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— Vou te beijar agora, tudo bem? — Pergunta, mas minha boca está tão
seca, que não consigo responder. Apenas assinto.Cola a boca na minha, bem
devagar, testando. Passa a língua em meu lábio inferior e no superior, me
levando a loucura, dou um suspiro e ele aproveita para invadir minha boca
com sua língua. Encosto minha língua na dele, e ele solta um rosnado
sensual, segura minha nuca mais forte e aprofunda o beijo, nossas línguas
estão em uma dança extremamente sensual. Escuto um gemido sexy e custo
a entender que fui eu que emiti esse som. Rápido demais, o carro estaciona e
ele para o beijo lentamente.
Emir e Briana
(A secretária do magnata turco)
Renata Bispo
rfgbispo@gmail.com
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Primeira Edição 2023
São Paulo – SP
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser
reproduzida, distribuída ou transmitida por qualquer forma ou por qualquer
meio, incluindo fotocópia, gravação ou outros métodos eletrônicos ou
mecânicos, sem prévia autorização por escrito da autora, exceto no caso de
breves citações incluídas em revisões críticas e alguns outros usos não-
comerciais permitidos pela lei de direitos autorais.
Nome do Autor: Renata Bispo
Capa: Renata Bispo
Imagens: Adobe Stock e DepositPhotos
Esse é um trabalho de ficção. Nomes, personagens, lugares, negócios,
eventos e incidentes são ou produtos da imaginação da autora ou usados de
forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas ou
eventos reais é mera coincidência.
Sumário
Sinopse
Nota da Autora
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Epílogo 1
Epílogo 2
Bônus
Obras da Autora
Papo com a Autora
Sinopse
Aviso: pode conter gatilhos
Renata Bispo
Prólogo
Seis anos antes
Acordo com a cabeça doendo, a boca seca. Olho em volta e agora estou
sozinha no porão da casa de Henrique, onde ele faz suas festinhas.
Tento me levantar e minha cabeça roda. Estou com uma dor horrível no
meio das pernas, as lembranças do que aconteceu voltando com força, a bile
vem até minha boca, só me pergunto o que fiz para eles se acharem no
direito de fazer isso comigo.
Henrique me convidou para uma festa no porão da casa dele. Nunca fui
em festas, mas, desde que ele e Victor se aproximaram, considero-os meus
amigos. Não tive amigos no colégio. O fato do meu pai ser o zelador,
morarmos na casinha que fica nas dependências do colégio e eu ter estudado
com bolsa integral contribuiu para que as pessoas de “alto padrão” ficassem
longe.
Agora na faculdade, todos sabem que também estudo com bolsa integral,
o colégio em que estudei era de fato ótimo, e eu sempre fui muito aplicada
nos estudos, então a consegui com algumas provas.
Sempre fui muito introspectiva, mas Henrique chegou de mansinho,
querendo ser meu amigo, eu confiei nele, inclusive me passava à impressão
de que gostava de mim de maneira romântica. Me apresentou ao Victor, que
também foi sempre muito legal comigo. Estávamos no primeiro semestre de
engenharia da computação.
Quando cheguei na festa e só havia nós três. Achei estranho, mas eles
disseram que eu havia chegado cedo e os outros estavam a caminho. Relaxei.
Me ofereceram uma cerveja. Não sou de beber álcool, mas, para não parecer
careta, aceitei. Quando estava na metade da latinha, comecei a ficar tonta.
Então, joguei o restante que estava na lata fora sem eles verem, mas já era
tarde demais.
Minha cabeça ficou confusa, parecia que eu estava no meio de um
pesadelo, os dois em cima de mim, se revezando, me molestando, a dor era
intensa enquanto eles arrancavam à força minha inocência, me arrependi de
não ter tomado toda a latinha, assim talvez eu tivesse apagado de vez.
Depois, veio o silêncio, a escuridão, a dor e a vergonha. Não sei quanto
tempo se passou, me levanto, cambaleando, pego minha bolsa e saio da casa.
Chego em casa chorando muito e meu pai, com todo seu carinho, me
acolhe e espera que eu conte o que aconteceu. Conto tudo, porque entre nós,
nunca houve segredos. Imediatamente ele me leva até uma delegacia, conto
tudo para o delegado que me olha com estranheza. Fico muito
envergonhada. Faço todos os procedimentos, inclusive corpo de delito, onde
constatam que houve penetração.
Quando os estupradores, são chamados para depor, as ameaças começam.
Até mesmo o dono do colégio onde meu pai trabalha, “alerta” que se
levarmos adiante o processo, ele não poderá mais nos abrigar e ele perderá o
emprego, afinal, os Alcântaras e os Medeiros, sempre doam generosas
quantias para as melhorias no colégio.
Converso com meu pai, que transtornado, aceita que eu retire a queixa.
Não trabalho e temos Luana, minha irmã com quatorze anos, não teríamos
para onde ir. Mas o pior ainda estava por vir.
Após duas semanas de licença da faculdade, onde a reitora, que sempre
acreditou em mim, me concedeu, volto a estudar.
Sou completamente humilhada, tanto por alunos, que no meu curso são
predominantemente masculinos, quanto por alguns professores machistas.
Falam que estava doida para transar com os dois, e depois que eles não me
quiseram mais, inventei essa história. Que eu era puta, mentirosa.
Aguentei firme, durante dois meses, mas a gota d’agua, foi o dia em que
um rapaz, me agarrou no banheiro e quis me violentar também, consegui
escapar e saí correndo da faculdade. Nunca contei para ninguém o que ele
fez, com certeza, não iriam acreditar, mas depois desse dia, nunca mais
voltei.
Capítulo 1
Dias atuais
Desperto assustada, suando, fazia muito tempo que não tinha pesadelos,
mas acho que a tensão que estou sentindo nos últimos dias, foi um gatilho
para isso.
Olho no relógio e ainda são cinco da manhã, minha entrevista está
marcada para às nove horas. Ainda tenho bastante tempo, mas como não
conseguirei dormir mais, acabo me levantando para fazer um café, assim não
preciso gastar dinheiro na rua.
A entrevista que farei será para o cargo de Secretária Executiva Júnior, em
um conceituado escritório de advocacia, onde a sede fica na Turquia, o país
que sonho em conhecer, desde quando comecei a assistir séries turcas aos
meus quinze anos.
Após largar a faculdade de engenharia da computação, optei por fazer o
curso na área de secretariado, talvez porque, em sua grande maioria, as salas
eram predominantemente femininas, não confio em homens por perto, minha
cota de macho escroto já é muito extensa.
O colégio onde estudei era de alto padrão, então inglês e espanhol, eram
matérias obrigatórias, e hoje com a internet, converso com pessoas do
mundo todo, treinando os idiomas, assim me conservo fluente.
Já trabalhei em empresas de pequeno porte, mas essa vaga pode mudar
tudo para nós, meu pai precisa se aposentar. O senhor Agenor sempre foi
muito guerreiro, mas já está com a idade avançada, para isso, teremos que
nos mudar, porque se não for mais o zelador, não poderemos morar na casa
que é propriedade do colégio.
— Bom dia, Bri! — Minha irmã Luana entra na cozinha, com certeza para
pegar a mamadeira do meu lindo sobrinho Gael de dois aninhos. Sim, ela é
mãe solo e tem apenas vinte anos.
— Bom dia, Lua!
— Acordou cedo. Sua entrevista não é mais tarde?
— É, sim, nove horas. Mas estou muito ansiosa e não consegui dormir
direito.
— Não esquenta Bri. Tenho certeza que dará tudo certo!
— Espero que sim, Lua. Vamos torcer para isso. E o Gael já acordou?
— Está resmungando, vim pegar a mamadeira dele. Assim já enche a
barriguinha e dorme até mais tarde — ficamos em um silêncio confortável,
enquanto ela faz a mamadeira.
— Boa sorte Bri!
— Obrigada, Lua — agradeço, ela vem, me dá um beijo e volta para o
quarto.
Tomando meu café, repasso tudo que possa ser perguntado na entrevista,
sei que não tenho experiência em grandes empresas, mas tenho
qualificações. Darei o meu melhor.
Coloco a saia-lápis cinza e a camisa branca, que comprei em três vezes
sem juros, exclusivamente para essa entrevista, faço um coque alto, com
alguns fios propositalmente soltos, brincos imitando pérolas e um scarpin
nude, estou me sentindo muito executiva, autoestima é tudo.
Saio de casa duas horas mais cedo, assim tenho certeza que não chegarei
atrasada, a pior coisa a se fazer em uma entrevista de emprego é chegar
cansada, suada e em cima da hora. Ou pior, atrasada, quero chegar
tranquilamente.
Vou de metrô até a zona sul da cidade, onde fica a sede da empresa no
Brasil. Que bom que saí com tempo de folga, porque hoje o transporte está
muito lento. Demoro mais de uma hora para realizar o trajeto que em dias
normais seria realizado em quarenta minutos.
Avisto o prédio que está do outro lado da avenida, é lindo, imponente,
todo espelhado, demonstrando o quanto é luxuoso. Tem alguns bancos
próximo a uma praça, decido sentar lá um pouco, afinal ainda faltam trinta e
cinco minutos, aguardarei até faltar quinze, não quero chegar em cima da
hora, mas também não quero chegar muito cedo.
Fico sentada observando as pessoas passando, todas muito apressadas.
Fico inventando histórias para elas na minha cabeça, sou mais de observar,
do que me envolver, não faço amizade fácil, tenho tendência a desconfiar da
maioria das pessoas.
Faltando quinze minutos para a entrevista, me dirijo até o prédio, levanto
minha cabeça, nessas horas temos que demonstrar confiança, mesmo que por
dentro eu esteja querendo sair correndo dali.
Falo com a recepcionista, pego um crachá de visitante e me dirijo até o
elevador. Quando as portas estão se fechando, uma mão grande se enfia no
vão e as portas voltam a se abrir, fico contrariada, mas, falo um bom dia, o
homem, só resmunga em resposta. Que grosso!
Parece que está tudo bem e que logo as portas se abrirão no andar da
minha entrevista. Mas com um solavanco o elevador para e as luzes se
apagam. Isso não pode estar acontecendo comigo, só pode ser uma piada de
mau gosto do universo.
Capítulo 2
— Não… não… não pode ser, isso só pode ser piada, eu não acredito que
me preparei tanto para esse dia e vai acabar assim, comigo presa no
elevador. — Estou em pânico, andando de um lado para o outro. Encosto na
parede e vou escorregando com as mãos tapando os olhos, quando sinto
mãos grandes me segurando.
— Cuidado moça, tenha calma — escuto a voz grossa, havia esquecido
totalmente do homem que estava aqui comigo — Vou ligar para alguém e
avisar. Droga! Está sem sinal.
Olho para cima, por o homem ser bem uns dez centímetros mais alto do
que eu. E olha que não sou nenhuma baixinha, tenho um metro e setenta e
estou de salto. O que vejo me deixa desconcertada. Um par de olhos tão
negros parecendo ônix, uma barba espessa, muito bem feita, cabelos revoltos
de um preto muito brilhante. Deu vontade de tocar para ver se são tão
macios quanto estou imaginando, ele parece um galã de novela turca. Fico
uns bons segundos olhando aquele ser lindo atônita.
— Moça, você está bem? — Pergunta, me dando uma leve chacoalhada,
nossa, o perfume dele é divino, deveria ser proibido alguém ser tão cheiroso.
Como deve ser encostar o nariz no seu pescoço e aspirar direto da fonte?
Balanço a cabeça para sair do meu devaneio. Porra, eu nunca fico
deslumbrada por homem nenhum, pelo menos não na frente deles.
— Sim… quer dizer não, não estou bem — falo lembrando o que está
acontecendo e me desesperando novamente, ele recua um passo,
provavelmente achando que sou louca. Começo a falar sem parar, como
sempre faço, quando fico nervosa.
— Tenho uma entrevista de emprego, me preparei com muita
antecedência, estava no horário, e agora acontece isso. A senhora que me
ligou disse que aqui não se toleram atrasos — falo, recomeçando a andar de
um lado para outro.
— Preciso tanto desse emprego, é a chance do meu pai se aposentar. De
poder alugar uma casa e não viver mais nas dependências do colégio. —
Começo a divagar, esquecendo-me novamente do homem que está aqui
comigo. — E agora, vou chegar atrasada, saí com duas horas de
antecedência de casa, para no fim, ficar presa no elevador com um galã de
novela turca! — Vou falando tudo de uma vez, porque quando fico nervosa,
meu filtro entre o cérebro e a boca fica esquecido.
— Moça — fala um pouco mais alto, me assustando. — É só avisar que
você teve um problema com o elevador, aposto que conseguirá fazer sua
entrevista — dou uma risada, parece mais um grasnar, e ele me olha
parecendo espantado.
— O senhor não entende, esse aqui é um escritório turco! — Grito e ele dá
um passo para trás — O mais conceituado em diversos países. Seria um
sonho conseguir trabalhar aqui, muito dos meus problemas seriam resolvidos
com o salário de secretária executiva que eles pagam — falo atropelando
tudo — Fora a experiência maravilhosa! — Exclamo, sonhando em conhecer
a Turquia. Olho para ele que está me olhando com tanta intensidade que fico
envergonhada, afinal nem conheço esse homem, e estou falando mais do que
devia.
Encosto em um canto, me sentindo derrotada enquanto os minutos vão
passando.
Gostaria que um buraco se abrisse e eu desaparecesse. Nenhum de nós
fala nada, fica um silêncio incômodo. Começo a bater o pé lentamente,
contando as batidas, para ter algo em que me concentrar, que não seja esse
homem lindo. Nunca saberia puxar uma conversa, com alguém como ele, ou
melhor, alguém como ele, nunca se interessaria em conversar com alguém
como eu.
— Tem alguém aí — escuto uma voz, saindo dos alto-falantes.
— Sim! Estamos aqui! — Grito desesperada. O homem vem para perto de
mim e num momento de loucura acho que ele vai me agarrar, mas para
minha total surpresa, não fico com medo e sim ansiosa.
— Tem, sim, estamos eu e uma moça presos aqui — ele fala com sua voz
rouca, e percebo que ele só veio perto de mim, para apertar o botão do
painel, que eu no desespero me esqueci completamente. Que vergonha!
— Certo, senhor, já estamos trabalhando para resolver o problema, logo
estarão livres — o homem fala me dando esperanças de conseguir realizar
minha entrevista.
— Tem que apertar para ele te escutar — me explica como se eu fosse
alguma criança, foi só um minuto de distração e desespero.
— Obrigada! — Agradeço, mas com um tantinho de ironia que o faz
arquear a sobrancelha perfeita dele. Volto para o canto e decido ignorá-lo
novamente, e ele faz o mesmo comigo.
E exatamente nove e meia, o elevador, como que por mágica, acende as
luzes e volta a subir, como se nada tivesse acontecido. Agora que eu já
estava meia hora atrasada, ia tentar realizar a entrevista.
Chego ao andar da entrevista e antes de sair me despeço do homem mais
lindo que já vi pessoalmente. Ele apenas balança a cabeça quando murmuro
um tchau, é realmente arrogante. Apesar de eu ter contado todas as minhas
frustrações em relação a estar presa, ele quase não disse nada. Gostaria de ter
um autocontrole assim.
