem? ― indaguei, não entendendo a minha vontade de
iniciar qualquer conversa amigável.
― Estou bem, apenas pensando na Elsa.
Fiquei estática com a sua transparência.
Ele estava mesmo falando dela para mim?
― Bom, relacionamentos não serão apenas amor e carinho, haverá
momentos complicados também.
Não era uma perita em noivados ou namoros. O meu quase
“relacionamento" foi um verdadeiro desastre, Cadu poderia ser um grande
mentiroso, mas conseguia imaginar o quanto era perturbador viver um
relacionamento instável.
Logan ficou em silêncio, ele não me respondeu de imediato. Apenas
parou o carro no acostamento, desligando o motor.
― Quero explicar sobre a situação difícil que ocorreu hoje. E depois
vamos voltar para casa e descansar, sem brigas ou desentendimentos.
Engoli em seco, sentindo uma pontinha de medo. Odiava a ideia de
Logan estar certo sobre o Cadu.
― Você tem cinco minutos. ― Fiz uma expressão desinteressada. ―
Amanhã vou procurar o meu namorado e acertar as coisas entre nós.
― Qual namorado? Existe outro? Porque o Cadu Gallucci é casado
com a Márcia Gallucci, a apresentadora do programa de culinária e também a
socialite mais requisitada nos eventos milionários da grande São Paulo.
Meu coração acelerou, meu peito queimava e eu estava prestes a
engasgar com o próprio choro. Márcia Gallucci?
Droga, estava fazendo sentido o sobrenome.
Charlotte acompanhava as receitas da apresentadora na televisão e,
por esse motivo, quando conheci o Cadu, o seu sobrenome me soou tão
familiar.
Era óbvio demais, como consegui ser tão cega? Logo eu que sempre
quis ser a rainha da malandragem.
― Os Gallucci são banqueiros conhecidos nos eventos que patrocino
e frequento. Estão sempre com os nomes nas listas de convidados ― revelou
Logan em um tom afável, parecia arrependido por ter me contado a verdade.
― Ele mentiu para mim por três meses. ― Solucei. ― Como os
homens conseguem mentir tão descaradamente? Eu poderia destruir uma
família.
― Shhh. ― Fez Logan. ― Não é a sua culpa, você era solteira
quando o conheceu. Cadu mantinha uma união com outra mulher. O respeito
vem primeiramente do homem comprometido.
― Mas fui eu quem pediu o número do WhatsApp dele ― confessei,
limpando as lágrimas. ― Estou me sentindo a pior pessoa do mundo.
― Você não tem uma bola de cristal para adivinhar que ele é casado.
Cadu deveria ter recusado o seu pedido. E um envolvimento amoroso entre
uma aluna e um professor nunca será certo, ele também não agiu de uma
forma profissional.
― Cadu é um cretino ― choraminguei.
― Eu vou ser sincero, Alana. Podemos ter nossas desavenças, mas
tudo tem limite, e vê-la sendo enganada, sabendo o que poderia acontecer...
Não consegui me conter, só queria você longe daquele cara.
Agora estava compreendendo tudo, uma sensação de gratidão se
inflou dentro do meu peito.
― Eu quero ir embora, me leve para casa. Por favor. ― Encostei
minha cabeça na janela do carro, esperando e... Por que o motor do carro não
saía do lugar?
Quando voltei meu olhar para o Logan, ele estava admirando as
minhas coxas.
Que comportamento estranho era esse?
Franzi a testa.
Era impressão minha ou ele estava me comendo com os olhos?
Logan enrubesceu ao perceber que foi flagrado encarando minhas
coxas.
― Quer procurar o que perdeu aqui? ― perguntei, meio emburrada.
― Eu não estava fazendo o que você está pensando ― retrucou na
defensiva. ― Eu só estava pensando em dizer que sinto muito por tudo.
Tudo bem, já passou!
Não queria pensar mais. Por ora só queria descansar e esquecer tudo
que aconteceu.
― Eu supero, não se preocupe.
Logan assentiu, ligando o motor do carro e voltando a dirigir em
direção a nossa casa.
Alana
Karen estava tensa ao lado do Logan, o meu primo não falou muito
desde que chegamos. Ele apenas observava atentamente os clientes do clube.
― Você está bem? ― indaguei.
― Não, o nome da nossa família está em todos os noticiários,
qualquer deslize esta noite resultará em mais notícias sensacionalistas.
