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Copyright © 2022 Linda Evangelista

Capa: VIC DESIGNER


Revisão: Leticia Tagliatelli
Diagramação: Bell J. Rodrigues

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens,


lugares e acontecimentos descritos são produtos da
imaginação da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
Esta obra segue as regras da Nova
Ortografia da Língua Portuguesa.
Todos os direitos reservados.

É proibido o armazenamento e/ou a reprodução de


qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios
(tangível ou intangível) sem o consentimento escrito da
autora. A violação dos direitos autorais é crime
estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido pelo artigo 184
do Código Penal.2018.
SINOPSE

Colin é um advogado de sucesso que trabalha no grupo


Jones, mas que também é responsável pelo escritório de advocacia
da família. Assumiu o lugar do seu pai após ele sofrer um infarto, o
que o impossibilitou de continuar trabalhando.
Colin se divide entre o escritório de advocacia de sua família
e o grupo Jones onde trabalha para seu melhor amigo.
Amanda é filha de imigrantes que saíram do México para
tentar uma vida melhor na América. Já em solo americano, sua mãe
engravida, mas infelizmente morre no parto deixando o marido com
uma recém-nascida para ser criada.
Com muito esforço, Amanda consegue uma bolsa de estudos
em uma das melhores faculdades de Artes Plásticas da Califórnia.
Na faculdade ela conhece sua melhor amiga, Emily Barnes.
Juntas lutam para realizar o sonho de abrir uma galeria de
artes e esse sonho é realizado com a ajuda de Oliver Thompson,
CEO de uma das maiores empresas do ramo do petróleo.
Amanda e Colin se conhecem através de seus amigos em
comum, Anthony Jones e Emily Barnes, que são noivos.
Mesmo tentando resistir, Amanda acaba se apaixonando por
Colin e entra de cabeça em um relacionamento que, segundo ele,
não passa de sexo.
Tudo piora quando a família de Colin a destrata e a humilha
por ser filha de imigrantes e pertencer a uma classe social diferente
da de Colin.
Apaixonada, Amanda espera que seu amado a defenda das
humilhações que sofreu por parte da sua mãe, mas o belo advogado
resolve escolher a família em vez dela e isso quebra o coração da
pobre moça.
Mesmo Colin já começando a desenvolver sentimentos por
Amanda não tem coragem de ficar contra sua família.
Mas o que a família de Colin não esperava era que com o
sucesso da inauguração da galeria de artes, Amanda fosse tornar
uma mulher muito rica e conhecida na alta sociedade.
Amanda desenvolve uma amizade com Oliver Thompson, o
que faz Colin morrer de ciúme, pois, segundo ele, Amanda lhe
pertence.
Porém, a garota de coração partido não quer mais saber de
Colin.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO 31
CAPÍTULO 32
CAPÍTULO 33
CAPÍTULO 34
CAPÍTULO 35
CAPÍTULO 36
CAPÍTULO 37
CAPÍTULO 38
CAPÍTULO 39
CAPÍTULO 40
EPÍLOGO
OUTRAS OBRAS DA AUTORA
CAPÍTULO 1

AMANDA LOPEZ
Quem me vê hoje não imagina o que já passei na vida.
Sou filha de imigrantes ilegais vindos do México e só por
esse motivo já se tem uma ideia do que passei.
A vida dos meus pais não foi fácil e só tenho cidadania
americana porque nasci aqui.
Não conheci minha mãe, pois ela morreu ao me dar à luz.
Meu pai cuidou de mim e até hoje não sei como ele conseguiu fazer
isso. Cuidar de um bebê sem qualquer ajuda não deve ter sido fácil,
mas com muito esforço ficamos bem.
Apesar de toda dificuldade, meu pai nunca deixou faltar nada
em casa e depois de anos vivendo como ilegal, ele finalmente
conseguiu a cidadania americana.
Consegui através de uma bolsa de estudos me formar em
uma das melhores faculdades de Artes Plásticas do país.
Meu pai sempre apoiou minha escolha de profissão e nunca
duvidou da minha capacidade de conseguir vencer na vida com a
escolha que fiz.
Não posso dizer que sou a pessoa mais certinha do mundo,
gosto de uma boa festa, sempre termino a noite com algum gatinho
e não tem nada de errado nisso.
Sou assim e esse é meu jeito.
Se meu pai não se importa com meu jeito de ser, não estou
nem aí para o que as outras pessoas possam falar.
Eu me conheço, me amo e sei do meu caráter, assim como
as pessoas, que fazem parte da minha vida, sabem e é somente a
opinião delas que importa.
Entre essas pessoas está minha grande amiga, Emily
Barnes, quer dizer Jones, já que a linda acabou de se casar com o
maior gato.
A vida também não foi muito fácil para minha amiga, mas no
final ela conseguiu conquistar o coração do marido.
O relacionamento deles tinha tudo para dar errado, mas a
danadinha saiu vitoriosa.
Hoje, nós duas, vamos realizar nosso grande sonho, o sonho
pelo qual estudamos e batalhamos muito. Com a ajuda de um
grande amigo milionário que a vida me deu, Oliver Thompson,
conseguimos alcançar nosso objetivo.
Oliver acreditou na nossa capacidade quando ninguém mais
acreditou e serei sempre grata a ele por isso.
Além do nosso investidor principal, é meu amigo e está me
ajudando a passar por um momento um pouco difícil.
Fui burra o suficiente para me apaixonar, algo que nunca
tinha acontecido nos meus vinte e quatro anos. Eu me permiti sentir
tal sentimento pela primeira vez e quebrei a cara porque o homem
que amo escolheu ficar ao lado da família que não gosta de mim.
Segundo eles, sou uma pobre lascada, filha de imigrante que
não tem onde cair morta e olha que escutei isso da boca da mãe
dele.
O pior foi que ele não fez nada para me defender.
Tirei meu time de campo depois disso, afinal, o que posso
esperar de um homem assim?
Simplesmente nada.
— Está na hora, Amandinha.
Sou tirada dos meus pensamentos por Oliver que caminha na
minha direção.
Estou me arrumando em um dos quartos da mansão dele.
— Já estou pronta — digo sorrindo para ele através do
espelho.
Ele se aproxima me encarando e beija meu pescoço.
— Por que está pensativa se encarando no espelho? Estou te
observando há algum tempo.
Ficamos nos olhando através do espelho e me emociono.
— Estava pensando em como foi difícil chegar até aqui, em
tudo o que passei nos últimos meses e nas humilhações que sofri
na vida.
— Estava pensando nele?
Abaixo a cabeça envergonhada.
Oliver me vira de frente para ele e levanta minha cabeça
segurando em meu queixo.
— Nunca abaixe sua cabeça para ninguém. Hoje, começa
uma nova vida, Amanda, e todos aqueles que te humilharam vão se
arrepender do que fizeram. Você tem a mim e a Emily para te apoiar
e ficar do seu lado, isso sem contar seu pai. Tem que ser forte por
ele, seu pai te ama e está feliz com suas conquistas.
Balanço a cabeça concordando.
Ele me abraça e beija minha testa.
— Sei disso, Oliver, e obrigada por tudo o que fez por mim.
— Já falei que não precisa me agradecer, somos amigos,
Amanda. Apesar de te conhecer há poucos meses, me mostrou que
é uma pessoa de confiança e que luta pelo que quer.
— Só não consegui lutar pelo meu amor.
— Essa luta não era só sua e você foi sábia em ter se
retirado dela. Talvez se estivesse insistido teria saído mais quebrada
do que está agora.
Abraço meu amigo mais forte sentindo seu cheiro.
Seria tudo mais fácil se estivesse me apaixonado por ele.
— Sei disso, Oliver, preciso colar meus cacos agora.
— E vai conseguir. Tenho um presente para você ficar mais
linda do que já está.
Eu me afasto um pouco e percebo que ele tem uma caixa de
veludo nas mãos.
— O que é isso? Por acaso esse presente é recompensa
pelo sexo maravilhoso que te dei? — digo sorrindo.
— O sexo foi muito bom, mas o presente não é por isso. Hoje
é seu dia de brilhar e a estrela da noite tem que estar à altura. —
Abre a caixa e revela o que tem dentro.
— Não vou aceitar isso nunca, Oliver. Esse não foi nosso
acordo.
— Isso não tem nada a ver com nosso acordo, Amanda.
Estou dando um presente a uma grande amiga. Quanto ao sexo,
você estava precisando assim como eu, unimos o útil ao agradável.
Sabemos que o que fizemos não passou de sexo, não tinha
sentimento apenas desejo e tesão.
Encaro o homem a minha frente com vontade de bater nele
por ter gastado mais dinheiro comigo.
— Isso deve ter custado uma fortuna, não quero que sua
família também pense mal de mim.
Ele sorri tirando o conjunto de joias de dentro do estojo de
camurça e as coloca em mim.
— Sou homem feito, Amanda, quem manda na minha vida,
sou eu e não minha família.
— Mesmo assim, Oliver, isso já é demais.
— Fica quietinha, Amanda, tenho que prender o fecho. —
Finge não escutar o que digo. — Pronto, agora está perfeita. Vamos
logo que o motorista está a nossa espera e não queremos nos
atrasar, não hoje.
Sei muito bem o que ele quer fazer.
— Você não me engana, Oliver Thompson, sei o que
pretende fazer.
— Eles vão se arrepender, Amanda. Você não merecia
passar pelo que passou e sua virada de vida começa hoje. Será
uma honra estar ao seu lado. Amanhã a mídia anunciará que o CEO
do grupo Thompson, a maior empresa do ramo do petróleo mundial,
estava ao lado de Amanda Lopez, filha de um imigrante que
conseguiu com seu esforço vencer na vida e agora tem uma galeria
de artes. Você venceu, conseguiu vencer junto com a Emily.
— Obrigada por estar ao meu lado e por não sentir vergonha
de mim.
— Isso nunca — diz oferecendo o braço.
Juntos saímos rumo à realização do meu sonho.
CAPÍTULO 2

COLIN LEWIS
Estou sentado no escritório da minha mansão com um
copo de uísque em uma mão e um convite na outra. O convite para
a festa de inauguração da galeria de artes mais comentada do
momento.
A galeria nem abriu e todas as peças já foram vendidas.
Como sei disso?
Meu melhor amigo é marido de uma das donas e sou o filho
da puta que partiu o coração da outra.
Venho de uma família de advogados e trabalhamos apenas
para grandes empresas internacionais, o que nos tornou muito ricos.
Nosso escritório atende apenas grandes empresas e entre elas está
o grupo Jones, lugar onde trabalho e meu melhor amigo, Anthony
Jones, é o CEO.
O dinheiro sempre me abriu portas e sempre tive tudo o que
queria, sem fazer esforço nenhum.
Mas nunca deixei que a fortuna que acumulei no decorrer dos
anos subisse a cabeça, algo que não aconteceu com meus pais.
Minha mãe, por exemplo, faz questão de infernizar minha
vida, me apresentando moças da alta sociedade com a esperança
de que me case com uma delas.
Scarlett Robinson é a preferida da vez, segundo minha mãe é
a mulher perfeita para um homem como eu.
Devido esse pensamento, minha mãe decidiu se meter na
minha vida e afastar uma das poucas mulheres com quem já me
importei.
Atualmente o escritório de advocacia está em minhas mãos,
meu pai teve que se aposentar depois de sofrer um infarto. Ou ele
parava de trabalhar, ou morreria devido ao estresse, esse foi o
ultimato dado pelo médico.
Hoje, me divido entre o grupo Jones e o escritório da família.
Viro a bebida que está em meu copo de uma vez e decido
que está na hora de sair, tendo em vista que vou buscar minha
acompanhante em casa para ser o meu par na festa de inauguração
hoje.
Depois de pegar Scarlett, nos dirigimos à galeria de arte
enquanto temos uma conversa agradável.
Devo admitir que a mulher ao meu lado é gostosa e se as
coisas saírem como planejado ela terminará a noite na minha cama.
Chegamos à festa que por sinal está maravilhosa, tudo é de
um excelente bom gosto, mostrando que as anfitriãs não
economizaram em nada.
Ando pelo local, observando as obras com Scarlett
segurando meu braço. Cumprimentamos várias pessoas
importantes e todos dizem como formamos um excelente casal.
A mulher ao meu lado fica empolgada com a conversa, pois
tem a ilusão de engatar um romance comigo. Mal sabe que de
romance e compromisso estou fugindo e a única coisa que ela terá
é o bom e velho sexo suado.
Depois de alguns minutos, a movimentação na entrada
começa, o que demostra que as anfitriãs chegaram.
Todos se aproximam para contemplar a entrada triunfal das
meninas e meu coração acelera em expectativa para ver minha
menina entrando.
— Você as conhece, Colin? Conhece as donas da galeria?
Ouvi dizer que uma delas está saindo com Oliver Thompson —
Scarlett diz e sinto meu sangue gelar.
Se uma das donas é casada com meu melhor amigo,
significa que...
— Olha, eu tinha razão, aquele é Oliver Thompson.
Olho para onde Scarlett aponta, vejo Emily Jones entrando
acompanhada pelo marido e logo atrás deles entra minha Amanda
de braços dados com o Thompson.
Agora entendo a raiva que Thony sentia dele.
A mulher que durante muito tempo ocupou minha cama e
deixou seu rastro pela minha mansão, passa como se não me
conhecesse. Ela distribui sorrisos para outro homem, os sorrisos
que até algumas semanas atrás me pertenciam.
Ela está radiante dentro de um vestido de tirar o fôlego, com
uma fenda enorme na perna esquerda que vai até à altura da virilha,
o que me leva a crer que a safada não está usando calcinha.
Isso é bem típico da Amanda, ela tem coragem o suficiente
para fazer isso.
As joias que usa de longe se vê que são verdadeiras e de um
excelente bom gosto. Certamente custou uma pequena fortuna ao
bolso de seja lá quem as comprou.
— O vestido delas são modelos exclusivos, encomendados
diretamente de Paris.
Olho para minha acompanhante que está sabendo mais da
vida de Emily e Amanda do que eu que sou próximo das duas.
— Como é que sabe disso tudo?
Ela sorri me olhando.
— As duas foram assunto ontem no clube, todos estão
falando delas, principalmente do mais novo casal.
— Novo casal?
— Isso mesmo, Amanda Lopez foi vista várias vezes com
Oliver Thompson. Os dois tem passeado e frequentado restaurantes
caros de mãos dadas. Teve até um paparazzi que tirou uma foto
dela entrando na mansão dele, tudo indica que os dois estão juntos.
Quem diria que a filha de um imigrante qualquer iria cair nas graças
de Oliver Thompson.
Sinto meu sangue ferver de raiva.
Como assim Amanda e Oliver estão juntos?
Depois de um tempo tentando digerir as informações que
recebi, me aproximo dos meus amigos enquanto Scarlett conversa
com algumas amigas que encontrou.
Emily está radiante e Anthony então nem se fala, a felicidade
está estampada na cara dele.
— Parabéns, Emily, finalmente conseguiu realizar seu sonho
— digo beijando sua mão.
— Obrigada, Colin, não foi fácil. Amanda e eu trabalhamos
muito para chegar até aqui e com a ajuda do Oliver e do meu
maridinho, conseguimos realizar nosso sonho.
Vou ter que escutar o nome desse homem em toda conversa
que iniciar?
— Que cara feia é essa, meu amigo? — Anthony pergunta
me encarando.
Quando vou abrir a boca, o infeliz me corta e diz sorrindo,
fazendo pouco da minha cara:
— Não acredito, está com ciúmes do Thompson? Achei que
não fosse viver para ver esse dia.
O desgraçado está se divertindo às minhas custas.
— Não estou com ciúmes, Aman...
— Olha aqui, Colin, nem se atreva a chegar perto da minha
amiga. Teve sua chance, desperdiçou e ainda por cima permitiu que
sua família a humilhasse. Não entre no caminho de Amanda. Se ela
está em um relacionamento com Oliver ou não, você não tem nada
a ver com isso — Emily diz defendendo a amiga.
— Parece que ela foi rápida em escolher outro partido, dessa
vez um até mais rico do que eu.
Emily muda de cor tanto que tenta vir para cima de mim, mas
Anthony a segura.
— Você não fez a mesma coisa? Acha que não o vi
acompanhado da senhorita Robinson? Pelos rumores o próximo
casamento vai ser o seu, então não julgue minha amiga. Não me
peça para escolher um lado porque sabe muito bem minha escolha.
Gosto muito de você, Colin, você sabe disso. É o melhor amigo do
meu marido, foi nosso padrinho de casamento e praticamente faz
parte da família assim como Amanda, mas engula suas palavras
quando for falar dela, na minha frente.
Engulo em seco ao escutar as palavras de Emily.
Ela tem razão, vou ser obrigado a conviver com Amanda pelo
resto da vida, além das nossas amizades em comum, sou o
advogado que representa a galeria.
— Vou tentar policiar minhas palavras, Emily.
— Acho bom. Comece a fazer isso agora mesmo, Amanda
está se aproximando com Oliver e não quero escutar nenhuma
gracinha vindo da sua parte.
Olho na direção que Emily está olhando e vejo Amanda e
Oliver se aproximando de mãos dadas como se fossem um casal de
namorados.
Porra, ver isso me incomoda pra caralho!
CAPÍTULO 3

COLIN LEWIS
Amanda se aproxima acompanhada por Oliver, ao
mesmo tempo, que Scarlett.
Assim que está ao meu lado, Scarlett gruda no meu braço
com muita intimidade, o que não passa desapercebido aos olhos de
Amanda.
A situação é muito constrangedora.
Para sacanear ainda mais com minha cara, Anthony todo
cheio de graça diz:
— Amanda, está maravilhosa, mas não mais do que minha
esposa.
Amanda começa a rir, Oliver passa a mão em sua cintura e
aperta sem se dar ao trabalho de disfarçar.
— Vamos dizer que as duas estão no mesmo nível de beleza
e graciosidade, Jones — Oliver diz e beija a curva do pescoço de
Amanda.
Sinto meu corpo enrijecer.
— Vocês dois formam um lindo casal, senhor Thompson,
parabéns — Scarlett diz chamando a atenção de Oliver que olha
para nós dois.
— Senhorita Robinson, é um prazer tê-la aqui. Mande meus
cumprimentos aos seus pais. Ótima escolha de acompanhante,
senhor Lewis.
Scarlett abre o maior sorriso e não consegue ficar de boca
fechada.
— Colin e eu estamos nos conhecendo melhor. Quem sabe,
logo, logo não fazemos uma surpresa.
Acabo sorrindo do que ela fala, isso só pode ser uma grande
piada, mas não desminto.
— Parabéns ao novo casal — Amanda diz me encarando,
mas logo sua atenção se volta para a amiga. — Emily, nossa
agenda está apertada. Fomos convidadas a participar de vários
eventos de exposição, estamos começando agora e não podemos
recusar os convites. Porém, uma tem que ficar aqui.
Emily não pensa duas vezes e responde:
— Eu fico, sem problema. Você faz as viagens e vamos
acertando tudo por videochamada e ligação.
— Tem certeza de que não quer ir, Emily?
— Absoluta.
Anthony acaricia a barriga da esposa e acho estranho o
movimento dele, mas não falo nada.
— Tudo bem, então vou preparar tudo para a viagem.
— Vou com você, Amanda, para fazer companhia — Oliver
diz e olhamos para ele.
— Ollie, são dias de viagens, quase um mês inteiro.
Que porra é essa?
Que intimidade toda é essa?
Amanda já está o chamando pelo apelido?
— Estou precisando tirar uns dias de férias e nada melhor do
que aproveitar a oportunidade para viajar com você. Vamos no meu
jato, a viagem será mais confortável.
Amanda sorri e o beija na minha frente, na maior cara de pau.
— Obrigada, querido.
— Pronto, agora que já está tudo acertado tenho uma
novidade para contar — Emily diz animada ao lado de Anthony.
— Novidade? Hoje o dia está sendo cheio de surpresas —
digo a última parte sendo sarcástico, olhando para o casal à minha
frente.
— Colin, Amanda, quero saber se aceitam ser os padrinhos
do meu bebê? Estou grávida!
Isso me surpreende, mas Amanda não parece nem um pouco
surpresa com a novidade.
— Já sabe minha resposta, amiga, só não concordo com a
escolha do padrinho. Ollie seria uma opção muito melhor.
Anthony finge uma tosse e diz:
— Desculpa, Amanda. Colin é meu amigo e assim como
Emily faz questão de ter você como madrinha, quero meu amigo
como padrinho.
Ela se agarra mais a Oliver e tenho certeza de que está
fazendo isso para me provocar.
— Nem tudo é perfeito, mas estou muito feliz com a gravidez
da minha melhor amiga. Já até comprei um presente, afinal fui a
primeira a saber a notícia maravilhosa.
— Isso não me surpreende — Anthony diz e Emily sorri, o
beijando.
— Vai ser um prazer muito grande, meu amigo, ser padrinho
do seu filho ou filha. Meus parabéns.
Damos as mãos e apenas nós dois sabemos o significado
que esse gesto tem nas nossas vidas.
Desejamos felicidades ao casal e saúde ao novo bebê que
logo chegará.
As anfitriãs são chamadas para uma entrevista e não tiro os
olhos de Amanda nem um minuto.
Vou esperar pacientemente até ter uma oportunidade de
pegá-la sozinha. Não durmo hoje se não sentir o calor do seu corpo.
Ela vai ter que me explicar que merda está fazendo saindo
com Thompson.
Enquanto espero minha oportunidade, bebo várias doses de
uísque. Minha acompanhante passa horas falando merda no meu
ouvido e apenas concordo com a cabeça para não parecer mal-
educado.
Depois de muito tempo, o momento mais esperado chega,
vejo Amanda indo em direção a um corredor que leva aos
banheiros. Sei disso porque já vim muitas vezes aqui.
— Scarlett, me dê licença alguns minutos, já volto.
Ela me olha desconfiada, mas não fala nada e saio de perto
dela.
Ando em direção ao corredor e quando estou próximo de me
aproximar do banheiro, sinto uma mão no meu ombro.
Eu me viro e vejo Anthony atrás de mim.
— Sei o que quer fazer e aconselho a não fazer isso.
— Preciso falar com ela. Porra, Thony, preciso dela pelo
menos uma última vez.
— E depois, Colin, o que vai fazer? Até quando vai ficar
magoando a menina? Já não foi suficiente as humilhações que
permitiu que ela passasse?
Encaro meu amigo sem acreditar no que diz, logo ele que
humilhou a noiva de todas as maneiras possíveis, quer me dar lição
de moral.
— Você não tem moral para falar comigo sobre isso, Anthony.
Somos farinha do mesmo saco. Lembra o que fez com a coitada da
Emily?
Ele se afasta me olhando sério, como poucas vezes
aconteceu.
— Passei por um verdadeiro inferno pagando pelo que fiz à
minha mulher. Vejo que você vai ter que passar pelo inferno
também. Vou rir muito da sua cara, meu amigo, quando Amanda se
cansar e resolver te dar uma lição. Anote essas palavras, quando
uma mulher resolve se vingar de um homem até o próprio Diabo
foge dela, sei disso por experiência própria.
— Amanda não é a Emily.
O homem à minha frente gargalha da minha cara.
— Tem razão, Colin, Amanda é muito pior. Emily perto dela é
um anjo. Boa sorte e espero que saia do banheiro com todas as
partes no lugar. — Vira as costas e sai do corredor.
Fico em um dilema, vou até Amanda ou não.
Como estou pensando no momento mais com a cabeça de
baixo do que com a de cima, vou em frente.
CAPÍTULO 4

AMANDA LOPEZ
Ver Colin com outra mulher, colada nele não foi nada fácil.
Aquela, sim, será a mulher perfeita para ele. Ela pertence a
alta sociedade e é rica como a família dele quer.
Pela intimidade dos dois, parece que ele aceitou bem fácil a
escolha da família.
— Você tem que se esforçar e melhorar essa cara, Amanda.
Colin vai sempre fazer parte da sua vida, ainda mais agora que
serão padrinhos do filho da Emily.
— Nem me lembre disso, Ollie, preferia mil vezes que fosse
você do que ele.
— Mas essa é uma escolha que não pode fazer, querida.
Sinto minha cabeça girar, deve ser o efeito da bebida no meu
organismo.
— Eu sei disso, vou ao banheiro e já volto. Preciso retocar a
maquiagem.
— Vai lá que te espero aqui. Quando voltar, vamos terminar
de cumprimentar o restante dos convidados e tirar mais fotos para a
mídia.
— Isso é um saco!
— Vai ter que se acostumar com isso, sua vida vai ser assim
de agora em diante.
Concordo balançando a cabeça e saio em direção ao
corredor que leva aos banheiros.
De longe vejo Colin alegre e sorridente com a tal senhorita
Robinson. Tento não me importar e passo direto para o banheiro.
Abro a porta devagar e vejo que não tem ninguém. Me
encaro no grande espelho à minha frente e analiso a maquiagem
que continua impecável, fazendo valer cada centavo que paguei por
ela.
Entro na cabine privativa e afasto meu vestido para o lado. A
grande fenda na perna esquerda facilita meu trabalho, isso sem falar
que estou sem calcinha, jamais iria marcar essa belezinha usando
tal peça.
Faço minha necessidade e depois de deixar tudo como
estava antes, abro a porta da cabine. Assim que vou sair, sou
empurrada de volta para dentro.
Sinto o aroma conhecido e escuto o clique da porta sendo
fechada por dento.
Meu coração acelera como todas as vezes em que ficamos
tão perto um do outro.
— Você ficou louco? O que está fazendo aqui, Colin? É o
banheiro feminino alguém pode entrar.
— Ninguém vai entrar na porra do banheiro, coloquei a placa
de interditado do lado de fora.
Não acredito nisso.
Tento abrir a porta para sair, mas ele não deixa. Segura meus
braços e me imprensa na parede.
— Colin, me deixa sair. Não quero ficar perto de você. Tomou
sua decisão, agora me deixa em paz. Escolheu seu lado.
— O que queria que eu fizesse? Queria que escolhesse entre
você e minha família? Meu pai tinha acabado de se recuperar de um
infarto, Amanda, e o que existia entre nós dois não passava de
sexo. Estávamos bem, levando as coisas sem compromisso até que
resolveu se apaixonar.
— Você é um cretino, filho de uma puta. Como falei, você
tomou sua decisão, agora me deixa em paz. Se quer sexo vai atrás
da sua mais nova namoradinha. Ela é perfeita para um filhinho de
mamãe como você.
A expressão de Colin muda e me aperta mais ainda.
— O que foi? Agora que arrumou um mais rico do que eu,
resolveu dar somente para ele?
Solto minha mão e dou um tapa estalado na cara do cretino,
filha da mãe.
— Dou para ele, sim. Oliver come minha boceta como
nenhum outro comeu. Chega a ser desesperador o tesão que sinto
quando ele me penetra duro e forte. Porém, não dou para ele por
dinheiro, mas porque é muito mais homem do que você. Ele tem
muito mais pegada e o principal, não permite que ninguém me
humilhe e nem me diminua quando estou na presença dele.
— Você é uma vadia mesmo, minha mãe tinha razão.
— Se sou uma vadia, o que você ainda está fazendo aqui
dentro? Não tem medo de se contaminar com meu baixo nível? Se
me lembro bem foi assim que sua mamãe se referiu a mim, uma
imigrante de baixo nível.
Em momento nenhum desviamos o olhar um do outro,
estamos nos ofendendo, mas o tesão que emana de nossos corpos
deixa claro o quanto nos desejamos.
Colin passa o polegar pela minha boca e viro o rosto para o
lado.
— Vá se foder, Colin, e me deixa em paz — digo com uma
dor grande no coração.
Ele aproxima o rosto do meu e diz grudado na minha boca:
— Eu vou foder, sim, mas é com você agora.
Não tenho tempo de processar a informação, ele me beija
desesperadamente sem permitir que o rejeite, enfiando sua língua
gostosa de ser chupada na minha boca. Toma meu folego, me
fazendo gemer de prazer e me amaldiçoo por ser tão fraca.
Desce beijando minha bochecha e se concentra no meu
pescoço, chupando e mordendo.
Colin está faminto!
Agarra minha bunda com força por cima do vestido e me
puxa para mais perto do seu corpo enquanto continua me lambendo
e me mordendo de leve. Sobe em direção a minha orelha e respira
bem devagar, sussurrando enquanto sua mão entra em meu
vestido, entre a fenda da minha perna esquerda.
— Sem calcinha, do jeitinho que gosto. Você tem coragem,
Amanda, isso admito. Aposto que já deve estar pingando, doida
para me sentir dentro de você.
Já estou em outro planeta a essa altura e não raciocino
direito, mesmo assim o último resquício de sanidade faz com que o
empurre, embora o cretino nem saia do lugar.
— Eu não quero. — Viro o rosto e ele sorri.
— Mas eu quero. Sua boca diz uma coisa e seu corpo outra
totalmente diferente. — Acaricia meu clitóris, me fazendo suspirar.
O filho de uma mãe sabe fazer isso como ninguém.
— Toda meladinha do jeito que eu gosto. Tão quente, doida
pelo meu pau.
— Eu te odeio, Colin. Odeio você!
Volta a me beijar, abre a porta da cabine privativa, me agarra
pela cintura e me levanta sem esforço nenhum, me sentando na pia.
— Esse seu joguinho me dá um tesão do caralho.
Puxa meu vestido, abocanha meus seios sensíveis e quase
grito. Suas mãos descem até minha virilha e seus dedos ágeis
tocam minha intimidade úmida e sensível. Seus beijos descem para
minha barriga e me contorço de prazer.
Sinto que estou entre as nuvens quando ele me trata
carinhosamente.
Sem esperar, coloca a língua para fora, passa debaixo da
entrada da minha boceta e sobe bem devagar, em uma tortura
louca.
Porra, isso está me matando!
Ele começa a me lamber bem de leve enquanto minha boceta
está encharcada e latejando de tanto tesão. Ao ver meu sofrimento
e desespero, ele se ajoelha e me chupa com vigor e fome. Em
resposta, gemo alto, suspiro, ofego e rebolo.
Piro na sua boca maravilhosa.
Não estou mais aguentando quando ele aumenta o ritmo.
Grito, tremo, fecho os olhos e me contorço, gozando loucamente na
língua deliciosa do cretino.
Colin se levanta e rapidamente abaixa a calça e a cueca,
liberando seu pau delicioso e cheio de veias. Passa por toda minha
intimidade e diz:
— Que saudade dessa boceta deliciosa.
Em um único golpe, empurra tudo de uma só vez. Enfia a
mão entre os fios do meu cabelo e puxa para trás, deixando meu
pescoço livre para que ele chupe.
— Você é minha, Amanda, minha.
— Devagar, Colin!
Pega minhas pernas facilmente com as mãos e estoca forte
na minha boceta. Levanta minhas pernas em seus ombros, me
agarra pela cintura, puxa com mais força e enfia seu pau ainda mais
fundo tanto que toca meu limite.
Aperto os lábios e fecho os olhos, mas as estocadas brutas
fazem com que grite de prazer.
Colin continua metendo feito um animal e não consigo parar
de gritar.
Nossos corpos e gemidos ecoam no banheiro.
— Está gostando? Sei que é assim que gosta — rosna
enquanto mete fundo, forte e rápido. — Vou te devorar, Amanda.
Você... É toda minha.
A cada estocada solto um gemido. Sinto outra onda forte de
prazer me atingir, me debato forte contra seus braços musculosos,
minhas pernas ficam bambas e um choque percorre meu corpo.
Gozo dolorosamente pela segunda vez.
Ele me pega no colo e me faz subir e descer freneticamente
em seu pau duro feito rocha.
Alguns minutos depois, anuncia com a voz rouca que irá
gozar. Sem desviar os olhos dos meus, investe os últimos golpes e
o líquido quente escorre pelas minhas pernas.
Tombo a cabeça no seu pescoço e fecho os olhos exausta.
Nossas respirações estão ofegantes e meu coração está
descompassado.
— Espero que esteja se cuidando, Amanda, sou saudável
feito um touro e você está em idade fértil — sussurra no meu
ouvido.
Eu o afasto, desço da bancada da pia e contemplo meu
estado.
— Não que seja da sua conta, mas eu me cuido, Colin. Tenho
uma vida sexual ativa e...
Ele parte para cima de mim e me segura pela mandíbula.
— Acabei de te comer em cima desta pia feito um animal,
pois é esse o efeito que você exerce em mim, Amanda. Quer
mesmo me provocar dizendo que vai para a cama com outro
homem?
Eu o empurro para longe.
— Colin, o que aconteceu aqui não passou de sexo. Você
estava com tesão e eu também, mas isso não vai se repetir. Não
pense que voltaremos a ser como éramos antes porque isso não
acontecerá.
Ele me olha enquanto levanta a calça e ajeita a camisa no
lugar.
Em poucos segundos ele está impecável como antes.
— Isso é o que veremos, Amanda. — Tenta me dar um
selinho, mas viro o rosto.
Ele sorri de forma debochada e sai do banheiro me deixando
descabelada.
Tento me recompor da melhor maneira possível, gasto um
rolo de papel me limpando, retoco a maquiagem e tento colocar meu
cabelo no lugar novamente.
Depois de ter certeza de que não estou com cara de quem
acabou de fazer sexo selvagem no banheiro, volto para a festa.
CAPÍTULO 5