Avisto a recepcionista, respiro fundo e vou até ela. Estou apreensiva pelo
atraso, mas já que estou aqui, vou pelo menos tentar.
— Bom dia, vim para a entrevista de Secretária Executiva Junior — falo
torcendo para não perceber o quanto estou atrasada.
— Qual seu nome? — Ela pergunta, me olhando com desprezo, devo estar
toda bagunçada, deveria ter conferido minha aparência no espelho.
— Briana Martinelli.
— Ah, sua entrevista estava marcada para nove horas, agora são nove e
meia, as outras duas candidatas já passaram na sua frente — fala com ar de
deboche. Não gostei dela.
— Eu sei, tive um problema com o elevador. Ficou mais de meia hora
parado. Eu estava adiantada — ela arqueia uma sobrancelha para mim.
— Desculpe senhorita Briana, infelizmente aqui nessa empresa, não
toleramos atrasos. A pessoa que está fazendo as entrevistas, tem um tempo
muito contado, infelizmente ela não poderá te atender. Ficaremos com o seu
currículo, se surgir uma nova oportunidade, entraremos em contato. — Já
nem escuto direito o que ela fala, agradeço e volto para o elevador,
totalmente arrasada.
Dessa vez essa caixa de metal do mal, funciona direitinho, parece até que
está debochando de mim, começo a chorar. Perdi minha chance. Não pude
nem tentar, isso é muito injusto — mas quando a vida foi justa com você? —
meu subconsciente me lembra. — Entrego o crachá para a recepcionista que
me olha com pena, vendo minhas lágrimas sendo derramadas.
Sento na mesma praça, do outro lado da rua. Fico olhando para o edifício,
choro mais um pouco. Ainda não estou pronta para ir para casa.
Olho no relógio, já são dez e meia, me levanto para ir e meu celular toca,
um número desconhecido, atendo, porque com tantos currículos que
entreguei, pode ser alguma entrevista.
— Senhorita Briana Martinelli? — Definitivamente é uma entrevista.
— Sim, em que posso ajudar? — Minha voz sai um pouco fanha devido
ao choro.
— Sou Alana responsável pelo RH do grupo Aslan. A senhorita tinha uma
entrevista de emprego aqui conosco, mas teve um problema e se atrasou
correto? — Meu coração dá um duplo mortal carpado.
— Sim, correto, a moça que estava na recepção me disse que eu não
poderia mais realizar a entrevista — falo um pouco rancorosa.
— Realmente, não toleramos atraso, mas no seu caso, abriremos uma
exceção. A senhorita consegue… voltar agora? Na verdade, estaria me
fazendo um grande favor, voltando. Eu poderia implorar para voltar — fala,
me deixando muito confusa.
— Sim, na verdade, estou bem próxima ainda, posso chegar em quinze
minutos. — Usarei esse tempo para ajeitar minha cara, que deve estar
péssima.
— Ai, graças a Deus, muito obrigada! — Não estou entendendo essa
comoção dela — Tem mais uma coisa, o próprio senhor Aslan irá te
entrevistar — fico em choque, pelo nome serei entrevistada pelo dono?
Quinze minutos depois, estou subindo novamente na caixa do mal, agora
diretamente para o vigésimo sétimo andar. Onde fica a presidência. Minhas
pernas tremem tanto, não estou entendendo nada, meu coração parece uma
bateria de escola de samba.
— Com licença, eu sou a Briana Martinelli, tenho uma entrevista com o
senhor Aslan — falo para uma senhora que está na recepção com cara de
simpática.
— Ah, sim, senhorita Briana, ele está te aguardando, vou anunciá-la —
pega o telefone, fala que estou aqui e logo desliga.
— Pode entrar — fala toda sorridente.
— Posso te fazer uma perguntar? — Ela assente — O que devo esperar
dessa entrevista?
— Só coisas boas, minha filha, pode ter certeza — sorri como se fosse
uma avó sorrindo para neta, assinto, sorrio e me encaminho para porta. Dou
duas batidas e olho para a senhora que me incentiva a entrar.
— Com licença, senhor Aslan — ele está de costas, mas assim que se vira,
para minha mais absoluta surpresa, é meu galã turco do elevador.
— Que bom que conseguiram te contatar, senão algumas pessoas seriam
demitidas hoje — fala com aquela voz rouca e sexy.
Fico parada, com os olhos arregalados e segurando minha bolsa como se
fosse um bote salva-vidas.
— Sente-se senhorita Briana, tenho uma proposta para te fazer.
Capítulo 3
Chego apressado ao prédio da Aslan, tenho uma reunião em quinze
minutos, preciso ir até os elevadores comuns, pois justo hoje meu elevador
privativo está passando por manutenção.
Quando estou chegando, observo as portas de um elevador fechando, mas
consigo colocar a mão no vão e as portas se abrem novamente. Bom que não
está cheio, só tem uma moça dentro que me cumprimenta com um bom dia,
apenas resmungo de volta, quero passar despercebido, sem dar chance de
algum funcionário me reconhecer e puxar conversa. Não estou de bom
humor.
Tudo parece tranquilo, até que com um solavanco o elevador para e as
luzes se apagam, que porra, mas antes mesmo de fazer qualquer comentário
a moça que está aqui começa a surtar, percebo que ela está quase caindo, por
um impulso a seguro pelos braços delicados.
— Cuidado, moça, tenha calma — falo, já tirando meu celular do bolso,
mas parece que a assustei — vou ligar para alguém e avisar. Droga! Está
sem sinal — constato e o coloco novamente no bolso.
Olho para baixo, porque sou mais alto que ela. Quando seus olhos me
encaram, são de um tom de azul, extremamente lindos, parecem violeta, um
rosto delicado, boca em formato de coração, um perfume gostoso, seria
cereja? Não consigo identificar.
— Moça, você está bem? — Pergunto por que ela está parecendo que vai
ter uma síncope.
— Sim… quer dizer não, não estou bem — começa a falar sem parar —
Tenho uma entrevista de emprego, me preparei com muita antecedência,
estava no horário, e agora acontece isso. Uma coisa que a senhora que me
ligou falou, é que aqui não se toleram atrasos. Preciso tanto desse emprego, é
a chance do meu pai se aposentar, de poder alugar uma casa e não viver mais
nas dependências do colégio. — Fico olhando pasmo para ela, parece que
fala sem se dar conta. — E agora, vou chegar atrasada, saí com duas horas
de antecedência de casa, para no fim, ficar presa no elevador com um galã de
novela turca.
Espera, o quê? Galã de novela turca? Fico tentado a gargalhar, o que seria
muito incomum, poucas coisas e pessoas me fazem gargalhar.
— Moça — falo e ela parece se assustar novamente, que intrigante. — É
só avisar que você teve um problema com o elevador, aposto que conseguirá
fazer sua entrevista.
Sei muito bem das regras de não tolerar atrasos, eu mesmo as fiz, mas
tenho bom senso e espero isso dos meus funcionários, não foi culpa dela,
realmente ela estava adiantada, o elevador que a atrasou.
— O senhor não entende esse aqui é um escritório turco! — grita, me
fazendo dar um passo para trás. Deve ser louca — O mais conceituado em
diversos países. Seria um sonho conseguir trabalhar aqui, muito dos meus
problemas seriam resolvidos com o salário de secretária executiva que eles
pagam — justo, pagamos bem aos nossos funcionários — Fora a experiência
maravilhosa — essa última parte, fala com olhar sonhador.
Fico olhando atentamente para ela, falou aquilo com tanta paixão, será
que me reconheceu? Ela não parece estar dissimulando.
Ao contrário do que ela pensa, eu entendo, sim, esse escritório só é tão
conceituado, porque eu e minha família trabalhamos duro para que ele seja.
Fico a observando atentamente intrigado e um pouco deslumbrado, pela
beleza. Certo, muito deslumbrado com a beleza, ela parece uma joia
preciosa.
No meu mundo, muitas pessoas são fingidas. Sempre querem tirar
algum proveito quando estou por perto. Mas agora vendo ela quieta quase
encolhida no canto, me faz acreditar ainda mais que está sendo sincera.
Gostei mais do que deveria em ver aquela paixão em seus olhos. Será que
ela é assim em todos os campos da sua vida? Até na intimidade? Melhor não
ir por esse caminho, já estou algum tempo sem transar e isso está me
afetando mais do que devia.
— Tem alguém aí — a voz sai pelos alto-falantes.
— Sim! Estamos aqui! — A doida grita, como se ele fosse escutar. Vou
até o painel que está próximo a ela, que arregala os olhos. Aperto o botão e
me comunico como uma pessoa normal faz.
— Tem, sim, estamos eu e uma moça presos aqui — respondo e ela fica
corada, fica mais linda ainda. Porra, Emir, para de cobiçar a moça, ela pode
se tornar sua funcionária, penso frustrado.
— Certo! Senhor, já estamos trabalhando para resolver o problema, logo
estarão livres — o homem fala. Estou puto, imaginando que todos estão me
aguardando para a reunião. Detesto atrasos, inclusive os meus.
— Tem que apertar para ele te escutar — explico, vai que em algum
momento, isso acontece e ela está sozinha.
— Obrigada! — Agradece, mas sinto um tom de ironia, arqueio uma
sobrancelha para ela, afirmando que entendi o recado. Ela volta para o canto
me ignorando novamente e faço o mesmo com ela.
Quando menos espero, o elevador volta a funcionar, ela desce no andar do
RH murmurando um tchau, não falo nada e sigo para meu andar.
Saio do elevador e cumprimento minha secretária, dona Mirtes. Na
verdade, era secretária do meu pai e quando ele voltou para a Turquia eu a
“herdei”. Sempre brinco falando que ela é a melhor herança que meu pai me
deixou na empresa. Está querendo se aposentar, o marido se aposentou
recentemente e querem viajar o mundo enquanto têm saúde, só preciso achar
alguém à altura dela.
— Bom dia, Emir. O cliente da reunião das nove, pediu para te avisar que
teve um problema. Ele vai ligar para marcar outro horário — fico até
aliviado, pelo menos não fiz ninguém esperar.
— Obrigado, Mirtes, foi até melhor assim — digo e ela assente.
Entro em minha sala, mas não consigo me concentrar, toda hora lembro-
me da menina do elevador, ela parecia tão desesperada por um emprego, será
que ela conseguiu realizar a entrevista? Porra, nunca me preocupei com
essas coisas, mas enquanto não souber, não conseguirei dar andamento ao
meu trabalho.
— Mirtes, ligue para a senhorita Alana do RH, por favor. Hoje uma moça,
loira, de olhos azuis, chegou atrasada para uma entrevista de emprego aqui
no nosso escritório. O elevador em que estávamos deu um problema, por
isso ela se atrasou. Pergunte se ela conseguiu realizar a entrevista.
Estou tendo uma ideia, não sei se é boa, ela é muito jovem pelo que pude
ver, mas me pareceu determinada, pode ser que dê certo.
— Mirtes, pode vir na minha sala um momento? — Preciso consultar a
pessoa mais interessada nisso.
— Pois não, meu menino? — ela sempre me chama assim quando
estamos sozinhos — já liguei para o RH, a Alana dará um retorno assim que
souber mais detalhes. — sempre eficiente.
— Certo. Quero fazer uma pergunta importante. Acha que consegue
treinar alguém de fora para ocupar o seu lugar? — Ela dá um sorriso
enorme.
— Posso treinar qualquer pessoa — fala com a confiança de quem
trabalha aqui há trinta anos.
— Essa moça que pedi para você perguntar para senhorita Alana. Percebi
que tem bastante potencial, mas vou deixar você avaliá-la. Oferecerei um
contrato de três meses de experiência. Não estou prometendo nada, mas, se
no final ela conseguir aprender tudo. Você poderá se aposentar mais cedo —
o sorriso que ela me dá, consegue iluminar o andar inteiro.
— Farei o meu melhor, mas se ela não for boa o bastante, encontraremos
uma que seja. — É categórica, e sempre a admirei pelo seu trabalho
impecável, tenho certeza, que ela encontrará a melhor.
O telefone dá mesa dela toca e ela atende pelo meu — sim, Alana, não a
entrevistaram? — Porra, como assim não a entrevistaram?
— Mirtes, me dá o telefone, por favor — ela me passa cautelosa —
Senhorita Alana, por que você não entrevistou a moça?
— Ela estava atrasada, senhor Aslan e... — Não a deixo terminar de falar.
— Sim, ela teve um imprevisto e não, ela não estava arrumando desculpas
— falo enfático, porque sei que foi isso que pensaram. — Fiquei preso com
ela no elevador, você deveria ter mais empatia com os candidatos — estou
com tanta raiva que nem a deixo responder. — Ela estava adiantada quando
o elevador parou, então eu te dou meia hora para encontrá-la e marcar uma
entrevista, diretamente comigo ainda hoje. Me mande o currículo dela por e-
mail — desligo o telefone sem me despedir. Estou muito decepcionado.
Não sei por que estou tão puto com isso. Acho que é porque vi algo nessa
moça e não foi só a beleza e o perfume doce de cereja, foi potencial, paixão,
garra.
Acesso meu e-mail e enfim tenho um nome para ligar ao rosto angelical,
Briana Martinelli, 24 anos, solteira, sabia que era bem nova. Tem
experiência como secretária executiva, em pequenas empresas, mas isso não
tem a menor importância. Com o treinamento certo, ela pode se sair muito
bem. Meus pensamentos querem correr para outro tipo de ensinamentos, mas
os coloco de lado. Nem pensar nisso.
Sei que conseguiram contatá-la, Alana informou à Mirtes. Ela chegará
dentro de alguns minutos, estou ansioso. Quando já fiquei assim por alguma
mulher? Ou por alguma entrevista, ou reunião? Tenho certeza que é pela
injustiça que seria cometida se eu não a tivesse procurado.
Mirtes anuncia que ela chegou. Me levanto, e fito o horizonte pela parede
envidraçada, me preparando para o impacto de vê-la novamente. Assim que
ela entra, sinto o perfume de cereja.
— Com licença senhor Aslan — fala com a voz doce, ouvi-lá falar meu
nome, faz um arrepio cruzar o meu corpo.
Me viro e não estava preparado para a visão de seus cabelos dourados
soltos. Imagino que o coque não aguentou as emoções.
— Que bom que conseguiram te contatar, senão algumas pessoas seriam
demitidas hoje — ela fica parada, com os olhos arregalados, segurando a
bolsa como se sua vida dependesse disso.
— Sente-se senhorita Briana, tenho uma proposta para te fazer.
Capítulo 4
Ele aponta a cadeira em frente a sua mesa e me pede para sentar. Minhas
pernas estão trêmulas enquanto caminho cautelosamente para me sentar,
sentindo que a qualquer momento eu possa cair desmaiada.
Como pude não associar o galã turco com o escritório turco? Acho que eu
estava muito nervosa para ligar os pontos.
— Senhorita Briana, me chamo Emir Aslan, sou o CEO do Grupo Aslan
no Brasil. Percebi que não me reconheceu no elevador e achei melhor assim.
— Melhor não contar que não fazia ideia de como era a aparência do CEO
do grupo Aslan — mas depois da injustiça com a qual foi tratada em minha
empresa, peço desculpas pessoalmente — como assim pede desculpas?
— Senhor Aslan, me desculpe — agora estou fervilhando de raiva e não
consigo refrear o mau gênio — mas o senhor me chamou aqui apenas para se
desculpar? Porque se foi isso não precisava me fazer vir até aqui — Acho
que percebo a sombra de um sorriso, mas não tenho certeza.