Ele tinha razão, os jornais afirmavam que meu pai me mantinha em
cárcere privado, comparando o Dominic com Josef Fritz, um homem que
manteve a filha presa por 24 anos. Era completamente grotesco as mentiras
que estavam sendo criadas.
― Jonathan chegou ― Karen avisou, bastante aliviada. ― Amiga,
você não se importa...
― Pode ir, e boa diversão!
Ela sorriu e praticamente correu até os braços do tatuador.
Eles formavam um casal lindo, ninguém podia negar. Jonathan me
cumprimentou de longe com um aceno e os dois caminharam até uma mesa.
― É namorado dela? ― perguntou.
― Humm, ficou enciumado? ― Dei alguns tapinhas no seu ombro.
― Sinto muito, meu amigo, mas você perdeu.
Logan meneou com a cabeça, me lançando um olhar estranho. Parecia
repleto de desejo.
― Eu não perdi nada. Na verdade, estou querendo outra mulher.
O quê?
Será que ele estava a fim de alguma mulher que frequentava a boate.
Observei ao redor, procurando a sortuda, e senti uma leve pontinha de inveja.
Quando voltei minha atenção para o homem ao meu lado, notei que Logan
havia diminuído a distância entre nós.
Ele está muito perto, pensei.
O meu coração começou a dançar Macarena.
Fiquei inquieta com a aproximação. O meu corpo estava gostando da
sua presença, era uma sensação nova, não sabia como lidar com ela.
― Qual é o problema, Alana?
― Você está muito perto ― revelei, sem prestar muita atenção no
significado de cada palavra.
― Desculpe, eu não queria causar nenhum desconforto. ― Logan deu
três passos para trás.
― Não, por favor. Não entenda mal, eu fico muito excitada quando
você está por perto.
O meu primo ficou inerte por alguns segundos, depois inclinou a
cabeça para o lado, lembrando um movimento de um felino.
Um tigre de olhos dourados.
Um predador, não poderia me esquecer.
― Você é sempre assim?
― Eu não entendi.
Ele riu, um sorriso divino e alegre. O som da sua risada era a nova
trilha sonora da minha vida.
― Fala tudo que deseja, não se importando com o pensamento das
pessoas.
― Acho que sim, não podemos esquecer o quanto sou inconveniente.
― Precisava alfinetar.
Logan suspirou fundo, voltando a aproximar nossos corpos.
― Esqueça todas as nossas desavenças, Alana. Esta noite quero
aproveitar a oportunidade para te agradecer.
― Humm?
A boca dele estava muito perto.
O perfume estava me enfeitiçando.
― Obrigado por me defender no campo de golfe.
Era tarde demais, eu não consegui controlar minha vontade de tê-lo.
Poderia manter meu autocontrole, não reagir ou apenas ignorar o efeito que
ele tinha sobre mim, mas, em meio a um clube onde as pessoas estavam
fugindo de sentimentos e buscando prazeres momentâneos, me vi presa,
hipnotizada pelo homem que detestava.
Em meio a um clube, com clientes, danças e bebidas alcoólicas, eu
recebi o melhor beijo da minha vida.
Logan me beijou...
Ele estava me agarrando sem qualquer controle. Tudo começou a
fazer mais sentido, os toques dos seus lábios que me trouxeram clareza. As
novas sensações que estava sentindo faziam sentido agora e tudo começou a
se encaixar perfeitamente na minha mente e no meu coração.
As suas mãos fortes e quentes percorriam meu quadril, deslizando na
minha bunda.
O nosso beijo era repleto de paixão.
Eu segui a sintonia, mordiscando seus lábios macios.
Estávamos vivendo um momento tão único e nosso.
Esqueci de tudo: os problemas que chegaram, o peso do nosso
sobrenome, e do nosso desprezo. E simplesmente me permiti sentir qualquer
sentimento bonito por ele.
Logan
― É ela!
― Shhh, vai acordá-la!
Humm!
O que a Charlinha estava fazendo no meu quarto? Ainda sonolenta,
abri meus olhos. Havia várias plumas espalhadas na cama, senti o meu corpo
enrijecer quando me lembrei da noite anterior. Não estava no meu quarto...
E Logan não estava ao meu lado.
Típico de homens que só estavam procurando sexo.
Sentei-me na cama, esfregando os meus olhos e sentindo o meu corpo
dolorido. Logan não conseguia saciar o seu desejo com apenas uma gozada.
Era maravilhoso, mas cansativo...
Espreguicei meus braços, percebendo que não estava sozinha no
quarto.
O quê?