AMANDA LOPEZ
Volto para a festa completamente desconfiada, com
medo de alguém ter escutado meus gritos histéricos enquanto
estava gozando que nem uma desesperada no pau do Colin.
— Puta que pariu, Amanda! Você está com cara de quem
acabou de transar — Oliver sussurra no meu ouvido assim que paro
na frente dele.
— O quê? Desde quando isso existe?
Ele sorri e pega minha mão.
— Eu já te conheço o suficiente para saber quando teve um
orgasmo e eu vi seu querido Colin saindo do banheiro. Agora,
aparece aqui com essa cara de satisfeita e espero muito que o sexo
tenha valido a pena porque não vai gostar do que verá agora — diz
apontado para o lado.
Olho na direção que ele aponta e vejo o cretino que estava
me comendo minutos atrás, beijando a tal da Scarlett.
Como sou ridícula em ter caído de novo nos joguinhos dele!
— Sou mesmo uma idiota, não sou?
Oliver me segura pela cintura e sussurra no meu ouvido:
— Você não é idiota, é apenas uma mulher apaixonada. Não
se culpe por ter esse sentimento em seu coração, só precisa
aprender a não deixar que ele te domine e te leve a fazer besteiras
como a que fez minutos atrás. — Beija minha bochecha e se afasta
me olhando.
— O que eu fiz da minha vida, Ollie? Tinha tudo sob controle
até ele entrar na minha vida — digo olhando para Colin que me olha
desconfiado.
Ele deve ter percebido que o vi beijando a coisinha que está
do seu lado.
— O amor é um sentimento que vem para ferrar com a vida
da gente, Amanda. Infelizmente ele chega sem pedir licença, entra e
faz uma bagunça. Acredite, querida, sei e entendo perfeitamente o
que está passando, é por isso que não me permito mais chegar a
esse ponto.
Ele consegue chamar minha atenção.
— Como pode dizer isso, Oliver? Você é uma pessoa boa,
me ajudou, quer dizer, ajudou a Emily e eu.
Ele sorri e acaricia minha bochecha.
— Amanda, o que fiz por vocês, foi apenas negócios. Investi
em algo que sabia que iria me render algum lucro. Gostei de vocês
pela determinação que tiveram, nunca desistiram e com isso nos
tornamos grandes amigos. Mas não sou uma pessoa boa, sou dono
de uma das maiores fortunas do mundo e não cheguei aonde estou
fazendo as coisas de forma certinha. Tenho um lado obscuro que
não vou permitir que você conheça. Gosto da Emily, mas ela já tem
quem a proteja. Agora, você, Amanda, está sob minha proteção até
que encontre um homem descente para ocupar meu lugar.
Eu me emociono com suas palavras e o abraço na frente de
todos os presentes, sem me importar com nada. Ele retribui o
abraço, beijando meu cabelo.
— Obrigada, Ollie. Obrigada por tudo o que fez por nós,
nunca vou esquecer isso.
Ele acaricia minhas costas e diz:
— Tudo bem, só não vá chorar e manchar meu terno caro.
Acabo sorrindo olhando para ele.
— Desde quando virou um homem mesquinho? O senhor
não é o deus do petróleo? Tem dinheiro suficiente para comprar
uma fábrica de ternos.
Ele gargalha.
— Tem razão, mas não uso nada que venha de uma fábrica.
Reviro os olhos.
— Isso é bem a cara de gente rica mesmo, usando suas
roupas exclusivas.
— Olha quem fala, a mulher que me fez entrar em contato
com a alta costura francesa, só por causa de um vestido exclusivo.
— O evento pedia por um vestido exclusivo, meu bem, e você
pode pagar. Por isso, aceitei o vestido como presente e se quiser
me dar outros, aceito com o maior prazer.
— Pretendia te dar muito prazer hoje quando chegássemos
na minha casa, mas a senhorita já teve prazer mais do que o
suficiente por um dia.
Minha vontade e de tapar a boca dele para parar de falar
essas coisas.
— E quem disse que vou dormir na sua casa hoje?
— E não vai?
— Claro que não, vou ficar com meu pai. Ele está a ponto de
me perguntar se não tenho mais casa.
— Não pode chamar aquele lugar de casa, Amanda, ainda
mais agora com o sucesso da galeria. Sua conta bancária já está
bem recheada, pode começar a procurar um lugar descente para
morar com seu pai.
— Vamos sair de viagem em três dias, acha mesmo que vou
conseguir um lugar descente, como você mesmo diz, em três dias?
— Sabe que isso não é problema para mim, não sabe?
— Nem começa, Oliver, você…
— Para, Amanda, que isso não combina com você. Posso
muito bem te vender um dos meus imóveis, não me faria falta.
— Ah, tá bom! E eu pago como, parcelado pelo resto da
minha vida? Seus imóveis custam uma verdadeira fortuna, querido,
nem nos meus melhores sonhos, poderia pagar por um deles.
Ele rindo do que digo.
— Amanda, será que tem noção do quanto vai passar a
ganhar? Pelo menos já se deu ao trabalho de olhar o saldo da sua
conta bancária? Não invisto meu dinheiro em quem não vai me dar
um retorno certo, por mais que goste da pessoa. Olhe sua conta
bancária e prepare tudo para sua mudança amanhã mesmo. Seu
pai merece um pouco mais de conforto.
Olhando para ele, pego o celular na bolsinha de mão e
quando estou prestes a abrir o aplicativo do banco, ele me puxa
pelo braço, me tirando de perto das pessoas.
— O que você está fazendo? Não me mandou olhar a conta
bancária?
— Estou te levando para o escritório, lá dentro tem
isolamento acústico.
— O quê? Ollie, já bebeu quantas doses de uísque?
— Fica quieta e entra logo no escritório — diz abrindo a porta
e entrando junto comigo.
— Agora, sim, pode olhar sua conta.
Olho desconfiada para ele e faço o que diz.
Agora, sim, entendo o motivo de ter me trazido para uma sala
com isolamento acústico.
— PUTA QUE PARIU, OLIVER, DE ONDE FOI QUE SAIU
TANTO DINHEIRO?
Ele gargalha da minha cara.
— Isso não tem graça, Oliver. Você colocou esse dinheiro na
minha conta?
— Claro que não, isso é o fruto do seu trabalho, Amandinha.
— O meu trabalho não renderia um fruto com tantos zeros.
Isso tá errado, Oliver, olha isso aqui. — Mostro o celular.
Ele pega o aparelho da minha mão, começa a mexer nele
muito sério e fico nervosa, deve ter alguma coisa muito errada.
— Você tem razão, Amanda, isso está errado.
— Eu sabia, nossa, Ollie...
— Está faltando dinheiro, a equipe financeira deve...
— Faltando dinheiro? Ficou louco? — digo tomando o celular
das mãos dele.
— Não, Amanda, não fiquei louco. Esse dinheiro na sua
conta é seu.
Não acredito no que escuto, me sento no sofá tremendo
enquanto olho para a tela do celular.
— Como isso é possível, Oliver? Por quanto foi que sua
equipe de malucos vendeu nossos quadros? Emily e eu passamos
todas as planilhas de preço para sua equipe e o valor que estou
vendo aqui está fora da realidade.
Ele se encosta na mesa à minha frente e diz:
— Aquela planilha era com valores aproximados de venda.
Anthony e eu investimos pesado na galeria e a equipe de marketing
fez um excelente trabalho divulgando um certo quadro que tenho na
minha sala. Um certo quadro que vocês doaram e arrematei por
trinta e cinco milhões de dólares na festa beneficente. O melhor é
que ainda pude fazer pouco da cara do Jones.
— Por quanto nossos quadros foram vendidos? Sei que
todas as telas em exposição já têm dono.
— Está mesmo preparada para ter essa informação?
Encaro séria o homem a minha frente.
— Oliver, não estou brincando. Por quanto as telas foram
vendidas?
Ele sorri, vai até ao bar que tem no canto da sala, serve duas
doses de um belíssimo uísque e sei que vem coisa por aí.
CAPÍTULO 6

AMANDA LOPEZ
Oliver faz suspense, me entrega uma dose e quando
estou prestes a beber, ele me impede.
— Não beba agora, espere eu falar primeiro.
— Então fale de uma vez. Como foi que não recebi essa
informação?
— Olhou seus e-mails ultimamente?
Olho para ele desconfiada.
— Vejo que não. Você é uma das donas de uma galeria de
arte que por sinal está fazendo um grande sucesso, tem que ficar
atenta a essas coisas de agora em diante. Todas essas informações
são passadas a você, o problema é que não tem prestado atenção.
— Tem razão, vou ficar mais atenta a tudo isso. Agora, fala.
Ele volta a sorrir e vira a dose de uísque de uma vez.
— A tela mais cara foi vendida por cinquenta milhões para a
família Smith. Dylan Parker comprou uma por quarenta milhões,
Olivia Smith comprou outra por trinta e nove milhões, quer que eu
continue?
— Não precisa.
— Todas as telas foram vendidas, mas vão ficar expostas
aqui até que você e Emily façam uma nova coleção.
Viro minha dose de uísque.
— Ollie, sabe o que isso significa?
— Que você está ficando rica e pode muito bem comprar
uma casa melhor para você e seu pai. Mude de vida, de atitudes,
amadureça e se torne a mulher que seu pai te criou para ser. Não
permita que ninguém mais a humilhe e pise em você.
Ollie claramente está me dando uma lição de moral.
— Oliver...
— Amanda, toda vez que cair na conversa de Colin Lewis
está mostrando o poder que ele tem sobre você. Ele sabe o que
você sente e vai usar isso para te levar para cama ou para um
banheiro qualquer. É o que você quer para sua vida? Quer ter um
homem pela metade? Nem a Emily aceitou essa situação e olha que
te achava muito mais forte do que ela. Te olhando agora, parece ser
uma pessoa fraca que não tem controle dos impulsos.
Me mantenho calada porque ele tem razão em tudo o que
fala.
Percebendo meu jeito, ele se aproxima e pega o copo da
minha mão.
— Recomponha-se, levante a cabeça e vamos voltar para a
festa. Mostre para todos quem é Amanda Lopez. Vou estar do seu
lado, aproveite isso para mostrar a todos o poder que tem nas
mãos.
Olho para ele emocionada.
— Obrigada, Ollie.
— Se me agradecer mais uma vez te jogo pela janela, agora
vamos — diz sério e segura minha mão.
Respiro fundo, me recomponho e voltamos para festa.
Encontro Emily e juntas cumprimentamos o restante dos
convidados com um sorriso no rosto, principalmente a família Smith,
uma das famílias mais importantes do país.
Só pelo fato de toda a família estar presente no nosso evento
de inauguração e por terem feito questão de comprar algumas de
nossas melhores telas, já nos traz muita credibilidade.
Depois de horas em pé e sorrindo finalmente o evento chega
ao fim, e já posso me dar ao luxo de ir embora.
Emily decidi ir também e a equipe de segurança fica
responsável por fechar tudo.
Oliver passa um braço em minha cintura e beija meu
pescoço.
— Vai para minha casa hoje.
Olho para ele estranhando por ter tocado nesse assunto de
novo.
— Ollie, estava pensado em ir para casa e ficar com papai.
— Dorme na minha casa hoje, amanhã de manhã te levo
para casa e contamos a novidade para seu pai. Sei que ele vai
adorar, pois, gosta muito da minha pessoa por cuidar muito bem da
filha dele.
Sorrio, pois, sei que papai gosta muito de Oliver, mesmo não
sabendo muito bem quem ele é.
Abraço meu amigo e quando estou prestes a responder sinto
uma mão me puxando. Olho para trás e vejo Colin com o semblante
furioso, me olhando com um ódio mortal.
— Vai virar amante deste cara, Amanda? Irá morar com ele e
envolver seu pai nessa pouca vergonha? Você é muito mais baixa
do que pensava — diz a última parte como se sentisse nojo.
Eu me controlo para não chorar na frente dele, tenho que
seguir os conselhos de Oliver e ser forte.
— O que ainda está fazendo aqui, senhor Lewis? Não que
lhe deva qualquer satisfação, mas o senhor não tem direito nenhum
em se meter na minha vida pessoal. Não passa de um advogado
que presta assessoria jurídica para a galeria em nome do grupo
Jones e se não estiver satisfeito com sua posição é só me falar
porque o grupo Thompson tem excelentes advogados e todos estão
a minha disposição. — Escuto a risadinha de Oliver atrás de mim.
— Essa é minha garota, como diz o ditado quando um perde,
outro acha. Obrigado, Lewis, se não fosse por você nunca a teria do
meu lado — Oliver diz se aproximando.
"O que Oliver está tentando fazer?"
— Amanda, com suas atitudes só prova que minha mãe tinha
razão ao seu respeito. Oliver faça muito bom proveito do resto que
deixei para você.
Parto para cima dele, mas Oliver me segura e não me deixa
quebrar a cara do cretino.
— Seu desgraçado, filho de uma grande puta. Quem você
pensa que é para falar assim de mim?
O safado ri do meu estado.
— Calma, Amanda, lembra do que conversamos? — Oliver
diz tentando me acalmar.
— Sou o homem que fez o que quis com você e bem que
gostou. Vou embora, não tenho mais tempo para perder com você.
— Nunca mais se aproxime de mim, Colin, nunca mais.
Ele vira as costas, sai dando tchau e rindo do meu estado.
O idiota sabe como me afetar e me desestabilizar.
— Espero que agora tenha aprendido a lição, vamos para
casa — Oliver diz e pega na minha mão.
Seguimos de mão dadas para o estacionamento.
CAPÍTULO 7

AMANDA LOPEZ
Fazemos o percurso até a mansão do Oliver em total
silêncio enquanto soluço baixinho sentindo uma dor no coração.
Assim que chegamos saio do carro, corro para o quarto e
entro no banheiro. Tiro a roupa e me jogo embaixo do chuveiro
deixando a água quente levar todas as minhas lágrimas, decepções
e frustrações.
— Amanda.
Escuto Oliver me chamar e quando levanto o olhar, o vejo
encostado no batente com os braços cruzados.
— Me deixa chorar por ele uma última vez, Ollie. Preciso
colocar para fora toda dor que sinto, não vou aguentar guardar isso.
— Tudo bem, Amanda, vou mandar que prepararem um chá
calmante. Depois de tomar sei que irá se sentir melhor.
— Tudo bem, obri...
— Não agradeça, já falei, teimosa.
Acabo sorrindo.
— Só você mesmo para me fazer sorrir no estado em que me
encontro.
— Termine seu banho, já volto com o chá. — Ele sai do
banheiro me deixando sozinha.
Depois de tomar banho e de tirar os últimos resquícios da
maquiagem, entro no quarto e me deito, usando apenas o roupão.
Não demora e Oliver entra com uma xícara de chá nas mãos.
— Nossa, devo ser muito especial. O grande Oliver
Thompson me servindo chá calmante porque estou com dor de
cotovelo. Isso, sim, é uma grande honra.
Ele me entrega o chá e diz:
— Vejo que seu bom humor já está voltando. Espero não te
ver derramando mais lágrimas por quem não merece.
— Nunca mais vou me permitir amar novamente, dói demais.
Ele coloca uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e me
encara.
— Sei disso, dói muito e acho que o amor não foi feito para
todos.
— Você já teve seu coração partido, Ollie?
— Já, mas isso é história para uma outra hora. Agora tome
seu chá e descanse. Amanhã vamos buscar seu pai e os levarei ao
apartamento que vou te vender parcelado pela vida toda.
Sorrio da piada.
— Só assim mesmo para conseguir pagar por um dos seus
apartamentos.
Ele beija minha testa e depois me dá um selinho demorado.
— Boa noite, menina, descanse. Amanhã será um novo dia e
vai poder recomeçar. Nem todos tem essa chance, Amanda.
— Sei disso, boa noite.
Ele se retira do quarto e me encosto na cabeceira da cama
tomando meu chá quente enquanto penso em tudo o que
aconteceu. Minha vontade é de ligar para Emily e me abrir com ela,
como fazemos todas as vezes.
Pego meu celular, vejo o horário e resolvo ligar mesmo já
sendo muito tarde.
Eu sempre a atendi quando me ligava para passar horas
reclamando do noivo, não importava a hora.
Faço a ligação e no quarto toque ela atende.
— Amandaaaa... — Atende o telefone gemendo meu nome e
começo a rir.
Isso me lembra de uma mesma situação que aconteceu não
muito tempo atrás.
— O carma é mesmo uma filha da puta, não é, minha amiga?
— Gargalho da cara dela.
— Amanda, fala logo...
— Estou tentando fazer minha esposa gozar, amanhã você
fala com ela — Anthony diz e desliga na minha cara.
Certamente ele deve ter tomado o celular de Emily para falar
essa pouca vergonha.
Fico feliz por minha amiga ter conseguido conquistar o
homem que ela ama.
Infelizmente não tive a mesma sorte, mas como falei para
Oliver essa foi a última vez que deixei Colin me humilhar. As
lágrimas que derramei agora pouco foram as últimas.
Coloco a xícara de chá vazia na mesinha de cabeceira e me
deito confortavelmente na cama macia que tenho certeza de que foi
feita para satisfazer os luxos de Oliver.
Com uma cama tão boa como essa, não demora muito e
pego no sono.
***
Acordo na manhã seguinte me sentindo renovada e ao
lembrar da minha conta bancária, me sinto rica também.
Nunca imaginei que um dia fosse ser capaz de ganhar tanto
dinheiro.
Me levanto e vou para o banheiro fazer minhas necessidades
matinais.
Troco de roupa, arrumo a bagunça que fiz no quarto e
organizo tudo na bolsa que trouxe.
Desço para procurar por Oliver e o encontro na mesa lendo
jornal com um belíssimo café da manhã na sua frente.
Oliver é um homem extremante bonito e não aparenta de jeito
nenhum ter trinta e três anos.
Seria tão mais fácil ter me apaixonado por ele, mas o que rola
entre nós dois não passa de amizade e isso vem das duas partes.
— Parece um velho lendo jornal na mesa do café da manhã.
Ele me olha e baixa o jornal, o colocando em cima da mesa.
— Bom dia pra você também, sente-se e tome seu café da
manhã.
Faço o que ele diz e começo a me servir.
— O que tem de tão bom no jornal que tinha toda sua
atenção?
Ele me olha e responde:
— Tem várias ótimas notícias.
— Pode me falar algumas delas? Estou com muita fome.
— Você é muito folgada.
— Ollie, fala logo.
Sem opção ele sorri e começa a falar:
— Você e Emily estão na capa dos principais jornais do país,
parabéns por isso. Agora são famosas, o que vai ajudar muito a
galeria. Outra notícia que me chamou muita atenção é que estão
vinculando você a mim. Estão insinuando que estamos juntos, por
isso se prepare, os paparazzi vão começar a te perseguir, sou um
excelente partido.
Coloco a xícara de café na mesa e o encaro.
— Você é muito convencido, por que não manda tirar essa
notícia de circulação como sempre faz com todas as que saem ao
seu respeito?
— Não tenho motivos para tirar essa, ou tenho? São
insinuações, Amanda, eles não confirmam nada. Ter esse vínculo
vai ser bom para a galeria. Emily já tem o apoio do Jones e você
tem o meu. Aproveite o seu momento , querida.
CAPÍTULO 8

COLIN LEWIS
Minha noite terminou da pior maneira possível, primeiro
tive que ver Amanda toda íntima do Thompson e depois teve
Scarlett que não saiu do meu pé um minuto sequer.
Dei graças a Deus quando Anthony me chamou para
entregar os contratos de compra aos ilustres clientes da galeria, o
que me deu um motivo para mandar Scarlett para casa mais cedo.
Mas ver Amanda e Oliver saindo de braços dados
combinando de dormirem juntos, foi o que acabou comigo.
Àquilo foi o fim, não consegui me controlar e acabei falando o
que não deveria.
Tenho certeza de que deixei Amanda com mais raiva depois
de tudo o que aconteceu hoje entre nós dois.
Estava tudo muito bom entre nós dois e teríamos continuado
como estávamos, mas ela fez tudo o que pedi para não fazer, se
apaixonou.
Eu me envolvi com Amanda porque vi que ela era
desapegada e não queria relacionamento sério com ninguém assim
como eu.
Por que diabos ela deixou seus princípios de lado e resolveu
se apaixonar justamente por mim?
Para piorar tudo minha mãe descobriu meu caso com ela e
resolveu intervir afastando a mulher que me dava o melhor sexo da
vida.
Meus pais, principalmente minha mãe, tem pensamentos
arcaicos e não sei como se tornaram advogados com esse tipo de
pensamento.
Eles acham que uma pessoa só pode se envolver com
alguém da mesma classe social.
Minha mãe deu um golpe baixo, jogou na cara da Amanda
que ela era filha de imigrante e que não estava à altura de se
relacionar comigo, nem mesmo para ser minha amante.
Claro que isso deixou Amanda muito mal.
O pior é que ela esperava que fosse ficar do seu lado e
protegê-la da minha mãe, mas não podia fazer isso.
Sou filho único e depois do infarto do meu pai, tomei a frente
dos negócios da família, com isso mamãe tinha a arma perfeita para
usar contra mim.
Amo minha mãe mais do que tudo nessa vida, mas ela abusa
e isso já está me levando ao limite.
Saio da galeria frustrado, sentindo raiva de mim mesmo.
Sigo para minha casa em alta velocidade, sentindo a
adrenalina correr em minhas veias, é isso que gosto de fazer para
aliviar o estresse.
Já que não posso ter sexo com a mulher que quero, corro.
Chego na minha casa querendo paz, mas não a encontro
porque cada canto deste lugar me lembra a Amanda. Comprei o
imóvel assim que comecei a trabalhar no grupo Jones e o reformei
do jeito que queria, pois, é meu refúgio.
Subo a escada afrouxando a gravata, me sentindo solitário.
Entro no quarto tirando a roupa e vou para o banheiro. Eu me jogo
debaixo do chuveiro com as mãos apoiadas na parede, deixando a
água lavar meu corpo, limpando os vestígios que minha Amanda
deixou mais cedo.
De banho tomado, paro em frente a pia dupla e ao abrir o
armário para pegar minha escova de dente vejo a dela ao lado da
minha.
O certo seria jogar fora, mas simplesmente não consigo me
desfazer de nada que tem dela aqui.
Ainda há os absorventes que ela deixou no armário do
banheiro, as calcinhas que colocou junto das minhas cuecas,
maquiagens e algumas peças de roupas que fez questão de deixar
no meu closet.
Tenho quase certeza de que Amanda deixou essas coisas
aqui para me torturar. Ela veio aqui pegar seus pertences, mas
deixou esses pequenos lembretes de sua existência na minha vida.
Me deito na cama cansado do dia e com muito custo consigo
pegar no sono.
***
Acordo pela manhã sentindo como se não tivesse dormido
nada durante a noite, o que tem acontecido com frequência. Minhas
noites maldormidas vem se acumulando, é como se meu corpo
sentisse falta de algo que não sei o que é.
Vou para o banheiro, tomo um banho gelado para despertar
de vez e quando já estou quase terminado escuto meu celular tocar
insistentemente dentro do quarto.
Eu me apresso em sair para ver quem está me ligando com
tanta urgência e ao pegar o celular, vejo que é mamãe. Imagino que
tenha acontecido o pior já que meu pai não está bem de saúde.
— Mamãe, o que aconteceu? Papai está bem? — Atendo
aflito.
— Bom dia, meu filho querido, seu pai está muitíssimo bem.
Sinto um alívio no peito ao escutar isso.
— Então o que é tão urgente para que me ligue assim tão
cedo?
— Já viu as notícias do dia? Sempre tive razão em relação
àquela mulherzinha que estava levado para dentro da sua casa e
você ainda ficou chateado comigo.
Não estou acreditando que minha mãe me ligou a essa hora
para isso.
— Mamãe, a senhora não tem nada mais
importante pra fazer não? Já conseguiu o que queria, tirou Amanda
da minha vida e colocou a mulher que a senhora queria, agora me
deixe em paz.
— Não fale assim comigo, Colin Lewis! Sou sua mãe e sei o
que é melhor pra você porque saiu de dentro de mim. Seu ingrato!
Nunca permitiria que ficasse com aquela mulher. Scarlett é uma
escolha muito melhor e está dentro do nosso círculo social.
— Mamãe, não tenho tempo para isso agora. Conseguiu o
que queria e já me tirou umas boas noites de sono, creio que esteja
satisfeita, então adeus. — Desligo antes que fale algo que possa me
arrepender depois, afinal de contas ela é minha mãe.
Mas algo na ligação me deixa curioso, as notícias a qual
mamãe se referiu devem ser a respeito de Amanda.
Munido dessa curiosidade, abro os sites de notícias e me
deparo com várias fotos dela.
Amanda e Emily estão na primeira capa dos principais jornais
do país e todos aclamam o sucesso da galeria de artes delas.
Mas uma matéria em especial tem o foco voltado para
Amanda e Oliver. Insinuam que os dois estão entrando em um
relacionamento e apontam a intimidade e carinho que o casal
demostrava um com o outro na noite da inauguração, inclusive há
ainda várias fotos dos dois.
Mas o que termina de estragar meu dia é ver o olhar de
Amanda para Oliver, um olhar de admiração.
O olhar que deveria ser meu, agora é direcionado a outro
homem.
Só me resta aceitar e engolir o bolo amargo em minha
garganta, afinal praticamente a joguei nos braços de Oliver quando
fui obrigado a abrir mão dela.
CAPÍTULO 9

AMANDA LOPEZ
Se me perguntassem qual foi o dia mais feliz da minha
vida, não vou ter dúvidas da minha resposta, foi o dia em que pude
chegar para o meu pai e falar: "pai, consegui vencer na vida".
Foi isso que fiz na manhã de domingo quando Oliver me
levou para casa. Na verdade, aquilo nem podia ser chamado de
casa, mas fiz questão de ficar do lado de fora olhando e observando
todos os detalhes do casebre para ter certeza de que nunca
esqueceria de onde vim.
Conseguir tirar meu pai daquele lugar definitivamente me
tornou uma pessoa mais forte e me deixou mais confiante em mim
mesma.
Nunca esquecerei as pessoas que me ajudaram a chegar
onde estou agora.
— Minha filha, tem certeza de que pode pagar por esse
lugar? Isso aqui não é um apartamento qualquer, mas uma
cobertura de luxo com mais de trezentos metros quadrados, em um
dos bairros mais caros da Califórnia.
Meu pai tem feito essa pergunta diversas vezes desde o
momento que o trouxe para o apartamento.
— Papai, o senhor já me perguntou isso várias vezes e em
todas respondi a mesma coisa. Sim, posso pagar por este lugar.
Agora aqui será nossa casa e aproveite o conforto que posso dar ao
senhor.
Ele me olha como se quisesse perguntar alguma coisa, mas
não tem coragem.
Definitivamente não puxei a ele, o que me leva a pensar que
meu temperamento deve ser parecido com o da minha mãe.
— Pode perguntar, papai, já percebi que quer falar alguma
coisa.
Ele sorri, se senta no grande sofá da sala e bate ao lado dele
para que me sente. Assim que me sento, segura em minhas mãos e
começa a falar:
— Filha, sei muito bem a criação que te dei e estou muito
orgulhoso de você. Acho até que sou o pai mais orgulhoso do
mundo. Acompanhei sua trajetória até chegar aqui, mas quero que
me diga uma coisa e não minta, menina. Sempre sei quando está
mentindo.
Papai tem razão, ele é a única pessoa no mundo que sabe
quando estou mentindo.
— Pode falar, papai. — Sei que vem coisa por aí...
Ele olha bem dentro dos meus olhos, analisa meus
movimentos e solta a bomba.
— O que aconteceu com Colin? Qual é seu envolvimento
com o senhor Thompson? Posso não entender muito bem como
funcionas esse mundo de gente rica, mas pedi para o filho da
vizinha pesquisar esses dois nomes na internet e o que vi me deixou
assustado. Percebi que Colin é muito rico e pertence a uma família
de grandes advogados, já Oliver Thompson é dez vezes mais,
inclusive o chamam de o rei do petróleo. Como se envolveu com
esses dois homens, Amanda.
Como queria fugir dessas perguntas, mas sabia que esse dia
chegaria.
— Pai, eu te amo muito, mas será que...
— Minha filha, também te amo muito, mas não deixarei esse
assunto para depois. Depois da nossa mudança, me falou que
passará quase um mês viajando para várias exposições de arte ao
redor do mundo e que Oliver te acompanhará. Até algumas
semanas atrás, você não saía da casa de Colin Lewis e admito que
o achava um rapaz normal. Meu amor, não viajará para lugar
nenhum sem antes me contar o que aconteceu e conhecendo a filha
que criei sei que não irá me desobedecer. Lembre-se que ainda
posso te dar umas palmadas, mesmo já tendo vinte e quatro anos.
Acabo sorrindo do que ele diz.
Ele sempre fala a mesma coisa desde que me entendo por
gente, mas nunca teve coragem de levantar um dedo sequer para
me bater.
Decido que não vou esconder a verdade dele.
— Aconteceu a mesma coisa de sempre, papai.
Fecha os olhos e sei que ele sabe o que estou falando.
— Sofreu preconceito de novo por ser filha de imigrantes.
Balanço a cabeça concordando.
— Não foi a primeira vez que aconteceu e nem vai ser a
última, papai, mas posso dizer que foi a que mais doeu porque
amava o Colin. Pela primeira vez me permiti amar e olha no que
deu. — Não choro porque prometi que não derramaria mais
lágrimas por um homem que não me merece, mas minha voz sai
embargada e consigo ver através do olhar do meu pai que ele sente
pena de mim.
— Você amava ou ama?
— Eu amo, amo muito, mas o esquecerei e irei curar meu
coração ferido. Nunca mais me permitirei amar novamente.
Ele me olha intensamente e vejo seus olhos brilhando, à
beira de derramar lágrimas.
— Não se feche para o amor, minha querida, é muito nova
para fazer isso.
— Amar dói demais, papai. Dói muito e não quero ter que
passar por isso novamente. Vou me concentrar na minha carreira,
na minha galeria e no senhor. Isso me basta, é tudo o que preciso.
Balança a cabeça concordando, pois, sabe que é inútil tentar
tirar uma coisa da minha cabeça quando coloco.
— E Oliver Thompson, onde ele entra nessa história toda?
Achava que ele era apenas um investidor da sua galeria.
Respiro fundo.
Sei que ele não vai me deixar em paz se não souber da
história toda.
— Oliver é o meu pau amigo, papai.
Vejo meu pai perder a cor e arregalar os olhos na minha
direção.
— Pelo amor de Deus, Amanda! Como pode me falar uma
coisa dessas com tanta naturalidade?
— O senhor não quer saber toda a verdade? Estou falando a
verdade. Oliver se tornou um grande amigo e nos ajudamos na hora
das necessidades.
— Deus, não nega que seja filha da sua mãe. Ela era desse
jeito todo aí — diz apontando para mim e começo a rir.
— Já matei sua curiosidade ou quer mais detalhes? Posso
ficar aqui o dia todo exaltando todas as qualidades de Oliver
Thompson.
— Não precisa, por enquanto estou satisfeito com o que já
fiquei sabendo. Mas se perceber alguma coisa fora do normal
vamos ter outra conversinha dessas. E se mantenham longe de
Colin Lewis, não o quero perto de você. Agora vá trabalhar, hoje é
segunda-feira e como é uma das donas da galeria tem que ser a
primeira a chegar para dá exemplo aos funcionários.
— Deveria ser ao contrário, como dona poderia chegar tarde.
— Já está tarde, Amanda, você se deu ao trabalho de olhar
para o relógio? Sei que tem muito trabalho pela frente, ainda mais
com essa viagem tão em cima da hora. Não se preocupe comigo,
aqui tem muita coisa que posso fazer para me distrair.
Dou um beijo em seu rosto e saio com uma pressa que não
estava antes porque fiz o que ele disse e olhei para o relógio.
Tenho muitas coisas para acertar com Emily e ainda tem os
detalhes da viagem que ela tem que me passar.
Sem perder tempo, entro no carro que não combina nem um
pouco com o prédio e vou para a galeria.
CAPÍTULO 10

AMANDA LOPEZ
Chego na galeria com toda a pressa do mundo e vejo
que o carro de Emily já está estacionado em sua vaga.
Entro feito um furacão, passando por todos os funcionários,
desejando bom dia até chegar ao escritório.
Abro a porta já falando:
— Emily, me desculpe o atraso, mas com a mudança de
ontem, meu novo lar está uma bagunça. Para ajudar, meu pai ainda
inventou de ter uma daquelas conversas sérias, me mandando ficar
longe do Co... — Paro de falar na hora que levanto a cabeça e vejo
o dito cujo na minha frente enquanto Emily me olha com uma
expressão divertida.
— Bom dia, Amanda, não se preocupe com o atraso esse é
um dos benefícios de ser a dona. Você fez muito por esse lugar sem
minha ajuda enquanto estava ocupada organizando meu
casamento.
— Não sabia que você estava ocupada, acho melhor ir para
sala de criação enquanto termina sua reunião. — Estou prestes a
me virar para sair quando Colin fala:
— Não sei porquê ainda me surpreendo com você, Amanda.
É bem sua cara colocar seu pai contra mim.
Preciso ser zen, manter a paz de espírito para não partir a
cara do cretino, por isso respiro fundo e respondo:
— Apenas falei a verdade, meu ex-amor. É bom mesmo que
tenha vindo aqui hoje, pois, tenho um aviso para dar. Na próxima
vez que sua querida mamãe me faltar com o respeito, a processo
por preconceito racial. Você como um advogado brilhante que é
sabe muito bem o que pode acontecer com ela.
Colin engole em seco, com certeza não esperava isso vindo
de mim.
— Não ousaria fazer isso.
Sorrio com a inocência do homem, até parece que não me
conhece.
— Não? Paga pra ver, Colin, se tenho coragem ou não.
— Amanda...
— Olha, aqui não é lugar para os dois discutirem. É bom
aprenderem a trabalhar juntos já que Colin é nosso advogado,
Amanda. Se me lembro bem, você insistiu muito nisso.
— Estava iludida quando fiz isso, Emily, completamente cega.
— Que pena que percebeu isso tarde demais. Agora sente-
se, estamos conversando sobre sua viagem. Você representará
nossa galeria, precisa de alguns documentos e ainda tem as
passagens...
— Vou com Oliver no avião dele — interrompo Emily
enquanto me sento em minha mesa que é ao lado da dela, fizemos
questão de dividir a mesma sala.
— É verdade, tinha esquecido disso. Colin cancele as
passagens, Amanda vai estar muito bem acompanhada e isso é
muito bom, pois, não vou me preocupar com ela.
Colin não gosta nada do que escuta é visível pela expressão
que faz.
— Emily, tem certeza de que você não quer ir junto? —
pergunto com a esperança de que ela diga que sim.
— Amanda, estou grávida e com vontade de vomitar o
mundo. Nunca pensei que carregar um bebê fosse tão difícil e ainda
tem o Thony que está tirando minha paciência. Aquele homem me
empurra comida cada vez que passo mal e isso só piora minha
situação. Tive que recorrer à minha sogra para ter um minuto de
paz.
Começo a rir do drama que ela faz.
— Em vez de reclamar deveria agradecer a Deus por ter um
homem que te ama, nem todas tem essa sorte, minha amiga.
Ela me olha depois olha para Colin que está na sua frente e o
silêncio toma conta da sala até que Colin resolve quebrá-lo.
— Muito bem, Emily, acho que já acertamos tudo. Pode
passar os detalhes para a parte que chegou atrasada.
Sei que a indireta é para mim, mas nem ligo.
— Os dois ainda vão se arrepender muito do que estão
fazendo um com o outro e falo isso por experiência própria. Não são
crianças e não posso obrigá-los a se acertarem. Só me resta torcer
para que Amanda seja feliz com o Oliver e que você, Colin, seja feliz
com sua Scarlett — Emily diz tentando jogar indiretas.
Agora ela resolveu bancar o cupido, mas não consigo me
segurar e acabo falando o que penso:
— Sua namorada tem nome de prostituta, cuidado que pode
estar levando um par de chifres.
Emily começa a tossir e Colin me olha como se quisesse
avançar em cima de mim.
Sei muito bem o que ele quer fazer comigo, mas esse
gostinho ele não terá mais.
— Não vou nem responder esse seu comentário, Amanda.
Scarlett não é como você.
Sorrio do que diz, pois, não vou demostrar a reação que
deseja ver.
— Meu ex-amor, se sua querida, Scarlett, for metade da
mulher que sou, estará muito bem servido e sabe disso. A comida
que dava a você era maravilhosa.
— Não tem vergonha na cara, Amanda.
— Nunca tive e não seria agora que passaria a ter. Já que
não tem mais nada de importante para fazer aqui, retire-se, por
favor.
Ele se levanta, vai até Emily e a beija sua testa.
Admito que pela primeira vez sinto inveja da minha amiga.
Nem um olhar ele direciona a mim e sai batendo a porta da
sala.
Fico olhando para a porta concentrada no cheiro do perfume
que ele deixou para trás.
Tenho que superar esse homem de qualquer jeito.
— Dói, não dói, Amanda?
Não respondo nada e respiro fundo tentando me controlar
para não chorar.
— E dói ainda mais quando não coloca para fora. Por
enquanto está conseguindo, Amanda, mas chegará a hora em que a
dor ficará insuportável demais. Saiba que vou estar aqui pra você
quando esse dia chegar, assim como você estava quando precisei.
Apenas balanço a cabeça já que não consigo pronunciar
nada.
Nos conhecemos tão bem que até no meu silêncio ela sabe o
que quero dizer.
CAPÍTULO 11