— Não, senhorita, eu a chamei aqui para te fazer uma proposta de
emprego — emprego? Meu coração erra uma batida — será um período de
teste — continua e eu me seguro para não surtar na frente dele — A senhora
Mirtes, minha secretária, irá te treinar durante três meses. Caso passe no
teste dela, ela se aposentará e você irá assumir o cargo de Secretária
Executiva Sênior — acho que meu cérebro sofreu uma pane agora.
— E… eu… Aslan… Sênior — não consigo formar uma frase coerente,
respiro fundo, tentando me acalmar e ativar meu cérebro novamente, e olho
em seus olhos.
— Muito obrigada, senhor Aslan, o senhor não irá se arrepender, farei o
meu melhor — falo com minha melhor pose de profissional.
— Espero realmente não me arrepender senhorita Briana — é bem direto
e reto, assim será mais fácil lidar com ele — Agora você pode ir até o RH
para providenciarem o seu contrato de experiência, te vejo amanhã —
estende a mão, em despedida.
— Obrigada novamente, até amanhã — pego sua mão retribuindo o
cumprimento, e um pequeno choque percorre meu braço, retiro-a
rapidamente. O vejo olhando para nossas mãos com a testa enrugada. Viro as
costas e saio rapidamente. É só a adrenalina do momento.
Saio da sala, me segurando para não saltitar. A senhora Mirtes está com
um sorriso enorme.
— Eu consegui senhora Mirtes, estou tão feliz, hoje meu dia passou de
alegre para triste, e de triste para muito feliz, rapidamente — sorrio tanto que
meu rosto está até doendo.
— Eu também estou muito feliz menina. Você será minha carta de alforria
— diz e nós duas gargalhamos.
— Vamos nos dar muito bem. Vou te ensinar tudo e cair fora em três
meses — fala fazendo um gesto com a mão, ela é muito engraçada — agora
vai lá no RH para assinar os documentos.
Mais uma vez, estou no andar do RH, mas o sentimento dessa vez é muito
diferente. Observo a mesma recepcionista. Quando me olha dá um sorriso
muito falso, que não alcança seus olhos.
— Olá, senhorita Briana, pode entrar direto. Mirtes avisou que você
estava descendo e a senhorita Alana a está aguardando — fala com
educação, mas ainda noto o seu olhar de desprezo.
Dou duas batidas na porta e entro. Nesta sala há três pessoas trabalhando,
duas mulheres morenas e um homem loiro.
Uma das morenas, muito bonita e bem vestida, se levanta e vem em minha
direção.
— Olá, você deve ser a senhorita Briana — assinto e ela me dá a mão —
sou a Alana responsável pelo RH.
— Olá, senhorita Alana, é um prazer conhecê-la — falo segurando a mão
que ela estende.
— O prazer é meu. Sente-se aqui — aponta uma cadeira em frente a sua
mesa — vou redigir seu contrato e falar sobre todos os benefícios que terá.
Já passa da uma da tarde quando enfim resolvo tudo e posso ir para casa
contar a novidade para meu pai e para Lua. Assim que as portas do elevador
se abrem, para minha surpresa o senhor Aslan está lá dentro. Hesito em
entrar, mas escuto sua voz grossa.
— Entre, senhorita Briana. Acho que não seremos premiados duas vezes
no dia — diz com um pequeno sorriso de lado, o que o torna ainda mais
lindo, eu dou um sorriso meio nervoso e entro.
— Conseguiu resolver tudo que precisava?
— Sim, a senhorita Alana foi muito educada e prestativa. Explicou-me
tudo direito, como funciona, amanhã às oito horas estarei aqui conforme o
combinado — falo tudo muito rápido, porque fico nervosa perto dele.
Olho em sua direção e está me avaliando, fico nervosa com seu olhar, é
intenso e parece ler meus pensamentos.
— A partir de amanhã, quero que você use o elevador privativo da
presidência. Só estou usando esses hoje, pois ele está em manutenção.
Mostre seu crachá para o segurança que estiver nas catracas e ele te guiará
— ele vai sempre direto ao ponto.
— Mas senhor Aslan, não é necessário, posso usar esses mesmo — tento
argumentar porque é estranho considerar usar um elevador privativo da
presidência.
— Vai por mim, senhorita Briana, você irá precisar. Os funcionários
costumam ser bem invasivos com pessoas com contato direto comigo ou
com outros membros da diretoria. A senhora Mirtes também o utiliza.
— Se é assim, farei como o senhor deseja e o utilizarei — Faço a besteira
de olhar em seus olhos novamente. Parece que estão ainda mais escuros, o
clima no elevador fica tenso, não sei explicar. Quando chegamos ao térreo e
as portas se abrem, me despeço e saio quase correndo.
Chego na calçada e solto a respiração que nem sabia que estava
prendendo.
O senhor Aslan é muito intenso, mas acredito que com o passar do tempo
irei me acostumar a ele, só espero que seja rápido.
Capítulo 5
Faz uma hora, que Briana deixou o meu escritório. Estou tentando não
fazer isso, mas não consigo evitar: estou olhando as câmeras de segurança
pelo meu celular para ver quando ela sairá. Temos câmeras em todos os
lugares desta empresa, mas algumas estão limitadas ao acesso apenas para
mim e para o chefe da segurança. Não estou nem conseguindo me concentrar
no trabalho.
Vejo-a se despedindo de Alana e vou rápido até o elevador, preciso saber
se deu tudo certo. Eu poderia ligar no RH para saber. Mas que graça teria?
— Senhor Aslan, o senhor… — Mirtes me chama.
— Só um instante Mirtes já volto — ela fica me olhando com curiosidade.
Vou rapidamente até o elevador que por sorte estava parado no andar da
presidência, aperto o andar do RH para ter certeza que irá parar lá.
Quando as portas se abrem no andar, ela me vê, um lampejo de choque
passa pelos seus olhos, e ela fica petrificada.
— Entre, senhorita Briana, acho que não seremos premiados duas vezes
no dia — ela hesita, mas entra.
— Conseguiu resolver tudo que precisava? — Pergunto, tentando soar
casual, porra, quando eu tentei ser casual antes?
— Sim, a senhorita Alana foi muito educada e prestativa. Me explicou
tudo direito como funciona. Amanhã às oito horas estarei aqui conforme o
combinado — ela parece ser tão doce, mas, simultaneamente, tem uma
chama nos olhos azuis, fico tentando entender o porquê de a senhorita
Briana me fascinar tanto.
— A partir de amanhã, quero que suba e desça pelo meu elevador
privativo. Só estou usando esses hoje, pois ele está em manutenção, mostre
seu crachá para o segurança que estiver nas catracas e ele te guiará — é
loucura pensar que não a quero presa no elevador comum com outro
homem?
— Mas senhor Aslan, não é necessário, posso usar esses mesmo — fala
me contrariando, mas eu já tenho meus argumentos na ponta da língua.
— Vai por mim, senhorita Briana, você irá precisar. Os funcionários
costumam ser bem invasivos com pessoas, com contato direto comigo ou
com outros membros da diretoria. A senhora Mirtes também o utiliza — é
verdade, Mirtes passou um sufoco com alguns funcionários querendo que ela
me pedisse favores em seus nomes.
— Se é assim, farei como o senhor deseja — olho em seus olhos,
observando se ela não falou aquilo com ironia, mas tudo que vejo é
sinceridade. Me perco um pouco naquela imensidão azul, com tons de
violeta, os olhos mais lindos que já vi. Percebo que prende a respiração e
fica corada, linda pra caralho, mas minha funcionária, não posso esquecer.
Quando o elevador abre as portas, ela se despede com um até amanhã e
sai quase correndo.
Observo-a se afastar, com aquele corpo delicioso, aperto novamente o
andar da presidência, talvez agora eu consiga trabalhar.
— Senhor Aslan — Mirtes me chama assim que saio do elevador —
deixei a documentação referente ao novo escritório do Grupo Aslan na sua
mesa.
— Ok, Mirtes, obrigado!
Aquela moça teve o dom de me desestabilizar. Agora trabalhando comigo,
logo esse interesse acaba, nos veremos diariamente, e eu não saio com
funcionárias.
Meus interesses sexuais são casuais, nunca fico mais de uma vez com a
mesma mulher.
Preciso focar no trabalho, quero expandir os negócios aqui no Brasil,
tornar o Grupo Aslan o maior da América Latina. Construiremos um prédio
do zero com vários escritórios, no Rio de Janeiro.
Pelas pesquisas que fiz a melhor empresa de arquitetura no Brasil
atualmente é a Mancini’s, irei marcar uma reunião para conhecer o
Eduardo Mancini[1], o arquiteto mais competente que tem atualmente.
— Mirtes, por favor, marque uma reunião com Eduardo Mancini, veja
quando ele pode me atender.
— Ok, Sr. Aslan, irei ligar agora mesmo.
Estou bastante ansioso para a nova sede ser construída rapidamente.
Quero que seja imponente, não pouparei esforços, nem recursos para isso.
Capítulo 6
Chego em casa com um sorriso enorme no rosto, pensei em brincar com
meu pai e minha irmã falando que não consegui, mas não estou me contendo
de felicidade.
— Você conseguiu o emprego — Luana fala assim que entro em casa,
assinto.
— Eu sabia que você conseguiria — meu pai fala já vindo me abraçar.
— Foi uma coisa meio louca, vou contar tudo para vocês, é melhor do que
vocês imaginam, vou trabalhar diretamente com o CEO, secretária executiva
sênior — o queixo de Luana quase bate no chão.
— É sério isso, Bri? A vaga não era para Junior? — Indaga, espantada.
— Acho melhor vocês sentarem, vou contar tudo o que aconteceu comigo
hoje, parece até cena das novelas turcas que assisto. — Começo a contar
toda empolgada, como meu dia foi de zero a cem, muito rápido.
Após contar tudo para eles, meu pai e minha irmã, ficam tão chocados
quanto eu. Muito felizes e confiantes. Apesar de inicialmente o contrato, ser
de três meses, sei que vou me dedicar totalmente e conseguir a vaga.
Infelizmente, meu pai tem que sair para fazer algum serviço no colégio.
Se tudo der certo, logo ele se aposentará e poderá descansar, como merece.
Ficamos minha irmã e eu, sentadas na cozinha. Aproveito, para falar dos
atributos físicos do meu novo chefe.
— Lua, ele é lindo demais, no elevador eu sequer liguei o homem lindo ao
CEO da empresa, os olhos negros tão intensos, pareciam conseguir ler meus
pensamentos. — digo fazendo ar de sonhadora para dar ênfase arrancando
uma gargalhada dela.
— Agora preciso ver uma foto dele, vou pesquisar. Qual o nome dele
mesmo?
— Emir Aslan — falo e ela digita no celular.
— Uau Bri, que homem é esse? Como será conviver com ele todos os
dias? — Está aí um ponto em que passei o caminho todo pensando.
— Espero me acostumar logo, porque preciso me concentrar no trabalho
— e com certeza, meu novo chefe é uma distração e tanto.
— Eu teria um sério problema de concentração perto dele — ela fala e nós
gargalhamos — já pensou se ele se apaixona por você?
— Lua, você acha que vivemos em um conto de fadas? Na realidade, um
homem como esse, não olha para moças como nós, você já deveria saber —
ela dá de ombros e vai ver meu sobrinho que acordou chorando. Não
sabemos ao certo quem é o pai do Gael, Lua nunca nos contou. Só sei que na
época em que ela engravidou, me disse estar saindo com um homem rico e
mais velho. Ela nunca mencionou quem era, e ele, nunca se preocupou em
conhecer o filho.
Eu mais do que ninguém sei que homens com dinheiro, só querem se
aproveitar de mulheres como nós. Mesmo que seja à força.
Aproveito o restante do dia para me preparar, faço algumas pesquisas
sobre o Grupo Aslan, a empresa é conhecida mundialmente, está sempre em
expansão, cada irmão assumiu um país diferente, são em cinco, na Turquia
quem administra é o pai, senhor Altan Aslan.
Emir no Brasil, Erhan na França, Kerim nos Estados Unidos, Okan na
Itália e Alim na Inglaterra, todos são lindos demais, parecendo que saíram
daqueles catálogos de modelo.
Busco pelo nome de Emir, aparecem várias fotos dele com modelos
maravilhosas, sempre diferentes, não parece que tem alguma por mais de
uma vez, lindo e rico, é só estalar os dedos que deve chover mulher.
Fecho o site de buscas, largo o celular e vou me preparar, fazer a unha,
uma hidratação no cabelo, se vou trabalhar naquele lugar chique e com
aquele homem lindo, quero pelo menos ficar apresentável.
Na manhã seguinte estou uma pilha de nervos. Estou com meu vestido
preto, muito formal, com cara de secretária executiva. Ele é discreto, mas
que marca minhas curvas, acho ele sexy, sem ser vulgar, um scarpin nude e
bolsa da mesma cor do sapato, deixei meus cabelos soltos, passei uma
maquiagem leve e fui para meu primeiro dia de trabalho.
Olho aquele prédio imponente e mal consigo acreditar que trabalho aqui
agora. São sete e quarenta, mas como não quero ter atrasos, já entro logo,
mostro meu crachá para o segurança que me conduz até o elevador privativo,
bem discreto, para quem não está procurando, nem imagina que ali é um
elevador.
Minhas pernas estão tremendo, quando as portas do elevador se abrem,
vejo que está tudo silencioso e não tem ninguém, dou um suspiro aliviada,
colocaram outra mesa estrategicamente ao lado da mesa da senhora Mirtes,
presumo que seja para mim, porque não estava aqui ontem.
Vou até a mesa, coloco minha bolsa em cima e me sento na cadeira
confortável, fico aguardando a senhora Mirtes chegar, mas quando as portas
do elevador se abrem novamente, não é ela que aparece e sim o galã… quer
dizer o senhor Aslan.
Ele está lindo demais, todo de preto, com um terno de três peças, a única
cor fica por conta da gravata, de um azul bonito, quase violeta, quando me
vê a sombra de um sorriso aparece em seu rosto perfeito, e sem saber o que
fazer eu me levanto rapidamente.
— Bom dia, senhorita Briana — cumprimenta, e não deixo de notar que
me esquadrinha rapidamente.
— Bom dia, senhor Aslan — não fala mais nada, apenas entra em sua
sala, deixando a porta aberta.
Sento-me e olho para a sua sala. Só então percebo que minha mesa está
totalmente em frente à porta. Ele me olha diretamente e eu desvio o olhar
rapidamente, sentindo meu rosto queimar. Será muito difícil me concentrar
se ele deixar essa porta aberta.
Antes de entrar em desespero, a senhora Mirtes aparece, com um sorriso
enorme.
— Bom dia, Briana, tudo bem, querida?
— Bom dia, estou bem e a senhora?
— Senhora está no céu minha filha, me chame de Mirtes apenas — ela
fala e é tão maternal que meu coração se enche de amor pela senhorinha.
— Bom dia, senhor Aslan — ela para na porta dele e o cumprimenta, não
escuto sua resposta e não olho na direção da sala.
— Então, menina, vamos começar a trabalhar, porque daqui a três meses
você vai estar tinindo — fala sentando em sua cadeira.
