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utilizar a presente obra literária para obtenção de lucro direto ou indireto, nos
termos do art. 184 do código penal e lei 9.610/1998.
O proibido nunca teve um sabor tão doce...

Eleanor Aldrick
Para todas as mulheres que pensam que não podem. Este livro é para você. É a
prova de que você pode.
“Queimar de desejo e ficar quieto é o maior castigo que podemos trazer sobre nós
mesmos.”

Frederico Lorca, casamento de sangue e Yerma


PLAYLIST

“Conversations in the Dark” - John Legend

“Girl Gang” - Gin Wigmore

“Break My Heart” - Dua Lipa

“Believe It” - PARTYNEXTDOOR & Rhianna

“Blinding Lights” - The Weeknd

“Home” - Phillip Phillips


PRÓLOGO

Três Anos Atrás...

— Você tem que ficar limpa, mãe. — Eu limpo meus olhos, tentando
manter minha visão clara, mas as lágrimas continuam chegando.

Meu peito parecia pesado, como se um elefante imaginário estivesse


sentado em cima de mim, roubando-me a respiração. Só que o pesado
elefante não é imaginário, é real. É um verdadeiro segredo que não deveria
ser meu.

Minha mente passa por tantas emoções - emoções que nunca senti
antes. Traição. Devastação. Ódio.

Claro, minha mãe não é perfeita. Qual mãe é? Mas trair nossa família
assim? É imperdoável.

A voz estridente da minha mãe corta meus pensamentos. — Você não


tem ideia do que está me pedindo, Bella. Você é jovem demais para
entender. — Suas mãos praticamente estrangulam o volante enquanto ela
nos leva para casa da exposição de arte, a exposição de arte onde eu tive
minha primeira exibição. — Além disso, você estará na faculdade antes que
perceba. Isso não é algo com o qual você precise se preocupar.
Revirando os olhos, viro-me para olhá-la. — Besteira! Esta noite
deveria ser minha noite. Mas não. Em vez disso, tenho que entrar em...

O braço direito da mamãe dispara para bater-me, interrompendo-me


no meio da frase. O rosto dela fica pálido e os olhos se arregalam antes que
eu ouça o barulho dos pneus e veja o flash dos faróis iluminando o interior
da cabine.

O barulho alto de metal colidindo contra metal reverbera pelo meu


corpo enquanto eu bato no console central. Antes que eu possa
compreender completamente o que aconteceu, o carro começa a rodar na
estrada, em direção ao rio arborizado. Dentro do carro, meu corpo está
sendo empurrado para frente e para trás como uma boneca de pano. Eu
tento pegar a mão da mamãe, mas com todo o movimento, é impossível
aguentar.

Memórias aleatórias piscam diante de mim... Mamãe jogando


panquecas na manhã de sábado, papai me ensinando a dirigir, Matt e Max
pulando na minha cama...

O som de metal triturado e vidro quebrando me faz fechar os olhos,


tentando evitar que os cacos brilhantes voem direto em minha direção.
Meu corpo avança quando minha cabeça bate no airbag. O pó branco fino
flutua pelo ar, queimando minha pele em contato e me fazendo tossir
repetidamente. Meu nariz arde e minha garganta queima. A compreensão
começa a despontar quando a poeira começa a baixar.
Fomos atropeladas por outro carro.

— Mamãe... — Eu chamo, precisando que ela diga que está tudo bem,
mas ela não responde.

Apesar das falhas de minha mãe, ela ainda é a pessoa a quem eu


recorro quando estou com medo. E neste momento eu estou muito
assustada.

Um grito silencioso me escapa assim que meus olhos caem sobre ela.
Eles se concentram dentro e fora, tentando entender a visão diante de mim.
Sangue. Muito sangue, um galho está grudando direto em seu torso,
perfurando Deus sabe o quê, e sua garganta está gerando ruídos
borbulhantes enquanto ela tenta falar.

— Shhhh, mãe. Não diga nada. A ajuda está chegando, — eu sussurro


suavemente, tentando confortá-la com minhas palavras, porque tenho
muito medo de tocá-la. — Alguém deve ter nos visto.

Apresso-me para tirar o cinto de segurança na tentativa de localizar


meu telefone celular, apenas para descobrir que a trava está congestionada.
Estamos ficando sem tempo. Pense, Bella pense que preciso de ajuda antes que
mamãe sangre, mas todo movimento causa dor insuperável e me drena a
pouca energia que me resta.

Mexendo meu pé esquerdo, sinto o que poderia ser meu telefone. Com
grande esforço, consigo empurrar o objeto para trás, apesar de ter um
espaço limitado entre o painel e meu assento. Se eu o empurrar para trás o
suficiente, talvez eu consiga colocá-lo ao alcance do braço.

Inclino minha cabeça para cima na tentativa de mudar meu corpo para
mais perto do chão, conseguindo estender a mão e tocar o objeto com as
pontas dos dedos. — Quase... — Gemo quando empurro meu braço
esquerdo para baixo, agarrando com sucesso o telefone, mas recuperando-
o sem sucesso. Ótimo, estou presa. A parte superior do meu braço agora está
presa entre o painel e o meu assento, tornando impossível me soltar.

Usando a memória muscular, desbloqueio o telefone e tento discar


cegamente para obter ajuda. A ligação será para quem foi a última pessoa
no meu registro de chamadas. Eu acho que era papai. Deus, espero que tenha
sido papai.

Enquanto aguardo esperando a ligação se conectar, a queda pós-


adrenalina entra em ação e minha mente começa a entrar e sair da
consciência.

Olhando pela janela, vejo a lua cheia em toda a sua glória e me lembro
de tempos mais simples. Tempos na minha infância em que a imaginação
era realidade e tudo era possível.

Eu deitada na cama do caminhão do meu pai e olhando para a lua,


tentando memorizar todos os cantos e recantos de sua superfície. Às vezes
eu conseguia distinguir um rosto e fingir que era uma madrinha das fadas,
enviada para me conceder todos os meus desejos. Se ao menos isso fosse
verdade.

— Se você está lá fora, madrinha das fadas, por favor, envie ajuda, —
clamo antes que minha visão comece a vacilar e tudo desapareça.
CAPÍTULO UM

Eu grito com o receptor firmemente contra minha orelha, ouvindo


minhas juntas quebrarem com o esforço. — Como assim ninguém pegou
Harper?

— Sr. Hawthorne como já afirmei, sua esposa ainda não pegou Harper
no nosso programa de dia das mães. Tentamos ligar para os dois números
cadastrados no sistema, mas é a primeira vez que consigo encontrar
alguém. — O tom sarcástico da voz da mulher me irrita quando tento
entender o que está acontecendo. — Alguém deve buscar Harper
imediatamente ou seremos forçados a ligar para os Serviços de Proteção à
Criança. Não teremos escolha a não ser denunciar esse tipo de negligência.

— Estou a caminho agora... — Pego minhas chaves e começo a sair


pela porta. — E senhora, se você me ameaçar novamente, eu pessoalmente
vou assegurar que você nunca veja o interior de uma creche pelo resto de
sua vida. — Um bufo de indignação escapa da mulher, mas eu continuo.
— Como é a primeira vez que recebemos uma ligação como essa, ameaçar
com o envolvimento do CPC o que pode equivaler a mera falta de
comunicação, é absolutamente ridículo. — No limite da raiva, termino a
ligação antes que ela tenha a oportunidade de responder. Ninguém fica
entre mim e minha filha. Ninguém.

Entro no meu Range Rover, batendo a porta atrás de mim. Como essa
mulher insinua que o CPC precisa se envolver. Nos últimos seis meses,
Harper foi atendida em tempo hábil e nenhuma reclamação foi emitida.

Claro, provavelmente não era inteligente ameaçar a pessoa que


atualmente mantém minha filha sob seus cuidados, mas ela definitivamente
sabe quem eu sou e sabe que tenho o poder de tornar essa ameaça uma
realidade.

Eu ligo para o número de Heather novamente enquanto acelero o


caminho pela estrada. Sem resposta. Onde diabos ela está? Eu tento me
lembrar se ela me disse para pegar Harper, mas nada vem à mente. Heather
tem estado distante ultimamente, mais do que o habitual, mas
sinceramente não me incomodei em perguntar o que diabos estava errado.

Não é um grande segredo que eu não casei por amor. Heather era uma
das muitas mulheres que eu mantinha em constante rotação.

Eu sei, eu sei... Que prostituto. Mas se você cresceu como eu, vendo o
exemplo que meus pais deram, um relacionamento também seria a última
coisa no seu radar. Pelo amor de Deus, eles fizeram Peg e Al Bundy1
parecerem o Sr. e a Sra. Cleaver.

Depois de alguns meses “namorando” Heather, descobrimos que ela


estava grávida. Não querendo que minha filha crescesse em um lar
desfeito, fiz o que achava certo e pedi a Heather que se casasse comigo. Ela
inicialmente pulou na ideia de casamento e família, então fiquei
extremamente surpreso quando encontrei um panfleto sobre aborto em sua
mesa de cabeceira. Quando a confrontei, ela disse que estava pronta para
o casamento, mas não tinha certeza de que estava pronta para ser mãe,
argumentando que tinha que manter sua figura de “esposa troféu”.

Eu reviro os olhos para a memória de tudo. A única razão pela qual


eu estava casando com ela era pela nossa filha e ela se livraria disso?

Fui sincero e honesto com Heather, dizendo a ela que só me casaria


com ela se estivesse com o bebê. Caso contrário, não faria sentido ficar com
ela. Agora, antes que você se empolgue com o fato de ser o corpo dela, a
escolha dela, a decisão de me casar com ela nunca foi planejada como
extorsão ou suborno, era apenas a mera verdade da situação. Ela era uma
foda gostosa que virou a mãe da minha bebê, não o amor da minha vida, e
o casamento só entraria na equação se minha filha estivesse envolvida.

1
PERSONAGENS DO PROGRAMA DE TV MARRIED... WITH CHILDREN.
Posso ser muitas coisas, mas um pai caloteiro nunca seria uma delas.

Heather rapidamente mudou sua música e desenvolveu um caso


repentino de febre de bebê. Não vendo pelo que era - a primeira bandeira
vermelha. Eu tolamente acreditei em sua mudança de coração, recusando-
me a reconhecer o que realmente estava por baixo de tudo.

Quinze minutos depois, estou em St. Albert pronto para ver minha
garotinha e tirá-la de lá. Ao me aproximar do escritório principal, vejo que
Harper está sendo segurada por uma mulher mais velha, com cabelos
grisalhos, puxados para trás em um nó apertado.

— Sr. Hawthorne, que bom que você conseguiu. — Ignorando o


sarcasmo, tiro Harper dos braços da mulher. — Eu sou a Sra. Morgan,
conversamos ao telefone. — Ela dá um tapinha na cabeça de Harper e
continua com sua preocupação simulada. — Não conseguimos localizar a
Sra. Hawthorne. Esperamos que esteja tudo bem.

— Não posso matar o diabo, — eu murmuro baixinho.

— O que foi isso?

— Nada. Só estava dizendo que tenho certeza que ela está bem.
Provavelmente foi uma confusão na agenda de Harper. — Eu passo para
pegar a bolsa de Harper e percebo um envelope colocado em cima da bolsa.
— Esse envelope estava aqui antes dela ser entregue hoje de manhã?
A megera se vira, um sorriso falso estampado em seu rosto. — Sim.
Eu acredito que sim. Sua esposa deve ter deixado lá por acidente. — A
mulher se mexe nervosamente com os óculos com aro de arame antes de
continuar. — Não abrimos, é claro. Afinal, está endereçado a você.

Não abriu, minha bunda! Tenho certeza que ela já leu e percorreu a
fofoca por aí. Balançando a cabeça, viro-me sem dar uma segunda olhada
e volto para o SUV, pronto para que este dia termine.

De volta à casa, coloco Harper para dormir e vou para o escritório,


temendo o que quer que esteja dentro do envelope misterioso. Múltiplas
possibilidades assaltam minha mente quanto ao que poderia ser, mas no
fundo da minha mente eu já sei.

Ela nos deixou... Bem, boa viagem, ela poderia ir para o inferno por tudo que
eu me importo.

Uma pontada de culpa me atinge com força total, por ter esses
pensamentos. Não importa a mãe que ela seja, Harper ainda merece tê-la
em sua vida, mesmo que seja na menor capacidade.
Sirvo-me um copo de Macallan2 e sento-me na grande mesa de mogno
que ancora a sala. Com um suspiro profundo, pego o grande envelope de
manila3 e desdobro a aba, despejando seu conteúdo.

A primeira coisa que vejo é uma carta com a letra de Heather, anexada
a ela uma petição de divórcio e renúncia à custódia. Pela aparência dos
documentos, ela deveria estar planejando isso há um tempo. Tempo
suficiente para contratar um advogado e divulgar todos os nossos ativos.

Começo com a carta de Heather, pois ela compartilha como chegou à


conclusão de que ser esposa e mãe não era o que ela realmente queria da
vida, mas que desejava a mim e a nossa filha de um ano a melhor sorte.

Sério, Heather? Tenho certeza de que uma criança de um ano prefere desejos
tímidos à presença real de sua própria mãe.

Finalmente, chegando aos documentos do divórcio, vejo que ela


ultrapassou os limites do nosso acordo pré-nupcial. Eu já vejo como essa
batalha será uma grande confusão. Espero que ela não pense que está
recebendo um centavo. Afinal, é ela quem está saindo da nossa família.

2
Whisky
3
Uma pasta Manila é uma pasta de arquivos projetada para conter documentos. Geralmente é formado
dobrando uma grande folha de cartão rígido ao meio. Embora tradicionalmente lustre, às vezes outras cores
são usadas para diferenciar categorias de arquivos.
Sacudindo a cabeça do nevoeiro em que entrei, começo a fazer planos
para Harper. Por ela, alguém precisa agir em conjunto nesse
relacionamento. Pego meu telefone e ligo para o número da minha irmã.

Ashley atende no terceiro toque. — Ei mano. A que devo essa honra?


Você nunca me liga durante a semana.

— Bem. — Eu corro meus dedos através do meu cabelo, puxando as


pontas. — Minha vida deu uma guinada inesperada...

Eu a informo sobre os detalhes dos eventos de hoje, terminando com


um pedido de ajuda. Ashley concorda em vir e ficar conosco por um mês
até que eu consiga arranjar uma babá, porque não há nenhuma maneira de
levar Harper de volta a St. Albert depois de hoje.

— Vou enviar o jato para você amanhã de manhã. Meu assistente


enviará por e-mail os detalhes assim que tudo estiver confirmado.

Eu solto um grande suspiro de alívio, tomando um gole agradecido


do líquido âmbar. Talvez, apenas talvez, Harper e eu possamos sair ilesos
disso.
Um mês depois

Encontro-me sentado à mesa da sala de conferências com Ren, Aiden,


Titus e Hudson, meus amigos de infância e co-fundadores da WRATH,
nossa empresa de segurança privada. Todos nós nos conhecemos na escola
preparatória, com exceção de Aiden, o irmão mais velho de Ren, que
acabou se juntando ao nosso bando de homens alegres após sua turnê no
Afeganistão.

Um pouco mais de três anos atrás, estávamos todos fazendo nossas


próprias coisas - Ren era um gênio da tecnologia durante o dia e
mulherengo notório à noite; Titus, um investigador particular nos
Hamptons, recebendo informações de maridos traidores por suas esposas;
Hudson, um contador com sua própria empresa privada aqui em Dallas; e
por último, mas não menos importante, Aiden, recém-saído da marinha
tentando descobrir para onde estava indo a seguir.

Quanto a mim, tinha acabado de terminar meu mestrado em negócios


e estava pronto para fazer um nome para mim, independentemente do
drama da minha família. Eu estava cheio de ideias sobre o que fazer, mas
a que mais destacou foi a que incluiu meus irmãos honorários. Eu tive a
ideia de fazer parceria e formar uma empresa de segurança privada,
utilizando todos os nossos diferentes conjuntos de habilidades. Os homens
concordaram, e aqui estamos nós, três anos depois e um nome reconhecido
nacionalmente, servindo quem é quem do nosso belo país.

O relógio bate cinco e acabamos de encerrar nossa reunião semanal de


gerenciamento de casos.

— É oficialmente happy hour, — anuncia Titus enquanto se dirige ao


bar.

Sentindo a necessidade de desabafar, coloco os caras no desastre que


é a minha vida. — Ashley voa de volta para casa no domingo e ainda não
encontrei uma babá em tempo integral para Harper, — eu bato enquanto
chuto meus pés na mesa e jogo minha cabeça de volta na cadeira.

— Sua irmã não pode se mudar para cá permanentemente? — Ren


pergunta.

— Não. Eu perguntei a ela, e ela atirou em mim imediatamente. Não


posso dizer que a culpo. Prefiro morar na ensolarada Palm Beach a aqui
em Dallas, também tantas lembranças horríveis para ela aqui, estou
surpreso que ela tenha ficado tanto tempo.

— Ela é sua irmã, claro que ela veio ajudá-lo quando você precisou
dela. Mas se você precisa de uma babá, tenho certeza que Isabella ajudaria
durante o verão. Ela está indo para a faculdade no outono, mas isso lhe
daria tempo suficiente para garantir uma babá permanente para Harper
até então, — oferece Aiden enquanto ele me dá um tapinha no ombro em
simpatia.

Esses caras... Mais uma vez me lembro de quão verdadeira e leal nossa
irmandade funciona.

— Espere, Bella não olha os gêmeos depois da escola? Matt e Max são
mais do que um emprego em período integral. Eu sei disso por experiência
pessoal. — Ren ri alto quando me lembro da última brincadeira que eles
fizeram no brunch de batismo de Harper. Aqueles meninos conseguiram
entrar na cozinha e derramar um recipiente inteiro de sal no fondue de
chocolate.

— Para defesa de Bella, ela não estava em serviço, eu estava, — admite


Aiden timidamente. — Além disso, é temporário. Só até William encontrar
uma solução mais permanente e ver como é sexta-feira, não acho que ele
consiga encontrar uma babá substituta melhor.

— Obrigado, Aiden. Eu realmente aprecio a ajuda. Se estiver tudo bem


com você, peça a Bella que passe lá em casa amanhã de manhã para que
ela tenha a chance de se encontrar com Ashley e repassar a agenda de
Harper. — Respirando um suspiro de alívio, começo a relaxar um pouco.

— Claro. Qualquer palavra na frente da mamãe do ano? — Aiden


pergunta.
— Sim. Compartilhe! — Titus caminha do bar do outro lado da sala.
— A última vez que ouvimos ela estava em Nova York tentando arrumar
um brinquedo para meninos mais novos!

— Deus, eu ainda não tinha ouvido isso, mas não colocaria isso para
ela. — Eu reviro meus olhos e suspiro. — Honestamente, casar com ela foi
um erro. Só não queria que Harper crescesse em um lar desfeito. Tanta coisa
para isso.

Titus bate o copo de uísque na mesa. — Esqueça a bunda dela. Há


muitos peixes quentes no mar. Aquela garota não tem ideia de como ela
era boa. Apenas marque minhas palavras, ela voltará rastejando para você
no momento em que sua bunda idiota perceber.

— Se for esse o caso, terei prazer em lembrá-la quem ela é. Eu não iria
mantê-la fora da vida de Harper, mas ela não pode simplesmente entrar e
sair de nossas vidas sempre que quiser. Isso não é saudável para Harper.
— Eu tento ficar calmo, mas essa conversa precisa de uma mudança de
assunto agora. Se eu continuar pensando nessa mulher, sou capaz de perder
a mente e aparecer em casa mijado bêbado. Estou velho demais para essa
bagunça. Honestamente, ter que cuidar de uma bebê gritando enquanto
tem uma grande ressaca não é atraente. Estive lá, fiz isso, e não estou
fazendo de novo.
CAPÍTULO DOIS

Café. É um néctar doce dos deuses.

Segurando minha caneca favorita em uma mão, tomo um gole gigante


do rico líquido preto. Mmmmm. Tão bom. Fechando os olhos, permito que a
cafeína entre no meu sistema, um delicioso gole de cada vez e saboreando
o silêncio antes da tempestade.

Os gêmeos ainda não acordaram, e este é o único tempo que tenho


para mim antes que o caos desça sobre minha cabeça.

Desde o verão, os meninos estão em uma missão para dizimar a casa.


É um milagre que eu tenha conseguido mantê-los sob controle até agora, já
que eles têm a atenção de um mosquito, ficando rapidamente entediados
com qualquer atividade que eu tenha criado para eles. São momentos
como esses que me fazem realmente sentir falta da mamãe. Eu realmente
não sou uma Betty amarga, apenas sinto que uma mãe de verdade seria
capaz de fazer muito melhor do que uma irmã mais velha.

Tomando mais um gole de café, pego meu telefone e percorro


preguiçosamente as mídias sociais antes de lembrar que papai me enviou
uma mensagem ontem à noite. Algo sobre William e sua filha, Harper.
Puxa, essa é realmente uma situação de merda em que ele está. Ter sua
esposa deixando-os assim é mais do que insano. Quem em sã consciência
deixaria William? O homem é lindo.

Posso ou não ter fantasiado sobre seus penetrantes olhos azuis e o


queixo forte aquecendo minha cama em mais de uma ocasião. Quero dizer,
você pode me culpar? O homem é um deus grego, qualquer adolescente
com hormônios estaria cobiçando seus lábios e corpo malhado. Sem
mencionar que ele também é um pai incrível e um empresário
extremamente inteligente.

William foi quem teve a ideia de fazer da WRATH uma empresa


nacional, em oposição ao pequeno negócio local que era originalmente.
Graças a ele, eles agora têm contratos em todos os estados com alguns
clientes de altíssimo nível.
O homem realmente é uma enchilada4, e essa mulher está seriamente
delirando se acha que pode conseguir alguém melhor que ele. Para cada
um o seu, eu acho.

Papai: Ei Bella, William precisa de uma babá para Harper, e eu disse


a ele que você ficaria bem em passar o verão até que ele encontrasse uma
permanente.

Ele está em apuros e isso realmente o ajudaria. Se você está bem em


enfrentar mais uma criança, encontre-o com sua irmã na casa dele amanhã
de manhã. Você revisará a programação de Harper.

Ahhh, papai tem sorte de Harper ser uma bebê fácil. O que ele estava
pensando, oferecendo sem me perguntar primeiro?!

— Bella, Bo Bella! — Matthew canta músicas enquanto corre para a


cozinha, sinalizando o fim do meu tempo de silêncio.

— Bom dia, bunda de booger5. Onde está seu irmão e o que vocês
querem no café da manhã hoje? — Eu pergunto enquanto passo minha mão
pelo cabelo loiro platinado.

4É uma panqueca de milho mexicana, muito condimentada, recheada de carne de vaca,


feijões ou frango e que leva por cima molho de piripíri e queijo ralado.
5 Meleca.
Os gêmeos se parecem muito com papai, com cabelos loiros claros,
olhos verdes e pele morena. Eu, por outro lado, sou a imagem cuspida de
nossa mãe com cabelos cor de ébano e olhos cinza-claros, a única exceção
é minha capacidade de me bronzear, me dando a mesma pele dourada que
os meninos. Às vezes, pego papai olhando para mim com os olhos mais
tristes, sabendo que devo ser um lembrete constante da mulher que ele
perdeu.

Se ele soubesse...

— Max está escovando os dentes, — diz Matt, me levando de volta


para o aqui e agora. — É sábado, queremos panquecas de chocolate duh. —
Ele ri enquanto esfrega a barriga.

— Panquecas de chocolate então. —Eu rapidamente viro e vou em


direção à dispensa, retirando os ingredientes necessários e colocando-os no
balcão.

Max entra na sala e senta-se na ilha com Matt. Eles começam a


conversar sobre o último filme da Marvel e eu decido que não há tempo
como o presente para dar a notícia sobre a mais nova adição Acampamento
de verão de Bella.

Despejo os ingredientes em uma tigela e misturo. — Adivinhem só,


bundas de frango?

— O quê?! — Os dois gritam em uníssono.


— Harper se juntará a nós em todas as nossas aventuras de verão,
começando com uma viagem ao zoológico na segunda-feira, se o pai dela
deixar, é claro. Isso soa divertido?

Tive que adoçar a panela com uma excursão, caso eles não gostassem
de ter uma criança de um ano interrompendo suas férias de verão - parece
estar funcionando. Seus olhos são tão largos quanto discos e seus rostos
minúsculos estão cheios de emoção.

— Caramba, sim! — Os meninos têm cinco anos e rapidamente


começam a falar sobre todos os animais que querem ver. — Temos que
parar na exposição de cobras. Elas são tão legais.

Estremeço ao me lembrar da última vez que levei Matt e Max para ver
os répteis. Estava na hora da alimentação e eu não conseguia tirar a visão
da minha mente por dias, mas os meninos pareciam adorar. Eu reviro os
olhos e balanço a cabeça enquanto murmuro sob a respiração, — meninos.

— Vai ser bom ter uma garotinha na mistura, trocando as coisas.


Depois do café da manhã, papai concordou em cuidar dos meninos
para que eu pudesse me encontrar com William, Harper e Ashley. Para ser
sincera, estou meio nervosa.

Confissão completa, lembra-se de toda aquela parte sobre como eu


posso ou não ter fantasiado sobre William? Sim, bem, eu subestimei
totalmente isso. Toda vez que estou perto dele, o que não é frequente,
graças a Deus, fico estranha e me torno uma maluca. Oro seriamente para
não fazer papel de boba.

Dando-me uma conversa mental, finalmente me forço a sair do


Tahoe6. Uma vez lá fora, fico cara a cara com a casa dos meus sonhos. É
uma bela casa ao estilo de Cape Cod, situada bem no meio do University
Park. É absolutamente linda, com revestimento de telha cinza, persianas
brancas, molduras ornamentadas e guarnição branca ao redor das portas
duplas da frente.

Quando estou prestes a pisar na varanda, as portas da frente se abrem


e William sai.

— Bella, obrigado por nos ajudar em tão pouco tempo. — Ele se move
para me abraçar, e eu congelo. Ele nunca me abraçou antes e a repentina
demonstração de carinho me pega desprevenida. Quando ele percebe
minha reação, rapidamente recua. — Entãooo, essa é a sua carona? Muito
móvel para uma mãe de dezoito anos, não?

6 Marca de carro.
— Eu acho. É uma necessidade ao transportar duas crianças de seis
anos ao futebol, hóquei e karatê. Era isso ou uma minivan, e nenhuma
ofensa às mães em todos os lugares, mas não, obrigada. É suicídio social para
alguém da minha idade. Não que eu tenha muita vida social, mas ainda
assim. Seria bom renunciar ao ônibus da mamãe, caso eu saísse com os
amigos. — Percebendo o sorriso em seu rosto e o fato de eu estar
divagando, paro enquanto estou à frente e calo a boca.

— Bem, seja qual for o raciocínio, combina com você. Você assumiu
um papel enorme e se aproximou dos meninos depois de sua mãe... — Ele
segue, não querendo realmente terminar essa frase. Perder nossa mãe há
três anos foi um golpe para todos que a conheciam, e ainda é uma
importante fonte de tristeza sempre que falam sobre ela. — Olha, se cuidar
de Harper está muito além do que você já está fazendo, eu entendo
totalmente.

— Não, está tudo bem. — Minha voz sai grossa e forçada. — Eu já


conversei com os meninos sobre isso e eles estão animados. Além disso, é
apenas durante o verão, certo?

— Sim, talvez mais cedo se eu conseguir encontrar uma babá antes


disso. — Ele se move em direção a casa com a mão esquerda e continua. —
Por favor, entre.

William pressiona a palma da mão nas minhas costas, o dedo


mindinho se conectando com a pele exposta do meu diafragma e
disparando pequenos golpes de eletricidade na minha espinha, enquanto
ele me conduz para sua casa.

Só vejo a família Hawthorne em feriados ou ocasiões especiais e só


estive em sua casa uma vez, no brunch de batismo de Harper. Chegando
ao hall de entrada, a casa é tão deslumbrante quanto eu me lembro. Está
decorada com um tema de fazenda costeira com tons calmantes de cinza e
marfim por todo o piso principal.

— Ei Bella, não acredito no tamanho que você está! Eu não te vejo há


anos. Desde que você tinha quinze anos, certo? — Ashley caminha até mim
enquanto segura Harper e me dá um abraço lateral. — Você é uma jovem
tão bonita agora, sua mãe ficaria muito orgulhosa.

Eu a abraço de volta, batendo no nariz de Harper enquanto me afasto.


— Ei. Sim, a última vez que te vi foi no funeral da minha mãe. — Eu lhe
dou um sorriso triste e tento mudar de assunto. — Então, você tem ajudado
William com Harper?

— Sim eu tenho, venha, vamos para a cozinha tomar um café


enquanto conversamos.

— Você disse a palavra mágica, café. — Levanto minhas mãos para o


céu em louvor. — Mostre-me o caminho e eu seguirei. — Eu ri enquanto
acompanho o ritmo.
Entramos na cozinha toda branca com equipamentos em inox, uma
enorme ilha de mármore e uma linda lareira na frente da copa. Totalmente
digna do Instagram.

Ashley entrega Harper a William e me aponta para um banquinho. —


Sente-se, vou fazer um café. Como você quer o seu?

— Preto sem nada. Facilita muito de manhã quando os meninos e eu


estamos atrasados. O que é mais frequentemente do que não. — Eu rio
depreciativamente.

— Menina, eu entendo. Confie em mim. Sinceramente, não sei como


você faz isso com dois meninos. Estou ajudando meu irmão há um mês e
não me interpretem mal, amo minha sobrinha, mas não tenho pressa de ter
um bebê tão cedo. — Ela me dá um sorriso enquanto empurra
simultaneamente uma xícara de café em minha direção. — Seu pai tem
muita sorte de ter você, Bella.

— Não havia outra escolha. Minha família precisava de mim e eu não


podia dizer não a eles. Isso teria sido totalmente errado, — digo,
encolhendo os ombros.

— Nem todo mundo pensa da mesma maneira que você, Bella, —


William rosna, me prendendo com seu olhar pensativo.

Merda. Acho que cheguei a um ponto dolorido. — Eu sinto muito.


Não quis dizer nada ofensivo, — peço desculpas rapidamente, sem
perceber que poderia ter esfregado as deficiências de sua ex horrível na
cara dele.

— Não ligue para o Sr calças mal-humorada, Bella. — Ashley acena


com a mão para William. — Agora, vamos falar sobre o cronograma.
Harper acorda às sete da manhã, cochilos ao meio-dia, jantar às cinco e
meia e vai para a cama às sete. William sai para o escritório às oito e
quarenta e cinco da manhã e retorna às cinco e meia da tarde. Ou seja, a
menos que ele esteja fora da cidade para negócios. Como isso funcionará
com o cronograma que você tem com os meninos?

— Matt e Max acordam às seis da manhã em ponto, o que significa


que geralmente acordo às cinco ou cinco e meia da manhã. Se eu quiser
chegar à frente do horário. Se estiver tudo certo, podemos estar do lado de
fora as seis e quarenta e cinco e chegar aqui a tempo do horário de Harper.
— Tomo um gole de café e continuo com minha linha de pensamento. —
Todos nós poderíamos tomar café da manhã aqui e partir para nossa
atividade diária, seja fora de casa ou algo aqui no quintal. Voltaremos para
a hora da soneca, seguidos de atividades de aprendizagem e jantar. —
Ashley e William concordam, então eu continuo. — Eu poderia preparar o
jantar, mas os meninos e eu não precisamos comer aqui, se for demais.
Além disso, tenho certeza que papai começará a sentir falta da minha
comida.

— Qualquer coisa nesta cozinha está à sua disposição, incluindo a


comida, então não tenha vergonha disso. A chef estará em licença
maternidade até o outono, então eu sei que William apreciará toda a ajuda
que você puder dar quando se trata de cozinhar, aquele homem pode
queimar água. — Ashley bufa quando bate o joelho. — De qualquer forma,
fique à vontade para levar as sobras para casa para Aiden, assim você
matará dois coelhos com uma cajadada só.

— Você realmente é a moderna Mary Poppins, — William deixa


escapar, meio admirado e meio em descrença sarcástica.

— Eu não sei sobre tudo isso, mas meu curso universitário é de


Psicologia Infantil, então acho que é da minha natureza. — Eu pisco e
aponto para William.

Eu pisquei?! O que diabos há de errado comigo? Sinto minhas bochechas


queimarem sob seu escrutínio. Fale sobre ser socialmente estranha.
Virando-me rapidamente enfrento Ashley, tentando esconder meu
constrangimento.

Ashley olha de um lado para o outro entre William e eu, estreitando


os olhos. Algo pisca em seu rosto, mas se foi antes que eu pudesse verificar
a emoção por trás disso. — Para qual faculdade você vai, Bella? É fora do
estado ou local?

— É local. Papai disse que procuraria cuidar dos meninos antes de eu


começar este outono, mas eu ainda queria ficar perto. Você nunca sabe
quando eles vão precisar de mim. — Eu brinco com um fio de cabelo,
pensando nos gêmeos. — Francamente, acho que preciso desses garotos
tanto quanto eles precisam de mim, eles foram minha âncora durante todo
o processo de luto, eles me deram um propósito para continuar e eu
poderia dizer honestamente que seria uma pessoa diferente hoje, se não
fosse por eles.

Limpo uma lágrima rebelde e peço desculpas. — Eu sinto muito, não


quis ser deprimente e me emocionar com vocês. Se a programação parecer
boa, posso estar aqui com os meninos na segunda de manhã.

— Você não é deprimente, Bella, — Ashley fala. — Eu acho que ela é


perfeita para Harper, não é William?

— Sim.

É isso. Isso é tudo o que recebo. Uma resposta me avisando que eu


tenho o emprego, Deus espero que o resto de nossas interações não sejam
assim. Estranhas.

Depois de discutir salários e outras logísticas, colocamos em dia o


pouco da minha vida social que estou disposta a compartilhar, o que não é
muito. Sejamos honestos, eles não ficariam emocionados em saber a verdade sobre
minhas atividades extracurriculares, passamos rapidamente para a vida de
Ashley em Palm Beach. Ela aparentemente está namorando um advogado
importante e está apaixonada. Parece que pode haver um casamento em
um futuro próximo.

Percebendo que horas são, coloco meu copo vazio na ilha e saio do
banquinho. — Foi tão bom recuperar o atraso, mas tenho que voltar antes
que os meninos queimem a casa sob a vigilância do papai. —Eu rio. —
Volto segunda de manhã, por favor, ligue se algo mudar entre agora e
depois.

Eu aceno para William e ando em direção a sua irmã quando saio. —


Espero ver mais você Ashley, foi tão bom passar um tempo juntas.

Com um abraço e um aperto, estou do lado de fora, pronta para abalar


o constrangimento do encontro desta manhã.
CAPÍTULO TRÊS

Outra segunda-feira, outra xícara de café, colocando uma cápsula na


máquina de café, tento decifrar as emoções que passam por mim.
Finalmente pousando em uma mistura de emoção e nervosismo, tentando
explicar os sentimentos.

É a primeira vez que deixo Harper com alguém que não seja da família
ou um profissional, de modo que poderia muito bem ser a fonte dos meus
nervos, mas de onde vem à emoção?

Uma visão de Isabella pisca em minha mente. Deus, ela é deslumbrante.


Eu não lembrava dela sendo tão bonita, seus longos cabelos negros e
penetrantes olhos cinzentos são o suficiente para deixar qualquer homem
de joelhos. Mas ela é tão jovem, porra. Dezoito anos, para ser exato. Dou-me
um tapa mental, empurrando todo e qualquer pensamento da beleza de
Bella para fora da minha mente.
Mudando de assunto, repasso a programação que ela me mandou
ontem à noite. Parece que eles estão indo para o Jardim Botânico em vez
do zoológico, Harper vai gostar de ver todas as lindas flores e eu gostaria
de poder estar lá para ver sua reação.

Eu nunca tive nenhuma excursão com Harper antes. Não sou bom em
planejar esse tipo de coisa e Heather nunca foi de planejar atividades para
nós ou mesmo estabelecer um cronograma para nossa filha, apesar de ser
a principal cuidadora de nossa casa. Eu não acho que havia um osso
maternal no corpo daquela mulher.

O que diabos eu estava pensando ao casar com ela?

Uma batida na porta lateral me traz de volta para o aqui e agora. Me


aproximo e abro, vendo duas crianças de seis anos e uma Bella sorridente.

— Bom dia. — Eu limpo minha garganta. — Esqueci de lhe dar uma


chave no sábado. — Depois de acenar para todos entrarem, pego a chave
reserva da gaveta e entrego a Bella. — Sinta-se livre para ir e vir quando
quiser. Como faria em sua casa, vou escrever todos os detalhes e instruções
de login do sistema de segurança em uma folha de papel. Se possível, tente
memorizar essas informações e queime-as quando terminar. Não quero
que alguém possa facilmente se apossar disso.

No momento em que estou entregando o jornal a Bella, Harper


começa a tagarelar através do monitor do bebê.
— Parece que nossa pequena Pumpkin7 está acordada. — Bella sorri,
virando-se para enfrentar os gêmeos. — Meninos, sentem-se na copa, vocês
têm trinta minutos de tempo na tela enquanto eu ajeito Harper e o café da
manhã é servido.

— Woohoo! — Os meninos aplaudem, enquanto puxam seus


aparelhos de suas mochilas, deixando-me admirado com a facilidade com
que ela assumiu o controle da situação. Estou prestes a dizer a ela como
estou impressionado, mas quando percebo ela já foi para o quarto de
Harper, certo. Preciso ser igualmente eficiente e me preparar para o
trabalho.

— Matt, Max, estou indo para o meu quarto, gritem se vocês


precisarem de alguma coisa. — Saio da cozinha com o maior sorriso, as
coisas podem estar apenas melhorando na família Hawthorne.

Quarenta minutos depois, entro na cozinha e inspiro profundamente


o cheiro de salsichas e café tira um gemido audível de mim, — Cheira bem
aqui. Ainda resta alguma coisa para o querido papai? — Ok, isso foi

7 Abóbora. É um apelido normalmente dado a crianças, pelos americanos.


estranho eu nunca me chamei de papai antes. Claro, sou o pai de Harper,
mas não é como se os gêmeos fossem meus e Bella, sua mãe.

— Sim, deixei um prato no balcão, está coberto com papel alumínio


para mantê-lo aquecido. Há salsichas e torradas francesas, — ela responde
sem perder o ritmo.

Talvez ela não achasse esse deslize tão estranho quanto eu? Deus,
espero que não. Primeiro dia e eu já tive que me repreender duas vezes.

— Obrigado, mas você não precisa cozinhar para mim também, você
sabe. Eu estava apenas brincando.

— Não se preocupe, não faz diferença cozinhar mais, já que estou


fazendo o suficiente para quatro, — diz ela quando começa a carregar a
máquina de lavar louça.

Não querendo tornar as coisas mais estranhas, pego o prato e sento-


me à mesa sem mais comentários. Estou prestes a lamber o prato de como
tudo é bom quando Bella coloca uma caneca de café na minha frente.

Ela é perfeita. Ela não é apenas linda, ela também é incrível com Harper,
pode cozinhar muito bem e ainda me fornece café? Claramente, propus à
mulher errada.

Batendo-me mentalmente de novo, lembro que Bella não só tem


dezoito anos, como também é sobrinha e filha dos meus melhores amigos.
O pensamento de fazê-la minha não é apenas proibido, é impossível. Eu
tenho que manter minha cabeça sob controle e fazer algo para sair dessa
névoa de Bella em que estou.

— Você não tem que esperar por mim8, isso não é parte de seu trabalho.
— Murmurando, eu continuo. — Eu não te contratei para brincar de
casinha, você é babá de Harper nada mais nada menos. — Acabei de soar
como um completo babaca, mas Bella precisa saber desde o início que
existem limites que, sob nenhuma circunstância podem ser ultrapassados.
Este não é um romance em que o pai solteiro se apaixona pela babá gostosa.

— É café, não uma declaração de amor eterno. — Ela revira os olhos e


balança a cabeça. — Não é realmente difícil e definitivamente não há razão
para a atitude, William. — Bella circula um dedo na minha direção. — Eu
deveria ter colocado uma pílula para relaxar naquele seu café, da próxima
vez saberei melhor. — Com uma piscadela, ela vira as costas para mim e
segue em direção ao hall.

Bem, olha aqui, Bella tem um pouco de ousadia para falar.

Aproveitando a oportunidade para fugir sem mais confrontos, eu me


movo em direção à cadeira alta de Harper e planto um beijo em cima da
cabeça dela. — Adeus, Pumpkin. Espero que você tenha um dia
maravilhoso. — Passando em direção aos gêmeos, eu simultaneamente
agito seus cabelos e falo alto o suficiente para Bella ouvir. — Isso vale para
o resto de vocês também, avise-me se precisar que eu traga alguma coisa

8 No original está “hand and foot”, uma expressão usada para ‘servir muito bem alguém’,
atendendo todas as necessidades pessoais.
para casa. — Casa. Como se este fosse o lar deles também. Antes de tornar
esta manhã mais estranha, vou para garagem e entro no meu SUV, ligando
o rádio enquanto acelero para o trabalho.

Assim que me instalo no meu escritório, Aiden passa a cabeça pela


porta. — Hey, Boss9. Como foi a primeira entrega da manhã? Isabella não
é incrível?

Ela é incrível, tudo bem, não tenho certeza se quero compartilhar o


quão incrível eu acho que ela é com o pai.

— Ela é perfeita, só estou preocupado se estamos monopolizando


muito do tempo dela. — Eu lentamente corro a palma da minha mão pelo
meu rosto. — Ela tem dezoito anos, não deveria estar saindo com os
amigos, se metendo em problemas, fazendo todo tipo de coisa que os
adolescentes na idade dela fazem? Lembro-me dos meus dezoito anos e eu
não era nem de longe tão responsável quanto Bella.

— Morda a língua cara. Minha Bella sempre teve uma boa cabeça em
seus ombros. Acho que perder Lucia só solidificou isso ainda mais.
Suponho que ela poderia ter sido de qualquer maneira uma adolescente
rebelde ou o que ela é hoje. — Aiden solta um suspiro enquanto passa a
mão pelos cabelos loiros. — Eu sou verdadeiramente abençoado, ela

9 Boss é chefe.
acabou sendo tão forte. Sinceramente, acho que não poderia ter lidado com
uma adolescente bagunceira em cima dos gêmeos enquanto lamentava a
perda de minha esposa de jeito nenhum.

— E os amigos? Certamente ela precisa de algum tipo de liberdade,


ela não pode assumir toda essa responsabilidade sem poder se divertir de
vez enquanto, — pergunto-me em voz alta, sem ter certeza se a
preocupação é puramente altruísta. — Receio que esteja apenas
adicionando mais à carga dela e que isso se torne demais para ela lidar.

— Ela relaxa, — Aiden bufa enquanto revira os olhos. — Estamos nos


reunindo na próxima semana e algumas de suas amigas estão vindo para
o churrasco, enviei um convite para o grupo através de e-mail. Você está
vindo?

— Devo ter perdido tudo o que vem acontecendo. Claro, estarei lá.

— Ótimo, você testemunhará em primeira mão que Bella de fato, se


solta. Cara, você faz parecer que ela é nossa serva e não a deixamos sair ou
se divertir. — Aiden coloca a mão no coração em falsa indignação. —
Durante o ano letivo, eu fazia o turno da manhã com os gêmeos e Bella os
buscava depois da escola, ela estava no comando apenas das quatro às sete
e só estava em serviço de tempo integral quando tive que sair da cidade
para trabalhar. Caso contrário, ela está livre para fazer o que quiser, dentro
da razão, é claro.
— Eu não quis dizer nada com isso, eu juro, só estava dizendo que ela
é muito mais adulta do que eu na idade dela. Isso é certo. — Eu mudo de
lugar, de repente me tornando extremamente desconfortável com esse
tópico. — Então, você está pronto para o contrato de Cicily? Ouvi dizer que
ela é uma pessoa difícil de lidar.

— Sim, foi por isso que vim aqui esta manhã. — Aiden me mostra um
sorriso de megawatt e se inclina para frente em sua cadeira. — Eu tenho a
equipe de segurança dela informada e pronta para ir. Só precisava que você
revisasse o contrato uma última vez, o gerente dela fez algumas mudanças
e quero que você as faça antes.

— Claro. — Pego o arquivo da mão dele e o expulso do meu escritório.


— Vou dar uma olhada agora e retorno para você na próxima hora, vamos
ver as demandas malucas que eles criaram agora.

Assim que a porta se fecha atrás de Aiden, meu telefone toca me


notificando sobre uma mensagem recebida. É da Bella, depois de
desbloquear meu telefone e abrir o aplicativo de mensagens, vejo uma foto
de Harper segurando uma tulipa.

Bella: Não se preocupe, Na verdade ela não arrancou a flor. Caso


contrário, a polícia do Jardim teria nos perseguido. No entanto, criou
uma foto perfeita!
Eu rapidamente digito uma resposta.

William: Obrigado por compartilhar, isso fez a minha manhã.

Coloco meu telefone de volta na gaveta e sorrio, é bom saber que


Harper está se divertindo e sendo tratada com bastante cuidado. Vou ter
que me lembrar de agradecer a Bella mais uma vez quando voltar para casa
hoje à noite e talvez me desculpar por ter sido tão idiota antes.

São seis horas quando subo os degraus e entro em casa, tulipas e


chocolate a tiracolo. Assim que entro, ouço comoção na cozinha e o som
mais doce que já abençoou meus ouvidos, as risadas de Harper, cortesia
dos dois meninos sentados em ambos os lados dela. Matt e Max estão
fazendo caretas para Harper enquanto comem macarrão espaguete e fazem
barulhos que lembram um elefante em perigo.

— Parece que eu tenho perdido toda a diversão. — Eu rio de todo o


coração. — Eu venho trazendo presentes. Tulipas para as mulheres e barras
de chocolate para os homens. Isso, é claro, se estiver tudo bem para Bella.
Não tenho certeza qual é a regra para doces antes de dormir.
Eu sei que estou colocando isso de maneira rude, mas fiquei me
sentindo um pedaço de merda o dia inteiro. Bella é tão doce, se esforçando
para tornar o dia de Harper divertido, até me enviando fotos atualizadas,
e como agradeço a ela? Sendo um idiota, implicando que ela não estava
levando seu trabalho a sério.

— Eles podem comer uma guloseima depois do jantar, mas você


realmente não precisava nos trazer nada. — As bochechas de Bella dão o
tom mais bonito de rosa enquanto ela coloca outro lugar à mesa. — Você
vai se juntar a nós para jantar ou vai comer mais tarde?

Antes que eu possa responder, os dois garotos se voltam para Bella e


a agridem com os maiores olhos de cachorrinho que eu já vi. — Bo Bella,
podemos comer o chocolate agora, por favor? — Eu rio e falo baixinho
desculpa, esperando não ter criado apenas uma birra noturna para ela.

— Vocês dois podem comer chocolate depois do jantar, desde que


agradeçam ao Sr. Hawthorne por sua bondade. — Ela olha para mim
através de seus longos e grossos cílios e sorrisos. — Obrigada pelas flores,
elas são lindas.

— Obrigado, Sr. Hawthorne, — dizem os meninos em uníssono.

— Sem problemas, foi um prazer. Fui inspirado pela foto que você
enviou anteriormente e não vi porque minha linda Harper não podia ter
algumas tulipas. — Sorrio, lembrando-me de Harper tentando pegar a flor
do Jardim. — Além disso, eu queria agradecer a todos por dar um dia tão
divertido à minha filha.

Incapaz de me ajudar me movo atrás de Bella e gentilmente coloco


minhas mãos em seu quadril, cavando meus dedos no material de suas
roupas. Estou me perguntando o que diabos estou fazendo quando o corpo
dela responde com uma forte respiração, meu toque a afeta. Eu dou um
sorriso para mim mesmo enquanto eu a respiro, ela cheira a âmbar e
baunilha, o perfume sensual é uma diferença tão forte que eu esperaria de
alguém da idade dela.

Inclinando-me ainda mais perto, passo meus lábios logo acima da pele
atrás da orelha, e sussurro suavemente: — Desculpe por esta manhã.

Como se minha voz fosse a chave e seu corpo a fechadura, arrepios


começam a subir ao longo do contorno do pescoço e sua respiração
constante fica irregular. Instantaneamente, eu a vejo respirando assim, se
contorcendo debaixo de mim enquanto lentamente lambo seu corpo. Percebendo
que cruzei uma linha, tomo um último momento e aperto as duas mãos
antes de soltar os quadris dela.

Eu não deveria ter feito isso, sabendo muito bem que tocá-la assim
está fora dos limites. Tanta coisa para não cruzar fronteiras.

Amanhã, amanhã estarei melhor.


CAPÍTULO QUATRO

Eu me remexo e me viro, mas o sono me escapa. Meu corpo ainda está


zumbindo do contato com William hoje cedo. Eu nunca experimentei algo
assim antes. Claro, fiquei atraída por outros homens e meu corpo deu
sinais típicos de excitação, mas nunca na extensão do que aconteceu com
William. Meu corpo inteiro ganhou vida sob seu toque, reagindo como se
fosse um fio elétrico e suas mãos o condutor.

Por quê? Por que meu corpo quer alguém tão completamente fora dos
limites??

Incapaz de dormir, decido que preciso coçar a coceira que William


provocou. Certificando-me de que os meninos estão dormindo e que papai
está em seu quarto, começo a me preparar para uma noite fora e mando
uma mensagem para minha amiga Cassie.

Bella: Você quer caçar esta noite?


Dois segundos depois, Cassie responde.

CASS: Você sabe que sim, vadia! Whoop Whoop!!!

Sempre posso contar com Cass para ser minha parceira. Ela não é
dramática e sempre se diverte. Abrindo meu armário, examino as opções,
selecionando um vestidinho preto combinando com uma bolsa preta e um
lindo par de saltos Jimmy Choo.

Passando para o meu cabelo, desfaço do coque desleixado que é o meu


penteado característico e adiciono algumas ondas frescas com um babyliss.
Pulverizo as raízes com shampoo seco para aumentar o volume, eu aplico
até atingir a altura desejada. Quanto maior o cabelo, mais perto de Deus.
Embora eu tenha certeza de que Deus não quer nada com minhas
atividades hoje à noite.

Eu decido em um olho esfumado, blush leve e lábios nus brilhantes


para terminar meu visual. Estou pronta, pronta para me livrar dessa
necessidade ardente dentro de mim e superar o que sinto por William.

Olhando para o meu telefone, vejo que Cass mandou uma mensagem
dizendo que ela está a caminho de Uptown e me encontraria lá em dez.
Perfeito. Pego minhas chaves, enfio-as na bolsa e vou na ponta dos pés para
o carro.
Encontrando Cass no bar, eu caminho em sua direção examinando a
multidão enquanto ando.

— Ei, chica sexy. Estou com tanta inveja do seu cabelo, gostaria de não
ter cortado o meu. — Cassie estende a mão e puxa as pontas dos meus
longos cabelos negros.

— Cale a boca você sabe que seu long bob é sexy pra caralho. — Reviro
meus olhos e aceno minha mão em direção ao rosto dela. — E eles não
dizem que as loiras se divertem?

— Tanto faz. Você sabe que entre nós duas, é você quem está se
divertindo mais. — Ela gira o dedo indicador no copo de Martini, pescando
a azeitona. — Então, você vai compartilhar o que nos fez sair na segunda-
feira à noite? Meio que no início da semana para conseguir uma correção,
não?

Chamo o garçom e peço um copo de Bourbon. — Para encurtar a


história, uma interação anterior me deixou com desejos, e o homem que a
causou está fora dos limites.
— Interessante. Por acaso sei quem é esse cavalheiro ou essa
informação também está fora dos limites?

— Não, não está, é o melhor amigo do meu tio, parceiro de negócios


do meu pai e o pai da menininha que estou cuidando. — Tomo um gole
lento do copo colocado na minha frente e entrego o dinheiro ao barman,
dizendo-lhe para ficar com o troco.

— Puta merda! — Cassie grita. — Fale sobre clichê, Bella. Nenhum


julgamento aqui, no entanto.

Fechando os olhos, respiro fundo e aceno. — Eu tenho uma queda por


ele desde que me lembro, mas ele sempre foi exatamente isso, uma queda.
— Virando em direção à sala, eu passo a cena mais uma vez. — Até hoje...
Ele não tinha me tocado. Eu juro que havia algo lá. Foi pura eletricidade
quando ele me agarrou pelos quadris... Mas o que eu sei? Eu poderia ter
imaginado a coisa toda.