AMANDA LOPEZ
Atrasei minha viajem em um dia e já perdi um evento.
Emily está furiosa por conta disso e quero distância dela.
Nunca vi uma grávida tão zangada na minha vida.
— Vamos ou a Emily vai vir pessoalmente até aqui e te
arrastar pelo cabelo até o aeroporto — Oliver diz pegando minha
mala.
Estou tentando convencer papai de que a pessoa que
contratei para ficar com ele nos dias que vou estar fora vai ser bom.
— Minha filha, sou velho, mas não sou inválido.
Vou jogar baixo com ele porque não tenho tempo para isso
agora.
— Oliver, traga minha mala de volta que não vou mais viajar.
Vou ligar para Emily e explicar a situação a ela, sei que ela
compreenderá. Não vou viajar e deixar meu pai sozinho por alguns
dias. Ele não quer a companhia de Lara, uma senhora tão boazinha,
que contratei para ficar com ele.
Meu pai me olha de cima a baixo.
Ele sabe o que estou fazendo, mas sempre funciona.
— Você avisou para essa senhora boazinha que sei me
cuidar?
— Claro, papai, como o senhor mesmo falou não é um
inválido. Só não tenho coragem de te deixar sozinho por tantos dias.
— Tudo bem, aceito a companhia da tal senhora — diz de
cara feia, fazendo birra como se fosse uma criança.
— Ótimo, ela chega em uma hora. Cuide-se, papai, vou ligar
todos os dias para o senhor e para Lara. Comporte-se.
— Não sou nenhuma criança, menina.
— Sei que não, papai, mas não custa nada ficar de olho.
— AMANDA, ESTAMOS ATRASADOS — Oliver grita do
elevador me esperando.
— Eu te amo, papai, fica bem.
Nos abraçamos, ele me beija e nos despedimos.
— Funcionou o golpe baixo? — Oliver pergunta assim que
entro no elevador.
— Sempre funciona. Meu pai é teimoso e quanto mais velho
fica mais a teimosia aumenta.
— Nossa, então já sabemos para quem você puxou na
teimosia — diz passando a mão pelo meu ombro.
— Está muito engraçadinho para meu gosto, o que foi? A
noite foi boa?
Ele começa a sorrir.
— Não tão boa como esperava, mas deu para o gasto.
A porta do elevador abre bem na hora que vou responder.
Saímos juntos de mãos dadas até o carro dele enquanto
arrasta minha mala.
— Você é um homem muito exigente na cama, Oliver — digo
entrando no carro.
Ele entra logo atrás de mim e tenho a impressão de estar
sendo observada. Antes que Oliver feche a porta do carro vejo Colin
não muito longe nos observando, com certeza ele escutou o que
falei.
— Nunca reclamou das minhas exigências, muito pelo
contrário — responde assim que fecha a porta do carro.
Logo o motorista coloca o veículo em movimento e percebo
que Oliver não viu Colin, é melhor assim.
— Nem todas são como eu, está na hora de arrumar uma
namorada para aplacar suas vontades.
Ele dá uma gargalhada dentro do carro.
— Isso não vai acontecer, pelo menos não tão cedo.
— Vai chegar uma hora que sua família vai te cobrar um
herdeiro.
— Eles já me cobram isso, mas vão ter que esperar minha
boa vontade. Não pretendo me amarrar a mulher nenhuma e todas
que se aproximam tem mais interesse no meu dinheiro do que em
minha pessoa.
Eu me faço de ofendida só para ver sua reação.
— Acho melhor sair do seu carro chique do ano e viajar de
classe econômica. Nunca pensei que fosse insinuar que fiz amizade
com você por causa do seu dinheiro.
Ele me olha de boca aberta e depois começa a rir.
— Quase acreditei que estava ofendida, mas aí lembrei que
já te conheço muito bem para saber que está tirando uma com a
minha cara. Sabe muito bem que não penso isso, você e Emily são
exceções.
— Será que um dia ainda vai me contar o que fizeram com
você para ter um coração assim tão duro para o amor?
Ele sorri sem vontade.
— Um dia quem sabe te conto a história toda, mas você está
indo pelo mesmo caminho que fui e acredite, Amanda, é muito difícil
se abrir depois que se fecha para o amor.
— Estou contando com isso, Oliver. Me permiti amar pela
primeira vez e olha no que deu, na minha primeira experiência
amorosa, quebrei a cara. Não vou tentar uma segunda vez.
— Amar nunca foi fácil e nunca vai ser, mas temos um ao
outro para nos consolar e quem sabe no futuro você aceite carregar
meu herdeiro.
Eu me engasgo com minha saliva ao escutar o absurdo que
esse homem diz. O pior é que ele parece estar falando muito sério.
— Você ficou louco de vez? Quer fazer um filho em mim,
Oliver? Que cretino!
Ele sorri do meu estado.
Confesso que esse assunto de filho me deixou nervosa.
— Somos amigos, nos damos muito bem na cama e caso
não queira fazer o bebê da maneira tradicional, tenho meu esperma
muito bem guardado em um banco de sêmen, só esperando por
uma mamãe.
Não acredito no que estou ouvindo.
— Você está falando mesmo sério? Quer que eu seja a mãe
do seu filho?
— Por que não? Não vejo problema nenhum nisso.
— Oliver, você conhece minha vida e sabe de onde vim. Acho
que sua família não concordaria muito com sua escolha de mãe.
— Amanda, você está se escutando? Fala de preconceito
racial, mas é a primeira a fazer isso com você mesma.
— Oliver...
— Não me compare nunca com Colin. Sou homem de
verdade e não compare a minha família com a dele porque quem
manda sou eu e não o contrário. Pensei que tinha deixado claro isso
para você.
Percebo que ele está falando mesmo sério.
Depois eu que sou a doida, imagina eu sendo mãe do
herdeiro família Thompson.
— Ollie, sinceramente não sei o que dizer. Você me pegou
desprevenida com esse assunto.
Ele segura minha mão e beija meus dedos.
— Vamos voltar a ter essa conversa no momento adequado,
não pretendo ter esse filho no momento, mas tenha em mente que é
a minha escolha número um para gerar meu herdeiro.
Com certeza ele deve ter bebido umas doses de The
Macallan, esse uísque tire o juízo perfeito de qualquer um, mas não
vou tocar nesse assunto por hora.
Mudamos de assunto.
Logo chegamos ao aeroporto e tudo já está preparado para
nos receber.
Descemos do carro, entramos no avião e fico de boca aberta
ao ver o luxo que está a minha frente.
— Oliver, deve ser muito bom ser rico.
Ele sorri e me abraça por trás beijando meu pescoço.
— Isso tudo pode ser seu, é só dizer sim para minha
proposta.
Dou uma cotovelada nele e ele segura meus braços.
— Ai, sua louca, quer quebrar minha costela?
— Você falou agora pouco que não pretendia ter esse filho
agora, então vamos voltar a ter essa conversa daqui uns cinco anos
pode ser?
— Cinco anos não, mas daqui uns três quem sabe. Agora
vamos nos sentar que o avião já está prestes a decolar.
CAPÍTULO 12

Colin Lewis
Depois de ver Amanda saindo de viagem com Oliver e, o
pior, ter escutado o que escutei saindo da boca dela, percebi que
realmente a tinha perdido.
— Ainda não são nem sete da noite e já está enchendo a
cara.
Olho para o lado e vejo Anthony se sentando, fazendo sinal
para que o barman sirva uma dose para ele.
— O que está fazendo aqui? Não tem uma esposa grávida
para cuidar, não? — digo virando o copo.
— Tenho e era lá que deveria estar, na minha casa, cuidando
e mimando minha esposa grávida que cismou que aprendeu a
cozinhar. Mas em vez de estar com ela, resolvi vir até aqui e ver
meu amigo que está precisando de mim.
Sorrio sem graça e peço outra dose.
Thony aperta meu ombro.
— Deveria manter aquela mulher longe da cozinha para o
bem de todos.
Meu amigo acaba sorrindo.
— Tento, mas é difícil quando minha mãe a incentiva a
continuar tentando. O pior é que sobra pra mim, o único capaz de
comer a comida dela. Para ajudar, meu sogro ainda a elogia.
— Fico contente em saber que está feliz, que conseguiu
superar.
Ele fica pensativo como se pensasse nas palavras certas a
me dizer.
— Você também pode ser feliz, meu amigo.
Balanço a cabeça discordando.
— Eu a perdi, Thony. — Afirmar isso tem um gosto amargo e
o vejo balançando a cabeça.
— Você a ama?
Acabo sorrindo com a pergunta.
— Amar!? — Fico pensativo alguns segundos. — Tá aí uma
boa pergunta, meu amigo, mas acho que não consigo amar
ninguém.
— É claro que consegue. Acho que já está muito perto disso,
senão não estaria aqui a essa hora enchendo a cara com dor de
cotovelo.
— Você não sabe o que diz, Anthony.
— Ah, não, Colin? Você viu tudo o que passei com Emily.
Assistiu de camarote minha desgraça. Foi você quem escolheu meu
anel de noivado, cara, tem coisa pior do que isso? O amor da minha
mulher me libertou e me salvou, ela não escondeu de mim que me
amava, não desistiu de nós dois e olha só o que tenho agora?
Tenho um lar feliz com a mulher que amo e logo vou ser pai. Sou o
homem mais feliz do mundo e quero isso pra você também.
Penso em tudo o que ele fala e me lembro da cena de hoje
mais cedo.
— Ela se mudou, mora agora em uma cobertura de luxo em
um dos bairros mais caros da Califórnia. Pelo que pesquisei o
imóvel pertence a ninguém mais, ninguém menos do que Oliver
Thompson.
— Colin...
Eu o interrompo levantando o dedo para que se cale e
continuo falando:
— Fui até o novo endereço dela e fiquei na garagem
esperando para vê-la sair. Tudo o que vi, foi ela saindo de mãos
dadas com o Thompson, reclamando que ele era muito exigente na
cama. — Olho para ele. — Amanda desistiu de nós dois, Thony. Ela
se dizia apaixonada, mas parece que superou muito rápido o amor
que dizia sentir.
Anthony me olha como se eu fosse uma abominação.
— Você é burro assim mesmo, ou só está se fazendo de
idiota? Colin, você permitiu que sua família humilhasse a garota e
não foi homem o suficiente para defendê-la. O que queria que ela
fizesse? Achava mesmo que Amanda aceitaria ficar com você
depois de tudo isso? Não foi ela que desistiu, mas você, meu amigo.
Bato o copo com força no balcão e me viro para encará-lo.
— E o que queria que eu fizesse, Thony? Meu pai tinha
acabado de sofrer um infarto e...
— A sua mãe usou o infarto do seu pai para te manipular e
você caiu direitinho. Seja homem ao menos para admitir isso. Não
culpe, Amanda, por uma coisa que ela não fez. O único erro dela foi
se apaixonar por você.
— Nisso concordamos, meu amigo, sempre fui claro com ela
sobre a que ponto estávamos. O erro foi dela em ter se apaixonado
e não meu.
Devo estar parecendo o homem mais cretino do mundo,
estou bebendo em um bar por uma mulher sem querer deixar que
ela entre no meu coração.
— Um dia vai se arrepender de tudo isso, Colin. Nesse dia
estarei na primeira fileira, testemunhando sua queda, gargalhando
da sua cara e ainda terei o prazer de dizer “eu te avisei”. Sou seu
amigo e posso fazer isso. — Bate no meu ombro e vira o copo que
estava segurando. — Não beba demais, amanhã você trabalha e na
próxima vez que sair do trabalho antes do horário para encher a
cara arcará com as consequências. Agora, já vou indo para minha
casa, desfrutar dos braços e dos beijos da minha esposa que deve
estar me esperando, esquentando nossa cama.
Que cretino, filha da mãe!
— Bom você ir para casa mesmo e cuide bem do meu
afilhado.
Anthony sorri com o que falo.
— Vai ser muito divertido ter você e Amanda como padrinhos
do meu filho. Espero que não se matem no dia do batizado.
Olho com uma cara feia que ele nem mesmo se importa e sai
do bar rodando as chaves do carro no dedo.
Ele tem razão, Amanda e eu juntos no mesmo ambiente por
mais de dez minutos não irá dar muito certo, mas pelo meu afilhado
que está por vir farei um esforço.
Depois de beber mais algumas doses de uísque, resolvo
parar e ir para casa.
Ainda não estou bêbado, mas se continuar bebendo com
certeza ficarei.
Estou chegando no estacionamento quando meu celular toca
no bolso, ao pegá-lo vejo que é Amanda e isso me surpreende.
— Amanda! — Atendo ainda sem acreditar que ela está me
ligando.
— Eu te liguei só para pedir para excluir meu número da sua
agenda. Não quero que nem olhe para o número — diz com a voz
arrastada.
Percebo que o bêbado não sou eu, mas ela.
É inevitável não lembrar o que fizemos da última vez que ela
bebeu ao ponto de ficar desse jeito.
— Você está bêbada. — Não é uma pergunta, mas uma
afirmação.
— Também quero que exclua todas as fotos do seu celular
que têm minha. Não quero que as olhe enquanto se masturba. Sei
que sua namoradinha com nome de prostituta não te satisfaz.
Não tinha pensado em fazer algo do tipo olhando as fotos
dela, mas agora ela me deu uma boa ideia.
— O que te faz ter tanta certeza de que minha namorada não
me satisfaz?
Ela gargalha do outro lado da linha.
— Eu apenas sei, te conheço bem.
— Viajou hoje e já está bêbada desse jeito? Onde está o
Thompson que não está cuidando de você?
— Oliver cuida muito bem de mim e ele não sabe que estou
bêbada. Sei que amanhã vou me arrepender de ter feito essa
ligação, mas já falei tudo o que tinha que falar, en...
— Amanda... — interrompo sua fala, sei que ela iria desligar
na minha cara.
— O que você quer?
O que quero nem eu mesmo sei, mas resolvo ser sincero
com ela.
— Estou sentindo sua falta.
Ela fica muda por alguns instantes.
— Você não merece nem mesmo sentir minha falta depois de
tudo o que aconteceu. — Desliga o telefone na minha cara.
Entro em meu carro jogando o aparelho no banco do
passageiro e saio antes que decida voltar para o bar.
CAPÍTULO 13

Amanda Lopez
" Estou na cozinha preparando um café da manhã delicioso
para fazer uma surpresa ao Colin quando percebo alguém
chegando.
Eu me viro para a porta sorridente achando que é ele, mas o
que vejo é uma senhora muito bem arrumada e elegante.
Quando estou prestes a abrir a boca para perguntar quem ela
é, a mulher fala:
— Não sabia que cozinhar fazia parte do papel das mulheres
que meu filho traz para casa?
Então ela é a mãe dele.
— A senhora é a mãe de Colin? — pergunto só para
confirmar.
— Sim, sou a mãe dele e você deve ser Amanda Lopez, a
mulher com quem ele tem se divertido ultimamente — a mulher diz
claramente querendo insinuar alguma coisa.
— Sim, sou Amanda Lopez, mas não sou o tipo de mulher
que a senhora está pensando.
Ela gargalha da minha cara.
— Minha querida, conheço bem o seu tipo e já sei tudo sobre
sua vida. Quando fiquei sabendo que meu filho estava saindo com a
mesma mulher mais de três vezes seguidas, mandei investigar sua
vida.
— A senhora...
— Calada! — Ela se aproxima e me encara. — Não te quero
perto do meu filho. Sei muito bem do buraco que saiu e a vida que
leva mendigando emprego como artista plástica. Isso lá é profissão
para alguém de nível tão baixo? É filha de um imigrante qualquer
que não tem onde cair morto. Meu filho merece algo muito melhor e
não vou permitir que ele fique com você. Não entendo como a
família Barnes permitiu que alguém como você se aproximasse da
filha querida deles, deve ter sido algum ato de caridade.
Estou em choque com tudo o que escuto e não consigo
pronunciar nenhuma palavra.
Dou graças a Deus quando Colin entra na cozinha e se
surpreende ao ver sua mãe.
— Mamãe, o que a senhora está fazendo aqui? —
pergunta indo até ela e a beijando no rosto.
— Estou garantindo, meu filho, querido, que não faça
nenhuma besteira. Nunca me importei que se divirta com quantas
mulheres quiser, desde que não levasse nenhuma delas a sério e
você concordou com isso. Imagina minha surpresa quando soube
que meu filho, o único herdeiro da nossa família, estava
frequentando eventos sociais de alto nível acompanhado por uma
ninguém e, ainda por cima, filha de imigrantes ilegais.
Eu já estou perdendo a paciência com essa velha.
Quem ela pensa que é para falar comigo desse jeito?
— Meu pai não é um imigrante ilegal.
Ela me olha com nojo.
— Até pouco tempo era e você está longe de ser o suficiente
para ficar ao lado do meu filho, sua vadiazinha.
Fico incrédula, ainda mais porque Colin está escutando essas
barbaridades e não fala nada.
— Mãe, podemos conversar depois?
— Livre-se da imigrante e a tire da sua vida. Seu pai acabou
de se recuperar de um infarto. Não vai querer aborrecê-lo agora
com um assunto tão insignificante como essa mulher.
— Não se preocupe com isso, mamãe, vou resolver. Não
temos nada sério, não precisa se preocupar.
É nessa hora que meu coração se parte pela primeira vez na
vida e a dor é insuportável.
Fico tão chocada que não tenho reação de fazer nada,
apenas fico olhando para os dois.
— Resolva isso e vá almoçar em casa. — Beija o rosto de
Colin e antes de sair da cozinha me olha mais uma vez de cima a
baixo.
Quando ela some das vistas, Colin volta a me olhar e tudo o
que consigo fazer é chorar.
Pela primeira vez demonstro fraqueza na frente de um
homem.
Tiro o avental do corpo, o jogo em cima da bancada de
mármore com toda a força e saio da cozinha sem dizer uma palavra.
— Amanda — Colin chama vindo atrás de mim.
— Sou um assunto que você vai resolver? Uma vadia
imigrante? É isso que pensa de mim?
— Amanda, minha mãe...
— A sua mãe é uma cobra — digo o interrompendo.
— Não pode falar assim dela, é minha mãe.
— Ah! E ela pode falar todas aquelas barbaridades de mim?
Não estou nem me reconhecendo, não sei como não fui pra cima
daquela bruxa.
— Amanda, minha mãe descobrir sobre nós dois não significa
que temos que parar de nos ver.
— Colin, você escutou tudo o que sua mãe falou de mim? Ela
me humilhou como nunca ninguém tinha feito e quer que eu
continue saindo com você depois disso tudo e escondido? É isso
mesmo que está me propondo?
Ele me encara por alguns segundos até que volta a falar.
— Gosto do que temos, Amanda, mas não me peça para...
— Eu me apaixonei por você — digo antes que ele complete
a frase.
Ele me olha como se não acreditasse no que ouviu, balança
a cabeça por alguns segundos e volta a falar.
— Não poderia ter deixado isso acontecer.
— Mas eu deixei, Colin. E agora o que a gente faz?
— Não posso te dar o que procura.
Sorrio sem jeito porque fiz a pior burrada da minha vida.
Volto a subir a escada até chegar no quarto dele e troco de
roupas tão rápido como nunca tinha feito.
— Amanda, vamos conversar. Podemos achar uma solução
para isso e continuar juntos, mas sem essa de compromisso e de
amor.
Eu nem vou responder, pois, é capaz de quebrar a cara dele.
— Volto aqui em um horário que não esteja presente e pego
minhas coisas.
Passo por ele batendo a porta do quarto e fico mais
decepcionada ainda porque ele não tenta me impedir de ir embora.
Saio dos meus pensamentos com a voz de Oliver ecoando no
ambiente.
— Te deixo sozinha por duas horas e quando volto a encontro
nesse estado. — Toma a garrafa de vinho da minha mão.
— Liguei para ele.
Oliver suspira, se senta do meu lado e toma um gole do meu
vinho direto da garrafa.
— Prometeu que não iria mais chorar por ele.
— Mas não estou chorando, então minha promessa ainda
está de pé. Agora estou enchendo a cara por ele.
Ele acaba sorrindo do que falo.
— É por isso que nunca mais vou me apaixonar, não tenho
mais paciência para passar pelas fases da dor de cotovelo. Precisa
superar esse homem, Amanda, para conseguir seguir em frente.
— É mais fácil falar do que fazer.
— Me diga o que te fez resolver encher a cara por ele. Ainda
bem que não tem nenhum evento marcado para participar hoje, mal
chegamos e olha como você está.
— Eu me lembrei de tudo, das humilhações, provocações, de
como Colin não me defendeu e ainda teve coragem de me propor
continuar indo para cama com ele escondido para que a mãe não
soubesse.
Ele me entrega a garrafa de vinho novamente.
— Pega, você precisa mesmo beber.
Seguro a garrafa e dou uma golada grande.
— Do mesmo jeito que prometi a você que nunca mais iria
chorar por ele, estou prometendo que nunca mais vou encher a cara
por ele. A Amanda que voltará para a Califórnia será totalmente
diferente da que chegou aqui hoje.
Ele segura minha mão e me faz olhar para ele.
— Você tem certeza disso? Eu já tomei a mesma decisão um
dia, Amanda, e acredite, querida, vai ser muito difícil voltar atrás
depois de tamanha mudança de vida.
— É o que quero. Ninguém nunca mais vai pisar em mim.
CAPÍTULO 14

Amanda Lopez
Depois de passar dezoito dias viajando, Oliver e eu
desembarcamos novamente na Califórnia.
Participei de vários eventos na companhia dele e conheci
muita gente importante e lugares incríveis.
Oliver é o perfeito guia turístico, afinal já conhecia todos os
países pelos quais passamos.
Saímos em várias capas de revistas e jornais, afinal de
contas quem não conhece Oliver Thompson, o rei do petróleo. Em
muitas notícias me chamavam de sortuda por ter caído nas graças
de Oliver Thompson, o sonho de toda mulher solteira e até mesmo
das casadas.
Mal sabem que não existe nada entre nós dois, apesar de já
ter transado duas vezes com ele, sem compromisso nenhum, essa
lição aprendemos bem.
— Preparada para voltar pra casa? — Oliver pergunta assim
que entramos no carro.
— Claro, estou morrendo de saudade do meu pai.
— Acho que ele vai gostar da sua mudança, ficou ainda mais
bonitinha de cabelo curto.
Levanto a mão e bato nele.
— Não fiquei bonitinha, fiquei linda, uma fênix renascida das
cinzas.
Oliver gargalha.
— Sei bem o quanto me custou esse seu renascimento, mas
tem razão ficou linda. Espero sinceramente para seu próprio bem
que mantenha sua palavra.
— Não se preocupe, não vou voltar atrás, tudo o que disse
está valendo.
Conversamos amenidades durante o caminho e logo
chegamos no meu apartamento.
Meu pai estava tão ansioso pela minha chegada que o
encontro na garagem do prédio, me esperando.
— Papai! — Corro em sua direção e o abraço, pois estava
morrendo de saudade dele.
— Minha filha, você está linda e olha que não pensei ser
possível isso. Cortou o cabelo.
— Sim, papai, gostou do meu novo visual?
Ele sorri.
— Está maravilhosa, filha.
— Vamos subir, sua filha viajou com uma mala e voltou com
três.
Ainda sorrindo, papai ajuda Oliver com as malas.
Logo após me deixar, Oliver vai embora, ele deve estar
cansado da viagem.
Com a ajuda de papai, que parece mais empolgado com
minhas compras do que eu, desfaço as malas e entrego a ele as
várias peças de roupas que comprei para adicionar ao seu novo
closet.
De malas desfeitas e roupas novas organizadas, tomo um
banho quente relaxante na minha belíssima banheira que ainda não
tinha tido a oportunidade de desfrutar.
Depois me jogo na cama, ligo para minha amiga e passamos
horas conversando como fazíamos quando éramos adolescentes.
Conto como foi tudo, apesar de diariamente fazermos reuniões, não
é nada comparado a estar no telefone com ela.
Estamos falando da nossa vida e não de trabalho.
Depois de desligar, me acomodo na cama vendo que já é
noite e me entrego ao sono.
***
Acordo na manhã seguinte cheia de energia para voltar a
trabalhar na minha tão sonhada galeria.
Emily e eu precisamos começar a trabalhar em novas telas o
mais rápido possível.
Chego na cozinha e me espanto ao ver meu pai no maior
papo com a senhora que ele não queria nem ver pintada de ouro
enquanto ela prepara o café da manhã.
— Bom dia, papai, dona Lara.
A senhora me encara sorridente e retribui o cumprimento.
— Filha, estava conversando com a Lara e ela está
precisando de um emprego, será que você...
— É claro que sim, papai. Não vou ter tempo de cuidar do
apartamento e vai ser bom para o senhor ter a companhia de
alguém durante o dia — interrompo sua fala.
Sabia que Lara estava precisando de emprego e já tinha
decidido que assim que voltasse, a contrataria para me ajudar a
tomar conta do papai e do apartamento.
— Muito obrigada, dona Amanda, nem sei como agradecer a
senhora.
Sua frase dói na minha alma, dona e senhora na mesma
frase, me faz sentir velha, coisa que não sou.
— Para começar, não me chame de dona e muito menos de
senhora, isso me dá arrepios. Me chame apenas de Amanda e
como estou com pressa acertarmos seu salário quando voltar —
digo me aproximando do meu pai.
Dou um beijo nele depois vou até Lara e dou um abraço nela,
o que a deixa surpresa.
— Muito obrigada por cuidar do meu pai tão bem esses dias
que estive fora.
Ela sorri e segura minhas mãos.
— Não precisa me agradecer, menina, nos tornamos amigos
bem rápido, foi um prazer ficar aqui.
Sempre serei grata a ela.
Não é porque estou começando a melhorar de vida que
esquecerei de onde vim e passarei a tratar as pessoas com
indiferença por não terem as mesmas condições que eu.
— Certo, já vou. Não terei tempo para desfrutar desse
maravilhoso café da manhã, mas quando chegar conversamos e
acertamos as coisas.
— Tudo bem.
Me despeço dela e de papai novamente, e saio em direção a
garagem.
Assim que chego me assusto ao não encontrar meu carro,
por isso sigo até a portaria.
— Bom dia, meu carro não está na garagem.
O homem a minha frente me olha desconfiado e responde:
— Acho melhor a senhora ligar para o senhor Thompson.
— Não me chame de senhora, apenas de Amanda, por favor
— respondo tirando o celular da bolsa e fazendo a ligação para
Oliver que logo atende.
— Bom dia, Amandinha.
Ele sempre me chama assim quando sabe que fez uma coisa
que vou ficar chateada.
— Ollie, cadê meu carro? Estou atrasada.
— Se está atrasada é porque acordou tarde e o problema
disso estar acontecendo não é meu. Seu novo carro vai ser
entregue no final do dia então vá para a galeria de táxi.
Respiro fundo contando até dez mentalmente para não me
estressar logo pela manhã.
— Ollie, vou matar você.
Ele sorri do outro lado da linha.
— A mãe do meu futuro herdeiro não pode ficar andando por
aí em um carro que nem sei como ainda funcionava.
De novo essa história...
— Oliver Thompson, você não sabe o que está me pedindo.
Combinamos de voltar a ter essa conversa daqui uns anos então
nem inventa. Agora meu carro estava em ótimas condições de uso.
— Amanda, você é uma artista conhecida em vários países,
acha mesmo que poderia continuar andando naquele carro velho e
acabado? Emily chega todos os dias para trabalhar em um carro do
ano com motorista e seguranças. Você merece isso também e por
mais que ache que não, as pessoas olham para isso e comentam.
Em vez de brigar comigo, deveria me agradecer por pensar por
você.
— Obrigada — digo contra minha vontade.
— Não tem de que, e vê se amanhã acorda mais cedo. É a
dona tem que ser a primeira a dar exemplo. Sou seu amigo, mas
também sou seu investidor principal e quando tiver que chamar sua
atenção não tenha dúvidas de que isso vai acontecer. Agora peça
um táxi e vá trabalhar.
Essa é a versão chefe de Oliver Thompson, a que tenho
vontade de bater de vez em quando, mas ele tem razão.
— Estou indo e espero que quando voltar para casa tenha
um carro na minha garagem.
— Não se preocupe com isso.
Nos despedimos e chamo o bendito táxi para me levar a
galeria.
CAPÍTULO 15

Amanda Lopez
Sete meses se passaram desde que abrimos a galeria e
com muito trabalho já conseguimos finalizar mais uma coleção.
Não foi fácil, ainda mais com a gravidez já avançada de
Emily.
Mas, no final, deu tudo certo e ainda tivemos a oportunidade
de fazer algumas viagens juntas mesmo contra a vontade de
Anthony.
O homem está insuportável e cuida da esposa como se ela
fosse quebrar.
— Amanda, vamos entrar em reunião com Colin, ele tem que
dar entrada nos registros das obras.
Mesmo contra minha vontade, meu coração ainda acelera ao
ouvir esse nome.
Nesses meses foram poucas as vezes que nos encontramos,
já que o evitava a todo custo.
Mas como temos amigos em comum e ele é nosso advogado,
as vezes, os encontros são inevitáveis.
— Será que não pode resolver isso sozinha? — pergunto
mergulhando o pincel na tinta.
Estou em uma das salas de criação, tentando terminar um
quadro, mas essa história já tirou minha concentração.
— Amanda, não vai conseguir evitar de ficar no mesmo
ambiente que Colin por muito tempo. Vocês serão padrinhos do meu
filho e não quero que ele veja vocês dois em guerra toda vez que
nos reunirmos.
Não tenho o que falar sobre isso, vai ser uma tortura ficar no
mesmo ambiente que ele, mas vestirei minha armadura e vou
encará-lo.
— Você tem razão, vou só me limpar e te encontro na sala de
reuniões.
— Certo, e tem mais uma coisa, a estagiária da escola de
arte vem amanhã para a entrevista e tenho consulta pela manhã.
Será que poderia fazer a entrevista dela? O currículo da garota é
excelente e combinamos de dar oportunidades a novos artistas
quando abríssemos nossa galeria.
— Pode deixar que cuido disso, se preocupe apenas em
manter meu menino saudável.
Ela sorri e acaricia a barriga.
— Ele não me deixa dormir e faz questão de ficar nas minhas
costelas.
Eu me aproximo de Emily e me abaixo para conversar com
meu menino, Adrian.
— É isso aí, meu garoto, tira o sono dela mesmo. A dinda
tem muitas coisas para te ensinar — digo e beijo sua barriga.
Quando me levanto, a cara com que Emily me olha é a
melhor, apenas sorrio e aperto sua bochecha.
— Quando ele estiver dando trabalho, vou deixá-lo na sua
casa.
— Já o leve com a mala porque não devolvo mais.
Acabamos sorrindo.
— Tenho certeza de que será uma excelente madrinha.
— Não tenha dúvidas disso, minha querida, já tenho muitos
planos para esse garotinho.
— Não sei se fico feliz ou preocupada em escutar isso. Vou
para a sala, te encontro daqui a pouco na reunião. Depois terei que
ir correndo para casa, Andreza e Dylan convidaram Anthony e eu
para jantar na casa deles.
Isso não me surpreende nem um pouco, esses dois estão
com uma ideia louca na cabeça.
— Eles ainda estão com aquela história de juntar as famílias
de vocês com um casamento entre as crianças? Isso é coisa do
século passado, Emily, casamento arranjado não existe mais.
Ela sorri.
— É claro que existe, sou prova viva disso. Não se preocupe
com isso, nunca obrigaria meu filho ou uma filha, que possa vir a ter
no futuro, se casar contra sua vontade.
— Anthony me pareceu bem animado com essa ideia.
— Não se preocupe com isso, Amanda, são apenas bebês.
Ainda temos muitos anos pela frente até isso acontecer e como já
falei não vou obrigar meu filho ou minha futura filha hipotética a
nada. Sei como fazer com que Thony faça exatamente o que quero.
— Espero que esteja certa.
Ela sai da sala e continuo olhando para a tela inacabada a
minha frente, tentando entender o que tem de errado nela.
Fico por alguns minutos observando todos os detalhes, a
minha frente, segurando o pincel até que escuto a porta ser aberta.
Penso que possa ser Emily, mas como a conheço, se me ver
assim tão concentrada não vai me chamar.
— Acho que deve estar perdendo o talento ou está sem
inspiração. Não sei como conseguiu criar outra coleção porque esse
quadro está horrível.
Fecho os olhos tentando controlar meu pobre coração ao
escutar a voz atrás de mim.
— Minha inspiração chegou ontem à noite de viagem e não
teve tempo de me ver, então estou em um dilema grande aqui —
digo sem olhar para trás.
Se ele quer provocação terá, já que Oliver quer me usar para
parir o filho dele, vou usá-lo para fazer ciúme ao idiota que resolveu
mexer com quem estava quieta.
— Vocês dois estão mesmo juntos? Foi tão fácil assim,
Amanda, me esquecer? Abriu a boca com tanta convicção para
dizer que me amava e na primeira oportunidade foi parar na cama
do Thompson.
Fecho os olhos sentindo meu coração doer ao escutar essas
palavras e me amaldiçoo por não conseguir arrancar o idiota do meu
coração.
Será que ele não percebe que tudo o que fiz desde nossa
primeira vez foi amá-lo?
— Se não tem coragem de me responder é porque tenho
razão. Era status que queria, poderia te dar. Uma cobertura em um
bairro chique e carro do ano, também poderia te dar. Tenho como
dar tudo o que ele oferece, é só você me pedir.
Acabo sorrindo sem querer e me viro para encará-lo.
Pela primeira vez em meses nos olhamos nos olhos.
— Você está tão linda, Amanda, gostei muito do seu novo
visual.
— Minha beleza não é mais para seus olhos, senhor Lewis.
Por favor, nunca mais me ofereça o que não pode me dar, porque
de você só queria uma única coisa e me negou.
Ele caminha na minha direção e segura meu braço olhando
em meus olhos.
— Ele te deu o que neguei, Amanda? Oliver deu o coração
dele a você? Acho que não, o conheço muito bem para saber que
nunca se apaixonaria, ainda mais por uma mulher como você.
Mesmo assim preferiu ficar com ele em vez de mim.
Puxo meu braço do seu aperto e levanto a cabeça empinado
bem o nariz.
Prometi para mim mesma que nunca mais iria permitir que
ele me ofendesse.
— Oliver pode não ter se apaixonado por mim e nem ter me
dado seu coração, mas ele é muito mais homem do que você. Ele
não tem vergonha de mim e faz questão de estar ao meu lado em
todos os eventos que vai. Sem contar que a família dele me trata
como igual, muito diferente da sua. — Vejo a raiva refletida em sua
face quando o empurro tirando a avental de pintura do meu corpo.
— Amanda...
— Nunca mais se aproxime para falar de assuntos que não
sejam de trabalho ou serei obrigada a pedir a Anthony que troque o
advogado da galeria.
— Você sabe que ele está te usando, não sabe?
Sorrio o olhando, já me aproximando da porta.
— Sei e adoro ser usada por ele. — Saio e não olho para
trás.
CAPÍTULO 16