Pela minha visão periférica, observo o senhor Aslan se levantar e fechar
sua porta, respiro aliviada, assim é bem melhor. Foram só os primeiros
minutos e já sinto minha sanidade abalada.
Capítulo 7
Hoje minha euforia para chegar à sede da Aslan tem nome e sobrenome,
Briana Martinelli, nunca uma mulher se infiltrou tanto em meus
pensamentos quanto ela.
Sei que ela me fascinou pelo simples fato de não tentar me seduzir nem
tirar proveito, naquele elevador. Nem me reconheceu, na verdade,
geralmente, as mulheres jovens, sempre tentam ser perfeitas na minha frente
e ela foi o oposto disso.
Não sei se ela já chegou, me recusei a olhar as câmeras pelo celular, não
sou stalker. Me segurei, e talvez o impacto que ela causou ontem, nem me
abale hoje, eu sempre perco o interesse rápido e, agora que é minha
funcionária, esse interesse logo será dissipado.
Assim que entro no elevador privativo, sei que ela já chegou, sinto o
cheiro de cereja no ar, é um cheiro envolvente, eu me pego fungando
tentando aspirar o máximo possível.
As portas do elevador se abrem e, minha mente não fez jus à beleza dela,
ela me olha com aqueles olhos azuis maravilhosos e se levanta depressa, eu
olho para seu corpo rapidamente, conferindo o quanto é delicioso.
Ela está com vestido preto bem-comportado e elegante, mas que em seu
corpo fica uma tentação, o quadril um pouco mais largo, a cintura fina, os
seios volumosos, são um convite a perdição.
Quando volto a olhar em seus olhos ela está olhando para a minha gravata,
será que percebeu que eu a escolhi porque me faz lembrar seus olhos?
Provavelmente não!
— Bom dia, senhorita Briana — a cumprimento, sem deixar transparecer
o turbilhão que ela causa em meus pensamentos.
— Bom dia, senhor Aslan — caralho, essa voz, falando senhor Aslan, é
tentadora demais, me faz pensar em coisas que não deveria, não com ela.
Entro em minha sala, sem falar mais nada. Deixo a porta aberta, ando até
minha mesa e me sento. Ela olha na minha direção e percebo o espanto em
seus olhos. A mesa dela está estrategicamente posicionada em frente a
minha. Fica corada e desvia o olhar rapidamente.
Fico olhando suas feições, está completamente vermelha, será um indício
de que se sente atraída também? Ou é apenas tímida. Ela não volta a olhar
em minha direção e acho até engraçado o jeito que ela se esforça para isso.
Mirtes chega e começa a mostrar como fazer o trabalho para ela. Levanto-
me e fecho a porta, se deixar aberta, passarei o dia inteiro a admirando e
esquecendo o meu trabalho.
Meu dia é sempre muito organizado. Organização é primordial para se
fazer um bom trabalho. Por isso, sei que às dez horas, Mirtes traz os
documentos que preciso assinar. Escuto duas batidas na porta, e sei que não
será Mirtes a entrar. Trabalhamos há tanto tempo que até suas batidas eu
reconheço.
— Com licença senhor Aslan — fala e entra com os documentos, meu
corpo estremece, mais uma vez com a voz doce — Mirtes pediu para eu
trazer os documentos para assinatura.
— Pode colocá-los em minha mesa — percebo como seu rosto está
corado, ela foca nos documentos em suas mãos e não me olha, vem até mim
e coloca os documentos na mesa.
— O senhor tem uma reunião com o Eduardo Mancini às quatro da tarde,
o senhor irá atendê-lo em sua sala ou na sala de reuniões? — Só me encara
quando fala comigo, aproveito para contemplar seus olhos lindos.
— Irei atendê-lo aqui mesmo — como é uma reunião preliminar, não
precisarei da sala de reuniões.
Ela fica me olhando sem saber o que fazer, eu a encaro um pouco — Se é
só isso pode se retirar — nunca fui de muita sutileza, ela irá se acostumar.
— Com licença, senhor — e sai, fico reparando no balançar dos seus
quadris e meu pau dá sinais de uma ereção, porra, não posso nem pensar
nisso, não me envolvo com funcionárias.
As horas passam sem que eu perceba, estou atolado de trabalho,
principalmente devido à expansão da empresa no Brasil, não consigo nem
almoçar.
Às duas da tarde, alguém bate em minha porta, meu coração dá uma
palpitada forte, droga estou achando que ter contratado essa mulher foi uma
péssima ideia.
— Com licença, filho — Mirtes entra me deixando com um misto de
alívio e decepção — trouxe um lanche para você, vi que não saiu para
almoçar.
— Obrigado Mirtes, e como está sendo o primeiro dia da senhorita
Briana? — Pergunto tentando parecer casual, seria melhor se ela falasse que
a moça não serve para trabalhar aqui.
— Ela é ótima, meu filho, acho que encontramos a candidata perfeita para
me substituir — alívio me atinge, estou com pensamentos tão contraditórios,
que não me reconheço — ela aprende tudo muito rápido, é atenta e dedicada.
— A parte boa é que você poderá se aposentar e viajar com seu marido
pelo mundo — falo e ela fica com o ar sonhador.
— Eu sempre amei meu trabalho, mas chega uma hora que precisamos
desacelerar e curtir um pouco, pense nisso, meu filho.
Mirtes adora dar esses conselhos enigmáticos, o trabalho sempre foi o
número um, na minha lista de prioridades, mas eu sempre me divirto, faço
muito sexo e isso é tudo que enxergo como diversão.
Capítulo 8
Quatro horas em ponto, a senhorita Briana me avisa que Eduardo Mancini
chegou. Falo para ela que o peça para entrar.
Ele é moreno, alto e com olhos verdes, sei que é um solteiro convicto
assim como eu. E que ao contrário de mim, foi pego em uma situação muito
constrangedora com sua secretária.
Não me importo com isso, apesar de ser um playboy pegador, o cara é um
dos melhores arquitetos no Brasil.
— Boa tarde, Eduardo, é um prazer finalmente te conhecer formalmente
— digo isso porque já o vi no clube[2] que frequento, mas nunca
interagimos, ele fica no camarote particular dele e eu no meu.
— Boa tarde, o prazer é meu em conhecer o famoso Emir Aslan — ele é
uma figura, bem diferente de mim, que sou muito mais fechado.
— Onde posso mostrar meu projeto para você? — pergunta e eu aponto
para uma mesa redonda que fica em minha sala, ele vai até lá e abre o
projeto.
Vai me mostrando tudo e está incrível, o cara realmente é bom, ele incluiu
tudo o que pedi e ainda fez muito mais.
Escuto duas batidas na porta e quem entra é a senhorita Briana com uma
bandeja trazendo café e água, Eduardo para de falar na hora e esquadrinha
descaradamente a minha secretária.
— Desculpe incomodar os senhores, vim trazer café e água — fala com
sua voz doce, Eduardo se adianta e já pega a bandeja das mãos dela.
— Imagina, linda, você jamais incomodaria ninguém, e não me chame de
senhor, só Eduardo já basta — fala com um sorriso enorme, e ela assente,
sorrindo também. Sei o poder que ele tem com o sexo feminino, vejo isso no
clube. Tenho vontade de arrancar aquele sorriso da cara dele.
— Obrigado Briana, se era só isso já pode ir — agradeço um pouco mal-
humorado demais, mas faço questão de não chamá-la de senhorita, forçando
uma intimidade que não temos. Ela sai, e Eduardo se vira para mim com um
sorriso de filho da puta na cara.
— Nossa, Emir, que delícia… — não o deixo terminar de falar.
— Cuidado Eduardo, quero ser seu aliado e não seu inimigo — advirto
com um sentimento de posse, que eu definitivamente não deveria ter.
— Me desculpe, não sabia que ela era sua — fala, mas sem demonstrar
nenhum arrependimento verdadeiro, eu não desminto, é melhor que ele
pense que ela é minha.
Passamos o restante do tempo, ajustando pequenas coisas, queremos
iniciar o projeto, semana que vem, já tenho todas as licenças, então é só
iniciar a construção.
Quando vai embora, decido sair da sala com ele, quero ver qual será sua
reação agora pensando que Briana é minha. Fico muito satisfeito, ele não a
olha como antes, isso faz com que ganhe mais um ponto comigo, aprecio a
lealdade. Acompanho-o até o elevador.
Despeço-me de Eduardo e combinamos de nos encontrar no próximo mês,
no Rio de Janeiro, para darmos início ao novo prédio do Grupo Aslan.
Rio de Janeiro — Brasil
Um mês depois
Em casa, após ser dispensada uma hora mais cedo do que meu horário
habitual, por Emir, com um olhar cheio de malícia. Ele também dispensou
Mirtes, dizendo ter um compromisso muito importante, do qual teria que se
preparar com antecedência. Nem ousei questionar dessa vez, apenas saí
correndo.
— Olha só, o chefinho dispensou até mais cedo, deve estar muito ansioso
— Lua fala assim que piso em casa.
— Para com isso, menina — falo exasperada — ele só está me ajudando,
assim como o estou ajudando no lance de ser sua noiva — ergue uma
sobrancelha a debochada.
— Até parece que ele não vai se divertir bastante no processo, né —
resolvo ficar quieta, até porque ela tem um pouquinho de razão. — Vem,
vamos te arrumar para sua noite inesquecível ao lado do galã turco — já
começa a me puxar pela mão em direção ao quarto.
Após tomar banho, onde Lua me fez passar creme em cada canto do meu
corpo. Com cachos nas pontas do meu cabelo e um vestido preto, discreto,
mas muito sexy, principalmente pelo decote nas costas. Estou aguardando
ansiosamente.
O carro de Emir, estaciona em frente a nossa casa, exatamente às oito
horas. Estou tão nervosa que tenho medo de passar mal.
— Vai lá gatona, arrasa — Lua diz, parecendo mais empolgada do que eu
— coloquei preservativos na sua bolsa — minha resposta é um revirar de
olhos.
Emir, está encostado no carro, todo de preto, camisa com as mangas
dobradas, totalmente sexy. Chego perto e fico sem saber o que fazer, mas
ele, sabe muito bem o que faz. Me enlaça pela cintura, grudando seu corpo
ao meu.
— Você está, ainda mais incrível, Briana — fala próximo a minha orelha,
e em seguida cheira meu pescoço. — Esse cheiro, pode fazer eu me viciar,
tome cuidado. — Meu cérebro meio que virou gelatina, agora, quero muito
que ele se vicie.
O jantar é muito tranquilo, Emir, a todo momento me deixa mais relaxada.
Conversamos sobre várias amenidades. Ele me contou como era viver na
Turquia, e que a mãe dele é brasileira.
— Meu sonho é conhecer a Turquia, desde quando tinha quinze anos. Me
apaixonei pelas novelas turcas. Assisto a todas que encontro com tradução
ou legendas — confesso e ele me olha com um olhar de ternura? Não sei
explicar.
— Quem sabe eu não te leve, para fazer um tour por lá? — fala, me
deixando eufórica.
Me olha tão intensamente que preciso desviar o olhar para não tremer.
— Terminou? — Pergunta olhando para minha sobremesa.
— Sim — respondo, um pouco rápido demais, ele ri e se levanta.
— Então vem, linda — estende a mão e eu a pego rapidamente — temos
uma noite inteira pela frente — fala baixinho em meu ouvido, fazendo meu
corpo voltar a latejar com a promessa velada em suas palavras.
Capítulo 26
Ele não tocou em mim nenhuma vez. Achei que no carro ele me beijaria,
mas apenas segurou minha mão, fazendo movimentos lentos com o polegar.
Meu nível de ansiedade estava no máximo, não conseguia ficar parada no
banco, me mexia o tempo todo, e o pior era vê-lo impassível ao meu lado.
A calma dele, estava aumentando meu nervosismo, tanto que agora parada
no meio da sala de sua casa, sem saber o que fazer, não consigo impedir a
pergunta que sai da minha boca.
— Devo tirar minha roupa? — Fecho meus olhos, me arrependendo do
que falei, assim que as palavras saem pela minha boca.
— Abra os olhos, linda — só notei que ele estava tão perto de mim,
quando tocou meu queixo — nunca se envergonhe de falar o que está
sentindo, ou pensando. — Me olha com carinho e assinto.
— Venha — pega minha mão — vamos tomar um vinho — me indica o
sofá para que eu sente, pega minha bolsa, que estou segurando com muita
força e depois vai buscar o vinho.
A percepção me atinge e eu fico muito agradecida. Ele está tentando me
deixar à vontade, sem forçar nada. Tem como ser mais fofo?
Ele volta com as duas taças, me entrega uma, senta bem perto e toca a sua
taça na minha, levando aos lábios, tudo sem deixar de me olhar nem um
segundo sequer.
Tudo nele exala sensualidade, o homem é uma força da natureza, eu nunca
teria chance de resistir a ele.
Ele se inclina, cheirando meu pescoço, percebo que ele faz muito isso,
mas é tão bom que solto um gemido. Meu corpo pulsa, em lugares que nem
imaginaria. Pega a taça da minha mão e deposita na mesa, com a dele.
Emir, me puxa pela nuca e cola nossos lábios, acariciando a minha língua
lentamente. Minhas mãos vão direto para seu cabelo, puxando-o para mais
perto, aumentando a profundidade do beijo.
O beijo se torna mais afoito e sem me dar conta, estou no colo dele.
Descendo suas mãos pela lateral do meu corpo, ele chega até minha bunda,
apertando, me esfregando em sua ereção poderosa. Subindo as mãos pela
minha barriga, alcança a base dos meus seios, e um som rouco sai pela sua
garganta, assim que encosta em meus mamilos intumescidos.
— Você me deixa louco, değerli — fala, me beijando com mais ardor,
descendo os lábios pelo meu pescoço, beija, morde e lambe a curva do
pescoço. Desce um pouco mais, pairando a boca sobre o bico do meu seio e
morde, sobre o tecido, sinto o mesmo beliscar lá em baixo, onde já está tudo
molhado. O gemido que escapa da minha boca é tão alto, que se não fosse a
névoa do prazer, poderia ter ficado com vergonha. — Deliciosa — rosna, me
levantando com ele, como se eu não pesasse nada. Na direção em que
caminha, só podemos estar indo para um lugar. O quarto.
Emir entra no quarto comigo em seus braços. Me beijando de um jeito
forte, como se quisesse desnudar minha alma com a língua.
Me coloca em pé próximo à cama, e me vira de costas para ele. Baixando
lentamente o zíper do meu vestido. Logo o tecido vai ao chão, deixando-me
apenas com a calcinha minúscula, cuidadosamente escolhida para a ocasião.
— Puta que pariu, Briana, você é ainda mais gostosa do que eu podia
imaginar — fala colando minhas costas em seu peito. Me vira de frente para
ele novamente. Se afasta apenas para apreciar meu corpo nu. Sinto minhas
bochechas ficarem quentes, sob seu escrutínio. — Tão perfeita. Ataca minha
boca novamente, me fazendo andar de costas, até que minhas pernas
encostam na cama.
— Deita no meio da cama, Briana — acho que faço isso um pouco afoita
demais, e ele dá uma risada.
Começa a tirar a camisa, devagar, abrindo botão por botão, sem desviar os
olhos do meu corpo. Fico cada vez mais agitada e aperto as pernas em busca
de alívio para o meu latejar insistente.