— Quando foi a última vez que você ficou com alguém? — As


sobrancelhas de Cassie arqueiam em curiosidade.

— Faz cerca de um mês, os meninos começaram as férias de verão e


realmente estragaram minhas atividades extracurriculares, e não do tipo
bom. — Vejo um cara sentado na área VIP, fazendo questão de me ver. —
Acho que encontrei o tributo desta noite, — canto. — Não olhe agora, mas
ele está sentado à direita da área VIP, camisa branca, calça preta e cabelos
loiros.
Cassie acena uma cruz na minha frente, me enviando sua versão de
uma bênção. — Vaya con Dios.10

Jogo a cabeça para trás e rio, lembrando que Deus não quer nada com
minhas atividades clandestinas.

Minha mente está longe, revivendo a memória de ter Bella entre


minhas mãos. A lembrança de sua pele ganhando vida com o menor toque
me deixa imaginando o que mais eu poderia fazer ao corpo dela. Ela seria
uma amante responsiva? Ela teria um sabor tão doce quanto cheirava?

O suficiente. Tenho certeza de que minha recente obsessão por Bella


nada mais é do que apenas uma sede que precisa ser extinta. Não transo
há seis meses, eu não sou trapaceiro, e as coisas com Heather deixaram de
ser físicas quando suspeitei que ela estava deixando alguém dar um
mergulho no que agora era uma piscina comum. Não sou um homem

10 Vá com Deus.
ciumento, mas não havia como arriscar uma doença venérea só porque
Heather era conveniente e eu estava com tesão.

Meu amigo Ren coloca os dedos na frente do meu rosto. — Terra para
William. Onde diabos você foi?

Piscando lentamente meus olhos, eu me viro para encará-lo. — Sim,


eu estou aqui, imbecil. Só tenho muito em mente.

— Mmhmm. Bem, como eu estava dizendo, há uma loira gostosa no


bar. Estou indo para lá se você não quiser chamar a atenção.

— Ela é toda sua. Não é o meu tipo.

— Desde quando as loiras não são do seu tipo? — Ren revira os olhos
enquanto caminha em direção ao bar.

Desde que sua sobrinha gostosa entrou em minha casa.

Olhando de volta para o outro lado da área VIP, um flash de longos


cabelos negros chama minha atenção. Encontrei minha garota para a noite
e ela é perfeita. Cabelos pretos e ondulados caem em cascata até um
pêssego redondo e suculento de uma bunda, uma bunda que eu adoraria
morder, pernas longas e definidas espreitam por baixo de seu vestidinho
preto, eu posso imaginar aquelas pernas enroladas ao meu redor enquanto
eu... Espera... Aquela é minha garota. A própria garota que eu vim aqui para
esquecer.
O que diabos ela está fazendo aqui? Isso é uma bebida na mão dela?

Antes que eu perceba, meus pés estão me carregando em sua direção.


Quando estou prestes a alcançá-la, um homem que parece ter a minha
idade estende a mão e a puxa em sua direção. Como se estivesse em câmera
lenta, o homem envolve os braços em volta da cintura de Bella e faz com
que ela tropece em seu peito.

Eu. Vejo. Vermelho.

— Tire suas mãos sujas dela. — Eu rosno, mal parecendo humano.

Imediatamente, Bella gira e olha para mim com olhos arregalados e


uma boca perfeitamente carnuda em forma de ‘O’ surpresa.

— Ei cara, ela veio até mim. Por que não deixamos à senhora decidir
com quem ela quer ir para casa hoje à noite? — Um sorriso desprezível se
espalha pelo rosto do homem enquanto ele aperta a cintura de Bella com
mais força.

Eu já vi o suficiente.

Estendo a mão e pego o punho da camisa do homem, eu o puxo em


minha direção, efetivamente quebrando seu domínio sobre Bella. — Ela
está fora dos limites e se você valoriza sua vida, sugiro que se vire e esqueça
que já a viu. — Eu o empurro para longe de mim e em direção a uma mesa
onde ele senta com sua bunda, como o covarde que ele é. Pegando a mão
de Bella, eu me viro e a guio em direção à entrada dos fundos do bar, sem
parar até chegarmos ao manobrista.

Entrego meu cartão ao atendente e esperamos em silêncio enquanto


ele puxa meu SUV, nós dois estamos claramente em choque, nenhum de
nós quer ser o primeiro a quebrar o silêncio. Assim que o carro para eu me
movo para abrir a porta dela, fechando-a quando ela entra e contornando
meu caminho para o lado do motorista para dar gorjeta ao manobrista.

Quando estamos no carro, sentamos em silêncio sem saber o que fazer,


eu vou para a estrada e dirijo. Cerca de cinco minutos depois de nosso
impasse silencioso e sem rumo, as comportas se abrem e as palavras saem
de nós dois.

— O que diabos você estava fazendo lá, Bella? — Eu digo ao mesmo


tempo em que ela fala: — Não conte ao meu pai.

O riso nervoso segue o que só poderia ser descrito como um momento


estranho.

— Antes de prometer qualquer coisa, você precisa responder minha


pergunta primeiro. A última vez que verifiquei, você tinha dezoito anos e
claramente não tinha idade suficiente para entrar naquele bar. Como
diabos você entrou?

— ID falso. Você vai contar ao meu pai? — Bella olha para mim com
aqueles lindos olhos cinzentos que não posso dizer não.
— Eu não direi a ele desde que você prometa que não fará isso de
novo. Há quanto tempo você faz isso e o que esperava conseguir? — Paro
no estacionamento atrás do Buzz Brews, um restaurante 24 horas.

— São duas perguntas. — Ela levanta uma sobrancelha e sorri. — Eu


faço isso há pouco mais de um ano. O que você estava procurando esta
noite?

— Você cheira como se tivesse tomado banho de uísque. — Eu


redireciono sua última pergunta, não querendo responder à verdadeira
razão de eu estar lá hoje à noite.

— Eu derramei minha bebida em mim mesma quando você tirou


aquele cara de cima de mim. É a minha bebida preferida e boa tentativa,
mas você não pode mudar de assunto. Você ainda não respondeu minha
pergunta e agora me deve duas. Por que você estava no bar e onde está
Harper?

— Eu estava procurando por algo que você não pode oferecer e,


portanto, não deveria se preocupar.

Bella suga audivelmente uma respiração superficial ao ouvir minhas


palavras, mas continuo precisando tornar essa linha invisível muito mais
clara.

— Harper está com Hudson e sua namorada. Eles chegaram depois


que você saiu e se ofereceram para tomar conta. — Eu ri, lembrando como
Hudson segurou Harper desajeitadamente. — Angie, namorada de
Hudson, está com febre de bebê. Ela acha que passar um tempo com
Harper pode fazê-lo ver a luz. Além disso, quem sou eu para negar
assistência infantil gratuita a alguém em quem confio.

— Isso foi legal da parte deles. — Seu doce sorriso se transforma


lentamente em um mau, tornando esses lábios macios e perfeitos ainda
mais tentadores. — Que engraçado... Eu também estava lá por algo que
você não pode oferecer e, portanto, não deveria se preocupar. Agora que
esclarecemos isso, podemos seguir caminhos separados.

Ela começa a abrir a porta do carro, mas eu agarro o pulso dela e a


puxo em minha direção. Devo ter puxado mais do que pensei, porque de
repente ela está contra mim, as duas palmas das mãos espalhadas pelo meu
peito. Meu olhar cai para onde o corpo dela encontra o meu, vendo as mãos
dela subirem e caírem em sincronia com a batida do meu desejo. Envolvo
meus braços em volta dela e noto que os olhos cheios de Bella estão
procurando os meus, pelo que não sei. Talvez a resposta para o que diabos
estamos fazendo aqui.

Como se ela tivesse ouvido meus pensamentos, ela sussurra: — O que


estamos fazendo?

Levanto uma mão, segurando a parte de trás do pescoço dela e


aproximo o rosto dela do meu. A luz brilha através da janela, iluminando
seu rosto e fazendo com que seus olhos voltem ao tom mais hipnotizante
de prata, um cinza tão pálido que se assemelha à superfície da lua.
Absolutamente deslumbrante. Meus olhos piscam para frente e para trás
entre as duas esferas mágicas e eu me inclino um pouco mais perto,
pairando meus lábios sobre os dela enquanto sussurro: — O que não
deveríamos...

Reunindo cada grama de força de vontade que possuo, respiro-a uma


última vez e gentilmente a empurro de volta para o assento. Alcançando
seu corpinho quente, puxo o cinto de segurança e o prendo no lugar. —
Estou levando você para casa, onde você deveria estar a essa hora da noite,
— Bella começa a protestar, mas antes que ela possa dizer qualquer coisa,
eu passo a ponta do meu polegar em seus lábios e continuo: — Não se
preocupe com o seu carro. Alguém da equipe vai buscá-lo.

Bella concorda enquanto eu rapidamente coloco as duas mãos no


volante, na tentativa de mantê-las longe dela. Tê-la tão perto e sozinha é
quase demais para suportar e ter minhas mãos em qualquer lugar perto
dela é pedir para ter problemas.

Disposto a afastar meu pau, troco de marcha e levo meu carro do


parque para a estrada. É hora de levar a pequena senhorita tentação para casa.
CAPÍTULO CINCO

Faz uma semana desde o incidente com Bella no bar, as coisas estão
tensas em casa, mas tenho feito o possível para evitá-la e qualquer possível
confronto.

Hoje, porém, isso será impossível. É o churrasco do pai dela e


ninguém poderia perder Bella em seu biquini rosa neon. É como um
daqueles desenhos animados antigos em que todas as setas piscantes
apontam para o personagem principal.

-> Corpo mais apertado à frente -> Próximo turno, Céu -> Gata gostosa bem
aqui -> Todos os sinais apontando diretamente para o presente de Deus
para a humanidade, Bella.

Ela está sentada ao lado da piscina em uma espreguiçadeira, bebendo


uma bebida rosa, com o rosto escondido atrás de grandes óculos preto,
escondendo seus lindos olhos, seu longo cabelo preto está em um nó
desleixado, com mechas onduladas caindo no rosto. Ela é a perfeição
absoluta. Meu olhar segue as curvas de seu corpo e pousa em seus pés
delicados quando uma loira se joga na beira da cadeira, sussurrando algo
em seu ouvido.

— O que você está olhando? — Titus bate em meu ombro, um sorriso


largo espirrando em seu rosto.

Ren aparece à minha esquerda. — Oh cara. Você tem o mesmo olhar


que fez no bar na semana passada. Pena que as mulheres à beira da piscina
estão fora dos limites. Especialmente minha sobrinha. — Ele ri, sem
perceber como suas palavras chegaram muito perto do ponto.

— Você está louco, Ren. Não estou interessado na Bella ou na amiga


dela. Eu estava apenas na minha cabeça, pensando em um novo contrato
que estou tentando conseguir.

— Claro. É disso que se trata esse olhar de desejo. Seu desejo por um
novo contrato. — Ren revira os olhos e enfia uma cerveja gelada na minha
mão.

— Elas têm corpos pequenos e firmes. Eu não culparia você por


procurar. — Titus solta um apito baixo. — Mas Aiden iria cortar suas bolas
se você chegasse perto de Bella ou da amiga dela, o preço é muito alto se
você me perguntar.
— Ninguém perguntou por que ninguém está interessado. Pare de
criar problemas onde não há. — Meu sangue está fervendo ao pensar em
mais alguém colocando os olhos em Bella, qualquer um menos eu, então
tento mudar de assunto antes de virar todo homem das cavernas em Titus,
e Aiden descobrir do que estamos falando. — Falando em bar, como foi
com a loira em que você estava de olho, Ren? Não ouvi você falar de
ninguém desde então. O eterno solteiro finalmente se acalmou?

Os olhos de Ren estreitam quando ele olha para as meninas, cuspindo


sua cerveja no processo.

— Whoa, amigo. — Toco Ren nas costas. — O que aconteceu?

— A cerveja caiu pelo lugar errado... Acho que o meu irmão mais
velho pode precisar de ajuda para cuidar da churrasqueira. Vejo vocês
mais tarde. — Girando nos calcanhares, Ren segue em direção à cozinha ao
ar livre sem sequer olhar para trás. Isso foi estranho.

— O que foi isso tudo? — Titus aponta um polegar para Ren.

— Nenhuma pista, irmão. Nenhuma pista.

Enquanto tomo um longo gole da minha cerveja, Bella se levanta de


sua espreguiçadeira e começa a ir em direção à casa. Eu tenho que
encontrar uma maneira de falar com ela. Esse constrangimento entre nós
precisa acabar, mesmo que seja por causa de Harper. Tenho certeza que ela
se beneficiaria de ter Bella e eu conversando novamente.
— Tenho que mijar. — Eu aponto em direção a casa com minha
garrafa e escapo.

Certifico-me de que Aiden está ocupado, deslizo pelas portas


francesas e entro na cozinha. Para onde você fugiu, pequena lua? Como se por
instinto, meus pés me levam para a direita e subindo as escadas, onde fica
o quarto de Bella.

Assim que viro no corredor, vejo Bella entrando no quarto dela. Peguei
você. Bato levemente no batente da porta, não querendo entrar no espaço
dela sem consentimento. As coisas entre nós estão tensas o suficiente e com
certeza não quero adicionar mais combustível a esse incêndio.

Bella solta um suspiro quando gira e agarra seu peito. — Você me


assustou. O que você está fazendo aqui?

— Eu queria conversar... Em particular. — Eu corro meus dedos pelo


meu cabelo, sem saber se isso é uma boa ideia.

— O que há para falar? Está tudo bem. Estou bem. — Bella cospe as
palavras a mil por hora, um indicador claro de que as coisas não estão bem.

— Olha, eu não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós. Quero
que saiba que sempre pode contar comigo se precisar de alguém com quem
conversar. Sei que você assume muita responsabilidade e precisa de uma
saída.
Bella me interrompe antes que eu possa terminar minha frase. —
Certo. Vou conversar com o amigo do meu pai, que também é meu chefe,
sobre o que faço para aliviar o estresse. — Ela revira os olhos, sarcasmo
rolando dela em ondas.

— Alívio do estresse? Foi esse o negócio no bar? — Meus olhos se


estreitam e as sobrancelhas caem quando olho para ela, esperando uma
resposta.

— Mantenha a voz baixa, — grita Bella, prendendo o lábio inferior. —


E sim, é algo assim. Entre ser a aluna perfeita, irmã perfeita, modelo
perfeita e filha perfeita... Eu só preciso de algo para mim, algo que seja
apenas para o meu prazer, independentemente do que os outros pensam
ou sentem. — O olhar de Bella muda entre mim e a porta, informando que
ela está achando esse tópico de conversa tão confortável quanto eu.

Sentindo sua angústia, me aproximo na tentativa de acalmá-la. Com


as costas da mão, estendo a mão e acaricio o rosto dela. — Não faça um
papel comigo Bella. Você é perfeita do jeito que é.

Com as minhas palavras, Bella aperta os olhos e inspira


profundamente. — Você não entende. Você não poderia.

Uma sensação avassaladora de proteção me atinge e sou inundado


pelo desejo de protegê-la de todo e qualquer dano - o que é ridículo. Ela
não é minha para proteger, e mesmo que fosse, não há como proteger
alguém de absolutamente tudo.
Empurrando meus pensamentos errados de lado, eu a puxo para um
abraço, envolvendo meus braços sob os dela e segurando-a firmemente
contra meu peito nu. Enterro meu nariz em seu pescoço, cheirando aquela
deliciosa mistura de âmbar e baunilha que eu comecei a desejar. — Deixe-
me entrar. Deixe-me entender, — eu sussurro, acariciando suavemente sua
orelha.

Sinto o estremecimento dela embaixo de mim, mas antes que ela possa
responder, ouvimos a voz distinta de Aiden no corredor. Eu a solto
rapidamente, colocando alguma distância entre nós, bem a tempo de Aiden
aparecer no batente da porta. — Bella...

— Oi pai, só vim buscar um pouco de gel de aloe vera. William está se


transformando em uma lagosta e pensei que ainda restava um pouco da
nossa semana no lago. — Bella balança o tubo de gel de aloe vera que ela
conseguiu obter do nada e joga para mim.

Pego o tubo e faço uma demonstração de esguichar um pouco na


palma da minha mão antes de aplicá-lo liberalmente no rosto e no peito. —
Bella sempre uma salva-vidas, — digo com uma risada estranha.

— Certo. Bem, eu vim aqui para ver se você sabia onde William estava
escondido. Queria apresentá-lo à sua tia, Mariana. — Aiden acena para a
mulher que está atrás dele.
Só conheci Mariana uma vez, no funeral de Lucia. Pelo que me lembro,
ela viaja constantemente como agente do FBI11, visitando apenas de vez em
quando para ver a família de sua irmã.

— Olá Mariana. É bom vê-la novamente e em circunstâncias muito


melhores. — Aceno para o tubo de aloe vera na minha mão. — Eu
estenderia e apertaria sua mão, mas não gostaria de sujar você.

— Eu não me importaria de ficar suja com você... — O olhar de


Mariana se torna predatório quando ela estende a mão, colocando a palma
no meu bíceps.

Bella limpa a garganta. — Bem, se todos vocês me dão licença, Cassie


está esperando lá embaixo.

Não estou interessado em Mariana, mas expulsá-la e perseguir Bella


seria um grande indicador para Aiden de que Bella e eu estamos
escondendo alguma coisa. Não estou pronto para Aiden saber de nada,
especialmente porque não compreendo totalmente o que diabos está
acontecendo entre sua filha e eu.

Não tendo outra escolha, interpreto o papel de solteiro disponível e


acompanho a emboscada de Aiden. Que merda de situação.

11 Federal Bureau of Investigation (trad. Departamento Federal de Investigação).


Meu estômago revira quando desço as escadas. Uma estranha
sensação de ciúmes me dominou quando vi Mariana colocar sua mão
perfeitamente bem cuidada em William. Fiquei tão perturbada que nem
consegui dizer um olá antes de sair, não que alguém tenha notado. Tenho
certeza de que os dois pombinhos já estão ocupados fazendo planos para
um encontro oficial, algo que eu nunca poderia ter com William.

Isso é tão estúpido não tenho o direito de ter ciúmes. O homem é treze
anos mais velho, amigo do meu pai e meu chefe. Mesmo que por alguma
razão ele estivesse interessado em mim, seria um dia frio no inferno antes
de estarmos juntos ser uma possibilidade.

Independentemente, meu estômago ainda está com a ideia dele com


Mariana.
— Que cara é essa? — Cassie levanta as sobrancelhas em questão
quando me aproximo das espreguiçadeiras.

— Lembra o que aconteceu no bar com William? Bem, ele acabou de


me confrontar no meu quarto e foi a primeira vez que conversamos desde
Uptown. — Eu digo em tom abafado, tomando a bebida que ela está
oferecendo no consolo. — Para encurtar a história, conversamos, fiquei
chateada, ele me abraçou, foi incrível, quase fomos pegos se abraçando
pelo meu pai, e então meu pai tentou marcar um encontro com minha tia
Mariana.

— Puta merda. — Cassie coloca a bebida nos meus lábios. — Beba,


chica. É fortificado com bebida e Deus sabe que você pode usá-lo agora.

— Ha! Eu realmente não deveria. Isso me dará a coragem líquida de


que preciso para afastar Mariana de William. — Suspirando, deito minha
bunda na poltrona. Não tenho o direito de reivindicar William e sei disso.

— Bella? — Ouço William chamar meu nome, preocupação evidente


em seu tom.

Virando-me para enfrentá-lo, me pergunto quanto da minha conversa


com Cass ele ouviu. — Ei. E aí?

— As meninas que estão cuidando das crianças hoje, você confia


nelas? — Ele acena para a área das crianças, onde todos os foliões largaram
seus filhos na chegada.
— Sim. Elas são nossas babás de apoio quando papai e eu não
podemos cuidar dos gêmeos. Eu pensei que precisávamos de uma creche
para o churrasco, sabendo que todos os adultos estariam ocupados demais
para ficar de olho nas crianças. Eu com certeza não queria repetir as
travessuras do batismo. —Eu dou uma risada sem coração. — Por que você
pergunta? Alguma delas fez algo errado?

— Não. Eu estava pensando em pedir a uma delas para ficar com


Harper em algum momento desta semana, para que você e eu pudéssemos
sair e conversar. — Ele está descrevendo o que poderia muito bem passar
como um encontro.

— Isso parece adorável, — Cassie fala, lembrando que ela esteve aqui
o tempo todo. — Eu poderia cuidar de Harper se nenhuma das meninas
estiver disponível. Tenho muita experiência, como sou tia seis vezes. —
Cass levanta as sobrancelhas enquanto toma um gole da bebida. — Meus
irmãos estão muito ocupados.

— Como soa segunda-feira às seis? — William olha para Cassie com


expectativa.

— Perfeito! Harper e eu vamos nos divertir. — Cassie sorri enquanto


afasta William. — Agora vá e nos dê algum espaço para que possamos
fofocar sobre você pelas suas costas.

— Cassandra Marie Martinez! — Eu grito de descrença.


Rindo, William traz as duas mãos para frente, com as palmas para
cima em um gesto pacificador. — Parece bom, senhoras. — E com uma
piscadela, o homem que eu cobiçava se vira e sai.
CAPÍTULO SEIS

Pensamentos do meu pseudo encontro com William têm sido


exaustivos nas últimas quarenta e oito horas, tanto que tem sido difícil
realizar as tarefas mais simples até os gêmeos perceberam que algo não é
normal.

— Bella Bo Bella, a campainha está tocando. Você não vai atender? —


Um dos gêmeos pergunta enquanto puxa a bainha do meu vestido. É um
vestido midi Victoria Beckham sem mangas cinza, feito de malha elástica,
por isso é casual o suficiente para combinar com sapatilhas, mas pode ser
facilmente vestido com um par de saltos assassinos para hoje à noite.

Cassie canta enquanto eu abro a porta. — Esse vestido te abraça nos


lugares certos, irmã. Por favor, diga-me que é isso que você está vestindo
hoje à noite.
Eu levo Cassie de volta para a sala de jogos onde os gêmeos estão
brincando com Harper. —Com certeza estou trocando as sapatilhas por um
par de minhas Manolo Blahnik BB de camurça preta, eu esperava que você
pudesse ficar com as crianças um pouco mais cedo do que o esperado, para
que eu pudesse fazer minha maquiagem.

— Claro, chica. Você sabe que eu te cubro. Mas, para ser sincera, tudo
o que você realmente precisa é de um olho esfumado e um pouco de brilho.
Basta trazer sua bolsa de maquiagem para a sala de jogos e você pode fazer
isso enquanto conversamos.

Faço o que ela diz, deixando-a na sala de jogos e correndo para o


vestiário para pegar minha bolsa de maquiagem. Antes de voltar para o
corredor, noto um pequeno brinco - é uma folha de ouro com uma pérola
negra na frente do apoio. Hummm. Deve ser da Ashley. Coloco no balcão e
me lembro mentalmente de gravar uma mensagem para ela. Eu odiaria que
ela jogasse fora um brinco perfeitamente bom só porque pensou que tivesse
perdido o par correspondente.

Ando até a sala de jogos e direto para uma cena moderna de Mary
Poppins. Cassie tem os meninos jogando o jogo “clean up”12 enquanto
balança Harper para frente e para trás.

— Você é natural. — Bato palmas e sorrio. — Nunca canso vendo você


em ação.

12 Jogo clean up é um jogo online grátis de limpar e arrumar uma bagunça de ambientes.
— Eu tenho tantas sobrinhas e sobrinhos. Eles foram minha prova de
fogo desde que me lembro. — Cassie revira os olhos enquanto mantém o
ritmo dos gêmeos batendo o pé no chão de madeira. — Vamos rapazes!
Vamos ver quem vai ganhar o clean up. O primeiro a terminar fica com os
livros de colorir.

Cassie coloca Harper em sua área de recreação fechada enquanto tiro


minha sombra e pincéis. — Você sabe, um dia será você com uma tonelada
de crianças. Eu vejo como você olha para os bebês.

— Cale a boca, Bella. Sou a caçula de cinco irmãos e não tenho pressa
em povoar ainda mais a família Martinez. — Cassie faz um sinal da cruz
com o polegar e o indicador, beijando o polegar no final.

Rindo, retiro meu pó compacto e começo nos meus olhos. — O que


você disser, Cass.

— Então, onde o Mr. Hot Stuff13 levará você hoje à noite? — Ela
pergunta enquanto expõe os livros de colorir e giz de cera.

— Tão para sushi. Gostaria de saber se ele está planejando levar


Mariana para lá também. — Soprando uma framboesa14, eu continuo. —
Ugh, este não é um encontro, então eu nem deveria estar me colocando na
mesma categoria que minha tia.

13Senhor Material Sexy.


14Blow a raspberry é uma expressão para fazer barulho soprando com língua de fora,
como um insulto a alguém.
— Ei, se anda como um pato e grasna como um pato...

— Provavelmente é algo relacionado à Harper. Nada mais.


Definitivamente, não quero construir isso para ser algo que não é e ser
totalmente esmagada quando a realidade de tudo isso acontecer. — Aplico
duas camadas generosas do meu rímel favorito, colocando o tubo de volta
na minha bolsa de maquiagem.

Quando estou prestes a tirar o brilho, meu telefone toca. — É uma


mensagem de William. — Desbloqueio meu telefone e leio a mensagem,
resumindo-a para Cassie. — Ele está atrasado. Disse que eu deveria deixar
os meninos com o papai e encontrá-lo no restaurante para jantar.

— Falando no seu pai, você vai dizer a ele com quem você está se
encontrando para jantar? — Os olhos castanhos de Cassie aumentam para
proporções épicas.

— Hum, não. Que tipo de pergunta é essa? Seria muito estranho se ele
descobrisse que eu estava me encontrando com William depois do
trabalho.

— Então, o que você vai dizer ao seu pai?

— Nada. Ele realmente não me pergunta nada. Desde o acidente com


mamãe ele nunca fala sobre nada pessoal, e isso inclui minha vida social.
Não sei se é a culpa de colocar tanta responsabilidade em mim ou se é
demais para ele lidar, imaginando o que uma adolescente está fazendo no
meio da noite. — Eu suspiro profundamente. — Eu não saberia te contar,
tudo o que sei é que ele me trata de maneira diferente desde a morte de
mamãe. É como se eu parasse de ser sua garotinha e de alguma forma me
tornasse sua funcionária.

— Merda, Bella, — Cassie sussurra baixo o suficiente para iludir


pequenas orelhas. — Eu sinto muito.

— É o que é. Perdi meus pais no dia em que minha mãe morreu... E a


pior parte é que é tudo culpa minha. — Eu bato meus olhos com um lenço
de papel, não querendo manchar o trabalho que acabei de fazer. — Eu
realmente não posso culpar meu pai por desaparecer, quando fui eu quem
levou a esposa dele.

— Isabella Moretti, não ouse dizer isso. Foi um acidente de carro! A


palavra-chave é acidente. Você não pode se culpar por essa perda e
certamente não pode dar desculpas ao seu pai por causa disso. — As
sobrancelhas de Cassie se unem enquanto seu olhar penetra em mim,
vendo as profundezas do meu tormento auto infligido. — Ele é seu pai,
você é filha dele. Isso significa que você deve vir primeiro, sempre. É o que
os pais fazem. São eles que ensinam o significado do amor incondicional.

— Amor incondicional. Isso é mesmo real? — Eu rio, o som


contaminado de amargura. — Se for, posso dizer agora que nunca
experimentei.
— Somente porque você nunca se permitiu. Você sabe que eu te amo,
mas você precisa de alguma verdade enfiada na sua cara. Você construiu
essas paredes ao seu redor. Apenas ficando por uma noite, nada mais; e
agora descubro tudo isso com seu pai? Não é de admirar que você esteja
tão cansada quando se trata de amor.

— Ok, entendi. Prometo fazer mais esforços nesse departamento.


Agora podemos sair do tópico? — Fungando, pego minha bolsa e beijo
Harper na bochecha. — Eu não quero estar toda manchada e vermelha
quando ver William mais tarde.

— Veja, é por aí que você deve começar. William daria uma prática
perfeita. —Cassie bate as mãos animadamente.

— Pela última vez, isso não é um encontro. — Reviro os olhos e respiro


devagar antes de virar para olhar para os gêmeos. — Falando do meu não
encontro, vou me atrasar para o jantar se não formos embora. Meninos,
terminem de colorir suas fotos. Vamos comprar frango frito no caminho de
casa.

Os meninos aplaudem e rapidamente começam a guardar seus giz de


cera. Eu balanço minha cabeça e rio. — Eles amam frango frito. Se você
precisar suborná-los, ofereça-lhes comida.
CAPÍTULO SETE

A garçonete derrama em um copo de gelo meu uísque favorito, muito


necessário depois do dia que tive. Temos um novo contrato que tirará o pai
de Bella do estado por dois meses, no mínimo, e ele perguntou se eu
poderia ficar de olho nos filhos dele até o seu retorno.

Tomo um longo gole, sentindo o calor do líquido âmbar enquanto ele


viaja pela minha garganta. Se ele soubesse o que estava realmente perguntando.
Eu mal consigo manter minhas mãos longe de Isabella. Criar mais
oportunidades para estar perto dela é apenas uma receita para o desastre.

Como se meus pensamentos tivessem conjurado a própria beleza,


Bella entra no restaurante parecendo uma visão cinza. Seu vestido a abraça
nos lugares certos, e eu podia facilmente me ver arrancando o vestido
depois de uma noite de jantar e dança. Inferno, esqueça o jantar e a dança,
eu posso me ver arrancando o vestido agora mesmo.
Quero enrolar o longo cabelo preto em volta do meu punho e puxar a
cabeça para trás, expondo o elegante pescoço, permitindo que eu vá até a
clavícula, lambendo a cavidade abaixo com um golpe molhado da minha
língua...

— William. — A doce voz de Bella me tira da minha fantasia.


Normalmente, eu empurraria a cadeira de uma dama, boas maneiras e
tudo, mas fazê-lo agora serviria apenas para expor o palpitar que eu tenho
sobre a mesa.

— Bella. Obrigado por concordar em me encontrar para jantar. Temos


uma conversa inacabada que gostaria de encerrar. — O rosto dela cai e
sinto que devo ter dito algo errado.

A garçonete se aproxima da mesa e eu peço para nós. — Teremos o


menu de degustação hoje à noite, com dois copos do meu habitual. — Eu
aponto em direção ao meu copo, lembrando que a bebida preferida de Bella
também é uísque.

— Claro, Sr. Hawthorne, farei seu pedido imediatamente. — A


garçonete assente e gira nos calcanhares, indo em direção à cozinha.

Assim que a garçonete está fora de alcance, Bella pega meu copo e
toma um gole lento. — Mmmm, delicioso. — Ela lambe os lábios e sorri. —
Você se lembrou da minha bebida favorita.
Com a quantidade de dinheiro que deixo aqui semanalmente, a
garçonete não se incomodou em pedir a identificação de Isabella, não que
ela pareça ter menos de vinte e um hoje à noite. Jesus. Aquele corpinho
apertado faz minha mão se contorcer.

— Quando você começou a beber e porque uísque? Não é exatamente


uma bebida de mulher.

— Bem, isso é muito sexista da sua parte. E para responder às suas


perguntas, quinze dias após o acidente de carro. — Ela toma outro gole,
lambendo o lábio superior enquanto lentamente coloca o copo de volta na
mesa. — E logo depois, fui apresentada ao uísque. Eu estava em uma festa
e o cara atrás do bar se ofereceu para estourar minha cereja15 de uísque. Eu
deixei, e somos uma coisa desde então. O uísque, não o cara... Embora ele
tenha estourado mais de uma cereja naquela noite.

Eu engulo duro e meu pau se contrai nas minhas calças. O pensamento


de Bella e sexo me deixaram cambaleando enquanto visões nuas dela
passavam pela minha mente.

Tudo isso para rapidamente quando me atinge com quantos anos ela
deve ter tido sua primeira vez. A raiva me consome e faço o possível para
moderar minhas emoções. — Quem era ele? Seu primeiro? Então Deus me
ajude, é melhor que ele tenha sido menor de idade ou eu o encontrarei e o
castrarei onde ele estiver. Tanta coisa para me refrescar.

15 A mocinha quis fazer uma comparação a tirar uma virgindade.


— Não é da sua conta quem eu escolho dormir, William. — Bella fecha
os olhos e suspira um sopro de frustração. — Mas vou lhe dizer se você
prometer responder a uma das minhas perguntas. Bate e volta.

— Certo, — eu assobio.

— Eu tinha dezesseis anos e ele estava no último ano do ensino médio.


Eu sabia que nossos caminhos provavelmente nunca mais se cruzariam e
nós dois sabíamos que era apenas uma noite. Não é grande coisa. Nenhum
deles nunca é. — Ela olha para o lado, evitando meus olhos.

— Bella... — Eu alcanço e aperto sua mão delicada na minha. O


contraste de seus dedos esbeltos na palma da minha mão calejada
denotando a grande diferença entre nós. — Eu nem tenho certeza de como
abordar essa resposta. Antes de tudo, deixe-me esclarecer que não estou
julgando nem jamais o farei. Entendo que todos lidamos de maneira
diferente e, às vezes, fazemos coisas que de outra forma não faríamos para
automedicar nossas lutas internas... Eu só quero saber uma coisa, o que
exatamente você tem feito para se automedicar?

— É bastante óbvio, não? Você me viu beber e tentar pegar um homem


aleatório em um bar. — O rosto de Bella libera um tom profundo de
vermelho. — Eu realmente não acho que seja grande coisa. Eu tenho que
ser tão perfeita em todos os outros aspectos da minha vida que mereço me
soltar no meu tempo privado. Especialmente se não estiver machucando
mais ninguém. — Ela toma um longo gole da minha bebida antes de
continuar. — Não é como se eu estivesse levando uma merda todos os dias,
mas mesmo se eu estivesse e fosse durante o meu tempo privado, de quem
é o negócio de qualquer maneira?

— É meu negócio, — eu falo.

— Por quê? — Bella ri de descrença. — Eu não sou problema seu.

Oh, pequena lua... Mas você é.

A garçonete interrompe, trazendo-nos uma pausa, cortando


efetivamente uma declaração prematura e me dando um minuto para
reunir meus pensamentos. Obrigado, porra.

— Bem? Por que sou da sua conta, William? — Bella levanta uma
sobrancelha, pressionando-me para responder.

— Porque você é minha funcionária e filha do meu amigo. Eu me


preocupo com o seu bem-estar e quero que você resolva quaisquer
problemas internos que tenha de maneira saudável, segura e positiva. —
Quem diabos sou eu? Mr. Rogers16?

Bella zomba da minha resposta, inferno, eu também teria. — Isso é


ótimo. Vindo do maior playboy de todos. Não foi o seu comportamento
libertino que o atraiu para Heather em primeiro lugar?

16 Mr. Rogers, foi um pedagogo e artista norte-americano, ministro da Igreja


Presbiteriana, que se notabilizou como apresentador televisivo, autor de letras para canções
educativas e apresentador de programas televisivos infanto-juvenis.
— Sim, e não me arrependo porque me levou à minha linda filha.
Embora meu escândalo pessoal deva servir como um aviso para aqueles
que praticam sexo casual. —Puxo a gola da minha camisa e sorrio. — Você
nunca sabe se seu parceiro sem cordas é louco e vai assombrá-lo pelo resto
da vida.

— Então, o que você está dizendo é que, em vez de entrar cegamente,


devo examinar completamente meus parceiros e exigir exclusividade? Isso
soa muito como um relacionamento, tornando completamente inútil o
ponto de sem cordas.

— Não é um relacionamento se ambas as partes têm um entendimento


mútuo de que é apenas sobre sexo. — Mayday,17 mayday, estou caindo. Essa
conversa parece muito com uma proposição sexual. Uma proposição
sexual muito inadequada. Eu preciso mudar este navio, rápido. — Além
disso, o sexo não é a única fonte de alívio do estresse. Aderir a hobbies ou
se exercitar são dois exemplos muito bons de pontos de vista saudáveis. —
Embora nem tão divertido.

— Eu tenho um hobby e também treino regularmente. Nenhuma


dessas coisas deve ser uma obstrução para fazer algo que eu amo.

É a minha vez de erguer uma sobrancelha enquanto quase engasgo


com minha própria saliva, demorando-me em sua admissão. Naturalmente
minha mente se concentra em sua declaração amor ao sexo, mas não há

17 É uma palavra-código para emergência. Normalmente utilizado por tripulantes em


perigo.
como eu estar tocando nisso. Fazer isso nos levaria mais longe nessa bizarra
toca de coelho de frustração sexual. Algo que nenhum de nós é livre para
explorar.

Antes que eu possa responder, a garçonete define nosso primeiro


prato e explica, recuando rapidamente. Sem dúvida, ela sentiu a natureza
tensa da nossa conversa.

— Eu não sabia que você tinha um hobby, por favor, compartilhe. —


Aceno minha mão, movendo-a para continuar.

— Eu escrevo livros infantis e os ilustro. Eu sei... de todas as pessoas,


escrevendo livros infantis. —Bella ri de forma depreciativa. — Prometo que
nenhum dos livros ensina as crianças a se envolverem em atos de
moralidade frouxa, muito pelo contrário os livros giram em torno de lidar
com as dificuldades da vida de maneira saudável e positiva. Hipócrita,
certo?

Eu a olho maravilhado. — Isabella, isso é incrível. Quem melhor para


ensinar as crianças a matar seus dragões do que alguém que realmente
lutou contra os dela. — Sem perceber, peguei a mão dela e comecei a
acariciar lentamente o pulso para frente e para trás com o polegar. —
Talvez um dia você possa compartilhar esses dragões comigo, você nem
sempre precisa lutar sozinha.
Naquele momento, eu a vejo, a verdadeira, passando por todas as
camadas de bravata e até sua própria essência. A beleza maltratada e
marcada, que, apesar das tragédias da vida, abriu caminho para a
superfície da única maneira que sabia. Porra, é atraente. Estou
verdadeiramente e totalmente cativado, impressionado com a vontade
dela de ser vulnerável, derramando toda pretensão e me mostrando seu
verdadeiro eu.

Com um pigarro, o momento se foi. Bella ergue suas paredes mais


uma vez e faz um giro completo e poderoso em nossa conversa. — Então,
você está trazendo minha tia aqui para um encontro?

Como se eu tivesse acabado de levar uma bofetada, fico sentado em


silêncio, tentando entender o que aconteceu.

— Você está namorando Mariana, certo? — Os olhos arregalados de


Bella olham para os meus em busca de respostas.

— Não sei ao certo o que lhe deu a impressão de que estava


namorando sua tia. Posso garantir que não tenho intenção de fazê-lo.

— Certo. Ok. Bom. — Bella levanta o copo, apenas para descobrir que
está vazio.

Com o tempo, a garçonete se aproxima da mesa com dois copos


frescos e um garçom a reboque com o segundo prato.
— Certo. Ok. Bom, — repito as palavras de Bella, um sorriso evidente
no meu rosto. É claro que ela está envergonhada por sua pequena
demonstração de ciúmes. — Chega de conversa séria para esta noite,
vamos falar sobre a faculdade. Você está ansiosa para começar este outono?

Bella me dá um sorriso agradecido, evitando com prazer qualquer


discussão adicional sobre namoro, sexo e dragões, mantendo o resto de
nossa conversa bem mansa. Do jeito que deveria ter sido para começar.

Ao sair, noto que ela não chamou o manobrista. — Deixe-me levá-la


até o seu carro. É tarde e você nunca sabe quem está à espreita.

— Claro. Estacionei por aqui. — Ela se move em direção à esquina da


garagem, mas quando nos aproximamos do SUV dela, sinto que algo está
errado.

— Espere aqui, — eu a instruo a ficar parada enquanto inspeciono a


área e faço uma inspeção mais detalhada de seu veículo.

Todo o lado do motorista do Tahoe está vandalizado - suas janelas


foram quebradas e os painéis laterais foram pintados com spray com a
palavra ‘Prostituta' através deles. Após uma inspeção mais aprofundada,
dois dos pneus foram furados e estão completamente vazios. Estou prestes
a me agachar quando ouço um suspiro alto atrás de mim.
Viro-me para o som e vejo os olhos de Bella se enchendo de lágrimas.
Corro em direção a ela, fechando instintivamente o espaço entre nós e
envolvendo-a de forma protetora em meus braços.

— Eu disse para você ficar parada. Você precisa me ouvir e fazer o que
eu digo. — Minhas palavras saem como um rosnado duro.

— Quem fez isso? — A voz de Isabella está abafada enquanto ela


murmura no meu peito.

— Eu não sei, mas quem quer que seja, vou encontrá-los e fazê-los
pagar. Eu prometo, Pequena Lua. — Acariciando o cabelo dela, dou um
beijo no topo da cabeça dela. — Precisamos ligar e informar seu pai o que
está acontecendo. Ele está saindo da cidade e não há como você ficar
sozinha com os gêmeos enquanto esse lunático está lá fora.

Se eu estava me sentindo protetor antes, não é nada comparado como


estou me sentindo agora. Todos os meus sentidos estão me puxando em
direção a Bella, pedindo que eu a proteja do mundo exterior. Eu
rapidamente elaboro um plano que me permite mantê-la segura e próxima,
o único problema será conseguir que seu pai concorde com isso.
CAPÍTULO OITO

Merda. Merda. Meeeeeerda.

Papai está a caminho e não tenho certeza de como vamos explicar a)


por que saímos para jantar sozinhos e b) como acabei com álcool no hálito.

— Aqui, mastigue isso. Seu pai estará aqui em breve. — William enfia
uma hortelã na minha mão.

Obrigada, leitor de mentes.

Nem dois segundos depois, o carro de papai vem virando a esquina.


William, sentindo minha ansiedade, envolve o braço em volta de mim, me
tranquilizando que tudo vai ficar bem. — Confie em mim, Isabella. Eu
tenho você.
— Obrigada, — eu consigo sussurrar de volta. Apesar das
circunstâncias, seu carinho me traz uma profunda sensação de segurança.
Quem fez isso no meu carro não tem como me alcançar quando estou
segura em segurança nos seus braços. Eu poderia ficar assim para sempre.

Ao nosso lado, uma porta do carro bate, quebrando efetivamente o


momento e fazendo com que nos afastemos dois passos. Olhando para o
som, vejo meu pai, preocupação e raiva em guerra em seu rosto. — O que
diabos aconteceu aqui? — Ele anda ao redor do veículo, percebendo o
vandalismo. — O que você estava fazendo aqui tão tarde?

Antes que eu possa responder, William intervém. — Ela estava


encontrando uma amiga para jantar e me ligou quando encontrou o carro
assim. — Ele passa a mão no cabelo, puxando as pontas. — Aparentemente
eu era a última pessoa no registro do carro dela, caso contrário, tenho
certeza de que teria sido você quem ela ligaria. Estou feliz por estar por
perto e poder chegar aqui tão rápido quanto eu.

Uau. Estou chocada com a facilidade em que as mentiras saem dele.

Papai olha para William com os olhos semicerrados. — Alguns dos


atendentes do estacionamento viram algo ou alguém suspeito?

— Conversei com a equipe, mas ninguém viu nada e o veículo está


estacionado em um canto onde as ações do criminoso teriam sido
obstruídas no vídeo. É um grande déficit de segurança da parte deles, se
você me perguntar.
Respiro fundo. Se não houver razão para ver imagens de vídeo da
garagem, papai não verá William e eu caminhando juntos em direção ao
meu carro.

Papai dá dois passos em minha direção e me abraça. — Estou feliz que


você esteja bem. Não sei o que faria se algo acontecesse com você. Você é
minha garotinha.

Na palavra “garotinha,” William faz um som sufocado. Quando olho


por cima do ombro de papai, vejo que seu rosto ficou vermelho. Fico feliz
que papai não esteja de frente para ele neste momento. Não há dúvida de
que ele estaria questionando sua repentina aversão a esse termo específico
de carinho.

William limpa a garganta e levanta uma sobrancelha. — Com você


saindo da cidade amanhã, não acho sensato Bella e os gêmeos ficarem em
sua casa sozinhos. — Os olhos de William piscam entre meu pai e eu. —
Como eles já estão passando tanto tempo em minha casa, faria sentido para
eles ficarem lá. Eu tenho um sistema de segurança completo e estarei lá no
caso de mais alguma coisa acontecer.

Segure seus malditos cavalos. Ele está sugerindo o que eu acho que ele está?

Eu já tenho dificuldade em manter minhas emoções sob controle.


Viver com ele vinte e quatro/sete18 está apenas pedindo problemas. — Está

18 24/7 é 24 horas por dia 7 dias da semana.


tudo bem. Tenho certeza de que estaremos seguros na casa do papai.
Também existe um sistema de segurança completo.

Os olhos de William disparam diretamente através de mim, a


intensidade neles queimando buracos na minha alma. — Bella, um sistema
só pode fazer barulho. É sempre melhor ter alguém no local para agir em
defesa. Se você não se sentir confortável em minha casa, sugiro que
encontremos alguém de nossa equipe para ficar em sua casa.

— Bobagem. — Papai acena uma mão no ar. — Os membros originais


da WRATH são os únicos a quem eu confiaria meus filhos, e faz sentido
que seja você, já que Bella já está cuidando de Harper e está praticamente
morando em sua casa. Eu vou às oito, então os levarei para sua casa
amanhã de manhã antes de sair. — Papai beija o topo da minha cabeça. —
Mantenha-me informado sobre qualquer informação em desenvolvimento,
independentemente de quão pequena você ache que possa ser. Precisamos
encontrar o filho da puta que fez isso e esfolá-lo vivo. Ninguém mexe com
minha família. Ninguém.

— Dez-quatro. Estou abrindo um arquivo para Bella e vou lidar com


isso pessoalmente. Também trabalharei em casa o máximo possível e
enviarei alguém da equipe para vigiar todos, se não puder estar em casa
por algum motivo.

Meus joelhos ameaçam ceder à ideia de tanta interação com William.


Papai confunde isso com minha reação ao vandalismo e estende a mão para
me confortar. — Tudo vai ficar bem, menina. Confio em William para
cuidar de você e ele estará lá o tempo todo até encontrarmos quem fez isso.
— Papai aperta meu ombro de maneira tranquilizadora. — Nós os faremos
pagar. Eu prometo.

Dirigimos até o que será nossa casa pelos próximos meses. Já estive
aqui muitas vezes antes, mas vê-lo hoje está evocando todos os tipos de
novas emoções. Parece que uma família de borboletas passou a residir na
minha barriga desde que descobri que vou compartilhar um telhado com
William. Solteiro. Cada. Noite. Fale sobre um exercício de autocontrole. Ficar
longe daquele homem sexy será quase impossível.

Meus pensamentos voltam para a noite anterior, onde juro que ele
estava quase me propondo um cenário sem amarras. Eu poderia estar
totalmente fora da base, mas juro que vi fome naqueles olhos azuis celestes.

— Bem-vindos à sua nova casa. — William nos cumprimenta no


vestíbulo, levantando os dois braços em um gesto abrangente. — Por favor,
trate-a como se fosse sua.
— Nós vamos! — Os gêmeos cantam em uníssono enquanto voltam
para a sala de jogos. Sem dúvida, eles estão indo direto para os consoles de
jogos que William instalou na semana passada.

— Onde está seu pai? — William olha para trás e para o jardim da
frente. — Eu pensei que ele iria querer entregar a carga preciosa.

— Ele teve que voar mais cedo do que o esperado, então alguém da
equipe nos encontrou em casa e nos seguiu até aqui. Eles estão
estacionados do lado de fora até seu novo aviso. — Eu desajeitadamente
mexo meus pés, sem saber para onde ir daqui. — Então... Onde devo
colocar nossas malas?

— Nos seus quartos, é claro. — Sem mais elaboração, William pega as


três sacolas - como se não pesassem nada - e segue em direção às escadas.

Ele quer que eu o siga??

Eu o alcanço e silenciosamente sigo atrás dele, meus olhos vagando


por seu corpo enquanto aproveito descaradamente a vista. Seu cabelo
castanho escuro está úmido do banho e sua camisa branca está esticada nas
costas - seus ombros largos afinam no V de sua cintura e levam meus olhos
famintos direto para a bunda dele. Oh, essa bunda...

— Bella? — A voz de William me tira do meu transe e imediatamente


sinto minhas bochechas coradas de vergonha. Ele está parado alguns
passos à frente, olhando para mim com expectativa, sem dúvida sendo
pega no meio da minha sessão de cobiça. — Você me ouviu ou devo
repetir?

Precisando tirar esse sorriso do rosto, tento fingir inocência, embora


tenha certeza de que não faz sentido. — Eu estava apenas examinando
minha lista de tarefas mentais durante o dia. Você pode repetir sua
pergunta?

— Eu estava dizendo que Harper e os meninos têm quartos no


segundo andar. Você também pode ter um quarto neste andar, se quiser,
mas nenhum dos quartos restantes vem com uma suíte. — Ele nos leva até
uma grande sala com uma janela saliente que dá para o quintal. — Se você
preferir um banheiro adjacente, podemos colocá-la no andar de baixo ao
lado do meu escritório. Cabe a você, mas esse quarto é maior e possui uma
banheira incrível, então me diga. Com tudo o que disse, onde você prefere
dormir?

William não menciona que o quarto de hóspedes no andar de baixo


também fica perto de seu quarto. Algo que deve ser um impedimento.
Totalmente um impedimento. Também não passa despercebido que ele
definitivamente está vendendo o quarto no andar de baixo por este neste
andar. Motivos que estão além, talvez?

— Provavelmente seria melhor se eu ficasse perto das crianças, caso


elas gritassem no meio da noite, — digo rapidamente enquanto deposito
as malas dos meninos em suas camas de solteiro.
Uma olhada ao redor da sala me permite saber que William teve
tempo para transformar esse espaço em um ambiente acolhedor para os
gêmeos. Todo o quarto está decorado com azuis escuros e tons variados de
branco, as prateleiras estão repletas de literatura infantil e uma caixa de
brinquedos cheia de guloseimas fica ao pé de cada cama. — Quando você
teve tempo de fazer tudo isso? Isso está além da consideração.

— Sério não é grande coisa. Enviei uma mensagem para minha


assistente ontem à noite e, ela pegou essas coisas. — Ele passa as costas da
mão ao longo da barba, parando no queixo. — Seu quarto foi montado lá
embaixo. Você pode ouvir as crianças através do monitor que instalamos
aqui, bem como o que já foi instalado no quarto de Harper. Não há
desculpa que a impeça de desfrutar do seu próprio banheiro e da
privacidade que o quarto oferece. — Sem aceitar mais argumentos meus,
William pega minha bolsa e desce as escadas.

Não querendo dar a última palavra a ele, eu rapidamente me apresso


atrás de William e dou um jab19 verbal, mergulhando no sarcasmo. — Se
você ia decidir por mim, por que se preocupar em me dar uma opção?
Apenas me poupe da ilusão de ter uma escolha na próxima vez e, por todos
os meios, decida o que você acha melhor.

Com minhas palavras, William pára, largando minha bolsa e girando


lentamente para me olhar. —Minhas desculpas, Pequena Lua. — Um brilho
perverso brilha em seus olhos e o canto da boca se eleva em um sorriso. —

19 Jab é um soco empregado nas artes marciais.


Da próxima vez, vou dizer o que prefiro. É bom saber que você seria
receptiva. — William pega minha bolsa com uma piscadela e volta, indo
em direção ao meu novo quarto.

Fico com a boca entreaberta, chocada com sua indiferença flagrante


pelo sarcasmo que eu estava falando. Ele não pode pensar que eu estava
falando sério. Não estou bem em fazer tudo o que ele diz e quer. A última
vez que verifiquei, não estávamos nos anos 50.

Leva um minuto para chegar ao quarto de hóspedes, mas quando o


faço, fico sem palavras. É brilhante e arejado, decorado em azul claro e
branco. O quarto possui uma área de estar em frente a uma janela saliente
e, ao lado, uma penteadeira adequada para uma rainha. Cosméticos
Chanel estão espalhados em cima dela e, um armário de jóias
correspondente que parece estar totalmente abastecido, fica ao lado para
facilitar o acesso durante o vestir. Bem em frente à penteadeira, fica uma
cama king-size, emoldurada por duas grandes janelas. A cama parece tão
ondulada quanto uma nuvem, com sua quantidade excessiva de
travesseiros e o que posso assumir é o mais luxuoso dos edredons. Eu
realmente quero me jogar na cama e nunca me levantar.