Amanda Lopez
Ando rápido em direção a sala que divido com Emily e
abro a porta ofegante, chamando a atenção dela.
— Amanda, você está bem? Aconteceu alguma coisa? Eu já
estava indo te chamar, Colin deve estar nos esperando na sala de
reuniões.
— Não posso ficar para a reunião, Emily, resolve tudo, por
favor.
— Mas, Amanda,...
— Por favor, Emily, preciso ver o Oliver agora.
— O que aconteceu? Está me deixando preocupada, estava
bem até agora pouco.
Respiro fundo tentando falar alguma coisa para que ela não
fique preocupada, pois, isso não vai fazer bem para o bebê.
— Estou bem e não se preocupe comigo, só preciso ver o
Oliver o mais rápido possível — digo quase implorando e ela
concorda com a cabeça.
— Vai, depois conversamos.
Caminho até ela e a abraço.
Saio em seguida indo para o estacionamento, entro no meu
carro e dirijo até o grupo Thompson o mais rápido que consigo.
Passo com facilidade pela portaria do estacionamento da
empresa já que estive aqui muitas vezes e todos me conhecem.
Passo pela recepção e entro no elevador que leva
diretamente para o andar da presidência.
Ninguém me para já que pensam que Oliver e eu mantemos
um relacionamento, até porque nunca fizemos questão de desmentir
nada.
As portas do elevador abrem e quando saio dou de cara com
a secretária dele.
— O Oliver está? — pergunto ansiosa.
— Ele está em reunião com dois diretores da empresa, mas a
senhorita pode esperar por ele na sala de espera.
— Não posso esperar — digo abrindo a porta da sala e ela
me segue pálida feito um fantasma.
Quando Oliver me vê entrando, se levanta de uma vez.
— Senhor Thompson, me perdoe, mas não tive como pará-la
— a coitada tenta se explicar nervosa.
— Saiam todos, preciso falar com o Oliver a sós.
A feição de Oliver muda.
— Que porra é essa, Amanda? Não pode chegar aqui, invadir
minha sala e mandar que meus diretores se retirem. Estou no meio
de uma reunião importante.
Quando vou abrir a boca um dos velhos barrigudos fala:
— Oliver, é bom manter na coleira as mulheres que leva para
a cama. Deve estar dando muita liberdade para acharem que
podem invadir a sala da presidência.
Encaro Oliver buscando uma reação, quero ver se ele vai ter
coragem de me defender.
Sei que o que fiz foi errado, mas isso não dá o direito de
ninguém me chamar de cadela, como se eu fosse apenas uma
vadia qualquer que Oliver leva para a cama quando quer.
Ao encará-lo, ele não desvia os olhos.
Quando percebo que ele não vai falar nada, a decepção
começa a invadir meu peito.
— Sinto muito por ter invadido a sala da presidência, vou me
retirar, me perdoem. — Eu me viro para sair e quando alcanço a
porta escuto Oliver falar.
— Saiam todos e me deixem a sós com ela. Da próxima vez
que se referir a ela dessa maneira eu mesmo o coloco para fora da
empresa. Agora saiam.
Os homens se levantam e me afasto para que possam sair.
Quando o último passa pela porta, a fecho e tranco com a
chave.
— Que porra aconteceu para invadir minha sala no meio de
uma reunião?
Caminho na direção dele.
— Achei que não fosse me defender e que me deixaria ir
embora. — Paro na frente dele, passo os braços em volta do seu
pescoço e ele segura minha cintura.
— Tem que superar isso, não pode ficar se fazendo de vítima.
A Amanda que conheci, alguns meses atrás, teria feito o velho
engolir as palavras.
Ele tem razão, mas o que aconteceu comigo me deixou
fragilizada e tudo o que Colin falou hoje abriu ainda mais a ferida.
Estou me sentindo sozinha e chegar a pensar na
possibilidade de que Oliver esteja me usando, me deixa ainda mais
confusa.
— Colin disse que você está apenas me usando.
Ele sorri e me solta, voltando a se sentar em sua cadeira.
— Interrompeu uma reunião para isso, Amanda? Não tenho
motivo nenhum para te usar, é mais fácil você estar fazendo isso.
Sei que não é esse tipo de mulher e as duas vezes que transamos
foi porque queríamos e não passou disso.
Sei que o que ele fala é verdade, por isso vou até ele
levantando meu vestido e me sentando em seu colo.
— Quero você agora — digo beijando seu pescoço e sinto
seu corpo enrijecer.
— Amanda, não me provoca. Podemos ser amigos, mas sou
homem. Porra! Não pode sentar no meu colo desse jeito e me pedir
isso.
— Quero você, Oliver, agora. Quero me sentir desejada, por
favor.
Segura meu cabelo e me faz encará-lo.
— Não tenho muito tempo, logo entrarei em outra reunião.
Vou te fazer se sentir desejada com uma rapidinha, pode ser?
Balanço a cabeça concordando.
— Ótimo!
Ele se levanta comigo no colo, joga tudo que tem na mesa no
chão, me coloca sentada em cima dela e rasga minha calcinha.
— Ollie!
Finge não me escutar, tira o terno e a camisa, revelando seu
tórax musculoso que me faz babar. Depois abre o zíper e tira um
preservativo de uma das gavetas da mesa.
— Tem preservativo no escritório, para quê?
Ele me olha com um sorriso safado e me arrependo da
pergunta que fiz.
Abre a embalagem e coloca seu lindo membro já duro para
fora.
— Prefere sem preservativo? Se quiser sem, para mim, é
melhor e podemos adiantar nossos planos.
— Nossos planos não, seus planos. Quero com preservativo,
não vou correr risco com você, deve ser fértil como um touro.
Ele envolve a maravilha que carrega entre as pernas, me
pega com força e começa a me beijar intensamente.
Logo as coisas esquentam e antes que perceba, ele me
penetra forte, me fazendo gemer.
— Deliciosa do caralho! Como um homem pode não te
desejar?
Passa as mãos pelo meu corpo com desejo, envolvo as
pernas ao redor da sua cintura enquanto continua me penetrando
sem parar.
Meu fim é quando começa a acariciar meu clitóris, me
fazendo gozar com facilidade, já que estava muito tempo sem sexo.
— Oliver... — gemo seu nome chegando ao ápice do prazer.
Intensifica suas investidas até que consegue atingir seu limite
e goza me apoiando na mesa, colocando a cabeça na curva do meu
pescoço.
— Pode invadir minha sala sempre que quiser, dou
permissão para expulsar até mesmo o presidente do país se estiver
em reunião — diz beijando meu pescoço.
— Por que não me apaixonei por você?
Ele me olha, segura meu rosto com as duas mãos e me beija.
— Porque simplesmente não mandamos no coração. Seria
muito mais fácil para mim também me apaixonar por você, mas fico
feliz em ter pelo menos sua amizade.
— Obrigada pela rapidinha.
— Disponha, minha porta estará aberta sempre aberta para
quando quiser uma rapidinha — diz sorrindo.
Sai de dentro de mim, tira o preservativo e entra no banheiro
que tem na sala.
CAPÍTULO 17

Amanda Lopez
Saio do escritório de Oliver e sigo para casa. O idiota teve
a infeliz ideia de rasgar minha calcinha e tudo o que pude fazer foi
jogá-la no lixo.
Chego em casa e papai se impressiona com o horário que
estou em casa.
— Aconteceu alguma coisa para ter chegado em casa tão
cedo? — pergunta preocupado.
— Nada de mais, papai, só um probleminha com minha
calcinha.
Ele me olha surpreso.
— Não vou nem perguntar qual problema foi esse porque
pelo que estou vendo em seu pescoço, não vou gostar da resposta.
Coloco a mão no pescoço sem acreditar que Oliver teve
coragem de me marcar.
— Papai...
— Vá para seu quarto e fique lá até a hora do jantar, não vai
mais sair de casa hoje, Amanda, e não desobedeça.
Amo tanto meu pai e vê-lo assim, querendo me castigar me
deixa muito feliz.
— Eu te amo tanto, papai — digo indo em sua direção e o
abraço forte.
Ele retribui o abraço.
— Eu também te amo, mas faça o que mandei e só apareça
aqui na hora de jantar.
Acabo sorrindo.
— Pode deixar que vou ser uma filha obediente.
Lara entra na sala.
— Amanda não é mais criança para que a coloque de castigo
porque estava se divertindo com o namoradinho.
Um fato sobre Lana, ela já se tornou parte da família nesses
meses que está com a gente e já percebi que papai tem uma
quedinha por ela, mas ele nunca vai admitir.
— Lana, preciso corrigir a Amanda de vez em quando. Ela
sempre foi assim espevitada, tenho que colocá-la na linha. É minha
filha e não pode fazer tudo o que quer — diz tão sério e de um jeito
tão preocupado que meu coração se aquece em saber que pelo
menos ele me ama de verdade.
— Lana, aceito meu castigo terrível. Vou ficar no quarto até a
hora do jantar e não vou sair de casa mais hoje, papai está certo.
Não posso ficar me agarrando com Oliver em cima da mesa da sala
da presidência do grupo Thompson.
Lara solta uma gargalhada e papai me olha chocado.
— Está vendo só, Lara, como essa menina merece um
castigo. Vá para seu quarto, Amanda, agora mesmo.
Saio da sala morrendo de rir dele e me tranco no quarto, não
vou mais mexer com ele hoje.
Entro no banheiro e ao me olhar no espelho, vejo a marca
que papai tinha falado em meu pescoço.
Vou dar uns tapas em Oliver, ele não tinha nada que ter feito
isso e nem mesmo lembro do momento que ele teve essa coragem.
Tomo banho e me jogo na cama vestida apenas com roupão.
Pego o celular para ver minhas mensagens e me espanto ao ver
muitas chamadas de Emily e Anthony. Sento de uma vez na cama
com o coração acelerado, temendo que tenha acontecido o pior com
minha amiga.
Retorno a ligação e no quarto toque Emily atende.
— AMANDAAAAA...
Tiro o celular da orelha com o grito dela.
— Emily, o que aconteceu? — pergunto preocupada.
— Seu afilhado quer nascer e dói pra porra. Vou matar o
Anthony por ter feito um filho em mim.
Respiro aliviada em saber que o grito dela é por isso.
— Pensava que estava morrendo, Emily.
— Mas essa dor vai me matar, tenho certeza. Se não morrer,
vou matar o Anthony — diz ofegante.
— Amanda, estamos indo para o hospital, meu filho vai
nascer — Anthony diz.
Ele parece estar muito feliz para quem está sendo ameaçado
de morte.
— Encontro com vocês lá, assim impeço que Emily te mate.
Ele sorri e nos despedimos.
Pulo da cama, entro no closet, me visto rapidamente e saio
quase correndo do quarto.
Quando passo pela sala, papai me para e me dou conta do
meu castigo.
— Onde pensa que vai, Amanda?
Eu me viro para ele aflita e respondo:
— Para o hospital, papai. Emily vai ter o bebê e Anthony
acabou de me ligar pedindo para encontrar com eles lá.
Ele abre um sorriso.
Emily sempre tratou meu pai muito bem.
— O que ainda está fazendo aqui? Vá logo ficar com ela, sua
amiga está precisando de você.
Não espero um minuto para que ele mude de ideia e saio
correndo em direção ao estacionamento.
***
Chego no hospital em tempo recorde e quando entro, peço
informações para uma enfermeira. Ela me acompanha até a sala de
espera privada, onde a família aguarda por notícias.
Assim que entro, vejo os pais de Anthony e os pais da minha
amiga, aflitos. Mais ao canto, Colin está encostado na parede.
— Como ela está? — pergunto a dona Maya que me abraça.
— Ela está na sala de parto e Anthony está com ela.
Maneio a cabeça concordando e me sento ao lado dela.
Esperamos por notícias durante horas até que a porta da sala
abre e Anthony entra com o bebê nos braços.
Vejo lágrimas em seus olhos.
— Meu filho nasceu — diz emocionado.
Nos levantamos para ir até ele e ver o pequeno Adrian.
Não tem como segurar as lágrimas ao ver os quatro avós
chorando, emocionados com o nascimento do primeiro neto.
Me espanto com um lenço na minha frente e ao olhar para o
lado vejo que é Colin quem me oferece.
Para não parecer mal-educada na frente da família da minha
amiga, aceito.
— Obrigada.
— Onde você estava? Quando Emily começou a se sentir
mal ela estava sozinha na sala de vocês na galeria — diz me
puxando para o lado.
Percebo que Anthony e os avos do bebê estão saindo da
sala, provavelmente irão ver como Emily está.
— Precisei sair e Emily já estava esperando a chegada do
bebê para qualquer momento. Ela está bem.
Ele sorri e segura meu braço com força.
— Pela marca em seu pescoço vejo bem o motivo de ter feito
você sair da galeria e tê-la deixado sozinha. Nem da reunião você
teve coragem de participar. Vou questionar junto com Anthony sua
sociedade na galeria, parece que Emily é quem está trabalhando
mais.
Sinto a raiva me dominar por dentro.
Dei meu sangue por aquela galeria, tanto que praticamente
persegui Oliver por um mês inteiro para que tivesse uma chance de
mostrar o projeto para ele.
Esse idiota não tem moral para questionar minha sociedade.
Puxo meu braço do seu aperto e o encaro de igual para igual.
— Tenta, Colin, desafio você a fazer isso. Quero ver só quem
é que o Anthony vai escutar, você ou a esposa. Eles, sabem tudo o
que fiz pela galeria — digo dando dois tapinhas em seu rosto.
Saio da sala antes que perca a cabeça e parta para a
violência.
Vou para o quarto, onde minha amiga está e depois de
parabenizá-la pelo lindo bebê, saio para deixá-la descansar.
Não deve ser nada fácil trazer um bebê ao mundo e ela me
pareceu estar exausta.
***
Na manhã seguinte, chego cedo na galeria já que agora com
Emily se recuperando do parto vou ter que assumir todas as funções
da galeria sozinha.
Só de lembrar que vou ter que me encontrar várias vezes
com Colin, chego a tremer. Vou evitar qualquer reunião com ele o
máximo possível.
CAPÍTULO 18

Amanda Lopez
Estou concentrada no trabalho quando uma das
recepcionistas, bate à porta, me informando da estudante que
chegou para a entrevista.
Abrimos uma vaga de estágio e escolhemos o currículo dela.
— Mande-a entrar, Emily comentou que ela viria hoje para a
entrevista.
Ela concorda e sai da sala.
Em poucos minutos a garota entra aparentemente nervosa.
— Bom dia, sente-se e fique à vontade.
— Obrigada, senhora.
Por que agora todo mundo insiste em me chamar de
senhora?
— Me chame de Amanda, por favor, o termo senhora não
combina comigo.
Ela balança a cabeça concordando.
— Desculpa, senhora, quer dizer, dona Amanda.
— Pode tirar a dona também. Agora me diga, qual é seu
nome?
— Bruna Harper.
— Muito bem, Bruna, vamos começar a entrevista.
Converso com a garota que aos poucos vai relaxando e vejo
o quanto ela é apaixonada por arte.
Não é à toa que é a melhor da sua turma.
Estou quase finalizando a entrevista, pronta para dar a notícia
que vamos ficar com ela para a vaga de estagiária quando a sala é
invadida por Oliver.
— Oliver?
— Desculpa, não sabia que estava ocupada.
É claro, que ele sabia que estava ocupada, as recepcionistas
devem ter falado para ele.
— Eu já estava terminando. Esta é Bruna Harper, nossa nova
estagiária da escola de arte.
A menina me olha surpresa enquanto Oliver olha para ela
muito interessado em seu corpo, conheço bem esse seu olhar.
— Vou ficar com a vaga? — pergunta tão empolgada que
nem se dá ao trabalho de cumprimentar Oliver.
— É claro que vai, querida, parabéns.
Ela abre um sorriso.
Fico feliz por ela, afinal Emily e eu não tivemos uma chance
como essa.
— Obrigada, Amanda, não vai se arrepender de estar me
dando essa oportunidade.
— Espero que não. Agora vá até uma das recepcionistas que
irão te passar a lista de documentos que precisa trazer. Você já
pode começar amanhã mesmo se quiser.
— Começo amanhã sem problema algum, e mais uma vez,
muito obrigada.
Vou até ela e a abraço.
Logo depois a menina sai da sala ignorando completamente
o homem que a olha sem parar.
— Mal-educada a garota — Oliver diz assim que a menina
fecha a porta.
— Só porque ela não caiu em seus encantos. Percebi a
maneira que olhou para ela.
Oliver começa rir enquanto passa a mão pelo cabelo. Ele
sempre faz isso quando fica cismado com alguma coisa.
— Nem começa, Amanda, não olhei para ela. Pelo menos,
não do jeito que está pensando. Acho que percebeu que a nossa
diferença de idade é um pouco grande e antes que pergunte vim
aqui para que retribua o favor de ontem.
— Favor? — pergunto sem saber o que ele está falando.
— A rapidinha — diz sério.
Começo a gargalhar da cara dele, pois, não tem a mínima
possibilidade de isso acontecer.
— Nem inventa, Oliver, não vou transar com você aqui.
— Como você é malvada, Amanda! Fui bonzinho com você.
— Está falando sério, Oliver? — pergunto, pois, não estou
acreditando no que ouço.
— Não custava tentar, né? Agora, se não quer, tudo bem.
Levanto uma sobrancelha para ele que sorri da minha cara,
se sentando na cadeira a minha frente.
— Como está a Emily?
— Bem, e o bebê é lindo e fofo.
— Olha aí seu instinto materno fluindo. Que tal conversarmos
sobre aquele assunto?
— Cinco anos, já falei.
Ele balança a cabeça discordando.
— Certo, daqui cinco anos falamos sobre isso. Agora tenho
outro assunto para falar com você.
Oliver parece estar muito sério e sempre que fica assim entra
no modo empresário.
— O que foi? Tem algo errado com a galeria? Pensei que
estávamos indo bem.
— E estão... Estão indo tão bem que a equipe que
disponibilizei para trabalhar com vocês, recebeu uma oferta para
que abram uma filial da galeria em Nova York.
Falto cair da cadeira quando escuto isso.
Nunca imaginei na vida uma possibilidade dessa.
— Oliver, acha que temos capacidade para isso?
— É claro que tem, Amanda. Admito que no início confiei
apenas no talento de vocês e fiz o investimento do meu bolso, mas
disse a vocês que era um investimento do grupo Thompson. Assim
caso não desse certo, a empresa não teria prejuízo.
Fico chocada com a descoberta e jogo uma caneta nele.
— Você mentiu para mim, Oliver Thompson.
— Negócios, Amanda, não leve para o lado pessoal. Mas
voltando ao assunto principal, na primeira exposição que fizeram
cobriram e muito os custos e ainda levaram uma gorda quantia para
os bolsos de vocês. Então, agora, o grupo Thompson irá novamente
investir na filial de Nova York e creio que o Jones também vai apoiar
esse novo projeto.
Eu me encosto na cadeira ainda sem acreditar no que estou
escutando.
— Oliver, mas para abrir uma filial em Nova York, Emily ou eu
teria que se mudar para lá.
— Não necessariamente. A presença de uma das duas só
seria necessária durante os trâmites iniciais até a inauguração,
depois disso poderiam deixar a galeria nas mãos de pessoas
responsáveis. Só precisariam fazer uma viagem ou duas a cada três
meses para fiscalizar as coisas. Quanto as obras, poderiam ser
feitas aqui e depois seriam transportadas para a filial.
Ouvindo Oliver falar assim até parece que as coisas são
simples.
— Anthony não vai concordar nunca em deixar Emily viajar
por tanto tempo, ainda mais agora com o bebê.
— Ainda bem que ela tem você. Poderia ficar em um dos
meus apartamentos e levar seu pai e Lara junto, nada te impediria
de fazer isso.
— Vejo que já tem tudo planejado.
— Tenho sim. Preciso de uma resposta o mais rápido
possível — diz se levantado e vindo em minha direção.
Quando se aproxima, se curva segurando nos braços da
cadeira.
— Essa é uma oportunidade única, Amanda. Vocês já são
conhecidas em muitos países, mas com uma galeria em Nova York
o mundo inteiro conhecerá vocês. Acredite, não estou fazendo isso
dessa vez por amizade, mas por negócios. Vocês duas se
mostraram ser um grande investimento — diz e beija minha testa.
Retribuo beijando seu queixo.
CAPÍTULO 19

Colin Lewis
Hoje é o batizado do meu afilhado e Amanda e eu
estamos tentando nos manter no mesmo ambiente sem brigas, pelo
bem do menino.
Admito que não é muito fácil ficar ao lado dela, sentir seu
perfume e não poder tocá-la.
Mas confesso que o que me deixou confuso foi a reunião que
tivemos ontem com toda a equipe da galeria. A equipe do Oliver que
ajuda as meninas teve a genial ideia de abrir uma filial em Nova
York e Anthony concordou com essa loucura. Já eu não pude opinar
em nada.
Definitivamente, Amanda está seguindo seu caminho e está
mais que na hora de começar a seguir o meu.
Minha família nunca aceitará a Amanda e ela nunca aceitará
ficar comigo escondido de todos. E não tenho coragem de enfrentar
nenhum dos dois lados, não quando meus pais contam comigo para
tudo.
— Vamos, querido, estou pronta.
Scarlett se aproxima e beija meu pescoço, mas não consigo
sentir as mesmas sensações de antes, as que conseguia sentir
apenas com Amanda.
— Você demorou, estamos quase atrasados — digo me
virando para encará-la.
Vejo que ela está muito bonita e qualquer homem estaria feliz
em estar ao seu lado, mas Scarlett não é uma escolha minha e sim
dos meus pais, a qual fui obrigado a aceitar.
— Não se pode apressar uma mulher quando ela está se
arrumando. Agora vamos, como você mesmo falou estamos quase
atrasados. Não vai ser nada bonito o padrinho chegar atrasado.
Não respondo e saio com ela logo atrás de mim.
Entramos no meu carro e seguimos para a igreja onde
acontecerá o batizado do meu afilhado. Logo depois vamos para
uma recepção que Amanda e Emily organizaram na mansão Jones.
Quando chegamos na igreja, entramos de mãos dadas
atraindo o olhar de todos para nós, inclusive o de Amanda que está
ao lado de Oliver.
Achei que eles estavam juntos, mas segundo o investigador,
que contratei para saber tudo da vida de Amanda, eles não passam
de amigos que se dão muito bem.
Confesso que ainda não engoli essa história.
Poucos minutos depois a cerimônia de batismo começa e é
nítida a felicidade no rosto de todos.
Adrian é um garoto forte e bonito, o orgulho da família Jones
que finalmente teve seu tão sonhado herdeiro para alívio do meu
amigo.
— Fico feliz que você e Amanda tenham deixado os
problemas de lado pelo meu filho — Anthony diz se aproximando
após a cerimônia e nos abraçamos.
— Não tive muita escolha em relação a isso — respondo
olhando para Amanda que está muito feliz com Adrian no colo.
Ela está posando para o fotógrafo e a vendo assim me faz ter
certeza de que ela será uma ótima mãe, mãe de um filho que nunca
será meu.
— Não a olhe assim, sua namorada que está sentada ali de
olho em você, ela pode não gostar.
Olho na direção de Scarlett e ela está com o olhar cravado
em mim.
— Nunca me imaginei em uma situação como essa.
— Foi uma escolha sua, amigo. Não machuque os
sentimentos da garota, o que você fez com Amanda já foi canalhice
o suficiente para uma vida.
Olho para ele sem acreditar no que escuto.
— Que amigo você é, hein, Thony?
— Sou seu amigo e sou sincero com você. Lembra do que
falava pra mim quando estava noivo?
Acabo sorrindo ao me lembrar do tempo em que Emily
enlouquecia Anthony e o idiota apaixonado não queria dar o braço a
torcer.
— Sou bom em dar conselhos e péssimo em segui-los.
— Anda bem que sabe disso. Olha, agora é a sua vez de
passar pela tortura das fotos, vamos.
Vejo Emily nos chamando e caminhamos até ela. Pego o
pequeno Adrian no colo e começamos a tirar fotos. Em algumas,
Amanda fica muito perto, o que me deixa ainda mais louco e com
vontade de beijá-la, nem que seja uma última vez.
Depois da tortura, não pelas fotos, mas por ter Amanda perto
demais, seguimos para a mansão dos pais de Anthony, onde
acontecerá a recepção.
Com certeza lá passarei por mais uma prova de fogo.
***
Ao chegarmos à mansão Jones vejo como Scarlett fica
encantada com o lugar, observando com atenção todos os detalhes.
— Colin, a casa é linda! — comenta bestificada.
Realmente o lugar é lindo e já passei bons momentos aqui
com meu amigo.
— Dona Elena é uma mulher de muito bom gosto e ela
sempre mantêm a casa linda e elegante.
— Emily teve muita sorte de ter se casado com o único
herdeiro da família Jones, assim como tenho sorte de ter você — diz
se aproximando e me beijando.
Não tenho tempo de me afastar.
Quando a seguro pela cintura e desfaço nosso contato, vejo
Amanda parada na porta nos encarando com uma expressão infeliz
no rosto, o que me deixa incomodado.
— Desculpa, não queria atrapalhar um momento íntimo dos
dois, mas é que Emily está nos chamando, Colin. Ela quer tirar uma
foto de família.
— Já estamos indo, querida, pode ir na frente — Scarlett
responde antes que eu tenha chance de falar.
Amanda sem perder tempo praticamente sai correndo e isso
me irrita muito.
Como foi que chegamos ao ponto de Amanda fugir e me
ignorar dessa maneira?
— Nunca mais responda nada por mim — digo de forma
dura.
Scarlett arregala os olhos, pois, nunca tinha falado nesse tom
com ela.
— Desculpa, Colin, não quis responder por você. Somos
namorados e pensei que já tivéssemos intimidade o suficiente
para...
— Intimidade? Nunca tivemos intimidade nenhuma, Scarlett,
e sabe muito bem que esse namoro não foi uma escolha minha. Nós
dois sabemos muito bem a situação em que nosso relacionamento
está sendo construído.
Scarlett não fala nada e saio em direção à sala.
Ela vem logo atrás de mim e segura minha mão.
Tiramos a tal foto de família e Anthony como adora me
provocar, me coloca ao lado de Amanda como padrinhos de Adrian
e tenho que admitir que a foto ficou bonita.
Nos acomodamos na mesa do almoço e todos conversam
animados. O assunto principal da conversa é a abertura da filial da
galeria de artes e a viagem de Amanda. Pelo que entendi ela vai
levar o pai junto e isso não me impressiona nem um pouco. Amanda
e o pai são muito apegados e ela não passaria tanto tempo longe
dele.
— Amanda, quando você viaja? — dona Elena pergunta e
fico interessado em saber a resposta.
— No máximo em um mês e meio. Oliver já preparou tudo
para nossa viagem e meu pai está animado em conhecer um novo
lugar.
Nunca senti tanto ciúme como estou sentindo agora e não
tenho vergonha de admitir, então resolvo entrar na conversa.
— Nossa viagem? pensei que seriam apenas você e seu pai.
Todos me olham porque todos os presentes, exceto Scarlett,
sabem o que aconteceu entre nós dois.
Não é Amanda que responde minha pergunta, mas Oliver.
— Irei acompanhá-los. Amanda e o pai ficarão em um dos
meus apartamentos e depois de acomodá-los como merecem, volto
para a Califórnia. Mas sempre que tiver um tempo vou para Nova
York, afinal morrerei de saudade da minha garota.
Sinto um aperto no peito e percebo que definitivamente a
perdi.
CAPÍTULO 20

Amanda Lopez
Colin ultimamente tem se comportado muito bem na
minha presença, diria que bem até demais.
Ele tem agido como se estivesse esquecido tudo o que
aconteceu entre nós dois e sei que deveria achar isso uma coisa
boa, mas não consigo.
Percebo que depois do almoço, Colin não para de me olhar e
está me incomodando muito, tanto que ele nem mesmo disfarça na
frente da namorada.
Ainda bem que a garota parece ter classe porque se fosse eu
no lugar dela, já teria feito um escândalo.
Estamos todos na área externa da casa conversando e
bebendo em um clima agradável. Há muito tempo não tinha um
momento tão bom com a família da minha amiga.
É uma pena que com o passar dos anos, papai passou a não
gostar sair de casa, sempre nesses encontros todos perguntam por
ele.
Sou tirada dos meus pensamentos com o celular tocando no
bolso e ao olhar para ver quem está ligando, vejo o nome de papai
na tela.
— Com licença que vou atender meu pai — digo para todos e
me levanto indo em direção a casa. Assim que entro, atendo a
ligação. — Pai, aconteceu alguma coisa?
— Você já conversou com Lara sobre a possibilidade dela
viajar conosco?
Não consigo segurar a risada, meu pai está nervoso achando
que Lara não irá nos acompanhar. Eles desenvolveram uma
amizade muito bonita e Lara demostra gostar muito da companhia
de papai.
— Pai, essa é a sua preocupação? Que Lara não viajem com
a gente?
— Amanda, não conheço ninguém naquela cidade, vai ser
bom ter um conhecido por perto. Além disso, ela sabe cuidar de mim
e faz as coisas como eu gosto.
Fico besta com o que escuto, afinal ele mudou de opinião no
decorrer dos meses.
— Papai, não era o senhor que vivia dizendo que não era
inválido e não precisava dos cuidados de ninguém?
— Mudei de opinião, preciso da Lara cuidando de mim e trate
de convencê-la. Agora vou desligar e não chegue tarde.
— Tudo bem, papai, vou conversar com ela. Não se preocupe
que tenho certeza de que ela irá conosco. E pode ficar tranquilo que
só viajaremos daqui um mês e meio, temos bastante tempo ainda.
Nos despedimos e desligamos.
Assim que coloco o celular de volta no bolso, sinto um par de
mãos me abraçando por trás e um perfume que sei muito bem quem
é o dono.
Meu coração gela e acelera no peito quando ele cheira meu
pescoço.
— Colin, o que vo...
— Por favor, Amanda, não me afaste — diz me segurando
com mais força, me impossibilitando de me mexer.
Ele beija meu pescoço e é impossível não ficar arrepiada,
tanto que acabo suspirando.
— Você fez sua escolha, Colin, meses atrás. Já está até
mesmo em um novo relacionamento. Por favor, me esqueça e me
deixe em paz. Vamos continuar como estamos, nos aturando nos
lugares pelo nosso afilhado. — Tento me soltar, mas ele não deixa.
Tenho medo de que alguém apareça e nos veja nesta
situação.
— Não tomei decisão nenhuma, foi você quem tomou no meu
lugar.
— E o que você queria que tivesse feito? Você já se colocou
no meu lugar alguma vez? Sofri preconceito por parte da sua
família, você não me defendeu e ainda disse para sua mãe que iria
resolver o assunto como se eu fosse uma vadia qualquer. Eu disse
que te amava e você que eu ter me apaixonado era um erro. Na
inauguração da galeria me chamou de interesseira e de vadia com
todas as letras. Tem noção do que senti ao escutar da boca do
homem que amo que sou uma vadia interesseira?
Ele beija o topo da minha cabeça depois fala no meu ouvido:
— Você ainda me ama e acabou de confessar isso. Mesmo
contra sua vontade ainda tem os mesmos sentimentos por mim,
Amanda.
Que droga!
Só agora me dou conta do que acabei de falar.
— Está enganado, Colin, não tenho mais sentimentos por
você. Se ainda aceito ficar no mesmo ambiente que você é pelo
nosso afilhado que não tem nada a ver com nossos problemas.
Ele sorri e lambe meu pescoço.
Filha da mãe, cretino!
— As palavras que saem da sua boca, não condizem com o
que seu corpo diz. Você me quer, Amanda, assim como te quero e
te quero agora.
Colin me vira de uma vez e toma minha boca em um beijo
cheio de saudade.
Faz quase um ano que não ficamos assim tão perto um do
outro e sinto como se fosse derreter em seus braços. Apesar de
tentar muito, não consigo parar de amar esse cretino que só sabe
me machucar cada vez que faz isso.
— Se um dia na sua vida já sentiu qualquer tipo de
sentimento por mim, Colin, me solte e me deixe ir, por favor. Será
que não percebe que cada vez que faz isso me magoa mais ainda?
— digo tentando me soltar, mas ele não deixa.
— Eu é que peço, por favor, Amanda. Vamos ficar juntos uma
última vez e prometo que te deixarei em paz para sempre. Essa
será nossa despedida e depois nunca mais vou interferir na sua
vida.
Ficamos nos encarando enquanto processo suas palavras.
A promessa de que ele nunca mais irá me tocar, a certeza de
que não vou mais senti-lo dentro de mim e que finalmente vamos
virar a página, me faz ponderar seu pedido.
Vou ser obrigada a vê-lo em todas as reuniões de família
acompanhado de outra mulher porque sei que nunca vou conseguir
esquecê-lo.
A única certeza que tenho é que talvez a dor diminua com o
passar dos meses e anos.
Com esse pensamento, aceito uma última vez tê-lo, em uma
despedida que sei que vai me quebrar mais uma vez.
CAPÍTULO 21