O corpo dele é sensacional, definido nos lugares certos, gominhos pela
barriga. Mas meu maior espanto é quando ele tira a calça. O contorno que
está em sua, boxer branca, é enorme, arregalo os olhos diante daquilo tudo.
— Será que vai caber? — falo olhando para ele, quando percebe do que
estou falando, joga a cabeça para trás e dá uma risada deliciosa. Porra, será
que só sairão absurdos da minha boca hoje?
— Cabe, sim, linda, serei bastante cuidadoso — vem subindo na cama e
ataca minha boca novamente.
Logo abandona minha boca, e desce os lábios pelo maxilar, a barba me
arranhando, faz com que minha pele fique ainda mais sensível. Consigo
sentir sua rigidez, pulsando em meu ventre.
Vai descendo um pouco mais, chupando, lambendo. A medida em que ele
se aproxima dos meus seios, a expectativa me deixa sem ar e quando sua
boca, fecha ao redor do bico, sugando e mordendo, fico em chamas.
— Emir… — grito, gemendo sem parar, completamente entregue às
sensações, o prazer com uma pitada de dor, me deixa zonza.
— Nunca ouvi som mais gostoso, do que meu nome saindo de sua boca
em um gemido, minha preciosa.
Desce a boca mais um pouco, beijando minha barriga, centímetro por
centímetro. Lentamente desce minha calcinha, jogando-a longe. Com as
mãos em minhas coxas, abre minhas pernas lentamente.
— Vou saboreá-la, Briana, quero ouvir você gritar meu nome, quando
estiver gozando na minha língua.
— Emir — grito, arqueando minhas costas, assim que sua língua, toca
meu ponto pulsante. Em algum momento, enquanto ele suga e chupa, meu
senso de vergonha se perde e começo a mexer meu quadril em seu rosto.
— Gostosa pra caralho, Briana — vocifera, penetrando um dedo em meu
canal, totalmente ensopado — tão molhada — declara, voltando a sugar
aquele botãozinho com força. Ele realmente entende o que está fazendo.
— Ahhh, Emir, que gostoso — grito e ele intensifica a pressão, enfiando
mais um dedo, até que meu corpo explode em mil pedaços. Fecho meus
olhos com tanta força, que vejo vários pontinhos brilhantes.
Emir, faz o caminho inverso, chegando até minha boca e enfiando a língua
nela, fazendo com que sinta meu próprio gosto. Sou tomada por um desejo
insano, levo minha mão até a frente de sua, boxer, apertando seu membro
grande e grosso, ele geme, me fazendo ficar ainda mais desejosa.
Ele vai até a mesinha de cabeceira e retira de lá um pacote com
preservativos, arranca a boxer, instintivamente, passo a língua pelos lábios,
imaginando o sabor dele.
— Outra hora fodo sua boquinha, princesa, agora preciso me enterrar em
você — um arrepio gostoso atravessa minha espinha, com suas palavras.
Ele se deita sobre mim, e abre minhas pernas se encaixando entre elas.
Toma meus lábios, e me perco no seu beijo enquanto vai entrando
lentamente em mim.
— Emir… — suspiro seu nome, abrindo mais as pernas, sem nenhum
pudor, para que entre em mim.
— Caralho, tão apertada e quente. É a porra do paraíso — profere em
êxtase. Quando está inteiro em mim, fica imóvel, deixando eu me acostumar
com sua invasão. Percebo que todos seus movimentos estão contidos, o
maxilar travado, as veias de seus braços saltadas, se controlando para não me
machucar. Não sinto dor, apenas um incômodo pela invasão, quando me
acostumo, movo meus quadris dando carta-branca a ele.
Emir, começa com estocadas curtas, testando, mas logo se intensificam. O
prazer é indescritível. Suas mãos ficam sedentas, tocando em todo lugar. Ele
usa, lábios, língua, dentes, para me beijar em todos os lugares possíveis. Me
marcando, rosnando.
— Ahhhh, Emir — grito mais uma vez seu nome, quando o prazer varre
meu corpo, apertando seu membro em meu centro com força.
— Ah, caralho, Briana, que delícia — rosna no meu ouvido, ofegando.
Fecho meus olhos, tomada por um sentimento inexplicável e uma lágrima
escorre pelo meu rosto.
— Agora você é minha, Briana — declara, me olhando intensamente,
beijando meu rosto onde a lágrima escorreu.
Capítulo 27
Sentir o interior quente de Briana apertar meu pau, enquanto ela chegava
ao ápice do prazer, me fez gozar intensamente, enchendo o preservativo de
maneira insana.
Observá-la ofegante e com os olhos fechados, enquanto uma lágrima
descia pelo seu rosto, me fez sentir que ela era minha, não consegui conter a
declaração.
— Agora você é minha, Briana — um sentimento novo invadiu meu ser,
algo que nunca havia experimentado antes. Então capturei sua lágrima com
meus lábios, beijando seu rosto.
Saio de dentro dela, com cuidado, retiro o preservativo , jogando-o na
lixeira e me deito na cama, trazendo-a para se deitar em meu peito.
— O que achou da sua primeira experiência, princesa? — Ela levanta a
cabeça do meu peito, me olhando, me perco naqueles olhos azuis
hipnotizantes.
— Foi simplesmente… Espetacular — com uma pontada de orgulho no
peito, me pego espelhando o sorriso dela — é sempre assim? Indaga curiosa.
— Para mim, nunca foi assim, değerli — percebo que fica intrigada com a
resposta, então mudo de assunto, porque ainda não estou preparado para me
aprofundar nos sentimentos que estão em meu peito nesse momento. —
Espetacular é? — pergunto, em tom de brincadeira, afundando o nariz em
seu pescoço, ela gargalha.
— Sim. Quando podemos começar tudo de novo? — Agora eu que
gargalho, mas meu pau já dá sinal de vida, só de pensar em possuí-la
novamente.
— Vamos tomar um banho que eu já te mostro quando — ela dá um
gritinho, quando a pego no colo e vou em direção à suíte do meu quarto.
Coloco-a sentada na borda da banheira, abro as torneiras, mesclando
quente e frio, para a temperatura ficar agradável e jogo alguns sais de banho.
Ela presta atenção em tudo que faço, me olhando com cobiça o tempo todo.
— Você é tão lindo — diz, e logo parece ficar constrangida, como se a
declaração não fosse para ser feita em voz alta.
— Você é um conjunto de perfeições, minha linda — passo a mão pelo
seu rosto, lindo — vamos entrar? — Aponto para banheira, ela assente, com
um pequeno sorriso.
Nos acomodamos na banheira, ela sentada na minha frente, com os olhos
fechados, se aconchega em meu peito. Dou vários beijos em seu rosto, ela
tomba a cabeça, me dando acesso ao seu pescoço, faço uma trilha de beijos e
pequenas mordidas, escutá-la gemendo é minha nova música favorita.
Pego um óleo com cheirinho de cereja, que comprei exclusivamente para
ela, e começo a massagear seus ombros, ela geme mais alto.
Desço as mãos pelos seus braços, resvalado meus dedos, nos bicos,
intumescidos e ela treme se arrepiando inteira, espalmo as mãos em sua
barriga, e volto até os seios, devagar, pegando-os e apertando os dois
biquinhos de uma só vez. Ela arqueia as costas, a boca aberta em um grito
mudo.
— Você é gostosa demais, Briana — declaro, e com uma das mãos, viro
seu rosto para um beijo desesperado, enquanto a outra, continua a massacrar
seus seios durinhos.
Desço a mão novamente, pela sua barriga e alcanço a bocetinha quente,
pressiono seu clitóris e ela arfa na minha boca.
— Vou fazer você gozar nos meus dedos — ela geme rebolando,
procurando o atrito que vai acalmar o seu núcleo pulsante. — Você quer
isso, princesa? — Apenas assente e eu paro de mexer os dedos — Preciso
ouvir você princesa — provoco, levando o dedo até próximo a sua entrada
— Você quer isso? — Questiono novamente.
— Simmm… — Grita sem controle.
— Sim, o quê, princesa?
— Sim, me faz gozar nos seus dedos, Emir, por favor.
— Seu pedido é uma ordem — enfio o dedo médio, naquela abertura,
deliciosamente quente, pressionando seu pontinho de prazer com o polegar.
Ela monta na minha mão, rebolando, em busca do prazer, sem ressalvas,
completamente entregue ao momento.
Nunca senti tanto tesão, apenas masturbando uma mulher. Meu pau está
quase rasgando de tão duro, só de vê-la tão entregue ao prazer. Enfio mais
um dedo, fodendo com força e ela grita.
— Ahhh, nossa, como isso é bom… — sinto sua boceta, esmagando meus
dedos, quando goza e quase vou junto, sem ao menos ser estimulado, só por
olhá-la.
Cai amolecida, em meu peito, arfando, com as bochechas vermelhas, pelo
orgasmo. Pego o preservativo ao lado da banheira e visto rapidamente.
— Agora, quero ver você cavalgando em mim — se levanta depressa, vira
de frente para mim, montando minhas pernas.
Seguro meu membro em sua entrada, e ela começa a deslizar, fechando os
olhos e jogando a cabeça para trás.
— Porra, Briana, eu poderia morar nessa boceta — deliro, com o calor do
corpo dela.
— Você tem a boca muito suja, senhor Aslan.
— Você ainda não viu nada, princesa — projeto meu quadril para cima,
me enterrando por inteiro nela. Gememos juntos. Começo a estocar com
força, a água da banheira se agitando, molhando o banheiro todo.
— Quando chegamos ao êxtase, a água da banheira, já estava
praticamente gelada. Briana, praticamente apagou em meu colo. Tiro-a da
banheira, a seco e a levo para cama. Deito ao lado dela, e ela se aconchega
em meu peito.
Nunca dormi com uma mulher antes, sempre foi apenas sexo. Mas com
Briana, sinto que é... certo. Como se ela fosse uma peça de um quebra-
cabeça que estava faltando na minha vida.
Capítulo 28
Acordo, me sentindo extremamente feliz e relaxada. Abro os olhos e levo
um susto, as memórias do que aconteceu, ontem a noite voltam vividas, me
deixando com um frio gostoso na espinha.
Estou sozinha no quarto. Levanto o lençol que está me cobrindo e percebo
estar nua. Nua na cama de Emir, abro um sorriso enorme. Que homem
gostoso! Nunca imaginei que sexo pudesse ser tão bom, quando se é
realizado com consentimento.
Escuto um barulho vindo do banheiro e finjo estar dormindo, não sei
como tenho que me comportar. Ir embora assim que levantar? Ficar e tomar
café com ele? Será que ele vai me levar em casa? Ou é melhor eu pegar um
carro por aplicativo?
— Se vai fingir que está dormindo, não pode ficar corada e tem que se
lembrar de respirar — solto o ar que estava prendendo e abro os olhos.
— Bom dia, princesa! — O sorriso que me dá, poderia derreter minha
calcinha, se eu estivesse com uma.
— Bom dia, Emir — respondo, acanhada, me mantendo completamente
coberta.
— Por que fingiu estar dormindo? — Indaga divertido.
— Não sei como me comportar — falo encabulada.
— Seja você mesma, Briana — diz de forma divertida — Venha, vamos
tomar café.
— Preciso… — aponto para o banheiro.
— Pode ir — senta na poltrona próximo à cama. Tento levantar,
escondendo meu corpo no lençol, me atrapalhando no processo, e ele parece
se divertir com isso.
— Você sabe que eu já vi tudo ontem, né? — Pergunta sorrindo, tirando
uma com a minha cara. Me armo de coragem e deixo o lençol deslizar pelo
meu corpo, ficando completamente nua, diante dele. O sorriso morre em sua
boca. Me sinto poderosa com a ousadia.
— Gostosa pra caralho — murmura enquanto vou rebolando para o
banheiro. Ponto para mim.
Faço minha higiene matinal e me preparo para sair do banheiro, mas agora
estou com um roupão bem fofinho que estava no banheiro. Assim que abro a
porta, constato que estou sozinha, e fico aliviada.
Em cima da cama, tem o vestido que eu estava ontem e uma camisa de
Emir, colocada ao lado, acho que ele me deu opções. Opto pelo vestido,
afinal, não sei que horas devo ir embora. Será que logo depois de acabarmos
de tomar o café?
Desço um pouco constrangida, ele me vê e vem até mim, me dá um beijo
casto e me leva até a mesa onde está nosso café da manhã.
— Quero te levar em um lugar, após o café — fala me fazendo perceber
que ele, ainda não quer que vou embora.
— Para onde? — Questiono curiosa.
— É surpresa — fala com um sorriso lindo, fica ainda mais lindo sorrindo
— mas adianto que você vai gostar.
Ele entra na garagem de um prédio, muito luxuoso, parecido com o
próprio prédio em que mora.
— Vamos visitar alguém? Pergunto me sentindo receosa, estava com o
vestido de ontem, era discreto, mas mesmo assim, me sentiria melhor se eu
pudesse ter trocado de roupas.
Digita um código no elevador e subimos direto, ninguém nos anunciou,
deve ser alguém muito íntimo, será algum familiar dele?
Chegando na porta do apartamento, ele digita outro código e a porta se
abre, fico na expectativa de ver alguém no apartamento, mas está vazio. Um
lugar lindo, quase tão grande quanto o apartamento dele.
— Quem mora aqui? — Indago, porque não estou conseguindo entender
nada.
— Ainda ninguém — fala e minha confusão fica ainda maior — mas você
e sua família podem morar, se você quiser.
— Co… como assim? — Minha voz nem sai direito, ele disse que me
daria uma de suas propriedades pelo noivado e por eu salvar a pele dele, com
aquele vídeo, mas não imaginei que seria algo, tão grandioso.
— Foi nosso trato, linda, eu estou te devendo uma propriedade — fala
como se isso não fosse nada.
— Não imaginei que seria algo tão… luxuoso.
— Você não gostou? — Pergunta parecendo, genuinamente preocupado,
me dá vontade de rir.
— Emir, eu amei. Como não amar, este lugar é incrível.
— Então é de vocês — começo a olhar tudo, deslumbrada, imaginando,
meu pai, minha irmã e o Gael, aqui preenchendo esse espaço, com amor e
carinho.
— Luana vai ficar louca quando vir isso tudo — falo e começo a rir, Emir
fica só me olhando, sem esboçar reação. Seu olhar é de carinho, faz alguns
dias que me olha assim.
— Vamos ver o restante então? — Me pega pela mão e vai me mostrando
todos os cômodos, é tudo tão incrível, não dá nem para imaginar que
moraremos aqui.
— E esses móveis? Quando serão retirados, é da pessoa que estava
morando aqui antes?
— Não, esses móveis vêm com o apartamento, ontem pedi para alguém
vir limpar, este apartamento estava fechado — meu queixo está literalmente
no chão, ele aguarda pacientemente até que eu consiga me expressar
novamente.
— Mas isso tudo é muito, Emir, estou envergonhada de aceitar tudo isso.
— Você acha mesmo que é muito? Briana, você imagina o quanto de
dinheiro, iríamos perder se aquele vídeo estivesse rolando por aí ainda? —
Nego com a cabeça, porque eu realmente não faço ideia.
— Esse apartamento e esses móveis, não chegam nem perto, além deles,
irei te dar uma bonificação também. Espero que não surte com isso — não
tenho tempo de retrucar, porque na hora em que vou abrir a boca, ele cola a
dele na minha.