William emerge do banheiro adjacente, seus lábios aparecendo em um


sorriso astuto. — Pelo olhar em seu rosto, posso supor que você acha o
quarto adequado.
— Sim. Obrigada. Você realmente não deveria ter que enfrentar todo
esse problema. Os cosméticos e joias são um pouco demais, você não acha?
— Eu balanço minha mão em direção à penteadeira.

De repente, seu rosto se transforma de brincalhão em algo em que não


consigo entender. — Não, não é demais. Você merece isso e muito mais.
Deixe-me cuidar de você... Até pegarmos quem está assediando você, é
isso.

Meu corpo estremece em pensar na noite passada e, como poderia ter


sido muito pior. Em um flash, William está na minha frente, me abraçando
em seus braços fortes. — Não se preocupe, Pequena Lua. Não vou deixar
ninguém te machucar.

Inclino minha cabeça para cima, olhando para seus brilhantes olhos
azuis. — Por que você me chama de Pequena Lua? Não é a primeira vez
que você faz isso.

William move uma mão nas minhas costas, descansando-a na nuca e


apertando suavemente. — Seus olhos. Eles são como a lua. Tanto o tom
mais pálido de prata quanto continuamente me puxando com sua beleza.

— Eles são? — Pergunto sem fôlego, imaginando se minha resposta


foi audível.

William lentamente traz meus lábios para os dele, acariciando


suavemente com o menor contato. — Mhmm. Eles são.
A vibração de suas palavras contra minha boca me faz engasgar,
permitindo William entrar. Sem hesitar, ele sela os lábios sobre os meus,
tomando minha boca sem piedade, a sensação de sua língua macia e
aveludada, em desacordo com a pressão forte dela se movendo contra a
minha, faz com que meus joelhos se dobrem.

Sentindo minha necessidade de apoio, William coloca o antebraço


abaixo da minha bunda e me levanta até que meu rosto fique paralelo ao
dele, puxando minhas pernas para ambos os lados dele.

A boca de William se fecha sobre a minha mais uma vez. Nossas


línguas girando juntas, como se estivessem dançando, como se
conhecessem a vida toda. Eu posso sentir sua fome. A necessidade dele. Seus
beijos estão longe de serem doces ou gentis. Não, eles são puro desejo
carnal e não posso deixar de ceder.

Eu retribuo seu beijo, combinando-o com a fome que se acumula


dentro de mim. Nada que eu já experimentei me fez sentir assim antes. Seja
o que for, tudo consome. É como um fogo aceso dentro da minha alma, e a
única maneira possível de saciá-lo é dando mais.

Eu quero mais. Preciso de mais.

Puxando meu cabelo para trás, William enfia o nariz embaixo da


minha orelha e me inspira. — Assim. Porra! Tão bom. Você cheira tão
fodidamente bem.
Um barulho me escapa, algo entre um suspiro e um miado. O barulho
parece estimular William e ele continua seu delicioso ataque ao meu
pescoço exposto, ele belisca, lambe e chupa o caminho do meu pescoço até
o mergulho abaixo da minha clavícula e nas ondas dos meus seios.

William segura um seio em uma mão, o mamilo visivelmente ereto


através do algodão da minha blusa. Um sorriso perverso se espalha pelos
lábios enquanto ele o pega entre o polegar e o indicador, apertando-o e
puxando-o com força. A sensação me faz gemer de prazer, me fazendo
querer mais.

Eu preciso de mais.

Eu lentamente e com força esfrego meu núcleo contra William,


tentando aliviar a dor no meu clitóris latejante.

Parece tão bom.

Eu posso sentir a cabeça de seu pau excitado pressionando contra


minha entrada e isso me faz gemer de desejo. William deve estar na mesma
página porque agarra minha cintura com as duas mãos e começa a me
empurar para cima e para baixo na extensão de sua excitação.

— Fooooda-se, — ele rosna. — Se é assim que você está com as roupas,


não consigo nem imaginar como será incrível quando eu...

Suas palavras são cortadas por um lamento agudo do monitor. Harper


está acordada e pronta para sair do berço.
— O dever chama. — Ofegando pesadamente, eu deito minha cabeça
no peito de William.

— Isso não acabou, Pequena Lua. Não mesmo. — William me dá um


último beijo antes de me depositar no chão, aceitando a derrota... Por
enquanto.
CAPÍTULO NOVE

Faz uma semana desde que Bella e os meninos se mudaram, e eu fiz o


meu melhor para ficar longe dela depois daquela manobra que fiz em seu
quarto dela. Juro que essa merda saiu do campo esquerdo20, eu era como um
homem possuído. A maneira como seus olhos continuavam pairando
sobre meu corpo com seu perfume e proximidade me empurrou para o
limite. Eu não poderia me conter se tentasse.

Não sei o que estava pensando ao colocá-la em um quarto no final do


corredor. Masoquista do caralho.

O beijo que compartilhamos fica repetindo em minha mente, e estou


andando por aí com um tesão perpétuo. Graças a Deus estou trabalhando

20 Fora do campo esquerdo é uma gíria americana, oriunda do beisebol, que significa
“estranho", “inesperado".
em casa. Não houve ataques adicionais a Bella e terei que ir ao escritório
esta semana, então vou precisar controlar esse problema antes disso.

Ou me afasto completamente dela para sempre ou me deixo ceder. Só


uma vez. Só para tirá-la do meu sistema. Até agora, ir embora não foi muito
eficaz. Isso me deixou infeliz e incapaz de me concentrar.

Quanto mais penso nisso, mais parece certo ter apenas um gosto...
Apenas um doce mergulho em seu delicioso mel e eu estarei acima do que
quer que seja.

Eu já estive com algumas mulheres na minha vida e nenhuma,


absolutamente nenhuma, me deixou louco de desejo como Bella. Isso é
seriamente pior do que ser um adolescente excitado. Eu não posso escapar
dela. Seu perfume está em toda parte, lembrando-me de quão boa é.

Uma batida na porta da frente interrompe meus pensamentos sobre


Bella. Eu me pergunto quem poderia ser, já que eu não esperava nenhuma
companhia e a segurança na frente não nos alertou para nenhum visitante.
Quando me aproximo da porta, vejo uma cabeça familiar de cabelos loiros.

Inferno. Não.

— Heather, o que diabos você está fazendo aqui? — Eu faço uma


carranca enquanto abro a porta com mais força do que o necessário.
— Eu queria ver você e Harper. Isso é demais para uma esposa e uma
mãe pedir? — Não mostrando sinais de remorso por nos abandonar,
Heather passa por mim e entra no saguão.

— Você tem coragem, Heather. Temos uma audiência na quinta-feira.


Qualquer coisa que você queira discutir comigo poderá fazê-lo lá com
nossos advogados presentes. No que diz respeito ao seu relacionamento
com Harper, foi você quem decidiu encerrar os direitos de mãe. Ou você
esqueceu? — Eu me movo para ficar na frente dela, bloqueando qualquer
acesso adicional a casa.

— Não esqueci, mas mudei de ideia. Seria uma loucura cortar todos
os laços com minha linda filha. Uma bebê tão bem-comportada e, de
qualquer maneira, ela é a imagem cuspida de mim, afinal. — Com um
sorriso falso, Heather sacode o cabelo como se os elogios de Harper fossem
obra dela.

— Podemos ter essa discussão na frente dos nossos advogados. Você


já perturbou a vida de Harper o suficiente e, neste momento, nem tenho
certeza de que ela se lembraria de você. — Sei que é um golpe baixo, mas
preciso tirar essa mulher da minha casa. — Você estar aqui não é saudável
para Harper. Ela precisa de estabilidade e você aparecer sempre que quiser
não vai funcionar para nós.

— Foi por isso que voltei. Posso ficar aqui até que toda essa bagunça
de divórcio seja resolvida e minha agenda com Harper esteja definida.
Além disso, quem melhor para cuidar de nosso bebê do que sua própria
mãe. Eu sei que você não pode cuidar dela sozinha. — Heather se move
para me contornar, mas eu sou capaz de contorná-la, negando-lhe mais
entrada.

— Pare de tentar entrar na casa. Você não é bem-vinda aqui.


Francamente, não tenho certeza de como você contornou nossa segurança.
Vou me certificar de demitir quem deixou você entrar. — Eu corro meus
dedos pelo cabelo, puxando as pontas - um hábito nervoso que desenvolvi
que me deixa com a aparência de que enfiei o dedo em uma tomada.

Como se fosse convocada pelo próprio diabo, Bella aparece ao meu


redor. — Ei, não sabia que tínhamos companhia. Só queria perguntar sobre
o nosso passeio amanhã.

— Agora não é um bom momento Bella, irei te encontrar assim que


levar Heather para fora. — Não estou tentando ser rude, mas preciso de
Bella o mais longe possível de Heather.

— Oh, isso é maravilhoso. Você já encontrou uma substituta para


mim? Não demorou muito, não é? E uma modelo mais jovem também. —
Os olhos de Heather vasculham Bella, estudando todos os detalhes dela. —
Ela fode tão bem quanto eu?

— Jesus! Não é assim com Bella. Ela mal tem dezoito anos, é filha do
meu amigo, sobrinha de Ren e a babá. Não estou interessado nela assim e,
mesmo que estivesse, ela está completamente e totalmente fora dos limites.
Bem, merda. Sei que espalhei a negação de maneira bastante grossa,
mas preciso tirar Heather do rastro de Bella o mais rápido possível. Essa
mulher é volátil e imprevisível como uma bola mágica de oito21. Certamente
Bella vai entender.

— Sim. Eu estou somente para a ajuda. — Bella atira em Heather um


sorriso sacana antes de voltar para mim. — Falando sobre isso, preciso
verificar Harper e garantir que toda essa comoção não a tenha acordado.
— Antes que eu possa ler seu rosto, Bella se vira e se afasta.

— Oh, eu tenho tanta certeza que tudo o que ela está fazendo é cuidar
de Harper. — Heather revira os olhos enquanto respira fundo. — Aposto
que ela gosta de ficar depois do expediente e cuidar de você também.

— Chega, Heather! Você não pode vir aqui e me dizer quem posso ou
não contratar para cuidar da minha filha quando tenho documentos
dizendo que você queria encerrar os direitos de mãe. Por favor, saia desta
casa ou terei você escoltada pela segurança.

— Bem. Você e aquela destruidora de lares podem brincar de casinha


o quanto quiserem. Não vou ficar parada e deixá-la levar tudo o que é meu.
— Heather me dá um olhar que poderia matar um homem menor, vira o
cabelo mais uma vez para sair - batendo a porta atrás dela.

21 Magic 8-ball é uma esfera prática, feita para parecer com uma bola de 8, usada para
adicionar a sorte e pedir conselhos.
Que porra foi isso?

Se ele acha que pode falar sobre mim assim, ele tem outra coisa vindo.
Dane-se ele! Tecnicamente, sou sua empregada, também conhecida como
ajudante... E treze anos mais nova... E a filha de seu amigo... E a sobrinha
de seu melhor amigo. Mas o beijo deve ter significado alguma coisa, certo?
Foi alucinante, sacudiu a terra, mudou o jogo, todas as palavras e mais
algumas? Não posso ficar sozinha sentindo tudo isso pelo nosso único
beijo. Não. Isso não é possível.

Embora tenha passado uma semana desde que aconteceu e ele nem
roçou em mim enquanto passava. É evidente que ele tem feito um esforço
extra para ficar longe de mim, talvez seja a maneira dele de me dizer que
acha que o beijo foi um erro?
Ugh! Isso é demais. Eu já tenho um psicopata com que me preocupar,
com certeza não preciso me preocupar com um homem adulto que deixou
seus sentimentos tão claros quanto o dia. Ele não pensa em mim de uma
forma romântica e estou totalmente bem com isso. Totalmente.

Também não é como se eu estivesse aberta a um relacionamento. Sei


que prometi a Cass que tentaria me abrir à possibilidade, mas a única coisa
que toda essa experiência com William me ensinou é que isso não é para
mim.

Eu simplesmente preciso me manter ocupada com o trabalho, os


gêmeos e me preparando para a faculdade.

— Bella, terminamos nossas pastas de trabalho. Podemos sair e


brincar agora? — Matt pergunta enquanto pula para cima e para baixo
como um pequeno feijão saltador.

— Meu Deus! Hoje não temos muita energia. — Eu rio enquanto


verifico as planilhas dos meninos. — Ok. Parece que vocês dois concluíram
a atividade de aprendizagem de hoje, o que significa...

— Nós vamos lá! — Os gêmeos gritam em uníssono, seus rostinhos


alegres rosados de emoção.

— Ok. Deixe-me pegar o copo com canudinho de Harper e todos


podemos sair para fora.
Estou me movendo pela sala tentando pegar a xícara de Harper, o bico
e o Jellycat Bunny,22 Deus sabe que não podemos ir a lugar nenhum sem
esse coelho, quando ouço a voz profunda de barítono do próprio diabo. —
Você se importaria se eu acompanhasse?

Viro-me para em direção a voz dele e vejo que ele está vestindo um
moletom cinza e uma camiseta com decote em V. Por que ele deve parecer
tão bom em tudo o que veste? Ele não sabe que estou tentando ficar brava
com ele?

— É a sua casa. Você pode ir aonde quiser. —Não quero parecer mal-
humorada, mas preciso me distanciar para proteger meu coração. Preciso
de toda a ajuda que puder obter com ele andando como um deus grego
direto de um romance.

— Está tudo bem? — As sobrancelhas franzidas de William servem


apenas para me enfurecer ainda mais. Ele deve saber que suas palavras
teriam algum tipo de efeito sobre mim, e não positivo.

— Tudo está bem. Por que não estaria? Agora, se você me der licença
à ajuda precisa levar as crianças para fora pra brincar. — Eu passo por ele
com Harper no meu quadril e os meninos atrás.

Antes que eu possa alcançar a porta, William dispara sua mão e me


agarra pela cintura, me puxando para perto dele. — Espere. Você está
chateada com a forma como descrevi nosso relacionamento para Heather?

22 É um coelho de pelúcia da marca Jellycat.


— O canto de sua boca começa a levantar, formando um sorriso. — Eu não
quis dizer isso.

— Com certeza parecia que você queria dizer isso, mas não importa
de qualquer maneira. Tudo o que você disse era verdade, o que torna essa
conversa inútil. E mesmo que não fosse, não é o momento certo para falar
sobre isso. — Afasto-me dele e abro a porta aberta, chamando os meninos
enquanto saio.

Acabei de colocar os meninos na cama e saio do quarto deles quando


meu telefone dispara, droga espero que não os tenha acordado. Fecho a porta o
mais silenciosamente possível e puxo meu telefone do bolso de trás.

William: Encontre-me na casa de hóspedes. Eu tenho uma surpresa


para você.

O que no mundo esse homem está fazendo?

Bella: Ok... Estou trazendo o monitor comigo.


Eu rapidamente tiro um monitor do balcão da cozinha e saio pela
porta lateral e vou para a casa de hóspedes. Seu exterior combina com o
estilo de Cape Cod23 da casa principal, mas é um décimo do tamanho.

Sem saber o que esperar, abro hesitantemente a porta da frente e fico


completamente impressionada com o que vejo. É absolutamente lindo.

A suíte também é decorada em estilo de fazenda costeira, minha


favorita, mas foi feita como um estúdio de arte com um escritório situado
em frente a enormes janelas panorâmicas com vista para o jardim. A mesa
grande é feita de madeira rústica e é acompanhada por uma cadeira branca
aconchegante. Eu podia me ver escrevendo naquela cadeira por horas a fio.

William sai do que só posso supor ser o banheiro ou o quarto da suíte.


— Você gosta disso? Eu o configurei como sua caverna de escrita. Você
pode voltar aqui sempre que quiser e trabalhar nos livros. — Ele se move
em direção ao grande cavalete nas costas. — Você pode fazer sua obra de
arte aqui ou usar um programa de design gráfico instalado no laptop na
mesa, se preferir usá-lo. Eu não tinha certeza de qual meio você preferia,
então consegui que ambos estivessem aqui.

— William, isso é demais. Nem sei quanto tempo vou ficar aqui e
definitivamente não vou ficar depois do verão. —Coloco a mão no meu

23 Cape Cod é um dos projetos arquitetônicos mais reconhecido e amado da America que foi
trazida pelos colonos britânicos em 1800.
coração, sobrecarregada de gratidão, mas confusa como o inferno sobre o
que tudo isso significa. — Por que você fez tudo isso? Eu sou apenas a
ajuda, lembra-se?

— Não jogue isso na minha cara novamente, eu apenas disse isso para
tirar Heather de suas costas. Eu não queria que ela nos cheirasse ou isso
tornaria as coisas exponencialmente mais difíceis quando chegasse a hora
de finalizar nosso divórcio.

Isso faz sentido...

— Ok, eu entendi. Mas você poderia ter me informado para não ser
pega de surpresa. — Como um cachorro com um osso, não posso deixar
esses sentimentos feridos.

— Quando eu deveria fazer isso? Bem no meio da minha conversa


com Heather? Isso teria frustrado o propósito, e não é como se eu pudesse
prever que ela aparecesse depois de todo esse tempo. Eu vim até você
assim que me livrei dela, mas você não me deixou explicar.

Isso também faz sentido...

— Ok. Entendi. Mas o que tudo isso tem a ver com a casa de hóspedes?
Ainda não entendo por que você fez tudo isso. — Abro os braços,
gesticulando todas as mudanças claramente feitas em meu benefício.
— Eu quero que você se sinta em casa aqui. Ajudar você a perseguir
um sonho pelo qual é apaixonada e talvez fazer com que fique por mais
tempo do que apenas o verão.

— Você sabe que eu tenho que ir para a faculdade no outono. —


Começo a me mover em direção a ele, como se puxada por uma corda
invisível.

— A escola que você frequenta é local, então você pode se deslocar de


casa. Você estava planejando se mudar para um apartamento fora do
campus de qualquer maneira, então isso é apenas uma extensão desse
plano. Você tem uma entrada privativa, quarto, cozinha compacta e espaço
de trabalho. Além disso, você não precisaria pagar aluguel. O único pedido
que tenho é que você assista Harper sempre que puder. — Os olhos de
William estão implorando, procurando a minha resposta. — Ela sentirá sua
falta quando você começar a faculdade e, dessa forma, ela poderá
facilmente fazer a transição para ficar longe de você, em vez de tirar você
da vida dela.

— Eu nunca deixaria Harper assim, você deveria saber disso. Eu a amo


e sempre farei parte da vida dela, se você deixar.

William me agarra pela cintura e me puxa para perto dele. — Então


você ficará? — Seus olhos se movem para frente e para trás entre cada um
dos meus enquanto ele me aperta mais. — Passando o verão?
Minha respiração fica difícil com a grande proximidade dele. Os
gestos gentis de William misturados com todo esse contato físico me fazem
sentir embriagada de emoções.

Eu inspiro, absorvendo o cheiro viril de cedro e sândalo - uma


combinação inebriante que me faz esquecer sua pergunta. Incapaz de me
conter, eu me aproximo e me inclino para um beijo.

Movimento errado, aparentemente.

William se afasta de mim imediatamente, me deixando mais confusa


do que nunca.

— Isso não é uma boa ideia, Bella. — William tem um olhar dolorido
no rosto.

— Você achou que era uma boa ideia na semana passada. — Eu sei
que parece que estou choramingando, mas não posso levar isso de um lado
para o outro com ele. Um minuto ele está com calor e no outro está com
frio. É como se ele fosse duas pessoas diferentes. Um deles me quer e o
outro não quer estar perto de mim.

— Isso foi um lapso de julgamento. Seria bom manter isso onde


pertence, no passado. — William se vira para sair pela porta, mas antes de
sair, ele olha para trás uma última vez. — Espero que isso não afete sua
decisão de ficar.
E assim, ele me deixa sozinha na casa de hóspedes lindamente
reformada, sentindo todo tipo de chicotada pelo furacão de um homem
que é William.
CAPÍTULO DEZ

É o dia da audiência e estou pronto para acabar com esse circo. Como
Heather mudou de ideia, nossos advogados acharam melhor se reunir com
antecedência para tentar resolver quaisquer problemas preliminares antes
de levar nosso caso ao juiz.

Estamos no escritório do meu advogado, sentados em uma sala de


conferências esperando o próprio diabo. A mulher que supostamente quer
renegar ao término dos direitos de mãe está atrasada. Figura.

— Estamos dando a ela mais dez minutos e depois vamos para o


tribunal. Eu não dou a mínima se ela agora está tentando ser a próxima
mãe lá...

Interrompendo-me no meio da frase, Heather entra na sala de


conferências, agindo como se não tivesse se importado com o mundo.
— Que bom da sua parte nos agraciar com sua presença, Sra.
Hawthorne, — meu advogado, Daniel Mathers repreende. Não recebendo
a resposta desejada, Daniel recorre ao seu advogado e começa a trabalhar.
— Agora, se pudermos, por favor, cuidar dos problemas em questão.
Entendo que sua cliente deseja retirar seu pedido de rescisão dos direitos
de mãe.

O advogado de Heather, Samuel Martin, fala com Daniel. — Você


deveria saber melhor do que eu se dirigindo a Sra. Hawthorne diretamente
quando ela é representada por um advogado.

— Salve, Martin, eu estava apenas estendendo minhas saudações.


Agora, pare de tentar sair da base e responda minha pergunta.

— Bem sim... De certa maneira, a Sra. Hawthorne gostaria de retirar


seu pedido de rescisão dos direitos de mãe, eu digo isso porque a Sra.
Hawthorne está retirando sua petição de divórcio, tornando a rescisão dos
direitos dos pais discutível.

— Isso é besteira!— Eu rugi alto o suficiente para todo o edifício ouvir.


Daniel tenta me acalmar, mas estou tremendo de raiva, fazendo seu esforço
inútil. Para piorar a situação, cometo o erro de olhar do outro lado da mesa
para o sorriso de total satisfação de Heather, que serve apenas para me
deixar mais irritado.

Percebendo que qualquer tentativa de me acalmar é inútil, Daniel se


vira para o advogado de Heather. — Martin, você sabe tão bem quanto eu
que ela não pode simplesmente retirar sua petição. Você terá que pedir ao
juiz e pedir que ele negue provimento ao caso sem prejuízo. O fato de sua
cliente ter saído com uma criança de um ano e ter desaparecido de sua vida
nos últimos dois meses torna altamente improvável que o juiz o faça sem
preconceitos.

— Eu conheço o processo, Daniel. Obrigado pela atualização do


processo civil. — Martin ri.

Sim. O filho da puta ri como se não tivesse acabado de lançar a bomba mais
louca sobre nós.

Daniel continua tão frio quanto um pepino. — Se você está de fato


ciente do processo e do procedimento para solicitar a rescisão, informe-me
sobre o objetivo desta reunião.

— A Sra.Hawthorne esperava que abordássemos o juiz com uma


petição conjunta de rescisão.

— Você deve estar brincando comigo! — Eu bato meu punho na mesa


em frustração. — Essa deve ser a ideia mais idiota que ela já teve. Posso lhe
dizer agora, não há nenhuma maneira no inferno de ser uma petição
conjunta.

— Aí está Martin, não concordaremos com seus pedidos. — Daniel se


move para ficar de pé e eu sigo. — Nós os veremos no tribunal.
Acabamos de deixar o tribunal e o juiz decidiu a favor de Heather,
encerrando o caso sem preconceito. Dizer que estou chocado seria um
eufemismo. — O que diabos aconteceu lá? Pensei que você tivesse dito que
não seria provável que o juiz decidisse a favor de Heather.

Daniel balança a cabeça enquanto estreita os olhos como se estivesse


pensando profundamente. — Nem em todos os meus anos de prática
encontrei algo assim. Tem certeza de que não há conexão entre a Sra.
Hawthorne e o juiz?

— O que você está dizendo? Tipo, ela o conhece?

— Sim. Ela o conhece ou tem alguma relação familiar com o juiz?


Qualquer coisa que tornasse o juiz tendencioso em relação a sra.
Hawthorne.

— Não que eu saiba, mas você pode apostar que vou investigar isso.
Então, para onde diabos vamos daqui? Você sabe que não quero estar
casado com essa mulher mais um minuto do que preciso. — Puxo meu
telefone para ver se perdi alguma ligação de Bella. Se estou sendo sincero,
ela também é uma das principais razões pelas quais não aguento mais ficar
ligada a Heather.

— Voltarei ao escritório e prepararei uma petição para o contrato de


divórcio e custódia. Espero que o próximo juiz designado para o seu caso
tenha uma cabeça melhor nos ombros. — Daniel balança a cabeça antes de
continuar. — Isso torna toda a situação de custódia mais complicada,
enquanto isso posso iniciar uma audiência de emergência buscando uma
liminar contra Heather. Isso a impediria de fazer certas coisas, como
acessar fundos ou tomar decisões que envolvam Harper. — Daniel puxa
um cartão do bolso do casaco e entrega para mim. — Aqui tem meu
número pessoal. Ligue-me se ela tentar algo louco.

— Claro. Obrigado por sua ajuda com essa besteira maluca. — Coloco
a mão no ombro de Daniel, tentando transmitir minha gratidão antes de
seguir em direção ao meu carro. Preciso colocar o máximo de espaço
possível entre o tribunal e eu.

Quando estou prestes a chegar ao meu SUV, a desgraça da minha


existência sai de trás de uma van estacionada ao meu lado. — Olá querido
marido. Você quer me dar uma carona para casa?

— Porra. Não.

Essa mulher é realmente louca.


— Oh vamos lá. Você ouviu o juiz. Ainda estamos casados aos olhos
da lei. — Heather zomba de mim enquanto vira o cabelo. — Então,
tecnicamente, a casa em que você está morando é propriedade do casal e
metade é minha.

— Pare de tentar agir como um advogado, Heather. A casa foi


comprada antes do casamento e não nos casamos por tempo suficiente para
que você fizesse melhorias substanciais que se qualificariam como
patrimônio conjugal. Tudo isso já estava descrito no acordo pré-nupcial, o
que a deixaria sem nada se sua petição inicial de divórcio fosse aprovada.
Essa é a verdadeira razão pela qual você queria que o caso fosse encerrado?

— Cuidado, William. Você não quer usar esse tom com sua esposa. É
abusivo e não queremos que isso vaze, queremos?

Essa mulher não é apenas louca, mas também ilusória.

— Heather, você está perdendo meu tempo. Se você tiver mais


demandas insanas, pode encaminhá-las ao meu advogado. Você está sendo
atendida com outra petição de divórcio, e eu não vou estar solicitando sua
rescisão. Agora, com licença, preciso voltar para casa.

— Eu não faria isso se fosse você...

— Fazer o que, Heather? Tentar recuperar minha vida do trem louco


para o qual você a sequestrou?
— Você só está pedindo o divórcio por causa da destruidora de casas
com quem está se metendo. Seria uma pena se ela descobrisse de que ações
você realmente veio. — Um sorriso maligno se espalha pelos lábios de
Heather. — Eu cuidaria das minhas costas se fosse você. Você nunca sabe
quando o passado voltará e o morderá na bunda.

Nas palavras dela, uma profunda sensação de pressentimento penetra


nos meus ossos. Ela não poderia saber, poderia?

— Eu não tenho ideia do que você está falando, Heather. Que tal você
parar de jogar, sabe que não tem chance de ganhar. — Abro a porta do meu
SUV e entro, não querendo lhe dar mais um segundo do meu tempo. Seja
lá o que diabos ela está planejando, ela pode fazê-lo em seu próprio tempo.

Estou na academia da minha casa tentando abalar a sensação de pavor


que Heather infundiu em minha alma, mas até agora nada está
funcionando. Depois de correr oito quilômetros e bater nos pesos, ainda
não consigo me livrar desse sentimento irritante.
Repeti conversas anteriores tentando descobrir se alguma vez disse
algo que poderia tê-la informado sobre a história de nossa família. Mas
nada vem à mente. Se ela sabe alguma coisa, com certeza não foi comigo.

Servindo como lembrete, sua ameaça é mais um incentivo para mantê-


la longe de Bella. Não porque Heather possa realmente saber alguma coisa,
mas porque prova que ela está de olho em Bella e pode tentar prejudicá-la.
Isso cimenta minha determinação de mantê-la à distância. Ela não precisa
desse tipo de drama em sua vida.

Saio para o corredor em direção à sauna alojada em meus aposentos


particulares. Talvez um bom vapor acabe com o frio profundo que tomou conta do
meu corpo. Perdido na minha cabeça, não vejo para onde estou indo e colido
com a mesma pessoa que tenho tentado evitar.

— Preste atenção quando estiver andando, Bella. Não queremos que


você machuque alguém por causa de seu descuido. — Eu levanto uma
sobrancelha para ela sabendo muito bem que foi totalmente minha culpa.

— Sério? Você foi quem bateu em mim. — Bella estreita os olhos e franze
os lábios perfeitamente carnudos. Ela é linda quando está brava. — Além
disso, se você não tivesse insistido para que eu ficasse com o quarto do
corredor, eu nem estaria no seu caminho.

Bem, se eu queria que ela não gostasse de mim, acho que estou
fazendo um bom trabalho. —É mais seguro assim. Mantendo você perto, é
isso. O que me lembra que você tem uma resposta sobre a mudança para a
casa de hóspedes?

— Você deve estar brincando comigo. — Bella revira os olhos e solta


um hálito irritado. — Você está me evitando como a praga bubônica e, se
me encontra, me trata como se eu fosse um incômodo. Por que diabos eu
gostaria de morar perto de você??

— Então isso é um sim então. Devo ligar para um caminhão para


pegar suas coisas na casa de Aiden?

— Você é surdo? Isso foi um não. NÃO.

— Certo. Falaremos sobre isso mais tarde, quando você não estiver
agindo como uma criança. — Não estou esperando uma resposta, passo
por Bella e entro no meu quarto. Não, não é uma resposta aceitável. A
melhor maneira de mantê-la segura é mantê-la perto, independentemente
de eu poder ou não tê-la. Ela está morando na minha propriedade fim da
história.
CAPÍTULO ONZE

Esse homem é irritante! Ele me dá a ilusão de escolha, mas depois se


recusa a aceitar minha resposta, se não é uma que ele goste.
Definitivamente não estou me mudando para a casa de hóspedes. Não me
importo de ter o senhorio mais quente de sempre, ou que a casa de hóspedes
esteja enfeitada até os nove24 com todas as comodidades que eu gostaria.
Não vale a pena se eu tiver que suportar suas mudanças de humor e
tendências alfa. Ok... Então nem todas as suas tendências alfa são ruins,
algumas delas são muito sexys. Eu suportaria totalmente isso.

Ugh! Eu realmente preciso sair desta casa e desabafar antes de fazer


algo que me arrependa! Tiro meu telefone do bolso de trás e envio uma
mensagem para Cassie.

24 É uma expressão em inglês que quer dizer “perfeição", o “mais alto grau".
BELLA: Ei chica, você está caçando hoje à noite???

Vou checar os meninos. Harper ainda está cochilando e eu deixei os


gêmeos com aquarelas antes de me afastar para pegar meus pincéis
reserva. Foi quando encontrei William e me desviei totalmente. Espero que
eles não tenham destruído a sala de jogos.

Meu telefone apita na minha mão quando chego aos meninos. Está
tudo bem, e não há vítimas de tinta - que eu possa ver.

CASS: Você sabe, querida. Estou sempre disposta a me divertir.


Apenas me avise quando e onde.👅👯♀

Bella: Você é a melhor! Deixe-me checar com William, para que eu


saiba que um de nós estará em casa com as crianças hoje à noite.

Cass: Olhe para você parecendo toda doméstica 💋 💋 ?

Bella: Não é assim, Cass. Mas eu vou lhe informar mais tarde…

Cass: Ooooo! Mal posso esperar para ouvir tudo sobre isso!

Coloco meu telefone no bolso de trás e pergunto aos meninos se eles


estão prontos para me ajudar a começar o jantar. Gosto de lhes dar poucas
tarefas para mantê-los longe de problemas enquanto preparo comida. É
uma coisa perigosa dar a esses dois tempo não supervisionado - estou
surpresa por não terem entrado numa confusão com as aquarelas.

Acabamos de nos acalmar com nossas tarefas na cozinha quando o


monitor dispara e Harper começa a se agitar, acordando da soneca da
tarde. Vou buscá-la quando a voz profunda de William corta o monitor.

— Ei princesa. Você está pronta para brincar com os meninos e ver


Bella? — Com a menção do meu nome, Harper grita. — Sim. Estou
animado por ver seu lindo rosto também. Ela é especial, não é, minha
princesinha?

Um rubor se espalha pelo meu rosto ao perceber que ele me acha


bonita e especial. Ele estava agindo como um idiota na semana passada, eu
poderia jurar que exatamente o oposto. Mas se a conversa dele com a filha
é um indicador, então aquele homem taciturno gosta de mim... Então por que
ele tem sido um idiota tão gigante comigo??

Nesse momento, William entra na cozinha com Harper no colo. — Ela


está com uma fralda seca e está pronta para a festa. — Colocando-a no chão,
ele fecha o portão do bebê atrás de si. — O que há para o jantar?

— Costeletas de porco à milanesa com batatas assadas e couves de


Bruxelas.
— Isso parece incrível. Vou sentir falta da sua comida quando a Chef
voltar da licença maternidade. Teremos que dar a ela algumas noites de
folga apenas para que possamos ter alguns de seus deliciosos jantares.

Isso foi um elogio? — Umm, sim. Ela voltará antes que eu saia no outono,
certo?

— Você não está saindo no outono. Você vai ficar aqui. Na minha
propriedade. Mas sim, a Chef estará de volta até lá, para que você não
precise se preocupar em cozinhar com sua agenda lotada.

Respiro fundo, tentando acalmar a raiva que se acumula dentro de


mim. — Se as crianças não estivessem aqui, eu teria algumas palavras de
escolha para você... Mas não é a hora. — Eu sussurro enquanto tiro um
brilho mortal nele. — De qualquer forma, preciso saber se você está bem
em ficar de olho nas crianças hoje à noite. Não tenho tempo livre desde que
me mudei e gostaria de sair com Cass para desabafar.

— O que exatamente você planeja fazer com Cass? — William estreita


os olhos em fendas finas. — Veja, eu sei o que você gosta de fazer para
“desabafar” e não posso dizer que gostaria que você fizesse isso hoje à
noite.

Minha boca está aberta, chocada com a audácia dele. — Pensei que
você tivesse dito que nunca me julgaria? O que aconteceu com isso, hein?
— Eu não estou te julgando. Estou simplesmente dizendo que a partir
de agora você precisa encontrar outra maneira de desabafar. Uma que não
envolve um caso de uma noite.

Os meninos se apegaram ao fato de que nossa conversa é tensa e


aparentemente tem sido ouvintes. — O que é uma noite só? — Matt
pergunta.

— É quando alguém fica a noite toda. — Meu rosto fica vermelho com
uma mistura de raiva e vergonha.

— Por que Bella Bo Bella não pode ficar a noite toda, se ela quiser? —
Max pergunta com verdadeira inocência aos olhos.

— Ummm, bem... — William luta para encontrar uma resposta,


dando-me a oportunidade perfeita para assumir o controle dessa conversa
estranha como o inferno.

— Não há razão para eu não ficar a noite toda, se quiser. — Eu pisco


para William e lhe dou um sorriso suave. — Então William ficará de olho
em você, e eu ficarei a noite toda com Cassie.

Os meninos rapidamente perdem o interesse em nossa conversa,


agora que retomamos um tom mais amigável. William, no entanto, não tem
intenção de deixar o assunto de lado.

Ele anda diretamente atrás de mim, colocando as mãos nos meus


quadris e o rosto na lateral do meu pescoço, antes de sussurrar no meu
ouvido. — Você está livre para sair com Cass, mas serei informando agora
que, se alguém respirar em você, terá que responder a mim. — William
lentamente corre o nariz pelo meu pescoço e coloca um beijo suave abaixo
da minha orelha. — Você também terá um segurança completo sobre você
hoje à noite. E isso não está em debate, Pequena Lua.

Seu ataque não tão furtivo ao meu corpo me deixou tremendo e sem
palavras. Meu peito está visivelmente subindo e descendo e, não tenho
palavras. Sem. Palavras.

William ri atrás de mim. — Bom. Fico feliz por estarmos na mesma


página. — Dando um último aperto nos meus quadris, ele finalmente deixa
cair às mãos e se afasta.

Não acredito que ele acabou de me tocar assim na frente das crianças.
Tenho certeza de que minha calcinha está encharcada e meu rosto está
visivelmente corado. Que coragem daquele homem!

Cass e eu decidimos ir ao The Blue Door, um salão de Martini de luxo


com uma impressionante coleção de uísques. O local é decorado em veludo
azul escuro, está em toda parte, desde as aconchegantes cadeiras laterais
até as cortinas que revestem as paredes. Lustres de cristal estão espalhados
por toda parte e as mesas situadas entre as áreas de estar são todas Lucite25.
É a epítome de chique.

Eu pedi uísque e Cass seu Martini sujo de sempre. Estou olhando para
a sala opulenta quando o barman coloca um prato de prata à nossa frente,
contendo azeitonas recheadas, nozes misturadas e batatas fritas delicadas.
Estou apaixonada e nunca quero ir embora.

— Boa ligação ao escolher este lugar hoje à noite. — Eu tomo um gole


do meu whisky e levanto minhas sobrancelhas para Cass.

— Totalmente. Pensei que precisaríamos de algo um pouco mais


silencioso para que você pudesse falar sobre o Sr. McBroody26.

— Ugh. Aquele homem me deixa louca. Em um minuto ele está quente


e no próximo ele está tão frio quanto o iceberg que afundou o Titanic. —
Eu balanço minha cabeça, sem certeza se devo confessar o beijo. — Ok.
Portanto, nenhum julgamento. Nós meio que tivemos um beijo super sexy
na semana passada.

— Oh! — Cass grita. — Por que você não me contou sobre isso antes??

25 É a marca de um tipo de plástico transparente à base de acrílico, conhecido também como


perspex.
26 McBrood, ela se refere a ele como Mc Taciturno.
— As coisas têm estado meio agitadas ultimamente. Mas isso não
importa, porque logo depois ele passou para as Calças McBroody em mim
e me evitou a semana inteira. — Meu rosto fica vermelho na lembrança
desta tarde. — Bem, até hoje mais cedo, quando ele beijou meu pescoço...
Bem na frente das crianças.

— Ele o quê?! Isso é tão sexy. Ele quer totalmente você, Bella. Ele não
estaria em cima de você se não o fizesse. — Cass coloca uma azeitona na
boca.

— Ele não me quer. Ou se ele faz, não é o tempo todo. — Eu sopro um


sopro de frustração. — Não tenho tempo para jogos. É por isso que só cedi
a casos de uma noite. Cada parte obtém o que precisa e depois está no
caminho alegre. Sem drama.

— Falando em casos de uma noite... Você vê o que quer? —Cass olha


maliciosamente ao redor da sala.

— Isso me lembra que não haverá conexões aleatórias no meu futuro


próximo. — Eu mordo meus lábios e balanço minha cabeça.

— O quê? Por quê? Eu pensei que esse era o propósito da “caça” hoje
à noite. — Cass franze as sobrancelhas em confusão.

— Sr. Calças McBroody proíbe isto. Além disso, ele colocou um


destacamento completo em mim esta noite. Vê aqueles caras na porta? São
meus seguranças. — Levanto a cabeça em direção aos homens altos
vestidos de preto. — William não me deu escolha, novamente. Ele é sempre
tão malditamente controlador. Eu juro, ele é pior que meu pai...

Cassie suspira de horror simulado. — Eu realmente não posso


acreditar que ele está seguindo você. Há bolas naquele homem. —
Normalmente, eu estaria de total acordo com ela, mas o sarcasmo em seu
tom me permite saber que ela realmente não quis dizer isso. Eu reviro os
olhos para Cassie, mas ela continua apesar de eu não estar divertida. —
Claro que provavelmente há algum psicopata por aí que claramente pensa
que você é uma prostituta... — Cassie chupa os lábios e tenta não rir. —
Desculpe, eu não pude evitar. Você sabe que eu não acho que você é uma
prostituta. A sociedade do parafuso e seus padrões duplos. Se os homens
podem ter casos de uma noite, nós também podemos. Mas, honestamente
acho que os detalhes de segurança foi uma boa decisão. Pelo menos até eles
pegarem quem fez isso no seu carro.

— Eu sei. Você está totalmente certa. Mas ainda não gosto do William
distribuindo ordens como se ele fosse meu dono.

Ele meio que faz, no entanto.

William assumiu todas as partes de mim. Passo todos os momentos


de vigília com ele em algum lugar da minha cabeça. Na vanguarda,
participando ativamente de alguma fantasia ou em segundo plano,
enquanto subconscientemente tomo decisões que sempre conseguem
aparecer a seu favor.
— Então, o que você vai fazer sobre isso? — Cassie me tira dos meus
pensamentos.

— Ele me pediu para me mudar permanentemente. Bem, para a casa


de hóspedes. Ele refez a coisa toda e é absolutamente...

Um dos homens do destacamento de segurança chegou até nós e me


interrompeu. — Com licença, senhorita. Hawthorne gostaria de falar com
você. — O homem corpulento me entrega um telefone celular e eu o
pressiono relutantemente no meu ouvido.

— Sim, William. Coloquei meu telefone no silencioso para não me


incomodar na minha noite de folga. Mas, por todos os meios, diga-me o
que é tão urgente que não podia esperar até eu chegar em casa?

— Bella, houve um incidente com seu pai. Ele levou um tiro

O telefone cai da minha mão e tudo ao meu redor começa a se mover


em câmera lenta. Tiro. Meu pai foi baleado. Isso não pode estar acontecendo.
Eu já perdi um dos pais, e agora... Engasgo com um soluço com uma
imagem de meu pai deitado no chão frio, coberto por uma poça de seu
próprio sangue, brilhando em minha mente.

Minha respiração fica difícil e sinto que meus joelhos começam a


balançar, incapazes de suportar meu peso por mais tempo. Estendendo a
mão tento me manter em pé, mas é inútil. Começo a cair e, assim que meus
joelhos caem no chão, minha visão se esvai e tudo desaparece.
CAPÍTULO DOZE

Enquanto observo Bella dormindo na minha cama, tento pensar em


como poderia dar as notícias sobre seu pai sem partir o coração. Jacob a
trouxe direto para casa depois que eu conversei com ela por telefone mais
cedo - aparentemente a pouca informação que eu lhe dei sobre o incidente
foi suficiente para fazê-la desmaiar no meio de um bar e eu definitivamente
não estou querendo repetir isso.

Eu deveria ter contado a ela pessoalmente, mas sabia que ela não
voltaria para casa sem um bom motivo. Essa mulher é tão teimosa. É quase
meia-noite e estou agradecido pelas crianças terem dormido durante toda
a comoção. Não sei como consegui cuidar deles ao mesmo tempo em que
lidei com o inevitável colapso que será Bella quando descobrir tudo o que
aconteceu.
Levanto minha camisa sobre a cabeça e tiro meu jeans, ficando apenas
com minhas boxers. Levantando as cobertas, deslizo para a cama e puxo
Bella para perto de mim, colocando-a de volta no meu peito.
Provavelmente não é a melhor ideia, estar seminu tão perto dela, mas sei
que ela vai querer respostas assim que acordar. Portanto, não faz sentido
estarmos em quartos separados. Bem, é o que eu digo a mim mesmo pelo
menos.

Respirando fundo, fecho os olhos e trago meus lábios para o pescoço


de Bella, beijando-o suavemente. Minha. Meus olhos se abrem
imediatamente de surpresa. Que porra é essa? Esse pensamento saiu do
campo esquerdo, batendo em mim como um caminhão.

Não há como ela ser minha, mas aparentemente meu subconsciente


traidor não recebeu o memorando. Não importa que ela esteja
completamente fora dos limites.

Balançando a cabeça, eu me castigo mentalmente. Agora não é hora


de ter esse debate interno. Eu preciso me preocupar com coisas mais
importantes, como a situação com Aiden.

— Sinto muito, Pequena Lua. — Eu sussurro em seus cabelos,


absorvendo o perfume que é tão singularmente dela. — Prometo que
estarei aqui a cada passo do caminho, mantendo você e seus irmãos
seguros.

Bella mexe com o som da minha voz. — William?


— Sim, linda?

— Oh, graças a Deus. Por um segundo, não tinha certeza de onde


estava. A última coisa que me lembro foi de estar no bar... — O peito dela
começa a subir e cair rapidamente, sem dúvida lembrando o telefonema
que a trouxe aqui. — Oh Deus. Meu pai. Por favor, diga-me que foi tudo
um pesadelo. Por favor, me diga que ele está bem.

Sento-me e viro Bella devagar, certificando-me de manter minhas


mãos nas dela, deixando-a saber, que estou aqui. — Bella, eu quero que
você saiba que tudo vai ficar bem. Independentemente do que acontecer,
você passará por isso.

— Não. Isso não pode ser real. Está tudo bem. Papai voltará para casa
em breve e tudo voltará ao normal. Os meninos vão voltar para casa e eu
vou para a faculdade. — Os olhos de Bella saltam em suas órbitas,
incapazes de se estabelecer em qualquer objeto da sala.

Tentando lhe dar um ponto focal, dou um tapinha no rosto dela com
as duas mãos e espero até que seus olhos caiam sobre mim. — Bella, seu
pai está em coma. Houve uma confusão na programação e o apoio do seu
pai não apareceu. Aiden ficou com apenas Marcus como seu parceiro.
Marcus notou um veículo de entrega suspeito na propriedade que eles
estavam monitorando e imediatamente tentou entrar em contato, mas ele
não conseguiu resposta do rádio de Aiden, apesar das várias chamadas que
ele fez. Mais tarde, uma varredura da área descobriu que o rádio de Aiden
havia sido destruído antes do tiroteio. Não havia como ele ter recebido o
aviso.

— Mas essas coisas são o telefone via satélite e o rádio em um só lugar.


Eles são fortes pra caralho. Como diabos isso foi destruído? — As
sobrancelhas de Bella se unem em confusão.

— A quebra do rádio foi sem dúvida intencional. Com base no tempo


em que o receptor ficou off-line, podemos dizer com segurança que ele foi
danificado antes da chegada do veículo de entrega. Infelizmente, não havia
como ele ter notado os invasores.

— O que aconteceu depois que os invasores entraram na propriedade?


— Os olhos de Bella estão fechados enquanto ela faz a pergunta.

— Tem certeza de que deseja os detalhes? — Eu pergunto,


empurrando suavemente um fio de cabelo solto. Sei que isso é muito para
absorver e não quero que ela fique muito sobrecarregada.

Bella responde após uma longa pausa: — Sim.

— Aiden estava descendo um lance de escadas quando as balas


começaram a voar. Ele perdeu a consciência depois de vários tiros e caiu
dois lances de escada, sofrendo um trauma grave na cabeça, além de mais
ferimentos a bala. — Bella solta um grito dolorido quando ela cai em mim.
— Sinto muito, Pequena Lua.
O corpo inteiro de Bella treme contra mim. — Eu preciso vê-lo. Eu
preciso saber que ele vai ficar bem.

— Atualmente, ele está estável e sendo examinado por um dos


melhores neurologistas do país. Ele é muito esperançoso e pode explicar o
prognóstico quando você o ver amanhã. — Bella solta um suspiro de alívio
e se deixa afundar no meu peito. — Podemos voar de manhã, quando as
crianças acordarem. Não queria acordá-los e causar um trauma
desnecessário. Eles são muito pequenos para entender e, levá-los para o
hospital no meio da noite não vai mudar nada. Os médicos não esperam
que haja uma mudança no status de Aiden nas próximas duas horas, então
acho melhor tentar descansar um pouco antes de ir para lá com toda a
equipe.

Bella aperta seu abraço ao meu redor. — Obrigada por lidar com tudo
isso. Estou uma bagunça e nem saberia por onde começar. — Lágrimas
desenfreadas caem em seu rosto e no meu peito nu. — Eu fico pensando
em minha mãe e em como a perdemos e, agora também corremos o risco
de perder o pai. Os meninos não deveriam ter que passar por isso duas
vezes. Eles são muito novos para ficar sem os pais.

Eu seguro o rosto dela, enxugando as lágrimas com a ponta do meu


polegar. — Esta é apenas uma situação fodida, Pequena Lua. Mas prometo
que vamos superar isso. Estou aqui e você não precisa passar por isso
sozinha. O que você precisar, basta me dizer e eu farei isso acontecer. —
Deslizando minha mão para a nuca, puxo Bella para mais perto e pressiono
meus lábios na sua testa - jurando silenciosamente tirar todas as
preocupações dela.

Beijos suaves no meu pescoço, ombro e costas me tiram do sono. De


alguma forma, consegui adormecer depois da minha conversa com
William na noite passada. Tenho certeza de que tinha algo a ver com o fato
de eu estar presa em seus braços, seu calor me envolvendo no conforto
necessário.

A névoa mental do sono começa a se dissipar e eu lentamente começo


a me lembrar dos detalhes da noite passada. Quando a realidade da
situação chega, eu imediatamente me sento na cama. — Oh meu Deus!
Temos que ir! Eu tenho que preparar as crianças. Você ligou para o piloto?
Suponho que estamos levando o jato da empresa, certo?
William levanta as mãos para cima e para baixo dos meus braços em
um gesto calmante. — Shhhh. Acalme-se, Bella. Não quero que você se
preocupe com nada além de si mesma agora. Ashley voou ontem e
concordou em ir conosco à Califórnia para a viagem. Ela está acordada e
tem as crianças tomando café da manhã no momento. Fui em frente e
arrumei sua mala, juntamente com alguns produtos de higiene pessoal. Se
por algum motivo eu esqueci algo então compramos quando pousamos.

Envolvo meus braços em torno de William, incapaz de transmitir


minha gratidão de qualquer outra maneira. De onde veio esse homem e o que
ele fez com o Sr. McBroody? São momentos como esses que me confundem
demais. Este é o verdadeiro William, um homem gentil e atencioso? Ou ele
é o homem arrogante e controlador que eu já vi muito ultimamente?

William beija o topo da minha cabeça, gentilmente passando os dedos


ao longo da pele exposta das minhas costas. É então que percebo que, de
alguma forma, coloquei uma camisola e um short de dormir.

— Como eu acabei de pijama? — Eu pergunto hesitantemente.

— Você continuou se revirando, puxando o vestido que estava


usando. Deve ter sido desconfortável, mas você não acordaria para se
trocar. Depois de cerca de uma hora de inquietação, tomei a liberdade de
trocar você. Você ainda está com a calcinha da noite passada, mas não
usava sutiã, por isso não pode me culpar por ter visto seus seios lindos.
Isso é tudo por sua conta. — William me dá um sorriso diabólico. — Não
se preocupe, eu não toquei nas mercadorias. Não me aproveito de
mulheres inconscientes. Eu posso ser um idiota, mas não sou aquele tipo de
idiota.

Minhas bochechas coram de mortificação. Claro, eu já estive nua na


frente dos homens antes, mas não conhecia bem nenhum deles, e
certamente também não tinha emoções confusas sobre eles. Eu tento virar
a mesa na tentativa de recuperar o controle. — Você não tocou, mas aposto
que você ficou de olho no banco de palmadas.

— Luazinha, você já me deu bastante material para o meu banco de


palmadas. Eu não precisava te ver nua por isso. Isto foi um bônus doce,
embora. — O sorriso perverso de William é acompanhado por uma
piscadela. — Gostaria de saber quais fantasias você estrela?

Corando mais uma vez, eu me viro e ando em direção ao banheiro. —


O que eu gostaria é chegar à Califórnia o mais rápido possível. Encontro
você na cozinha quando tomar banho e me trocar. Só vai demorar um
minuto.

Fechando a porta atrás de mim, ouço a voz abafada de William. —


Não fique irritada, Bella. Eu sabia que você estava preocupada e só estava
tentando aliviar o clima.

— Vejo você em dez minutos!— Grito de volta e começo o banho,


esperando despertar o desejo que suas provocações acenderam. Fale sobre
o momento inadequado. Pelo menos ele conseguiu tirar minha mente da
situação de meu pai, mesmo que fosse apenas por um tempo.
Bip. Bip. Bip.