Amanda Lopez
Meu olhar já diz a Colin a decisão que tomei. Com a
certeza que dou, o homem me puxa para um beijo desesperado,
cheio de prazer e correspondo avidamente.
Eu o quero tanto quanto ele me quer, nem que seja pela
última vez.
Colin enlaça meu corpo e pulo em seu colo passando minhas
pernas por sua cintura. Comigo em seus braços, ele vai em direção
a escada.
Quando estamos na metade do caminho, afasto nossas
bocas e pergunto:
— Para onde está me levando, Colin?
— Para o quarto do Anthony. Conheço esse lugar como a
palma da mão. O quarto do Anthony é o último, ninguém vai nos
escutar. — Não espera minha resposta e volta a me beijar.
Quero tudo dele hoje.
Pela última vez ele será meu e eu serei dele.
Colin abre a porta do quarto, a fechando na chave logo em
seguida.
Desço do seu colo e me jogo em cima da cama.
Sem perder tempo, ele começa a tirar a roupa enquanto faço
a mesma coisa.
Chega a ser desesperador a vontade de tê-lo mais uma vez.
Ele sorri se aproximando da cama e se inclina tocando meus
lábios delicadamente, abrindo espaço antes de enfiar a língua e
aprofundar o beijo.
De repente, se inclina sobre meu corpo, fazendo minhas
costas encontrarem o colchão macio.
Suas mãos descem até minha coxa, separando-as.
O ar esquenta de repente e minha respiração fica acelerada.
— Hoje, vou fazer amor com você, Amanda.
Concordo timidamente.
Colin beija meu pescoço, depois desce para o ombro até
alcançar meus seios sensíveis. Logo ele sobe e sua língua entra
com avidez na minha boca, explorando-a, enquanto minhas unhas
arranham suas costas. Ele tira minha calcinha que ainda estava no
meu corpo e me faz cair na cama de novo, mantendo minhas pernas
abertas enquanto beija entre elas.
— Colin... — gemo arqueando o corpo quando sua língua
encontra meu clitóris sensível.
O lençol macio está entre meus dedos enquanto Colin me
lambe, morde e chupa.
Ele sabe perfeitamente como levar uma mulher à loucura na
hora do sexo e comigo não está sendo diferente.
— Goza para mim, Amanda.
É como se meu corpo estivesse apenas esperando um
incentivo para começar a se libertar. Meus músculos ficam rígidos e
meu corpo estremece quando a tensão toma conta dele, ansiando
por sair.
Agarro os lençóis com mais força enquanto arquejo com os
espasmos, tremendo sobre a cama. Minha mente fica vazia e meus
sentidos somem por alguns instantes.
— Isso, gostosa.
Colin continua acabando com minha sanidade, minha
respiração está irregular e meu corpo explode em milhões de
pedaços dentro do meu peito.
Gozo como nunca gozei na vida, gemendo alto e chamando o
nome de Colin, o homem que é minha ruína.
Antes que possa me recuperar do orgasmo, ele se debruça
sobre meu corpo e pressiona o membro na minha entrada.
Posso senti-lo crescer cada vez mais, latejando contra minha
carne úmida.
— Vou entrar agora, tudo bem? — Beija minha testa.
— Sim...
Ele empurra fundo e a sensação é poderosa quando se move
devagar e depois rapidamente.
Sinto seu peso sobre meu corpo enquanto mete fundo e
acerta em cheio algo dentro de mim.
Algo sensível que me deixa louca toda vez que ele toca.
A pressão em meu ventre está me enlouquecendo.
— Está gostando?
Não consigo responder, apenas continuo me contorcendo
embaixo dele enquanto seu pênis mergulha em mim.
Sua língua vem de encontro a minha boca depois de chupar
meu pescoço.
— Ah! — Mordo os lábios tentando controlar os gemidos.
— Isso, se solta, Amanda.
Colin aumenta o ritmo e suas bolas batem firme em mim.
Nossas respirações estão tão aceleradas que mal consigo
ouvir as coisas que ele diz.
Ele golpeia forte enquanto gozo pela segunda vez.
Ouço seu gemido alto indicando que virá logo depois de mim.
Logo em seguida cai sobre meu corpo com nossas
respirações aos poucos voltando ao normal.
Nossos corpos permanecem colados e suados enquanto
sinto uma vontade enorme de chorar.
Não consigo segurar as lágrimas que começam a escorrer
pelo meu rosto.
— Colin...
— Eu sei, Amanda. Eu sei, querida, e sinto muito mesmo —
diz me fazendo carinho.
Ele beija meu rosto depois minha boca e é impossível não
soluçar.
Essa é nossa despedida e sabemos disso.
Ele parece querer guardar todas as lembranças do meu
corpo e dos meus beijos porque não me solta e não sai de cima de
mim.
Quando ele leva os beijos para meu pescoço, sussurra em
meu ouvido:
— Quando passarmos por aquela porta voltaremos a ser
apenas Amanda e Colin, os padrinhos de Adrian Jones. Não
teremos mais nada um com o outro e vou cumprir a promessa que
fiz a você. Nunca mais vou interferir na sua vida.
— Por favor...
Deus, estou me humilhando por um homem que não me quer.
— Não podemos ficar juntos, Amanda, entenda isso de uma
vez — diz saindo de dentro de mim.
Coloco as mãos na boca querendo evitar o choro alto.
Ele começa a se vestir de costas enquanto não consigo tirar
os olhos dele.
Quando ele coloca a última peça de roupa no corpo, segue
até a porta, mas antes de abri-la se vira para me olhar na cama.
— Não mereço nenhuma maldita lágrima que está
derramando. Sei que estou sendo o maior cretino, filho da puta com
você. Mas não tenha dúvidas, Amanda, não está cedo difícil apenas
para você. Espero sinceramente que consiga me esquecer e que
seja feliz. Você merece tudo o que há de melhor nessa vida e não
sou o melhor para você. — Abre a porta dando de cara com Oliver
que o encara como se quisesse matá-lo.
— Na próxima vez que ousar fazer isso com ela, destruo sua
família. Vou começar pelo lugar que tanto se orgulham. Você me
conhece, Colin, e sabe que não faço promessas vazias e inválidas.
Colin não demostra nenhuma reação perante a ameaça que
recebe.
— Eu sei, Oliver, cuide dela e do pai dela, por favor.
— Vou cuidar e não se esqueça do que acabei de falar.
— Não irei.
Ele sai sem nem mesmo olhar para trás e como previ, estou
mais uma vez quebrada e destruída.
CAPÍTULO 22

Amanda Lopez
Oliver entra no quarto e fecha a porta vindo em minha
direção.
Ele para na minha frente, me olhando com um olhar
reprovador.
— Olha só seu estado, Amanda? Pelo amor de Deus! O que
passou pela sua cabeça? Achei que você já estivesse superado
esse homem.
Eu me mexo na cama, me levanto e sigo para o banheiro.
— Isso não vai mais acontecer — digo quando entro e ele
fica parado na porta me olhando.
— Será que não? Falou a mesma coisa na última vez em que
transou com ele dentro de um banheiro.
— Dessa vez é diferente, Ollie, sabia o que estava fazendo e
concordei, mesmo ciente das consequências. Agora acabou. Colin é
o homem que saiu da minha vida e o que aconteceu foi nossa
despedida definitiva.
— Espero mesmo que tenha acabado, Amanda, não vou ficar
passando a mão na sua cabeça toda vez que fizer uma merda como
essa. Agora termine de se limpar e se vista que já vamos embora.
Oliver nunca falou neste tom comigo, o que demostra que
está chateado.
Como não estou em condições de falar nada, me calo e faço
o que ele fala.
***
Quando saio do banheiro, a cama está perfeitamente
arrumada e ele está sentado em uma poltrona, me olhando como se
quisesse me bater.
— Você arrumou a cama? — pergunto indo até minhas
roupas e começo a vesti-las rapidamente.
— Tenho certeza de que quando a senhorita entrou aqui, ela
estava arrumada, não estava? É falta de educação chegar na casa
das pessoas, invadir os quartos, transar e nem se dar ao trabalho de
arrumar a cama. É mais uma que você está me devendo.
Se Oliver fosse me cobrar todos os favores que me faz, teria
uma dívida eterna com ele.
— Muito obrigada e me desculpe se te desapontei.
— Desapontou sim, mas também te entendo perfeitamente.
Não vou te julgar, Amanda, só espero que não se arrependa das
decisões que toma. Agora vamos descer que as pessoas já devem
estar estranhando seu sumiço.
Como sempre ele tem razão mais uma vez.
Descemos a escada e encontramos Emily e Anthony na sala,
com o bebê no carrinho.
— Onde estava, Amanda? Saiu para atender a ligação do
seu pai e sumiu — Emily pergunta séria, como se estivesse
preocupada comigo.
Me sinto mal por estar fazendo isso, mas antes que consiga
abrir a boca para responder, Oliver fala no meu lugar.
— Ela não estava se sentindo muito bem, Emily, mas não se
preocupe, já passou.
— Nossa, o Colin também disse que não estava se sentindo
bem e foi embora. Já está melhor, Amanda?
A situação chega a se constrangedora e só piora quando
Anthony dá uma gargalhada matando a charada.
— Me diz, Amanda, foi no meu quarto ou em algum dos
quartos de hóspedes.
Agora sim, Emily entende o que ele fala.
— Meu Deus, Amanda! Você não fez isso?
Não adianta esconder nada deles que claramente já
entenderam o que Colin e eu fizemos.
— Fiz sim, amiga, e foi no seu quarto Anthony. Parabéns, sua
cama é muito macia.
Agora todos sorriem da situação.
Vou até o bebezinho mais lindo do mundo e dou um beijinho
nele, me despedindo da sua fofura.
— Já vou para casa, Emily, prometi ao papai que não
chegaria tarde e ainda tenho que conversar com Lara sobre nossa
viajem. Papai se recusa a viajar sem ela, acredita nisso.
Ela sorri, se aproxima e me abraça forte, como sempre faz.
Esse pequeno gesto me faz sentir tão bem.
Emily sempre sabe quando estou precisando de um abraço.
— Tudo bem, Anthony e eu também já estamos voltando para
nossa casa, antes que minha sogra resolva sequestrar meu filho.
— Mas ele é muito fofo, também sinto vontade de sequestrá-
lo.
— Você não aguentaria dois dias e me devolveria. Acredite
no que falo, não é nada fácil cuidar de um bebê, por mais fofo que
ele seja.
— Está exagerando, Emily, uma coisinha tão pequena dessas
não daria tanto trabalho assim.
— Vai entender quando tiver seus próprios filhos.
Sinto um arrepio quando ela fala essa frase.
Quero ser mãe, mas não pretendo ter um filho tão cedo.
— Isso irá demorar muitos e muitos anos para acontecer.
Agora, já vou. Tchauzinho, bebê.
Nos despedimos e Oliver me leva para casa.
CAPÍTULO 23

Amanda Lopez
Estamos, Emily, Oliver e eu dentro da nossa sala na
galeria de arte a portas fechadas.
Literalmente fechada na chave para que ninguém entre e nos
atrapalhe.
Meu coração está batendo tão rápido que parece que a
qualquer momento vai pular pela boca.
— Têm certeza de que fizeram isso certo? — Oliver pergunta
sério, encarando o objeto que irá decidir minha vida, em cima da
mesa.
— Fiz como mandava na caixa — respondo completamente
nervosa e suando frio.
— Está com quantos dias de atraso mesmo, Amanda? —
Agora é a vez de Emily perguntar sem tirar os olhos do teste de
gravidez a nossa frente.
— Oito dias e nunca atraso, Emily. Sou um relógio e sabe
disso — digo roendo as unhas.
— Com quantos minutos diz na caixa que aparece o
resultado? — Oliver pergunta olhando para nós duas.
Pego a caixa para ver e Emily o relógio.
Quando estou prestes a ler as instruções pela décima vez,
Oliver suspira.
— Não precisa mais olhar, Amanda. Parabéns, vai ser
mamãe.
Levanto a cabeça e olho para ele que me encara como se
não estivesse acreditando que estou grávida.
— Meu Deus, vou ser titia! Na verdade, vou ser madrinha que
é melhor ainda.
Olho para a mulher que parece que aprendeu com o marido a
fazer gracinhas, repetindo exatamente o que disse a ela, quando
descobri sua gravidez.
— Não acredito que deu positivo, mas como deu positivo? —
pergunto abobalhada, segurando o teste em minhas mãos.
— É isso que acontece quando se faz sexo sem camisinha.
Fala sério, Amanda, não tomava anticoncepcional? — Oliver
pergunta chateado.
— Parei de tomar quando parei de fazer sexo.
— Acontece que você fez sexo e sem proteção nenhuma,
agora está aí a consequência. Você não disse que estava ciente das
consequências? Agora é só esperar a consequência nascer.
— Ollie, não fala assim com a Amanda. Ela já está nervosa
demais e isso não vai fazer bem para o bebê. — Emily tenta
interceder por mim, mas Oliver parece não escutar e se levanta da
cadeira nervoso com a situação.
— Emily, dessa vez não vamos segurar a barra da Amanda.
Ela foi irresponsável a um nível extremo quando resolveu transar no
dia do batizado do afilhado, sem proteção nenhuma com um homem
que só a fez sofrer. Agora tem uma criança inocente no meio dessa
confusão toda e para piorar tudo ela viaja em três dias para Nova
York. Não dá para simplesmente cancelar tudo, não agora que já
tem uma equipe inteira esperando por ela. Pessoas que dependem
dos empregos que foram gerados com a abertura da filial. Isso sem
falar nos milhões de dólares que Anthony e eu investimos.
— Ollie...
— Não, Emily, por favor. Não estou sendo mesquinho por
causa do dinheiro. Dinheiro é o que menos importa aqui. Só quero
que a Amanda entenda que nos colocou em uma situação
complicada. Agora ela vai ter que ser responsável pelos atos dela e
as decisões que toma. Falei que não iria mais passar a mão na
cabeça dela. Ela tomou a decisão errada e agora vai resolver essa
bagunça sozinha.
— Chega, Oliver, não vou permitir que fale dessa maneira
com ela. Amanda é nossa amiga e vamos ajudá-la a passar por
esse momento conturbado. Tenho certeza de que se fosse seu filho
no ventre dela, não estaria desse jeito.
— Tem razão, Emily, não estaria e sabe por quê? Porque eu
seria homem de assumi-la junto com o filho que implorei para que
ela carregasse. Mas ela disse que não com todas as letras.
— Chega vocês dois, parem de brigar. — Resolvo me
manifestar antes que Emily voe em cima do Oliver e tente bater
nele.
— Ollie tem razão, Emily, fui irresponsável e vou resolver
tudo. Não precisam cancelar nada, vamos manter os planos, a
viagem ainda continua de pé.
Oliver me encara sério, respira fundo e me sentencia sem me
dar escolhas.
— Vai contar para o pai da criança que está grávida.
Não quero nem imaginar a reação de Colin ao descobrir essa
gravidez, ainda mais agora que ele assumiu publicamente seu
relacionamento com Scarlett.
— Não, Oliver...
— Você vai, Amanda. Ele tem o direito de saber e de decidir
o que fará a respeito da situação. Você não vai seguir os exemplos
das noras da família Smith, que sumiram no mundo carregando
herdeiros valiosos no ventre, sem se importar com as
consequências dos seus atos e os perigos que corriam soltas pelo
mundo.
— O meu filho...
— O seu filho é herdeiro da família do Colin, quer eles
gostem ou não, Amanda. Tem noção do quanto você será valiosa se
pessoas de má índole colocarem as mãos em você, grávida de
Colin Lewis?
Balanço a cabeça em negativa, pois, nunca parei para olhar
as coisas por esse ponto de vista.
— Você e Emily não sabem como o mundo funciona lá fora,
sempre foram protegidas.
— Isso não é verdade, nunca tive ninguém para me proteger
do mundo. Sempre enfrentei o mundo sozinha e vou fazer isso de
novo se for preciso.
Oliver sorri debochadamente e me olha.
— Acha mesmo que não, Amanda? Quando vocês duas se
conheceram, o pai de Emily te protegia porque eram inseparáveis.
Quando ele não conseguiu mais proteger, Anthony tomou essa
função para si. Tem ideia de quantas tentativas de sequestro meus
homens já impediram? As pessoas têm a ideia absurda de que
temos alguma coisa um com o outro. Você é uma mulher rica agora,
Amanda, famosa pelo mundo. Cai na real de uma vez e se coloque
no seu lugar. Chega de se fazer de vítima da sociedade que não te
aceita porque é filha de imigrantes. Você mesmo se sabota.
— CHEGA, OLIVER, OU SE CONTROLA OU VAI EMBORA
DAQUI — Emily grita batendo as mãos na mesa, atraindo nossa
atenção para ela.
— Acho melhor eu ir embora, vejo que as duas já são
independentes o suficiente para resolverem as coisas sem minha
ajuda — diz saindo sala e batendo a porta com força.
Não consigo me segurar e começo a chorar sem saber o que
fazer da minha vida.
— Amanda, não chora, acalme-se. Tem que pensar no bebê,
agora não está mais sozinha. Caso Colin não queira assumir o filho,
sempre vou estar aqui para te ajudar. Vamos juntas criar seu bebê.
Não ligue para o que o Oliver disse, ele está apenas nervoso porque
se preocupa com você. Daqui a pouco ele volta mais calmo e te
pede perdão.
— Vou dar um chute bem no meio das bolas dele, isso é o
que vou fazer.
— Isso, faça isso. Eu te ajudo, querida. Agora acalme-se,
está bem?
Eu me aconchego nos braços de Emily e após alguns
minutos me vejo mais calma.
— Tenho que conversar com Colin antes de viajar. Preciso
contar tudo a ele e vou fazer isso agora mesmo. Será que você
consegue descobrir se ele está no grupo Jones?
— Não precisa fazer isso hoje, Amanda, acabou de se
acalmar.
— Não posso adiar essa conversa, Emily, preciso decidir e já
sei como conversar com ele. Não se preocupe, prometo que não
vou ficar nervosa, meu filho agora vem em primeiro lugar.
— Tudo bem, mas tem que me prometer que vai me ligar
assim que terminar a conversa com ele. Vou ligar para a secretária
do Thony e perguntar pelo Colin.
Emily pega o telefone e faz a ligação confirmando que Colin
está na empresa.
— Eu vou lá, espere pela minha ligação.
— Boa sorte e tente manter a calma. Pense sempre no seu
filho em primeiro lugar.
Com essas palavras saio da nossa sala e vou até o
estacionamento da galeria.
Entro no meu carro e dirijo até o grupo Jones.
CAPÍTULO 24

Amanda Lopez
Chego ao grupo Jones e entro sem grandes problemas,
já que a maioria das pessoas aqui me conhece.
Diferente das outras vezes, não vou para o andar
presidência, mas para o andar jurídico onde Colin é o diretor.
— Boa tarde, gostaria de falar com o Colin.
A secretária dele me olha séria, como se eu fosse louca de
chegar e pedir para falar com o diretor do departamento jurídico,
sem marcar um horário.
— Desculpa, senhorita, mas sem marcar um horário não vai
conseguir falar com o senhor Lewis.
— Pode pelo menos me dizer se ele está?
— Ele está sim.
— Pois pegue seu telefone, ligue para ele, fale que Amanda
Lopez está aqui e quer vê-lo. Ou ligo agora mesmo para Anthony
Jones e falo que a secretária do melhor amigo dele não está
fazendo direito seu trabalho.
A mulher empalidece na minha frente e fico com pena dela,
mas se não for assim ela não vai me anunciar.
A outra opção é invadir o escritório dele e não quero começar
uma conversa tão importante com uma briga.
— Senhor Lewis, Amanda Lopez está aqui querendo vê-lo,
posso deixá-la entrar?
Fico olhando para ela, enquanto penso. Ele que não se
atreva a dizer que não posso entrar, pois, aí passo para o plano B.
— Sim, senhor — responde alguma coisa que ele fala e
depois olha para mim.
— A senhorita pode entrar, mas ele mandou dizer que está
acompanhado pela namorada. A senhorita é quem decide agora se
entra ou não.
Essa é uma decisão difícil de ser tomada, mas não posso
adiar o assunto que vim resolver aqui.
— Eu vou entrar, obrigada. — Vou até à porta e dou duas
batidas.
— Entre.
Só de escutar essa voz já fico nervosa, mas tento me
controlar.
Abro a porta e vejo Colin sentado em sua mesa enquanto
Scarlett está sentada em um sofá próximo.
— Amanda, o que você quer? Aconteceu alguma coisa?
Algum problema na galeria?
— Preciso falar com você em particular, por favor.
Scarlett vadia gargalha alto.
— Você é corajosa, isso tenho que admitir. Eu até te
admirava, sabia? Mas depois do que minha sogra falou ao seu
respeito, mudei de ideia.
Que mulherzinha nojenta, se acha melhor do que todo
mundo.
— Uma pena que não me importe com sua opinião e muito
menos com o que pensa a meu respeito. É melhor ficar caladinha
para não passar vergonha.
— Amanda, o que você quer? — Colin pergunta me
encarando, não entendendo o que estou fazendo em sua sala.
— Falar com você em particular, já disse.
— Como você é atrevida, vou mandar os seguranças tirarem
você daqui à força.
Quando vou responder como ela merece, Colin fala:
— Quieta, Scarlett. Me deixa resolver esse assunto, saia
agora.
Minha vontade é de rir da cara dela, mas resolvo ficar na
minha.
— Mas Colin...
— Vá para casa que te encontro lá mais tarde.
Sinto meu coração apertar quando escuto ele falando isso.
Será que os dois já estão morando juntos?
— Tudo bem, resolva o que tem que resolver de uma vez por
todas com essa daí e me encontre em casa para jantarmos juntos.
Mas que abusada essa mulher!
— Tenha mais respeito quando for falar da minha pessoa,
sua coisinha insignificante. Agora saia daqui que o assunto que
tenho para falar com seu homem é muito importante.
Ela está prestes a rebater quando Colin fala.
— Scarlett, por favor, me espere em casa.
Ela pega a bolsa chique e sai da sala nem um pouquinho
satisfeita.
— Vocês dois estão morando juntos? — A pergunta sai sem
mesmo perceber.
— Creio que não veio aqui no meio da tarde expulsar minha
namorada da minha sala para me perguntar isso.
— Tem razão.
— O que quer, Amanda?
Minha vontade é de jogar a bomba de uma vez no colo dele,
mas tenho que ser cautelosa.
— Quero falar sobre nós dois, é um assunto importante e
delicado no qual temos...
— Amanda, pode parar. Pensei que as coisas já estavam
claras entre nós dois, estou cumprindo minha palavra e você deveria
estar cumprindo a sua. Já deixei claro que não podemos ficar juntos.
Será que é tão difícil isso entrar na sua cabeça? Não quero mais
magoar você e te peço, por favor, não me obrigue a ser grosso.
Respiro fundo percebendo como fui burra.
Como pude ser tão tola em achar que ele fosse me tratar de
maneira diferente.
Ele não merece ser pai, muito menos do meu filho.
Vou ter que criar essa criança sozinha.
— Você tem certeza do que está falando, Colin? Essa é a sua
decisão final? — Ainda pergunto para não ficar com a consciência
pesada.
Se ele não me quer também não vai querer meu filho.
— Tomei essa decisão há um mês e meio. Sinceramente, não
entendo o motivo de ter vindo aqui. Que eu saiba, você viaja em três
dias, deve ter coisa mais importante para fazer do que vir até aqui
para me falar que quer conversar sobre nós dois. Não existe nós,
Amanda, e nunca existiu. Vamos seguir cada um seu caminho
agora.
Olho bem dentro dos seus olhos uma última vez e falo para
que ele guarde bem minhas palavras.
— Um dia você vai se arrepender de cada palavra que falou
hoje, Colin, isso garanto a você. Nunca mais se aproxime de mim e
nem dirija me a palavra novamente. Se por um acaso, um dia
falarmos de novo será pelo Adrian. Realmente, não temos mais
nada um com o outro, nada. Adeus, Colin. — Não espero ele falar
mais nada e saio pela porta.
— AMANDA... — grita meu nome, mas finjo não escutar.
Hoje, aqui nessa empresa morreu uma Amanda e nasceu
outra.
CAPÍTULO 25

Colin Lewis
Quando Amanda afirma que vou me arrepender de cada
palavra que falei e me dá o seu adeus, demostrando que nunca
mais vai chegar perto de mim, sinto um desespero grande invadir
cada partícula do meu corpo.
É como se estivesse perdendo a pessoa mais importante da
minha vida.
O sentimento de perda invade meu corpo sem pedir licença.
— AMANDA... — Ainda tento chamar por ela, mas finge não
escutar e sai batendo a porta. — Porra, Amanda, volta aqui — digo
me levantado e indo atrás dela.
Quando abro a porta do escritório vejo as portas do elevador
fechando e uma lágrima escorre pelo seu rosto.
— LIGUE PARA RECEPÇÃO E DIGA PARA OS
SEGURANÇAS PARAREM AQUELA MULHER. NÃO PERMITA
QUE ELA SAIA DO PRÉDIO DE MANEIRA NENHUMA — grito para
minha secretária.
Ela pega o telefone nervosa e quando vai falar alguma coisa,
o telefone é arrancado da sua mão por Anthony.
— Entre na sua sala agora mesmo — diz de forma autoritária.
Entra na minha sala na frente e vou logo atrás fechando a
porta.
— Tenho que parar a Amanda, Thony, tem alguma coisa
muito errada com ela. Ela estava diferente, queria falar alguma coisa
e não deixei, preciso...
— Você não precisa porra nenhuma, Colin. É meu melhor
amigo, somos irmãos, cara. Aquela mulher que saiu de dentro do
seu escritório em lágrimas é a melhor amiga da minha esposa, é
como se fossem irmãs. Toda vez que faz uma merda dessa como
acabou de fazer, minha esposa fica infeliz e se ela fica infeliz, torna
minha vida um inferno. Vai deixar a Amanda em paz para que minha
esposa que tanto amo fique feliz e não se recuse a fazer amor
comigo, dizendo que está preocupada com a amiga por sua causa.
Gosto muito de fazer amor com minha mulher e ultimamente não
estou fazendo por sua causa. Sua vida particular está afetando
minha vida sexual.
— Dessa vez a perdi, Thony. Amanda nunca vai me perdoar
— digo me sentando no sofá ao lado da minha mesa.
— Você a perdeu no dia em que não escolheu defendê-la da
sua mãe.
— Thony...
— Não estou te julgado, Colin. Teve uma criação diferente da
minha, cresceu sendo submisso aos seus pais. Sei que é difícil para
você tomar partido de um lado quando sua família espera tudo de
você.
— Como soube que ela estava aqui?
— Emily me ligou, acho que minha esposa já previa o que iria
acontecer.
— Ela falou qual era o assunto que Amanda queria falar
comigo?
— Não, ela só me disse que se você fizesse Amanda chorar
era pra chutar sua bunda.
— Eu fui duro com ela, Thony. Não quero mais magoá-la. Eu,
eu, eu, cara. Eu acho que...
— Se apaixonou por Amanda e só se deu conta disso agora
que a perdeu. Eu mais do que ninguém sei bem como é isso, meu
amigo, mas agora é tarde demais para você. Se a ama de verdade,
a deixe ir sem maiores problemas porque nos dois sabemos que
você não teria coragem de enfrentar dona Chloe e seu Patrick para
ficar com ela. Não teve coragem de fazer isso anos atrás e não teve
agora.
Fico pensado nas palavras de Anthony e me pergunto que
tipo de homem eu sou.
— Ela disse que um dia iria me arrepender de ter feito isso.
Tony sorri como se estivesse falado uma piada.
— Você já está arrependido, amigo. O que te resta a fazer é
esquecer que um dia Amanda existiu na sua vida. Com o passar dos
meses ou anos quem sabe ela não aceite ficar pelo menos na
mesma sala que você. Irmão, aquela mulher que vi sair da sua sala
é uma Amanda quebrada. Nós dois sabemos muito bem que ela não
é ligada em conveniências, está de mudança para Nova York e
tenho certeza de que vai usar seus encantos para te esquecer. E ela
não está errada em fazer isso.
Só de imaginar Amanda com outro homem sinto a raiva me
consumir.
— Que bom amigo você é, Thony.
— Estou sendo realista, Colin. Essa é a consequência dos
seus atos e ações, seu castigo vai ser imaginar a mulher por quem
acabou de descobrir que está apaixonado com outro homem.
Lembre-se de Oliver, ele não esconde de ninguém o interesse que
tem nela e o principal não tem vergonha das origens da garota.
Amanda seria muito tola se não aceitasse ficar com ele.
Minha vontade e de esmurrar a cara de Anthony.
— Nunca tive vergonha da Amanda.
— Mas sua família sim.
— Eu só queria protegê-la.
— E fez isso a afastando de você. Agora seja homem e
encare a situação em que se colocou. Vou voltar para minha sala,
tenho muito trabalho para fazer e você também. Concentre-se no
seu trabalho e mesmo sendo difícil trate de esquecer a mulher que
acabou de sair daqui. Viva a sua vida, deixando a dela em paz, por
favor, para o bem da minha sanidade. — Bate no meu ombro e sai
da minha sala.
Fico no mesmo lugar, pensando em como foi que permiti que
minha vida virasse uma merda como está agora.
CAPÍTULO 26

Amanda Lopez
Saio do escritório de Colin batendo a porta com força e
vou direto para o elevador, sem nem mesmo olhar para trás.
Chego no estacionamento e quando me aproximo do meu
carro, vejo Oliver encostado nele.
Não estou com paciência no momento para os ataques de
sabedoria dele.
— Sua empresa faliu para ter tanto tempo disponível e ficar
me seguindo?
Ele sorri do que falo, mas ainda estou com raiva dele.
— Sei que mereço toda sua grosseria, me desculpe pelo que
falei mais cedo. Se estou aqui é porque me arrependi. Sabia que
Colin não iria entender a sua vinda e pela sua cara acho que tenho
razão.
Vou até ele o abraçando e ele corresponde.
— Ele é um idiota.
— Disso já sabíamos, minha querida. Agora vamos para
minha casa, precisa descansar um pouco. Já avisei ao seu pai que
vai passar a noite comigo.
— E ele não quis te matar?
Papai sente ciúme de Oliver e nunca entendi o motivo.
— Por que ele faria isso? O homem simplesmente me adora.
Ele gosta muito de conversar sobre petróleo, teria sido um excelente
executivo se tivesse a chance de estudar.
— Você comprou meu pai com essa sua lábia. Ele vai querer
me matar Ollie quando descobrir que estou grávida.
— Ele não vai matar coisa nenhuma, talvez vá brigar com
você. Mas no final, tudo o que pode fazer é te apoiar como sempre
fez desde o dia em que você nasceu.
— Ele vai ficar muito decepcionado comigo e nunca o
decepcionei.
— Sempre tem uma primeira vez para tudo, minha querida.
Agora não pense nisso, entre no carro e vamos.
Entrego a chave do meu carro para ele que logo entra no
lado do motorista e vou para o lado do passageiro.
Quando ele coloca o carro em movimento, pergunto:
— Onde está seu carro?
— Os seguranças estão logo atrás, meu carro está com eles.
— Oliver, aquilo que você falou de me proteger...
— Venho fazendo isso desde o dia em que assinamos o
contrato de investimento.
— Nunca percebi nada.
— Isso é muito bom, significa que minha equipe de
segurança sabe fazer o serviço direito. Atualmente tenho oito
seguranças com você, dia e noite.
Olho para ele sem acreditar no que escuto.
— Oito seguranças!?
— Já tentaram te sequestrar duas vezes, sua teimosa. Por
que acha que mandei trocar seu carro sem a sua permissão? Esse
aqui tem rastreador e a equipe de segurança consegue saber onde
você está.
— Meu Deus, Oliver, por que queriam me sequestrar?
— Usar você para me chantagear e arrancar dinheiro. É um
bom plano, Amanda. Muitas pessoas acham que temos um caso e
nunca desmentimos as histórias. Constantemente somo vistos
juntos, então você se torna valiosa para meus inimigos que não são
poucos.
— Nunca imaginei uma coisa dessas.
— Agora que sabe, seja cuidadosa daqui pra frente. Vou ter
que me preocupar com duas vidas em vez de uma.
Acho que deve ser pela gravidez, mas quando escuto isso
começo a chorar que nem uma criança.
— Ollie...
— Não vou te deixar, Amanda. Não conseguiria fazer isso
ainda mais agora, grávida de um filho da puta, que tenho certeza
que não quis te assumir. Eu já fiz muita coisa ruim na vida,
Amandinha, e tenho muito sangue nas mãos. Acho que Deus deve
ter colocado você na minha vida para que possa me redimir dos
meus pecados, é a única explicação.
— Não gosto quando fala essas coisas, não consigo imaginar
você fazendo mal a ninguém.
— Mas eu já fiz, minha querida, já te falei uma vez. Uma
família poderosa como a minha não chegou ao patamar que está
fazendo as coisas de maneira cem por cento certa. Como já falei,
acho que você deve ser minha redenção. Você é minha amiga e não
vou te abandonar quando mais precisa de mim.
— Obrigada, Oliver — digo soluçando.
Ele me olha com uma cara engraçada e me entrega um
lenço.
— Amanda, o que deu em você para estar chorando desse
jeito?
— Eu não sei, mas não consigo parar, Ollie.
— Pois trate de se acalmar, isso não vai fazer bem para o
bebê. Emily disse que você sempre tem que pensar no bebê em
primeiro lugar.
Balanço a cabeça concordando.
***
Depois de um tempo chegamos na mansão dele e estou bem
mais calma.
Subo direto para o quarto de Oliver e me jogo na sua cama
sem ao menos tomar banho.
Sei que ele odeia isso, mas não vai me contrariar agora que
estou grávida.
— Você se joga na minha cama sem ao mesmo tomar banho,
acabou de chegar da rua.
— Não pode brigar comigo, estou grávida. Me deixa quieta,
daqui a pouco tomo banho.
Ele respira fundo, passando as mãos pelo cabelo, se
controlando para não brigar comigo.
— Um dia Colin Lewis vai me pagar caro por isso.
Agora é minha vez de suspirar alto.
— Ele nem me deixou falar, Ollie, tentei, mas não consegui.
Não consegui dizer a ele que estava grávida. Ele deixou bem claro
que não me quer, então decidi que meu bebê não precisa dele. Se
ele não me quer, também não vai querer meu filho.
Ele se aproxima, se senta na beirada da cama e me puxa
para seus braços beijando meu cabelo.
— Eu sinto muito, Amanda. Você tem razão, nem você, nem
seu filho vão precisar dele. Não vou deixar nada faltar a vocês dois,
apesar de que já é rica o suficiente para fazer isso sem ajuda. Faço
questão de ajudá-la em tudo o que precisar.
— Tirei Colin Lewis da minha vida hoje e vou ficar muito
melhor sem ele. Meu bebê e eu ficaremos bem.
Decido que esse ciclo da minha vida se encerra hoje e nunca
mais vou tocar nesse nome. Vou evitá-lo o quanto puder e antes que
Oliver fale alguma coisa, mudo o foco da conversa.
— Ollie, acho que estou com desejo de sorvete.
Ele me joga de volta em cima da cama e começo a rir da cara
que faz.
— Descobriu que está grávida a menos de quatro horas, isso
não é desejo.
— Ollie, o bebê quer comer sorvete. Você não pode fazer
isso, vou sofrer. Você quer que eu sofra?
Ele se levanta da cama chateado, mas me mantenho séria.
— Está falando sério, Amanda?
— Quero sorvete com aquelas casquinhas crocantes, por
favor.
Ele me olha incrédulo e está sendo muito difícil ficar séria, o
vendo desse jeito.
— Vou mandar um dos seguranças comprar o maldito sorvete
para você. Vê se não inventa desejo de madrugada ou vai ficar na
vontade — diz saindo do quarto, batendo a porta.
Só então caio na gargalhada, tenho a certeza de que meu
bebê e eu ficaremos bem.
CAPÍTULO 27