— Agora, podemos estrear esse apartamento? — fala com a boca colada
na minha — Quando sua família se mudar não teremos oportunidade — Me
pega no colo e vai em direção a um dos quartos. Como contestar esse
argumento?
Capítulo 29
Ando em direção aos quartos com Briana no colo, preciso estar dentro
dela novamente, ela é deliciosa demais.
No quarto, coloco-a no chão e pegando a barra do seu vestido, puxo para
cima, retirando pela cabeça, a visão me paralisa.
— Porra, Briana, não me canso de te olhar, você é deliciosa — ela fica
rubra de vergonha e meu pau já está rasgando a calça.
Devoro sua boca, e ela responde gemendo e se esfregando em mim, desço
a boca pelo seu pescoço e alcanço um biquinho do seio intumescido, ela é
toda gostosa.
Desço a mão até seu sexo e o encontro completamente molhado,
massageio o clitóris e ela geme, mexendo os quadris.
— Caralho, Briana, essa bocetinha está toda meladinha pra mim, que
delícia! — Sem aguentar mais, conduzo-a até a cama e a deito — estou
louco pra sentir seu gosto novamente, acho que já estou viciado — meu
maior tesão, é sentir a mulher gozando na minha língua.
Passo minha língua de sua entrada até o montinho de nervos inchado e
pulsante, ela geme alto, e tenta fechar as pernas, eu seguro-as bem abertas
para que me dê bastante acesso. Repito o movimento, e ela se debate,
expelindo cada vez mais lubrificação, arqueando as costas e me deixando
ainda mais rendido por ela.
Não gosto de contar vantagens e não saio, por aí seduzindo qualquer
mulher que atravesse meu caminho, tenho uma considerável experiência
sexual, e tive transas sensacionais.
Mas com Briana é diferente. Tenho uma necessidade quase primitiva em
possuí-la. Tudo nela me envolve, me conquista. Esse noivado falso mal
começou e eu já estou pensando em uma maneira de estender nosso prazo.
A visão do prazer de Briana, me deixa maluco, ela é inteiramente perfeita.
Beijo lentamente a parte interna de suas coxas, provocando-a.
Ela enterra as mãos no meu cabelo e começa a rebolar, buscando o próprio
prazer, eu a seguro parada e desacelero o ritmo. Ela suspira, demonstrando
sua frustração.
— O que foi, linda? O que você quer? — Esfrego minha barba em sua
pele sensível.
— Por favor — arfa, baixinho.
— Por favor, o quê, Briana? Quero ouvir você falar, linda, me pede o que
quiser que eu te dou — sugo devagar seu clitóris inchado.
— Preciso gozar Emir, por favor!
Sugo seu clitóris com um pouco mais de força, enfiando dois dedos de
uma vez, ela está tão melada, que os dedos entram facilmente. Dou lambidas
ritmadas, alternando com leve batidinhas com a língua, enquanto estoco os
dedos nela.
— Ahhh, Emir, céus… — solta um monte de palavras incoerentes,
segurando meus cabelos com força. Se eu não estivesse inebriado de tesão,
poderia até estar doendo — vou… gozar, Emir.
Sinto quando ela se desmancha, essa mulher gozando é um espetáculo, ela
se entrega totalmente ao prazer, sem vergonha e sem pudores, é tesão cru, e
isso me deixa ainda mais fascinado por ela.
Quando os espasmos cessam, me levanto e começo a tirar a roupa. Briana
senta na cama assistindo, o olhar dela, me faz ficar ainda mais em chamas.
Quando retiro a boxer, olha para minha virilha com bastante atenção,
lambendo os lábios.
— Quero te provar também — meu pau quase rasga de tão duro que fica
— fazer o que você faz comigo. Mas você terá que me ensinar — termina a
frase um pouco insegura. Como se isso fosse motivo para que eu ficasse com
menos tesão.
— Será literalmente um prazer te ensinar — falo com um olhar lascivo,
ela enrubesce — toca nele — chego mais perto e ela imediatamente, envolve
os dedos no meu membro, preciso fazer um enorme esforço, para não gozar
na hora.
Sem que eu estivesse preparado, ela lambe a cabeça, provando o
líquido pré-ejaculatório que estava ali, me fazendo gemer alto.
— Porra, linda, você me mata desse jeito. Coloca na boca, sem usar os
dentes, siga seus instintos — ela abocanha, descendo até onde aguenta e
quando volta, usa a língua no processo, me levando as nuvens — boca
gostosa da porra. — Ela lambe, coloca na boca, chupa, o jeito meio
descoordenado dela me leva a loucura. Nada é simulado ou forçado nela, é
curiosidade, entrega, exploração. Preciso pará-la, não quero gozar na sua
boca, preciso estar dentro dela.
— Você precisa parar, linda, quero gozar, enterrado na sua boceta — vejo
sua pele arrepiando, pelo visto adora meu palavreado chulo — outra hora te
alimento com minha porra.
Deito-a na cama e sem aviso, a viro de barriga para baixo, ela dá um
gritinho gostoso, ergo seu quadril, deixando aquele rabo gostoso empinado.
— Vamos explorar outra posição, tudo bem? — Falo bem próximo ao seu
ouvido, ela assente, com a respiração já se descontrolando.
Pego o preservativo, que já havia colocado próximo à cama e visto,
começo a me encaixar, lentamente, naquela abertura molhada e quente.
Quando meu pau está totalmente enterrado nela, arfamos juntos.
— Boceta, apertada do caralho, deliciosa — Briana, geme, rebolando
aquela bunda, me levando a loucura, estoco, com vontade, forte. Ela geme,
grita palavras incoerentes, grita meu nome.
— Goza gostosa, quero gozar com você — como se ela só estivesse
esperando o comando, goza, gritando meu nome, o aperto que a boceta dela,
dá no meu pau, faz eu ver estrelas e gozar, enchendo o preservativo.
Saio de dentro dela com cuidado, retirando o preservativo e indo até o
banheiro jogar na lixeira. Volto para cama, deito, puxando ela para cima do
meu peito, estamos os dois ofegantes e satisfeitos.
— Agora é oficial — falo e ela me olha com curiosidade — estou
completamente viciado em você! — Ela me dá um sorriso lindo que aquece
meu coração.
— E eu em você — me dá um beijo casto e se deita novamente em meu
peito, a abraço muito forte. O único pensamento que me invade é que não
posso deixar essa mulher sair tão cedo da minha vida.
Capítulo 30
Estou muito ansiosa. Emir, mandou o motorista buscar, meu pai, Luana e
o Gael, para conhecer nosso novo lar.
Dormi novamente na casa de Emir, ele pediu de um jeito tão fofo, que foi
impossível negar. Na verdade, eu não queria negar. Ele, ainda, mandou
comprar algumas trocas de roupas e lingerie, porque só estava com a roupa
de sexta.
Estou andando para lá e para cá, no meio da sala, aguardando o interfone
tocar, avisando que eles chegaram.
— Calma, linda — ele vem até mim, me abraçando por trás — logo eles
estarão aqui.
— Eu sei, só estou ansiosa, para verem o palácio que vamos morar — ele
me olha, por alguns segundos, depois assente.
Achei que ele ia falar alguma coisa, mas o interfone toca, bem na hora.
Saio correndo para atender.
— São eles — autorizo a entrada e corro para porta da frente, super
empolgada. Nunca imaginei que poderia um dia proporcionar um lugar
desses para minha família. Mesmo que eu não o tenha comprado com
dinheiro, foi com meu esforço, não considero que esse apartamento seja por
conta do meu noivado falso com Emir, e sim pelo vídeo. Se não tivesse
conseguido provar que aquele vídeo era deepfake, não estaríamos aqui hoje.
Assim que as portas do elevador se abrem, Gael me vê e vem correndo em
minha direção.
— Tiaaaaa — pego ele no colo e dou um monte de beijos, ele dá risada e
começa a limpar onde beijei.
— Oi, meu amor, vem conhecer nossa nova casa — olho para meu pai e o
percebo meio desconfiado, olhando em direção ao Emir.
— Meu Deus, Bri, nem acredito que vamos morar aqui — Lua fala e já
vai entrando no apartamento — oi sou a Luana, irmã da Bri e sua cunhada
— fala estendendo a mão para Emir. Essa menina, não tem vergonha de
nada.
— Luana — ralho com ela, Emir, pega a mão dela, com um sorriso
divertido.
— Prazer, Luana, espero que goste do apartamento — olho para meu pai e
ele está entrando. Emir larga a mão de minha irmã e vai em direção ao meu
pai.
— Muito prazer, senhor Martinelli, sou Emir Aslan — fala, estendendo a
mão para ele que a pega de pronto, um pouco forte demais.
— Prazer, senhor, Emir Aslan — sei que meu pai não está bravo de
verdade, só está se fazendo de durão para um suposto pretendente.
— Me chame apenas de Emir, por favor — fico olhando de um para o
outro, como se estivesse em uma partida de tênis.
— Querida — meu pai fala me olhando — vai mostrar o apartamento para
Luana, eu preciso dar uma palavrinha com o Emir.
— Pai… — começo a falar, mas Emir, me olha, tranquilizando-me.
— Vai, Briana, está tudo bem, mostre o apartamento para sua irmã e
sobrinho — olho para ele, depois para meu pai, dou um suspiro resignado e
saio levando Lua e Gael comigo.
— Nossa, Bri, a testosterona lá na sala tá gritando — fala dando risada da
situação.
— Para com isso, Lua, estou apreensiva. O que será que o pai quer falar
com ele? — Pergunto, esperando que ela me ajude a entender.
— Tá na cara né, Bri — olho confusa para ela — depois de tudo que
aconteceu com você, ele está preocupado, você nunca namorou ninguém e
com o noivado falso e namoro verdadeiro, ele está confuso, até eu estou —
confessa, e eu tenho que dizer que também estou.
— Não tem namoro de verdade — falo me sentindo meio perdida.
— Ah, claro, não é namoro, é s.e.x.o de verdade — fala, soletrando, para
que Gael, não invente de repetir essa palavra.
Decido não falar mais nada, e vamos olhando o apartamento, ela fica
encantada com cada cômodo, principalmente os quartos, todos com suíte,
cada um terá seu banheiro, tudo bem que ela dividiria o dela com Gael, mas
ele ainda é muito pequeno para dar alguma opinião.
Determinamos que Lua, ficará com a suíte maior, afinal ela precisa dividir
com Gael, e eu ficarei na suíte em que tive meu momento com Emir. Terei
muitas lembranças boas e deliciosas.
— Eca, vocês estrearam esse quarto — a doida da minha irmã solta essa,
enquanto estou lembrando de tudo que fizemos.
— Co… como? — Pergunto procurando algum vestígio, não conseguindo
terminar a frase, afinal, daqui a pouco meu pai estará aqui, e por mais que
ele saiba que dormi com Emir, não quero que ele veja provas concretas.
Seria constrangedor.
— Vocês esqueceram a prova — fala apontando para o banheiro, quando
vou olhar, o preservativo está jogado na lixeira, sem nenhum papel, para
disfarçar. Imediatamente pego um papel e enrolo a prova do crime.
— Graças a Deus, não foi o pai que entrou aqui primeiro — murmuro e
saio do quarto, com o rosto pegando fogo.
— Pelo menos estão se protegendo — a doida da minha irmã, dá de
ombros e saí do quarto também.
Vamos em direção à sala, e assim que aparecemos no campo de visão dos
dois, eles param de falar. Meu pai se levanta e Emir faz o mesmo, os dois
apertam as mãos, como se tivessem selando um pacto, muito estranho.
— Bom rapaz, agora deixa eu ir conhecer o resto do apartamento.
— Deixa que mostro nossos quartos — Lua, agarra o braço dele e sai o
arrastando pelo corredor.
Chego próximo ao Emir, com o olhar investigativo. Parece estar com o
semblante tranquilo. Me lança um sorriso e enlaça minha cintura, me dando
um beijinho casto.
— Não se preocupa, linda, está tudo bem — fala me tranquilizando.
— Vai me contar o quê conversaram? — nega com a cabeça.
— Não, isso é assunto de homem — dou um tapinha de leve em seu
braço.
— Machista — o acuso, brincando porque sei que ele também está.
— É sério, Briana, não precisa se preocupar, seu pai só está querendo te
proteger, então deixei claro que ele não precisa se preocupar com nada — na
tentativa de tentar esclarecer, ele acabou me deixando mais confusa.
Capítulo 31
Hoje é o último dia da Mirtes aqui no escritório, enfim ela conseguiu o
que tanto queria, se aposentar.
Lembro de três meses atrás, me deparar com uma linda mulher e ficar
preso no elevador com ela. Entrevistá-la para ser minha secretária, apenas
porque ela mexeu demais comigo, nos parcos minutos em que ficamos
naquele espaço apertado.
Faz tão pouco tempo, mas parece que já conheço Briana há uma vida.
Hoje estamos em um noivado de mentira, em um relacionamento de
verdade, há mais de um mês.
O processo do senhor Sanchez, foi adiado, por parte do autor da ação. Ela
sabe que temos provas de que está mentindo, por isso essa ação desesperada.
O novo julgamento está marcado para daqui a dois meses.
Saber que o noivado falso com a Briana, findará, assim que o processo
terminar, está mexendo com meu psicológico. Fico, constantemente,
pensando em argumentos para que nosso acordo continue.
Briana é meu primeiro e o último pensamento do meu dia, preciso
entender o que isso significa. Essa necessidade de estar com ela a cada
momento livre. Saber que fui o homem que mostrou o que é sentir prazer,
me deixa ainda mais passional em relação a ela.
— Senhor Aslan — Briana enfiou na cabeça que quando estivermos
trabalhando ela me tratará formalmente, para não ser estranho, quando
acabarmos o acordo de noivado — posso te pedir um favor?
— Claro, linda — ela quer a formalidade, eu nunca concordei com isso —
pode distrair a Mirtes para podermos arrumar a festinha dela na sala de
reuniões?
— Com certeza, ela tem que assinar alguns papéis mesmo, daqui a uns
cinco minutos eu a chamo — o sorriso que ela me dá aquece meu coração,
fazendo o errar uma batida.
— Obrigada, Emir — a safada, me chama pelo nome com carinha de
safada.
— Ah, Briana — ela para e me olha — precisa me pagar pelo serviço —
levanto e vou em direção a ela, suas pupilas se dilatam e ela ofega baixinho.
— Emir, estamos na empresa — tenta argumentar, mas preciso de um
beijo.
— Se não me pagar adiantado, não farei o serviço — enlaço a cintura e a
puxo para que seu corpo grude totalmente no meu.
— Isso não é justo, o pagamento, geralmente, é feito depois do serviço
prestado — brinca e já sei que terei meu beijo, raramente ela me beija no
escritório.
— Nunca ouviu falar que a vida não é justa? — Ela tenta contra
argumentar, mas colo nossas bocas, a beijando intensamente.
Quando nos separamos estamos os dois ofegantes.
— Quero te colocar sentada na minha mesa, levantar sua saia, e fazer você
gozar na minha língua — fecha os olhos, dando uma pequena gemidinha,
mas logo se recompõe.
— Para com isso, já teve seu pagamento, agora realize o serviço — fala
em tom autoritário, mas fica na ponta dos pés e me dá um beijinho casto.