Imersa em pensamentos, me afundo no ritmo melódico dos monitores


de papai. Como diabos isso aconteceu?? Ele sempre sabe o que fazer. Ele sempre
chega em casa em segurança. Ele é intocável. Oh, como eu estava errada. Não
há nada como um tapa na realidade para fazer você perceber o quão
ilusória você tem sido. Ninguém é invencível. Nem mesmo meu pai. Ele é
apenas um homem. Tão suscetível a lesões quanto o próximo cara.

William entra com duas xícaras de café. Sentado na cadeira ao meu


lado, ele segura uma para eu pegar. — Aqui. Você não dormiu muito
ontem à noite e temos um longo dia pela frente.

— Obrigada. Qualquer palavra do neurologista? — Tomo um gole do


líquido amargo escuro, confortando- me com seu calor.

— Sim. Ele disse que não houve nenhuma mudança desde que
conversamos mais cedo nesta manhã. — William vira o corpo inteiro para
me encarar, pegando a xícara de café das minhas mãos e colocando-a no
chão ao lado da dele. — Isabella, ele não acha que haverá uma mudança
em sua condição tão cedo.
Um soluço estrangulado me escapa enquanto meu corpo se amontoa
contra o assento. Não podemos perdê-lo. Os meninos precisam dele. Eu preciso
dele.

William me puxa para dentro dele, me segurando com força. — O


médico quer tentar alguns procedimentos experimentais, mas precisa da
sua permissão primeiro. Aiden nunca preencheu sua diretiva avançada e
você é a primeira da fila a atuar como substituta dele, o que significa que
você tem a palavra final sob seus cuidados. Sei que isso não será fácil, mas
estarei ao seu lado em tudo.

— Por que eu? Não é política da empresa informar o que ele queria?
Quero dizer, este trabalho não é exatamente o mais seguro do mundo. Só
posso supor que vocês se prepararam para esse tipo de coisa, — pergunto
com descrença.

— Ou Aiden não preencheu suas diretrizes ou elas estão perdidas em


algum lugar. Não podemos encontrá-las no servidor da empresa ou em
qualquer lugar do escritório dele. Procuramos em todos os lugares, mas
desde que ele era um dos membros fundadores, é provável que seus
registros não tenham sido transferidos quando atualizamos nossa rede há
alguns anos. Isso, ou ele sentiu que era invencível e não precisava delas.

— Isso é tão irreal. — Coloco minhas mãos sobre o rosto, dominada


por emoções.
— Bom Dia. Eu vim para verificar meu paciente. — O neurologista,
Dr. Ansley entra e pega a ficha do papai. — Vejo que não houve mudança
na condição do Sr.Moretti.

— Dr. Ansley, sou filha de Aiden Moretti. Desculpe-me, eu não estar


aqui mais cedo. Eu estava vendo meus irmãos. — Eu me levanto para
apertar a mão do médico. — Obrigada por sua ajuda com meu pai. Nós
realmente apreciamos você ter saído de Nova York por nós. É possível
fazer algumas perguntas sobre a condição do meu pai?

— Claro, Srta. Moretti. O que você gostaria de saber? — O sorriso


caloroso do médico atinge seus olhos, trazendo uma sensação de
tranquilidade a uma situação que é tudo menos isso.

— Quanto tempo ele deve permanecer assim? Existe algo que


possamos fazer para ajudá-lo a acordar?

— A tomografia computadorizada do Sr. Moretti mostrou que havia


um inchaço generalizado no cérebro devido ao trauma na cabeça que ele
sofreu na queda. Acreditamos que foi isso que causou seu coma. Veja bem,
quando o cérebro incha e cria pressão no sistema de ativação reticular, o
corpo é incapaz de acordar. — Dr. Ansley se mexe com sua caneta, como
se estivesse entediado com o discurso que provavelmente deu um milhão
de vezes. — Embora seu RAS esteja prejudicado, seu cérebro está
mostrando sinais de certas funções do tronco cerebral que podem ser
promissoras. Em suma, acho que o coma dele deve durar de duas a três
semanas, até que o inchaço diminua. Só então poderemos realmente ver
que dano foi causado.

— Isso significa que ele poderá voltar para casa em menos de um mês?
— Meus olhos se arregalam em antecipação à resposta dele.

— Sinto muito desapontá-la, Srta. Moretti, mas esse resultado seria


extremamente raro. Muitas vezes, o processo de volta à plena consciência
é realizado em pequenos passos, se é que existe. Não é completamente
impossível, então é bom manter o otimismo.

— Então, neste caso, qual é um resultado provável? — A voz de


William aparece atrás de mim.

— Bem, recuperar a consciência total desde o início do despertar é


uma possibilidade, mas não muito provável. — Dr. Ansley tenta suavizar
sua franqueza ao ver nossos rostos atingidos. — Isso já aconteceu no
passado, então ele poderia muito bem ser a exceção. Por outro lado, o Sr.
Moretti poderia entrar em estado vegetativo, isso poderia ser temporário e
um precursor de estar em um estado minimamente consciente e, em
seguida, de recuperação total. Como eu disse, você nunca sabe até que o
inchaço diminua e possamos ver a extensão do dano que ele sofreu.

— Em outras palavras, temos um longo caminho pela frente. — Fecho


os olhos e suspiro.
— Sim. Mas ele está em boas mãos. Gostaria que você assinasse alguns
formulários, permitindo-me tratar o Sr. Moretti com certos procedimentos.
Eles não são comuns e exigem sua autorização como substituta padrão.

— Claro. Tudo o que ele precisar. — Sento-me cegamente em uma


cadeira, chegando perto de sentir falta dela.

— Ótimo. Vou mandar a enfermeira com os formulários. — Dr. Ansley


assente uma vez antes de ir embora.

— Tudo ficará bem, Pequena Lua. — William caminha em minha


direção e beija o topo da minha cabeça. — Manteremos a propriedade
alugada até que seu pai acorde e então decidiremos se queremos transferi-
lo para mais perto de casa ou ficar aqui. Enquanto isso, posso continuar
trabalhando remotamente. Porra, com todos os negócios que fazemos aqui,
provavelmente é uma boa ideia montar um escritório satélite na Califórnia.

Estou muito agradecida por William agora. Ele não apenas facilita as
coisas, mas também as torna suportáveis. A súbita vontade de sentir seu
calor em cima de mim assume o controle e eu me levanto. Sem hesitar,
envolvo meus braços em volta da cintura dele e me pressiono contra ele,
precisando chegar o mais perto possível. — Obrigada, William, — sussurro
em seu peito, esperando que ele sinta a gratidão saindo de mim. Sei que
minhas palavras são insuficientes, mas são tudo o que posso reunir.
CAPÍTULO TREZE

A semana passada foi um borrão. A condição de papai permanece a


mesma e ainda estamos morando na propriedade alugada. O aniversário
dos gêmeos acontece na próxima semana e não quero que eles percam por
causa de tudo o que aconteceu. Não querendo que eles sofram mais do que
o necessário, resolvo tornar o dia deles especial, apesar da situação de
merda em que todos nos encontramos. Além disso, eu sei que papai não
iria querer isso de outra maneira.

Estou sentada na ilha da cozinha trabalhando no Photoshop quando


Ashley entra.

— Todas as crianças estão dormindo ao mesmo tempo. Você pode


acreditar?! — Os olhos dela se abrem em uma mistura de admiração e
emoção.
— Ha! Você conseguiu pegar um unicórnio. — Eu rio enquanto dou
um tapinha no ombro dela. É então que noto seus lindos brincos pendentes
e lembro daquele que encontrei na casa de William. — Eu queria dizer que
encontrei um de seus brincos na casa em Dallas. É muito bonito e tenho
certeza que você perdeu. É uma folha de ouro com uma pérola negra na
frente do apoio do pino.

— Huh, isso não parece nada com o que eu possuo. — As sobrancelhas


de Ashley se juntam em pensamentos.

Duh, Bella. Como eu poderia ser tão ingênua? William é um homem adulto.
Um homem com necessidades. Provavelmente pertence a alguém que ele está vendo
ou viu. E se esse alguém fosse minha tia?! Não seja estúpida, Bella. Ele já lhe disse
que não a estava vendo. Então, a quem pertence o maldito brinco?

— Bella? Está tudo bem? — Ashley me tira dos meus pensamentos, e


o olhar em seu rosto me diz que eu usava meu diálogo interno neurótico
na manga.

— Sim. Claro, claro. Por que não estaria? Eu estava pensando no


aniversário dos meninos chegando. Estou projetando parte da decoração
da festa, bem como dos convites. Você acha que os outros membros da
WRATH virão para a festa? — Coloco um sorriso falso e espero que minha
mudança de assunto seja suficiente para tirar Ashley do meu faro.

— Eu sei que Titus estará aqui até o final da semana... Visitando


Aiden, é claro. — As bochechas de Ashley ficam vermelhas enquanto ela
se aproxima da última parte. — Tenho certeza de que todos virão aqui em
um ponto ou outro, então por que não fazer uma grande visita programada
em oposição a várias individuais? Dessa forma, podemos convidá-los para
a festa dos meninos.

Antes que eu possa perguntar a Ashley sobre o que era essa descarga,
William entra na cozinha e se dirige para a geladeira.

— Ei. — A voz profunda de William ronca em saudação.

Ele parece absolutamente delicioso em um Henley de manga


comprida - mangas levantadas, expondo seus antebraços - e um par de
jeans lavados e escuros que abraçam sua bunda apertada.

Tenho certeza de que Ashley acabou de me pegar olhando para o


irmão dela, e agora é a minha vez de ficar vermelha como uma beterraba.
Hora de dar o fora de Dodge27. — Estou derrotada. Vou ver se consigo me
deitar um pouco enquanto as crianças estão dormindo. — Eu pulo do
banquinho e corro para fora da cozinha, não dando a nenhum dos irmãos
Hawthorne a chance de dizer uma palavra.

27Sair de um lugar rapidamente ou com certa urgência. Fazendo referência ao Dodge City,
Kansas.
Bem, isso foi estranho. Bella não conseguiu sair daqui rápido o
suficiente, o que me deixa curioso...

— Do que vocês estavam falando? — Eu imobilizo Ashley com um


olhar acusatório.

— A festa de aniversário dos gêmeos e se a equipe poderá ou não vir


aqui. — Ashley franze os lábios e levanta uma sobrancelha em suspeita. —
Ela ficou muito estranha quando me perguntou sobre um brinco que havia
encontrado em sua casa. Ela tinha um olhar estranho no rosto quando eu
disse que não era meu. Quase parecia ciúme.

Tento controlar meu rosto o máximo possível, mas Ashley é como um


cão de caça. Se ela sentir o cheiro de qualquer segredo, ela não cede até que
a outra parte divulgue tudo o que é mais profundo e sombrio. Hoje não,
Fido. Hoje não.
— Eu me pergunto do que se tratava. — Encolho os ombros e tomo
um gole do de suco de laranja em minha mão. Eu nem gosto de suco de
laranja.

— Hmmm. — Ashley olha para a caixa de suco de laranja e depois volta


para mim. — Você sabe que seria uma péssima ideia para você ficar com
ela, certo? Ela é treze anos mais nova que você. Treze. Sem mencionar que
ela é sobrinha e filha de seu melhor amigo. Um amigo que está em coma.
Ah, e não vamos esquecer que você tem uma ex enlouquecida que não o
deixa ir. Você realmente quer trazê-la para essa bagunça?

— Não há como trazê-la para nada, porque não há nada entre nós. —
Eu tento permanecer estoico, mas Ashley continua arrebentando minhas
bolas.

— E todas essas razões nem chegam perto de tocar qual seria o


verdadeiro problema. Toda a situação entre nossos pais é uma grande
mentira e deve ser seu maior impedimento. Ela sabe sobre o nosso pai? Isso
é todo tipo de merda. — Ashley balança a cabeça e fecha os olhos, exibindo
um olhar de horror no rosto. — Se Bella descobrir, ela pode nunca mais
querer falar com você. Você realmente quer arriscar construir um
relacionamento apenas para que ele desmorone em você? Você teria esse
grande segredo pairando sobre você o tempo todo. Esperando o outro
sapato cair.

— Que grande segredo? — Bella pergunta quando volta para a


cozinha.
— Eu pensei que você ia tirar uma soneca, — eu estalo para ela, minha
voz saindo estridente como a de um garoto pré-adolescente.

— Esqueci meu carregador. — Ela levanta uma sobrancelha enquanto


pega o carregador do laptop preso à tomada sob a ilha. — Então... Qual é
o grande segredo?

Sem saber o quanto ela realmente ouviu, eu decido errar por


precaução e compartilhar o mínimo. — A morte do meu pai. Como você
pode ver, não é da sua conta; e se é tudo a mesma coisa para você, prefiro
não falar sobre isso. — Meu tom é frio e sarcástico, não pedindo permissão,
mas sim sendo desdenhoso. Posso sentir os olhos de Ashley fixos em mim,
mas não está em olhar para ela. Ela pode tentar me culpar por tudo o que
quiser, mas não está tirando merda nenhuma de mim. Negue. Negue. Negue.

— Eu sinto muito. Eu não fazia ideia.

Lamento instantaneamente ter adotado esse tom com Bella. Ela não
merece que eu a trate assim, especialmente com o que ela está enfrentando
agora.

— Mhm. — Eu aceno e passo por Bella e Ashley. — Eu estarei no


escritório.
Eu só estive no escritório cerca de dois minutos quando a porta se
abre. — Não há nada a dizer, Ash...

— Não é Ashley. — A voz suave de Bella flui para a sala, fazendo meu
coração se apertar de culpa. — Posso ter um minuto?

— Sim. Claro, — respondo rapidamente, rezando para que isso não


tenha nada a ver com o que Ashley e eu estávamos falando - se eu tivesse
essa sorte.

— Você sempre esteve lá por mim. Através de toda a tristeza... — A


voz de Bella se afasta quando ela olha pela janela. — Não sei se você se
lembra disso, mas foi você quem me segurou durante o funeral da mamãe.
Papai era uma bagunça, incapaz de cuidar de si mesmo, muito menos de
seus filhos. Tio Ren estava com os gêmeos, tentando confortá-los da melhor
maneira possível. Os meninos não entendiam o que estava acontecendo e
precisavam do tio Ren para controlá-los. Deus sabe que esses dois eram
mais do que um punhado. E eu? Eu fui pega em algum lugar no meio.
Deixada no limbo para lidar com a culpa, dor e tristeza.

Lágrimas começam a cair no lindo rosto de Bella e ela não faz nada
para limpá-las. Eu vou para ela, mas ela me para, levantando uma mão no
ar. — Não. Eu preciso tirar isso.
Não querendo quebrar sua linha de pensamento, sento-me e a deixo
continuar.

— Eu tinha quinze anos, estava assustada, sozinha e confusa. Não


entendia como essa tragédia poderia atingir nossa família. Eu precisava da
mamãe. Os meninos precisavam da mamãe... Papai precisava da mamãe
— Os olhos de Bella se fecham, como se tentassem bloquear uma memória.
— Eu me senti sem esperança. Cercada por uma mortalha de escuridão e
perdida em um mar de solidão, onde todo homem estava sozinho. Meu
pai, os gêmeos e até meu tio. Mas então você entrou como um farol
brilhante de luz, meu próprio salva-vidas pessoal. Você me viu de pé
sozinha, caminhou até mim e me pegou em seus braços, sussurrando
palavras de conforto. — Os olhos de Bella olham profundamente nos meus,
uma infinidade de emoções brilhando através deles: angústia, tristeza,
gratidão... E amor. — Nunca esquecerei o que você me disse naquele dia.
Você me puxou para o seu abraço e sussurrou no meu ouvido...

Como voltar no tempo, Bella e eu falamos as palavras juntos. —


Quando você se sentir sozinha, eu estarei aqui. Quando você se sentir triste, eu
estarei aqui. Quando você se sentir assustada, eu estarei aqui. Eu vou sempre
estar aqui.

Puta merda. Eu lembro.

Estou paralisado de emoção avassaladora enquanto tento me lembrar


do dia do funeral. Com certeza, tudo começa a voltar para mim.
Aiden estava uma bagunça, quase incapaz de se manter em pé
enquanto soluçava audivelmente. Os gêmeos estavam chorando
incontrolavelmente quando o caixão de sua mãe estava sendo abaixado
no chão. Eles não entenderam por que ela os estava deixando. Ren fez o
possível para confortar os meninos, mas foi um milagre como ele
conseguiu impedi-los de se jogar na cova com a mãe. Mudando meu
olhar, finalmente notei Bella. Lágrimas escorreram por suas bochechas,
mas o olhar geral em seu rosto estava vago. Como se ela tivesse verificado
tudo. Desistido de tudo.

Naquele momento em que vi meus amigos sofrerem, pensei em


quando perdi meus próprios pais. Reconhecendo o olhar no rosto de Bella,
eu sabia que tinha que me esforçar. Eu não conseguia suportar a ideia de
ela passar por tal perda sozinha.

— Eu lembro, — eu consigo resmungar.

Bella caminha atrás da minha mesa e levanta a mão ao meu rosto. —


E agora, com meu pai... Você está aqui. Novamente.

Meu corpo ganha vida com o toque dela, a necessidade de senti-la em


meus braços mais uma vez é avassaladora. Cedendo às minhas emoções,
eu a puxo para o meu colo, apertando sua cintura com as duas mãos e
beijando seu pescoço.

— William, espere... — O grito de surpresa de Bella não faz nada para


mascarar o desejo que vejo nos olhos dela, mas paro meus cuidados e a
deixo continuar. — Compartilhei tudo isso com você para que soubesse
disso, você não está sozinho. O que aconteceu com seu pai, quero que saiba
que estarei aqui. Eu vou sempre estar aqui.

Meu peito aperta e um nó se forma na garganta. As palavras de Bella


me deixam sem palavras. Essa garota. Não, essa mulher... Em meio a sua
própria angústia e tristeza, de alguma forma, encontrou forças para estar
lá para mim. Deus, se ela soubesse.
CAPÍTULO QUATORZE

O que diabos está errado comigo? Eu tenho uma mulher linda sentada no
meu colo, desnudando sua alma para mim, oferecendo-se apesar de seus
próprios infortúnios. Foda-se se eu deixar o passado me impedir de
apreciá-la. Recuso-me a manchar esse momento com culpa. Se isso me faz
um monstro, que assim seja.

Deixando de lado todos esses pensamentos, cedo à necessidade


insaciável de prová-la mais uma vez. Eu corro meus dedos por seus cabelos
e puxo seus lábios para os meus, persuadindo sua boca a se abrir com a
minha língua, mergulhando no que certamente deve ser o céu. Como se ela
fosse o biscoito mais delicioso, notas de baunilha e especiarias atacam meus
sentidos. Ela tem um gosto tão bom.
Eu chupo seu lábio inferior suculento em minha boca e mordo
suavemente, provocando um gemido de necessidade que faz meu pau se
contorcer nas minhas calças.

— William... — Bella move uma das pernas sobre o meu colo,


efetivamente me montando na cadeira. — Por favor...

— Por favor, o que, Pequena Lua? — Murmuro em sua pele enquanto


corro minhas mãos por suas costas, salpicando seu pescoço e o peito com
beijos. — O que você quer?

Os quadris de Bella começam a se esfregar em mim, sua boceta


balançando para frente e para trás contra o meu pau, buscando alívio. —
Eu preciso... — Um suspiro deixa seus lábios carnudos enquanto abaixo
sua camisola, expondo seus mamilos endurecidos. É rosa e perfeito,
acenando para a minha boca para sugá-lo. —... Você. Eu preciso de você.
— As palavras de Bella saem quando eu pego o mamilo na minha boca e
chupo com força, lambendo minha língua sobre ela em um movimento
ondulatório.

— Aí sim. Faça isso de novo. — As mãos de Bella disparam, ela passa


os dedos pelos meus cabelos, enfiando minha cabeça no outro seio.

— Se você gostou, espere até eu colocar minha boca no seu clitóris. —


Eu rio de satisfação, sabendo muito bem o que está reservado para a minha
pequena lua.
Levantando Bella, eu a deito na mesa e beijo vagarosamente meu
caminho até sua barriga. Fazendo meu caminho até sua boceta vestida de
jeans, eu dou um último beijo em seu monte antes de morder suavemente,
travando os olhos nos dela, deixando-a saber que é minha. Essa boceta é
minha.

— Você fez... Você acabou de morder minha boceta? — Bella pergunta com
falsa indignação. Ela não está me enganando. Eu praticamente sinto o cheiro do
seu doce mel, me implorando para comê-la.

— Sim, Pequena Lua. E agora, eu vou lamber. — Seu corpo inteiro


estremece com minhas palavras. Foda-se sim, ela me quer.

— Levante sua bunda doce para mim, querida. — Guio os quadris


dela enquanto abaixo os shorts e a calcinha com um puxão duro, porque
quem tem tempo para tirar as camadas?

Eu não.

Eu preciso provar ela.

Agora.

Ela está nua na minha frente e, se houvesse um momento para parar,


seria agora. Sei que depois de colocar meus lábios nela, não haverá como
voltar atrás. Faço uma pausa por um momento, mas o fato de ela ser tão
jovem e estar completamente fora dos limites não faz nada para amenizar
a necessidade dentro de mim.
Incapaz de encontrar alguma merda para dar, eu abro os joelhos dela,
pegando as pernas e colocando uma de cada lado da minha cabeça,
deixando-me com a vista mais incrível entre suas coxas.

— Caralho, você é perfeita. — Eu gemo, minha voz está cheia de


desejo.

Eu nunca vi uma boceta mais bonita. Suas dobras aveludadas rosa


estão brilhando e inchadas de excitação, prontas para serem devoradas
como o mais maduro dos pêssegos.

— William, por favor... — Bella se contorce em antecipação.

— Paciência, querida. — Eu rio enquanto pego meu copo de gelo e


whisky e o seguro acima da bela boceta de Bella. — Uma boa garota sabe
fazer o que mandam. Agora fique quieta. — Abaixando minha boca na
fenda dela, passo minha língua sobre ela uma vez, duas vezes — Hmmmm.
Você é tão fodidamente gostosa.

Os olhos semicerrados de Bella se abrem de surpresa quando seu


olhar pousa no vidro pairando acima de sua entrada. — O quê... O que
você está fazendo com isso?

Com uma piscadela maliciosa, inclino o copo enquanto me abaixo nela


mais uma vez, permitindo que o líquido âmbar derrame sobre suas dobras
aquecidas. Bella respira fundo e solta um grito enquanto eu lambo sua
fenda encharcada, pegando todas as últimas gotas deliciosas.
— Mmmm. Delicioso. — Um sorriso perverso se espalha pelo meu
rosto enquanto vejo o peito dela subir e descer rapidamente com o desejo.

Querendo dar a ela a libertação que precisa tão desesperadamente,


abaixo a boca e agarro seu clitóris inchado. Bella geme em contato,
levantando as duas mãos para manter minha cabeça exatamente onde ela
mais precisa de mim. Como se eu fosse embora. Ela tem gosto de casa e não há
como eu desistir dela.

Palavras ininteligíveis deixam sua boca enquanto ela esfrega sua


boceta em mim, me avisando que ela gosta do que estou fazendo. Eu
levanto meu olhar para o dela e sorrio. —Isto menina, é como ser comida
por um homem de verdade.

Bella choraminga e seu rosto fica dolorido. — Não pare, por favor, não
pare.

— Meu bebê ganancioso quer mais? — Levanto uma sobrancelha


enquanto corro as duas mãos pelas suas coxas, deixando-as pousar em sua
bunda antes de apertá-las com força e puxá-la para mais perto da beira da
mesa.

Bella assente sem palavras. Sabendo que ela está pronta para mais,
pego dois dedos e os insiro em seu calor, mergulhando-os lentamente
dentro e fora. Sentindo-os molhados, circulo o clitóris com o polegar e
insiro um terceiro dedo nela. Bella suspira com a invasão e eu sei que
naquele momento não há som mais doce. — Você gosta de pegar minha
mão, Pequena Lua?

— Mmhmm. Assim. Tão bom. — Sua voz ofegante, parecendo a mais


suja pornografia, tem meu pau tão duro que está prestes a quebrar.

A pequena boceta gananciosa de Bella balança na minha mão,


querendo mais, pegando mais. Sendo o cavalheiro que sou, entrego,
esfregando rudemente sua parede interna e colocando pressão implacável
em seu ponto G. Como se estivesse na hora certa, a respiração de Bella
acelera, ficando cada vez mais irregular quando ela começa a entrar em
êxtase, deixando escapar uma série de tagarelas incoerentes. — Oh. Deus.
Oh meu. Oh meu Deus...

Suas pernas tremem contra mim enquanto eu gentilmente aperto seu


nó inchado com os dentes. A sensação inesperada a levou ao limite e fez
com que um gemido gutural a rasgasse.

Observo com admiração enquanto seu corpo é dominado com


satisfação gloriosa. Sim. Eu estou fodido. Observá-la se desvendar - provar
sua liberação inebriante na minha língua - é minha droga, e não consigo o
suficiente.

Ela parece absolutamente deslumbrante - cabeça jogada para trás,


cabelos espalhados pela mesa, pele rosada e brilhante com um leve brilho
de suor, tudo isso aumentando o brilho geral que irradia de dentro.
— Você é perfeita. Perfeita pra caralho, — sussurro em sua pele
quando ela desce do final dos altos. Quando suas pernas param de tremer,
eu a levanto e a endireito, beijando-a na têmpora.

— Isso foi... Eu não sabia que poderia ser assim. — Os olhos de Bella
começam a lacrimejar.

— Shhhh, baby. Está tudo bem. — Meu coração se aperta ao vê-la


chorando. Não tenho a menor ideia de por que ela está prestes a chorar e
só posso torcer para não tê-la empurrado muito rápido. — Diga-me por
que você está chateada.

— A culpa é minha. É tudo culpa minha. — Bella geme. O que era uma
leve borrifada agora se torna uma chuva torrencial de soluços. Eu mal
consigo entender as palavras que estão saindo da boca dela.

— O que é sua culpa? — Eu a puxo para um abraço apertado,


acariciando o cabelo por trás.

— Mamãe. Ela morreu por minha causa. Nós estávamos discutindo.


— Bella se afasta de mim e eu a deixo, sentindo que ela pode precisar de
algum espaço para tirar o que quer que seja do peito. — Se eu não tivesse
gritado com ela, ela teria visto o outro carro. Ela estaria prestando atenção.
Ela não teria morrido. Ela se foi e é tudo culpa minha.

— Bella, não há como você saber o que aconteceria. As pessoas


discutem o tempo todo em carros e vivem para contar sobre isso. Às vezes,
a merda acontece. Não há raciocínio por trás disso. O único culpado foi o
outro motorista que bateu em você. É quem você precisa culpar, não a si
mesma.

— Não. É minha culpa. Eu sou a razão pela qual ela não está aqui,
criando os gêmeos. Eu não mereço sentir o que você acabou de me dar. Eu
não tenho direito. — Bella para de andar e olha para mim.

— Foi isso que trouxe aqui? Oh Deus. Bella, você merece o mundo.
Você é uma jovem bonita, brilhante e gentil. Você praticamente dedicou
sua vida aos gêmeos, reservando apenas uma parcela muito pequena do
seu tempo livre para si mesma. Se sua mãe estivesse aqui, ela ficaria muito
orgulhosa. Você não pode viver sua vida assim, pensando que a morte dela
é sua culpa.

— Eu posso porque é. Esta é a minha expiação, minha reparação. É


assim que eu corrijo meu erro. — Bella caminha em direção à porta. — Eu
me nego esse tipo de prazer, esse tipo de alegria. Isso é bom demais. Você
é bom demais...

— Bella, espere... — Eu me apresso em sua direção, agarrando sua


cintura e impedindo-a de sair.

— Não. Meu trabalho é ocupar o lugar dela da melhor maneira


possível. Ajudando os meninos da maneira que puder. Sou a aluna
perfeita, a irmã perfeita e a cuidadora perfeita. A única coisa que me
permito é um pouco de alívio. Eu garanti que sempre fosse apenas isso, um
alívio. Nada mais. Eu não mereço mais nada. — Bella vira a cabeça, incapaz
de me olhar nos olhos. — Isto. O que aconteceu aqui foi muito mais do que
apenas um alívio. Você me vê. O verdadeiro eu. Quebrada e espancada. O
que você acabou de fazer... Me fez inteira. E não posso deixar isso acontecer
novamente.

— É aí que você está errada. — Levantando os dois braços acima de


sua cabeça, eu a coloco contra a porta, esfregando meus quadris nela. —
Vou fazer isso acontecer de novo e de novo até passar por sua cabecinha
bonita que você é digna de aceitação, alegria e amor. Você acha que precisa
de expiação, garota? Deixe-me ser sua salvação. — Eu lambo o pescoço de
Bella, vendo arrepios surgirem no meu rastro. — Vou lhe dar sua
redenção... — sussurro em seu ouvido, pegando o lóbulo na minha boca e
liberando-o com um estalo. —... Um orgasmo... — Eu pairo meus lábios
acima dos dela. —... De cada vez.

Bella solta um gemido dolorido antes que seus lábios ataquem os


meus. Eu posso sentir a fome dela, sua necessidade e estou mais do que
feliz em saciá-la. Aperto meu comprimento endurecido contra ela,
deixando-a saber o quanto ela me afeta.

Bella se pressiona contra mim enquanto desliza de joelhos, os olhos de


metal nunca deixando os meus. Mãos trêmulas alcançam meu cinto e eu as
paro. — Baby, espera. — As sobrancelhas de Bella se confundem quando
eu a coloco de pé. — Enquanto eu adoraria nada além de ter estes lábios
suculentos enrolados no meu pau, quero ter certeza de que você não está
fazendo isso com algum senso de obrigação ou culpa.
Os olhos de Bella brilham quando um sorriso lento domina sua
carranca. — Eu quero isso. Eu quero te mostrar...

— O quê? O que você quer me mostrar? — Eu balanço minhas


sobrancelhas e sorrio. — Eu sei que agora não é o melhor momento para
ser um pervertido, mas o que posso dizer? No fundo sou um velho sujo.

Bella franze os lábios e arqueia uma sobrancelha. — Você é um velho


sujo, tudo bem.

Estou prestes a puxá-la de volta quando escutamos uma batida na


porta. — Só um minuto, — grito enquanto me endireito rapidamente.

Sentindo minha aparência desgrenhada, Ashley abre a porta e olha


para frente e para trás entre Bella e eu. — Os pequenos terrores acordaram.
Pensei em avisar desde que estou indo para o supermercado.

— Obrigada. É melhor eu encontrá-los antes que eles se metam em


problemas. Esses dois poderiam encontrar travessuras, mesmo que
estivessem escondidos atrás do pote de ouro de um duende. — Bella
balança a cabeça quando sai.

— Ashley, você poderia esperar um minuto? Gostaria de conversar


com você antes de sair.

— Claro. — Ashley entra na sala, fechando a porta atrás dela. — O que


está pensando, mano? Bem, além de foder a babá adolescente.
— Não me olhe assim. Você não tem ideia do que está falando. —
Atirando um olhar mortal para ela, faço um movimento para se sentar.

— Oh, eu não? Então eu não acabei de chegar e pegar vocês dois


prestes a foder? Vamos, William. Eu não sou estúpida. — Ashley revira os
olhos e balança a cabeça. — Será o seu funeral quando o pai e o tio dela
descobrirem. Você sabe disso, certo? Você também sabe que ela poderia
muito bem deixá-lo quando descobrir sobre nosso querido pai.

— Chega, Ashley. Você não precisa me lembrar disso toda vez que me
vê.

— Me desculpe. Não devo culpá-lo, provavelmente é genético. Os


homens Hawthorne parecem não conseguir tirar as mãos das mulheres de
Moretti. — Ashley faz uma careta, o olhar de puro nojo evidente em seu
rosto.

— Isso não é o mesmo e você sabe disso. Nosso pai pode ter dormido
com a mãe dela, mas ele era um homem casado e tinha uma família. — Eu
coloco a mão no rosto, percebendo o que acabei de dizer.

— Ummm, acorde, mano. Você é um homem casado e da última vez


que verifiquei, você tem uma família. Não é apenas um problema, você
ainda precisa se preocupar com a família dela e como ela receberá as
notícias quando descobrir sobre nossos pais.
— Ela não descobrirá a menos que você conte a ela. Papai está morto
há três anos e a mamãe está desaparecida há tanto tempo. — Eu aponto um
dedo na cara dela. — Então não ouse estragar isso.

Ashley se levanta da cadeira e caminha em direção à porta. — Não se


preocupe. Vou ficar de boca fechada, mas lembre-se disso - a verdade
sempre aparece no final.

A porta bate e eu fico sozinho com meus pensamentos sombrios. Saber


que Ashley manterá nosso segredo de família deve me trazer algum tipo
de conforto, mas, em vez disso, suas palavras acabam soando mais como
uma previsão sinistra de destruição, me gelando profundamente.
CAPÍTULO QUINZE

Se há algo positivo em tudo isso, é o clima. Em vez de ter que suportar


uma onda de calor de um dígito, está 25º bonitos, com um céu azul claro e
uma brisa suave. Deus abençoe a Califórnia. Estou tirando o melhor da nossa
situação e levando o trem infantil para fora. Há um balanço, caixa de areia
e casa na árvore, então eu sei que eles vão se divertir por horas.

Estou na caixa de areia com Harper quando a porta do pátio se abre e


William sai. — Estou indo para uma reunião. Não voltarei até tarde da
noite, então não espere.

— OK. — Eu franzo minhas sobrancelhas, curiosa sobre o que trouxe


essa mudança de humor. — Esta reunião é o motivo da sua carranca? Se
isso está deixando você de mau humor então talvez você deva cancelar...
— Eu não sou criança, Isabella. Eu lido com os assuntos diretamente,
independentemente de serem agradáveis ou não. — William beija Harper
no nariz e se despede dos meninos que estão na casa da árvore.

— Você não precisa ser um burro sobre isso. — Eu reviro meus olhos
para a repreensão dele. — Vamos encomendar uma pizza. É noite de
cinema e estamos pedindo daquele lugar no fim da rua...

— Não se preocupe. Eu estou comendo fora. — E com essas palavras


de despedida, William bate a porta atrás dele.

Bem, merda, quem mijou em seus Cheerios?

Tanto faz. Não vou deixar sua atitude idiota arruinar o meu dia. Olho
para os grandes olhos bonitos e o sorriso de Harper. — Vamos nos divertir
muito, não vamos, Pumpkin?

É esse momento que Harper escolhe lançar o peido mais alto,


causando risadas por toda parte. Não posso deixar de rir enquanto vejo o
sorriso orgulhoso no rosto de Harper. Secando meus olhos, eu a puxo para
um abraço. — Sim, querida. Você deveria estar muito orgulhosa. Uma coisa
tão pequena fazendo um som tão grande.

O riso ajuda a aliviar a escuridão que o humor de William deixou para


trás, mas não posso deixar de sentir que essa nuvem era apenas o começo
de algo pior por vir.
As crianças e eu estamos aninhados no sofá com os créditos finais do
filme Encontrando Dory rolando no teatro particular. Há uma enorme tela
de projeção, lanchonete e espreguiçadeiras confortáveis, além de sofás
macios, perfeitos para abraçar. Harper está dormindo no meu colo,
enquanto os meninos estão desmaiados de cada lado meu. A noite do filme
foi um sucesso. Estou debatendo movê-los para seus quartos quando o
telefone no meu bolso vibra. Puxo o mais suavemente possível e vejo que
é um número desconhecido.

Optando por ignorá-lo, levanto-me e levo Harper para o quarto dela.


Se eles quiserem me alcançar, deixarão uma mensagem. Não é um número
local e qualquer outra pessoa com quem eu queira conversar já foi
programada no meu telefone.

Voltei para a sala de mídia quando meu telefone começou a vibrar


novamente. Hmm, é o mesmo número. Não querendo acordar os meninos,
saio para o corredor e atendo o telefone. — Olá?
Após uma longa pausa, a voz de uma mulher passa pela linha. — Olá
Isabella. Você nunca vai adivinhar quem eu encontrei, até aqui na
Califórnia.

A voz da mulher arrepia minhas costas e deixa meus cabelos em pé.


— Olha, quem quer que seja, eu não dou a mínima para quem você
encontrou. Apenas faça um favor a nós duas e esqueça esse número. Ou
isso ou posso facilmente bloquear você.

— Pobre Isabella, eu não faria isso se fosse você. De que outra forma
eu poderia lhe enviar fotos de William e Mariana compartilhando uma
refeição íntima juntos.

De repente, minha boca fica seca e a sala começa a girar. Ela acabou de
dizer William e Mariana, minha tia?

— O gato comeu sua língua, querida? — A mulher gargalha, suas


palavras fazem com que a bílis suba na minha garganta. — Parece que se
prostituir não funcionou tão bem. Pelo que parece, William está seguindo
em frente. — O tom dela fica neutro e perde toda diversão. — Fique de
olho nas fotos. Vou enviá-las em breve.

A linha fica muda antes que eu tenha a chance de perguntar mais


alguma coisa. Não que eu saiba por onde começar meu questionamento.
Toda a conversa foi surreal.
Meu telefone vibra duas vezes, notificando-me uma mensagem de
texto recebida. Eu desbloqueio meu telefone e congelo. Olhando de volta
para mim, há imagens granuladas de William e Mariana amontoados um
perto do outro. A sala em que estão está mal iluminada, mas não há como
confundir aqueles ombros largos ou uma grande cabeleira. Isso é meu
homem com minha tia.

William está colocando a mão na de Mariana enquanto ela lança um


sorriso tímido. Okay, certo. Como se houvesse um osso tímido no corpo daquela
mulher. Eu rolo para a segunda foto e tenho que me conter de jogar o
telefone. O rosto de William está obscurecido enquanto Mariana sussurra
em seu ouvido, com a mão visivelmente pressionada na perna dele.

Esta é a reunião que ele teve que ir? Aquela que o mantém fora até
tarde? Dificuldade minha bunda. Eu posso ver demais que ele não está se
divertindo.

Sei que não estamos oficialmente juntos, mas achei que nosso tempo
no escritório significava alguma coisa. Eu me abri para ele. Disse a ele que
eu estava lá por ele. Mas, em vez de ele vir até mim, sendo aberto comigo,
ele escolhe compartilhar com Mariana. Que piada de merda.

Vê-lo com ela, assim, envia uma dose penetrante de dor direto pelo
meu peito. Ele claramente não queria que eu soubesse com quem ele estava
se encontrando. Caso contrário, ele teria me dito. E se não houvesse nada
de nefasto nisso, ele teria compartilhado o objetivo da reunião.
Mas não. Em vez disso, ele era um idiota total.

Nesse momento, lembro-me de suas palavras. — Não se preocupe. Eu


estou comendo fora. — Meu estômago se revolta e corro para o banheiro bem
a tempo de vomitar. Ele quis dizer que ia comê-la como tinha feito comigo
hoje mais cedo? Segure o trem louco, Bella. Tenho certeza que ele só quis
dizer que estava jantando fora.

Tem que haver uma explicação lógica para tudo isso. Tem que haver.
Quem enviou essas mensagens fez com a intenção de arruinar o que tenho
com William. O que implica para questionar quem sabe sobre nós e por
que eles querem nos separar?

Levantando-me até a pia, espirro água fria no rosto e resolvo


confrontar William sobre isso o mais rápido possível. Só espero que ele
tenha um bom motivo para esconder isso de mim.

Se não, a mulher misteriosa pode conseguir o que queria.


A culpa faz meu bife ficar com gosto de serragem. Eu não deveria estar
escondendo coisas assim de Bella, e me perguntando qual seria a reação
dela a isso faz meu estômago embrulhar. Meu telefone vibra me alertando
para outra mensagem de texto recebida, mas eu a silencio e desvio minha
atenção de volta para a mulher ao meu lado. Eu só tenho que passar por este
jantar.

— Mariana, você disse que tinha novidades para mim? — Tomo um


gole de água e tento lavar o gosto horrível na minha boca.

— Sim. Sabemos que já examinamos os detalhes do assassinato de seu


pai com você antes, mas houve um novo desenvolvimento e queríamos
questioná-lo sobre isso. — O sorriso tímido de Mariana parece
extremamente inapropriado em nossa conversa. Aqui ela está falando
sobre meu pai morto e não pode parar de corar como uma colegial.

— Conversei com vocês sobre isso inúmeras vezes. Nada mudou.

Eu estava viajando a negócios quando recebi uma ligação de Ashley.


Ela estava histérica. Não iria se acalmar, não importa o que eu dissesse.
Depois de minutos tentando acalmá-la, ela conseguiu murmurar que
havia encontrado o corpo de meu pai, e minha mãe não estava em lugar
algum.

Foi quando liguei para o 911, dizendo para ela sair de casa e entrar
no carro. Eu a queria o mais longe possível de lá.

Quando a polícia chegou, liguei para os caras. Titus e Ren


apareceram primeiro. A cena em que encontraram foi de um filme de
terror. Sangue estava por toda parte e o corpo de meu pai estava espalhado
na frente e no centro, servindo como um aviso.

A equipe procurou minha mãe, mas não conseguiu encontrá-la.


Forense mais tarde confirmou que o sangue que absorveu a sala era de
meus pais, levando-nos a acreditar que ela também havia sido atacada.
Sinais de luta eram evidentes e parece que ela havia sido arrastada para
fora de casa com base no sangue que riscava o chão e a porta.

A perícia também descobriu a extensão da brutalidade que meu pai


havia sofrido enquanto morria. Claro, não havia amor entre meu pai e eu,
mas eu nunca desejaria sua morte. Especialmente ninguém tão doente e
distorcido quanto o dele. Quem o mutilou queria enviar uma mensagem.
Ele foi castrado e amputado após ser baleado. A merda doentia que fez isso
cortou todos os seus testículos, incluindo suas bolas e pau.

— William? Você está ouvindo? — A voz de Mariana corta meus


pensamentos, me trazendo de volta ao presente.

— Não. Desculpa. O que você estava dizendo?


— Temos evidências de uma nova cena de crime correspondente à do
seu pai. — Mariana me olha com expectativa, continuando quando
nenhuma pergunta se segue. — A perícia nos enviou as informações de
uma cena de crime envolvendo Isabella.

— O quê? — Mariana chama minha atenção agora, e se ela notou o


raciocínio por trás da mudança no meu comportamento, ela não
mencionou.

— O departamento de polícia local entrou em contato conosco quando


notou que as balas recuperadas da cena correspondiam às da investigação
de assassinato de seu pai. Quem atirou nos pneus de Isabella na noite em
que seu carro foi vandalizado usou a mesma arma que a pessoa que atirou
em seu pai. — Os olhos de Mariana suavizam minha preocupação e ela
chega para tocar minha mão com conforto. — Vamos encontrar quem fez
isso, William.

Ignorando suas tentativas de me acalmar, eu a pressiono por mais


informações. — Como você tem certeza de que é a mesma arma?

— Como você bem sabe, quase todos os canos de armas são revistados
ao serem fabricados. As ranhuras rotativas imprimem uma imagem
espelhada das marcações na bala depois que ela é disparada, criando
estrias exclusivas. — Mariana franze os lábios enquanto balança a cabeça.
— Conseguimos combinar as balas recuperadas das duas cenas para testá-
las umas contra as outras e, sem dúvida, quem atirou no SUV de Isabella
usou a mesma arma que foi usada em seu pai.

— Eu não entendo. Quem iria querer machucar nossas famílias? —


Meu rosto inteiro se torce enquanto tento envolver minha cabeça com essas
novas informações.

— Foi por isso que te convidei para sair hoje à noite. Eu queria
perguntar pessoalmente antes de trazer o resto da minha equipe para isso.
Eu sei que Isabella tem trabalhado de perto com você ultimamente. Existe
algo que a ligue ao seu pai?

Minha boca fica seca e meu corpo inteiro endurece com a pergunta.
Eu preciso de ar. Agora.

— Com licença, Mariana. Eu preciso de um momento para processar


tudo isso. — Levanto-me da mesa e vou em direção à saída.

Estou de pé junto ao manobrista quando uma mão pequena coça


minhas costas. Girando rapidamente, sou capaz de agarrar o pulso do
agressor.

— Olá, querido marido. Vejo que você deixou a adolescente e agora


está trepando com a tia dela. — Os olhos frios e distantes de Heather olham
para mim.
— Que porra você está fazendo aqui? Como você sabia onde eu
estava? — Tentando obter respostas, eu aperto seu pulso ósseo com mais
força.

— Eu sei muitas coisas, William. — Uma gargalhada do mal cai de


seus lábios rachados. Após uma inspeção mais detalhada, tudo nela parece
desequilibrado - seu cabelo parece que não foi escovado em dias e suas
roupas geralmente impecáveis estão desgrenhadas. É claro que essa
mulher está desequilibrada. — Muitas coisas que compartilhei com sua
amante prostituta. Bem, acho que ela não é mais sua amante.

— Diga-me o que você fez, — ordeno com os dos dentes cerrados. —


Juro por Deus, se você machucou um fio de cabelo da cabeça dela, eu irei...

— Isso é uma ameaça? — Os lábios de Heather se erguem em meio


sorriso. — Isso seria uma coisa ruim, William. Você não pode ameaçar sua
pobre esposa perturbada que o pegou não apenas em um, mas em dois
casos.

— Eu não vou jogar com você, Heather. Diga-me o que você fez.
Agora! — Perdendo minha paciência, eu grito - não me importando se
alguém pode ouvir.

Heather me silencia enquanto acena o telefone na frente dela. —


Enviei a Bella evidências visuais do seu encontro com a tia dela. Surpresa,
não ocorreu muito bem.
Não machuco mulheres, mas naquele exato momento quero que
Heather seja a exceção. Não confiando em mim mesmo, tiro minha mão do
pulso dela e dou um passo atrás.

É por isso que meu telefone está vibrando sem parar. Oh Deus. Eu ignorei
todas as mensagens. O que ela deve estar pensando?

Puxo meu telefone e, tenho três chamadas perdidas e dez mensagens


de texto, todas de Bella. Precisando fazer um grande controle de danos,
ligo para o número de Bella, mas não há resposta. Claro. Eu a ignorei a noite
toda, então por que diabos ela atenderia minha porra de ligação agora?
Preciso voltar para casa e tentar desfazer os danos que minha ex louca
causou.

Falando nisso, olho para onde Heather estava há apenas um momento


e vejo que ela desapareceu. Droga. Eu sabia que não deveria tê-la libertado.
Balanço a cabeça sabendo que não é hora de se auto-repreender. O que
preciso fazer agora é chegar a Bella.

Voltando para dentro, pago o jantar que não comi e rapidamente


explico a Mariana que algo surgiu. Eu sei que isso me faz parecer sombrio,
mas consertar essa situação com Isabella é a primeira prioridade.

Eu tenho que voltar para casa antes que Heather faça outra coisa,
causando danos irreparáveis. Não tenho ideia do que está acontecendo
naquela cabeça louca dela, mas com base em qualquer “evidência visual”
que ela tenha, tenho muito o que explicar.
CAPÍTULO DEZESSEIS

Consegui colocar todas as crianças na cama e comecei a andar de um


lado para o outro. Sim. Estou na sala de estar diretamente conectada à
entrada e não consigo parar de andar de um lado para o outro. Eu pareço
uma mãe preocupada à procura de seu filho adolescente voltando para
casa depois do toque de recolher.

Infelizmente, a realidade é muito pior. Estou à procura do meu amante


secreto. Um homem com quem eu nem deveria ter relações íntimas. Deus,
se meu pai ou Ren descobrirem, estaríamos em um mundo de dor. Para ser
sincera, nem sei se ele me deve uma explicação. Não é como se
estivéssemos oficialmente juntos. Ele acabou de me dar um oral alucinante.
Uma vez. Isso dificilmente faz um relacionamento.

Tanto faz. Não me importo se tenho direito ou não. Ele jantou com
minha tia depois de tentar esconder e agiu como se fosse algum tipo de
reunião de negócios. Ele está me dando uma resposta, quer ele queira ou
não.

A porta da frente se abre e fecha no momento em que estou prestes a


marcar permanentemente o chão com toda a minha caminhada.
Rapidamente, mudo para uma poltrona e ajo perplexa, mesmo que eu seja
tudo menos isso. — Como foi sua reunião? — Eu grito do hall de entrada.

— Isabella. — É engraçado como ele só me chama pelo meu nome


completo quando tem algo sério a dizer. Nesse caso, posso assumir que
será muito ruim.

— William, — respondo com uma indiferença em que nem consigo


acreditar.

O cabelo de William está despenteado como se ele tivesse acabado de


fazer o sexo mais sujo ou estivesse passando os dedos por ele com
preocupação. Oro silenciosamente por este último.

— Não sei ao certo o que está passando pela sua mente, mas o que
você está pensando, posso garantir que não é o que parece. — William
caminha em minha direção enquanto entrega a fala mais única de clichê de
todos os tempos.

Zombando, eu reviro os olhos. — Eu não estou pensando em nada,


William. — Eu pronuncio o nome dele como se fosse a coisa mais vil do
mundo. Se ele acha que estou facilitando isso, ele tem outra coisa vindo.
— Isabella. — Aqui está meu nome novamente. —Falei com Heather
e sei das fotos que ela lhe enviou.

Então era essa a psicopata. Ok, isso pode ser uma coisa boa. Essa
cadela está totalmente louca. Quero dizer, quem se afasta de William e de
uma filha adorável? Eu não colocaria manipulando a verdade além dela.
Talvez as fotos sejam antigas. Ou photoshopadas. Ou... Ugh, pare de dar
desculpas e deixe William explicar. — OK. Então, as fotos são falsas? Você não
estava jantando com minha tia?

William sorri e olha para mim com desculpas. — Não. Elas não são
falsas. — Rapidamente, ele levanta as duas mãos como se tentasse acalmar
um animal selvagem. — Mas definitivamente não é o que ela fez parecer.

Respiro fundo, tentando acalmar os nervos que têm meu corpo


tremendo de emoção crua.

— Explique. — A palavra sai cortada e forçada através dos dentes


cerrados.

— Mariana tinha novas informações sobre a morte de meu pai. Como


nossas famílias estão próximas, ela me ligou para fazer algumas perguntas
antes de trazer sua equipe oficialmente. — O rosto de William parece
cansado como se os eventos de hoje à noite o tivessem causado estresse.
Sinto uma pontada de culpa ao pensar em William ter que lidar com
a morte de seu pai novamente, mas isso me atinge. Por que o FBI estava
envolvido em sua morte??

Observando a expressão intrigada no meu rosto, William explica


mais. — Sua tia é a investigadora principal designada para o caso de
assassinato de meu pai.

Um suspiro me escapa. Como eu não sabia? Aqui estava eu, reclamando da


minha mãe, quando seu próprio pai havia sido assassinado!

— Muitas pessoas não sabem o que realmente aconteceu em nossa


casa há três anos. Optamos por não tornar pública a situação, a fim de
manter a sanidade que Ashley e eu tínhamos. — William passa a mão pelo
cabelo antes de continuar. — Eu preciso de uma bebida.

Ando silenciosamente até o carrinho de bebidas e com as mãos


trêmulas, despejo um copo de gelo e uísque. William caminha até mim,
tirando o copo da minha mão. — Obrigado, — ele sussurra enquanto
escova as costas da minha mão com o polegar. Depois do que parece ser
uma eternidade de silêncio, ele pega minha mão na dele e nos senta na
espreguiçadeira. — Ashley entrou na cena do crime enquanto eu estava
fora trabalhando. Foi brutal, Bella. Fodidamente brutal.

Lambendo meus lábios ressecados, corro pelas várias perguntas que


aparecem na minha cabeça, imaginando o que perguntar primeiro. —Foi
por isso que ela se mudou para a Flórida? Por causa do que aconteceu?
William assente. — Ela tinha apenas vinte e dois anos. Recém formada
da faculdade. Não queria prejudicá-la ainda mais, mantendo-a em uma
cidade que servia como um lembrete constante do que ela tinha visto.

— E você? Como você lidou com isso?? — Eu coço minhas


sobrancelhas, imaginando como esse homem forte e bonito foi capaz de
andar por aí com esse segredo pensando nele o tempo todo.