― MEU DEUS! ― gritei agoniada, cobrindo meu corpo com o
edredom. As funcionárias ficaram desesperadas. ― O que vocês estão
fazendo aqui?
― O senhor Logan nos mandou trocar os lençóis da cama e limpar a
suíte. Perdão, patroinha!
― Ele mandou? Ah, mas não posso acreditar.
As duas mulheres, extremamente envergonhadas, trocaram olhares
nervosos.
― Por favor, saiam agora ― mandei, emburrada.
As funcionárias correram apavoradas e saíram do quarto.
Logan não poderia esquecer a nossa noite juntos. Como ele enviava
duas empregadas para o seu aposento sabendo que eu estava dormindo na sua
cama?
O homem perdeu o juízo, os boatos iriam se espalhar por cada
cômodo da mansão.
Irritadíssima, peguei os meus pertences e segui para o meu quarto.
Tomei um banho rápido e coloquei um simples pijama, depois desci para o
café da manhã. A minha família estava reunida à mesa, conversando sobre
minha entrevista para a imprensa.
― Todos os nossos advogados já estão cientes, nossos representantes
também. Alana fará o discurso na Arte-Urban ― Rander comentou.
Eu não conseguia olhar em direção a Logan.
Que nervosismo.
Peguei o bule de porcelana, despejando um pouco de chá de limão na
minha xícara.
― Terça-feira será um sucesso, tudo está programado ― acrescentou
Charlotte. ― Não podemos mudar nossas tradições, sem conversas sobre
negócios no café da manhã.
― Essa é sua tradição, Charlotte. ― A voz do Logan causou arrepios
no meu corpo.
Arrisquei encará-lo.
Logan estava glorioso. Os seus cabelos estavam molhados e uma
regata deixava seus bíceps arranhados à mostra.
Fui eu quem deixou esses arranhões?
Deus, quase incendiamos o quarto com nosso próprio fogo.
― O que foi? ― perguntou-me com um sorrisinho satisfatório no
rosto.
― Acordei de mau humor e com uma dor estranha no meio das
minhas pernas.
Meu pai se engasgou com o café.
Charlotte arregalou os olhos.
E Rander ficou pasmado.
E Logan? Ele apenas gargalhou, divertindo-se com minha resposta.
Não consegui conter meu riso.
― Alana, você tem frequentado o seu ginecologista? ― Charlotte
sempre fazia as melhores perguntas, deixando todos os homens
constrangidos.
Você não imagina qual ginecologista me penetrou na madrugada.
Comecei a rir baixinho dos meus próprios pensamentos, meneando a
cabeça.
― Eu cuido muito bem da minha saúde.
― Patrão... PATRÃO! ― uma das assistentes pessoais entrou
gritando.
Meu Deus, ficamos alarmados e bastante assustados com o escândalo
da garota.
― Jesus Cristo! ― Charlotte levantou-se, atordoada com os gritos. ―
O que está acontecendo?
― Vocês precisam ligar a televisão. A patroinha está nos jornais.
Eu o quê?
Pisquei, incrédula.
― Ligue a televisão, mulher ― ordenou Dominic, completamente
aflito.
A empregada correu até a televisão que era integrada na parede,
colocando no jornal.
Todos ficamos em silêncio, ouvindo a notícia.
Na hora não gravei o seu rosto em minha memória, fiquei tão furiosa
e precisei acalmar as minhas mãos trêmulas. A vontade de gritar com todas as
pessoas ao redor era imensa. Agora, assistindo a entrevista, conseguia notar o
sorriso debochado.
A expressão do jornalista era de pura satisfação.
Será que era tão agradável acusar alguém?
Alana
― Alana, acorde.
Eu sobressaltei-me com as batidas fortes na porta do meu quarto.
Meu Deus, algo horrível aconteceu.
― Logan, acorde. ― Ele cobriu a cabeça com o travesseiro. ―
Logan, é o meu pai. Ele está batendo na porta, acho que aconteceu alguma
coisa.
Ele resmungou algumas palavras que eu não consegui identificar.
Pulei da cama, pegando meu robe em cima da poltrona e corri para
atender a porta antes que meu pai tivesse um ataque cardíaco.
― Bom dia ― cumprimentei, meio sonolenta.
― O dia começou péssimo, aquele animal horrendo conseguiu
encontrar meu quarto. ― Ele notou meu primo dormindo na minha cama,
Dominic pigarreou e continuou a reclamação. ― Alana, ela mastigou o meu
sapato, mijou no tapete, e o pior, acordei com lambidas nojentas no meu
rosto.