Amanda Lopez
Nova York, um ano e meio depois...
Sou acordada por meu celular despertando e minha
vontade e de bater no Oliver por ainda não ter desligado o aparelho.
Fui dormir muito tarde ontem e estou morta de sono.
Com isso em mente, dou um chute no homem ao meu lado.
— Oliver, desliga, hoje é sábado — digo demostrando toda
minha indignação de estar sendo acordada a essa hora.
— Ficou louca de vez?
— Estou morrendo de sono, Ryan não dormiu bem ontem à
noite e esse celular despertando a essa hora da manhã é tortura.
— Sei que ele não dormiu bem porque estava junto com
você, ajudado a cuidar dele. E seu celular não está despertando,
sua maluca, ele está tocando, acorda de uma vez.
Agora sim, me desperto de vez.
Quem me ligaria a essa hora da manhã?
— Você viu quem estava ligando?
— Amanda, o celular está do seu lado é só esticar a mão e
pegar o aparelho na mesinha de cabeceira.
Estou prestes a pegar o aparelho quando me dou conta de
uma coisa.
— O que você está fazendo dormindo na minha cama? Esse
é meu quarto e não o seu.
— Vou te lembrar disso da próxima vez que me pedir ajuda,
sua mal-agradecida. Apaguei depois que Ryan dormiu. Lembre-se
de ligar para o pediatra vir vê-lo, ele não costuma dar trabalho à
noite e você sabe muito bem que ele não pode adoecer.
— Tem razão, vou ligar para o médico mais tarde.
Descobrimos ainda recém-nascido que Ryan tem alergia de
medicamentos, por isso, fazemos de tudo para que ele não adoeça.
— Certo, agora veja quem estava te ligando.
Eu me viro e pego o celular que está do meu lado, me
deparando com uma ligação perdida de Anthony.
Quando estou prestes a retornar, ele liga novamente.
— Thony, bom dia.
— Bom dia, Amanda, minha filha nasceu.
É nítida a felicidade dele pela voz.
Emily ficou tão chateada com uma nova gravidez inesperada,
afinal Adrian tinha acabado de completar um ano.
Ela veio ficar uma semana aqui comigo e era engraçado vê-la
culpar apenas o Anthony por ter engravidado, como se a culpa não
fosse dela por ter esquecido de tomar o anticoncepcional.
— Como a Emily está? E a bebê está bem?
— Elas estão bem, Amanda, e minha filha é linda e perfeita.
— Que alegria, Thony, como queria estar aí com vocês.
— Foi justamente por isso que te liguei, Amanda. Está na
hora de voltar, Emily precisa de você na galeria. A filial de Nova York
tem gente mais do que capacitada para cuidar de tudo. Aqui, apesar
da equipe ser de primeira, Emily só confia na Bruna e em você para
tomar conta de tudo. Sem falar que vocês precisam acertar as
coisas para a próxima exposição. Precisamos de você, Amanda,
volte o mais rápido possível. Entendo seus motivos para querer se
manter longe por todo esse tempo, mas já se passou um ano e
meio. Muitas coisas mudaram e creio que tanto você como Colin
amadureceram.
Esse era o dia que queria evitar a todo custo que chegasse,
mas Thony tem razão, minha amiga precisa de mim.
Vou ter que voltar e torcer para que Colin não desconfie que
Ryan é filho dele.
— Tudo bem, Thony, entendo. Vou organizar tudo por aqui e
volto o mais rápido possível.
— Obrigada, Amanda, Emily está sendo levada para o
quarto, assim que descansar um pouco, ligo para você falar com
ela.
— Vou ficar esperando a ligação de vocês.
Nos despedimos e desligo o celular.
Quando olho para o lado, Oliver está com o olhar cravado em
mim e me sinto nervosa com a situação.
— Ollie...
— Sabíamos que esse dia chegaria, Amanda, está na hora
de voltarmos. — Beija a minha testa e sai do quarto.
Eu me jogo na cama novamente, pensando em como vai ser
a minha vida.
Estava tão bem aqui, na minha bolha, sendo protegida por
Oliver, que nem pensava em voltar um dia para a Califórnia.
Quando contei para papai da minha gravidez já estávamos
morando em Nova York e diferente do que esperava, ele não quis
me matar. Apenas me deu um castigo muito sério, do trabalho para
casa e de casa para o trabalho.
Chegava a ser engraçado como ele me ligava assim que
dava meu horário.
Graças a Lara que veio com a gente, papai saiu do meu pé.
Outra coisa que não tive coragem de fazer foi contar a meu
pai quem era o pai do meu filho.
A única certeza que dei a ele foi que o bebê não era do
Oliver.
No início ele ficou muito chateado por esconder essa
informação, mas não poderia arriscar do meu pai entrar em contato
com o Colin e obrigá-lo a assumir um filho que ele nem mesmo
sabia que tinha.
Já o Oliver, dois meses depois que estava aqui, ele também
se mudou e isso foi um prato cheio para a mídia. Ainda mais que
não era novidade para ninguém a abertura de uma filial da galeria
em Nova York e que seria eu a frente do lugar.
Quando o grupo Thompson lançou uma nota comunicando
que o CEO se mudaria para Nova York e que cuidaria dos negócios
da empresa de uma filial, quem achava que tínhamos algum
envolvimento teve certeza.
Como sempre, Oliver não desmentiu a história e a segurança
ao meu redor foi redobrada ainda mais depois que Ryan nasceu.
Não sei como Oliver fez, mas nada saiu na mídia sobre
minha gravidez.
As únicas pessoas que sabem que tive um filho são: papai,
Lara, Oliver e Emily.
Nem para Anthony ela contou, com medo de que ele abrisse
a boca para quem não deveria.
Quando Ryan nasceu queria muito que Oliver estivesse ao
meu lado, mas ele me disse que essa seria a única coisa que ele
não faria por mim.
Segundo ele, não seria justo tomar o lugar do pai da criança.
Foi Lara que ficou ao meu lado no centro cirúrgico durante a
cesariana já que não pude ter parto normal.
Acho que até mesmo se pudesse, não conseguiria, sou uma
pessoa fraca para dor.
— Olha só quem já acordou, mamãe. — Oliver entra no
quarto com Ryan em seus braços tomando mamadeira.
— Eu não acredito, Ollie. Olha só, ele parece estar cheio de
disposição e nós dois estamos acabados.
— Isso é um bom sinal, significa que não está ficando doente
e só queria mesmo dar trabalho para ver até onde aguentaríamos. O
tio Ollie aguentou bem, não é mesmo, Ryan? Sua mamãe é que é
uma fraca.
Meu filho parece concordar, já que começa a rir das graças
que Oliver faz para ele.
— Vem cá, meu filho, vem com a mamãe. Quem fez a sua
mamadeira?
— Ora quem? Que pergunta, Amanda! Claro que fui eu que
preparei. Ele toma as que preparo muito melhor do que as que você
e Lara fazem.
— Ha, ha, ha que engraçado você é! Não vem com essa não,
Ollie, ele nem entende nada disso. Ryan só quer saber se a
mamadeira ou as papinhas estão prontas quando ele está com
fome.
— Isso é você que está dizendo, mas sei muito bem que ele
prefere quando faço.
— Tá bom, Oliver, então se iluda com isso. — Pego meu filho
no colo e começo a sentir o seu cheirinho de bebê que me acalma
mais que tudo.
— Vamos voltar para a Califórnia na segunda-feira.
Sinto que meu coração vai sair pela boca ao escutar isso.
— Mas já, Ollie? Pensei que teríamos mais tempo.
— A galeria está nas mãos daquela garota e lá não tem uma
equipe tão bem-preparada como a que você tem aqui.
— Bruna, Ollie, o nome dela é Bruna.
— Que seja, mas ela não é capacitada para tomar conta de
tudo sozinha. Creio que seja essa a preocupação do Jones também.
— Tudo bem, vou conversar com papai e Lara no café da
manhã. Temos que mandar preparar tudo na minha cobertura para
nossa chegada.
— Não se preocupe com isso, vai estar tudo pronto para
quando chegarem. Vou voltar para minha mansão também. Agora,
esse carinha aí está precisando de um banho, vou no quarto dele
pegar roupas limpas.
CAPÍTULO 28

Amanda Lopez
Estamos todos na cozinha tomando café da manhã
quando resolvo dar a notícia a papai e Lara.
— Pai, vamos voltar na segunda-feira para a Califórnia.
Ele para de olhar para Ryan que está em seu colo e olha
para mim.
— Como assim vamos voltar na segunda? Quando decidiu
isso? Não acha que está muito em cima da hora?
— Emily ganhou bebê, pai, e Thony me ligou hoje cedo.
Preciso assumir a galeria enquanto ela se recupera depois
voltamos.
Agora é Oliver que me encara.
— Amanda.
— Ollie depois que Emily se recuperar, voltamos e se você
não quiser voltar não tem problema. Vou ser sempre grata a você
por tudo que fez por mim.
— Sabe que esse não é o problema, Amanda, muitas coisas
podem mudar com o seu retorno para a Califórnia.
— Nada irá mudar, tudo vai ficar como está. Não sou mais a
mesma mulher que saiu de lá um ano e meio atrás.
— Do que vocês dois estão falando? — Lara pergunta, se
manifestando pela primeira vez desde que comecei a falar.
— Nada, Lara, está tudo bem e nada vai mudar.
Ela e meu pai se entreolham e sei que vem coisa por aí.
— Está com medo de que o pai do seu filho descubra a
existência dele, Amanda? E disso que você e Oliver estão falando?
Posso parecer idiota, mas não sou. Não pense nem por um
momento que não desconfio de quem pode ser o pai do meu neto.
Se eu estiver certo, Amanda, pode começar a ficar com medo
porque ele não vai engolir essa história de jeito nenhum.
— Pai, ele...
— Chega de mentir para o seu pai, Amanda. Ele tem razão
em tudo o que falou, quando Colin descobrir que esse menino é
dele vai ficar possesso.
Assim que o linguarudo termina de falar, papai bate na mesa
assustando Ryan que começa a chorar.
— Olha o que você fez, homem, assustou o bebê. Vem
fofura, vem com a Lara. — Lara pega Ryan do colo de papai e sai
da cozinha com ele.
Quando ela passa pela porta, meu pai volta a olhar para mim.
— Sempre desconfiei que meu neto era filho do Colin. Você
ficou louca, Amanda? Como pode esconder do homem o próprio
filho?
— Eu não escondi nada, fui até ele para contar que estava
grávida e ele nem me deixou falar. Disse na minha cara que não
queria nada comigo, então tomei a decisão de ter meu filho,
sozinha. Não fugi, nem me escondi, ele sempre soube onde estava
e se tivesse mudado de opinião saberia onde me encontrar. Ele
nunca fez isso, então vida que segue.
— Vejo que você está segura do que fala. Pois, muito bem,
Amanda, já é mulher feita e uma mãe responsável, isso eu admito.
Sempre cuidou do seu filho e nunca deixou que nada faltasse a ele.
Pelo que estou vendo não pretende contar ao pai da criança a
existência dele.
— Tem razão, não vou contar.
— Certo, então não se esqueça de esconder muito bem a
marca de nascença que ele tem, pois, só poder ter herdado do pai.
Se Colin colocar os olhos naquela marca, ele vai saber na hora que
o menino é dele e aí, minha filha, é que vai começar seus
problemas. — Ele se levanta da mesa. — Tenta colocar um pouco
de juízo na cabeça dela, Oliver, talvez você consiga porque eu
desisto. — Sai da cozinha sem nem mesmo olhar para mim.
— Seu pai tem razão, Amanda.
— É claro que ele tem, Ollie, todos tem razão menos eu.
Ninguém tenta se colocar no meu lugar para entender o que sinto.
— Não seja egoísta, Amanda. Seu pai, Lara e eu sempre
ficamos do seu lado em todos os momentos. Seu pai tem razão
porque quer o seu bem. Eu te apoiei antes e vou continuar
apoiando, mas tenha muito cuidado com Colin, ele pode ser muito
pior do que pensa.
— Como assim muito pior do que penso? — Sorri e toma um
gole de café.
— Não foi só você que mudou durante esse tempo, Amanda.
Colin se transformou em uma máquina, ele é temido no mundo
financeiro e empresarial. Nem de longe se parece com o Colin de
um ano e meio atrás. O homem não perde um processo, as
empresas fazem fila e brigam por ele. A assessoria jurídica de Colin
Lewis vale milhões, o cara triplicou a fortuna e agora é um homem
tão poderoso e influente quanto Anthony e eu.
Engulo em seco ao escutar isso.
Ele que não ouse chegar perto de mim e do meu filho. Pode
até ter se transformando um homem poderoso, mas creio que não
tem culhões de ferro porque é onde vou acertá-lo, caso se atreva a
fazer alguma gracinha comigo.
— Não me importo saber em que ele se transformou porque
eu também me transformei. Sou uma leoa e acabo com ele em dois
tempos. Ele que não se atreva a querer dar um de macho para cima
de mim que acabo com sua valentia. Ele não vai descobrir nada
porque não deixarei e nem vou dar espaço para questionamentos
vindos da parte dele.
Oliver volta a sorrir comendo uma torrada.
— Ver isso vai ser interessante e divertido, ultimamente não
tenho me divertido muito.
Dou um chute nele por baixo da mesa e isso parece o divertir
mais ainda.
— Sabe que ele continua sendo o advogado da galeria, não
sabe?
— Sei infelizmente.
— Então vai ser uma questão de tempo até que vocês dois
se encontrem novamente. Cuidado para não ir parar dentro do
banheiro de novo e fazer um irmãozinho ou irmãzinha para Ryan.
— Vou arrumar uma namorada para você, assim não vai ter
tempo de ficar fazendo pouco da minha cara.
— Isso não vai acontecer, já tive a minha cota de namoradas
interesseiras para uma vida inteira. Agora se apresse que temos
muito o que fazer até segunda-feira.
CAPÍTULO 29

Amanda Lopez
Parece que quanto mais a gente quer que o tempo
demore para passar mais rápido ele passa.
— Cadê toda a sua coragem, Amanda?
— Está guardada para quando precisar usá-la, Ollie.
Papai começa a rir.
— Oliver, pego meu neto e você a Amanda, temos que sair
de dentro desse avião, já tem vinte minutos que pousamos. — Papai
pega Ryan do meu colo e sai com ele e Lara.
— Vamos, Amanda, está mesmo com medo?
— É claro que não, Oliver, mas quando sair deste avião,
minha bolha de paz e amor vai estourar, e ela é tão bonita.
— Não sei de onde tira essas coisas, Amanda. Agora vamos
logo ou te carrego por cima do ombro.
— Virou um homem das cavernas agora? Não precisa me
carregar, vou sair, seu chato.
— A minha chatice tem um nome, Amanda, e se chama
fome. Agora vamos.
Sem mais opções, me levanto e o sigo para fora do avião,
onde já tem carros a postos, nos esperando.
Papai, Lara e o bebê vão em um carro e Oliver e eu em outro.
Vejo que tem outros três carros nos seguindo.
— Estamos sendo seguidos.
— Não se preocupe, são seguranças.
— Não acha que está exagerando, Ollie?
— Já esqueceu do que eu disse?
— Não, segurança nunca é demais principalmente quando
Ryan estiver conosco.
— Boa garota, vamos para a cobertura almoçar e depois vou
para minha casa. Você só começa a trabalhar amanhã, então
descanse pelo restante do dia.
— Não acredito que quando chegar na cobertura ainda vou
ter que cozinhar.
— Não vai precisar fazer isso, já tem uma pessoa
responsável que deixou tudo preparado para a nossa chegada.
— Ollie, você não...
— Lara vai precisar de ajuda, Amanda. Sabe que não é fácil
cuidar da casa e de um bebê ao mesmo tempo. Isso sem contar
ficar de olho no seu pai.
— Tudo bem, mas da próxima vez que decidir algo, me
consulte, por favor.
— Não estou fazendo isso por você, mas pelo bebê.
Oliver sempre fala isso quando faz alguma coisa que não
gosto.
— Já visou para sua família que estamos chegando, sua mãe
vai querer ver Ryan.
— Não avisei nada, minha mãe toda vez que vê Ryan me
cobra um filho, ela já está me deixando louca com esse assunto.
— O tempo está passando, Oliver, já tem trinta e quatro anos,
daqui a pouco faz trinta e cinco. Sua mãe tem razão em estar te
cobrando um filho.
— Não quero ter que me envolver com mulher nenhuma para
fazer isso. Você estragou meus planos, Amanda.
— Eu não estraguei nada, Ollie, tenho certeza de que é
capaz de achar uma namorada que esteja disponível para carregar
o seu herdeiro.
— Claro que acho, mas não tenho dúvidas de que a tal
mulher vai estar mais interessada nos meus bilhões de dólares do
que no meu filho. Quero uma mãe de verdade para a criança,
Amanda, e não uma mulher qualquer, sem alma ou sentimento, que
só vai estar interessada em gastar dinheiro fazendo compras em
shoppings.
— Tenho certeza de que vai achar a mulher certa, vou te
ajudar com isso.
— Amanda...
— Relaxa, Ollie, sei o que estou fazendo é só confiar em
mim.
— Não sei se isso é muito seguro e você já tem problemas
demais para estar se preocupando com os meus.
— Não tenho problema nenhum, vou ficar na cidade somente
o tempo necessário para que Emily se recupere. Voltarei para Nova
York o mais rápido possível, não fico aqui sem necessidade de jeito
nenhum, não posso correr riscos desnecessários.
— Sabe que vou te apoiar em qualquer decisão que tomar.
— Eu sei e obrigada por ficar sempre do meu lado.
Ele sorri de lado e já sei o que ele vai falar.
— Não tenho escolha. Como já disse, você é a redenção dos
meus pecados e eles devem ser muitos porque você é uma carga
pesada, mulher.
Acabo rindo, pois, ele sempre fala isso quando agradeço por
algo que ele faz.
— Seu idiota!
— Sua teimosa!
Fazemos o restante do caminho até minha cobertura
conversando sobre outros assuntos.
Assim que chegamos, como ele havia dito, o almoço já está
pronto. Até a comida de Ryan está preparada conforme a pediatra
sugeriu, o que me leva a crer que Oliver deve ter passado todas as
instruções antes de chegarmos.
Depois do almoço, Oliver vai para a casa dele, papai vai
desfazer suas malas e Lara faz o mesmo.
Vou para meu quarto com o meu bebê, quero dormir
agarradinha com ele e só depois vou me preocupar com nossas
malas.
Sei que Oliver mandou arrumar um dos quartos para ele, mas
quero mantê-lo perto de mim. Vou colocar o bercinho dele dentro do
meu quarto para ficar de olho nele.
Não me sinto segura aqui como me sentia em Nova York e
acho que essa sensação tem a ver com a conversa que tive com
Oliver sobre Colin.
Tenho que ter muito cuidado com ele, mas a Amanda leoa vai
estar preparada para o ataque, caso ele queira aprontar.
CAPÍTULO 30

Amanda Lopez
Levanto cedo para me preparar para o trabalho, pois,
sempre fiz questão de deixar meu filho limpinho e alimentado antes
de sair.
Ele sempre será minha prioridade, tudo pode esperar quando
estou cuidando dele.
— Vai se atrasar como sempre, pode deixar que termino de
alimentá-lo — Lara diz entrando na cozinha, tomando o prato de
papinha das minhas mãos.
— Obrigada, Lara, já estou mesmo em cima da hora.
— Isso é o que dar ficar até tarde no telefone.
— Estava falando com a Emily, ela estava me passando
algumas instruções sobre a galeria, afinal estou um ano e meio fora.
Meu foco estava todo na filial, algumas coisas por aqui mudaram e
era sobre isso que estávamos conversando.
— Como Emily está se sentindo depois do parto?
— Ela está bem, mas cuida de dois bebês e não deve ser
nada fácil. Mal dou conta de um. No final de semana vou visitá-la
com Ryan. Agora estou de saída, senão realmente vou me atrasar.
— Dou um beijo no meu filho e saio apressada de casa em direção
ao estacionamento do prédio, sem nem mesmo saber se ainda
tenho um carro.
Assim que as portas do elevador abrem, um dos seguranças
de Oliver entra na minha frente, me assustando.
— Pelo amor de Deus, quer me matar de susto?
— Desculpa, senhorita, tenho ordens para levá-la para a
galeria. Seu carro só será entregue amanhã.
— O que aconteceu com meu carro antigo?
— Tudo o que a senhorita precisa saber é que vai receber um
carro novo amanhã.
— O quê? Esse carro novo por algum acaso vai ser blindado
para que não possa usar o antigo?
Ele tosse sem querer, volta a me encarar e vejo que minha
suposição pode estar certa.
— Fale agora mesmo.
— Seu carro novo sai da blindagem hoje, se quiser reclamar
é só ligar para o senhor Thompson. Agora vamos que a senhorita já
está atrasada.
Todo mundo resolveu se preocupar com meu horário.
Entro no carro e alguns minutos depois o segurança me deixa
na porta da galeria. Sem perder tempo, pulo do carro e entro com
pressa.
Sou recebida com muita alegria pelas meninas da recepção.
— Seja bem-vinda de volta, Amanda, estávamos morrendo
de saudade — elas dizem me abraçando e me sinto bem com isso,
estava sentindo falta delas.
— Também estava com saudade de vocês. Agora, me digam,
onde está a Bruna?
— Está na sua sala te esperado, vão começar o dia hoje com
uma reunião.
— Então conversamos mais depois que já estou atrasada.
— Tudo bem, até mais.
Sigo em direção a sala que sempre dividi com Emily e já abro
a porta falando com Bruna.
— Bom dia, Bruna, e desculpe pelo atraso, meu dia sempre
começa corrido.
— Pelo visto, velhos hábitos nunca mudam, mas diferente de
antes, agora não tenho mais tanto tempo disponível.
Sinto até tontura ao escutar essa voz e meu coração traidor
volta a bater acelerado no peito.
Ele bate por um homem que não merece.
— Me desculpe, senhor Lewis, não sabia que estaria me
esperando para a reunião. Nem mesmo sabia que essa reunião
aconteceria — digo olhando diretamente para Bruna que deveria ter
me avisado.
— Pensei que soubesse, Amanda, segundo as instruções da
Emily, mandei toda sua agenda da semana por e-mail ainda ontem.
— Não tive tempo nem de desfazer as malas.
Bruna me olha.
— Como falei, velhos hábitos nunca mudam, agora vamos
começar logo a reunião que já perdi muito tempo aqui.
— Tem razão, percebesse pela sua arrogância que continua
a mesma. Bruna, depois ligue para Anthony, quero falar com ele
sobre a possibilidade de mudarmos de advogado, já que parece que
o senhor Lewis agora é um homem muito ocupado.
Bruna arregala os olhos e fica pálida na minha frente
enquanto tudo o que Colin faz é sorrir.
Como pode esse cretino ter ficado mais lindo e gostoso do
que já era?
Em nada se parece com o homem de um ano e meio atrás,
deve ter se divertido muito enquanto estava criando o filho dele.
— A sua sócia assinou um contrato de exclusividade com
meu escritório de advocacia de cinco anos. Tem certeza de que
pode pagar a multa pela quebra de um contrato como esse?
Não acredito que a Emily fez uma burrada dessas e não me
falou nada, mas não vou deixar esse comentário me desestabilizar.
— Graças a Deus, dinheiro não é problema. Vamos começar
nossa reunião, depois converso com a Emily sobre isso. — Sento na
minha mesa cheia de confiança, não deixando transparecer como
esse encontro repentino me afetou.
Começamos a reunião e só meu corpo está presente na sala
porque minha mente está voando para longe.
Não consigo parar de olhar para o homem a minha frente.
É incrível como meu filho tem muitas características dele,
incluindo a bendita marca de nascença no ombro esquerdo.
Uma vez, questionei Colin sobre a marca e ele me disse que
todos os homens da sua família nascem com uma no mesmo lugar,
ainda exaltou como a genética da sua família era incrível. Claro que
na época não acreditei no que ele disse, mas quando Ryan nasceu
com a mesma marca, vi que o cretino tinha razão.
— Amanda. — Bruna chama minha atenção e só então
percebo que estavam falando comigo.
— Desculpa, Bruna, o que disse? Não estava prestando
atenção, não dormi muito bem ontem e estou cansada com essa
mudança repentina.
— Entendo, deve ter sido uma correria e tanto. Você só
precisa assinar os documentos de registro das novas telas e
encerramos a reunião. Dou conta do restante do trabalho, pode
voltar para casa e se organizar direito. Amanhã mais descansada
você volta.
— Tudo bem, onde estão os documentos?
— Aqui. — Ela entrega os papéis e Colin apenas me olha
intensamente.
Sinto meu corpo queimar com seu olhar molhador de
calcinhas.
Assino tudo o mais rápido possível para que ele possar ir
embora de uma vez.
— Aqui assinei todos, acho que já podemos encerrar por
hoje.
— Podemos sim, vou da entrada nos registros e assim que
estiver tudo em ordem podem fazer a exposição das novas telas —
Colin diz guardando os documentos e se levantando.
Ele se despede de Bruna e sai sem nem mesmo olhar na
minha cara.
— Desculpa, Amanda, realmente pensei que estivesse ciente
da reunião — a coitada diz se desculpando, mas a culpa dessa
situação constrangedora não é dela.
— Tudo bem, Bruna, um dia esse encontro teria que
acontecer e tenho certeza de que ele acontecerá mais vezes de
agora em diante.
CAPÍTULO 31

Amanda Lopez
O restante da semana passou rápido e o encontro que tive
com Colin na galeria não saiu da minha cabeça.
Ele realmente mudou muito, um homem completamente
diferente do que conheci.
Depois do dia que nos encontramos na galeria, não o vi mais
e não soube nada sobre a vida dele. Também não fiz questão de
perguntar a Emily como ele estava, não queria que ela pensasse
que por ter me encontrado com ele, meus sentimentos tinham
voltado.
Manterei essa informação apenas comigo.
Hoje vou visitar a família de Emily e vou levar Ryan comigo.
Sei que vai ser uma tremenda surpresa para Anthony me ver
chegando um ano e meio depois com um bebê de dez meses no
colo. Ele nunca soube que estava grávida, Emily não contou ao
marido sobre a situação que viajei.
— Tem certeza de que vai levar Ryan com você, minha filha?
Papai não gostou muito da ideia de levar meu filho comigo,
ele tem medo de que Anthony desconfie que Ryan é filho do Colin e
conte para ele.
Mas não vou poder esconder que tenho um filho por muito
tempo, ele está crescendo e ninguém tem que questionar nada
sobre a paternidade do meu filho.
— Vai ficar tudo bem, pai, Emily quer ver o Ryan e quero que
ele conheça Adrian e a pequena Aline, afinal serão amigos assim
como Emily e eu.
— Se insiste vá em frente, mas não estou gostando nada
disso. Estou com um mau pressentimento e minha intuição nunca
falha.
— O senhor está se preocupando à toa.
— E o que vai dizer ao Anthony quando ele te ver chegando
com um bebê no colo? Ele vai perguntar sobre o pai da criança.
— Vou responder que não é da conta dele. Ele que se
preocupe em cuidar dos filhos e que deixe o meu em paz.
Lara ri do que falo e papai a encara, sério.
— Deixe a menina, seu velho teimoso, ela sabe o que está
fazendo. Uma hora ou outra, as pessoas vão descobrir que ela tem
um filho e é bom que isso aconteça logo. Amanda é uma figura
pública e é questão de tempo até que descubram sobre Ryan. Na
verdade, nem sei como ainda não descobriram.
— Ainda não descobriram por que a equipe de Oliver faz um
excelente trabalho — papai resmunga chateado vendo que não vou
mudar de ideia.
— Papai, não se preocupe comigo nem com o Ryan, vamos
ficar bem. Agora vou porque Emily está nos esperando para
almoçar. — Dou um beijo no meu pai e pego Ryan do colo de Lara
junto com a bolsa que carrego todas as vezes que saio com ele.
Chego no estacionamento do prédio e acomodo meu filho no
bebê conforto. Depois de verificar que ele está seguro, vou para o
lado do motorista e ao colocar o carro em movimento logo percebo
os seguranças de Oliver me seguindo, como sempre.
Não demora muito e chego à casa de Emily.
Passo pela guarita de segurança sem maiores problemas,
estaciono o carro na garagem, pego meu filho, a bolsa dele e entro
na casa onde encontro Emily, Anthony e Adrian na sala me
esperando.
Quando Anthony coloca os olhos em mim, vejo o tamanho da
sua surpresa ao me ver segurando um bebê.
Chega a ser engraçado a cara que ele faz.
— De onde foi que você tirou essa criança, Amanda?
Que pergunta idiota.
— Eu não, mas o médico o tirou de dentro da minha barriga
do modo tradicional, com uma belíssima cesariana onde não senti a
dor do parto. Que Deus abençoe o criador da cesárea.
Emily sorri do que falo.
— Você está certa, amiga, a dor do parto não é para qualquer
uma não. Eu bem sei o tamanho dessa dor porque já senti duas
vezes e pretendo nunca mais sentir — diz encarando Anthony que
olha para ela e depois volta a olhar para mim.
— Você não parece surpresa, amor, sabia que a Amanda
tinha um filho? Você sabia que a Amanda teve um bebê e não me
falou nada.
— Amanda não queria que eu falasse e isso não é da nossa
conta. O filho é dela e ela sabe o que está fazendo.
— Vocês duas ficaram loucas? Amanda, essa criança...
Quem é o pai da criança, Amanda? — pergunta aparentemente
ficando nervoso.
— Posso entrar primeiro e me sentar? Esse carinha aqui
pesa, sabia?
— Meu Deus, Amanda, você tem um filho e não acredito
nisso — diz completamente surpreso enquanto me sento no sofá.
Ajeito Ryan no meu colo e Adrian logo se anima para chegar
perto dele.
— Vamos tirar uma foto deles dois, Thony, pega o celular —
Emily diz empolgada com os meninos.
— Sem fotos agora, vamos ter muito tempo para tirar fotos
deles dois brincando. Agora me digam, quem é o pai da criança?
— Anthony, me desculpe se vou soar grosseira, mas esse é
um assunto que não diz respeito a você.
Ele semicerra os olhos.
— Quantos meses ele tem?
— Thony...
— Quantos meses, Amanda?
Ele não vai me deixar em paz, por isso, respondo sabendo
que ele fará as contas e deduzirá o obvio, já que sabe que não
existe nada entre Oliver e eu.
— Dez meses.
Ele fica me olhando em silêncio e tenho certeza de que sua
cabeça deve estar pegando fogo com os pensamentos até que ele
abre a boca.
— Meu Deus, Amanda, não quero nem estar perto quando
ele descobrir uma coisa dessas. Como Emily falou, esse assunto
não é da nossa conta, não vamos nos meter e espero mesmo que
saiba o que está fazendo.
— Ele não vai descobrir nada e você também não falará
nada. Tive sozinha meu filho e sou mãe solteira, é o que você vai
falar se um dia ele descobrir que tenho um filho e te perguntar
alguma coisa.
— Ele vai descobrir que você tem um filho e será hoje. Ele
deve estar chegando a qualquer momento.
CAPÍTULO 32