— Agora vou ter que esperar pelo menos dez minutos — falo apontando
na direção da minha ereção.
— Pense na sua vó, raspando o sovaco — fala e gargalha.
— Realmente, minha ereção já era, depois da cena que me fez imaginar
— ela gargalha ainda mais alto e sai da sala, rebolando aquele rabo
delicioso.
Passado alguns minutos, ligo no ramal da Mirtes a chamo até minha sala,
meu coração fica apertado de ela ir embora, sei que ela merece essa
aposentadoria, mas sou afeiçoado a ela.
Meu pai veio para o Brasil ainda jovem, conseguiu com meu avô fundar
esse escritório e depois expandir para outros países, e Mirtes, esteve aqui em
boa parte desse processo.
Ela trabalhou aqui durante 30 anos, eu era pequeno, vinha visitar meu pai
e ela estava aqui, será muito difícil, sair daquele elevador e não ver a
senhora, mais profissional e amorosa que já conheci.
Cinco minutos depois, ligo para o ramal da Mirtes chamando-a até minha
sala.
— Olá querido — ela está radiante, esperou muito por essa aposentadoria
— o que posso fazer por você?
— Olá, Mirtes, você precisa assinar uns documentos, sente-se — ela
arqueia uma sobrancelha, Mirtes é muito perspicaz, duvido que algo
aconteça aqui sem que ela saiba.
— Eles estão preparando uma surpresa para mim, né? — Pergunta,
arrancando de mim um suspiro.
— Por favor, finja que ficou surpresa — ela ri — já estou com saudades
de você, Mirtes, você vai fazer muita falta.
— Para com isso, menino, não me faça chorar.
— De jeito nenhum, venha, me conte dos planos para as viagens que você
e seu marido irão fazer.
Ela passa vinte minutos, contando seus planos de viagens animadamente.
Briana manda uma mensagem apenas com um sinal de positivo, e eu mostro
para Mirtes sorrindo.
— Querido, posso te dar um conselho? Me perdoe se eu for um pouco
enxerida.
— Claro que sim, Mirtes, você conquistou esse direito — falo sorrindo
para que perceba que pode, falar o que está em mente livremente.
— Reparei que você está tão feliz — fala e fico surpreso pelo rumo da
conversa — sempre sorrindo e com aura mais leve — abro um sorriso tímido
— não perca aquela menina, ela faz bem para você, assim como você faz
bem a ela.
— Não planejo perder Mirtes — digo um pouco constrangido e ela abre
seus sorrisos fáceis, assentindo.
— Agora vai, sente-se na sua mesa, como se não soubesse de nada e
quando for chamada, finja surpresa.
— Entendido, chefe — faz uma continência como se fossemos militares e
sai sorrindo da sala.
Briana ainda não sabe, mas farei de tudo para tê-la comigo, essa menina
abriu uma janela na minha vida, iluminando minha alma escura.
Aguardo mais um pouquinho e me levanto indo para sala de reuniões,
onde meu papel, será chamar novamente a Mirtes, mas agora para ir até a
sala de reuniões. Somente Briana mesmo, para conseguir essas proezas.
Capítulo 32
Estamos eu e mais alguns membros da diretoria, e suas secretárias,
escondidos na sala de reuniões. Tem bolo, alguns docinhos e salgadinhos.
Decoramos com alguns balões e uma faixa onde tem os dizeres. “Você é um
exemplo para todos nós. Sentiremos sua falta!”
Nesses três meses que passei aprendendo tudo com Mirtes, me fizeram a
admirar muito. Ela nunca aumenta o tom, mostra como o trabalho deve ser
realizado, com firmeza, mas também com carinho e respeito.
Sei que estou apta, para assumir o trabalho integralmente, mas confesso
que estou um pouco apreensiva. Por mais que Mirtes, gradualmente, foi me
deixando tomar a frente do serviço, sempre a tive por perto, quando estava
com alguma dúvida ela me elucidava.
Emir entra na sala e para ao meu lado sorrindo. Pega o telefone e liga para
Mirtes.
— Mirtes, pode me trazer um papel que ficou na minha mesa — fico
imediatamente nervosa. Será que ela gostará? Não estou sendo muito
invasiva? Nem sei mais o que é amor de mãe, mas acho que desenvolvi algo
parecido por Mirtes. Não quero pensar sobre isso agora, esse compartimento
está muito bem escondido nas minhas lembranças.
— SURPRESAAAAA — todos que estão aqui gritam assim que ela abre
a porta. A cara de espanto dela, e a olhada que ela da a Emir, não me deixam
dúvidas.
— Você contou para ela — acuso, com o olhar bravo, todos na sala
começam a rir, inclusive ele.
— Não tenho culpa se a mulher é perspicaz demais, quando entrou na
minha sala ela já sabia — se defende, com as mãos para cima em rendição.
Olho chocada para Mirtes.
— Eu já devia imaginar, nada passa despercebido por você — falo e vou
dar um abraço apertado nela — o que importa é que você saiba o quanto
sentiremos sua falta.
— Menina, você foi um anjo que apareceu em nossas vidas. Felizmente,
recebi minha carta de alforria — todos riem — mas, você está sendo um
anjo, principalmente na de Emir — todos me olham e eu fico sem graça.
Quando olho para Emir, ele está com uma expressão que não consigo
decifrar, o olhar intenso em minha direção. Meu coração acelera
consideravelmente, fico com medo de que as pessoas consigam ouvi-lo.
Passamos o restante da tarde, festejando. Mirtes contou várias histórias
engraçadas, principalmente de quando Emir era criança, demos muitas
risadas.
A tarde, passa muito rápido e logo, estou me despedindo de Mirtes,
com lágrimas nos olhos. Sentirei muita falta dela, agora serei eu a dar conta
de tudo por aqui.
— Querida, não chora, logo venho aqui para gente fofocar um pouco.
Você tem meu telefone, se precisar de qualquer coisa é só me ligar — Mirtes
fala, me abraçando apertado.
— Não, se preocupe, logo ficarei bem, só não gosto de despedidas — falo,
fungando, despedidas me fazem lembrar dela. Ela disse que voltaria, mas
nunca mais voltou, isso já faz quatorze anos, mas é como se fosse ontem.
Mirtes se despede de todos e vai embora. Logo a equipe de manutenção
aparece, para retirar a mesa dela.
— Janta comigo? — Emir, sai de sua sala me convidando — preciso falar
com você, é algo importante — fico um pouco apreensiva, será que além de
Mirtes, também perderei Emir? Nosso noivado não é real, mas ainda não
estou pronta para terminá-lo.
— Claro que sim — tento parecer tranquila, não quero ninguém com pena
de mim, se for para acabar, pelo menos conservarei minha dignidade. Será
que poderíamos continuar com o sexo? Com certeza eu não me oporia.
Ele fica me aguardando enquanto desligo meu computador. Assim que
vou para perto dele, ele pega na minha mão.
Sentado na minha frente, num restaurante para lá de chique, Emir está
completamente sério, pediu vinho e agora está bebericando, apenas me
olhando.
— Emir, você pode me falar o que quer? Estou ficando nervosa já — não
consigo conter a curiosidade.
— Não sei como começar — fala e meu coração palpita de medo, será que
posso falar que gostaria de continuar com o sexo? Teria coragem de propor
algo assim?
— Começa pelo começo — falo e tento sorrir, mas parece que meu rosto
está travado.
— Então ta… — ele fala — você me falou que seu sonho era ter cursado
engenharia da computação — espera, não era isso que estava esperando.
— Sim… mas não estou entendendo — ele faz um gesto com a mão, para
que eu espere.
— Me deixa terminar. Briana, o que você fez com aquele vídeo, foi
incrível. Falei com diversas pessoas da área, que exaltaram, o quanto é
difícil, fazer o que você fez. — Fico extremamente vermelha, nunca havia
mostrado o que realmente sei fazer com um computador e internet.
— Quero investir nisso. Investir em você — acho que estou meio zonza
agora — o que você acha de começar a fazer o curso dos seus sonhos
novamente? — Acho que minha cabeça deu branco agora.
— Nem sei o que dizer, Emir — falo meio atônita — nunca imaginei
recomeçar, estou confortável, com minha carreira.
— Confortável, mas não feliz. Quero que você esteja feliz.
— Estou feliz — falo, porque, realmente, trabalhar para Emir é sempre
uma emoção.
— Ainda não terminei. Irei contratar uma empresa para fazer a segurança
digital de todo o grupo Aslan e quero que você seja a responsável, por
supervisionar, se eles estão fazendo tudo correto — meus olhos se
arregalam.
— Pense nisso, linda, não preciso de uma resposta agora. Leve o tempo
que precisar — fala e assinto, incapaz de conseguir formular uma frase. —
Agora vamos jantar — faz um aceno com a cabeça para o garçom, que já
estava aguardando para nos atender.
Capítulo 33
— Eu quero — Briana diz, assim que nossos pratos são colocados a nossa
frente, fazendo com que eu a olhe confuso.
— Não entendi, linda, você quer mais alguma coisa? — Será que ela está
se referindo ao que estou pensando?
— Quero voltar a fazer a faculdade e realizar meu sonho — fala com um
sorrisinho tímido, que a deixa ainda mais irresistível. — Cansei de fugir dos
meus desejos, Emir — me olha de uma maneira tão intensa, que minha boca
seca, imaginando todos os seus desejos.
— Você está extremamente certa, değerli, e eu faço questão de te ajudar,
com todos eles — falo, em tom sugestivo, fazendo suas bochechas corarem.
— Espero que sim, boa parte deles, é com você — porra, a forma como
ela fala isso, faz com que meu pau comece a despertar. Fico com meu ego
inflado, sabendo que estou conseguindo fazer com que ela busque seus
desejos.
— Por acaso, tem algum que eu possa realizar ainda hoje? — Com
certeza, depois dessa conversa, quero me enterrar nela desesperadamente.
Ela assente, com carinha de safada. Essa mulher quer me matar, com certeza.
— Vou pedir a conta — falo procurando o garçom, ela dá risada e segura
minha mão.
— Mas nós ainda nem comemos, vamos terminar nosso jantar, Emir,
depois me leve para sua casa — pisca um olho para mim, sedutoramente e
ataco minha comida, rapidamente, ela ainda fica me olhando e rindo.
— Come, Briana, não demore — faço um gesto com a mão, falando com
a boca cheia e ela gargalha, mas começa a comer.
Após muitas pesquisas, parece que achei a empresa ideal para fazer a
cibersegurança do grupo Aslan.
A V&HTech, está em ascensão, com dois jovens sócios, estão,
expandindo seus negócios de forma sólida e honesta.
Pedi para Briana marcar uma reunião, mas os sócios, pediram para ser um
almoço, segundo eles, é a melhor forma de nos conhecermos. Algo mais
informal, em um ambiente descontraído, eles gostam de criar vínculos com
seus clientes, dizem que os negócios fluem melhor desse jeito. Como estou
botando fé neles, aceitei tranquilamente.
Alim, me liga dizendo que já está me aguardando na portaria do prédio.
Ele chegou ao Brasil, ontem, e pedi para que participasse desse almoço,
afinal, caso fechemos o contrato, a V&HTech, irá fazer a cibersegurança de
todo o grupo Aslan.
— Já estou indo almoçar com os sócios da V&HTech, linda — comunico
a Briana assim que saio da minha sala — Alim também vai estar lá — dou
um beijo casto de despedida.
— Tudo bem, amor, a Lua, vem almoçar comigo, ela fez uma entrevista
aqui perto — me sinto bobo quando ela me chama de amor.
— Fala de novo? — Peço, parecendo um adolescente apaixonado.
— O quê? — fica confusa.
— Você nem reparou né? — Nega com a cabeça — me chamou de amor
— ela dá um sorriso lindo.
— Meu amor — não resisto e dou mais um beijo, na verdade, minha
vontade, era agarrar ela bem aqui, mas estamos na empresa e tenho um
compromisso, me despeço e saio.
O almoço transcorre, extremamente bem, os dois se mostraram, muito
profissionais e conhecedores do que fazem. Alim, que está com a idade mais
próxima a deles, se enturmou logo de cara. Já estão até marcando algum
programa para se divertirem.
— Bom, rapazes — falo e é estranho achá-los tão jovens, já que Briana
tem a idade deles, apesar de parecer muito mais madura — tenho que voltar
ao trabalho.
— Certo, irmão, vou com você — Alim se levanta para me acompanhar e
todos se levantam.
— Aguardo vocês para a assinatura do contrato, semana que vem. Quero
começar logo, não quero mais nenhuma confusão com minha imagem —
eles assentem, todos sabem o rolo que deu aquele vídeo.
Emir
Faz mais ou menos duas semanas que recebi a ligação, com uma simples
frase: “Está feito”. Na hora, meu coração deu uma acelerada, mas a
sensação maior, foi a de alívio, dois seres humanos terríveis, foram banidos
da face da terra.
Tudo bem que eu não estava preparado, para ver as duas fotos que ele
mandou, vi rapidamente e já foi excluída. Eles conseguem fazer sumir
qualquer mensagem ou ligação, e corpos e coisas mais.
Briana e eu, estamos, praticamente, morando juntos. Raramente, ela
dorme em seu apartamento, só vamos para visitar e pegar algum objeto que
precise. Já disse várias vezes para ela trazer tudo para cá, mas a teimosia
dela é algo inacreditável.
Estamos tomando café da manhã, assistindo ao noticiário, quando uma
notícia, chama nossa atenção.
“Os empresários Henrique Alcântara e Victor Medeiros, fundadores da
V&HTech, estão há mais de duas semanas desaparecidos. Familiares
afirmam que não receberam nenhum contato pedindo resgate, é como se eles
tivessem simplesmente evaporado. A polícia está trabalhando no caso com
afinco e não descarta, nenhuma linha de investigação. Caso acreditem,
coloquem eles em suas orações, mas se não acreditam, torçam por eles.”
Briana me olha, e fico nervoso, não sei qual será sua opinião sobre isso.
Se ela relacionará isso tudo a mim e me achar um monstro, tanto quanto eles.
Ela se levanta, vem até mim, faz com que eu me levante e me dá um
abraço, muito apertado como se estivesse me agradecendo, no fundo, ela
sabe que fui eu, e pelo modo como me abraçou, está feliz com esse arranjo.
Um mês depois
Estou ansioso, Briana, já percebeu que estou escondendo algo, mas ela
ainda não pode saber de nada, será uma surpresa.
Percebo como ela está nervosa, sempre me perguntando se está tudo bem,
ou se aconteceu alguma coisa. Após todo o estresse que tivemos, quero que
tudo seja perfeito para ela.
— Briana, você pode vir até minha sala — ligo no ramal dela e ela
prontamente aparece. — Surgiu uma viagem de última hora, que precisarei
ir.
— Tudo bem, me diga para onde que compro sua passagem e reservo o
hotel — me fala, sempre muito eficiente.
— Não precisa, já está tudo certo, mas vou precisar que você vá comigo,
te pego amanhã as oito da manhã para irmos até o aeroporto. — Ela assente
e fica parada na minha frente, fico com vontade de rir, mas me seguro.
— Precisa de mais alguma coisa? — Pergunto e ela pisca algumas vezes.
— Para onde iremos?
— Amanhã você vai saber — ela parece ficar em choque e sinto que está
um pouco magoada com meu jeito frio.