― Sinto muito! ― As minhas bochechas estavam queimando de
vergonha.
― Há semanas aquela cachorrinha tem perturbado, todos estão
reclamando. É melhor contratar um adestrador ou ela vai ganhar uma casinha
no jardim. ― Dominic deu meia-volta, murmurando xingamentos sobre a
cachorrinha.
Geralmente a Hope dormia no meu quarto, mas tinha momentos em
que a cadelinha sumia do mapa e ninguém conseguia encontrá-la.
Ela tem um ótimo esconderijo!
Era muito bagunceira e rasgava qualquer sapato que aparecesse na sua
frente, além de fazer xixi onde menos esperávamos. Eu tentava ensiná-la, mas
o animalzinho era cabeça-dura como um Campbell.
― Logan, são sete horas da manhã. Eu preciso me arrumar para a
faculdade, se não me apressar posso chegar atrasada de novo. ― Peguei uma
almofada e acertei nas suas costas. ― Argh, meu Deus, entrou em
hibernação?
― Eu já sou formado, quem precisa acordar cedo é você ―
respondeu com a voz rouca de sono.
― Tudo bem, eu desisto. Você fica resolvendo os problemas que
nossa filha nos trouxe.
Antes que ele tivesse tempo de protestar, entrei no banheiro. Já estava
acostumada a estudar na parte da manhã, o horário corria muito rápido
naquele período. O problema era aguentar a fome, sempre chegava em casa
faminta e minha querida Charlinha caprichava no almoço.
A minha relação com Rander voltou ao normal, estávamos
conversando como antes, agitando como melhores amigos novamente. E meu
coração estava tão completo que às vezes sentia medo de perder toda essa
felicidade. Eu amava a minha família, a nossa convivência estava perfeita
demais.
No período da tarde participei das aulas de dança.
Eu aprendi a gostar da academia Chá & Dança.
Tínhamos horários para apreciar um chá e biscoitos caseiros
deliciosos, nos fundos da “simplória” casa existia mesas redondas e delicadas
que circulavam um jardim. Era um ambiente agradável e protegido, com uma
área coberta com telhas. Muito arejado e havia uma fonte no centro do jardim
que se destacava com belas margaridas. Eu apreciava a hora do chá, amava
conversar com as meninas que participam das aulas, elas eram muito
amistosas.
― Como foram as aulas hoje? ― Logan estava me aguardando, como
era costumeiro.
― Apaixonante como sempre ― respondi sorridente, seguindo até a
caminhonete.
― Está acontecendo um casamento no jardim da mansão, muito
interessante.
― Eu amo os casamentos que acontecem no jardim, são perfeitos.
― Podemos assistir de longe ― sugeriu. ― Um dia seremos nós.
― Com certeza. ― Beijei a sua bochecha.
― Infelizmente tenho uma notícia que você vai odiar.
Ah não, estava muito perfeito para ser verdade. Logan abriu a porta
da caminhonete e entrei meio receosa, sentindo meu coração se contrair.
― Por favor, sem suspense ― pedi quando Logan entrou.
― No sábado as nossas empresas irão promover um leilão
beneficente, em um hotel de luxo em São Paulo. Você terá que participar,
como herdeira e minha noiva, precisa estar presente.
Eu concordei com a cabeça, seria a minha primeira aparição em um
evento importante das empresas Campbell.
― Tudo bem, eu consigo. Vai ser tranquilo, essa é a notícia ruim?
Logan ficou com o semblante mais rígido.
Ele mal piscava.
― Vou precisar viajar para Londres na próxima semana. Tenho uma
reunião com os afiliados.
A notícia me acertou em cheio, como uma bala perdida.
― Por quanto tempo você vai ficar no exterior? ― Fiz o possível
para manter minha maturidade.
― Não vou demorar, são apenas alguns dias e logo voltarei. Eu te
prometo, não vou permanecer em Londres.
Engoli em seco.
Como passar alguns dias sem ele?
Depois que assumimos nossa relação, deixamos a farsa sobre o
noivado de lado. Era tudo real, os sentimentos que sentíamos um pelo outro.
Éramos mais que companheiros, nos tornamos grandes amigos e fazíamos
praticamente tudo juntos.
Eram passeios, conversas aleatórias, filmes, até mesmo dividíamos o
chuveiro. Aproveitávamos nossa relação de uma maneira intensa e vivíamos
como qualquer casal.