Amanda Lopez
Quando Anthony fala que Colin está chegando, minha
vontade é de sair correndo o mais rápido que consigo.
Ao ver o desespero em meu rosto, Emily pergunta ao marido:
— O que Colin está vindo fazer aqui, Thony? Por que não me
disse que ele estava vindo?
— Porque não sabia que Amanda iria aparecer com um filho
nos braços. Mas respondendo a sua pergunta, amor, ele está vindo
pegar uns documentos que trouxe da empresa para a renovação de
uma licença de exportação.
— Tudo bem, vamos todos nos acalmar. Mais cedo ou mais
tarde, Colin descobriria que você tem um filho, Amanda. Vocês são
padrinhos do Adrian e vão ser da Aline também, então...
— Não sei por que insistem em colocar Colin como padrinho
— interrompo Emily antes que ela termine de falar.
— Pelo mesmo motivo que Emily insiste que você seja a
madrinha. Vamos almoçar, as crianças já devem estar com fome.
Depois as levaremos para o quarto de brinquedos e a babá pode
ficar olhando os dois enquanto você conhece a Aline. Talvez assim,
Colin não perceba a presença de vocês quando chegar.
— Tudo bem. Por falar em Aline, onde ela está?
— No quarto dormindo. Ela só tem sete dias de nascida e a
única coisa que faz muito bem é trocar o dia pela noite.
Acabo sorrindo do que Anthony diz, me lembrando de quando
Ryan fazia a mesma coisa.
— Sei muito bem como é isso. Achava que nunca mais na
vida conseguiria dormir em paz.
— Ainda não consigo acreditar quer você tem um filho —
Anthony diz vindo em minha direção.
Ele pega Ryan do meu colo e seguimos para a mesa
almoçar.
Coloco Adrian na cadeira de alimentação enquanto Anthony
come com Ryan em seu colo e meu filho parece se divertir com ele.
Nosso almoço é bastante agradável, apesar de estar
apreensiva, com medo de que Colin a qualquer minuto passe pela
porta e dê de cara comigo aqui.
— Vamos levar as crianças para brincar um pouquinho,
Amanda. Não sei a rotina de Ryan, mas Adrian costuma tirar um
cochilo mais tarde — Emily diz assim que terminamos de comer e
nos retiramos da mesa.
— Vocês duas vão para o quarto ver Aline, levo os dois para
o quarto de brinquedos. A babá ficará de olho neles enquanto
espero Colin no escritório, vai ser melhor assim.
— Tudo bem, então vamos.
Subimos a escada devagar, a passos de tartaruga, por causa
de Emily.
Quando chegamos no quarto, ela pede para a babá ir para o
quarto de brinquedos e ficar de olho nos meninos.
Assim que a mulher sai do quarto, vou até à pequena Aline e
a pego no colo.
— Ela é tão linda, Emily! Como conseguiu fazer uma
perfeição dessa?
— Com o mesmo amor que você fez a perfeição do seu filho.
"Vai começar..."
— Emily, nem adianta...
— Amanda, sabe que tem uma alta possibilidade do Colin
desconfiar que Ryan é filho dele.
— Colin não vai saber nunca, Emily, esqueceu o que ele fez
comigo? Ele me rejeitou, disse com todas as letras para não me
deixar dúvidas que não me queria. Ele não me quis e como
consequência rejeitou o filho. Tentei falar com ele, contar a verdade,
mas ele nem me deixou falar.
— Amanda, entendo seus motivos muito bem, mas um dia
Ryan vai perguntar pelo pai.
— Ele tem o Oliver que desempenha esse papel muito bem
durante esse tempo. Meu filho não precisa de um pai e de uma
família que claramente o rejeitaria.
— Não sei não, Amanda, Colin não é mais o mesmo homem
que você conheceu. Ele está mais poderoso, mais influente e tenho
medo por você. Depois que você foi embora, ele mudou
completamente.
— Não me importo nem um pouco. Desde que não interfira
na minha vida, ele pode fazer o que quiser da vida dele.
— Você ainda o ama.
— Claro que não.
— Não fiz uma pergunta, Amanda, afirmei que você ainda o
ama. Sei que vai sofrer por ele de novo e vai ser ainda pior do que
da outra vez porque agora tem Ryan para te lembrar todos os dias
do homem que ama.
Acho estranho ela estar falando isso agora, de forma tão
aberta e sincera.
— Por que está falando isso, Emily?
— Ele vai ficar noivo em duas semanas de Scarlett Robinson.
Finalmente a família de Colin conseguiu o que queria.
Meu coração dói, mas já esperava por isso.
— Então ele não mudou tanto assim... Continua fazendo o
que a família quer, me confirmando que continua sendo um
tremendo idiota. Vai ser melhor para todos ele nunca ficar sabendo
da existência do meu filho. É bom o seu marido ficar de boca
fechada ou vou garantir que ele nunca mais consiga fazer um filho.
Emily gargalha do que falo.
Logo em seguida vem em minha direção e pega a bebê dos
meus braços que começa a chorar. Emily se acomoda na cama, dá
o peito para a menina que pega com força e a careta que ela faz é a
melhor.
— Isso dói demais — resmunga respirando fundo.
— Nem me diga, pensei que fosse ficar sem peito quando
Ryan nasceu. Não é nem um pouquinho fácil ser mãe.
— Fico muito feliz que esteja de volta.
— Ficarei só o tempo para se recuperar, logo voltarei para a
filial de Nova York.
Ela parece não gostar do que escuta.
— Por quê? Preciso de você aqui, Amanda.
— Não me peça isso, Emily, por favor. Seria uma tortura
muito grande morar aqui. Você pode ir me visitar quantas vezes
quiser assim como posso vir visitá-la. Isso sem falar nas viagens
que fazemos juntas por exposições pelo mundo.
— Não é a mesma coisa, Amanda, sinto sua falta aqui
comigo. Nunca tínhamos nos separado desse jeito.
— Sinto muito, minha amiga, mas ainda não estou preparada
para ficar de vez. Quem sabe futuramente não volte para ficar.
Neste instante, a porta do quarto é aberta bruscamente por
Anthony que nos encara com uma cara não muito boa.
— Os seguranças me informaram que Colin já chegou, mas
ele não foi para meu escritório.
Emily muda de cor e sinto que meu coração vai sair pela
boca.
— O quarto de brinquedos, Thony. Ele costuma subir para ver
se Adrian está lá.
Sinto como se o chão estivesse se abrindo abaixo dos meus
pés.
— Jesus, meu filho! — digo indo em direção a porta do
quarto.
Thony segura meu braço.
— Calma, Amanda, vou te levar até lá. Não pode entrar
naquele quarto deste jeito, seria o mesmo que gritar para Colin que
o filho é dele. Lembre-se, Colin não é mais o mesmo homem de um
ano e meio atrás, fique calma.
Balanço com a cabeça concordando, mas só Deus sabe
como meu coração está agora.
Vamos até o bendito quarto de brinquedos.
Ao parar na porta, respiro fundo e antes de abri-la, Thony
olha para mim e diz:
— Demostre estar calma, mesmo que não esteja ou ele pode
desconfiar.
— Tudo bem, pode abrir a porta.
Ele faz o que falo e ao entrarmos a cena que vejo me faz
paralisar de medo. Colin está com meu filho no colo e ele está
apenas usando uma fralda descartável com a marca de nascença
praticamente se esfregando na cara do pai.
Colin se vira na minha direção com toda a imponência que
possui e me encara furioso.
Peço internamente para que Deus me ajude.
— Amanhã mesmo receberá a notificação de um juiz para um
teste de paternidade e que Deus te ajude, Amanda, caso ele dê
positivo.
CAPÍTULO 33

Colin Lewis
Desde meu encontro com Amanda na galeria que ela não
sai da minha cabeça.
Admito que fiquei muito surpreso quando soube do seu
retorno repentino.
Não sou o mesmo homem de quando ela foi embora,
descobrir meus sentimentos por ela tarde demais me mudou
completamente.
Não foi nem um pouco fácil minha vida quando descobri que
Oliver decidiu se mudar para Nova York depois da mudança dela.
Ainda mais com as notícias que saíram na mídia e que nenhum dos
dois desmentiu.
Quando a vi, percebi que não foi só eu que mudei, Amanda
também mudou muito.
Seu corpo está mais gostoso do que nunca, tanto que faltei
babar nela quando passou pela porta do escritório da galeria.
Mas não podia simplesmente deixar transparecer o quanto
sua presença me afetou.
Acabei sendo grosseiro com ela, como sempre, não podia me
dar ao luxo depois de tanto tempo voltar atrás das decisões erradas
que tomei no passado, pois agora estou bem e creio que ela
também.
Saio de casa para ir à casa de Anthony para buscar alguns
documentos importantes que ele levou para assinar referente à
renovação de um alvará de exportação.
Para mim, não é sacrifício algum ir à casa dele, assim posso
ver meu afilhado, Adrian.
Depois que Emily ganhou bebê, a nova princesinha da família
Jones, meu amigo passou a trabalhar mais de casa para ajudar a
esposa nessa nova jornada de cuidar de duas crianças pequenas.
Ele faz questão de ajudar nos cuidados dos filhos pessoalmente,
mas também não descuida dos assuntos da empresa. Como
consequência, acabo tendo que ir à casa dele, várias vezes por
semana, como é o caso de hoje.
Em pleno sábado estou indo buscar documentos.
Chego na mansão do meu amigo que como sempre está
rodeada de seguranças, é como se ele guardasse o bem mais
precioso da sua vida dentro desses muros.
Estaciono o carro na garagem, acho estranho ver um
automóvel que nunca tinha visto e que sei que não pertence nem a
Anthony, nem a Emily.
Pergunto a um segurança que está próximo a quem pertence
o carro e fico surpreso quando ele fala que o carro pertence a
ninguém menos, ninguém mais do que Amanda Lopez.
Segundo homem, ela veio almoçar e passar a tarde com os
amigos, o que não me surpreende, afinal Amanda e Emily são
inseparáveis.
Antes de ir ao escritório falar com Anthony, subo até o quarto
de brinquedos para ver se meu afilhado está brincando com a babá.
Tenho certeza que Emily está ocupada cuidando da pequena Aline e
Thony deve estar no escritório adiantando algum trabalho da
empresa, já que nada lá funciona sem a ordem dele.
Subo a escada e ao me aproximar do quarto de brinquedos
escuto muitas gargalhadas, mostrando que Adrian está se
divertindo.
Acho estranho que não é só a gargalhada dele que escuto,
com certeza deve ter outra criança ou um bebê junto com ele, pois,
o som da risada é diferente.
Abro a porta, na mesma hora que a babá pega um bebê no
colo e me impressiono em ver a criança, com certeza esse bebê não
é de Emily e Anthony.
Entro no quarto e fecho a porta.
A babá me cumprimenta, tira a roupinha do bebê dizendo que
ele está suado e que vai dar um banho nele.
Fico curioso para saber de quem é a criança.
— Vera, de quem é esse bebê?
Ela me olha desconfiada e ao fazer isso já fico desconfiado.
A babá me olha como se decidisse se fala ou não quem são
os pais do menino que segura no colo.
— Vamos, Vera, fale de quem é esse bebê — digo sério, sem
deixar opção para que recuse minha ordem.
A mulher respira fundo, me encara e responde:
— O bebê é filho da senhorita Amanda. Ela veio visitar a
senhora Jones e fiquei cuidando dele e de Adrian enquanto elas
estão no quarto com a pequena Aline.
Sinto meu corpo congelar.
“Como assim esse bebê é filho da Amanda?
Quando foi que Amanda teve um filho que ninguém ficou
sabendo?
Quem é o pai do dessa criança?”
São perguntas que quero saber a resposta.
Eu me aproximo da babá e ela dá um passo para trás, mas
algo no menino chama minha atenção.
Sem ter para onde fugir, a mulher continua me encarando,
demonstrando o quanto está nervosa com a situação.
É incrível como a criança chama minha atenção.
Sem questionamento, pego o menino do colo dela e o seguro
em meus braços.
Quando faço isso sinto meu mundo parar.
“Como Amanda foi capaz de esconder uma coisa dessas de
mim?”
Esse bebê tem a mesma marca de nascença que tenho no
ombro esquerdo, apenas os homens da minha família carregam
essa marca. Isso me dá certeza de que o bebê em meus braços, é
meu filho.
— Como é o nome dele? — pergunto para a babá que
continua sem reação parada na minha frente.
Ela pensa por alguns instantes até que resolve responder
minha pergunta.
— Ryan, senhor. O nome do bebê é Ryan. Como já disse ele
é filho da senhorita Amanda.
Sinto um misto de felicidade, medo e ódio. Um ódio grande
por Amanda ter tido coragem de esconder meu filho de mim.
Ela não tinha o direito de fazer isso.
Não importa os problemas que tivemos no passado, ele é
meu filho e tinha todo o direito de saber da sua existência.
Estou prestes a fazer mais perguntas a babá quando a porta
do quarto de brinquedos é aberta bruscamente por Anthony. Logo
atrás dele está Amanda que quando me vê com o menino no colo
fica pálida.
Tenho certeza de que ela está sentindo medo e é bom que
tenha mesmo.
Eu a encaro com toda a raiva que estou sentindo e dou a
sentença final.
— Amanhã mesmo receberá a notificação de um juiz para um
teste de paternidade e que Deus te ajude, Amanda, caso ele dê
positivo.
Ela me olha sem acreditar no que escuta, mas não vou
mudar minha decisão.
Ou ela me fala a verdade, ou vai ter que se submeter a um
teste de DNA.
Não vou abrir mão do meu filho.
CAPÍTULO 34

Amanda Lopez
Quando Colin fala que vai me obrigar a fazer um teste
de DNA fico sem chão.
Deveria ter escutado as palavras de papai e ter deixado Ryan
em casa. Na verdade, deveria ter ido embora quando Anthony falou
que Colin estava vindo para cá.
Corro até meu filho e o arranco dos braços de Colin. Ryan
começa a chorar e Adrian ao escutar chora também.
— Não chegue perto do meu filho e nem toque nele com suas
mãos imundas — digo tentando acalentar meu bebê para que ele
pare de chorar.
— Não era isso que falava quando passava as mãos pelo seu
corpo. Esse filho não fez sozinha.
— Você não tem nada a ver com meu filho. Ele é meu, o tive
sozinha. O que meu bebê está fazendo sem roupas? Por que tirou a
roupa dele? — pergunto olhando para a babá, querendo matá-la por
ter tirado a roupinha de Ryan.
— Desculpe, senhorita, ele estava suadinho e ia dar um
banho nele quando o senhor Lewis chegou.
— Olha a situação aqui é complicada. As crianças estão
chorando então é bom todo mundo se acalmar e esfriar a cabeça —
Thony diz querendo acalmar a situação.
— Esfriar a cabeça, Anthony? Você sabia disso? Sabia que
Amanda tinha um filho e não me falou?
— Não sabia de nada, Colin. Fiquei surpreso como você. Mas
gritar e assustar as crianças não vai resolver os problemas que os
dois tem nas mãos.
— Não temos problemas nenhum, Anthony. Ryan é meu filho,
só meu e tenho minha vida muito bem resolvida longe daqui. Vou
embora assim que Emily se recuperar, não tenho nada com Colin há
muito tempo.
A feição de Colin muda.
Se ele pensa que vou deixá-lo se aproximar do meu filho está
muito enganado.
Ele avança em mim, segura forte no meu braço e aperta com
força.
— Não me tira do sério, Amanda! Não vai embora coisa
nenhuma e se resolver ir, vai sozinha. Meu filho fica.
O desespero de perder meu filho toma conta do meu corpo.
— ELE NÃO É SEU FILHO, É MEU, SÓ MEU.
— Podem parar os dois? Estão assustando ainda mais as
crianças. Thony pegue Ryan e o leve para o quarto de Adrian. Vera
pegue meu filho e faça o mesmo. Vocês dois podem se matar aqui
dentro a portas fechadas, sem assustar mais ainda os pequenos
que não têm nada a ver com essa confusão.
Foram poucas as vezes que Emily falou assim, mas ela
chegou no momento certo. Tudo o que mais quero fazer é tirar Ryan
das vistas de Colin.
Anthony se aproxima e entrego meu bebê para ele enquanto
Vera pega Adrian. Eles saem do quarto e fecham a porta deixando
apenas Colin e eu no local.
— Por que não me disse que estava grávida, Amanda?
— Ele não é seu filho, Colin.
— Não tente me enrolar, Amanda, vi a marca de nascença no
ombro esquerdo dele. Não tenho dúvidas de que esse menino é
meu filho.
— É apenas uma marca qualquer, não tem nada de especial
nela.
— Muito bem, se quer fazer do jeito mais difícil, ótimo, vamos
fazer do jeito difícil. Amanhã mesmo sendo domingo faremos um
teste de DNA e se não concordar emito uma ordem judicial a
obrigando fazer o exame.
Pego a Liga da Justiça inteira que está em uma estante
próxima e jogo no cretino a minha frente.
— AMANDA, PARA COM ISSO E AJA COMO ADULTA.
— SE VOCÊ QUER TANTO UM FILHO, FAÇA UM NA
SCARLETT VADIA E ME DEIXE VIVER EM PAZ!
Agora é a vez dos Vingadores entrar em ação e o primeiro
que voa na cabeça do cretino é o Hulk.
— AMANDA, VOCÊ NÃO MUDA NUNCA?
— Ah, meu querido, você ainda não viu foi nada. Tenta só
imaginar a possibilidade de tirar meu filho que te mato com as
minhas mãos. — Olho para o lado procurando outros brinquedos
para jogar nele.
Nesse segundo de distração, ele me segura pelos braços e
me imprensa na parede com seu corpo forte.
— Me solta, Colin, ou vou te acertar bem no saco, aí é que
não vai conseguir mais fazer filho em ninguém.
Ele aproxima o rosto demais do meu e engulo em seco.
— Por que não me falou que estava grávida, Amanda? As
coisas poderiam ser diferentes.
Fecho os olhos e me lembro do dia em que fui até seu
escritório para contar sobre minha gravidez.
— Eu tentei, Colin. Eu tentei... Mas você deve se lembrar
muito bem como me tratou.
Ele parece se lembrar de algo e recua um passo para trás,
me soltando.
— O dia em que você foi me procurar no escritório.
— Exatamente, mas você fez questão de mais uma vez me
tratar feito um lixo qualquer.
— Amanda...
— O que queria que eu fizesse? Que gritasse na sua cara
que estava grávida depois de gritar na minha cara que não me
queria e que nunca iria ficar comigo?
"Tenho vergonha na minha cara, Colin. Jamais iria usar a
gravidez para ficar com você.
"Fui embora e te deixei em paz assim como me pediu para
fazer.
"Não adianta agora querer vir dar um de macho ofendido
para cima de mim que não cola.
"Você me deixou, me abandonou, não me quis e posso
provar isso.
"Quer brigar comigo na justiça por Ryan?
"Ótimo, faça isso.
"Nos veremos no tribunal e vamos ver quem é que ganha
essa. Não sou mais a mesma Amanda idiota que caia na sua
conversa, agora sou mãe e pelo meu filho sou capaz de fazer tudo
até mesmo de lutar contra você e sua família medíocre."
CAPÍTULO 35

Colin Lewis
Tudo o que Amanda fala é um tapa na minha cara, pois,
fiz tudo o que ela está falando.
Não fui homem o suficiente para enfrentar minha família para
ficar com ela e hoje mais do que nunca me arrependo de tudo o que
fiz.
Mas não é porque me arrependo que vou abrir mão do meu
filho e aceitar ficar longe dele.
— Sei que o que eu fiz, Amanda, foi errado, mas isso não
significa que vá abrir mão de participar da vida do meu filho. E se
tentar me impedir vamos brigar em um tribunal por ele. É melhor
entrarmos em um acordo agora do que enfrentar uma guerra
judicial. Sou o pai dele e tenho tanto direito sobre ele quanto você
que é a mãe.
Ela me olha furiosa.
Amanda pode até dizer que mudou, mas continua com a
mesma teimosa de sempre e sei que não vai aceitar isso fácil.
— Não quero fazer acordo nenhum com você, Colin. Será
que não entende? Ryan é meu, o tive sozinha e cuidei sozinha dele
até hoje. Vou continuar fazendo isso sozinha, não preciso da sua
ajuda. Sei que vai se casar em breve, faça um filho na sua futura
esposa e esqueça o meu.
— Acha mesmo que vou me casar depois de saber que tenho
um filho com você? Isso não acontecerá, Amanda. Nunca quis esse
relacionamento com Scarlett. Acha mesmo que depois do que
descobri hoje me casarei com ela?
— Não quero saber se vai se casar com ela ou não, o que
quero é que fique bem longe do meu filho e de mim. Vou ter que
repetir isso quantas vezes para que entenda?
— Amanda, será que dá para deixar de ser teimosa? Pelo
menos uma vez na vida vamos conversar como pessoas civilizadas
e entrar em um acordo para o bem do nosso filho.
— Não existe nosso filho, Colin, coloque isso na sua cabeça.
O que existe é meu filho. Não vou te perdoar pelo que fez e nunca
vou deixar meu filho nas suas mãos, ainda mais conhecendo o tipo
de família que você tem. Sua mãe e seu pai são pessoas
preconceituosas, acha mesmo que eles vão aceitar meu filho? Não
vou correr esse risco. Esqueça a palavra nosso filho porque ela não
existe, não para você.
— Nada do que você falar vai me fazer mudar de ideia.
Quero meu filho e vou lutar por ele quer você queira ou não. — Para
evitar entrar em mais uma discussão, saio do quarto batendo a
porta.
Preciso esfriar a cabeça e pensar em uma maneira de
resolver isso com ela, sem ter que entrar em uma guerra judicial
para ficar perto do meu filho.
— Onde você está indo neste estado, Colin? — Anthony
pergunta quando passo pela sala.
Paro bem na porta, me viro para ele e respondo:
— Preciso esfriar a cabeça para não fazer uma besteira,
Thony.
— Você não vai resolver seus problemas enchendo a cara.
— Ela foi me contar que estava grávida no dia em que foi me
ver no meu escritório e você me impediu de ir atrás dela. Senti que
tinha algo errado e você me impediu de ir consertar a besteira que
tinha feito.
— Não venha me culpar pelos seus erros, amigo. Você tratou
Amanda muito mal por muito tempo e tudo o que fiz foi impedi-lo de
fazer mais uma merda.
— Poderia ter feito diferente.
— Podia, mas não fez. Agora em vez de entrar em um
casamento já fadado ao fracasso tente reconquistar Amanda. Case-
se com ela e crie seu filho. Honre a calça que veste, enfrente seus
pais e lute pela família linda que Amanda pode dar a você.
Não respondo nada, apenas saio.
Entro em meu carro e sigo para o bar mais próximo que
encontro.
Sento em uma das mesas e logo peço uma dose do meu
uísque preferido, se for para beber que seja algo de qualidade.
Já estou no terceiro copo quando uma mulher se senta na
minha mesa.
— A última vez que te vi, foi em um bar anos atrás quando
me deu um belíssimo chute. Nunca imaginei que fosse te encontrar
novamente em um bar. Viu como coincidências existem e você
sempre me dizia que não.
Essa voz..
Nunca esqueceria dela, Raissa, o primeiro amor da minha
vida.
Foi por causa do que senti por ela que não quis mais me
envolver com mulher nenhuma até Amanda entrar na minha vida e
virá-la de cabeça para baixo.
— Raissa, quanto tempo! Como está? Continua tão linda
quanto na última vez que te vi.
Ela sorri balançando a cabeça.
— E você continua galanteador como sempre. Mas não,
querido, não estava bonita na última vez em que nos vimos. Estava
com a cara inchada de tanto chorar, implorando para que não me
deixasse a mando da sua mãe porque era pobre demais para o
lindo filhinho rico dela.
A lembrança me acerta como um soco no estomago.
— Tem razão, te deixei a mando dela e hoje você me
encontra anos depois em um bar pelo mesmo motivo. Sinto muito
mesmo se te magoei naquela época.
— Quem foi a sortuda da vez?
— A mãe do meu filho. — A informação sai amarga da boca.
Viro de uma vez o último gole do uísque quando sinto um
copo de água ser jogado na minha cara.
— Ficou louca, Raissa? Será que hoje é o dia das mulheres
jogarem coisas em mim?
— Está me dizendo que sua mãe te obrigou a deixar a mãe
do seu filho? Você tem um filho, Colin? É pai e ainda deixa sua
família mandar na sua vida? O que vai ser dessa criança quando
crescer sem o pai presente? Se você deixar essa mulher a mando
da sua mãe, ela nunca vai te perdoar.
— Tem razão, ela falou com todas as letras que não vai me
perdoar. Deixei a mãe do meu filho mais de um ano atrás e ela
estava grávida quando fiz essa burrada. Hoje descobri que tenho
um filho e ela não quer nem mesmo me deixar chegar perto do meu
bebê.
— Bem feito para você, seu idiota! Quando é que vai crescer,
Colin? Acho que já está na hora, não? Você tem um filho. Tem
noção do quanto isso é importante na vida de uma pessoa? Larga
seus pais de mão e lute pela sua família, pela sua felicidade. Já é
rico o suficiente para andar com as próprias pernas, não acha? Ou o
seu filho e a mãe dele não valem o esforço?
Não respondo nada por alguns minutos, raciocino sobre tudo
o que ela falou e tomo a decisão mais importante da minha vida.
— Você tem razão, Raissa, meu filho e a mãe dele valem
todo o esforço do mundo. Vou lutar por eles e enfrentar quem entrar
no meu caminho.
— E o que ainda está fazendo aqui que não foi atrás dela?
Raissa parece estar falando muito sério e apenas sorrio.
— Obrigado, Raissa, estava precisando de uma conversa
como essa e um choque de realidade. Nem o Thony conseguiu me
fazer cair na real, acho que precisava ouvir umas verdades na cara
de alguém de fora. Como fui um idiota esse tempo todo.
— Espero que o Thony esteja bem. Fiquei sabendo que ele
se casou e já tem até filhos. Nunca imaginei Anthony Jones, o
pegador da faculdade, casado e com filhos. Quanto a você, Colin, te
amei por muito tempo e te odiei por mais tempo ainda. Foi libertador
o dia em que resolvi me abrir para o amor novamente e hoje sou
feliz. Espero que consiga se libertar das amarras que você mesmo
cultivou e que tenha uma vida feliz.
Levanto e vou até Raissa, a abraçando.
Nos despedimos, saio do bar e o primeiro passo para
conseguir conquistar minha Amanda novamente é acabar com o
compromisso de merda com Scarlett.
CAPÍTULO 36

Colin Lewis
Dirijo em alta velocidade até o apartamento de Scarlett,
vou acabar com esse noivado hoje.
Não posso mais adiar minha liberdade, não tenho mais tempo
para isso, meu filho está crescendo e o quero na minha vida.
Estaciono o carro na garagem do prédio e entro no elevador
sem nem mesmo passar pela recepção para ser anunciado.
As poucas vezes em que vim aqui foram o suficiente para
que ela me desse uma cópia da chave e com isso minha passagem
é liberada.
Chego no apartamento dela que ocupa um andar inteiro e
vou até à porta. Ao passar a chave na fechadura, a porta abre com
facilidade.
Entro no apartamento e ao chegar na sala um sorriso brota
no rosto.
Isso só pode ser mesmo providência divina, enviada pelo
próprio Deus.
Chuto as peças de roupa e caminho rumo ao quarto de
Scarlett.
Ao me aproximar da porta escuto gemidos e sei muito bem
do que se trata.
Sou o corno mais feliz do mundo inteiro.
Para não matar de susto o casal que claramente está
transando e se divertindo no quarto apenas bato a porta com força.
Isso é o suficiente para o silêncio reinar no quarto.
— Você tem cinco segundos para se vestir, Scarlett, ou abro
a porta e flagro os dois pelados. Sei o que está fazendo aí dentro.
Conto mentalmente até cinco e quando vou abrir a porta,
Scarlett aparece toda descabelada.
Sem dar tempo para que ela saia, entro no quarto porque
quero pelo menos ver a cara do meu salvador, mas ao fazer isso
minha surpresa é maior ainda.
— Meu Deus, Scarlett, quando que acho que nada mais me
surpreende você vem e faz isso.
Não fui traído por um homem, mas por uma mulher e não
tenho nada contra esse tipo de relacionamento, só me surpreende
muito.
— Colin, por favor, não faça nenhuma besteira, vamos ficar
noivos em alguns dias, posso explicar.
— Explicar, Scarlett? Não tem nada para me explicar, estou
vendo com meus olhos. Se gosta dela não vejo problema nenhum
nisso, crie coragem e se assuma. Só não me use para entrar em um
casamento que claramente sabemos que não vai dar certo.
A outra mulher está pálida em um canto do quarto,
provavelmente o que falei não era o que ela esperava ouvir.
— Não posso fazer isso, Colin, tenho que me casar com
você. Durante todo esse tempo que estamos juntos nunca colocou
um dedo em mim. Por mais que me insinuasse nunca me quis, nem
mesmo me beijar queria.
— Não fiz porque não te amo, Scarlett. Não tem nada em
você que me chame a atenção. Nunca quis esse relacionamento e
você sempre soube disso. Perdemos nosso tempo e o que estou
vendo aqui mostra claramente que também não tem sentimentos
por mim.
“Querida, esse casamento não acontecerá nunca.
“Acabou, Scarlett, e não se preocupe que não revelarei seu
segredinho.
“Mas você deveria parar para pensar, se é dela que gosta
deveria se assumir para todos. Não ligue para o que as pessoas vão
achar, viva a sua vida e seja feliz. Não perca tempo querendo entrar
em um relacionamento que não vai dar em nada apenas para
agradar quem quer que seja.
“Espero sinceramente que um dia consiga ser feliz com
alguém que a ame.”
Ela me olha com lágrimas nos olhos e balança a cabeça
concordando, parece que não era só eu que estava perdido no
mundo.
— Adeus, Scarlett, nos vemos por aí.
— Adeus, Colin, e obrigada por abrir meus olhos. Sinto muito
mesmo.
— Não se preocupe com isso, pense no que falei. Vou deixar
sua chave na porta.
Ela balança a cabeça e saio mais feliz do que entrei.
Agora falta resolver apenas mais um problema e esse vai ser
o pior de todos, meus pais.
**
Chego na casa dos meus pais e logo na entrada sou recebido
por mamãe sorridente. Abraço minha mãe e a beijo na testa como
sempre faço, mas dessa vez não vou enrolar para tocar no assunto.
— Temos que conversar, mamãe. Papai está em casa?
Ela me olha desconfiada e responde:
— Está, querido. Ele está no escritório.
— Certo, vamos até o escritório, quero falar com os dois
juntos.
Ela concorda e vamos até o escritório, abraçados.
Abrimos a porta e papai demostra surpresa ao me ver.
— Meu filho que surpresa boa, entre.
Faço o que ele diz e me aproximo da mesa, mas não me
sento.
— Surpresa, sim, mas boa para vocês, acho que não.
— O que aconteceu? — minha mãe pergunta preocupada.
Resolvo ir direto ao assunto.
— Scarlett e eu terminamos numa boa nosso relacionamento.
Vou fazer de tudo até o impossível para reconquistar a Amanda e
vou me casar com ela.
Minha mãe finge que vai ter um ataque cardíaco e olho para
a cena incrédulo.
Como foi que nunca percebi a maneira como minha mãe me
manipulava?
— Você não vai ajudar? A sua mãe está passando mal. Quer
matá-la?
— Ela não está passando mal, papai, isso é fingimento.
— Sabia que com a volta daquela mulherzinha você ficaria
contra nós. Não vou permitir nunca que fique com uma qualquer,
filha de imigrante. Não aceito isso na minha família — mamãe diz
claramente voltando ao normal.
— Mamãe, a amo muito, mas se a senhora se referir a minha
futura esposa e mãe do meu filho mais uma vez dessa maneira, eu
mesmo vou processá-la por racismo. Deveria esta agradecida,
Amanda te deu um neto homem como sempre quis. Se vocês dois
não aceitarem minha mulher na família é bom começarem a fazer
outro filho para herdar tudo o que construíram. Ou aceitam a
Amanda, ou vão perder o único herdeiro que tem. Se eu tiver que
escolher entre ela e vocês, já estão cientes da minha escolha.
Papai solta mamãe de uma vez no chão e aí me preocupo
porque ela parece sentir dor com o tombo.
— Amanda teve um filho homem?
— Sim, senhor.
— E como tem tanta certeza de que o menino é seu?
— Ele tem a nossa marca de nascença, pai. Meu filho tem
nossa marca no ombro esquerdo — digo mostrando a minha e ele
mostra a sua.
Sabia que isso iria amolecer o velho.
— Conserte as coisas, Colin, reconquiste sua mulher e a
traga aqui. Vamos nos desculpar com ela. Meu neto não vai ser
criado sem pai, ele tem uma família.
Mamãe se levanta do chão chorando, se senta na cadeira
que tem próxima à mesa e me olha.
— Faça o que o seu pai disse e traga Amanda aqui.
— Mamãe...
— Quanto tempo a criança tem de vida? — papai pergunta
interrompendo o que eu iria falar.
— Dez meses.
Mamãe me olha e segura minha mão.
— Ele é um bebê ainda. Tem alguma foto dele para ver, filho.
— Não, descobri a existência dele hoje e Amanda não quer
nem me deixar chegar perto dele. Ela está furiosa comigo e não é
para menos.
Mamãe abaixa a cabeça como se estivesse envergonhada e
isso me impressiona.
O dia hoje literalmente está cheio de surpresas.
Se soubesse que um neto os fariam mudar de opinião teria
engravidado Amanda na primeira oportunidade que tive.
— Vá consertar as coisas com Amanda, meu filho. E se não
conseguir, vamos pessoalmente até ela e nos desculpamos. Não
perca tempo, vá atrás dela agora mesmo, antes que Thompson, que
vive atrás dela, passe na sua frente.
Sinto um arrepio só em escutar o nome de Oliver.
Sem perder tempo, saio da casa dos meus pais com a
certeza de que vou fazer de tudo para que Amanda seja para
sempre minha.
CAPÍTULO 37

Amanda Lopez
Não consegui dormir nada ontem à noite, logo depois que
Colin foi embora da casa de Emily, saí com meu filho morrendo de
medo do que o louco poderia fazer.
Não vou abrir mão do meu filho e muito menos permitirei que
Colin fique perto dele. Não é justo depois de tudo o que passei que
ele venha querer dar um de homem ofendido e fazer questão de
direitos que ele não tem.
Olho para o lado e vejo meu filho dormindo feito um anjo
inocente, mal sabe que seus pais estão querendo entrar em uma
guerra para ver qual dos dois vai ficar com ele.
— Amanda, já está acordada?
Escuto Lara batendo à porta do meu quarto, me chamando.
Levanto devagarinho para não acordar meu filho, vou até à
porta e ao abri-la ela me olha.
— Tem um entregador na porta querendo falar com você.
— Entregador querendo falar comigo? Entregador de quê?
— É melhor você ir ver.
Saio do quarto e peço para que ela fique de olho no bebê que
está na cama. Vou até à sala e ao abrir a porta dou de cara com um
buquê enorme de rosas amarelas e vermelhas.
— É a senhorita Amanda Lopez?
— Sim, sou eu. Quem mandou essas flores?
— Desculpa, senhorita, só faço a entregas. Por favor, assine
aqui.
Assino o cartão e ele me entrega as rosas.
Fecho a porta e volto para a sala procurando algum bilhete.
Logo encontro, mas ao ler o que tem dentro do envelope
sinto vontade de fazer a pessoa que mandou o buquê engolir cada
uma das rosas.
“Vou passar na sua casa às quinze horas para pegar
você e nosso filho para passear.
Quero fazer algumas compras para ele e assim podemos
conversar.
Ass.: O papai mais feliz do mundo."
Como sei que o número do celular dele não mudou porque vi
na agenda da galeria, ligo para o sem-vergonha que logo no
primeiro toque atende.
— Como meu celular estava com saudade de receber uma
ligação sua.
Não vou nem me dar ao trabalho de responder à provocação.
— Já está bêbado uma hora dessas? Acha que vou sair com
você e ainda vou levar MEU bebê? Já disse que não existe essa de
nosso filho, mas MEU FILHO. Entendeu ou quer que desenhe para
que compreenda minhas palavras? — Escuto seu respirar do outro
lado da linha.
— Amanda, vamos tentar fazer isso da maneira mais fácil,
por favor, estou te pedindo.
Mas é muito cara de pau.
— Eu também te pedi por favor, lembra?
— Amanda...
— Pedi em lágrimas para que, por favor, não me deixasse e
você apenas disse que sentia muito. Um dia da caça e outro do
caçador, meu querido. Sinto muito, mas o que quer não vai
acontecer.
— Temos que entrar em acordo, Amanda. Não quero ser
obrigado a processá-la, quero ver meu filho hoje.
— Já falei que se quiser um filho faça na sua noiva.
— Não tenho mais uma noiva, terminamos ontem. Não
mentirei para você, Amanda, e nem te enganar, estou disposto a te
reconquistar e tê-la para mim novamente. Passarei o resto dos
meus dias pedindo perdão por tudo o que te fiz passar. Dessa vez
vou lutar pelo seu amor porque te amo, sempre amei.
Fico muda, sem conseguir pronunciar uma única palavra
devido minha surpresa.
— Amanda, você ainda está aí, amor?
Passei meses querendo escutar Colin me chamar assim e
agora que finalmente escuto não posso acreditar nele. Pode ser
apenas um truque para que consiga tirar meu filho.
— Uma pena que percebeu seus sentimentos tarde demais.
Não me chame nunca mais de amor porque não sou seu amor.
— Isso não é você quem decide. Não vou ficar discutindo, às
quinze horas chego aí para pegar vocês.
— Colin... — Olho para o celular sem acreditar que ele teve a
coragem de desligar na minha cara. — Que idiota! Ele que se atreva
a vir até aqui...
— Ele vai vir e você vai permitir que ele veja o filho.
Eu me assusto ao ver que papai está bem atrás de mim.
— Pai, ele não tem direito nenhum em exigir isso.
— Ele passou a ter direitos a partir do momento que você
permitiu que ele descobrisse a existência do filho. Falei para deixar
o menino em casa e ir sozinha, mas como a grande teimosa que é
fez o que queria. Agora essa é a consequência, não pode obrigá-lo
a ficar longe do filho.
— Mas, papai...
— Também não gosto que esse rapaz fez com você,
Amanda, mas ele é o pai de Ryan. É um advogado poderoso e
influente, e se ele quiser tirar o menino de você conseguirá sem
nem mesmo fazer muito esforço. É bom sentar com ele e tentarem
entrar em um acordo que será benéfico para os dois. Querendo ou
não, Colin é o pai do seu filho e tem tanto direito sobre o garoto
quanto você. A vida não é justa, minha filha, nunca foi e agora você
vai aprender a lição.
Mesmo contra minha vontade tenho que concordar com tudo
o que o papai diz. Se Colin quiser ele consegue tirar meu filho em
um estalar de dedos.
Não quero ter que envolver Oliver nisso, meu amigo tem seus
próprios problemas e não são poucos. Parece que a família dele
está exigindo que se case e construa uma família.
Está mais do que na hora de começar a me virar sozinha,
sem ter que contar com a ajuda dele.
CAPÍTULO 38