— Aconteceu alguma coisa, Emir? — Pergunta e escuto tensão em sua
voz, fico tentado a levantar e a beijar até perder o ar, mas valerá a pena,
aguardar até amanhã.
— Você já me perguntou isso, Briana e eu já disse que não, estou apenas
cansado, o trabalho está me consumindo. Agora, pode ir para sua casa,
Simon te levará, arrume suas malas, não leve muita coisa, amanhã passo
para te buscar. Como não sou de ferro, vou até ela, dou um abraço rápido e
um beijo casto em seus lábios, e ela vai, cabisbaixa, sei que está triste, mas a
surpresa, será melhor.
Briana
Emir
Não consegui entender até agora o que está acontecendo. Dona Celeste,
mãe do Emir, com certeza não foi com a minha cara.
Primeiro, ela não me deu nenhuma atenção, quando fui tentar ser educada,
ela praticamente me cortou, dizendo que o almoço já estava quase pronto.
Que horas esse povo come se ainda são onze da manhã?
Depois me olhou como se eu estivesse, suja e maltrapilha, o que não pode
ser verdade, porque estou com roupas, limpas, elegantes e confortáveis, fora
que tomei banho antes de sair do hotel.
A mulher é muito elegante, com seus cabelos castanhos, que vão até o
meio das costas e os olhos de um tom de mel, incrivelmente lindos. Ela usa
um vestido midi, verde, de um tecido leve, mas muito sofisticado com
alguns detalhes dourados. Tudo bem que olhando para como ela está vestida,
posso não estar a altura desse almoço.
Deve ser algum costume de gente rica e turca, almoçar tão bem vestidos e
oferecer as vestimentas aos seus convidados que não estejam nos padrões.
Não faço ideia de como seja e apesar de a mãe dele ser brasileira, mora
muito tempo por aqui e deve ter adquirido os costumes. Estou em meio as
minhas divagações, quando ela para em frente a uma porta.
— Esse será seu quarto, querida, tem um vestido e um sapato em cima da
cama, vista-os, estarei te esperando aqui — explica com tanta naturalidade,
que apenas assinto e adentro o quarto.
O quarto em si, é uma suíte enorme, com uma cama muito grande, closet e
uma penteadeira, daquelas que parecem ter saído direto de um filme antigo.
Simplesmente maravilhoso.
O vestido que ela mencionara é simplesmente lindo. Branco, midi de um
tecido leve, porque estamos em pleno verão na Turquia, todo com flores
bordadas delicadamente, de um ombro só, simples e sofisticado. Acho até
que me casaria com um vestido desses.
Uma sandália, de salto médio, toda dourada, complementa o visual. Fico
alguns minutos apenas olhando para tudo aquilo, sem saber ao certo como
proceder, até que batidas na porta me tiram do devaneio.
— Querida, está dando tudo certo — a voz de minha sogra, soa através da
porta.
— Está, sim, só preciso de mais alguns minutos — falo, e começo a tirar a
roupa rapidamente me vestindo da forma que ela acha apropriada.
Me visto, e olho no espelho, o resultado está maravilhoso. Arrumo um
pouco meu cabelo, pego na minha bolsa, uma máscara para cílios e um
gloss, para melhorar um pouco o visual.
Quando abro a porta, minha sogra está me aguardando, seu olhar está
muito mais suave e pude ver um brilho diferente assim que me viu. Não
parece a mulher de antes e fico confusa.
— Você está linda, minha filha — elogia, suavemente. Pega minha mão e
vai me guiando até o lado de fora da casa, onde imagino que o almoço será
servido.
Quando atravessamos a porta que levará até o lado de fora, vejo Emir, que
também havia se trocado e está lindo de terno. Percebo terem mais pessoas
por ali e quando foco nelas, mal posso acreditar em meus olhos. Olho para
meu noivo, procurado uma explicação e ele me oferece sua mão.
— Bem-vinda a nossa festa de noivado, değerli!
Capítulo 52
— Festa de noivado? — Fico meio atordoada em ver minha família aqui.
— Sim, amor, festa de noivado turca — olho espantada para ele — como
você vê nas novelas que tanto gosta.
— Briiiiiii — Luana, vem correndo e gritando, em minha direção, se joga
em meus braços em um abraço desajeitado.
— Como vocês? — Estou realmente desorientada agora. Meu pai com o
Gael no colo se aproxima me abraçando e beijando com um sorriso enorme
no rosto.
— Meu cunhado aqui — fala dando tapinhas nas costas de Emir —
providenciou tudo, pegamos um voo diferente do de vocês, mas foi quase no
mesmo horário — Emir, parece estar corando, que fofo.
— Você gostou? — Emir, pergunta, parecendo envergonhado.
— Claro que ela gostou, seu bobo — Lua quem responde, fazendo com
que todos deem risadas — Nosso medo era você não aceitar o pedido, mas
eu sabia que aceitaria.
Emir não para de me olhar nem um minuto, acredito que esteja analisando
se realmente gostei de tudo isso.
— Eu amei — confesso, colocando a mão em seu rosto e olhando dentro
de seus olhos para que ele veja a verdade nos meus. Ele parece respirar
aliviado.
Todos chegam perto para nos parabenizar. Minha sogra confessa que foi
tudo uma atuação para que eu não desconfiasse de nada. Ela está radiante
que o filho mais velho irá se casar e já me pediu netos, quase engasguei com
a própria saliva na hora.
— Tenho que te falar mais uma coisa Bri — Emir me puxa de lado, depois
que cumprimento todos — Não se sinta obrigada a nada, eu só quero que
você tenha a experiência completa.
— Fale logo, Emir, estou ficando nervosa — digo apreensiva.
— Se você quiser, amanhã virá um, juiz de paz para fazermos o
casamento turco — fico chocada, e Emir, parece estar muito envergonhado,
me jogo em seus braços e o beijo, então me lembro que estou na terra dele e
me afasto, mas ele me abraça novamente.
— Emir, você não imagina o quanto estou feliz, obrigada! — Os olhos
dele ficam marejados de emoção, assim como os meus.
— Vamos nos casar amanhã — Emir, grita, me rodando e todos
comemoram, gritando e batendo palmas.
— Nem acredito, meu filho, mais velho vai casar! — Minha sogra grita,
fazendo todos gargalharem.
Minha sogra, pega eu e minha irmã pelo braço, afinal, além dela, éramos
as únicas mulheres ali.
Ela me explicou como as coisas seriam, fiquei muito contente em fazer
algumas coisas em que vi nas novelas. Primeiro, teria que servir o café,
então servi ao meu noivo um café turco salgado.
Pelo que ela disse, ele deveria beber esse café de ótimo grado, com um
sorriso no rosto. Isso seria uma demonstração do quanto ele me amava e de
como estaria disposto a suportar os momentos doces e salgados da vida ao
meu lado.
Não fui tão má, coloquei só um pouquinho de sal, e a cara do Emir, ao
beber, foi hilária, mas aguentou firme e tomou tudo.
A minha irmã ficou encarregada de levar as alianças em uma bandeja com
uma tesoura decorada. As alianças estavam unidas entre si por meio de uma
fita vermelha. O meu pai colocou as alianças nos nossos dedos e o pai de
Emir, cortou a fita vermelha que unia as alianças, simbolizando que mesmo
separados ainda estávamos ligados por um vínculo de amor.
Após esse primeiro momento, fiquei eufórica, quando minha sogra me
avisou que teríamos a festa da henna, ela chamou, duas parentes do senhor
Altan para participar.
Troquei o vestido que estava, por um vermelho com muitos bordados e
detalhes em dourado.
Na hora em que começou, cobri a minha cabeça com um lenço vermelho
brilhante. Emir, também vestiu alguns acessórios tradicionais nesse
momento. Uma das parentes deles, abriu o ritual portando uma bandeja
composta com velas e a henna já preparada em forma de creme.
Emir e eu, nos sentamos no centro do lugar e minha irmã enfeitada com
acessórios na cabeça, além de velas e alguns instrumentos nas mãos, se
moveu ao som da música ao nosso redor.
Na cultura deles, esse momento é de tristeza para a noiva e sua família,
por significar uma despedida, uma vez que ela se unirá ao seu futuro marido
muito brevemente.
No decorrer da música, a minha sogra, pede para que eu lhe mostre minha
mão. Estendo, então, a minha mão fechada, mas em seguida abro para ela
colocar uma moeda de ouro no centro dela. Nos costumes deles, isso
significa que a noiva aceitou o dote oferecido anteriormente pela família do
meu noivo.
Minha sogra, então, colocou henna no centro das minhas duas mãos e
cobriu-as com uma espécie de luvas vermelhas brilhantes. A mulher que
coloca a henna na mão da noiva é muito importante por simbolizar que
assim como essa mulher tem um bom casamento e harmonia na sua casa, a
noiva também terá, podendo se espelhar nessa pessoa. A outra parente deles,
colocou henna também nas mãos do meu noivo e as cobriu com luvas
brilhantes verdes.
Após essa parte, nos levantamos e ficamos de frente um para o outro.
Emir levantou o véu vermelho que cobria o meu rosto e beijou a minha testa,
simbolizando que me aceitava como a sua futura esposa. Fui informada que,
antigamente, quando os casamentos eram arranjados, essa era a primeira vez
que o noivo veria o rosto da sua noiva.
A cerimônia foi, finalizada com um jantar e doces tradicionais, meu peito
estava explodindo de tanta alegria, não conseguia tirar o sorriso do rosto, um
sonho sendo realizado.
Na manhã seguinte, acordo e olho pela janela, vejo que tem uma equipe,
decorando o jardim, uma mesa com uma toalha branca, e cinco cadeiras que
parecem tronos ao redor. Imagino que lá será realizada a cerimônia.
Minha irmã e sogra, batem na porta e aparecem com meu vestido de
noiva. Mal posso acreditar que eles pensaram em tudo e em tão pouco
tempo. Estou muito emocionada.
Na hora em que estou pronta, quebrando um pouco o protocolo turco,
quem vem me buscar é meu pai. A felicidade no olhar dele é impagável.
— Você está linda, minha filha — fala com os olhos marejados, o homem
que sempre cuidou e me apoiou. A melhor pessoa do mundo, sozinho,
conseguiu criar eu e minha irmã, e agora está criando o neto também.
— Obrigada, pai. Não só pelo elogio, mas por tudo que o senhor sempre
fez por mim. Se não fosse seus ensinamentos, não estaria aqui neste
momento — falo e uma lágrima desce pelo meu rosto.
— Não chore, querida, hoje é o seu grande dia. Venha, vou te levar até seu
marido, apesar de não ser essa a cultura, eles me deram esse privilégio.
Emir, está próximo à mesa, lindo com um smoking preto, altamente
delicioso. Assim que meu pai chega perto dele, ele me pega pela mão e
aperta a de meu pai. Somos conduzidos para sentarmos nas cadeiras, onde o
juiz já está sentado. Nossas testemunhas, serão, minha irmã e Alim, irmão
mais novo de Emir.
A cerimônia, é muito rápida. São feitas as seguintes perguntas básicas
para o casal. Qual é o seu nome completo? Qual é o nome do seu pai? Qual é
o nome da sua mãe?
A seguir, tenho que responder ao juiz, se desejo me tornar, a senhora Emir
Aslan e Emir tem que responder quando é perguntado a ele, se ele deseja
tomar Briana Martinelli como sua esposa. Nós dois, é claro, respondemos
que sim. Após assinarmos nossos nomes o juiz declara: “Vocês agora estão
casados”.
Apesar de não fazer parte dessa cultura, participar desse momento foi tão
especial para mim como foi para Emir. Poder dividir esse rito de passagem
com minha irmã, meu pai e meu sobrinho e proporcionar a eles esse contato
com um país tão encantador como a Turquia realmente foi muito especial
para nós.
A festa é realmente alegre, muita dança típica e comidas gostosas. Só a
família está presente. Estou tão cansada que me sento um pouco e Emir, logo
se junta a mim.
Vejo minha irmã e Alim, discutindo, e acho tudo muito estranho. Em
outros tempos, Luana estaria encantada com um homem rico e bonito como
ele.
— Acho que Lua não gosta de Alim — falo olhando para eles.
— Ou em breve, teremos outro casamento na família — gargalho, porque
bem sei que Alim é avesso a compromissos. Emir me olha profundamente
que até esqueço dos dois brigões.
— Está feliz, minha esposa? — pergunta, me fazendo arrepiar com essa
frase.
— Mais do que você pode imaginar. Você é meu sonho realizado, meu
galã turco — falo e Emir gargalhar, tão gostoso, que tenho vontade de
mordê-lo.
— Farei de tudo para sermos, felizes sempre. Você é a luz da minha vida.
— Quem diria que me tornar a secretária do magnata turco, me traria até
esse momento — digo, e a felicidade, quase não cabe em meu peito.
— Te amo, değerli — declara com os olhos transbordando de amor.
— Te amo, meu galã — e assim selamos nossos lábios, com a promessa
de sempre nos amarmos.
Epílogo 1
Quatro anos depois
FIM!
Bônus
Estou no bar de sempre, após um longo dia de trabalho pesado. Sempre
venho a esse bar para caçar. Observo quem será minha próxima presa e
quando identifico o alvo, aguardo o momento certo para o abate.
Meu foco, agora, está todo em uma morena linda, com cabelos cacheados,
não consigo conferir a cor de seus olhos na penumbra do bar. O tempo todo
ela me olha, cochichando com sua amiga, que está ao seu lado. Ela parece
ser bem jovem, deve ter seus vinte e três anos, mas não ligo para isso, se ela
sabe o que está fazendo, quem sou eu para julgar?
Chegou a hora do abate! Me aproximo da moça que me olha com malícia,
de perto, consigo constatar que seus olhos são verdes.
— Olá, posso te pagar uma bebida? — pergunto, chegando tão perto que
consigo sentir seu cheiro de baunilha, o que me deixa duro na hora.
— Por que não pulamos as formalidades e vamos conversar no setor
privativo? — A voz é muito sexy e nossa, é do jeito que gosto, sem
frescuras.
Pego-a pela mão e a levo até o corredor onde ficam os quartos, passo
minha credencial em uma porta que está com a luz verde e ela se abre. Faço
um gesto com a mão para que ela passe na frente e a sigo.
Fecho a porta e ela, praticamente, voa em minha direção, a pego no ar e a
imprenso na porta. Nos devoramos mutuamente, o beijo é quente, excitante,
esfomeado.
O vestido dela sobe, olho para baixo e noto a calcinha minúscula
vermelha, porra que delícia. Esfrego minha ereção na bocetinha, por cima
das roupas e sinto a quentura dela. Ela se esfrega, geme, grita, puxa meus
cabelos e goza lindamente.
— Caralho, mulher, que delícia você é. Quero me enterrar com vontade
nessa boceta — vou subindo minha mão em direção aquele paraíso molhado
e um toque de celular a faz me afastar rapidamente.
— Tenho que ir — fala e simplesmente, abre a porta fugindo como se
estivesse cometendo um crime. Me recomponho e corro atrás, mas em vão,
não a encontro em lugar nenhum.
Puta que pariu, o que foi isso? O pior é que nem perguntei seu nome, e
agora só ficarei com essa diaba na imaginação.
Obras da Autora
Uma Noiva Contratada (Livro 1 da série Três Mosqueteiros)