— Eu assumi o papel de pai com Ashley e fodi o resto do meu sistema


da melhor maneira possível. — Ele ri sarcasticamente. — Apesar de todo o
drama com Heather, não me arrependo nem um pouco. Do meu mau
julgamento, veio à bela luz que é Harper e eu não mudaria isso por nada
no mundo.

Seu amor por sua filha aquece meu coração, temporariamente me


fazendo esquecer o que começou toda essa conversa em primeiro lugar.
Como se por intervenção divina, Ashley escolhe esse momento para entrar
em casa, efetivamente cortando o meio da nossa conversa.

— Ei pessoal. O que vocês estão fazendo acordados tão tarde? — O


rosto dela está corado e sua aparência está desgrenhada. Se fosse um jogo
de apostas, eu diria que Ashley acabou de sair de um encontro.

William não percebe ou escolhe ignorar o estado atual da aparência


de Ashley. — Estávamos conversando sobre papai.
— Ah, então você finalmente decidiu contar a ela sobre nosso pai
traidor? — Ashley deixa escapar, aparentemente aliviada por evitar
perguntas diretas sobre onde ela esteve. No entanto, a última parte do que
ela disse me pegou totalmente desprevenida.

— Seu pai era um trapaceiro? — Eu pergunto, apertando meu nariz e


estreitando meus olhos.

O rosto de Ashley fica fantasmagórico pálido. — Quero dizer... — Ela


se vira para William e olha. — É tarde, eu provavelmente deveria ir para a
cama. Vou levar um monitor para a sala comigo, caso as crianças precisem
de alguma coisa. Vocês dois claramente precisam conversar.

William faz uma careta de desaprovação. —Nós estávamos


conversando antes de você voltar para casa. E não pense que você está fora
do gancho em relação ao seu paradeiro esta noite. Falaremos mais tarde.

William se vira para olhar para quando Ashley desaparece no


corredor, seu rosto pintando a imagem perfeita de paz e serenidade. Você
pensaria que ele pelo menos pareceria um pouco culpado, visto que ele
acabou de ser pego em uma omissão. Errado. E se eu baseasse minha teoria
no olhar de nojo de Ashley, era uma omissão que havia sido discutida ad
nauseam28 entre ele e sua irmã.

28 Repetir uma argumentação até provocar náuseas.


— Oh não, senhor. Você não vai conseguir sair dessa conversa com
suavidade. — O que Ashley quis dizer com seu pai sendo um trapaceiro?
Eu levanto uma sobrancelha, silenciosamente pedindo para ele continuar.

— Meu pai era um traidor. — William bufa, agindo como se minha


pergunta o estivesse irritando. Eu o irritando. — Quer que eu esclareça isso
para você? Meu pai fodeu outras mulheres enquanto estava casado com
minha mãe. Não é uma informação impressionante.

Minha boca abre e fecha como um peixe fora d'água antes de eu


finalmente recuperar o controle das cordas vocais e encontrar minha
capacidade de falar. — Como você ousa dizer que não é devastador?? Trair
seu parceiro é um grande negócio, — eu deixo escapar com nojo. — Não é
grande coisa para você, porque a maçã não cai longe da árvore? Era isso
que você estava fazendo hoje à noite, traindo?

O rosto de William está ilegível, não mostrando nada que possa trair
suas emoções. — Em primeiro lugar, não estamos juntos, então eu não
poderia ter traído você, mesmo que tentasse. Em segundo lugar, como já
disse antes, não há nada entre Mariana e eu. Não estou interessado, nem
nunca estarei, em ter um relacionamento romântico com sua tia.

De tudo o que ele acabou de dizer, uma coisa se destacou tão clara
quanto o dia. Nós não estamos juntos. Suas palavras parecem uma faca
cortando direto meu coração, me deixando sem palavras.
Mantendo minha cabeça erguida, ensino minhas emoções e tento
mascarar a dor que ele infligiu. — Se não há nada entre vocês dois, por que
esconder o fato de que vocês estavam se encontrando para jantar?

— Discutir o assassinato de meu pai não é algo que você deva ter
conhecimento. Simplesmente compartilhei essas informações com você
para poupar qualquer sentimento de mágoa que a pequena façanha de
Heather possa ter causado.

Meus olhos começam a lacrimejar. Incapaz de impedir que a primeira


lágrima caia, viro o rosto para evitar que ele veja. Apesar dos meus
melhores esforços, uma fungada traiçoeira me denuncia.

— Bella. — A voz de William aparece como um sussurro suave. —


Sinto muito se te machuquei. Não era minha intenção.

Lá vamos nós com a chicotada emocional novamente.

— Não, está tudo bem. Entendi. Nós não estamos juntos. Você não me
deve nada. — Limpando as lágrimas, viro-me para olhá-lo. — Acho que
isso significa que também não lhe devo nada. Você ficaria bem se eu saísse
para uma liberação rápida, certo?

Sei que minhas palavras são extremamente mesquinhas, mas não


posso evitar. Minhas feridas são tão profundas que não quero nada além
de atacar com raiva.
Olhando nos olhos dele, vejo que atingi meu alvo e atingi um nervo.
O playboy não gosta de compartilhar. — Não me olhe assim. Você não pode
comer seu bolo e comer o meu também. Se você quer ir a encontros e se
lamber minha boceta não fosse grande coisa, então que assim seja. — Um
sorriso desonesto se forma nos meus lábios quando vejo seu rosto apertado
de raiva, permitindo-me recuperar o controle. — Isso acontece nos dois
sentidos e, como não estou comprometida, também posso sair em
encontros. Você não é o único homem que sabe usar a língua da maneira
que eu gosto.

Um estrondo baixo emana de algum lugar no fundo do peito de


William. — Você é minha. — Sua mão dispara para minha nuca,
aproximando meu rosto do dele. — Seus lábios estão meus. — Ele traz a outra
mão para o meu rosto, os dedos acariciando suavemente meus lábios
separados. — Ambos. — William bate na minha boca antes de puxar a mão
para a minha boceta, apertando-a sobre o meu monte.

Inconscientemente, um gemido me escapa. Como? Como posso ficar tão


irritantemente brava em um segundo, com o coração partido no próximo e excitada
em outro?

A risada baixa de William me interrompe da minha luta interior. —


Minha pequena lua gosta quando eu a toco. — Os dedos de William se
movem para frente e para trás através do exterior do meu calor, enquanto
a palma da mão aplica uma pressão firme no meu clitóris. Ele pode tentar
agir como se estivesse no controle, mas seus olhos meio lambidos me
dizem que ele também gosta de me tocar.
É preciso toda a minha força de vontade, mas consigo me arrancar de
suas garras. — Se você quiser o privilégio de me tocar novamente, os
parâmetros do nosso relacionamento precisam ser definidos.

William olha sem palavras para mim com uma intensidade que
escolheria uma mulher menor. Ele pode achar isso injusto, mas não estou
colocando meu coração em risco por uma situação de babá com benefícios.
— Olha, está claro que você não pensa em mim como algo além de uma
foda conveniente, então farei um favor a nós dois e fingirei que o que
aconteceu no escritório foi apenas uma invenção da minha imaginação.

Sem dizer outra palavra, eu me levanto para sair e recuar para a


segurança do meu quarto. Assim como acho que esta noite não poderia
piorar, meu telefone toca. Meu corpo inteiro endurece enquanto leio o
identificador de chamadas

— Olá? — Minha voz treme quando eu respondo, orando


silenciosamente para que o interlocutor não seja portador de más notícias.

— Sim, é a Srta. Moretti? É o Dr. Ansley. Estou ligando por causa do


seu pai...
CAPÍTULO DEZESSETE

Faz cerca de dez minutos desde que Bella foi para o quarto dela, mas
ainda estou enraizado no mesmo local onde ela me deixou. Quero mostrar
a ela como realmente me sinto, mas isso só traria mais complicações.
Complicações que não precisamos agora. Fale sobre ficar preso entre uma
pedra e um lugar difícil.

Eu sei que eu fui um idiota total com ela, mas em minha defesa eu
tinha que ser. Um relacionamento com Bella não é possível e encher sua
cabeça de sonhos que nunca poderiam ser é dez vezes pior do que eu ser
um bastardo de coração frio de vez em quando.

A verdade é que eu adoraria nada além de tornar Bella minha de todas


as formas possíveis. Inferno, se dependesse apenas de mim, eu me casaria
com ela e a trancaria no meu quarto, deixando-a sair para se sustentar
quando necessário. Ok, estou exagerando... Mas apenas um pouco.
Bella me faz sentir coisas que nunca senti com mais ninguém. Não
importa o que eu faça ou o quanto me lembre de que ela está
completamente fora dos limites, acho que meus pensamentos sempre
voltam para ela. Eu nem fui capaz de foder mais ninguém, nem tive o
desejo desde que ela começou a cuidar de Harper.

Harper. Outra razão pela qual eu não gostaria de ficar sem ela. Bella é
amorosa e paciente, sempre colocando as necessidades da minha filha em
primeiro lugar, algo que Heather nunca fez. No fundo do meu coração, sei
que Bella seria uma mãe incrível para Harper e, quando chegasse a hora,
para qualquer filho que tivéssemos juntos.

Não tenho ideia de como vou conseguir ficar sem ela quando começar
a faculdade no outono.

A ideia deixa meu estômago em nós, trazendo visões espontâneas dela


nos braços de algum punk da faculdade. A cena muda e, em cores vivas,
vejo Bella dançando em uma festa da faculdade com algum atleta aleatório.

Fechando meus olhos, tento expulsar as visões, mas é impossível.


Cerro os dentes à medida que a cena em minha mente avança para Bella
beijando o cara aleatório. Foda-se isso. Minha visão fica vermelha quando
me lembro da ameaça dela antes: Você não é o único homem que sabe usar a
língua da maneira que eu gosto.

— Sobre o meu cadáver. — Eu me ouço dizer em voz alta.


A única maneira de outro homem colocar as mãos no que é meu é se
eu estiver morto e enterrado. E mesmo assim, eu voltaria e assombraria
suas bundas do meu túmulo.

As visões, embora horríveis, servem para acender um fogo debaixo da


minha bunda. É exatamente o que eu precisava para ver as coisas
claramente e me dar o impulso necessário para a ação. Para o inferno com
os obstáculos e a impropriedade, Isabella Moretti é minha e já era hora de
o mundo saber disso.

Decisão tomada, levanto-me do meu lugar apenas para ser


interrompido ao ver Bella entrando na sala. O rosto dela está pálido e os
olhos brilhantes.

— O que está errado? — Fecho a lacuna entre nós e a puxo contra mim.

— É meu pai. — A voz dela treme contra o tecido da minha camisa.


— Eles disseram que precisamos ir imediatamente.

— Deixe-me dizer a Ashley que estamos indo e depois podemos sair.


— Aperto as mãos dela, tentando lhe dar o máximo de conforto possível.

Bella olha para mim e assente, os olhos cheios de tristeza e confusão.


Essa mulher sofreu muito em seus curtos anos, e eu me recuso a ser alguém
que acrescenta à longa lista de sofrimentos. Se eu pudesse rastejar
profundamente dentro de sua alma, onde residem todas as trevas e dores,
roubaria suas aflições, tornando-as minhas e impediria que ela sentisse
mais tristeza.

As ruas estão vazias enquanto caminhamos para o hospital,


aumentando o clima ameaçador. Agora provavelmente não é o melhor
momento para informar Bella sobre minhas intenções com ela, mas quero
que ela saiba que estou aqui por ela, de qualquer maneira que ela precise
que eu esteja.

Ao alcançar o console central, coloco a mão dela na minha,


entrelaçando nossos dedos e apertando. — Bella, eu estou aqui. —
Levantando a mão dela, dou um beijo suave em sua palma aberta. — Sinto
muito pelas coisas que disse antes. Eu não quis dizê-las.

Os olhos de Bella se estreitam e seus lábios caem em desaprovação. —


Agora, você escolhe fazer isso? Agora, a caminho de ver meu pai?

Tiro minha mão dela e a movo para sua nuca, acariciando o pulso com
o polegar como se tentasse domar um cavalo selvagem. — Estou lhe
dizendo agora para que você saiba que não está sozinha. Aconteça o que
acontecer com seu pai, quero que saiba que estarei aqui. Eu vou sempre
estar aqui.
Os olhos de Bella se arregalam e vejo o momento em que clica.

— Você se lembra, — ela respira. — Eu pensei que o que eu disse


naquele escritório não significava nada para você. Que eu não sou nada
para você.

— Você nunca poderia ser nada, pequena lua. Desde o dia em que
você caminhou até minha casa dirigindo a monstruosidade de uma mãe
móvel, aqueles olhos prateados e sua doce natureza me conquistaram.
Fiquei oficialmente hipnotizado por tudo o que você é. — Aproveitando o
sinal vermelho, puxo o rosto dela para perto do meu e belisco meu caminho
até sua mandíbula. — Tudo depois disso foi uma triste tentativa de tentar
ficar longe, tudo baseado em um maldito senso de impropriedade. —
Coloco um beijo molhado na pele macia abaixo de sua orelha e rosno. —
Não mais.

— William. — A voz ofegante de Bella sai em meio a um gemido. —


A luz está verde.

Ok... Não era isso que eu esperava que ela dissesse.

— Olha, eu entendo se você não está pronta para ouvir isso. Só preciso
que você saiba que estou aqui e estarei aqui para você da maneira que
precisar.

— Você quer dizer por causa do meu pai. — O tom de Bella está gelado
enquanto seu olhar se concentra em frente.
Liberando minha mão de sua nuca, aceno com a cabeça e solto um
suspiro, percebendo que ela não vai facilitar as coisas. Eu deveria saber que
um simples pedido de desculpas não teria funcionado. — Estou deixando
essa conversa por causa do momento, mas não confunda por falta de
interesse. Essa conversa está longe de terminar.

Depois da maneira insensível que me tratou, ele tem coragem de


pensar que cairemos em qualquer versão de um relacionamento que ele
queira quando quiser. Ele perdeu a cabeça. Eu pretendo fazê-lo suar o
máximo possível.
— Dr. Ansley disse que devemos ir direto para o posto de
enfermagem, em vez do quarto de papai. Alguém o notificará de nossa
chegada. — Saio rapidamente do carro antes mesmo de ele parar.

Estamos quase na entrada do hospital quando ouço o riso de William


atrás de mim. — Estamos jogando um jogo de gato e rato agora?

Olho por trás do meu ombro e o encaro. — Nenhum jogo. Você acabou
de decidir mudar de opinião sobre mim no pior momento possível, só isso.

William me alcança, envolvendo um braço em volta da minha cintura.


— Ok, pequena lua. O que você disser.

Ele pode ter sido brincalhão e provocador um momento atrás, mas


assim que pisamos dentro do hospital, toda a nossa dinâmica muda.

As enfermeiras parecem estar nos esperando porque, assim que


entramos na linha de visão, há uma corrida louca para alertar o Dr. Ansley
da nossa chegada.

— Srta. Moretti? — Uma enfermeira de cabelos ruivos me chama.

— Sim. Recebi uma ligação do Dr. Ansley nos dizendo para virmos ao
hospital o mais rápido possível. — Com determinação, começo a caminhar
em direção ao quarto de meu pai.

— Srta. Moretti, você tem que esperar!— A enfermeira grita para eu


parar, mas eu continuo avançando.
Meu corpo desliga momentaneamente ao abrir a porta do quarto de
meu pai. Ele está acordado!

— Papai!— Eu sussurro enquanto entro em um sprint, precisando


estar ao seu lado o mais rápido possível. Mas a alegria é curta, fazendo meu
sorriso desaparecer tão rápido quanto começou. — Ele não está se
mexendo. Por que ele não está se mexendo?? — Pergunto em pânico a
quem quiser ouvir.

Olhando para cima, vejo o Dr. Ansley entrar com a enfermeira


correndo logo atrás. O olhar em seu rosto, juntamente com as mãos fortes
de William nos meus ombros, me avisa que preciso me preparar para
qualquer notícia que ele esteja prestes a compartilhar.

— Srta. Moretti, eu gostaria que você tivesse esperado para falar


comigo primeiro, — Dr. Ansley repreende. — Seu pai está tecnicamente
acordado, mas não está ciente. Isso é chamado de Síndrome de Vigilância
Não Responsiva, anteriormente conhecida como estado vegetativo.

— Você está dizendo que meu pai é um vegetal? — Grito, incapaz de


conter meu horror?

— Shhhh, Bella. Deixe o médico explicar, — William sussurra atrás de


mim, esfregando as mãos para cima e para baixo em meus braços.

— Não usamos mais o termo vegetal, Srta. Moretti. Seu pai possui o
tronco cerebral inferior em pleno funcionamento. Além disso, vários
estudos mostraram que muitos pacientes nesse estado respondem a
gatilhos emocionais, como evidenciado pelo uso de uma ressonância
magnética.

— O que isso significa? Ele pode nos ouvir? Ele sabe que estamos
aqui? — Eu pergunto em sucessão rápida.

— Como eu disse, seu pai está acordado, mas ele não está ciente. Ele
não possui raciocínio ou entendimento e qualquer movimento físico é
puramente reflexivo. — Vendo meu rosto cair, Dr. Ansley rapidamente
tenta adicionar em sua versão um giro positivo. — No entanto é
extremamente difícil diagnosticar a diferença entre a Síndrome de
Vigilância Não Responsiva e um Estado Minimamente Consciente. Até
agora, podemos apenas dizer que ele não tem conhecimento de seu
entorno, mas continuaremos monitorando-o quanto a qualquer sinal de
consciência.

— E agora? — William pergunta quando o silêncio se estende além do


confortável.

— Esperamos. Ele pode progredir para um estado persistente ou


avançar para um estado de consciência minimamente consciente.
Esperamos o último e faremos vários exercícios e testes para garantir que
ele receba os melhores cuidados e tratamentos possíveis.

— Todas essas grandes palavras para dizer que meu pai não está
realmente aqui. Ele se foi. Assim como nossa mãe. — Meu rosto se contorce
em um grito feio e não sou mais capaz de manter as lágrimas afastadas. —
Eu sinto muito. Eu preciso de um minuto.

Soltando-me dos braços de William, corro para o banheiro adjacente e


fecho a porta. Uma vez lá dentro, eu me deixo desmoronar.

É verdade que sentar em um vaso sanitário não é o ambiente mais


ideal para o luto, mas é privado e me permite esconder de qualquer
espectador. Eu não aguentava ouvir o Dr. Ansley mais um segundo e eu
sei que William tentará me dizer que tudo ficará bem quando realmente
não vai.

Nosso pai se foi. Quão cruel pode ser este mundo? Seu corpo pode estar
aqui, mas sua mente não está. E depois de ter sofrido a perda de nossa mãe,
eu me recuso a me deixar ser sugada por falsas esperanças.

Depois de terminar de chorar todas as minhas lágrimas, vou para a


pia e me olho no espelho. Meu cabelo está desgrenhado e meus olhos
cinzentos estão vermelhos. Parece que estou chorando há dias.

Abrindo a torneira, permito que a água fria escorra pelos meus dedos
antes de segurá-la com as duas mãos e espirrar em meu rosto. Não tenho
certeza se vai ajudar muito, mas é definitivamente melhor que nada.

Estou prestes a abrir a porta do banheiro quando ouço o timbre da voz


profunda de William. — Eu sei. Eu sei. Sinto muito, mas não havia como
evitar.
William está conversando com meu pai? Ele está consciente?? Abro a porta
o mais silenciosamente possível e vejo William na cabeceira do meu pai de
costas para mim. Meu pai, no entanto, está olhando fixamente para a
parede. Acho que nada mudou. Curiosa para ouvir o que mais William tem
a dizer, permaneço enraizada no lugar e permaneço quieta.

— Eu não pretendia nem ir lá, eu juro. Você me conhece, sempre


renegando relacionamentos. Quem sabia que sua filha seria a única a
domar meu coração fodido. — William ri enquanto passa a mão pelos
cabelos bagunçados. — Ela significa o mundo para mim.

Suas palavras me deixam desequilibrada, literalmente. Perco o alcance


da porta e ela se abre, fazendo-me cair de cara no chão.

— Bella? Oh meu Deus, você está bem? — A voz preocupada de


William paira acima de mim. — Juro que vou enfiá-la em uma bola
acolchoada e rolar por toda parte para sua própria segurança.

Finalmente tenho coragem de olhar para William do meu discurso


mortificante no chão. — Ha. Ha. Muito engraçado. Você pode limpar esse
sorriso do seu rosto agora.

— Ok, mas... Alguém lhe ensinou que é falta de educação escutar a


conversa dos outros? — Os lábios de William se erguem em meio sorriso.

— Ah, então você não quis dizer o que estava dizendo. Você acabou
de dizer essas coisas porque sabia que eu estava ouvindo. — Tento agir da
maneira mais indiferente possível, mas não tenho certeza se estou
enganando alguém.

— Você está pescando, senhorita Moretti? — O meio sorriso anterior


de William se transforma em um sorriso predatório completo.

Tenho certeza de que meu rosto agora está vermelho como uma
beterraba. — Obrigada. Agradeço o que você está tentando fazer. O clima
nesta sala foi definitivamente elevado, Sr. Hawthorne. — A caminho da
cama, permito-me roçar contra o corpo duro de William e juro que o ouço
respirar fundo. — Então você contou ao meu pai sobre nós? Isso significa
que você quer nos tornar uma coisa?

— Eu adoraria nada além de nos fazer uma coisa. Quando seu pai
estiver totalmente acordado, contaremos a ele juntos e eu anunciarei à
equipe. — O tom de William é inabalável, como se ele tivesse pensado
muito nisso.

— Foi o que o médico disse? Que ele eventualmente ficará plenamente


consciente? — Eu sei que disse que não teria esperança, mas o som de ter
meu pai de volta é muito atraente.

— Não exatamente nessas palavras. Ele disse que poderia ser de


qualquer maneira, mas ele não conhece seu pai como eu. Conheço Aiden e
ele é um lutador. Ele sairá disso, por você e pelos meninos. Eu sei que faria
se estivesse no lugar dele.
Pensamentos de William deitado em uma cama de hospital me
atacam, fazendo minhas pernas balançarem e ameaçarem ceder. — Não
ouse dizer isso, William. Você não está fodendo o desafio. — O pânico sobe
através de mim, permitindo que a escuridão me envolva em seu pavor. —
Eu não aguentaria se você me deixasse também. — As palavras caem de
mim antes que eu possa detê-las. Eu sei que elas me fazem parecer fraca,
mas é a maldita verdade.

William é minha rocha.

Como um jato de água fria, isso me atinge. Meus sentimentos por esse
homem vêm se desenvolvendo desde o momento em que me segurou no
funeral de minha mãe. Eu me permito voltar à memória de William me
segurando com força, prometendo que ele sempre estaria lá.

Desde os quinze anos até este exato momento, William assumiu o


papel de meu protetor - se está me protegendo quando necessário, ou
simplesmente me segurando para me dar um impulso extra de apoio, ele
sempre esteve lá, ajudando-me a suportar qualquer destino reservado do
presente doente e distorcido.

— Shhh, querida. Não vou a lugar nenhum, — sussurra William no


meu ouvido. Aparentemente, em meio à minha loucura interior, ele
conseguiu me abraçar, envolvendo-me em seu calor. — Eu nunca vou sair
do seu lado. Eu prometo.
Eu absorvo suas palavras, deixando-o me dar o que eu preciso... O
que eu preciso... Eu preciso do William.

Minha respiração pega na garganta quando a súbita clareza de meus


sentimentos me deixa sem fôlego, aquela revelação que me deixa saber até
onde me apaixonei por esse homem - e se eu fosse honesta, nunca iria me
levantar.
CAPÍTULO DEZOITO

Faz quase uma semana desde a visita ao hospital onde Aiden foi
diagnosticado com a síndrome que essencialmente o deixa catatônico.
Apesar de minha tentativa de melhorar o humor de Bella, o tom em torno
da casa permaneceu sombrio. Dei a Bella espaço e tempo para processar a
mudança com o pai, mas agora estou questionando se essa foi a decisão
certa.

Levo a caneca para os lábios, inalando o aroma robusto dos grãos de


café torrados antes de tomar um gole muito necessário. Revirei-me a
semana toda, sem saber como avançar com o relacionamento entre Bella e
eu. Eu nunca me importei tanto com uma mulher e não quero estragar tudo
antes mesmo de começar.

— Mmmmm, sinto o cheiro do néctar dos deuses e está chamando


meu nome, — canta Bella enquanto entra na cozinha.
— Bem, se você está procurando por néctar, tenho alguns para você
aqui. — Eu sorrio enquanto aponto para minha virilha.

Bella ri enquanto me bate no abdômen. — Seu velho sujo. Não


conseguiu resistir, não é?

— Eu diria qualquer coisa para fazer você sorrir assim. — Levo minha
mão para o rosto dela, colocando um fio de cabelo solto atrás da orelha. Tão
fodidamente linda. O sol mal começa a nascer, seu brilho fraco salta da pele
pálida e cremosa de Bella fazendo-a parecer a deusa que ela é.

— Missão cumprida. — Bella ri enquanto se move para encher sua


caneca. — Você está pronto para a festa de aniversário hoje? Toda a equipe
estará aqui junto com o vizinho e suas filhas gêmeas.

— Espere. Primeiro de tudo, como e quando você conheceu o vizinho?


E segundo, por que você o convidou para a festa dos gêmeos?? — Os
cabelos na parte de trás do meu pescoço se levantam, sem gostar do som
de Bella conversando com um estranho. Especialmente quando nem
sabemos quem estava por trás do vandalismo em seu carro. O que me lembra
que preciso falar com Mariana sobre sua nova liderança.

— Relaxe, Rambo. Nosso quintal fica ao lado do deles. Os meninos


chutaram uma bola por cima da cerca e tivemos que bater na porta deles
para recuperá-la. Eis que duas meninas da mesma idade que os gêmeos
foram as primeiras a abrir a porta, seguidas por um pai muito perturbado.
Depois que ele lhes disse para nunca atenderem a porta sozinhas, todos
nos apresentamos e montamos um playdate para aquela tarde. As crianças
têm sido os melhores amigos desde então. Claramente, eu não poderia
deixar de convidá-los para a festa. Isso seria rude.

— OK. Só estou curioso para saber como tudo isso aconteceu sem que
eu saiba. — Olho Bella por cima da borda da minha caneca de café e me
pergunto se isso é realmente tudo o que existe.

— Você estava fora a trabalho. Algo sobre conversar com a equipe que
assumiu o contrato de papai.

— A partir de agora, não haverá mais interação com estranhos, a


menos que seja absolutamente necessário. — Eu levanto uma sobrancelha,
esperando que ela discuta.

Mas, para minha surpresa, Bella simplesmente saúda enquanto me dá


uma piscadela. — Você conseguiu, chefe. Agora venha me ajudar a arrumar
a decoração antes que as crianças acordem..

Eu sabia que haveria um problema em sua fácil conformidade.

De má vontade, ajudo a montar a mesa de lanches enquanto Bella


monta a estação de selfie.

— Os gêmeos estão completando sete, não dezessete. Eles realmente


precisam de uma estação de selfie? — Eu rio para mim mesmo, percebendo
como as coisas eram diferentes quando eu tinha sete anos. Nem sabíamos
o que era uma selfie, muito menos uma estação de selfie.
— Sim, sim, vovô. Além disso, isso não é apenas para as crianças. A
maioria dos participantes são adultos e precisamos ter atividades para eles
também.

— Ha. Ha. Não sou avô, mas entendi. Você acha que eu sou velho. Eu
acho que isso faz de você uma amante de coisas antigas. — Eu ando atrás
dela, agarrando-a pela cintura e acariciando seu pescoço. Notas de âmbar
quente e baunilha enchem meu nariz, fazendo minha boca salivar. Juro que
essa mulher dá uma resposta pavloviana em mim toda vez que estou perto
dela.

A respiração de Bella se torna superficial quando ela empurra sua


bunda em mim. — Oh, eu amo coisas antigas. Eu os amo muito.

Não tenho certeza se isso foi um jogo de palavras ou se ela está


realmente confessando seu amor por mim, mas seja o que for, tem meu pau
se contorcendo contra sua bunda, implorando para sair e brincar. — Se
você não parar de fazer isso, eu vou te foder aqui e agora - as decorações
que se danem.

Cavando meus dedos em seus quadris, empurro contra ela, deixando


meu pau duro esfregar contra o vinco de sua bunda deliciosa.

— Finalmente pronto para me tornar sua, Sr. Hawthorne? — A voz


ofegante de Bella provoca.
— Bom di... — Ashley dá um passo para dentro da sala apenas para
girar de volta na cena à sua frente. — foi mal. Não sabia que vocês estavam
ocupados com isso. — Ela acena com a mão em um movimento abrangente
com as costas ainda em nossa direção.

— Está tudo bem, Ashley. Você pode se virar agora. Não há nada para
ver. — Eu digo enquanto reorganizo meu pacote. — Eu estava apenas
ajudando Bella com os retoques finais da festa, mas agora que você está
aqui... — Eu ando em direção à minha irmã, colocando as duas mãos nos
ombros dela. — Você pode ajudar.

— Na verdade, vocês dois podem ajudar. Vou tomar banho antes que
as crianças acordem e preciso prepará-las para o dia. — Dando um sorriso
maquiavélico, Bella mexe com os dedos enquanto sai da sala.

— Que diabos foi isso?!— Ashley grita quando estamos sozinhos. —


Você sabe que o pai dela e Ren o teriam matado se fossem eles que os
pegassem assim.

— Acalme-se, Ashley. Vou falar com eles sobre isso eventualmente.


Só estou esperando a hora certa. — Eu tento parecer perplexo com isso,
mas o fato de eu ter decidido namorar uma das filhas de nosso amigo, uma
adolescente, é um pouco estressante, para dizer o mínimo.

— Oh sim? E como você acha que isso acontecerá quando você contar
a alguém que ainda está se recuperando de uma lesão cerebral ou a alguém
específico que é extremamente superprotetor com a sobrinha? Não consigo
imaginar que tudo vai bem, você pode?

— Entendi, Ashley. É uma situação delicada e prometo que vou lidar


com luvas de pelica, — lamento frustrado, apenas para perceber a ironia
das minhas palavras depois que elas forem ditas.

— Luvas de pelica. — Ashley bufa. — Que apropriado.

— Pare de falar e me ajude a montar essa maldita mesa, — resmungo,


querendo evitar mais conversas sobre Bella e eu.

A casa está lotada e a festa está a todo vapor. Todos os meus irmãos
estão aqui, com exceção de Aiden. É extremamente triste que ele não possa
estar aqui, mas eu sei que ele não gostaria que seus filhos ficassem sem
comemorar seu aniversário.

Visitamos o hospital diariamente e os gêmeos definitivamente


poderiam se distrair com sua realidade. Com a perda da mãe e agora
possivelmente do pai, os gêmeos merecem um pouco de descanso para
serem apenas filhos.

Meu telefone vibra nas minhas calças, alertando-me para uma


mensagem de texto. Eu me pergunto quem é, já que cada pessoa
importante está aqui na festa.

MARIANA: Desculpe perder a festa, mas algo surgiu com essa nova
pista. Avise-me quando estiver livre para se encontrar novamente e
discutir.

Excitação me atravessa com a ideia de finalmente pegar o idiota que


destruiu nossa família e aterrorizou minha mulher.

WILLIAM: Entendido. Entrarei em contato assim que falar com a


equipe.

— Quem está mandando mensagens? — Bella pergunta quando ela


aparece atrás de mim.
— Sua tia. Disse que não poderá vir à festa. — Não quero contar a ela
sobre a possível conexão entre o ataque e o assassinato de meu pai até
garantirmos todos os fatos.

— Engraçado como ela decide mandar uma mensagem para você em


vez de para mim, sua própria carne e sangue. — O rosto de Bella fica
vermelho no que eu acho que é ciúme e não posso deixar de sorrir.

— Alguém está ficando possessiva? — Eu provoco. — Você sabe que


não há mais ninguém além de você, certo? Quero levá-la em meus braços,
mas sei que agora não é a hora certa.

— Como eu poderia saber, quando nunca discutimos realmente os


parâmetros de nosso relacionamento, — Bella fala com uma voz baixa o
suficiente para que apenas possamos ouvir. — A última vez que ouvi falar,
você estava rotulando uma coisa e não tenho certeza do que isso implica.

Antes que eu possa responder, Ren aparece engolindo Bella em seus


braços. — Hey Sprout29. Tudo parece incrível. Não acredito que você
mesma montou isso.

— Ela fez as ilustrações em todos os convites e decorações também. —


Eu sorrio com orgulho.

Ren arruma o cabelo de Bella. — Awe, meu Sprout é tão talentoso.

29 Broto.
— Pare! — Bella grita, batendo nas mãos de Ren. — A menos que você
queira que eu estrague seu cabelo também. — Bella sai dos braços do tio e
começa a se afastar, chamando atrás dela: — Se os senhores me dão licença,
preciso reabastecer a tigela de batatas-fritas.

Quando Bella está fora de alcance, eu me viro para enfrentar Ren. —


Reúna a equipe e diga que temos algumas coisas para discutir.
Encontraremos-nos em trinta minutos.

— Entendi.

Estou prestes a caminhar em direção a Bella quando vejo o vizinho se


aproximando dela no corredor. Decidir espionar é a maneira mais rápida
de decifrar as intenções de um estranho. Eu me afasto e ouço a conversa
deles.

— Obrigado por nos convidar. As meninas estão se divertindo. — A


voz do homem é legal e relaxada.

— Claro. Não teria sido o mesmo sem as meninas. Matt e Max já se


apegaram muito a elas. Eu sei que elas realmente sentirão falta deles
quando tivermos que voltar para casa. — O tom de Bella passou de feliz a
desanimada com a menção de ir embora. Sem dúvida, ela se pergunta se
isso realmente acontecerá.

— Estou triste ao saber que você está indo embora. Talvez você e eu
possamos sair para jantar antes disso. Como um agradecimento...
O imbecil nem sequer tem a chance de terminar sua sentença antes de
eu me inserir na conversa deles.

— O jantar não será possível, — respondo, envolvendo um braço


possessivo em volta do ombro de Bella. — Ela estará ocupada até o
momento em que partirmos.

— Sinto muito, acho que não nos conhecemos. Eu sou Jackson, o


vizinho. E você é? — Jackson levanta uma testa enquanto estende a mão
em saudação.

— William. Agora, se você nos der licença. Eu tenho algumas coisas


para discutir com Bella. — Não me importo que acabei de deixar a mão do
homem pendurada no ar, viro Bella e eu e nos guio para o escritório.

Assim que a porta está fechada atrás de nós, levanto Bella em meus
braços e a levo até o sofá de couro chesterfield30.

— Parece que minha pequena lua precisa de um lembrete de a quem


ela pertence. — Guiando o corpo de Bella nos joelhos e nas mãos, corro a
palma da mão direita do topo da cabeça até a curva da bunda, dando um
tapa nas duas bochechas.

A boca de Bella fica aberta e sua respiração fica irregular. — Sim, por
favor. Mostre-me.

30
Amplio o espaço entre os joelhos dela, puxando o vestido de sol e
expondo sua boceta revestida de renda.

— Alguém já bateu em você aqui? — Pergunto enquanto abro minha


mão para a boceta dela, o golpe alto saltando das paredes do painel do
estudo.

Bella geme, a música sonora dos meus ouvidos. — Não. Faça de novo,
por favor.

— Minha pequena lua gananciosa. — Eu sorrio para mim mesmo,


amando o fato de que Bella gosta de jogar duro. — Não se preocupe com
sua cabecinha bonita. Eu farei isso de novo e de novo.

Não precisando de mais convites, abaixo sua calcinha com uma mão
enquanto simultaneamente corro um dedo pela fenda molhada com a
outra. Eu posso senti-la apertando meu toque, me deixando saber o quanto
ela me quer.

— É muito travesso da sua parte enganar o vizinho, pequena lua. É


ainda mais inútil deixá-lo flertar com você na frente do seu homem. —
Esfrego a boceta dela com a palma da minha mão, acariciando-a em um
movimento circular. — Por isso, você recebe dez palmadas. Preciso que
você diga que é minha depois de cada uma. Entendido?

Bella acena com a cabeça, sinalizando para eu continuar.


Paro de acariciá-la e levanto minha mão antes de rapidamente dar um
tapa na boceta dela. Bella suspira, mas permanece quieta de outra maneira.

— Diga que você é minha, Bella.

— Eu sou sua. — Ela ofega.

Dou-lhe outro golpe de mãos abertas, o som da pele batendo contra a


pele reverberando pela sala.

— Diga de novo. — Eu rosno, minha voz tão rouca quanto cascalho.

— Eu sou sua, — Bella choraminga.

Eu levanto minha mão e dou outro tapa alto, percebendo como ela se
empurra de volta para minha mão. Oh, ela gosta disso. Ela gosta muito disso.

— Eu sou sua. Eu sempre serei sua.

Thwack.

— Eu sou sua. De ninguém mais.

Thwack.

— Eu sou sua. Leve-me, por favor.

Thwack.
— Eu sou sua. Por favor, William, por favor.

Thwack.

— Eu sou sua. Leve-me. Agora!

Thwack.

— Porra! William. Por favor. Eu preciso de você.

Thwack.

— Eu sou sua, ok? Agora, por favor, me foda! — A boceta de Bella se


apega repetidamente contra a minha palma, deixando-me saber que ela
está perto.

No último tapa, pressiono minha mão nela, encontrando o broto


inchado com os dedos e aplicando uma pressão firme. Como um fusível
chegando ao fim, Bella explode, jorrando sua liberação na minha mão.

Precisando prová-la, abro meus lábios para a abertura e lambo.

— William, — ela suspira. — É a sua vez.

Estou prestes a me acomodar na frente dela quando ouço uma batida


na porta.

— Foda-se, — murmuro baixinho. Puxo a calcinha fio dental de Bella


e abaixo o vestido dela antes de gritar por quem quer que seja.
Sou atingido por um sentimento avassalador de culpa quando a porta
se abre e Ren entra. — Ei, já faz trinta minutos e...

Os olhos de Ren estreitam quando ele olha Bella e eu. — O que está
acontecendo aqui? Está tudo bem?

— Sim. Eu estava apenas questionando Bella sobre o vizinho. Ele


parecia estar flertando com ela.

Os olhos de Bella se arregalam antes de me dar um olhar mortal.

— Inferno não. Aquele homem é velho demais para você, Bella. — Ren
balança a cabeça com veemência, suas palavras pousando como uma
marreta no meu intestino.

Bella se levanta do sofá e caminha em direção à porta. — Não se


preocupe, tio Ren. Velhos são superestimados. — Bella retruca, seus olhos
nunca saem dos meus.

Eu estreito meus olhos para ela. — Não critique antes de


experimentar.

Os olhos de Ren piscam entre Bella e eu, e eu sei que ultrapassei. Foda-
se. Estava prestes a sair mais cedo ou mais tarde.

Com uma bufada, Bella bate a porta atrás dela, deixando Ren e eu no
estranho silêncio da sala. Finalmente reunindo as bolas para olhar meu
melhor amigo nos olhos, vejo que ele está me encarando esse tempo todo.
— Há uma possível bala entre o assassinato de meu pai e a cena em
que o SUV de Bella foi vandalizado, — digo, ignorando completamente o
brilho da morte de Ren. Ele pode ter uma ideia do que está acontecendo,
mas tenho certeza que não vou desistir de nenhuma informação de bom
grado. Pelo menos ainda não.

— Repita novamente? Você acabou de dizer que o assassino no caso


de seu pai é a mesma pessoa que vandalizou o carro de Sprout? — O olhar
de surpresa de Ren me avisa que passamos de Bella e eu e para a merda
que precisamos encontrar.

— Sim. Você contou aos caras sobre a reunião?

— Ele com certeza fez, — diz Titus enquanto entra na sala com
Hudson seguindo logo atrás. — Parece que temos um assassino para pegar.
CAPÍTULO DEZENOVE

A casa está deserta com copos e pratos espalhados por toda parte,
sinalizando que é hora da limpeza. Estou encarregada da comida,
enquanto Ashley arruma o quintal e William das áreas de estar. Em suma,
é uma transição suave levar a casa de volta à sua condição normal.

Estou colocando a última das sobras quando William entra na


cozinha.

— Ei linda. — Sua voz suave corta o silêncio.

— Nada de “ei linda”. Não esqueci como você me jogou debaixo do


ônibus com o tio Ren antes. — Eu aceno um dedo na direção dele.

— Eu tive que dizer a ele algo diferente da verdade. Você queria que
eu dissesse a ele que acabei de dar um tapa na sua boceta?
— William!— Grito antes de rapidamente colocar minha mão na boca.
— Droga. Você vai me fazer acordar as crianças.

— Eles estão cansados, a festa os desgastou. — William balança as


sobrancelhas enquanto percorre a ilha da cozinha, fechando a distância
entre nós. — Isso significa que eles não serão capazes de ouvir seus gritos
enquanto eu destruo sua boceta.

Minha boca está aberta com a ousadia dele. — E Ashley? — Consegui


sussurrar enquanto William me abraça, pressionando a metade inferior na
parte de trás da minha.

— Ela saiu com os caras. — William puxa meu cabelo para o lado e
trilha beijos de boca aberta ao longo da pele exposta das minhas costas.
Pegando uma ponta da gravata em meu vestido e puxando, William expõe
meus seios nus ao ar frio. — Disse que estavam indo a um bar em Malibu.
O que significa... — William me vira devagar, mordendo meu queixo antes
de passar os lábios sobre os meus, — que eles ficarão fora até bem depois
da meia-noite.

Um gemido me escapa quando William sacode os polegares calejados


sobre os mamilos endurecidos. — Mmmm. Isso é bom.

Um arrepio delicioso passa por mim. Precisando sentir mais, eu me


esfrego na coxa de William enquanto ele continua seu ataque aos meus
mamilos.
— Ainda não, garota safada. — William belisca meu ombro antes de
me içar no balcão, me deitando na superfície fria. Polegada por polegada,
William levanta o material do meu vestido de verão, expondo minha
boceta nua.

— O que temos aqui? — Os olhos gananciosos de William olham


atentamente para minha carne nua. — Parece que alguém está preparada.
— Sua língua dispara, umedecendo o lábio inferior e pontuando a ação
com uma mordida.

— Mmhhm. — Palavras reais me escapam, porque quem pode


formular palavras em um momento como este. Eu não.

Arqueio minhas costas enquanto as mãos fortes de William esfregam


para cima e para baixo em minhas coxas, parando apenas para apertá-las e
afastá-las. Instalando-se entre eles, William me puxa para mais perto,
baixando a boca para a carne logo acima do meu joelho e depositando um
beijo molhado. Ele beija seu caminho pela minha coxa até que seus lábios
carnudos estejam pairando logo acima do ápice.

— Por favor. — Eu choramingando, incapaz de evitar.

William se afasta, um sorriso sensual dançando em seus lábios. Ele


cobre minha boceta nua com a mão, apertando-a antes de emitir
rapidamente um tapa alto.
— Minha. — Ele rosna enquanto baixa os lábios para minha boceta
dolorida, provocando as dobras com um movimento da língua. — Cada
centímetro de você é meu. Diga, — ele exige antes de finalmente espalhar
meus lábios com os polegares.

— Eu sou... — Minhas palavras são interrompidas quando ele abaixa


sua boca quente e molhada para o meu clitóris pulsante, sugando-o com
tudo que vale a pena. — Holymotherfuckingshit. — Uma série de
palavrões rasga através de mim, todo senso de propriedade que eu possuía
se foi.

Correndo meus dedos pelos cabelos, agarro-me, montando seu rosto


como se ele fosse meu próprio touro mecânico. Ele continua chupando e
provocando incansavelmente, meu corpo subindo para aquele pico de
liberação, onde tudo fica preto e tudo o mais é esquecido.

Minha boceta aperta, agarrando o ar, querendo ser preenchida,


precisando ser preenchida. Naquele momento, William enfia três dedos em
mim ao mesmo tempo, enrolando-os e alcançando aquele ponto mágico
que ele conhece tão bem.

Instantaneamente, minha cabeça recua e meus olhos reviram quando


o calor mais delicioso vem sobre mim, deixando-me tremendo. Momentos
passam quando meu corpo se recupera do ataque sexual que William
acabou de entregar na minha boceta.
— Mmmmmm. Tão bom. — Eu dou um tapinha na cabeça de William
e ele ri.

— Eu não sou um cachorro, embora eu te foda como um, se você


quiser, — ele brinca enquanto me levanta do balcão e me leva para fora da
sala. — Por mais que eu tenha amado nossa sessão improvisada na
cozinha, é hora de levá-la para uma cama de verdade.

Eu estou transando com ela esta noite, venha o inferno ou alto mar. O
desejo de levá-la de todas as formas imagináveis me consumiu até o ponto
em que tudo o que vejo é ela, e essa merda precisa terminar agora. Eu não
posso nem correr sem pensar em como a boceta dela se sentirá boa quando
estrangular meu pau.
Imagine-me. Correndo pela rua. Tesão em vigor. Estou assustando os
pobres vizinhos.

— O que é tão engraçado? — Bella coça o nariz enquanto olha para


mim, com os grandes olhos cheios de admiração. Mal sabe ela o quão
fodida ela vai ficar em algumas horas.

Eu a puxo para mais perto de mim antes de responder. — Apenas feliz


que este momento esteja finalmente acontecendo. Estou cansado do
universo nos interrompendo com monitores de bebês, irmãs intrometidas
e tios preocupados. Foda-se tudo isso. Hoje à noite você é minha...

Bella ri, seus seios cheios pulando na minha cara, tentando-me levá-
los para a minha boca. Deitando-a gentilmente na cama, eu faço
exatamente isso. Batendo no peito direito, aperto, abaixando a boca até o
pontinho rosa e girando com a língua. Sua pele macia tem gosto de pecado e
virtude combinados, e foda-se se eu não conseguir o suficiente.

Tomando o broto endurecido entre os dentes, puxo suavemente,


provocando um gemido da beleza abaixo de mim. Eu corro minha mão ao
longo das curvas da cintura dela, dando-lhe a seu lindo seio uma última
chupada antes de chegar até o pescoço e inalar profundamente. Seu
perfume de âmbar e baunilha sempre me lembrará de casa. É o que ela é,
minha casa. Se eu tivesse alguma dúvida se a merda que sinto por Bella é
real, aí está a minha resposta.
Eu corro meus lábios ao longo da curva do pescoço dela, saboreando
a sensação de sua pele macia contra a minha. Superado com a necessidade,
pego sua carne em minha boca e dou uma chupada contundente, querendo
marcá-la, precisando mostrar ao mundo que ela é minha.

— William, — Bella choraminga, rolando seus quadris em mim


enquanto suas mãos viajam para o sul, deslizando minha cueca para baixo
e permitindo que meu pau latejante salte. Os olhos de Bella se arregalam e
sua boca se abre quando ela me olha pela primeira vez. — Meu Deus. Tem
certeza de que vai caber?

Eu rio, aproveitando sua reação. — Oh, vai caber. E você vai se sentir
muito bem também. — Pego a cabeça do meu pau e esfrego para cima e
para baixo em sua fenda, provocando-a.

Bella mia enquanto segue meu movimento com os quadris,


perseguindo meu pau como se fosse a última gota de água no deserto.
Incapaz de suportar mais provocações, ela agarra meu antebraço e me puxa
para baixo enquanto faz sua exigência. — Entre em mim agora.

Meu pau se contorce com o pedido dela, precisando agradá-la tanto


quanto precisa de sua própria liberação. Eu me movo para pegar um
preservativo na mesa de cabeceira, mas as mãos pequenas de Bella me
param.

— Não. Eu quero sentir você. Você todo.


Eu aceno, sem saber se isso significa que ela está tomando pílula ou se
ela quer meu bebê, não dando a mínima de qualquer maneira. Eu daria a
lua a essa mulher se ela pedisse.

Meu pau balança por conta própria sabendo que está prestes a entrar
no céu. Tomando-o na minha mão, bato a cabeça na buceta lindamente nua
de Bella, inchada e brilhante com sua excitação. Ela está pronta.

Deslizo minhas mãos sob a bunda de Bella e a trago para mim,


deslizando sua boceta escorregadia direto para o meu pau latejante.

Puta merda.

É preciso tudo em mim para não gozar naquele exato momento. A


boceta de Bella é a coisa mais úmida e apertada que meu pau já sentiu e
jamais sentirá. Terminei. É isso. Ela é isso. A vida depois de Bella não existe
para mim.

As mãos de Bella exploram as cristas do meu abdômen enquanto ela


se esfrega em mim, deslizando lentamente sua deliciosa boceta para cima
e para baixo no meu eixo com cada arco das costas.

— Fooooooda. — Eu rosno quando começo a sentir aquele


formigamento familiar nas minhas bolas.

Precisando recuperar o controle, eu paro e coloco Bella de quatro, mas


a visão diante de mim é tão linda quanto à de frente.
— Tão perfeita. — Respiro enquanto as duas mãos pousam em ambos
os lados dos quadris, cavando meus dedos na carne dela.

Bella se empurra para trás, balançando a bunda em resposta.

Paulada. — Sua bunda estava implorando por isso, — brinco antes de


empurrar meu pau dentro dela sem aviso prévio! Posso dizer que atingiu
seu ponto ideal porque ela desmorona quando deslizo sobre aquele feixe
mágico de nervos.

Mantendo uma mão firmemente presa no quadril, corro minha outra


mão pelo seu estômago tenso e pelo mamilo, rolando-o entre os dedos
enquanto continuo empurrando com força e profundidade para ela.

Olho para o meu pau, entrando e saindo dela, encharcada com sua
excitação - e juro que nunca vi uma visão mais bonita. — Goze para mim,
querida. Mostre-me como te faço sentir bem.

Agarrando seus quadris com as duas mãos, eu a viro, precisando ver


o rosto dela quando ela gozar. Inclino sua bunda para cima, posicionando-
a da maneira certa, acelerando meu ritmo enquanto bato nela com força.
Bella solta uma série de palavrões, informando que ela está prestes a
explodir.

— Olhe para mim, baby. — Eu a persigo a abrir os olhos. — Quero ver


seu rosto lindo enquanto você goza para mim.
O canal de Bella começa a se contrair em torno do meu pau,
ordenhando-o com todo o seu valor e levando todo o autocontrole que eu
tinha com ele. Incapaz de me segurar por mais tempo, gozo forte,
derramando nela enquanto nossos corpos se fundem em um, nós dois
estremecendo de nossa liberação intoxicante.

Caindo para o lado, eu a coloco em cima de mim, querendo sentir sua


pele contra a minha e precisando saber que isso é real. Porque, puta merda,
como algo tão bom pode ser real?

Ficamos ali em um silêncio confortável, deleitando-nos no calor do


nosso intenso prazer. Esse momento de êxtase me deu mais clareza do que
qualquer outro encontro sexual.

Há um ano, eu juraria que isso, o que eu sentia, não era real. Que
ninguém poderia experimentar uma combinação de amor e luxúria tão
extrema que te deixasse sem querer mais nada.

— Isso foi... Excepcional. — Bella olha para mim, seus olhos prateados
brilhando na luz fraca da sala. — Eu nunca...

— Eu também não. — Eu a rolo salpicando seu rosto com beijos e


prendendo o corpo dela debaixo do meu. — Então... Vamos dar um irmão
a Harper, ou você está no controle da natalidade e não me contou? Só para
você saber, eu estou bem com qualquer uma dessas opções.
— Você está bem em me engravidar? — Os olhos de Bella ficam
arregalados e suas sobrancelhas alcançam sua linha do cabelo. — Eu sou
tão jovem e acabamos de começar, além disso, estou no controle da
natalidade.

Eu a beijo com ternura, deslizando uma mão atrás de sua cabeça. —


Essas coisas podem ser verdade, mas eu realmente não dou à mínima.
Correndo o risco de parecer banal, acho que te amo.

— Você acha que me ama? — Bella golpeia meu peito enquanto arqueia
uma sobrancelha.

— Eu sei que sim. Eu te amo, Isabella Moretti. Não há ninguém nesta


terra que eu prefira chamar de minha. Ninguém nunca conseguiu me fazer
sentir o que você faz. E confie em mim, eu já estive por aí.

Bella ri de barriga cheia enquanto revira os olhos e balança a cabeça.


— Somente você pode arruinar um momento tão bonito, lembrando-me de
seus modos anteriores de prostituição. É uma coisa boa que eu também te
amo.