Colin Lewis
Passei o dia todo inquieto e finalmente chegou a hora
que combinei com Amanda.
Parei na frente do prédio onde ela mora, meia hora antes do
combinado, apenas para não correr o risco de me atrasar.
Vou à recepção, me identifico e os porteiros ao confirmarem
com alguém do apartamento minha presença, liberam minha
entrada.
As portas do elevador abrem e saio no andar da cobertura
que por sinal é linda.
Toco a campainha e o senhor Lopez é quem me recebe.
— Boa tarde, senhor — cumprimento tentando não demostrar
que estou nervoso.
— Não gosto de você.
Engulo em seco ao ver como ele está sendo gentil e
adorável.
— Sei disso, senhor, mas estou disposto a me redimir.
— Se ousar magoa minha filha mais uma vez, acabo com sua
raça, não importa se eu vá parar na cadeia. Estamos entendidos?
— Sim, senhor.
— Muito bem, agora entre Amanda está no quarto com Ryan.
A palavra quarto e Amanda na mesma frase faz minha
cabeça ir longe. Desde que ela foi embora não consegui ficar com
mulher nenhuma, o que chegava a ser vergonhoso. Tentei levar
outras mulheres para cama, mas meu pau não funcionava como
deveria. Era como se ela tivesse lançado uma maldição na minha
vida, ou o chá de boceta que ela deu no meu amigão foi tão bom
que ele não queria nenhuma outra, apenas a dela.
— Será que posso ir até o quarto ver o menino.
O velho me encara e sorri sem vontade.
— Sei muito bem quem você quer ver, já tive a sua idade,
rapaz, não precisa vir com essa conversa para cima de mim. O meu
aviso já foi dado. Ela está na terceira porta a direita. — Aponta para
um corredor.
Sem perder tempo vou até onde ele indica.
Abro a porta devagarinho para que ela não perceba minha
presença e me deparo com a cena mais linda do mundo. Amanda
está vestida com um short curto e camisa regata enquanto tenta
inutilmente colocar uma fralda descartável no meu filho.
— Tem que ficar quietinho, Ryan, seu papai já deve estar
chegando e ainda nem consegui tomar banho. Colabora com a
mamãe.
O garoto sorri para ela e faz uns barulhos engraçados com a
boca, como se estivesse conversando.
— Mamama...
— Isso, mamãe, se você chamar papai direitinho primeiro sou
capaz de me jogar de uma ponte. Agora dá para controlar as
pernas, preciso te vestir.
— Precisa de ajuda? — Resolvo revelar minha presença na
porta, mas sei que orgulhosa como ela é, nunca vai dizer que
precisa.
— Faço isso sozinha há dez meses, não vai ser agora que
precisarei de ajuda.
— Não é o que parece, ele claramente está levando a melhor.
Ela respira fundo e me olha tirando o menino da cama.
— Segura Ryan em seu colo, fica mais fácil para vesti-lo.
Pego o menino em meus braços e ela rapidamente veste o
short e a camisa no menino.
— Quase pronto, só faltam os sapatos.
Amanda vai até à cama, pega um par de meias e de sapatos
minúsculos, e calça no menino com uma facilidade incrível. Logo em
seguida passa uma escova pelo cabelo dele.
— Agora ele está pronto, fica aqui dentro com ele para que
tenha certeza de que não vai fugir com meu filho enquanto tomo um
banho rapidinho. Nunca mais consegui sair na hora certa depois que
ele nasceu.
Acho graça do que fala.
— Você já não conseguia fazer isso antes dele, amor, agora
não seria diferente. — Tento passar a mão nela, mas a mulher
arisca se afasta como se minhas palavras a afetassem.
— Não me chame de amor, já pedi isso. Fica com Ryan
enquanto tomo banho.
Ela se afasta e entra no banheiro.
Fico com meu filho no colo sem saber o que fazer, até que
tento chamar sua atenção com alguns brinquedos que tem em cima
da cama e ele parece gostar.
Olho ao redor e tudo no ambiente lembra Amanda, mas tem
uma coisa que me chama atenção. Tem apenas um berço no quarto,
o que me leva a crer que Ryan tem um quarto separado do dela,
mas talvez ela goste de dormir com ele.
Não demora muito e ela sai do banheiro, enrolada em uma
toalha de banho curta demais. Ver seu corpo desse jeito faz meu
pau ganhar vida.
Agora ele resolve funcionar e a sensação é deliciosa.
Essa mulher só pode estar querendo me provocar saindo do
banheiro deste jeito.
Como se soubesse meu estado, a safada rebola para dentro
do closet e deixa a porta entreaberta.
Não consigo tirar os olhos da fresta da porta, pois, consigo
ver perfeitamente ela se enxugando, passando a toalha por seu
corpo.
Amanda é uma tentação em forma de mulher.
Quando ela se abaixa e empina a bunda, resolvo chamar sua
atenção ou é capaz de ter um orgasmo com meu filho bem do meu
lado, só olhando para ela.
— Amanda... — chamo entredentes.
Ela olha na minha direção se dando conta que a porta não
fechou completamente, mas não parece ficar assustada com isso. A
mulher me encara, vai até à porta e a fecha direito.
Preciso fazer com que ela me perdoe o mais rápido possível
ou não vou aguentar.
Dez minutos depois ela sai do closet completamente
arrumada, usando calça jeans colada e blusa solta.
Me pergunto o motivo dela ter escolhido esse tipo de roupas.
— Calça jeans?
Ela me encara e sorri.
— É mais seguro ficar de calça jeans perto de você, pode
querer me atacar. Seu olhar faminto diz tudo.
— Se estou assim como fala com um olhar faminto a culpa é
toda sua.
— Minha? Acho que não está raciocinado direito.
— Não vamos conversar sobre isso agora em consideração
ao nosso filho, mas depois voltamos a tocar nesse assunto, a sós de
preferência.
Ela me olha com um olhar cerrado.
Amanda é desafiadora.
— Olha aqui, Colin, se está hoje dentro da minha casa é
porque meu pai me obrigou. Por mim, nem mesmo olhava na sua
cara. Agradeça a ele por eu ter permitido que se aproximasse de
mim e do meu bebê. É melhor sairmos logo antes que mude de
ideia.
Ela pega o menino do meu colo e o abraça saindo do quarto.
Quando passamos pela sala, o pai dela está sentado no sofá
acompanhado por uma senhora que já sei que se chama Lara. Pelo
que Anthony me contou, ela ajuda Amanda a cuidar do pai e do
bebê.
— Não chegue tarde em casa com o menino, Amanda. Seu
toque de recolher entrou em vigor novamente hoje.
Acho estranho a maneira como ele fala enquanto Amanda
olha para o pai como se não gostasse do que ouviu.
— Mas, papai...
— Ou é isso, ou não sai de casa. Se chegar depois do
horário sabe o que acontece.
Ela respira fundo, ajeita a bolsa que a senhora Lara entregou
a ela e responde:
— Sim, senhor, entendi.
— Ótimo, agora vá, seu tempo está passando.
— Vamos, Colin.
Eu a acompanho sem falar nada, pois, quero sair do radar do
velho que aparentemente não gosta mais de mim.
Assim que entramos no elevador pergunto a ela o que é esse
toque de recolher.
— O que seu pai quis dizer com seu toque de recolher?
— Devo agradecer isso a você, quando ele descobriu que
estava grávida e me neguei a dizer quem era o pai do meu bebê, ele
me proibiu de sair de casa por meses. Saia apenas para trabalhar e
depois voltava.
— Seu pai não sabia que eu era o pai do nosso filho?
— Não, foi o fofoqueiro do Ollie que contou quando ficamos
sabemos que teria que voltar.
Não gosto nem um pouco como ela se refere ao Thompson.
— O que existe entre você e o Thompson? Afinal ele se
mudou com você para Nova York.
— Minha vida particular não é da sua conta, então não faça
perguntas que não vai gostar da resposta.
Com isso me calo e as portas do elevador abrem.
CAPÍTULO 39

Amanda Lopez
Saímos do elevador, seguimos em direção ao
estacionamento e Colin me chama.
— Meu carro está estacionado lá fora.
— Não vamos no seu carro, meus seguranças não permitirão
isso. Oliver faz questão que eu ande apenas no meu carro ou no
dele que é blindado. Não gostamos de correr riscos quando
estamos com Ryan.
A cara com a qual Colin me olha não é nada boa.
— Meu carro também é blindado, Amanda, e tem muita gente
por aí que não gosta muito de mim. Também não corro riscos, ainda
mais com você e meu filho junto comigo.
Fico pensativa por alguns segundos.
— Vou ligar para o Oliver, ele vai ficar chateado se eu sair...
— Por que tem que ligar para outro homem e informar que
vai sair comigo?
— Porque ele estava aqui quando você não estava. — Com
isso consigo calar a boca dele e pego meu celular.
Faço a ligação na frente dele, sob seu olhar atento. Não
tenho nada a esconder e Ollie atende no terceiro toque.
— Eu já sei que vai sair com o Colin, tenha cuidado e se
precisar de ajuda já sabe.
— É claro que sei, mas ele quer sair no carro dele que
também é blindado, tem algum problema para você?
Oliver gargalha do outro lado da linha e sorrio, o
acompanhando.
— Amanda, você é demais! É por isso que sempre gostei de
você. É impossível cair na rotina sendo seu amigo e me sinto muito
bem por estar sendo usado para fazer ciúmes no pai do seu filho.
— Tenho certeza de que se sente bem com isso.
— Vá com ele, os seguranças vão fazer o trabalho deles de
longe como sempre.
— Tudo bem, um abraço.
— Se cuida.
Desligo o celular e olho para o homem incrédulo na minha
frente.
— Podemos ir com você, meus seguranças vão cuidar de
mim à distância.
Ele não fala nada, pega Ryan dos meus braços e sai
andando na frente, completamente chateado.
Ao chegar no carro, ele abre a porta traseira, acomoda Ryan
em um bebê conforto e isso me impressiona.
— Quando foi que você comprou a cadeirinha?
— Não sou irresponsável de querer andar com meu filho sem
a devida segurança, Amanda. Mandei instalar a cadeirinha hoje pela
manhã, logo depois que sai da floricultura.
Não falo nada, parece que o bom humor dele foi embora.
Eu me aproximo do carro para me sentar ao lado do meu filho
quando ele segura meu braço.
— Vai no banco da frente, ao meu lado como tem que ser. —
Fecha a porta do carro e abre a porta do passageiro para que eu
entre.
Assim que me acomodo, ele vai para o lado do motorista e
logo coloca o carro em movimento.
Depois de muitos minutos de silêncio, ele fala:
— Ryan parece gostar de andar de carro, ele fica quietinho.
— É ele gosta muito. Quando era mais novinho e chorava
muito, Oliver costumava andar de carro com ele. Não demorava
muito, ele dormia. Ainda bem que Ollie é literalmente dono do
petróleo porque ele gastou muito combustível com isso. — Acabo
sorrindo com a lembrança, Oliver passava horas andando de carro
com Ryan.
Olho para Colin e o vejo segurar o volante do carro com
força.
— Parece que perdi muito da vida do meu filho, mesmo ele
tendo apenas dez meses.
— Perdeu mesmo, você sabe da existência dele há vinte e
quatro horas e Oliver esteve com ele desde que nasceu, não queira
competir contra isso.
— Não pude estar com ele porque você me tirou essa
oportunidade.
— Sério que vamos voltar a esse assunto de novo? Não tem
o direito de me cobrar nada.
Ficamos calados e ao olhar para rua me dou conta de onde
estamos indo, fiz esse caminho muitas vezes.
— Por que estamos indo para sua casa? Não quero ir para
sua casa.
— Caso não tenha percebido Ryan dormiu, não tem sentido
levá-lo para passear se ele está dormindo. Não se preocupe, está
bem protegida com a sua calça jeans.
Não respondo nada.
Em poucos minutos, chegamos a grande mansão dele, lugar
onde tenho boas lembranças, mas também me traz uma ruim.
Colin para o carro bem na frente da casa e logo pega Ryan
no colo que nem se mexe.
Meu filho realmente caiu em um sono pesado.
Colin sobe a escada com ele e o sigo.
Ele abre a porta do quarto dele e coloca meu bebê na cama.
— Acho que ele não vai cair da cama, ela é muito grande e
espaçosa.
Fico me perguntando se outra mulher além de mim já dormiu
nesta cama.
— Coloca os travesseiros ao redor dele, não é bom confiar.
Ele faz o que falo e depois sai do quarto me chamando.
Acompanho Colin, mas assim que ele fecha a porta, questiono:
— Não podemos deixá-lo sozinho no quarto.
— Vamos conversar no quarto ao lado. — Ele nem me deixa
responder e vai até à porta ao lado, me obrigando a segui-lo. —
Amanhã darei entrada no processo de reconhecimento de
paternidade, pelo que investiguei ele foi registrado apenas no seu
nome.
— Colin...
— Nem adianta falar nada, não abro mão disso. Ele é meu
filho e usará meu sobrenome. Sou o pai dele e a partir de hoje vou
sustentá-lo e dar a ele tudo o que ele precisar. Meu filho não vai
mais precisar do Oliver para nada.
— Você não tem o direito de querer afastar Oliver da vida
dele.
— Sou o pai dele e não o Oliver.
— Mas era o Oliver que estava lá quando eu precisei, foi ele
quem me levou para o hospital, que ficou ao meu lado quando Ryan
adoeceu e ficou dias internado. Foi o Oliver que passou as noites
em claro comigo quando Ryan era recém-nascido, trocou fraldas
sujas e deu banho nele. Foi ele também que cancelou reuniões
importantes para me ajudar a cuidar do seu filho.
— Queria ter feito isso tudo, mas você me tirou esse direito
quando decidiu ir embora sem me dizer que estava grávida.
Ficamos nos encarado e minha vontade e de bater na cara
dele.
— Não pode me culpar por fazer isso, você me obrigou a
tomar essa decisão e sabe muito bem disso. Acho que não preciso
refrescar sua memória, deve se lembrar muito bem.
— Quero recomeçar, Amanda, quero que me perdoe e me
permita participar da vida do nosso filho, sem brigas todas as vezes
que quiser vê-lo.
— Não consigo te perdoar. Dói, é muito difícil esquecer tudo e
fingir que nada aconteceu. A sua família...
— Minha família já sabe de tudo e deixei bem claro que não
vou mais permitir que interfiram na minha vida. Caso tentarem fazer
isso, os deixo. Escolhi você em vez deles porque você e meu filho
são a minha família agora. Vou lutar por vocês e por seu perdão,
Amanda. Nem que tenha que pedir de joelhos todos os dias para
que me perdoe.
Tudo o que quero fazer agora é pular no pescoço dele e gritar
que ainda o amo, mas meus sentimentos estão confusos. Estou
com medo de tomar a decisão errada, preciso pensar muito bem
antes de tomar uma decisão importante como essa.
— Não posso fazer isso, Colin, não agora. Entenda por favor
e se coloque no meu lugar. Fui magoada demais, ferida demais para
te perdoar fácil assim. Agora acho que é melhor pegar meu filho e ir
embora da sua casa.
— Não precisa fazer isso, espere que o menino acorde e levo
vocês de volta. Afinal, você tem um toque de recolher, não é
mesmo?
CAPÍTULO 40

Amanda Lopez
Já se passaram duas semanas desde que Colin descobriu
a existência do filho e que perdia a minha paz. Ele já reconheceu a
paternidade do filho e agora meu bebê usa o sobrenome do pai.
Os pais de Colin me procuraram na galeria para
conversarmos e parece que saber da existência de um neto, um
herdeiro homem, os fizeram mudar de ideia.
Fiz questão de falar tudo o que aquela cobra merecia ouvir e
em momento nenhum, enquanto eu falava, ela tentou me impedir,
coisa que me surpreendeu.
Não posso dizer que os perdoei porque estaria mentindo.
Mesmo contra minha vontade, tive que permitir que eles
vissem meu filho, afinal de contas são os avós paternos de Ryan.
A velha até mesmo me agradeceu por ter dado um neto tão
lindo a ela e me tratou até bem.
Achei que não fosse viver para ver esse dia chegar.
Ainda não perdoei Colin apesar da sua insistência, mas tenho
que admitir que ele está cumprindo com a palavra. Todos os dias me
pede perdão com um discurso diferente e me manda rosas. Ele
deve ter feito uma sociedade com a floricultura porque não tenho
mais lugar para colocar tantas rosas.
— Amanda, Lara está tentando falar com você no celular e
não consegue. Parece ser urgente, ela está na linha dois — Bruna
entra na minha sala falando.
Ao olhar para o celular, vejo que está descarregado e meu
coração gela ao pensar que pode ser alguma coisa com meu filho.
— Lara, o que aconteceu? Meu celular descarregou.
— Amanda, logo depois do almoço, Ryan começou a chorar
e não parou mais. Agora ele está queimando de febre, não sei o que
fazer e nem que remédio dar a ele.
Meu mundo para, pois tudo o que não pode acontecer,
aconteceu.
— Não o medique de jeito nenhum, ele pode ter uma reação
alérgica. Leve Ryan para o hospital o mais rápido possível, os
documentos do plano de saúde estão na gaveta da cômoda no meu
quarto. Encontro você no hospital.
— Tudo bem, vou fazer isso — diz e desliga.
Começo a tremer com medo do que pode acontecer com
meu filho.
Pego a bolsa, saio da sala desesperada e ao passar por
Bruna peço um favor.
— Bruna, ligue para o Oliver e diga para ele me encontrar no
hospital. Ryan não está bem. Ele vai saber o que fazer. — Nem
espero ela responder e saio correndo para o estacionamento.
Entro no carro e saio dirigindo em alta velocidade até chegar
ao hospital.
Só Deus sabe quantas leis de trânsito infringi até chegar ao
meu destino.
Vou direto para a recepção do hospital e ao me identificar
eles logo localizam em que andar meu filho está.
Uma enfermeira me acompanha, mas ao chegar no andar me
levam para uma sala de espera e vejo Lara aguardando minha
chegada.
— Graças a Deus que chegou, Amanda, juro que não fiz
nada de errado. Ele comeu o de sempre. Nunca mais tinha passado
mal assim.
— Por favor, Lara, acalme-se, não estou te culpando por
nada. Nervosa aqui já basta eu, só me diga onde está meu filho.
— Quando cheguei na emergência com ele, entreguei os
documentos e levaram o menino para fazer exames, desde então
estou esperando por notícias.
Viro para enfermeira que me acompanhou e questiono onde
está meu filho.
— Senhora, seu filho está nas mãos dos melhores médicos,
recebemos ordens diretas do senhor Thompson para dar a ele o
melhor atendimento. Não se preocupe, assim que realizarem os
exames, o médico virá falar com a senhora e poderá ficar com seu
filho.
Concordo com a cabeça e me sento no sofá, preocupada.
Os minutos parecem se transformar em horas e nada de
receber alguma notícia do estado de saúde do meu filho.
De repente Oliver entra na sala e corro para abraçá-lo.
— Ollie, ainda não soube nada dele, deve ter acontecido algo
grave dessa vez. Eles não me dizem nada, faça alguma coisa pelo
amor de Deus, estou desesperada.
— Calma, Amanda, Ryan está bem e o médico já vem falar
com você. — Ele me abraça de volta e beija o topo da minha
cabeça.
Alguns minutos depois o médico entra na sala.
— Doutor, meu filho, quero meu filho agora mesmo.
— Acalme-se, mãezinha, seu filho está bem. No momento ele
está fora de perigo.
Começo a chorar, mas é de felicidade.
— O que aconteceu com ele, doutor? — Oliver faz a pergunta
que não consegui fazer.
— Ele está com um início de infecção e esse foi o motivo da
febre e do choro constante. Infecção é uma doença de fácil
tratamento quando descoberta no início, mas no caso do seu filho
que tem uma alergia severa a medicamentos é bem difícil tratar.
Fizemos vários exames, inclusive exames alérgicos e agora vamos
poder mapear e descobrir a que remédios ele tem uma intolerância
maior. Assim, uma próxima vez vai ser mais fácil tratá-lo. Não se
preocupe que ele está bem agora.
Respiro aliviada como se uma tonelada tivesse saído das
minhas costas.
A enfermeira me leva até o quarto onde encontro meu filho
dormindo no bercinho, usando a roupa do hospital.
Choro ao vê-lo tomando soro na veia, ele é tão pequeno.
— Vou deixá-los agora, volto à noite para ver como estão,
preciso voltar para a empresa.
— Obrigada, Ollie, por estar do meu lado mais uma vez.
— Sempre vou estar, Amanda, sabe que pode contar comigo
sempre.
Dou um abraço nele.
Ollie vai até Ryan para dar um beijo nele e sai do quarto logo
em seguida, me deixando sozinha com meu filho.
Assim que tudo está mais calmo, peço para Lara ir para casa
para dar notícias ao papai.
***
Horas depois estou sentada na poltrona do quarto com a
cabeça apoiada na grade do berço, quase cochilando, quando sinto
um toque em meu ombro.
Levo um susto e ao olhar para cima para ver quem é, vejo
Colin com um olhar preocupado e triste.
Na hora, a culpa me toma porque nem mesmo me lembrei de
avisá-lo e não faço ideia de como ele ficou sabendo.
— Como ele está agora? — pergunta sério demais, mas
consigo sentir a tristeza na sua voz.
— Está bem agora, fora de perigo.
Ele balança a cabeça.
— Isso é muito bom, é uma boa notícia.
Vejo o momento em que ele tira um envelope dobrado ao
meio de dentro do terno e me entrega.
— Colin, o que é isso? — pergunto sentindo um mau
pressentimento.
— Entrei agora pouco com um pedido de guarda
compartilhada. Assim vou ter pelo menos o direito de saber que meu
filho está no hospital passando mal, sem poder ser medicado por ter
uma alergia severa a medicamentos que eu nem mesmo sabia. Vejo
vocês dois todos os dias e conversamos por horas, Amanda, mas
nunca me falou essa informação tão importante.
— Colin, me desculpa, no desespero do momento não me
lembrei de te avisar.
— Mas lembrou de mandar avisar o Oliver porque ele é mais
importante na sua vida e na vida do meu filho do que eu.
"Já entendi, Amanda, sou um cretino de merda que não
merece o seu perdão.
"Não sei mais o que fazer para que me perdoe. Vou continuar
tentando todos os dias buscar seu perdão e um dia quem sabe não
possa vir a me perdoar, mas durante esse processo, quero ter meus
direitos de pai porque amo meu filho.
"Quando soube pela boca da Bruna que Ryan estava em um
hospital, ao te procurar na galeria, fiquei desesperado.
"Ao chegar aqui não pude entrar para vê-lo porque nos
documentos do plano de saúde não consto como pai. O responsável
por ele é Oliver Thompson.
"Tive que sair no meio do meu desespero para buscar a cópia
do registro de nascimento dele, na minha casa, para provar que ele
é meu filho.
"Não vou mais passar por isso, por mais que eu te ame.
"Admito que errei muito com você, mas não vou abrir mão do
meu filho.
"Sempre fui muito claro em relação a isso."
A minha ficha cai, Colin hoje pagou a dívida que tinha
comigo, sentiu na pele como é ser deixado de lado, em segundo
plano, assim como ele fez comigo.
Estamos quites.
— Eu te amo, Colin, e não deixei de te amar um dia sequer,
desde que me declarei a você.
Ele me olha como se não acreditasse no que escuta.
— Você está falando sério, Amanda? Não está brincando
comigo? Você me perdoa?
Acabo sorrindo da sua incredulidade.
— Eu te amo, Colin Lewis. Amo como nunca amei nenhum
outro homem na minha vida.
Colin abre um sorriso grande e me puxa da poltrona. Ele me
abraça, me beija, me aperta, até me imprensar na parede ao lado do
berço do nosso filho.
Quando o beijo saudoso está tomando proporções
incontroláveis escutamos alguém tossindo dentro do quarto.
— Vocês dois não tem respeito nem mesmo pelo meu neto?
Amanda, será que vou ter que colocá-la de castigo novamente?
Nos afastamos e Colin vai até papai, o abraçando feliz da
vida.
— Ela me perdoou, senhor Lopez. Amanda me perdoou.
Papai dá dois tapinhas nas costas dele e fala:
— Sabia que mais cedo ou mais tarde ela acabaria te
perdoando. Essa menina nunca te esqueceu. Vê se dessa vez não
faz besteira, rapaz, ou já sabe o que vai acontecer, já dei meu aviso
outro dia.
— Pode deixar, senhor Lopez, vou viver para satisfazer todas
as vontades da minha mulher.
— Jesus Cristo, que Deus te ajude, rapaz, não sabe onde
está se metendo.
Acabo sorrindo do drama que papai faz.
Agora tenho certeza de que dias melhores virão e que
finalmente vou poder ser feliz ao lado do homem que amo, criando
juntos nosso filho.
EPÍLOGO

Colin Lewis
Quando cheguei na galeria de artes a procura de
Amanda e Bruna me disse que ela tinha saído correndo para ir ao
hospital, pois meu filho estava passando mal, senti meu mundo
parar.
Nunca imaginei na vida que iria sentir tamanho desespero
como aquele.
Mas meu coração doeu mesmo quando não liberaram minha
entrada e tive que provar que era o pai dele para conseguir vê-lo.
Foi no meio dessa pressão toda que aproveitei para dar
entrada no pedido de guarda compartilhada, assim nunca mais
passaria por esse tipo de situação novamente.
Porém, o que era para ser um dos piores dias da minha vida,
se tornou um dos melhores. Foi nesse dia que Amanda resolveu me
perdoar por toda a merda que fiz e hoje vivemos bem e felizes junto
com nosso filho.
— Não acredito que mandou papai, Lara e Ryan para a
cobertura.
— Mandei a babá também, com Ryan andando para todo
lado Lara precisa de ajuda. Hoje é a nossa noite de núpcias e estou
há muito tempo sem sexo. Você me castigou dizendo que teria que
esperar até o casamento, por isso, apressei a data. Agora, meu
amor, pretendo te foder à noite toda.
Ela sorri maliciosa.
Antes que a Tentação consiga fugir, a pego pela cintura e a
jogo por cima do ombro. Subo a escada com ela batendo nas
minhas costas.
— Quando foi que se transformou em um homem das
cavernas?
Bato na bunda dela e ela grita.
— Sei que gosta, sua safada. Vou te comer de todas as
maneiras possíveis.
Abro a porta do quarto e a jogo em cima da cama. Sem
perder tempo, começo a tirar minhas roupas e fico só de cueca.
A sem-vergonha passa a língua em seus lábios como se
estivesse com vontade de me devorar.
— Acho bom começar a tirar esse vestido ou vou rasgá-lo ao
meio.
— Não teria coragem.
— Amanda, ainda duvida de mim, amor?
Ela sorri e abre o zíper que tem ao lado do vestido. Ajudo
minha mulher a tirar a peça, a deixando apenas de lingerie.
Como não quero nada em seu corpo, trato logo de rasgar sua
calcinha e ela grita batendo em meus braços.
— Colin, por que fez isso? Era só tirar. Está tão louco assim
para transar?
— Você nem imagina o quanto, amor. Eu te desejo cada dia
mais. — Vou para cima dela como um leão pronto para devorar a
sua presa.
— Vai com calma, Colin, faz muito tempo que não faço sexo
com um homem.
— Amanda, amor, preciso de você agora. Olha como já está
excitada, está toda molhadinha — digo sentindo sua boceta úmida.
Tudo o que Amanda consegue fazer é gemer meu nome.
— Acho que não estamos em condições de ir para as
preliminares agora, quero te sentir dentro de mim duro e forte agora.
— Não precisa pedir duas vezes, amor. — Tiro a cueca, entro
dentro dela de uma vez e a safada grita de prazer.
— Colin...
— Porra, Amanda, continua apertadinha do jeitinho que me
lembrava.
Estoco rápido e forte como ela pede e isso me leva a loucura,
mas tento me controlar para não gozar primeiro do que ela.
Abocanho um dos seus seios enquanto estímulo seu clitóris
para que goze logo ou vou me sentir envergonhado.
Minha tática dá certo quando ela começa a suspirar.
— Eu vou gozar...
— Goza, amor, goza para o seu marido.
E como se obedecesse a minha ordem, ela goza gemendo
gostoso como nunca tinha visto.
Para não ficar para trás, aumento meus movimentos e não
demora muito para que me derrame dentro dela.
— Isso foi muito bom. Agora podemos fazer amor de
verdade, afinal a nossa noite está só começando — sussurro em
seu ouvido e ela gargalha.
Eu me sinto um homem completamente feliz e realizado por
ter ao meu lado a mulher que amo. Juntos construímos uma família
linda e aprendemos com nossos erros a confiar um no outro, o que
é essencial para qualquer relacionamento dar certo.
— Eu te amo, Colin. Te amo demais.
— Eu também te amo, meu amor. Nunca mais na minha vida,
vou permitir que saia do meu lado, você é a razão da minha
existência junto com nosso filho.

Fim.
AGRADECIMENTO

Esse foi mais um livro que escrevi a pedido de vocês,


leitores, o segundo livro da trilogia Absolutamente Minha.
Logo o terceiro livro chega e fico muito feliz por ter atendido
esse pedido.
Foi maravilhoso escrever mais essa história, onde o amor
mais uma vez venceu os obstáculos e o preconceito.
Espero profundamente que tenham gostado deste livro assim
como gostaram do todos os outros que já escrevi.
Cada parágrafo, cada página foi escrita com muito amor,
carinho e dedicação que sempre demostrei ter com meu trabalho e
respeito com meus leitores.
Quem me acompanha desde o início sabe do que estou
falando.
A todos que fazem parte dos meus grupos de leitura quero
deixar meu muito obrigado, vocês sempre apoiam meus projetos e
me colocam para cima quando preciso.
Tenham certeza de que moram no meu coração.
OUTRAS OBRAS DA AUTORA

Absolutamente minha
Sinopse
Anthony, CEO do grupo Jones, se vê obrigado a ficar noivo
de uma garota que nunca viu depois que seu pai descobre que seu
antigo relacionamento não passava de um acordo entre amigos.
Furioso com o filho, ele não lhe dá a opção de rejeitar a
proposta de casamento.
Emily ao descobrir que seu pai negociou seu futuro em troca
de salvar a empresa da família, que está à beira da falência, fica
furiosa e decepcionada.
Ela nunca pensou que o homem que lhe deu a vida seria
capaz de cometer tal absurdo.
Emily sonha em se tornar uma grande artista plástica e se
casar não está em seus planos, mas como não tem muita opção de
escolha acaba aceitando o compromisso pelo bem da família.
Anthony, não quer se casar, mas se vê desafiado por uma
linda mulher que só o rejeita desde que se conheceram.
Emily só pensa em uma maneira de se livrar desse
compromisso.
O que ela não esperava era que com esse jogo de gato e rato
entre os dois no final iriam se apaixonar.
Eles teriam que correr atrás do tempo perdido, além de muito
o que acertar para que conseguissem ficar juntos.
DISPONÍVEL NA DREAME
De Costas para o CEO
Sinopse
Ivan Smith, se torna CEO do grupo Smith Empreendimento,
uma das maiores empresas da Califórnia depois da morte de seu
pai.
Ele e um empresário esperto, rápido, sagaz e frio.
Um certo dia conhece a jovem Stela, uma jovem órfão que
mora com os avós e estuda jornalismo, e se sente atraído, mas não
quer reconhecer seus sentimentos.
Ivan prefere manter sua vida sem compromissos, apesar de
manter uma amizade com benefícios com Caroline Davis. Ele
sempre está à disposição quando ela precisa, assim como ela
sempre quando precisa satisfazer as suas necessidades de homem,
mas nunca passou disso.
O que o destino tem reservado para esses dois?
DISPONÍVEL NA DREAME

Meu admirador é um hacker


Spin-off do De Costas para o CEO
Andreza é uma garota rica e mimada que está acostumada a
ter tudo o que deseja. Ela é a caçula da poderosa família Smith e
ainda não conheceu o amor.
Dylan Parker, um famoso hacker cujo codinome no mundo
das sombras é White Bandit.
Mas no mundo real ele é o CEO de umas das maiores
empresas de tecnologia, segurança e rastreamento do mundo.
O destino está disposto a unir esses dois, ou será Dylan que
está tentando o destino?
DISPONÍVEL NA DREAME

Seduzida pelo Chefe


Spin-off do De Costas para o CEO
Olivia Miller, tem vinte e três anos e acabou de se formar na
faculdade de administração.
Durante seu estágio no grupo Smith, conseguiu a
oportunidade de trabalhar como secretária do gerente de operações
que não é ninguém menos do que Carlos Smith, um dos herdeiros
do grupo.
Carlos Smith, um playboy convicto que não quer
compromisso sério com ninguém. Dentro da empresa faz seu
trabalho como ninguém e dirige seu departamento com mãos de
ferro, mas fora dos portões da empresa vive a vida como o bom Don
Juan que ele é.
Mas sua vida vai virar de cabeça para baixo por causa da sua
linda secretária que ele não consegue tirar de seus pensamentos.
Elizabeth Miller, mãe de Olivia, depois da morte do seu
marido e filho em trágico acidente de carro se entregou
profundamente a depressão deixando assim a única filha que lhe
restava, sozinha.
Ela acabou sendo internada em um asilo para ser cuidada
por profissionais, mas nunca deixou de se sentir culpada por ter
deixado sozinha sua única filha.
Andreza Smith, irmã de Carlos, se torna a melhor amiga de
Olivia depois que passou a trabalhar no grupo Smith obrigada por
seu primo.
Juntas essas duas vão dar bastante dor de cabeça para
Carlos.
Williams, amigo de Carlos, é quem ajuda Olivia a conseguir o
emprego de secretária depois de ver que a garota tinha potencial
para tal cargo.
Mas o que o deixa ainda mais animado é saber o quanto
Olivia mexe com o juízo de Carlos. Diante desse fato, ele vai tornar
a vida do amigo muito difícil dando em cima da moça só para lhe
fazer ciúmes.

DISPONÍVEL NA DREAME

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