Eu era completamente apaixonada por ele, e mesmo quando não nos
expressávamos com palavras, sabíamos o que sentíamos.
A nossa conexão ficou linda com o passar dos dias, eu era fascinada
por seus olhos dourados.
― Uau, só posso desejar uma boa viagem ― foi tudo que consegui
dizer.
― Eu sei que não será fácil, estamos acostumados a ficar juntos ―
Logan me encarou nos olhos ―, mas vou manter contato, não se preocupe.
Eu confiei nas suas palavras, entendendo perfeitamente, sem iniciar
qualquer discussão por algo tão trivial.
― Tudo bem. Agora quero saber se você resolveu o problema?
Logan franziu a testa, ficando visivelmente confuso.
― Qual problema? ― quis saber.
Ah, não.
Homens!
Será que eles não gravavam nada na cabeça?
― Eu avisei sobre a Hope. Ela entrou no quarto do Dominic e fez a
maior bagunça.
Ele riu descontraído.
― Gosto da nossa vira-latinha, ela não tem medo de enfrentar leões
bravos.
― Ela não tem, mas Dominic foi claro com suas exigências. Ele quer
contratar um adestrador ou nossa filha vai dormir no jardim ― revelei,
desanimada. ― Todos que trabalham na mansão estão reclamando e
perdendo os sapatos. Ela morde o tornozelo de qualquer pessoa que esbarra
em seu caminho. Rander precisou trocar a calça porque aquela bolinha de
pelo resolveu atacá-lo.
― Já imaginou se ela fosse porte grande? ― gracejou Logan.
― Os pequenos são os piores.
― Vamos resolver esse pequeno probleminha, vou contratar um
adestrador.
Eu concordei, exaltando felicidade.
Quando Logan falou que contrataria um adestrador, ele não falou que
o destruidor de relacionamentos em pessoa chegaria no nosso lar. O homem
era o clone do Can Yaman.
Um moreno sedutor e musculoso.
Os seus olhos de ébano percorriam meu corpo sem qualquer respeito.
Uau, eu estava comprometida, mas não era cega.
O cara era um monumento.
― Você deve ser a Alana. ― Sorriu, estendendo a mão para um
cumprimento.
― Sim, sou a dona da espertinha. ― Aceitei o cumprimento.
― Meu nome é Nando, vou observar o comportamento dela por
algumas horas. Depois começo o adestramento ― disse, ainda me devorando
com seus olhos escuros.
― Pode ficar à vontade, qualquer dúvida procure um dos
funcionários, eles podem ajudar.
― Por favor, preciso que responda algumas perguntas, quero
trabalhar nos comandos para melhorar a integração do animal com sua
família ― ponderou.
― Estou à sua disposição.
O homem me lançou um sorriso carregado de malícia.
Ah, não!
― Estou à disposição para responder às suas perguntas ― corrigi. ―
Hope está nos enlouquecendo, mastiga os sapatos de todos e adora morder
um tornozelo distraído. Ela é linda, mas é muito desobediente.
― Linda igual à dona.
As minhas bochechas queimaram de vergonha, ou de raiva, não sabia
ao certo.
Ele estava me comparando com uma cadela anãzinha e peluda?
― Está demitido.
Eu sobressaltei, dando vários passos para trás. Logan adentrou o
escritório com uma expressão furiosa, seus olhos ardiam em fúria.
― O quê? ― Nando perguntou, rindo com um tom debochado. ― Fui
contratado por ela.
― Não, quem entrou em contato com a sua agência fui eu. Ela é
minha noiva e não achei profissional o tom malicioso que usou com a minha
mulher. Estou cancelando o contrato.
Fiquei parada, observando a cena completamente pasma.
Nando ganhou uma cor avermelhada em seu rosto.
― Perdão, eu não sabia que ela...
― Saia! ― esbravejou Logan.
O homem pegou seus materiais de treino e saiu, totalmente
constrangido.
― O que significa isso? ― Logan me avaliou de uma maneira
acusatória.
― Isso o quê? ― Fiz a egípcia.
― Ah, é sério? Ele estava querendo comer você.
― Ele não queria me comer, os elogios foram inesperados e não
soube como reagir ― expliquei com sinceridade.
Logan continuava furioso, como se eu fosse a culpada.
― Meu Deus, não precisa ficar tão nervoso. Crises de ciúmes e
insegurança não combinam com você, se fosse mais sincero com seus
sentimentos não ficaria tão inseguro. Você mal fala o que eu significo na sua
vida ― disparei tudo até perder o fôlego e meu coração acelerar como se
estivesse participando de uma maratona.