Meu corpo inteiro se aquece com as palavras dela, sentindo-se


verdadeiramente abençoado por chamá-la de minha - mesmo que tenha
que ser um segredo por enquanto.

Depois de mais duas rodadas de sexo entorpecente, Bella e eu


adormecemos. Estou no meio de um sonho quando um som vibrante me
faz mexer. Desorientado, abro os olhos e olho em direção ao som. Minhas
calças estão ao pé da cama com meu telefone iluminando um dos bolsos.

Eu me movo para pegá-lo, saindo do quarto o mais silenciosamente


possível, sem querer acordar Bella. Olhando para o meu telefone, vejo que
perdi uma ligação de Mariana e várias ligações de Ren.

Merda, se ele soubesse o que eu estava fazendo quando ligou.

Mordo a bala e ligo para Ren primeiro.

— Ei, — ele grita, o som da música do clube tocando pelo telefone. —


Espere, deixe-me ir a algum lugar quieto.

Depois de um minuto, a música começa a diminuir, deixando apenas


a respiração pesada de Ren. — OK. Recebi uma ligação do DP local em
casa. Eles tiraram um carro do rio e acham que é o mesmo que atingiu
Isabella e sua mãe há três anos.

— Puta merda, — eu digo em descrença. — Conte-me tudo o que eles


disseram. Palavra por palavra.

— Eles ainda estão procurando pelo proprietário registrado no carro


e, veja só... Eles não acham que foi um acidente.

Um arrepio frio de pavor percorre minha espinha enquanto o silêncio


se estende através da linha. Incapaz de dizer qualquer coisa, eu apenas fico
lá.
Sem aviso prévio, uma voz feminina atravessa o silêncio.

— Sr. Hawthorne, por que você não volta para a cama? Sinto sua falta.
— Bella envolve os braços em volta de mim por trás, passando as mãos no
meu abdômen e no meu peito.

Porra. Tenho certeza que Ren acabou de ouvir isso.

— Que porra está acontecendo, William? É minha Sprout?! O que


diabos! Eu vou te matar!

Sim. Ren definitivamente ouviu.

Aperto as mãos de Bella com a mão livre enquanto tento acalmar o tio
dela. — Olha, Ren, não é o que você pensa. Eu ia falar com você sobre...

— Ela é uma adolescente, William. Você perdeu a cabeça? Pelo amor


de Deus, o pai dela está no hospital agora. Como você pode tirar vantagem
dela assim?

— Ren, não é assim. Eu a amo. Eu nunca faria nada para machucá-la.

— Você tem sorte de não estar na sua frente agora. Sua boca não seria
capaz de vomitar as besteiras que está vomitando porque eu estaria
batendo nela. Você é louco se acha que a ama... Como William? Como você
pode amá-la? Ela ainda é uma criança do caralho!
— Bella parou de ser criança no dia em que viu sua mãe morrer. Em
um piscar de olhos, ela deixou de ser uma adolescente despreocupada para
uma mãe substituta de gêmeos. Gostaríamos de pensar que ajudamos na
educação deles, mas a verdade é que esses meninos de sete anos estão
prosperando, apesar da merda que a vida lhes lançou por causa do cuidado
e atenção de Bella. — Eu posso ouvir a respiração irregular de Ren me
avisando que ele ainda está lá, então eu continuo. — Bella assumiu
continuamente grandes responsabilidades que excedem em muito sua
idade física sem emitir uma queixa, abra seus olhos Ren. Ela não é mais
uma garotinha, é uma mulher. Uma mulher que eu amo e aprecio.

— Eu não sei, cara. Eu não posso ver direito agora. Tudo o que você
disse faz sentido, mas eu simplesmente não consigo ver. — A voz de Ren
sai sufocada, como se tentasse atenuar a raiva que surgiu com essa nova
revelação. — Eu preciso falar com Sprout, ouvir o lado dela dessa coisa
doentia e distorcida que vocês têm.

— Não fale sobre o nosso relacionamento assim. Entendo que você é


a família dela, mas não vou deixar você degradar o que temos. É real e não
terei ninguém fazendo Bella sentir que estamos fazendo algo errado.

— É errado William, ela tem dezoito anos. Um ano mais nova e seria
punível por lei. Eu não posso, eu não posso falar com você agora.

— Ren? Olá? — Eu olho para o meu telefone e vejo que ele desligou a
chamada. Finalmente viro-me para olhar para o rosto de Bella, eu vejo que
ela ficou pálida.
— Está tudo bem, baby. Tudo vai dar certo. Ren só precisa de um
pouco de tempo para processar. Isso meio que o pegou desprevenido.

O rosto de Bella vai de pálido fantasmagórico para ruborizado. — A


culpa é minha, eu não sabia que você estava no telefone, estava tão calado
que pensei que estava somente parado aqui.

— Está tudo bem, conheço o seu tio. Somos melhores amigos desde
sempre e sei que eventualmente ele vai entender. — Eu tento tranquilizá-
la, mas suas últimas palavras me fazem questionar minha própria crença.

— Por enquanto, vamos apenas aproveitar o fato de que as crianças


ainda estão dormindo e voltar para a cama.

Bella aperta os olhos fechados e aperta o nariz. —Deus, espero que


você esteja certo. Eu não poderia suportar se perdesse o tio Ren também.

— Eu estou certo. — Puxando-a para o quarto, eu pisco. — Agora me


deixe ser a colher grande para sua colherzinha.
CAPÍTULO VINTE

Estamos no lugar mais feliz da Terra, por isso o slogan. No entanto,


neste dia em particular, a nossa equipe heterogênea está fazendo com que
pareça o lugar mais estranho da Terra, graças à tensão que existe entre Ren
e eu.

Dei os passes aos meninos para um parque temático local e toda a


equipe decidiu ir junto, incluindo Ren, tornando as coisas muito estranhas.
Ren e eu não nos falamos desde a nossa conversa no fim de semana
passado e tenho certeza que não vou discutir tudo no meio de um parque
temático infantil. É por isso que tenho evitado situações em que ficaria
sozinho com Ren a manhã toda. Tive sucesso até agora, conseguindo fazer
o impossível por causa de Ashley.

Minha irmã se juntou a nós sob o pretexto de que não ia perder a


diversão, mas eu secretamente acho que ela sabe o que aconteceu entre Ren
e eu e decidiu vir como uma mediadora. Ela conseguiu se inserir entre nós
várias vezes hoje e nem sequer estivemos aqui uma hora inteira.

Vai ser um longo dia.

Estamos atualmente no meio de sua última manobra frustrante e eu


tenho que dizer que agradeço a sua ajuda.

Bella levou os gêmeos para o passeio no Buzz Lightyear, com Titus e


Hudson acompanhando, ambos jurando que seriam os únicos a derrotar o
malvado imperador Zurg.

Overgrown Man Children31.

Se Ashley tivesse decidido se juntar a eles, eu teria sido deixado


sozinho com minha filha de um ano e Ren. Duvido que Harper fosse
incapaz de impedir Ren de continuar a conversa da semana passada.

Eu não acho que ele tentaria lutar comigo aqui, mas quem pode dizer
que a conversa não se transformaria em algo mais se as coisas
esquentassem. Não quero que a minha filha seja exposta a isso.

Harper começa a mexer em seu carrinho, informando que ela está


pronta para sair. Adoro esse estágio de desenvolvimento, mas mentiria se
não admitisse que isso me deixa uma pilha de nervos, constantemente

31 Um adulto cujo comportamento é característico de uma criança.


perseguindo-a e certificando-me de que ela não está se metendo em nada
que não deveria.

Felizmente, Ashley tem pena de mim e decide assumir. — Ei


Pumpkin. Quer um pouco de sorvete? — Ela tira Harper do carrinho e
aponta para o carrinho de sorvete não muito longe. — Ren, você teria a
gentileza de dar para sua afilhada e eu uma guloseima de chocolate para
compartilhar?

— Claro. — Ren sorri para Harper, puxando sua trança antes de me


dar um olhar gelado. — Eu volto já.

Ashley não perde um segundo, começando seu discurso assim que


Ren está fora do alcance da voz. — Eu sei que Bella esteve se esgueirando
no seu quarto a semana toda.

Foi por isso que ela acompanhou... Não por causa de Ren.

— Terra para William. Você acabou de ouvir o que eu disse? — Ashley


me olha com expectativa.

— Sim, eu ouvi você. E sim, Bella e eu estamos dormindo no mesmo


quarto. Estamos juntos agora, — digo indiferente, embora ser capaz de
dizer isso em voz alta faça meu estômago dar cambalhotas.

— Ele sabe disso?! — Ashley grita enquanto aponta na direção de Ren.


— Sim. Ele descobriu na semana passada. Ainda precisamos terminar
a conversa, então eu agradeceria se você continuasse se inserindo entre nós,
visto que esse não é o melhor local para ter esse tipo de discussão.

— Eu que o diga. — Ashley bufa. — Isso seria um problema. — Ela


para, olhando para Harper. — Quero dizer desastre fraudulento.

— Sim. Você poderia dizer isso de novo, — murmuro baixinho.

— Você sabe o que mais seria um desastre? Se Bella descobrisse sobre


nossos pais por alguém que não seja você, — alerta Ashley, engatilhando
uma sobrancelha e franzindo os lábios em desaprovação.

— Você não precisa bater em um cavalo morto, Ashley. Vou dizer a


ela só não encontrei a hora certa ainda. Houve um novo desenvolvimento
em seu caso de vandalismo e ela ainda está lidando com a situação de seu
pai. Bella precisa decidir se vamos mantê-lo aqui na Califórnia ou se vamos
transferi-lo para mais perto de casa. Agora não é o momento de aumentar
sua crescente pilha de estresse.

— Pobre garota. Eu não gostaria de estar no lugar dela. — Ashley


balança a cabeça e suspira, fazendo-me pensar que ela terminou sua
inquisição.

Estou errado.

— Então... Como estão as coisas com sua ex-psicopata? Tenho certeza


de que isso não aumentaria o estresse de Bella, certo? — Ashley fala.
Como se ela tivesse convocado a cadela, meu telefone começa a vibrar
com o número de Heather piscando na tela. — Falando no diabo... — Eu
gemo.

— Você vai atender? — Ashley pergunta enquanto balança Harper de


um lado para o lado, tentando impedi-la de descer.

— Sim. Ela ainda é mãe de Harper, — cuspo amargamente antes de


atender a ligação. — Olá. O que você...

— Seu filho da puta. Você realmente pediu o divórcio!— Heather grita


tão alto que aposto que Ashley poderia ouvi-la sem que eu a colocasse no
viva-voz.

— Claro que eu pedi. Eu te disse que faria. Parece que meu advogado
finalmente conseguiu que você fosse notificada. Agora só temos que
esperar a próxima data de julgamento disponível.

— Oh, você gostaria que fosse assim tão simples, não é? Bem, notícias
instantâneas, William, sobre o meu cadáver. — Heather rosna, sua
respiração irregular se tornando mais alta. — Você acha que eu sou essa
pequena pessoa insignificante e impotente que você pode pisar por toda
parte. Bem, você está errado. — Uma gargalhada do mal a escapa, fazendo
com que os cabelos na parte de trás do meu pescoço fiquem de pé. —
Apenas pergunte a Aiden. Ele lhe dirá o quão pouco e insignificante eu
sou. Eu não poderia machucar uma mosca, poderia?
Com a menção do nome de Aiden, minha apreensão se transforma em
raiva. — Que porra você fez, Heather? O que você fez com Aiden? — Os
olhos de Ashley ficam arregalados com a insinuação, movendo-se
rapidamente para chamar Ren.

— Meu querido marido, Aiden sempre foi bom em seu trabalho, não
é? Como um ex-Navy SEAL, ele nunca se deixou distrair. Ele sempre foi o
melhor. — Outra gargalhada cai de seus lábios malignos. — Bem, ele era o
melhor até mim, é claro.

— Pare de jogar e me diga o que você fez!— Eu grito, incapaz de


controlar meu temperamento por mais tempo. — Diga-me agora ou juro...

— O que? — Heather rosna, seu tom subitamente se tornando


assustadoramente calmo. — O que você fará quando descobrir que eu falei
para Aiden sobre seu pai e a esposa dele?

— Sua mulher doente, Por que diabos você desenterraria o passado


assim? Não havia absolutamente nenhuma razão para você dizer isso a
ele!— Eu grito em descrença. — Você é a razão pela qual ele está na porra
do hospital, não é?

— Como eu deveria saber que ele perderia o foco por causa da minha
pequena insignificância? Eu sou impotente, lembra-se? —Heather
acrescenta maliciosamente, seu sarcasmo vazando alto e claro. —
Imaginem o que a pequena insignificante poderia fazer se você continuar
com essa farsa de divórcio.
— Você está me ameaçando, Heather? Eu seria altamente
aconselhável contra isso. E isso não é uma farsa. Estamos nos divorciando.
— Eu olho para cima para ver os olhos estreitos de Ren enquanto ele tenta
decifrar nossa conversa. — Vou chegar a fundo do que aconteceu com
Aiden e se você estiver amarrada à lesão dele de alguma forma, marque
minhas palavras, Heather, você vai pagar.

Desligo a chamada, incapaz de ouvir mais de suas besteiras.

— O que foi isso tudo? — Ren pergunta, conseguindo deixar de lado


sua raiva por mim, pelo menos por enquanto.

— Essa foi Heather. Ela não está gostando do nosso divórcio e acho
que apenas sugeriu que ela foi à causa do acidente de Aiden.

— Como diabos ela poderia causar o acidente de Aiden? Ela nem está
na Califórnia. — Ren franze as sobrancelhas em confusão enquanto tenta
juntar as peças.

— Sobre isso... Eu há vi algumas semanas atrás e aparentemente ela


está na costa. — Respiro fundo, tentando limpar a escuridão que a ligação
de Heather deixou para trás. — Com base no que ela sugeriu, ela distraiu
Aiden com informações sobre sua esposa. Aparentemente, essas
informações o deixaram tão perturbado que ele não conseguiu defender
adequadamente o cliente e ele próprio.
— E qual foi essa informação devastadora? Ela disse? — Ren
pergunta, com os olhos se estreitando em suspeita.

— Heather disse a Aiden que meu pai teve um caso com sua esposa.
— Olhando inexpressivamente para a multidão, evito o olhar de Ren, não
ousando olhá-lo nos olhos. Já estamos em terreno rochoso e adicionar essa
bomba certamente poderia destruir qualquer gelo fino em que
estivéssemos. — Por enquanto, precisamos nos concentrar em evitar mais
danos que minha ex-psicopata pretende causar. Tenho a sensação de que
seu próximo alvo será Bella.

— Deixe-me ver se entendi. Sua ex-psicopata machucou minha família


como vingança contra você, com alguma coisa que sua família fez para minha
família. E agora, sua ex-psicopata quer machucar minha família novamente,
por causa de alguma coisa que você está fazendo? — Ren caminha em
minha direção até que nossos sapatos estejam praticamente se tocando. —
Corrija-me se estiver errado, mas acho que o tema em execução aqui parece
ser você. — Fazendo uma observação enfática, Ren enfia o dedo indicador
no meu peito.

— Meninos! Vamos ter em mente que estamos em um parque temático


- cheio de crianças. — A voz aguda de Ashley consegue quebrar com o
estado infundido de raiva de Ren, fazendo-o piscar por muito tempo antes
de finalmente recuar.

Aproveitando a paz momentânea, tento preencher a lacuna emocional


entre nós. — Olha Ren, eu sei que você não é meu maior fã agora, mas
precisamos nos unir se quisermos manter Bella segura. Heather provou ser
extremamente instável nos últimos tempos e eu não a colocaria muito para
trás.

— Pelo bem de Bella, deixarei nossas diferenças de lado por enquanto.


Mas ainda precisamos conversar sobre quais são suas intenções com minha
sobrinha. Juro pelo que considero mais sagrado que, se você a machucar,
eu vou acabar com você. Melhor amigo de infância ou não. Eu vou acabar
com você.

— Entendido. Eu não esperaria menos de você, — acrescento,


tentando conter o sorriso que sua aquiescência causou.

— Vou encontrar o resto da equipe para que possamos elaborar um


plano de jogo, — resmunga Ren quando ele começa a se afastar. — Embora
eu ainda ache que a coisa mais segura para Bella seria mantê-la longe de
você.

Cheio de remorso, puxo meu olhar dele, sabendo que ele pode estar
certo.
CAPÍTULO VINTE E UM

As crianças estão desmaiadas em seus respectivos assentos, então eu


diria que hoje foi um sucesso total. Isso apesar da tensão incômoda que
tivemos que suportar entre os homens da WRATH. Geralmente, eles estão
cheios de nada além de piadas, sempre provocando um ao outro e fazendo
todos ao seu redor rirem. Mas hoje era como se todos estivessem pisando
em casca de ovo.

Suponho que tenha algo a ver com os novos detalhes de segurança


que eles adicionaram ao já extenso que nos segue. Terei que me lembrar de
perguntar a William sobre isso mais tarde.

William. Oh. Meu. Deus...

O sexo com ele tem sido alucinante. Pegue o sexo intenso e combine-
o com nossa conexão insanamente forte e é como uma explosão supernova
entre nós. Estou surpresa por termos conseguido manter nossas mãos para
nós mesmos hoje.

William deveria conversar com o grupo sobre nós, mas não tenho
certeza exatamente quando isso vai acontecer. Para ser sincera, estive
muito ocupada flutuando na nuvem nove32 para pensar sobre isso.

Finalmente estamos sozinhos desde que eu e as crianças andamos no


Escalade de William, enquanto Ashley está com o resto dos homens no
caminhão de Ren. Aproveitando a privacidade, pego a mão de William.

— Ei, coisa sexy. Você ficou muito quieto hoje. Está tudo bem?

— Claro que está. Eu tenho você ao meu lado. — William me dá um


sorriso cansado. — Embora haja algo que eu queira falar com você.

— Um 'embora' é tão bom quanto um 'mas', então você não está me


enganando. Apenas cuspa.

— Bem, você vê... — William hesita, o que me faz me preocupar ainda


mais.

— Vejo...? — Aperto a mão dele, tentando tranquilizá-lo. —Sério. Você


poderia dizer que o céu está caindo e não mudaria o que eu sinto por você,
então vá em frente.

32 Extremamente feliz e excitada.


— É sobre o meu pai. — William arrisca um olhar para mim, como se
tentasse avaliar minha reação.

— Ok, — digo depois de uma longa pausa. Estou prestes a pedir que
ele continue quando meu telefone toca. Tirando-o da minha bolsa, vejo que
é do hospital e respondo rapidamente.

— Olá? — Eu pergunto enquanto coloco o telefone no viva-voz.

— Sim. Aqui é a enfermeira Jackson ligando para a Sra. Moretti, —


uma voz familiar corta a linha.

— É ela. Meu pai está bem? — Eu pergunto, prendendo a respiração


pela resposta dela.

— Dr. Ansley gostaria que você viesse o mais rápido possível.

Não me escapa que a enfermeira evitou responder à minha pergunta.


Embora seu tom calmo e uniforme me tragam um pouco de conforto,
embora ainda não confie nisso. É isso que ela faz para viver e pode ser
totalmente especialista em fornecer notícias de partir o coração, mesmo
com as vozes mais calmas.

Precisando saber de qualquer maneira, pergunto novamente. — Você


pode pelo menos me dizer se meu pai está bem?

— Houve uma mudança na condição de seu pai e do Dr. Ansley


gostaria de discutir isso com você antes de você entrar para ver o Sr.
Moretti hoje à noite. Então, por favor, venha diretamente ao posto de
enfermagem na chegada.

Finalmente, aceitando o fato de que não vou receber uma resposta


completa dessa mulher, retiro a pergunta. — OK. Estarei aí em cerca de
uma hora.

Desligo o telefone sem agradecer ou dizer adeus. A mulher não


conseguia nem responder à minha maldita pergunta, eu com certeza não
seria cordial.

— Não se preocupe, Bella. — A voz profunda de William corta meus


pensamentos, agindo como um bálsamo para minha alma. — Vamos
deixar as crianças em casa com Ashley e um dos caras. Quando estiverem
acomodados, iremos ao hospital e veremos o que o Dr. Ansley tem a dizer.

Não respondo, simplesmente continuo olhando pela janela, focando


minha visão na lua cheia começando a brilhar na noite escura. Quão
apropriado. Parece que a lua sempre foi minha companheira em noites
importantes, boas ou ruins. Espero que esta noite seja boa.
Bem, merda. Estou feliz por não ter contado a ela sobre o caso de
nossos pais. Isso teria sido um desastre. Esta noite está estressante o
suficiente e fornecer a Bella qualquer informação adicional, informação que
não seja boa, pode ser debilitante para ela.

Estamos caminhando para o hospital e posso sentir a ansiedade


irradiando de Bella em ondas. Ela está passando por ciclos de calma
seguidos por colapsos em miniatura. No momento, estamos no meio da
calma antes da tempestade, e receio que as notícias do Dr. Ansley
coloquem Bella em um acesso de histeria.

Envolvendo um braço em volta da cintura, tento confortá-la. — Bella,


eu posso ver as rodas na sua cabeça girando. Tudo vai ficar bem. Vamos
ser positivos e esperar para ver o que o Dr. Ansley tem a dizer.

— Ok, você está certo. Acabei de ser condicionada a esperar o pior e


essa maldita enfermeira não me disse nada por telefone.

— Essa maldita enfermeira não tem permissão para fornecer qualquer


informação médica por telefone, — provoca a enfermeira Jackson por trás
de sua estação. Embora suas palavras tenham o objetivo de castigar, seu
tom é gentil.

— Eu sinto muito. Eu não quis ser rude. — Bella olha fixamente para
a enfermeira.

Tenho certeza que ela quis ser rude, mas não vou apontar isso. Inferno,
eu faria muito pior se estivesse no lugar dela.

— Eu vou chamar o Dr. Ansley para você. Tenho certeza que você está
ansiosa para falar com ele. — A enfermeira Jackson sorri calorosamente
antes de se virar para um corredor onde o médico está supostamente
localizado.

— Olhe para mim. — Pego o rosto de Bella em minhas mãos,


escovando suas bochechas com os polegares. — Quero que saiba que, não
importa o que o médico diga, você não está sozinha. Estou aqui. Eu sempre
estarei aqui.

Bella fecha os olhos, que começam a lacrimejar e lentamente acena


com a cabeça em reconhecimento.

— Essa é a minha garota. — Trago seu rosto para o meu, beijando


suavemente sua testa.

— Srta. Moretti, Sr. Hawthorne, — A voz do Dr. Ansley nos recebe do


outro lado do corredor. Caminhamos em sua direção, parando do lado de
fora do quarto de Aiden. — Boa noite. Entendo que é tarde, mas seu pai
tem apresentado sinais de consciência e eu queria que você soubesse o mais
rápido possível.

— Não, você fez a coisa certa nos chamando. Quero saber de


quaisquer mudanças imediatamente, grandes ou pequenas. — Bella corre
para dizer.

Dr. Ansley assente antes de continuar. — Este é um grande progresso


e nos mostra que ele está indo na direção certa. Atualmente, ele está no que
chamamos de estado mínimo de consciência, onde sua consciência é
mínima, mas definitiva. Ele está fazendo contato visual consciente e
apresentando movimento cognitivo de seus membros.

Bella solta um profundo suspiro de alívio. — Essas são boas notícias.


Esta é uma notícia muito boa. — Uma risada suave sai de seus lábios.

— Sim. Esta é uma notícia muito boa. Esperamos que ele faça
progressos contínuos com sua consciência, embora haja algumas coisas que
eu gostaria de discutir com você antes de continuarmos com qualquer
tratamento de apoio.

— Claro, qualquer coisa para ajudar, — responde Bella com alegria.

— Srta., o estado mental atual do Sr. Moretti é muito frágil. Não temos
certeza se ele pode tolerar informações ou cenários extremamente
emocionais, por isso queremos manter tudo o mais leve possível ao discutir
as coisas à sua frente. A partir de agora, o Sr. Moretti atualmente entra e
sai de seus estados de consciência, então queremos estar constantemente
cientes de nossas conversas. Também é possível que haja um lapso na
memória, pois o córtex pré-frontal sofreu um trauma significativo na
queda. Não se assuste se ele não reconhecer pessoas ou coisas antes da
lesão.

Nas últimas palavras do Dr. Ansley, o sorriso de Bella cai e seus lábios
voltam para baixo.

Rapidamente querendo trazer seu sorriso de volta, finalmente me


intrometo na conversa.

— Isso não o impede de eventualmente recuperar sua memória, certo?


— Pergunto ao médico enquanto mantenho meu olhar em Bella. — Se
houver algum problema com a memória dele, para começar. Ele também
conseguirá se lembrar de todos e de tudo, certo?

— Correto. Não saberemos até que ele esteja totalmente consciente, —


Dr. Ansley responde. — Que tal entrarmos para que você possa dizer olá.

Pegando a mão de Bella, abrimos a porta de Aiden e entramos. Sem


saber o que veremos, nós dois damos passos hesitantes em direção ao pai
dela e ao meu bom amigo.

— Oi pai. — A voz de Bella é suave e doce, em total desacordo com o


que ela deve estar sentindo por dentro.
Aiden pisca com força ao som da voz de Bella, estimulando a
esperança de que ele, de fato, se lembre dela.

— Aiden, meu homem, — digo jovialmente enquanto dou um tapinha


na perna dele. — Acho que você teve bastante tempo de folga do trabalho.
É hora de levá-lo de volta à sela. — Eu sorrio de orelha a orelha,
esperançoso de que ele não tenha perdido o senso de humor.

Por um breve momento, juro que vejo uma pitada de reconhecimento


brilhando em seus olhos, mas ela desapareceu tão rapidamente quanto
chegou.

— Continue fazendo o que está fazendo. Lembre-se de mantê-lo leve.


Não queremos desencadear emoções negativas que possam reverter
qualquer progresso que ele tenha feito.

Bella e eu damos olhares um para o outro, chegando a um


entendimento silencioso do que isso pode significar para o nosso
relacionamento, pelo menos na frente de Aiden.

— Sim, claro, — digo uma vez que tirei meu olhar de Bella. — Quanto
tempo você acha que esse estado de consciência vai durar?

— Não podemos realmente dizer neste momento. Continuaremos


monitorando o progresso dele e mantendo vocês informados sobre o que
encontramos. — Dr. Ansley caminha em direção à porta, colocando a mão
na maçaneta. — Volto em algumas horas. Peça para as enfermeiras que me
chamem se você tiver alguma dúvida urgente.

Viro-me para ver Bella engatinhando para a cama do hospital com


Aiden e sorrio. — Vou sair e ligar para Ren. Ele queria que eu lhe desse
uma atualização o mais rápido possível. Espero que ele ainda não tenha
entrado em seu voo.

— OK. Eu estarei aqui. — Bella se aconchega ao lado de Aiden, a visão


dela enrolada assim a faz parecer tão pequena e frágil.

Saio rapidamente antes de não conseguir controlar o desejo de pegá-


la em meus braços e segurá-la. Isso definitivamente deixaria Aiden em um
laço.

Fechando a porta atrás de mim, pego meu telefone para discar o


número de Ren. Mas antes que eu possa fazer isso, o telefone começa a
vibrar e o número de Mariana pisca na tela.

— Olá William? — A voz sombria de Mariana me informa sobre a


natureza de sua ligação.

— Mariana. Acho que você tem algumas informações para mim e, pelo
que parece, não são boas.

— Sinto muito, William. Eu gostaria de não ter que lhe contar isso, —
diz Mariana, se desculpando.
— Eu entendo, é o seu trabalho. Se isso faz você se sentir melhor,
prefiro que venha de um amigo do que de um completo estranho.

— Eu deveria estar tentando fazer você se sentir melhor. Não o


contrário. Confie em mim...

— OK. Agora você está me preocupando. Não é típico de você arrastar


notícias como essa. O que é? Você tem uma novidade? — Eu pergunto
ansiosamente.

— Presumo que o Departamento de Polícia de Dallas tenha contatado


você sobre o carro que encontraram no rio, certo?

— Sim. Com base nas evidências encontradas, eles suspeitam que o


acidente Moretti tenha sido intencional. A última vez que ouvi dizer que
eles estavam tentando identificar o proprietário, — digo, reunindo as
informações da melhor maneira possível.

— Bem, eles encontraram o dono. — Mariana solta um suspiro antes


de continuar. — O veículo foi comprado em uma pequena concessionária
de carros usados e o comprador pagou em dinheiro. A carteira de motorista
usada pelo comprador era falsa; no entanto, a foto usada nela não era.

— Bem. A foto identifica o motorista? — Eu pergunto.

— Sim. Achamos que a motorista do veículo era sua mãe.


Nada além de um silêncio chocado segue a última declaração de
Mariana. Silêncio absolutamente horrível e devastador.

O que diabos ela acabou de dizer? Ela tem que estar brincando. Isso tem que
ser uma piada.

Falando apenas depois do que parece uma eternidade, finalmente


reúno coragem para fazer uma pergunta a Mariana. — Você tem certeza de
que minha mãe foi quem dirigiu o veículo?

— Com base nas evidências recuperadas da cena e no testemunho do


vendedor de carros, temos certeza de que ela era a motorista.

— Bem, porra.
CAPÍTULO VINTE E DOIS

Se eu estava hesitante em compartilhar o caso com Bella antes, não há


nenhuma maneira no inferno que estou dizendo agora. Pelo menos não
imediatamente. Preciso descobrir como, no mundo, vou suavizar o golpe,
se possível.

Eu podia ver agora... — Ei, linda. Vamos pedir pizza hoje à noite. Ah,
a propósito, meu pai teve um caso com sua mãe. Ah e não é grande coisa,
mas o FBI suspeita que minha mamãe foi a motorista que atropelou você há
três anos.

Sim. Não está acontecendo.

Preciso falar com Ren, então estamos na mesma página sobre essas
novas informações. Não me interpretem mal, não vamos esconder isso de
Bella para sempre, a equipe e eu só precisamos esclarecer alguns fatos antes
de contarmos a ela.
Mesmo que eu não queira vê-lo, há uma correlação entre as duas
tragédias que mudaram nossas vidas para sempre e o recente ataque de
Bella. Depois que tudo estiver bem, vou esclarecer tudo. Rasgue tudo como
um curativo proverbial.

— William, aí está você, — Daniel Mathers me cumprimenta por trás.

Estive nos degraus do tribunal nos últimos minutos, esperando


pacientemente a chegada do meu advogado. Estou de volta a Dallas e é o
dia da minha audiência com Heather. Nem preciso dizer que estou ansioso
para acabar com esse show de cão e gato.

— Bom dia, Daniel. — Aceno com a cabeça e dou meio sorriso a ele.
— Estou pronto para esta audiência e não estou disposto a perder mais um
minuto sendo casado com Heather do que o necessário. Felizmente,
Heather Hawthorne em breve será Heather Moody. Podemos forçá-la a
recuperar seu nome de solteira, não podemos? — Pergunto enquanto
caminho para o tribunal em direção ao tribunal em que estaremos hoje.

— Sinto muito, mas é altamente improvável, — diz Daniel,


desculpando-se. — Você conseguiu encontrar alguma conexão entre
Heather e o juiz que presidiu o seu caso?

— Não. Mas Heather definitivamente está sendo doida. Eu não


arriscaria suborno, embora não pudesse encontrar nada que indicasse isso.
— Bem, esperemos que quaisquer conexões que ela possa ter com o
outro juiz não se estendam a este. — Daniel levanta uma sobrancelha
enquanto avança em direção ao tribunal.

— Que Deus te ouça, — murmuro baixinho antes de entrar na sala que


contém a resposta.

— Que merda de merda é essa?! — Exclamo em voz alta, não dando a


mínima para quem me ouve.

— William. Calma, ainda estamos no tribunal e eu não colocaria


ninguém para escutar. — Daniel coloca a mão no meu ombro tentando me
acalmar. — Especialmente depois da audiência que acabamos de ter. Agora
estou mais do que certo de que Heather tem uma conexão interna com os
juízes que presidem seus casos. Você precisa descobrir o que é. Nossa
empresa fará o possível para investigar, mas você é o chefe de uma
empresa de segurança. Se alguém puder localizar as informações, é você.

— Eu sei. Eu sei. Pisei na bola com tudo o que tínhamos acontecendo


com Aiden, coloquei a possível colisão em segundo plano. Eu posso
garantir a você, não vou cometer esse erro novamente, — eu falo
amargamente.

— Bom. A audiência de hoje foi outra anomalia, mas acredito que


ainda podemos contornar isso. O advogado de Heather está basicamente
implementando táticas de atraso. Eu nunca vi um juiz ordenar
aconselhamento conjugal antes. É possível, mas nunca vi isso. É uma
prática tão arcaica quando se trata da dissolução legal de um casamento.
— Daniel franze as sobrancelhas enquanto balança a cabeça. — O mais
próximo que eu já vi é um juiz ordenando um período de reflexão, mas as
evidências no arquivo do seu caso indicam claramente que já demorou
muito tempo e você está muito além do ponto de aconselhamento conjugal.
Nomear um tutor obrigatório ad litem para sua filha? Sim, isso é totalmente
razoável. Nomear um conselheiro conjugal obrigatório? Absurdo, dadas as
circunstâncias.

— É bom saber que meu caso é a exceção. —Eu solto uma risada
amarga. — Vou deixar você saber como foi com o conselheiro. Quem sabe,
talvez Heather e eu resolvemos as coisas e poderemos parar de lhe dar todo
o meu dinheiro.

— Pare de falar essa blasfêmia. O sarcasmo não combina com você,


velho amigo. — Daniel ri. — Avisaremos se encontrarmos algo sobre os
juízes. — Daniel começa a se afastar, mas volta no último momento. —
William? Observe o que está ao seu redor o tempo todo. Essa mulher tem
conexões em lugares importantes e você nunca sabe quem está assistindo.
— Dez-quatro, — digo com uma falsa saudação antes de caminhar em
direção ao meu carro.

Ao me aproximar do estacionamento, noto que Heather está


esperando pelo meu Range Rover - novamente. Esta parece ser uma
tradição pós-audiência para ela.

— Meu querido marido. Quando você entenderá que estamos


destinados a ficar juntos por toda a eternidade?

Bem, isso parece assustador pra caralho.

— Heather, por favor, afaste-se do meu carro. Não tenho nada para
lhe dizer, — digo o mais calmamente possível.

— Claro. Vou me afastar assim que você destravar o carro e me levar


para casa. Eu adoraria ver nossa filha. — O sorriso de Heather aumenta
comicamente com a menção de Harper. — A propósito, como está Aiden?

— Ótimo, na verdade. Não, graças a você. — Eu estreito meus olhos


para ela e a encaro. — Responda-me uma pergunta, Heather. Por quê? Por
que você decidiu machucar Aiden?

— William, bobo. Eu não pretendia machucar Aiden, ele era apenas


uma vítima. — Heather revira a mão no ar, como se estivesse afastando um
incômodo. — O verdadeiro alvo era Bella. Ela ainda está brincando de
casinha com você?
— O que tenho com Isabella não é da sua conta, — cuspo entre os
dentes cerrados.

— Oh, mas eu discordo. Você é meu marido e farei o que for preciso
para mantê-lo. Incluindo sabotar a recuperação de Aiden. Como você acha
que ele reagirá quando descobrir que sua preciosa filha está dormindo com
um homem mais velho? Casado e bem mais velho?

Baixando minha voz para um sussurro, emito minha primeira ameaça


real. — Fique longe da família de Bella. Se você valoriza um pouco sua vida
patética, fará o que eu digo.

— Tsk, tsk, tsk, — adverte Heather, puxando o telefone do sutiã e


agitando-o para frente e para trás. — Isso com certeza soa como uma
ameaça, William. Uma ameaça que registrei completamente.

Abaixo minha cabeça e deixo meus olhos fecharem, tentando respirar


fundo. Reconhecendo instantaneamente que eu estraguei tudo.

Como eu poderia deixar essa mulher psicótica tirar o melhor de mim?

Eu sei como. Deixei a raiva me cegar e não posso permitir que isso
aconteça novamente. Essa pequena gravação tem o poder de condenar meu
processo judicial e ameaçar meu papel na vida de Harper. Eu preciso
colocá-lo em minhas mãos e destruí-lo.

— Isso muda as coisas, não é? — Heather ri, ciente de que o que ela
acabou de fazer tem o potencial de me destruir. — Aqui está o que vai
acontecer, preciso que você me leve para casa. Para nossa casa. E então eu
preciso que você diga a destruidora de lares que ela precisa ficar na
Califórnia. Muito longe de nós. Então você vai trazer Harper para casa para
que ela possa estar com sua mãe de verdade, não com uma substituta de
segunda categoria. — Heather sorri maníaca. — Isso não parece
maravilhoso?

— É maravilhoso, — forço, mordendo minha língua.

Que turbilhão de semanas. Papai está passando por terapia de suporte


com o Dr. Ansley e realmente parece estar fazendo a diferença. Parece que
estou recebendo um pouco do meu pai todos os dias.
As crianças e eu caímos em uma rotina ultimamente. Todas as
manhãs, visitamos papai antes de seguir para Griffith Park. Uso as trilhas,
o carrossel e o observatório como suborno, permitindo que eles saibam que
podem escolher suas atividades se se comportarem enquanto estiverem no
hospital. Até agora tudo bem.

Acabamos de voltar do observatório e finalmente as crianças se


acalmaram quando meu telefone toca.

Deus, espero que seja William com boas notícias sobre sua audiência.

— Ei, coisa sexy, como foi? — Eu pergunto impaciente.

— Olá, Isabella, — ouço a voz de uma mulher familiar dizer.

— Bella, você está no viva-voz do carro. Estou com Heather e estamos


voltando para casa agora, — interrompe a voz de Heather.

— William? — Eu pergunto hesitantemente, minha voz falhando em


confusão.

Por que Heather está no carro de William?? Por que ele a está levando para
casa?Para a casa dele?

— Heather está voltando comigo, — William responde após uma


longa pausa, suas palavras me apunhalando diretamente no coração.
Sinto como se todo o ar tivesse sido sugado dos meus pulmões. Estou
ofegando, incapaz de recuperar o fôlego. Como algumas palavras
desprezíveis podem causar uma dor física tão torturante?

— Bella, queremos que você fique na Califórnia. Heather estará


cuidando de Harper a partir de agora, então vamos mandar buscá-la em
breve.

Outra facada no coração. Estou tropeçando, precisando me agarrar à


parede para não cair.

Não. Isso não pode ser real. Isso tem que ser um pesadelo.

— William? — O nome dele sai estrangulado, preso entre um soluço


e um gemido. Eu tento acrescentar mais à pergunta, mas tudo o que
aparece na linha é a minha respiração irregular.

— Sim, vadia. William e eu estamos indo para casa e vou arrumar toda
a sua merda...

— Chega, Heather, — William grita, cortando as palavras de Heather.


— Bella, enviaremos suas coisas por correio e Ashley estará aí ainda esta
semana para buscar Harper. Você está bem em cuidar dela até então, ou
devo providenciar buscá-la antes?

Minha cabeça está cheia de algodão enquanto tento entender o que


William está dizendo. O que está acontecendo agora?
Minha mente pode estar confusa, mas meu coração sabe muito bem o
que está acontecendo, está sendo quebrado em um milhão de pedaços com
William pisando em seus restos por uma boa medida. Ele está me deixando
por Heather. Eu me deixei amá-lo e até me abri para a possibilidade de um
futuro, apenas para ser descartada por telefone.

Como esse homem pôde fazer amor comigo um dia e depois me


expulsar como o lixo de ontem no dia seguinte? Como ele poderia me
prometer que sempre estaria lá e depois me abandonaria no momento em
que eu mais precisasse dele?

O telefone cai e meu corpo inteiro começa a tremer, sobrecarregado


com a repentina enxurrada de pensamentos e emoções correndo por mim.

Eu sou uma piada. Nada além de uma piada. Eles provavelmente estão rindo
de mim neste exato momento.

Eu caio de joelhos, incapaz de suportar o peso do mundo


aparentemente caindo sobre mim de uma só vez.

Ele está me deixando. Ele está me deixando sozinha. Minha rocha, meu tudo.
Eu não entendo. Ele prometeu que sempre estaria lá.

Oh Deus, eu vou ficar doente.

Meu estômago revira, soltando um barulho antes de despejar seu


conteúdo no chão.
Estou sentada lá - curvada e agarrada à parede - observando minhas
lágrimas se misturarem com a bílis literal que rastejou pela minha
garganta, quando me atinge. Como uma tonelada de tijolos, a realidade me
atinge. Foi tudo mentira. William nunca se importou comigo. Era tudo uma
manobra para conquistar a babá, a boceta conveniente.

Eu pisco várias vezes, minhas lágrimas caem continuamente, apesar


dos meus melhores esforços para detê-las. Percebendo que William ainda
está na linha e esperando por uma resposta, eu me recomponho e pego o
telefone. Eu não vou deixar ele me ouvir chorar. Eu não vou deixar ele me
ouvir desmoronar.

Ele pode ter levado meu coração e alma, mas eu não vou dar a ele
minha dignidade também.

Limpando minha garganta, finalmente falo. — Não. Isso não será um


problema. Vou arrumar todos os pertences de Harper e fazer uma lista de
sua programação atual. Você pode fazer o que quiser com ela. Se isso for
tudo, tenho que ir à lavanderia antes que as crianças acordem.

Não querendo ouvir a voz irritante de Heather, eu desligo a linha e


rezo para que o pior dessa traição tenha ficado para trás.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS

Eu sobrevivi oficialmente à semana do inferno. Ashley chegou alguns


dias após a ligação da destruição de William, alegando não saber nada
além do fato de que ela estava lá para buscar Harper. Não falo com William
desde o dia da audiência e posso dizer com segurança que ainda estou
muito deprimida.

Tenho feito o mínimo em casa. Sem saber o que vai acontecer a seguir,
tento me manter motivada e pelo menos visitar papai todos os dias. Eu
tenho que me lembrar constantemente que os meninos precisam de mim e
não posso simplesmente largar tudo por causa do comportamento idiota
de William. Bem, esse é o plano, pelo menos. A realidade da situação é que
eu sou uma bagunça quente na maioria das vezes.

Meu telefone berra com Gin Wigmore “Girls Gang”, — alertando-me


para uma ligação de Cassie, então eu respondo.
— Mulher! Já era hora de você atender ao telefone. Abra sua maldita
porta, já, — Cassie corre de emoção.

— O quê? Por quê? Você está aqui? — Eu franzo minhas sobrancelhas


enquanto caminho até a porta da frente.

— Sim, vadia. Acabei de passar por um milhão de seguranças que


você tem ao redor da casa, então me deixe entrar.

Abro a porta, gritando de prazer com a visão que está diante de mim
- Cassie segurando uma garrafa de tequila em uma mão e um litro de
sorvete na outra. Eu seriamente não poderia ter pensado numa surpresa
melhor— Oh meu Deus, Cassie. Como você chegou aqui!?

Cassie cruza a soleira, enfiando seus presentes na minha mão antes de


me abraçar em um abraço de urso.

— Um avião, — responde sua bunda inteligente. — Um passarinho


me disse que você estava se lamentando por aqui como uma patética
desculpa de mulher. Sobre aquele meu amigo, é inaceitável.

— É agora? Não tenho permissão para lamentar a perda de um


homem - um homem que pensei ser o amor da minha vida?

Estamos caminhando em direção à cozinha quando Cassie para no


meio do caminho. Girando ao redor, ela me lança um olhar antes de
começar comigo. — Antes de tudo, esse homem não era o amor da sua
vida. O amor da sua vida não a abandonaria assim por uma cadela
psicopata que é uma terrível mãe. — Cassie balança um dedo no ar
enquanto franze os lábios. — Segundo de tudo, não. Você não tem
permissão para lamentar por aquele pedaço de lixo de homem.

— Ok. Então, o que você propõe que eu faça então? — Eu pergunto,


um pequeno sorriso surgindo no canto dos meus lábios.

— Você coloca sua calcinha de mulher foda e se coloca lá de novo.


Literalmente. Coloque sua calcinha mais sexy e me encontre aqui em trinta
minutos. Vou cuidar dos meninos enquanto você se prepara para o jantar.
Fiz reservas para nós quatro neste novo restaurante em Malibu, bem na
água. — Cassie abre os braços, medindo uma vista imaginária à beira-mar.
— O ar fresco fará bem a você e já é hora de fazer algo fora de casa, além
de visitar o hospital.

Eu solto uma respiração em rendição, liberando-a lentamente. — Ok.


Você está certa, — murmuro enquanto enfio o sorvete no freezer. — Estarei
pronta em trinta.

— Leve seu tempo. Esse cabelo vai precisar de toda a ajuda possível.
Quando foi a última vez que você lavou? — Cassie grita da cozinha
enquanto eu me afasto.

— Ha. Ha. Entendi. Estou uma bagunça sexy, — digo, desaparecendo


no meu quarto.
— Eu amo Malibu! — Cassie grita. Mais alegre do que eu poderia
suportar no momento. — Tantos lugares divertidos para comer.

— Eu sei que você está tentando ajudar, mas poderia diminuir um


pouco a felicidade. Está me fazendo querer estrangular você, e não
podemos permitir isso. Quem cuidará dos meninos se eu for presa por
acusações de assassinato?

— Bem, você mudou rapidamente, — murmura Cassie, dando uma


olhada nos meninos enquanto eles riem.

— Eu sei. Desculpa. Não pude evitar. — Eu dou de ombros enquanto


tomo um gole da minha bebida, uma dose dupla de tequila On the rock.33

Não sou mais capaz de beber uísque sem lembrar a boca de William
em mim. Então é tequila.

33 Marguerita.
Um flash de cabelo escuro chama minha atenção em algum lugar à
esquerda, mas desapareceu tão rapidamente quanto apareceu. Coloco
minha bebida na mesa, jurando que estava me deixando alucinada.

— Eu conheci alguém, — Cassie deixa escapar. — Eu sei que você está


passando por muita coisa agora, mas acho que você deveria ouvir o que
tenho a dizer.

— Oh meu Deus, Cassie! Isso é incrível!— Eu torço, aparentemente


encontrando alegria dentro de mim que eu não sabia que existia. — Diga-
me tudo.

— Não estou dizendo para você para esfregar esse novo


relacionamento na sua cara, Bella. Juro que há um ponto nessa conversa.
— Cassie franze os lábios, amassando-os para o lado. Depois de uma
pausa, ela continua. — Há um tempo, conheci um homem que pensei ser o
único. As coisas estavam progredindo rapidamente e, de repente, ele me
deixou como um saco de batatas, me deixando destruída.

— Como diabos eu não sabia disso? — Eu empurro o ombro de Cassie


em descrença.

— Você tinha muitas coisas acontecendo. Não queria aumentar suas


preocupações. — Cassie encolhe os ombros. — De qualquer forma, o ponto
é que eu não me deixei afundar. Voltei a montar e acabei conhecendo um
cara incrível. Estamos namorando há um mês e acho que é sério o suficiente
para você conhecê-lo. O que você diz? Quer conhecer meu namorado e seu
melhor amigo?

Eu aperto meus olhos para Cassie em suspeita. — Você está tentando


me armar e disfarçar isso para conhecer seu novo namorado?

— Quem eu? Eu nunca faria. Eu apenas pensei que você não gostaria
de se sentir como uma terceira roda.

— Uh huh. Claro que não, — digo sarcasticamente. — Por mais


tentadora que sua oferta possa parecer, acho que vou ter que passar.
Definitivamente, não estou pronta para me colocar lá novamente. Agora,
se você olhar os meninos por mim, tenho que ir ao banheiro feminino.

Cassie assente. — Ok, mas estamos retomando isso assim que você
voltar.

Levanto-me do meu assento e vou para o banheiro, precisando me


afastar das travessuras de Cassie o mais rápido possível.

Estou prestes a fechar a um guichê quando uma mão aparece,


impedindo-me de fechá-la totalmente.

Eu conheço essa mão.

Com certeza, William passa pela fresta, fechando a porta atrás dele.
— William. — O nome dele sai como um sussurro. Dou dois passos
para trás em choque, pensando que isso não pode ser real. É claramente
uma invenção da minha imaginação.

— Sinto muito, Isabella. — William caminha em minha direção. Seus


olhos cheios de arrependimento, tentando transmitir um pedido de
desculpas que não estou pronta para aceitar.

Percebendo que isso não é uma alucinação, finalmente reajo.


Erguendo minha mão, dou um tapa no rosto William, desejando poder
transferir toda a minha dor com esse contato.

— Por quê? Por que você está aqui, William? — Eu digo com os dentes
cerrados, meu corpo inteiro começando a tremer de raiva.

William se aproxima, até que estamos separados com um mero fôlego.


— Estou aqui porque te amo.

— Não. Não ouse me dizer isso. — Sentindo aquele formigamento


familiar no meu nariz, tento conter minhas emoções. Eu não vou deixar ele
me ver chorar.

— Vou lhe dizer isso quantas vezes for preciso. — William me agarra
pela cintura e me puxa ele. — Até você perceber que é tudo para mim. Eu
não quero mais ninguém. Não há mais ninguém.

— O que era Heather então? — Eu pergunto, minha voz tão pequena


que mal a reconheço.
— Não era real. Heather estava me chantageando. Ela disse que tinha
uma gravação minha ameaçando-a e essa gravação teria arruinado meu
caso e me impedido de estar presente na vida de Harper. Eu tinha que
colocar minhas mãos nele e destruí-lo, então joguei com as demandas dela.
Sinto muito por você ter sido pega no meio. Eu pensei que você teria
entendido que não poderia haver mais ninguém além de você. — William
procura no meu rosto em busca de compreensão, mas simplesmente não
está lá.

— Você pensou que eu teria entendido? — Eu zombo. — Para alguém


tão brilhante, às vezes você é tão idiota. Como diabos eu deveria entender?
Através da maldita telepatia? — Eu tento dar um passo atrás, mas o aperto
de William nos meus quadris é implacável. — Pelo amor de Deus, pelo
menos você poderia ter contado a Ashley. Ela poderia ter me avisado.

— Você sabe que Ashley não consegue manter uma cara séria para
salvar sua vida. Ela teria arruinado o plano se eu a tivesse informado sobre
o que estava acontecendo.

— Bem, funcionou? Você encontrou a gravação? — Meus lábios


tremem quando uma lágrima espontânea pela minha bochecha. — Minha
dor e sofrimento valeram a farsa?

— Não havia gravação, — sussurra William, o som de suas palavras


não fazendo nada para suavizar o golpe.
Fechando meus olhos, respiro fundo e tomo um momento antes de
pedir para ele explicar. — Você acabou de dizer que não há gravação?

— Depois de algumas manobras, a equipe conseguiu hackear o


telefone dela. Quando entraram, perceberam que ela nunca fez uma
gravação. O telefone dela nem sequer tem um aplicativo que lhe permita
fazer isso. — A risada amarga de William me tira do meu estupor. —
Felizmente, Ashley já estava cuidando de Harper para que eu pudesse
mandar Heather fazer as malas imediatamente.

— Espere. Você está me dizendo que partiu meu coração, em um


milhão de pedaços, por uma gravação que nem existia? — Minha cabeça
cai para trás e olho para o teto em descrença. Como esse homem, esse homem
em quem confiei minha vida, me machucou tanto por algo que nem era real?

— Eu sinto muito. — A voz de William sai sufocada e grossa de


emoção. — Eu pensei que a ameaça era real e não pensei nisso. Na minha
cabeça, eu realmente pensei que você sabia que o que temos é real, que
nada poderia nos abalar. Especialmente alguma ex-psicótica minha. —
William traz meu rosto para ele, pressionando nossas testas juntas. — Você
tem que acreditar em mim. Eu pensei que ficaríamos bem. Eu nunca quis
te machucar, pequena lua. Você é minha mulher. Não há mais ninguém.
Nunca haverá mais ninguém.

— Você dormiu com ela? — Eu pergunto, incapaz de esconder a


mistura de ceticismo e esperança evidente no meu tom.
— Porra, não. Desde você, não houve mais ninguém. — William nos
pressiona juntos, deixando-me sentir seu comprimento duro contra mim.
— Meu pau só quer você. Ele ganha vida para você e mais ninguém.

Olhando em seus claros olhos azuis, me deixo cair mais uma vez. —
Eu acredito em você, mas isso não significa que te perdoo completamente.
O que você fez me machucou bastante e levará tempo para eu confiar em
você novamente.