― Quer saber o quanto significa na minha vida? ― Logan caminhou
até a estante de livros e pegou um exemplar. ― Leia o poema "Dança" de
Pablo Neruda, você vai entender um pouco.
Alana
Sinopse:
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O meu Garoto
Sinopse
Aos 27 anos, Narah Welkyn acabou se divorciando do seu marido, um
casamento de seis anos que foi perdido graças à vida monótona que levava.
Sempre muito determinada, conquistou uma vida luxuosa, mas perdeu o
homem que dizia amá-la. Seus dias vão se tornando tristes, se tornam
maçantes. No entanto, tudo tende a mudar quando uma amiga leva Narah em
uma boate privada e sigilosa, onde ela conhece um brasileiro chamado
Alessandro, um garoto de programa que ama a perdição, com a vida
bagunçada, trazendo com ele uma bagagem de problemas.
Narah vai tentar salvar a sua vida, mostrando a Alessandro que os
caminhos mais fáceis podem ser a sua ruína.
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A Patricinha e a Fera
Sinopse
Aos 24 anos, Diana Bernardi tem uma vida maravilhosa, ela é amada
por sua família e amigos, nunca ousou pensar negativo, e luta para alcançar
seus objetivos com muita determinação. Uma semana antes da sua formatura
na faculdade, Diana descobre que está grávida do seu noivo. Três sonhos
estão prestes a se realizar: a conquista do diploma, o casamento com seu
noivo e a bênção de um filho. Tudo estava perfeito, como Diana sempre
idealizou. No entanto, a sua vida mudará drasticamente ao flagrar o noivo
que ela tanto amava na "cama" com seu irmão mais velho. Sentindo-se
derrotada e repleta de tristeza, Diana decide fugir do Rio de Janeiro para
recomeçar a sua vida do zero, evitando se apaixonar e se envolver com outro
homem.
Richard Duarte é totalmente o oposto da patricinha que vai surgir no
seu caminho. Ele não tem uma vida sonhada ou próspera, Richard carrega
grandes tormentos. Ele presenciou a morte da esposa e da sua filha, a tragédia
ficou marcada em sua alma. Para fugir e esquecer a dor, Richard buscou
conforto nas drogas, uma atitude irresponsável e impulsiva que resultou dois
anos em uma prisão. Richard conheceu o pior das pessoas, a verdadeira
crueldade dentro de uma cela, enfrentando um inferno para sobreviver. Ele
não é o mesmo, há muito tempo deixou de sentir compaixão ou amor por
alguém, se transformando em uma fera sem sentimentos.
Duas vidas que são mudadas por acontecimentos trágicos e
desoladores. Duas vidas que o destino trabalhará para unir. Diana & Richard
deixarão o amor florescer em suas vidas e transformá-los para sempre?
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Milionário Sedutor
Sinopse
"ELE SERÁ O CAMINHO PARA O SEU PRAZER E A RUÍNA DO
SEU CORAÇÃO."
O milionário William Vasconcelos tem o mundo em suas mãos, curtia
a vida regada a poder e diversão. Ele nunca se preocupou com as emoções
alheias e seu maior objetivo era alavancar o grupo hoteleiro que estava há
gerações na sua família.
O jovem milionário de apenas 27 anos era cobiçado e muito desejado por
todas as mulheres, conquistando uma lista de admiradoras e casos amorosos.
William era mestre na arte de trepar e nunca se importou com os sentimentos
ou com os corações partidos no seu caminho. Ele queria sentir desejo e muito
prazer, priorizando as suas vontades. Nunca se envolveu emocionalmente
com uma mulher, até reencontrar uma amiga especial que marcou a sua
infância.
Beatriz Oliveira nunca conseguiu esquecer ou enterrar os traumas do
passado. Ela lutava todos os dias para não desencadear sentimentos que
poderiam prejudicar sua saúde mental, e mesmo enfrentando diversos
problemas, conseguiu encontrar conforto nos livros e na sua família adotiva.
Beatriz sempre evitou multidões ou contatos mais íntimos com outras
pessoas, mas não poderia evitar o casamento da sua melhor amiga. Ela teria
que enfrentar seus traumas para não decepcionar as pessoas que ama. No
entanto, uma paixão inesperada vai surgir no seu caminho.
Uma paixão que será a cura dos seus temores ou a ruína do seu
coração .
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Milionário Irresistível
Sinopse
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