— Peço desculpas pelo resto da minha vida, se for preciso, Isabella


Moretti. Mas entenda isso, você é minha, goste ou não. — William se
esfrega em mim enquanto me levanta pela bunda, fazendo-me envolver
reflexivamente minhas pernas em volta dele. — Senti sua falta, pequena
lua. —
William murmura antes de bater os lábios nos meus.

Eu retribuo seu beijo com toda a emoção reprimida que tenho por
dentro, nossas línguas dançando juntas na forma mais pura de expressão.
O beijo é cru e urgente, deixando-me saber que ele precisa de mim tanto
quanto eu preciso dele.

— Dentro de mim, agora, — insisto com William enquanto agarro suas


calças, precisando tirar todas as camadas entre nós.

— Sim, senhora. — William sorri, colocando-me na pequena bancada


e me puxando para a borda.
Eu desabotoo suas calças enquanto ele puxa minha legging, nós dois
querendo um ao outro exposto o mais rápido possível. Assim que ele tira,
me agarra pela cintura, enfiando seu pau enorme em mim sem aviso
prévio.

Suspiro com a invasão repentina, agarrando sua bunda e querendo-o


mais fundo. Precisando dele mais profundamente. Perdendo-me no
momento, me deleito com cada faísca, cada formigamento. Meus olhos
reviram quando meu corpo é invadido por uma infinidade de sensações
maravilhosas. A plenitude dele dentro de mim, combinada com os
impulsos constantes e implacáveis que seu pau latejante entrega, é quase
demais para eu suportar.

Eu nunca quero ficar sem esse homem novamente.

— Porra, eu senti tanto a sua falta, — William sussurra contra o meu


cabelo enquanto diminui suas investidas, saboreando a sensação de seu
pau grosso entrando e saindo de mim. — Você se sente tão bem, querida.
Mas teremos que fazer isso rápido. Cassie e os meninos estão esperando
por você.

Eu murmuro incoerentemente, incapaz de formar palavras com o


quão bom é tê-lo dentro de mim. Eu só quero continuar e nunca parar.

Sorrindo, William traz o polegar para a minha boca. — Abra bem e me


chupe.
Fazendo o que ele pede, eu pego seu polegar na minha boca e giro com
a minha língua, fazendo William gemer. Com um barulho alto, ele tira da
minha boca, trazendo o dedo para onde nossos corpos se encontram.

Seu polegar se conecta com meu clitóris e meu corpo sacode do


contato. Meu corpo inteiro está vivo da sensação e eu o sinto
instantaneamente em todos os lugares de uma só vez. É uma conexão que
eu só senti com ele, e naquele momento eu sei, será apenas ele.

— Você é minha, pequena lua. Toda minha. — William beija meu


pescoço antes de mordê-lo e chupá-lo.

— Sua toda sua. — Eu gemo em êxtase.

Meu corpo inteiro se transforma em calor líquido enquanto ele rola o


minúsculo feixe de nervos girando e girando, enquanto empurra em mim
cada vez mais rápido. Estou perto, tão perto, posso-me sentir apertando ao
redor dele. Incapaz de conter minha liberação, gozo forte, vendo nada
além de preto enquanto minha boceta tem espasmos em torno do glorioso
pau de William.

— Isso mesmo, baby. Goze para mim, e somente para mim. — O ritmo
de William se torna urgente. Cada golpe com uma declaração de posse. —
Você é minha. Essa boceta é minha, — ele sorri, com a mandíbula
apertando.
Chegando abaixo, agarro as joias da família e aperto suavemente. —
Eu sou sua e você é meu.

Com minhas palavras, William joga a cabeça para trás, rugindo sua
liberação - me enchendo de esperma e me marcando como dele.

— Pooooooorra. — Ele geme enquanto me puxa para seu peito. —


Deus, eu nunca me canso de você.

— Bem, então é bom que o sentimento seja mútuo. — Um sorriso


genuíno se espalha pelos meus lábios.

William pega uma toalha de papel, molhando-a com água morna


antes de trazê-la para mim e me limpar. — Sinto muito, isso foi rápido.
Prometo que vou compensar você mais tarde. Mas, por enquanto, vamos
limpá-la e voltar para sua amiga.

Apesar de ainda ter algumas reservas, estou sorrindo como uma louca
enquanto William e eu voltamos para minha mesa. Temendo a reação que
vamos ter, preparo-me para Cassie ficar com raiva de nós, mas a expressão
que marca seu rosto quando nos aproximamos da mesa é de completa
alegria. Olhando em volta, vejo que os meninos também estão muito
felizes.

Feliz, mas confusa, acelero meu ritmo, precisando descobrir o que os


deixou com este humor. Assim que estamos ao alcance da sua voz, Cassie
se levanta da cadeira, respondendo à minha pergunta.
— Ren ligou, — Cassie deixa escapar, seu sorriso praticamente
dividindo o rosto. — Aiden está falando!
CAPÍTULO VINTE E QUATRO

A área de espera da família está vibrando de ansiedade enquanto


brigamos para ver quem verá meu pai primeiro. O hospital permite apenas
cinco visitantes no quarto de um paciente a qualquer momento, por isso
estamos tentando descobrir a logística de nossa programação de visitas.

Decidimos pela família primeiro, com Ren, os gêmeos, e eu primeiro,


junto com Cassie, já que ela é praticamente da família; seguido por William,
Titus e Hudson em segundo. Ashley e Harper estão de volta a Dallas, caso
contrário, teríamos que adicionar um terceiro turno.

Os nervos destroem meu corpo enquanto caminhamos em direção ao


quarto de meu pai. Uma enxurrada de perguntas me assalta de uma só vez,
duas das quais estão em constante repetição.

Ele vai se lembrar de nós? Ele vai se lembrar do acidente?


Finalmente, à sua porta, Ren pega a maçaneta, olhando para nós e nos
dando um sorriso tranquilizador. — Tudo vai ficar bem. Apenas sorriam e
lembrem-se de não dar informações altamente emocionais para ele. Ele
ainda está se recuperando.

Todos concordamos antes que Ren abra a porta, deixando-nos entrar.

Meu pai se senta em sua cama, olhando pela janela. Assim que ele nos
ouve, vira a cabeça, os olhos pousando em todos de uma vez.

— Minha família, — ele murmura para si mesmo. Um sorriso lento


aparecendo em seus lábios.

Instantaneamente, meus olhos brilham com lágrimas. Ele se lembra. —


Papai!— Os gêmeos gritam enquanto correm para a cama.

— Meninos!— Meu pai exclama. — Venham aqui e deixem-me


abraçar vocês.

— Onde está o Dr. Ansley? — Eu pergunto onde está o médico gênio.


Não tenho dúvida de que sua terapia experimental teve um grande papel
na recuperação de meu pai e sinto o repentino desejo de abraçar o homem
que trouxe nosso pai de volta.

— Falei com ele por telefone hoje mais cedo, — responde Ren. — Ele
teve que voltar para Nova York para uma emergência, mas voltará amanhã
de manhã. Supondo que os testes de Aiden corram bem, ele pode voltar
para casa amanhã à noite. Vamos precisar de cuidados em casa por um
tempo, mas tenho certeza de que Aiden não se importará com uma
enfermeira gostosa à sua disposição, sim, irmão?

Meu pai ri enquanto eu reviro os olhos. Se eu não estivesse tão feliz,


daria um tapa em Ren por seu humor machista.

— Então é isso? Ele está totalmente recuperado? — Olho para Ren em


busca de uma resposta.

— Assim que ele limpar seus testes. É isso.

Os meninos aplaudem, pulando para cima e para baixo abraçando o


papai novamente. — Fizemos tantos desenhos legais, pai. Você vai amá-
los.

— Isso é incrível, meninos. Mal posso esperar para vê-los... Mal posso
esperar para sair desta cama. Meu corpo parece estar aqui há meses. Estou,
não é? — A expressão de papai fica sombria quando ele olha entre nós por
uma resposta.

— Qual é a última coisa que você lembra? — Ren pergunta ao meu pai
hesitante.

Os olhos de meu pai se fecham e, após uma longa pausa, ele responde:
— Estava no local de trabalho. Lembro-me de um telefone... Quebrando
meu telefone.
— Sim! Isso é bom, papai! — Eu exclamo, esperando que ele possa
finalmente responder à pergunta que me atormenta há meses. — Você se
lembra do que o deixou tão bravo que quebrou o telefone? — William disse
que a perda de comunicação foi o catalisador da sua lesão.

— Isabella, — repreende Ren. — Não devemos empurrá-lo assim.

Viro-me para olhar para o meu pai, precisando de respostas, mas


também não querendo fazê-lo regredir. — Eu sinto muito. Pela minha vida,
eu simplesmente não conseguia descobrir o que faria você destruir seu
telefone. Isso não é do seu feitio.

A expressão do meu pai escurece. Voltando-se para Cassie, ele aponta


em direção a Matt e Max. — Cassie, você se importaria de levar os meninos
para tomar um pouco de ar fresco? Tenho certeza que eles estão cansados
de ver o pai em uma cama de hospital.

— Nããããão, — os meninos choram. — Queremos ficar aqui com você!

— Eu tenho que conversar com seu tio e irmã sobre coisas de adultos
agora, mas prometo que estaremos em casa em breve e vocês poderão
passar o tempo que quiserem comigo. Tanto tempo, vocês vão ficar
cansados de me ver. — Meu pai acaricia suas cabeças com carinho.

Os meninos finalmente cedem e seguem Cassie pela porta enquanto


eu murmuro um obrigado silencioso.

— Eu lembro, — meu pai deixa escapar.


— Não se esforce, — pede Ren.

— Pare de me incomodar, Ren. Estou bem. Meu pai acena com a mão
no ar. — Eu recebi uma mensagem anônima. Continha informações muito
detalhadas sobre as viagens que Lucia havia feito quando estava viva, além
de fotos dela e de outro homem em posições muito comprometedoras.

Meu queixo cai quando o pesadelo de três anos atrás começa a me


assombrar novamente.

— Foda-se, — Ren murmura baixinho.

— E essa não é a pior parte. Nós sabíamos e confiamos no outro cara,


— acrescenta meu pai.

Meu rosto aperta tentando lembrar a memória de minha mãe e do


homem. Mas tento e tento o máximo que posso, não consigo ver o rosto
dele.

Sem aviso, meu pai fala, revelando sua identidade. — Era o pai de
William.

Meu coração afunda e minha garganta fecha, pesada de emoção. Que porra
ele acabou de dizer? Certamente, devo ter ouvido errado.

Mudando meu olhar para o meu tio, vejo que o rosto dele está
congelado de horror e tenho certeza de que é um espelho da minha própria
expressão.
Momentos passam e a sala permanece assustadoramente silenciosa.
Se não fosse pelo sinal sonoro das máquinas, eu pensaria que estávamos
todos presos em um estado de animação suspensa. Fiquei chocada pela
súbita revelação que meu pai acabou de compartilhar.

Ren é o primeiro a quebrar o silêncio. — As fotos podem ser falsas.


Elas foram claramente enviadas para desequilibrá-lo, certo?

— Além das fotos condenatórias, a mensagem misteriosa confirmou


as datas da viagem e tal. Então sim. Tenho certeza, porra.

— Pooooooorra. — Ren balança a cabeça, embora pelo olhar em seus


olhos não tenha certeza de que seja por descrença. Ele já sabia?

Começo a questionar minha memória, mas realmente não me lembro


de ter visto o rosto do homem. William sabia. Não... Ele teria me dito?

— Bella? — A voz preocupada do meu pai me tira dos meus


pensamentos. — Você não disse uma palavra. Você está bem? Eu sei que
você sofreu muito com a morte de sua mãe.

Eu sorrio, sufocando de volta o soluço zangado tentando me escapar.


— Sim, papai. Agora acho que você deveria descansar. Você acabou de
lembrar de muitas informações e tenho certeza que o Dr. Ansley não
gostaria que você se estressasse. Isso não pode ser bom para sua
recuperação.
— Sprout está certa, Aiden. Acho que evocamos emoção suficiente por
um dia. Além disso, é hora de darmos ao resto da equipe a vez para uma
visita.

— Os caras estão aqui? — Meu pai pergunta, um sorriso reaparecendo


em seu rosto.

— Sim. Vou buscá-los quando sair, — eu gorjeio. — Estou voltando


para casa para poder levar as crianças e fazer as malas. Estaremos prontos
para voltar para casa amanhã.

Beijando meu pai na bochecha, saio da sala o mais rápido que minhas
pernas podem me carregar. Preciso contar a William sobre essas
informações o mais rápido possível. Eu odiaria que ele fosse pego de
surpresa como eu.

William me vê assim que me aproximo da área de espera. Toda a


equipe está esperando notícias da recuperação de meu pai. Coloco o sorriso
mais doce do meu rosto enquanto entro em um coro de, — Como ele está?

— Ele está bem. Vocês deveriam ir ver por si mesmos. — Eu me movo


em direção ao quarto de meu pai, pedindo que a equipe vá, mas agarro o
braço de William antes que ele passe por mim.

Abaixando minha voz para apenas um sussurro, eu o puxo para mais


perto. — Você se importaria de ficar para trás por um segundo? Eu tenho
algo a lhe dizer.
William acena com a cabeça, o rosto cheio de preocupação. — O que
aconteceu? — Ele pergunta assim que Titus e Hudson saem da área de
espera.

— Meu pai se lembra. Ele se lembra do que o fez quebrar o telefone,


— eu deixo escapar em tom abafado.

O rosto de William empalidece como se tivesse visto um fantasma.

— Ele recebeu uma mensagem. Revelou que minha mãe estava tendo
um caso com seu pai.

Os olhos de William começam a disparar pela sala, estabelecendo-se


em uma infinidade de objetos, mas nunca em mim. Eu esperava horror,
confusão ou até nojo... Mas não isso.

— Você já sabia disso. Não é?— eu pergunto, arqueando uma


sobrancelha enquanto olho para o homem que acabou de declarar seu
amor por mim há apenas uma hora. — Não é, William?

— Sim. Mas não é o que você pensa. — O rosto de William fica em


pânico. — Eu só não disse para protegê-la. Você estava passando por tanta
coisa e eu não queria aumentar o estresse.

— Você e eu temos um grande problema de comunicação, William.


Primeiro a coisa com Heather, e agora isso. Há mais alguma coisa que você
tenha escondido de mim? Qualquer outra coisa que você tenha escondido
para minha própria proteção?
William olha para mim sem expressão, com os braços pendurados ao
lado do corpo, incapazes, ou sem querer dizer nada.

— Isso é inacreditável. Você diz que me ama. Que não há mais


ninguém, mas isso não é amor, William. Você não pode amar alguém em
quem nem confia. — Eu balanço minha cabeça incrédula. — Eu não posso
estar aqui agora. Por favor, diga a Cassie para levar os meninos para casa.
Encontro-os lá mais tarde.

Sem um segundo olhar para trás, eu vou embora. Sem saber para onde
estou indo, apenas sabendo que preciso estar longe daqui.
CAPÍTULO VINTE E CINCO

Não acredito que fiquei lá parado como um idiota. Eu nem tentei


impedi-la de ir embora.

Depois de falar com Cassie, fui capaz de convencê-la a me deixar levar


os meninos de volta para casa. Isso me deu a oportunidade perfeita de
esperar por Bella sem parecer um perseguidor louco, e também me deu a
chance de sair com seus irmãos mais novos - já faz um tempo desde que eu
os ensinei Mario Kart.

Depois de algumas rodadas de videogame e pizza, finalmente


consegui levar os meninos para a cama. É quase dez horas e ainda não há
sinal de Bella.

Por mais que eu queira evitar um confronto com ela, precisamos


esclarecer as razões pelas quais omiti informações importantes. Ela precisa
entender que eu a amo e o que fiz foi para o seu próprio bem. Seu próprio
bem. Repito as palavras em minha mente, perguntando-me se é realmente
a razão. Mas a porta da frente se abre antes que eu possa responder minha
própria pergunta.

Bella entra, com o cabelo soprado pelo vento e os olhos vermelhos por
lágrimas e exaustão. Seus olhos encontram os meus e uma carranca se
forma instantaneamente em seus lindos lábios.

— Onde está Cassie? — Bella pergunta, sua voz rouca de emoção.

— Eu disse a ela que cuidaria dos meninos até você voltar. — Eu


aponto em direção à área de estar formal. — Eu preciso explicar. Fui pego
de surpresa no hospital, mas juro que, se você me der um momento para
explicar as coisas, tudo fará sentido.

Hesitante, Bella dá alguns passos à frente na sala adjacente. Pego a


mão dela, surpreso que ela me deixou e a coloco no sofá ao meu lado.

— Tudo o que fiz foi feito por amor. Bem, medo e amor, — tento
explicar, mas meus pensamentos estão todos confusos e estou achando
difícil esclarecer as coisas. — Eu nunca tive um relacionamento real. Você
é a primeira mulher com quem eu sempre quis ficar para sempre e eu
mentiria se dissesse que não tinha absolutamente medo de perder você.

— Claro que não parecia assim quando você terminou comigo na


semana passada. — Bella se afasta, claramente exasperada com o meu
raciocínio.
— Você já sabe por que eu fiz isso. — Eu respiro fundo, me sentindo
exasperado. — Eu estraguei tudo, eu sou humano, eu cometo erros como
qualquer outro homem. Mas posso garantir que nenhum outro homem vai
te amar tanto quanto eu. Você e eu fomos feitos um para o outro e sempre
a colocarei em primeiro lugar em tudo o que faço. Sempre farei o que puder
para protegê-la. — Eu atiro para ela um sorriso fraco. — Você é minha
pequena lua. Manter você feliz e segura é o meu trabalho.

O canto da boca se levanta em meio sorriso. — Tudo isso é lindo, mas


ainda não entendo como esconder essas informações estava me
protegendo?

— Com toda a honestidade, não era apenas uma coisa. Você diz que
não confio em você, mas não é isso. Eu te amo tanto que não suporto o
pensamento de você sofrer mais do que você já tem em sua curta vida. A
coisa com seu pai estava pesando sobre você e eu não aguentava jogar
outra bomba em cima do que você já estava lidando... Eu também não tinha
certeza de que você gostaria de ficar com uma pessoa cujo pai ajudou
arruinar o relacionamento de seus pais.

— É aí que você deve confiar em mim, William. Eu sou forte. Eu posso


lidar com o que você tem que me dizer. Eu vou ficar bem. Além disso, eu
nunca te culparia pelas ações de outro. Isso foi entre nossos pais. Não tinha
nada a ver com você. — Bella olha nos meus olhos, preocupação e amor
brilhando apesar de sua própria dor.
— Eu sei disso, mas você não pode me culpar por querer mantê-la
segura e longe de qualquer sofrimento desnecessário. Eu te amo. Você é
tão preciosa para mim e nunca quero que você sinta outra coisa senão
alegria.

— Eu também te amo, William, mas pensar assim não é realista. Se


você quer algo comigo, algo real, temos que ser um time. Você tem que ser
sincero comigo sobre tudo. — O olhar de Bella se move entre meus olhos,
procurando por algo incalculável. — Se há algo mais que você está
escondendo de mim, agora é a hora de me dizer. Não acho que meu coração
possa pegar outra bomba.

Deixando respirar, solto uma meia-verdade. — Há outras coisas que


estão sob investigação. Nada está confirmado e é por isso que não contei
sobre elas. Eu não queria que você se estressasse por algo que poderia não
ser nada.

— William, Deus me ajude... — Bella estreita os olhos e se levanta.

Reagindo rapidamente, eu a agarro pela cintura e a puxo para mim.


— Bella, esta é uma via de mão dupla. Você também tem que confiar no
meu julgamento. Se você quer ficar comigo, precisa me deixar ser homem
e protegê-la. Até certo ponto, pelo menos. Entendo que você é uma mulher
forte e independente, mas ainda é minha mulher.
Bella cede, suavizando seu corpo em mim enquanto faz beicinho nos
lábios cor de rosa. — Eu entendo isso. Só não quero ser pega de surpresa
quando as coisas acontecerem.

— Eu entendo isso, — digo, envolvendo meus braços em volta da


cintura de Bella. — Estou prestes a lhe contar outra coisa e preciso que você
se lembre do que acabou de dizer sobre não me culpar pelas ações dos
outros, ok?

Bella acena, preocupação gravada em seu lindo rosto.

— Descobrimos recentemente que minha mãe foi quem bateu em seu


carro há três anos. — Eu me agarro a Bella, esperando que ela saia do meu
colo, mas ela apenas fica sentada em silêncio - olhando para mim sem
graça.

Do nada, Bella começa a rir, e o que começou como uma pequena


risada logo se transforma em gargalhadas.

— Bella? Você está bem? — Eu pergunto, preocupação em minha voz.

— Oh, a ironia. Evitei constantemente relacionamentos, não me


permitindo amar por causa de alguma noção de que a morte de minha mãe
era de alguma forma minha culpa. Apenas para me virar e me apaixonar
por um homem cuja mãe era a verdadeira razão pela qual minha mãe
morreu. Eu não posso escapar disso. De alguma forma, sempre estarei
ligada à morte de minha mãe.
Agarrando o rosto de Bella entre minhas mãos, eu a forço a olhar para
mim. — Pequena lua, é hora de você praticar o que prega. Como você pode
se culpar pelas ações dos outros? — Eu pergunto enquanto olho nos seus
tumultuados olhos prateados. — Foi minha mãe quem decidiu bater no seu
carro, não você. Foram nossos pais que decidiram ter um caso, não você. —
Limpo as lágrimas dela meu polegar antes de trazer o rosto para o meu e
beijar sua testa. — Você e eu éramos apenas peões presos no meio de suas
más decisões. Nada disso foi culpa sua, Bella. Nada disso...

— Entendi. Sério, eu entendi. Eu só... — Bella fala.

— Apenas deixe isso para lá, Bella. Pare de tentar expiar os pecados
dos outros e deixe para lá. Permita-se viver.

Bella cai no meu peito, suas lágrimas silenciosas encharcando minha


camisa enquanto ela finalmente se dá permissão para deixar tudo ir.

Ficamos sentados em silêncio por um longo tempo antes de qualquer


um de nós se mexer. Decidindo ser o primeiro, levanto o rosto de Bella para
o meu e dou um beijo suave nos seus lábios, perguntando silenciosamente
se ela está bem.

Os olhos de Bella se abrem, seus olhos me perfurando com a


intensidade deles. — Eu queria saber tudo. — Uma risada sardônica cai de
seus lábios. — Cuidado com o que você deseja, certo?
Eu sorrio um sorriso triste. — Prometo que não guardarei nenhuma
informação importante de você. Mas você precisa entender que, se eu tiver
apenas informações parciais, ainda é provável que as guarde para mim. —
Eu afago o cabelo dela, brincando com as pontas. — Eu nunca quero ver
você assim. Nunca. É meu trabalho mantê-la feliz, não deixá-la triste.

— Falando em me fazer feliz... — Bella me dá um sorriso travesso. —


O que vamos fazer sobre a nossa situação de dormir quando voltarmos
para casa? Tenho certeza que papai vai querer que fiquemos em casa e
ficará complicado manter nosso relacionamento longe dele.

— Isso me lembra, há outra coisa que tenho que te dizer.

— Oh Deus. Estou realmente arrependida de dizer que queria saber


tudo. — Bella solta uma risada depreciativa. — Ok. Sério, o que agora?

— Heather estava ameaçando contar a seu pai sobre nós. Essa foi outra
de suas chantagens.

— Eu a odeio! — Bella grita.

— Shhh. Você vai acordar os meninos. — Pressiono um dedo nos


lábios de Bella. — Mas sim. Eu sei. Ela dá trabalho.

— Ela é um pedaço de merda, tudo bem. — Bella balança a cabeça com


nojo. — Então, qual é o plano então? Ficarmos quietos por quanto tempo?
Não podemos guardar nosso segredo para sempre, é provável que vaze.
— Acho que até seu pai ficar estável e com base em quão bem ele se
comportou hoje, eu diria que será mais cedo ou mais tarde. Além disso, eu
e os caras estamos trabalhando em um plano para derrubar Heather, para
que definitivamente não demore muito antes que possamos retomar
nossas atividades normalmente. — Eu, divertidamente, balanço minhas
sobrancelhas.

— Boa. — Bella ri e bate suavemente no meu ombro. — Senti sua falta


como uma louca e odeio dormir sem você. Eu odiaria ter que substituí-lo.

— Você não ousaria. Eu te caçaria e espancaria seu traseiro nu. —


Trago minha boca para a dela, passando a língua pelo lábio inferior,
levando-a para a boca e mordendo com força.

Bella grita. — Você não...

— Oh, eu faria, e você nem quer saber o que eu faria com o pobre
idiota que tentasse tomar o meu lugar.

— É assim mesmo? — Bella se move para ficar de pé, balançando sua


bunda na minha cara.

— Você está tentando me provocar, pequena lua? — Eu golpeio na sua


bunda e deixo minhas mãos permanecerem, apertando suas bochechas
com força. — Que tal voltarmos para o nosso quarto e aproveitar o pouco
tempo que temos? — Bella assente com entusiasmo, ansiosa para começar
nossa diversão.
CAPÍTULO VINTE E SEIS

Estamos de volta ao Lone Star State34 e me vejo sentindo falta da


Califórnia a cada segundo de cada dia. Não me interpretem mal, estou feliz
que meu pai esteja em casa e a caminho de uma recuperação completa, eu
realmente sinto falta da casa que compartilhei com William e da nossa
capacidade de estar livre, sem se importar com quem nos viu.

Empurro esses sentimentos para o fundo e me lembro que isso


também deve passar. Isso é temporário.

Temos uma consulta com o Dr. Ansley ainda esta semana e espero que
papai receba alta total de seus cuidados, também conhecido como, não
precisaremos mais andar na ponta dos pés ao redor dele.

34 Condomínio fechado em Canion, Texas.


— Bom dia, — meu pai me cumprimenta quando entra na cozinha. —
Cheira tão bem aqui.

— É a nossa tradição de fim de semana. Faço panquecas para meninos


e esta semana é de mirtilo, o seu favorito. — Eu pisco para papai, me
perguntando se ele se lembra.

— Claro. Obrigado por fazê-los. Eu nunca te disse o quanto aprecio


sua ajuda em casa e com os meninos. Depois de sua mãe... — Com um olhar
distante, papai para no meio da frase.

— De nada, — eu corto, sem saber se ele tinha mais alguma coisa a


dizer.

Balançando a cabeça como se quisesse limpá-la de uma névoa, papai


continua de onde parou. — Depois que sua mãe morreu, eu confiei
bastante em você. Isso não foi justo e quero me desculpar. Você merecia ser
criança por mais alguns anos. Tirei isso de você.

Aquela queimação familiar atrás dos meus olhos começa a se formar,


e pela primeira vez eu deixo. — Obrigada por me dizer isso, mas eu parei
de ser criança no dia em que Lucia morreu.

A risada amarga de papai ricocheteou na superfície de mármore,


ecoando pela sala. — Então você não está mais dizendo mãe?

— Ela traiu nossa família. Eu diria que ela perdeu isso no dia em que
decidiu renunciar aos seus votos.
— Os votos dela para mim e seu papel para você como sua mãe eram
duas coisas muito diferentes, Bella. — Perdendo o brilho ameaçador, os
olhos de meu pai ficam macios quando ele pega meu ombro e o aperta. —
Só porque ela era uma esposa de merda não significa que ela era uma mãe
de merda. Ela amava muito você e os meninos. Vocês eram o mundo dela.

Eu encolho com a declaração dele em nome da minha mãe. — Se ela


nos amasse, não teria feito algo que acabou destruindo sua família.

— Do que você está falando, Bella? Como foi o caso dela o catalisador
da nossa destruição?

Porra. Eu já falei demais.

— Estou apenas dizendo que a infidelidade acaba com um casamento,


e o casamento é o que mantém uma família unida, — digo rapidamente,
esperando que ele esteja comprando o que estou vendendo.

— Não, Isabella. O amor é o que mantém uma família unida e você


nos deu isso de sobra. Vocês são o que manteve nossa família unida.

Eu me afasto, incapaz de olhar meu pai nos olhos. Se ele soubesse.


Todos esses anos tentando ser perfeita, quando na realidade eu era apenas
uma fraude. Uma concha vazia de uma garota tentando encontrar expiação
pelos pecados dos outros, em vez de viver minha vida e lutar pelos meus
sonhos.
— Eu não vou para a faculdade, — eu falo, incapaz de segurar por
mais tempo.

— O que você disse? — Meu pai estreita os olhos e me encara como se


eu tivesse dito a ele que estou me juntando ao circo.

— Ir para a faculdade nunca foi meu sonho. Esse era seu e da mamãe.
Eu quero escrever. Já escrevi alguns livros e acho que vou começar a vendê-
los. — Coloco a pilha de panquecas fofas na mesa e tento agir como se não
tivesse acabado de lançar uma grande bomba. Uma maneira de manter a
conversa leve.

— Depois de todo o dinheiro que gastei em educação particular, você


simplesmente abandonará a faculdade antes mesmo de começar? — O
olhar de perplexidade no rosto de papai se transforma em raiva. — Não.
Você está indo para a faculdade. O que você faz depois disso depende de
você, mas eu trabalhei duro para lhe dar essa oportunidade. Enviei-a para
as melhores escolas preparatórias e garanti que você sempre se destacasse
em todas as suas aulas para que, quando chegasse o dia, você fosse para a
faculdade. Então você está indo para a faculdade.

— Entre o acidente de carro com Lucia e o incidente de trabalho com


você, aprendi que a vida é muito curta e me recuso a gastá-la fazendo algo
que não amo. Estou cansada de sobreviver, não quero prosperar e ir para
a faculdade por um grau estúpido que nunca usarei, não vai me ajudar a
fazer isso. —Giro ao redor da ilha de mármore e sigo para a despensa em
busca do xarope de bordo. — E não aja como se você tivesse contribuído
para minhas notas. Enquanto você estava fora, fui EU quem se esforçou
para tirar boas notas, EU que me esforcei para fazer melhor, sempre
tentando compensar a perda de uma mulher que nem valia a pena.

A mão do meu pai se estende, me dando um tapa no rosto e fazendo


minha cabeça girar para o lado. — Não fale da sua mãe assim. Ela pode ter
sido uma merda de esposa, mas ela ainda era sua mãe.

Coloco minha mão na minha bochecha, a picada do tapa dele ainda


pica na minha pele. — Você me deu um tapa.

— Eu sou seu pai e posso discipliná-la como achar melhor.

Fico ali congelada de choque, incapaz de formar palavras, embora


tenha muito a dizer.

— Agora, espero que nossa conversa tenha esclarecido qualquer


confusão sobre se você vai ou não ir para a faculdade. Mas, caso não tenha,
deixe-me explicar para você. Se você decidir se desviar do caminho que eu
defini para você, será cortada financeiramente. Se você optar por perseguir
esse sonho ridículo, fará isso sozinha. Não farei parte de jogar seu futuro
pelo ralo. — E com essas palavras, meu pai sai da sala, me deixando lá em
silêncio atordoada.
Estou no parque aquático com os meninos, ainda me recuperando da
conversa com nosso pai nesta manhã. Toda a cena continua se repetindo
em minha mente, e não consigo deixar de sentir que algo simplesmente não
estava certo. Além do fato de eu ser adulta e ele não poder me dizer o que
fazer, há o fato de que o homem me bateu. Ele me bateu. Algo que ele não
fez em meus dezoito anos.

Faço uma anotação mental para perguntar ao Dr. Ansley sobre


quaisquer mudanças comportamentais que o acidente possa ter causado.
Entendo que ele estava tentando ser um pai preocupado, mas ele nunca me
tratou assim antes, sempre agindo como um irmão mais velho do que uma
figura paterna de verdade.

Meu telefone vibra e vejo que é William. Esperando que esta ligação
ajude a mudar meu humor, deslizo o botão para atender.

— Ei, coisa sexy. Espero que seu domingo esteja indo melhor que o
meu.

— O que aconteceu? Quem eu tenho que chutar? — A voz preocupada


de William acalma meus nervos e meu coração dolorido.
— Oh, não é nada, apenas uma pequena briga de pai e filha. Nada
demais. O que está acontecendo com você esta manhã? — Eu digo
levemente, esperando que ele abandone o assunto.

— O que aconteceu com Aiden? Algo está acontecendo com sua


recuperação?

Não. Ele não vai deixar de lado.

Soltando um suspiro, confesso: — Eu disse a ele que não queria ir para


a faculdade e ele me assustou. Disse que me cortaria financeiramente se eu
decidisse perseguir meu sonho de ser autora, mas não antes de me dar um
tapa na cara por falar mal de minha mãe adúltera.

— Ele deu um tapa em você? — William ferve, sua raiva é tão palpável
que eu posso praticamente sentir isso passando pelo telefone.

— Sim, acho que algo está acontecendo com ele. Ele nunca foi de
disciplinar fisicamente seus filhos. Muito menos agora que sou adulta. Eu
realmente preciso conversar com o médico dele sobre isso ainda esta
semana. Mas, por enquanto, vou me afastar dele.

William solta um suspiro audível. — Baby, eu não gosto do fato dele


colocar as mãos em você. Estou tentado ir arrancá-la da casa dele e trazê-la
aqui. Se Aiden mostrar outros sinais de agressão, quero que você pegue os
meninos e venha morar comigo imediatamente. Quero dizer isso, Bella.
— Obrigada pela oferta, mas isso não daria certo com a Bruxa
Malvada do Oeste. Falando nisso, como estão as coisas com Heather? —
Eu pergunto, ansiosa por boas notícias.

— Muito bem. Conseguimos acesso aos e-mails dela e esperamos


encontrar algo em breve. Enquanto isso, acho que você deve enviar seu
livro aos agentes e ver se consegue alguma coisa. Aposto um jantar e um
boquete que você receberá uma oferta antes que o verão termine.

Meu homem sujo.

Sorrio para mim mesma, balançando a cabeça com o comportamento


infantil dele. — Isso parece uma vitória para mim, Sr. Hawthorne. Aceito a
aposta e colher sua recompensa de qualquer maneira. Mas você saberá que,
com total clareza e justiça, já enviei meus livros a alguns agentes literários
e participei de um concurso para uma editora. Espero que um deles aceite.

— Tão produtiva, minha pequena lua. — O orgulho de William em


mim nunca para de me surpreender. Esse homem sempre foi meu maior
apoiador, mesmo quando eu não sabia, ele estava lá, torcendo e sendo
minha rocha. — Veja. Não há como não ganharmos essa aposta.

— William, você sabe que normalmente há apenas um vencedor


quando se trata de apostas, certo?

— Bem, você e eu? Somos tudo menos normais, — brinca William.


Deixando isso afundar, eu sei que ele está certo. Perdemos a noção de
normalidade há muito tempo. Entre a enorme diferença de idade e a
amizade de William com meu tio e pai, nosso relacionamento é tudo menos
normal.

Um sorriso autoconfiante se apodera de meus lábios enquanto digo:


— Eu não faria de outra maneira.
CAPÍTULO VINTE E SETE

Estamos tão perto que quase posso sentir o gosto. Nas últimas duas horas,
eu e a equipe vasculhamos os e-mails de Heather em busca de qualquer
sinal de atividade perigosa. Se eu pudesse encontrar algo para derrubá-la,
Bella e eu não teríamos que esconder nosso relacionamento e Ashley
poderia voltar à sua vida na Flórida. Sinto-me péssimo por ter que impor
a ela, pedindo que ela cuide de Harper novamente, mas realmente não há
mais ninguém com quem eu confie minha filha além dela ou de Bella.

Falando da minha irmã, Ashley enfia a cabeça no escritório. — Ei


pessoal, vocês estão aqui há um tempo. Vocês querem que eu prepare algo
para comer? A chef não volta até o próximo mês, então vocês estão presos
à minha comida. — Levantando um dedo no ar, ela acrescenta: — Posso
não ter uma classificação Michelin, mas posso fazer um sanduíche bem
malvado.
— Obrigado, Ashley. Nós realmente apreciamos isso, — responde
Titus.

Olho para Ashley e vejo que um rubor começou a aparecer em seu


rosto e pescoço. Isso é estranho. Titus está fazendo minha irmã corar? Faço uma
nota mental para conversar com Ashley sobre isso antes de falar. — Você
já está ajudando muito com Harper. Que tal você pedir algo do Marco. Meu
cartão reserva está na gaveta da cozinha. Pegue o que achar que vamos
gostar.

— Você acertou. Esse é o meu tipo favorito de culinária. — Ashley


pisca para nós antes de sair da sala.

Olho para Titus e percebo que seus olhos ainda estão fixos na porta
onde Ashley estava há pouco, seu olhar firme. Definitivamente, algo está
acontecendo lá.

Hudson limpa a garganta, quebrando o olhar suspeito que eu estava


dando a Titus. — Acho que encontrei algo. Há um conjunto de e-mails
criptografados e todos parecem estar entre as mesmas duas fontes.

— Ótimo, — digo, orando para que seja isso que estamos procurando.
— Mostre-nos e todos podemos trabalhar na decodificação. Espero que
tenhamos nossa resposta esta tarde.

— O primeiro a chegar ganha uma garrafa de seu licor favorito! —


Ren berra.
— É tipo Donkey Kong.35 — Titus diz!

— Quem ainda diz isso? — Eu digo, revirando os olhos e balançando


a cabeça para frente e para trás. — Mas, caso vocês estejam se perguntando,
serei o primeiro a encontrar a fonte. Senhores preparem-se, vocês vão
perder, — eu reforço a equipe, alimentando sua natureza competitiva.

Três horas depois e ainda não encontramos nada. Ashley chegou cerca
de uma hora atrás com comida do Marco, praticamente forçando todos nós
a fazer uma pausa e comer. Eu tenho que admitir, é bom tê-la em casa.

Decido fazer outra pausa para verificar Ashley e Harper. Eu mal as vi


o dia todo e gosto de ter tempo suficiente com elas nos fins de semana.

Nossos pais nunca estavam em casa, meu pai estava sempre


trabalhando e minha mãe em algum evento; e se por algum milagre
estivessem em casa, eles se esconderiam em seus respectivos cantos da

35 Uma série de jogos eletrônicos da Nintendo.


casa. Meu pai em seu escritório e minha mãe em seu quarto,
constantemente tomando martinis para se entorpecer da realidade.

Eles nunca tiveram tempo suficiente para Ashley e eu - éramos um


incômodo. Um mero distúrbio que eles poderiam penhorar na multidão de
babás.

Aperto os olhos, tentando esquecer as memórias. Eu nunca quero ser


como eles. Depois que descobri que seria pai, jurei nunca ser como eles,
certificando-me de sempre dedicar tempo a minha filha. Até agora tudo
bem. Eu trabalho muito, mas também tenho um encontro especial de papai
e filha uma vez por semana e arranjo tempo para ela nos fins de semana.

Entrando na sala de jogos, vejo Ashley e Harper brincando com sua


coleção de ursinhos de pelúcia. Juro que a garota tem mais bichos de
pelúcia do que Ashley tem sapatos.

— Você encontrou a fonte? — Ashley pergunta enquanto acena um


panda empalhado na frente de Harper.

— Não, a equipe ainda está trabalhando nisso.

— Você vai perder essa garrafa de bebida se não a encontrar primeiro.


— Ashley franze os lábios, tentando conter o riso.

— Você sabe que eu não preciso disso. É um bom incentivo para eles,
você sabe como eles gostam de ganhar em tudo.
— Sim. Eu sei. — Ashley sorri, seu rosto corando com a memória.

— O que há com isso? — Eu pergunto, apontando para o rosto dela.

— O quê?

— Você corou. E corou mais cedo quando Titus falou com você
também. — Arqueio uma sobrancelha e noto como o rosto dela consegue
virar um tom ainda mais brilhante de vermelho com a menção de Titus. —
Ai! — Grito quando aponto para o rosto dela. —Você está fazendo isso de
novo.

— Acalme-se, não estou fazendo nada. Está quente aqui. — Ashley se


diverte, tentando acrescentar credibilidade à sua mentira.

— Está vinte graus aqui, Ashley. É a temperatura constante em todas


as minhas casas e você sabe disso, então pare de flertar com minha equipe.
Além disso, seu namorado não ficaria chateado se soubesse que você
estava ficando quente e incomodada por alguém que não fosse ele?

— Esse pedaço de merda pode se foder por tudo que eu me importo,


— Ashley rosna, praticamente espumando pela boca.

— Olha a língua! Orelhas pequenas. — Eu aponto em direção a


Harper.

— Eu sinto muito. — Ashley leva a mão para a boca, os olhos tão


grandes como pires. — Eu não sei o que aconteceu comigo.
— Suponho que seja o que o POS36 fez com você. Então, o que
aconteceu com o seu namorado? Preciso chutar a sua b... Quero dizer,
atrás? — Eu olho para Harper e me pergunto se “atrás” é uma palavra ruim
nesse contexto.

— Você está certo ao supor que ele fez alguma coisa. Não estamos
mais juntos e não, você não precisa chutar a patootie37 dele. Ashley acena
para mim. — Agora volte ao que você estava fazendo, eu realmente não
quero falar sobre isso. Além disso, Harper e eu estávamos nos divertindo
até você aparecer. Querer falar sobre coisas que é melhor ficarem no
passado definitivamente não é nossa ideia de diversão, certo Harper?

Harper murmura para Ashley enquanto coloca uma chupeta na boca


do bebê gorila.

— Viu? Harper concorda totalmente com sua tia Ashley.

— Dica aceita. Sei quando não sou desejado. — Eu rio enquanto vou
em direção à porta.

— Não foi uma dica. Foi uma afirmação direta, — resmunga Ashley.

Antes que eu possa chegar à porta, ela se abre e Ren tropeça. —


Encontrei! — Ren grita por cima do ombro antes de voltar para me encarar.

36 POS é abreviação para Piece of Shit, pedaço de merda.


37 Uma palavra bonita normalmente usada para substituir "rabo" ou "bunda".
— Temos algo. Você definitivamente vai querer levar sua bunda ao
escritório.

— Olha a língua! — Eu exclamo. — A pobre Harper vai ter a boca de


um marinheiro graças a todos vocês.

Ren se encolhe. — Desculpe, cara. Não estou acostumado com os


pequenos por perto.

— Sim, sim. Apenas me mostre o que você encontrou, — murmuro e


o sigo para fora da sala de jogos.

Toda a equipe está reunida ao meu redor enquanto abro um tópico,


expondo a outra parte como Shannon Daugherty. Eu nunca ouvi falar dela
antes. Parece que ela está em constante contato com Heather, com as
conversas ficando mais longas nas datas do meu processo de divórcio.

— Olhe aqui. — Ren aponta para um tópico específico. — Essa garota


Daugherty está basicamente assegurando a Heather que ela vencerá sua
audiência. Não foi essa a data em que seu primeiro caso foi julgado pelo
juiz?

— Foda-me. Com certeza é, — digo, respirando fundo. É isso. Este é o


link que procuramos. — Titus e Ren, preciso que vocês procurem qualquer
coisa que possam encontrar sobre Shannon Daugherty. Onde ela mora,
com quem está associada e como é sua maldita agenda. Hudson, você e eu
continuamos pesquisando os tópicos e vemos se podemos desenterrar
qualquer informação adicional que possa nos ajudar a reverter as decisões
do tribunal até agora.

— Dez-quatro, — a equipe responde de uma só vez.

— Ótimo trabalho, caras. Estou tão feliz que darei a cada um de vocês
uma garrafa do seu licor favorito!

Gritos e vaias são ouvidos em todo o escritório antes que os caras se


empenhem, procurando o restante das informações. A informação que
finalmente deixará Bella e eu juntos.

Obrigado, porra. Apesar dos meus melhores esforços para tranquilizar


Bella, tudo ficará bem, senti uma distância notável crescendo entre nós.

Entre as ameaças de Heather, as noções preconcebidas de Bella de não


merecer amor e temer a desaprovação e recaída de seu pai em recuperação,
é seguro dizer que esse relacionamento tem sido uma batalha difícil.
Apesar de tudo isso, sei que a recompensa valerá a pena. Ela é, sem
dúvida, o amor da minha vida e não posso me ver sem ela.

— Encontrei algo! — Titus grita. — Parece que nossa Shannon


Daugherty é constantemente mencionada como a companheira de um juiz
em particular, o honorável Andrew Dawson. Não é este o primeiro juiz que
decidiu sobre o seu caso?

— Com certeza é, porra. — Fecho os olhos e envio um silencioso


obrigado aos poderes que existem. Esta cadela está caindo.

— Não consigo encontrar nenhuma imagem real dela. — Titus estreita


os olhos enquanto continua a rolar pelas informações em seu laptop. —
Vou ver se consigo encontrá-la em uma das páginas da sociedade no jornal
local. Ela deve aparecer em alguma função de caridade, visto que ela é o
braço direito de um proeminente juiz de Dallas.

— Essa é uma ótima ideia. Ren, que tal procurar qualquer presença
nas mídias sociais? — Sugiro, esfregando as palmas das mãos em
antecipação.

— Já estou trabalhando. — Ren balança as sobrancelhas enquanto me


dá um sorriso. — Essas senhoras estão caindo.

— Encontrem os malditos e-mails que garantem uma vitória no


tribunal e os laços sociais que essa misteriosa mulher possui, é melhor que
eles caiam. — Eu azedo meu rosto com nojo. — As bolas de Heather nunca
parecem me surpreender. Elas parecem ser maiores que as de um elefante.
Quem, em sã consciência, enfrentaria alguém que possui uma empresa de
segurança privada?

— Alguém sem nada a perder, — acrescenta Hudson, levantando uma


sobrancelha.

— Suponho que você esteja certo. — Aceno uma vez, concordando,


mas não compreendendo completamente. Eu ainda acho que a cadela é
louca.

Ren corta meus pensamentos: — Parece que Shannon Daugherty não


existia até três anos atrás. Ela apareceu do nada e conseguiu ficar de fora
da mídia desde então. Todas as suas contas de mídia social estão ativas,
mas sua imagem de perfil é sempre de uma cena externa genérica e suas
postagens nunca são dela, apenas fotos aleatórias de Dallas. Nada com o
rosto nela.

— Continue procurando. Tente ver se consegue encontrar algo em que


ela foi marcada ou aparece em segundo plano. Veja as contas de pessoas
que participam dos mesmos círculos e veja se você vê uma mulher
repetidamente ao lado do juiz, — exorto, sabendo que deve haver uma
maneira de descobrir a verdadeira identidade dessa mulher.

Toda a equipe concorda antes de olhar para os laptops e retomar a


pesquisa.
Horas depois, me vejo esfregando meus olhos cansados e olhando ao
redor da sala. Os homens trabalham desde às cinco da manhã e todo
mundo parece exausto. Estou prestes a terminar o dia e alguém limpa a
garganta.

— William? — Titus pergunta, parecendo apreensivo. — Acho que


encontrei Shannon Daugherty.

— Ok, por que você parece estar prestes a pedir desculpas por isso?
— Eu uno minhas sobrancelhas em confusão.

— Sim. Sobre isso... Você tem fotos de sua mãe por aí? Eu posso estar
errado, mas a mulher que continua aparecendo ao lado do juiz tem uma
forte semelhança com a mulher que morava em sua casa e bebeu martinis
como se fosse água alcalina.

Meu corpo inteiro fica rígido e um suor frio começa a se formar nas
minhas costas. Essa era a última pessoa que eu esperava ao discutir a fonte
de Heather... Minha mãe.
CAPÍTULO VINTE E OITO

— É definitivamente ela. Não há como confundir os olhos, — digo


depois de inspecionar as fotos na tela.

— Você quer dizer aquelas piscinas vazias pretas? Sim, parece. Eles
parecem tão sombrios quanto sua alma, — acrescenta Ren amargamente.
Não há dúvida de como ele se sente sobre a mulher que intencionalmente
atropelou o carro de Bella há três anos. Ódio seria dizer o mínimo.

Eu pisco várias vezes, tentando limpar minha mente do choque que


essas novas informações adicionam à pilha cada vez maior de merda que
vou ter que contar a Bella.

Só tinha que ser minha mãe.

Eu corro uma mão sobre o meu rosto, incapaz de reprimir o riso


histérico que borbulha de mim.
— Eu sou o partido perfeito, não sou? — Rolo meu pescoço, tentando
liberar a tensão que essa nova informação trouxe. — Vamos olhar para os
fatos, sim? Meu pai teve um caso com a mãe da minha namorada secreta;
uma namorada que eu tenho que manter em segredo por causa da minha
ex psicopata que está em conluio com minha mãe; minha mãe que tentou
matar minha namorada secreta e sua mãe atropelando elas com seu carro.
Ah, e eu mencionei que minha mãe tem uma nova identidade? Uma
identidade que ela está usando para sabotar meus relacionamentos e tornar
impossível me divorciar da minha ex psicopata.

Outra explosão de risadas histéricas sai da minha garganta, dando ao


resto da equipe uma pausa. Sem dúvida, eles acham que estou no meio de
algum tipo de crise mental.

— Estou bem. Realmente, — tento garantir aos homens enquanto


enxugo as lágrimas de riso. — Sério. Temos muito trabalho a fazer. Preciso
encontrar um link para o segundo juiz e apresentá-lo ao meu advogado o
mais rápido possível. Quanto mais rápido eu faço isso, mais rápido posso
reivindicar Bella.

— Você ainda precisa se preocupar com Aiden. — Ren arqueia uma


sobrancelha. — E não pense que terminamos nossa conversa sobre isso.
Lembre-se... De danos corporais. — Ren bate o punho na palma da mão.

— Sim, sim. Entendi. Agora volte ao trabalho. Eu preciso dessa


informação.
Titus corta nossa brincadeira com um aplauso alto tocando no ar. —
Merda, eu entendi! — Titus grita. — Eu não posso acreditar. Sua mãe
prometeu a Heather que ganharia duas vezes. Essa mulher não foi feita
para ser uma criminosa. É como a atividade criminosa 10138, não coloque
nada por escrito.

— O que posso dizer, a mulher é uma peça de trabalho. Pelo menos


sua inaptidão como criminosa está trabalhando a nosso favor. — Fecho os
olhos e esfrego as têmporas, precisando que tudo seja feito. — Envie-me o
que você reuniu até agora e começarei a prepará-lo para o meu advogado.
O próximo passo seria tentar acessar o e-mail de minha mãe e ver se
conseguimos pegar o juiz respondendo a ela. Acho que o que temos deve
ser suficiente para reverter qualquer uma das decisões anteriores, mas
quero garantir que esses juízes sujos paguem pelas besteiras pelas quais
fizeram Bella e eu passarmos.

— Muito bem, — os homens falam em uníssono.

38 101 Significa iniciante, básico.


— William, o que posso fazer por você a esta hora? — Daniel atende
o telefone sarcasticamente.

— Eu sei que é muito cedo, mas minha equipe encontrou as


informações que procurávamos e eu queria entregá-las o mais rápido
possível. Heather está em comunicação com alguém que está namorando
um dos juízes que presidiu nosso caso. Essa pessoa, que por acaso é minha
mãe - uma história longa - confirmou por escrito que lhe foi garantida
vitória nos dois casos. Quando minha equipe se aprofundou um pouco,
eles conseguiram localizar as comunicações entre minha mãe e o outro juiz,
bem como seu namorado atual, substanciando nossas alegações de conluio.

— Parece que sua equipe esteve muito ocupada. Muito ocupada


mesmo. — Daniel corta algo alto antes de emitir um barulho de satisfação.
— Agora que tomei meu primeiro gole de café, podemos continuar.

— Peço desculpas, mas não seria sincero. — Eu rio, sabendo que foi
ousado da minha parte ligar tão cedo, mas não me importo muito. —
Então, para onde vamos daqui?

— Envie-me tudo o que você conseguiu adquirir e canalizarei as peças


pertinentes para as autoridades apropriadas. Não poderemos utilizá-lo
como evidência legal por causa de como foi obtido, mas nos permitirá obter
mandados eletrônicos e outros. Sem dúvida, isso nos levará a informações
iguais ou semelhantes, embora desta vez através de um foro legal.
— Quão rápido podemos fazer isso? — Eu pergunto, já pensando em
como vou levar Bella para casa.

— Muito rápido. Eu tenho uma ótima equipe que lida com esse tipo
de coisa.

— O quê, ex psicopatas e mães criminosas? — Eu pergunto em


brincadeira.

— Estou feliz em ver que seu senso de humor está de volta. Mas não,
estou falando de tirar frutas da árvore venenosa e transformá-las em maná
do céu. — Daniel ri de sua própria piada, parando rapidamente quando
percebe que não estou rindo com ele. — Não se preocupe, William.
Lidaremos com tudo e você se divorciará mais cedo do que pode dizer que
governará para sempre.

Balanço a cabeça quando Daniel faz outra tentativa de brincadeira. —


Por que você não se limita ao seu trabalho diário? Eu não acho que você foi
feito para ser um comediante.

— Oh, bobagem. Isso foi engraçado. Eu sei ser engraçado. — Daniel


ri, murmurando algo sobre perpetuidade debaixo da respiração.

— Claro, você continua achando isso. Estou feliz que você seja um
bom advogado. Mantenha-me informado sobre qualquer progresso. Quero
saber tudo, a cada passo do caminho, — digo enfaticamente.
— Sim, claro. Vou acionar minha equipe imediatamente. Devemos
conseguir mandados para sua mãe e Heather muito em breve, desde que
você não se oponha a isso.

— Foda-se não. Está na hora dessas mulheres pagarem por suas ações
e pararem de destruir a vida de outras pessoas...

— Muito bem então. Entrarei em contato.

A linha fica muda quando olho para o meu telefone em contemplação.


Isso realmente poderia acabar?

Estou prestes a guardar meu telefone quando a tela acende,


mostrando uma chamada recebida. É Mariana.

— Olá? — Eu respondo, curioso sobre o motivo pelo qual ela está


ligando tão cedo.

— Bom dia, — Mariana cumprimenta em tom prático. — Temos


informações sobre o acidente de carro da minha irmã e precisamos
questionar Aiden. Eu queria avisar que o visitarei mais tarde para
conversar com ele sobre o que descobrimos e imaginei que você gostaria
de contar a ele o que sabe de antemão.

— Obrigado por me avisar. Vou para a casa dele assim que conseguir
reunir a equipe, — digo, agradecido pelo aviso.

— Sem problemas. Cuide-se.


Desligando meu telefone pela segunda vez naquela manhã, vou até a
cafeteira. — Não acredito que consegui tanto antes da minha primeira
xícara de café, — digo para mim mesmo enquanto despejo uma xícara extra
grande, certificando-me de enchê-la até a borda. Deus sabe que vou precisar
de cada gota para jogar o despertador no tempo.

— Aiden, você realmente precisa contratar uma babá em tempo


integral, — reclama Ren. — Não posso substituir Bella o tempo todo.

— Bella não pode cuidar de mim para sempre. Ela ama os meninos e
voltará ao normal em algum tempo. — Aiden acena para longe a
preocupação de Ren.

Toda a equipe conseguiu se aglomerar na ilha da cozinha de Aiden,


comendo os kolaches39e o café que trouxemos, sabendo que as informações
que estávamos prestes a entregar eram menos do que ideais.

39 Kolaches são doces tchecos compostos por uma massa folhada arredondada com um recheio
em cima de frutas, semelhante a uma esfirra aberta doce.
— O que está acontecendo? — Eu pergunto sem tentar parecer muito
interessado.

— Bella entrou em greve desde que o querido pai aqui encerrou seus
sonhos de se tornar autora, — responde Ren antes de se voltar para Aiden.
— Você precisa encarar isso de frente, cara. Peça desculpas a ela e contrate
uma babá. Você faria isso quando ela começasse a faculdade no outono de
qualquer maneira. Qual é o grande problema?

— O grande problema é que ela abandonou a faculdade antes mesmo


de começar! — Aiden grita, suas cordas vocais vibrando a cada palavra. —
Se eu contratar uma babá, ela pensará que não há problema em renunciar
a todas as suas responsabilidades para perseguir um sonho infrutífero.

— Infrutífero? — Eu enrolo meu lábio e sorrio. — Você viu o trabalho


dela? Ela é brilhante. Não há dúvida de que ela poderia ter uma carreira de
sucesso como autora, se quisesse ser uma.

— O que é isso, dia da gangue contra Aiden? — Aiden argumenta em


defesa.

— Não. É dia de manter-se real-com-Aiden. Bella nos disse que você


foi liberado dos cuidados do Dr. Ansley e isso significa não pegar mais e
pegar leve com as coisas, — acrescenta Hudson.

— Bem, merda. Se você já pegou leve com as coisas antes, mal posso
esperar para ouvir o que você tem a dizer agora, — brinca Aiden.
Hudson passa a mão pelos cabelos, mudando nervosamente o olhar
entre todos. — A razão pela qual estamos aqui é para falar com você sobre
sua esposa. Bem, mais como algo envolvendo sua esposa.

— Você quer dizer minha esposa adúltera? Por todos os meios, diga-
me o que poderia ser pior do que descobrir que a mulher que você
idolatrou estava dormindo com o pai de um de seus amigos, — Aiden grita.

— Não é pior, — afirma Titus, levantando as palmas das mãos e


encolhendo os ombros. — São apenas notícias que podem ser consideradas
chocantes.

— Bem, o que é então? Não temos o dia todo, — solicita Aiden.

— Descobrimos quem era o motorista na noite do acidente de carro,


— me apresso em responder, precisando ser o único a contar a Aiden essas
informações. Felizmente, a equipe parece entender e todos recuam me
dando a palavra. — Aiden, antes que eu diga, você precisa entender que as
autoridades acreditam que foi intencional. A pessoa que causou o acidente
de sua esposa e filha o fez com a intenção de prejudicar e provavelmente
matar.

— Você quer me dizer que alguém se propôs a machucar minha


esposa e filha? Como diabos eu não poderia saber sobre isso? — O rosto de
Aiden se contorce em indignação. — Quando você descobriu isso? A
pessoa ainda está lá fora?
Uma voz feminina responde em meu lugar.

— Oh, ela está muito lá fora. Não é, William? — Heather concentra


seu olhar selvagem em mim, engatilhando o revólver aninhado entre suas
mãos estendidas.

De uma vez, todos voltamos os olhos para a louca que começou a


andar de um lado para o outro na cozinha de Aiden.

— Heather, o que você está fazendo aqui? — Aiden pergunta, suas


sobrancelhas franzindo em profunda confusão.

— Você quer dizer que eles não o informaram? — Heather ri, agitando
a arma no ar em um movimento circular. — Bem, sente-se, querido. Estou
prestes a informá-lo.
CAPÍTULO VINTE E NOVE

Estou voltando de uma corrida quando vejo o SUV de William


estacionado em frente à casa do meu pai. Isso é estranho. Eu não sabia que ele
estava planejando uma visita. Estou prestes a entrar em casa quando um carro
familiar chama minha atenção. O SLC Roadster rosa de Heather está vazio
do outro lado da rua, o que só pode significar que ela já está em algum
lugar da propriedade.

Eu serei amaldiçoada se deixar essa mulher me ameaçar. Se alguém vai contar


ao meu pai sobre William e eu, serei eu.

Subo as escadas da entrada e entro no espaço aberto, mas não consigo


ouvir comoção. De repente, um pop alto reverbera por toda a casa. Isso foi
um tiro? O pop alto soa mais uma vez e agora tenho certeza de que alguém
está disparando uma arma em casa.
Eu caio no chão e rapidamente ligo para a polícia do meu Smartwatch,
rezando para que esteja perto o suficiente do telefone para receber um
sinal. Eu sabia que deveria ter ido com o celular.

— 911, diga sua emergência, — uma voz sai do meu pulso.

— Olá sim. Temos um intruso na via Romansky Way. Eles têm uma
arma, — respondo o mais silenciosamente possível.

— Recebemos uma solicitação de serviço deste local. Parece que um


alarme silencioso foi acionado e a ajuda foi enviada. Espere que alguém
chegue em breve.

Assim que a mulher termina de falar, sou capaz de ouvir gritos na


cozinha. — Senhora, senhora, se você puder ficar quieta, não tenho certeza
de como diminuir o volume do meu relógio e não quero que o intruso me
ouça.

Eu rastejo um pouco mais perto da comoção quando a operadora


concorda em permanecer em silêncio. Definitivamente, não quero me
inserir no meio de um tiroteio, então entro silenciosamente no corredor da
cozinha e imediatamente minha mandíbula cai com o que vejo.

Heather está presa em uma cadeira e suas mãos estão sendo


algemadas por Hudson, enquanto William pega um revólver e coloca em
um grande saco de freezer.
— Onde diabos está sua equipe de segurança, Aiden? — Titus
pergunta ao meu pai.

— Eu dei a eles o dia de folga. Eu sou um maldito SEAL. Não preciso


de segurança, — meu pai rebate.

— Você deu a eles o dia de folga?! Você pode não precisar de


seguranças, mas Bella e os gêmeos precisam. Pelo amor de Deus, o que teria
acontecido se eles estivessem na sala quando Heather entrou com a arma?
— William ruge, as veias no pescoço pulsando descontroladamente.

— Estou aqui. Estou bem. — Entro na cozinha, deixando todos


saberem que não estou ferida. — E os gêmeos estão nos vizinhos para
brincar.

— Você teve sorte. — William olha para meu pai enquanto se dirige
para mim. Assim que ele me alcança, me abraça e pressiona um beijo na
minha testa. — Estou tão feliz que você está bem. — Ele respira na minha
pele.

— O que diabos está acontecendo? — Meu pai olha entre William e


eu, sem dúvida confuso com o súbito carinho.

— Você não sabia, não é? — Heather gargalha de seu assento. — O


anjinho perfeito do papai não é tão perfeito.
— Cale a boca, Heather, — eu rosno antes de virar para enfrentar meu
pai. Estou prestes a contar a ele sobre o nosso relacionamento quando
William se adianta.

— Estou apaixonado por sua filha, Aiden, — diz William com


naturalidade.

E assim, todo o ar deixa meus pulmões. Ouvi-lo declarar seu amor por
mim tão abertamente para o meu pai, me traz uma imensa sensação de paz.

Eu não tinha percebido o quanto nossa espreitadela estava me


afetando até esse exato momento. Ter que se preocupar constantemente em
manter as coisas do meu pai ou deixar escapar algo em público estava me
sobrecarregando e esse momento de libertação me deixou tão leve e livre.

— Que doce. — Heather invade meu momento de alegria, destruindo-


o com seu sarcasmo. — Bem, foda-se você e seu felizes para sempre.
Marissa — Oh, espere, ela se passa por Shannon agora. — Heather revira
os olhos e balança a cabeça antes de continuar. — Shannon prometeu-me
que seria fácil e que tudo ficaria bem. Ela e eu deveríamos estar em alguma
ilha remota bebendo daiquiris agora, sem preocupações. Mas nãooooo.
William não me aceitaria de volta por causa dessa putinha. — Heather
aponta a cabeça para mim enquanto eu fico ali atordoada com toda a merda
que sai da boca dela.

— Cuidado, Heather. Você não vai falar sobre Bella assim, — alerta
William através de dentes cerrados.
— Você não pode me controlar. — Heather zomba. — Eu não vou
deixar você me segurar, William Hawthorne. Você me ferrou uma vez com
aquele maldito acordo pré-nupcial e eu não vou deixar você fazer isso de
novo. — Heather fala enquanto todo mundo a observa lutar verbalmente
com William.

— É disso que se trata? O acordo pré-nupcial?

— Sim! Se você tivesse me deixado ir embora com algum dinheiro,


isso nem estaria acontecendo agora. Depois que percebi que não ia receber
nada de você, tive que voltar. Caso contrário, eu ficaria sem nada. Foi
quando sua genialidade de mãe se aproximou de mim, falando sobre
algum esquema cabeludo para limpar você quando estivéssemos juntos
novamente. Aparentemente, seu estoque de dinheiro acabou e ela também
precisava reabastecer seus fundos.

— Maldito dinheiro. Tudo se resume a dinheiro e ganância. Cobiçar o


que não é seu. — William balança a cabeça com nojo.

— Claro que é sobre dinheiro. Você não está prestando atenção? Bem,
a parte em que sua mãe matou seu pai... Foi mais por ciúmes. Mas quero
dizer, alguém estava ameaçando tirar sua vaca leiteira, então você poderia
realmente culpá-la?

— Sim! — todo mundo grita em uníssono.


— Tanto faz. Fique feliz por não ter tentado matar você e Bella, como
sua mãe fez com seu pai e Lucia. Embora destruir o carro de Bella tenha
sido muito bom.

— Foi você? — Suspiro surpresa ao mesmo tempo em que William


grita: — Claro que era minha mãe!

— Sim. — Heather enfatiza seu, aparentemente sem estar afetada por


estar algemada a uma cadeira.

— Sim, para quê? Foi você quem vandalizou o carro de Bella ou minha
mãe foi quem matou meu pai? — William pergunta.

— Sim para ambos. Eu atirei nos pneus de Bella com aquela arma ali.
— Heather aponta a cabeça em direção à arma dentro do saco plástico. —
Foi um presente de sua mãe traiçoeira. Disse que não podia mais olhar para
isso, algo sobre ser a arma que ela usou no seu pai.

William compartilha um olhar cúmplice entre Ren, Titus e Hudson.


Acho que eles já suspeitavam disso.

— Eu nunca deveria ter confiado nessa mulher. Mas ela me garantiu


repetidas vezes que poderia fazer isso para que eu pudesse ganhar minha
audiência e voltar às boas graças de William. — Heather ri loucamente. —
Não tínhamos contado com William fodendo a babá. Isso definitivamente
atrapalhou os nossos planos. — Heather vira a cabeça para me olhar. —
Você cavou seus calcanhares muito bem, não foi querida?
Eu estreito meus olhos para Heather, incapaz de ficar quieta por mais
tempo. — Não me culpe se você nunca apreciou o que estava bem na sua
frente. Você foi quem se afastou de uma vida com William e Harper.
Durante todo esse seu colapso, você nem a mencionou uma vez!

— Você poderia ter os dois por tudo que me importo. Eu só precisava


do dinheiro. Em vez disso, recebo uma ligação da própria mentora me
dizendo que o gabarito acabou. Que existem mandados de prisão e ela está
se escondendo. Você acha que o cérebro decidiu me levar com ela? Nããão.
Isso é pedir demais. Afinal, eu só fiz tudo o que ela me pediu, inclusive
mantendo seus malditos segredos. Vocês sabiam que ela era a motorista
que matou Lucia? Se ao menos ela pudesse ter matado Isabella também. —
Heather arremessa um loogie, apontando-o para mim, mas perdendo por
um longo tiro. Graças a Deus por pequenos milagres.

Um segundo depois, há um estrondo alto na frente da casa. Todos nós


torcemos nossos pescoços na tentativa de ver o que causou o barulho, mas
não conseguimos ver nada por causa da forma como a cozinha está
fechada.

Felizmente, não precisamos esperar muito por uma resposta. Uma


equipe de policiais fortemente armados e agentes do FBI entra na cozinha.

— Parece que seu tempo acabou, Heather, — acrescento com um


pouco alegre demais para a ocasião. — Você vai cair depois da bela
confissão que acabou de fazer.
— Eu não tenho ideia do que você está falando. Eu não disse uma
palavra esse tempo todo e você não pode provar o contrário.

A sala inteira fica em silêncio. Certamente ela não pode se safar de tudo o que
acabou de admitir fazer parte, pode?

— Senhora? Senhora? Você ainda está aí? — A voz de uma mulher


rompe o silêncio. Todo mundo se vira para se olhar tentando descobrir de
onde vem a voz quando fala novamente. — Senhora? Senhora, aqui é a
atendente do 911.

— Sim! Ainda estou aqui, — digo, aproximando meu pulso da boca.


— Eu sinto muito. Esqueci que você estava aí.

— Oh, não se preocupe. Eu só queria que você soubesse que é nosso


protocolo registrar todas as chamadas recebidas. Toda essa conversa foi
gravada e pode ser utilizada para revisão futura, se assim você desejar.

— Bem, merda. — Heather murmura baixinho enquanto a sala inteira


começa a rir.
CAPÍTULO TRINTA

As autoridades se retiraram e Heather foi presa. Uma já foi, só falta uma.


Eu posso ser um bastardo de coração frio, mas um filho só pode receber
muito de sua mãe, e acho que minha mãe excedeu em muito meu limite de
perdão.

Olhando ao redor da sala, todo mundo parece estar tão chocado com
os eventos desta manhã quanto eu - especialmente Bella. Agora estou tendo
a chance de realmente olhar para ela, e a visão dela em seu short minúsculo
está fazendo meu corpo reagir de maneira que não deveria na presença de
seu pai. Ela deve ter vindo de uma corrida matinal quando Heather decidiu
parar com suas travessuras.

Bella está usando um sutiã esportivo preto com shorts combinando.


Seu cabelo está em um rabo de cavalo alto, com fios soltos agarrados à pele,
úmidos de suor. Eu a amo assim. Fresca, sem maquiagem e com a pele
mostrando o menor rubor - embora eu prefira ser a razão por trás do rubor dela.
Meus olhos continuam a vagar sobre a figura mal vestida de Bella e é
preciso tudo em mim para manter minhas mãos para mim por respeito à
Aiden.

Infelizmente, minha leitura do corpo de Bella não passa despercebida.


Sentindo um par de olhos fixos em mim, relutantemente olho para cima e
encontro o dono deles.

— Acabou de foder minha filha com os olhos? — Aiden me pergunta,


sua voz rouca de raiva contida.

— Íamos contar, Aiden. Mas com sua lesão, precisávamos ter certeza
de que não atrasasse seu progresso. — Tento permanecer o mais calmo
possível, esperando que essa conversa não se torne física. Não é que eu não
possa me segurar, mas o homem acabou de sofrer uma lesão cerebral, pelo
amor de Deus, ele não precisa se envolver em nenhuma briga no momento.

— Papai. — Bella fala atrás de mim, sua voz soando tão pequena. —
Não foi como planejamos isso.

—Silêncio, Bella. Isso é entre William e eu, — adverte Aiden, enquanto


simultaneamente informa ao resto da sala, que é uma conversa particular.
Os caras pegam a dica e começam a sair, nos dando um pouco de
privacidade. — Quanto tempo? Há quanto tempo isso acontece bem
debaixo do meu nariz? Ela acabou de completar dezoito anos, William.
Você dormiu com ela antes disso? Precisamos que a polícia volte?

— Papai! — Bella exclama, visivelmente chateada com a reação de


Aiden.

Trago Bella para frente, colocando-a na curva do meu braço e dou um


beijo na têmpora dela. —Está tudo bem, querida, — eu sussurro no cabelo
dela antes de olhar para Aiden. — Não, você não precisa chamar a polícia.
Começamos nosso relacionamento bem depois que ela completou dezoito
anos.

— Bem depois minha bunda. Ela ainda é uma garotinha, William. Ela
nem bebe, pelo amor de Deus. — Aiden balança a cabeça para frente e para
trás.

— Se você realmente prestasse atenção à sua filha, saberia que ela


deixou de ser uma garotinha há muito tempo e também saberia que ela tem
um gosto muito bom para uísque. — Eu sorrio, dando a Bella um olhar
lateral.

— Obrigado por me dedurar, — ela murmura baixinho, empurrando


o cotovelo nas minhas costelas.

Olho para Aiden, que está em silêncio, sem dúvida questionando o


que ele pensa contra o que é a realidade.
— Isso não é uma aventura, Aiden. Eu a amo e acho que ela também
me ama. — Olho para Bella, que está acenando com a cabeça enfaticamente.
— Bella é minha. Ela é minha para sempre e não haverá outra -
independentemente de você aprovar ou não.

— Por cima do meu cadáver. — Aiden rosna. — Você com seus genes
familiares insanos. Você acha que eu quero isso para minha filha? Foda-se
não. Vi seu rosto quando revelei que Lucia estava tendo um caso com seu
pai. Você já sabia. Você sabia e nunca me contou sobre isso. — O olhar de
Aiden se estreita em pequenas fendas. — Que tipo de irmão, honorário ou
não, acha que não há problema em manter informações tão importantes
para si. Você estava sentado nessa informação, enquanto se aproveitava da
minha doce filha?

— Papai, não foi assim. Era para o seu próprio bem, —Bella implora,
com os olhos grandes e redondos.

Aiden vira o olhar para Bella, franzindo as sobrancelhas antes de falar.


— Você sabia disso também, não é?

— Sim. Mas só escondi de você para evitar causar qualquer dor


desnecessária. Ela se foi. De que adiantaria contar a você?

— Quanto tempo, Isabella? Há quanto tempo você sabe que sua mãe
estava me traindo?
— Desde o dia do acidente de carro, — sussurra Bella, sua voz quase
inaudível. — Eu entrei com ela e... — Ela diz, a sala fica em silêncio com
sua admissão.

Ela sabia que era meu pai? Ela não poderia, ela parecia tão chocada
quanto todos os outros.

— Você não apenas dorme com o parceiro de negócios e amigo de seu


pai, mas também esconde coisas importantes como essa de mim também?
Ah, e você está abandonando a faculdade antes mesmo de assistir à sua
primeira aula. Não vamos esquecer isso. — Aiden suga os lábios enquanto
balança a cabeça. — Você não é a filha perfeita que pensei que você fosse.

Com suas palavras, Bella chupa uma respiração afiada.

— É suficiente. — Eu rujo! — Você não vai falar com ela assim. Ela é
perfeita. Ela é incrivelmente inteligente, extremamente paciente e uma das
pessoas mais solidárias que já conheci. Você não a menospreze por
esconder algo de você quando suas ações foram movidas por amor. Ela te
ama, Aiden. Você é o pai dela. Enquanto você estava ocupado com sua
cabeça enfiada na bunda, ela estava levantando a si e aos meninos,
enquanto equilibrava a culpa da morte da mãe e mantinha um segredo
tóxico, suportando a dor dela mesma para protegê-lo.

O rosto de Aiden torce de dor. — Eu sou seu pai, Bella. Você deveria
ter me dito.
— Você não esteve exatamente presente. — Bella morde o lábio
inferior enquanto se concentra no chão como se fosse a coisa mais
interessante que ela viu o dia todo. — Você se foi há muito tempo. Desde
que mamãe morreu. Fisicamente, você está presente, mas emocionalmente
você se foi.

— Eu sou seu pai, Isabella! Você deveria ter me dito! — Aiden grita,
repetindo suas palavras de antes.

— Quando?! Quando eu deveria te contar?! — Bella grita de volta. —


Sempre que eu tentava falar com você sobre algo remotamente emocional,
você me afastava - mudando de assunto ou simplesmente saindo da sala.
— Bella limpa as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Então me diga, pai,
quando diabos eu deveria te contar?

Aiden dá um passo atrás ao ouvir as palavras de Bella, como se o


tivessem atingido fisicamente. — Você não vai me desrespeitar em minha
própria casa. Se você quer ir pelas minhas costas, mantendo segredos e
fazendo coisas que eu não aprovo, por todos os meios, vá em frente. Mas
você não fará isso enquanto vive sob o meu teto. A partir deste momento,
você não faz mais parte desta família. Você não é nada. — Aiden levanta a
mão e aponta para a porta. — Saia daqui!
Eu fico lá tentando processar as palavras do meu pai. Estou sozinha.
Estou total e completamente sozinha. Meu pior medo se tornou realidade e
perdi o que resta da minha família.

Limpo as lágrimas rolando pelo meu rosto e quero que elas parem,
mas não o fazem.

Eu sabia que esse dia chegaria, em que meus pais me abandonariam.


Eu não mereço o amor deles. Eu não mereço qualquer amor. Vez após vez, a
vida provou que isso é verdade, então por que desta vez deveria ser
diferente?

Minha mãe me deu as costas no momento em que decidiu abandonar


nossa família, e agora meu pai está me abandonando por algum sentimento
de traição.
Ao me render ao que é, coloco um pé na frente do outro e começo a
sair da casa de meu pai.

Talvez Cassie me deixe ficar na casa dela por um tempo.

Vagamente, ouço pessoas falando atrás de mim, mas é tudo uma


bagunça enquanto tento descobrir onde pertenço, se pertencer a qualquer
lugar.

Você não é nada. Você. É. Nada.

As palavras de meu pai continuam se repetindo na minha cabeça uma


e outra vez, enquanto outra dor cortante rasga minha alma.

Eu preciso correr. Correr até ficar entorpecida e não sentir essa dor
profunda no peito. Paro e fecho os olhos por um segundo, precisando
recuperar o fôlego. A dor é tão torturante que parece que eu estava sendo
cortada por dentro, tornando impossível respirar.

Deixando o vazio me engolir inteira, desabo no chão, incapaz de andar


mais longe.

Quando começo a desejar poder desaparecer no chão, fortes mãos me


pegam. Levanto a cabeça para ver um par de olhos azuis pálidos olhando
para mim. William. Eu pisco forte, tentando limpar minha visão e recuperar
meu senso de ambiente.
— Baby. — A voz suave de William corta meu nevoeiro mental. —
Fiquei para conversar com seu pai e saí para encontrá-la assim. Você caiu?
Você está bem?

Eu balanço minha cabeça, incapaz de formular qualquer palavra. A


dor correndo por mim, quebrando minha alma e me deixando sem
palavras. Eu só quero me esconder da dor. Cavar um buraco profundo e
me enterrar.

William pressiona um beijo na minha têmpora e me leva para o carro


dele. Quando ele me coloca no banco do passageiro, percebo que ele deve
estar me levando para casa com ele.

— Não. Leve-me para o meu carro, — consigo dizer.

— Podemos buscá-lo mais tarde. Você não está em condições de


dirigir, — afirma William, o tom dele me informando que não há espaço
para discussões.

Mas, novamente, não sou de ouvir.

— Não, William. Você precisa me levar para o meu carro. Eu preciso


chegar na casa de Cassie.

— Isabella. — William solta um suspiro frustrado. — Pare de ser tão


teimosa e apenas concorde pela primeira vez. Você está voltando para casa
comigo. É onde você pertence.
— Eu não pertenço a lugar nenhum. Eu sou. Nada. — Grito, minhas
palavras saindo sufocadas quando o nó na garganta cresce.

— Não diga isso. Você é tudo. Você me ouve? Tudo! — William me


agarra pelos ombros e me sacode até que meus olhos cheios de lágrimas
olhem diretamente para os dele. — Você pertence a mim. Você é meu tudo
e eu lhe mostrarei seu valor todos os dias pelo resto de nossas vidas, se
você me deixar. — Os olhos de William estão implorando, buscando
permissão em minha alma. — Deixe-me entrar, Isabella. Deixe-me mostrar
como você é incrível.

Olho inexpressivamente para William, sem saber o que dizer. Eu amo


esse homem. Realmente, é por isso que não posso morar com ele. — Não,
William. Estou quebrada. Você merece alguém que esteja inteira. Alguém
que poderia se entregar totalmente a você e a Harper. Não sou eu, não
importa o quanto eu queira que seja.

— Mas você não vê, Bella? Essa é você. Sem você, eu não sou completo.
Você pega meus pedaços quebrados e os coloca de volta com seu amor.
Quando você apareceu para Harper todas as vezes, você me faz inteiro.
Quando você é paciente comigo, inabalável em seu amor, você me faz
inteiro. Quando você compartilha seu sorriso em alguns dos meus dias
mais sombrios, você me faz inteiro. Você, Bella, é o que me faz completo.
Deixe-me fazer isso por você, sempre. Venha morar comigo e prometo que
farei o que for preciso para garantir que você nunca mais se sinta vazia.
Limpando minhas lágrimas, aceno com a cabeça de acordo -
percebendo que William está tão quebrado quanto eu e que talvez, apenas
talvez, possamos ajudar um ao outro a curar, apagando as feridas
irregulares do nosso passado.
CAPÍTULO TRINTA E UM

TRÊS MESES DEPOIS...

Estou balançando Harper para dormir quando William entra


segurando um grande envelope na mão. Deve ser uma boa notícia, porque
seu rosto mal consegue conter sua alegria. Levantando um dedo, sinalizo
que Harper está dormindo e nos movemos em direção ao berço.

Depois de algumas manobras furtivas, sou capaz de levá-la para tirar


a soneca e a ponta dos pés silenciosamente saio do quarto. Uma vez lá fora,
olho para William e vejo que ele ainda possui o mesmo sorriso largo.

— Por que você está tão animado? Esses são seus papéis de divórcio?
— Eu pergunto, curiosa para descobrir o que o deixou tão tonto.
— Não, mas é tão bom quanto. Como seu agente literário, tomei a
liberdade de enviar algumas cartas. — A boca de William se divide em um
sorriso travesso enquanto seus dentes mordem seu lábio inferior
rechonchudo.

Na confissão dele, meu queixo cai e meus olhos praticamente incham


de suas órbitas. Dizer que fiquei surpresa seria um eufemismo.

— Eu não tinha ideia de que você era meu agente. — Eu olho para ele
sob meus cílios e sorrio. — Ou que você estava enviando cartas em meu
nome. Apesar de você ter ultrapassado seriamente, devo admitir, estou
realmente agradecida. — Levanto as duas sobrancelhas e solto um sorriso
animado.

— Eu não ultrapassei. Eu tenho um colega de faculdade que trabalha


em uma editora. Mandei seus livros para ele e ele queria dar uma olhada
neles. Nada de mais. Imaginei que poderia enviá-los em seu nome e, se não
fosse um bom ajuste, você não saberia, então não há mal nenhum.

— William, você não pode me proteger da rejeição. — Eu mordo meus


lábios e balanço minha cabeça. — Eu entendo o que você estava tentando
fazer, mas não quero que alguém goste dos meus livros apenas por causa
de uma conexão social.

— Mateus é um homem de negócios inteligente. Confie em mim, ele


não apenas assinaria alguém como um favor. — William me puxa para
perto dele, agitando o envelope grande na mão direita. — Esta é a resposta
dele. Você não quer saber o que diz? — William pergunta, praticamente
pulando nas pontas dos pés.

— Ummm... Sim? — Eu respondo, minha resposta saindo mais uma


pergunta.

William me entrega o envelope e hesitantemente puxo a carta. Meu


coração acelera e minhas mãos começam a tremer enquanto leio as
palavras repetidamente.

— Eles querem meus livros. — Eu sussurro, olhando para William.

— Sim. Você recebeu uma oferta para toda a série, Pequena Lua. — O
sorriso anterior de William se transforma em um sorriso satisfeito.

Uma infinidade de pensamentos me assaltam enquanto eu fico


olhando para o jornal que segura um pedaço do meu futuro.

Isso está realmente acontecendo? Como eu tive tanta sorte?

— William, obrigada. — Incapaz de conter minha gratidão, aperto


meus braços em volta do pescoço dele. — Obrigada. Obrigada. Obrigada,
— eu sussurro em seu peito. — Você não tem ideia do que isso significa
para mim.

— Acho que sim, pequena lua. Os últimos meses me mostraram como


é se sentir completo. Como se tudo estivesse onde deveria estar. Acordo
todas as manhãs me sentindo tão em paz que tenho que me perguntar se
isso não é algum tipo de sonho. — William acaricia meu cabelo enquanto
olha nos meus olhos. — Quero ter certeza de que você também se sente
assim. Quero que você tenha tudo o que seu coração deseja, incluindo a
carreira dos seus sonhos.

Fecho os olhos e respiro-o. Este homem, o homem dos meus sonhos,


me deu mais do que eu jamais pensei ser possível.

Os últimos meses curaram tanta dor e, lenta, mas seguramente,


William conseguiu preencher as cavidades irregulares do meu coração. Ele
e Harper são minha casa e, embora eu ainda sinta falta do meu pai e dos
meus irmãos, agora sei que não há outro lugar que eu prefira estar. Em
nenhum outro lugar eu pertenço.

— Devo enquadrar esta carta e enviar uma cópia para seu pai. —
William arqueia uma sobrancelha enquanto pega a carta da minha mão.

— Não, — eu me apresso em dizer. — Ele não quer nada comigo e


tenho certeza de que também inclui qualquer coisa que possa provar que
ele está errado.

— Acho que é exatamente por isso que precisamos enviar uma cópia
para ele. Mostre a ele o quão ridículo ele está sendo e que ele precisa apoiar
sua filha incrivelmente talentosa. — William me levanta em um abraço, me
segurando pela bunda, fazendo-me envolver minhas pernas em volta dele.
— Teríamos que enviá-lo para Seattle, já que ele decidiu que só aceita
contratos o mais longe possível de casa.

Eu franzo meus lábios e os mudo para a direita. — Ele está sendo


ridículo, tudo bem. Não acredito que ele enviou os gêmeos para o colégio
interno. Não posso visitá-los sem pegar um avião e aposto que ele nem me
adicionou à lista de visitantes. — Meus lábios caem quando uma dor
profunda se instala no meu peito. — Eu me pergunto como eles estão.

— Tudo funcionará da maneira que deve ser. Eu prometo. Não me


importo se tenho que mover o céu e a terra para que seja assim. — William
coloca beijos suaves no meu pescoço enquanto ele nos encaminha pelo
corredor.

— Eu sei, eu já disse isso antes, mas obrigada. Você me deu muito em


um período tão curto de tempo... — Minha voz se afasta, sem saber o que
eu poderia dizer seria suficiente para mostrar minha gratidão.

— Eu te amo, Isabella. Eu quero você feliz. Isso faz parte de fazer você
feliz e não há necessidade de me agradecer constantemente. Embora, se
você realmente quisesse me mostrar o quanto está agradecida, poderia me
deixar fazer o meu caminho com você quando e onde eu quisesse. —
William balança as sobrancelhas de brincadeira, embora a protuberância
nas calças me permita saber que há alguma verdade em seu pedido.

— Por que, Sr. Hawthorne, você está propondo a sua babá? — Eu


provo, quando um sorriso desonesto se espalha pelo meu rosto. — Que
inadequado da sua parte. Além disso, você é muito mais velho que eu. Seu
pau trabalha em uma idade tão avançada? — Eu provoco, tentando conter
minha risada.

William aperta minha bunda e sorri. — Continue assim e eu vou


deixar sua bunda linda nua. Mostrarei o quão bom meu pau funciona. —
William desliza a mão pelas costas do meu short, deslizando o dedo médio
entre minhas bochechas. — Alguém já esteve aqui antes? — William
pergunta enquanto ele acaricia suavemente meu buraco enrugado em
pequenos círculos, me fazendo contorcer.

— Não, — eu consigo dizer, a única palavra saindo toda ofegante e


quase inaudível.

William me abaixa na nossa cama. Pelo visto ele estava nos levando
para o nosso quarto o tempo todo e eu não tinha notado, muito envolvida
no que suas mãos e boca estavam fazendo para se importar.

— Boa. Porque é meu. — O estômago de William vibra contra mim


enquanto ele solta uma risada suave. — Não se preocupe, não será hoje à
noite.

Eu solto o fôlego que não sabia que estava segurando. — Graças a


Deus, porque o pensamento de seu pau enorme dentro daquele pequeno
buraco... — Eu paro quando meus olhos se abrem.
— Vamos devagar. Eu prometo. — William se inclina, puxando um
pacote da mesa de cabeceira. — Por enquanto, vamos começar com isso. —
Ele acena um objeto de metal brilhante em forma de lágrima no meu rosto.

Eu estendo a mão e toco, o metal frio enviando arrepios na espinha.


Não tenho certeza se é por medo ou pela emoção de tentar algo novo. Eu
nunca estive com ninguém o tempo suficiente para experimentar, então
tudo isso é território desconhecido.

— Relaxe, querida. — William se posiciona entre meus joelhos antes


de separá-los. — Isso só será bom se você confiar em mim e se deixar
relaxar.

Aceno com a cabeça e dou a William um sorriso tímido. — Eu quero


isso. Eu quero tentar isso com você.

William levanta minha perna, dando um beijo suave no interior do


meu tornozelo. — Obrigado por me dar isso. — Ele desliza a mão pela
minha perna e por cima da minha boceta dando um tapa rápido antes de
abrir a garrafa de lubrificante que ele trouxe com o plugue.

Derramando um pouco na mão, ele reveste o metal e se abaixa sobre


mim. — Você é tão fodidamente bonita. Tão perfeita, — William sussurra
na minha pele enquanto segue meu estômago com beijos molhados.

Seus lábios encontram o meu nó endurecido, agarrando-me e fazendo-


me arquear as costas do repentino choque de prazer que corre através de
mim. Pego o cabelo dele, empurrando-o mais fundo em mim, nunca
cansando de como sua língua se sente bem no meu clitóris.

Estou me divertindo com a sensação da boca dele quando sinto algo


frio cutucando na minha retaguarda. Eu me masturbo involuntariamente,
chocada com a sensação diferente. William me abraça colocando a palma
da mão aberta no meu osso pélvico e me pressionando de volta para a
cama.

— Calma, pequena lua. — William arrulha enquanto esfrega a ponta do


plugue para frente e para trás sobre o meu buraco antes de pressioná-lo
suavemente, trabalhando lentamente dentro e para fora até que a parte
mais larga passe pelo anel apertado do músculo.

Suspiro com a súbita sensação de plenitude. É diferente, mas não é ruim.

Um sorriso perverso brilha no rosto de William. — Minha pequena


lua gosta de brincar na bunda. Quão mais perfeita você pode ficar?

Eu bato no peito de William, meu rosto ficando rosa de vergonha. —


Tenho certeza de que gostaria de quase tudo, desde que estivesse com você.

O rosto de William suaviza e seu brilho predatório se transforma em


um que eu nunca vi antes. Nesse momento, William e eu trocamos mil
palavras silenciosas, reconhecendo nossa outra metade um no outro. Ele é
a parte que falta de mim e eu sou dele.

— Eu te amo, — declaramos simultaneamente antes de rir.


— Má sorte, puxa, você me deve uma Coca-Cola, — eu digo.

— Oh, eu vou te dar uma cutucada, tudo bem, — brinca William


enquanto ele me rola no meu estômago.

A cabeça maciça de seu pau provoca meu clitóris, uma vez, duas, três
vezes, antes de entrar lenta e deliciosamente no meu canal. William
trabalha seu pau grosso dentro e fora de mim até que todo o seu
comprimento seja mergulhado dentro de mim.

Minha respiração pega na garganta enquanto tento decifrar o que


estou sentindo. Incapaz de conter a infinidade de sensações correndo por
mim, um gemido me escapa.

A plenitude é diferente de tudo que eu já experimentei, com


terminações nervosas que eu nunca soube que existiam queimando,
iluminando meu corpo como o quatro de julho.

Parece tão bom pra caralho. Tudo com ele é tão bom.

William começa a se agitar em mim. Imediatamente, meu corpo


responde sem aviso prévio - empurrando e puxando em sincronicidade
com o dele - como se nosso corpo estivesse falando sua própria língua.

Em questão de segundos, sinto aquele formigamento familiar me


envolvendo, onde tudo fica confuso e eu perco todo o controle - caindo no
abismo do prazer intoxicante.
William apanha a mão, o dedo médio encontrando meu clitóris e me
detonando no orgasmo. Onda após onda de prazer colide comigo, meu
corpo estremece incontrolavelmente sob o domínio de William quando ele
atinge o seu próprio clímax, batendo em mim uma última vez antes de
rugir sua libertação.

Completamente gasto, William cai em cima de mim, acariciando a


lateral do meu pescoço e depositando um beijo persistente. — Minha para
sempre, Bella. Você é para sempre minha.

Um sorriso contente se forma nos meus lábios. —Para sempre,


William. Eu sou para sempre sua.
EPÍLOGO

Três Meses Depois...

— É tão pacífico aqui, — sussurro, uma sensação de calma lavando


sobre mim enquanto olho para a água e para o sol nascente. A praia está
deserta em nosso trecho particular de areia, com apenas William e eu aqui
para testemunhar sua beleza. Aproveitando ao máximo a reclusão, William
montou um cobertor de piquenique, completo com travesseiros e velas em
torno de nosso recanto particular de Cape Cod.

— Você escolheu o lugar perfeito para comemorar ser recém-


divorciado. Quem sabia que levaria tanto tempo para você se libertar de
uma criminosa? — Eu cutuco William nas costelas, piscando para ele antes
de tomar um gole do meu café. Normalmente não acordo tão cedo nas
férias, mas William me persuadiu a sair da cama com uma jarra cheia e
prometeu uma beleza incomparável.

— Estou feliz que tudo esteja resolvido e que todos e tudo estejam
como deveriam ser. —William envolve um braço ao meu redor enquanto
continuamos a olhar para o oceano, onde o sol agora ilumina o céu em uma
cacofonia visual de roxos, rosas e laranjas.

Tento me concentrar na beleza à minha frente, mas a memória de meu


pai e irmãos causa uma dor aborrecida para atenuar meu humor. Como se
sentisse minha tristeza, William se vira para mim e levanta a mão para
cobrir minha bochecha. —Retratando. Quase tudo.

— Quase, — repito, um sorriso quente tocando meus lábios.

— Não se preocupe. Não desisti da minha promessa a você. Aiden


verá o erro de seus caminhos. Mais cedo ou mais tarde. Você verá.

— Mhmm. Eu sei que você cumpre suas promessas. — Viro a cabeça


para beijar a mão forte deitada no meu ombro, esfregando suavemente
meus lábios para frente e para trás através dos sulcos de seus dedos. —
Você estava certo. Esse nascer do sol definitivamente se qualifica como
uma beleza incomparável.

William estende a mão com a outra mão, virando meu rosto para a
dele. — Essa não é a beleza a que eu estava me referindo.

Minhas bochechas esquentam quando seus olhos olham para os meus,


tão cheios de amor que a emoção flui diretamente para mim, aquecendo as
partes mais frias e sombrias do meu eu quebrado.

Faz seis meses desde que me mudei oficialmente com William e tudo
foi perfeito. A combinação de seu amor e paciência ajudou muito a curar
minhas feridas e percorri um longo caminho, mas mentiria se não
admitisse que havia momentos de dúvida. Não sobre o meu amor por
William - essa é a constante que sei que nunca mudará - mas sobre se sou
ou não digna.

— O que está acontecendo nessa sua cabeça linda? — As sobrancelhas


de William se unem enquanto seu polegar acaricia suavemente minha
bochecha.

— Que eu amo quando você me olha assim. Como se eu fosse o


suficiente. — Aperto meus olhos, não querendo que ele veja toda a
incerteza que carrego por dentro.

— Minha doce Isabella. Se você pudesse ver o que eu vejo. Você é mais
que suficiente. Você é tudo, e se você me deixar, passarei o resto da minha
vida mostrando como você é digna. — William muda, deixando o braço do
meu lado e sinto instantaneamente o calor do corpo dele deixar o meu.

— Abra seus olhos, querida. — William acaricia minha bochecha com


as costas da mão.

Lentamente, abro os olhos e a visão diante de mim faz meu coração


pular uma batida. William está de joelhos e na mão direita há uma pequena
caixa, o tom perfeito do azul ovo de robin40. Meus olhos formigam e meu
estômago tremula, sentindo como se abrigasse um milhão de borboletas.

Lágrimas começam a fluir pelo meu rosto enquanto eu me arremesso


para William. — Sim. Oh meu fodido Deus, sim! — Eu digo entre beijos. —
Como? Como você é tão perfeito??

— Eu nem fiz a pergunta ainda. — William ri enquanto me beija de


volta. — Eu tinha um discurso inteiro preparado.

— Você pode me dizer mais tarde depois de me foder sem sentido.


Isso exige sexo comemorativo!

Uma garganta limpa atrás de mim. — Bem, isso certamente dará uma
ótima história para os netos. — Ren aponta para o telefone na mão. — E
temos tudo em vídeo.

Uma risada vem de trás de Ren antes que eu perceba que Matt e Max
também estão aqui. Olhando para a casa que reservamos, vejo que toda a
equipe está aqui, juntamente com Ashley, Harper e Cassie.

— Oh meu Deus. Quando vocês chegaram aqui? — Eu limpo minhas


lágrimas, agradecida que seja muito cedo para maquiagem, caso contrário,
eu teria grandes olhos de guaxinim.

40 Azul Ovo de Robin é de uma ave que é a primeira a nidificar, com seus ovos azuis. Nós dizemos
azul Tiffany.
— Voamos no jato ontem à noite. — Cassie jorra enquanto abre uma
garrafa de champanhe e me dá um sorriso obsceno. — Que tal você entrar
e nos contentarmos com mimosas comemorativas em vez do sexo, pelo
menos até que todos tenhamos esclarecido?

Sinto minhas bochechas avermelhadas pela segunda vez nesta manhã


e nem são sete da manhã. — Sim. Claro. Vocês percebem que eu não tinha
ideia de que vocês estavam aqui, certo?

— Você disse fodido! — Matt canta músicas antes que ele e Max
explodam em um ataque de risadinhas.

E lá vai de novo, meu rosto fica vermelho pela terceira vez.

— Meninos, venham aqui! — Grito, abrindo meus braços para um


abraço. — Eu senti tanto a falta de vocês. Como vocês chegaram aqui?

— Eu os peguei em New Hampshire ontem à noite. Sou a picape de


emergência deles e acho que isso definitivamente se qualifica como uma
emergência. Não é todo dia que vemos um homem adulto propor a um
adolescente. — Ren dá a William um olhar lateral enquanto ri baixinho.

— Foda-se. Você está com ciúmes, eu encontrei o meu para sempre e


você ainda está lá fora, jogando o campo sem nada para mostrar. —
William empurra Ren de brincadeira.

Só então percebo que Ren e Cassie trocam um olhar. Estou prestes a


cutucar Cassie quando Ashley interrompe: — Tanto por assistir e olha o
linguajar. Eu juro, essas crianças vão crescer fluentemente em palavrões.
— A sala se divide em uma mistura de risadas e risadas de barriga, sabendo
que essa é provavelmente uma previsão muito precisa.

Ren caminha até mim, me envolvendo em seus braços quando o riso


desaparece. — Parabéns, Sprout, você sabe que eu estava brincando sobre
a idade, certo?

— Sim. —Inclino a cabeça e olho para cima, o canto da minha boca se


erguendo levemente. — Todo mundo aqui sabe que vivi duas vidas nos
meus dezenove anos de vida. Eu ainda posso ser jovem no papel, mas no
fundo da minha alma, minha bunda é velha. Estou pronta para a próxima
etapa da minha vida. Eu quero pertencer a uma unidade familiar.
Oficialmente.

— Você já faz, — uma voz familiar ronca da porta. O silêncio desce


sobre a sala enquanto observamos meu pai se aproximar de mim.

— Papai. Como você entrou? — Minhas sobrancelhas se juntam


tentando descobrir o que está acontecendo.

— Eu o deixei entrar, — admite Cassie, passando de pé em pé.

— Não fique brava com ela. Eu realmente não lhe dei uma escolha. —
Meu pai olha para Cassie desculpando-se antes de voltar o olhar para mim.
— Recebi uma ligação da escola me avisando que Ren havia apanhado os
meninos. Então descobri que o jato da empresa havia viajado para
Massachusetts carregando uma lista incomumente grande de passageiros.
Juntando dois e dois, imaginei que algo grande estava acontecendo. —
Meu pai pega minha mão esquerda, inspecionando a nova adição. — E
parece que sim.

— Aiden. — William acena em direção ao meu pai enquanto envolve


um braço protetor em volta do meu ombro. — Obrigado por ter se juntando
a nós em uma ocasião tão feliz. Espero que você esteja aqui para dar seus
parabéns. Receio que qualquer outra coisa seja inaceitável. Não quero que
este dia seja manchado com nada além de alegria por Isabella.

— Entendo. E não se preocupe, dou a essa união, embora não


convencional, minha bênção. — Meu pai estende a mão para William, que
estende a mão e a pega, puxando-o para um abraço de irmão. — Obrigado
por me deixar estragar sua festa, mas se estiver tudo bem com você. — Meu
pai olha entre William e eu antes de continuar. — Gostaria de um momento
a sós com minha filha. Preciso contar muito a ela.

William se vira para mim, beijando o topo da minha cabeça. — Estarei


na sala, se precisar de alguma coisa.

Todo mundo sai e somos apenas meu pai e eu, ambos inseguros de
quem fala primeiro. Decidindo ser a única a iniciar, separo os lábios e
começo a falar. — Sinto muito por nunca deixar você ver o meu verdadeiro
eu. Por deixar você acreditar que eu ainda era sua garotinha, inalterada e
não afetada pelas ações daqueles ao meu redor. — Minha voz treme
quando eu coloco tudo lá fora, temendo que meu pai possa me rejeitar pelo
que estou prestes a dizer a ele, mas não me importando porque sou o
suficiente. Assim como eu sou. Eu sou o suficiente.

— Encontrei Lucia e seu amante na noite da minha exposição de arte.


O quarto estava escuro, então eu não tinha ideia de quem era o homem, só
que os havia pego em uma posição comprometedora... Eu discuti com
mamãe no caminho de casa, dizendo que ela precisava te falar. Dizer o que
ela fez. — Ela ofereceu desculpas, é claro, todas inadequadas. Antes que eu
percebesse, estávamos saindo do controle e quando o carro parou, já era
tarde demais.

Meu pai estende a mão para enxugar as lágrimas do meu rosto, seu
carinho inesperado me dando a coragem de que preciso para continuar. —
Durante todo esse tempo, vivi com a culpa da morte de minha mãe. Se eu
não tivesse brigado com ela naquele passeio para casa, talvez ela ainda
estivesse aqui. Talvez vocês dois tivessem resolvido isso. Talvez os gêmeos
ainda tivessem sua mãe em vez de serem criados por uma pseudo-mãe
como eu ou em internatos. — Paro e limpo o nariz com a manga da minha
camisa, incapaz de olhar nos olhos do meu pai. — Desde a época de sua
morte e até recentemente, eu me envolvi em um comportamento
autodestrutivo. Eu realmente acreditava que precisava expiar o que havia
causado, nunca me permitindo a alegria do amor e apenas buscando uma
liberação entorpecente de álcool e homens.

Os olhos do meu pai ficam arregalados e a mandíbula se apega. Eu


acho que ele está prestes a sair, mas, em vez disso, ele acena com a cabeça
e silenciosamente me pede para continuar. Então eu faço — William me
ajudou a me curar, mostrando-me que os pecados que levei por tanto
tempo não eram meus. Que não havia necessidade de expiar as ações dos
outros e que o acidente, por mais trágico que fosse, não foi minha culpa.
Posso não ser a filha perfeita que você pensou que eu era, mas apesar das
minhas falhas e comportamento inadequado, sou o suficiente. Eu sou
digna do seu amor. Eu sou digna de uma família. E nunca deixarei
ninguém tirar isso de mim...

Soluços duros quebram meu corpo quando meu pai me puxa para
perto dele, acariciando a parte de trás da minha cabeça enquanto eu choro
em sua camisa. — Você é digna, Isabella, e sinto muito por nunca ter
deixado isso claro. — Ele beija o topo da minha cabeça antes de continuar.
— Nada disso foi culpa sua. Você tinha quinze anos, pelo amor de Deus,
eu deveria saber que você poderia lidar com uma perda dessa magnitude
por conta própria. Mas, em vez de ajudá-la a lidar, eu a carreguei com
responsabilidades que estavam além dos seus anos. Eu sinto muito.

— Está tudo bem. Você estava de luto também. — Olho nos olhos dele,
tão cheios de dor e arrependimento.

— Isso não importa. Você era minha filha de quinze anos, ainda sob
meus cuidados. Eu deveria estar lá por você, não forçando você a crescer
antes do seu tempo.
— Como William sempre diz, tudo acontece da maneira que deveria.
Se eu não tivesse sido empurrada para as situações que a vida me deu, não
estaria pronta para o homem maravilhoso que é William.

— Então, o que você está dizendo é que é minha culpa que vocês dois
estejam juntos? — Papai levanta uma sobrancelha, um sorriso brincalhão
se formando em seus lábios.

Eu me empurro amorosamente para ele e sorrio. — Acho que você


poderia olhar dessa maneira.

— Eu ouvi meu nome? — William pergunta enquanto entra na sala,


vestindo um sorriso de merda. Não tenho dúvida de que ele estava
ouvindo o tempo todo.

— Eu estava dizendo a Bella que você deveria me agradecer por reunir


vocês dois. Quem sabia que um show de babá se tornaria uma proposta de
casamento? — Os olhos do meu pai brilham com algo entre travessuras e
felicidade. — Estou feliz que Bella encontrou um homem que a amará do
jeito que ela merece. E ei, pelo menos este não é um casamento de
espingarda.

Agora sou eu que me viro para parecer o gato que comeu o canário.

Decidindo que não há tempo como o presente, coloco minha mão no


estômago e tiro um sorriso animado. — Por que não podem ser os dois?

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